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BRASÕES DE SINTRA
Desta edição imprimiram-se 200 exemplares em papel de linho,
numerados e rubricados.
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BRASÕES
DA
SALA DE SINTRA
DE
ANSELMO BRAAMCAMP FREIRE
(2.» EDIÇÃO)
LIVRO PRIMEIRO
COIMBRA
IMPRENSA DA UNIVERSIDADE
1921
PRÓLOGO DESTA EDIÇÃO
Já vai grosso o volume; meia dú\ia de palavras de esclarecimento bas-
tarão pois.
Foi meu intento, ao começar esta edição., reproduzir a primeira apenas
com os acrescentamentos por ela própria já espalhados, e as alterações pro-
veniejites de mais apurado exame de documentos, uns de novo encontrados,
outros melhor interpretados. Este propósito mantive nos cinco primeiros
artigos, nos quais pouca matéria nova se encontrará; no sexto já me alon-
guei 7nais; no sétimo tornei ao primitivo plano; mas, d' ai por diante, entendi
dever mudar de processo e alargar a exposição, com o intuito de aumentar
a informação, ampliando portanto o número dos dados históricos apontados
e registados. O resultado foi compreender este primeiro volume apenas
do\e dos quinie artigos do correspondente da edição anterior, excluido ainda
o Apêndice, com a Autobiografia de D. Afonso Manuel de Meneses.
l Fi\ bem ? i Fi^ mal ? O leitor decidirá.
Não alterei contudo os processos de análise e de exposição. São os da
primeira edição, mais correctos e apurados até onde o meu estudo e a minha
critica permitem.
Quanto ao carácter da obra e às minhas intenções ao compô-la, tudo
ficou exposto no Prólogo da primeira edição do livro segundo, e como éle,
o Prólogo, se reeditará no seguinte volume, desnecessário parece repetir
agora a explicação já produ\ida; bem assim desnecessário também julgo
alongar mais esta introdução.
Salitre, 2 de Junho de igzi.
PREAMBULO
VOL. l
PREÂMBULO
No outono de 1884 estava eu em Sintra, onde durante uns poucos de
anos fui, com a minha gente, passar aquela estação e a anterior. Já não
era então a minha mal conhecida Sintra doutros tempos, mas também ainda
não viera a ser a Sintra do caminho de ferro, da qual fugi.
O outono é a mais bela estação do ano nos arredores de Lisboa, e so-
bretudo naquela privilegiada região. Depois das primeiras chuvas a vege-
tação sequiosa renasce; na atmosfera sente-se o cheiro da terra molhada, e
de algumas folhas secas prematuramente caídas; o sol não abraza, pode-se
aproveitar o dia todo, e respirar o ar puro um pouco impregnado de mare-
sia; o ceu está límpido, o mar ao longe azul, a serra desanuviada, o arvo-
redo com todos os tons desde o oiro fosco até ao verde esmeralda. As urzes
e os tojos florescem, o tricolor medronheiro encanta, os ribeiros da serra
começam a murmurar, os pinheirais mansamente sussurram, no ondulado
campo os casais alvejam com um branco mais intenso. A natureza toda
veste galas neste período transitório entre os ardores do estio, e os frios do
inverno.
A tarde, depois do sol posto, uma aragem fresca tocada do mar por cima
das charnecas leva o passeante a casa, e faz-lhe lembrar o fogão com o alegre
estalido das pinhas e cepas. Aí, na sala, rodeado de pessoas amigas, em
sã conversação, podem-se passar as horas mais quietas e desassombradas da
rida. Era o que me sucedia no tal outono de 1884.
Uma noite, não sei qual, nem sei a que propósito, falou-se mais no paço
de Sintra. Talvez tivesse lá havido visita demorada em companhia de foras-
teiro amigo; talvez tivesse estado o dia chuvoso e agreste, e parte dele se
passasse ao abrigo de suas paredes; talvez não tivesse havido nada de ex-
traordinário e apenas o acaso proporcionasse o assunto à palestra; talvez. . .
^Mas para que perder-me em conjecturas, se na verdade me não lembro?
4 Brasões
O caso é que do ameno dize tu, direi eu, saiu a idea de se fazerem uns
desenhos dos veados do tecto da sala das armas, e uns pequenos artigos sobre
as respectivas famílias, e de se ir mandando tudo para o Diário Illiístrado
o aristocrático jornal do high-life, que franqueou as suas colunas com bi-
zarria:
As desenhistas foram duas ilustres senhoras: D. Maria Francisca de Me-
neses, ultimamente dama camarista de S- M. a Rainha, e D. Maria Amália
de Sousa Botelho, posteriormente viscondessa de Pindela. O escritor fui
eu.
Direi, que, para poupar as minhas delicadas colaboradoras, que na sala
dos brasões com as cabecitas no ar se arriscavam a torticolos constantes,
aproveitei haver nos veados umas certas parecenças, e dividi a manada em
grupos, que mais se assemelhavam. Confessada a culpa, ficará, não só me-
tade dela perdoada, mas toda, atendendo à intenção.
Feitos os desenhos, quem os passava às chapas de madeira era outro
amigo, o visconde Júlio de Castilho (i), hábil desenhador, e paciente revisor
de provas e original.
Era pois tudo feito por assim dizer em família.
Os artigos começaram curtos, mas foram estendendo, estendendo, e tanto,
que o Diário Illustrado já pedia misericórdia, e já ia dando a prosa em doses
homeopáticas. Alem disso eu adoptara o sistema de preceder cada artigo
de um pequeno quadro de história pátria, ligado à origem da geração de que
ia tratar. Ao princípio ia a coisa bem; depois começaram a escacear os
assuntos; cheguei aos Britos, e não sabia já para onde me havia de voltar,
nem conhecia facto histórico ainda não narrado, que pudesse servir de intro-
dução à origem da família. No artigo dos Henriques havia-me valido dos
desta linhagem terem tido uma casa na praça de Évora, para narrar os cé-
lebres festejos aí realizados por ocasião do casamento do príncipe D. Afonso,
cometendo um anacronismo, pois que a esse tempo ainda a casa não era
dos senhores das Alcáçovas. Agora porém, nos Britos, não havia janela
nem porta por onde entrasse que não estivesse escancarada. íQue fazer?
O que a preguiça me aconselhava: largar a pena. Assim fiz, e nada se
perdeu.
Amigos benévolos começaram a incitar-me a concluir o trabalho, ou pelo
menos a reunir em volume o já publicado. Meia dúzia de pessoas, a quem
o assunto interessava, diziam-me o mesmo; eu porem, ajudado pela querida
(i) Quási todos já morreram ! A Viscondessa de Pindela levou-a a morte a 14 de Abril
de 1917; o Visconde de Castilho, em 8 de Fevereiro de 1919.
Preâmbulo 5
preguiça, ia sempre resistindo. Nem o poeta foi capaz de me espertar,
apesar de se me dirigir em verso:
Ressuscitar as memorias
das passadas gerações,
e d'entre o pó das historias
evocar todas as glorias
das antigas tradições,
é serviço, é incitamento,
é missão honrada e nobre;
(0.
Assim se passaram anos.
Agora resolvi-me, e de repente arranjei tipógrafo, e começou a impres-
são.
Não me convenceram vaidades, que não tenho,,, nem devo ter; é unica-
mente o desejo dos meus estudos poderem aproveitar a algum investigador,
poupando-lhe pouco trabalho que seja. Mais nada.
Dos vinte e dois artigos publicados no Diário Illustrado vão agora neste
volume treze, e mais dois que nessa ocasião se não escreveram, o dos Vas-
concelos e o dos Silvas. Vão todos muito imperfeitos, aproveitei o que já
tinha, e pouco mais lhes acrescentei. A paciência hoje é pouca para gran-
des investigações. Do que tratei foi de amenizar o mais possível o árido
assunto.
Ao publicar estes trabalhos, nos quais são recordados muitos feitos he-
róicos da nossa história; ao publicá-los agora, nestes tempos de absoluta de-
cadência e esfacelamento em que nos encontramos, sinto-me descoroçoado.
Quando a nação perdeu todo o seu vigor, todç o seu brio; quando o velho
rubro sangue português se transformou numa dessorada aguadilha; quando
a dedicação se fez egoísmo; quando a abnegação se tornou em interesse, é
triste escrever os nomes de D. João de Castro, Afonso de Albuquerque,
Nuno Álvares Pereira, D. João I; é tristíssimo recordar Trancoso, Ceuta,
Aljubarrota, Montijo (2).
Se a pátria está moribunda, a velha nobreza, essa, morreu. Aquela ainda
poderá despertar; esta é-lhe impossível reviver. Nem todos os raios fulmi-
(i) Júlio de Castilho, Manuelinas, ed. de i88g, pág. i85, na «Singela historieta».
(2) Isto escrevia em 1899; veio depois uma alvorada de esperanças, mas desapareceu
antes do sol nascer, e hoje, infelizmente, ao quadro acima traçado só tenho de carregar as
sombras.
^ Brasões
nam, ou assombram; há-os de luz que esclarecem o espírito; ^porque não há
de vir um vivificante, que anime o generoso coração meio parado, e faça
ressurgir do letargo em que jaz este pobre Portugal? Que Deus o despeça,
e quanto antes. Agora, ressuscitar o que está morto, isso só um milagre,
e milagres já se não vêem.
A nobreza em Portugal morreu. Não foram os decretos de 84, não foi
a abolição dos vínculos em 60, que a mataram. Não houve assassínio, houve
suicídio.
Uma educação piegas, uma perfeita incapacidade administrativa, uma
degeneração resultante dos sucessivos cruzamentos do mesmo sangue, uma
sorte de fatalismo ainda mussulmano, foram as caus"as prir^cipais que deram
cabo da fidalguia portuguesa. Ao menos, sirva isso de lenitivo, acabou ela
alegre; morreu a rir, a escarnicar daqueles que a pouco e pouco lhe foram
comendo os morgados, as casas, os bens, lhe foram usurpando os direitos,
as regalias, os títulos. Agora chora ela, mas já não tem remédio.
O Rei, o representante do princípio monárquico, que sem nobreza para
estabelecer a transição não pode existir, o Rei teve também muita culpa neste
esfacelamento, que se não vê noutros países monárquicos. De princípio, se
ele como chefe da nobreza, què deveria querer sempre ver honrada e digna,
a protegesse, a amparasse, a animasse, a estimulasse, talvez lhe pudesse in-
cutir o vigor suficiente para, ao menos em parte, resistir à onda que a arras-
tava. Se êle também, na qualidade de seu protector, na de bom chefe da
família, como fora o Rei no passado, tivesse tido sempre na mão os inte-
resses dos seus fidalgos, tivesse dificultado aos seus ministros o enobreci-
mento de pessoas pouco dignas, e proibido absolutamente o das indignas,
não teria talvez conseguido curar toda a velha nobreza da eiva que trazia em
si, mas teria de certo impedido o estado vergonhoso a que se chegou. ' O
Rei foi cedendo, cedendo, a fidalguia foi descaindo, descaindo, os ministros
foram abusando, até que hoje as distinções honoríficas, despresadas por mui-
tos, são já escarnecidas por todos. Ainda se a coisa se passasse só em fa-
mília! Mas não, por que, para maior opróbrio, ainda são os estrangeiros,
quem mais escarnece!
lA um homem realmente ilustre, que verdadeiros e assinalados serviços
preste à pátria, que lhe há de dar o Rei? ^Um título? Ele porem, se for
um vencedor de batalhas, não o aceita, lembrando-sc de que se fazem mar-
queses por vitórias eleitorais; êle, se fôr um administrador honrado, um
legislador sábio, desprezará o título, recordando-se de que se teem feito
grandes do reino homens implicados em negócios escusos. ^O que lhe há
de dar então o Rei? ^Uma condecoração? Deixem-me rir! uma conde-
coração! (íA gran-cruz de Cristo talvez? ^Mas essa em quantos peitos
Preâmbulo 7
de banqueiros judeus não anda ela a embaciar-se por todo esse mundo
fora? (i)
O mal hoje não tem remédio; ^jpara que me hei de alongar em conside-
rações que ninguém me agradecerá? Nada, volto ao assunto.
Deveria talvez aqui dar uma notícia circunstanciada de tudo quanto eu
soubesse da sala das Armas, e até mesmo do próprio paço de Sintra, onde
ela está; mas isso levar-me hia muito longe, e portanto resumirei, limitan-
do-me ao que reputo indispensável.
El rei D. Manuel foi quem cuidou em estabelecer certas regras e acabar
com o arbítrio no uso das armas, e na concessão dos brasões. Para este
fim mandou por todo o reino ver e tomar nota dos escudos, insígnias e le-
treiros que espalhados por ele havia, para do resultado se fazer um livro
onde se pintassem os brasões (2).
Assim o declara o cronista, e em confirmação apresentarei a prova de
que, ainda depois do tal livro feito, se continuavam as pesquisas e informa-
ções.
Fr. André do Amaral, comendador da Vera Cruz, chanceler mor e em-
baixador de Rodes, requereu se lhe dessem as armas de seu quinto avô ma-
terno Domingos Joanes, instituidor de morgado com capela na igreja de Santa
Cruz de Oliveira do Hospital, onde estava sepultado com o seu brasão no
túmulo. Antes porém de se lhe despachar o requerimento, mandou el Rei
o Rei de armas índia àquela vila examinar o escudo de Domingos Joanes, e
só na volta, depois de se lançar o desenho no Lipro dos Reis d' Armas, é que
se passou a carta de brasão ao suplicante em 23 de Abril de i5i5 (3).
Torno ao livro dos brasões, ou melhor, aos livros dos brasões, porque
me consta da existência de três ordenados por D. Manuel. Dois subsistem;
são os chamados do Amieiro mor, e da Torre do Tombo; o outro, o mais
velho, tinha o título de Livro antigo dos Reis d' Armas, e desapareceu, quando
o terremoto arruinou o Cartório da Nobreza (4). Foram eles respectivamente
ordenados por aquele Rei a João Rodrigues, rei de armas Portugal, ao ba-
(i) Se isto sucedia na Monarquia, não lhe quis, ultimamente, desde que se restabelece-
ram as distinções honoríficas, ficar atraz a República, e o enxurro das condecorações reco-
meçou a enxovalhar as gentes.
(2) Góes, Chronica do felicíssimo rei Dom Emanuel, fl. 347 da ed. de 1619.
(3) Armaria portuguesa, apêndice ao Arquivo histórico português, pág. 27.
(4) Fr. Manuel de Santo António, Thesouro da Nobreza, no artigo dos Osmas, o-i i, diz
que as armas destes «estavam no Livro da Armaria dos Reis d'Armas, que se incendiou, de
que conservamos copia».
8 Brasões
charel António Rodrigues, outro-sim Portugal rei de armas, e a António Go-
dinho, escrivão da câmara.
Alguma coisa direi de cada um dos livros, começando pelo mais antigo.
Em 14 de Janeiro de 1490 era Portugal rei d'armas João Rodrigues, que
naquela data subscreveu a carta de brasão de Pêro da Alcáçova, o dedicado
escrivão da fazenda de D. João II (i). A 21 de Junho de i6o5 foi passada
uma carta de brasão pelo rei de armas predecessor de António Rodrigues,
segundo este mesmo declara noutra de 10 de Dezembro de i5i6 (2). O pre-
decessor não nomeado por António Rodrigues sabe-se ter sido Martim Vaz
como no-lo revela um documento, bem interessante por sinal. É ele o alvará
de 23 de Outubro de i5i3 dirigido ao Feitor de Flandres, então João Bran-
dão, dando-lhe ordem para assistir com trinta cruzados anuais, por tempo
de dois anos, a Pêro de Évora, filho de Martim Vaz, rei de armas, enviado
àquele Estado para aprender o que pertencesse ao ofício do pai (3). Dos
conhecimentos de iluminura e de brasão adquiridos em Flandres por Pêro de
Évora resultou, como logo notarei, o vir êle a ser, poucos anos depois, encar-
regado da pintura das cartas de brasão.
Tornou o predecessor de António Rodrigues a conceder mais uma carta
de brasão, em 2 de Julho de i5o6, na qual declara dar a Nuno Caiado «as
armas . . . como vão figuradas e pintadas no meio desta . . . e assim como
foram e estão regis[adas no livro da nobre:{a do tempo que el Rei nosso se-
nhor mandou por mim ordenara (4).
As armas dos Caiados são as mesmas dos Gamboas, ou, para melhor
dizer, aqueles não teem armas próprias e trazem as destes.
Nem rio Livro do Armeiro mor, nem no da Torre do Tombo existem
armas especiais para os Caiados, e as dos Gamboas estão em ambos eles
na penúltima folha, que deveria ter sido pintada, no primeiro dos referidos
livros, muito proximamente à data em que o deram por findo, isto é, a i5
de Agosto de 1609, e por tanto três anos depois da carta de brasão de i5o6,
na qual se declara existirem as armas dos Caiados, ou dos Gamboas (não é
muito claro) já pintadas e registadas no livro da nobreza. Alem disto Fr.
Manuel de Santo António, reformador do Cartório da Nobreza por provisão
de 29 de Março de 1745, e autor do Thesoiiro da nobreza, traz referências
(i) Armaria portuguesa cit., pág. 12.
(2) Ibidem, págs. 533 e 534.
Í3) Corpo cronológico, part. I, mac. i3, doe. 82; J. P. Ribeiro, Dissertações, V, 338.
(4) Está este documento na Collecção de cartas de brasão da Biblioteca Pública de
Lvora, e foi impresso pelo Visconde de Sanches de Baena no Archivo heráldico, pág. 679.
Preâmbulo 9
em várias partes desta obra ao Livro antigo dos Reis d' Armas, o qual de-
certo teria tido muitas ocasiões de manusear, e no artigo dos Caiados lá diz
ele, que as suas armas se achavam no mencionado livro.
Mais ainda. Quando se passou a referida carta de brasão a Fr. André
do Amaral, em 23 de Abril de i5i5, mandaram-se lançar as armas de Do-
mingos Joanes no Livro do rei d' Armas. Não foi no feito por António Ro-
drigues, porque neste não se encontram elas, e mesmo porque até já estaria
entregue ao Armeiro mor; não se deve supor seria no ordenado por António
Godinho, que em i5i6 ainda andava pintando a folha sétima, como adiante
provarei; logo foi no outro, no tal que depois se chamou Livro antigo dos
Reis d' Armas (i).
De todo o exposto deverá concluir-se o seguinte:
Existiu um livro de brasões, ordenado por D. Manuel ao rei de armas pre-
decessor de António Rodrigues;
Este livro não é o do Armeiro mor, pois que naquele já em i5o6 estavam
pintadas umas armas, que, ou eram as dos Caiados e se não encontram no
outro livro, ou eram as dos Gamboas, e neste só foram pintadas nas proxi-
midades de iSog;
No Cartório da Nobreza existiu um códice intitulado Livro antigo dos
Reis d' Armas, no qual se via o brasão dos Caiados e que muito provável é
ter sido o primeiramente ordenado por D. Manuel.
O segundo livro dos brasões foi mandado fazer por D. Manuel, que da
sua pintura, ou pelo menos da sua ordenação, encarregou o bacharel António
Rodrigues, rei de armas Portugal e juiz da nobreza, o qual o fez, depois de
prestar juramento de a cada um guardar sua justiça, e o assinou e selou com
suas armas, em Lisboa, a i5 de Agosto de lõog. E este livro o chamado
do Armeiro mor, em cuja casa esteve depositado durante séculos, e que hoje
(1899) está em poder dei Rei (2).
(i) Com estas armas de Domingos Joanes dá-se a coincidência singular de terem desa-
parecido de toda a parte, menos da capela onde primeiramente existiram. Mandaram-nas
lançar no Livro dos reis d'armas, este destruiu-o o terremoto; lançaram-nas no Livro da
Torre do Tombo na folha 24, esta é uma das roubadas. Existem contudo em Oliveira do
Hospital na capela modernamente chamada dos Ferreiros, onde está sepultado Domingos
Joanes, e onde em i5i6 se foram copiar. Ali, na tal capela, lá se vê o escudo da aspa acom-
panhada das quatro flores de lis, como se descortina numa fotogravura do folheto de Ade-
lino Abreu intitulado Oliveira do Hospital.
(2) A descrição deste livro seria muito curiosa, mas alongaria desmesuradamente estes
preliminares, e espero ter ainda ocasião mais apropriada para o descrever. Ainda assim
VOL. 1 2
:.<^''^*ÍSiS7
I o Brasões
Ainda antes do livro ser datado e assinado, ordenara D. Manuel, em 5
de Julho de t5o9, as segundas adições ao Regimento do Armador mor, assi-
nado, dia a dia, dois anos antes. Nestas adições, entre outras coisas, diz-se
isto: «Hordenamos, que o livro, que mandamos fazer das Armas dos Fidal-
guos de nossos Regnos o tragua sempre o dito nosáo Armador mor, em huma
das arquas, em que andarem as armas de nossa pessoa para que cada vez,
que nos quizermos ver, ou cumprir de ser visto por algum caso, nollo possa
mostrar, e dar.» Transcrevo isto conforme o encontro na Historia genea-
lógica, onde, depois de copiar aquele período, acrescenta D. António Cae-
tano de Sousa estas palavras: «e por este justificado motivo he, que este
livro está em poder do Armeiro mor, e os que naõ tem esta noticia lhes pa-
recia muito estranho, ver este livro fora do Archivo Real» (i). Dizia o Tea-
lino muito bem; e agora que o livro deixou de estar em poder do Armeiro
mor, e está na mão dei Rei, para a Torre do Tombo, para o Arquivo Na-
cional, é que ele deverá ir, e, se não está já lá, é porque ainda ninguém o
lembrou a S. M., que foi quem salvou o precioso códice de ir parar a algum
museu estrangeiro, pelo que todos muito gratos lhe estamos (2).
transcreverei a autêntica, que o precede, por ser curta e por ter sido impressa há pouco
com muitos erros. Diz ela:
«Liuro ;• das armas C Que ho muyto alto. d Muyto excellente. E muyto poderosso
princepe. ([ ElRey dom manuell ([ Primeiro Nosso Senhor. ([ Per graça de ds. Rey de por-
tuguall T dos alguarues. C Daquem t dalém. mar. Em africa x Sor de guinee. {[ E da con-
quista. Naueguaçom. E comercio de ethiopia. Arábia. Pérsia. E da Jndia Madou Amy Rey
darmas Portuguall C Juiz da nobreza. Que cõpossese t hordenasse, ([ E nelle asentasse,
Todallas armas. Dos. Reys. E princepes xpaãos. d E asy Judeus. Mouros x gentijos. ([ Domde
primeiramente, decendeo. x começou. A nobreza. ([ E asy asentasse x possese : Todallas
armas. Dos nobres destes Reynos E senhorios. Cada huúas em seu luguar propio. ([ E bor-
dem. Como forom dadas antiguamente A cada hua C E pêra ello me mandou dar Juramento.
C Sobre os sanctos avangellos per pêro de lemos seu capela C E afomsso mexia, estpriuam
da sua camará. ([ Que bem x verdadeyramente. A Cada huu guardase sua Justiça. ([ Asy
no luguar x antigujdade. Como em todo ali. E ho asinasse. De meu propio synall x armas.
([ Feyto em lixboa. A xv. ds de agosto de mill e. v. & ix. Annos».
A direita assinado: «Rey darmas Portugall«, em duas linhas. — A esquerda o brasão
iluminado: Escudo pendido, cortado: o I de vermelho, águia de prata; o II faxado de oiro e
azul de oito peças. Elmo de aço guarnecido de oiro, de três quartos, quási cerrado. Tim-
bre: adejo de oiro. Paquife de oiro forrado de vermelho. Virol de vermelho perfilado de
prata, e de azul. Correia de verde.
( 1 ) Historia genealógica, vol. I, pág. cxciv.
(2) Também concorri um pouco para que o pMicioso livro das armas se não perdesse,
e de façanhas destas ninguém levará a mal gabar-me.
Estava eu um dia num grande armazém de leilões e vendas na avenida da Liberdade,
quando apareceu o Marquês da Foz, também frequentador da casa e grande comprador de
Preâmbulo i \
Hoje já se encontra no Arquivo Nacional.
No mesmo lugar citado, na página precedente porem, havia-nos dito D. An-
tónio Caetano de Sousa, que, quem iluminara o Livro do Armeiro mor, tinha
sido mestre Arriet, alemão.
Deste estrangeiro e doutro, mais do que hipotético me parece, Jean du
Cros, não encontro notícia nenhuma. Aparece porem a carta de nomeação
de rei de armas Algarve a Jamays, que pelo nome não se me afigura Portu-
guês (i). Foi ela passada a 2 de Junho de í5i4; ele já anteriormente porem
exercia o ofício como consta de uma carta de brasão de 27 de Abril do mesmo
ano (2). .Tenho ainda conhecimento de outra carta por êle passada no apon-
tado ano de 1 5 14, a 1 1 de Julho (3), e sei que em i3 de Abril de 1627 já
outro era o rei de armas Algarve (4). Nas duas cartas de brasão indicadas
aparece o nome do rei de armas escrito James.
Darei em seguida as noticias, até agora encontradas, relativas ao bacharel
António Rodrigues e aos seus colaboradores, no período áureo da heráldica
portuguesa.
Martim Vaz, predecessor daquele rei de armas, ainda passou uma carta
objectos valiosos. Conversámos um bocado, e de repente pregunta-me o Foz, se eu co-
nhecia um livro em pergaminho com brasões iluminados. O coração estremeceu-me logo,
mas, não dando nada a conhecer, fui puxando e ouvindo, e já persuadido de que se tratava
do Livro do Armeiro Mor, adquiri a certeza quando o Marquês se me referiu a outro pre-
cioso manuscrito, um livro de horas, revelando haverem-lhe sido ambos oferecidos.
Não podia haver dúvidas. O Duque de Albuquerque, armeiro mor, tinha o livro na sua
mão e havia morrido pouco antes; eram pois os herdeiros que tratavam de fazer dinheiro
das duas preciosidades, ambas minhas conhecidas. Amicus Fo^, sed magis arnica heráldica
corri ao Terreiro do Paço, subi ao ministério do Reino, falei ao ministro, então António
Cândido Ribeiro da Costa, e preveni-o.
Este, ou outra pessoa, mandou pedir o livro da parte dei Rei aos herdeiros do falecido
Armeiro mor, e salvou-se a preciosidade. Posteriormente, por uma carta de 25 de Junho
de 1899 do actual Conde de Mesquitela, um daqueles herdeiros, soube com exactidão como
teve lugar a entrega do precioso códice. Foi o Conde de S. Mamede, secretário dei Rei, e
não o Ministro do Reino, quem, em nome de D. Carlos e da sua parte, manifestou o desejo
de consultar o livro, desejo imediatamente satisfeito. Não obstante, acrescentava eu em
1899, era para a Torre do Tombo que o livro precisava ir, não só por ser lá o seu lugar,
mas também por a forma como êle saíra da mão dos herdeiros do penúltimo Conde de Mes-
quitela, assim o exigir.
Na Torre do Tombo já êle se encontra, tendo sido para lá remetido em Setembro de
1912, segundo lacónica informação do actual Director.
(i) Corpo cronológico^ part. I, mac. i5, doe. 53.
(2) Chancelaria de D. Manuel, liv. i5.°, fl. 58.
(3) Ibidem, liv. 11.», fl. 42.
(4) Chancelaria de D. João III, liv. 2.» de Doações, fl. 5-/ v.
1 2 Brasões
de brasão, já lá acima indicada, em 2 de Julho de i5o6; poucos anos porem
depois, em iSog, já António Rodrigues era Portugal rei de armas principal,
como consta da data do Livro do Armeiro mor por ele assinado. Contudo
as primeiras cartas de brasão, que encontro passadas em seu nome, são duas
do ano de i5i2 (1).
Organizada por D. Manuel a pomposa embaixada de Tristão da Cunha
ao papa Leão X, o Rei de armas Portugal, que, com «seu escudo muy bem
atabiado», precedia o embaixador no memorável dia 12 de Março de i5i4,
em que êle, com o elefante, onça e tudo mais, fez a solene entrada em
Roma (2), era o nosso bacharel António Rodrigues (3). Pouco por lá se de-
morou, pois que a 25 de Outubro do mesmo ano já de volta passava uma
carta de brasão em Lisboa (4).
Por cá permaneceu exercendo o seu ofício, e alcançou, em i53o, por al-
vará de 10 de Fevereiro, confirmado por carta de 12 de Abril de i535, que
fossem obrigados todos os possuidores de despachos para tirarem armas, a
requererem as respectivas cartas de brasão, sob pena de perderem o direito
aos despachos (5).
Depois foi nomeado juiz das sisas de Lisboa por carta de i3 de Abril de
1644, com o mantimento anual de cinquenta mil quatrocentos e oitenta e
cinco reais (6), e ficou acumulando os dois ofícios, como consta do alvará de
3 de Outubro de i55o para lhe ser pago aos quartéis do ano, isto é, aos tri-
mestres, a aposentadoria numas casas por ele indicadas (7).
Ainda viveu António Rodrigues mais alguns anos, porque o encontro
«subscrevendo várias cartas de brasão até 6 de Julho de i558 (8). Em iSõg,
a 29 de Junho, passou-se ainda outra das tais cartas, esta porem transitou
directamente pela Chancelaria, e portanto não se fez nela referência ao Rei
de armas (9). No ano seguinte de i56o quem exercia o ofício de Portugal
(i) Chancelaria de D. Manuel, liv. 42.", fl. 2 v. e 4.
(2) Corpo diplomático português, I, 284, carta do dr. João de Faria a el Rei.
(3) A 25 de Abril de i5i4 passou o Rei de armas índia uma carta de brasão {Chancelaria
de D. Manuel, liv. 11.», fl. 62 v.); a 3 de Junho seguinte passou êle outra, declarando o fazia
por quanto o Rei de armas Portugal não era no reino {Ibid., fl. 40) ; a 1 1 de Julho, sempre
do mesmo ano de i5i4, foi passada uma carta de brasão por James, rei de armas Algarve,
na ausência do Rei de armas Portugal, em serviço com Tristão da Cunha, embaixador em
Roma {Ibid., fl. 42).
(4) Chancelaria de D. Manuel, liv. 11.°, fl. 65 v.
(5) Chancelaria de D. João 111, liv. io.° de Doações^ fl. 60.
(6) Ibidem, liv. 5." de Doações, fl. 89 v.
(7) Ibidem, liv. 4.° de Privilégios, fl. 45 v.
(8) Chancelaria de D. Sebastião, liv. i." de Privilégios, fl. 291.
(9) Ibidem, fl. 25 1 .
Preâmbulo 13
rei de armas era o filho de António Rodrigues, Gaspar Velho, que naquela
qualidade passou uma carta de brasão em i6 de Março (i). Provavelmente
o Rei de armas de D. Manuel era já morto.
Nos quatro anos de i5i2 a i5i3 encontro, fazendo as cartas de brasão,
nem menos de sete indivíduos, nenhum deles porem se intitula escrivão da
nobreza, e julgo que o seu trabalho teria sido unicamente a parte caligráfica
dos documentos, executando a artística, a iluminura, o próprio Rei de armas,
ou o tal colaborador, que se diz ele tivera no Livro do Amieiro mor.
Em i5i7 porém, a 2 de Abril, aparece-me Pêro de Évora, escrivão da
nobreza, fazendo uma carta de brasão (2). O alvará de nomeação, no qual
êle é declarado arauto do Príncipe, foi-lhe contudo só passado a 22 de De-
zembro de 1620 (3).
Por este documento consta, que Pêro de Évora tinha a seu cargo fazer
todas as cartas de armas iluminadas e com o seu escudo pintado e timbre,
se o tivesse, e tudo acabado da maneira como êle havia feito a do Barroso
de Flandres (4). Ficou obrigado a ter sempre esta à mão, posta em uma
táboa e assinada por el Rei, para servir de modelo e amostra aos interessa-
dos, que por cada uma análoga por êle passada seriam obrigados a pagar-lhe
oitocentos reais; isto, se eles não quisessem obra milhor, porque então de-
penderia de ajuste. Morto D. Manuel, pediu Pêro de Évora confirmação
do seu ofício a D. João III, e então requereu aumento no preço das cartas
de brasão, alegando ser aquele diminuto, pois que gastava muito tempo em
as fazer, e lhe davam muito trabalho. El Rei deferiu-lhe, confirmando o
ofício e pondo a taxa de mil reais às cartas, por alvará de 10 de Janeiro de
i534(5).
Além de escrivão da nobreza foi Pêro de Évora também rei de armas Al-
garve, e assim se intitula já em carta de brasão de i3 de Abril de 1627 (6),
e ambos estes ofícios conservou até à morte, acumulando-os com o de escri-
vão d'ante os corregedores do cível e crime da correição de Lisboa, para
que foi nomeado em 3 de Março de i53o (7).
E com data de 3i de Julho de i537 que encontro a última carta de brasão
{i) Armaria portuguesa CiX-j^çià.^. 5 \o.
(a) Chancelaria de D. Manuel, liv. 9.°, fl. 7 v.
(3) Chancelaria de D. João III, liv. 42 <> de Doações, fl. io3, incluído noutro.
(4) O secretário Cristóvão Barroso, enviado e depois embaixador de Carlos V a D. João III
e que parte muito activa tomou em contrariar o casamento deste rei com sua madrasta, se
é que em tal se pensou.
(5) Chancelaria de D. João III, liv. 42.° de Doações^ fl, io3,
(6) Ibidem, liv. 2.°, fl. 5j v.
(7) Ibidem, liv. 42.", fl. io3 v.
H
Brasões
feita por Pêro de Évora, entre as registadas na Torre do Tombo (i), e já a
21, 23 e 27 do mesmo mês aparecem outras feitas, em nome de Pêro de
Évora, por António de Holanda (2), que de 7 de Agosto (3) por diante con-
tinua a fazer as mais.
Seria nesta ocasião, princípios de Agosto de i537, '^^^ ^ Escrivão da
nobreza partiria em serviço dei Rei para França, onde faleceu antes de i3
de Janeiro de 1542, data da carta de mercê do ofício a seu íilho Jorge Pe-
droso (4). Creio mesmo que morrera muito antes, porque até 9 de Agosto
de i638 António de Holanda declara fazer as cartas por Pêro de Évora, es-
crivão da nobreza, ao passo que, logo a 23 de Setembro do mesmo ano e
d'aí por diante, êle as faz por mandado de S. A., sem mais nomear o antigo
Escrivão (5). D'aqui concluo, talvez acertadamente, que já então tinha che-
gado a notícia do falecimento de Pêro de Évora. E ainda mais mo confirma
o ver a António de Holanda intitular-se escrivão da nobreza em 3 de Março
de 1539, como logo direi.
Deveria ter Pêro de Évora partido para França com o dr. Brás Neto,
bispo de Santiago, e com o desembargador Afonso Fernandes, nomeados por
D. João III, em i5 de Julho de 1637, para servirem com dois Franceses de
juízes árbitros na questão das tomadias, que haviam de ser julgadas em
Baiona (6).
Aquele António de Holanda, acima nomeado, é o bem conhecido pai do
famoso Francisco de Holanda, e por este em seus escritos posto nos píncaros
da arte de iluminador.
Sucedera António de Holanda a Francisco Henriques, notável pintor do
seu tempo, falecido de peste em fins de i5i8, princípios de iSig, no ofício
de passavante e já o exercia em 1628(7). ^^^ P^^^ ^^ qualidade de oficial
da nobreza que êle começou a servir de escrivão por Pêro de Évora a 21 de
Julho de 1537, como fica dito; já antes disso porem por algumas vezes tinha
pintado cartas de brasão por provisão, ou especial mandado, dei Rei. Duma
sei eu a I de Outubro de i533 (8), e doutra a 27 de Setembro de i536, na
qual já se intitula oficial da nobreza (9).
(1) Chancelaria de D. João III, liv. 23.* de Doações, fl. G4 y.
(2) Ibidem, liv. 44.°, fl. 82, e liv. 23.", fl. 82.
(3) Ibidem, liv. 23.», í\. gS v.
(4) Ibidem, liv. 42.", fl. io3.
(5) Ibidem, liv. 44°, fl. 94 v., e liv. 27.°, fl. 9.
(6) Visconde de Santarcrri; Quadro elementar, III, 264.
(7) Vida e obras de Gil Vicente, pág. 241.
(8) Chancelaria de D. João III, liv. 46.'* de Doações, fl. 72 v.
(9) Ibidem, liv. 22.», fl. 92.
Preâmbulo i5
De 7 de Agosto de iSSy por diante, até 9 do mesmo mês do ano seguinte,
como já disse, fez António de Holanda trinta cartas de brasão por Pêro de
Évora, escrivão da nobreza, ausente em França. De 23 de Setembro desse
mesmo ano de i538, até 21 de Fevereiro do seguinte, encontram-se quatro
cartas feitas pelo mesmo oficial da nobreza por mandado especial dei Rei (i).
Em 3 de Março de iBSg intitula-se escrivão da nobreza (2), e d'aí por diante
fez mais cinquenta e quatro cartas de brasão, subscrevendo umas apenas com
o seu nome, outras declarando as fizera por especial mandado, e muitas in-
titulando-se, ora oficial da nobreza, ora seu escrivão. A última por êle feita
é de 19 de Julho de i532 (3), notando-se que isto é tirado das registadas na
Torre do Tombo, que muitas outras faria, tanto este escrivão da nobreza,
como o seu predecessor, as quais não fossem lá registadas.
Em 3i de Agosto de 1642 já existe uma carta de brasão feita por Jorge
Pedroso, escrivão da nobreza, filho de Pêro de Évora, para aquele ofício no-
meado em i3 de Janeiro do mesmo ano (4).
Foram pois Pêro de Évora e António de Holanda os dois principais co-
laboradores de António Rodrigues, e os artistas exímios que iluminavam
aqueles tam característicos e scientíficos, desculpem-me a expressão, brasões
quinhentistas.
Antes de acabar coni êle ainda mais duas palavras a respeito do Livro
do Armeiro mor, ou Livro Grande, como também lhe chamavam.
Quando António Rodrigues, em 16 de Agosto de 1609, o datou, assinou,
e provavelmente entregou ao Armador mor, não estava o livro acabado, ou
então era muito deficiente (5).
Pelo mesmo pincel estão iluminados os brasões até à folha i34 inclusive,
e mais um escudo no alto da folha i35. Na folha i36, tomando toda a lauda,
está pintado por outra mão, mas ainda de artista, o brasão dos Ribafrias, tendo
escritos por baixo uns dizeres relativos à concessão daquelas armas. Na folha
seguinte, a 137, também tomando todo o recto dela, vêem-se as armas de
Diogo de Torres, estas porém pintadas por mão bem mais inexperiente.
(i) Chancelaria de D. João III, Doações, livs. 27.°, fl. 2, 9 e 16, e 44.°, fl. ii3 v.
(2) Ibidem, liv. 27.°, fl. 20 v.
Í3) Ibidem, liv. 32.», fl. 64.J
(4) Ibidem^ liv. 32.», fl. 74 v., c liv. 42.", fl. io3.
(5) Pedro de Mariz, no Prólogo anteposto à Chronica de D. Afonso IV de Rui de Pina
e impresso juntamente com ela na edição de i653, no verso da folha 5 das preliminares não
numeradas, declara haver sido o livro dos brasões, mandado fazer por D. Manuel e por êle
entregue aos Armadores mores, acabado no ano de iSig, «como delle se vê». O que dele
se vê é ter havido aqui erro de cópia ou de impressão, porque no livro está muito clara-
mente «XV. dias de agosto de mill e .v^. e ix. Annos».
1 6 Brasões
Não é por ao livro se terem acrescentado estas armas, que eu Julgo ele
ter sido dado por promo, estando incompleto ainda; não é, porque elas são
ambas de datas muito mais modernas, umas de i54i, as outras de i56o.
E sim por nele faltarem armas concedidas por cartas de brasão anteriores a
iBoQ, que julgo o livro ter sido entregue incompleto, ou então ter o trabalho
sido revisto com pouco cuidado. Note-se sempre que eu só sei do existente
na Torre do Tombo, e que muito mais haveria que lá não chegou a ser re-
gistado, facto pelo próprio livro atestado.
Existiam já as armas dos Guantes dadas em 20 de Julho de 1454, as dos
Cáceres, em 23 de Junho de 1459, as dos Câmaras, em 4 de Julho de 1460,
as dos Frades, em 8 de Novembro de 147 1, e as dos Garros, em 3i de Agosto
de 1475 (i), e nenhuma delas aparece no livro de António Rodrigues. Isto
não falando nas armas concedidas a Gil Simões, Lopo Esteves, João Lou-
renço, Gabriel Gonçalves (2) e outros, porque estes não originaram estirpe,
e d'aí não admira lhes não dessem cabimento aos brasões no Livro do Ar-
meiro mor.
Vamos agora ao terceiro livro.
Apesar das acuradas investigações, e do primor da iluminura, reconhe-
ceu-se que ao livro de António Rodrigues faltava, como a toda a obra hu-
mana, a perfeição. Para remediar isto encarregou D. Manuel a António
Godinho, escrivão da câmara, de emendar os erros contra as regras da ar-
maria cometidos, e de acrescentar o que necessário fosse, principalmente os
timbres, a cada uma das linhagens. Do trabalho de António Godinho vemos
o brilhante, ainda que não de todo impecável, resultado, em um livro, cha-
mado da Torre do Tombo por lá ser guardado. Tem ele um título mais
moderno em letras doiradas dentro de uma espécie de ramagem feita à pena
com tinta preta, tomando todo o frontispício e cheia de desenhosinhos. Diz
o título: Liuro da nobreza / perfeiçam das armas / dos Reis christãos e no-
bres li I nhages dos reinos e senhori / os de Portugal / (3).
(i) Armaria portuguesa cit., págs. 235, 97, 104, 2o3 e 221.
(2) Respectivamente em 1488, 1471 e 1475 (duas), Ibidem, págs. 477, 184, 280 e 23i.
(3) Assim como do livro de António Rodrigues, reservarei a descrição do de António
Godinho para ocasião mais oportuna. Transcreverei contudo o Prólogo, interessante, ape-
sar de um pouco longo, e que serve em parte para fundamentar o meu texto. Aí vai:
«PROLOGO DIRIGIDO AO MVITO ALTO E MVITO PODEROSO ELREY DOM
lOAM O TERCEIRO DESTE NOME E QVINTODECIMO DOS REIS DE PORTVGAL
Per antonio Godinho Seu Scriuam da Camâra
MVITO ALTO E MVITO PODEROSO REY E SENHOR DICTO HE DE PLATAM.
Que se a virtude com os olhos corporaes se visse, Geraria amor de ssimesma, E por isso os
Preâmbulo 17
Pela leitura do Prólogo deste livro na nota transcrito fica-se sabendo,
melhor que pela Chronica, quais as intenções de D. Manuel ao ordená-lo.
poetas & sabeos trabalharão, De a ensinar decrarandoa per metaphoras fingimentos de figu-
ras, Pêra o etediméto & coracã a milhor setir e cõceber, Os antigos fazia statuas c6 q muito
encendiã os ânimos nella segundo SALVSTIO & outros autores, E por que nos premyos
Que os príncipes dam aos bõs, A proporçam he necessarea segundo as calidades dos
méritos. Cousa conueniente foy os que sinaladas virtudes fazem serem sinalados com images
de insines armas. Com as quaes guardando a immortalidade de suas famas, Seus socessores
teuessem obrigaçam : de os imitar, Que muita parte dos homcs se moue mais polia fama q
per outra virtude) E vedo nas coronicas se nõ screuer de todos & dos Que ssescreue: sere
breuemete recõtados seos feitos: nõ se tratando dos priuilegios liberdades Que per cartas
dos REIS lhes foram dadas Quando os nobilitarão, Tinha em costume por suas memoreas
se nom perderem, Assi como de as acrecetar com virtuosos & memoraueis feitos, Cõ ex-
presso cuidado fazer registar as armas de suas nobrezas nos liuros dos reis delias perfeita-
mete: requerendolhes fezessem as aruores de suas genologias, Satisfazendo os segundo seu
regimento, Parece Que por se nom fazer nestes Reinos como conuinha, Cayo em tantanto
esquecimento esta deuida lembrança & ta se ella viera a vsar delias. HQs que inorando as
diminuyam Outros Que ressabendo as acrecetauã Outros Que com proueza frouxidade : ou
cruel ventura as desemparauam que se ELREY vosso padre Que ds tem o nõ oulhara:
aquerindo pêra si o despacho Que dantes era nos reis darmas: encarregandosse disso como
de cousa sua, Nom fora muito elles delias ficarem alheyos, E buscadas per seu mandado:
em liuros sepulturas edeficios e lugares em q se achauam, Delias & as dos REIS cristãos
mouros & getios o LIVRO gramde ouue copea, Per cima disso tomada enformaçam dalgus
officiaes darmas Que has cortes do EMPERADOR . REY de frãça Castella Ingraterra êuyou
ver o Que se la costumaua Achou ser necessareo corregerêse muitas Que desconcertadas:
polia corruçam do longo tempo erao & cõuinha darese timbres a todas : por serem ia per-
didos & se nõ acharem. Cuia mingoa & defeito. S A. Querendo prouer (Que ao REY conuem
dar o timbre & nõ o que cada hum Quer tomar como algus cuidam, lhes deu os mais no-
bres Que se dar podiam mãdandoas aqui asentar em toda perfeiçam per suas antiguidades
& como no dicto liuro se achara, Acrecetando antes ê muitas cousas Que minguado algua,
Guardando as insines regras polia seguinte maneira. Sam os chefes das linhagés obrigados
a trazer as armas dereilas Asi como foram dadas ao primeiro Que as ganhou & os outros
CÕ as deferenças Que seus grãos requerem, Que o ai seria desordem & baxeza daquelle Que
honrar se quisesse de honra nõ sua, Antes deuia ter aquella vergonha Que diz PLÍNIO no
capitolo da honra da pintura terem os romãos Que socediam as casas dos passados em Que
ficauam suas armas sobollas portas. Por entrarem cada dia No trunfo Aheyo, E auer por
mais Qualquer menos scudo seu Que outro Que se contradiz, Demaneira q esta regra quis
se guardasse primeiramente antre os senhores IFANTES vossos irmãos: segundo pellos
labeos se mostra, Mudarãlhe os timbres: porq despois de .S. A. ter vistos os liuros & pa-
recer de seus reis darmas, Ouue porbem o tíbre real se nom trazer sem mudança. Posto
Que rias outras linhagés assi nõ fosse, E os Que traziam armas reaes squarteladas: trou-
uessê suas bastardias, Querêdo o ainda scusarse nã se achara q nos REIS se nõ purgauam,
Nê o esquartelado bastaua pêra deferêça, A regra dos outros timbres he tirarêse dos scudos,
avedo nelles cousas de q se possa fazer: ou darêlhos daigúas cõformes aos apelidos & assi
se fez a todallas armas, per outra regra Que manda nÕ trazer metal sobre metal nê cor sobre
cor: se vereficaram muitas Que falsas handauam : podendosse presumir nom serem verda-
VOL. I 3
1 8 Brasões
As primeiras investigações acerca dos brasões dos nobres portugueses foram
feitas no reino pelos reis de armas João Rodrigues e António Rodrigues,
déiras, Também avia no liuro algúas : Que separados scudos de húa maneira seruiam três
& quatro linhagês como sã, Silueiras, Pestanas, Leitões, Coutinhos, Fonsecas, Tauares &
outros, sobre as quaes ouue oupenyam Que as deferençassem. Pêra cada huas serem per si
conhecidas. E achandosse as taes linhagês procederem hilas doutras. Nos timbres somente
se diuidiram pello modo já dicto. Outras auia Que nií soo scudo se nomeauam duas linhagês.
Assi mesmo foram apartadas. As nouas que se acharem cõ elmos abertos vam per modo
dantiguidade : poUo liuro se fa^er pêra muito tempo & irem nomeadas nos decendentes dos
que as ganharam. Os quaes ate o quarto grão as nom pode fora delle assi trazer. Em todos
os outros brasões os elmos se abriram. Que sendo as linhagês mui antigas estauam çarrados.
Fezeramse oito scudos en cada folha como estam no grande do meyo por diante, polia or-
dem e que o começo hia demandar demasiada altura & conuinha ser manual & portátil,
pêra com elle. S. A. despachar as armas & se lembrar das linhagês & o ter por registo delias.
Outras muitas cousas se emendarão Que seria dilatoso dezeremse. E por este liuro nÕ ser
ainda acabado Quando ds leuou ELREI .VA. nom esquecido de dar fim has cousas per elle
começadas, o mandou acabar. E có elle nÕ ousaram algús fazer confusam cõ os apellidos Que
as gentes do pouo costumam tomar ou poer per desdém hús a outros. E despois pedem ar-
mas & as ham indiuidamcte. E em .V. A. oulhar por tal deuassidade: faz mercê aos grandes
& fidalgos & nÕ pouca iustiça. Que a honra Que hus ganharam per uirtudes grandes ser-
uiços & acrecentameto dos reinos. Iniusta cousa he outros per engano a auerem com gram
preiuizo de pouo Que na sogeiçam dos pedidos fica, Nem teram rezam de se agrauauar
aquelles Que teuerem armas mal auidas ou as quiserem aver: pois he cousa tam notorea
.V. A. averse mui liberalmete nisso Nobilitando muitas pessoas com singulares armas & com
outros nõ husando riguroso exsame : por naturalmente auer na condiçam de V. A. esta ex-
celência aliem das outras em que também nom som dino fallar, Folgar de dar honra a toda
pessoa Que lha pede & a merece, Como se manifesta pellos grandes de seus reinos Que fez
mayores, Fez muitos perlados [e] Condes & muitos fidalgos do conselho, & a outros deu o
dõ & a muitas molheres, Fazendo de muitos caualeiros fidalgos & de piaes caualeiros Hõ-
rando com aueto de nosso senhor lESV CHRISTO Grande numero de pessoas. Nunca do-
uidou acrecentar A caualeiros & escudeiros. Nom somente aquelles a que uinha per foro :
mas aos que em outros tempos se nom costumaua fazer, Pois Quem vir os liuros das mo-
radias & tenças Que tem dadas com os passados: ficara mui espantado de tanta nobreza,
E os filhamentos sem moradias a que fim foram senam ter gosto de honrar pessoas. Digam
os theologos Canonistas legistas : outros leterados & studantes Quanta honra & mercê oneram
por nobilitar com isso os pouos, Confessem as Cidades seus acrecentamêtos, E as villas
Quatas delias fez cidades & outras notaueis, E as aldeãs Quantas delias fez villas, Pois os
edeficios nom se podem negar suas manificencias & que nõ vimos restauradas as vitruicas
n:^edidas q de tantos annos a esta parte por nÕ auer tanta grandeza de ânimos Que as con-
seruassem pereceram, Nom negaram as ilhas & terras de seus senhorios quam nobilitadas
de perlados e sees com dinidades & moesteiros sam & de outros preuilegios, priuilegiando
no defender das sedas pessoas despriueligiadas pêra que honradamente & como caualeiros
podessem viuer, Lembrouse da nobreza dos estrangeiros ê seus reinos moradores mandando
saber & asentar suas armas, Procurando acrarar algúas linhagês escuras e as ter: por se nom
acharem nos liuros nem delias auer pessoas conhecidas, Nom ouso tocar em suas mayores
grandezas temendo o prouerbio de APELES Ne super crepidã sutor iudicaret. E bem sei
Preâtnbulo
19
entre os anos de 1496 e 1609, e delas o produto hoje existente foi o Livro
do Amieiro mor.
Feito este, mandou D. Manuel alguns oficiais de armas às cortes do Im-
perador e dos Reis de França, Castela e Inglaterra, a tomarem informações
respectivas ao seu ofício, nessas cortes posto em estado de grande perfeição.
Voltando os oficiais reconheceram-se graves imperfeições no livro de António
Rodrigues e viu-se a necessidade de ser emendado e ampliado. Encarregou
então disso el Rei a António Godinho. Acrescentou ele os timbres aos bra-
sões, seguindo o exemplo alemão e inglês e despresando o francês e o cas-
telhano; e emendou muitos deles com infracções às regras da armaria ilumi-
nados no precedente trabalho, mas ainda deixou escapar alguns erros, poucos,
dos mais intoleráveis porém, os de metal sobre metal. Haja vista nas armas
dos Eças, um cordão de oiro sobre campo de prata, e nas dos Albergarias,
a bordadura de prata, sendo o campo do mesmo metal.
Começou António Godinho o seu livro ainda no reinado de D. Manuel,
portanto ainda antes de 1 3 de Dezembro de i52i; e findou-o depois do ano
de i528, antes porém de 16 de Setembro de 1541. Chego a esta conclusão
pelo exame dos brasões lá pintados.
Há folhas às quais posso precisar bastante o tempo em que foram ilumi-
nadas. São elas a sétima no verso e toda a oitava. Esta parte foi feita
entre os dias 9 de Setembro de 1 5 16 e 7 de Março de iSiy. Na folha oi-
tava vêem-se as armas do infante D. António, nascido na primeira data apon-
tada; na outra folha as da rainha D. Maria, falecida no segundo dia marcado.
Não pode pois haver dúvida; continuarei porém com o que diz respeito ao
livro em geral. .
Na folha 41 encontram-se as armas de Cristóvão Leitão, e conhece-se ha-
verem sido desenhadas e pintadas pela mesma mão que fez o resto do livro.
que VOSSA ALTEZA posto que com verdadeira speculaçam sinta & enda as cousas de
scientia & arte, A muita grandeza sua lhe faz dissimular a fraqueza dos engenhos daquelles
Que o seruem nellas. Mas por esta obra ser cousa Que se ha de mostrar & o tachar he fácil
& o fazer difícil, f íumilmete lhe peço que lembrandolhe alguém os defeitos delia : se lembre
Que ainda se nõ vio pintura perfeita ne em outras artes Quem e tudo acertasse. Nem duuido
aver pessoas a que pareça mal os liões agueas & outras figuras nõ serem postas ao uiiio,
Mas a arte das armas he pintarense con ferocidade sobre natural. Grandes nembros bocas
unhas & corpos delgadçs estendidas ha feiçam dos scudos terços quartos & outras repar-
tições Que desacompanhadas parecerim mal & pior as figuras encolhidas. Cuia pintura aqui
escusa pintarêse per palauras propias & naturaes, E como as armas seiam sinaes de uirtu-
des, sam obrigados os nobres husar do que os liões serpes aues & outras feras ou mansas
& os metaes & cores delias seneficam, Daqual Arte, Por ELREY Que ds tem Ter gosto de
se seruir de ml Procurei saber o que pude & neste liuro fiz o que bastaua Posto Que nom
fezesse o Que se poderá fazer Se as outras em que de contino Seruia Me deram Lugar.»
20 Brasões
Ora àquele Cristóvão Leitão, que foi coronel e capitão dos alabardeiros,
deram-se armas por duas cartas de brasão, uma de 21 de Abril de 1624, a
outra de 3o de Junho de i528 (i). As concedidas pela primeira carta foram
bastante modificadas pela segunda e, conformes com as desta, estão elas no
livro de António Godinho; logo, este ainda não estava concluído em i528.
No verso da mesma folha estão as armas de Jorge Dias Cabral, as quais,
em virtude da ordem cronológica adoptada por António Godinho, segundo
ele próprio declara, haviam de ter sido confirmadas depois de concedidas as
de Cristóvão Leitão, e digo confirmadas, porque consta haverem elas sido
dadas por Carlos V. Não existe contudo a carta de confirmação, e portanto
não posso aproximar mais a data da conclusão do livro.
Na folha 42 deste vêem-se as armas de Gaspar Gonçalves de Ribafria,
pintadas e desenhadas porem por mão muito mais inábil, certamente não a
do exímio artista que havia feito o resto. A carta de brasão de Gaspar Gon-
çalves foi passada em 16 de Setembro de i54i (2); logo, a esse tempo já o
livro estava concluído e entregue na Torre do Tombo.
E não o deram por findo só então, segundo creio, antes me parece que,
pouco depois de pintar as armas de Cristóvão Leitão em i528, deu António
Godinho a sua tarefa por acabada. Vou apresentar as minhas razoes.
De brasões de famílias, registados na Torre do Tombo anteriormente a
3o de Junho de i528, omitem-se no livro de António Godinho os dos Guan-
tes, Cáceres, Frades, Garceses, Spínolas, Lombardos, Amadores, Tangeres,
Saccides, Loronhas, Beringéis, e la Penhas: doze ao todo.
Dos registados no mesmo Arquivo, entre a precedente data e a de 16 de
Setembro de 1541, faltam: Búzio, Pegado, Calheiros, Imperial, Altero, Ar-
nau, Accioli, Padilha, Rios, Cisneiros, Badajoz, Maciel, Mariz, Figueiroa,
Pó, Segurado, Varela, Gago, Espargosa, Zagaio, Calema, Landim, Maldo-
nado, Alfaro, Valdês, Viegas, Couto, Drumond, Proença, Chanoca, Pavia,
Seixas, Corelha, Carvalhal Bemfeito, Gacoto, Vilanova, Caminha, César,
Barêm, Esteves e Palhavan: quarenta e um ao todo.
E realmente pouco explicável a omissão dos doze do primeiro grupo,
confesso-o; mas, para a dos outros quarenta e um do segundo grupo, muito
mais numerosos em um período muito mais curto, há a explicação do livro
estar já abandonado pelo seu autor. Tanto mais, que neste segundo grupo
encontram-se nada menos de quatro concessões de armas novas: Espargosa,
em 3 de Novembro de i533. Couto, em 28 de Março de i536. Carvalhal
Bemfeito, em 27 de Setembro de i537, e Vilanova, em 3 de Fevereiro de
(i) Armaria portuguesa, págs. 260 e 261.
(2) Ibidem, pág. 438.
Preâmbulo 2 1
i538(i); e três acrescentamentos a armas antigas: Çacoto, em 19 de Julho
de i538, Gesar, em 22 de Julho de ib3g e Barêm, em 14 de Janeiro de
1540 (2).
Não há dúvida que António Godinho podia ter posto todas estas armas
no seu livro, porque ele sobreviveu muitos anos ainda às datas apontadas,
como veremos.
Depois de dada a sua tarefa por finda, foi António Godinho por várias
vezes nomeado pelo rei para servir de inquiridor na prova apresentada pelos
suplicantes afim de se lhes concederem brasões. Encontro-o em i538, a 9
de Abril, em 1642, a 3i de Agosto, em 1644, a 9 de Novembro, em 1648,
a 5 de Junho, 17 de Agosto, 12 e 18 de Novembro, em 1549, a 9 de Julho,
em i5õo, a 4 de Janeiro e 7 de Outubro, e finalmente a 23 de Junho de
i553(3).
Nestes documentos é umas vezes intitulado escrivão da corte, outras es-
crivão da câmara, e outras escrivão da câmara e do desembargo do paço.
António Godinho ainda viveu mais alguns anos, pois que por carta de 8
de Janeiro de ibb'] lhe foi concedido ter um ajudante para lhe escrever as
cartas e provisões, sendo ele a esse tempo cava<leiro fidalgo da casa dei Rei,
seu escrivão da câmara, e escrivão d' ante os desembargadores do paço (4).
Esta carta também serve para mostrar que António Godinho, pelo facto de
ter sido nomeado em 1544 escrivão do desembargo do paço, não deixou de
ser escrivão da câmara dei Rei, como supôs o Visconde de Jurornenha, tirando
d'aqui a conclusão de que o livro havia de estar acabado antes do despacho (5);
e estava com efeito, mas por outro motivo, como deixei dito.
Todo este estirado aranzel sobre os livros das armas parecerá ao leitor
não vir a propósito da sala dos brasões no paço de Sintra; pois parece-me
que vem, e verá.
Aquela sala foi também mandada fazer por D. Manuel. Di-lo o seu ci-
tado cronista, e não duvido que el Rei tivesse para esse fim aproveitado a
(1) Armaria portuguesa, págs. i8i, i66, 122 e 546.
(2) Ibidem, págs. 447, i36 e i55.
(3) Chancelaria de D. João 111, Doações, liv. 44.°, fl. 46, liv. 32.% fl. 74 v., liv. 35."», fl. 24;
Privilégios, liv. 2.°, fl. òo v., 35, Sy, 6i e 22.2, liv. 4.°, fl. 4 e i3i v., e liv. i.°, fl. 341 v.
(4) Ibidem, liv. 5.° de Privilégios, fl. 172 v. — António Godinho alcançou de Pero da
Lágia o traspasse do ofício de escrivão do Desembargo do Paço, em que este havia sido
provido bastantes anos antes. Teve depois licença, confirmando a renúncia, e disto se pôs
uma verba em 24 de Julho de 1544 no liv. 8.° de Doações, da Chancelaria de D. João III,
fl. 120.
(5) Raczynski, Dictionnaire histórico- ar tistique du Portugal, pág. ii3.
22 Brasões
torre Já existente, tomando para norma, relativamente aos brasões, algum
dos livros de armas também por êle ordenados. Advertirei contudo, que,
tendo as armas lá pintadas todas timbres, já não serviu de guia para a sua
pintura o livro de António Rodrigues, pois os não tem, mas sim o de António
Godinho, principalmente mandado fazer para lhos assinalar. Digo isto por-
que evidentemente a um destes livros se foi buscar a ordem por que os bra-
sões foram dependurados do colo dos veados. Vou prová-lo.
O segundo livro, traz os brasões pela mesma ordem do primeiro, com
fundamentada razão excluído pelo motivo indicado, e começa as armas das
linhagens pelas dos Noronhas, continuando com as dos Coutinhos, Castros,
Ataides, etc, até Castelos Brancos, em que completou vinte e seis brasões.
Na sala de Sintra, começando-se em Noronhas, seguem-se Coutinhos, Cas-
tros, Ataides, etc, até Castelos Brancos cujas armas estão no vigésimo sexto
veado. D'aqui para diante há algumas pequenas variantes, que dão apenas
por diferença faltarem na sala sete brasões dos setenta e dois primeiros do
livro de António Godinho. Não se vêem em Sintra os das famílias de Re-
sende, Moniz, Silveira, Falcão, Pedrosa, Bairros e Sem; e no lugar destes
estão os dos Carvalhos, Gamas do Conde da Vidigueira, Gouveias, Lobatos,
Pestanas e Valentes, todos debuxados no livro nas folhas próximas, excep-
tuando as armas dos Carvalhos, as quais estão lá mais para o fim.
Tenho ouvido dizer, e até lido, que foi o Marquês de Pombal, quem,
avantajando as armas dos Carvalhos, as mandou pintar na sala de Sintra, e
podia pelo facto apontado parecer que esta tradição tinha fundamento; mas
não o tem, porque já em livro impresso em i655, relacionando-se as armas
daquela sala, se nomeiam as dos Carvalhos (i).
Vê-se pois por todo o exposto, que a pintura do tecto da sala das armas,
tendo sido mandada fazer por D. Manuel, foi contemporânea do começo do
livro de António Godinho, pelo mesmo Rei ordenado, já parte feito antes
do seu falecimento, e que para os brasões dos veados serviu de guia e mo-
delo.
Posso mesmo dar a certeza de haver sido pintado o tecto entre os anos
de i5i5 e i520, porque lá se encontram as armas do infante D. Duarte, nas-
(i) Severim de Faria, Noticias de Portugal, na primeira edição impressa em Lisboa em
i65f', pág. 117. — É verdade que este autor enche de erros a sua relação dos brasões da sala
dos veados, e isso tira alguma autoridade ao seu dito, confesso. Corneça êle por afirmar
serem setenta e quatro os brasões, quando são só setenta e dois; em seguida inclui na lista
os dos Lobeiras, e Ribafrias, que não estão lá, e ao dos Pestanas, que lá está, chama Silvei-
ras. O curioso é terem todos os autores meus conhecidos, que até hoje se têem referido
às armas de Sintra, cometido exactamente os mesmos erros.
Preâmbulo 23
eido em 7 de Setembro do primeiro daqueles anos, e não se encontram as
do infante D. Carlos nascido a 18 de Fevereiro de i52o, e a quem- seu pai
apenas oito meses sobreviveu. Se eu soubesse a data da morte do infante
D. António, nascido a 9 de Setembro de i5i6 e falecido com pouco tempo
de vida, ainda melhor poderia precisar a ocasião em que a pintura da sala
se fez, pois que não se vendo lá as armas daquele Infante, foi decerto a obra
começada depois da sua morte. Eu para mim até julgo, não sei se com
grande fundamento, que a obra já foi feita depois de 7 de Março de i5i7,
dia da morte da rainha D. Maria; porque, tendo-lhe D. Manuel sido tam de-
dicado e tendo António Godinho pintado as suas armas no Livro da Torre
do Tombo, não posso acreditar que el Rei deixasse de mandar pôr o brasão
da sua Rainha naquele tecto, onde quis ser representado rodeado por todos
os seus. Para mim é pois de fé que a pintura do tecto, pelo menos a da
cúpula, foi feita no ano de i5i7 a i5i8, entre a segunda viuvez de D. Ma-
nuel e o seu último casamento.
Dir-me-hão que, tendo servido de guia o livro de António Godinho, deve-
riam as armas da sala ser perfeitamente iguais às daquele, e isso não sucede.
Eu, concordando, lembrarei porem as restaurações, praga de que as belas
artes teem sido vítimas entre nós, e em toda a parte, mais ou menos. Cons-
ta-me de uma em tempos de D. Pedro II (i), e houve ainda mais outra depois
do terremoto de 1735, muito sensível em Sintra. Se não fossem estes res-
tauros, como se exphcaria, nas tam conhecidas e sabidas armas dos Castros
de seis arruelas, estarem os esmaltes trocados, e em vez do campo ser de
prata e os móveis de azul, aparecer-nos aquele de azul e estes de prata, trans-
formando as tam nomeadas arruelas em besantes? Assim como existe esta
diferença, tam grande e tam inexplicável, se não fossem os restauros, por
que não hão de existir outras bem menos notáveis?
Fique pois assente, salvo melhor juízo, que a pintura do tecto da sala dos
veados foi começada pelos anos de i5i5, o mais cedo, e terminada antes de
i52o, o mais tardar.
Pouco posso acrescentar ao já sabido acerca dos artistas e artífices que
trabalharam por esses tempos nos paços de Sintra. Ainda assim direi o
pouco mais colhido em documentos, pois que o meu único fim não é alardear
o que não tenho, mas pôr o pouquíssimo que possuo à disposição dos estu-
diosos.
(i) Esta restauração foi confiada ao cuidado do 3.° conde de Soure, D. João José da
Costa, por ser o provedor das obras do paço. — Vide Sousa, Historia genealógica, tom. I,
pág. ccn.
24 Brasões
Existiu em Sintra um pintor, que o foi dei Rei, e se chamou Lourenço
Martins. Encontrei o nome dele, com a classificação de pintor somente, em
I de Janeiro de 1480, em um instrumento de composição celebrado entre
Luís Anes do Quintal, e a confraria* dos Fiéis de Deus erecta na igreja de
S. Martinho daquela vila, irmandade de que Lourenço Martins era confrade.
Reinava então D. João L Com a mesma classificação me aparece êle num
documento de 27 de Abril de 1487, o qual me revelou ser o pintor então um
dos dois homens bons da vereação da vila de Sintra (i). Em 1446, na me-
noridade de D. Afonso V, era Lourenço Martins pintor dei Rei, e na quali-
dade de confrade da referida confraria é nomeado num instrumento de em-
prasamento de 6 de Janeiro. Depois, nas vésperas da desgraça da Alfarro-
beira, em 14 de Abril de 1449, outorga Lourenço Martins, pintor dei Rei e
então juiz da referida irmandade juntamente com Rui Mendes, em uma es-
critura de emprasamento. Nesse mesmo ano, logo depois, a 22 de Junho,
conservando a vara de juiz, mas agora segundado por Nuno Alvares Mal-
rassoa, encontro pela última vez Lourenço Martins, «pynlor delrey», numa
escritura de doação (2). E mais nada sei dele, senão que, em 16 de Dezem-
bro de 1449, concedeu D. Afonso V ao «nosso pintor Lourenço Martins, mo-
rador em Sintra», carta de isenção de encargos, servidões e contribuições do
concelho, carta de privilégios de libertado, como então lhe chamavam, a qual
«Ruy Galvam fez escprever» (3).
Do já por outros nomeado pintor Gonçalo Gomes (4) sei, que vivia e pros-
perava no ano de i5o4, no qual, a 27 de Maio, em Sintra, nas casas do ta-
belião João de Guimarães, comparecendo os juízes e vereaderes em câmara,
comprou êle, Gonçalo Gomes, que presente se achou, pintor e morador que
então era em Sintra, por mil reais brancos, moeda ora corrente, a Duarte
Fernandes Ferreira, morador em Óbidos, e a sua mulher, um pardieiro a
par do hospital, que partia do aguião (norte) com Inês Martins, do suão (nas-
(i) Em 1437 a 27 de Abril perante Lourenço Martins, do Arrabalde, e Pedro Anes, juí-
zes, Diogo Afonso de Abreu, João Vasques Raposo, e Fernão Martins, vereadores, Nun'Al-
vares Malrassoa, procurador, e João Liai, do Arrabalde, e Lourenço Martins Pintor, homens
bons da vereação, compareceu Diogo Afonso, provador do hospital e gafaria, etc. — Per-
gaminhos da Misericórdia de Sintra por mim examinados em i885,
(2) Pergaminhos da confraria dos Fiéis de Deus, depois das Almas, existentes no car-
tório da igreja de S. Martinho de Sintra, onde os examinei, fazendo deles extractos, em iSSS-.
(3) Sousa Viterbo, Noticia de alguns pintores, I, 112.
(4) D. Manuel, sendo ainda apenas duque de Beja, por alvará de 6 de Dezembro de 1489'
tomou por seu pintor e em sua especial guarda e encomenda a Gonçalo Gomes, morador
em Lisboa, ao qual, sendo já rei, confirmou o referido alvará por carta de i3 de Fevereiro
de 1496 (Sousa Viterbo, Noticia de alguns pintores, I, 184).
Preâmbulo 25
cente) com casa do Cosayro (Rodrigo Anes) e da travessa (poente) e abreguo
(sul) com rua pública (i).
Depois encontro-o a trabalhar em obras no paço nos anos de 1607 e i5o8,
ganhando sessenta reais por dia. No primeiro daqueles anos trabalhou vinte
dias, desde 22 de Fevereiro até 27 de Março. Ocupou-se em doirar e re-
novar pinturas das câmaras e casas «que se dana cõ a homidade». Foi
nestes misteres ajudado pelo seu criado Johane, cujo jornal era de quarenta
reais (2).
No ano seguinte, o de i5o8, andou Gonçalo Gomes cinquenta e três dias
nas obras do paço de Sintra, desde 6 de Março até 21 de Agosto (3). Teve
por ajudantes, alem do seu referido criado Johane, a Diogo Gomes (4) e a
Pêro Fernandes, que também ganhavam a cinquenta reais e começaram a
trabalhar, um a 17 e o outro a 24 de Julho, terminando ambos a 21 de Agosto.
Não se especificam as obras; de uma verba porem consta terem sido em
grande parte na capela (5).
O Almoxarife pagou, em 29 de Novembro de i5o8, a Afonso Alvares,
bate-fôlha, de oiro batido >pera se dourar a capella e asy pêra renovar as
. pinturas dos paços», cinco mil duzentos e cinquenta reais por mil e quinhen-
tos pães de três reais e meio cada um, e deles fez logo entrega a Gonçalo
Gomes, pintor (6).
(1) Pergaminhos da Misericórdia, citados.
(2) L.o truncado da receita e despesa de André Gonsalves anno de 1S08. — Annario 26
do interior da Casa da Coroa. — Maço único. Tal é o título escrito num pedaço de papel
colado na velha e traçada capa de um interessante, mas muito falho e deteriorado livro de
contas daquele almoxarife de Sintra, a quem lá adiante especialmente me referirei. Não são
as folhas do livro numeradas e por isso não as posso citar, mas o que dele disser é porque
lá está. A letra é detestável, e bem posso e devo aqui agradecer aos muito dignos e amá-
veis empregados da Torre do Tombo, José Manuel da Costa Basto, director, Albano Alfredo
de Almeida Caldeira, conservador, ambos já hoje falecidos, e Pedro Augusto de S.Bartolo-
meu Azevedo, oficial, actualmente primeiro conservador, a paciência e bondade com que
me téem guiado e auxiliado nas minhas buscas e leituras.
Este L.o truncado fê-lo o Conde de Sabugosa imprimir em apêndice à sua obra O Paço
de Cintra, de pág. 221 a 243, encontrando-se a matéria apontada no texto na pág. 22Ó. D'ora
avante citarei as páginas desta reprodução.
(3) Cit. Livro de André Gonsalves, pág. 233.
(4) D. Manuel, por carta de i de Junho de i5i3, fez mercê a Diogo Gomes, pintor, mo-
rador em Sintra, de 4.000 reais de tença em sua vida, com obrigação de residir na vila, e de
«fazer e correger nos paços dela quallquer cousa que for necesaria de seu oficio que nõ seya
de calidade que gaste hum dia imteiro por que semdo pagarlheam seu jornall e nom o semdo
nom lhe pagaram nada» (Sousa Viterbo, Noticia de alguns pintores, I, 81).
(5) Cit. Livro de André Gonsalves, pág. 234.
(6) Ibidem, pág. 282.
VOL. I 4
20 Brasões
Além deste oiro recebeu o mesmo pintor para as referidas obras: nove
arráteis' de vermelhão, a sessenta reais arrátel; quatro arráteis de alvaiade,
a trinta reais; dezassete arráteis de óleo, a trinta reais; meio arrátel de azul
por cem reais; dez arráteis de roxo-terra, a quarenta reais; três arráteis e
meio de zarcão, a trinta e cinco reais; seis arráteis de ocre, a trinta reais e
mais oitenta reais de grude e gesso (i).
Importaram os materiais em quarenta e sete mil trezentos e dois reais e
meio, a mão de obra, em seis mil setecentos e setenta e cinco reais; gas-
tou-se portanto, em ibo8, em pinturas no paço de Sintra a boa conta para
o tempo de cinquenta e quatro mil e setenta e sete reais e meio (2).
Faltam muitas folhas no livro a que me vou socorrendo, e só lá encontrei
contas do ano de i5io, nessas porem já não vejo nomeado a Gonçalo Gomes?
apesar de terem continuado as pinturas na capela, para as quais se comprou
oiro batido, ao mesmo preço mencionado, na importância de vinte e quatro
mil e quinhentos reais, e mjais seiscentos pães de prata, ao preço de real e
meio cada um (3). Aparece contudo nomeado pintor Pêro Rodrigues, cuja
soldada era inferior em dez reais à do outro. Trabalhou Pêro nove dias,
rapando a borda do guarda-roupa da Rainha, obra começada em i de Abril
e para a qual lhe forneceram um pouco de roxo-terra, verde montanha e
grude, importando tudo em cento e cinquenta reais (4).
João Rodrigues, pedreiro, foi nomeado mestre das obras do paço de Sin-
tra em sucessão a seu pai, ora finado, por carta de 17 de Julho de 1490, com
quatro mil reais de tença anual para mantimento, a começar do princípio
daquele ano (5). O pai, e antigo mestre das obras dos paços de Sintra, cha-
mava-se Martim Rodrigues e desfrutara, desde o i.° de Janeiro de 1476, uma
tença igual à do filho (6).
Deste João Rodrigues, a quem talvez com exagero se tem chamado ar-
quitecto, encontrei a seguinte memória. Em i5o3, no dia 29 de Julho, em
Sintra, na casa do Santo Espírito, onde ao tempo se fazia a vereação, es-
tando aí os mui>o honrados juiz ordinário e procurador, a saber: Francisco
de Monterroio, fidalgo da casa dei Rei e juiz ordinário, Diogo Barbudo, Ál-
(i) Cit. Livro de André Gonsalves, pág. 234.
(2) Ibidem, pág. 282, 233, 234. — A quantia dos 54.077 rs. despendida nas obras de pin-
tura correspondia, na moeda anterior à guerra, a 202.837 '"^-i com o valor aquisitivo de
1.014:185 rs., segundo as tabelas de Gosta Lobo na Hi^t. da Sociedade etn Portugal.
(3) Cit. Livro de André Gmsalves, pág. 241.
(4) Ibidem, pág. 242.
(5) Chancelaria de D. João II, liv. 9.", fl. 3o.
(6) Carta de 7 de Março de 1476, dada em Toro a Martim Rodrigues, «meestre das obras
de Sintra» (Sousa Viterbo, Dicc. dos Architectos, II, 402).
Preâmbulo 27
varo de Quadros e João Lopes, escudeiros e vereadores, e Estêvão Rodri-
gues, escudeiro e procurador do concelho, fazendo vereação, perante Pêro
Dias, escudeiro e tabelião pela rainha D. Leonor, fizeram emprasamento a
Duarte Fernandes de um pardieiro a par do hospital, com a condição de
fazer no dito pardieiro uma casa, a qual êle e seus sucessores mantenham
sempre como casa. Estando já a arrematação feita, mandaram comparecer
João Rodrigues, pedreiro, mestre das obras dos paços dei Rei, a fim de ir
medir o tal pardieiro (i).
Em i5o8 João Rodrigues, mestre, serviu pelo seu ofício de pedreiro nas
obras do paço, ganhando sessenta reais diários. Trabalhou cento e qua-
renta e sete dias, e depois mais oito, no cerco dos coelhos, nos canos da
água da escada dei Rei e da Rainha, na estrebaria de Meca e em outras
obras, ajudado por mais pedreiros, que ganhavam menor jornal, e por vá-
rios braceiros (2). Em i5io também trabalhou de pedreiro, mas só qua-
renta e três dias, ocupado em escolher telha nos fornos, em fazer betume
para os canos de chumbo, em correger a parede dos canos da água junto
com a casa de João de Guimarães, e noutros serviços (3). Em i526, já
velho e aleijado, foi aposentado e para o substituir nomeou el Rei, por carta
de 14 de Maio, mestre dos canos dos paços de Sintra a seu cunhado Marcos
Fernandes (4).
O mestre da carpintaria, João Cordeiro, nomeado, com mil e quinhentos
reais de mantimento anual, por carta de D. João II de 3 de Março de 1486,
confirmada por D. Manuel em 29 de Julho de 1497 (5), trabalhou nas obras
do ano de i5o8, ganhando de jornal sessenta reais por dia. Primeiro esteve
cinquenta e um dias assoalhando as sobrelojas do aposentamento dos Infan-
tes, corregendo e repairando sobrados e outros serviços desta espécie; depois
passou a estar quarenta e sete dias entretido a fazer rosas, estrelas e rezim-
bros para a capela (6). Em i3io trabalhou cinquenta e seis dias, ainda nas
rosas e estrelas para a capela (7), e deveria ter sido para o tecto, onde elas
ainda hoje se vêem. Tinha sempre outros carpinteiros às suas ordens, tendo
sido as obras deste ano nas grades da çoteia do sol, na casa da fazenda, na
qual se fizeram repartimentos, no alpendre da entrada do aposentamento das
(1) Pergaminhos da Misericórdia citados.
(2) Cit. Livro de André Gonsalves, pág. 236.
(3) Ibidem^ pág. 242.
(4) Sousa Viterbo, Dicc. dos Architectos, I, 335.
(5) Ibidem, pág. 222.
(6) Cit. Livro de André Gonsalves, pág. 234.
(7) Ibidem, pág. 241.
28 Brasões
Infantas, na távola da casa das sisas, em almários na mesma, e no banco da
távola, «em que se ,ha de sentar o juiz e esprivam» (i).
Na conta das obras de i5o7 há uma verba por onde se pagaram a Pero
de Torres, pedreiro, por três mil e quinhentos reais cada uma^ duas janelas
de pedraria, «que arrymquou e castou e acarretou e lavrou e asentou na casa
da fazédá» (2). Das obras de Nossa Senhora da Pena mandadas por Diogo
Barbudo, veador delas, vieram dez mil cento e quarenta e seis peças de
«azulejo de toda sorte»; e de Belém remeteram cento e trinta e sete seiras
dele, em sessenta e oito e meia cargas, a quarenta reais cada uma (3).
Bastante posterior a estes mestres nomeados encontro um outro mestre
das obras dos paços dei Rei na vila de Sintra. Foi ele António de Morais,
e está sepultado na igreja de Santa Maria, no pavimento, em frente do altar
mor, com este letreiro, que se não pode reproduzir exactamente como foi
gravado por causa das letras conjugadas:
AQVI IAS ANTO DE xMORA
IS MESTRE DAS OBRAS DE
SVA MAGt^E DOS PAÇOS DE
STA VILLA PER CVIA AL
MA SE DIRÁ NESTA IGRA P
ERA SÈPRE HVA MISSA
REZADA FALCO i qVTbRO
ERA DE 1589.
A QVAL S.a HE DE SVA F.a BRE
ATIS DE MORAIS Q ELLA GÕ
PROV CÕ LÇA DO ORDINAIRO E
QER SE NÃO ENTERRE MAIS
PESOA ALGVA.
António de Morais viveu em Sintra casado com Isabel Garcia, de quem
teve filhos baptizados a i3 de Dezembro de iSõy, 11 de Julho de iSyS, e 25
de Março de 1 575, sendo esta última a Beatriz nomeada no epitáfio (4).
Nos assentos de baptismo é o pai declarado por pedreiro. A filha Beatriz
casou, em 19 de Novembro de 1699, com Francisco Rodrigues, natural de
Lisboa (5), e morreu a 7 de Dezembro de i65i, sendo yiúva, moradora no
(i) Git. Livro de André Gonsalves^ pág. 241 e 242.
(2) Ibidem, pág. 226.
(3) Ibidem, pág. 222 e 229.
(4) Livro reformado da freguesia de Santa Maria de Sintra, fl. 12, 16 e 18.
(5) Ibidem, fl. 161 v.
Preâmbulo 29
Arrabalde, e indo a enterrar à sua cova «que tem uma campa com seu le-
treiro junto aos bancos» (i).
Mais deveria dizer sobre as obras e artistas no paço de Sintra, mas tenho
apontamentos muito sucintos, e não desejo demorar a publicação deste vo-
lume. Para o segundo, se me deixar a «priguiça priguiçosa» de que um
amigo me acusa (2), irá uma nota mais particularizada, na qual, depois de
estudado o assunto, direi o que tiver aprendido. Isto escrevia em 1899 e
agora, nesta segunda edição, pouco acrescentei, nem pagaria a pena manter
o propósito, depois dá publicação do Diccionario dos Architectos do meu fa-
lecido amigo e benemérito investigador e publicador de excelente material
para a história pátria, o dr. Sousa Viterbo.
Não posso pòrêm calar a satisfação com que, neste sítio, no princípio de
um livro destinado exclusivamente, segundo parece, a comemorar grandezas,
pompas, vaidades humanas, nomeei estes modestos filhos do tam bom, tam
sofredor, tam caridoso povo português, ao qual tantos laços de sangue me
prendem (3). Porque ele é realmente bom no íntimo, no fundo da sua alma,
e dificilmente o desvairam; é sofredor e companheiro, e assim se tem mos-
trado desde as Navas de Tolosa, passando pela guerra da Península, até
nossos dias, em África combatendo o gentio e o clima, no reino aturando
tudo que para aí se vê. Mas a sua grande, a sua incomparável virtude é a
caridade. Quem lida com êle no campo, quem o vê repartir o pedaço de
pão com o faminto, quem o vê abrigar no pardieiro o vagabundo, quem o
vê largar um farrapo que ainda assim veste o nú, é que percebe a verdadeira
(i) Livro reformado da freguesia de Santa Maria de Sititra, fl. 170.
(2) Dr. Xavier da Cunha, Impressões Deslandesianas, vol. I, pág. 347. — Mais um amigo
que já lá vai! Morreu em 1 1 de Janeiro deste ano de 1920, poucos dias depois de me ter
enviado um exemplar da sua última obra, Homenagem posthmna ao Visconde Júlio de Cas-
tilho.
(3) Meu bisavó não digo, mas meu terceiro avô, guiando com uma das mãos o arado,
e com a outra tangendo os seus bois, muita terra de feracíssimo campo do Reguengo de
Alviela virou. Isto pelo lado paterno, porque pelo materno vejo, lá muito mais ao norte o
paciente e pertinaz cultivador dos magros esparcéis do Overijssel, vivendo sobre a fraca terra
conquistada ao mar. Um, o Português, debaixo do ceu azul, ao calor do sol intenso, alegre,
descuidado, ralando-se apenas com a próxima colheita, e cantarolando, para espairecer seus
males; o outro, o Holandês, envolvido nos nevoeiros do mar do Norte, calcurriando a lama
no verão, escorregando sobre a neve no inverno, fleugmático, mas previdente, e sobretudo
cônscio dos seus direitos de homem livre, que seus antepassados, e êle próprio, com sangue
conquistaram, e firmaram. Duas raças bem diferentes, que já se guerrearam, mas que hoje
se não podem odiar.
3o Brasões
e santa caridade de Cristo, a que não precisa de festas, anúncios, estímulos,
publicidade, para se exercer.
Bom povo, digno de boa sorte. — Deus lha dê, porque os homens porfiam
em lha tirar.
Para o fim deste preâmbulo apresentarei a lista das famílias cujos brasões
encontraram lugar na sala dos veados, e agora apenas farei notar, que as
armas dos Távoras foram, em resultado da sabida sentença, apagadas, mal
se enxergando; e as dos Coelhos desapareceram por completo, pôr terem
caído de podres as táboas sobre que eram pintadas, e não por haverem sido
arrancadas.
Os guardas do^paço, que à sala dos veados acompanham os visitantes,
costumam dizer-lhes, no louvável intuito de encobrir o desleixo, que ali, na-
quela falha, estavam as armas do Duque de Aveiro, mandadas arrancar ao
mesmo tempo, e pelo mesmo motivo, por que foram raspadas as dos Tá-
voras.
E isto um disparate evidente, porque, alem dos Duques de Aveiro serem
do ano de i535, e portanto posteriores à pintura primitiva do tecto, também
se não pode admitir que uma casa de tal jerarquia tivesse as suas armas no
canto escuro de uma sala, onde se tratou de observar as primazias. Tenho
porem, afora deste raciocínio, dois testumunhos que se completam, e corro-
boram a minha afirmativa. Um é o de Beckford que, visitando a sala dos
veados em 24 de Julho de 1787, encontrou um só brasão arruinado, e esse
era o dós Távoras (i). O outro é o do Príncipe Lichnovi^sky, que no mesmo
mês do ano de 1842, visitando a referida sala, encontrou lá o escudo dos
Coelhos todo aspado, como escreve o tradutor (2). É verdade que este via-
jante, a propósito daquela sala, comete vários eiros na sua descrição, fazen-
do-a redonda, contando lá setenta e quatro brasões, e aceitando, quási, a pa-
tranha que a respeito dos Coelhos lhe disseram; mas isso não impede dele
lá ter visto o brasão no estado indicado, pois que o Príncipe pode ter-se en-
ganado, mas mentido não se admite.
A sala é aproximadamente quadrada, pois mede catorze metros por
treze (3). O tecto, de grande pé direito, terminado em cúpula, é oitavado
(i) Italy with sketches of Spain and Portugal, vol. II, pág. 11 3.
(2) Portugal. Recordações do anno de 1842, traduzido do alemão, 2.» edição, pág, 129.
(3) Conforme a Planta do Real Paço e da villa de Cintra levantada por José António
de Abreu, Capitão Engenheiro, Vogal Secretario da Commissão do Tombo dos Bens da Co-
roa. Em maio de i85o.
Preâmbulo 3 1
na base, cortando os ângulos da sala. Todo em volta, no friso do oitavado,
está uma renque de painéis, em cada um dos quais se vê pintado um veado,
com um escudo pendente do colo e um timbre entre as hastes, tudo emol-
durado em seu caixilho rectangular. Cada um dos lados do octógono tem
quatro veados no friso e portanto em toda esta linha, a principal, estão trinta
e dois brasões. A estes seguem-se mais dezasseis do mesmo tamanho, postos
quatro em cada nembro da parede, logo abaixo dos do friso. Alem destes,
em cada um dos quatro ângulos da sala, por baixo dos cortes do oitavado do
tecto, vêem-se, em cada canto, mais seis veados, somando portanto vinte e
quatro nos quatro ângulos. Recapitulando, temos: trinta e dois veados no
friso que circunda toda a sala; dezasseis, nos quatro nembros da parede, na
parte não afrontada pelo tecto; e por último, vinte e quatro nos quatro ân-
gulos da sala, por baixo dos cortes do tecto; ao todo, setenta e dois.
Afora estes ainda há mais brasões, não pendentes contudo do colo de
veados e dispostos em cima, na cúpula, por este modo: ao centro, no fecho
dela, as armas do rei, então D. Manuel; de roda destas mais oito de seus
filhos.
Na sala há seis janelas, duas a duas em cada uma de três paredes, exis-
tindo na quarta mais outra janela, e a um canto uma porta apenas. Quem
entra vê logo à sua direita, no friso do corte do tecto, as armas dos Noronhas.
Vai lendo sempre para a esquerda até chegar às dos Corte Riais, pegadas
às primeiras; então passa para a carreira de veados, nas paredes, abaixo do
friso, e continua a ler de Lemos em diante, sempre para a esquerda, até aos
Soutomaiores. Chegando aqui, só ficam por ver os brasões pintados nos
cantos da sala, e começa pelos do ângulo situado por baixo do lanço onde
se vêem os Noronhas, e, principiando em Lobatos e seguindo sempre para
a esquerda, vem acabar nos Borges, o último dos brasões sobre a porta da
entrada.
Além destes veados, que sustentam as insígnias das armas, ainda no tecto
mais acima se vêem outros oito muito maiores, sem emblemas porém, e só
com uns listões brancos esvoaçando das hastes. Estes cervos estão pintados,
em diferentes posturas, no meio dum apainelado com seus artezÕes e moldu-
ras, formado entre a linha principal dos brasões, é aquela onde se puseram
as armas dos infantes.
De parte do tecto nos apresenta um desenho bem exacto o arquitecto
alemão Albrecht Haupt, um dos poucos viajantes que não curaram por infor-
mações; descreveu e desenhou o que viu (i). Hoje, melhor ainda, mído se
(i) Die Baukunst der Renaissance in Portugal . . . Ersier band, Frankfurt a. M., i8go,
pág, 129.
32
Brasões
pode bem ver na bela reprodução do tecto publicada pelo Conde de Sabugosa,
no seu interessante livro O Paço de Cintra.
Agora, porei aqui uma espécie de planta do tecto da sala das armas,
para por ela melhor se compreender a disposição dos brasões lá pintados,
e em seguida darei a lista deles, reportando-me às letras e números do de-
senho.
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A — De prata, cinco escudetes de azul, postos em cruz e carregados cada
um de cinco besantes do campo; bordadura de vermelho carregada de sete
castelos de oiro. Coroa de florões fechada de dois meios círculos. Timbre:
serpe alada, nascente, de oiro. Não tem letreiro. São as armas do Rei.
B — Inf. D. Yoam. — O escudo do Rei diferençado por um banco de pin-
char de oiro de dois pendentes. Elmo de prata posto de três quartos, sem
Jíimbre. Coroa de oito florões passada no colo do elmo.
Preâmbulo 33
C — Inf. D. Lvis. — As armas precedentes com a diferença de, por baixo
de cada um dos pendentes do banco de pinchar, no campo do escudo se ve-
rem duas bricas Tranchadas de prata e prata, tendo, em chefe e em ponta,
um castelo (?) de vermelho, e nos flancos uma águia de negro.
D — Inf. D. Fernando. — As armas antecedentes, com a diferença de se-
rem as bricas franchadas de oiro e prata, tendo no oiro quatro palas de ver-
melho, e na prata uma águia de negro.
E — Inf. D. Afonso. — As mesmas, sem tirar nem pôr.
F — Inf D. Enriqve. — As mesmas.
G — Inf. D. Drarte. — As mesmas.
H — Inf D. Isabel. — Escudo em lisonja, partido: o I de prata lisa; o II
de prata, cinco escudetes de azul em cruz, carregados cada um de cinco
besantes do campo, bordadura de vermelho carregada de sete castelos de
oiro.
I — Itif D. Beatris. — As armas precedentes.
Seguem-se os veados com os brasões das linhagens.
1 — Noronhas. — Esquartelado: o I e IV de prata, cinco escudetes de azul
em cruz, cada um carregado de cinco besantes do campo, bordadura de ver-
melho carregada de sete castelos de oiro; o II e III de vermelho, castelo de
oiro, o campo mantelado de prata, com dois liÕes batalhantes de púrpura,
linguados de vermelho, bordadura de escaques de oiro e veiros de vinte pe-
ças no II e dezoito no III. Timbre: lião do escudo, nascente, armado de
vermelho.
2 — Covtinhos. — De oiro, cinco estrelas de cinco pontas de vermelho.
Timbre: leopardo de vermelho, armado de oiro, carregado de uma estrela
de cinco pontas do mesmo na espádua e segurando com a garra dextra uma
capela de flores de vermelho e oiro.
3k — Castro. — De azul, seis besantes de prata. Timbre: roda de nava-
lhas de Santa Caterina, a roda de sua cor, as navalhas de prata.
4 — Ataíde. — De azul, quatro bandas de prata. Timbre: onça passante
de sua cor, carregada das quatro bandas do escudo no corpo.
5 — De Ecca. — De prata, cinco escudos à antiga de azul, postos em cruz,
os dos flancos apontados ao do centro, carregados cada um deles de doze
besantes do campo, 4, 4 e 4, os escudetes sobrepostos a um cordão de
S. Francisco de púrpura, com seus nós, posto em cruz, em aspa e em orla.
Timbre: águia de azul, armada de vermelho e carregada no peito de uma
cruz potêntea cosida de negro.
6 — Meneses. — De oiro, escudete à antiga, cosido do mesmo e carregado
de um anel com uma pedra, tudo de oiro perfilado de negro, a pedra virada
VOL. I 5
34 Brasões
para o cantão sinistro da ponta. Timbre: donzela nascente de encarnação,
vestida de brocado de prata, semeado de vieiras cosidas de oiro, guarnecido
do mesmo no cinto, na gola e nos punhos, os cabelos soltos, a mão sinistra
na cinta e a dextra segurando o escudete das armas.
j — Castros. — De oiro, treze arruelas de azul. Timbre: Hão nascente de
oiro, armado e linguado de vermelho.
8 — Cvnhas. — De oiro, nove cunhas de azul com os gumes para cima.
Timbre: dragão sem azas nascente de oiro, linguado de vermelho e carre-
gado no peito das' nove cunhas.
9 — Sonsas. — Esquartelado: o I e IV de prata, cinco escudetes de azul,
postos em cruz, cada um carregado de cinco besantes do campo; bordadura
de vermelho carregada de sete castelos de oiro, e um filete de negro sobre-
posto em barra; o II e III de vermelho, caderna de crescentes de prata.
Timbre: castelo de oiro.
10 — Pereiras. — De vermelho, cruz florida de prata, vazia do campo.
Timbre: cruz de vermelho, florida e vazia, entre duas azas de prata.
1 1 — Vasconcellos. — De negro, três faxas veiradas e contraveiradas de
vermelho e prata. Timbre: liao de negro, armado e linguado de vermelho,
e carregado das peças do escudo postas em pala.
12 — Meios. — De vermelho, seis besantes de prata entre uma dobre cruz
e bordadura de oiro. Timbre : águia de negro, armada e membrada de ver-
melho, e carregada de seis besantes de prata sobre o peito.
i3 — Silvas. — De prata. Hão de púrpura, armado e linguado de verme-
lho. Timbre: Hão de oiro.
14 — Albvqverqe. — Esquartelado: o I e IV de prata, cinco escudetes de
azul, postos em cruz e carregados cada um de cinco besantes do campo, e
um filete de negro sobposto em banda; o II e III de vermelho, cinco flores
de lis de oiro. Timbre: aza de vermelho.
i5 — Andradas. — De verde, banda de vermelho perfilada de oiro, saindo
das bocas de duas serpes do mesmo. Timbre: duas serpes nascentes e ba-
talhantes de oiro, atadas de vermelho.
16 — Almeidas. — De vermelho, seis besantes de oiro entre uma dobre
cruz e bordadura do mesmo. Timbre: águia de vermelho, armada e mem-
brada de oiro, e carregada de seis besantes de oiro no peito.
17 — Manoeis. — Esquartelado: o I e IV de vermelho, aza de oiro termi-
nada por uma mão do mesmo, sustentando uma espada alçada de prata,
guarnecida de oiro; o II e III de prata, Hão de púrpura, armado e linguado
de vermelho. Timbre: os móveis do I quartel.
18 — Febos Monis. — Esquartelado: o I e IV de azul, cinco estrelas de
#ito pontas de oiro; o II e III também esquartelado; o i.° de vermelho, cruz
Preâmbulo 35
florida de oiro, vazia do campo; o 2.° de prata, três faxas de azul; o 3." de
prata, lião de vermelho; o 4.° de vermelho, lião de oiro. Timbre: lião aleo-
pardado de vermelho, armado de prata.
ig — Limas. — Partido de dois traços: o I de oiro, quatro palas de ver-
melho; o II cortado, o i.° de prata, hão de púrpura, o 2.° de prata, três faxas
xadrezadas de oiro e vermelho de duas tiras; o III cortado do 2.° do II sobre
o I." do mesmo. Timbre: lião aleopardado de púrpura.
20 — Tavoras. — De oiro, cinco faxas ondadas de azul e prata (?). Tim-
bre: . . . (por causa do raspado Já se não conhece).
21 — Henriqves. — De vermelho, castelo de oiro, o campo mantelado de
prata com dois liões batalhantes de púrpura, linguados de vermelho. Tim-
bre: o castelo.
22 — Mendocas Fvrtados. — Pranchado de verde e oiro, no verde do
chefe, pala de vermelho perfilada de oiro, no da ponta, a mesma peça um
pouco mais em banda; no oiro, um S de negro em cada um. Timbre: aza
de oiro, carregada de um S de negro.
i^i — Alvergaria. — Dq prata, cruz florida de vermelho, vazia do campo;
bordadura também de prata carregada de oito escudetes de azul, cada um
sobrecarregado de cinco besantes do campo. Timbre: dragão volante de
vermelho, armado de oiro.
24 — Almadas. — De oiro, banda de azul carregada de duas cruzes do
campo, floridas e vazias, a banda acompanhada de duas águias de verme-
lho, membradas de oiro. Timbre : uma das águias, armada e membrada de
oiro.
25 — A\ei'edos. — Esquartelado: o I e IV de oiro, águia de negro; o II e
III de azul, cinco estrelas de oito pontas de prata, bordadura cosida de ver-
melho e carregada de oito aspas de oiro. Timbre: a águia armada e mem-
brada de oiro.
26 — Castel Branco. — De azul, lião de oiro, armado e linguado de ver-
melho. Timbre: lião aleopardado de oiro, armado e linguado de vermelho.
27 — Abrevs. — De vermelho, cinco azas de oiro, cortadas em sangue.
Timbre: uma das azas.
28 — Britos. — De vermelho, nove lisonjas de prata apontadas, moventes
do chefe, da ponta, e dos flancos do escudo, cada lisonja carregada de um
lião de púrpura. Timbre: lião aleopardado de púrpura linguado de verme-
lho.
29 — Movras. —De vermelho, sete castelos de oiro, 3, i e 3. Timbre:
um dos castelos.
30 — Lobos. — De prata, cinco lobos passantes de negro. Timbre: um
dos lobos.
36 Brasões
3i — Sas. — Enxequetado de prata e azul de seis peças em faxa e oito
em pala. Timbre: búfalo nascente de negro, com uma argola de oiro nas
ventas.
32 — CortereaL — De vermelho, seis costas de prata firmadas nos flancos
do escudo, postas em faxa e dispostas em duas palas; chefe de prata carre-
gado de uma cruz de vermelho. Timbre: braço armado de ferro guarnecido
de oiro, a mão de encarnação empunhando uma bandeira de duas pontas
de prata, hasteada de sua côr, e carregada de uma cruz suspensa de ver-
melho.
33 — Lemos. — De vermelho, cinco cadernas de crescentes de oiro. Tim-
bre: águia nascente de vermelho, carregada de um minguante de oiro.
34 — Ribeiros. — Esquartelado: o I e IV de oiro, quatro palas de verme-
lho; o II e 111 de negro, três faxas veiradas de prata e vermelho. Timbre:
lírio de oiro florido de duas peças.
35 — Cabraes. — De prata, duas cabras passantes, sotopostas de verme-
lho e armadas de negro. Timbre: uma das cabras.
36 — Mir andas. — De oiro, aspa de vermelho acompanhada de quatro
flores de lis de verde. Timbre: aspa de oiro com duas flores de lis de verde
saindo dos braços superiores da aspa.
37 — Tavares. — De oiro, cinco estrelas de oito pontas de vermelho.
Timbre: cavalo branco, de sua côr, nascente, bridado de oiro.
38 — Mascarenhas. — De vermelho, três faxas de oiro. Timbre : Hão
nascente de vermelho, armado de negro, e carregado das três faxas do es-
cudo.
39 — Sanpajos. — Esquartelado: o I e IV de oiro, águia de vermelho; o
II e III enxequetado de oiro e azul de cinco peças em pala e quatro em faxa;
bordadura de todo o escudo de vermelho carregada de oito SS de prata.
Timbre: uma das águias.
40 — Malafajas. — De vermelho, castelo de prata, lavrado de negro, e
sobrepujado de um corvo volante de negro na torre do meio. Timbre: os
móveis do escudo.
41 — Meiras. — De vermelho, cruz de oiro, florida e vazia do campo.
Timbre: alão passante de negro, linguado de vermelho.
42 — Aboim. — Esquartelado: o I e IV enxequetado de oiro e azul de três
peças em faxa e três em pala; o II e III de oiro, três palas de azul. Timbre:
dois braços vestidos de azul, as mãos de encarnação segurando um taboleiro
enxequetado de oiro e azul de nove peças.
43 — Carvalhos. — De azul, estrela de oito pontas de oiro dentro de uma
caderna de crescentes de prata. Timbre : cisne de sua côr, armado e mem-
brado de oiro.
Preâmbulo ^ 3j
44 — Motas. — De verde, cinco flores de lis de oiro. Timbre: uma das
flores de lis entre duas plumas verdes.
45 — Costas. — De vermelho, seis costas de prata, postas em faxa, dis-
postas em pala e firmadas nos flancos do escudo. Timbre: duas das costas
passadas em aspa, e atadas de vermelho.
46 — Pesanhas. — De prata, banda de vermelho, carregada de três flores
de hs de oiro postas no sentido da banda. Timbre: as três flores de hs
apontadas em pala.
47 — Pacheco. — De oiro, duas caldeiras de negro, postas em pala e
carregadas de três faxas de veirado de oiro e vermelho, e três cabeças e
pescoços de serpe de vermelho saindo de cada um dos encaixes das azas.
Timbre: dois pescoços de serpe de oiro, bataihantes, e linguados de ver-
melho.
48— Sovtomaior. — De prata, três faxas enxequetadas de vermelho e prata
de duas tiras. Timbre: lião de prata, armado e linguado de vermelho, e
carregado das três faxas do escudo.
49 — Lobatos. -De vermelho, três castelos de prata, bordadura de oiro
carregada de oito lobos passantes de negro. Timbre: um dos castelos com
um dos lobos nascente da torre do meio.
5o — Peixeiras. — De negro, cruz potêntea de prata, vazia do campo.
Timbre: unicórnio nascente e volvido de prata.
5i — Valente. — De vermelho, lião de oiro. Timbre: o lião.
52 — Serpas. — De verde, lião de oiro, acompanhado de dois castelos de
prata em chefe, e de um dragão volante de oiro em ponta. Timbre: o dra-
53 — Gama. — Enxequetado de oiro e vermelho de três peças em faxa e
quatro em pala, cada peça de vermelho carregada de duas faxas de prata, e
sobre o quinto escaque um escudete de prata carregado de cinco escudetes
de azul, postos em cruz e sobrecarregados cada um de cinco besantes de
prata. Timbre: naire nascente, vestido de branco, os braços nús, na mão
direita segurando ao ombro um pau, e na esquerda, em ar de defesa, o es-
cudete das quinas das armas.
54 — Nogvei^^a. — De oiro, banda mais larga do que o usual, enxequetada
de verde e prata de cinco ordens, a tira do meio coberta por uma cótica de
vermelho. Timbre: ramo de nogueira de verde com ouriços abertos e nozes
de oiro.
55 — Betancor. — De prata, lião de negro, armado e linguado de verme-
lho. Timbre : o lião.
56 — Góes. — De azul, seis cadernas de crescentes de prata. Timbre:
dragão volante de oiro.
38 Brasões
57 — Pestanas. — De prata, três faxas de vermelho. Timbre: onça nas-
cente de prata.
58 — Barretos. — De prata, dez pintas de arminhos de negro, 3, 4 e 3.
Timbre: donzela nascente vestida de arminhos, os cabelos soltos, o braço
direito curvado e a mão como que apontando para cima, e o braço esquerdo
também curvado, mas com a mão apoiada na anca.
59 — Coelhos. — Sumiram-se.
60 — Queirós. — Esquartelado: o I e IV de oiro, seis crescentes de ver-
melho; o II e III de prata. Hão de vermelho. Timbre: o lião nascente.
61 — Fer eiras. — De vermelho, quatro faxas de oiro. Timbre: ema de
prata, armada de vermelho.
62 — Siqveiras. — De azul, cinco vieiras de oiro. Timbre: uma das viei-
ras (i).
63 — Cerqveiras, aliás Cerveiras (2). — Esquartelado: o I e IV de verme-
lho, cruz florida de oiro; o II e III de oiro liso; bordadura de todo o escudo
de prata, dividida em quatro partes pelo prolongamento das linhas do es-
quartelamento, sendo duas dessas partes lisas, e as duas correspondentes ao
I e IV quartel cada uma carregada de cinco escudetes de azul, sobrecarre-
gados cada um de cinco besantes de prata. Timbre: cerva passante de sua
côr.
64 — Pimenteis. — Esquartelado: o I e IV de vermelho, três faxas de
oiro; o II e III de verde, cinco vieiras de prata com o de dentro para fora;
bordadura de todo o escudo de prata carregada de dez cruzes potênteas de
negro. Timbre: toiro nascente de vermelho, com as unhas e armado de
oiro.
65 — Fois, aliás Goiás. — Cortado: o I partido de prata com três palas de
púrpura, e de vermelho com um castelo de oiro; o II de prata, três pintas
de arminhos de negro, em faxa. Timbre: torre de oiro.
66 — Arsas, ahás Arcas {2>). — Esquartelado: o I e IV de oiro, faxa de
vermelho; o II e III enxequetado de vermelho e oiro de nove peças. Tim-
bre: alão passante de negro.
67 — Pintos. — De prata, cinco crescentes de vermelho. Timbre: lião
nascente de vermelho.
(i) Aqui pintaram as vieiras com a parte côncava para fora; foi capricho do restau-
rador.
(2) Mais um vestígio dos restauros; as armas que estão neste veado são as dos Cervei-
ras, e não as dos Cerqueiras, muito diferentes. Em i655, quando se imprimiram as Noticias^
de Portugal de Severim de Faria, ainda no tecto se lia Cerveiras e não Cerqueiras.
(3) Para estes e para os precedentes vide a nota a Cerqueiras ; são casos análogos.
Preâmbulo 89
68 — Gopveas. — Partido: o I de vermelho, seis besantes de prata entre
uma dobre cruz e bordadura de oiro; o II de prata, seis arruelas de azul (i).
Timbre : águia de vermelho.
69 — Faria. — De vermelho, torre de prata entre duas flores de lis do
mesmo, e acompanhada de mais três postas em chefe. Timbre: a torre so-
brepujada de uma das flores de lis.
70 — Vieiras. — De vermelho, seis vieiras de oiro. Timbre : uma das
vieiras entre dois bordões de Santiago de vermelho, passados em aspa, fer-
rados e atados de oiro.
71 — Agviar. — De oiro, águia de vermelho, armada e membrada de ne-
gro, e carregada sobre o peito de um crescente de prata. Timbre: os mó-
veis do escudo.
72 — Borges. — De vermelho, lião de oiro, bordadura cosida de azul, e
carregada de oito flores de lis de oiro. Timbre: liao aleopardado de oiro.
Por baixo de toda a pintura, no friso das paredes, em grandes letras
doiradas, lê-se esta quadra:
POIS COM ESFORÇOS LEAIS
SERVIÇOS FORAM GANHADAS
COM ESTAS E OUTRAS TAIS
DEVEM DE SER CONSERVADAS.
O autor dos versos ninguém, que eu saiba, nomeia, e pouco com isso se
perde, me parece.
Aí fica pois a ordem e a maneira por que estão pintadas as armas dos
nobres portugueses na sala dos veados do paço de Sintra.
Aquela ordem é, como já disse, a mesma dada por António Rodrigues
aos brasões no seu livro chamado do Armeiro mor, e seguida por António
Godinho no outro livro, o da Torre do Tombo.
Havia António Rodrigues jurado, como ele próprio declara, bem e ver-
dadeiramente guardar a cada um sua justiça, pondo-lhe as armas no seu lugar
e ordem, como haviam sido dadas antigamente (2). Foi um juramento muito
arriscado este que o Rei de Armas fez; e nem lhe seria fácil observá-lo à
risca, nem mesmo curou muito disso.
Em seguida às armas do Príncipe assentou as dos maiores senhores da
(i) Aqui estão bem iluminadas as armas dos Castros, as quais no seu lugar ficaram com
os esmaltes trocados.
(2) Veja-se a nota 2, pág. 9.
40 Brasões
corte, tais como os Duques de Bragança e Coimbra, o Marquês de Vila Rial,
e, sob o titulo genérico de casa de Bragança, os parentes daquele primeiro
Duque, os quais eram então seu irmão D. Denis, casado em Castela, e seus
primos os Condes de Odemira e Tentúgal. Depois continuou o Rei de Ar-
mas com as do Conde de Penela, descendente da casa rial; as da casa de
Noronha de que era chefe o Marquês, mas da qual os outros membros tra-
ziam armas diferentes, e entre eles já tinha havido o i.° Conde de Odemii»a;
as dos Meneses de Tarouca pelo Conde de Valença; dos Coutinhos pelo
Conde de Marialva; dos Castros de seis arruelas pelo Conde de Monsanto,
começando só d'aqui por diante a dar unicamente aos brasões o nome da
linhagem a que pertenciam.
A primeira é a de Ataíde, onde Já existia o Conde da Atouguia. Se-
guem-se-lhe a de Eça, de linhagem rial, a de Meneses em que já havia, alem
dos antigos títulos, os mais modernos de condes de Cantanhede e de Tarouca,
e depois por aí fora, que longo e fastidioso seria enumerar, e desnecessário
até, para ficar provado que António Rodrigues pouco se importou com a or-
dem da antiguidade; o que êle quis foi observar quanto possível as jerarquias,
e na minha opinião fez muito bem. O livro havia de ser mostrado, não con-
vinha ao autor indispôr-se com nenhum poderoso.
Ele próprio Rei de Armas ingenuamente dá a conhecer na sua obra, que
não pôde ou não quis seguir à risca o juramento. Na folha 49 traz as armas
de «Castro cÕde. de mõsãcto», e na 5i as de «Castro antiguo». ^Porque o
fez êle? Porque os primeiros eram uns grandes senliores, e os outros, ainda
que mais antigos, estavam na segunda plana.
Serve isto para provar que nem nos livros dos brasões, nem na sala de
Sintra se obedeceu à ordem cronológica. Tiveram a preferência a grandeza,
o vahmento, a posição na corte.
Vá lá um exemplo só, e basta.
O primeiro brasão na sala é o dos Noronhas, família que teve o seu prin-
cípio no último quartel do século xiv (i). O quadragésimo segundo é o dos
Aboins, existentes já mais de cem anos antes, na primeira metade do sé-
culo XIII (2).
Vou terminar, dando ainda contudo a razão por que apresento as duas
pequenas e toscas gravuras nas quais se reproduzem as casas das quintas de
Vai Flores e Ribafria. Dou-as por me parecer que representam boas amos-
tras da nossa arquitectura doméstica no século de quinhentos.
(i) Veja-se lá adiante no título dos Noronhas.
(2) Vide no título dos Sousas.
Pi'eàmbulo
41
A primeira é uma casa de campo, nobre sim, mas sem presunções a mais;
a outra é um solar afidalgado, feito com carácter e capricho. Ambas elas
foram edificadas pelo mesmo tempo, meado século xvi, sendo talvez a torre
de Ribafria um pouco mais velha.
E agora mais nada; aqui porei ponto a esta estendida palestra preliminar,
esperando que ao meu trabalho aplique o leitor o verso do poeta latino:
Arguor immerito, tenuis mihi campus aratur (i).
Aldeia, 24 de Abril de 1899. — Salitre,
21 de Dezembro de 1919.
(i) Ovídio, nas Tristezas, liv. II, pág. 686 mihi.
VOL. I
1
NORONHAS
Brasões da Sala de Sintra, Vol. I.
Esquartelado: o I e IV de prata, cinco escudetes de azul em cruz, cada
um carregado de cinco besantes do campo, bordadura de vermelho carregada
de sete castelos de oiro (Portugal); o II e III de vermelho, castelo de oiro
(Castela), o campo mantelado de prata, com dois liões batalhantes de púr-
pura, linguados, de vermelho (Lião), bordadura de escaques de oiro e de
veirado de vermelho e prata, de vinte peças. Timbre: lião nascente de púr-
pura, armado de vermelho.
Assim se encontram, mas com um filete negro sobreposto em barra no
I e IV quartel e com os escaques da bordadura do II e III de oiro e veiros,
no Livro do Armeiro mor, fl. 47 v., fio Livro da Torre do Tombo, fl. 9, no
Thesouro da nobreza de Francisco Coelho, fl. 27, no Thesouro da nobre'{a
de Fr. Manuel de Santo António, n-17, etc.
I
PAZ DE SANTARÉM
Corria o ano de 1372 do nascimento de Cristo, 1410 da era de César,
como então se contava.
O reino libertado da invasão castelhana pela paz de Alcoutim (3i de
Março de 1371) não encontrara contudo o socêgo, pois que a cunhagem da
nova moeda, com os «preços desvairados» que el Rei lhe marcara, e a «al-
motaçaria posta em todallas cousas» traziam os ânimos alvoroçados.
Na primeira providência, a mudança da moeda, tinham-se deixado cair a
princípio, não só os fidalgos, como os próprios comerciantes e gente miúda.
Engodara-os a aparente vantagem de entregar à Moeda prata adquiri-da
a dezoito libras de dinheiros alfonsins, recebendo em troca vinte e sete libras
46 Brasões
das barbudas por cada marco. Não viam, que de cada marco de prata, em
vez de se extraírem as devidas vinte e sete libras, tirava D. Fernando cento
e noventa e cinco barbudas, ganhando portanto cento e sessenta e oito libras
em cada um. De-pressa porem acharam todos o logro, e recorreram a el Rei
em alto brado.
Decretou-se então a diminuição do valor marcado à moeda, e foi tal, que
a barbuda passou de valer vinte soldos, a valer catorze, e por fim apenas
dois soldos e quatro dinheiros. Mas, como isto ainda não bastasse, orde-
nou-se a almotaçaria sobre todas as coisas; isto é, tarifaram-se, não só os
preços dos géneros conforme os lugares da produção, como os próprios sa-
lários; obrigaram os negociantes, e seguidamente os lavradores, à venda dos
géneros enceleirados; e determinou-se a partilha dos mantimentos, se a tal
necessidade se chegasse.
Os amores e casamento dei Rei com D. Leonor Teles, escândalo monu-
mental do tempo, proporcionaram ocasião a dichotes e alevantamentos, que
fizeram ainda acrescer, ao mal presente, o receio pelo futuro.
Se não quando, nos fins do verão, ameaçadora tempestade se vê acumu-
lada no oriente. Não tardou a desencadear-se sobre o reino, onde penetrou
sob forma de um exército castelhano, que, meado Setembro, invadiu o terri-
tório, apossando-se de várias vilas e da cidade de Viseu.
Parou aqui, não para se desvanecer, mas para tomar forças e incremento,
e poder com mais impetuosidade e vigor investir com o coração do reino.
Em Fevereiro do ano seguinte, o de i373, o exército castelhano saiu de Vi-
seu, e a 23 do próprio mês assentou D. Henrique II os seus arraiais sobre
Lisboa.
^Que motivara similhante e inesperada invasão? O ânimo inquieto de
D. Fernando, e o despeito do Castelhano ao ver preferida sua filha por uma
mulher casada, e de sangue não rial.
jPara esta guerra de tam funestas consequências concorreu um Português!
Diogo Lopes Pacheco, um dos culpados na morte de Inês de Castro, voltara
a viver na corte castelhana, e era a D. Henrique tão aceito, que ele o mandou
a Portugal averiguar das denúncias recebidas de premeditadas hostilidades.
O rico homem, esquecido do seu país e do perdão que seu rei lhe dera,
quando, assaltado pelas saudades da pátria, a êle recorrera, e lembrando-se
unicamente dos novos agravo^ recebidos, mas por êle provocados pela hos-
tilidade manifestada ao casamento de D. Leonor, em vez de tratar de conci-
liação, levou de cá exageradas novas a Castela.
Da parte de Portugal viu-se quam exageradas eram, pela falta de aper-
cebimento em que el Rei estava, não só para invadir, como até para resistir
à invasão; e da parte de Castela pelas apressadas disposições tomadas pelo
Noronhas 47
Bastardo de Trastâmara, que, exasperado com os do seu conselho que opi-
navam pela demora da expedição, lhes disse, na pitoresca frase de Fernão
Lopes: «Ou vós todos estaes bevedos, ou samdeos, ou sois treedores».
Apertada a heróica Lisboa pelo cerco, fechado D. Fernando em Santarém
•om um dos seus ataques de covardice, destruída a esquadra, ^que restava?
Aproveitar a mediação do Legado do Papa, e aceitar a paz por todo o preço.
Foi o que se fez, assinando-se ela em Santarém a 19 de Março, e apregoan-
do-se aí cinco dias depois.
Combinou-se então a entrevista dos reis sobre o Tejo, e dela voltou D. Fer-
nando, dizendo a sorrir para os fidalgos que o acompanhavam: a Quanto eu,
hanricado venho!»
Uma das condições desta paz foi o casamento da infanta D. Beatriz, irmã
dei Rei, com o Conde de Alburquerque, D. Sancho, irmão dei Rei de Cas-
tela. Celebraram-se as bodas com justas e festas brilhantes, e por esta oca-
sião tratou-se o casamento de D. Isabel, filha bastarda de D. Fernando, me-
nina de oito anos, com D. Afonso, conde de Gijon e Noronha, bastardo de
Henrique ÍI, e moço de dezoito anos. E este foi um dos muitos casamentos
de conveniência pactuados em todos os tempos entre soberanos, resolvidos a
sacrificarem desapiedadamente a felicidade dos seus mais chegados, a troco
do que posteriormente se chamou razão de Estado.
O conde D. Afonso, ou porque já tivesse alguma inclinação, ou porque a
sua desposada lhe fosse antipática, não anuiu de bom grado ao casamento,
nem nos desposórios, nem quando posteriormente se tratou de o efeituar.
Chegou a fugir para França e Avinhão, d'onde somente voltou apertado
pelas ameaças paternas, e a muito custo, ante o altar, disse o sim sacramen-
tal. Não consumou contudo o casamento, conservando seu pai iludido a tal
respeito durante os dois meses, que permaneceram em Burgos e Falência.
Morto el Rei, obteve o divórcio, mas dele não se aproveitou, pois que não
só. consumou o matrimónio, como teve de sua mulher vários filhos (i).
^Deixara-se seduzir pelas qualidades morais ou físicas da repudiada es-
posa? ^Influíra sobre sua resolução o encontrar, na vida de perseguido e
desgraçado a que o seu ânimo irrequieto o condenou, consolação e carinho
em D. Isabel? ^Ou seria, porque, considerando a rainha de Castela D. Bea-
triz tam ilegítima filha de D. Fernando, como a própria Condessa, tendo esta
sobre aquela a vantagem da primogenitura, necessitasse ligar-se definitiva-
mente a D. Isabel para justificar as suas pretensões ao trono português?
Não sei, ainda que para a última conjectura me incline.
(1) Fernão Lopes, Chronica d'el-rei D. Fernando, caps. 55, 66 e seguintes.
48 Brasões
O certo é, ter a Condessa, depois de viúva, voltado para Portugal, tra-
zendo consigo seis filhos e recebendo para si e para eles bom agasalho de
D. João I.
II
LINHAGEM
Os filhos dos Condes de Gijon e Noronha, que passaram a Portugal com
sua mãe, foram os seguintes:
1° — D. Pedro de Noronha, arcebispo que foi de Lisboa de 1424 a 1452 (i).
Dele provieram os Marqueses de Angeja (21 de Janeiro de 1714), o Conde
de Carvalhais, os Noronhas Ribeiros Soares, as varonias das casas dos Ar-
cos, de Marialva, de S. Lourenço e outras.
2.** — D. Fernando de Noronha, conde de Vila Rial (1434) pelo seu casa-
mento. Foi progenitor dos demais Condes de Vila Rial, antigos, dos Mar-
queses (1489) e Duque da mesma vila (i585) e Duques de Caminha (1620);
dos Condes de Linhares, antigos (i525), dos de Valadares (i7o3), dos de
Paraty (181 3), da varonia dos Marqueses de Cascais, etc. Estes Noronhas
sobrepuseram às suas armas as dos Meneses de Vila Rial, e no chefe da
família estava a primogenitura legítima dos Noronhas.
3." — D. Sancho de Noronha, i." conde de Odemira (1446), cujos des-
cendentes legítimos provieram todos por linha feminina e usaram das antigas
armas da casa de Bragança, ainda que em alguns se repetiu o apelido de
Noronha.
4.'' — D. Henrique de Noronha, capitão de gente de guerra na tomada
de Ceuta, de quem não subsiste geração masculina legítima.
5.° — D. João de Noronha, sem descendentes.
6.° — D. Constança de Noronha, duquesa de Bragança, segunda mulher,
sem geração, do i.° Duque de Bragança.
Eis, resumidamente descrita, a origem e indicados os principais ramos
da ilustríssima família de Noronha.
(i) Encontrei, numa sentença de 4 de Janeiro de 1427, um selo pendente com as armas
do arcebispo de Lisboa D. Pedro de Noronha. São elas um escudo esquartelado: no I e
IV quartel um castelo, e o campo mantelado com dois liões batalhantes; no II e III as qui-
nas do reino com os escudetes dos flancos apontados ao do centro; euma bordadura a todo
o escudo carregada de dezassete castelos. A sentença foi passada em nome de Vasco Es-
teves, escolar em Direito Canónico, vigário perpétuo da igreja de S. Tomé de Lisboa e ou-
vidor geral do muito honrado padre o senhor D. Pedro. — Torre do Tombo, Mosteiro de
Oie/<j5, pergaminho, n.' 3 1 3.
II
COUTINHOS
VOL. 1
I
Brasões da Sai. a de Sintra, Vol. I.
\
De oiro, cinco estrelas de cinco pontas de vermeliio. Timbre: leopardo
de vermelho, armado de oiro, carregado de uma estrela de cinco pontas de
oiro sobre a espádua e segurando na garra dextra uma capela de flores de
vermelho e oiro.
Quanto ao escudo, pouca variedade apresentam estas armas no Livro do
Armeiro mor, fl. 48 v. e no Livro da Torre do Tombo, fl. g v., consistindo
apenas em as estrelas nestes serem de sete pontas. Quanto ao timbre po-
rem a diferença é maior, no segundo, porque o primeiro não traz timbres:
nele se vê pintado unicamente um lião aleopardado de vermelho.
Conformes em tudo com a pintura desta sala encontram-se as armas dos
Coutinhos no Thesoiiro da Nobreza de Fr. Manuel de Santo António, c-io5.
I
BATALHA DE TRANCOSO
i385
Aos 6 de Abril de i38õ, nos paços da alcáçova de Coimbra, as Cortes
portuguesas proclamaram rei ao Mestre de Avis.
Termidada a festa da coroação, elegeu D. João I os oficiais mores da sua
casa e os do exército; agraciou, com mercês e favoráveis desembargos, os
fidalgos e os povos dos concelhos, que mais sé tinham distinguido pela sua
causa; e proveu às necessidades urgentes do novo reinado. Seguidamente
passou ao Porto a fim de partir d'aí a acometer os lugares, que no Minho
tinham tomado voz por el Rei de Castela. Eram eles na verdade os prin-
cipais e o maior número.
Os fidalgos, que nas Cortes se tinham reunido, tomaram então desvaira-
dos caminhos, cada um para onde o dever ou o maior perigo os chamava.
52 Brasões
Para a Beira partiram, enire outros, Martim Vasques da Cunha para o seu
castelo de Linhares, levando consigo seu irmão o alferes mor Gil Vasques
da Cunha; o guarda mor, João Fernandes Pacheco, para a sua vila de Fer-
reira de Aves; Gonçalo Vasques Coutinho para o seu castelo de Trancoso;
e o mestre sala, Egas Coelho, para a sua vila de Linhares.
Pouco tempo depois de chegados, em princípios de Maio, os dois alcaides
mores viram das ameias de seus castelos invadir a província uma numerosa
hoste castelhana, capitaneada por João Rodrigues de Castanheda.
Em Cidade Rodrigo tinha mandado el Rei de Castela a alguns cavaleiros,
que ajuntassem os seus homens de armas, a fim de fazerem correrias pelos
campos de Portugal. Reunido já um certo número de capitães, não poderam
sofrear os apetites de saque. Com este intuito puseram-se a caminho, con-
tando com a impunidade, pois sabiam que, alem de não haver naquela pro-
víncia fronteiro, os fidalgos principais dela estavam desavindos.
Por Almeida entraram em Portugal, e marcharam por Pinhel e pela veiga
de Trancoso direitos a Viseu, onde penetraram sein resistência, pois era
lugar aberto. Saquearam a cidadei, roubando e cativando tudo que lhes
aprouve, e puseram-se de novo a caminho, direitos a Castela, com os des-
pojos e cativos. Levavam tam valiosa presa, que excediam a setecentas as
azêmolas da carriagem.
^Que faziam entretainto os alcaides mores dos 'castelos da fronteira?
Agravados uns contra os outros, e não tendo, cada um de per si, forças su-
ficientes para combater os Castelhanos, assistiam detrás das fortes muralhas,
certamente raivosos, mas impotentes, à assolação e saque da província.
Então, João Fernandes Pacheco, não lhe sofrendo o ânimo brioso a injúria
recebida, decidiu tentar a reconciliação. Saindo de Ferreira dirigiu-se a Li-
nhares, onde em Martim Vasques da Cunha topou bom propósito, pois pronto
ficava, a-pesar das afrontas padecidas, para unir os seus homens de armas aos
de Gonçalo Vasques Coutinho, e juntos saírem ao encontro dos invasores.
Contente e apressado dirigiu-se o Senhor de Ferreira a Trancoso. Re-
peliu-o porem o Alcaide mor, fundando-se no pretexto da discórdia existente;
mas a verdadeira causa em breve a penetrou Pacheco por algumas palavras,
que Gonçalo Vasques Coutinho deixou cair. Este, o que não queria, era
combater debaixo da bandeira de Martim Vasques.
Não desacoroçoado voltou Pacheco a Linhares, onde, exposto o embaraço,
encontrou em Martim Vasques digna e levantada determinação. Todos sa-
biam, ser ele Cunha muito superior em vassalos, nobreza e grandeza de casa
ao Coutinho, mas, para serviço dei Rei e proveito da pátria, estava disposto
a pelejar às ordens de Gonçalo Vasques, e para prova iria com seus irmãos
juntar-se-lhe em Trancoso.
Coutinhos 53
Neste castelo se apresentaram os Cunhas, levando na sua companhia a
João Fernandes Pacheco e a Egas Coelho. Foram tratados com um lauto
banquete, durante o qual Leonor Gonçalves, mulher do Alcaide mor, «andava
entre eles com grão prazer e lédice, mostrando que de tal festa era muy
contente». Terminado o festim, e feitos os Juramentos de recíproco auxílio,
acordaram na maneira e no lugar onde combateriam os Castelhanos.
Na veiga de Trancoso, a menos de meia légua da vila, formaram-se a pé
as tropas portuguesas. Constavam elas de cento e vinte lanças dos homens
de armas de Gonçalo Vasques Coutinho, cento e cinquenta dos de Martim
Vasques da Cunha, trinta dos de João Fernandes Pacheco, e mais algumas
dos de Egas Coelho. Ao todo trezentas e tantas lanças, a que ajuntaram
muitos peões trazidos das aldeias vizinhas.
Bem de manhã, num belo dia de fins de Maio, apareceu a hoste castelhana
em número de quatrocentas lanças, duzentos ginetes e bastantes peões e bes-
teiros. Avistadas as tropas portuguesas, detiveram-se os Castelhanos em
largo conselho, em resultado do qual inclinaram sua marcha para a direita,
procurando a ribeira de Frechas, na imenção aparente de evitar o combate.
Adivinhada ela, moveram-se os Portugueses, e apresentaram-se de frente
aos Castelhanos junto à ermida de S. Marcos, a qual, como padrão que ficou
sendo desta batalha, foi arrasada pelo exército castelhano, quando no Julho
seguinte por ali tornou.
Não podendo evitar o combate, deixaram os invasores os ginetes de
guarda à presa, e os peões e besteiros de vigia aos cativos, e, postos a pé
os homens de armas, ao som das trombetas, e ao estridor dos gritos «Cas-
tilla y Santiago» e «Castafíeda», deram nos cavaleiros portugueses, que firmes
■os receberam, clamando por «Portugal e S. Jorge», «Cunha e Ferreira».
Travou-se a batalha, que foi das mais renhidas e características pelejadas
entre Portugueses e Castelhanos. Nela, o valor, a união, o amor da pátria
oprimida, supriram, como em outras, a falta de número.
O ardor era tal, a sede do sangue inimigo tanta, que os duros golpes,
batendo nas rijas armaduras, produziam pavoroso estrépito, ouvido d'ali a
meia légua, em Trancoso.
Os peões portugueses tinham fugido, ainda antes do primeiro choque, e
ás mãos dos ginetes castelhanos morreram alguns. Não desanimaram con-
tudo os homens de armas, ante este mau prenúncio de vitória. Apertando
as fileiras, e redobrando de esforço, breve íizeram conhecer aos Castelhanos,
que era ilusória a aparente vantagem.
Já sobre a tarde, dos quatrocentos cavaleiros espanhóis, apenas existia
um, preso por Gil Vasques da Cunha, que o não quis matar para haver tes-
temunha, entre os contrários, de tam glorioso e extraordinário feito.
54 Brasões
j Deveras assombroso foi, o que o Castelhano viu então! Aqui, os cadá-
veres de todos os cavaleiros e escudeiros seus companheiros de armas; aU,
fugitivos, trepando pela encosta, os peões e besteiros, que não ficaram presos
dos que, havia pouco ainda, eram seus cativos; ao longe, já pelo cume dos
oiteiros, os ginetes, que, abandonando a presa, não esperaram a ver o fim;
e, de roda dele, ofegantes, cobertos de sangue e pó, os Portugueses, todos
os Portugueses, pois que, diz o cronista, nem um só dos homens de armas
inordeu a terra nesse memorável combate (i).
jQue nobre orgulho, que bem fundada audácia não incutiria esta vitória
no ânimo dos Portugueses! ; Quanto não lhes aumentaria ela a fé no feliz
êxito da sua empresa! ;e que brilhante prelúdio não foi da batalha de Alju-
barrota!
A Martim Vasques da Cunha, mais do que a ninguém, se deveu este glo-
rioso sucesso, pois que, a favor da causa comum, soube vencer a altivez do
seu carácter, dando um exemplo bem poucas vezes seguido nesses tempos
de insofrido orgulho.
O capitão da hoste portuguesa na memorável batalha de Trancoso foi,
como fica dito, Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide mor daquela vila e pos-
teriormente marichal de Portugal. Foi cavaleiro de tam esforçadas façanhas
que dele disse o Duque de Lencastre que, «se ouvesse de aventurar o Reyno
de Castella, e poer seu direito em mão de hum homem que o combatese»,
Gonçalo Vasques Coutinho, ou Rui Mendes de Vasconcelos, cada um deles,
era bastante para lhe confiar tal feito (2).
Muito assinalada acção de Gonçalo Vasques Coutinho foi a da defensão
de uma ponte, quando em 1387 o exército português seguia o caminho de
Cidade Rodrigo. Nesse dia ele, único cavaleiro, acompanhado por alguns
besteiros, embargou o passo aos Castelhanos durante todo o tempo necessá-
rio para o nosso exército passar a vau (3).
n
LINHAGEM
Era Gonçalo Vasques Coutinho senhor do couto de Leomil na Beira por
sucessão a seus maiores, e por êle ser pequeno se lhe chamava o Coutinho,
provindo d'aqui, diz-se, o apelido a seus possuidores. Este couto de Leomil
(i) Fernão Lopes, Chronica de D. João 1, part. 11, caps. 19 a 21.
(2) Ibidem, cap. 109.
(3) Ibidem, cap. 1 12,
Coiitinhos 5 5
havia sido doado por juro de herdade com outros bens, por carta passada
em Vila Nova de Anços a i3 de Março de 1410 (1372), ao vassalo dei Rei
Vasco Fernandes Coutinho (i). A este mesmo fidalgo, intitulando-o cava-
leiro e vassalo, fez D. Fernando nova doação, para ele e descendentes, por
carta dada em Lisboa a 23 de Julho de 1421 (i383), pelos serviços prestados
nas guerras com D. Henrique e D. João de Castela, da vila de Nomão e
seus termos, do castelo de Penedono e seu termo, e dos lugares de Póvoa,
Penela, Paredes, Riodades e Valongo, com seus termos, jurisdições, data de
ofícios, tabeliães, etc. (2). Ao filho de Vasco Fernandes, o referido mari-
chal Gonçalo Vasques Coutinho, confirmou D. loao I, em Ceuta, a 24 de
Agosto de 1453 (141 5), a precedente doação, mandando incorporar todos
aqueles bens no couto de Leomil e ordenando, a ele Gonçalo e a seus suces-
sores, que se intitulassem senhores do couto de Leomil (3).
Casou Gonçalo Vasques Coutiriho por duas vezes, sendo sua segunda mu-
lher D. Joana de Albuquerque, filha bastarda do mestre de Santiago D. Fer-
nando Afonso de Albuquerque, e dela só teve uma filha, D. Isabel Coutinho,
que veio a casar com Gomes Freire, seahor de Bobadela. Da primeira vez
havia Gonçalo Vasques casado com Leonor Gonçalves de Azevedo, filha de
Gonçalo Vasques de Azevedo, senhor da Lourinhã, e primeiro marichal de
Portugal, e dela tivera os seguintes filhos:
i.° — Vasco Fernandes Coutinho, i.° conde de Marialva (Setembro de
1440) e marichal do reino. Foi progenitor dos demais Condes de Marialva
e dos Marqueses do mesmo título (i i de Junho de 1661) com a varonia de
Meneses; dos comendadores de Vaqueiros, dos de Caldeias e dos de Almou-
rol; dos Condes do Redondo (2 de Junho de i5oo), os quais posteriormente
tiveram a varonia de Castelo Branco e ultimamente a de Sousa Chichorro;
dos Marichais do reino, dos Morgados de Pinhel, e doutros.
2.° — Fernão Coutinho, senhor de Basto e Montelongo, cuja descendência
varonil em breve se extinguiu.
3.° — Álvaro Gonçalves Coutinho, o legendário Magriço.
4.*' — D. Álvaro Coutinho, bispo de Coimbra, segundo afirmam alguns
nobiliários sem confirmação nos catálogos dos bispos daquela diocese.
5." — D. Fernando Coutinho, bispo de Coimbra pelos anos de 1425.
6.° — D. Luís Coutinho, bispo de Viseu e depois de Coimbra, a quem
me tornarei a referir.
(i) Chancelaria de D. Fernando, liv. i.o, fl. io3.
(2) Chancelaria de D. João I, liv. 3.", fl. 149 v.
(3) Ibidem. — Esta carta é o único diploma de D. João I datado de Ceuta por mim até
agora encontrado.
56 Brasões
7.° — D. Felipa Coutinho, que em 1420 se desposou com D. Pedro de Me-
neses, capitão de Ceuta e futuro i.° conde de Vila Rial e 2.° de Viana, não
se tendo chegado a reaHzar o casamento por a noiva morrer no mar, quando
ia ter com o marido a Ceuta.
A varonia dos Coutinhos subsistia há pouco apenas na linha dos morgados
de Â.rcoselo à qual pertencia o simpático Aj^ô dos janotas, D. José Coutinho
de Lancastre, há poucos dias falecido (i).
D. Luís CoutinhO;^ acima mencionado, era bispo de Viseu pelos anos de
1438, sendo de lá transferido para o bispado de Coimbra em 1444, segundo
dizem. Nesta qualidade acompanhou em 146 1 a infanta D. Leonor a Roma,
quando foi casar com o imperador Frederico III (2). Afirmam igualmente
os autores dos catálogos dos diversos prelados haver sido também D. Luís
Coutinho arcebispo de Lisboa alguns meses do ano de 1453 (3); mas não
acertam, porque êle não teve nunca a posse daquele arcebispado, nem se-
quer nele foi confirmado, se para tal prelazia chegou alguma vez a ser eleito»
Efectivamente aparecem duas cartas régias de 23 de Setembro e 9 de Ou-
tubro de 1453 as quais esclarecem o caso. Pela primeira foi dada licença
para andar em besta muar a um criado de D. Luís Coutinho, «bispo que foi
de Coimbra» ; e pela segunda tomou D. Afonso V sob sua especial protecção
a um escudeiro de «D. Luís Coutinho, bispo que foi de Coimbra, do nosso
conselho, a que Deus perdoe» (4). Se êle houvesse sido arcebispo de Lis-
boa, mesmo até apenas eleito, é certo que esta dignidade seria indicada nos-
referidos diplomas.
A pessoa de D. Luís Coutinho encontra-se ligada, sem sólido fundamento,
julgo, a uma lenda interessante. Na antiga estrada de Lisboa a Sintra, entre
a quinta do Ramalhão e o lugar de S. Pedro, encontra-se, à esquerda de
quem se dirige para a vila, um túmulo misterioso, com uma cruz latina es-
culpida na tampa, quási de nível com o solo, e uma outra cruz alçada sobre
uma pequena coluna na extremidade da campa. Não se sabe para quem o
túmulo fosse construído, mas houve quem suposesse estarem nele recolhidos
os restos de D. Luís Coutinho (5). Vamos ver se será possível e plausível.
Em 7 de Abril de i83o, por ordem de D. Miguel e na sua presença,
mandou o Juiz de fora de Sintra abrir o referido túmulo e nele se encon-
(i) Escrevia eu isto em 6 de Dezembro de 188^.
(2) Rui de Pina, Chronica de D. Afonso V, cap. i32.
(3) P. ex. João Bautista de Castro, Mappa de Portugal, III, 128-129.
(4) Archivo histórico portugue^, III, pág. 229 e 23o.
(5) Abade de Castro, Antigualha das cercanias de Cintra^ no Panorama, vol. vi, pág. 359,
Coutinhos 57
traram os ossos de um indivíduo só, sem aparecerem quaisquer indícios que
habilitassem a identificar a pessoa a quem aqueles restos pertenciam. No
auto então lavrado e depois guardado no Arquivo da Câmara Municipal, de-
clara o Juiz de fora, reportando-se a documentos existentes no Cartório da
Misericórdia, constar: que «em 1409 já excedia a memoria dos homens a
fundação do Hospital e Gafaria dos Lázaros no cabeço do Ramalão»; que
nesse mesmo ano se fizera a divisão dos rendimentos das herdades do dito
hospital, ficando ele com metade e sendo a outra metade atribuída ao de
Cascais; e finalmente que no Tombo dos bens, que ficaram ao hospital de
Sintra, rnandado fazer em 1450 pela rainha D. Leonor, mulher de D. João II,
e concluído em 1452, se menciona «o caminho aonde existe o Monumento e
Crus». Na verdade, quando examinei o cartório da Misericórdia de Sintra,
encontrei estes documentos e, se as datas do último estivessem bem inter-
pretadas, elas afastariam completamente a suposição de haver sido o túmulo
construído para receber os restos de D. Luís Coutinho, vivo ainda em 1460
e 1452, visto que se deve entender ter falecido só em 1453, entre 23 de Se-
tembro e 9 de Outubro, como indicam os dois diplomas acima extratados;
as datas porem dos anos de 1430 e 1452 dentro dos quais se diz ter sido es-
crito o referido Tombo, não são verdadeiras.
Foi êle feito por mandado e em nome de «Dona lianor per Graça de deos
Raynha de portugal e dos algarues . . . e senhora de guinee». Corneça pelo
contrato celebrado entre os hospitais de Sintra e de Cascais para repartição
das rendas e continua com outras escrituras até entrar na demarcação das
herdades do hospital, à qual se seguem mais escrituras, sem nunca se en-
cerrar o Tombo e, portanto sem se declarar a data, a não ser no fim onde,
de letra moderna, século xix, se lê: «Feito em 1450». Esta indicação porem
está longe da verdade.
O ditado acima transcrito revela claramente, nas palavras senhora de
Guine', tratar-se da rainha D. Leonor, mulher de D. João II e este soberano
só começou a incluir aquele título no seu ditado em 1485 (i). Foi portanto
o Tombo começado a escrever muitos anos, mais de trinta pelo menos, de-
pois da morte de D. Luís Coutinho. A menção do túmulo naquele docu-
mento não invalida pois a suposição dele ter sido feito para receber o corpo
do Bispo de Coimbra. Na fl. 36 v. do Tombo começa a descrição e medi-
ção do casal do Ramalhão, e na fl. Sy declara-se: «E ficam por partir E de-
marcar ... os rressijos de junto das casas E outros grandes que vaam partir
acima com o Ressijo do concelho honde estaa ó moj'mêto e cru:{i>.
(i) João Pedro Ribeiro, Dissertações, II, 204.
VOL. I
58 Brasões
Este monumento sepulcral estava no antigo cemitério dos gafos, como
consta de uma determinação tomada pela mesa da Misericórdia em 12 de
Julho de 1598: «que se concerte o mojmento dos lázaros que está no Rama-
Ihão por ser memoria dos lázaros que estam nelle sepultados e esta casa ter
obrigação de o ter sempre concertado» (i). Perto de um século depois, no
dia I de Julho de 1673, deliberou a mesa da Misericórdia mandar «pôr húa
cruz de Pedra na sepultura dos Lázaros, que está na estrada de Lisboa Junto
a o Ramalão, por quanto esta casa tem obrigação de a reparar como admi-
nistradora que hé do Hospital dos Lázaros, e ja esta S.'^ caza tinha mandado
pôr a que furtarão, e se poz no anno de mil quinhentos e noventa e outo
annos como se ue de híi termo no L.° 7.° dos Acord. f 96 e logo o dito P.^ . . .
disse tinha mandado pôr a ditia cruz, e despendera nella mil e quinhentos
rs.» (2).
Era pois por esses tempos neste sítio o cemitério dos Lázaros, correndo
ao sul dele a antiga estrada para Lisboa, como declaram as confrontações
da courela do Vai da Gafaria, mística ou pertença do casal do Ramalhão,
onde era situado o cemitério (3). Com o andar dos tempos mud©u-se o leito
da estrada mais para o norte e veio a cortar o cemitério, dando em resultado
ficar o monumento sepulcral à beira dela.
O Abade de Castro, no artigo citado, não apresenta prova documental
nem citação de fonte, como aliás é seu mau costume, e simplesmente declara
que após «laboriosa investigação» pode presumir, com aparência de verdade,
ser aquela sepultura a de D. Luís Coutinho. Diz ter-se êle afastado da corte
quando em 1452 voltou de Roma, e ter-se recolhido a Sintra a tomar na sua
serra os banhos de Santa Eufemia, procurando alívio ao mal da lepra, de
que padecia, e já então andava muito adiantado.
A esta suposição parece, na verdade, dar tal qual fundamento o primeiro
dos dois documentos acima citados relativos ao Bispo, a carta régia de 23 de
Setembro de 1453. Por ela consta estar então D. Luís Coutinho definitiva-
mente afastado da sua diocese, «bispo que foi de Coimbra», só podendo atri-
buir-se o facto a moléstia, pois noutra prelasia se não encontrava investido.
Quanto à presunção de ter sido êle o gafo sepultado à beira da estrada
de Sintra, tem ela certamente mais fundamento que a outra lenda do túmulo
ser o de dois irmãos (4), a qual se desvaneceu quando, ao abri-lo, apareceu
a ossada de uma pessoa só.
(i) Acordos da Misericórdia de Sintra, liv. 7.», fl. 96.
(2) Ibidem, liv. 1 3.", fl, 24 v.
(3) Cit. Tombo.
(4) Juromenha, Cintra pinturesca, pág. 114.
Coutinhos 59
Do i.° Conde de Marialva foi neto D. Francisco Coutinho, 4.° e último
conde daquela vila na varonia dos Coutinhos, o qual por sua mulher, D. Bea-
triz de Meneses, também foi conde de Loulé. Foram estes Condes enter-
rados ambos na capela mor do convento franciscano de Santo António de
Ferreirim, e sobre a sepultura lançaram este epitáfio: Aqui ja^ o Senhor
D. Francisco Coutinho, Conde dos Condados de Marialva e Loulé, Mor-
gado de Mdedelo e do Couto de Leomil, senhor de Castello Rodrigo, Alcaide
mor de Lamego, Meyrinho mor deste Rej-no, Faleceo na Era de i532. E a
Condessa sua mulher D. Brites de Meneses. Mandarão se aqui trazer a esta
Casa de Santo António de Ferreyrim, aonde ja\em enterrados, por ser terra
que seus Avos ganharão aos Mouros (i).
A data da morte do Conde de Marialva e Loulé, como se encontra no
epitáfio, está errada. O Conde não morreu em i532, mas sim a 19 de Fe-
vereiro de i53o, como declara um documento (2).
Estava aquele túmulo na referida capela mor do lado do evangelho, fron-
teiro à porta da sacristia e por cima dele via-se um quadro do Descendimento
da Cruz «de pintura primorosa», e era tudo encerrado num arco formado na
parede, no fecho do qual estava o escudo das armas do Conde. Eram estas
as cinco estrelas dos Coutinhos, tendo por timbre uma figura estranha com
cara humana, e sobre êle atravessado um listão com esta divisa: SEGUIME
POIS QUE SIGO TO DIGO (3).
As armas do Conde de Marialva encontram-se também na fl. 48 v. do
Livro do Armeiro mor, onde se vêem pintadas desta maneira: Escudo pen-
dido, de oiro, carregado de cinco estrelas de sete pontas de vermelho; elmo
de oiro, cerrado, guarnecido de esmaltes vermelhos e verdes, posto de três
quartos e forrado à ponta de azul; paquife de oiro forrado de vermelho; virol
de oiro e vermelho; correia de azul, perfilada de oiro.
(1) Fr. Fernando da Soledade, Historia seráfica, IV, 352.
(2) Torre do Tombo, Gaveta 9, maç. 10, n.° 14.
(3) Memorias Sepiílchraes^ Qiie existem nos Conventos e Mosteiros desta Província dos
Menores Observantes de Portugal; tiradas dos próprios lugares, aonde agora existem, e Es-
criptas por Fr. António da Lu:( Fo!j[, Filho da mesma Provinda .Anno de lyS/. Ms. de que
era possuidor, juntamente com outros dois análogos, formando uma interessante colecção,
o antigo administrador da Imprensa Nacional, Venâncio Deslandes, que me fez o favor de
me permitir deles extrair cópia. Encontra-se o indicado no texto na fl. 84 v.
Hl
CASTROS
BnASÓEs DA Sala de Sintra, VoI. k.
De azul, seis besantes de prata. Timbre: roda de navalhas de Santa
Caterina, a roda de sua cor, as navalhas de prata.
Estas armas teem os esmaltes do escudo trocados, e não sei como se
possa explicar tal erro em brasão tam conhecido, a não se atribuir à res-
tauração da sala em tempos de D. Pedro II.
As armas destes Castros são: em campo de prata seis arruelas de azul.
Assim se encontram no Livro do Armeiro mor, fl. 49, no Livro da Torre
do Tombo, fl. 9 v., no Thesoiiro da Nobreza de Francisco Coelho, fl. 28, no
Thesouro da Nobre:{a de Fr. Manuel de Santo António, c-54, etc.
O timbre aqui pintado é o privativo dos Castros do morgado de Penha
Verde, e foi adoptado por D. Álvaro de Castro, filho do grande D. João de
Castro, ilustre progenitor daquela casa. O comum é um lião nascente, ou
de oiro, ou de prata, e umas vezes carregado com os móveis do escudo, ou-
tras não. A casa de Monsanto dão geralmente por timbre um caranguejo
de prata, carregado das seis arruelas do escudo.
As armas do Conde de Monsanto, como estão pintadas na fl. 49 do Livro
do Armeiro mor, eram assim: Escudo pendido, de prata, carregado de seis
arruelas de azul; elmo de oiro, cerrado, guarnecido de esmaltes vermelhos,
e verdas, posto de três quartos e forrado à ponta de vermelho; paquife de
prata forrado de azul; virol de prata e azul; correia de vermelho, perfilada
de oiro.
I
PAZ DE ALCOUTIM
A 23 de Março de 1369, junto do castelo de Montiel, encontrou D. Pe-
dro I de Castela a morte às mãos de seu próprio irmão.
é4 Brasões ,
Com o fratricídio Julgava Henrique II, que pacifico rei de Castela ficaria;
não sucedeu porem assim, pois que a maior parte dos do bando do falecido
rei se levantou com as cidades e vilas, que tinha em seu poder, tomando voz
por D. Fernando, rei de Portugal. '
Da Galiza, onde principalmente se pronunciou o alevantamento, era a
grande maioria dos fidalgos que procuraram a corte portuguesa, oferecendo
a sua espada; por isso que, alem dos insubordinados, muitos outros passaram
aquela fronteira, buscando um rei no de Portugal.
D. Fernando era então, iSôg, mancebo de vinte e cinco anos, «vallente,
ledo, e namorado, amador de molheres, e achegador a ellas. Avia bem
composto corpo e de razoada altura, fremoso em parecer e muito vistoso;
tal que estando acerca de muitos homeens, posto que conhecido nom fosse,
logo o julgariam por Rei dos outros . . . Era cavallgamte, e torneador, grande
justador, e lamçador a tavollado. Era muito braçeiro, que nom achava ho-
mem que o mais fosse; cortava muito com huma espada, e remessava bem
a cavallo. . . Era ainda . . . muito caçador e monteiro» (i).
Liberal e de óptima índole, inteligente e sociável, procurava a convivên-
cia, não só das damas, como de todos, sendo grande criador de fidalgos, e
gostando de ver os seus paços sempre alegres e animados.
Perspicaz, foi o primeiro a perceber que Portugal era Lisboa, e que, em
quanto o reino conservasse a capital, poderia esperar pela independência;
mas que, perdida aquela, esta em breve acabaria para todo ele. Lisboa,
«grande cidade de muitas e desvairadas gentes», mereceu-lhe pois particular
atenção, ainda que muito afeiçoado lhe não devesse ser, por quanto dela teve
de sair corrido, quando se espalhou a nova do seu casamento. Levantou-lhe
a famosa e forte muralha, que tam útil foi em 1384, quando D. João I de
Castela a veio cercar.
E não foi só para a capital, que olhou com desvelo. Tratou de desen-
volver em todo o reino o comércio, favorecendo muito os mercadores; a agri-
cultura e a população, mandando cultivar ou aforar os maninhos do Alentejo;
a marinha, aumentando em grande escala e aperfeiçoando a construção dos
navios.
^Com tam boas qualidades, a que ainda acrescia o amor da justiça, e
com tam previdente governo, como é que ele e o seu reino foram infelizes?
E porque algumas das quahdades de D. Fernando, levadas ao excesso, tor-
navam-se em graves defeitos. Ao génio irresoluto e volúvel juntava exces-
siva galantaria e prodigalidade. Em breve deu cabo dos tesouros acumula-
(1) Fernão Lopes, Chronica de D. Fernando, no prólogo.
Castros 65
dos durante séculos pelos seus predecessores, e sem dinheiro, e apaixonado,
deixava correr tudo à revelia.
Tam depressa era pelo Conde de Trastâmara contra Pedro o Crú, como
se aliava com os Reis de Aragão e Granada contra o Conde, já rei de Cas-
tela. Vencido c obrigado em iSyi a fazer as pazes com Henrique II, Jun-
tava-se ao novo amigo contra o antigo aliado de Aragão, dando lugar a este
lhe ficar com a avultada quantia, que D, Fernando lá tinha, destinada ao
soldo das tropas auxiliares.
Depois, desprezado o casamento com a filha do Castelhano, e projectada
a aliança com os Ingleses, inimigos daquele, não tem tempo de ultimá-la,
porque D. Henrique II, avisado de seus projectos, invade novamente o reino
em iSyS. Outra vez vencido, consegue livrar-se por meio de uma paz menos
desairosa ainda, do que era de esperar.
Morto D. Henrique, realiza a projectada aliança com os Ingleses contra
D. João I de Castela; pouco depois porem de encetada a guerra, já aborre-
cido, trata secretamente das pazes com os Castelhanos, abandonando ou
aliados.
Como era com os de fora, assim procedeu com os de casa. Na mão
sempre daqueles a qUem se afeiçoava, por eles completamente se deixava
guiar. Primeiro foi o conde D. João Afonso Telo, depois a sobrinha deste,
a rainha D. Leonor Teles.
Não se cuide que o povo, apesar do muito que por causa dele padeceu,
o odiasse. Não. Tratava-o como uma criança amimada, a quem os bon-
dosos pais, depois de ralharem, afagam e ameigam de novo.
É como o povo d'então o historiador de hoje. Não pode deixar de sim-
patizar com as brilhantes qualidades deste Rei, tam defeituoso muito embora,
mas tam bom, tam previdente, quando antevia no desenvolvimento da mari-
nha nacional o futuro engrandecimento do seu país.
Volvamos à narrativa, ao que se passou em 1869 em seguida ao assassínio
de D. Pedro de Castela.
D. Fernando, crente no que os fidalgos castelhanos da sua parcialidade
lhe diziam, e que o valido d'então confirmava, asseverando-lhe, que, «quando
menos se precatasse», todo o reino de Castela era seu, invadiu a Galiza.
Considerando a sua entrada, em vista daquela afirmação, como uma marcha
triunfal, não foi prevenido para sérias resistências, e efectivamente não as
encontrou na província, que estava quási toda por êle.
De Tui, onde pouco se demorou, passou à Corunha; e aí sucedeu um
facto digno de reparo.
Era essa vila composta unicamente de pescadores e de gente ordinária,
sendo o principal da terra um João Fernandes Andeiro. Como se receasse
VOL. I 9
66 Brasões
um tanto das intenções de seus moradores, avançou el Rei e a comitiva com
cautela, parando a distância das portas da Corunha.
Saíram os moradores trazendo à frente João Fernandes Andeiro, que
alegre acorria, bradando: «Hu vem aqui meu senhor el Rei Dom Fer-
nando?»
«Eu som, eu som», acudiu pressuroso el Rei, chegando as esporas ao
cavalo e adiantando-se aos mais. E pela primeira vez beijou Andeiro a maò
a el Rei de Portugal.
iQuem diria então, ao ver aquele escudeiro de pobre vila de pescadores,
que ele viria um dia a ser conde de Ourem e a calcar no coração da sua
formosa Rainha o amor daquele Rei, tam gentil e garboso!
Na Corunha permaneceu D. Fernando, entretendo-se na larga distribuição
de privilégios e isenções às povoações que a sua voz tomavam; e na profusa
repartição dos haveres dos contrários pelos que eram seus parciais, os quais,
não poucas vezes, unicamente com esse fito o procuravam. Mandou cunhar
moeda, enviou cartas a diferentes cidades, intitulando-se Rei delas, e soce-
gadamente, caçando pelas vizinhanças, esperou a tal ocasião em que se lhe
entregasse Castela toda, «quando menos se precatasse».
O desengano veio rápido e assustador. Henrique II com Du Guesclin e
os seus Bretões levanta o cerco de Samora, e avança a marchas forçadas
sobre a Corunha.
Não entrava isto nos ajustes. D. Fernando viera a receber preitos e ho-
menagens, mas cutiladas não. Os amigos Galegos aguentem-se como pode-
rem, que el Rei de Portugal tem suas galés ancoradas na baía, o mar está
chãO; e o Porto não é longe. Levantar ferro e andar.
D. Henrique sabedor desta prudente retirada, e certo de que, vencido
D. Fernando, sem custo reduziria a Galiza, entrou pela província do Minho,
preferindo guerrear em reino estranho.
Talando e arrasando campos e povoados chegou a Braga, que logo capi-
tulou. D'aí dirigiu-se a Guimarães, a que, em i de Setembro deste ano de
1369, pôs cerco. Em breve porem o levantou, por lhe chegarem novas de
como Algeciras caíra em poder dei Rei de Granada, que a arrasara. Pela
província de Trás os Montes fora, obrando comO raio vingador de um deus
de extermínio, regressou a Castela.
Entretanto D. Fernando andava indeciso, de uma parte para a outra, por
forma tal que Já o povo lhe cantava:
Eis vello vai,
Eis vello vem
De Lisboa
Pêra Santarém.
Castros 67
Depois da partida de D. Henrique, continuou ainda a guerra por terra e
mar com vários sucessos, mas todos de pouca monta, até se celebrarem as
pazes, em Alcoutim, a 3i de Março de 1371, pelas quais D. Fernando largou
todas as terras que tinha na Galiza. E a confiança, que mereciam estas
pazes, com o casamento tratado e com os muitos Juramentos, que por oca-
sião delas se fizeram, a classificaram alguns da corte por um rifão apimen-
tado, que Fernão Lopes refere, e que nem em latim se poderia aqui pôr (i).
n
CASA DE MONSANTO
Entre os fidalgos galegos, que seguiram a parcialidade dei Rei de Portu-
gal, distinguiam-se D. Fernando Rodrigues de Castro, conde de Trastàmara,
Lemos e Sárria, e seu meio irmão D. Álvaro Pires de Castro.
Eram estes fidalgos filhos de D. Pedro Fernandes de Castro, o da Guerra,
rico homem, senhor de Lemos e Sárria, adiantado mor da fronteira e mor-
domo mor de Afonso XI de Castela; o primeiro porém legítimo, o segundo
bastardo.
Alem destes dois filhos teve o da Guerra duas filhas, sendo igualmente
uma legítima, e a outra natural. A legítima foi D. Joana de Castro com quem
D. Pedro I de Castela casou, ainda em vida da rainha D. Branca sua mulher.
Abandonada no dia seguinte ao do casamento pelo rei, que nunca mais a
tornou a ver, continuou D. Joana contudo a intitular-se rainha de Castela.
A natural foi a desventurada D. Incs de Castro, com quem D. Pedro I de
Portugal afirmou ter casado secretamente.
D. Álvaro Pires de Castro permaneceu em Portugal depois da paz de
Alcoutim, e subiu ao fastígio das honras e dignidades.
Em I de Junho de iSyi recebeu o título de conde de Viana da Foz do
Lima, Caminha de Riba de Minho e Aldeia Galega a par de Alenquer (2),
título pouco tempo depois mudado no de conde de Arraiolos (3). Em i382
foi feito condestável, sendo o primeiro que houve em Portugal. Como alcaide
mor de Lisboa defendeu a cidade do cerco, que em 1373 lhe pôs D. Hen-
rique 11; e na qualidade de fronteiro resistiu em i38i ao sítio, que os Cas-
telhanos puseram a Elvas caudilhados pelo seu próprio sobrinho o infante
(i) Fernão Lopes, Chronica de D. Fernando, cap. 23 c seguintes. O rifão, quem o
quiser ver, encontra-o nó fundo da pág. 233.
(2) Chancelaria de D. Fernando, liv. i.», fl. 73.
(3) Já com este título aparece em uma carta de escambo de 8 de Julho de 141 3 (ujS).
— Chancelaria de D. Fernando, liv. i.", fl. 171.
6S Brasões
D. João. A este enviou o Conde dizer, assim que teve novas da chegada
dos Ingleses, que, se precisasse dalgumas mercadorias de Inglaterra, apro-
veitasse a ocasião para as mandar buscar a Lisboa, pois lá estavam umas
poucas de naus inglesas, dando azo com o aviso ao imediato levantamento
do cerco.
Por morte de D. Fernando ligou-se o Conde de Arraiolos ao partido con-
trário a el Rei de Castela, bando de que era chefe o Mestre de Avis; sempre
porém irresoluto e receoso, veio a falecer de morte natural, durante o cerco
de Lisboa, alguns dias depois de 1 1 de Julho de 1384.
A este homem foram prodigalizadas as honras e as mercês (i), mais de-
(i) Diplomas registados na Chancelaria relativos ao Conde de Arraiolos:
Álvaro Pires de Castro, nosso leal vassalo, fazemolo conde das nossas vilas e castelos
de Viana da Foz de Lima, de Caminha de Riba de Minho e de Aldeia Galega apar de Alan-
quer, as quais vilas e termos delas. queremos que sejam cabeça do condado, as quais vilas
e castelos e termos delas queremos e outorgamos que haja o dito Conde e os Condes [que]
depôs dele vierem, com todolos moradores e pobradores delas, com toda jurdição, alta e
baixa, mero e mixto império, e com os portos do mar das ditas vilas e dos termos delas, e
com o dízimo de todalas cousas que foi sempre acustumado levarem os Reis que ante nós
foram, assi das que vêem per mar, como per terra, e com alfolinhagem e portagem e cas-
telagem e martinhega e todolos outros direitos que os Reis costumavam e de direito so-
hiam avcr nas ditas vilas e castelos . . . e damos lhe poder ao dito Conde que faça e possa
hi fazer tabeliães e juízes aqueles que vir que compre, etç. Santarém, i de Junho, era de
1409 (1371). Liv. 4.0 de D. Fernando, fl. 1 t. — Conde de Viana, doação de Arraiolos e
Pavia, em pagamento de sua contia, 4 de Novembro, era de 1409 (iSyi). Ibid., liv. i.*, íi 82V.
— Conde D. Álvaro Pires de Castro, carta de entrega do castelo de Lisboa. Era de 1411
(iSyS). Ibid., Pi. 121. — Doação dos direitos do pão das lezírias de Alfimara e da Malveira,
em pagamento de sua contia, para servir com certas lanças. Lisboa, 8 de Agosto de 141 1
(iSyS). Ibid., íl. i33. — Escambo, recebendo o Conde a vila de Odemira e seu termo, confis-
cada ao almirante Lançarote Pessanha por desserviço, e mais o reguengo de Cantanhede,
dando em troca os reguengos de Campores do Rabaçal, que lhe haviam sido dados com a
vila e castelo de Arraiolos, com Pavia e Aldeia Galega, por condado, em escambo por Viana
e Caminha, juntando-se ao condado OJemiia e o reguengo de Cantanhede. Santarém, 8 de
Julho de.1413 (1375). Ibid., íi. 171. — Novo escambo, recebendo o Conde todos os bens con-
fiscados por dívida ao contador Antoninho Martins, em troca da vila e termo de Odemira.
A dos Negros, 6 de Outubro de 1413 (iSjS). Ibid., fl. 177. — Conde de Arraiolos, doação de
todos os bens de João Esteves de Moreira, de Coimbra, que os perdeu por traição. Santarém,
9 de Julho de 1415 (1377), Ibid., liv. 2.° íi. 21 v. -- Conde de Arraiolos, senhor da vila, carta
-áe convenção com os seus moradores em virtude de queixas contra ele, família e servidores.
Évora, 3o de Janeiro de 141S (i38o). Ibid., íi. 55 v. — Carta de doação de Ferreira de Aves,
confiscada a Diogo Lopes Pacheco. Portalegre, 25 de Maio de 1418 (i38o). Ibid., fl. 64 v. —
Esta vila de Ferreira largou logo ao alferes mor Aires Gomes da Silva, que já dela era se-
nhor, quando em i de Julho daquele ano foi dada carta d« privilégios aos seus moradores.
Ibid.^ íi. 65. — Carta de padrão de seiscentas libras. Lisboa, 6 de Agosto de i-j2i (i383). Ibid.,
Castros 69^
vidas à sua qualidade de irmão de D. Inês de Castro e à afeição de D. Leonor
Teles, do que ao próprio mérito.
O Conde de Arraiolos foi sepultado na igreja de S. Domingos de Lisboa,
na capela de S. Jacinto junto aò altar da parte do evangelho, em um túmulo
pequeno, com este epitáfio: Aqui j as dÔ Álvaro Peres de Castro primeiro
condestable deste Refno e a condessa dona Maria Ponse sua molher. Junto
a esta caixa estava outra do mesmo tamanho e feição com o seguinte letreiro:
Aqui jas dô Pedro de Castro Jilho mais velho e susesor de dom Álvaro Peres
de Castro primeiro condestavel deste Rejno (i). Defronte destas duas via-se,
na mesma capela, ainda outra sepultura em tudo semelhante às precedentes,
menos na inscrição que era esta: Aqui jas dô João de Castro Jilho mais velho
e successor de dõ Pedro de Castro neto de dÕ Álvaro Peres de Castro pri-
meiro Condestable deste Rejno.
Pela banda de cima de cada um destes túmulos havia um escudo com
seis arruelas, variando contudo lodos eles nos timbres. No de D. Álvaro
era uma roda de navalhas, no de D. Pedro, um pavão, no de D. João, uma
capela florida (2).
D'aqui deveria depreender-se que muito antes de D. Álvaro de Castro,
filho do grande D. João de Castro, ter adoptado o timbre da roda das nava-
lhas, já outro seu antepassado bem remoto o tinha tomado; mas não o creio,
nem o que lá estava em S. Domingos, se estava, deve fazer fé, por ser obra
muito mais moderna. As tais caixas metidas na parede não foram decerto
os primitivos túmulos daqueles fidalgos. Houve uma trasladação, não sei
quando, e foi então que puseram as armas e os tais timbres; e como cons-
tava que um D. Álvaro tinha escolhido para si o da roda, atribuiram-no ao
D. Álvaro, cujos ossos recolhiam então.
Do Conde de Arraiolos provieram todos os Castros chamados de seis
arruelas, exceptuando os Castros de Melgaço. Daqueles foram ilustres che-
fes os senhores do Cadaval, cuja casa se fundiu por casamento na de Bra-
gança.
liv. 3.", fl. 85. — Carta de 2 de Maio de 1422 (1384) pela qual D. João I tirou ao conde D. Ál-
varo Pires a jurisdição da vila de Arraiolas, ordenando que d'ali em diante os seus mora^-
dores só respondessem perante as justiças reais, ficando o donatário apenas com os direites
patrimoniais, etc. Liv. ifl de D. João 7, fl. 18 v.
(i) Este D. Pedro de Castro foi senhor do Cadaval e marido de D. Leonor de Meneses,
filha dos !.•• Condes de Ourem. ,
(2) Meinorias Sepulchraes que para beneficio da Historia de Portugal offereceu á Aca-
demia Real D. Automo Caetano de Sousa, fl. 97 e 97 v. — li outro dos três códices que per-
tenceram a Venâncio Deslandes aos quais já me referi na nota (3) de pág. .'9.
70
Brasões
Deles não foram menos ilustres os ramos dos Condes de Monsanto (21
de Maio de 1460), os quais, com a varonia de Noronha, receberam o titulo
de marqueses de Cascais em 19 de Novembro de 1643; o dos senhores do
paul do Boquilobo; o dos do morgado de Penha Verde; e outros.
A todas as glórias desta família sobreleva a de ter produzido D. João de
Castro, herói cuja fama bastará para tornar imorredoiro o nome de Castro.
Dele são representantes os Condes de Penamacor com a varonia de Salda-
nha.
A varonia dos Castros de seis arruelas está desde muito extinta, a não
ser que permaneça em algum ramo obscuro e ignorado.
III
CASTROS DE MELGAÇO
Não há plausibilidade nenhuma na dedução destes Castros dos prece-
dentes apesar de usarem das mesmas armas, facto muito vulgar em Portugal
já até no século xvr, com.o atesta Garcia de Resende na décima 23 1 da sua
Miscellanea:
pois toma dom quem o quer,
e armas nobres também
toma, quem armas não tem
Derivam-nos de uns Castros galegos, senhores de Fornelos; é porem
fantasia genealógica, sem base em documentos nem memórias coetâneas de
nenhuma espécie.
Martim de Crasto, cavaleiro da casa do conde de Barcelos D. Afonso,
o futuro i.° Duque de Bragança, serviu denodadamente em Ceuta desde o
ano de 1416, e no de 1419 ajudou a defender a praça do apertado cerco
posto pelos Moiros. Do seu valor dá testemunho Azurara em vários pontos
da Chronica do Conde D. Pedro. Foi alcaide mor de Melgaço e nele co-
meça o Nobiliário de D. António de Lima a geração destes Castros. Casou
com Leonor Gomes Pinheira, filha de Martim Gomes Lobo, ouvidor das
terras do referido Conde de Barcelos, e de sua mulher Mor Esteves. Os
filhos e netos de Martim de Crasto continuaram a servir a casa de Bragança,
que durante umas poucas de gerações manteve os primogénitos na alcaidaria
mor. O 3.° alcaide mor de Melgaço, Pedro de Castro, neto do i.°, serviu
a casa de Bragança e casou com D. Beatriz de Melo, filha de João de Melo,
comendador de Casével; em atenção a esta senhora juntaram muitos de seus
descendentes o apelido de Melo ao de Castro. Destes Pedro de Castro e
Castros 71
D. Brites de Melo foi filho segundo Francisco de Melo e Castro, alcaide mor
do castelo do Oiteiro, criado da casa de Bragança, o qual foi avô de Jeró-
nimo de Melo e Castro, governador do castelo de S. Felipe de Setúbal, o
qual de sua mulher D. Maria Josefa Corte Rial teve primeiro filho a João
de Melo e Castro, e depois a Denis de Melo e Castro.
João de Melo e Castro foi avô de Manuel Bernardo de Melo e Castro,
visconde da Lourinhã em 3o de Agosto de 1777, e de Martinho de Melo e
Castro, ministro da marinha desde 12 de Julho de 1770 até morrer em 24
de Março de 1795, O Visconde da Lourinhã faleceu em 19 de Agosto de
1792, havendo casado em 1771 com D. Domingas Isabel de Noronha, á le-
gendária doente de depravação do paladar, a qual depois de viúva foi con-
dessa da Lourinhã. Não tiveram filhos.
Denis de Melo e Castro, um dos grandes generais do seu tempo, serviu
em vários postos nas guerras da Aclamação, e em 1705, sendo governador
das armas da província do Alentejo, tomou as praças de Valência de Alcân-
tara e Alburquerque. Foi dos conselhos de Estado e Guerra, e 1.'' conde das
Galveias, por carta de 10 de Dezembro de 1691. Foi pai de Pedro de Melo
e Castro, 2." conde das Galveias, de quem foi filho o 3." Conde e irm.ão o
4.°, ambos falecidos sem geração, este em 1763, o outro em 1777, extinguin-
do-se então a casa.
Do i.° Conde das Galveias também foi filha D. Maria Josefa de Melo
Corte Rial, que casou com D. Luís de Almeida Portugal, i." alcaide mor
de Borba. Foram bisavós de D. João Vicente de Almeida Melo e Castro,
5.° conde das Galveias, título renovado na sua pessoa por carta de 2 de De-
zembro de 1808. Havia sido ministro dos Estrangeiros e da Guerra em
1801, e veio a ser ministro da Marinha e Ultramar no Brasil, desde 18 de
Janeiro de 1809, até morrer em 1814. Sucedeu-lhe seu irmão D. Francisco
de Almeida Portugal de Melo e Castro, 6.° conde das Galveias por carta de
8 de Fevereiro de 1818, 4.° couteito mor da casa de Bragança na sua família,
enfermeiro mor do hospital de S. José, onde a sua administração ainda é
recordada. Foi avô do 8.° Conde das Galveias da varonia de Almeida. O
actual Conde é neto deste por uma sua filha.
As armas dos antigos Condes das Galveias eram: Partido: o í de prata,
seis arruelas de azul (Castro); o II de vermelho, seis besantes de prata
entre uma dobre cruz e bordadura de oiro (Melo). Coroa de conde. Timbre:
lião nascente de oiro.
As armas dos modernos Condes das Galveias eram: Esquartelado; o I
de vermelho, seis besantes de oiro entre uma dobre cruz e bordadura do
mesmo (Almeida); o II de prata, aspa de vermelho carregada de cinco es-
cudetes das armas do reino, e entre eles quatro cruzes de prata, floridas e
72 Brasões
vazias (Portugal); o III de prata, cinco lobos passantes de negro, armados
e linguados de vermelho (Lobo); o IV partido de Castro e de Melo, como
acima ficam descritas. Coroa de conde. Timbre; águia de vermelho, car-
regada de nove besantes de oiro, três no peito e três em cada aza.
As armas do actual Conde não sei como são, nem isso interessa.
IV
ATAÍDES
V©I.. I
10
I
iífiAsÓEs DA Sala de Síntpa, Vol. i.
De azul, quatro bandas de prata. Timbre: onça passante de azul carre-
gada no corpo das peças do escudo.
Assim se encontra este brasão no Livro do Armeiro ?nor, fl. 49 v., no
Livro da Torre do Tombo, fl. 9 v., no Thesoiiro da Nobreza de Fr. Manuel
de Santo António, a-5o, etc.
No timbre é que, concordando todos, menos o primeiro que os não traz,
em ser ele uma onça carregada das peças do escudo, se apresentam contudo
variedades, quer no esmalte, quer na posição.
I
CAPITULAÇÃO DE CHAVES
i386
Vencida a batalha de Aljubarrota a 14 de Agosto de i385, permaneceu
D. João I no campo os três dias do estilo. Ao terceiro, não se podendo já
suportar o fétido dos cadáveres insepultos, levantou el Rei o campo e, man-
dando enterrar dos inimigos unicamente o conde D. João Afonso Telo, que
fora o azador da batalha, marchou direito a Alcobaça. Abraçado seu bom
amigo o abade D. João de Orneias, continuou D. João I o caminho para
Santarém, onde permaneceu até meado Setembro.
Quando porem o exército passara à ponte da Chaqueda, já perto do con-
vento, encontraram o cadáver, muito desfigurado pelos ferimentos e muito
decomposto, de Rui Dias de Rojas, cavaleiro castelhano (i). Fora ele ca-
(i) Ayala não nomeia este fidalgo entre os Castelhanos falecidos na batalha e nos no-
biliários espanhóis, que consultei, o único Rui Dias de Rojas que encontrei, podendo ter
falecido então, foi o senhor de Ia Bellota, primeiro marido de D. Leonor de Toledo. Como
y6 Brasões
sado com D. Leonor de Toledo, cuvilheira de D. João I de Castela. Tinha '
esta senhora por obrigação defumar as roupas riais; e se, em quanto isto
íazia, alguns fidalgos entravam na câmara, costumava logo alçar-lhes os saios
ou fraldões e, defumando-os, dizer-lhes: «Todos ireis defumados de bons
odores delRey meu senhor: pêra perderdes os mãos cheiros, que saem destes
chamorros, das casas hú vivem, e aldeãs hú moram» (i).
Tinha sucedido ter D. Leonor ficado prisioneira do fidalgo eborense Diogo
Lopes Lobo, que a levava consigo: e ao passar da ponte, apesar do estado
do cadáver, reconheceu ela o marido e desatou a chorar. O caso não era
para menos, pois a sua situação de triste se tornara tristíssima. Algum Por-
tuguês de coração mais duro, ou que a alcunha de Chamorro mais na me-
mória trazia, vendo-a naquele estado em vez de se condoer, escarneceu dela
preguntando-lhe: «Digo, boa dona, que sam das vossas defumaduras, que
púnheis sob as faldas aos cavaleiros? mister avia agora vosso marido húas
poucas delas, que tam mal cheira alli hu jaz».
; Pobre viúva! Mas, ainda assim, leitor amigo, não te entristeças mais
do que o caso requer, porque ela, ao cabo de pouco tempo, se consolou nos
braços do gentil cavaleiro messire Robert de Braquemont, seu segundo ma-
rido.
D. João I em Santarém, apesar das alegrias dos festejos e dos cuidados
nas disposições e providências de todo o género, que havia a tomar, não se
esquecia da promessa feita antes da batalha. Consistia ela, nem mais nem
menos, do que em ir a pé em romaria desde o campo da batalha até à igreja
de Santa Maria de Guimarães, d'ali a quarenta léguas.
Chegada a ocasião propícia partiu de Santarém, já acompanhado pelos
cem besteiros, que determinara compusessem de futuro a sua guarda, e, ou-
vida missa no campo da batalha, encetou a romaria a pé. Terminadas as
orações e distribuídas as esmolas, que resolvera dar, passou-se para o Porto.
Logo em seguida à batalha Rial muitas das praças e vilas, que estavam
pelos Castelhanos, tomaram voz por D. João \\ algumas porém permanece-
ram ainda levantadas, e a estas resolveu o novo rei reduzir, começando por
Chaves, praça muito importante da província de Trás os Montes. Era seu
alcaide mor Martim Gonçalves de Ataíde, criatura de D. Leonor Teles, que
lhe fizera o casamento com Mecia Vasques Coutinho, irmã de Gonçalo Vas-
esta senhora porem fosse filha. de D. Leonor de Ayahi, irmã do cronista D. Pedro Lopes de
Ayala, parece incrível que este não tivesse conhecimento da morte do sobrinho. É verdade,
que poderia omitir-lhe o nome para não alongar a triste lista.
(i) Chamorro era um epíteto injurioso, com que os Castelhanos designavam os Portu-
gueses.
Ataídes 77
quês Coutinho, o do combate de Trancoso, à qual a Rainha dera como dote
a alcaidaria mor.
Fora Martim Gonçalves um dos fidalgos, que em Janeiro de i384 beija-
ram a mão dei Rei de Castela, o qual seguidamente o despediu para que,
persistindo em Chaves, mantivesse sua voz em toda a grande parte da pro-
víncia de Trás os Montes, pela dita praça dominada. O Alcaide mor con-
servou-se na sua alcaidaria, apercebendo-se para todas as eventualidades, e
só desamparou o castelo quando, em Maio de 1384, acompanhou o Arcebispo
de Santiago na sua incursão em direitura ao Porto. Por este motivo foram-
-Ihe confiscados todos os bens por carta de ib de Junho de i385, e deles foi
feita doação a Fernando Afonso de Mascarenhas (i).
O castelo estava bem apercebido de armas, mantimentos e provisões de
guerra; e às oitenta lanças de bons escudeiros, e aos besteiros e peões, que
em número suficiente já lá havia, vieram juntar-se mais trinta lanças, e bom
número de besteiros e peões, que de Galiza levara Vasco Gomes de Seixas.
Petrechos também não faltavam, pois tinham um pequeno trom e uma cu-
berta, ou engenho de atirar pedras, com o qual sabiam tam bem manejar,
que, despedindo numa noite trinta pedradas contra a segunda bastida levan-
tada pelos sitiantes, só três não acertaram nela. De água é que estavam
mal, por a nativa ser de caldas, e a do Tâmega passar fora das portas.
Cônscio da fortaleza das muralhas, e da boa posição e conveniente aper-
cebimento do castelo, e confiado no próprio esforço e no da guarnição, altivo
repeliu Martim Gonçalves de Ataíde a intiniaçãp, que D. João I lhe mandou,
para entregar a vila e tomar a sua voz. Em vista da repulsa, só restava a
el Rei o meio das armas para reduzir a praça. Com este intento, e depois
de uma escaramuça para reconhecer as posições em torno dela, pôs-lhe
D. João I o assédio em princípios de Janeiro de i386.
Acampadas e dispostas convenientemente as tropas para fechar o cerco.
e armados os engenhos, mandou atirar aos muros da vila e ao. castelo, es-
colhendo de preferência para alvo, já com segundo sentido, as fortificações
mais próximas do Tâmega. Vendo as el Rei bastante danificadas, mas vendo
também que o sítio se protraía, e sabendo que pela falta de água poderia
reduzir a vila mais depressa e sem grande derramamento de sangue, que de
ambos os lados era português, tratou de a isolar do rio. •
Para isso mandou D. João í levantar um castelo de madeira, a que cha-
mavam bastida, e esta era de três andares e foi construída junto à velha
ponte romana em frente das duas torres, que ladeavam a porta da vila fron-
(i) Fr. Manuel dos Santos, Mouarchia lusitana^ VIII, pág, 729. — Já a 1 de Agosto do
ano precedente fôra-lhe confiscada Gouveia e outra ten a. Ibid.^ pág. 594.
78 Brasões
teira à ponte. A bastida era revestida de caniço e carqueja, para incólume
resistir aos tiros de pedra, e, bem guarnecida de besteiros e homens de ar-
mas, proibia completamente aos sitiados o provimento da água.
Era este o mais terrível dos males que os afligia, dos quais só era isenta
Mecia Vasques, mulher do Alcaide mor, pois que a ela, em atenção a ser
irmã de Gonçalo Vasques Coutinho, um dos seus capitães, consentia el Rei
se lhe mandasse todos os dias um cântaro de boa água. Os cavaleiros por-
tugueses sempre foram galantes com as damas.
Foi pois para a bastida, que convergiram os esforços dos sitiados e si-
tiantes, uns atacando-a, outros defendendo-a; e para que estes, com mais
diUgência e ardor a guardassem, eram frequentes vezes revezados. Um
dia, estando a guarda dela entregue ao senhor de Vila Flor, Vasco Pires de
Sampaio, chegado o serão recolheu-se ele ao arraial para ciar, descuidado
de qualquer sortida que os de dentro fizessem. Em tam má hora porém se
ausentou que os sitiados, notando o desamparo da bastida, saíram numerosos
e, munidos de matérias inflamáveis, lançaram-lhe fogo, que, atiçando-se no
revestimento de caniço e carqueja, em menos de três credos a consumiu de
todo, e puderam eles á vontade matar a sua sede.
Abandonado o projecto de reduzir a vila pela falta de água, construiu-se
nova bastida, mais .forte, maior e mais próxima do arraial. Desta não ces-
savam dia e noite os tiros de pedras e setas, os quais, por ela ficar padrasto
à muralha fronteira, causavam grande dano nos defensores e nos muros e
casas. Os sitiados defendiam-se como podiam; mas os seus engenhos, por
de mais curto alcance, pouco prejuízo causavam aos sitiantes.
Entretanto prolongava-se o assédio, e a quadra era de tanta friagem,
caindo a neve tanto a miúde e tam basta, que no regresso de uma das muitas
correrias feitas em terras de Galiza morreram de frio na serra uns poucos
de soldados e moços. Além da intempérie havia a necessidade de reduzir
várias outras povoações da província, as quais, raantendo-se por el Rei de
Castela, incomodavam as nossas tropas; e havia igualmente o perigo deste
soberano juntar forças e vir descercar a vila. Era pois urgente apressar o
acometimento da praça, reforçando o campo, para o que mandou D. João I
convocar, além do Condestável e outros fidalgos, a vários concelhos.
Um destes foi o de Lisboa, que logo, com a maior prontidão e boa von-
tade, pôs em pé de guerra e em marcha duzentas e dez lanças, duzentos e
cinquenta besteiros, duzentos homens de pé, dois trombetas, três alveitares,
dois ferradores, dois seleiros, dois correeiros, e um jogral. A esta gente
deu por capitão o anadel mor Estêvão Vasques Felipe, levando a bandeira
da cidade o alferes dela, Gonçalo Vasques Carregueiro. Determinou mais
este nobre concelho, que os homens de cavalo levassem um L de prata sobre
Ataides
79
a libré, e que todos fossem já pagos dos três meses de Março, Abril e
Maio.
Causa imenso contentamento ver a dedicação dos povos pelo seu rei, pelo
seu escolhido, pelo primeiro rei nacional em suma. E não era só Lisboa.
Era o Porto, era Coimbra, era Santarém, era a grande maioria das povoa-
ções, que não estavam sujeitas a alcaide mor ou a senhor, pois que D. João I
teve de lutar principalmente contra a nobreza. ^ Quantos nobres foram obri-
gados pela arraia miúda a entregar os seus castelos.? Que o digam Beja,
Portalegre, Estremoz, Évora, Arronches, e outras terras.
No mesmo dia chegaram a Castelões, onde el Rei os fora receber, o Con-
destável com algumas lanças, adiantando-se ao corpo de suas tropas, e o
contingente do concelho de Lisboa. Devia ser grande o prazer de D. João I
ao ver o seu dedicadíssimo Nun'Alvares, e os soldados tam bem corregidos
da cidade, que fora o baluarte da sua causa, e sua companheira de privações
e receios, durante aqueles tristes e angustiosos dias do cerco; porque nós
tomamos sempre maior afecto àqueles, que participam as nossas aflições e
trabalhos, do qiie.aos companheiros do prazer e descanso.
Vendo Martim Gonçalves de Ataíde os reforços recebidos e os preparos
para o assalto, receoso de ser entrada a vila por força de armas, preitejou,
isto é, capitulou a entrega de Chaves. As condições eram esperar quarenta
dias por socorro dei Rei de Castela, a quem avisariam e, não vindo auxílio,
sairiam com armas e haveres. A tomada da praça era inevitável, ^'mas para
que arriscar mais sangue.-^ D. João I aceitou a capitulação, recebendo em
reféns um dos filhos do Alcaide mor.
Correndo os quarenta dias penetravam a miúde na vila os parentes e
amigos de Martim Gonçalves e de Mecia Vasques, a vê-los e falar-lhes.
Ora, uma vez que os foi visitar Afonso Madeira, escudeiro seu amigo, pre-
guntou-lhe o Alcaide mor:
« — Que faz lá esse vosso Mestre?
« — Não sei o que faz — respondeu o Escudeiro — mas parece-me que fez
pivolas para vos obrigar a sair d'aqui para fora à força.
« — O demo que lhe agradeça essa física».
E mudaram de conversação.
Sendo a resposta dei Rei de Castela, que entregasse a vila, tratou o Al-
caide mor, nestes últimos dias, de pôr sua mulher e filhos em Monterey, e,
terminado o praso, fez entrega de Chaves a D. João I em fins de Abril de
i386, havendo já perto de quatro meses que se lhe pusera o cerco (i).
(i) Fernão Lopes, Chronica d'elrei D. Fernando, cap. 65; Chronica de D. João I^ p. 2.'%
caps. 62 a 66 e 69.
8 o Brasões
Saiu da vila Martim Gonçalves de Ataíde, entre os acostumados apupos
e motejos, caminho do desterro, d'onde nunca mais voltou, sobrevivendo
poucos anos à capitulação de Chaves. Em 23 de Setembro de rSgi era já
falecido, pois que por carta dessa data mandou D. João 1 restituir à sua
viúva e filhos todos os bens, por ambos os cônjuges possuídos ao tempo da
morte dei rei D. Fernando (i).
II
LINHAGEM
Era Martim Gonçalves de Ataíde fidalgo de boa casa e de ilustre ascen-
dência. Sobre a origem remota de sua família há opiniões encontradas e
nenhuma, a dizer a verdade, fundada em base segura. Consta contudo, que
seu bisavô Gonçalo Viegas possuía em 1290, entre outros bens, a quinta do
Pinheiro na freguesia de S. Pedro de Ataíde, julgado de Santa Cruz de Ri-
batâmega, actual concelho de Amarante. Provouse que esta quinta havia
já sido de seus antepassados e era honrada, e que, além dela, possuíam em
honra toda a freguesia (2). Por aqui se mostra ser a família já antiga e haver
sido esta freguesia de S. Pedro de Ataíde, honra possuída pelos seus pro-
genitores, que dera o apelido à linhagem.
De sua mulher Mecia Vasques Coutinho, que depois de viúva foi aia dos
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 2.", fl. 60 v. Diz a carta: Mecia Vasques Continha,
mulher que foi de Martim Gonçalves de Ataíde, ela e seus filhos hajam todos os bens e
quintas e herdades, que o dito Martim Gonçalves e a dita Mecia Vasques haviam por seus,
e como seus, ao tempo da morte de D. Fernando, e os metam logo de posse, não embar-
gando havermos feito mercê e doação dos ditos bens a Gonçalo Vasques Coutinho, irmão
da dita Mecia Vasques, ou a outras pessoas afora aquele, etc. Viseu, 23 de Setemb'o, era
de 1429 (iBgi). Liv. 2.0 de D. João /, fl. 60 v. — Ainda encontro registadas mais duas mer-
cês de D. João I a Mecia Vasques: Pelas maldades e traições que João Afonso Pimentel co-
meteu confiscámos seus bens móveis e de raiz, e vendo os bons serviços que recebemos de
Mecia Vasques Goutinha, assim em criar nossos filhos, como outros, e os muitos e estre-
mados serviços que recebemos dos da sua linhagem, e esperamos de receber, com acordo
da rainha D. Felipa e do infante D. Afonso meu filho primogénito herdeiro, doação para
sempre da quinta de Randufe no termo de Chaves, que o dito João Afonso havia etc. Porto,
16 de Outubro, era de 1436 (iSgS). Ibid.., fl. 180. — Doação para sempre a Mecia Vasques
Coutinha, e a todos seus herdeiros, de todos os bens móveis e de raiz de Vasco Machado
e de sua mulher, porquanto se foram para Castela. Porto, 17 de Outubro, era de 1436 (iSgS).
Ibid., fl. 148.
(2) Liv. i." de Honras e Devassos de Além Doiro., fl. 28 v. — Inquirições ordenadas por
D. Denís na era de i328, ano do nascimento de 1290
Ataides 8 1
infantes filhos de D. João I, teve Martim Gonçalves de Ataíde os seguintes
filhos:
i.° — Álvaro Gonçalves de Ataíde, foi o i.° conde da Atouguia por carta
de 17 de Dezembro de 1448 (i), e morreu antes de 14 de Fevereiro de 1462,
(i) Místicos, liv. 3.°, fl. jio. — Mais diplomas relativos ao Conde da Atouguia: Álvaro
Gonçalves de Ataíde, do conselho, governador da casa do infante D. Pedro e alcaide do
castelo de Monforte de Rio Livre, carta para 5o homisiados poderem viver nessa vila, para
a povoarem, etc. Tentúgal, lo de Outubro, era de 1458 (1420). Liv. 4.0 de D. João J, fl. 12 v.
— Álvaro Gonçalves de Ataíde, nosso aio e do infante [D. Fernando], meu irmão, do nosso
conselho, mostrou privilégio que lhe foi dado por D. João I. — Álvaro Gonçalves de Ataíde,
do nosso conselho e regedor da casa do infante D. Pedro meu filho, sejam privilegiados e
escusados todos seus caseiros, lavradores, amos, mordomos, etc. Lisboa, 8 de Outubro de
1425. — Confirma, em Santarém, a 24 de Outubro de 1440. Liv. 2.0 de D. Afonso V, fl. 34.
— D. Álvaro Gonçalves de Ataíde, conde da Atouguia, mostrou uma carta de D. Duarte e
quatro do infante D. Pedro. — Eu o infante D. Pedro, duque de Coimbra, e senhor de Mon-
temor, pelos serviços de Álvaro Gonçalves, meu cavaleiro e do conselho dei Rei meu padre
e meu governador de minha casa, doação dos casais da Chança e do Carvalhal no termo
de Penela, etc. Lisboa, i5 de Junho, ano de 1425. — Eu o infante D.Pedro, duque de Coim-
bra, senhor de Montemor, pelo serviço de Álvaro Gonçalves de Ataíde, governador de mi-
nha casa, doação do lugar de Cernache para sempre. Lisboa, i5 de Junho, era (sic) de 1425.
— D. Duarte, o infante D. Pedro nos disse que el Rei D. João lhe fizera mercê do lugar de
Cernache com a jurisdição e padroado, o qual foi de Gonçalo Nunes Barreto, e de certos
direitos e casais que o mesmo tinha no termo de Alvaiázere e na Albergaria Velha, e do
padroado da igreja de Pelema, no termo de Alvaiázere, os quais bens houvera de Gonçalo
Nunes por escambo doutros bens no Algarve; e outrosi lhe fez mercê dos casais e herdades
da Chança e do Carvalhal, termo de Penela, confiscados a Gonçalo Lourenço, escrivão que
foi da puridade de D. João L E consirando os muitos serviços de Álvaro Gonçalves de
Ataíde, do nosso conselho e governador de sua casa, lhe fez doação de Cernache e de todos
os mais lugares e padroados; mas como a doação, que D. João I deles lhe fizera, fora sob
condição de os não poder doar, etc. Confirma as doações feitas, em Santarém a 3 de De-
zembro de 1433. — Infante D. Pedro, duque de Coimbra, senhor de Montemor, tendo feito
doação a Álvaro Gonçalves dos casais de Chança e do Carvalhal, e sendo êle casado longos
anos havia com D. Guiomar de Castro, e não o tendo declarado na carta, vem nesta expres-
samente declarar que a ela também foi feita a doação, «consirando e trazendo à memória
como a dita D. Guiomar casou com o dito Álvaro Gonçalves a meu requerimento por en-
commendamento dei Rei meu padre e da senhora Rainha minha madre», etc. Lisboa, 18 de
Fevereiro de 1439. — D. Pedro, duque de Coimbra, os serviços de Álvaro Gonçalves de
Ataíde, do conselho dei Rei e governador da minha casa, sendo casado longos anos havia
com D. Guiomar de Castro, etc. o mesmo para Cernache. Lisboa, 17 de Fevereiro de 1439. —
Confirma D. Afonso V ao Conde, em Évora, a 26 de Janeiro de 1450. Liv. 34P de D. Afonso V,
fl. 104 V. — D. Álvaro Gonçalves de Ataíde, conde da Atouguia, apresentou carta. — Álvaro
Gonçalves de Ataíde, do conselho, regedor e governador do infante D. Pedro meu irmão,
mostrou carta dada à condessa D. Guiomar que Deus perdoe. — A condessa [de OurêmJ
D. Guiomar nos disse que tem uma quinta no termo de Benavente, que chamam a Foz, que
parte com rio Tejo etc. Carta de couto para a dita quinta. Lisboa, 2 de Junho, era de 1431
VOL. I U
82 Brasões
data da carta do título de conde da Atouguia a seu filho D. Martinho de
(tSgS). — Apresentada a carta por Álvaro Gonçalves, ele nos disse que a dita quinta era ora
sua, etc. Confirma, em Avis, 28 de Julho de 1438. — Confirma, em Évora, a i de Dezembro
de 1449. Liv. 34.0 de D. Afonso F, fl. io3. — Álvaro Gonçalves de Ataíde, do nosso conselho
e regedor da casa do infante D. Pedro, e D. Guiomar de Castro sua mulher apresentaram
instrumento. — Em 1438, ao i.° de Dezembro, em Torres Novas, nas poisadas onde ora poisa
Álvaro Gonçalves de Ataíde, do conselho dei Rei e governador da casa do infante D. Pedro,
estando ele e D. Guiomar de Castro sua mulher, disseram que haviam casado por palavras
de presente na era de César de 1450 (1412), em Lisboa, por carta de arras. Ela entregara
ao marido em dote todos os bens de raiz e móveis que herdara por morte da Condessa sua
avó, e de seu pai, etc. fizeram novo contrato revogando o mais antigo. — Confirma a Rainha
e Infante, em Lisboa, a 24 de Janeiro de 1439. Liv. j8.o de D.Afonso V, fl. 44. — Novamente
confirmada, em Évora, a 5 de Março de 1450. Ibid., liv. 34.°, fl. 74. — D. Álvaro Gonçalves de
Ataíde, conde da Atouguia, do nosso conselho, dá-o por alcaide mor do castelo de Coimbra
pela guisa que o havia em tempo do infante D. Pedro, etc. Óbidos, 8 de Agosto de 1449. Liv. 8.°
da Estremadura, fl. 225 v. — D. Afonso em sembra com a rainha D. Isabel, minha mulher, e
com o infante D.João, meu filho primogénito herdeiro, fazemos saber que a condessa dona
Guiomar nos disse como tem tenção de mandar fazer um mosteiro da ordem de S. Fran-
cisco acerca da cidade de Lisboa e que, porquanto não achava nenhum lugar tam disposto
pêra isso como o vale de Enxuvregas, por ser perto do mar e isso mesmo da dita cidade,
de que o dito mosteiro poderia haver grande ajuda de esmola pêra governança das pessoas
dele, por em a dita cidade haver muitas notáveis e boas pessoas, e que ainda por o dito
mosteiro ser mais àcêrca dela, que outro algum, de semelhante maneira os moradores da
dita cidade se desporiam de ir a ele, recebendo muitas doutrinas e bons exemplos àcêrca
de sua salvação per as boas e notáveis pessoas àcêrca do serviço de Deus, que com sua
ajuda entende encaminhar, pedindo-nos por mercê que lhe quiséssemos outorgar as nossas
casas e pardieiros que foram paços, que são em o dito logo de Enxovregas, com o laranjar
e certo pedaço de terra nossa, que é horta, tudo junto com os ditos paços, pêra em êles
mandar fazer o dito mosteiro, e antes que lhe sobre elo déssemos final determinação, man-
damos a João Sodré, que ora á nosso almoxarife do Almazem em a dita cidade, que com
Martim de Basto, nosso escrivão dele, chegasse ao dito logo de Enxovregas e soubesse quem
trazia essa terra e por que preço, e se era emprazada, e em vida de quantas pessoas, e quanto
poderia a nós tudo render. Os quais nos certificaram, que êles por pessoa o foram ver, e
acharam que as ditas casas com três hortas, em que são as ditas laranjeiras, foram empra-
zadas a um Afonso Eanes, hortelão, já finado, em vida de três pessoas, por 270 livras da
moeda antiga em cada um ano, que são desta moeda ora corrente 3714 reais, a razão de
5oo por uma, o qual nomeou ao dito prazo por segunda pessoa a Caterina Gonçalves sua
mulher, e ela ha de nomear a terceira pessoa, e com certas pessoas demarcaram o que era
necessáriç para o dito mosteiro per esta guisa : as ditas casas e pardieiros, em que foram
os ditos paços, com as laranjeiras, e tomaram per a esquina da torre deles que está além
da fonte, assim como vai pêra o pé do loureiro, ficando êle de fora, e indo per o longo do
caminho, que vai pêra o poço, até ao pé de uma nogueira, que é junta com o dito poço, a
qual fica de fora com o dito poço, e assim indo ao longo do rêgo de água até cerrar no ba-
celo, e dele indo ao canavial do caminho até tornar a cerrar com as ditas casas e fonte e
canto da dita torre, onde começaram, as quais confrontações partem com outras hortas
nossas . . . que tudo valeria de renda por ano 1600 reaes, e que tanto se devia descontar à dita
Ataides 83
Ataíde (i). Foi o i." Conde sepultado na igreja matriz da capital do seu
condado com um pomposo epitáfio, errado na data numa das versões minhas
conhecidas, a qual é a seguinte:
Este Mo[i]mento que enserrado tem o Corpo do Magnifico D. Álvaro
Gonçalves de Attaide, Conde de Atouguia, e Senhor de Monforte nÔ podia
emsarrar, nem escojider as suas virtudes, as quais como quer que com sua
alma segundo piadôiamente voassem ao Ceo, a sua cr ar a memoria ficou na
terra por ser aos mortais muito claro exemplo de jnrtudes as quiséssemos
demostrar não somente esta pedra, mas ainda híí grande volume de escritu-
ras não poderião comprehender. Este dos seus primeiros annos, despresadas
as brandas paixões que aos mancebos ás ve\es desvairão dos virtuosos cami-
nhos, ajuntou com ardide-{a que do muj excelente Cavalleiro Mai^tim Gon-
çalves de Ataide seu Pay por direito de herança lhe acontecera hua manci-
dão juesturada com muita prodencia, e convercação graciosa; e assi?n que
a verdade da vida sem heprocrecia, e sem outras sirimonias dejingida Ri-
ligião, em que elle tanto Lu^io, que não somente as suas obras, mas ainda
seus maduros e sãos consselhos, nos Rejs da piado^a lembrança D. João e
D. D.'^ cujo Conselheiro foi muito prestais asim nos feitos da guerra, que
nos seus pritneiros attnos o dito Rey D. João ouve com ElRef de Castella,
nos quais elle asa:{ perigos, e trabalhos passou e soportou, como depois a
guerra acabada nas outras cousas, que pertencido ao Regimento do Rejno.
Visitou a Ca^a Santa de Jerusalém, e foi na guerra de Bosna com o Em-
perador Segismundo, e da hifoi com ElRey D. João na tomada de Ceita
com asa\ gente darmas acompanhado, E depois foi com o Infante D. hen-
rique no decerco da dita cidade, e no Conselho Geral de Constância esteve
aquelles turbados tempos da divi\ão da Igreja por parte do dito Seíior Rey,
até que averiguada a scisma, foi hã Santo Papa Martinho em Avinhão creado,
e depois foi eleito nas Cortes Aio de ElRey Dom Affonso o quinto bemaren-
turadamente Reynante, o qual asim creou e ensinou, que alem da sua ma-
ravilhosa natureza muito se mostra hoje em elle a sua doutrina. Partiuse
desta vida em idade 7nadura, Anno M. iiii'^ LV. (aliás Af. iHj- LII, como se
encontra na outra versão) em grande prosperidade Leixoii mui honrados
filhos sussecores em memoria gloriosa nos vindoros se gr os (2).
Caterina Gonçalves, etc. — Nós visto o seu requerimento, fazemos lhe mercê por esmola de
doação pêra sempre pêra ela Condessa e todos, que dela descenderem por linha direita
masculina,das ditas casas, pardieiros, laranjar, horta, fonte, etc. Santarém, 17 de Outubro
de 1435. Liv. i5.o de D. Afonso V, fl. 118 v.
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 2», fl. 7.
(2) Sousa, Memorias Sepulchraes, íl. 141 v. — Péssima transcrição do epitáfio, na qual
emendei algumas palavras, seguindo outra pouco melhor, mas com a data certa.
84 Brasões
Foi D. Álvaro Gonçalves de Ataíde progenitor dos demais Condes da
Atouguia, que no fim do século xvi já tinham a varonia de Câmara, e dos
quais o último morreu no cadafalso de Beiêm, a i3 de Janeiro de 1759.
Foi igualmente progenitor dos Condes da Castanheira (i de Maio de i532),
dos quais saiu o ramo dos Condes de Castro Daire (20 de Junho de i625)
e nestes veio posteriormente a fundir-se o ramo originário. A sua varonia
extinguiu-se próximo dos fins do século xvii, passando os bens vinculados
para a casa dos Marqueses de Cascais. Do i.° Conde da Atouguia proce-
deram mais ramos de Ataides relativamente obscuros, e nos quais creio es-
tar, há muito, perdida a varonia.
2.° — Vasco Fernandes de Ataíde, fidalgo da casa rial com quinhentas e
quatro libras de moradia por mês, foi vedor da casa do infante D. Henrique
e a seu lado morreu na tomada de Ceuta, em i4i5, sem deixar geração.
Foi o lánico cavaleiro português morto naquela empresa, derrubado por uma
grande pedra lançada das muralhas. Ao facto alude uma inscrição num pe-
nhasco sob uma torre, parecendo ser aquele letreiro o único vestígio subsis-
tente da permanência dos Portugueses em Ceuta. E constituída a inscrição
pelo seguinte epigrama:
Vascus Ataydes primus dum hanc occiípat ar cem;
Saxum hoc aã limen vitaque, morsque fuit (i).
Como quem dissesse que esta pedra fora para Vasco de Ataíde, o primeiro
a entrar nesta fortaleza, ao mesmo tempo a sua vida e a sua morte.
3.° — D. Isabel de Ataíde foi primeira mulher, com geração, de D. Fer-
nando de Castro, senhor do paul do Boquilobo.
4.° — D. Helena de Ataíde casou com Pedro Vaz da Cunha, 2.° senhor
de Angeja e Pinheiro, de quem teve geração.
5." — D. Felipa de Ataíde, dama da rainha D. Felipa de Lancastre com
mil e duzentas libras de moradia, foi a primeira mulher de Gonçalo Anes
Chichorro, 3.° senhor de Mortágua.
6.° — Caterina de Ataíde, dama da mesma Rainha, teve igual moradia
na sua casa.
Em algumas memórias encontra-se nomeado por irmão do Alcaide mor
de Chaves a Gonçalo Viegas de Ataíde, progenitor dos morgados de Ca-
parrota, termo de Coimbra, e dos senhores de Penacova; mas não creio haja
fundamento plausível para tal asserção.
(i) D. Tomás Caetano de Bem, Memorias dos Clérigos Regulares^ II, 191, reportan-
do-se a uma conferência académica do P.e António Caetano de Sousa.
V
EÇAS
BnAsÓEs DA Sai-a de Sintra, Vol. I.
X
i
/
De prata, cinco escudeles à antiga de azul, postos em cruz e apontados
ao do centro, cada um deles carregado de doze besantes do campo postos
em três palas; os escudetes sobrepostos a um cordão de S. F^rancisco de sua
cor, com seus nós, posto em cruz, em aspa e em orla. Timbre: águia de
azul, armada de vermelho e carregada sobre o peito de uma cruz potêntea
cosida de negro. ""
Com pequena diferença encontram-se estas armas no Livro do Armeiro
mor, fl. 5o, no Livro da Torre do Tombo, fl. lo, no Thesoiiro da Nobre:{a
de Francisco Coelho, fl. 27, no Thesouro da Nobreza de Fr. Manuel de
Santo António, e-i, etc.
I
ASSASSÍNIO DE D. MARIA TELES
i379
Na madrugada de uma segunda feira, em que se contavam 18 dias do mês
de Janeiro da era de 1405, ano do nascim,ento de Cristo de iSôy, finou-se em
Estremoz D. Pedro I, o Justiceiro, ao fim de dez anos de reinado; e disse-
ram os povos, que «tais dez anos nunca houve em Portugal como estes».
A tristeza e o luto pouco tempo permaneceram na corte portuguesa. O
moço Rei muito afeiçoado a todos os prazeres cumpridoiros a um cavaleiro
galante e voluntarioso, que, além de soberano, era rico, arredou as mágua«
e lançou-se desenfreadamente aos prazeres. O cavalgar, o caçar, o montear,
o jogar, e sobretudo o galantear, foram as ocupações predilectas de D. Fer-
nando.
Na corte portuguesa não havia outra dama da família rial, a não ser a
infanta D. Beatriz, meia irmã dei Rei, filha de D. Inês de Castro. A casa
88 Brasões
da Infanta era o prazo dado das donas e donzelas, que então frequentavam
a corte. Os filhos de D. Pedro eram alegres e folgavam, de que em suas
casas reinasse o prazer resultante da convivência de muitos e ledos compa-
nheiros. Todos tinham casa bem posta e de muitos serviçais, aberta e franca
a qualquer cavaleiro ou ilustre escudeiro, que a procurasse. Exceptuar-se-
-hia unicamente o infante D. Denis.
D. Beatriz, além de por índole e gosto apreciar e estimar a sociedade dos
fidalgos da corte, era certamente incitada a isso pelo Rei seu irmão, que nos
seus saraus via uma mina de galanteios e amores. Sucedeu porém, o que
de certo ninguém suporia. ;A primeira a cativar o coração do jovem Rei
foi a própria irmã! As extravagâncias matrimoniais de D. Fernando causam
assombro. Primeiro pretende casar com a irmã, e a sério pede dispensa
para tal união; je por fim casa com uma mulher, cujo marido era vivo! E
o caso foi, que, em quanto se requeria à Cúria a dispensa, o procedimento
dos dois, com falas e jogos amiudados, adubados de beijos e abraços, era
tal, que se começou a rosnar da honra da infanta. ^ Seria já a nacional má
língua, de que ainda hoje tanto padecemos? ^ou haveria alguma verdade
nestas murmurações? Apesar do desabusado do tempo, custa a crer em
tanta depravação, e parece (desmancharem o dito os casamentos ajustados
por D. Fernando com infantas de Aragão e Castela, durante o tempo, que a
estes incestuosos amores assina o cronista.
Na corte da infanta D. Beatriz brilhavam sobre todas as damas pela sua
mocidade, formosura, elegância, nobreza e riqueza, D. Maria Teles e sua
irmã D. Leonor Teles, sobrinhas do «fiel conselheiro» D. João Afonso Telo,
conde de Ourém, filhas do rico homem D. Martim Afonso Telo, e irmãs de
D. João Afonso Telo posteriormente conde de Barcelos, e de D. Gonçalo
Teles futuro conde de Neiva. A primeira, D. Maria, era viúva do rico ho-
mem Álvaro Dias de Sousa, chefe desta ilustre família, o qual falecera antes
de Abril de i365 (i), e mãe de D. Lopo Dias de Sousa, mestre da Ordem
de Cristo, de cujas rendas ela dispunha na menoridade do filho. A outra,
D. Leonor, era casada, havia já uns três anos, com João Lourenço da Cunha,
2.° senhor de Pombeiro, que cometeu a grave imprudência de deixar tão for-
mosa mulher visitar a corte, permanecendo éle no seu solar da Beira, para
onde, por mais que a chame, ela não volta. O resultado é sabido. D. Fer-
nando loucamente apaixonado, e levado pelas arteirices de D. Leonor, calca
aos pés todas as resistências, e casa, em Janeiro de 1372, com a mulher de
João Lourenço da Cunha.
(i) Archivo histórico poríuguei(, lY^ i63.
Eças 89
Apresentada a nova Rainha à corte, todos lhe beijam a mão, ainda que
alguns contrafeitos, negando-se a isso unicamente o infante D. Denis, res-
pondendo briosamente às injunções: «que lha não beijaria, mas que lha bei-
jasse ela a êle» (i). O outro irmão dei Rei, o infante D. João, não escru-
pulizou, e foi o primeiro a saudá-la, permanecendo por esse facto na corte
e recebendo acrescentamento.
Este infante D. João, o mais velho dos filhos então existentes de D. Pe-
dro I e de D. Inês de Castro, era «muito igual homem em corpo e em geesto,
bem composto em parecer e feiçoÕes, e comprido de muitas boas manhas,
muito mesurado e paaçaão, agasalhador de muitos fidallgos do reino e es-
tramgeiros, e muito graado e prestador a qual quer que em elle catasse
cobro».
Grande monteiro, passava dias e dias correndo montes e vales embre-
nhado nos bosques e charnecas, procurando os ursos e Javalis, e com tal
afoiteza, que por vezes correu não pequeno perigo. Desta sua paixão lhe
resultava uma tam grande afeição pelos seus nobres alãos Bravor e Rabês,
que os trazia para a cama e entre eles dormia. Igualmente bom caçador
não poupava as perdizes e lebres, que se lhe deparassem; e nas Justas e tor-
neios distinguia-se entre os melhores. Primava êle porem, d'entre todos os
exercícios corporais, no de cavalgar, no qual a sua destreza e ardimento o
faziam ter na conta de ser o primeiro de toda Espanha naquela nobre arte.
Era simultaneamente liberal. Jogador e galanteador, e não lhe faltava, para
formar o tipo do cavaleiro d'então, a rudeza orgulhosa, a superior ignorância
e o pronunciado desprêso pelos ditames da moral, quando opostos à sua am-
bição ou aos seus caprichos.
Tam perfeito cavaleiro não carecia decerto da qualidade de infante, para
inspirar violenta paixão a qualquer dama; e assim sucederia, se aquela que
veio a amar não pertencesse a uma família, onde a ambição preferia a tudo.
(i) Este brioso infante D. Denis foi sepultado, conforme declara D. António Ponz, Viage
de Espana, vol. 7.°, pág. 65^ em uma capela chamada dos Quatro Altares, imediata ao San-
tuário no célebre mosteiro de Guadalupe. Foi sua filha D. Beatriz que em 146 1 mandou
erigir-lhe o mausuléu, para êle e outro para sua mulher, a infanta D. Joana, dando-lhes, na
escritura para êssé fim lavrada, o título de Reis de Portugal. O lugar, então escolhido, foi
o centro da capela; depois, quando naquele convento se encontraram Felipe II e D. Sebas-
tião, foram, com licença de ambos, passados os túmulos para as paredes fronteiras aos dois
altares, que ficaram subsistindo, e sobre cada um dos mausoléus se colocou uma figura de
pedra ajoelhada, representartdo a da mão direita a D. Denis, a quem dedicaram este epitáfio :
Hac Lusitanae jacet uma gloria pentis,
Dinis ab invicto clara propago Petro
Cui natura dedit Regis cuui slemate nomen,
Detulit Infantis pátria sors titulum.
VOL. I 12
90
Brasões
Continuando a frequentar a corte, breve se deixou D. João cativar pela
formosura e atractivos de D. Maria Teles, a irmã da Rainha. Declarados
os seus sentimentos e não de todo repelidos, significou-se-lhe contudo, que,
para a posse da .mulher desejada, teria de passar primeiro pela igreja e que,
sem o sacramento, nada obteria. Até aqui perfeitamente: D. Maria defen-
dia a sua honra, e fazia bem; <; demais, desde que sua irmã tinha casado com
el Rei, atropelando todas as conveniências sociais, seria para estranhar, que
ela, estando livre, casasse com o Infante? Revela pprêm o artifício da fa-
mília dos Teles o modo de alcançar o apetecido casamento.
Não ignorando D. Maria quam violento era o amor de D. João, e quam
poderosa é,,em pessoa acostumada à satisfação dos seus apetites e caprichos,
a resistência da mulher amada, e até que ponto de alucinação pode levar o
regatear da suspirada posse, resolveu dar o último golpe na indecisão do
Infante.
Consente nas suas solicitações, e apraza-lhe uma hora da noite para à
puridade o receber em sua casa. A íim de conciliar a vitória, emprega os
maiores desvelos em aperceber, a si, e à sua câmara, por forma a exacerbar
os desejos do namorado Infante. Veste as suas melhores galas, aquelas que
mais realçavam, a sua beleza, e apresenta-lhe uns aposentos, cujo conforto,
como hoje dizemos, pedia a persistência.
Com o coração aos pulos no peito sobe o apaixonado cavaleiro a escada,
e penetra na câmara conduzido silenciosamente por mão de discreta mensa-
geira. Tudo rescendia amor, desde a formosa mulher até às fofas almofa-
das, discretos tapetes e recato do leito, entrevisto na sombra da próxima
alcova. Doido, lança-se o Infante aos pés da sua adorada, e ternamente lhe
renova os amorosos protestos. Ela porem, repelindo-o brandamente, vai
deixando chegar a paixão ao apogeu, e invocando então o maior, e quási
sempre infalível argumento da mulher amada e bela, deixa correr as lágri-
mas. O seu amor é grande, mas estima mais a sua honra; e, se o Infante
realmente a ama^ não a quererá ver infamada. Se a quer possuir, se lhe
quer chamar sua, pode fazê-lo já, penetrando primeiro no contíguo orató-
rio, onde um padre e duas testemunhas em breves minutos os unirão para
sempre.
iQue havia de fazer o Infante? Tudo se lhe tinha varrido da mente, e
só nela chamejava, atiçada pelos desejos, a imagem da mulher adorada, para
cuja posse apenas se pediam uns curtos momentos de espera. Está dito;
casemos.
Na manhã seguinte, quando o pagem de D. João pegou nas suas roupas
da véspera achou nelas um perfume suave, embriagante que despertou no
mancebo sensações deleitosas.
Eças 9 1
Tendo o Infante posto por condição ao casamento o mistério, continuaram
a ver-se a furto, e por algum tempo iludiram os curiosos; mas, como o se-
gredo que passa de dois dificilmente é mantido, dentro em pouco começou-se
a murmurar das visitas de D. João. A boa reputação de D. Maria Teles
estava porem por tal forma assente, que ninguém duvidou houvera casamento
secreto.
Chegada a novidade aos ouvidos da Rainha, esta, em vez de folgar com
o acrescentamento da irmã, tomou-se de inveja e ódio, incrível em outrem
que não fosse D. Leonor, cujo carácter era para extremos destes. Começou
a adúltera a antever que por morte de D. Fernando, em quem já se ma-
nifestavam os primeiros sintomas da tísica, seria proclamado rei o infante
D. João, e que teria ela portanto de se esbater na sombra para ceder o
campo á nova rainha. Via mais, que D. Maria, respeitada pelo seu bom
porte, seria estimada de todos e obteria logo o que D. Leonor, apesar de
tantas mercês e dádivas, não conseguira ainda, isto é, o amor de seus vas-
salos. Esta idea tornara-se fixa, e a tal ponto importunava o seu espírito,
que, não podendo mais suportá-la e não lhe vendo outro remédio, resolveu
destruir a causa de tam assustadores efeitos.
Que D. Leonor assim pensasse, unicamente causará assombro a quem
não conhecer a sua índole desalmada; jmas que para esta maldade ela encon-
trasse um cúmplice no próprio irmão do algoz e da vítima, isso sim, isso é
que é assombroso! D. João Afonso Telo, almirante de Portugal, de corpo
e alma dedicado à Rainha sua irmã pelas muitas mercês dela recebidas, e
de carácter igualmente perverso, aceitou sem dificuldade o papel de lago,
que a Rainha lhe destinou na delineada tragédia, onde Desdémona seria a
própria irmã, e Othelo o cunhado.
Começou o Almirante a frequentar o infante D. João mais do que costu-
mava, e a deixar cair na conversação palavras e frases, que lhe sugerissem
a idea de suceder ao irmão no trono, casando com a sobrinha. Despertada
a ambição do Infante, falou-lhe claro, e, como que da parte da Rainha, ofe-
receu-lhe a mão da infanta D. Beatriz, mostrando-lhe quanto D. Leonor de-
testava a projectada aliança da filha com o Duque de Benavente. A tentação
era já grande, mas o murmúrio da consciência conservava o Infante ainda
indeciso.
Recorreu-se então a outro meio; à calúnia torpe e vil. Ou o futuro
Conde de Barcelos, ou Diogo Afonso de Figueiredo, vedor do Infante, ou
Garcia Afonso do Sobrado, seu conselheiro, um deles, foi assaz infame para
insinuar no ânimo do marido de D. Maria Teles, que era traído, e que sua
mulher tinha um amante.
D. João, crendo nesta aleivosia mais prontamente do que devera, le-
92 Brasões
vado decerto a isso por ela lhe proporcionar pretexto para satisfazer sua
ambição,' dando-lhe motivo para executar o sinistro propósito de matar a
mulher, põe-se a caminho a fim de praticar tal feito tam indigno de cava-
leiro.
Dirigiu-se a Alcanhões, onde então estava a corte, e ao aproximar-se da
povoação topou D. João Afonso Telo, que, acompanhado de muitos fidalgos,
vinha ao seu encontro.
No dia da chegada jantou com o cunhado, e no seguinte com sua prima
D. Isabel de Castro, dama da rainha e filha do Conde de Arraiolos, sendo
em ambos estes convites tratado com grande magnificência e jiábilo. D. Isa-
bel, como senhora de extremada belesa, tinha muitos admiradores entre os
fidalgos portugueses e estrangeiros, distinguindo-se entre eles D. João Afonso,
muito seu apaixonado. Todos se apresentaram na festa, em que se folgou
e dançou até à tarde, terminando por uma espécie de merenda de frutas e
vinhos, no fim da qual ofereceu o cunhado ao Infante uma preciosa cota de
armas, uma adaga de boa têmpera, e uma faca, fogosa e alentada, que lhe
tinham trazido de Inglaterra. Isto é: ministrou-lhe as armas com que mataria
a irmã, e proporcionou- lhe meio seguro e rápido de condução.
De casa de D. Isabel de Castro dirigiram-se as donas e donzelas, os ca-
valeiros e escudeiros, em luzida comitiva ao paço, onde alegremente foram
recebidos.
A sós com a Rainha e o futuro Conde de Barcelos teve o Infante uma
demorada conversação e, terminada ela, retirou-se D. João para casa do
cunhado, onde pernoitou. Na madrugada seguinte partiu direito a Coimbra,
não aceitando o jantar que no seu castelo, por onde passou, lhe ofereceu seu
enteado o Mestre de Cristo, que pela recusa, pressentindo o perigo, mandou
a toda a pressa avisar sua mãe. D. Maria, animosa e inocente, desprezou
o aviso do filho, como já desprezara outros.
Seguindo seu caminho saiu o Infante de Tomar, e foi dormir ao Espinhal,
d'onde partiu à meia noite para chegar, pouco antes do amanhecer, ao antigo
convento de Santa Ana, junto à ponte de Coimbra, ainda para diante do si-
tio, onde hoje se vêem as ruínas do velho convento de Santa Clara. Aí fez
alto, e depois de ter durante momentos falado à parte com os seus dois
criados atraz nomeados, dirigiu-se a todos os seus homens de armas, dizen-
do-lhes o fim a que ia a Coimbra, ocultando ainda assim a parte principal
de seus funestos projectos.
Atravessada a ponte e chegados à couraça, chamou o Infante por um dos
seus escudeiros, que tinha cursado as aulas, e advertindo-lhe, que D. Maria
poisava nas casas de Álvaro Fernandes de Carvalho, encarregou-o de os en-
caminhar para lá.
Eças 93
Dirigiu o antigo estudante a cavalgada direito à igreja de S. Bartolomeu,
d'onde nascia uma estreita rua, que ia desembocar na frente da porta das
ditas casas, e com tamanha infelicidade que chegaram no momento, em que
uma mulher saía a ir ao rio lavar, a qual, abrindo a porta, lhes franqueou a
entrada.
Neste comenos tinha rompido a aurora, e a manhã aproximava-se. ,
O Infante com os seus subiu, e na primeira sala encontraram umas cria- '
das ainda deitadas, que lhes disseram estar D. Maria fechada nas torres,
onde tinha sua câmara e a de seu filho. Pobre criança, cuja imagem, evo-
cada em tal transe, não despertou na consciência de seu malvado pai nem
uma sombra de remorso, nem um instante de hesitação.
— i Vassalos! arrombem as portas. Quem mais poder quebrar, mais
quebre.
Acorda D. Maria Teles ao estrépito do arrombamento, e trémula, ansiosa,
cheia de susto e terror, salta da cama mal embrulhada na colcha, tendo, para
não cair no chão, de encosiar-se à parede junto ao leito. Avistado o marido
exclama:
— O! senhor, ique vinda é esta tam desacostumada?
— Boa dona — diz ele — agora o sabereis. Vós andastes dizendo que eu
era vosso marido, difamando-me por todo o reino ao ponto de chegar aos
ouvidos dei Rei, e da Rainha, sabendo que era caso para me mandarem
matar, ou me porem em prisão para sempre, e fizeste isto, quando deveríeis
tal encobrir a todos os do mundo. E, se na verdade sois minha mulher,
ainda mais mereceis a morte, pois cometeis adultério. — E lançou-lhe a mão
ao ombro.
— O! senhor — lhe responde a mísera — bem entendo que vindes mal
aconselhado, e perdoi Deus a quem tal conselho vos deu. Contudo apraza
a vossa mercê de vos apartardes comigo por um pouco para aquela câmara;
ou de mandardes sair vossos moradores, que eu saberei mostrar-vos um con-
selho mais proveitoso, do que aquele que vos deram contra mim. Por com-
paixão ouvi-me, e tempo tereis para fazerdes o que vos aprouver.
— Não vim aqui para estar comvosco em conversação. — E dizendo estas
palavras, deu o Infante um forte puxão pelo colcha, descobrindo quási todo
o alvo corpo de D. Maria, causando esta scena tam violenta impressão e
profundo dó nos circunstantes, que todos viraram a cara, não podendo conter
as lágrimas e os soluços. E no momento de a descobrir, deu-lhe o Infante,
com o bulhão do Conde de Barcelos, uma funda punhalada entre o ombro e
os peitos, direita ao coração.
— Madre de Deus acudi-me! e tende mercê da minha alma! — exclamou
ela em mui altas e doridas vozes.
94 Brasões
Entretanto o malvado arranca o punhal da ferida, e crava-o novamente,
dirigindo- o, por um requinte de malvadez, às verilhas.
— Jesus! filho da Virgem, acudi-me!
E com estas palavras se fecharam para sempre os lábios da desditosa
D. Maria Teles, que pagou, com pena desproporcional ao delito, o ter astu-
ciosamente forçado o casamento do Infante (i).
(i) Vou ver se me. será possível fixar a data do assassínio de D. Maria Teles; parece-me
que sim.
Em Leiria, a 20 de Novembro de iSyò, celebraram-se os esposórios da infanta D. Beatriz
com o Duque de Benavente {Clironica de D. Fernando, cap. 96). Depois disto começou
D. João Afonso Telo a tentar o infante D. João {Ibid , cap. loi). O Infante, já convencido,
vai à corte, que estava em Alcanhões, termo de Santarém. D'aí, resolvido de todo, parte
com seus criados para Coimbra, passando por Tomar, onde descança. Desta vila segue para
o Espinhal, onde dorme. A meia noite continua o caminho, e por Foz de Arouce chega à
ponte de Coimbra antes de alvorecer. Demora-se um pouco em conciliábulo com os seus,
entra na cidade, e chega à porta da casa de D. iMaria, quando «a alva começava desclarecer
e trigavasse a manhã pêra viir» (Ibid ^ cap. io3). Já rompia o dia, quere isto dizer.
Consumado o crime, foge para a fronteira da Beira, onde permanece algum tempo;
volta perdoado, e a'vista-se com el Rei em Salvaterra, d'onde com ele segue para o Alentejo
{Ibid., cap. 104). Aí, no Vimieiro, desgostoso, afasta-se da corte {Ibid., cap, io5).
São estes os traços gerais da narrativa de Fernão Lopes.
Antes de mais notarei, que aquela noite da última tirada do Infraite havia de ter sido
bem estendida, pois que lhe deu tempo para, da meia noite até antemanhã, andar oito lé-
goas, que tanto é a distância do Espinhal a Coimbra {Portugal sacro-pro fano). De noite,
por caminhos maus e montanhosos, não quero que uma turma de cavaleiros andasse mais
de légoa e meia por hora; portanto precisou de cinco horas para a viagem, e os acicates
bateriam. Já temos um facto positivo: o crime foi perpetrado na quadra em que as noites
são compridas. Agora falta marcar o ano.
Depois de feitos os esposórios ainda D. Fernando permaneceu em Leiria, onde assinou
a 6 de Dezembro uma carta de legitimação {Monarchia lusitana^ 8.* p., pág. 222). D'aí se-
guiu para o norte, e em 29 do mesmo mês já estava em Vila Nova de Anços (ã/., ibid.).
Entrou o ano de iSjy, e a 20 de Janeiro encontrava-se el Rei em Tentúgal. Por aí e por
Coimbra passou todo o inverno, e, chegado o bom tempo, abalou para a Beira Alta. Pela
Vacariça dirigiu-se a Viseu, Folgosinho, Guarda, Teixoso e Covilhã, onde passou a segunda
metade de Outubro. Daquela então vila fez ponta a Belmonte, seguindo de lá, por Açores
e Celorico, até Trancoso, onde estava em princípios de Novembro. Pouco aí permaneceu,
pois que a 24 daquele mês já se encontrava de volta em Tentúgal [Ibid., pág. 236 a 238).
Fica portanto completamente excluído o ano de iSyy, pois que nesse D. Fernando não saiu
da Beira.
Em 1378 passou el Rei o inverno em Coimbra, e a primavera por Torres Novas e San-
tarém. No verão porém seguiu para Óbidos e Atouguia, e, sempre por aquelas partes, jor-
nadeou não longe do mar até ao fim do ano, em que o encontro, no primeiro dia do se-
guinte, outra vez na Atouguia {Ibid.^ pág. 238 e 239). Este ano tenho também de deitar fora,
pois que, se D. Fernando andou por Santarém, foi já meado Abril, quando começa a aurora
Eças 95
Tam simpática é a vítima, como odiento o algoz, que na minha aversão
só consegue ser excedido pelos dois maquinadores da negra trama.
A expiação começou logo. Repelido o Infante com pouco rebuço pela
Rainha, compreende ter sido nas suas mãos apenas o instrumento do ódio
de D. Leonor, que, unicamente para o engodar, lhe acenara com o casamento
e o trono, do qual vê que o seu crime o afastara para sempre. Perseguido
pelo Conde de Neiva e pelo Mestre de Cristo, irmão e filho da assassinada,
unicamente defendido por seu tio o Conde de Arraiolos, acha-se D. João na
necessidade de andar homisiado pela Beira, passando trabalhos, privações e
inclemências, até que,, mais apertado, penetra em Castela (i).
Por intercessão de sua irmã, a Condessa de Alburquerque, alcança a pro-
tecção de D. João 1, que lhe dá o senhorio de Valência de Campos, Alba de
Tormes e outras povoações, cujos, rendimentos não chegavam para manter'
a casa que lhe cumpria, tendo de se valer da esmola dalguns fidalgos caste-
lhanos.
pelas quatro horas da manhã, e portanto não dava tempo ao Infante para a tal sua última
tirada. E não só por isto, mas também porque nenhuma viagem se fez por então ao Alen-
tejo.
Chego emfim ao ano de iSyg, aquele em que estou persuadido se cometeu o crime.
No dia I de Janeiro achava-se a corte na Atouguia, como disse. No princípio do mês se-
guinte já estava em Alenquer, onde, tirante uns dias passgdos em Vila Nova da Rainha, per-
maneceu por todo o Março e parte do Abril; a 17 deste porem já estava em Salvaterra, e a
29 em Santarém. D'aqui por Sintra veio para Lisboa. A última notícia, que tenho, de
D. Fernando estar nesta cidade, é de 16 de Setembro; depois disto voltou para Santarém,
onde assinou uma carta de certa mercê a 5 de Novembro [Ibid.^ pág. 345 e 346).
Estava portanto D. Fernando em Santarém nos princípios de Novembro de iSyg, e de
lá iria passar algum tempo a AlcanhÕes, ali ao pé. Aqui, em Alcanhões, em princípios de
Novembro, talvez a passar a festa dos Santos, veio o infante D. João ter com a corte. D'aqui
partiu para Coimbra, gastando cinco horas na derradeira marcha, como calculei, chegando
portanto à ponte antes das cinco e um quarto, isto é, antes de começar a romper a aurora.
Consumado o crime, fugiu para a Beira, d'onde volta perdoado a Santarém, e vai avistar-se
com el Rei a Salvaterra nas vésperas de 1 3 de Dezembro, dia em que naquela vila D. Fer-
nando assina a carta de mercê da quinta de Santo André, no termo de Azurara, a Diogo
Afonso de Figueiredo, vedor do Infante e seu companheiro na funesta empresa [Monarchia
cit., pág. 346). O perdão foi completo.
De Salvaterra partiu el Rei com o Infante e a corte para o Alentejo {Chronica de D. Fer-
nando, cap. io5), e de Arraiolos a 3o de Dezembro já é datada uma carta {Monarchia cit.,
pág. 346). Seguiu pela província, passou em Évora, e a 6 de Março de i38o estava no Vi-
mieiro (Ibid.). Foi aqui que o Infante se afastou desgostoso da corte.
Parece-me, que tudo calha certo, e que posso pôr o assassínio de D. Maria Teles em
Novembro de iSyg.
(i) Em toda esta narrativa segui a Chronica de D. Fernando, de Fernão Lopes.
g6 Brasões
Para cúmulo de opróbrio, só faltava ao filho de Inês de Castro virar as
armas contra a sua pátria, o que realizou na guerra de i38i, penetrando em
Portugal e caudilhando os Castelhanos no apertado cerco de Elvas.
D. João I casou-o com sua irmã natural D. Constança, a quem decerto
não tinha lá muito grande amor. Este Rei de Castela, assim que lhe constou
a morte de D. Fernando I de Portugal, mandou, em fins de Outubro de
i383, prender o infante D. João, e recolhê-lo ao castelo de Almonacid, onde
o conservou preso por alguns anos, não por o Infante conspirar contra el Rei;
mas por cautela, para afastar a sua concorrência ao trono de Portugal. Já
estava porém solto em 1887, ano em que seu cunhado o criou duque de Va-
lência de Campos, vila que desde esse tempo passou a ser designada por
Valência de D. Juan (i).
Já tinha morrido o Infante em 20 de Setembro de 1400, comiO consta de
uma carta daquela data pela qual D. João I de Portugal confirmou um ins-
trumento de aforamento feito «per o iíFante dom joham nosso irmão a que
deos perdoe» (2). Mostra-nos este documento não poder ser exacto ter o in-
fante D. João confirmado em 1402 os privilégios concedidos por Henrique III
de Castela à igreja de Palência (3), estando provavelmente o erro na trans-
crição da data. " Foi sepultado em Salamanca, no mosteiro de Santo Estêvão
da ordem dos Pregadores (4).
II
LINHAGEM
Da segunda mulher, a infanta D. Constança, teve o Duque de Valência
unicamente duas filhas:
I.* — D. Maria de Portugal, condessa de Valência e senhora dos estados
de seu pai em Castela, casou com Martim Vasques da Cunha, i.° conde de
Valência de Campos em 1897, de quem foi segunda mulher e teve ilustríssima
descendência nos demais Condes de Valência, nos Duques de Najera, etc.
2.^ — D. Beatriz de Portugal, condessa de Buelna. Foi mulher de D. Pe-
dro Nino, I." conde de Buelna,' já em 148 1, e tiveram ilustre descendência.
De sua primeira mulher, a desditosa D. Maria Teles, teve o infante
D. João um único filho, a criança que estava dormindo na câmara contígua
(i) Lopez de Haro, Nobiliário, II, 281.
(2) Archivo histórico portugue^^ vol. iii, pág. 120, n." lxv.
(3) Lopez de Haro, cit. Nobiliário, II, 281.
(4) Ibidem.
Eças 97
à da mãe, quando ela foi assassinada. D. Fernando se chamava, e criado
ao desamparo, sem pai, nem mãe, nem quem por êle realmente se interes-
sasse, saiu um devasso acabado. O seu fraco era casar, e com o maior
desassombro o fazia, chegando ao ponto de ter às vezes três e quatro mu-
lheres vivas. Então filhos, isso era um não acabar, j Quarenta e dois lhe
assinam os nobiliários!
Por alguma gentileza, não apontada nas crónicas nem nos nobiliários,
teve de passar para Galiza, onde seu primo o Duque de Arjona lhe deu o
senhorio da vila de Eça. Por este motivo foi chamado D. Fernando de Eça
e transmitiu este apelido a seus descendentes, aos quais à hora da morte,
diz-se, aconselhara o regresso à pátria. A ela tornou êle depois de morto,
segundo reza o epitáfio de sua sepultura na capela mor da igreja do convento
do Espírito Santo de Gouveia, nas seguintes palavras:
Aqui ja^ D. Fernando de Eça Jilho do Ifante D. João, e neto delRey
D. Pedro de Portugal e da Ifante D. Lies de Castro sua molher, e bisneto
delRef D. Afonso de Castela, o que venceo a batalha do Salado. Este
D. Fernando foi padre de D. Caterina Abadessa de Lorpão, que o aqui
mandou tresladar na Era do Nacimento de nosso Senhor lesii Christo de
mil e quatrocentos e setenta e nove annos, xxv dias de laneiro (i).
No epitáfio de D. Fernando de Eça diz-se que êle era bisneto dei Rey
D. Afonso de Castela, o que venceo a batalha do Salado. E erro, e fácil se
torna mostrá-lo.
Diz Fr. Manuel da Esperança, descrevendo o túmulo de D. Fernando:
«Na pedra fundamental desta engraçada machina, feita a modo de degraos,
se acha hum epitáfio composto de letras góticas, mal distintas, & com pala-
j'ras imperfeitas, que o fa:{ejn dificultoso de ler: mas a leitura é esta» (2),
acrescenta êle todo ufano, e transcreve o epitáfio.
Feita a transcrição, aceita Fr. Manuel como palavras evangélicas as do
epitáfio, e não pÕe dúvida nenhuma em ser D. Fernando de Eça bisneto de
D. Afonso XI de Castela; e portanto filho, não da primeira mulher do in-
fante D. João, D. Maria Teles, mas sim da segunda, a infanta D. Cons-
tança.
Não pode ser. Se D. Fernando tivesse sido filho de D. Constança, teria
sucedido a seu pai na casa que em resultado deste casamento êle logrou em
Castela. Ora isto não teve lugar; porque, quem sucedeu nela, foi a filha
mais velha dos Infantes, a Condessa de Valência. E não se pode objectar
(i) Fr. Manuel da Esperança, Historia Seráfica, vol. u, pág. 647; Sousa, Memorias se-
pulchraes, fl. 73,
(2) Historia Seráfica, loc. cit.
VOL. I l3
gg? Brasões
que, se isto assim aconteceu, foi por D. Fernando ter passado para Portugal,
porque todos são concordes em dizer que êle viveu na Galiza, onde o Duque
de Arjona lhe deu o senhorio de Eça, do qual se derivou o apelido para seus
descendentes. Também são concordes em declarar que o Duque lhe dera o
senhorio para sua subsistência, por êle ser pobre e seu parente.
Eram parentes com efeito e bastante chegados, por isso que tinham bisavô
comum. D. PVadique de Castela, duque de Arjona, era neto por sua mãe,
D. Isabel de Castro, do nosso Conde de Arraiolos, filho de D. Pedro Fer-
nandes de Castro, o da Guerra. D. Fernando de Eça também era bisneto
de D. Pedro, porém por sua filha D. Inês de Castro. Bem sei que, se
D. Fernando íôsse filho da infanta D. Constança, ainda mais parente seria
do Duque de Arjona, porque então, em vez de um, teriam dois bisavós co-
muns: D. Pedro da Guerra, e D. Afonso XI de Castela. ' >
O argumento decisivo porem lá lá ficou em cima. Se D. Fernando tivesse
sido filho dos infantes D. João e D. Constança, ter-lhes-ia sucedido na casa,
na sua qualidade de varão, que sempre nestes casos preferiu à fêmea. Con-
tra isto não há epitáfios, nem frioleiras, que valham.
«Nenhuma família teve mais esclarecido principio do que a de Eça; e
devendo continuar no esplendor e grandeza da sua origem, para que fosse
respeitada, infelizmente foi sempre em huma total decadência; de sorte que
quasi se veiu a extinguir.»
Isto dizia D. António Caetano de Sousa em 1745. íQue mais acrescen-
tarei? Apenas que julgo a sua varonia completamente extinta, e que sempre
pensei, ao atentar nesta família, que sobre ela pesava, desde a sua origem,
o crime do seu progenitor.
Foi característico o porte desregrado das senhoras nas primeiras gerações
dos Eças, e bem revelador do atavismo, ou melhor talvez hereditariedade, a
que se encontraram sujeitas. Já ao caso brevemente me referi e para aqui
trasladarei as minhas palavras.
«D. Brites de Eça, abadessa de Celas, teve filhos do bispo D. João de
Abreu; D. Caterina de Eça, irmã de D. Brites e famosa abadessa de Lorvão,
foi amante de Pêro Gomes de Abreu, senhor de Regalados e sobrinho neto
do Bispo; D. Joana de Eça, abadessa de Celas e filha de João Rodrigues
de Azevedo e de D. Branca de Eça, irmã das outras duas Abadessas, teve
amores com Vasco Gomes de Abreu, poeta do Cancioneiro e sobrinho do
bispo D. João; e, finalmente, D. Felipa de Eça, abadessa de Vai de Madeiros
e depois de Lorvão, e filha de D. Pedro de Eça, irmão das duas primeiras
Abadessas, foi amante do irmão de Vasco, do nosso João Gomes de Abreu
das trovas.
Eças 99
«Aos seus amores com a freira existem muitos remoques no Cancio-
neiro* (i).
Melhor do que eu descreve D. João III, numa carta de 3i de Agosto de
1643, ao seu Embaixador em Roma, o comportamento dissoluto das Eças
no mosteiro de Lorvão. Testemunha mais digna de fé não se poderá en-
contrar. Diz el Rei:
«Doctor Balthasar de Faria, eu el Rey vos envio muito saudar. Direis
ao Santo Padre de minha parte que neste reyno de Portugal, no bispado de
Coimbra, estaa huum moesteiro de monjas da ordem de Cister, o qual he
muito antiguo, e fundado e dotado pelos reis destes reynos meus antecesso-
res, e casa de maj^or renda que neles ha de molheres, que vai a renda dela
de quatro mil cruzados pêra cima, e valeria muito mais, se as propriedades
quintãas e granjas dela se não alienaram e emprazaram pelas abadessas que
pelo tempa foram; e que ha na dita casa cento e sessenta molheres, antre
professas e noviças e conversas, e ha sessenta annos e mais que nela sam
abadessas molheres de linhajem dos Eças, em modo que grande parte das
monjas da dita casa sam da dita Hnhagem, e algúas filhas de monjas da dita
linhagem, que ja naceram na dita casa. E do dito tempo pêra ca no dito
moesteiro nom se guardou a religiam e observância dela em nenhum dos
votos sustanciaes, como per regra e constituições da ordem se devera fazer,
antes na dita casa se viveo muito tempo muy dissolutamente, e muitas monjas
dela emprenharam, e pariram, e tem filhos e filhas; e isto he muito notório
no reyno, e causa de muita infâmia da religiam e escândalo do povo. E entre
as monjas da dita casa, que emprenharam e pariram e tem filhos, e que
dissolutamente viveram, hee dona Felipa dEça, que ora pede a abbadia dela,
e sendo bastarda e ilegítima. E porque, falecendo húa dona Margarida dEça,
abadessa que foy do dito moesteiro, desejando eu que a dita casa se refor-
masse e posesse em boom estado, e que as monjas dela vivessem em' estado
, de salvaçam, enviey per minha carta encomendar aas ditas monjas que nam
elegessem abbadessa, e sobreestivessem atee verem meu recado, desejando
de enviar a elas húa pessoa religiosa pêra as provocar a elejerem algúa re-
ligiosa da ordem, pessoa de boom viver e observante da regra e religiam.
E grande parte delas, por serem parentas amigas e aliadas, vivendo ainda a
dita dona Margarida abbadessa, estando porem jaa pêra morrer, fizeram vir
doutra parte e meteram no moesteiro a dita dona Felipa dEça, monja que
com elas se criou na dita dissoluçam; e pêra as conservar em seus maaos
custumes e husos a elejeram por abbadessa tanto que a dita dona Margarida
(i) ^ gente do Cancioneiro, vol. xi da Revista lusitana, pág. 320.
I oo Brasões
faleceo, antes de enterrarem o corpo da defunta, nom guardando na dita
eleiçam a forma e modo, que por direito e suas constituiçes da ordem de-
verom guardar ...» (i).
Esta abadessa de Lorvão, D. Felipa de Eça, foi uma verdadeira heroína
e alguns interessantes dados para a sua biografia deixei na Revista lusitana,
no artigo acima citado.
(i) Corpo diplomático portuguei, V, 206-207,
VI
MENESES
Brasões da Sala de Sintra, VoI. I.
De oiro, escudete à antiga, cosido do mesmo e carregado de um anel com
uma pedra, tudo de oiro perfilado de negro, e a pedra apontada ao cantão
sinistro da ponta. Timbre: donzela nascente de encarnação, vestida de bro-
cado de prata, guarnecido de oiro e semeado de vieiras cosidas do mesmo,
os cabelos soltos, a mão sinistra na cinta e a dextra segurando o escudete
das armas.
O escudo dos Meneses é de oiro liso. Assim se encontra no Livro do
Armeiro mor, fl. 5o v.; no Lipro da Torre do Tombo, fl. lo; nas Tropas de
João Rodrigues de Sá, fl. ii5 do Cancioneiro geral de Garcia de Resende;
nas Arvores do Conde de Vilanova, nos artigos de Meneses; nos Tropheos
Lusitanos de António Soares de Albergaria, fl. 32, 35 e bj mihi, etc. Pos-
teriormente, divulgando-se a lenda a que logo me referirei, começou a apare-
cer um anel nas armas dos Meneses de Cantanhede, sendo talvez ó primeiro
a apresentar tal novidade Fr. Leão de Santo Tomás a pág. 483 da 2.^ part.
da su3i Benedictina Lusitana, impressa em i65i, isto é, apenas catorze anos
após os Tropheos Lusitanos. Como era absurdo, foi quási universalmente
seguido desde esse tempo.
O timbre apresenta-se geralmente da mesma forma, variando apenas
nalguma minúcia.
I
LENDA DO ANEL
E por tal forma ilustre esta família, tantos e tam esclarecidos ramos dela
provieram, que me desculparás, leitor benévolo, se por excepção eu te enfas-
tiar com a sua genealogia.
Sei bem quam áridos são, e aborrecidos se tornam, os autem genuit;
104 Brasões
mas, para poder dar idea da origem e ramificações dos Meneses por forma
agradável e clara, teria de alongar desmesuradamente este artigo.
Os linhagistas do visinho reino proclamam os cinco grandes solares de
Castela aos de Lara, Haro, Castro, Guzman e Villamaior. Fundam-se para
isso em eles pertencerem, desde tempos mui. remotos, às famílias a que de-
ram os apelidos, e a serem elas derivadas dos reis.
Em vez de cinco diriam seis, incluindo na lista o de Meneses, se esta
linhagem se não tivesse extinto em Espanha, conservando-se unicamente em
Portugal.
Em 1179 adquiriu por troca D. Tel Pérez o senhorio de Meneses junta-
mente com outros, e este rico homem era sexto neto na varonia de D. Fruela lí,
rei de Lião e Galiza em 924(1). Juntaram-se pois as duas condições, que
fizeram dar o epíteto de grandes aos cinco solares apontados: antiguidade,
e ascendência rial.
O esplendor da família era tal, a sua origem tam remota, que dela se
apoderou a lenda.
Contava-se que, pouco depois do segundo casamento de D. Ordonho II
de Lião, sua filha, a infanta D. Ximena, seduzida e abandonada por um dos
fidalgos da corte, com quem fugira, se acolhera ao lugar de Meneses, em
terra de Campos. Aí, para obter meios de subsistência, escondendo sua
vergonha, sujeitara-se a nobre Infanta a ir servir para casa de Telo Sánchez,
lavrador abastado e honrado do lugar. O porte da servidora era tam mo-
desto, a sua formosura tam atraente, tais dotes de dona de casa revelou, e
tam desamparada se apresentou, que o amo, seduzido e condoído, ofereceu-
-Ihe a sua mão. Muito oportuna reputou então a descendente de Santo Her-
menegildo tal aHança, e aquela, que talvez despresara a mão de reis, jubilosa
aceita para marido o lavrador. Decorridos tempos, e havendo já dois filhos
gémeos, acontece ir D. Ordonho caçar às próximas montanhas e, surpreen-'
dido pela noite, pedir agasalho à casa de Telo, a principal do lugar.
Reconhece Ximena no cançado monteiro a el Rei seu pai e, não que-
rendo perder a ocasião que a Providência lhe deparara, resolveu dar-se a
conhecer.
Tinha a Infanta guardado o vestido de brocado, com que fugira, e um
anel com um rubim encastoado prenda de seu pai. Daquele brocado e de
burel corta e alinhava à pressa, para cada um dos filhos, uns pelotes meio
ricos, meio pobres. Em seguida prepara com todo o esmero uma malassada.
( I ) Salazar y Castro, Glorias de la Casa Farnese, pág. 5^5.
Meneses io5
frigindo em apurado azeite uns frescos ovos, e manda por seus filhos, da-
quela estranha forma trajados, oferecer a el Rei o seu predileto prato, no
meio do qual deixara cair o anel.
Admirado el Rei do singular vestuário dos servidores, surpreendido ao
ver os seus gostos adivinhados, assombrado ao achar dentro da malassada
o anel, pregunta ansioso pela explicação. Então lança-se-lhe a filha aos pés
e tudo acaba em beni, como nas comédias de Scribe.
Perdoa D. Ordonho à Infanta; reconhece a magnanimidade do lavrador
Telo, que casara com D. Ximena supondo elevá-la; nobilita-o; declara seus
netos aos gémeos; e substitui-lhes as vestiduras, meio ricas meio pobres,
por belos pelotes de brocado forrados de marta no inverno.
Volta el Rei para a corte com a família aumentada e em testemunho de
regosijo manda celebrar umas justas, em que entram os filhos do lavrador,
apresentando-se com escudos de oiro liso e este moto:
Si quieres saber quien son
Los dos dorados paveses,
Hijos de la hija son
De Ordono de Léon,
Y de Tello de Meneses.
O segundo 'casamento de D. Ordonho foi em 921, e a sua morte em 924.
Dentro destes três anos a lenda faz fugir a D. Ximena, casar com o lavrador
e ter dois filhos, o que tudo é possível, existindo o prodígio unicamente, em
no mesmo praso os pequenos se desenvolvereni a ponto de servirem malas-
sadas ao avô, e lidarem num torneio. Com estas pequenas coisas não se
prendem todavia as lendas.
De D. TelPérez, i.*' senhor de Meneses, foi filho primogénito D. Afonso
Télez, rico homem, senhor de Meneses, Medellin, Montealegre, Valladolid,
Madrid, etc. Este foi o fundador do castelo de Alburquerque pelos anos de
1218, e é o sepultado num mosteiro de Palazuelos, de Bernardos, junto a Due-
nas, em cuja sepultura se gravou este epitáfio: Obiit Alfonsiis Telli nobilis
amator totius bonitatis factor istiiis nionasierii. Era CID . CC. LX. VIU. (i),
ano de Cristo de i23o. Estivera em 12 12 na batalha das Navas de Tolosa,
e para comemoração carregara o seu escudo de oiro liso com uma cadeia
de ferro de sua cor, posta em banda.
De sua primeira mulher, da casa de Giron, teve o fundador de Albur-
querque, alem de filhas, a D. Telo Afonso, sem geração, e a D. Afonso Té-
(i) Argote de Molina, Noble^a dei Audalupa, fl. 89 v.
TOL. I * 14
io6 Brasões
lez de Córdova que veio a suceder no senhorio de Meneses e noutros bens.
Deste segundo D. Afonso Télez foi filha herdeira D. Maria Afonso, senhora
de Meneses, a qual, viúva e sem filhos, tornou a casar com o infante D. Afonso
de Molina, irmão de S. Fernando. Deste casamento foi filha, entre outros,
a famosa rainha de Castela D. Maria de Molina, em cujo bisneto, D. Pedro I
de Castela, recaiu a casa de Meneses por extinção da linha primogénita.
II
SENHORES DE ALBURQUERQUE
Em 12 20 já D. Afonso Télez, o fundador de Alburquerque, era casado,
pela segunda vez com D. Teresa Sanches, filha de D. Sancho I de Portugal.
Deste casamento foi segundogénito D. João Afonso, que por morte do primo-
génito sucedeu na casa.
Este D. João Afonso, rico homem e senhor de Alburquerque, foi alferes
mor de seu primo com irmão D. Afonso III de Portugal, e com aquele cargo
é mencionado em documentos dos anos de i25o até I255. Neste passou
para Castela, figurando na corte de D. Afonso X como rico homem e perti-
gueiro mor de Santiago. Em 1268 era já falecido, deixando dois filhos:
D. Rodrigo Anes, e D. Gonçalo Anes Raposo.
D. Rodrigo Anes, o primogénito, foi 3.° senhor de Alburquerque e rico
homem de Castela. Casou com D. Teresa Martins, filha de D. Martim Gil
de Soverosa, o Bom, valido de D. Sancho, o Capelo, e vencedor da lide do
Porto. Deste casamento é apontado como único filho D. João Afonso, 4.°
senhor de Alburquerque, i.° conde de Barcelos, rico homem de Castela e
depois de Portugal.
D. João Afonso rebelara-se contra D. Sancho IV de Castela, e deveu a
vida à intercessão de sua prima D. Maria de Molina, mulher daquele Rei.
Breve se esqueceu porem da gratidão devida, abandonando a Rainha nas
lutas, que varonil e habilmente sustentou durante a menoridade de seu filho
D. Fernando IV, e declarando-se vassalo de D. Denis, a cujo serviço já se en-
contrava a 9 de Dezembro de 1296, confirmando o foral de Moura. D. Denis
soube aproveitar-Ihe as aptidões, incumbindo-o de negociar as pazes com
Castela e conseguindo pela sua intervenção o vantajoso tratado de Alcani-
ces, de 12 de Setembro de 1297. Em satisfação de seus serviços fê-lo
D. Denis conde, e este é considerado o primeiro conde português na moderna
forma, que não é, ainda assim, a actual, em que o condado, na maior parte
dos casos, é constituido pela pessoa do titular. Até ali os condes, que exis-
tiram, eram temporários e governadores de territórios, que pela sua extensão
Meneses 1 07
constituíam condados e a cujo governo era inerente o título; ao passo que
este, o de D. João Afonso, foi vitalício e com o título recebeu o senhorio.
Assim o diz a carta: « . . . E por que o fiz Conde, doulhe a minha vila de
Barcelos com seu termho. que el que a aja en todolos dias de sa vida . . .
Dada em Santarém, oyto dias de Mayo . . . E. M. CCC. xxxvj. anos.« (i),
ano do nascimento de 1298.
Morreu o Conde pouco depois de 5 de Maio de i3o4, data do seu testa-
mento (2), deixando unicamente duas filhas havidas de sua mulher, D. Te-
resa Sanches (^): D. Violante Sanches e D. Teresa Martins.
D. Violante Sanches foi casada com o alferes mor D. Martim Gil a quem
D. Denis, depois de o ter feito conde, doou Barcelos por carta de i5 de Ou-
tubro de 1304(4). Morreu sem geração.
D. Teresa Martins foi 5.* senhora de Alburquerque, Codiceira, Vila do
Conde, etc. e casou com D. Afonso Sanches, mordomo mor dei rei D. Denis
seu pai. Foram os fundadores do mosteiro de Vila do Conde e os progeni-
tores dos Albuquerques.
O Conde de Barcelos, bem como o haviam feito os senhores de Albur-
(i) Chancelaria de D. Denis, liv. 3.", fl. 3.
(2) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana^ VI, 3o.
(3) Argote de Molina, na fl. 90 da sua Noble^a dei Andaluzia, declara haver o Conde de
Barcelos casado em segundas núpcias com D. Maria Coronel e este desacerto repetem, alem
de muitos outros, dois considerados genealogistas, um espanhol, outro português, Salazar
y Castro e D António Caetano de Sousa.
O conde D. João Afonso de Barcelos não casou, nem em segundas nem em primeiras
núpcias, com D. Maria Coronel, não sendo portanto dela as filhas. É fácil de provar.
D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, teve, dois casamentos:
um, com D. João Afonso, conde de Barcelos (Livro velho das linhagens, pág. iSj dos Portu-
galiae momimenta histórica); o outro, com D. Rui Gil de Vilalobos (Casa de Lara, III, 436).
O Conde de Barcelos morreu pouco depois de 5 de Maio de i3o4 {Monarchia lusitana, liv. 18,
cap. 8) ; D. Rui Gil ainda confirmava em documentos do ano de i3o7 {Casa de Lara, tom. ni,
pág. 453); logo o primeiro marido foi o Conde, o segundo o Vilalobos, e portanto quem
ficou viúva do Conde, foi D. Teresa e não D. Maria.
Provado que D Maria Coronel não foi a segunda mulher do conde D. João Afonso,
basta, para provar que não foi a primeira, o saber-se que ela estava casada em 1347, isto é,
trinta e três anos depois da morte do Senhor de Alburqderque, com o conde D. Pedro de
Barcelos {Historia genealógica, tom. i, pág. 260).
Provado que D. Teresa Martins não era filha de D. Maria Coronel, que nunca foi mu-
lher do conde D. João Afonso, resta provar que a fundadora de Vila do Conde foi filha de
D. Teresa Sanches. Alem de o asseverar o Livro velho das linhagens, consta ter ela, D. Te-
resa Martins, tido uma meia irmã chamada D. Maria de Vilalobos (História seráfica, liv. 8,
cap. 5, § i), que é certamente filha do segundo casamento de D. Maria Sanches.
(4) Chancelaria de D. Denis, liv. 3.», fl. 33 v.
io8 Brasões
querque seus predecessores, carregou o seu escudo de oiro liso com um cas-
telo de vermelho, alusivo ao senhorio. O brasão usado pelos descendentes
de D. Teresa Martins e de D. Afonso Sanches será descrito no artigo dos
Albuquerques.
De D. João Afonso, 2." senhor de Alburquerque e alferes mor de
D. Afonso III, foi filho segundo, como já fica dito, D. Gonçalo Anes Raposo.
Este, na qualidade de rico homem de Castela, confirmou as cartas de privi-
légios de várias cidades nos anos de 1284. 85 e 86. De sua mulher, D. Ur-
raca Fernandes de Limia, teve a D. Afonso Martins Telo, único de seus filhos
em cujos descendentes se continuou a geração masculina dos Meneses.
Este D. Afonso Martins Telo, rico homem de Castela e depois de Por-
tugal, onde foi alcaide de Marvão (1) e onde se encontram memórias suas
nos anos de i3i7, 18, 21 e 22, seguiu o bando*do infante D. Afonso contra
el rei D. Denis e foi um dos ricos homens, que em Pombal, juntamente com
o Infante, juraram as pazes em princípios de Maio de i322. Em Portugal
casou com D. Berenguela Lourenço, filha do rico homem D. Lourenço Soa-
res de Valadares, senhor de Tangil e fronteiro de Entre Doiro e Minho.
O seu filho primogénito chamou-se D. Martim Afonso Telo e foi progenitor
dos Meneses das casas de Marialva e Louriçal, como indicarei no cap. iii.
O segundogénito foi D. João Afonso Telo, i.° conde de Ourem e progenitor
dos Meneses das casas de Vila Rial e Tarouca, como referirei no cap. iv.
Tem sido matéria de discussão qual das linhas é a primogénita, se a de
Marialva, se a de Vila Rial; mas não deve restar dúvida. A casa de Ma-
rialva tem por si o Livro Velho das Linhagens, e os Nobiliários do conde
D. Pedro, Xisto Tavares, D. António de Lima e outros.
III
CASAS DE MARIALVA E LOURIÇAL
D. Martim Afonso Telo, filho primogénito de D. Afonso Martins Telo,
foi rico homem, amante e mordomo mor da rainha de Castela D. Maria de
Portugal, mulher de Afonso XI, e a seus pés, salpicando-a com seu sangue,
recebeu a morte em Toro, a 25 de. Janeiro de i356, às mãos dos sicários de
D. Pedro I, filho da sua própria amante. Tinha casado em Portugal com
(1) Afonso Martins Telo, meu vassalo, alcaide do meu castelo de Marvão, veja três vezes
no ano como estão bastecidos e manteudos os castelos de Portalegre, da Vide, de Arron-
ches e de Monforte. Santarém, 25 de Janeiro de i359 (iSai). — Liv. 3.° da Chancelaria de
D. Denis, fl. i3^.
Meneses 109
D. Aldonça de Vasconcelos, filha herdeira do infanção Joane Mendes de Vas-
concelos. Dela teve quatro filhos;
i.° — D. João Afonso Telo. Foi alcaide mor de Lisboa em 1872 e almi-
rante de Portugal pelos anos de 1 375(1). Com o almirantado começou a
gozar do título de dom, como se vê da carta de 23 de Maio de 1414 {i3j6)
pela qual foi feita doação das terras de Mafamude, Laborim e Lavadores a
dom João Afonso Telo, almirante (2). Continuou ele, como consta de vários
documentos (3), exercendo aquele ofício nos anos seguintes até ao de i38o,
no qual, por carta de õ de Julho, lhe foram mandados guardar os privilégios
do almirantado (4); não sei porém, se ainda o conservou por muito tempo.
Na carta de 27 de Janeiro de i382, de doação da terra da Feira e outras não
aparece com o título de almirante (5), com o qual se torna a encontrar Lan-
(i) Para fixar esta data tenho estas indicações. — Por carta de 29 de Junho de 1410
(1372), foram confirmados os privilégios dos almirantes a Lançarote Pessanha (Aires de Sá,
Frei Gonçalo Velho, II, 552, doe. 740), e mais nenhum documento a ele respeitante encon-
trou nos tempos seguintes o consciencioso e indefesso investigador citado. Em 8 de Julho
de 1413 (1375) já Lançarote Pessanha estava incurso no desagrado de D.Fernando, que lhe
confiscara Odemira. É evidente que já então não devia possuir o almirantado. Em i de
Maio de 1412 (1J74) ainda João Afonso Telo não era almirante; pelo menos sem o título
aparece numa carta daquela data de doação de certos bens {Livro ifi de D. Feriiando,
fl. 141 v.). Com ele contudo o encontro em duas cartas dadas em Santarém a i5 de Abril
de 1414 (1376), e pelas quais se lhe doaram várias terras (Ibid.^ fl. 192).
(2) Chancelaria de D. Fernando, liv. i.», fl. 172 v.
(3) Km 1376, no mês de Julho, a 17, entrega do castelo de Monsanto, e a 19, doação
das terras de Vilasboas e Vilarelhos; em 1377, a 19 de Novembro, doação das terras de Paços
e outras no julgado da Feira; e em 1379, a 20 de Março,* doação das rendas da alcaidaria de
Lisboa — Chancelaria cit., liv. 1.°, fl. 195 v., e liv. 2.% fls. 23 e 65 v..
(4) Chancelaria de D. Fernando, liv. 2.°, fl. 66 v.; Aires de Sá, ob. cit., pág. 557, doe. 742.
(5) Chancelaria de D. Fernando, liv. 3.", fl. 59 v. — Mais alguns documentos, ainda não
apontados, relativos ao 6.° conde de Barcelos, D. João Afonso Telo, irmão da rainha D. Leo-
nor : a João Afonso Telo, nosso vassalo, doação das terras de Santa Maria em a terra da
Feira, Cabanões, Ovar e Cambra, Coimbra, 10 de Fevereiro de 1410 (1372); doação do cas-
telo de Lisboa, Leiria, 22 de Outubro de 1410 (1372). A D. João Afonso Telo, doação dos
bens de Álvaro Vicente, Salvaterra, i de Maio de 141 2 (1374). A João Afonso Telo, almi-
rante, nosso vassalo, doação das terras da Bemposta, PenarroivTS e outras, Santarém, i5 de
Abril de 1414 (1376); doação das terras de Samodães, Ribeira de Gondim, etc, na mesma
data; doação do castelo de Monsanto, Alenquer, 17 de Julho de 1414 (1376). A D. João
Afonso Telo, conde de Barcelos, nosso vassalo, doação das freguesias de Rebordões, S- Mar-
tinho do Campo, Santa Maria de Negrelos, Santo Isidro, Virãos, Santiago, e S. Salvador,
que sohiam ser do julgado de Refoios, e da freguesia de Sanguinhedo, que fora da jurisdição
de Aguiar de Pena, que todas haviam sido doadas ao Infante D. João, sendo apartadas das
suas antigas jurisdições, e depois haviam pertencido à infanta D. Beatriz, e agora manda
el Rei que tornem às suas antigas jurisdições e que pertençam ao Conde, senhor destas.
Dada em Almada a 26 de Junho de 142 1 (i383). Ao Conde de Barcelos, nosso vassalo, em
1 1 o Brasões
çarote Pessanha numa carta de 20 de Setembro de i383 (1). Na referida
carta de 27 de Janeiro de i382 já aparece intitulado conde de Barcelos (2),
havendo sucedido no condado por morte de seu tio D. João Afonso Telo,
conde de Ourém e Barcelos. Seguiu o partido do invasor, que em Setem-
bro de 1384 o criou conde de Mayorga em Castela. Morreu na batalha de
Aljubarrota, a 14 de Agosto de i385, e foi o único dos inimigos a quem
D. João I mandou dar sepultura, sendo esta excepção devida a êle ter acon-
selhado el Rei de Castela e com êle instado a ferir o combate. Foi de génio
perverso e o sócio de sua irmã D. Leonor em alguns dos seus crimes. Casou
com D. Brites de Albuquerque e teve filhos, mas não teve netos.
2.'' — D. Gonçalo Teles, conde de Neiva, a quem me tornarei a referir.
3.° — D. Maria Teles, mulher de Álvaro Dias de Sousa, senhor de Mafra,
Ericeira e outros lugares, e depois do infante D. João, filho de D. Inês de
Castro. É a infeliz D. Maria Teles, cujo trágico fim narrei no artigo dos
Eças.
4.° — D. Leonor Teles, rainha de Portugal, mulher de D. Fernando, a
Lucrécia Bórgia portuguesa como lhe chama Herculano. Casara com João
Lourenço da Cunha, senhor de Pombeiro, de quem, quando D. Fernando se
namorou dela, já tinha um filho, Álvaro da Cunha, senhor de Pombeiro por
morte de seu pai.
D. Gonçalo Teles (3), conde de Neiva e senhor de Faria em 1373 (4);
Almada, a 3o do mesmo mês, entrega do castelo da Feira. — Chancelaria de D. Fernando,
liv. 1.°, fls. 94 V., 114, 141 V., 192, 193, 195 V.; e liv. 3.", fls. 72 v., e 84. Conservou ate final
a alcaidaria do castelo de Lisboa, como consta desta carta: Antão V^isques, cavaleiro, seu
vassalo, doação da alcaidaria do castelo de Lisboa, com todos seus direitos e rendas, como
a tinha D. João Afonso, conde de Barcelos, salvo aquelas coisas que a ela pertenciam, de
que o dito Senhor fez mercê ao Concelho da cidade de Lisboa. Santarém, 28 de Agosto de
J483 (i385). — Liv. i.o de D. João 1, fl. io3.
(1) Aires de Sá, Frei Gonçalo Velho, tom. it, pág. 563, doe. 74^^. Na mesma colecção
encontraram-se três documentos anteriores a este, dois do próprio ano de i383, e um do
antecedente, os quais se referem todos ao almirante, mas não o nomeiam.
(2) Carta da referida data passada çm Rio Maior, nos paços que foram de Rui Garcia
do Casal, de doação a D. João Afonso Telo, conde de Barcelos, da terra de Santa Maria da
Feira, Cabanões, Ovar e terra de Cambra, doação ampliada a descendentes legítimos, pois
que já em sua vida possuia aquelas terras. Encontra-se registada a carta no livro 3.° da
Chancelaria de D. Fernando, fl. Sg v., com a data certa, e com ela errada no liv. 2.», fl. 99 v.
(3) Alguns dão-lhe o apelido de Meneses, D. Gonçalo Teles de Meneses, mas é certo
que com êle o não encontro em nenhum documento.
(4) Em 1372 por duas cartas, ambas de 22 de Outubro, foi feita doação a Gonçalo Teles
da terra e castelo de Neiva {Chancelaria de D. Fernando, liv, i.°, fl. 1 13 v.). Em i373, a 16
Meneses 1 1 1
destaca-se da perversidade do irmão e da irmã Leonor. Protestou energi-
camente contra a morte da irmã Maria, maquinada pelos dois e com os seus
homens de armas perseguiu o Infante assassino. Sendo alcaide mor de
Coimbra, recusou abrir as portas da cidade à Rainha sua irmã e a el Rei de
Castela, e pouco depois, em Maio de i384, declarou-se com a cidade pelo
Mestre de Avis, a quem serviu, capitaneando a armada do Porto e comba-
tendo nos cercos de Alenquer e Torres Vedras. Aqui, por desconfiança do
Mestre, foi preso em Janeiro de i385, e remetido para o castelo de Évora
onde permaneceu sob prisão até iSSy. Durante o cativeiro foi-lhe confiscada
a casa e alguns bens doados a diversos, como, por exemplo, a terra de Faria
doada, por carta dada no arraial de sobre Chaves, a i6 de Janeiro de 1424
(i386), em troca da terra de Lanhoso, a João Fernandes Pacheco, vassalo e
guarda mor de D. João I (i); e a própria terra de Neiva e Aguiar de Neiva
doadas no mesmo arraial, por carta de 24 do referido mês, a João Rodrigues
de Sá, vassalo e camareiro mor (2). É certo porem que, apesar dos rigores
havidos, não perdeu D. Gonçalo Teles o título de conde. Encontra-se efecti-
vamente uma carta passada em S. Pedro de Gastei (Agostem), a g de Janeiro
de 1424 (i386), pela qual D. João I confirmou a João Afonso a doação, que
em casamento lhe fizera o «Conde D. Gonçalo», do reguengo de Arcos em
terra de Faria (3). No ano porem de 1387 foi restituído à liberdade e à
graça dei Rei, que por carta dada nos paços do Curvai, em Castela, a 7 de
Julho de 1425 (1387), fez doação ao conde D. Gonçalo de todas as terras e
de Julho, é feita doação dos bens de João de Lobeira a dom Gonçalo Teles, conde de Neiva
e senhor de Faria (Ibid., fl. 12S).
Mais alguns documentos relativos a D. Gonçalo Teles, conde de Neiva, não apontados
no texto : Gonçalo Teles, nosso vassalo, por muito serviço, doação por juro de herdade do
julgado de' Faria, peia guisa por que o nós ora havemos, Quiaios, 18 de Novembro de 1409
( iSyi) ; doação da terra de Aguiar de Pena, em pagamento de sua contia, Leiria, 22 de Ou-
tubro de 1410(1372); doação da terra de Mirandela, do almoxarifado da Torre de Moncorvo
em pagamento de sua contia, na mesma data; doação do castelo de Leiria, Leiria, 12 de
Novembro de 14 10 (iSya). Ao conde D. Gonçalo, entrega dos castelos de Valença e Lapela,
Santarém, i de Julho de 141 3 (iSyS); doação da terra de Vermuim, em pagamento de sua
contia, na mesma data; doação de Vermuim, 9 de Setembro de 1414 (iSyõ). As freiras de
Vila do Conde tinham outorgado a jurisdição de Vila do Conde, Póvoa de Varzim, etc, a
D. João Afonso Telo, conde de Ourem, em sua vida; agora, depois da morte dele, fizeram
doação da referida jurisdição ao conde D. Gonçalo, e el Rei confirma-lha, em 12 de Agosto
de 1420 (i3S2). — Chancelaria de D. Fernando, liv. 1.°, íls. 84, 114, 114, ii5v., 171, 170V., iSBj
e liv. 2.», íi. 92 v.,
(i) Chancelaria de D. João /, liv. 1.°, fi. i5o.
(2) Archivo histórico portugue^, III, pág. 1 17, doe. uv.
(3) Chancelaria de D. João I, liv. 1.°, 11. i52 v.
1 1 2 Brasões
lugares que ele havia em tempo dei Rei D. Fernando, posto já íôssem dados
a algumas pessoas de juro e herdade, não embargando cartas nem alvarás
que sobre isso tivessem essas pessoas (i). Restituído à liberdade serviu o
Conde a el Rei no cerco de Melgaço, em i388; sobreveio porem depois novo
desacordo, visto que D. João I, em carta de 3i de Outubro de 1429 (iSgi),
declara ter confiscado ao Conde por desserviço as suas terras (2). Morreu
D. Gonçalo Teles a 28 de Junho de 1408 (3).
Havia ele casado, antes de 23 de Outubro de 1872 (4), com D. Maria
Afonso de Albuquerque, filha legitimada de D. João Afonso de Alburquerque,
o do Ataúde, aio e mordomo mor de D. Pedro I de Castela. Sobreviveu a
Condessa de Neiva muitos anos a seu marido, e ainda era viva em Outubro
de 1429(3).
Em atenção a este casamento, e para se distinguirem dos Meneses da
linha de Vila Rial, formaram os descendentes do Conde de Neiva o escudo
das suas armas, sobrepondo o escudete de oiro liso, armas antigas da família,
ao escudo dos Albuquerques. Ficou portanto o -.seu brasão constituído pela
seguinte forma: esquartelado: o I e IV das armas do reino com um filete
de negro sotopôsto em barra; o II e III de vermelho, cinco flores de lis de
oiro; sobre o todo, de oiro liso. Timbre: donzela nascente de encarnação,
vestida de oiro, segurando na dextra o escudete de oiro liso.
De D. Gonçalo Teles, conde de Neiva, provieram as casas dos senhores
e condes de Cantanhede (6 de Agosto de 1479), rnarqueses de Marialva (n
de Junho de 1661), hoje na casa de Lafões; dos senhores da Ponte da Barca
(
(i) Chancelaria de D. João /, liv. 2.", fi. 3.
(2) Carta de doação de Neiva, Aguiar de Neiva, Darque e outros lugares, que liavia o
conde D. Gonçalo, a D. Afonso, «meu filho que se ora cria em Leiria» (Liv. 2.0 de D. João I,
fl. 46). E mais claramente na carta de 8 de Novembro de 140 1 de confirmação ao mesmo
D. Afonso daquelas terras e doação doutras, diploma em que se lê: «Por quanto o conde
D. Gonçalo nos desserviu, segundo foi mostrado perante nós e julgado-por sentença, ele foi
privado das terras que havia dei rei D. Fernando, etc.» — Liv. y.<^> de Doações de D. João III.,
fl. 121, transcrita numa de confirmação.
(3) Memórias do Cartório de S. Vicçnte de Fora citadas por Gaspar Alvares de Lousada,
nos seus Sumários da Torre do Tombo, tom. 11, fl. 53 1 mihi.
(4) Por carta desta data foi legitimada Maria Afonso, filha que foi de D. João Afonso
de Albuquerque e mulher que agora é de Gonçalo Teles. — Chancelaria de D. Fernando,
liv. 1.°, fl. 106 V.
(5) Carta de 17 do referido mês na qual D. João I declara que «a condessa D. Maria
tinha de nós em sua vida as terras de Azurara e Fão, e ora pediu fizéssemos mercê das ditas
terras a D. Beatriz de Meneses, sua neta. nossa criada». El Rei anuiu e fez delas doação,
em sua vida, à dita D. Beatriz, que naquele mesmo ano casou com Aires Gomes da Silva,
-2.° senhor de Vagos.
Meneses 1 1 3
e morgados de Argemil, Freiria e Canidelo, hoje na casa de Vila Nova de
Souto dei Rei; dos senhores de Alconchel e Formoselha, marqueses de Cas-
tro Fuerte em Espanha; dos senhores do morgado de Ponte de Sôr, casa
da Flor da Murta; dos comendadores de Grândola, extintos; dos senhores
de Oliveira, extinta a varonia; dos condes da Ericeira (i de Março de 1622),
marqueses de Louriçal (22 de Abril de 1740), ultimamente no Conde de Lu-
miares.
Acima ficaram descritas as armas dos descendentes do Conde de Neiva (i);
posteriormente porem introduziram estes Meneses, no escudete sobreposto,
a sombra de um anel com um rubi encastoado; e substituíram, no II e III
quartel, o campo de vermelho por campo de azul, carregando-o somente de
três flores de lis. O acrescentamento do anel fundou-se na lenda referida,
que começou a derramar-se no século xvii; e a modificação nos dois quar-
téis foi para ostentar parentesco, que não existia, com a casa rial de F'rança.
Destas armas usaram sempre os Marqueses de Louriçal.
As últimas armas de que usaram os Marqueses de Marialva, chefes destes
Meneses, foram estas: esquartelado: o i das armas do reino; o II de ver-
melho, três flores de lis de oiro {Albuquerqiies modificado); o III de verme-
lho, castelo de oiro, o campo mantelado de prata com dois liôes afrontados
de púrpura, armados e Hnguados de vermelho, e bordadura de escaques de
oiro e veiros {Noronhas do Conde de Gijon) ; o IV de oiro, cinco estrelas de
vermelho (Coutinhos). Sobre o todo de oiro, um anel de vermelho com sua
pedra (Meneses). Coroa de marquês. Timbre: a donzela já descrita (2).
A explicação deste acrescentamento nas armas está no facto da casa de
Marialva ter perdido a varonia dos Meneses na 3.* marquesa, D. Joaquina
Maria Madalena da Conceição de Meneses, que casou em 17 12 com D. Diogo
de Noronha, filho segundo dos 3.°^ Marqueses de Angeja. Por esta forma
nas duas principais casas dos Meneses, a de Marialva e a de Vila Rial, veio
a varonia a ser substituida pela dos Noronhas. ,
Dos 3.°* Marqueses de Marialva foi filho primogénito D. Pedro de Alcân-
tara de Meneses Coutinho, 4.° marquês de Marialva e 6." conde de Canta-
(i) Advirto porem que nem todos os descendentes do Conde usaram daquelas arnnas,
sem diferença. D. Fernando de Meneses, 2." senhor de Cantanhede, mordomo mor da rainha
D. Isabel, trazia por armas o escudo partido: o I das quinas do reino sem a bordadura; o
II de vermelho, cinco flores de lis de oiro; e sobreposto um escudete de oiro liso. Assim
se puseram na sua sepultura em Vila do Conde.
(2) Assim se vêem pintadas em duas floreiras, que tenho, pertencentes ao grande ser-
viço de loiça da índia da casa de Marialva, o qual foi vendido em leilão depois da morte do
penúltimo Conde de Linhares.
VOL. I i5 ?
114 Brasões
nhede, o qual, casando com D. Eugenia Mascarenhas, filha dos 3.°^ Condes
de Óbidos, teve, alem doutros, os seguintes filhos:
i." — D. Diogo José Vito de Meneses Coutinho, 5.° marquês de Marialva,
pai do 6.° e último Marquês, falecido em i823, da Duquesa de Lafões, se-
nhora da casa por morte do irmão, da Marquesa de Loulé, mãe do i.° Du-
que, e da Marquesa de Louriçal, que faleceu viúva e sem filhos do último
Marquês.
2." — D. Manuel José de Noronha e Meneses, conde dos Arcos (carta de
21 de Março de 1769) pelo seu casamento com a 7.* condessa, D. Juliana
Xavier de Noronha. E este o tristemente célebre Conde dos Arcos, que
morreu em 1779 em Salvaterra numa toirada, facto que Rebelo da Silva com
a sua pena de oiro imortalizou. Foi bisavô do último Conde dos Arcos fa-
lecido em 1892, e do finado Conde de Vila Nova da Cerveira, e terceiro avô
da 7.* Condessa de S. Miguel, morta em 9 de Dezembro de 1898 sem deixar
filhos, e da Viscondessa de Trancoso, já antes falecida, em 1874, deixando
filhos nos quais está a representação das casas dos Arcos e S. Miguel.
3." — D. António Luís de Meneses, marquês de Tancos (carta de 14 de
Abril de 1793) por ser casado com a 3.* marquesa, D. Domingas Manuel de
Noronha, 9.'^ condessa da Atalaia. Seu filho mais velho foi o último Mar-
quês de Tancos (1), pai do último Conde da Atalaia, e avô de D. Duarte Ma-
nuel de Noronha, representante da casa. Um dos filhos segundos dos 3.°*
Marqueses de Tancos foi o i.° Marquês de Viana (2), pai do 2.° e último
Marquês, falecido em 1890 e ainda bem lembrado pelas suas faustuosas fes-
tas no palácio do Rato, que por compra passou ao Marquês da Praia e Mon-
forte. Outro dos filhos segundos foi o i.° Conde de Seia (despacho de i3
de Maio de 1820), também possuidor de avultada fortuna e de um palácio
nas pToximidades do largo do Rato, na rua da Escola Politécnica, esquina da
rua do Arco. Do i.° Conde de Seia foi filho o 2." e último Conde, o qual,
apesar de ter nascido bem rico, morreu pobríssimo, ainda no século xix, me
parece. Nestes ramos segundos da casa da Atalaia os apelidos eram Ma-
nuel de Meneses, ao passo que na linha primogénita se conservavam os de
Manuel de Noronha; as armas porem de todos eles eram as mesmas, as dos
Manueis.
4." — D. Rodrigo José António de Meneses, i.° conde de Cavaleiros por
(i) Desde 1899 para cá houve mais dois Marqueses de Tancos, o 5." e o 6.°, um já f«-
lecido, D. Duarte Manuel de Noronha, que, sendo miguelista, reconheceu a monarquia cons-
titucional, e seu filho, que vive no estrangeiro
(2) Conde de^Viana, por carta de i3 de Maio da 1810, marquês, carta de 3 de Julho de
1^21.
Meneses ^ ^ ^
carta de 29 de Novembro de 1802. " Havia casado com D. Maria José Fer-
reira de Eça, senhora da casa de Cavaleiros, que morreu em 1796, e era
filha única de Gregório Ferreira de Eça, ii.*^ senhor da referida casa, e de
sua segunda mulher D. Isabel de Bourbon. Houve mais dois Condes de Ca-
valeiros: o 2.% filho do i.% e o 3.^ sobrinho do 2.% filho de um seu irmao.
Esta casa também deu um Conde à da Lousa, sem descendência porém, bem
como a não tiveram nem o 2.», nem o 3.° Conde de Cavaleiros, falecido em
1881. . . .^ j • •
Gregório Ferreira de Eça, acima nomeado, havia sido casado em primei-
ras núpcias com a condessa Luisa Gera, dama camarista da rainha D. Mana
Ana de Áustria, e em virtude deste casamento teve ele mercê, por alvará
de 3o de Janeiro de 1741, do tratamento de senhoria (i). O apelido da Con-
dessa encontra-se geralmente aportuguesado em Guerra, e assim foi escrito
na sua sepultura, na igreja da Misericórdia de Óbidos, no pavimento, em
frente do altar mor e logo abaixo do degrau do cruzeiro. Sobre a lapida
está gravada esta inscrição, copiada por mim em 19 de Agosto de 1894:
Aqvi Despojada da vida ao Fai-
al GOLPE da morte DeSCANCA O
CORPO DA IlS."-^ CoND.* D. Lu
izA Guerra Damma Cammr.^*
Da r.* n. snr.'^ d. marlvnna
De Austrl\. Em 28 De Abril
De 1748.
Pela parte de cima do epitáfio vê-se o brasão da Condessa gravado pela
seguinte maneira: escudo carregado de uma cruz acompanhada, no I e IV
cantão, de um forcado espetado num pequeno cabeço, e no II e III, de uma
armação de veado. Sobre o escudo dois elmos coroados, tendo no de dextra
por timbre o móvel do I cantão entre duas azas, e no de sinistra um busto
de mulher, segurando na cabeça uma torre sobrepujada de uma armação de
veado (2). ' . - . • - 1
Na matriz de Cantanhede, na capela do Santíssimo, estão dois túmulos
de pedra lavrada, e debaixo de um deles escreveram: Esta sepultura he de
D João de Meneses Sottomayor e de D. Margarida da Silva sua m.''' a
qualfalleceu a 27 dias de Novembro de 1546. Junto à mesma vila, na ca-
(i) Gaveta de Lisboa de q de Fevereiro de 1741. '
(2) São quási as armas dos Barões de Gera, austríacos, como se pode verificar no Ar-
moriai general de Rietstap, vol. n, pág. 761.
1 1 6 ' Brasões
pela de Nossa Senhora da Misericórdia da quinta da Varizela, puseram sobre
uma sepultura este epitáfio: Aqui ja\ D. Jorge de Meneses, Senhor da Villa
de Cantanhede, falleceti em a sua ínlla de Tancos ao primeiro dia de Março
de i532 a. (i).
Da casa de Marialva foi ramo ilustre a dos Condes da Ericeira, Marque-
ses de Louriçal.
O i.° conde da Ericeira foi D. Diogo de Meneses por carta de i de
Março de 1622. Era mordomo e gentil-homem da boca de- Felipe IV, que
por lhe ser afeiçoado, e pelos seus serviços lhe deu a grandeza. A D. Diogo
sucedeu seu sobrinho D. Fernando de Meneses, 2.° conde da Ericeira (carta
de 1 1 de Abril de 1646), governador e capitão general de Tânger, de que
escreveu a história. Teve uma única filha, D. Joana de Meneses, que casou
com seu tio D. Luís de Meneses, 3.° conde da Ericeira (carta de 26 de setem-
bro de 1669), o do Portugal restaurado, vedor da fazenda de D. Pedro II
e seu bem conceituado ministro. Deste foi filho o 4.° conde, D. Francisco
Xavier de Meneses, o poeta da Henriqueida, e neto o 5.° conde, D. Luís de
Meneses, duas vezes vice rei da índia, e i." marquês de Louriçal por carta
de 22 de Abril de 1740. Foi pai do 2.° e do 3." Marquês de Louriçal, e avô
do 4.° e último, que morreu a 3 de Junho de 1844, passando os morgados da
casa para seu parente o 4.° conde de Lumiares, José Manuel da Cunha Faro
e Meneses, avô do 7." e último falecido a 9 de Dezembro de 1908.
Alguns fidalgos da casa de Louriçal foram sepultados na capela mor da
matriz de Santiago da mesma vila. Transcreverei os seus epitáfios, segundo
informação do meu- falecido amigo Aníbal Fernandes Tomás, enviada da Fi-
gueira da Foz em carta de 12 de Agosto de 1903. No cruzeiro, do lado da
epístola: Aqvi ia^ Dom Diogo de Meneses em / deposito ate se lhe fa\er esta
capela / falec£o a 7 dagosto era de i55g. / Da mesma banda Jaz sua mulher:
S. de Dona Violante de Castro inolher de D. Diogo de Meneses f. a 3o (?)
de maio era de j5y8 {2). No mesmo cruzeiro, do lado do evangelho: S. de
Dona Isabel de Castro em deposito. Na capela. mor do lado da epístola:
S. de Dona Isabel de Castro Jilha de D. Diogo de Meneses e de D. Violante
de Castro f. a 10 de abril na era de iSjj em deposito (3). Do lado do
evangelho: S. de D. Francisco de Meneses f.° de D. Diogo de Meneses e de
(i) P. Luís Montês Matoso, Memorias Sepulchraes, fls. 107 v. e 108.
(2) Nas Memorias Sepulchraes, do P. Luís Montês Matoso, fl. 114, encontra-se esta ins-
crição com alguma variedade : . . . Faleceu em Lisboa era de iSyS, em vez do que está na
texto.
(3) Variante nes^e epitáfio : . . . Falleceu em Lisboa em Abril na era de iSjg ...
Meneses 1 1 7
D. Violante de Castro . . . f. a ... de fevereiro de j5y5 (i). Nestas inscri-
ções, ao meio delas, estão esculpidos brasões dos Meneses, numas, e noutras,
dos Castros de seis arruelas.
Aquela D. Isabel de Castro, nora de D. Diogo de Meneses, enterrada na
igreja do Louriçal, era filha de Álvaro Peres de Andrada, senhor do mor-
gado da Anunciada, o qual lá mais adiante nomearei, por ter sido chefe da
distinta família daqueles Andradas, de cujos dotes literários, bem como da
casa, foram herdeiros os Condes da Ericeira.
IV
CASAS DE VILA RIAL E TAROUCA
D. João Afonso Telo, filho segundo de D. Afonso Martins Télo, como se
referiu na pág. 108, foi grande valido de D. Pedro I e D. Fernando. D. Pe-
dro, de quem foi alferes mor, fê-lo conde, solenizando este acto com festas,
que ficaram famosas^ e dando-lhe em seguida o senhorio de Barcelos por
carta de 10 de Outubro de iSôy (2). D. Fernando, em cujos diplomas ele é
intitulado fiel conselheiro, acrescentou-lhe muito os bens (3) e criou-o conde
(i) Variante neste epitáfio : ... de Castro. Doutor em Theologia. Falleceu em Lisboa de
32 annos em . . .
(2) Chancelaria de D. Pedro I, liv. i.", fl. i5.
(3) Lançarei aqui a indicação de vários diplomas relativos a D. João Afonso Telo, altm
dos apontados no texto : ao conde D. João Afonso, doação da lezíria do Galego no almoxa-
rifado de Santarém, i de Agosto da era de 1405 (iSõy); a D. João Afonso, conde de Barce-
los, doação de Torres Novas e seu termo, em Santarém a 25 de Janeiro de 1408 (iSyo); a
D. João Afonso Telo, conde de Barcelos, nosso vassalo 'e nosso mui fiel conselheiro, doação
da jurisdição da honra de Britiande, em Coimbra a 5 de Julho de 1403 (iSóy); doação do
padroado de S. Lourenço do Bairro, para si e sucessores, em Santarém a 12 de Junho de
1406 (i36S); doação para si e sucessores da terra de Paos, em terra de Nóbrega, em Lisboa
a 5 de Outubro de 1406 (i368); doação para si e sucessores do quinhão rial e direitos da
aldeia de Ois ásx Ribeira, Requeixo, etc, em Coimbra a 22 de Setembro de 1407 (1369) ; nova
doação da lezíria do Galego, agora para si e sucessores, em Lisboa a 17 de Julho de 1409
(1371); doação da vila de Peral, para si e sucessores, em Lisboa a 17 de Julho de 1409(1371);
doação da vila do Cadaval, para sie sucessores, em Tentúgal a i de Dezembro de 1409 (1371);
doação pelos seus muitos serviços a el Rei, a seu pai, e à casa de Portugal, da vila de Ançã
para si e sucessores, em Tentúgal a i3 de Dezembro de 1409 (1371); a D. João Afonso Telo»
conde de Barcelos, nosso vassalo, doação do julgado de Freitas, terra de Guminhães, etc*
em Braga a i5 de Agosto de 1410 (1372). — Chancelaria de D. Fernando, liv. i.<», fls. i5 v.
5o V., 14 v., 28, 33, 46, 70, 76, 89, 88 v., 1 10 v.
Ainda apontarei mais estes dois : ao concelho e moradores de Barcelos, a rogo de D. João
Afonso Telo, conde da dita vila, dá-lhes por termo os julgados de Penafiel de Bastos (Bas-
1 1 8 Brasões
de Ourem, título com que se encontra em um documento de 25 de Dezembro
de iSyi (i) e em alguns outros. Por carta de 5 de Janeiro do ano prece-
dente tinha-lhe el Rei, na verdade, feito doação da vila de Ourém, mas fora
em pagamento de sua contia e não pelo ter feito conde (2).
Morreu o Conde de Ourem e Barcelos pelo Natal de i38i, segundo
afirma Fernão Lopes (3), e assim deverá ter sido, porque a 27 de Janeiro
de 1882 Já o sobrinho do mesmo nome era conde de Barcelos, como acima
ficou dito. Deixow viúva a D. Guiomar Lopes, que ainda vivia em Agosto
de 1404 (4). A Condessa era filha de Lopo Fernandes Pacheco, senhor de
Ferreira, e de sua mulher D. Maria de Vilalobos (5), filha do rico homem
D. Rui Gil de Vilalobos.
Os Condes de Ourem foram sepultados na capela mor da igreja da Graça
de Santarém, e no meio do pavimento está uma lápida com este letreiro:
tuço) e o couto de BoigeSo, em Coimbra a 5 de Fevereiro de 1410 (1372); aos moradores
de Vila do Conde, lugar do conde D. João Afonso, nosso vassalo e nosso fiel conselheiro,
e a sua petição, isenção da portagem, costumagem e passagem de nenhumas mercadorias
suas 'que eles levarem ou trouxerem, em Coimbra, na mesma data. — Ibid., fl. 94.
(i) Carta de doação da quinta de Vilarinho apar de Coimbra. — Chancelaria deD.Fer-
nandoy liv. i.° fl. i55.
(2) Chancelaria de D. Fernando, liv. i.", fl. 52.
(3) Chronica de D. Fernando, cap. 134.
{4) Por carta de 22 de Agosto de [442 (1404) foi dada quitação à condessa D. Guiomar
do resto do preço da quinta da Palma comprada por seu rtiarido em tempo de D. Fernando.
— Chancelaria de D. João I, liv. 5 °, fl. 38 v.
(5) Estão sepultados os dois cônjuges na capela de S. Cosme c Damião da Sé de Lisboa,
em dois sarcófagos encostados às paredes laterais, com as suas figuras jacentes sobre as
tampas. Na parede superior ao túmulo de Lopo Fernandes, numa lápida nela embutida,
lê-se este epitáfio : Aqi: ia^: Lopo: Fernâde\: Pacheco: senhor: de/Fereira: e: moordomo:
moor : do: ifant: do I ni: Pedro: e: chãceler: da: rainha: dona: Bcatr/i^: o qval\: foi:
inercee : e: feitvra: delrei: dom: Afo/nso: o qrto : e: foi: cõ el: na: lide: q: outie : có :
elrei d/e: Graada: hu: este: rei : foi : fa-^er : aivda: a: elrei:/dom: Afõso: de: Castela:
qndo: elrei: de: Banama/hn: tapa: sobre: Tarifa: na: era: de: mil: e: ccc: e:/lxx:
e: viii: anos: ao: ql : Lopo: Fernãde:^ : foi : enjAuinhon: dada: cõ : grade: hõra: pio:
papa: Be /nedito: hiía: rosa: douro: que: ele: con: grade : j honra : pos : en: esta: see :
tanto: q: dalo: chego ju: oqval:foi: casado: con: dona : Maria : filha j de : dom: Rui:
Gil: de: Vila: Lobos: e: de: don / a : Tareiia: Sanche^: q: foi: filha: delrei: I dom:
Sancho: de Castela: e foi: en: terra j do: en: este: moiimento: xx : e: dous : dias: /de:
dejenbro : da : era : de : mil : ccc : e : Ixxx : j e: sete : anos : — Júlio de Castilho, Lisboa an-
tiga, p. II, tom. Ill, pág. 237.
Na face do túmulo de Lopo Fernandes vê-se o escudo dos Pachecos : duas caldeiras
veiradas de três tiras, as azas garguladas de uma cabeça de serpe em cada reigada. Na face
do túmulo fronteiro esculpiram o brasão de D. Maria, o escudo dos Vilalobos, dois lobos
passantes sotopostos.
Meneses 1 1 9
Aqui iai ho mJ° nobre e vertuoso snor dom ioham afonso tello de meneses
conde dourem e a muito nobre e vertuosa senõra condesa dona guimar de
vilalobos bisneta delrei dõ sacho de castelã sua molher os quaes edificarão
e dotarão este moesteiro. As armas do Conde são um escudo liso (Meneses);
as da Condessa um escudo partido: no I as do marido; no II esquartelado
de dois lobos passantes sotopostos (Vilalobos), e de duas caldeiras em pala
(Pachecos).
O epitáfio acima transcrito é o lá existente hoje e por mim copiado na
dia 16 de Janeiro de i885; outro porém veio este substituir na segunda me-
tade do século XVII. O mais antigo estava sobre a campa, um tanto levan-
tada do chão, no meio da dita capela e dizia isto: Aqui ja^ o muito nobre,
e virtuoso BarÕ D. João Afonso Tello de Meneses, Conde de Ourem, que por
seus grandes merecimetos foi o mais 'pre\ado, e honrado vassalo, que o mui
claro, e excellente Rei D. Afonso de Portugal o IV. teue, o qual da mui no-
bre, e virtuosa Condesa D. Guiomar de Villalobos, bisneta dei Rei D. Sancho
de Castella sua mulher, que aqui nesta presente sepultura está sepultada,
ouue dousjilhos, que. em sua vida por seus merecimentos for ão feitos Condes;
o primeiro ouue por nome D. loão Afonso Tello de Meneses, que foi Conde
de Viana; e o outt^o chamado D. Afonso, que foi Conde de Barcellos; e Ima
jilha, chamada D. Leonor, casada com D. Pedro de Castro, primogénito de
D. Aluaro Pire:{ de Castro, o qual D. Pedro ouue da ditta D. Leonor Jilhos
mui nobres, e honrados, entre os quaes foi a muito l^onrada, e pre'^ada
D. Guiomar de Castro, Côdessa d'Attougia, que por ser neta lidima do ditto
Conde, e Condessa, e por herdar, e merecer sua benção os mandou honra-
damente sepultar (i). A Condessa da Atouguia, na inscrição nomeada, fa-
leceu em 1473.
Na mesma página do livro citado ainda se encontra outra inscrição, a da
fundação do convento: Este mosteiro mandou fa:[er o Conde de Ourem
D. loão Afôso, e a Condessa D. Guiomar sua mulher, e foi posta em el a
primeira pedra segunda feira 16. dias do mes de Abril da E. 1418. E o
ano de Cristo de i38o.
Apesar de no epitáfio antigo e no Nobiliário do Conde D. Pedro (2) se
^ornearem por outra ordem, eu entendo que os filhos dos Condes de Ourem
se devem assentar assim: D. Afonso Telo de Meneses, D. João Afonso Telo,
(i) George Cardoso, Agiotogio lusitano, tom. i, pág. lyS. Neste livro, escrito e impresso
•m i65i e i652, aparece ainda este epitáfio antigo, ao passo que na Historia de Santarém
edificada do P.c Inácio da Piedade e Vasconcelos, escrita «m 1737 e impressa em 1740, já só
se encontra o epitáfio moderno, na pág. i33 do tom. i.
(2) Portugaliae monumenta histórica. Scriptores, pág. 363.
120 Brasões
D. Leonor de Meneses e talvez um D. Telo mencionado apenas no cit. No-
biliário e sem referência em nenhum documento meu conhecido, não se de-
vendo todavia hgar fé a uma suposta descendência que alguns genealogistas
lhe dão.
De D. João Afonso Telo, conde de Barcelos e de Ourém, provieram os
Condes de Vila Rial (1424), os quais, com a varonia de Noronha, receberam
os títulos de marquês (1489), e duque da mesma vila (i385), o de duque de
Caminha (1620), e os de conde de Alcoutim (1496), e de Valença (1499); ^^
Condes de Viana (iSyS e 1460); o de Valença (1464) e Loulé (1471); os Al-
caides mores de Castelo Branco; os Marqueses de Valada (i8i3)(i), condes
de Caparica (1793); a varonia dos Marqueses de Olhão (1808), condes de
Castro Marim (1802); os Condes de Tarouca (1499), os quais, com a varonia
de Silva, receberam o título de marquês de Penalva (1750); os Senhores de
Aveiras, Condes da mesma vila com a varonia de Silva (1640), e Marqueses
de Vagos, com a de Câmara (1802); os Alcaides mores de Proença; os Al-
feres mores do reino, etc.
D. Afonso Telo de Meneses, filho do Conde de Ourem, foi feito conde
de Barcelos, em vida de seu pai, por carta de 20 de Março de 1872 (2), ao
passo que seu irmão, D. João Afonso Telo, só posteriormente foi criado
conde de Viana, como logo veremos, e por isso, com bom fundamento, julgo,
o suponho filho segundo. No mesmo dia em que lhe foi dado o condado,
fez D. Fernando doação a D. Afonso Telo das terras e julgados de Refoios,
Santo Tirso, Aguiar de Sousa, Lousada, Felgueiras, Vila Boa, Roças, Vieira,
Lanhoso, Entre Homem e Cávado, e Regalados (3).
Dá-se todavia um facto digno de nota com o título de conde de Barcelos
concedido a D. Afonso. O pai, desde 1371 pelo menos, era também conde
de Ourém, mas encontro-o ainda com o título de conde de Barcelos em do-
cumentos posteriores à investidura do filho neste condado. Há mais ainda:
pai e filho foram condes de Barcelos conjuntamente. Nos tempos modernos
não causaria este facto estranheza nenhuma, mas naquelas eras é singular.
Consta terem eles sido simultaneamente condes de Barcelos de duas cartas
passadas em Braga, no mesmo dia, i5 de Agosto de 1410 (1372), uma de
doação do julgado de Freitas e terra de Guminhães a D. João Afonso Telo,
(i) As armas dos Marqueses de Valada eram: escudo partido: o I dos Meneses de Ta-
rouca; o II dos Castros de treze arruelas, tomadas estas pelo morgado de Évora, dos Condes
úe Basto, seus ascendentes.
(2) Chancelaria de D. Fernando, liv. 2,°, fl. 28.
(3) Ibidem, fl. 28 v.
Meneses 121
conde de Barcelos, vassalo dei Rei; a outra, de Gondomar a D. Afonso,
conde de Barcelos (i).
E pois singular este caso, que só pode ter explicação na menoridade do
filho, por isso que então o título de conde não era somente honorífico, mas
abrangia o senhorio da terra e a mesma não podia ter dois senhores.
Nunca mais sucedeu facto análogo no período decorrido até à ocupação
dos Felipes, a não ser nos anos de i53o a i534 nos quais existiram simulta-
neamente duas condessas proprietárias de Loulé*: a infanta D. Guiomar Cou-
tinho, e sua mãe D. Beatriz de Meneses; mas esta havia anuído a ser o con-
dado confirmado a sua filha. Muito depois, nos anos de iSgo a 1602, é que
houve dois Condes de Portalegre, pai e filho, advertindo que este sucedera
a sua já falecida mãe, que era a proprietária do condado.
D. Afonso Telo de Meneses, o 5.° conde de Barcelos na ordem cronoló-
gica, faleceu em vida de seu pai a quem regressou o condado.
D. João Afonso Telo, segundo filho do Conde de Ourem, já era certa-
mente conde de Viana do Alentejo em 10 de Abril de 1376(2), ainda em
vida de seu pai, e talvez antes de Março de 1373 (3). Em i382 sucedeu em
parte da casa paterna (4), mas não nos condados de Barcelos e Ourem, da-
dos, respectivamente, ao almirante D. João Afonso Telo e ao valido João
Fernandes Andeiro. Casou o Conde de Viana com D. Maior de Portocar-
reiro, filha de João Rodrigues de Portocarreiro, senhor de Vilarinho da Cas-
tanheira e, segundo dizem, de Vila Rial. Morreu o Conde em princípios
de i384, na sua vila de Penela, assassinado pelos seus vassalos por seguir
o partido de Castela (5). Não sei onde fosse sepultado, nem tenho a certeza
de que armas usou, mas inclino-me a supor que já tivesse adoptado as abaixo
descritas.
(i) Estão registadas ambas as cartas na fl. no v. do liv. i.° da Chancelaria de D. Fer-
nando.
(2) Carta dessa data de mercê da alcaidaria de Beja em pagamento de sua contia. —
Chancelaria de D. Fernando, liv. i."> fl. 192.
(3) Fernão Lopes, Chronica de D, Fernando, cap. 82.
(4) Carta de i5 de Julho de 1420 (i382) de doação ao Conde de Viana, filho do Conde
de Ourem, ora falecido, do senhorio da honra de Canaveses e Britiande, para o qual fora
escolhido pelos habitantes. — Chancelaria de D. Fernando, liv. 2.", fl. qS.
Relativos ao Conde de Viana ainda encontro mais estes documentos : D. João, conde
de Viana, mercê dos direitos riais da vila da Lousã, em prestamo, 17 de Fevereiro de 1415
(1377); Conde de Viana, alcaide de Beja, mercê dos direitos riais da alcaidaria da dita vila,
em preço de trezentas e cinquenta libras que tem em tença, 14 de Janeiro de 1419 (i38i).
— Chancelaria de D. Fernando, liv. 1.°, fl. 200, e liv. 2,", fl. 74 v.
(5) Fernão Lopes, Chronica de João I, II, 5o.
V©L. I 16
122
Brasões
Do Conde de Viana foi sucessor seu filho D. Pedro de Meneses, i.° conde
de Vila Rial e 2.° de Viana. Está este assim mesmo sepultado na Graça
de Santarém em sumptuoso mausoléu, com duas figuras de vulto deitadas
sobre ele, e muitos ornatos, e brasões. Deste túmulo consta que as armas
do 1.° Conde de Vila Rial foram: cortado de um
traço, partido de dois, o que faz seis quartéis: o I,
III e V [de oiro], dois lobos passantes sotopostos
[de púrpura] (Vilalobos); o II, IV e VI [de oiro],
quatro palas [de vermelho] (Lima); e sobre o todo
de [oiro] liso (Meneses). Timbre: cabeça de cervo
esfolada, com sua pele, formando esta uma sorte
de paquife. Tudo melhor se verá no desenho aqui
reproduzido o qual, em i de Julho de 1899,
me remeteu de Santarém o meu desditoso
amigo Alfredo Casimiro de Almeida
Ferreira, distinto oficial do exército,
levado pela morte na força da vida.
A divisa repetida em várias partes
do mausoléu era o famoso ALEO.
Inclino-me, como acima disse, a
que estas armas já tivessem sido ordenadas pelo i.° Conde de Viana, de
quem o filho as derivou; e agora irei dar as minhas razoes.
O novo brasão foi adoptado por estes Meneses, evidentemente, para se
distinguirem dos outros Meneses de Cantanhede. Para o formarem foram
buscar as armas das casas com que mais proximamente se haviam aliado.
A mãe do Conde de Viana era Vilalobos, a avó Valadares, a bisavó Lima.
A mãe do Conde de Vila Rial era Portocarreiro, a avó Vilalobos, a bisavó
Valadares, e a terceira avó Lima. Fosse qual fosse dos dois Condes, que
houvesse adoptado as armas, é certo terem ambos desprezado as de Vala-
dares por menos notáveis; mas também parece certo, que, se tivesse sido o
Conde de Vila Rial quem formou o escudo, não precisaria pôr de parte as
armas de sua mãe, senhora de apelido ilustre, Portocarreiro, para ir lá tam
atrás escolher as da sua terceira avó. E esta exclusão ainda mais injustifi-
cada seria no Conde de Vila Rial, por ser éle neto materno de João Rodri-
gues Portocarreiro, que havia sido senhor daquela vila (i).
(i) Em muitas memórias encontro João Rodrigues Portocarreiro intitulado senhor de
Vila Rial ou de Panoias, em cujo distrito se continha aquela vila; mas a verdade é que ena
documentos nenhuma referencia a tal senhorio me aparece. D. Fernando fez doação, por
jur de herdade, a João Rodrigues Portocarrôiro, seu vassalo, por serviço que lhe fizera, em
Meneses 1 23
O I ." Conde de Vila Rial teve um filho bastardo, D. Duarte de Meneses,
3." conde de Viana, como geralmente é designado, mas na verdade i.° conde
de Viana do Minho, na sua geração, pois que os outros dois o foram de
Viana do Alentejo. De D. Duarte vieram os Condes de Tarouca e outros;
c tanto este conde D. Duarte, como todos os Meneses dêle descendentes,
usaram das mesmas armas do conde D. Pedro de Vila Rial, e por isso a este
escudo se chama ordinariamente o dos Meneses de Tarouca.
Teve porem o Conde de Vila Rial uma filha legítima; D. Beatriz de Me-
neses se chamou e foi mulher de D. Fernando de Noronha, 2.' conde de Vila
Rial. Desde este casamento, os sucessores, chefes da casa, Condes e Mar-
queses de Vila Rial, sobrepuseram o escudo das armas do i.° Conde ao dos
Noronhas, ficando assim constituído o brasão: esquartelado: o I e IV das
armas do reino, com um filete de negro sobreposto em barra, o qual ger-al-
mente esquecia; o II e III de vermelho, castelo de oiro, o campo mantelado
de prata com dois liões batalhantes de púrpura, armados e linguados de ver-
melho (Noronha). Sobre o todo, escudete partido de um traço cortado de
dois, o que faz seis quartéis: o I de azul, estoque de prata, empunhado de
oiro, posto em pala; o II, IV e VI de oiro, quatro palas de vermelho (Lima);
o III e V de oiro, dois lobos passantes sotopostos de púrpura (Vilalobos).
Sobre o todo do todo, de oiro liso (Meneses) (i). Advertirei que o estoque
guarda e defensão dalguns lugares do reino, em que o mandara estar por fronteiro, da vila
e castelo de S. Felizes dos Galegos, com toda a jurisdição, pela guisa que os havia D. João
Afonso de Albuquerque com D. Isabel sua mulher, etc. Golegã, i5 de Maio de 1408 (1370).
Também por jur de herdade lhe deu: no Porto, em 20 de Janeiro de 1410 (1372), a vila de
Vilarinho da Castanheira; na Lourinhã, a 17 de Novembro de 1413 (i375), para êle e her-
deiros, as terras de Ferreiros e Tendais {Chancelaria de D. Fernando, liv. 1.°, fls. 61, 92 v. e
i8á v.); alem de muitas outras terras dadas em pagamento de suas contias; mas, nem por
doação hereditária, vitalícia ou temporária, me consta ter-lhe feito mercê de Vila Rial.
(i) As armas do Marquês de Vila Rial_encontrcim-se pintadas no Livro do Armeiro mor,
fl. 46, e no Livro da Torre do Tombo, fl. 9. Descrevêl-as-hei como vêem no segundo, e entre
parêntesis darei as variantes do primeiro.
Escudo pendido e esquartelado: o I e IV de prata, cinco escudetes de azul postos em
cruz, carregados cada um de cinco besantes do campo, bordadura de vermelho carregada
de oito (doze) castelos de três torres de oiro, diferençado (não tem diferença) por um filete
de negro em banda; o II e III de vermelho, castelo de três torres de oiro, o campo mante-
lado de prata com dois liões batalhantes de púrpura, armados e linguados de vermelho (da
mesma púrpura), bordadura de escaques de oiro e veiros de dezoito (vinte) peças. Sobre
o todo : escudete partido de dois e cortado de um traço, que faz seis quartéis : o I de azul,
estoque de prata, empunhado de oiro (gotado de sangue), posto em pala; o II, IV e VI de
oiro, quatro palas de vermelho; o III e V de oiro liso (de oiro, dois lobos passantes de púr-
pura). Sobre o todo do todo : escudete de oiro liso. Elmo de oiro (guarnecido de pedraria
€ de esmalte verde), aberto, de três quartos, forrado de vermelho. Coroa de oito (vinte) flo-
124 Brasões
era privativo unicamente do senhor da casa, na qualidade de capitão here-
ditário de Ceuta; e mais advertirei ainda que só aquele e o seu imediato
sucessor se apelidavam de Meneses, usando todos os mais membros da fa-
mília do apelido e armas de Noronha. Assim o fizeram os Condes de Li-
nhares, antigos; e, se os Condes de Valadares, apesar de trazerem o apelido
de Noronha, adoptaram as armas do chefe da casa de Vila Rial, sem o es-
toque todavia, foi para afirmarem o direito que se arrogavam de sucessores
dela.
Recapitulando temos: primeiras armas, escudo liso dos Meneses; segun-
das armas, Meneses, Vilalobos e Limas; terceiras armas, Meneses, Vilalobos,
Limas e Noronhas; quartas armas, as terceiras, tendo no I quartel um es-
toque.— Das primeiras usaram todos os Meneses antigos, e nesta linha so-
mente o seu progenitor, o í." Conde de Ourem; das segundas usaram o
i." Conde de Viana, o i.° Conde de Vila Rial, o conde D. Duarte,' e por
este todos o^ Meneses chamados de Tarouca; das terceiras usaram os Me-
neses descendentes do 2.° Conde de Vila Rial e os Noronhas da casa de
Valadares e seus ramos, e não usaram delas os Noronhas, Condes de Li-
nhares, apesar de virem do mesmo tronco; e das quartas só usaram pessoal-
mente os Marqueses de Vila Rial, o Duque da mesma vila, e o i.° Duque
de Caminha.
D. Leonor de Meneses, filha dos 1.°^ Condes de Ourem, acima nomeada,
casou com D. Pedro de Castro, senhor do Cadaval, e foi sepultada na igreja
da Graça de Santarém, na capela do lado do evangelho, no cruzeiro da
mesma igreja. Metida na parede debaixo de um arco, e também do lado
do evangelho, está uma sepultura de mármore preto, e no vão do arco por
rões (pequenos). • Paquife de prata, forrado de azul. Virol de prata e azul (não tem virol).
Timbre: Hão nascente de púrpura, armado e linguado de vermelho (não tem timbre).
Posteriormente houve um curioso atrevido que lançou sobre o I e IV quartéis do es-
cudo outro filete de negro em barra.
Nos dois citados livros, na fl. 48 de um e na 9 v. do outro, estão as armas do Conde de
Valença, mas não são elas as do primogénito do Marquês de Vila Rial, ainda que já desde
1499 andasse aquele condado na sua casa ; mas sim as de D. Henrique de Meneses, que havia
sido conde de Valença por carta de 20 de Julho de 1464, e conde de Loulé, em 12 de No-
vembro de 1471. São elas: escudo pendido, cortado de um traço, partido de dois, que faz
seis quartéis: o I, III e V de oirOj dois lobos passantes de púrpura, armados de vermelho
(de púrpura), e linguados do mesmo; o II, IV e VI de oiro, quatro palas de vermelho. Elmo
de prata (de oiro), guarnecido de oiro (de esmaltes vermelhos e verdes), aberto (cerrado),
posto de três quartos, forrado de azul. Paquife de oiro, forrado de vermelho. Virol de oiro
e vermelho (não tem virol). Timbre : um dos lobos (não tem timbre). Correia de azul (per-
filada de oiro).
Meneses i25
cima dela este letreiro: Aqui ja\ dona Honor de meneses Jilha de dom Joham /
afonso tello de meneses conde dourem e da condesa / dona guiomar que edi-
ficara este moesteiro a quall foe / molher de dô pedro de castro Ji lho de dõ
alv^ perei de castro cõde / de rrayollos prim^° côde st abre de portugal e
ouve dela estes /filhos dÔ iohã e dô fernãdo e dona isabel e dona guiomar /
esta senhora dona guiomar majidou fa:{er esta sepultura a sua madre.
Na parede por cima do arco tem um escudo partido: o I com seis arrue-
las (Castros); o II liso (Meneses).
A senhora D. Guiomar, que mandou fazer a sepultura, é a mesma
D. Guiomar de Castro, condessa da Atouguia, acima nomeada.
Do Conde de Viana foi sucessor, como já declarei, seu filho D. Pedro de
Meneses. E o famoso conde D. Pedro, i.° capitão de Ceuta, de quem Azu-
rara escreveu a Chronica.
Após o assassínio de seu pai, em princípios de 1884, parece ter D. Pedro
de Meneses passado com sua mãe para Castela, onde D. João I o fizera
conde de Ilhó, título nunca reconhecido em Portugal (i). Tornou para a
pátria chamado por D. João I e já cá se encontrava em 1407 (2). Serviu,
como alferes do infante D. Duarte, na expedição de Ceuta e lá ficou, na
recêm-conquistada cidade africana, encarregado, na qualidade de capitão e
governador, de a guardar e defender. Em Ceuta permaneceu dessa vez por
mais de oito anos, só tornando a Portugal em princípios de 1424. Recebeu
então de D. João I o título de conde de Vila Rial, com o qual já se encontra
numa carta régia de 14 de Fevereiro daquele ano (3). Em Maio de 1433 já
D. Pedro de Meneses era conde de Viana (4) e em princípios do ano se-
guinte, já seu genro D. Fernando de Noronha era conde de Vila Rial (5), a
quem, com aprazimento do sogro, foi dado o senhorio desta vila por carta
(i) Gomes Eanes de Azurara, Ciironica do Conde D. Pedro^ pág. 52 1.
(2) Instrumento de i de Março de 1445 (1407) pelo qual comprou a quinta de Pousa-
foles a João Lourenço de Penela. — Chancelaria de D. Duarte, liv. i.", fl. 87 v.
(3) Carta de confirmação da lezíria do Galego, em Santarém. — Chancelaria de D. João I,
liv. 4.», fl, 66 V.
(4) Carta de 8 de Maio daquele ano, ordenando a Fernão Lopes, guarda das escrituras
da Torre do Tombo, que desse a D. Pedro de Meneses, conde de Viana e senhor de Vila
Rial, almirante do reino, alferes do Infante e capitão e governador de Ceuta, traslado de
quaisquer escrituras pertencentes ao Almirantado. Sousa, Historia genealógica, IV, 3i-32,
em extrato, com a citação certa, e por extenso, com ela errada, no tom. i das Provas^
pág. 95.
(5) Carta de 12 de Janeiro de 1484 de confirmação do dote de sua mulher. — Chancelaria
de D. Afonso V, liv. 34.% fl. 63 v.
126 Brasões
de 27 de Setembro do mesmo ano (i). A carta de conde de Viana só foi
passada a 17 de Abril, e nela declara el Rei D. Duarte fazer esta mercê ao
conde D. Pedro, considerando o grande desejo que D. João I tinha de lhe
dar e doar a dita vila para haver por ela título de conde, como já em outro:
tempo tivera seu pai; mas que, por ela pertencer às Capelas de D. Afonso IV^H
entendeu não poder dispor do seu senhorio sem autoridade do Papa, que só]
agora lha deu (2). Era pois esta vila de Viana a do Alentejo e não a do'
Minho, da qual, em 1460, veio a ser conde D. Duarte de Meneses, filho legi-
timado de D. Pedro de Meneses. Tem havido confusões sobre estes conda-
dos de Viana, e para as desfazer e por ser interessante e característica dos
tempos a história do condado de Viana do Alentejo, lá adiante a narrarei.
Exerceu também as funções de almirante do reino, tendo havido o almi-
rantado em dote com sua terceira mulher, filha do almirante Carlos Pessa-
nha, a quem, por do casamento da fiilha não ter ficado descendência, regressou
o almirantado, como consta da carta de 1 1 de Novembro de 1448 de confir-
mação dele a micé Lançarote, neto de Carlos (3). Igualmente serviu de al-
feres mor a D. Duarte e veio a morrer, ao cabo de vinte e dois anos de ca.
pitão de Ceuta, a 22 de Setembro de 1437 (4).
Casou por quatro vezes, ou para melhor dizer, por três, visto que de uma
vez o casamento não se chegou a ultimar. A primeira foi com D. Margarida
de Miranda, que jaz no mesmo túmulo com o marido, e a quem o epitáfio
dá o título de condessa, não sei se acertadamente. Era filha de D. Martinho
de Miranda, arcebispo de Braga. Depois, em 1420, desposou-se com D. Fe-
lipa Coutinho, filha do marichal Gonçalo Vasques Coutinho. Este casamento
porém não se chegou a consumar, porque a noiva, vindo ter com ó marido
a Ceuta, morreu no mar pouco afastada da costa do Algarve (5).
A segunda mulher de D. Pedro de Meneses foi D. Beatriz Coutinho, com
quem casou em 1426, precedendo contrato de casamento lavrado em Sintra
a 17 de Agosto de 1426, «nos Paços dei Rei D. João, na casa em que ora
pousa D. Beatris Coutinha, casa que é dentro no curral dos ditos Paços, es-
tando hi o Ifante Eduarte, e o Ifante D. Henrique e o Ifante D. Fernando^
e peça de Ricos-homens, Cavaleiros e outros». Lavrada e lida a escritura,
foi chamado D, Fr. Lourenço, Bispo de Mayorgas, e celebrou o casamento,
sendo o Conde, que estava governando Ceuta, representado por seu procu-
(i) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.°, fl. 84.
(2) Ibidem, fl. 88.
(3) Liv, de ExtraSy fl. io5 v.
(4) Epitáfio de sua sepultura e Azurara, Chronica do Conde D. Pedro, cap. final.
(5) Azurara, Chronica do Conde D. Pedro, pág. 496.
Meneses 127
raclor(i). Era D. Beatriz a mais velha das duas filhas de Fernão Martins
Coutinho, senhor de Mafra e outras terras pelo seu casamento com D. Leo-
nor Lopes de Sousa, filha legitimada do mestre de Cristo, D. Lopo Dias de
Sousa. Por morte de Fernão Martins Coutinho, e depois de porfiada de-
manda, herdou a Condessa de Vila Rial, sua filha, duas partes da vila de
Mafra e a Enxara dos Cavaleiros, terras que passaram a sua filha D. Isabel
Coutinho, mulher de D. Fernando de Vasconcelos e mãe do i." Conde de
Penela. A condessa D. Beatriz foi mandada lançar por seu marido no seu
túmulo.
A terceira mulher foi D. Genebra, com quem Já estava casado em 8 de
Maio de 1433 e com quem houve em dote o almirantado (2). Era filha do
almirante micé Carlos Pessanha e irmã de D. Beatriz Pereira, mulher de Rui
de Melo que também foi almirante por morte de seu filho micé Lançarote.
Já lá acima me referi ao soberbo mausoléu de D. Pedro de Meneses,
i." conde de Vila Rial e 2.° de Viana, na igreja do convento da Graça de
Santarém. Estava este túmulo no fim do cruzeiro do lado da epístola,
onde depois se erigiu a capela de Santa Rita quando se passou o mausoléu
para debaixo do coro, à parte esquerda de quem entra pela porta principal.
Tem duas figuras de vulto jacentes sobre a tampa, e nas faces laterais,
muito ricas em ornatos, vêem-se várias vezes reproduzidos os brasões do
Conde e das suas duas primeiras mulheres. O do Conde já está descrito; o
de D. Margarida é um escudo em lisonja, partido, ao I as armas do Conde,
ao II uma aspa acompanhada de quatro flores de lis (Miranda); e o de
D. Beatriz, também em lisonja, só difere do precedente em ter no II cinco
estrelas de cinco pontas (Coutinho).
Transcreverei a seguir o epitáfio, seguindo uma execelente cópia, que em
28 de Abril de 1900 me enviou o meu ilustrado amigo António Bernardo de
Figueiredo, major de artelharia, a quem devi muitos esclarecimentos inte-
ressantes, que no decurso desta obra serão apontados, pois por ela muito se
interessou. Faleceu este distintíssimo oficial a 29 de Março de 1902.
Aqui vai o epitáfio do Conde, desenvolvendo algumas abreviaturas e in-
troduzindo entre parênteses quadrados as palavras desaparecidas em virtude
do arrombamento pelo mausoléu padecido em tempo da invasão dos Fran-
ceses: \Aqui ja^l o muito [honrado] niuy nobre e mui fidalgo s*"" dom P°
de meneses conde que foi de^ viana o prim° capitã e goveimador que foy na
cidade de Cepta alferes mor do muito alto mu]ito poderoso e muj''" excel-
(i) Archivo histórico portugue^, IV, i66.
(2) Tudo consta de documentos já citados.
128 Brasões
lente S°^ dÕ eduarte pella graça de deus rey de portugal e do algar^'^ e S*""
da dita cidade. Jilho que foy. de dom Johã a°: tello / / [de meneses: c]onde
que fof de viana e 5"''; de penella. miranda alvito e vil la nova: e neto que
foy de dÔ JÕ: a°: tello de meneses: conde que foy dourem e [da condessa
dona guimar de ferreira sua] fnolher bisneta que foy delrey dÔ sacho de
castella que este moesteiro edijicarõ: o qual conde dÕ p°: a dieta cidade de
cep'^ huma soo em africa per xrisptãos possuída cõ / / [muit]a descrisçom:
xxii anos governou: e contras mouros enfiiees muy esforcadam^^ defendeo:
e os conquistou, per mar e per terra e fei afastar e per força leixa[r grande
parte dos termos delia onde por] sua defensam: e per a dieta conquista fe\
mintas peleias em ellas sempre vencedor e nunca vencido: de que a dieta
cidade ouve sempre em seu tempo gloria de vencim^^ ^^11 mouros temor e
os dietas regnas grande louvor: finou se em a dieta cidade xxii de setemb°
com seu próprio entender bom e católico xptão: ataa morte muy [esforçado
cavaleira a seu rey natu]ral muy verdadeira fiel e leal: anna de nosso senor
de mil iiij'^ xxxvij: mandou consigo lançar a condessa dona briati\ continha
sua molher: sua sepultura / / mandou fa\er : a muito honrada muy nobre e
muy honesta senhora dona Honor de ??ieneses sua filha molher que foy do
muito honrado e nobre S*"* [dom fernando filha da marques de villa v]içosa:
a qual mandou com o dieta seu padre lançar a condessa dona tn^^ sua ma-
dre, e assy ja^em todas: nossa S°'' deus lhes queira perdoar amen. //
A propósito deste túmulo enviou-me o meu querido amigo Visconde de
Castilho, já hoje falecido, estas curiosas notícias que teve a paciência de co-
piar:
«Por cartas de Santarém se tem a noticia, de que abrindo-se no Mosteiro
dos Religiosos de Santo Agostinho, da mesma Villa, huma sepultura, situada
no meyo da Capella mór, em que forão sepultados o Conde de Ourem D. João
AíFonso Telles de Meneses, e a Condessa sua mulher D. Guiomar de Villa-
lobos, bisneta dei Rey D. Sancho IV.' de Castella, fundadores, e dotadores
do dito Mosteiro, se achou inteiro o corpo da mesma Senhora, e o lançol
em que estava envolto, incorrupto, havendo mais de 840 annos, que he fa-
fecida» (i).
«Na semana passada se referio com menos certeza, haver-se achado in-
teiro o corpo da Senhora Condessa de Ourem D. Guiomar de Villa-Lobos,
e agora se soube, que a sepultura, que se abrio,, não foy a do Conde D. João
Affonso, mas hum magnifico mausoleo de seu neto D. Pedro de Meneses,
segundo Conde de Vianna, e primeiro Capitão Governador de Ceuta, onde
(i) Gazeia de Lisboa, n.° 24, de 14 de Junho de 1725..
\
Meneses 1 29
faleceo no anno 1437. e como foy casado duas vezes, e ambas as mulheres
sé sepultarão com elk, se não pode saber de qual será o corpo, que se achou
inteiro. Presenceou casualmente a sua abertura o Marquez de Cascaes seu
oitavo neto» (i).
A este facto também um escritor contemporâneo se refere, afirmando ser
o corpo encontrado incorrupto o da condessa D. Beatriz Coutinho, e contan-
do-nús que ele esteve patente em uma das capelas da igreja por mais de oito
dias, em quanto se passou o mausoléu para debaixo do coro (2).
Em campa raza no chão, ao lado do sepulcro do Conde de Viana, com
figura gravada na pedra, lê-se: Aqui ja^ a muito honrada e nobre senhora
dona Honor de J7ieneses / molher que foi do muy^° honrado e nobre S°^ dô
fernando f° primo genjto do m^° honrado presçado e nobre S^'" dÔ fernãdo
neto delrej dô JÔ marques de / vila viçosa e côde daraiolos filha do m^'^
honrado e nobre S'"" dõ / p° de meneses conde de viana alferes mor delrej
dÕ eduarte capitã e governador que foy na cidade de cepta e almirante
destes reg°^ / finou em vij dias de mayo do ano de nosso sénior . . . de mil
Illl' lij. (3)
Esta foi aquela D. Leonor de Meneses, «molher por certo virtuosa, e de
grande saber», a quem seu pai deixou por herdeira de todos os bens patri-
moniais, com o especial encargo de ordenar a sua sepultura; e, depois de
ter feito por êle celebrar exéquias em Ceuta, trasladou seus ossos para a
igreja da Graça de Santarém. Não se contentou a sua piedade filial só com
dar. sumptuosa jazida aos restos de seu pai. Quis também D. Leonor que
as suas acções ficassem perpetuadas na História, e para isso, junto de Azu-
rara, encarregado por D. Afonso V de escrever a crónica do Conde de Viana,
instava ela pelo cumprimento da ordem régia, e o seu «requerimento foi azo
de se isto melhor escrever» (4).
Por morte de seus pais suscitaram-se dúvidas entre D. Leonor de Meneses
e sua irmã a condessa de Vila Rial, D. Beatriz de Meneses; compuseram-se
porém a fim de evitar demandas e, em Santarém, a 20 de Setembro de 1440,
outorgaram numa escritura de partilhas, a qual teve confirmação régia em
21 de Outubro de 1444 (5). Ainda ao tempo era D. Leonor solteira, vindo só
(1) Gaveta de Lisboa, n.» 25, de 21 de Junho de 1725.
(2) P. Inácio da Piedade e Vasconcelos Historia de Saniarem edificada, I, 139-140.
(3) Esta sepultura não é mencionada na obra acima cilada; a cópia da inscrição devo-a
também ao meu falecido amigo António Bernardo de Figueiredo.
(4) Azurara, Chronica do Conde D. Pedro, págs. 2 ir, 624 e 626.
(5) Liv. 3.» de Místicos, fl. 140 v.
VOL. I . '7
i3o Brasões
a casar, em 1447, com D. Fernando, então filho primogénito do Marquês de
Vila Viçosa, como declara o epitáfio (i), e posteriormente 3." duque de Bra-
gança.
Já mencionei, não só as três filhas legítimas do Conde de Viana, como
também o seu único varão legitimado (2), D. Duarte de Meneses. Como seu
pai distinguiu-se êle nas guerras africanas e as suas façanhas mereceram ou-
trosim ficar registadas em crónica especial escrita pelo mesmo Gomes Eanes
de Azurara (3), autor da Chronica do Conde D. Pedro. Foi D. Duarte de
Meneses nomeado alferes mor por carta de 6 de Agosto de 1444 (4), por ou-
tra de 16 de Janeiro de 1459 capitão e regedor de Alcácer de África (5), e
finalmente, no princípio do verão de 1460, em Santarém, «com solene arenga
de seus serviços e merecimentos, e com devida ceremonia» o fez D. Afonso V
conde de Viana de Caminha (6). A carta do título foi passada na referida
vila de Santarém a 6 de Julho daquele ano (7). Morreu o Conde de Viana,
nos primeiros dias de Fevereiro de 1464, às mãos dos Moiros, numa expe-
dição à serra de Benacofú, defendendo a retaguarda da hoste de D. Afonso V
que apressadamente se retirava (8). Na obra citada encontram-se alguns
dados para a biografia da condessa de Viana, D. Isabel de Castro, segunda
mulher e viúva de D. Duarte de Meneses. Deste consórcio nasceram, entre
outros, os i."* Condes de Loulé e de Tarouca.
V
CONDADOS DE VIANA
Em cumprimento de promessa lá acima feita, vou tratar de deslindar este
caso, que se tem prestado a confusões.
(1) Como a carta do título de Marques de Vila Viçosa é de 25 de Maio de 1455 e a
morte de D. Leonor teve lugar a 7 de Maio de 1452, havemos de admitir, ou que o epitáfio
só foi gravado alguns anos depois da morte, ou que o título já estava concedido tempos
antes de passada a respectiva carta. Qualquer das hipóteses é admissível.
(2) Por carta de i5 de Março de 1424. — Chancelaria de D. João I, liv. 4.", fl. 74.
(3) Chronica do Conde D. Duarte de Meneses, no tom, lu da Collecção de livros inéditos
de historia portuguesa. Lisboa, Off. da Academia Real das Sciencias, 1793.
(4) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 25.°, fl. 10.
(5) Ibidem, liv. 36.°, fl. 11.
(6) Rui de Pina, Chronica de D. Afonso V, cap. 143,
(7) Liv. 3.° de Místicos, fl. 57 v.
(8) Critica e historia., vol. i, pág. 3-4.
Meneses 1 3 1
Houve nos séculos xiv e xv dois condados de Viana: o primeiro foi o de
Viana da Foz do Lima, ou Viana de Caminha; o segundo, o de Viana do
Alentejo, ou Viana de apar de Alvito.
Do primeiro foram condes: i.° D. Álvaro Pires de Castro, por carta de
I de Junho de 1371, possuiu o condado até às proximidades de iSyõ, em
que já era conde de Arraiolos; 2." D. Duarte de Meneses, por carta de 3
de Julho de 1460, possuiu o condado até morrer, em Fevereiro de 1464;
3.° D. Henrique de Meneses, filho do 2.°, é intitulado conde de Viana em
Março e Junho de 1464 e foi criado conde de Valença em 20 de Julho do
mesmo ano.
Do segundo foram condes; i.° D. João Afonso Telo, possuia o condado
em 10 de Abril de i^yõ, não havendo a certeza de quando nele fosse inves-
tido; conservou-o até morrer, em Janeiro de i384; 2." D. Pedro de Meneses,
filho do 1.°, já era conde de Viana em -Maio de 1433, apesar de só ter carta
do condado em 18 de Abril do ano seguinte; desfrutou-o até à morte suce-
dida a 22 de Setembro de 1437.
Quanto ao primeiro condado, o de Viana do Minho, são claras eni o de-
signar as cartas da sua criação a favor de D. Álvaro e de D. Duarte, saben-
do-se que o pouco tempo que D. Henrique o teve, foi por sucessão a seu pai.
Quanto ao segundo, o de Viana do Alentejo, também não há dúvida, apesar
de faltar a carta de criação dele a favor de D. João Afonso Telo; mas sa-
be-se pela carta de doação, que a vila de Viana dada em condado a D. Pedro
de Meneses era a pertencente ás Capelas de D. Afonso IV, e a mesma de
que seu pai, D. João Afonso, já fora conde. Fica portanto o caso perfeita-
mente esclarecido por este documento, que já tive ocasião de citar, bem como
todos os outros até aqui apontados.
Viana do Alentejo havia pertencido ao 2." conde de Barcelos, D. Martim
Gil, e por sua morte, sucedida em fins de i3i2 ou pouco depois, tornara
para a Coroa. Logo em seguida, por carta dada em Torres Vedras a g de
Novembro da era de i35i (i3i3), criou D. Denis vila a Viana, dando-lhe
por termo Alvito, Vila Nova, Vila Ruiva, Malcabrão, Benalbergue e Oriola.
Obrigaram-se então, o concelho e moradores da nova vila, a fazer cerca de
muro de roda dela, no lugar que lhes el Rei mandar, e que colha dentro a
fonte grande de que se servia a povoação. Deverá ter o muro quatrocentas
braças de circuito, uma de ancho, e em alto ser quanto poder atanger um
cavaleiro em cima de um cavalo com uma lança de nove côvados, que não
possa ferir nem dar com ela a quem estiver entre as ameias. Terão de
fazer a essa cerca três portas em lugares convinháveis, e a cada porta dois
cubelos bons, um de uma parte da porta, outro da outra. Para a obra
dá-lhes el Rei prontamente mil libras de ajuda, obrigando-se o concelho a
i32 Brasões
meter logo mãos a fazer e lavrar o muro, e a não alçar dele mão até lhe
dar cabo (i).
Menos de um ano depois fez D. Denis doação das vilas de Viana e Te-
rena, que haviam sido do conde D. Martim Gil, e eram situadas no bispado
de Évora, a seu filho primogénito herdeiro o infante D. Afonso. " A carta
foi dada em Lisboa a i6 de Outubro da era de i352 (i3i4), e a doação foi
feita ao Infante para êle e sucessores, com a condição de não poder dar as
vilas a ninguém, salvo a sua mulher a infanta D. Beatriz (2).
Vinte e tantos dias antes de morrer (3), em Lisboa, a 4 de Maio de iSõy,
fez D. Afonso IV doação a sua mulher, a rainha D. Beatriz, para a sua ca-
pela, da vila de Viana em Entre Tejo e Guadiana, com seus termos, padroa-
dos e jurisdição cível (4). Um dos primeiros actos do reinado de D. Pedro I
foi confirmar, em Lisboa, a 8 de Junho do mesmo ano de lôSy, à Rainha
sna mãe a referida doação (6). Esta senhora, no ano seguinte, poisando em
Fontelo, na comarca do Bispo de Viseu, fez, em 11 de Janeiro, doação entre
outros bens da vila de Viana à capela e hospital, que, juntamente com seu
finado marido, havia ordenado de fazer em Lisboa (6).
Entrou portanto nesta ocasião a vila de Viana para a posse das Capelas
de D. Afonso IV e D. Beatriz; mas nem sempre nelas persistiu apesar da
doação ter sido feita em perpetuidade.
Nas Capelas se conservava ainda a vila a 20 de Abril de 1402 (i364),
data de uma carta, na qual D. Pedro I mandou vir as apelações dos feitos
cíveis de Viana ao Provedor das Capelas (7). Estas possuíram a vila até ao
ano de i373, ou ainda por mais alguns, porque certeza só tenho de Viana
constituir já o condado de D. João Afonso Telo em 10 de Abril.de 1376.
Saiu então pela primeira vez esta rica povoação da piedosa instituição a que
( i ) Chancelaria de D. João II, liv. 1 7.", fl. 70; Collecção dos Diplomas, e mais documentos
e titullos respectivos á instituição, dotação^ privilégios das Cappellas e Mercearias instituhidas
por o Senhor Rey de Portugal Dom Affonso IV. E de sua Mulher a Senhora Raynha Donna
Beatri^, ms. hoje em meu poder, fl. 1 19.
(2) Chancelaria de D. Denis, liv. 3 °, fl. 88 v.; Collecção cit., fl. 1 17 v.
(3) D. Afonso IV parece ter morrido 339 de Maio de i357, uma segunda feira, conforme
declara o Chronicon Conimbricense, no qual se lê : «Era de mil CCCXCV. annos, feria II
XXIX dias do mes de Mayo passou ò muy nobre è [de] boa memoria Rey D. Afonso ò.
quarto, e filho do muy nobre Rey D. Denis, ò qual Rey è Senhor nobre passou em a Cidade
de Lixboa, è jas em a See da ditta Cidade». — Florez, Espana sagrada, XXIII, 346.
(4) Chancelaria de D. João II, liv. 17.°, de fl. 64 em diante onde se encontram muitos
documentos relativos às Capelas; e cit. Collecção, fl 23 v
(5) Cit. Chancelaria, e na Collecção, fl. 24 v.
(6) Chancelaria cit., e Collecção, fl. 2'2.
(7) Collecção cit., fl. 84.
Meneses i3^
fora vinculada, para entrar no domínio de um protegido e parente da rainha
D. Leonor Teles. Pouco tempo porem a possuiu ele, pois que tragicamente
perdeu a vida, assassinado, em princípios de 1884, pelos seus vassalos de
Penela, por seguir o partido castelhano.
Havia Viana sido trocada por certos bens, não sei quais, mas de muito
menor rendimento do que a vila, como se infere da carta de 2 de Abril da
«ra de 1424 (i386) pela qual D. João I, no arraial de sobre Chaves, ordenou
que às Capelas voltassem e fossem restituídos todos os prédios delas alhea-
dos no reinado de D. Fernando (i). Já então era morto, como fica dito, o
i." Conde de Viana, e no senhorio da vila parece ter-lhe sucedido sua mãe,
a condessa de Ourem D. Guiomar, com quem ainda em 1402 trazia demanda
o Provedor das Capelas (2).
Meio século certo após a morte do i.° Conde de Viana, tornou esta vila a
ser desmembrada das Capelas, e a formar novamente condado, o de D. Pedro
de. Meneses, que foi 2.-° Conde desta Viana e que Já com o título se encontra
em documento de 8 de Maio de 1433. Também por pouco tempo possuiu
a vila o 2.° Conde, que morreu a 22 de Setembro de 1437, havendo, durante
a sua posse, sido confirmados ao concelho e homens bons de Viana de Alvito
todos os seus privilégios, foros, liberdades e bons costumes, por carta de 21
de Dezembro de 1484 (3).
Morto o Conde a 22 de Setembro, logo a 9 do mês seguinte determinou
el rei D. Duarte que a vila de Viana com seus termos, rendas e jurisdições
fôsse retornada às Capelas de D. Afonso IV e rainha D. Beatriz (4). Ainda
desta vez porem, não ficaram elas na posse pacífica da sua cobiçada Viana,
por isso que D. Afonso V, por carta dada em Lisboa a 27 de Fevereiro de
1460, fez doação a D. João, seu sobrinho, filho do Marquês de Vila Viçosa,
seu primo, da vila de Viana em troca da renda dos tabeliães de Lisboa, a
qual era de cento e dezasseis mil e quinhentos reais brancos, e de metade
da quinta das Ilhas no termo de Mafra, no valor de nove mil daqueles reais
de renda (3).
Pouco mais de um ano pertenceria a vila ao seu novo e último senhor,
visto que D. Afonso V, por carta de 4 de Setembro de 1461, mandou ao
Corregedor da comarca de Entre Tejo e Guadiana, que se não intrometesse
na eleição de juízes feita em Viana nesse ano por Pêro de Abreu, cavaleiro
(i) Collecção cit., fl. 86.
(2) Chancelaria de D. João 11^ liv. 17.», fl. 64; Collecção cit., fl. 21 v.
(3) Chancelaria de D. Duarte, liv. 1.°, fl. 48 v.
(4) Cit. Collecção, fl. 71 v.
(5j Liv. 3.° de Místicos, fl. 53.
1 34 Brasões
de sua casa e alferes mor da bandeira de S.-Jorge, que tinha o cargo de
provedor das Capelas (i).
Algum tempo depois mandou D. Afonso V expedir uma bem notável
carta, da qual transcreverei a parte interessante.
Em seguida a um longo preâmbulo, diz el Rei: «a nossa notícia veio, que^
sendo a instituição das Capelas assim dotada por D. Afonso IV e D. Beatriz,
dalgumas terras e possessões para seu mantimedto e governança . . . e entre
elas assim foi a vila de Viana do Alentejo com toda a sua jurisdição; a qual^
por ser muito boa e de frutos avondosa, de muitos fidalgos e nobres foi sem-
pre desejada, em tanto que nos tempos passados muitos deles requereram
aos Reis de ante nós, que lhes fizessem dela mercê. E pêro a alguns por
suas importunidades tal mercê fosse feita, e a dita vila de Viana por vezes
da dita instituição indevidamente fosse desmembrada e apartada, e lhes fosse
outorgada; vendo nosso Senhor Deus, que tal desmembração e apartamento
contra serviço Seu e saúde das bemaventuradas almas do dito Rei e Rainha
era feita, assim como Aquele que pode ferir e dar saúde, e de. Cuja mão
nenhum pode escapar; querendo-os da Sua vara ferir por seus indébitos re-
querimentos, permitiu serem punidos por tal, que, os que depois viessem,
pudessem de.lo tomar o exemplo, o que não só por uma vez, mas por muitas,
foi visto e experimentado em aqueles que o pediram em vida dei rei D. Fer-
nando, e assim no tempo dei rei D. João e dei rei D. Duarte. Pelas quais
cousas os Reis, que a assim das ditas Capelas desmembraram em seus tem-
pos, muito eram arrependidos. E sendo assim a dita vila vaga em tempo
dei Rei meu senhor e padre por morte do conde D. Pedro, que a proveu e
possuiu, e não sem muita e grande enfermidade, o dito Rei meu padre a fez
logo às ditas Capelas restituir, com tenção de nunca mais ser tirada às ditas
Capelas; e, tendo assim as Capelas delia a posse, sendo nós com grande ins-
tância requerido . ... » (2).
Até aqui são idênticos, nas duas fontes citadas, os dizeres deste docu-
mento; d'aqui em diante porém diferem muito, e a razão julgo ser esta. A
Chancelaria era um registo oficial ; para êle não convinha neste caso trazer
o nome de um próximo parente dei Rei, ao qual, em virtude da sua cobiça,
a ira de Deus ferira. Por isso, aa trasladar-se ali o documento, passou a
referência a ser impessoal: «requerido depois de alguma outra pessoa, etc»;
na Collecção dos documetitos das Capellas não tinha de haver o mesmo res-
guardo, e convinha até publicar o caso para, perpetuando a memória do cas-
tigo, afugentar outros cobiçosos; por isso se transcreveu a carta na íntegra,.
(i) C\l. Collecção, ^. iSg.
(2) Chancelaria de D. João II, liv. ij.», fl. 83; cit. Collecção, fl. 140 v.
Meneses i35
■e como fora originariamente escrita. Adoptarei pois no restante da transcri-
ção, em toda a parte em que diferir da Chancelaria, a cópia da Collecção dos
documentos, não só por ser mais interessante, mas também por me parecer
mais verdadeira e conforme aos outros documentos lá em cima citados.
Continuo pois: «... sendo nós com grande instância requerido de D. João,
nosso muito amado sobrinho (é o futuro Marques de Montemor), que lhe dés-
semos a dita vila de Viana em escambo por outra tanta renda em esta cidade
<ie Lisboa para a dita instituição apropriada; por nos parecer coisa honesta
« fazedoira, lho outorgámos, e, consentindo no dito escambo, prouve ser feito.
E, não embargando que esse escambo por autoridade ordinária e do prelado
a que pertencia, e apostólica do Santo Padre Pio, sendo, que ora é, na igreja
de Deus presidente, fosse confirmado; não é de duvidar, depois da posse da
ílita vila por sua parte tomada, querendo o nosso Senhor Deus em elo mos-
trar Seu milagre, mui dorida e trabalhosas enfermidades padeceu, sendo-lhe
dito por homens de boa vida, que não leixando a dita vila não poderia delo
guarecer. E havendo o dito D. João certa noticia das coisas que àqueles,
que a dita vila pediram no tempo dos Reis ante nós, aconteceram, e sendo
«m verdadeiro conhecimento que suas enfermidades e dores não era somente
admoestações de nosso Senhor Deus, ao qual não prazia a dita vila ser tirada
às Capelas . . . , com a carta do escambo, a confirmação do Santo Padre, e
com todalas outras escrituras, que sobre elo tinha, por Fernão de Lemos,
seu escudeiro, que nos todas suas enfermidades e paixões da sua parte con-
tou, em a nossa vila de Santarém, onde então estávamos, em nossas mãos
mandou renunciar; enviando-nos pedir por mercê, que pelo amor de Deus
lhe outorgássemos, que este lugar nunca mais em nossos dias o déssemos a
alguma pessoa, e que assim o leixássemos por benção a nossos filhos e her-
deiros, e descendentes, sendo a isto presente o infante D. Fernando, meu
muito prezado e amado irmão, e certos do nosso conselho,* e sendo outrosim
presente Pêro de Abreu, cavaleiro de nossa casa e nosso alferes mor da ban-
deira de S. Jorge, e provedor das ditas Capelas, o qual sempre nos requereu
que a dita vila às ditas Capelas não quiséssemos tirar, e que a elo não daria
nunca seu prazer e consentimento. E nós, vendo e considerando sobre as
cousas iam maravilhosas que o nosso Senhor Deus tam milagrosamente por
conservação da dita instituição quis obrar, querendo-nos conformar com Sua
vontade, que pelas coisas suso ditas manifestamente nos declarou; conhe-
cendo quanto com razão nós, nem os que depois de nós vierem, contra elo
em parte alguma não devemos ir; desejando em todo, e por todo, em sua
posse, liberdade e jurisdição a manter, como somos teúdo; por esta presente
mandamos e defendemos ao príncipe D. João... e ao infante D. Fernando,
duque de Viseu e de Beja . . . , e a todos os que de nós descenderem, sob
i36
Brasões
pena de nossa bênção e maldição, se o contrário fizerem, que depois de
nossos dias não tentem, nem presumam tentar mais o Senhor Deus de em
este caso, nem em coisa alguma outra, que em desfazimento, apartamento,;
nem desmembração das rendas, liberdades, jurisdição da dita instituição seja;'
nem dêem, nem consintam dar, trocar, nem alhear, nem escambar a dita vila
de Viana, terras, possessões, nem heranças, que à dita instituição pertençam,
a nenhuma pessoa; porque, conhecendo nós verdadeiramente, que a Deus
apraz de a conservar e manter, nossa última vontade de o cumprir assim a
Ele prometemos por nossa fé rial . . . ».
Foi passado este notável documento, que atesta bem a fé viva e pura
crença daqueles tempos, em Lisboa, a 2 de Outubro de 146 i,e descíe então
conservou-se Viana na posse das Capelas de D. Afonso IV e rainha D. Bea-
triz.
VI
TELES DE MENESES E TELES DA SILVA
D. Beatriz de Meneses, filha de D. Martinho de Meneses, i.° senhor de
Cantanhede, e neta de D. Gonçalo Teles, conde de Neiva, foi notável mulher.
Casou-a o infante D. Pedro, pelos anos de 1427, com Aires Gomes da Silva,
cavaleiro do seu conselho e regedor da casa da infanta D. Isabel sua mu-
lher (i). Para este casamento concorreram também a Condessa de Neiva e
D. João I; a Condessa, impetrando a carta -régia de 17 de Outubro de 1429,
pela qual as terras de Azurara e Fão, que ela da Coroa trazia, fossem doadas
a sua neta D. Beatriz de Meneses (2); el Rei prometendo-lhe em casamento
quatro mil coroas de oiro, pelas quais lhe mandou pagar anualmente qua-
(i) «Eu o infante D. Pedro, duque de Coimbra, senhor de Montemor, estando em Lis-
boa, haverá dois anos, comecei de tratar casamento entre os nobres e honrados Aires Gomes
da Silva, cavaleiro do meu conselho e regedor da casa da Infímta minha mulher, e D. Bea-
triz de Meneses, em o qual tratado eles se acordaram e convieram com certas condições; e
porquanto por minhas ocupações eu trigosamente parti da dita cidade», não se fez a escri-
tura, a qual se lavrou em Lisboa a 8 de Outubro de 1429, dotando-se D. Beatriz com sete
mil coroas de oiro, entrando nelas as quatro mil prometidas por el Rei, e estipulando-lhe
Aires Gomes duas mil coroas de arras, para o caso de a preceder no túmulo. Foi o con-
trato confirmado pelo infante D. Pedro, em Tentúgal, a i 5 de Setembro de 148 1 ; por el rei
D. Duarte, em Santarém, a i5 de Novembro de i433, «posto fosse feito em escritura depois
de consumado o matrimónio», e por D. Afonso V, em Sintra, a 12 de Outubro de 1450, para
D. Beatriz haver as duas mil coroas das arras pelas terras de Aires Gomes, «sem embargo
delas estarem outorgadas a outras algumas pessoas». — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 11.",
íl. 26 V.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. ii.°, fl. 32 v.
Meneses iSy
renta e dois mil e oitocentos e cinquenta e sete reais brancos no almoxarifado
<ie Ponte de Lima (i).
Aires Gomes da Silva havia sido armado cavaleiro em Ceuta, após a
conquista da cidade, pelo infante D. Pedro e veio a ser 2.° senhor de Vagos
em 1484 e regedor da justiça da Casa do Cível de Lisboa em 1441. Acom-
panhou sempre o Infante e ao lado dele esteve na batalha da Alfarrobeira,
a 20 de Maio de 1449, pelo que incorreu na perda do ofício e na confiscação
dos bens. Em virtude porem da amisade dispensada por D. Afonso V a sua
mulher, mandou êle, não só expedir, em 22 de Abril de 146 1, três cartas de
perdão para Aires Gomes da Silva e seus dois filhos, João da Silva e Fernão
Teles, como também fazer mercê, por outra de 28 de Julho de 1453, de res-
tituir a D. Beatriz e Aires Gomes a terra de Vagos e outras, e ainda, por
mais uma carta, de i3 de Fevereiro de 1459, doar as terras de Unhão e ou-
tras, que haviam sido também de Aires Gomes, a seu filho Fernão Teles (2).
Era então já Aires Gomes falecido pois que, segundo o seu epitáfio, morrera
a 25 de Maio de 1454.
Fora D. Beatriz de Meneses aia da rainha D. Isabel (3), mulher de
D. Afonso V, e depois de viúva e da morte da Rainha, confiou-lhe êle a
criação e educação de seus dois filhos (4). Em 1462 retirou-se D. Beatriz
de Meneses da corte e recolheu-se a S. Marcos, na freguesia de S. Silvestre
do Campo de Coimbra, onde doara todos seus bens à Ordem de S. Jeró-
nimo, para no sítio fundar um convento. A D. Beatriz deve-se incontesta-
velmente a fundação do convento de S. Marcos, transformado por seu filho,
o regedor Aires da Silva, na preciosa jóia arquitetónica, ainda hoje existente,
mas em lastimável estado de abandono (5). Morreu D. Beatriz em 1466,
antes de 10 de Julho (6), deixando dois filhos varões: João da Silva e Fernão
(1 ) Carta de 12 de Fevereiro de 1430, incorporada noutras. — Chancelaria de D. Afonso V,
liv. ii.°, fl. 43.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, livs. 11.°, fl. 20; 10.», fl. 19 v.; e 36.», fls. .58 e 65.
(3) Carta de 57.143 reais brancos a D. Beatriz de Meneses, aia que foi da Rainha, para
sua moradia, vestir e tença que tinha. Santarém, 16 de Abril de 145 1. — Chancelaria de
D. Afonso V, liv. 1 1.°, fl. 20 v.
(4) Considerando os serviços de D, Beatriz de Meneses, «aia de meus filhos», e de João
da Silva, do nosso conselho, seu filho, etc . carta de camareiro mor do Príncipe. Évora, 21
de Março de 1459. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 36.°, fl. 112 v.
(5) Acerca da fundação do convento de S. Marcos escrevi alguns artigos no Jornal do
Commercio, em Agosto e Setembro de 1903, os quais deverão entrar no vol, 11 da Critica e
historia, quando . . . Deus quiser.
(6) Data da carta de doação de um conto de libras, por morte de D. Beatriz de Mene-
ses a seu filho Fernão Teles, diploma incorporado noutros è registado na Chancelaria de
D. João III, liv. 5 1 .° de Doações, fl. 54.
VOL. I 18
i38
Brasões
Teles de Meneses. Do' primeiro procederam os Silvas, senhores de Vagos,
condes de Aveiras (1640) e marqueses de Vagos (1802); do segundo os Teles
de Meneses, de que foram chefes os Condes de Unhão (i63o), e os Teles da
Silva de que são primogénitos os Marqueses de Alegrete (1687).
As armas dos Teles de Meneses da casa de Unhão são esquarteladas: o
I e IV de prata, Hão de púrpura, armado e linguado de vermelho (SUpo); o
II e III de oiro liso (Meneses). Timbre: o lião. Assim se encontram na
igreja do convento de S. Marcos, na sepultura de Fernão Teles; e assim se
vêem numa pedra hoje guardada no Museu de Santarém e proveniente da
capela de S. Bartolomeu da igreja do convento de S. Domingos, onde estava
o túmulo de Rui Teles de Meneses, 4.° senhor de Unhão, e de sua mulher
D. Guiomar de Noronha.
As armas dos Teles da Silva da casa de Alegrete teem os quartéis tro-
cados, isto é: o I e IV de oiro liso (Meneses); o II e III de prata, lião de
púrpura, armado e linguado de vermelho (Silva). Timbre: o lião.
Lá adiante, no artigo dos Silvas, terei muita ocasião de me referir aos
Teles de Meneses e aos Teles da Silva, limitando-me aqui a deixar-lhes in-
dicada a origem.
Recapitulando, vê-se, que de D. Tel Pérez, i." senhor de Meneses, pro-
vieram quatro ramos principais:
I." — O dos senhores de Meneses, incorporado na coroa de Castela pelo
casamento de D. Maria de Molina com D. Sancho IV.
2.° — O dos senhores de Alburquerque, dos quais proveio com diferente
'varonia a famíKa portuguesa de Albuquerque.
3.° — O dos senhores de Cantanhede, de que foram chefes os Marqueses
de Marialva, hoje na casa de Lafões.
4.° — O dos Condes e Marqueses de Vila Rial, cuja progenitura se extin-
guiu no cadafalso do Rossio a 29 de Agosto de 1641, conservando-se a re-
presentação na casa dos Condes de Valadares.
Por linha feminina foram notáveis ramos do tronco dos Meneses os Teles
de Meneses e os Teles da Silva.
A varonia dos Meneses permanece actualmente nas casas da Flor da
Murta e Olhão (i), à primeira das quais pertence uma das minhas ilustres
colaboradoras, que tam primorosas artistas se manifestaram.
(1) Alêm destas duas casas ainda subsistia a varonia dos Meneses, quando primeira-
mente isto escrevia, na de Valada; hoje porém extinguiu-se já pela morte, sucedida no ano
de 1914, do 3." Conde de Caparica, com quem mantive inalterável amizade.
. VII
CASTROS
Brasões da Sala de Sintra, VoI. I.
De oiro, treze arruelas de azul. Timbre: Hão nascente de oiro, armado
€ linguado de vermelho.
Assim se encontram estas armas no Livro do Armeiro mor, fl. 5i, na
Livro da Torre do Tombo, fl. lo, no Thesouro da Nobre\a de Fr. Manuel
de Santo António, c-53, etc. Alguns autores carregam o lião com os móveis
do escudo.
I
PARTIDA PARA CEUTA
1415
No mosteiro de Odivelas, quinta feira 18 de Julho de 1415 (i), roída pela
peste, entregou a alma a Deus a virtuosa, a querida rainha D. Felipa de Lan-
castre.
No Tejo achava-se reunida numerosa esquadra, apercebida de homens c
petrechos para empresa grande e desconhecida, que preocupava os reis es-
(i) Muitos autores assinam o dia 19 de Julho, como tendo sido o da morte da rainha
D. Felipa, mas é erro. A data exacta do falecimento é a apontada. Consta ela do epitáfio,
Transcrito por Sousa na pág. 3i do vol. 11 da Historia genealógica; consta também da Cró-
nica da tomada de Ceuta de Azurara, onde no cap. 45 é indicada em uma quinta feira pró-
xima ao dia de Santiago; e da narrativa de Mateus de Pisano, á pág. 35 dos Gesta Regis
Joannis de bello Septensi, onde se declara ter a Rainha falecido oito dias antes do dia de
Santiago. Todos três concordam, pois que, tendo caído neste ano de 1415 o dia de San-
tiago, 25 de Julho, em uma quinta feira, a Rainha, morrendo no dia 18 deste mês, como diz
o epitáfio, vem a morrer numa quinta feira, como assevera Azurara, e oito dias antes do dia
de Santiago, como declara Pisano. Quanto ao lugar da morte sigo a Azurara; mas pode
muito bem ser, que Pisano tivesse tido razão, pondo-o em Sacavém. O epitáfio sb diz, que-
no dia seguinte ao da morte foi sepultada em Odivelas.
142
Brasões
trangeiros e os povos de Portugal. Estes, convocados para ela por todo o
reino, acudiram, moços e velhos, ao chamamento. Todos queriam parti-
cipar dos perigos e das glórias de uma expedição, comandada por el Rei,
dirigida pelos jovens e simpáticos Infantes, que iam nela ganhar as esporas
doiradas, e patrocinada pelo velho Gondestável.
O movimento era grartde na praia de Restelo, e não consta que nela
aparecesse então nenhum velho, profeta de maus agoiros, como aquele que
Camões lá fez imprecar, anos depois, contra a ambição dos homens.
O perpassar de cavaleiros e escudeiros ricamente^trajados, seguidos dos
seus pajens, ou dos homens da sua criação e libré, que vestiam as suas cores
e traziam alçados os seus estandartes; o canto plangente das trovas, com
que na praia os mesteirais acompanhavam a sua lida; o vaguear dos besteiros
do conto tam diversamente corregidos, conforme eram as librés da cidade,
vila ou couto, a que pertenciam; a faina dos petintais e galeotes, quer nos
batéis, que de contínuo em direcções opostas sulcavam o rio, quer a bordo,
dando a última demão no apercebimento das embarcações, e sempre acom-
panhada da inevitável gritaria da gente marítima; o doidejar das bandeiras
e estandartes, em que se ostentavam todas as cores vistosas, e que profusa-
mente guarneciam os mastros; a nota aguda duma ou doutra trombeta, quer
a bordo, quer em terra, levantando-se acima de todas as bulhas, para dar
algum sinal, alguma ordem; todo este conjunto de cores vivas e brilhantes,
de sons diversos e discordes, alumiado e aquecido pelo nosso sol de Julho,
que se reflectia no espelho do incomparável Tejo, dava ao quadro um tom
alegre e festival, que tornava todas as fisionomias radiantes.
Eis que o dobre fúnebre dos sinos de Odivelas, transmitido de torre em
torre, ecoando pela praia, faz empalidecer todos os rostos, leva as lágrimas
a todos os olhos, pára todos os trabalhos. Até o ceu, participando da dor
geral, durante duas horas eclipsa o brilho do sol, deixando cair sobre o reino
lutuosas trevas (i).
jA Rainha morreu! * *
Não era só o marido e os filhos, que a amavam. Todos, nobres e arraia
miúda, ricos e pobres, adoravam a virtuosa D. Felipa, o espelho da liai con-
sorte, da boa mãe.
E ela, coitada! que tanto desejo tinha na execução da empresa; ela, que
tanto ansiava por ver os filhos armados cavaleiros em seguida a feitos glo-
riosos, praticados em expedição, que levava em mira, não só o aumento do
reino, como o derramamento da Fé; ela, prostrada no leito, conhecendo a
(i) Pisano e Azurara referem-se a este eclipse, que contudo não encontro mencionado
na tábua cronológica (ios eclipses, na Art de vérifier les dates.
Castros 14?
morte próxima, sabendo que na volta não abraçaria os filhos, ainda teve
ânimo, a mulher cristã e forte, para preguntar d'onde soprava o rijo vento
•que sentia, e para dizer aos filhos, que, sendo do norte como era, soprava
de feição, e poderiam partir no dia de Santiago, d'ali a oito dias. ,i-
A moribunda marcou a data. y
Com ânimo verdadeiramente varonil, não se deixaram, el Rei e rfs In-
fantes, subjugar pela dôr; e posto que no conselho se dividissem os/votos,
D. João I ordenou os aprestos para a jornada. Mandou largar o liito aos
filhos para todos os imitarem, pois que as empresas militares não se^querem
com choros e trajos de dó, mas sim acompanhadas de folgares e liizimento.
Assim o executaram os Infantes logo que chegaram à galé de S. Henri-
que, onde, envergando as suas mais vistosas roupas e mandando erabandeirar
toda a embarcação, ordenaram às trombetas tocassem alegre e rijamente, a
fim de serem ouvidas de toda a esquadra.
Era domingo, e o calor excessivo. Nas cobertas de seus navios, fecrean-
do-se à sombra com jogos e folgares sisudos, como requeri^ a sua dôr, es-
tavam os expedicionários, fugindo a Lisboa, onde a peste grassava com in-
tensidade. De repente ouvem-se os sons alegres e ruidosos das trombetas.
Sobem aos tombadilhos, e vêem a galé do infante D. Henrique toda emban-
deirada. íQue será? Aproximam-se nos batéis, todos pressurosos, para
saberem a novidade, que, apenas divulgada, afugenta as tristezas. Em breve
todas as embarcações imitam a galé do Infante, e embandeiradas, ao som
das trombetas e charamelas, que não cessavam de tanger, festejam a tam
desejada ordem para a partida.
Assim que constou na praia, aonde concorrera muita gente aos primeiros
sinais estranhos, espalhou-se a notícia até Lisboa, onde logo se apregoou a
determinação dei Rei, afim de todos se aprontarem para na terça feira es-
tarem a bordo das suas embarcações.
De Alhos Vedros, onde D. João I permanecia desde os primeiros dias da-
doença de D. Felipa, e para onde se retirara forçado pelos filhos, a fim de
fugir ao contágio, veio el Rei na terça feira (i), na galé do Conde de Bar-
celos, pernoitar em frente de Restelo.
Na noite de terça para quarta, que era de luar, recresceu o movimento.
Tudo se punha prestes. Os recêm-vindos entraram para a esquadra; o
(i) Azurara, na cit. Crónica, não traz certas as férias em relação ao mês e ano, em que
estes factos se deram, adiantando um dia. A esquadra partiu do Tejo direito a Ceuta no
dia de Santiago, 25 de Julho de 141 5, o qual, neste ano, caiu em uma quinta feira; pois Azu-
rara, nos princípios dos caps. 5o e 5i, designa-o como sexta feira. Em idêntico equívoca
incorreu Pisano, na pág. 39 dos Gesta, chamando sábado ao dia seguinte ao da partida.
144 Brasões
resto das armas, dos petrechos, dos mantimentos, foi transportado para
bordo.
Na quarta feira de manhã el Rei, já na sua galé, mandou levantar ferro
para -ir fundear um pouco mais abaixo, defronte de Santa Caterina de Riba-
mar, a fim de com este movimento se apressar o embarque.
A final, no dia seguinte, quinta feira 25 de Julho de 1416, dia de San-
tiago, mandou D. João I às trombetas da sua galé, que dessem o sinal da
partida.
Nesta esquadra ia para a conquista de Ceuta a flor da cavalaria e nobreza
de Portugal. Os cronistas conservaram-nos os nomes dalguns dos nobres
barões, e nas listas encontram-se nomeados D. Álvaro Pires de Castro, e seu
filho D. Pedro de Castro.
n
LINHAGEM
^Quem era este D. Álvaro Pires de Castro?
Era sobrinho de outro D. Álvaro Pires de Castro, conde de Arraiolos e
progenitor dos Castros de seis arruelas, e filho de seu meio irmão D. Fer-
nando de Castro, conde de Lemos e de Trastâmara, e de Mília Gonçalves,
senhora de Assequins.
Sobre a filiação deste D. Álvaro Pires de Castro tem havido dúvidas,
que se desvanecem com a leitura do extracto da carta de doação de Asse-
quins, na fl. 120 do livro i." da Chancelaria de D. João 1. Aí lê-se: «Carta
de doação a Mília Gonçálvez, madre de D. Álvaro Pírez de Castro, do lugar
de Assequins pela guisa que o ella havia delrei D. Fernando . . . ». Foi dada
em Coimbra, a 11 de Abril da era de César de 1428, ano de Cristo de i385.
Conhecida a mãe de D. Álvaro, com sobrados fundamentos se lhe pode
nomear por pai ao conde D. Fernando.' Em primeiro lugar provam-no as
armas de que D. Álvaro usou, as mesmas do Conde e diferentes das dos
outros Castros; em segundo lugar a protecção pelo infante D. João dispen-
sada a Mília Gonçalves, o que se compreende tendo ela sido concubina de
seu tio D. Fernando de Castro. Consta a protecção do Infante do extracto
da carta de confirmação das rendas e direitos reais do lugar de Assequins
a favor de Mília Gonçalves, para que os recebesse «assim como o ella avia
em tempo dei Rei D. Fernando e do infante D. João». Foi dada esta carta
em Lisboa a 19 de Agosto da era de 1422, ano de Cristo de 1384, e está
registada no 'mesmo livro a fl. ib v.
Durante a primeira guerra de D. Fernando com D. Henrique II de Cas-
tela, de 1369 a 1371, permaneceu o Conde de Lemos por vezes em Portugal,
Castros 145
e frequentou muito esta corte (i), sendo então provavelmente que lhe nasceu
aquele filho.
Para D. Álvaro Pires de Castro ser, como alguns querem, dos Castros
de Fornelos, galegos, opõe-se terminantemente o título de dom, que não havia
a esse tempo nos supostos descendentes daquela casa; e as armas, pois que
aqueles Castros usaram somente de seis arruelas.
Sendo, como estou persuadido, D. Álvaro Pires de Castro filho de D. Fer-
nando de Castro, conde de Trastâmara, Lemos e Sárria, pertencia a uma
das mais ilustres e antigas casas de Espanha, tam ilustre, que mereceu ser
considerada um dos cinco grandes solares de Castela.
D. Álvaro Pires de Castro foi senhor das Alcáçovas e dos seus reguen-
gos, como consta de uma carta abaixo citada, e por outra, dada a 14 de
Março de 1433 e confirmada a 3o de Março de 1439, na qual é intitulado
vassalo, foi-lhe feita mercê das rendas e direitos dos Judeus de Évora (2).
Casou com D. Maria Lobo, irmã de Diogo Lopes Lobo (3), i.° senhor de
Alvito e Vila Nova,, e dela teve estes filhos :
i.° — D. Pedro de Castro. Foi senhor das terras de Benviver e Sul e da
quinta de Roriz, no julgado de Lafões, bens que o infante D. Henrique, de
quem fora criado, lhe doou em valia de cinco mil coroas de oiro, que lhe
prometera em casamento com D. Caterina, filha de Joane Mendes de Vas-
concelos, doação confirmada por D. João I por carta dada em Almeirim, a
16 de Janeiro de 1424 do Nascimento (4). Esta doação do Infante não foi
inteiramente graciosa. Ele prometera a Joane Mendes de Vasconcelos dar
a D. Pedro de Castro, em casamento com sua filha, as referidas cinco mil
coroas em herdades, elevando até àquela quantia o dote dado ao filho por
(i) Conde D. Fernando, senhor de Castro, doação de Mirandela e Aguiar de Pena, na
era de 1410 (1372). Chancelaria de D. Fernando, liv. i.°, fl. 91. — Doação a Gonçalo Teles
da terra de Aguiar de Pena que trazia o conde D, Fernando. Leiria, 22 de Outubro de 1410
(1372). Ibidem, fl. 114.
(2) Chancelaria de D, Duarte, liv. i.°, fl. 46.
(3) D. Afonso V por carta dada em Toro, a 19 de Maio de 1476, fez mercê a Rui Lobo,
cavaleiro e criado do infante D. Henrique, em satisfação dos seus serviços em Tânger e nas
tomadas de Alcácer e de Arzila, e sem embargo de ser bastardo, das mesmas honras e liber-
dades e privilégios que seu pai e seus parentes tinham, e as mesmas lhe outorga para seus
filhos. Declara que Rui Lobo era homem fidalgo e de linhagem, filho de Estêvão Fernandes
Lobo, irmão de Diogo Lopes Lobo, já falecido, e da mulher de D. Álvaro de Castro, também
já falecida, mãe que fora de D. Diogo de Castro, o Velho. D. João II confirma esta carta,
em Évora, a 10 de Março de 1491, a Fernão Lobo, filho de Rui Lobo, — Místicos, liv. 2.",
fl. 144.
(4) Chancelaria de D. João /, liv. 4.", fl. 71 v.
voL. I 19
146 . Brasões
D. Álvaro Pires de Castro, cedendo-lhe este o lugar das Alcáçovas, com
todos os seus reguengos e direitos, dos quais D. João I fez doação ao Infante
por carta lavrada dois dias depois, a 18 de Janeiro (i). A mulher de D. Pe-
dro de Castro, à qual os nobiliários dão erradamente o nome de Tareja, era
filha de Joane Mendes de Vasconcelos, 4.° senhor do morgado de Soalhães,
e de sua mulher D. Leonor Pereira. D. Pedro de Castro foi, por este casa-
mento, progenitor dos Castros, almirantes do reino e posteriormente condes
de Resende (19 de Junho de 1754), e doutros ramos nos quais a varonia está
extinta. • "
2.° — D. Álvaro de Castro. Foi fidalgo da casa do infante D. Henrique
e com três dos seus irmãos acompanhou-o na desgraçada expedição de Tân-
ger de 1437. Prometeu-lhe o Infante cinco mil dobras em casamento, e para
lhas pagar doou-lhe as saboarias pretas de Évora e vários lugares do Alen-
tejo, doação ratificada por D. Duarte, em Montemor o Novo, a 19 de Janeiro
de 1435, e confirmada por D. Afonso V, em Évora, a 10 de Janeiro de
1462 (2). A noiva era D. Isabel Pereira, filha de Diogo Pereira, comendador
mor da Ordem de Santiago e governador da casa do infante D. João, e de
sua mulher Maria de Resende. Esta senhora, por escritura feita nas Alcá-
çovas, nos paços do genro, a i de Janeiro de 1442, dotou sua filha com duas
mil dobras em casamento, estando este já efectuado desde princípios de
1435 (3). D. Álvaro de Castro já era falecido em 12 de Janeiro de 1463.
Foi progenitor dos alcaides mores do Torrão, condes de Mesquitela (carta
de 14 de Maio de i658), título extinto em 1674; de diversos ramos com casa
na índia, de um dos quais proveio o moderno Conde de Nova Goa (1864);
dos alcaides mores do Sabugal e Alfaiates (23 de Outubro de 1485), senhores
de Lanhoso e outras terras, passando, por extinção dos Castros, para uns
Meneses e depois para os Castelos Brancos, condes do Sabugal (4).
?.° — D. Fernando de Castro, o Cegonho, foi governador da casa do in-
fante D. Fernando, pelejou no malogrado cerco de Tânger de 1437 e foi dez
anos depois, com o secretário Rui Galvão, por ordem de D. Afonso V, levar
ao infante D. Pedro as condições da concórdia com o Duque de Bragança, de
quem D. Fernando era parcial (5). Morreu solteiro e sem filhos.
4.° — D. Fradique de Castro, o Tagarote, também, como seu irmão, ser-
viu em Tânger em 1437, mas, ao contrário dele, foi parcial do infante D. Pe-
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 4.», fl. 72.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 12.", fl. 47 v.
(3) Archivo histórico portugue:^, IV, 3o.
(4) Sepulturas do Espinheiro^ págs. 22, 37 e 59.
(5) Rui de Pina, Crónica de D. Afonso F, pág. 369.
Castros 147
dro a quem aconselhou a não sair de Coimbra e evitar vir aceitar batallia de
D. Afonso V(i). Casou com D. Beatriz de Vasconcelos, filha de Joane
Mendes de Vasconcelos, 4.° senhor do morgado de Soalhães e matou-a (2),
depois de ter tido dela, alem de duas filhas freiras, a um filho que morreu
sem geração. Tornou a casar com D. Mecia da Silveira, filha de Nuno Mar-
tins da Silveira, escrivão da puridade dei Rei D. Duarte. Deste casamento
não houve sucessão.
5.° — D. Diogo de Castro foi, na sua família e por carta de 20 de Maio
de 1475, o i.° capitão da gente de guerra da cidade de Évora (3). Servia
então na guerra da invasão de Castela, durante a qual acompanhou o Conde
de Penamacor na empresa de Baltanas. Foi bisavô de D. Fernando de Cas-
tro a quem Felipe I, em Évora, a 24 de Fevereiro de i583, fez conde de
Basto, considerando os serviços «que particularmente D. Diogo de Castro,
seu pai, que Deus haja, e êle me fizeram». A carta do título foi só passada
a 12 de Setembro de i585, e dela consta o acima dito e mais ainda que o
condado era constituído pela vila de Celorico de Basto, «a qual por uma pro-
visão houve por berrt que daqui em diante se chamasse Basto» (4). O título
de conde de Basto extinguiu-se em 1642 por morte do 3." conde, D. Lourenço
Pires de Castro, e a casa, depois de em 1689 se extinguir toda a descen-
dência do 2.° conde, D. Diogo de Castro, veio a passar, por sentença de 19
de Janeiro de 1773, a D. José de Meneses da Silveira e Castro, senhor dos
morgados de Caparica e Paíameira, e avô do 2." Marquês de Valada, falecido
em i5 de Outubro de 1895, último possuidor dos velhos paços de S. Miguel,
em Évora, residência dos Condes de Basto, antigos capitães daquela ci-
dade (õ).
6.° e 7.° — Duas filhas casadas com fidalgos galegos.
Vê-se pois não terem os Castros de treze arruelas desmerecido, para com
os de seis, nem no esplendor da origem, que era a mesma, nem no lustre
dos ramos deles derivados.
(i) Rui de Pina, Chronica de D, Afonso V^ pág. 401.
(2) Nobiliário quinhentista, pág. 55, n.» xxiii.
(3) Liv. 5.» de Odiana, fl. iS; v.
(4) Chancelaria de D. Felipe I, liv. i5.» de Doações, ti.. i65.
(5) Sepulturas do Espinheiro, págs. 6 e 7.
VIII
CUNHAS
Brasões da Sala de Sintra, Vol. I.
De oiro, nove cunhas de azul. Timbre: grifo (sem azas), nascente, de
oiro, linguado de vermelho, carregado sobre o peito dos móveis do escudo.
Assim se encontram estas armas, sem diferença nenhuma no escudo, no
Livro do Armeiro mor, fl. 5i v., no Livro da Torre do Tombo, fl. lo, no
Thesonro da Nobre;{a de Francisco Coelho, fl. 40, no Thesouro da Nobre:{a
de Fr. Manuel de Santo António, c-108, etc.
Quanto ao timbre porem está errada a pintura da sala de Sintra. Ele
é um grifo nascente de oiro, alado de azul, semeado de cunhas de um no
outro. O semeado de cunhas tem sido modernamente modificado, e redu-
zido a três cunhas no peito, e três em cada uma das azas.
I
O ALCAIDE MOR DE CELORICO DE BASTO ^
Em Lisboa, a 16 de Fevereiro de 1279, morre, arrependido e humilhado
ante o clero, D. Afonso III, o que fora conde de Bolonha e, auxihado pela
mesma classe ante que se curvava agora, usurpara a coroa de Portugal a seu
irmão D. Sancho II.
Nesse próprio dia foi proclamado rei seu filho D. Denis, que, durante
poucos dos primeiros meses do seu reinado, tolerou uma certa ingerência
nos negócios do reino a sua mãe, a rainha D. Beatriz. Era a viúva filha de
D. Afonso X de Castela e de D. Mayor Guillen, senhora de Alcócer, filha
do rico homem D. Guillen Pérez de Gusman. Casara em i253, sendo muito
nova, com Afonso III, ainda em vida de sua primeira mulher, a condessa
Matilde. Entre os bens com que se constituíram as arras da jovem rainha,
compreendeu-se o apréstamo da terra e castelo de Celorico de Basto.
Em 1281 era alcaide mor deste castelo Martim Vasques da Cunha, 5." se-
i52 Brasões
nhor da honra do Julgado da Tábua, senhor de metade da freguesia de S. Mi-
guel da Cunha, e cavaleiro de ilustríssimo nascimento e de briosas façanhas.
Por motivo ignorado quis então o Alcaide mor largar o castelo (i). Di-
rigiu-se à Rainha e esta disse-lhe, que só seu filho el rei D. Denis lhe poderia
levantar a menagem.
D. Denis, apesar das repetidas instâncias, não deferia o requerimento a
fim de prejudicar um cavaleiro, que doestara a seu antigo preceptor, o có-
nego de Évora, Domingos Anes Jardo, muito privado dei Rei, e que a esse
tempo Já deveria ser seu chanceler mor, pois recebeu os selos em 19 de
Julho de 1281.
Despeitado, o Alcaide mor deixa Celorico entregue ao Alcaide nienor, e
sai a consultar sobre o modo, como poderia largar o castelo, sem faltar ao
preito e homenagem Jurados.
Percorre a Alemanha, a Lombardia, a Inglaterra, a França, a SicíHa, a
Navarra, o Aragão, a Castela e o Lião, expondo o seu caso a todos os reis,
príncipes, duques, condes, altos senhores, e fidalgos, e colhendo os seus pa-
receres assinados e reconhecidos pelos notários das diferentes localidades.
(i) Fr. Francisco Brandão, na 5.» parte da Monarchia lusitana, liv. i6.°> cap. 28, conjec-
tura que Martim Vasques da Cunha percorria em Setembro de 1282 as diferentes cortes es-
trangeiras, consultando sobre o modo por que largaria o castelo a el Rei, que o não queria
receber. Conjectura mais, que a insistência do Alcaide mor procedia do desejo de se reunir
às forças, pela rainha D. Beatriz levantadas então para ir em auxílio de seu pai, o que cer-
tamente explicaria a recusa de D. Denis, aliado dos revoltosos. Os documentos porem não
me deixam aceitar as conjecturas do douto Cisterciense. A revolta contra Afonso X, dirigida
pelo Infante herdeiro, e coadjuvada por toda a família rial e pelo maior número dos fidalgos
e povos castelhanos, manifestou-se claramente nos princípios do ano de 1282, e ameaçado-
ramente nas cortes de Valhadolid em Abril do próprio ano. Anterior a este tempo não se
pode supor em D. Beatriz o propósito do auxílio ao pai, e até, só em Junho, é que se come-
çam a encontrar vestígios dos aprestos da Rainha para a jornada, não constando o apareci-
mento em Sevilha dos primeiros fidalgos auxiliares, senão em princípios de Novembro deste
ano de 1282. Ora, por carta de 9 de Setembro desse mesmo ano de 1282, arrendou D. Denis
a terra e castelo de Celorico de Basto a Martim Joanes em sua vida (o que exclui a quali-
dade de provisório,, que o cronista supõe a este contrato) pela renda anual de 210 maravedis
velhos, com a obrigação do rendeiro pôr no castelo um cavaleiro, ou um escudeiro fidalgo,
que vença Soo soldos {Chancelaria de D. Denis, hv. i.% ú. 54 v.). Por aqui se vê, que nesta
data havia Martim Vasques abandonado definitivamente o castelo; mas há mais ainda. Um
mês antes, em i de Agosto, já Martim Vasques não residia em Celorico, e comparecia ante
João Soares, ouvidor «em logo da corte», que o demandava em juizo sobre a demarcação
da metade da terra da Cunha, que era regalenga (Liv. 2." de Direitos reaes, fl. 241 V.). Em
conclusão : sendo materialmente impossível a Martim Vasques percorrer nos quatro meses
que vão de Abril a Agosto, os países por êle visitados, se os visitou a todos, forçoso é admitir
que a sua partida foi anterior à manifestação da revolta em Castela, e que portanto o motivo
da sua resolução não foi o desejo de socorrer a D. Afonso X.
Cunhas i53
Munido destes documentos, os quais, coisa singular, eram todos concordes, e
entre eles se contavam os conselhos de bastantes fidalgos portugueses, voltou
Martim Vasques da Cunha a Celorico de Basto.
Entrou no castelo e meteu lá «huum gallo e a galinha e gato e cam e sal
e vinagre e azeite e pam e farinha e vinho e agua e carne e pescado e fer-
radura e cravos e beesia e seetas e ferro e baraço e lenha e moos e alhos e
çebollas e escudo e lamça e cuytello ou espada e capello ou capellina e car-
vom e folies de ferreyro e fozil e isca e pederneira e pedras per cima do
muro». Em seguida acendeu o lume em uma das lareiras, e mandou sair a
todos, ficando unicamente êle dentro do castelo. Depois aferrolhou e tapou
todas as portas, e subiu à muralha, levando uma corda, com um cesto atado
numa das extremidades. Passou a corda em volta de uma das ameias, dei-
xando cair as duas pontas para o lado de fora da muralha. Então, agarran-
do-se com ambas as mãos à ponta mais comprida, salta para dentro do cesto
e vai-se deixando escorregar até ao fosso. Chegado aí, ata uma pedra à
corda, e lança-a para dentro dos muros.
Monta em seguida Martim Vasques da Cunha em seu ginete, põe-se à
frente de seus homens de armas, e percorre três freguesias, sem parar nem
olhar para trás, clamando:
— jAcorrede ao castelo dei Rei que se perde! jAcorrede ao castelo dei
Rei que se perde!
Por esta forma, cumprindo à risca com as instruções expressas nos do-
cumentos que tinha em seu poder, não foi el Rei contra êle, e «esta boa
façanha ficou pêra sempre», como diz o Nobiliário do Conde D. Pedido (i);
o qual mais acima Já escrevera: «e porque fez por el (o castelo de Celorico
de Basto) façanha muy boa come muy boo cavaleyro posemos em este livro
como passou pêra saberem os boos que teverem castellos e lhos nom quise-
rem filhar aquelles de que os tem, seemdo em paz e em assessego e sem
cerco como os podem leixar sem erro».
Vê-se que isto ficou matéria assente e regulada.
II
SENHORES DA TÁBUA
Martim Vasques da Cunha, o alcaide mor de Celorico de Basto, era bis-
neto na varonia de D. Fernão Pais a quem, conforme declaram as testemu-
(i) Poriugaliae monumenta histórica. Scriptores^ ipág. 358.
VOI-. I 20
i54 Brasões
nhãs na terceira alçada das Inquirições da era de 1296 (i258), a infanta
D. Teresa doara o julgado da Tábua, com o padroado da sua igreja, a êle
e a sua muliíer, D. Mor Huzbertiz (i), pertencendo o julgado, ao tempo dos
depoimentos, aos filhos de Lourenço Fernandes da Cunha (2), netos do pri-
meiro possuidor. O governo da infanta, ou melhor, rainha D. Teresa ter-
minou em 1128; foi pois anterior a este ano a doação do julgado da Tábua
aos Cunhas, em cuja casa êle permaneceu durante sete séculos. Em ne-
nhuma linhagem portuguesa, me parece, se manteve durante tam largo pe-
ríodo o senhorio de uma terra, ainda com a notável circunstância dele ter
passado sempre em linha varonil, sem bastardia, até D. José Maria Vasques
Alvares da Cunha, 4.° conde da Cunha (3), 5." trinchante da Casa Rial na
sua família, 22.° senhor do julgado da Tábua, com o padroado da sua igreja,
12.° administrador do morgado do Bulhaco, par do reino, etc, falecido a 16
de Março de i865, deixando dois filhos, o 5.** Conde da Cunha e D. Joana
da Cunha, ambos falecidos sem geração, passando a representação da casa
aos Meneses da Flor da Murta.
A D. Fernão Pais, i ." senhor do julgado da Tábua, tanto o Livro velho
(i) Os livros de hnhagens escrevem o nome desta senhora de modo diverso, D. Mor
Randufiz, e fazem-na filha de D. Randufe, ou D. Randufo Çoleyma, e de D. Exemea, ou
D. Eixa.
(2) «Pelagius Petri, prelatus Sancte Marie de Tavoa, juratus et interrogatus de patro-
natu ecclesie de Tavoa, dixit quod milites qui habent hereditates de Tavoa sunt patroni,
Interrogatus si faciunt aliquod fórum Regi, dixit quod non. Interrogatus cujas est hereditas
Tavoa, dixit quod de filiis de Laurencio Fernandi de Cuya, et de illis qui fuerunt de avo-
lenga de Donno F. Pelagii et de Donna Maiore Huzbertiz. Interrogatus unde habuitDonnus
F. Pelagii et Donna Maiore Huzbertiz ipsam hereditatem, dixit quod, secundum quod audivit,
quod Domina Infans Donna Tàrasia dedit illis eam pro servicio quod fecerunt illi. Petrus
Fernandi dixit similiter. Petrus Petri dixit similiter. Et multi alii quilibet per se dixit si-
militer.u — Portugaliae monutnenía histórica, luquisitiones., vol. I, part. 11, pág. 781.
(3) O título de conde da Cunha fora dado de juro e herdade, por carta de 14 de Março
de 1760, a D. António Alvares da Cunha, «tendo consideração aos notáveis e distintos ser-
viços que D. Luís da Cunha me fez, por espaço de sessenta e dois anos sucessivos, nos lu-
gares de desembargador do Porto e da Casa da Suplicação até o ano de 1696, e depois dele,
I até seu falecimento, nos empregos de enviado extraordinário na corte de Londres, de em-
baixador extraordinário e plenipotenciário no congresso de Utreque, e de embaixador nas
cortes de Londres, Haia, Madrid e Paris, atendendo as sucessivas representações com que
o sobredito suplicou os referidos serviços lhe fossem despachados em benefício da casa de
seus pais e do administrador dela, seu sobrinho D. António Alvares da Cunha, contemplando
ao mesmo tempo os serviços pessoais com que o dito D. António se tem distinguido também
por sua profissão militar até o posto de capitão de mar e guerra das fragatas da armada, e
nos empregos de governador e capitão general da praça de Mazagão e do reino de Angola»,
etc. Carta do título de conde da Cunha, na província do Minho, de juro e herdade, erigin-
do-se o dito lugar logo em vila. — Chancelaria de D. José, livs. 72,°, íi. 85, e 69, ú. 49.
Cunhas 1 5 5
das linhagens, como o Nobiliário do Conde D. Pedro, dão já' o apelido da
Cunha; o primeiro porem atribui-lhe o patronímico Gonçalves e dá-lhe uma
ascendência mui diversa, mas não menos ilustre, da consignada no segundo
e geralmente adoptada. Conforme o Livro relho seria o progenitor dos Cu-
nhas filho de D. Gomes Pais de Piscos, irmão do famoso mestre do Templo,
D. Gualdim Pais, e ambos da linhagem dos Ramirãosi Esta ascendência
contudo parece-me prejudicada pelo único documento meu conhecido, apesar
dele frouxa luz lançar sobre aorigem "da família. Este documento é a acima
apontada declaração das testemunhas nas Inquirições da era de 1296 (i258).
Declararam elas que o primeiro senhor do julgado da Tábua fora Fernão
Pais, como ao fidalgo chama o citado Nobiliário, e não Fernão Gonçalves,
como é designado no Livro velho^ notando-se ainda que neste o patronímico,
nesses tempos rigorosamente observado, está errado, pois que, sendo, se-
gundo ele afirma, Fernão filho de Gomes, não poderia chamar-se Gonçalves.
Em abono da descendência dos Cunhas da linhagem dos Ramirãos um ligeiro
indício, insuficiente, se me afigura, para fazer fé, encontro nas Inquirições
da era de 1296 (i2b8) acima citadas, na quinta alçada porém. Depondo as
testemunhas sobre as rendas e direitos riais* da paróquia de S. Miguel da
Cunha, afirmaram existir lá, de tempos antigos, a honra de D. Gonçalo Ra-
mires (i), nome de um irmão de D. Paio Ramires, de quem foram filhos o
Mestre do Templo e seu irmão, o suposto pai do primeiro Cunha.
O Nobiliário atribuído ao conde D. Pedro, no Título LV.° trata «do li-
nhagem dos de Cuynha domde o mais longe sabemos: o primeyro foy dom
Goterre (2) que foy naturall de Gasconha», e continua dizendo: «Este dom
Goterre veo com o comde dom Hemrrique a Portugall seemdo cavalleiro
boo e velho e de gramde emtemdimento, e fiava o comde delle e chamavao
aos seus comsselhos, e deulhe o comde muitas herdades e possissões em
terra de Guimarãaes e de Bragaa e deulhe o porto de Varazim. E com este
dom Goterre viinha huum seu filho cavalleiro mancebo muy de proll e avia
nome dom Paay Goterrez, e el nom avia molher ca lhe morrera em sa terra.
Este dom Paay Goterrez edificou o moesteyro de sam Symom da Jumqueyra
e o moesteyro de Souto e o de Vilela, e foy casado com dona Ouseemda
Ermigiz Aboazar, filha de dom Trestamiro Aboazar ... e fez em ella Fer-
nam Paaez de Cuvnha ...» (3). Mais adiante, no «Titulo LVIII.** de dom
(i) «It. dixit quod forarii domini Regis non sunt ibi et habet ibi honor de vetu donni
Gunsalvi ratniriz». — Liv, 9.* de Inquirições de D. Afonso IJI., fl. 29.
(2) Por uma coincidência singular o último Conde da Cunha também se chamou
D. Goterre.
(3) Portugaliae monumenta histórica. ScriptoreSj pág. 356.
i56 Brasões
Goterre Auaerete da Sillva, como foi casado e quaaes filhos ouve», começa
a escrever por esta forma a linhagem dos Silvas: «Este dom Goterre Auda-
rele foy casado com dona e fez em ella dom Paay Goterrez da
SilIva, o que fumdou o moesteiro de Cujaaes e foy casado com dona Samcha
Anes, filha de dom Joham Ramirez ... e fez em ella dom Pêro Paaez Escacha
e dom Gomez Paaez da Sillva . . . » (i). Ambas as passagens fazem bastante
diferença do que apareceu impresso em 1640. Dá-se nelas a coincidência,
como se vê, de o primeiro da linhagem dos Cunhas se chamar D. Goterre
e o segundo D. Paio Goterres, nomes do primeiro e do segundo dos Silvas,
tirando deste acaso um genealogista espanhol a conclusão de serem idênticas
as pessoas e os Cunhas derivados dos Silvas (2). Não me parece contudo
admissível a presunção, não só por as indicações do Nobiliário medieval
apenas concordarem nos nomes dos fidalgos, divergindo essencialmente nos
dados biográficos atribuídos a cada um deles; mas ainda por ao facto pa-
recer opôr-se a cronologia determinada pelos poucos documentos existentes
meus conhecidos. D. Paio Goterres da Silva, como mostrarei no artigo dos
Silvas, vivia em io85 e 1129 e a doação do julgado da Tábua a D. Fernão
Pais da Cunha é posterior a 11 14 e anterior a 1128, e foi-lhe feita pelos seus
muitos serviços, excluindo portanto a juvenilidade em que deveria estar se
fosse, como pretende o genealogista espanhol, filho de um terceiro casamento
de D. Paio Goterres da Silva. Até dos documentos tiro a ilação de se haver
o progenitor dos Cunhas inclinado ao partido da rainha D. Teresa, ao passo
que o primeiro Silva seguiu e acompanhou D. Afonso Henriques.
Não se julgue contudo, por eu dar a preferência às indicações áo. Nobi-
liário do Conde D. Pedro, que as aceito todas, incluindo a proveniência da
Gascunha, não, senhor.
Quanto ao apelido proveio êle indubitavelmente do solar pela linhagem
possuído na paróquia de S. Miguel da Cunha, nas proximidades de Braga.
No quinto rol das Inquirições da era de i32G (1288), chegando o tribunal à
freguesia de S. Miguel da Cunha encontrou a paróquia dividida em duas me-
tades, uma reguenga, a outra de fidalgos, mosteiros e igrejas. «Em esta
meyadade dos filhos dalgo — juraram as testemunhas — som quatro quintaãs
que som de filhos e netos de Lourenço Fernandez e virÕ nas honrradas des
que se acordam as testemunhas e per razom destas quintaãs trazem por
honrra toda a villa, assy ho reguégo delRey, como todo ho ali, que nom
emtra hii o moordomo do carritell nem peita voz nem coyma, salvo que
(i) Portugaliae monumenta histórica. Scriptores, pág. 363.
(2) D. Luís de Salazar y Castro, Historia genealógica de ia casa de Silva, vol, I, pág. 86
e segs.
Cunhas iSj
entra hii o moordomo do pam polias teigas. ([ Estee como estaa», determi-
nou a alçada (i). Outra referência ao solar dos Cunhas ainda se encontra
nas mesmas Inquirições, em diverso rol porem. Chegando os inquiridores
ao julgado da Tábua, declararam as testemunhas ser ele «herdamento dos
de Coia e doutros filhos dalgo e trage hy seu juiz e seu moordomo e tra-
gemno por honrra». Em vista da informação, mandaram-se manter os pri-
vilégios (2), os quais foram depois confirmados, por sentença de 3o de Março
da era de i38o (1342), a Vasco Martins da Cunha, filho de menor idade de
Martim Vasques da Cunha, já falecido, e de D. Violante Lopes Pacheco,
filha de Lopo Fernandes Pacheco (3). Nesta sentença torna-se a dizer que
«o dito julgado de Tavoa era dos de Cuynha».
D. Lourenço Fernandes da Cunha nomeado nas inquirições de i258 e
1298, como sendo já falecido, era o filho primogénito de D. Fernão Pais da
Cunha, i.° senhor da honra do julgado da Tábua. Neste domínio sucedeu
a seu pai, bem como no senhorio da paróquia de S. Miguel da Cunha onde
possuía quatro quintas, todas honradas, como acima vimos, uma das quais,
com sua torre, era o solar da linhagem. Alêm disso teve os padroados das
igrejas da Tábua e S. Miguel da Cunha, e dos conventos de S. Simão da
Junqueira, S. Salvador do Souto e Santo Estêvão de Vilela todos da ordem
dos Cónegos regrantes de Santo Agostinho. Tomou parte no cerco e con-
quista de Sevilha em 1248 e durante as perturbações dos primeiros anos do
reinado de Sancho II, de i223 a 1229, foi muito vexado em nome dei Rei
por Vasco Mendes, provavelmente o de Sousa, e escreveu uma famosa carta
de protesto: oHec mentio de malefactoria, quam Rex Domnus Sancius fecit
Domno Laurentio Fernandi, et precepit facere . . . miserunt ignem in sua
quintana de Cuina, et cremaverunt eam quia per igne nichil ibi remansit:
Et derribaberunt de ipsa Turre quantum potuerunt ...» (4). De sua mulher
D. Sancha Lourenço, filha de Lourenço Gomes de Maceira, teve primogénito
a D. Gomes Lourenço da Cunha.
Sucedeu este nos senhorios e padroados possuídos por seu pai, mas, por
sentença de 8 de Setembro de i323 (i285), foi-lhe tirado o padroado da
(1) Liv. 1." de Inquirições de Alêm Doiro, fl. 3 v.
(2) Liv. de Inquirições da Beira e Alêm Doiro, fl. 10. '
(3) Chancelaria de D. Afonso IV, liv. 4.", fl. 96 v. — Nesta ocasião foi confirmada a
Vasco Martins a honra do julgado da Tábua, com toda a jurisdição de juiz e de mordomo,
ressalvando a apelação para el Rei.
(4) João Pedro Ribeiro, Dissertações, tom. I, Appendice n.» xuii, com o engano de atri-
buir o documento, que não é datado, ao reinado de Sancho I, quando ele é do tempo de
Sancho II, como advertiu Herculano, na Nota xvi do tom. II da Historia de Portugal.
i58 Brasões
igreja de S. Miguel da Cunha (i). Com as freiras de Santa Ana da Ponte
de Coimbra havia tido prolongadas contendas, desde 1277, pelo menos, às
quais D. Afonso III quis pôr ponto, intimando o fidalgo a comparecer na casa
do concelho daquela cidade no dia 6 de Julho do referido ano, onde lhe foi
ordenado que não continuasse a vexar a prioresa e religiosas, mas nada con-
seguiu e só no reinado do seu sucessor terminaram os vexames (2). De todas
estas severidades usou com êle D. Denis apesar de ser seu afilhado: «E este
dom Gomez Lourenço foy muito homrrado e de gram fazenda e foy padrinho
delrrey dom Dinis» (3).
De D. Gomes Lourenço da Cunha parece ter sido sucessor seu irmão
João Lourenço da Cunha, pelo menos teve o padroado do mosteiro de S. Sal-
vador do Souto e foi herdado no julgado da Tábua, instituindo em 1262 com
os bens lá possuidos um morgado com certa obrigação de missas (4). Foi
fidalgo prepotente e irrequieto, tendo cometido toda a sorte de violências
durante o reinado de D. Sancho II. Na Cornelhã existia um campo, inculto
desde 1244, ,em virtude de João Lourenço mandar prender pelas gargantas
e acoimar os homens que se abalançaram a ir lavrá-lo (5).
Outro irmão de D. Gomes Lourenço foi D. Egas Lourenço da Cunha, «o
melhor e mais honrrado de seus irmãos», o qual se encontra, na qualidade
de rico homem, confirmando vários forais desde 1236 até 1260 (6), e ante-
riormente umas doações dos anos de 1249 e 12b 1 (7). Morreu na era de
1299(8), ano de Cristo de 1261, não deixando descendência, legítima pelo
menos. Por duas vezes foi Egas Lourenço vitima da má leitura de textos:
de uma vez fizeram-no padrinho de baptismo de D. Denis, o que já lá acima
fiicou advertido; doutra vez, com tam pouco fundamento como já vou mos-
trar, fizeram-no privado de D. Afonso III. A carta de doação da vila do
Souto da Ribeira de Homem a João Soares Coelho, datada de iii das nonas
de Março da era de M. CC. Lx secunda (5 de Março de 1254 e. v.) encontra-se
transcrita de leitura nova no liv. 1.*' de Alem Doiro, fl. 216, cheia porem de
erros de leitura, dos quais os principais são a data da era, e os nomes dos
(i) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fl, loG.
(2) Ibidem, fl. 106 v.
(3) Nobiliário do Conde D. Pedro^ pág. 356 dos Poriíigaliae momimenta histórica. Scri-
ptores. Fr. Francisco Brandão leu mal este trecho na Monarchia lusitana, V, fl. 4 v , e su-
pôs ser o padrinho de D. Denis D. Egas Lourenço, irmão de D. Gomes.
(4) D. Nicolau de Santa Maria, Chronica dos Cónegos regrantes^ I, 335.
(5) Liv. 9.° das Inquirições de D. Afonso 111, fl. 6.
(6) Portugaliae monumenta histórica. Diplomata., passim.
(7) Archivo histórico portugue^^ IV, 38o e 38i.
(8) J. P. Ribeiro, Dissertações, tom. III, Appendice, pág. 84, doe. xxix.
Cunhas 159
x:onfirmantes. Quanto à data o copista não reparou para o x aspado, ou não
lhe sabia o valor, e em vez de 1292, escreveu 1262; quanto aos confirmantes
introduziu entre eles, em seguida a «dom Mem Soares privado dei Rey», a
dom Egas Lourenço da Cunha privado dei Rey, que não confirmou tal
carta, pois não se encontra no registo original, o liv. i.° da Chancelaria de
D. Afonso III, fl. 4. Por se terem aproveitado da leitura nova, erraram
nas suas afirmações dois distintíssimos historiadores, Fr. Francisco Brandão,
na Monarchia lusitana, V, fl. 4 v., e Francisco Manuel Trigoso de Aragão
Morato, nas Observações sobre a palavra Privado, a pág. 170 da 2.* part.
do tom. XI das Memorias da Academia. O primeiro saltou por cima do
erro na data, não a mencionando; o segundo apresenta-a certa, provavel-
mente por a ter encontrado na própria Monarchia, no tom. IV, fl. 187, onde
Fr. António Brandão se remete ao oi:iginal.
Filhos ainda de D. Lourenço Fernandes da Cunha e irmãos dos prece-
dentes encontro Vasco Lourenço da Cunha e D. Martim Lourenço da^^Cunha.
Do primeiro tratarei a seguir, do segundo ocupar-me-hei lá mais adiante.
Vasco Lourenço deverá ter sido o segundogénito por isso que sucedeu
no senhorio da honra do julgado da Tábua. Possuiu também, ao que pa-
rece, o morgado lá instituído por seu irmão João Lourenço da Cunha em
1262, e foi casado com D. Teresa Pires, filha de D. Pedro Fernandes Por-
tugal e de D. Froilhe Rodrigues de Pereira, «por quem, declara um genealo-
gista espanhol, seus descendentes juntaram às nove cunhas a cruz vermelha
em campo de prata, que é a insígnia dos Pereiras» (i); é porem engano evi-
dente. A cruz dos Pereiras é de prata em campo de vermelho e a cruz de
vermelho em campo de prata, usada no escudo por alguns Cunhas de Por-
tugal e de Castela, é a cruz dos Albergarias, cuja casa vieram a herdar, se-
gundo adiante direi. Idêntica proveniência tiveram os escudetes das quinas
postos em bordadura pelos fidalgos das principais casas desta geração.
Teve Vasco Lourenço da- Cunha dois filhos varões: Martim Vasques da
Cunha, o alcaide mor de Celorico de Basto de quem narrei a façanha da
entrega do castelo; e Estevão Vasques da Cunha, que em 1278 era vassalo
e cavaleiro da casa do infante D. Denis, recebendo de soldada, no dia 3o de
Outubro de cada ano, trezentas libras em panos, outro tanto como na mesma
casa havia seu primo Fernão Martins da Cunha (2), filho de D. Martim Lou-
renço da Cunha.
Vasco Martins da Cunha, bisneto na varonia do Alcaide mor de Celorico
(i) Dr. Gerónymo Gudiel, Compendio . . . de los Girones, Aicalá, iSjy, fl. 75 v.
(2) Arquivo histórico português, X, 58.
i6o Brasões
de Basto, foi 7.° senhor da honra do julgado da Tábua, com a Jurisdição cível
e crime a qual lhe foi confirmada por sentença de 3o de Março da era de
i38o (1842), sendo então ainda menor e sob a tutela de seu avô materno
Lopo Fernandes Pacheco (i); sentença confirmada por D. João 1 em 3 de
Maio da era de 1480 (1392) (2). Foi também 5.° administrador do morgado
da Tábua, senhor da terra da Cunha que D. Pedro 1 lhe confirmou em prés-
tamO) por carta de 16 de Junho da era de 1396 (i357), «por quanto a tinha
dei Rei seu padre» (3); da jurisdição cível e crime do julgado da terra de
Soverosa a qual lhe foi desembargada, como a houvera seu pai, em 23 de
Janeiro da era de 1486 (1398) (4); b.° senhor do couto do Pinheiro e da Cas-
tanheira de cuja jurisdição cível e crime teve mercê para sempre por aquela
guisa e condição que a havia seu pai e avós, em 4 de Abril da era de 1428
(i385) (5); e de toda a mais casa de seus antepassados. Viveu nos reinados
•de D. Pedro I, D. Fernando e D. João I dos quais todos teve o título de
vassalo. D. Pedro I fez-lhe mercê das vilas de Angeja, Pinheiro, Pereira,
Bemposta e Castanheira em i357, das alcaidariás mores dos castelos de Mel-
gaço e Castro-Laboreiro em 16 de Junho da era de i3gb (i357), da do cas-
telo de Lisboa em 29 do mesmo mês e ano (6), e das terras de Segadães e
Paços sobre Estrada, no almoxarifado de Aveiro, para comprimento da sua
quantia, em 20 de Fevereiro da era de 1402 (i364) (7). Por morte de D. Fer-
nando seguiu o partido de seu genro el Rei de Castela; logo porem se arre-
pendeu e veio unir-se ao partido nacional capitaneado pelo Mestre de Avis
a quem, antes e depois de rei, serviu sempre com uma fidelidade nem por
todos os seus filhos seguida. Esteve com quatro deles nas Cortes de Coim-
bra do ano de i385, nas quais foi aclamado rei D. João I que foi solenemente
jurado em 6 de Abril e logo fez mercê a Vasco Martins da Cunha, o Velho,
de o nomear do seu conselho, havendo-lhe doado, por duas cartas de 4 do
mesmo mês, a terra de Figueiredo e a aldeia de Assequins, para êle, sua
mulher e descendentes em forma de morgado que anda em filho varão (8),
e a jurisdição cível e crime do couto do Pinheiro, como já ficou acima dito.
D. João I ainda concedeu aos moradores do seu couto da Tábua isenção do
serviço militar e de aposentadoria, por carta de privilégios de 7 de Março
(i) Chancelaria de D. Afonso IV, liv. 4.°, fl. 96 v.
(2) Liv. 2.° de Além Doiro, fl. 54; e liv. 2.° da Chancelaria de D João /, fl. 66 v.
(3) Chancelaria de D. Pedro I, liv. i.», fl. i v.
(4) Chancelaria de D. João I, liv. 2.'», fl. 166.
(5) Ibidem, liv. 2.», fl. 166, e liv. i.", fl. 116 v.
(6) Chancelaria de D. Pedro I, liv. i.", fl. 3.
(7) Ibidem, fl. 94.
X8) Chancelaria de D. João I, liv. 1.», fl. 117.
Cunhas i6i
de 1439 (1401), dada em Leiria (i). Faleceu pelos anos de 1407 e Jaz em
S. Francisco de Coimbra.
No arquivo do mosteiro de Lorvão existiam dois instrumentos originais,
um de 25 de Novembro de 1445 (1407), do inventário dos bens deste Vasco
Martins, e o outro de 7 de Maio de 1447 (1409), das partilhas entre os seus
herdeiros. Por eles consta ter êle casado em primeiras núpcias com Leonor.
Rodrigues de Alvarenga, e que então era sua viúva e cabeça de casal sua
segunda mulher D. Teresa. Herdeiros eram D. Gonçalo da Cunha, bispo
da Guarda, Gil Vaz da Cunha e sua mulher Leonor Gonçalves de Moura,
Pedro Vaz da Cunha e sua mulher D. Teresa de Ataíde, Vasco Martins da
Cunha, o Moço, e sua mulher Brites Gomes da Silva, D. Leonor da Cunha (2)
e seu marido D. João de Castro, D. Lsabel da Cunha, recolhida em Lorvão,
filha do conde Martim Vasques da Cunha, D. Mecia Vasques da Cunha, aba-
dessa de Lorvão, e D. Beatriz da Cunha, também filha do Conde (3). Nestas
duas escrituras só me dá motivo para reparo o apelido da primeira mulher
de Vasco Martins da Cunha, a qual não podia ser Alvarenga e era decerto
Albergaria, como está provado pela sentença de 17 de Março da era de 1427
(1389) a qual Julgou o morgado de Santo Eutrópio a Martim Vasques da
Cunha, «como neto maior lídimo de Lopo Soares de Albergaria» (4). Não
podia ser seu neto pelo pai, logo foi-o pela mãe.
Vasco Martins da Cunha, o Velho, casou a primeira vez com Beatriz Lo-
pes de Albergaria (õ), filha de Lopo Soares de Albergaria, senhor da alber-
garia de Paio Delgado e do morgado de Santo Eutrópio, em Lisboa, e de
sua mulher D. Mecia Rodrigues de Meira. Por este casamento vieram os
.Cunhas a herdar a casa de Albergaria, tendo sido os bens dela doados a
Martim Vasques da Cunha, filho primogénito de Beatriz Lopes, por cartas
de 20 de Setembro e 14 de Outubro de i386(6), e os morgados Julgados
pela acima citada sentença de 17 de Março de 1389. Deste matrimónio nas-
ceram os seguintes filhos:
i.° — Martim Vasques da Cunha, o da batalha de Trancoso, foi um dos
(i) Chancelaria de D. João /, liv. 2.°, fl. 169 v.
(2) Viúva do famoso dr. João das Regras falecido em 1 404 e já casada em segundas núpcias.
(3) Fr. Manuel dos Santos, Monarquia lusitana, VIII, 688.
(4) Provas da Historia genealógica, VI, 148.
(5) Dou a preferência a este nome ao de Leoríor Rodrigues de Alvarenga, como apa-
rece na Monarquia lusitana^ por não ter confiança no extrato do documento lá citado, não
só por trazer o apelido errado, mas até porque o cronista parece não ter visto a escritura
alegada. Álvaro Ferreira de Vera, nas Notas ao Nobiliário do Conde D. Pedro, também
segue a versão por mim adoptada, e bem assim outros autores.
(6) Chancelaria de D. João I, liv. i.", fls. 177 e i85. ^
VOL. I 21
102 Brasões
mais denodados fidalgos do seu tempo. Comparavam-no a dom Galaaz, um
dos cavaleiros da Távola Redonda, e muito notável feito praticou quando,
em 1387, no cerco de Vilalobos, indo à forragem só com mais dezassete
companheiros, se defendeu contra quatrocentas lanças castelhanas, fortifi-
cando-se numas antas ali próximas (i). Este homem, nove anos volvidos
sobre esta façanha, passou-se para o inimigo, apesar da sua grande casa em
Portugal, seduzido pelos prometimentos de Henrique III e talvez também
invejoso do muito acrescentamento de Nuno Alvares Pereira. Herdara a
casa de seu avô materno, mas não chegou a suceder na de seu pai por se
ausentar para Castela, onde foi criado conde de Valência de Campos em
iSgy. Dele e de sua primeira mulher D. Maria Giron (Girona, como lhe
chamam os documentos), senhora desta casa, procederam por varonia as
casas dos marqueses de Vilhena, duques de Escalona, condes de Xiqueíía;
a dos duques de Ossuna, condes de Urena, e outras. Por fêm.ea procede-
ram entre outros os senhores e marqueses de Cascais, hoje na casa de Niza,
os quais herdaram a albergaria de Paio Delgado e o morgado de Santo Eu-
trópio. De sua segunda mulher D. Maria de Portugal, filha primogénita e
herdeira do infante D. João, duque de Valência de Campos, procederam as
casas dos condes de Valência, duques de Najera, a dos condes de Requena,
a dos marqueses de Escalona, e outros (2).
(i) Fernão Lopes, Chronica de D. João 1, part. 11, caps. 7G e 108.
(2) Existem muitas cartas régias relativas a Martim Vasques da Cunha. Aqui vão oâ
apontamentos dalgumas: a D. Maria Girona, mulher de Martim Vasques da Cunha, nosso
vassalo, doação de juro e herdade, com as jurisdições, dos lugares de Tarouca e Valdigem,
com seus termos, em Vila Nova de Anços, a 5 de Março de 1410 (1372); à mesma senhora,
«por divido que comnosco tendes», e em casamento com o seu referido marido, foi regu-
lada, por carta dada em Queiraz a 6 de Outubro do mesmo ano, a sucessão naquelas terras,
que ficariam, depois da morte dela e do marido, ao filho varão mais velho que d'entre eles
houvesse, e seguidamente aos seus descendentes de filho em filho até à extinção da linha
varonil, porque então tornariam as terras para a Coroa; ainda no mesmo ano, por carta
dada em Leiria a u de Novembro, fez D. Fernando doação do castelo de Lamego a Martim
Vasques. — Chancelaria de D. Fernando, liv, i.", fls, loi v., 112 v. e i[5 v.
No reinado de D. João I, entre várias outras cartas, encontram-se estas: doação para
sempre a Martim Vasques da Cunha, nosso vassalo, do morgado e hospital de Santestrópio
(Santo Eutrópio), que é edificado na cidade de Lisboa, em virtude da ida para Castela de
Gaterina Dias e Urraca Fernandes sua madre, que o dito morgado e hospital tinham, dada
no Porto a 20 de Setembro de 1424 (i386); doação para sempre da posse e direito que Ga-
terina Dias, filha de Diogo Soares, tinha no hospital de Santo Eutrópio edificado em Lisboa
na freguesia de S. Bartolomeu, assim como ela o tinha quando se foi para Castela, dada em
Ponte da Barca, a 14 de Outubro do referido ano; carta de privilégios para os caseiros, fo-
reiros e lavradores dos seguintes bens do mesmo Martim Vasques: albergaria que foi de
de Lopo Soares (albergaria de Paio Delgado) e hospital de Santo Eutrópio, ambos edificados
Cunhas 1 63
2.° — Estêvão Soares da Cunha foi desassisado, dizem os nobiliários an-
tigos, e eu suponho ter êle sido um infeh*z. Casou por amores com uma
mulher de desigual condição a qual lhe pagou, traíndo-o; desforçou-se, ma-
tando o amante; homiziou-se em Castela e ficou sem a casa por o irmão
Vasco lha ter tirado, apesar do seu incontestável direito a suceder nela após
a expatriação do irmão primogénito. De Estêvão Soares foi neto Luís da
Cunha, cavaleiro fidalgo da casa de D. Afonso V na lista 1467. Reivindicou
este para si o senhorio e morgado da Tábua que por sentença houve de sua
parenta D. Mecia da Cunha, bisneta de Vasco Martins da Cunha, o Moço,
e mulher de Pêro Gomes de Abreu. Casou com sua sobrinha D. Maria da
Cunha, filha de seu primo com irmão D. Aires da Cunha, e não tendo tido
dela descendência nomeou o senhorio da Tábua em seu sogro, a quem, segundo
dizem, D. João III o confirmou por carta de 17 de Outubro de i532. Nos su-
cessores de D. Aires se continuou o senhorio. Encontro num apontamento
meu, sem indicação da fonte, a notícia de Luís da Cunha haver sido sepul-
tado na igreja de Santa Maria de Celorico de Basto, «em sepultura com as
suas armas, tendo dois anjos por suportes, e este letreiro: Aqui ja:{ Luís da
Cunha chefe dos Cunhas senhor de Táboa». A sepultura doutro senhor da
Tábua consta-me ter existido no corpo da igreja de Santa Caterina de Lis-
boa, no pavimento, com este epitáfio: Sepultura de D. M.^^ Alv\ da Cunha,
Comendador da Ordem de Xp.° Chefre da mui antiga e lllustrefamilia dos
Cunhas, que tendo nesta Cidade três Capellas, por humildade se mandou
lançar na sua Parochia, viveo 65. annos, e 8. meses e i3. dias, morreo em
g. de Setembro de 162J. annos (i). Este D. Manuel foi 17." senhor da Tábua
è 15.*^ do seu morgado, em que sucedeu a seu primo do mesmo nome. Foi
também administrador do morgado de Bulhaco, instituído, segundo se diz,
em 1237, com capela da invocação de Santa Margarida, na igreja de S. Ma-
mede de Lisboa, por Maria Pires, mulher de Pedro Martins de Bulhão, ir-
mão de Santo António, e ambos quartos avós de D. Maria Afonso de Bulhão,
primeira mulher de D. Aires da Cunha, 14.° senhor da Tábua, e avô de
D. Manuel. Este possuía ainda uma segunda capela, da invocação de Santo
António, instituída na igreja da Vitória de Lisboa por seu tio avô Fernão
Vaz da Cunha, que viera da índia muito rico. Agora, qual era a terceira
capela mencionada no epitáfio, não sei. De Estêvão Soares da Cunha, além
dos senhores da Táboa, condes da Cunha, provieram os senhores de Santar,
marqueses em Espanha, onde ficaram depois da revolução de 1640.
em Lisboa, e quinta de Benafarão no termo de Almada, dada em Lisboa a 5 de Abril de
1427 (iSSg). — Chancelaria de D. João I, liv. 1.», fls. 177 e i85; liv. 2.", fl. 21 v,
(i) Sousa, Memorias sepulchraes, fl. 180.
1 64 Brasões
3.° — Vasco Martins da Cunha, o Moço, vassalo de D. João I, foi senhor
de Penalva, Sinde e Azere, por carta de 8 de Abril de 142 1 (i383), em pa-
gamento de sua contia, no valor de 260 libras (i), doação que D. João I lhe
confirmou, e mais a terra de S. Gião, por carta de 21 de Maio de 1422
(i383) (2); senhor da terra de Lanhoso, com suas rendas e direitos, e a Ju-
risdição cível e crime, tudo de Juro e herdade para sempre, por carta de 1 1
de Março de 1424 (i386) (3), confirmada por D. Duarte em 28 de Março de
1434 (4); alcaide mor do castelo deLanhoso por carta de 4 de Julho de 1427
(i38g) (5). Achou-se nas Cortes de Coimbra de i385, quando foi aclamado
D. João 1 que lhe fez muitas mercês (6). Sucedeu a seu pai no Julgado da
Tábua e morgado da Cunha, em virtude da ausência de seu irmão primogénito
e da incapacidade de seu irmão segundogénito, conforme consta, entre outros
documentos, de uma escritura de 10 de Abril de 1436 lavrada pelo notário de
Vasco Martins naquele Julgado (7). Em 143 1 pretendeu abandonar o mundo
e professar cm alguma Ordem religiosa, mas D. João I mandou-lhe que
«tornasse a sua vida e que houvesse suas terras como havia». Obedeceu e
tornou a «fazer vida com sua mulher e a criar e manter seus filhos» (8).
Foi casado com Beatriz Gomes da Silva, filha de Fernão Gomes da Silva
que fora senhor de Lanhoso, e ainda viviam em 1436, quando autorizaram
a doação, que seus filhos Rui da Cunha, prior de Santa Maria de Guima-
rães, Aires da Cunha, escudeiro do infante D. Fernando, D. Maria da Cunha,
abadessa de Lorvão, e Martim Vasques da Cunha com Mecia de Andrade,
( 1 ) Chancelaria de D. Fernando, liv. 3.°, fl. 74 v.
(2) Chancelaria de D. João /, liv. i.<*, fl. 19 v.
(3) Ibidem^ fl. 171. — No diploma declara-se que haverá a terra, como a tinha Fernão
Gomes da Silva, que se ora foi para Castela. Este Fernão Gomes era o sogro de Vasco
Martins.
(4) Chancelaria de D. Duarte, liv. 1.», fl. 77 v.
(5) Chancelaria de D. João /, liv. 2.", fl. 40 v.
(G) Cartas de 8 de Junho de i384, de mercê de bens em Torres Vedras; de 3 de Outu-
bro do mesmo ano, de bens no Porto; de 6 de Outubro de i385, da coutada de Randide, no
termo de Torres Vedras; e de 19 de Novembro de 1387, de privilégios para a sua quinta de
Ouvim e honra do couto da Torre, no julgado de Regalados. — Chancelaria de D. João I,
liv. I.", fls. 16, 48 v., 79 V., e 196 V.
(7) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.», fl. 178 v. — Por aqui se vê que não teve inteiro
cumprimento a carta de 29 de Dezembro de 1438 (1400), pela qual D. João I fizera mercê a
Pêro Vasques da Cunha, seu meio irmão, de poder suceder por morte do pai nos morgados
da Cunha, Tábua e Pinheiro {Livro 2fl de D. João I, fl. 170), apenas sucedeu no último.
(8) Consta da carta de 7 de .Janeiro de 1431 de doação das terras de S. Gião e Penalva
a sua filha Leonor da Cunha, em casamento com Fernão Gomes de Góes. — Chancelaria de
D. João 1, liv. 4°, fl. 128 v.
Cunhas i65
sua mulher, fizeram a seu irmão Afonso da Cunha dos bens que haviam de
herdar de seus pais na comarca de Antre Doiro e Minho, doação confirmada
por D. Duarte, em Estremoz, a 4 de Maio do referido ano (i). Alem dos
filhos acima nomeados ainda tiveram outro. Já então falecido, o qual se cha-
mou Luís Vasques da Cunha, ou simplesmente Luís Vasques. Teve ele mil
e quinhentos reais de moradia na casa de D. João I (2) e foi prior de Santa
Maria de Guimarães e o era nos anos de 1419 a 1428 (3). Mandou ele fazer
uma preciosa arca de prata doirada para relíquias, a qual se encontra re-
produzida entre as estampas da folha 7 da Arte Religiosa em Portugal,
acompanhada de umas interessantes notas de Joaquim de Vasconcelos, meu
erudito amigo. A inscrição, conforme se encontra reproduzida neste livro,
diverge na data da versão do autor citado na nota, pois este leu era de 1468,
quando na realidade parece ser era de 1457; mas isso não influi. Supõe
Grasbeck haver Luís Vasques sido filho de Vasco Martins da Cunha, o Ve-
lho, mas nisso enganou-se, porque ele foi filho de Vasco Martins da Cunha,
o Moço, como prova o escudo das suas armas na mesma arca esculpido:
esquartelado de nove cunhas (Cunha) e de um Hão (Silva), as primeiras pelo
pai, as segundas pela mãe. Além disso não podia ter sido filho de Vasco
Martins, o Velho, porque não vem mencionado entre os seus filhos na citada
escritura de 7 de Maio de 1409. Sucedeu-lhe no priorado seu irmão Rui da
Cunha, ou melhor D. Rodrigo da Cunha, de quem existem memórias desde
1424 a 1447 (4). Na linha primogénita da descendência de Vasco Martins,
o Moço, conservou-se durante mais duas gerações o senhorio do julgado da
Tábua, tornando depois aos descendentes de seu irmão Estêvão Soares, como
•acima disse. Nesta linha e bem assim nas colaterais está há muito extinta
a varonia.
4.° — Gil Vasques da Cunha, alferes mor. Dele tratarei no capítulo s^
guinte.
5." — Lopo Vasques da Cunha, senhor da terra da Maia, serviu de alferes
mor na batalha de Aljubarrota por seu irmão Gil Vasques, e em 1397 passou
para Castela com seu outro irmão Martim Vasques da Cunha. Em 5 de
Novembro desse mesmo ano deu-lhe Henrique III as vilas de Buendia e
Azanon, na mesma ocasião em que criou conde de Valência de Campos a
(i) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.", fl. 178 v.
{2) Soares da Silva, Memorias de D. João /, vol. iv, doe. 3i, pág. 216, onde aparece no-
meado a seguir a seu irmão Martim Vasques.
(3) Francisco Xavier da Serra Grasbeck, Catologo dos Abbades de Guimarães no vol.
de 1726 dos Documentos e Memorias da Academia Real da^Historiá.
(4) Ibidem.
i66 Brasões
seu irmão. Juntamente com sua mulher fundou Lopo Vasques, em Portilho^
a 3 de Agosto de 1446, dois morgados para seus dois filhos mais velhos.
Sua mulher foi D. Teresa Carrilho de Albornoz, senhora de Paredes, Por-
tilho e Valtablado, irmã do cardial D. Afonso Carrilho, e ambos os cônjuges
já eram falecidos a 7 de Setembro do referido ano, deixando estes filhos:
D. Pedro da Cunha, i.° conde de Buendia, do conselho e guarda mor de
D. João II de Castela, progenitor dos demais condes, que foram grandes de
Espanha, dos marqueses de Vai de Cerrato, etc; D. Lopo Vasques da
Cunha, duque de Huete, com ilustre descendência; Gomes Carrilho, senhor
de Jadraque, camareiro de D. João It, progenitor dos marqueses de Carra-
cena, dos de Castro Fuerte, etc; D. Afonso Carrilho, arcebispo de Toledo,
progenitor dos marqueses de Falces; e D. Leonor da Cunha, condessa
de Cifuentes, primeira mulher de D. João da Silva, 1." conde de Cifuen-
tes (i).
6." — Rui Vasques da Cunha, nomeado em alguns nobiliários, poderá ser
o cavaleiro Rui da Cunha, comendador da Ordem de Santiago, que pelejou
na hoste portuguesa na batalha de Aljubarrota, em 14 de Agosto de i385.
Era já falecido em 7 de Maio de 1409 (2) e portanto não pode ter sido o Rui
Gonçalves da Cunha, arcediago da Sé do Porto, que dizem ter fundado um
morgado em 1450.
7." — D. Mecia Vasques da Cunha era abadessa de Lorvão em 1409, como
acima vimos, e talvez seja a Mecia da Cunha, dama da rainha D. Felipa,
com setecentas libras de moradia (3).
Vasco Martins da Cunha, o Velho, casou a segunda vez com D. Teresa
de Albuquerque, filha natural de D. Fernando Afonso de Albuquerque, mes-
tre de Santiago, embaixador a Inglaterra. Deste segundo casamento nasce-
ram estes filhos:
8.° — D. Gonçalo Vasques da Cunha, doutor em direito pela Universidade
de Bolonha, bispo eleito da Guarda em fins de 1397, só tomou posse do bis-
pado em 1400 e governou-o até 1426, ano em que morreu nalgum dos
meses de Agosto a Novembro. Contribuiu muito para a edificação da nova
Sé, sobre cujo pórtico lateral da banda do norte se colocou o escudo das
suas armas, que era esquartelado: o I e IV das quinas do reino: o II e III
(i) López de Haro, Nobiliário de Espafía, II, 8; Salazar y Castro, Casa de Lara, II, 843,
e Casa de Silva, I, 254.
(2) Data da escritura de partilhas acima citada. Nela não vem mencionado, entre os
filhos de Vasco Martins da Cunha, nenhum Rui, sinal de que já tinha morrido, se existiu.
(3) Soares da Silva, Memorias de D. João I, IV, 221.
Cunhas i 67
das nove cunhas. A sua Sé legou a sua biblioteca, importante para o
tempo (i).
9.° — Pêro Vasques da Cunha, senhor de Angeja, Pereira, Assequins,
Bemposta, Figueiredo e dos coutos do Pinheiro e Castanheira, foi o proge-
nitor dos Albuquerques, senhores de Anjeja, do Conde de Penamacor e dou-
tros que serão mencionados no título dos Albuquerques.
10." — D. Isabel de Albuquerque, mulher de Gonçalo Vaz de Melo, o
Moço, senhor da Castanheira, Povos e Cheleiros, e alcaide mor de Évora,
foi mãe, entre outros, de D. Pedro de Melo, conde da Atalaia, e de D. Leo-
nor de Albuquerque, mulher de João Gonçalves de Gomide, senhor de Vila
Verde e escrivão da puridade de D. João I. Seu marido matou-a injusta-
mente, pelo que foi degolado, e os filhos, aborrecendo o apelido paterno,
adoptaram o materno, o qual seus descendentes ilustraram nas pessoas do
grande Afonso de Albuquerque, de Matias de Albuquerque, vice rei da índia,
e doutros.
A descendência proveniente dos dois casamentos de Vasco Martins da
Cunha, o Velho, dividiu-se em dois ramos distintos. No primeiro conservou-se
o apelido originário, no segundo foi este trocado pelo de Albuquerque.
Manteve-se o senhorio do julgado da Tábua e dos morgados da Cunha e
da Tábua na linha primogénita portuguesa, a qual só veio a extinguir-se na
varonia em 1895 pela morte do 5." Conde da Cunha. Então ficou subsistindo
a varonia dos Cunhas unicamente nos descendentes do alferes mor Gil Vas-
ques da Cunha, aos quais destino o capítulo iii deste artigo.
Quanto aos Albuquerques, provenientes dos Cunhas, constituirão eles a
matéria do XIV artigo.
Os descendentes do primeiro casamento de Vasco Martins da Cunha, o
Velho, alteraram as suas armas acrescentando-lhes as dos Albergarias, no todo
ou em parte, por se haver fundido a casa dos Albergarias na dos Cunhas.
Os que em Espanha vieram do Conde de Valência de Campos, filho pri-
mogénito, trouxeram em campo de negro banda terçada de oiro, prata e
oiro, cada uma das partes de oiro carregada de nove cunhas de azul postas
na direcção da banda, 3, 3 e 3, e a parte de prata carregada de uma cruz
florida de vermelho, vazia de prata; bordadura de prata carregada dos cinco
escudetes das quinas do reino.
Os que em Portugal vieram de Estêvão e de Gil, 2.° e 4.° filho, acres-
(i) José Osório da Gama e Castro, Diocese e districto da Guarda, págs. SaS e 421.
1 68 Brasões
centaram ao antigo escudo da casa uma bordadura cosida de prata, carre-
gada das quinas do reino. Destes alguns dispuseram as suas armas pela
seguinte forma: esquartelado: o I e IV de oiro nove cunhas de azul; o II e
III de prata, cruz florida de vermelho e vazia do campo. Bordadura de todo
o escudo de prata, carregada de nove escudetes de azul, sobrecarregados de
cinco besantes de prata. Estas porem não creio, que sejam hoje usadas,
apesar de ainda se verem na primeira das capelas afonsinas da charola da
Sé de Lisboa (i), e, segundo penso, no palácio do governo, em" Pangim, no
retrato de Nuno da Cunha (2).
Os que em Espanha vieram de Lopo, 5.** filho de Vasco Martins da Cunha,
o Velho, usaram também do escudo das cunhas com a bordadura das quinas.
Ficaram portanto desde esse tempo, princípios do século xv, existindo
em Portugal dois escudos diferentes para armas dos Cunhas. O primeiro,
as nove cunhas de azul em campo de oiro, com a bordadura das quinas; o
segundo, as nove cunhas somente, sem a bordadura.
O primeiro é privativo das casas dos senhores da Tábua, condes da Cu-
nha, dos senhores de Santar, dos senhores de Gestaçô, dos condes de S. Vi-
cente, dos condes de Povolide, dos marqueses de Olhão, e dos condes de
Lumiares. O segundo dos demais Cunhas.
III
CONDES DE LUMIARES
Gil Vasques da Cunha, quarto filho de Vasco Martins da Cunha, o Velho,
serviu ao Mestre de Avis logo nos primeiros tempos. Foi capitão de unja
das cinco naus da armada do Porto de socorro a Lisboa, então assediada
pelos Castelhanos, e com ela entrou no combate naval ferido no Tejo, em
frente da cidade, no dia 18 de Julho de 1884. Também foi um dos fidalgos
que em 6 de Outubro, depois de levantado o cerco, beijaram a mão ao Mes-
(i) Júlio de Castilho, Lisboa antiga, 1* p., vol. m, pág. 220.
(2) José Maria Delorme Colaço, Galleria dos Vice-Reis^ e Governadores da índia Por-
tuguesa dedicada aos illustres descendentes de taes Heroes. Em i83g e 1840. Possuo os
desenhos coloridos, originais do autor, dos dez primeiros Heroes^ e mais os do 17.» e 18.";
alem destes, tenho, em tiragem especial os sete restantes. Na litografia do retrato de Nuno
da Cunha, o 9." da colecção, tal como foi publicada, vê-se apenas um escudo esquartelado,
com uma bordadura e nela as quinas; na estampa original porem divisam-se perfeitamente
as cunhas no I e IV quartéis e a cruz florida nos outros dois. Melhor se podem ainda ver
nas Lendas da India^ de Gaspar Correia, no tom. lu, em frente da pág. 3o8, no retrato de
Nuno da Cunha, onde, não sei porqu^, os quartéis aparecem invertidos.
Cunhas ' 169
tre na qualidade de regente do reino. No ano seguinte assitiu às Cortes de
Coimbra, não se tendo oposto, tam abertamente como seu irmão Martim
Vasques, à aclamação de D. João I, que logo em seguida a ela o nomeou
alferes mor do reino. Nesta mesma ocasião, por cartas de 10 de Abril e i3
de Maio, fez-lhe doação em tença da terra da Maia e coníirmou-lhe de juro
e herdade a terra de Marialva, a qual lhe havia doado quando ainda era re-
gedor do reino (i). Entrou na batalha de Trancoso, mas não pelejou na de
Aljubarrota, tendo sido seu irmão Lopo Vasques quem então levou o pendão
rial. Continuou servindo até que em iSgy, seguindo o deplorável exemplo
de seu irmão primogénito, passou para Castela, .onde lhe foi feita doação
das vilas de Roa e Mancilha, sendo-lhe em Poitugal confiscados todos seus
bens e doados, por carta de i de Setembro do ano seguinte, a seu cunhado
D. Nuno Alvares Pereira (2). Ao cabo de cinco anos porem regressou à
pátria e D. João I, por carta de 27 de Maio de 1440 (1402), restitui-lhe todos
os bens patrimoniais (3), seguindo-se logo depois, por duas cartas de i de
Junho, a restituição da terra da Maia e a doação das terras de Celorico de
Basto, Borba de Azinhares, Vai de Boiro, Montelongo e Portocarreiro (4).
Mais mercês lhe tez el Rei, entre elas, em 1410, a da sinagoga de Monchi-
que, no arrabalde do Porto, onde Gil Vasques edificou uma bela residência
senhorial, na qual posteriormente seu bisneto Pêro da Cunha Coutinho, jun-
tamente com sua mulher D. Beatriz de Vilhena, fundaram o mosteiro da
Madre de Deus (5); mas não lhe tornou mais a confiar o posto de alferes mor
no qual permaneceu João Gomes da Silva. Morreu Gil Vasques em Janeiro
de 1418(6).
Casou a primeira vez com D. Isabel Pereira, irmã do condestável D. Nuno
Alvares Pereira e filha do prior do Crato D. Álvaro Gonçalves Pereira.
Morreu D. Isabel em i de Junho de 1402, deixando quatro filhos a que logo
me referirei. Casou a segunda vez, pelos anos de 1405, com D. Leonor
Gonçalves de Moura, filha de Álvaro Gonçalves de Moura, meirinho mor de
Entre Tejo e Guadiana, alcaide mor de Moura e de Évora, e de sua mulher
(i) Chancelaria de D. João 1, liv. i.', fls. 117 e 09 v.
(2) Ibidem, fl. 180 v.
(3) Ibidem, liv. 3.% fl. i3.
(4) Ibidem, e liv, 2.", fl. 177 v.
(5) Sousa Viterbo, Occorrencias da vida judaica, no Archivo histórico portuguez,.
vol. 11, pág. 188 e segs.
(6) Consta da carta de sentença de 5 de Dezembro de 1459 (1421) dada a favor de seu
filho Fernão Vaz da Cunha, relativa à sucessão da terra da Maia. — Chancelaria de D. João 1,.
liv. 4.", fl. 62.
VOL. I 22
I yo Brasões
D. Urraca Fernandes, g/** senhora da Azambuja. Deste casamento não houve
Gil Vasques descendência; do primeiro matrimónio nasceram:
Fernão Vasques da Cunha, rico homem, senhor de Celorico de Basto,
Montelongo e terra da Maia, que lhe foram confirmadas em 142 1 e 1433, foi
fronteiro mor em Ceuta e morreu em Tanger, ao lado dos Infantes, em fins
de Setembro de 1437. Casou com D. Branca de Vilhena, filha de D. Hen-
rique Manuel de Vilhena, conde de Seia, de quem teve uma única filha,
D. Maria da Cunha, sucessora da casa e mulher de Fernão Coutinho, que
por ela foi senhor de Basto, Montelongo, etc.
D. Felipa da Cunha tinha em 1429 «tratado seu casamento» (i), e veio a
ser, com efeito, mulher de Fernão de Sá, alcaide mor do Porto, senhor de
Sever, camareiro mor de D. Duarte e D. Afonso V.
D. Maria da Cunha, mulher do dr. Martim do Sem, de quem no título
dos Almeidas tratarei,
João Pereira Agostim, um dos doze de Inglaterra, achou-se na conquista
de Ceuta em 141 5 e, depois da cidade tomada, ficou nela capitaneando a
gente da casa do infante D. Henrique. O qual João Pereira «depois foy
muy boom cavalleyro em aquella cidade, e em outras muitas pelejas forom
elle e outros boÕs homeés ante daqueste feito, os quaaes andando nas guerras
de França e de Inglaterra, ouvindo as novas da armaçam que elRey fazia,
leixaram todallas doçuras de França e daquellas terras por víir a serviço
delRey, os quaaes eram o dito Joham Pereyra, e Diego Lopez de Sousa, e
Pêro Gomçallvez a que deziam Mallafaya, e Alvoro Meemdez Cerveira» (2).
Por êle disse a cantiga
Quem guardaria Ceuta
Malafaia ou João Pereira.
Lá continuou servindo com denodo, como se lê em várias passagens da
Crónica do Conde D. Pedro, e depois foi em 1437 com os Infantes na de-
sastrosa empresa de Tânger.
Casou com Brites Gonçalves, filha de Gonçalo Rodrigues de Galafura,
senhor do morgado de Medeio, «e assim se mostra da demanda que correu
sobre este morgado» (3), e dela teve único a Nuno da Cunha. Foi este ca-
(i) Archivo histórico portugue'^, III, 122.
(2) Azurara, Crónica da tomada de Ceuta, cap, 100, pág. 264.
(3) Diogo Gomes de Figueiredo, Nobiliário, II, 632, viihi. — D. Francisco de Meneses,
Famílias de Portugal, II, H. 492 v., mihi, diz: «a mulher de que houve ao dito Nuno da
Cunha era filha de Gonçalo Rodrigues de Galafura, porque seu neto Pêro de Galafura consta
ser primo com irmão do dito Nuno da Cunha».
Cunhas i 71
mareiro mor do infante D. Fernando, irmão de D. Afonso V, e alcaide mor
de Palmela. Possuiu a casa em Setúbal, onde em 1484 o Duque de Viseu
foi assassinado; e morreu em 1476 antes de i5 de Junho (i), deixando viúva
D. Caterina de Albuquerque, filha de Luís Alvares, mestre sala de D. Afonso V.
A D. Caterina, «mulher que foi de Nuno da Cunha», foi feita mercê, em sua
vida, por carta de 19 de Maio de 1477, ^^ ^^^ tença de novecentos e se-
tenta e dois reais brancos, dos quais havia pagamento pelo foro de um pomar
que trazia da Ordem de Santiago no termo de Palmela (2). Ainda então
não tinha tornado a casar com o marichal D. Fernando Coutinho, pripieiro
do nome. De Nuno da Cunha e de D. Caterina de Albuquerque foi filho
primogénito o famoso Tristão da Cunha.
Foi Tristão da Cunha i.° senhor de Gestaçô e Panoias, por carta de 18
de Setembro de i5io (3), camareiro mor do duque de Viseu D. Diogo, do
conselho de D. Manuel e seu vedor da fazenda, nomeado por alvará de 12
de Março de 1504(4), tendo sido por outro, de 22 de Outubro de i5i3, nas
vésperas da partida para Roma, autorizado a traspassar o ofício em seu filho,
Nuno da Cunha (5), a quem contudo só foi passada carta em 20 de Dezembro
de i52i (6).
No ano de 1496, a 28 de Abril, fez-lhe D. Manuel mercê de cinquenta
mil reais de tença anual, em atenção aos seus serviços e a ter sido camareiro
mor de seu irmão; no de i5oo recebia também duas tenças uma de sessenta
e cinco mil reais e a outra de cinquenta mil reais pelos rendimentos da Or-
dem de Cristo; e desde o ano de i5i4 em diante êle aparece nas listas dos
fidalgos da casa rial com a moradia de quatro mil duzentos e oitenta e seis
reais por mes, como cavaleiro do conselho. No ano de 1498 foi um dos
fidalgos que acompanharam D. Manuel a Castela, quando êle e sua mulher
foram a ser jurados príncipes herdeiros daquela coroa.
Este rei estimava deveras a Tristão da Cunha e tanto que o nomeou, no
ano de i5o5, para primeiro vice rei da índia; o que se não realizou por êle
cegar repentinamente e em seu lugar enviou a D. Francisco de Almeida.
Tendo recuperado alguma vista por efeito da medicina, ou da natureza, foi,
no ano seguinte, nomeado capitão mor de uma armada de dezasseis velas
(i) Critica e historia, I, 265.
(2) Liv. I." da Ordem de Santiago, fl. 3i.
(3) Chancelaria de D. Manuel, liv. 8.°, fl.
(4) Jbiden7,\W. 18.», fl. ii8v.
(5) Ibidem.
(6) Ibidem, fl. 1 17 v.
172 Brasões
enviada à índia. Seis das naus eram capitaneadas por Afonso de Albu-
querque, provido então no governo daquele estado. Tendo a esquadra saído
de Lisboa em 6 de Março desse ano de i5o6, descobriu as ilhas a que o
capitão mor pôs seu nome e, por ter tomado muito ao largo, teve que in-
vernar em Moçambique, d'onde, aproveitando esta demora forçada, fez um
reconhecimento pelas costas da ilha de Madagáscar, o qual foi muito preju-
dicial à esquadra por se terem perdido alguns navios nos baixos de areia,
que há em torno da ilha até grandes distâncias. Passou a Melinde, cujo rei
trazia guerra com os reis de Hoya e Lamo, e pedindo socorro a Tristão da
Cunha, este o ajudou, e tomou e saqueou a cidade de Hoya e lhe matou o
seu rei, o que, sabido do de Lamo, se constituiu, para evitar a mesma catás-
trofe, tributário da coroa portuguesa em seiscentos miticais de oiro por ano,
ou duzentos e dezasseis mil reais. Depois de um porfiado combate também
tomou e saqueou a cidade de Brava situada trinta léguas mais acima, em se-
guida à qual empresa, que já foi no ano de 1607, foi armado" cavaleiro com
seu filho Nuno por Afonso de Albuquerque. No ano seguinte chegaram à
ilha de Socotorá, a qual era um ponto muito importante, não só por dificul-
tar o comércio aos Moiros pelo mar Roxo, cuja entrada ela defendia, como
também por poder vir a ser um porto seguro para as esquadras portuguesas
nas suas viagens por aqueles mares, pelo que Tristão da Cunha levava ins-
truções particulares de D. Manuel para a tomar. Surgindo em frente do
castelo da ilha, que era guarnecido por Fartaquins, povo que a havia con-
quistado, os mandou intimar para dela saírem, e, não o fazendo eles, de-
sembarcou as suas tropas e, combatendo com eles, os venceu, matando-os
a todos, menos um por ser mui hábil piloto. Os indígenas, que eram uma
espécie de cristãos, foram por êle muito bem tratados, e deixou-lheS um
missionário e por governador da ilha a D. Afonso de Noronha, sobrinho de
Afonso de Albuquerque, e por alcaide mor do castelo, a seu cunhado Fer-
nando Jácome. Em 20 de Agosto separou-se de Afonso de Albuquerque,
ficando este pelos estreitos de Arábia, continuando Tristão da Cunha na sua
derrota para a índia, onde, aportando a Cananor, fez, com a sua chegada,
levantar o apertado cerco posto pelos índios a esta cidade, que já estava nos
últimos apuros. Constando ao vice rei D. Francisco de Almeida que esta-
vam quinze ou dezasseis navios moiros em Pananá prestes a partirem, re-
solveu ir incendiá-los, e juntando a sua armada com a de Tristão da Cunha,
em comum comandaram esta brilhante expedição, na qual os filhos de ambos
muito se distinguiram. Conseguido o seu fim, voltaram os dois ilustres ge-
nerais para a índia e estando já carregados, ou quási, os navios de retorno,
em breve regressou Tristão da Cunha para o seu país, metendo-se a caminho
ainda nesse mesmo ano de i5o8.
Cunhas ijS
Querendo el Rei I). Manuel mandar as primícias da índia ao papa Leão X,
decidiu enviar-lhe uma luzida embaixada com o magnífico presente, que es-
pantou a Europa e tem sido descrito em todas as histórias daquele tempo,
e nomeou por embaixador a Tristão da Cunha. Fez êle a sua entrada em
Roma, com um brilhantíssimo séquito, no dia 12 de Março de i5i4, e tendo
feito a sua embaixada, talvez a mais magnífica de que há conhecimento, o
Papa, levado da fama de seu nome, lhe ofereceu o bastão de general da ar-
mada que tinha aparelhada contra os Turcos, oferecimento pelo embaixador
recusado por não ter autorização do seu rei. Demorou-se menos de um ano
na embaixada, como consta do mandado de 21 de Outubro de i5i4 no qual
se lhe mandam dar trinta e oito mil quinhentos e setenta e quatro reais da
sua moradia, a razão de quatro mil duzentos e oitenta e seis rs. por mês e
alqueire de cevada por dia, de oito meses desse ano, que tinha andado em
Roma como embaixador (1). Pelos seus serviços na embaixada foram-lhe
dados, por carta de 14 de Abril de i5i5, duzentos e cinquenta mil reais de
tença em sua vida (2). Em Maio de i523 recebia Tristão da Cunha quatro-
centos e quarenta e cinco mil rs. e vinte moios de trigo de várias tenças (3).
Tendo D. João III, em Outubro de i528, mandado com grande pressa
Manuel de Macedo ao estreito Pérsico com uma carta de prego para abrir
assim que lá chegasse, empregou Tristão da Cunha todos os meios para des-
cobrir aquele segredo, maS como o não conseguisse escreveu a seu filho Nuno
da Cunha, então governador da índia, a famosa carta: «Filho Nuno, la vay
hum mancebo em híia nao míiy apressado, por mandado d'elRey, nunca pude
saber ao que vay, deyxalhe fazer tudo o que lhe elRey manda, sem lhe ires
a maÕ a cousa algúa, manda pimenta, e deitate a dormir» (4).
Em Agosto de ibSg parece que ainda vivia (5), mas nesse mesmo ano o
colheu a morte, segundo consta do epitáfio na capela mor da igreja matriz
de Olhai vo, o qual diz: Sepultura do Grande Tristão da Cunha, senhor de
Gestaco e Penajofa, do conselho d'elrei D. Manuel e D. João III, nomeado
embaixador a Roma; general da Liga Catholica, nomeado pelo papa Leão X
contra o Turco; e o primeiro capitão que, por combate, tomou cidade a
Mouros no Oriente. Falleceu anuo de i53g — e de sua mulher D. Anlonia
d Albuquerque (6).
(i) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, tom. iii, fl. 849 mihi.
(2) Chancelaria de D. Manuel, liv. 24,», fl. 3i.
(3) Livro das tenças, no Archivo histórico portuguez, II, 116.
(4) Diogo do Couto, Década quarta da Asia^ fl. 92.
(5) Arquivo histórico português, X, i58.
(6) Guilherme João Carlos Henriques, Alemquer e seu concelho, pág. 258.
iy4 Brasões
Casou Tristão da Cunha com D. Antónia Pais (i), filha de Pêro Gonçal-
ves, secretário de D. Afonso V, de 1449 a 1464 (2), e de sua mulher Leonor
Pais, irmã de João Rodrigues Pais, contador mor de Lisboa. Deste casa-
mento procederam:
i.° — Nuno da Cunha nasceu pelos anos de 1487 (3); partiu com o pai
para a índia em Março de i5o6; de lá regressou em Julho de i5o8, tendo
sido armado cavaleiro pelo grande Afonso de Albuquerque no campo de ba-
talha. Quando Nuno da Cunha partiu para a índia, ao chegar à ilha de
Madagáscar pôs, à primeira angra onde aportaram, o nome de D. Maria da
Cunha por contemplação de uma donzela da casa da rainha D. Maria com
-quem andava de amores e com quem veio a casar (4). Chegado ao reino,
mandou-o D. Manuel em i5ii por fronteiro a Çafím, onde serviu com dis-
tinção durante algum tempo. Resolvida a embaixada de seu pai a Roma,
fez-lhe D. Manuel mercê, por alvará de 22 de Outubro de i5i3, de lhe per-
mitir que renunciasse o ofício de vedor da fazenda no filho Nuno, o que só
se veio a realizar por instrumento feito em Lisboa a 20 e carta de 27 de
Dezembro de i52i (5). Nomeado do conselho por carta de 17 de Fevereiro
do ano seguinte (6), serviu o ofício de vedor até ser nomeado governador e
capitão mor da índia, para onde partiu em 18 de Abril de i528 na náu Flor
da Rosa, uma das da armada desse ano, na qual dois irmãos do governador,
Simão da Cunha e Pedro Vaz da Cunha, capitaneavam respectivamente as
naus Castelo e Santa Caterina. No caminho, "a i8 de Novembro, tomou a
cidade de Mombaça, tornando o seu rei tributário da Coroa portuguesa; foi
a Ormuz, onde condenou o rei da terra a pagar mais quarenta mil xerafins;
partiu para Goa a i5 de Setembro de 1629, onde aportou a 22 de Outubro.
Pouco porem lá se demorou por isso que já a 18 de Novenibro chegava
a Cananor e lá, oito dias depois, dava-lhe a posse do governo do Estado
Lopo Vaz de Sampaio, que por ordem dei Rei remeteu preso para o reino.
Dez anos durou o notável governo de Nuno da Cunha, sucedendo-lhe, como
a todos os grandes homens que tivemos na índia, ser muito acusado pelos
seus émulos; em pouco tempo porém fez-se inteira justiça à sua honradez, ao
(1) D. Antónia de Albuquerque lhe chama João de Barros na déc. iv da Ásia, pág. 710,
sem grande fundamento talvez.
(2) Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato, Memoria sobre os Secretários dos
Reis e Regentes, no vol. I da 11 série da Historia e Memorias da Academia Real das Sciencias,
pág. 35.
(3) A gente do Cancioneiro^ vol. x da Revista lusitana, págs. 283-284.
(4) João de Barros, Asia^ déc. 11, liv. i, cap. i, fl. 2 r.-v.
(5) Chancelaria de D Manuel^ liv. i8.°, fl. 1 18 v.
(b) Chancelaria de D. João III, liv. i," de Doações, fl. 8.
Cunhas
175
seu valor e à sua boa administração. Entregou o governo, a 14 de Setembro
de i538, a seu sucessor D. Garcia de Noronha, que do reino partira com
severas instruções relativas ao seu antecessor. Só pôde embarcar em Janeiro
de 1539, partindo já mal sentido e em seguida a dobrar o cabo da Boa Espe-
rança agravaram-se-ihe os padecimentos por forma a tratar de se preparar
para a morte, que lhe sobreveio por todo o mês de Março. Preguntara-lhe
seu capelão, se queria que trouxessem seu cadáver embalsamado para o
reino; ele porém respondeu lhe: «Que pois Deos avia por bem de o levar
no mar, que o mar fosse sua sepultura, pois a terra o não quisera. E se ella
tam mal recebia seus serviços, não lhe queria entregar seus ossos». Deter-
minou mais, que lhe vestissem o manto da Ordem, lhe pusessem a espada
na cinta, lhe atassem um par de câmaras de ferro aos pés, para seu corpo
ir logo ao fundo, e o lançassem pela varanda ao mar. Poucos dias antes
escrevera por sua mão uma cédula, na qual «jurara por aquella hora em
que estava, não tèr da fazenda d'el Rei mais que cinco riioedas d'ouro, que
tomara da fazenda de Soltam Badur Rei de Cambaia, para as mostrar à
el Rei em Portugal por serem fermosas, & grandes». Tinha cinquenta e
dois anos de idade (i). Casara duas vezes: a primeira, com a já nomeada
D. Maria da Cunha, que era filha de Martim Afonso da Silveira, alcaide mor
de Terena, e de sua mulher D. Caterina da Azambuja, filha do esforçado
cavaleiro Diogo da Azambuja; a segunda com D. Isabel de Vilhena, irmã
do Conde da Sortelha e filha de Nuno Martins da Silveira, senhor de Góes,
mordomo mor da rainha D. Caterina, e de sua mulher D. Felipa de Vilhena.
Do primeiro casamento proveio uma linha de Cunhas, senhores de Gestaçô
e Panoias, alcaides mores de Terena, a qual se extinguiu em i665, passando
a casa a seu parente o Conde de S. Vicente. Do segundo casamento foi
quarto neto João Nunes da Cunha, vice rei da índia por carta patente de 1 1
de Março de 1666, e i.° conde de S. Vicente por outra de 2 de Abril, título
que lhe foi dado em vida, não podendo começar a usar dele senão depois
de chegar à índia (2). Morreu em Goa, com quarenta e nove anos, a 7 de
Novembro de 1668, deixando uma única filha, D. Maria Caetana da Cunha,
que casou com Miguel Carlos de Távora, conde de S. Vicente, em sua vida,
por carta de 14 de Janeiro de 1672 (3). Era o 2.° Conde de S. Vicente ir-
mão do i.° Marquês de Távora e teve descendência, na qual se extinguiu o
título de conde de S. Vicente em i835.
2." — Manuel da Cunha partiu para a índia na armada de i5io, capita-
(i) João de Barros, Ásia, iv déc, cap. último.
(2) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 20.° de Oficias e mercês, ti. 88.
(3) Ibidem, liv. 41.°, fl. i5o.
1^6 Brasões
neando uma náu; acompanhou Afonso de Albuquerque na conquista de Goa,
em 25 de Novembro do mesmo ano, sendo então armado cavaleiro pelo pró-
prio Governador; e morreu no ano seguinte, no assalto tentado pelas tropas
do Hidalcão contra a cidade, durante a expedição de Albuquerque a Ma-
laca.
3.° — Simão da Cunha, trinchante de D. João III, partiu para a índia,
depois de ter vendido o ofício, como capitão de uma das naus da armada
de 1628, da qual era capitão mor seu irmão o governador Nuno da Cunha.
Mandou-o este com uma armada de oito navios conquistar a ilha de Baarem,
mas não foi feliz na empresa, que falhou completamente, tendo o próprio
comandante, quando já retirava para Ormuz, falecido no mar, em Outubro
de 1529. Veio o seu corpo a ser sepultado na capela mor da igreja matriz
de Olhalvo, com este epitáfio: Sepultura de Simão da Cunha, trinchante
mor dei Rei D. João III. General do mar da índia. Falleceo anuo de i52g.
E de sua mulher D. Isabel de Meneses (i). Era ela filha de Rui Gomes da
Grã, governador da casa da Excelente Senhora nomeado por carta de 26 de
Maio de 1498 (2), e de sua mulher D. Maria de Meneses, camareira mor da
mesma senhora (3). Simão da Cunha, além doutros filhos que não deixaram
descendência, teve a Tristão da Cunha e a Rui Gomes da Cunha. De Tris-
tão foi filho e sucessor outro Simão da Cunha, senhor de Povolide e Castro
Verde pelo seu casamento e bisavô de Tristão da Cunha de Ataíde, i.'' conde
de Povolide, em sua vida, por carta de 8 de Janeiro de 1709 (4). Era sobri-
nho de Nuno da Cunha de Ataíde, conde de Pontével, em sua vida, por carta
de i5 de Abril de 1662, por estar casado com D. Elvira Maria de Vilhena,
dama da rainha D. Luisa, a quem, por acompanhar a Inglaterra a rainha
D. Caterina, fora concedido, em 2 do referido mês, um alvará de promessa
do título para a pessoa que com ela casasse (5). Foi esta senhora quem»
depois de viúva, edificou a sumptuosa igreja da Encarnação de Lisboa. O
Conde de Povolide era irmão do Cardial da Cunha, outro Nuno da Cunha
de Ataíde, capelão mor em 1706, bispo de Targa no ano seguinte, conse.
Iheiro de Estado, ministro do Despacho, inquisidor geral e finalmente pro-
(i) Guilherme João Carlos Henriques, Alemquer e seu concelho, pág. zSy.
(2) Chancelaria de D. Manuel^ liv. 3i °, fl. 148.
(3) Foram estes cônjuges sepultados no pavimento da casa do capítulo do mosteiro de
Santa Maria da Piedade de Azeitão, com o seguinte epitáfio gravado na campa: Aquija^
Rui Gome^ da Graã que foy governador da Excelente Senhora do conselho delRei e D. Maria
de Meneses sua molher que foy camareira da mesma senhora. — Archeologo português,
III, 27.
(4) Chancelaria de D. João F, liv, 29.", fl. 3io. . •
(5) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. aS.* de Ofícios e mercês, fl. 19.
Cunhas 177
movido a cardial nacionaí em 1712, sendo em 1722 investido pelo Papa, em
Roma, na basílica de Santa Anastácia, vindo falecer a Lisboa a 14 de De-
zembro de 1730. Em i833 faleceu Luís da Cunha Grã Ataíde e Melo, 4." e
último conde de Povolide (i), e passou a casa a seu irmão António da Cunha
Grã Ataíde e Melo, conde de Sintra por carta de 28 de Junho de 1828 (2),
que também morreu sem descendência em 1861, pelo que, depois de ter es-
tado algum tempo de posse da casa seu irmão João da Cunha Grã Ataíde e
Melo, passou ela a seu sobrinho o 9." conde de Valadares, D. José António
de Noronha Abranches Castelo Branco, extinguintlo-se a varonia dos Cunhas.
— Rui Gomes da Cunha, segundo filho do primeiro Simão da Cunha, como
acima ficou escrito, foi capitão mor da armada da índia do ano de i566 e
copeiro mor de D. João III e de D. Sebastião (3). Casou; foi bisavô de Tris-
tão da Cunha, i." senhor de Valdigem por portaria de 19 de Novembro de
1669 (4), governador e capitão general de Angola em iõ65, d'onde voltou
preso em 1667, governador das armas da província de Trás os Montes; e
foi terceiro avô de Pedro da Cunha de Mendoça, 2.*' senhor de Valdigem,
veador da casa da rainha D. Maria Ana de Áustria, general de batalha, fa-
lecido em 1731, deixando uma única filha, em quem terminou a varonia deste
ramo dos Cunhas. Casou esta senhora, que se chamava D. Beatriz Josefa
da Cunha e Mendoça, com seu tio D. Carlos José Bento de Meneses, veador
da casa da dita Rainha, filho segundo da casa de Valada, e foram avós de
Francisco de Melo da Cunha de Mendoça e Meneses, 9.° monteiro mor do
reino em 1789 (em sucessão a seu prim^o Francisco de Melo), 1." conde de
Castro Marim (despacho de 14 de Novembro de 1802 e carta de 23 de Março
de i8o3), i.° marquês de Olhão (despacho de 21 de Dezembro de 1808), te-
nente general, governador do reino em 1808, etc. Morreu em 1821 e foi pai
do 2.° e último Marquês de Olhão, falecido em 1844, e avô do 3." e último
Conde de Castro Marim que falecera dez anos antes. Estes títulos estão
completamente extintos, posto dos titulares exista descendência.
4.° — Jerónimo da Cunha morreu solteiro.
5.* — Pedro Vaz da Cunha, estribeiro mor de D. João III, com quem vou
continuar.
(i) Decreto de 17 de Dezembro de 1792 {Gaifeta de 21).
(2) Consta da carta do assentamento passada em i3 de Setembro do mesmo ano. —
Chancelaria de D. João V7, liv 37.°, fl. 289 v.
(3) Carta de 6 de Junho de \55g. — Chancelaria de D. Sebastião, liv. i." de Doações,
fl. 372 V.
(4) Confirmada por carta de i3 de Fevereiro de 1676. — Chancelaria de D. Afonso VI,
liv. II.» de Oficios e mercês, fl. 285 v.
YOL. I 23
!
178 Brasões
•
O último dos filhos legítimos de Tristão da Cunha, embaixador em Roma,
e o único de quem permanece ainda descendência varonil, foi Pedro Vaz da
Cunha, moço fidalgo e companheiro de seu pai na embaixada (1). Na folha
de i5i6 ainda vencia mil reais de moço fidalgo; na de iSig porém já re-
cebia dois mil e quatrocentos de escudeiro e pagou-se-lhe o tempo que ser-
viu em Tânger; depois passou a cavaleiro fidalgo com três mil reais (2).
Era estribeiro mor de D. João III, quando em i528 embarcou na armada de
seu irmão, o governador Nuno da Cunha, capitaneando a nau Santa Cate-
rina (3).
Achou-se na conquista de Mombaça a 18 de Novembro do mesmo ano,
tendo sido o primeiro a entrar na praça, e na mais alta torre arvorou a ban-
deira portuguesa. Foi por duas vezes ferido, repelindo tentativas de recon-
quista dos inimigos; escapou dos ferimentos, mas veio a morrer, nos princí-
pios do ano de i529, das febres reinantes naquelas paragens. Nele perdeu-se
um «mancebo de grandes esperanças, muito esforçado, humano, e ornado de
outras muitas virtudes» (4).
Casara no ano de 1 520, antes de 7 de Junho (5), com D. Beatriz da Silva (6),
íilha de André de Sousa, senhor de Miranda e alcaide mor de Arronches,
«a qual por falecimento de seu marido, ficando muito moça, se meteu freira
na Madre de Deus» (7). A ela, com grande louvor, se refere o cronista da
Ordem, mas as suas palavras causam um calafrio de horror. Tinha oito
filhinhos; teve a coragem de os abandonar; morreram-lhe sete; sentia, no
coro onde permanecia orando, passar os enterros, «e como se o caso lhe não
(i) Mandado de i de Setembro de i5i4 para se pagarem a Pedro Vaz da Cunha, moço
fidalgo, filho de Tristão da Cunha, os primeiros oito meses em cumprimento de nove me-
ses que andou em Roma com seu pai. — Lousada, Sumários da Torre do Tombo, III, 847
mihi.
(2) Moradias, mac. i.", liv. 4, fl. 69. — Por este documento consta haver Pedro Vaz da
Cunha servido na armada do Estreito em Julho, Agosto até i5 de Setembro de i5i7, e no
resto do ano e nos primeiros nove meseS de i5i8 am Tanger. Também consta ter come-
çado a receber a moradia de cavaleiro em Agosto de i5i8.
(3) Diogo do Couto, Década quarta da Ásia, liv. v, cap. i.°, fl. 80.
(4) João de Barros, Quarta década da Ásia, liv. in, cap. 8.", pág. 1 56.
(5) Mandado de 7 de Junho de i520 para se pagarem a D. Brites, filha de André de
Sousa, 160.000 rs. do primeiro terço das 4000 coroas da ordenança, que lhe haviam sido
despachadas de mercê para seu casamento. Foi recebida aquela quantia pelo procurador
de Pedro Vaz da Cunha, seu marido. — Lousada, Sumários, I, fl. 35i v. »ji7íí.
(6) Consta o apelido desta senhora de um recibo por ela assinado, em 3i de Março de
1528, de certa quantia que ficara por pagar de uma tença de seu marido. — Corpo cronoló-
gico, part. II, mac. 1 57, doe. 34.
(7) Nobiliário quinhentista, pág. 1 37, n.° vii.
Cunhas ' ■ 179
pertencesse, persistia no seu socego» (1). E supõe o cronista que este des-
apego agradaria a Deus! Triste aberração!
O filhinho, que escapou, chamava-se Jerónimo da Cunha; foi pajem da
rainha D. Caterina e do conselho de D. João III. Casou com D. Maria da
Silva, filha que veio a ser herdeira de Jorge Correia, o Belo, 3." senhor do
morgado de Paio Pires instituído em 1479, ^ *^^ ^^^ segunda mulher D. Fran-
cisca da Silva.
Luís da Cunha, único filho daquele enlace, foi 4.° senhor do referido mor-
gado, e casou com D. Joana de Meneses, filha que veio a ser herdeira de
Bernardim Ribeiro Pacheco, senhor do morgado das Cachoeiras, comendador
de Vila Cova, e de sua mulher D. Maria de Vilhena.
Manuel da Cunha e Meneses, neto do precedente, senhor dos morgados
de Paio Pires, Cachoeiras e Barreiro, veador da casa da rainha D. Maria
Francisca Isabel de Sabóia, morreu a 7 de Março de 1693, tendo casado
com D. Francisca de Albuquerque, dama da rainha D. Luisa de Gusmão e
irmã de Simão Correia da Silva, 6.° conde da Castanheira pelo seu casa-
mento (2) e 6.° alcaide mor de Tavira em sucessão a seus maiores, o qual
morreu em 1710 e a casa passou*a seu sobrinho neto Manuel Inácio da Cunha
e Meneses. Era este filho de Tristão António da Cunha e Meneses, que não
chegou a suceder na casa de seu pai Manuel da Cunha e iMeneses, por morrer
três dias antes dele, e de sua mulher D. Leonor Tomásia de Távora, filha
dos 1..°^ Marqueses de Távora. "^
O filho de Manuel Inácio, José Félix da Cunha e Meneses, nasceu em
1712, foi 8.° alcaide mor de Tavira, senhor da mais casa, comendador de
várias comendas na Ordem de Santiago, veador da casa da rainha D. Maria
Ana de Áustria em 1730. Serviu no exército, teve o posto de marechal de
campo e em 1762 foi nomeado governador e capitão general da província da
Beira. Morreu em 1776, tendo casado em 1740 com D. Constança Xavier
Domingas Aureliana de Meneses, filha do i.*' Marquês de Louriçal, e por
este casamento vieram seus descendentes a herdar a casa de Louriçal.
Manuel da Cunha e Meneses, filho mais velho de José Félix, nasceu a i3
de Janeiro de 1742, foi nomeado governador e capitão general de Pernam-
buco, tomou posse a 9 de Outubro de 1769 e conservou-o até 3i de Agosto
de 1774, passando então a governar â Baía, onde Já se encontrava a 8 de
Setembro e governou até i3 de Novembro de 1779. Voltou então ao reino,
sucedeu na casa de seu pai e casou, a 25 de Março de 1784, com D. Maria
do Resgate de Portugal Carneiro da Gama Sousa e Faro, filha herdeira de
(i) Fr. Jerónimo de Belém, Chronica seráfica, III, i25.
(2) Carta de 27 de Janeiro de 1670. — Ofícios de D. A/ottso F/, liv. 2.°, fl. 208.
i8o
Brasões
D. José Francisco de Portugal da Gama, 2.° conde de Lumiares pelo seu
casamento (i), 8.° comendador de Fronteira e senlior da mais casa de seus
maiores, e de sua mulher D. Madalena Gertrudes Carneiro de Sousa e Faro,
iilha herdeira de Carlos Carneiro de Sousa e Faro, 5." conde da Ilha do
Príncipe e i.° de Lumiares, título em que, por carta de 1 3 de Novembro de
1753, foi mudado o precedente pelos motivos alegados no diploma (2), 9.° e
último capitão donatário, governador e alcaide mor das ilhas do Príncipe e
Santa Maria, coronel de infantaria, gentil-homem da câmara do infante D. An-
tónio. A 2/ Condessa de Lumiares morreu em Fevereiro de lycS e seu
marido também faleceu nesse mesmo ano ou no seguinte.
Efeituado o casamento de Manuel da Cunha e Meneses fez-lhe D. Maria I
mercê do título de conde de Lumiares por carta de 12 de Janeiro de 1788(3),
do próprio dia em que nasceu seu único íilho. Morreu o Conde a 18 de
Setembro de 1791 e sua viúva tornou a casar, a 9 de Dezembro de 1793,
com seu cunhado Luís da Cunha Pacheco de Meneses, veador da princesa
viúva D. Maria Benedita, antigo governador e capitão general das provín-
cias de Goiazes, de 1778 a 1783, e de Minas Gerais, de 1786 a 1788. Foi
o 5.° conde de Lumiares por mercê concedida entre os anos de 1796 e
1799 (4). Morreu a 3o de Setembro de 1819 e sua viúva em 26 dé Março
de 1823 (5).
A casa de Lumiares foi fundada por António Carneiro, famoso secretário
de D. Manuel e D. João III, um dos nossos homens de Estado mais notáveis
do século XVI. A sua biografia está ainda por escrever e para aqui trasla-
darei umas notas biográficas noutra obra minha registadas (6).
(i) Carta de i5 de Maio de 1777. — Chancelaria de D. Maria J, liv. 3." fl. g5 v.
(2) Tendo havido por bem mandar incorporar na Coroa a ilha do Príncipe, de que era
donatário o conde da mesma Ilha, Carlos Carneiro de Sousa e Faro, dando-lhe em lugar o
senhorio da vila de Lumiares, e por não ser conveniente que não tendo o dito Conde já se-
nhorio nem jurisdição na mesma ilha, conserve o título dela, há por bem extinguir o título
de conde da Ilha e criar em seu lugar o de conde de Lumiares de que usará d'aqui em diante.
— Mercês de D. José, liv. 5.°, fl. 340.
(3) Mercês de D. Maria /, liv. 23.°, íi. 37.
(4) Não existe registada a carta de mercê do título, ou pelo menos não está lançada
nos índices, mas não o possuia ainda em Setembro de 1796, quando foi nomeado veador da
Princesa {Gaveta de 27 de Setembro), mas já como conde de Lumiares vem mencionado no
Almanach de 1799.
{5) Advertirei que muitas destas datas são das Resenhas e doutros livros análogos, e
não da minha responsabilidade; outras são averiguadas por mim e quási sempre cito as
fontes. Fica esta advertência feita para toda a obra.
(6) Vida e ob?-as de Gil Vicente, págs. \b5~i5j.
Cunhas íSt
António Carneiro, sobrinho de Vasco Carneiro, cidadão do Porto (i),
exercia desde 1482 pelo menos, com vinte e três anos de idade apenas, se
os dizeres do seu epitáfio estão certos, o ofício de escrivão da câmara de
D. João II, não tendo alcançado porem carta de nomeação em forma senão
a 4 de Fevereiro de 1490, aos trinta anos. A sua aptidão e talento eram
todavia de tal ordem, que, apesar da sua pouca idade, mereceram completa
confiança em negócios políticos a el Rei, como claramente o revela a relação
dos livros e documentos, alguns bem particulares e importantes, entregues
(1) Á família dos Carneiros a mais remota origem que seguramente se lhe pode dar, é
na pessoa de João Carneiro, cidadão do Porto, onde viveu na primeira metade do século xv.
Lá casou com uma filha de Pedro de Figueiroa, família que também teve assento na refe
rida cidade, oriunda de cidadãos dela e da qual saiu a casa de Beire. Deste João Carneiro
foram filhos, pelo menos, os dois seguintes :
I.» — Vasco Carneiro, escudeiro, cidadão do Porto, teve, em 25 de Maio de 1490, carta
de privilégio para seus caseiros, amos e lavradores, e em i5o3 foi enviado pelos juízes, ve-
readores e homens bons do Porto a el rei D. Manuel para com ele tratar sobre negócios
relativos aos privilégios da cidade, dos quais sempre foram muito ciosos. Nela casou com
Maria Anes Sanches, irmã de João Sanches, de quem vieram os Brandões da Torre da Marca,
representados ultimamente pela Marquesa de Monfalim e de Terena. Entre outros filhos
teve a João Carneiro, que fundou a capela de S. João Baptista, depois chamada do Desagravo,
no cruzeiro do sumptuoso templo de S. Francisco do Porto. Nela foi sepultado e numa
pedra metida na parede da parte do evangelho gravaram este letreiro: Esta capell a mandou
fa\er João Carneiro Mestre Eschola que foi na Sé de Braga, que a dotou e instituio em
Morgado, e deixou por Administrador delia a Luis Carneiro seu irmão e a seus descendentes.
Acabou-se no anno de MD. Fecharam a capela com umas grades de ferro, nas quais, como
remate, puseram o escudo das armas dos Carneiros com alguma diferença, porque neste
em vez da banda ser acompanhada pelos dois carneiros passantes, é acostada por eles, tendo
o da ponta para esta virada a cabeça (Fr. António da Luz Foz, Memorias Sepulchraes, fl. 12).
Aos Carneiros do Porto extinguiu-se a varonia e a capela do Desagravo pertencia, em 1787,
aos sucessores de Gonçalo de Almeida e Sousa, 8." senhor da Cavalaria.
2.° — Pedro Carneiro viveu no Porto, onde casou com Caterina Fernandes de Soutomaior^
viúva. de um Biscainho apelidado França, que naquela cidade tinha o comércio do estanho,
e filha de João Fernandes de Soutomaior, aliás João Gonçalves de Miranda Soutomaior,
como consta da carta de brasão de Diogo de Sá (Arch. hist. port.,, II, 464), e de sua mulher
Felipa de Sá, que foram os progenitores dos Sás da casa da Anadia. Do casamento de Pêro
Carneiro nasceu, segundo alguns dizem, o secretário António Carneiro.
' Pelo que fica dito vê-se que os Carneiros, bem como os Figueiroas da casa de Beire,
os Brandões da Torre da Marca, os Sás da Anadia e várias outras famílias aqui não men-
cionadas, derivaram a sua origem de cidadãos do Porto. Os primeiros contudo tiveram a
sorte de produzir logo um homem ilustre, ou, para melhor dizer, dois: António Carneiro e
Pêro da Alcáçova Carneiro. Por este facto e por terem passado para a corte elevaram-se
imediatamente à primeira plana, aliando-se com as principais famílias do reino, em quanto
os outros, permanecendo no Porto ou na província, conservaram a sua relativa obscuridade^
da qual só saíram do meio do século xviii para cá. ~ -
i82 Brasões
pelo Escrivão da câmara por ordem de D. João II, em 22 e 29 de Setembro
de 149 1, em Alenquer, para onde foi desterrado, quando caiu no desagrado
do soberano. Deu origem ao facto, segundo anda contado, o casamento a
furto, como então se dizia, de António Carneiro com Beatriz da Alcáçova,
filha de Pêro da Alcáçova, cavaleiro muito do valimento de D. João II e seu
escrivão da fazenda, com tam ampla alçada, que el Rei no seu testamento
declara dela ter êle tido o principal cargo. Acrescenta-se, e esta segunda
■parte parece-me inventada après coup, haverem os noivos sido desterrados
para a ilha do Príncipe, da qual António Carneiro veio posteriormente a ser
donatário. Se Beatriz da Alcáçova era donzela da rainha D. Leonor, como
se afirma, e o casamento clandestino teve lugar no paço, explica-se bem a
cólera de D. João II; mas não creio que ela provocasse a aplicação de tam
duro castigo e até me inclino a acreditar num perdão relativamente rápido.
No preâmbulo da carta de doação' da ilha do Príncipe declara D. Manuel lem-
brar-se «do muito serviço que António Carneiro, cavaleiro de nossa casa e
escrivão da nossa câmara, fez a el rei D. João, e como das cousas em que o
encarregou, lhe deu de si sempre mui boa conta e recado, poio qual sabe-
mos que o dito senhor tinha vontade de lhe fa\er mercê e acrecentafnentot.
Destas palavras deverá depreender-se ter chegado D. João II a perdoar' a
António Carneiro e provavelmente a restituí-lo ao seu ofício de escrivão da
câmara, pois que investido nele se encontra em um alvará de 17 de Junho
de 1496, oito meses apenas depois da morte do Príncipe Perfeito, espaço
talvez curto para a notícia do passamento chegar à ilha do Príncipe e de lá
voltar o desterrado, se lá estivesse. D. Manuel, por seis cartas de Março e
Abril de i5oo, fez mercê a António Carneiro da capitania da ilha do Príncipe
para êle e descendentes, com dispensa da Lei Mental, com a propriedade
dos moinhos, serras de água, fornos de- pão, terras da ilha, etc, com toda a
jurisdição cível e crime, reservando somente morte de homem e talhamento
de membro, os quais dois únicos casos reservados demite de si, em quanto
for sua mercê, em António Carneiro, fazendo todos os feitos fim nele, pois
os seus ouvidores os julgarão sem apelação nem agravo; dá-lhe mais, também
para descendentes, como a capitania, a alcaidaria mor da ilha, com a mena-
gem das fortalezas a el Rei; concede-lhe por dez anos o resgate da pimenta,,
malagueta e toda a especiaria nos rios de Guiné; e finalmente outorga vários
privilégios, isenções e liberdades aos povoadores da ilha, aos quais dá ainda
quitação da dízima e portagem de todas as mercadorias enviadas para o
reino. Depois destas largas mercês, entre as quais a da concessão especial
de todas as jurisdições sem reserva é realmente notável e prova bem a con-
fiança de D. Manuel no seu Escrivão da câmara, nomeou-o êle seu secretário
por carta de 16 de Abril de 1509. D'então por diante foi António Carneiro
Cunhas : i83
o ministro de confiança do soberano. Todos os negócios de importância
eram por êle tratados; nos registos da Chancelaria os diplomas de maior
circunstância vê-se que foram escritos por êle; nas colecções áo Corpo Cro-
nológico, das Cartas missivas e das Gavetas, na Torre do Tombo, encon-
tram-se centenas de documentos, alvarás, minutas de cartas patentes e de
instruções a embaixadores, cartas missivas, etc, tudo da letra do Secretário.
Na ante véspera da morte chamou-o D. Manuel, fechou-se com êle na câmara
€ ditou-lhe o seu codicilo, no qual, sem o nomear, deixa recomendado ao
filho que se continui a servir dele. D. João III seguiu a indicação paterna,
mas António Carneiro, talvez cansado, impetrou dei Rei a carta de i5 de
Janeiro de i522, pela qual seu filho primogénito Francisco Carneiro foi no-
meado secretário; parece porém ter êle tido mais propensão para as armas
do que para o governo, e d'aí resultou agregar-lhe o pai, para os negócios
da índia, seu outro filho Pêro da Alcáçova Carneiro, nomeado por carta de
i6 de Maio de i53o, encontrando-se durante o resto da vida do progenitor
diplomas indiferentemente escritos pelos dois irmãos. António Carneiro
morreu a 3 de Abril de i545, com oitenta e seis anos, ficando d'então por
diante exercendo o cargo de secretário somente Pêro da Alcáçova Carneiro,
que taníbêm foi notável ministro. *
Pêro da Alcáçova Carneiro foi feito conde da Idanha a Nova por alvará
de 1 de Novembro de i582 e carta de 2 de Janeiro de 1584(1). Morreu a
(1) Havendo respeito aos muitos e mui continuados serviços que Pêro da Alcáçova Car-
neiro, do meu conselho do estado e vedor da minh|i fazenda,- fez por tantos anos, como é
sabido, à coroa destes meus reinos nas matérias e coisas que por êle corriam, que foram
todas de muita importância, assim em vida dei rei D. João, meu senhor, que Santa Glória
haja, como cm todos os tempos do governo do sr. Rei D. Sebastião, meu sobrinho, que
Deos tem, e havendo outrosim respeito aos muitos serviços que dele tenho recebidos, e aos
que ao presente me fez, e espero que sempre me faça a muito meu contentamento, e a como
por todos estes serviços e por seus muitos merecimentos, e muitas qualidades de sua pessoa,
é razão que receba de mim honra, acrescentamento e mercê, tal que juntamente com a me-
mória deles a haja também do galardão deles, e por folgar muito de lhe fazer mercê pela
muito boa vontade que por todo lhe tenho, me praz e hei por bem de lhe fazer mercê do
título de Conde da vila de Idanha a Nova, de que êle tem a jurisdição em sua vida por
mercê do dito sr. rei meu Sobrinho, confirmada por breve apostólico por ser do mestrado
da Ordem de Cristo, cujo governador e perpétuo administrador sou; e quero que d'aqui em
diante êle se chame Conde da Idanha a Nova, e use, e goze, de todas as honras etc. . . . E
com o dito título de conde terá e haverá de assentamento em cada um anno, o que direita-
mente lhe pertencer, etc. A qual mercê lhe eu tinha feita por um meu alvará de lembrança
feito ao i." de Novembro do ano de i582 e por uma postila feita nas costas dele a 26 de
Fevereiro do ano passado, que foram rotos ao assinar desta carta, que por firmeza de todo
o que nele se contêm lhe mandei dar etc. Lisboa, 2 de Janeiro de 1584. — Chancelaria de
Felipe I, liv. 4.» de Doações^ fl. 266 v.
1&4 Brasões
12 de Maio de iSgS (i), deixando descendência há muito extinta na varonia,
O escudo das armas do Conde da Idanha era esquartelado: o I e IV de azul,
alcáçova com três muralhas e cinco torres, tudo de prata, as portas, frestas
e o lavrado de negro (Alcáçopa); o II e III de vermelho, banda de azul, per-
filada de oiro, carregada de três flores de lis do mesmo e acompanhada de
dois carneiros passantes de prata, armados de oiro (Carneiro) (2).
Francisco Carneiro, filho primogénito de António Carneiro, foi 2^° capitão
da ilha do Príncipe, em sucessão a seu pai, c bisavô de Luís Carneiro de Sousa,
i.° conde da referida Ilha, por carta de 4 de Fevereiro de 1640 (3). Casou
o Conde com D. Mariana de Faro, filha de D. Sancho de Faro e Sousa,
7.° senhor do Vimieiro, e neta de D. Francisco de Faro, 1.° conde e 5.° se-
nhor do Vimieiro, e da condessa D. Mariana de Sousa da Guerra, 4.''' senhora
de Alcoentre e Tagarro, casas em que, por falecimento do 5.° conde do Vi-
mieiro, D. João de Faro e Sousa, veio a suceder, em 1801, a 3.* Condessa
de Lumiares.
Do i." Conde da Ilha, como por abreviatura eram designados, foi bisneto
o já nomeado Carlos Carneiro de Sousa e Faro, 5.° conde da Ilha e i.° de
Lumiares, em quem terminou a varonia do ramo primogénito dos Carneiros.
Eram as armas destes, já lá acima descritas, que os Condes da Ilha usavam
sem diferença.
Ao i.° Conde de Lumiares sucedeu sua filha D. Madalena Carneiro de
Sousa e Faro, mulher de D. José Francisco de Portugal da Gama, 2.° conde
de Lumiares, e as armas destes condes eram: esquartelado: o I de prata,
aspa de vermelho carregada de cinco escudetes das armas do reino (Faro);
o II de vermelho, banda de azul, perfilada de oiro, carregada de três flores
de lis do mesmo e acompanhada de dois carneiros passantes de prata, ar-
mados de oiro (Carneiro); o III de negro, três faxas veiradas de prata e
vermelho (Vasconcelos); o IV enxequetado de oiro e vermelho de três peças
em faxa e cinco em pala, as peças de vermelho carregadas cada uma de duas
faxas de prata, e no ponto de honra um escudete de prata carregado de
r (i) Sousa, Historia genealógica, XII, 909.
(2) Tombo da comenda da Idanha a Nova, de q he comendador e Alcaide mor dõ Pedro
dalcaçoua carneiro, ms. na Biblioteca Nacional, 7-5-11.
(3) Tendo consideração ao que me representou Luis Carneiro, donatário das ilhas do
Príncipe e Santa Maria, assim em razão de sua calidade, como dos serviços de seus passa-
dos, e a pretensão que tinha de que se lhe fizesse mercê do título de conde, etc. carta do
título de conde da Ilha do Príncipe, em sua vida. Madrid, 4 de Fevereiro de 1640. — Chan-
celaria de Felipe IH, liv. 28.« de Doações, íi. 324.
Cunhas i 85
cinco escudetes de azul, postos em cruz e sobrecarregados cada um de cinco
besantes de prata (Gama do Conde da Vidigueira).
Dos 2."* Condes de Lumiares foi filha herdeira D. Maria do Resgate de
Portugal Carneiro de Sousa e Faro, que sucedeu em toda a casa dos Car-
neiros, de sua mãe, e na dos comendadores de Fronteira, de seu pai, e ainda
veio a ser i3.^ senhora do Vimieiro e 12.''^ de Alcoentre. Foi condessa de
Lumiares por seu casamento com Manuel da Cunha e Meneses, 3." conde,
como acima ficou dito, e morreu deixando um único filho.
Chamou-se este José Manuel da Cunha Faro Meneses Portugal da Gama
Oarneiro de Sousa, e nasceu em 1788. Foi 4.° conde de Lumiares (1), se-
nhor da casa, par do reino, tenente general, ministro da guerra e presidente
do conselho de ministros em seguida à Revolução de Setembro, por decreto
de 10 desse mês de i836. Foi este ministério, que pouco durou, o da fa-
mosa ditadura liberal de Passos Manuel. Morreu o Conde de Lumiares em
1849, tsiido casado em 1807 com a filha dos i."* Marqueses de Valada,
D. Luisa de Meneses, que morreu em i88o. Destes 4."^ Condes de Lumiares
foram filhos:
I." — José Félix da Cunha e Meneses, de quem adiante falarei.
2." — O general Francisco da Cunha e Meneses foi o 12." senhor do mor-
gado do Vimieiro, no qual sucedeu ao 2.° Conde de Barbacena, em virtude
da cláusula posta pelo irtstituidor, o arcebispo D. Fradique de Portugal, pela
qual, faltando a sucessão directa, era chamado o varão parente em grau mais
próximo do instituidor. Morreu viúvo e sem filhos.
3.° — Manuel da Cunha e Meneses foi cónego honorário da patriarcal,
assentou praça e serviu, com seu pai e seus dois irmãos mais velhos, a causa
da liberdade, desde soldado na ilha Terceira até à convenção de Évora
Monte. Foi por duas vezes ferido gravemente, uma na coxa direita, no re-
duto das Medalhas, outra na cabeça, na batalha de 'Almoster. Como aju-
dante de campo do Conde das Antas acompanhou a divisão auxiliar a Es-
panha. Nestas campanhas «foi por várias vezes elogiado e recomendado
porem nunca remunerado» senão com a cruz de S. Fernando de Espanha.
Foi cavaleiro de Malta e capitão do batalhão naval. Morreu em 27 de Fe-
vereiro de i85o, tendo nascido a i3 de Abril de 181 2. Casou em i de Julho
de 1848 com sua cunhada a condessa de Lumiares, D. Constança de Saldanha
e Castro, que nasceu a 25 de Maio de 18 17 e morreu a 27 de Março de 1860.
Era irmã do 2.° Conde de Penamacor. A Manuel da Cunha e D. Constança
de Saldanha sobreviveu, única filha, D. Maria Luisa da Cunha e Meneses,
(i) Por carta de 22 de Julho de 1792, — Mercês de D. Maria 1, liv. 27.», fl. 195.
yoL. I 24
i86
Brasões
que nasceu em 7 de Abril de 1849, e casou em 6 de Fevereiro de 1869 com
o autor destes estudos.
4.° — Luís da Cunha e Meneses casou com D. Maria Madalena Quintela,
lilha dos 1.°^ Condes do Farrobo, e deles há vivos cinco filhos: D. Luisa,
viúva de José Augusto da. Gama, que foi deputado e par do reino electivo;
D. Maria do Resgate, solteira; Joaquim Pedro, solteiro; José Manuel que
casou com D. Emília de Avilez, e depois com D. Maria Augusta de Barros
Lima, com filhos de ambos os casamentos; Luís, casado com D. Carolina
0'Donell Hearn, de quem tem filhos.
5.^ — Carlos da Cunha e Meneses, pela sua elegância, distinção e apri-
morada maneira de cantar e representar, deixou nome nas sumptuosas festas
de seu sogro. Casou com D. Maria Joaquina Quintela, filha dos 1.°^ Condes
do Farrobo, e tiveram três filhas; D. Luisa, marquesa da Ribeira Grande;
D. Mariana que faleceu viúva de D. Luís Gonçalves Zarco da Câmara; e
D. Maria Joaquina, baronesa da Regaleira.
6.° — D. Maria Nazareno da Cunha e Meneses morreu em 1896 viúva
de Luís de Castro Guimarães, par do reino, falecido a 8 de Março de
1881.
José Félix dá Cunha e Meneses, o primeiro dos filhos dos 4.°^ Condes -de
Lumiares, nasceu em 1808, foi 6.° conde de Lumiares, oficial do exército, e
morreu em 1848 em vida de seu pai, pelo que não sucedeu na casa. Havia
casado em i835 com D. Constança de Saldanha e Castro, que depois tornou
a casar com Manuel da Cunha, irmão do Conde, como já fica dito. Dos 6.°*
Condes foi único filho:
José Manuel da Cunha Faro Meneses Portugal da Gama Carneiro de
Sousa da Silveira, que foi 7." conde de Lumiares, 4.° coudel mor do reino
na sua família, representante das casas dos marqueses de Louriçal, dos con-
des do Vimieiro, da Ericeira, das Sarzedas e da Ilha do Príncipe, dos alcaides
mores de Tavira, dos comendadores de Fronteira, dos senhores de Alcoen-
tre, dos morgados de Paio Pires, Cachoeiras, Anunciada, e outros. Nasceu
em i3 de Maio de i836 e casou, em 3 do mesmo mês de i858, com D. Ana
Amélia Pinto de Sousa Coutinho, dama das rainhas D. Maria Pia e D. Maria
Amélia, filha dos 4."* Viscondes de Balsemão com grandeza. Morreu a Con-
dessa de Lumiares em 4 de Fevereira de 1896, e o Conde em 9 de Dezembro
de 1908, deixando nove filhos vivos.
As armas do último Conde de Lumiares eram dois escudos a par. O
primeiro partido: o I de oiro, nove cunhas de azul, bordadura de prata car-
regada de cinco escudetes de azul, sobrecarregados cada um de cinco be-
santes de prata (Cunha); o II esquartelado: o I e IV das armas do reino, o
Cunhas 187
II e III de azul, três flores de lis de oiro, e sobre o todo escudete de oiro
com a sombra de um anel e seu rubim (Meneses). O segundo esquartelado
de Faro, Carneiro, Vasconcelos e Gama, como acima ficaram descritas.
IV
SENHORES DE POMBEIRO
Um dos filhos de D. Loiyenço Fernandes da Cunha, 1.^ senhor da honra
do julgado da Tábua, lá acima nomeados (i), foi D. Martim Lourenço da
Cunha. Dizem ter ele sido padroeiro do mosteiro de S. Simão da Junqueira
da Ordem dos Cónegos Regrantes e o cronista da Ordem alega, em prova,
uma carta régia de 5 de Junho da era de i3i3 (1275), pela qual D. Afonso III
ordenou a D. Martim Lourenço e a D. Lourenço Martins, seu filho, que não
devassassem o couto de Faria pertencente ao dito mosteiro, sob pena de qui-
nhentos cruzados (2). Este documento ou é apócrifo e não foi o primeiro
inventado pelo autor citado, ou está mal interpretado, tendo-se lido cruzados
por soldos. E possível porem que o facto seja verdadeiro por quanto me
consta que na freguesia de Santa Maria de Bagunte, então do julgado de
Faria, fizera D. Martim Lourenço casas e tapadas, destruindo lugares re-
guengos e apoderando-se deles, ocupando os logradoiros e serventias das
aldeias e cometendo toda a sorte de violências durante as desordens do rei-
nado de D. Sancho 11 (3). Fundou, dizem, a quinta da Cunha Nova, junto
ao lugar de Lamízios na freguesia de Santo André de Parada do actual con-
celho de Vila do Conde.
Casou com D. Sancha Garcia de Panha, filha de D. Garcia Fernandes de
Panha e de sua mulher D. Teresa Pires de Baião e deste casamento nasce-
ram os seguintes filhos:
i.° — D. João Martins da Cunha casou por duas vezes e teve vários filhos,
sendo um deles Rodrigo Anes da Cunha, ou Rui da Cunha, que também
assim é nomeado. Foi cavaleiro e talvez seja este o que pelejou em Alju-
barrota e não o seu parente Rui Vasques da Cunha lá acima mencionado (4).
Deste Rui da Cunha encontro memória de ter vendido, juntamente com sua
mulher Inês Esteves, e por escritura feita em. Braga, a 6 de Fevereiro de
1872 (1334), ao arcebispo D. Gonçalo Pereira, por mil setecentas e setenta
(i) Pág. 159.
(2) D. Nicolau de Santa Maria, Chronica da Ordem dos (Jonegos Regrantes, I, 322.
(3) Inquirições de D. Afonso III da era de 1296 (i258), quinta alçada, liv. 9.°, fl. 6.
(4) Pág. 166.
i88 Brasões
libras, a sua quinta de Bastuço a qual fora de Fernão Martins Camelo e de
sua mulher D. Ouroana (i).
2.° — Lourenço Martins da Cunha de quem me tornarei a ocupar.
3.° — Gonçalo Martins da Cunha, chamado D. Gonçalo Camelo, foi in-
fanção e progenitor da ilustre família dos Camelos, hoje extintos na varo-
nia, da qual foram chefes os senhores de Baião, provenientes do filho do fa-
moso prior do Crato e marichal da hoste, D. Fr. Álvaro Gonçalves Camelo,
bisneto do acima dito Gonçalo Martins. As armas dos Camelos são: de
prata, três vieiras de azul. Timbre: pescoço e cabeça de camelo de sua cor.
Alguns usaram das armas dos Cunhas e assim as encontro em um túmulo
junto ao altar de Santo António, o colateral da parte da epístola na igreja
do convento franciscano de Nossa Senhora da Conceição de Matosinhos.
Era em forma de arca e tosco bastante; estava ingerido na parede e tinham-
-Ihe cortado um bocado, vendo-se ainda no frontal dois escudos com as nove
cunhas (2). O epitáfio rezava assim : Esta perpetua morada he do devoto
Gonçalo Camello Sendeiro da Casa delRey Dom Joham o Segundo e da de-
vota Dona sua molher Margarida Alpare'{ (3).
4." — Fernão Martins da Cunha era em 1278 vassalo e cavaleiro da casa
do infante D. Denis, com trezentas libras de soldada paga em panos, com
vencimento a 3o de Outubro de cada ano (4). Passou posteriormente a cha-
mar-se Fernão Martins Camelo e já em Janeiro de i32i era falecido, quando
a sua viúva*, D. Ouroana, foi tirada a quinta de Alhi, a qual fora de seu ma-
rido e então a possuía seu filho (5). Ainda teve outra quinta, a de Bastuço,
a qual veio a pertencer, como acima disse, a seu sobrinho Rui da Cunha.
5.° — D. Maria Martins da Cunha casou com Gonçalo Pires de Portocar-
reiro.
Lourenço Martins da Cunha, acima nomeado, foi sepultado no convento
de S. Jorge junto a Coimbra e teve, segundo o Nobiliário do Conde D. Pe-
dido, unicamente dois filhos (6): Martim Lourenço da Cunha, que segue, e
(i) Lousada, Sumários^ II, fl. 264 v. mihi.
(2) Fr. António da Luz Foz, Memorias sepulchracs^ fi. 80, onde se reproduz o desenho,
mas apenas se transcreve parte do epitáfio. •
(3) João Pedro Ribeiro, Dissertações, vol. I, pág. 298.
(4.) Arquivo histórico português, X, 58.
(5) l^ousada, Sumários, 1, fl. 264, mihi.
(6) O Livro velho das linhagens não nomeia Lourenço Martins da Cunha, mas na
pág. 167, entre os filhos de D. Estêvão Fernandes [Barreto], menciona Constança Barreto
«casada com D. Egas Lourenço da Cunha morador em terra de Coura àquem Valença»*
É possível que fosse filho de Lourenço Martins, mas também é possível que fosse o filho
Cunhas 189
D. Inês Lourenço da Cunha, mulher de Vasco Pereira, senhor de Paiva e
Baltar.
Martim Lourenço da Cunha foi o i.° senhor de Pombeiro por carta de 3
de Fevereiro da era de iSgS (i358), pela qual D. Afonso IV, em atenção aos
serviços de Martim Lourenço e por ele ter casado com D. Maria, filha de
Gonçalo Anes de Briteiros, «que há comigo dívedo», lhe doou o referido
lugar de Pombeiro em troca das terras de Torres e Vilarinho do Bairro,
com toda a Jurisdição, para herdeiros e sucessores (i). Sucedeu no senhorio
João Lourenço da Cunha, filho dos acima nomeados. E o bem conhecido
marido de D. Leonor Teles com quem el rei D. Fernando casou, e ainda por
cima lhe confiscou a casa, por ele se não conformar com os acontecimentos,
e a doou a Fernão Afonso de Albuquerque, por carta de i de Julho de 1417
(1379) (2). Voltou para Portugal em fins de i383, fazendo-lhe o Mestre de
Avis várias mercês no ano seguinte (3); João Lourenço porém traíu-o, tendo
entrado, durante o cerco de Lisboa, na conjura de D. Pedro de Castro para
franquearem o ingresso na cidade aos Castelhanos pela parte da muralha
confiada à sua guarda. Antes porém de realizarem a traição, adoeceu João
de D. Lourenço Fernandes da Cunha, 2." senhor da Tábua, lá acima nomeado, apesar de
nos livros de linhagens se lhe não mencionar casamento.
Um genealogista, Calisto Rangel Pereira de Sá, senhor do solar de Rangel e governador
de Moçambique, tratando dos Cunhas, declarou ter Lourenço Martins da Cunha tido mais
um filho com o nome de Pedro Lourenço da Cunha, a quem diz ter encontrado figurando
em documentos dos anos de i323 e 1344, e ainda mais afirma haver ele sido pai de Vasco
Pires, instituidor do morgado de Antanhol. Estava Calisto Rangel bem no caso de averi-
guar esta ascendência por ser casado com uma irmã de um dos morgados de Antanhol e
poder portanto consultar os documentos do arquivo da casa, mas não me merece confiança.
O referido morgado foi com efeito instituido por um Vasco Pires em i386 {Chronica dos
Cónegos regrantes, II, i56), que certamente, se fosse Cunha, não deixaria de aparecer com
o apelido na escritura de instituição do vínculo. Devemos pois, em meu parecer, lançar a
afirmação de Calisto Rangel para o monte das pias fraudes genealógicas, bem alta cordi-
lheira na verdade.
(1) Chancelaria de D. João 111^ liv. 45.» de Doações, fl. 161 v., transcrita noutra de con-
firmação e impressa pelo Visconde de Sanches de Frias, na 2.* ed. do seu Pombeiro da Beira^
pág. 23 1.
(2) Chancelaria de D. Fernando, liv. 2.°, fl. 45 v, — Confisca-lhe os bens pelas traições
que contra ele cometera, entrando em Portugal com o inimigo, e porque, já depois de per-
doado, «comprou peçonhas e falou com algumas pessoas que no-las dessem para nos matar
per elas, segundo fomos certo por aquelas pessoas, com que o ele falou», etc.
(3) Doação para sempre: de todolos bens móveis e de raiz possuídos por Fernão Vas-
ques em Campo Maior e seu ternao, Lisboa, 2 de Maio ; das casas do mestre Cochicho, em
Lisboa, na freguesia de S. Nicolau, Lisboa, 18 de Junho; de todolos bens móveis e de raiz
que Afonso Martins, escrivão que foi dei rei D. Fernando, genro de Palhavan, há em estes
reinos, Lisboa, 20 de Junho. — Chancelaria de D. João I, liv. 1.°, fls. 19, i5 e 16 v.
1 go Brasões
Lourenço e o seu confessor obrigou-o a descobrir tudo ao Mestre. Apro-
veitou a ocasião para alcançar dele que reconhecesse por seu íilho a Álvaro
de Sousa, até então apresentado no paço por Leonor Teles como sendo filho
bastardo de Lopo Dias de Sousa, mas que na realidade o era dela e de seu
marido (i). Passou Álvaro de Sousa a chamar-se Álvaro da Cunha e a casa
de seu pai confirmou-lhe D. João I por carta de 17 de Abril de 1428 (i385) (2).
Tomou parte nas Cortes de Coimbra de i384, entrou na expedição de Ceuta
e lá, depois da conquista, foi armado cavaleiro pelo infante D. Henrique, a
23 de Agosto de 141 5. Casou com D. Beatriz de Melo, filha de Martim
Afonso de Melo, rico homem, 5° senhor de Melo, e de sua segunda mulher
D. Inês de Brito. Deste casamento nasceram, entre outros, João Álvares da
Cunha e Rui de Melo.
João Álvares da Cunha foi 4.° senhor de Pombeiro e bisavô de Mateus
da Cunha, 7.° senhor de Pombeiro, a quem foi confirmado o senhorio por
carta de 10 de Fevereiro de 1529 (3). Casou pelos anos de i52o ou i52i
com D. Leonor, que nos instrumentos ora é apelidada Coutinho, ora Mene-
ses, e a quem, por alvará de 26 de Abril de i52i, se mandaram pagar cento
e oitenta mil reais do primeiro terço das quatro mil e quinhentas coroas do
seu casamento (4). Era filha de D. Pedro de Meneses, i.° conde de Canta-
nhede, e da condessa D. Guiomar Coutinho, sua terceira mulher.
O Senhor de Pombeiro era já falecido em 29 de Novembro de i545,
quando sua viúva por meio do dr. Rui Lopes pediu ao juiz de Santarém, em
nome de seu filho, o traslado da carta de doação de Pombeiro (5). Manso
de Lima, nas suas genealogias, afirma ter Mateus da Cunha morrido em
Casal d'Álvaro, na freguesia do Espinhei, e ter lá estado seu corpo em de-
pósito até ao ano de 1600.
Pode ser. Foi porem sepultado definitivamente na capela mor da igreja
matriz de Pombeiro da Beira, num túmulo cravado na parede, sobre a
campa do qual esculpiram em pedra a figura jacente do cavaleiro, em tama-
nho natural, e no frontal gravaram, entre dois escudos, o seguinte epitáfio:
Aqui j ai o muito esforçado e estimado seííor mateus da cunha sõr q foi desta
pila e terá de pôbeiro o qual noso siíor tenha na sua sãta gloria Amen (6).
Na parede do fundo, um pouco acima do sarcófago, puseram mais dois es-
(i) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, part. \, cap. 1S4, pág. 348.
(2) Chancelaria de D. João /, liv. i.°, fl. i35.
(3) Chancelaria de D. João III, liv. 45.° de Doações, fl. lõi v.
(4) Lousada, Sumários, III, pág. 846 mihi.
(5) Ibidem, II, fl. 262 mihi.
(6) Sanches de Frias, Pombeiro da' Beira, cit., pág. 95.
Cunhas 19I
cudos iguais aos inferiores. Estes escudos são partidos: o I de nove cunhas;
o II cortado das quinas do reino sobre cinco flores de lis (i).
Aquelas armas assim misturadas eram as de Mateus da Cunha e metade
das de sua mulher, as dos Meneses de Cantanhede, faltando-lhe o escudete
liso sobreposto, ou por não o terem esculpido, ou por se ter apagado nas
voltas padecidas pelo monumento, ou ainda por a fotografia reproduzida na
estampa não o ter dado.
Ninguém, que tenha reparado com olhos de ver em brasões antigos, es-
tranhará o encontrar-se só metade das armas, porque era coisa muito vulgar
fazer-se isto para simplificar, quando os escudos eram esquartelados. Ainda
hoje, em Lisboa mesmo, bem patente a todos, e não muito antigo, se encon-
tra um exemplo disto no brasão, que está sobre a porta principal do palácio
Mesquitela ao Poço Novo. Ai se vê um escudo partido: no I cortado das
quinas do reino sobre um Hão, que é metade das armas dos Sousas do Prado;
no II cinco estrelas, armas dos Macedos.
Posto isto, parece haver sido o túmulo de Mateus da Cunha mandado fazer
por sua viúva, o que vem confirmar um tanto o dito de Manso de Lima, não
sei onde por ele desencantado.
De Mateus da Cunha e D. Leonor Coutinho foi filho e sucessor Martim
Lourenço da Cunha, último senhor de Pombeiro na varonia dos Cunhas, e
que já era falecido, solteiro e sem geração, pelos anos de 1546.
Alem deste filho e doutras filhas, tiveram eles a D. Maria de Briteiros,
ou da Cunha, como diz o letreiro do seu túmulo, a qual veio a suceder na
casa por morte de seu irmão (2). Casou esta senhora a primeira vez com
seu primo D. João de Almeida, comendador do Sebal, de quem não teve ge-
ração que persistisse. Tornou D. Maria a casar com D. António de Castelo
Branco, 6." senhor do morgado de Castelo Branco o Novo, que morreu em
i588, tendo juntamente com esta sua mulher, que foi a segunda, principiado
a fundação do convento da Conceição de Capuchos, junto ao seu morgado,
na freguesia de Santa Iria da Azóia. Foram sepultados na capela mor da
igreja do referido convento e no seu jazigo gravaram a seguinte inscrição:
D. António de Castellobranco, do Conselho delRey, e sua mulher Dona Ma-
ria da Cunha, Senhores da Villa, e terra de Pombeiro, deu principio a este
Mosteiro da Conceição, efaleceo antes de o acabar, no a?ino de mil e quin-
hentos e oitenta e oito (3).
(i) Sanches de Frias, Pombeiro da Beira, estampa.
(2) Em Santarém, no mês de Fevereiro de 1547, fez D. Maria da Cunha procuração a
fim de tomar posse dos bens de seu irmão Martim Lourenço da Cunha. — Lousada, Siimá-
rioSy II, 261, mihi.
(3) Fr. António da Piedade, Chronica da Arrábida, I, 635.
192 Brasões
Destes cônjuges foi bisneto D. Pedro de Castelo Branco, capitão da guarda
de D. João IV que o criou visconde de Castelo Branco junto a Sacavém, por
carta de 26 de Setembro de 1649 (i), e foi o segundo visconde que houve
em Portugal. Na regência da rainha D. Luisa de Gusmão foi elevado a
conde de Pombeiro, por carta de 6 de Abril de 1662 (2). Foi progenitor dos
demais condes de Pombeiro, os quais já com a varonia de Vasconcelos rece-
beram o título de marquês de Belas por carta de i3 de Janeiro de 1802 (3).
Subsistem.
De Álvaro da Cunha, 3.° senhor de Pombeiro, foi filho segundo^ conforme
acima disse, Rodrigo Afonso de Melo, ou simplesmente Rui de Melo, como
depois se chamou (4).
(i) Chancelaria de D. João IV, liv. 20° de Ofícios e mercês, fl. 237.
(2) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 26." de Oficias e mercês, fl, i63 v.
(3) Chancelaria de D. Maria I e D. João VI, liv. 6.", fl. 196.
(4) Não se estranhe trocar o mesmo indivíduo o nome de Rodrigo pelo de Rui, Estas
e outras anomalias aparentes eram nesses tempos vulgares. Como esclarecimento a muitos
casos análogos, que no decurso desta obra se encontrarão, reproduzirei aqui um pequeno
artigo por mim publicado há anos a propósito do parecer por um distinto filólogo apresen-
tado, no qual duvidava pudesse Rui ser a abreviatura de Rodrigo.
Em eras remotas afigura-se provável, à primeira vista, que o não tivesse sido, porque
nos chamados LíVros de linhagens encontramos dois patronímicos diversos: para Rui, Rúiz;
para Rodrigo, Rodríguez. Note-se contudo que, não tendo aqui aqueles livros, não posso
afirmar se a prática era constante, ou variava muito (-*), Não creio porem que nenhum dos
Ruis nomeado no Nobiliário do Conde D. Pedro, ou nos outros, apareça em documento do
tempo senão com o nome de Rodericus, ou Rudericus.
Do século XV existem documentos que provam, irrefragávelmente. considerarem-se os
dois nomes como abreviatura um do outro.
Por carta de 21 de Julho de 1476 foi Rui de Melo, guarda mor e capitão de Tanger,
criado conde de Olivença, e desde então por diante passou, em todos os documentos, a ser
chamado D Rodrigo de Melo. A referida carta está registada na Chancelaria de D. Afonso V,
no liv. 7.» a fl. 46 V. ; mas, como estou escrevendo longe dos meus apontamentos, só poderei
citar, para prova de ter Rui de Melo passado a ser D. Rodrigo de Melo, um único documento,
a carta de 17 de Janeiro de 1487 pela qual foi uma sua neta habilitada a poder-Ihe suceder
na casa. Está o documento na Chancelaria de D. João II registado a fl. 61 v. do liv. 21."
Mas há mais ainda.
Aquele mesmo fidalgo, antes de ser conde de Olivença, encontra-se em documentos
nomeado ora Rui de Melo, ora Rodrigo Afonso de Melo (*#). Não sei explicar a razão, mas
posso apontar o facto, que não sucedia só com os Ruis, mas também com os Peros, os Fer-
nãos, e outros.
Era regra, quási invariável nesses tempos, quando o patronímico ou o apelido começava
(#) Creio que muito poucas vezes, se alguma vez chegou a ser empregado, se encontrará nos Livros de linha-
£ens o patronímico Rúiz ; só aparece Rodríguez.
(#*) Exactamente o mesmo caso se dava com seu contemporâneo e homónimo, o almirante Rui de Melo.
Cunhas , igS
Rodrigo Afonso de Melo já era fronteiro no Algarve em 1460 (1), e já
então exercia pelo filho o ofício de almirante do reino (2), no qual veio a su-.
por vogal, escrever-se o nome próprio por extenso e não em abreviatura. Assim dizia-se
Pêro Martins e Pedro Anes, ou Pedr'Anes; Fernão Lopes e Fernando ou Fernand'Álvares,
que eles geralmente escreviam /erHã dalvare^; Rui de Melo e Rodrigo Afonso de Melo.
^ Seria para evitar o hiato ? Talvez; creio porem que nisto também imperavam as cos-
tumeiras, que sempre tiveram muita força e decerto muita mais ainda nesses tempos.
E as tais costurpeiras com os nomes próprios não eram aquelas somente; várias outras
havia.
Quando ao nome próprio precedia o título de dom, era aquele sempre escrito por ex-
tenso (*); D. Pedro, D. Rodrigo, D. Martinho; e até, se o Pêro, o Rui, ou o Martim, rece-
biam o título de dom, passavam a ser Pedro, Rodrigo ou Martinho. Por exemplo: Pêro
Vaz, de Melo foi feito conde da Atalaia em 1466 e passou a chamar-se dom Pedro de Melo;
Martim Vaz de Castelbranco, que havia sido nomeado com este nome vedor da fazenda em
1480, passou a intitular-se dom Martinho de Castelbranco desde que seu pai recebeu em
1485 o título de dom. Caso idêntico sucedeu com outro vedor da fazenda, seu contempo-
râneo, João Lopes de Almeida, nomeado para aquele cargo em 1475, passou, de 1 3 de Junho
do sno seguinte em diante, a chamar-se D. João de Almeida, por seu pai ter sido então criado
conde de Abrantes.
E aqui ocorrerá ao leitor uma observação: — ^Eles não mudavam só o nome próprio,
largavam também o patronímico í
E verdade; era outra costumeira e esta pode-se também dizer de prática geral, porque
muito poucas excepções existem.
O famoso Álvaro Vaz de Almada já na própria carta, pela qual Henrique VI de Inglaterra
o criou conde de Avranches em 1445, é nomeado D. Álvaro de Almada. Álvaro Gonçalves
de Ataíde, de 1448 em diante, passou a ser D. Álvaro de Ataíde, conde da Atouguia; Rui
Vaz Pereira foi D. Rodrigo Pereira, conde da Feira ; Gonçalo Vaz de Castelbranco, recebendo
o título de dom em 1485, ficou-se chamando D. Gonçalo de Castelbranco; o capitão dos
ginetes Fernão Martins Mascarenhas, agraciado com igual mercê em 1496, passou em docu-
mentos a ser D. Fernando Mascarenhas, apesar de lhe terem gravado o primeiro nome no
epitáfio da sua sepultura no Espinheiro de Évora*
Outros exemplos poderia aduzir, mas bastam estes para provar a praxe, e, como já estou
longe do Rui e do Rodrigo, porei ponto (**).
(i) Carta de i de Agosto de 1450 de 60.000 rs. brancos de tença. — Chancelaria de
D. Afonso V, liv. iS.", fl. 121.
(2) Por carta dada em Sintra, a 19 de Setembro de 1450, foi Pêro Rodrigues de Castro
confirmado no posto de almirante em Lisboa para que o nomeara Rodrigo Afonso de Melo
(«) E náo só com o título de dom, mas também o mesmo sucedia com os qualificativos de doutor, mestre, frei,
«te. Deste último caso temos um exemplo interessante na Frágoa de Amor de Gil Vicente. Diz o Frade:
conselhoume hum meu amigo
que fosse frade e filo assi
de Ruy Pirez, frey Rodrigo.
(fl. i55, col. 2.)
(»«) O Jornal do Cotnmercio, n.* i5.oi8, de quinta-feira 21 de Janeiro de 15,04.
VOL. I 25
1 94 • Brasões
ceder-lhe por sua morte e se lhe passou earta a 27 de Julho de 1453, já em
nome de Rui de Melo (1). Foi senhor da casa de Melo, a qual herdaria por
sua mãe e lhe seria confirmada em 1450(2), e das terras de Évora Monte,
Portimão e Mértola. Estando na sua vila de Portimão foi morto por um
tiro, segundo se conta, indo a acudir a uma rixa entre Franceses e Ingleses.
Havia casado com D. Beatriz Pereira, filha que veio a ser herdeira de mtcé
Carlos Pessanha' almirante do reino, e foi sepultado na capela mor da igreja
do convento da Trindade de Lisboa, em um túmulo metido na parede da
parte da epistola, tendo sobre ele deitada a figura do cavaleiro armado.
Viam-se lá as armas dos Meios, Pereiras, Pessanhas e Cunhas sobrepujadas
desta divisa:
Qui le mal ne peut soiifrir
A gran honeiir ne peut venir.
E por baixo dos escudos este letreiro: A todos seja memoria desta sepidtiira
ser do imfito generoso fidalgo, e famoso cai'alleiro Rui de Mello, Senhor da
Casa de Mello, o qual em tnda do muito alto e muito excelente e muito po-
deroso Principe ElRey D,Õ Afonso o 5.° foi Almirante de seus Reptos e seu
fronteiro mor no Reyjio do Algarj^e, o qual por bondade de sua pessoa e
valentia de suas armas fe\ muito asinalados serviços ao dito Senhor Rey e
Reynos, segundo aos vivos he manifesto ata a elle prender morte a qual foi
aos vinte e sinco de Fevereiro do anuo do Senhor de 146J, a qual sepultura
mandou fa\er a muito generosa Senhora Dona Breatis Pereira sua inolher
para elle e para si e para Miser Latisarote flho dos ditos Senhores outro
si Almirante que foi, a qual Senhora foi sobrinha do mui 7nagnifíco poderoso
e i'irtuoso Senhor Conde DÕ Nuno Alvres Peixeira Condestabre que foi destes
Rejnos. Requiescant in pace. ,Amen (3).
em nome de seu filho micé Lançarote [Chancelaria de D. Ajonso V, liv. 34.°, fl. 179 v.).
Por outra análoga, de 25 de Novembro do ano seguinte, foi confirmado em almirante no
Porto Fernando Alvares Vieira {Ibid.^ liv. Sy.", fl. i5i v.).
(i) ií>/<iem, liv. 10.», fl. 25.
(2) Rodrigo Afonso de Melo apresentou a carta de 11 de Junho da era de 1455 (1417)
})ela qual D. João I coutara a Estêvão Soares de Melo a ribeira de Melo, pedindo dela con-
firmação, Goncedeu-lha D. Afonso V e na fl. 200 v. do liv. 34." da sua Chancelaria come'
çou-se a lançar o registo da carta, mas não se terminou, ficando sem todo o fecho, e por
isso não sei qual a sua data. Está ela todavia entre duas de Outubro de 1450 e por tanto
deverá ser deste ano. A Martim de Melo foi feita mercê da jurisdição do lugar de Melo,
«por morte do Almirante que Deos haja», por carta de 22 de Novembro de 1467 (liv. i." da
Beira, fl. 252).
(3) Escrevi este epitáfio combinando a leitura que dele encontro no Nobiliário de Xisto
Tavares, e nas Memorias Sepulchraes de D. António Caetano de Sousa. Fr, Jerónimo de
Cunhas igS
Foi a Almiranta, como ela se intitula no seu testamento (i), sepultada na
mesma igreja, com o seguinte epitáfio: Sepultura de D. Brites Pereira,
mulher de Ruy de Mello] Almirante destes Rejnos, e sobrinha do Conde
D. Nuno Ahares Pereira. Falleceo a ig de Julho, anno de 1483 (2).
Como é bem sabido havia D. Denis contratado o Genovês, «micer Manuel
Peçagno», para lhe servir de almirante e, por carta de i de Fevereiro da
era de i355 (iSiy), lhe conferiu o almirantado, a ele e seus descendentes
para sempre (3). Continuou o almirantado nos descendentes de Manuel Pes^
sanha até seu neto inicé Carlos Pessanha, a quem D. João I confirmou o
ofício por carta de 12 de Novembro de 1435 (1397) (4). Demitiu-o este de
si pelos anos de 1433 a favor de seu genro D. Pedro de Meneses, 2." conde
de Viana, mas como ele não deixasse descendência da filha do almirante
Carlos, tornou a este o almirantado depois do ano de 1437, e foi-lhe nova-
mente confirmado por carta de 6 de Fevereiro de 1439 (5), e ainda por outra
de 2 de Julho de .1441 lhe foram confirmados os privilégios do almirantado,
como os tivera em tempo de D. João I (6). Pouco depois morreu, tendo
«posto» o alrríirantado em seu neto Lançarote Pessanha, filho de Rui de Melo,
e a seu requerimento lhe foi confirmado, «posto que o dito almirantado por
qual quer guisa a nós pertença, segundo nos fizeram entender que pertence».
Passou-se a carta de confirmação a 3i de Agosto de 1444(7). Era então
micé Lançarote, como êle é designado nos ulteriores diplomas, de menor
idade e por êle servia o cargo de almirante seu pai, como acima ficou já
notado. Pouco tempo de vida teve porém micé Lançarote e já, por carta de
27 de Julho de 1463, fazia D. Afonso V, por sua morte, mercê do almiran-
tado a seu pai Rui de Melo, «se a nós direitamente pertence dar e prover
do dito almirantado», com toda sua jurisdição e rendas (8). Suscitaram-se
S. José já o havia dado à impressão na pág. 195 do i.° vol. da sua Historia da Trindade,
mas evidentemente leu-o mal, errando-lhe até a data, e não entendendo, segundo êle pró-
prio confessa, os dois versos franceses. '
(i) Cit. Historia da Trindade.
(2) Ibidem, pág. 1 98- 199.
(3) Belgrano, Documenti e genealogia dei Pessagno Genovesi amiragli dei Portogalh^
pág. i3, doe. IX ; Aires de Sá, Frei Gonçalo Velho, vol. 11, pág. 507, doe. dccix,
(4) Chancelaria de D Afonso F, liv. i8.°, fl. 81, mencionada noutra de confirmação, com
a data acima, e com a de 10 de Novembro no liv. de Extras, fl. to5 v.
(5) Chancelaria de D. Afonso F, liv. 18.°, fl. 81.
(6) Ibidem, liv. 2.», fl. 92 v.
(7) Ibidem, liv. 25.°, fl. i3 v. — Foi esta carta passada por autoridade do infante D. Pedro
e depois renovada por D. Afonso V, em 1 1 de Novembro de 1448 (liv. de Extras., fl. io5 v.).
(8) Ibidem, liv. 10.», fl. 25.
196 Brasões
as dúvidas previstas no diploma e foi mandada sobrestar a posse, até que
D. Afonso V resolveu mandá-la dar, «visto como por nossa carta e autori-
dade o dito micé Lançarote Pessanha possuiu e teve o dito ofício de almi-
rante, em quanto viveu, e não por outra sucessão, nem herança que lhe per-
tencesse». Foi passado o novo diploma a 2 de Abril de 1454(1). Por cartas
de i5 e 16 do mês de Julho seguinte foram-lhe confirmados os direitos e a
jurisdição do almirantado (2). Por morte de Rui de Melo sucedeu no almí-
rantado o monteiro mor Nuno Vasques de Castelbranco, a quem D. Afonso V
com toda a solenidade criou almirante na Sé de Évora, em Abril de 1467 (3).
Era Nuno Vasques filho de Gaterina Pessanha, sobrinha do almirante Carlos,
e nãu encontro a carta da sua nomeação, mas de vários diplomas consta ter
Nuno Vasques possuído o almirantado, citando d'entre eles a carta de 26 de
Setembro de 1475, pela qual a Lopo Vasques de Castelbranco seu filho pro-
meteu D. Afonso V dar por sua morte, a um seu filho, não só todos os ofí-
cios que já tinha, como aqueles que haveria de herdar de seu pai, e eram
o almirantado e a montaria mor (4). Não chegou Lopo Vasques, por morrer
assassinado em 1478, a suceder ao pai pois este só faleceu em 1481, vindo
D. João II a nomear almirante, por carta de 3 de Outubro de 1483, a Pêro
de Albuquerque, do seu conselho (5).
jMas, agora reparo! não é propriamente do almirantado que devo estar
tratando aqui. Acabemos com os Cunhas.
• De Rui da Cunha e por bastardia provieram uns ramos desta família es-
tabelecidos no Algarve, outros na Estremadura, todos relativamente obscuros
e todos, segundo creio, extintos na varonia.
Também foi filho segundo da casa de Pombeiro, e neto da rainha D. Leo-
nor Teles e de seu marido João Lourenço da Cunha, um fidalgo, que hon-
radamente serviu a D. João I e foi sepultado na parede da igreja do convento
de S. Francisco da Covilhã, onde lhe puseram o seguinte epitáfio gravado
em caracteres góticos : Aquija^ ho mufto honrado Cavaleiro Frey Diegalves
da Cunha Comendador que foy de Castelejo e de Castelnovo ho qual foy na
tomada de Cepta com o muyto alto e com o muyto excellente e muyto vir-
tuoso Senhor Rey Dom loham (6) da boa memoj^ià & foi nas Ilhas de Canária
(1) Chancelaria de D. Afonso V, liv. io.°, fl. 25.
(2) Ibidem.Yiv. i5.°, fl. 8.
(3) Duarte Nunes do Lião, Chronicas^ part. 11, Chronica e vida delRey dom Affonso o V^
pág. i3o.
(4) Chancelaria de D. Afonso V, liv. So.", fl. 8.
(5) Chancelaria de D. João JJ, liv. 23.», fl. 45 v.
(6) Fr. António da Luz Foz, Memorias Sepiílchraes, fl. 80, incompleto.
Cunhas 197
por mandado do muito honrado pvijicipe & muito virtuoso Senhor o Infante
D. Henrique seu Jilho: o qual se finou na Era de 1460 anttos (i).
De uma filha bastarda deste Diogo Álvares da Cunha descenderam, diz-se,
uns Cunhas que houve no Pedrógão.
Há ou houve casas nobres com o apelido da Cunha desde tempos remo-
tos, como são os senhores do morgado do Vidigal junto a Montemor o Novo,
os do morgado dos Olivais no termo de Lisboa, os do Paço da Cunha no
Minho, e ainda outros, os quais contudo se não podem entroncar com con-
fiança na varonia dos verdadeiros Cunhas.
Esta conserva-se hoje legítima em Portugal unicamente nos Condes da
Cunha e nos de Lumiares, salvo sempre a existência dalgum ramo obscuro,
porque em família tam ramificada é difícil seguir-lhe as linhas todas.
Isto escrevia eu em 1899, hoje a varonia dos Cunhas apenas subsiste nos
Lumiares.
(i) Fr. Manuel da Esperança, Historia seráfica, part. i, pág. 428, onde se encontra o
epitáfio completo.
!
IX
SOUSAS
i
Brasões da Sala de Sintra, Vo!. I.
Esquartelado: o I e IV das armas do reino com um filete de negro sobre-
posto em barra; o II e III de vermelho, caderna de crescentes de prata.
Timbre: castelo de oiro.
Assim se encontram também no Livro do Amieiro mor, fl. 5-2, no Lii'ro
da Torre do Tombo, fl. lo v., no Thesouro da Nobreza de Francisco Coelho,
ti. 28, no Thesouro da Nobre\a de Fr. Manuel de Santo António, s-52, etc.
I
LENDA BE SANTA SENHORINHA
No alcáçar reinava o silêncio.
Das paredes da sala de armas pendiam -as espadas, as bestas; aos cantos
estavam arrumadas as lanças, as ascumas, as frechas; e sobre todas estas
armas outrora luzentes, se estendia agora uma camada de pó. Para elas o
repouso usava a ser pouco, e os vizinhos Sarracenos d'alêm Doirb de contí-
nuo lhes sentiam os golpes.
No pátio os almogavares e os besteiros ora passeavam, ora se sentavam
na soleira dalguma porta, nos degraus dalguma escada, sonolentos, aborre-
cidos com a desusada inacção, procurando com os olhos instinctivamente o
seu adail, cuja vista pelo menos lhes recordaria a lide desejada. Na varanda
alpendrada, e na contígua sala de armas, encostados a um pilar, a uma om-
breira, Junto aos limiares das portas, em grupos, entretinham-se os homens
de armas, os escudeiros, os pajens do Conde. Todos tristes, contando bai-
xinho uns aos outros novidades, velhas para eles; recordando a formosura e
garbo da Condessa, quando na sua hacaneia chegara ao castelo, desposada
do Conde, o modo lhano e afável que para todos tinha, o amor estremo com
que ela e o marido se queriam, a sua bondade para os pobres, a sua indul-
VOL. I 26
202 Brasões
gência para os servos da gleba, para os escravos, E um recordava um
caso, e outro recordava outro, e todos acabavam com um suspiro, lastimando
a tam inesperada morte.
E então pela centésima vez cgntavam, como tinha sucedido: a criança
nascera bem; era muito franzina sem dúvida, mas estava viva e sã; a mãe,
depois do inevitável padecimento, aconchegara a si a recêm-nascida, e dfis-
cançara risonha com a filha ao lado; o Conde, radiante, saíra da câmara a
participar a notícia, e ordenara ao ovençal para dar à farta de comer e beber
aos vassalos e moradores do castelo, a íim de festejarem condignamente o
feliz sucesso; o senhor não se importara da criança ser uma donzela, visto
que o primogénito era um rapaz.
Lembravam ainda: que ao outro dia já a Condessa tinha os olhos luzen-
tes, as faces coradas em demasia; que estava inquieta, indiferente à filha:
que a noite seguinte fora de agitação e desassossego na doente, de pertur-
bação e terrores no marido e em toda a família; e que estes terrores foram
fundados, porque a febre recresceu, e D. Teresa exalou o último suspiro.
E com lágrimas recordavam os derradeiros momentos, a volta da razão,
o adeus saudoso ao marido e aos dois orfãozitos, e a f é viva com que se
abraçara à cruz, que lhe estendia o confessor, frade bento do mosteiro de
Pombeiro, padroado da casa.
^E o Conde? Sentado junto ao leito da morta na sua cadeira de assento
e respaldo de coiro, no qual se via lavrada uma caçada, com o corpo dobrado
para diante, os cotovelos fincados nos braços da cadeira, a cara nas mãos,
deixava silenciosamente correr as lágrimas. E pensava naqueles anos tam
breves de suprema ventura; no dia do casamento, quando a trouxera para o
castelo; no pranto a custo por ela sustido, quando do alto do eirado lhe dizia
adeus no momento da partida para fossado alem Doiro; na terna vivacidade,
com que íf volta ela se lhe lançava ao pescoço, não reprimindo então as lá-
grimas por estas serem de alegria.
jE tudo isto tinha acabado! je aquela mulher tam querida jazia ali, fria,
inanimada, dentro em pouco invisível para sempre! j Ficara só no mundo!
Não, pão ficara, porque, alem do filho, agora com a idea de o alentar,
lhe traz a ama para o pé a recêm-nascida.
— Ai! quam miudinha és, minha senhorinha! E com soluços e choros
continua: — Filha, a Cristo Deus te ofereço, e a Ele próprio te encomendo,
para que Ele mesmo dirija teus passos até à sua presença. — E à ama diz:
— Vai, tem cuidado nela, e com toda a dehgência a guarda e a conserva.
E a ama levou a criança, que Senhorinha se ficou chamando, e depois de
desmamada a entregou o pai, para a educar, a sua cunhada Godinha, que
hoje se venera no altar. Tomou-lhe a beata afeição de mãe, e vendo-a tam
Sonsas 2o3
pura, tam meiga, quis desprendê-la do mundo, e, exaltando na sua mente a
virtude da castidade, lançá-la nos braços de Jesus.
Fácil lhe foi o conseguimento.
Tinha Senhorinha sete anos, quando o filho de um riquíssimo Conde da
linhagem dos reis a requestou; ela porem prestes o desengana, dizendo-lhe
que nem êle, nem a casa paterna, a possuiriam.
Despeitado o Conde Avulfo, a quem o pretendente narrara o sucedido,
manda vir a filha à sua presença, interroga-a a tal respeito e recebe esta
resposta:
— iQue é isto, meu pai.-* ^que é isto? Por ventura não me escolhestes
um excelente esposo e senhor? ^Por ventura não me oferecestes a Deus,
óptimo e máximo?
Enleiado despede-a o pai, que inquieto e preocupado, chegada a noite,
se lança na cama, onde, depois de muito pensar no destino a dar à filha,
afinal adormece. Eis que se lhe mostra um Anjo do Senhor, a animá-lo e
confortá-lo, dizendo-lhe, para não ter mais insónias por via da filha, pois ela
escolhera o melhor destino, e, já que pretendia ser esposa de Jesus, a dei-
xasse seguir sua vocação.
Logo ao amanhecer, alegre procura Avulfo a filha, e conta-lhe a visão.
Manda em seguida proceder no seu condado, na encosta sobranceira ao
rio Ave, à edificação de um mosteiro, que do orago e da terra se ficou cha-
mando de S. João de Vieira. Dota o Conde o novo cenóbio, pÕe-lhe por
abadessa Godinha, e nele assiste à profissão da virgem, que em 970, tendo
apenas oito anos, tomou o hábito de S. Bento.
Morta Godinha, sucede-lhe Senhorinha no abadessado, e poucos anos de-
pois troca o mosteiro de S. João pelo de Basto, que a rogos seus edificaram
seus parentes. Aqui viveu o resto dos seus dias, entregue às orações, enfra-
quecida pelos constantes jejuns, mortificada pelos cilícios; mas cheia da graça
divina, que nela se patenteava claramente por meio dos milagres por sua in-
tercessão operados.
Faz com que apareça farinha, quando no mosteiro já não havia de co-
mer; manda calar as rans, que perturbam os cânticos religiosos; transforma
a água em vinho; arreda a tempestade iminente; despedaça umas poucas
de noites seguidas os grilhões, que prendiam seu irmão; e ainda depois de
morta, alem de dar a vista a um cego e de fazer outros milagres, era o seu
túmulo manancial perene de terra santa, remédio eficaz para as moléstias de
todos aqueles, que com fé a traziam ao pescoço.
Morreu a virgem santa com cinquenta e oito anos no dia de S. Jorge, 23
de Abril, do ano de 1020. Jaz enterrada na sua igreja de Basto, e reza-se
dela no dia 22 de Abril.
204 Brasões
Tal é a poética e singela lenda de Santa Senhorinha de Basto, narrada
em precioso códice do século xii impresso nos Portugaliae monumenta his-
tórica.
II
VARONIA ANTIGA
A ilustre família de Sousa, diz a tradição, pertenceu santa Senhorinha;
e, se assim é, destaca-se a cândida e mimosa figura da virgem no meio dos
rudes barões e soberbos cavaleiros progenitores desta família, consrderada
como a mais antiga de Portugal, por subsistir independente desde o começo
do IX século.
Na antiga terra de Panoias, que abrangia o território situado entre a
serra do Marão e o rio Tua, desde o Doiro até Murça, tiveram o seu pri-
meiro assento os progenitores desta casa. D'ali passaram às margens do
Sousa, onde possuíram a honra de Novelas e outros bens, e fundaram, no
próximo concelho de Felgueiras, o sumptuoso mosteiro de Pombeiro.
Afirma-se ter sido seu progenitor D. Soeiro Belfager. Vivia êle nos prin-
cípios do IX século e em esclarecida linha masculina foi quinto avô de D. Egas
Gomes de Sousa, o primeiro que usou, ou a quem deram, este apelido, rico
homem de D. Afonso VI, rei de Castela de 1072 a 1109.
Dos. Sousas antigos encontram-se várias memórias sepulcrais no claustro
do mosteiro de Alcobaça, na parede fronteira à casa do capítulo. Acho no-
tícia dos seguintes epitáfios: Era i3oo in mense 8''^'^ obiit Rodericiis Menendi,
ciijus anima requiescat in pace. Outro diz: Era 128 1 obiit Donnus Gondi-
salims. P. N. pro ayiima. Estes estão por cima de vários escudos das armas
dos Sousas, e na mesma parede, mas debaixo de uma pedra, com um homem
a cavalo esculpido, vêem-se mais os seguintes: Hic vequiescit Dfius Gondi-
salvus Menendi de Sousa, ciijus anima requiescat in pace, — Era 12^^. tertio
Kalendas Martii (27 de Fevereiro de 1239) obiit Dnus Garcia Menendi Fi-
lius recordationis Comitis Dni Menendi filius et pater Comitis Dni Gondi-
salvi, anima ejus requiescat in pace. — Era 1288. i"] kalendas Januarii
(16 de Dezeinbro de 1245) obiit Dfifl Elvira Gonsalvi uxor Dni Garcia;
Menendi requiescat in pace. — Era 1246 Decima kalendas p.*'"' (23 de Ou-
tubro de 1208) obiit Dna Mayor Menendi uxor Diii Petri. — Era i3oo. 7.^
Idus Decembri (7 de Dezembro de 1262) obiit Dna Maria Egea ejus anima
requiescat in pace (i).
(i) Estes letreiros dou-os tal qual os encontro em Sousa, Memorias Sepulchraes^ fl. 184
e 184 V.
Sousas 2o5
D. Gonçalo Mendes de Sousa, acima referido, deve ter sido o filho pri-
mogénito do conde D. Mendo, o Sousão, aquele que lhe sucedeu na casa e
foi mordomo mor, e de quem, com este ofício, se encontram notícias nos
anos de 1 189 a 12 IO. D. Garcia Mendes esse é decerto filho do referido
Conde, devendo ser portanto irmão de D. Gonçalo. O P.^ Sousa, nas Me-
morias Sepulchraes, pôs-lhe a data da morte a III das calendas de Março,
como ficou transcrito; na Historia genealógica porem, marcando-lhe o dia
do falecimento a 29 de Abril, mostra que na inscrição se lia III das calendas
de Maio (i). Não sei em qual dos sítios acerta.
D. Fr. Francisco de S. Luís, na sua Colecção de epitáfios, letreiros, dís-
ticos, etc. (2), diz, na fl. 42, que no mosteiro beneditino de Pombeiro, a duas
légoas de Guimarães, fora da porta principal e debaixo do pórtico, estava
uma lápida com esta inscrição:
vi ; ns : martii \ ob \ don^ \ velasc^
menedi \ filiits \ comitis \ doimi • menendi \ E
m cc XXX.
O conde D. Mendo, o Sousão, foi grande bemfeitor daquele mosteiro, e
teve realmente um filho chamado D. Vasco Mendes, que dizem ter servido
a D. Sancho II e ter morrido em 2 de Março de 1242 (3). Não pode por-
tanto, se a afirmação é verdadeira, ter sido este o sepultado em Pombeiro,
o qual morreu, com efeito a 2 de Março, mas do ano de 1192, a não ser que
ao copiar o epitáfio o Cardial S. Luís lhe tivesse escapado um 1 na data, e
esta se devesse ler m cc Ixxx.
De D. Egas Gomes de Sousa, acima nomeado, foram quartos netos na
varonia, o conde D. Gonçalo Garcia e D. Mem Garcia de Sousa.
O primogénito, o conde D. Gonçalo Garcia, senhor de Neiva e alferes
mor, foi um dos mais opulentos ricos homens do seu tempo em Portugal.
Na segunda metade do ano de i255 foi investido no alto cargo de signifer
enrice, alferes mor (4) e nele permaneceu até morrer. Casou com D. Leo-
nor Afonso, filha natural de D. Afonso III, havendo-se celebrado o contrato
de casamento em 11 de Maio da era de i3ii (1273); e já tinha morrido em
5 de Dezembro da era de i324 (1286), quando D. Denis assinou uma carta,
mandando proceder a inquirições nos bens deixados pelo conde D. Gon-
(1) Vol. XII, pág. 239.
(2) Outro precioso manuscrito na posse do conselheiro Venâncio Deslandes.
(3) Sousa, Historia genealógica XII, il-j,
(4) Archivo histórico portugue^yW, 11 3.
2o6 Brasões
calo (i). Por este documento pode-se apreciar a extensão dos domínios
do conde D. Gonçalo e a magnitude da sua casa, a qual só foi partilhada
entre os seus herdeiros por sentença de 2 de Setembro da era de 1826
(1288) (2).
D. Mem Garcia de Sousa, o segundogénito, foi rico homem e com o go-
verno de Trás os Montes (tenens Trans Serram) encontra-se nos anos de
1235 e 1236, e com o da terra de Panoias (tenens t erram de Panoias) nos de
1264 e 1255 (3). Em princípios de 1275 já tinham morrido, tanto ele como
sua mulher, D. Teresa Eanes (4), a das Coxas Quentes, filha de D. João Fer-
nandes Batissela, el Bueno de Limia, e de D. Maria Pais Ribeira, a Ribei-
rinha, amante que fora de D. Sancho I de Portugal. Do seu casamento teve
D. Mem Garcia, entre outros filhos dos quais não subsiste geração, a Maria
Mendes e Constança Mendes (5). Destas duas irmãs provêem os dois gran-
des ramos dos Sousas e delas tratarei, uma após outra,
III
SOUSAS CmCHORROS
Maria Mendes, com quanto fosse a mais velha, não partilhou os bens da
casa de Sousa, ou por ser já falecida ao tempo da morte do pai, ou talvez
por causa dos fracassos, que lhe sucederam, por estas palavras narradas no
Livro velho das linhagens. «E esta Maria Mendes rouçoulha seu irmão Gon-
çalo Mendes, e despois leixoua ca lha filhou o arcebispo D. João Ayras de
Santiago, e casoua com D. Lourenço Soares de Valladarcs» (6). Era de boa
e antiga estirpe este D. Lourenço, que foi rico homem e senhor de Tângil,
e não cause espanto aceitar êle por mulher uma incestuosa fidalga, mesmo
até porque o irmão «se foy alem mar quando rouzou sua irmã D. Maria.»
Esta agora é de quem escreveu o Nobiliário do Cojide D. Pedro. Eram
frequentes estes casos naqueles tempos desregrados e rudes.
(i) J. P. Ribeiro, Memorias das Inquirições, pág. iio, doe. 38.
(2) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, tom. V, fl. i34*v
(3) Archivo histórico portugue^, IV, i25.
(4) Carta de 12 de Fevereiro da era de i3i3 (1277) pela qual Teresa Mendes, recolhida
no mosteiro de Lorvão, doou a sua irmã, D. Constança Mendes, e a seu cunhado, D. Pedro
Eanes de Portel, toda a sua legítima paterna e materna. — Archivo histórico poriuguef, VII,
pág. 212, n.° 212.
(5) Acerca dos Sousas antigos, alem dos Livros de linhagens, pode-se ver a Benedictina
lusitana de Fr, Lião de Santo Tomás, II, 49-55, e em outras passagens.
(6) Portugaliae monumenta histórica. Scriptores^ pág. r52.
Sousas 207
Desta união nasceu, única segundo se diz, D. Inês Lourenço, mulher de
Martim Afonso, a quem puseram a alcunha do Chichorro, talvez por ser
baixo. Era êle filho de D. Afonso III «de gaamça e de huuma moura.»
Os demonicos dos autores dos livros velhos de linhagens parece, que já
os escreviam para a famosa botica do Grémio Literário, a qual não sei se
ainda existe e se conserva a bem merecida fama de maldizente, que d'antes
lograva. Muitas vezes de passagem lá os via; jhá quarenta anos! Hoje
estão quási todos mortos, e, não sei por quê, faziam-me então lembrar os
«acérrimos jarretas» do alto de Santa Caterina do nosso Tolentino. Não era
porque fossem todos velhos, não; mas é que havia ali qualquer coisa daquele
«concílio profundo», que
Sem ter um palmo de terra
Está repartindo o mundo.
A bon entendeur, salut, e "vamos adiante.
O nosso genealogista cortesão, D. António Caetano de Sousa, dá a Mar-
tim Afonso o título de dom e a qualidade de rico-homem com o governo de
Chaves, confundindo-o, involuntariamente quero crer, com D. Martim Afonso
[Telo], irmão do alferes mor D. João Afonso, senhor de Alburquerque (i).
Este D. Martim Afonso teve com efeito o governo de Chaves, como consta
de documentos de 1273 a 1277, e não só o de Chaves, mas os doutros cas-
telos na mesma comarca de Trás os Montes, nos anos de 1267 a 1278(2).
O outro Martim Afonso pode ser, na verdade, a testemunha deste nome na
carta de 1299 extractada por Fr. Francisco Brandão na Monarchia lusitana,
part. V, fl. 283, e citada pelo P.^ Sousa.
De Martim Afonso Chichorro e de D. Inês Lourenço foi filho, único va-
rão, outro Martim Afonso Chichorro, a quem alguns, não sei se com funda-
mento, dão o apelido de Sousa. Sem êle aparece num documento interes-
sante e esclarecedor de vários pontos, que obscuros, confusos e errados apa-
recem nas genealogias.
Em Coimbra, nas casas de apar do mosteiro de Santa Clara, no dia 6 de
Dezembro da era de 1379 (i34i), pela manhã, em presença de D. Afonso IV,
compareceram os honrados filhos dalgo Vasco Martins, filho de Martim
Afonso Chichorro, de uma parte, e da outra Inês Dias, filha de Sancho Ma-
nuel, e declararam haver tratado casamento entre eles, obrigando-se o noivo
a dar quatro mil libras de arras à noiva, se falecesse antes dela. Oferece-
ram-se para fiadores o infante D. Pedro, Afonso Martins, alcaide de Santa-
(i) Historia genealógica, XII, págs. 701 a 704.
(2) Archivo histórico portugue^f, IV, 126.
2o8 Brasões
rêm, Gonçalo Lobato e outros, e el Rei aprovou (i). Esta carta foi quatro
dias depois apresentada por Diogo Manuel, irmão da nubente, a Pêro Giral-
des, sobrejuiz dei Rei, a fim de a mandar registar no livro do registo da
Chancelaria. Comparem-se as iníormaçaes ministradas por este documento
às fantasias dos genealogistas.
A Vasco Martins de Sousa, como posteriormente se veio a chamar o nu-
bente de 1341, serviu o infante D. Pedro de fiador, por que ele fora de sua
criação. Apenas o Infante subiu ao trono, em Maio de i357, chamou-o para
seu chanceler mor e com este ofício e a qualidade de rico-homem aparece
na carta, de 18 de Outubro desse ano, de doação de todos os bens móveis
e de raiz de Pêro Coelho (2), um dos assassinos de D. Inês de Castro. Na
sua qualidade de chanceler mor assistiu Vasco Martins em Coimbra, no mês
de Junho de i36o, às inquirições das testemunhas^ chamadas a depor no caso
do alegado casamento de D. Pedro I com aquela senhora (3). No reinado
de D. Fernando continuou Vasco Martins de Sousa a estar nas boas graças
do soberano, como consta de vários documentos nos quais é intitulado nosso,
vassalo. Além doutras mercês fez-lhe D. Fernando doação, por juro de her-
dade e por carta de 1 3 de Fevereiro da era de 1410 (1372), das terras de Pe-
naguião e Gestaçô (4). Outras mercês lhe fez e entre elas, em préstamo,
em quanto fosse sua mercê, por carta de 1 de Abril da era de 141 5 (1377),
a das rendas da terra de Mortágua (5). Desta mesma terra lhe fez depois
D. João I doação, por juro de herdade e por carta dada em Coimbra, ao
tempo das Cortes, a 3 de Abril da era de 1423 (i385) (6). Morreu Vasco
Martins sem deixar descendência varonil.
Dele dizem ter sido irmão Martim Afonso de Sousa, também presente
às referidas Cortes de Coimbra e d'ali a meses combatente na batalha de
Aljubarrota. Foi este aquele jovial cavaleiro que, conforme narra Fernão
Lopes, prometeu a Deus, se o tirasse a salvo da batalha, de ir ter uma qua-
rentena com dona Abadessa de Rio Tinto, sua amante (7). Conta-se tam-
bém que João Rodrigues de Sá, o das Galés, irmão da referida Abadessa,
ao saber do voto de Martim Afonso, prometera correr atrás dele e desan-
cá-lo; esta segunda parte porém não é tam certa como a primeira, da qual
para prova ficou um filho.
(1) Chancelaria de D. Afonso IV, liv. 4.°, fl. 84 v.
(2) Chancelaria de D. Pedro I, liv. i.», fl. i5 v.
(3) Aires de Sá, Frei Gonçalo Velho, vol. I, pág. 76, doe. xl.
(4) Chancelaria de D. Fernando, liv. i.°, fl. gS.
(5) Ibidem, liv. 2.°, fl. 3.
(6) Chancelaria de D. João 1, liv. i.", fl. 120.
(7) Chronica de D. João I, part. 11, pág. gS.
Sousas 209
Dizem também ter Martim Afonso de Sousa sido 2." senhor de Mortágua
em sucessão a seu irmão, mas ainda não encontrei confirmação documental
do facto, o que, na verdade, não basta para o invalidar. O senhorio daquela
terra veio a ser dado por el rei D. Duarte, de juro e herdade, a D. Sancho
de Noronha, seu sobrinho, e a D. Mecia [de Sousa], sua mulher, por carta
de 27 de Janeiro de 1434, na qual se não encontra referência nenhuma aos
anteriores donatários (i). São os futuros 1.°^ Condes de Odemira e D. Mecia
era filha única legítima de Gonçalo Anes de Sousa, 3.'' senhor de Mortágua,
segundo dizem, e íilho primogénito do referido Martim Afonso de Sousa.
Foi este fidalgo o progenitor dos Sousas Chichorros, aliás Sousas do
Prado. As armas destes Sousas são: esquartelado: o I e IV de prata, cinco
escudetes de azul em cruz, cada um carregado de cinco besantes de prata;
o II e III de prata. Hão de púrpura, armado e linguado de azul. Timbre: o
lião. Deles foram chefes os senhores de Mortágua, que se fundiram na casa
dos Condes de Odemira, e ilustres ramos os seguintes: os senhores de Gou-
veia, Condes do Redondo c Marqueses de Borba; os Condes d'Alva, Mar-
queses de Santa Iria; os Condes de Linhares; os comendadores de Santa
Maria de Africa, morgados da Azinhaga, nos Condes de Rio Maior; os co-
mendadores e alcaides mores de Tomar, que terminaram na Condessa de
Pontével, fundadora do sumptuoso templo da Encarnação em Lisboa; os se-
nhores de Beringel, Condes do Prado e Marqueses das Minas, hoje con^ a
varonia dos Silveiras da casa das Sarzedas, que é a dos Lobos de Alvito;
os Condes de Rio Pardo; os senhores de Alcoentre e Tagarro, nos Condes
do Vimieiro, hoje nos de Lumiares; os morgados do Bairro, nâ casa de
S. Martinho; e outros.
Deter-me-hei com alguns dos ramos desta geração.
A casa dos senhores de Gouveia de Riba Tâmega teve princípio em Fer-
não de Sousa, filho de Martim Afonso de Sousa, bastardo de Martim Afonso
de Sousa, 2.° senhor de Mortágua. Fernão de Sousa, criado da casa de Bra-
gança e do conselho dei Rei, comprou a Fernão Gonçalves de Miranda a terra
de Gouveia, a qual D. Afonso V lhe confirmou por carta de 18 de Agosto de
1473 (2). Em seus descendentes recaiu a casa dos Condes do Redondo, ha-
vendo este título sido renovado, por carta de 2 de Março de 1707, a favor
de Fernão de Sousa Coutinho, veador da casa rial e sobrinho do conde do
Redondo, D. Francisco de Castelo Branco (3).
(i) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.», fl. 58.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 33.", fl. 167.
(3) Chancelaria de D. João V, liv. 3i.», fl. 55 v.
voL. I 27
2IO
Brasões
O título de conde do Redondo data de 2 de Junho de i5oo e foi dado a
D. Vasco Coutinho, em troca da vila de .Borba, da qual já era conde desde
3 de Fevereiro de 1485. Em seus descendentes na varonia continuou o título
até seu quarto neto, o 6.° conde, D. Francisco Coutinho, que sem descen-
dência Já era falecido em i656. Poucos anos depois, proferida em 23 de
Dezembro de 1660 sentença no pleito levantado entre os parentes do falecido,
foi concedido a seu sobrinho, D. Duarte de Castelo Branco Coutinho e Me-
neses, o título de conde do Redondo, por carta de 27 de Janeiro de 1661 (i).
Era D. Duarte filho de D. Cecília de Meneses, irmã do 6.*^ Conde do Re-
dondo, e de seu marido D. João de Castelo Branco, íilho segundo do i.**
Conde do Sabugal.
Em menos de trinta anos deram os Castelos Brancos três condes do Re-
dondo, o 7.°, o 8.° e o 9.°, D. Francisco de Castelo Branco Coutinho, fale-
cido sem descendência em 1686. Então vagou o condado para a Coroa, mas
pouco depois fez D. Pedro II mercê dele, por carta de 20 de Dezembro de
1693, a D. Manuel Coutinho, filho segundo do i.° Marquês de Marialva (2)
e terceiro neto de D. Francisco Coutinho, 3." conde do Redondo. Foi D. Ma-
nuel o IO.® conde, mas pouco tempo logrou o condado, pois que morreu, sol-
teiro e sem filhos, a i3 de Outubro de 1699.
Tornada a extinguir a linha dos condes do Redondo fez D. João V,
como já lá acima ficou dito, mercê do título a Fernão de Sousa Coutinho,
bisneto pela linha de Castelo Branco de D. João Coutinho, 5." conde do Re-
dondo.
Depois de ter estado nas varonias dos Coutinhos, Castelos Brancos e Me-
neses, entrou finalmente o título de conde do Redondo na dos Sousas e nela
se continuou até o presente, existindo agora um conde do Redondo e do Vi-
mioso, filho primogénito do actual Marquês de Borba.
Marqueses de Borba tem havido três: i.° Tomé José de Sousa Coutinho
Castelo Branco e Meneses, 14.° conde do Redondo, criado marquês de Borba
por despacho de 17 e carta de 3o de Dezembro de 181 1 (3); 2.° Fernando
Maria de Sousa Coutinho, i5.° conde do Redondo, filho do precedente, feito
marquês por carta de 20 de Maio de 181 2 (4); e o 3.", Fernando Luís de
Sousa Coutinho, neto do 2.°, miguelista convertido ao credo constitucional e
feito marquês por despacho de 27 de Abril de 1903 (5).
(i) Doações de D. Afonso VI, liv. 24.°, fl. io3 v.
(2) Chancelaria de D. Pedro II, liv. 38.", í\. 291 v.
(3) Gaveta de 3 de Abril de 1812 e Sanches de Baena, Diccionario aristocrático, pág. i32.
(4) Chancelaria de D. Maria 1 e de D. João VI, liv. 23.", fl. iSy.
(5) Diário do governo de 29 de Abril de 1903.
Sonsas . 2 1 i
Os Condes do Redondo da varonia de Sousa usaram por armas as acima
descritas, mas também lhes encontro o escudo esquartelado: o I e IV das
quinas, como acima; o II do lião, também como acima; o III de oiro, cinco
estrelas de cinco pontas de vermelho (Coutinho).
O primeiro conde de Alva, criado por despacho de i3 de Janeiro de
1729 (i), foi D. João Diogo de Ataíde, general da armada rial, filho segundo
do 6.° conde da Atouguia; quando digo filho segundo, note-se, é no sentido
de não ter sido o sucessor da casa, e não porque realmente tivesse sido o
segundo na ordem dos nascimentos. Morreu o Conde de Alva em 1 1 de
Abril de J740, havendo casado com D. Constança Luisa.Paim, 5.* senhora
do morgado de Alva e filha herdeira do bem conhecido secretário de Estado
Roque Monteiro Paim. Este Roque, muito tempo depois de morto, ainda
aparecia na quinta de Belas e' no palácio dos Pombeiros à Bemposta, cau-
sando não pequenos sustos aos donos e habitantes daquelas casas. O curioso
é éle não querer saber dos Alvas seus descendentes, e incomodar com suas
visitas, na verdade importunas e serôdias, os Pombeiros, com quem nenhum
parentesco tinha. Mas, mais curioso ainda, era haver na família quem acre-
ditasse nas aparições.
Depois da morte do i.° Conde de Alva fõi dado o mesmo titulo, por carta
de 26 de Março de 1764 (2), a D. Luís Mascarenhas, nomeado pouco antes
vice rei da índia. Era este fidalgo filho segundo da casa de Fronteira, do
2.° Marquês, e marido de uma filha dos 2.°* Condes de Santiago, não tendo
portanto vínculos de consanguinidade, ou afinidade, com a casa de Alva.
Passou esta por morte da i.''' condessa, D. Constança Paim, a sua irmã
D. Maria Antónia Paim, mulher de Rodrigo de Sousa Coutinho, filho se-
gundo do II." Conde do Redondo. Deste casamento, além doutros filhos,
nasceram gémeos, D. Vicente de Sousa Coutinho e D. Francisco Inocêncio
de Sousa Coutinho. D. Vicente, 7.° senhor do morgado de Alva, ministro
em Turim, nomeado em 1762, e depois embaixador em Paris, onde faleceu
a 8 de Maio de 1792, havia casado em 1778, em segundas núpcias, por im-
posição, diz-se, do Marquês de Pombal para evitar que a sucessão da casa
recaísse na única filha existente do primeiro matrimónio, a qual não consen-
tira nunca em consumar o casamento pelo Marquês imposto com seu filho
segundo, o futuro Conde da Redinha. De sua segunda mulher, uma senhora
francesa, teve D. Vicente, ao cabo de dez anos de matrimónio, único filho
(i) Gaíjieta de Lisboa de 20. O P.e Sousa declara, na Historia genealógica,, IX, 463,
haver sido passada carta a 29 de Abril; ainda porem a não encontrei registada.
(•z) Mercês de D. José, liv. 7 °, fl. 355 v.
2 1 2 Brasões
a D. Luís de Sousa Coutinho, criado conde de Alva por carta de 9 de Junho
de 1797 (i) e marquês de Santa Iria por despacho de 4 de A.bril de i833 (2).
Faleceu a 5 de Abril de i85o, tendo sido seus filhos, entre outros, o 3."
conde de Alva, D. Vicente de Sousa Coutinho, e D. Pedro de Sousa Couti-
nho, conde do Sabugal pelo seu casamento. Dambos a descendência varonil
está extinta, creio.
As armas da casa de Alva, de que o Marquês de Santa Iria foi senhor,
eram: Partido: o I esquartelado: o i.° e 4.° franchado de prata e de negro,
com um Hão sobreposto e entrecambado dos mesmos esmaltes, armado e
linguado de vermelho (Paim)j o 2.° e 3.° de prata, três buzinas de negro,
postas em faxa e dispostas em roquete, guarnecidas de oiro e com os cor-
dões de vermelho (Monteiro); o II também esquartelado: o i." e 4.° das
quinas do reino; o 2.^ e 3." de prata, liao de púrpura, armado e linguado de
(i) Mercês de D. Maria I, liv. 28.°, fl. 336. — É curioso o preâmbulo desta carta e por
isso o transcreverei livremente: «Tendo consideração a me representar D. Luís de Sousa
Coutinho . . . que tendo sucedido no senhorio de Alva de seus tios D. Constança Luisa Paim
e seu marido D. João Diogo de' Ataíde, que pelo valor e distinção com que havia servido na
guerra da Tríplice Aliança nos postos de general da cavalaria da província da Beira, mestre
de campo general e governador das armas das províncias do Minho e Alentejo, e ultima-
mente em capitão general da armada rial, obteve o título de conde de Alva, mercê conce-
dida no senhorio e terras que ele administrava por cabeça da dita sua mulher, D. Constança
Luisa Paim; que por falecimento destes sucedera no senhorio e mais bens da casa sua irmã
e avó dele suplicante, D. Maria Antónia Paim, casada com Rodrigo de Sousa Coutinho, con-
tinuando a sucessão do sobredito senhorio de Alva e mais bens em seu pai, D. Vicente de
Sousa Coutinho, e no mesmo suplicante que os está possuindo na mesma forma que seus
tios os Condes de Alva; que havendo eu declarado no princípio do meu reinado, que a
mente do senhor rei D. João V fora, que as honras e mercês, que tivessem entrado em casas
em remuneração de serviços feitos em guerra viva, continuassem nos sucessores das mesmas
casas, e por isso vagando para a Coroa duas vezes o título de conde do Redondo pela falta
de sucessão de D. Francisco de Castelo Branco e D. Manuel Coutinho, o mesmo sr. rei
D. João V o renovou e continuou em Fernando de Sousa, senhor de Gouveia ; e fui servida
renovar o título de visconde de Fonte Arcada em João Jaques de Magalhães, bisneto de um
irmão do último visconde, Manuel Jaques, como também o de conde de Sandomil em Fer-
nando de Miranda Henriques, sobrinho do último conde Pedro Mascarenhas, sem mais ser-
viços que a memória de seus ascendentes, e- que sendo o mesmo D. Luís de Sousa Coutinho,
sobrinho dos Condes de Alva, sucessor da casa em que o dito título entrou por serviços
militares feitos em guerra viva, neto dos Condes do Redondo e com a mesma varonia, filho
de um embaixador e gram cruz da Ordem de Avis que serviu por mais de trinta anos, e ter
entrado para o Rial Erário com a quantia de quarenta contos de reis para o empréstimo
estabelecido pelo Decreto de 29 de Outubro do ano próximo passado, cujos juros também
oferece durante a guerra, estava nos termos . . . Carta do título de conde de Alva, em sua
vida, etc. Palácio de Queluz, 9 de Junho de 1797».
(2) Chronica constitucional do Porto, n.° de 4 de Abril de i833.
Sousas 2i3
azul (Sousa). Coroa de conde, depois de marquês. Timbre: lião de negro,
armado e linguado de vermelho.
D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, filho segundo de Rodrigo de
Sousa Coutinho, foi governador de Angola e embaixador em Madrid, onde
morreu em 1780, tendo casado com uma rica herdeira, D. Ana Luisa Joa-
quina Teixeira, filha de Domingos Teixeira de Andrade, sargento mor de
batalha, e de sua mulher D. Maria Bárbara da Silva, filha do contratador
dos diamantes. Do seu casamento teve D. Francisco Inocêncio, alem dou-
tros filhos, a D. Rodrigo de Sousa Coutinho e D. Domingos António de
Sousa Coutinho, i." conde (i) e i." marquês do Funchal (2), notável diplo-
mata que prestou valiosos serviços à causa liberal e faleceu em Londres sem
descendência, em Dezembro de i833 (3).
D. Rodrigo começou por servir na carreira diplomática, tendo permane-
cido como ministro plenipotenciário em Turim de 1778 a 1796. Regressou
então ao reino por ter sido nomeado ministro da marinha em Setembro de
1796(4). Por decreto de 6 de Janeiro de i8oi foi nomeado presidente do
Rial Erário (5), vindo a transitar em 1808, ao chegar com a família rial ao
Brasil, para o ministério dos negócios estrangeiros e da guerra. Em satis-
fação dos seus relevantes serviços foi feito conde de Linhares por despacho
de 17 e carta de 22 de Dezembro de 1808 (6). Morreu o Conde de Linhares
no Rio de Janeiro a 26 de Janeiro de 1812. Dele provieram os demais
condes de Linhares dos quais actualmente subsiste o 4.°
A casa dos Condes do Prado, Marqueses das Minas, derivou-se da dos
senhores de Mortágua na pessoa de Rui de Sousa, irmão de Fernão de Sousa,
i.° senhor de Gouveia. Rui de Sousa, foi senhor das vilas de Sagres, por
carta de 29 de Outubro de 1471 (7), e de Beringel, por outra do ano de
1477 (^X meirinho mor de D. João II, em quanto príncipe, e seu almotacé
(i) Carta de 8 de Junho de 1812. — Dicc. aristocrático, cit., pág. 32.
(2) Decreto de 4 de Abril de i833. — Clironica constitucional do Porto, n." ^S.
(3) José Liberato Freire de Carvalho, Memorias com o titulo de Annaes, IV, 234. A 28
de Novembro declara o Marquês do Funchal no livro O Conde de Linhares, pág. 10.
(4) Gaveta de i3 de Setembro.
(5) Gaveta de i3 de Janeiro.
(6) Gaveta de 21 de Abril de 1809, i.° Suplemento, e Dicc. aristocrático, pág. 128,
(7) Confirmada por D. João II em 29 de Março de 1482. — Chancelaria de D. João II,
liv. 6.°, fl. 52 V.
(8) Incorporada na de 22 de Abril de 1499 de confirmação do senhorio a seu filho
D. Pedro de Sousa. — Chancelaria de D. Manuel, liv. 41.°, fl. 94 v.
214 Brasões
mor depois de rei (i), embaixador a Castela e Inglaterra, e poeta do Can-
cioneiro. Morreu com setenta e cinco anos em Toledo, a 24 de Maio de
1498, por ocasião dos juramentos de D. Manuel e D. Isabel na qualidade de
príncipes herdeiros de Castela (2). Foi trasladado o seu corpo para Évora
e lá sepultado, sob campa de bronze, numa capela junto à porta de entrada
da igreja dos Lóios. Casara a primeira vez com Isabel de Siqueira, que
faleceu no ano de 1460, segundo declara o seu epitáfio (3). Era filha de
Francisco Anes de Torres, vedor da casa da rainha D. Isabel, e de sua mu-
lher Violante Lopes de Siqueira, ama que havia sido da mesma Rainha.
Casara a segunda vez com D. Branca de Vilhena, filha de Martim Afonso de
Melo, guarda mor, alcaide mor de Olivença e senhor de Ferreira, e irmã do
Conde de Olivença. D. Branca já era falecida cm Janeiro de 1494 e está
sepultada, também sob campa de bronze, junto do marido,
Fizera-lhe D. Afonso V mercê da vila de Beringel, em vida dele e de
sua mulher D. Branca, passando, por morte do sobrevivente, ao filho maior
d'entre ambos nascido, e por morte deste a todos seus filhos e descendentes.
A vila de Sagres, que lhe fora doada em vida, tirou-lhe D. João II, dando-lhe
por ela trezentos e dez mil reais brancos de tença (4). O ofício de almotacé
mor renunciou ele próprio no filho primogénito do seu primeiro casamento,
João Rodrigues de Sousa, a quem foi confirmada a almotaçaria mor por
carta de 5 de Fevereiro de 1490 (5).
Este João Rodrigues de Sousa começou, poucos dias depois, a intitular-se
dom João Rodrigues de Sousa (6), tendo sido portanto concedido aos filhos
de Rui de Sousa, em Fevereiro de 1498, entre 5 e 28, o título de dom, do
qual se não encontra registada a carta de mercê. Seguiu porem João Ro-
drigues a praxe adoptada entre os fidalgos da corte e, largando o patroní-
mico, passou a chamar-se D. João de Sousa. Esta praxe era constante, como
já deixei indicado na nota 4 de pág. 192.
D. João de Sousa foi embaixador a Castela na primavera e verão de
1494 (7), teve a comenda, alcaidaria mor e capitania de Nisa (8), e foi_ no-
(i) Carta de 22 de Novembro de 1481. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 26.% fl. 149.
(2) Sepulturas do Espinheiro, pág. 9-10.
(3) Estava também gravado em chapa de bronze, mas na igreja do Espinheiro, no pa^-
vimento da capela mor, d'onde desapareceu. — Ibidem, pág. g.
(4) Carta de 3 de Janeiro de 1494. — Chancelaria de D. Manuel, liv, 3i.", fl. 4 v.
(5) Chancelaria de D. João II., liv. 17.», fl. 40.
(6) Carta de 28 de Fevereiro de 1490 mandada livrar «por dom João Rodrigues de Sousa,
do seu conselho e seu almotacé mor«. — Chancelaria de D. João II, liv. 17.°, fl. 129.
(7) Archivo histórico portuguetç, III, 5 1 .
(8) A carta de capitão é de 3i de Julho de 1497 [Chancelaria de D. Manuel, liv. 29.°,
Sousas 21 5
meado guarda mor de D. Manuel por carta passada em Almeirim a lo de
Fevereiro de i5io (i). Faleceu a i6 de Dezembro de i5i3, segundo decla-
rava o seu epitáfio (2) e confirma uma carta da rainha D. beonor de 21 de
Janeiro do ano seguinte, na qual se refere à morte de D. João de Sousa (3).
Foi êle um dos servidores de D. Leonor Mascarenhas que se zangaram, por
ela os ter tratado com desdém, e lhe dirigiram trovas de despedimento, re-
colhidas no Cancioneiro geral. Já era casado em 1476 com D. Margarida
Fogaça, donzela da Excelente Senhora (4), e filha de João Fogaça, comen-
dador de Cesimbra, e de sua mulher D. Constança de Vasconcelos, apelido
com que se encontra também nomeada D. Margarida em alguns documen-
tos (5). Não se deve confundir este João Fogaça com seu sobrinho do mesmo
nome, um dos poetas de mais nomeada do Cancioneiro geral.
De D. João de Sousa não ficou descendência, mas de seus irmãos pro-
vieram os morgados da Azinhaga e os alcaides mores de Tomar.
Do segundo casamento de Rui de Sousa foi primeiro filho Pêro de Sousa
ou D. Pedro de Sousa, como passou a chamar-se de princípios de 1490 em
diante, depois de aos filhos de Rui de Sousa ter sido dado o título de dom.
Casou D. Pedro de Sousa a primeira vez, sendo ainda simplesmente
Pêro de Sousa, fidalgo da casa dei Rei, com D. Mecia Henriques, filha do
regedor Fernão da Silveira, que a dotou com dez mil coroas, para pagamento
das quais pediu a D. João II consentisse no traspasse que nela fazia das
rendas riais de Montemor o Velho, as quais o Regedor possuía em sua vida
por carta de 3 de Março de 1479. Anuiu el Rei e passou-se a carta das
referidas rendas a D. Mecia, em Beja, a 4 de Fevereiro de 1489 (6). Dois
anos antes porém já o casamento estava realizado, como consta da carta de
24 de Abril de 1487, pela qual foi autorizado Rui de Sousa a poder empe-
nhar, para depois de seu falecimento, as rendas de Beringel e das talhas de
fl. 3o V.)- Neste documento é intitulado alcaide mor de Nisa e por outro de 5 do mesmo
mês consta possuir a comenda. [Ibidem, fl. i5 v.)
(i) Corpo cronológico, part. I, mac. 8, doe, 84.
(2) Sousa, Historia genealógica, XII, 897.
(3) Critica e historia^ pág. 127.
(4) Carta dada em Toro a 10 de Abril de 1476 de 2800 coroas de oiro em casamento a
D. Margarida, transcrita na de confirmação de 3 de Setembro de iSaS, sendo ela já viúva.
— Chancelaria de D. João III, liv. 14.° de Doações, fl. 204 v.
(5) Alvará de 3o de Outubro de i5oo de doação a D. Margarida de Vasconcelos, mulher
de D. João de Sousa, do reguengo de Montemor o Novo por falecimento de seu marido, e
carta de 8 de Março de i5i4 tornando efectiva a mercê por D. João ser já falecido. — Chan-
celaria de D. João III, liv. 14.° de Doações., fl. 204.
(6) Chancelaria de D. João II, liv. 26.°, fl. 64.
2i6 Brasões
Barroso às quatro mil dobras de arras prometidas no contrato de casamento
de seu filho Pêro de Sousa com sua mulher D. Mecia (i). Esta senhora
ainda era viva em 26 de Março de 1494 (2).
Entrara D. Pedro de Sousa, como aventureiro, nas famosas justas de
Évora de 1490 por ocasião das festas do casamento do príncipe D. Afonso,
trazendo por empresa um salteador assassino, com este moto:
Vuestra vista desbarata
mas do qu'este roba y mata.
Talvez composição sua porque dele, como de seu pai e de seu irmão D. João
de Sousa, existem trovas no Cancioneiro geral. Voltemos porem aos casa-
mentos de D. Pedro.
Tornou ele a casar pela segunda vez e agora com D. Margarida de Brito,
ou D. Margarida Freire, como em alguns documentos é designada, e já o
matrimónio estava celebrado em 20 de Março de 1498, data da carta de con-
firmação do traspasse de uma tença de cento e trinta mil reais, que Rui de
Sousa fez a favor deste seu filho, para depois da morte dele passar ao neto,
filho de D. Pedro e de sua mulher D. Margarida de Brito (3). Era ela filha
herdeira de Estêvão de Brito, alcaide mor de Beja, e de sua mulher D. Joana
Freire. Em virtude deste casamento teve D. Pedro de Sousa a alcaidaria
mor de Beja, na qual sucedeu por morte de seu sogro^e se lhe passou carta
a 25 de Setembro de i5o5 (4). Em 5 de Janeiro de i5o8 ainda D. Marga-
rida vivia; a 10 de Fevereiro de i5i2 já D. Pedro de Sousa estava viúvo.
Foi portanto entre estas duas datas, que se passou a tragédia do assassínio
da adúltera consorte e do seu cômplice.
Existem dois assentos, ambos de 10 de Fevereiro de i5i2, assinados por
D. Manuel, de um dos quais o teor é este: «Veadores da fazenda, amigos,
estas três mil coroas que foram de D. Margarida Freire, mulher que foi de
D. Pedro de Sousa, trespasseis no dito D. Pedro, por quanto, por lhe ela
errar na lei do casamento, lhe foi julgada por sentença toda sua fazenda.
Lisboa, 10 de Fevereiro de i5i2» (5). O. outro diz o mesmo, com a dife-
rença de se referir a umas quinhentas coroas que pertenciam a D. Marga-
(i) Chancelaria de D. João II, liv. 20.°, fl. 27.
(2) Carta desta data de 40.000 rs. de tença em duas vidas a D. Pedro de Sousa, em aten-
ção aos seus serviços passados, e aos futuros dele e «de D. Fernando, seu filho, e D. Mecia,
sua mulher». — Chancelaria de D. Manuel, liv. 27.°, fl. 67.
(3) Chancelaria de D. Manuel, liv. 41.°, fl. 88.
(4) Ibidem, liv. 20.*>, fl. 26.
(5) Chancelaria de D. João III, liv. 5i.» de Doações^ fl. 52.
Sousas 217
rida (i). Vê-se pois que a circunstância do adultério ficou bem provada, e
que a Justiça não pediu contas a D. Pedro por se ter desafrontado. Nada
mais sei do caso, e apenas vagamente me consta ter D. Pedro de Sousa,
após o assassínio da mulher, ido a Castela, a casa do Conde de Benavente,
onde o cômplice do adultério, um seu criado (2), se homisiara, havê-lo atraído
à rua e tê-lo morto, escapando-se logo para Portugal com grande perigo.
Pouco mais de um ano depois daquele mandado dei Rei, já D. Pedro de
Sousa estava pela terceira vez casado, e não casou mais vezes porque não
quis, ou não teve com quem, pois que ainda sobreviveu vinte e quatro anos
a sua derradeira mulher. Foi ela D. Joana de Melo, filha do provedor de
Évora, o dr. João Afonso de Aguiar. Já se tinha celebrado o casamento em
6 de Junho de i5i3, data de um instrumento de doação feita por D. Pedro em
Évora, no qual há referência a uma procuração de D. Joana sua mulher (3).
Morreu esta senhora a 2 de Novembro de i53i, segundo declara o epitáfio
da sua sepultura no demolido convento de S. Domingos de Évora, guardan-
do-se hoje a respectiva campa no Museu da Biblioteca Pública Eborense, onde
copiei o letreiro no dia 3 de Abril de 1901. Diz êle:
AQVI . lAZ . AMVI . MANIFICA . SRÃ . DONA . lOANA . DE . MELLO
COMDESA . DEPRADO . MOLHER . QVE . FOI . DO . MVI . MA
NIFICO . SÕR . DOM . PEDRO . DE . SOVSA . COMDE DE . PRADO
Q.DEÍXOV. ESTA. CASA. HVA.ERDADE. EM. MACHEDE CÕ.OBRIGVACÃO
DE . HVA . MISA . COTIDIANA . EHV . NOTVRNO . DFINADOS . ACABA
DAS . AS . MATINAS . DAS . FESTAS . FALECEO . II . D . NOVÊSRO . DE . 1 53 1 .
Sucedera D. Pedro de Sousa a seu pai no senhorio de Beringel, que lhe
foi confirmado por carta de 22 de Abril de 1499(4). Em i5o5 já era do
conselho, quando, por carta de 20 de Fevereiro, lhe foram concedidos os
privilégios de desembargador, como já seu pai os lograra (5), e em i5i4 teve,
a 2 de Junho, carta de capitão de Azamor, em todolos dias de sua vida, com
a jurisdição e alçada (6); pouco tempo porém permaneceu na capitania, pois
largou-a a el Rei em i5i6, recebendo por ela em satisfação uma tença de
(i) Chancelaria de D. João III^ liv. 47.° de Doações^ fi. 116 v.
(2) Não se tome a palavra criado no sentido actual de servidor. O pagem António Al-
coforado, por esses tempos assassinado num caso análogo, era criado do Duque de Bragança
e, não obstante, de família nobre.
(3) Chancelaria de D. João III, liv. 47.» de Doações, fl. 116 v.
(4) Chancelaria de D. Manuel^ liv. 41.», fl. 94 v.
(5) Chancelaria de D. João III, liv. 2.° de Doações, fl. 97 v.
(6) Chancelaria de D. Manuel j liv. i5.°, fl. ii5 v.
voi.i 28
2l8
Brasões
duzentos mil reais em sua vida (i). Era por esses tempos capitão de Cafim
Nuno Fernandes de Ataíde e, juntando-se-lhe D. Pedro de Sousa, partiram
os dois capitães, na primavera de i5i5, pelo sertão africano dentro, até che-
garem com as suas tropas aos muros de Marrocos, d'onde, depois de esca-
ramuçarem com os Moiros, tornaram às suas praças sem mais nenhum pro-
veito, alem da glória (2).
Regressando ao reino, comprou a seu sobrinho Martim Afonso de Sousa
a vila do Prado, a qual ele tinha de Juro e herdade e D. João III confirmou
a D. Pedro de Sousa por carta de 22 de Novembro de i525, fazendo-lhe,
por outra do mesmo dia, mercê do título de conde do Prado em sua vida (3).
Prolongou-se ela ainda por muitos anos, vindo só a faltar-lhe em 23 de Março
de i655 (4).
Apesar de três vezes casado apenas teve D. Pedro de Sousa um filho
havido de sua primeira mulher, D. Mecia Henriques, o qual se chamou
D. Francisco de Sousa. Era D. Francisco atacado de cleptomania, e tinha
outros vícios que se não nomeiam, chegando os seus desatinos ao ponto do
pai e do sogro impetrarem de D. Manuel ordem de. prisão contra êle, ordem
executada pelo Juiz de Beja, que o foi prender uma noite à cama. Trazido
para Lisboa com muita gente, foi embarcado na nau Loba com destino à
índia, onde, ou na viagem, endoideceu de paixão e morreu (5). Casara este
desgraçado com D. Maria de Noronha, filha dos 2.°^ Barões de Alvito, e por
ela foi bisavô de D. Luís de Sousa, 5.° senhor de Beringel e 2.° conde do
Prado, por carta dada em Madrid, a 12 de Junho de i633 (6). Morreu sem
descendência em 1643^ havendo renunciado a casa em seu sobrinho D. Fran-
cisco de Sousa.
(i) Carta de 6 de Dezembro de i5i6. — Chancelaria de D. Manuel^ liv. 25.°, fl. 55.
(2) Góes, Chronica de D. Emanuel, part. ii, fl. 128.
(3j Chancelaria de D. João III, liv. 36." de Doações, fls. 187 e 188 v. — Não quero deixar
de notar aqui, não por espírito de crítica, mas para acautelar o. leitor contra as datas e ci-
tações erradas, infelizmente muito frequentes na História genealógica^ de D, António Cae-
tano de Sousa. Nela, no tom. xit, tratando, na pág. 916, em capítulo especial, de D, Pedro
de Sousa, conde do Prado, diz que «Dom Joaõ III. o creou Conde, de que lhe passou Carta
feita no primeiro de Janeiro de i526; depois lhe fez mercê da Villa, e terra de Prado em
Lisboa a 10 de Junho de i556», e à margem cita «Chancellaria delRey D. João III. liv. 3o,
pag. 187». Ora, como ficou declarado no texto, as cartas do senhorio e do condado são do
mesmo dia, e este o de 22 de Novembro de i525.
(4) Esta data vem declarada na carta, de 2 de Agosto do mesmo ano, de padrão de
cento e trinta mil reais de tença a D. Diogo de Sousa, neto do Conde. — Chancelaria de
D. João 111, liv. 54.» de Doações, fl. 81.
(5) Diogo Gomes de Figueiredo, Nobiliário, vol. 11, pág. 87, mihi.
(6) Chanceldria de D. Felipe 111, liv. 32.» de Doações, fl. 62.
Sonsas - 219
Era este neto de outro do mesmo nome, que fora governador e capitão
general da Baía em iSgí, e do Rio de Janeiro em 1608 com a promessa do
título de marquês das Minas pelas do oiro que no Brasil havia descoberto.
Este primeiro D. Francisco de Sousa, avô do segundo, vinha a ser irmão de
D. Luís de Sousa, 4." senhor de Beringel, pai do 2.° Conde do Prado.
O segundo D. Francisco de Sousa foi o 3." conde do Prado, de que se
lhe passou carta em 17 de Março de 1644, em virtude de seu tio D. Luís
ter nele renunciado o título (i), e i.° marquês das Minas, por carta de 7 de
Janeiro de 1670 em satisfação dos seus serviços no governo das armas da
província de Entre Doiro e Minho, e havendo respeito a ir por embaixador
extraordinário a Roma (2). Morreu quatro anos depois, a 23 de Junho,
tendo casado pela segunda vez, em 1641, com D. Eufrásia de Lima, filha
dos i.°* Condes da Torre, a qual faleceu em i656, deixando entre outros os
seguintes filhos:
i.° — D. António Luís de Sousa, que foi 4.° conde do Prado em vida de
seu pai, e depois 2.° marquês das Minas. E o famoso Marquês de quem
Saint-Simon diz: «Ce... marquis Das Minas... est celui qui a toujours
commandé Varmée portugaise contre Philippe V, qui prit force places en
Espagne, qu'il garda peii, entra mêj/ie dans Madrid, qu'il ne peut conser-
ver, et qui coinmandoit une aile de Varmée de Varchiduc avec dix-huit ba-
taillons portugais à la bataille d' Alman^a, que le duc de Bermck gagna
complètement le 25 avril ijoj, et qui eut de si grandes suites. Das Minas
continua de servir en chef jusqu'à la paixr> (3).
Deste Marquês das Minas provieram os restantes marqueses da casa dos
Sousas, dos quais se contaram oito ao todo, tendo os últimos três a varonia
de Noronha. Foram eles, além do 1.° e 2.'' já mencionados: D. João de
Sousa, 3.° marquês das Minas (filho do 2.°) e 6." conde do Prado, título em
que sucedeu a seu irmão primogénito; D. António Caetano Luís de Sousa,
4.** marquês e 7.° conde, filho do precedente; D. Maria da Piedade Francisca
Antónia de Sousa, 8.* condessa do Prado e 5.^ marquesa das Minas, neta
do 4.° Marquês, filha de D. João de Sousa, que não chegou a lograr nenhum
título. Aquela senhora, que morreu em 1787, havia casado a i de Outubro
de 1760 com D. Lourenço José das Brotas de Lancastre, 8.° comendador e
alcaide mor de Coruche na ordem de Avis, chefe, mas com a varonia dos
Noronhas, condes dos Arcos, de um dos ramos da família de Lancastre.
(i) Chancelaria de D. João IV, liv. 16." de Doações, fl. 191.
(2) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 35."», fl. 24 v,
(3) Mémoires du duc de Saint-Simon, vol. vi, pág. 440, inihi.
220 Brasões
Pelo seu casamento veio a ser marquês das Minas e conde do Prado (i) e
morreu a 28 de Abril de 1801, sendo alferes da Ordem de Avis e tenente
general. Dos 5.°* Marqueses nasceram três filhos: — D. Francisco Benedito
de Sousa Lancastre e Noronha, que nasceu a 12 de Setembro de 1780, foi
6." marquês das Minas por despacho de 17 de Dezembro de 1790 (2), e mor-
reu solteiro a 6 do mesmo mês de 1796 (3). — D. João Francisco Benedito
de Sousa Lancastre e Noronha, que nasceu a 16 de Junho de 1782 e foi, por
morte de seu irmão, 7.° marquês das Minas e io.° conde do Prado. Bem
novo, e bem doente, foi, sendo gentil-homem da câmara, nomeado governa-
dor do reino com outros por aviso de 20 de Setembro de 1808, confirmado
por carta régia de 6 de Julho do ano seguinte. Comparecia já pouco às
sessões da regência por motivo da sua falta de saúde, e ainda mais deixou
de as frequentar em virtude de um conflito levantado entre o Marquês e o
general Beresford, que se queixou para a corte . do Rio de Janeiro. D'aí
veio uma nota, em i3 de Abril de 1810, na qual era o Marquês desculpado
com os seus achaques, que o haviam já levado a pedir a demissão, acrescen-
tando porém, que lhe desaprovariam o proceder, se não fosse motivado pela
doença. O Marquês então abandonou de todo o governo, e, havendo alcan-
çado a demissão por decreto de 24 de Maio de 18 10, brevemente falecia sol-
teiro a 28 de Dezembro do mesmo ano. Pouco sei da vida deste fidalgo,
mas nele existiram de certo qualidades proeminentes, que o levaram aos
vinte e seis anos e doente a ser escolhido para o alto cargo de governador
do reino. Hombridade tinha êle, que, .naqueles tempos de tanta relaxação
como os de hoje, não se vergava ao predomínio inglês, e resistia a Beresford
e aos seus colegas inglesados da regência, os quais em represália não con-
sentiram que a noticia da morte do Marquês das Minas viesse publicada na
Gaveta de Lisboa. Encontrei-a no Diário Lisbonense. — D. Joana Bernarda
de Noronha e Lancastre, que nasceu antes de seus irmãos em um dia 16 de
Janeiro, chamava-se em solteira D. Joana de Meneses, e com este nome ca-
sou, a 3 de Agosto de 1788, com Francisco José Luís de Melo, 9.° monteiro
mor do reino, que d'ali a pouco falecia de bexigas, a 24 de Janeiro de 1789,
não deixando filhos (4). D. Joana Bernarda de Noronha e Lancastre, como
(i^ Cartas de 26 de Junho de 1761 e 3i de Janeiro de 1777, respectivamente registadas
no liv. iS.», fl. 3, e no liv. 5.°, fl. 186, das Mercês de D. José.
(2) Gaveta de 24 de Dezembro de 1790. Não encontrei a carta registada.
(3) Ga^ieta de 9 de Dezembro de 1796.
(4) No Suppleménto á Gaveta de Lisboa, n." 7, em 20 de Fevereiro de 1789, vê-se que
lhe sucedeu na casa seu parente Francisco da Cunha, que foi nomeado monteiro mor por
decreto de 16 de Fevereiro daquele ano, impondo-se-lhe a obrigação de usar logo em se-
guida ao seu nome o apelido de Melo.
Sonsas 221
já então se chamava, permaneceu no estado de viúva, herdou a casa de seu
irmão, e em 1811 já era a 8.* marquesa das Minas e 11.* condessa do Prado,
e como tal vem mencionada no Álmanach de Lisboa para 18 12, ainda que
só teve carta do titulo em 25 de Novembro de i8i5 (i). Morreu a Marquesa
em Março de 1827 (2), e nela se extinguiu completamente toda a descendên-
cia legítima do 2." Marquês das Minas, de quem apenas ficou existindo pro-
gépie por linha ilegítima e feminina nos Sousas Botelhos, condes de Vila Rial.
O título de marquês das Minas foi porem renovado quinze anos depois, como
logo direi.
2.*' — D. João de Sousa foi vedor da casa rial, comendador de Santa Ma-
ria do Prado e Santa Maria de Vila Franca na Ordem de Cristo, governador
de Pernambuco, general de artelharia e governador das armas do Minho.
Morreu em 1718, havendo casado com D. Maria da Nazaré de Lima, con-
dessa viúva de Mesquitela, que por ordem régia conservou as honras e gran-
deza apesar do segundo casamento. Era ela filha dos 7.°^ Viscondes de Vila
Nova da Cerveira, e fora casada com D. Noutel de Castro, 2." conde de
Mesquitela. Foi este Conde um perverso. Mandou assassinar na noite de
7 de Dezembro de 1667 o Marquês de Sande, e homisiou-se em Castela,
d'onde voltou quatro anos depois e, achando-se escondido em casa do sogro,
aí abusou de uma cunhada, que não pôde esconder a sua vergonha. Denun-
ciado por aquele foi o Conde preso no mosteiro de Odivelas, e sentenceado
a desterro perpétuo na índia, para onde embarcou na armada de 167 1.
Fugiu de Goa para Roma, e lá morreu em 1674. — De D. João de Sousa e
de D. Maria de Lima foram bisnetos por posterior bastardia, além doutros,
D. Diogo de Sousa e D. Luís de Sousa. — D. Diogo de Sousa, que foi o i.°
conde do Rio Pardo (cidade do Brasil) por carta de 29 de Julho de 181 5 (3),
havia sido capitão general de Moçambique, Maranhão e Rio Grande, coman-
dante em chefe do exército nas campanhas de Montevideu de 1810 a 181 3.
Foi também vedor da casa rial, senhor da casa de Santa Tecla e Ferreiros,
comendador do Prado e doutras na Ordem de Cristo, na qual foi gran-cruz,
vice-rei da índia em 1816, conselheiro de Estado e Guerra, par do reino por
carta de 3o de Abril de 1826, tenente general, e ministro da guerra em 1828.
Morreu viúvo e sem filhos em 12 de Julho de 1829. — D. Luís de Sousa her-
dou a casa de seu irmão e foi avô de outro D. Luís de Sousd, 2.° conde do
Rio Pardo em 2 de Julho de i863, que morreu em 1880, deixando viúva, já
(i) Dicc. aristocrático, cit., pág. 5-.
(2) Encontro esta data no 11 vol. da Resenha das fatnilias titulares; ainda a não achei
confirmada.
(3) Dicc. aristocrático, cit., pág. 33.
^22 Brasões
hoje falecida, e filhos, que existem. — Extinta a descendência legítima do
filho primogénito do i.° Marquês das Minas, parecia que a representação da
casa deveria passar aos descendentes do filho segundo, os Rio-Pardos, mas
não, porque estes também não eram legítimos.
3.° — D. Pedro de Sousa, que foi sumilher da cortina c dom prior de
Guimarães, morreu em 1706.
4.° — D. Maria Madalena de Noronha, que foi a primeira mulher de
D. Luís Manuel de Távora, depois 4.° conde da Atalaia, de quem, alem de
um filho cónego e uma filha freira, teve a D. Pedro Manuel, 5.° conde da
Atalaia, mestre de campo general no exército do Marquês das Minas, em
cuja ausência governou a legião portuguesa da Catalunha. Foi muito aceito
ao pretendente D. Carlos, que o criou grande de Espanha, mercê não reali-
zada; mas, continuando o Conde da Atalaia a servir ao mesmo D. Carlos
já imperador, este o nomeou vice rei da Sardenha, general da cavalaria de
Nápoles, governador do Castelo Novo desta cidade, e do conselho de Estado
em Viena, onde morreu no ano de 1722, extinguindo-se esta linha.
b.° — D. Luisa Bernarda de Lima, que casou com D. Luís Baltasar da
Silveira, veador da rainha D. Maria Ana de Áustria, comendador na Or-
dem de Cristo, e filho de F^ernão da Silveira, capitão valente nas guerras de
Flandres,- mestre de campo na restauração da Baía, almirante da armada
rial, morto pelejando na batalha das linhas de Elvas, onde estava sitiado, e
d'onde fez uma vigorosa sortida ao encontro do exército libertador. Era
Fernão da Silveira filho segundo de D. Luís Lobo da Silveira, 7.° senhor das
Sarzedas, e irmão de D. Rodrigo Lobo da Silveira, 8.° senhor e i." conde
daquela vila. De D. Luisa Bernarda de Lima foi filho primogénito D. Brás
Baltazar da Silveira, i.'' senhor de S. Cosmado, que casou com D. Joana
Inês Vicência de Meneses, irmã do 3.° e 4.° Condes de Santiago. Deste ca-
samento, além de uma filha falecida criança, nasceram D. Luisa Francisca
Antónia da Silveira e D. Maria Inácia da Silveira. Casaram ambas estas
senhoras, uma após outra, com Nuno Gaspar de Távora, depois de Lorena,
que foi tenente general, veador da rainha D. Mariana Vitória e governador
da cidade de Évora, e morreu a 8 de Janeiro de 1789 (i). Era irmão do
justiçado Marquês de Távora e do seu primeiro casamento nasceu D. Brás
José Baltasar da Silveira e Lorena, senhor da casa, e avô de D. Brás Maria
da Silveira e Lorena, 9.° marquês das Minas, título nele renovado em i5 de
Janeiro de 1842. Dele e da marquesa D. Eugenia de Sousa Holstein foram
filhos: o 12.° Conde do Prado, o 10. ° Marquês das Minas, ambos falecidos
(i) Gaij[eta de 17.
Sousas * 122$
sem deixar geração, e D. Alexandre da Silveira e Lorena, ii.*' marquês das
Minas, também já falecido (3o de Agosto de iQoS), deixando uma filha.. —
Do segundo casamento de Nuno Gaspar de Lorena nasceram: D. Francisca
de Paula do Pópulo de Lorena, marquesa de Pombal, que veio a herdar por
morte da última Marquesa das Minas os morgados desta casa, e por morte
de D. Luzia de Meneses os da casa de Santiago; e D. Bernardo José de Lo-
rena, 1.° conde das Sarzedas nesta linha por despacho de i3 e carta de 24
de Maio de i8o5 (i). Passou a governar a índia como vice-rei no ano se-
guinte, e lá permaneceu até 1816, em que se retirou para o Rio de Janeiro,
€ aí morreu em 1818. Deixou descendência legitimada, na qual se tem re-
petido por mais duas vezes o título de conde das Sarzedas, e que creio existir
ainda na varonia lá pela índia. Destes Silveiras senhores de S. Cosmado,
ou dos Lorenas condes das Sarzedas, ou talvez de ambos os ramos, as armas
eram estas: Partido: o I de prata, três faxas de vermelho (Silveira); o II de
prata, cinco faxas ondadas de azul, sendo a do meio carregada de tim golfi-
nho do campo, bordadura de oiro com a divisa Qiiasqumque Jindit em letras
de negro (Távora). Coroa de conde. Timbre: urso nascente de prata, lin-
guado de vermelho (2). {Bem sei que o uso das armas dos Távoras estava,
e está, proibido por uma sentença, mas bem nos importamos nós com o que
está proibido!
6." — D. Eufrásia Felipa de Lima, condessa da Ilha do Príncipe por casar
com o 2." conde, Francisco Carneiro de Sousa, de quem teve muita descen-
dência, na qual, por um notável acaso, está a representação dos antigos Con-
des das Sarzedas.
7."—^ D. Maria Lourenço de Meneses, dama do paço, falecida solteira.
Esboçada por esta forma a descendência do 1° Marquês das Minas, tenho
agora de me referir a um seu irmão, que se chamou D. João de Sousa, foi
um valente soldado e matou-se, solteiro e sem filhos, em Setúbal, atirando-se
de uma janela abaixo num acesso febril.
A respeito deste D. João de Sousa existe uma história parecida com a
do Pêro Gil, progenitor dos Mousinhos de Albuquerque, história que me le-
(1) Ga!jeta de 18 de Maio, e liv. 7.» das Mercês do Príncipe Regente, fl. 3o v. — Não se
pode considerar D. Bernardo José de Lorena como 5.° conde das Sarzedas, pois que êle por
maneira nenhuma representava os antigos condes. Lá adiante, no artigo dos Silvas, se po
dera ver como se extinguiu a casa dos Silveiras condes das Sarzedas, e a quem passaram
os morgados e a representação.
(2)' Tenho peças de loiça da índia de dois padrões diferentes, um deles belíssimo, com-
estas armas.
224 Brasões
vará um capítulo do artigo dos Albuquerques. No caso de D. João de Sousa
sabe-se contudo quem inventou a fábula. Foi João Carlos Feo, que o não
fez por mal, mas simplesmente por comprazer, ou para lisonjear um amigo.
João Carlos Feo, num Attestado genealógico impresso em 1867, diz, na
pág. 10, que deste D. João de Sousa, irmão do i.° Marquês das Minas, foi
filho natural «Luiz de Sousa da Costa legitimado em 1643 por carta de El-Rei
D. João IV». Em seguida deduz uma linha por ali abaixo até o amigo a
quem quis obsequiar.
Na Chancelaria de D. João IV não existe semelhante carta de legitimação.
Nenhum dos autores genealógicos, contemporâneos ou próximos do tempo de
D. João de Sousa, lhe dá semelhante filho. Tam pouco não o faz D. António
Caetano de Sousa, na Historia genealógica, onde guarda absoluto silêncio
sobre o caso, ele tam cuidadoso em nomear sempre todos os filhos bastardos
legitimados e mesmo infinitas vezes os que o não são. Tanto isto é assim,
que nomeia, não vamos mais longe, um irmão ilegítimo do próprio D. João
de Sousa, D. Pedro de Sousa. E para notar é que não só este bastardo
não legitimado da casa do Prado, como todos os mais, e não foram poucos,
usaram do título de dom, o qual João Carlos Feo se não atreveu a dar ao
por êle inventado, apesar de o declarar reconhecido pelo pai.
E a mesma história dos Albuquerques de Pêro Gil; é o mesmo sistema
de fabricar fingidas descendências; mas, neste caso, sem a agravante dos
falsos documentos existente no outro, ainda que neste se faz referência a
um instrumento inventado; isso porem é pecado mais venial.
De D. João Afonso de Albuquerque fez-se filho a um Pêro Gil e neto a
um Gil Afonso Fernandes; de D. João de Sousa faz-se filho a um Luís de
Sousa da Costa e neto a um Manuel da Costa. Isto é: de fidalgos da pri-
meira plana declaram-se filhos e netos a uns sujeitos, muito boas pessoas
embora, mas sem nome, sem posição social, largando o apelido originário,
vivendo modestamente, não sonhando sequer com as futuras grandezas a
que os hão de querer elevar! Nem para falsificar genealogias temos geito!
e antes assim.
A novela é tam mal urdida, que não me referiria a esta suposta linha de
Sousas do Prado, se por acaso não tivesse encontrado na Resenha das fa/ni-
lias titulares o seguinte: «João da Costa Santos . . . morreu . . . tendo obtido
em 1774 Brasão de suas armas, onde provou o acima dito» (i). Ora o «acima
dito» é que êle era quarto neto em linha varonil de D. João de Sousa, irmão
do i.° Marquês das Minas.
(i) Visconde de Sanches de Baena, Resenha das familias titulares, II, pág. 35 1, com a
<iata errada, 1774 por 1752, e repetido por outras palavras a pág. 497.
Sousas . 225
Isto não é exacto. Na carta de brasão de João da Costa Santos, quanto
-a. ascendência deste, só se diz o seguinte: «Por provar ser Flllio legitimo
de Manoel da Costa Santos e de sua mulher Dona Maria da Assunção, Neto
pela parte Paterna de Domingos da Costa, e de sua mulher Dona Catharina
de Abreo de Figueiredo, natural de Ponte de Lima, Bisneto de Manuel da
Costa. E pela parte Materna, ser neto de Manoel Dias de Sousa, natural
da Cidade do Porto e de sua mulher Dona Maria Anna da Encarnação, na-
tural da Vila de Almada. E que todos os ditos seus Pays, Avós, etc.» Foi
passada a 27 de Novembro de 1752(1).
Pela transcrição feita já vê o leitor, que não há nesta carta de brasão a
mínima referência a D. João de' Sousa, irmão do i.° Marquês das Minas; e
em virtude da mesma transcrição concordará que o autor da Resenha foi ex-
tremamente infehz ao fazer a asserção acima apontada.
Os senhores de Alcoentre tinham a sua casa em Lisboa entre a rua da
Cordoaria Velha e a calçadinha de S. Francisco, em frente do convento da
mesma invocação (2), no qual existia o seu jazigo, na igreja, na capela do
Descendimento, depois conhecida pela capela dos Faros, quando estes her-
daram a casa dos Sousas, e era a colateral da banda do evangelho mais
imediata à capela mor. Nesta tal capela viam-se quatro escudos de armas
na parede, dois de uma parte e dois da outra, todos ovajs e sem elmo nem
timbre. O primeiro do lado esquerdo era esquartelado das quinas do reino
e de um Hão volvido; eram as armas dos Sousas do Prado, não signifi-
cando aquela diferença no liao senão capricho ou ignorância do escultor.
O outro ao lado também era esquartelado,- tendo no I e IV cinco vieiras, e
no II e III o campo liso, e em bordadura a todo o escudo quatro castelos,
alternando com quatro liões, estes nas linhas da aspa, e os outros nas da
cruz; queriam ser as armas dos Pimenteis, marqueses de Tavara, erradas
porém. Representavam portanto os dois escudos os brasões de Martim
Afonso de Sousa, i." senhor de Alcoentre (3), governador da índia, fundador
da capela, e o de sua mulher D. Ana Pimentel, dama da rainha D. Caterina
e sobrinha por sua mãe do i." Marquês de Tavara.
(i) Registada no liv. 18.° de Mercês de D. Luis 7, H, 281
(2) Júlio de Castilho, Lisboa antiga, p. II, tom. V, pág. 1 17.
(3) D. João III por carta de 28 de Março de 042 fez mercê de juro e herdade a Martim
Afonso de Sousa, capitão mor e governador nas partes da índia, da vila de Alcoentre e al-
caidaria de Tagarro, bens da Coroa ao mesmo já vendidos por escritura de 19 de Dezembro
de 1541, pelo preço de 14.000 cruzados, o mesmo por que um mês antes, a 17 de Novembro,
D. João III os adquirira dos marqueses de Vila Rial, D. Pedro de Meneses e D. Beatriz. —
Chancelaria de D. João III, liv. 38.» de Doações, fl. Sj.
voL. I 29
2ú6 Brasões
Defronte destes dois escudos, na parede da banda da epístola, estavam
outros dois, um dos Sousas do Prado em tudo igual ao seu fronteiro, e outro
esquartelado, sendo o I e IV das armas do reino com as quinas em aspa e
oito castelos na bordadura, e o II e III de cinco flores de lis. Eram as ar-
mas dos Albuquerques, e representavam os dois escudos os brasões de Lopo
de Sousa, 2.° senhor do Prado, e de sua mulher D. Beatriz de Albuquerque,
filha de João Rodrigues de Sá, senhor de Sever, alcaide mor do Porto, e de
sua terceira mulher D. Joana de Albuquerque, filha do mestre sala Luís Al-
vares e de sua mulher D. Teresa de Albuquerque, filha de Gonçalo Vaz de
Melo, senhor da Castanheira, e de D. Isabel de Albuquerque.
Da parte de cima destes escudos lia-se esta inscrição: i522. Aqui ja:{
Lopo de Sousa Jilho de Pedro ãe Sousa e de sua mulher D. Maria Pinheira,
senhor da vila do Prado e das terras de Paiva e Baltar, e de sua mulher
D. Beatrii de Albuquerque. Falleceu na era de . . .
No pavimento da mesma capela via-se uma sepultura raza com este le-
treiro: Aqui fa:{ D. Isabel de Albuquerque, mulher que foi de António de
Brito, irmã de Martim Affonso de Sousa, que esta capela fe\. E D. Lui{a
sua Jilha mulher que foi de D. João da Silva erdeiro do conde de Portale-
gre {i).
Maria Pinheira, acima nomeada, é a da sabida sátira ao Conde da Cas-
tanheira:
Mestre João sacerdote,
de Barcelos natural,
houve de uma moira tal
» um filho de boa sorte.
Pêro Esteves se chamou;
honradamente vivia;
por amores se casou
com uma formosa Judia.
Deste, pois nada se esconde,
nasceu Maria Pinheira,
< mãe da mãe daquele Conde
e sua avó verdadeira (2).
Efectivamente de Pedro de Sousa e de Maria Pinheira, nasceu D. Vio-
lante de Távora, segunda mulher de D. Álvaro de Ataíde, senhor da Casta-
nheira, e mãe de D. António de Ataíde, i.*' conde daquela vila e valido de
(i) P.e Luís Montês Matoso, Memorias Sepulchraes, fls. 38 a 3^ v.
(2) Conforme outra variante o último verso seria assim :
que é o Conde da Castanheira.
Sonsas 227
D. João III. Agora saber-se se a mulher de Pêro Esteves era ou não Judia,
isso é averiguação em que me não meto.
Martim Afonso de Sousa, 2.° senhor de Mortágua, o da quarentena com a
abadessa de Rio Tinto, Aldonça Rodrigues de Sá, teve dela a iMartim Afonso
de Sousa, legitimado por carta de 22 de Janeiro da era de 1443 (i4o5)(i).
A este segundo Martim Afonso de Sousa já me referi, nomeando-lhe alguns
filhos, e agora aqui indicarei mais um, João de Sousa, o último na ordem do
nascimento, segundo dizem.
Entrou João de Sousa» para casa do infante D. Fernando, irmão de
D. Afonso V, e já nela servia em 1455, quando, por carta régia de 17 de
Abril, lhe foi feita mercê do serviço rial e novo dos Judeus da Guarda (2).
No ano seguinte já estava casado,- como nos revela a carta de 28 de Abril
de vinte mil reais de tença pelas duas mil coroas do seu casamento (3). Foi
sua mulher Branca de Ataíde, filha de João de Ataíde, camareiro mor do
infante D. Pedro e 2.° senhor de Penacova pelo seu casamento com Maria
Nunes de Cordovelos, filha herdeira de Nuno Fernandes de Cordovelos, criado
da infanta D. Maria, filha de D. Pedro I, e i.° senhor de Penacova (4).
(i) Chancelaria de D. João /, liv. 3.», fl. 66 v.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. o.", fl. 148.
(3) Ibidem^ liv. i3.*», fl. 149 v.
(4) Por carta de i de Março de 1422 (1384) fez o Mestre de Avis, na qualidade de re-
gedor e defensor do reino, pura doação a Nuno Fernandes de Cordovelos da vila de Pena-
cova de Riba de Mondego, com todos seus direitos para sempre, para êle, filhos e netos
{Chancelaria de D. João J, liv. 1.», fl. i). Por outra carta dada em Coimbra, a 10 de Abril
do ano seguinte, foi-lhe ampliada á doação com o lugar de Paços da Abobreira, declaran-
do-se qae êle haveria estes lugares com todos os direitos riais, pela guisa que os houvera
a infanta D. Maria, aque Deus perdoi (Ibidem, liv. 4°, fl. 25). Em 1421, estando Maria Nu-
nes, filha do falecido Nuno Fernandes de Cordovelos, desposada com João de Ataíde, cama-
reiro mor do infante D. Pedro, pediu este a seu pai para confirmar a doação de Penacova
e Paços da Abobreira aos dois esposos, ao que el Rei anuiu, e lha confirmou por carta de
6 de Agosto na qual é determinada a forma da sucessão (Ibidem). Nos descendentes de
João de Ataíde e de sua mulher conservou-se o senhorio de Penacova até seu neto Nuno
Fernandes de Ataíde, o valoroso capitão de Çafim, o qual, conjuntamente com sua mulher
D. Joana de Faria, traspassou aquele senhorio, a sua filha D. Maria de Ataíde, em casamento,
transação aprovada por carta régia de 21 de Junho de i5i3 {Chancelaria de D. Manuel,
liv. 42.°, fl. bb V.). A D. Maria de .\taíde foi confirmado o senhorio, depois da morte de seu
pai, por carta de 27 de Julho de 1 528 {Chancelaria de D. João III, liv. 48.» de Doações^ fl. 108).
D. Maria era casada com D. Afonso de Noronha, filho maior do 3.» Conde de Odemira, e fói
mãe do 4.° Conde, em cujos descendentes se continuou o senhorio daquela tam pitoresca
vila de Penacova, que no alto do seu monte avista um dos mais belos panoramas das mar-
gens do Mondego.
228 ^ Brasões
Na casa do infante D. Fernando, no posto de capitão dos seus ginetes,
continuou João de Sousa servindo e na sua presença combateu, em 1464, no
malogrado escalamento de Tânger (i). Das suas façanhas contra os Moiros
dá fé o seu epitáfio abaixo transcrito, e por êle também consta haver pelejado
na batalha de Toro, a i de Março de 1476. Já então era o infante falecido
havia anos e João de Sousa entrara para o conselho de D. Afonso V, segundo
declara, além de muitas outras, uma carta de 19 de Julho de 1471, de vinte
mil reais brancos de tença por vinte moios de trigo que tinha assentados em
Benavente, nas rendas do mestrado de Avis (2).
Por estes tempos já devia haver muito que João de Sousa ingressara na
Ordem de Santiago, na qual teve as comendas de Ferreira, Represa e Al-
valade, com as rendas da aldeia de Coles (3). Havia de haver muito por-
que, por carta de 16 de Julho de 1475, por éle ser um dos treze mais antigos
da Ordem, foi nomeado comendador mor dela, na menoridade de D. Diogo,
duque de Viseu, a quem o cargo pertencia por ter a comenda de Mérlola à
qual andava anexa a dignidade de comendador mor (4). Não a conservou
por muito tempo João de Sousa, por isso que em mais nenhum documento
o encontro mencionado exercendo tal cargo.
. D. Manuel, apenas sentado no trono, lembrou-se logo do antigo criado de
seu pai e, por carta dada em Setúbal, a 18 de Abril de 1496, fez-lhe mercê
de duzentos mil reais de tença, considerando os seus muitos, mui grandes e
continuados serviços a D. Afonso V, a D. João II e ao infante D. Fernando,
assim nestes reinos, como nas partes de Africa e em Castela, onde com
muita despesa e gasto de sua fazenda sempre serviu aos ditos senhores (5).
Daqueles duzentos mil reais traspassou cinquenta mil em sua mulher Branca
de Ataíde, a quem foi passada carta de padrão a 18 de Julho do ano se-
guinte (6), e outros cinquenta mil em seu genro 02.° Conde de Penela, pas-
sando-se a João de Sousa, na mesma data, carta de padrão dos cem mil
reais restantes (7;.
Em Abril de 1 5 1 3 já estava viúvo (8) e por todo o primeiro semestre de
(i) Rui de Pina, Chronica de D. Afonso V, cap. i53,
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 17,°, fl. 69 v.
(3) Por carta de 22 de Março de 1475 foi autorizado a arrendar as comendas de Ferreira
e de Santa Maria da Represa. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 3o.°, fl. 96.
(4) Ibidem, liv. 26.°, fl. 180 v.
(5) Chancelaria de D. Manuel^ liv. 40.<*, fl. 3i v.
(6) Ibidem^ liv. 29.», fl. 3o v.
(7) Ibidem.
(8) Carta de 10 daquele mês de padrão dos So.ooo rs. de tença vagos por morte da mu-
lher. — Chancelaria de D. Manuel, liv. 42.», fl. 44 v.
Sonsas 229
i5i5 faleceu (i). Foi sepultado na igreja de Ferreira do Alentejo, gravan-
do-se no túmulo este epitáfio:
Aqui i jaz I omuito '• honRado \ snor \ ioãm | de sousa '■ e a muito \ honrada \
senora \ brãqua j detaide \ sua ; molher \ fi
lha ■ domuitó j onrado \ jÕ \ detaide [ snor '■ de penacova ! ocual \ | ioã] \
desousa • e filho • de martimafõm • de : sousa •
eneto j doutro | mtm | afôm '• de
dom : fernãdo j de | purtugall
sousa \ q | era '■ pmo \ có j irmão [ delrei j
ho '■ quall | ioãm : de j
Sousa : niica ; fez '■ ero ; nê | vileza \ ao ; senor \ ne J amiguo ; criado ; del-
rei I dom \ afõm | ho \ quíto | e do | sõr | imfáte '■ se
14 j irmão \ seus : snors j e por j serviço J de | ds ; edelles \ anbos ; seus •
sres \ epor \ onra \ do reino ; foi J e dezoito [ pelleias |
de j mouros \ nas | ptes \ dalém | mar j enas \ peleias '■ foiferido j deseteferi-
das I e foi I cercado \ três vezes \ hua \ em |
cepta I eduas ; e ; alcacere '■ hõde j foi j ferido '■ duas ] vezes ; deferidas j
mortaes | hõde \ seouve j tã | be | etã \ es
ditos j cercos [ q j nêhú • q ; nelles | fose | se • nã |
naguera ; cõ • elrei j dõ '■ anrique
onde ': se [ ouue \ mui j bem | desafiado | se j cõ | hú j
mouro l sobre j afee | onde | se | ouue \ tãbê | fize
ra ] esforçada • mete j q | ho desbaratou | e foi | moito \ louado \ detodos |
forcada | mete \ nos
oue : milhor \ efoi
de I castelã '■ emgrada
os I castellanos
mada • dalcacere
q I ai j era '■ psentes j foi j nato
ee darzilla \ edetaniere \ e nadestroicã \ danafe [ foi |
ê j duas I batalhas \ capaes [ com
elrei \ dom j afõm j ho quinto '■ rei j de castella \ e deportugall • seu [ se-
fose l ho ser
q j houue j cÕ elrei j
nhor \ eservio | tam | be j q | nê j hú j q j cõ j elle
vio : milhor ; asi ; naguera [ cõtinoa j como '• na batalha
dom I fernãdo | ho aguardou j e seruio
[milhor q] nhu j o aguardo | nê | sérvio \ milhor | q elle [ e tá | bê foi |
CO j p infante • seu j senor j naêtrada j de taniere onde foi ferido de morte (2).
Sobrepostos ao letreiro vêem-se dois brasões: o de João de Sousa, um
escudo esquartelado de quinas e de Hão, assente sobre um manto da Ordem
(i) Carta de 18 de Junho de i5i5 de padrão de 100.000 rs. de tença a seu neto João
de Sousa, em satisfação da comenda de Ferreira, que D. Manuel havia prometido a seu avô
de lhe dar, por seu falecimento, e não o pudera fazer por oposição do mestre D. Jorge. —
Chancelaria de D. Manuel^ liv. 27% fl. 2 v.
(2) Lido de uma fotografia vista em Junho de 1919, menos as últimas palavras em itá-
lico, as quais nela se não divisavam, e as tirei de uma cópia que me havia sido enviada em
Março de i885. Parece faltar pelo menos uma linha, inferior ao actual pavimento, na qual
viria a data da morte.
23o Brasões
de Santiago e sobrepujado do capuz, que se vê atacado de duas atacas em
forma de laço; e o de Branca de Ataíde, um escudo em lisonja, partido das
armas do marido e das dela, cinco barras pelos Ataídes.
Alem de D. Maria de Ataíde, condessa de Penela pelo seu casamento
com o 2.° conde, D. João de Vasconcelos e de Meneses, e de D. Joana de
Ataíde, segunda mulher de Luís de Brito Nogueira e fundadora do mosteiro
da Rosa de Lisboa (i), tiveram mais a Manuel de Sousa, falecido em vida
de seu pai, tendo casado com D. Joana de Sousa, filha de João Fernandes
de Sousa, senhor de Baião. O filho destes, João de Sousa como o avô,
chegou a suceder nas terras de Baião, que lhe foram confirmadas por cartas
de i6 de Fevereiro de i52o e 12 de Setembro de 1629 (2); foram porém rei-
vindicadas as terras por seu primo Cristóvão de Sousa Coutinho e julgadas
por sentença final ao filho deste, Fernão Martins de Sousa (3), cujos descen-
dentes continuaram na posse delas.
A casa dos Sousas de Meneses, copeiros mores e posteriormente condes
de Vila Flor, pretendem também derivar dos Sousas Chichorros, mas tenho
muitas dúvidas a tal respeito. A ela 'dão por progenitor um Jorge de
Sousa, comendador de Melres na Ordem de Santiago e escrivão da sisa dos
vinhos de Lisboa, filho, segundo asseveram, de Pêro de Sousa, comendador
das Idanhas na Ordem de Cristo, bastardo de Gonçalo de Sousa, comen-
dador mor desta Ordem e neto por bastardia de Martim Afonso de Sousa,
2." senhor de Mortágua (4). Na filiação de Jorge de Sousa é que está o
erro.
Existiram dois Jorges de Sousa contemporâneos, dois ou mais, mas de
roda de dois consigo arrumar indicações documentais. De ambos eles en-
(i) Foi começado a fabricar em iSrg, segundo afirma Fr. Luís de Sousa, na Historia de
S. Domingos^ part. III, liv. 2.°, cap. i.°, pág. 84 e segs.
Foram os cônjuges sepultados na igreja defronte da porta, com este epitáfio: Aquija^
o Senhor Luis de Brito Nogueira, Senhor dos morgados de S. Lourenço de Lisboa, e Senhor
dos morgados de Santo Estevão em a Cidade de Beja, o qual Senhor foy tão bom cavalleiro
em seu tempo, que o não houve melhor; e com elle ja^ sua mulher D. Joanna de Ataide de
Sousa, a qual com seu consentimento /<?f este Mosteiro, a que deixou toda sua fajenda, por-
que não tinha filho, netn filha, e elle dito Senhor deixou sua terça, porque tinha filhos de outra
mulher, que herdavão seus morgados. Era iSzS. Assim o encontro transcrito pelo P.e João
Bantista de Castro, no tom. III do Mappa de Portugal, pág. 33o.
(2) Chancelaria de D. João JII, liv. 16." de Doações, fl. iSj.
(3) Diogo Gomes de Figueiredo, Nobiliário, V, págs. 444 e 445 mihi.
(4) João Carlos Feo Cardoso de Castelo Branco e Torres, Memorias histórico- genealó-
gicas dos Duques portugueses^ pág. 3oi.
Sousas 23i;
contro memória em um nobiliário do tempo (i.). Conforme as indicações
deste códice o mais velho dos Jorges de Sousa casou pela segunda vez com
D. Leonor, filha de Rui Gil Moniz, tesoureiro da Moeda de Lisboa, e já ao
tempo do seu segundo casamento era pai de Francisco de Sousa Mancia^s,
havido da primeira mulher (2). Deste Jorge de Sousa, não se sabe a filiação
e o outro Jorge de Sousa é que era o filho de Pêro de Sousa, acima no-
meado, e foi casado com Simoa de Rabêlô de quem teve vários filhos, mas
nenhum Francisco (3). São dignas de confiança estas indicações genealógi-
cas pois em parte as confirmam os documentos, os quais distinguem os dois
Jorges de Sousa, dando a um a qualificação de fidalgo da casa dei Rei, ao
passo que o outro nunca passou de simples cavaleiro da mesma casa. O
fidalgo era o filho de Pêro de Sousa; o cavaleiro era o pai de Francisco de
Sousa Maneias.
Jorge de Sousa, «fidalgo da nossa casa», teve, em 12 de Abril de 1480
carta de oitenta mil reais de tença (4), e em 18 de Agosto de i5o8 foi expe-
dida ordem ao Almoxarife de Çafim para lhe dar sete mil reais de mercê (5).
Jorge de Sousa, «cavaleiro de nossa casa», foi nomeado escrivão das sisas
dos vinhos de Lisboa, por carta de 8 de Janeiro de 1488 (6). Já então era
comendador de Melres e casado em primeiras núpcias com Inês Cerveira,
moça da câmara da infanta D. Joana e criada da condessa de Monsanto,
D. Isabel de Cascais, a qual, por instrumento de 4 de Fevereiro de 1475, a
dotara com duas mil coroas que tinha dei Rei e foram confirmadas a Inês
por carta de 12 de Março do mesmo ano (7). Esta devia ter sido a mãe de
Francisco de Sousa Maneias.
Quanto à filiação de seu pai posso conjecturar, com certos visos de pro-
babilidade, haver êle sido o Jorge de Sousa legitimado, juntamente com seu
irmão Pêro de Sousa, por carta de 18 de Junho de 1453, na qual se declara
serem ambos eles filhos de João de Sousa, criado dei rei D. Duarte e cónego
beneficiado na Sé de Lisboa, e de Mor Eanes, mulher solteira (8).
Francisco de Sousa teve a alcunha de Maneias, forma aportuguesada do
(1) Tenho este nobiliário já impresso com o título de Nobiliário quinhentista, faltando
apenas terminar o índice para ser publicado.
(2) Cit. Nobiliário^ pág. 264, n." vu.
(3) Ibidem, pág. 145, n.° xxxví.
(4) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 26.% fl. u8v.
(5) Corpo cronológico, part i, mac. 7, doe. 35,
(6) Chancelaria de D. João 11^ liv. 18.°, fll. 23.
(7) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 3o.», fl. 149 v.
(8) Ibidem, liv. 10.», fl. 118.
232 ' Brasões y
nome do trovador galego Macias (i), por ser muito namorado e galanteador,
dirigindo versos muito apaixonados às damas. Partiu para a índia na ar-
mada do ano de iSog, capitaneando a nau S. Boaventura; entrou em Goa
com Afonso de Albuquerque a 2 de Março de i5io e lá permaneceu durante
o período da primeira ocupação da cidade, até 17 de Maio do mesmo ano.
Foi então, quando Afonso de Albuquerque se resolveu a despejar a cidade
por não poder sustentá-la, e deu ordem para tudo embarcar, que Francisco
de Sousa, primeiro de todos, mandou desferrar as velas da sua nau e, «com
a pressa de voltar ao reino», foi demandar a barra sem ordem do Governa-
dor, que mandou atrás dele e o fez tornar, repreendendo-o e tirando-lhe a
capitania da nau, «de que êle ficou muito descontente». Parece ter regres-
sado ao reino nos fins de i5io, ou na armada de Duarte de Lemos, que che-
gou no ano seguinte, ou na de Gonçalo de Sequeira, que só em i5i2 aportou
a Lisboa. Depreendo porem de dois versos do próprio Francisco de Sousa,
ter êle voltado na primeira daquelas armadas, pois declara:
Três anos ha que sam fora
quatro mil legoas daquy.
Os três anos seriam os de i5o9, 10 e 11 (2).
Jã então estava casado com D. Antónia de Meneses, filha de Afonso Teles
de Meneses, alcaide mor de Campo Maior e Ouguela, casamento de amor,
tendo tido o noivo, 'segundo leio nalgumas memórias, de ir arrancar a sua
amada às grades do mosteiro de Santos, onde ela estava recolhida. Consta
estar já então celebrado o matrimónio de um alvará, feito em Almeirim a 8
de Fevereiro de i5i i, pelo qual íoram mandados citar para partilhas os her-
deiros de Afonso Teles de Meneses e de D. Joana sua mulher. Eram eles
Gabriel de Brito e sua mulher, moradores na Merceana, Tristão da Silva,
morador no termo de Alenquer, D. Urraca, moradora em Campo Maior,
D. Antónia, mulher de Francisco de Sousa, moradores em Lisboa, e D. Isa-
bel, mulher que fora de D. João [Manuel], camareiro mor (3).
Na armada de i5i6, da qual era capitão mor João da Silveira, trinchante
de D. Manuel, tornou Francisco de Sousa à índia, capitaneando a nau Luz
(i) Em vários passos do Cancioneiro geral se encontra repetidas vezes o nonje do
poeta galego transformado em Maneias; mas não eram só os poetas, também os prosadores
empregavam a mesma grafia, por exemplo, João de Barros, na segunda década da sua Ásia,
fl. 49, lá põe a Francisco de Sousa a alcunha de Maneias.
(2) Albuquerque no Cancioneiro, no Boletim [da Sociedade de Geografia de Lisboa]
COMEMORATIVO DO V CENTENÁRIO DA TOMADA DE CeUTA, pág. 12.
(3) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, II, fl. 529 mihi.
Sousas 233
que se perdeu (i). Ainda voltou ao reino e só veio a morrer nas proximi-
dades de Março de iSSg (2).
Foi um dos melhores poetas do Cancioneiro onde existem trovas suas
feitas em Portugal, antes de i5o4, talvez sendo ainda solteiro, em louvor do
claveiro, D. Diogo de Meneses, apaixonado por D. Felipa de Abreu (3); ou-
tras escritas na índia, em Maio ou Novembro de i5io, com um remoque a
Afonso de Albuquerque (4); e mais já compostas no regresso da primeira
ida à índia:
Três anos ha que sam fora
quatro mil legoas d'aquy,
d'onde afirmo que nam vy,
nem menos des que naçy,
tam genti! dama ate gora.
E por ysto sey dizer,
que quem quer que vos servir,
que, quanta pena sentyr,
se pagua so com vos ver (5).
Apesar de ser já então casado, a «gentil dama» das trovas não era sua mu-
lher, mas sim D. Joana de Mendoça, futura duquesa de Bragança. E outras
muitas trovas suas se encontrarão ainda na mesma compilação.
De Francisco de Sousa Maneias foi neto Francisco de Sousa de Meneses,
i." copeiro mor na sua família por carta de 18 de Setembro de 1579(6).
Deste foi bisneto Luís de Sousa de Meneses, 4.° copeiro mor, que casou com
D. Maria Ana de Noronha, filha de D. Sancho Manuel, i." conde de Vila
Flor, em sua vida, por carta de 23 de Junho de 1661 (7), ampliada a mercê
a juro e herdade e tirada uma vez fora da Lei Mental, por alvará de 23 de
Agosto de 1668 (8). E o vencedor da batalha do Ameixial em 8 de Julho
de i663. O filho primogénito deste célebre general foi D. Cristóvão Manuel
(i) Archivo histórico portugue^, 111, 53-54.
(2) Feo, Memorias dos Duques, cit., pág. 3o6.
(3) Cancioneiro geral, fl. 146, col. 5. — D. Felipa de Abreu era filha de Duarte da Cunha,
irmão do 2° Visconde de Vila Nova da Cerveira, e já estava casada, em Fevereiro de i5o4,
com João Soares, fidalgo da casa rial {Chancelaria de D. Manuel, liv, 21.», fl. 35 v.), neto
materno de Fernão Soares de Albergaria, senhor do Prado. A D. Felipa chama «minha
prima» Álvaro Pires de Távora, e na realidade eram primos em segundo grau por serem
ambos bisnetos de Álvaro da Cunha, senhor de Pombeiro.
(4) Cit. artigo Albuquerque no Cancioneiro, pág. 12.
(5) Cancioneiro geral, fl. i5o, col. 3.
(6) Chancelaria de D. Sebastião e D. Henrique, liv. 44." de Doações, fl. 285.
(7) Doações de D. Afonso VI, liv. 24.», fl. 162.
(8) Ibidem, liv. 32.°, fl. 20.
VOL. I 3o
234 Brasões
de Vilhena, 2.° conde de Vila Flor de juro e herdade em 1 1 de Setembro
de 1677 (i). Morreu a 17 de Julho de 1704, deixando unicamente filhos
legitimados, do mais velho dos quais proveio a moderna varonia da casa de
Pancas,. e passando o título para seu sobrinho Martim de ^ousa de Meneses,
5.° copeiro mor, que foi 3.° conde de Vila Flor de juro e herdade por carta
de 26 de Janeiro de 1709(2). Foi este Conde de Vila Flor terceiro avô de
António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, 7.° conde
de Vila Flor, marquês da mesma vila em 1827 (3), duque da Terceira de
juro e herdade por decreto de 8 de Novembro de i832 (4) e carta de 1 1 de
Abril de i838 (5), marechal do exército, 9.° copeiro mor. Foi o comandante
em chefe do exército libertador, que no Mindelo desembarcou em 9 de Julho
de i832; foi o general que entrou em Lisboa a 22 de Julho de i833, tendo
derrotado na véspera as tropas rialistas, o que venceu a batalha da Assei-
ceira, em 16 de Maio do ano seguinte, e aceitou a convenção de Évora Monte,
a 27 do mesmo mês. Também foi várias vezes presidente do conselho de
ministros, gerindo a pasta da guerra. Morreu a 26 de Abril de 1860; foi
depositado em S. Vicente de Fora; e levantou-se-lhe uma estátua de bronze
no antigo cais do Sodré ao fundo da rua do Alecrim, hoje praça do Duque
da Terceira. Não deixou descendência.
Havia casado por duas vezes: a primeira, em 181 1, com D. Maria José
do Sacramento de Melo, condessa de Vila Flor, que morreu em 1818, e era
filha dos 1.°' Marqueses de Sabugosa; a segunda, em 1821, com D. Maria
Ana Filomena de Mendoça, a gentilíssima duquesa da Terceira, a distintís-
sima camareira mor, a dedicadíssima consorte, que era filha dos 1.°' Mar-
queses de Loulé, e morreu em i de Julho de 1866, sendo o seu corpo depo-
íi) Doações de D. Afonso VI, liv. 32.°, fl. 20.
(2) Chancelaria de D. João F, liv. 29.», fl. 325 v.
(3) Havendo meu augusto pai, de saudosa memória, feito expedir, em 14 de Janeiro de
i833, como regente destes reinos o decreto seguinte:
Tendo eu no ano de 1827, na qualidade de Rei de Portugal, feito mercê ao Duque da
Terceira, então Conde de Vila Flor, do título de marquês e não havendo esta minha dispo-
sição tido então o seu devido efeito, pelas circunstâncias calamitosas que sobrevieram e
que desde aquela época tem pesado sobre este desgraçado país, o que de nenhuma sorte
deve prejudicar os direitos pelos quais o referido Duque fora naquele tempo agraciado, hei
por bem, em nome da Rainha, confirmar ao sobredito Duque da Terceira aquela antiga
mercê do título de marquês de Vila Flor.
Hei por bem e mando, em verificação da referida mercê, que o sobredito Conde de Vila
Flor se chame Marquês de Vila Flor etc. . . Paço das Necessidades, 1 1 de Abril de i838. —
Registo de Mercês de D. Maria II, liv. 10. °, fl. 14.
(4) Chronica constitucional do Porto, de 9 de Novembro de i832.
(5) Registo de Mercês de D. Maria II, liv. 10.», íi. 17.
Sonsas 235
sitado no mosteiro dos Jerónimos de Belêm, e transportado no dia seguinte
para S. Vicente de Fora para junto do marido.
As armas dos Copeiros mores Condes de Vila Flor, e portanto às do
Duque da Terceira, eram: esquartelado: o I e IV também esquartelado: o
I.'' e 4." de prata, cinco escudetes de azul, postos em cruz, e carregados
cada um de cinco besantes do campo; o 2.° e 3.** de prata. Hão de púrpura,
armado e linguado de vermelho (Sonsas); o II e III ainda esquartelado: o
[." e 4.° de vermelho, aza de oiro terminada por uma mão de encarnação,
que empunha uma espada de prata guarnecida de oiro; o 2." e 3." de prata,
Hão de púrpura, armado e linguado de azul (Maniieis de Vilhetia). Sobre o
todo: de oiro Hso (Meneses). Coroa de conde, depois de duque. Timbre:
o Hão do I. , .
Dos Sousas Chichorros procederam por fêmea, entre outras casas, por
linha legítima, a dos Sousas Camelos, senhores de Baião, e a dos Sousas de
Macedo, viscondes de Mesquitela, e por bastardia a dos Sousas Botelhos,
condes de Vila Rial.
Os senhores de Baião procederam de D. Fr. Álvaro Gonçalves Camelo,
prior do Crato e marichal da hoste em tempos de D. João I. Era o Prior
irmão de Vasco Gonçalves Camelo a quem o mesmo soberano fizera mercê
e doação, por juro de herdade, das terras de Baião, Lágia e outras, as quais
tornou a doar, por morte de Vasco, a Álvaro Gonçalves Camelo, filho bas-
tardo do referido Prior do Crato. Casou o segundo Álvaro com D. Inês de
Sousa, filha de Martim Afonso de Sousa Chichorro, 2.° senhor de Mortágua,
e dela teve Luís Álvares de Sousa, sucessor na casa, e outros filhos. A Luís-
Alvares foi confirmado de juro e herdade, por carta de 4 de Novembro de
1434, o senhorio das terras de Baião, Lágia e outras, as quais por sua morte
foram confirmadas a João Fernandes de Sousa, por carta de 3 de Junho de
i5oo, «por quanto era filho o primeiro legítimo que as ditas terras her-
dava» (i). Não está clara a redacção deste documento e parece estar em
plena discordância com os nobiliários antigos, pois todos eles íazem a João
Fernandes de Sousa, neto de Luís Álvares de Sousa por seu filho Fernão
Martins de Sousa. Seja porem como for, nos descendentes de Luís Álvares
de Sousa, que foi provedor da fazenda do Porto desde princípios de 145 1,
se continuou o senhorio da terra de Baião, tendo todos eles deixado obliterar
o apelido de Camelo, da sua varonia, para usarem só do de Sousa, o qual
transniitiram aos Viscondes de Balsemão por D. Maria de Sousa, neta do
(i) Chancelaria de D. Manuel, liv. 4.», fl. 19.
236 Brasões
referido João Fernandes de Sousa e mulher de António Pinto da Fonseca,
morgado de Balsemão.
Francisco de Macedo, criado da casa do senhor D. Duarte, duque de Gui-
marães, casou com D. Felipa de Sousa de um ramo de Sousas proveniente
de Martim Afonso de Sousa Ghichorro, 2." senhor de Mortágua, por um seu
filho, conforme alguns dizem, chamado Afonso Vasques de Sousa, segundo
marido de D. Leonor Lopes de Sousa, senhora de Mafra, Ericeira, etc, vilas
de que por sua morte seu viúvo se apossou, em prejuízo dos enteados.
De Francisco de Macedo e D. F^elipa de Sousa foi neto António de Sousa
de Macedo^ notável jurisconsulto, diplomata, estadista e escritor, a quem a
causa da Restauração deveu muito valiosos e prestantes serviços. Morreu
em I de Novembro de 1682, deixando único filho a Luís Gonçalo de Sousa
de Macedo, a quem D. Afonso VI, em satisfação dos serviços de seu pai,
dera, por carta de 27 de Setembro de 1666, o título de barão da Ilha Grande
de Joanes, em sua vida (i), me'rcê ampliada a mais duas vidas por alvará de
27 de Maio de 1667 (2). Deste Barão foi neto Luís de Sousa de Macedo,
3.° barão da Ilha Grande, a quem foi tirado o senhorio da ilha, dando-se-lhe
em satisfação o título de visconde de Mesquitela de juro e herdade, dispen-
sada três vezes a Lei Mental, e mais três mil cruzados de renda anual, tam-
bém nas mesmas condições (3). Foi o Visconde de Mesquitela tenente ge-
neral do exército e morreu a 7 de Outubro de 1783, deixando da viscondessa,
D. Joana Antónia de Sampaio e Lima, duas filhas das quais a primogénita,
D. Maria José de Sousa de Macedo, casou em 1772 com D. José Francisco
da Gosta e Sousa, armeiro mor da Casa Rial, criado visconde de Mesquitela,
depois da morte do sogro, por carta de 20 de Junho de 1787, em verificação
(i) Tendo respeito aos serviços que António de Sousa de Macedo, do meu conselho e
meu secretário de Estado, me tem feito por espaço de vinte e cinco anos contínuos até 27
de Maio deste ano, assim dentro neste reino, nos maiores lugares da justiça e fazenda, e ou-
tros negócios de importância, como fora dele nas embaixadas em que o tive ocupado mais
de sete anos, sendo ultimamente embaixador aos Estados Gerais das Províncias Unidas, e
muito em particular aos que me tem feito no cargo de meu secretário de Estado, em tempo
que, por mercê de Deus, se alcançaram sucesos muito gloriosos em grande reputação desta
Coroa, e desejar por todas estas raaões, por sua qualidade e memória de seus avós, fazer-lhe
honra e mercê, me praz e hei por bem fazer-lha do título de barão da Ilha Grande de Joa-
nes, no estado do Maranhão, de que o dito António de Sousa de Macedo é donatário, para
seu filho Luís Gonçalo de Sousa de Macedo, etc. — Doações de D. Afonso VI, liv. 28.",
fl. 219.
(2) Ibidem, fl. Sig v.
(3) Decreto de 2 de Maio de 1754 {Ga^^etas de Lisboa de 9 e 16 de Maio), e carta de 28
do mesmo mês (liv. 45." da Chancelaria de D. José, fl. 32i).
Sousas 287
da primeira vida fora da Lei Mental (1). Morreu o Visconde em 1802 e a
Viscondessa em 1816, deixando por sucessor da casa a seu filho primogénito,
D. Luís da Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque, 3.° visconde de Mes-
quilela de juro e herdade, por carta de 29 de Agosto de 1798 (2), e 1.° conde
de Mesquitela em sua vida, por carta de 28 de Fevereiro de i8í8 (3).
Deste provieram os demais Condes, o 2." dos quais, D. João Afonso da
Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque, foi feito duque de Albuquerque,
em sua vida, por decreto de 19 de Maio de 1886 (4), e morreu sem descen-
dência a 24 de Setembro de 1890, passando o título de conde a seu irmão
imediato, D. Luís António da Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque,
também já falecido.
As armas dos primeiros Viscondes de Mesquitela eram: escudo partido:
o I cortado: no i." de prata, cinco escudetes de azul em cruz, cada um car-
regado de cinco besantes do campo; no 1° de prata, lião de púrpura, armado
e linguado de vermelho (metade de Sousas)] o 11 de azul, cinco estrelas de
seis pontas de oiro (Macedo). Timbre: o lião.
Sobre a porta principal do palácio de Mateus, nas visinhanças de Vila
Rial, vêem-se estas armas: esquartelado: no I uma águia, no II uma cruz
florida, no III uma torre, e no IV quatro bandas. Suportes: dois liÕes.
O I quartel é dos Aguiares, não há dúvida, pois que veio à casa pela va-
ronia dos Mourões da Cumieira; o III é o destes, faltando-lhe as duas faxas
entre as quais deve estar metido o castelo; o IV é dos Botelhos; mas o II
não sei a que família pertença. Cruz florida simples, sem mais peça a acom-
panhá-la, trazem os Pereiras, Meiras, Meireles e Portos, mas não encontro
grande plausibilidade em existirem armas destas famílias no brasão dos mor-
gados de Mateus.
Este vínculo parece ter sido instituído em 1620 pelo dr. António Alvares
Coelho, que o deixou a sua filha Maria Coelho, mulher do dr. Matias Alvares
Mourão. Estes cônjuges, achando-se sem filhos, nomearam o morgado em
outro Matias Alvares Mourão, sobrinho de ambos, como lhe chamam, sem
que isso tosse rigorosamente exacto. O segundo Matias era neto por sua
mãe, D. Joana Mourão, de Diogo Alvares Mourão, irmão do primeiro Ma-
tias; e por seu pai, Domingos Botelho Ribeiro, era neto de Paula de Figuei-
(1) Chancelaria de D. Maria I, liv. 3o.% fl. aTi v.; Mercês de D. Maria I, liv, 21.»,
fl. 364.
, (2) Mercês de D. Maria 1, liv. 27.*, fl. i5g.
(3) Mercês de D. João VI, liv. i3.«, fl. 43 v.
(4) Diário do Governo de 22.
238 Brasões
redo, irmã de António Alvares Coelho, o instituidor do vínculo. Isto posso
depreender do pouco que sei desta gente.
Aqueles dois irmãos, Matias Alvares Mourão e Diogo Alvares Mourão,
seguiram ambos os lugares de letras e foram muito unidos. Matias habili-
tou-se para aqueles cargos em i653, Diogo em i656. Pelo processo deste
se sabe terem eles sido naturais da freguesia da Cumieira, filhos de Bilchior
de Aguiar Ferreira e de sua mulher D. Isabel, moradores na sua quinta de
Lago Bom da mesma freguesia, netos paternos do licenciado Amaro Gon-
çalves de Aguiar e de sua mulher Margarida, moradores na referida quinta,
e netos maternos de Diogo Alvares Mourão e de sua mulher Maria de Aze-
vedo, moradores na sua quinta da Cumieira (i). Dos processos também
consta que ambos os habilitandos eram ao tempo casados; não se lhes no-
meiam porem as mulheres, e só de Diogo se diz que ela era sua prima.
Matias Alvares Mourão foi doutor em leis, e, sendo já lente de substituta,
foi eleito colegial de S. Paulo em 24 de Fevereiro de 1645. Ainda regeu
outras cadeiras, e serviu de deputado da Mesa da Consciência e Ordens, e
de desembargador titular da Relação do Porto (2).
Diogo Alvares Mourão havia sido eleito colegial canonista de S. Pedro
em 25 de Fevereiro de 1649, e foi lente da cadeira de sexto, juiz do fisco de
Coimbra e desembargador do Porto (3). Regeu também outras cadeiras, e
ainda era vivo em 16 de Maio de 1662, quando foi nomeado para a de de-
creto, conforme diz Barbosa Machado, que a ele e a seus escritos se re-
fere (4).
Para prova da amisade, que disse ter existido entre os dois irmãos, trans-
creverei uma inscrição que foi posta na capela de Nossa Senhora da Con-
ceição da igreja de S. Pedro de Coimbra: Esta capella mandou fa\er o
Dr. Mathias Alvares Mourão, Cavalr.° do Habito de xp'o Collegial e Reytor
que foi do Collegio de S. Paulo Lente de Véspera de Leys De{.°'': Nella está
sepultado seu irmão o Z).*"" Diogo Alvares Mouram Jiii\ do Fisco, Collegial
e Reytor que foi do Collegio de S. Pedro, Lente do Decreto, e ambos forão
os primeiros juizes desta Irmd.^ de N. S. da ConJ^"* (5).
Matias Alvares Mourão não teve filhos de sua nomeada mulher; Diogo
Alvares Mourão parece porém ter tido uma filha natural, chamada D. Joana
Mourão, que foi sua herdeira, e casou com Domingos Botelho Ribeiro, ter-
(i) Leitura de bacharéis, mac. 3.°, let. D., n." 24.
(2) D. José Barbosa, Memorias do Collegio de S. Paulo, pág. 162, n.° no.
(3) Manuel Pereira da Silva Leal, Catalogo dos collegiaes de S. Pedro, pág, 23, n.» 98.
(4) Bibliotheca lusitana, vol. IV, pág. 95.
(5) P. Luís Montês Matoso, Memorias sepulchraes, fl. 118.
i
Sousas 289
ceiro neto, segundo dizem, de Helena Botelho Correia e de seu marido
António Machado, neto de outro António Machado, filho bastardo de Pedro
Machado, i.° senhor de Entre Homem e Cávado por compra, que lhe foi
confirmada em 1450.
De Domingos Botelho Ribeiro e de D. Joana Mourão foi filho o segundo
Matias Alvares Mourão, acima referido, senhor do morgado de Mateus.
Casou com sua prima D. Maria Coelho, filha de Cristóvão Alvares Coelho,
colegial de S. Pedro em 1660, desembargador de agravos, chanceler do
Porto, e deputado da Mesa da Consciência, e de sua mulher D. Brites de
Barros e Faria. Deste casamento nasceu António Botelho Mourão, fidalgo
cavaleiro por alvará de 1 5 de Junho de 17 17, senhor do morgado de Mateus,
onde começou a edificação do soberbo palácio que lá se vê, cavaleiro da or-
dem de Cristo, e tenente coronel de cavalaria. Morreu em 1746, tendo ca-
sado em 1721 com D. Joana Maria de Sousa, senhora dos morgados de Mo-
roleiros e Ponteias, que morreu em 1728, e era filha herdeira de D. Luís
António de Sousa, e de D. Bárbara Mascarenhas de Queirós, sephora da casa
dos Queiroses de Amarante. D. Luís António de Sousa, filho natural do
2.* Marquês das Minas, foi general de batalha e governador das armas do
Minho, e morreu em 1749, tendo nascido em 1671.
De António Botelho Mourão foi neto o famoso morgado de Mateus,
D. José Maria de Sousa Botelho Mourãp e Vasconcelos, ministro em Paris,
que na sua magnifica edição dos Lusíadas levantou um digno monumento à
glória de Luís de Camões, Deste Morgado foi filho o i." Conde de Vila
Rial (decreto de 3 de Julho de 1823), avô do actuai 3." Conde (decreto de
24 de Fevereiro de i858). ,
As armas dos modernos Condes de Vila Rial são: escudo partido: o I
esquartelado: o i.° e 4." de prata, cinco escudetes de azul em cruz, carre-
gados cada um de cinco besantes do campo, 2.° e 3.* de prata, lião de púr-
pura, armado e linguado de vermelho (Sousa); o II de oiro, quatro bandas
de vermelho (Botelho). Timbre: um dos liÕes.
Antes de terminar o capítulo referir-me-hei a uma fábula inventada por
um Cónego de Santa Cruz, perfilhada e ampliada por um Teatino.
Em 1387, em seguida ao seu casamento, escolheu D. João I as pessoas
que haviam de servir a rainha D. Felipa e entre elas nomeou vedor de sua
casa a Afonso Martins, «que depois foi Prior de Santa Cruz» (i).
De roda desta indicação teceu D. Nicolau de Santa Maria, cronista de
(i) Fernão Lopes, Chronica de D. João I, part. 11, pág. 228.
240 • Brasões
Santa Cruz de Coimbra, a tal mal urdida fábula, género por êle muito cul-
tivado. Afirma ter Afonso Martins sido filho de Martim Afonso de Sousa,
a quem acompanhara na batalha de Aljubarrota; haver casado com D. Maior
Rodrigues, filha de Rui Vasques Ribeiro, «fidalgo bem conhecido e estimado
dei rei D. João I»; ter dela tido um filho, «por nome Fernão Afonso, que
estudou e se fez doutor em Leis na Universidade de Bolonha, e foi Desem-
bargador dei Rey» ; e, finalrpente, haver professado, depois de viúvo, em 22
de Junho de 1887 (i).
Vamos desembrulhar a meada.
Martim Afonso de Sousa, combatente na batalha de Aljubarrota, foi o
2.° senhor de Mortágua e entre os seus filhos nenhum nobiliário antigo no-
meia Afonso Martins. Isto seria bastante para pôr de parte tal filiação, que
se não funda em nenhum documento; mas, para mostrar toda a falsidade da
invenção, há maior prova ainda.
Afonso Martins casou, diz o cronista de Santa Cruz, com D. Maior Ro-
drigues, filha de Rui Vasques Ribeiro, e depois de enviuvar professou em
iSSy. Ora Rui Vasques Ribeiro só veio a casar passados trinta e seis anos,
precedendo instrumento de dote e arras feito em 8 de Maio de 1423 (2).
Não julgo necessário mais prova para mostrar ser toda esta história uma
das muitas falsidades, de que Fr. Nicolau de Santa Maria é hoje réu con-
victo.
D. Amónio Caetano de Sousa, genealogista cortesão, não se contentou
em aceitar toda a invenção do Cónego de Santa Cruz, mas ainda foi mais
longe, e vem-nos dizer que o tal dr. Fernão Afonso, filho do prior Martim
Afonso, foi o dr. Fernão Afonso da Silveira, pai do dr. João Fernandes da
Silveira, i.° barão de Alvito (3). Isto é: a homens de baixa extração pre-
tende filiar numa das mais ilustres gerações de Portugal. O argumento de-
duzido dos dizeres de Xisto Tavares no seu Nobiliário chega a ser infantil,
visto que êle, entre os filhos de Martim Afonso de Sousa, não nomeia o
Prior de Santa Cruz.
As palavras escritas por Xisto Tavares no seu Nobiliário, ou melhor
Livro das Principaes Linhagens de Portugal (pág. 681 da minha cópia),
são realmente as transcritas na Historia genealógica: «O Doutor Fernando
Afonso da Silveira, filho do Prior de Santa Cruz, foi homem honrado em
tempo dei Rey D. João o primeiro, foi Desembargador do Paço, foi casado
(i) Chronica da Ordem dos Cónegos regrantes de Santo Agostinho^ part. 11, liv, ix,
cap. 24.
(2) Chancelaria de D. João 1, liv. 4.°, fl. 63.
{3) História genealógica, Xll, y\3. •
Sousas « 241
com Gateriíia Teixeira, filha de de que houve a João Fernandes
da Silveira.»
Depois de as transcrever continua D. António Caetano de Sousa: «Não
nomeou quem era o Prior como pessoa conhecida naquele tempo.» Sucede
porem não o ter Xisto Tavares nomeado aqui, nem tampouco quando enu-
merou os filhos de Martim Afonso de -Sousa, pois apenas lhe dá, alem de
filhas, três filhos, um legítimo, Gonçaleanes de Sousa, e dois bastardos,
Martim Afonso de Sousa e Pêro de Sousa (pág. 207). ^Ora se o Prior fosse
realmente pessoa conhecida não seria nomeado entre os filhos do suposto pai?
Não há que duvidar; mas não foi nomeado, porque nunca teve tal ascen-
dência.
D. António de Lima no seu Nobiliário não indica a filiação do dr. Fernão
Afonso da Silveira, e diz que a mulher dele era filha de «hum çapateiro de
Torres Vedras.»
Sem exageros para um lado, nem para o outro, escreve o autor do No-
biliário quinhentista Já por vezes citado: «O doutor fernão dafomso da sil-
ueyra foy hú ome homrrado e dautoridade em tempo delrey dom joaõ o pri-
meyro e foy casado com catrina teyxeira filha de de que ouue hú
filho por nome o doutor joaõ fernandes da silueyra.» (i)
Fiquemos com este e cortemos sércio o ramo enxertado no velho tronco
dos Sousas.
IV.
A CASA DE SOUSA NOS FINS DO SÉCULO XIII
D. Constança Mendes, a segunda filha do rico homem D. Mem Garcia
de Sousa referida na pág. 206, sucedeu em grande parte da casa de seu tio
o conde D. Gonçalo Garcia, a qual se não partilhou sem litígio a que pôs
fim a sentença de 2 de Setembro de 1288, à qual lá mais adiante aludirei.
Era Já então D. Constança casada com D. Pedro Eanes de Portel, rico ho-
mem, filho do famoso mordomo mor e valido de D. Afonso III, D. João Pe-
res de Aboim, fundador da vila de Portel e senhor de uma tam grande casa
que dos títulos de seus bens se fez um registo especial guardado no Arquivo
Nacional da Torre do Tombo. Intitula-se o cartulário Liuro do Registo das
cartas dos bees e erãcas q dÕ loam de portei teiie nestes reinos, e acha-se
hoje impresso no vol. iv e seguintes do Archivo histórico portuguez e em
separata, com este frontispício: Livro dos bens de D. João de Portel cartu-
lário do século XIII publicado por Pedro A. de A\evedo Primeiro Conserva'-
(1) Pág. 247, n.» I.
YOL. I ' 3l
242 Brasões
dor da Torre do Tombo precedido de uma Noticia histórica por Anselmo
Braamcamp Freire. Edição do Archivo histórico portiigue:[ igo6-jgio.
4.° grande de civ-186 págs. e seis estampas. A edição em separado foi de
cento e um exemplares.
E a propósito destes Aboins e Porteis, em quem chegou a estar a repre-
sentação da casa de Sousa e que a transmitiram a seus descendentes por
linha feminina, seja-me permitido tratar deles neste capitulo especial.
Com a margem direita do Lima estremava o antigo couto da Nóbrega.
Neste, no meio de suas altas montanhas, fundou D. Òrigo Oríguiz, por or-
dem do nosso primeiro rei, o forte castelo da Nóbrega, e D. Afonso Henri-
ques deu-lhe por isso dois casais de Panelas na freguesia de S. Martinho de
Paço Vedro (i); e não lhe daria só isso.
Naquele mesmo julgado da Nóbrega possuiu D. Origo muitos bens, e
entre outros, na freguesia de Santa Maria de Santa Azias, uma quinta cha-
mada de Grastafroia, à qual ele foi anexando em roda várias terras, a que ia
pondo marcos, e por esta forma Juntando grande parte da paróquia à quinta.
Por fim entendeu-se com o Abade de Ermelo, e dividiram a freguesia entre
si, ficando el Rei sem nada (2). Por estas e outras é que foram ordenadas
as Inquirições.
Também possuiu prédios na freguesia de S. João de Grovelas (3), e nou-
tras da terra da Nóbrega, e muitos mais bens teria, que não vêem clara-
mente indicados nas Inquirições; por exemplo: na freguesia de Santa Maria
de Aboim, de que el Rei não tinha o padroado, nem lá possuia reguengo
nenhum, pelo que se pode conjecturar seria grande parte da freguesia da
família de D. Origo.
Na paróquia de S. Martinho de Paço Vedro, onde D. Origo tinha os tais
dois casais de Penelas, aparece uma herdade que fora de Elvira òríguiz (4),
certamente a rnesma D. Elvira, que deu o nome ao alto de uma serra na
próxima freguesia de S. Mamede de Goido, e perto da torre e paço de Vila
Verde, que foi desta gente (5). Esta D. Elvira Òríguiz é decerto a mulher
de D. Lourenço Mendes de Gundar (6).
(i) Inquirições de D. Afonso II do ano de 1220. — Portugaliae monumenta histórica.
Inqusitiones^ pág. 38.
(2) Inquirições, cit. pág. 37
(3) Ibidem, "pâ^. 117.
(4) Ibidem, pág. 1 19.
(5) Carvalho da Costa, Corografia, I, 236.
(6) Nobiliário do Conde D. Pedro. — Portugaliae monumenta histórica. ScriptoreSy
pág. 369.
Sousas • 243
Nas Inquirições, que vou citando, são frequentes os nomes de Origo, e
os patronímicos de Origuiz, em pessoas herdadas no julgado da Nóbrega, e
mesmo nas testemunhas chamadas pela alçada, que procedia à devassa.
Nas Inquirições do ano de i258, onde também se repete a apontada fre-
quência, já aparcem, aquele nome e patronímico, escritos com outra grafia:
Onrico ou Onrigo, e Onríguiz.
Nestas Inquirições de i258, quando o tribunal chegou à terra da Nóbrega,
também lá encontrou herdados a D. Pedro Onríguiz e Fernando, Martim e
Onrigo Onríguiz, que deveriam ser todos irmãos, e que estavam de posse
da igreja de Santa Maria de Covas (1). Na freguesia de Santiago de Vila
Chan toparam uma certa Marina da Várzea, proprietária de uma casa, onde
Pedro Onríguiz poisava de cada vez que lá ia (2); e na paróquia de Santa
Maria de Santa Azias encontraram um certo Pedro Zano, que se escusava
de pagar foro a el Rei sob pretexto de ter criado a D. João de Aboim. (3).
. Este D. João de Aboim era filho daquele D. Pedro Onríguiz e também
aparece muita vez nomeado nestas Inquirições, com bens em S. Mamede de
Vila Verde e Santa Maria de Santa Azias (4). Todavia advertirei, que ainda
ao tempo destas Inquirições, 1268, não possuía D. João, apesar de já se cha-
mar de Aboim, a casa de Santa Maria de Aboim, a qual só no ano de 1270
alcançou, como logo direi, quando esboçar a vida dele. Aquela quinta de
Aboim, solar destes, foi achada honrada nas Inquirições de D. Denis, mas
pouco tempo permaneceu na família, pois que no reinado de D. Afonso V
foi comprada por um Fernão Martins, criado do Arcebispo de Braga. O
comprador, por não ser fidalgo, pediu a el Rei que lhe desse privilégio para
poder usar das honras da quinta, o que lhe foi concedido (5).
Por tudo isto vê-se, que D. Origo Origuiz, «aquele que tomara a terra
aos Mouros» (6), não só lá fundou o castelo da Nóbrega, como lá assentou
casa e viveu, e não só êle, mas também seus descendentes. É pois D. Origo
Origuiz considerado, e com razão, o progenitor das antigas linhagens da Nó-
brega e de Aboim, até às quais é impossível com fundamento seguro, e até
por simples conjecturas prováveis, remontar as modernas famílias daqueles
apelidos. Tenham paciência, se alguns teem essa presunção.
(1) Inquirições de D. Afonso III do ano de i258. — Portugaliae monumenta histórica.
Inguisitiones, pág. 410.
(2) Ibidem, pág. 41 3. , •
(3) Ibidem^ pág 414.
(4) Ibidem, págs. 410, 414.
(5) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fi. 270.
(6) Nobiliário do Conde D. Pedro, cit., pág. Sóg, havendo manifesto anacronismo no
dito.
244 Brasões
São as armas dos Aboins modernos: esquartelado: o I e IV enxequetado
de oiro e azul de cinco peças em faxa e cinco em pala; o II e III de oiro,
três palas de azul. Timbre: dois braços vestidos de azul, segurando entre
si um taboleiro de xadrez de oiro e azul, de cinco casas em faxa e cinco em
pala, e encaixilhado de oiro(i). De armas muito diversas usou porém o
mordomo mor D. João de Aboim, como lá adiante veremos.
As armas dos Nóbregas são: de oiro, quatro palas de vermelho. Tim-
bre: Hão aleopardado de oiro carregado de uma pala de vermelho (2).
A Manuel da Nóbrega foi passada, em 11 de Março de i6o5, uma carta
de brasão com as armas dos Nóbregas, mas com um timbre muito diverso,
pois se lhe deu por tal um açor volante de negro, armado e membrado de
oiro (3). Admira isto por o agraciado ser neto do dr. Gaspar da Nóbrega,
a quem se passou carta de brasão em iSSy com o timbre de leopardo (4).
Entretanto o timbre do açor é apontado, como sendo o dos Nóbregas, em
alguns livros de armaria (5). Vilasboas na Nobiliarchia, e Fr. Manuel no
Thesouro, sobrepõem o açor ao escudo, o que não é aceitável. Lembra-me
que o açor fosse dado como diferença por Manuel da Nóbrega ser filho se-
gundo de um filho também segundo do dr. Gaspar da Nóbrega.
Conhecidos o solar e as armas, passarei a escrever a genealogia da fa-
míHa.
D. OURIGO, O VELHO, DA NÓBREGA, é o primeiro da linhagem,
despresando ascendências fundadas em conjecturas. O Livro Velho das li-
nhagens nomeia-o, referindo-lhe o casamento e chamando-lhe D. Eurigo da
Nhovregua (6). O Nobiliário do Conde D. Pedro chama-lhe dom Origo, o
velho da Nhovrega (7). Preferi a grafia Ourigo por causa do Ouríguiz, pa-
tronímico dado nos livros de linhagens a seus filhos.
Viveu D. Ourigo da Nóbrega na primeira metade do século xiii, visto
haver notícias de seu sogro em 1228 ser já senhor de casa e pessoa impor-
tante, e em i258 falecido. Não pode pois D. Ourigo ter sido o Oorigo Ori-
guiz, fundador do castelo da Nóbrega por ordem de D. Afonso Henriques,
(i) Armaria portuguesa, apêndice ao Archivo histórico portuguez, pág. 2,
(2) Ibidem, pág. 353.
(3) José de Sousa Machado, Brasões inéditos, n." 371, e a descrição do brasão no No-
biliário coordenado por Jorge Salter de Mendonça, ms, em meu poder, vol. xvii, fl. 92.
(4) Armaria portugue^a^ cit.,pág. 353.
(5) Livro da Torre do Tombo, fl. 20; Thesouro de Coelho, fl. 39.
(6) Portugaliae monumenta histórica. Scriptores, pág. 169.
(7) Supra, pág. 356.
Sonsas 245
cujo reinado terminou em 11 83; mas foi decerto seu descendente ou parente.
Fidalgo era ele; o seu casamento o prova. Consta ter sido senhor da terra
da Nóbrega, e padroeiro do mosteiro de S. Martinho de Crasto. Casou com
D. Maria Lourenço, filha de D. Lourenço Fernandes da Cunha, 2.° senhor
da honra da Tábua, senhor da Cunha Velha, padroeiro dos conventos de
S. Simão da Junqueira, S. Salvador de Souto, Santo Estêvão de Vilela, e
das igrejas de S. Miguel da Cunha e de Santa Maria da Tábua, e de sua
mulher D. Sancha Lourenço de Maceira, filha de Lourenço Gomes de Ma-
ceira, companheiro do genro no cerco e tomada de Sevilha, no ano de
1248.
De D. Ourigo da Nóbrega, o Velho, e de sua mulher D. Maria Lourenço,
foram filhos os seguintes:
1. D. PEDRO OURIGUES DA NÓBREGA. Segue.
2. D. Garcia Ourigues, nomeado no Nobiliário do Conde D. Pedro,
mais notícia dele não tenho. Conforme a mesma compilação foi
seu filho Pedro Garcia da Nóbrega. Figura este como testemunha
em uma carta de i de Novembro de 1296 (i), e, segundo Manuel
de Sousa da Silva numas notas manuscritas que fez ao referido
Nobiliário (2), foi avô doutro Pedro Garcia da Nhoverga (Nó-
brega), a quem D. Fernando, em 20 de Agosto de 14 10 (1372), fez
mercê da terra de Macinhata e préstimo de Alvelos, mediante a
obrigação de o servir com duas lanças na guerra (3), e o Mestre
de Avis, regedor do reino, lha tornou a dar, ou confirmou, em 19
de Abril de i385 (4). Em Pedro Garcia perde-se a noticia deste
ramo de Nóbregas.
3. D. Maria Ourigues é nomeada pelo Nobiliário do Conde D. Pedro em
várias partes, mas com muitas confusões (5). Dela posso entender
que casou por duas vezes, sendo uma com Pedro Fernandes de
Cambra, senhor do couto de Sabariz na terra da Nóbrega, actual
concelho de Vila Verde; e a outra com Reimão Viegas de Porto-
carreiro, o ousado raptor da rainha D. Mecia López de Haro.
Também entendo, pelos encontrar nomeados todos a seguir
nas Inquirições de 1268, como atraz referi, e pelos patronímicos,
(i) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fl. 246 v.
(2) Citadas por D. Afonso Manuel de Meneses no título de Nóbrega do referido Nobi-
liário coordenado por Jorge Salter, vol. xvii, fl. 96.
(3) Chancelaria de D. Fernando, liv. i."», fl. ni.
(4) Fr. Manuel dos Santos, Monarquia lusitana, VIII, 683.
(5) No tit. 43. § 4.°, no tit. 5o. §§ i." e 2.», e no tit, 55. % \*
246 ' Brasões
terem sido irmãos de Pedro Ourigues da Nóbrega mais os se-
guintes:
4. Fernando Ourigues,
5. Martim Ourigues, e
6. Ourigo Ourigues. Dos dois últimos só tenho os nomes nas inquiri-
ções, devendo ser por causa do filho Ourigo, que o pai teve a al-
cunha do Velho; do Fernando tenho-o ali, e, ainda que com engano,
também o tenho no Nobiliário do Conde D. Pedro (i). Diz este
que D. Marinha Viegas (uma bisneta do famoso Egas Moniz) fora
casada com Fernão Origis, filho de Pedro Origis Anóvrega. É
engano evidente, e escreveram filho em vez de irmão. E tanto é
engano, que duas páginas mais atraz o mesmo Nobiliário, no-
meando os filhos daquele Pedro Ourigues, lá pÕe um Fernão
(como adiante escreverei), mas com o devido patronímico de Pi-
res. Quanto ao Fernando Ourigues direi, que foi herdado em terra
da Nóbrega, e senhor da quinta de S. Julião na freguesia de Loi-
reiro, concelho de Penaguião. Casou com a senhora acima no-
meada, e dela teve filhos, e descendência, porem é impossível, sem
provas autênticas, e essas não aparecem, acreditar-se no ramo de
Aboins, que de Fernando Ourigues querem deduzir.
II
D. PEDRO OURIGUES DA NÓBREGA, filho de D. Ourigo, o Velho,
foi senhor de Aboim em terra da Nóbrega, camareiro e senescal do infante
D. Afonso, conde de Bolonha, a quem acompanhou a França, e com ele se
achou, em 22 de Julho de 1242, na batalha de Saintes, onde D. Pedro ficou
prisioneiro dos Ingleses, cuja hoste pelo seu senhor fora rompida (2). Res-
gatado do cativeiro continuou no serviço do Conde de Bolonha, em quanto
permaneceu em França, e na qualidade de seu camareiro foi uma das pes-
soas, que em Paris, a 6 de Setembro de 1245, assistiram à ceremónia do
solene juramento feito pelo Conde, de guardar as estipulações impostas pelo
clero, logo que fosse investido no governo do reino (3).
Para Portugal voltou D. Pedro Ourigues, provavelmente nos fins daquele
mesmo ano, logo -depois do juramento, na comitiva do Conde, que já em
princípios do ano seguinte de 1 246 estava obedecido e reconhecido como re-
(i) Portugaliae monumenta histórica. Scriptores, pág. 32 1.
(2) Herculano, Historia de Portugal, vol. II, pág. 385, mihi.
(3) Ibidem, pág. 406.
Sousas â47
gente em Lisboa. Na côrte parece contudo não ter permanecido o fidalgo
da Nóbrega, pois que não encontro o seu nome em documentos daquele
tempo, e pelas Inquirições de i258 sei, que costumava então poisar em casa
de Marina da Várzea todas as vezes, que ia à freguesia de Santiago de Vila
Chan, em terra da Nóbrega (i). Viveria nas suas terras, em quanto seu
filho D. João de Aboim acompanhava a côrte.
Casou D. Pedro Ourigues da Nóbrega com D. Maria Viegas, irmã de
sua cunhada Marinha Viegas e ambas bisnetas de Egas Moniz, o aio de
D. Afonso Henriques (2). Custa um pouco a adçnitir que, tendo Egas Mo-
niz morrido muito velho em 1146, uma bisneta sua pela linha de seu filho
primogénito fosse casada de fresco pelos anos de 1220, isto é, mais de se-
tenta anos depois da morte do velho bisavô, no entanto é isso bem mais
possível do que ter Pedro Ourigues casado com D. Urraca Gil, filha de Gil
Pires Feio e de sua mulher D. Inês Soares Coelha, terceira neta do referido
Egas Moniz (3). Por este enlace se encontrar mencionado em autoridade
mais segura já para ele me inclinei; considerações porem sobre o caso for-
muladas (4), me levam agora a repeli-lo. Se D. João de Aboim, o filho pri-
mogénito de Pedro Ourigues, fosse filho de D. Urraca Gil e neto de Inês
Soares Coelha, vinha a ser sobrinho neto do trovador João Soares Coelho,
irmão daquela senhora, fidalgo da casa do Conde de Bolonha e homem apro-
ximadamente da sua idade, como aliás o era também D. João de Aboim.
Do casamento de D. Pedro Ourigues nasceram:
1. D. JOÃO PERES DE ABOIM. Segue.
2. Estêvão Peres de Aboim é nomeado nos nobiliários antigos (5). Foi
uma das testemunhas nas cartas de i5 e 18 de Outubro de 1299
(1261), pelas quais a seu irmão D. João de Aboim coutou
D. Afonso III a herdade de Portel e deu licença para nela edificar
um castelo (6). Nos citados nobiliários antigos diz-se haver Estê-
vão Peres casado com D. Eixemea Esteves, filha de Estêvão Soa-
res de Alfange, «que nom foi lidimo», única notícia que dele nos
dão. Um dos referidos nobiliários acrescenta, que Estêvão de
Aboim casara pela segunda vez com D. Maria Anes, filha de João
(i) Inquirições de D. Afonso Ilí, nos Portugaliae monumenía histórica. Inquisitiones,
pág. 4i3.
(2) Nobiliário do Conde D. Pedro, nos Portugaliae monumenta histórica. ScriptoreSy
pág. 319.
(3) Livro velho das linhagens, nos Portugaliae monumenta histórica. Scriptores, pág. 161,
(4) D. Carolina Michaelis de Vasconcelos, Cancioneiro da Ajuda., II, pág. 355, nota i.
(5) Portugaliae monumenta histórica. Scriptores, págs. 161 e Sig.
(6) Livro dos bens de D, João de Portel, does. vm e x.
248 Brasões
Pires Brocardo e de D. Maria Dade, e deste segundo casamento
tivera um filho, que, apesar de morrer criança, sobrevivera ao pai
e deixara a mãe por sua iierdeira. Do primeiro casamento apon-
tam-se dois filhos: Gonçalo Esteves, e Mor Esteves, mulher de
Fernão Dade, filho do Alcaide de Santarém. Gonçalo Esteves de
Aboim foi cavaleiro, e como tal. aparece testemunhando em uma
escritura de i3 de Dezembro de i3i5, celebrada entre o Meirinho
mor e o Mestre de Santiago (i). Casou Gonçalo com D. Alda
Yasques, filha de Vasco Afonso, chamado Vasco Moiro, alcaide de
Coimbra, e deste casamento nomeiam-se quatro filhos sem outra
indicação alem dos nomes, senão a respeito do último, Fernão
Gonçalves, que dizem fora prior de Povos. Uma filha mais teve
Estêvão Peres de Aboim, omitida nos nobihários, mas recordada
em um documento. Chamou-se D. Elvira e, sendo visinha de San-
tarém, do quintal das Donas, e viúva de*D. André, recebeu e ado-
ptou por filho, por carta de 1 1 de Janeiro da era de i3i3 (1275),
a Pedro Eanes, «consobrinum et afilatum meum», filho de D. João
de Aboim, mordomo de D. Afonso ÍII (2).
3. F^ernão Pires Farinquel, de Braga, «que catou bem o agouro» (3), «o
que na linguagem do tempo significa lér a sina, d maneira gallega
pelo voo das aves» (4). Pode ser.
4. Estevainha Peres casada com Gomes Ansur e depois com João Gon-
çalves de Barvudo, de quem, entre outros filhos, teve a Estêvão
Eanes, cavaleiro, o «sobrino de dom Oane» de Aboim nomeado
em duas escrituras de 9 de Janeiro da era de 1327 (1289), ambas
relativas à troca de Portel por Mafra (5).
Ill
D. JOÃO PERES DE ABOIM, ou D. JOÃO DE ABOIM, dambas
as maneiras nomeado nos documentos contemporâneos, foi fidalgo muito
importante do seu tempo, e pela influência exercida sobre o ânimo de
D. Afonso III, cujo valimento se repartia entre o chanceler Estêvão Eanes
(i) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, VI, 227.
(2) Livro de D. João de Portel, doe. ccvi.
(3) Portugaliae 7nonwnenía histórica. Scriptores, págs. 161 e 3 19.
(4) D. Carolina Michaelis de Vasconcelos, Cancioneiro da Ajuda, II, 355.
(5) D. João de Aboini^ no Archivo histórico portuguez, vol, iv, págs. ijS e 174, does*
III e !▼.
Sonsas 249
e D. João de Aboim, teve este preponderância decisiva no governo do reino.
Aproveitou-se dela para engrandecer sua casa, chegando a tal o número de
doações recebidas de diferentes naturezas e proveniências que delas se fez
um cartulário especial, o Liuro do Registo das cartas dos beês e erãcas que
dÔ loam de portei teue nestes reinos, ]á lá acima mencionado. Este D. João
de Portel é o próprio D. João de Aboim (1).
Pelo livro vê-se bem a ambição do valido de D. Afonso III; tudo lhe con-
vinha, contanto que aumentasse as suas riquezas. Encontram-se ali cartas
de doações, privilégios, diligências, compras, vendas, adopções para heran-
ças, quitações e outros contratos; uns dei Rei, outros de várias Ordens mili-
tares e monacais', de vários Concelhos de cidades e vilas, que o recebiam
com sua mulher e filhos por seus visinhos, dando-lhes herdades, e finalmente
de particulares, que lhe vendiam,, ou davam, ou deixavam seus bens, adò-
ptando-o por filho, a êle, ou a seu filho mais velho, para herdarem a metade,
ou a terça parte, de suas legítimas, mesmo havendo filhos. Começam os
registos na era de César de 1287, ano de Cristo de 1249, e terminam em
l3-22, 1284 (2).
Por aqui se pode ver qual não foi a cobiça de D. João de Aboim, que
chegou a usar algumas vezes de pressão para alcançar bens apetecidos.
Repare-se nas palavras da licença régia obtida pelo valido, em iv das cal.
de Julho da era de 1295 (28.de Junho de 1257), para o Conselho de Évora
lhe conceder herdade no seu termo. Diz a carta: «quod recipiatis eum (se.
Joannem Petri de Avoyno) in vicinum vestrum et heredetis ipsum, et quan-
tum sibi majiis et nielius heredamentum et in meliori loco dederitis, tantum
rohis magis graciscar et remunerabo (3). Aqui está o Rei impondo-se ao
Concelho de Évora, obrigando-o a bem dotar o seu «clientulus et vassal-
lus».
Alem da cobiça, ainda o nosso grande Historiador, atentando no espan-
toso número de compras revelado no Livro do registo feitas por D. João de
Aboim, o acusa com razão de aproveitamento dos dinheiros públicos, pois
que para pagar aquelas não chegariam decerto os rendimentos do seu pe-
(i) Veja-se. acerca deste rico homem o meu artigo intitulado D. João de Aboim, publi-
cado em 1906 no vol. IV, do Archivo histórico portuguez e anteposto em 19 10, como No-
ticia histórica^ à reprodução do Livro dos bens de D. JoÃo de Portel. Ampliei então bas-
tante esta biografia.
(2) Livro de D. João de Portel, does. xxvin e cxcviii. — Declara José Anastácio de Fi-
gueiredo na Nova historia da ordem de Malta, vol. II, pág. 27, nota 8, que as cartas come-
çam no ano de i25o, não tendo reparado para a fl. 29 do Livro do registo onde se encontra
uma doação de 1249. *
(3) Livro de D. João de Portel, doe. i.
VOL. I 32
25o Brasões
queno solar em terras da Nóbrega (i). Até de rapina o acusa, fundando-se
numa sentença de 1284, 4*^^ mandou restituir ao Concelho da Sortelha certos
herdamentos, que lhe haviam sido tomados (2). Não duvido de que D. João
de Aboim rapinhasse seu bocado; ^quem, omnipotente, o não faria naqueles
tempos? mas, neste caso da Sortelha, não foi ele o rapinante.
Perdoa-me, grande mestre, cujo retrato d'aqui estou vendo, mas equi-
vocas-te-te. O teu equívoco nada influi na substância da narrativa, que
ias fazendo, só tem o defeito de antecipar a data da morte do Mordomo
mor de D. Afonso III, facto de mínima importância para a história de Por-
tugal, mas de grande interesse agora para mim, e só por isto reparei no en-
gano.
O caso prestava-se a equívocos como o leitor vai ver, e era de somenos
valia, por isso Herculano não o analizou; aproveitou o que à primeira vista
lhe pareceu vir para o caso, e andou para diante.
Pela sentença foram mandados restituir à vila da Sortelha certos bens
por ela dados a D. João, pai de D. Pedro Eanes, a quem o julgador condena
os restitua ao Concelho. iOra, encontrando-se um D. Pedro Eanes obrigado
a restituir bens usurpados por seu pai, um D. João, quem não suporia achar-se
em frente de D. Pedro Eanes de Portel e de seu pai D. João de Aboim, o
grande abarcador de» doações e heranças? Ninguém. Mas a sentença diz,
até logo no título, «porque se julgou que os herdamentos que D. Pedro
Eannes e sua mulher D. Orraca Afonso», etc, D. Pedro Eanes de Portel
era porem já casado em 1271 com D. Constança Mendes, que só morreu
em 1298, como adiante mostrarei; não podia portanto ser ele, em 1284, o
marido de D. Urraca Afonso. E não era com efeito, porque o marido desta,
que era filha bastarda de D. Afonso líl, foi D. Pedro Eanes Gago íilho de
D. João Martins Chora. Olhe o leitor, que este Gago e este Chora eram
ricos homens, e o primeiro foi governador de Trás os Montes; não eram uns
choraraigas, ou tatibitates quaisquer.
^Era, ou não, fácil a confusão? Era, ninguém afirmará o contrário.
Fique pois o Mordomo de D. Afonso III com outras rapinâncias, se as pra-
ticou, mas a da Sortelha temos de lha tirar do saco, bem cheio já doutros
pecados.
Estivera João Peres de Aboim com seu pai em França, servindo ao Conde
de Bolonha, e lá ganhara, pela frequência de um meio muito superior em
ilustração ao da pátria, urri verniz de civilização b uma cultura literária que
(i) Herculano, Historia de Portugal, III, 11:.
(2) Ibidem, pág. 116, texto e Nota I, onde se cita a sentença que está na Tôrre do Tombo
na Gaveta xi, maç. 7, n.° 27.
Sonsas . 25 1
o elevaram muito acima dos mais cortesãos seus contemporâneos. Foi tro-
vador e ainda hoje existem dezasseis das trinta e três poesias suas de que
há conhecimento (i). Para Lisboa, nos fins do ano de 1243, princípios de
1246 vohou com D. Afonso a quem, tanto lá em França, como depois cá no
reino, serviu sempre com dedicação, ainda que sem desinteresse.
Aclamado o Conde, e já obedecido em todo o reino como seu rei, partiu
D. Afonso III para a conquista do Algarve, para onde D. João de Aboim o
acompanhou, e onde dele recebeu, por carta datada de Faro em Março de
1287 (1249), a mercê de umas casas em Santarém (2). Parece ter ficado
guerreando por lá, pois que, quando el Rei,, no fim do inverno do ano se-
guinte, voltou ao Algarve, aparece João Peres de Aboim assinando, como
testemunha em duas cartas datadas de Faro, uma do mês de Fevereiro, de
doação de Porches ao chanceler Estêvão Eanes, a outra de i de Março, de
entrega do castelo de Albufeira à Ordem de Avis (3).
E muito possível, apesar do silêncio dos documentos, que João Peres de
Aboim já tivesse acompanhado Afonso III à conquista do Algarve, ocupando
o posto de alferes menor, pelo menos na primeira destas cartas acima apon-
tadas, na de Fevereiro de i25o, aparece êle investido no cargo: subsignifer
lê-se no diploma. Pela segunda consta ser já então do conselho dei Rei.
Com o referido posto de alferes menor encontra-se João Peres em vários
documentos até 16 de Junho de i255, aparecendo, já em Outubro do ano se-
guinte, provido no cargo seu sucessor João Durães {4). Já a esse tempo,
apesar de ainda se não encontrar confirmando diplomas na qualidade de rico
homem, vai aparecendo João Peres com o título de dom, desde Outubro de
1260 em diante (5), em vários documentos, não régios, advirta-se, e com al-
ternativas. Em carta régia porém de Outubro da era de 1291 (i253) foi
confirmada a dom João Pérez de Aboim a doação que o Concelho de San-
tarém lhe fizera da lezíria de Alcoelha (6). Volta a aparecer noutra carta, de 5
de Março de 1292 (1254), de doação a João Soares Coelho (7), o trovador
(i) D. Carolina Michaelis de Vasconcelos, Cancioneiro da Ajuda, II, 359-36o.
(2) Livro de D. João de Portel, doe. xxviii. — Esta carta, descoberta por HercuJano, ser-
viu-lhe para precisar a data da conquista de Faro.
(3) Chancelaria de D. Afonso III^ liv. i.°, fls. 106 v. e 43 v.
(4) Portugaliae monumenta histórica. Leges^ págs. 652 e 667.
(5) Livro de D. João de Portel^ doe. li.
(6) Ibidem, doe. xxvi
(7) «Johannes Suerii, miles, dictus Coelyus, pro servicio quod nobis fecistis fideliter et
devote», carta de doação de juro e herdade dos direitos riais da vila «deSauto de Ripa Ho-
minis» (Souto da Ribeira de Homem) «III nonas Martii apud Leyrenã», era 1292 (Leiria, 5
de Março de 1254). — Chancelaria de D. Afonso 111, liv. i.', fl, 4, — Confirmada em carta com
252 Brasões
seu primo, mas só de 24 de Maio de 12 56 (i) em diante se torna permanente.
Encontro-o pela primeira vez, confirmando como rico homem, na carta de
Setembro de 1269 de couto a Alvito, na qual aparece tenens Pojitem Lituie (2).
Em Setembro de 1264 era mordomo da cúria régia e d'então até ao fim da
vida gozou sempre da dignidade de rico homem. Tornemos porem um
pouco atrás.
Efectuado em Maio de i253 o casamento de D. Afonso III com D. Bea-
triz de Gusmão, foi D. João de Aboim nomeado mordomo mor da pequenina
Rainha, dignidade que Já exercia em 22 de Janeiro de 1264 (3). Neste posto
continuou sempre servindo a D. Beatriz, de quem foi muito estimado, e seu
confidente e conselheiro durante o curto período de sua regência, em Feve-
reiro e Março de 1279(4). Depois, naqueles angustiosos tempos da revolta
do infante D. Sancho contra seu pai Afonso X, acompanhou D. João de Aboim
a Rainha a Sevilha, quando, em 1282, foi levar socorro a seu pai. Junto
dela permaneceu por algum tempo e é nomeado no documento de 8 de No-
vembro, pelo qual el Rei de Castela deserda o revoltado filho (5). Mas,
voltando a Rainha para Portugal só em fins de i285, já a esse tempo havia
muito, que D. João de Aboim estava no reino, pois que a 3i de Março de
1283 comprara uma casa em Santarém (6) e a 17 de Julho confirmara em
Lisboa o foral de Cacela (7).
Fica dito o que pude apurar das relações de D. João de Aboim com a
rainha D. Beatriz, as quais foram muito cordiais e a elas posso atribuir, pelo
menos em parte, a importante doação de bens em Çamora que de juro e
herdade, com certas ressalvas, por carta de 14 de Novembro de 1267, fez
el Rei de Castela ao Mordomo mor de sua filha (8). Agora esboçarei as que
êle manteve com seu amo e senhor el rei D. Afonso III.
Serviu-o em França, acompanhou-o para Portugal, e já era seu conselheiro
em 1258, quando, com outros do conselho, formou a comissão que elaborou
selo de chumbo, por o da outra ser de cera, em Santarém, a II das calendas de Janeiro da
era de i3o3 (22 de Dezembro de i265). — Chancelaria de D Afonso III, liv. i.°, fl. 81.
(i) Ibidem, fl. 16.
(2) Ibidem, fl. 61 V.
(3) Fr. António Brandão, Monarchia lusitana^ part. IV, escritura xxxi.
(4) Frederico Francisco de la Figanière, Memorias das Rainhas, pág. 122. — No mesmo
livro, nas págs. 248 e 249, encontram-se dois documentos de 1259 e 1274, nos quais D.João
de Aboim figura como mordomo da Rainha.
(5) Figanière, Memorias das Rainhas, cit., pág. 120.
(6) Livro de D. João de Portel, doe. cxcix
(7) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, part. V, fl. 87.
(8) Livro de D. João de Portel, doe. xxxii.
Sonsas 253
o Regimento da Casa Rial de 1 1 de Abril da era de 1296 (i258) ordenado
por D. Afonso (i). No ano antecedente, como atrás disse, ainda el Rei o in-
titulava apenas clientulus et i>assallus, mas já lhe era muito afeiçoado, como
prova a referida insinuação ao Concelho de Évora para o bem dotar.
E mais se prova ainda essa amizade e os bons serviços por D. João pres-
tados a el Rei, com as palavras da carta de 18 de Outubro de 1299 (1261)
de 'licença para a fundação do castelo de Portel. Diz o instrumento: «Et
hanc gratiam facio vobis pro creancia quam vobis feci, et pro multo servicio
quod mihi fecistis bene et fideliter longo tempore in Francia et in Spania et
in regno Portugalie et in aliis locis, ubi mihi necesse fuit» (2).
Poucos anos depois já D. João de Aboim aparece exercendo o grande
cargo de mordomo mor, o maior da cúria régia. Nesta qualidade, «Maior-
domus Curie», confirma em Santarém uma carta de 3o de Setembro de
1264(3), e como «meu moordomo» é mencionado na lei de 1 5 de Novembro
do mesmo ano (4).
Esta alta dignidade, que lhe deu muita ingerência nos negócios públicos,
exerceu D. João de Aboim até à morte de D. Afonso III, a cujos últimos
momentos assistiu e como testemunha figura no instrumento, de 17 de Janeiro
de 1279, destinado a perpetuar a reconciliação in extremis dei Rei com o
clero (5). Morreu Afonso lII em í6 do mês seguinte e, aberto o seu testa-
mento, nele se encontrou D. João de Aboim nomeado primeiro testamenteiro
em seguida à rainha D. Beatriz (6). Então, como já disse, serviu de conse-
lheiro á Rainha durante os poucos dias da sua regência; e naquela qualidade
confirmou, em 18 de Março de 1279, a carta dos privilégios do mosteiro
do Bouro (7). Tomando porem D. Denis em suas mãos o governo, deixou
D. João de Aboim de exercer o cargo de mordomo mor e já com êie encon-
tro, em 3 de Abril do mesmo ano, a D. Nuno Martins, na carta de certo
contrato com os Judeus de Bragança (8), e na de u de Janeiro de 1280, de
(i) Portugaliae monumenta histórica. LegeSy pág. 198.
(2) Livro de D. João de Portel^ doe. x.
(3) Chancelaria de D. Afonso III, liv. 1.», fl. 72 v. — Em 8 de Maio de 12Õ4 ainda D. Gil
Martins, intitulando-se Maiordomus, confirma uma carta, na qual D. João de Aboim apenas
figura como testemunha {Ibidem, fl. 72) ; não admite pois dúvida nenhuma que tem a data
errada uma cana, de 22 de Fevereiro daquele ano, impressa por Gabriel Pereira nos Docu-
vientos de Évora, I, i5, na qual D. João de Aboim é intitulado mordomo.
(4) Portugaliae monumenta histórica. Leges, pág. 21 3.
(5) Fr. António Brandão, Monarchia lusitana, IV, fl. 255.
(6) Ibidem, escritura última, fl. 284 v.
(7) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fl. 5i v.
(8) J. P. Ribeiro, Dissertações^ vol, III, p. 2.; pág. 89 mihi.
254 Brasões
doação da quinta de Majapão à infanta D. Branca (i). Esta última carta
também é confirmada por D. João de Aboim, na qualidade porem de rico
homem e governador do Alentejo, «lenens Ultra Tagum», d'onde se vê que,
com a dignidade de mordomo mor, não perdeu a graça do novo soberano.
Foi pois quási de quinze anos a duração do exercício de mordorno mor,
que teve D. João de Aboim, e poucos ministros se gabarão de tam longo go-
verno.
Durante ele alcançara de D. Afonso III, em 3 de Fevereiro de 127Õ, uma
carta de quitação, geral e ampla, de todos os contratos directa ou indirecta-
mente havidos entre el Rei e o seu Mordomo (2). Foi uma segurança por
ele tomada para os próximos tempos, em que a coroa mudaria de cabeça,
e parece ter sido profícua. se não escusada, porque,. se D. Denis o substituiu
na mordomia, continuou contudo D. João acompanhando a corte e conser-
vando o governo do Alentejo. Com este governo, «tenens Elboram», ou
«tenens terram de Ultra Tagum», encontra-se em vários documentos desde
Fevereiro de 1270 até Julho de 1284(3).
Depois da ocupação do Algarve levantaram-se as conhecidas dúvidas com
a Coroa de Castela, que pretendia ser aquela conquista dentro de seus limi-
tes e portanto sua própria. Terminaram essas contendas por ser cedido o
reino do Algarve a D. Afonso III mediante certas condições, e de tudo se
lavrou um instrumento em Sevilha a 20 de Setembro de 1264; ^ ^^ mesma
cidade, para se dar fim a outras questões sobre estremas em vários pontos
do reino, havia-se já lavrado, a 5 do precedente mês de Junho, uma escritura
pela qual se nomearam dambas as partes certos prelados e fidalgos encarre-
gados de proceder às competentes demarcações. Entre os últimos encon-
tra-se D. João de Aboim (4).
Em virtude do instrumento atrás referido, pelo qual terminaram as con-
tendas sobre o reino do Algarve, ficaram por governadores de seus castelos
D. João de Aboim e seu filho D. Pedro Eanes de Portel e obrigados, em
virtude de uma das cláusulas do tratado, a guardarem homenagem a el Rei
de Castela pelas fortalezas da província. Esta homenagem foi-lhes levan-
tada por uma carta de Afonso X, de 16 de Fevereiro de 1267, na qual lhes
manda entregar todas as praças do Algarve a Afonso III, ou a quem este
ordenar (5).
( ! ) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, escritura oitava, fl. 3o8 v.
(2) Livro de D. João de Pqrtel^ doe. ccxxi. '
(3) D. João de Aboim, no Archivo histórico portuguez, vol. IV, pág. 1 18, nota 6,
(4) Fr. António Brandão, Monarchia lusitana, IV, fl. 222 v.
(5) Livro de D. João de Portel, doe. xxxi.
Sonsas 255
Catorze anos mais tarde, já depois da morte do Bolonhês, começaram
as desinquietaçÕes do infante D. Afonso, irmão de D. Denis. Foi este ata.
cá-lo a Vide, onde aquele se fortificara e d'onde fugiu para Sevilha. Aí,
melhor aconselhado, submeteu-se e passou uma procuração, em 8 de Ou-
tpbro de 1281, para fazer composição com el Rei. Ratificada esta em Es-
tremoz, a 1 1 de Fevereiro de 1282, um dos seus confirmantes foi D. João de
Aboim (i).
Depois disto não encontro o nome do antigo Mordomo mor em mais ne-
nhum negócio de importância, e só confirmando algumas cartas régias Já ci-
tadas, e adquirindo prédios, sendo o último comprado, por escritura de 3i
de Março da era de 1822 (1284), uma casa em Montemor o Novo (2). Fi-
nalmente, veio a morte, que o surpreendeu, depois de 24 de Julho daquele
ano e antes de 19 de Setembro do seguinte, talvez a i5 de Março de
1285(3). . ^
Deveria ter D. João de Aboim bons setenta anos, quando morreu. Ele
foi para França com o infante D. Afonso e, se não se sabe a data exacta da
partida, sabe-se contudo que o casamento com a Condessa de Bolonha se
realizou em 1238(4). Fosse D. João homem de vinte e cinco anos a esse
tempo, que já em i283 completara os setenta.
Agora resta-me tratar muito sumariamente das fundações e doações de
D. João de Aboim (5).
Alcançada em 28 de Junho de 1267, como disse, a licença régia para o
Concelho de Évora o receber e a sua mulher D. Marinha Afonso, como vi-
zinhos, e os dotarem, tratou-se de tornar^ efectiva a autorização. Assim se
fez por uma carta de Novembro de i258, na qual aquele Concelho lhes dá
herdade no termo da cidade a partir com o de Beja por muitos termos e di-
visões, que bem mostram a importância da doação (6).
A isto seguiram-se nos anos imediatos infinitas cartas de aquisição, dentro
dos mesmos limites, de bens, os quais D. Afonso III mandou demarcar por
cartas' de 27 e 28 de Outubro de 1239, e por fim coutar por outra de 16 do
mesmo mês de 1261, concedendo juntamente por ela todo o régio direito,
tanto o temporal, como o espiritual (7).
(i) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fi. 62.
(2) Livro de D. João de Portel^ doe. cxcvm.
(3) D. João de Aboim, cit., pág. 121.
(4) Figanière, Memorias das Rainhas, pág. io5.
(5) No estudo intitulado D. João de Aboim, encontra-se muito mais desenvolvida, tanto
a biografia, como a história das fundações e doações daquele rico homem.
(6) Livro de D. João de Portel, doe. 11.
(7) Ibidem, does. vi, iv e vut.
•256 Brasões
Foi nesta vasta extensão de território que D. João de Aboim, no sítio
onde já existiria um núcleo de povoação, fundou o castelo e vila de Portel,
tendo previamente para isso impetrado licença dei Rei, que lha concedeu
por carta de i8 do mesmo mês (i). E tudo ia tam apressadamente, que já
em I de Dezembro de 1262 dava D. João de Aboim, com sua mulhar D. Ma-
rinha Afonso e seu filho Pedro Eanes, o foral à dita vila (2).
Por estes mesmos tempos também povoou e aumentou muito o lugar da
Fonte de Mosárabe, no termo de Fulvas, lugar a que pôs o seu nome e se
ficou chamando Vila de Aboim, e hoje Vila Boim. E tanto isto é certo, que
em i3 de Janeiro o Bispo e Cabido de Évora davam ao Mordomo mor da
Rainha o padroado da igreja «de Villa voym in termino de Elvis que antea
fons de Mozarave vocabatur» (3). Haviam-lhe estes territórios sido doados
pelo Concelho de Elvas em data ignorada, mas provavelmente posterior à
definitiva conquista do Algarve, em i25o, e seis anos depois, por instrumento
do mês de Fevereiro, o mesmo Concelho ampliou a precedente doação com
mais terreno junto ao primeiro, tudo situado no termo da vila, no lugar cha-
mado Moçarava (4). Finalmente, em 1264 o referido Concelho, por instru-
mento do mês de Janeiro, confirmou todas as precedentes doações e demar-
cou a herdade de Moçarava (5).
Estendidos, ampliados e começados a povoar os vastos domínios alente-
janos do valido de D. Afonso III mandou este às justiças do concelho de
Monsaraz, que fizessem a demarcação do seu termo com o da nova vila de
Portel. Assim se executou em 18 de Janeiro de i265 e, logo a 7 do mês
seguinte, apresentou o Mordomo a carta a el Rei, que naquela data a con-
firmou (6). Nesta confirmação tornou D. Afonso III a patentear a sua ami-
zade pelo seu ministro, a quem chama «meo Maiordomo et meo crientulo et
fideli vassallo.»
Para se avaliar bem a extensão destes domínios mencionarei as igrejas,
que, pela concórdia feita com o Bispo de Évora em Janeiro de 1262, cons-
tava andar então D. João de Aboim a edificar. Eram elas as de S. João,
(i) Livro de D. João de Portel, doe. x.
(2) Ibidem, doe. cclix; Portugaliae monumenta histórica, Leges^ pág. 703. — Advertirei
que nos Portugaliae monumenta escapou um pequeno erro de leitura ou de impressão, o
qual todavia reveste eerta importâneia e carece de ser emendado. No documento lê- se
«... dom Johan perez davoym e mha molher donna Maria affonso . , . »; nos Portugaliae
monumenta saiu impresso Maria em vez de Maria (— Marina, Marinha).
(3) Livro de D. João de Portel, doe. ui.
(4) Ibidem^ doe. cxliii.
(5) Ibidem, doe. xxtn.
(b) Ibidem, does. xv e xvi.
Sousas 257
Santa Maria e S. Vicente de Portel, a de S. Pedro do Marmelal, a de San-
tiago da Corte de Anojo, a de S. Loureço de Alqueva e a de S. João de
Portel Mafomede (S. João de Vila Boim), de todas as quais êle e sua mulher
Marinha Afonso eram os padroeiros (i).
Dentro do seu senhorio fundou D. João de Aboim o mosteiro da Vera
Cruz do Marmelal por êle doado aos Hospitalários, e da edificação encarre-
gou D. Fr. Afonso Peres Farinha, famoso prior daquela Ordem. Duraram
as obras dez anos, ficando concluídas em 1278 (2).
Foram notáveis e extremamente cordiais as relações de D. João com a
Ordem do Hospital, e provieram sobretudo da amizade que em toda a vida
uniu o Mordomo mor ao Prior dos Hospitalários. Além das doações já
indicadas fez-lhes D. João mercê, por carta de 2 de Abril de 1271, da
igreja de Santa Maria de Portel e de todas as mais, que na vila e seu
termo viessem a ser fundadas, isto acompanhado da doação de vários outros
bens (3).
Mas D." João de Aboim não dava só, isso seria contrário ao seu génio, e
consta que da Ordem também recebeu doações. Em 1 de Maio de 1261
dela adquiriu a quinta de Vila Verde, em terra da Nóbrega, por troca de
certos bens em Ponte de Lima e Valença; e em 20 de Julho de 1270 trocou
com o Hospital a sua casa, couto e herdade de Frossos e mais bens em Riba
Vouga, pela casa de Santa Maria de Aboim em termo da Nóbrega, com todos
seus casais e bens, tanto os eclesiásticos como os temporais, com a isenção
do pagamento dos tributos riais. A isto chamavam o couto de Aboim; foi
porém a doação feita só em vida dele e da mulher (4). Vê-se pois que, se
o fundador de Portel acrescentava a sua casa do Al-entejo, não se esquecia
contudo do seu antigo solar do Minho, que por sua morte deixou muito au-
mentado.
Estou chegando ao fim. Por carta de 14 de Agosto de 1276 fez D. João
de Aboim, juntamente com sua mulher, doação da herdade da Fonte Furada,
termo áe Évora, ao Bispo e Cabido da mesma Sé, em «remédio de seus pe-
cados» (5). Ele que o dizia, lá o sabia.
Depois morreu, d'ali a anos, como já disse, e foi sepultado na igreja do
mosteiro da Vera Cruz do Marmelal da Ordem do Hospital, fundação sua,
e hoje lá se vê por baixo do presbitério, virada para o corpo da igreja e co-
(i) J. A. de Figueiredo, Nova Malta^ II, 195,
(2) D. João de Aboim, cit., pág, i58,
(3) Livro de D. João de Portel, doe. xxii; D. João de Aboim, cit., pág. i5i.
(4) Livro de D. João de Portel^ does. xlvji e l.
(5) Ibidem, doe. lxxxviii.
voL. I 33
2 58 Brasões
locada da parte do evangelho, uma lápida, que certamente não é a primitiva,
na qual li este epitáfio no dia 25 de Março de 1901:
AQVI • lAZ • DOM • lOAM ( X\ /n\ /\ I DABOIM • SNOR • QVE FOI
DE PORTEL • QVE FVM /olflV^LVVftV) ^OV • ESTA • IGREIA • DA
8—9/
VERA + E ADOTOV • A "^"AMA V RELIGIÀO • DE SÀO • lOAM
A inscrição é relativamente moderna, como já notei, e não sei se nos
dizeres será cópia exacta da antiga; o escudo de armas porem, pela compa-
ração dele com o selo de D. João (i), afigura-se-me estar reproduzido com
bastante cuidado.
Por sua morte levantaram-se contendas, entre sua viúva e seus dois filhos,
sobre a partilha de seus bens, e só terminaram por instrumento de composi-
ção lavrado em Leiria, a i5 de Junho de i325 (1287). Por ele ficaram per-
tencendo: ao filho Pedro todos os bens de Santarém, Sintra, Lisboa, etc, e
todos os de Çamora e outros de Castela, com obrigação do pagamento das
dividas e legados; à filha Maria, o castelo e senhorio de Portel, Vila Boim
e os herdamentos de Évora, Monforte e Leiria, livres de encargos; à viúva
finalmente ficou a sua meação em todos os bens dos dois quinhões (2).
Havia casado D. João de Aboim pelos anos de 1246, logo depois do re-
gresso de França, com*D. Marinha Afonso, filha de Afonso Pires de Arganil,
o que, por mandado do infante D. Pedro, trouxe as cabeças dos mártires de
Marrocos para Santa Cruz de Coimbra, e de sua mulher D. Velasquida de
Çamora, senhora castelhana muito rica naquele reino, nos bens da qual veio
a suceder seu neto D. Pedro Eanes de Portel.
Depois de viúva fez D. Marinha Afonso doação (não se lhe aponta a data)
do casal do Oiteiro, na freguesia de Santa Maria de Aboim à Ordem do
Hospital, e em 11 de Agosto de 1288 de umas casas em Santarém ao con-
vento de Alcobaça (3). Depois, em 26 de Maio de 1291, doou a sua filha
Maria Anes e a seu marido João Fernandes [Batissela] toda sua meação no
quinhão que à filha ficara dos bens paternos (4).
(i) Reproduzido no V vol. do Archivo histórico portiigue^, em frente da pág. 65.
(2) D. João de Aboim, cit., doe. 11, pág. 171. .
(3) J. A. de Figueiredo, Nova Malta, II, 226.
(4) D. João de Aboim, cit., doe v, pág. lyS.
Sousas 259
Morreu D. Marinha Afonso depois de Maio de i3o6, e foi a enterrar Junto
de seu marido, D. João de Aboim (i). Deixaram dois filhos:
1. D. PEDRO EANES DE PORTEL. Seguirá.
2. D. Maria Anes, posteriormente D. Maria de Aboim, casou a primeira
vez com D. Martim Afonso Telo, de quem foi segunda mulher.
Era ele irmão mais novo de D. João Afonso, alferes mor e senhor
de Alburquerque, e permaneceu por muitos anos em Portugal, onde
se encontra confirmando como rico homem vários diplomas desde
1257 até 1278, ora com o governo da terra de Santa Maria, ora
com os de Bragança, Chaves ou Montelongo. Já D. Maria era
viúva em Junho de 1287 e ano e meio depois estava outra vez ca-
sada com D. João Fernandes Batissela, ou de Limia, que dambas
as maneiras aparece nomeado nos documentos. Foi rico homem
de Portugal e encontra-se confirmando muitas cartas nos anos de
1289 a 1299, Ainda vivia a 3 de Abril de iSio, era porém já fa-
lecido a 20 de Setembro de iSiõ. D. Maria de Aboim foi, em
virtude da citada escritura de composição celebrada em Leiria,
no ano de 1287, senhora de Portel. Juntamente 'com seu segundo
marido trocou, em i3oi, com el rei D. Denis aquele senhorio pelas
vilas de Évora Monte e Mafra e terra de Aguiar de Neiva, as
quais recebeu de juro e herdade. Fez D. Maria de Aboim o seu
testamento em Lisboa, a 3o de Julho da era de \2>-]b (i337), e nele
deixou fundado, nesta cidade, na freguesia de Santa Justa, onde
depois foi a rua da Porta de Santo Antão, um hospital posterior-
mente designado por Hospital de D. Maria de Aboim. A 8 de
Setembro do mesmo ano já tinha falecido, sem deixar descendên-
cia (2).
Em um instrumento de viii dos idos de Dezembro da era de
iSio (6 de Dezembro de 1272) encontro um «Martinus Johanis,
nepos donni Johanis de Avoyno» apresentado na igreja- de Penas-
roias da diocese de Braga (3). A palavra nepos está aqui no sen-
tido de sobrinho e não de neto, e este Martim Eanes foi certamente
o filho de João Gonçalves de Barvudo, cunhado de D. João de
Aboim, filho mencionado no Nobiliário do Conde D. Pedro, onde
se declara haver ele sido cónego de Lisboa.
(i) D. João de Aboim, pág. i23.
(2) Ibidem, págs. 126 a 128.
(3) João Pedro Ribeiro, Dissertações, vol. III, p. 2.», pág. 80, n,» xxvii.
26o
Brasões
IV ,
D. PEDRO EANES DE PORTEL, único filho varão de D. João de
Aboim nomeado nos documentos, foi rico homem e participou da fortuna de
seu pai, conservando-se porem relativamente bastante na sombra.
Com seus parentes outorgou o foral de Portel em i de Dezembro de 1262,
devendo ter já catorze anos complefbs de idade. Com seu pai teve os cas-
telos do Algarve por el Rei de Castela, e na qualidade de rico homem, «tenens
Algarbiumí confirma uma carta régia em Maio de 1266 (i) e o foral de Silves,
em Agosto de 1 266 (2). No princípio do ano seguinte foi-lhe levantada por
D. Afonso X a menagem dos castelos do Algarve; em Maio porem ainda se
mantinha no governo daquele reino (3); mas em Abril do ano seguinte, 1268,
já estava investido no de Leiria (4).
Com os governos de Sintra e Leiria encontro-o confirmando o foral de
Pena da Rainha, em 4 de Julho de 1268, o dos Moiros forros de Silves,
Tavira, Loulé e Faro, em 12 do mesmo mês do ano seguinte (5), e ainda
outra carta de Janeiro de 1271 (6). Só com o governo de Leiria confirma
nesse mesmo ano a doação de Pedrógão (7) e ainda outra carta a 1 1 de Ou-
tubro (8). Conservou este governo durante alguns anos e com êle o encontro
ainda, em 20 de Março de 1282, confirmando o foral de Oriola(9); mas de
23 de Abril em diante já tinha o governo de Trás os Montes (10). , Não sei
se também durante todo este período teria tido o governo de Sintra, mas
pelo menos com êle o encontro em 1279, na carta de certa doação ao con-
vento de Alcobaça, feita em 12 de Junho (11). Em i283 porém confirma o
foral de Cacela, a 17 de Julho, já sem governo nenhum e somente como rico
homem (12).
Nesta qualidade continuou acompanhando mais ou menos a corte, e disso
(i
(2
(3
(4
(5
(6
(7
(8
(9
(10
(Í2
Chancelaria de D. Afonso III, liv. i .", fl. 77.
Portugaliae monumenta histórica. Leges, pág. 706.
Chancelaria de D. Afonso III, liv. i." fl. 85 v.
Ibidem, fl. 90 V.
Portugaliae monumenta histórica. Leges, págs. 710 e 715.
Chancelaria de D, Afonso III, liv. 1,°, fl. io5.
Fr. António Brandão, Monarchia lusitana, IV, fl. 233.
Chancelaria de D. Afonso III, liv. i .<* fl. 1 1 1 .
Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fl. 70.
J. P. Ribeiro, Memorias das Confirmações, doe. xliii.
Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fl. 44.
Supra, fl. 87.
Sousas 261
encontro vestígios até Agosto de 1286(1). Depois, a 18 de Dezembro da-
quele ano, 22 de Julho e 9 de Agosto do seguinte, aparece com o governo
da terra de Panoias (2); mas, d'então por diante, continua, como simples
rico homem, a confirmar muitas cartas até à doação da Atouguia, em 19 de
Outubro de 1807 (3). E para mais prova de que êle acompanhava a corte,
estão declarando as sentenças de 20 de Outubro de i3o8 sobre as Inquirições
de i3o7, que estas foram vistas por «mha corte com muytos Filhos dalgo que
hi syam», e o segundo destes nomeado é D. Pedro Eanes de Portel (4). É
deste ano de i3o8 a última noticia encontrada de D. Pedro Eanes, que já
não deveria ser vivo a 7 de Outubro de i3i5, data de um diploma régio no
qual o seu nome se não encontra entre os dos confirmantes (5).
Como seu pai, e ainda em sua vida, mostrou sempre D. Pedro particular
afeição pelos Hospitalários, dos quais era confreire. Confirmou, em 2 de
Abril de 1271, juntamente com sua mulher, a doação das igrejas de Portel
feita por seu pai à Ordem (6). Por ela foi contemplado na carta de conces-
são do isento do Marmelal, em 16 de Abril de 1274, e dela teve em pres-
timónio a bailia de Ansemil, com a condição de deixar à Ordem um terço
dos seus bens (7). Também foram amistosas as suas relações com os Tem-,
plários, pois que, por escrituras feitas em Lisboa a 25 *de Junho e 12 de Se-
tembro de 1294, reconheceram, êle e sua mulher, serem apenas usufrutuários
vitalícios de umas casas da Ordem em Leiria (8), e a ela doarem outras na
mesma vila, à ponte Coimbrã (9).
Tendo morrido D. João de Aboim, levantaram-se dúvidas sobre as parti-
lhas de seus bens, como acima disse; foram elas resolvidas por composição
de que se lavrou escritura em i5 de Junho de 1287 (10). Por este acordo
ficaram a D. Pedro os bens de Monsaraz, Estremoz, Évora Monte, Monte-
mor o Novo, Santarém, Sintra, Lisboa, Óbidos, e Alem Doiro, e mais os si-
tuados em Castela e que à partilha vieram pela herança de sua avó D. Ve-
lasquida de Çamora.
Foi pois outrosim senhor de uma grande casa, à qual juntou a de sua
(i) Chancelaria de D. Denis, Hv. 1.°, fl. 174.
(2) Ibidem, fls. 189, 2o5 v. e 207 v.
(3) Ibidem, liv. 3.°, fl. 58 v.
(4) J. P. Ribeiro, Memorias das Inquirições, does. xxv, xxvi e xxx.
(5) Chancelaria de D. Denis, liv. 3.», fl. 98.
(6) Livro de D. João de Portel, doe, xxii,
(7) J. A. de Figueiredo, Nova Malta, II, págs. 240 e 226.
(8) Gaveta VIII, maç. 14.», n.» 45.
(9) Gaveta VII, maç. i3.", n." 11.
(10) D. João de Aboim, eit., doe. 11, pág. 172.
202 Brasões
mulher, que também foi rica. Viveu, quando não na corte ou nos seus go-
vernos, a maior parte do tempo em Leiria, e sumptuosamente. Lá hospedou
a rainha D. Beatriz, em Novembro de 1279, e em Junho de 1287 seu filho
el rei D. Denis (i).
Faleceu D. Pedro Eanes, como acima disse, num dos anos de i3o8 a i3i5
e foi sepultado, segundo se afirma, no mosteiro da Vera Cruz do Marmelal,
onde todavia não encontrei vestígios do seu túmulo.
Já era casado em Abril de 1271 com D. Constança Mendes [de Sousa],
filha de D. Mem Garcia [de Sousa], rico homem, governador de Trás os
Montes, em i235 e i236, e da terra de Panoias, em 1264 e i255, e de sua
mulher D. Teresa Eanes [de Limia], Consta estar já efeituado então o ca-
samento da escritura de doação das igrejas de Portel à Ordem do Hospital,
doação confirmada por Pedro Eanes e sua mulher D. Constança Mendes (2).
Era D. Constança sobrinha do conde D. Gonçalo Garcia de Sousa, como
fica dito na pág. 206. Por morte dele levantaram-se grandes questões sobre
a partilha de seus bens e apresentaram-se como litigantes: D. Martim Gil,
posteriormente 2." conde de Barcelos, D. Mem e D. João Rodrigues de Bri-
teiros, D. Pedro Eanes de Portel por si e por sua mulher, Martim Anes,
Fernão Pais de Barbosa, Gonçalo Nunes de Bragança e a condessa viúva
D. Leonor, irmã de D. Denis. Foi a contenda perante el Rei a fim dêle jul-
gar a quem haviam de pertencer os coutos, honras, maladias, naturas, testa-
mentos e egrejários que compunham a herança e eram estes : Panoias, An-
drães, Mouçós, Pena, Aguiar, Barroso, terra de Basto, Vila Verde, Amarante,
Sanche, Travassos, Freixieira, Unhão, Vila Verde, Canavezes, Vila Cova, Pa-
rada, Ferreira, Levogilde, Fonte Arcada, Astrufe (?), Paradela, Ois e Eixo.
D. Denis, que fez tudo quanto quis, como reza o prolóquio, tratou, antes de
mais nada, de mandar averiguar se não teria ele direito pelo menos a parte
daquelas terras, que teriam sido dadas umas somente em vida do Conde e
outras, por este ou seus maiores, usurpadas à Coroa. Foram os herdeiros
meter-se na boca do lobo. Para procederem àquela averiguação, nomeou
el Rei, por carta de 5 de Dezembro de 1286, dois indivíduos, um por sua
parte, outra pela dos herdeiros (3). Procedeu-se a uma rigorosa inquirição.
(i) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana^ V, fls. 55 e i25.
(2) Livro de D. João de Portel^ doe. xxii, — Supõe João Carlos Feo, nas Memorias dos
Duques, págs. iSq-i^o, estar já efeituado o casamento de D. Constança Mendes em Fevereiro
de 1265, alegando uma escritura de doação a ela e a seus filhos feita por sua irmã Teresa
Mendes; sucede porem que aquela escritura não é do ano de 1265, mas sim do de 1275
(Livro de D. João de Portel, doe. ccxii).
(3) J. P. Ribeiro, Memorias das Inquirições, doe. xxxviii.
Sousas 26?
que durou perto de dois anos, e em 2 de Setembro de 1288 deu el Rei a sen-
tença da partilha dos referidos bens (i), dos quais D. Constança Mendes teve
grande parte.
Fez esta senhora o seu testamento em Santarém a 8 de Janeiro da era
de i335 (1297), deixando por testamenteiros a seu marido, a seu primo com
irmão Fr. Afonso Rodrigues, guardião de S. Francisco de Lisboa, e a Fr. Mar-
tim de Castro (2). Morreu D. Constança antes de 10 de Maio do ano se-
guinte, pois que nessa data se tirou um traslado do seu testamento (3). Foi
sepultada no convento de S. Domingos de Santarém (4).
De D. Pedro Eanes de Portel e de D. Constança Mendes de Sousa foram
filhos :
1. JOÃO PERES DE SOUSA, que segue.
2. João Peres de Sousa, outro filho do mesmo nome indicado em todos
os livros de linhagens, com a declaração de nem dum nem doutro
ter ficado geração.
3. D. Branca Peres chegou a suceder em parte da casa materna, casou
com Pedro Afonso, filho bastardo dei rei D. Denis e futuro conde
de Barcelos, e morreu deixando um filho que lhe sobreviveu o tempo
suficiente para seu pai herdar a parte da casa de Sousa possuída
por sua mãe. Não sei quando se efectuou o casamento; inclino-me
porém a supor que tivesse tido lugar nas proximidades de 10 de
Dezembro de 1289, data da primeira carta de doação de bens feita
por D. Denis àquele seu filho, para êle e sucessores legítimos (5).
Quanto à data da morte de D. Branca, não me é também fácil pre-
cisá-la. Sua mãe já tinha falecido em Maio de 1298, e D. Branca
certamente sobreviveu-lhe para poder herdar a sua casa; mas, para
este efeito, não havia só de ter sobrevivido à mãe, tinha também
de assistir ao falecimento de seu irmão D. João Peres de Sousa.
Este ainda era vivo em Fevereiro de i3o4, logo D. Branca só de-
pois deste tempo morreu. Afirma o douto e consciencioso cronista
(i) Chancelaria de D. Denis, liv. 1.", fl. 241 v.; Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusi-
tana^ V, fl. 1 34 V.
(2) D. João de Aboim, cit., doe. vi, pág. 176: Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana,
V, fl. 270.
(3) D. João de Aboim^ cit., doe. vi, pág. 176.
(4) Testamento do Conde D. Pedro de Barcelos, seu genro.
(5) «Querendo fazer graça e mercê a meu filho Pedro Afonso», carta de doação de bens
em Lisboa, Estremoz, Évora Monte, etc, nos quais sucederão seus filhos ou filhas, lídimos,
se os houver, e, se eles morrerem, ficarão os bens a Afonso Sanches seu irmão. — Chance^
laria de D. Denis, liv. i.», fl. 270 v.
264 Brasões
Fr. Francisco Brandão a existência, no cartório do mosteiro de Sal-
zeda, de uma escritura de 10 de Março de i3oi de desistência, na
qual outorgou o Conde D. Pedro com sua muliíer D. Maria Xime-
nes (i). Parece-me porem haver erro nesta data: primeiro, por-
que D. Pedro só foi conde em i3i4; segundo, porque consta ter
êle, com sua mulher D. Branca, feito doação de tudo quanto pos-
suiam em Montouto a D. Garcia Martins, grão comendador da Or-
dem do Hospital, em escambo pelo lugar de Eixo (2), e este con-
trato só poderia ter sido realizado nos anos de i3o3 a i3o6, nos
quais D. Garcia, Martins foi grão comendador (3). Mas há mais
ainda e o próprio cronista nos aponta o seu erro, tam de boa fé
andou. Na fl. 179 v. declara que D. Pedro «teve ... o officio de
Mordomo mòr da Infanta Dona Brites sua cunhada, como consta
por escritura de desistência de certas herdades, que eraõ do nosso
mosteiro da Salzeda, que já referimos». É a tal escritura de 10
de Março de i3oi, na qual outorgam o Conde D. Pedro e sua se-
gunda mulher D. Maria Ximenes; ^mas, como podia a escritura ser
do ano de i3oi e nela mencionar-se o mordomo mor da infanta
D. Beatriz, se o casamento dela só teve lugar em i3o9? Ele pró-
prio Fr. Francisco Brandão o declara (4). Todos estamos sujeitos
a erros de datas, seja ^qual for o cuidado com que procedamos, e
no fatal verso desta fl. 179 mais dois erros análogos são cometi-
dos (5). Em resultado da precedente averiguação fica evidente ter
D. Branca Peres morrido só depois de i3o4, ano em que ainda há
notícias de seu irmão D. João Peres de Sousa, e antes de 1? de
Stembro de i322, data de uma procuração geral de «dona Maria,
condessa de Barcelos», a seu marido o Conde D. Pedro, para poder
emprasar e escambar todolos herdamentos que haviam em Portu-
(i) Monarchia lusitana, V, 178.
(2) Carta de 24 de Julho de i362 (1324) de confirmação régia da sobredita troca.—
Chancelaria de D. Denis^ liv. 3.", fl. 160 v.
(3) J. A. de Figueiredo, Nova Malta, II, 35o a 352.
(4) Monarchia lusitana, VI, i32. *
(3) Afirma Fr. Francisco Brandão, no lugar citado, que a carta de confirmação régia da
doação feita a Pedro Afonso por João Soares, freire da Ordem do Templo, é de 9 de Feve-
reiro de i324, quando ela é de 9 de Fevereiro, na realidade, mas do ano de i3i4 {Chancela-
ria de D. Denis, Hv. 3.°, fl. 85). «E — continua — no primeiro dia de Mayo do próprio anno
o fez elRey Conde de Barcelos». Ora a carta de doação da vila de Barcelos, por que o
fizera conde, é de dez anos antes, de i de Maio de i3i4 {Ibidem^ fl. 86 v.).
Sousas 265
gal(i). Mandou-se D. Branca sepultar no mosteiro de S. Domin-
gos de Santarém, junto de sua mãe (2).
Pedro Afonso é o famoso Conde D. Pedro de Barcelos, presu-
mido autor do Nobiliário do Conde D. Pedro e possuidor de um
precioso Livro de Cantigas (3), no seu testamento legado a el Rei
de Castela (4). Dá-se a singularidade do testamento ser de 3o de
Março de i35o e D. Afonso XI de Castela ter morrido em Gra-
nada, uns dias antes, a 26. Como o Conde D. Pedro ainda viveu
mais quatro anos, é bem possível que tivesse derrogado a deixa e
o livro. fosse parar a outra parte.
Pedro Afonso foi havido de D. Grácia, proprietária de umas
casas a par da Sé de Lisboa nas quais seu filho veio a fundar um
hospital, e de duas tendas à porta do Ferro doadas por D. Denis,
que, por morte de D. Grácia e por carta de 22 de Agosto de i362
(i324), fez delas mercê para sempre a seu filho (5). Várias outras
doações de bens e senhorios lhe havia já feito seu pai (6), a quem
acompanhou a Aragão, em i3o4, tendo talvez então apenas avistado
sua segunda mulher, pois que a afirmativa de Fr. Francisco Bran-
dão de D. Pedro ser já ao tempo casado com D. Maria Ximenes (7)
carece de fundaniento, como mostrei. Em i3o7 era mordomo da
Infanta sua cunhada e naquela qualidade confirma uma carta, da-
tada da Atouguia a 19 de Outubro (8), por todos estes serviços e
pela afeição que lhe dedicava, criou-o el Rei seu pai conde e por
isso lhe fez doação da vila de Barcelos, por carta de i de Maio
(i) Transcrita na carta de 12 de Setembro de i36i (i323) de composição com os mo-
radores da freguesia de S. Cristóvão de Mondim. — Gaveta XV, mac. 19.», n." 53.
(2) Testamento do Conde D. Pedro, nas Provas da Historia genealógica, I, i38.
(3) D. Carolina Michaelis de Vasconcelos, Cancioneiro da Ajtida^ II, 243.
(4) D. António Caetano de Sousa, Provas da Historia genealógica, I, 1 38.
^5) Chancelaria de D. Denis, liv. 3,», fl. 1 60 v.
(6) Alem das cartas de 1289 e i3i4, já lá acima citadas, e desta de 1324, encontrei mais
as seguintes: em Lisboa, a 28 de Junho de i339 (i3oi), a Pedro Afonso, meu filho, doação
de bens em Sintra que haviam sido de Pedro Fernandes, copeiro de D. Afonso III (Chance-
laria de D. Denis, liv. 3.°, fl. i5" v.); em Lisboa, a 3 de Agosto de 1341 (i3o3), doação do re-
guengo da Asseca em Tavira {Ibidem, fl. 24 v. ; Gaveta, XV, mac. 9.», n." 20) ; em Lisboa, a
i5 de Setembro de 1344 (i3o6), doação para ele e descendentes lídimos, com reversão para
a Coroa, da terra de Gestaçô, com seus termos e jurisdições (Gaveta III, mac. i.*, n.» 5;
Gaveta XII, mac. 6.», n.» 20; Gaveta XJV, mac, 4.°, n." 2; Chancelaria, liv. 3.», fl. 52 v.; Mo-
narchia, V, 179 v.).
(7) Monarchia lusitana, V, fl. 178.
(8) Chancelaria de D. Denis, liv. 3.°, fl. 58 v.; Monarchia, VI, 119.
voi.. 1 34
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de i3i4(i). Foi o 3.° Conde de Barcelos, sucedendo no condado
a seu parente por afinidade D. Martim Gil, a quem também su
cedeu no posto de alferes mor, com o qual confirmou uma carta
de 7 de Outubro de i353 (i3i5) (2), e o qual conservou até mor-
rer (3).
Aparece-me pouco depois exercendo um serviço público, con-
forme hoje lhe chamaríamos. Gomo é sabido, em seguida às In-
quirições gerais de i328 (1290), mandou D. Denis proceder a várias
outras particulares e entre elas umas, em i355 (iSiy), no conce-
lho da Feira e delas foi encarregado o Conde D. Pedro (4). Nas
revoltas do infante D. Afonso contra seu pai el rei D. Denis, s,e-
gum o Conde D. Pedro logo de começo, em i32o, como vassalo
da casa do Infante, na qualidade de mordomo de sua mulher, o
bando do sucessor da coroa. Por esse facto foi deserdado e des-
terrado para Castela, d'onde voltou por ocasião das novas revoltas
de i322 e com o Infante esteve em Coimbra, onde se empenhou
em tratar e ultimar a sua concórdia com D. Denis. No tratado
celebrado então foi-lhe restituída a sua casa e para a comarca da
Beira passou a residir (5). No ano seguinte, a 8 de Janeiro, fez
(i) Chancelaria de D. Denis, liv. 3.°, fl. 86 v.; Monarchia^ tom. V, fl. 179 v., com a data
errada, e com ela certa, no tom. VI, pág. 208, onde transcreve toda a carta.
(2) Carta de doação das vilas e lugares de Penela e Miranda do bispado de Coimbra,
Alvito, Vila Nova com a quinta que chamam da Agua dos Peixes, e a Vidigueira, Malcabrõ,
Vilalva, Vila Ruiva, S. Cocovado e Bonalbergue a D. Isabel «minha sobrinha, filha do infante
D. Afonso meu irmão». — Chancelaria de D. Denis, liv. 3." fl. 97 v. — K a última carta regis-
tada na Chancelaria com os nomes dos confirmantes, os quais pelo braço secular foram os
seguintes : Afonso Sanches, mordomo mor, Conde D. Pedro, alferes mor, João Afonso, Fer-
não Sanches (todos quatro filhos bastardos de D. Denis), Afonso Denis, mordomo da Rainha
(filho bastardo de D. Afonso III), Martim Mendes de Berredo, D. Fernão Peres de Barbosa,
D. João Rodrigues de Briteiros, D. Gonçalo Anes de Berredo, Martim Anes de Sousa, Joane
Mendes de Briteiros, João Simõ, meirinho mor, Pêro Steves, copeiro mor, Stevam da Guarda,
eicham mor e mais os prelados, nomeados por Fr. Francisco Brandão, na Mona^chia lusi-
tana, VI, 228, onde omite os nomes dos três últimos ricos homens e errou o ofício de Pêro
Steves, pois em vez de copeiro mor leu meirinho mor, alongando-se numa explicação que
cai pela base, pois não se nomeiam dois meirinhos mores.
(3) Pelo menos ainda assim se intitula ano e meio antes de morrer, na carta de 20 de
Agosto de 1390 (i352) pela qual doou todos os seus bens de Torres Vedras e seu termo a
Pêro Stêvenz, vedor da sua casa, para acrescentamento «daquele hospital, que eu e Tareja
Anes ordinhamos em Lisboa». — Livro iP do Hospital do Conde D. Pedro, fl. 3o, no Arquivo
da Câmara Municipal de Lisboa.
(4) Livro 1.° de Direitos riais, fl. i ; Monarchia, V, fl. 184 v.
(5) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, VI,passim.
Sonsas 267
o Conde uma composição com Martim Afonso de Sousa, na qual
foi árbitro o infante D. Afonso, e por ela lhe foi sentenciado o
couto e honra de Lalim e mais os de Eixo e Daes, ficando a Mar-
tim Afonso as honras e coutos de Amarante, Barroso e outros (i).
Ainda eram restos da partilha dos bens da casa de Sousa.
Na comarca da Beira, como acima disse, passou o Conde a
residir nos seus paços de Lalim, d'onde contudo se afastou em
i336, quando rompeu a guerra entre D. Afonso IV e seu genro
D. Afonso XI de Castela. Fez então D. Pedro uma entrada por
Galiza com muitas gentes d'armas às suas ordens, talou e arrazou
quanto quis, obrigando o Arcebispo de Santiago, que pretendera
estorvar-lhe o passo, a retirar diante de suas forças (2).
Por estes tempos, já há muito, estava casado em segundas
núpcias com D. Maria Ximenes, como lhe chama um documento
abaixo citado, ou D. Maria Coronel, nome que lhe dão alguns au-
tores (3). Era ela natural de Aragão, filha de D. Ximeno Cornei
e tia de D. Pedro Cornei, senhor de Alfajarin, fidalgos muito no-
meados nas histórias daquele reino e descendentes da linhagem
dos seus mais antigos ricos homens (4). Diz-se ter ela vindo para
Portugal em 1282, por dama da rainha santa Isabel, mas não está
disso muito certo o cronista (5) e eu ainda muito menos. Em 1822,
como mostrei acima, já estava realizado este casamento que não .
foi feliz. Os génios dos cônjuges não se acomodavam e em vir-
tude disso passaram a viver apartados, primeiro ambos em Por-
tugal, depois ela no Aragão, e ele por cá, em não encoberta con-
cubinagem.
Em 14 de Outubro de i345, estando D. Pedro e D. Maria em
Coimbra, cada um deles passou sua procuração para idêntico fim;
ela assinou-a nos paços dei Rei, ele porem «em S. Domingos da
(i) Fr Francisco Brandão, Monarchia lusitana, VI, págs. 424-425.
(2) Rui de Pina, Chronica de D. Afonso IV, fl. 35; Duarte Nunes do Lião, Primeira parte
das Chronicas, fl. i5i ; Nobiliário do Conde D. Pedro, pág. 290, onde mais miudamente narra
os sucessos.
(3) Um deles foi Argote de Molina, na Noble^a dei Andalupa, fl. go, onde erradamente
diz ter ela sido a segunda mulher de D. João Afonso, i." conde de Barcelos, erro já adver-
tido na nota 3 de pág. 107.
(4) Gerónymo Çurita, Anales de la Corona de Aragon^ liv. VI, cap. vi, fl. 191 ; liv. I,
cap, xxxn, fl. 3i v., etc.
(5) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fl. 68 v., persuadido, e fl. 178, afir-
mativo.
268 Brasões
dita vila» (i). Em 1847 ^ separação já era completa. A Condessa
residia em Lisboa nos paços de Lopo Fernandes [Pacheco], senhor
de Ferreira, onde, a 1 1 de Agosto, assinou uma carta de venda
interessante. Por ela vendeu a seu marido «todo o direito que
eu hei e de direito deva de haver em todalas aquelas herdades
que vós a mim destes em arras, e em doação, e em compra de
meu corpo, e de todalas outras herdades que eu e vós havemos
nos reinos de Portugal e do Algarve». O preço estipulado foi de
três mil escudos de oiro e dobras, e mil duzentas e cinquenta libras
da moeda de Portugal, preço de que ela se deu por «bem pagada»
por o ter recebido de Pêro Coelho, cavaleiro, vassalo e procurador
do Conde (2). Na véspera fora expedida uma carta régia, autori-
zando os respectivos tabeliães, que interviessem neste contrato e
noutro análogo, a neles incluírem, sem prejuízo de validade, a
cláusula do juramento. Este diploma esclarece bem o caso. A
. el Rei, por uma parte, pelo seu nomeado procurador, declarou o
Conde D. Pedro, que êle fazia doação a «dona Maria Xhemenes,
condessa sua mulher», de todolos bens possuídos pelos cônjuges
no reino de Aragão; por outra parte veio a Condessa participar
que ela fizera doação a seu marido de todos os bens do casal exis-
tentes nos reinos de Portugal e Algarve (3). Foi a separação de
bens, porque a de pessoas já estava realizada havia muito, vivendo
o Conde nos seus paços de Lalim, onde mandou trasladar em pú-
lica forma estas cartas a 9 de Outubro de 1348, e no mesmo dia
publicá-las na vila de Crasto Rei, no adro de S. Pedro, perante
OS' juízes da dita vila. O instrumento foi mandado lavrar para ser
entregue a D. Tareja Anes, natural de Toledo, «para ajuda de seu
feito per razão daquelas cousas que êle dizia que vendera e dera
à dita D. Tareja, das sobreditas cousas conteudas na sobredita
carta de compra sobredita» (4). Esta D. Teresa Anes era a con-
cubina do Conde, com quem êle vivia maritalmente. Fr. Fran-
cisco Brandão notou o facto, mas das premissas tirou uma conse-
quência, tam conforme à moral, quanto oposta à verdade; «vivendo
ambos juntamente, e sendo os criados os mesmos, sinal hé de que
( 1 ) Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, Livro iP do Hospital do Conde D. Pedro,
fl. 54.
(2) Livro /.« do Hospital do Conde D. PedrOy fl. 28.
(3) Ibidem.
(4) Ibidem.
Sousas 269
estavam casados» (i). Não estavam nem podiam estar, porque a
condessa D. Maria vivia então no Aragão. Interveio ela também
no ajuste, muito combatido por el Rei de Castela, do casamento
da nossa infanta D. Leonor com D. Pedro IV, rei de Aragão (2).
Para este reino passou, provavelmente na armada em C[ue partiu
a Infanta, nos princípios do outono de 1347, e lá vivia quando,
em 3o de Março de i35o, o Conde D. Pedro fez o seu testa-
mento (3).
Quinze meses antes, a 7 de Dezembro de 1348, fizera Teresa
Anes o seu. Nele, em seguida, às palavras sacramentais do início,
diz ela: «eu pecador Tareija Anes, natural de Toledo, criada delRei
D. Afonso de Portugal ... e da rainha D. Briatis sa mulher . . .
faço e ordeno o meu testamento». Manda enterrar o seu corpo,
«ali hu o Conde D. Pedro tiver por bem»; institui nas suas casas
de Lisboa, que foram de D. Grácia, um hospital, ao qual lega todos
os seus prédios de Lisboa e comarca da Estremadura. Manda en-
tregar toda a sua herdaile de Toledo e a mais existente nos reinos
de Castela, a Santo. Agostinho daquela cidade, «aU hu jaz meu
padre»; e dispõe do resto dos seus bens (4). D'ali a tempos, de-
pois de D. Pedro ter feito o seu testamento, no dia 27 de Maio de
i35o, em Lalim, nos paços do Conde, na câmara de D. Tareja,
«que jazia em sa cama doente», compareceu o tabelião de Crasto
Rei e perante testemunhas tirou uma cópia do referido testamento,
que lhe foi apresentado (5). A 16 de Agosto do ano seguinte já
ela tinha morrido, como consta da escritura de doação naquele dia
feita pelo Conde D. Pedro a Pedro Esteves, vedor da sua casa,
das casas apar da Sé, que haviam sido de sua mãe D. Grácia, para
nelas êle manter os capelães e pobres do hospital lá instituído,
com os rendimentos de certos bens que lhe dera em Sintra, e com
(1) Monarchia lusitana, V, fl. 179 v.
(2) Gerónymo Çurita, Anales de Aragon^ liv. VII, cap vi, fl. 191.
(3) Provas da Historia genealógica, I, pág. 104. — Declara o Conde no testamento:
«este outorgo e hey por firme em todo para sempre, e se algum testamento, ou testamentos
que a Raynha tenha, ou a Condeça Dona Maria, ou que tevesse Lopo Fernandes [Pacheco]
... eu os revogo». — A condessa D. Maria era D. Maria Ximenes, nem podia ser outra, mesmo
porque não existia por cá mais nenhuma.
(4) Livro i.o do Hospital do Conde D. Pedro, fl. i3; Monarchia, V, fl. 182; e Provas da
Historia genealógica, 1, i33, onde é transcrito na íntegra, com os costumados e infelizmente
tam repetidos erros de leitura.
(5) Livro i.o do Hospital do Conde D. Pedro, fl. i3.
270 Brasões
os que Ji cavam de Tareja Anes, etc. (i). Foram, esta escritura e
outra, apresentadas pelo referido Pedro Esteves, em 5 de Julho de
de i354, nas casas da quinta que foi do Conde D. Pedro, para
delas lhe darem públicas formas autênticas (2); estava pois o Conde
então já morto. Consta porem que ainda vivia em 2 de Fevereiro
desse mesmo ano (3), tendo tido portanto lugar a sua morte num
dos cinco meses decorridos entre as duas datas. Foi sepultado
em S. João de Tarouca, e ao convento deixou grande parte de
seus bens (4).
Fidalgo muito rico manteve sempre uma grande casa e «houVe
os melhores vassallos que houve outro comde nem homens boÕs
dos que d'antes forom» (5). Foi homem de elevada estatura, como
se verificou posteriormente, segundo conta o cronista, neste inte-
ressante trecho:
«No anno de 1634. mudarão os Religiosos de São loão de Ta-
rouca a sepultura deste Conde da parte direita do Cruzeiro para
a nave direita da Igreja, & abrindóa por curiosidade, acharão a
armação dos ossos toda inteira: medirão o corpo com húa cana,
& constou ter de comprido quasi onze palmos & meio; a sepultura
não promettia menos corpo, porque he grande em demasia. Res-
pondia a grossura, & mais compaginação a esta grandeza: na meia
cabeça da parte direita, tinha meio barrete de cetim amarelo tos-
tado, forrado de tafetá da mesma còr, tudo mui saõ ainda; & o
cabelo desta mesma parte crecido com grande melena, & sobre ma-
neira ruivo: calçava esporas douradas, & dentro delias estavaÕ as
( i) Livro 1° do Hospital do Conde D. Pedro. fl. 3o.
(2) Ibidem. ,
(3) Neste dia assinou o Conde D. Pedro um título de confissão de dívida de 1 149 libras,
5 soldos, 9 dinheiros e mealha, a Vicente Anes Froyas. Encontra-se a escritura na fl. 55 do
cit. Livro i.o do Hospital do Conde D. Pedro^ mas por tal forma apagada, que me foi im-
possível lê-la; reporto-me a um índice anteposto ao códice, no século xvn, afigura-se-me, e
elaborado por pessoa de confiança, segundo pude apreciar pela confrontação doutras verbas
do índice com os respectivos documentos.
(4) «Item mando que toda a erdade que eu hei em Santarém, e em seus termos, que
foy de Dom Pedro Annes Portel e de Dona Constança Mendes sa molher . . . entreguem . . .
ao . . . Mosteiro de S;m Johão de Tarouca . . . e esta erdade dei eu assi e entreguei ao dito
mosteiro, porque o prometti assi a Dona Branca com que eu fui casado primeiro, onde a
dita herdade decende». — Testamento do Conde D. Pedro já citado.
(5) Nobiliário do Conde D. Pedro. — Portugaliae monumenta histórica. ScriptoreSy
pág. 290.
Sousas 271
solas do calçado inteiras de ponta aguda, como então se custumava.
Os que esiiveraõ presentes mo certihcaoaÕ cÕ miudeza» (i).
Do túmulo vê-se uma reprodução fotográfica na pág. 64 da Arte
românica em Portugal. Texto de Joaquim de Vasconcellos, com
reproducções seleccio?iadas e executadas por Maluques Abreu.
Porto. 1918.
b. Maria Peres Ribçira de quem falarei no capitulo V.
JOÃO PERES DE SOUSA foi rico homem de Portugal e nesta quali-
dade confirma na carta de confirmação do couto de Almoster em 1298, na
de certa doação à Ordem do Hospital em 8 de Junho de i3o2, no foral de
Vila Boa do Monte em i3o3 e na carta do couto de Mafra, em 20 de Feve-
reiro de i3o4 (2). Todos estes diplomas foram também confirmados por seu
pai, a quem não sobreviveu; sucedeu porem em parte da casa de sua mãe.
Foi sepultado no mosteiro de S. João de Tarouca, onde também encontraram
jazida alguns de seus parentes Sousas (3). Com este apelido e só com êle
o encontro assinando as referidas cartas.
Dizem ter éle lido um irmão do mesmo nome; não creio porém na exis-
tência simultânea de dois filhos de D. Pedro Eanes de Portel, ambos de nome
João Pérez, e nos documentos não encontro vestígios dessa existência coetâ-
nea. Suponho que morreria um antes do outro, ou que os pais mudariam
o nome ao segundo depois da morte do primeiro; ou ainda que seria só um
filho chamado primeiro João Pérez de Portel e depois, pela herança da casa
de Sousa, João Pérez de Sousa. Confesso porém, que a esta última conjec-
tura concedo a menor base, porque todos os livros antigos declaram a exis-
tência dos dois filhos.
João Carlos Feo, nas Memorias dos Duques, quis dar remédio a esta in-
verossimilhança dos dois filhos com o mesmo nome, chamando a um João
Peres de Sousa e ao outro João Peres de Portel. Foi mero capricho para
o qual não há fundamento nenhum, nem em documento, nem em nobiliário
antigo; foi só para salvar a homonímia.
João Baptista Lavanha, na sua incorrecta edição do Nobiliário do Conde
(i) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, fl. 180
(2) Ibidem, V, fls. i5i v. e 296, e VI, págs. 21 e 28. — Esta última carta foi passada a favor
dos tios de João Peres de Sousa, Maria Anes e João Fernandes de Lima, e está impressa por
inteiro no Arquivo historjco portuguez, IV, 188.
(3) Testamento do Conde D. Pedro acima citado.
272 Brasões
D. Pedro, que, se tivesse realmente sido o autor do livro, não deixaria nele
tam confusas as notícias \lêstes fidalgos seus cunhados, traz, nas págs. iSy e
i58, os dois Joões e a cada um deles assina um casamento; mas não é isso
conforme ao texto do Nobiliário. Nele lê-se: «E dona Costamça Meendez
foy casada com dom Pedro Annes Portel. . . e fez em ella Joham Pirez, e
outro Joham Pirez, e dona Bramca Pirez, e dona Maria Pirez Ribeyra. E
Joham Pirez e Joham Pirez nom ouverom semel» (i). Mais adiante diz:
«re este dom Pedre Annes foy casado com dona Orraca Affomsso . . . e ou-
verom huuma filha que ouve nome dona Aldonça Pirez que foi casada com
Joham Pirez Portell que dissemos, e nom ouverom semel» (2). Logo lá mais
adiante escreve: «e dona Samcha Martiins Baarreta que foy casada com dom
Joham Pirez Portell e nom ouverom semel» (3). Por fim, ainda lá se lé o
seguinte: «dom Pedro Anes Gago que cazou com dona Oraca Afifomso . . .
fez em ella dona Aldara Pires a qual casou com João Pires Portel o maior e
nom ouverom filhas» (4).
Isto é bem diferente, como o leitor vê, do posto por Lavanha na sua
edição do Nobiliário. Este não declara ter tido cada um dos irmãos o seu
casamento; apenas diz que um João Peres de Portel casou com fulana e
com beltrana, sem precisar se foi o mesmo ou se foram dois. Somente es-
clarece que o casado com a filha de D. Pedro Anes Gago, à qual duma vez
chama Aldonça e doutra Aldara, era o maior. João Carlos Fco, nos seus
Duques, seguiu Lavanha.
Vamos ver o que mais dizem a respeito dos dois irmãos os nobiliários
antigos.
O fragmento junto ao Cancioneiro do Colégio dos Nobres repele, quási
pelas mesmas palavras, as afirmações do Nobiliário do Conde D. Pe-
dro (5).
O primeiro Livro Velho das Linhagens diz: «E D. Constança Mendes . . .
casou com D. Pedro Annes Portel ... e fez em ella João Pires de Sousa, e
outro João Pires de Sousa, e Branca Pires, e Maria Ribeira. E deste João
Pires de Sousa, e Branca Pires sa irmã nom ficou semel nenhuma» (6). Este
já é mais exacto, pois dá aos dois o seu verdadeiro apelido, o de Sousa.
Mais adiante diz: «e Martim Fernandes Barreto foi casado com Maria
(1) Portugaliae monumcnta histórica. Scriptores, pág. 290.
(2) Supra, pág. 297.
(3) Supra, pág. 298.
(4) Supra, pág. 32 1.
(5) Supra, pág. ipS.
(6) Supra, pág. i52.
Sonsas 273
Rodrigues . . . e feje nela ... D. Sancha Martins . . . E Sancha Martins casou
com João Peres Portel, e non ouve semel» (i).
Já aqui aparece João Peres sem o apelido de Sousa e com o de Portel;
são tudo confusões.
Mais atrás, nomeando o D. Pedro Anes também sogro, segundo o Nobi-
liário do Conde D. Pedro, de João Peres de Sousa, diz: «D. Pedro Annes
Gago; este D. Pedro Annes foi casado com D. Urraca . . . e non houve delia
semel» (2).
O segundo Livro velho diz: «D. Constança Mendes, e c^asou com D. Pe-
dreanes Portel . . . e farão filhos» (3). No tempo deste ainda não tinha
nascido nenhum dos JoÕes.
Depois, falando num dos sogros atribuídos a um daqueles, diz: «D. Pe-
dreanes Gago, que casou com D. Orraca Affonso, e feje hi huma filha» (4).
De todo o exposto concluo o seguinte, podendo sem dúvida enganar-me :
existiu um João Peres de Sousa, é certo, pois que confirma em documentos
c é nomeado noutro, o testamento do Conde D. Pedro seu cunhado. Se teve
outro irmão do mesmo nome, este morreu criança e o João Peres de Sousa
mencionado nos documentos é o que casou por duas vezes, sendo o primeiro
casamento o único declarado no Livro velho das linhagens, e o segundo o
que neste não vem e a mais lhe dá o Nobiliário do Conde D. Pedro.
Casou João Peres de Sousa da primeira vez com D. Sancha Martins Bar-
reto, filha de Martim Fernandes Barreto, fidalgo português, e de sua mulher
D. Maria Rodrigues, que fora amante dei rei D. Denis. Casou da segunda
vez com D. Aldonça Peres, filha de D. Pedro Anes Gago, rico homem, go-
vernador de Trás os Montes, e de sua mulher D. Urraca Afonso, filha bas-
tarda de D. Afonso III. São os dois a quem tiraram por sentença, em 1284, ^s
bens que haviam sido do concelho da Sortelha, como já lá muito acima disse.
De nenhum destes casamentos houve descendência e em João Peres de
Sousa acabou a linha varonil dos Aboins e Nóbregas, e passou a represen-
tação da casa de Sousa a sua irmã D. Maria Peres Ribeira.
Preguntar-me-há agora o leitor, para que enxertei aqui um tam largo ca-
pítulo, e eu lhe responderei, que por três razoes:
Primeira, porque não veio fora de propósito, pois nele se tratou de uma
família, em que entrou e esteve a representação da casa de Sousa;
(1) Portugaliae monumenta histórica. Scriptores, pág. 167.
(2) Ibidem, pág, 162,
(3) Ibidem^ pág. 177.
(4) Ibidem., pág. 180.
voL. 1 35
274 Brasões
Segunda, porque D. João de Aboim foi um vulto notável da nossa histó-
ria, e a sua vida está pouco estudada (i);
Terceira, porque te quis mostrar, amigo leitor^, que eu sou quási capaz
de fazer genealogia, como ela deve ser feita; mas protesto-te não a tornar a
fazer, por ser uma maçada, em que eu fico de pior partido, pois tu saltas as
páginas, e eu tive de as escrever. E com isto vamos ao resto.
Do casamento de D. Constança Mendes de Sousa e D. Pedro Eanes de
Portel, alem dos filhos sem descendência perdurável, nasceu D. Maria Peres
Ribeira, por quem se continuou não a casa de Sousa, porque essa extin-
guiu-se, mas o apelido de Sousa, como veremos no capitulo seguinte.
V
SOUSAS DE ARRONCHES
Em D. Maria Peres Ribeira, última filha de D. Pedro Eanes de Portel e de
D. Constança Mendes de Sousa, como acima na pág. 271 ficou indicado, veio
a recair, por falecimento de todos seus irmãos, a representação da casa de
Sousa; mas simplesmente a representação. Deram seus pais a D. Maria
Peres por apehdo o de sua bisavó D. Maria Pais Ribeira (2), a Ribeirinha,
amante de D. Sancho I, revelando-nos o facto quam diferentes eram os
preconceitos d' então dos de hoje.
Casou com Afonso Denis, filho bastardo de D. Afonso III e de Marina
Pires da Enxara, e a êle fez seu pai doação, por carta de 5 de Julho de i3i6
(1278), de um herdamento no termo de Torres Vedras, onde chamam Vila
Pouca, para êle e descendentes legítimos, com reversão para a Coroa no
caso destes faltarem (3). Parece ser o mesmo «Alfonsus filius meus, quem
nutrivit Martinus Petri, clericus meus», a quem, no seu testamento de ix das
cal. de Dezembro da era de iSog (23 de Novembro de 1271), seu pai deixou
mil libras (4). Estas duas mercês são as únicas, de que encontro memória.
(i) Isto escrevia eu em 1899, hoje, sem falsa modéstia, não posso dizer o mesmo..
(2) Na primeira edição deste livro, em parte nenhuma dele, nomeei Maria Pais Ribeira,
a Ribeirinha; não podia pois ter-lhe aposto o apelido de Berredo, como nota a Senhora
D. Carolina Michaelis de Vasconcelos no vol. II do Cancioneiro da Ajuda, pág 3 18, nota 5.
Foi confusão da ilustre escritora.
(3) «Do et concedo Alfonso filio meo et Marine Petri de Eyxaraí totum illud herda-
mentum ...».— Chancelaria de D. Afonso 111, liv. i.°, fl. iSg v.; Fr. António Brandão, Mo-
narchia lusitana, IV, fl. 220 v.; Provai da Historia genealógica Vi, 191, nestas, com as cos-
tumadas incorrecções, p. ex., Turris putoribus, por Turris ueteribiis. na outra, antepondo um
D. (donno) a Alfonso.
(4) Fr. António Brandão, Monarchia lusitana, IV, fl. 285.
Sousas ' , 275
feitas por D. Afonso III a este seu bastardo (i). Entrando D. Denis a reinar,
só vinte e dois anos depois se lembrou deste seu irmão e somente para lhe
confirmar a mercê que lhe fizera a rainha D. Beatris de umas casas em Lis-
boa. A carta é de i5 de Setembro de i338 (i3oo) (2) e portanto apenas
pouco mais de um mês posterior ao falecimento da Rainha, sucedido a 7 do
precedente mês de Agosto (3). Seria disposição testamentária, mas é curioso
ela lembrar-se de um bastardo de seu marido.
No ano de i3o6 começou Afonso Denis a confirmar cartas régias na qua-
lidade de rico homem (4), continuou em i3o7, a 19 de Dezembro, na Atou-
(i) D. António Caetano de Sousa, genealogista cortesão, trata no tom. XII da Historia
genealógica, pág. 2170 segs., de Afonso Denis a quem atribui o título de dom, com que não
aparece em nenhum documento, e afirma ter sido a ele feita, por carta de 12 de Maio de
i3io (1272), mercê de 20.000 libras. Esta mercê, que se encontra registada no liv. i." da
Chancelaria de D. Afonso III, ^. 114 v,, não foi feita ao filho bastardo, mas sim ao legítimo,
o infante D. Afonso. Alem disso ainda nos vem afirmar, na pág. 222, haver êle com aquelas
libras comprado depois o senhorio da Póvoa de Salvador Aires; é porém pura fantasia,
sem base documental, nem tradicional. Mais estranho ainda é o que se encontra escrito
na pág. 245, a respeito da futura sogra de Afonso Denis : «Constança Mendes de Sousa, diz
êle, que casou com D. Pedro Annes de Aboim, Senhor de Portel, Leiria e Cintra.» Dá-se
porém o caso curioso de D. Pedro Anes nem se ter chamado de Aboim, nem ter sido senhor
nem de Portel, nem de Leiria, nem de Sintra. Não é por gosto que venho desmerecer na
obra do Padre Teatino, na qual há algumas coisas boas, sem dúvida; mas para varrer a
minha testada, pois como ainda existe gente que confia na crítica e processos históricos de
D. António Caetano de Sousa, tenho de lhe notar os erros quando em oposição às minhas
afirmações. Mas não insistirei mais, deixando aqui esta advertência geral para casos idên-
ticos futuros.
Não obstante quero consignar ainda a lástima, que a mim e a todos os estudiosos de
história pátria causa a falta absoluta de conhecimentos paleográficos de D. António Caetano.
Os documentos por êle reunidos nos seis tomos das Provas seriam um manancial de infor-
mações preciosas, se neles pudéssemos confiar; infelizmente porém assim não sucede e a
confrontação das cópias impressas, com os originais ainda existentes, dá-nos exuberante
prova da incorrecção daquelas. Nesta parte o mal remedeia-se, mas com respeito aos
documentos desaparecidos, aos do cartório da Casa de Bragança, p. ex., destruídos pelo
terremoto, i como poderemos utilizá-los confiadamante ? De modo nenhurti. Esta mancha
na obra do padre Sousa é bem conhecida de todos os profissionais (seja-me permitido cha-
mar-lhes assim) de investigação histórica, mas ainda ficam os curiosos, em grande número,
infelizmente.
A parte interessante da obra de D. António Caetano é toda a relativa aos sucessos pos-
teriores à narrativa do Conde da Ericeira, no Portugal restaurado. Essa parte á muito
aproveitável, dando, é claro, o desconto à crítica eivada de cortesanice do autor.
(2) Chancelaria de D. Denis, liv. 3.", fl. 10 v.
(3) Figanière, Memorias das Rainhas, pág. i3i.
(4) Em Lisboa, a 22 de Julho, em Santarém, a 27 de Novembro, e em Coimbra, a 10 de
Dezembro. — Chancelaria de D. Denis, liv. 3.", fl. 3o v., 5i e 5i v.
276 Brasões
guia(i), sempre porém sem designação de nenhum cargo, até que, em carta
de 7 de Outubro de i3i5, aparece intitulado mordomo da Rainha (2). Pou-
cos anos antes, por carta de 24 de Abril de 1848 (i3io), fizera-lhe seu irmão
D. Denis mercê de escusar de hoste, fossado, foro e toda peita aos povoado-
res e moradores da Póvoa de Salvador Aires, herdade de Afonso Denis (3).
Dele apenas sei mais que já estava substituído na mordomia da casa da Rai-
nha, provavelmente por ser falecido, em 22 de Dezembro de 1375 (i337), no
auto de aprovação do testamento dela, pois entre as testemunhas aparece
nomeado «Gonçalo Pérez Ribeiro, mordomo mor da dita Raynha Dona Isa-
bel» (4). Sua mulher ainda era viva neste ano, pois tendo sua tia D. Maria
de Aboim feito o seu testamento a 3o de Julho, nêle lega cem libras a «dona
Maria Ribeyra mha sobrinha» (5). Do seu casamento com Afonso Denis nas-
ceram estes filhos:
i.° — Pedro Afonso de Sousa foi o primogénito, segundo o Nobiliário do
Conde D. Pedro (6), a quem sigo, pois que o argumento apresentado por
D. António Caetano de Sousa da casa de Sousa se ter conservado em
seu irmão Diogo Afonso de Sousa, devendo portanto ser este o primogé-
nito (7), não tem força nenhuma por assentar em base errónea. Mandado
por D. Afonso IV, durante o cerco por ele posto a Badajoz em i336, aco-
meter Vila Nova da Barcarrota foi completamente desbaratado, dando o
siflcesso lugar a ser levantado o referido cerco 1^8). Passou depois para Cas-
tela e foi o progenitor dos Sousas de Fernan Nuííez, dos quais foram chefes
os condes de Arenales, marqueses de Guadalcasar, com ramificações em
Espanha, e, segundo se diz, com uma linha que existiu em Benavente. Os
descendentes espanhóis deste Pedro Afonso usaram das seguintes armas:
franchado -de vermelho e prata, no vermelho castelo de oiro, na prata as
quinas do reino (9).
(i) Chancelaria de D. Denis^ liv. 3.», fl. 58 v.
(2) Veja-se lá atrás na pág. 266, nota 2, onde vêem mencionados todos os confirmantes
desta carta.
(3) Chancelaria de D. Denis, liv. 3.°, fl. 72 v.
(4) Figanière, Memorias das Rainhas, pág. 289.
(5) B. João de Aboim, cit., pág. 186 do Archivo histórico portuguez, ou melhor, por
ser transcrição do original, na pág. 179 do Livro dos bens de D. João de Portel.
(6) Portuga liae monumenta histórica. Scriptores, pág. 291. ff
(7) Historia genealógica, XII, 597.
(8) Rui de Pina, Chronica de D. Afonso IV^ fl. 35-36; Duarte Nunes de Lião, Primeira
parte das Chronicas, ú. i5i-i52.
(9) Descripcion genealógica y historial de la ilustre Cása de Sousa, Madrid, 1770, 4.",
pág. 259.
Sousas ' 277
2.*' — Rodrigo Afonso de Sousa, rico liomem, serviu de testemunha na
procuração passada, em 6 de Março de iSgg (i36i), por el rei D. Pedro I a
D. Fr. Martim do Avelar, mestre de Avis, para tratar de tréguas ou pazes
com D. Pedro IV de Aragão (i). Teve dois filhos bastardos: Gonçalo Ro-
drigues de Sousa e Fernão Gonçalves de Sousa. Gonçalo Rodrigues foi se-
nhor de Mafra, Ericeira e Enxara dos Cavaleiros por compra de D. Maria
Teles, e alcaide mor de Monsaraz. Em 1884 passou-se para Castela e, sen-
do-lhe por esta traição confiscados todos seus bens, foi a vila de Monsaraz
doada a Mem Rodrigues de Vasconcelos, por carta de 24 de Setembro, e os
seus bens móveis, por outra do dia seguinte, ifcFernão Gonçalves da Amei-
xoeira (2); as vilas de Mafra, Ericeira e Enxara regressaram ao filho de
D. Maria Teks, o mestre de Cristo D. Lopo Dias de Sousa. Gonçalo Ro-
drigues foi progenitor de um ramo ilegítimo de Sousas, no qual há muito se
extinguiu a varonia. Seu irmão Fernão Gonçalves de Sousa foi senhor de
Vila Boim, por carta de 14 de Julho de 1374, sendo já alcaide mor de Portel
desde 9 de Junho de i368; tudo porém perdeu por seguir o partido caste-
lhano, tendo-se visto obrigado a entregar o castelo e marchar para o exílio
em fins de i38z|.(3j. Nada mais sei dele.
3.° — Diogo Afonso de Sousa de quem tratarei adiante.
4." — Garcia Mendes de Sousa, contemplado em i337 com um legado
de duzentas e cinquenta libras, no testamento de sua lia D. Maria de Aboim,
dizem ter sido prior da Alcáçova de Santarém.
5.** — Gonçalo Mendes de Sousa foi contemplado por sua tia com igual
legado e é esta a única notícia positiva que dele tenho. Dele pretenderam,
sem fundamento, deduzir por linha feminina os Sousas de Toledo (4).
Diogo Afonso de Sousa foi criado por sua tia D. Maria de Aboim, irmã
de seu avô D. Pedro Eanes de Portel. No seu testamento, feito em 3o de
Julho de i337, deixa-lhe ela um legado importante : «a Diago affonso meu
criado as mhas vilas de Mafara E da Eyricejra asy como mhas deu El Rey
E lhe Eu ia delas fiz doaçÕ» (5).
Não resisto a transcrever, para mostrar os processos de investigação his-
tórica de D. António Caetano de Sousa, o que êle diz deste Diogo i^onso
( 1 ) Visconde de Santarém, Corpo diplomático portugue^, I, 3 1 7.
(2) Chancelaria de D. João /, liv. i.°, fls. 39 e 64.
(3) D. João de Abotm, cit., págs. i54 e 169.
(4) Descripcion de la ilustre Casa de Sousa^ cit., pág. 24 r.
(5) D. João de Aboim, cit., pág. 1S6, e melhor no Livro dos bens de D. João de Portel*
pág. 179-
278 Brasões
de Sousa: «veyo elle a succeder em toda a grande Casa de seus pays, e
avós: porque foy Senhor da Povoa, de Salvador, Ayres, e outras terras, Se-
nhor de Mafra, Ericeira, e Enxara dos Cavalleiros, por Doaçaõ que lhe fez
sua tia D. Maria Annes de Aboim . . . que foy Senhora destas terras; e naÕ
tendo filhos de seus dous maridos . . . fez o seu Testamento em 3o de Julho
de iSSy, e deixou os seus bens a sua sobrinha Dona Maria Paes Ribeira, e
a seus filhos, dos quaes veyo a ser successor universal Dom Diogo Affonso de
Sousa» (i). Quem ler isto e vir citado o testamento de D. Maria de Aboim
há de supor que D. António Caetano tirou as suas afirmações daquele do-
cumento, pois nele, para o caso, lê-se isto: «E arredóós todos tã bé a dita
Dona Maria Ribeyra come os ditos seus filhos E todolos outros, meos paretes
de Todolos outros meus béés saluo daquelo q lhes E,u mãdo é este meu Tes-
taméto». O que lhes mandou dar no seu testamento, foram os legados em
dinheiro, acima especificados, e o das vilas de Mafra e Ericeira. Além disso
também é curioso como da Póvoa de Salvador Aires, uma herdade de Afonso
Denis, da qual não subsistem vestígios nenhuns, se fazem três povoações di-
versas. Fraquezas de genealogista cortesão. Toda a preocupação de D. An-
tónio é fazer crer que os bens da casa de Sousa, como ele lhe chama, foram
passando de geração em geração até chegarem a D. Maria Pais Ribeira e a
seu filho Diogo Afonso. Assim porém não sucedeu, porque a parte dos re-
feridos bens, que em partilha coube a D. Constança Mendes de Sousa, mu-
lher de D. Pedro Eanes de Portel, passou a sua filha D. Branca e desta, por
falecimento de seu único filho, a seu viúvo, como acima ficou dito. Maria
Peres, irmã de D. Branca, nada dela herdou.
Foi Diogo Afonso de Sousa sepultado na igreja de Santo André de Mafra,
onde lhe puseram este epitáfio: Aquijai D. Diogo de Sousa, Senhor que for
desta Villa, e se passou em Coimbra a j8 de Novembro da Era de 1882 (2).
E ano do Nascimento de 1844. Da inscrição já em 1879 não foram encon-
trados vestígios (3). No dia 5 de Outubro de 1914 estive na arruinada igreja
de Santo André, vi os túmulos de D. Diogo e de sua mulher, colocados de-
baixo do coro à direita entrando, e chegados à parede. Em nenhum deles
existe inscrição; mas pode ser que ela tivesse sido gravada nalguma lâmina
de pedra colocada na parede da capela mor, onde se diz "que os sepulcros
(i) História genealógica^ tom. XII, págs. 262 e 263.
(2) Manuel de Sousa iMoreira, Theatro histórico, genealógico^ y panegírico: erigido a
la Immortalidad de la ... Casa de Sousa, pág. 386. — Este livro é obra reduzida do ms. Re-
lação da Família de Sousa da Casa dos Condes de Miranda, de Gaspar Alvares de Lousada,
segundo afirma D. António Caetano de Sousa, na Hist07-ia genealógica, XII, 219.
(3) Estácio da Veiga, Antiguidades de Mafra, pág. 67.
Sonsas 279
tiveram primitivamente o seu lugar. No de D. Diogo estão esculpidos na
frente três escudos d'armas e mais dois nos topos, todos iguais, com as ar-
mas dos Sousas, assim: esquartelado: no I e IV as quinas do reino, com
os escudetes dos flancos apontados ao do centro; no II e III a caderna de
crescentes.
D. Diogo Afonso de Sousa casou com D. Violante Lopes Pacheco, viúva
de Martim Vasques da Cunha, 6.° senhor da Tábua, e filha de Lopo Fernan-
des Pacheco, senhor de Ferreira, e de sua primeira mulher D. Maria Gomes
Taveira. Sucedeu D. Violante a seu marido no senhorio das Vilas de Mafra
e Ericeira, talvez por elas terem sido doadas conjuntamente aos dois cônjuges
por D. Maria de Aboim. Privada temporariamente do senhorio das suas
vilas, foi-lhe porem novamente confirmada a jurisdição delas por carta de 12
de Agosto de i362, mas pouco tempo a usufruiu pois que, por carta de 17
de Abril de i365, foi o senhorio de Mafra confirmado, por seu falecimento,
a sua filha D. Branca de Sousa (i). Alem dela, foram também filhos de
D. Diogo Afonso e de D. Violante Lopes, Álvaro Dias de Sousa e Lopo Dias
de Sousa.
Álvaro Dias, sendo já casado com D. Maria Teles, teve de se expatriar
para fugir ã sanha de D. Pedro I por ser o amante preterido da dama por
el Rei requestada; no exílio morreu antes de Abril de i365. Seu irmão Lopo,
que tivera também de fugir com êle, foi mais feliz, pois que ainda regressou
ao reino depois da morte de D. Pedro. Bem recebido de D. Fernando, que
lhe deu em i368 a alcaidaria mor de Chaves, achava-se três anos depois,
provavelmente por morte da irmã D. Branca, de posse das vilas de Mafra e
Ericeira conjuntamente com seu sobrinho do mesmo nome (2).
Este sobrinho era Lopo Dias de Sousa, filho de Álvaro Dias de Sousa e
D. Maria Teles. Por falecimento do mestre de Cristo D. Nuno Rodrigues
Freire fez a rainha D. Leonor dar o mestrado daquela Ordem ao filho de
sua irmã, o qual ainda era então de menor idade (3). Vem a notícia desta
mercê entre várias outras no capítulo relativo ao casamento de D. Leonor
com el Rei D. Fernando, mas do facto não se deve inferir forçosamente que
todas elas sejam do ano de 1372, o do enlace; algumas são posteriores.
Tanto na data da investidura de D. Lopo Dias no mestrado de Cristo, como
na de seu sucessor o infante D. Henrique, existem há muito dúvidas ainda
hoje não esclarecidas mesmo depois da publicação de dois livros, onde elas
(i) D. João de Aboim, cit., págs. i63 e 164.
(2) Ibidem.
(3) Fernão Lopes, Chronica de D. Fernando, págs. i()i e 342.
28o Brasões
deveriam vir resolvidas ou pelo menos aclaradas (i). Neste estado terei de
as deixar pois não me compete escrever aqui a história da Ordem, não obs-
tante, socorrendo-me do melhor guia, direi o que este nos ensina a tal res-
peito.
Por alvará de i6 de Dezembro de i56o foi encarregado o dr. Pdr' Alvares
[Seco], do desembargo dei FÍei, de compilar os livros das escrituras da Ordem
de Cristo. Desempenhou-se da tarefa e pôs à sua compilação o título de
Lhiro dos sumários das scrittiras da ordem de nosso snor jesu christo pola
ordenança e situação em que as ditas escrituras cõ os mesmos sumários
pão scritas no liuro q delias mãdou fa\er ElRey dom Sebastião, etc. (2).
Desta obra e do seu autor diz Fr. Francisco Brandão: «Tudo dispôs Pedro
Alvares Seco com notável clareza, e trabalho incansável,, que entendo ser a
escritura desta qualidade mais bem digesta que ha em Espanha, e a não lhe
dar Deos particular talento para tal occupação, parece impossível poder con-
cluir com perfeição obra tão dilatada, e trabalhosa» (3). Ora, a propósito
de D. Lopo Dias, afirma o dr. Seco haver êle sido nomeado mestre quando
era moço de doze anos e, por esse facto, ter só sido confirmando ao atingir a
idade perfeita, pelo papa Bonifácio IX, e portanto entre os anos de íSSg e
1404, os do seu pontificado. Quanto à investidura averigua-se isto; quanto
à morte, apura-se o seguinte. Já no ano do Nascimento de 1420 era mestre
o infante D. Henrique, «e por escrituras que se acharão no livro novo pa-
rece claramente que o dito dom Lopo Dias faleçeo des o ano. . . de 1416. ate
o anno de 1420. E a certeza do anno em que faleceo e em que foi feito
Mestre o... Iffante ategora o não achei pêra. o poder çertifiquar» (4).
Foi mandado sepultar pelo infante D. Henrique, na igreja do convento
de Cristo em Tomar, em rico sarcófago, com a sua imagem de vulto de
tamanho natural deitada sobre a campa, colocado na parede da parte do evan-
gelho Junto da porta, posteriormente tapada, da sacristia velha. Esta sepul-
tura mandou depois D. João III trasladar para a parede da direita da capelinha
de Nossa Senhora, por baixo da torre dos sinos, e por a estátua jacente aí
não caber, se meteram os ossos em menor túmulo, na frente do qual se mandou
gravar uma cópia do letreiro antigo (5).
O epitáfio não transcreverei, porque se encontra reproduzido em muita
(i) Vieira Guimarães, A Ordem de Christo, Lisboa, 1901; Marrocos e três mestres da
Ordem de Cristo, Coimbra, 1916.
(2) Torre do Tombo; Christo^ B-51-14.
(3) Monarchia lusitana, VI, 281.'
{4) Livro dos summarios, cit. fl, 27 v.
(5) Ibidem.
Sousas 281
parte (i). Nele avulta o êrro da data da morte do mestre D. Lopo Dias,
pois a põe no dia 9 de Fevereiro da era de Cristo de 1435, quando êle já
estava morto muito antes. Para se entender ser a era de César, também
não acerta, porque então dava o ano do Nascimento de iSgy, ao qual o
Mestre sobreviveu. Na reprodução do brasão também houve, segundo me
parece, pouco escrúpulo, pois o escudo, igual ao do avô, tem os escudetes
das quinas todos postos a direito, como se usava nos tempos de D. João 111.
Nas crónicas de D. João 1 de Fernão Lopes e de Gomes Eanes de Azu-
rara encontra-se larga menção das acções do mestre D. Lopo Dias de Sousa,
que não casou, por isso ser então defendido aos comendadores das ordens
militares, mas teve muitos filhos bastardos. Um deles foi D. Leonor Lopes
de Sousa, a quem seu pai, designando-a por sua parenta e criada, fez doação,
por escritura de 2 de Março de iSgS, em casamento com Fernão Martins
Coutinho, dos lugares de Mafra, Ericeira e outros. Aos descendentes destes
cônjujes, os Marqueses de Ponte de Lima, veio ultimamente a pertencer o
senhorio de Mafra (2).
Outra filha bastarda do Mestre de Cristo foi D. Isabel de Sousa e dela
provêem os Sousas do Calhariz, duques de Palmela. Casou D. Isabel, antes
de 10 de Abril de 1460, com Diogo Lopes Lobo (3), 3." senhor de Alvito, e
dele teve três filhos todos mortos em vida de seu pai, pelo que foi a este con-
cedido, por cartas de 22 de Julho e 11 de Setembro de 1470, poder sua filha
maior D. Maria de Sousa suceder-lhe no senhorio de Alvito, Vila Nova, Ri-
beira de Nisa, Aguiar e Oriola, tudo de juro e herdade, sendo ela já então
casada com o dr. João Fernandes da Silveira, regedor da Casa da Suplica-
ção (4). Foram os 1.°' Barões de Alvito por carta de 27 de Abril de 1476,
passando d'então em diante o dr. João Fernandes a chamar-se D. João da
Silveira, e a êle, por carta de 6 de Outubro de 1488, foi feita mercê do dom
para seus filhos (5).
Dos Barões de Alvito foi filho segundo D. Felipe de Sousa. Casou com
D. Felipa da Silva com quem fez testamento de mão comum em 25 de Julho
de i5i6, instituindo nele o morgado de Monfalim no termo de Torres Vedras.
(i) Sousa Moreira, Theatro histórico^ em frente da pág. 494; P.^ Sousa, Historia genea-
lógica^ XII, 287; Arte portuguesa, pág. 36, a melhor de todas as reproduções, etc.
(2) D. João de Aboim, cit. págs. i65 e 167.
(3) Por carta da referida data foi confirmada uma tença de 20.000 reais pelas 2 000 co-
roas por Diogo Lopes Lobo prometidas em casamento a D. Isabel de Sousa. — Chancelaria
de D. Afonso V, liv. 34.», fl. 58 v.
(4) Chancelaria de D. João II, liv. 6.», fl. 127.
(5) Ibidem, liv, ig.», fl. 14(3.
voL. 1 36
282 Brasões
Ela ara filha de Gil Vaz da Cunha, senhor da quinta do Calhariz no termo
de Cezirnbra, a qual lhe havia sido aforada pela igreja de S. Mamede de
Lisboa c lhe foi confirmada por D, Manuel, em 4 de Maio de i5oi (i). Veio
a quinta a pertencer aos descendentes de sua filha D. Felipa.
D. Felipe de Sousa foi progenitor da casa dos Sousas do Calhariz, condes
de Palmela em 11 de Abril de 1812, marqueses da mesma vila em 3 de
Julho de 1823, e finalmente duques de Palmela em i3 de Junho de i833, tí-
tulo em que foi mudado o de duque de Faial, concedido em 4 de Abril do
mesmo ano ao chefe da casa, o bem conhecido e considerado homem de Es-
tado, que se chamou D. Pedro de Sousa Holstein. Em primogénitos, ou em
filhos segundos da casa de Palmela, tem havido estes títulos: conde de Ca-
lhariz, 3 de Julho de 1823, marquês de Faial, i de Dezembro de 1834, mar-
quês de Sousa Holstein, 3 de Setembro de i855, marquês de Monfalim, 9 de
Agosto de 1861, e marquês de Cezimbra, 3 de Fevereiro de 1864. Todos
estes títulos estão actualmente (1920) extintos, menos os de marquês de Faial
e de Sousa Holstein.
As armas dos duques de Palmela são as dos Sousas de Arronches, es-
quarteladas das armas do reino, e de vermelho com uma caderna de cres-
centes de prata. Agora, neste ano de 1900, numas obras que os Duques
mandaram fazer no seu palácio do Rato, puseram sobre a porta de entrada
um enorme pedregulho com as armas da casa, mas erradas.
Em heráldica o tracejado no campo, ou nos móveis do escudo, não é in-
diferente, pois serve para designar os esmaltes. O tracejado que está no II
e III quartéis das tais armas indica para o campo a cor púrpura, quando ela
deve ser a vermelha. O canteiro achou monótona, pouco artística, a repetição
do mesmo tracejado, e variou do I para o II quartel. Caprichos de artista.
(i) Chancelaria de D. Manuel, liv. 6.°, fl. 44. — Por este documento consta haver a
quinta do Calhariz pertencido a Pedr'Eanes Lobato (o que foi governador da Casa do Cível)
e tê-la ele, no seu testamento, vinculado a uma capela fundada na igreja de S. Mamede de
Lisboa. Fora a quinta aforada em três vidas a um criado do infante, D. Fernando, mestre
Joane, que a deixou muito danificada, alem de ficar devendo grande dívida de foros. Con-
vieram então a viúva e os filhos com o provedor, procurador e confrades, e com o juiz do
cível, especialmente delegado pelo testador para intervir nos assuntos relativos á capela,
encampar o praso e aforá-lo de novo a Gil Vaz da Cunha, com a condição dele pagar a dí-
vida dos foros, na importância de 20.000 e tantos reais. Vinte e um anos depois deste acordo,
havendo já Gil Vaz gasto muito dinheiro na quinta, onde fizera uma casa, que lhe custara
bem 200.000 rs., metera baceladas, que podiam dar 3o ou 40 pipas de vinho, esmoitara her-
dades, que levariam sete moios de semeadura, e fizera pomares e outras muitas bemfeitorias»
veio pedir a el Rei lhe garantisse as despesas feitas. Foi-lhe então passada a referida carta
de 4 de Maio de i5oi, pela qual, além de se lhe confirmar o aforamento, foi dispensada qual-
quer determinação do regimento das capelas contrária ao praticado.
Sotísas 283
Doutro brasão também usaram os Duques de Palmela: dois escudos a
par: o primeiro das referidas armas dos Sousas; o segundo esquartelado: o
I de azul, cruz potentéa de oiro (Teixeira); o lí esquartelado: o i.° e 4.*' de
oiro, águia de púrpura, linguada de vermelho, o 2.° e 3.° enxequetado de
oiro e negro de sete peças em faxa e oito em pala, bordadura de todo o
quartel de vermelho, carregada de oito SS de prata (Sampaio); o III de oiro
seis minguantes de azul (Amaral); o IV de azul cinco flores de lis de oiro
(Guedes). Coroa de duque com barrete de par do reino à inglesa. Divisa:
VERITATEM REGIBUS.
As armas do segundo escudo são as do Conde da Póvoa, de quem a casa
de Palmela herdou a grande fortuna.
A mais duas filhas bastardas do mestre D. Lopo Dias de Sousa me refe-
rirei, por delas terem tomado o apelido alguns de seus descendentes. Cha-
maram-se D. Violante de Sousa e D. Branca de Sousa.
D. Violante casou, precedendo contrato de dote e arras de 8 de Maio de
1428, a 9 de Julho confirmado por el Rei (i), com Rui Vasques Ribeiro,
2.° senhor de Figueiró, filho ilegítimo dè Rui Mendes de Vasconcelos,
i.** senhor de Figueiró. Daqueles cônjuges foi filho e sucessor João Ro-
drigues Ribeiro, 3." senhor de Figueiró, de quem se derivaram duas linhas
de Vasconcelos; na primogénita, deduzida de Rui Mendes de Vasconcelos,
4.'' senhor de Figueiró, manteve-se o apelido de Vasconcelos; na segundo-
génita, proveniente de Pêro de Sousa Ribeiro, i.** alcaide mor de Pombal,
obliterou-se durante quatro ou cinco gerações o apelido originário, que
só tornou a aparecer em Francisco de Vasconcelos, 5.® alcaide mor de
Pombal, e em seu irmão João Rodrigues de Vasconcelos, 2.° conde de Cas-
telo Melhor e 6.° alcaide mor de Pombal. Foi progenitor dos mais condes
e depois marqueses de Castelo Melhor, os quais ao apelido de Vasconcelos
juntaram o de Sousa, em recordação de D. Violante, a bastarda do Mestre
de Cristo.
Do 3.° senhor de Figueiró também foi filho D. Diogo de Sousa, arcebispo
de Braga, ainda hoje com veneração recordado na capital da sua arquidiocese.
D. Branca de Sousa, a última das bastardas de D. Lopo Dias de Sousa,
Mestre de Cristo, a que me referirei, foi criada de D. João I e já era casada
em Maio de 1481 com João Falcão, cavaleiro da casa do infante D. Pedro (2).
( i) Chancelaria de D. João 1, liv. 4.', fl. 63.
(2) Carta de i de Maio de 143 1 de «m conto e 5o.ooo libras de tença por 3.ooo coroas
de oiro que D. João I lhe prometera em casamento. Foi confirmada por D. Duarte a 19 de
284 Brasões
Foi alcaide do castelo de Mourão e por canas de 24 de Novembro de 1433
e de 4 de Março de 1438 foi-lhe feita mercê das rendas riais de Elvas, com
o serviço novo dos Judeus (i), e dos direitos de Mourão, também com o ser-
viço dos Judeus e Moiros do lugar (2). Já era falecido em i de Abril de
1452 (3), e por dois dos filhos havidos de sua mulher foi progenitor dos Fal-
cões, alguns dos quais usaram também do apelido de Sousa. Entre os seus
descendentes tem bastante nomeada seu bisneto Cristóvão Falcão, o poeta da
égloga Crisfal, na opinião de muitos.
Filhos bastardos legitimados, havidos em Leonor Ribeira, teve o Mestre
de Cristo dois: Lopo t)ias de Sousa e Diogo Lopes de Sousa (4). Apesar
porém de na carta de legitimação eles aparecerem por esta ordem, é certo
haver Diogo Lopes sido o «filho maior», como declara o documento a seguir
apontado.
No verão de 1398 pôs D. João I cerco à cidade de Tui e nela entrou no
dia 26 de Julho, segundo refere a sua crónica. Logo no dia seguinte mandou
expedir uma carta notável, datada do «arraial a par da nossa cidade de Tuy»,
pela qual constituiu a moderna casa de Sousa. Diz o diploma, livremente
extractado: «Fazemos saber que por as maldades e traições, que contra
nós e contra nossa pessoa e coroa de nossos reinos cometeu Egas Coelho,
sendo nosso vassalo e natural, em contratando e induzindo alguns cavaleiros
e escudeiros do nosso senhorio, que se levantassem contra nós com algumas
nossas fortalezas, e se fossem para nosso adversário de Castela,... e porque
outrosim veio por vezes com nossos inimigos de Castela a nossa terra, aju-
dando-os a fazer em ela guerra crua de fogo e de sangue. . .». Este Egas
Coelho, aliado agora dos Castelhanos, é o mesmo que em i385 ajudara a
desbaratá-los na gloriosa batalha de Trancoso ! Por estas «traições e mal-
dade», continua a dizer a carta, foram-lhe todos seus bens confiscados; agora
porém «vendo e consirando os muitos serviços de D. Fr. Lopo Dias, mestre
Junho de 1434, e por D. Afonso V a 8 de Abril de 1439 e a 18 de Dezembro de 1450. —
Chancelaria de D. Afonso V, livs. i8.°, fl. 5y v., e 34.», fl. 16 v.
(i) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.°, fl. 1 1 v.
(2) Transcrita na de confirmação de 28 de Dezembro de 1450. — Chancelaria de
D. Afonso V, liv. 34», fl. 17.
(3) Carta desta data de doação a Álvaro de Moura, fidalgo, em sua vida, da renda do
genesi de Évora e povoações adjuntas, em casamento com D, Branca, filha do havia pouco
falecido João Falcão. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 12.", fl. 28 v.
(4) Carta de legitimação de 3 de Janeiro da era de 1436, ano do Nascimento de i3q8
{Chancelaria de D. João 1, liv. 2.0, fl, 167). ' Por esta carta também foi legitimada D. Maria
de Sousa, futura condessa de Marialva pelo seu casamento.
Sousas 285
da Ordem de Cristo, e os que entendemos de receber de Diogo Lopes de
Sousa, seu filho maior», faz-lhe doação para sempre de todos os bens de
Egas Coelho, convém a saber: «a vila de Miranda e de Podentes, Germelo,
Folgosinho, julgado de Vouga, com todas as suas rendas, direitos e jurisdi-
ções. . . dos bens de Leiria e de todolos outros do dito Egas Coelho», e ainda
mais do lugar de Nelas, que havia sido de D. João Afonso Telo, 6.*^ conde
de Barcelos. Estabelece a sucessão para o filho maior legítimo e, não havendo
descendência varonil, fiquem os bens a seu irmão Lopo Dias, etc. (i).
Possuiu também a alcaidaria mor de Arronches, segundo se depreende
da carta de i5 de Março de 144 1 de fronteiro daquela vila (2) e doutros
documentos posteriores. Transmitiu-a a seus descendentes, aos quais da
posse deste castelo, onde fixaram residência, se deu a designação de Sousas
de Arronches. A alcaidaria passou a seu filho Álvaro de Sousa e a seu
neto Diogo Lopes de Sousa, a quem foi confirmada por carta de 18 de No-
vembro de 147 1 já citada. A este seguiram-se os seus descendentes e suces-
sores no senhorio de Miranda e mais bens da casa.'
Diogo Lopes de Sousa, o primeiro, mordomo mor dei rei D. Duarte, já
exercia o ofício em 21 de Maio de 1484, quando lhe foi confirmada a doação
(i) Chancelaria de D. Duarte^ liv. i.°, fl. 58 v., transcrita na carta de confirmação de
21 de Janeiro de 1434. — Não encontrei a carta da primitiva doação registada na Chancelaria
de D. João I, onde contudo, na fl. 154 do liv. 2.", aparece outra análoga, datada porem de
i5 de Julho de 1435 (iBgy) e portanto do ano precedente. Neste diploma a doação é feita
directamente a Diogo Lopes de Sousa, «nosso criado», em morgado, para todos seus des-
cendentes em linha direita, sem exclusão de filhas. Qual o motivo por que posteriormente
se reformou, ignoro.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 2 3.", fl. 22. — No lugar indicado encontra-se o re-
gisto de uma carta pela qual Diogo Lopes de Sousa, do conselho, mordomo mor e alcaide
mor da vila de Elvas, foi nomeado seu fronteiro. Dada a oarta em Lamego, a i5 de Março
de 1441. A seguir notaram apenas outra tal carta de fronteiro de Arronches, expedida na
mesma data. Deverá depreender-se que, assim como Diogo Lopes foi nomeado fronteiro
de Elvas, sendo alcaide mor do seu castelo, também seria nomeado fronteiro de Arronches
por ser alcaide mor do seu castelo. Na-carta de 18 de Novembro de 147 1, de confirmação
da alcaidaria mor de Arronches a seu neto Diogo Lopes de Sousa, declara el Rei que «o
damos por alcaide mor do nosso castelo de Arronches, assim como o de nós tinha Al^varo
de Sousa seu pai, que se ora finou» {Chancelaria de D. João II, liv. 12.°, fl. t38, transcrita
na de nova confirmação), d'onde se vê ter Álvaro de Sousa também possuído aquela alcai-
daria. João Carlos Feo, nas Memorias dos Duques, pág. 182, confundindo este Diogo Lopes
de Sousa com o neto do mesmo nome, declara que ele foi alcaide mor de Arronches «por
escambo que fez com Ruy Mendes Cerveira, confirmado em 8 de Março de 1441 pelo Infante
D. Pedro». Não cita a fonte, conforme um deplorável costume que lhe servia para envolver
o suposto no provado, e eu não encontrei o registo da confirmação do tal escambo, que na
verdade poderia ter tido lugar pois é certo ter Rui Mendes Cerveira possuído a alc;iidaria.
286 Brasões
dos bens de Egas Coelho (i). Continuou servindo a D. Afonso V no -mesma
cargo, sendo depois de seu falecimento substituído por seu filho Álvaro de
Sousa, que já era mordomo mor em 1460 (2). Perderia ele, se não fosse já
falecido, o ofício e a casa em virtude do crime de bigamia, provado e jul-
gado. Constitui este facto um escândalo de corte interessante de registar.
Álvaro de Sousa casou com D. Maria de Castro, filha de D. Fernando
de Castro, governador da casa do ijjfante D. Henrique. Morreu esta senhora
não sei quando, mas certamente bastante antes do ano de 1461, e talvez
ainda antes de Dezembro de 1455, data da morte da rainha D. Isabel. Por
falecimento de sua mulher tomou-se Álvaro de Castro de amores com D. Maria
de Meneses, donzela da casa daquela Rainha, amores correspondidos até ao
ponto de nada lhe ser negado (3). Não se prendeu contudo o amante feliz
e foi casar com Isabel da Silva, prima em segundo grau da sua amada; com
ela viveu como marido e mulher durante um certo período, dela teve um
filho, mas, sempre volúvel, dela se veio a apartar. Então tornou a casar
com D. Guiomar de Meneses, irmã de D. Maria de Meneses; não se resignou
porem ao abandono Isabel da Silva, pôs-lhes demanda, venceu-a e teve sen-
tença de confirmação do seu casamento. Em virtude dela mandou D. Afonso V
expedir a carta de i de Dezembro de 1472 pela qual confiscou os bens de
D. Guiomar de Meneses e de seu marido, e de todos fez mercê a Diogo
Lopes de Sousa, seu mordomo mor e filho do prirneiro casamento de Álvaro
de Sousa (4). Já então havia mais de um ano que ocorrera o falecimento
de Álvaro de Sousa (õ), e mais de onze que tivera lugar o casamento de
D. Maria de Meneses com Gil de Magalhães, senhor da terra da Nóbrega (6).
Talvez esta senhora seja a mesma a quem Pêro de Sousa Ribeiro endereçou
as trovas «aa senhora dona maria de meneses estando para casar» (7).
D. Guiomar e D. Maria de Meneses eram filhas de Rui Gomes da Silva,
( 1 ) Chancelaria de D. Duarte, liv. i .°, fl. 58 v.
(2) Carta de 28 de Julho de confirmação das vilas de Miranda, Podentes e mais bens-
da casa de Sousa, transcrita noutra registada na Chancelaria de D. João 11^ liv. 12.°, fl. i36 v,
(3) «... o dito Álvaro de Sousa dormira primeiro com D. Maria de Meneses sua irmã
(de D. Guiomar de Meneses) carnalmente». — Carta de i de Dezembro de 1472 abaixo citada-
(4) Chancelaria de D. Afonso F, liv. 29.°, fl 244 v.
(5) Carta de 18 de Novembro de 1471 de mercê do cargo de mordomo mor a Diogo-
Lopes de Sousa, por falecimento de seu pai Álvaro de Sousa. — Chancelaria de D. Afonso V,
liv. 2i.°, fl. 82,
(6) Carta de 12 de Dezembro de 1461 da tença correspondente às 2.000 coroas de oiro
do dote por D. Afonso V outorgado a D, Maria de Meneses. — Chancelaria de D. Afonso V,
liv. 9.", fl. 9 V.
(7) Cancioneiro geral, fl. 149, col. i. *
Sousas 287
alcaide mor de Campo Maior e Ouguela. D. Maria teve provavelmente vida
socegada lá no Minho com seu marido, quer ele ignorasse, quer êle soubesse
a sua aventura; agora D. Guiomar, essa, andou sempre em questões com o
enteado (i).
Diogo Lopes de Sousa foi mordomo mor de D. Afonso V, 3.° senhor de
Miranda, Podentes e mais casa, que lhe foi confirmada por carta de 14 de
Julho de 1477 (2), e alcaide mor de Arronches de que teve carta de con-
firmação, passada em Sintra a 18 de Novembro de 147 1 (3). Tirou-lhe
D. Afonso V o ofício de mordomo mor, quando foi da entrada em Castela,
em virtude da capitulação celebrada coni os grandes daquele reino; mas, por
carta de 21 de Abril de 1475, em satisfação da mordomia mor e dos seus
serviços, deu-lhe D. Afonso V uma tença (4), confirmada e ampliada por
D. João II por carta de 23 de Junho de 1484 (5). Já era casado em Feve-
reiro de Í475 com D. Isabel de Noronha (6), que foi sua primeira mulher e
era filha de Pêro Vaz de Melo, regedor da Casa do Cível. Deste casamento
nasceram, entre outros, André de Sousa e Henrique de Sousa.
André Sousa foi 4." alcaide mor de Arronches e senhor de Miranda e
mais casa de seus avós. Continuou-se ela na sua descendência até seu
bisneto Manuel de Sousa, 7.° senhor, que faleceu criança pelos anos de 1570
e foi a casa julgada vaga para a Coroa, por sentença de 27 de Março de
1574(7).
Henrique de Sousa, o Diabo, foi senhor de Oliveira do Bairro por carta
(i) Por instrumento de 21 de Fevereiro de 1475, confirmado por carta régia de 12 de
Março seguinte, compusera-se D. Guiomar de Meneses com seu enteado Diogo Lopes de
Sousa, obrigando-se este a dar-lhe anualmente 85.ooo rs. pagos em certas rendas (Chance-
laria de D. Afonso F, liv. 3o.°, fl. 176 v.). Destas parece ter-lhe só entregado a dos moios
de Arronches (Ibidem)^ fazendo-se remisso na entrega das restantes, e não sei se a carta de
24 de Junho de 1476, para ser inteiramente cumprida a composição entre os dois celebrada
{Ibidem, liv. 70.", fl. 100), daria resultado.
(2) Transcrita na de aS de Junho de 1484 de nova confirmação. — Chancelaria de
D. João II, liv. 12.», fl. i36 V.
(3) Confirmada por D. João II a 33 de Junho de 1484 e por D. Manuel a 5 de Agosto
4e 1496. — Liv. 5."» de Odiana; fl. 223 v.
(4) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 3o.°, fl. i58 v.
(5) Chancelaria de D. João II, liv. 4.», fl. 46.
(6) A 2 de Fevereiro de 1475 assinou D. Isabel de Noronha, no castelo de Arronches,
residência habitual destes Sousas, uma procuração passada a seu marido a fim de poder
outorgar num contrato a celebrar com sua madrasta.— Chancelaria de D. Afonso V, liv. 3o.»,
fl. 176 V.
(7) Jorge de Gabedo, Decisionum Supremi senatus regni Lusitaniae, part. II, Arresto 76,
pág. 192. . , ■
288 Brasões
dada em Sintra, a 25 de Setembro de i5i6(i), anadel mor dos espingardeiros
do reino por outra de 12 de Fevereiro de i524 (2) e do conselho de D. Ma-
nuel e D. João III. Já era casado em ibog com D. Francisca de Mendoça (3),
filha de Jorge da Silveira, do conselho e futuro guarda mor do infante
D. Fernando. D. Francisca ainda vivia em Maio de i523 (4) e seu marido
Henrique de Sousa já era falecido em 18 do mesmo mês de 1648 (5). 1
Sucedeu-lhe na casa seu filho primogénito Diogo Lopes de Sousa, 2." se-
nhor de Oliveira do Bairro, anadel mor dos espingardeiros (6) e embaixador
a Inglaterra nos anos de i555 e i55ó(7). Foi do conselho e já era gover-
nador da Casa do Cível de Lisboa em 12 de Julho de lôôg, quando, por oca-
sião da peste grande, foi nomeada para a cidade uma junta governativa, com
todos os poderes régios, composta dos vereadores da Câmara Municipal, de
Diogo Lopes de Sousa, governador da Casa do Cível, de D. João Masca-
renhas, capitão mor da gente da defesa da cidade, e de D. Martinho Pereira,
vedor da fazenda rial (8). Sendo já do conselho de Estado, foi um dos cinco
governadores do reino nomeados em i58o pelo Cardial Rei, falecido logo a
3i de Janeiro; mas pouco tempo exerceu o cargo, porque no mesmo ano, a
i3 de Setembro, morreu (9).
No dia 3 de Outubro de 1379, estando o Cardial Rei no mosteiro de Xa-
bregas, em presença de D. Jorge de Almeida, arcebispo de Lisboa, de D. João
(1) Chancelaria de D. Manuel, liv. 25», fl. 108. — A terra tinha vagado por falecimento
de D. Telo de Meneses, 3.» senhor dela na sua hnha, e segundo primo de Henrique de Sousa-
(2) Chancelaria de D. João III, liv. 41.* de Doações, fl. 68 v. — Henrique de Sousa com-
prara o ofício por escritura feita em Tomar, a 4 de Setembro de i523, a Martim de Freitas,
de menor idade, provável filho de Francisco Coelho, o precedente anadel mor dos espingar-
deiros, como o próprio diploma declara.
(3) Carta de 4 de Março de iSog de padrão de So.ooo rs. de tença, os quais seu pai nela
traspassara, sendo já casada; está a carta transcrita na de 28 de Março de i522 de confir-
mação. — Chancelaria de D. João III, liv. 3o.« de Doações, fl. 82.
(4) Livro das tenças no Archivo histórico portuguez, II, 98.
(5) Carta daquela data de confirmação do senhorio de Oliveira do Bairro a Diogo
Lopes de Sousa, por falecimento de seu pai Henrique de Sousa. — Chancelaria de D. João III,
liv. 55.» de Doações, fl. 147 v.
(6) Largou este ofício, recebendo em troca So.ooo rs. de tença em sua vida, por carta
de padrão de 26 de Julho de 1549. — Ibidem, fl. 190.
(7) Em satisfação dos seus serviços na embaixada foi-lhe dada uma tença de i5o.ooors.
por carta de 26 de Setembro de i558. — Chancelaria de D. Sebastião, liv. 4° de Doações,.
fl. 12 V.
(S) Freire de Oliveira, Elementos para a historia do município de Lisboa, vol. I, págs. 475-
.476.
(9) Carta de confirmação de uma tença a Bernardim de Sousa, sobrinho do Gover-
nador.— Chancelaria de D. Felipe I, liv. 3." de Doações, fl. i68.
Sonsas 28g
Mascarenhas e de Francisco de Sá, fez doação a Diogo Lopes de Sousa das
vilas de Miranda, Podentes, Vouga, Germelo e Folgosinho, as quais, pela sen-
tença acima citada, tinham sido Julgadas vagas para a Coroa. A doação foi
para ele e seus descendentes varões lídimos, no caso de os ter, e, não os
tendo, passariam então as vilas a um seu sobrinho, filho maior legitimo de
seu irmão Vasco de Sousa, com tal condição, que o sucessor nas terras havia
de casar com uma filha de Fernão da Silva [de Meneses] e de D. Beatriz *de
Vilhena, tia paterna de Manuel de Sousa, último senhor de Miranda. Desta
doação verbal assinaram, a lo de Abril de i58o, já depois da morte do Gar-
dial Rei, um atestado as três testemunhas acima nomeadas, todos colegas
do novo donatário no governo do reino, declarando ser ela' verdadeira, e
finalmente por carta do dia seguinte houveram os Governadores por bem con-
firmar-lhe a doação (i).
Diogo Lopes de Sousa também teve a afcunha do Diabo, «por saber muito»,
escreve ingenuamente um genealogista; mas, fosse por isso ou por outro
motivo, o caso é que com ela se encontra em vários assentos nos livros paro-
quiais da freguesia de Santa Cruz do Castelo (2).
Sucedeu com efeito o filho maior de Vasco de Sousa, Henrique de Sousa,
na casa que fora de seu tio o Governador e por cartas de 8 e 12 de Maio
de i58i, passadas em Tomar, foram-lhe confirmados por Felipe I os senho-
rios das vilas de Miranda, Podentes, Vouga, Germelo e Folgosinho, e terra
de Oliveira do Bairro (3). Como ainda então não tivesse satisfeito à con-
dição de casar com uma filha de Fernão da Silva de Meneses e de D. Bea-
triz de Vilhena, sobreesteve-se na doação de Miranda e mais vilas até que,
em Lisboa, a 28 de Outubro do mesmo ano, por o casamento estar já efei-
tuado com D. Mecia de Vilhena, filha daqueles cônjuges, foi a carta definiti-
vamente soescrita (4). Foi Henrique de Sousa governador da Casa da Relação
do Porto, tendo tomado posse em lôgo, e em i6og passou para o conselho
de Portugal em Madrid, onde pouco depois, por carta daída naquela cidade,
a 21 de Março de 161 1,, foi criado conde de Miranda em sua vida (5).
( 1 ) Chancelaria de D. Sebastião e D. Henrique^ liv. 44.° de Doações, fl. Sjo.
(2) P. ex. no de 11 de Setembro de 077 de óbito de Lourenço Garcês, criado dele pró-
prio, do qual ficou por testamenteiro «o governador diogo lopez de sousa o diabo dallcunha».
— Registo da freguesia de Santa Cru\ do Castello, pág. 264.
(?) Chancelaria de D. Sebastião e D Henrique, liv. 45.° de Doações, fl. 3o5 e 804 v.
(4) Ibidem, fl. 3o5.
(5) Havendo respeito aos muitos e continuados serviços de Henrique de Sousa, do con-
selho de Estado, e à particular satisfação minha com que sempre os fez em todas as ocasiões
e cargos em que me tem servido, e em especial no conselho da Coroa de Portugal, que
nesta cidade reside, confiando que assim o fará sempre, como de seu zelo e de quem é se
voí.. I 37
290 Brasões
Nos seus descendentes continuou-se a casa, tendo sido a seu neto, Hen-
rique de Sousa Tavares da Silva, 3.° conde de Miranda, feita mercê do tí-
tulo de marquês de Arronches em sua^ vida, por carta de 27 de Junho de
1674, pelos seus serviços e em especial os prestados nas embaixadas de
Holanda e Castela (i). Por sentença de 21 do mês seguinte foi o Marquês
de Arronches mantido na posse da comenda hereditária de Soza, e como é
muito notável a história dessa comenda, dela me ocuparei lá mais adiante (2).
Em breve perdeu a casa de Arronches a varonia de Sousa. Quando em
1706 morreu o Marquês de Arronches existia, como sucessor da casa, sua neta
D. Mariana de Sousa, já casada com Carlos José de Ligpe, príncipe do Sacro
Romano- Império, e 2.*^ marquês de Arronches por carta de 21 de Março de
1684(3). Este Marquês, sendo embaixador extraordinário em Viena de
Áustria, foi acusado de ter atraído a uma cilada e assassinado um gentil
homem da câmara do Imperador por causa de uma dívida de jogo. Sobre
a culpabilidade do Marquês há bastantes dúvidas, e o seu posterior procedi-
mento não foi de molde a desvanecê-las. Ele, apesar de ter sido em Lisboa
julgado livre de culpa, por sentença de 4 de Fevereiro de 1700, não quis
nunca regressar a Portugal e morreu em Pádua no ano de 1713 (4). Na casa
sucedeu sua filha D. Luisa Casimira de Nassau e Sousa, a 3o de Janeiro de
1716 casada com o senhor D. Miguel, íilho natural de D. Pedro II e por êle
reconhecido em seu testamento. Teve o tratamento de duquesa^ em 2 de
Abril de 1716(5), e o foi de Lafões por despacho de 21 de Junho de 1718,
na própria ocasião em que D. João V fez a doação do concelho de Lafões,
com o título de duque, a D. Pedro de Bragança, filho mais velho do senhor
pode esperar, e desejando por tudo isto e pela qualidade e antiguidade de sua casa e daqueles
de que descende, etc, carta de conde da vila de Miranda do Corvo de que é donatário, etc.
— Chancelaria de D. Felipe II, liv. 29.® de Doações, fl. 3i6.
(i) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 3i.° de Doações, fl. 64.
(2) Nota no fim deste artigo.
(3) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 54.° de Doações, fl. 3o3 v.
(4) P.e Sousa, Historia genealógica, tom. XII, cap. 20, pág. 555 e segs.
(5) Gazeia de 4 de Abril de 1716. — D. António Caetano de Sousa, nas Memorias dos
grandes, pág. 12 da ed. de 1755, em seguida n errar a data do título de Duquesa de Lafões,
declara haver D. Luisa Casimira tido a prerrogativa do tratamento de alteza, «que nenhuma
pessoa lhe disputou na Corte, depois que lhe foy julgada por três sentenças conforme, obtidas
contra o Procurador da Coroa no Tribunal da Relação, e passou a ultima de 16 de Dezembro
de 1723 pela Chancellaria, que era a p.ublicidade mais solemne, que podia obterw. Assim
seria; mas o certo é ler-se na Gaveta de Lisboa de 24 de Março de 1729: oFaleceu na
manhaã de 16. do corrente em idade de 35. para 36. annos, depois de huma dilatada enferp
midade, a Excellentissima Senhora D. Luiza Gazemira de Sousa, Duqueza de Lafoens...».
Aqui não se lhe reconheceu o tal tratamento de alteza.
Sousa's 291
D. Miguel (i). Morreu este de um desastre afogado no Tejo, em Janeiro de
1724, e sua mulher em Março de 1729. Ainda então vivia sua mãe a 2." Mar-
quesa de Arronches pelo que D. Luisa Casimira não sucedeu nos títulos da
casa, apesar de sua mãe, com autorização régia, a ter renunciado no senhor
D. Miguel por ocasião do seu casamento, sendo só por alvará de 29 de Ja-
neiro de 1747, já depois da morte da Marquesa, que o Duque de Lafões foi
autorizado a possuir os bens da Coroa outrora'pertencentes a sua avó (2). A
22 de Dezembro do mesmo ano foram passadas cartas ao Duque de Lafões
para suceder nos senhorios da casa, mas não se mencionam os títulos (3).
Duques de Lafões houve mais dois,, o fundador da Academia Rial das
Sciências de Lisboa e seu genro, falecido em 27 de Maio de 1867. E hoje
representante da casa D. Caetano Segismundo de Bragança, neto do 3.° Duque
e antigo par do reino em sua sucessão, tendo tomado posse a 17 de Março
de 1882.
Recapitulando temos: a antiga família de Sousa, anterior à fundação da
monarquia, extinguiu-se na varonia em fins do século xiii; em seguida for-
maram-se dois ramos novos, ambos procedentes por fértieas dos antigos e
ambos com a varonia ilegítima de Afonso III; estes ramos são os pelos linha-
gistas designados por Sousas do Prado e Sousas de Arronches.
O último possuidor da casa de Sousa, já muito reduzrida, foi o Conde
D. Pedro de Barcelos, que a teve por sua mulher e a deixou ao mosteiro de
S. João de Tarouca. Na casa de- Miranda não existiram bens nenhuns da
antiga casa de Sousa, sendo portanto desacerto dos genealogistas lisonjeiros
darem àqueles a designação de senhores da casa de Sousa.
NOTA
COMENDA DE SOZA, pág. 290
Esta comenda, pelas condições singulares em que foi criada, concedida e possuída me-
rece referência especial precedida de uma breve relação da Ordem Hospitalar de Santa
Maria de Rocamador, cuja sede foi na vila de Soza.
Na armada dos Cruzados que em 1180 auxiliaram Sancho I na conquista de Silves,
entrou em Portugal, segundo parece, a religião dos Eremitas de Rocamador (4). Tomou-
-Ihes afeição el Rei que poucos anos volvidos lhes mandou passar a seguinte carta:
In dei nomine. Quoniam antiqua temporis institutione. ittris debito, racionabilis consiie-
Hido. penes omnes emerserit. ■.iit factonim series, successuum numerus. fortunarum euentus.
(i) Gaveta de 33 de Junho de 1718.
J2j Chancelaria de D, João V, liv. 114.", 11. 258 v.
(3) Ibidem, liv. 26.", fls. 334 v. e segs.
(4) Viterbo, Elucidário, II, 291.
292 Brasões
scripto commendentur . ut commendata ab hominum memoria non decidant. et omnibus pre-
térita presencialiter consistant. Jccirco ego Sancius dei gratia Portugalie Rex. illustris-
simi regis Alfonsi boné memorie . et Regine Maphalde Jilius . una cum uxore mea Regina
donna Dulcia. et Jiliis et Jiliabus méis. facio cartam donationis et perpetue Jinnitudinis ■
ecclesie :\incte Marie de rupe amatoris . de uilla que uocatur Sopa . que est in termino de
Vouga circa maré. Hanc utllam memoratam cum suis terminis nouis et ueteribus. et cum
suis salinarijs . et cum suis omnibus pertinencijs . et etiam cum uniuersisque in ea tam ad
ius nostrum quam ad ius Episcopi pertinent . ecclesie sancte Marie de rupe amatoris . et fra-
tribus ibidem deo seruientibus damus . et iure hereditário in perpetuum possidendam conce-
dimus . cautatam sicut conchiditur lapidibus illis qui iussione nostra ibifixi existuiit. Addimus
etiam . ut quicumque cautum illum infregerit. fratribus supradictis. aut illi cum uillam memo-
ratam mamiienendam comiserint . quingentos sólidos . pectet et cautum in suo robore pertna-
neat . Quicunque igitur hoc factum nostrum integrum observaverit . sit benedictus a deo.
Amen. Cui uero aliter f acere presumpserit . quidquid ipse fecerit. Jilius eiiis in irritum
deducat. Nos supradicti reges qui hanc cartam . in . E'. Af". cc^. xxx'. i'. Jaus octobris
fieri precepimus . coram subscriptis eam roborauimus. et hec signa fecimus f f f f f f.
Qui affuerunt.
Martinus bracarensis Archiepiscopus cfr. Marliniis Portugalensis Episcopus c/r. Pe-
trus Colinbriensts Episcopus cfr. Nicolaus visensis Episcopus cfr. Johannes lamecensis
Episcopus cfr. Suarius vlixbonensis Episcopus cfr. Pelagius elborensis Episcopus cfr.
Gonsallus menendi maiordomus curie cfr. Comes donnus fernandus cfr. Petrus alfonsi cfr.
Alfonsus ermigij cfr. Suarius suarij testis Giraldus pelagii testis Petrus nuni^ testis.
Julianus notarius curie (i).
Por esta carta, de 1 5 de Outubro de 1 193,'vê-se haver feito D. Sancho I perpétua doação,
por juro de herdade, à igreja de Santa Maria de Rocamador e aos frades que neht serviam
a Deus, dessa mesma igreja e da vila de Soza, onde ela estava edificada, no termo de Vouga,
junto ao mar, com seus termos novos e velhos, com suas marinhas, com todas suas pertenças,
dentro dos marcos lá mandados fixar por sua ordem, com todas as jurisdições, tanto as régias
como as episcopais, e finalmente couta todo aquele território com a pena de quinhentos soldos
de éncouto. Ainda outra mercê consta ter D, Sancho I feito aos Eremitas de Rocamador, a
de uma vila no termo de Numão, como se declara nas actas das Inquirições gerais da era de
1296 (i258), na quarta alçada, nestes termos : Itein Martinus petri clericus iuratus et interro-
gatus scit quod villa de Ciata (ou Ciaca) que est in Nomam quefuit regalenga et modo tenent
illam fratres de Sancta Maria de Rocamador et non faciunt de illa fórum Regj et dedit illam
Rex donnus Sancius senex eis (2). E destas mesmas Inquirições, nas actas da terceira alçada
porem, consta ter tido também a Ordem aceitação entre os particulares, pois duma doação
a ela feita de bens, em S- João da Pesqueira e seu termo, se encontra lá memória (3).
Mandou D. Afonso II expedir em Coimbra, no mês de Julho da era de i256 (1218), a
seguinte carta de confirmação da doação por seu pai feita aos Frades de Santa Maria de
Rocamador:
Ego Alfonsus dei gratia Portugalie Rex una cum uxore mea regína donna vrraca et
filiis nostris infantibus donno Saneio, et donno Alfonso. et donno fernando . et donna Alienor.
istam cartam suprascriptam quam pater meus excellentissime memorie Rex donnus Sancius
fecit et concessit ecclesie sancte Marie de rochamador et fratribus eiusdem loci de illa uilla
(1) Forais antigos, maço 12.", n.' 3, fl. 61 v., col. 2.
(2) Liv. 3.*, de Inquirições de D. Denis, fl. 63.
(3) Gama \iaTros,'Historia da Administrarão publica em Portugal, II, 4 ""4.
Sousas 293
que iiocatitr So-fia í concedo ego et confirmo eidem Ecclcsie et fratribus ibi deo seruientibus.
eo modo quo pater meus eis illam jecit et concessit. Et ut habeant mea concessio . et conjir-
matio. in perpetuum firmitudinis robur obtineant. presentem cartam fieri iussi et meo sigtllo
plúmbeo comuniri. que quidem facta fuit . apud Colimbriam mense Júlio. In e". M*. cc". L*.
vi'. Nos supranominati qui hanc cartam fieri iussimus coram subscripíis eam roborauimus.
et hec signa fecimus 1 1 1 1 1 1-
Qui affuerunt. Donnus Martinus iohannis signifer regis cfr. Donnus Petrus iohannis
Maior domus curie cfr. donnus Laurencius suarij . cfr. donnus gomecius suarij cfr. donnus
Gil uaasqui:^ cfr. donnus Johannes fernandi cfr. donnus fernandus fernandi cfr. donnus
Rodericus menendi cfr. donnus Poncius alfonsi cfr. donnus Lopus alfonsi cfr. vincencius
menendi^ cfr. Petrus petri testis. Martinus petri testis. donnus Stephanus bracarensis
Archiepiscopus cfr. donnus Martinus Portugalensis episcopus cfr. donnus Petrus Colin-
briensis episcopus cfr. donnus Suarius vUxbonensis Episcopus cfr. donnus Suarius Elbo-
rensis Episcopus cfr. donnus Pelagius lamecensis Episcopus cfr. donnus Bartolomeus
visensis Episcopus cfr. donnus Martinus Egitaniensis Episcopus cfr. Magister p. cantor
port. testis Petrus garsie testis. Johanninus testis Gonsaluus menendi cancellarius (i).
Estas foram as primeiras doações em Portugal feitas à nova Ordem, a qual teve o seu
assento em Soza d'onde irradiou para diferentes partes do reino, estabelecendo nelas hos-
pitais, fim p>rincipal do instituto, conservando-se ainda hoje, apesar da sua extinção datar do
século XV, a sua memória, não só em escritos, mas até na designação dalgumas localidades
do país (2). Deste instituto Icmbrou-se a rainha Santa Isabel em ambos seus testamentos:
no primeiro, de 19 de Abril de i3i4, deixa-lhe uma vestimenta e um cálix (3); e no de 22 de
Dezembro de 1327 lega-lhe trezentas libras (4).
Com o andar dos tempos levantaram-se desinteligências entre os Priores de Soza e os
moradores do lugar, as quais deram ocasião à intervenção régia, sempre, é claro, favorável
aos primeiros. Em i255 queixou-se o Prior a D. Afonso III dos homens da terra: eles não
lhe obedeciam, nem lhe pagavam as rendas. Acudiu-lhe el Rei com uma carta expedida em
Coimbra, a 9 de Agosto da era de 1293 (i255), na qual manda que tudo se restabeleça como
estava trinta anos atraz, no tempo de D. Sancho II (5). Neste rhesmo dia, segundo as me-
lhores conjecturas, confirmou Afonso III a Fr. Hugo, «prior de Soza Ordinis monasterii
Sancte Marie de Rupe Amatoris», a doação por Sieu irmão Sancho II feita à Ordem do lugar
da Mamarosa, o qual andava embargado pelo Almoxarife de Coimbra (6) e que, de então
(i) Forais antigos, maço 12, n." 3, fl. 62, col. 1.
(2) Na Chorographta moderna de Joáo iMaria Baptista menciona-se uma quinta de Roque Amador na freguesia
de Vila do Touro, no concelho do Sabugal, e um higar na freguesia de Gouveias, concelho de Pinhel. No Porto ti-
veram o seu hospital na rua da Ferraria de Cima, d'onde passaram pura a rua das Flores (J. P. Ribeiro, Reflexões hi»-
toricas, 11, 198). Hospitais pertencentes á congregação de Rocamador existiram também em Lisboa, Saíitarim,
Torres Vedras (Vítor Ribeiro, Historia da Bene/icencia publica, págs. 3i e 32) e noutras terras. Em alguns docu-
mentos aparece o vocábulo alterado para Reclamador.
(3) «Item/nando aa Sancta Misericórdia de Recamador homa vestimenta boa e hum cálix com que cante um clé-
rigo». — Dr. António Garcia Ribeiro de Vasconcelos, Evolução do culto da Rainha Santa, II, 6.
(4) «Item mando a Sancta Maria de Recamador trezentas libras». — Ibidem, pág. i5.
(5) Chancelaria de D. João II, liv. 8.", d. 2?5, transcrita noutra de confirmação. — A carta foi mandada passi^r
por D. Afonso, rei de Portugal e conde de Bolonha; é portanto de D. Afonso lli, que reinou da era de i283 à de i3i7.
Sucede porem, que ao transcrever a carta o escrivão lhe errou a data e pôs era de i263, quando reinava Sancho II.
Suponho que o erro proviria do escrivão ignorar o valor do x aspado e ao ver no documento original E*. M*. cc*. Ix.*
iij*. entendeu I2Ó3, dando ao x o valor de dez, quando êle estava aspado e valia quarenta, sendo portanto a era a
de 1293.
{à) Chancelaria de Q. João II, liv. 8.", il. 224 r. — Na transcrição da primitiva carta também se dá aqui um erro
de data, o qual se não pode explicar pela ignorância do valor do x aspado. Declara-se ser a carta da era de 1257, do
294 Brasões
por diante, foi sempre da apresentação do Prior de Soza. A um sucessor de Fr. Hugo en-
contro referências d'ali a quarenta anos, em duas públicas formas dos dois diplomas prece-
dentes a requerimento dele passadas, a 23 de Julho e 7 de Agosto de i334 (1296). Chama-
va-se Fr. Guilherme Mossel, nome certamente de estrangeiro, como já o de Fr. Hugo também
tinha esse sabor.
Passam-se muitos anos sem encontrar mais notícias dos Priores de Soza até que, em
tempos de D. Fernando, me aparece D. Ponce, «priol de Santa Maria de Recomendor desse
logo de Soza», impetrando a carta de 21 de Outubro de 1416 (iSyS), pela qual lhe foraqj
confirmados todos os antigos privilégios nos anteriores diplomas concedidos : de pôr juiz
e mordomo, de levar os direitos e rendas da igreja e de haver toda a outra jurisdição (i). No
ano seguinte, por uma carta de 1 1 de Fevereiro, obteve para o sal produzido nas suas ma-
rinhas dispensa do direito do alfonsim (2).
Nova carta de confirmação de seus privilégios alcançou, agora já de D. João I, em 7 de
Setembro de 1444 (1406), um Prior não nomeado no diploma (3). Em breve porem arre-
pendeu-se el Rei da concessão feita e viu-se obrigado «de lha mandar tomar por algumas
cousas que ele fazia, que não eram nosso serviço», segundo se declara na carta de nova confir-
mação dos privilégios passada, a 26 de Maio de 1449 (1411), a seu sucessor, Fr. -Vasco,
«mestre e confessor do infante Duarte meu filho» (4).
A Fr. Vasco seguiu-se, não sei se directamente, João de Sousa; antes porem dçra-se um
facto importante para a história da igreja de Soza e da Ordem de Rocamador. Em 21 de
Outubro de 1378 fora concedida uma carta, acima citada, de confirmação dos antigos privi-
légios a D. Ponce, «priol de Santa Maria de Recomendor desse logo de Soza»; agora, em
22 de Abril de i438, é expedido um alvará de confirmação dos mesmos privilégios a João de
Sousa, criado dei rei D. Duarte e «priol da igreja de 5. Miguel de Soza» (5). Neste inter-
valo mudara pois o orago da igreja de Soza, passando a sua invocação de Santa Maria para
S. Miguel, a qual ainda hoje permanece, i A mudança do orago indicará também o desapa-
recimento da Ordem ? Talvez, pois só muito vagas alusões encontro a esse facto, não me
sendo possível precisar a data da sua realização. Nos sessenta anos decorridos entre 1378
e 1438, nos documentos dentro deles expedidos relativos a Soza e aos frades de Rocamador,
n^o se encontra mencionado o orago da igreja; mas, pelo qualificativo de frei anteposto
ao nome dos priores, sou levado a crer que ainda no tempo de Fr. Vasco, isto é, em 141 1
e anos seguintes, o lugar e a igreja pertencessem à Ordem.
João de Sousa, primeiro prior secular de Soza, não esteve de princípio na pacífica posse
da jurisdição do lugar, pois a ela fôra-Ihe posto embargo porMartim Gonçalves de Azevedo
e outros. Recorreu êle então a el Rei, que lhe mandou dar o acima referido alvará de con-
firmação dos antigos privilégios concedidos aos priores seus predecessores, alvará por
D. Afonso V confirmado em carta de 3o de Março de 1439 (6). Era ainda João de Sousa
tempo de Afonso II, quando a carta é de seu filho do mesmo nome. Estou porém persuadido que o Prior de Soza
aproveitaria a ocasião de se queixar dos moradores da vila lhe não pagarem os foros, para se queixar também da
usurpação feita pelo almoxarife de Coimbra do seu lugar da JVIamarosd, c que D. Afonso III no mesmo dia resolveu
as duas pretensões.
(1) Chancelaria de D. João^ll, liv. 8.', fl. 224 v. ; liv. 3." da Estremadura, íl. 162 v.
(2) Chancelaria ae D. Fernando, liv. 2.", fl. 37 v., em extracto; Chancelaria de D. João II, liv. i.», fl. 224 v. ;
liv. 3." da Estremadura, fl. 162 v.
(3) Chancelaria de D. João U, liv. 3.", fl. 52.
(4) Ibidem, (1. 1^0. ^
(5) Chancelaria de D. Afonso K, liv. 19.°, fl. 63.
(6) Ibidem. > . *
Sousas 295
prior de Soza no pontificado de Pio II (Agosto de 1458 a Agosto de 1464), o primeiro Papa
<[ne resolveu transformar o antigo priorado em comenda da Ordem de Santiago; era porem
já falecido quando Xisto IV, por sua bula de 14 de Março de 1477, deu o padroado da igreja
de S. Miguel de Soza para sempre a D. Afonso V e seus sucessores, e determinou que ela
ficasse constituindo uma comenda da Ordem de Santiago (i).
Foi João de Sousa cónego beneficiado na Sé de Lisboa e com esta dignidade é nomeado
em duas cartas, ambas do ano de 1453 e de legitimação de filhos. A primeira é de i5 de
Fevereiro e por ela foi legitimado João de Sousa, então moço da câmara rial, o qual fora
havido em Mor Eanes, mulher solteira (2). A segunda é de 18 de Junho e foi passada a
favor doutros dois filhos havidos da mesma. mulher, um dos quais foi Jorge de Sousa, futuro
comendador de Melres na Ordem de Santiago, a quem me referi na página 21 1. Esta carta
é de simples legitimação; a outra foi concedida n requerimento do pai com cláusulas espe-
ciais, as quais eram muito amplas e se podem ler na concedida quatro anos depois ao neto
do nosso grande historiador Fernão Lopes, por mim mandada imprimir entre os docu-
mentos ilustrativos da Introdução à Primeira parte da Crónica de D. João I, pág. lix, n." V. «
Estas cláusulas especiais já foram pedidas com o intuito de João de Sousa se encontrar
habilitado para a sucessão de seu pai, fosse ela qual fosse.
Este segundo João de Sousa foi conhecido pela alcunha do Romanisco, e a ele me tor-
narei a referir largamente, pois foi o i.° comendador de Soza; mas quero deixar aqui indi-
cado o fundamento que tive para lhe dar a referida filiação. Numa sentença, também para
.ser lá mais adiante apresentad.i ao leitor, a qual pôs termo a uma demanda sobre a posse
da comenda de Soza, lê-se esta alegação, frouxamente repelida pela parte adversa: «e de
mais nam constando, que o dito primeiro adquirente (o referido João de Sousa) fosse nas-
cido de legitimo matrimonio, e pessoas scientes em. livros de geracoens entenderão, que fora
bastardo na forma declarada nas certidoens foi e sendo o mesmo primeiro adquirente
bastardo» etc. (3). Parece-me indicação segura, conjugando-a com a sucessão na posse da
igreja de Soza.
Por D. Afonso V foi João de Sousa enviado na qualidade de embaixador a Roma, pro-
vindo-lhe da estada na Cidade Eterna a alcunha do Romanisco. Prestou lá tais serviços a
el Rei, «que nos houvemos e havemos dele por mui bem servido, e confessamos lhe sermos
em muita obrigação», não só por ter bem encaminhado os negócios de que ia encarregado
junto de Xisto IV e da Cúria, mas por ter havido dele para a Coroa em perpetuidade o
padroado da igreja de Soza, passando ela' a constituir uma comenda da Ordem de Santiago.
Por estes serviços, considerados por D. Afonso V como sendo de um «nosso bom e verda-
deiro criado e servidor», fez-lhe el Rei doação do padroado da dita igreja de Soza, para ele
e todos seus herdeiros e sucessores ji/re hereditário^ «o qual queremos que ele haja, e seus
herdeiros hajam, assim e tam compridamente como a nós é outorgado e nos pertence por
bem da dita doação, colação e provisão, que a nós pelo Santo Padre é outorgado ; e queremos
e mandamos, que algum nosso sucessor ou herdeiro em elo nunca lhe ponha dúvida nem
embargo, nem a ele nem a seus herdeiros, acerca delo, de torvação, ou façam alguma con-
tenda, porque ante de o no património nosso rial termos incorporado, o tiramos de nós e o
traspassamos nele dito João de Sousa e todos seus herdeiros», etc. Dada em Évora, a 8 de
Agosto de 1478 (4).
(i) Tudo consta da hu\a. Rationi congruil, de 26 de Agosto de 1492, registada na Chancelaria de Felipe II, no
liv. 19.° de Doações, fl. 272 v., e impressa pelo P.e Sousa nas Provas da Historia genealógica, VI, 202.
(2) Liv. 2." de Místicos, íl. 171 ; liv. 2." de Legitimações de leitura nova, fl. 2i3.
(3) Pegas, Tractatus de Exclusione . . . Maioratus, ), 149.
(4) Chancelaria de D. João II, liv. 8.°, fl. 225 v. — Encontra-se também transcrita na ChanceLiria de Felipe II,
296
Brasões
Era então João de Sousa do conselho dei Rei e alem da comenda de Soza já desfrutava
a de Povos, também na Ordem de Santiago, a qual talvez lhe houvesse sido dada pelo prín-
cipe D. João, que, na qualidade de governador da mesma Ordem, fizera mercê, por carta
dada em Évora a 6 de Agosto do referido ano, a João de Sousa, comendador de Povos, de
doze mil reais de tença, em quanto sua mercê fosse (O.
Confirmou-lhe D. João II a doação do padroado e comenda de Soza por carta de 28 de
Novembro de 1486, declarando que a sucessão se entenderá somente nos herdeiros por linha
direita descendentes (2). Anteriormente, nos dias 20 e 23 do mesmo mês, havia el Rei
mandado expedir cinco cartas, nas quais confirmava a João de Sousa os vários diplomas de
privilégios concedidos aos antigos priores de Soza e já acima indicados (3).' Finalmente
veio o papa Alexandre VI e por sua bula Rationi congruit, dada a 26 de Agosto de 1496,
confirmou ao «dilectus filius» João de Sousa o padroado e a comenda de Soza (4). Pouco
tempo mais de vida teve João de Sousa, porquanto já era falecido a' 21 de Novembro do ano
seguinte (5). O documento citado revela-nos o nome da mulher do Comendador de Soza.
Foi ela D. Leonor da Silva, filha de Afonso de Miranda, porteiro mor de D. Afonso V, e de
sua mulher D. Violante de Sousa, e teve duas mil e quinhentas coroas de casamento.
D. Leonor é uma das minhas muito queridas raparigas do Cancioneiro. Muito queridas,
sim, e muito diferentes das que para aí andam hoje mostrando pernas, braços e colo num
impudor nunca visto. ; Ainda se fosse só isso 1 mas o porte condiz com o trajo. Numa
coisa., designada lá por eles, pela alta roda, roda sim, mas roda de azenha em levada de
água pantanosa, o nível moral e social desceu ao mais baixo. As boas maneiras desapare-
ceram, a cortesia fugiu espavorida, a linguagem das salas foi substituida pelo calão das ta-
bernas, e de tudo, ainda para mais, se faz gala. P'elizmente é uma pequena parte, mas a
mais mexida, da sociedade; a reacção porem chegará um dia, não muito afastado é de esperar,
e cortará pelo são, lançando o podre para o monturo. '
Ora pois ! D. Leonor da Silva foi uma das raparigas do Cancioneiro e das de maior no-
meada. Por ela andavam apaixonados Jorge da Silveira e Nuno Pereira. Encontraram-se
os dois trovadores um dia num caminho, indo Nuno Pereira «muyto cuydoso», e Jorge da
Silveira, «dando muytos sospiros», e preguntaram um ao outro:
Vós, senhor Nuno Pereyra,
por quem his assy cujdando ?
Por quem vós hys sospirando,
senhor Jorge da Sylveyra? (fl. i,col. j.J
D'aqui originou-se o famoso processo do «Cuydar e Sospirar», no qual entraram muitos
liv. 19." de Doações, fl. 262 v., com a data do ano errada, 1481 por 1478. No princípio do ano de 1481 eslava Afonso V
em Coimbra, a'onde no verão, como então designavam a nossa primavera, foi a Beja e de lá para Sintra na entrada de
Agosto, fugindo a Lisboa e Évora onde «morriam» de peste, como declara Rui de Pina, no cap. 212 da Cfironica de
D. Afonso V. Os dizeres do cronista são confirmados pelas rubricas dos cadernos da Chancelaria, vendo-se portanto
não ser possível estar Afonso V no dia 8 de Agosto de 1481 em Évora,
(i) Liv. i.^ da Ordem <fe Santiago, fl. 19 v.
(2) Chancelaria de D. João II, liv. 8.", fl. 225 v., carta feita por Fernão de Pina.
(3) Ibidem, fls. 224 e 225.
(4) Chancelaria de Felipe II, liv. iq." de Doações fl. 262 v. ; Provas da Historia genealógica, Vi, 102.
(5) «Nós el Rei fazemos saber que a dona Leonor da Silva, molher que foi de João de Sousa, foram desembar-
gadas por el rei dom Afonso meu tio 2.5oo coroas de moto dé seu casamento» Perdera a carta e pede se lhe mande
passar novo padrão, o qual lhe é dado em Évora, a 21 de Novembro de 1497. — Chancelaria de D. João III, liv. 14.'
de Doações, fl. iii, transcrito o alvará numa carta de confirmação.
Sonsas 297
poetastros cortesãos. Escolheram para juiz a D. Leonor da Silva e simularam haver ela
pronunciado sentença a favor do suspirar, sentença publicada
A nove dias do mes
dos onze meses do anno
da era doytenta e tres. (fl. ji, col. 4.)
Era ela ainda então solteira, mas pouco tempo depois ajustou-se o seu casamento e,
quando a nova estalou na corte, Nuno Pereira, apesar de ter decaído no processo veio com
umas trovas de protesto, cheias de verdadeiras imprecações.
Seja muyto na maa ora
hum tam triste casamento,
poys se vay do paço fora
a senhora minha senhora
por meu mal, e seu, que sento.
Eu sento verme morrer,
sento vela enguanada,
sento vella padecer f
e sento vella vender
so color dencaminhada. (fl. 32-33.)
Nos Últimos versos vejo alusão a pressão exercida sobre a donzela, para a forçar a casar,
com um rústico lá da Beira
Vaa morrer, poys me matava,
antr'os soutos laa na Beira. (fl. 33, col. i.J
Contra o noivo também pragueja o trovador:
Hoo furtuna, tu que mudas
hCa cousa noutra cousa,
daa doenças muy agudas,
a que nam prestem ajudas
nem jolepes, hoo de Sousa. (fl. 33, col. i.J
j Já vou tam longe àa comenda de Soza ! Voltemos a ela para acabar, mas sempre
direi primeiro que D. Leonor da Silva já era finada a 26 de Abril de iSaS, quando as duas
mil e quinhent*as coroas do seu casamento foram confirmadas a seu filho (i).
Morto João de Sousa, sucedeu-lhe na comenda seu filho António de Sousa a quem,
por carta de 10 de Agosto de i532, foram confirmados os privilégios antigos do priorado de
Soza (2). Morreu António de Sousa sem descendência e pela primeira vez passou o padroado
a colateral do último cpmendador, mas descendente do primeiro ; porquanto as sobrevi-
ventes filhas deste, e irmãs daquele, D. Cecília da Silva e D. Francisca de Sousa, apresen-
taram no padroado a Manuel Freire de Sousa, que foi o 3.» comendador. Era êle filho de
D. Cecília e de Gomes Freire de Andrade. .
Nesta ocasião viu-se a força das doações referidas, porque, querendo D. João III opôr-se
a esta apresentação e dar a comenda a outra pessoa, teve de desistir, e a nomeação das
duas senhoras prevaleceu.
Continuou, transmitida pacificamente de uns em outros membros desta familia, a posse
(1) Chancelaria de D. João 111, liv. 14.» de Doações, fl. 1 1 1.
(2j Ibidem, liv. 18." de Doações, fl. 74 v. '
voL. I 38
298
Brasões
da comenda de Soza até ao 6." comendador Diogo Freire de Andrade e Sousa, que dela teve
confirmação por carta de 21 de Junho de 1610(1). Morreu êle a 3 de Outubro de 1629,
sem desce adência legítima, deixando porem vivas seis irmãs, cinco freiras e uma casada, e
um primo segundo, Luís Freire de Andrade, que só morreu a í8 de Janeiro de 1637. Apesar
disto meieu-se logo de posse da comenda Diogo Lopes de Sousa, 2." conde de Miraada,
quarto neto do Romanisco por sua referida filha D, Cecília da Silva.
Na posse do padroado permaneceu o Conde até morrer em 1640^ sendo então ainda
vivas três das irmãs do 6." Comendador, às quais continuava a assistir o direito da apresen-
tação do padroado, direito que parece não terem, nem mesmo nominalmente, chegado a
exercer.
Morreu a última em 1649, ^ então propuseram, Alexandre de Sousa Freire e seus irmãos,
todos filhos do acima nomeado Luís Freire de Andrade, acção de reivindicação contra Hen-
rique de Sousa, 3." conde de Miranda, que continuava na posse da comenda por morte de
seu pai. Foi o feito julgado na Relação por sentença de 21 de Julho de 1674, sendo conde-
nados os autores, apesar de parentes mais próximos do último possuidor, por serem des-
cendentes por linha não legítima do i.° comendador João de Sousa, e mantido na posse do
padroado e direito de apresentação da comenda o Conde de Miranda, que, havia menos de
um mês, tinha sido criado marquês de Arronches (2).
Ainda tornou a haver dúvidas para o encarte na comenda de Soza de D. Pedro de Bra-
gança, duque de Lafões, representante do Marquês de Arronches; teve porém o Duque
sentença favorável no Juízo da Coroa, em 10 de Novembro de i733, a qual passou pela Chan-
celaria em 19 de Agosto de 1735 (3). Mesmo depois de estabelecido já o regímen constitu-
cional foi reconhecido à representante do Duque de Lafões o seu absoluto direito à posse
dos bens da comenda de Soza, conforme esclarece a seguinte verba: «A D, Maria Carlota
de Bragança se passou carta em 5 de Janeiro corrente, declarando que a natureza dos bens
da comenda de Soza, conteúdos nesta carta de confirmação e de que está de posse, não está
obrigada a encarte nem a pagamento do direito porque não pertencem à Coroa, e se registou
no Uv. 21." do Registo de Mercês de D. Pedro F a íl. i5, e para constar pus esta verba.
Lisboa, 24 de Janeiro de 1861» (4).
(i) Chancelaria de Felipe II, liv. 19.* de Doações, fl. 262 v.
(2) Tudo consta da já citada sentença transcrita em Pegas, Tractatusde Exclusione. . . Maioralus, 1, 14.7 e segs.
{"i) Son^a, Historia genealogica,'SÃl,b'ii.
(4) Apostila à margem da carta de confirmação do padroado e comenda de Soza a Jofio de Sonsa.— Chancelaria
de D. João II, liv. 8.", fl. 225 v.
X
PEREIRAS
Brasões da Sala de Sintra, Vol. 1.
De vermelho, cruz florida de prata, vazia do campo. Timbre: cruz de
vermelho, florida e vazia, entre duas azas de prata.
Sem diferença no escudo encontram-se estas armas no Livro do Armeiro
mor, fl. 52 V., no Livro da Torre do Tombo, fl. lo v., no Thesouro da no-
breza de Francisco Coelho, fl. 27, no Thesouro da nobreza, de Fr. Manuel de
Santo António, p-29, etc.
Quanto ao timbre todos concordam nas peças da sua composição, mas dis-
cordam nos seus esmaltes. Não se encontra esta variedade unicamente nos
autores heráldicos, outro tanto sucede nas cartas de brasão, chegando ao
ponto do mesmo Portugal rei de armas, o bacharel António Rodrigues, passar,
nos anos de i532 a 1Õ42, quatro cartas de brasão com as armas dos Pereiras,
variando em todas elas os esmaltes do timbre (i). Pois tinha ele estricta
obrigação de o não fazer, visto que já a esse tempo existia o livro chamado
da Torre do Towzèo ordenado por D. Manuel, e em cujo prólogo se ler
€ . . . Achou [D. Manuel] ser necessareo corregerese muitas [armas] Que des-
concertadas: polia corruçam do longo tempo erao & cÕuinha darese timbres a
todas: por serem ia perdidos & se nÕ acharem. Guia mingoa & defeito .S.
A. Querendo prouer (Que ao REY conuem dar o timbre & nÕ o que cada
hum Quer tomar como algias cuidam, lhes deu os mais nobres Que se dar
podiam mãdandoas aqui asentar em toda perfeiçam. . .» Em conformi-
dade portanto com este livre deverá ser o timbre dos Pereiras uma cruz
de vermelho, florida e vazia, posta entre duas azas de oiro, recamadas
de azul.
( I ) Chancelaria de D. João III, liv. iS.» de Doações, fl. 1 1 3 v.; liv. 23.», fl. 5; liv. 44.», fl. 40 v.;
e liv. 32.*, fl. 49.
3o2 Brasões
1
. LIDE DE TRASGONHO
O reinado de D. Afonso II foi uma continuada luta dei Rei com os parentes,
çom a nobreza, com o clero.
El Rei lutava por egoísmo, é certo, mas desse egoísmo deveria provir o
bem da nação e, se ele o não conseguiu, deve- se atribuir mais à sua falta de
aptidão para a hjta, do que à brevidade do seu reinado. Na verdade el Rei
era tenaz, mas não era taloroso, e nesses tempos, quando facilmente s«
desembainhava a espada, não bastava a tenacidade.
Alem disso, e sobre tudo, D. Afonso II não foi político. Atacou todos
a um tempo, não sabendo apoiar-se nuns para dominar os outros, e assim
sucessivamente, se não reduzir, pelo menos, enfraquecer a todos. AJudan-
do-se da nobreza, em quem o ardor militar se conservava intemerato, como
prova a tomada de Alcácer do Sal efectuada em 121 7 pelos nobres e prelados
independentes do Rei, poderia êle talvez dominar o clero; assim como, apoian-
do-se neste, subjugaria aquela. Mas não, com o fito unicamente em aumentar
o poderio rial e acrescentar as rendas públicas, desaveio-se com a nobreza,
ordenando as confirmações e inquirições gerais; com o alto clero, atacando-
-Ihe os foros e reprimindo com demasiado rigor as primeiras resistências; e
finalmente com as Ordens religiosas, proibindo as provisões de Soeiro Gomes.
No povo, seu natural aliado, poderia D. Afonso encontrar auxílio eficaz
contra o inimigo comum; não o soube porem aproveitar, ou despresou-o.
Pois não era para isso o nosso bom povo dos concelhos, que na batalha das
Navas de Tolosa, no dia 16 de Junho de 12 12, tanto se distinguira pelo seu
sofrimento durante a campanha, pelo seu valor na acção, chegando a causar
assombro a um contemporâneo ilustre, testemunha ocular.
Vencido, humilhado, morre Afonso II em 25 de Março de i223, deixando
na mão dos seus ricos homens a tutela de seu filho herdeiro, mancebo de
treze anos.
Pode-se conjecturar o que seria a menoridade de D. Sancho II. O clero,
vencedor ao tempo da morte de D. Afonso II, aproveita o ensejo para impor
vergonhosas condições de paz; os nobres, desenfreados, recomeçam no seu
sistema de espoliação das terras e rendas da Coroa; e até as Infantas, redu-
zidas mas não satisfeitas, reclamaram e obtiveram vantajosas concessões.
No meio disto, a posse da tutela de D. Sancho II era disputada pelas armas
entre os ricos homens, passando el Rei, e com êle o absoluto mando, como
de rnão em mão, do poder de uma facção para o de outra, conforme predo-
minava a força, único direito a que nesses tempos se atendia.
Pereiras 3o5
Foram calamitosos para o reino os anos de i223 a 1226.
Ainda então regia a diocese do Porto D. Martinho Rodrigues, adversário
contumaz que fora de Sancho I, e estrénuo propugnador das regahas clericais;
agora porém, não só em paz com a rialeza desde a concordata de 1222, mas
até aliado dos tutores do moço rei. Contra o governo destes havia vários
bandos de insurgentes levantados pelo reino, sobretudo em Alem Doiro, e um
dos principais era o caudilhado por D. Pedro Mendes de Poiares.
Era o Senhor de Poiares sobrinho do Bispo por ser filho de sua irmã
D. Urraca Rodrigues de Pereira; e talvez fiado no parentesco tentou entrar
na cidade do Porto. Não lho consentiu o animoso prelado, que só fugira
diante das forças de um rei, e auxiliado pelos moradores do seu burgo, que
tam dedicados então lhe. eram, repeliu o ataque.
Frustrado o seu intento, volta Pedro Mendes a Poiares, a fim de recons-
tituir e acrescentar as suas forças. Decorrido pouco tempo, à frente de mais
numerosa tropa, toma de novo o inquieto fidalgo o caminho da cidade, o qual
sem estorvo percorre, até que, pouco depois de tfansposto o rio Sousa, se lhe
depara pela frente um numeroso bando para lhe tolher o passo. O previdente
Bispo não se descuidara, e pelo ocorrido prevendo novo acometimento, avisara
seu poderoso primo D. Pedro Rodrigues de Pereira, o qual, reunindo os seus
homens de armas, se dirigira ao encontro de D. Pedro Mendes de Poiares.
Encontraram-se as duas hostes em Trasconho, ou Crastomo, entre Paço
de Sousa e Valongo. Dado o sinal do combate investem-se com denodo os
dois bandos, e trava-se rija batalha, «e porque dom Pedro Rodrigues fez a
lide com rrazom ajudouo Deus: e morrerom hi muitos fidallgos de huma e
da outra parte».
No meio do combate tinham-se avistado os dois cavaleiros e, arremetendo
um contra o outro, rolou Pedro Mendes de Poiares morto pelo chão.
'Triunfante voltou D. Pedro Rodrigues para a sua quinta de Pereira nas
margens do Ave (i;.
II
LINHAGEM
O vencedor da lide de Trasconho era neto de D. Gonçalo Rodrigues da
Palmeira, o primeiro desta linhagem que passou para Portugal (2). Fugia
(i) Fr. António Brandão, na Monarchia lusitana^ p. IV, liv. 12, cap. 32.", p5e a batalha
de Gresconho, como lhe chama, no reinado de Sancho I; esta inadevertência do douto cro-
nista reparou Herculano na Historia de Portugal, vol. II, nota 16, pág. 481 mihi.
(2) Seu pai Rodrigo Forjaz tinha servido ao Conde D. Henrique, e aparece confirmando,
3o4 ' Brasões .
D. Gonçalo à cólera dei Rei de Castela, que o queria punir, por ele ter dado
junto ao paço em um cavaleiro, que o desmentia, um golpe com a espada
«per cima do ombro que o talhou atáa cimta» ! Derivou o seu apelido do
couto da Palmeira a ele doado, não por D. Sancho I, como se tem dito, mas
muito anteriormente.
Nas Inquirições de D. Afonso III do ano de i258 lê-se: «Item de Mo-
nasterio Sante Marie de Nandim. . . Monasterium ipsum est cautatum per
patronos a domna "Regina Tarasia filia magni Regis Alfonsi» (i). Ora o pa-
droeiro, que desde o tempo da rainha D. Teresa coutara o mosteiro de Landim,
fora D. Gonçalo Rodrigues, e não ficara só por aqui a sua generosidade, pois
também doara ao mesmo convento a própria honra da Palmeira, e fá-lo«-hia
em seu testamento; mas há mais ainda para provar, que este couto lhe não
podia ter sido dado por D. Sancho I. E que D. Gonçalo Rodrigues já era
morto em Junho de 1177, e portanto mais de oito anos antes da aclamação
d'aquele rei.
Sei que já era falecido naquele tempo, por mo asseverar a escritura da
confirmação do couto da Palmeira, que ao mosteiro de Nandim, ou Landim,
como hoje dizemos, fizeram os filhos de D. Gonçalo, em Junho de 1 177, refe-
rindo-se ao pai como já morto (2).
O governo de D. Teresa durou de 11 12 a 1128, neste intervalo passou
portanto D. Gonçalo Rodrigues para Portugal, onde foi muito bem recebido
pela Rainha, e não é para admirar visto êle ser parente próximo do famoso
Conde de Trava, amante daquela senhora.
Afirma-se que também a D. Gonçalo Rodrigues fora feita mercê das terras
de Lanhoso, Basto, Refoios, Paiva,. e Baltar, e nada seria demais para lhe
compensar a perda na Galiza do condado de Trastâmara, que havia sido de
seus antepassados e a D. Gonçalo Rodrigues pertencia, por ser o chefe da
família e o representante do Conde D. Mendo, para Espanha vindo nos prin-
cípios do século IX, segundo dizem.
em 9 de De2embro de 1097, a carta dos privilégios da Cornelhã {Historia Ecclesiae Lusita-
niae, vol. II, pág. 214), parece porem não ter permanecido em Portugal.
(i) D.Tomás da Encarnação, Historia Ecclesiae Lusitaniae, vol. III, pág. i85; José
Anastácio de Figueiredo, Nova Malta, vol. I, § 194.
(2) «Nos Filii de Domno Gondisalvo Roderici, Fernandus Gondisalvi, & Gondisalvus Gon-
disalvi, & Elvira Gondisalvi, & Rodericus Gondisalvi. .. facimus scriptum firmitudinis inter
nos . . . Placuit nobis, & juramento, ac benedictione, & maledictione, atque poena firmavimus
cautum, quod Pater noster bonae niemoriae Domnus Gondisalvus Roderici fecit Monasterio
de Nandim, & Ordini Sancti Augustini pro remédio animae suae concessit, ratum, & stabile
in perpetuum permanere... Facta charta mense Junii Era millesima ducentesima decima
quinta ...» Ano do nascimento de 1 177. — Historia Ecclesiae Lusitaniae, cit. pág. 184.
Pereiras 3o 5
Casou D. Gonçalo Rodrigues da Palmeira por duas vezes e ambas em
Portugal, ou talvez uma na Galiza e outra cá.
Conforme o Livro Velho das linhagens foi sua primeira mulher D. Frolhe
Afonso, filha do Conde D. Afonso de Celanova; e segunda D. Urraca Viegas,
intitulada fundadora do mosteiro de Tuias, a qual depois tornou a casar com
o Conde D. Vasco Sanches. Diz mais o mesmo nobiliário, que da primeira
mulher nasceram Rodrigo e Elvira, e da segunda Gonçalo e Fernão (i).
Encontro bastante matéria para reparo na ordem dos nascimentos destes
filhos, e poi'tanto na dos casamentos do pai, tal como no-los apresenta o
Livro Velho. No nome dos filhos acertou ele, mas na cronologia dos seus
nascimentos não me parece, fundando-me na escritura atraz extractada da
confirmação do couto a Landim. Nela nomeiam-se os quatro irmãos por esta
ordem: Gonçalo, Fernando, Elvira, e Rodrigo, e não se me mete na cabeça,
que, sendo Rodrigo o primogénito, consentisse em o seu nome aparecer em
último lugar. Entendo bem d'onde proveio o equivoco dos livros de linhagens.
O filho Rodrigo foi o primeiro Pereira e progenitor destes, ao passo que de
seus irmãos não houve descendência varonil, e por isso os linhagistas supo-
seram ser aquele o senhor da casa, e portanto o filho mais velho; mas sem
razão, me parece. O apelido de Pereira tomou D. Rodrigo Gonçalves por
ser senhor da quinta daquela denominação nas margens do rio Ave, quinta,
segundo todos afirmam, por ele adquirida, ficando portanto excluída a idea
de sucessão nela a seu pai.
A tal escritura de confirmação feita em Junho de 1177 é das tais, de cuja
autenticidade não posso duvidar, pois que o nosso grande mestre de diplomá-
tica a aceitou sem reparo (2). Isto é indiscutível, e portanto fica-nos o Ro-
drigo sendo o último filho de D. Gonçalo da Palmeira, obrigando-nos, ou a
alterar a ordem dos casamentos deste, ou a fazer àquele nascido do segundo
matrimónio.
Vamos a ver o que deste dilema sai. Começarei por alterar a ordem dos
casamentos, e por dizer que D. Gonçalo foi casado pela primeira vez com
D. Urraca, e depois com D. Frolhe. Quanto a esta não há dúvidas; tanto
pode ter sido primeira, como segunda mulher, por ter casado uma só vez, e
por haver notícias de seu pai, o Conde D. Afonso, nos anos de ii3i (3), è
(i ) Livro Velho das linhagens nos Portugaliae tnonumenta histórica^ Scriptores, pág. i58.
(2) João Pedro Ribeiro, Dissertações, vol. Ill, pág. 164, n.° 520.
(3) Testemunha na doação do Conde D. Fernando de Trava de um prédio ao Bispo de
Coimbra em 11 das calendas de Agosto da era ii6g (22 de Julho de ii3i). — Miguel Ribeiro
de Vasconceldfe, Noticias do mosteiro da Vacariça, p. II, pág. 58, doe. n." i3. Veja-se a nota
seguinte.
VOL. I 39
3o6 Brasões
de 1176, se são do mesmo indivíduo as que encontro neste último ano(i),
quando provavelmente D. Gonçalo já seria falecido.
Agora passarei a D. Urraca Viegas, fundadora do mosteiro de Tuias, se-
gundo equivocadamente lhe chama o Nobiliário do Conde D. Pedro, e filha
de Egas Moniz, o aio de D. Afonso Henriques, Foi aquela senhora casada
por duas vezes: uma vez com D. Gonçalo da Palmeira, outra vez com o Conde
D, Vasco Sanches (2). Constam estes casamentos, não só dos livros de linha
gens, mas «m deles, o do Conde, também consta da combinação dos dizeres
daqueles com os de uma escritura. Em Julho de 1297 (1259) foi D. Beren-
gueira de Cardona autorizada pelo Bispo do Porto, a entrar no mosteiro de
Tuias como padroeira, por ser terceira neta da fundadora, D. Urraca Viegas (3)
e de seu marido o Conde D. Vasco, dizem os linhagistas.
Bem, fique pois assente: a intitulada fundadora de Tuias casou por duas
vezes. Agora, para serem os mais velhos os filhos de D. Gonçalo da Palmeira
dela havidos, tinha forçosamente D. Urraca de ter sido a sua primeira mulher
e portanto já ser viúva do Conde D. Vasco. Pois bem, isto é impossível.
Primeiro, porque o Conde D. Vasco ainda era vivo em Março de 1170,
quando confirmou o foral dos Moiros forros de Lisboa (4); e porque nos sete
anos decorridos até Junho de 1177, em que D. Gonçalo era falecido, não há
tempo para este casar por duas vezes, e sobretudo para os seus filhos serem
todos maiores, de catorze anos pelo menos, para naquela data poderem con-
firmar a doação de couto a Landim. Digo mais, em ii65 ainda D. Urraca
não era casada com o Conde D. Vasco. Em Janeiro daquele ano confirmaram
D. Teresa Afonso e seus filhos a doação de Tuias feita por ela aos Cónegos
de Santo Agostinho, e entre os filhos lá se assinou D. Urraca, que, se já fosse
casada segunda vez, se intitularia Condessa D. Urraca (5). Não cause reparo,
advertirei, o ela não se intitular condessa na doação de 1 199, abaixo citada,
porque então já ela era sanctimonialis, isto é, uma quási freira (6), e portanto
despida das vaidades do mundo.
(í) O Conde D. Afonso confirma uma carta de doação ao mosteiro de Lorvão, em Maio
da era de 1214 (1176). — Fr. António Brandão, Monarchia lusitana, p. III, fl. 217 v. — Pare-
ce-me pouco provável que este Conde D. Afonso seja o mesmo citado na nota precedente,
e inclino-me a que não fosse este o sogro de D. Gonçalo da Palmeira.
(2) Livro Velho das linhagens, pág. i63 nos Portugaliac nwnumenta histórica. Scriptores.
(3) Fr. Lião de Santo Tomás, Benedictina lusitana., vol. 11, pág. 354.
(4) Portugaliae monumenta histórica. Leges, pág. 396.
(5) Fr. António Brandão, Monarchia lusitana., III, fl. iSg v.
(6) Sanctimoniales, dictae olim feminae aut virgincs, quae sanctimoniae et victae inte-
gritati potissimum dabant operam : interdum certis, saepe nullis illigatae monasticis votís.
— Du Gange, Glossarium.
Pereiras 3 07
Segundo, porque D. Urraca Viegas em 11 98, vinte e tantos anos pelo
menos depois da morte de D. Gonçalo da Palmeira, já era viúva do Conde
D. Vasco (i), e, sendo abadessa de Tarouquela, ainda era viva, mas por força
muito velha, em i23i (2). •
Uma das proposições do dilema já se vê ser impossível, pois que se não
pode alterar a ordem dos casamentos de D. Gonçalo, tal como vem no Livro
Velho. Vejamos agora se será possível ter sido engano deste o declarar por
filhos da primeira mulher, os que o foram da segunda, e vice-versa.
Não pode também ser, porque os filhos marcados à primeira mulher,
D. Frolhe, tiveram descendência, tanto em todos os Pereiras, que de um
daqueles provieram, como em muitas outras famílias; e os filhos de D. Ur-
raca não tiveram descendência, que persistisse, e, se a tivessem tido, haviam
de ser também padroeiros do convento de Tuias e não consta que os Pereiras
o fossem, nem a Benedictina no lugar citado os aponta.
As conclusões a tirar do exposto são duas. Primeira: na carta de confir-
mação do couto 2f Landim o último dos confirmantes nomeados é o mais. velho
dos irmãos, o que não é crível; segunda: o Livro Velho das linhagens não é
nenhum evangelho pelo qual se possa sempre jurar. Esta é a conclusão ver-
dadeira, reconhecida já, a propósito de outro caso, pelo esquadrinhador mor
da nossa velha papelada,. João Pedro Ribeiro, nas Reflexões históricas {?>).
Mas, fosse como fosse, o certo é ter D. Gonçalo da Palmeira tido um
filho chamado D. Rodrigo Gonçalves da Palmeira, segundo o Livro Velho, ou
D. Rodrigo Gonçalves de Pereira, na versão do Nobiliário do Conde. Pro-
veio-lhe o apelido, conforme já disse, da quinta de Pereira nas margens do
rio Ave, quinta por ele fundada ou adquirida, e para a qual passou a viver
depois da doação' do couto da Palmeira a Landim. Deste D. Rodrigo é que
exclusivamente descendem os Pereiras.
As armas, diz Argote de Molina, tomára-as D. Rodrigo Forjaz, pai de
D. Gonçalo da Palmeira, por" se ter achado na batalha das Navas de Tolosa^
onde aparecera no céu uma cruz semelhante à por êle adoptada. O mesmo
autor quer-nos fazer acreditar, que todas as linhagens de Espanha e muitas de
Portugal, em cujas armas se vê uma cruz florida, a tomaram por terem seus
progenitores entrado naquela batalha, e terem presenciado o milagre. Pare-
ce-me mais provável haverem sido muitas destas cruzes adoptadas em atenção
às Ordens de Calatrava ou de Avis, das quais teriam sido cavaleiros ou
adictos os progenitores das linhagens.
'. \
(i) Santa Rosa de Viterbo, Elucidário^ verb. Deo-vota, vol. I, pág. 365.
( 2) Ibidem, pág. 366.
(3) Vol. I, pág. 60.
3o8 Brasões
Voltando a D. Rodrigo Gonçalves direi a maneira sumária e radical, como
se conta êle vingara a sua honra ultrajada. Não era homem de meios termos;
vão vei.,
«Este dom Rodriguo Gomçallvez foy casado com dona Enes Samchez. Ella
estamdo no castello de Lanhoso fez maldade com huum frade de Boyro, e dom
Rodrigo Gomçallvez foy desto certo e chegou hi e çerçou(i) as portas do
castello e queymou ella e o frade e homeens e molheres e bestas e caaes e
gatos ç gallinhas e todas cousas vivas, e queimou a camará e panos de vistir
e camas e nom leixou cousa movill. E alguuns lhe pregumtarom porque
queimara os homeens e molheres, e el rrespomdeo que aquella maldade avia
XVII dias que sse fazia e que nom podia seer que tanto durasse que elles
nom emtendessem alguuma cousa em que posessem sospeita, a quall sospeita
elles deverom descubrir» (2).
Desta matança nada resultou. D. Rodrigo nem foi castigado, nem deixou
de encontrar quem mais o servisse, nem teve de passar sem mulher, pois
que não ficou curado da primeira, e tornou a casar com D. Sancha Henriques
de Portocarreiro.
Do segundo casamento do Senhor de Pereira foi único filho varão D. Pedro
Rodrigues de Pereira, campeão do Bispo do Porto e vencedor da batalha
entre Paço de Sousa e Valongo. Este casou por duas vezes e de cada uma
de suas mulheres teve um filho chamado Gonçalo.
Um, D. Fr. Gonçalo Peres de Pereira, foi grão comendador de Espanha
na Ordem do Hospital pelos anos de 1269 a 1291. O outro, o Conde D. Gon-
çalo de Pereira, foi muito liberal, «e deu huum dia em Pereyra lxiiii cavallos
ssô huum carvalho que hi estava, deu logo os xxxii e logo comprou estes
cavallos aaquelles a que os dera: e deulhes em emprego daveemça que com
elles fez dos seus casaaes tamtos de que sse elles leverom por bem emtre-
gues: e estes cavallos deuos logo a outros fidallgos» (3).
Casou o Conde da segunda vez com D. Inês Lourenço, filha de D. Lou-
renço Anes Carnes, posteriormente mestre de Santiago, e não teve descen-
dência mascuUna. Porem de sua primeira mulher, D. Urraca Vasques, filha
de D. Vasco Martins Pimentel, rico homem e meirinho mor de D. Afonso III,
teve os seguintes filhos: ,
i.** — Vasco Pereira, senhor de Paiva e Baltar, foi o progenitor dos Pe-
(i) No sentido de tapar, cerrar.
(2) Nobiliário do Conde D. Pedro, nos Portugaliae monumenta histórica. ScriptoreSy
pág. 284.
(3) Ibidem, pág. 285.
Pereiras 809
reiras Marramaques, senhores de Cabeceiras de Basto, com a varonia extinta
e a representação nos Câmaras, Condes da Taipa, também extintos (i).
2." — D. Gonçalo Pereira, arcebispo de Braga, foi pai de D. Álvaro Gon-
çalves Pereira, que entre outros muitos filhos teve o ínclito condestável
D. Nuno Alvares Pereira, um dos mais notáveis heróis em Portugal nascidos,
do qual, por sua única filha D. Beatris Pereira, proveio a casa de Bragança.
Foi o Arcebispo de Braga progenitor dos morgados de Águas Belas, dos
comendadores de Farinha Podre e dos do Pinheiro, casas nas quais se extin-
guiu a varonia (2). ^
O conde D. Gonçalo de Pereira ainda teve mais um filho; este porem foi
natural, havido em Marinha Vasques, e chamou-se Rui Gonçalves Pereira.
Dele tratarei no capítulo seguinte.
III
CONDES DA FEIRA
O ramo destes Pereiras derivou-se do tronco na pessoa de Rui Gonçalves
Pereira, filho bastardo do Conde D. Gonçalo de Pereira. Já foi Rui Gon-
çalves herdado na comarca da Beira, e no seu paço de Covelas de Riba de
Vouga, no dia 7 de Abril da era de i385 (1347), foi intimado da parte dei
Rei pelo seu juiz no julgado de Vouga a demitir de si e não usar da jurisdição
criminal no referido couto de Covelas (3). «Foy boo cavalleiro custoso de
gram fazenda» (4) e teve entre outros filhos, segundo o Nobiliário citado, a
Álvaro Pereira e Gonçalo Pereira, duas das testemunhas diante de quem
D. Pedro I, em Cantanhede, a 12 de Junho da era de 1398 (i36o), declarou
(t) Houve dois Condes da Taipa: D. Gastão da Câmara Coutinho Pereira de Sande,
senhor das Ilhas Desertas, dos morgados da Taipa e Regalados, alcaide mor de Torres Vedras,
i.° conde da Taipa, por carta de 3 de Julho de 1823, par do reino desde 3i de Outubro de
1826, faleceu sem geração a 27 de Março de 1866; e D. Manuel Jerónimo da Câmara Cou-
tinho Pereira de Sande, 2." conde por decreto de i de Julho de 1866, morreu, também sem
descendência, em i de Maio de 1869.
(2) Pretende-se deduzir de Diogo Álvares Pereira, filho do prior D. Álvaro Gonçalves,
uma linha de Pereiras, mas não há fundamento suficiente para isso. Diogo Álvares morreu
na batalha de Aljubarrota, em 14 de Agosto de i385 ; neste ponto não há dúvidas. Pois bem>
na tal suposta linha dá-se como vivo, ainda em iSgS, um seu bisneto ! Isto é : são duzentos
e treze anos tomados por três gerações ! Muito mais se poderia notar ainda na tal linha,
mas basta isto para fazer pô-la de parte.
(3) Livro 2.» de Direitos riais, fl. 196.
(4) Nobiliário do Conde D. Pedro, nos Portugaliae monumenta histórica. ScriptoreSy
pág. 286.
3 IO Brasões
haver casado com D. Inês de Castro (i), e ainda a Rui Pereira, o valente ca-
pitão da nau Milheira da armada do Porto, que entrou em Lisboa durante o
cerco posto pelos Castelhanos, em Julho de 1384, Foi aquela nau uma das
cinco aprisionadas, tendo sido o seu capitão, depois de combater valorosa-
mente, morto por um virotão.
Havia D. Fernando, logo ao subir ao trono, mandado entregar, por carta
de 27 de Fevereiro de 1406 (1367), o castelo de Elvas a Álvaro Pereira (2).
Outras mercês lhe fez ainda, intitulando-o, em alguns diplomas, seu vassalo (3).
Morto D. Fernando, tomou Álvaro Pereira o partido do Mestre de Avis, e
assistiu às Cortes nas quais êle foi eleito rei, a 6 de Abril de i385. Logo a
seguir D. João I, não só nomeou Álvaro Pereira marichal da hoste (4), como,
por carta de 8 do mesmo mês, lhe fez doação de juro e herdade das terras
de Santa Maria da Feira, [Cabanões de Ovar], Cambra e Refoios, com seus
julgados e termos (5). Esta foi a origem da nobre casa da Feira e Álvaro
Pereira o seu primeiro senhor.
Faleceu Álvaro Pereira e D. João I, por carta dada no Porto a 19 de
Agosto de 1424 (i386), fez mercê a seu filho João Álvares Pereira, para êle,
seus filhos, netos e descendentes, de todas as terras da Coroa possuidas ao
tempo do falecimento por seu pai, que fora marichal, com a condição delas
passarem, não tendo João Álvares filhos, a sua irmã Beatriz Pereira e seus
descendentes, e, na falta destes, a sua outra irmã Leonor Pereira e seus des-
cendentes, revertendo, só na falta de todos, para a Coroa. Foi tudo confir-
mado depois, por carta dada em Évora a 5 de Abril de 1453, a Fernão Pe-
reira, do conselho dei Rei e filho maior do referido João Álvares Pereira,
declarando-se então serem as terras as acima nomeadas. Em seguida tornou
a ser tudo confirmado, por carta dada em Santarém a 2r de Dezembro de
(i) Aires de Sá, Frei Gonçalo Velho, vol. I, doe. xl, pág. 78.
(2) Chancelaria de D. Fernando, liv, i.", fl. i v.
(3) Doação por juro de herdade de um souto apar da aldeia de Joane, no termo da Co-
vilhã, com a condição de acabar, pelas rendas do prédio, o mosteiro de S. Francisco daquela
vila, carta de 28 de Fevereiro de 1410 (1372), Doação, em quanto fosse sua mercê, dos lu-
gares de Avelãs de Cima e outros, carta de 2 de Agosto de f4i5 (1377). Outra, nos mesmos
termos, dos lugares de Sever, etc, dada a 20 de Agosto de 1419 (i38i). — Chancelaria de
D. Fernando^ liv. i.», fl. 95 v., e liv. 2.», fls. 12 v. e 84 v.
(4) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, p. II, cap. 1.", asserção confirmada pelos dizeres
da carta de 25 de Agosto de 1423 (i385) de doação a Álvaro Pereira, nosso marichal, das
terras e lugares que Gil Martins Doutel possuia, a quem foram confiscadas, «porquanto,
estando nós na batalha, que houvéramos com el Rei de Castela, o dito Gil Martins Doutel
fugiu dela e não nos quis ajudar em ela, nem perCalçar da honra que todolos Portugueses
em ela houveram». — Chancelaria de D, João 1, liv. 1.°, fl. 85 v.
(5) Chancelaria de D. João I, liv, 1.", fl. 128.
Pereiras 3i i
1467, ao filho maior de Fernão, Rui Pereira, fidalgo da casa e do conselho,
a quem se seguiu seu filho D. Diogo Pereira, que alcançou confirmação da
casa da Feira, sendo também fidalgo da casa e do conselho, por carta dada
€m Lisboa a 7 de Dezembro de 1486(1). Estes dois últimos, Rui e Diogo,
foram o i.*^ e o 2.° conde da Feira.
Quanto aò castelo da Feira consta o seguinte: Fernão Pereira, fidalgo
da casa, declarou a D. Afonso V, que pelos reis D. João I e D. Duarte fora
doado a João Rodrigues de Sá e a seu filho Fernão de Sá o castelo da Feira,
o qual estava muito danificado de muros, paredes, casas, e outras coisas a
ele necessárias, de tal forma, que, se ao reino sobreviesse algum trabalho,
o que Deus defendesse, os moradores da terra da Feira não teriam no cas-
telo defensão nenhuma. Pediu Juntamente a el Rei, por quanto a terra da
Feira era de seu pai João Alvares Pereira, a quem, como filho legítimo maior,
esperava suceder, que lhe fizesse mercê do castelo de juro e herdade, pois
que o queria correger, refazer e reparar à sua própria custa, de muros, pa-
redes, casas e todas as outras coisas que fossem necessárias para sua forta-
leza e defensão. Outorga-lhe el Rei o pedido, e faz-Ihe doação, por carta
de 19 de Novembro de 1448, do castelo da Feira de juro e herdade, com a
condição de fazer as obras necessárias. Por morte de Fernão foi confirmado
o castelo, por carta de 21 de Dezembro de 1467, a seu filho Rui Pereira, a
quem sucedeu D. Diogo Pereira, que obteve confirmação em 7 de Dezembro
de 1487 e 9 de Março de 1496(2). Foram estes os dois primeiros condes da
Feira já lá acima nomeados.
Rui Pereira, 4.° senhor da terra de Santa Maria da Feira e 2.° do seu cas-
telo, foi o i." conde da Feira. Como se não encontra registada a carta de
mercê deste título, entraram os genealogistas em grandes confusões. Xisto
Tavares e outros dizem haver êle sido o primeiro que se chamou conde da
Feira, sem vontade dei Rei; D. António de Lima porem, melhor informado,
acrescenta que D. Afonso V lhe dera depois o seu consentimento. Outros
mais modernos afirmam, fundados em documentos falsos, haver aquele mo-
narca criado conde de Moncorvo a Rui Pereira, mas que êle não quisera
usar de tal título e ordenara a seus vassalos lhe chamassem Conde da Feira (3).
Não é opinião aceitável: em primeiro lugar, porque os documentos autênticos
são mudos a respeito do condado de Moncorvo, ao passo que claramente
falam no da Feira, como veremos; em segundo lugar, porque não posso acre-
ditar que em Rui Pereira o capricho o levasse ao ponto de repudiar, junta-.
(i) Chancelaria de D. João //, liv. 8.», fl. 226 v.
(2) Liv. I." cia Estremadura, fl. Si v.
(3) P.e Sousa, Historia genealógica^ III, 28.
l
3 1 í Brasões
mente com o condado, as rendas da vila de Moncorvo, as quais com êle
haveria de receber. E então estes senhores da Feira, Rui e Diogo, que foram
grandes opressores dos seus vassalos e, sobre tudo o primeiro, apaixonado
agenciador dos próprios interesses, por causa dos quais teve uma bem sabida
e grave contenda com os burgueses do Porto.
Quanto à existência do condado da Feira na pessoa de Rui Pereira não
pode haver dúvidas; vários documentos o atestam. Por alvará de i6 de
Maio de 1481 fez D. Afonso V mercê ao Conde D. Rodrigo Pereira, do seu
conselho, dos bens de certos moradores nas suas terras de Santa Maria e
Cambra (i). Na já citada carta de 7 de Dezembro de 1486, de confirmação
da casa da Feira á D. Diogo Pereira, determina-se que êle haja as terras,
como as houvera o dito Conde seu pai D. Rodrigo Pereira (2). Por estes
documentos já fica certo ter êle tido o título de conde, e que este só podia
ser o da Feira, também não há dúvida.
Veio o condado da Feira a vagar em 1700, por morte do g." conde D. Fer-
nando Forjaz Pereira, e por carta de .10 de Fevereiro de 1708 fez D. João V
doação da. casa a seu irmão o infante D. Francisco (3). Nesta ocasião tinha'
já a Coroa tido sentença favorável na demanda levantada, acerca da sucessão
da casa da Feira, por D. Álvaro Pereira Forjaz Coutinho, descendente de
D. João Pereira, o Mulato, filho bastardo do i.° Conde da Feira. Nesta
ocasião forjaram-se, com uma audácia incrível, vários documentos falsos dos
quais darei notícia lá adiante (4).
O i.'' Conde da Feira, sendo ainda simplesmente «Rui Pereira, fidalgo
de nossa casa», de quern D. Afonso V confessa ter «grande carrego», havia
casado, precedendo contrato de 20 de Junho de 1456, com D. Leonor de Ber-
redo, donzela da casa da falecida rainha D. Isabel e filha de Gonçalo Pe-
reira (5), o das Armas, 2.° senhor de Cabeceiras de Basto, nomeado por vezes
na Chronica de D. Afonso V. Era D. Leonor irmã de D. Maria de Berredo
já ao tempo casada com Fernão Pereira, de quem foi segunda mulher. Este
Fernão Pereira era o pai de Rui Pereira e fizera-lhe também D. Afonso V o
casamento, como se declara na carta de 8 de Outubro de 1451 de aprovação
do contrato ante-nupcial (6). Reíere-se a estas duas irmãs, ainda solteiras,
(i) Chancelaria de D. João II, liv. 3.°, fl. 43 v.
(2) Ibidem^ liv. 8.», fl. 226.
(3) P.e Sousa, Provas da Historia genealógica, V, 368.
(4) Nota I no fim deste artigo.
(5) Chancelaria de D. Manuel^ liv. 44.", fl. 92.
(ó) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 35.", fl. 92.
Pereiras 3 1 3
um documento interessame, o qual em resumo declara: «Querendo fazer
graça e mercê a D. Maria de Berredo e a D. Leonor sua irmã, donzelas da
casa da Rainha minha mulher, hajam, do i.° de Janeiro que foi de 1430 em
diante, de seu mantimento e vestires, trinta e dois mil cento e setenta e dois
reais brancos, a saber: nove mil novecentos e quarenta e três reais de seu
mantimento a cada uma 5 e quatro mil novecentos e cinquenta reais a cada
uma de seu vestir, contando ai mil e quinhentos reais de vestir para um
homem e uma mulher, que as servem; e de sua cevada a cada uma delas por
ano mil cento e noventa e três reais. Évora, i5 de Março de 1450» (i).
D. Rodrigo Pereira, i." conde da Feira, estava já morto em Dezembro
de 1486 e parece ter falecido nesse mesmo ano. Numa carta de 6 do refe-
rido mês, manda-se pagar, do i.'' de Janeiro de 1487 em diante, a D. Diogo
Pereira uma tença de dezassete mil reais brancos, «os quais havia o Conde
D. Rodrigo seu pai pela jurisdição da terra de Refoios, que lhe foi dada e
se tornou à Sé da cidade do Porto» (2). D'aqui deverá erltender-se haver o
Conde D. Rodrigo recebido ainda a tença do ano de 1486. Neste mesmo
ano, por outra carta também de 7 de Dezembro,, já citada, foi confirmada a
casa da Feira a D< Diogo Pereira, filho maior de D. Rodrigo; do título porém
só se encontram vestígios, de lhe haver sido conferido, de i5 de Janeiro de
i5oi por diante, não muito positivos (3), e certos em i de Setembro do. mesmo
uno (4).
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 12.*', fl. 122 v.
(2) Chancelaria de D. João II, liv. 8.», fl. 122.
(3) Auto mandado lavrar pelo Corregedor da comarca da Estremadura a i5 de Janeiro
de i5oi «na vila de Ovar, terra do Conde da Feira»; parece contudo haver o título sido dado
no documento por mera cortesia do Corregedor, pois que el Rei na ordem àquele enviada
o manda simplesmente ir à «Feira, terra de D, Diogo Pereira». — Corpo cronológico, part 11,
mac. 3, doe. 63
(4) Sentença de i de Setembro de i5oi dada a favor dos povos das suas terras e contra
D. Diogo Pereira, conde da Feira, que os oprimia. No dia 1 1 de Outubro seguinte foram as
justiças para intimar a sentença ao Conde e, chegando acerca do castelo da Feira, acharam
por notícia que o Conde D. Diogo andava ao monte sobre um porco; e tornaram em busca
dele Conde e o acharam, já vindo para o castelo, com certos seus escudeiros, e o escrivão
lhe entregou uma carta missiva cerrada, a qual o Corregedor lhe enviava. Leu o Conde
a carta e foram todos para o castelo, e nas casas onde o Conde está, numa câmara sua, se
apartou com os escrivães e com eles falou, etc. No ano seguinte, a 25 de Outubro, fez-se
termo da publicação da sentença, no castelo da Feira, estando el Rei no dito castelo, onde
por seu mandado foi um escrivão ao aposentamento de D. Diogo Pereira, conde da Feira, para
lhe publicar a sentença e ler-lha. Ele porem declarou não a querer ouvir e só estar por ela
na parte que lhe era favorável, tencionando vir com embargo à parte que lhe era contrária.
Foram presentes D. Diogo, filho do Marquês de Vila Rial que Deus haja, Brás de Ferreira,
voL. I 40
3 14 Brasões
Nos descendentes de D. Rodrigo Pereira continuou a casa e título de conde
da F'eira até seu quarto neto D. João Forjaz Pereira, 5.° conde por carta de
20 de Abril de iSgô (i) e sucessor na casa por morte de seu irmão D. Diogo
Forjaz Pereira de Meneses, que a houvera, sem o título, em sucessão a seu
avô o 4.° conde da Feira D. Diogo Forjaz Pereira. Havia D. João servido
na índia nos postos de capitão de Ormuz e de Malaca e de lá regressara, ao
ter conhecimento da morte do irmão, a fim de suceder na casa. Nomeado
vice-rei da índia por carta patente de 1 1 de Março de 1608 (2), para lá partiu
a 29 de Março, na nau Vencimento do Carmo, e no caminho morreu (3).
Antes de partir, entre várias mercês, fizera-lhe el Rei. por carta de 14 de
Março de 1608, a de lhe tirar por duas vezes fora da Lei Mental, além da
vida concedida a sua filha, o tíj:ulo de conde da Feira, a vila e concelho da
Feira e as vilas de Ovar e Cambra, que tudo havia de juro (4).
procurador dos feitos dos forais da comarca da Estremadura, Afonso Anes, clérigo e capelão
do Conde, e no fim chegaram o Marquês de Vila Rial, irmão do D. Diogo acima, seu outro
irmão D. Henrique e D. Pedro de Meneses, conde de Cantanhede {Gaveta, X, mac. 12, n." 16).
Não posso deixar de notar esta maneira de D. Manuel corresponder à hospitalidade dispen-
sada pelo Conde da Feira, consentindo lhe fosse intimada uma sentença desfavorável. Nela
menciona-se outra de D. João II, de 29 de Abril de 1489, dada a favor de D. Diogo Pereira,
conde da Feira; não valerá porem nada esta afirmativa não só por a referência à tal sen-
tença vir apenas em extracto, mas também por estar em oposição aos mais documentos
conhecidos. D. Manuel ia então a caminho de Santiago de Compostela,
(i) Chancelaria de Felipe 7, liv. 3o.» de Doações, fl. 220.
(2) Chancelaria de Felipe 11^ liv. 23.° de Doações^ fl. 4.
(3) Luís de Figueiredo Falcão, Livro de toda a fas^enda, pág. 187.
(4) Havendo respeito aos serviços que D. João Froyas Pereira, conde da Feira, do meu
conselho, tem feito nas partes da índia e neste reino, onde por vezes serviu de capitão geral
das armadas dele, dos quais serviços el Rei meu pai e eu tivemos sempre muito particular
satisfação, e a o Conde me ir ora servir às ditas partes da índia por meu viso rei delas e por
muito folgar de lhe fazer honra e mercê, por todos estes respeitos e por seus merecimentos
e daqueles de que êle descende, hei por bem e me praz de lhe fazer mercê do título de conde,
que tem, de juro e de lhe tirar por duas vezes fora da Lei Mental o mesmo título e a vila e
concelho da Feira, e assi as vilas de Ovar e Cambra, que tem de juro, alem da vida de sua
filha, e com a declaração que, em falta de filho do possuidor último, virá tudo a filha fêmea,
e, não tendo filho, ao irmão barão descendente de sua casa, e, não havendo irmão, virá ao
sobrinho barão, filho do irmão do último possuidor descendente de sua casa. E assim me
praz de lhe fazer mercê da dízima do pescado de Ovar, que tem em sua vida, de juro para
que ande anexa à sua casa da Feira e que, sendo os seus ouvidores letrados aprovados pelo
Desembargo do Paço para meu serviço e sendo limpos de raça, possam fazer a correição
uma vez cada ano, assim como a fazem os meus corregedores das comarcas do reino, as
quais mercês lhe faço, além das mais que por estes respeitos lhe fiz, etc. Lisboa, 14 de
Março de 1608. — Chancelaria de Felipe II, liv. 23.° de Doações^ fl. 37 v. — Nestes termos se
renovou a concessão da casa da Feira, a qual tinha vagado pela qaorte sem filhos de D. Diogo
Forjaz Pereira de Meneses.
Pereiras 3i5
Em virtude da mercê acima apontada foi a sua filha única, D. Joana Forjaz
Pereira, concedido o titulo de condessa da Feira por carta de 14 de Outubro
de 1620(1). Casou esta senhora com D. Manuel Pimentel, ou D. Manuel
Forjaz Pereira Pimentel, como é nomeado na carta de 14 de Outubro de 1628
do titulo de conde da Feira (2), e dele teve a D. João Forjaz Pereira, 7.° conde
da Feira (3), e a D. Fernando F'orjaz Pereira Pimentel, 8.° e último conde
da Feira em sucessão a seu irmão (4). Morreu a i5 de Janeiro de 1700 sem
deixar sucessão legítima, apontando-se-lhe todavia dez filhos bastardos (6).
Vagou então para a Coroa a casa da Feira e dela fez D. João V mercê a
seu irmão o infante D. Francisco, dando-o facto origem a uma demanda, como
já lá acima ficou apontado. Ao bisneto do autor nesse processo, D. Miguel
Pereira Forjaz, foi concedido, por carta de 18 de Maio de 1820, o título de
Conde da Feira em sua vida (6). Foi militar e serviu na campanha do Ros-
siihão e Catalunha, mas tornou-se mais conhecido pelas suas funções civis,
na qualidade de secretário da regência e de ministro da guerra, cargos de
que foi deposto pela revolução de 1820. Morreu sem sucessão a 6 de No-
vembro de 1827, passando a casa a sua irmã D. Maria Joana Forjaz da Câ-
mara e Meneses, viscondessa de Vila Nova do Souto dei Rei, mulher do
3.® Visconde.
Pertencia o Conde da Feira D. Miguel ao ramo dos Pereiras, morgados
da Redinha e senhores dos coutos de Freiriz e Penagate. Outros ramos
ainda se derivaram da casa da Feira: os dos senhores de Fermedo e Cabe-
çaes, os Pereiras de Berredo, os morgados de Vila Maior, os da Taipa e
outros.
Tem havido, com maior ou menor certeza, muitas e muito ilustres casas
com o apelido de Pereira derivado, directamente por uma senhora, desta
antiga varonia. Lembram-me os Duques do Cadaval, os senhores de Castro
Daire, os Pereiras de Lacerda, os Pereiras de Araújo e mais.
Outras casas há, igualmente antigas e ilustres, as quais, usando do apelido
de Pereira, são contudo ramos destroncados da árvore principal. Tais são
os Pereiras Coutinhos, morgados e viscondes da Baía, os Pereiras de Alco-
(i) Chancelaria de Felipe. Ill, liv. 7.» de Doações, fl. 86.
(2) Ibidem, liv. "ii.* de Doações, fl. 245 v.
(3) Já era conde a 27 de Janeiro de i65o, data de uma verba relativa a certo juro vin-
culado no qual sucedera. — Chancelaria de D. João IV, liv. 5.* de Doações, fl. 240.
(4) Carta de i de Outubro de 1669. — Chancelaria de D. Afonso V/, liv. 45." de Doações^
fl. lOI.
(5) P.« Sousa, História genealógica, V, 296 a 298.
(6) Mercês de D. João VI, liv. 14.°, fl. 194 v.
3i6 Brasões
chete dos quais são chefes os morgados da Amieira, hoje Pereiras de Lucena,
os' Pereiras Coutinhos da casa de Penedono, os Pereiras Patos, os Pereiras
da casa de Bertriandos,. os dos coutos de Mazarefes e Paradela, daqueles
derivados, etc.
No capítulo seguinte ocupar-me-hei dos Pereiras de Bertiandos, aprovei-
tando-me de averiguações documentais directamente alcançadas e de informa-
ções tiradas do arquivo da casa e ministradas por meu velho amigo o actual
Conde de Bertiandos. -
IV
CASA DE BERTIANDOS
A casa de Bertiandos foi fundada nos fins do século xv pelo honrado
Fernão Pereira, cavaleiro, almoxarife dei Rei no seu almoxarifado de Ponte
de Lima.
Era Fernão Pereira, filho de Lopo Rodrigues Cerveira, escudeiro, almo-
xarife de Ponte de Lima pelos anos de 1430 a 1450, se é que não foi seu
neto e filho de Diogo Pereira, cavaleiro, outrosim almoxarife da mesma vila
desde 1460 até às proximidades de 1466; se não foi filho deste, deveria ter
sido seu irmão.
A Lopo Rodrigues Cerveira, seu almoxarife em Ponte de Lima, deu
D. Duarte em tença, por carta de 5 de Dezembro de 1433, a herdade da
Loisa no reguengo daquela vila, doação confirmada por D. Afonso V, em 21
de Junho de 1439 (i). Este Rei, por outra carta da mesma data, confirmou-
-Ihe o almoxarifado (2). Ainda em vida de Lopo Cerveira foi nomeado al-
moxarife de Ponte de Lima, por carta de 28 de Setembro de 1450, Diogo
Pereira, escudeiro do infante D. Henrique (3); ao mesmo, sendo já cavaleiro
e ainda almoxarife, foram dados quatro mil reais de tença por carta de 24
de Fevereiro de 1464(4); e, não sendo já almoxarife, foi nomeado coudel de
Vila Nova da Cerveira, onde então morava, por carta de 14 de Março de
1466 (5). Por uma carta de perdão de 14 de Dezembro de 147 1, à qual logo
me referirei, consta ter já então o almoxarifado de Ponte de Lima Fernão
Pereira, que em 1497 ^ resignou no filho Lopo Pereira, a quem se passou
carta no dia i5 de Junho, adiante citada.
(1) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 19.", fl. 16 v.
(2) Ibidem, liv. 18.% fl. 96.
(3) Ibidem, liv. 34.», fl. i58. — Este Diogo Pereira é o progenitor dos senhores do couto
de Mazaretes e Paradela.
(4) Ibidem, liv. 8.", fl. 179 v
(5) Ibidem, liv. 14.*, fl. 71 V.
Pereiras 3 1 7
Recapitulando: em 1433 já Lopo Rodrigues Cerveira exercia o ofício de
almoxarife de Ponte de Lima; em 1497 ainda o possuia Fernão Pereira, que
dizem ter sido seu filho. São mais de sessenta e quatro anos, talvez para
cima de setenta, ocupado? apenas por duas gerações. Não é impossível;
mas também não é muito provável. Numa inquirição de testemunhas feita
em 1570 e junta aos autos de uma demanda que então corria sobre o padroado
de Mangoeiro, declara-se ser Fernão Pereira filho de Lopo Rodrigues Cer-
veira. Esta inquirição, passada um século depois, não tem autoridade sufi-
ciente para nos assegurar a verdade das suas asserções, tanto neste ponto,
como noutros a que se refira relativos- a sucessos daqueles antigos tempos.
Lopo Rodrigues Cerveira passou a morar em Valença, onde exerceu o
ofício de escrivão da dízima do ferro e aço e das sacas, de que teve nomeação
provisória, sendo já escudeiro, em 3 de Junho de 1462, e definitiva em 10 de
Agosto de 1472(1). Na mesma vila foi proprietário, e lá. possuiu, entre
outros bens, o chão em que esteve o castelo dei Rei, do qual lhe foi feita
mercê por carta de 27 de Julho de 1462 (2). Foi filho de Rui Lopes da Cer-
veira, padroeiro, no julgado de Vila Nova da Cerveira, da igreja de S. Pedro
de Mangoeiro (depois chamada de Gondarêra), na qual apresentou um cura
em 2(3 de Agosto de 1434(3).
Este padroado de S. Pedro de Mangoeiro, e depois de Gondarêm quando
a freguesia mudou de sede, conservou-se na posse dos-senhores da casa de
Bertiandos até à extinção dos direitos de apresentação, e permite deduzir com
segurança os Pereiras daquela casa dos antigos Cerveiras, que tomaram o
apelido de Vila Nova da Cerveira, da qual, em tempo de D. Sancho I (i i8õ-
-121 1), foi senhor D. João Nunes da Cerveira, ainda nomeado nas Inquiri-
ções de 1 258 (4).
Na própria freguesia de Mangoeiro encontram-se , nas Inquirições, várias
referências à permanência aí dos Cerveiras, Nas já citadas de i258 diz-se
que Maria Cadela recebeu a Pêro Lourenço da Cerveira por filho em her-
dade foreira a el Rei, e por esse facto a traz honrada, não pagando já o
foro (5). Nas de 1290, data da sentença que as julgou, iniciadas contudo
dois anos antes, conta-se que em tempo de D. Afonso II (1211-1223) Gonçalo
Anes da Cerveira, que havia sido criado no lugar de Copos fora da freguesia
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. i.", fl. 40 v., e liv. 29.°, fl. 80.
(2) Livro 3." de Além Doiro, fl. 286.
(3) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, vol. II, fl. 260 miAi, reportando-se a docu-
mento existente no cartório dos Arcebispos de Braga.
(4) Poriugaliae monumenta histórica. Inquisitiones.,'pág. 35i.
(5) Ibidem^ pág. 333. - ■
3i8 Brasões
de Mangociro, fora trazido a esta ao lugar do Oiteiro em Gondarêm, sendo
já tam grande que sósinho podia cavalgar, e desde então, sob pretexto de o
terem lá criado, escusavam-se os moradores d'e pagar a el Rei seus foros e
direitos, trazendo o lugar por honra (i).
Casou Rui Lopes da Cerveira com Maria Pereira. De quem ela fosse
filha não o dizem os nobiliários antigos, nem o declara nenhum documento
meu conhecido; dela porem, isso é certo, tomaram seus descendentes o ape-
lido e as armas, em substituição das dos Cerveiras (2), as quais seriam as
na nota descritas, muito diversas todavia das dos Cerveiras de Santarém,
usadas pelo alferes mor da bandeira daquela vila, Mem Cerveira (3).
Fernão Pereira, o fundador da casa de Bertiandos, fez as suas rapaziadas
e estúrdias, e de uma delas, que lhe ia saindo mais cara, consta o seguinte.
Em Vila Nova da Cerveira morava Pêro Carvalho, escudeiro, que parece
dispunha dalguma autoridade, pois prendera e preso retinha numa casa da
vila a Pêro Anes, acusado de haver assassinado Fernão Pita, filho de João
Pita. O assassino era amigo ou protegido de Fernão Pereira, já ao tempo
almoxarife de Ponte de Lima, e êle, juntando gente, foi a Cerveira, soltou
o preso e deu-lhe fuga por forma a não poder ser julgado.
Até aqui não foi a coisa mal; mas sucedeu que, tanto Pêro Carvalho, como
os parentes, e não eram poucos, do assassinado Fernão Pita, queixaram-se
a el Rei, dizendo que Fernão Pereira era «homem mal feitor, renegador de
Deus e de Santa Maria e de seus santos», e fugira. Realmente fugira; mas,
aproveitando a renovação por então feita da lei de 148 1 em benefício dos
homisiados que fossem servir a Africa, para lá partiu na expedição então
organizada com o fim de acometer Arzila, cuja conquista realizou em 24 de
Agosto de 147 1, seguindo-se-lhe logo a ocupação de Tânger. Voltando
D. Afonso V triunfante a Lisboa, não publicou só a mudança do seu ditado,
que passou a ser de Rei de Portugal e dos Algarves, d'àquêm e d'àiêm mar
em Africa, mas também um perdão geral. Deste se aproveitou Fernão Pe-
reira, que, tendo previamente alcançado das partes interessadas remissão da
(i) Inquirições de D. Denis, liv. 4.°, fl. 86. — A este mesmo facto há outra referência em
Inquirições da mesma alçada lançadas no Livro da Beira e Além Doiro, fl. 85 v.
(2) As armas dos Cerveiras são esquarteladas: o I e IV de vermelho, cruz florida de oiro
e vazia do campo ; bordadura de prata carregada de doze escudetes de azul, cada um sobre-
carregado de cinco besantes de prata; o II e III de prata, duas cervas passantes e sotopostas
de púrpura. Timbre : cerva passante de púrpura, carregada de uma cruz florida de oiro e
vazia de púrpura. — Livro do Armeiro mor, fl. 67, Livro da Torre do Tombo, fl. 14, carta de
brasão de 2 de Abril de i5i7 na Chancelaria de D. Manuel, liv. 9.°, fl, 7 v.
(3) Nota II no fim deste artigo.
Pereiras 3 1 9
queixa, foi, por carta de 14 de Dezembro de 1471, em galardão do seu ser-
viço em Africa, relevado de toda a culpa e proibida a sua prisão (1).
Restituido Fernão Pereira ao socêgo de sua casa, tratou de aumentá-la,
sendo ainda solteiro (2), e, havendo alcançado de D. Afonso V o padroado da
igreja de Santiago de Cristelo o qual, por ser no termo de Caminha, já lhe
havia cedido D. Pedro de Sotomaior, conde daquela vila, propôs uma troca
ao dom Abade do mosteiro benedictino de S. João de Cabanas. Aceitou-a
o Abade, então D. João de Sá, e sugeitou-se o contrato á aprovação do Or-
dinário, ao tempo o Vigário geral, sede vacante, do Bispo de Ceuta na admi-
nistração de Entre Lim*a e Minho. Mandou ele proceder à avaliação das
propriedades que se pretendiam trocar, as quais eram, por parte do Almo-
xarife, o padroado de Cristelo, e por parte do Abade, a quinta de Bertiandos,
com todas as suas casas, vinhas e herdades, possuída pelomosteiro naquela
freguesia. Foi então o rendimento da quinta, com todas as suas pertenças
e foros, avaliado em oitocentos reais brancos, e o do padroado, em dois mil
e quinhentos. Conhecida a vantagem que a troca trazia ao convento foi ela
aprovada por sentença de 22 de^ Março de 1479, e desde então pertenceu a
quinta de Bertiandos aos Pereiras (3).
Já neste tempo possuia Fernão Pereira propriedades naquela paróquia.
A casa deste prédio era no lugar depois chamado a Devesa da Granja, sitio
ainda hoje existente com o mesmo nome dentro da quinta, próximo do palácio,
havendo a memória de ter sido efectivamente devesa. A quinta, que fora
do convento, constava de muitas terras e das tais casas, provavelmente demo-
lidas para aproveitamento da pedra, quando se edificaram ou ampliaram os
próximos paços. Era pois a quinta de Bertiandos propriedade encravada na
já possuída pelo Almoxarife, e assim se explica o ter ele feito com os Frades
uma troca, na aparência só vantajosa para estes.
Casou Fernão Pereira, depois de realizado este contrato, com Maria Vaz
e dela já tinha pelo menos um filho, quando Caterina Dias, mulher de Gon-
çalo de Bairros de Vaabom, morador no julgado de Regalados, considerando
como não tinha filho nem filha nem outro nenhum herdeiro, e considerando
mais o grande divido que tinha com Fernão Pereira, almoxarife de Ponte de
Lima, e com Maria Vaz sua mulher, lhe aprouve de perfilhar e tomar por
filho e herdeiro em todos ^eus bens a Lopo Pereira, filho dos ditos cônjuges.
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 17.», fl. 17. ,
(2) Na escritura a seguir citada não se declara o estado de Fernão Pereira; envohe ela
porem uma alienação de propriedade e portanto deveria intervir no contrato a mulher de
Fernão Pereira, se ele fosse casado.
(3) Documento existente no cartório da casa de Bertiandos.
320 Brasões
Foi o instiumento de perfilhação feito pelo tabelião do referido julgado, a 12
de Janeiro de 1490, e teve confirmação régia a 3o de Julho do mesmo ano(i).
Maria Vaz, a quem alguns nobiliários dão sem fundamento o apelido Malheiros,
sobreviveu a seu marido e por escritura do ano de i5o3 vendeu a seu filho
uma quinta em Refoios de Lima (2).
Continuou Fernão Pereira no almoxarifado de Ponte de Lima e, sendo
já cavaleiro, teve dele confirmação de D. João II, em 27 d-e Agosto de 1488,
e em 21 de Abril de 1496 de D. Manuel, em cujas mãos renunciou o oficio
para nele ser provido seu filho Lopo Pereira, a quem foi concedida carta çm
i5 de Junho de 1497 (3). A êle foram passadas duas cartas de quitação, uma
relativa aos anos de i5i4 e i5, e a outra ao de i5i8. Não seriam só estas
de certo as que se lhe deram, mas nenhumas outras estão registadas. • Pela
primeira, datada de Lisboa, a 23 de Março de i5i7, consta que o rendimento
daquele almoxarifado, nos dois referidos anos^ importara em três contos,
oitocentos e noventa e oito mil e quinhentos reais, incluindo o um por cento;
e pela segunda, passada em Évora a 20 de Março de i52o, que em i5i8 ren-
dera os âbis contos, quinhentos e oitenta e cinco mil e seiscentos reais por
que havia sido arrendado (4).
Foi Lopo Pereira 2.*^ senhor da quinta de Bertiandos, onde viveu e onde
morreu a 17 de Agosto de 1626 (5). Casou pela segunda vez com Inês Pinto,
senhora rica, a qual em 1666, sendo viúva e havendo-se composto com os
filhos do primeiro matrimónio de seu marido, instituiu dois vínculos em Ber-
tiandos, os quais se ficaram designando por primeiro e segundo morgado de
Bertiandos e foram nomeados em seus filhos, Francisco Pereira, primogénito,
e António Pereira, segundogénito. Foi esta senhora quem acrescentou muito
as casas de Bertiandos e quem mandou levantar a torre, que ainda agora lá
se vê por trás dos dois palácios de diferente arquitectura, tendo pertencido
o situado ao nascente, para a parte de Ponte de Lima, ao primeiro vínculo,
e o outro, com a torre, ao segundo.
Quem fôr hoje pela lindíssinía estrada de Ponte de Lima a Viana lá vê.
(i) Chancelaria de D. João II, liv. 16.0, fl, 46.
(2) Cartório da casa de Bertiandos.
(3) Chancelaria de D, João II, liv. 24.", fl. 71 v.; Chancelaria de D. Manuel, livs. 40.°,
fl. 73 v.,e 3o. o, fl. 123 V. .
(4) Cartas de quitação dei rei D. Manuel, no Archivo histórico portuguez, vol. 1V>
pág. 286, n.°» 45o e 45i.
(5) Assim o declara, nos seus escritos genealógicos, seu descendente D. António Pereira
da Silva, bispo do Algarve de 1704 a 171 5. Alem disto existe um documento j^elo qual
consta ser sua mulher viúva em i566 e portanto não pode ser este Lopo Pereira o que servia
na índia em i568 (Couto, Década oitava, pág. i23 mihi) e em 1571 (Década nona, pág. 491),
como equivocadamente referem algumas genealogias.
Pereiras 32 1
à sua direita, defronte do rio Lima, de que os separa uma fértil e extensa
veiga cortada pelo caminho, os dois solares dominados pela torre, atrás deles
erguida, destacando-se tudo no verde mais sombrio dos montes, que servem
de fundo ao risonho painel. Por lá passei em 1875, no ano mais angustiosa
da minha vida. -
Entre as duas famílias, que ali viviam paredes meias, em breve, coma
era fatal, se estabeleceu a desarmonia, bastando para isso a criadagem. Até
me lembro de ter ouvido contar há muitos anos ao Conde de Bertiandos,
então Gonçalo Pereira, que o senhor de um dos morgados, alegando ser Pe-
reira de melhor qualidade, mandara inclinar para o seu lado a velha cruz
dos Pereiras, a qual defronta com as casas no alto de uma coluna de pedra,
antigo pelourinho da vila de Bertiandos, assente sobre um fuste constituída
por um marco miliário.
Acabou depois tudo pela melhor das maneiras, pelo casamento, em 1792,
de D. Maria Angelina Senhorinha José Justa Pereira Forjaz de Eça Monte-
negro, 9.* senhora do segundo morgado de Bertiandos, com Damião Pereira da
Silva de Sousa e Meneses, 10." senhor do primeiro morgado, 2.° da vila de
Bertiandos e padroeiro de S. Pedro de Gondarem, olim Mangoeiro. Foram
pais do dr. João Pereira da Silva de Sousa e Meneses, lo.*' senhor do se-
gundo morgado por sucessão a sua mãe, falecido sem filhos em 1823 ; e de
Gonçalo Pereira da Silva de Sousa e Meneses, 3." senhor da vila e ii.° de
ambos os morgados de Bertiandos, i.** visconde com grandeza, em 21 de
Agosto de 1840, e i.° conde de Bertiandos, em 14 de Abril de i852, par do
reino por carta de 3 de Maio de 1842', falecido a 5 de Setembro de i856,
deixando viúva a condessa D. Teresa Teles da Silva, filha dos 3.°' Mar-
queses de Penalva, a qual ^e finou a 9 de Maio de 1881.
Sucedeu-lhe sua filha D. Joana Maria do Rosário Francisca de Sales Pe-
reira da Silva de Sousa e Meneses, 2.^^ condessa de Bertiandos, 12.^ senhora
dos seus dois morgados, do dos Biscainhos em Braga, do de Pentieiros e de
vários outros. Faleceu a Condessa na sua casa de Braga a 23 de Julho de
1896, tendu casado com seu prim.o Sebastião Correia de Sá Meneses Brandão,
conde de Bertiandos por decreto de 19 de Agosto de i852, par do reino por
carta de 23 de Fevereiro de 1864, oficial mor honorário da casa rial, etc.
Morreu em 6 de Julho de 1874 e era filho segundo dos 2."* Condes de Te-
rena(i).
(i) Este Conde de Bertiandos era sexto neto de Francisco Jácome do Lago, irmão e
sucessor de Baltasar Jácome do Lago que está enterrado na igreja de S. Domingos de Viana
do Castelo em capela sua. onde se vê o seu brasão igual ao que lhe foi concedido por uma
carta não registada na Torre do Tombo e por isso dela aqui farei menção.
«Portugal Principal Rey darmas. . . e caualeiro professo da orde de Sãctiago, faço saber
voL. 1 41
322 Brasões
Deste casamento foi filho primogénito Gonçalo Pereira da Silva de Sousa
e Meneses, actual 3." conde de Bertiandos e i5.° senhor desta casa, contando
desde Fernão Pereira. Foi par do reino por sucessão a seu pai, tendo to-
mado posse a 3 de Maio de 1878, e oficial mor honorário da casa rial; é
casado, desde 1876, com D. Ana de Bragança, da casa de Lafões, dama ca-
marista que foi da rainha D. Maria Pia. Não têem os Condes filhos e dele
é irmão imediato sucessor Sebastião Pereira da Silva de Sousa e Meneses,
actual conde de Tarouca pelo seu casamento com a 11.* Condessa.
As armas dos senhores de Bertiandos foram sempre as dos Pereiras: de
vermelho, cruz de prata, florida e vazia do campo, sem nenhuma diferença.
Assim se encontram, não só na frontaria de uma das casas de Bertiandos,
como na capela que para seu jazigo e de seus descendentes fez na igreja
matriz da vila a instituidora dos vínculos, a referida Inês Pinto.
NOTAS
I
DOCUMENTOS FALSOS, pág. 3 12
Creio não existir entre nós, nem talvez em nenhum outro país, uma colecção mais auda-
ciosa de documentos falsos, do que a reunida e com inverosímil ousadia divulgada no livro
a quantos esta minha carta de brasão darmas. . . vire, que Baltasar jacome do laguo, morador
na villa de Viana foz de lima, me pedio e requereo, que porquãto elle descedia por linha
dereita legitima e sê bastardia por parte de seu pay João rodrigues do laguo e de sua may
Isabel jacome, e de seus auos João rrodrigues do laguo, o velho (avô paterno),' e caterina
dias jacome (avó materna), e de seus bisauos, das gerações e linhagens dos do lago, e ja-
come. . . que lhe desse hú escudo c5 as armas que as ditas linhagens pertence. . . pello que
. . . busquei os liuros da nobre fidalguia do Reyno que em meu poder estão, e acho nelles
que as ditas linhagês pertence serê estas, que em esta lhe dou inluminadas .s. o escudo es-
quartelado, ao primeiro dos do lago que trazê o capo vermelho e hua torre de prata laurada
de preto assentada em hú lago dagoa, e dentro nella hua donzella dos peitos pêra cima em
cabelio vestida de azul e três íior de lises douro em chiefe, e ao segudo dos jacomes que
traze o capo partido em palia, ao primeiro de azul e hú castello de prata cuberto laurado
de preto, e ao segudo douro e hila mea aguea preta estendida picada douro, e assy os con-
trairos, elmo de prata aberto guarnido douro, paquife de prata e vermelho, e ouro e azul, e
por timbre húa aspa vermelha, e nella as três flor de lises douro, por deferença híía estrella
douro, que cÕ ellas. . . deve trazer. . . e por verdade lhe passei esta certidão de brasão em
Lixboa. . . aos vinte e sete dias do mes de nouêbro, Diogo de sanrromão a fez, ãno do nas-
cimento. . . de mil quinhentos e oitenta e seis».
Ao Conde de Bertiandos agradeço a cópia desta carta de brasão e a indicação doutros
documentos do seu arquivo que me serviram para esta breve notícia dos Pereiras de Ber-
tiandos.
I
Pereiras 323^
intitulado: Allegaçavi practica, e jurídica sobre a posse, e successam do titulo, e casa da
Feyra contra os Senhores Procuradores da Coroa, e Infantado, a favor de D. Álvaro Pe-
reyra Forja^ Coutinho, ordenada pelos Doutores Joseph Corrêa Barreto, e Francisco Vaf
Tagarro, com huma Summaria RecupilaçaÕ do conteúdo neste volume, que servirá de índice
aos documentos delle. Pelo Padre Mestre Pedro da ConceyçaÕ Cónego Secular da Congre-
gação de S. JoaÕ Evangelista, e legitimo irmaÕ do Author pertendente. Gravura em aço
com as armas dos Condes da Feira. Lisboa Occidental. Na Officina de Mathias Pereyra
da Sylva, e Joanne Antunes Pedroso. Com as licenças necessárias. M.D.CC.XX. — 4.° de
XVI n. n. 194 págs. e uma árvore genealógica dos Condes gravada em aço.
Os documentos neste volume impressos, com excepção de duas certidões da Torre do
Tombo transcritas nas págs. i3o e i32, são todos falsos. [Não se pode deixar de ficar as-
sombrado perante tanta audácia ! O autor do processo perdeu a demanda, como não podia
deixar de ser, mas o falsificador, fosse êle quem fosse, parece ter ficado sem castigo apesar
de existir na Allegaçam manifesta tentativa de burla.
Analisarei alguns doS supostos documentos relativos à criação do condado da Feira e
do pretenso anterior condado de Moncorvo nos quais, segundo o autor da Allegaçam, fora
investido um fidalgo a quem êle ora chama Rui Pereira, ora Rui Vaz Pereira. Para facilitar
a análise começarei por assentar os verdadeiros dados biográficos, quanto ao nascimento
daquele fidalgo, colhidos em documentos autênticos.
Fernão Pereira, escudeiro da casa do infante D. Duarte, estava ajustado a casar com
D. Isabel de Albuquerque, quando D. João I, por carta de 28 de Fevereiro de 1428 (e. v.),
lhe permitiu empenhar certas terras da Coroa à garantia do dote e arras prometidos a sua
esposa {i). Tinha-se já realizado o casamento em 4 de Junho de 1482, data de outra carta
pela qual D. João I mandou pagar a Fernão Pereira e D. Isabel de Albuquerque, sua mulher
um conto e cem mil libras de tença anual em preço das três mil dobras que lhes dera em
casamento (2). Foram estes cônjuges os pais de Rui Pereira, futuro i." conde da Feira,
que portanto só poderia ter vindo ao mundo nos últimos dias do ano de 1428, ou nos
primeiros do seguinte, e para isso haviam seus pais de ter realizado o matrimónio poucos
dias após a assinatura da primeira daquelas cartas. Em Julho de 1456 parece não haver
dúvida de ser já Rui Pereira maior de vinte e cinco anos, pois que interveio, cedendo direitos,
no contrato de casamento de sua irmã D. Mecia com o Berredo (3). Temos portanto Rui
Pereira nascido entre Dezembro de 1428, o mais cedo, e Junho de 143 1, o mais tarde. Posto
isto, examinarei os tais documentos,
O primeiro transcrito na Allegaçam é, na pág. 61, a carta de legitimação de D. João
Pereira. Esta carta escrita, como aliás todos os mais pseudo documentos, em termos que
tornam à simples leitura, de quem não seja perfeito ignorante em matéria diplomática, pa-
tente a sua falsidade, é datada de 1 3 de Janeiro de 1443 e por ela o infante D. Pedro, em
nome de Afonso V, legitima a requerimento de Rui Pereira, conde de Moncorvo, um seu
filho, D. João Pereira, havido sendo o pai solteiro, e já a seu rogo legitimado por um breve
do Santo Padre.
j A maior idade que Rui Pereira, o suposto pai, poderia então ter, eram catorze anos !
(i) Chancelaria de João 7, liv. 4.*, fl. 109 v.
(^2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 18.*, fl. 69 v.
(3) Jbidem, liv. i3.», fl. 5 v.
324
Brasões
É de pasmar, mas mais extraordinário ainda é que este forjado documento e os seguintes
são apresentados em certidões, que se dizem extraídas do cartório da Casa de Bragança!*
Como isto se pôde fazer, ou simplesmente alegar, é que não compreendo.
Segue-se por ordem cronológica o contrato de casamento do referido D. João Pereira
com D. Leonor Coutinho (pág. i38). Outorgam neste contrato os pais dos desposados.
Rui Pereira, conde de Moncorvo, e Lourenço Pires de Távora; confirma-o E». Afonso V
por carta de 9 de Outubro de 1446. A escritura fora assinada a 25 de Dezembro de 1445,
quando o pai do noivo mal poderia contar dezassete anos completos!
Não me alongarei examinando todos os outros documentos alegados; nem se quer apon-
tarei para o estranho caso de ha,ver Afonso V por um simples alvará, datado de 10 de
Março de 1448, derrogado todas as leis, inclusive a mental, afim de Rui Pereira, conde de
Moncorvo, poder doar a seu filho legitimado D. João Pereira, toda a sua casa (pág. 64) ;
diploma que deu lugar a poder ser lavrado por um tabelião de Vimarons um instrumento
público de nomeação de sucessão, outorgado em i3 de Maio de 1449 pe[o mesmo Rui Pe-
reira, então mancebo de vinte anos de idade. É verdade que provavelmente tão moço como
ele seria o notário, que no instrumento ousou sobrepor a autoridade do seu constituinte à
rial, fazendo-lhe declarar : «e porque na Carta de legiiimaçon, que do dito Senhor habia nom
ban expressas todalas forças das Ordenações destos Regnos, para mayor balidade, as ha por
expressas neste estromento como se de cada qual delas estivesse fazendo nelo huma sepa-
raçon a cada qual» (pág. 65). Separado do censo comum está quem tomar isto a sério e
de pasmar é que ainda haja hoje quem o faça.
Não olharei para a escritura de instituição de morgado feita a 3 de Janeiro do ano da
nascença de i5i8, na qual a instituidora, D. Leonor Coutinho, se declara «viuva de meu
marido dom João Pereira» (pág. 127), quando este só morreu em i523, ano em' que vagaram
as suas tenças (i). E o curioso é que seu pai já o dá por morto em 22 de Dezembro de
1480, data do seu testamento (pág. 88); mas a verdade é que tanto este como a escritura
da instituição tudo é apócrifo. Não repararei pois para nada disto visto que bem provado
deixo ser uma fantasia sem fundamento a concessão do tal título de conde de Moncorvo
com o qual, só em documentos falsgs, aparece galardoado um rapaz de catorze anos, filho
de um fidalgo que nem sequer era do conselho, nem ao menos senhor de casa; e irei exa-
minar a suposta carta do título de conde da Feire.
Com a data de 14 de Janeiro de 1452 encontra-se ela transcrita na pág. 124. Por ela
deu Afonso V o título de conde da vila e castelo da Feira, de juro e herdade, a Rui Vaz
Pereira. Será o meu primeiro reparo o nome.
O futuro Conde da Feira nunca, antes de o ser, se chamou senão Rui Pereira e, depois
de o ser, só usou do nome de D. Rodrigo Pereira, Rui Vaz Pereira, filho segundo de Gon-
çalo Pereira, senhor de Cabeceiras de Basto, era doutro ramo dos Pereiras e já tinha mor-
rido em Março de 1449 (2). Posteriormente enlaçaram-se as famílias dos dois ramos dos
Pereiras, casando em 1451 D. Maria de Berredo, irmã de Rui Vaz, com o pai de Rui Pereira,
Fernão Pereira (3), de quem foi segunda mulher; e em 1456 Martim Vasques de Berredo e
D. Leonor de Berredo, também irmãos de Rui Vaz, casaram respectivamente com D. Mecia
e Rui Pereira, filhos de Fernão Pereira (4).
(i) Livro das tenças, no Archivo Íiistorico portuguez, vól. II, pág. 128.
(2) Liv. 3." de Místicos, fls. 112 v. e 119 v.
(3) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 35.', fl. 92.
(4) ibidem, liv. 13.", fls. 5 v. e 7 v.
Pereiras 325
Visto o êrro do nome examinarei a data.
Em Janeiro de 1452, mal podia ter Rui Pereira vinte e três anos de idade e ainda não
havia sucedido na casa paterna, pois que ela só lhe foi confirmada por três cartas de 21 de
Dezembro de 1467(1). É inadmissível supôr-se, não só que se fosse dar o título de conde
a um rapaz sem merecimentos nem serviços especiais, ainda em vida de seu pai e de seu
avô, mas principalmente que, andando nesses tempos o senhorio da terra inerente ao con-
dado, podessem existir conjuntamente dois donatários da mesma vila, João Alvares Pereira,
a quem só em 1453 sucedeu o filho Fernão Pereira, e do mesmo castelo, este dito Fernão
Pereira, a quem ele fora doado em 1448, os dois em concomitância com Rui Pereira, filho
de um e neto do outro. É pois inadmissível tal pressuposição; mas há mais ainda.
Existem registados, desde i45ó a 1476, afora dois ilegíveis, onze diplomas régios relativos
a Rui Pereira, que nos primeiros seis é apenas intitulado «fidalgo de nossa casa» (2), e nos
outros cinco, a começar em 21 de Dezembro de 1467, àlêm de «fidalgo de nossa casa», tam-
bém aparece designado por «do nosso conselho» (3). ^Se ele fosse conde da Feira desde
14Í2, não se declararia esta qualidade nos posteriores diplomas? — é evidente que sim.
Igualmente é evidente que na carta de conde da Feira, se ela não fosse inventada, se havia
de fazer referência ao título de conde de Moncorvo, se este não fosse também invenção do
falsificador dos documentos.
Encontram-se, neste registo de falsidades, várias alusões a um breve de legitimação
pontifícia concedido, a pedido de Rui Pereira, a favor de seu filho narural D. João Pereira.
Aqui o caso era porém mais grave e por isso não se ousou publicar o falsificado diploma e
mesmo as alusões a êle rev^estem sempre um tom vago, até que, numa suposta carta de
D. João II, se declara haver Rui Vaz Pereira «legitimado a seu filho natural D. João Pe-
reira... pelo Santo P. Martinho V» (pág. 69). Aqui temos por fim claramente indicado o
nome do Papa a quem se atribui a legitimação de D. João Pereira; vejamos porém como a
cronologia nos irá claramente desvendar a fraude. Martinho V foi eleito papa a ri de No-
vembro de 1417 e morreu na noite de 20 para 21 de Fevereiro de 1431 (4). Supondo que o
seu último acto fosse assinar o breve de mercê a D. João Pereira, vinha êle a ser legitimado
quando seu pai, na melhor hipótese, podia ter apenas dois anos completos de idade!
Estamparam-se ainda no tal livro vários testamentos todos falsos epara exemplo apon-
tarei um, o do i.° conde de Marialva, Vasco Fernandes Coutinho. Tem o pseudo docu-
mento a data de 3 de Agosto de 1430 e uma das legatárias é «minha neta D. Maria», passando
o legado por sua morte «a sua filha Leonor» (pág. 141). Ora sucede que não só o título
de conde de Marialva é posterior a Agosto de 1440, mas que êle havia casado apenas vinte
e quatro anos antes de fazer o tal testamento, em seguida ao contrato esponsalício aprovado
por D. João I a 12 de Maio de 1412 (5). Em vinte e quatro anos ter filhos, netos e bisnetos
é fecundidade demasiada.
O inventor de todos estes falsos documentos não creio tivesse sido nenhum dos dois
advogados, José Correia Barreto ou Francisco Vaz Tagarro, que pleitearam a demanda.
(i) Chancelaria de D. João II, liv. 8.", fls. ii3 v., n5 e 226 r.
(2) Chancelaria de D. Manuel, liv. 44.", H. 92; e Chancelaria de D. Afonso V, livs. iS.", fl. 7 v. ; 36 *, fls. i33 e
245; 8', fl. 19 v; e 14.», fl. i5 v.
(3) Chancelaria de D. João II, liv. 8.», fls. Ii3 v., ii5 e 226 v.; Chancelaria de D. Afonso V, liv . 33.», fl. 65 v. ;
e liv. 2." de Místicos, fl. 53. .
(4) L'Art de vérijier les dates, III, 401 c 40a.
(5) Chancelaria de D. Afonso K, liv. 12.», fl. 3o.
326 Brasões
mas sim o próprio irmão do A. o P. M. Pedro da Conceição, frade lóio, que compôs a
Summaria Recupilaçam impressa nas folhas preliminares e na qual se alegam todos os falsos
documentos. Era provavelmente o P. M. genealogista de poucas letras, como são todos
em geral, e não hesitou em perpetrar a fraude, com a qual não satisfaria só a vaidade nobi-
liárquica (i).
Não se limitou a falsificação aos documentos impressos e publicados no livro citado
a ousadia foi muito mais longe ainda. *
Na Torre do Tombo, na Gaveta II, maç. 9, n." 5, existe umh carta régia dada em Se-
túbal* em Maio de um dos anos de 1496, i5o6 ou i5i6(2), pela qual se simula haver D. Ma-
nuel confirmado a D. Álvaro Pereira Coutinho uma carta de D. João II, «de determinação,
conversão e amigável composição» entre D. Leonor Coutinho, viúva de D. João Pereira (3),
como tutora e administradora de D. Álvaro Pereira Coutinho seu filho, e D. Diogo Pereira,
conde da Feira. Esta carta, muito deteriorada em partes pela água aclaratória em tempos
sobre ela lançada a fim de se extrair alguma cópia, ou, mais provavelmente, por qualquer
outra droga a cujo efeito foi sujeita para simular antiguidade (4), tem trechos ilegíveis e
entre eles está a data, da qual só se percebem as palavras «Évora vinte e um de Janeiro do
ano de mil». Existe porém uma cópia do pseudo-documento na Biblioteca Pública de
Lvora, no códice cix-2-5 e lá tem a data de 21 de Janeiro de 1493.
No tal pergaminho encontram-se todas as afirmações repetidas nos documentos da
Allegaçam, e já manifestamente convencidas de falsas, desde a legitimação concedida pelo
papa «Martim quinto», até ao testamento de «Rui Vaz Pereira, conde da Feira». Bastaria
a repetição destas asserções para convencer de falso o diploma, mas ainda há mais. No
fim dele declara D. João II ter mandado ver tudo pelos doitores (sic) João Teixeira, chan-
celer maÀox (sic) e por Pêro Botelho e por Rui da Oram e por Vasco Fernandes, chanceler
da Casa' do Cível, e ouvidos seus pareceres fdei a minha determinação» (sic). Repare-se
para esta linguagem diversa da de todos os outros documentos congéneres do tempo, mas
não está ainda aqui a orelha do gato.
Os doutores João Teixeira e Vasco Fernandes não exerceram simultaneamente os cargos
de chanceler mor e de chanceler da Casa do Cível, com os quais se encontram designados
no pergaminho. O dr. João Teixeira foi nomeado chanceler mor por carta de i de Julho
de 1484 feita pelo secretário Afonso Garcês (5), e já era falecido a 19 de Março de 1493,
data da carta de confirmação, por seu falecimento, dos casais e herdades do Chouto, termo-
de Santarém, a seu filho Luís Teixeira (6). O dr. Vasco Fernandes ainda em 19 de Dezembro
de 1492, quando provavelmente o dr. João Teixeira já era falecido, ao passar uma certidão
dos forais de Serpa e Évora, intitula-se do conselho, conde palatino, do desembargo, cro-
(1) Constitui esta Nota até aqui uma comunicação por mim lida, em Julho de 1518, em sessão ordinária da
Segunda Classe da Academia das Sciências de Lisboa, comunicação publicada no respectivo Boletim e em sepa-
rata com o título de Condados de Moncorvo e da Feira, ousada falsificação de documentos.
(2) Hoje da data só se podem ler as palavras «Setúbal... de Maio ano de mil... seis». Se o documento não
fosse falso valeria a pena, para averiguar a sua data, declarar que efectivamente há noticias de D. Manuel ter estado
em Setúbal no ano de i5o6, a 18, 20, 22, 24 e 27 de Maio (Corpo cronológico, passtmj.
{3) Já lá acima ficou dito que D. João Pereira só fahceu em i523, em tempos portanto de D. João III e não
de D. João II.
(4) Digo isto porque, quando no século xviii se fez a cópia das Gavetas para a leitura nova, já estava o falso
documento em pnrte ilegível, e, se lhe tivessem só então deitado a água aclaratória, podê-lo-hiam ter lido todo.
(5) Chancelaria de D. João 11, liv. 23.", 11. i3g.
(6) Transcrita numa de confirmação de 23 de Fevereiro de iSíg. — Chancelaria de D. João III, liv. 37.° de
Doações, fl. 07.
Pereiras 32j
nista e guarda da Torre do Tombo e livraria rial (i); e só noutra certidão, dos privilégios
da vila de Arronches, a 20 de Fevereiro de 1494, acrescenta àqueles títulos o de chanceler
da Casa do Cível (2). Não se encontra registada a sua carta de nomeação para este cargo,
mas não podia ser muito anterior e havia de estar lançada num dos livros dos três últimos
anos do reinado de D. João II, os de 1498, 94 e 95, os quais desapareceram, como já
adverti (3). A última nomeação de chanceler da Casa do Cível havia sido feita, em virtude
da aposentação concedida ao dr. Álvaro Pires, do conselho, e por carta dada em Évora, a
26 de Maio de 1490, Rui de Pina a fez, e recaíra no dr. Nuno Gonçalves, outrosim do con-
selho (4).
No tal falso documento declara-se ter sido o diploma selado com o selo pendente; mas
de tal asserção nenhum vestígio se encontra. .E não paga a pena perder mais tempo com
este caso.
II
MEM CERVEIRA, ALFERES MOR DE SANTARÉM, pág. 3 18
Na citada página descrevo em nota o brasão dos Cerveiras, conforme se encontra nas
fontes lá citadas as quais são dos anos de iSog, i5ij e i520 e tantos. Doutras armas con-
tudo usou o alferes mor da bandeira de Santarém, Mem Cerveira, vivo por esses tempos, e
que edificou uma capela a qual, pelo pouco ainda subsistente, se conhece haver sido de pri-
moroso lavor.
Mem Cerveira foi um simples «cavaleiro da criação dos Reis que Santa Glória hajam»^
um modesto soldado, um pacífico cidadão de Santarém (5), de quem não ficou nomeada
nas crónicas; mas nele existiu o amor da Arte, do qual nos deixou a prova na sua capela
-vandálicamente demolida. Destruiram-lhe impiedosamente o padrão do seu bom gosto, a
única memória destinada a perpetuar-lhe o nome, é justo que, ao menos aqui, dele e da sua
obra fique breve notícia.
Levantou Mem Cerveira a sua capela, com a invocação de S. Bartolomeu, no convento
de S. Domingos de Santarém, na igreja, onde era a primeira do lado da epístola no alto da
nave, ficando portanto não muito longe da outra capela de S. Pedro, jazigo dos Sens, a qual
era a segunda no cruzeiro daquela mesma banda, e a ela me hei de referir no artigo dos Al-
meidas.
Testemunha de vista dá da capela de Mem Cerveira esta descrição em 1740: «he tam-
bém funda para dentro; tem nella hum meyo arco de pedraria lavrada, em forma de obra
Moisaica, embebido na parede, em que se vê huma grave sepultura de boa pedra, com huma
figura de hum varaÕ deitado, esculpido na tampa do caixaÕ da mesma sepultura, vestido
todo de armas brancas, e em baixo está o seguinte letreiro : Aqui ja^ Francisco de Fariãj
fidalgo da casa delRei nosso Senho?-; o qual falleceo a nove de Junho de iSaS» {6).-
Este letreiro não estava contudo gravado na sepultura principal, mas sim no pavimento
(i) Forais antigos, maço 11, n.' ^i, apontada por J. P. Ribeiro nas Memorias do Real Archivo, pág. 5r), nota 5.
(2) Chancelaria áe D. Manuel, liv. 41.", fl. i3, desconhecida de J. P. Ribeiro.
(3) A Chancellaria de D. João II, no Archivo histórico portuguez, II, 338.
(4) Ibidem, liv. i3.», fl. 66.
(5) Aparece um Mem Cerveira, escudeiro, com 1200 libras de moradia na casa de D. Joáo I (Soares da Silva»
Memorias de D. Jodo I, IV, 219); não me atrevo contudo a identificá-lo com o Alferes mor da bandeira de San-
tarém.
(b) P.« Inácio da Piedade e Vasconcelos, Historia de Santarém, II, 74.
328
Brasões
da mesma capela sobre uma campa rasa, que cobria os restos do genro do fundador (i).
No moimento, segundo informa o consciencioso autor do artigo da citada colecção, ninguém
foi sepultado, porque Mem Cerveira, que o erigiu, jaz na igreja de S. João de Rio Maior.
Da capela existem dois preciosos vestígios no Museu distrital de Santarém. Aqui os
reproduzo conforme o desenho que o meu excelente amigo António Bernardo de Figueiredo,
major de artelharia, me enviou poucas semanas antes de morrer, quando já estava bem
doente. Fora ele também quem já para mim fizera os desenhos tirados da capela dos Sens,
lá adiante gravados; foi êle quem descobriu na rua da Judiaria de Santarém a velha casa, que
pode muito bem ter sido a do valoroso alferes de Toro, Duarte de Almeida, o Decepado, à
qual no artigo dos Almeidas me referirei também; e foi éle finalmente, quem me ministrou
as muitas e interessantes informações tantas vezes indicadas nesta obra.
Fazia-o, não só como amigo dedicado, mas também e sobretudo pelo amor que consa-
grava à história pátria. Homem de bem às direitas, era muito sabedor e estudioso, e na
Companhia Rial dos Caminhos de Ferro Portugueses, onde foi empregado muitos anos,
prestou relevantes serviços, os quais, ultimamente, desde a
entrada da gente francesa e afrancesada, lá hoje (igoS) domi-
nante, não eram apreciados como mereciam; talvez frustras-
sem ou estorvassem arranjos. Ele sabia-o, mas satisfazia-se
com o louvor da sua "consciência, e morreu tranquilo a 29 de
Março de 1902, distinguindo bem os amigos verdadeiros dos
falsos e hipócritas.
Os desenhos que êle me mandou são os dois aqui repro-
duzidos, tirados ambos de fechos da abóbada da 'capela de
Mem Cerveira.
Num, vé-se o escudo das armas dos Cerveiras, como o
trazia o alferes mor de Santarém; no outro, a sua empresa
cuja significação ignoro, e a sua divisa. Este é o meu prazer,
três vezes repetida na bordadura, lendo-se mais, no centro,
as palavras A seu tempo.
Mem Cerveira foi de uma família nobre de Santarém, ou
do seu termo. Pode-se presumir, despresando fantasias de
genealogistas, haver éle sido filho de um Fernão Cerveira,
pai de Isabel Cerveira, mulher de seu parente além do quarto
grau Pêro Cerveira, morador na Azinhaga, moço da câmara
dos infantes D, Henrique e D. Fernando, duques de Viseu. De
Fero e de Isabel foi filho outro Fernão Cerveira, a quem foi
passada carta de brasão em i3 de Dezembro de iSoy, naqual,
além do referido, se declara ser êle sobrinho de Mem Cerveira, cavaleiro da casa dei Rei (2)
Presumo haver sido Mem irmão de Isabel, e não de Pêro, porque êle afirma no seu tes-
tamento, a que mais largamente logo me referirei, haver administrado o morgado de S. João
de Rio Maior; e encontro possuidor de «uma quinta de morgado, a que chamam S. João de
Rio Maior» (a mesma posteriormente pertencente a Mem) a um Fernão Cerveira, que
deverá ser seu pai, por os documentos parecerem indicar ter a Fernão sucedido directa-
mente Mem.
(i) Retratos e elogios cios varões e donas, no artifio relativo a Mem Cerveira.
(2) Sanches de Baena, Archivo heráldico, pág. 63o, n." xxvi.
Pereiras 329
Fora o morgado insiituído, como declara o mencionado testamento, por «Estêvão Mar-
tins Cerveira, cavaleiro, que jaz na igreja de S. João de Rio Maior» ; e veio a possuí-lo Fernão
Cerveira, escudeiro da casa dei Rei, a quem foi dada. em Estremoz, a lo de Junho de 1447,
uma carta de privilégios de coutada para a referida quinta (i). Nela sucedeu directamente
a Fernão, segundo parece, Mem Cerveira, a quem, sendo cavaleiro dei Rei e morador em
Santarém, foi dada por D. Afonso V nesta vila, a 16 de Julho de 1474, análoga carta de pri-
vilégios para a mesma quinta, carta que D. João II confirmou por outra de 28 de Maio de
1487(2).
K de presumir que Mem Cerveira tivesse militado na guerra da invasão de Castela, na
qual seu cunhado, ou irmão, Pei» Cerveira prestou serviços merecedores de galardão (3);
é de presumir, repito, porque em Toro, poucos dias após a batalha, a 18 de Março de 1476,
fez D'. Afonso V doação a Mem Cerveira, cavaleiro de sua casa, em sua vida, pelos seus ser-
viços, dos direitos das jugadas que à fazenda rial pagavam os lavradores da sua quinta de
S. João de Rio Maior (4). Terminada a campanha parece ter Mem Cerveira recolhido a
sua casa em Santarém, onde exerceu os ofícios de contador da aposentadoria (5), de con-
tador'e juiz dos resíduos e terças dos concelhos apropriados às obras, e de provedor dos
hospitais, albergarias e gafarias de Santarém e Alenquer (6). Também foi alferes mor da
bandeira de Santarém, como ele próprio declara no seu testamento, mas não encontrei a
carta de nomeação, provavelmente feita pela Câmara da vila.
Escreveu Mem Cerveira, por sua própria mão, o seu testamento a 10 de Novembro de
1 520(7), ^ j'^ tinha falecido a 6 de Fevereiro do ano seguinte (8).
Transcreverei algumas verbas daquele curiós© papel, porque elas mostram-nos o homem
e os tempos.
Depois de uni longo exórdio, encomendaudo a sua alma a Deus, manda enterrar o seu
corpo «na minha capela de S. Bartolomeu, que eu fiz no mosteiro de S. Domingos, em o
moimento que mandei fazer». Determina, por ser irmão da Ordem, que o amortalhem no
hábito de S. Domingos, dando-se logo outro novo ao frade que ceder o seu; que no dia do
seu finamente se façam sinais em três igrejas, mas não quer convites, «que não chamem
nem roguem pessoas algumas», diz êle; que, se falecer «fora desija vila, onde vivo, ... à
minha custa seja logo sem detença trazido à dita capela»; que no dia do enterramento
venham todas as Ordens, «e ofertarão ao enterramento trinta e um alqueires de trigo e um
quarto de vinho, e levarão com o corpo presente quinze tochas e mais a cera acostumada»»;
que os seus frades de S. Domingos lhe digam uma missa cantada com suas hora^s e ladainhas,
(1) Liv. i3.° da Estremadura, fl. 3.
(2) Chancelaria de D. João II, liv. 21.",, fl. 121.
(3) Por carta de 16 de Março de M76, dada cm Toro, foi acrescentado o mantimento que Pcro Cerveira havia
com o ofício de escrivão das sisas e posições na Azinhaga e Golegã, fazendo-se-lhe esta mercê em virtude do «serviço
que me tem feito em estes meus reinos de Castela». — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 6.°, fl. loi v.
(4) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 6.", fl. 58 v.; confirmada por D. João II, em Santarém, a 28 de Maio de
1487, e por D. Manuel, na mesma vila, a 4 de Novembro de 149'i. — Chancelaria de D. Manuel, liv. ig.", fl. 41.
(5) Neste oficio foi nomeado por D. Afonso \', mas na sua Chancelaria existe a carta incompleta; foi porém con-
firmada por D. João II, em Évora, a 3o de .Maio de i4^?>, e por D. Manuel, em Montemor o Novo, a 5 de Fevereiro de
1496. — Chancelarias de D. João II, liv. 6.", fl. 100, e de D. Manuel, liv. 32.", fl. 89.
(6) Para estes ofícios foi nomeado por carta dada em Montemor o Novo, a 5 de P'evereiro de 1496. — Chancelaria
de D. Manuel, liv. 32.", fl. 111.
(7) Torre do Tombo, Convento de S. Domingos de Santarém, liv. 5.°, Testamentos, fl. 107 v.
'8) Carta daquela data pela qual foi Francisco de Faria, cavaleiro da casa dei Rei, nomeado contador da aposeci-
tadoria de Santarém, como até então o havia sido Mem Cerveira, «que ora faleceu». — Chancelaria de D. Manuel,
liv. 37.°, fl. iio.
voi.. I - 42
33o Brasões
«e seja ofertada com dois alqueires de pão cozido e um almude de vinho, e suas candeias e
insenso, e de esmolas trezentos reais, dois círios, cada um de um arrátel, c doze pescadas
secas», heclara que sua primeira mulher, Isabel de Montarroio, e o filho d'entre ambos
havido, Kui Mendes, estão sepultados na capela dos Reis da mesma igreja, e por suas almas
manda fazer certos sufrágios. Nomeia por primeira administradora da capela que institui,
a de S. Bartolomeu, a sua segunda mulher Leonor Alvares, e, não querendo ela aceitar, ou
por sua morte, ficará a sua filha Leonor de Montarroio, casada com Francisco de Faria,
andando sempre esta administração na pessoa que houver a do já referido morgado de
S. João de Rio Maior. Aparta da sua terça para a capela o casal de Cabanas e outros
bens; menciona as suas casas de S. Nicolau, provavelmente aquelas em que vivia; e nomeia
por testamenteiras, em primeiro lugar a sua mulher, e depois a sua filha. Finalmente, arre-
mata por esta forma.
«Item, porque naturalmente a ausência causa esquecimento e desamor, de que se segue
as pi^ssoas virem a perder a liai amisade que a seus maiores, padres, madres, e avós, e ascen-
dentes, devem, o que assim vemos por experiência, que quási é já a todos notório; por onde,
o que a bom fim se ordena, vem depois em dano e pecado dos que o não querem cumprir;
€ caso que eu testador o contrário dêsto confio, porque espero na misericórdia de nor-so
Senhor, que pela guisa, que eu em minha vida o fiz, não somente aos que por natureza, obri-
gação natural, são obrigados, mas a outros, que ao presente calo; digo, que sem embargo
da tal confiança, que dos bons è virtuosos eu tenho, que o bem hajam de fazer, porem,
porque 'com a longura dos tempos podem vir pessoas de desvairadas condições, que o que
feito tenho neste testamento lhe não pareça bem, e o não queiram cumprir, o que Deus
nosso Senhor não queira; digo, que qualquer que contra este meu testamento fòr, em parte
•ou em todo, e contrariar de feito ou auto, para se não dever de cumprir, como nele é orde-
nado, a maldição e destruição de Sodoma e Gomorra venha sobre ele com a maldição dos
profetas ao povo judaiòo, suas casas sejam desertas, e suas herdades destruídas; e aqueles
que o contradisserem, suas mulheres sejam viúvas, e seus filhos órfãos, e os estranhos co-
brem suas riquezas, e o seu poderio outrem haja, e não seja a eles misericórdia, e a sua
oração seja feita em pecado, seus dias sejam poucos, e não seja a êle ou a eles nenhum
adjutório, nem se amercie Deus de seus pecados, e seja vestido de maldições, e a desaven-
tiira entre com êb como água em terra. E se, sem temor das sobreditas maldições e
sem embargo delas, algum ou alguns contra o dito meu testamento forem, do dia que contra
êle forem a nove dias, eu o emprazo e hei por emprazado, ou emprazados, que até nove
dias primeiros seguintes m.e vão responder, e estar a juizo para o Juiz Universal, Cristo
Jesus, nosso Senhor e Redentor».
Pois, apesar disto tudo, nem sequer a filha ou' o genro trouxeram o cadáver de Mem
Cerveira para o seu querido moimento, de tanto seu desvanecimento ! ; Para aquela capela,
que na sua divisa êle apregoava Èsie é o tneu prazer J ; Para aquela sepultura, onde A seu
tempo êle esperava descançar eternamente! E «o contrário desto confio», diz êle no seu
testamento; [bem enganado estava!
O pai de Francisco de Faria, genro de Mem Cerveira, foi o mestre Gil, cirurgião que havia
sido do duque de Viseu D. Diogo, em cuja casa recebia de moradia, calçado, cevada, ração,
e vestiaria, treze mil seiscentos e sessenta e três reais por ano (i), e que depois foi cirurgião
mor dei rei D. Manuel e de sua irmã a rainha D. Leonor.
(i) Consta da carta de tença da mesma quantia, dada ao mestre Gil pelo Duque I). Manuel, em Montemor o
Novo, a 3 de Fevereiro de 1485. - Chancelaria de D. Manuel, liv. 31.", íl. 63 v.
Pereiras , 33 1
A mãe foi Guiomar de Faria, que já estava viúva a 19 de Julho de i5ii, data da carta
de doação da renda das saboarias de Palmela, a qual vagara por morte de seu marido (1).
Por esta mesma ocasião, a 16 do referido mês, fora feita mercê a Francisco de Faria, cava»-
leiro da casa dei Rei, dos vinte e três moios de pão meado que seu pai tivera pelas rendas
da vila de Tomar, onde ao filho também serão pagos (2).
Leonor de Montarroio, filha de Mem Cerveira, parece estar já casada em 10 de Feve-
reiro de 014 com Francisco de Faria, porque êle então exercitava, provavelmente pelo sogro,
o ofício de contador dos terços e resíduos da comarca de Santarém, como declara uma
carta de padrão com salva, dada em Almeirim naquela data ao referido Francisco de Faria,
de uma tença de oito mil reais, por êle comprada a Rui Fernandes, «tangedor da Rainha
minha irmã» (3), a rainha D. Leonor.
De Franciscp foi irmão o dr. Diogo de Faria, também físico e cirurgião mor dei rei
D. Manuel e da rainha D. Leonor.
íii Chancelaria de D. Manuel, liv. 8.», fl. 68-
(2; Ibidem.
(3) IbidcBi, liv. i5.", fl. 6 v.
I
XI
VASCONCELOS
Brasões da Rala de Sintra, Vol. I.
De negro, três faxas veiradas e contraveiradas de prata e vermelho.
Timbre: liao de negro, armado e linguado de vermelho, e carregado das
peças do escudo.
Com as faxas simplesmente veiradas encontra-se o escudo deste brasão
no Lwro do Amieiro mor, fl. 53, no Livro da Torre do Tombo, fl. lo v.,
nos Tropheos lusitanos de Soares de Albergaria, fls. 55 e Ç)6 mihi, no The-
soitro da nobreza de Francisco Goe»lho, fl. 40, no Thesouro da nobreza de
Fr. Manuel de Santo António, v-12, em várias cartas de brasão de i5i4,
i5i5 e outros anos apontadas na Armaria portuguesa no artigo Vasconcelos.
Com as faxas veiradas e contraveiradas, forma errada, trazem também este
escudo: Fr. António Brandão, na Monarchia lusitana, III, lyS; Fr. Leão de
Santo Tomás, na Benedictina lusitana, II, 498 ; e em cartas de brasão de
i53o, i533, etc. apontadas na citada Armaria. João Salgado de Araújo, no
seu Suinario de la familia de Vasconcelos, fl. 18, traz este escudo errado,
declarando ser o campo de vermelho e as faxas de veirado de branco e negro.
O timbre, como está pintado na sala de Sintra, aparece também no The-
souro da nobrecia de Francisco Coelho e numa carta de brasão de 1709(1).
Com muito pequena diferença, pois que esta consiste apenas em o lião não
ser armado, nem linguado de vermelho, encontra-se o timbre dos Vasconcelos
em cartas de brasão dos anos de i53o, 1540 e i552(^). Numa carta de brasão
de ,3 de Abril de i533 (3) descreve-se o lião do timbre como nas precedentes,
mas, por excepção, nascente. O mesitio dizem quási todos os autores por-
tugueses, que têem tratado de heráldica.
Apesar desta quási unanimidade entendo, pelas razoes apontadas no artigo
(i) Copiada no Archivo heráldico do Visconde de Sanches de Baena, pág. 655.
(2) Armaria portuguesa^ pág. 524.
(3) Ibidem.
336 Brasões
dos Pereiras, pág. 3oi, dever prevalecer a todos a autoridade especial do
Livro da Torre do Tombo, e que, conforme com este, deverá o timbre dos
Vasconcelos ser um Hão de oiro, carregado das faxas do escudo. Desta mesma
opinião era em iõi5 o bacharel António Rodrigues, Portugal principal rei de
armas, na carta de brasão concedida a «Duarte Lopes de Vasco goncellos»
em IO de Março, dizendo: «e por timbre um lião de oiro assentado com as
três faxas das armas» (i). Depois mudou de parecer, nas cartas de i53o,
1640 e i552.
I
SENHORES DA TORRE DE VASCONCELOS
Houve, eu falo sempre no pretérito, não só porque Já hoje tudo isto acabou,
mas também porque só o passado me interessa; houve pois duas famílias di-
versas de Vasconcelos, ou melhor três: a dos legítimos, a dos de Penela
daqueles derivada por uma senhora, e a dos do Esporão, destroncados ou
pouco menos. De todas três darei resumida notícia.
Ponho completamente de parte infantes Velosos e outros petas seme-
lhantes, e começarei em Martim Moniz, o legendário herói da porta da alcá-
çova de Lisboa (2). E começo neste, porque o testamento de. um de seus
filhos a isso me autoriza.
Conforme o Nobiliário do Conde D. Pedro (3) casou Martim Moniz com
D. Teresa Afonao e dela teve: Pedro Martins da Torre, João Martins Salsa
e Martim Martins, arcediago de Braga.
No cartório das capelas do arcebispo D. Gonçalo Pereira, junto à Sé" de
Braga, estava o testamento do arcediago Martim Martins; lá o viu Gaspar
Álvares de Lousada e dele fez largo extracto, esquecendo-lhe a data (4).
Nesse instrumento declara o testador ser filho de Martim Moniz.; institui
por seu herdeiro universal a seu sobrinho Estêvão Anes, filho de João Peres
(i) Armaria portuguesa, pág. 524.
(2) Na era de 1187 (A. D. 1149) o «famulus Dei Martinus Moniz» fez doação de dois
casais cin villa Boneli» (é a freguesia de Boêlhe, no concelho de Penafiel) ao altar do Sal-
vador de Paço de Sousa {Documentos para a historia portugue:^a, pág. i56). Nas Inquirições
de D. Afonso III do ano de i258 ainda esses casais eram do mosteiro, que declara tê-los
tido «de testamento herdatorum» {Portugaliae momimenta histórica. Inquisitones, pág. 586).
D'aqui pode-se concluir haver Martim Moniz sobrevivido pelo menos dois anos à tomada de
Lisboa .'' Não, porque não estão bem identificados os dois Martins e era preciso averiguar
cabalmente, se a família dos Vasconcelos foi herdada para aquelas bandas, para o que não
tenho encontrado elementos.
(3) Portugaliae momimenta histórica. Scriptores, pág. 365.
(4) Sumários da Torre do Tombo, II, fl. 452 v., mihi.
■* jp
Vasconcelos SSy
de Vasconcelos; e deixa um legado em terra de Santa Maria a Pedro Anes
de Alvelos, que é o filho. dado pelos nobiliários antigos a João Martins Salsa
e, conforme os mesmos, o progenitor dos Alvelos. Do testamento só isto
aproveitarei e basta para o meu intento, por ficar provada a existência dos
três filhos de Martim Moniz, apesar de não serem nomeados se não os dois
netos, o Vasconcelos e o Alvelos; mas, pelos patronímicos destes, tiram-se
os nomes dos pais. E não fica só isto provado, também fica sabido quando
teve princípio o uso dos referidos apelidos.
Pedro Martins da Torre, o primeiro filho de Martim Moniz, tirou o ape-
lido, é evidente, do senhorio de uma torre e esta já podia ser a de Vascon-
celos na freguesia de Santa Maria de Ferreiros, do concelho de Amares.
A primeira referência ao lugar de Vasconcelos encontra-se nas Inquirições
de 1258 (i), na paróquia de Santa Maria de Ferreiros: «Item, dixerurit que
VasconceIos*é Onra» (2). Nas de 1288 declararam as testemunhas que Vas-
concelos, Rio Bom e Banaria constituíam uma honra de Rodrigo Anes e Pedro
Anes de Vasconcelos, honra muito antiga, pois constava ter sido criada em
tempo de D. Egas Fáfez (3). Pelas mesmas Inquirições consta possuírem
então os de Vasconcelos outra honra constituída por toda a vila de S. Sal-
vador de Amares, a qual houveram por escambo com a Ordem do Hospital (4).
Foi julgada por honra nas sentenças de 1290(5). Foram estas honras pos-
suídas por João Peres de Vasconcelos, como se colhe da acta relativa à fre-
guesia de S. Salvador de Vilar do Monte, onde por outra sentença foram
mandadas honrar as casas e herdades dos de Vasconcelos (6). Já então era
João Peres de Vasconcelos falecido, como expressamente é declarado nos
depoimentos, e talvez tivesse morrido antes de Janeiro de i265, segundo se
pode deduzir dos documentos a seguir apontados.
D. Sancha Peres, vizinha de Santarém, constituiu, por instrumento de
procuração lavrada naquela vila a. 6 de Janeiro da era de i3o3 (i265), seus
procuradores a seus sobrinhos Rodrigo Eanes e Pedro Eanes de Vasconcelos
a fim de em seu nome outorgarem numa escritura de troca de propriedades (7).
(i) Nas Inquirições de 1220 toda a paróquia de Santa Maria de Ferreiros era rialenga. —
Portugaliae monumenta histórica. Inquisitiones^ pág. 92; Pedro de Azevedo, Os de Vascon-
cellos, no Archivo histórico portuguez, II, 878, n.° i.
(2) Portugaliae monumenta histórica. Inquisitiones, pág. 426; Os de Vasconcellos cit.^
pág. 378, n.° II.
(3) Os de VasconcelloSf cit., pág. 378, n," iii.
(4) Ibidem.
(5) Ibidem^ pág. 379, n.» v.
(6) Ibidem^ n.° iv.
{7) Ibidem., pág. 377, doe. i.
TOL. I . 43
338 Brasões
Apresentaram-se os dois irmãos no mosteiro de Arouca e, por instrumento
de IV das nonas de Maio da referida era (4 de Maio de i265), celebraram
com a abadessa D. Mor Martins a ajustada troca. Consistiu ela em D. Sancha
Peres dar à dona Abadessa certo casal e outro meio casal por ela possuidos,
recebendo por eles toda a herdade que D. Mor Martins havia no lugar cha-
mado de Vasconcelos, com todas suas pertenças, excepto o espiritual, consti-
tuido pela terça parte da igreja de Santa Maria de Ferreiros. Houvera a
dona Abadessa esta propriedade por morte de sua mãe, D. Estevainha Soa-
res, e concorda na troca principalmente por amisade pelos ditos Pedro Eanes
e Rodrigo Eanes seus sobrinhos (i). Com efeito D. Mor Martins era prima
com irmã do pai deles, João Peres de Vasconcelos, tendo por bisavô comum
aquele D. Egas Fáfez, em cujo tempo se criou, como dizem as testemunhas
de 1258, a honra de Vasconcelos.
Supõe o indefesso investigador e meu riiuito presado amigo Pedro de
Azevedo, no seu citado artigo Os de Vasconcellos, ter só, por ocasião desta
escritura de escambo, entrado a posse da torre de Vasconcelos na linhagem.
Não posso porem concordar, não só por ver na procuração para se realizar
a compra já os procuradores da adquirente se chamarem de Vasconcelos,
mas também porque com este apelido encontro o pai deles nomeado nas ci-
tadas Inquirições de 1290, sendo já então falecido. Além disso os de Vas-
concelos também eram descendentes de D. Egas Fáfez, pela mulher de Pedro
Martins da Torre, D. Teresa Soares, filha de D. Soeiro Pires Torta e de
D. Froilhe Viegas, filha de D. Egas Fáfez, «de Lanhoso o que fez muito bem
em Randufe», podiam portanto, sem dúvida, terem herdado directamente a
honra.
Foi pois João Peres de Vasconcelos o primeiro deste nome, e é o primeiro
desta linhagem nomeado no Livro velho (2). Davam-lhe, por ser mimoso,
ou por afronta, a alcunha de Tenreiro; se é que o Marquês de Montebelo
não tem razão em pretender, que a verdadeira alcunha era Temeiro, como
quem diz teimoso, obstinado.
Mostrou João Tenreiro a sua pertinácia num caso contado pelo Nobiliário
do Conde D. Pedro (3), e a seguir por mim abreviado.
Aires Anes de Freitas matara a Gil Martins, filho de D. Martim Peres
Ribeiro e primo segundo de João Tenreiro. Tomou este o caso a peito e,
simulando haver desafiado a Aires Anes, levou consigo seu primo direito
Pedro'Alvelos até ao mosteiro de Fonte Arcada, onde matou o assassino de
(i) Os de Vasconcellos, cit., doe. 11.
(2) Portugaliae mommenta histórica. Scriptores, pág. 160.
(3) Ibidem, pág. 3 17.
Vasconcelos 339
seu outro parente, O irmão de Aires Anes de Freitas e outros fidalgos re-
correram a D. Sancho II, que mandou emprazar ao Vasconcelos e ao Alvelos.
Compareceu só este, alegando em sua defesa haver sido enganado pelo primo,
que o levara a Fonte Arcada para um desafio e não para um assassínio, e
que, se João Tenreiro o negasse, lhe «metteria as mãos sobre ello». Foi
então novamente emprazado o fidalgo de Vasconcelos para vir responder ao
repto, e êle não o fez, nem à primeira nem às mais vezes, para que foi inti-
mado, sendo guardadas muito bem todas as praxes conforme ao uso. Em
vista disto reuniu el Rei em Cabeço de Vide um numeroso e escolhido con-
selho, e deu a sua sentença à revelia de João Peres. Absolveu a Pedro Al-
velos e lançou todo o castigo por este merecido ao que por si próprio Já devia
haver João Tenreiro, a quem deu o crime por provado.
Foi esta sentença muito louvada e João Peres de Vasconcelos «numca
depois veo a purgar seu rreto», dando mais prova de prudente, que de valo-
roso.
Havia de se ter passado este caso entre os anos de 1228 e 1246, pois João
Tenreiro foi em 1248 servir a Castela no cerco de Sevilha, não sei se por
andar foragido por aquelas partes.
Casou João Peres de Vasconcelos com Maria Soares, filha de Soeiro Viegas
Coelho e de D. Maior Mendes de Candarei, e dela teve, conforme o Livro
Velho das Linhagens: o bispo D. Esteve Anes de Lisboa (i), Rodrigo Anes
de Vasconcelos, Pedro Anes de Vasconcelos, Teresa Anes casada com João
Fernandes Franco, progenitores dos Orneias, ou melhor Dornelas, e Maria
Anes, mulher, segundo o Nobiliário do Conde D. Pedro, de Aires Rodrigues
de Urro.
Pedro Anes de Vasconcelos possuiu com seu irmão mais velho a honra
de Vasconcelos, como mostram as Inquirições acima citadas, e dele a des-
cendência varonil terminou na primeira geração.
Rodrigo Anes de Vasconcelos sucedeu na casa e, como seu tio materno
João Soares Coelho, foi trovador, existindo ainda dele seis cantares (2).
Casou e entre vários filhos, de que não persiste descendência varonil, nasceu
primogénito Mem Rodrigues de Vasconcelos.
Sucedeu este na casa, foi senhor dos coutos de Freiriz e Penagate, no se-
(i) Bispo muito duvidoso. Cfr. D. Rodrigo da Cunha, Historia ecclesiastica da igreja
de Lisboa^ p. II, cap. 65; Fortunato de Almeida, Historia da Igreja em Portugal, I, 63o. É
certo todavia ter existido um mestre Estêvão Anes de Vasconcelos, presente à escritura de
8 de Fevereiro de 1268 (i23oj, feita em Santarém, pela qual D. João Peres de Aboim doou
uma vinha em Alenquer, termo de Santarém, à Ordem do Templo {Livro de D, João de
Portel, doe. xlvi, no Archivo histórico portuguez, V, 65).
(2) D. Carolina Michaêlis de Vasconcel«s, Cancioneiro da Ajuda, lí, 558.
340 • • Brasões
gundo dos quais, sendo meirinho mor de Além Doiro, alcançou licença de
D. Denis, em 5 de Outubro de 1822, para edificar na sua herdade uma casa
forte, a fim de ter ai o corpo em salvo, quando lhe cumprisse (i). Esta torre
«toda de cantaria, à qual se sobe por uma escada de mão pella muita altura
em que tem a porta, ainda neste anno de 1727 está em sua perfeição e se vê
juncto a estrada hindo de Braga para Ponte de Lima à mão direita. . . In-
justamente largaram de si este testemunho de valor, lealdade e nobreza os
senhores que venderão este couto e Torre» (2).
Casou Mem Rodrigues de Vasconcelos por duas vezes, tendo sido filho
primogénito do primeiro casamento Joane Mendes de Vasconcelos, alcaide
mor do castelo de Estremoz (3), onde estivera por fronteiro em 1269 numa
das guerras com Castela, e d'onde foi posto fora pela arraia meúda nos prin-
cípios da revolução de 1 383-84. Foi sua única filha D. Aldonça de Vascon-
celos, mulher de D. Martim Afonso Telo e mãe dos Condes de Barcelos e
de Neiva, da rainha D. Leonor Teles e de D. Maria Teles.
Já estava Mem Rodrigues casado pela segunda vez em i de Agosto de
1346 (i3o8) quando, em Freiriz, sua segunda mulher, Constança Afonso, o
constituiu seu procurador para outorgar numa escritura de troca de proprie-
dades com o arcebispo de Braga D. Martinho, escritura celebrada naquela
•cidade a iii das nonas de Julho (5 de Julho) do mesmo ano (4). Era Cons-
tança Afonso irmã do bispo de Lisboa D. João Afonso de Brito, instituidor
do morgado da Arega, por instrumento de 7 de Agosto de 1367 (1329), a
favor de seu sobrinho Gonçalo Mendes de Vasconcelos (5). Do casamento
de Constança Afonso foram filhos, entre outros, Martim Mendes e Gonçalo
Mendes de Vasconcelos, de quem falarei, e entre as filhas foi uma, D. Maior
Mendes, a qual, segundo o Marquês de Montebelo seu descendente (6), herdou
a torre de Vasconcelos, e os mais bens da casa em terra de Entre Homem
e Cávado, os quais passaram aos descendentes de D. Maior e de seu marido
Gonçalo Machado, hoje representados pelo Conde da Figueira.
Poderá ser que assim fosse; mas Estêvão Rodrigues de Vasconcelos, irmão
(i) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, fl. 450 mihi. — Era a torre de Pena Gati,
como então lhe chamavam, situada na freguesia de Santiago de Vila Chã, hoje Santiago de
Carreiras, e dela se obliterou completamente o nome (Pedro de Azevedo, Os de Vasconcellos,
cit., págs. Sya-SyS).
(2) D. Afonso Manuel de Meneses, Titulo de Vasconcelos, n." i5, no Nobiliário coorde-
nado por Jorge Salter de Mendonça, tom. XXIV, fl. 98 mihi.
(3) Carta de 8 de Dezembro de 1410(1372). — Chancelaria de D. Fernando,\\\. i.°, fl. 117.
(4) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, II, 432 mihi.
(5) D. Rodrigo da Cunha, Historia ecclesiastica de Lisboa, p. II, cap. 88.
(6) Notas ao Nobiliário do Conde D. Pedro, pág. i5, plana 3o5.
Vasconcelos 341
do Mem Rodrigues acima nomeado, instituiu em i3o8 um morgado, fazendo
dele cabeça a quinta de Vasconcelos, com todas as suas pertenças, em Entre
Homem e Cávado, e nomeando para administrador àquele seu irmão, à
mulher deste, e em sucessão a eles seu filho Gonçalo Mendes e sua geração (i).
Ora a geração deste fidalgo foi muito dilatada, como o leitor logo verá, pois
que dele descenderam todos os bons Vasconcelos, e portanto não se entende
como a quinta deste nome passou aos descendentes de sua irmã, a não ser
a vinculada prédio diverso daquele onde estava a torre de Vasconcelos. Em
1642, quando o Marquês de Montebelò, Félix Machado da Silva Castro e Vas-
concelos, dirigiu o seu Memorial a Felipe IV (2), era ele senhor da torre de
Vasconcelos, na freguesia de Santa Maria de Ferreiros, e doutra torre no vale
de Geraz, em terra de Lanhoso, a qual era o solar dos Machados e por alguns
também é designada impropriamente por torre de Vasconcelos. Das duas
torres era possuidor em 1758 um descendente do Marquês de Montebelò,
seu terceiro neto D. Jorge Francisco Machado de Mendoça Eça Castro Vas-
concelos e Magalhães, capitão de infantaria residente em Viana do Castelo,
e alem delas ainda possuia a casa de Castro com sua torre em Carrazedo e
ainda outra torre em Dornelas (3). Foi D. Jorge avô de D. Maria AmáUa.
Machado, sucessora da sua casa e segunda mulher de D. José de Castelo
Branco, i.° conde da Figueira (4), título tirado de um morgado pertencente
à sua primeira mulher sem ter nada de comum com a actual cidade da Fi-
gueira, tendo-se dado a extravagância do título haver sido renovado em um
filho da segunda mulher.
No seu Memorial revela-nos o Marquês de Montebelò um pormenor inte-
ressante. Por ocasião do nascimento do príncipe D. Baltasar Carlos, tam
meu conhecido dos vivos, expressivos e numerosos retratos de Velásquez, e
portanto nas proximidades de 17 de Outubro de 1629, concedeu Felipe IV,
a instâncias da Rainha, o título de conde de uma das suas terras a Félix
Machado (5) e êle o tomou de Vasconcelos e o usou durante alguns meses,
até ser avisado da parte dei Rei que este o fazia marquês de Montebelò (6).
(i) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, II, 448 mihi. — De i3i8 data a instituição,
segundo Clemente Félix na Reposta que po^ aos Oppositores da casa de Mafra em favor do
Conde de Figueiró, pág. 5.
(2) Memorial dei Marques de Montebello, s. 1., 1642, deve ter sido impresso em Madrid.
(3) Memorias paroquiaes de ij58 compiladas no Diccionario geographico do P.e Luís
Cardoso, apontadas no est. artigo Os de Vasconcellos, págs. 365 e 372.
(4) Despacho de i3 e carta de 17 de Maio de 1810. — Chancelaria de D. João VI, liv. 2i.*
de Doações, fl. 172 v.
(5) Memona/ cit., pág. 212.
(6) Ibidem, pág. i38.
342 Brasõei
Martim Mendes de Vasconcelos, o segundo filho varão de Mem Rodrigues^
casou com D. Inês Martins, filha de Martim Pires, senhor de Alvarenga, e
nos descendentes deste casamento continuou o senhorio daquela honra (i), e
um deles foi o famoso secretário de Estado Miguel de Vasconcelos e Brito,
vítima da revolução do i.° de Dezembro de 1640. Entrou depois o morgado
na casa da Fervença em Barcelos.
As armas dos Alvarengas são em campo de veiros três faxas de vermelho,
as dos Vasconcelos são em campo de negro três fachas de veirado de prata
e vermelho; e para ambas o timbre é um lião. Há pois muita analogia entre
os brasões das duas famílias, e tanto mais notável se torna esta semelhança,
quanto são raros os veiros e veirados nos escudos portugueses (2). Também
entre estes são de disposição bem singular, única para eles ambos, os dos
Almeidas e Meios, e contudo conhece-se menor relação entre estas duas famí-
lias, que entre as dos Alvarengas e Vasconcelos.
II
SENHORES DE SOALHÃES E CONDES DE PENELA
Gonçalo Mendes de Vasconcelos, terceiro filho de Mem Rodrigues de
Vasconcelos, meirinho mor de Alem Doiro, foi. homem notável no reinado de
D. Fernando em cuja crónica é várias vezes nomeado. Ele lhe fez doação
por juro de herdade da terra de Soalhães e doutras no julgado de Vila Chã,
das rendas da Lousã, em préstamo, e das doutros lugares, e o. nomeou alcaide
mor de Coimbra por carta de ib de Julho de 1411 (iSyS), e por outra de 28
de Abril de 1416 (1^*78), sendo êle do conselho, o autorizou a usar, nos jul-
gados de Soalhães, Vila Chã, Loivos e Penela, de toda a jurisdição como
usam os condes, os mestres de cavalaria (ordens militares), o almirante, o
prior do Hospital e o abade de Alcobaça (3). Por morte de D. Fernando
(i) Por carta de 8 de Outubro de 1423 (i 385) confirmou D. João I a João Mendes d«
Vasconcelos a jurisdição de Alvarenga, como a houvera Martim Pires seu avô. Por outra
de 1 1 de Novembro de 1469 confirmou D. Afonso V a precedente a Gonçalo Mendes de Vas-
concelos, neto do referido Joane Mendes. — Liv. i." da Beira, fl. 274.
(2) Campo de veiros só se «ncontra no escudo dos Alvas, na primeira faxa dos Saraivas
e no segundo e terceiro quartel dos Monroys, mas estes são espanhóis; faxas veiradas só
aparecem nos Vasconcelos e seus derivados.
(3) Memórias de Gonçalo Mendes de Vasconcelos nas Chancelarias de D, Fernando e
D. João I.
Carta porque deu a Gonçalo Mendes de Vasconcelos, em quanto sua mercê" fosse, a
terra de Pereira, no almoxarifado de Coimbra, com todos os seus direitos foros e pertenças.
Vasconcelos 34Z
acompanhou a rainha D. Leonor, sua sobrinha neta, para Alenquer, quando
ela para lá retirou, fugindo de Lisboa. Conservou-se sempre bastante inde-
-Lisboa, 7 de Outubro de 1407 (iSõg). — G. M. de V., nosso vassalo, por muitos serviços,
pura doação a ele e a todos seus herdeiros e sucessores, por jur de herdade, da terra de
Soalhães, Gondiços e Duas Igrejas de Vai de Pombos, no julgado de Vila Chã e Buallim (?),
com seus termos, jurisdições alta e baixa, mero e mixto império, salvo as apelações. Coles,
10 de Março de 1410 (iSya). — Carta per que mandou entregar a G. M, de V. a terra de
Frades e os casais de Sendim, Gondinhães e Duas Igrejas, em pagamento de seus maravedis.
Tentúgal, 12 de Dezembro de 1410 (1372). — Carta per que mandou entregar o castelo de
Coimbra a G. M. de V. Lisboa, 25 de Julho de 141 1 (i373). — G. M. de V., nosso vassalo,
coutaiftos-lhe a sua quinta de Nomães, no julgado de Vermoim, como foi sempre coutada
no tempo dos reis passados. Salvaterra de Magos, 28 de Fevereiro de 1412 (1374). — A G.
M. de V., cavaleiro, nosso vassalo, pura doação e a todos seus herdeiros, da terra de Francos
e casais de Sandim, com todos seus direitos e foros. Torres Vedras, 25 de Dezembro de
1418 (1375). — G. M. de V. nos disse que ele há uma 'quinta no julgado de Penela de Riba
de Lima, a qual foi de Mem Rodrigues de Vasconcelos e no seu tempo era coutada, etc.
Confirma os privilégios de couto para a quinta. Tentúgal, i5 de Março de 1415 (1377). —
G. M. de V., nosso vassalo e do nosso conselho, temos por bem e mandamos que ele possa
usar e use de toda jurdição nos julgados de Soalhães, Vila Chã, Loivos e Penela, como parte
com o julgado de Ponte de Lima, poendo em eles juízes em seu nome, feitos pela guisa que
na nossa jurisdição é conteúdo e que mandamos que possam usar os condes e mestres da
cavalaria e o almirante e o priol do Hospital e o abade de Alcobaça; porem mandamos etc.
Santarém, 28 de Abril, por João Afonso, bacharel em leis, seu vassalo e ouvidor da Rainha,
era de 1416(1 378). — Deu, em quanto sua mercê fosse, a G. M. de V. as rendas da vila da Lousã,
assi como as havia a infante D. Beatriz, salvo a jurisdição. Valada, 8 de Junho de 1416
(1378). — Deu em préstemo, em quanto sua mercê fosse, a G. M. de V. os seus casais em
termo de Guimarães, onde chamam Vizela. Portalegre, 11 de Abril de 1418 (i38o). — Ao
almoxarife e escrivão de Coimbra, e aos juízes e jus,tiças da Lousã mandamos-vbs, que logo
vista esta carta e sem outro embargo nenhum leixedes haver e recadar e receber a G. M.
de V., nosso vassalo, ou a quem el mandar, todalas rendas e direitos e ações dessa vila e
termo, deste ano que ora anda da era desta carta em diante. Rio Maior, i5 de Novembro
de 1420 (i382). — G. M. de V., nosso vassalo, carta para lhe ser desembargada a terra de
Varzela, que de nós tem em préstamo. Rio Maior, 7 de Março de 1421 (i383). — Chance-
laria de D. Fernando.^ liv. i.», fls. 46V., 101 v., 117, 128 v., 141 e 285; liv. 2.°, fls. 2 v., 3o, 3ov.
e 61 ; liv. 3.", fls. 37 v, e 5a v.
G. M. de V., nosso vassalo, confirmação da terra da Lousã. Lisboa, 19 de Maio de
1422 (1384). — A G. M. de V. deu, em quanto sua mercê fosse, a portagem da cidade de
Coimbra. Lisboa, 27 de Setembro de 1422 (1384). — Lerabrando-nos em como G. M. de V.
fez a el rei T>. Pedro, nosso p?dre, e a el rei D. Fernando, nosso irmão, e a nós muito ser-
viço e, consirando nós em como o dito G. M. «he boõ caualeiro leal e verdadeiro», que-
rendo-lhe fazer graça e mercê, faz-lhe pura doação para êle e para todos aqueles que dele
descenderem por linha direita, do reguengo de Cantanhede, com todo seu termo, por jur de
herdade, com a jurisdição cível e crime, como havia o Conde D. Álvaro Pires [de Castro].
Coimbra, 16 de Abril de 1423 (i385). — O concelho e homens bons do julgado de Alvarenga
enviaram-nos dizer, que nós não havemos no dito julgado outra renda senão tam somente
$44 Brasões
ciso sobre o partido a tomar, apesar de dois de seus filhos se terem juntado
logo ao Mestre de Avis. Indeciso se manteve sempre no castelo de Coimbra
e, apesar de ter tomado parte nas Cortes lá reunidas em Abril de i385, pa-
receu melhor a D. João I substituí-lo na alcaidaria e dá-la a Lopo Vásques
de Siqueira, futuro comendador mor de Avis (i). Foi Gonçalo Mendes com-
pensado com a doação de juro e herdade do reguengo de Cantanhede, por
carta de i6 de Abril de 1423 (i385), na qual, para lhe doirar a pílula, há
referência aos seus bons serviços a D. Pedro, D. Fernando e ao próprio
D. João I, por ser «boÕ cavaleiro, leal e verdadeiro». Não lhe podendo
todavia manter esta doação, deu-lhe D. João I, em troca, por carta de 20 de
Abril de 1427 (1389), a vila da Lousã de juro e herdade. Morreu em Se-
tembro de 1407, deixando testamento no qual se refere às suas más contas
na tutoria dè seu neto Rui Vasques Ribeiro (2).
Casou Gonçalo Mendes de Vasconcelos pela primeira vez, antes de Junho
de 1343, com D. Maria Teles (3), filha de D. Afonso Martins Telo, alcaide
de Marvão, e de D. Berenguela Lourenço de Valadares. Dão-lhe os nobi-
liários mais três mulheres, só encontro porém referência justificada a mais
outra, D. Teresa Rodrigues Ribeira, herdeira do morgado de Soalhães, filha
de Rui Vasques Ribeiro, 2.° senhor daquele vínculo.
Gonçalo Mendes de Vasconcelos foi sepultado em S. Domingos de Coimbra
onde lhe puseram este epitáfio: Aqui ja^ Gonçalo Mendes de Vasconcellos,
que foi hum dos bons cavalleiros que ouve em seu tempo em Portugal e sua
molher dona Tarefa Ribeyra e seu Jilho Ruy Mendes e dona Leanor Pereira
a jurisdição, e nos pediam por mercê que a déssemos a G. M. de V., porque foi de sua avoenga.
E nós vendo etc. Carta da jurisdição cível e crime, salvando a apelação etc. Guimarães,
8 de Janeiro de 1425 (1387). — G. M. de V. carta de pura doação para sempre, para êle e
para seus filhos e netos e descendentes lídimos, da vila da Lousã, com a jurisdição cível e
crime, reservando a correição e alçada. E esta doação lhe fazemos e damos em emenda
dos reguengos de Cantanhede, de que lhe havíamos feita mercê e lhos tiramos e demos a
outrem. Lisboa, 20 de Abril de 1427 (1389). — Chancelaria de D. João /, liv. i.», fls. 35, 64,
126 V. e 181 ; liv. 2.», fl. 16.
(i) Fernão Lopes, Chronica de D. João'I, part. 11, pág. i3.
{2) Pedro de Azevedo, Os de Vasconcellos cit., págs. 373 e 374.
(3) Por instrumento de i3 de Junho de i38i (i343) fizeram-se as partilhas entre os
filhos de Mem Rodrigues de Vasconcelos, comparecendo João Dornelas, cavaleiro, procurador
de Gonçalo Mendes de Vasconcelos e de D. Maria Teles sua mulher, e de Gonçalo Esteves
de Tavares e de Leonor Rodrigues [de Vasconcelos] sua mulher, filha do dito Mem Rodri-
gues, e ainda Pêro de Oliveira, abade de S. Miguel de Penagate, procurador de Vasco Gon-
çalves Barroso e de sua mulher Mecia Rodrigues, também filha de Mem Rodrigues. — Lou-
sada, Sumários da Torre do Tombo, II, 45 1 v. mihi.
Vasconcelos 345
molher que foi deJoanne Mendes que se finou a 20 de Septembro de 1440 (i).
Na mesma igreja estava o túmulo de sua mulher, com o seguinte epitáfio:
Aqui j ai dona Tareja Ribeira molher que foi de Gonçalo Mendes de Vas-
concellos e finousse a 21 de Julho de 1428 e foy hutna das boas donas que
em seu tempo ouve em Portugal {2),
Filhos varões de Gonçalo Mendes de Vasconcelos nomeiam os nobihários
os três seguintes: Joane Mendes de Vasconcelos, 2.° senhor do julgado de
Soalhães e 4.° administrador deste vínculo, seguirá; Rui Mendes de Vascon-
celos i.° senhor de Figueiró e Pedrógão, ocupará o capítulo IH; e Mem Ro-
drigues de Vasconcelos. Nomeio-os pela ordem por que se encontram no
Nobiliário quinhentista (3), entendendo-se deverem ser todos filhos de D. Te-
resa Rodrigues Ribeira, por ter o mais velho sucedido tanto no senhorio do
pai, como no morgado da mãe.
Mem Rodrigues de Vasconcelos,
Outro também famoso cavalleiro,
Que a ala direita tem dos Lusitanos,
Apto pêra mandalos, e regelos,
Men Rodriguez se diz de Vasconcelos (4).
Combateu denodadamente na batalha de Aljubarrota, em 14 de Agosto de
i385, comandando a famosa ala dos Namorados, não sendo ainda então mestre
da Ordem de Santiago, apesar de ter sido investido neste alto cargo muito
antes do ano de 1402 assinalado na história impressa da Ordem (5).
Direi muito resumidamente o que deste célebre cavaleiro tenho encon-
trado na Chancelaria e no famoso Livro dos Copos, registo de documentos
antigos da Ordem de Santiago, mandado fazer pelo seu ínclito Mestre el rei
D. João II (6). .
Em fins de r383 começaram, com o assassínio do Conde Andeiro e a ida
de D. Leonor Teles para Alenquer, as perturbações que ao reino trouxe a
(i) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, II, 444 v. wiiãí, com a era errada, pois de-
Teria lá estar 1445 e não 1440.
(2) Ibidem, entendendo-se 1428 do nascimento de Cristo e não da era de César.
(3) Págs. 324, n.»' II e ni, e pág. 328, n." xiv.
(4) Luís de Camões, Lusíadas, canto IV, est. 24.
(5) Fr. Agostinho de Santa Maria, Historia tripartita, pág. 349.
(6) Neste cartulário o último documento, onde se nomeia o mestre D. Fernando Afonso
de Albuquerque, antecessor de D. Mem Rodrigues, tem a data de 20 de Junho de 142 1 (i383),
na fl. 72 V.; e o primeiro passado em nome de seu sucessor, o infante D, João, é de 16 de
Junho de 1460 (1422), na fl. 74.
voL. I 44
346 Brasões
morte de D. Fernando. Nesse tempo dividirara-se logo os bandos em dois:
o da Rainha, com os fidalgos principais; o do povo, com o Mestre de Avis à
frente.
Mem Rodrigues encostou-se de princípio, e desse lado sempre permaneceu,
ao partido de D. João, que, sendo regedor do reino, nos anos de 1384 e i385,
desde 20 de Maio a i3 de Fevereiro, fez várias doações e mercês ao seu sol-
dado (i). Do valor e lialdade, com que este serviu ao Mestre de Avis no
cerco de Lisboa, dão boa prova as palavras da carta de doação de Monsaraz
na qual, referindo-se aos serviços de Mem Rodrigues, se especializam os feitos
tem estas tribulações nas quais o dito Mem Rodrigues serviu a nós, e a estes
reinos, e serve em cada um dia».
Logo no primeiro ano do seu reinado, antes e depois da batalha de Alju-
barrota, continuou D. João I beneficiando este seu valente partidário (2), que
já nos fins deste ano de i386 tinha o título de vassalo dei Rei, e a promessa
do mestrado de Avis. Esperava porém de o haver o comendador mor da
Ordem, Fernão Rodrigues de Siqueira, fidalgo que também prestara valiosos
serviços, e a quem D. João 1 desejava igualmente contentar. Então, para se
livrar de embaraços, determinou el Rei escolher para mestre àquele dos dois
que a Ordem elegesse. Venceu Fernão Rodrigues, que foi nomeado mestre
de Avis recebendo Mem Rodrigues em compensação o mestrado de Santiago,
declarando el Rei aos cavaleiros e freires da Ordem, que não havia por boa
a eleição por eles feita de Rui Freire para seu governador (3).
Confirma os dizeres do cronista uma carta dei Rei dirigida da cidade do
Porto, em 3 de Fevereiro de 1425 (iSSy), aos cavaleiros e freires da Ordem
(i) A Mem Rodrigues de Vasconcelos, doação do jantar das Alhadas, termo de Monte-
mor o Velho, em Lisboa, a 20 de Maio de 1422 (1384); na mesma cidade, a 14 de Junho,
doação de bens nela situados pertencentes a dois criados do Conde de Barcelos; a 20 de
Junho, bens em Beja de outros partidários de Castela; a 10 de Setembro, mais bens em
Lisboa, estes de um criado de Gonçalo Tenreiro, capitão mor da frota; a 24 do mesmo mês,
sempre em Lisboa, doação da vila de Monsaraz de juro e herdade; e finalmente, a i3 de
Fevereiro de 1423 (i385), em Torres Vedras, também de juro e herdade, doação de toda a
terra que Martim Correia havia dei rei D Fernando, tirando os casais já doados ao dr. Gil
do Sem, do conselho do Regedor do reino. — Chancelaria de D. João /, liv. i.», fls. 11 v.,
42, 49, 39 e 8 v.
(2) No Porto, a 10 de Abril de 1423 (i385), teve Mem Rodrigues de Vasconcelos con-
firmação do jantar das Alhadas; a 19 de Maio, em Ponte de Lima, doação de juro e herdade
das terras de S. Martinho, Labruja, Labrujeira, Santo Estêvão e Jaraz; a 6 de Novembro, em
Guimarães, já com o título de vassalo dei rei, as rendas, frutos, direitos e foros de Caminha,
também de juro e herdade; e a 28 de Dezembro, em S. Pedro de Gastei apar de Chaves, teve
mercê das jurisdições das suas terras. — Ibident, fls. 106, 143, 162 v. e 149.
(3) Fernão Lopes, Chronica de D. João I, p. II, cap. 189.
Vasconcelos 347
de Santiago, na qual lhes manda que obedeçam a D. Mem Rodrigues, mestre
da Ordem, que se havia deles queixado, e lhe guardem sua bandeira, coma
sempre o fizeram aos outros mestres seus predecessores (i).
As bulas são porem um pouco posteriores. A primeira é de Urbano VI
c foi dada em Roma a xiii das calendas de Março (17 de Fevereiro) do ano x
do seu pontificado (i388); nela aceita o Papa a resignação do mestrado feita
por Estêvão, aliás Rui, e confirma nele a Mem. A segunda é de Bonifácio IX,.
tem a data de v dos idos de Novembro (9 de Novembro) do ano i do seu
pontificado (iSSg) e confirma a precedente. Ambas foram publicadas em
Lisboa, a 10 de Julho de i3gi (2).
Continuou D. Mem Rodrigues figurando nos anos seguintes em vários
documentos, d'entre os quais distinguirei a carta, dada em Lisboa a 25 de
Fevereiro de 143 1 (i393), pela qual D. João I fez doação ao Mestre e à Ordem
«das casas que chamam da Moeda Velha em Lisboa junto com a porta da
Cruz, em que soem de estar as Escolas, assim como partem com rua pública,.
e com a porta da Cruz, e com o muro até. ao mar, e com casas do mosteiro
dacelhas (Cheias ?), e com casas de Lopo Domingues Caeiro. . . das quais lhe
fizemos doação para em elas fazer uns paços para êle e os mestres, que
depois dele vierem, poderem em elas poisar quando vierem a Lisboa» (3).
O último documento, em que encontro o mestre D. Mem Rodrigues de
Vasconcelos, é uma sentença de 1 1 de Julho de 1452 (1414), pela qual foi
tirada à Ordem a dizima das mercadorias saídas pela foz de Setúbal (4). No
ano seguinte dizem ter morrido (5). Não sei onde foi sepultado; mas, como
já se chegou a afirmar havê-lo sido no corpo da igreja de S. Francisco de
Évora, lá adiante esclarecerei o caso" (6).
Não casou, ainda então isso era defeso aos cavaleiros das ordens militares^ ,
mas teve bastardos vários filhos e filhas, tendo daqueles provindo os Vascon- j
celos de Elvas. Foram legitimados os oito seguintes: Diogo Mendes, Inês '
Mendes e Leonor Mendes de Vasconcelos, por cartas de 28 de Dezembro de
(1) Livro dos Copos^ fl. 69 v. — Por outra carta dada no arraial de sobre Campo Maior,
a 14 de Novembro de 1426 (i38&), quitou D. João I ao mestre D. Mem Rodrigues de Vascon-
celos e à Ordem de Santiago as colheitas riais a que eram obrigados pela passagem da água
do rio do Roixo {Chancelaria de D.Afonso V, liv. 5.*, fl. Sg v.; Archivo histórico portuguez,
IH, 4o5).
(2) Livro dos Copos, fl. 26 v.
(3) Chancelaria de D. João 1, liv. 2.", fl, 71 v.
(4) Liv. de Direitos riais, fl. 237 v.
(5) João Bautista de Castro, Mappa de Portugal, II, 44.
(6) Nota I no fim deste artigo.
348 Brasões
1429 (iSgi), todos havidos de uma mulher solteira, sendo ele escudeiro (i);
D. Beatriz, Diogo Gonçalves e Gonçalo Mendes, por cartas de 3 de Maio de
1446 (1408), sendo êle mestre e nomeando-se só a mãe da primeira, que foi
Inês Martins (2); e finalmente Mem Rodrigues e Joane Mendes, por cartas
de 5 do mesmo mês e ano, havidos, sendo êle mestre, um de Beatriz Nunes
€ o outro de Constança Anes (3).
Para emendar uma data errada por um frade tomei tempo; mas por certo
não o dará o leitor por mal empregado, pois lhe disse, àcêrca de um Portu-
guês notável, coisas que talvez ignorasse.
Voltemos à sucessão de Gonçalo Mendes de Vasconcelos.
Confessou êle no seu testamento, como já notei, dever certos dinheiros
das rendas das terras de seu neto Rui Vasques Ribeiro, do tempo em que
havia sido seu tutor. Confessou ser a dívida de quatro mil libras de dinheiros
portugueses de boa moeda antiga, de duzentos marcos de prata lavrada em
baixela e de certas quintas em Entre Doiro e Minho. Não se conformou Rui
Vasques com o valor dado ao seu crédito, pediu dele avaliação e foi a dívida
de seu tutor fixada em sete mil e trezentas coroas. Interveio então D. João I
e, atendendo aos serviços do finado Rui Mendes de Vasconcelos, pai de Rui
Vasques, e a haver casado este «com Ana Afonso, minha parenta», pagou-lhe
as sete mil e trezentas coroas. Satisfeito Rui Vasques, substitui-se-lhe a
fazenda rial e exigiu de Joane Mendes de Vasconcelos, filho sucessor de Gon-
çalo Mendes, o pagamento da dívida. Deixou êle correr o processo à revelia;
foram vendidas as terras da Lousã, por mil e setecentas dobras. Vila Chã e
Penagate, por cento e vinte, Soalhães, por cento e cinquenta, Penela, por
setecentas, e Larim, por duzentas e dez. Em seguida foi-lhe comunicada a
arrematação a fim dele dizer de sua justiça.. Acudiu só então Joane Mendes;
reclamou pelo baixo preço das arrematações; e alcançou compôr-se com a
fazenda rial nestas bases: a vila da Lousã ficaria na posse da Coroa, no
valor porém de quatro mil coroas; do saldo de três mil e trezentas coroas
seriam abatidas as rendas das terras desde o sequestro, salvo a do ano de
1413 da Lousã; e o restante haveria de ser pago dentro de dois anos. Nestes
termos podia Joane Mendes de Vasconcelos tomar desde logo posse das terras
de Penela, Vila Chã, Larim e Soalhães, como havia antes de serem seques-
tradas. Foi a composição ratificada por carta régia de i3 de Setembro de
(1) Chancelaria de D. João I, liv. 2.°, fl. 61 v.
(2) Ibidem^ \\v. S."», fl. 81 v.
(3) Ibidem, fls.,81 e 81 v.
Vasconcelos 349
1451 (i4i3)(i). Finalmente, passados, não dois anos, mas perto de sete, foi
Joane Mendes de Vasconcelos, por carta de 8 de Abril de 1468 (1420), dado
por quite para com a fazenda rial, ficando contudo só com Soalhães e metade
de Penela(2).
Não fora porem só esta a dívida deixada por Gonçalo Mendes de Vascon-
celos. Quando êlp faleceu ainda se encontrou a sua herança gravada com
duas mil e quinhentas dobras moiriscas, de bom oiro e justo peso, das quais
era credor a fazenda rial. Para sua segurança tomou ela posse das terras
de Penela, Penagate, Landim e Vila Chã, na comarca de Entre Doiro e
Minho, e da de Soalhães, na de Trás os Montes. Entretanto celebrava-se a
composição com Joane Mendes de Vasconcelos relativa à divida da tutoria,
e D. João I, por carta de 27 de Maio de 1455 (141 7), fazia mercê das duas
mil e quinhentas dobras moiriscas do seu segundo crédito a Gonçalo Pereira, |
seu criado (3) e provavelmente já então casado com D. Beatriz de Vascon- j
celos, filha do mestre D. Mem Rodrigues, à qual, por carta de 17 do mês |
seguinte, fez seu irmão Diogo Mendes de Vasconcelos doação de todos os
bens da sua legítima paterna, tanto os patrimoniais, como as terras da Coroa,
feudos e morgados que lhe pertencessem herdar de seu pai (4). Foi esta
doação logo confirmada por D. João I e posteriormente por D. Duarte, por
carta de 25 de Agosto de 1434, sendo então D. Beatriz certamente já casada (5).
Gonçalo Pereira, era o das Armas, 2." senhor de Cabeceiras de Basto, e 1
juntamente com sua mulher vendeu ao 8.° Conde de Barcelos por escritura
de 7 de junho de 1441, confirmada por D. Afonso V a 10 do mês seguinte,
as terras de Penela contra o Levante, Vila Chã, Larim e couto de Penagate,
com todolos casais, herdamentos e direitos que com elas vieram em partilha
a Diogo Mendes, irmão de D. Beatriz, de quem ela as houve (6).
Quando Gonçalo Mendes de Vasconcelos morreu existiam apenas dois
filhos legítimos seus, D. Mem Rodrigues de Vasconcelos, mestre de Santiago,
€ Joane Mendes de Vasconcelos. Eram eles os herdeiros de todos seus bens
próprios e terras da Coroa, tirando algumas heranças nas quais por direito
Joane Mendes havia de suceder a sua mãe. Não se entenderam os irmãos
na partilha e, posta demanda, proferiu o infante D. Duarte, a quem recor-
reram, a sua sentença, mandando dividir pelos dois irmãos, em partes iguais.
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 3.°, fl. 162 v.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 34.°, fl. jS, transcrita n outra de confirmação.
(3) Chancelaria de D. João I, liv. 3.», fl. 200 t.
(4) Ibidem, liv. 4.% fl. i v.
(5) Chancelaria de D. Duarte^ liv. i.", fl. 35.
(6) Liv. 2.» de Místicos, fl. 222 v.
35o Brasões
os bens e terras do pai, sugeitos, também em partes iguais, à obrigação do
pagamento das dívidas (i). Sobre esta sentença se baseou a já citada carta
de 8 de Abril de 1468 (1420), pela qual Joane Mendes ficou com Soalhães e
metade de Penela. Em virtude da mesma sentença ficaria o Mestre de San-
tiago com a outra metade de Penela, Vila Chã, Larim e Penagate, terras por
sua filha D. Beatriz de Vasconcelos e seu marido Gonçalo Pereira vendida*
ao Conde de Barcelos pela escritura de 7 de Junho de 1441 acima citada.
Pareceu-me curioso deixar notadas estas diversas transacções, não só para
mostrar a forma benévola como nelas intervinha o soberano, mas também
para justificar a relativa decadência a que ficou reduzido Joane Mendes de
Vasconcelos. Era êle, apesar de na carta de 8 de Abril de 1420 vir nomeado
em segundo lugar, o «filho primeiro lídimo» de Gonçalo Mendes e por esse
facto lhe havia sucedido na honra de Soalhães, como declara uma carta de
2 de Setembro de 1434, à qual lá adiante me reportarei.
Houve pois Joane Mendes de Vasconcelos, em sucessão a seu pai, os se-
nhorios do julgado de Soalhães e de metade da terra de Penela, como lá
acima ficou dito, e mais, por eleição do concelho e homens bons do julgado,
confirmada por carta régia de 9 de Maio de 1/^46 (1408), o senhorio da terra
de Mós (2). A sua mãe sucedeu no morgado de Soalhães, do qual foi o
4." administrador.
Era este morgado grande, rendoso e honorífico. Compreendia bens em
Coimbra, Viseu, Lisboa e Porto, e ao seu administrador pertencia o direito
de apresentar um cónego na Sé de Lisboa, na cònezia chamada das Abitu-
reiras (3) e depois de Mafra. Fora o vínculo instituído por D. João, bispo
(1) Desta sentença teve uma vaga idea o P.« Sousa e a ela se refere no tomo XII da
Historia genealógica^ pág. a, com a data errada, «21 de Outubro da Era de 1438, anno de
Christo de 1400», quando o infante D. Duarte tinha nove anos de idade. A verdade é que
a data da sentença não encontrei em parte nenhuma e só a ela há referência na carta régia,
já muita vez citada, de 8 de Abril de 1420.
(2) Chancelaria de D. João I, liv. 3.*, fl. 78. — José Anastácio de Figueiredo, na sua eru-
dita Memoria para dar hunia idèa justa do que eram as Behetrias, impressa no tom. I das
Memorias de Litteratura portugueza da Academia R. das Sciencias, conta como os mora-
dores do julgado da aldeia de Mais, a qual não sabe identificar, escolheram a D. Henrique
de Castro, filho de D. Pedro de Castro, para no senhorio da terra suceder a seu velho pai,
logo após seu falecimento, escolha confirmada por carta régia de 6 de Maio de 1463 (págs. i3i
c 197). D. Pedro de Castro era genro de Joane Mendes de Vasconcelos e por sua morte
tratou de se apossar das suas terras, como veremos; pode pois muito bem ter alcançado a
posse do senhorio da beetria de Mós, e esta ser a. designada no documento de 1463, do qual
só «parece uma cópia de leitura nova, pelo nome de Mais.
(3) Carta de doação do padroado das Abitureiras à capela de D. JóSo, bispo de Lisboa,.
Vasconcelos 35 1
de Lisboa, em l3 de Maio de i3o4 e confirmado por D. Denis a 20 de Feve-
reiro do ano seguinte (1).
D. João Martins de Soalhães foi filho de Lourenço Martins e de Fruela
Viegas. Estudou na Universidade de Paris, tomou ordens sacras e, sendo
capelão dei rei D. Denis, foi nomeado cónego de Coimbra e nesta dignidade
foi por ele enviado a Roma, d'onde voltou em 1290 com o interdito, que pe-
sava sobre o reino, levantado. Em 1291 já era cónego de Lisboa, em 1294
bispo desta diocese, e logo embaixador a Castela e depois a Roma, e ultima-
mente, em i3i5, arcebispo de Braga. Sobreveio a idade e com ela os
achaques e fraquezas próprios, resultando entregar-se a dois assessores indi-
anos, que lhe trouxeram o desgosto de lhe ser imposto, em i323, um coadjutor.
Finalmente morreu a i de Maio de i325. Foi sepultado na igreja da Sé de
Braga, numa capela por ele fundada, d'onde foi trasladado para um túmulo
embutido na parede, pondo-se-lhe então este epitáfio: Huc translata siint
ossa Dfii loannis de Soalhães Archiepiscopi Bracharensts anno salutis i5ii (2).
Na Sé de Lisboa fundara, na charola, a capela de S. Sebastião, onde, na pa-
rede do lado do poente, seu descendente o cónego Pedro Lourenço de Távora
mandou gravar em i588 uma longa inscrição com alguns erros, sendo o prin-
cipal dar ao bispo fundador o apelido de Vasconcelos (3).
Nas instituições dos vínculos o Bispo não nomeava os filhos como tais,
-chamava-lhes seus criados; do mais velho porem até existe a carta de legi-
timação dada por D. Denis, em Santarém, a 28 de Janeiro de 1346 (i3o8),
na qual lhe chama Vasco Anes, seu vassalo, filho de D. João, bispo de Lis-
boa (4). Foi este Vasco Anes de Soalhães o primeiro dos filhos nomeados
pelo instituidor para a administração do vínculo. Casou da primeira vez com
Leonor Rodrigues, filha de Rodrigo Afonso Ribeiro. Não foi muito feliz com
^sta mulher, «que fez torto a seu marido. . . com huum cavaleyro que ouve
nome Joham Rodriguez Redomdo filho de Rodrigo Annes Redomdo amdando
«lia em casa delrrey dom Diniz e mandoa ell porem matar por justiça» (5).
-Santarém, 19 de Novembro de 1341 (i3o3). Já por outra carta de 25 de Novembro de iSSg
(i3oi), fizera D. Denis doação do padroado da igreja de Santa Maria de Alvarelhos, bispado
<lo Porto, a ele próprio D. João, e não ao bispo. — Chancelaria de D. Denis, liv. 3.», fls. 29 e 17.
(i) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, VI, 42.
(2) D. Rodrigo da Cunha, Historia ecclesiastica de Braga, II, cap. 3i ; Historia ecclesias-
tica de Lisboa, p. 11, caps, 76 a 8 1 .
(3) D. Rodrigo da Cunha, Historia de Lisboa cit., fl. 227 v.; Júlio de Castilho, Lisboa
antiga, p. II, tom. III, pág. 24.1,
(4) Chancelaria de D. Denis^ liv. 3.», fl. Sg.
(5) Nobiliário do Conde D. Pedro^ nos Portugaliae monumenta histórica. Scriptores^
pág. 338.
352 Brasões
Deste malogra do casamento nascera único Rui Vasques Ribeiro e extraor-
dinário parece ter ele, depois de toda aquela tragédia, tomado o apelido da
executada mãe; mas assim sucedeu. Foi Rui Vasques o 2.° senhor do mor-
gado de Soalhães e casou, pela segunda vez, com Margarida Gonçalves,
filha de Gonçalo Anes de Briteiros, de quem teve a D. Teresa Rodrigues Ri-
beira, 3.^ senhora do morgado de Soalhães, a qual morreu já viúva em 20 de
Julho de 1428, conforme o seu epitáfio acima transcrito. Casara com Gon-
çalo Mendes de Vasconcelos, em quem comecei este capítulo, e fora mãe de
Joane Mendes de Vasconcelos.
Foi este fidalgo casado com D. Leonor Pereira, filha de D. Álvaro Gon-
çalves Pereira, prior do Hospital. Joane Mendes, apesar de irmão dos dois
capitães da ala dos Namorados e de cunhado do condestável D. Nuno Alvares,
seguiu, no começo das discórdias, o partido de sua parenta a rainha D. Leonor,
mantendo a sua voz no castelo de Estremoz, do qual era alcaide e d'onde foi
forçado a retirar pelo povo revoltado. Depois, aclamado rei o Mestre de
Avis, veio servi-lo. Morreu antes de Julho de 1434 e foi sepultado no con-
vento velho de S. Domingos de Coimbra, segundo consta do epitáfio, adiante
transcrito, de seu neto D. Fernando de Cascais, e no mesmo convento se
encontrava o túmulo de sua mulher com esta inscrição nele gravada: Aqui
ja^ dona Leonor Pereira molher que foi de Joanne Mendes de Vasconcellos,
irmã do Condestable dom Nuno Alvar e^, que se finou a 18 de Abril de I44g,
foi húa das boas donas que oure ern Portugal {i).
Deixou Joane Mendes de Vasconcelos com certeza duas filhas legítimas:
D. Maria e D. Teresa de Vasconcelos, e ainda mais outra, segundo parece,
mas havia de ter morrido antes do pai, ou ser ilegítima; chamou-se D. Bea-
triz de Vasconcelos e foi primeira mulher de D. Fradique de Castro, o Taga-
rote (2). Mais um filho, certamente ilegítimo se existiu, lhe aponta, entre
outros genealógicos, D. Jerónimo de Ataíde no seu Nobiliário por mim con-
sultado quando existia na biblioteca do Marquês de Castelo Melhor. Cha-
ma-lhe António de Vasconcelos e afirma haver casado e ter-se apartado da
mulher para tomar ordens sacras, vindo a ser prior de Tentúgal (3)'
D. Teresa de Vasconcelos, a segunda filha de Joane Mendes de Vascon-
celos, havia casado pelos anos de 1423, como já ficou dito (4), com D. Pedro
de Castro, i.° senhor de Bemviver. Tratou êle, logo em seguida à morte do
(i) Lousada, Sumários da lôrre do Tombo, II, fl. 444 v. mihi,
(2) Nobiliário quinhentista, pág. 824, n." 11.
(3) Veja-se a sua sucessão na Critica e historia, pág. 74.
(4) Na página 145, onde e na seguinte se deverá emendar o nome desta senhora de Ca-
terina para Teresa, que foi o verdadeiro, j Culpa da minha terrível caligrafia !
Vasconcelos 353
sogro, de se apossar das suas terras, contra o que reclamou seu cunhado
D. Afonso de Cascais e el rei D. Duarte mandou, em i3 de Julho de 1434,
expedir uma sentença pela qual declarava terem vagado para a Coroa todas
as terras, de que fora donatário Joane Mendes, por estarem incursas nas dis-
posições da Lei Mental, visto êle não ter deixado descendência varonil (i).
Aquelas terras eram Soãlhães e metade de Penela, e sucede que, mês e meio
após a sentença, foi feita doação da primeira delas ao filho da irmã mais velha
de D. Teresa; sucede mais ainda que, por cana de 23 de Abril de 1450, foi
confirmada a D. Pedro de Castro, como herdeiro de Joane Mendes por estar
casado com sua filha, a carta de 8 de Abril de 1420 pela qual a este fora dada
quitação das dívidas paternas e reconhecido o senhorio nas terras de Soãlhães
e de metade de Penela (2). D'aqui concluo, apesar do documento não estar
claro, mas outro o esclarece (3), que a D. Pedro fora feita doação de Penela,
a outra terra possuida pelo sogro.
D. Maria de Vasconcelos, a primeira filha de Joane Mendes de Vascon-
celos, casou com D. Afonso, senhor de Cascais, e dele foi a segunda mulher.
Era^D. Afonso filho bastardo do infante D. João e neto de D. Inês de Castro.
Havia casado em primeiras núpcias, em 1408, com D. Branca [da Cunha],
filha do dr. João das Regras (4). Havia-lhe D. João I feito doação, por carta
de 8 de Maio de 1435 (iSgy), da vila de Cascais e do reguengo de Oeiras
de juro e herdade, bens em que lhe sucedeu sua viúva D. Leonor da Cunha
e a esta seu neto D. Pedro, por morte de quem vagaram para a Coroa, em
virtude da Lei Mental. D. Duarte porém, por carta de 2 de Junho de 1436,
tudo confirmou à irmã de D. Pedro, D. Isabel de Cascais, filha de D. Afonso
de Cascais (5) e futura condessa de Monsanto pelo seu casamento com o
i.° Conde, a quem as terras foram confirmadas por carta de D. Afonso V
(i) Liv. i.° de Direitos Riais, fl. 271.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 34.», fl. yS.
(3) Este outro documento é a carta de 1 1 de Julho de 1497 de confirmação da prece-
dente a D. João de Castro, filho de D. Pedro de Castro, na qual se declara ser a confirmação
relativa à terra de Penela somente (Chancelaria de D. Manuel, liv. 3o.», fl. 35 v.). — No censo
da população mandado fazer em 1527, na comarca de Entre Doiro e Minho, lá vem mencio-
nada esta Penela, com a designação de «Penella de Dom Joham» (Archivo histórico por-
TUGUEZ, III, 25 i).
(4) Em carta de 4 de Julho de 1446 (1408) dirigida ao Almoxarife do celeiro de Lisboa,
declara D. João I haver de dar em casamento a D. Afonso, seu sobrinho, com D. Branca,
filha do dr. João das Regras, do conselho, 7000 dobras de oiro para comprar herdades, e
porque tam toste lhas não pode dar, «e êle toma ora sua casa», manda-lhe dar os reguengos
de Algés e Oeiras e todos os mais de ribamar, termo de Lisboa. — Chancelaria de D. João I,
Ifv. 3."*, fl. io3 V.
(5) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.", fl. 194 v.
voL. I 45
354 Brasões
de IO de Outubro de 1449(1). Foram progenitores dos Condes de Monsanto
e Marqueses de Cascais.
Não sei quando se realizaria o segundo casamento de D. Afonso de Cas-
cais, mas suponho curta duração ao primeiro, por ver que em 1439, quando
começaram os alvoroços em Lisboa contra a rainha D. Leonor, viúva de
D. Duarte, já D. Fernando de Cascais, filho do segundo casamento de
D. Afonso, o acompanhava. Era então D. Afonso alcaide mor de Lisboa e
com o filho e outros fidalgos parciais da Rainha se meteu dentro no castelo,
onde não pôde resistir por lhe faltarem os mantimentos e teve de o entregar
ao infante D. João, retirando-se para junto de D. Leonor. Quisera o pai
entregar logo o castelo, à primeira intimação do povo; «mas o filho por ser
mancebo, em que o sangue e pontos da honra ferviam, o ouve por abati-
mento» (2). Era êle então já casado, porque no ano seguinte partiu para o
desterro e nesse mesmo ano lá morreu; não poderia portanto ter muito menos
de vinte e cinco anos de idade e por isso o segundo casamento de seu pai
deveria ter tido lugar pelos anos de 141 2 ou i3, isto é, cinco depois do pri-
meiro.
D. Duarte, em seguida à sua sentença acima referida, de i3 de Julho de
1434, pela qual declarou vagas para a Coroa ás terras possuídas por Joane
Mendes de Vasconcelos, fez doação, por carta de 2 de Setembro do mesmo
ano, da terra de Soalhães de juro e herdade a D. Fernando, por ser seu so-
brinho e do condestável D. Nuno Alvares Pereira, e alem disso por êle ser
neto por sua filha mais velha do último donatário, o referido Joane Mendes (3).
Ainda D. Duarte, encontrando-se em Montemor o Novo, mandou chamar à
sua presença, no dia 4 de Junho de 1436, a D. Álvaro de Castro e sua es-
posa D. Isabel de Cascais a fim de darem quitação a D. Afonso, pai dela, a
sua mulher D. Maria de Vasconcelos e a seus herdeiros, de todos os bens
móveis a D. Isabel pertencentes, não só de sua legítima por morte e herança
de sua mãe D. Branca [da Cunha], como por sucessão de seu irmão D. Pedro,
t de tudo mandou lavrar nesse dia a respectiva carta (4). Seguiu-se, d'ali a
pouco mais de ano e meio, a morte de D. Duarte e em Setembro de 1439
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 34.", fl. 170.
(2) Rui de Pina, Chronica de D. Afonso V, pág. 264.
(3) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.°, fl. 32. — Neste diploma declara-se ter Joane iMendes
de Vasconcelos sucedido no senhorio de Soalhães a seu pai Gonçalo Mendes de Vasconcelos,
por ser seu filho primeiro lídimo, e terem as suas terras vagado para a Coroa por dele não
ficar nenhum filho lídimo, salvante duas filhas, D, Maria e D. Teresa. Por isso a terceira
filha D. Beatriz, havia de ser já falecida, ou não era legítima.
».4) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.», fl. 191 v.
Vasconcelos ' 355
começaram os alvoroços do povo de Lisboa contra a rainha D. Leonor, nos
quais D. Afonso e D. Fernando de Cascais se manifestaram logo por ela.
Tendo sido expulsos do castelo, como acima ia dizendo, foram pai e filho
ter com a Rainha a Alenquer e d'aí a acompanharam nas suas jornadas pelo
reino até Almeirim, d'onde ela partiu encobertamente para o Crato. Cons-
tando no dia i.° de Novembro a sua fuga, trataram seus parciais de a seguir,
e entre eles partiu o velho D. Afonso de Cascais, forçado da mulher e do
filho e muito contra vontade, pois se abraçou «com a terra e com muytas
lagrimas dizia: Leixaime comer a esta terra que me criou, e a que nom fuy
nem som treedor. Nom me desterreis este corpo sem culpa, nem lhe deis se-
pultura em terras alheas. Mas em fym o levaram» (i).
j Pobre velho ! adivinhava a sua sorte ! Para o desterro partiu com a
Rainha a 29 de Dezembro de 1440, e lá, em Çamora, morreu juntamente
com o filho em Agosto do ano seguinte (2), no qual lhe nasceu o neto, o futuro
Conde de Penela. Foram seus bens confiscados e, já depois da morte dambos,
doados, por carta de 19 de Março de 1441, ao 4," Conde de Ourem (3). Para
Portugal voltou a viúva, ao terminar a regência do infante D. Pedro, e trouxe
consigo os ossos de seu filho, mandando-os para o convento velho de S. Do-
mingos de Coimbra, onde foram sepultados no jazigo de seu avô Joane Mendes
de Vasconcelos, gravando-se na loisa o seguinte epitáfio: Neste moimento
do Senhor Janemendes de Vasconcellos ja^em os ossos do mui Illustre Senhor
Dom Fernando seu neto, o qual em seu testamento mandou que aqui fosse lan-
çado, tra:{ido de Castella o?ide se Jinou em serviço da Rainha Dona Leanor
Madre delRey Dom Afonso o 5.° de Portugal, e foi Jílho de Dom Afonso e
neto do Infante Dom João que era filho delRej Dom Pedro de Portugal e
da Infante Dona Inês de Castro sua molher (4).
Pagou D. Afonso V a sua dívida de gratidão a D, Maria de Vasconcelos,
fazendo-lhe mercê de uma tença de trinta mil reais brancos por carta de 6
(1) Rui de Pina, Chronica de D. Afonso V, pág. 3io.
(2) Ibidem, pág. 323. — Não cause reparo o cronista escrever «xxix de Dezembro de myl
e quatrocentos e quarenta e hum»; ele contava pelo ano do Nascimento à risca, e esse tinha
começado no dia 2 3 do mês. Veja-se a prova da minha asserção no Archivo histórico por-
TUGUEz, II, 486, sendo para notar haver eu aí aduzido exemplos exactamente deste ano de
1440.
(3) Liv. 3." de Místicos, fl. i52. — Ainda por outra carta de 25 de Janeiro de 1446 foram
doados uns prédios, que ele possuíra em Ferreira, a Lopo Mendes de Vasconcelos, cavaleiro
do infante D. Pedro (Archivo histórico portuguez, III, 410) e talvez filho do mestre D. Mem
Rodrigues de Vasconcelos.
(4) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, II, fl. 444 mihi.
I
356 Brasões
de Abril de 145 1, na qual se refere aos muitos e bons serviços por ela «feitos
a nós c à senhora Rainha minha madre» (i).
Casara D. Fernando de Cascais, antes de ir para o desterro, com D. Isabel
Coutinho a quem, sendo ainda solteira, fora confirmada a terra de Aregos
por carta de i5 de Fevereiro de 1434(2). Era D. Isabel filha única de
D. Pedro de Meneses, 2.° conde de Viana, e de sua mulher a condessa D. Bea-
triz Coutinho, senhora da referida terra em sucessão a seu pai, Fernão Mar-
tins Coutinho, a quem ela fora doada por carta de 1 1 de Janeiro de 1480
(1392) (3).
D. Isabel acompanhou o marido para Castela e lá, conforme parece, casou
em segundas núpcias com João Freire de Andrade, senhor de Alcoutim, de
quem foi primeira mulher e não teve sucessão (4). D. Isabel já tinha mor-
rido em 23 de Outubro de 1460, quando, por sua morte, foi a terra de Aregos
confirmada a seu filho D. Afonso, sobrinho dei rei (5) e futuro conde de Pe-
nela.
Por este casamento veio a entrar na casa de Penela o senhorio de parte
da vila de Mafra, pois que a Fernão Martins Coutinho, avô de D. Isabel,
havia sido aquela vila doada, juntamente com a Ericeira, a Enxara dos Ca-
valeiros e o Ulmarinho, por escritura de 2 de Março de 1398 lavrada em Lis-
boa, nos paços riais, em presença de D. João I que a aprovou. Era a escri-
tura de casamento de Leonor Lopes [de Sousa], filha do mestre de Cristo
D. Fr. Lopo Dias de Sousa, com Fernão Martins Coutinho e foi a doação
feita aos esposados, em suas vidas, e a seus descendentes (6). E para maior
segurança fez D. João I, por carta de 25 de Julho de 1396, doação ao refe-
rido Fernão Martins Coutinho das ditas terras, para ele e sucessores, com
as jurisdições, mero e mixto império, etc. (7).
No ano seguinte morreu Fernão Martins Coutinho sem testamento, dei-
xando duas filhas, D. Beatriz e D. Felipa. Sua viúva, D. Leonor Lopes de
Sousa, só veio a falecer em 1421, havendo tornado a casar com Afonso Vas-
ques de Sousa, filho de Martim Afonso de Sousa, 2° senhor de Mortágua,
de quem deixou vários filhos. Afonso Vasques manteve-se, depois de en-
viuvar, na posse dos bens da mulher, até que em 1425 suas enteadas oci-
( 1 ) Chancelaria de D. Afonso V, liv. Sy.", fl. 28 v.
(2) Chancelaria de D. Duarte, liv. i.", fl. 87; liv. 3." da Beira, fl. iSj.
(3) Ibidem.
(4) Nobiliário quinhentista, pág. 269, n.» xvi, onde lhe chama D. Isabel de Meneses.
(5) Liv. 3.° da Beira, fl. i36 v.
(6) Gaveta XIV, maç. 4.», n.° i.
(7) Chancelaria de D. João I, liv. 2.", fl. 122. .
Vasconcelos 35 j
taram para partilhas. Começou a correr a demanda; morreu o réu e con-
tinuaram nela seus filhos. Entretanto casavam as duas filhas de Fernão
Martins Coutinho: D. Beatriz Coutinho com D. Pedro de Meneses, conde
de Vila Rial, em Sintra, a 17 de Agosto de 1426, «nos paçoá dei rei D. João,
na casa em que ora pousa D. Beatriz Coutinha, casa que é dentro no cnrral
dos ditos paços» (i); D. Felipa Coutinho casou pouco depois com Luís Ál-
vares de Sousa, escudeiro da casa do infante D. Duarte, e teve em dote duas
mil e quinhentas coroas do cunho dei Rei de França, as quais lhe prometeu
D. João I, dando-lhe, por carta de 17 de Junho de 1420, feita em Sintra, em
quanto lhas não pagava, uma tença de um conto de libras, do i.° de Janeiro
passado em diante, assentada no almoxarifado de Vila Rial (2). Luís Alvares
de Sousa foi 3.° senhor de Baião e já era provedor da fazenda do Porto em
princípios de 1451 (3).
Foi prosseguindo o pleito até que D. Duarte, por sentença de 18 de Junho
de 1436, mandou proceder à partilha (4). Feita ela, dividiram-se as terras,
passando a Ericeira e dois quinhões de Mafra a D. Felipa Coutinho (5) e
ficando os três quinhões restantes daquela terra e a Enxara à Condessa de
Vila Rial, seguidamente aos sucessores de sua filha, os Condes de Penèla.
Eram estas terras consideradas bens patrominais e, como tais, eram par-
tilhadas e possuídas sem confirmações régias; mas o 2." Conde de Penela, acau-
telando-se contra possíveis dúvidas futuras, solicitou e impetrou de D. Manuel
a carta de 6 de Junho de i5i7, pela qual, tanto quanto em direito podia, ele
lhe confirmou de juro e herdade os três quinhões da vila de Mafra (6).
Passou este senhorio do filho primogénito do 2.° Conde d'e Penela, D. Afonso
de Meneses falecido sem descendência legítima, para seu irmão D. António
de Vasconcelos e Meneses, que, sendo já muito velho, casou e teve um filho.
Ao seu nascimento assistiu um ministro da justiça e comenta D. Afonso Ma-
nuel de Meneses no seu nobiliário: «melhor fora assistir à mãy no acto de
conceber». Para um eclesiástico e desembargador da Casa da Suplicação
é bom comentário.
(i) Gaveta II, maç. i.°, n." lo.
(2) Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, Livro 3.° de D. João 1, fl. 56.— O contrato
de casamento é de 21 de Junho de 1428 (Chancelaria de D. Afonso V, liv. iS.», fl. i63).
(3) Carta de 6 de Maio de 1451, arbitrando-lhe 25.716 reais de mantimento com o dito
ofício. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. ti.", fl. 69 v.
(4) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, III, fl. 480 v. mihi.
(5) Por carta de 4 de Setembro de 1450 foram confirmados a Luís Alvares de Sousa os
privilégios do seu lugar da Ericeira e os do lugar de Mafra, em que teve alguma parte. —
Chancelaria de D. João III, liv. 16.» de Doações, fl. 154.
(6) Chancelaria de D. Manuel^ liv. io.°, fl. 55.
358 Brasões
Este tal filho chamou-se D. João Luís de Vasconcelos e Meneses, foi senhor
de Mafra e da dízima do pescado da Ericeira, tendo passado a Enxara dos
Cavaleiros, os concelhos de Soalhães e A regos e outras terras da Coroa a
seu primo, D. João de Vasconcelos e de Meneses, filho ilegítimo do referido
D. Afonso de Meneses. A pedido deste e por influência de Martim Gonçalves
da Câmara, valido de D. Sebastião, foi dado, em i3 de Agosto de i566,
um alvará de lembrança ao referido D. João de Vasconcelos para suceder
ao pai naqueles bens da Coroa, casando com D. Caterina de Eça, donzela da
rainha D. Caterina e neta de sua camareira mor D. Joana de Eça. Veio a
mercê a realizar-se, sendo lhe confirmados os bens por cartas de i6 e 17 de
Junho de 1Õ94 depois de efectuado o casamento e de falecido o pai (i).
D. Caterina de Eça era filha de António Gonçalves da Câmara e neta de
Pêro Gonçalves da Câmara, irmão do 3.° Capitão do Funchal, e de sua
mulher a referida D. Joana de Eça. A propósit-o. desta senhora contarei
uma anedocta que lhe é atribuída. Um dos factos alegados pelo Prior do
Crato D. António, para provar o casamento de seu pai com Violante Gomes,
«foi o que lhe aconteceu indo ela ao convento de Odivelas em um dia em que
ali se achava D. Joana de Eça, camareira mor da rainha D. Caterina, a qual
logo que entrava na igreja lhe chegou uma almofada para assentar-se, e que
o não faria a não ser casada com o Infante; porém esta Camareira mor por
tola era capaz de praticar destes despropósitos» (2).
D. João Luís de Vasconcelos e Meneses, senhor de Mafra, morreu em
Madrid a 5 de Dezembro de i633 (3), sem deixar filhos, seguindo-se à sua
morte porfiada demanda entre vários contendores sobre o senhorio de Mafra,
o qual, por sentença de 17 de Setembro de 1648 (4), foi adjudicado a D. Joana
(i) Confirmações gerais, liv. j.', fls. 5i v. e 53.
(2) Memorias raras e celebres, copia de um M. S. Anommo, que parece escripto no fim
do século passado, letra do último quartel do século xvii. Era da livraria do Marquês de
Valada e emprestou-mo o Conde de Caparica seu filho.
(3) Consta do epitáfio na igreja da Graça de Santarém, na parede do lado do evangelho,
na capela dos Condes de Penela: Na s^ do tumulo q esta no mo (meio) desta capella esta
dô io (João) luis de ms (Meneses) e vasc°^ sf de ma/rafo de dõ auto de Tns e vascos e neto e
erdro dos condes de penela e quinto neto do i/ante dõ io fo legitimo delrei dÕ po (Pedro) de
poriugal viveo Sj annos e acabou a 5 de de:^bro de 633 e por morrer na corte de madrid
mandou trazer de la o seu corpo inteiro dona m^ (Maria) de castro sua molher ^ lhe mãodou
Ja\er esta s^ ^ ela tãobem escolheo pi- se sepultar, anno i63/. No meio da capela, no pavi-
mento lá está uma grande campa lisa. É a sepultura mencionada nó letreiro da parede.
Por cima deste vê-se um escudo com as armas do reino, com sete castelos na bordadura,
diferençadas por um banco de pinchar de dois pendentes; o escudo sobrepujado de uma
coroa de florões.
(4) P.e Sousa, Historia genealógica^ XII, 116. ,
Vasconcelos Z5g
de Meneses terceira neta de D. Afonso de Meneses, condessa de Armamar
pelo seu primeiro casamento, sem geração, e viscondessa de Vila Nova da
Cerveira pelo segundo, tendo-se continuado a casa de Mafra com os senhorios
de Soalhães, Aregos e Enxara nos descendentes deste matrimónio até ao
último Marquês de Ponte de Lima, por cujo falecimento passou a casa ao
último Marquês de Castelo Melhor do sangue dos Vasconcelos.
Examinadas, muito pela rama concordo, as fases por que passou a sucessão
nos senhorios de Mafra e Soalhães, tornarei lá atraz ao filho único de D. Fer-
nando de Cascais.
Nasceu em 1441, chamou-se D. Afonso e sem apelido nenhum, só com a
designação de «nosso sobrinho, filho de D. Fernando de Cascais», aparece
de principio em documentos régios, entre eles, em duas cartas de 23 de
Outubro de 1460, de confirmação da terra de Soalhães, por morte do pai, e
do concelho de Aregos, por morte da mãe(i). Em 1465, por outras duas
cartas, uma de 23 de Junho e a outra de 5 de Dezembro, fez-lhe D. Afonso V
respectivamente doação da vila de Penela, no actual distrito de Coimbra,
com as jurisdições, e do reguengo de Campores, no termo da vila, tudo em
sua vida somente, sendo já na segunda destas cartas designado por D. Afonso
de Vasconcelos (2), único apelido com que o encontro mencionado em diplomas
e crónicas. Seis anos depois, por carta de 24 de Outubro de 147 1, foi feito
conde de Penela, «com todas as honras e preeminências que são e devem
ser outorgadas aos condes que de sangue rial como êle descendem» (3); e,
atendendo a esta circunstância, foi-lhe o assentamento de cento e quarenta e
cinco mil reais elevado a duzentos mil por carta dada em Çamora, a 23 de
Novembro de 1475(4). Já era casado em 12 de Outubro de 1467, quando
D. Afonso V fez mercê a D. Isabel da Silva, para quando o senhorio por j
qualquer forma vagasse, do reguengo de Campores, que havia .doado a
D. Afonso de Vasconcelos, seu marido (5). .
O Conde de Penela serviu em Africa: em i45g, em Arzila, com o Conde
D. Duarte; em 1463, no escalamento de Tânger, perdendo na ida o seu navio
afund.ado pela tormenta; e em 1464, na expedição à serra de Benacofú.
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 3.°, fl. 77 v. ; liv. 3.° da Beira, fl. i36 v. — Da Enxara
dos Cavaleiros tomara por êle posse sua mae em i de Dezembro de 1448, em virtude de um
alvará de D. Afonso V, — Lousada, Sumários da Torre do Tombo, II, 449 mihi.
(2) Liv. 3.° de Místicos, fl. 287 v.; Chancelaria de D. Afonso V, liv. 8.°, fl. 9 v.
(3) Liv. 3.° de Místicos, fl. 4; Pina, Chronica de D. Afonso V, cap. 169.
(4) Liv. 4.» de Místicos, fl. 26.
(5) Ibidem, fl. 10 v,, transcrita na de 17 de Abril de 1483 de confirmação, por morte do
marido, do reguengo e de doação dele a seu filho para depois do falecimento dela.
36o Brasões
Quando, em 1476, se organizou a expedição a Castela, marchou para lá o
Conde de Penela, comandando uma das alas do exército, e, apesar do cro-
nista o não mencionar, de cerio combateu na batalha de Toro, no i.° de
Março do ano seguinte, regressando a Portugal com o príncipe D. João, com
quem Já se encontrava em Miranda do Doiro a 14 de Abril, a passar a Páscoa.
O seu bom serviço nesta campanha é atestado na carta de 10 de Julho de
1476, pela qual D. Afonso V fez mercê a D. Afonso de Vasconcelos, conde ,
de Penela, seu muito amado e presado sobrinho, adiantado das comarcas dai
Estremadura, havendo respeito aos seus muitos e extremados serviços, tanto '
nestes reinos, como nos de Africa e Castela, «onde ora grandemente nos
serviu, com sua pessoa e gentes e muita despesa de sua fazenda», de na v
vila de Penela e reguengo de Campores lhe poder suceder o filho (i). "
No ano seguinte acompanhou o príncipe às Cortes de Montemor o Novo,
principiadas a 21 de Janeiro e respondidas a 9 de Fevereiro (2). Da sua.
estada lá consta das trovas «Do Coudel mor a Anrryque dAlmeida que lhe
mandou pedyr novas das Cortes que elRey dom Joã fez em Montemoor o
Novo sendo pryncype o ano de setenta e sete sendo ellRey seu pay em Frrãça».
Diz Fernão da Silveira:
Lyxboa que sonha
' . no cardealado,
moordomo Noronha,
também deputado.
Hy he Portymam,
Alvito, Penela,
Berynguell comela
que fez o sermara (3).
Não serviu só em postos militares, também exerceu cargos de justiça,
pois que, por carta de i de Maio de 1479, foi nomeado regedor da Casa
do Cível de Lisboa (4). Ano e meio depois, a i de Novembro de 1480,
falecia, contando só trinta e nove anos de idade. D. Afonso V lastimou-o e
à sua memória dedicou palavras sentidas na carta de conde de Penela ao
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 6°, fl. 45 v., com omissão do dia e sem ela na Chan-
celaria de D. João III, liv. 47." de Doações, fl. 22, "
(2) J. P. Ribeiro, Memorias sobre as Fontes do Código Philippino, no tom. II das Me-
morias DE LlTTERATURA DA ACADEMIA, pág. 92.
(3) Cancioneiro geral, fl. 19, C9I. i. — As pessoas nomeadas são: D. Jorge da Gosta,
arcebispo de Lixboa, promovido a cardial no ano precedente ; D. Pedro de Noronha, moor-
domo mor; Gonçalo Vaz de Gastelbranco, senhor de Vila Nova de Portymam; D. João da
Silveira, barão de Alvito; D. Afonso de Vasconcelos, conde de Penela; e Rui de Sousa, se-
nhor de Berynguell (Beringel).
(4) Liv. de Extras, fl. 166 v.
Vasconcelos 36 1
íilho, em sucessão ao pai, «pois a nosso Senhor prouve de o tam cedo levar
pêra si». O cronista contemporâneo, Gomes Eanes de Azurara, referindo-se
aos defensores de Arzila no cerco lá posto pelos Moiros no ano de 1439, es-
creveu: «Dom Duarte dera certas guardas a alguns Fidalgos na barreira...
das quaes contamos por primeira, a que fói dada ao nobre Senhor Dom Afonso
de Vasconcellos por razão da pessoa, porque assi em grandeza de linhagem,
como em bondade de custumes, nom partio deste Regno pêra aquelle cerco
nenhum melhor que elle» (i).
Foi o Conde de Penela sepultado na igreja da Graça de Santarém, com
este epitáfio por mim copiado em i(5 de Janeiro de i885: Aqui fa^ ho mui
manijico ilustre s^'' dÔ a° de p'^°celos e de meneses con^'^ e s°'' de Penela o qual
foi bisneto do ifãte dôjohã q era f^ .lidi?no delrei dõ p° de portugal e asi nS
menos de vertudes q de tã real linliagê de todos esses tempos que viveu fe^
tais e tão asinados serviços aos reys de portugal e ao mesmo reino que nenhum
acrecentamento de maior estado pudera satisfaser a seus grandes mereci-
mentos viveu 3g annos e Jinouse o primeiro dia do mes de novembro era de
480 e a muito magnifica senhora dona isabel da silva condessa de penela
sua molher encolheu também pêra si esta mesma sepultura qué não se causa
foi huma so a elles ambos na morte aos quaes foi sempre hua so vontade na
vida vivendo viveu annos.
Por cima dois escudos, um, era lisonja, partido: o I cortado das armas
do reino sobre partido de liso e de quatro faxas de veirado; no II um iião.
São as armas da Condessa. O outro escudo, com as armas do Conde, é
esquartelado: o I e IV das armas do reino, com oito castelos na bordadura;
o II e III terçado em pala: o i.° quatro faxas veiradas, o 2.° e 3.' reunidos,
formando um só quartel, cortado de um traço, partido de dois, que fazem
seis quartéis: a, c, e, dois lobos passantes e sotopostos, b, d, f, quatro palas;
sobre o todo,.escudete liso. Está o túmulo metido na parede da banda da
epístola na capela colateral com a mor do lado do evangelho. A variedade
das quatro faxas de veirado nas armas dos Vasconcelos encontraremos tam-
bém no túmulo de Rui Vasques Ribeiro, na igreja de S. João Baptista da
sua vila de Figueiró dos Vinhos, e no arco da capela dos Vasconcelos do
Esporão na Sé de Évora. Notarei também ser singularidade do epitáfio o
apelido de Meneses no nome de D. Afonso de Vasconcelos.
A mulher do Conde de Penela, D. Isabel da Silva, era íilha dos 1.°^ Condes
de Abrantes, e deu a seu marido, entre outros filhos, a D. João de Vascon- 1
celos e de Meneses e D. Fernando de Vasconcelos e de Meneses, i
(1) Chronica do Conde D. Duarte, cap. 76.
voi . I 46
362 Brasões
D. João foi o 2.° conde de Penela por carta de i6 de Abril de 1481 (i),
senhor das vilas de Penela, Mafra e Enxara dos Cavaleiros, e dos concelhos
de Soalhães e Aregos, e vedor da fazenda por carta de 3o de Setembro de
ibi"] (2), para substituir Nuno da Cunha, que ia ser nomeado governador da
índia. Nas terras do Conde de Penela, conforme o censo da população
mandado fazer por cartas régias de 17 de Julho de 1527, viviam 1243 mora-
dores assim repartidos: 42, na vila e termo da Enxara dos Cavaleiros; 191,
na vila e termo de Mafra; 554, ^^ vila e termo de Penela; 97, no concelho
de Soalhães (3); e 359, ^^ concelho de Aregos (4). Dando à palaví^a mora-
dores do censo de 1527 a sua actual designação de fogos, e calculando em
média quatro moradores a cada fogo, temos cinco mil habitantes nas terras
do Conde de Penela.
Morreu êle em i543, antes de Abril (5), deixando descendência na qual
se continuou a sua casa. Ao Conde alude Gil Vicente em 1529 no Clérigo
da Beira: • ^
Qual é o mor namorado
de Portugal e Castela ?
He o Conde de Penela,
mas anda dissimulado
por amor da sua estrela.
E em i532, na Rofiiagem de Agravados, diz
que he muyto dadivoso.
O seu brasão era o escudo esquartelado: o I e IV as armas do reino com
dez castelos na bordadura ; o II de negro, três faxas de veirado de prata e ver-
melho (Vasconcelos); o III cortado de um traço e partido de dois que fazem
seis quartéis: o i.°, 3.° e 5,° de oiro, dois lobos passantes e sotopostos de
púrpura, armados e linguados de vermelho; o 2.°, 4.° e 6." de oiro, quatro
palas de vermelho; sobre o todo, de oiro liso (Meneses). Timbre: lobo pas-
sante'de púrpura, armado e linguado de vermelho, sobre uma capela de penas
de pavão de sua côr (6).
( 1 ) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 26.", fl. 73.
(2) Chancelaria de D. João III, liv. 3o.° de Doações.^ fl. 160 v.
(3) Povoação da Estremadura e Povoação de Trás os Montes, no Archivo histórico
PORTUGUEZ, vol. VI, págs. 255 e 270; vol. VII, pág. 247.
(4) Povoação da Beira. Nota II em apêndice a este artigo.
(5) Archivo histórico portuguez, X, 116.
(6) Livro do Armeiro mor, fl. 47, sem o timbre; Livro da Torre do Tombo, fl. 9, com êle.
Vasconcelos 363
D. Fernando de Vasconcelos e de Meneses, filho segundo de D. Afonso
de Vasconcelos, i." conde de Penela, «foi muito douto nas antiguidades e
matérias politicas pelo que teve grande estimação athe dos estrangeiros, foi
muito verdadeiro, affabel, cortes e liberal, e com tal termo' se havia no que
lhe pediaÕ e elle naÕ podia dar que ficava quem pedia igualmente obrigado,
foi clérigo e o primeiro beneficio que teve foi a Abadia de Selva no Arcebis-
pado de Braga de que foi colado em 7 de Dezembro de 1 5 10; e no de i5í3
foi Deaô ou Arcediago de Lisboa tendo a Abadia de S. Mamede de Angeris
na terra de Chaves, e depois foi elevado pelo Papa Leaõ 10 a Bispo de La*
mego em 8 de Novembro do anno i5i8, e estando em Lisboa quando os
fidalgos beijarão a maõ a el Rey D. Manoel pelo cazamento da Rainha
D. Leonor elle foi hú delles e el Rey D. Manoel o fes seo cappellaõ mor no
anno 16 16, e no anno ibig se achou com o dito Rey em Sintra no Conselho
que se tomou acerca de Fernaõ de Magalhães quando se passou ao serviço
do Imperador Carlos 5 e no anno i52i esteve prezente a morte do dito Rey,
e no anno i525 em Torres novas recebeo por procuração a Infante D. Izabel
irmã dei Rey D. loaõ 3 com o Imperador Carlos 5.", e no de iõ33 bautizou
ao Princepe D. Manoel filho dei Rey D. loaÕ 3.*' e no de 1643 acompanhou
athe a raya de Castella sendo ja Arcebispo de Lisboa a Infante D. Maria a
cazar conj o Princepe D. Fellippe filho do dito Imperador fazendo muitos
gastos athe Salamanca onde se fizeraô os despozorios, no anno 1540(1) foi
elevado pelo Papa Paulo 3.* a Arcebispo de Lisboa de que tomou posse em
6 de Outubro e foi o ultimo Prior que teve S. Vicente de Lisboa morreo
muito velho e com sináes de muita virtude em 7 de Janeiro de i564, deixou
para as obras da Se ^^ cruzados de renda e nella esta sepultado juncto da
sepultura do Arcebispo D. Martinho da Costa e tem este letreiro: Nesta
sepultura foi enterrado ç Corpo de D. Fernando filho de D. Affbnso /.° Conde
de Penella foi Arcebispo desta Cidade e CapellaÔ mor delRey D. Manoel
delRey D. loaÕ 3.° e delRey D. Sebastião nosso snôr falleceo de 83 annos c
meyo a 8 de Janeiro de 1564(2). Fez a Igreja de S. António do Tojal
deixando a metade da Torre dos sinos feita porque tirava a vista da Tribuna
dos Paços, foi do Conselho dos quatro dei Rey D. Manoel e seo valido, suc-
cedeo no Arcebispado ao Cardeal Infante D. Affbnso filho do dito Rey» (3).
(i) Bula de 24 de Setembro. — Corpo diplomático por tu gue^ç, IV, 3^6.
(2) Na Lisboa antiga, p. II, vol. III, pág. 864, transcreveu Júlio de Castilho outro epitáfio
muito diverso encontrado nas Antiguidades de Lisboa de Coelho Gasco, lastimando-se destas
confusões.
(3) Tirei esta bem abreviada notícia biográfica do título dos Vasconcelos, n." 240, de
D. Afonso Manuel de Meneses, no Nobiliário coordenado por Jorge Salter de Mendonça,
vol. XXIV, fi. 173 mihi.
V
304 ~ Brasões
Foi este Arcebispo de Lisboa quem, em i55i, com intuito de averiguar
as rendas do arcebispado, ordenou a seu guarda roupa Cristóvão Rodrigues
de Oliveira que elaborasse uma espécie de cadastro da cidade. Esta obra
foi posteriormente impressa em Lisboa, em casa de Germão Galharde, em
ano não indicado e com o título de Summario ê qve brevemente se contem
algpãs covsas (assi ecclesiasíicas como secvlares) qve ha na cidade de Lisboa.
E livro extremamente raro.
Usou D. Fernando de Vasconcelos e de Meneses de umas armas muito
semelhantes às dos Eças, também descendentes, como estes Vasconcelos, do
infante D. João. Vêem-se elas no selo do Arcebispo e consistiam em um
escudo carregado dos ciiico escudetes das quinas, dispostos em aspa, com
cinco besantes em cada um, e um cordão, com seus nós, posto em orla e em
aspa, passando nesta parte por baixo dos escudetes (i).
Teve o Arcebispo vários filhos ilegítimos e entre eles a D. João Afonso
de Meneses, arcebispo de Braga em i58i, em sucessão a D. Fr. Bartolomeu
dos Mártires. Sagrou-se em Lisboa na capela rial, assistindo Felipe 1 e o
cardial arquiduque Alberto, e fez a sua entrada em Braga a 25 de Abril de
i582. «Tinha' ja cinco anos pouco mães, ou menos de Prelado gastados na
visita, & reformação delia, quando recebendo hua carta delRey D. Felippe
o prudente, em que o reprehendia de algCias cousas que passavão no Arce-
bispado; como fosse pessoa de grade opinião, assi o sentio, que de puro des-
gosto veyo a adoecer, & morreo em 14. de lulho. . . de iBSy. sendo de idade
de 65. annos» (2). Tudo derivou da denúncia enviada a Felipe I contra o
dr. André Velho Tinoco, arcediago de Neiva na Sé de Braga e secretário
do Arcebispo, tendo sido denunciante um irmão do próprio prelado. O
dr. André Velho Tinoco foi preso na Inquisição de Lisboa pelo pecado ne-
fando, a 23 de Julho de i586, e foi-lhe lida a sentença, na sala, no dia 10,
de Setembro do ano seguinte (3).
III
SENHORES DE FIGUEIRÓ
♦
Dei tal desenvolvimento ao capítulo precedente, que terei de me restringir
neste e nos seguintes.
Entre os filhos de Gonçalo Mendes de Vasconcelos, i.° senhor de Soalhães,
(i) P.e Sousa, Historia genealógica, tom. IV, Est. K, n.° 35.
(2) D, Rodrigo da Cunha, Historia ecclesiastica de Braga, II, 397.
(3) Torre do Tombo, Inquisição de Lisboa, processo n." io53.
Vasconcelos 365
lá atraz nomeados (i), foi o último Rui Mendes de Vasconcelos, companheiro
de seu irmão Mem Rodrigues de Vasconcelos na batalha de Aljubarrota, ca-
pitaneando com êle a ala dos valorosos Namorados. Já . então lhe havia
D. João I, como Regedor e depois como Rei de Portugal, feito três valiosas
mercês. A primeira, por carta de 14 de Setembro de 1422 (i384), foi a
doação da vila de Viana de Caminha, com seus cambões, e da terra da Nó-
brega, com seus coutos e termos, a qual tinha Fernão Gonçalves de Meira,
tudo com ambas as jurisdições, salvando só as apelações e agravos, e para
descendentes por linha direita (2). A segunda foi a de pura doação para
sempre, para êle e todos seus descendentes legítimos, das terras de Figueiró
e Pedrógão, com todos seus termos e pertenças, por carta de 2 de Novembro
do mesmo ano, na qual já é intitulado vassalo (3). A terceira consistiu na
doação, em préstamo, das rendas, direitos, e frutos novos de Gaia d'apar do
Porto, por carta dada em Coimbra, pouco depois da aclamação, a 19 de Abril
de 1423 (i385)(4). Por estes mesmos tempos, mas já no Porto, a 25 de
Abril, confirmou-lhe de juro e herdade a vila de Viana de Caminha e a terra
da Nóbrega, com as jurisdições (5).
Pouco mais tempo teve de vida, pois morreu em Maio de 1387 do feri-
mento de uma seta ervada durante a expedição daquele ano a Castela, «e
troverãno a Portugal e hi foi soterrado» (6). O lugar da sepultura foi o con-
vento velho de S. Domingos de Coimbra, gravando-se no túmulo este epitáfio:
Aqui ja'{ o nobre escudeiro Rui Mendes Jilho de Gonçalo Mendes de Vascon-
cellos e de dona Tareja o qual em honra e defendimento destes reinos se
Jinou a 18 de Maio de 422 (7). A data está evidentemente errada, não só
por o cronista afirmar ter Rui Mendes morrido na era de 1425, mas porque,
como acima ficou expresso, ainda em Abril da era de 1423 é mencionado êm
diplomas régios.
Rui Mendes de Vasconcelos não casou, mas teve dois filhos bastardos:
Rui Vasques Ribeiro, de quem adiante me ocuparei; e Pêro Rodrigues de
Vasconcelos, a quem D. João I, por carta de 9 de Junho de 1426 (1387), con-
firmou a terra da Nóbrega, a qual Rui Mendes havia de juro e herdade e antes
de morrer lhe dera (8). Poucos mais dias teve de vida, visto que um mês
(1) Pág. 345.
(2) Chancelaria de D. João I, liv. i.°, fl. 48 v.
(3) Ibidem, fl. 54 v.
(4) Ibidem, Ú. 102.
(5) Ibidem, fl. io3 v.
(6) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, p. II, cap. 1 10.
(7) Lousada, Sumários da Torre do Tombo, II, 444 mihi.
(8) Chancelaria de D. João /, liv. 2", fl. i v.
366 Brasões
certo depois foi a dita terra da Nóbrega, como veremos, confirmada por sua
morte a Rui Vasques. Nos diplomas não se menciona parentesco nenhum
existente entre Rui Vasques e Pêro Rodrigues, mas parece-me evidente terem
sido irmãos, pelo menos filhos do mesmo pai.
A Rui Vasques fez D. João I doação, por morte do pai e por carta de 9
de Junho de 1425 (iSSy), das terras de Viana de Caminha, Figueiró e os
Pedrógãos, com todas suas rendas, jurisdições, etc. (i), seguindo-se logo, um
mês certo depois, por morte de Pêro Rodrigues de Vasconcelos, a doação
da terra da Nóbrega, a única a seu pai pertencente e ainda não possuida por
êle (2). Pouco tempo andado comprou-lhe D. João I a terra de Viana e já
o contrato estava realizado em 4 de Abril de 1482 (i3g4), quando de novo
lhe confirmou todas as terras, tirada Viana (3). Tudo isto se passou durante
a menoridade de Rui Vasques, de quem foi tutor seu avô Gonçalo Mendes
de Vasconcelos, que tam más contas deu da sua tutela, como acima vimos.
Morreu Gonçalo Mendes em 1407 e já então era Rui Vasques casado com
Ana Afonso, «minha parenta», declara D. João .1 num diploma de 1413 já
citado.
Quem fosse esta parente de D. João I, a ninguém, creio, será possível dar
dela informação segura. A consanguinidade proviria da mãe dei Rei, é o
mais a que se pode, a que eu posso, chegar.
Em todos estes documentos citados aparece o filho de Rui Mendes de
Vasconcelos sempre designado pelo nome de Rui Vasques, sem mais apelido;
deste tempo porem em diante, isto é, após atingir a maioridade, passou a
chamar-se Rui Vasques Ribeiro, em atenção, dizem, a haver sido criado por
sua avó D. Teresa Rodrigues Ribeiro. É possível, visto êle, na realidade,
ter usado do nome completo do pai dela. Para confirmar a alteração no
nome aparece a carta de i5 de Fevereiro de 1462 (1414), pela qual D. João I
fez mercê a Rui Vasques Ribeiro, seu criado, do pão da terra da Nóbrega
destinado ao seu castelo (4).
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 2.°, fl. i v.
(2) Ibidem, fl. 3 v. — Fez D. João I todas estas mercês a Rui Vasques, não encontro
porem referência a nenhuma carta de legitimação e a pelo P.e Sousa indicada, sem citação,
no vol. XII da História genealógica, pág. 399, com a data de 14 de Agosto de 1430, parece
não poder ter existido, por isso que, se o ano é o da era dé César, não é provável que Rui
Vasques já fosse maior e casado em 1445, quando o avô morreu; se ó ano é do Nascimento,
em 1430 estava Rui Vasques no fim da vida, quando já nenhum proveito poderia tirar da
legitimação.
(3) Chancelaria de D. Duarte, liv. 3.», fl. 10, e mais claro, apesar daquele ser o registo
original, na Chancelaria de D. João II, liv. 6.", fl. 82.
(4) Chancelaria de D. João 7, liv. 3.», fl. 167.
Vasconcelos 36j
Não sei quando Rui Vasques Ribeiro enviuvou, mas sei que em 8 de Maio
de 1423 já estava outra vez casado. Era então sua mulher D. Violante de
Sousa, e no referido dia declarou Rui Vasques em escritura pública, feita na
sua terra de Figueiró, que ao desposá-la lhe prometera três mil e quinhentas
coroas de oiro de dote e arras e vinha agora garantir-lhas, dando-lhe em
penhor o dito lugar e seu termo, a fim dela haver as suas rendas até ser paga,
com a condição porem de logo após integral pagamento entregar a terra aos
herdeiros de seu marido. Confirmou el Rei este contrato por carta de 9 de
Junho do ano do Nascimento de 1423(1). Era D. Violante de Sousa filha
bastarda de D. Lopo Dias de Sousa, mestre de Cristo.
Foram os dois cônjuges sepultados na capela mor da igreja de S. João
Baptista de Figueiró, em um túmulo de pedra levantado sobre dois lióes
e nele esculpidas suas armas e gravado o seguinte epitáfio, em caracteres
góticos:
Aqui jaz o muito hõrado caualeiro Ruy Vaasqs filho de Ruy Meedes de Vascõ-
celos neto de G" Meedes e de dona Tareja Ribeira e do/na Violãte de Sousa
sua molher f* de dõ Lopo Dias M"-" de xps neta de Alv° Dias de Sousa e de dona
M* irmaa da rainha dona/ Lianor os quaes mãdou J" Roíz de Vascõcelos seu
filho erdeiro aqui tresladar era de noso S»" Jhú xpo de mil CCGG Lvj aiíos/ (2).
A data é a da trasladação, pois que já em 1435, como veremos, era Rui
Vasques Ribeiro finado.
As armas estão em dois escudos. Num são as de Rui Vasques assim;
cortado: no I quatro faxas veiradas (é o que a escultura quere representar);
no II quatro palas. No outro escudo as de D. Violante: partido: o I das
armas do marido; o II cortado das quinas do reino, postas porem em aspa,
sobre uma caderna de crescentes. Não teem timbres, nem elmos.
O escudo de D. Violante, na parte propriamente da sua família, está
bem. São metade das armas dos Sousas chamados de Arronches, sem a
bordadura dos castelos no quartel das quinas; disto não há só este exemplo,
dois outros lá acima ficam apontados. Agora no escudo de Rui Vasques é
que há lugar para reparos.
O I quartel é dos Vasconcelos. O desenho está tosco, as faxas parecem
mais carnéleas (3) do que veiradas, mas é o dos Vasconcelos, com quatro
(i) Chancelaria de D. João 7, liv. 4.", fl. 63.
(2) Combinando a transcrição um tanto livre, como todas, do P.c Luís Montês Matoso,
nas suas Memorias sepulchraes, fl, 154 v., com uma reprodução que se encontra, com alguns
«rros, na pág. 36 da Arte portuguesa.
(3) Gamélea é como o bacharel António Rodrigues traduz o francês crénelé em uma
368 Brasões
faxas cm vez de três, e assim mesmo as vemos na igreja da Graça de San-
tarém no túmulo do i.° Conde de Penela, parente deste Rui Vasques, e na Sé
de Évora na capela de Joane Mendes de Vasconcelos, do Esporão. Não há
pois dúvida, são as dos Vasconcelos, e por aqui se conhece haverem alguns
deles, se não todos os antigos, trazido no escudo quatro faxas em lugar de
três somente.
No II quartel são as armas chamadas dos Ribeiros: em campo de oiro
quatro palas de vermelho. Estou persuadido que neste quartel também há
uma peça a mais em relação às armas modernas, e que, assim como no I
vieram a ser só três* faxas^ também o II só a três palas foi reduzido. No
Livro do Armeiro mor, na fl. 66^ estão as armas dos Ribeiros, e é o escudo
esquartelado: o I e IV de oiro, três palas de vermelho, o II e III de negro,
três faxas veiradas de prata e vermelho. No Livro da Torre do Tombo tam-
bém elas estavam na fl. i3, esta porém é uma das roubadas. Exactamente
iguais ao desenho do primeiro livro citado, aparecem as armas em cartas de
brasão de lo de Maio de i53o, i3.de Novembro de i536, 20 de Maio de i538,
i5 de Julho de 1542, 4 de Dezembro de 1344,. e 17 de Setembro de ib^b (i).
Encontram-se contudo as armas dos Ribeiros com quatro palas no 1 quartel
no teto da sala de Sintra, em cartas de brasão de 12 de Março e 25 de
Outubro de i568, e 25 de Março de 1569(2), e em vários autores heráldicos.
E tudo mais moderno, e menos digno de confiança. Em todos os casos o
escudo esquartelado das faxas e das palas, quer com três, quer com quatro
peças, é privativo dos Vasconcelos Ribeiros da casa dos Senhores de Figueiró
e da dos Alcaides mores de Pombal; o que não impede de se terem conce-
dido'cartas de brasão com aquelas armas a todo e qualquer sujeito que se
chamasse Ribeiro, ou tivesse algum avô deste apelido.
De Rui Vasques Ribeiro e D. Violante de Sousa parece ter sido único filho
varão João Rodrigues Ribeiro, 3.° senhor de Figueiró e Pedrógão, terras que,
juntamente com a da Nóbrega, D. Duarte lhe confirmou, por morte de seu
pai, por carta de 17 de Janeiro de 1435 (3), posteriormente confirmada por
D. Afonso V e D. João II, respectivamente em 3o de Março de 1450 e i5 de
Janeiro de 1482,"* com exclusão da terra da Nóbrega já então vendida (4).
carta de brasão, de 16 de Maio de i520, registada no liv. 6." de Místicos, fl. 174. v. — Nós
temos- a palavra ameado, que corresponde bem ao francês, tratando-se de muros e torres;
em heráldica porem dever-se-há atender à autoridade daquele Rei d'armas.
(i) Armaria portuguesa, ^à^s. /j3o e 43i. • ,
(2) /£»íiie7/i, págs. 43 1 6432. ,
(3) Chancelaria de D. Duarte, liv. 3.°, fl. 10. .
(4) Chancelaria de D. João II, liv. 6.", fl. 82, ^
Vasconcelos 369
Nestes diplomas dá-se-lhe o nome. de João Rodrigues Ribeiro e o mesmo se
fez na carta, de 18 de Outubro de 1456, de venda da terra da Nóbrega e renda
do pão do seu castelo (i), e noutra do ano de 1489 de dez mil reais brancos
de tença a D. Erjinca sua mulher (2); nos documentos a seguir indicados apa-
rece porem nomeado João Rodrigues de Vasconcelos.
Por escritura de 29 de Abril de 1475, feita na vila de Figueiró, terra de
João Rodrigues de Vasconcelos, do conselho dei Rei, dentro em a. sua torre,
estando êle aí e sua mulher D. Branca da Silva, vincularam certos bens a
uma capela por eles instituída pela alma de Tomás de Sousa, e nomearam-na
em seu filho Pêro de Sousa [Ribeiro] e em seus descendentes, inclusive o
bastardo, contanto que seja «são de entendimento, e sendo aleijado do entender,
como às vezes aquece, não herde». Teve confirmação régia em 10 de Outubro
de 1476(3). ^
Parece ter servido na expedição de Castela, pelo menos em Toro foram-
-Ihe dadas duas cartas, uma em 5 de Maio de 1476, de mercê do serviço velho
e novo dos Judeus de Figueiró e Pedrógão (4), e outra a 8 de Dezembro do
mesmo ano, de privilégios de couto e honra para a sua quinta da Guarda e
feira da Mouta Santa, acerca do Rabaçal (6). Se desta ida ao próximo
reino tenho dúvidas, certeza tenho porem de João Rodrigues Ribeiro haver
servido na expedição e tomada de Alcácer em Africa no ano de 1458, sendo-me
o facto revelado por um documento interessante.
Gostava o fidalgo, como todos do seu tempo, de toirear; mas, em resul-
tado desta inclinação, sobreveio-lhe uma vez grave desgosto. Uns cinco anos
antes do de 1458, correndo-se um toiro em Figueiró, lançou-lhe João Rodri-
gues uma garrocha de ferrão, a qual por infelicidade foi cravar-se na perna de
um moço, que por ali perpassava. Esteve o desgraçado doente seis meses, e
ao cabo deles, recrudescendo o mal, finou-se. A justiça rial, honra lhe seja,
não olhando à graduação social do réu, mandou tirar uma inquirição de tes-
temunhas sobre o caso. Temeu-se João Rodrigues, apesar de protestar haver
dado o ferimento «per cajom e sem sua culpa», e de não haver queixosos, e
aproveitou o indulto geral prometido aos criminosos, que fossem servir à
expedição de Alcácer e para lá partiu com D. Afonso V, que lhe perdoou a
(i) Chancelaria de D. João II, liv. 6.°, fi. 83 v.
(2) Ibidem, liv. 26.", fl. 48 v., incompleta, sem a data, mas pelo teor consta ser do ano
indicado.
(3) Ibidem, liv. 2.», fl. 143 v.
(4) Ibidem, liv. 6.°, fl. 83 v.
(5) Ibidem^ liv. 21.", fl. 144 v. — Neste documento a designação do sítio da feira está
claramente escrito Monta (momta) Santa. D. João II confirmou tudo por carta de i3 de
Junho de 1486, «tirando o pescar».
voL. 1 47
Syo Brasões
culpa por carta de 21 de Outubro de 1468, dada na própria vila recém con-
quistada (i).
Do casamento dè João Rodrigues de Vasconcelos e D. Branca da Silva,
que também em alguns documentos aparece com o apelido de Meneses, nas-
ceram, entre outros. Rui Mendes de Vasconcelos, de quem a seguir tratarei,
e Pêro de Sousa Ribeiro, que irá no capítulo seguinte.
Rui Mendes de Vasconcelos foi 4.° senhor de Figueiró e Pedrógão (2),
alcaide mor e capitão de Penamacor (3), e avô doutro Rui Mendes de Vas-
concelos 6.° senhor daquelas vilas (4). Alcançou este, por alvará de 22 de
Março de i553, autorização para sua casa passar a sua segunda filha (5),
deserdando a primeira, D. Maria de Vasconcelos, por ter casado a furto com
um Vasconcelos seu parente, Diogo de Sousa, de quem teve o i." Conde de
Castelo Melhor.
A filha preferida do $.° Senhor de Figueiró chamava-se D. Joana de Vas-
concelos e foi-Ihe confirmado o senhorio de Figueiró e Pedrógão, por morte
do pai e por carta de 19 de Agosto de i557(6), antes de ser casada com
Luís da Alcáçova Carneiro, filho primogénito do Conde da Idanha. Este
casamento só se efectuou depois das mortes, não só do pai, como também
do cunhado de D. Joana, porque, em vida deste, o acima nomeado Diogo de
Sousa, ninguém em Portugal se atreveu a casar com ela, por ser êle um
fidalgo muito valoroso e ameaçar de morte a todos que o tentassem (7). Rea-
lizado o casamento, nasceu primogénito Pedro da Alcáçova de Vasconcelos.
Veio êle a ser o 8.° senhor de Figueiró e Pedrógão, senhorios que passaram
a sua filha D. Ana de Vasconcelos e Meneses, condessa de Figueiró pelo seu
casamento com Francisco de Vasconcelos, 1 .° conde de Figueiró, dos Vascon-
celos do Esporão, aos quais pertencerá o capítulo V.
Foi Pedro da Alcáçova de Vasconcelos casado com D. Maria de Meneses
e, nos primeiros anos do século xvii, fundaram, na sua vila de Figueiró, o
convento de Nossa Senhora do Carmo da Ordem dos Carmelitas Descal-
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 36.°, fl.gS.
(2) Foram-lhe confirmadas as duas vilas por cartas de 14 de Maíço de 1489, feita esta
por Fernão de Pina, e de 21 de Julho de 1496. — Chancelaria de D. Manuel, liv. i3.», fl. i.
(3) Cartas de 24 e 28 de Julho de 1486. — Chancelaria de D. João 11^ liv. 4.°, fl. 1 1 1.
(4) Carta de confirmação de 16 de Abril de 1539. — Chancelaria de D. João III, liv. 26.*
de Doações, fl. 1 to v. — Ao pai dele, João Rodrigues de Vasconcelos, haviam sido os mesmos
senhorios confirmados por cartas de 14 de Janeiro de i5oo e 22 de Agosto de i528.
(5) Chancelaria de D. João III, liv. 65.» de Doações, fl. 334.
(6) Ibidem.
(7) Diogo Gomes de Figueiredo, Nobiliário genealógico, II, 5 1 1 mihi.
Vasconcelos 3j i
*ços(i). Neste convento foram sepultados, não só os fundadores, como sua
filha e genro, e dos seus epitáfios encontro esta memória: Sepultura de
Pedro da Alcaçopa de Vasconcellos, Senhor que foi das villas de Figueiró e
Pedrógão, casado com D. Mareia de Meneses, o qual falleceu aos j3 de Se-
tembro de j6ij e mandou fa\er sua Jilha D. Anua de Vasconcellos e Meneses,
Condessa de Figueiró em seu testamento. Sepidtura da Senhora D. Maria
de Meneses mulher que foi do Senhor Pedro da Alcáçova de Vasconcellos,
Senhor das villas de Figueiró e Pedrógão, que falleceu a i8 de Outubro de
i63g, e o mandou fa\er sua filha a Senhora D. Atina de Vasconcellos e Me-
neses, Condessa de Figueiró em seu testamento. Sepultura de D. Francisco
de Vasconcellos, Conde de Figueiró, casado com a Senhora D. Anua de Vas-
concellos e Meneses, Condessa de Figueiró, e a mandou fa:{er a dita Senhora
Condessa sua mulher. Sepultura da Senhora D. Anua de Vasconcellos e
Meneses, mulher que foi de Francisco de Vasconcellos, Cotide de Figueiró e
Senhor da mesma villa e da do Pedrógão, filha do Sr. Pedro da Alcáçova
de Vasconcellos e da Senhora D. Maria de Meneses, Senhores que forão das
mesmas villas de Figueiró e Pedrógão, a qual no seu testamento mandou
fa\er estas sepulturas a que deu cumprimento seu testamenteiro por sentença
dos residuos da Cidade de Lisboa no anno de iyo5{2).
A esta senhora D. Ana de Vasconcelos e Meneses dedicou o dr. João
Salgado de Araújo, protonotário apostólico, abade das igrejas de Pêra e co-
missário do Santo Ofício, o seu opúsculo intitulado Svmario de la familia
ilustríssima de Vascojicelos, historiada, y con Elogios. Dirigido a la ilvs-
trissima senora dona Ana de Vasconcelos y Meneses, Condesa de Figuejrò,
y senora de las villas de Pedrogoji, y Villanueua de Frascoa, mayora\go
de Esporou, y otras. Con licencia dei Conseio, En Madrid, por luan San-
chez. Ano M. DC. XXXVIII. 4.° de vi n. n.-68 fls. numeradas pela frente.
E opúsculo de nenhuma vaha histórica, quanto aos tempos antigos, e de muito
pouca em relação aos contemporâneos.
De Rui Mendes de Vasconcelos, 4.° senhor de Figueiró, foi filho segundo
Pedro da Silva de Vasconcelos, avô doutro Rui Mendes de Vasconcelos,
I." conde de Castelo Melhor, por carta dada em Madrid a 21 de Março de
161 1 (3). Havia sido partidário decidido de Felipe II na ocupação de Por-
(1) Fr, Belchior de Santa Ana, Chronica dos Carmelitas Descalços, tom. I, pág. SgS,
cap. 3o.
(2) P.e Luís Montês Matoso, Memorias sepulchraes, fls. i55 e i56.
(3) Havendo respeito aos serviços que Rui Mendes de Vasconcelos, do meu conselho
de Estado, fez a el Rei meu pai em negócios de importância e confiança, que se lhe encar-
372 Brasões
tugal, merecendo-lhe a carta de 7 de Março de 1584, pela qual, havendo res-
peito aos seus serviços na matéria da sucessão do reino e ao bom modo com
que nele procedeu, lhe fez doação de juro e herdade das vilas de Valhelhas
e Almendra, com as jurisdições (1). Foi alcaide mor da Covilhã e Penamacor,
capitão de Tânger (2), do conselho de Estado e mordomo da Rainha D. Mar-
garida de Áustria, e morreu a 3 de Fevereiro de 1618 (3). «Fue muy enten-
dido, y grande Cortesano, sus palabras y conversacion eran de rara agudeza,
y muy sentenciosas» (4). Este Conde, achando-se unicamente com filhas,
obteve licença régia para nomear sucessor à sua casa seu parente Francisco
de Sousa e Vasconcelos, alcaide mor de Pombal, com a condição de casar com
sua neta, D. Mariana de Lancastre. Morreu porem Francisco de Vasconcelos
antes de efectuado o casamento, e seu irmão e sucessor na casa, João Ro-
drigues de Vasconcelos e Sousa, foi ainda substituído na vocação, casou com
I). Mariana e foi 2.° conde de Castelo Melhor, como veremos.
IV
ALCAIDES MORES DE POMBAL
CONDES E MARQUESES DE CASTELO MELHOR
De João Rodrigues Ribeiro, 3." senhor de Figueiró, foi filho segundo Pêro
de Sousa Ribeiro, alcaide mor e comendador de Pombal na Ordem de Cristo.
A favor deste filho haviam seus pais instituído, no ano de 1475, uma ca-
pela a qual lhe foi confirmada por carta de 5 de Maio de 1496(6). Antes
disso havia o pai, João Rodrigues de Vasconcelos (6), traspassado neste filho
regaram no tempo de sua sucessão naquele reino [de Portugal] e aos anos que há, que serve
a Rainha, minha mulher, de seu mordomo e a satisfação com que o faz, e desejando por
tudo isto e pela calidade de sua pessoa e casa, etc. Carta do título de conde da vila de
Castel Melhor, da gual êle é donatário etc. — Chancelaria de Felipe II, liv. 23.'» de Doações,
fl. 272.
(i) Chancelaria de Felipe /, liv. 5.° de Doações, fl. 219.
(2) Não há dúvida de Rui Mendes de Vasconcelos haver sido capitão de Tânger, assim
o declara terminantemente um alvará de 12 de Setembro de i63i logo citado.
(3) P.e Sousa, Historia genealógica, XII, 410.
(4) Salgado de Araújo, Sumario de Vasconcelos, fl. 65 v.
(5) Chancelaria de D. Manuel^ liv. 27.°, fl. 79.
(6) Repeti aqui o nome de João Rodrigues com o apelido de Vasconcelos, pois com êle
aparece neste documento, encontrando-se no precedentemente citado com o de Ribeiro.
Era indistintamente nomeado com qualquer dos dois apelidos e até, caso curioso, no mesmo
diploma, p. ex.: D. João 11 confirmou, em 1482, a João Rodrigues de Vasconcelos a carta
de padrão de 9.000 rs. concedida por D. Afonso V, em 1460, a João Rodrigues Ribeira —
Chancelaria de D. João II, liv. 6.», fl. 83.
Vasconcelos SyJ
uma tença de vinte e cinco mil reais brancos, a qual foi confirmada a Pêro
de Sousa Ribeiro, já então fidalgo da casa dei Rei, por carta de 12 de Maio
de 1487 (i). A mãe veio ele a suceder nos casais de Ansião, que por sua
morte lhe foram prometidos, por carta de 20 de Fevereiro de 1493 (2); e final-
mente herdou do pai a quinta da Guarda e a feira da Mouta Santa, cujos
privilégios lhe foram confirmados por carta de 10 de Maio de 1497 (3). As
suas tenças trocou Pêro de Sousa Ribeiro com D. Manuel pela alcaidaria
mor de Pombal e outras rendas na vila; mas reconheceu-se haver êle pre-
juízo e foi-Ihe compensado por uma tença de doze mil reais brancos, consi-
gnada numa carta de padrão de 8 de Outubro de i5oi, na qual é intitulado
do conselho dei Rei e alcaide mor de Pombal (4). Foi sepultado no pavi-
mento da capela do Santo Sepulcro da igreja de Santa Maria do Castelo de
Pombal, gravando-se na campa o seguinte epitáfio: Aquija:{ Pêro de Sousa
Ribeiro e D í Joana de Lemos sua uf^ Faleceo no atino de j5o2{b). Há erro
nesta data pois êle ainda vivia, como veremos, em fins de i5o5.
D. Joana de Lemos era filha de Gomes Martins de Lemos, senhor da
'Trofa, e ainda vivia em i5i4, tendo por ela recebido uma sua tença deste
ano seu filho Lopo de Sousa Ribeiro (6).
Pêro de Sousa Ribeiro foi um dos poetas palacianos de mais nomeada,
não tanto talvez pela qualidade das composições, como pela quantidade; a
seguinte Cantiga não deixa contudo de ter poesia:
* Aperfya meu cuydaUo
comyguo, sem me deyxar,,
tanto, que seraa forçado,
se dura, de me matar.
(i) Encontro mais três tenças registadas a favor de Pêro de Sousa Ribeiro: uma de
3o.ooo rs. por carta de 8 de Janeiro de 1485, feita por Pantalião Dias; outra de i5.ooo rs.,
por carta de 27 de Março de 1493; e a terceira de i5 moios de pão, lo de trigo e 5 de se-
gunda, a qual lhe dera D. Manuel em sendo Duque, e lha confirmou por carta de 24 de
Abril de 1497. Esta está registada no liv. 3." da Chancelaria, fl. n3 v., e as outras três,
contando com a do texto, foram todas con^rmadas por cartas de 5 de Maio de 1496, regis-
tadas no liv. 27.°, fls. 83 e 83 v.
(2) Chancelaria de D. Manuel, liv. i3.°, fi. 36 v.'
(3) Ibidem, \iv. 12.», fl. 16.
(4) Ibidem, Wv. 38.", fl. 91.
(5) D. António Caetano de Sousa, Memorias sepulchraes, fl. i83 v.
(6) Por desembargo de 12 de Setembro de i520 foi mandado pagar a Lopo de Sousa
Ribeiro 60.000 rs. das tenças dos anos de i5i3 e i5i4que sua mãe D. Joana de Lemos havia
da Excelente Senhora (Lousada, Sumários., I, 353 v.). Este Lopo de Sousa Ribeiro foi pro-
genitor de um obscuro ramo de Vasconcelos em Pombal, já extintos na varonia, segundo
creio.
374 Brasões
Nunca me deyxa tristeza^
de a ter tenho rrezam,
poys vejo meu coraçam
contra mym em tal firmeza.
Fazme ser desesperado
tal vyda sem esperar,
tanto, que seraa forçado,
se dura, de me matar. (/i. jg3, col. i.)
Grande celeuma provocaram na corte uns apodos por ele dirigidos «a
estes casados abaixo nomeados, que andava damores, e partiasse elrrey c5
a rrainha pêra Almeirim». Passou-se o caso no outono de i5o5(i) e vieram
os casados, desesperados por lhes descobrirem o jogo, e outros solteiros
apodar a Pêro de Sousa Ribeiro, «em paguo destas trovas que fez por seus
pecados». Começou João Fogaça por lançar um pregão em nome do Cor-
regedor da corte;
Pague três mil em dinheiro
quem daqui atee janeyro
em outra cousa falar, /
se nam em rryr x trovar
Pêro de Sousa Ribeyro.
A quem souber envençam,
jeytos, trajos x gybam
dilo aa loguo sso pena
de paguar aquela pena
que sse contem no rrifam.
E como passar janeyro
poderaa qualquer obreyro '
dy avante trabalhar,
que nã manda mays goardar
Pêro de Sousa Ribeyro. (ji. 772, col. 3.)
Até fizeram tomar parte nos motejos às donzelas da infanta D. Beatriz,
mãe de D. Manuel, e às damas da rainha D. Leonor, viijva de D. João II,
e quem por elas trovou, por elas de certo inspirado, foi cruel. Disseram as
donzelas:
Avemos dele gram doo
fidalguo velho x onrrado,
em triste dia minguoado,
naceo ele em Figueyroo.
(1) Na Critica e historia, pág. 188, marquei o tempo para a composição destes apodos
entre 12 de Dezembro de 1499 e 3o de Setembro de i5o6; agora porem, posso precisar a
data, pois sei que dentro daquele período só em Outubro de i5o5, fugindo à peste, se
ausentara a corte para Almeirim. As averiguações cronológicas sobre o itinerário da corte,
a que tive de proceder para a Vida de Gil Vicente, deram-me aquele conhecimento.
', Vasconcelos 3jS
Loguo disse hu feiticeiro
que avia num janeiro
hú gram trabalho passar
que er escusado criar
Pêro de Sousa Ribeiro. (/i. jyji, col. 3.)
As donzelas, raparigas novas, encareceram na sua idade, que não devia
ser muito avantajada; vieram a seguir as damas sisudas e atacaram o físico:
A todas muito nos pesa,
por assy sser esta cousa,
triste de Pêro de Sousa,
que tomou tã maa empresa.
Com sseu olho rremeleyro
T na mão o sseu babeyro,
ca o viamos entrar
antes do demo tomar
Pêro de Sousa Ribeyro. (fi. 1^3, col. 3.)
\ Pobre Pêro de Sousa Ribeiro ! sucedeu-te como a muitos outros, foste
buscar lã e vieste tosquiado.
Passou ele a sua vida na corte, só se ausentando dela para estar em
Pombal e é. desacerto grande confundi-lo com Pêro de Sousa, enviado por
Afonso Y a França a notificar a Luís XI a sua partida para lá (1). Este era
o que foi em Castela alcaide de Seabra e em Portugal vedor da caga de
Afonso V.
De Pêro de Sousa Ribeiro e D. Joana de Lemos foi trineto Luís de Sousa
de Vasconcelos, 4.° alcaide mor e comendador de Pombal (2). Casou com
D. Maria de Moura, dama da rainha D. Margarida de Áustria, filha de Fernão
Rodrigues de Almada, provedor da Casa da índia (3) e neta de Rui Fernandes,
o famoso feitor em Flandres e hábil diplomata nas cortes do norte (4). Deste
consórcio nasceram, entre outros, Francisco de Sousa de Vasconcelos e João
Rodrigues de Sousa e Vasconcelos, ou João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa,
como passou a chamar-se depois de suceder na casa de Castelo Melhor.
Francisco de Sousa e Vasconcelos sucedeu a seu pai na alcaidaria mor e
(i) Pina, Chronica de D. A/ouso V, pág. 567.
(2) Confirmada a comenda por carta de 14 de Março de 1 597. — Chancelaria da Ordem
de Cristo^ liv. 1 1.», fl, 418.
(3) Pelos muitos serviços de Fernão Rodrigues de Almada, que Deus perdoi, foi dado,
em 16 de Junho de iSgS, um alvará de lembrança a Luís de Sousa e Vasconcelos casado
com D. Maria de Moura, filha de Fernão Rodrigues, para a comenda e alcaidaria mor de
Pombal ficarem por seu falecimento a seu filho mais velho, — Ibidem, liv. i3.», fl, 3oi v.
(4) Cfr. Noticias da Feitoria de Flandres, passim.
376 Brasões
comenda de Pombal por cartas de 7 de Outubro de 1616(1); pouco tempo
porem gozou delas, porque já em 1621, por sua morte, foram dadas a seu
irmão João por cartas de 6 de Setembro, atendendo a ficar sua mãe pobre
e com muitos filhos (2).
Havia Rui Mendes de Vasconcelos, i.° conde de Castelo Melhor, em
atenção aos seus muitos serviços no tempo das alterações do reino e sucessão
dele, e quando foi capitão de Tânger, e no cargo de mordomo de Felipe II e
da Rainha sua mãe, alcançado um alvará régio para poder nomear a sua casa
e título em um seu parente, com a condição de casar com uma sua neta por
êle escolhida. Nomeou em pritneiro lugar a Francisco de Vasconcelos e, no
caso dele falecer, a seu irmão João Rodrigues, para lhe sucederem na casa,
casando com sua neta D. Mariana de Lancastre (3). Morreu Francisco de
Vasconcelos, sucedeu-lhe na pretensão seu irmão João, mas sobrevieram
vários pretendentes à sucessão da casa: o conde da Calheta João Gonçalves
da Câmara, neto do i.° Conde de Castelo Melhor, a Condessa da Calheta,
mãe do Conde, e o Procurador da Coroa; todos porem, ao cabo de anos de
duração da demanda, foram excluídos por sentença do Juizo da Coroa e
Casa da Suplicação. Então, treze anos depois da morte do Conde de Cas-
telo Melhor, foi dado em Madrid, a 12 de Setembro de i63i, um alvará a João
Rodrigues de Vasconcelos e Sousa a fim de nele haverem efeito, conforme
a nomeação do Conde, as mercês a este concedidas, com a condição, para
evitar a revista da sentença e facilitar a entrada imediata, logo após a cele-
bração do casamento, na posse dos bens, de pôr em Pernambuco uma com-
panhia de trezentos homens lá pagos à sua custa durante seis meses. Ainda
se protraiu por mais alguns anos a decisão definitiva da sucessão, até que,
em virtyde de João Rodrigues de Vasconcelos ter largado à fazenda rial cinco
contos e tanto do depósito das comendas do Conde de Castelo Melhor, para
se desobrigar dos trezentos homens a enviar a Pernambuco, e visto estar
casado com D. Mariana de Lancastre, foi-lhe dada a carta de 18 de Julho
de i635 do título de conde de Castelo Melhor, em sua vida (4), seguindo-se
àquele diploma outros de doação das terras de Valhelhas e Almendra, da alcai-
daria mor de Penamacor, etc.
Num papel de diferente leti*a intercalado no tom. II do Nobiliário de
(i) Chancelaria da Ordem de Cristo, liv. iS.», fls. 55 e 56.
(2) Ibidem, liv. 22.», fls. 34 v. e 35.
(3) Não encontrei registado nem transcrito o respectivo alvará de mercê ao Conde de
Castelo Melhor; depreende-se porem o que digo no texto do teor do alvará passado em
Madrid, a 12 de Setembro de i63i, adiante citado.
(4) Chancelaria de Felipe III, liv. 26.« de Doações, fl, 258,
Vasconcelos 877
D. Jerónimo de Ataíde da biblioteca de Castelo Melhor, escrito por pessoa de
casa entre os anos de i653 e 1667 e portanto muito antes da composição do
Portugal restaurado, lêem-se as seguintes notas biográficas por mim há
tempos copiadas:
«Saiu João Rodrigues de Vasconcelos a servir no ano de 38 por soldado
da companhia de seu irmão Nicolau de Sousa, de que era general D. Fer-
nando Mascarenhas, conde da Torre, e .com ele se achou na peleja que
teve no ano de 40, no mês de Janeiro, com os Holandeses quatro dias nas
costas de Paraíba; e, indo derrotado parar à índia, sucedeu que em Carta-
gena foi preso por se querer levantar com os Portugueses, que ali se achavam
em companhia do general de Portugal D. Rodrigo Lobo, e trazerem a este
reino os galeões e pelejarem com a frota dos Castelhanos. Tendo isto assim
disposto, o descobriu um António de Azevedo, capitão de infantaria, filho de
Tomé de Azevedo, procurador que foi do povo de Lisboa. E preso o dito
Conde e seus camaradas e criados o condenaram à morte e lhe deram tor-
mento para efeito de descobrir os cúmplices e, porque negou tudo, sofrendo
com grande constância, lhe concederam apelação para Castela. Sabendo-se
em Portugal este sucesso, o mandou el Rei D. João 4.° buscar em uma fra-
gata a instâncias da Condessa D. Mariana, sua mulher, e tudo se fez com
tanto acerto que se obrou como desejava, porque o Conde saiu de um cas-
telo, em que estava preso com sentinelas e rondas, e dous criados, descendo
pela muralha por uma corda, e se meteu numa lancha que lhe estava preve-
nida de um navio de corsários holandeses que, arrependidos de haverem rou-
bado a fragata que ia buscar o Conde, se ofereceram para o trazerem a
este reino, como em efeito o trouxeram, padecendo grandíssimas tormentas
e evidentes perigos de poderem dar em terra de Castelhanos, obrigados de
algum naufrágio (i). Chegou finalmente o Conde a este reino, havendo quatro
anos que dele saíra. El Rei D. João lhe fez particulares honras e favores,
respeitando o que tinha padecido por seu respeito, e assim lhe deu a comenda
de Santa Maria de Beja da Ordem de Avis e o mandou governar as armas
da província de Entre Doiro e Minho, d'onde tomou a praça de Salvaterra
de GaHza duas vezes, e da segunda a forteficou e defendeu a um grande
poder de Galegos e Castelhanos, com que o cardial Spínola, vice rei da Ga-
liza, o veio investir de noite e de dia várias vezes até que, desenganado à
custa de muito' sangue, deixou a empresa e fez com que aquela praça, a de
Salvaterra, que ganharam as armas dei rei D. João, se conservasse em sua obe-
diência. Depois o mandou el Rei vir governar as armas do Alentejo e o fez
(i) Todos estes sucessos são narrados, com muitos mais pormenores, pelo Conde da
Ericeira no Portugal restaurado, I, págs. 174 a 184.
, VOL. I 48
378 Brasões
do seu conselho de Guerra, d'onde assistiu o ano de 46 e querendo surpreender
a praça de Badajoz o conseguia, se não fora que os que o haviam de ajudar
lhe faltaram, como foi notório; e dos mesmos inimigos constou, que a praça
se levara sem dúvida, segundo estava desapercebida. D'aqui o tornou a
mandar el Rei a governar o Minho com tenção de fazer a guerra em Galiza,
com poder groço, e ultimamente, no ano de 49, o mandou a governar o
Brasil, onde foi, levando a seu cargo a armada da Companhia Geral, e foi
aquela que meteu socorro em Pernambuco, pelejando com os Holandeses,
depois que lhes ocuparam aquela capitania e, governando o estado do Brasil
três anos e dez meses, se veio a este reino ("1)».
Nomeado pela segunda vez governador das armas da província de Entre
Doiro e Minho, para lá partiu o Conde de Castelo Melhor em 1667, em
tempo de guerra acesa. Lá morreu a i3 de Novembro do ano. seguinte e foi
sepultado no convento de Santo António de Ponte de Lima, na mesma capela
onde jazia sua parenta por Vasconcelos, D. Joana de Meneses, senhora da
casa de Mafra e viscondessa de Vila Nova da Cerveira (2).
D. Mariana de Lancastre, condessa de Castelo Melhor, era filha de Simão
Gonçalves da Câmara, 3.'^ conde da Calheta e 7.° capitão donatário do Fun-
chal, e de sua segunda mulher, D. Maria de Meneses e Vasconcelos, dama
da rainha D. Margarida de Áustria, e filha mais velha de Rui Mendes de
Vasconcelos, i." conde de Castelo Melhor. D. Mariana de Lancastre foi,
depois de viúva, camareira mor da rainha D. Maria Francisca de Sabóia e
marquesa de Castelo Melhor, entrando em funções logo após o desembarque
da Rainha em Agosto de. 1666. Dez anos antes havia morrido sem descen-
dência seu irmão João Gonçalves da Câmara, 4.° conde da Calheta, e a Con-
dessa de Castelo Melhor, que d'então por diante se passou a chamar D. Maria
de Lancastre de Vasconcelos e Câmara, sucedeu, em virtude de sentença, nos
seus bens e já em 22 de Dezembro de 1667 estava de posse da capitania do
Funchal (3). Por esta forma vieram a unir-se as duas casas de Castelo
Melhor e da Calheta, o que Rui Mendes de Vasconcelos pretendera evitar.
Dos 2.°^ Condes de Castelo Melhor foi filho sucessor Luís de Vasconcelos
e Sousa, 3.° conde de Castelo Melhor, famoso ministro de Afonso VI e um
dos mais notáveis homens de Estado de Portugal. Desterrado do reino,
vítima de uma cabala de corte, para cá voltou só no ano de 1686 em virtude
de licença de D. Pedro II, «logrando ElRey — diz um contemporâneo — nesta
(i) Não conservei a ortografia do original, nem mantive a sua pontuação.
(2) Fr. Pedro de Jesus Maria José, Chronica da provinda da Conceição, tom. II, liv. i.%
|5i. ...
(3) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 4.°, fl. 226 v.
Vasconcelos Syg
deliberação a aceytaçaÕ commua, porque os signalados serviços, que o Conde
de Gastei Melhor havia feito a sua Pátria, eraõ merecedores de naõ acabar
a vida fora dela» (i). Nos seus descendentes se continuaram as casas de
Castelo Melhor e da Calheta e se repetiram os títulos de conde duma e doutra
vila (2). A seu filho primogénito, José de Caminha de Vasconcelos e Sousa,
4.° conde de Castelo Melhor, foi feita mercê do título de marquês da mesma
vila, de juro e herdade, com duas vidas fora da Lei Mental, por carta de 2
de Outubro de 1766, em troca das capitanias das ilhas da Madeira e de Santa
Maria, com as suas jurisdições (3).
O 5." e último marquês de Castelo Melhor, João de Vasconcelos e Sousa
Câmara Caminha Faro e Veiga (4), morreu em 1 1 de Janeiro de 1878, deixando
descendência legitimada, pelo que a representação da casa passou a sua irmã,
a 6.* Marquesa, já defunta, e desta a sua filha a senhora Viscondessa da Vár-
zea (5). A representação da casa de Castelo Melhor perdeu a sua antiga
varonia de Vasconcelos, esta porém ainda se conserva em alguns parentes
do falecido Marquês, um dos quais é o actual Conde de Figueiró. Não valeu
a Rui Mendes de Vasconcelos, 6.° senhor de Figueiró, excluir da sucessão
dá sua casa aos Vasconcelos, posteriormente condes de Castelo Melhor. Na
casa não entraram eles, mas com o título já teem sido enobrecidos dois: o
actual, e anteriormente Luís José de Vasconcelos e Sousa, por despacho de
17 de Dezembro de 1808(6), filho segundo do i.° Marquês de Castelo Melhor
e vice rei do Brasil, falecido em 1809.
As armas do i.° Conde de Castelo Melhor foram unicamente as dos Vas-
concelos; as do 2.° e 3.° eram esquarteladas: o I e IV dfe negro, três faxas
veiradas de prata e vermelho; o II das armas do reino; o III de vermelho,
caderna de crescentes de prata. São as armas dos Vasconcelos e metade
das dos Sousas de Arronches. Posteriormente, absorvida a casa da Calheta,
(i) Conde da Ericeira, Portugal restaurado, II, 876.
(2) Afonso de Vasconcelos e Sousa, filho primogénito do 3.° Conde de Castelo Melhor,
foi o 5." conde da Calheta, por carta de 27 de Junho de 1690, em verificação de uma das
vidas que sua casa tinha (Doações de D. Pedro II, liv. 20.°, fl. 33y). 6." Conde da Calheta
foi seu neto António de Vasconcelos e Sousa, por carta de 3 de Outubro de 1766 {Mercês
de D. José, liv. 3.», fl. 3i5 v.); 7.° conde, o primogénito do 2.» Marquês de Castelo Melhor,
despacho de 6 de Maio de 1793 {Gajeta, de 11).
(3) Mercês de D. José, liv. 3 °, fl. 3i5.
(4) Decreto de 6 de Abril de 1859.
(5) Em seu marido o Visconde da Várzea, foi renovado o título de marquês de Castel»
Melhor.
(6) Ga^neta de Lisboa^ de 21 de Abril de 1809, !.• Supplemento.
38o Brasões
traziam o escudo partido: o I de Vasconcelos; o II de Câmaras, de negro
torre de prata entre dois lobos assaltantes de oiro, tudo disposto sobre um
cabeço cosido de verde em ponta (i). Ultimamente traziam: esquartelado :
o I e IV de Vasconcelos; o lí de prata, aspa de vermelho carregada de cinco
escudetes das armas do reino (Faro); o III de Câmara. Coroa de marquês.
Timbre: o liâo dos Vascçncelos.
Assim se viam no soberbo palácio dos Marqueses, em Lisboa, no lado
poente da actual praça dos Restauradores. O palácio foi adquirido pela
Companhia Rial dos Caminhos de Ferro Portugueses, juntamente com outros
terrenos próximos, para neles fazer a estação central de Lisboa e o túnel que
liga esta com as redes das linhas daquela Companhia. No palácio porém
nao se boliu, e foi posteriormente cedido pela Companhia ao Marquês da
Foz. Tudo isto se passou pelos anos de 1889.
O Marquês da Foz restaurou o palácio, que estava longe de ser ver aca-
bado, e restaurou-o com aprimorado gosto e rigoroso estilo. Na escada
monumental, na sala de baile, no hall, na casa de jantar, na livraria, em tudo,
revelou o Marquês a sua fina capacidade artística. Ali, os quadros, as tape-
çarias, os mármores, os bronzes, as loiças, a talha, a marcenaria, tudo está
no seu lugar, tudo é bom, nada discorda, nem vexa com a opulência ruidosa
de muito ricasso moderno.
No lugar das armas do Marquês de Castelo Melhor ainda hoje se vêem
as do Marquês da Foz: escudo esquartelado: o I de azul, cinco flores de lis
de oiro (Guedes); o II de oiro, fretado de vermelho (Correia); o III esquar-
telado de prata, com seis crescentes de vermelho, e da mesma, com lião de
púrpura, armado e linguado de vermelho (Queirós); o IV de azul, lião de
oiro, armado e linguado de vermelho (Castelo Branco). Coroa de marquês.
Timbre: penacho de três plumas de vermelho.
O Marquês da Foz morreu em 29 de Outubro de 1917, tendo vendido o
palácio em 1908. Acha-se hoje aquela antiga e artística residência transfor-
mada em casas de jogo, escritórios comerciais, cinematógrafos e lojas, tendo
(i) As armas dos Câmaras foram concedidas a João Gonçalves de Câmara de Lobos
por carta de 4 de Julho de 1460 {Armaria portuguesa, 104). Com as armas deu-se-lhe o
apelido. Parece pois não poder haver diferenças neste brasão, pois há-as e grandes. No
Livro da Torre do Tombo, fl. 41, vem este escudo com o campo de verde, a torre coberta
de prata e cruzada de oiro, os lobos de sua côr, e sem o cabeço em que tudo deveria assentar.
E não aparece só neste livro o escudo por esta forma, mas também assim se encontra numa
carta de brasão de 18 de Julho de i533 (liv. 45.° de Doações de D. João III^ fl. 52 v.). Mais
ainda : os Condes da Ribeira Grande, também Câmaras, usam as armas e creio que sempre
as usaram com estas diferenças, e mesmo não sei, se os próprios Condes da Calheta e os
Castelos Melhores seus sucessores assim o não fariam.
Vasconcelos 38 1
uma delas, com consentimento do actual proprietário e cumplicidade de um
arquileto, destruído, com ornamentos de péssimo gosto, a harmónica, regular
e majestosa fachada.
Das casas de Figueiró e de Castelo Melhor saíram vários ramos: uns que
viveram no Pombal, outros na corte, e entre estes uma curta varonia da casa
de Lumiares, e as dos Condes das Alcáçovas, dos Marqueses de Belas e dos
Condes da Figueira.
*
Conta o P.^ António Cordeiro na Historia Insulana (i), que el Rei man-
dara à Madeira quatro fidalgos para casarem com as quatro filhas de João
Gonçalves Zarco, o i." capitão donatário do Funchal, sendo um deles Martim
Mendes de Vasconcelos. Não se sabe ao certo cujo filho fosse, supondo-se
ser dos verdadeiros Vasconcelos; sabe-se contudo haver-se realizado o casa-
mento dele com Helena Gonçalves da Câmara, filha do Zarco, e terem pro-
vindo dos dois os Vasconcelos da Madeira e os dos Açores, de todos os quais
não sei se ainda a varonia permanecerá lá por aqueles arquipélagos.
Também é de duvidosa filiação um Mem Rodrigues de Vasconcelos, que
passou a viver à ilha Graciosa, onde deixou geração. Deste Mem Rodrigues
foi filha Constança de Mendoça, mulher de Álvaro de Orneias, instituidor do
morgado do Caniço na ilha da Madeira em 1499. ^^ ^^'-^^ descendentes
chamaram-se Orneias de Vasconcelos; foi ultimamente seu representante e
senhor do morgado, o digno par do reino Agostinho de Orneias de Vascon-
celos, nosso ministro em S. Petersburgo, falecido a 6 de Setembro de 190 1,
e um dos poucos que lerião esta seca. Se por este seu ascendente, Mem
Rodrigues de Vasconcelos, se não pode precisar como se entronca a família
dos morgados do Caniço nos verdadeiros Vasconcelos, por outro avô bem
mais antigo se sabe, que deles provieram.
Fernão Fernandes de Dornelas, senhor da torre e quinta do Oiteiro e
de toda a circunjacente freguesia do Salvador de Dornelas, a qual foi o
solar e deu o apelido a esta casa, era filho de João Fernandes Franco e
de Teresa Anes, filha de João Peres de Vasconcelos, o João Tenreiro atrás
falado.
As armas antigas dos Orneias eram: de oiro, três flores de lis de ver-
melho (2). As armas modernas são: de azul, banda cosida de vermelho, car-
regada de três flores de lis de oiro, postas no sentido da banda que é acom-
(1) Liv. 3.», cap. 10, § 72, e liv. 6.», cap. 44, § 467.
(2) Agostinho de Orneias de Vasconcelos na notícia biográfica anteposta às Obras de-
D. Ayres d'OrneUas de Vasconcellos, arcebispo de Goa, pág. 11.
382 Brasões
panhada de duas sereias cosidas de sua côr, com o espelho de prata e o
pente de oiro(i). Timbre: uma das sereias (2).
Como os Orneias de Vasconcelos várias outras famílias tem havido deri-
vadas deste tronco por uma senhora; lembra-me agora dos Almeidas de Vas-
concelos, condes da Lapa, dos Vasconcelos Leites da casa das Carvalheiras
em Braga, e dos morgados de Ponteias no campo de Coimbra.
V
MORGADOS DO ESPORÃO, CONDES DE FIGUEIRÓ
«Alvoro Mendez do Flsporao, home bem honrrado e muito bÕ cavaleyro»,
segundo dele escreve um autor contemporâneo de seus filhos (3), é certo
ter-se chamado de Vasconcelos, como adiante veremos, e ter sido irmão de
João Mendes de Vasconcelos, como declara um documento (4). Contempo-
râneos existiram na comarca de Entre Tejo e Odiana dois Vasconcelos (meus
conhecidos) de nome João Mendes.
Um, morador em Elvas, era casado com uma irmã de Álvaro de Abreu
e de Rui de Abreu, os quais lhe haviam dado em casamento com ela uma
herdade coutada no termo da vila. Consta de uma carta de D. Afonso V
aos juízes de Elvas, mandando-lhes declarar as coimas consignadas no primi-
tivo instrumento de couto, pois ao confirmá-lo esquecera apontá-las. A carta
é de 23 de Março de 1453, o instrumento da vereação designando as coimas
é de 7 do mês seguinte e a nova confirmação régia só foi dada a 6 de Feve-
reiro de 1459, sendo mandada livrar «por Fernão da Silveira, seu coudel
mor, que ora tem cargo por seu especial mandado de escrivão da sua puri-
dade». Foi finalmente esta carta apresentada por Gonçalo Pereira, cavaleiro
• (i) Livro do Armeiro nioi', fl. 109, Livro da Torre do Tombo, fl. 23 v., cartas de brasão
de i5i3 c i533 {Chancelaria de D. Manuel, liv. ii.°, fl, 43 v. e Chancelaria de D. João III,
liv. 45.° de Doações^ fl. 52 v.). Existe uma carta de brasão de 7 de Agosto de i537 [Chan-
celaria de D. João III, liv. 23.» de Doações^ fl. gS v.) na qual as sereias se encontram mais
conformes com as regras heráldicas por serem esmaltadas de oiro.
(2) Todos os citados na nota precedente menos o Livro do Armeiro mor, que não traz
timbres.
(3) Livro das obras de Garcia de Resende que trata da vida e grandissimas virtudes. . .
do... príncipe elRey dom João o segundo, cap. 144, fl. 91.
(4) Carta de brasão de 3 de Abril de i533 concedida a Diogo Gil de Vasconcelos, natural
•de Montemor o Novo, filho legítimo de. . . Leonor Mendes de Vasconcelos e neto de JoSo
Mendes de Vasconcelos, irmão de Álvaro Mendes de Vasconcelos do Esporão. — Chance-
Jaria de D. João II J, liv. 45."» de Doações, fl. 63.
Vasconcelos 38?
da casa dei Rei, e a ele confirmada, salvo quanto ao caçar e ao pescar, por
carta de i3 de F'evereiro de 1487, feita por Fernão de Pina, sem se declarar
como a herdade viera parar à posse do apresentante (i). Álvaro e Rui de
Abreu eram filhos de Martim Rodrigues de Abreu. O primeiro foi cavaleiro
da casa do infante D. Henrique e dele há notícia em vários anos entre os
de 1448 e 146 1 (2). Não creio que este Joane Mendes de Vasconcelos tivesse
sido o irmão de Álvaro Mendes do Esporão, antes me inclino de preferência
para o a seguir apontado.
A 1 1 de Fevereiro de 1450, na casa da Câmara de Elvas, sendo lá reunida
a vereação, pareceu Joane Mendes de Vasconcelos, morador em Évora, filho
de Mem Rodrigues de Vasconcelos, e lhes disse, que bem sabiam como seu
pai havia no termo da vila, onde chamam o Azinhal, uma herdade coutada
adquirida por compra de Martim Gonçalves do Carvalhal, «seu avô», de
Joane Mendes parece mais provável, apesar de estar em conflito com a gra-
mática, e pede para lha defenderem e coutarem, como sempre fora, havia
mais de cem anos. Concordou a vereação, deu a Joane Mendes o respectivo
instrumento e este teve confirmação régia em 3o de Março de 1450 (3). No
caso, muito provável se me afigura, deste Joane Mendes de Vasconcelos haver
sido o irmão de Álvaro Mendes de Vasconcelos, do Esporão, vinha este a
ser filho de um Mem Rodrigues de Vasconcelos e assim exphcada a tradição
conservada pelos genealogistas dos morgados do Esporão descenderem do
outro famoso D. Mem Rodrigues de Vasconcelos, mestre de Santiago.
Na verdade porem a filiação e ascendência de Álvaro Mendes do Esporão é
muito duvidosa. Uns dizem que êle era filho de uma filha do sobredito Mestre
de Santiago, e desta opinião parece ter sido o cronista mor Fernão de Pina;
outros afirmam ser êle neto do mesmo Mestre por um seu filho. Inclinar-
-me-hia mais à primeira versão, pois me não palpita que fosse grande a
nobreza do pai de Álvaro Mendes; mas, como D. António de Lima, direi
nada se poder afirmar, pois «não consta de certeza alguma por papéis, cró-
nicas, ou letreiros, destes netos do Mestre e só fica isto em opinião» (4).
Álvaro Mendes de Vasconcelos, cavaleiro da casa do Conde de Guimarães
e morador em Evora^ apresentou a D. Afonso V certas escrituras pelas quais
mostrou haver sido pelos reis seus antecessores defesa e privilegiada a sua
terra chamada do Esporão, no termo de Monsaraz; e apresentou mais um
(i) Chancelaria de D. João JI, liv, 19.», fl. 7, onde por engano se datou do ano de 1443
a apresentação em vereação da carta régia.
(2) Vitorino de Almada, Concelho de Elvas, I, 353.
(3) Chancelaria de D. João 11^ liv. lo.», fl. 1 1 v., transcrita noutra de confirmação.
(4) Nobiliário, fl. 116 v. mihi.
384 Brasões
alvará de couto para a referida herdade concedido pelo mesmo Rei. Com
estes documentos requereu se lhe mandasse passar carta em forma, e obteve-a
a 16 de Agosto de 1468(1).
Por este documento vê-se que, se Álvaro Mendes nos nobiliários e cró-
nicas é comumente chamado do Esporão, não obsta isso, a que o seu verda-
deiro apelido fosse o de Vasconcelos; mas também se vê, que a sua posição
na corte era um tanto subalterna, criado de um grande senhor.. É verdade
que depois, numa carta de padrão de vinte e cinco mil reais de tença, pas-
sada em 18 de Junho de 1484, já é intitulado fidalgo da casa dei Rei (2).
Notarei uma coisa, para não passar despercebida. Aquele Conde de Gui-
marães, de quem Álvaro Mendes do Esporão era cavaleiro em 1468, sucedeu
dez anos depois na casa de Bragança e foi o Duque desditosamente degolado
na praça de Évora, em 20 de Junho de 1483. Um ano depois, dia a dia
quási, era concedida ao antigo criado da vítima, não direi inocente, daquela
tragédia e pelo próprio severo Rei que a delineou, a referida tença de vinte
cinco mil reais, pelos muitos serviços pelo agraciado prestados, tanto a
D. Afonso V, como a D. João II, assim nas partes de África, como nas
guerras passadas de Castela. Será apenas uma coincidência e bem possível
é, que muitos anos tivessem já decorrido depois de Álvaro Mendes haver
largado o serviço de D. Fernando de Bragança.
Proveio a alcunha do Esporão, pela qual Álvaro Mendes de Vasconcelos
é designado, da posse da herdade daquele nome havida por ele em casa-
mento.
Em 1427 Teresa Anes da Fonseca, viúva de Fernão Lopes Lobo, irmão
de Diogo Lopes Lobo, 1.° senhor de Alvito, achando-se sem filhos, instituiu
o morgado do Esporão, no termo de Monsaraz, com a obrigação de certas
missas na Sé de Évora, e chamou para seu primeiro administrador a seu
sobrinho Gonçalo Rodrigues da Fonseca (3).
Fernão Lopes Lobo fora cavaleiro e morador em Évora; possuirá três
herdades no seu termo junto ao Enxarrama, confrontando entre outros pré-
dios com uma herdade de Gonçalo Rodrigues da Fonseca; e para elas alcan-
çara, em 27 de Março de 1457 (1419), carta de couto (4). Foi esta carta
confirmada por sua morte a seu filho Nuno Fernandes Lobo, escudeiro e vas-
salo dei Rei, por cartas de 12 de Dezembro de 1434 e i3 de Abril de 1439(5).
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 28.», fl. 82 v.
(2) Chancelaria de D. João II, liv. 22.°, fl. 5.
(3) Diogo Gomes de Figueiredo, Nobiliário genealógico, II, 481 mihi; D. Francisco de
Meneses, Familias de Portugal, I, fl. 3 10 mihi.
(4) Chancelaria de D. João I, liv. 4.", fl. 35 v.
(5) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 20.% fl. 16 v.
Vasconcelos 385
Quanto a Gonçalo Rodrigues da Fonseca sei que, sendo escudeiro, vassala
dei Rei e morador em Évora, obteve, em 8 de Março de 1427 (iSSg), carta
de legitimação para seu filho Álvaro Gonçalves, havido de Margarida Afonso,
sendo pai e mãe solteiros (i). Sei mais que seu meio irmão, Pedro Afonso
Vilela, filho de sua mãe Caterina Pires e de seu segundo marido João Afonso,
escrivão que íôra da rainha D. Leonor, lhe fez doação de todos seus bens,
doação confirmada por D. João I em 1 1 de Junho de 1442 (1404) (2). Ainda
mais sei que, por carta de 1 1 de Agosto de 1446 (1408), dada em Sintra, lhe
foi coutada uma herdade no termo de Évora, onde chamam a Sitima (3), a
qual por sua morte veio a pertencer a Leonor Gonçalves (sua filha ?) e dela
passou a seu filho Martim Casco, morador em Évora, a quem foram confir-
mados os privilégios da herdade por carta de 25 de Janeiro de 1447 (4).
Gonçalo Rodrigues da Fonseca, o primeiro chamado para a administração
do morgado do Esporão, morreu antes de nela suceder, e por morte da insti-
tuidora meteu-se de posse dos bens do vínculo seu enteado Nuno Fernandes
Lobo. ■ Disputou-lhe a posse Álvaro Gonçalves da Fonseca, filho legitimado
do primeiro nomeado para a sucessão, e alcançou a administração do mor-
gado por sentença do ano de 1475 do corregedor da corte, João Mendes
Aguado (5). Este Álvaro Gonçalves da Fonseca, i." administrador legítimo
do morgado do Esporão, casou com Caterina Ribeiro e foram pais de Leonor
Ribeiro da Fonseca, 2/ senhora do morgado e mulher, segunda, dizem os
nobiliários, de Álvaro Mendes de Vasconcelos, em cujos descendentes se con-
tinuou a posse do vínculo.
Ainda casou Álvaro Mendes uma terceira vez, agora com Aldonça Mar-
tins Loba a quem, sendo já viiíva, foram confirmados, por carta de 1 1 de
Agosto de 1490, os privilégios da herdade no sítio do Azinhal, termo de
Elvas, já lá acima mencionada, a qual pertencera a João Mendes de Vascon-
concelos e a seu pai Mem Rodrigues de Vasconcelos (6). Como viera esta
herdade a pertencer a Aldonça Martins ? O diploma não dá indicações
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 4.", fl. loa.
(2) Liv. 6." de Odiana, fl. 265 v,
(3) Chancelaria de D. João I, liv. 3.", fl. 76.
(4) Liv. 3.» de Odiana, fl. 283.
(5) D. Francisco de Meneses, Famílias de Portugal, I, fl. 3io mihi.
(6) Chancelaria de D. João II, liv. io.°, fl. 1 1 v. — Foi novamente confirmada a Aldonça
Martins por carta de 10 de Outubro de 1498 (liv. 8.° de Odiana, fl. loo v.). Depois, a 18 de
Outubro de i5 12, Álvaro de Mesquita, cavaleiro da Ordem de Santiago e morador em Elvas,
pediu ao juiz com alçada na dita vila uma certidão da presente carta e sobre ela obteve
para si, em 19 de Março de i532, carta de confirmação dos referidos privilégios (liv. 19.* de
Doações de D. João 111, fl. 82).
VOL. I 49
386 Brasões
nenhumas e as conjecturas podem-se espraiar sem maior base; fundamento
. bastante tem êle todavia para corrigir ou esclarecer uma data de Garcia
■de Resende.
Conta êle que um Diogo Gil Magro, cavaleiro da casa de D. João II e
irmão do anadel mor dos seus besteiros Rui Gil Magro, injuriara gravemente
a Álvaro Mendes de Vasconcelos, impossibilitado pela sua idade de se desa-
frontar.
Temeroso porem Diogo Gil dos filhos do homem por êle ofendido, reti-'
rou-se para a companhia de Pêro Juzarte, senhor e alcaide mor de Arraiolos,
reputando-se seguro no seu forte castelo. Enganou-se todavia, porque «no
ãnno de noventa t dous: Joane mendez de Vasconcellos / t Diogo mendez seu
yrmão: filhos do dito Alvoro mendez per estucia do pay / com muita géte de
cavalo T de pe que ajuntou entrara per manha ao dito castelo hu dia ante
manhã t quebrara as portas da casa do dito Diogo Gil t o matara» (i). Não
contesto a veracidade da história; mas, ou sucedeu antes de Agosto de 1490,
quando Álvaro Mendes já estava morto, ou a vingança dos filhos exerceu-se
depois da morte do pai.
Álvaro Mendes do Esporão foi homem muito abastado e dizem que ins-
tituirá, para seu filho segundo, o morgado das Vidigueiras próximo de Évora.
Este filho chamou-se Diogo Mendes de Vasconcelos, casou e foi sua bisneta
D. Francisca de Vasconcelos, 4.* senhora do morgado e mulher do chanceler
mor Damião de Aguiar Ribeiro, de quem teve filha e sucessora a D. Antónia
de Vasconcelos casada com Tristão da Cunha de Ataíde e Melo, 8.° senhor
de Povolide, e nos seus descendentes continuou a administração do morgado.
Aquele Chanceler mor foi muito rico e começou a edificação do palácio das
Portas de Santo Antão em Lisboa, onde residiram os Condes de Povolide,
dos quais passou por venda ao Conde de Burnay, que o arrazou e no seu
lugar edificou uma grande casa, com pouco gosto e menos estilo, com a qual
a estreita rua não pode, mas que de certo custou muito dinheiro. Neste
prédio está há anos estabelecido o Ateneu Comercial e os dois escudos de
armas que sobrepujavam os dois portões do antigo palácio dos Povolides,
encontram-se hoje numas dependências da quinta das Laranjeiras, assistindo,
certamente confusos, às evoluções desportivas da família da casa.
O filho mais velho de Álvaro Mendes do Esporão chamòu-se Joane Mendes
de Vasconcelos, ou Joane Mendes do Esporão, como o nomeia Damião de
Góes numa passagem da ChroJiica de D. Emanuel. Em seguida ao caso do
castelo de Arraiolos teve Joane Mendes de se homisiar em Castela, d'onde
só regressou em 1498 com D. Manuel, na volta da ceremónia dos juramentos.
(i) Vida de D. João II, cap. 144, fl. 91,
Vasconcelos 387
A ele serviu de Embaixador naquele reino por algumas vezes, permanecendo
lá por largas temporadas nos anos de i5o'2 a i52o(i). De uma das vezes
foi encarregado de receber a importância do último terço do dote da rainha
D. Maria, segunda mulher de D. Manuel, e o resto do dote e arras da Rainha
Princesa, como era designada a primeira mulher daquele soberano. Desses
dinheiros teve quitação por carta de ló de Janeiro de 1509(2). Fundou em
i53o a capela chamada do Esporão na Sé de Évora para seu jazigo, de sua
segunda mulher D. Briolanja de Melo e dos sucessores do vínculo. Morreram
os cônjuges ambos no ano de 1541 c tudo consta das seguintes duas inscri-
ções, só uma subsistente:
ESTA CAPELLA. MANDOV FAZER JOANNE MENDES DE VASCONCELLOS
DO CONSELHO DELREY DOM MANOEL O i." E DELREY DOM lOAO 3.» SEV
FILHO PARA SI E PARA DONA BRIOLANIA DE MELLO SVA MOLHER E PARA
TODOS SEVS HERDEIROS QVE HERDAREM O SEV MORGADO DO ESPORÀO
A QVAL SE FEZ DE CONSENTIMENTO DE TODO O CABIDO DESTA SE E DO
DITO REY DOM lOAO E DO CARDEAL IFFANTE SEV IRMÃO BISPO DELLA
AS QVAIS CONVENSOENS CONFIRMOV NOSSO MVY SANTO PADRE CLE-
MENTE 7.' SEGVNDO HE CONTHEVDO EM SEV COMPROMISSO E MANDA O
DITO lOANNE MENDES A SEVS HERDEIROS TENHÃO CVIDADO DE FAZER
DIZER MISSA QVOTIDIANA QVE LEYXA QVE SE DIGA PARA SEMPRE NESTA
CAPELLA A QVAL SE ACABOV NO ANNO DE i53o.
Esta inscrição já lá hoje não existe; encontrei-a no Nobiliário de Diogo
Gomes de Figueiredo, onde aparecem as demais inscrições ainda hoje exis-
tentes copiadas com bastante exactidão, garantindo por isso a boa leitura da
primeira. Foi ela substituída por outra quando Manuel de Vasconcelos, se-
gundo informação do mesmo Figueiredo, mandou reformar a capela. Era
ambas as inscrições vem apontado o ano de i53o como sendo o da fundação;
encontra-se porem em certa parte da capela o núniero i527, o qual talvez
indique a data do começo da obra, ou a do consentimento do Cabido para ela.
A capela do Esporão na Sé de Évora é, na opinião de um distintíssimo
arquiteto alemão, um exemplar perfeito da primitiva Renascença portuguesa,
de aparência sumptuosa e admirável (3). A capela fica situada no topo do
cruzeiro da banda do evangelho. É quadrada; tem um altar de talha, em
parte colorida com imitações de pedra, também no estilo da Renascença,
mas mais adiantada; sobre o cruzeiro abre um arco emoldurado de elegan-
( 1 ) Góes, Chronica de D. Emanuel, part. II, cap. 3o, fl. 5o v. ; p. III, cap. 27, fl. 47 ; e p. IV,
cap. 48, fl. 63 ; Santarém, Quadro elementar, II, passim.
(2) Cartas de quitação de D. Manuel, n." 400^ no Archivo histórico portuguez, III,
pÁg. 476.
(3) A. Haupt, Die Baukunst der Renaissance in Portugal, II, i35.
388 Brasões
tíssima escultura (i); por cima do fecho, num nicho incrustado num belo friso,
vè-se o escudo e elmo dos Vasconcelos; em baixo uma delicada grade de
ferro fecha a capela.
As armas dos Vasconcelos tornam aqui a aparecer-nos com quatro faxas,
como já as vimos na igreja da Graça de Santarém e na de S. João Baptista
de Figueiró; facto que me leva a supor, segundo já indiquei, haverem sido
quatro as peças do primitivo escudo dos Vasconcelos, posteriormente redu-
zidas a três.
A pintura do retábulo representa o Descendimento da Cruz e nada tem
de muito especial; o tecto é de laçaria de pedra com seus florões, nos quais
se vêem esculpidos os escudos dos Vasconcelos e os dos Meios; nas duas
paredes laterais, à altura aproximada de dois metros, estão embebidas quatro
inscrições fúnebres, duas de cada lado. A primeira do lado do evangelho
é o epitáfio do fundador; do mesmo lado, abaixo desta, a de seu filho Álvaro
Mendes; em frente, fazendo rosto e competência à do fundador, está a de
seu neto e homónimo; a seguir a esta vem a última, a do bisneto Manuel de
Vasconcelos. Segue a primeira inscrição.
lOÃO MENDEZ DE VASCONCELLOS S.°« DO MORGADO DO ESPO:
RÃO FILHO D'ALVARO MENDES DE VASCONCELLOS E DE DONA LIANOR
RIBEIRA S.«^ PROPRIETÁRIA DESTE MORGVADO •/. FOI DO CONS.» DEL
REI DOM M/-^ E DEL REI DOM JOÃO O 3.° E SEV EMBAIX.»»'' NA CORTE
DOS REIS CATHOLIGOS, E DEL REI DOM CARLOS SEV NETTO •/. E DE.
CONSENTIMJ» DO DITTO REI DOM lOÃO; E DO CAR.-- IFFANTE DOM
AFFONSO SEV IRMÃO, BPO. DESTA CIDADE., E DO CABIDO DESTA SEE
CONFIRMADO PELLO PAPPA CLEMENTE 7."° MANDOV FAZER NO
ANNO DO S."^ DE. i53o ESTA CAPELLA PARA SEV lAZIGO E DE
DONA BRIOLANIA DE MELLO SVA 2.* MOLHER, E DE TODOS SEVS
SVBCESSORES, QVE HERDASSEM O DITTO MORGADO D'ESPO:
RÃO, •/. DOTOVA, DE HVA MISSA QVOTIDIANA PARA SEMPRE IN:
CLVINDO NELLA AS, QVE O MORGADO IA TINHA DE OBRIGAÇÃO
ESTA AQVI SEPVLTADO, COM A DITTA DONA BRIOLANIA DE ME:
LLO SVA MOLHER. FALLECERÃO AMBOS NO ANNO DE : 1541. :
De sua primeira mulher D. Joana de Sousa, filha bastarda de Vasco Mar-
tins de Sousa Chichorro, capitão dos ginetes de D. Afonso V, nasceu único
Álvaro Mendes de Vasconcelos. Sucedeu na casa, foi do conselho de D. João III
e seu embaixador em Castela de i53i a iõ36(2), tendo nesta qualidade acom-
panhado Carlos V em várias das suas empresas. Numa destas jornadas
ficara em Roma, na ocasião que mais acesas andavam as negociações rela-
(1) Reproduzido na obra acima citada, pág. i38.
(2) Fr. Luís de Sousa, Annaes de D. João III, págs. 877, 387, 396, 397, 398 e 400 ; San-
tarém, Quadro elementar, II, passim.
Vasconcelos 389
tivas à bula da definitiva instituição do Santo Ofício em Portugal, a qual foi
expedida em 23 de Maio de i536 e, depois de ter também concorrido para
a sua concessão, foi dela portador, segundo declara o seu epitáfio. Por ele
também consta haver Álvaro Mendes morrido no ano de i555, revelando-nos
outra memória haver tido lugar a morte no dia 3o de Dezembro e ter-se, no
mes seguinte, dado de esmola à Misericórdia de Évora doze mil reais pelo
haver acompanhado à sepultura (1). Foi levado à sua capela da Sé e no
túmulo gravou-se o seguinte epitáfio:
ÁLVARO MENDEZ DE VASGONCELLOS, S."" DO MORGADO D'ESPORÃO
FILHO DE. lOÃO MENDES DE VASGONCELLOS E DE. DONA lOANNA DE. SOV:
ZA SVA i.« MOLHER (FILHA DE. VASGO MTZ DE. SOVZA GHIGHORRO CAPI:
TÃO DOS GINETES DELREI DOM AFFONSO. 5.», E FRONTEIRO MOR
DE TRÁS OS MONTES) FOI DO GON» DELREI DOM lOÂO O 3.» E SEV
EMBAIXADOR MVITOS ANNOS NA GORTE DO EMP.°« GARLOS 5."
AQVEM AGOMPANHOU EM MVITAS DE SVAS EMPREZAS : ALGANÇOV
DO PAPPA PAVLO 3.» NO ANNO DE .i536. A BVLLA DA INSTÍTVIÇAO
DO S.^» OFFIGIO DA INQVISIÇÃO, NESTES REINOS SENDO ENVI:
ADO A ISSO PELLO DITTO REI DOM lOAO : FÂLLEGEO NO ANNO DE
i555 E ESTÁ SEPVLTADO NESTA GAPELLA GOM DONA GVIO:
MAR DE MELLO SVA MOLHER, FILHA DE DVARTE DE MELLO, E DE
DONA ISABEL DE BRITTO, A QVAL FÂLLEGEO NO ANNO D' iSyS.
D. Guiomar de Melo fora dama da imperatriz D. Isabel e segunda mulher
de Álvaro Mendes "de Vasconcelos de quem teve, entre outros filhos, a Joane
Mendes de Vasconcelos, 6.° senhor do morgado do Esporão, também sepul-
tado na capela de sua casa na Sé de Évora, com o seguinte epitáfio:
lOÃO MENDEZ DE VASGONGELLOS, SENHOR DO MORGADO
DO ESPORÃO FILHO DE ÁLVARO MENDES DE VASGONCELLOS
E DE DONA GVIOMAR DE MELLO SVA 2.* xMOLHER, FOI DO
CONSELHO DOS REIS DOM SEBASTIÃO, DOM HENRRIQVE
E DOM PHELIPPE O PRIMEIRO : E ESTÁ SEPVLTADO
NESTA CAPELA, FÂLLEGEO NO ANNO DE i583
Havia casado com D. Ana de Ataíde, filha de D. António de Ataíde,
i.° conde da Castanheira, e da condessa D. Ana de Távora, e dela teve, entre
outros, a Manuel de Vasconcelos, sucessor na casa, como adiante veremos,
e a Luís Mendes de Vasconcelos.
É este a» bem conhecido autor do interessante livrinho (no tamanho, na
substância é grande) intitulado Do sitio de Lisboa. Dialogo (2), impresso
(i) Arquivo da Misericórdia de Évora, Livro dos de/untos de 1546 a i556, fl. 210 v.
(2) A. de Oliveira Marreca, num artigo do VI vol. do Panorama, referindo-se com muito
390 ' Brasões
pela primeira vez em 1608. Quatro anos depois deste livro imprimiu-se-
outro do mesmo autor, a Arte militar dividida em três partes» o qual foi
dedicado ao Marquês de Castelo Rodrigo, vice rei de Portugal. Luís Mendes
data o livro, em 20 de Abril de 1612, do Mascotte, que pelo frontispício se
sabe ser uma quinta do termo de Alenquer, na qual se declara fora o livro-
impresso por Vicente Alvares. Esta quinta ainda existe na freguesia de
Santo Estêvão daquela vila.
No Sitio de Lisboa, tratando da melhor maneira de fortificar a cidade
pela banda da terra, lembra o aproveitarem-se os rios de Sacavém e Alcân-
tara e, ligando-os por meio de um canal, fazer «a mais sigura fortificação
que pode ser, recolhendo dentro delia, não só a cidade, mas muitos lugares,
& fertilissimo terreno, cheo de Quintas, lardins, ortas, & deleitosas recrea-
ções» (i). Se o canal não está feito, estão contudo as fortificações, come-
çando no forte do Monte Sintra na foz do rio de Sacavém, e estendendo-se por
grande parte da cumiada dos montes por êle indicados. Não param as for-
tificações em Alcântara, chegam até Caxias, mas isso é devido à grande
extensão por a cidade tomada pelo rio abaixo, e ao, para Luís Mendes incal-
culável, alcance da artelharia moderna, o qual, segundo oiço, torna hoje esta
mesma linha ineficaz para a defesa da capital, perdendo-se . . . mas para que
vale pensar nisso.
Casou Luís Mendes de Vasconcelos com D. Beatriz Caldeira, que lhe levou
em dote uma capitania mor da índia. Era filha de Manuel Caldeira, tesou-
reiro mor dos almoxarifados do reino, negociante muito rico, que em i583
contratara com Felipe II mandar cada ano cinco naus à índia, recebendo
oitenta mil cruzados mortos, uma capitania mor da carreira da índia para
casamento de uma filha e outras vantagens (2). Instituiu um morgado do
qual fez cabeça umas grandes casas em Lisboa, à esquina da travessa da&
Gaivotas para a rua do Caldeira, a qual não sei se dele tomou o nome.
Do casamento de Luís Mendes de Vasconcelos e D. Beatriz Caldeira nas-
ceram, alem de filhas freiras, Francisco Luís de Vasconcelos, governador da
ilha Terceira, e Joane Mendes de Vasconcelos, valente soldado e hábil ca-
pitão. Distinguiu-se cm 1626 na restauração da Baía, onde depois influiu
para o reconhecimento de D. João IV, a quem veio servir no reino. Aqui,
sendo mestre de campo general, conquistou o lugar de Telena, em 1643, a
elogio a este livro diz, que se supõe serem os três interlocutores dele as seguintes pessoas :
o Politico, o i." Conde da Castanheira, avô do autor; o Philosopho, o bispo D, Jerónimo
Osório; e o Soldado, Martim Afonso de Sousa, governador da índia.
(i) Pág. 233 da I.» ed.
(2) Diogo do Couto, Década décima da Ásta, liv. 4.», cap. 5.
Vasconcelos Sgr
castelo de Codiceira, em 1646, e levou um socorro a Chaves, em 1649. "^^*
meado governador das armas do Alentejo recuperou o castelo de Mourão em
1657; não foi porem feliz no ano seguinte no sítio de Badajoz, o qual, ao
cabo de quatro meses de assédio, teve de levantar, em virtude de uma epi-
demia lhe começar a dizimar os soldados. Por este revés foi demitido, preso e
sujeito a conselho de guerra, tendo sido absolvido por unanimidade. Era a
terceira vez que tinha sido preso, tendo-o sido das outras por causa do seu
génio assomado e indisciplinado, voltando porém sempre ao serviço activo
em virtude da sua alta capacidade militar. Também foi escritor e poeta,
segundo afirma Barbosa Machado na Bibliotheca lusitana. Morreu pouco
depois do conselho de guerra, não dixando filhos, o que também já sucedera
a seu irmão.
Voltando atraz, ligarei em Manuel de Vasconcelos, o irmão primogénito
de Luís Mendes de Vasconcelos. Foi aquele o 6.° senhor do morgado do Es-
porão e da mais casa e, tendo apenas catorze anos, se os dizeres do seu epitáfio
são certos, passou a Africa com D. Sebastião e lá ficou prisioneiro na batalha
de Alcácerquibir, em 4 de Agosto de iDyS. Foi um dos oitenta fidalgos res-
gatados, regressando à pátria em fins do ano seguinte. Serviu de presidente
da Câmara Municipal de Lisboa de 1608 até 161 3, passando depois a exercer
o ofício de regedor das juátiças na Casa da Suplicação, o qual desempenhou
nos anos de 16 14 a i63o ou 3i. ¥o'\ então chamado para o conselho de Es-
tado em Madrid, onde morreu a 23 de Abril de 1637, com setenta e três
anos de idade, vindo para ser sepultado na sua capela da Sé de Évora, onde
lhe colocaram o seguinte epitáfio:
MANOEL DE VASCONCELLOS SOR. DO MORGADO DO ESPORÃO, DO
CONSELHO DO ESTADO, DEL REI D. PHILIPE 2.» E DO SVPREMO, QVE ASIS:
TE IVNTO A PESOA DE SVA MAG, PRESIDENTE DA GAMARA DA CIDADE
DE LX.* REGEDOR DA IVSTIÇA DA CASA DA SVPPLICAÇÃO, NESTE REIN.»
F." DE lOÃO MENDES DE VASCONCELLOS, E DE D. ANNA DE ATTAIDE F/ DOS
PRIMEIROS CONDES DA CASTANHEIRA. MANDOV RENOVAR, E ORN:
AR ESTA CAPELLA, NO ANO. DE 1620. NELLA ESTÃO SEPVLTADOS, D. LVIZA
DE VILHENA SVA 1/ MOLHER F.^ DE lOÃO NVNES DA CVNHA, E DE D. PHILIPA
DE MENDOÇA, QVE FALLECEO NO ANO. DE 1594 E D. ILLENA DE NORONHA SV:
A 2/ MOLHER, SRÃ. DO MORGADO DE PANCAS, F* DE lOÂO DA COSTA, E DE D.
TNES DE NORONHA, A QVAL FES MORGADO DE TODA SVA FAZENDA E O
ANEXOV AO. DO ESPORÃO, DEBAIXO DAS CLAVSVLAS CONDIÇÕES, DE
SVA INSTITVIÇÃO, CÕ ENCARGO DE DVAS MISSAS COTIDIANAS, E SE
HANDE DIZER NESTA CAPELLA, E HVA CANTADA, NO DIA DE SEV FALM.*
QVE FOI EN LX.* A 27 DE OITVBRO DE 1619.
Pouco depois da sua chegada a Madrid fizera-lhe Felipe ÍII, por carta de
392 Brasões
10 de Setembro de i632, mercê do título de conde de Figueiró, em três vidas,,
para seu filho Francisco de Vasconcelos (i). Havia Manuel de Vasconcelos
casado por duas vezes, deixando de sua primeira mulher, D. Luísa de Vilhena,
filha de João Nunes da Cunha e de D. Felipa de Mendoça, entre outros filhos,,
os três seguintes:
I.*' — Francisco de Vasconcelos, i." conde de Figueiró, 7.** senhor do mor-
gado do Esporão, mordomo da rainha D. Isabel de Bourbon, morreu em
Madrid no mês de Outubro de i653(2), sem deixar descendência. Havia
casado com D. Ana de Vasconcelos e Meneses, g.^ senhora de Figueiró e
Pedrógão, já lá acima mencionada.
2." — Fr. João de Vasconcelos nasceu em Lisboa em iSgo e professou em
1608 no convento de Almada da Ordem dos Pregadores, largando então o
nome de Álvaro, com que havia sido baptizado. «Na sua Ordem, como já
tive ocasião de dizer, foi mestre de teologia, prior do convento de Bemfica,
provincial e vigário das freiras do Sacramento. Foi também pregador dei
Rei, visitador da Inquisição de Coimbra, e reformador da sua Universidade
em 1645, contando-se que nesta ocasião entrara a pé na cidade. Regeitou o
bispado de Miranda e o arcebispado de Braga; foi do conselho geral do
Santo Oficio, na cadeira que a sua Ordem lá tinha de propriedade, desde 23
de Novembro de i632 até i de Fevereiro de i652, em que morreu. Foi varão
conspícuo e é tratado de venerável pelos escritores da Ordem e outros eclesiás-
ticos». A sua vida escreveu em castelhano o P.^ Fr. André Ferrer de Valde-
cebro e se imprimiu em Madrid, no ano de 1668 (3).
3." — D. Felipa de Mendoça, dama da rainha D. Margarida de Áustria,
casou, precedendo escritura esponsalícia de 16 de Fevereiro de 1604(4), com
D. Francisco Luís de Lancastre, 3.° comendador mor de Avis, que íicou em
Castela depois da Restauração e lá morreu em 1667, tendo' sua mulher fale-
cido em Lisboa no ano de i65i. Destes cônjuges foi filho e presumível
sucessor da casa D. Pedro de Lancastre, que morreu em vida de seu pai,
mas sucedeu a seu tio materno na casa e no condado, vindo a ser o 2.° conde
de Figueiró por carta de 19 de Maio de 1664 (5). Em seus descendentes os
Marqueses de Abrantes se continuou a casa do Esporão.
Desta casa dizem ter sido neto Joane Mendes de Vasconcelos, casado com
(i) Chancelaria de Felipe 77, liv. 23." de Doações^ fi. 394.
(2) Pegas, De excliisione. . . viaioratus, III, 235.
(3) Informação do P.e Sousa na Historia genealógica, XU, 74, mas não encontro a obra
mencionada por Nicolau António na Biblioíheca Hispana nova.
(4) P.e Sousa, Historia genealógica^ XI, 286.
(5) Chancelaria de D. João IV, liv. 2j.* de Doações, d. 2.
Vasconcelos
39S
Antónia de Barros de quem teve Felipe Mendes de Barros e Vasconcelos»
morto na batalha de Alcácerquibir, em 1578. Sua mãe era filha de André
de Barros, a quem me tornarei a referir, e por ela herdou o morgado da
quinta de Vai de Flores em Santa Iria da Azoia, no qual sucedeu a sua prima
com irmã D. Luisa de Barros, filha única^de Jorge de Barros, instituidor do
vínculo, e viúva de Jorge da Silva, 7.° senhor de Vagos.
Daquele morgado é cabeça a referida quinta, na qual se vê uma linda
casa quinhentista, ainda em regular estado de conservação externa. A frente
para a quinta apresenta em todo o comprimento uma varanda alpendrada,
por traz da qual se
vêem dois torreões
um pouco mais ele-
vados. São eles li-
gados por um pe-
queno corpo centra],
formando esta parte
a frente principal da
casa, muito menos
interessante.
Os torreões e
as paredes laterais,
que os unem à va-
randa, são ornados
de ameias em coruchéu, as quais dão a todo o pitoresco edificiosinho um ar
encantador de preciosidade de loja de antiguidades.
Ao morgado pertencia a capela da Soledade na igreja matriz do lugar,
no cruzeiro, da parte da epístola. No fecho do arco da capela vê-se um es-
cudo com as armas dos Barros: de vermelho, três bandas de prata, acompa-
nhadas de nove estrelas de cinco pontas de oiro, i, 3, 3 e 2. Dentro na
capela de cada lado, em arcos abertos na parede, vê-se uma sepultura. A
da banda do evangelho tem êsie letreiro:
AQVI . lAZ • lORGE • DE • BAROS • FIDALGO • DA • CAS
A . DELREI • DOM • lOHÕHO • III • DESTE • NOME . E
DONA . FILIPA • DE • MELO • SVA • MOLHER • FVMD
ADORES • E . DOTADORES • DESTA • CAPELA • N
O ANO . DE . i55a .
Sobre a tampa da sepultura, quási lisa, apenas emmoldurada com umas
estreitas faxas, está outro escudo dos Barros, o qual, como todos os mais da
capela, é polícromo. Na parede, logo acima da sepultura, vê-se ainda outro
5o
VOL. I
394 Brasões
escudo; este porem é partido de Barros e Meios. O primeiro é o das armas
de Jorge de Barros, o segundo das de D. Felipa de Melo.
Defronte deste túmulo na mesma capela, mas da banda da epístola, está
outro em tudo igual ao primeiro, até no escudo lavrado na tampa da caixa
que encerra os ossos, ha qual está gravada a inscrição seguinte:
AQVI . lAZ . AMDRE • DE • BAROS • FIDALGO -DA -CA
SA . DELREI . DÕ • AFOMSO • HO • QIMTO • E • SVA • MOL
HER. COMSTANCA • RÕIZ- DE- CAMPOS- E FR.=» • DE- BAROS "
SEV . F" . PAI • E . MAI • E • IRMÃO • DO • FVMDADOR • DES
TA . CAPELA .
O Jorge de Barros e sua mulher D. Felipa de Melo, fundadores da capela,
foram também os edificadores da apetitosa casa, ainda há menos de um ano
pertencente a seu representante, Pedro de Alcântara de Barros e Vasconcelos,
descendente de André de Barros pela sua referida filha Antónia de Barros.
Hoje (1899) caiu nas garras dos credores; espatifou-se tudo e a jóia quinhen-
tista foi passar às mãos dum negociante, que a mandou pintar de azul celeste !
Ficou a matar.
NOTAS
I
OS TÚMULOS DE S. FRANCISCO DE ÉVORA, pág. 847
Na igreja de S. Francisco de Évora existem dois sepulcros interessantes por mais de
um motivo e como já se chegou a afirmar, que num deles jazia o mestre D. Mem Rodrigues
de Vasconcelos (i), vou dizer o que sei dos fidalgos neles encerrados, tentando levantar o
véu que os encobre.
A esquerda, entrando na igreja, próximo da pia da água benta, no chão, está uma campa,
tendo esculpido um escudo de armas assente sobre uma espada posta em banda, da qual só
se vêem os copos e a ponta. Por baixo tem este letreiro em duas linhas de desigual tamanho :
S* : de mem~nv[ (?) de vasjconocelos. Esta leitura é conforme a um desenho que de lá me
mandaram, não que eu a visse; conforme porem a António Francisco Barata deverá ler-se
S" de vten roi^ de vasjcogocelos. A diferença entre as duas leituras pouco importa à minha
tese, pois que, mesmo sendo a exacta a do falecido investigador das antiguidades de Évora,
provarei não ser aquele Mem Rodrigues o Mestre da Ordem de Santiago.
A outra loisa sepulcral está muito mais acima, quási ao meio da igreja, junto à passa-
gem que a teia deixa para o cruzeiro. Nesta lápida também se vê um escudo, uma espada
e um letreiro; está tudo porem muito mais apagado, principalmente do lado esquerdo, e há
variedade na disposição do escudo e da espada. Esta, em vez de ter aquele sobreposto,
(I) António Francisco Barata, em vários opúsculos e ainda insistindo, depois do caso esclarecido por mina,
na sua Évora antiga, pág. 56.
Vasconcelos 3g5
ficou colocada ao seu lado, à direita do espectador, numa linha perpendicular, com os copos
para cima, e acompanhando o escudo em todo o seu comprimentjo. O letreiro diz: Sepult*
de ro (?) miif / • de \ vila \ lobos.
Os escudos em ambas as sepulturas são iguais nas peças componentes, somente na pri-
meira conserva-se o desenho menos consumido. São eles esquartelados: o I e IV tem um
lobo passante; o II e III é de escaques de três peças em faxa e cinco em pala, que fazem
quinze ao todo. Não são pois os escudos, nem das armas dos Vasconcelos, nem das dos
Vilalobos. As daqueles, já neste artigo descritas, são três faxas de veirado; as destes
também já descritas ficam na pág. 122 e são dois lobos passantes sotopostos.
Vamos ver se sou capaz de levantar uma pontinha do véu, como prometi.
Em Novembro de i382 era, com outro, juiz em Évora Martim Vicente, escolar (i); em
1384 ainda lá exercia o ofício e assinou a escritura de i5 de Fevereiro, pela qual o Concelho
da cidade de Évora, deferindo ao pedido do Mestre de Avis, defensor do reino, lhe outorgou
por um ano as sisas gerais para a guerra contra o usurpador (2). Continuou servindo a
D. João I, que numa carta de doação de 28 de agosto do ano seguinte lhe chama seu vas-
salo e corregedor nos reinos de Portugal e Algarve (3).
Outro Martim Vicente aparece pouco depois. Foi êle criado de pequeno pelo Conde
D. Pedro de Meneses (4), com êle passou para Castela, com êle voltou para Portugal e foi
servir em Ceuta, onde, em 14 17 e 1419, era contador por el Rei (5). Foi aí, nas proximi-
dades desta cidade, que êle praticou um feito, não narrado na citada Crónica, mas do qual
encontro a memória num documento revelado por autores dignos de fé (6).
Durante o cerco daquela praça, no último dos anos referidos, fez um dia o capitão, o
Conde D. Pedro de Meneses, uma sortida sobre os sitiantes. Nela, como usava, não poupou
a sua pessoa (7) e, caíndo-lhe o cavalo, tinham-no os Moiros já tirado da sela e cativo, quando
chegou Martim Vicente. Com denodo atirou-se êle à chusma, ferindo e talhando, a torto e a
direito, aproximou-se do capitão e ajudou-.o de novo a cavalgar. Então os dois, um a pé,
outro montado, fizeram frente ao inimigo, até que, sobrechegando mais dos nossos, se pu-
deram recolher à cidade. Não o fizeram contudo ambos incólumes, porque o valente con-
tador apanhou duas lançadas pelas pernas (8).
Quis o Conde galardoar este feito por forma a dele permanecer a memória, e tornar
bem patente a sua gratidão. Ao salvador da sua vida abriu a sua família. Desejou dar-lhe
(1) Gabriel Pereira, Documentos de Évora, II, pág. i53, n." 128.
(2) Fr. Manuel dos Santos, Monarquia lusitana. VIU, pág. 52i. — Esta escritura vem impressa por inteiro,
«ob n." 5i, a pág. 78 do vol. I dos cit. Documentos de Évora.
(3) Chancelaria de D. João 1, liv. i.", fl. 83.
(4) Azurara, Chronica do Conde D, Pedro, pág. 52o.
(5) Ibidem, págs. 338 e 444.
(6) Francisco Soares Toscano, Parallelos de príncipes e varÓes illustres, cap. 79; Nobiliário, coordenado por
Jorge Salter de Mendonça, vol. XXI, fi. 196 v., no titulo dos Sandes, em parte da letra de D. Afonso Manuel de Me-
neses, em parte doutra minha desconhecida.
17) O Conde já se exposera muito doutra vez, em 4 de Abril de 1416, e dessa vez fora ferido e o seu cavalo
morto. — Azurara, Chronica cit., cap. 28.
(8) Toscano, nos Parallelos, loc. cit., conta o facto pela maneira por que o narrei, coloca-o porém anos antes,
na ocasião referida na precedente nota. A Chronica de Azurara, ao tempo de Toscano ainda não impressa, diz que
daquela primeira vez o Conde foi ferido, e esteve uns dias doente de seus ferimentos, ao passo que da vez em que
Martim Vieente lhe acudiu, foi só este, que ficou ferido, segundo contam, E verdade que a Chronica não especifica
mais ocasião nenhuma, em que o Conde tivesse corrido perigo, mas também é verdade, que ela confessa ter o capitão
continuado a expôr-se. Além disso nào se percebia bem, se o facto se tivesse passado em 4 de Abril de 1416, por que
motivo o Conde havia de demorar o galardão até 18 de Setembro de 1419, data da carta, a que já me vou referir no
texto.
396
Brasões
para apelido um dos da sua linhagem, e que daí por diante se ficasse chamando de Vilalobos,
e deu-lhe por armas dois lobos de oiro passantes, em campo de vermelho, em dois quartéis,
e nos outros dois quinze escaques, oito de oiro e sete de azul, em cada um. Os lobos pelos
Vilalobos de sua avó a condessa de Ourem D. Guiomar; os escaques pelos Portocarreiros
de sua mãe a condessa de Viana D. Maior. Martim Vicente aceitou, com a condição porem
de poder juntar àquelas armas as suas próprias, as dos Vasconcelos, família a que pertencia.
De tudo se lavrou uma carta assinada pelo Conde em Ceuta a 18 de Setembro de 1419;
carta em que ele manda, sob pena de sua maldição, a seus descendentes, que tratem ao agra-
ciado por parente, o ajudem, e lhe não ponham impedimento no uso das referidas armas (i).
Não sei da existência desta carta, dirão ; são só os Parallelos e o Nobiliário, que contam
o íacto, insistirão; pode mesmo o documento ser falso, e Toscano não ter dado por isso,
notarão. E eu responderei: É verdade; mas tenho ali, na pedra daquelas sepulturas, a con-
firmação de tudo. Nelas estão enterrados dois fidalgos, um Vasconcelos, e um Vilalobos;
ambos têem o mesmo escudo de armas, que não é, nem das dos Vasconcelos, nem das dos
Vilalobos; escudo em tudo igual ao dado pelo Conde D. Pedro a Martim Vicente; escudo
que os autores referidos não viram nas lápidas, porque se o conhecessem o declarariam, e
então poder-se-hia desconfiar de haver a história sido inventada après coup; mas assim não
se pode, e para ser só coincidência é demasiado perfeita.
Há ainda mais três pontos para confirmar o que avanço; o apelido de Vasconcelos, numa
das sepulturas em São Francisco; o patronímico Martins, duvidoso nessa mesma, claro na
outra; e a espada em ambas. O apelido de Vasconcelos prova o apego de Martim Vicente
à sua fcimilia e mostra que, se não juntaram as armas antigas às novas, contudo não lar-
garam logo o nome. O patronímico Martins pode-me revelar, ainda que naquelle tempo os
patronímicos já não fossem rigorosamente observados, que ali jaz um filho do valoroso con-
tador de Ceuta. A espada, aquela insígnia insistentemente repetida, ainda que em posição
diversa, nas duas campas, para que serve ? — Serve para perpetuar a memória do feito com
que as armas foram ganhadas. E a espada do valente soldado, que salvou a vida do seu
capitão. Não é nenhuma insígnia de cavalaria, não ; é isto, e mais nada. Que insígnia de
cavalaria pode significar uma espada lançada ao lado de um escudo? Quem souber mais
heráldica do que eu, o que não é difícil, que o diga. Eu não sei.
Todas as referidas conjecturas caem por terra, porque Martim Vicente já muito antes
dejr para Ceuta, em 1384, se chamava de Vilalobos, e portanto a carta de 1419, que lhe dá
este apelido, é mais uma das muitas petas dos Nobiliários, me poderá objectar, quem tiver
lido Fernão Lopes (2). Eu porém, pedindo vénia, lhe direi: Não, senhor, o Martim Vicente
de Vilalobos, um dos «que ajudarom o Meestre a defifemder o rreino», e que lhe foram beijar
a mão em 6 de Outubro de i384, seria muito embora o Martim Vicente juiz em Évora nesse
mesmo ano, como acima vimos, mas não podia ser o Martim Vicente, posteriormente con-
tador em Ceuta, nesse tempo vivendo em Castela com D. Pedro de Meneses, futuro capitão
daquela praça e então adversário do Mestre de Avis.
Vejamos porém o mais que tenho apurado acerca de Martim Vicente.
Em 1426 já não era, segundo creio, contador de Ceuta, porquanto nesse tempo men-
(i) Parallelos e Nobiliário, cits. No primeiro declara Toscano, que « carta «está hoje (1621) em Estrtmoz
em poder de seus descendentes (de Martim Vicente), d'onde cu copiei esta Historia pêra lionra dos Vasconcellos,
e''Sandes de Vilalobos, que deste notável Cavalleiro procedem». Para a descrição das Armas sigo o Nobiliário, que
a faz por forma inteligível, e como de quem sabe do oficio; ao passo que Toscano, querendo fazer estilo, não é claro.
(2_> C/ironica de D. João I, p. 1, cap. 139, pág. 3oi da ed. do Archivo histobico portuguez.
Vasconcelos 3gj
•ciona Azurara a «Gomes Martins Contador», provavelmente o mesmo a quem anteriormente
chamava apenas Gomes Martins, declarando-o escudeiro (i). Por isto suponho não denotar
a palavra contador apelido, mas sim ofício. Em todos os casos, em i435, estava Martim
Vicente no reino, exercendo o ofício de veador das terras do Conde de Viana, almirante, o
seu constante protector D. Pedro de Meneses, e em nome dele impetrava dei Rei uma carta
de privilégios, dada em Alenquer a 7 de Julho, para o meirinho do Almirante e um seu
homem poderem trazer armas (2).
Fez Martim Vicente o seu testamento em Évora a 21, ou 3i, de Julho de 1448(3). Por
este documento instituiu uma capela na igreja do convento de S. Francisco daquela cidade
e mandou lançar o seu corpo na mesma igreja, onde estavam sepultados seus pais. Vinculou
à capela a sua terça, deixando o usufruto a sua mulher Constança Anes; anexou ao vínculo
a herdade da Fonteboa e um foro nas vinhas de Valbom ; e arbitrou aos frades anualmente
um moio de trigo e duzentos reais em dinheiro. No testamento nomeia cinco filhos; Bea-
triz Martins, Lopo Martins, Inês Martins, Martim Vicente e Júlia Martins.
Doutro documento consta que a administração da tal capela, ou morgado, da Fonteboa,
o qual depois se chamou dos Botaréus, foi possuído por morte de Martim Vicente por seu
filho Lopo Martins de Vilalobos, a quem se seguiu seu filho Rui Martins de Vilalobos (4).
Este, intitulando-se cavaleiro, foi provedor e administrador do hospital de Jerusalém em
JÉvora, no reinado de D. Afonso V, em data não precisada, e o tornou a ser em 1490(5). A
um descendente de sua filha Beatriz de Vilalobos e de seu marido Lopo Pires de Évora, João
de Sampaio Cogominho de Vasconcelos, foi, por sentença da Relação de 29 de Abril de 1724,
julgado pertencer o referido morgado da Fonteboa, ou dos Botaréus, por ser descendente
legítimo do instituidor por linha feminina, extinta a masculina. Este João de Sampaio era
em 1731 morador em Viana do Alentejo e pai de António de Sampaio Cogominho de Vas-
concelos, seu sucessor, que servia em ofícios de justiça (6).
Num Nobiliário, mas eu tenho muito medo deles, transcreve-se um epitáfio que se diz ter
existido numa campa da referida igreja de S. Francisco, onde hoje se não encontrará, creio,
o qual dizia : Sepultura do mjo Nobre Cav.o Martim Vicente de VasJo^ Juis que foi desta
Cidade f. o de Vasco Mí^ Zote e de D. M.^ Mendes de Vasconcellos sua 77tulher descendente
por seu padre de D. Arnaldo de Baiam e por sua madre delrei D. Ramiro de Leão. faleceo
ano de 1410 (7).
Parece-me muita fidalguia junta para um modesto juiz e cidadão de Évora, vindo a ser
este Martim Vicente provavelmente o que era juiz naquela cidade nos anos de i382 e se-
guintes, não sabendo eu explicar o motivo por que aparece aqui com o apelido de Vascon-
celos, a não ser por a abreviatura lá gravada não ser entendida por quem trasladou o epi-
táfio.
Diz mais o citado Nobiliário que no meio da campa estava ainda este outro letreiro:
E de seu filho Martim Vicente de VasJos e de sua m.^r Constança Anes que fe^ CapA de
(i) Azurara, Chronica do Conde D. Pedro, págs. 545 e 282.
(2) Chancelaria de D. Duarte, liv. 3.", fl. 88.— Neste livro, na fl. 41, está uma carta de isenção de aposentadoria,
dada em Évora a 24 de Fevereiro do mesmo ano de I435, a favor de um Martim Vicente lá morador e outorgada a pe-
dido de Nuno Fernandes, estribeiro que fora da Duquesa de Borgonha, irmã dcl Rei. Creio ser este Martim Vicente
diverso do antigo contador de Ceuta.
(3) Torre do Tombo, Capelas da Coroa, liv. 4.", fl. 44, e liv. 7.», fl. 2oç, com a indicada variedade na data.
(4) Sentença de 29 de Abril de 1724 transcrita no liv. 7.* das Capeias da Coroa, fl. 211.
(5) Gabriel Pereira, Documentos de Évora, 1, 107.
(6) José Soares da Silva, Memorias de D. João 1, tom. li, pág. 812.
(7) António Peixoto de Queirós e Vasconcelos, ^oW//<jr/o das famílias de Portugal, tom. I, fl. 24, na Torre
-do Tombo, tendo na lombada a designação de vol. 2Õ.
398
Brasões
Fonteboa para sua ni.^r e cinco filhos, faleceo em i44g. Os dizeres deste estão todos confir-
mados pelos documentos meus conhecidos, salvo o apelido de Vasconcelos atribuído a Mar-
tim Vicente, que de nenhum usou.
Vivia então em Évora um Martim Vicente de Vilalobos, cavaleiro e lá juiz, o qual nesta
qualidade assinou, com outros da vereação, em 21 de Março do ano seguinte, uma escritura
de composição com Martim de Oliveira relativa às excessivas e vexatórias penas impostas
aos transgressores, na carta de encoutamento da sua quinta da Oliveira, no termo da ci-
dade (i). Martim Vicente de Vilalobos deverá ser o Martim Vicente nomeado em 1448 no
testamento do antigo Contador de Ceuta, entre os seus filhos; deverá mais ser o mesmo
que em 19 de Janeiro de 1452 foi nomeado juiz de Moura, transferido a 4 de Maio do ano
seguinte para Serpa, e promovido a corregedor da comarca de Entre Tejo e Odiana, por
carta de 4 de Setembro do mesmo ano, e finalmente transferido, por carta de 2 de Fevereiro
de 1456, para a comarca e correição da Beira (2). É possível ser ele ainda o mesmo que,
apenas com a designação de morador em Évora, é mencionado no auto de 12 de Novembro
de 1475, de publicação da carta de 20 do mês precedente pela qual o Conde de Faro havia
sido nomeado adiantado na comarca de Entre Tejo e Odiana (3).
Na Chronica do Conde D. Pedro nomeia Azurara a Nuno Martins de Vilalobos, escudeiro,,
filho de um criado do Conde D. Pedro e criado ele próprio do Conde D.Duarte de Meneses.
Este escudeiro, valente e dedicado, deu a vida pelo amo em 1464 na serra de Benacofú;
apesar porem da sua nobre dedicação, apenas conseguiu preceder poucas horas na morte ao
Conde. Tinha este tomado o comando das poucas tropas que D. Afonso V lhe deixara, para
com elas ir cobrindo a sua retirada, quando lhe mataram o cavalo. Nuno Martins, que ia
ao seu lado, apeia-se logo, dá o seu cavalo ao Conde, e, ficando a pé, acto contínuo é truci-
dado pelos Moiros (4). Este valoroso escudeiro, que, a troco da sua, pretendeu salvar a
vida do Conde D. Duarte, não pode ser filho de Martim Vicente, que já com grave risco de
sua pessoa salvara a vida ao pai do mesmo D. Diiarte; mas não pode ser, por não se encontrar
nomeado entre os filhos de Martim Vicente, no seu testamento de Julho de 1448. Seria
porem seu parente, vindo demonstrar seu nobre feito ser tradicional na família a dedicação-
pelos seus senhores.
Voltemos aos sepultados em S. Francisco de Évora. Um deles, Rodrigo, ou Rui Martins
de Vilalobos, é o neto de Martim Vicente, sucessor no seu morgado da Fonteboa ; o outro,,
quer se chamasse Mem Martins de Vasconcelos, quer se chamasse Mem Rodrigues de Vas-
concelos, foi seu parente, sem dúvida, o seu brasão o atesta, mas não posso identificá-lo.
Posso contudo afirmar que, mesmo sendo Mem Rodrigues de Vasconcelos o nome gra-
vado na campa, o cavaleiro lá sepultado não é o que foi Mestre da Ordem de Santiago e
Capitão da Ala dos Namorados. Não pode ser este, e nem até pode ser seu filho do mesma
nome, legitimado por carta de 5 de Maio de 1408, já citada. Não pode ter sido nenhum
deles, porque a isso absolutamente se opõe o escudo das suas armas, esculpido na campa.
É este caso notável por ser um dos poucos em que a Heráldica ministra à História uma prova
irrefragável.
Pode ser porem aquele Mem Rodrigues de Vasconcelos, cavaleiro dei Rei, a quem, a
(1) Confirmada por carta régia de 12 de Janeiro de 1452, transcrita noutra de 26 de Junho de 1482 de confir-
mação, dada a Joane Mendes de Oliveira, filho de Martim de Oliveira. — Chancelaria de D. João II, liv. 6.°, fl. ic8 v.
(2) Chancelaria de D. Afo7iso V, livs. 37.°, fl. i5 v.; 3.", fl. 58 v.; 4.°, fl. 42 v.; e iS.», fl. 117 v.
(3( Gabriel Pereira, Documentos de Évora, II, pág. 129, n." 66.
(4) Azurara, Chronica do Conde D. Duarte de Meneses, pág. 367. .
Vasconcelos 399
pedido de D. Pedro de Meneses, 3." conde de Vila Rial e capitão de Ceuta, foi concedida por
•carta régia de i5 de Fevereiro de 1464, a sucessão na terra e pomar do Cabedal, termo de
Elvas, para o caso de sobreviver a sua mulher Isabel Fernandes (i). Este Mem Rodrigues
não é, apesar dos nobiliários o afirmarem, o bastardo do Mestre; não só porque o foro de
cavaleiro dei Rei era muito subalterno para o filho de um tam grande senhor; mas sobre-
tudo, porque, tendo ele sido legitimado em 1408, devia ser já velho de mais em 1464 para
nutrir esperanças de sobreviver à mulher. Pode porem perfeitamente ter ele sido o que
está sepultado em S. Francisco de Évora, o qual, pelas armas se vê, foi parente muito pró-
ximo do outro lá enterrado, Rodrigo ou Rui Martins de Vilalobos, neto, como ficou provado,
de Martim Vicente e senhor do morgado por este instituído, de cujas armas ambos usaram,
as mesmas que lhe foram dadas por D. Pedro de Meneses, i.° conde de Vila Rial e capitão
de Ceuta, avô do 3." Conde da mesm vila e capitão da dita cidade, a cujo pedido se fez a
referida mercê. Martim Vicente foi criado e veador das terras do i.° Conde que lhe deveu
a vida e muito o protegeu; Mem Rodrigues foi favorecido pelo 3.° Conde, que mantinha a
gratidão pelos serviços prestados.
Nada há melhor, para andar descalço, do que esperar pelos sapatos de defunto. Não
foi contudo bem isto o sucedido a Mem Rodrigues, porque êle, provavelmente calçado, baixou
à campa antes da mulher. Era esta já viúva em primeiras núpcias de João Rodrigues Pes-
sanha, morador em Elvas, e nesta vila fez ela doação a seu filho Manuel Pessanha, cavaleiro
<la casa dei Rei, do tal pomar e herdade do Cabedal, por escritura de 18 de Janeiro de 1472,
confirmada cinco dias depois, a 23, por D. Afonso V em Sintra (2).
.Isabel Fernandes, a viúva de Mem Rodrigues de Vasconcelos, era neta de Gil Fer-
nandes (3), que os nobiliários erradamente supõem ser o Gil Fernandes de Elvas, «um dos
bons servidores que o Mestre em esta terra tem». Não era : e para o sabermos basta ler a
carta de doação da já por vezes nomeada herdade do Cabedal. Diz o diploma : «Gil Fer-
nandes, de Campo Maior, cavaleiro, nosso vassalo. .. porquanto é homem que nos há bem
servido nas guerras passadas e recebeu a ordem da cavalaria em nosso serviço, quando fomos
contra os inimigos na tomada de Ceuta», etc. (4). Foi este Gil Fernandes também um va-
lente, mas os factos dele ser de Campo Maior e de só ter sido armado cavaleiro na tomada
de Ceuta, excluem a possibilidade dele haver sido o valente filho e capitão de Elvas, cujos
feitos, não só em i384 e i385, mas já antes, em 1369, os nossos grandes cronista e épico re-
lataram e cantaram (5).
Levantei uma pontinha do véu; quem mais souber, corra-o de todo.
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 8.", fl. 184 v.
(2) Liv. 6." de Odiatia, fl. 46.
(3) Os nobiliários dizem ter ela sido filha de Gil Fernandes, mas enganam-se. Consta da carta precedente-
mente citada, a qual declara possuir Isabel Fernandes a tal herdade do Cabedal por mercê que dela havia sido feita
a seu avô, por sua morte a seu pai, e em vida deste a ela. Da mercê ao avô, Gil Fernandes, existo o registo,
(4) Carta dada em Almeirim a 8 de Fevereiro de 1425, pela qual é confirmada a herdade do Cabedal em termo
de Elvas a Gil Fernandes e sua mulher Caterina Gil, em suas vidas. A herdade fora doada de juro e herdade por
D. Fernando a Fernão Godins, que a deixou a sua viúva Teresa Fernandes e esta a doou à referida Caterina Gil,
«ua sobrinha, filha de seu irmáo, — Chancelaria de D. João I, liv. 4.', fl. 91.
(5) Fernão Lopes, Crónica de D. Fernando, cap. 37; Crónica de D. João /, p. I, cáp. 107; Luís de Cam6es,
Lusíadas, cant. 8.°, est. 34.
400 Brasões
II
POVOAÇÃO DA BEIRA, pág. 362
Em i527, estando D. João III em Coimbra, mandou expedir, a 17 de Julho, provisões
dirigidas aos corregedores das seis comarcas do reino, ordenando-lhes que mandassem pro-
ceder por um dos seus escrivães ao arrolamento dos moradores existentes na área da sua
correição.
Em virtude das determinações régias procedeu-se ao recenseamento da população, orga-
nizando-se livros especiais, nos quais se iam lançando os resultados obtidos, tendo-se em
algumas comarcas dividido o censo por dois cadernos, em resultado das condições diversas
em que elas se mantinham. Elaboraram-se pois os cadernos seguintes : Povoação de Entre
Doiro e Minho, Povoação de Entre Tejo e Odiana, primeira parte. Terras da Coroa e do
Ducado de Bragança, Povoação da Estremadura, menos Lisboa, todos estes no próprio
ano de 027; Povoação de Trás os Montes, em i53o. Povoação de Entre Tejo e Odiana,
segunda parte, Terras das Ordens, em i532, todos estes existentes na Torre do Tombo e
impressos no Archivo histórico portuguez, vols. Ill, pág. 241, IV, págs. gS e 33o, VI, pág. 241,
e VII, pág. 241. Alem destes cadernos fizeram-se mais os seguintes recenseamentos: o da
Povoação de Lisboa, organizado por Henrique da Mota, escrivão da Câmara Rial e poeta
do Cancioneiro ; Povoação do Algarve e Povoação da Beira. Do primeiro destes últimos
três cadernos não há mais notícia, alem da lançada no caderno da Povoação da Estrema-
dura (i); dos outros dois consta que já em 1814 não existiam na Torre do Tombo, encon-
trando-se o da Beira na biblioteca do Museu Britânico de Londres (2).
Aí, em Novembro de 1918, o examinei e comecei a copiar, não tendo podido concluir
a cópia por haver adoecido; ainda assim mais de metade ficou transcrito. Aproveitarei a
ocasião para dele dar uma descrição afim das minhas investigações não resultarem absolu-
tamente improfícuas.
O códice n.° 20.959 dos Additional Manuscripts da biblioteca do Museu Britânico, consta
de várias espécies, lendo-se na primeira folha, por baixo da marca : Purchased at Ld Stuart
de Rothesay's Sale, June i855. Lot 2g34 (3).
Seguem-se muitas folhas de papel moderno, todas em branco, começando depois uma
marcação a lápis e na pág. i está escrito:
«Ex."'" S.r C. Stuard. '
«Cadastro a que se procedeo antes de i535 = contendo, alem do numero dos Fogos, as
confrontaçoens dos Districtos. Província do Alentejo Está sem falta».
A fl. 2 consta da seguinte carta:
«Sr. JoaÕ Bell
«Vaõ separados, e metidos a ordem os Cadernos. Merece o trabalho toda a diligencia
por descobrir os Cadernos q. faltaõ da Província da Beira; pois o Alentejo está completo
^ .SC. Sab»
«em 22 de Jan.ro de 18 14 Todo seu
Sobrescrito: ♦Sr Joaõ Bell» João Pedro»
(1) AnCHIVO HISTÓRICO PORTUGUEZ, VI, 24I.
(2) Ibidem, III, 2^3.
(3) Lord Stuart de Rothesay era Carlos Slaart, ministro inglês em Lisboa e membro do governo do rein»
durante a guerra Peninsular, criado conde de Maihico e marquês de Angra por D. Pedro IV.
Vasconcelos 401
A seguir transcreve-se, na fl. 3 e de letra do século xix, a carta régia de 17 de Julho de
i527 impressa no Archivo histórico portuguez, vol. III, pág. 243.
Na folha 4, muito provavelmente da letra do João Pedro da precedente carta, encontra-se
escrito o seguinte resumo :
Entre Douro e Minho
Cazaes 55!ll>ogg) _ , i- .
TT 1. • j o o ííoui. \ Torre do Tombo
Homens solteiros de 18 a do. annos 38íi!í»ooo\
Alem. Tejo
Cidades e Villas ii6\
Cazaes 48^304!
Beira Baixa ) Sr. Stuart
Concelhos 2561
Cazaes. 66.^^804/
Na fl. 5 : _ . _
Prouincia de '
Trás dos Montes
Viuvas 5:376 \
Solteiras 2:104 f -r- 1 t i.
,,, . , ^ } Torre do Tombo
Clérigos seculares 014 (
Total dos Casaes 35:8i6)
Estremadura
Cidade de Lisboa i3:oio Casaes
Terrtio da mesma 4:024)
Total da comarca fora de Lx.« e termo 48:144 ^^'^^ "•" ^^° ^^^"H°^ ^^°
Alhandra ^j Cavalr.»' e Escudr.<" 1:200
55:412 Torre do Tombo
Do Algarve naõ apparèce».
Na fl. 6 a lápis e pág. i da marcação mais antiga, talvez contemporânea:
«Comto do numero da gemte que ellRey noso sór mamdou que se contase na comarqua
Damtre tejo e odiana //».
É cópia do caderno transcrito a págs...93 e segs. do tom. IV do Archivo histórico por-
tuguez. Segue até fl. 5o e pág. 89, onde termina o censo da «Vila das meadas» (pág. io3
do Archivo). Continua na fl. 5i, pág. 91, com as «Terras do duque de bragança desta co-
marqua per numero que eile mamdou fazer //» {Ibidem^ pág. io3).
Na fl. 63, pág. 1 15, começa o segundo caderno pelas palavras: «Numero dos moradores
e confrontacois dos termos», como no Archivo histórico portuguez se encontra transcrito
no vol. IV de págs. 33o a 362, terminando no códice do Museu Britânico na fl. i38, pág. 269
com estas palavras : «Este he o derradeyro llogar da Raya damtre tejo e odyana começado
de mertolla», as últimas do Archivo.
Na fl. 139, pág. 271 vem um resumo que se não encontra no caderno guardado na Torre
do Tombo e por isso o transcreverei aqui :
«Ha amtre tejo E odyana cidades iij
vylas delrey e dalgus snõres que nã vã aquy abayxo xl
ha mays do mestrado de samtiago emtrãdo setuuel e odemyra vylas. . . xxxj
ha mays do mestrado dauys vylas xiiij
VOL. I 5i
402 Brasões
do pryolado do crato com almada. vylas bj
do mestrado de xpos com outras q atras, se decrara. vylas x
do duque de bragança vylas xij
São as cidades e vylas cemto e dezaseys Cxbj
Ha moradores nas çydades e vylas delRey e dalgus snores q nam vão abayxo
scriptOs xxb.Cxxx[b]
no mestrado de sãtiago com setuuel x.iiij'xlb
no mestrado davys uj.ix^Lx
no pryolado do crato j.bj'Lii[iJl
no mestrado de xpos ., f.ij'=Lxx[xij]
nas vylas do duq de bragamca bj.iij''xx[ix]
Soma em todos os vizinhos damtretejo e odyana como vayj j, ... j. ...^....,
nestes Jtês a cima coremta e oyto myl oyto çemtos e quatro) ' )'i ) )l
A parte inferior desta folha está deteriorada na margem, pelo que tive de acrescentar
entre parêntesis quadrados as letras apagadas. Finalmente, na folha 142 encontra-se este
título de letra do século xix:
«Provinda da Beira
«Faltaõ-lhe as primeiras 60. paginas».
Na folha 143 a lápis, e pág. 61 a tinta, começa:
«T" da cidade da goarda
«Jt na cidade da goarda. e seu termo te moradores T] iij'xxj» e continua até o final do
códice, tendo a minha cópia chegado à pág. 287 a lápis «Comçelho de Garapito».
Foi pois neste livro que eu encontrei a soma dos moradores do concelho de Aregos, ao
tempo pertencente a D. João de Vasconcelos e Meneses, 2." conde de Penela.
XII
MELOS
Brasões da Sala de Sintra, VoI. 1.
De vermelho, seis besantes de prata entre uma dobre cruz e bordadura
de oiro. Timbre: águia de negro, armada e membrada de vermelho, e car-
regada de seis besantes de prata sobre o peito.
Assim se encontram estas armas no JLivro do Amieiro mor, fl. 53 v., no
Livro da Torre do Tombo, fl. lo v., no Thesouro da nobre\a de Francisco
Coelho, fl. 28, no Thesouro da nobreza de Fr. Manuel de Santo António,
m-3?, etc.
Notam-se neles algumas diferenças no timbre, insignificantes porem.
I
CONQUISTA DO ALGARVE
Na primavera de 122G os tutores do moço rei D. Sancho II, querendo dar
exercício proveitoso ao ardor dos nobres, e distrai-los da inglória luta de
ambições locais, aproveitando o seu esforço em empresa vantajosa para o
reino, organizaram uma expedição contra os Sarracenos do Alfaghar.
Foi curta a campanha e, se pelo lado de acrescentamento de território,
inútil, não deixou contudo de ser gloriosa pela tomada de Elvas, que depois
de saqueada se abandonou. Gloriosa para as armas portuguesas e para
el Rei de Portugal, que no denodo e valentia com que acometeu as muralhas
com risco da própria vida, mostrou reviver nele o glorioso esforço de seu
bisavô, o primeiro Afonso.
Contente com a sua estreia, logo em 1229, já livre da tutela do arcebispo
de Braga Estêvão Soares, falecido meado o ano anterior, recomeçou D. San-
cho II, que, com os seus dezanove para vinte anos de idade se firmava já
HO governo, a aperceber-se para nova invasão.
A ocasião era azada. O império almohade, acometido pelos Castelhanos
40 6 Brasões
e Lioneses, dilacerava-se na guerra civil e pouca resistência poderia opor.
Efectivamente os castelos de Elvas e Juromenha, abriram as suas portas a el
Rei de Portugal, e foram sem derramamento de sangue por êle ocupados,
tendo os Moiros fugido espavoridos.
A morte dei Rei de Lião, e o litígio suscitado pela sucessão da coroa no
qual D. Sancho II se ia achando envolvido, atalharam por então as suas con-
quistas. Firmadas porem as pazes no Sabugal em fins de 1280, ou princípios
de I23i, entre D. Sancho e o seu poderoso visinho D. Fernando III, que aca-
bava de reunir à sua coroa de Castela a de Lião, pôde o monarca português
dirigir novamente as vistas para os estados mussulmanos.
Para assegurar a conquista já feita, e preparar a nova, doara D. Sancho II
em 1232, com política idea, grandes tratos de terreno no Alentejo às Ordens
do Templo e do Hospital, que neles edificaram os castelos de Vide e do
Crato, importantes atalaias e fortes pontos de apoio. Ainda nesse mesmo
ano transpôs o exército português o Guadiana, abrindo as suas portas, ante
as armas vitoriosas do filho de Afonso II, as povoações de Moura e Serpa,
cuja guarda foi entregue aos Hospitalários.
Ferviam porem já os enredos; e as complicadas demandas de D.Sancho II
com o clero obrigaram-no a voltar à capital, e a permanecer inactivo nos
anos seguintes. Mas não lhe saía da mente a guerra, tam amada por êle,
ou por nela encontrar pasto para o seu ardor belicoso, ou por durante ela se
libertar dos bandos e cabalas, que intrigavam na corte.
De longe, com amoroso olhar, seguia o Capelo a gloriosa luta travada
entre os Freires do Hosphal e os Sarracenos; e, não podendo já sofrear o
ânimo, apercebe-se novamente em 1284 para a conquista.- Não carecia para
ela o monarca tanto de homens de armas e peões, como da tranquilidade
interna; pois que, ao patentearem-se as suas brilhantes qualidades de guer-
reiro, reanimara-se o espírito ardido dos Portugueses, que viram emfim em
D. Sancho II um rei capaz de os guiar nos combates.
Contudo para lhes avivar a f é e exaltar o valor, e sobretudo para aquietar
as exigências do clero, impetrou el Rei uma bula, proclamando a cruzada em
Portugal. Pela concessão das indulgências obtinha o monarca a adesão de
maior número de sequazes, e mostrava aos dissidentes, que o Papa, seu chefe,
o apoiava e auxiliava, quanto em si cabia.
Postas em fim em ordem estas coisas, avançou a expedição, seguindo o
exército pelo sul de Alcácer, onde se lhe juntaram os Spatários, e foi o prémio
da breve campanha a redução de Aljustrel.
No ano de i238 e seguintes novas invasões e novas conquistas, cabendo
então a vez a Mértola, Alfajar de Pena, Aiamonte, Tavira, e Cacela de verem
alçados sobre as suas torres os estandartes da cruz. Chegara D. Sancho II
Meios
407
com as suas armas vitoriosas até ao mar, e conseguira com estas últimas con-
quistas separar a parte mais populosa e rica da província de Alfaghar, e a
Silves sua capital, do resto dos estados mussulmanos do Andalús. Era pois
natural, que a atenção e os esforços dei Rei convergissem para se assenhorear
do restante território. Efectivamente, em fins de 1240, dispunha-se ele para
a empresa, e em Fevereiro do ano seguinte obtinha de Gregório IX uma
nova bula de indulgências, para os que o seguissem na guerra contra os infiéis.
Foram porem inúteis os esforços. A expedição não se realizou, e D. Sancho II
em breve viu no reino ateada descomunal guerra civil, que, depois de se degla-
diar entre os nobres, se virou contra o próprio Rei desde a sua deposição
pelo Papa, e desde o desembarque de seu irmão, o Conde de Bolonha, em
Lisboa, nos princípios do ano de 1246. Nesta luta fratricida e fanática ve o
infeliz Capelo, roubarem-lhe a mulher, a coroa, a pátria e, se escapou da
morte ou pelo menos da prisão, deveu-o a ter-se exilado para Toledo, onde
morreu de dor e de saudade em Janeiro de 1248.
Sabida esta notícia em Lisboa, onde se achava o Conde de Bolonha, tomou
este imediatamente o título de rei até então substituído pelo de curador, visi-
tador e defensor do reino. D. Afonso III tinha já anteriormente manifestado
ardente zelo pelo desenvolvimento do cristianismo, e comprometera-se a com-
bater o islamismo a todo o transe. Vê-se pois, ainda mal seguro no trono,
obrigado a empreender a conquista daquele resto da antiga província mussul-
mana de Alfaghar, que seu irmão não chegara a reduzir.
Reunidos os homens de armas, convocados os concelhos a tomar parte na
expedição, e unidas as forças das Ordens militares ao exército rial, pÕe-se
este em marcha no fim do inverno de 1249, e logo em Março a importante
povoação de Faro era cristã. A esta conquista seguiu-se a de Albufeira,
Porches, e outros lugares, e no ano seguinte já Portugal tinha pelo sul as
suas fronteiras naturais.
O mais pequeno dos estados cristãos da península foi o primeiro a res-
gatar todo o seu território dás mãos dos infiéis, assim como seria, século e
meio depois, o primeiro a pisar terra africana, hasteando sobre a torre do
castelo de Ceuta a gloriosa bandeira de Lisboa.
Para a final conquista do Algarve concorreram os cavaleiros das Ordens
militares, sobre tudo os de Avis e Santiago, e dos fidalgos principais os se-
guintes: Egas Lourenço da Cunha, e seu cunhado o alcaide de Santarém
Martim Dade, o chanceler Estêvão Anes, Mem Soares de Melo, João Gomes
Barreto, João Rodrigues de Briteiros, João Peres de Aboim, o filho de
D. João Avana, e outros.
4o8 Brasões
II
SENHORES DE MELO
Menendus Suerii de Merloo tal é o nome, com que em uma carta dada
em Faro no mês de Março de 1249, logo depois da redução da vila, con-
firma um dos cavaleiros, que na conquista do Algarve acompanharam a
D. Afonso III (i). E, sendo vinte e nove os confirmantes, aparece o nome
de Mem Soares em quinto lugar, precedido unicamente pelos do Mestre de
Avis, do Comendador de Mértola, de Egas Lourenço da Cunha e do Chan-
celer mor, e seguido por vários outros de ilustres próceres, entre os quais se
lê o de Pedro Afonso, irmão bastardo do próprio Rei. Ser êle homem dis-
tinto ficamo-lo sabendo; ser muito bem aceito a D. Afonso III vê-se da doação
da vila de Souto da Ribeira de Homem, dada em 5 de Março de 1254, na
qual D. Mem Soares de Melo confirma com o título privatus regis (2).
Do seu nascimento e família consta do Livro Velho das Linhagens haver
sido filho de D. Soeiro Reimondo e de D. Urraca Viegas de Barroso, e irmão
primogénito de Pedro Soares de Alvim, progenitor desta família. O rico
homem D. Soeiro Reimondo confirma, com o título de alferes mor, em 5 de
Dezembro de 12 10, a carta de doação de Figueiró e Ciruela (3), e, segundo
o Nobiliário do Conde D. Pedro, era descendente da linhagem dos de Riba
de Vizela, na qualidade de filho bastardo de D. Reimão Pais de Riba de
Vizela.
O apelido de Melo proveio do senhorio desta vila, fundada e povoada por
Gonçalo de Soã no actual concelho de Gouveia (4). Como passou o senhorio
a D. Mem Soares, ignoro; mas pelo conteúdo na Inquirição citada na nota
consta haver êle possuído a vila honrada, e que àquele tempo, fins de 1288
até meado 1290(6), a tinha sua mulher pela mesma forma; privilégio não
(i) Livro dos bens de D. João de Portel, doe. xxviii, no Archivo histórico portuguez,
11,379.
(2) Chancelaria de D. Afonso III, liv. i.", fl. 4.
(3) Fr. António Brandão, Monarchia lusitana, IV, fl. 68 v.
(4) No liv. de Inquirições da Beira e Além Doiro, fl. 7 v., lê-se o seguinte : «A vila de
merloa he no termo de felgosinho e dizem as testemunhas douuida que a pobrou gonçallo
de Soã por (sicj de Felgcsinho em tempo delRey don afonsso (Afonso II) auoo deste Rey. . .».
Por aqui se vê quam infundada é a lenda por Vilhena Barbosa referida acerca da fundação
desta vila, na pág. 5() do tom. II das suas Cidades e Villas. O ilustre escritor salvou con-
tudo a sua responsabilidade, antepondo à narrativa o verbo conta-se. Fr. Francisco Brandão,
na Monarchia lusitana, IV. 217, leu mal este documento, pois em vez de Gonçalo de Soã
entendeu Gonçalo de Sá.
(5) João Pedro Ribeiro, Memorias para a historia das Inquirições, pág. 82.
Meios 409
mantido, pois que os inquiridores, não encontrando legalidade bastante nos
títulos por onde a possuia honrada, determinaram que d'ali por diante fosse
devassa.
A semelhança dos nomes tem sido origem dalguns autores suporem haver
relação entre os Meios, ou melhor Mellos, portugueses e os Mello franceses.
Para rebater tal conjectura bastará saber-se que do ano de ii85 existe um
sêlo de Guillaume de Mello com umas merletas por armas (i), e que a nossa
vila de Merlo, posteriormente Melo, fundada uns quarenta anos depois por
um homem que se não chamava Melo, foi quem deu o nome à mais moderna
família portuguesa, cujas armas são muito diferentes.
D. Mem Soares de Merlo continuou confirmando vários documentos até
o foral de Valença, de 1 1 de Agosto de 1262, tendo portanto ocorrido a sua
morte entre este ano e o de 1288, no qual sua viúva D. Teresa Martins Gata
possuia a vila de Melo. Instituiu ela em 1294 a capela de Santa Caterina
no famoso mosteiro cisterciense de Maceiradão, não longe da vila de Melo (2).
De D. Mem Soares de Merlo e de D. Teresa Mendes Gata foram bisnetos
na varonia Martim Afonso de Melo e Vasco Martins de Melo; deles tratarei
um após outro.
Martim Afonso de Melo, rico homem, 5.° senhor de Melo (3), senhor de
Linhares, Seia, Gouveia, Celorico e Penamacor, foi vassalo dei rei D. Fer-
nando (4) e teve a triste glória de ser «o primeiro que se veo pêra elRey de
Castella», quando entrou em Portugal. Acompanhou-o no cerco de Lisboa
(i) G. Demay, Le Costume au moyen age d'après les sceaux, pág. 200 mihi.
(2) Fr. Francisco Brandão, Monarchia lusitana, V, 216.
(3) Martim Afonso de Merlo, cavaleiro, nosso vassalo, temos por bem e mandamos que
êle haja no dito logo de Merlo toda a jurisdição cível per esta guisa, que o concelho do dito
logo enleja seus juízes do cível e a eleição vá ao dito Martim Afonso, e sejam os juízes con-
firmados por êle, e das sentenças dadas por esses juízes aperarão pêra o dito Martim Afonso,
e das do dito Martim Afonso apelarão pêra nós, etc. Santarém, 12 de Abril de 141 1 (jSyS).
— Chancelaria de D. Fernando^ liv. 1.°, fi. 122.
(4) Nota dalguns registos na Chancelaria de D. Fernando: Martim Afonso de Melo,
carta de entrega do castelo de Abrantes, 27 de Fevereiro de 1405 (1367), liv. 1°, fl. i v. —
Martim Afonso de Melo, nosso vassalo, doação por juro de herdade da aldeia de Vila Franca
e Bouças Covas e Aldeia dei Rei que são no almoxarifado da Guarda, com as jurisdições,
salvo as apelações e alçada. Vila Nova de Anços, i de Março de 1410 (1372), iWiew, fl 100 v.
— NoVa doação do castelo de Abrantes, em Leiria, a 10 de Novembro de 1410 (1372), ibidem,
fl. ii5 v. — Em pagamento de seus maravedis, para servir com vinte lanças, doação dos di-
reitos da Golegã e da Boralha (?), Leiria 1 1 de Novembro de 1410 (1372), ibidem. — Em paga-
mento de seus maravedis, doação das jugadas de Leiria e seus termos, mesma data, ibidem.
VOL. I 52
410 Brasões
e na batalha de Aljubarrota, na qual seu irmão e sobrinhos pelejavam pelo
partido nacional.
Casou a primeira vez com D. Mecia Vasques, filha de Vasco Martins de
Resende, e dela teve, alem de uma filha casada na casa de Góes, a um
filho progenitor de uma pobre e obscura linha de Meios em Sevilha. Casou
a segunda vez com D. Inês de Brito, filha de Rui Lopes, cavaleiro honrado
de Lisboa, e foi seu único filho varão Estêvão Soares de Melo.
Foi este o 6." senhor de Melo e serviu a D. João I na expedição de Ceuta
de í4i5, tendo-lhe sido por ele confirmado, em 1417, por carta de 1 1 de
Junho, o couto da ribeira de Melo(i). Ficara Estêvão Soares servindo em
Ceuta, onde ainda se encontrava em 1419(2). Tinha casado com D.Teresa
de Novais, filha de Rui Freire, comendador mor da Ordem de Santiago, e
em seus descendentes se continuou o senhorio de Melo, até seu quarto neto
Francisco de' Melo, 12.° senhor de Melo, cuja casa, morrendo êle sem filhos,
passou para sua irmã D. Antónia de Melo, mulher de Manuel de Oliveira
Freire, neto do Cónqgo Triste.
Deste enúbio, como alatinadamente (3) direi, pedindo vénia para o neolo-
gismo que supre o francês mésalliance, provieram os demais senhores de
Melo, até que, em fins do século xviii, readquiriram uma varonia digna do
antigo esplendor e lustre dà família, pelo casamento da então senhora da
casa. Chamava-se ela D. Ana Rufina Soares de Melo Sousa Tavares e
Moura, e era filha única de Estêvão Soares de Melo, senhor de Melo, fale-
cido em 1780. Casou D. Ana Rufina, a 4 de Outubro de 1793, com Pedro
de Melo Breyner, desembargador, deputado do conselho da Casa das
Rainhas (4) e futuro governador das justiças da Relação e Casa do Porto, em
1800, governador do reino, em 1807, e embaixador em Roma, onde sua
mulher morreu no ano de 1821. Pedro de Melo Breyner era filho segundo
de Francisco de Melo, 3." senhor de Ficalho.
De Pedro de Melo Breyner foi filho primogénito Luís Francisco Soares
de Melo da Silva Breyner Sousa Tavares e Moura, i.° conde de Melo por
carta de 24 de Janeiro de i835, par do reino por carta de i de Outubro do
mesmo ano, tenente general, que morreu em i3 de Novembro de i865. Havia
ido juntar-se na ilha Terceira ao Duque de Bragança e com êle tomou parte
na expedição do Mindelo e sucessos posteriores. Distinguiu-se no cerco do
(i) Liv. I.» da Beira, fl. 252.
(2) Azurara, Chronica do Conde D. Pedro, pág. 493.
(3) Enubo . . . Nubere extra gentem vel ordinem. — Enuptio . . . gentis, pro jure nuptiarum
extra gentem. Apud Roberti Stephani, ITiesaurum linguae latinae.
(4) Nomeado por decreto de 3i de Janeiro de 1791. — Gaveta de 19 de Fevereiro.
Meios 411
Porto, ganhando no combate de 29 de Setembro de i832 o hábito da Torre
Espada e na acção de 25 dç Julho de i833 o posto de major. Era coronel
em 1840 e comandava em 1845 o regimento de cavalaria n." 3. No ano se-
guinte tomou parte activa na revolução popular dirigida pela Junta do Porto,
que lhe entregou o comando em chefe das forças do Alentejo e o criou mar-
quês de Melo, o que não teve efeito. Na batalha do Alto do Viso, em que
ele entrou em JunHo de 1847, terminou a guerra da Maria da Fonte, e o
Conde de Melo permaneceu por algum tempo na disponibilidade, depois
porem tornou para o serviço activo e estava no Supremo Conselho de Jus-
tiça Militar, quando morreu. Deixou duas filhas a mais velha das quais é
a actual 2.* Condessa de Melo(i).
III
SENHORES DA CASTANHEIRA. CONDE DA ATALAIA
Em quanto a linha primogénita dos Meios vivia obscuramente, deixando
"vestígios quási só nos nobiliários, os descendentes de Vasco Martins de Melo,
irmão do rico homem Martim Afonso de Melo, 5.° senhor de Melo, torna-
vam-se notáveis pelos merecimentos e serviços dalguns, pelos elevados cargos
desempenhados por muitos. Em inuita parte foi isto devido ao mais velho
dos irmãos ter abraçado o partido castelhano, ao passo que o mais novo se
inclinou para o Mestre de Avis e partido nacional.
Em tempos dei Rei D. Fernando, de quem Vasco Martins de Melo fora
guarda mor, salvou ele a vida ao Mestre de Avis, quando el Rei, em i388,
o mandou prender no castelo de Évora. Passados tempos, quando, por morte
de D. Fernando, sua filha a infanta D. Beatriz passou a Toledo para assistir
às exéquias pelo pai e ser aclamada rainha, acompanhou-a Vasco Martins e
regeitou então o ofício de alferes mor que D. João I de Castela lhe oferecia.
Veio, seguindo-o na sua entrada em Portugal e manifestando-se-lhe por
último pouco afeiçoado, e a propósito do seu procedimento conta Fernão Lopes
um episódio interessante, sucedido quando el Rei poisava na Guarda:
«Cheguamdo hy algCis comçelhos por falar a elRey sobre sua vymda, hera
hy Vasco Martinz de Melo, copeyro moor da Rainha sua molher, o qual
peroo fose Português de nação, já era Castelão no talamte, segumdo por
obra mostrava. E por azo de lhe dizer ha sua vomtade cousa per que os
demovesse ao desejo delRey, mamdou os hú dia comvydar todos pêra jam-
tarem com ele ; e é comendo, de quamdo é quamdo hyão falamdo na vymda
(i) Decreto de 20 de Abril de 1866.
412 Brasões
delRey, que etrava daquela guysa, a qual lhes parecia estranho quebramtar
os tratos sé temdo razão por que; e que elRey farya be de se tornar pêra
seu Reyno e não os quebramtar de tal geyto, e outras taes razois, e que des-
péderão toda a mesa. E e se acabamdo ho comer dise Vasco Martinz comtra
eles: Ora nõ cursemos desas hjstorias, mas pergiimtovos eu, que me diguais
quê tolheraa a el Rey, tneu senhor, que nÔ seja Rey Portugual, e que nÕ aja
ho Reino, que he seu de dereyto ? E el cuydamdo que respomdesem eles :
tolher lho hya o Mestre, que tê carguò de ho reger e defemder; e eles sayam
se cô outras mansas palavras, de que lhe pouco prazia, nas quais sempre
davão aquela reposta, tornamdo a dizer cada vez: Leyxemos hesas razois e
venhamos ha esto que eu vos digo. Roguo vos que me diguaes quê tolheraa
a elRey meu senhor que nÔ seja Rey de Portugal, pois que he seu de dere/to ?
E esto dise per tamtas vezes e per tal som, ataa que hu respomdeu e disse:
Quê lho tolhera ? Quê lho tolhera ? Tolher lho ha Deos que poderá mais
que eles (i).
Palavras proféticas nota o cronista, tendo o próprio Vasco Martins de
Melo concorrido para a sua realização.
Assistiu ele em i385, com seus filhos Gonçalo Vasques e Vasco Martins,
às Cortes de Coimbra, nas quais foi aclamado D. João I, e poucos meses
depois combateu na batalha de Aljubarrota, também acompanhado dos dois
filhos, um dos quais caiu no campo. Pelos serviços fez-lhe D. João I, antes
e depois de rei, muitas mercês (2), avultando entre elas a de todos os bens
(i) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, p. 11, cap. 48.
(2) Notícia dalgumas doações e mercês feitas a Vasco Martins de Melo e registadas na
Chancelaria de D. João I: doação de juro de herdade a Vasco Martins de Melo, nosso vas-
salo, da renda dos serviços dos Judeus de Beja, e de todo o pão de todo o reguengo nosso
do dito logo e seu termo, e de todo o vinlio de nossa vinha, com o relego que hi havemos,
em Lisboa a 22 de Agosto de 1422 (1384). — Doação, para ele e sucessores, da vila e lugar
de Aldeia Galega 'de apar da Merceana, com todas suas aldeias, casais, termos, etc, com
toda a sua jurisdição cível e crime, com todas as rendas, os tabeliados com as suas pensões,
etc, para haver pela guisa por que foi dada ao Conde D. Álvaro Pires de Castro por el rei
D. Fernando. Outrosim doação nos mesmos termos da quinta de Alcanhões, e dos reguengos
da Tojosa e das Chantas, termo de Santarém, e dos reguengos dos Polvorães, termo de
Óbidos, e de todos os direitos riais de Rio Maior, termo de Santarém, etc. Porto, 26 de
Abril de 1423 (i335). — Em tempo que éramos Regedor destes reinos, consirando o muito
serviço de Vasco Martins de Merlo, nosso vassalo, lhe fizemos doação de todos os bens
móveis e de raiz que a Condessa, mulher do Conde D. Álvaro Pires, e D. Pedro de Castro
seu filho, e o Conde D. Pedro [Nuííez de Lara] seu genro, haviam nestes reinos, etc. Con-
firma a dita doação, de juro de herdade, no Porto, a i de Maio de 1423 (t385). — Vasco
Martins de Melo, nosso vassalo e do nosso conselho, doação de juro de herdade de todas
as casas e todos os bens móveis que João Azedo, morador que foi em Guimarães, havia ao
tempo da sua morte, os quais bens a nós pertencem porquanto somos certo, que ele ao dito
Meios 41 3
da Condessa de Arraiolos, de seu filho D. Pedro de Castro e de seu genro
o Conde D. Pedro (i).
tempo estava ao nosso desserviço. Guimarães, 8 de Maio de 1423 (i385). — Vasco Martins
de Melo, o Velho, nosso vassalo, disse que nós lhe fizéramos doação de todas as terras que
D. Pedro de Castro havia no reino, e que no termo de Guimarães ele há algumas terras que
foram do dito D. Pedro, nas quais, e apar delas, nós havemos estes casais e pertenças.. .
(são muitos). Doação de todos estes bens para ele e descendentes, por carta dada em Gui-
marães a 24 de Maio de 1428 (i385). — Vasco Martins de Melo, nosso vassalo e do nosso
conselho, disse que lhe fizéramos mercê de todos os bens, assim móveis como de raiz, que
D. Pedro de Castro, a Condessa sua madre, outrosim o Conde D. Pedro e sua mulher, haviam
em estes reinos; e ora nos disse que o Conde D. Álvaro Pires de Castro, padre do dito
D. Pedro, havia pelas rendas da judiaria de Évora seiscentas libras em cada ano de juro de
herdade de que lhe havia feito mercê el rei D. Fernando, e querendo agora haver as ditas
seiscentas libras, lhe fora posto embargo por João Fernandes da Arca, nosso vassalo, mo-
rador nessa cidade, dizendo que nós lhe havíamos feita mercê das rendas da dita judiaria,
etc. Mandamos que, se o dito Vasco Martins fizer certo que o dito Conde havia de haver
as ditas seiscentas libras, como êle diz, lhe sejam entregues. Porto, 10 de Junho de 1423 {i385).
— Vasco Martins de Merlo, do nosso conselho, confirmação de todas as graças e mercês. . .
bens e privilégios, que lhe foram feitos e outorgados por el rei D. Fernando, os quais bens
são estes: no almoxarifado da Guarda, os direitos das aldeias do Souto da Casa e da Aldeia
da Mata; no almoxarifado de Santarém, o quinhão do moinho da Quintan e casal que com
êle anda; no almoxarifado de Beja, os» direitos das aldeias de Cuba, Alfundão, Colmes e
Pedrógão, com seus limites, e a coutada que chamam dos Assentos, e a horta que chamam
dei Rei; e no almoxarifado de Serpa, a barca da passagem, o pego, a, horta que chamam do
Penedo, e o reguengo. Santarém, 22 de Agosto de 1423 (i385). — Vasco Martins de Merlo,
cavaleiro, nosso vassalo, doação para êle e sucessores de todos os bens móveis e de raiz que
Vasco Martins de Merlo, o Moço, seu filho, já passado (morrera na de Aljubarrota), havia
ao tempo da sua morre. Santarém, 23 de Agosto de 1423 (i385). — Vasco Martins de Melo,
nosso vassalo e do nosso conselho, disse que lhe fizéramos doação de todos os bens móveis
e de raiz que D. Pedro, filho do Conde D. Álvaro Pires, e sua madre, haviam nestes reinos,
entre os quais lhe fizemos mercê da quinta de Palma, e que outrosim lhe fizemos mercê de
todos os bens que o Conde D. Pedro [Nunez de Lara] havia em estes reinos; e ora nos
disse que Nuno Alvares Pereira, nosso condestável, por poder que de nós havia, fizera mercê
da dita quinta com suas pertenças a outras pessoas, etc. Manda aos juízes da vila de Mon-
forte que façam entregar a quinta e os bens a Vasco Martins. Santarém, 29 de Agosto de
1423 ( i385).— Vasco Martins de Merlo, do nosso conselho, disse que nós lhe fizéramos mercê
de todos os bens móveis e de raiz que a Condessa, mulher que foi do Conde D. Álvaro Pires,
e D. Pedro de Castro seu filho, e o Conde D. Pedro seu genro, haviam no reino, por desser-
viço, entre os quais era uma quinta em termo de Arraiolos, a qual foi do dito Conde D. Álvaro
Pires, e estando êle de posse demos nossa carta a D. Beatriz, filha do dito Conde D. Álvaro
Pires (e viúva do Conde D. Pedro Nuiíez de Lara), na qual mandávamos lhe entregassem a
dita quinta, e os juízes da vila lha entregaram logo. Mand"a que dos bens da legítima de
D. Beatriz se tire outro tanto como o valor da quinta, e se dê a Vasco Martins; e, se ela não
quiser ficar nestes termos com a quinta, esta seja entregue a Vasco. Santarém, 3 de Se-
tembro de 1423 (i385). Liv. i.°, fls. 41, 104 v., io5 v., 108, 142 v-, iio, 88 v., io3, 88 e 81 v.
(i) Este Conde D. Pedro era D. Pedro Nunez de Lara, conde de Mayorga em Castela,
414 Brasões
A Vasco Martins de Melo, seu vassalo, havia D. Pedro I, por carta de 3
de Dezembro de iSgg (i36i), coutado duas partes de toda a sua quinta de
Agua de Peixes no termo de Alvito (i); puseram-lhe porem embargo os con-
celhos limítrofes de Alvito, Vila Nova e Viana; e Vasco Martins recorreu
para o tribunal competente, sendo-lhe dada sentença favorável. Estando as
coisas neste pé, interveio D. Pedro I e mandou anular, não só a sentença,
como a sua precedente mercê, e tornar a quinta a ser devassa. Insistiu nova-
mente Vasco Martins perante o soberano e por fim dele alcançou a carta de
18 de Agosto de 140 1 (i363), pela qual lhe foram definitivamente coutadas
duas partes da referida quinta (2).
Este foi o princípio da sumptuosa quinta de Agua de Peixes, a qual veio
a pertencer aos Duques de Cadaval, descendentes de Vasco Martins.
Passou a quinta ao seu filho segundo, Martim Afonso de Melo, guarda
mor de D. João I, que, em Arraiolos, a 12 de Dezembro de 1453 (141 5), lhe
deu uma carta de privilégios para vinte homens dos que fossem povoar o
lugar de Água de Peixes, entre Viana e Vila Ruiva (3). Seguidamente, a 26
do mesmo mês, mandou el Rei expedir de Évora uma carta dirigida a Afonso
Vasco d'Antas, corregedor em Entre Tejo e Guadiana, fazendo-lhe saber
«que Martim Afonso de Melo, do nosso conselho e guarda mor, nos disse
que, querendo êle fazer uma povoação na sua terra e quinta de Água de
Peixes, nós lhe fizemos mercê de até vinte homens, dos que fossem para ali
povoar, ficassem isentos de ir servir à guerra, salvo com êle Martim», agora
os escusa do serviço e encargos do concelho (4). Anos volvidos, por carta
dada em Óbidos, a 18 de Agosto de 1449, ^- Afonso V, não só confirmou
ao segundo Martim Afonso de Melo, seu guarda mor, as precedentes cartas
concedidas a seu pai, como lhe coutou a outra parte da quinta ainda devassa,
ficando assim todo o prédio privilegiado (5).
Voltarei a Vasco Martins de Melo para dizer que já era morto a 9 de
Maio de i388(6), tendo casado por duas vezes. A primeira com Teresa
o qual, em 3[ de Agosto de 1384, durando o cerco de Lisboa, entrara na cidade e recebera
por sua mulher a D. Beatriz de Castro, filha do havia pouco falecido Conde de Arraiolos.
Após o casamento tornara a sair da cidade e continuara a combatê-la do arraial castelhano,
onde a peste dentro em pouco o matou. — Fernão Lopes, Crónica de D. João 1, p. I, 252.
(i) Chancelaria de D. Pedro I, liv. i.", fl, 68.
(2) Jbidem, fl. 88 v.
(3) Chancelaria de D. João 7, liv. 3.°, fl. 154.
(4) Jbidem, fl. 154 v.
(5) Liv. 3.° de Odiana, fl. 23o.
(6) Chancelaria de D. João I, liv. i.°, fl. 188.
I
Meios 4 1 5
Correia, filha do alferes mor de D-. Afonso IV na batalha do Salado, Gon-
çalo Gomes de Azevedo, como lhe chamam os nobiliários, ou Gonçalo Cor-
reia de Azevedo, segundo as crónicas. Casou a segunda vez com Maria
Afonso de Brito, senhora de um morgado instituído, em 12 de Março de i336,
por D. João Afonso de Brito, bispo de Lisboa, em seu criado (i) Martim
Afonso (2), o qual se chamou depois Martim Afonso de Brito. Era ele na
realidade filho do Bispo, e veio a ser pai da referida Maria Afonso.
Do primeiro casamento nasceu único Gonçalo Vasques de Meio, de quem
tratarei adiante; do segundo provieram estes filhos:
i.° — Martim Afonso de Melo, guarda mor de D. João I, alcaide mor de
Évora, com descendência indicada no cap. IV.
2.° — Vasco Martins de Melo, o Moço, teve de D. João I, por carta de 10
de Setembro de 1422 (i384), mercê, para êle e seus herdeiros e sucessores,
de todos os bens móveis e de raiz possuídos, em Santarém, seu termo e
outros quaisquer lugares, por Violante Afonso, aia da Rainha de Castela, a
qual os perdeu por andar naquele reino em desserviço (3). Morreu êle na
batalha de Aljubarrota, em Agosto do ano seguinte, como narra Fernão Lopes:
«O bom de Vasco Martínz de Melo, que devotara prender elRey de Castela,
ou lhe poer as maãos, el lhe seguyo ho alcanço acerca de legoa por sua pro-
mesa fazer verdadeira, e soo sem outrem em çíma de hum cavalo por cheguar
a ele, meteose amtre as gemtes, que o acompanhavam, e semdo conhecido
pola cruz de saão Jorge, que hera Português, foy loguo morto por sua no
sagaz ardideza» (4). Não deixou geração.
3.° — Maria Afonso, sem outra nomeia alênj do nome.
4.° — Inês Vasques de Melo casou com Martim Afonso Pimentel, vassalo
de D. João 1(5) e irmão bastardo de João Afonso Pimentel, senhor de Bra-
gança e Vinhais, o qual, passando para Castela, foi lá criado conde de Be-
navente por carta de 17 de Maio de 1398(6). Fez Martim Afonso, segundo
dizem, o seu testamento no castelo de Bragança, a i3 de Setembro de i393,
(1) Criado significava então «o moço, que recebeo criação e educação de alguém». —
Morais, Diccionario.
(2) D. Rodrigo da Cunha, Historia ecclesiastica de Lisboa, fl. 248.
(3) Chancelaria de D. João /, liv. i.°, fl. 160 v. — Passaram estes bens, por sua morte,
por Carta de 23 de Agosto do ano seguinte, a seu pai.
(4) Crónica de D. João I, p. II, cap. 43.
(5) A Martim Afonso Pimentel, seu vassalo, fez D.João I mercê da renda dos tabeliães
de Santarém por carta de 21 de Junho de 1427 (iSSg). — Chancelaria de D. João I, liv. 2.»
fl. 21 V.
(6) López de Haro, Nobiliário de Espana, I, 128.
41 6 Brasões
€ lá foi enterrado na igreja de S. Vicente^da qual, dentro do recinto da actual
cidade, não encontro memória.
Gonçalo Vasques de Melo, filho único do primeiro casamento de Vasco
Martins de Melo, sucedeu-lhe em todos os bens da Coroa, em virtude de uma
carta de 9 de Maio de 1426 (i388), dada para esse efeito (i). Já anterior-
mente lhe havia D. João I, intitulando-o seu vassalo, doado de juro e herdade,
por muito serviço, as rendas riais de Serpa e seu termo, por carta de 22 de
Agosto de 1422 (1384) (2). Depois fez-lhe doação, também de juro e herdade,
dos lugares da Castanheira e Povos e do reguengo de Cheleiros, como consta
da carta de confirmação a seu filho, e havia de ter sido a mercê concedida
antes de 23 de Abril de 1440 (1402), data da carta de doação para sempre,
sendo ele já do conselho, do padroado das igrejas de Santa Maria de Che-
leiros e Santa Maria de Bucelas (3). Já era falecido em Março de 1410,
tendo casado com Constança Martins com quem, em 1399, fizera doação a
sua filha Leonor Gomes, em casamento com João Alvares Pereira, vassalo
dei Rei, das suas terras de Recardães e Brunhide, as quais possuia de juro
e herdade, doação confirmada por carta régia de 18 de Agosto de 1437
(1399) (4). João Alvares Pereira foi o 2.° senhor da terra da Feira.
A Gonçalo Vasques sucedeu seu filho, único varão, Gonçalo Vasques de
Melo, o Moço, senhor de Vila Boim (5) e, em sucessão a seu pai, 2.° senhor
da Castanheira, Povos e Cheleiros, de juro e herdade, por carta de 1 1 de
Março de 1448 (i4io)(6). Casou com D. Isabel de Albuquerque, filha de
Vasco Martins da Cunha, o Velho, senhor da Tábua, e dela teve, alem doutros
filhos (7), a Martim Vaz de Melo, 3.° senhor da Castanheira, Povos e Che-
leiros, e a Pêro Vaz de Melo, 4.° senhor daquelas terras, em sucessão a seu
pai e a seu irmão, por carta de confirmação de 24 de Janeiro de 1429, nova-
(i) Chancelaria de D. João /, liv. i.», fl. 188. ♦
(2) Ibidem, a. 41 v. — Foi confirmada a 23 de Agosto de 1454 (1416) a seu filho do
mesmo nome, Gonçalo Vasques de Melo. — Ibidem, fl, 99 v.
(3) Ibidem, liv. 3.", fl. 16 v.
(4) Ibidem, liv. 2.°, fl. iSy v.
(5) Por carta de 9 de Junho de 1438 (1400) fôra-lhe doado o referido lugar confiscado
a Álvaro Coitado, «por a maldade e treyçam que contra nós e contra nossos regnos cometeo,
em se ir pêra Castela, terra de nossos imigos pêra nosso desserviço, havendo nós com eles
guerra e sendo el nosso vassallo e natural de nossa terra, recebendo de nós muitos serviços».
— Chancelaria de D. João 1, liv. 2.», fl. 168.
(6) Ibidem^ liv. 3.", fl. 107 v.
{•]) Um destes outros filhos foi D. Teresa de Albuquerque, mulher de Luís Alvares, mestre
sala, e deles me lembrarei no cap. VIII.
Meios 417
mente confirmada f»or outra de 16 de Junho de 1450(1). Já então era re-
gedor da Casa do Cível de Lisboa, como declara o próprip diploma, e foi
criado conde da Atalaia por carta de 2 1 de Dezembro de 1466, com o senhorio,
em sua vida; daquela vila e da da Asseiceira (2). Passou em seguida a cha-
mar-se D. Pedro de Melo e morreu a 24 de Agosto de 1478, segundo decla-
rava o seu epitáfio na antiga igreja do convento de S. Domingos de Lisboa:
Aqui J ai o mui niagnijico senhor D. Pedro de Melo Conde da Atalaia e senhor
de Povos, Castanheira e Cheleiros, ao qual o mui alto e poderoso Snr. Rei
D. Afonso o 5.°fe\ por seus grandes merecimentos e serviços primeiramente
Regedor da Casa do Sivel desta Cidade de Lix.^ com grandes poderes e
cargos^ e depois o fe\ Conde da Atalaia e Snr. da Aceiceira, e faleceo em
a dita Cidade a 24 dias de Agosto de 4j8 anos (3).
Casou o Conde da Atalaia com D. Maria de Noronha e dela teve três
filhos: D. Pedro de Melo, D. Leonor de Noronha e D. Isabel de Noronha.
Esta casou com Diogo Lopes de Sousa, 3." senhor de Miranda e alcaide mor
de Arronches. D. Pedrp dç Melo foi idiota, pelo que a Condessa sua mãe
foi nomeada sua tutora e curadora por carta de 28 de Abril de 148 1, no lugar
de sua mulher D. Guiomar de Castro, que renunciara o encargo (4). D. Leonor
de Noronha, a mais velha das filhas, casou com D. Álvaro de Ataíde e suce-
. deram na casa da Castanheira.
D. Álvaro era filho segundo do i.° Conde da Atouguia, de quem herdara
a grande quinta da Foz no termo de Benavente, a qual lhe foi confirmada
por carta régia de 21 de Agosto de^í474(5), e de sua mãe, por composição
com seu irmão D. Martinho de Ataíde, 2.° conde da Atouguia, aprovada por
carta régia de 16 de Julho de 1469, houvera outra quinta, a do Judeu àcêrca
do Porto de Muja (6). De D. Afonso V alcançou D. Álvgro de Ataíde, após
o falecimento do Conde da Atalaia seu sogro, o alvará de 28 de Agosto de
1480, pelo qual lhe foram prometidas as suas terras, se por qualquer forma,
em virtude da inabilidade para nelas suceder de seu cunhado D. Pedro de
Melo, viessem a vagar para a Coroa (7). Foi o alvará confirmado por carta
de 9 de Março do ano seguinte, em virtude de D. Leonor de Noronha,
mulher de D. Álvaro, ser a filha maior do Conde da Atalaia, e a fim da casa
dele ser conservada nos dois cônjuges e seus descendentes, pelo que foi
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv, 34.", fl. 172 v
(2) Liv. 3.» de Místicos, fl. 276.
(3) Sousa, Memorias sepulchraes, fl. 140 v.
(4) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 26.", fl. 5()' v
(5) Liv. 5.° de Odiana, fl. 188 v.
(6) Chancelaria de D. Manuel^ liv. 28.", fl. 91.
(7) Ibidem, livs. 28.», fl. 102, e 38.», fl. 6.
TOL. 1 ,53
41 8 Brasões
D. Leonor habilitada a, sem embargo da Lei Mental, ser havida para a sucessão
das ditas terras como se fosse filho maior varão lídimo, sucedendo por morte
de ambos os cônjuges seu descendente legítimo varão maior então existente,
tudo de juro e herdade e no caso de D. Pedro de Melo ser julgado inábil (i).
Em virtude destas mercês vieram D. Álvaro e D. Leonor a ser os 5.°* senhores
da Castanheira, Povos e Cheleiros.
Decorridos três anos teve lugar a conspiração do Duque de Viseu contra
D. João II e nela acharam-se comprometidos D. Álvaro de Ataíde e seu filho
D. Pedro de Ataíde, conseguindo o primeiro, que estava em Santarém quando
o Duque foi morto, fugir para Castela, sendo porém o segundo preso, quando
fugia de Setúbal para aquela outra vila. Foram ambos condenados à morte
e confiscação de bens, por sentenças de 9 de Setembro de 1484 e de 9 de
Agosto do ano seguinte (2). A primeira executou-se no filho, que foi dego-
lado em Setúbal; a segunda nunca teve efeito, mas também nunca foi revo-
gada, apesar de D. Manuel, indecorosamente, ter chamado ao reino e resti-
tuído a seus bens o réu convicto do crime de lesa majestade (3).
Em quanto D. Álvaro de Ataíde andava fugido por Castela, onde recebeu
bom' acolhimento, como aliás sempre tem sucedido e ainda hoje sucede a
todos os conspiradores portugueses, permanecia D. Leonor de Noronha, sua
mulher, em Lisboa. Com ela, atendendo a ser filha do Conde da Atalaia
regedor da Casa do Cível, foi D. João II benigno e por alvará dado em
Sintra, a 29 de Novembro de 1485, mandou arrolar todos os bens móveis do
foragido existentes na sua casa de Lisboa, a fim de serem entregues a
D. Leonor (4). Morreu esta senhora no ano do regresso do marido, a quem
D. Manuel chamou logo após a reunião das Cortes em Montemor o Novo,
algumas semanas depois da morte de D. João II (5), e começou a confirmar
a casa por cartas expedidas no ano de 1497(6).
- Apesar de já ser muito velho, seus pais haviam casado em 1412, oitenta
e tantos anos antes, tornou D. Álvaro de Ataíde, ao regressar ao reino, a
casar. Foi sua segunda mulher D. Violante de Távora, viúva de Rui de
Sousa Cide e filha de Pêro de Sousa, senhor do Prado, e de sua mulher
Maria Pinheira. Poucos anos depois morreu D. Álvaro, tendo-lhe sua viúva
(i) Chancelaria de D. Manuel, livs. 28.-, fl. 102, e 38.°, fl. 6.
(2) ArChivo histórico roRTUGUEz, II, 29 e 276.
(3) Confirme-se na Critica e historia, págs. i53, 275 e 276.
(4) Ibidem^ pág. 365.
(5) Góes, Chronica de D. Emanuel, p. I, cap. 8,
(6) Chancelaria de D. Manuel, livs. 27.°, fl. 84; 28.», fls. i3, 91 e 102; 38.», fl. 6; e liv. 5,«
de Odiana, fls. 188 e 188 v.
Meios 419
sobrevivido muito tempo (i), como declaram os epitáfios de todos eles no
claustro do convento de Tomar. Rezam as inscrições sepulcrais, segundo a
versão do P.^ Sousa (2), assim:
Aqui jai D. Álvaro de Ataide, senhor da Castanheira, Povos e Cheleiros,
Jilho de D. Álvaro Gonçalves de Ataide, Conde da Atouguia e da Condessa
D. Guiomar de Castro sua tnolher. Faleceo no atino de M. D. v.
Aqui jai D. Leofior de Noronha primeira molher de D. Álvaro de Ataide
que nestoutra sepultura fa^ c^lha de D. Pedro Va{ de Melo Conde da
Atalaia e da Condessa D. Maria de Noronha sua molher. Faleceo no anno
de 14^.
Aqui ja\ D. Violante de Távora segunda molher de D. Álvaro de Ataide
e filha de Pêro de Sousa, senhor do Prado e de D. Maria Pinheira sua molher.
Faleceo a 3 dias de. Julho de, 1 555.
De cada um dos seus dois casamentos teve D. Álvaro de Ataide um filho:
do primeiro foi D. Pedro de Ataíde, degolado em Setúbal; do segundo foi
D. António de Ataíde, conde da Castanheira. ^
D. Pedro de Ataíde deixou um filho, D. Fernando de Ataíde, a quem
D. Manuel, por carta de 27 de Agosto de 1496, reabilitou e relevou de toda
a mácula sobre ele lançada pelas sentenças que condenaram seu pai e avô (3).
Posteriormente, por carta de 3o de Abril de 1609, foram-lhe confirmadas as
jurisdições da Castanheira e Povos, como legítimo sucessor no senhorio
daquelas vilas, por ser filho de D. Pedro e neto de D. Álvaro de Ataíde (4)_.
Por esses tempos (5) havia casado com D. Leonor de Noronha, fiilha dos
2.°* Barões de Alvito, e, de acordo com ela, veio a fundar o mosteiro de
Nossa Senhora de Subserra da Castanheira, de freiras franciscanas, tendo
precedido a fundação vários casos extraordinários narrados pelo cronista da
Ordem (6). Apesar do estado de ruína em que actualmente se encontra ò
mosteiro, ainda se conserva entre os escombros a lápida comemorativa da
(i) D. Violante de Távora instituiu a favor de seu filho D. António de Ataíde o morgado
da quinta da Foz, termo de Benavente, o qual obteve aprovação e confirmação régia por
carta de i de Outubro de i554. — Chancelaria de D. João III, liv. 53.» de Doações, fl. i33.
(2) Memorias Sepulchraes, tis. i33 v. a i34 v.
(3) Liv. i.» de Místicos, fl. 5 v.
(4) Chancelaria de D. João 111, liv. 6.° de Doações^ fl. 36 v.
(5) Por carta de 3o de Julho de 1 509 forarn seguradas as 4333 coroas de arras a D. Leonor,
filha do Barão de Alvito e mulher de D. Fernando de Ataíde, pelas rendas das vilas da Cas-
tanheira, Povos e Cheleiros pertencentes a seu marido. — Chancelaria de D. Manuel^ liv. 41.",
fl. 27 V.
(6) Fr. Fernando da Soledade, Historia seráfica, p. IV, liv. 19.", cap. i, pág. 149 da ed.
de 1737.
420 Brasões
sua fundação, outrora embutida na parede da capela mor, tendo gravada a
seguinte inscrição (i):
ESTE MOESTEIRO.
FVNDOV D FERNANDO
DE ATAÍDE SENHOR DA
CASTANHEIRA POVOS E
GHILEIROS NO ANO DE
i520 DA TERCEIRA REGRA
DE SAM FRANCISCO E NO
ANO DE 1341 A INSTANCIA
DO MVITO ILVSTRE
SENHOR • D. ANTÓNIO DE
ATAÍDE PRIMEIRO CONDE '
DA CASTANHEIRA
PADROEIRO DA DITA
CAS A FOI RECEBIDO
A OBSERVÂNCIA E PROFIS
SAM DA REGRA DE SANTA
CLARA E O MESMO SENHOR
O MANDOV ACABAR
E A C* D ANNA D TÁVORA S •
MOLHER O ACABOV E LHE
FES MVI LARGAS ESMOLAS
Lá foram os cônjuges sepultados numa arca de pedra colocada na capela
mor do lado do evangelho, com o seguinte epitáfio:
' S* DE DOM FERNAMDO DATAIDE SENHOR DA CASTA
NHEIRA POVOS E CHILHEIROS- FVNDADOR E PRIMEJ
RO PADROEIRO DESTA CASA FALEGEO A 9 DIAS DE DEZE
BRO DA ERA DE xbiS ■ E DE DONA LIANOR DE NORONHA
SVA MOLHER FALEGEO A 4 DE NOVEMBRO DE 1541
Todos estes três Ataídes, Álvaro, Pedro e Fernando, poetaram e deles
recolheu Garcia de Resende versos no Cancioneiro geral. De Fernando
apenas umas trovas endereçadas, pouco antes de Março de i5o5, a D. Mar-
garida Freire, senhora que ainda não consegui identificar; de Pedro, alem de
umas coplas compostas por ele e outros, todos parciais do Duque de Viseu,
e dirigidas a Fernão da Silveira, escrivão da puridade e um dos conspiradores
condenados à revelia, apenas mais umas trovas muito sem sabor apodando
a D. Rodrigo de Castro por ter rapado a barba. De D. Álvaro existe maior
(i) Ambas as inscrições a seguir transcritas são copiadas das fotografias reproduzidas
no folheto O Mosteiro da Sub- Serra da Castanheira, por Nogueira de Brito. Separata do
Boletim da Associação oes Arqueólogos Portuguezès, Lisboa, 1912.
Meios ' 421
número de composições, desiacando-se um pouco da vulgaridade das restantes,
umas trovas dirigidas a D. Felipa de Vilhena (i), donzela da casa da rainha
D. Leonor, por quem Fernão da Silveira, o escrivão da puridade, andava
apaixonado. Casou êle em 1482 e as trovas devem ser anteriores a esse
tempo. D. Felipa era filha de Fernão Teles de Meneses, senhor de Unhão,
mordomo mor da princesa D. Leonor, e de sua mulher D. Margarida de Vi-
lhena, aia da referida senhora, e veio a casar com Nuno Martins da Silveira,
senhor de Góes, de quem teve a Luís da Silveira, i." conde da Sortelha e
notável poeta do Cancioneiro.
Ainda em vida de D. Fernando de Ataíde fez D. João III mercê a seu
valido D. António de Ataíde, por carta de 19 de Junho de 1Õ22, das terras
da Castanheira, Povos e Cheleiros, de juro e herdade, como as possuirá seu
pai D. Álvaro de Ataíde e as possuía seu dito sobrinho, prometendo nunca
a este dar consentimento para as vender, permudar, escambar ou de qualquer
forma alienar (2). Posteriormente, por falecimento de D. Fernando de Ataíde,
foi, por carta de i de Janeiro de i526, confirmada a seu tio D. António de
Ataíde a jurisdição das vilas da Castanheira e Povos, declarando-se no diploma
que a êle vieram aquelas vilas por doação e mercê dei Rei (3). Esta asserção,
fundada em parte dos dizeres da carta de 1622 acima citada, não é perfeita-
mente exacta pois que no mesmo diploma se invocam, se transcrevem e se con-
firmam todas as precedentes doações feitas a D. Álvaro de Ataíde e a êle con-
firmadas por D. Manuel, por carta de 27 de Julho de 1497, j^ citada.
Por esta forma vieram as vilas da Castanheira, Povos e Cheleiros, doadas
de juro e herdade a Gonçalo Yasques de Melo, para si e seus descendentes,
a passar a pessoa estranha á sua linhagem. D. António de Ataíde foi o
i.° conde da Castanheira, em sua vida, por carta de i de Maio de i532(4),
e de juro e herdade por outra de 21 de Julho de 1541 (5).
(i) Fl. 142, col. 3,
(2) Chancelaria de D. João III, liv. 36." de Doações, fl. 2.
(3) Ibidem, liv. 6.°, fl. 36 v.
(4) Jbidem^Viv. 16.°, fl. 53.
(5) Neste interessante documento, que prova a amisade de D. João III pelo seu valido,
exprime-se el Rei por esta forma: «havendo respeito aos serviços que de D. António de
Ataíde, conde da Castanheira, senhor das vilas de Povos e Cheleiros, vedor de minha fazenda,
me tem feitos e à muito boa vontade que por seus muitos merecimentos e por se criar
comigo lhe tenho, e a seu sangue e muito antiga linhagem«', por estes motivos faz-lhe mercê
do título de conde da Castanheira de juro e herdade, para sempre, para todos seus herdeiros
e sucessores por linha direita masculina, segundo forma da Lei Mental. Determina mais,
que as ditas três vilas da Castanheira, Povos e Cheleiros sejam sempre condado e que, por
falecimento do dito Conde, seu filho maior varão lídimo, que as herdar, se chame logo por
esta carta Conde da Castanheira e assim d'aí em diante todos seus herdeiros, sem para isso
422 Brasões
IV
ALCAIDES MORES E CONDE DE OLIVENÇA
CASA DE CADAVAL
Martim Afonso de Melo, o filho mais velho do segundo casamento de
Vasco Martins de Melo a quem sucedeu no senhorio da quinta de Água de
Peixes, foi, pouco depois da morte do pai, nomeado, pôr carta de i5 de Ja-
neiro de 1428 (iSgo), alcaide do castelo de Évora com todas as rendas da
alcaidaria, como tudo houvera Diogo Lopes Lobo, cavaleiro, «que se ora
morreu» (i). Encarregou D. João I a Martim Afonso de Melo da tomada de
Badajoz, a fim de reter a cidade comp penhor da pena incorrida por el Rei
de Castela em ter quebrado certas condições das tréguas celebradas entre os
dois soberanos; mas não se pôde executar logo a empresa, por ter nesse
comenos de ir Martim Afonso a Bragança casar com D. Beatriz, filha do
senhor da terra João Afonso Pimentel (2). Isto passou-se no outono de tSgõ,
porque a 11 de Maio de iSgô, nove meses depois de se começar a tratar da
empresa, conforme declara Fernão Lopes, realizou-se a tomada da praça (3).
Segundo nobiliários portugueses e espanhóis Martim Afonso «matou mal»
a sua mulher, tendo o facto sido a causa, por el Rei o não querer castigar,
de seu sogro se passar para Castela, onde- foi criado conde de Benavente em
Maio de iSgS. Não sei se haverá fundamento para aquela asserção; sei porém
que naquele próprio ano D. João I nomeou seu guarda mor a Martim Afonso,
ser necessária outra provisão nem licença sua, nem de seus sucessores. Por último manda
aos vedores da fazenda lhes façam assentamento, logo que sucederem no título. Encontra-se
esta carta na Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 2.° de Doações, fl. 208, transcrita na de 27
de Janeiro de 1670 de confirmação do título e senhorios ao último conde, Simão Correia da
Silva, casado com D. Ana de Ataíde e Castro filha única e herdeira de D. Jerónimo de Ataíde,
conde da Castanheira segundo se declara na carta apesar dêle na realidade ter sido só
2.*" conde de Castro Daire, por se ter deixado íicar em Castela depois da Restauração. Por
este documento v8-se haver sido o título de conde da Castanheira confirmado ao 2." conde,
D. António de Ataíde, por carta de 20 de Janeiro de 1576; ao 3.°, D. Manuel de Ataíde, em
12 de Março de i6o3; ao 4.°, D. João de Ataíde, em 4 de Outubro de 1621, até aqui em
sucessão de pai a filho. Depois, extinguindo-se neste a linha directa, passaram os senhorios
e o título a seu tio D. António de Ataíde, i.° conde de Castro Daire, a quem foram confir-
mados por carta de 24 de Janeiro de 1644, e foi este o 5." conde. Por morte deste Conde
devia-lhe ter sucedido seu filho D. Jerónimo de Ataíde, acima nomeado, que morreu, deixando
uma única filha, a referida D. Ana de Ataíde e Castro casada com Simão Correia da Silva
que veio a ser o 6." e último conde da Castanheira,
(i) Chancelaria de D. João 1, liv. 2.°, fl. 4.
(2) Fernão Lopes, Chronica de D. João I, part. lí, pág. 342.
(3) Ibidem, pág. 348.
Meios 423
em lugar de João Fernandes Pacheco, que também abandonara o seu serviço
e se passara para o inimigo. Com o oficio de guarda mor encontro pois
Martim Afonso em duas cartas de mercê, uma, de 3o de Agosto, de doação
da torre da cerca velha de Évora, situada dentro das suas moradas (i)^ e outra,
de I de Outubro, de doação do Lugar de Barbacena e de bens em Leiria, tudo
confiscado por traição ao referido João Fernandes Pacheco (2).
Serviu Martim Afonso de Melo em 141 5 na expedição de Ceuta e, con-
quistada a cidade, foi-Ihe por D. João I oferecida a capitania dela, mas Martim
Afonso não aceitou, preferindo regressar ao socêgo da sua casa de Évora (3),
onde D. João I lhe fizera doação, segundo acima vimos, da torre da cerca
velha dentro nas suas moradas, as quais -muito ampliou como lá adiante
direi.
Fôra-lhe oferecida a capitania de Ceuta por ser muito entendido em
assuntos bélicos, pois compusera um livro chamado Da Guerra, ao qual
alude com louvor Azurara no cap. 100 da Crónica da tomada de Ceuta (4).
A esta obra refere-se Barbosa Machado na Bibliótheca lusitana, dando-lhe
este título: Da Guerra, na qual se contem muita» e boas insinanças, e avisa-
mentos para todos que tiverem fortaleza, ou algum lugar cercado em Fron-
teiras de inimigos. Este título está modernizado; não é certamente do tempo
do autor. Acrescenta ó Abade de Sever constar o livro de cem capítulos e
haver sido dirigido «a FernaÕ Lopes Chronista dei Rey, onde se desculpa de
sahir taõ tarde com esta obra». A seguir atribui ao mesmo autor o Regi-
mento da Guerra impresso pelo P.^ Sousa no tom. III das Provas da Historia
genealógica, págs. 262 e segs.
Há aqui confusão: a segunda obra não pode ser do mesmo autor da pri-
meira. Martim Afonso de Melo já era morto, como adiante veremos, em
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 2.°, fl. 147.
(2) Ibidem,^. 179 v. — O preâmbulo desta carta é interessante: «Por as maldades e
treições que João Fernandes Pacheco cometeu contra nossa pessoa e nossos regnos, em
contratar com el Rei de Castela nosso inimigo, pormetendo-lhe a dar alguns lugares dos
nossos regnos, assi alguns que por nós tinha sobre menagem, como outros, e outrossi porque
dos nossos regnos se foe pêra Castela pêra o dito nosso aversario, sendo natural de nossos
regnos e nosso vassalo e guarda mor e do nosso conselho, recebendo de nós muitas mercês,
fazendo as ditas treições e cousas todas, avendo nós e os nossos regnos guerra com o dito
Rei de Castela; e porque nós somos certo que ele fez e cometeo estas cousas e outras contra
nossa pessoa e contra nosso serviço, as quais são notórias e sabudas». Etc.
(3) Azurara, Chronica do Conde D. Pedro, cap. v.
(4) «E aalcm de seu {se. de Martim Afonso) gramde esforço e ardideza, compôs huu livro
per seu emgenho e saber, que sse chama da guerra, no quall sse comtem muitas e boõas
emsinamças e avisamentos pêra todos aquelles que teverem fortelleza, ou alguu lugar cer-
cado em fromtaria de immiigos».
424 Brasões
Fevereiro de 1482, podia pois muito bem dedicar o seu livro a Fernão Lopes,
a quem também podia chamar cronista por êle ser, desde 1419 certamente,
«escripvam dos livros» de D. João I e haver-lhe sido entregue, já no prece-
dente ano, a guarda das escrituras do Tombo (i). A.té aqui vamos bem;
mas, o que Martim Afonso de Melo não podia fazer, e muito bem adverte o
P.^ Sousa, era referir-se, como fez o autor do Regimento^ às guerras da índia,
só no século xvi sucedidas, nem tampouco ao grão capitão Gonçalo Fernandes
de Córdova, nascido quando já Martim Afonso de Melo era finado. Enga-
na-se porém o P.^ Sousa quando supõe autor do Regimento o segundo Martim
Afonso de Melo, pois este, já falecido em 1464, não podia também referir-se
às guerras da índia. São pois d-uas obras diversas o tratado Da guerra, de
Martim Afonso de Melo I do nome, e o Regimento da Guerra de autor des-
conhecido.
Além daquela obra ainda Martim Afonso de Melo compôs uma crónica
dos feitos de D. Fernando, segundo afirma Fernão Lopes na Crónica de
D. Fernando, cap. 47, e mal andou Barbosa Machado a'tribuindo esta obra
a outro Martim Afonso de Melo. Este era avô do guarda mor de D. João I e
já tinha morrido em iSyS (2), dez anos antes de findar o reinado do Formoso.
Além da quinta de Água de Peixes, à qual já me referi e que ainda hoje
é possuída por descendentes seus, teve Martim Afonso de Melo outra quinta
no termo de Évora, a de Vai de Pa^lma, notável por nela ter posteriormente
vivido Jerónimo Corte Rial, o poeta do Naufrágio de Sepúlveda e do Cerco
de Diu. Por carta de 9 de Maio de 1449 (141 1) foi coutada a MartimAfonso
de Melo a referida quinta^ a qual seus descendentes venderam a Vasco Anes
Corte Rial, capitão da ilha Terceira e da de S. Jorge, a quem, por carta de
26 de Maio de i5ii, foram confirmados os antigos privilégios de Vai de
Palma (3).
Em Fevereiro de 1482 já Martim Afonso de Melo era morto, tendo pre-
cedido no túmulo a sua segunda mulher D. Briolanja de Sousa, filha de Martim
Afonso de Sousa, 2.° senhor de Mortágua. D. Briolanja ainda vivia em i3
de Janeiro de 1441, quando se obrigou a pagar a Gonçalo Vasques Coutinho
oitenta mil reais brancos prometidos em dote a sua filha D, Beatriz de Sousa (4),
noutros documentos chamada D. Beatriz de Melo. Foram os 2.°* Condes de
Marialva.
(i) Introdução à Pkimeira parte da Crónica de D. JoÁo I, pág. xxix.
(2) Carta de 12 de Abril de 141 1 (i373), acima citada, de doação da jurisdição de Melo
a seu filho do mesmo nome, o qual seguiu o partido castelhano e para aquele reino passou.
(3) Chancelaria de D. João III, liv. 6." de Privilégios, fl. 11.
(4) Corpo cronológico, part. II, mac. i, doe. 20.
Meios 425
Havia Martim Afonso, conforme já ficou dito, casado em i3gb com
D. Beatriz, filha de João Afonso Pimentel, senhor de Bragança e Vinhais, e
dela tivera dois filhos: Martim Afonso de Melo, que lhe sucedeu na casa,
e D. Isabel de Melo. Esta senhora casou a primeira vez com João Rodrigues
Coutinho, senhor de Ferreira de Aves, Carapito e Vila Maior, falecido sem
descendência em 1487, em Ceuta, de feridas recebidas no palanque de Tân-
ger (i),.e a segunda vez, em 1488, com D. Duarte de Meneses, futuro conde
de Viana e capitão de Alcácer (2).
De sua segunda mulher, D. Briolanja, teve Martim Afonso, além da Con-
dessa de Marialva, já mencionada, e de D. Branca de Melo, senhora de Bar-
bacena em sucessão a seu pai e mulher de D. Fernando das Alcáçovas, a
Vasco Martins de Melo, alcaide rpor de Évora, a João de Melo, copeiro mor,
a ambos os quais me tornarei a referir, e a Diogo de Melo de quem proveio
descendência por linha feminina. Também foi sua filha, ilegítima porem,
Beatriz de Melo de quem, pelo seu casamento com Pêro Lourenço de Fer-
reira, provieram os Meios, senhores de Povolide.
Martim Afonso de Melo, o segundo, foi alcaide mor de Olivença ainda
em vida de seu pai (3), a quem sucedeu nos paços junto do castelo de Évora (4)
e no ofício de guarda mor, do qual teve carta de D. Duarte em 8 de Dezembro
de 1433, confirmada por D. Afonso V em 17 de Julho de 1449(5). Foi do
conselho e fronteiro de, .Olivença por carta de i5 de Abril de 1449(6). Era
então já casado (7), havia mesmo bastante tempo, com D. Margarida de Vi-
lhena, filha de Rui Vasques Coutinho, senhor de Ferreira de Aves, Carapito (8)
e Vila Maior, e de sua mulher D. Branca de Vilhena, filha de D. Henrique
(i) Rui de Pina, Chronica dei rei D. Duarte, pág. 170.
(2) Brasões de Cintra, II, 377.
(3) Por carta de 21 de Setembro de 1430 foi-lhe doada a renda e todos os mais direitos
riais da alcaidaria de Olivença. — Chancelaria de D. João I, liv. 4.°, fl. 121 v.
(4) Por carta de 2 de Fevereiro de 1432 foram-lhe confirmadas de juro e herdade as
casas novas por seu pai feitas junto aos seus paços. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. ig.",
fl. 84.
(5) Chancelaria de D. Afonso V, liv. iS.", fl. 168.
(6) Ibidem, liv. 34.°, fl. 208.
(7) Em Julho de 1449 ^ra dada carta de padrão a D. Margarida de Vilhena, mulher de
Martim Afonso de Melo, da tença relativa a mil coroas preço de uma herdade a ela com-
prada por D. Duarte e doada a seu irmão João Rodrigues Coutinho. — Chancelaria de
D. João II, liv. t.», fl. 134.
(8) Por carta de 16 de Abril de 1436 (iSgS) foi-lhe feita doação do lugar de Ferreira de
Aves e por outra do dia seguinte do de Carapito, ambos os lugares confiscados a João Fer-
nandes Pacheco por desserviço. — Chancelaria de D. João /, liv. 3.*, fls. g5 e 96.
VOL.1 54
426 Brasões
Manuel de Vilhena, conde de Seia. Era D. Margarida já morta em Feve-
reiro de 1485 e deveria ter falecido por esses tempos (i), tendo tido de seu
marido, alem de filhas (2), a Rodrigo Afonso de Melo e a Manuel de Melo,
que seguirão,, e a D. João de Melo, bispo de Silves em 1467 (3), capelão mor
do príncipe D. João por carta de 10 de Junho de 1471 (4) e arcebispo de
Braga, eleito em 1480, de que não chegou a tomar posse por falecer nesse
mesmo ano (5).
Martim Afonso de Melo parece ter vivido socegadamente em Évora, na sua
casa, afastado do serviço público e só ocupado na corte. Nos últimos anos da
sua vida creio porem ter estado sugeito a certas intrigas, talvez por fraqueza de
carácter, em resultado das quais lhe foi tirada a administração dos bens da
Coroa e o exercício do ofício de guarda rpor (6). Estes casos passaram-se
em Abril de 1461 e parece-me ter ainda Martim Afonso vivido até íins de
(i) Por carta de 22 de Fevereiro de 1485 foi mandada pagar aos herdeiros de D. Mar-
garida de Vilhena, do i,° de Janeiro do ano seguinte em diante, a tença de 14.286 rs. prove-
niente das mil coroas numa nota acima mencionadas. — Chancelaria de D. João II, liv. i.',
fl. 134.
(2) Uma delas foi D. Branca de Vilhena, segunda mulher de Rui de Sousa, senhor de
Sagres, o qual, na qualidade de testamenteiro de seu cunhado o Conde de Olivença, concluiu
o convento dos Lóios em Évora, onde jaz sepultado com esta sua mulher. — Relativo a ela
encontra-se um documento interessante de D. Afonso V: Nós ordenamos que D. Branca
de Vilhana, filha de Martim Afonso de Melo, nosso guarda mor, que ora novamente tomamos
por nossa donzela, este em casa de seu padre atá que, prazendo a Deus, a mandemos vir
pêra casa da Rainha... ou a casemos, à qual outorgamos do 1." de Janeiro que foi desta
era em diante, em cada um ano, em quanto assim estiver, treze mil reais brancos pêra seu
mantimento, vestido e calçado, etc. Évora, i3 de Abril de 1450. — Chancelaria de D. Afonso V,
liv. 34.°, fl. i35 V.
(3) João Baptista da Silva Lopes, Memorias para a historia ecclesiastica do bispado do
Algarve^ pág. 272.
(4) Liv. i." da Ordem de Santiago, fl. 55.
(5) Silva Lopes, Memorias do Algarve cits., pág. 276.
(6) Por carta de 17 de Abril de 1461 confirmou D. Afonso V um alvará do infante
D. Pedro, quando regente, pelo qual assegurava a Rodrigo Afonso de Melo a sucessão no
ofício de guarda mor e nos bens da Coroa possuídos por Martim Afonso de Melo seu pai;
sobrevieram porem dúvidas e receios, dando lugar, para maior segurança, a ser pedida a
confirmação do alvará por carta. Nesta lê-se este período : «E visto por nós seu (de Ro-
drigo Afonso de Melo e de sua mulher D. Isabel de Meneses) justo requerimento porque
nossa tençam hé afastar todalas cousas per que há discórdia, mayormente antre semelhantes
pessoas, antre as quaes per natureza deve haver muyto amor, o que sempre deveria se nom
fossem alguíís solicitadores de novos partidos, imigos de toda paz». Depois disto manda ao
filho tomar a posse real de todos os referidos bens, ficando ao pai unicamente a sua admi-
nistração. — Chancelaria de D. Afonso F, liv. 7.», fl. 89.
Quanto ao ofício já em 1464 o exercia seu filho Rui de Melo, como adiante veremos.
Meios 427
1468, pois que só a 5 de Janeiro e 16 de Fevereiro do ano seguinte foram
confirmadas a seu filho a frontaria e a alcaidaria mor de Olivença (i).
Este filho era Rodrigo Afonso de Melo, senhor de Ferreira de Aves, Ca-
rapito e Vila Maior, terras que lhe haviam sido prometidas por carta de 2
de Abril de 1444 (2) e,- por ser menor, só lhe foram definitivamente entregues,
com as jurisdições, por outra carta de 10 de Agosto de 145 1 (3). Em 1467
casou, precedendo escritura de dote, de 19 de Abril, com D. Isabel de Me-
neses, filha de Aires Gomes da Silva, 2.° senhor de Vagos, regedor da jus-
tiça da Casa do Cível de Lisboa, e de sua mulher D. Beatriz de Meneses (4);
em 1464 era do conselho e já exercia o ofício de guarda mor (5), ainda em
vida de seu pai, a quem em 1469 sucedeu na frontaria e alcaidaria mor de
Olivença, como consta de cartas já citadas.
Por elas também se sabe ser então Rui de Melo mordomo mor da casa
da infanta D. Joana, filha de D. Afonso V, cargo já por êle exercido em
Março do ano precedente, com a designação de governador da sua casa (6).
Tinha então a Infanta dezassete anos e uma grande casa «de donas e don-
zellas e offyciaaes como se fora Rainha; e porque fazia sem necessydade
grandes despesas, e asy por se evitarem alguns escândalos e perjuyzos que
em sua casa por nom ser casada se podiam seguir», mandou-a o pai, em
Outubro de 147 1, recolher ao mosteiro de Odivelas e entregá-la à guarda de
sua tia D. Felipa(7). Depois foi mudada para o mosteiro de Jesus de Aveiro,
onde jaz sepultada, no coro, e foi beatificada por bula de 4 de Abril de 1693.
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 35.", fls. 2 e i.
(2) Ibidem^ liv. 24.°, fl. 42. — Nesta carta declara-se haver D. Duarte feito mercê a Rodrigo
Afonso de Melo, filho de Martim Afonso de Melo, de todas as terras, castelos e jurisdições
pertencentes à Coroa e possuídos por João Rodrigues Coutinho já falecido, que os houvera
em sucessão de seu pai Rui Vasques Coutinho. No mesmo diploma fez-se doação a D. Duarte
de Meneses das rendas e direitos das ditas terras, os quais êle recebera desde a morte de
sua mulher D. Isabel de Melo.
(3) Ibidem, liv. ii.», fl. 119.
(4) Brasões de Cintra, II, 399.
(5) Carta de 12 de Julho de 1464 de 45.600 rs. de tença. — Chancelaria de D.Afonso V,
liv. 8.», fl. 126 v.
(6) Carta de 22 de Março de 1468 do ofício de comprador da Infanta a João de Lamego
— Chancelaria de D. Afonso V, liv. 28.°, fl. 32 v. — O P.e Sousa no cap. n, pág. 80 do tom. II
da Historia genealógica, diz terem sido governadores da Casa da Infanta Fernão Teles de
Meneses, como consta de uma carta de 1476, e depois D. João de Lima, 2.° visconde de Vila
Nova de Cerveira; ora em 1476 já D. Joana estava recolhida em .\veiro, e o título de vis-
conde só foi dado era 1496, seis anos depois da morte da Infanta.
(7) Pina, Chronica de D. Afonso V, cap. 168, pág. 533.
428 Brasões
Na capela mor da igreja deste convento, na parede do lado da epístola, lê-se
a seguinte inscrição:
HOG TEMPLUM
QUOD AB INITIO SORORUM
SANCTI DOMlNiCI FUERAT
REGNANTE LUDUVIGO 1°.
REGINAQUE MARIA PIA, ET
SUB PONIFIGATO PII IX,
REGIAE AGGREGATIONI
SANGTAE JOANNAE PRINCIPIS
TERTIO CALENDAS JUNII
ANNO M DCCG LXXVII
D ATUM FUIT.
Na parede fronteira, por baixo de um escudo com cinco estrelas de seis
pontas (Taipares), sem timbre no elmo por lho tirarem quando fizeram os
ornatos e pinturas, está a inscrição comemorativa da reedificação da capela
mor :
Frangisgo • DE . Tavares • e • dona Ioana
. de • TÁVORA SVA MOLHER • NO • ANNO • M • D •
LXXXXII . REDIFIGARÃO ESTA GAPELA • DO
TARAÕ I>E . XXV . MIL TÍS • DE • IVRO PÊRA HVÃ
MISA QOTIDIANA • POLO • QVAL • SE LHES DEV P
ERA SVA SEPVLTVRA . E • DE . SEVS DESGENDE
NTES.
Li-as. ambas no dia 11 de Setembro de 1894 e o leitor perdoi-me estas
divagações; mas foi, exactamente para as poder ter,- que escolhi esta espécie,
afim de, sem presunções nem vontade de compor história a sério, massuda e
pesada, me ir entretendo a reunir material de boa qualidade para servir de
base a estudos mais profundos. Dito isto, voltemos a Rodrigo Afonso de
Melo, já ao tempo simplesmente Rui de Melo.
Havendo D. Afonso V, em Agosto de 147 1, em seguida à conquista da
praça de Arzila, ocupadp Tânger,, entregou a capitania da cidade a Rui de
Melo(i), que dela teve cargo durante treze anos, segundo declara a inscrição
da fundação do mosteiro dos Lóios de Évora. Ainda lá estava em 1476,
quando D. Afonso V, por carta de 21 de Julho, lhe deu o título de conde de
Ohvença (2), passando d'então por diante a chamar-se D. Rodrigo de Melo.
Usou pois de três nomes: Rodrigo Afonso de Melo, em diplomas desde o
(i) Pina, Chronica de D. Afonso V, pág. 532.
{2) Chancelaria de D. Afonso F, liv. 7.°, fl. 46 v.
Meios 429
ano de 1444 até ao de 146 1, sendo simples fidalgo da casa dei Rei; Rui de
Melo, em 1464, quando já era do conselho e guarda mor; e finalmente
D. Rodrigo de Melo depois de receber o título de conde.
Por ocasião da sua partida para Africa mandara D. Afonso V expedir,
em 3o de Julho de 1471, um alvará nestes termos: «fazemos saber que fale-
cendo Rui de Melo, do nosso conselho e guarda mor, em esta armada onde
ora vai comnosco, nos praz, que um de seus genros que com cada uma de
suas filhas casar, qual a ele e a D. Isabel sua mulher mais aprouver, haja o
castelo da vila de Olivença», etc. (i). Não morreu na jornada; ficou porem
em Tânger por capitão e lá, no dia 18 de Setembro de 1479, «dentro no cas-
telo, nos paços onde pousa D. Rodrigo de Melo, conde de Olivença, capitão
e governador, estando êle presente e a condessa D. Isabel de Meneses sua
mulher, tendo aí consigo sua filha D. Felipa, e estando presente Fernão de
Lemos, cavaleiro do senhor Conde de Faram, procurador do senhor D. Ál-
varo, filho do Duque de Bragança, que Deus haja», assinou a escritura de
casamento de D. Felipa e D. Álvaro, escritura aprovada por carta régia de
18 de Abril de 1480(2).
Morreu D. Afonso V, começou a reinar D. João II, sobreveio a conspi-
ração do Duque de Bragança e D. Álvaro expatriou-se depois de fins de
Maio de 1483, vindo a ser, por sentença de 9 de Agosto de 1480, condenado
à morte e confiscação de bens por cúmplice e encobridor, tanto na traição
de seu irmão, como na do Duque de Viseu (3). Deixou o Conde de Olivença
passar algum tempo e, decorrido êle, apresentou-se a D. João II, pedindo-lhe,
em atenção aos seus serviços que sua casa não desaparecesse. Então
D. João II, a quem historiadores cortesãos pintam com tão negras cores,
outorgou ao Conde a carta de 17 de Janeiro de 1487, pela qual, por dele não
ficar filho nem neto varão, habilita sua neta D. Caterina, filha de D. Álvaro
e D. Felipa, para nela ter vigor o direito de filho maior varão e poder suceder
na casa, apesar de seu pai e mãe estarem fora do reino (4). Faleceu o
Conde de Olivença a 25 de Novembro de 1487, tendo-o precedido no túmulo
a Condessa, já desde 12 de Abril de 1482, e D. João II constituiu-se tutor da
pequena D. Caterina, como consta de uma carta de 29 de Abril de 1490(5).
( 1 ) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 7.", fl. 89 v.
(2) Ibidetn, liv. 32.°, fl. loo.
(3) Archivo histórico portuguez, II, 273.
(4) Chancelaria de D. João 11^ liv. 21.», fl. 62 v. ^
(5) Carla dirigida a D. Afonso, do conselho, bispo de Évora, de apresentação da igreja
de Santa Maria dos Açougues da vila de Elvas, igreja da apresentação de D. Caterina, neta
do Conde de Olivença, que Deus perdoi, da qual «nós somos tetor». — Chancelaria de
D. João II, liv. i3.°, fl. 17.
43 o Brasões
Não encontro mais notícias desta criança, nem nos documentos, nem nos nobi-
liários.
Já lá muito acima me referi à doação feita por D. João I ao seu guarda
mor Martim Afonso de Melo, por carta de 3o de Agosto de iSgS, da torre
da cerca velha de Évora dentro das suas moradas. Assim lacónicamente se
exprime o existente extracto do diploma.
Junto da torre e pegado com o castelo edificou Martim Afonso os paços
do seu morgado e umas casas novas. Tudo a seu filho, o segundo Martim
Afonso, confirmou D. João I em 2 de Fevereiro de 1432, D. Duarte, em 21
do mesmo mês de 1434, o infante D. Pedro, regente, em 20 de Julho de
1439(1), e D. Afonso V, em 12 do mesmo mês de 1449(2). A carta de
D. Duarte esclarece um pouco mais a situação do prédio. Diz ela: «doação
de juro de herdade... de todalas casas novas que Martim Afonso... fez
nos seus paços do morgado, que são em Évora junto com o castelo, com a
sua parte e quinhão da sala (3) que está junto com a torre velha, assim como
parte com o curral das ditas casas do morgado e entestam no muro contra
S. Mamede, e da parte entesta no muro que é contra Évora Monte, e da
outra parte com a dita sua sala e torre velha».
No mesmo dia, 12 de Julho de 1449, no qual D. Afonso V confirmou a
doação da torre da cerca velha a seu guarda mor Martim Afonso de Melo,
assinou nova carta (4) para substituir a de 3o de Abril de 1446, pela qual o
infante regente D. Pedro lhe havia doado o Castelo Velho de Évora (5).
Declara o diploma: «consirando os muitos serviços que Martim Afonso de
Melo, cuja alma Deos haja, e seu linhagem hão feito aos reis D. João meu
avô e a meu padre, e o que também nós havemos recebido e entendemos de
receber de Martim Afonso de Melo seu filho, nosso guarda mor e do nosso
conselho», faz-lhe livre, pura e irrevogável doação para sempre, para ele e
todos seus herdeiros e sucessores, ascendentes e descendentes, do Castelo
Velho da cidade de Évora «com suas torres, casas, pardieiros, quintais e ár-
vores, assi como partem de uma parte com pumar e casas do dito Martim
Afonso, e da outra parte com adro da Sé, e da outra parte com quintal de
D. Diego de Castro (pátio de S. Miguel) e da outra parte com paço do Con-
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 19.°, fl. 84.
(2) Liv. 3.° de Odiana, fl. 228 v.
(3) Talvez «a notável sala de armas ou casa de guarda, seguramente medieval», ainda
existente em 1886. — Gabriel Pereira, Estudos Eborenses, Lóios, pág. 18.
(4) Liv. 3.» de Odiana, fl. 229.
(5) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 5.» fl. 32,
• Meios 43 1
celho da dita cidade (i), com tanto que, fazendo ele algumas obras de casas
no dito Castelo, ou outra alguma cousa em eles, que seja em tal guisa que o
andaimo do muro dele, assi como vai, e torres dele seja todo despachado per
tal maneira, que em qualquer tempo, que seja compridoiro, se possam servir
e correr per êle livremente, sem nenhum empacho».
Nestes terrenos, nos já possuídos pelo primeiro Martim Afonso de Melo,
nos a êle junto daqueles doados por D. João I e, finalmente, no Castelo
Velho, doado ao segundo Martim, Afonso, foram edificados o palácio chamado
da Torre das Cinco Quinas e o convento dos Lóios. O palácio, acrescen-
tado e retocado posteriormente, é construção dos dois Martins Afonsos; o
convento foi fundado pelo Conde de Olivença. Do primeiro edifício vêem-se
duas fotografias no opúsculo de A. F. Barata, Évora e seus arredores; do
segundo, da elegantíssima porta da Casa do Capítulo nos claustros, encon-
tram-se reproduções na Arte o a natureia em Portugal, n.° 68, e no vol. II
da Baukunst der Renaissance in Portugal de Albrecht Haupt.
No Capítulo do ano de 1482 resolveu a congregação dos Cónegos de
S. João Evangelista aceitar o convento que para eles se propunha edificar o
Conde de Olivença, de acordo com seu genro D. Álvaro de Portugal. A 6
de Maio de 1485 lançou-se a primeira pedra, tirando o Conde por sua mão
três cestos dos alicerces «à imitação do Emperador Constantino, só com diffe-
rença em o numero: porque este tirou doze à honra dos doze Apóstolos, &
D. Rodrigo tirou três à honra do Salvador do mundo, da Virgem Santíssima,
& do Discípulo Amado» (2). Passados dois anos sobreveio a morte do Conde,
mas os seus testamenteiros. Rui de Sousa, fidalgo da casa dei Rei, Fr. Pedro
Dias, prior de S. Domeingos, e Lopo Pires, prioste da Sé, trataram de dar
execução ao seu testamento e por tal forma se houveram, que a primeira
missa foi dita ria noite de Natal de 1491 (3).
Esta igreja e convento, dos quais o leitor encontrará uma curiosa descrição
no quarto folheto dos ' Estudos Eborenses de Gabriel Pereira, intitulado
Lóios, foi o panteão dos Meios. Dalgumas inscrições lá lidas por mim em
Março de 1901 e doutras transcritas no cit. Ceo aberto na terra darei aqui
a notícia. ^
A porta da igreja, da parte de fora, debaixo do alpendre, sob um
(i) «... a casa do Senado era à Sé antiga sita no lugar, em que hoje (1728) são os Ce-
leyros dos nossos... prelados» {Évora gloriosa, § i43); em 1886, «lado sul da Biblioteca
publica» (Gabriel Pereira, Lóios, pág. 17).
(2) P.e Francisco de Santa Maria, O Ceo aberto na Terra. Historia.'., dos Cónegos
seculares . . de S João Evangelista em Portugal, pág. 497.
(3) Ibidem^ pág. 498.
432 Brasões
pavilhão de alabastro e acima de uma pequena coluna, lê-se, desenvolvendo
as abreviaturas, esta inscrição em caracteres góticos:
Em louvor de nosso senor deos e do apostolo Sã Johã evãgelista
edificou e dotou este mosteiro
I o mâgriifico Snor dõ Rodrigo de mello cõde dolivenca bisneto de Vas-
co mlz de mello q deu a vida
ao muy virtuoso Snor Rey dõ Joã o primeiro e neto de martí afõ de
melo ovelho q grandemete ajudou a
ganhar este regno ao dito Snor Rey e f" de martí af» de melo q bê
e lealmete sepre sérvio e foy o dito cõde creado
do muy escrarecido snor Rey dõ a" o qinto e Rb anos sérvio cõ sua
pesoa e gêtes muy grãdemete e en todas
as pasages que o dito Snor Rey em Africa fez sepre cõ ele foy e to-
mada a cidade de tãger logo lha entregou
e o tez o primeiro capitã e governador dela e xiii anos q a teve
houve tãtas pelejas e fez tãtos
desbaratos e mouros q muito pouco ficou do termo dela q nã fez
trabutario ao dito Snor Rey e êtrou cõ
ele nos reinos de castelã cõ tãta géte e asy corrigida que poucos
dos mores do Reyno levara
mais finouse aos xxv dias de novêbro da era de nosso Snor jesu
cristo de mil iiij'= Lxxxvij
Por cima do letreiro, no qual há um erro histórico (i), vê-se um escudo
pendi-do, com seis besantes entre dobre cruz e bordadura, armas dos Meios;
elmo posto de frente, sobrepujado de um barrete piramidal.
No pavimento do adro por baixo do pórtico:
AQVI lAZ POR SVA VMIL
DADE D. DIOGO DANNV
NGIACAO IVSTINIANO
CÓNEGO DESTA GONGR
EGACAO BISPO DA SERR^
ARCEBISPO DE CRANGA "
NOR PROVISOR E BISPO C
OADJVTOR DESTE ARCE
BISPADO FALECEO AOS
28 DE OVTVBRO DE 171 3.
Armas: escudo carregado de uma faxa e posto no peito de uma águia de duas
cabeças sobrepujada de chapéu de bispo. Fora sagrado em Roma a 2 de
Maio de 1692, segundo assevera Barbosa Machado ao tratar dele na Biblio-
theca lusitana.
^ (t) Quem redigiu o letreiro confundiu os dois Vascos Martins de Melo, pai e filho, su-
pondo haver sido o primeiro, que foi o bisavô do Conde de Olivença, o falecido em Alju-
barrota, quando na realidade foi o segundo.
Mdos 433
Na capela mor, no chão, ao meio:
Aqui ja\ o magnifico senhor D. Rodrigo de Mello Conde de Olivença, o
primeiro Capitão e Governador que foi de Tangere e Jínouse aos sS dias
de Novembro era de 148'j annos (i).
Ao lado, em volta da efígie gravada na campa:
Aqui : ja\ : a muy : / vertuosa : senora : dona : Isabel : de : meneses : con-
deça : de : / olivença : e Jiiiose : / aos : do\e : dias : do mes : de agosto ■: de :
mil : cccc Ixxxii annos : / (2).
A ilharga destas campas estão outras duas sem epitáfios, mas com as
figuras dos sepultados nelas riscadas na pedra; são as de D. Álvaro de Por-
tugal e de D. P^elipa de Melo sua mulher. Todas estão tapadas com o es-
trado de madeira lançado sobre o pavimento.
Ainda na capela mor, mas na parede do lado do evangelho:
AQVI . lAZ . DOM . JOHAO
DE MELLO . ARCEBISPO • DE
BRAGVA . IRMÃO • DO • CONDE
DOLIVENCA . FVNDADOR
DESTA . CASA-
por baixo:
AQVI . lAZ D. LVIZ • AMBRÓSIO DE
MELLO • 2.' DVQE • DO CADAVAL GE
NRO DEL REI DE PORTVGAL D. PE
DRO 2.» FALECEO EM i3 DE NOV.-*"
DE 1700 REQVIHESCAT IN PACE.
Na outra parede, do lado da epístola:
AQVI . JAZ . MARTIM • Â DE
MELLO • E SVA • MOLHER DONA
MARGVARIDA • DE • VILHANA •
PAI. I -MA I DO CONDE -DO
LIVENCA. FVNDADOR
DESTA CASA.
Na capela do cruzeiro do lado do evangelho, a capela do SS., e nela do lado
da epístola, na parede:
AQVl-JAZ. MANOEL. DE MELLO
F» -DE . MARTIM -A» . DE • MELLO
E • DE • DONA • MARGARIDA
DE -VILHANASVA-MOLHER
FALECEO • AOS XXVI . DE SETEMBRO
DE M. CCCCLXXXXIII. ANNOS.
(i) Ceo aberto, pág. 499; Gabriel Pereira, Lóios, pág. 7.
(2) António Francisco Barata, Miscellanea historico-romantica, pág. 107; Ceo aberto,
pág. 499- 5oo, cotn a data do mês errada.
voL. 1 55
434 Brasões
Escudo partido: o I dos Meios; o II esquartelado de liÕes e azas com espadas,
armas dos Vilhenas. Em frente, na mesma capela:
AQI • lAZ . FRANCISCO • DE MELLO • DO ÇONS» DELREI
DÓ ■ lOHÃ . HO . 3.» F." DE MANOEL • DE MELLO • E • DONA
BRITIZ . DA . SILVA • SVA • MOLHER ■ FALECEO • DE XX
XXVI • ANNOS . AOS XXVII • DABRIL • DE • M • D • XXXVI •
Escudo partido dos besantes dos Meios e do Hão dos Silvas. Ambos estes
túmulos são em edículos de mármore de Estremoz, e de aprimorado lavor,
no» estilo da Renascença. Nesta mesma capela estavam os seguintes le-
treiros:
Aqui jai Donna Maria Manoel mulher de André de Sousa, Alcaide
mor de Arronches & senhor de Miranda, filha de Manoel de Mello & de
Donna Brittes da Sjlva sua tnulher. Faleceo aos 20 de Janeiro de i532.
E outro:
Aqui j ai Donna Brittes da Sjha mulher que foi de Manoel de Mello,
que Deos haja, Jilha de João da SylPa & de Donna Branca Continha sua
molher. Faleceo a 4 de Junho de i543{\).
Na capela de Nossa Senhora do Rosário, entrando na igreja à di-
reita, no chão, estão duas sepulturas das quais as campas não são de
pedra, mas de bronze, com figuras e ornatos em baixo relevo de primoroso
-lavor, e com inscrições em caracteres góticos dispostas em volta. Numfe
lê-se:
Aquy Jaz Omanyfico Ruy de sousa Senhor de sagres / E beringell a que elrey
dom afomso o quymto E a elrey dom Joham seu filho nos gramdes feitos em que
foram Esforçadamente / E com mijyta lealldade Sempre seruio E acomselhou/ E
asy a elrey dom manuell o prim" em cuio seruico faleceo em Toledo semdo de
idade de • Ixxv • anos E Jmdo com / O dito senhor E com a raynha dona Jsabell /
sua molher por seu mandado quamdo os Juraram porherdeyros dos Regnuos de
Castella E Daragam / Etc E acabou • a xxiiij -Dias de mayo da era de •
M • CCCG • IR vij ãnos(i2).
Na outra, também em caracteres góticos e começando a ler ao meio da
linha superior:
• Aqui jaz dona / branca de vilhana molher que foy de Ruy de Sousa Senhor
de sagres • e • de biringel • /do conselho delrey dom affom o qnto • e • /delrey
dom johã ssem filho • filha de marti affom de mello jrmaã do conde doliuêca •
q • este / moest" edeficou.
(i) Ceo aberto, pág. 5o i. Já lá os não vi, tapados com o estrado.
(2^ Há aqui um erro na data do ano, como já ficou advertido nas Sepulturas do Espi-
nheiro, pág. 9-10. Rui de Sousa morreu em 1498, entre 14 de Fevereiro e 4 de Julho.
Meios 435
Está a inscrição gravada em torno da figura de D. Branca, deitada dentro
de um pórtico muito ornado, tudo riscado no bronze da campa. Já para
cobrir o túmulo de sua primeira mulher, Isabel de Siqueira,, havia Rui de
Melo mandado vir outra lâmina de bronze, a qual desapareceu da capela
mor da' igreja do Espinheiro onde fora colocada.
No corpo da igreja:
Aqui ja:{ Dom Rodrigo de Mello, primeiro Conde de Tetttugal, e Marque^
de Ferreira^ filho de D. Álvaro^ & de D. Filippa, que ja\em nesta cappella.
Faleceo aos 77. de Agosto de i545. E de sua mulher D. Brittes de Meneses,
Marquesa de Ferreira, que faleceo aos jo. de Abril de i585.
Segue-se a do 2.° Marquês, nestes termos:
Sepultura de D. Francisco de. Mello, segundo Marque:{ de Ferreira, &
Conde de Tentúgal, filho de D. Rodrigo, primeiro Marque^ de Ferreira,
filho do senhor D. Álvaro de Portugal, que foi filho do senhor Dom Fernando,
segundo Duque de Bargança, & filho de Donna Leonor de Abneyda, filha
do grande Dom Francisco de Abneyda, primeiro Vice Rey da índia; & se-
pultura de sua mulher a Condeça Donna Eugenia, filha do Duque de Bar-
gança Dom Gemes, neto do Infante Dom Fernando, irmão (sic) delRey Dom
Manoel, & filha da Duquesa Donna Joanna de Mendonça. Faleceo o Mar-
que^ na era de i588.
Segue-se a do 3." Marquês, assim:
Sepultura de Dom Francisco de Mello, terceiro Marquei 'de Ferreira,
segundo deste nome que faleceo aos 18. dias do me^ de Março de 164S.
annos, & de D. Isabel de Castro & Pimentel sua filha, & da Marquesa
D. Joanna Pimentel.
Segue-se a da primeira mulher do mesmo Marquês:
Aqui ja\ Donna Maria de Toledo & Mosco{o, Marquesa de Fer-
reira, filha dos Condes d'Altatfiira Dom Lopo de Moscovo, & Donna
Leonor de Sandoval & Roxas, ,Afa que foi delRey Dom Filippe IV.' &
dos Infantes seus irmãos, primeira mulher do Marque^ Dom Francisco de
Mello, segundo do nome, faleceo em Évora aos sinco dias do me\ de Abril
de i63o.
Finalmente a do segundo filho do 2.° Marquês, a qual reza assim;
Sepultura de dom Nuno Alvres Pereyra, terceiro Conde de Tentúgal,
filho segundo do Marque^ de Ferreira D0711 Francisco de Mello, é da Con-
deça de Tentúgal Donna Eugenia sua mulher, filha do duque de Bargança
Dom Gemes. Faleceo ao derradeiro de Fevereiro de i5gj. E da Condeça
Donna Marianna de Castro, mulher do dito Conde Do?n Nuno Alvres, filha
do Côde d'Altamira Dom Rodrigo 0\orio de Moscovo, & da Condeça Donna
Isabel de Castro. TivèraÕ a Donna Eugenia de Castro, que faleceo de idade
436 Brasões
de desaseis annos, & Donna Isabel de Castro de idade de oito annos, &
Dom João de Mello de idade de dous annos, & meyo, & Donna Anna de
Toledo de idade de anno & mejo. Faleceo a Condeça aos 20 de Janeiro
de 1626(1).
Não as vi, cobertas com o estrado.
No cruzeiro, também cobertas com o estrado:
Aqt/i ja:{ Donna Maria de Mendonça, filha de Dom Fernando de Mejieses
& de Donna Filippa de Mendonça, primeira iniilher de Dom Constantino,
filho do Marqiie{ Dom Francisco, de quem não teve filhos. Faleceo a 16 de
Settembro de i5go.
Aqui jai Donna Catherina, filha de Dom Afi^otiso de Noronha & de
Donna Maria Deça, mulher que foi de Dom Rodrigo. Faleceo em Outubro
de iSyS.
Aqui jai Dom Rodrigo de Mello, Sacerdote, filho de Dom Nuno Alvres
Pereira & de Donna Marianna de Castro, Condes de Tentúgal, neto <&
irmão dos Marqueses de Ferreira Dom Francisco, ambos do nome. Faleceo
em Lisboa a 26 de Novembro de i652. Requiescat in pace (2).
Na igreja não encontrei mais campas dignas de nota. É ela toda forrada
de belíssimos azulejos assinados Antonius de Oliva ijji fecit, represen-
tando a vida de S. Lourenço Justiniano, patriarca de Veneza e primeiro
geral da congregação de S. Jorge in Alga, da qual procedeu a dos Cónegos
seculares de S. João Evangelista, os Lóios, como lhes chamavam da cor do
hábito. No meio da igreja está, mais moderna que os azulejos, a tribuna
dos padroeiros, muito elegante, sobre uma base de mármore branco, ven-
do-se, no alto do varandim de madeira, as armas do Duque de Cadaval,
escudo com uma aspa carregada de cinco escudetes das armas do reino
completas. "
Sobre o claustro abre a Casa do Capítulo com um elegantíssimo pórtico
geminado, com arcos de ferradura, do qual na Arte e natureza, n.° 68, se vê
uma bela reprodução em fotogravura, e no vol. II, pág. i35, da Renaissance
in Portugal de Haupt, um desenho. Ao meio tem um medalhão e nele
querem ver esculpida a tranqueira de Arzila, sem relação nenhuma com o
fundador do convento, capitão de Tânger e não daquela outra praça, vendo
eu na escultura talvez a grelha estilizada do martírio de S. Lourenço, o
patrono do outro santo do mesmo nome considerado fundador da congregação
da Alga, precursora dos Lóios.
(i) Ceo aberto, pág. Soo.
(2) Ibidem, pág. 5o i.
Meios 437
Na Casa do Capítulo, no chão, encontrei quatro campas, uma sem letreiro
e nas outras só pude ler as seguintes palavras:
NESTA . SEPVLTVRA • ESTÃO
CORPO . DEDOM • FRANG
ISCO . DALMEIDA SACERD
OTE . FILHO • NATVRAL • DO
marque:^- de ferreiRA
i domfrancisco-deme
* lo ' primeiro deste
^OM.K ¥01 -cónego na
SE DESTACIDADE • DEVORA
E THESOVREIRO • NA DE LIS
BOA . FALECEO • ADESESEIS
DIAS . DOMES • De /everet
RO . DO ANO de 1621.
Está em parte quási ilegível; segue-se-lhe:
Aqvi iaz dom João de
BrAG.Ç^ FILHO DE DÕ
FrC» DE MELO SEGVNDO
MARQVEZ DE FERREIRA
BISPO DE VIZEV. fale
CEV A 4 de fevereiro
de i6og.
Também em partes ilegível; completei a leitura dambos com a transcrição
do Ceo aberto, pág. 5o i. Junto a esta está a sem letreiro e ainda mais
outra da qual só pude ler as primeiras e últimas palavras, e completarei
com a cópia do citado livro:
AQUI JAZ D. Maria de Meneses mulher do Capitão D. Antão deposi-
tada até seus herdeiros a tresladarem para S. Domingos de Lisboa. Falleceo
O PR." DE AGOSTO DE i562.
No claustro do mesmo convento estão várias campas e, entre elas, estas:
AQVI . JAZ • RODRIGO • DE ■
MENDONÇA • DE VASCO
NGELLOS • DEP VTADO
E PROMOTOR • QVE • FOI
DO S/o O FF.» NESTA • I N-
QVIZIÇAM . DE ÉVORA • FA-
LECEO -A 10 . DE S""^» DE 1723.
Armas: escudo esquartelado: no I sete torres; no II franchado de bandas e
438 Brasões
dois SS; no Hl uma banda entre duas flores de lis; no IV três faxas veiradas.
Timbre uma torre.
AQVI JAZ NVNO MASCARE
NHÃS DE BRITO • INQVI
ZIDOR E PRESIDENTE
O FOI DOS TRIBVNAIS
DE COIMBRA E EVO- '
/' RAFALECEOAOS2
DE OVTVBRO DE
I 7 • 7- ^
Armas: escudo esquartelado: no I e IV as armas do reino; no II as dos
Britos; no III três bandas. Não tem timbre.
S/ DE DOM GABRIEL DA
ANNVNCIACÃO CQ
NEGO DA CONGREG
ACÃO DE -S- J". EVANGEL
ISTA BISPO DE FEZ FA
LC« A 18 DE MARCO DE
1644.
Armas: escUdo partido: no I cinco liôes; no II seis besantes entre fiscos em
dobre cruz. Não tem timbre.
AQVI JAZ O INQVIZ
IDOR JOÃO FERREI
RA BARRETO FA
LECEO A 3i DE DEZ
EMBRODE1688.
S/ . DE ANTÓNIO • PEREIRA
DO SOTO • MEIRINHO • DO
SANTO OFF."
Voltemos ao genro do Conde de Olivença.
O senhor D. Álvaro, como geralmente é tratado, ou D. Álvaro de Por-
tugal, como é denominado nalguns documentos, era o^ quarto filho varão de
D. Fernando, 2." duque de Bragança, e da duquesa D. Joana de Castro,
senhora do Cadaval e Peral. Fizeram-lhe seus pais doação, por carta de 21
de Janeiro de 1466, das suas rendas em Beja e seu termo, tal como lhas
havia doado seu avô o Condestável D. Nuno Álvares Pereira (i) ; e D. Afonso V,
(i) Transcrita na carta de doação e confirmação régia, dada em Évora a 4 de Janeiro
de 1470. — Chancelaria de D. A/ouso V, liv. 5 o °, fl. 164.
Meios 489
por duas cartas de 3 de Junho de 1476, datadas de Toro, fez-lhe doação das vilas
e castelos de Torres Novas e Alvaiázere, com os padroados das igrejas (i).
Com a doação de Torres Novas não se conformou porém o príncipe D. João,
apesar de na carta se declarar ter sido feita a mercê com seu consentimento,
e, entrando em ajuste com D. Álvaro, deu-lhe por ela o senhorio de Tentúgal,
seu termo, jurisdições e rendas, e mais a vila de Buarcos e lugares do Ra-
baçal, Vila Nova de Anços, Anobra e Pereira. Celebrou-se o contrato no
Porto, a 28 de Julho de 1476, e teve confirmação régia no mesmo dia (2).
Esta doação foi confirmada a D. Álvaro por D. Manuel, em Vila Franca de
Xira, a i3 de Agosto de 1496(3).
Haviam os duques de Bragança, D. Fernando I e D. Joana de Castro, feito
doação, em 14 de Janeiro de 1463, a seu filho segundo D. João, futuro mar-
quês de Montemor o Novo, da alcaidaria e rendas desta vila e da terra do
Cadaval (4), a qual posteriormente, juntamente com a do Peral, sua conjunta,
foi doada pelo duque D. Fernando II a seu irmão D. Álvaro, para a haver
por falecimento de seu outro irmão o Marquês de Montemor. Foi a escritura
de doação feita em 20 de Novembro de 1478, mas só teve confirmação régia,
depois da morte do Marquês e do regresso ao reino de D. Álvaro, por carta
dada em Vila Franca de Xira, a 23 de Agosto de 1496(5). Por esta forma
entraram nesta família os senhorios das vilas de Cadaval e Tentúgal.
Na corte desempenhou D. Álvaro o ofício de regedor da Casa da Supli-
cação nomeado por carta de 16 de Outubro de 1473 (6), e logo a seguir, por
outra de 11 de Agosto de 1475, foi nomeado chanceler mor (7), tendo então,
segundo parece, largado a regedoria das justiças. Tornou contudo a entrar
para ela e encontra-se, exercendo cumulativamente os dois cargos, desde
Janeiro de 1479 até se expatriar em 1483 (8). Para Castela se retirara em
fins de Maio deste ano, como já lá acima ficou dito, e naquele reino foi muito
cordealmente recebido pelos Reis Católicos, D. Fernando e D. Isabel, de
quem era tio por ser primo com irmão de seu pai, D. João II. Naquele
reino foi senhor de Gelves, alcaide mor de Sevilha e Andujar, contador mor
e presidente de Castela. De lá regressou a Portugal em seguida ao advento
ao trono de D. Manuel, que se apressou de lhe escrever, em 2 de Abril de
(i) 'Chancelaria de D. Afonso V, liv. 7.°, fls. 104 v. e 99 v.
(2) Ibidem, íl. 16.
(3) Chancelaria de D. João IJI, liv. 45." de Doações, fl. 128 v.
(4) Liv. 3.° de Místicos, fl. 43 v.
(5) Chancelaria de D. Manuel, liv. 25,°, fl. 36.
(6) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 33.°, fl. 225 v.
(7) Lir. de Extras, fl. i5o v.
(8) Brasões de Cintra, III, 194.
440 Brasões
1496, uma carta muito amigável, mandando-o regressar ao reino. Não teve
nunca, ainda assim, a ousadia de revogar a sentença, que condenava D. Álvaro
à morte pelo crime de lesa majestade.
Restituído ao reino foram-lhe logo confirmados os bens da Coroa por
cartas daquele ano, quási todas passadas no mês de Agosto, em Vila Franca de
Xira; por essa mesma ocasião foram-lhe dados, por outra carta de 14 do refe-
rido mês, duzentos e cinquenta e nove mil e tantos reais de assentamento (i).
Neste mesmo ano foi enviado por embaixador a Castela e lá, em Burgos, a
3o de Novembro, assinou por D. Manuel o contrato de seu casamento com
a princesa D. Isabel, viúva do príncipe D. Afonso (2). Tornou a intervir no
segundo casamento de D. Manuel, recebendo de sua esposa a infanta D. Maria
procuração passada em Granada, a 16 de Agosto de i5oo, para em nome dela
contrair os desposórios e matrimónio por palavras de presente (3). Nestes
contrato e procuração aparece D. Álvaro com o apelido de Portugal, D. Álvaro
de Portugal, e o mesmo acontece noutro contrato, no de 28 de Abril de i5i2,
celebrado entre D. Felipa de Melo, viúva de D. Álvaro de Portugal, e seu
filho D. Rodrigo de Portugal, pelo qual aquela senhora lhe cede a alcaidaria
mor de Olivença (4).
Não é só nestes documentos, e não serão os únicos, é também no epitáfio
de seu neto acima transcrito, que D. Álvaro aparece com o apelido de Por-
tugal. O P.^ Sousa porem, apesar de no citado tom. das Provas, impresso
em 1742, transcrever o referido contrato de casamento, vai no ano seguinte,
no tom. X da Historia, pág. 27, afirmar que erram todos quantos a D. Álvaro
deram o referido apelido. Esta afirmação fá-la o Teatino por lisonja, para
poder dizer, «que os filhos, e filhas dos Duques de Bragança naÕ tiveraõ appel-
lido nem usaram mais, que do nome do bautismo à maneira dos filhos dos
Infantes».
Foi D. Álvaro de Portugal um fidalgo cheio de filáucia só excedida por
seu filho D. Rodrigo, cuja intolerável vaidade pode bem ser apreciada pela
crítica à Chronica de D. Emanuel de Damião de Góes (5). Faleceu D.Álvaro
em Toledo, a 4 de Março de i5o4, segundo afirma o P.^ Sousa, sendo de lá
trasladado para o convento dos Lóios de Évora. Deverá ser certa a infor-
mação, porque logo, por carta de 10 do mesmo mês, foi concedido a seu filho
D. Rodrigo de Melo o mesmo assentamento, que seu pai houvera, para começar
(i) Liv. I." de Místicos, fl. 6.
(2) P.e Sousa, Provas da Historia genealógica, tom. II, pág. 384, n.° 66.
(3) Corpo cronológico, part. I, mac. 3, doe. 23.
(4) Transcrito na carta de confirmação, liv. 7.» de Odiana, fl. 58.
(5) Itemis comtra os erros da Chronica, no Archivo histórico portuguez, IX, 349.
Meios 441
a receber do i." de Janeiro do ano presente em diante (i). Já então era
D. Rodrigo conde de Tentúgal. Sua mãe, D. Felipa de Melo, só veio a
morrer em i5i6, sendo neste ano, por cartas de 28 de Fevereiro'e 3 de Março,
confirmadas a seu filho as terras de Fereira de Aves, Carapito, Vila Maior,
Cadaval e Peral, e a alcaidaria mor de Olivença (2).
D. Rodrigo de Melo, alem de haver sido, desde princípio de Março de
i5o4, o 1.° conde de Tentúgal (3), era em i533, antes de 6 de Março, marquês
de Ferreira (4). Dele provieram os mais marqueses dos quais o 4.°, D. Nuno
Caetano Alvares Pereira de Melo, foi criado duque de Cadaval por carta de
18 de Julho de 1 648(5). Em seus descendentes se continuou a casa que teve
seis duques, e da qual a representante, a Marquesa D. Maria da Piedade
Caetano Alvares Pereira de Melo, morreu ontem (14 de Setembro de 1898)
deixando netos na infância. Faleceu em França, para onde emigrara com os
seus após a total ruína da causa de D. Miguel, e onde, para conservar a
varonia da sua casa, casara aos dezasseis anos com um tio de trinta e oiío.
Da casa de Cadaval foram ramos em Espanha os Condes de Gelves,
Duques de Verágua, e os Condes de Assumar, Marqueses de Villescas, des-
cendentes de D. Francisco de Melo, o general vencido em Rocroy. Em Por-
tugal houve um filho segundo da casa de Cadaval, D. Segismundo Caetano
(i) Chancelaria de D. Manuel, liv, 19.", fl. 3o.
(2) Ibidem, liv. 25.", fls. 39 e 36
(3) Notc-se que, se é certo aparecer ele com o título na acima citada carta do assenta-
mento, passada em 10 de Março de i5o4, também é certo encontrar-se noutra do dia se-
guinte, a de doação de Alvaiázere, apenas designado por «meu sobrinho», sem outro algum
título. — Chancelaria de D. Manuel^ liv. 20.°, íl, 26.
(4) Brasões de Cintra, II, 454. ^
(5j «Havendo respeito aos serviços de D. Francisco de Melo, marquês de Ferreira, so-
brinho, que Deus perdoi, e particularmente aos que fez à Rainha minha mulher no ofício
de seu mordomo mor, em cujo exercício faleceu, e à grande satisfação que eu e a Rainha
tivemos sempre do amor e acerto com que nos serviu, e a muito divido que comigo tinha»
e às grandes qualidades de sua casa e pessoa, e falecer sem receber de mim a honra e mercê
e acrecentamento, que sempre desejei fazer-lhe, e tendo outrossim respeito aos serviços que
a Marquesa sua mulher faz e há feito à Rainha e a está-la servindo de sua camareira mor, e
tendo ultimamente respeito a o Marquês de Ferreira conde de Tentúgal, D. Nuno Álvares
Pereira, servir ao Príncipe e à muita afeição que o Príncipe lhe tem, e ser sucessor e her-
deiro da casa e serviços dos ditos seus pais. . .»> Carta de duque de Cadaval, em sua vida. —
Chancelaria de D. João /V, liv. 20.° de Doações, fl. 99 v.
Diz o P.e Sousa, no tom. X da Historia genealógica, pág. 269, haver D. João IV criado
a D. Nuno «duque de Cadaval a 26 de Abril de 1648 no dia, em que nasceo o Infante
D.Pedro... Passou-se-lhe Carta... a 12 de Agosto do referido anno^). Esta data está
errada, e não sei se a precedente informação será exacta.
voL. I 56
442 Brasões
Alvares Pereira de Melo, que fui o 3." e último duque de Lafões pelo seu
casamento com a herdeira desta casa.
As armas da casa de Cadaval são: de prata, aspa de vermelho carregada
■de cinco escudetes das armas do reino, e entre eles quatro cruzes de prata,
floridas e vazias. Coroa de duque. Timbre: cavalo nascente de prata, bri-
dado de vermelho, e enfreado de oiro, com três lançadas em sangue no pes-
coço. A introdução das cruzes dos Pereiras no escudo dos Cadavais é rela-
tivamente moderna e, sem elas, ainda se vê o brasão sobre a tribuna da
igreja dos Lóios de Évora, onde as armas foram colocadas nos princípios do
século xviii.
As armas da casa de Lafões são: partido: o I das armas do reino dife-
rençadas por um filete de negro sobreposto em barra (Bragança); o II esquar-
telado: o i.* e 4." das armas do reino com a mesma diferença; o 2.° e 3.°^e
vermelho, caderna de crescentes de prata (Sousa). Coroa de duque. Timbre:
castelo de oiro.
D. Francisco de Melo, o general vencido em Rocroy, foi filho de D. Cons-
tantino de Bragança e neto do i.° Marquês de Ferreira. Nasceu D. Francisco
em 1597, passou para Castela, onde serviu no conselho de Estado e na casa
da rainha D. Isabel de Bourbon, mulher de Felipe IV de Espanha, que lhe
deu o titulo de conde de Assumar por carta de 3o de Março de i636(i).
De D. Francisco de Melo formava este Juízo um ilustre general e escritor
há pouco falecido: «Paiipre, ambitteux, il avait quitté rantichambre de son
cousin en disgrâce (le duc de Bragance) paur se donner au premier ministre
de Philippe IV, dont il sut gagner et conserver la faveur. La carrière de
la politique active s'ouvrit devant lui; il en parcourut rapidement les degrés
et s'acquitta heureusement de missions difficiles à Vienne, à Genes, à Ratis-
honne, en Sicile. Cétait iin homme d'une quarantaine d'années, trapu, les
cheveux touffiis, le visage noir, d'aspect ires meridional. Intelligent, adroit,
énergique, diplomate consommé, administrai eur habile, il n' avait ni expérience
de la guerre ni connaissances professionelles quand il reçut, avec le titre de
gouverneur des Pays-Bas et de Bourgogne, le grade de capitaine general et
le commandemetit d'une armée. La fortune sourit à sesdébuis; il créa des
ressources, rétablit un peu d'ordre dans les Jinances et entra en campagne
en 1642 avec une armée bien pourvue, à laquelle il sut donner une bonne
direction géjiéralev (2).
A campanha começara bem para as armas espanholas, mas infelizmente
(i) Chancelaria de Felipe III, liv. 29.*» de Doações, fl. 36o v.
(2) Duc d'Aumale, Histoire des Princes de Conde, IV, 29.
Meios 443
para estas foi assinalada pela derrota de Rocroy, em 19 de Maio do ano se-
guinte.
Continuou sempre D. Francisco a viver em Castela, onde Felipe IV, em
1646, lhe deu os títulos de visconde de Caseda e de marquês de Villescas,
respectivamente a 16 de Agosto e 7 de Setembro (i). Morreu em Madrid
em i65i, contando cinquenta e quatro anos de idade (2). Do autor agora
citado tirarei a inscrição mandada pôr por D. Francisco de Melo na capela
mor da igreja do mosteiro de Nossa Senhora dos Remédios de Évora,
por nela se conterem dados biográficos. Diz a inscrição: D. Francisco de
Mello, Conde de Assumar por mercê delRey Filippe IV. Monarca de Hes-
panha, e III. Rey de Portugal, Mordomo mor <la Rainha D. Isabel, Gentil-
-homem da Camera de S. MagestcCde, dos seus Conselhos de Estado e Guerra
da Monarchia, e do Estado Supremo da Coroa de Portugal, E?7ibaixador
aos Prijicipes de Itália, ao Emperador Fernando, Extraordinário ao Papa
Urbano VIII. Plenipotenciário para o Tratado de pa\ universal, Governador
das Armas de Sua Magestade em Lombardia, e General dos seus Exércitos
€m Alemanha, Viso-Rey e Capitão General do Rejno de Sicilia: no anno de
i63g, aos quarenta e dous da sua idade, mandou fa\er esta sepultura como
Padroeiro deste Convento de Nossa Senhora dos Remédios para D. Cons-
tantino de Bragança seu pay, filho do I. Marque:{ de Ferreira D. Francisco
e D. Eugenia, filha do Duque de Bragança D. Jaymes. Faleceo a 25 de
Agosto de 160J, e para D. Igne:{ de Castro sua mãj, filha de D. Fernando
de Castro, que faleceo a 2g de Novetnbro de 1622, e para D. Maria de Castro
sua irmãa, e todos se trasladarão em 3o de Julho de iò3g.
V
ALCAIDES MORES DE ELVAS, CONDES DE S. LOURENÇO
Do Conde de Olivença foi irmão, como acima disse, Manuel de Melo,
seu sucessor na capitania de Tânger, «onde o enviamos e esteve por capitão
certos anos», como declara a carta de 27 de Dezembro de 1484 de cinquenta
mil reais brancos de tença, em satisfação do seu serviço (3); também sucedeu
a seu irmão na alcaidaria mor de Olivença, da qual teve carta em 8 de Janeiro
( 1 ) Dr. Salazar de Mendoza, Origen de las dignidades seglares de Castilla y Leon, ed
de 1794, pág. 481. ^
(2) P.e Sousa, Historia genealógica, X, 43i.
(3) Chancelaria de D. João II, liv. 22.", fl. 101.
444 Brasões
de 1488 (i). Já então era do conselho e reposteiro mor, cargo para que fora
nomeado por carta de 21 de Junho de 1482, «assi e per a guisa que o atá
qui foi por nossa carta, que lhe delo tinhamos dada e assinada em sendo
príncipe» (2). Morreu, segundo declara o seu epitáfio acima transcrito, a 26
de Setembro de 1493, tendo casado com D. Beatriz da Silva, filha de João
da Silva, 4.° senhor de Vagos e camareiro mor do príncipe D. João, e de
sua mulher D. Branca Coutinho. Sobreviveu D. Beatriz a seu marido d^
quem herdou duas tenças, as quais deu a sua filha D. Margarida de Vilhena,
em casamento com João Gomes de Abreu, e lhe foram confirmadas por carta
de 14 de Março de i5o3 (3). João Gomes de Abreu (não se confunda com o
seu homónimo poeta do Cancioneiro) era filho de Rui de Abreu, alcaide mor
de Elvas (4), o qual, anos antes, havia vendido a referida alcaidaria a D. Beatriz
da Silva, para seu filho Rui de Melo, a quem foi confirmada por carta dada
em Sintra, a 11 de Maio de 1499, António Carneiro a fez (5).
D. Beatriz da Silva faleceu a 4 de Junho de i543, conforme o seu epitáfio,
e havia recebido, muitos anos antes, uma carta da rainha D. Maria relativa
ao casamento de Rui de Melo, carta que trasladarei por ela mostrar a ma-
neira como nesses tempos se faziam muitos casamentos, intervindo neles a
rialeza. Diz a carta:
«Dona briatiz Nos a Raynha vos emviamos muito saudar Elrey meu senhor vos scpreue
ssobre cassameto de vosso filho Ruy de mello com dona guyomar filha do comde de pena-
macor em que estaa fallado. O qual parece que vêem muy beem ao dito vosso filho asy
pella linhajem de que ella descende como por todos os outros Respeitos que pêra se com-
cludir ssam jumtos E certo que por ambas as partes a nos nos prazerya muyto sse acabar
e fazer e pello vosso Reçeberyamos ajmda muyto prazer porem muyto vos rrogamos que
neste casso queyraaes comsyrar todas as rrezoes que elRey meu senhor vos apomta pêra o
(i) Chancelaria de D. João II, liv. i8.°, fl. 48 v. — Esta alcaidaria tornou, em tempos de
D. Manuel, por morte de Manuel de Melo, a sua sobrinha D. Felipa de Melo.
(2) Ibidem, liv. 2°, fl. 42 v. — Nesta ocasião e por carta de 26 do mesmo mês, confir-
mara-lhe D. João II a carta de 23 de Agosto de 1480, pela qual D. Afonso V fizera doação
a Manuel de Melo, fidalgo da casa do Príncipe e seu reposteiro mor, em duas vidas, da renda
das boticas, vento e açougagem de Évora, como as tivera D. Margarida de Vilhena, mulher
de João Rodrigues de Sá (Ibidem). D. Margarida era irmã de Manuel de Melo e casara com
Rui Dias Lobo, herdeiro de Alvito, e depois, em 1467, com João Rodrigues de Sá, alcaide
mor do Porto. Esta senhora é a «dona Margarida» a quem Álvaro Barreto se refere numas
trovas a D. Afonso V, na estância «O grande Lobo de Alvyto» {Cancioneiro geral, fl. 36,
col. 2).
(3) Chancelaria de D. Manuel.^ liv. 21.% fl. 10 v.
(4) Por carta de D. João II de 27 de Maio de 1484, confirmada por D. Manuel a 26 de
Abril de 1496. —Vitorino de Almada, Concelho de Elvas, I, 2o5
(5) Chancelaria de D. Manuel, liv. 41.", fl. 93 v.
Meios 445
deuerdes fazer E assy como a vosso jrmaão ayres da sylua parece que he cousa muyto con-
vynhavel pêra vosso filho E aliem de tudo que nos Receberemos disso muyto prazer e loguo
a ysso nos Respomdaaes creemdo que da comclussam disso nos prazerá muyto e que asy
vollo gradeçeremos scprita em lixboa a xiij dias de feuereiro amtonio carneiro a fez de
i5o4 la Reyna
pêra dona briatiz da sylua
Sobrescrito: — Per a Rainha &c. A dona briatiz da silua e eivas &c (1).
Casaram com efeito, e dona Guiomar de Noronha foi a primeira mulher
de Rui de Melo, de quem êle leve só uma filha.
Estando o Alcaide mor de Elvas, com outros, numa poisada em Almeirim,
dirigiram chufas a Garcia de Resende, que a todos respondeu e as trovas
endereçadas a Rui de Melo foram estas:
Meu senhor alcayde mor,
dizeyme see isto graça;
•com vosco nam sey que faça,
porque m'acho sen ssabor.
Eu dissera algua cousa,
por vos nam hyrdes em vam,
e porem deytay a maão
desta d' Álvaro de Sousa,
vosso primo com irmaão. (/i. 223, col. i.)
De sua segunda mulher D. Guiomar de Melo, filha de Gomes de Figuei-
redo, provedor de Évora, teve Rui de Melo numerosa descendência, vindo a
ser seu terceiro neto Martim Afonso de Melo, 5.° alcaide mor de Elvas (2),
2.° conde de S. Lourenço em 1647, em virtude da renúncia do i." conde,
seu sogro Pêro da Silva (3). Tinha êle a alcunha do Duro; era filho segundo
de Lourenço da Silva, 6.° senhor de Vagos, e fora criado conde de S. Lou-
renço, em sua vida, por carta dada em Madrid a 26 de Junho de 1640, «tendo
particular respeito ao valor, prudência e zelo de meu serviço com que, sendo
governador e capitão geral do Estado do Brasil, se houve na ocasião em que
o inimigo rebelde de Holanda foi sitiar a cidade. . . da Baía» (4).
(i) Corpo cronológico, part. I, mac. 4.", doe. 56.
(2) Carta de 6 de Dezembro de 1620, confirmada em 4 de Maio de 1628. — Vitorino de
Almada, Concelho de Elvas, I, 2o5.
(3) Martim Afonso de Melo, do conselho d^ guerra, governador das armas da província
do Alentejo, «havendo respeito aos seus serviços e particularmente aos que me fez depois
de minha restituição à coroa destes reinos, em que sempre procedeu muito a minha satis-
fação, e haver renunciado nele o Conde de S. Lourenço seu sogro o dito título». . . Carta
do título de conde de S. Lourenço, em sua vida, Lisboa, 22 de Outubro de 1647. — Chance-
laria de D. João IV, liv. 20.° de Doações^ fl. 49.
(4J Chancelaria de Felipe III, liv. Sy.» de Doações, fl. 65 v.
44^ Brasões
■^'-'
O 2.° Conde de S. Lourenço prestou, no posto de governador das armas
da província do Alentejo, valiosos serviços à causa de D. João IV, de quem
fora um dos aclamadores, não sendo dos serviços menos importantes o da
disciplina que fez manter entre as suas tropas (i). Morreu em Agosto de
1671 e foi bisavô de Rodrigo de Melo da Silva, 5.° conde de S. Lourenço,
o qual da condessa D. Mariana Rosa de Lancastre, filha dos i.°* Condes de
Sabugosa, teve única a D. Ana Antónia Joaquina de Melo e Silva. Para ela,
a 17 de Setembro de 1726, dois dias antes de morrer, alcançou seu pai des-
pacho favorável a uma petição sua solicitando para ser feita mercê do título
à pessoa que com ela casasse. Veio a realizar-se o casamento com D. João
José Ansberto de Noronha, filho segundo dos 2.°^ Marqueses de Angeja, e
foi-lhe passada cana do título de conde de S. Lourenço, em sua vida, a 17
de Agosto de 1742 (2).
Foi um dos presos políticos do forte da Junqueira, para onde entrou em
Dezembro de 1768 e onde jazeu até Fevereiro de 1777, quando por ordem de
D. Maria I os cárceres foram abertos. Não se aproveitou porem logo da
liberdade concedida, e no forte permaneceu até ser declarado inocente por
alvará de 17 de Outubro do mesmo ano, recolhendo só então a sua casa,
d'onde contudo, por se lhe agravarem os sintomas de demência, saiu para a
casa da Congregação do Oratório às Necessidades e lá morreu, a 22 de Ja-
neiro de 1804 (3).
Foi académico do número da Rial Academia de História e era sócio da
Academia Rial das Sciências de Lisboa, sendo tido pelos seus contemporâneos
por homem muito erudito ; «porem se devêssemos regular o nosso conceito pelas
producçÕes que d'elle nos ficaram, a sua fama soffreria grande quebra» (4).
Dele conheço apenas, dos seus Apontamentos políticos, uns curtos trechos
'publicados por Camilo nas Noites de insomnia, e, se são do Conde de S. Lou-
renço, não revelam insensatez, antes até manifestam uma certa previsão.
Na carta de i3 de Maio de 1804 pela qual o Príncipe Regente concedeu o
titulo de marquês de Sabugosa a António Maria César de Melo Silva e Me-
neses, filho único do Conde de S. Lourenço, há referência a êle em termos
não vulgares em diplomas daqueles, tbom, virtuoso e sábio» (5).
A casa de Sabugosa derivou-se de Vasco Fernapdes César, cavaleiro
(1) Monstruosidades do tempo e da fortuna, pág. 170.
(2) Chancelaria de D. João V, liv. 5.° de Doações, fl. 182, dando-lhe apenas o nome de
D. João de Noronha.
(3) Gai^eta de Lisboa de 3i.
(4) Inocêncio da Silva, Diccionario bibliographico, III, 392.
(5) Gaveta de Lisboa de 19 de Maio de 1804.
Meios 447
fidalgo da casa de D. João III e seu feitor e guarda mor da carga e descarga
da Casa da índia e de todas as suas armadas, a quem pelos seus serviços
foi concedida, em 26 de Julho de iSSg, carta de acrescentamento de brasão.
Nela declara-se tomar-se 6m consideração os seus muitos serviços, tanto na
corte, como fora, em Africa, quando ajudou a fazer o castelo de Mazagão,
quando esteve em Azamor dois anos, servindo de adail, quando foi por capitão
de uma nau e uma caravela de socorro a Arzila, porque se esperava cerco
dei Rei de Fez, onde fez grandes diligências na guerra contínua com os infiéis,
e principalmente quando ele, com um navio de armada, sendo capitão dele,
desbaratou seis fustas de Moiros no Estreito [de Gibraltar], pelejando esfor-
çadamente com elas e matando-lhes muita gente (i).
Foi sepultado na capela de Santa Helena da igreja do Carmo de Lisboa,
no topo do cruzeiro, onde estavam algumas sepulturas e entre elas a dêle,
com este epitáfio: Aqui jai Vasco Fernandes César fundador desta capella
e instituidor do morgado dos Césares, que falleceu véspera de Nossa Senhora
da Assumpção a 14 de Agosto de i558, e Inês Gonçalves Batava sua mulher
que falleceu a 18 de Junho de i583 (2).
Deixou descendência e seu quinto neto, Vasco Fernandes César de Me-
neses, alferes mor, alcaide mor de Alenquer, vice rei da índia e do Brasil,
foi o I." conde de Sabugosa por carta de 19 de Setembro de 1729(3). Seu
filho Luís César de Meneses, 2.° conde, morreu sem descendência a 28 de
Julho de 1755(4), tendo sobrevivido a todos seus filhos, pelo que passou a casa
ao neto de sua irmã, a condessa de S. Lourenço D. Mariana Rosa de Lan-
castre, o i.° Marquês de Sabugosa. Foi êle trisavô de António Maria Vasco
de Melo da Silva César de Meneses, actual 3.° conde de Sabugosa, antigo
mordomo mor da casa rial por despacho de 27 de Abril de 1903.
As armas antigas dos Condes de Sabugosa eram: partido: o I cortado:
o i.° ondado de prata e azul com seis fustas de sua cor, cada uma com nove
remos de oiro e duas bandeiras de vermelho, de sinais de Moiros; o 2.° de
vermelho, seis vieiras de oiro (Vieiras com acrescentamento de Césares); o
II também cortado: o i.° de vermelho, três faxas de oiro (Mascarenhas), o
2.° das armas do reino diferençadas por um filete de negro sobreposto em
barra (Lancastres).
(i) Armaria portuguesa, "çiig. i36.
(2) P.e Sousa, Memorias sepulchraes, fl. 91.
(3) Chancelaria de D. João V, liv. 74." de Doações, fl. 269; Gaveta de Lisboa de 25 de
Agosto.
(4) Ga:jeta de Lisboa de 7 de Agosto.
448 Brasões
As armas antigas dos Condes de S. Lourenço eram: partido: o I de ver-
melho, seis besantes de prata entre uma dobre cruz e bordadura de oiro
(Meios); o II de prata, lião de púrpura, armado e linguado de azul (Silvas).
As armas de actual Conde de Sabugosa são: partido: o I cortado de Lan-
castre sobre Melo; o II de César, e sobre o todo de Silva.
VI
RAMOS DIVERSOS
PORTEIROS MORES, MONTEIROS MORES, FIGALHOS, ETG.
Do segundo casamento de Martim Afonso de Melo, guarda mor de
D. João I, foi primeiro filho Vasco Martins de Melo. Sucedeu a seu pai na
alcaidaria mor de Évora, e teve também a de Castelo de Vide, havendo sido
nomeado fronteiro desse lugar e seu termo por carta de 20 de Dezembro de
1443 (i). Foi do conselho de D. Afonso V e assistiu às Cortes de Lisboa
de 1455, nas quais foi jurado o príncipe D. João, sendo por êle, Vasco Mar-
tins, e por João Pacheco, vereador de Lisboa, ambos procuradores desta
cidade e bem assim procuradores substabelecidos das mais cidades e vilas
do reino, prestado juramento (2). Já era falecido em 23 de Março de 1459
data da carta de confirmação da alcaidaria mor de Évora a seu filho Vasco
Martins de Melo (3), e havia casado a primeira vez com D. Beatriz de Aze-
vedo, filha de João Lopes de Azevedo, senhor de Aguiar de Pena, e dela
teve, entre outros, a Fernão de Melo, a quem me tornarei a referir, e a João
de Melo, alcaide mor e comendador de Casével, progenitor de uma linha
de Meios que disfrutaram aquela comenda e alcaidaria mor (4).
Casou Vasco Martins de Melo pela segunda vez com D. Isabel de Abreu,
filha de Nuno Martins da Silveira, escrivão da puridade, e dela teve um filho
também chamado Vasco Martins de Melo, a quem foi, por morte do pai, con-
firmada a alcaidaria mor de Évora por carta de 23 de Março de 1469, acima
citada, sendo-lhe, por outra da mesma data, feita mercê, também em sucessão
a seu pai, da alcaidaria mor de Castelo de Vide (5). Foi progenitor de uma
linha dê alcaides mores do castelo daquela vila. *
(i) Chancelaria de D. Afonso F, liv. 27.°, fl 14.
(2) P.e Sousa, Provas da Historia genealógica^ II, 91.
(3) Chancelaria de D, Afonso V, liv. 36.», fl. 74.
(4) De uma filha de João de Melo, D. Beatriz de Melo, provieram os Meios e- Castros
mencionados lá adiante no cap. VIII.
(5) Chancelaria de D. Afonso F, liv. 36.», fl. 86
Meios 449
Não sei por que motivo a alcaidaria mor do castelo de Évora seria con-
firmada ao filho do segundo casamento de Vasco Martins de Melo, em detri-
mento do primogénito, Fernão de Melo; mas sei que este já a .possuia em 22
de dezembro de 1470, quando lhe foi feita mercê de, por seu falecimento,
poder nela suceder seu filho Cristóvão de Melo(i). Sérvio Fernão de Melo
na expedição a Castela como consta de duas cartas dadas, uma em Canta-
lapiedra a 2 de Setembro de 1475, a outra em Samora a 19 de Novembro,
de mercê dos direitos e do serviço rial dos. Moiros de Évora (2). Já era fale-
cido em II de Maio de 1484, quando a alcaidaria mor de Évora foi confir-
mada a seu filho Cristóvão de Melo (3), e foi sepultado na igreja de S. Fran-
cisco daquela cidade, à esquerda entrando, com este epitáfio na campa:
Aqui ja^ o muito hoiwado Sejihor Fernão de Mello alcaide mor que foi desta
cidade de Évora e D. Constança de Castro sua mulher (4). D. Constança
era filha de D. Álvaro de Castro, fidalgo da casa do infante D. Henrique.
Cristóvão de Melo, alcaide mor de Évora, foi servir a Ceuta e morreu
em 1488 numa sortida (5), «como bom cavaleiro, por serviço de Deus ç nosso,
pelíjando com os Moiros». Assim o declara a carta de 1 5 de Maio de 1489
de mercê da alcaidaria mor da cidade de Évora à pessoa que vier a casar
com sua filha (ò). Chamou-se ela D. Isabel de Melo e foi-lhe confirmada a
mercê da alcaidaria mor, com todas as mais rendas e direitos a ela anexados,
por carta de 29 de Agosto de 1499, sendo ainda solteira (7). Em Novembro
de i5o5 já estava porém casada com D. Fernando Henriques, a quem, por
carta de 5 do mês, na qual é intitulado alcaide mor de Évora, foi confirmado
o senhorio das Alcáçovas por falecimento de seu pai, D. Henrique Henri-
ques (8). Resolveu D. Manuel adquirir a alcaidaria mor e contratou a sua
compra com D. Fernando Henriques e D. Isabel de Melo, dando-lhes, em
satisfação, os direitos do reguengo da vila das Alcáçovas, de juro e herdade,
e uma tença de cem mil reais, ean duas vidas, por cartas de 1 1 e 12 de Feve-
reiro de i5i8(9). Destes 3.°^ Senhores das Alcáçovas provieram os mais
(i) Chancelaria de D. Afonso F, liv, 16.», fl. yS.
(2) Ibidem, livs. 26.°, fl. 181, e 9», fl. 16.
(3) Chancelaria de D. João II, Hv. 23.», fl. 98 v., carta feita por António Carneiro.
(4) P.e Sousa, Memorias sepulchraes, fl, 143.
(5) Resende, Vida de D. João II, cap. 74.
(6) Chancelarias de D. João II, liv. 24.°, fl. 4, e de D. Manuel, liv. 8.°, fl. 6. — No pri-
meiro diploma chamaram D. Beatriz de Melo à filha de Cristóvão de Melo, no segundo,
D. Isabel. Ou foi engano no primeiro, ou D. Beatriz logo morreu.
(7) Chancelaria de D. Manuel, liv. 10.", fl. 129 v.
(8) Chancelaria de D. João III, liv. 14.° de Doações, fl. 21Õ v.
(9) Chancelaria de D. Manuel, liv. 10.°, fls. i3o e 129 v.
VOL. I , 57
45 o Brasões
senhores daquela vila, a um dos quais, D. Francisco de Lancastre, foi dado
o título de conde por despacho publicado na corte em i de Dezembro de
1834(1). Tem havido quatro Condes das Alcáçovas.
Dos alcaides mores de Évora provieram, alem das linhas já apontadas, as
dos alcaides mores de Alegrete, dos capitães da ilha de S. Tomé, dos comen-
dadores de Travassos, etc.
Outro filho do segundo Martim Afonso de Melo, guarda mor de D. João 1,
foi João de Melo.
Justador célebre, cavaleiro aventuroso, mereceria certamente a biografia
de João de Melo algumas páginas de narrativa, mas não lhas posso consagrar.
Imitando o seu conterrâneo e talvez parente Álvaro Gonçalves Coutinho, o
Magriço, o qual partira para Flandres na primeira década do século xv (2),
saiu de Portugal João de Melo, no verão de 1434, em busca de aventuras, e
dirigiu-se a Castela. Lá foi encontrar, entre as cidades de Lião e Astorga,
na ponte de Orbigo, el passo honroso sustentado por Sueiro de Quifíones e
mais nove outros mantenedores, contra todos os aventureiros que se apresen-
tassem. João de Melo, ou de Merlo, como o designa meu guia, o autor do
Libro dei Passo Ho7iroso, chegou lá a 23 de Julho com os da sua quadrilha,
doze ao todo (3), e a 28 entrou na liça contra o próprio Sueiro de Quifíones.
(i) Gai^eta do Governo, suplemento ao n.° 182, de i de Dezembro de 1834.
(2) Na carta de 26 de Dezembro de 141 1 dos privilégios concedidos por João Sem Pavor,
duque de Borgonha, aos Portugueses residentes nos seus estados de Flandres, declara ele
ser levado a conceder-lhos, entre outros motivos, à la prière et contemplacion de messire
Álvaro Gonçalves Coutinho chevalier dudit royaume et nostre chambellan (Archivo his-
tórico PORTUGUEz, VI, 417). Alguns supõem ser Álvaro Gonçalves Coutinho o seigneur
d'Alberon que, juntamente com messire Jean Gon^ales e messire Pierre Gon^ale^, se bateu
junto a Paris, em 1414, nos princípios do ano, em combate singular, contra três Franceses
e por eles foram derrotados, como narra Enguerrand de Monstrelet nas suas Chroniques,
liv. I, cap. 142. Parece-me ser um pouco forçada a adulteração de Álvaro Gonçalves para
Alberon, tanto mais que os patronímicos dos outros dois ficaram correctamente escritos.
(3) Destes doze eram certamente Portugueses Martim de Almeida e Pêro Vasques de
Castelo Branco, sobrinho e tio, e talvez Pêro Carneiro e João de Carvalho. Antes de João
de Melo apresentara-se, em i5 de Julho, João Freire de Andrada e a 17 quebrara três lanças
com um dos mantenedores, que ficara rapidamente vencido. Pediu então João Freire a
Sueiro de Quinones para lhe dar mais que fazer antes de deixar a teia pois fizera tam pouco
por contemplacion de su dama, por cuyo serviçio avia venido alli. Este João Freire de An-
drade talvez fosse o futuro senhor de Alcoutim que seis anos depois ainda andava por Cas-
tela, onde, dizem, casara com D. Isabel Coutinho, viúva de D. Fernando de Cascais. Doutro
Português aparece também notícia de ter concorrido ao torneio, Pêro Gil de Abreu, criado
de João Rodrigues Pereira.
Meios 45 1
Correram três lanças, rompeu João de Melo duas e o mantenedor, muito
ferido num braço, teve de recolher a curar-se. Enviou-lhe então o cavaleiro
português, como prenda, um braçal esquerdo, tam perfeito, -que los que le
vieron ajirmaron no7i aver visto otro tnejor.
Tinha João de Melo partido de Portugal para fascer armas eu Fraiicia,
e para o seu destino seguiu depois dalguns dias de demora. Por lá andou
e a I I de Agosto do ano seguinte encontrava-se em Arras, onde, em presença
de Felipe o Bom, duque de Borgonha, se realizou um combate singular entre
messire Jean de Merle, chevalier banneret três renommé, Jtatif dii rojaume
d'Espagne^ appelant sans qiterelle diffaniatoire, pour acqiiérir honneur,
contre Pi erre de Beauj^remont^ chevalier^ seigneur de Chariij, atissi banneret,
et natif de Boitrgogne, porlant Vordre du dit duc, a do Tosão de Oiro. Já
nestes tempos os Franceses, pouco fortes em geografia, confundiam Portugal
e Espanha !
Apresentou-se João de Melo na liça acompanhado apenas de quatro cava-
leiros borguinhões, para este efeito delegados pelo Duque, e por quatro ou
cinco escudeiros seus, com a bandeira das suas armas alçada numa haste.
Correram as três lanças ajustadas sem se ferirem, nem haver grande desvan-
tagem para nenhum deles. No dia seguinte, com o mesmo modesto aparato
em oposição às magnificências ostentadas pelo seu adversário, apresentou-se
João de Melo na liça a fim de combater a pé. Com pasrho de todos trazia
o cavaleiro português a viseira levantada e assim combateu todo o tempo,
tendo logo ao primeiro encontro ferido o seu adversário num braço. Ainda
se prolongou um pouco mais o combate; foi porém mandado interromper
pelo Duque de Borgonha, certamente consciente da inferioridade do seu
vassalo.
Não ficou satisfeito João de Melo e, chegando-se ao Duque, por duas
vezes repetiu, qii'il n'étoit pas content pour si peu de chose faire, attendu
qu' à grand dépens et à grand travail de son corps il est venu de moult lointain
pays par mer et par terre pour acquérir honneur et révérence. A quoi lui
fut répondu que bien et moult honor ablement avoit fait son devoir et accompli
ses armes. Après lesquelles paroles, furent ramenés et conduits à leurs
logis et hôtels, et issirent des lices, chacun par son còté, aiissitôt Vun
comme Vautre. Toutefois le dit chevalier d'Espagne fui là note de plu-
siew^s nobles là étant d'avoir entrepris une grand' hardiesse et habileté
de combattre par ceite manière, la visière levée, pour ce que pareil cas
n'avoit point êtê vu. Et, après cette besogne, le dimanche et autres jours
ensuivants, icelui duc de Bourgone jit grand honneur et révérence en son
hotel au dessus dit chevalier d'Espagne, et lui donna de grands dons
pour payer pleinement ses dépens; et, brefs jours ensuivants, prit congé
452 Brasões
dii dit diic et des siens, et se partit d' Arras pour s'en retourner en son
pa)'s(i).
Já era Orbigo quisera João de Melo combater sem três peças da arma-
dura, com o que os juízes da liça não concordaram, lo uno por el peligro,
é lo otro por el sonsonete de desden de los demas caballeros . . . á los quales
se avia denegado tal estilo de fascer arfnas (2).
Voltando para Portugal encontrou ainda no trono a D. Duarte, que por
carta de i5 de Abril de 1438 lhe doou as rendas e direitos, alcaidaria e
jugadas do Redondo (3), e pouco depois, provavelmente porem já na regência
do infante D. Pedro, foi-lhe entregue a alcaidaria mor do castelo de Serpa (4).
Dos castelos das duas vilas era porem certamente alcaide mor em 144.2
quando pelo Infame Regente, foi nomeado fronteiro delas e de seus termos (5),
nomeação mantida por Afonso V em carta de 20 de Janeiro de 1450(6);
meses depois mandou-lhe el Rei dar carta de seu copeiro «mor, em Beja, a
17 de Maio de 1450(7). Poucas mais notícias tenho de João de Melo fora
dos documentos. Em 1452 foi enviado por Afonso V a Tânger quando da
escapada de seu irmão para lá, e em 1463 cedeu o ofício de copeiro mor a
seu filho primogénito Martim Afonso de Melo, a quem foi dada carta a i de
(1) Chroniques d'Enguerrand ie Monstrelet, liv. IF, cap. 181, págs. 698 a 700 da ed.
Buchon.
(2) Libro dei Passo Honroso^ defendido por el excelente caballero Suero de Quinones,
copilado de un libro antiguo de mano por Fr. Jitan de Pineda Religioso de la Orden de
San Francisco. Seginida edicion. Madrid, António de Sancha, «ySS, pág. Sg.
(3) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 34.°, fl. 81.
(4) Só com a data de 7 de Julho de 1449 encontro uma carta de nomeação de João de
Melo para alcaide mor de Serpa; mas é evidente estar- lhe já entregue o castelo em 1442,
quando foi nomeado fronteiro dele e do do Redondo, como no texto a seguir indico. Pro-
vavelmente o diploma da primitiva nomeação era do Infante Regente, a folha onde se fez o
registo desapareceu, como muitas outras, e a nomeação foi ratificada por D. Afonso V, já
livre de tutela, pela referida carta de 7 de Julho de 1449, registada na sua Chancelaria,
liv. 34.°, fl. i35 V.
(5) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 27.°, fl. i v.
(6) Ibidem, liv. 34.», fl. 66 v.
(7) Ibidem, fl. i35. — Carta de nosso copeiro mor «assi e tam compridamente como o
foram os outros copeiros mores dos reis d'ante nós, poendo no dito ofício um escudeiro de
nossa casa de que nós sejamos contentes, qual lhe prouver, que em seu nome sirva conti-
nuadamente o dito ofício, ao qual será entregue prata, vinho, e quaisquer outras cousas que
ao dito ofício pertençam, e dará de todo conta com entrega, segundo o que receber por o
livro do escrivão do seu ofício. E esso mesmo queremos que haja todolos outros foros e
próis e costumes, que costumaram haver e houveram os outros copeiros mores, e fazer dello
o que lhe prouver; e possa tirar e pôr assi o copeiro, como homens da copa, quando justo
e razão for, e dar emenda e castigo aos homens da copa aquela que sentir que é nosso ser-
viço e eles merecerem».
Meios , 45?
Março (i). Ainda .viveu João de Melo bastantes anos pois que a 3 de Junho
de 1482, sendo do conselho, foi confirmada ao copeiro mor João de Melo a
carta de 16 de Março de 1464, pela qual D. Afonso V lhe doara umas casas
sobre o muro quebrado da cerca velha de Évora, conjunto com as casas de
sua mãe D. Briolanja (2). Por este documento vê-se que, ainda depois de
concedido ao filho o ofício de copeiro mor, com ele era- intitulado João de
Melo. Naquele mesmo ano de 1482, por carta de 24 de Julho, foi-lhe feita
doação da vila de Pavia, com seus termos, rendas e jurisdições (3). Era
ainda então alcaide mor de Serpa. Neste próprio ano pediu a D. João II
licença para dar em casamento com sua filha D. Beatriz de Sousa a vila de
Pavia a Fernão da Silveira, a quem foi passada carta a i5 de Outubro do
mesmo ano. Este Fernão da Silveira, é o que servia de escrivão da puri-
dade por seu pai o i.° Barão de Alvito, e. foi uni dos conspiradores contra
D. João II, sendo«condenado à morte por sentença de 1485, não executada
por ele ter fugido, mas veio a morrer assassinado em Avinhão a 8 de De-
zembro de 1489 (4). João de Melo já era falecido em 14 de Junho de 1486,
quando por carta desta data foi por sua morte dada a seu filho Garcia de
Melo uma tença de cinco mil reais com a referida alcaidaria mor (5).
Casara a primeira vez, conforme asseveram os nobiliários, com D. Isabel
da Silveira, irmã de sua cunhada D. Isabel de Abreu e ambas filhas de Nuno
Martins da Silveira, escrivão da puridade. Deste casamento procederam,
alem doutros, os três filhos seguintes: Martim Afonso de Melo, copeiro mor
e progenitor de um ramo relativamente obscuro; Garcia de Melo, que seguirá;
e Henrique de Melo a quem lá adiante me referirei (6).
Garcia de Melo foi criado do infante D. Fernando e sucedeu a seu pai na
alcaidaria mor de Serpa, da qual já estava de posse, como ficou dito, em Junho
de 1486. Poetas se encarregaram de conservar seu nome em lembrança:
Poys vos tacham de cortês,
sobrinho, gentil cunhado,
sobr'alto, alvo, delgado,
V nam ha mays em huú Francês, • 1
E qu'a barba tenhaes pouca,
poys bem vestir vos alegra,
rregêvos por esta rregra,
que fundey vindo d'Arouca (/i, ig, coi. 5.)
(i) Chancelaria de D. Afonso F, liv. 9.°, fl. 3i v.
(2) Chancelaria de D. João 71, liv. 6.», fl. 70.
(3) Ibidem^ liv. 2.", fl. 170 v.
(4.) Archivo histórico portucuez, III, 49.
(5) Ibidem, III, 5o.
(6) Também foi sua filha D. Isabel de Melo, mulher do dr. João Afonso, e dela tomaram
o apelido seuà descendentes os Meios Manueis, dos quais me ocuparei no cap. VII. .
454 Brasões
Assim começam as «Trovas de Ferna da Silveira, coudel moor, a seu sobrinho
Garçya de Melo, de Serpa, dandolhe regra pêra se saber vestyr t tratar o
paço».
Sobre este motivo compôs o Visconde Júlio de Castilho um dos seus mais
característicos e notáveis poemetos, nas Manuelinas, a poesia intitulada
Serão na Alcáçova, na qu^l nos mostrou o velho tio Fernão pondo em prá-
tica os seus conselhos e pilotando o jovem Garcia entre os escolhos do seraa
palaciano, e arremata:
Mas o que é triste e cruel. . .
é ver chegar certo dia,
em que em vez de ser Garcia
somos ... o Tio Coudel 1 ! . . .
Esse dia para mim já passou, há tanto tempo, que nem dele me recordo.
Nas trovas do Coudel mor nenhuma indicação existe por onde se lhes
possa marcar a data; são porem muito anteriores certamente a 1493, ano da
morte áo poeta (i). A do sobrinho só ocorreu nos princípios do ano de i6io
quando, por carta de 7 de Março, foi dada a alcaidaria mor de Serpa a seu
íilho Henrique de Melo (2).
Henrique de Melo foi mestre sala de D. Manuel e teve dois filhos varões:
Cristóvão de Melo e Rui de Melo. O primeiro nomeou D. João líl mestre
sala, em sucessão a seu pai, por carta de 18 de Fevereiro de 1624 (3); e deu-
-Ihe depois o ofício de porteiro mor, cedido por João de Calataiud em troca
de uma tença de cinquenta mil reais, da qual se lhe passou carta a 23 de
Dezembro de i538(4). Entrou logo Cristóvão de Melo para porteiro mor e
largou o ofício de mestre sala a seu irmão Rui de Melo, a quem foi dada
carta a 18 do mês seguinte (5). Rui foi progenitor de uma obscura linha d-e
Meios já extinta na varonia, creio. De Cristóvão proveio a casa dos porteiros
mores na qual se conservou a alcaidaria mor de Serpa e se perdeu a antiga
varonia em D. Vitória de Melo casada, a 17 de Abril de 1763, com João de
Sampaio de Melo e Castro, porteiro mor por carta de 8 de Julho de 1769(6),
falecido a 6 de Março de 1799 sem descendência. Posteriormente foi no-
meado porteiro mor, por despacho de 14 de Novembro de 1802, D. Vasca
(i) Sepulturas do Espinheiro, pág. i3.
(2) Liv. 7.° de Odiana, fl. 41 v.
(3) Chancelaria de D. João II J, liv. Sy." de Doações, fl. 1 36.
(4) Ibidem, liv. 26.°, fl, 33 v.
(i) Ibidem, fl. 154 V.
(6) Ofícios e Mercês de D. José, liv. 53.°, fl. 7 v.
Meios 455
Manuel da Gamara (i), i.° conde de Belmonte por outro despacho de i3 de
Maio de i8o5 (2).
Outro filho de Garcia de Melo, alcaide mor de Serpa, alem de D. Jorge
de Melo, bispo da Guarda, de quem tratarei no capítulo VII, foi Jorge de
Melo, monteiro mor do príncipe D. João por alvará de 18 de Junho de i5o7,
e monteiro mor do reino por carta de 18 de Dezembro de i52i (3). Em seus
descendentes' se continuou este ofício até seu terceiro neto Francisco de Melo,
b.° monteiro mor do reino na sua família nomeado por carta de 17 de Abril de
1706(4), falecido a 12 de Abril de 1712, deixando uma única filha. Chamou-se
ela D. Maria de Melo e casou por duas vezes: primeiro com seu tio materno
D. Henrique de Noronha, filho dos 1.°^ Marqueses de Angeja; depois, em
1725, com Fernão Teles da Silva, íilho dos 4.°^ Condes de Tarouca. D. Hen-
rique de Noronha foi monteiro mor por carta de 1 5 de Agosto de 1717 (5) e
morreu sem deixar filhos; Fernão Teles da Silva também foi monteiro mor,
nomeado por carta de i de Janeiro de 1728(6), e teve, entre outros filhos, a
Francisco de Melo, 7.° monteiro mor, carta de 3 de Setembro de 1763(7),
pai de Fernando José de Melo, 8.° monteiro mor, carta de i5 de Maio de
1777(8), e avô de Francisco José Luís de Melo, 9." e último monteiro mor
da varonia dos Meios (9). Casou em 1788 com D. Joana Bernarda de Lan-
castre e Noronha, irmã do 7.° Marquês das Minas, e morreu de bexigas a 24
de Janeiro do ano seguinte, contando apenas dezoito anos de idade (10) e não
deixando filhos. Então a casa e ofício de monteiro. mor passaram a seu tio,
primo com irmão de seu pai, Francisco de Melo da Cunha de Mcndoça e
Meneses, posteriormente i." marquês de Olhão.
Do grande justador João de Melo foi terceiro filho Henrique de Melo.
(i) Gaveta de Lisboa de 3o de Novembro.
(2) Gaveta de Lisboa de 18 de Maio.
(3) Acerca deste Jorge de Melo veja-se Vida e obras de Gil Vicente, 'çtàgs. 2o3 e segs,
(4) Chancelaria de D. Pedro 11^ liv. 56.° de Doações^ fl. 228 v.
(5) Ofícios e mercês de D. João F, liv. 47.°, fl. 221.
(6) Ibidem, \\\. 'ji."^^. iii.
, (7) Ofícios e mercês de D. José, liv. 86.°, fl. 2o5.
(8) Ofícios e mercês de D. Maria I, liv. 3.°, fl. 88.
(9) Não e'ncontro a carta de sua nomeação, mas noutra de 23 de Janeiro de 1789, de
aprovação do seu contrato, de casamento, é nomeado Francisco de Melo, monteiro mor
(Ofícios e mercês de D. Maria I, liv. 81.", fl. 326 v.). Esta carta foi confirmada com salva,
por se haver perdido a primitiva, em 1 1 de Maio de 1790 à Monteira mor viúva, D. Joana (Ibi-
dem, liv. 34.» fl. 3l2 V.).
(10) Gaveta de Lisboa de 3i de Janeiro de 1789.
456 Brasões
Havia seu pai possuido a quinta de Ficalho no term,o de Serpa e para a
povoar obtivera, em lo de Junho de 1449, carta de privilégio de libertados
para vinte lavradores lá residentes (i). Veio a quinta a pertencer ao filho pri-
mogénito de Henrique de Melo, Duarte de Melo, a quem foram confirmados
ós privilégios- por carta de 20 de Julho de i5i3 (2). Morreu Duarte de Melo
sem descendência varonil; teve-a porém seu irmão Diogo de Melo e em seus
descendentes, todos soldados valorosos, se continuou a casa até seu bisneto
Pedro de Melo. A este, «tendo respeito aos seus serviços e merecimentos
obrados no governo da capitania do Rio de Janeiro, em que se houve com
muita actividade, acerto e boa disposição, socegando aqueles povos dalgumas
inquietações em que se tinham ajudado contra o Governador seu antecedente»,
fez o príncipe D. Pedro, por alvará de lembrança de 29 de Julho de 1678,
mercê, para seu filho Francisco de Melo, da vila de Ficalho, com a jurisdição
ordinária somente e com o rendimento prefixado de oitenta e cinco mil réis
em cada ano. Foi. o alvará confirmado por carta de 24 de Setembro se-
guinte (3). Francisco de Melo, com o posto de mestre de campo general do
exército, governou as armas das províncias do Alentejo e da Beira até ao
tempo da sua morte, e dos seus serviços dá boa relação o alvará de i de
Agosto de 1727 pelo qual foi feita mercê a sua filha D. Teresa Josefa de
Melo, para seu marido António Teles da Silva, do senhorio da vila de Fi-
calho, em sua vida, com cento e cinquenta e nove mil réis do rendimento da
mesma vila (4). Morreu em Serpa a 6 de Julho de 17 17, deixando única filha
(i) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 34.°, fl. i35 v. .
(2) Livro 6.° de Místicos, fl. 120. ■
(3) Chancelaria de D. Afonso F/, liv. 5o.° de Doações, fl. 8.
(4) Ofícios e mercês de D. Jo^o V, liv. 72.°, fl. 91. — Tendo respeito aos serviços de Fran-
cisco de Melo, filho de Pedro de Melo, natural desta cidade, obrados assim no acto de Cortes
que se celebrou nesta cidade em 1697 por procurador da vila de Serpa, como pelo militar
nesta corte e província do Alentejo e Beira por espaço de dezasseis anos, três meses e doze
dias no posto de governador do forte de Porto Salvo da Marinha desta cidade, no de coronel
de um dos terços da mesma dita corte e no de governador da praça de Moura, com o título
e soldo de mestre de campo sargento mor de batalha, com o governo das armas da província
da Beira, continuado tudo de 3 de Setembro de t70i, té 5 de Jul'ho de 1717 em que faleceo,
sendo coronel da ordenança desta corte, e a executar todas as ordens que lhe foram encar-
regadas com prontidão, e da mesma sorte no governo da praça de Moura, indo com o par-
tido dela ao condado de Niebla a nele fazer toda a hostilidade possível, e a outras entradas
dos lugares dos inimigos, e despois á vila de Alçaria da Puebla de Gusmão, rendendo o seu
forte e fazendo prisioneiros de guerra trezentos soldados, o seu Governador e mais oficiais,
e muitas armas e híía presa de gado de grande importância tudo à sua custa, e na retirada
para a praça de Moura encontrando-se com dobrado poder dos inimigos passar à sua vista
com tal ordem que se não atreveram a atacalo; no de 707 se achar na campanha dele sendo
sargento mor de batalha na província de Alentejo; no de 708 governar o partido da cidade
Meios 457
a referida D. Teresa Josefa de Melo, havida de sua primeira mulher D. Inês
Francisca de Távora. Casou D. Teresa a 3o de Setembro de 1702(1) com
António Teles da Silva, terceiro filho dos 2.°' Marqueses -de Alegrete.
Haviam-no seus pais destinado para a .vida eclesiástica, a qual abandonou
para casar e veio a ser, como ficou dito, 2." senhor de Ficalho. Alistou-se
no exército, chegando a ocupar os postos de mestre de campo general e
governador da artelharia do Alentejo; no paço serviu o ofício de capitão
da guarda alemã na menoridade do proprietário. Foi seu filho e sucessor
Francisco de Melo, 3." senhor de Ficalho, falecido com quarenta e seis anos
a 18 de Abril de 1732, deixando viúva a D. Isabel Josefa Breyner de Meneses,
que foi logo feita dama de honor da rainha D. Maria Ana Vitória e já o era
em Novembro de 1763; posteriormente foi sua camareira mor, dando-se-lhe
então, em 26 de Abril de 1789, o título de condessa de Ficalho (2). Morreu
a Condessa em 5 de Abril de 1796 (3), tendo tido muitos filhos e deles o pri-
meiro foi António José de Melo, que seguirá, e o nono Pedro de Melo Breyner,
a quem me vou já referir.
Pedro de Melo Breyner, i.° senhor da Trofa (4), seguiu os lugares de
letras e foi desembargador do Porto e da Casa da Suplicação, e governador
das justiças daquela cidade. Também foi mi-nistro em Paris e Roma, con-
selheiro de Estado e ministro dos Eclesiásticos e da Justiça em 1827.
Morreu em i83o preso na torre de S. Julião da Barra pelas suas ideas libe-
rais, havendo casado em 4 de Outubro de 1793 com D. Ana Rufina Soares
de Beja, defendendo várias vezes a passagem do Guadiana a todo aquele País, fazendo reparar
as ruínas da praça de Moura que o inimigo lhe havia feito de que foi encarregado, conse-
guindo com o seu cuidado e trabalho adiantar a dita reediíicação em breve tempo, pondo a
mesma Praça e a de Serpa em defença com pouca despesa da fazenda real; e na entrada que
se fez em Castela com um destacamento de cavalaria e infantaria se achar no rendimento
do castelo de Alçaria, fazendo pôr em contribuição com outros lugares mais; no de 709 na
campanha da primavera dêle e na ocasião de 7 de Mayo, ficando muito mal tratado de hu
braço pelo grande valor e resolução com que se houve; e, sendo mandado para a praça de
Olivença, se achar na defença dela, dispondo- a de sorte que os inimigos se não atreveram
a atacala; e despois ser mandado para as praças,de Campo Maior e Elvas por se entender
que qual quer delas seria atacada pelos inimigos, desejando sempre empregar em todas as
niaiores ocasiões de risco e nas referidas se achar com grande valor, zelo e actividade...
(i) P.e Sousa, Historia genealógica, IX, 624.
(2) A data da carta do título consta da outra, de 9 de Junho seguinte, do assentamento.
Chancelaria de D. Maria I, liv. 33.", fl. 3 16.
(3) Gaveta de Lisboa de 10 de Abril, dando à Condessa o nome de D. Isabel de Meneses
Breyner.
(4) Alvará de 9 de Fevereiro e carta de 9 de Março de i''*o5. — Mercês do Príncipe Re,-
gente, liv. 6.", fls^ 228 v. e 270 v.
voL. 1 58
458 Brasões
de Melo Sousa Tavares e Moura, senhora de Melo. Foram pais do i.** Conde
de Melo, já nomeado na pág. 410, e doutros filhos de quem subsiste descen-
dência.
António José de Melo, filho primogénito de Francisco de Melo, foi 4.° se-
nhor de Ficalho e coronel do regimento de infantaria de Ohvença, e morreu
em vida de sua mãe a 6 de Agosto de 1790. Tinha começado a organizar
no seu palácio de Serpa um museu arqueológico, como dá conta uma corres-
pondência enviada daquela vila, em 6 de Fevereiro de 1779, para a Gaieta
de Lisboa (i). Não sei se o museu ainda existe. Havia casado António José
de Melo em 1780 com D. Maria Margarida Teles de Lima, que morreu em
1820 e era filha dos 1.°^ Marqueses de Ponte de Lima. Deste casamento,
além de Tomás de Melo Breyncr, que foi par do reino em 1884 e morreu
a 1 1 de Outubro de i854, nasceu Francisco de Melo, õ." senhor de Ficalho,
senhor do morgado de Serpa, tenente coronel de infantaria, falecido em
Salamanca a 25 de Agosto de 18 12 das feridas recebidas na batalha de Ara-
piles a 21 do precedente mês (2).
Foi o i." conde de Ficalho por despacho publicado no Rio de Janeiro em
17 de Dezembro de 181 1, e em Lisboa, na Ga\eta de 3 de Abril do ano se-
guinte, passando-se a carta na primeira daquelas cidades, já depois da morte
do agraciado, a 1 1 de Setembro de i8i2(3). Casara a 22 de Setembro de
i8o3 com D. Eugenia de Almeida, filha dos 3."^ Marqueses do Lavradio (4).
A Condessa de Ficalho, ficando viúva, foi criada marquesa de Ficalho em
(1) «António José de Melo, senhor de Ficalho, desejando conservar os monumentos dq
nossa Historia, e descubrir os que as injurias do tempo tiverem encuberto, tem começado
a fazer no seu Palácio uma collecção dos que se achão no termo das Villas de Serpa, e de
Moura, onde em três differentes sitios se tem descuberto consideráveis ruinas de povoações
Romanas, que as escavações, que nellas se continuão, darão melhor a conhecer: por ora os
monumentos, que se tem descuberto, consistem : i.° em huma ara com esculturas de relevo :
1." em dous cippos scpulcraes com ornamentos de relevo, e inscripções; 3." em outros três
cippos sepulcraes em forma de barricas de mármore com inscripções; 4.° em varias columnas
de hum até quatro palmos de diâmetro; 5." em frizos, e capiteis de ordem corinthia, e em
varias outras cousas notáveis, de que em outro lugar mais conveniente se fará mais parti-
cular menção». — Gaveta de 9.
(2) Os Meios senhores de Ficalho tinham a alcunha dos Vacas; isso sabia eu, mas igno-
rava que eles o reconhecessem. Encontrei contudo o seguinte' aviso na Gaveta de Lisboa
de 29 de Janeiro de 1812 : «Quem quizer arrendar a commenda de Santa Maria de Alcanede
pertencente á casa do Ex.'"" Sr. Francisco de Mello Vaccas, morador aos Caetanos, pode ir
a sua casa em qualquer dia das onze horas da manhã em diante». E uma aceitação com-
pleta.
(3) Arquivo público do Rio de Janeiro, liv. 22.°, fl. 60 v., por extracto no Diccionario
aristocrático, pág. 45.
(4) Gaveta de Lisboa de i de Outubro de i.8o3.
Meios 459
duas vidas, por decreto de 4 de Abril de i833 (1) e carta de 6 de Julho de
1841, em recompensa dos muitos, relevantes e desinteressados serviços por
ela e por seus filhos prestados à causa liberal (2). Posteriorm'ente foi cama-
reira mor de D. Maria II e duquesa de Ficalho por carta dada no palácio de
Sintra a 6 de Julho de 1841 (3). Morreu a 2 de Janeiro de iSSg, deixando
entre outros êstres três filhos:
i.° — António de Melo, 2.° conde de Ficalho por carta de 2 de Agosto de
1-814(4) ^ i-° marquês de Ficalho, em verificação imediata da segunda vida
no título concedida a sua mãe, passando êle a ser de juro e herdade por
carta de 6 de Julho de 1841 (5), foi mordomo mor da casa rial, par do reino,
conselheiro de Estado,' dedicado e devotado servidor de D. Maria II e de seus
filhos. Morreu o Marquês a 27 de Abril de i8g3, deixando línico filho a
Francisco de Melo, 3." Conde de Ficalho (6), mordomo mor, par do reino,
conselheiro de Estado, notável professor de botânica, escritor e académico,
falecido a 19 de Abril de 1903. Deixou uma única filha, extinguindo-se desta
forma a varonia dos Meios no ramo principal da casa de Ficalho, bem como
se extinguiram os títulos.
2° — Luís de Melo Breyner, conde do Sobral, adiante.
3." — Francisco de Melo Breyner, conde de Mafra em 7 de Janeiro de
1870 (7), general de brigada e. gentil homem da câmara rial, morreu a 16 de
Outubro de 1884, deixando filhos varões a Francisco de Melo Breyner, antigo
administrador do concelho de Lourenço Marques, e a Tomás de Melo Breyner,
médico dos hospitais, antigo médico da rial câmara, casado com uma filha
do falecido Conde de Burnay.
Na casa de Ficalho dá-se a singularidade dós títulos terem sido sempre
criados em senhoras, viúvas dos senhores da casa. As armas destes téem
sido continuadamente as dos Meios, sem mistura.
Luís de Melo Breyner, irmão do 1.° Marquês de Ficalho, casou a 6 de
(i) Este foi um dos muitos despachos e mercês publicados no aniversário da rainha
D. Maria II, os quais, «na opinião de muita gente, traziam o sêllo da parcialidade, e das
aífeições de partidou. Não aponta contudo José Liberato Freire de Carvalho nos seus Annaes
a mercê feita à Condessa de Ficalho como sendo das tais, e não o seria.
(2) Mercês de D. Maria II, liv. 14.°, fl. 206.
(3) Ibidem, liv. 16.», fl. 96.
(4) Consta esta data da carta de 10 de Itovembrb de i8i5 do assentamento. — Mercês
do Príncipe Regente, liv. 12.», fl. 2o3. Encontra-se em extracto no Dicc. aristocrático, pág, i3.
(5) Mercês de D. Maria II, liv. i6.°, fl. 96 v.
(ô) Decreto de 16 de Junho de 1862. — Diário do Governo de 22 de Julho.
(7) Diário do Governo, de 4 de Março.
460 Brasões
Outubro de 1834 com D. Adelaide Braamcamp do Sobral de Almeida Cas-
telo Branco de Narbonne-Lara, filha herdeira de Hermano José Braamcamp
do Sobral de Almeida Castelo Branco, i .° conde do Sobral. Pelo seu casa-
mento foi Luís de Melo- 2." conde do Sobral por decreto de 14 de Fevereiro de
1846(1), além disso foi par do reino e oficial do exército. Morreu a i de De-
zembro de 1876, deixando um único filho varão; a Condessa sobreviveu-lhe
e só veio a falecer a i5 de Junho de 1886. O único filho varão que lhes
sobreviveu, Hermano José Braamcamp do Sobral de Melo Breyner, foi
3.° conde do Sobral (2), oficial mor da casa rial, par do reino, muito consi-
derado lavrador e criador de gado cavalar e bovino. Faleceu a 3 de Janeiro
de 1905, deixando numerosa descendência e extinguindo-se com ele o título
de conde do Sobral.
O fundador da casa do Sobral foi Joaquim Inácio da Cruz Sobral, tesou-
reiro mor do Erário Régio em 1768, i." senhor do Sobral de Monte Agraço,
em 18 de Abril de 177 1, i." alcaide mor de Freixo de Numão, em 22 de
Fevereiro de 1773. Teve ele, em 19 de Dezernbro de 1777, confirmação
régia do morgado do Sobral por êle instituído e ao qual era anexo o senhorio
da vila, com a obrigação dos administradores usarem do apelido do Sobral
e das armas, concedidas a 25 de Março de 1765, a seu irmão José Francisco
da Cruz Alagoa. Morreu b i.° Senhor do Sobral em 25 de Maio de 1781 e
jaz na capela mor da igreja paroquial de Santa Isabel de Lisboa, padroado
de sua casa e onde se vêem as suas armas no fecho do arco principal. Deixou
o senhorio e o morgado a seu irmão Anselmo José da Cruz Sobral, 2." senhor
do Spbral e alcaide mor de Freixo de Numão, o qual, na qualidade de ins-
pector geral das obras públicas, lugar em que sucedeu ao irmão, presidiu à
fundação da basílica da Estrela. Veio a falecer em 10 de Março de 1802,
deixando um filho e uma filha. O filho foi o desembargador Sebastião António
da Cruz Sobral, 3." senhor e alcaide mor, o qual também foi inspector geral
das obras públicas, edificando-se durante a sua administração o teatro de
S. Carlos. Morreu solteiro a 18 de Setembro de i8o5. A filha foi D. Joana
Maria da Cruz Sobral, 4.* senhora do Sobral, casada com Geraldo Venceslau
Braamcamp de Almeida Castelo Branco, 2.° senhor do morgado da Luz,
comendador de Nossa Senhora dos Açougues na Ordem de Cristo, 4.° alcaide
mor de Freixo de Numão e i.° barão do Sobral em 14 de Maio de i8i3.
Geraldo Venceslau era filho, nascido em 1752, de Hermano José Braam-
camp, cavaleiro da Ordem de Cristo, tendo recebido o hábito a 8 de Julho
(i) Esta data é a da Resenha; não encontro o decreto nem registado no Arquivo Na-
cional, nem transcrito no Diário do Governo.
(2) Decreto de 3o de Setembro de 1862.
Meios 46 r
de 1744, e ministro residente dei Rei da Prússia em Lisboa, onde apresentou
as suas credenciais a el rei D. José em 28 de Julho de lyôi, e teve a pri-
meira audiência da Rainha em 3i do mesmo mês. Era irmão de Gerret
(Geraldo) Braamcamp, o dono da famosa galeria de pintura e preciosidades
artísticas, à qual muitos autores, que tratam desta especialidade, tanto holan-
deses como franceses, se referem; por exemplo: M. de Bastide no seu livro
Le temple des arts, ou le cabinet de M. Braamcamp^ Amsterdão, 1766, e
Charles Blanc na sua obra Le trésor de la curiosité, pág. 468 e segs. do
vol. I. Eram filhos, estes dois irmãos, de João Braamcamp, cidadão de
Amsterdão, e de sua mulher Henriqueta van Beeck; e êle bisneto de Rutgerus
ab Halteren, primeiro pastor protestante de Ryssen desde 1564, o qual, em
5 de Setembro de 1627, assinando-se Domimis Rothgerus Bra??ikampius, como
aliás sempre fazia, pede, atendendo à sua muita idade, para ser substituído
na igreja, ondç pastoreava havia sessenta e três anos. Veio a morrer ainda
depois de 19 de Maio de 1029. Dos seus descendentes o primeiro, que tornou
a ser católico romano, foi o João Braamcamp acima nomeado.
O nome Braamcamp não sei por que razão foi adoptado, mas é formado
de duas palavras holandesas : braam e camp, ou melhor kamp. Kamp quere
dizer campo; e braam, tanto significa a amora da silva, como a própria silva.
É como a palavra latina olipaj que servia para designar a azeitona e a oli-
veira. Julgo porem, que assim como de braam e bosch (bosque, moita), se
formou a palavra braambosch, moita de silvas ou silvado; assim também se
deverá entender que braamcamp significa o campo de silvas. Advirta-se
contudo, que eu nada sei de holandês.
Hermano José Braamcamp havia casado com D. Teresa Teodora de Mas-
carenhas e Ataíde,, de quem teve filhos que logo morreram, e, enviuvando,
tornou a casar, em 8 de Janeiro de 1752, com D. Maria Inácia de Almeida
Castelo Branco (1), i.^ senhora do morgado da Luz instituído em seu testa-
mento por seu pai, o brigadeiro Manuel de Almeida Castelo Branco, antigo
governadpr do Rio de Janeiro, falecido em 22 de Dezembro de 1748. Era
êle quarto neto de António de Almeida, irmão de Martim Vaz de Almeida,
instituidor do morgacio de Paia em i555.
(i) Desta senhora, alem de Geraldo Venceslau, nasceu em 1763 quarto filho, José Fran-
cisco Braamcamp de Almeida Castelo Branco. Foi presidente da Comissão do Terreiro do
Trigo desde 1820 a 1824, fiscal das Obras Públicas, de 1826 a i836, par do reino por carta
de I de Setembro de 1834. Morreu a i3 de Março de iBSç e de sua filha D. Maria Inácia
Braamcamp, casada com seu primo Anselmo José Braamcamp de Almeida Castelo Branco,
secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros em 1820 e conselheiro de Estado em 1822,
quarto filho do Barão do Sobral, proveio o segundo ramo desta família.
462 Brasões
Do Barão do Sobral foi filho primogénito Hermano José Braamcamp do
Sobral de Almeida Castelo Branco, 5." senhor do Sobral, 3." do morgado da
Luz, 2.° barão do Sobral, em 3 de Março de 1824, par do reino, em i de
Outubro de i835, 1.° visconde do Sobral, em 14 de Setembro de i838, com
honras de conde, em 24 de Outubro seguinte, e finalmente i.° conde do
Sobral, em i3 de Dezembro de 1844(1). Faleceu a 2 de Fevereiro de 1846,
havendo casado em 1806 com Luísa Amable de Narbonne-Lara, filha herdeira
de Luís, conde de Narbonne-Lara, ministro da guerra de Luís XVI em 1791,
general de divisão em 1809, ajudante de campo de Napoleão I na campanha
da Rússia, embaixador em Munich e Viena, governador de Torgau na Ale-
manha, onde morreu em i8i3. Era irmão mais novo de Felipe, visconde de
Narbonne-Lara (o viscondado de Narbonne remonta ao ano de 8ig da era
de Cristo), grande de Espanha de i.^ classe, tenente general, falecido sem
filhos em 1834, pelo que a representação da sua casa passou a sua sobrinha
a Condessa do Sobral. Foram ambos filhos de João Francisco de Narbonne,
4.° senhor d'Aubiac, duque de Narbonne-Lara em sua vida (duc à brevet) no
ano de 1780, grande de Espanha de i.^ classe em 1789.
Dos 1.°^ Condes do Sobral foi filha primogénita e sucessora D. Adelaide
Braamcamp casada com Luís de Melo Breyner, como já lá acima ficou dito (2).
As suas armas são: esquartelado: o I de vermelho liso (Narbonne); o
II de vermelho, seis besantes de oiro entre uma dobre cruz e bordadura do
mesmo (Almeida); o III de azul, hão de oiro, armado e linguado de vermelho
(Castelo Branco); o IV cortado: o 1.° de azul, cinco estrelas de seis pontas
de oiro, postas em cruz; o 2.° de prata, ondado de azul; bordadura de todo
o quartel de vermelho, com as palavras nomen honorque méis em letras de
oiro (Sobral). Sobre o todo: cortado: I de oiro, duas palmas de verde pas-
sadas em aspa; o II partido: o i.° de verde, quatro árvores de prata dispostas
sobre uma ponta do mesmo; o 2.° de azul, esquilo de prata, saindo de uma
água do mesmo em ponta, o esquilo rompente de encontro a um bastão de
vermelho em banda (Braamcamp). Coroa de conde. Timbre: o esquilo
com o bastão. Divisa: LABOR VINCIT AERUMNAS.
(1) A carta, de 17 de Abril de 1845, é dirigida ao Visconde do Sobra!, do meu conselho,
par do reino, desejando dar-lhe um novo e autêntico testemunho da estimação em que tenho
os longos e honrosos serviços por ele prestados ao País e as distintas e nobres acções em
que sempre tem patenteado a sua fidelidade ao Trono e à Carta Constitucional, etc. —
Mercês de D. Maria JI, liv. 23.», fl. 1G4 v.
(2) Acerca da família Braamcamp veja-sc em Júlio de Castilho, Lisboa antiga, o Bairro
Alio, vol. III, págs. 19 a 112.
Meios 463
VII
MELOS COM DOM
Entre os filhos de Garcia de Melo, alcaide mor de Serpa,, foi o segundo
varão na ordem dos nascimentos Simão de Melo. Estudou em Paris, passou
a Roma e acolheu-se à protecção do cardíal D. Jorge da Costa, que no ano
de i5o5 nele renunciou a abadia de Alcobaça, tendo Simão de Melo, antes
de tomar posse, professado a Ordem de Cister (i). Nesta ocasião mudou o
noíne de baptismo, tomando o do seu protector (2), e ficou sendo D. Jorge
de Melo, abade comendatário de Alcobaça.
Volvidos anos apeteceu a D. Manuel dar a seu filho o cardial infante
D. Afonso, criança de nove anos já provida no bispado da Guarda e noutras
prelazias, a abadia de Alcobaça, mas D. Jorge de Melo só acedeu muito
constrangido, recebendo em troca aquele bispado. Celebrou-se a permutação
no mês de Janeiro de i5i9(3) e a 22 de Fevereiro foi expedida a bula pro-
vendo o referido Cardial Infante na abadia de Alcobaça, sendo D. Jorge
já então bispo da Guarda (4).
D. Jorge de Melo foi um dos mais devassos prelados de que há memória
em Portugal. «Por certo que me não seria custoso deixar em silencio as
acções de hum Bispo, que eu não poderei tractar com a indulgência do meu
costume, sem contravir a primeira obrigação de hum Historiador, que he o
ser imparcial, e verídico» (5). O mesmo cronista geral da Ordem de S. Ber-
nardo, na nota citado, ainda nos conta, «que existia defronte do Mosteiro
huma D. Ignez {aliás Helena) de Mesquita, com quem o Abbade tinha com-
mercio illicito» (6). Deu o tam escandaloso caso origem a aparecer uma
manhã na porta da igreja um papel com a seguinte quadra:
Abade que deixa a Sé
por se meter na Mesquita,
Moiro foi e Moiro é,
pois que já se não desquita.
(i) Fr. Manuel dos Santos, Alcobaça ilustrada, pág. 317.
(2) Fr. Fortunato de S. Boaventura, Historia chronologica e critica da Real Abbadia de
Alcobaça, pág. i5i.
(3) Fr. Manuel dos Santos, Alcobaça ilustrada, pág. 324.
(4) Corpo diplotnatico portuguej, XI, 207. — No dia seguinte foi expedida outra bula
concedendo ao Infante o regresso do bispado da Guarda por falecimento ou cessão do bispo
D. Jorge {Ibidem, II, 21).
. (5) Fr. Fortunato de S. Boaventura, Historia cronológica cit,, pág. 149.
(6) Ibidem, pág. i5i.
46 \ Brasões
Transferido muito contra sua vontade para a Guarda, protestou não pôr
lá os pés e realizou-o. Alegava não querer ir a terra onde matavam os
bispos (1) e foi estabelecer residência, primeiro em Abrantes e pouco depois
em Portalegre, d'onde não mais saiu. Desinteressou-se absolutamente das
obras da sua Sé, ainda então destelhada, a qual por fim veio, na realidade^
a ser concluída durante a sua prelazia (2) pelos anos de 1846, depois de^
pela bula Exhibita nobis de 4 de Dezembro do ano antecedente, expe-
dida em resultado da sentença lançada no processo contra o Bispo instau-
rado em Roma, propter miilia enormia delicia, haver sido condenado a
excomunhão maior, suspensão, proibição de ingresso na igreja e multa de
vinte e cinco mil ducados de oiro, parte aplicados à fábrica da catedral da
sua diocese (3).
Durante a sua estada em Alcobaça reivindicara D. Jorge de Melo para os
abades daquele mosteiro o cargo de esmoler mor, do qual sempre haviam
gozado e dele se achavam esbulhados por D. Manuel. A sentença guarda-
va-se no arquivo do mosteiro (4); a data dela porém não encontro, nem no
autor citado, nem na carta de 9 de Julho de i522 de nomeação de D. Jorge
para o cargo de esmoler mor (5), nem na outra de 1 5 de Maio de i554 de
nomeação para aquele cargo do infante D. Henrique, na qualidade de abade
de Alcobaça, apesar de no diploma se aludir à sentença (6). Provavelmente
seria ela obtida pouco antes de D. Jorge ser obrigado a ceder a abadia, e
entre as condições por êle então impostas uma certamente foi a de conservar
o cargo de esmoler mor, com o qual se encontra em muitos diplomas e entre
outros numa carta de 9 de Maio de 1 537 (7).
Fundou D. Jorge de Melo em Portalegre o mosteiro de Nossa Senhora
da Conceição da Ordem de S. Bernardo, o qual já estava quási concluído
em i53o e teve o seu estatuto assinado pelo fundador em 19 de Agosto do
(1) Aludia ao bispo D. Álvaro de Chaves morto a punhaladas por um seu criado, nos
fins do ano de, 1496. — Manuel Pereira da Silva Leal, Catalogo dos Bispos da Idanha e Guarda,
no vol. de 1722 da CoLt.ecçam dos Documentos e Memorias da Academia Real da Historia
PORTUGUEZA, n." XXVIl.
(2) José Osório da Gama e Castro, Diocese e districto da Guarda, pág. 348.
(3) Fortunato de Almeida, Historia da Igreja eni Portugal, tom. III, part. II, pág. 814.
— Já por outra vez, em 1529, contra D. Jorge de Melo haviam sido expedidas umas letra»
apostólicas, isentando da sua jurisdição o mosteiro das Dominicanas de Abrantes e sujei-
tando-o ao Arcebispo de Lisboa (Fr. Luís de Sousa, Historia de S. Domingos, III, 238).
(4) Fr. Fortunato de S. Boaventura, Historia chronologica cit., pág. i5i.
(5) Chancelaria de D. João 111, liv. Si." de Doações, fl. 169 v.
(6) P.e Sousa, Provas da Historia genealógica, II, 760.
(7) ArCHIVO HISTÓRICO PORTUGUEZ, V, 49,
Meios 465
ano seguinte (i). Ao mosteiro doou, por escritura de 9 de Fevereiro de 1648,
para uma capela lá instituida por sua alma, certos bens de mínima valia (2).
Mais dádiva nenhuma fez ao seu mosteiro e, se este foi opulento, a sua opu-
lência deveu a doações que lhe fizeram, em i3 e 17 de Agosto de 1549,
D. António de Melo (filho do fundador) com sua mulher D. Joana da Silva,
e Helena de Mesquita, mãe de D. António (3).
Faleceu D. Jorge de Melo a 5 de Agosto .de 1548, «deixando, alem de
vários prédios rústicos e urbanos, um riquíssimo espolio em baixella de prata,
jóias, dinheiro, escravos, guademeceins e tapeçarias» (4). Foi sepultado na
capela da Conceição do seu mosteiro, no mais sumptuoso e soberbo mausoléu
de Portugal não destinado a pessoa rial. Dele se vê uma bela reprodução
no n." 83 da Arte e a Nature\a em Portugal, e nele se gravou, segundo os
autores abaixo citados (5), o seguinte epitáfio:
GEORGIVS DE MELLO EPISCOPVS EGITANENSIS VIR ET
GENERIS NOBILITATE ET ANIMI VIRTVTE CLARISSIMVS
QVI HOC TEMPLVM AVGVSTISSIMASQVE ^DES IN QVIBVS
INDOTATiE VIRGINES CISTERGIENSIS ORDINIS INSTITV
TIS DEDIT.E ALERENTVR OB INSIGNEM ADVERSVS IPSVM
ORDINEM RELIGIONEM PIETATEMQVE FECIT AG DIV^ VIR
GINIS MATRIS GONCEPTIONI DIGAVIT • VASA VESTES PE
CVNIAM PR^DIA ET AD SAGRA ET AD SACERDOTVM VIR
GINVMQVE VIGTVM DE SVO STATVIT DVM AD SVARVM
VIRTVTVM PREMIA GAPESSENDA PROFEGTIONEM PARAT
(VT QVOD EX SE TERRA ERAT TERRA DEPONERET)
HOG SIBI SEPVLCHRI MONVMENTVM VIVENS POSVIT
Mais notícias posteriores ao ano de 1549 não encontro de Helena de Mes-
quita, parecendo ter ela morrido em i55i ou i552 (6). Era filha de Pedro
de Mesquita, do Córrego, e de sua mulher Felipa Borges, filha de D. Diogo
Borges, abade de Refoios de Basto, de uma dinastia de Abades que durante
cento e vinte anos sucessivos desfrutou aquela abadia, quási sempre de pais
em filhos. Seguiu pois Helena de Mesquita o exemplo de suas avós ma-
ternas.
(i) Francisco António Rodrigues de Gusmão, Memoria histórica do Mosteiro de Nossa
Senhora da Conceição de Monjas da Ordem de Cister, da cidade de Portalegre, no Instituto,
vol. IX, pág. 219.
(2) Ibidem, pág. 220.
(3) Ibidem, vol. X, pág. 20.
(4) Ibidem.
(5) George Cardoso, Agiologio lusitano, I, 436; Fr. Fortunato de S. Boaventura, His-
toria cronológica cit., pág. i52.
(6) Rodrigues de Gusmão, Memoria histórica cit., pág. 20 do vol. X do Instituto.
VOL. I 59
466 Brasões
Alem de D. António de Mello e doutros filhos (i), deixou D. Jorge de
Melo a D. Joana de Melo, segunda abadessa perpétua do referido mosteiro
de S. Bernardo fundação de seu pai, em cuja vida começou a exercer o
cargo e o ocupou até morrer em 19 de Julho de 1587(2). Em seu tempo
foi sagrada a igreja, como consta do seguinte letreiro na capela mor trans-
crito por George Cardoso:
TEMPLVM HOC A GEORGIO A MELLO EGI
TANENSI EPISCOPO STRVCTVM PRECIBVS
D. lOANNiE A MELLO ABBATISSíE D. AN
DREAS A NORONHA EPISCOPO II. PORTALE
GRENSI CONSEGRAVIT ANNO DOMINI 1572
17 KAL. MARTII.
Declara Rodrigues de Gusmão, na Memoria por vezes citada, haver
D. João III já legitimado a D. António de Melo, filho do bispo D. Jorge,
quando sua mãe Helena de Mesquita, por escritura de 16 de Novembro de
i522, nele instituiu um morgado opulento (3). Desta instituição não encontro
mais vestígio nenhum (4); outra porem me aparece registada na Chancelaria
régia.
Em Évora, a 17 de Maio de 1627, nas casas de morada de Rui de Melo (5),
do conselho, estando ele presente de uma parte e da outra Helena de Mes-
quita, morador em Portalegre, foi assinada a escritura esponsalícia de D. Joana
da Silva, filha de Rui, com D. António de Melo, filho de Helena. Prometeu
esta então aos desposados vinte mil cruzados em bens de raiz e tenças, e
Rui de Melo obrigou-se a completar a sua filha, em bens de raiz, jóias, pratas
e corregimentos de casa, até quinze mil dobras (6) sobre a valia da legítima
e terça materna e do casamento dei Rei. De tudo se constituiria morgado
para andar nos descendentes dos noivos, com a obrigação de uma missa no
(i) Por cinco cartas de 4 de Janeiro de i520 foram legitimados, a requerimento da mãe,
Bernardo, António, Joana, Francisca e Manuel, filhos de «um monje de missa, professo da
Ordem de S. Bernardo», e de Helena de Mesquita, mulher solteira. — Chancelaria de D. Ma-
nuel^ liv. 3.° de Legitimações, fls. 264, 264 v. e 265.
(2) Rodrigues de Gusmão, Memoria histórica cit., no Instituto, VI, 149, e IX, 220.
(3) O Instituto, VI, 149.
(4) Não me parece porem duvidosa a sua existência em vista da declaração feita numa
carta de padrão de 3oo.ooo rs. dada, em 20 de Março de 1542, a D. António de Melo, filho
de D. Jorge de Melo, bispo da Guarda. Fizera-lhe o Bispo doação de 12.000 cruzados para
comprar 3oo.ooo rs. em bens de raiz ou juro, para o seu morgado. — Chancelaria de D. João III,
Hv. 47."* de Doações, fl. 6 v.
(5) Era irmão do bispo D. Jorge de Melo.
(6) A dobra valia 1 20 rs. e o cruzado 400.
Meios 467
convento de S. Domingos de Évora. D. João III aprovou e confirmou em
19 de Novembro de i529, apesar de D. António e de D. Joana serem menores
de vinte e cinco anos, pois apenas teriam dezasseis ou dezassete'(i). No ano
seguinte, por carta de 5 de Março, foi feita mercê a D. António de Melo,
filho de D. Jorge de Melo, bispo da Guarda e esmoler mor, de lhe confirmar
os privilégios de uma herdade no Porro, termo de Évora, conforme haviam
sido confirmados por D. Manuel em 1497 a Henrique de Macedo, pai de
Fernão de Macedo, que a herdade vendera a D. António (2).
Dalgumas palavras ainda legíveis do epitáfio gravado na sepultura de
D. António de Melo, situada junto às grades do coro de baixo na igreja do
convento de S. Bernardo de Portalegre, consta ter ele falecido em i5 de
Agosto de 1649 (3), data em parte confirmada pela carta, de 4 de Julho de 1 55o,
de padrão de trezentos mil reais, dada a D. Joana da Silva, viúva de D. António
de Melo, para os começar a vencer de Janeiro desse ano em diante (4).
De D. António de Melo e D. Joana provieram os Meios chamados da Cal-
çada do Combro por lá terem a sua casa. Devido à origem, bem pouco re-
gular, do seu progenitor, foram eles apodados num conhecido rifão de corte,
o qual por eufemismo posso escrever assim: «Melo com dom, Meneses sem
ele, salsa de Palmela (5) para êle». Em D. Pedro de Melo, terceiro neto de
D. António de Melo, dividiu-se a família em duas linhas.
Sucedeu D. Pedro de Melo pelos anos de i658 no morgado da casa de
seu pai (6), foi nomeado governador do Maranhão por carta patente de 24 de
Julho de 1657, na qual se enumeram os seus serviços (7), e já era falecido
a 20 de Fevereiro de 1669(8). Casara com D. Maria de Mendoça e entre
outros filhos tivera a D. António José de Melo e D. Francisco de Melo.
D. António José de Melo sucedeu na casa e casou com D. Joana de Men-
doça, filha de Pedro Guedes de Miranda, io.° senhor de Murça. Foram avós
doutro D. António José de Melo Homem que foi senhor da casa dos Meios
(i) Chancelaria de D. João III, liv. 17." de Doações, fl. i23.
(2) Ibidem, liv. 52.°, fl. 87.
(3) Rodrigues de Gusmão, Memoria cit., vol. X do Instituto, pág. 20.
(4) Chancelaria de D. João III, liv. 69.° de Doações, fl. gS.
(5) Encontro esta expressão do P.e Francisco Álvares no livro, húmido ainda (em 1898),
do Conde de Ficalho, Viagens de Pedro da Covilhã, pág. 161, nota 3.
(6) Por apostila de 20 de Agosto de i658 foi mandada averbar a D. Pedro de Melo,
filho mais velho e sucessor do falecido D. Jorge de Melo, uma tença do seu morgado. —
Chancelaria de D. João IV, liv. 23." de Doações, fl. 19 v.
(7) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 2*3 ° de Ofícios e mercês, fl. 78.
(8) Verba de pertença de juro por falecimento de D. Pedro a seu filho D. António José
de Melo. — Ibidem, liv. 8.°, fl. 89 v.
468 Brasões
da Calçada do Combro e do morgado da Figueira, e chegou a possuir o mor-
gado da Bacalhoa o qual lhe tiraram por sentença. Em sua neta D. Maria
José de Melo Meneses e Silva, condessa da Figueira, terminou a sua descen-
dência. Esta senhora, falecida em 1818, foi a primeira mulher de D. José
de Castelo Branco, i.° conde da Figueira (i3 de Maio de 1810), filho segundo
do i.° Marquês de Belas, havendo sido o título concedido a D. José pelo
morgado da Figueira por sua mulher possuído. Deste casamento não houve
filhos e o Conde tornou a casar com a herdeira dos Machados, como já lá
muito acima ficou dito.
Teve D. António José de Melo Homem uma irmã chamada D. Maria
Ana Josefa de Bourbon a qual casou com seu parente D. Miguel de Melo
Abreu Soares de Vasconcelos, senhor dos morgados de Fonte Boa, Vilar e
outros, e neto de D. Francisco de Melo, o segundo filho acima nomeado de
D. Pedro de Melo, governador que foi do Maranhão. Daquele D. Miguel foi
neto outro D. Miguel António de Melo em quem vieram a reunir-se os dois
ramos destes Meios, por haver herdado, além da casa de seu referido avô, a
dos Meios da Calçada do Combro, em 1818, pelo falecimento sem filhos de
sua parenta a Condessa da Figueira. Sucedeu também na casa de Murça,
em 1825, a seu outro parente Manuel José Guedes de Miranda, mas não no
senhorio da vila o qual nunca lhe foi confirmado. Foi governador e capitão
general de Angola e das ilhas dos Açores, conselheiro do Conselho da
Fazenda, presidente do Rial Erário e finalmente 1.° conde de Murça, de
juro e herdade, por carta de 11 de Fevereiro de 1826(1). Também foi
par do reino, por carta de 9 de Janeiro de 1828, e morreu a 7 de Agosto
de i836. Foi pai de D. José Maria de Melo, 2.° conde de Murça, por carta
de I de Outubro de i836 (2), falecido sem deixar descendência, e de D. João
José Maria de Melo Abreu Soares de Vasconcelos Guedes de Brito Barbosa
Palha, 3.° conde de Murça, por decreto de 9 de Março de 1859. Casara em
i85b com D. Ana de Sousa Coutinho, filha dos 3.°^ Condes de Alva, e foi
sua filha primogénita a senhora D. Mariana das Dores de Melo, actual 4.^ con-
dessa de Murça, por decreto de i de Março de 1871, casada com o 3.° Conde
de Sabugosa.
A casa de Murça provêm de Gonçalo Vasques Guedes, escudeiro, vassalo
de D. João I, a quem já servia nos tempos de regedor e defensor do reino,
recebendo então dele, por carta de 24 de Julho de 1422 (1384), a doação de
(i) Chancelaria de D. João VI, liv. 21.°, fl. 259,
(2) Mercês de D. Maria II, liv. 7.°, fl. 21.
Meios 46^
juro e herdade de várias terras (1), as quais, por motivo de mim ignorado,
não conservou (2). Pelos mesmos tempos da primeira doação fizera o Mestre
de Avis outra análoga a Gonçalo Vasques Guedes, pela qu-al lhe doara
de juro e herdade as terras de Murça, Brunhais, Água Revés e Torre de
Dona Chama, com as jurisdições. Não se encontra o registo desta mercê;
consta ela porem da carta de 6 de Dezembro de 1433, pela qual D. Duarte
confirmou a doação feita por seu pai a Pêro Vaz Guedes, escudeiro, «criado
delRei seu padre» e filho de Gonçalo Vasques (3).
Em 1393 já Gonçalo Vasques Guedes e seu filho Álvaro Gonçalves Guedes
tinham comprado quintas e herdades em Murça e seu termo; mas, como a
terra era reguenga, temeram-se dalgum embargo lhes ser posto e vieram soli-.
citar de D. João I lhes garantisse a posse. Deferiu-lhes, com a condição de
lhe pagarem os tributos devidos (4). Álvaro Gonçalves parece ter morrido
em vida do pai, pois que nas suas terras lhe sucedeu seu irmão Pêro Vaz.
Apesar de na primitiva carta de doação se haverem compreendido as
jurisdições, só ao fim de um longo decurso de anos se tornou efectiva esta
concessão por carta, dada a 28 de Julho de 1544, a Simão Guedes (5),
5.° senhor de Murça. A este sobreviveram dois filhos: Lourenço Guedes e
Pêro Guedes.
O primeiro sucedeu na casa de seu pai e foi 6.° senhor de Murça e das
mais terras, por carta de confirmação de 5 de Maio de i573 (6). Morreu na
batalha de Alcácerquibir, deixando única filha a D. Felipa Guedes, a quem
o Cardial Rei deu, em 23 de Julho de iSyg, um alvará de lembrança de
mercê da terra de Murça e das outras, alvará confirmado por Felipe I por
carta de 3o de Outubro de lôSg, com obrigação dela dar a sua mãe D. Guiomar
de Castro, em sua vida, cento e cinquenta mil réis (7). D. Felipa já era fale-
cida sem descendência em princípios de 1601, tendo casado com D. Martinho
Mascarenhas, de quem foi primeira mulher. D. Martinho veio a ser o
2." conde de Santa Cruz por carta de i5 de Setembro de 1607(8).
(1) Chancelaria de D. João I, liv. i.", fl. 20.
(2) Dizem haverem sido estas terras de Martim Gonçalves de Ataíde, mas disso não en-
contro prova. Entretanto, se tivessem sido dele, estava a desapropriação explicada pela
carta de 23 de Setembro de 1391, a qual mandou restituir à viúva e filhos de Martim Gonçalves
todas as suas terras. — Chancelaria de D. João /, liv. 2.°, fl. 60 v.
(3) Liv. 3.» de Além Doiro, fl. 193 v.
(4) Carta de 10 de Julho de 1431 (i393). — Chancelaria de D. João I, liv. 2°, fl. 88 v.
(5) Chancelaria de D. João III, liv. 5.° de Doações, fl. 87 v.
(6) Confirmações gerais, liv. i.°, fl. 84 v.
(7) Chancelaria de Felipe /, liv. 22.° de Doações, fl, 99.
(8) Chancelaria de Felipe II, liv. 19.° de Doações, fl. 60,
470 Brasões
Pêro Guedes serviu em Africa onde foi duas vezes cativo, e, tendo-o sido
da segunda vez na batalha de Alcácerquibir, entrou no número dos oitenta
fidalgos resgatados (i). Partidário entusiasta de Felipe I foi por êle nomeado
governadçr da Relação do Porto por alvará de i5 de Novembro de 1682, na
menoridade de seu parente Henrique de Sousa. Posteriormente desempenhou
os cargos de conselheiro de Estado, presidente da Câmara Municipal de
Lisboa e vedor da fazenda, e veio a morrer nos fins de 1699, princípios de
1600 (2). Deixou filho primogénito a Simão Guedes, a quem Felipe II, por
alvará de lembrança dado em Madrid a 28 de Abril de 1601, fez mercê de
juro e herdade do senhorio das terras de Murça, Brunhais, Agua Revés e
Torre de Dona Chama por falecimento de sua prima D. Felipa Guedes. Foi
o alvará confirmado em carta dada em Valhadolid, a 3o de Junho do mesmo
ano (3). Morreu Simão Guedes, 8.° senhor de Murça, sem sucessão e por
alvará de 27 de Fevereiro de 162 1, em atenção aos serviços de Pêro Guedes
e aos de Lourenço Guedes, seu filho morto pelos Moiros na índia no assalto
do Cunhal, fez Felipe II mercê a D. Joana Guedes, filha de um e irmã do
outro, e a seu marido Luís de Miranda Henriques, estribeiro mor, das refe-
ridas terras em três vidas, com a obrigação de dar anualmente cem mil réis
a D. Guiomar Manuel, viúva do dito Simão Guedes, por ela ter ficado pobre.
Foi o alvará passado em carta a 3 de Outubro de 1624(4). De D. Joana
Guedes e Luís de Miranda Henriques, 9.°" senhores de Murça, foi filho
sucessor Pedro Guedes de Miranda, 10. ° senhor daquela vila e suas anexas (5),
estribeiro mor, o qual, casando com D. Maria Josefa de Mendoça, 10.* senhora
da quinta da Bacalhoa, foi pai de Luís Guedes de Miranda Henriques,
1 1.° senhor de Murça e bisavô de Manuel José Guedes de Miranda, 14.° senhor
de Murça (6) e da quinta da Bacalhoa. Este foi o último senhor de Murça
e faleceu sem descendência a 9 de Outubro de 1825 (7).
Extinta assim a primeira linha da descendência de Pedro Guedes de Mi-
randa, passou a representação da casa de Murça aos descendentes de sua
filha D. Joana de Mendoça e de seu marido D. António José de Melo, acima
nomeados.
(i) Jerónimo de Mendoqa, Jornada de Africa, ipàg. 11^.
(2) Brasões de Cintra, III, 220.
(3) Chancelaria de Felipe 11^ liv. 5." de Doações, fl. 162,
(4) Chancela7-ia de Felipe 111, liv, 12.° de Doações, fl. 188 v,
(5) Carta de confirmação de i de Julho de 1648, em verificação de segunda vida, por
morte de Luís de Miranda Henriques. — Chancelaria de D. João 1 V, liv. 5.° de Doações, fl. 170.
(6) Por alvará de 2 de Novembro de 1761, de mercê nova, por êle ser filho legitimado
de Luís Guedes de Miranda, [i3."] sr. de Murça. — Ofícios e mercês de D. José, liv. 49.°, fl. 240 v.
(7) Resenha de João Carlos Feo, pág. i36.
Meios 471
As armas dos Condes de Murça pela sua varonia são: Esquartelado:
o I de Melo, já descrito; o II de negro, três faxas veiradas de prata e ver-
melho (Vasconcelos); o III de vermelho, cinco cotos de aza de águia de oiro
(Abreu); o IV de prata, cruz florida de vermelho, vazia do campo (Soares
Lagartos). Coroa de conde. Timbre: a águia dos Meios. O escudo completo
porem é assim formado: esquartelado: o I de vermelho, seisbesantes de prata
entre uma dobre cruz e bordadura de oiro (Melo); o II contra esquartelado:
o i.° de vermelho, cardo cosido de verde, florido e arrancado de prata, e posto
em pala entre dois liões assaltantes de oiro (Cardoso); o 2.° esquartelado de
vermelho, águia de oiro, e de azul, três flores de lis de oiro (Veiga); o 3." de
azul, seis crescentes de oiro (Homem); o 4.° de oiro, três faxas de vermelho,
cada uma carregada de três estrelas de seis pontas de. prata (Avelar); o III
contra esquartelado: o i.° e 4.° esquartelado: a e í/de oiro, aspa de vermelho
acompanhada de quatro flores de lis de verde (Miranda), ^ e c de vermelho,
castelo de oiro, o campo mantelado de prata com dois liÕes batalhantes de
púrpura armados e linguados de azul (Henriques); o 2.° de oiro, com a
sombra de um anel e seu rubi (Meneses); o 3.° de azul, cinco flores de lis de
oiro (Guedes); o IV partido de um e cortado de dois traços, que faz seis quar-
téis: o i." de vermelho, cinco cotos de aza de águia de oiro (Abreu); o 2.° de
oiro, nove arruelas de vermelho (Taveira); o 3.° de negro, três faxas veiradas
de prata e vermelho (Vasconcelos) ; o 4.° de prata, banda de azul, carregada de
três crescentes de oiro postos no sentido da banda, que é acostada por dois
iices de púrpura, armados e linguados de vermelho (Barbosa); o 5.° de ver-
melho, nove lisonjas apontadas de prata, moventes do chefe, da ponta e dos
flancos do escudo, e cada uma carregada de um Hão de púrpura (Brito); o
6.° de vermelho, seis besantes de oiro entre uma dobre cruz e bordadura do
mesmo (Palha). Sobre o todo: de prata, cruz florida de vermelho, vazia do
campo, bordadura também de prata, sustentada por um filete de negro em
orla e carregada de oito escudetes de azul, sobrecarregados cada um de cinco
besantes do campo (Soares de Albergaria).
Outros Meios houve com dom, descendentes porém por fêmea do velho
tronco e, caso curioso, também provenientes de um bispo. Rapidamente
deles darei notícia.
«João Lourenço criado de D. Fernando de Castro foy hú homem honrado
Alcaide do Castello da Covilhã em tempo dei Rey D. Afíonso o 5.° pelo qual
teve este castello, foy cazado com Senhorinha Gomes, ou Gonçalves, de Fi-
gueiredo filha de de que houve Anrique de Figueiredo
e Gomes de Figueiredo e Pedro de Figueiredo». Isto dizia D. António de
Lima, que faleceu apenas um século depois de D. Afonso V. Diogo Gomes
472 Brasões
de Figueiredo, que escrevia o seu Nobiliário em 1674 e era destes Figuei-
redos, diz: «João Lourenço de S. Payo, fillio de Gomes Lourenço de S. Payo
que veio de Galiza a servir a elRey D. loão o i.° nas guerras de Castella,
de que faia a sua Crónica, o qual teve o castello da Covilhã por D. Fernando
de Castro, e depois pelo Conde de Monsanto seu filho como diz Gaspar Bar-
reiros; E de quem Gaspar Frutuozo na sua historia das Ilhas L.° 3. Cap. 3.°
diz que era Irmão do bispo D. Durão». Acrescenta mais que a mulher de
João Lourenço se chamou Teresa Gonçalves de Figueiredo, e «alguns lhe
chamão Senhorinha Gomes de Figueiredo». Por fim diz haver ela sido filha
de D. Gonçalo de Figueiredo, bispo de Viseu e irmão do valoroso Aires Gon-
çalves de Figueiredo que aos noventa anos se apresentou a combater na
tomada de Ceuta.
Henrique de Figueiredo, o primeiro filho de João Lourenço, foi escrivão
da fazenda de D. Afonso V (i) e D. João II, e o mesmo ofício Junto doutros
reis tiveram seus filhos, neto e bisneto, e deles vieram os morgados de Ota,
condes de Belmonte com a varonia de Câmara.
Gomes de Figueiredo, o segundo filho do referido João Lourenço, dizem
ter sido camareiro de D. Afonso V; o certo porem é ele já ser em 147Ó cava-
leiro da sua casa e seu armador mor, ofício em que até final serviu àquele
Rei por quem foi nomeado contador de Évora, Estremoz e Portalegre, cargo
que lhe foi confirmado por D. João II em 4 de Fevereiro de 1482. Poste-
riormente foi vedor da casa do príncipe D. Afonso, provedor da fazenda de
Évora, Estremoz e Portalegre, por carta de 18 de Outubro de 1490, confir-
mada no reinado seguinte, em 19 de Abril de 1496, e finalmente provedor
e recebedor de todas as rendas e direitos da Rainha Princesa. Ainda vivia
em i5oo, tendo casado com D. Leonor de Melo, e foram ambos sepultados
no cruzeiro da igreja do Espinheiro, com este epitáfio gravado na campa:
SEPVLTVRA . DE GVOMES • DE FYGVEYREDO •
E DE SVA MOLHER DONA LIANOR • DE MELO (2).
Era esta senhora filha do dr. João Afonso de Aguiar, já falecido em 1496, e
de sua mulher D. Isabel de Melo, filha de João de Melo, i.° alcaide mor de
Serpa, acima nomeado. Era o dr. João Afonso filho doutro João Afonso de
Aguiar, provedor da fazenda em Évora, Estremoz e Portalegre, o qual, jun-
tamente com sua mulher Maria Esteves, instituiu, em 20 de Fevereiro de
1485, uma capela em S. Francisco de Évora nomeando para ela em primeiro
(i) Nomeado por carta dada em Ceuta a 16 de Janeiro de 1464, na vagante por morte
de João Vogado. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 8.°, fl. 2.
(2) Sepulturas do Espinheiro, págs. 23 e 24.
Meios 473
lugar seu neto Garcia de Melo. Morreu este sem filhos e o morgado passou
a sua irmã D. Leonor de Melo, ou a seus descendentes (i), um dos quais,
seu neto D. Gomes de Melo, Já o administrava em 1569. A administração
deste vínculo foram buscar o pretexto para adoptarem o apelido de Melo.
O filho e sucessor de Gomes de Figueiredo, Diogo de Melo, foi estribeiro
mor da imperatriz D. Isabel (2), mulher de Carlos V. Andou muitos anos
em Roma e Castela, por lá tomou o dom e ficou-se chamando D. Diogo de
Melo, título transmitido a todos seus descendentes. Casou naquele reino
com D. Maria Manuel, filha única de D. Francisco de Faro, irmão do 3." Conde
de Odemira, e de sua mulher D. Leonor Manuel, filha de D. Diogo Manuel,
senhor de Chelles. Em memória desta aliança adoptaram muitos dos des-
cendentes de D. Diogo de Melo o apehdo Manuel. Entre eles foi seu ter-
ceiro neto o famoso D. Francisco Manuel de Melo, célebre pelos seus livros
e pela misteriosa perseguição padecida, em virtude da qual tomou por
divisa a palavra Qiiare (por quê ?). Foi, em virtude de uma sentença favo-
rável, senhor do morgado da Ribeirinha na ilha de S. Miguel e mais casa de
seu avô paterno, na qual, por ter morrido sem filhos, lhe sucedeu seu primo
direito D. Francisco de Melo, irmão de D. Maria de Portugal, condessa de
Penalva (3) e dama da rainha D. Caterina de Bragança, a quem ambos os
irmãos acompanharam em 1662 a Inglaterra.
D. Francisco de Melo, antes de passar àquele reino com D. Caterina,
havia sido nomeado trinchante de D. João IV (4), e de seus serviços dá boa
noticia o alvará de 8 de Novembro de 1668, de mercê das jurisdições da vila
da Silva de Cima, na comarca de Viseu, da qual já tinha os direitos riais (5).
Declara-se no alvará fazer-lhe el Rei a referida mercê, tendo respeito aos
serviços por D. Francisco prestados de vinte e oito anos a esta parte, a prin-
cípio no paço com o fofo de moço fidalgo, depois cinco anos de pagem da
campainha e catorze de trinchante; passar a Inglaterra em companhia da
Rainha da Grã Bretanha o ano de 1662, continuando a servir na corte de
(i) Sepulturas do Espinheiro, pág. 19.
(2) P.e Sousa, Historia genealógica, IX, 214.
(3) Não encontro o registo da carta de concessão desta mercê, mas devia ela ser da
mesma ocasião, 2 de Abril de 1662, em que foi dado o título de condessa de Pontével a
D. Elvira Maria de Vilhena, a outra dama da rainha D. Caterina. — Chancelaria de
D. Afonso VI, liv. 25." de Ofícios e mercês, fl. 19 v,
(4) Carta de 9 de Janeiro de i65i. Foi nomeado em quanto durasse o impedimento de
Diogo de Brito Coutinho, proprietário do ofício. — Chancelaria de D. João IV, liv. 23." de
Doações, fl. 19 v.
(5) Transcrito o alvará na carta de 16 do mesmo mês. — Chancelaria de D. Afonso F/,
liv. 10.» de Ofícios e mercês, H. 70.
VOL. I . 60
474 Brasões
Londres onde sucedeu ao Marquês de Sande na embaixada de Inglaterra,
tendo o exercício daqueles negócios por espaço de três anos, com grande
autoridade e inteligência; ser nomeado por embaixador extraordinário aos
Estados de Holanda em 1667 e haver-se nos particulares a que foi àquelas
províncias com toda a actividade e zelo, procurando quanto lhe foi possível
adiantá-los, procedendo em tudo como de sua pessoa e qualidade se devia
esperar, até que ultimamente veio a este reino com os 'tratados do que ajus-
tara com os Holandeses; tendo a tudo consideração e ao mesmo D. Francisco
passar de presente a Holanda, faz-lhe a referida mercê, além doutras. Ainda
tornou a Inglaterra na qualidade de embaixador e lá morreu no decurso do
ano de 1678 (i), três antes de sua irmã a Condessa de Penalva, também lá
falecida (2).
Vendo-se sem filhos mandou D. Francisco de Melo chamar à índia a seu
sobrinho D. Francisco Manuel de Melo para lhe suceder na casa. Teve este,
por ser filho natural de uma mulher daquelas regiões, a alcunha do Cabra,
e foi bisavô de D. João de Melo Manuel da Câmara, i.° conde da Silva, em
sua vida, por decreto de 17 de Novembro de i852(3), pai do 2." Conde.
As armas destes Condes são: esquartelado: o I de prata, aspa de ver-
melho carregada de cinco escudetes das armas do reino (Faro); o II esquar-
telado: o i.° e 4.° de prata, Hão de púrpura, armado e linguado de azul, e
coroado de oiro, o 2.° e 3.° de vermelho, aza de oiro terminada por uma
mão de encarnação, empunhando uma espada de prata, guarnecida de oiro
e posta em pala (Manuel de Vilhena); o III de vermelho, seis besantes de
prata entre uma dobre cruz e bordadura de oiro (Melo); o IV de verde, torre
coberta de prata, porta e frestas de negro, catavento de oiro, sustentada por
(áois lobos cosidos de negro, linguados de vernielho {Câmara). Sobre o todo:
de vermelho, cinco folhas de figueira de verde, nervadas e perfiladas de oiro
(Figueiredo). Coroa de conde. Timbre: dois braços de Hão de vermelho,
passados em aspa, segurando cada um na garra uma folha de figueira de
verde.
(i) Monstruosidades do tempo e da fortuna, pág. 3o3.
(2) P.e Sousa, Historia genealógica, IX, 222.
(3) Mercês de D. Maria II, liv. 41.', fl. 114. — No decreto refere-se apenas à «distinta
nobreza» do agraciado e ao desejo de «perpetuar a memória de seus ilustres antepassados».
Riais nada.
Meios 475
VIII
MELOS POR FÊMEA
SENHORES DE POVOLIDE, MESTRES-SALAS,
CONDES DAS GALVEIAS E DA PONTE
Quatro ramos principais se derivaram do tronco dos Meios por .linhas
femininas: o dos Senhores de Povolide, o da casa dos Mestres-salas, o dos
Condes das Galveias e o dos Condes da Ponte.
O dos Condes das Galveias derivou-se de D. Beatriz de Melo, filha de
João de Melo, comendador de Casével, filho segundo de Vasco Martins de
Melo, alcaide mor de Évora e de Castelo de Vide, ambos lá acima mencio-
nados (i). Casou D. Beatriz com Pedro de Castro, 3." alcaide mor de Mel-
gaço, e seus descendentes usaram quási todos dos apelidos Melo e Castro e
já os deixei apontados no capítulo dos Castros de Melgaço (2).
Os senhores de Povolide provieram de João Lourenço de Ferreira, alcaide
de Castel Bom, em 1394, de Trancoso, em 1396, da Guarda, em 1397 (3), e
de Bragança, onde estava, quando, por carta de 27 de Setembro de 1442
(1404), D. João I o dispensou de lhe pagar vinte e quatro libras da moeda
antiga a que era obrigado anualmente pela aldeia de Paradela, no termo de
Mogadoiro (4). Dizem, mas não creio, haver ele fundado o lugar de Povo-
lide (5).
Foi seu sucessor no senhorio da aldeia de Paradela Pêro Lourenço de
Ferreira, cavaleiro da casa dei rei D. Duarte, que, por carta de 7 de Outubro
de 1434, também lhe quitou as referidas vinte e quatro libras de pensão (6).
Ignoro se Pêro Lourenço era filho de João Lourenço, ou seu irmão, como
parece indicar o terem patronímicos iguais; mas sei que em 1434 já estava
casado havia tempos com Beatriz de Melo, pois que, por carta de 7 de Ja-
neiro, foram concedidos os privilégios de libertados a todos os amos e amas
(O Pág.448.
(2) Pág. 70. .
(3) Chancelaria de D. João /, liv. 2.°, fls. 77, 124 e i38 v.
(4) Ibidem, liv. 3.», fl. 63 v.
(5) Por carta de i3 de Fevereiro de 1431 (iSgS) foi confirmada a Gonçalo Vasques Cou-
tinho a terra de Povolide, acerca de Viseu, por ele comprada a Estêvão Dias do Avelar
(liv. 2.* de D. João 7, fl. 81 v.). Existia portanto o lugar já em tempos do seu pretenso fun-
dador e na posse doutros indivíduos.
(6) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 2.», fl, 107 transcrita na de confirmação de i3 de
Junho de 1441.
476 Brasões
que lhes criarem seus filhos e filhas (i). Era Beatriz de*Melo filha ilegítima
de Martim Afonso de Melo, guarda mor de D. João I.
A Pêro Lourenço fez D. João I doação do serviço rial e novo dos Judeus
da Guarda, a qual D. Duarte confirmou e ampliou por duas cartas de 16 e
27 de Janeiro de 1484, e D. Afonso V por outras de 23 de Junho de 1441,
28 de Outubro e 12 de Novembro de 1449(2). Intitulava-o D. Duarte nos
seus diplomas cavaleiro da sua casa e uma vez seu criado (3), e D. Afonso V
nosso cavaleiro, na carta de 25 de Junho de 1449, de doação, em quanto
fosse sua mercê, das rendas e direitos riais da vila de Pinhel e seu termo,
afora as sisas gerais e as dos vinhos e panos (4). Alem deste ano não encontro
mais notícias de Pêro Lourenço de Ferreira, que foi, seguramente, por o
declarar um documento, senhor de Povolide e Castro Verde.
Deixou muitos filhos e deles o primogénito foi João de Melo a quem seus
irmãos, para lustre da casa, fizeram doações de todos os bens móveis e de
raiz a cada um pertencentes por herança de seu pai, Pêro Lourenço de Fer-
reira, doações confirmadas por carta régia de 27 de Agosto de 1463(6). Foi
2.° senhor de Povolide; pouco tempo porem viveu e morreu sem descendência,
pelo que lhe sucedeu seu irmão Nuno de Melo. A este, por carta de 24 de
Julho de 1464, foram confirmadas as terras de Povolide e Castro Verde, com
as jurisdições, assim como já as houveram seu pai e seu irmão, por cuja
morte vagaram, e mais a aldeia de Paradela no termo de Mogadoiro (6).
Esta confirmação e as seguintes foram todas feitas em vida dos contemplados.
Continuou o senhorio de Povolide, Castro Verde e Paradela nos descen-
dentes de Nuno, tendo sido senhor daquelas terras seu filho João de Melo,
a quem foram confirmadas por carta de 7 de Julho de 1496; seguiu-se-lhe
5.° senhor seu filho Cristóvão de Melo, por carta de 16 de Outubro de i5o3,
e a este seu filho Duarte de Melo, 6.° senhor, por carta de 8 de Outubro de
i55o, confirmada a 27 de Março de 1574(7). Duarte de Melo, ou Duarte
de Melo da Silva, como também é nomeado, morreu na batalha de Alcácer-
quibir, deixando unicamente filhas 'havidas de sua segunda mulher, D. Mar-
garida de Mendoça. Não obstante, atendendo aos seus serviços e morte, fez
(i) Chancelaria de D.Afonso F, liv. 2.°, fl. 90 v., transcrita na de confirmação de 19 de
Junho de 1441.
(2) Ibidem, livs, 2.% fl. 107 v., e 34.°, fl. 79.
(3) Esta indicação convence-me que Pêro Lourenço foi na realidade filho de João Lou-
renço de Ferreira, e não seu irmão.
(4) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 34.°, fl. 79.
(5) Ibidem, liv. 9.°, fl. i3o.
(6) Ibidem, fl. loo.
(7) Liv. 4.° de Confirmações gerais, fl. 98,
Meios 477
o Cardial Rei mercê das terras a sua filha mais velha, D. Inês de Melo, por
portaria de 5 de Setembro de 1679, feita no mosteiro de S. Bento de Enxo-
bregas e confirmada por Felipe I em carta dada em Lisboa, a 20' de Abril de
i582. D. Inês de Melo casou com Simão da Cunha de Ataíde e foram pais
de Tristão da Cunha de Melo, 8.° senhor de í*ovolide, por carta de confir-
mação de 7 de Junho de i6i3, passada após a morte de sua mãe (i). Tristão
da Cunha de Melo, ou Tristão da Cunha de Ataíde e Melo, como também é
nomeado em documentos, foi avô doutro Tristão da Cunha de Ataíde,
10. ° senhor e i." conde de Povolide, por carta de 8 de Janeiro de 1709, a
quem já me referi (2).
A casa dos Mestres-salas teve princípio em Álvaro Pais, cidadão de Lisboa
e notável partidário do Mestre de Avis. Era «homem honrado de boa fazenda,
e fora chanceler mor dei rei D. Pedro e depois dei rei D. Fernando» (3).
Não tomavam os vereadores de Lisboa resolução em negócio de peso, sem
ouvirem o parecer de Álvaro Pais, chegando a ir procurá-lo a sua casa, quando
estava doente. Tomou êle muito a peito o castigo do Conde Andeiro, não
podendo tolerar as suas relações com a Rainha, e concorreu muito para o
seu assassínio. Tem sido também muito memorado o político conselho por
êle dado ao Mestre de Avis, conselho por este seguido com proveito. Disse-
-Ihe o velho Álvaro Pais: «Senhor, fazê per esta guisa: Dae aquello que
vosso nom hé, e promete o que nam teendes, e perdoae a quem vos nom
errou, e ser vos ha mui grande ajuda pêra tal negocio em qual sooes posto» (4).
Na mutiladíssima Chancelaria de D. Fernando encontra-se apenas regis-
tada uma carta de doação de dois casais em Queluz e treze hastins de terra
no reguengo de Valada a um Álvaro Pais, sem mais individuação (5). Não
posso identificá-lo com o homem do político conselho ao Mestre de Avis, mas
entretanto não me repugna aceitá-lo.
No tom. VI das Provas^ pág. i55, publicou o P.^ Sousa o testamento de
Sentil Esteves, tendo declarado no tom. XI, pág. 800, da Historia genealó-
gica, havê-lo copiado «com muito cuidado, assistido da diligencia, viveza, e
admirável erudição» doutro eclesiástico. Eram porém ambos ignorantes em
paleografia e na cópia erraram a data, como logo mostrarei; mas não quero
crer que também lhe errassem o princípio e nele lê-se: «Saibam quantos
(i) Liv. 12.'» de Confirmações gerais, fl. 74 v.
(a) Pág. 176.
(3) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, part. I, pág. 10.
(4) Ibidem, pág. 49.
(5) Chancelaria de D. Fernando, liv. i.», fl. 27.
478 Brasões
este stromento de testamento virem, que eu Semil Esteves molher d' Álvaro
Paaes Veedor mor da Chancellaria delRey dom Fernando moradores e ve-
zinhos da cidade de Lisboa...». Ora na tal Chancelaria, que também só
existe em cópia, encontro, em data de 17 de Fevereiro de 141 o (1372), uma
carta de doação do «nosso herdamento de Queluz» e de umas casas no Chão
cfa Feira em Lisboa, a Álvaro Píre{, «nosso vassalo e vedor da nossa Chan-
celariac (i). ,; Não estará aqui errada a cópia, e não deveríamos ler Álvaro
Páei e não Álvaro Píre{ ? E provável terem sido vedores da Chancelaria
de D. Fernando um Álvaro Páe:{ e um Álvaro Pire\ ? Possível é, mas pro-
vável não creio; entretanto isso pouco adianta para a biografia do homem.
Estava êle ainda vivo, quando sua mulher Sentil Esteves fez o seu testa-
mento; este porem não é do ano de 1428 (iSgo), como se lê nas citadas
Provas. E não é desta data, porque já a 16 de Novembro de 1426 (i388) o
■ filho de Sentil Esteves eslava de posse de bens que haviam sido de sua fale-
cida mãe, segundo abaixo veremos.
Sentil Esteves casara por duas vezes e da primeira tivera um filho a quem
ela no seu testamento, designando-o por «dr. João Afonso meu filho», cons-
titui herdeiro de todo o remanescente, depois de cumpridos certos legados.
Apenso ao testamento existe um codicilo e nele fez a testadora certa reco-
mendação ao «dr. João das Regras meu filho». Teve pois Sentil Esteves de
seu primeiro marido um filho e este foi o famoso jurisconsulto patrono de
D. João I nas Cortes de Coimbra.
Casou ela segunda vez com o referido Álvaro Pais, já viúvo de uma
Leonor Geraldes (2) de quem tivera um filho chamado Diogo Álvares, que
dera três homens seus para servirem de testemunhas ao testamento de sua
madrasta: «testemunhas. . . homeés do dicto Álvaro Paaes, e. . , homeés de
Diego Alvarez e outros».
Entre João das Regras e Diogo Álvares não havia parentesco nenhum
segundo prova a carta régia de 16 de Novembro de 1426 (i388), pela qual ao
dr. João das Regras, do seu conselho, isentou D. João I do pagamento de
direitos a sua herdade do reguengo de Valada, que lhe ficara por morte de
sua mãe, «não embargando que tenhamos dado em préstemo o dito reguengo
de Valada a Diogo Álvares, filho de Álvaro Pais» (3). Se eles fossem irmãos,
ou mesmo-meios irmãos, não deixaria o diploma de declarar o parentesco.
De Álvaro Pais não encontro mais menção em documentos- e apenas no
Nobiliário de D. António de Lima me aparece uma notícia interessante.
(i) Chancelaria de D. Fernando, liv. i.°, fl. 98.
(2) É o nome que lhe dá D. António de Lima no seu Nobiliário.
(3) Chancelaria de D. João J, liv. i.», fl. 192.
Meios AÍ9
Diz ele ter visto na casa do capítulo de S. Domingos de Lisboa as armas de
Álvaro Pais, as quais consistiam em um lebréu coleirado, com as orelhas
cortadas, e como as armas não condissessem com as de seus descendentes,
para o encobrirem, lhe mandaram virar para dentro a pedra da sepultura.
Segundo os linhagistas teve Álvaro Pais um único filho, o referido Diogo
Álvares. Dele encontro notícias desde o ano de 1884, no qual, sendo ainda
apenas escudeiro, o Mestre de Avis lhe fez doação, por carta de 23 de Se-
tembro, de umas quintas confiscadas a Martim Fernandes da Teixeira, par-
cial de Castela (i), até ao de 1405, no qual era vedor da rainha D. Felipa(2)'
Possuía então o reguengo de Valada, que D. João I, por carta de i5 de
Junho de 1426 (i388), lhe dera em sua vida, para seu mantimento (3). Casou
Diogo Álvares e teve dois filhos, que me conste: Luís Álvares e Leonor
Dias.
Casou esta senhora com Esteve Anes da Grã, cavaleiro, morador em
Lisboa e administrador de uma capela instituída na Sé daquela cidade por
António Durães em seu testamento. Chamou o instituidor para primeiro
administrador da capela a seu criado Lourenço Martins da Praça (4) e deter-
minou, que este nomeasse à hora da morte o seu sucessor, e assim por
diante se fossem chamando uns aos outros. Chegou a administração a Es-
teve Anes da Grã e, tendo ele morrido sem testamento, entrou na posse sua
viúva a qual, por escritura de 28 de Abril de 1468, nomeou para adminis-
trador da capela por sua morte a seu sobrinho Gonçalo Vaz, filho de seu
irmão Luís Álvares, que fora do conselho e mestre sala mor. Teve esta
nomeação confirmação régia em carta de 19 de Junho do mesmo ano (5), e
por outra de 5 de Fevereiro de 147 1 foi nomeado administrador da capela o
indigitado sobrinho de Leonor Dias, já então com o nome de Gonçalo Vaz
de Melo e o foro de fidalgo da casa dei Rei (6).
Voltemos a Luís Álvares, filho de Diogo Álvares. Aquele foi mestre sala'
de D. João I que, por carta de 23 de Julho de 143 1 (e. v.), lhe fez pura doação
para sempre da quinta dos Calvos, na ribeira çie Loires, a qual fora de
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 1.°, fl. 68 y.
(2) Carta de 23 de Outubro de 144.3 (i4o5) de aforamento de quatro hastins no campo
de Valada, «no reguengo que de nós ora traz Diego Alvares, vedor da Rainha minha mulher».
— Liv. 1 1.° da Estremadura, fl. 88. — Soares da Silva, nas Memorias de D. João I, tom. IV,
pág. 220, também menciona um Diogo Alvares entre os oficiais da casa da Rainha.
(3) Chancelaria de D. João I, liv. 2.°, fl. 37.
(4) Lourenço Martins da Praça era o amo que criara D. João, mestre de Avis. — Fernão
Lopes, Chronica de D. Fernando^ cap. 75.
(5) Liv. 4.° da Estremadura, fl. 266.
(6) Ibidem, fl. i63.
480 Brasões
Pedre Anes, copeiro de D. Afonso IV, e depois de Afonso Martins Alvernaz,
e constava de casas, vinhas e muitos herdamentos (i). Não continuou ser-
vindo no ofício a D. Duarte, mas isso não privou Luís Alvares de receber
mercê dei Rei pois êle lhe doou, por carta de 5 de Fevereiro de 1484, a
renda do serviço velho e novo dos Judeus de Setúbal, mercê confirmada por
D. Afonso V a I de Agosto de 1439(2).
Neste mesmo ano havia-o el Rei, ou melhor, o infante D. Pedro casado
com D. Teresa de Albuquerque, donzela da Rainha, dando-lhe em dote duas
mil e seiscentas coroas de oiro de cento e vinte reais brancos cada uma,
além de mil coroas de seu património e de mil e quinhentas de arras no caso
de sobreviver ao marido. Em quanto lhe não era pago o dote foi arbitrada
a D. Teresa, por carta de 8 de Abril de 1489, uma tença de vinte e seis mil
reais brancos (3). Esta mercê, feita durante a regência do infante D. Pedro,
ratificou D. Afonso V em nova carta de 23 de Abril de 1450 (4).
D. Teresa de Albuquerque era filha de Gonçalo Vasques de Melo, o Moço,
2." senhor da Castanheira, Povos e Cheleiros, e de D. Isabel de Albuquerque,
filha de Pedro Vasques da Cunha, 2.° senhor de Angeja e Pinheiro. Em
virtude desta nobre aliança tomaram os descendentes de Luís Alvares, uns
o apelido de Melo, outros o da Cunha. Foram seus filhos, além de mais:
Gonçalo Vaz de Melo, com quem segue a geração, Álvaro da Cunha e Pêro
Vaz da Cunha, o Bisagudo.
Álvaro foi estribeiro mor de D. João II e já tinha o ofício em i5 de Novem-
bro de 1487, data da carta de doação da terra de Penajoia (5); e conservou-o
durante toda a vida dei Rei, a quem acompanhou, na qualidade de mante-
nedor, nas famosas justas de Évora de 1490.
Pêro Vaz da Cunha, o Bisagudo, foi capitão mor da armada que em Ja-
neiro de 1489 saiu do Tejo, levando o infeliz Bemoím aos seus estados na terra
de Senegá; ao chegar porem ao seu destino, o Capitão mor matou o Príncipe
e voltou para o reino, onde contudo não recebeu o merecido castigo (6). E
curiosa a notícia que do Bisagudo dá a D. Manuel mestre João, tripulante da
armada de Pedro Álvares Cabral, em carta datada de Vera Cruz ao i.° de
Maio de i5oo. Escreveu ele: «Quanto, seííor, ai sytyo desta tierra, mande
Vossa Alteza traer un napamundi que tiene Pêro Vaaz Bisagudo, e por ay
(i) Chancelaria de D. João I, liv. 4.", fl. i33. — Declara o diploma haver a mercê sido
feita a Luís Alvares, cavaleiro, nosso criado e mestre sala.
(2) Chancelaria de D. Afonso V, liv. 18.", fl. 17.
(3) Ibidem, fl. 32.
(4) Ibidem, liv. 34.°, fl. 143 v.
(5) Chancelaria de D. João II, liv. 21.», fl. 55.
(6) Expedições e armadas, cap. 11.
Meios ' ■ 481
poderá ver Vossa Alteza el sytyo desta tierra; en pero, aquel napamundi
non çertyfica esta tierra ser habytada, o no. Es napamundi antiguo; e ally
fallara Vossa Alteza escripta tanbyen la Mina» (i). Vê-se que o Bisagudo
era dedicado à cartografia e à náutica.
Gonçalo Vaz de Melo, o filho primogénito de Luís Alvares, além de suceder
a sua tia na capela de António Durães, foi também mestre sala como seu
pai havia sido. Consta da carta de 4 de Abril de 1478 pela qual D. Afonso V
lhe aforou para sempre a quinta da Terrugem, no reguengo de Oeiras de
Ribamar (2).
No ofício de mestre sala sucedeu a Gonçalo Vaz de Melo seu filho Jorge
de Melo, o Bochechas, e já o havia quando D. Manuel, por carta de 6 de Fe-
vereiro de 1498, lhe deu oitenta mil reais brancos de tença, em satisfação
da renda do serviço velho e novo dos Judeus de Setúbal (3); parece contudo
não ser ainda mestre sala quando D. João II, por carta de 7 de Maio de 1490,
lhe fizera mercê, em contentamento e satisfação de seu serviço, de uma tença
de vinte mil reais (4). Outra mercê lhe fez ainda D. Manuel por carta de 16
de Outubro de i5o3, e foi a de lhe doar para sempre, para êle e sucessores
por linha direita masculina, o cargo de capitão da ilha de Ano Bom no
mar de Guiné (5). Morreu em i52i, como se depreende da carta de 28 de
Junho desse ano pela qual foi feita mercê a seu íilho Álvaro da Cunha da
tença de vinte mil reais disfrutada pelo pai, mas para a receber só do i.° de
Janeiro de i522 em diante (6), o que indica ter sido a tença do ano de i52i
ainda recebida por Jorge de Melo.
Casara êle com D. Isabel Pereira, viúva de D. Guterre Coutinho, poeta do
Cancioneiro, e filha de D. Gonçalo de Castelbranco, governador da Casa do
Cível de Lisboa. Deste casamento nasceu, entre outros, D. Joana de Melo
já casada em princípios de i5i3 com D. Álvaro de Abranches, em quem seu
sogro renunciou o ofício de mestre sala, com o qual serviu D. Manuel até
quási ao fim do seu reinado, pois só em i52i lhe comprou o ofício por
setecentos mil reais para o dar a Henrique de Melo. Durante o tempo do
seu serviço na corte compôs D. Álvaro de Abranches várias poesias trans-
critas no Cancioneiro geral; depois passou a África como capitão de Tânger
no impedimento de D. Duarte de Meneses, e finalmente foi nomeado, por
(i) Alguns documentos da Torre do Tombo, pág. 122.
(2) Liv. 7.» da Estremadura, fl. 1 1 5.
(3) Chancelaria de D. Manuel, liv. Si.", fl. 44 v.
(4) Chancelaria de D. João II, liv. 12.0, fl. 170 v.
(5) Chancelaria de D. Manuel, liv. 20.", fl. i3.
(6) Chancelaria de D. João III, liv. 5 1 .° de Doações, fl. 69.
VOL. I 61
482 Brasões
alvará de 24 de Abril de i534, capitão de Azamor d'onde regressou em fins
de 1537, acusado de tam graves delitos que por eles recolheu preso ao cas-
telo de Lisboa, d'onde só saiu perdoado em 1546, vindo a falecer a 3 de
Julho de i563, sobrevivendo-lhe sua mulher ainda alguns anos (i).
Filho e sucessor de Jorge de Melo foi Álvaro da Cunha, a quem, como
já vimos, foi, por carta de 28 de Junho de i52i, feita mercê de uma tença
de seu falecido pai. Também lhe sucedeu na capitania da ilha de Ano Bom,
a qual lhe foi confirmada por carta de 24 de Março .de i526(2). Morreu em
1578 na batalha de Alcácerquibir, estando Já extinta a sua geração varonil.
Um» dos filhos de Álvaro da Cunha, Luís da Cunha, moço fidalgo da casa
do ppíncipe D. João (3), morrera desastradamente no célebre torneio de Xa-
bregas, em i552. Vinha ele e outro aventureiro, Cristóvão de Moura, repre-
sentando Castor e Polux, dentro de uma grande águia armada sobre um
batel. Traziam consigo dois gigantes por eles vencidos na serra de Sintra,
e por guia da sua empresa a Fama. Vindo assim rio acima, deu o vento nas
azas abertas da águia e o. batel, mergulhando de proa, encheu-se de água e
sossobrou. ■ Cristóvão de Moura foi salvo por um criado; Luís da Cunha
afogou-se (4).
Cristóvão de Moura, com tanta fortuna tirado do perigo, era fidalgo da casa
do infante D. Luís, filho do seu estribeiro mor Francisco Figueira e por sua
mãe, D. Guiomar de Moura, primo com irmão do famoso D. Cristóvão de
Moura, embaixador de Felipe II ao Cardial D. Henrique, marquês de Cas-
telo Rodrigo. e vice rei de Portugal.
«Em tempo delRey dom João o 3.° viérão a este Reino Diogo de Torres
e Affonço de Torres, com suas famílias, e tivérão nelle grande mercancia.
O dito Rey por lhe constar de sua qualidade, e por serviços que lhe fizérão
os tomou por Fidalgos de sua caza. Erão naturais de laem em Andaluzia
filhos de Fernando de Torres, e de sua i*. molher Brites Marques; outros
dizem que érão filhos de Martim de Torres. Fundou Diogo de Torres neste
Reino hum morgado, veyo cazado de Castella com Brites de Castilho filha
de Fernão de Castilho natural de Burgos» (5).
Não é bem exacta a informação, porque já nos fins do reinado de D. Ma-
(1) ^ Gente do Cancioneiro, na Revista lusitana, X, 272 a 275,
(2) Chancelaria de D. João III, liv. 2i.» de Doações, fl, 217 v.
(3) Francisco de Andrade, Crónica dei Rei dom Joani o III, part. IV, cap, 38, fl. 44.
(4) Jorge Ferreira de Vasconcelos, Memorial das proesas da segunda Tavola Redonda^
cap. 48.
(5) D. Francisco de Meneses, Famílias de Portugal, III, fl. 804 mihi.
Meios 483
nuel se encontravam em Lisboa os dois mercadores irmãos. A eles, no
mesmo dia lo de Janeiro de i52o, foram passadas duas cartas idênticas,
fazendo-lhes mercê de poderem gozar d'então em diante das liberdades, pri-
vilégios e mercês concedidos aos mercadores alemães (i). Ambas as cartas
são passadas nos mesmos termos: «havendo respeito ao serviço que temos
recebido de Diogo (ou de Afonso) de Torres, mercador estante em Lisboa,
e querendo-lhe fazer graça e mercê», etc. Foram as duas cartas confirmadas
por D. João III, a de Diogo, «mercador, estante nesta cidade», em Lisboa,
a 24 de Março de 1522(2), e a de Afonso, sem outra qualificação, a 7 de
Setembro de 1524 (3). No ano seguinte, em carta de 21 de Abril, D. João III,
«havendo respeito aos serviços que tenho recebidos e continuadamente rtcebo
de Diogo de Torres e Alonso de Torres, seu irmão», fá-los naturais de seus
reinos e cidadãos de Lisboa (4).
Já por estes tempos, isto é, desde i520 até i523, havia Afonso de Torres
sido encarregado da feitoria dos tratos dos escravos e mais mercadorias nos
rios de Guiné, e da construção de cinco navios e compra de outro para o re-
ferido tráfego, tendo despendido dez contos e tanto, dos quais se lhe passou
quitação em 11 de Dezembro de iSo'] (õ). Nos anos de i523 e 1524 recebeu
cinco contos e tanto para fazer as duas naus S. Roque e S. Sebastião, e as
três caravelas Santa Cruz, Santo Espírito e Santa Helena (õ). Ainda em
1024 acabou mais três caravelas, a Andorinha, a Princesa e a Graça, des-^
pendendo com elas mais de seis contos de reais (7). Neste mesmo ano e no
seguinte de i525 recebeu perto de nove contos e com eles construiu quatro
(i) Chancelaria de D. Manuel^ \W. 3g.', fls. 11 1 e ii3 v. — Acerca dos privilégios con-
cedidos aos mercadores alemães pode-se ver o muito interessante artigo do erudito Belga
J. Denucé, intitulado Privilèges commerciaux accordés par les róis de Portugal aux Fia-
mands et aux Allemands fxv.e et xvi.e siècles), publicado a pág. 3io e seguintes do vol. VII
do Archivo histórico portuguez. — Encontro duas cartas anteriores a estas citadas: uma,
de 16 de Novembro de 1484, de perdão a um Afonso de Torres, morador em Vila Franca
de Xira {Chancelaria de D. João II, liv. 22.», fl. 118); a outra, de 26 de Agosto de i5ii,
nomeando um Diogo de Torres corregedor das folhas dos presos- da prisão de Lisboa
(Chancelaria de D. Manuel, liv. 8.", íi. 82 v.); mas não creio serem estes os dois merca-
dores andaluzes.
(2) Chancelaria de D. João III, liv. i.» de Doações, fl. 25 v.
(3) Ibidem, liv. i3.», fl. 53.
(4) Ibidem, fl. 27 v.
(5) Cartas de quitação dei rei D. Manuel, no Arquivo histórico português, vol. X,
pág. 5, n.o 767.
(6) Carta de quitação de 1 1 de Dezembro de 1537. — Chancelaria de D. João III, liv. 44.»
de Doações, fl. 42.
(7) Carta de quitação de 19 de Dezembro de 1537. — Ibidem, fl, 43.
484 Brasões
naus da carreira da índia, chamadas Frol de la Mar, Santa Maria do Paraíso,
Corpo Santo e S. Vicente, as quais, como as precedentes, entregou todas
nos Armazéns de Guiné e índias (1). Ainda teve cargo do fazimento de mais
três naus grossas, no ano de i526, gastando com elas para cima de sete contos
e entregando estas, que se chamaram Santiago, Santo António e Santa Maria
da Ajuda, ao almoxarife do Armazém da Ribeira (2).
Em i53i tinha Afonso de Torres contratado o comércio de escravos e
mercadorias dos rios de Guiné e os quartos e vintenas da ilha de Santiago,
por quatro contos anuais (3). No mesmo ano feitorizava a ilha de S. Tomé,
com o rendimento avaliado por orçamento em cinco contos (4). Já então era
cavaleiro do hábito de Cristo com quinze mil reais de tença na Casa dos
Escravos (5).
O seu trato comercial estendia-se até ao Brasil, onde, em 28 de Julho de
1642, obteve de Francisco Pereira Coutinho, capitão e governador da Baia
de Todos os Santos, carta de sesmaria de umas terras no limite daquela
cidade, partindo do porto do Tubarão até ao rio de Matoim, na largura de
três léguas. Deu a sua outorga ao contrato D. Margarida de Lacerda, mulher
do capitão,' por instrumento feito em 25 de Outubro do mesmo ano, na quinta
de Laratojo, termo do Cadaval. Finalmente el Rei confirmou tudo por
carta de 2 de Dezembro de 1549(6).
Parece ter Afonso de Torres sido um tanto rasgado nos seus negócios
com a fazenda rial, pelo menos tanto quanto um mercador, tratante, como
então lhe chamavam, podia ser. Em i555 comprou ele quinhentos mil reais
de tença de juro por sete contos, isto é, pagou-os a catorze mil reais o mi-
lheiro, quando as mais tenças eram vendidas a doze mil e quinhentos (7). Os
(i) Carta de quitação de 19 de Dezembro de i5'ij. — Chancelaria de D. João III, liv, 44.°
de Doações, fl. 42 v.
(2) Carta de quitação de 20 de Janeiro de i538 (Ibidem). — Nos registos destas cartas
de quitação dá-se um caso curioso. Afonso de Torres é nelas intitulado «cavaleiro fidalgo
de minha casa»; pois em todas riscaram a palavra >' cavaleiro», ficando só «fidalgo de minha
casa», foro muito mais elevado. Quem faria a alteração não se poderá nunca saber; mas
um escrivão da Torre do Tombo notou a fraude à margem de todos os registos. No livro
dos confessados de iSSg, 40 e 41 ainda Afonso de Torres aparece com o foro de mil rs. por
mês e alqueire de cevada por dia, de cavaleiro fidalgo (Lousada, Sumários da Torre do
Tombo, II, fl. 128).
(3) ArCHIVO histórico PORTUGUEZ, X, 123.
(4) Ibidem.
(5) Ibidem.
(6) Chancelaria de D. João III, liv. 69.° de Doações, fl. 1 18.
(7) Carta de padrão de 3o de Abril de i555. — Chancelaria de D. João III, liv. 53." de
Doações^ fl. 267 v.
Meios 485
particulares contudo mereciam-lhe mais confiança, pois vejo-o comprando
três anos antes ao «ilustrissimo e mui excelente príncipe e senhor, o sr. D. João,
neto dei rei D. João II, filho de D. Jorge mestre de Santiago, duque de Aveiro»,
quatro centos mil reais de juro assentes nas rendas riais de Montemor o
Velho, por seis contos e oitocentos mil reais, a razão de dezassete mil reais o
milheiro, isto é, por mais três mil reais acima do preço arbitrado ao débito
régio. Fora o Duque de Aveiro autorizado a fazer esta venda por alvará de
D. João III de 14 de Maio de i562, «havendo respeito aos muitos e grandes
gastos e despesas que êle ora por meu serviço faz para esta ida da raia de
Castela, em que o encarreguei, para haver de trazer e acompanhar a prin-
cesa D. Joana, mulher do príncipe D. João» (1).
Levou o Duque consigo nesta jornada, além de dois de seus irmãos e de
muitos fidalgos seus parentes por parte de sua avó a comendadeira D. Ana
de Mendoça, todos muito custosos e bem ataviados, com seus criados de dife-
rentes librés; levou o Duque, como ia dizendo, dos seus criados e vassalos
quinhentos homens de cavalo, oitenta alabardeiros da sua guarda, dois arautos
com suas cotas de armas, atabales, trombetas e charamelas, todos vestidos
das suas cores, roxo, amarelo e branco. As azêmolas da sua recamara e
casa, em número de cento e cinquenta, levavam guarnições- das mesmas cores
também, e iam cobertas todas com reposteiros bordados e custosos. A seus
irmãos, D. Afonso de Lancastre, comendador mor da Ordem de Cristo,
acompanhavam oitenta homens de cavalo e quarenta alabardeiros, todos ves-
tidos da libré das suas cores, e trinta azêmolas com reposteiros bordados das
mesmas cores; e a D. Luís de Lancastre, comendador mor da Ordem de
Avis, seguiam setenta de cavalo, alguns alabardeiros e vinte azêmolas com
seus reposteiros, também bordados. Com o Duque, enviado outrosim por
el Rei, partio D. Fr. João Soares, bispo de Coimbra, com lustroso aparato (2).
Não chegaram porém os dezassete mil cruzados recebidos de Afonso de
Torres para fazer face a todas as despesas do Duque de Aveiro nesta jor-
nada; viu-se êle obrigado no ano seguinte a vender ao mercador mais duzentos
e dez mil reais de renda de juro, por escritura de 22 de Março de i553,
lavrada nas casas de morada de Cristóvão de Magalhães, escrivão da Câmara
de Lisboa (3). Na casa do mesmo Cristóvão de Magalhães, morador ao arco
do Rossio, celebrou-se, em 22 de Fevereiro de 1657, outra escritura pela
(i) Tudo consta da carta de padrão de 14 de Maio de i552, registada na Chancelaria
de D. João III, liv, 68.° de Doações, fl. 72 v.
(2) Francisco de Andrada, Crónica de D. João III, part. IV, cap. gS, fl. ii3.
(3) Carta de padrão de i5 de Abril de i553. — Chancelaria de D. João III, liv. 56.° de
Doações, fl. 208. •
486 Brasões
qual Afonso de Torres comprou a D. Miguel de Meneses, 4.® marquês de
Vila Rial, um juro anual de vinte e dois moios de trigo e dez de cevada
imposto na sua lezíria de Valada (i). Este fidalgo não se obrigou ao paga-
mento daquele juro para ir buscar nenhuma princesa à raia, mas sim para
trazer para casa sua esposa D. Felipa de Lancastre, filha do acima nomeado
Comendador mor de Cristo, com a qual casou por esses tempos (2). O Cris-
tóvão de Magalhães, em cuja casa se celebravam todas estas escrituras, foi
casado com Ana de Torres, filha de Afonso de Torres, e era filho de Nuno
Fernandes, cavaleiro da casa de D. João II que lhe deu o ofício de escrivão
da Câmara de Lisboa (3), no qual lhe sucedeu o filho.
A Afonso de Torres, já no fim da vida, chegou a ocasião de se enobrecer.
De Valhadolid mandou êle vir um instrumento púbHco de justificação de
nobreza e brasão de armas, passado em 4 de Julho de iSSg; apresentou-o à
regente D. Caterina e dela alcançou o alvará de i3 de Fevereiro do ano se-
guinte, pelo qual se mandou passar carta de brasão a Afonso de Torres, o
Velho. Finalmente, foi-lhe esta livrada a 16 do mês seguinte e por ela lhe
foi concedido por armas um escudo de vermelho, com cinco torres quadradas
de oiro, laviadas de preto, e por timbre uma das torres carregada de uma
estrela de vermelho (4).
Deu-se porém, se é verdadeira a minha informação, um facto muito desa-
gradável para Afonso de Torres entre o dia da assinatura do alvará e o da
outorga da carta de brasão: sobreveio a morte. Assim consta do seu epitáfio
na sua capela de baixo do arco do coro da igreja de S. Francisco de Lisboa.
Rezava assim: Este Arco com esta capella da invocação do Anjo Custodio
e de todos os Santos he de Afonso de Torres, Fidalgo da Ca^a delRef Nosso
Senhor, e de sua m.^^, Jilhos, herdeiros e successores, a qual elle mandou
fa^er á sua custa. Falleceu a 4 de Março de i56o. Está sogeita á Igreja
de S. João de Latram em Roma pelo qual tem .inumeráveis Indulgências e
Privilégios e Perdões, como consta das Bulias que disso tem. Ha nella duas
missas cada dia de obrigação para sempre, e quatro Mercieyras que são
obrigadas cada dia a virem a ella{b).
Talvez esteja certa a data da morte de Afonso de Torres na transcrita
""(i) Foi a venda autorizada por D. João III, mas a carta de padrão já foi passada no rei-
nado de D. Sebastião, em 27 de Junho de iSSy, —Chancelaria de D.João III, liv. 5." de Pri-
vilégios, fl. 1 1 5.
(2) Brasões de Cintra, II, 459.
(3) Resende, Vida de D. João II, cap. 174, fl 107 v.
<4) Armaria portuguesa, pág. 5io.
(5) P,e Luís Montês Matoso, Memorias sepulchraes, fl. 46.
* Meios 487
cópia do seu epitáfio, nada tenho encontrado para a invalidar, entretanto
observarei que por mandado do vedor da fazenda se pôs, em 8 de Julho de
i56i, uma verba à margem do registo da citada carta de padrão dos quatro-
centos mil reais de juro comprados ao Duque de Aveiro, declarando-se
haverem sido distratados duzentos mil reais, não se mencionando contudo quem
deles recebeu o preço. A 3i de Julho do ano seguinte era Afonso de Torres
certamçnte já falecido pois que, por instrumento daquela data, seu filho
Gaspar de Torres comprou sessenta mil reais de juro para a capela por seu
falecido pai instituída em seu testamento (i). E mesmo provável que já esti-
vesse morto em 19 de Maio de i56i, quando teve aprovação régia a insti-
tuição de morgado feita por Gaspar de Torres e sua mulher D. Leonor de
Alarcão (2).
Afonso de Torres fez a quinta das Conchas no Lumiar e nos morgados,
por êle e por seu filho Gaspar de Torres instituídos, veio a suceder, em vir-
tude de sentença favorável, D. Elvira de Torres de Alarcão, como. consta da
apostila de 1 1 de Dezembro de i582, pela qual lhe foram averbados quinhentos
mil réis de tença de juro vinculados ao morgado (3). Era D. Elvira filha de
Gaspar de Torres e foi casada em .segundas núpcias com Jerónimo Moniz,
cativo em 1678 na batalha de Alcácerquibir. Deles foi filho e sucessor Febus
Moniz de Torres, o dedicado patriota de i58o, o intransigente procurador de
Lisboa às Cortes de Almeirim. Foi administrador da capela da Piedade, no
convento do Carmo daquela cidade por sucessão a seu pai, e do morgado
das Conchas no Lumiar, em sucessão a sua mãe; casou com D. Felipa Cou-
tinbo, filha de André Gonçalves de Ribafria, 2.° alcaide mor de Sintra, e foi
sua filha herdeira D. Luísa Moniz de Torres. Casou esta senhora com seu
primo Francisco de Sampaio, 9.° senhor de Vila Flor e outras terras, alcaide
rnor da Torre de Moncorvo. Ela morreu a 16 de Maio de 1659 e êle a 9
de Janeiro de 1662, sendo ambos sepultados no antigo jazigo dos Monizes na
sua capela da igreja do Carmo. Por este casamento entraram as casas dos
Monizes de Lusinhano e do ramo segundo dos Torres na dos Sampaios.
De Francisco de Sampaio e D. Luísa Moniz de Torres foi terceiro neto
António de Sampaio Melo e Castro, 14.° senhor de Vila Flor, i." conde de
Sampaio em sua vida, por despacho de 29 de Maio de 1761 (4) e carta de 18
(i) Transcrita a escritura de compra na carta de padrão dos 60:000 rs. dada, em 26 de
Agosto de i562, a Gaspar de Torres. — Chancelaria de D. Sebastião, liv. 10." de Doações,
fl. 92 V.
(2) Ibidem, liv. 8.% fl. 208 v.
(3) Chancelaria de D. João III, liv. 53." de Doações, fl. 267 v.
(4) Ga\eta de Lisboa de 9 de Junho.
488 Brasões
de Dezembro de 1764 (i). Era genro do Marquês de Pombal e foi governador
da torre do Oitão, em 1788, tenente general por decreto de i3 de Maio de
1791 e veador da Princesa viúva do Brasil, em 1796. Morreu em Novembro
de-i8o3 (2), sucedendo-lhe na casa seu filho primogénito Manuel António de
Sampaio Melo e Castro Moniz de Torres e Lusinhano, 2.° conde e i.° mar-
quês de Sampaio por despacho publicado na corte em i de Dezembro de
1834 (3), mordomo mor, par do reino, tenente general, etc, falecido a 23 de
Setembro de 1841, deixando descendência ainda subsistente.
Na verdade este ramo segundo dos Torres, com o qual tanto me detive,
nada tem a ver com os Meios, mas pareceu-me interessante deixar uns apon-
tamentos biográficos relativos a um dos negociantes mais ricos do nosso sé-
culo de quinhentos, Afonso de Torres, o Velho. Ocupar-me-hei agora de
seu irmão.
Diogo de Torres, o mais velho dos dois, deixou muito menos rasto nos
documentos e precedeu dalguns anos seu irmão no túmulo.
Diogo e sua mulher Beatriz de Castilho fizeram doação a seu filho mais
velho Afonso de Torres de seus bens por seu falecimento, com a condição
dele satisfazer os dotes de suas irmãs e de instituir do remanescente das
terças um morgado. Não sei quando foi feita a escritura de doação, mas
(i) Tendo em consideração os serviços de Francisco José de Sampaio feitos neste reino
em toda a guerra passada, principiando no ano de 1703, no posto de capitão de cavalos e
continuando sempre com distinto préstimo e valor nos de tenente general de cavalaria, bri-
gadeiro e sargento mor de batalha; e tendo a seu cargo o governo das armas da província
da Beira, no de 1704, se achar na peleja que houve com a cavalaria do inimigo, que vinha
socorrer o castelo de Monsanto, e cortar o comboi que se mandava para Castelo Branco,
tomando-lhe todas as galeras que conduziam as munições de guerra e boca, com todas as
mulas, prisionando-lhe também bastantes soldados; e no rendimento do castelo de Fonte
Guinaldo proceder como devia; e passando com 40 soldados montados a Castela a examinar
as forragens para a passagem do nosso exército . . e passando no ano de 1720 ao estado da
índia com o cargo de vice rei e capitão general que exercitou até i3 de Julho de 1728, em
que faleceu;. . . aos serviços de seu filho Manuel António de Sampaio obrados em praça de
soldado e nos postos de capitão de cavalos e coronel de cavalaria que exercitou até o seu
falecimento, e no emprego de gentil-homem da câmara do infante D. Manuel ; e aos de seu
neto António de Sampaio Melo e Castro feitos em soldado, capitão de cavalos e coronel de
cavalaria, que actualmente ocupa, e no emprego de gentil-homem da câmara do mesmo
infante e do infante D. Pedro, em satisfação de todos os referidos serviços, que pertencem
ao dito António de Sampaio Melo e Castro por sentença do juízo das Justificações do reino,
e dos seus próprios, obrados até 29 de Maio de 1761, e por confiar etc. Carta do título de
conde de Sampaio em sua vida. — Chancelaria de D. José, liv. 74°, fl. 194 v.
(2) Gaveta de Lisboa de 26 de Novembro.
(3) Gaveta do Governo, Suplemento ao n." 182, de i de Dezembro de 1834.
Meios 489
consta-me ter ela sido aprovada e validada por alvará régio de 23 de Setembro
de i55o(i). Por este diploma averigua-se haverem Diogo e Beatriz, quando
se concertou o casamento de seu filho Afonso, assegurado a síia desposada
D.Violante de Melo quatrocentos mil reais de renda anual; averigua-se ainda
haverem eles prometido a suas filhas, quando as casaram, estes dotes: a
D. Inês de Torres, com Francisco de Medina Salazar, Jurado de Sevilha,
cinco mil e quinhentos cruzados; a Elvira de Torres, com António de Man-
celos, cinco mil cruzados; e a D. Antónia de Torres, com D. Rodrigo de
Meneses, quinze mil cruzados. Por aqui se vê qual não era já então a in-
fluência do dinheiro. O filho do mercador abastado aliou-se com uma filha
de João de Melo, alcaide mor de Castelo de Vide e chefe de um ramo dos ver-
dadeiros Meios; uma das filhas, D. Antónia, casou com o representante da
linha dos Meneses comendadores de Grândola, e ele próprio futuro gover-
nador da Casa do Cível de Lisboa.
Dois anos depois de aprovada a referida doação, já, a 3o de Setembro '
de i652, Diogo de Torres era falecido, quando foram concedidqs a seu filho
Afonso de Torres os privilégios dos mercadores alemães (2).
No mesmo dia i3 de Fevereiro de i56o, no qual foi dado a Afonso de
Torres, o Velho, um alvará a fim de se lhe conceder carta de brasão, pas-
sou-se outro a seu sobrinho Afonso de Torres, o Moço, com idêntico propó-
sito; a carta de brasão porém só foi livrada a este alguns dias depois da do
outro, em 28 de Março. Ao sobrinho foram concedidas armas iguais às do
tio, sem diferença nenhuma contudo, «como chiefe delas... por ser filho de
Diogo de Torres, irmão mais velho dos dous que a eles (se. reinos) viver
vieram» (3).
Ao cofre de Afonso de Torres, o Moço, também recorreu o governo da
menoridade de D. Sebastião, e pediu-lhe, em i558, por haver a fazenda rial
muita necessidade de dinheiro para despesas das armadas da índia e dá
costa, um empréstimo. Anuiu Afonso de Torres e emprestou por três anos
certa quantia por conta da qual, no tempo do vencimento, aceitou ficarem-
(1) Chancelaria de D. João III, liv. 64.° de Doações, fl, 124.
(2) Havendo respeito aos serviços que tenho recebidos e espero receber de Afonso de
Torres, morador em Lisboa, filho que foi de Diogo de Torres, e ao trato e crédito que tem
na Casa da índia, e por lhe fazer mercê, d'aqui em diante, êle e seus feitores, gozem e usem
de todos os privilégios, graças, liberdades e franquezas que por el Rei meu padre e por mim
foram e são concedidos, e se ao diante concederem, aos mercadores alemães estantes em
meus reinos. Restringe-lhe porem a faculdade de importar para si e para sua casa, salvo
de direitos, mais de 20:000 rs. de valor de mercadorias. — Chancelaria de D João III, liv. i."
de Privilégios, fl. 96.
(3) Armaria portuguesa, Tpág. 5 io-5ii.
VOL. I 62 '
490 Brasões
-lhe pagando de tença de Juro quarenta e oito mil réis, por mil e quinilentos
cruzados (i). Em i56ò comprou outra tença de juro de cinquenta mil e oito-
centos rs. à fazenda rial, sendo já então fidalgo da casa dei Rei (2).
Afonso de Torres e D. Violante de Melo sua mulher ainda viviam em
Outubro de 1578(3) e deixaram, entre outros filhos, a João Rodrigues de
Torres e Garcia de Melo. O primeiro sucedeu no morgado e edificou a capela
de Nossa Senhora do Bom Sucesso, na calçada de Damião de Aguiar (4),
hoje calçada do Lavra, em Lisboa; mas não creio que a tivesse fundado
em i568, como declara o autor citado na nota, porque nesse ano, e pelo
menos nos dez seguintes, ainda seu pai viveu. Casou João Rodrigues com
D. Guiomar de Vilhena, filha de Rui Teles de Meneses, alcaide mor da Co-
vilhã, e foi seu filho e sucessor outro Afonso de Torres, genealogista célebre,
falecido algum tempo antes de 7 de Setembro de 1647, ^^^^ ^^ carta de
padrão de cem mil réis de juro pertencentes ao morgado, a qual por sua
morte foi dada a sua filha e sucessora D. Leonor Manrique de Torres (5).
Casou esta senhofa com seu tio, primo com irmão de seu pai, Francisco de
Melo, filho único do acima nomeado Garcia de Melo, que havia sido vedor
da fazenda da índia.
Francisco de Melo foi o embaixador de Portugal que ultimou em 1662 o
casamento da infanta D. Caterina com Carlos II de Inglaterra, bem como
depois, em 1666, o de D. Afonso VI com Mademoiselle d'Aumale. Pelos seus
serviços foi criado conde da Ponte por alvará de 1 1 de Janeiro de iò6l, con-
firmado em carta a 16 de Maio seguinte (6), e logo no ano imediato, por
carta de 21 de Abril, foi elevado a marquês de Sande (7), havendo-lhe ante-
(i) Cartas de padrão de 10 e 3o de Setembro de i56i. — Chancelaria de D. Sebastião^
lits. de Doações, 12.°, fl. 14, e 9.°, fl. 14.
(2) Carta de padrão de 20 de Novembro de i566. — Ibidem, liv. ii.°, fl. i3i v.
(3) Verba à margem da carta de padrão na precedente nota citada.
(4) João Bautista de Castro, Mappa de Portugal, III, 289.
(5) Torre do Tombo, Registo do Real Archivo, liv. 54.°, fl. 35.
(6) Francisco de Melo, do Conselho de Guerra, que de presente está servindo de meu
embaixador extraordinário a el Rei da Grão Bretanha, apresentou alvará : — Tendo consi-
deração aos serviços de Francisco de Melo, do Conselho de Guerra e embaixador extraor-
dinário a el Rei de Grão Bretanha, e muito particularmente aos que de novo me torna a ir
fazer na mesma embaixada. . . mercê do título de conde do lugar da Ponte, termo da vila
de Sernancelhe, em sua vida, com a declaração que chegando a Inglaterra se intitulará e
chamará logo conde deste reino e, falecendo na viagem, passará logo o título a seu filho,
etc. Lisboa, 11 de Janeiro de 1661. — Confirmado por carta de 16 de Maio seguinte. — Chan-
celaria de D. Afonso VI, liv. 24.* de Ofícios e mercês, fl. 1 54 v.
{7) Tendo respeito a Francisco de Melo, conde da Ponte, do Conselho de Guerra e
embaixador em Inglaterra, haver concluído com tam bom sucesso o tratado do casament*
Meios 491
riormente sido concedida, por alvará de i3 do mesmo mês, mais uma vida
no título de conde da Ponte (i). Em i665, continuando o Marquês de Sande
na embaixada de Inglaterra, enviou-lhe D. Afonso VI, em 8 • de Outubro,
aviso de o haver nomeado seu embaixador na corte de França para ajustar
o seu casamento (2). Dois dias depois, atendendo aos seus serviços e mereci-
'ínentos e a ir concluir o tratado do seu casamento, fez D. Afonso VI mercê
ao Marquês do título de conde da Ponte de Juro e herdade, duas vezes fora
da Lei Mental, podendo logo seu filho intitular-se conde (3).
Tanto na corte de Londres, como na de Paris, foi o Marquês de Sande
tido no merecido apreço.
* Com relação à primeira encontro várias referências laudatórias, por ex.,
numa carta do lord chanceler Conde de Clarendon, dirigida, em 12 de Abril
de i663, a Sir Richard Fanshaw, embaixador inglês em Lisboa. Diz o Lord
Chanceler: atid I cannot but tell you tliat I look iipon the ambassador as a
very worthy honest gentleman and in truth a man that distinguishes as rvell
between what is to be hoped and what is to be ivished as any man cdn do
jpho is so much troubled jpííIi the spleen, and so hfpochondriac. E mais
adiante, referindo-se aos desgostos por seus próprios naturais ao Marquês
infligidos, sehi os merecer, acrescenta: being (in trnth) a man of as great
integrity, leal and affectioji for his King and coiintrj as lives, and I think
in real abilitf and ivisdom to serve ihem superior to most of that nation, at
least to any I have known (4).
dei Rei de Grão Bretanha, Carlos II, meu bom irmão e primo, com a infanta D. Caterina,
minha irmã, a se receber em seu nome com o dito Rei, e a ir acompanhando a Rainha para
fazer dela entrega a el Rei seu marido, a particular satisfação com que procedeu nestes
negócios e em todos os de que o encarreguei, desejando, etc. Carta do título de marquês
da vila de Sande, comarca de Lamego, em sua vida. Lisboa^ 21 de Abril de 1662. — Ibidem^
liv. 27.°, fl. 339.
(i) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 27.° de Ofícios e mercês, fl. 338 v. — O alvará é
concebido em termos idênticos aos da carta na precedente nota extratada.
(2) Rebelo da Silva, Quadro elementar, tom. IV, part. 11, pág. 558.
(3) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 26.» de Ofícios e mercês, fl. 107. — Tendo respeito
aos merecimentos e serviços que concorrem em Francisco de Melo, marquês de Sande, dos
meus conselhos de Estado e Guerra e meu embaixador extraordinário em Inglaterra, à muita
prudência e acerto com que procedeu na dita embaixada e deu princípio ao tratado do meu
casamento que ora vai a concluir, e desejar por todas estas razões, por quem é, e pela par-
ticular confiança que faço da sua pessoa, conservar em sua casa a memória de seus serviços,
me praz e hei por bem fazer-lhe mercê do título de conde da vila da Ponte, e da mesma
vila, de juro e herdade, duas vezes fora da Lei Mental, para que com este título se cubra
logo seu filho Garcia de Melo de Torres, etc. Lisboa, 10 de Outubro de i665.
(4) HisTORiCAL Manuscripts Commission. The Maniiscripts of J. M. Heathcote Esq.,
^192 Brasões
Na côrté de Paris, nas instruções de 4 de Novembro de i665 dadas ao
Sieur de Sant-Romain, vê-se a estima em que o Marquês de Sande era tido:
// est sans doute fori habile liomme, patient quand il est nécessaire, quoi-
qii' asse^ prompt de son naturel, três affectionné à sonpays, connoissant 7nieux
qu^aiicitn autre les affaires étrangères^ témoignant beaucoup d'inclination
pour la France et haíssant mortellement la Hollande (i).
Em Agosto de 1666, acompanhando a rainha D. Maria Francisca de
Sabóia, chegou o Marquês a Lisboa, onde veio encontrar morte afrontosa,
pois foi assassinado na noite de 7 de Dezembro do ano seguinte. Desta
forma narra o deplorável sucesso um escritor contemporâneo: ,
«Em 7, véspera de N. S. da Conceição, succedeo hum desastrado caso,
com circumstancias de mistério. Cantao-se na Capella Real as matinas da
Senhora, como as do Natal pelas sete da noite. Assistio S. A. na tribuna,
e o melhor da Corte; para a tribuna da mão esquerda ficarão os Condes da
Torre, e de Villar Maior, o Marquês de Sande, D. Francisco de Lima, e
outros Fidalgos. Veio-se a tratar da entrega de Tanger em Africa, e Bom-
baim em a índia ao Inglês; dissérao alguns destes Senhores, que fora cousa
muito mal feita, tanto porque a Rainha mãe o não podia faser, que era tutora,
e não Senhora do Reino, quanto porque se dérão a hereges em grande offensa
de Deos. Defendeo o Marquês de Sande com rezões de conveniência do casa-
mento: refutárão-nas os de contrario parecer, com a evidencia que todos
quantos entrarão nesta entrega tinha Deos castigado, ou com mortes, ou com
desgraças. Ao que impugnou o Marquês disendo, que sendo elle dos prin-
cipaes que andarão neste contrato, havia sido sua casa muito venturosa, e
elle estava vivo. Acabou-se a pratica com as matinas, metteo-se o Marquês
na liteira de D. Francisco de Lima, e fôrão para suas casas.
«Chegando á crux do adro de S. Domingos, investirão a liteira quatro
homens de cavallo e quatro de pé, e perguntarão aos lacaios, cuja era a
liteira; responderão que de D. Francisco de Lima, com que avançarão o
melhor lugar delia, adonde hia o Marquês de Sande, e de nove estocadas o
matarão sem confissão, ficando D. Francisco de Lima no lugar dianteiro sem
lhe locarem. Conhecêrao-se entre os matadores criados de D. loão de Castro,
voou a nova a Palácio, sentio S. A. e toda a Cçrte a morte do Marquês gran-
Conington Castle. Norwich, 1899, pág. 76-77. — Esta colecção é quási inteiramente formada
pela correspondência de Sir Richard Fanshaw, embaixador de Carlos II nas cortes de Por-
tugal e Espanha.
(i) Recueil des Instructions données aux ambassadeurs et ministres de Frange depuis
LES TRAiTÉs DE Westphalie jusqu'à LA RÉvoLUTiON Française. Portugal avec une Introdu-
Ction et des notes par le VM de Caix de Saint-Aymour. Paris, i86ó, pág. 98.
Meios 493.
demente, e com rezão, porque não tinha Portugal, nem homem mais ajustado»
nem mais bemquisto, nem mais noticioso, nem melhor afortunado nos negó-
cios, nem mais conhecido dos Principes da Europa. Mandou S'. A. prender
a D. loão de Castro, fôrão as Justiças a sua casa, escapou D. loão mettido
debaixo do guardinfante de sua mulher (D. Arcangela Micaela de Portugal),
e fôrão presos com algemas todos seus criados para a enxovia. Pela con-
fissão delles, se soube que o matador fora o Conde de Mesquitella, para o
que pedira a D. loão de Castro os seus criados, por quanto tratava o Mar-
quês de casamento com a mãe do Conde (D. Caterina Maria de Meneses,
condessa de Mesquitela). Verificou-se com o Conde se homisiar, e D. loão
para a fronteira do Minho,. • • » (i).
Antes da Restauração de 1640 à qual logo Francisco de Melo aderiu,
vindo a prestar-lhe óptimos serviços, não só nos campos de batalha, mas
principalmente, como hábil poHtico, nas negociações de que foi encarregado
desde 1657 nas cortes de Londres e depois de Paris, dedicara-se êle a estudos
de astronomia e geografia e compusera, nos anos de lòSy a 1640, vários
tratados sobre aquelas matérias, os quais não chegaram nunca a ser im-
pressos (2). Depois coleccionou em muitos tomos sob os títulos de Negocia-
ções do Marquês de Sande — Cartas para ministros e particulares — Roma,
França, Inglaterra, Hollanda, 1661 e 1662, a sua correspondência e mais
documentos relativos às suas embaixadas (3). Não sei onde param estes,
certamente interessantíssimos papéis. Em tempos de Barbosa Machado exis-
tiam, segunde êle declara, em poder do 3.° Conde da Ponte; depois, quando
Rebelo da Silva os consultou, parece que se conservavam na posse do Conde
da Ponte d'então, o 8.°.
Havia Francisco de Melo casado, como acima fica dito, com sua sobrinha
D. Leonor Manrique de Torres, falecida já em i5 de Junho de i6õ6(4), e
dela teve, além de uma filha freira, a Garcia de Melo e Torres e D. Mada-
lena de Mendoça. Garcia de Melo e Torres sucedeu na casa de sua mãe, foi
2.° conde da Ponte (5) e teve por filho e herdeiro a António José de Melo e
Torres, 3.° conde da Ponte, por carta de 16 de Janeiro de 1703(6), falecido
(i) Monstruosidades do tempo e da fortuna, pág. 28.
(2) Barbosa Machado, Bibliotheca lusitana, II,- 202; Garção Stockler, Ensaio histórico
sobre a origem e progresso das mathematicas em Portugal, pág. 5 1 .
(3) Rebelo da Silva, Quadro elementar, XVII, págs. 148 e segs. — A esta colecção, inti-
tulando-a Negociaçoens das suas embaxadas, se refere Barbosa Machado na Bibliotheca lusi-
tana.
(4) Torre do Tombo, Registo do Real Arquivo, liv. 54.», fl. 35.
(5) Carta de 10 de Outubro de i665 acima citada.
(6) Ofícios e mercês de D. Pedro II, liv. Gi.", fl. 412 v.
494 Brasões
sem geração a 9 de Fevereiro de 1764, extinguindo-se nele a linha varonil
do i.° Conde da Ponte, título e casa em que veio a suceder seu parente
Luís de Saldanha da Gama.
As armas dos Condes da Ponte eram: partido: o I de vermelho, cinco
torres quadradas de oiro, lavradas de negro (Torres); o II de vermelho, seis
besantes de prata entre uma dobre cruz e bordadura de oiro (Meios). Coroa
de Conde. Timbre: uma das torres sobrepujada dô uma estrela de seis
pontas de vermelho.
D. Madalena de Mendoça, filha do i.° Conde da Ponte, casou com Luís
de Saldanha da Gama, i.° senhor de Assequins por carta de 16 de Setembro
de 167 1 (i), governador e capitão general de Mazagão e da praça de Campo
Maior, do Conselho de Guerra. Faleceu a 24 de Setembro de 1721 e era
filho primogénito de João de Saldanha da Gama, um dos aclamadores de
D. João IV, a quem serviu na guerra, vindo a morrer heroicamente, em 26
de Maio de 1644, na batalha de Montijo, de dezassete feridas nela recebidas.
De D. Madalena de Mendoça e Luís de Saldanha da Gama foi neto Luís
de Saldanha da Gama de Melo e Torres, 3.° senhor de Assequins e 4.° conde
da Ponte, de juro e herdade, por carta de 9 de Abril de 1756(2). Faleceu
a 8 de Fevereiro do ano seguinte (3), sem ter chegado a ser-lhe averbada a
tença do morgado dos Torres, da qual, em 23 de Novembro de 1766, se con-
cedeu carta de padrão a sua filha única, a condessa da Ponte D. Leonor de
Saldanha da Gama (4). A esta senhora havia sido outorgado, por despacho
de i3 e portaria de 18 de Maio de 1757, o título de juro e herdade, em veri-
(i) Chancelaria de D. Afonso VI, liv. 36." de Ofícios e mercês, fl. 121.
(2) Tendo consideração a me representar Luís de Saldanha da Gama Melo e Torres
ser bisneto do Marquês de Sande, i." conde da Ponte, a quem D. Afonso VI, em remune-
ração dos seus assinalados serviços, fizera mercê do título de conde da Ponte (que já tinha
em sua vida) de )uro e herdade para sempre com duas vidas fora da Lei Mental; e que,
falecendo o conde da Ponte António José de Melo e Torres, filho de Garcia de Melo, pri-
mogénito do dito Marquês de Sande, sem descendentes, lhe pertencia suceder no mesmo
título, em virtude da primeira vida fora da Lei Mental, porque, ainda que existia José Xavier
de Melo, irmão do último Conde, este como comendador professo de Malta não podia suceder
na primeira vida, pois não estava. dispensado no impedimento de religioso, cuja vida se Jhe
havia julgado no juízo das Justificações do Reino, em observância do alvará de i5 de Se-
tembro de 1755, passado pelo Desembargo do Paço por rial resolução de 3o de Agosto do
mesmo ano, pedindo-me para que na sua pessoa se verificasse a primeira vida fora da Lei
Mental no título de conde da Ponte. E atendendo às qualidades, etc. Carta do título de
conde da Ponte de juro e herdade para sempre, com uma vida: mais fora da Lei Mental, ficando
extinta a primeira das duas vidas concedidas no mesmo título. Belém, 9 de Abril de 1756.
— Chancelaria de D. José, liv. 71.", fi. 5.
(3) Gaí^eta de Lisboa de 17.
(4) Torre do Tombo, Registo do Real Archivo, liv. 54.«>, fl. 35ç>
Meios 495
íicação da segunda e última vida fora da Lei Mental. Casou com treze anos,
a i8 de Junho de 1758, com seu parente José António de Saldanha Meneses
e Sousa, 5.° conde da Ponte por carta de 6 de Julho do mesmo ano(i), gentil-
-homem da câmara de D., Maria I, mordomo mor de D. Pedro IIÍ, brigadeiro
chefe do regimento de Peniche. Faleceu . o Conde da Ponte em 1785 sem
deixar descendência, tendo-o a Condessa precedido no túmulo, por isso que,
a 20 de Fevereiro de 1782, por morte dela, foi lançada, na carta de padrão
do juro do morgado dos Torres, uma apostila a favor de seu sucessor João
de Saldanha da Gama de Melo e Torres (2).
As armas do 5." Conde da Ponte foram: escudo esquartelado: o I e IV
das armas do reino; o II de vermelho, caderna de crescentes de prata; o III
de azul três flores de lis de oiro; sobre o todo de vermelho, torre de prata,
coberta de azul, com portas e frestas do mesmo, e cruzada de oiro. Coroa
de conde. As armas do reino pelos Sousas do II e pelos Meneses do III;
as dos Saldanhas no sobre o todo.
João de Saldanha da Gama de Melo e Torres era primo com irmão da
5.* Condessa da Ponte, por ser filho de Manuel de Saldanha da Gama, irmão
do 4.° Conde. Sucedeu João de Saldanha na casa a sua prima e uns vinte
anos depois da sua morte foi criado 6.° conde da Ponte, por despacho de 14
de Novembro (3) e carta de 22 de Dezembro de 1802, havendo-lhe o título
sido concedido em duas vidas (4). Em i5 de Agosto de i8o5 foi nomeado
governador e capitão general da Baía (5), e, quando .a família rial lá desem-
barcou, a 21 de Janeiro do ano seguinte, hospedou-a em sua casa o Conde da
Ponte. Morreu na Baía a 24 de Maio de i8og, tendo casado em 1796 com
uma filha dos 1.°^ Condes de Rio Maior, Dos 6.°* Condes da Ponte foi neto
João de Saldanha da Gama de Melo e Torres, 8.° e último conde da Ponte
da varonia de Saldanha, vedor da casa rial, par do reino, gentil-homem da
rial câmara. Faleceu em 27 de Junho de 1874(6).
(i) Chancelaria de D. José, liv. 47.°, fl. 272.
(2) Cit. Registe do Real Archivo,\iv. 54.°, fl. 35.
(3) Gaveta de Lisboa de 3o de Novembro.
(4) Tomando em consideração que João de Saldanha da Gama de Melo e Torres é
sucessor e representante das casas de seus avós Marquês de Sande e Conde da Ponte, e
muito principalmente em memória daqueles de quem vem, e por esperar que ele os imite,
hei por bem, por folgar de lhe fazer honra e mercê nesta ocasião feliz para a rial família e
para o reino (baptismo do infante D. Miguel), fazer-lhe mercê do título de conde da Ponte
em duas vidas, etc. Palácio de. Queluz, 22 de Dezembro de 1802. — Registo de Mercês do
Príncipe Regente, liv. 3.», fl. 55.
(5) Gafeta de Lisboa de 20 de Agosto.
(6) O título de conde da Ponte foi renovado, já neste século, num neto por linha fenai-
nina do 8.» Conde.
496 Brasões
As armas dos modernos Condes da Ponte eram: partido: o I, também
partido: o i.° de vermelho, torre de prata, com porta, frestas e lavrado de
azul, coberta do mesmo e cruzada de oiro (Saldanha); o 2.° cortado de ver-
melho sobre prata, no vermelho águia de prata, na prata torre de negro
ardendo em chamas (Bohadilha); o II enxequetado de oiro e vermelho de
três peças em faxa e cinco em pala, as peças de vermelho carregadas cada
uma de duas faxas de prata (Gama). Coroa de conde. Timbre: a torre
do i.».
Os Saldanhas são de origem espanhola e já numa escritura do ano de 1067
se encontra um D. Gomes Dias, conde de Saldana. Deste pretendem deduzir
a linhagem, mas é impossível prová-lo. O certo é ter um Diogo de Saldanha
passado a Portugal no serviço da Excelente Senhora, de quem foi secretário
e como tal vem designado nas listas de 1476 e 1477, no titulo dos cavaleiros
do conselho. Sérvio a D. Afonso V, a seu lado combateu em Toro e foi seu
companheiro a França, d'onde foi enviado em 1476 com o Conde de Pena-
macor a Roma.
Era «homem prudente de grande autoridade», afirma Rui de Pina(i);
tam bom conceito não formava porem dêle o anónirho autor dos Porquês de
Setúbal, achados no paço em 1488.
Por que tanta ypocresya
ha em Saldanha Dioguo ?
preguntava ele (2). Na mesma compilação, onde estas trovas se guardam,
aparece uma cantiga de Diogo Saldanha; em castelhano, é claro (3).
Havia casado em Castela com D. Maria Rodrigues de Bobadilha e foram
os progenitores dos Saldanhas, que tiveram em Portugal estas casas: os se-
nhores da quinta da Melhorada; os senhores de Assequins, Condes da Ponte;
os comendadores de Casével, posteriormente nos Câmaras Condes da Taipa;
os modernos Condes de Penamacor, descendentes do antigo; os Condes da
Ega; os morgados de Oliveira, Condes de Rio Maior; os Duques de Saldanha,
e outros.
As armas dos Condes da Ponte já lá acima ficaram descritas; a seguir
darei noticia das dos outros principais ramos dos Saldanhas.
Os Condes de Penamacor trazem o escudo esquartelado: o I de prata,
seis arruelas de azul (Castros); o II de Saldanha; o III esquartelado: o i.°
(i) Chronica de D. Afonso V, cap. 197, pág. 578.
{2) Cancioneiro geral, fl. 175, col. 2.
(3) Ibidem, fl. 5o, col. 4.
Meios 497
e 4.° das armas do reino, o 2.° e 3.° de vermelho, cinco flores de lis de oiro
(Albuquerque); o IV de verde, torre de prata lavrada de negro, coberta de
enxequetado de oiro e azul, acompanhada de duas estrelas de seis pontas
postas nos cantões do chefe, e firmada num pé de água de prata, ondada de
azul (Ribafria). Coroa de conde. Timbre: Hão nascente de oiro, posto de
frente e segurando uma roda de navalhas de Santa Caterina, a roda de sua
côr, as navalhas de prata.
As armas de Ribafria foram concedidas, por carta de iG de Setembro de
1541, feita por António de Holanda, a Gaspar Gonçalves, cavaleiro da Ordem
de Cristo, dando-se-lhe também por solar e apelido a sua torre e quinta de
Ribafria. Por ser interessante a origem dçsta linhagem e ter tido o seu
solar nas proximidades de Sintra, dela darei notícia lá mais adiante (i).
Os Condes da Ega usaram de escudo terçado em pala: o I cortado das
armas do reino sobre cinco flores de lis de oiro, em campo de vermelho; o
II também cortado, das referidas cinco flores de lis sobre as armas do reino,
formando estas duas palas o brasão dos Albuquerques; o III de Saldanha.
Coroa de conde. Timbre: águia nascente de negro, segurando no bico uma
chave de oiro (2).
• Os Condes de Rio Maior trazem o escudo partido: o I de Saldanha; o II
cprtado: o i.° de vermelho, ^oliveira cosida de verde, frutificada de oiro e
arrancada de prata (Olipeira); o 2." esquartélado das quinas do reino e de
um lião de púrpura, armado e linguado de vermelho (Sousa do Prado).
Coroa de conde. Timbre: águia nascente de negro, com uma chave de oiro
no bico, e segurando nas garras um listão de prata com a divisa VERITAS
OMNIUM VICTRIX, em letras de negro.
Os Duques de Saldanha, ramo da casa de Rio Maior, modificaram o seu
escudo pela seguinte forma: esquartélado: o I dos Saldanhas, o II dos Sousas
do Prado, o III dos Oliveiras, o IV partido: o i.° de oiro fretado de vermelho
(Correia), o 2.° de azul, estrela de oito pontas de oiro, dentro de uma caderna
de crescentes de prata (Cangalho). Coroa de duque, saindo de baixo dela a
divisa dos Rios Maiores.
No princípio deste capítulo apontei quatro ramos principais derivados dos
Meios por fêmea; acrescentarei aqui que outras casas há usando daquele
apelido por idêntica proveniência. Lembramme os Meios Correias, rnorgados
de Palhais, os Meios Sampaios, da quinta da Graciosa, os Meios Abreus, da
(i) Nota no fim do artigo,
(2) Este timbre é tirado do brasão dos Bobadilhas, de quem os Saldanhas descendem,
e foi usado por quási todos os melhores da linhagem.
vou I 63
498 Brasões
quinta de Santa Eulália, os Meios Pereiras, da casa de Pombeiro de Riba
de Vizela, e outros. Ainda há mais casas, relativamente antigas, nas quais
se repetiu o apelido de Melo, sem se poderem por forma nenhuma entroncar
na verdadeira linhagem.
Para fechar este artigo com chave de oiro transcreverei os versos do
nosso Francisco Rodrigues Lobo dedicados, no Condestabre., à origem dos
Meios (i):
Foi deste conde Henrique companheiro
Entre muitos de França, & de Inglaterra,
Dom Pedro Framaris ousado & forte,
A quem lugar no reyno coube em sorte.
Junto de (Buimaraês amena & bella,
Teve assento & solar engrandecido.
Que aos do nome de Riba de Visella,
Deu o principio illustre, & o apeilido,
Dom Payo naceo delle, & quando aquella
Familia o Reyno tinha ennobrecido,
Dom Reimão procreou da clara esposa
Do grande Egas Monis neta ditosa.
Do primeiro seu nome eternizando,
Dous filhos valerosos sos ficarão;
HG dom Guilhem Reimondo, & dó Sueiro
Que na ventura em tudo foy primeyro.
Delle, & de Dona Vrraca illustre dama,
Filha doutro Egas Gomes de Barroso
Naceo para illustrar seu nome & fama,
Dom Mem Soares de Mello o valeroso,
NOTA
TORRE E SOLAR DE RIBAFRIA, pág. 497
A torre de Ribafria ainda hoje (estou repetindo palavras anteriores a iQoS) existe e bas-
tante bem conservada; mas já não pertence à família dos seus antigos senhores. Fica no
fundo de um vale, a vinte minutos de caminho a pé para o poente de Lourel, pequen* aldeia
na estrada de Sintra à Granja.
(i) O Gond'estabre de Porivgal / D. Nvno Alvres, j Pereira. / de Francisco Rodrigues
Lobo. I Offerecido Ao Duque dom Theodosio segundo deste nome, Duque de Bragança, / &
de Barcellos, Marques de Villauisosa, Conde de Ourem, de Arrayolos, de Neiua, é Penafiel
Senhor de Monforte, Montealegre & Villa de Comde, conde estabre destes Reinos & Senhorios
de Portugal. / Em Lisboa. Com as licenças necessárias por pedro Crasbeck. Anno 16010
(sic) I António pinto, exculp. / — Canto xvi, pág. 253.
I
Meios
499
Lá fui no dia 6 de Dezembro de i885, um esplêndido, um glorioso dia de inverno, como
diria qualquer Inglês, e dos breves apontamentos então tirados posso extratar a matéria se-
guinte, a qual aqui tem natural cabimento visto dizer respeito a uma velharia portuguesa
nos arrabaldes da vila onde está situado o paço de Sintra.
A torre é quadrada e de três andares além do térreo, ficando, o primeiro sobre este,
alto para o lado do jardim e de nível por detrás para uma espécie de eirado, ou terraço,
para onde tem serventia por um portal l;ugo sem nenhum ornato. Está a*tôrre ao poente
e na mesma linha da frente da casa, arrumada a ela pela banda do nascente e isolada pelos
outros três lados, formando un^corpo saliente. No primeiro andar sobre o térreo, alem da
já referida porta, tem duas janelas, uma em cada face; no segupdo andar tem mais três
janelas correspondentes aos três vãos do pavimento inferior; e no último andar são as janelas
substituídas por três frestas ovais. Aquelas, todas emolduradas de boa pedra, têem seu
colunelo ao meio e são de simples mas elegante lavor. No cunhal norte-poente, na altura
do sobrado do terceiro andar, está o brasão dos Ribafrias um pouco inclinado para diante,
pairando sobre aqueles arredores.
Cada um dos pavimentos da torre é formado por um só quarto e o pequeno vão de
uma escada, que vai subindo de andar em andar. Só no último existe uma chaminé antiga,
cortando um dos cantos.
Dominada pela torre e a ela encostada, mas sem nenhuma comunicação interior, está
a casa com a frente para o norte, sobre o jardim, em um primeiro andar alto, no qual se
vêem rasgadas seis janelas, de forma igual às da torre e alinhadas com a correspondente
desta. Tudo deita para um grande tanque estendido ao longo de toda a frente da casa e
da torre, de sorte que das suas janelasse podiam mirar nas límpidas águas vindas da serra
as gentis donas e donzelas de Ribafria, e mesmo até as que gentis não fossem.
I
5oo Brasões
o tanque é alimentado por água do rio de Lourel e pela de uma fonte coberta por um
tecto piramidal, na qual, para limpeza da mina, há uma entrada, espécie de porta emoldu-
rada por umas pedras de cantaria, nas quais está esculpida uma linda grinalda de folhas e
frutos de hera. Esta fonte fica na extremidade do tanque mais afastada da torre. Alem
dele é o jardim e a quinta.
A casa, em toda a frente para o lado do tanque, a principal, bem como a torre, em
todos os seus quatro lados, é ameiada.
A entrada para a propriedade é por uma sorte de antiga alameda bastante ancha, mas
agora sem arvoredo, e fechada entre dois muros, confinando da direita com o jardim, lago
e casas. Ao alto da alameda, que sobe cm doce rampa, está à direita, olhando para o nas-
cente, o portão de ingresso para um pátio interior, serventia geral de todo o prédio. O pátio
atrás do muro é fechado, à direita e em frente, pela casa da residência, a qual por este lado
forma um ângulo recto; à esquerda limitam-no pardieiros em ruína, antigas oficinas de
lavoira, as quais avançam ainda para alem do p"^o. Entre elas e a casa há uma travessa,
aberta em frente ao portão de entrada, a qual dá serventia para a quinta pelo eirado sobre
que assenta a torre e para onde ela tem a referida porta no primeiro andar.
T^oda a parte da casa de residência confinante com o pátio á dele separada por uma
espécie de estreito passeio lageado e alto, para o qual se sobe por três degraus de cantaria.
A parte nobre da casa fica à direita entrando, e constitui a face correspondente à frente
principal sobre o lago, mais curta do que esta em toda a largura do corpo saliente, o qual
forma ângulo no pátio. Neste vê-se à direita uma porta de boa aparência, entrada para a
capela; e na frente, dando acesso ao$ aposentos interiores, está outra porta de igual feição.
A esquerda desta ainda existe uma terceira, baixa e humilde, para dar serventia à cozinha,
onde se conserva uma boa lareira antiga.
No mesmo pátio, no ângulo formado pelo muro, que o
separa da alameda de entrada, e pela parede da casa, está
uma fonte airosa, com seu tanque rectangular de pedra sin-
gelamente ornada, dentro de três delicadas colunas de can-
taria destinadas a sustentar uma cúpula oval rematada
exteriormente por uns florões, e ostentando em volta, sobre
a cornija, vasos de pedra correspondentes às colunas. A
parte das paredes, que entre aquelas forma o ângulo, é
revestida de azulejos antigos verdes e brancos e tem uma
carranca de pedra com a bica entre os beiços.
No mesmo pátio do lado esquerdo há uma velha escada
exterior de cantaria, para dar ingresso ao andar superior
das oficinas de lavoira.
Dentro da casa, mais digno de nota, é o tecto da capela
e o altar. Está aquela hoje dividida em dois quartos de desigual tamanho, sendo o menor
correspondente à capela mor e o maior ao corpo da ermida, havendo neste uma janela, a
primeira das que deitam sobre o tanque. Da capela mor existe ainda o altar, todo forrado
daquele magnífico -azulejo de tons metálicos, e de ornatos entrelaçados, ásperos ao tacto, tão
repetido no paço de Sintra. O tecto conserva-se todo. É de laçaria de pedra com seus florões,
nos quais se vêem esculpidas as armas dos Ribafrias, a cruz de Cristo e outros emblemas.
Em todo o edifício só me ficará por mencionar a cisterna, vasto depósito, cujo tecto é
sustentado por dois renques de grossas colunas de cantaria. A cisterna fica na encosta do
monte ao sul da casa, junto às já referidas oficinas de lavoira.
O sítio, onde tudo isto está, é tristíssimo; infunde melancolia.
Meios 5o r
Da banda do sul um monte coberto de urzes, tojos e carvalheiras, caindo quási a prumo
sobre o prédio, esconde-lhe o vivificante sol, deixando-lhe só livre a parte do poente, único
lado para onde a torre desfruta algum horizonte, ainda assim bem limitadcí, avistando- se lá
ao fundo a avermelhada casa da quinta da Madre de Deus, outrora pertença dos Redondos.
Em frente, ao norte, fica outro monte pouco menos áspero do que o primeiro, e com êlé
fecha pelo nascente o vale por onde vem mansamente correndo o riacho desde Lourel. No
monte ao norte, quási em baixo, alvejam as humildes habitações do casal de Santo Amaro,
com a sua pequena ermida isolada, precedida de um adro coberto.
E mais nada se vê; nem árvores, nem campos, nem casas; e tudo está mergulhado em
silêncio, nem aves por ali havendo, que a serra de Sintra e seus arredores lhes não são pro-
pícios.
Gaspar Gonçalves, cavaleiro da casa dei Rei, fundou, aí por mil e quinhentos e trinta
e tantos, na sua quinta de Cabris a casa e torre posteriormente chamada de Ribafria, nome
com que já é designada em 1541, como adiante veremos.
Era este Gaspar Gonçalves de uma geração» de lavradores de Sintra ou do seu termo,
bisneto ou terceiro neto de I-uís Gonçalves e de Caterina Alvares, mais remotos ascendentes
que se lhe podem nomear, e de cuja existência consta pelo testamento, feito no ano de i535,
de seu neto Duarte Fernandes (i). Havia sido Duarte Fernandes vigário da igreja de S.Mar-
tinho de Sintra, onde está sepultado na capela mor, no pavimento, sob uma grande campa,
com parte, uma linha pelo menos, do epitáfio coberto pelo primeiro dos quatro degraus do
altar mor, podendo-se unicamente ler o seguinte:
diicirte i /rf • vygro : ^ foy
desta ': ygreia \ e inãda ^
se não \ lace •' nyugem ) nela
No referido testamento instituiu uma capela da qual nomeou administrador seu sobrinho
André Gonçalves, filho de Gaspar Gonçalves e Suzana Antunes.
Em André Gonçalves cameçou a ilustração da família. Sendo ele escudeiro da casa
dei Rei D. Manuel, nomeou-o este, por carta de 21 de Novembro de i5oi, seu almoxarife do
almoxarifado de Sintra e paços da vila, e juiz das sisas de Colares e das coutadas do termo (2),
tudo confirmado por D. João III, em 23 de Outubro de i528(3). Em i5o2, por outra carta
de 23 de Fevereiro, foi-lhe assinado de mantimento com o ofício a quantia de quatro mil e
oitocentos reais, outro tanto como havia, com cevada, da sua moradia de escudeiro, sendo
por ^sta disposição riscado o seu nome dos livros da cozinha, por onde recebia a referida
moradia, e posta verba do novo pagamento (4). Em iSoj tomaram-lhe contas dos primeiros
cinco anos de sua gerência, os de i5oi a i5o5, nos quavs recebeu de diversas proveniências
três contos quinhentos e setenta mil e tantos reais, despendidos por forma satisfatória tanto
que, por carta de 17 de Março, lhe foi dada plena quitação (5).
(1) Apontado em vários Nobiliários e confirmado em parte por um documento adiante citado.
(2) Chancelaria de D. Manuel, liv. i.*, fl. 56 v.
(3) Chancelaria de D. João III, liv. 45." de Doações, fl. 164.
(4) Chancelaria de D. Manuel, liv. 4.°, fl. 21.
(5) Cartas de quitação de D. Manuel, no Archivo histórico portuguez, vol. I, pág. 283, n " 78. — tm 1607,
um século depois, era, conforme o Livro da fa\enda de Luís de Figueiredo Falcão, fl. 35, a receita do aln^.oxa-
rifado de Sintra de 3.433:567 réis e mais 10 arrobas de cera; e a despesa de 711:226 réis de juros, i.3ci:ç;28 de
tenças e 356:iSq de ordenados, somando tudo 3.<2i,:o(3 réis ; ficava pois líquido f:524 réis e as 10 arrobas de cera.
Faz-me isto lembrar os actuais orçamentos do .Estado, com a diferença de nestes só ficar liquido a cera.
5 02 f Brasões
Ainda por mais três vezes, que me conste, se tomaram contas a André Gonçalves, já
então cavaleiro da casa dei Rei: uma vez foi a 8 de Julho de i532 e dizia respeito aos anos
de iSzge 1 53o, nos quais a receita em dinheiro foi de dois contos cento e tantos mil reais (i);
outra, a 21 de Agosto de i533, relativa aos anos de i523 a 1529, com a receita de três contos
quarenta e tantos mil reais (2); e a terceira, em 20 de Abril de i535, tornou a envolver a pre-
cedente por ter abrangido todos os anos desde i52i a i533, nos quais a receita fora de
onze contos cento e tantos mil reais (3).
Além destas cartas de quitação existe na Torre do Tombo, emanado do almoxarifado
de Sintra nestes começos do século xvi, um documento bem curioso ao qual já me referi lá
acima, no Preâmbulo, sob o título de Livro truncado da receita e despesa de André Gonsalves,
ano de i5o8.
Ao seu almoxarife de Sintra doou D. Manuel, por carta de 3o de Junho de i5i5, a her-
dade das Lamjeiras (sic) Qvn Sintra (4), a qual, com o nome de Laranjeira, lhe foi confirmada
por D. João III em 24 de Outubro de i528 (5), no dia seguinte àquele em que lhe havia con-
firmado a nomeação de almoxarife. O seu ordenado com este ofício havia D. Manuel, por
alvará de 26 de Setembro di iSij, elevado a quinze mil reais (6). Em i535 ainda exercia
o ofício conjuntamente com o de escrivão da confraria dos Fiéis de Deus erecta na igreja
de S. Martinho (7), e ainda com o de juiz dos encoutos da vila de Sintra (8).
Vivia ainda André Gonçalves no ano de 1544, "o (\\jiai já era cavaleiro da Ordem de
Cristo e ainda exercia o ofício de almoxarife de Sintra. Nesse ano sucedeu na capela insti-
tuída em seu testamento por seu tio o vigário de S. Martinho, Duarte Fernandes, e na quali-
dade de administrador dela lhe foi passada, em 9 de Julho, carta de padrão de certa tença
de juro e herdade pertencente ao espólio do falecido (9). Havia nesse mesmo ano, na quali-
dade de escrivão da confraria dos Fiéis de Deus, reunido na sua casa de Sintra, no dia 10
de Fevereiro, a irmandade em cabido, e todos juntos aprovaram a compra feita por Gaspar
Gonçalves de Ribafiia de um casal em Mata Moiros, foreiro à referida irmandade, e dêle
fizeram novo emprazamento ao dito Gaspar Gonçalves e a sua mulher Maria Luís de Sá (10).
Segundo alguns nobiliários André Gonçalves casou com Ana Ribeira e dela teve a Gaspar
Gonçalves, Felipa Ribeira, mulher de Gaspar de Valadares, moço da câmara dei Rei (1 1), Ana
(1) Chancelaria de D. João 111, liv. 18.' de Doações, fl. 61 v.
(2) Ibidem, liv. 46.» de Doações, fl. 80.
(3; Cartas de quitação de D. Manuel, no Arquivo histórico português, vcl. IX, pág. ^53, n." 718.
(4) Chancelaria de D. Manuel, Mv. ii.°, fl 114.
(5) Chancelaria de D. João III, liv. 45.° de Doações, fl. 143.
(6) Transcrito na carta de confirmação de 5 de Novembro de líaS. — Chancelaria de D. João III, liv. 45.° de
Doações, fl. i63.
(7) Instrumento de emprazamento de Maio de i535 outorgado a Jorge Domingues, de um pardieiro e courelas no
termo de Sintra, pertencentes à referida confraria. Em i8-s5 extractei este e maiscinqúmta e dois outros pergaminhos
da tal confraria, então existentes no cartório da referida igieji de S. Martinho de Sjntra.
(8; Eu elRey faço saber A vos André gonçalvez caualeiro d, minha casa juiz dos emcoutos na vila de symtra que
eu ey por bem e meu seruiço por allgíás Respeitos que por todo este mes de julho que ora vem nenhua pessoa de qual-
quer calidade que seja cace coelhos na serra e coutada da dita villa e caçando écorra nas penas que se contem é meu
Regimento. . . euora a xxviij dias de junho de v«xxxj. Rey. — Cartório da Misericórdia de Sintra.
(9) Chancelaria de D. João III, liv. 5." de Doações, fl. 129 v. — Por este documento consta haver o vigário
Duarte Fernandes comprado por 192:000 reais uma tença de juro de 12:000 reais e ter deixado por herdeiro de sua
fazenda, por não ter ascendentes nem descendentes, a André Gonçalves. A ele deixou estes i2:coo reais e outros
12:000, que tinha de graça separada, a fim de com êies satisfazer certos encargos de uma capela que instituirá, da qual
deixava por administrador ao dito André Gonçalves, almoxarife, e por sua morte à pessoa que fòr almoxarife da dita
"vila, por forma a andar sempre a administração nos almoxarifes.
(10) Documento do cartório da igreja de S. Martinho de Sintra.
(ii) Efectivamente entre os pergaminhos da confraria dos Fiéis de Deus encontra.se um instrumento de 17 de
Meios 5o?
Ribeira casada com Lourenço Correia, e outros. Dizem mais que Gaspbr Gonçalves,
1.' senhor de Ribafria, era aquele Gaspar Gonçalves filho do Almoxarife de Sintra. Tenho
muitas dúvidas a tal respeito e creio que não fosse filho, mas irmão. Pelo menos Gaspar
Gonçalves na instituição do morgado de Ribafria, relacionando as propriedades de que o
formava, nomeia uma terra no termo de Sintra comprada ao Almoxarife seu irmão. A ins-
tituição foi feita em Évora a 7 de Maio de i536 e 'nesta data, como já vimos, ainda André
Gonçalves vivia e exercia o ofício de almoxarife.
Gaspar Gonçalves começara a servir D. Manuel nos primeiros anos do século xvi e já
exercia o cargo de seu porteiro da câmara em i5i8, quando, divulgada a nova do seu ter-
ceiro casamento, t<2ve lugar no paço um solene beijamão(i). Em i525 foi feito cavaleiro
da Ordem de Cristo com vinte mil reais de tença (2), e em !536, estando em Évora ainda
solteiro, instituiu, por escritura de 7 de Maio, um morgado do qual ficou sendo cabeça a
quinta de Cabris no termo de Sintra (3). Impôs várias condições aos administradores do
vínculo e entre outras a do apelido de Cabris. Teve a instituição confirmação régia em 16
de Maio de i536, e foi depois, em 10 de Setembro de 1541, ampliada e em parte alterada
pelo mesmo Gaspar Gonçalves, já apelidado de Ribafria e intitulado fidalgo da casa dei Rei.
Neste novo instrumento declara que revoga a condição imposta na primitiva instituição para
todos os administradores se chamarem de Cabris, em virtude de D. João III lhe ter agora
concedido a mercê e honra de o fazer fidalgo de cota de armas e de solar conhecido, dan-
do-lhe armas com o apelido de Ribafria, do qual el Rei houve por bem que êle instituidor
e seus descendentes se chamassem, e bem assim que a dita quinta de Cabris, por ser cabeça
de morgado, se chamasse de Ribafria. Por estas razões revoga portanto o primeiramente
ordenado e impõe aos administradores do vínculo o apelido de Ribafria. D. João III con-
firmou tudo em 1 1 de Outubro do mesmo ano (4).
A carta de brasão concedida a Gaspar Gonçalves tem a data de 16 de Setembro de 1541
e portanto é posterior seis dias à segunda instituição do vínculo. Na carta de brasão declara
D. João III estar «em conhecimento de certa sabedoria que Gaspar Gonçalvez, cavaleiro da
ordem de. . . Cristo, tem servido por muitos anos em muy bõs e contynos serviços a ellRey
meu senhor e padre. . . asy em sua pessoa Reall como em outros muitos serviços e muy
necasarios de sua casa e estado, e asy despois a mym ateguora cõ toda lealldade e ffitlldade
e amor, sempre contynos de dia e de noyte cõ muitas vegylias e trabalhos, e asy me sérvio
sempre em outras cousas de muyta importamcia e ordem de minha casa, ífíizendo sempre
como home bõo e vertooso que elle he...». Por estes motivos o faz fidalgo de cota de
armas e de solar e lhe dá por apelido o de Ribafria, e determina que a sua torre, quinta e
todo o seu anexo em Sintra, chamada de Ribafria, seja o solar e morgado dele e de sua
geração. Finalmente dá-lhe por armas «húu escudo de verde cõ ho pee daguoa e nelle
húa torre de prata lavrada de preto e o cuberto exaqueiado douro e de azull entre duas
Outubro de i533, pelo qual Gaspar de Valadares e sua mulher Felipa Ribeira deram de aforamento terras no reguengo
de Colares pertencentes ao morgado do dr. Pedro Nunes, administrado pelo Valadares,
(i) Góes, Clironica de D. Emanuel, part. IV, cap. 34, fl. 46 v.
(2) AnCHIVO HISTÓRICO PORTUGUEZ, 11, 126.
(3) Este lugar de Cabris, bem como o rio do mesmo nome junto aos quais está a quinta, pouco depois crismada
em Ribafria, são ambos muito antigos no termo de Sintra. Já no foral da vila do ano de ii54 vem nomeado o lugar
de Caprillis [Porlugaliae monumenta histórica. Leges, pág. 385>, e no instrumento de limite e demarcação das igrejas
de Sintra, de nu dos idos de Dezembro da era de 1291 (10 de Dezembro de i253), guardado no cartório de S. Mar-
tinho, toma se a mencionar o mesmo lugar.
(4) Chancelaria de D. João III, liv. 34.° de Doações, fl. 65.
504 Brasões
estrelas douro, ellmo de prata aberto guarnido douro paquife de prata e verde E por timbre
huu lyão pardo dazull cõ húa das estrelas na espadoa» (i).
As casas de morada dos Ribafrias em Sintra, as quais Gaspar Gonçalves «ora fizera»,
como ele declara no instrumento de 7 de Maio de i536 pelo qual instituiu o morgado, que
em 1541 se ficou chamando de Ribafria, ao qual as vinculou, eram as posteriormente per-
tencentes aos Marqueses de Pombal, de*quem passaram por venda antes de igoS a estranho.
As tais casas vieram a pertencer a Pedro de Saldanha Albuquerque Castro Ribafria,
fidalgo da casa rial, comendador da Ordem de Cristo e administrador do referido morgado.
Alcançou ele em 1727 uma provisão régia passada em 4 de Setembro, autorizando-o a
subrogar as suas casas nobres na vila de Sintra, com dois quintalinhos e um pequeno jardim,
aO qual vinha água de um baldio na serra aforado à igreja de S. Martinho. Fez-se a escri-
tura de subrogação em Lisboa, a 12 do mesmo mês, e o adquirente das casas, que por elas
deu um casal no termo da vila, foi Paulo de Carvalho de Ataíde, arcipreste da Santa Igreja
Patriarcal, do conselho de S. M. e deputado da Mesa da Consciência e Ordens (2). Era tio
do grande Marquês de Pombal que dele herdou as casas de Sintra e as transmitiu a seus
descendentes.
São elas na rua da Praça, à qual talvez já mudassem o nome seguindo a estulta mania
deste género de alterações agora dominante, e estão situadas à esquerda de quem sobe a
pequena rampa logo adiante da porta travessa de S. Martinho, indo caminho dos Pisões.
Daparte de dentro, em frente da porta de entrada, no pátio, existe uma coluna de mármore
branco sustentando parte do madeiramento do primeiro andar do palácio. No ábaco do
capitel, de curioso lavor, existe gravada nas suas quatro faces, em caracteres góticos do
tempo, uma inscrição, que se dq^-e começar a ler na parte fronteira à porta de entrada,
seguindo para a direita, e lá se encontrarão as seguintes quatro linhas por mim copiadas no
dia G de Dezembro de i885:
esta obra /cf pêro
pexão : no anno : de
myl : e quinhêtos
• e XXX iiij : anos :
Foi portanto Pêro Pexão o mestre desta obra terminada em i534, e por isso razão tinha
Gaspar Gonçalves para em i536, referindo-se às suas casas, declarar que as «ora fizera».
Pêro Pexão veio a ser nomeado mestre dos canos dos paços de Sintra por carta de 1 1 de Julho
de 1542, com quatro mil reais de mantimento. Por outra carta de 29 de Abril de i556 foi
nomeado um pedreiro para servir por êle nos seus impedimentos (3).
Na serra, junto às casas dos Ribafrias, delas separada por um caminho público, existia
uma quinta a qual posteriormente era designada pela quinta Velha do Marquês de Pombal.
Nesta propriedade, em i885, quando se andava fazendo remoção de terras para construção
de uma estrada, que vai. até ao caminho da Pena para os Capuchos, apareceram duas recor-
dações dos antigos senhores daquela quinta. Nela, num talhão pertencente a Frederico
Biester, encontrou-se uma pedra de boa qualidade e bem conservada com as armas dos
Ribafrias lavradas, tendo o escudo pendido e o brasão correcto, mostrando pelo seu bom
desenho e geral aparência ser obra quinhentista. Deste mesmo tempo, mais tosca e deterio-
rada porem, encontrou-se outra pedra de armas dos Ribafrias, nos terrenos da actual tapada
(i) Armaria portuguesa, pág. 428.
(2) Cartório do Marquês de Pombal, Morgado de Sintra.
(3) Sousa Viterbo, Dtccionario dos architeclos, II, 261.
Meios 5o 5
de Victor Sasseti, nas proximidades do sítio onde se fizera o precedente achado. A primeira
pedra não sei que destino Frederico Biester lhe deu, mas espero a tivesse conservado; a se-
gunda deu-me Victor Sasseti e eu mandei-a ingerir aqui, na parede de um dos quartos inte-
riores desta casa da Aldeia, onde isto escrevia e onde a existência da pedra ainda poderá
■dar que scismar a algum caturra como eu, se a raça não acabar comigo.
Gaspar Gonçalves de Ribafria achava-se rico, enobrecido e, alem disso, gozava da estima
da família rial, não admira pois que subisse ao mais alto grau da escala social, compatível
com a sua origem e primitiva condição/ Em i55g, por alvará de 19 de Maio, foi nomeado
pela rainha D. Caterina alcaide mor da sua vila de Sintra (i), com lugar em Cortes junto
aos mais graduados fidalgos. Morreu Gaspar Gonçalves a 21 de Julho de iSGi (2), tendo
casado, pelos anos de i536 a 1544 (3), com Maria Luís de Sá, ou D. Maria de Sá, como se
ficou chamando depois de, por carta de 9 de Setembro de i552, lhe haver sido concedido o
dom (4).
Seu filho e sucessor, André Gonçalves de Ribafria, 2.° alcaide mor de Sintra, fez um
brilhante casamento. Foi sua mulher D. Luísa de Albuquerque, filha que veio a ser herdeira
de D. Luís de Albuquerque, filho sucessor de D. Garcia de Albuquerque, copeiro mor de
D. João III e filho primogénito de D. Lopo de Albuquerque, i.° conde de Penamacor. A
mãe de D. Luísa de Albuquerque foi D. Inês de Noronha, filha primeira do grande D. João
de Castro, vice rei da índia e senhor do morgado de Penhaverde em Sintra. Nos descen-
dentes de André Gonçalves de Ribafria e de sua mulher D. Luísa de Albuquerque vieram
pois a recair as representações das casas dos Albuquerques do Conde de Penamacor, e dos
Castros morgados de Penhaverde. Encontraram-se portanto em breve os netos dos pacatos
lavradores de Cabris, representando duas das mais ilustres casas do reino ; depois caíram em
senhora, mas ainda subsistem com a varonia de Saldanha representados por Álvaro de Sal-
danha e Castro, filho do 3." Conde de Penamacor que também teve o ofício honorário de
copeiro mor. Já não estão porém de posse da torre e casa de Ribafria, há mais de ^trinta
anos vendida não sei a quem. .
O titulo de conde de Penamacor foi criado, em Maio de 1475, por D. Afonso V, èm Pla-
cência por ocasião do seu desposório com a princesa D. Joana, e com ele agraciou ao seu
camareiro mor Lopo de Albuquerque. Faleceu o Conde expatriado de Portugal por impli-
cado na conspiração do Duque de Viseu, em Sevilha, pouco depois do ano de 1493. Foi
renovado o título, por decreto de 17 de Dezembro de 18^14 (5), em seu descendente António
de Saldanha Albuquerque Castro Ribafria Pereira, alcaide mor de Sintra, falecido em Roma
a i5 de Maio de 1864. Sucedeu-lhe na casa seu filho António Maria de Saldanha Albuquerque
Castro Ribafria Pereira, 3." conde de Penamacor por decreto de 6 de Junho de 18Ó4. Faleceu
em Nice no ano de 1912, deixando descendência.
(i) José Pereira Baiáo, Portugal cuidadoso e lastimado, liv. 1.°, cap. 5, pág. 3o.
(21 Chancelaria de D. Sebastião, liv. 9." de Doações, fl. 345 v., na carta de padrão de 100:000 rs. de juro con-
cedido ao filho André Gonçalves de Ribafria.
(3) Na carta de 7 de Maio de i536, de instituição do vínculo, declara Gaspar Gonçalves ser solteiro; no instru-
mento de IO de Fevereiro de 1544 de «foramento à confraria dos Fiéis de Deus de Sintra de um casal em Mata Moiros,
já aparece casado; ambos estes documentos ficaram lá acima citados.
(4) Querendo fazer graça e mercê a Gaspar Gonçalves de Ribafria, fidalgo de minha casa, hei por bem e me praz
que Maria Luís de Sá, sua mulher, se possa chamar e chame d'aqui em diante de dom, e goze e use de todalas honras,
liberdades, ele — Chancelaria de D. João III, liv. i." de Privilégios, fl. 3i v.
(5) Este decreto não se encontra registado nos livros das mercês de D. Maria II na Torre do Tombo, nem, o que
é mais singular, foi transcrito no Diário do Governo. Como houvesse quem estranhasse a renovação do título, acudiu
em defesa dela o genealogista José Barbosa Canaes de Figueiredo Castelo Branco em um folheto publicado anónimo,
intitulado Contestação ás allegaçÕes contra o titulo de Penamacor. Lisboa, Imprensa Nacional, 1845,4." de 24 págs.
VOL. 1 64
5o6 Brasões
Possuíram os Condes de Penamacor, também nas proximidades de Sintra, duas outras
propriedades de alto interesse histórico : a quinta de Penhaverde, e o convento dos Capuchos
na serra. Deste, na sua qualidade de antigos padroeiros, vieram a tomar posse após a
extinção das ordens religiosas.
Quanto à fundação e padroado encontra-se o testemunho na capela do convento, onde,
do lado do evangelho, está embutida na rocha, logo àquem da teia, uma lápida e nela gra-
vada a seguinte alusiva inscrição, por mim lida no dia 7 de Setembro de 1886:
D. ÁLVARO DE CASTRO, DO CONS.» DESTADO, E VEDOR DA FAZ.* DELREY • D • SE
BASTIÃO FVNDOV ESTE CONVENTO, POR MANDADO DO VISOREY • D- IOa5
DE CASTRO SEV PAY • ANNO l56o, O PADROADO HE DOS SVCESSORES DE SVA CASA.
O ALTAR DESTA IGR.* HE PRIVILEGIADO TODOS OS DIAS A QVALQVER SACERDO
TE, QVE NELLE CELEBRAR. TODAS AS PESSOAS, QVE CONTRITAS, E CONFESSADAS
OV CÕ PROPÓSITO DE SE CONFESSAR VISITAREM ESTA IGR.* NA FESTA DA INVÊ
CAÓ DA • S • CRVZ DES DAS PRIMEIRAS VESPORAS ATÉ O SOL POSTO DO DIA, E ROGA
REM A DEOS POLA PAZ ENTRE OS PRÍNCIPES CHRISTAÕS, EXTIRPAÇÃO DAS HERE
SIAS, EXALTAÇÃO DA • S • MADRE IGR.*, E POLA ALMA DE • D • lOAÕ DE CASTRO, GANHÃO
INDVLG.* PI.EN/, E REMISSÃO DE SEVS PECCADOS. ESTAS INDVLG.** CÕCEDEO O PAPA
PIO 4° ANNO DE 1564 A INSTACIA DO MESMO • D- ALV.° DE CASTRO, SENDO EMBAIX."" i ROMA
Por cima da lápida vê-se um escudo oval com as seis arruelas dos Castros, e sôbre ele
uma coroa de oito florões, sobrepujada do timbre da roda das navalhas de Santa Caterina,
privativo da casa dos Castros de Penhaverde.
Na mata da cerca, um pouco ao sul do edifício, está a gruta de Fr. Honório e nela,
junto e superior à entrada, vê-se sob uma cruz de cantaria, outra pedra com esta inscrição:
HIC • HONORIVS*
VITAMFINIVIT-
> ET • IDEO • CVMDEO •
VITAM-REVIVIT
O B I I T ANNO
DE 1596.
i A quinta de Penhaverde ! A quinta para onde, fugindo «das honras populares» (i), se
retirava D. João de Castro, varão merecedor, como talvez nenhum outro Português, do
preito de todos seus vindoiros; a quinta por ele povoada de árvores silvestres e estéreis,
cortando as frutíferas, «quiçá mostrando, que servia taõ desinteressado, que nem da terra
que agricultava, esperava paga do beneficio» (2); a quinta evocada na última carta do seu
amigo o infante D. Luís, quando lhe pressagiava vir, no regresso da índia, «encher estes
picos da serra de Sintra de ermidas e de vossas victorias» (3), presságios logo, pouco após
(i) Vida I de I dom João I de j Castro / quarto Viso-rey / da índia, j Escrita por Jacinto Freyre / de Andrada. /
Impressa por ordem de seu Neto o Bispo / dom Francisco de Castro / Inquisidor Geral neste Reyno, do Conselho de /
Estado de Sua Magestade. j Em Lisboa. / Com todas as licenças necessárias. / Na Officina Craesbeeckiana. / Anno
i65i. / pag. 28. — Transcrevi minuciosamente o frontispício do meu exemplar da Vida por divergir bastante do que
Inocêncio teve presente ao compor o Diccionario Bibliographico. O frontispício impresso é precedido doutro
gravado, representando um pórtico com o escudo das armas dos Castros no remate, metidas num cartoccio o
qual é sustentado por dois anjos. Por baixo estão gravadas as palavras Vida j de dom loaõ / de Castro, j Qyarto
Viiorey / da índia. / Escrita por lacinto Freire / de Andrada. j No mais condiz com as indicações de Inocêncio.
(2) Ibidem, pág. 11.
(3) Gaspar Correia, Lendas da índia, IV, óSj, transcrita a carta do original.
Meios 5o j
a leitura da carta, desfeitos pela morte; a quinta, finalmente, onde estava a capela, jazigo
por ele pedido para seus ossos, poucos dias antes de em Goa falecer, a 6 de Junho de 1548,
contando apenas a idade do século.
Da pitoresca estância está tudo dito, por naturais e estranhos, poetas e viajantes, Byron,
Beckford, Murphy, Southey, Lichnowsky, e tutti quanti; afastar- me-hei pois de repetições,
registando apenas, por menos conhecida, a apreciação de uma senhora, tam notável pela
sua formosura, como pelos seus escritos; nos quais, segundo abaixo se verá, os erros e con-
fusões, em assuntos relativos a coisas portuguesas, são espantosos na pena da mulher de um
embaixador aqui, mas ajustados à habitual leviandade da sua nação.
«Au nord-ouest de Lisbonne, s'élève une longue chaine de hautes montagnes qui termi-
nent son beau paysage. Ce sont les montagnes de Cintra. . .».
«... En parlant de rapport, je dois dire une particularité qui me surprit dans la fameuse
quinta de Penaverde, ou se trouve le coeur de don Juan de Castro, cet homme dont la
moustache servit de caution pour plusieurs millions, tandis que la signature de son gouver-
nement n'était pas acceptée. Peuaverde était à lui. Son coeur est dans un petit mausolée
sur le plus haut sommet de la pena, qui mérite bien le nom de roche verte, car c'est un
pignon d'émeraudes. Mais par une clause expresse du testament de don Juan de Castro
lui-même, il ne peut y avoir dans toute la quinta, qui est immense, un seul arbre qui pro-
duise. Si, par aventure, un pepin d'orange, une graine portée par le vent, produisaient un
rejeton, il y a ordre exprès de larracher aussitôt. On ignore le motif de cette defense à
la nature d'être féconde dans un lieu oú sa fertilité est si abondante. Cela n'empêche pas
que Penaverde soit Tendroit le plus charmant de la vallée. Que de ravissantes promenades
j'ai faites sous ces beaux ombrages formes par des lauriers séculaires, digne entourage du
tombeau d'un héros» (i).
Afastar-me-hei pois de repetições, como ia dizendo ; transcreverei porem as inscrições
em vários pontos da quinta gravadas e por mim lidas em 4 de Outubro de i885.
Na ermida de Nossa Senhora do Monte, acima da verga da porta:
lOANNES CASTRESIS CV XX ANNOS IN
DVRISSIMIS BELLIS IN VTRAQ MAVRI
TÂNIA PRO CHRISTI ReLIGIONE CON
SVMPSISSET : ET IN ILLA CLARÍSSIMA TVNE
TIS EXPVGNATIONE INTERFVISSET
ATQ TANDEM SINVS ARABICI LITORA
ET OMNES ItiDlJE ORAS NO MODO
LVSTRASSET SED LITTERARV ETià MO
NIMENTES MANDAVISSET CHRISTI NVMI
NES SALVVS DOMV REDIENS VIRGINI MA
TKI FANV EX VOTO DEDICAVIT
1542.
Por cima desta inscrição, em uma pequena coluna :
c o N D I T V M
SVB IMPÉRIO
DIVI lOANNIS
PATRIS PATRIiE
(i) Mémoires de Madame la Duchesse d'Abrantès, Bruxelas, iS37, "^ol. II, pig. 174.
5o8 Brasões
Aos lados da porta da capela, vêem-se mais estas duas inscrições:
' SALVOS • IRE SVSCEPTIS • SOLVTIS •
VOTIS • SAL, VOTIS •
VOS IRE 1543 • SALVOS •
^ REDIRE •
SALVOS •
' REDIRE
No terreiro da mesma ermida, em um rochedo, mandou o futuro Vice-rei da índia Colocar
uma lápida, com uma inscrição comemorativa da sua gratidão ao infante D. Luís:
MAGNOETINVICTO
PRINCIPI I.VDOVICO REGIS
EMANVELIS FILIO VIRO F
ORTISS. IVSTISS. PATRIAE A
MÁTISS. lOANNES DE CAS
TRO HVNC COLLEM EFI
GIAS SIGNA REGIONVM CO
ELESTIVM ATQ. TERRES
TRIVM. D.
Todas estas são do tempo de D. João de Castro, por ele compostas e mandadas colocar
nos seus lugares; posteriores encontrei mais algumas.
Em frente da porta da ermida, ao lado do rochedo onde está colocada a precedente
inscrição, vê-se uma lápida a prumo e nela gravado um escudo esquartelado, tendo no I as
armas dos Saldanhas, no II duas águias em pala cada uma delas com uma chave na garra
(Benavides ?), no III dos Castros de seis arruelas; no IV de Ribafria. Aos pés da lápida está
lançada no chão uma campa raza, sob a qual jaz o coração de António de Saldanha (1), e
sobre ela, em memória do facto, mandou António de Andrade gravar o seguinte epitáfio com-
posto por Paulo de Carvalho, arcipreste da igreja de Lisboa :
I Cor svblime, capax et Olimpi montis ad instar
AmPLIVS ORBE IPSO COR BREVIS VRNA TEGIT ;
Cor consangvineo, concors, comparqve Ioanni
Índia cvi palmas Svbdita mille dedit :
Cor virtvtis amans, cor victima virginis alMíE
corqve ex corde pivm, nobile, forte valens.
NON PARS, SED TOTVS LATET HOC SaLDANHíE SEPVLCHRO,
In corde TOTVS cor qvia totvs erat.
Obiit anno Domini 1723.
Aetatis svje 55.
DiE VEliO 12 AgvsTI.
(i) António de Saldanha, ou António de Saldanha de Albuquerque, ou António de Saldanha Albuquerque
Castro Ribafria, ou ainda António de Saldanha Albuquerque Mesquita Lobo de Ribafria (com todos estes nomes
aparece em documentos), moço fidalgo acrescentado a fidalgo cavaleiro (alvarás de i3 e 14. de Março de 1677),
serviu nas colónias, foi governador de Angola e, em satisfação de seus serviços, fez-lhe D. João V, em 172 1,
mercê para seu filho sucessor, de mais uma vida nas suas comendas de Santa Maria de Quintela e S. Pedro de
Meios 5 09
Ainda no terreiro da ermida de Nossa Senhora do Monte está a famosa inscrição em
língua sânscrita, da qual a primeira interpretação foi dada, creio, pelo arquitecto Murphy
nos seus Traveis in Portugal, pág. 274.
Na capela de Santa Caterina, em uma lápida colocada acima da verga da porta, lê-se
esta inscrição:
D. Alvarus de Castro magni D. Joannis Orientis Indiarum Proregis fiuus ad mon
TEM Sinai miuti^ cingulo exornatus subiectis voTíE primum D. Catharin^ gen
Tiurns suoRUM stemmatibus Sacellum hoc gratam ob illius memoriam construendum cisuiT
Episcopus d. Franciscus de Castro filius ex voto posuit
Anno Christi CO ID C XXXVI.
No adro da mesma ermida está um grande rochedo sobrepujado de uma cruz de pedra e,
embutida na rocha, uma lápida com a seguinte inscrição :
D. loANNES de Castro IndiíE
Prorex Avgvstvs Félix
pivs trivmphator invic
Tvs Orientis opvm ac qve
DOMITIOR AC CONTEMPTOR
COLLEM HVNC A ReGE TAN
tvm pro Asia DEVICTA POS .
tvlatvm victrici Crvcis
lábaro consecrandvm
reliqvit
Episcopvs d. Franciscvs
DE Castro nepos votvm
solvitannoChristi
cid id c xxxxi.
No chafariz, na estrada de Colares logo abaixo da ponte de Penhaverde, lê-se :
esta fonte DENOMINADA
DE ELREY HE DO SENHOR
DESTA quinta: MANDOUA
FAZER A CAMÂRA. DA VILLA *
DE CINTRA EM RECOMPENÇA
DE OUTRA DE BOA E ANTIGA
ARQUITETURA QUE TINHA
POUCQ MAIS ABAIXO QUE
SEDEMOLIOQUANDO
SE MUDOU EST^ ESTRADA
Pinhel na Ordem de Cristo {Gaveta de Lisboa de 28 de Agosto). Era filho de Manuel de Saldanha e Távora, ca-
pitão mor das naus da índia da armada do norte, e de sua mulher D. Maria Teresa de Albuquerque Ribafria, sobrinha
e herdeira do valente general André de Albuquerque Ribafria, alcaide mor de Sintra, falecido na batalha das Linhas
de Elvas. Por sua mãe veio António de Saldanha a suceder nos morgados de Penhaverde, Ribafria e outros, e
nos padroados do convento dos Capuchos da serra de Sintra e da capela dos Lastros de S. Domingos de Bemfica.
Foi terceiro avô do a.* Conde de Penamacor.
5 10 Brasões
Por cima da inscrição o escudo com as seis arruelas dos Castros, sobrepujado de uma coroa
de conde da qual sai o timbre da roda das navalhas de Santa Caterina.
No adro da ermida de S. João, numa lápida embutida num penedo próximo da ermida,
encontra-se uma poesia intitulada Espelho reproduzida pelo Visconde de Juromenha na
Cintra pinturesca, pág. 76.
Fora de Penhaverde, mas relativo ainda a D. João de Castro transcreverei do citado
livro de Murphy o epitáfio da sua sepultura na capela dos Castros :
D. JOANNES DE CaSTRO
XX. PRO RELIGIONE IN UTRAQUE
MAURITÂNIA STIPENDIIS FACTIS :
NAVATA STRENUE OPERA THUNETANO
BELLO :
MARI RUBRO FELICIBUS ARMIS PENETRATO l
DEBELLATIS INTER EUPHRATEM ET INDUM
• NATIONIBUS.
GEDROSICO REGE, PERSIS, TURCIS
UNO PR/ELIO FUSIS :
SERVATO DIO, IMO REIPUB. REDDITTO :
DORMIT IN MAGNUM DIEM :
NON SIBI, SED DEO TRIUMPHATOR '.
PUBLICIS LACRYMIS COMPOSITUS,
PUBLICO SUMPTU PRíE PAUPERTATE
FUNERATUS.
OBIT OCT. ID. JUN. ANNO M.D.XLVIII.
jETATIS xlviii.
RETOQUES
Pág. 71. — O I." conde das Galveias, por carta de 10 de Dezembro de
1691 (i), foi o general Denis de Melo de Castro de quem escreveu a biografia
seu sobrinho Júlio de Melo de Castro (2). Faleceu o Conde a 18 de Janeiro
de 1709, havendo-lhe Já sucedido no título seu filho mais velho Pedro de Melo
de Castro, em verificação de um alvará de lembrança de 23 de Julho de 1699,
e por carta de i5 de Maio de 1705 (3). Pedro de Melo de Castro, 2.° conde das
(i) Havendo consideração aos grandes e assinalados serviços que Denis de Melo de
Castro, do Conselho de Guerra, mestre de campo general da província do Alentejo, há feito
a esta Coroa, signalando-se no trabalho e no grande valor com que se houve nas ocasiões
de maior perigo, e no muito zelo com que procurou o melhor sucesso e reputação de minhas
armas, e desejar por todas estas razões e em satisfação de to^os seus serviços, etc. Carta
do título de conde das Galveias em sua vida. — Ofícios e mercês de D. Pedro II, liv. 49.°,
fl. 372 v.
(2) Historia panegyrica da vida de Dinis de Mello de Castro, primeyro Conde das Gal-
veaSf do Conselho de Estado, & Guerra dos Serenissimos Reys Dom Pedro II. & Dom Joaô V.
escrita por Júlio de Mello de Castro., seu sobrinho. Offerecida a Elrey nosso Senhor
Dom Joam V. Lisboa Occidental, na Oííicina de Joseph Manescal, Impressor da Sereníssima
Casa de Bragança. 172 1. Traz o retrato do Conde gravado em madeira, desenho de M. Freyre.
Há uma segunda edição em 8.», impressa em Lisboa, em 1744, depois da morte do autor.
(3) D. Caterina por graça de Deus rainha de Inglaterra, Escócia, França e Irlanda, in-
fante de Portugal, etc. como regente destes reinos por impedimento de meu irmão o senhor
D. Pedro... rei de Portugal e dos Algarves... faço saber aos que .esta carta virem que
el Rei meu irmão fez mercê ao Conde das Galveias Denis de Melo de Castro, do seu con-
selho de Estado e governador das armas da província do Alentejo, de uma vida mais no
título de conde das Galveias, por um alvará do teor seguinte : Eu el Rei faço saber que
tendo consideração a recomendação que me fez a muito alta e muito poderosa princesa, a
Rainha da Gram Bretanha, minha. . . irmã, e por desejar eficazmente dar-lhe gosto em tudo
que fôr da sua satisfação, e outrossi, tendo respeito aos muitos conhecimentos e calidades
que concorrem na pessoa de Denis de Melo de Castro, donde das Galveias, do meu conselho
de Guerra, mestre de campo general e general da cavalaria da província do Alentejo, a cujo
cargo está o governo das armas dela, e aos grandes serviços que tem feito a esta Coroa,
especialmente na guerra que houve entre ela e a de Castela, e por esperar do dito Conde
VOL.1 65
5 14 Brasões
Galveias, foi couteiro mor da casa de Bragança, tenente general de cavalaria
e general de batalha. Faleceu em 1738, deixando um único filho varão. Cha-
mava-se êle António de Melo de Castro e era já então o 3." conde das Gal-
veias, por carta de 22 de Dezembro de 1708 (i);, veio a ser 2.° couteiro mor
da casa de Bragança e a falecer sem filhos a 22 de Maio de 1770(2) e não
1777, como lá acima ficou impresso. Casara por duas vezes: a primeira, em
1709, com D. Inês de Lancastre, dama do paço, filha de D. João de Lancastre,
do conselho de Guerra, e de D. Maria Teresa de Portugal; a segunda, em
1769, depois de i de Setembro (3), com D. Inês Josefa de Melo Breyner,
filha de Francisco de Melo, 3.° senhor de Ficalho, e de sua mulher D. Isabel
Josefa Breyner de Meneses, condessa de Ficalho depois de viúva. Tinha o
Conde das Galveias setenta anos quando tornou a casar e sua noiva apenas
dezassete, mas não se realizou o aforismo de Balzac, pois não tiveram filhos.
A Condessa das Galveias tornou a casar, em 1780, com seu tio D. Fran-
cisco Xavier de Meneses Breyner (4), irmão de sua mãe. Parece ser a Con-
dessa Já falecida em 5 de Janeiro de 1799(5).
que me saberá servir e merecer toda a honra e mercê que lhe fizer, me praz e hei por bem,
pelos ditos respeitos e em satisfação de todos os serviços que tem obrado desde o último
despacho até o presente, e assim de todos os de seu filho mais velho Pedro de Melo de
Castro, de lhe fazer mercê de uma vida mais no dito título de conde das Galveias, e para
sua guarda e minha lembrança, etc. Lisboa, 23 de Julho de 1699. ^ atendendo eu aos
grandes merecimentos do dito Conde, que se acha governando o exército da província do
Alentejo, e de lá vir seu filho, Pedro de Melo de Castro, com a notícia da expugnação da
praça de Valença de Alcântara, tomada por assalto, me praz e hei por bem fazer mercê ao
mesmo Pedro de Melo de Castro desde logo, em satisfação da que estava feita pelo alvará
referido, do título de conde das Galveias em sua vida, etc. Lisboa, i5 de Maio de lyoS. —
Ofícios e mercês de D. Pedro II, liv. 46.", fl. 167.
(i) Ofícios e mercês de D. João F, liv. 32.°, fl. 214. — Ao conde das Galveias Denis de
Melo de Castro havia sido passado, a 16 de Março de 1706, um alvará de lembrança de mais
uma vida no título para seu neto António de Melo de Castro; e agora, por êle estar contra-
tado para casar com D. Inês de Lancastre, dama da Rainha, foi-lhe dada a carta do título.
(2) Liv. 4.° dos Óbitos da freguesia de Santa Isabel, fl. 192 v.
(3) Decreto de i de Setembro de 1759, autorizando o Conde das Galveias a obrigar bens
da Coroa e Ordens à segurança de 7.000 cruzados para o seu casamento com D. Inês Josefa
de Melo. — Documentos do Ministério do Reino, Decretos, pasta 5.", n.° 65.
(4) Decreto de 6 de Junho de 1780 para se passar alvará a fim de D. Francisco Xavier
de Meneses Breyner casar com a Condessa das Galveias, dona de honor da Rainha {Docu-
mentos do Ministério do Reino, Decretos, pasta 32.% n.° 27). — Por outro decreto, de 24 de
Novembro do mesmo ano, foi concedida à Condessa das Galveias, dona de honor da Rainha,
certa tença com mais uma vida para o filho ou filha do seu matrimónio com D. Francisco
Xavier de Meneses Breyner {Ibidem, n." 79).
(5) Decreto para se verificar em Francisco de Melo a vida que tinha sua tia a Con-
dessa das Galveias, D. Inês Josefa de Melo Breyner, nos bens da Coroa e Ordens que a casa
possui {ibidem, pasta 6i.», n.° 4). — Francisco de Melo veio a ser o i.° conde de Ficalho.
Retoques 5i5
Página 84. — 'Vasco Fernandes de Ataíde, morto na tomada de Ceuta,
tem naquela cidade, como ficou dito, uma inscrição comemorativa gravada
num pequeno monumento do qual se vê a reprodução na pág. 87 do livro
Marrocos e Três Mestres da Ordem de Cristo do dr. Vieira Guimarães. A
inscrição, na estampa reproduzida, aparece assim:
VASCVS ATAI
DES
PRIMVS
DVM
HANG
OCCVPAT AR
CEM
SAXVM
HOG
AD LI'
MEN
VITA
QUE
MORS
QUE
FVIT
1574
Reproduzo-a, emendando-lhe os numerosos erros, por causa da data, sem
saber se ela também estará errada.
Pág. 84. — 4.° — D. Helena de Ataíde deverá ler-se D.Teresa de Ataíde,
como declara um documento citado na pág. 161; e a seu marido é melhor
chamar Pedro Vasques da Cunha e não Vaz.
Pág. 106. — D. João Afonso, 4." senhor de Alburquerque, assinou-se D. João
Afonso de Albuquerque na carta de g de Dezembro de 1295, lá citada, de
confirmação do foral de Moura. E provável que houvesse sido seu irmão o
rico homem Martim Afonso de Albuquerque confirmante noutra carta de 22
de Abril de i335 (1297), a qual também foi confirmada por D. João Afonso (i).
Pág. 107. — Na nota 3 o parágrafo «Provado que D. Maria Coronel» etc,
substitua-se pelo seguinte:
Provado que D. Maria Cornei não foi a segunda mulher do Conde D. João
Afonso, basta, para provar não haver sido a primeira, o saber-se que ela
estava casada em i322, isto é, dezoito anos depois da morte de D. João
Afonso, com o Conde D. Pedro de Barcelos. Consta de uma procuração de
i3 de Setembro daquele ano citada na pág. 264.
Na mesma nota, na última linha, leia-se D. Teresa Sanches e não D. Maria
Sanches.
(i) Chancelaria de D. Denis, liv. 2.», fl, i35 v.
5 1 6 Brasões
Pág. iio. — Álvaro Dias de Sousa, mencionado na linha 12, não foi
senhor de Mafra, Ericeira e outros lugares por ter tido de fugir para Cas-
tela e lá, como se mostra na página 279, ter morrido antes das terras haverem
vagado.
Pág. II 3. — D. Pedro de Alcântara de Meneses Coutinho, como lhe
chamam os genealogistas, mas que nos documentos aparece nomeado D. Pedro
José de Meneses, ou D. Pedro José de Alcântara de Meneses, sempre sem
o Coutinho, foi 4.° marquês de Marialva por carta de 4 de Setembro de 1750(1),
estribeiro mor em 9 de Abril de 1770(2) e faleceu com oitenta e seis anos
a 22 de Fevereiro de 1799(3). William Beckford a êle se refere muita vez
em 1787 no vol. II do seu livro Italf; with sketches of Spain and Portugal,
e sempre com palavras de muito louvor e respeito. Do Marquês era irmão
natural D. Manuel de Noronha, prior mor da Ordem de Avis, grande amigo
de Beckford de quem este afirma não existir talvez no mundo carácter mais
benigno e evangélico. Foi companheiro do Inglês, quando em 1794 cá tornou
e visitou os mosteiros de Alcobaça e da Batalha, excursão rememorada no
livro Recollections of an Excursion to the Monasteries of Alcobaça and
Batalha. Poucos meses após a excursão morreu o Prior mor, a 21 de No-
vembro, com cinquenta e oito anos de idade (4).
O filho mais velho do 4.° Marquês de Marialva chamou-se, como ficou
dito na pág. 1 14, D. Diogo José Vito de Meneses Coutinho, ou simplesmente
D. Diogo de Meneses. Foi, em vida de seu pai, 7.° conde de Cantanhede,
5." Marquês de Marialva (5) e estribeiro mor nomeado em 1779 para servir
nos seus impedimentos (6). Seguiu a carreira das armas; foi nomeado gover-
nador da torre de S. Vicente de Belém em 1788 e três anos depois, por
decretos de i3 de Maio e 23 de Setembro, foi promovido a general efectivo
da cavalaria e ajudante general do exército (7), chegando posteriormente a
ocupar o posto de tenente general. Por despachos de i3 de Junho de 1796
recebeu a grã-cruz da Ordem de Santiago, e de 19 de Outubro de 1798
entrou para o Conselho de Guerra (8). Em 1799 sucedeu na casa a seu velho
(i) Consta da carta do assentamento nas Mercês e ofícios de D. José, liv. 86.°, fl. 343.
(2) Chancelaria de D. José, liv. 53.°, fl. 49.
(3) Gajeta de Lisboa de 26.
(4) Gaveta de Lisboa de 25 de Novembro de 1794.
(5) Carta de 23 de Dezembro de 1785. — Chancelaria de D.Maria I, liv. 25.°, fl. 157 v.
(6) Ga^^eta de 23 de Novembro.
(7) Gazeias de 22 de Março de 1788, i3 de Maio e 23 de Setembro de 1791.
(8) Gavetas de 18 de Junho de 1796 e 6 de Novembro de 1798.
Retoques 5 17
pai e foi então, por carta de 14 de Março, nomeado estribeiro mor efectivo (i),
vindo a ser o 4.° na sua família. Morreu a i3 de Agosto de i8o3 (2), tendo
casado com D. Margarida Caetana de Lorena, filha dos 3.°^ Duques de Ca-
daval, a qual faleceu a 27 de Outubro de 1802 (3), precedendo apenas em
alguns meses seu marido no túmulo. Deste casamento nasceram:
i.° — D. Pedro José Joaquim Vito de Meneses, 6." Marquês de Marialva (4),
8.* conde de Cantanhede, 5.° estribeiro mor, sucedeu na casa a seu pai e,
por despacho de i3 de Maio de i8o5, teve mercê de verificação de vida nos
bens da Coroa e Ordens e de mais outra vida para seu sucessor, dispensada
uma vez a Lei Mental (5). Foi embaixador extraordinário a Napoleão em
1807, a comprimentar Luís XVIII pelo seu regresso a França em 1812, a
Viena de Áustria em 1816 a negociar o casamento do príncipe rial D. Pedro
com a arquiduquesa Leopoldina, ostentando por esta ocasião extraordinária
magnificência, e finalmente a Paris, onde faleceu sem geração a 22 de No-
vembro de 1823. Das aventuras amorosas do último Marquês de Marialva
a mais notável, pela pessoa com que se deu, teve talvez princípio na noite
de 14 de Junho de 1794. From this mild night, I have been told repeatedl/,
— diz um viajante contemporâneo — may be traced the marked predilection
ofthe future empress-queen for this graceful young nobleman — a predilection
aboiít which much has been said and more conjectured{6). Uma das muitas
conjecturas foi atribuir-se, às predilecções notadas naquela noite de prima-
vera, o nascimento do infante D. Miguel.
2." — D. Henriqueta Maria Júlia de Meneses, duquesa de Lafões pelo
seu casamento efectuado em 29 de Janeiro de 1788, com D. João Carlos de
Bragança, 2.° duque de Lafões. Morreu a Duquesa a 24 de Janeiro de
1810, pelo que não sucedeu na casa de Marialva ao último Marquês seu
irmão, como erradamente deixei dito na pág. 114, e só nela veio a suceder
sua filha D. Ana Maria José Joana Carlota de Bragança, 3.^ duquesa de
Lafões.
3.° — P. Maria Margarida do Carmo de Meneses casou em 29 de Janeiro
de 1799 com Agostinho Domingos José de Mendoça, 7.** conde de Vai de
Reis (7), e i.° marquês de Loulé, em satisfação dos serviços do cardial
(i) Gaveta de 3o de Março.
(2) Gaveta de 19.
(3) Gaveta de 2 de Novembro.
(4) Despacho de 4 e carta de 14 de Abril de 1795. — Gaveta de 10 e liv. 27.° de Mercês
de D. Maria I, fl. 3 20.
(5) Gaveta de 18 de Maio.
(6) Beckford, Recollections of an excursion to Alcobaça and Batalha, pág. 228.
(7) Despacho de 6 de Maio de 1793. — Gaveta de 11.
I
5i8 Brasões
patriarca seu tio, D. José Francisco Miguel António de Mendoça, segundo
declara a carta de mercê, de 6 de Julho de 1799 (i). Foi estribeiro mor por
carta de 7 de Janeiro de 1824(2), em sucessão a seu cunhado o último Mar-
quês de Marialva. Morreu o Marquês de Loulé assassinado no paço de
Salvaterra, em 29 de Fevereiro de 1824. Os Marqueses foram pais da Duquesa
da Terceira e de Nuno José Severo de Mendoça Rolim de Moura Barreto,
i.° duque e 2.° marquês de Loulé.
4." — D. Joaquina de Meneses, marquesa de Louriçal, casou a i5 de
Janeiro de 1799 com D. Luís de Meneses da Silveira, 4.° marquês de Louriçal.
Têem aparecido ultimamente à venda várias peças de dois aparelhos de
loiça da índia com as armas, umas dos Marqueses de Marialva, segundo
ficaram descritas na pág. ii3, outras com as dos Marqueses de Louriçal na
mesma página indicadas, e como a procedência foi a mesma, tem-se suposto
provirem ambos os aparelhos da casa de Marialva. Tal porém não sucedeu,
explicando-se o caso por haver a Marquesa de Loulé herdado um dos aparelhos
por morte de seus pais ou de seu irmão, e a Marquesa de Louriçal o outro
por falecimento de seu marido, juntando-se posteriormente os dois nos des-
cendentes da primeira, sobrinhos da segunda.
Pág. 112. — De D. Gonçalo Teles, conde de Neiva, foi filho primogénito
D. Martinho de Meneses, i.° senhor de Cantanhede. Havia-lhe o reguengo
desta vila sido doado de juro e herdade, em casamento, a êle e a sua mulher
Teresa Vasques Coutinho, pela rainha D. Felipa, em 27 de Janeiro de 1480
(1392), doação confirmada a 2 do mês seguinte por D. João 1(3). Em seus
descendentes se continuou o senhorio até à extinção da casa de Marialva.
(i) Mercês de D. Maria I, liv. 3o.», fl. 218 v.
(2) Ibidem, liv, i8.<», fl. 36. — Exercia já o Marquês o ofício de estribeiro mor nas ausências
de seu cunhado.
(3) Dona Felipa pela graça de Deus rainha de Portugal e do Algarve, a quantos esta
carta virem, faço saber que eu, com outorgamento e autoridade de meu senhor el Rei, por
si e por o ifante D. Afonso, meu filho primeiro herdeiro, que stá em seu poder, consirando
o bom divido que D. Martinho tem na mercê dos ditos senhor Rei e Ifante, e os bons ser-
viços, que dei e de Tareya Vasquez Continha sua molher e daqueles d'onde eles descendem,
receberam sempre estes reinos e o dito senhor Rei e eu e nossos filhos etc. Doação a
ambos e a cada um dêles, em casamento, para sempre, e a todos seus filhos, netos e des-
cendentes lídimos, por jur de herdade, do meu reguengo de Cantanhede, com todas suas
rendas, etc. O qual reguengo eu houve de compra por 2 000 dobras cruzadas de João Gómez
da Silva, a que el Rei dera o reguengo para êle o dar em casamento a Melícia Gómez sua
irmã, com condição que aquele, que com ela casasse, tivesse certas lanças para serviço do
dito senhor Rei. As quais dobras por mim em meu nome lhe pagou Briatiz Gonçálvez de
Moura, segundo se contêm em um instrumento feito em Montemor o Velho a 20 de Janeiro
Retoques 5i^
Pág. iiõ. — O Conde da Lousa mencionado na linha 6 foi D. Diogo de
Meneses, a quem se passou carta do título, em Queluz, a 1 1 de Maio de 1804,
tendo em consideração a sua qualidade e merecimentos e achar-se casado com
D. Mariana do Resgate de Saldanha e Lancastre, filha única e sucessora do
conde da Lousã D. Luís António de [Lancastre] Basto Baarem(i).
Pág. 116. — O i.° marquês de Louriçal, D. Luís de Meneses, faleceu na
índia, onde estava pela segunda vez como vice rei, em i3 de Junho de 1742,
ainda em vida de sei pai, D. Francisco Xavier de Meneses, 4.° conde da Eri-
ceira (2), que só morreu a 21 de Dezembro do ano seguinte (3). Havia D. Luís
de Meneses sido o 5." conde da Ericeira por carta de 28 de Fevereiro de
1711(4) e deixou de sua mulher, a condessa D. Ana Xavier de Rohan,
falecida em 1733, entre outros filhos que pouca vida tiveram, os três se-
guintes :
i.° — D. Francisco de Meneses, 6.° conde da Ericeira, 2.° marquês de
Louriçal por carta de 3o de Março de 1744(5), sucedeu em 1743 na casa de
da era desta carta. O qual reguengo e pertenças dou-lhe com a dita condição de certas
lanças, etc. Viseu, 27 de Janeiro, a Rainha o mandou, Álvaro Gonçálvez a fez, era de 1430.
— A confirmação régia foi livrada na mesma cidade, a 2 de Fevereiro seguinte. — Chance-
laria de D. João /, liv. 2.°, fls. 64 e 64 v.
(i) Chancelaria de D. João VI, liv. 6.", fl. 294 v.
(2) Por parte de D. Luís de Meneses, conde da Ericeira, vedor da minha fazenda, se
ofereceu alvará.— Havendo respeito aos serviços que D.Luís de Meneses, conde da Ericeira,
depois do último despacho, continuou no posto de general da artelharia da província do
Alentejo, no governo das armas da província de Trás os Montes e no cargo de vedor da
fazenda repartição da índia, que está exercitando; atendendo à nova fábrica da moeda e à
introdução das manufacturas que por sua ordem se estabelecem neste reino, e desejar por
todos estes respeitos, etc; em satisfação dos seus serviços e do Conde D. Fernando de Me-
neses seu irmão, etc. Alvará de uma vida mais no título de conde para minha lembrança,
etc. Lisboa, 10 de Setembro de 1678. — Pedindo lhe mandasse passar carta do título de
conde da Ericeira a D. Francisco Xavier de Meneses, seu filho único e sucessor, etc. Carta
do título de conde da Ericeira em sua vida. Lisboa, 23 de Setembro de 1688. — Chance-
laria de D. Pedro II, liv. 34.» de Doações^ fl. 154 v.
(3) Ambas as datas de óbito são das Memorias dos grandes de D. António Caetano de
Sousa.
(4^ Chancelaria de D.Afonso VI, liv. 32." de Ofícios e mercês, fl. 5i v., verba à margem.
(* Tendo consideração ao que me representou o conde da Ericeira D. Francisco Xavier
de Meneses, que Deus perdoi, e ao zelo e acerto com que seu filho o Marquês de Louriçal
me serviu no estado da índia até seu falecimento, e aos que êle me tinha feito nos cargos
de conselheiro de Guerra e deputado da Junta dos Três Estados, e a seu neto o conde da
Ericeira D. Francisco de Meneses me ter servido onze anos em praça de soldado, capitão de
cavalos e ajudante dasí)rdens do governador das armas da província do Alentejo, pedindo-me
lhe fizesse mercê do título de marquês, etc. Carta de marquês de Louriçal em sua vida. —
Chancelaria de D. João V, liv. 108.°, fl. 41.
I
520 Brasões
seu avô e em 1747 na das Sarzedas a sua tia a 4.* condessa D. Teresa Mar-
celina da Silveira. Casou a primeira vez, em 2 de Maio de 1740, com D. Maria
Josefa da Graça de Noronha, senhora da casa de Cascais e uma das vítimas
do terremoto do i.° de Novembro de 1755, no qual encontrou a morte junta-
mente com sua única filha. Já estava o Marquês pela segunda vez casado,
em 1759, com D. Josefa de Noronha, falecida a 23 de Dezembro de 1761,
segundo declarava o seu epitáfio na demolida igreja do convento de Santo
António da Convalescença. Ainda casou uma terceira vez com D. Ana José
Lobo de Mascarenhas, filha dos 2." Marqueses de Alvito; morreu porem sem
descendência.
2.° — D. Constança Xavier Domingas Aureliana de Meneses casou com
José Félix da Cunha e- Meneses, 8." alcaide mor de Tavira, e seu trineto,
o 7.° Conde de Lumiares, veio a suceder na casa de Louriçal.
3.° — D. Henrique de Meneses foi 3.° marquês de Louriçal (i), 7.° conde
da Ericeira, gentil-homem da câmara da rainha D. Maria I, cavaleiro da in-
signe Ordem do Tosão de Oiro de Espanha, ministro em Turim e em Roma,
embaixador extraordinário em Madrid, em 1785, encarregado de negociar os
tratados matrimoniais dos infantes de Portugal e Espanha, D. João e D. Ga-
briel, recebendo por esta ocasião o Tosão. Faleceu a 29 de Maio de 1787,
havendo casado com sua sobrinha, filjha de sua irmã D. Constança, D. Maria
da Glória da Cunha e Meneses, falecida em 1826, deixando vivo um único
filho que foi o 4,* e último Marquês de Louriçal por carta de 12 de Agosto
de 1790(2). Chamou-se D. Luís Eusébio Maria de Meneses da Silveira, foi
coudel mor da casa rial, par do reino e faleceu a 3 de Junho de 1844, como
deixei dito na pág. 1 16, sem deixar geração apesar de ter casado, como acima
se declarou, corri D. Joaquina de Meneses, filha dos 5.°* Marqueses de Ma-
rialva.
O palácio de residência dos Condes da Ericeira em Lisboa era situado
em frente do mosteiro da Anunciada, e fora edificado primitivamente pelos
anos de i633 por Fernão d' Alvares de Andrade, tesoureiro mor de D. João IIL
Ampliaram-no posteriormente muito os Condes, descendentes do fundador,
e magnificamente o adornaram, recolhendo nele muitas preciosidades tudo
consumido por ocasião do terremoto de 1765. Encontra-se uma breve notícia
do palácio no Mappa de Portugal de João Bautista de Castro (3), nos seguintes
termos: ,
«Defronte deste Mosteiro existia o palácio dos Condes da Ericeira, hoje
(i) Carta de 17 de Maio de 1781. — Mercês de D. Maria 1, liv. 5.*, fl. 394 v.
(2) Chancelaria de D. Maria I, liv. 3o. », fl. 102 v.
(3) Tom. III, pág. 288.
Retoques 52 1
Marquezes do Louriçal, fundado por Fernando Alvares de Andrade do Con-
selho de ElRey D. Joaõ III. no anno de i533. Depois se accrescentáraÕ dous
novos quartos, que tudo comprehendia cento e vinte casas, dez pateos, Jardins,
e hortas, e lograva mais de duzentas pinturas, muitas delias de Ticiano, Cor-
regio, Rubens; e sobre tudo huma excellente livraria, que continha dezoito
mil volumes impressos: mil Collecções de papeis vários, a Historia do Impe-
rador Carlos V., escrita pela sua própria maÕ, hum livro de hervas, e plantas
illuminadas com as suas naturaes cores, que foy de Mathias Corvino Rey de
Hungria, Cartas de marear dos primeiros descobridores das nossas Conquistas,
e muitos volumes manuscritos em diversas matérias pelos Senhores da Casa
de Ericeira. Tudo isto devorou o incêndio no mesmo dia do grande terre-
moto, reduzindo a cinzas em breves minutos taô preciosas, e irrecuperáveis
alfayas».
Pág. 127, linha 7. — Leia-se D. Fernando de Cascais e não D. Fernando
de Vasconcelos, apelido que lhe dão os genealogistas, com o qual todavia
não aparece em nenhum documento.
Pág. 145. — Na linha 20 emende-se o nome da mulher de D. Pedro de '
Castro, pois não se chamou D. Caterina, mas sim D. Teresa de Vasconcelos,
como já ficou advertido na nota 4 de pág. 352.
Pág. 146. — Suprimam-se na linha 4 as palavras «à qual os nobiliários
dão erradamente o nome de Tareja».
Pág. 161. — E melhor ler nas linhas 9 e 10 Gil Vasques da Cunha e Pêro
Vasques da Cunha.
Pág. 1Ó7. — Na linha 7 leia-se Gonçalo Vasques de Melo, e na seguinte
apaguem-se as palavras «e alcaide mor de Évora».
Pág. 169. — Na penúltima linha leia-se Fernão Vasques da Cunha.
Pág. 176. — Na linha 20 acrescente-se a Simão da Cunha, senhor de Po-
volide e Castro Verde, o apelido de Ataíde, Simão da Cunha de Ataíde.
Pág. 179. — Simão Correia da Silva, mencionado na linha 16, foi o 7.° e
não o 6.° conde da Castanheira.
Pág. 193. — Risquem-se na linha 25 da nota as palavras «Rui Vaz Pereira
foi D. Rodrigo Pereira, conde da Feira».
voL. I 66
522 Brasões
Pág. 196. — Na linha 22, em vez de Rui da Cunha, deve ler-se Rui de
Melo.
Pág. 204. — Dos epitáfios dos Sousas antigos no claustro do convento de
Alcobaça encontro melhor versão, que transcrevo para substituir a reprodu-
zida:
Era MCCCV — 9.° Calendas Jidii hic requiescit Petrus Stephani de
Leirena et filia eiiis elvira Petri — anima eorum req. etc.
Era MCCCXX — ij calendas Septembris obiit D. Urraca Joannis Coella
Jilia Joannis Siigerii coello et uxor sugerii Menendi Petiti ciijus ajiima etc.
E. MCCLXXII — 7.° idus octobris obiit Joannes Alphonsi Jilius inclite
recordationis D, Alphonsi tertii regis Portugallie. — req. in pace.
E. MCCC in mense octobris obiit Rodericus Menendi — ciijus anima etc.
E. MCCLXXXI — obiit D, Giindisalpiis Meneyidi.
E. MCCLXXVII — 3." Calendas Martii obiit D. Garcias Menendi felicis
recordationis Comitis Domini Menendi Jilius et Pater comitis D. Gimsalvi.
E. MCCLXXXIII — 77.° Calendas Januarii obiit D. Elvira Gonsalvi
uxor D. G ar cie Me?iendi.
E. MCCXLVI — X. calendas novembris obiit D. Maia (Maior ?) Menendi
uxor D. Petri.
E. MCCC — 7.° idus Decembris obiit D. Maria Egee cuius anima etc.
et fuit mater D. Alfonsi Petri.
E. MCCCIIII — ^.° Nenas Novembris obiit Alfonsiis Petri: Pretor de
iurribus veteribus cujus anima etc.
E. MCCCI — 5." Idus Februarii obiit Elvira Petri nutrix Dííi Alphonsi
quinti Regis Portugallie et algarbii.
Hic requiescit D. Gundisalvus menendi de Sausa cujus anima etc.
Era MCCLXXXV. hic requiescit Fernandus Reimundi de rivo molen-
dinorum qiii fuit interfectus
E. MCCLXXVII — á*." idus decembris obiit D. Saneia Fernandi Jilia
D. Fernandi Guterre de galecia.
E. MCCLXXII — J2 Kalendas Julii obiit Joannes Anrici de Portocar-
reiro.
Hic requiescit D. Menendus Petri de Azevedo.
E. MCCLXXXVI — in die annuntiationis B. Marie obiit Honoricus
Joannis Scãren
E. MC CL VIII — p." Kalendas Februarii obiit D. Maria Menendi.
E. MCCLXXVIII — 77 Kalendas Augusti obiit magister Gundisalvus
monachus alcobatie.
VII Kal. Januarii obiit Suerius Gunsalvi et Jilius eius N. Sugerii.
Retoques 523
E. MCCCXL. in die S. vicentii obiit Domnus Dominicus quondam abbas
Alcobacie. etc. (i).
Pág. 209. — Na última linha do texto leia-se D. Francisco de Castelo
Branco Coutinho.
Pág. 210. — «Em menos de trinta anos deram os Castelos Brancos três
condes do Redondo, o 7.°, o 8." e o 9."». Este facto, a que eu aludo, foi
notado por escritor contemporâneo, no livro Monstruosidades do tempo e da
fortuna^ págs. i5o e i5i.
«Em o principio deste mes de Novembro morreo D. loao de Castello
Branco, filho de D. Francisco de Castello Branco; era este D. loão segundo,
e ultimo filho de seu pae, herdeiro de sua casa, a quem S. A. tinha feito
mercê do Condado de Redondo, por elle casar com huma Dama do Palácio,
e antes de tomar posse delle, o levou Deos de doença (2). Foi este Condado
neste século para a familia dos Castellos Brancos, não Condado de Redondo
em que succedêrão vidas, senão rede de cordão com que pescava a morte.
Foi D. loão de Castello Branco (avô do outro D. João de Castelo Branco
acima referido) casado com D. Guiomar Coutinho [aliás D. Cecília de Me-
neses), por a qual seus filhos pretenderão ter direito ao Condado sobredicto,
depois da morte do ultimo Conde de Redondo, que morreo sem successão.
Deste D. loão ficarão dous filhos legítimos, a saber, D. Duarte de Castello
Branco, e D. Francisco de Castello Branco. D. Duarte casou a primeira ves
com huma filha de D. António Mascarenhas, que chamarão o Sujo, a qual
morreo sem ter filhos. Casou D. Duarte segunda vez com D. Marianna
[Josefa de Mendoça], filha de Francisco de Mello, Monteiro mor; depois de
casado, lhe fez a Rainha D. Luisa, mercê do Condado (3), e o logrou tão
pouco tempo, que parece que só para morrer Conde lhe dérão o titulo. Por
sua morte, ficou hum menino de três annos, em o qual el Rei D. Affonso con-
firmou a mercê (4), e de pouco mais de quatro annos o levou o titulo á sepul-
(i) Fr. Fortunato de S. Boaventura, Historia chronologíca e critica da Real Abbadia de
Alcobaça. Provas, pág. 46.
(2) Fizera-lhe com efeito o Príncipe Regente mercê do título de conde e da casa do
Redondo em casamento com D. Madalena de Távora, dama da Princesa, mas falecera
D. João antes de tirar despacho da mercê.
(3) A D. Duarte de Castelo Branco Coutinho foi passada carta de conde do Redondo,
de juro e herdade, a 27 de Fevereiro de 1661, fundada numa sentença de 1660. Esta carta
já foi citada. Foi ele o 7."* Conde do Redondo.
(4) Este menino de três anos era D. José de Castelo Branco Coutinho e Meneses a
quem foi dada carta do título de conde do Redondo, de juro e herdade, em 9 de Abril de
1664 {Ofíciosre mercês de D. Afonso VI, liv. 25.°, fl. 358 v.). Foi o 8." Conde do Redondo.
524 Brasões
tura. Passou o morgado a seu tio D. Francisco, e com elle a pretenção do
Condado, e quando a tinha melhor entabulada, pedindo a mercê para seu
primeiro filho, D. António (i), morreo de doença, já mancebo crecido; fes o
Principe mercê a seu ultimo, e segundo filho, D. loão, e primeiro delle
tomou posse a morte, do que elle a tomou do Condado. Por castigo do Céo
avalíão as sagradas lettras a falta de successão nas familias illustres; não sei
se a culpa desta seria a vaidade de se presumir esta a mais illustre de todas
as familias, pois não bastou para lhes abater as asas da suberba, o faltar-lhes
a fortuna com os bens, que fasem ricas as casas illustres».
Passados alguns anos sobre estes sucessos fez o Principe Regente mercê
do título de conde do Redondo, em sua vida, a D. Francisco de Castelo
Branco, por seus serviços pessoais feitos iia guerra e defensão do reino, de
que saiu estropiado, e por lhe representar ):jue seu filho D. João de Castelo
Branco falecera sem tirar despacho da mercê que lhe havia feito do título,
por estes motivos e outros se lhe passou a carta a 29 de Julho de 1678 (2).
Foi o 9.° Conde do Redondo e faleceu sem descendência em 1686.
O actual Conde do Redondo e do Vimioso é filho primogénito do 3.° Mar-
quês de Borba e neto de José Luís de Sousa Coutinho, i6.° conde do Re-
dondo por carta de 29 de Dezembro de 1808 (3).
Pág. 2i3. — Ao Conde do Funchal refere-se Henri Beyle (Stendhal), em
1827, nas suas Promenades dans Rome, por estas palavras: On n'est pas
plus aimable à rencontrer que M. de Funchal, ambassadeur du Portugal.
Cest im esprit singulier qui chasse Vemiui d'im salon même diplomatique
(oii l'on ne peut par ler de iout ce qui fait ailleurs le sujei habituei de la con-
versation),
Pág. 214. — Risquem-se, na 11.* linha, as palavras «e senhor de Ferreira»,
porque Martim Afonso de Melo não o foi.
Pág. 216. — Na nota 2 leia-se D. Francisco e não D. Fernando.
Pág. 220. — A irmã do 7.° Marquês das Minas, mulher do monteiro mor
Francisco José Luís de Melo, aparece nomeada D. Joana Bernarda de Lan-
(i) A esta mercê referiram-se as Monstruosidades^ na pág. 124: «Publicárão-se pelos
Reis (6 de Janeiro de i6joJ os títulos ... a D. António, filho de D. Francisco de Gastei Branco,
o condado de Redondo, que ficou devoluto á Coroa por morte de seu tio D. Duarte de
Gastei Branco, e lhe dérão agora em dote com huma Senhora, dama de Palácio».
(2) Oficias e mercês de D. Afonso VI, liv. 37.°, fl. 164 v.
(3) Gonsta da carta do assentamento, de 26 de Novembro de 1814. — Mercês do Prin-
cipe Regente, liv. i2.<*, fl. 24 v.
Retoques 525
castre e Noronha na carta régia de aprovação do seu contrato esponsalício
citada na pág. 455.
Pág. 226. — Na linha 9 leia-se Gonçalo Vasques de Melo em vez de Gon-
çalo Vaz de Melo.
Estas emendas, apenas feitas para reprodução dos nomes como aparecem
nos documentos, incluo-as aqui para poderem ir no índice alfabético, unifor-
mizando os nomes, pois que na realidade tanto vale o patronímico Vasques
ou Vaz.
Pág. 235. — O 2.° senhor de Mortágua, mencionado na linha 23, chamou-se
simplesmente Martim Afonso de Sousa.
Pág. 236. — Na Imha 5 leia-se também simplesmente Martim Afonso de
Sousa.
Pág. 265. — Encontrou-se há pouco na velha Sé de Lisboa, numa das
capelas da charola, o túmulo de D. Grácia, mãe do Conde D. Pedro (i) e
nele gravado, em letra gótica do tempo, o seguinte epitáfio:
Aqj I jaz ) dona | Gracia
filho : delRei
annos | xxij
Madre | do conde
passou ■ na ;■ e ; de
don •* Denis \ e
dias • de ; dezenbro ; rogade • a
et; ela- mãdou; faz) estaf capela | pa • si- e pa
na| j^ta; e pa j saj irmaa| TVTj Ansj e leixouj hi
pa • senp'e | e ao *. cabidoo '; Lij \ libras ; pa\ a festa
etj pa'- viij 1 aniv'sayros.
don ; p° ■;
Mj CGCLX
ds '■ ~p~\ ela
sa» madre D
do' ; capelaaes
de • san • G'vas
Este epitáfio dá-nos a novidade dos nomes da mãe e da irmã de D. Grácia,
sem todavia adiantar nada na sua biografia ainda desconhecida.
Pág. 274. — Na nota 3 afirmo não haver em parte nenhuma da primeira
edição deste livro nomeado D. Maria Pais Ribeiro, a Ribeirinha, mas não é
exacto, porque ela aparece na pág. iio, sem lhe apor todavia o apelido de
Berredo.
(i) Deu notícia do achado o dr. Vergílio Correia no jornal A Pátria de aS de Dezembro
de 1920. — O epitáfio diz o seguinte : Aqui ja^ dona Gracia, madre do Conde don Pedro,
filho dei Rei don Denis, e passou na era de i36o annos, 22 dias de De:^enbro. Rogade a Deus
por ela. Et ela mandou faij[er esta capela pêra si e pêra sa madre Dona Justa e pêra sa
irmaã Maria Anes, e leixou hi dous capelaaes pêra senpre^ e ao cabidoo 52 libras pêra a
festa de san Gervás et pêra 8 aniversayros.
520 Brasões
Pág. 278. — Na linha 6 está bem «Dona Maria Pais Ribeira», porque assim
é nomeada no transcrito trecho da Historia genealógica; foi porém desacerto
repetir-lhe o nome na linha 19 como estava acima, porque ela na verdade
chamou-se D. Maria Peres Ribeira.
Pág. 290-291. — Houve na realidade três Duques de Lafões; deles deixarei
aqui consignadas algumas notas biográficas.
O i.° duque, D. Pedro de Bragança, sucedeu a sua avó, como ficou refe-
rido, nos bens da Coroa e Ordens, os quais eram muito valiosos e os men-
ciona João Carlos Feo nas Memorias dos Duques, pág. 209 e 210, devendo
emendar-se a designação da comenda hereditária de Sousa, para So:{a. No-
meado regedor das justiças da Casa da Suplicação por carta de 17 de Setembro
de 1749, ainda o Duque exercia o cargo a 20 de Dezembro de 1754; a 5 de
Julho de 1760 porém foi nomeado regedor o arcebispo de Évora, D. João de
Nossa Senhora da Porta, futuro Cardial da Cunha (i). O Duque foi muito
dado à música e morreu solteiro na sua quinta da Granja de Alpriate, a 26
de Junho de 1761 (2).
Quando o Duque faleceu estava seu irmão, o Marquês D. João Carlos de
Bragança (3), ausente do reino d'onde partira pouco depois do terremoto de
1755. Bem recebido na corte de Viena de Áustria, serviu com distinção na
guerra dos Sete Anos e entrou como voluntário nos exércitos do imperador
José II. Ficara administrando a casa sua irmã D. Joana Perpétua de Bragança,
duquesa de Cascais (4), viúva do 4." Marquês de Cascais, a qual lhe fazia «as
remessas, de que precisava, e que naõ deviaõ ser muito grandes pelo pequeno
rendimento da casa, e lhe haverem tirado as Commendas, que nesta andavaõ.
Com tudo naõ me consta que vivesse empenhado» (5). Atribui-se a origem
das suas longas viagens a ordem dei rei D. José, inquieto por notar a grande
simpatia ao Marquês D. João manifestada por sua filha, a princesa da Beira
D. Maria.
Foi muito conhecido D. João em toda a Europa, durando as suas viagens.
( 1 ) Brasões de Cintra, III, 207 e 208.
(2) Gaveta de Lisboa de 7 de Julho.
(3) Por despacho de 23 de Junho de 1738 fizera D, João V mercê a D. João Carlos de
Bragança das honras de marquês, com 5oOi^ooo rs. de assentamento. — Gaveta de Lisboa,
de 17 de Julho.
(4) Por carta de 20 de Setembro de 1738, havendo consideração às grandes qualidades
que concorrem na pessoa de D.Joana Perpétua de Bragança, minha amada e presada sobrinha,
deu-lhe el Rei as honras de duquesa em sua vida, logrando a antiguidade de aS de Junho
passado, data do aviso. — Ofícios e mercês de D. João V, Irv. Bo.', fl. 186.
(5) Jacome Ratton, Recordaçoens, pág. 336.
i
Retoques 537
pelo nome de Duque de Bragança, que indívidamente lhe davam, e dele nos
deixou Beckford uma descrição nada favorável quanto ao físico. Se o intitu-
lassem duquesa viúva não seria estranho, comenta o Inglês, pois assemelha-
va-se muito a uma velha camareira toda dedicada a frioleiras e galanteios,
com vermelhão e sinais na cara, procurando, apesar dos seus setenta invernos,
voltear sobre os tacões e saracotear-se com juvenil agilidade (i).
Em 1779 regressou a Portugal e foram-lhe restituídas as comendas da
casa de Lafões, com os atrazados (2), havendo-lhe sido concedido o título de
duque por carta de i5 de Maio de 1777(3). Teve muito acesso junto de
D. Maria I que o nomeou tenente general dos exércitos e conselheiro de
Guerra, por decreto de i5 de Setembro de 1780(4), marechal general encar-
regado do governo das armas de todas as tropas de infantaria, cavalaria, arte-
Iharia e corpo de engenheiros, e director geral de todas elas, por decreto de
i3 de Maio de 1791 (5), posto designado pelo título de marechal general junto
à rial pessoa, e ainda conselheiro de Estado em 1796(6). Continuou mere-
cendo a confiança do Príncipe Regente que o nomeou mordomo mor (7) e
finalmente ministro assistente ao despacho, por decreto de 6 de Janeiro de
1801 (8), alto posto que não conservou depois da campanha daquele ano, por
lhe serem atribuídos os seus desastres. «Era o Duque muito civil e cortez
para toda a qualidade de pessoa, e de huma extrema bondade» (9).
No ano de seu regresso fundou o Duque de Lafões a Academia Rial das
Scfências de Lisboa, sendo muito coadjuvado neste notável empreendimento
pelo Abade Correia da Serra. Os estatutos da Academia foram aprovados
a 24 de dezembro de 1779; a sua sessão inaugural teve lugar a 16 de Janeiro
seguinte e a ela presidiu o Duque, que na presidência se conservou durante
toda a sua vida, e serviu de secretário o referido Abade. Teve a Academia
(i) Italy; with sketches of Spain and Portugal, II, 164.
(2) Ratton, Recordaçoens, pág 236.
(3) Mercês de D. Maria I, liv. i.», fl, 49. — Havendo respeito ao que lhe representou
D. João de Bragança, seu.. . tio, a conservação do decoro de sua pessoa e do divido que
com a dita Senhora tem, esperando que de tudo o de que o encarregar do seu rial serviço,
a servirá com a distinção que dêle confia, cumprindo com as suas obrigações, como quem
ele é, e por folgar de lhe fazer mercê, e por nova graça, etc.
(4) Gaveta de 22.
(5) Gaveta de 7 de Junho. '
(6) Gaveta de 9 de Julho.
(7) Teve carta desta mercê em 26 de Janeiro de 180 1 {Mercês de D. Maria 1, liv. 3o.»,
fl. 372), mas já exercia o cargo, quando foi nomeado ministro assistente ao despacho.
(8) Gaveta áQ i3.
Í9) Ratton, Recordaçoens, pág. 337.
528 Brasões
várias sedes, fixando-se por fim nas casas do convento de Jesus, propriedade
sua em virtude da doação que lhe foi feita a 23 de Outubro de 1834(1).
Depois de demitido de ministro ainda o Príncipe Regente lhe fez mercê,
por alvará de 19 de Dezembro de i8o5, de lhe dar de Juro e herdade, não
só todos os bens da Coroa e Ordens, que tinha em vida, como também os
títulos de conde de Miranda, marquês de Arronches e duque de Lafões, tudo
com uma vida fora da Lei Mental (2). Pouco sobreviveu a esta última mercê,
vindo a falecer a 10 de Novembro do ano seguinte.
Alguns anos. após o seu regresso a Portugal, a 29 de Janeiro de 1788,
casara o Duque de Lafões, aos cinquenta e nove anos, com uma rapariga de
dezasseis, D. Henriqueta Maria Júlia de Meneses, filha dos 5.°* Marqueses
de Marialva. Faleceu a Duquesa a 24 de Janeiro de 1810, tendo tido, além
de D. José de Bragança, duque de Miranda do Corvo em i3 de Maio de
1796, falecido a i5 de Novembro de 1801, a D. Ana Maria Carlota de Bra-
gança que sucedeu na casa, e a D. Maria Domingas de Bragança, duquesa
de Cadaval, pelo seu casamento com o 6.° duque, D. Nuno Caetano Alvares
Pereira de Melo.
D. Ana Maria Carlota de Bragança sucedeu na casa de seu pai e casou,
a 24 de Novembro de 18 19, com D. Segismundo Caetano Alvares Pereira
de Melo, irmão do 6.° Duque de Cadaval. Foi D. Segismundo o 3.° e último
duque de Lafões, título concedido no acto de celebrar-se o seu casamento (3).
Pág. 3o6. — Na linha 24 leia-se: D. Teresa Afonso, mulher de Egas Moniz,
e seus filhos, etc.
Na nota i leia-se: Parece-me pouco provável que este conde D. Afonso
seja a mesma testemunha do documento citado na nota precedente, etc.
Pág. 3 12. — D. Fernando Forjaz Pereira foi 8.® conde da Feira e não 9.°.
Pág. 339. — Leia-se sempre no texto Rodrigo Eanes de Vasconcelos,
Pedro Eanes de Vasconcelos e Teresa Eanes, em vez de Anes.
Na nota i a data de 8 de Fevereiro de 1268 (i23o) está errada; é 8 de
Fevereiro de i3o6 (1268). E a vinha, mencionada logo na linha seguinte,
era situada em Alvisquer e não Alenquer.
(1) Fidelino de Figueiredo, O que é a Academia das Sciências de Lisboa^ na Rkvista
DE Historia, vol. IV, págs. 297 a 3o5.
(2) Chancelaria de D. João VI, liv. 9.», fl. 334 v.
(3) Gaveta de i de Dezembro de 181 9.
Retoques • 529
Pág. 340. — Joane Mendes de Vasconcelos, alcaide mor do castelo de
Estremoz, onde estivera por fronteiro numa das guerras de Castela, não em
1269, como se imprimiu por engano, mas em 1369(1), não é o mesmo Joane
Mendes de Vasconcelos, que nos princípios da Revolução de 1 383-84 foi
expulso pela arraia meúda do referido castelo, onde também estava por alcaide
mor. O outro era avô materno da rainha D. Leonor Teles; este era seu
primo (2). 'Lá mais adiante, na pág. 352, o nomeio.
Pág. 342. — Na primeira linha da nota i é melhor ler Joane Mendes e
não João Mendes.
Pág. 344. — Atribuem os nobiliários a Gonçalo Mendes de Vasconcelos,
alcaide mor de Coimbra, mais dois casamentos além dos por mim mencio-
nados, isto é, quatro ao todo, sendo um deles com Leonor Rodrigues Pimentel;
não pode porém ser exacto ou, para melhor dizer, o marido daquela senhora
foi outro Gonçalo Mendes de Vasconcelos.
Nós Documentos de Évora, vol. I, pág. 112 e segs., publicou Gabriel Pe-
reira uns extractos do Livro do Acenheiro, como êle o designa, existente no
arquivo da Misericórdia de Évora. Desse tal livro, fl. 455, extraiu estas
palavras: «Lionor Roiz Pymentel, viuva de Gonçalo Mendes de Vascon-
cellos. . . doa á honra e louvor do Corpo de Deus. . . foro em casas no outeiro
de Vilanova (i362)i>. Se é era de César, como parece dever ser, corresponde
ao ano do Nascimento de i324, no qual Gonçalo Mendes de Vasconcelos,
futuro alcaide mor de Coimbra, talvez ainda não tivesse nascido. Se é i362 de
Cristo, poderia ter com efeito Leonor Rodrigues casado com Gonçalo Mendes,
mas não poderia ser então sua viúva, porque êle só morreu em 1407. Na ver-
dade porém não me merecem muita confiança, nem os sumários das escrituras
lançados por Cristóvão Rodrigues Acenheiro no tal livro, nem os extractos
de Gabriel Pereira, apesar de muito bem intencionado e muito trabalhador.
Pág. 356. — A mulher de D. Fernando de Cascais, D. Isabel Coutinho,
filha de D. Pedro de Meneses, 2.° conde de Viana, encontra-se também com
o nome de D. Isabel de Meneses em outros documentos, e por eles consta
haver ela na verdade contraído segundas- núpcias com João Freire de Andrade.
Casara D. Isabel com D. Fernando de Cascais a i de Maio de 1439 (3),
e nos fins do ano seguinte acompanhara-o, quando éle passou para Castela
com a rainha D. Leonor; lá permaneceu depois da morte de D. Fernando
sucedida no ano seguinte; e lá tornou a casar pouco depois, havendo o con-
(i) Fernão Lopes, Crónica de D. Fernando^ cap. 36, pág. 197.
(2) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, part. I, cap. 42, pág. 73.
(3) Pedro de Azevedo, Documentos relativos a Marrocos, vol. I, pág. 5 16.
VOL. I 67
53o Brasões
trato esponsalício sido celebrado, a i de Outubro de 1442, em Arévalo, onde
a Rainha então poisava (i). A este casamento refere-se a carta de 20 de,
Dezembro de de 1448 pela qual o infante D. Pedro confiscou a D. Isabel de
Meneses todos seus bens, e os doou a Rui Gomes da Silva, do conselho e
alcaide do castelo de Campo Maior (2). Diz o documento em extracto: passa
de três anos que D. Isabel de Meneses, filha do Conde D. Pedro, cuja alma
Deus haja, sendo mulher de D. Fernando de Cascais, se partiu, com o dito
seu marido, de nossos reinos para os de Castela, onde ainda agora está em
nosso desserviço e guerra a nossos reinos. Bastava isto para em direito se
poderem dar seus bens a outra pessoa, esperava-se porém que depois da
morte do marido, estando em seu livre poder, se quisesse tornar ao reino;'
ela porem procedeu de mal a pior, pois casou com João de Andrade, pessoa
que muito foi e é em nosso desserviço, não esguardando o grande linhagem
de que ela é, e como de com êle casar é grande abatimento de seu estado e
honra, por estes motivos são-lhe os bens confiscados, etc. Ainda não pas-
sado um ano, a 20 de Abril de 1444, foi expedida uma carta de perdão a
favor de João de Andrade, com a condição de ir servir sete anos a Ceuta (3).
Foi João Freire de Andrade o i.° senhor de Alcoutim e a êle me tornarei a
referir no vol. II.
Pág. 385.. — Na linha 27 é melhor ler Joane em vez de João.
Pág. 386. — O Chanceler mor Damião de Aguiar Ribeiro foi sepultado
na capela mor da igreja de Santo António dos Capuchos de Lisboa, da parte
do evangelho, tendo-se colocado na parede do lado da epístola esta inscrição:
ESTA- CAPELLA- HE- DE DAMIAÕ DA
GVIAR- QVE FOI. DO CONCELHO DE
SVA- MG»^. E SEV- CHR- MOR- NESTE
S • REINOS . DE PORTVGAL • E DE DONA
FRf^ . DE MENDOCA • DE VASCONCEL
LOS- SVA- MOLHER- E DE SEVS- ERDEI
ROS . FALECEO . A VINTE- E CETE
DO MES. DE IVLHO- DA ERA DE MIL
E SEIS. CENTOS. E DOZOITO- ANOS
Na parede fronteira colocou-se um escudo esquartelado com as armas de
Aguiar, Ribeiro, Vasconcelos e Mendoça (4); são as armas de Damião de
(t) Transcrito na carta de confirmação de D. Afonso V, dada em Évora a 10 de Abril
de 1450. — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 34.0, fl. 76 v.
(2) Ibidem, liv. 25.°, fl. 7 v.
(3) Ibidem, liv. 24.°, fl. Sg v.; Pedro de Azevedo, Documentos de Marrocos cit., I, 258.
(4) Júlio de Castilho, Lisboa antiga, part. II, vol. IV, pág. io5.
Retoques 53 1
Aguiar e as de sua mulher de D. Francisca de Vasconcelos, a primeira pala
por êle, a segunda por ela.
Pág. 392. — Nas notas biográficas de Fr. João de Vasconcelos refiro-me
a obra minha, «como já tive ocasião de dizer»; esqueceu-me porem citar o
livro. Foi no Conde de Villa Franca e a Inquisição, pág. 40-41.
Pág. 407. — Na ante-penúltima linha era melhor ter chamado ao chanceler
mor Estêvão Eanes, e não Anes.
Pág. 421. — Na linha 6 emende-se o nome da mulher de Fernão Teles
de Meneses; chamou-se ela D. Maria de Vilhena e não D. Margarida.
Pág. 422. — Na nota continuada da página precedente, referindo-me a
D. Jerónimo de Ataíde, 2.° conde de Castro Daire, contesto haver êle sido
o 6.° conde da Castanheira pelo motivo de se ter deixado ficar em Castela
após a Restauração de 1640. E certo ter êle lá ficado, mas também é certo
haver êle, em seguida à celebração das pazes entre as duas coroas da Penín-
sula e por estar compreendido no art. 8.° do tratado de i3 de Fevereiro de
1668, tornado para Portugal, em Novembro desse ano «a comer o seu con-
dado» (i). Não se lhe passaram cartas de confirmaçao^das terras e mais bens
da casa da Castanheira e, por isso e por ignorar que havia sobrevivido ao
tratado de paz, convenci-me de não haver nela sucedido; agora porém não
me restam dúvidas do contrário ter tido lugar. Foi pois D. Jerónimo de
Ataíde o 6.° conde da Castanheira e a carta, na referida nota citada, de 27
de Janeiro de 1670, não é por mera cortesia que lhe dá o titulo.
Em Castela foi ciiado marquês de Colares já depois da Restauração, e
foi nomeado aio do príncipe D. Baltasar Carlos e mordomo da casa da rainha
D. Isabel de Bourbon. Pertenceu também aos conselhos de Estado e de Por-
tugal em Madrid, como consta de dois seus memoriais impressos naquela
cidade, com os seguintes títulos: Informacion sobre haver de preceder' en el
Consejo de Portugal. . . datado de Madrid, a 29 de Março de 1662, e outro que
principia El Marquês de Coitares dei Consejo de Estado, também relativo a
precedências (2). Foi notável genealogista e os seus livros foram parar à
livraria dos Condes do Redondo, segundo afirma D. António Caetano de
Sousa na Historia genealógica; é certo porém ter existido um Nobiliário de
D. Jerónimo de Ataíde na biblioteca do Marquês de Castelo Melhor, por mim
há muito tempo consultado, mas não sei se seria cópia ou o original.
(i) Monstruosidades do tempo e da fortuna, pág. 68.
(2) Barbosa Machado, Biblioteca lusitana.
532 Brasões
«A i3 de Desembro [de 1669] morreo em Lisboa D. Hieronymo de Atayde,
Conde da Castanheira, que ao depois de estar em Castella perto de quarenta
annos veio a Portugal o anno de 668, para morrer em sua casa: fasião-lhe
de edade noventa annos» (i). Todos afirmam não ter nunca D. Jerónimo
tomado armas contra sua pátria. Tendo ele sido com efeito 6.° conde da
Castanheira, veio seu genro, Simão Correia da Silva, a ser o 7.° conde e
não o 6.°, como ficou designado.
*
Pág. 428. — Francisco de Tavares e D. Joana de Távora, reedificadores
da capela mor da igreja do mosteiro de Jesus de Aveiro, como declara a trans-
crita inscrição, tinham a sua casa naquela então vila. Francisco de Tavares
■ foi o 3." senhor do reguengo e direitos riais de Mira, com a jurisdição, e da
dízima nova do pescado das vilas de Aveiro e Esgueira, o que tudo lhe foi
confirmado por cartas de 10 e 12 de Novembro de 1546, por seu pai Simão
Tavares haver professado a Ordem, de S. Francisco (2). Morreu Francisco
de Tavares no dia 14 de Agosto de logô, como se declara numa "carta de
padrão, de setenta e cinco mil réis de tença de juro, passada a seu filho e
sucessor Pêro Tavares (3). D. Joana de Távora era filha de Bernardim de Tá-
vora, reposteiro mor, e neta materna do secretário António Carneiro.
Do epitáfio de Francisco de Tavares dei uma cópia ao meu presado amigo
o dr. Sousa Viterbo para êle a transcrever na sua memória intitulada Manuel
de Sousa Coutinho (Fr. Luis de Sousa) e a família de sua mulher D. Mag-
dalena Tavares de Vilhena, apresentada à Academia Rial das Sciências de
Lisboa em 1902. ,
Pág. 435. — Emende-se na linha 4 Rui de Melo, para Rui de Sousa.
Pág. 437. — «Na Casa do Capítulo, no chão, encontrei quatro campas,
uma sem letreiro...». Sob esta campa sem letreiro afirma o P.^ Sousa, nas
Memorias sepulchraes, fl. 1 10, haver sido sepultada, sem epitáfio nem brasão,
por sua humildade, a senhora D. Isabel, tia do marquês D. Francisco de
Melo. Assim será. Sucede porem ter havido dois Marqueses de Ferreira,
ambos de nome Francisco de Melo, o 2.° e seu neto o 3.°. O 2.° teve na
verdade uma tia D. Isabel de Castro, condessa de Benalcaçar; faleceu ela
porém em Castela e certamente lá foi sepultada. O 3.*^ não teve nenhuma
tia direita chamada Isabel, teve sim uma tia avó deste nome, irmã do 2.° Mar-
quês. Esta tia, segundo informa o P.^ Sousa na Historia genealógica, cha-
( t ) Monstruosidades do tempo e da fortuna, pág. 1 24.
(2) Chancelaria de D. João 111, liv. i5.» de Doações, fls. 18 v. e 19.
(3) Chancelaria de Felipe /, liv. 29.° de Doações, fl. i85 v.
Retoques 535
mava-se D. Isabel de Vilhena e vivia solteira em 1587 em casa do seu refe-
rido irmão, que no seu testamento a nomeia testamenteira. Não casou nem
tam pouco professou, como por engano dizem alguns livros de- gerações.
Esta deverá ser a da campa misteriosa.
Na mesma página o capitão D. Antão, mencionado no epitáfio de sua
mulher D. Maria de Meneses, era D. Antão de Almada, capitão mor do mar
do reino, filho sucessor de D. Fernando de Almada, 2.° conde de Abranches.
Pág. 443. — A inscrição mandada pôr por D. Francisco de Melo, conde do
Assumar, na capela mor da igreja do mosteiro de Nossa Senhora dos Remé-
dios de Évora, transcrita da Historia genealógica, já não existe. Só lá se
encontra, na parede do lado do evangelho, o epitáfio seguinte:
SEPVLTVRA • DE • DOM - JOSÉ
, PH . DE MELLO • FILHO • DO •
MARQUES . DE • FERREIRA
DOM. FRANCISCO- PRIMEI R
O. DESTE. NOME. BISPO- QVE
FOI - DE . MIRANDA . ARCEBIS
PO - DE . ÉVORA - FVNDADOR
DO PADROADO- DESTE- CO
NVENTO . COM • SEIS - MISSAS
QVOTIDIANAS • E - TRÊS • OF
FICIOS • CADA . ANNO POR SVA
ALMA. DE SEVS- PAIS- IRMÃOS •
PADROEIROS - SVCCESSORES -
E PARENTES • FALECEO A 2
DE FEVEREIRO DO ANNO
DE i633.
No cruzeiro da mesma igreja foi sepultado o pai de D. Francisco de Melo,
tendo-se gravado no túmulo o seguinte epitáfio, ainda existente:
AQVI lAZEM DOM CONSTANTINO
DE BRAGANÇA FILHO DO MAR-
QVES DE FERREIRA, E DE DONA EV-
GENIA FILHA DO DVQVE DE BRA-
GANÇA, DOM GEMES : SVA MOLHER
DONA BRITES DE CASTRO, FILHA
DE DOM FERNANDO DE CASTRO,
E DE DONA IZABEL PEREIRA, E DO-
NA MARIA DE CASTRO SVA FILHA. ES-
TES OSSOS SE TRESLADARÃO DE ES-
TREMOS PÊRA ESTA SEPVLTVRA, E
CAPELLA MOR, A 26 DE IVLHO DE
1639 ANNOS
534 Brasões
Pág. 446. — Acerca do estado das faculdades mentais do conde de S. Lou-
renço, D. João José Ansberto de Noronha, é interessante a apreciação delas
feita por Beckford na sua xxv carta. Traduzo:
«Tem o velho S. Lourenço prodigiosa memória e um tanto esquentada
imaginação tornada ainda mais aparente por um leve toque de loucura. Pa-
rece estar perfeitamente ao facto da política geral da Europa e, apesar de
nunca ter saído dos limites de Portugal, contou, com tam plausíveis % circuns-
tanciadas minúcias, tudo quanto ocorrera no congresso de Aix la Chapelle e
o papel por êle próprio lá desempenhado, que completamente me iludiu e,
em quanto me não foi revelado o segredo, acreditei ter êle na verdade pre-
senciado tudo quanto apenas tinha sonhado. Apesar de toda a alta estima
que lhe dispensava o infante D. Pedro, lançou-o Pombal em escura masmorra
com as mais vítimas da conspiração do Duque de Aveiro, e lá, durante
dezoito tristíssimos anos, o seu activo entendimento teve de _ se alimentar
exclusivamente de seus próprios recursos.
«Foi posto em liberdade quando a actual Rainha subiu ao trono, encon-
trando a compartilhá-lo o Infante seu íntimo amigo; mas, julgando-se um
tanto friamente recebido e mesquinhamente despachado para lugar menos
digno do que conveniente, atirou para longe com a chave de camarista, que
lhe fora enviada, e retirou-se em seguida para o convento das Necessidades.
Foi-me afirmado que por parte dei Rei se empregaram todos os meios ten-
dentes a amaciá-lo e lisonjeá-lo; mas tudo foi de balde. Desde então, apesar
de posteriormente ter abandonado o convento, nunca mais apareceu na corte,
nem tam pouco aceitou nenhum emprego. Seu espírito está actualmente
todo entregue a práticas religiosas. Em quanto se lhe não falar em assuntos
relativos a prisões e Pombal, conserva-se tranquilo e em perfeito uso de
razão. Encontrei-o hoje bem pronunciadamehte neste estado e fértil em
anedotas, instrutivas e amenas».
Pág. 459. — Na linha i5 digo haver-se extinto em igoS, no ramo principal
da casa de Ficalho, a varonia de Melo, sem advertir que ela já estava extinta
desde 1717 por morte de Francisco de Melo, i.° senhor de Ficalho. Em
1903 extinguiu-se a varonia dos Silvas, que substituirá a antiga dos Meios.
Pág. 474. — D. João de Melo Manuel da Câmara vendeu à Biblioteca Na-
cional de Lisboa, em 9 de Março de i852, por vinte e cinco mil cruzados,
dez contos de réis, a sua magnífica livraria; a venda foi ratificada por escri-
tura de i3 de Maio seguinte (1). Alem do preço pecuniário foi condição da
(i) Raul Proença, A livraria de D. Francisco Manuel, nos Anais das Bibuotecas e Ar-
<iUivos, vol. I, pág. 3o2.
Retoques 535
venda, afirma-se, a concessão do título de conde da Silva ao vendedor. É
muito possível, e mesmo provável que esta condição entrasse no ajuste; é
certo porem que no decreto de 17 de Novembro de i852 pelo -qual o título
de conde da Silva foi conferido a D. João de Melo Manuel da Câmara nenhuma
alusão se encontra à venda da livraria, como já na nota 3 da referida página
deixei expresso, pensando exactamente na referida asserção.
A livraria havia sido, se não inteiramente constituída, pelo menos muito
ampliada por D. Francisco Manuel da Câmara, o Cabrinha, pai do vendedor.
Pág. 475. — As indicações consignadas na nota 5 relativas à terra de Povo-
lide, podem-se acrescentar mais algumas, todas tendentes a provar não haver
a povoação sido fundada por João Lourenço de Ferreira. Havia ela sido
doada a Estêvão Dias do Avelar, por carta de 10 de Dezembro de i385, jun-
tamente com a terra de Nespereira, ambas confiscadas a Garcia R.odrigues
Taborda, alcaide que fora de Leiria. Estêvão Dias foi quem vendeu a terra
em 1398; e Garcia Rodrigues havia obtido para seus moradores carta de pri-
vilégios, em 27 de Novembro de 1 384(1), dez anos antes das primeiras noti-
cias relativas a João Lourenço de Ferreira.
Pág. 4g3. — Dos manuscritos do Marquês de Sande deu notícia o Visconde
de Santarém no vol. I do Quadro elementar^, pág. Ixxii:
, «Mss. da Casa da Ponte. Na Collecção Mss. da livraria d'esta Casa col-
ligi a parte mais interessante da correspondência do Embaixador Marquez
de Sande das suas duas Embaixadas a Inglaterra. O i.° tomo começa em
Officio de i3 de Julho de 1660, e acaba em 20 d'Outubro, contendo 124
Oííicios. O 2.° começa em 18 de Fevereiro de i66r, e acaba em 6 de Julho
de 1668, contendo 738 Officios.
«Além d'estes existem alli mais 10, em que se encontra toda a correspon-
dência, notas, e mais papeis officiaes d'estas duas interessantes Embaixadas,
e entre elles muitas Cartas autographas á^ElRei Carlos II, da Senhora
jD. Catharina, dos Condes de Clarendon, d'Albermale, do Cardeal d'Z7rsmo,
de Mr. de Ruvignj, de Riif Telles de Meneses, do Conde de Sandwich, do
Embaixador D. Francisco de Mello, de Pedro Vieira da Silva, etc».
(1) Chancelaria de D. João /, liv. i.<*, fls. yS e 146.
índice de matérias
VOL. I ;i8
ABREVIATURAS USADAS. — Ar, armas; com., comendador; f., filho ou filha; gov , govírhador ; m , mulher;
sr., senhor; v., veja, etc.
Abitureiras, cónesia e padroado, 35o. ^
Aboim, freguesia de Santa Maria, 242, 258.
Aboim, linhagem, 242, 243, 273. — Ar., 36,
40. — Casa, 243, 257. — Couto, 257. —
Quinta, 243. — Sr., 246. — Solar, 243.
Aboim (Estêvão Peres de), irmão de D. João
de Aboim, 247, 240.
Aboim ^Gonçalo Esteves de), cavaleiro, 248.
Aboim (D. João de), rico homem, mordomo
mor, 243, 244, 247, 248 a 259, 260, 261,
274; trovador, 25i. — Ar., 244, 258. — Epi-
táfio, 258. — V. o seguinte.
Aboim (D. João Peres de), mordomo mor,
241, 247, 248, 25o, 25 1, 339, 407. — V. o
precedente.
Aboim (D. Maria de), sr.» de Mafra, etc, 259,
276, 277, 278, 279. — V. Maria Anes, sr." de
Portel.
Aboim (D. Pedro Anes de), sr. de Portel, 275.
— V. Portel (D. Pedro Eanes de).
Aboins, modernos, 243, 246; ar. 244.
Abranches (D. Álvaro de), capitão de Aza-
mor, 481, 482.
Abranches (Conde de), 2.°, D. Fernando de
Almada, 533.
Abrantes, 464; alcaide, 409; mosteiro das
Dominicanas, 464.
Abrantes (Conde de), i.", 193.
Abrantes (Condes de), i «", 36i.
Abrantes (Duchesse d), Mémoires, 5oj.
Abrantes (Marqueses de), 392.
Abreu, ar. 35, 471.
Abreu (Adelino), Oliveira do Hospital, 9.
Abreu (Álvaro de), cavaleiro da casa do in-
fante D. Henrique, 382, 383.
Abreu (Diogo Afonso de), vereador em Sin-
tra, 24.
Abreu (D. Felipa de), m. de João Soares, 233.
Abreu (D. Isabel de), m. 2.* de Vasco Mar-
tins de Melo, 448, 453.
Abreu (D. João de), bispo de Viseu, 98.
Abreu (João Gomes de), f. de Rui de Abreu,
444.
Abreu (João Gomes de), poeta do Cancio-
neiro, q8, 444.
Abreu (José António de). Planta do Real
Paço e da villa de Cintra levantada por — ,
Capitão Engenheiro, Vogal Secretario da
Comissão do Tombo dos Bens da Coroa.
Em Maio de i85o, 3o.
Abreu (Martim Rodrigues de), 383.
Abreu (Pêro de), alferes mor da bandeira
de S. Jorge, provedor das Capelas de
D. Afonso IV, i33, i34, i35.
Abreu (Pêro Gil de), aventureiro no passo
honroso da ponte de Orbigo, 45o.
Abreu (Pêro Gomes de), i63.
Abreu (Pêro Gomes de), sr. de Regalados, 98.
Abreu (Rui de), alcaide mor de Elvas, 444.
Abreu (Rui de), f. de Martim Rodrigues de
Abreu, 382, 383.
Abreu (Vasco Gomes de), poeta do Cancio-
neiro, 98.
Abreu de Figueiredo (D. Caterina de), m. de
Domingos da Costa, 225.
Accioli, ar., 20.
Acenheiro (Cristóvão Rodrigues) 529.
Aclamação (Guerras da), 71.
Açores, terra, 94.
Açougues, comenda de Nossa Senhora, 460.
Adiantado mor de Castela, 67.
Afonso (D.), bispo de Évora, 429.
Afonso (D.), cardial infante, f. de D. Manuel,
363,387, 388, 463. — Ar., 33.
540
Brasões
Afonso (D.), conde, 3o6, 528.
Afonso (D.), 5." conde de Barcelos, 119. —
V. Telo de Meneses (D. Afonso).
Afonso (D.), 8." conde de Barcelos, 70, 148,
349, 35o. — V. Afonso (D.), i.» duque de
Bragança.
Afonso (D.), conde de Gijon e Noronha, 47,
48.
Afonso (D.), I." duque de Bragança, 48, 70,
146. — V. Afonso (D.), 8." conde de Bar-
celos.
Afonso (D.), f. de D. João I, 112. — V. Afonso
(D.), 8.° conde de Barcelos.
Afonso (D.), infante, conde de Bolonha, 246,
247, 25o, 255, 292. — V. Afonso III (D.).
Afonso (D.), infante, f. de D. Afonso III, 255,
266, 275.
Afonso (D.), infante, f. de D, Denis, 108, i32,
266, 267. — V. Afonso IV (D.).
Afonso (D.), infante, f. de D. João I, 80, 5i8.
Afonso (D.), príncipe, f. de D. João II, 4, 216,
440, 472.
Afonso VI (D.) rei de Castela, 204, 304.
Afonso X (D.), rei de Castela, 106, i5i, i52,
252, 254, 260.
Afonso XI (D), rei de Castela, 67,97, 98, '°S>
118, 265, 267, 269, 292.
Afonso I (D.), rei de Portugal. — V. Afonso
Henriques (D.).
Afonso II (D.), rei de Portugal, 292, 294, 3o2,
317, 406, 408.
Afonso III (D.), rei de Portugal, 106, i5i, i58,
187, 2o5, 207, 241, 247, 248, 24^, 25o, 25 1,
252, 253, 254, 255, 256, 265, 270, 274, 275,
291, 293, 294, 3o8, 407, 408, 522. — V.
Afonso (D.), infante, conde de Bolonha.
Afonso IV (D ), rei de Portugal, 1 18, 1 19, i32,
189, 207, 208, 267, 268, 269, 276, 415, 480.
— V. Capelas de D. Afonso IV, e Afonso
(D.), infante.
Afonso V (D.), rei de Portugal, 24, 56, 81, 82,
129, i3o, i33, i34, i36, 137, 14'-, 146, 147,
i63, 170, 171, 174, 194, 195, 196, 209, 210,
214, 227, 228, 229, 243, 284, 286, 287, 294,
295, 296, 3 II, 3 12, 3 16, 3 18, 319, 323, 324,
329, 342, 349, 353, 355, 359, 36o, 368, 369,
372, 375, 382, 383, 384, 388, 389, 394, 397,
398, 399, 414, 417, 425, 426, 427, 428, 429,
43o, 432, 434, 438, 444, 448, 452, 453, 471,
472, 476, 480, 481, 496, 5o5, 53o.
Afonso VI (D), rei de Portugal, 236, 378, 490,
491, 494, 523.
Afonso (D.), sr. de Cascais, 353. — V. Cascais
(D. Afonso de).
Afonso (D.), sobrinho dei Rei, f. de D. Fer-
nando de Cascais, 356, 359. — V. Vascon-
celos (D. Afonso de), i.° conde de Penela.
Afonso Alvares, bate folha, 25.
Afonso Anes, capelão do Conde da Feira,
314.
Afonso Denis, f. b, de D. Afonso III, rice
homem, 266, 274, 275, 276, 278.
Afonso Eanes, hortelão, 82.
Afonso Ermigis, rico homem, 292.
Afonso Fernandes (Des.*""), juiz nas tomadias
dos Franceses, 14.
Afonso Henriques (D.), rei de Portugal, i56,
242, 244, 247, 292, 3o6, 405.
Afonso Martins, alcaide de Santarém, 207.
Afonso Martins, escrivão dei rei D. Fer-
nando, 189
Afonso Martins, prior de Santa Cruz, 289,
240, 241.
Afonso Peres (D.), 522.
Afonso Peres, alcaide de Torres Vedras, epi-
táfio, 522.
Afonso Rodrigues (Fr.), guardião de S. Fran-
cisco de Lisboa, 263.
Afonso Sanches (D.), mordomo mor dei Rei
D. Denis, seu pai, 107, 108, 263, 266.
Afonso Teles (D.), sr. de Meneses e Albur-
querqde, io5, 106. — Ar., io5. — Epitáfio,
, io5.
Africa: guerras, 29, 429, 432, 481, 492; ser-
viço lá, 228, 384, 470; serviço de homi-
siados, 3 18, 319.
Agostem, data de carta, 1 11.
Agua de Peixes, quinta, 266, 414, 422, 424.
Agua Revés, doação, 469, 470.
Aguado (João Mendes), corregedor da corte,
385.
Aguas Belas (Morgados de), 309.
Aguiar, ar., 39, 237, 53o
Aguiar, senhorio, 262, 281.
Aguiar (Amaro Gonçalves de), licenciado,
238.
Aguiar (Dr. João Afonso de), 472.
Aguiar (Dr. João Afonso de), provedor de
Évora, 217, 453, 472.
Aguiar Ferreira (Belchior de), sr. da quinta
de Lago Bom, 238.
Aguiar de Neiva: doação, 1 1 1, 112; senhorio,
259.
Aguiar de Pena, julgado, 109.
Aguiar de Pena, terra: doação, iii, 145;
sr., 448.
Aguiar Ribeiro (Damião de), chanceler mor,
386. — Ar., 53o-53i. — Epitáfio, 53o.
Aguiar de Sousa, doação, 120.
Aia: de Felipe IV, 435; da princesa D. Leo-
nor, 421; da Rainha de Castela, 4i5; da
rainha D. Isabel, 137.
Aiamonte, conquista, 406.
Aio: de D. Afonso IV, 83; de D. Afonso
Henriques, 247; de D. Pedro I de Castela,
112; do príncipe D. Baltasar Carlos, 53i.
Aix la Chapelle, congresso, 534.
Alarcão (D. Leonor de), m. de Gaspar de
Torres, 487.
Alba de Tormes, senhorio, gS.
índice de matérias
541
Albergaria: ar„ 19, 35, iSg, 167; casa, 161.
Albergaria (Beatriz Lopes de), m. de Vasco
Martins da Cunha, o Velho, i6r.
Albergaria (Diogo Soares de), v. Diogo Soa-
res.
Albergaria (Lopo Soares de), sr. da alber-
garia de Paio Delgado, 161.
Albergaria de Lopo Soares, 1Ò2. — V. o se-
guinte.
Albergaria de Paio Delgado, v, em Lisboa.
Albergaria Velha, 81.
Albermale (Conde de), 535.
Alberon (Sr. de), 45o.
Alberto, cardial arquiduque, 364.
Albufeira, castelo, 25 1 ; conquista, 407.
Albuquerque, linhagem: ar., 34, 112, ii3,
226,497; origem, i38; progenitores, 107;
provenientes dos Cunhas, 167. — Albu-
querques: do Conde de Penamacor, 167,
5o3 ; de Pêro Gil, 224; dos srs. de Angeja,
167.
Albuquerque (Afonso de), gov.or da índia, 5,
167, 172, 174, 176, 232, 233.
Albuquerque (D. Antónia de), m. de Tristão
da l^unha, 173, 174.
Albuquerque (D. Beatriz de), m. de Lopo de
Sousa, 226.
Albuquerque (D. Brites de), condessa de
Barcelos, 1 10.
Albuquerque (D. Caterina de), m. de Nuno
da Cunha, e de D. Fernando Coutinho, 171.
Albuquerque (Duque de), armeiro mor, 11,
237.
Albuquerque (D. Fernando Afonso de), mes-
tre de Santiago, 55, 16G, 189, 845, 346.
Albuquerque (D. Francisca de), m. de Manuel
da Cunha e Meneses, 17Q.
Albuquerque (D. Garcia de), copeiro mor,
5o5.
Albuquerque (D. Isabel de), m. de António
de Brito, 226; seu epitáfio, 226.
Albuquerque (D. Isabel de), m. i.» de Fernão
. Pereira, 323.
Albuquerque (D. Isabel de), m. de Gonçalo
Vasques de Melo, 167, 226, 416, 480.
Albuquerque (D. Joana de), m. 2.» de Gon-
çalo Vasques Coutinho, 55.
Albuquerque (D. Joana de), m. 3." de João
Rodrigues de Sá, 226.
Albuquerque (D. João Afonso de), i23, 224.
Albuquerque (D. João Afonso de), 4.» sr. de
Alburquerque, 5i5.
Albuquerque (D. Leonor de), m. de João
Gonçalves de Gomide, 167.
Albuquerque (D. Lopo de)', i.° conde de
Penamacor, 147, 444, 496, 5o5.
Albuquerque (D. Luís de), f. de D. Garcia de
Albuquerque, 5o3.
Albuquerque (D. Luísa de), m. de André
Gonçalves de Ribafria, 5o5.
Albuquerque (D. Luísa de), m. de D. João da
Siva, 220.
Albuquerque (D. Maria Afonsç de), condessa
de Neiva, 112, i36.
Albuquerque (Martim Afonso de), rico ho-
mem, 5i5.
Albuquerque (Matias de), vice rei da índia,
167.
Albuquerque (Pêro de), almirante, 196.
Albuquerque (D. Teresa de), m. de Luís
Alvares, 226, 416, 480.
Albuquerque (D. Teresa de), m. 2.» de Vasco
Martins da Cunha, 161, 166.
Albuquerque Ribafria (André de), alcaide
mor de Sintra, 509.
Albuquerque Ribafria (D. Maria Teresa de),
m. de Manuel de Saldanha e Távora, 509.
Alburquerque, castelo, io5, 106. — Srs. dele,
106, 107, 108, i38, 207, 25g, 5i5; suas ar.,
108.
Alburquerque, praça, 71.
Alburquerque (Conde de), D. Sancho, 47.
Alburquerque (Condessa de), D. Beatriz, 47,
95.
Alburquerque (D. João Afonso de), o do
Ataúde, mordomo mor 112.
Alcácer de Africa: capitão e regedor, i3o,
425; tomada, 145, 229, 369.
Alcácer do Sal, 3o2, 406.
Alcácerquibir, batalha, Sgi, 393, 469, 470,
476, 482, 4S7.
Alcáçova, ar., 184.
Alcáçova (Beatriz da), m. de António Car-
neiro, 182.
Alcáçova (Pêro da), escrivão da fazenda,
1^2; ar, 8.
Alcáçova Carneiro (Luís da), f. do conde da
Idanha, 370.
Alcáçova Carneiro (Pêro da), conde da
Idanha a Nova, i8í, i83, 370; ar., 184.
Alcáçova de Vasconcelos (Pedro da), 8.° sr.
de Figueiró, 370; seu epitáfio, 371.
Alcáçovas, 146; srs., 4, 145, 449, 45o; se-
nhorio, 146.
Alcáçovas (Conde das), i.°, D. Francisco de
Lancastre, 450.
Alcáçovas (Condes das), 450; sua varonia,
38i.
Alcáçovas (D. Fernando das), 425.
Alcanhões, povoação, 92, 94, 95.
Alcanhões, quinta, doação, 412.
Alcanices (Tratado de), J06.
Alcântara, rio, 390.
Alçaria da Puebía de Gusmão, 456, 457.
Alcobaça, convento, 258, 260, 5i6. — Abade,
75, 523; abade comendatário, 463, 464. —
Abadia, 463. — Jurisdição, 342, 34.3. — Se-
pulturas no claustro, 204, 522, 543.
Alcócer (Sra. de), i5i.
Alcochete, 3i5-3iõ.
542
Brasões
Alcoelha, lezíria, 25 1,
Alcoentre (Srs. de), 184, i85, 186, 209, 225;
suas ar., 225.
Alcoforado (António), pagem do Duque de
Bragança, 217.
Alconchel (Srs. de), em Espanha, ii3.
Alcoutim (Condes de), 120.
Alcoutim (Paz de), 45, 63, 67.
Alcoutim (Sr. de), 356, 450, 53o.
Alda Vasques, m. de Gonçalo Esteves de
Aboim, 248.
Aldara Peres, 272. — V. Aldonça Peres.
Aldeia, casa, 5o5 ; quinta, 41.
Aldeia Galega (Sr! de), 68.
Aldeia Galega a par de Alenquer (Conde de),
D. Álvaro Pires de Castro, 67, 68.
Aldeia Galega a par da Merceana, doação,
412.
Aldeia da Mata, direitos, 413.
Aldeia dei Rei, doação, 409.
Aldonça Peres (D.), m. 2.» de João Peres de
Sousa, 272, 273.
Alegrete (Alcaides mores de), 450.
Alegrete (Marqueses de), i38.
Alegrete (Marqueses de), 2.°», 457.
Além Doiro, 3o3. — Bens lá, 261. — Meirinho
mor da comarca, 340, 342.
Alemães, privilégios dos mercadores, 483,
489.
Alemanha, 1 52. — General dos exércitos, 443.
— Imperador, 19, v. Carlos V, Carlos VI,
Frederico II, Segismundo. — Imperatriz,
V. Isabel, Leonor.
Alenquer, 67, 68, 95, 182, 339, 343, 345, 355.
— Alcaide mor, 447. — Cerco, iii. — Data
de carta, 109,397. — Freguesia de Santo
Estêvão, 390. — Morador no termo, 232.
— Provedor dos hospitais, albergarias e
gafarias, 329. — Termo, 390.
Alentejo, 64, 94, 95, 257. — Comandante em
chefe das forças, 411. — General da arte-
lharia,5i9. — Goy.<^'^ ftenensj, 254. — Gov.or;
das ar., 71, 212,377, 391,445,456, 5 1 3, 514;
da artelharia, 457. — Mestre de campo
general, 5 1 3. — Povoação, 40 1 . — Saboarias
pretas, 146. — Terrenos, 406.
Alexandre VI, papa, 296.
Alfaghar, província, 4o5, 407.
Alfaiates (Alcaides mores de), 146.
Alfajar de Pena, conquista, 406.
Alfajarim (Sr. de), 267.
Alfange (Estêvão Soares de), 247.
Alfaro, ar., 20.
Alfarrobeira, batalha, 24, 137.
Alferes: do infante D. Duarte, i25, «126; de
Toro, 328.
Alferes menor, 25 1.
Alferes mor, 52, 68, 106, 107, 108, 117, 127,
129, i3o, i65, 169, 2o5, 207, 259, 266, 29Í,
408,411,415,447.
Alferes mor: da bandeira de San Jorge, 134,.
i35; da bandeira de Santarém, 3i8, 3zj^
328, 329.
Alferes mores (Casa dos), 120.
Alfimara, lezírias, 68.
Alfundão, aldeia, 413.
Algarve, 81, 126, 196, 2G8, 395. — Bispo, J20.
Conquista, 25 1, 254, 256, 4o5 a 407,' 408.
— Fronteiro, 193. — Fronteiro mor, 194.
— Gov.or dos castelos, 254, 260.— Povoa-
ção, 401.
Algeciras, 66.
Algés, doação do reguengo, 353.
Alguns documentos da Torre do Tombo, 4^1.
Alhadas, doação do jantar, 346.
Alhi, quinta, 188.
Alhos Vedros, 143.
Aljubarrota, batalha, 5, 54, 75, 76, iio, 166,.
187, 208, 240, 309, 3 10, 345, 346, 365, 410,
412, 413,415,432. — Alferes mor, i65, 169.
Aljustrel, tomada, 406.
Allegaçam practica, e jurídica, &c. &c., 323,
326.
Almada, 225. — Convento da Ordem dos
Pregadores, 392. — Data de carta, 109, 1 10.
— Termo, i63.
Almada, ar., 35.
Almada (D. Álvaro de), 1.° conde de Abran-
ches, 193.
Almada (Álvaro Vaz de), 193.
Almada (D. Antão de), capitão mor do mar
do reino, 533. — V. Antão (D.).
Almada (L). Fernando de), 2.° conde de
Abranches, 533.
Almada (Fernão Rodrigues de), provedor da
Casa da índia, 375.
Almada (Victorino de). Concelho de Elvas,
383, 444, 445.
Almanach de Lisboa, 180, 221.
Almança, batalha, 219.
Almeida, 52.
Almeida, linhagem, ar., 34, 71, 342, 462. —
Almeidas de Vasconcelos, condes da Lapa,
382.
Almeida (António de), 461.
Almeida (Duarte de), o Decepado, alferes de
Toro, 328.
Almeida (D. Eugenia de), duquesa de Ficalho,
458, 459.
Almeida (Fortunato de), Historia da Igreja
em Portugal, 3 39, 464.
Almeida (D. Francisco de), cónego de Évora,
epitáfio, 437.
Almeida (D. Francisco de), vice rei da índia,
171, 172, 435.
Almeida (Henrique de), 36o.
Almeida (D. João de), com.or do Sebal, 191.
Almeida (D. João de), vedor da fazenda, 193.
Almeida (João Lopes de), vedor da fazenda,.
193.
índice de matérias
543
Almeida (D. Jorge), arcebispo de Lisboa,
288.
Almeida (D. Leonor de), condessa de Ten-
túgal, 435.
Almeida (Martim de), aventureiro no passo
honroso da ponte de Orbigo, 450.
Almeida (Martim Vaz de), instituidor do mor-
gado da Paia, 461.
Almeida Caldeira (Albano Alfredo de), con-
servador na Tone do Tombo, ib.
Almeida Castelo Branco (Manuel de), gov.or
do Rio de Janeiro, 46c.
Almeida Castelo Branco (D. Maria Inácia de),
m. 2.* de Hermano José Braamcamp, 461.
Almeida Ferreira (Alfredo Casimiro de), te-
nente coronel de artelharia, 122.
Almeida Melo e Castro (D. José Vicente de),
5.° conde das Galveias, 71.
Almeida Portugal (D. Luís de), i ° alcaide
mor de Borba, 71.
Almeida Portugal de Melo e Castro (D. Fran-
cisco de), 6." conde das Galveias, 71.
Almeida e Sousa (Gonçalo de), 8." sr. da
Cavalaria, 181.
Almeirim, 355, 874, 445. — Cortes lá, 487. —
Data de alvará, 23?; de carta, i.\b, 2i5,
33i, 339.
Almendra, doação, 872, 376.
Almiranta, 195.
Almirantado, 109, i25, 126, 127, igS, 196.
Almirante da armada rial, 222.
Almirante: em Lisboa, 193 ; no Porto, 194.
Almirante de Portugal, v. Almirante do
reino.
Almirante do reino, 68, 91, 109, no, 1-21, 12 5,
126, 127, 129, 193, 194, 195, 196, 397.—
Sua jurisdição, 342.
Almirantes do reino, Castros, 146,
Almonacid, castelo, 96.
Almoster, batalha, i85; couto, 271.
Almotaçaria mor, 214.
Almotacé mor, 213-214, 214.
Almourol (Comendadores de), 55.
Almoxarifados do reino, tesoureiro mor
deles, 390.
Altamira (Condes de), 435.
Altero, ar., 20.
Alteza, tratamento, 290.
Alto do Viso, batalha, 411.
Alva, casa e morgado, 211, 212.
Alva, linhagem, ar., 342.
Alva (Conde de), i.", D. João Diogo de
Ataíde, 211, 212.
Alva (Conde de), 2.°, D. Luís Mascarenhas,
211.
Alva (Conde de), 3.°, D. Luís de Sousa Cou-
tinho, 212.
Alva (Conde de), 4.°, D. Vicente de Sousa
Coutinho, 212.
Alva (Condes de), 209, 212. — Ar., 212.
Alva (Condessa de), D. Constança Luísa
Paím, 211, 212.
Alvaiázere, 81 ; doação, 489, 441.
Alvalade, comenda, 228.
Alvarelhos, padroado da igreja de Santa
Maria, 35 1.
Alvarenga, honra, doação da jurisdição, 843 ;
srs., 342.
Alvarenga, linhagem, ar., 342.
Alvareifga (Leonor Rodrigues de), m. de
Vasco Martins da Cunha, 16 1.
Alvares (P.e Francisco), 467.
Álvaro (D.), f. do 2.» Duque de Bragança,
429, 435, 438, 439, 440. — V. Portugal
(D. Álvaro de).
Álvaro Gonçalves, escrivão, 519.
Álvaro Pais, chanceler mor, 477, 478, 479.
— Suas ar., 479.
Álvaro Pires, (Dr.), chanceler da Casa do
Cível, 327.
Álvaro Pires, vedor da Chancelaria, 478.
Álvaro Vicenle, 109.
Alvelos, linhagem, 337.
Alvelos, préstimo, 245.
Alvelos (Pedro Anes de), progenitor dos
Alvelos, 337, 338, 339.
Alvergaria, v. Albergaria.
Alvernaz (Afonso Martins), 480.
Alvim (Pedro Soares de), progenitor dos
Alvins, 408.
Alvisquer, 339, 528,
Alvito, i3i. — Couto, 252. — Srs., 128, 145,
281, 384, 444. — Senhorio, 266, 281. —
Termo, 414.
Alvito (Barão de), i.°, Dr. João Fernandes
da Silveira, 240, 281, 36o, 453.
Alvito (Barão de), 2.°, 218, 419.
Alvito (Baronesa de), D. Maria de Sousa, 281.
Alvito (Lobos de), 209.
Alvito (Marqueses de), 2.°», 520.
Ama de D. Afonso III, 522.
Amador, ar., 20.
Amaral, ar., 283.
Amaral iFr André do), embaixador de Ro-
des, ar., 7, 9.
Amarante, 80, 239, 262, 267.
Amares, concelho, 337.
Ameixial, batalha, 23j.
Ameixoeira (Fernão Gonçalves da), 277.
Amieira (iMorgados da), 3 16.
Amo do Mestre de Avis, 479.
Amsterdão, 461.
Ana Afonso, parenta de D. João I, m. i.* de
Rui Vasques Ribeiro, 348, 366.
Anadel mor: dos besteiros, 386; dos espin-
gardeiros, 288.
Anadia (Casa da), 181.
Anafe, destruição, 529.
Anais das Bibliotecas e Arquivos, 534.
Ançã, doação, 117.
544
Brasões
Andaluz, 407.
Andaluzia, 482.
Ândeiro (João Fernandes), conde de Ourém,
65, 66, 121, 345, 477.
Andrada, ar., 34.
Andrada (Álvaro Peres de), morgado da
Anunciada, 1 17.
Andrada f Francisco de), Crónica dei Rei
dom Joam o III, 482, 485.
Andrade (António de), 5o8.
Andrade (Fernão Alvares de), tesoureiro
mor de D. João III, 520, 52 1.
Andrade (João de), 53o, — V. Freire de An-
drade (João), sr. de Alcoutim.
Andrade (Mecia de), m. de Martim Vasques
da Cunha, 164.
Andrães, 262.
André (D.), 248.
André Gonçalves, almoxarife de Sintra. 25,
5oi, 5o2, 5ol-<.
Andujar (Alcaide mor de), 439.
Angeja, doação, 160. — Srs , 84, 167, 480.
Angeja (Marqueses de), 48.-
Angeja (Marqueses de), i.°», 455.
Angeja (Marqueses de), 2.°% 446.
Angeja (Marqueses de), 3."% u3.
Angola, gov.or, 1 54, 2 1 3, 5o8 ; gòv.or e capitão
general, 177, 468.
Angra (Marquês de), Carlos Stuart, 400.
Anobra, doação, 439.
Anòvrega (Pedro Origis), 246. — V Nóbrega
(Pedro Ourigues da).
Ansemil (Bailia de), 2()i.
Ansião, casais, 373.
Antanhol, morgado, 189.
Antão (D.), capitão, 437. — V. Almada (D. An-
tão de).
Antão Vasques, alcaide mor de Lisboa, 1 10.
Antas (Afonso Vasques d'), corregedor em
Entre Tejo e Guadiana, 414.
Antas (Conde das), i85.
Antónia (D.), m. de Francisco de Sousa, 232.
Antoninho Martins, contador, 68.
António (Santo), i63.
António (D.), infante, f. de D. Manuel, 23. —
Ar., 19.
António (D.), infante, f. de D. Pedro II, 180.
António (D.), prior do Crato, 358.
António Durães, instituidor de capela na Sé
de Lisboa, 479, 481.
António Rodrigues, Livro do Armeiro mor^
V. no título da obra.
António Rodrigues (Bacharel), Portugal rei
de ar., 8, 9, 10, 11, 12, i3, i5, 18, 19, 39,40,
3oi, 336, 367. — Ar., 10.
Antre Doiro e Minho, v. Entre Doiro . e
Minho.
Anunciação (D. Gabriel da), bispo de Fez,
epitáfio e ar., 438.
Anunciada (Morgados da), 117, 186.
Arábia, estreitos, 172.
Aragão, i52, 265,268, 269,434. — Infanta, 88.
— Naturais, 267. — Ramha, v. Leonor. —
Reis, 65 ; v. Fernando V, Pedro IV.
Arapiles, batalha, 4'i8.
Arca, ar., 38.
Arca (João Fernandes da), vassalo dei Rei,
4i3.
Archeologo português, 1 76.
Archivo histórico portugue^, v. Arquivo his-
tórico português.
Arcos, reguengo em terra de Faria, \ 1 1.
Arcos (Casa dos), 1 14.
Arcos (Conde dos), 7.", D. Manuel José de
Noronha e Meneses, 114.
Arcos (Conde dos), último, 114.
Arcos (Condes dos), 48, 219.
Arcoselo (Morgados de), 56.
Arega, morgado, 340.
Arego.s, doação, 336; povoação, 362, 402;
srs., 362; senhorio, 358, 359.
Arenales (Condes de), 276.
Arévalo, 53o.
Arganil (Afonso Pires de), 258.
Argemil (Morgados de), ir3.
Argote de Molina^ Noblei^a dei Andalui(ia,
lob, 107, 267, 307.
Arjona (Duque de), D. Fradique de Castela,
97, 98.
Armada: da Companhia Geral, 378; de Pedro
Alvares Cabral, 480; para Senegá, 480.
Armada Rial: almirante, 222; capitão ge-
neral, 212.
Armador mor, 10, 15,472.
Armamar (Condessa de), D. Joana de Me-
neses, 359.
Armas: Aboim, Aboim (D. João de), Aboins
modernos, Abreu, Accioli, Afonso Telez,
Aguiar, Aguiar Ribeiro (Damião), Alber-
garia, Albuquerque, Alburquerque (Se-
nhores), Alcáçova, Alcáçova (Pêro da),
Alcáçova Carneiro (Pêro da), Alcoentre
(Senhores de), Alfaro, Almada, Almeida,
Altero, Alva (Condes de), Alvarenga, Ál-
varo Pais, Amador, Amaral, Amaral (Fr.
André do), Andrada, António (Infante D.),
António Rodrigues, Anunciação (D. Ga-
briel), Arca, Arnau, Arsa, Ataíde, Aveiro
(Duque de), Avelar, Azevedo, Badajoz,
Bairros, Barbosa, Barem, Barreto, Barros,
Barros (Jorge de), Beringel, Bertiandos
(Casa), Betancor, Bobadilha, Borges, Bo-
telho, Braamcamp, Bragança da casa de
Lafões, Bragança (Casa de), Bragança
(Duque D. Jaime), Brito, Búzio, Cabral,
Cabral (Jorge Dias), Cáceres, Çacoto, Ca-
daval (Duques de). Caiado, Caiado (Nuno),
Calema, Calheiros, Calheta (Condes da),
Câmara, Camelo, Camelo (Gonçalo), Ca-
minha, Caminha (Duque de), Cantanhede
índice de matérias
545
(Conde de), Cardoso, Cafneiro, Carvalhal
Bemfeito, Carvalho, Castel Branco, Cas-
tela (Rei de), Castelo Branco, Castelo
Melhor (Condes e Marqueses), Castro an-
tigo, Castro (D. João de). Castro (D. Pedro
de), Castros de seis, Castros de tresfe, Cas-
tros de Fornelos e de Melgaço, Castros de
Penhaverde, Cerqueira, Cerveira, Cerveira
de Santarém, Cerveira (Mem), César, Cha-
noca, Cisneiros, Coelho, Coimbra (Duque
de), Corelha, Correia, Corte Real, Costa,
Coutinho, Couto, Cunha, Cunha (Condes
da). Cunha (D. Gonçalo Vasques da).
Cunha (Lopo Vasques da), Cunha (Martim
Vasques da), Cunha (Mateus da). Cunha
(Nuno da), Cunha, srs. de Gestaçô, Do-
mingues Joanes, Drumond,Eça, Ega (Con-
des da), Espargosa, Esteves, Falcão, Faria,
Faro, Ferreira, Ficalho (Casa de), Figuei-
redo, Figueiroa, Fois, Fonseca, Foz (Mar-
auês). Frade, Gabriel Gonçalves, Gago,
ralveiíis (Condes das), Gama, Gama do
Conde da Vidigueira, Gamboa, Garcês,
Garro, Gaspar Gonçalves, Gera (Barões),
Gera (Condessa), Gestaçô (Srs.), Gijon
(Conde), Gil Simões, Góes, Goios, Gouveia,
Guante, Guedes, Henriques, Homem, Ida-
nha (Conde), Ilha do Príncipe (Condes),
Imperial, Infantes: D. Afonso, D. Beatriz,
D. Duarte, D. Fernando, D. Henrique,
D. Isabel, e D. Luís, Jácome, João (Prín-
cipe D.), João Lourenço, Lafões (Casa),
Lago, Lancastre, Landim, Leitão, Leitão
(Cristóvão), Lemos, Lião (Reis de),
Lima, Linhares (Condes), Lobato, Lo-
beira. Lobo, Lombardo, Lopo Esteves,
Lorena, Loronha, Loulé (Condes de),
Louriçal (Marqueses de), Lumiares (Conde
de), Macedo, Maciel, Malafaia, Maldonado,
Manuel, Manuel, rei de Portugal, Manuel
de Vilhena, Maria, rainha de Portugal,
Marialva (Conde), Marialva (Marqueses),
Mariz, Martim Vicente, Mascarenhas, Ma-
teus (iMorgado), Meira, Meireles, Mello,
Melo, Melo (D. Felipa), Mendoça, Men-
doça Furtado, Meneses, Meneçes de Can-
tanhede, Meneses de Tarouca, Meneses
de Vila Rial, Meneses de Vasconcelos
(D. José Luís), Mesquitela (Visconde),
Miranda, Moniz, Moniz (Febos), Monroy,
Monsanto (Casa), Monsanto (Conde),
Monteiro, Mota, Moura, Mourão, Murça
(Condes), Narbonne, Nóbrega, Nóbrega
(Dr. Gaspar da), Nóbrega (Manuel), No-
gueira, Noronha, Noronha da casa de Li-
nhares, Noronha da casa de Valadares, da
casa de Vila Rial, Noronha (D. Pedro de),
Noronha do conde de Odemira, Odemira
(Conde), Olhão (Marqueses), Oliveira, Oli-
vença (Conde), Orneias, Ourem (Conde),
VOL. I
Pacheco, Padilha, Paim, Palha, Palhavan»
Palmela (Duques), Pavia, Pedrosa, Pegado»
Penamacof (Condes), Penela (Conde),
Penha, Pereira, Pessanha, Pestana, Pi-
mentel, Pinto, Pó, Ponte (Condes), Porto-
carreiro, Porto, Portugal, linhagem, Por-
tugal, reino, Póvoa (Conde), Povolide
(Conde), Proença, Queirós, Redondo
(Conde), Resende, Ribafria, Ribeira Grande
* (Condes), Ribeiro, Rio Maior (Condes),
Rios, Sá, Sabugosa (Conde), Saldanha,
Saldanha (Duques), Sampaio, S, Lourenço
(Condes), S. Vicente (Condes), Santa Iria
(Marquês), Santar (Srs.), Saraiva, Sarcide,
Sarzedas (Condes), Segurado, Seia (Con-
des), Seixas, Sem, Serpa, Silva, Silva
(Condes), Silveira, Silveira (Srs. de S. Cos-
medo), Siqueira, Soares de Albergaria,
Soares Lagarto, Sobral, Sobral (Condes),
Sousa de Arronches, Sousa do Prado,
Sousas, de Alcoentre, Sousas de Fernan
Nunez, Sousa (João de), Sousa (Lopo),
Sousa (D. Lopo Dias), Sousa (Martim
Afonso), Sousa (D. Violante), Soutomaior
Spínola, Tábua (Srs.), Tanger, Tavara
(Marqueses), Tavares, Taveira, Távora,
Teixeira, Teles de Meneses, Teles da
Silva, Terceira (Duque), Torres, Valada
(Marquês), Valadares (Conde), Valdês,
Valença (Condes), Valência de Campos
(Condes), Valente, Varela, Vasconcelos,
Vasconcelos (D. Francisco de), Vascon-
celos (Mem Martins), Vasconcelos (Mem
Rodrigues), Vasconcelos do Esporão, Vas-
concelos e de Meneses (D. Francisco),
Veiga, Viana (Marquês), Viana do Alen-
tejo (Condes)', Viana do Minho (Condes),
Vidigueira (Conde), Viegas, Vieira, Vila
Flor (Condes), Vila Rial (Condes), Vila
Rial (Condessa), Vila Rial (Duques), Vila
Rial (Marqueses), Vilalobos, Vilalobos
(Rui Martins), Vilanova, Vilhena, Zagalo.
Armeiro mor, 9, 10, 11, 236.
Arnau, ar., 20.
Arouca, mosteiro, 338, 453; abadessa, 338.
Arquiduque, 364.
Arquiduquesa, 517.
Arquivo histórico português, 7, 56, 88, 96,
III, 127, 146, i58, 159, 169, 170, 173, 181,
188, 2o:>, 206, 207, 214, 233, 241, 242, 244,
248, 249, 258, 271, 276, 2''^'8, 320, 324, 327,
337, 339, 347, 353, 355, 362, 387, 396, 400,
401, 408, 418, 429, 440, 45o, 453, 404, 483,
484, 5o I, 5o2, 5o.>.
Arquivo Nacional, 10, 11.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, 241.
— V. Torre do Tombo.
Arquivo Rial, 10.
Arraiolos: alcaide mor, 386; data de carta,
95, 414; sr., 68, 69, 386; termo, 4i3.
69
546
Brasões
Arraiolos (Conde de), i.°, D. Álvaro Pires
de Castro, 6y^ 69, 92, 95, 98, i25, i3i, 144,
412, 4i3, 414. — Ar., 69.
Arraiolos (Conde de), 3.", D. Fernando, 129.
— V. Bragança (Duque de), 2°.
Arraiolos (Conde de), S.°, D. Teodósio, 498.
— V. Bragança (Duque de), 7.".
Arraiolos (Condessa de), D. Maria Poncè, 69,
412, 4i3.
Arras, 451^ 452.
Arriet (Mestre), alemão, 11.
Arronches, 79, 327. — Alcaidaria mor, 285.
— Alcaides mores, 178, 285, 287, 417, 434.
— Castelo, 108, 287. — Fronteiro, 285. —
Renda dos moios, 287.
Arronches (Casa de), 290, 291 ; sua varonia,
290.
Arronches (Marquês), i .», Henrique de Sousa
Tavares da Silva, 290, 298.
Arronches (Marquês de), 2.°, Carlos José de
Ligne, 290.
Arronches (Marquesa de), 2.", D. Mariana de
Sousa, 290, 291.
Arronches (Título de marquês de), 528.
Arsa, ar., 38
Art (L'J de vérifier les dates, 325.
Arte e a Natureza em Portugal, 43 1, 436,
465.
Arte portuguesa, i^x^Zòj.
Arte Religiosa em Portugal, i65.
Arte Românica em Portugal, 271.
Arzila, 436. — Cerco, 36 1. — Serviço lá, 359.
Socorro, 447. — Tomada, 145, 229, SiS,
428.
Asseca, reguengo, em Tavira, 265.
Asseiceira: batalha, 234; senhorio, 417.
Assentos, coutada, 41 3.
Assequins, doação, 144, 160; srs., 167, 494,
496.
Assumar (Conde do), D. Francisco de Melo,
441, 442, 443, 533.
Astorga, 45o.
Astruge, 262.
Ataíde, freguesia de S. Pedro, 80.
ATAÍDE, linhagem, 73, 80. — Ar., 22, 23,40,
75, 23o.
Ataide (D. Álvaro de), i ." Conde da Atouguia,
193. — V. Ataide (Álvaro Gonçalves de).
Ataíde (D. Álvaro de), 5.° sr. da Castanheira,
226, 417, 418,419,420,421 ; poeta do Can-
cioneiro, 420. — Epitáfio, 419.
Ataide (Álvaro Gonçalves de), i.° conde da
Atougia, 81, 82, 83, 84, 193, 417, 419. —
Epitáfio, 83.
Ataide (D. Ana de), m. de Joane Mendes de
Vasconcelos, 389, 391.
Ataide (D. António de), i.° conde da Casta-
nheira, 226, 389, 390, 391, 419, 420, 421.
Ataide (D. António de), 2.° conde da Casta-
nheira, 422.
Ataide (D. António de), 5.° conde da Casta-
nheira e i.° de Castro Daire, 422.
Ataide (Branca de), m. de João de Sousa,
227, 228, 229, 23o.
Ataíde (Caterina de), dama da rainha D. Fe-
lipa, 84.
Ataide (D. Felipa de), m. de Gonçalo Anes
Chichorro, 84.
Ataide (D. Fernando de), sr. da Castanheira,
419, 420, 421 ; poeta do Cancioneiro, 420.
— Epitáfio, 420.
Ataide (Gonçalo Viegas de), 84.
Ataide (D. Helena de), m. de Pedro Vasques
da Cunha, 84, 5i5.
Ataide (D. Isabel de), m. de D. Fernando de
Castro, 84.
Ataide (D. Jerónimo de), 6.° conde da Cas-
tanheira e 2." de Castro Daire, 422, 53 1,
532.
Ataide (D. Jerónimo de). Nobiliário, 352,
376-377, 53 I.
Ataide (D. Joana de), m. 2.* de Luís de Brito
Nogueira, 23o.
Ataide (D. João de), 4."» conde da Castanheira,
422.
Ataíde (João de), 2.° sr. de Penacova, 227,
229.
Ataíde (D. João Diogo de), i.» conde de Alva,
21 1, 212.
Ataide (D. Manuel de), 3.° conde da Casta-
nheira, 422.
Ataide (D. Maria de), condessa de Penela,
23o.
Ataíde (D. Maria de), sra. de Penacova, m.
de D. Afonso de Noronha, 227.
Ataide (Martim Gonçalves de), alcaide mor
de Chaves, 76, 77, 79, 80, 81, 83, 84, 469.
Ataide (D. Martinho de), 2.° conde da Atou-
guia, 02-83, 417.
Ataide (Nuno Fernandes de), capitão de
Çafim, 218, 227.
Ataíde (D. Pedro de), degolado em Setúbal,
418, 419; poeta do Cancioneiro, 420.
Ataide (D. Teresa de), m. de Pedro Vasques
da Cunha, 161, 5i5.
Ataide (Vasco Fernandes de), vedor da casa
do infante D. Henrique, 84, 5i5.
Ataide e Castro (D. Ana de), condessa da
Castanheira, 422.
Ataide de Sousa (D. Joana de), m. de Luís
de Brito Nogueira, 23o.
Atalaia, senhorio, 417.
Atalaia (Conde da), D. Pedro de Melo, 167,
193,417,418,410.
Atalaia (Conde da), 4.°, D. Luís Manuel de
Távora, 222.
Atalaia (Conde da), 5.°, D. Pedro Manuel, 222.
Atalaia (Conde da), 11. ° e último, 114.
Atalaia (Condessa da), 9.", D. Domingas Ma-
nuel de Noronha, 114.
índice de matérias
547
Atalaia (Condessa da), D. Maria Madalena de
Noronha, 222.
Atalaia (Condessa da), D. Maria de Noronha,
417» 419-
Atouguia, 94, gS; data de carta, 265, 275-276;
doação, 261 ; igreja matriz, 83.
Atouguia (Conde da), i.°, Álvaro Gonçalves
de Ataíde, 81, 82, 83, 84, igS, 417, 419.
Atouguia (Conde da), 2.°, D. Martinho de
Ataíde, 82, 417.
Atouguia (Conde da), 6."», 211.
Atouguia (Conde da), 11.» e último, 84.
Atouguia (Condessa da), D. Guiomar de
Castro, 81, 82, 83, ng, i25, 419.
Aubiac (Sr. de), 462.
Aumale (Dite d'), Histoire des Princes de
Conde, 442.
Aumale (Mademoiselle d'), 490.
Áustria (Arquiduquesa de), bi'j.
Áustria (Imperador de), 290, 526.
Áustria (D. Margarida de), rainha de Es-
panha, 372, 375, 378, 392.
Áustria (D. Maria Ana de), rainha de Por-
tugal, II 5, 117, 179,222.
Avana (D. João), 407.
Ave, rio, 2o3, 3o3, 3o5, 307.
Aveiras (Condes de), 120, i38.
Aveiras (Srs. de), 120.
Aveiro: almoxarifado, 160; dízima nova do
pescado, 532; igreja do mosteiro de Jesus,
428, 532 ; mosteiro de Jesus, 427.
Aveiro (Duque de), i.», D. João, 485, 487. — :
Ar., 3o.
Aveiro (Duque de), 8."*, 534.
Avelar, ar., 471.
Avelar (Estêvão Dias do), sr. de Povolide,
475, 535.
Avelar (D. Fr. Martim do), mestre de Avis,
277-
Avelãs de Cima, doação, 3 10.
Avilez (D. Emília de), m. 1.* de José Manuel
da Cunha e Meneses, 186.
Avinhão, 47, 83, 1 18, 453.
Avis, data de carta, 82. — Ordem, v. Ordem
de Avis.
Avranches (Conde de), i.°, D. Álvaro de
Almada, 193.
Avulfo (Conde), 201, 202, 2o3.
Ayala (D. Leonor de), 76.
Ayala (D. Pedro Lópe^ de), Crónica de los
Reys de Castilla Don Pedro, Don En-
rique II, Don Juan 1, Don Enrique III,
Madrid, 1779-80, 2 vol., 75.
Azambuja (D. Caterina da), m. de Martim
Afonso da Silveira, 175.
Azambuja (Diogo da), 175.
Azambuja (Sra. da), 170.
Azamor: adail, 447; capitão, 217, 482.
Azanon (Sr. de), i65.
Azedo (João), m.o"" em Guimarães, 412.
Azeitão, mosteiro de Santa Maria da Piedade,
, 176.
Azere, senhorio, 164.
Azevedo, ar., 35.
Azevedo (António de), capitão de infantaria,
377.
Azevedo (D. Beatriz de), m. i.» de Vasco
Martins de Melo, 448.
Azevedo (Gonçalo Gomes de), alferes mor
de D. Afonso IV, 415.
Azevedo (Gonçalo Vasques de), i.° marichal
de Portugal, 55.
Azevedo (João Lopes de), sr. de Aguiar de
Pena, 448.
Azevedo (João Rodrigues de), 98.
Azevedo (Leonor Gonçalves de), m. de Gon-
çalo Vasques Coutinho, 53, 55.
Azevedo (Maria de), m. de Diogo Alvares
Mourão, 238.
Azevedo (Martim Gonçalves de), 294.
Azevedo (D. Mem Peres de), epitáfio, 522.
A::[evedo (Pedro de), Documentos relativos a
Marrocos, 5ig, 53o. — Os de Vasconcelos,
337, 338, 340, 341, 344.
Azevedo (Pedro Augusto de S. Bartolomeu),
primeiro conservador da Torre do Tombo,
25. — V. Livro dos bens de D. João de Portel.
Azevedo (Tomé de), procurador do povo de
Lisboa, 377.
Azinhaga: escrivão das sisas e posições, 829;
morador, 328.
Azinhaga (Morgados da), 209, 21 5.
Azinhal, termo de Elvas, 383, 385.
Azurara, doação, 112, i36; termo, 95.
A^ura7-a (Gomes Eanes de), Chronica do
Conde D. Duarte de Meneses, i3o, 36 1,
39^. — Chronica do Conde D. Pedro de
Meneses, 70, i25, 126, 129, i3o, 170, 395,
397, 398, 410, 423. — Chronica de D. João I,
V. o seguinte. — Crónica da tomada de
Ceuta, 141, 142, 143, 170, 281, 423.
Bacalhoa, morgado, 468; quinta, 470.
Badajoz, apelido, ar., 20.
Badajoz, cidade, 378; cerco, 276, Sgi ; to-
mada, 422.
Badur (Soltan), rei de Cambaia, 175.
Baía, 495. — Cerco, 445. — Gov.or^ 179, 219.
— Restauração, 222, 390.
Baía (Morgados da), 3i5.
Baía (Viscondes da), 3i5.
Baía de Todos os Santos (Capitão e gov.or
da), 484, 495.
Baião (D. Arnaldo de), 397.
Baião (Srs. de), 188, 23o, 235, 357.
Baião (D. Teresa Pires de), m. de D. Garcia
Fernandes de Panha, 187.
Baiona, juízes árbitros na questão das toma-
dias dos Franceses, 14.
Bairro (Morgados do), 209.
Bairros, ar., 22.
548
Brasões
Bairros de Vaabom (Gonçalo de), morador
em Regalados, 3 19.
Balsemão íMorgado de), 236.
Balsemão (Viscondes de), 180, 235.
Baltanas, empresa, 147.
Baltasar Carlos (D.), príncipe de Castela,
341, 53 r.
Banamarim (Rei de), 118.
Banaria, SSy.
Baptista (João Maria), Choro grafia mo-
derna, 29 ).
Barão: Alvito, Gera, Ilha Grande de Joanes,
Sobral.
Baroneza: Alvito, Regaleira.
Barata 1 António Francisco), Évora antiga,
394. — Évora e seus arredores^ 43 1. — Mis-
cellanea histoj-ico-romantica, 433.
Barbacena, doação, 423; srs., 425.
Barbacena (Conde de), 2.", i85.
Barbosa, ar., 471.
Barbosa (Fernão Pais de), 262.
Barbosa (D. Fernão Peres de), rico-homem,
266.
Barbosa (D. José)^ Memorias do Collegio de
S. Paulo, 238.
Barbosa Canaes de Figueiredo Castelo
Branco (José), Contestação ás allegações
contra o titulo de Penamacor, 5o5.
Barbosa Machado^ Bibliotheca lusitana, 238,
3qi, 4a3, 424, 432, 493, 53 1.
Barbudo (Diogo), escudeiro e vereador em
Sintra, 26.
Barbudo (Diogo), veador das obras da Pena
em Sintra, 28.
Barcelos: casa da Fervença, 342; doação,
264, 2Õ5; n;itural, 226; senhorio, 107, 117.
Barcelos (Conde de), i.", D. João Afonso,
106, 107, 267.
Barcelos (Conde de), 2.°, D. Martim Gil, 1Ó7,
i3i, i32, 262, 266.
Barcelos (Conde de), 3°, D. Pedro, 107, 263
a 271, 273, 5i5.
Barcelos (Conde de), 4.®, D. João Afonso
Telo, 110, 117, 118, 120, 121.
Barcelos (Conde de), 5.°, D. Afonso Telo de
Meneses, 1 19, 120, 121.
Barcelos (Conde de), 6.°, D. João Afonso
Telo, 75, 88, 91, 92, 93, 109, iio, 118, 121,
285, 3.10, 34b.
Barcelos (Conde de), 8.», D. Afonso, 70, 143,
349, 35o. — V. Bragança (Duque de), i.°.
Barcelos (Condessa de), D. Beatriz de Albu-
querque, 1 10.
Barcelos (Condessa de), D. Maria Ximenes,
264, 2G8, -r.g, 5 1 5.
Barcelos (Condessa de), D. Teresa Sanches,
107.
Barcelos (Condessa de), D.Violante Sanches,
107.
Barcelos (Duque de), 3.<», D. Teodósio, 498.
Barem, ar., 20, 21.
Barreiro (Morgado do), 179.
Barreiros (Gaspar), genealogista, 472.
Barreto, ar., 38.
Barreto (Álvaro), poeta do Cancioneiro, /^^.
Barreto (Constança), m. de D. Egas Lou-
renço da Cunha, 188.
Barreto (D. Estêvão Fernandes), 188.
Barreto (Gonçalo Nunes), sr. de Gernache,
81.
Barreto (João Gomes), 407.
Barreto (Martim Fernandes), 272, 273.
Barreto (D. Sancha Martins), m. i.» de João
Peres de Sousa, 272, 273.
Barros, ar., 393, 394.
Barros (André de), fidalgo da casa de
D. Afonso V, 393, 394. — Epitáfio, 394.
Barros (Antónia de), m. de Joane Mendes
de Vasconcelos, 393, 394.
Barros (Francisco de), f. de André de Barros,
394.
Barros (João de), Ásia, 174, i75, 178, 232.
Barros (Jorge de), instituidor do morgado de
Vai de Flores, 393, 394. — Ar., 394*, epi-
táfio, 393.
Barros (D. Luísa de), m. de Jorge da Silva,
390.
Barros e Faria (D. Brites de), m. de Cristóvão
Alvares Coelho, 239.
Barros Lima (D. Mana Augusta de), m. 2.»
de José Manuel da Cunha e Meneses, 186.
Barros e Vasconcelos (Felipe Mendes de),
sr. do morgado de Vai de- Flores, 393.
Barros e Vasconcelos (Pedro de Alcântara
de), sr. da quinta de Vai de Flores, 394.
Barroso, senhorio, 262, 267; renda das ta-
lhas, 216.
Barroso (Cristóvão), secretário e embaixador
de Carlos V, i3.
Barroso (Egas Gomes de), 498.
Barroso (D. Urraca Viegas de), m. de
D. Soeiro Reimondo, 408, 490.
Barroso (Vasco Gonçalves), 344.
Bartolomeu (D.), bispo de Viseu, 293.
Barvudo (João Gonçalves de), 248, 259.
Bastide (M. de), Le iemple des arís, au le
cabinet de M. Braamcamp, 461.
Basto, mosteiro, 2o3, 204.
Basto, terra: doação, 304; sr., 55, 170; se-
nhorio, 262.
Basto (Casa de), 147.
Basto (Conde de), i .*>, D. Fernando de Castro,
147.
Basto (Conde de), 2.", D. Diogo de Castro,
147.
Basto (Conde de), 3.% D. Lourenço Pires de
Castro, 147.
Basto (Condes de), 120.
Basto (Martim), escrivão do almazêm de
Lisboa, 82,
índice de matérias
549.
Bastuço, quinta, 188.
Batalha, convento, 5 16.
Batalha Rial, v. Aljubarrota.
Batava (Inês Gonçalves), m. de Vasco Fer-
nandes César, 447.
Batissela (D. João Fernandes), el Bueno de
Limia, 206.
Batissela (D. João Fernandes), rico homem,
sr. de Mafra, 258, 259.
Beatriz (D.), condessa de Mayofga, 413. —
V. Castro (D. Beatriz de).
Beatriz (D.), f. do infante D. Denis, 89.
Beatriz (D.), infanta, condessa de Albur-
querque, 47, 87, 88, 95, 109, 843.
Beatriz (D.), infanta, f. de D. Fernando, 91,
94, 411. — V. Beatriz (D.), rainha de Cas-
tela.
Beatriz (D.), infanta, f. de D. Manuel, ar., 33.
Beatriz (D.), infanta, mãe de D. Manuel, 374.
Beatriz (D.), infanta, m. do infante D. Afonso,
i32, 264, 265, 266. — V. Beatriz (D ), rainha,
m. de Afonso IV.
Beatriz (D.), marquesa de Vila Rial, 225.
Beatriz (D.), m. i.« dp Martim Afonso de
Melo, 422, 425.
Beatriz (D.), rainha de Castela, 47, 411, 415.
— V. Beatriz (D.), infanta.
Beatriz (D.), rainha de Portugal, m. de
Afonso III, i5i, i52, 252, 253, 262, 275.
Beatriz (D.), rainha de Portugal, m. de
Afonso IV, 118, i32, i33, 184, i36, 269. —
V. Beatriz (O.), infanta.
Beatriz Martins, f. de Martim Vicente, 397.
Beatriz Nunes, concubina do mestre D. Mem
Rodrigues de Vasconcelos, 348.
Beauffremont (Pierre de), sr. de Charny, 45i.
Becford, viajante, 507, 3i6.
Becford (William), Italy; with sketches of
Spain and Portugal. By ihe Author 0/
Vathek Londres, 1834, vol. II, 3o, 5 16,
527, 534. — Recollections of an Excursion
to the Monasteries of Alcobaça and Ba-
talha, Londres, i835, 5i6, 517.
Beeck (Henriqueta van), m. de João Braam-
camp, 461.
Beira, comarca, 266, 267, 809. — Corregedor,
398. — Povoação, 400 a 402.
Beira, província, 52, 54, 88, 94,95. — General
da cavalaria, 212. — Gov.or das ar., 456,
488. — Gov.or e capitão general, 179.
Beira (Princesa da), D. Maria, 526.
Beira Alta, 94.
Beire (Casa de), 181.
Beja, 79, 2i5, 296,457. — Alcaidaria, 121;
alcaidaria mor, 216. — Alcaide, 121; alcaide
mor, 216. — Almoxarifado, 41 3. — Bens,
346. — Comenda de Santa Maria, 877. —
Data de carta, 21 5. — Direitos riais da alcai-
daria, 121. — Juiz, 218. — Morgado de Santo
Estêvão, 23o. — Pão e vinho do reguengo,
412. — Renda dos serviços dos Judeus, 412*
— Rendas, 438. — Termo, 255.
Beja (Duque de), i.°, infanta D. Fernando,
i35.
Beja (Duque de), 4.°, D. Manuel, 24.
Belas, quinta, 21 1.
Belas (Marqueses de^, sua varonia, 38i.
Belas (Marqueses.de), i.°', 192,468.
Belém, lugar: cadafalso, 84; data de carta,
494.
Belém, mosteiro, 235; obras, 28.
Belém, torre de S. Vicente, gov.oi", 5 16.
Belém (Fr. Jerónimo de), Chronica seráfica^
179.
Belgrano, Documenti e genealogia dei Pes-
sagno genovesi amiragli dei Portogallo,
195.
Bell (João), 400.
Bellota (Senhor de la), 75.
Belmonte, 94.
Belmonte (Conde de), i.", D. Vasco Manuel
da Câmara, 455.
Belmonte (Condes de), 472.
Bem (D. Tomás Caetano de), Memorias dos
Clérigos Regulares, 84.
Bemfica: capela dos Castros, 509, 5 10; con-
vento de S. Domingos, 892.
Bemoim, príncipe negro, 480.
Bemposta: doação, 109, i6o; sr., 167.
Bemviver (Sr. de), 145, 352.
Benacofú, expedição, i3o, 359, 898.
Benafarão, quinta, i63. »
Benalbergue, i3i.
Benalcaçar (Condessa de), D. Isabel de
Castro, 532.
Benavente, 276. — Rendas do mestrado de
Avis, 228. — Termo, 81, 417, 419.
Benavente (Conde de), 1 .", João Afonso Pi-
mentel, 41 5, 422.
'Benavente (Conde de), 217.
Benavente (Duque de), 91, 94.
Bento XII, papa, 118.
Berenguela Lourenço (D.)^ m. de D. Afonso
Martins Telo, 108, 122.
Beresford (General), 220.
Beringel, ar., 20.
Beringel (Srs. de), 209, 2i3, 214, 2i5, 217,
218, 219, 36o, 434.
Bernardo, f. de Helena de Mesquita, 466.
Berredo (O), 323. — V. Berredo (Martim
Vasques de).
Berredo (Gonçalo Anes de), rico homem,
266.
Berredo (D. Leonor de), m. de Rui Pereira,
3 12, 3i3, 324.
Berredo (D. Maria de), m. 2.» de Fernão
Pereira, 3 12, 3i3, 324.
Berredo (Martim Mendes de), rico homem,
266.
Berredo (Martim Vasques de), 323, 324.
55o
Brasões
Bertiandos, quinta, 3 19, 320.
Bertiandos, vila: igreja matriz, 322; pelou-
rinho, 321 ; srs., 32 1.
Bertiandos (Casa de), 3 16 a 322. — Ar., 322.
— Cartório, 319, 320. — Fundador, 3 16. —
Morgados, 320, 32 1. — Palácios, 32o, 32i,
322.
Bertiandos (Conde de), j.; Gonçalo Pereira
da Silva de Sousa e Meneses, 32 1.
Bertiandos (Conde de), 2.", Sebastião Cor-
reia de Sá Meneses Brandão, 32i.
Bertiandos (Conde de), 3.°, Gonçalo Pereira
da Silva de Sousa e Meneses, 3i6, 32i, 322.
Bertiandos (Condessa de), D. Ana de Bra-
grança, 322.
Bertiandos (Condessa de), 2.; D. Joana Maria
do Rosário Francisca de Sales Pereira da
Silva de Sousa e Meneses, 32 1.
Bertiandos (Condessa de), D. Teresa Teles
da Silva, 32 1.
Bertiandos (Visconde de), com grandeza,
321.
Berwick (Duque de), 219.
Betancor, ar., 37.
Beyle (Henri), Promenades dans Rome, 524.
Biester (PVederico), 504, 5o5.
Bisagudo (Pêro Vaz) 480, 481.
Biscainho, de apelido França, 181.
Biscainhos, morgado, 321.
Blanc (Charles), Le trésor de la curiosité,
461.
Boa Esperapca, cabo, lyS.
Bobadela (Sr! de), 55.
Bobadilha, ar., 496, 497, 5o8.
Bobadiiha (D. Maria Rodrigues de), m. de
Diogo de Saldanha, 49Ó.
Boelhe, freguesia, 336.
Boigeão, couto, 1 18.
Boletim da Associação dos Arqueólogos Por-
tugueses, 420.
Boletim da Segimda classe da Academia das
Sciências de Lisboa, 326.
Boletim [da Sociedade de Geografia de
Lisboa] comemorativo do V centenário da
tomada de Ceuta, iZi.
Bolonha (Conde de), i5i, 246, 25o, 25 1, 407.
— V. Afonso III (D.), rei de Portugal.
Bolonha (Condessa de), Matilde, i5i, 255.
Bolonha (Universidade de), 166, 240.
Bombaim, 492.
Bonalbergue, doação, 266.
Bonifácio IX, papa, 280, 347.
Boquilobo (Sr. do paul die), 70, 84.
Boralha, doação dos direitos, 409.
Borba (Alcaides mores de), 71.
Borba (Conde de), D. Vasco Coutinho, 210.
Borba (Marquês de), i.°,Tomé José de Sousa
Coutinho Castelo Branco e Meneses, 210.
Borba (Marquês de), 2.», Fernando Maria de
Sousa Coutinho, 210.
Borba (Marquês de), 3.", Fernando Luís de
Sousa Coutinho, 210, 524.
Borba (Marqueses), 209, 210.
Borba de Azinhares, doação, 169.
Borges, ar., 3i, 39.
Borges (D. Diogo), abade de Refoios de Basto,
465.
Borges (Felipa), m. de Pedro de Mesquita,
465.
Borgia (Lucrécia), 1 10.
Borgonha: gov.or^ 442; natural de lá, 45i.
Borgonha (Duques de), 450, 451.
Borgonha (Duquesa de), 397.
Bosna, guerra, 83.
Botaréus, herdade, 397.
Botelho, ar., 237, 239.
Botelho (Pêro), 326.
Botelho Correia (Helena), m. de António
Machado, 239.
Botelho Mourão (António), morgado de
Mateus, 239.
Botelho Bibeiro (Domingos), 237, 238, 239.
Bouças covas, doação, 409.
Bourbon (D. Isabel de), m. de Gregório Fer-
reira de Eça, 1 15.
Bourbon (D. Isabel de), rainha de Espanha,
392, 442, 443, 53 1.
Bourbon (D. Maria Ana Josefa de), m. de
D. Miguel de Melo Abreu Soares de Vas-
concelos, 468.
Bouro, mosteiro, 253, 3o8.
Braamcamp, geração, 462. — Ar. 462. — Deri-
vação do nome, 461.
Braamcamp (Geraldo), possuidor de uma
famosa galeria de pintura, 461.
Braamcamp (Hermano José), ministro da
Prússia em Lisboa, 460, 461,
Braamcamp (João), cidadão de Amsterdão,
461.
Braamcamp (D. Maria Inácia), m. de Anselmo
José Braamcamp de Almeida Castelo
Branco, 461.
Braamcamp (Rotgero), pastor protestante
de Ryssen, 461.
Braamcamp de Almeida Castelo Branco
(Anselmo José), ministro dos Estrangeiros,
461.
Braamcamp de Almeida Castelo Branco
(Geraldo Venceslau), 1." barão do Sobral,
460, 46 1 .
Braamcamp de Almeida Castelo Branco
(José Francisco), par do reino, 461.
Braamcamp Freire (Anselmo), Albuquerque
no Cancioneiro, 232, 233. — Amaria por-
tuguesa., 7, 8, i3, 16, 20, 21, 244, 335, 336,
368, 38o, 447, 486, 489, 504. — Brasões da
sala de Cintra, 425, 427, 439, 441, 470,486»
326. — Cartas de quitação dei rei D. Ma-
nuel, 320, 387, 483, 5o I, 5o2. — A Chance-
laria de D. João II, 327. — Condados de
índice de matérias
55i
Moncorvo e da Feira, ousada falsificação
de documentos, 326. — Conde de Vila
Franca e a Inquisição, 53 1 . — Critica e
história^ i3o, iSy, 171, 2i5, 352, 374,418.
— Expedições e armadas, 480. — A Gente
do Cancioneiro, 99, 174, 482. — Introdução
à «Primeira parte da Crónica de D. João I»,
2q5, 424. — D. João de Aboim, 248, 249,
254, 255, 257, 258, 259, 261, 263, 276, 277,
279, 281. — Noticia histórica, 242, 249. —
Noticias da feitoria de Flandres, 3-j5. —
Sepulturas do Espinheiro, 146, 147, 214,
434, 45.1, 472. 473. — Vida e obras de Gil
Vicente, 14, 180, 374,^55.
Braamcamp do Sobral de Almeida Castelo
Branco (Hermano José), i.» conde do
Sobral, 460, 462.
Braamcamp do Sobral de Almeida Castelo
Branco de Narbonne-Lara (D. Adelaide),
2.* condessa do Sobral, 460, 462.
Braamcamp do Sobral de Melo Breyner (Her-
mano José), 3.° conde do Sobral, 460.
Braga, 66, i55, i56, 187, 248, 340, 064, 382.
— Arcebispado, 363, ^92. — Arcebispo, 126,
187, 243, 283, 292, 293, 309, 336, 340, 35 1,
364, 405, 426, 433. — Cartório dos Arce-
bispos, 317, 336. — Casa das Carvalheiras,
382. — Data de carta, 107, 120, — Diocese,
259. — Morgado dos Biscaínhos, 32i. — Sé:
arcediago, 336; arcediago de Neiva, 364;
mestre escola, 181; sepultura, 35i.
Bragança, 422. — Alcaide, 473. — Castelo, 41 5.
— Gov.oí" (tenens), 259. — Igreja de S. Vi-
cente, 416. — Judeus de lá, 253. — Sr., 415,
422, 435.
Bragança (D. Ana de), condessa de Ber-
tiandos, 322,
Bragança (D. Ana Maria José Carlota de),
3.'" duquesa de Lafões, 517, 528.
Bragança (D. Caetano Segismundo de), neto
do 3.° Duque de Lafões, 291. ,
Bragança (Casa de), 69, 70, 71, 209, 309 —
Ar., 40, 48. — Cartório, 275, 324 — Cou-
teiros mores, 71, 514. — Criados, 70, 71,
209. — Impressor, 5i3.
Bragança (D. Constantino de), f. do 2.° Mar-
quês de Ferreira, 442, 443. — Epitáfio, 533.
— V. Constantino (D.).
Bragança (Duque de), 1.°, D. Afonso, 48,70,
146. — V. Barcelos (Conde de), 8.".
Bragança (Duque de), 2.°, D. Fernando, 429,
435,438, 439. — V. Vila Viçosa (Marquês
de), i.°.
Bragança (Duque de), 3.°, D. Fernando, i3o,
384, 429, 439. — V. Guimarães (Conde de).
Bragança (Duque de), 4.°, D. Jaime, 217, 435,
443, 533. — Ar., 40.
Bragança (Duque de), 7.°, D. Teodósio,
498.
Bragança (Duque de), 8.°, 442.
Bragança (Duque de), 410. — V. Pedro IV (D.).
Bragança (Duque pretenso de), 527.
Bragança (Duquesa de), D., Constança de
Noronha, 48.
Bragança (Duquesa de), D. Joana de Castro,
438, 439.
Bragança (Duquesa de), D. Joana de Men-
doça, 233, 435.
Bragança (Gonçalo Nunes de), 262.
Bragança (D. Joana Perpétua de), duquesa
de Cascais, 526.
Bragança (D. João de), bispo de Viseu, epi-
táfio, 437.
Bragança (D. João Carlos de), 2.° duque de
Lafões, 291, 517, 526, 527, 528.
Bragança (D. José de), duque de Miranda
do Corvo, 528.
Bragança (D. Maria Carlota de), represen-
tante do Duque de Lafões, 298.
Bragança (D. Maria Domingas de), duquesa
de Cadaval, 528.
Bragança (D. Pedro de), i." duque de Lafões,
290, 291, 298, 526.
Braganças da casa de Lafões, ar., 442.
Branca (D.), infanta, f. de D. Afonso III, 254.
Branca (D.), m. de Álvaro de Moura, 284.
Branca (D.), rainha de Castela, m. de D. Pe-
dro I, 67.
Branca Peres (D.), m. de D. Pedro Afonso,
263, 264, 265, 270, 272, 278.
Brandão (Fr. António), Monarchia lusitana,
159, 252, 253, 254, 260, 274, 3o3, 3o6, 335,
408.
Brandão (Fr. Francisco), Monarchia lusi-
tana, 107, i52, i58, i59, 20G, 207, 243,245,
248, 252, 253, 254, 255, 260, 262, 263, 264,
265, 266, 267, 268,, 260, 271, 280, 35 1, 408,
409.
Brandão (João), feitor de Flandres, 8.
Brandões da Torre da Marca, 181.
Braquemont (Robert de), cav.», 76.
Brasil, 221, 484,488. — Família rial lá,
— Gov.or^ 3y8j 4^5. — Minas de oiro,
— Vice rei, 379, 447.
Brasil (Princesa viúva do), 488.
Brava, cidade, 172.
Bretões, 66.
Breyner de Meneses (D. Isabel Josefa), con-
dessa de Ficalho, 457, 514.
Briteiros (Gonçalo Anes de), 189, 352.
Briteiros (Joane Mendes de), rico homem,
266. ■
Briteiros (D. João Rodrigues de), rico
homem, 262, 266, 407.
Briteiros (D. Maria de), m. de D. João de
Almeida e depois de D. António de Cas-
telo Branco, 191.— V. Cunba (D. Maria
da).
Briteiros (D. Mem Rodrigues de), 262.
Brites (D.), f. de André de Sousa, 178.
21 3.
219.
552
Brasões
Brites Gonçalves, m. de João Pereira Agos-
tim, 170.
Britiande, honra, sr. dela, 117, 121.
Brito, ar., 35, 438, 471.
Brito (António de), 226.
Brito (Estêvão de), alcaide mor de Beja, 216.
Brito (Gabriel de), morador na Merceana,
232.
Brito (D. Inês de), m. 2.* de Martim Afonso
de Melo, 190, 410.
Brito (D. Isabel de), m. de Duarte de Melo,
389.
Brito (D. João Afonso de), arcebispo de
Lisboa, 340, 41 5.
Brito (D. Margarida de), m. 2.* de D. Pedro
de Sousa, 2 16. — V. Freire (D. Margarida).
Brito (Maria Afonso de), m. 2.» de Vasco
Martins de Melo, 41 5.
Brito (Martim Afonso de), f. do bispo D. João
Afonso de Brito, 415.
Brito Coutinho (Diogo de), trinchante da
casa rial, 473.
Brito Nogueira (Luís de), sr. dos morgados
de S. Lourenço de Lisboa, etc, 23o. —
Epitáfio, 23o.
Brocardo (João Peres), 247-248.
Brunhais, doação, 469, 470.
Brunhide, doação, 416.
Bualhim (?), 343. .
Buarcos, doação, 439.
Bucelas, padroado da igreja de Santa Maria,
416.
Buelna (Conde de), 1.°, D. Pedro Nino, 96.
Buelna (Condessa de), D. Beatriz de Por-
tugal, 96.
Buendia (Conde de), i.°, D. Pedro da Cunha,
166.
Buendia (Condes de), 166.
Buendia (Sr. de), i65.
Bulhaco, morgado, i54, i63.
Bulhão (D. Maria Afonso de), m. de D. Aires
da Cunha, i63. ^
Bulhão (Pedro Martins de), irmão de santo
António, i63.
Burgos, 47, 440, 482.
Burnay (Conde de), 386, 459.
Búzio, ar., 20.
Byron, poeta, 507.
Cabanas, casal, 33o.
CabanÕes, doação, 109, 110.
Cabanões de Ovar, doação, 3 10.
Cabeçais (Srs. de), 3i5.'
Cabeceiras de Basto (Srs. de), 309, 3i5, 324,
349.
Cabeço de Vide, 339.
Cabedal, terra e pomar. 399.
Cahedo (Jorge de), Úecisionum Supremi
senatiis regni Lusitaniae, 287.
Cabral, ar., 36.
Cabral (Jorge Dias), ar., 20.
Cabral (Pedro Alvares), descobridor do
Brasil, 480.
Cabris: apelido, 5o3; lugar, 5o3, 5o5; quinta,
5oi, 5o3.
Cacela: conquista, 406; foral, 252, 260.
Cáceres^ ar., 16, 20.
Cachoeiras (Srs. do morgado das), 179, 186.
Çacoto, ar., 20, 21.
Cadaval: doação, 117, 439; senhorio, 439,
441 ; termo, 484.
Cadaval (Casa de), 422, 441.
Cadaval (Duque de), i.», D. Nuno Caetano
Alvares Pereira de Melo, 441.
Cadaval (Duque de), 2.°, D. Luís Ambrósio
de Melo, 433,
Cadaval (Duque de), 3.», 517.
Cadaval (Duque de), 6.», D. Nuno Caetano
Alvares Pereira de Melo, 528.
Cadaval(Duquesde), 315,414,441.— Ar., 436,
442.
Cadaval (Duquesa de), D. Maria Domingas
de Bragança, 528.
Cadaval (Srs. de), 69, 124, 438.
Cadela (Maria), 317.
Caeiro (Lopo Domingues), 347.
Çafim: almoxarifes, 23 1 ; capitão, 218, 227;
fronteiro, 174.
Caiado, ar., 8, 9,
Caiado (Nuno), ar., 8.
Cçiix de Saint-Aymour ( VJ^ de), Portugal
avec une Introduction et des notes par le
— Paris, 1S66. (RecueildesInstructions
DONNÉES AUX AMBASSADEURS ET MINISTRES
DE Frange depuis les traités de West-
PHAI-IE JUSQU'Á LA RÉVOLUTION FrANÇAISE),
492.
Calataiud (João de), porteiro mor, 454.
Caldeira (D. Beatriz), m. de Luís Mendes
de Vasconcelos, 390.
Caldeira (Manuel), tesoureiro mor dos almo-
xarifados do reino, 390.
Caldeias (Com.ores de), 55.
Calema, ar., 20.
Calhariz, quinta, 282.
Calhariz (Conde de), 282.
Calheiros, ar., 20.
Calheta (Casa da), 378. 379.
Calheta (Conde da), 3.», Simão Gonçalves
da Câmara, 3/8.
Calheta (Conde da), 4.°, João Gonçalves da
Câmara, 376, 378.
Calheta (Conde da), 5.°, Afonso de Vascon-
celos e Sousa, 379.
Calheta (Conde da), 6.°, António de Vascon-
celos e Sousa, 379.
Calheta (Conde da), 8.", 379.
Calheta (Condes da), ar., j8o.
Calheta (Condessa da), D. Maria de Meneses
e Vasconcelos, 376, 378.
Calvos, quinta, doação, 479.
índice de matérias
55?
Câmara, geração: ar., i6, 3Po, 474; varonia,
84, 120, 472. — Câmaras: condes da Ca-
lheta, ar., 38o; condes da Ribeira Grande,
ar.. 38o; condes da Taipa, 309, 496.
Câmara (Helena Gonçalves da), m. de Martim
Mendes de Vasconcelos, 38 1.
Câmara (António Gonçalves da), irmão do
3." Capitão do Funchal, 358.
Câmara (João Gonçalves da), 4." conde da
Calheta, 376, 378.
Câmara (Manim Gonçalves da), valido de
D. Sebastião, 358. ' "*•
Câmara (Pêro Gonçalves da), 358.
Câmara (Simão Gonçalves da), 3.» conde da
Calheta, 378.
Câmara (D. Vasco Manuel da), \.° conde de
Belmonte, 454-455.
Câmara Coutinho Pereira de Sande (D. Gas-
tão da), \.° conde da Taipa, Sog.
Câmara Coutinho Pereira de Sande (D. Ma-
nuel Jerónimo da), 2.° conde da Taipa,
309 ,
Câmara de Lobos (João Gonçalves da), 38o.
— V. Zarco (João Gonçalves).
Camareira mor, 234, 358," 378, 441, 457, 459,
5o5.
Camareira mor da Excelente Senhora, 176.
Camareiro, 472.
Camareiro mor, 170, 232.
Camareiro mor: do duque D. Diogo, 171;
do infante D. Fernando, 171; do infante
D. Pedro, 227; do Príncipe, 137, 444.
Camareiro e senescal do Conde de Bolonha,
24G.
Cambaia (Rei de), 175.
Cambra: doação, 109,110, 3 10 ; sr., 3 12, 314.
Cambra (Pedro Fernandes de), sr. do couto
de Sabariz, 245.
Camelo: linhagem, 188; ar., 188.
Camelo (D, Fr. Álvaro Gonçalves), prior do
Crato e marichal, 188, 233.
Camelo (Álvaro Gonçalves), 2,° sr. de Baião,
235.
Camelo (Fernão Martins), sr. da quinta de
Bastuço, 188.
Camelo (Gonçalo), escudeiro, ar. e epitáfio,
188.
Camelo (D. Gonçalo), infanção, 188.
Camelo (Vasco Gonçalves), *i.° sr, de Baião,
235.
Camilo, Noites de insomnia, 446.
Caminha: doação dos direitos e foros, 346;
termo, 319.
Caminha, geração, ar., 20.
Caminha (Conde dej, D. Pedro de §otomaior,
319.
Caminha (Duque de), i.°, ar., 124.
Caminha (Duques de), 48, 120.
Caminha de Riba de Minho (Conde de),
D. Álvaro Pires de Castro, 67, 68.
VOL. I
Caminha de Vasconcelos e Sonsa (José de),
I .° marquês e 4." conde de Castelo Melhor,
379-
Camões (Luís de), Lusíadas^ 142, 239, 345,
, 399-
Çamora, v. Samora.
Çamora (D. Velasquida de), m. de Afonso
Pires de Arganil, 258, 261.
Campo Maior, 189, 457. — Alcaide mor, 232,
287, 53o. — Data de carta, 347. — Gov.or
494. — Morador, 232, 399.
Campos, reguengo, doação, 359, 36o.
Campos (Constança Rodrigues de), m. de
André de Barros, 394,
Campos do Rabaçal, reguengo, doação, 68.
Cananor, 172, 174.
Canaveses, honra: doação, 121; senhorio,.
262.
Cancioneiro do Colégio dos Nobres, 272.
Cancioneiro geral, io3, 232, 233, 296, 36o,
373, 374, 375, 444, 453, 4q6. — Poetas, 98,
io3, 214, 21 5, 216, 232, 233, 286, 2q6, 360,^
373, 374, ^00, 420, 421, 44^, 454, 481, 496.
— «Porquês de Setúbal», 496; processo do
«Cuydar e Sospirar», 296.
Candarey( D. Maria Mendes de), m. de Soeiro
Viegas Coelho, 339.
Caniço, morgado, seu instituidor, 38 1.
Canidelo (Morgados de), ii3.
Cantalapiedra, data de carta, 449.
Cantc.nhede, 309. — Doação do reguengo,
68, 343, 344, 5i8. — Igreja matriz, 1 15.
Cantanhede (Conde de), 1.°, D. Pedro de
Meneses, 40, iço, 314. — Ar., 40,
Cantanhede (Conde de), 6.°, D. Pedro José
de Alcântara e Meneses, 1 13-114.
Cantanhede (Conde de), 7.°, D. Diogo de
Meneses, 5 16.
Cantanhede (Conde de), 8.°, D. Pedro José
Joaquim Vito de Meneses, 517.
Cantanhede (Condes de), 112.
Cantanhede (Condessa de), D. Guiomar Cou-
tinho, 190.
Cantanhedfe (Srs. de), 112, ii3, 116, i36, i38,
5i8.
Caparica (Conde de), 3.°, i38, 358
Caparica ((.ondes de), 120.
Caparica (Srs. do morgado de), 147.
Caparrota (Morgados da), 84.
Capelão dei rei D. Denis, 35 1.
Capelão mor, 176, 363; do príncipe D. João,
426.
Capelas de D. Afonso IV e rainha D. Beatriz,
126, i3i, i32, i33, 1.^4, i35, i36.— Seu
provedor, i32, i33, i34, i33.
Capitão: dos ginetes, ia3, 388, 389; dos
ginetes do infante D. Fernando, 228; da
guarda rial, 192; da guarda rial alemã, 4.57.
Capitão mor: da frota, 3^6; do mar do reino,
533.
70
554
Brasões
•Carapito: doação, 425, 427; sr., 425; se-
nhorio, ^41.
Caravelas: Andorinha, Graça, Princesa,
Santa Cruz, Santa Helena, Santo Espírito,
483.
Cardial, ifi6, 177, 363,364. 387,888,482,517,
535. — Cardial infante, 387, v. Afonso (D.j.
— Cardial rei, v. Henrique (D.).
Cardona (D. Berengueira de), padroeira do
convento de Tuias, 3o6.
Cardoso, ar., 471.
Ca7-doso (George), Agiologio lusitano, 119,
465, 466.
Cardoso (Pf Luís), Diccionario geogra-
phico, 341. — Portugal sccro-projano, 94.
Carlos V, imperador, 20, 363, 473. — Auto-
-biografia, 52 1. — Emb&ixador junto dele,
388, 389.— Embaixador seu, i3.— Seu se-
cretário, i3.
Carlos VI, imperador, 222.
Carlos (D.), infante, f. de D. Manuel, 23.
Carlos I, rei de Castela, 388.
Carlos II, rei de Inglaterra, .^90, 491, 492, 535.
Carlos (D.), rei de Portugal, 9, 10, 11.
Carlota Joaquina, imperatriz-rainha, 517.
Carneiro, linhagem, i8i. — Ar., 181, 184, 187.
— Casa, i85.
Carneiro (António), secretário, 180, 181, 182,
i83, 184, 449, 532.
Carneiro (Francisco), secretário, 2.0 capitão
da ilha do Príncipe, i83, 184.
Carneiro (João), cidadão do Porto, 18 r.
Carneiro (João), mestre escola da Sé de
Braga, 181. — Epitáfio, 181.
Carneiro (Luís), ad.or da capela dos Carnei-
ros do Porto, 181.
Carneiro (Pedro), f. de João Carneiro, 181.
Carneiro (Pêro), aventureiro no passo hon-
roso da ponte de Orbigo, 45o.
Carneiro (Vasco), cidadão do Porto, 181.
Carneiro de Sousa (Francisco), 2.° conde da
Ilha do Príncipe, 223.
Carneiro de Sousa (Luís), 1." conde da Ilha
do Príncipe, 184.
Carneiro de Sousa e Faro (Carlos), 5.° conde
da Ilha do Príncipe e 1.° de Lumiares, 180,
184.
Carneiro de Sousa e Faro (D. Madalena Ger-
trudes), 2.* condessa de Lumiares, 180,
184, i85. — Ar., 184.
Carnes (D. Lourenço Anes), mestre de San-
tiago, 3o8. ' '
Carracena (Marqueses de), 166.
Carrazedo, 341.
Carregueiro (Gonçalo Vasques), alferes da
bandeira de Lisboa, 78.
Carrilho (D. Afonso), arcebispo de Toledo,
166.
Carrilho (H. Afonso), cardial, 166.
Carrilho (Gomes), sr. de Jadraque, 166.
Carrilho de Alhornoz (D. Teresa), sra. de
Paredes, Portilho e Valtablado, 166.
Cartagena, 877.
Cartas de brasão, 7,8,9, 11, 12, i3, 14, i5,
16, 20,21, 225, 244, 3oi, 321, 328, 335, 336,
368, 38o, 382, 447, 486, 489, 5o3. — Sua pin-
tura, 8.
Cartório da Nobreza, 7, 8, 9.
Carvalhais (Conde de), 48.
Carvalhal, casal, 81.
Carvalhal (Martim Gonçalves do), 383.
Carvalhal Bemfeito, ar., 20.
Carvalheiras (Casa das), em Braga, 382.
Carvalho, ar., 22, 36, 497.
Carvalho (Álvaro Fernandes de), 92.
Carvalho (João de), aventureiro no passo
honroso da ponte de Orbigo, 45o.
Carvalho (Pêro), escudeiro, morador em
Vila Nova da Cerveira, 3 18.
Carvalho de Ataide (Paulo de), arcipreste da
igreja de Lisboa, 504, 5o8.
Carvalho da Costa, Corografia, 242.
Casa do Cível: chanceler, 326, 827; gov.or^
282, 288, 481, 489; regedor, 187, 2S7, 36o,
417, 418, 427-
Casa dos Escravos, 484.
Casa da índia: feitor e guarda mor da carga
e descarga, 447; provedor, 375; trato nela,
489.
Casa das Rainhas : deputado do conselho,
410.
Casa da Suplicação: desembargador, 154,
357, 457; regedor, 281, 891, 489, 526.
Casal (Rui Garcia do), 110.
Casal d'Alvaro, 190.
Cascais, 57. — Doação, 353. — Srs., 353.
Cascais (D. Afonso de), f. b. do infante
D. João, 353, 354, 355.
Cascais (Casa de), sra. dela, 520.
Cascais (Duquesa de), D. Joana Perpétua de
Bragança, 526.
Cascais (D. Fernando de), 3.° sr. de Soalhães,
/ 127, 352, 354, 355, 356, 359, 45o, 52 1, 529,
53o. — Epitáfio, 355.
Cascais (D. Isabel de), condessa de Mon-
santo, 23 1, 353, 354.
Cascais (Marquês de), 3.», 129.
Cascais (Marquês de), 4.», 526.
Cascais (Marqueses de), 48,- 70, 84, 162,
354.
Casco (Martim), morador em Évora, 385.
Casével: alcaides mores, 448; com.ores^ yo,
448, 475, 496.
Castanheda (João Rodrigues dfe), capitão da
hoste cfstelhana, 52,
Castanheira: doação, 416, 421 ; mosteiro de
Nossa Senhora da Subsena, 419, 420; srs.,
160, 167,226,411 a 421, 480.
Castanheira (Casa da), 417, 53i.
Castanheira' (Conde da), i.», D. António de
índice de matérias
555
Ataíde, 226, 389, 390, 391, 419, 420, 421. —
Sátiras a ele, 226.
Castanheira (Conde da), 2.», D. António de
Ataíde, 422.
Castanheira (Conde da), 3.°, D. Manuel de
Ataíde, 422.
Castanheira (Conde da), 4.", D. João de
Ataíde, 422.
Castanheira (Conde da), 5.°, D. António de
Ataíde, 422.
Castanheira (Conde da), 6.°, D. Jerónimo de
Ataíde, 422, 53i, 532.
Castanheira (Conde da), 7.°, Simão Correia
da Silva^ 179, 4-^2, 52i, 532.
Castanheira (Condes da), 84..
Castanheira (Condessa da), D. Ana de Ataíde
e Castro, 422.
Castanheira (Condessa da), D. Ana de Tá-
vora, 389, 420.
Gastei Bom, alcaide, 475.
Gastei Branco, ar., 35.
Castela, 52, 66, i52, 363, 45o, 473, 482, 485,
496,532. — Bens lá, 258, 261, 269. — Casado
la, 40, 496. — Coroa, i38, 406. — Dester-
rado lá, 266. — Embaixador lá, 214, 290,
35 1, 387, 388, 389, 440.— Entrada, 147, 287,
329, 3do, 369, 402, 449. — Expatriado, 276,
439,532. — Guerras, 65, 66,67, ^^^1 '44i228,
229, 284, 340, 365, 384, 457, 472, 488, 5i3,
529. — Homisiado, 163,217, 221,386,418,
5 16. — Infante, v. Molina (D. Afonso), San-
cho.— Juramentos, 171,214, 386,434. — Par-
tidários, 346, 392, 415, 479. — Princesa, v.
Isabel, Joana, Maria. — Príncipe, v. Baltasar
Carlos, Felipe, Manuel.— Rainha, v. Beatriz,
Branca, Castro (D. Joana), Isabel, Molina
(D. Maria), Portugal (D. Maria). — Refu-
giado lá, 95, 96, 125, 356, 39'', 529, 53o, 53 1.
— Reis, ar., 45; v. Afonso VI, Afonso X,
Afonso XI, Carlos I, Fernando III, Fer-
nando IV, Fernando V, Henrique II, Hen-
rique III, Henrique IV, João I, João II,
Pedro I, Sancho IV. — Rico homem, 67,
104, io5, 106, 108, i5i, 204. — Serviço lá,
IH 29, 442. — Solares, 145. — Transfugas para
lá, 162, i65, 169,277,415,416. — Tratado
de paz com Portugal, 53 1.
Castela (D. Fradique de), duque de Arjona^
96, 97.
Casteíbranco (D. Gonçalo de), gov.or da Casa
do Cível de Lisboa,' 193, 481. — V. Casteí-
branco (Gonçalo Vaz de).
Casteíbranco (Gonçalo Vaz de), sr. de Vila
Nova de Portimão, 193, 36o. — V Casteí-
branco (D. Gonçalo de).
Casteíbranco (Lopo Vasques de), f. do almi-
rante Nuno Vasques de Casteíbranco, 196.
Casteíbranco (Martim Vaz de), vedor da fa-
zenda, 193.— V. Casteíbranco (D. Martinho
de).
Casteíbranco (D. Martinho de), vedor da fa-
zenda, 193. — V. Casteíbranco (Martim Vaz
de).
Casteíbranco (Nuno Vasques de), monteiro
mor, almirante, 196.
Castelejo (Com.o"" de), 196.
Castelo Branco, 4S8. — Alcaide mor, 120.
Castelo Branco, linhagem, 55. — Ar., 22, 38o,
462.— Condes : do Redondo, 210, 523, 524;.
do Sabugal, 146.
Castelo Branco (D. António de), herdeiro do
condado do Redondo, 524.
Castelo Branco (D. António de), 6.» sr. do.
morgado de Castelo Branco o Novo, 191.
— Epitáfio, 191.
Castelo Branco (D. Duarte de), 7." conde do
Redondo, 523, 524. — V. Castelo Branca
Coutinho e Meneses (D. Duarte de)
Castelo Branco (D Francisco de), 9." conde
do Redondo, 210, 523, 524. — V. Castelo^
. Branco Coutinho (D. Francisco de).
Castelo Branco (D. João de), f. do i." conde
do Sabugal, 210, 523.
Castelo Branco (D. João de), herdeiro do
condado do Redondo, 523, 524.
Castelo Branco (D José de), i.° conde da
Figueira, 341, 46S.
Castelo Branco (D. Pedro de), 1.° conde de
Pombeiro, 192.
Castelo Branco (Pêro Vasques de), aventu-
reiro no passo honroso da ponte de Orbigo,
45o.
Castelo Branco (Visconde de), junto a Sa-
cavém, D. Pedro de Castelo Branco, 192.
Castelo Branco Coutinho (D. Francisco de),
9.° conde do Redondo, 209, 210, 212, 523.
— V. Castelo Branco (D. Francisco de).
Castelo Branco Coutinho e Meneses ( D. Duar-
te), 7.° conde do Redondo, 210, 523. — V.
Castelo Branco (D. Duarte).
Castelo Branco Coutinho e Meneses (D. José
de), 8.° conde do Redondo, 210, 523.
Castelo Branco o Novo, morgado, 191.
Castelo Melhor (Casa de), 378, 379, 38 1.
Castelo Melhor (Conde de), i.°. Rui Mendes
de Vasconcelos, 370, 371, 372, 376, 378. —
Ar., 379.
Castelo Melhor (Conde de), 2.", João Rodri-
gues de Vasconcelos e Sousa, 283, 372,
375, 376, 377, 378.-- Ar., 379.
Castelo Melhor (Conde de), 3 ", Luís de Vas-
concelos e Sousa, 378, 379. — Ar., 379.
Castelo Melhor (Conde de), 4.°, José de Ca-
minha de Vasconcelos e Sousa, 379.
Castelo Melhor (Condes de), 283, 372.— Ar.,
379.
Castelo Melhor (Condessa de), D. Mariana
de Lancastre, 377, 378,
Castelo Melhor (Marquês de), i.», José de
Caminha de Vasconcelos e Sousa, 379.
* 556
Brasões
Castelo Melhor (Marquês de\ 2.", Syp.
Castelo Melhor (Marquês de), 5.», João de
Vasconcelos e Sousa Câmara Caminha
Faro e Veiga, 3'9, 379.
Castelo Melhor (Marques de), 7.», 379.
Castelo Melhor (Marquesa de), 6.", 579.
Castelo Melhor (Marquesa de), D. Mariana
de Lancastre, 378.
Castelo Melhor (Marqueses de), 283. — Ar.,
38o. —Biblioteca, 352, 377, 53i.— Palácio,
38o.
Castelo Novo (Com.or de), 196.
Castelo Rodrigo (Marquês de), i.", D. Cris-
tóvão de Moura, 390, 482.
Castelo Rodrigo (Sr. de), 59.
Castelo de Vide: alcaidaria mor, 448; alcaide
mor, 475, 489; fronteiro, 448.
Castelóes, 79.
Castilho (Beatriz de), m. de Diogo de Torres,
482, 488, 489.
Castilho (Fernão de), natural de Burgos,
482.
Castilho (Júlio de), Lisboa antiga^ 118, 168,
225, 35 1, 363, 462, 53o. — Manuelinas, 5,
454.
Castilho (Visconde Júlio de), 4, 128.
Castro, solar de Castela, 104, 145.
CASTRO, de seis, linhagem, 61, 67. — Ar.,
22, 23, 39, 40, 63, 69, 71, 72, 117, 125, 49Õ,
5o6, 5o8. — Varonia, 70.— Castros de Penha-
verde, 5o5; ar., 63, 5o6, 5io; sua capela,
509, 5 10.
CASTRO, de treine, linhagem, i3g, 144.' —
Ar., 34, 40, 120, 141. — Castros: alcaides
mores do Sabugal, 146; alcaides mores do
Torrão, 146; almirantes do reino, 146;
condes de Resende, 146.
Castro, antigo, ar., 40. — V. Castro, de tre^e.
Castro f Abade de), Antigualha das cercanias
de Cintra, 56, 58.
Castro (D. Álvaro de), i.", conde de Mon-
santo, 354, 472,
Castro (D. Álvaro de), fidalgo da casa do in-
fante D. Henrique, 146, 449.
Castro (D. Álvaro de), f. de D. João de Castro,
o Grande, 63, 69, embaixador em Roma,
5o6, 509.
Castro (D. Álvaro Pires de), conde de Ar-
raiolos, condestável, 67, 68, 6q, 92, 95, 98,
1 19, 125, i3i, 144, 343, 412, 413,414. — Ar,,
69. — Epitáfio, 69.
Castro ( D. Álvaro Pires de), sr. das Alcáçovas,
144, 145, 146.
Castro (D. Beatriz de), condessa de Mayorga,
414.
Castro (D. Brites de), m. de D. Constantino
de Bragança, 533. — V. Castro (D. Inês de).
Castro (Casa e torre de), 341.
Castro (D. Constança de), m. de Fernão de
Melo, 449.
Castro {D. Diogo de), i." capitão de Évora,
145, 147, 43o.
Castro (D. Diogo de), 4.» capitão de Évora,
M7-
Castro (D. Diogo de), 2.» conde de Basto,
147-
Castro (D. Eugenia de), f. dos 3.°' condes de
Tentúgal, 435.
Castro (D. Fernando de), i." conde de Basto,
147-
Castro (D. Fernando de), conde de Trasta-
mara, Lemos e Sarria, 67, 144, 145.
Castro (D. Fernando de), o Cegonho, gov.or
da casa do infante D. Fernando, 146.
Castro (D. F"ernando de), gov.or da casa do
infante D. Henrique, 286, 471, 472.
Castro (D. Fernando de), 2." sr. dp paul de
Boquilobo, 84, i25.
Castro (D. Fernando de), sogro de D. Cons-
tantino de Bragança, 443, 533,
Castro (D. Fradique de), o Tagarote, 146,
35?.
Castro (D. Francisco de), bispo inquisidor
geral, 5o6, 509,
Castro (D. Guiomar de), condessa da Atou-
guia, 81, 82, 83, 1 19, 125, 419.
Castro (D. Guiomar de), m, de Lourenço
Guedes, 469.
Castro (D. Guiomar de), m. de D. Pedro de
Melo, 417.
Castro (D. Henrique de), f. de D, Pedro de
Castro, 35o.
Castro (D. Inês de), f. de D. Pedro Fernandes
de Castro, o da Guerra, 98.
Castro (D. Inês de), m. 2.» de D. Constantino
de Bragança, 443. — V. Castro (D. Brites
de).
Castro (D. Inês de), m. de D. Pedro I rei de
Portugal, 46, 67, 69, 87, 89, 96, 97, 1 10, 208,
3 10, 353, 355.
Castro (D. Isabel de), condessa de Altamira,
435.
Castro (D. Isabel de), condessa de Benal-
caçar, 532.
Castro (D. Isabel de), condensa de Viana,
i3o.
Castro (D. Isabel de), dama da rainha e f, do
Conde de Arraiolos, 92, 98.
Castro (D. Isabel de), f. dos 3.°' Condes de
Tentúgal, 436.
Castro (D. Isabel de), f. de D, Diogo de Me-
neses, 1 16.
Castro (D. Isabel de), m. de D.Fernando de
Meneses, 116, 117.
Castro (D. Joana de), duquesa de Bragança,
43^,439.
Castro (D. Joana dei, rainha de Castela, 67.
Castro (D. João de), 492, 493.
Castro (D. João de), 2.» conde de Monsanto,
ar., 40.
índice de matérias
55^
€astro (D. João de), sr. do Cadaval, 69, laS,
161. — Ar., e epitáfio, 69.
Castro (D. João de), sr. de Penela, 353.
Castro (D. João de), vice rei da índia, 5, 63,
69, 70, 5o5, 5oó, 507, 5o8, 509. — Epitáfio,
5 10.
Castro (P.' João Bmtista de), Mappa, de
Portugal, 56, 23o, 347, 490, 5 20.
Castro (D. Lourenço Pires de), 3," conde de
Basto, 147.
Castro (D. Mariana de), condessa de Ten-
túgal, 435, 436.
Castro (O. Maria de), f. de D. Constantino
de Bragança, 443, 533.
Castro (D. Maria de), m. i.* de Álvaro de
Sousa, 286.
Castro (D. Maria de), m. de D. João Luís de
Meneses e Vasconcelos, 358.
Castro (Martim de), alcaide mor-de Melgaço,
70.
Castro (Fr. Martim de), testamenteiro de
D. Constança Mendes de Sousa, 263.
Castro ( D. Noiítel de), 2.° conde de Mesqui-
tela, 221, 493.
Castro (Pedro de), 3.", alcaide mor de Mel-
gaço, 70, 4/5.
Castro (D. Pedro de), 1.", sr. de Bemviver,
144, 145, 146, 35o, 352, 353, 52 1.
Castro (D. Pedro de), sr. do Cadaval, 69, 1 19,
124, 125, 189, 412, 413.— Ar. e epitáfio, 69.
Castro (D. Pedro Fernandes de), o da Guerra,
67, 98.
Castro (Pêro Rodrigues de), almirante em
Lisboa, 193.
tíastro (D. Rodrigo de), apodado no-Cancio-
neiro, 420.
Castro (Sr. de), 145.
Castro (D. Violante de), m. de D. Diogo de
Meneses, 1 16, 117.
Castro Daire (Conde de), i.», D. António de
Ataíde, 422.
Castro Daire (Conde de), 2.«, D. Jerónimo de
Ataíde, 422, 53 1.
Castro Daire (Condes de), 84.
Castro Daire (Srs. de), 3i5.
Castro Fuerte (Marqueses de), ii3, 116.
Castro Guimarães (Luís de), par do reino,
186.
Castro Laboreiro (Alcaide mor de), 160.
Castro Marim (Conde de), i.», Francisco de
Melo da Cunha de Mendoça e Meneses, 1 77.
Castro Marim (Conde de), '3.°, 177.
Castro Marim (Condes de), 120. '
Castro e Pimentel (D. Isabel de), f. dos 2.°*
Marqueses de Ferreira, 435.
Castro Verde (Srs. de), 176, 476.
Castros de Fornelos, galegos, 145; ar., 145.
Castros galegos, srs de Fornelos, 70.
Castros de Melgaço, linhagem, (^9, 70, 475.
— Ar., 70.
Catalunha: campanha, 3i5; legião portu*
guesa, 222.
Caterina (D.), abadessa de Lorvão, 97.
Caterina (D.), infanta, • v. G^aterina (D.),
rainha de Inglaterra.
Cateriaa (D.), m. de D. Rodrigo, 436.
Caterina (D;), neta do Conde de Olivença,
429, 43o.
Caterina (D.), rainha de Inglaterra, 176, 473,
490, 491, 5i3, 535.
Caterina (D.), rainha de Portugal, m. de
D. João III, 175, 179, 22 5, 35S, 486, 5o5.
Caterina Alvares, m. de Luís Gonçalves, 5oi.
Caterina Dias, f. de Diogo Soares, 1Ó2.
Caterina Dias, m. de Gonçalo de Bairros de
Vaabom, 319.
Caterina Gil, m. de Gil Fernandes, 339.
Caterina Gonçalves, m. de Afonso Eanes,
82, 83.
Caterina Pires, m. Je João Afonso, 385.
Cavalaria (Sr. da), 181.
Cavaleiros (Casa de), 11 5.
Cavaleiros (Conde de), 1.°, D. Rodrigo José
António de Meneses, 1 14.
Cavaleiros (Conde de), 2», 11 5.
Cavaleiros (Conde de), 3. , 11 5.
Caxias, 390.
Celanova (D. Afonso de), conde, 3o5, 3o6.
Celas (Abadessa do mosteiro de), 98.
Celorico, 94; sr., 409.
Celorico de Basto, 147. — Alcaide mor do
castelo, i5i a i53, 159. — Igreja de Santa
Maria, i63. — Sr., 169, 170.
Cernache (Sr de), 8i.
Cerqueira, ar., 38.
Cerveira, ar.: dos do Minho, 38, 3iS, 827;
dos de Santarém, 3 18, 32/, 328.
Cerveira (Álvaro Mendes), 170.
Cerveira (Estêvão Martins), instituidor do
morgado de S. João de Rio Maior, 3 29.
Cerveira (Fernão), neto do seguinte, 328.
Cerveira (Fernão), sr. do morgado de S. João
de Rio Maior, 328, 329.
Cerveira (Gonçalo Anes da), 317.
Cerveira (Inês), m. de Jorge de Sousa, 23 1.
Cerveira (Isabel), m. de Pêro Cerveira, 328.
Cerveira i^D. João Nunes da), sr. de Vila
Nova da Cerveira, 317.
Cerveira (Lopo Rodrigues), almoxarife de
Ponte de Lima, 3i6, 317.
Cerveira (Mem), alferes mor da bandeira de
Santarém, 3 18, 327 a 33 1. — Ar., 328.
Cerveira (Mem), escudeiro, 327.
Cerveira (Pêro), escrivão das sisas na Azi-
nhaga e Golegã, 328, 329.
Cerveira (Pêro Lourenço da), 317.
Cerveira (Rui Lopes da), padroeiro da igreja
de Mangoeiro, 317, 3 18.
Cerveira (Rui Mendes), alcaide mor de Ar-
ronches, 285.
558
Brasões
Cerveira (Rui Mendes), f. de Mem Cerveira,
33o.
César, ar., 20, 21, 447, 448.
César (Vasco Fernandes), feitor da Casa da
Índia, 44Õ, 447. — Epitáfio, 447.
César de Melo Silva e Meneses (António
Maria), i .°, marquês de Sabugosa, 446, 447,
César de Meneses (Luís), 2.**, conde de Sabu-
gosa, 447.
César de Meneses (Vasco Fernandes), 1."
conde de Sabugosa, 446, 447.
Césares (Morgado dos), 447.
Ceuta: bispo, 319; capitania, 423; capitão,
56, 125, 126, 395, 396, 399; capitão e gov.or,
125, 127, 128, 129; capitão hereditário, 124;
castelo, 407; cerco, 70, 229, 305; contador,
395, 396, 397, 39S; data de carta, 55, 472;
exéquias, 129; expedição, i25, 190, 410,
423; falecimento, 425; fronteiío mor, 170;
• inscrição, 84, 5i5; partida da expedição,
14» a 144; sr., ii8; serviço lá, 410,449,
53o; tomada, 5,48, 83, 84, 137, 170, 196,
399, 407, 472, 5i5.
Cezimbra. v. Sezimbra.
Chamorro, epíteto injurioso dado aos Por-
tugueses pelos Castelhanos, 76.
Chança, casal, doação, 81,
Chancelaria de D. Fernando, 477, 478; vedor
mor dela, 478.
Chanceler da rainha D. Beatriz, 118.
Chanceler mor, i52, 208, 248, 25 1, 293, 326,
386, 407, 408, 489, 477, 53o, 53 1.
Chanoca, ar., 20.
Chantas, doação do reguengo, 412.
Chaqueda (Ponte da), 75.
Chaves, 346, 363, 39 1. — Alcaidaria mor, 77,
279. — Alcaide mor, 76, 77, 78, 79, 84. —
Arraial de sobre a vila, iii, i33. — Cerco
e capitulação, 75 a 80. — Gov.or (tenens),
207, 259. — Termo, 80.
Chaves (D. Álvaro de), bispo da Guarda, 464.
Cheleiros: doação do reguengo, 416, 421 ;
padroado da igreja, 416; srs., 167,416,417,
418, 419, 420, 421, 480.
Chelles (Sr. de), 473.
Chichorro (Gonçalo Anes), 3.° sr. de Mor-
tágua, 84.
Chichorro (Martim Afonso), f. b. de D.
Afonso 111, 207.
Chichorro (Martim Afonso), f. de Martim
Afonso, o Chichorro, 207.
Chora (D. João Martins), rico homem, 25o.
Chouto, termo de Santarém, 326.
Chronica constitucional do Porto, 212. 21 3,
234. ' .
Chronicon Conimbricense, i32.
Ciaca ou Ciata, termo de Numão, 292.
Cidade Rodrigo, 52, 54.
Cifuentes (Conde de), i.% D. João da Silva,
166.
Cifuentes (Condessa de), D. Leonor da
Cunha, 166.
Ciruela, doação, 408.
Cirurgião mor, 3jo, 33i.
Cisneiros, ar., 20.
Clarendon (Conde de), lord chanceler, 491,
535.
Clemente VII, papa, 387, 388.
Cochicho (Mestre), 189.
Codiceira; sr." da terra, 107; tomada do cas-
telo, 391.
Coelha, v. Coelho. •
Coelho, ar., 3o, 38.
Coelho (António Alvares), instituidor da
morgado de Mateus, 237, 238.
Coelho (Cristóvão Alvares), chanceler do
Porto, 239.
Coelho (Egas), mestre sala, 52, 53, 284, 285
2b6.
Coelho (Francisco); anadel mor dosespingar-
deiros, 288.
Coelho ( Francisco), Tesouro da nobresfa,
45, (>3, 87, i5i, 201, 244, 3oi, 335, 405.
Coelho (Inês Soares), m. de Gil Pires Feio,
247.
Coelho (João Soares), trovador, sr. do Souto
da Ribeira de Homem, i58, 247, 25 1, 339,
522.
Coelho (Maria), m. de Matias Alvares Mourão,.
237, 239.
Coelho (Pêro), cavaleiro, 268.
Coelho (Pêro), um dos assassinos de D.Inês
de Castro, 208.
Coelho (Soeiro Viegas), 33q.
Coelho (Urraca Eanes), m. de Soeiro Mendes:
Petite, 522.
Coelho Gasco, Ayitigiiidades de Lisboa^ 363.
Coia (Herdamento dos de), 157.
Coimbra, 68, 79, 92, 94, 95, 147, i58, 208, 240,
266, 267, 278, 296, 400. — Alcaidaria, 344.
— Alcaiae, 248. — Alcaide mor, 82, 1 1 1,
34Í2, 520. — Almoxarifado, 342. — Almoxa-
rife, 29J, 294. — Bens, 35o. — Bispado, 99,
266. — Bispo, 55, 56, 57, 58, 292, 293, 3o5,
485. — Campo, i37, 382. — Casas, 92, 93.
Castelo, 343, 344. — Colegial: de S. Paulo,
238; de S. Pedro, 238, 239. — Cónego, 35i.
— Convento : de San Domingos, 267, 344,
352, 355, 365; de San Francisco, 161; de
San Jorge, 188; de Santa Ana, 82, i58; de
Santa Clara, 92, 207; de Santa Cruz, 258;
seu prior, 239, 240, 241. — Cortes, 5i, 160,
164, 169, 190, 208, 3 10, 344, 412, 478. —
Couraça, 92. — Data de carta, 109, 117, 118,
14^, 208, 227, 275, 292, 293, 343, 365. — Dis-
trito, 359. — Igreja: de S. Bartolomeu, 93;
de S. Pedro, 238. — Inquiiição de teste-
munhas no caso do casamento de D. Pe-
dro I, 208. — Inquisição, 392, 438. — Juís
do fisco, 238. — Paços: da Alcáçova, 5j;.
índice de matérias
5$9
dei Rei, 267. — Ponte, 92, 94. — Portagem,
343. — Termo, 84. — Universidade, refor-
mador, 3g2.
Coimbra (Duque de), i.<*, Infante D. Pedro,
81, i36.
Coimbra (Duque de), 2.°, D. Jorge, ar., 40.
Coitado (Álvaro), 416,
Colares: juiz das sisas, 5oi ; reguengo, 5o3.
Colares (Marquês de), 53i.
Coles: data de carta, 343; rendas, ?28.
Colleçam dos Documentos e Memorias da
Academia Real da Historia Portuguesa,
i65, 464.
-Colleção de cartai de brasão, na Biblioteca
Pública de Évora, 8.
Hlollecção dos Diplomas e mais documentos
e titulos respectivos á instituição, dotação,
privilégios das Cappellas e Mercearias
instituídas por o Senhor Rey de Portugal
Dom Ajouso IV. E sua Mulher a Senhora
Raynlia Donna Beatrt^, ms., i32, i33, 134,
i35.
Collecção de livros meditos de historia por-
tuguesa, i3o.
Colmes, aldeia, 41 3.
Companhia Geral, sua armada, 378.
Companhia Rial dos Caminhos de Ferro
Portugueses, 328. — Estação central, 38o.
— Túnel, 38o.
Comprador da inftmta D. Joana, 427.
Conceição (P. M. Pedro da), frade lóio, 323.
Conchas, quinta, 487.
Conde palatino, 326.
Condes: Abranches, Abrantes, Albermale,
Alburquerque, Alcáçovas, Alcoutim, Al-
deia Galega a par de Alenquer, Altamira,
Alva, Antas, Arcos, Arenales, Arraiolos,
Assumar, Atalaia, Atouguia, Aveiras,
Avranches, Avulfo, Barbacena, Barcelos,
Basto, Belmonte, Benavente, Bertiandos,
Bolonha, Borba, Buelna, Buendia, Burnay,
Calhariz, Calheta, Caminha, Caminha de
Riba de Minho, Cantanhede, Caparica,
Carvalhais, Castanheira, Castelo Melhor,
Castro Daire, Castro Marim, Cavaleiros,
Cifuentes, Clarendon, Cunha, Ega, Eri-
ceira, Faro, F"arrobo, Feira, Ficalho, Fi-
gueira, Funchal, Galveias, Gelves, Gijon,
Guimarães, Idanha a Nova, Ilha do Prín-
cipe, Ilhó, Lapa, Lemos, Linhares, Loulé,
Lousã, Lumiares, Machico, Mafra, Ma-
rialva, Mayorga, Melo, Mesquitela, Mi-
randa, Miranda do Corvo, Monsanto,
Murça, Narbonne-Lara, Neiva, Noronha,
Nova Goa, Óbidos, Odemira, Olivença,
Ourem, Palmela, Paraty, Penafiel, Penalva,
Penamacor, Penela, Pombeiro, Ponte,
Pontével, Portalegre, Portugal, Póvoa, Po-
" volide. Prado, Redinha, Redondo, Redondo
e do Vimioso, Requeria, Resende, Ribeira
Grande, Rio Maior, Rio Pardo, Sabugal, Sa-
bugosa, Saldana, Sampaio, San Lourenço,
San Mamede, San Vicente, Sandomií, San-
dwich, Santa Cruz, Santiago, Sárria, Sar-
zedas, Seia, Silva, Sintra, Sobral, Sortelha,
Soure, Taipa, Tarouca, Tentúgal, Terena,
Torre, Trastâmara, Trava, Unhão, Urena,
Vai de Reis, Valadare*;, Valença, Valência,
Valência de Campos, Vasconcelos, Viana
do Alentejo, Viana de Caminha, Viana da
Foz do Lima, Viana do Minho, Vidigueira,
Vila Flor, Vila Nova da Cerveira, Vila Rial,
Vilar Maior, Vimieiro, Vimioso, Xiquena.
Condessas: Alburquerque, Alva, Armamar,
Arraiolos, Atalaia, Atouguia, Barcelos,
Benalcaçar, Bertiandos, Bolonha, Buelna,
Calheta, Cantanhede, Castanheira, Castelo
Melhor, Cifuentes, Ericeira, Feira, Ficalho,
Figueira, Galveias, Gera, Gijon, Ilha do
Príncipe^ Loulé, Lourinhã, Lousã, Lumia-
res, Marialva, Mayorga, Melo, Mesquitela,
Miranda, Monsanto, MurÇa, Neiva, Noro-
nha, Odemira, Olivença, Ourem, Penela,
Ponte, Pontével, Prado,*Redondo, San Lou-
renço, San Miguel, San Vicente, Sarzedas,
Sobral, Tarouca, Tentúgal, Valência,
Viana do Alentejo, Viana do Minho, Vila
Flor, Vila Rial, Vimieiro.
Condes antigos, 106, 107. — Investidura, 117.
— Jurisdição, 342, 3^'i.
Condestável de Portugal, 67, 69, 78, 79, i25,
169, 194, 3oQ, 352, 41 3, 438, 498.
Cónego Triste" (O), 410.
Cónegos de S. João Evangelista, congrega-
ção, 43 1, 436.
Confirmantes: em 1193, 292; em 1218, 293 j
em i3i '•, 266.
Congregação da Alga, 436.
Conselho (Do), 81, 82, 83, 117, 1 36, 171, 174,
179, 191, 209, 214, 217, 228, 236, 25i, 285,
288, 296, 325, 326, 327, 342, 343, 346, 353,
363, 369, 373, 387, 38b, 389, 412, 413, 414,
425, 427, 429, 43o, 434, 444, 448, 453, 466,
478, 479, 496, 5o4, 321, 53o.
Conselho de Estado, 71, 176, i83, 221, 288,
289, 371, 372, 457, 459, 461, 470, 491, 5o6,
5i3, 527, 53 1.— Em Madrid, 391, 442, 443.
Conselho: da Fazenda, 468; de Guerra, 71,
221, 378, 443, 490, 491, 494, 5i3, 5i4, 5i6,
519,527.
Conselho de Portugal em Madrid, 289, 443,
53i.
Constança (D.), iníanta, m. 2.* do infante
D. João de Portugal, 96, 97, 98.
Constança Afonso, m. 2.» de Mem Rodrigues
de Vasconcelos, 340.
Constança Anes, concubina do mestre D.
Mem Rodrigues de Vasconcelos, 348.
Constança Anes, m. de Martim Vicente, con-t
tador, 397. •
m
Brasões
Constança Martins, ni. de Gonçalo Vasques
de Melo, 416.
Constança Mendes (D.), m. de D. Pedro Eanes
de Portel; v. Sousa (D, Constança Mendes
de).
Constância (Concílio de), 83.
Constantino (D.), f. do 2.° Marquês de Fer-
reira, 436.— V.' Bragança [D. Constantino
de).
Constantino, imperador, 48 1.
Contratador dos diamantes, 2i3.
Copeiro, 265, 480.
Copeiro mor, 177, 233, 234, 266, 411, 452,
453, 3o5.
Copeiros mores (Casa dos), 23o; ar., 235.
Copos, lugar, 317.
Cordeiro (P.^ António), Historia Insulana,
38i.
Cordeiro (João), mestre da carpintaria nos
paços de Sintra, 27.
Córdova (D. Afonso Télez de), sr. de Me-
neses, io5-io6.
Córdova (Gonçalo Fernandes de), o Grão-
-capitão, 424.
Cordovelos (Maria Nunes de), m. de João de
Ataíde, 227.
Cordovelos (Nuno Fernandes de), i.", sr. de
Penacova, 227.
Corelha, ar., 20.
Cornei (D. Maria), condessa de Barcelos,
5i5. — V. boronel (D. Maria).
Cornei (D. Pedro), sr. de Alfajarim, 267.
Cornei (b. Ximeno), fidalgo aragonês, 267.
Cornelhã, i58; privilégios, 304.
Coronel (D. Maria), condessa de Barcelos,
107, 267, 5i5. — V. Maria Ximenes.
Corpo diplomático português, 12, 100, 363,
463.
Corregedor da corte, 385.
Corregedor nos reinos de Portugal e Algarve,
393, 414.
Corrégio, pintor, 52 1.
Córrego, 465.
Correio, ar., 38o, 497.
Correia ( Gaspar J, Lendas da índia, 168, 5o6.
Correia (Jorge), o Belo, 3.°, sr. do morgado
de Paio Pires, 179.
Correia (Lourenço;, 5o3.
Correia (Martim), 346.
Correia (Teresa), m. i.» de Vasco Martins de
Meio, 414-415.
Correia (Dr. Vergílio), escritor, 525.
Correia de Azevedo (Gonçalo), alferes mor
de D. Afonso IV, 413.
Correia Barreto (Dr. José), advogado, 323,
325.
Correia de Sá Meneses Brandão (Sebastião),
2." conde de Berliandos, 32 1.
Correia da Serra (Abade), secretário da
Academia Rial das Sciências de Lisboa, 527.
Correia da Silva (Simão), 7.° conde da Cas-
tanheira, 179, 422. 521, 532.
Corte Rial, ar., 3i, 36.
Corte Rial (Jerónimo), poeta, 424.
Corte Rial (D. Maria Josefa), m. de Francisca
de Melo e Castro, 71.
Corte Rial (Vasco Anes), capitão da ilha Ter-
ceira, 424.
Coruche (Com or e alcaide mor de), 219.
Corunha, 63, 66.
Costa, ar., 37.
Costa (Domingos da), 225.
Costa (João da), sr. de Pancas, 391.
Costa (D. João José da), 3." conde de Soure,
provedor das obras do paço, 23.
Costa (D. Jorge da), cardiaí, arcebispo de
Lisboa, 36o, 463.
Costa (Manuel da), 224, 225.
Costa (D. Martinho da), arcebispo de Lisboa,
363.
Costa Basto (José Manuel da), director da
Torre do Tombo, 25.
Costa Lobo, Historia da sociedade em Por-
tugal, 26.
Costa Santos (João da), 224, 225.
Costa Santos (Manuel da), 225.
Costa e Sousa (D. José Francisco da), 2." vis-
conde de Mesquitela, 236, 237.
Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque
(D. José Afonso da), duque de Albuquer-
que, 1 1, 237.
Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque
(D. Luís da), 1.° visconde de Mesquitela,
237.
Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque
(p. Luís António da), 3." conde de Mes-
quitela, 237.
Coudel mor do reino, 186, 36o, 382, 454, 520.
Coura, terra, 188.
COUTINHO, 49, 54.— Ar., 18, 22, 33, 40^ 5í,
59, ii3, 127, 211. — Varonia, 56, 59. — Cou-
tinhos, condes do Redondo, 210.
Coutinho (D. Álvaro), bispo de Coimbra, 55.
Coutinho (Álvaro Gonçalves), o Magriço,
camarista do duque de Borgonha, 53, 450.
Coutinho (D. Beatriz), condessa de Vila Rial,
126, 127, 128, 129, 356, 337. — Ar., 127.
Coutinho (D. Branca), m. de João da Silva,
434, 444-
Coutinho (D. Fehpa), desposada de D. Pedro
de Meneses, 56, 126.
Coutinho (D. Felipa), m. de Febos Moniz de
Torres, 487.
Coutinho (D. Felipa), m. de Luís Alvares de
Sousa, 336, 357.
Coutinho (D. Fernando), bispo de Coimbra,
55.
Coutinho (D. Fernando), marichal, 171.
Coutinho (Fernão), sr. de Basto e Monte-
longo, i5, 170.
índice de matérias
56i
Coutinho (Fernão Martins), sr. de Mafra, 127,
281, 356, 357.
Coutinho (D. Francisco), 4.» conde de Ma-
rialva e 2.° de Loulé, Sg. — Ar. e epitáfio,
59.
Coutinho (D. Francisco), 3.° conde do Re-
dondo, 210.
Coutinho (D. Francisco), 6.<» conde do Re-
dondo, 210, 523.
Coutinho (Gonçalo Vasques), alcaide mor de
Trancoso, marichal de Portugal, 52, 53, 54,
55,76, 77,78,80, 126,475.
Coutinho (Gonçalo Vasques), 2.° conde de
Marialva, 424.
Coutinho (D. Guiomar), condessa de Canta-
nhede, 190.
Coutinho (D Guiomar), infanta, 3.» condessa
de Loulé, 17 (.
Coutinho (D. Guterre), poeta do Cancioneiro,
481.
Coutinho (D. Isabel), m. de D. Fernando de
Cascais e depois de João Freire de An-
drade. 127, 356, 45o, 529. — V. Meneses
(D. ísábel de).
Coutinho (D. Isabel), m. de Gomes Freire,
55.
Coutinho (D. João), 5." conde do Redondo,
210.
Coutinho (João Rodrigues), sr. de Ferreira
de Aves, 425, 427.
Coutinho (D. Leonor), m. de João Alvares
da Cunha, 190, 191.
Coutinho (D. Leonor), m. de D. João Pereira,
324, 326.
Coutinho (D. Luís), bispo de Viseu e Coim-
bra, 55, 56, 57, 58.
Coutinho (D. Manuel), lO." conde do Re-
dondo, 210, 212. .
Coutinho (Mecia Vasques), m. de Martim
Gonçalves de Ataíde, 76, 78, 79, 80.
Coutinho (Rui Vasques), sr. de Ferreira de
Aves, 425, 427.
Coutinho (Teresa Vasques), m. de D. Mar-
tinho de Meneses, 5 18.
Coutinho (D. Vasco), conde de Borba e i.»
do Redondo, 210.
Coutinho (Vasco Fernandes), i.» conde de
Marialva, marichal, 55, 59, 325.
Coutinho (Vasco Fernandes), sr. do couto
de Leomil, 55.
Coutinho de Lancastre (D. José), o Avô dos
janotas, 56.
Couto, ar., 20.
Couto (Diogo do), Décadas da Ásia, 173, 178,
320, 390.
Covelas de Riba de Vouga, couto e paço, 3og.
Covilhã, 94. — Alcaide do castelo, 471, 472.
— Alcaide mor, 372, 490. — Mosteiro de
S. Francisco, 196, 3 10.
Cranganor, arcebispo, 432.
VOL. I
Craesbeeckiana, oficina, 5o6,
Crasbeck (Pedro), impressor, 498.
Crastafroia, quinta, 242.
Crasto, v. Castro.
Crasto Rei, 268, 269.
Crastomo, 3o3.
Crato, 355. — Castelo, 406.
Crato (Prior do), 169, 188, 235, 358.
Cresconho, batalha, 3o3.
Criado, significação, 217.
Cronista, 326-327.
Cruz Alagoa (José Francisco da), 460.
Cruz florida nos brasões, sua proveniência,
307.
Cruz Sobral (Anselmo José da), 2.° sr. do
Sobral, 460.
Cruz Sobral (D. Joana Maria da), 4.» sr.* do
Sobral, 460.
Cruz Sobral (Joaquim Inácio da), i.° sr. do
Sobral, 460.
Cruz Sobral (Sebastião António da), 3.° sr.
do Sobral, 460.
Cuba, aldeia, 413.
Cucujães, mosteiro, i56.
Cujães, V. o precedente.
Cumieira, freguesia, 237, 238. — Quinta, 238.
CUNHA, linhagem, 149, i54 a 07, 197. —
Ar., 34, i5i, i59, i65, 167, 168, i8õ, 188,
191, 194. — Chefe, i63. — Solar, i56, 157.
— Varonia, 167, 191, 197. — Cunhas: do
Pedrógão, 197; srs. de Gestaçô, 175; ar.
destes, 168.
Cunha, terra: demarcação, i52; morgado,
164, 167; quinta, 157; sr., 160; vila, 154.
Cunha (Afonso da), i65.
Cunha (Aires da), 14." sr. da Tábua, i63.
Cunha (Álvaro da), capitão da ilha de Ano
Bom, 481, 482.
Cunha (Álvaro da), estribeiro mor, 480.
Cunha (Álvaro da). 3.° sr. de Pombeiro, 1 10,
190, 192, 233.
Cunha (D. .António Alvares da), i.° conde da
Cunha, 154.
Cunha (D. Beatriz da), f. do conde Martim
Vasques da Cunha, 161.
Cunha (D. Branca da), m. i.» de D. Afonso
de Cascais, 553, 354.
Cunha (Cardial da), D. João de Nossa Se-
nhora da Porti!, 526.
Cunha (Cardial da), D. Nuno da Cunha de
Ataíde, 176.
Cunha (Conde da), i.°, D. António Alvares
da Cunha, 154.
Cunha (Conde da), 4.°, D. José Maria Vasques
Alvares da Cunha, 154.
Cunha (Conde da), 5.°, D. Goterre, 04, i55,
167.
Cunha (Condes da), i63, 197; ar., 168.
Cunha (Diogo Alvares da), com.or de Caste-
lejo, 196, 197. — Epitáfio, 196.
71
562
Brasões
Cunha (Duarte da), irmão do 2.° Visconde
de V. N. da Cerveira, 233.
Cunha (D. Egas Lourenço da), morador em
terra de Coura, 188.
Cunha (D. Eg;is Lourenço da), rico homem,
i58, iSg, 188, 407, 408.
Cunha (Estêvão Soares da), f. de Vasco Mar-
tins da Cunha, o Velho, i63, i65, 167.
Cunha (Estêvão Vasques da), vassalo e cav."
da casa do infante D. Denis, i5g.
Cunha (D. Felipa da), m. de Fernão de Sá,
170.
Cunha (Fernão Gonçalves da), i55.
Cunha (Fernão Martins da), vassalo e cav.°
da casa do infante D. Denis, i5g, 188. —
V. Camelo (Fernão Martins).
Cunha (D. Fernão Pais da), i.° sr. da Tábua,
i53, i54, i55, i56, 157.
Cunha (F^ernão Vasques da), instituidor de
uma capela na igreja da Vitória de Lisboa,
i63.
Cunha (Fernão Vasques da), sr. de Basto e
Montelongo, 169, 170, 52i.
Cunha (Gil Vasques da), alferes mor, 52, 53,
161, i65, 167, 168, 169, T70, 521.
Cunha (Gil Vaz da), sr. dia quinta do Calhariz,
282.
Cunha (D. Gomes Lourenço da), 3.° sr. da
Tábua, 157, i58.
Cunha (D. Gonçalo da), bispo da Guarda, 161.
Cunha (Gonçalo Martins da), 188. — V. Ca-
melo (D. Gonçalo).
Cunha (D. Gonçalo Vasques da), bispo da
Guarda, 166; ar-, 166.
Cunha (D. Inês Lourenço da), m. de Vasco
Pereira, 189.
Cunha (D. Isabel da), f. do conde Martim
Vasques da Cunha, 161.
Cunha (.lerónimo da), do conselho, 179.
Cunha (Jerónimo da), f. de Tristão da Cunha,
177.
Cunha (D. Joana da), f. do 4° Conde da
Cunha, 154.
Cunha (João Alvares da), 4.° sr. de Pombeiro,
190.
Cunha (João Lourenço da), 2." sr. de Pom-
beiro, 88, no. 189, 190, 196.
Cunha (João Lourenço da), 4.° sr. da Tábua,
i58, 159. •
Cunha (D. João Martins da), f. de D. Martim
Lourenço da Cunha, 187.
Cunha (João Nunes da), 391, 392.
Cunha (João Nunes da), i.° conde de S. Vi-
cente, 175.
Cunha (D. José Maria Vasques Alvares da),
4." conde da Cunha, 154.
Cunha (D. Leonor da), condessa de Cifuen-
tes, 166.
Cunha (D. Leonor da), m. de Fernão Gomes
de Góes, 164.
Cunha (D. Leonor da), m. do dr. João das
Regras e depois de D. João de Castro 161,
353.
Cunha (D. Lopo Vasques da), duque de
Huete, 166.
Cunha (Lopo Vasques da), sr. de Buendia,
i65, 166, 169; ar., 168.
Cunha (Lourenço Fernandes da), 154.
Cunha (D. Lourenço Fernandes da), 2.» sr.
da Tábua, i56, 157, 1^9, 187, 189, 245.
Cunha (Lourenço Martinsda), f. de D. Martim
Lourenço da Cunha, 187, 188, 189.
Cunha (D. Luís da), célebre diplomata, 154.
Cunha (Luís da), rrtbço fidalgo do príncipe
D. João, 482.
Cunha (Luís da), 4.° sr. do morgado de Paio
Pires, 179.
Cunha (Luís da), sr. da Tábua, i63; epitáfio,
i63.
Cunha (Luís Vasques da), prior de Santa
Maria de Guimarães, i65; ar., i65.
Cunha (Manuel da), capitão de nau da ar-
mada da índia, 175.
Cunha (D. Manuel Alvares da), i6.° sr. da
Tábua, i63.
Cunha (D. Manuel Alvares da), 17." sr. da
Tábua, i63; epitáfio, i63.
Cunha (D. Maria da), abadessa de Lorvão,
1154.
Cunha (D. Maria da), m. de Fernão Coutinho,
Cunha (D. Mana da), m. de Luís da Cunha,
i63.
Cunha (D. Maria da), m. de Martim do Sem,
■ 170.
Cunha (D. Maria da), m. de Nuno da Cunha,
174, 175.
Cunha (D. Mana da), 9.» sr." de Pombeiro,
191.
Cunha (D. Maria Caetana da), condessa de
S. Vicente, 175.
Cunha (D. Maria Martins da), m. de Gonçalo
Pires de Portocarreiro, 188.
Cunha (Martim Lourenço da), padroeiro de
S. Simão da Junqueira, iSg, 187.
Cunha (Martim Lourenço da), i.»sr. de Pom-
beiro, 188, 189.
Cunha (Martim Lourenço da),8.°sr. de Pom-
beiro, 191.
Cunha (Martim Vasques da), alcaide mor de
Celorico de Basto, 5° sr. da Tábua, i5i,
i52, i53, 159.
Cunha (Martim Vasques da), alcaide morde
Linhares, conde de Valência de Campos,
52, 53, 54, 96, iGi, 162, i65, 169. -7 Ar.,
1G7.
Cunha (Martim Vasques da),6.»sr. da Tábua,
157, 279.
Cunha (Martim Vasques da), g.^sr. da Tábua,
164.
Iiidice de matérias
563
Cunha (Mateus da), 7.° sr. de Pombeiro, 190.
— Ar., 191; epitáfio, 190.
Cunha (Mecia da), dama da rainha D. Felipa,
, 166.
Cunha (Mecia da), sr.* da Tábua, m. de Pêro
Gomes de Abreu, i63.
Cunha (D. Mecia Vasques da), abadessa de
l.orvão, 161, i66.
Cunha (Nuno da), camareiro mor do infante
D. Fernando, 170, 171.
Cunha (Nuno da), gov.or da índia, 171, 172,
173, 174, 175, 17C, 178, 362. — Ar., 168.
Cunha (D. Pedro da), i.° conde de Buendia,
166.
Cunha (Pedro Lourenço da), f. de Lourenço
Martins da Cunha, 189.
Cunha (Pedro Vasques da), 2." sr. de Angeja
e Pinheiro, 84, 161, 164, 167, 480, 5i3, 52i.
Cunha (Pedro Vaz da), estribeiro mor, 174,
'77. 178- ■ .
Cunha (Pêro Vaz da), o Bisagudo, capitão
mor de armada, 480, 481.
Cunha (D. Rodrifço da), Historia ecclesias-
tica de Braga, 35 1, 364. — Historia eccle-
siastica da igreja de Lisboa, 339, 340, 35 1,
4>5.
Cunha (D. Rodrigo da), prior de Santa Mana
de Guimarães, 164, i65.
Cunha (Rodrigo Anes da), cavaleiro, 187.
Cunha (Rui da), 196, 522.
Cunha (Rui da), com.or da Ordem de San-
tiago, 166.
Cunha (Rui da), prior de Santa Maria de
Guimarães, 164,' i65.
Cunha (Rui da), sr. da quinta de Bastuco,
187, 188.
Cunha (Rui Gomes da), copeiro mor, 176,
177.
Cunha (Rui Gonçalves da), arcediago na Sé
do Porto, 166.
Cunha (Rui Vasques da), 166, 187.
Cunha (Simão da), sr. de Povolide, 176,521.
Cunha (Simão da), trinchante, 174, 176, 177.
— Epitáfio, 176.
Cunha (Tristão da), emb.«r a Roma, 12, 171,
172, 173, 174, 178. — Epitáfio, 173.
Cunha (Tristão da), f. de Simão da Cunha,
176.
Cunha (Tristão da), i.° sr. de Valdigem, 177.
Cunha (Vasco Lourenço da), 4.° sr. da Tábua,
159.
Cunha (Vasco Martins da), o Moço, 8.° sr.
da Tábua, 161, i63, 164, i65.
Cunha (Vasco Martins da), o Velho, 3.° sr.
da Tábua, 157, 159, 160, j6i, i65, 166, 167,
168, 416.
Cunha de Ataíde (Nuno da), cardial inqui-
sidor geral, 176, 177.
Cunha de Ataíde (Nuno da), conde de Pon-
tével, 176.
Cunha de Ataíde (Simão da.), 7.° sr. de Povo-
lide, 176, 477, 521.
Cunha de Ataíde (Tristão da), i." conde de
Povolide, 176, 477.
Cunha Ataíde e Melo (Tristão da), 8." sr. de
Povolide, 477.
Cunha Coutinho (Pêro da), 169.
Cunha Faro Meneses Portugal "da Gama Car-
neiro de Sousa (José Manuel da), 4.° conde
de Lumiares, 116, i85, 186.
Cunha Faro Meneses Portugal da Gama Car-
neiro de Sousa da Silveira (José Manuel
da), 7> conde de Lumiares, ii3, 116, 1S6,
520. — Ar., 186-187.
Cunha Grã Ataíde e Melo (.A.ntónio da),
conde de Sintra, 177.
Cunha Grã Ataíde e Melo (João da), sr. da
casa de Povolide, 177.
Cunha Grã Ataíde e Melo (Luís da), 4.° conde
de Povolide, 177.
Cunha de Melo (Tristão da), 477.— V. Cunha
Ataíde e Melo (Tristão da).
Cunha e Mendoça (D. Beatriz Josefa da), m.
de D. Carlos José Bento de Meneses, 177.
Cunha de Mendoça (Pedro da), 2." sr. de Val-
digem, 177.
Cunha e Meneses (Carlos da), f. dos 4.°»
Condes de Lumiares, 1S6.
Cunha e Meneses (Francisco da), 12.° sr. do
morgado do Vimieiro, i85.
Cunha e Meneses (Joaquim Pedro), f de
Luís da Cunha e Meneses, 186.
Cunha e Meneses (José Félix da), S.° alcaide
mor de Tavira, 179, 520.
Cunha e Meneses (José Félix da), 6.° Conde
de Lumiares, i85, 186. ,
Cunha e Meneses (José Manuel da), £ de
Luís da Cunha e Meneses, 186.
Cunha e Meneses (Luís da), í. dos 4."' Condes
de Lumiares, 18G.
Cunha e Meneses (Luís da), f de Luís da
Cunha e Meneses, 186.
Cunha e Meneses (D. Luísa" da), marquesa
da Ribeira Grande, 186.
Cunha e Meneses (D. Luísa da), m. de José
Augusto da Gama, 186.
Cunha e Meneses (Manuel da), capitão do
batalhão naval, i85, 186.
Cunha e Meneses (Manuel da), 3.° conde de
Lumiares, 179, 180, i85.
Cunha e Meneses (Manuel da), sr. do mor-
gado de Paio Pires, 179.
Cunha e Meneses (Manuel Inácio da), sr. do
morgado de Paio Pires, 179.
Cunha e Meneses (D. Maria da Glória da),
marquesa do Louriçal, 520.
Cunha e Meneses (D. Maria Joaquina da),
baronesa da Regaleira, 186.
Cunha e Meneses (D. Maria Luísa da), m. do
autor, i85-i86.
564
Brasões
Cunha e Meneses (D. Maria Nazareno da),
m. de Luís de Castro Guimarães, 186.
Cunha e Meneses (D. Maria do Resgate da),
f. de Luís da Cunha e Meneses, 186.
Cunha e Meneses (D. Mariana da), m. de
D. Luís Gonçalves Zarco da Câmara, 186.
Cunha e Meneses (Tristão António da), f. de
Manuel da Cunha e Meneses, 129.
Cunha Nova, quinta, 187.
Cunha Pacheco de Meneses (Luís da), 5."
conde de Lumiares, 180.
Cunha Velha (Sr. da), 245.
Cunhal (Assalto do), 470.
Çiirita (Gerónymo), Anales de la corona de
Aragon, 2Ó7, 269.
Curvai, paços, em Castela, iii.
Dade (Fernão), f. do Alcaide de Santarém,
248.
Dade (D. Maria), m. de João Pires Brocardo,
248.
Dade (Martim), alcaide de Santarém, 407.
Dães, 267.
Damas: de honor da Rainha, 457; da Impe-
ratriz, 389; do paço, 223, 514, 523, 524; da
Princesa, 523; da Rainha, 176, 179, 186,
225, 267, 322, 374, 375, 378, 392, 514; da
Rainha de Inglaterra, 473.
Darque, doação, 112.
Delorme Colaço (José Maria), Galeria dos
Vice-Reis, e Governadores da Índia Por-
tuguesa dedicada aos itlustres descendentes
de taes Heroes. Etn i83g e 1840, 168.
Demay (G.J, Le costume au moyen age
d^après les sceaux, 409.
Denis (D.), infante, f. de D. Afonso III, 159,
188. — V. Denis (D.), rei.
Denis (D.), infante, f. de D. Pedro I, 88, 89.
Denis (D.), irmão do Duque de Bragança, 40.
Denis (D.), rei de Portugal, 106, 107, 108,
i3i, i32, i5i, i52, i58, 195, 2o5, 243, 253,
254, 255, 259, 262, 263, 2o5, 266, 273, 275,
276, 340, 35 1, 525.
Denucé (J.), Privilèges commerciaux ac-
cordés par les róis de Portugal aux Fla-
mands et aux Allemands fxv.e et xvi.e siè-
clesj, 483.
Deputado, 186.
Descripcion genealógica y historial de la
ilustre Casa de Sousa, 276, 277.
Desembargador, 410,460; de agravos, 239;
do Paço, 240; dei Rei, 240.
Desembargador f Privilégios de), 217.
Desembargo (Do), 326.
Desembargo do Paço, escrivão, 21.
Deslandes (Venâncio), administrador da Im-
prensa Nacional, 59, 69, 2o5.
Devesa da Granja, lugar, 319.
Diário do Governo, 210, 237, 459, 5o5.
Diário I Ilustra do, 4, 5.
Diário Lisbonense, 220.
Dias de Sousa (Manuel), 225.
Dio, cerco, 5 10.
Diogo (D.), 4.° duque de Viseu, 171, 228, 33o,
418, 420, 429, 5o5,
Diogo (D.), f. do Marquês de Vila Rial, 3i3,
314.
Diogo Afonso, provedor do hospital e gafaria
de Sintra, 24.
Diogo Alvares, vedor da rainha D. Felipa,
478, 479-
Diogo Gomes, pintor, 2 5.
Diogo Soares, 162.
Ditado régio. Si, 3 18.
Documentos falsos, 322 a 327.
Documentos e Memorias da Academia Real
da Historia, — V, Collecçam.
Documentos para a historia portuguesa, 336.
Doiro, rio, 201, 202, 204.
Dom, título, 109, 145, 193,207, 214, 215,224,
25i, 275, 281, 5o5.
Domingos (D.), abade de Alcobaça, epitáfio,
523.
Domingos Joanes, instituidor do morgado de
Oliveira do Hospital, 7. — Ar., 7, 9.
Dona Elvira, serra, 242.
Donas de honor da Rainha, 514.
Donzelas: da casa da rainha D. Maria, 174;
da infanta D Beatriz, 374; da rainha
D. Caterina, 358; da rainha D. Isabel, 286,
3 12, 3i3, 426, 480; da rainha D. Leonor,
182, 421.
Dornelas, linhagem, corrompido em Orneias,
329.
Dornelas, torre na freguesia do Salvador,
341, 38 1.
Dornelas (Fernão Fernandes de), sr. da torre
e quinta do Oiteiro, 38i.
Dornelas (João), cavaleiro, 344.
Doutel (Gil Martins), 3 10.
Drumond, ar., 20.
Duarte (D.), conde, 359, 36i. — V. Meneses
(D. Duarte de), conde de Viana.
Duarte (D.), 5.'' duque de Guimarães, 236.
Duarte (D.), infante de Portugal, f de
D.João I, 125, 126, 294, 323, 349, 35o, 357.
Duarte (D.), infante de Portugal, f. de D. Ma-
nuel, ar , 22, 33.
Duarte (D.), rei de Portugal, 81, 83, 126, 128,
129, i33, i34, i36, 146, 147, 164, i65, 170,
209, 23 1, 283, 285, 3 II, 3 16, 349, 353, 354,
357, 368, 425, 427, 43o, 452, 469, 475, 476,
480.
Duarte Fernandes, proprietário em Sintra,
27.
Duarte Fernandes, vigário de S. Martinho de
Sintra, 5oi, 5o2. — Epitáfio, 5oi.
Duas Igrejas, casal, doação, 343.
Duas Igrejas de Vai de Pombos, terra, doa-
ção, 343.
Du Cange, Glossarium, 3o6.
Ilídice de matérias
565
Dn Cros (Jean), ii.
Duenas, io5.
Da Guesclin, 66.
Dulce (D.), rainha de Portugal, m. de D. San-
cho I, 292.
Duques: Albuquerque, Arjona, Aveiro, Bar-
celos, Beja, Benavente, Berwick, Bor-
gonha, Bragança, Cadaval, Caminha, Coim-
bra, Ecalona, Faial, Guimarães, Huete,
Lafões, Lancastre, Loulé, Miranda do
Corvo, Najera, Narbonne-Lara, Ossuna,
Palmela., Saldanha, Terceira, Valência de
Campos, Veragua, Vila Rial, Viseu.
Duquesas: Borgonha, Bragança, Cadaval,
Cascais, Ficalho, Lafões, Terceira.
Durão (D.), bispo, 472.
EÇA, linhagem, 85, 96, 98, 99. — Ar., 19, 33,
40, 87, 364.
Eça, senhorio, 97, 98.
Eça (D. Branca de), m. de João Rodrigues de
Azevedo, 98.
Eça (D. Brites de), abadessa de Celas, 98.
Eça (D. Caterina de), abadessa de Lorvão,
97, 98.
Eça (D. Caterina de), m. de D. João de Vas-
concelos e de Meneses, 358.
Eça (D. Felipa de), abadessa de Lorvão, 98,
99, 100.
Eça (D. Fernando de), sr. de Eça, 97, 98. —
Epitáfio, 97.
Eça (D. Joana de), abadessa de Celas, 98.
Eça ^D. Joana de), camareira mor, 358.
Eça (D. Margarida de), abadessa de Lorvão,
99.
Eça (D. Maria de), m. de D. Atonso de No-
ronha, 436.
Eça (D. Pedro de), 98.
Eduarte (Infante), v. Duarte (D.), infante.
Eduarte (D.), rei de Portugal, v. Duarte (D.).
Ega (Condes da), 496. — Ar., 497.
Egas Fafes (D.), 337, 338.
Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques,
246, 247, 3o6, 498, 528.
Eixa (D.), m. de "D. Randufo Çoleyma, 154.
Eixemea Esteves (D.), m. de Estêvão Peres
de Aboim, 247.
Eixão mor, 266.
Eixo, 262, 264, 267.
Elvas: alcaide mor, 285, 3 10, 443, 444, 445;
batalha das linhas, 222, 509; capitão, 329;
cerco, 67, 96; concelho, 256; fronteiro 67,
285 ; herdade no termo, 382, 383 ; igreja de
Santa Maria dos Açougues, 429; morador,
382, 385, 399,445; praça, 457; rendas riais,
284; serviço novo dos Judeus, 284; termo,
256, 383, 385, 399; tomada, 405, 406; Vas-
concelos de lá, '347.
Elvira (D.), viúva de D. André, 248.
Elvira Gonçalves, f. de D. Gonçalo Rodrigues
da Palmeira, 3o4, 3o5.
Elvira Gonçalves (D.), m. de D. Garcia
Mendes de Sousa; epitáfio, 204, 522.
Elvira Origuiz, m. de D. Lçurenço Mendes
de Gundar, 242.
Elvira Peres, ama de D. Afonso III, epitáfio,
522.
Elvira Peres, f. de Pedro Esteves, 522.
Encarnação (D. Maria Ana da), m. de Maíiuel
Dias de Sousa, 225.
Encarnação (D. Tomás da), Historia Eccle-
siae Lusitaniae, 304.
Entre Doiro e Minho, comarca: bens lá, i65,
348, 349; censo da população, 353, 401;
fronteiro, 108. — Província: gov.or das ar.,
219, 377, 378.
Entre Homem e Cávado, julgado: bens lá,
340, 341; doação, 120, sr., 239.
Entre Lima e Minho, administração eclesiás-
tica, 3ig. •
Entre Tejo e Guadiana, comarca : adiantado,
39S; corregedor, 1 33, 398, 414; meirinho
nior, 169; povoação, 4O1, 402; residentes,
382.
Enxara (Marina Pires da), amante de
D. Afonso III, 274.
Enxara dos Cavaleiros: povoação, 362; sr.,
277, 278, 362; senhorio, 127, ^56, 35y, 358,
359.
Enxarrama, ribeira, 384.
Enxobregas, v. Xabregas.
Enxuvregas, v. Xabregas.
Epitáfios, 28, 59, 69, 83, 97, io5, 11 5, Ji6,
118, iiQ, 125, 127, 129, i63, 173, 176, 181,
188, 190, 191, 194, iq5, 196, 204, 2o5, 214,
2í5, 217, 226, 229, 2%, 2S8, 258, 278, 327,
344, ^5i, 332, 355, 358, 36i, 363, 3ò5, 367,
371, 373, 388, 389, 391, 393, 394, 395, 397,
417, 419, 420, 432 a 438, 449, 4"65, 466, 472,
486, 5o'i, 522,,523, 533.
Ericeira : dízima do pescado, 358; privilégios,
357; srs., 236, 277,278,516; senhorio, 277,
278, 279, 281, 356, 357.
Ericeira (Conde da), i .", D.Diogo de Meneses,
116.
Ericeira (Conde da), 2.°, D. Francisco de
Meneses, 116, 519.
Ericeira (Conde da), 3.° D. Luís de Meneses,
1 16, 519.
Ericeira (Conde da), 4."», D. Francisco Xavier
de Meneses, 116, 519.
Ericeira (Conde da), 5.°, D. Luís de Meneses,
1 16, 519.
Ericeira (Conde da), 6.°, D. Francisco de
Meneses, 519,
Ericeira (Conde da), 7.», D. Henriqjue de
Meneses, 520.
Ericeira (Conde da), Henriqueida, 116.
Ericeira ( Conde da), Historia de Tanger^ \iò.
Ericeira {Conde da)^ Portugal restaurado,
116,275,377, 379.
566
Brasões
Ericeira (Condes da), ii3, ii6, iiy. i86;
palácio em lJ:boa, 520.
Ericeira (Condessa da), D. Ana Xavier de
Rohíin, 519.
Ericeira (Condessa da), D. Joana de Meneses,
1 16.
Ermelo (Abade de), 242.
Escacha (I). Pêro Pais), i56.
Escalona ÍDuques de), 162.
Escalona (Marqueses de), 162.
Escócia (Rainha de), 5i3.
Escrivão: da câmara rial, 8, 16, 21, 181, 182,
400; da fazenda, 8, 182, 472; da nobreza,
i3, 14, i5, 322; da puridade, 81, 147, 167,
382, 420, 42 1, 448, 453 ; dei rei D. Fernando,
'89-
Esgueira, dízima nova do pescado, 532.
Esmoler mor, 464, 467.
Espanha, i85, 253, 27G. — Embaixador de lá,
482. — Grandes, 166, 222,462. — Infante,
520. — Rainha, v. Áustria (D. Margarida
de), Bourbon (D. Isabel de). — Rei, v. Fe-
lipe II, Felipe III.
Espargosa, ar., 20.
Esperança (Fr. Alanuel daj, História Será-
fica, 97, 107, 197.
Espinhal, 92, 94.
Espinheiro, convento, 192, 214, 435; igreja,
472.
Espinhei, 190.
Esporão, herdade, 383, 384, 385.
Esporão (Morgados do), 382, 383, 384, 385,
387, 388, 38o, 3qi, 392. — Sua capela na Sé
de Évora, 36i, 368, 287, 388, 3.«9, 391. .
Esporão (Álvaro Mendes do), 382, 383, ÍS6.
— V. Vasconcelos (Álvaro Mendes de).
Esporão (Joane Mendes do), 386. — V. Vas- ^
concelos (Joane Mendes de).
Estácio da Veiga, Antiguidades de Mafra,
278.
Estados Gerais das Províncias Unidas, embai-
xador lá, 236.
Estevainha Peres, m. de Gomes Ansur e
depois de João Gonçalves de Barvudo, 248.
Estevainha Soares (D.), 338.
Estêvão (D.), arcebispo de Braga, 293.
Estêvão Anes, bispo duvidoso "de Lisboa,
336, 339.
Estêvão Eanes, cavaleiro, 248.
Estêvão Eanes, chanceler, 248, 251,407,408,
53i.
Estêvão Rodrigues, procurador do concelho
de Sintra, 27.
Estêvão Soares, arcebispo de Braga, 405.
Esteves, ar., 20.
Estreito (Armada do), 178.
Estreito de Gibraltar, 447.
Estremadura, comarca, 196, 3 1 3. — Povoação,
40». — Prédios lá, 269. — Procurador dos
feitos dos forais, 314.
Estremoz, 79, 87, 255, 396, 434, 533.— Alcaide
mor, 340, j52, 529. — Bens lá, 261, 263. —
Contador, 472. — Data de carta, 1 65, 329,
438. — Fronteiro, 340. ^ Provedor da fa-
zenda, 472.
Estribeiro mor, 174, 177, 178, 470, 473, 480,
482, 5 16, 517, 5i8.
Eugenia (D.), condessa de Tentúgal, 435,
443, 533.
Évora, 217, 397, 435, 466, 5o3. — Alcaidaria
mor, 448, 449. — Alcaide mor, 167, 169,
415,422, 449, 450,475, 521. — Arcebispo,
526, 533. — Arquivo da Misericórdia, 389,
529 — Biblioteca pública, 8, 326, 431. —
Bispado, i32. — Bispo, 256, 257, 292, 293,
387, 388, 429. — Bispo coadjutor, 432. —
Capitães, 147. — Capitão da gente de guerra,
147. — Casa do Sanado, 43i. — Casas, 453.
— Castelo, 79, 111, 411, 425, 43o, 449. —
Castelo velho, doação, 4'io, 43 1. — Celeiros
dos prelados, 43 1.' — Cerca velha, 453. —
Concelho, 249, 253, 255, 395. — Contador,
472— Convento do Espinheiro, q.v. — Con-
vento dos Lóios, 426, 43 1, 440, 532; epitá-
fios, 432 a 438 ; inscrição da fundação, 428,
432; inscrições, 43 1 — Convento de S. Do-
mingos, 217, 467; seu prior, 431. — Con-
vento de S. Francisco, 472. — Data de carta,
68, 81, 82, 137, 145, 146,295,296, 3 10, 3i3,
320, 326, 327, 329,414,426, 53o. — Festejos,
4, 216. — Gov.or, 222. — Gov.or ftenensj,
254. — Herdade no termo, 255, 257, 385,
467. — Herdamentos, 258, 261. — Hospital
de Jerusalém, 397. — Igrejas: dos Lóios,
214, 436, 442; do mosteiro de N. Sr." dos
Remédios, 443, 533; de S. Francisco, 347,
394, 396, 397, 449; de S. Mamede, 430. —
Inquisição, 438. — Judeus, 145. — Juiz, 395,
396, 397, 398. — Justas, 216, 480. — Miseri-
córdia, 389, 529. — Morador, 383, 384, 385,
397, 398, 4i3, 425. — Morgado dos Condes
de Basto, 120. — Museu da Biblioteca pú-
blica, 216. — Paços: do Concelho, 430;
junto do castelo, 425,430; de S. Miguel,
147. — Palácio da Torre das Cinco Quinas,
• 43i. — Pátio de S. Miguel, 43o. — Peste,
296. — Praça, 4, 384. — Provedor, 217; da
fazenda, 445, 472. — Provisor do arcebis-
pado, 432. — Quinta no termo, 424. — Reis
lá, 95, 147. — Reridas; das boticas, vento
e açougagem, 444; do genesi, 284; da ju-
diaria, 4i3. — Saboarias pretas, 146. —
Santo Ofício, 437. — Sé, 196, 384, 389;
adro, 43o; cabido, 256, 257, 387, 388; ca-
pela do Esporão, 36 1, 368, 387, 388, 389,
391; cónego, 152,437; prioste, 43i. — Ser-
viço rial dos Moiros, 449. — Torre da cerca
velha, 423, 43o. — Túmulos da igreja de
5. Francisco, 394 a 399.
Évora (Lopo Pires de), 397.
índice de matérias
567
Évora (Pêro de), escrivão da nobreza, 8, i3,
14, i5.
Évora gloriosa, v. Fonseca (P.e Francisco
da).
Évora Monte, 43o. — Bens lá, 261, 263. —
Convenção, i85, 234. — Sr., 194; senhorio,
259.
Excelente Senhora, 176, 21 5, 873, 496. — V.
Joana (D.), princesa de Castela.
Exemea (D.), m. de D. Randufe, 154.
Faial íDuque de), 282. '
Faial (Marquês de), 282.
Falcão, ar., 22. — Progenitor, 284.
Falcão (Cristóvão), poeta, 284.
Falcão (João), alcaide do castelo de Mourão,
283, 284.
Falces (Marqueses de), 166.
Fanshaw (Sir Richard), embaixador inglês
em Lisboa, 491, 492.
Fão, terra, doação, 1 12; sr., iio, 1 11; senhorio,
i36.
Faria, couto, 187; julgado, 187.
Faria, geração, ar., 39.
Faria (Dr. Baltasar de), embaixador em Roma,
99.
Faria (Dr. Diogo de), físico e cirurgião mor,
33i.
Faria (Francisco de), contador da aposen-
tadoria de Santarém, 329, 33o, 33 1. — Epi-
táfio, 327.
Faria (Guiomar de), m. do mestre Gil, 33 1.
Faria (D. Joana de), m. de Nuno Fernandes
de Ataíde, 227.
Faria (Dr. João de), enviado em Roma, 12.
Farinha (D. Fr. Afonso Peres), prior do Hos-
pital, 237.
Farinha Podre (Com.or da), 309.
Farinquel (Fernão Pires), f. de D. Pedro
Ourigues da Nóbrega, 248. — V. Fernão
Pires.
Faro : conquista, 25 1, 407; data de carta, 25 1,
408 ; foral dos Moiros forros, 260.
Faro, Hnhagem, ar., 184, 187, 380,474; ca-
pela, 225.
Faro (Conde de), i.°, 398.
Faro (D.Francisco de), i.*> conde e 5.» sr. do
Vimieiro, 184.
Faro (D. Francisco de), irmão do 3.° conde
de Odemira, 473.
Faro (D. Mariana de), condessa da Ilha do
Príncipe, 184.
Faro e Sousa (D. João de), 5.» conde do
Vimieiro, 184.
Faro e Sousa (D. Sancho de), 7.° sr. do Vi-
mieiro, 184.
Farrobo (Condes do), i.°', 186.
Fartaquins, 172.
Feio (Gil Pires), 247.
Feira, castelo, 11 3, ^25; alcaide, no; doação,
3ii.
Feira, concelho, 266; julgado, 109.
Feira, terra de Santa Mana, doação, 109, 3 10,
3x2, 3i5.
Feira (Casa da), 3 10, 3i5; demandas para a
sua posse, 3 12, 3i5.
Feira (Condado da), 3i2. — Documentos
falsos relativos à sua criação, 322 a 327.
Feira (Conde da), 1°, D. Rodrigo Pereira,
193, 3ii, 3i2, 3i3, 323, 324, 325, 52i.
Feira (Conde da), 2.°, D. Diogo Pereira, 3 11,
3i2, 3i3, 3i4, 326.
Feira (Conde da), 4.°, D. Diogo Forjaz Pe-
reira, 314.
Feira (Conde da), 5.", D. João Forjaz Pereira,
314.
Feira (Conde da), 6.°, D. Manuel Forjaz Pe-
reira Pimentel, 3i5.
Feira (Conde da), 7.", D. João Forjaz Pereira,
3i3.
Feira (Conde da), 8.°, D. Fernando Forjaz
Pereira, 3 12, 3i5, 528.
Feira (Conde da), 9.°, D. Miguel Pereira
Forjaz, 3i5.
Feira (Condes da), 309 a 3i5.
Feira (Condessa da), 5.*, D. Joana Forjaz
Pereira, 3x5.
Feira (Srs. da), 3io, 3i3, 3x4, 325, 416.
Felgosinho, 408.
Felgueiras: concelho, 204; julgado, doação,
120.
Felipa (D.), f. do Conde de Olivença, 429,
4 35. — V. Melo (D. Felipa de) .
Felipa (D.), f. do infante D. Pedro, 427.
Felipa (D.), rainha de Portugal, m. de
D. João I, 80, 84, 141, 142, 143, 166, 239,
479,5x8.
Felipe, o Bom, duque de Borgonha, 451.
Felipe (D.), príncipe de Castela, f. de Carlos V,
363. — V. o seguinte.
Felipe II, rei de Espanha, 89, 371, 390, 482. —
V. o precedente e Felipe I, rei de Portugal.
Felipe IV, rei de Espanha, i x6, 2x9, 341,442,
443. — V. Felipe III, rei de Portugal.
Felipe I, rei de Portugal, 147, 289, 364, 389,
469,470,477. — V. Felipe II, rei de Espanha.
Felipe 11, rei de Portugal, 391, 470.
Felipe III, rei de Portugal, 39 1 .—V. Felipe IV,
rei de Espanha.
Felipe (Estêvão Vasques), capitão e anadel
mor da gente de Lisboa, 78.
Felipes (Ocupação dos), 121.
Félix (Clemente), Reposta que fa^ aos Op-
positores da casa de Mafra em favor do
Conde de Figueiró, 341.
Feo (João Carlos), genealogista, 224. — V. o
seguinte.
Feo Cardoso de Castelo Branco e Torres
(João Carlos), Attestado genealógico...
passado ao senhor Augusto Romano San-
ches de Baena e Farinha, 224. — Memorias
568
Brasões
historico-genealogicas dos Duques portu-
ffue^es, 23o, 233, 262, 271, 272, 2^5, 526. —
Resenha das famílias titulares, 470.
Fermedo (Srs. de), 3i5.
Fernandes (Gil Afonso), 224.
Fernandes Tomás (Aníbal), 116.
Fernando (D.), conde, 292.
Fernando (D.), con^e, sr. de Castro, 145. —
V. Castro (D. Fernando de), conde de Tras-
tâmara.
Fernando (D.), conde de Trava, 3o5.
Fernando (D.), 2° duque de Bragança, 429,
435, 438,439. — V. Fernando (D.), 1.° mar-
quês de Vila Viçosa.
Fernando (D.), 3.'''duque de Bragança, i3o,
384, 429, 439. — V. o seguinte e Guimarães
(Conde de).
Fernando (D.), f. do Marquês de Vila Viçosa,
128, 129, i3o. — V. o precedente.
Fernando (D.), infante, duque de Viseu e de
Beja, 81, 135, 171, 227, 228, 229, 282, 328,
435, 453.
Fernando (D.), infante, f. de D, Afonso 11^
292.
Fernando (D.), infante, f. de D. João I, 126,
146, 164.
Fernando (D.), infante, f. de D. Manuel, 288.
— Ar., 33.
Fernando (D.), i." marquês de Vila Viçosa,
128, 129, i3o, i33. — V. Fernando (D.), 2,»
duque de Bragança.
Fernando V (D.), rei de Aragão e Castela,
229, 439.
Fernando III (D.), o Santo, rei de Castela e
Lião, 106, 406.
Fernando IV (D.), rei de Castela, 106.
Fernando I (D.), rei de Portugal, 46, 47, 55,
64, 65, 06, 67, 68, 80, 87, 88, 91, 94, 95, 06,
109, 110, 112, 117, 118, 120, 122, i33, i34,
144, 160, 162, 189, 208, 229, 245, 279, 294,
3 10, 342, 343, 344, 346, 409, 411, 412, 413,
424, 477, 478.
Fernando Goterres (D.), da Galiza, 522.
Fernando Ourigues, f. de D. Ourigo da Nó-
brega, 243, 246.
Fernão e Fernando, 193.
Fernão Afonso (Dr.), des.or dei Rei, 240.
Fernão Fernandes (D.), rico homem, 293.
Fernão Godins, sr. da herdade do Cabedal,
399.
Fernão Gonçalves, f. de D. Gonçalo Rodri-
gues da Palmeira, 3o4, 3o5.
Fernão Gonçalves, prior de Povos, 248.
Fernão Lopes, Chronica de D. Fernando,
47i 64, 67, 79^ 94, 95, 1 1 8, 1 2 1 , 279, 399, 424,
479, 529 — Crónica de D. João 1, 54, 79,
121, 162, 190, 208, 239, 281, 3 10, 344, 346,
365, 396, 399, 41 1, 412, 414, 415, 422, 477,
529
Fernão Lopes, historiador^ guarda das escri-
turas da Torre do Tombo, 125, 295. 423,
424.
Fernão Martins, criado do Arcebispo de
Braga, 243.
Fernão Martins, morador em Sintra, 24.
Fernão Grigis, 246. — V. Fernando Ourigues.
Fernão Pais (D.), i.» sr. de Tábua, i53, 154.
V. Cunha (D. Fernão Pais da).
Fernão Pires, f. de D. Pedro Ourigues da
Nóbrega, 246. — V. Farinquel (Fernão
Pires).
Fernão Reimondo, de Rio de Moinhos, epi-
táfio, 522.
Fernão Sanches, f. b. de D. Denis, 266.
Fernão Vasques, 189.
Ferreira : bens lá, 355, senhorio, 262.
Ferreira, geração, ar., 38.
Ferreira (Brás de), procurador dos feitos dos
forais da comarca da Estremadura, 3i3.
Ferreira (Duarte Fernandes), morador em
Óbidos. 24.
Ferreira {\). Guiomar de), condessa de
Ourem. 128. — V. Guiomar ^D.),
Ferreira (João Lourenço de), alcaide de Bra-
gança, 475, 476, 535.
Ferreira (Marquês de), i,«>, D. Rodrigo de
Melo, 4^5, 441.
Ferreira (Marquês de), 2.°, D. Francisco de
Melo, 435, 436, 437, 442, 443, ■ 32, 533.
Ferreira (Marquês de), 3.°, D. Francisco de
Melo, 435, 436, 532.
Ferreira (Marquês de), 4.°, D. Nuno Caetano
Alvares Pereira de Melo, 441.
Ferreira (Marquesa de), D. Beatriz de Me-
neses, 435.
Ferreira (Marquesa de), D. Joana Pimentel,
435.
Ferreira (Marquesa de), D. Maria de Toledo
e Moscoso, 435, 441.
Ferreira (Pêro Lourenço de), i.° sr. de Po-
volide, 425, 475, 476.
Ferreira do Alentejo: comenda, 228, 229;
igreja, 229.
Ferreira de Aves: doação, 68, 425, 427; sr.,
52, 118, 214, 268, 279^ 425, 524; senhorio,
441.
Ferreira Barreto (João), mquisidor, epitáfio,
438.
Ferreira de Eça (Gregório), ii.° sr. da casa
de Cavaleiros, 1 15.
Ferreira de Eça (D. Maria José), sr.» da casa
de Cavaleiros, n5.
Ferreira de Vasconcelos (Jorge), Memorial
das proesas da segunda Tavola Redonda,
435.
Ferreira de Vera (Alvará), Notas ao Nobi-
liário do Conde D. Pedro^ 161.
Ferreirim, convento de Santo António, 59.
Ferreiros, freguesia de Santa Maria, 337, ^^^}
341.
índice de matérias
569
Ferreiros (Sr. de), i23.
Fervença (Casa da), 342.
Ferrer de Valdecebro (P.e Fr. André), escri-
tor, 392.
Fez : bispo, 438 ; rei, 447.
Ficalho, quinta, 4.^6.
Ficalho (Casa de): ar., 459; varonia, 459,
534.
Ficalho (Conde de), i.», Francisco de Melo,
458, 514.
Ficalho (Conde de), 2.°, António de Melo,
459.
Ficalho (Conde de), 3.% Francisco de Melo,
459.
Ficalho (Conde dej, Viagens de Pedro da
Covilhã, 467.
Ficalho (Condessa de), D. Eugenia de Al-
meida, 458, 459.
Ficalho (Condessa de), D. Isabel Josefa
Breyner de Meneses, 457, 514.
Ficalho (Duquesa de), D. Eugenia de Al-
meida, 439.
Ficalho (Marquês de), António de Melo, 459.,
Ficalho (Marquesa de), D. Eugenia de Al-
meida, 458.
Ficalho (Srs. de), 410, 456,457,458, 5i4, 534;
Figanière (Frederico Francisco de iaj, Me-
77iflrias das Rainhas, 252, 255, 275, 276.
Figueira, morgado, 341, 468.
Figueira (Conde da), 1.°, D. José de Castelo
Branco, 341, 468.
Figueira (Conde da), 2.°, 341.
Figueira (Conde da), 3.°, 340.
Figueira (Condes da), varonia, 38 1.
Figueira (Condessa da), D. Maria José de
Melo Meneses e Silva, 468.
Figueira (Francisco), estribeiro mor do in-
fante D. Luís, 482.
Figueira da Foz, 1 16, 341.
Figueiredo, geração, ar., 474,
Figueiredo, terra: doação, 160; sr, 167.
Figueiredo (Aires Gonçalves de), /72.
Figueiredo (António Bernardo de), major de
artelharia, 127, 129, 328.
Figueiredo (Diogo Afonso de), vedor do in-
fante D. João, 91, 92, 95.
Figueiredo (Diogo Gomes de), Nobiliário,
170, 218, 23o, 370, 384, 387, 471-472.
Figueiredo (Fidelino de), O que é a Academia
das Sciencias de Lisboa^ 528. '
Figueiredo (Gomes de), provedor de Évora,
445, 471, 472, 473.
Figueiredo (D. Gonçalo de), bispo de Viseu,
472.
Figueiredo (Henrique de), escrivão da fa-
zenda de D. Afonso V, 471, 472.
Figueiredo (José Anastácio de), Memoria
para dar uma idéa justa do gue eram as
Behetrias, 35o. — Nova historia da Ordem
de Malta, 249, 257, 258, 261, 264, 304.
VOL. I
Figueiredo (Paula de), 237-238.
Figueiredo (Pedro de), f. de João Lourenço,
47I-
Figueiredo (Senhorinha Gomes de), m. de
João Lourenço, 471, 472.
Figueiredo (Senhorinha Gonçalves de), m.
de João Lourenço, 471,
Figueiredo (Teresa Gonçalves de), m. de
João Lourenço de S. Paio, 472.
Figueiredo Falcão (Luís de), Livro de toda
a fazenda, 014, 5o i.
Figueiró, 367, 369, 374. — Convento de Nossa
Senhora do Carmo, 370, 371. — Doação,
365, 366, 408. — Igreja de S. João Baptista,
388. — Serviço dos Judeus, 369. — Toirada
lá, 369. — V. Figueiró dos Vinhos.
Figueiró (Casa de), 38i.
Figueiró (Conde de), i .», Francisco de Vas-
concelos, 370, 371, 392.
Figueiró (Conde de), 2".°, D. Pedro de Lan-
castre, 3q2.
Figueiró (Condes de), 382.
Figueiró (Condessa de), D. Ana de Vascon-
celos e Meneses, 370, 37 1.
Figueiró (Srs. de), 283, 5^5, 364, 368, 370,
371, 379, 392.
Figueiró, moderno (Conde de), i.", Luís José
de Vasconcelos e Sousa, 379.
Figueiró, moderno (Conde de), 2P, 379,
Figueiró dos Vinhos, igreja de S. João Bap-
tista, 36i, 367. — V. Figueiró.
Figueiroa, geração: ar., 20; casa de Beire,
181.
Figueiroa (Pedro de), do Porto, 181.
Físico mor, 33 1.
Flandres, 1 3,45o. — Feitor lá, 8, 375.— Guerras
lá, 222.
Flor da Murta (Casa da), ii3, i38, 154.
Flore^ (P.^ Henrique)^ Espana sagrada, i32..
Fogaça (João), com.or de Sesimbra, 21 5.
Fogaça (João), poeta do Cancioneiro, 21 5,
374.
Fogaça (D. Margarida), m. de D. João de
Sousa, 2i5.
Fois, ar., 38.
Folgosinho, 94; doação, 285, 289; sr., 289.
Fonseca, ar., 18.
Fonseca (Álvaro Gonçalves da), i.° sr. do
pjprgado do Esporão, 385.
Fonseca (P.^ Francisco da), Évora gloriosa,
43 1.
Fonseca (Gonçalo Rodrigues da), morador
em Évora, 384, 385.
Fonseca (Teresa Anes da), instituidora do
morgado do Esporão, 384.
Fonte Arcada : lugar, 262 ; mosteiro, 338, 339.
Fonte Arcada (Visconde de), 2.°, Manuel
Jaques, 212.
Fonte Arcada (Visconde de), 3.°, João Jaques
de Magalhães, 212.
72
570
Brasões
Fonte Boa, morgado, 468.
Fonte Furada, herdade, aSy.
Fonte Guinaldo, castelo, 408.
Fonte de Mosárabe, lugar, 256.
Fonteboa, herdade, Soy, 398.
Fontelas, morgado, 239.
Fontelas (Morgados de), 382.
Fontelo, i32.
Forjaz da Câmara e Meneses (D. Maria Joana),
viscondessa de Vila Nova do Souto dei Rei,
3i5.
Forjaz Pereira (D. Diogo), 4." conde da Feira,
314.
Forjaz Pereira (D. Fernando), 8.° conde da
Fieira, 3 12, 528.
Forjaz Pereira (D. Joana), 6.* condessa da
Feira, 3i5.
Forjaz Pereira (D. João), 5." conde da Feira,
314.
Forjaz Pereira (D. João), j." conde da Feira,
3i5.
Forjaz Pereira de Meneses (D. Diogo), sr. da
casa da Feira, 314.
Forjaz Pereira Pimentel (D. Fernando), 8.»
conde da Feira, 3i5.
Forjaz Pereira Pimentel (D. Manuel), 6°
conde da Feira, 3 r 5.
Formoselha (Srs. de), ii3.
Fornelos (Srs. de), 70.
Foz, quinta, 81, 417, 419.
Foz (Marquês da), 10, 1 1, 38o. — Ar., 38o.
Foz de Arouce, 94.
Frade, ar, 16, 20.
Frades, terra, doação, 343.
França, i5, 47, i52, 246, 25o, 25i, 252, 253,
255, 258, 451, 492, 496. — Embaixaclor lá,
491, 517. — Falecido lá, 14, 441, — Guerras
lá, 170. — Moeda do cunho de lá, 357. —
Rainha, 5 r3. — Rei, 19; v. Luís XI, Luís XVI,
Luís XVIII.
França, biscainho, negociante no Porto, 181.
Franceses : invasão, 127; questão das toma-
dias, 14; rixa com Ingleses, 194.
Francisca, f. de Helena de Mesquita, 466.
Francisco (D.), infante, f. de D. Pedro II,
3i2, 3i5.
Francisco Rodrigues, de Lisboa, 28.
Franco (João Fernandes), progenitor dos
Orneias, 339, 38i.
Francos, terra, doação, 343.
Frechas, ribeira, 53.
Frederico II, imperador da Alemanha, 56.
Freire (Gomes), sr. de Bobadela, 55.
Freire (D. Joana), m. de Estêvão de Brito,
2t6.
Freire (M.), desenhador, 5i3.
Freire (D. Margarida), m. 2.» de D. Pedro de
Sousa, 216.
Freire (D. Margarida), trovada no Cancio-
neiroy 420.
Freire (D.Nuno R odrigues), mestre de Cristo
279.
Fre/ire (Rui), com.or mor de Santiago, 346,
347, 410.
Freire de Andrade (Gomes), 297.
Freire de Andrade (Jacinto), Vida de dom
João de Castro quarto Viso-rey da índia,
5o6.
Freire de Andrade (João), aventureiro no
passo honroso da ponte de Orbigo, 45o.
Freire de Andrade (João), sr. de Alcoutim,
356, 45o, 529, 53o.
Freire de Andrade (Luís), 298.
Freire de Andrade de Sousa (Diogo), 6.»
com.or de Soza, 298.
Freire de Carvalho (José Literato), Memo-
rias com o titulo de Anyxaes, 21 3, 459.
Freire de Oliveira, Elementos para a historia
do municipio de Lisboa, 288.
Freire de Sousa (Manuel), 3.° com.or de Soza,
297-
Freiria (Morgados da), ii3.
Freiriz, 340.
Freiriz (Sr. do couto de), 3i5, 339.
Freitas (Aires Ancs de), 338, 339.
■Freitas (Martim de), vende o ofício de anadel
mor dos espingardeiros, 288.
Freitas (Sr. do julgado de), 117, 120.
Freixieira, 262.
Freixo de Numão (Alcaides mores de), 460.
Frolhe Afonso (D.), m. i.» de D, Gonçalo
Rodrigues da Palmeira, 3o5, 307.
Frolhe Viegas (D.), m. de D. Soeiro Pires
Torta, 338.
Fronteira (Casa de), 211.
Fronteira (Com.res de), 180, i85, 186.
Fronteira (Marquês de), 2.0, 211.
Frossos, herdade, 257.
Froyas (Vicente Anes), 270.
Fruela II (D.), rei de Lião e Galiza, 104.
Fruela Viegas, m. de Lourenço Martins, 35 1.
Frutuoso (Gaspar), Historia das Ilhas, 472.
Funchal: capitania, 378; capitão donatário,
358, 378, 38 1.
Funchal (Conde do), D. Domingos António
de Sousa Coutinho, 21 3, 524.
Funchal (Marquês do), i.°, D. Domingos
António de Sousa Coutinho, 21 3.
Fimchal (Marquês do), O Conde de Linhares,
2l3.
Gabriel (D.), infante de Espanha, 520.
Gabriel Gonçalves, ar., «6.
Gago, ar , 20.
Gago (D. Pedro Eanes), rico homem, gov.or
de Trás os Montes, 25o, 272, 273.
Gaia, doação das rendas, etc, 365.
Galafura ((jonçalo Rodrigues de), sr. do mor-
gado de Medeio, 170.
Galafura (Pêro de), neto do precedente, 170.
Galaz (D.), cav.» da Távola Redonda, 162.
índice de matérias
571
Galego, lezíria, 117, i25.
Galhardo (Germão), impressor, 364.
Galiza, 64, 65, 66, 67, 77, 78, 97, 98, 267, 804,
3o5, 378, 472, 522. — Vice rei, 377.
Galvão (Rui), secretário, 24, 146.
Galveias (Conde das), 1.°, Denis de Melo
de Castro, 71, 5i3, 514.
Galveias (Conde das), 2.°, Pedro de Melo de
Castro, 71, 5i3-5i4, 514.
Galveias (Conde das), 3.°, António de Melo
de Castro, 71, 514.
Galveias (Conde das), 4.", 71.
Galveias (Conde das), 5.", D. João Vicente
de Almeida Melo e Castro, 71.
Galveias (Conde das), 6.", D. Francisco de
Almeida Portugal de Melo e Castro, 71.
Galveias (Conde das), 8.°, 71.
Galveias (Conde das), actual, 71, 72.
Galveias (Condessa das), D. Inês Josefa de
Melo Breyner, 514.
Galveias (Condessa das), D. Inês de Lan-
castre, 514.
Galveias, antigo (Condes das), 475; ar., 71.
Galveias, moderno (Condes das), ar., 71-72.
Gama, ar., 496.
Gama do Conde da Vidigueira, ar., 22, 37,
i85, 187. \
Gama (José Augusto da), par do reino elec-
tivo, 186.
Gama Barros, Historia da administração
publica em Portugal, 292.
Gamboa, ar., 8, 9.
Garção Stockler, Ensaio histórico sobre a
origem e progresso das mathematicas em
Portugal, 4g3.
Garcês, ar., 20.
Garcês (Afonso), secretário, 326.
Garcès (Lourenço), criado de Diogo Lopes
de Sousa, 289.
Garcia Martins (D.), grã com.or do Hospital,
264.
Garcia Ourigues (D.), f. de D. Ourigo da Nó-
brega, o Velho, 245.
Garcia Ribeiro de Vasconcelos (Dr. António),
Evolução do culto da Rainha Santa, 293.
Garro, ar., 16.
Gascunha, i55, i56.
Gaspar Gonçalves, f. de André Gonçalves,
502.
Gaspar Gonçalves, f. de Luís Gonçalves, 5o i.
Gaspar Gonçalves, porteiro da câmara rial,
5oi, 5o3; ar.,497, 5o3. — V. Ribafria (Gaspar
Gonçalves de).
Gata (b. Teresa Martins), m. de D. Mem
Soares de Merlo, 409.
Gaveta do Governo, 45o, 488.
Gai^eta de Lisboa, 1 1 3, 128, 129, 177, 210, 21 1,
2i3, 220, 222, 223, 236, 290, 291, 379, 410,
446, 447» 4-^5, 457, 458, 487, 488, 494, 495,
509, 5 16, 517, 526, 527, 528.
Gelves (Conde de), 441.
Gelves (Sr. de), 439.
Genebra (D)., condessa de Viana, 127.
Génova, 442.
Genovês, 195.
Gentil-homem de boca, 116.
Gentil-homem da câmara : do infante D. An-
tónio, 180; do infante D. Manuel, 488; do in-
fante D. Pedro, 488 ; rial, 220, 459, 495, 520.
Gera (Barões de), ar., ii5.
Gera (Condessa Luísa), m. de Gregório Fer-
reira de Eça, II 5. — Ar. e epitáfio, 11 5.
Germelo: doação, 285, 289; sr., 289.
Geraldo Pais, 292.
Geraz, 341.
Gestaçô: doação, 265; senhorio, 208.
Gestaçô (Srs. de), 171, 173, 175; ar, 168.
Gijon (Conde de}, D. Afonso, 47, 48; ar, 11 3.
Gijon (Condessa de), D. Isabel, 47, 48.
Gil (Mestre), cirurgião mor, 33o, 33 1.
Gil Fernandes, de Campo Maior, 399.
Gil Fernandes, capitão de Elvas, 399.
Gil Martins, f. de D. Martim Peres Ribeiro,
338.
Gil Martins (D.), mordomo mor, 253.
Gil Simões, ar., 16.
Gil Vasques (D), rico homem 293.
Gil Vicente, Clérigo da Beira, 362. — Frágoa
de Amor, 193. — Romagem de Agravados,
362.
Giron (Casa de), io5.
Giron (D. Maria), m. de Martim Vasques da
Cunha, 162.
Goa, 174, 175, 221, 232, 507. — Arcebispo,
38i. — Conquista, 176.
Godinha, beata, abadessa de S. João de Vieira,
202, 2o3.
fiodinho (António), escrivão da câmara rial,
8, 9, 16, 19, 20, 21.
Godinho (António), Livro da Torre de
Tombo, V. no título da obra.
Góes, ar., 37.
Góes (Casa de), 410.
Góes (Damião de), Chronica do felicissitno
rei D. Emanuel, 7, 17, 218, 386, 387, 418,
440, 5o 3.
■ Góes (Fernão Gomes de), sr. de S. Gião e
Penalva, 164.
Góes (Srs. de), 175, 421.
Goiazes, província, gov.or e capitão general
dela, 180.
Goios, ar., 38.
Golegã: data de carta, i23; doação dos
direitos, 409; escrivão das sisas e posições,
329.
Gomes Ansur, 248.
Gomes Dias (D.), conde de Saldaria, 496.
Gomes Martins, contador em Ceuta, 397.
Gomes Soares (D.), rico homem, 293.
Gonçalo Gomes, pintor, 24, 25, 26.
572
Brasões
Gonçalo Gonçalves, f. de D. Gonçalo Rodri-
gues da Píilmeira, 3o4, 3o5.
Gonçalo Lourenço, escrivão da puridade, 81.
Gonçalo Mendes, chanceler mor, 293.
Gonçalo Mendes, mordomo mor, 292. — V.
Sousa (Gonçalo Mendes de).
Gonçalo Nunes, 81.
Gonçalo Ramires (D.), i55.
Gonçalo Vaz, 479. — V. Melo (Gonçalo Vaz
de).
Gonçalo Viegas, sr. de Ataíde, 80.
Gondarêm, 3i8; padroado, Siy, 32i.
Gondiços, doação, 343.
Gondinhães, casal, doação, 343.
Goterre (D.), natural da Gascunha, i55,
i5ó.
Gouveia, geração, ar., 22, 39.
Gouveia, vila, 77, 408; convento do Espírito
Santo, 97. — Sr., 409.
Gouveia (Srs. de), v. o seguinte.
Gouveia de Riba Tâmega (Srs. de), 209, 212,
2l3.
Gouveias, freguesia, 293.
Gov.or da casa: da Excelente Senhora, 176;
da infanta D. Joana, 427; dos infantes
D. Fernando, 146, D. Henrique, 286, D. João,
Í46, e D. Pedro, 81, 82.
Gov.or do reino, 177, 220, 288, 289, 410.
Grã (Esteve Anes da), ca\.°, morador em
Lisboa, 479.
Grã (Rui da), 320.
Grã (Rui Gomes da), gov.or da casa da Exce-
lente Senhora, 176. — Epitáfio, 176.
Grã Bretanha: embaixador lá, 490; rainha,
473, 5i3 ; rei, 491.
Grácia (D.), mãe do Conde D. Pedro de Bar-
celos, 265, 269. — Epitáfio, 525.
Graciosa, quinta, 497.
Grada, v. Granada.
Granada, 265, 440. — Guerras, 229. — Rei, 65,
66, iiS.
Grândola (Com.ores de), 11 3, 489.
Granja, 498.
Granja de Alpriate, quinta, 526.
Gregório IX, papa, 407.
Guadalcasar (Marqueses de), 276.
Guadalupe, mosteiro, 89.
Guadiana, rio, 406, 437.
Gualdim Pais (D.), mestre do Templo, i55.
Guante, ar., 16, 20.
Guarda, cidade, 94, 411. — Alcaide, 475. —
Almoxarifado, 409, 41 3. — Bispado, 463. —
Bispo, 161, 166,293,455, 463, 464,465,466,
467. — Sé, 166, 167.464. — Serviço rial e
novo dos Judeus, 227, 476.
Guarda, quinta, 369, 373.
Guarda (Estêvão da), eichão mor, 266.
Guarda das escrituras do Tombo, 423.
Guarda mor, 52, i ii, 166, 192, 214, 215,411,
414, 41 5, 422, 423, 424, 425, 426, 427, 429,
43o, 448, 45o, 476. — Do infante D. Fer-
nando, 288.
Gudiel (Dr. Gerónymo), Compendio... de
los Girones, 159.
Guedes, ar., 283, 38o, 471.
Guedes (Álvaro Gonçalves), f. de Gonçalo
Vasques Guedes, 469.
Guedes (D. Felipa), 7.» sr.» de Murça, 469,
470.
Guedes (Gonçalo Vasques), i.° sr. de Murça,
468, 469.
Guedes (D. Joana), 9." sr.* de Murça, 470.
Guedes (Lourenço), f. de Pêro Guedes, 470.
Guedes (Lourenço), 6." sr. de Murça, 469.
Guedes (Pêro), vedor da fazenda, 469, 470.
Guedes (Pêro Vaz), 2.° sr. de Murça, 469.
Guedes (Simão), 5.° sr. de Murça, 469.
Guedes (Simão), 8.» sr. de Murça, 470.
Guedes de Miranda (Luís), i3.° sr. de Murça,
470.
Guedes de Miranda (Manuel José), 14.° sr.
de Murça, 468, 470.
Guedes deMíranda (Pedro), 1 o." sr. de Murça,
467, 470.
Guedes de Miranda Henriques (Luís), 1 1.° sr.
de Murça, 470.
Guerra (D. Pedro da), v. Castro (D. Pedro
Fernandes de).
Guilhem Reimondo (D.), 498.
Guimarães, 2o5, 324, 498. — Cerco, 66. — Data
de cartas, 344, 346, 4i3. — Herdades, i55,
343. — Igreja de Santa Maria, 76; priores
dela, 164, i65, 222. — Morador, 412. —
Termo, 41 3.
Guimarães (Conde de), 383, 384. — V. Fer-
nando, 3." duque de Bragança.
Guimarães (Duque de), 5.", D. Duarte, 236. ^
Guimarães (João de), tabelião em Sintra, 24,
Guiné : comércio de escravos e mercadorias,
484; feitoria dos tratos dos escravos, 483;
mar, 481; resgate nos seus rios, 182; sr.,
57, 182.
Guiné e Índias, armazém, 484.
Guiomar (D.), condessa de Ourem, 81, 82,
118, 125, i33, 396. — V. a seguinte; Fer-
reira (D. Guiomar) e Vilalobos (D. Guio-
mar).
Guiomar Lopes (D.), condessa de Ourem,
118.
Guminhães, doação, 117, 120.
Gundar (D. Lourenço Mendes de), 242.
Gusman (D. Guillen Pérez de), rico homem,
i5i.
Gusmão (D. Beatriz de), rainha de Portugal,
v. Beatriz (D.), rainha de Portugal, m. de
D. Afonso III.
Gusmão ^D. Luísa de), rainha, v. Luísa (D.).
Guzman, solar de Castela, 104.
Haia, embaixador lá, 154.
índice de matérias
573
Halteren (Rutgerus ab), 461.
Haro, solar de Castela, 104.
Haro (Alonso Lópej de), Nobiliário genea-
lógico de los Reys y Títulos de Espana,
96, 166, 41 5.
Haro (D. Mecia López de), rainha, m. de
D. Sancho II, 245.
Haupt (AlbrechíJ, Die Baukunst der Renais-
sance in Portugal, 3i, 387, 48 1, 436.
Henrique (D.), conde de Portugal, i55, 3o3,
498.
Henrique (D.), f. do i." Marquês de Vila Rial,
3 14.
Henrique (D.), infante, duque de Viseu, 83,
84, 126, 143, 145, 146, 170, 190, 197, 279,
280, 286, 3 16, 328, 383, 449.
Henrique {D ), -infante, i. de D. Manuel, 464.
— Ar., 33.
Henrique II (D.), rei de Castela, 46, 47, 55,
64, 65, 66, 67, 144.
Henrique III (D.), rei de Castela, 96, 162, i65.
Henrique IV (D.), rei de Castela, 229.
Henrique VI, rei de Inglaterra, 193.
Henrique (D.), rei de Portugal, o Cardial
Rei, 288, 289, 389, 469, 477, 482.
Henriques, ar., 35, 471.
Henriques (D. Fernando), 3." sr. das Alcá-
çovas, 449.
Henriques (Francisco), pintor, passavante,
14.
Henriques (Guilhenne João Carlos), Alem-
quer e ieu concelho, i-j3, 176.
Henriques (D. Henrique), 2.» sr. das Alcá-
çovas, 449.
Henriques (D. Mecia), m. 1.» de D.Pedro de
Sousa, 21.'-, 216, 218.
Herculano (Alexandre), historiador, 1 10, 249,
25o, 25 I.
Herculano (Alexandre), Historia de Por-
tugal, 1 57, 246, 25o, ^o3.
Hermenegildo (Santo), 104.
Hidalcão, 176.
Historia genealógica, v. Sousa (D. António
Caetano de).
Historia e Memorias da Academia Real das
Sciencias, 174.
Holanda, 445, 492; embaixador lá, 290,
474-
Holanda (António de), escrivão da nobreza,
>4j»5, 407- *
Holanda (Francisco de), 14.
Holandeses, guerras no Brasil, 377, 378.
Homem, ar, 471.
Honório (Fr.), 5o6.
Horta do Penedo, 41 3.
Horta dei Rei, 41 3.
Hospitalários, v. Ordem do Hospital.
Hoya, cidade, 172; rei, 172.
Huete (Duque de), 166.
Hugo (Fr.), prior de Soza, 293, 294.
Hungria (Rei de), 52 1.
Idanha a Nova (Conde da). Pêro da Alcáçova
Carneiro, i83, 370.— Ar., 184,
Idanhas (Com.or das), 23o.
Ilha (Condes da), v. Ilha do Príncipe (Con-
des da).
Ilha de Ano Bom (Capitão da), 481, 482.
Ilha de Baarem, 176.
Ilha Graciosa, 38i.
Ilha Grande de Joanes (Barão da), i.°, Luís
Gonçalo de Sousa de Macedo, 236.
Ilha Grande de Joanes (Barão da), 3.°, Luís
de Sousa de Macedo, 236.
Ilha Grande de Joanes (Donatário da), 236.
Ilha de Madagáscar, 172^ 174.
Ilha da Madeira, capitania, 379; morgado do
Caniço, 38i ; Vasconcelos de lá, 38i.
Ilha do Príncipe, 180, 182. — Capitania, 182.
— Capitão donatário, 180, 182, 184. — Doa-
ção, 182. — Gov.or e alcaide mor, 180.
Ilha do Principe (Conde da), i.°, Luís Car-
neiro de Sousa, 184.
Ilha do Príncipe (Conde da), 2.", Francisco
Carneiro de Sousa, 223.
Ilha do Principe (Conde da), 5." Carlos Car-
neiro de Sousa e Faro, 180, 184.
Ilha do Principe (Condes da), 186. — Ar.,
184.
Ilha do Principe (Condessa da), D. Eufrásia
Felipa de Lima, 223.
Ilha de San Jorge (Capitão da), 424.
Ilha de San Tomé: capitães. 450; feitoria,
484.
Ilha de San Miguel, morgado da Ribeirinha,
473-
Ilha de Santa Maria: capitania, 379; capitão
donatário, 180, 184; gov.or e alcaide mor,
180.
Ilha de Santiago, quartos e vintenas, 484.
Ilha de Socotorá, 172; gov.or, 172.
Ilha Terceira, i85, 410; capitão, 424; gov.^
390.
Ilhas, quinta, i33.
Ilhas dos Açores: gov.or e capitão general,
468; Vasconcelos de lá, 38i.
Ilhas de Canária, 196.
Ilhas Desertas (Sr. das), 309.
Ilhas de Tristão da Cunha, 172.
Ilhó (Conde de), D. Pedro de Meneses, i25.
Iluminadores dos brasões quinhentistas, i5.
Imperial, ar., 20.
índia, 146, i63, 172, 174, i83, 218, 223, 232,
233, 377, 474, 492. — Armada do Norte,
509 — Armadas, 174, 175, 221, 232, 489. —
Capitania mor da carreira, 390. — Capitão
de nau da armada, 174, 176, 177,232. —
Capitão mor da armada, 171- 172, 176,232.
— Casa. V. Casa da Índia. — Desterro lá,
221. — General do mar, 176. — Gov.or^ 172,
173, 174, 225,232,362. — Guerras, 424, 470,
574
Brasões
— Loiça de lá, ii3, 223, 5i8. — Naus da
carreira, 484 — Primícias, lyS.- — Vedor da
fazenda, 490; da repartição de lá, 519. —
Vice rei, 116, 171, 172, 175, 211, 221,228,
3 14, 435, 447, 488, 5o5, 5o6, 5o8, 509, 519.
índias (Armazém de Guiné e), 484.
Inês Dias, m. de Martim Afonso Ghichorro,
207.
Inês Esteves, m. de Rui da Cunha, 187.
Inês Lourenço (D.), m. 2." do Conde D. Gon-
çalo de Pereira, 3o8.
Inês Lourenço (D.), m. de Martim Afonso
Chichorro, 207.
Inês Martins, concubina do mestre D. Mem
Rodrigues de Vasconcelos, 348.
Inês Martins, f. de Martim Vicente, 397.
Inês Martins (D.), m. de Martim Mendes de
Vasconcelos, 342.
Inês Martins, proprietária em Sintra, 24.
Inês Sanches (D), m. i." de D. Rodrigo Gon-
çalves de Pereira, 3o8.
Infanção, loq, 188.
Inglaterra, fô, 92, i52, 170, 176, 478. — Os
Doze, 170. — Embaixador: dela, 492; lá,
166, 214,288,474, 490,491,535. — Ministro
em Lisboa, 400. — Rainha, v. Caterina. —
Rei 19; V. Carlos II, Helirique VI.
Ingleses: aliança com Portugal, 65, 68; rixa
com Franceses, 194.
Inocêncio, Dic. bibliográfico^ v. Silva (Ino-
cêncio Francisco daí.
Inquirições: de D. Afonso II, 242, 248, SSj;
de D. Afonso III, i54, i55, 157, 187, 248,
245, 246, 247, 292, 3o4, 317, 336, 337; de
D. Denis, 80, i56, 157, 248, 261, 266, 3 18,
337, 33b, 339.
Inquisição de Coimbra: inquisidor, 438; visi-
tador, 392. — De Évora, inquisidor, 438.
Inquisidor geral, 176, 5o6.
Instituto (O), 465, 466, 467.
Irlanda (Rainha de), 5i3.
Isabel (D), condessa de Gijon e Noronha,
47, 48.
Isabel (D.)j í. do infante D. Afonso, 266.
Isabel (D.), imperatriz, 38q, 473.
Isabel (D.), infanta, f. de D. Manuel, 363, —
Ar., 33.
Isabel (D.), infanta, m. do infante D. Pedro,
i36.
Isabel (D.), m. de Belchior de Aguiar Fer-
reira, 238.
Isabel (D.), m. de D. João Afonso de Albu-
querque, 123.
Isabel (D.), m. de D. João Manuel, 232.
Isabel (D.), princesa de Castela, 214. — V.
Rainha Princesa.
Isabel (D.), rainha Católica, 439.
Isabel (D ), rainha de Portugal, m. de
Afonso V, 82, II 3, 137, 214, 286, 3 12, 3i3.
Isabel (D.), rainha de Portugal, m. i.« de
D. Manuel, 214, 484, 440. — V. Rainha
Princesa.
Isabel (D.), rainha de Portugal, a Rainha
Santa, 267, 276, 293.
Isabel Fernandes, m. de João Rodrigues
Pessanha e de Mem Rodrigues de Vascon-
celos, 399.
Isabel Garcia, m. de António de Morais, 28.
Itália, embaixador aos Príncipes de lá, 443.
Jácome, linhagem, 822; ar., 322.
Jácome (Caterina Dias), 322.
Jácome (Fernando), alcaide mor do castelo
da ilha de Socotorá, 172.
Jácome (Isabel), m. de João Rodrigues do
Lago, 322.
Jácome do Lago (Baltasar), morador em
Viana da Foz do Lima, 32i, 822.
Jácome do Lago (Francisco), irmão do pre-
cedente, 321.
Jadraque (Sr. de), 166.
Jaem, naturais de lá, 482.
Jaime (D.), 4.0 duque de Bragança, 217, 435,
443, 533. — Ar., 40.
Jamays, rei de ar. Algarve, 11.
James, rei de ar. Algarve, 11, 12. *
Jaques (Manuel), 2.» visconde de Fonte Ar-
cada, 212.
Jaques de Magalhães (João), 3.° visconde de
Fonte Arcada, 212.
Jaraz, doação, 846.
Jardo (Domingos Anes), preceptor de D.
Denis, i52.
Jean Gonzalez, 450,
Jerusalém, 83.
Jesus Maria José (Fr. Pedro de), Chronica
da provinda da Conceição, 3yii.
Joana, f de Helena de Mesquita, 466.
Joana (D), infanta, f. de D. Afonso V, 23 1,
427, 428.
Joana (D.), infanta, m. do infante D. Denis,
89.
Joana (D), m. de Afonso Teles de Meneses,
232.
Joana (D.), princesa de Castela, 5o5. — V.
Excelente Senhora.
Joana (D.), princesa de Portugal, m. do prín-
cipe D. João, 485.
Joane, aldeia, 3 10.
Joane (Mestre), criado do infante D. Fer-
nando, 282.
Joane Mendes, 352, 353.
Joanino, 293.
João, bispo de Lamego, 292.
João (D.), bispo de Lisboa, 35o. — V. Soalhães
(D. João Martins de).
João (D.), duque de Aveiro, 485, 487.
João (D.), f. do Marquês de Vila Viçosa, i33.
— V. João (D.), marquês dé Montemor o
• Novo).'
João (D.), infante, f. de D. Afonso V, 82.
índice de matérias
575
João (D.), infante, f. de D.João 1, 146,345,354.
João (D.), infante, f. de D. Maria I, 520.
João (D.), infante, f. de D. Pedro I, 67, 89,
90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 109, 1 10,
1 1 1, 144, 353, 355, 338, 36i, 3^4; duque de
Valência de Cimpos, 96, 162.
João (D.), marquês de Montemor o Novo,
i35, 439. — V. João (D.), f. do Marquês de
Vila Viçosa.
João (D.), mestre de Avis, 68, iii, 160, 168,
189, 190, 227, 245, 3 10, 344, 346, 352, 395,
396, 399, 408, 41 1, 412, 469, 477, 479.— 'V.
João I (D.), rei de Portugal.
João (D.), príncipe, f. de D. Afonso V, 82,
i35, 137, 21 3, 296, 36o, 426, 43q, 444, 448.
— V. Joào II (D.), rei de Portugal.
João (D. ), príncipe, í. de D. João III, 482, 485.
João (D.), príncipe, f. de D. Manuel, i3, 455.
— Ar., 32, 39. — V. João III (D.), rei de
Portugal.
João (D.), príncipe regente, 446, 527, 528.
João I (D.), rei de Castela, 5i, 52, 55, 64,65,
68, 76, 77, 78, 79, 95, 96, 110, 1 1 1, ri5, 160,
208, 284, 3 10, 385, 395, 41 1, 412, 41 5, 425,
469.
João II (D.), rei de Castela, 16G, 439.
João I (D.), rei de Portugal, 5, 24, 48, 5i, 55,
69? 75. 76? 77i 78, 79' 80, 81, 83, 92, q6, 1 10,^
III, 112, 125, 126, 129, i33, i34, i36, 142,
143, 144, 145, 146, 160, 162, 164, i65, 167,
ibg, 190, 194, 195, 196, 235, 289, 240, 24J,
283, 2f^4, 294, 3 10, 3 II, 323, 325, 342, 343,
346, 347, 348, 349, 353, 356, 357, 365, 366,
367, 383, 395, 410, 412, 414, 415, 416, 422,
42 j, 424, 43o, 43 1, 432, 448, 430, 468, 469,
472'; 475, 476, 478» 479? 5i8.— V. João (D.),
mestre de Avis.
João II (D.), rei de Portugal, 8, 27, ój., 145,
181, 182, 188, 196, 21 3, 214, 21 5, 228, 287,
296, 3 14, 320, 325, 326, 327, 329, 345, 368,
369, 372, 374, 3^4, 418, 429, 434, 444, 453,
472, 480, 481, 485, 486. — V. João (D.),
príncipe.
João III (D.), rei de Portugal, i3, 14,99, '6^»
173, 176, 177, 178, 179, 180, i83, 218, 225,
227, 280, 281, 288, 297, 326, 363, 387, 388,
389, 393, 400, 421, 434, 447, 454, 466, 467,
482, 483, 485, 486, 5o i, 3o2, 5o3, 5o5, 52o,
521. — V. João (D.), príncipe.
João IV (D.), rei de Portugal, 192, 224, 377,
390, 441, 446, 473, 494.
João V (D.), rei de Portugal, 210, 212, 229,
290, 3 12, 5o8, 526.
João (Mestre), sacerdote, 226.
João, Sem Pavor, duque de Borgonha, 450.
João (D.), sobrinho dei Rei, f. do Marquês de
Vila Viçosa, i33, i35. — V. João (O.), Mar-
quês de Montemor o Novo.
João (Mestre), tripulante da armada de Pe-
dro Alvares Cabral, 480.
João Afonso, iii.
Joào Afonso, bacharel, ouvidor da rainha
D. Leonor Teles, 343, 385.
João Afonso, doutor, 453. — V. Aguiar (Dr.
João Afonso de).
João Afonso (Dr.), 478, v. Regras (Dr. João
das).
João Afonso (D.), alferes mor, e 2.° sr. de
Alburquerque, 106, 10^, 207, 259.
João Afonso (D.), 1.° conde de Barcelos, 4."
sr. de Alburquerque, 106, 107, 267, 5i5.
João Afonso, f. b. de D. Afonso III, epitáfio,
522.
João Afonso, f. b. de D. Denis, 266.
João Aires (D.), arcebispo de Santiago, 206.
João Durães, alferes menor, 25 1.
João Fernandes (D.), rico homem, 293.
João Gonçalves, 450.
João Lopes, escudeiro, morador em Sintra,
27.
João Lourenço, ar., 16.
João Lourenço, alcaide da Covilhã, 471.
João Pedro, 400, 401 .
João Ramires (D.), 1 56. ''
Joào Rodrigues, pedreiro, mestre das obras
dos paços de Sintra, 26, 27.
João Rodrigues, Portugal rei de ar., 7, 8, 18.
Joào Simão, meirinho mor, 266.
João Soares, freire da Ordem do Templo,
264.
João Soares, ouvidor na corte, i52.
Johane, criado de pintor, 25.
Jorge (D.), 2.° duque de Coimbra, ar., 40. —
V. o seguinte.
Jorge (D.), mestre de Santiago, 229, 48?^ —
V. o precedente.
Jorge Domingues, 5o2.
Jornal do Commercio, iZ-j, 193.
José II, imperador de Áustria, 526.
José (D ), rei de Portugal, 461, 526.
Judeu, quinta, 417.
Judeus: de Beja, renda dos serviços, 412; de
Bragança, 253; de Elvas, serviço novo,
284; de Évora, rendas e direitos, 145; de
Figueiró, serviço novo, 36o: da Guarda,
serviço rial e novo, 227, 470: de Mourão,
serviço, 284; do Pedrógão, serviço, 369;
de Setúbal, serviço velho e novo, 480,481.
Judia, 226, 227.
Júlia Martins, f. de Martim Vicente, 897.
Julião, notário da Cúria régia, 292.
Junqueira, forte, 446.
Junta dos Três Estados, 519.
Juromenha, tomada, 406.
Juromenha (Visconde de), 21.
Juromenha ( Visconde de), Cintra pinturesca,
58, 5 10.
Justa (D.), mãe de D. Grácia, 525.
Justiniano (D. Diogo da Anunciação), arce-
bispo de Cranganor, ar e epitáfio, 432.
^76
Brasões
Juzarte (Pêro), sr. e alcaide mor de Ar-
raiolos, 386.
Laborim, doação, log.
Labruja, doação, 346.
Labrujeira, doação, 346.
Lacerda (D. Margarida de), m. de Francisco
Pereira Coutinho, 484.
Lafões, concelho, doação, 290; julgado, 145.
Lafões (Casa de), 112, i38, 322. — Ar., 442.
Bens e títulos, 528. — Comendas, 526, 327.
Lafões (Duque de), i.», D. Pedro de Bragança,
290, 291, 298, 526.
Lafões (Duque de), 2.°, D. João Carlos de
Bragança, 291, 5 17, 527.
Lafões (Duque de), 3.", D. Segismundo Cae-
tano Alvares Pereira de Melo, 291, 442,
528.
Lafões (Duques de), 526. — Ar., 442.
Lafões (Duquesa de), 3.% D. Ana Maria José
Joana Carlota de Bragança, 517, 528.
Lafões (Duquesa de), D. Henriqueta Maria
Júlia de Meneses, 114. 517, 528.
Lafões (Duquesa de), D^ Luísa Casemira de
Nassau e Sousa, 290.
Lágia (Pêro da), escrivão do Desembargo do
Paço, 21.
Lágia' (Srs. da), 235.
Lago, linhagem, ar., 322.
Lago (João Rodrigues do), 322.
Lago (João Rodrigues do), o Velho, 322.
Leigo Bom, quinta, 238.
Laiim : couto e honra, 267 ; paços, 267, 268,
269. '
Lamego: alcaide mor, 59; bispo, 292, 293,
363; castelo, 162; comarca, 491; data de
carta, 285.
Lamego (João de), comprador da infanta
D. Joana, 427.
Lamízios, lugar, 187.
Lanjeiras, herdade, 5o2.
Lamo (Rei de;, 172.
Lançarote (Micé), almirante, f. de Rui de
Melo, 127, 194, 195. — V. Pessanha (Lan-
çarote).
Lancas^ire, família, 219; ar., 447, 448.
Lancastre (D. Afonso de), com.or mor da
Ordem de Cristo, 485, 486.
Lancastre (Duque de), 54.
Lancastre (D. Felipa de), marquesa de Vila
Rial, 486.
Lancastre (D. Felipa de), rainha de Portugal,
V. Felipa.
Lancastre (D. Francisco de)^ i." conde das
Alcáçovas, 45o.
Lancastre (D. Francisco Luís de), S." com.or
mor de Avis, 392.
Lancastre (D, Inês de), condessa das Gal-
veias, 514.
Lancastre (D. João de), do Conselho de
Guerra, 514.
Lancastre (D. Lourenço José das Brotas de),
5." marquês das Minas, 219, 220.
Lancastre (D. Luís de), com.or mor da Or-
dem de Avis, 485.
Lancastre (D. Mariana de), condessa e mar-
quesa de Castelo Melhor, 372, 376, 377,
378.
Lancastre (D. Mariana Rosa de), condessa
de S. Lourenço, 446, 447.
Lancastre (D. Pedro de), 2.° conde de Fi-
gueiró, 392.
Lancastre de Basto Baarem (D. Luís António
de), 2.° conde da Lousã, 519.
Lancastre e Noronha (D. Joana Bernarda de),
m. de Francisco José Luís de Melo, 455,
524-525. — V. Noronha e Lancastre (D.
Joana Bernarda).
Lancastre de Vasconcelos e Câmara (D. Ma-
riana de), condessa de Castelo Melhor,
370. — V. Lancastre (D.' Mariana de).
Landim, couto do mosteiro, 304, 3o5, 3o6,
307 ; terra, 349.
Lanoim, família, ar., 20.
Lanhoso, castelo, 3o8; alcaide mor dele, 164.
Lanhoso, terra, iii, 338, 341 ; doação, 120,
164, 3o4; sr., 146.
Lapa (Condes da), 382.
Lapela, castelo, 1 1 1.
Lara, solar de Castela, 104.
Lara (D. Pedro Nuilez de), conde de Mayor-
gas, 412.
Larangeira, herdade, 5o2 ; quinta, 386.
Laratojo, quinta, 484.
Larim, terra : senhorio, 348, 35o; venda, 348,
349-
Lavadores, doação, 109.
Lavanha (João Baptista), editor do Nobiliá-
rio do Conde D. Pedro, 271, 272.
Lavradio (Marqueses de), 3.<", 458.
Leiria, 94, 112, 259, 261, 262. — Alcaide, 535.
Bens lá, 258, 423. — Casas, 261. — Castelo,
III. — Data de carta, 109, iii, 145, 161,
162, 25i, 409. — Gov.or ftenensj, 260. —
Jugadas, 409. — Herdamentos, 2.'>8. — Mo-
rador, 522. — Ponte Coimbrã, 261. — Sr.,
275.
Leitão, ar., 18.
Leitão (Cristóvão), coronel e capitão dos
alabardeiros, 20. — Ar., ig, 20.
Lemos, ar., 3i, 36.
Lemos (Conde de), D. Fernando de Castro,
67, 144, 145.
Lemos (Duarte de), capitão mor da armada
da índia, 232.
Lemos (Fernão de), escudeiro do Marquês
de Montemor e cavaleiro do Conde de
Faro, i35, 429.
Lemos (Gomes Martins de), sr. da Trofa, 373.
Lemos (D. Joana de), m. de Pêro de Sousa^
Ribeiro, 373, 375.
índice de matérias
577
Lemos (Sr. de), 67.
Leomil, couto: doação, 55; srs., 54, 55, 59.
Leonor (D.), infanta, imperatriz de Alema-
nha, 56.
Leonor (D.), infanta, f. de D. Afonso II, 202.
Leonor (D.), m. 2.» de Jorge de Sousa, 2J1.
Leonor (D.), m. de D. Pedro de CaslrOj 1 19.
— V. Meneses (D. Leonor de).
Leonor (D.), princesa, m. do príncipe D. João,
421. — V. Leonor (D.), rainha de Portugal,
m. de D. João II.
Leonor (D.), rainha de Aragão, 269.
Leonor (D.), rainha de Portugal, m. de
D. Duarte, 354, 355, 356, 529, 53o.
Leonor (D.), rainha de Portugal, m. de
D. Fernando, v. Teles (D. Leonor).
Leonor (D.), rainha de Portugal, m. de
D. João II, 27, 5"]^ 182, 21 5, 33o, 33 1, 374
421. — V. Leonor (D.), princesa.
Leonor (D.), rainha de Portugal, m. 3.» de
D. Manuel, 363.
Leonor Afonso (D.), f. natural de D. Afonso III,
m. do conde D. Gonçalo Garcia, 2o5, 262.
Leonor Álvares, m. 1.' de Mem Cerveira, 33o.
Leonor Dias, m. de Esteve Anes da Grã, 479.
Leonor Geraldes, m. i.» de Álvaro Pais, 478.
Leonor Gomes, m. de João Alvares Pereira,
416.
Leonor Gonçalves, mãe de Martini Casco,
385.
Leonor Gonçalves, m. de Gonçalo Vasques
Coutinho, V. Azevedo (Leonor Gonçalves
de).
Leonor Rodrigues, m. i." de Vasco Anes de
Soalhães, 35i.
Leopoldina, arquiduquesa de Áustria, 517.
Levogilde, senhorio, 262.
Liai (João), homem bom da vereação de
Sintra, 24.
Lião, i52, 45o. — Reis, ar., 45, v. Fruela II,
Ordenho II, Ramiro.
Lião X, papa, 363.— Embaixada a ele enviada,
12, 173.
Lião (Duarte Nunes do), Chronica e vida dei
Rey dom Afonso o F, 1 96. — Primeira
parte das Chronicas, 267, 276.
Libro dei Passo Honroso defendido por el
excelente caballero Suero de Qunlones,
copitado de un libro antiguo de mano por
tr. Juan de Pineda Religioso de la Orden
de San Francisco. Segunda edicion. Ma-
drid, António de Sancha, 1783, 450, 452.
Lichnowsky (Príncipe), Portugal. Recor-
dações do anno de 1842. Traduzido do
alemão, 2.^ ed., etc. Lisboa, 1845, 3o.
Lichnowsky, viajante, 507.
Ligne (Carlos José de), príncipe do Sacro
Romano Império e 2." marquês de Arron-
ches, 290
Lima, ar., 35, 122, i23, 124.
VOL. I
Lima, rio, 242, 32 r.
Lima (D. António de)., Nobiliário, 70, 108,
241, 3 II, 383, 471, 478.
Lima (D. Eufrásia de), condessa do Prado,
219.
Lima (D. Eufrásia Felipa de), condessa da
Ilha do Príncipe, 223.
Lima (D. Francisco de), 492.
Lima (d. João de), 2." visconde de Vila Nova
da Cerveira, 233, 427.
Lima (D. Luísa Bernarda de), m. de D. Luís
Baltasar da Silveira, 222.
Lima (D. Maí-ia da Nazaré de), condessa de
Mesquitela, 221.
Limia (D. João Fernandes de), rico homem,
259, 271. — V. Batissela (D. João Fernan-
des).
Limia (D. Teresa Eanes de), m. de D. Mem
Garcia de Sousa, 206, 262.
Limia (D. Urraca Fernandes de), m. de
D. Gonçalo Anes Raposo, 108, 122.
Linhares:' alcaide mor, 52; srs., 5z^ 409.
Linhares (Condes de), 48; ar., 124.
Linhares, moderno (Conde de), i.°, D. Ro-
drigo de Sousa Coutinho, 21 3.
Linhares, moderno (Conde de), 3.°, ii3.
Linhares, moderno (Conde de), 4.°, 21 3.
Linhares, moderno (Condes de), 209, 21 3.
Lioneses, 406.
.Lisboa, 3, 9, 12, 55, 56, 58, 64, 66, 68, 78, 79,
82, 95, 116, 117, i32, i35, 143, i5i, 161,
162, 172, 177, 218, 232, 247, 25 1, 259, 261,
268, 269, 290, 3 18, 322, 343, 364, 370, 3Q2,
4r5, 418, 504, 532. — Academia Rial das
Sciências, 291, 446, 532; fundação, 527;
presidente, 527; sede, 528.— Academia das
Sciências, 326. — Albergaria de Paio Del-
gado, 161, 162. — Alcáçova, 336. — Alcai-
daria, 109, iio. — Alcaide mor, 67, 68, 109,
no, 160, 354. — Alferes da bandeira, 78.
— Almazêm: almoxarife, 82, 483; escrivão,
82. — Almirante na cidade, ig3. — Alto de
Santa C«terina, 207. — Alvoroços, 354, 355.
Arcebispo, 48, 56, 288, 36o, 363, 364. — Arco
do Rossio, 485. — Armazém : de Guiné e
índias, 484; de leilões e vendas, 10; da
Ribeira, 484. — Assassínio, 492. — Ateneu
Comercial, 386. — Bandeira, 407. — Basílica
da Estrela, 460. — Bemposta, 211. — Bens,
258, 261, 263, 269, 346, 35o. — Biblioteca
Nacional, 184, 534. — Bispo, 292, 293, 339,
340, 35o, 35 1, 41 5.— Bulas publicadas, 347. —
Cais do Sodré, 234. — Calçadas : do Com-
bro, 467, 468; de Damião de Aguiar, 490;
do Lavra, 490. — Calçadinha de S. Fran-
cisco, 225. — Câmara Municipal: arquivo,
266, 268, 269, 270, 357; escrivão, 485, 486;
presidente, 391, 470; vereadores, 288, 448,
477. — Capela de Nossa Senhora do Bom
Sucesso, 490. — Capitão mor da gente da
73
578
Brasões
defesa da cidade, 288. — Cardial patriarca,
5i7-5i8. — Casa do Cível, q. v. — Casa da
Congregação da Caridade às Necessidades,
446. — Casa dos Escravos, 484. — Casas,
i8g, 265, 260, 275,' --'47^ 390,418, 478.— Cas-
telo, 109, 3'54, 355, 482.— Cavaleiro, 410.
— Celeiro, 353. — Cercos, 46, 47, 64, 67,
68, 168, 189, 3io, 346, 409, 414.— Chão da
Feira, 478. — Cidadão, 477, 483. — Com-
panhia Rial dos Caminhos de Ferro Por-
tugueses, 328; estação central, 38o. — Con-
celho da cidade, no. — Conventos: do
Carmo, capela da Piedade, 487; de Jesus,
528; das Necessidades, 534; de S. Domin-
gos, 437, 479; de S. Francisco, 225, 263;
da iTrindadej 194. — Contador mor, 174.—
Cortes, 448, 456. — Cruz do adro de S. Do-
mingos, 492; — Data de carta, 68,81, 82,
117, i32, i33, i36, M4, «63, i83, 18^, 216,
252, 265, 27.% 289, 298, 3i i, 320, 343, 344,
346, 347, 356, 412, 445, 477, 483, 490, 491,
5 14, 5 19. — Embaixador inglês, 491.— En-
trada das tropas Irberais, 234. — Escolas,
347. — Escrivão: do cível e crime, i3; da
sisa dos vinhos, 23o, 23 1. — Foral dos
Moiros forros, Jo6. — fortificações, 390.
— Freguesia: de San Bartolomeu, 162; de
San Nicolau, 189; de Santa Cruz do Cas-
telo, 289; de Santa Justa, 259. — Grémio
literário, 207.— Hospital: do Conde D. Pe-
dro, 265, 266, 269; de D. Maria de Aboim,
259; de Rocamador, 293; de San José, seu
enfermeiro mor, 71; de Santo Eutrópio,
161, 162. — Igrejas: do Carmo, 447, 487;
da Encarnação, 176, 209; patriarcal, arci-
preste dela," 504., 5o8; de San Domingos,
69, 417, 492; de San Francisco, 486; de
San Mamede, i63, 282; de San Tomé, seu
vigário perpétuo, 48; de^San Vicente, 234,
235, 363; de Santa Caterína, i63; de Santa
Isabel, 460; de Santo António dos Capu-
chos, 53o; de Santo António da Convales-
cença, 520; da Vitória, i63. — Imprensa
Nacional, 59, 5o5. — Impressor, 364, 5o6,
5i3. — Inquisição, 364. — Juís das sisas, 12.
— Junta governativa, 288.— Largo do Rato,
114. — Ministério do Reino, 11. — Merca-
dores, 483. — Moeda, tesoureiro, 23i. —
Moeda velha, casas, 347. — Moradores,
24, 232, 478, 479, 489. — Morgado de
S. Lourenço, 23o. —Mosteiros: da Anun-
ciada, 520; de Cheias, 347; da Madre de
Deus, 178; da Rosa, 23o; do Sacramento,
392; de Santos, 232. — Natural, 28. — Ouvi-
dor geral do Ârcebispb, 48. — Palácios :
Castelo Melhor, 38o; dos Condes da Eri-
ceira, 52o; Foz, 38o;Mesquitela, 191 ; Pom-
beiro, 211; Povolide, 386; do Rato, 114,
282; na rua da Escola Politécnica, 1 14. —
PestC) 296; grande, 288. — Poço Novo, 191.
— Porta : da Cruz, 347; do Ferro, 265 ; de
Santo Antão, 386. — Praças: do Duque da
Terceira, 234; dos Restauradores, 38o. —
Prisão, 483. — Procurador do povo, 377. —
Procuradores às Cortes, 448, 487. — Real
Academia de Historia, 446. — Reguengos
de ribamar, no termo, 353. — Renda dos
tabeliães, i33. — Rossio, i38, 485. — Ruas:
do Alecrim, 234; do Arco, 114; do Arco
ao Rossio, 485; do Caldeira, 390; da Cor-
doaria Velha, 225; da Escola Politécnica,
1 14; da Porta de Santo Antão, 259. — Sé,
265,269, 295, 363: arcediago, 363; capela
lá instituída, 479; capelas da charola, 168,
35i; cónego, 23 1, 259, 295, d^^i; cònezia
das Abitureiras e depois de Mafra, 35o;
deão, 363; direito de apresentação de có-
nego, 35o; sepulturas, 118, i32, 525; tesou-
reiro, 437. — Teatro de S. Carlos, 460. —
Termo, 197, 353. — Terreiro do Paço, ii.
Terremoto, 520, 52i, 526. — Tomada, 336.
Travessa das Gaivotas, 390.
Livro do Acenhetro, 529.
Livro antigo dos Reis à' Armas, 7, 9.
Livro da Armaria dos Reis d' Armas, 7.
Livro do Armeiro mor, 7, 8, 9, 10, 1 1, 12, i3,
i5, 16, 19, 22, 39, 40, 45, 5i, 59,63, 75,87,
io3, 123, 141, i5i, 201, 3oi, 3i8, 335, 362,
368, 382, 4o5.
Livro dos bens de D. João de Portel cartu-
lario do século xiii publicado por Pedro A.
de Azevedo. .. precedido de uma ISoticia
histórica por Anselmo Braamcamp Freire,
241-242, 247, 248, 249J 25 1, 252, 253, 254,
255, 256, 257, 261, 262, 276, 277, 339, 408.
Livro das Cantigas, 265.
Livro dos Copos, 3^5, 347.
Livro dos defuntos da Misericórdia de Évora,
389.
Livro de D. João de Portel, v. Livro dos bens
de D João de Portel.
Livro Grande, i5.
Livro da nobreza, 8.
Livro da nobreza, perfeiçam das armas dos
Reis christaõs e nobres linhages dos reinos
e senhorios de Portugal, 16. — V. Livro
da Torre do Tombo.
Livro das Principaes Linhagens de Portugal,
240.
Livro do Registo das cartas dos beês e eracas
que dõ loam de portei teue nestes reinos,
241, 249.
Livro dos Reis d' Armas, 79.
Livro das tenças, 288, 324.
Livro da Torre do Tombo, 7, 8, 9, 16, 17, 19,
20, 21, 22, 23, 39, 45, 5i, 63, 75, 87, io3,
123, 141, i5i, 201, 244, 3oi, 3x8, 335, 336,
362, 368, 38o, 382, 4o5.
Livro truncado da receita e despesa de André
Gonçalves, 25, 26, 27, 28, 5o2.
índice de matérias
579
Livro velho das linha gens, 107, 108, 154,
i55, 188, 206, 244, 247, 272, 3o5, 3o6, 807,
338, 339, 408.
Livro velho das linhagens (Segundo)^ 273.
Lobato, ar.j 22, 3i, 37.
Lobato (Gonçalo), 208.
Lobato (Pedro Eanes), gov.or da Casa do
Cível, 282.
Lobeira, ar., 22.
Lobeira (João de), 11 1. *
Lobo, geração : ar., 35, 72 •, os de Alvito, sua
varonia, 209.
Lobo (Aldonça Martins), m. 3." de Álvaro
Mendes de Vasconcelos, 385.
Lobo (Diogo Lopes), alcaide mor de Évora,
422.
Lobo (Diogo Lopes), fidalgo eborense, 76.
Lobo (Diogo Lopes), i.°" sr. de Alvito, 145,
384.
Lobo (Diogo Lopes), 3.° sr. de Alvito, 281.
Lobo (Estêvão Fernandes), 145.
Lobo (Fernão), f. de Rui Lobo, 145.
Lobo (Fernão Lopes), cavaleiro morador em
Évora, 384.
Lobo (D. Rodrigo), general, 377.
Lobo (Rui Dias), herdeiro de Alvito, 444.
Lobo (D Maria), m. de D. Álvaro Pires de
Castro, 145.
Lobo (Martim Gomes), ouvidor das terras do
Conde de Barcelos, 70.
Lobo (Nuno Fernandes), vassalo, 384, 385.
Lobo (Rui), criado do infante D. Henrique,
145.
Lobo de Mascarenhas (D. Ana José), mar-
quesa de Louriçal, 520.
Lobo da Silveira (p. Luís), 7.° sr. das Sar-
zedas, 222.
Lobo da Silveira (D. Rodrigo), 1.° conde das
Sarzedas, 222.
Lóios, cónegos de S. João Evangelista, 436.
Loireiro, freguesia, 246.
Loiçes, ribeira, 479.
•Loisa, herdade, doação, 3 16.
Loivos, julgado, 342 ; jurisdição, 343.
Lombardia, i52; gov.or das armas, 443.
Lombardo, ar., 20.
Londres, 2i3. — Embaixador lá, 154, 474,
491, 493. — ^^Enviado extraordinário, 154. —
Museu Britânico, 400, 401.
Lopo Afonso (D.), rico homem, 253.
Lopo Esteves, ar., 16.
Lopo Pires, prioste da Sé de Évora, 43 1.
Lorena ('D. Bernardo José de), i." conde das
Sarzedas, 223.
.Lorena (D. Francisca de Paula do Pópulo
de), marquesa de Pombal, 223.
Lorena (D. Margarida Caetana de), marquesa
de Marialva, 517, 528.
Lorena (Nuno Gaspar de), vedor da rainha
D. Mariana Victória, 222, 223.
Lorenas, condes das Sarzedas, ar., 223.
Loronha, ar., 20.
Lorvão, mosteiro, 99, 161, 206, 3o6. — Aba-
dessa, 97, 98, 99, 100, loi, 164, 166. — Ar-
quivo, i6i.
Loulé, foral dos Moiros forros, 260.
Loulé (Conde de), 1°, D. Henrique de Me-
neses, 120, i3o. — Ar., 124.
Loulé (Conde dè), 2° D. Francisco Coutinho,
59.
Loulé (Condessa de) 2.% D. Beatriz de Me-
neses, 59, 121.
Loulé (Condessa de), 3.», D. Guiomar Cou-
tinho, 121.
Loulé (Duque de), i.° Nuno José Severo de
Mendoca Rolim de Moura Barreto, 114,
5i8.
Loulé (Marquês de), 1.°, Agostinho Domingos
José de Mendoca, 234, 517, 5i8.
Loulé (Marquês de), 2.", Nuno José Severo
de Mendoca Rolim de Moura Barreto,
5i8.
Loulé (Marquesa de), D. Maria Margarida
do Carmo de Meneses, 114, 234, 517, 5i8.
Lourel, 498, 5oo, 5oi.
Lourenço (D. Fr.), bispo de Mayorgas, 126.
Lourenço Fernandes, sr. da Tábua, i56. —
V. Cunha (Lourenço Fernandes da).
Lourenço Justiniano (San), 436.
Lourenço Marques, administrador do con-
celho, 459.
Lourenço Martins, 35 1.
Lourenço Martins, pintor dei Rei, 24.
Lourenço Martins, do Arrabalde, juiz em
Sintra, 24.
Lourenço Soares (D.), rico homem, 293.
Louriçal, igreja de Santiago, 116, 117.
Louriçal (Casa de), 108, 116, 117, 179, 520.
Louffiçal (Marquês de), \.°, D. Luís de Me-
neses, 116, 179, 519.
Louriçal (Marquês de), 2.", D. Francisco de
Meneses, 116,519, 520.
Louriçal (Marquês de), 3.», D. Henrique de
Meneses, 1 16, 52o.
Louriçal (Marquês de), 4.°, D. Luís Maria
Eusébio de Meneses da Silveira, 1 14, 1 16,
5i8, 520.
Louriçal (Marquesa de), D, Ana José Lobo
de Mascarenhas, 520.
Louriçal (Marquesa de), D. Joaquina de Me-
neses, 1 14, 5i8, 520.
Louriçal (Marquesa de), D. Josefa de Noro-
nha, 520.
Louriçal (Marquesa de), D. Maria da Glória
da Cunha e Metieses, 520.
Louriçal (Marquesa de), D. Maria Josefa da
Graça de Noronha, 520.
Louriçal (Marqueses de), 1 1 3, 1 16, 186. — Ar.,
ii3, 5>8. — Palácio em Lisboa, 52i.
Lourinhã: data de carta, i23; sr., 55.
58o
Brasões
Lourinhã (Condessa da), 71. *
Lourinhã (Viscondes da), 71.
Lousã: direitos riais, 121, 348; doação, 344;
rendas, 342, 343; venda, 348.
Lousã (Conde da), 2.°, D. Luís António de
Lancastre Basto Baarem, 5 19.
Lousã (Conde da), 3.°, D. Diogo de Meneses,
1 15, 5ig.
Lousã (Condessa da), D. Mariana do Resgate
de Saldanha e Lancastre, 519.
Lousada, 120.
Lousada (Gaspar Alvares de), Relação da
Família de Sousa da Casa dos Condes de
Miranda, 278. — Sumários da Torre do
Tombo, 112, 173, 178, 188, 190, 191, 232,
317, 336, 340, 341, 344, 345, 352, 355, 357,
359, 365, 373, 484.
Luis'(D.), infante, f. de D. Manuel, 482, 5o6,
5o8. - Ar., 33.
Luís XI, rei de França, 375.
Luís XVI, rei de França, 462.
Luís XVIII, rei de França, 517.
Luís I, rei de Portugal, 428.
Luís Alvares, mestre sala, 171, 226,416,479,
480, 481.
Luís Gonçalves, 5oi.
Luís Vasques, prior de Santa Maria de Gui-
marães, i65.
Luísa (D.), m. de D. João da Silva, 226.
Luísa (D.), rainha, m. de D. João IV, 176,
!79, 192,441, 523.
Lumiar, quinta das Conchas, 487.
Lumiares, senhorio, 180.
Lumiares (Casa de), fundador, 180; varonia,
38i.
Lumiares (Conde de), i.°, Carlos Carneiro
de Sousa e Faro, 180, 184.
Lumiares (Conde de), 2.", D. José Francisco
de Portugal da Gama, 180, 184, i85. — Ar.,
184.
Lumiares (Conde de), 3.o, Manuel da Cunha
■ e Meneses, 180, i85.
Lumiares (Conde de), 4.°, José Manuel da
Cunha Faro e Meneses, 1 16, 183", 186.
Lumiares (Conde de), 5.°, Luís da Cunha
Pacheco de Meneses, 180.
Lumiares (Conde de), 6.°, José Felix da
Cunha e Meneses, i85, 186.
Lumiares (CuuJe de), 7.», José Manuel da
Cunha Faro Meneses Portugal da Gama
Carneiro de Sousa da Silveira, ii3, 116,
186,520. — Ar., 186-187.
Lumiares (Condes de), 168, 197, 209. — Ar.,
168, 184.
Lumiares (Condessa de), D. Ana Amélia
Pinto de Sousa Coutinho, 186.
Lumiares (Condessa de), T). Constança de
Saldanha e Castro, i85, 186.
Lumiares (Condessa de), D. Luísa de Mene-
ses, i85.
Lumiares (Condessa de), 2.», D. Madalena
Gertrudes Carnetro de Sousa e Faro, 180,
184, i85. — Ar., 184.
Lumiares (Condessa de), 3.», D. Maria do
Resgate de Portugal Carneiro da Gama
Sousa e Faro, 179, 180, 184, i85.
Luz, morgado, 460, 461, 462.
Li/f Fof (Fr. António da), Memorias Sepul-
chraes, Que existem nos Conventos e Mos-
teiros desta Provinda dos Menores Obser-
vantes de Portugal ; tiradas dos próprios
lugares aonde agora existem, e Escriptas
por — , Filho da mesma Provinda. Anno
de lySj, Ms., 59, 181, 188, 196.
Macedo, ar., 191, 237.
Macedo (Fernão de), f. de Henrique de Ma-
cedo, 467. .
Macedo (Francisco de), criado da íasa do
Duque de Guimarães, 236.
Macedo (Henrique de), 467.
Macedo (Manuel de), enviado ao estreito
Pérsico, 173.
Maceira (Lourenço Gomes de), 157, 245.
Maceira (D. Sancha Lourenço de), m. de
D. Lourenço Fernandes da Cunha, 157,
245,
Maceiradão, mosteiro, 409.
Machado, geração: casa, 468; solar, 341.
Machado (António), 239,
Machado (António), f. b. de Pedro Machado,
239.
Machado (Félix), i.« marquês de Montebelo,
341.
Machado (Gonçalo), 340.
Machado (D. Maria Amália), condessa da
Figueira, 341.
Machado (Pedro), i.° sr. de Entre Homem e
Cávado, 239.
Machado (Vasco), 80.
Machado de Mendoça Eça Castro Vascon-
celos *e Magalhães (D. José Francisco),
capitão de infantaria, 341.
Machede, 217.
Machico (Conde de), Carlos Stuart, 400.
Macias, trovador galego, 232.
Maciel, ar., 20.
Macinhata, doação, 245.
Madeira (Afonso), escudeiro, 79.
Madre de Deus, quinta, 5oi.
Madrid: cx)nselho de Portugal 13,289, 391,
53 1 ; data de alvará, 876, 470; data de
carta, 184,218, 371, 445; embaixador lá,
i54, 2! 3, 520; falecidos lá, 358, 391, 448;
livros lá impressos, 341, 371, 392, 452, 53i ;
sr., io5; tomada. 219.
Mafalda (D.), rainha, m. de D. Afonso Hen-
riques, 292.
Mafamede, doação, 109. ,
Mafra: cònezia, 35o; couto, 271 • igreja de
Santo André, 278 ; povoação, 562 ; privi-
índice de matérias
58i
légios, 357; sr., 127, 236, 27^. 278. 279,
357, 358, 362,378, 5i6; senhorio, 248, 259,
277, 278, 279, 281, 356, 357, 358, 359;
termo, i33.
Mafra (Conde de), Francisco de Melo Brey-
ner, 459.
Magalhães (Cristóvão de), escrivão da Câ-
mara de Lisboa, 485, 486.
Magalhães (Fernão de), 363.
Magalhães (Gil de), sr. da terra da Nóbrega,
286.
Magriço (O), v. Coutinho (Álvaro Gonçal-
ves).
Magro (Diogo Gil), cav.° da casa.de D. João II,
386.
Magro (Rui Gij), anadel mor dos besteiros,
386.
Maia, terra: doação, 169; sr., i65, 170.
Maior (D.), condessa de Viana, 396.
Maior Mendes (D.), m. de Gonçalo Machado,
340.
Maior Mendes (D.), m. de D. Pedro, epitáfio,
204, 522.
Maior Rodrigues (D.), m. de Afonso Mar-
tins, 240.
Maiordomus curiae, v. Mordomo mor.
Mais, aldeia, beetria, 35o.
Majcipão, quinta, 254.
Malaca, 176.
Malafaia, ar., 36.
Malafaia, (Pêro Gonçalves), 170.
Malcabrão, i3i; doação, 266.
Maldonado, ar., 20.
Malrassoa (Nuno Alvares), procurador do
concelho de Sintra, 24.
Malveira, lezíria, 68.
Mamarosa, doação, 293, 294.
Mancelos (António de), 489,
Maneias, alcunha, 23 1.
Mancilha, senhorio, 169.
Manescal (José), impressqr, 5i3.
Mangoeiro, igreja de S. Pedro: freguesia,
3i8; padroado, 3i7,32i.
Manrique de Torres (D. Leonor), m. de Fran-
cisco de Melo, 490, 493.
Manso de Lima, genealogista, 190, 191.
Manuel, 473; ar., 34, 114.
Manuel (D.), duque de Beja, 24, 33o, 373.
Manuel, f. de Helena de Mesquita, 466.
Manuel (D.), infante, f. de D. Pedro II, 488.
Manuel (D.), príncipe de Castela, 214. — V.
Manuel (D.), rei de Portugal.
Manuel (D.), príncipe de Portugal, f. de
D. João III, 363.
Manuel (D.), rei de Portugal, 7, 9, 10, 12, i3,
i5, 16, 17, 19, 21, 22, 23, 24, 25,27, 3i, 171,
172, 173, 174, 180, 181, 182, i83, 214, 2i5,
216, 218, 228, 229, 232, 282, 287, 288, 3oi,
3i3, 314, 320, 326, 329, 33o, 357, 363, 373,
374, 386, 387, 388, 418, 419, 421, 434, 435,
439, 440, 444, 449, 454, 463, 464, 467, 480,
481, 482-483, 5oi, 5o2, 5o3, 5o8. — Ar., 32.
Manuel (Diogo), f. de Sancho Manuel, 208.
Manuel (i3. Diogo), sr. de Chélles, 473.
Manuel (D. Guiomar), m. de Simão Guedes,
470.
Manuel (D. João), camareiro mor, 232.
Manuel (D. Leonor), m. de D. Francisco de
Faro, 473.
Manuel (D. Maria), m. de André de Sousa,
434.
Manuel (D. Maria), m. de D. Diogo de Melo,
473,
Manuel (D. Pedro), 5." conde da Atalaia,
222.
Manuel (D. Sancho), i." conde de Vila Flor,
233.
Manuel da Câmara (D. Francisco), o Cabri-
nha, possuidor de uma opulenta livraria,
535.
Manuel de Melo (D. Francisco), célebre es-
critor, 473.
Manuel de Melo (D. Francisco), o Cabra, 474.
Manuel de Meneses, apelidos dos marqueses
de Viana e dos condes de Seia, 114.
Manuel de Noronha (D. Domingas), 3.* mar-
quesa de Tancos, 1 14.
Manuel de Noronha (D. Duarte), 5° marquês
de Tancos, 1 14.
Manuel de Távora (D. Luís), 4.° conde da
Atalaia, 222.
Manuel de Vilhena, ar., 235, 474.
Manuel de Vilhena (D. Cristóvão), 2.° conde
de Vila Flor, 233-234.
Manuel de Vilhena (D. Henrique), conde de
Seia, 170, 425-426.
Manuscripts (The) of. J. M. Heathcote Esq.,
Conington Castle ( Historical Manuscripts
Commission), Norwich, 1899, 491.
Mar Vermelho, 5io.
Maranhão : capitão general, 221 ; estado, 236;
gOV.cr, 467, 46S.
Marão,- serra, 204.
Marcos Fernandes, mestre dos canos do
paço de Sintra, 27.
Marechal do exército, 234.
Marechal general junto à rial nessoa, 527.
Margarida, m. de Amaro Gonçalves de
Aguiar, 238.
Margarida Afonso, concubina de Gonçalo
Rodrigues da Fonseca, 385.
Margarida Alvarez, m. de Gonçalo Camelo,
188.
Margarida Gonçalves, m. 2.» de Rui Vasques
Ribeiro, 352.
Maria (D.), infanta, f. de D. João III, prin-
cesa de Castela, 363.
Maria (D.), infanta, f. de D. Pedro I, 227;
Maria (D.), m. de Martim Lourenço da Cunha,
189.
582
Brasões
Maria (D.); princesa da Beira, 526. — V. Ma-
ria I (D.).
Maria I (D.), rainha de Portugal, 180, 446,
495, 520, 527, 534. — V. Maria (D.), princesa
da Beira.
Maria II (D.), rainha de Portugal, 459.
Maria (D.), rainha de Portugal, m. 2.' de
D. Manuel, 174, 387, 440, — Ar., 19, 23. —
Carta sua, 444.
Maria Afonso, f. de Vasco Martins de Melo,
41 5.
Maria Afonso (D.), sr.» de^Meneses, m. do
infante D. Afonso de Molina, 106.
Maria Amélia (D.), rainha de Portugal, 186.
Maria Anes, irmã de D. Grácia, 525.
Maria Anes, m. de Aires Rodrigues de Urro,
339.
Maria Anes (D.), m. 2,* de Estêvão Peres de
Aboim, 247.
Maria Anes, sr.» de Portel, 258, 271, 278. —
V. Aboim (D. Maria de).
Maria da Assunção (D.), m. de Manuel da
Costa Santos, 225.
Maria Benedita (D.), princesa, 180.
Maria Esteves, m. de João Afonso de Aguiar,
472.
Maria da Fonte (Guerra da), 411.
Maria Lourenço (D.), m. de D. Ourigo da
Nóbrega, o Velho, 245.
Maria Ourigues (D.), m. de Pedro Fernandes
de Cambra e de Reimão Viegas de Porto-
Ccirreiro, 245.
Maria Peres, 278.
Maria Pia (D.), rainha de Portugal, 186, 322,
428.
Maria Pires, instituidora do morgado de Bu-
Ihaco, i63.
Maria Rodrigues (D.), amante de D. Denis',
m. de Martim Fernandes Barreto, 272-273,
273.
Maria Soares, m. de João Peres de Vascon-
celos, 339.
Maria Vaz, m. de Fernão Pereira, 319, 320.
Maria Viegas (D.), epitáfio, 204. 522.
Maria Viegas (D.), m. de D. Pedro Ourigues
da Nóbrega, 247.
Maria Ximenes h^.), condessa de Barcelos,
264, 265, 267, í68, 269. —V. Cornei (D. Ma-
ria).
Marialva, doação, 169.
Marialva (Casa), 108 a 116.
Marialva (Conde de), i.°, Vasco Fernandes
Coutinho, 55, 59, 32ii5.
Marialva (Conde de), 2.», Gonçalo Vasques
Coutinho, 424.
.Marialva (Conde de), 4°, D. Francisco Cou-
tinho, 40, 59. — Ar., 59.
Marialva (Condes de), 55.
Marialva (Condessa de), D. Beatriz de Sousa,
ou de Melo, 424, 425.
Marialva (Condessa de), D. Maria de Sousa^
284.
Marialva (Marquês de), 1.°, 210.
Marialva (Marquês de), 3.°, D. Diogo de No-
ronha, 1 13.
Marialva (Marquês de), 4.», D. Pedro José
de Alcântara de Meneses, ii3, 5i6.
Marialva (Marquês de), 5.°, D. Diogo José
Vito de Meneses Coutinho, 1 1.^, 5 1 6, 520, 528.
Marialva (Marquês de), 6.0, D. Pedro José
Joaquim Vito de Meneses, 114, '517, 5 18.
Marialva (Marquesa de), D. Eugenia Masca-
renhas, 1 14.
Marialva (Marquesa de), 3.», D. Joaquina
Maria Madalena da Conceição de Meneses,
ii3.
Marialva (Marquesa de), D. Margarida Cae-
^ tana de Lorena, 517, 528.
Marialva (Marqueses de), 48, 55, 112, i38,
5i6, 517. — Ar., ii3, 5i8.
Marichais do reino (Casa dos), 55.
Marichal, 54, 55, 126, 171, 188, 235, 3io.
Marinha Afonso (D.), m. de D. João de Aboim,
255, 256, 257, 258, 259.
Marinha Vasques, concubina do Conde
D. Gonçalo de Pereira, 309.
Marinha Viegas (D.), m. de Fernando Ouri-
gues, 24Ô', 247.
Mariz, ar., 20.
Marij (Pêro de), Prologo anteposto à cró-
nica de D. Afonso ÍV, i5.
Marmelal: igreja de S. Pedro, 257; isento,
261.
Marquês honorário, 526.
Marques (Brites), m. i.» de Fernando de
Torres, 482.
Marques Abreu, Arte Românica em Portugal^
271.
Marquesas: Arronches, Castelo Melhor, Fer-
reira, Ficalho, Loulé, Louriçal, Marialva,
Minas, Monfalim, Pombal, Ribeira Grande,
Tancos, Terena, Vila Rial.
Marqueses : Abrantes, Alegrete, Alvito, An-
gejii. Angra, Arronches, Belas, Borba, Car-
racena, Cascais, Castelo Melhor, Castelo
Rodrigo, Castro Fuerte, Colares, Escalona^
Faial, Falces, Ferreira, Ficalho, Foz, Fron-
teira, Funchal, Guadalcaçar, Lavradio,
Loulé, Louriçal, Marialva, Melo, Minas,
Monfalim, Montebelo, Montemor o Novo,
Olhão, Palmela, Penalva, Pombal, Ponte
de Lima, Sabugosa, Sampaio, Sande, Santa
Iria, Santar, Sesimbra, Sousa Holstein^
Tancos, Tavara, Távora, Vai de Cerrato,
Valada, Viana, Vila Flor, Vila Rial, Vila
Viçosa, Vilhena, Vilhescas.
Marrocos, 218, 258.
Martim e Martinho, 193.
Martim Afonso, 4i5. — V. Brito (Martim
Afonso de).
índice de matérias
583
Martim Anes, 262.
Martim Eanes (D.), alferes mor, 293.
Martim Eanes, cónego de Lisboa, 259.
Martim Gil (D.), 2.° conde de Barcelos, 107,
i3i, i32, 262, 266.
Martim Joanes, i52.
Martim Martins, arcediago de Braga, 336.
Martim Moniz, herdado em Boelhe, 336.
Martim Moniz, o da porta de Lisboa, 336,
337.
Martim Ouriguiz, f. de D. Ourigo da Nóbrega,
o Velho, 243, 246.
Martim Peres, 2p3.
Martim Peres, clérigo, 292.
Martim Peros, clérigo de D. Afonso III, 274,
Martim Pires, sr. de Alvarenga, 342.
Martim Rodrigues, mestre das obras dos
paços de Sintra, 26.
Martim Vaz, Portugal rei de armas, 8, 11.
Martim Vicente, contador em Ceuta, 395,
396, 397, 398, 399; ar., 396. — V. Vascon-
celos (Martim Vicente de).
Martim Vicente, f. de Martim Vicente, 397,
398. — V. Vilalobos (Martim Vicente de).
Martim Vicente, juiz em Évora, 395, 396,
397, 398. — V. Vasconcelos (Martim Vi-
cente de).
Martim Vicente, morador em Évora, 397.
Martinho, arcebispo de Braga, 292.
Martinho (D.), arcebispo de Braga, outro,
340.
Martinho (D.), bispo da Guarda, 293.
Martinho, bispo do í'ôrto, 292, 293.
Martinho V, papa, 83, 325, 326.
Martinho Rodrigues (D.), bispo do Porto,
3o3.
Mártires (D. Fr. Bartolomeu dos), arcebispo
de Braga, 364.,
Marvão, castelo, 108; alcaide dele, 108, 344.
Mascarenhas, ar., 36, 447.
Mascarenhas (D. António), o Sujo, 523.
Mascarenhas (D. Eugenia), marquesa de Ma-
rialva, 1 14.
Mascarenhas (t). Fernando), capitão dos gi-
netes, 193.
Mascarenhas (D. Fernando), i.", conde da
Torre, 377.
Mascarenhas (Fernando Afonso de), 77.
Mascarenhas (Fernão Martins), capitão dos
ginetes, 193.
Mascarenhas (D. João), gov.or^do reino, 288,
289.
Mascarenhas (D. Leonor), mencionada no
Cancioneiro geral., 2 1 5.
Mascarenhas (D. Luís), 2.° Conde dé«Alva,
21 1.
Mascarenhas (D. Martinho), 2° Conde de
Santa Cruz, 469.
Mascarenhas (Pedro), i." Conde deSandomil,
212.
Mascarenhas e Ataíde (D. Teresa Teodora
de), m. j.* de Hermano José Braamcamp,
461. , .
Mascarenhas de Brito (Nurío), inquisidor em
Coimbra e Évora, epitáfio e ar., 438.
Mascarenhas de Queirós (D. Bárbara), m. de
D. Luís António de Sousa, 239.
Mascote, quinta, 390.
Mata Moiros (Casal em), 5o2, 5o5.
Mateus: morgados, 237, 239; suas ar., 237;
palácio, 237, 239.
Matias Corvino, rei de Hungria, 52 1.
Matilde, condessa de*Bolonha, i5i,- 255.
Matoim, rio, 484.
Matosinhos, convento de N. S. da Conceição,
188.
Mayor Guillen (D.), sr.' de .Mcócer, i5i.
Mayorga (Conde de), D. João Afonso Telo,
1 10.
Mayorga (Conde de), D. Pedro Nunez de
Lara, 4i3.
Mayorga (Condessa de), D. Beatriz de Cas-
tro, 414.
Mayorgas, bispo, 126.
Mazagão: castelo, 447; gov.or e capitão ge-
neral, 154, 494.
Mazarefes, couto, 3i6.
Mecia (D.), f. de Fernão Pereira, 323; m. de
Martim Vasco de Berredo, 324.
Mecia Rodrigues, m. de Vasco Gonçalves
Barroso, 344.
Mecia Vasques, m. de Martim Afonso de
Melo, 410.
Medellín (Sr. de), io5.
Medeio (Morgado de), 59, 170.
Médico da rial câmara, 4.59.
Medina Salazar (Francisco de), jurado de
Sevilha, 489.
Meira, ar., 36, 327.
Meira (João Gonçalves de), sr. da Nóbrega,
365.
Meira (D. Mecia Rodrigues de), m. de Lopo
Soares de Albergaria, 161.
Meireles, ar., 237.
Meirinho mor: do Príncipe, 2i3; do reino,
59, 248, 266, 3o8.
Melinde (Rei de), 172.
Melgaço : alcaide mor, 70, 166, 475; Castros
de lá, 70, 475; cerco, 112.
Melhorada (Srs. da quinta da), 496,
Melicia Gomes, irmã de João Gomes da Silva,
5i8.
Mello, família francesa, ar., 409.
Mello (Guillaume de), 409.
MELO, linhagem, 4o3. — Ar., 34, 71, 72, 194,
342, 388, 394, 4o5, 432, 434, 448. 459, 471,
474, 494. — Proveniência do apelido, 408.
— Meios com dom, 463 a 474. — Meios: da
calçada do Combro, 463 a 474; da casa de
Ficalho, ar., 459, varonia, 459, 534; dos srs
584
Brasões
de PovoHde, 425, 473 a 477; de Sevilha,
410. — Meios por fêmea, 475 a 497.— Meios
Abreus, 497 —Meios e Castros, 70, 448,
475. — Meios Correias, 497— Meios Ma-
nueis, 473. — Meios Pereiras, 498. — Meios
Sampaios, 497.
Melo, vila: fundação, 408,409; jurisdição,
424; srs., 190, 194, 408, 409, 410, 41 1, 458.
Melo (D. Antónia de), m. de Manuel de Oli-
veira Freire, 410.
Melo (D. António de), f. do Bispo da Guarda,
465, 466, 467.
Melo (António de), i." marquês de Ficalho,
459.
Melo (D. António José de), sr. da casa dos
Meios da Calçada do Combro, 467, 470.
Melo (António José de), 4.° sr. de Ficalho,
457, 458.
Melo (D. Beatriz de), condessa de Marialva,
424, 425. /
Melo (D. Beatriz de), f. de Cristóvão de Melo,
449-
Melo (D. Beatriz de), m. de Álvaro da Cunha,
190.
Melo (D. Beatriz de), m. de Pedro de Castro,
70, 71,448, 474.
Melo ip. Beatriz de), m. de Pêro Lourenço
de ferreira, 425, 475, 47b.
Melo (D. Branca de), sr.» de Barbacena, 425.
Melo (D. Briolanja de), m. 2." de Joane Men-
des de Vasconcelos, 387, 388.
Melo (Conde de), 1.°, Luís Francisco Soares
de Melo da Silva Breyner Sousa Tavares
e Moura, 410, 41 1, 458.
Melo (Condessa de), 2.», 411.
Melo (Cristóvão de), alcaide mor de Évora,
449-
Melo (Cristóvão de)., porteiro mor, 4.54.
Melo (Cristóvão de), 5.", sr. de Povolide, 476.
Melo (D. Diogo de), estribeiro mor da impe-
ratriz D. Isabel, 473.
Melo (Diogo de), f. de Henrique de Melo, 456.
Melo (Diogo de), f. de Martim Afonso de
Melo, 425.
Melo (Duarte de), 6.°, sr. de Povolide, 476.
Melo (Duarte de), sr. da quinta de Ficalho,
389, 456.
Melo (Estêvão Soares de), 6." sr. de Melo,
194, 410.
Melo (Estêvão Soares de), sr. de Melo, 410.
Melo (D. Felipa de), m. de Jorge de Barros,
393, 384. — Ar., .394.
Melo (D. Felipa de), sr.» da casa de Ferreira,
429-, 433, 433, 440, 441, 444.
Melo (Fernando José de), 8.» monteiro mor
do reino, 455.
Melo (Fernão de), alcaide mor de Évora, 448,
449. — Epitáfio, 449.
Melo (D. Francisco de), conde do Assumar,
441,442,443, 533.
Melo (Francisco de), i.» conde de Ficalho^
458, 514.
Melo (Francisco de), S." conde de Ficalho,
459.
Melo (Ft^ncisco de), i.° conde da Ponte e
marquês de Sande, 221, 474, 490, 491, 492,
493, 494, 495, 535.
Melo (D. Francisco de), embaixador em In-
glaterra, 473, 474, 535.
Melo (Francisco de), f. de Manuel de Melo,
epitáfio, 434.
Melo (D. Francisco de), f. de D. Pedro de
Melo, 467, 4G8.
Melo (D. Francisco de), 2.» marquês de Fer-
reira, 435, 436,437, 442, 443, 532, 533. —
Epitáfio, 435.
Melo (D. Francisco de), 3.» marquês de Fer-
reira, 435, 436, 532. — Epitáfio, 435.
Melo (Francisco de), 3.» monteiro mor, 523.
Melo (Francisco de), 5.° monteiro mor do
reino, 455.
Melo (Francisco de), 7.° monteiro mor do
reino, 455.
Melo (Francisco de), 9.° monteiro mor do
reino, 177. — V. Melo (Francisco José Luís
de).
Melo (Francisco de), i.° sr. de Ficalho, 456,
534.
Melo (Francisco de), 3.° sr. de Ficalho, 410,
457,458,514.
Melo (Francisco de), 12.° sr. de Melo, 410.
Melo (Francisco José Luís de), g." monteiro
mor do reino, 220,455,524. — V.Melo (Fran-
cisco de).
Melo (Garcia de), alcaide mor de Serpa, 453,
454, 455, 463.
Melo (Garcia de), f. do dr. João Afonso de
Aguiar, 473.
Melo (Garcia de), vedor da fazenda da índia,
490-
Melo (D. Gomes de), 473.
Melo (Gonçalo Vasques de), i.° sr. da Cas-
tanheira, 412, 4i5, 416, 421.
Melo (Gonçalo Vasques de), 2.° sr. da Cas-
tanheira, 167, 226, 416, 480, 52 1, 525.
Melo (Gonçalo Vaz de), mestre sala, 479,
480, 481. '
Melo (D. Guiomar de), m. 2.» de Álvaro
Mendes de Vasconcelos, 389.
Melo (D. Guiomar de), m. 2." dê Rui de Melo,
445.
Melo (Henrique de), f. de João de Melo, 453,
455, 456.
Melo (Henrique de), mestre sala, 454, 481.
Melo (D. Inês de), m. de Simão da Cunha de
Ataíde, 477.
Melo (D. Inês Vasques de), m. de Martim
Afonso Pimentel, 41 5.
Melo (D. Isabel de), m. de D. Fernando Hen-
riques, 449.
índice de matérias
585
Melo (D. Isabel de), m. do dr. João Afonso
de Aguiar, 453, 472, 473.
Melo (D. Isabel de), m. de João Rodrigues
Coutinho e depois de D. Duarte de Me-
neses, 425, 427.
Melo (D. Joana de), abadessa do mosteiro de
S. Bernardo de Portalegre, 466.
Melo (D. Joana de), condessa do Prado, 217.
— Epitáfio, 217.
Melo (D. Joana de), m. de D. Álvaro de
Abranches, 481.
Melo (João de), alcaide mor de Castelo de
Vide, 489.
Melo (João de), alcaide mor e com.or de
Casével, 70, 448, 475.
Melo (D. João de), arcebispo de Braga, 426.
— Epitáfio, 433.
Melo (João de), copeiro mor, justador cé-
lebre, 425, 45o, 45 1, 452, 453, 455, 472.
Melo (D. João de), f. dos 3.»' Condes de Ten-
túgal, 436.
Melo (João de), 2.° sr. de Povolide, 476
Melo (João de), 4.» sr. de Povolide, 476.
Melo (D. Jorge de), bispo da Guarda, 455,
463, 464, 465, 466, 467. — Epitáfio, 465.
Melo (Jorge de), o Bochechas, mestre sala,
481, 482.
Melo (Jorge de), monteiro mor, 455.
Melo (D. Jorge de), sr. da casa dos Meios da
Calçada do Combro, 467.
Melo (D. José de), arcebispo de Évora, epi-
táfio, 533.
Melo (D. José Maria de), 2." conde de Murça,
-468.
Melo (José Xavier de), com.or professo de
Malta, 404.
Melo (D. Leonor de), m. de Gomes de Fi-
gueiredo, 472, 473.
Melo (D. Luís Ambrósio de), 2.» duque de
Cadaval, epitáfio, 433.
Melo (Manuel de), reposteiro mor, 426, 434,
443. — Epitáfio, 433.
Melo (D. Maria de), m. de D. Henrique de
Noronha, e depois de Fernão Teles da
Silva, 455.
Melo (D. Maria José do Sacramento de), con-
dessa de Vila Flor, 234.
Melo (Marquês de), 411.
Melo (Martim de), sr. de Melo, 194.
Melo (Martim Afonso de), 2.° conde de
S. Lourenço, 445, 446.
Melo (Martim Afonso de), copeiro mor, 452,
453. •
Melo (Martim Afonso de), guarda mor de
D.Duarte, 214,414, 424,425, 426, 427,430,
43 1, 432, 4.34, 45o, 524. — Epitáfio, 4^3.
Melo (Martim Afonso de), guarda mor de
D. João I, 414, 415, 422, 423, 424, 425, 43o,
43 1, 432, 448, 476,
Melo (Martim Afonso de), Da Guerra, 423,
VOL. I
424. — Crónica dos feitos de D. Fernando,
424.
Melo (Martim Afonso de), 4." sr. de Melo,
424.
Melo (Martim Afonso de), 5.° sr. de Melo,
190, 409, 411, 424.
Melo (Martim Vaz de), 3.° sr. da Castanheira,
416.
Melo (D. Mem Soares de), rico homem, sr.
de Melo, 408, 498. — V. Mem Soares (D.).
Melo (D. Miguel António de), i.» conde de,
Murça, 468.
Melo (Nuno de), 3." sr. de Povolide, 476.
Melo (D. Pedro de), conde da Atalaia, 167,
iq3, 417, 418, 419. — Epitáfio, 417. — V.
Melo (Pêro Vaz de).
Melo (D. Pedro de)^ f. do Conde da Atalaia,
417,418.
Melo (D. Pedro de), gov.or do Maranhão, 467,
468.
Melo (Pedro de), gov.or do Rio de Janeiro,
456.
Melo (Pêro Vaz de), regedor da Casa do
. Cível, 193, 287,416, 418,— V. Melo (D. Pe-
dro de), conde da Atalaia.
Melo (Ribeiro de), couto, 194, 410.
Melo (D. Rodrigo de), conde de Olivença,
192, 214, 426, 428, 429, 43 1, 432, 433, 434,
443; ar, 432; epitáfio, 433. — V. Melo (Ro-
drigo Afonso de), e Melo (Rui de).
Melo (D. Rodrigo de), i.» conde de Tentúgal
e 1.° marquês de Ferreira, 40, 435, 440,441.
— Epitáfio, 435.
Melo (D. Rodrigo de), Itemis contra os erros
da Chronica, 440.
Melo (D. Rodrigo de), sacerdote, 436.
Melo (Rodrigo Afonso de), fronteiro mor do
Algarve, 192, 193, 194. — V. Melo (Rui de),
almirante.
Melo (Rodrigo Afonso de), sr de Ferreira de
Aves, 426, 428. — V. Melo (Rui de), guarda
mor.
Melo (Rui de), 435. — V. Sousa (Rui de).
Melo (Ruide), alcaide mor de Elvas, 444, 445.
Melo (Rui de), almirante, 127, 190, 194, 195,
196. 522; epitáfio, 194.— V. Melo (Rodrigo
Afonso de), fronteiro no Algarve.
Melo (Rui de), do conselho, 466.
Melo (Rui de), guarda mor e capitão de
Tanger, 192, 426, 427, 428, 429.-— V. Melo
(D. Rodrigo de), conde de Olivença, e
Melo (Rodrigo Afonso de), sr. de Ferreira.
Melo (Rui de), mestre sala, 4,54.
Melo (Simão de), f. de Garcia de Melo, 463.
Melo (D. Teresa Josefa de), m. de António
Teles da Silva, 456, 457.
Melo (Vasco Martins de), alcaide mor de
Évora, 425, 448, 449, 475.
Melo (Vasco Martins de), alcaide mor de
Évora, f. do precedente, 448.
74
586
Brasões
Melo (Vasco Martins de), guarda mor de
D. Fernando, 409, 41 1, 412, 4i3, 414, 416,
422, 432.
Melo (Vasco Martins de), ò Moço, 412, 4i3,
4i5, 432.
Melo (D. Violante de), m. de Afonso de Tor-
res, o Moço, 489, 490.
Melo (D. Vitória de), m. de João de Sampaio
de Melo e Castro, 454.
Melo Abreu Soares de Vasconcelos (D. Mi-
guel de), sr. dos morgados de Fonte Boa,
etc, 468.
Melo Abreu Soares de Vasconcelos Guedes
de Brito Barbosa Palha (D. João José Maria
de), 3." conde de Murça, 468.
Melo Breyner (Francisco de), administrador
do concelho de Lourenço Marques, 459.
Melo Breyner (Francisco de), conde de Ma-
fra, 459.
Melo Breyner (D. Inês Josefa de), condessa
das Galveias, 514.
Melo Breyner (Luís de), 2.° conde do Sobral,
459, 460, 462.
Melo Breyner (Pedro de), gov.or do reino,
410, 457.
Melo Breyner (Tomás de), médico dos hos-
pitais, 459.
Melo Breyner (Tomás de), par do reino, ^58.
Melo de Castro (António de), 3.° conde das
Galveias, 71, 514.
Melo de Castro (Denis de), \° conde das Gal-
veias, 71, 5t3, 514.
Melo e Castro (Francisco de), alcaide mor
do castelo do Oiteiro, 71.
Melo e Castro' (Jerónimo de), gov.or do cas-
telo de S. Felipe de Setúbal, 71.
Melo e Castro (João de), 71.
Melo e Castro (Júlio de), Historia panegy-
rica da vida de Dinis de Mello e Castro,
primeyro Conde das Galveas, 5i3.
Melo e Castro (Manuel Bernardo de), vis-
conde da Lourinhã, 71.
Melo e Castro (Martinho de), ministro da
marinha, 71.
Melo e Castro (Pedro de), 2.° conde das Gal-
veias, 7(, 5i3, 514.
Melo Corte Rial (D. Maria Josefa de), m. de
D. Luís de Almeida Portugal, 71.
Melo da Cunha de Mendoça e Meneses (Fran-
cisco de), 1.° marquês de Olhão, 177, 220,
455.
Melo Homem (D. António José de), sr. ^a
casa dos Meios da calcada do Combro,467,
468.
Melo Manuel da Câmara (D. João de), i.°
conde da Silva, 474, 534, ^35.
Melo Meneses e Silva (D Maria José de),
condessa da Figueira, 468.
Melo e Silva (D. Ana Antónia Joaquina de),
condessa de S. Lourenço, 446.
Melo da Silva (Duarte de), 6,° sr. de Povo-
lide, 476.
Melo da Silva (Rodrigo de), 5." conde de
S. Lourenço, 446.
Melo da Silva Breyner Sousa Tavares e
Moura (Luís FVancisco Soares de), i."
conde de Melo, 410, 411.
Melo da Silva César de Meneses (António
Maria Vasco de), 3.» conde de Sabugosa,
447, 468.
Melo Sousa Tavares e Moura (D. Ana Rufina
Soares de), sr." de Melo, 410, 457-458.
Melo e Torres (António José de), 3.° conde
da Ponte, 493, 494.
Melo de Torres (Garcia de), 2.° conde da
Ponte, 491, 493, 494.
Melres, comenda, 23o, 23 1, 295.
Mem Soares (D.), privado dei Rei, 159. — V.
Melo (D. Mem Soares de).
Memorias da Academia, 159.
Memorias de Litteratura poríugues[a da Aca-
demia R. das Sciencias de Lisboa, 35o,
36o.
Memorias paroquiais, compiladas no Dicc.
geographtco do P.e Luiz Cardoso, 341.
Memorias raras e celebres, copia de um M.
S. Anónimo, que parece escripto no fim do
século passado, 358.
Mendo (D.), conde, 304.
Mendo (D.), conde, o Sousão, mordomo mor,
205, 522.
Mendoça, ar., 53o.
Mendoça (D. Ana de), com.ra de Santos,
485.
Mendoça (Agostinho Domingos José de), i.°
marquês de Loulé, 234, 517, 5 18.
Mendoça (Constança de), m. de Álvaro de
Orneias, 38 1.
Mendoça (D, Felipa), m. de D. Fernando de
Meneses, 436.
Mendoça (D. Felipa de), m. de D. Francisco
Luís de Lancastre. 392.
Mendoça (D. Felipa de), m. de João Nunes
da Cunha, 3gi, 392.
Mendoça (D, Francisca de), m. de Henrique
de Sousa, 288.
Mendoça (Jerónimo de), Jornada de Africa,
470.
Mendoça (D. Joana de), duquesa de Bra-
gança, 233, 435.
Mendoça (D. Joana de), m. de D. António
José de Melo, 467, 470.
Mendoça (D. José Francisco Miguel António
de), cardial patriarca, 5 18.
Mendoça (D. Madalena de), m. de Luís de
Saldanha da Gama, 493, 494.
Mendoça (D. Margarida de), m. 2.» de Duarte
de Melo, 476.
Mendoça (D. Maria de), m. i.» de D. Cons-
tantino, 436.
índice de matérias
587
Mendoça (D. Maria de), m. de D. Pedro de
Melo, 467.
Mendoça (D. Maria Ana Filomena de), du*
quesa da Terceira, 234, 5 18.
Mendoça (D. Maria Josefa de), lo." sr.» da
quinta da Bacalhoa, 470.
Mendoça (D. Mariana Josefa de), condessa do
Redondo, 523.
Mendoça Furtado, ar , 35.
Mendoça Rolím de Moura Barreto (Nuno
José Severo de), !.• duque de Loulé, 114,
5i8.
Mendoça de Vasconcelos (D. Francisca de),
m. de Damião de Aguiar Ribeiro, 53o. —
V. Vasconcelos (D. Francisca de).
Mendoça de Vasconcelos (Rodrigo de), pro-
motor do Santo Ofício de Évora, epitáfio
e ar., 437.
MENESES, linhagem, loi, 104, i38. — Ar.,
33, 40, io3, 112, ii3, 117, 119, 122, 123,
124, 125, i38, 187, 235, 471, 495. — Lenda
do anel, io3, ii3. — Uso do apelido, '124,
36i. — Varonia, 55, 108, 210. — Meneses:
alcaides mores do Sabugal, 140 ; com.ores
de Grândola, 489. — Meneses : de Canta-
nhede, ar., io3, 112, ii3, 191, 495; da, casa
de Louriçal, 108, ar, [i3, 5 18; da casa de
Marialva, 108, ar., 11 3, 5 18; da casa de
Tarouca, 108^ ar., 40, 120, i23, 124, 362;
da casa de Vila Rial, 108, ar., 122, i23 ; da
Flor da Murta^ 154; sem dom, 467.
Meneses, senhorio, 104, 106.
Meneses (D. Afonso de), sr. de Mafra, 357,
358, 359.
Meneses (D. Afonso Manuel de)^ Títulos de
famílias no Nobiliário coordenado por
Jorge Salter de Mendonça, 245, 340, ^57,
363, 395.
Meneses (D. Antónia de), m. de Francisco
de Sousa Maneias, 232.
Meneses (D. António Luís de), 3." marquês
de Tancos, 1 14.
Meneses (D. Beatriz de), condessa de Ma-
rialva e Loulé, 59, 121.
Meneses (D. Beatriz de), condessa de Vila
Rial, 123, 129.
Meneses (D, Beatriz de), marquesa de Fer-
reira, 435.
Meneses (D. Beatriz de), m. de Aires Gomes
da Silva, ti 2, i36, 137, 427.
Meneses (D. Branca de), m. de João Rodri-
gues de Vasconcelos, 370.
Meneses (D. Carlos José Bento de), veador
da casa da rainha D. Maria Ana de Áustria,
177.
Meneses (Casa de), 106.
Meneses (D. Caterina Maria de), condessa
de Mesqwitela, 493.
Meneses (D. Cecília de), m. de D. João de
Castelo Branco, 210, 523,
Meneses (D. Constança Xavier Domingas
Aureliana de), m. de José Félix da Cunha
e Meneses, 179, 520.
Meneses (D. Diogo de), clavéiro, 233.
Meneses (D. Diogo de), i." conde da Ericeira,
116.
Meneses (D. Diogo de), 3.» conde da Lousã,
1 15, 519.
Meneses (D. Diogo de), 5.» marquês de Ma-
rialva, 5 16, 520, 528.
Meneses (D. Diogo de), sr. da casa de Lou-
riçal, 117; epitáfio, 116.
Meneses (D. Duarte de), capitão de Tânger,
481.
Meneses (D. Duarte de), 2.° conde de Viana
do Minho, i23, 126, i3o, i3i, 359, 361,398,
425, 427. — Ar., 124.
Meneses (D. Fernando de), 436.
Meneses (D. Fernando de), 2.» conde da Eri-
ceira, 116, 519.
Meneses (D. Fernando de), 2.° marquês de
Vila Rial, 314. — Ar., 40.
Meneses (D. Fernando de), 2.» sr. de Canta-
nhede, ar., ii3.
Meneses (D. Francisco de), Famílias de Por-
tugal, 170, 384, 385, 482.
Meneses (D. P^nncisco de), f. de D. Diogo
de Meneses, epitáfio, 116.
Meneses (D. Francisco de), 2.° marquês de
Louriçal, 116, 519, 520.
Meneses' (D. Francisco Xavier de), 4.° conde
da Ericeira, 116, 519.
Meneses (D. Guiomar de), m. 3." de Álvaro
de Sousa, 2S6, 287.
Meneses (D. Henrique de), i.» conde de Va-
lença e de Loulé, 120,1 3o, i3i. — Ar., 40, 124.
Meneses (D. Henrique de), 3.° marquês de
Louriçal, n6, 520.
Meneses' (D. Henriqueta Maria Júlia de), du-
quesa de Lafões, 114, 517, 528.
Meneses (D. Isabel de), condessa de Olivença,
426, 427, 429. — Epitáfio, 433.
Meneses (D. Isabel de), m. de D. Fernando
de Cascais e de João Freire de Andrade,
529, 53o. — V. Coutinho (D. Isabel).
Meneses (D. Isabel de), m. de Simão da
Cunha, 176.
Meneses (D. Joana de), condessa da Ericeira,
116.
Meneses (D. Joana de), m. de Luís da Cunha,
179.
Meneses (D. Joana de), viscondessa de Vila
Nova da Cerveira, sr.« de Mafra, 358, 359,
378.
Meneses (D. Joana Inês Vicência de), m. de
D. Brás Baltasar da Silveira, 222.
Meneses (D. João de), i." conde de Tarouca,
40, i3o.
Meneses (D. João Afonso de), arcebispo de
Braga, 364.
588
Brasões
Meneses (D. Joaquina de), marquesa de Lou-
riçal, 5 18, 520.
Meneses (D. Joaquina Maria Madalena da
Conceição de), 3.* marquesa de Marialva,
ii3. '.
Meneses (D. Jorge de), sr. de Cantanhede,
epitáfio, 1 16.
Meneses (D. Leonor de), m. de D. Fernando,
128, 129. — Epitáfio, i2(j.
Meneses (D. Leonor de), m. de João Alva-
res da Cunha, 190.
Meneses (D. Leonor de), m. de D. Pedro de
Castro, 69, 1 19,120,124 — Ar. e epitáfio, 1 25.
Meneses (D. Luís de), 3." conde da Ericeira,
1 16, 519.
Meneses (D. Luís de), i." marquês de Lou-
riçal, 1 16, 179, 519.
Meneses (D. Luísa de), condessa de Lumia-
res, i85.
Meneses (D. Luísa de), sr." dos morgados da
casa de Santiago, 223.
Meneses (D. Maria de), camareira mor da
Excelente Senhora, 176.
Meneses (D. Maria dej, m. do capitão D. An-
tão, 437, 533.
Meneses (D. Maria de), m. de Gil de Maga-
lhães, 286, 287.
Meneses (D. Maria de), m. de Pedro da Al-
cáçova Carneiro, 370; epitáfio, 371.
Meneses (D. Maria Francisca de), dama da
Rainha, 4.
Meneses (D. Maria Lourenço de), dama do
paço, 223.
Meneses (D. Maria Margarida do Carmo de),
marquesa de Loulé, 114, 234, 517, 5 18.
Meneses (D. Martinho de), i.° senhor de Can-
tanhede, i36, 5 18.
Meneses (D. Miguel de), 4.° marquês de Vila
' Rial, 486.
Meneses (D. Pedro de), i." conde de Canta-
nhede, 40, 190, 314. — Ar., 40.
Meneses (D. Pedro de), i.° conde de Vila
Rial e 2." de Viana, 56, 122, i25, 126, 127,
128, 129, i3o, Tji, i33, i34, 195, 356, 357,
395, 396, 397, 398, 399, 529, 53o. — Ar., 122,
124; epitáfio, 127.
Meneses (D. Pedro de), 3." conde de Vila
Rial, 399.
Meneses (D. Pedro de), 3.° marquês de Vila
Rial, 225.
Meneses (D. Pedro José de), 4.° marquês de
Marialva, 5 16.
Meneses (D. Pedro José de Alcântara de), 4.°
marquês de Marialva, 5 16.
Meneses (D. Pedro José Joaquim Vito de),
6.» marquês de Marialva, 517, 5 18.
Meneses (D. Rodrigo de), gov.or da Casa do
Cível de Lisboa, 489,
Meneses (D. Rodrigo José António de),
1.° conde de Cavaleiros, 114.
Meneses (Srs. de), io5, 106, i38.
Meneses (D. Telo de), 3.» sr. de Oliveira do
Bairro, 288.
Meneses Breyner (D, Francisco Xavier de),
514.
Meneses Breyner (D. Isabel de), condessa
de Ficalho, 457.
Meneses Coutinho (D. Diogo José Vito de),
5." marquês de Marialva, 114, 5 16, 517.
Meneses Coutinho (D. Pedro de Alcântara
de), 4.° marquês de Marialva, ii3, 5i6.
Meneses da Silveira (D. Luís de), 4.» marquês
de l-ouriçal, 114, 116, 5 18, 520.
Meneses dà Silveira e Castro (D. José de),
sr. de Caparica e Patameira, 147.
Meneses Soutomaior (D. João de), epitáfio,
1 15.
Meneses e Vasconcelos (D. António de), 358.
— V. Vasconcelos de Meneses (D. António
de).
Meneses e Vasconcelos (D. João Luís de),
sr. de Mafra, ar., 358; epitáfio, 358. — V.
Vasconcelos e Meneses (D. João Luís de).
Meneses e Vasconcelos (D. Maria de), con-
dessa da Cajheta, 376, 378.
Merceana, 412; moradores, 232.
Merle (Jean de), 451. — V. Melo (João de),
copeiro mor.
Merlo, vila, 409. — V. Melo.
Merlo (João de), 450. — V. Melo (João de).
Merlo (Martim Afonso de), sr. de Melo, 409.
— V. Melo (Martim Afonso de).
Merlo (D. Mem Soares de), privado dei Rei,
408, 409. — V. Melo (D. Mem Soares de).
Merlo (Vasco Martins de), 412, 4i3. — V.
Melo (Vasco Martins de).
Mertola: comenda, 228; com.or 408; con-
quista, 406: sr.. 194.
Mesa da Consciência e Ordens, deputado,
238, 239, 504.
Mesquita (Álvaro de), cav.» da Ordem de
Santiago, 385.
Mesquita (Helena de), concubina de D. Jorge
de Melo, bispo da Guarda, 463, 465, 466.
Mesquita (Pedro de), do Córrego, 465.
Mesquitela (Conde de), 2.% D. Noutel de
Castro, 221, 493.
Mesquitela (Condessa de), D. Caterina Maria
de Meneses, 493.
Mesquitela (Condessa de), D. Maria da Na-
zaré de Lima, 221.
Mesquitela, moderno (Conde de), i.", D. Luís
da Costa de Sousa de Macedo e Albu-
querque, 237.
Mesquitela, moderno (Conde de), 2.°, D. João
Afonso da Costa de Sousa de Macedo e
Albuquerque, 237.
Mesquitela, moderno (Conde de), 3.°, D. Luís
António da Costa de Sousa de Macedo e
Albuquerque, 237.
índice de matérias
589
Mesquitela, moderno (Conde de), 4.°, 11.
Mesquitela, moderno (Condes de), 146. —
Palácio, 191.
Mesquitela (Visconde de), 1°, Luís de Sousa
de Macedo, 236.
Mesquitela (Visconde de), 2.°, D. José Fran-
cisco da Costa e Sousa, aSo, 237.
Mesquitela (Visconde de), 3,°, D. Luís da
Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque,
237.
Mesquitela (Viscondes de), 235. — Ar., 191,
237.
Mesquitela (Viscondessa de), D. Joana An-
tónia de Sampaio e Lima, 236.
Mesquitela (Viscondessa de), D. Maria José
de Sousa de Macedo, 236, 237.
Mestre de Avis, v. João (D.).
Mestre e confessor do infante D. Duarte,
294.
Mestre-sala, 52, 171, 226, 416, 453, 454,
481.
Mestres-salas (Casa dos), 475, 477 a 482.
Michaelis de Vasconcelos (D. Carolina), Can-
cioneiro da Ajuda, 247, 248, 25 1, 265, 274,
339.
Miguel (D.), f. b. de D. Pedro II, 290, 291.
Miguel (D.), infante, f. de D. João VI, 495,
517.
Miguel (D.), rei de Portugal, 56, 441.
Milia (jonçalves, senhora de Assequins,
144.
Mina, 481.
Minas (Marquês das), 1.°, D. Francisco de
Sousa, 2IÇ,, 222, 223, 224, 225.
Minas (Marquês das), 2.», D. António Luís
de Sousa, 219, 221, 222, 239.
Minas (Marquês das), 3.°, D. João de Sousa,
219.
Minas (Marquês das), 4.°, D, António Cae-
tano Luís de Sousa, 219.
Minas (Marquês das), 5.°, D. Lourenço José
das Brotas de Lancastre, 220.
Minas (Marquês das), 6.", D. Francisco Be-
nedito de Sousa Lancastre e Noronha,
220.
Minas (Marquês das), 7.VD. João Francisco
Benedito de Sousa Lancastre e Noronha,
220, 455, 524.
Minas (Marquês das), 9,°, D. Brás Maria da
Silveira e Lorena, 222.
Minas (Marquês das), 10.", 222.
Minas (Marquês das), ii.°, D. Alexandre da
Silveira e Lorena, 223.
Minas (Marquesa das), 5.». D. Maria da Pie-
dade Francisca Antónia de Sousa, 219.
Minas (Marquesa das), 8.', D. Joana Bernarda
de Noronha e Lancastre. 221, 223.
Minas (Marquesa das), D, Eugenia de Sousa
Holstein, 222.
Minas (Marqueses das), 209, 21 3, 219.
Minas (Morgados da casa das), 223.
Minas Gerais, província, gov.or e capitão ge-
neral, i8o.
Mindelo: desembarque, 234; expedição,
410.
Minho, 5i, 66, i54, 197, 257, 493. — Gov.or
das armas, 212, 221, 239, 378.
Ministro: assistente ao Despacho, 527 ; do
Despacho,- 176 ; dos Eclesiásticos e da Jus-
tiça, 457; dos Estrangeiros, 71, 2i3: da.
Guerra, 71, i85, 2i3, 221, 234, 3i5 ; da Ma-
rinha, 71, 2 1 3 ; do Reino, 1 1 .
Mira (Sr. de), 532.
Miranda [do Corvo] : casa, 291 ; doação, 266,
285, 289; srs., 178, 285, 336, 287, 289, 417,
434; título de conde, 5^8. .
Miranda [do Doiro] : bispado, 892 ; bispo,
533.
Miranda, geração, ar., 36, 127, 471.
Miranda (Afonso de), porteiro mor, 296.
Miranda (Conde de), 1.°, Henrique de Sousa,
289, 290.
Miranda (Conde de), 2.", Diogo Lopes de
Sousa, 298.
Miranda (Conde de), 3.°, Henrique de Sousa
Tavares da Silva, 290, 29S.
Miranda (Condessa de), D. Mecia de Vilhena,
289.
Miranda (Fernão Gonçalves de), sr. de Gou-
veia, 209.
Miranda (D. Margarida de), condessa de Vila
Rial, 126, 128. — Ar., 127.
Miranda (D. Martinho de), arcebispo' de
Braga, 126.
Miranda do Corvo (Conde de), i.°, 290. — V.
Miranda.
Miranda do Corvo (Duque de), D. José de
Bragança, 528.
Miranda do Doiro, 36o. — V. Miranda [do
Doiro].
Miranda Henriques (Fernando de), 2.° conde
de Sandomil, 212.
Miranda Henriques (Luís de), estribeiro mor,
470.
Miranda Soutomaior (João Gonçalves de),
181.
Mirandela, doação, iii, 145.
Moça da câmara da infimta D. Joana, 23 1.
Moçambique, 172. — Capitão general, 221. —
Gov.or, 189.
Moçarava, lugar, 256.
Moço da câmara, 295, 5o2 ; dos infantes
D. Henrique e D. Fernando, 328.
Moeda (Fábrica da), 519.
Mogadoiro, 475, 476.
Moiro (Vasco), alcaide de Coimbra, 248.
Moiros, 406. — Forros: de Lisboa, 3o6 ; de
Silves, Tavira, Loulé e Faro, 260. — Fustas
deles, 447. — Serviço: dos de Évora, 449^
dos de Mourão, 284.
590
Brasões
Molina (D. Afonso de), infante, 106.
Molina (D. Maria de), rainha de Castela, 106,
i38.
Mombaça, tomada da cidade, 174, 178.
Monchique : mosteiro da Madre de Deus,
i6g; sinagoga, 169.
Moncorvo: condado pretenso, 3 11, 3i2;
falsos documentos a ele relativos, 322 a
327.
Mondego, rio, 227.
Mondim, freguesia de S. Cristóvão, 205.
Monfalim (Marquês de), 282.
Monfalim (Marquesa de), 181.
Monfalim (Morgado de), 281. ,
Monforte: alcaide do castelo, 108; herda-
mentos lá, 258 ; juízes, 41 3 ; sr., 83, 498.
Monforte de Rio Livre, alcaide do castelo,
8f.
Moniz, geração, ar., 22 ; jazigo, 487.
Moniz (Febos), ar., 34.
Moniz (Jerónimo), cativo em Alcácerquibir,
487.
Moniz (Rui Gil), tesoureiro da Moeda de
Lisboa, 23i.
Moniz de Torres (Febus), procurador de
Lisboa às Cortes de Almeirim, 487.
Moniz de Torres (D. Luísa), m. de Francisco
de Sampaio, 487.
Monizes de Lusinhano, casa, 487.
Monroy, ar., 342.
Monsanto: alcaide do castelo, 109; socorro,
488.
Monsanto (Casa de), 67; ar., 63.
Monsanto (Conde de), i.", D. Álvaro de
Castro, 353, 354, 472- — Ar., 63.
Monsanto (Conde de), 2.°, ar., 40.
Monsanto (Condes de), 70, 354.
Monsanto (Condessa de), D. Isabel de Cas-
cais, 23 1, 353.
Monsaraz: alcaide mor, 277; bens lá, 261 ;
conselho, 256; doação, 346; senhorio, 277;
. termo, 383, 384.
Monstrelet (Enguerrand de), Chroniques^ ed.
Buchon^ 45o, 452.
Monstruosidades do tempo e da fortuna, 446,
474, 493, 523, 524, 53 1, 532.
Montaria mor, 196.
Montarroio (Isabel de), m. i.* de Mem Cer-
veira, 33o.
Montarroio (Leonor de), m. de Francisco de
Faria, 33o, 33 1.
Montealegre (Sr. de), em Castela, io5.
Montealegre (Sr, de), em Portugal, 498.
Montebelo (Marquês de), i.», genealogista,
338, 341.
Montebelo (Marquês de)^ Memorial, 341. —
Notas ao Nobiliário do Conde D. Pedro,
340.
Monteiro, ar., 212. '
Monteiro mor do príncipe D. João, 455.
Monteiro mor do reino, 177, 196, 220, 455,
523,524. gw
Monteiros mores (Casa dos), 448, ^bS.w^^
Monteiro Paim (Roque), secretário de Es-
tado, 211.
Montelongo: doação, 169; gov.or (tenensj,
259; sr., 55, 170.
Montemor o Novo, 197. — Bens lá, 261. —
Casa, 255. — Cortes, 36o, 418. — Data de
carta, 146, 329, 33o, 354. — Doação: da
alcaidaria e rendas, 439 ; do reguengo,
21 5. — Natural de lá, 382.
Montemor o Novo (Marquês de), D. Jqpo,
135,439.
Montemor o Velho, 5 18. — Rendas riais, 21 5,
485. — Sr., 81, i36. — Termo, 346.
Monterrei, 79.
Monterroio (Francisco de), fidalgo da casa
dei Rei e juiz ordinário em Sintra, 26.
Montês Matoso (P.^ Luís), Memorias Sepul-
chraes, 116, 226, 238, 367, 371, 486.
Montevideu, campanhas, 221.
Montiel, castelo, 63.
Montijo, batalha, 5, 494.
Montouto, bens lá, 264.
Mor Eanes, concubina do cónego João de
Sousa, 23i, 295.
Mor Esteves, m. de Fernão Dade, 248.
Mor Esteves, m. de Martim Gomes Lobo,
70.
Mor Huzbertiz (D.), m. de D. Fernão Pais,
154.
Mor Martins (D.), abadessa de Arouca, 338.
Mor Randufiz (D ), m. de D. Fernão Pais, 154.
Morais (António de), mestre das obras dos
paços de Sintra, 28; epitáfio, 28.
Morais (Beatriz de), f. de António de Morais,
28.
Morais Silva (António de), Diccionario da
lingua portugue:(a, Lisboa, 181 3, 415.
Mordomo da cúria régia, 252. — V. Mordomo
mor.
Mordomo de Felipe II, 376; de Felipe IV,
1 16.
Mordomo da rainha:, santa Isabel, 266;
D. Isabel de Bourbon, 392; D. Margarida
de Áustria, 372, 376.
Mordomo mor, 107, 2o5, 241, 244, 248. 25o,
252, 253, 254, 255, 256, 257, 266, 276, 285,
286, 287, 292, 293, 36o, 447, 459, 488, 495,
527.
Mordomo mor: da infanta D. Beatriz, 264,
265, 266; da infanta D. Joana, 427; do in-
fante D. Pedro, 1 1 8 ; da princesa D. Leonor,
421; das rainhas: D. Beatriz, 252, 256; de
Castela, 108, 443 ; D. Caterina, i75 ; D. Isa-
bel, II 3, 276; D. Luísa, 441; ael Rei de
Castela, 112.
Moreira (João Esteves de), 68.
Moroleiros, morgado, 239.
índice de matérias
591
Mortágua: doação, 208; srs., 84, 209, 21 3, 227,
23o, 235, 236, 240, 356, 424, 525.
Mós, beetria, 35o.
Moscoso (D. Lopo de), conde de Altamira,
435.
Mossel (Fr. Guilherme), prior de Soza, 294.
Mota, ar., 37.
Mota (Henrique da), poeta do Cancioneiro,
400.
Mouçós, 262.
Moura, geração, ar., 35.
Moura, vila, 457, 458. — Alcaide mor, 169. —
Carta do foral, 106, 5i5. — Conquista, 406.
— Gov.or da praça, 456. — Juiz, 398.
Moura (Álvaro de)', fidalgo, 284.
Moura (Álvaro Gonçalves de), meirinho mor
de Entre Tejo-e Guadiana, 169.
Moura (Beatriz Gonçalves de;, 5i8.
Moura (Cristóvão de), aventureiro no célebre
torneio de Xabregas, 482.
Moura (D. Cristóvão de), i.° Marquês de
Castelo Rodrigo e vice rei de Portugal,
390, 482.
Moura (D. Guiomar de), m. de Francisco
Figueira, 482.
Moura (Leonor Gonçalves de), m. 2.* de Gil
Vasques da Cunha, 161^ 169.
Moura (D. Maria de), m. de Luís de Sousa
de Vasconcelos, 375.
Mourão: alcaide, 284; castelo, 391; serviço
dos Judeus e Moiros, 284.
Mourão, família, ar., 237.
Mourão (Diogo Alvares), desembargador do
Porto, 237, 238.
Mourão (Diogo Alvares), sr. da quinta da
Cumieira, 238.
Mourão (D. Joana), m. de Domingos Botelho
Ribeiro, 237, 238, 239.
Mourão (Dr. Matias Alvares), desembargador
da Relação do Porto, 237, 238.
Mourão (Matias Alvares), morgado de Ma-
teus, 237, 239.
Mourões da Cumieira, 237.
Mousinhos de Albuquerque, seu progenitor,
223.
Mouta Santa, feira, 369, 373.
Munich (Embaixador em], 462.
Murça, 204. — Doação, 469.
Murça (Casa de), 468, 470.
Murça (Conde de), i.°, D. Miguel António
de Melo, 468.
Murça (Conde de), 2.°, D. José Maria de
Melo, 468.
Murça (Conde de), 3.°, D. João José Maria
de Melo Abreu Soares, etc, 468
Murça (Condes de), ar., 471.
Murça (Condessa de), D. Ana de Sousa Cou-
tinho, 468.
Murça (Condessa de), 4.% D, Mariana das
Dores de Melo, 468.
Murça (Srs. de), 467, 469, 470.
Murphy, Traveis in Portugal, 509, 5 10.
Mnrphy, viajante, 507.
Najera (Duques de), 96, 162.
Namorados (Ala dos), 345; capitães dela,
352, 365, 398.
Nandim, mosteiro, 304. — V. Landim.
Napoleão I, 462, 517.
Nápoles: general de cavalaria de lá, 222;
gov.or do Castelo Novo, 222.
Narbonne, viscondado, 462; ar., 462.
Narhonne (João Francisco de), duque de
Narbonne-Lara, 462.
Narbonne-Lara (Duque de), 462.
Narbonne-Lara (Felipe, visconde de), 462.
Narbonne-Lara (Luís, conde de), 462.
Narbonne-Lara (Luísa Amable de), condessa
do Sobral, 462.
Nassau e Sousa (D. Luísa Casimira de),
duquesa de Lafões, 290, 291.
Naus: Castelo, 174; Corpo Santo, 484; Flor
da Rosa, 174; Frol de Ia Mar, 484: Loba,
218; Luz, 232; Milheira, 3 10; San Boaven-
tura, 232; San Roque, 483; San Sebastião,
483; San Vicente, 484; Santa Caterina,
1 74, 178 ; Santa Maria da Ajuda, 484 ; Santa
Maria do Paraíso, 484; Santiago, 484;
Santo António, 484; Vencimento do
Carmo, 314.
Navarra, i52.
Navas de Tolosa (Batalha das), 29, io5, 3o2,
307.
Navios, construção, 483.
Negros (A dos),' data de carta, 68.
Neiva, terra, doação, iio, 111, 112.
Neiva (Arcediago de), 364.
Neiva (Conde de), i.», D. Gonçalo Teles, 88/
95, no, III, 112, ii3, i36, 340, 5i8.
Neiva (Conde de), 8°, D. Teodósio, 498.
Neiva (Condessa de), D. Maria Afonso de
Albuquerque, 112, i36.
Neiva (Sr. de), 2o5.
Nelas, doação, 285.
Nespereira, doação, 535.
Neto (Dr. Brás), bispo de Santiago, 14.
Nhoverga (Pedro Garcia da), 245. — V. Nó-
brega (Pedro Garcia da).
Nhovrega (D. Origo da), o Velho, 244.
Nhovregua (D. Eurigo da), 244.— V. Nóbrega
(D. Ourigo da), o Velho.
Nice, 5o5.
Nicolau, bispo de Viseu, 292. i
Nicolau António, Bibliotheca Hispana nova,
392.
Niebla, condado, 456.
Nino (D. Pedro), i.° conde de Buelna, 96.
Nisa: alcaidaria mor, 214; alcaide mor, 2i5;
capitania, 214; comenda, 214, 2i5.
Nisa (Casa de). 162.
Nobiliário do Conde D. Pedro, 108, 1 19, 120,
592
Brasões
i53, i55, i56, i58, 188, 192, 206, 242, 248,
244, 245, 246, 247, 259, 2()5, 267, 270, 271,
272, 273, 276. 3o6, 307, 3o8, 3o9j 336, 338,
339, 340, 33 1, 408.
Nobiliário quinhentista, 147, 178, 23 1, 241,
352, 356.
Nóbrega : castelo, 242, 243; couto, 242; doa-
ção, 365, 366 ; julgado, 242, 243 ; terra, 1 17,
242, 243, 245, 246, 247, 25o, 257; venda da
terra, 368, 369.
Nóbrega, linhagem, 273 ; ar., 244; progenitor,
243.
Nóbrega (Dr. Gaspar da), ar., 244,
Nóbrega (Manuel da), ar., 244
Nóbrega (D. Ourigo da), o Velho, 244, 245,
246.
Nóbrega (Pedro Garcia da), f. de D. Garcia
Ourigues, 245.
Nóbrega (Pedro Garcia da), sr. da Macinhata,
245.
Nóbrega (D. Pedro Ourigues da), sr. de
Aboim, 245, 246, 247.
Nóbrega (Srs. da), 245, 286.
Nogueira, ar., 37.
Nogueira de Brito, O Mosteiro da Sub-
berra da Castanheira, 420.
Nomães, quinta, coutada, 343.
Nomão, doação, 55,
Nomes próprios, costumeiras antigas, 193.
NORONHA, linhagem, 46, 48. — Ar., 23, 3i,
33, 40, 45, 1 13, 123, 124. — Uso do apelido,
124. — Varoniíi, 70, 11 3, 120,219. — Noro-
nhas: da casa de Linhares, ar, 124; da
casa de Valadares, ar., 124; da casa de
Vila Rial, ar.,48.— Noronhas Ribeiros Soa-
res, 48.
Noronha (D. Afonso de), 436.
Noronha (D. Afonso de), f. do 3.° conde de
Odemira, 227.
Noronha (D. Afonso de), gov.or da ilha de
Socotorá, 172.
Noronha (D. António de), bispo de Porta-
legre, 466.
Noronha (Conde de), D. Afonso, 47, 48.
Noronha (Condessa de), D. Isabel, 47, 48.
Noronha (D. Constança de), duquesa de
Bragança, 48.
Noronha (D. Diogo de), 3." marquês de 'Ma-
rialva, 1 13.
Noronha (D. Domingas Isabel de), condessa
da Lourinhã, 71.
Noronha (D. Fernando de), 2.0 conde de Vila
Rial, 48, 123, 125.
Noronha (D. Garcia de), vice rei da índia, 175.
Noronha (D. Guiomar de), m. i.» de Rui
de Melo, 444, 445.
Noronha (D. Guiomar de), m. de Rui Teles
de Meneses, i38.
Noronha (D. Helena de), m. 2.» de Manuel
de Vasconcelos, 391.
Noronha (D. Henrique de), capitão na tomada
de Ceuta, 48.
Noronha (D. Henrique de), monteiro mor,
455.
Noronha (D. Inês de), f. do grande D. João
de Castro, 5o5.
Noronha (D. Inês de), m. de João da Costa,
391.
Noronha (D. Isabel de), m. i.* de Diogo Lopes
de Sousa, 287, 417.
Noronha \D. João de), 6." conde de S. Lou-
renço, 446.
Noronha (D. João de), f. do Conde de Gijon,
48.
Noronha (D. João José Ansberto de), 6." conde
de S. Lourenço, 446, 534.
Noronha (D. Josefa de), marquesa de Lou-
riçal, 520.
Noronha (D. Juliana Xavier de), 7.' condessa
dos Arcos, 1 14.
Noronha (D. Leonor de), m. de D. Álvaro de
Ataíde, 417, 418. — Epitáfio, 419.
Noronha (D. Leonor de), m. de D. Fernando
de Ataíde, 419. — Epitáfio, 420.
Noronha (D. Manuel de), prior mor da Ordem
de Avis, 5 16.
Noronha (D. Maria de), condessa da Atalaia,
417,419.
Noronha (D. Mana de), m. de D. Francisco
de Sousa, 218.
Noronha (D. Maria Ana de), m. de Luís de
Sousa de Meneses,. 233.
Noronha (D. Maria Josefa da Graça de), mar-
quesa de Louriçal, 520.
Noronha (D. Maria Madalena de), m. de
D. Luís Manuel de Távora, 222.
Noronha (D. Pedro de), arcebispo de Lisboa,
48; ar, 48.
Noronha (D. Pedro de), mordomo mor, 36o.
Noronha (D. Sancho de), i.° conde de Ode-
mira, 48, 209. — Ar., 40,
Noronha (D. Sancho de), 3.° conde de Ode-
mira, 40.
Noronha Abranches Castelo Branco (D. José
António de), 9.° conde de Valadares, 177.
Noronha e Lancastre (D. Joana Bernarda
de), S.* marquesa das Minas, 220, 221, 223.
— V. Lancastre e Noronha (D. Joana Ber-
narda de).
Noronha e Meneses (D. Manuel José de), 7.»
conde dos Arcos, 1 14.
Nossa Senhora dos Açougues, comenda, 460.
Notário da cúria régia, 292.
Nova Goa (Conde de), 146.
Novais (D. Teresa de), m. de Estêvão Soares
de Melo, 410.
Novelas, honra, 204.
Numão, termo, 292.
Nuno Fernandes, escrivão da Câmara de
Lisboa, 486.
índice de matérias
593
Nuno Fernandes, estribeiro da Duquesa de
Borgonha, 397.
Nuno Gonçalves (Dr.), chanceler da Casa
do Cível, 327.
Nuno Martins (D), mordomo mor, 253.
Óbidos, 24, 94; bens lá, 261 ; data de carta,
«2, 414 ; igreja da Misericórdia, 1 1 5 ; termo,
412.
Óbidos (Condes de), 3.°', 114.
Obras públicas: fiscal, 461; inspector geral,
460.
Odemira (Conde de), i.°, D. Sancho de No-
ronha, 48, 209. — Ar., 40.
Odemira (Conde de), 3.", D. Sancho de No-
ronha, 40, 227, 473.
Odemira (Conde de), 4.°, 227.
Odemira (Condes de), 209; ar., 48.
Odemira (Condessa de), D. Mecia de Sousa,
209.
Odemira (Sr. de), 68, 109.
Odivelas, mosteiro, 141, 142, 221, 358, 427.
0'Donell Hearn (D. Carolina), m. de Luís da
Cunha e Meneses, 186.
Oeiras, doação do reguengo, 353.
Oeiras de Ribamar, reguengo, 481.
Oficiais de armas, 19.
Oficial mor honorário da casa rial, 32 1, 322,
460.
Ois, 262.
Oisda Ribeira, direitos da aldeia, 117.
Oitão, torre, gov.or dela, 488.
Oiteiro, casal, 258.
Oiteiro, lugar, 3 18.
Oiteiro, torre e quinta, 38 1.
Oiteiro (Alcaide mor do castelo do), 71.
Olhalvo, igreja, 173, 176.
Olhão (Marquês de),'i,°, Francisco de Melo
da Cunha de Mendoça e Meneses, 177,
455.
Olhão (Marquês de), 2.°, 177.
Olhão (Marqueses de), ar., 168; varoniá, 120,
i38.
Oliva (António de), pintor de azulejos, 436.
Olivais (Morgados dos), 197.
Oliveira, geração, ar., 497.
Oliveira, quinta, 398.
Oliveira (Cristóvão Rodrigues de), Sum-
mario S qve brevemente se contem algvas
covsas fassi ecclesiasticas como secvlares)
qve ha na cidade de Lisboa, 364.
Oliveira (Joane Mendes de), sr. da quinta de
Oliveira, 398. »
Oliveira (Martim de), sr. da quinta de Oli-
veira, 3q8.
Oliveira (Morgados de), 496.
tliyeira (Pêro de), abade de S, Miguel de
Penagate, 344.
Olivejra (Srs. de), n3.
Oliveira do Bairro (Srs, de), 287, 288, 289.
Oliveira Freire (Manuel de), 410.
TOL. I
Oliveira do Hospital : capela dos Ferreiros,
9; igreja, 7.
Oliveira Marreca (A. de), artigo no Pano-
rama, 389.
Olivença, 457. — Alcaidaria mor, 425,429,
440, 441, 443. — Alcaides mores, 214, 422,
425, 427. — Fronteiro, 425, 427. — Regi-
mento de infantaria, 458.
Olivença (Conde de), D. Rodrigo de Melo,
192, 214, 422, 426, 428, 429, 43 1, 432, 433,
434, 443. — Ar., 432 ; epitáfio, 433.
Olivença (Condessa de), D. Isabel de Meneses,
429; epitáfio, 433.
Onrigo Onriguiz, 243. ~
Orbigo (Ponte de), el passo honroso, 45o,
432.
Ordem de Avis: alcaide mor de Coruche,
219. — Alferes, 220. — Cavaleiros, 407. —
Com. da de Santa Maria de Beja, 377. —
Com.or mor, 344, 346, 392, 485. — Cruz,
307. — Doação a ela, 25i. — Grã-cruz, 212.
— Mestrado, 346; rendas dele, 228. — Mes-
tre, 277, 346, 408; sua jurisdição, 342, 343.
— Prior mor, 5 16. — V. Mestre de Avis.
Ordem de Calatrava (Cruz da), 307.
Ordem dos Carmelitas Descalços, 370.
Ordem de Cister, mosteiro de Lorvão, 99.
Ordem dos Cónegos regrantes de Santo
Agostinho, 157, 187.
Ordem de Cristo, 171. — Alcaidaria mor de
Pombal, 372. — Cavaleiro do hábito, 238,
239, 460, 484, 497, 5o2, 5o3. — Claveiro,
233. — Com.or, 163,222, 504; das Idanhas,
23o ; de Nossa Senhora dos Açougues, 460 ;
de Pombal, 372, 375, 376; de San Pedro
de Pinhel, 5o8-5o9; de Santa Maria do
Prado, 221; de Santa Maria de Quintela,
5o8; de Santa Maria de Vila Franca, 221.
— Com.or mor, 23o, 485, 486. — Grã-cruz,
221. — Jurisdição do Mestre, 342, 343. —
Mestrado, i83. — Mestre, 88, 92, 95, 127,
277, 279, 280, 281, 283, 284, 285, 356, 367.
Ordem do Hospital, 257, 258, 261, 262, 271,
337, 406. — Bailia de Ansemil, 261. — Grã
com.or, 264, 3o8. — Prior, 257, 352; su«
jurisdição. 342, 342. — V. Prior do Crato.
Ordem de Malta: cavaleiro, 1 85, com.or 494,
Ordena dos Pregadores, provincial, 392.
Ordem de Rocamador: doações a ela, 291,
292, 293; eremitas, 291, 292; extinção, 2g4;
hospitais, 293; priores, 293, 294; privilé-
gios, 294; sede, 291, 292, 293, 294.
Ordem de San Domingos, 329.
Ordem de San Francisco, 53a.
Ordem de San Jerónimo, i37.
Ordem de Santiago, 171, 2ío, 347, 406. —
Casas em Lisboa, 347. — Cavaleiros, 32i,
385, 407. — Comenda; de Ferreira, 229;
de Mértola, 228; de Povos, 296; da Re-
presa, 228; de Soza, 295 a 298. — Com.or^
594
Brasões
i66, 179; de Alvalade, 228; de Ferreira,
228, 229; de Melres, 23o, 23 1, 295; de Mér-
tola, 408. — Com.or mor, 146, 228, 410. —
Dízima das mercadorias saídas de Setúbal,
347. — Gov.or, 296. — Grã-cruz, 5 16. —
Manto, 229-230. — Mestrado, 346. — Mestre,
55, 166, 229, 248, 3o8, 34.5, 347, 348, 349,
383, 394, 485; sua jurisdição, 342, 343. —
^ Registo de documentos, 345. — Rendas da
aldeia de Coles, 228. — Treze, 228.
Ordem de Santiago de Castela, pertigueiro
mor, 106.
Ordem de Santo Agostinho, 3o4, 3o6.
Ordem do Templo, 261, 339, 4°^ 5 freire, 264;
mestre, i55.
Ordem da Torre Espada, hábito, 411.
Ordem do Tosão de Oiro, cavaleiro, 45 1,
520.
Ordonho II (D.), rei de Lião, 104, io5.
Origo Origuiz (D), 242, 243, 244.
Oriola: foral, 260; senhorio, 281; termo de
Viana, i3i.
Ormuz, 174, 176. — Capitão, 314.
Orneias, linhagem: ar. antigas e modernas,
38 r. — Progenitores, 339, 38'-
Orneias (Álvaro de), instituidor do morgado
do Caniço, 38i.
Orneias (D! João de), abade de Alcobaça, 75.
Orneias de Vasconcelos, morgados dò Ca-
niço, 38i, 382.
Orneias de Vasconcelos (Agostinho de), No-
ticia biográfica anteposta às Obras de
D. Ayres d'Ornellas de Vasconcellos, arce-
bispo de Goa, 38 1.
. Orneias de Vasconcelos (Agostinho de), par
do reino e sr. do morgado do Caniço,
38í.
Orneias de Vasconcelos (D. Aires de), aVce-
bispo de Goa, 38 1.
Osório (D. Jerónimo), bispo, 390.
Osório da Gama e Castro (José), Diocese e
districio da Guarda, 167, 464.
Osório de Moscoso (D. Rodrigo), conde de
Altamira, 435.
Ossuna (Duques de), 162.
Ota (Morgados de), 472.
Ouguela (Alcaide mor de), 232, 287,
Ourem, doação, 118.
Ourem (Conde de), i.", D. João Afonso Telo,
65, O9, 88, 108, 1 10, MI, 1 17, 118, 119, 120,
121, 124, 125, 128. — Ar., 124; epitáfio,
119.
Ourem (Conde de), 2.°, João Fernandes An-
deiro, 66, 69, 121, 345.
Ourem (Conde de), 4.», 355.
Ourem (Conde de), 11.°, D. Teodósio, 498.
Ourem (Condessa -de), D. Guiomar, 69, 81,
82, 118, 119, 124, 125, 128, i33, 396.
Ourigo Ourigues, f. de D. Ourigo da Nóbrega,
o Velho, 243, 246.
Ouroana (D.), m. de Fernão Martins Camelo,
188.
Ousenda Ermigis Aboazar (D.), m. de D. Paio
Goterres, i55.
Ouvidor: na corte, i52; da rainha D. Leonor
Teles, 34.3.
Ouvim, Quinta, 164.
Ovar, 3 1 5, 314. — Sr., 109, no.
Overijssel, 29.
Ovidio, Tristezas, 41.
Pacheco, ar., 37, 118, 119.
Pacheco (Diogo Lopes), sr. de Ferreira de
Aves, 4Ó, 68.
Pacheco (João), vereador e procurador de
Lisboa a Cortes, 448. ^
Pacheco (João Fernandes), sr. de Ferreira,
guarda mor, 52, 53, lu, 423, 425.
Pacheco (Lopo Fernandes), sr. de Ferreira,
ii^í, 157, 160, 268, 269, 279; epitáfio, 118.
Pacheco (D. Violante Lopes), m. de Martira
Vasques da Cunha e de D. Diogo Afonso
de Sousa, 157, 279.
Paço da Cunha, (Srs. do), 197.
Paço de Sousa, 3o.3, 3o8, 336.
Paços (Sr. de), 109.
Paços da Abobreira, 227.
Paços dei Rei, 267.
Paços sobre Estrada, doação, 160.
Padilha, ar., 20.
Pádua, 290.
Pagem : da campainha, 473 ; da rainha D. Ca-
terina, 179.
Paia, morgado, 461.
Paim, ar., 212.
Paim (D. Constança Luísa), condessa de
Alva, 211, 212.
Paim (D. Maria Antónia), sr." da casa de
Alva, 21 1, 212.
Paio, bispo de Évora, 292.
Paio (D ), bispo de Lamego, 293.
Paio Goterres (D.), fundador do mosteiro de
S. Simão da Junqueira, i55, i56.
Paio Peres, prior de Santa Maria de Tábua,
154. *
Paio Pires (Morgados de), 179, 186.
Paio Ramires (D.), i55.
Pais (D. Antónia), m. de Tristão da Cunha,
174.
Pais (João Rodrigues), contador mor de
Lisboa, 174.
Pais (Leonor), m. de P«ro Gonçalves, 174.
Países Baixos, gov.or deles, 442.
Paiva, doação, 304.
Paiva (Srs. de), 189, 226, 3o8.
Palazuelos, mosteiro, io5.
Palência, 47; igreja, 96.
Palha, ar , 20.
Palhais (Morgados de), 497.
Palhavan (O), 189.
Palma, quinta, 1 18, 4i3.
índice de matérias
595
Palmeira, couto, doação, 3o4, 307.
Palmeira (D. Gonçaío Rodrigues da), 3o3,
304, 3o5, 3o6, 307.
Palmeira (D. Rodrigo Gonçalves da), 307. —
V. Pereira (D. Rodrigo Gonçalves de).
Palmela: alcaide mor, 171; renda das saboa-
rias, 33 1 ; termo, 171.
Palmela (Casa de), 282, 283.
Palmela (Condes de), 282.
Palmela (Duques de), 281, 282. — Ar., 282,
283.
Palmela (Marqueses de), 282.
Pananá, 172.
Pancas (Casa de) : morgado, 391 ; varenia, 234.
Pangim, 168.
Panha (D. Garcia Fernandes de), 187.
Panha (D. Sancha Garcia de), m. de D. Mar-
tin Lourenço da Cunha, 187.
Panoias, terra, 122, 204. — Gov.or (tenens),
206, 261, 262. — Senhorio, 262.
Panoias (Srs. de), 171, 175.
Panorama { O), jornal litterario e instruclivo,
56, 389.
Pantaliab Dias, escrivão, 373.
Páos, terra, doação, 117.
Papas: Alexandre VI, Bento XII, Bonifá-
cio IX, Clemente VII, Gregório IX, Lião X,
Martinho V, Paulo III, Pio II, Pio IV,
Pio IX, Urbano VI, Urbano VIII, Xisto IV.
Par do reino, i54, 1 85, .186, 221, 291, 3oq,
321, 322, 38i, 458, 459, 460, 461, 46a, 468,
488, 520.
Parada, senhorio, 262.
Paradeía: couto, 3 16; senhorio, 26a, 475,
476.
Paraíba, 377.
Paraty (Condes de), 48.
Paredes, doação, 55.
Paredes (Sr.» de), em Castela, i66u
Paris, 246, 45o, 463, 493. — Embaixador lá,
i54, 211, 491,492, 493, 517.— Ministro, 239,
457. — Universidade, 35 1 .
Pássavante, 14.
Passos Manuel, ditadura liberal sua, i85.
Patameira, morgado, 147.
Pátria (A), jornal, 525.
Patrom'micos, costumeiras antigas nO seu
uso, iq3.
Paulo III, papa, 363, 389.
Pavia, doação, 68, 453.
Pavia, geração, ar., 20.
Peçagno (Micé Manuel), almirante, 195. —
V. Pessanha (Manuel).
Pedro ([D.), 204, 522.
Pedro, Dispo de Coimbra, 29a, 298.
Pedro (D.), 3.» conde de Barcelos, 107, a63
a 271, 273, 291,5 1 5,525.— V Pedro Afonso,
f. b. de D. Denis.
Pedro (D.), infante, f. de D. Afonso IV, 11 S,
207, 208. — V. Pedro I (D.).
Pedro (D.), infante, f de D. João IV, 441.
Pedro (D;), infante, f. de D, João V, 488, 534.
V. Pedro III (D.).
Pedro (D.), infante, í. de D. Sancho I, 258.
Pedro (D.), infante regente, duque de Coim-
bra, 81, 82, i36, 137, 146, 195, 227, 283,
323, 355, 426, 43o, 452, 480, 53o.
Pedro (D.), príncipe regente, 456, 492, 493,
523,524.— V.Pedro II (D.). *
Pedro (L).), príncipe rial, 517. —V. Pedro IV
(D.), rei de Portugal.
Pedro IV (D.), rei de Aragão, 269, 277.
Pedro I (D.), rei de Castela, 63", 64, 65, 67,
106, 108, 112.
Pedro I (D.), rei de Portugal, 67, 87, 88, 89,
97, 117, i32, 160, 208, 216, 227, 277, 279,
J09, 343, 344, 355, 358, 36í, 414, 477. — V.
Pedro (D.), infante.
Pedro II (D.), rei de Portugal, 23,63, 116,
210, 290, 378, 433, 5i3. — V. Pedro (D.),
príncipe regente.
Pedro III (D.), rei de Portugal, 495, 534. —
V. Pedro (D.), infante.
Pedro IV (D.), rei de Portugal, 234, 400,410.
- V. Pedro (D.), príncipe rial.
Pedro (D.), sr. de Cascais, 353, 354.
Pedro Afonso, í. b. de D. Afonso II, 408.
Pedro Afonso, f. b. dei rei D. Denis, 263,
264, 265. — V. Pedro (D.), 3.° conde de Bar-
celos.
Pedro Afonso, rico homem, 292.
Pedro Anes, copeiro de D. Afonso IV, 480.
Pedro Anes, juiz em Sintra, 24.
Pedro Dias (Fr.), prior de S. Domingos,
43i.
Pedro Eanes, f. de D. João de Aboim, 248,
256. — V. Portel (Pedro Eanes de).
Pedro Eanes (D.), mordomo mor, 293.
Pedro Esteves, de Leiria, epitáfio, 522.
Pedro Esteves, vedor do 3." Conde de Bar-
celos, 269, 270.
Pedro Fernandes, copeiro de D. Afonso III,
265.
Pedro Framariz (D.), 498.
Pedro Garcia, 293.
Pedro Gonçalves, 45o.
Pedro Nunes, 292.
Pedro Nunes (Dr.), 5o3.
Pedro Ouriguiz (D.), 243.
Pedro Peres, 293.
Pedrógão, aldeia do almoxarifado de Beja,
4i3.
Pedrógão, vila, 197. — Doação, 260, 365. —
Srs., 345, 368, Í70, 371,392. — Serviço dos
Judews, 369.
Pedrógãos, doação, 366.
Pedrosa, ar., 22.
Pedroso (Jorge), escrivão da nobreza, 14, í5.
Pegado, ar., 20.
Pegas (Manuel AlvaresJ, Tractatus de ex-
596
Brasões
dusione, inclusione, successionc et ere-
ctione maioratiis, 295, 298, 392.
Peixoto de Queirós e Vasconcelos (António),
Nobiliário das familias de Portugal, 397.
Pelema, igreja, 81.
Pena, 262.
Pena Gati, tôrre^ 340.
Pena da Rainha, foral, 260.
Penacova, 227. — Srs., 84, 227, 229.
Penafiel, concelho, 336.
Penafiel (Conde de), 498.
Penafiel de Bastos, 117.
Penafiel de Bastqço, 1 17-1 18.
Penagateí abade 'de S. Miguel, 344. — Sr.,
3(5, 339.— Senhorio, 35o. — Torre, 340. —
Venda, 348, 349.
Penaguião, concelho, 246" — Senhorio, 208.
Pena)oia, doação, 480. — Sr., 173.
Penalva, senhorio, 164.
Penalva (Condessa de), D. Maria de Portu-
gal, 473, 474.
Penalva (Marquês de), i.», D. Estêvão de
Meneses, 120.
Penalva (Marqueses de), 3."% 32 1.
Penamacor: alcaide mor, 370, 372,376; ca-
pitão, 370; sr., 409.
Penamacor (Conde de), i.°, D. Lopo de Al-
buquerque, 147, 444, 496, 5o5.
Penamacor (Conde de), 2.°, António de Sal-
danha Albuquerque Castro Ribafria Pe-
reira, i85, 5o5, 509.
Penamacor (Conde de), 3.°, António Maria
de Saldanha Albuquerque Castro Ribafria
Pereira, 5o5.
Penamacor (Condes de), 70, 496, 5o6. — Ar.,
496-497.
Penarroias, doação, 109.
Penasroias, igreja, 259.
Penedono, doação do castelo, 55.
Penedono (Casa de), 3 16.
Penela, do bispado de Coimbra: doação, 266,
339, 36o; povoação, 362; sr., 121, 128, 1 33,
362; termo, 81; Vasconcelos de lá, 336.
Penela,, de Dom João, 353. — V. o seguinte.
Penela, de Riba de Lima : doação, 55 ; juris-
dições, 342, 343; posse, 349; senhorio, 348,
35o, 353; venda, 348,349.
Penela (Casa de), 356.
Penela (Conde de), i °, D. Afonso de Vas-
concelos, 127, 355, 356, 359, 36o, 36i, 362,
363. — Ar., 36i, 368; epitáfio, 36i.
Penela (Conde de), 2.", D. João de Vascon-
celos e de Meneses, 228, 23o, 357, 358, 36o,
362, 402. — Ar., 40, 362.
Penela (Condes de), 342, 358.
Penela (Condessa de), D. Isabel da Silva,
36i.— Ar., 36i.
Penela (Condessa de), D. Maria de Ataíde,
23o.
Penela (João Lourenço de), i25.
Penelas, casais, 242.
Penha (La), ar., 20.
Penhaverde: morgado, 63, 70, 5o5, 509;
quinta, 5o6 a 5 10.
Peniche, regimento, 495.
Península, guerra, 29.
Pentieiros, morgado, 32 1.
Pêra (Abade de), 371.
Peral: doação, 117, 439; sr., 438; senhorio^
441.
PEREIRA, linhagem, 293, 3o3. — Ar., 34,
159, 194, 237, 3oi, 322, 422. — Progenitor,
3o5, 307. — Pereiras: de Alcochete, 3i5;
de Bertiandos, 3 16, 319; dos Condes da
Feira, 309; dos coutos de Mazarefes e
Paradela, 3 16; dos morgados da Redinha,
3 1 5.— Pereiras de Araújo, 3i5. — Pereiras
de Berredo, 3i5. — Pereiras Coutinhos: da
casa de Penedono, 3 16; dos morgados e
viscondes da Baía, 3i5. — Pereiras de La-
cerda, 3i5.— Pereiras de Lucena, 3 16. —
Pereiras Marramaques, 3o8-3o9.— Pereiras
Patos, 3 16.
Pereira, vila: doação, 160, 342, 439; sr.,
.67.
Pereira (Álvaro), i.° sr. da Feira, manchai,
3o9, 3 10.
Pereira (D. Álvaro Gonçalves), prior do
Crato, 169, 309, 352.
Pereira (António), ,sr. do 2.° morgado de
Bertiandos, 320.
Pereira (D. Beatriz), almiranta, m. de Rui de
Melo, 127, 194, 195. — Epitáfio, 195.
Pereira (D. Beatriz), f. do condestável D. Nuno
Alvares Pereira, 309.
Pereira (Beatriz), f. do marichal Álvaro Pe-
reira, 3 10.
Pereira (Diogo), almoxarife de Ponte de
Lima, 3 16.
Pereira (Diogo), com.or mor da Ordem de
Santiago, 14.6.
Pereira (D. Diogo), 2.° conde da Feira, 3u,
3 12, 3i3, 3 14, 326.
Pereira (Diogo Alvares), f. de D. Álvaro
Gonçalves Pereira, 309.
Pereira (Fernão), almoxarife de Ponte de
Lima, 3 16, 317, 3 18, 319, 320, 322.
Pereira (Fernão), 3." sr. da Feira, 3io, 3ii,
■ 3i2, 323, 324, 325.
Pereira (Francisco), sr. do i.° morgado de
Bertiandos, 320.
Pereira (D. Frolhe Rodrigues de), m. de
D. Pedro Fernandes Portugal, 159.
Pereira (Gabriel), Documentos de Évora,
253, 395, 397, 398, 529. — Estudos eboren-
ses. Lóios, 43o, 43 1, 433.
Pereira (D. Gonçalo), arcebispo de Braga,
187, 309, 396.
Pereira (Gonçalo), o das Armas, 2.° sr. de
Cabeceiras de Basto, 3 12, 324, 349, 35o.
índice de matérias
597
Pereira (Gonçalo), cavaleiro da casa dei Rei,
382.
Pereira (D. Gonçalo de), conde, 3o8, Sog.
Pereira (Gonçalo), f. de Rui Gonçalves Pe-
reira, j<09.
Pereira (D. Fr. Gonçalo Peres de), Grã com.or
da Ordem do Hospital, 3o8.
Pereira (D. Isabel), m. de D. Álvaro de Cas-
tro, 146.
Pereira (D. Isabel), m. de D. Fernando de
Castro, 533.
Pereira (D. Isabel), m. i." de Gil Vasques da
Cunha, 169.
Pereira (D. Isabel), m. de D. Goterre Cou-
tinho e depois de Jorge de Melo, 481.
Pereira (D. João), o Mulato, f. bastardo do
i.o Conde da Feira, 3 12, 323, 324, 325,
326.-
Pereira (João Alvares), 1." sr. da Feira, 3 10,
3i I, 325, 416.
Pereira (João Rodrigues), 45o.
Pereira (Leonor), f. do marichal Álvaro Pe-
reira, 3 10.
Pereira (D. Leonor), m. de Joane Mendes de
Vasconcelos, 146, 344, 352. — Epitáfio, 352.
Pereira (Lopo), almoxarife de Ponte de
Lima, 3 16, 319, 320.
Pereira (Lopo), soldado na índia, 32o.
Pereira (Maria), m. de Rui Lopes da Cer-
veira, 3 18.
Pereira (D. Martinho), vedor da fazenda,
288.
Pereira (Nuno), poeta do Cancioneiro, 296,
297.
Pereira (D. Nuno Alvares), 3.* conde de
Tentúgal, 436. — Epitáfio, 435.
Pereira (D. Nuno Alvares), condestável, 5,
78, 79, 142, 162, 169, 194, 195, 3o9, 352,
354,413,438,498.
Pereira (D. Pedro Rodrigues de), vencedor
da lide de Trasconho, 3o3, 3o8.
Pereira. (D. Rodrigo), i.° conde da Feira,
193, 3(1, 3i2, 3i3, 3i4, 324, 521. — V. Pe-
reira (Rui').
Pereira (Rodrigo Gonçalves de), f. de D. Gon-
çalo Rodrigues da Palmeira, 3o4, 3o5, 307,
^08.
Pereira (Rui), capitão da nau Milheira, 3 10.
Pereira (Rui), 4." sr. da Feira, 193, 3 11, 3 12,
323, 324, 325. —V. Pereira (D.Rodrigo).
Pereira (Rui Gonçalves), progenitor dos
Condes da Feira, 309.
Pereira (Rui Vaz), 193, 323, 324, 325, 326,
521.
Pereira (Srs. da quinta de), 3o3, 3o5, 307,
3o8.
Pereira (D. Urraca Rodrigues), irmã do bispo
do Porto D. Martinho Rodrigues, 3o3.
Pereira (Vasco), sr. de Paiva e Baítar, 189,
3o8.
Pereira Âgostim (João), um dos Doze de
Inglaterra, 170.
Pereira Baião (José)^ Portugal cuidadoso e
lastimado, 5o5.
Pereira Coutinho (D. Álvaro), 326.
Pereira Coutinho (Francisco), capitão e go-
v.or da Baía, 484.
Pereira Forjaz (D. Miguel), 9.° conde da Feira,
3i5
Pereira Forjaz Coutinho (D. Álvaro), autor
num processo de revindicação da casa da
Feira, 3 12, 323.
Pereira Forjaz de Eça Montenegro (D. Maria
Angelina Senhorinha José Justa), 9.* sr.*
do 2.° morgado de Bertiandos, 32i.
Pereira de Melo (Marquesa D. Maria da Pie-
dade Caetano Alvares), representante da
casa de Cadaval, 441.
Pereira de Melo (D. Nuno Caetano Alvares),
I ° duque de Cadaval, 441.
Pereira de Melo (D. Nuno Caetano Alvares),
ô.*" duque de Cadaval, 528.
Pereira de Melo (D. Segismundo Caetano
Alvares), 3.° duque de Lafões, 441-442,
528.
Pereira da Silva (D. António), bispo do Al-
garve, 320.
Pereira da Silva Leal (Manuel), Catalogo
dos Bispos de Idanha e Guarda, 238.— Ca-
talogo dos Collegiaes de S. Paulo, 238.
Pereira da Silva de Sousa e Meneses (Da-
mião), 2." sr. de Bertiandos, 32 1.
Pereira da Silva de Sousa e Meneses (Gon-
çalo), i." conde de Bertiandos, 32 1.
Pereira da Silva de Sousa e Meneses (Gon-
çalo), 3.° conde de Bertiandos, 3i6, 32i,
322.
Pereira da Silva de Sousa e Meneses (D. Joana
Maria do Rosário Francisca de Sales), 2.»
condessa de Bertiandos, 32 1.
Pereira da Silva de Sousa e Meneses (João),
lO." sr. do 1." morgado de Bertiandos, 32i.
Pereira da Silva de Sousa e Meneses (Se-
bastião), 11." conde de Tarouca, 322.
Pereira do Soto (António), meirinho do Santo
Ofício, 438.
Pernambuco: gov.or, 221; gov.or e capitão
genernl, 179; socorro, 376, 378.
Pêro e Pedro, 193.
Pêro Anes, preso, 3 18.
Pêro Dias, tabelião em Sintra, 27.
Pêro Esteves, f. do mestre João, 226, 227.
Pêro Fernandes, pintor, 25.
Pêro Gil, progenitor dos Mousinhos de Al-
buquerque, 223, 224.
Pero Giraldes, sôbrejuiz dei Rei, 208.
Pêro Gonçalves, secretário de D. Afonso V,
174.
Pero Rodrigueç, pmtor, 26.
Pero Steves, copeiro mor, 266.
598
Brasões
Pero Steves, vedor da casa do conde D. Pe-
dro, 266.
Pérsico, estreito, 173.
Pessanha, ar., 3", 194.
Pessanha (Carlos), almirante, 126, 127, 194,
195, 196.
Pessanha (Caterina), sobrinha do almirante
Carlos Pessanha, 196.
Pessanha (João Rodrigues), morador em
Elvas, 399.
Pesssamha (Lançarote), almirante, 68, 109,
110.
Pessanha (Lançarote), almirante, f. de Rui
de Melo, 126', 127, 195, 196. — V. Lança-
rote (Micé).
Pessanha (Manuel), almirante, 195.
Pessanha (Manuel), cav.» da casa dei Rei,
399.
Pestana, ar., 18, 22, 38.
Petite (Soeiro Mendes), 522.
Pexão (Pero), mestre dos canos dos paços
de Sintra, 504.
Piedade (Fr. Atitónio da), Chronica da Ar-
rábida., 191.
Pierre Gonzalez, 45o.
Pimentel, ar., 38; dos Marqueses de Tavara,
ar., 225.
Pimentel (D. Ana), m. de,Martim Afonso de
Sousa, 225.
Pimentel (D. Joana), marquesa de Ferreira,
435.
Pimentel (João Afonso), sr. de Bragança,
conde de Benavente em Castela, 80, 415,
422, 425.
Pimentel (Leonor Rodrigues), m. de Gon-
çalo Mendes de Vasconcelos, 529.
Pimentel (D. Manuel), 3i5.-~V. Forjai Pe-
reira Pimentel (D. Manuel).
Pimentel (Martim Afonso), vassalo de D.
João I, 41 5. »
Pimentel (D. Vasco Martins), meirinho mor,
3o8.
Pina (Fernão de), cronista mor, 383.
Pina (Fernão de), escrivão, 296, 370, 383.
Pina (Rui de), Chronica de D. Afonso /F,
i5, 17, 267, 276. — Chronica de D. Afon-
so V,.56, i3o, 146, 147, 228, 296, 3 12, 354,
355, 359, 375, 427, 428, 496. — Chronica
dei Rei D. Duarte, 425.
Pina (Rui de), escrivão, 327.
Pindela (Viscondessa de), 4.
Pineda (Juan de), Libro dei Passo Honroso,
452.
Pinheira (Leonor), m. de Martim de Castro,
70.
Pinheira (Mana), m. de Pero de Sousa, 226,
418,419.
Pinheiro, morgado, 164.
Pinheiro, quinta, 80.
Pinheiro, vila, doação, 160.
Pinheiro (Com. ores do), 309.
Pinheiro (Srs. do couto do), 84, 160, 167,480.
Pinhel, 52, 2q3. — Comenda de S. Pedro,
5o8-5o9. — Rendas e direitos riais, 476. .
Pinhel (Morgados de), 55.
Pinto, ar., 38.
Pinto (António), gravador, 498.
Pinto (Inês), m. 2.» de Lopo Pereira, Sao,
322.
Pinto da Fonseca (António), morgado de
Balsemão, 236.
Pinto de Sousa Coutinho (D. Ana Amélia),
condessa de Lumiares, 186.
Pio II, papa, 295.
Pio IV, papa, 5o6.
Pio IX, papa, 428.
Pisano (Mateus do)., Gesta Regis Joannis de
bello Septensi, 141, 142, 143.
Piscos (D. Gomes Pais de), i55.
Pita (Fernão), f. de João Pita, 3 18.
Pita (João), 3 18.
Placência, bo^.
Pó, geração, ar., 20.
Podentes: doação, 285, 289; sr., 286, 287,
289.
Poiares (D. Pedro Mendes de), 3o3.
Polvorães, reguengo, doação, 412.
Pombal: igreja de Santa Maria do Castelo,
373; pazes, 108; ramo de Vasconcelos d«
lá, 373, 38i.
Pombal (Alcaides mores dé), 283, 368,372 a
376.
Pombal (Marquês de), i.», 22, 211, 488, 5o4,
534.
Pombal (Marquesa de), D. Francisca de Pauhi
do Pópulo de Lorena, 223.
Pombal (Marqueses de): seu cartório, 504;
quinta e casa sua em Sintra, 504.
Pombeiro, mosteiro, 202, 204, 2o5.
Pombeiro (Casa de), 196.
Pombeiro (Conde de), i.°, D. Pedro de Cate-
telo Branco, 102.
Pombeiro (Concles de), 192; seu palácio à
Bemposta, 21 1.
Pombeiro (Srs. de), 88, 110, 187, 189, 190,
191, 192, 233.
Pombeiro da Beira, igreja, 190.
Pombeiro de Riba de Visela, 498.
Ponce (D.), prior de Soza, 293.
Ponce (D. ^aria), condessa de Arraiolos,-
69, 412, 4i3.
Poncio Afonso (D.), rico homem, 293.
Ponte, doação do senhorio, 491.
Ponte (Casa da), seus manuscritos, 535.
Ponte (Conde da), i.% Francisco de Melo,
490, 491, 4q3, 494, 495.
Ponte (Conde da), 2.», Garcia de Melo e
Torres, 491, 493,494.
Ponte (Conde da), 3.", António José de MeJo
e Torres, 493, 494.
índice de matérias
599
Ponte (Conde da), 4.°, Luís de Saldanha da
Gama de Melo e Torres, 494, 495.
Ponte (Conde da), 3.", José António de Sal-
. danha Meneses e Sousa, 495. — Ar., 495.
Ponte (Conde da), 6.*, João de Saldanha da
Gama de Melo e Torres, 495.
Ponte (Conde da), 8.", João de Saldanha da
Gama de Melo e Torres, 493, 495.
Ponte (Conde da), 9.", 495.
Ponte (Condes da), 475, 496. — Ar. dos anti-
gos, 404; dos modernos, 496.
Ponte (Condessa da), 5.», D. Leonor de Sal-
danha da Gama, 494, 495.
Ponte da Barca, data de carta, 162.
Ponte da Barca (Srs. de), 112.
Ponte de Lima: almoxarifado, i37, 820; al-
moxarife, 3 16, 3 17, 3 18, 320; Dens, 257;
convento de Santo António, 378; data de
carta, 346; estrada para Braga, 340, para
Viana, 32o; gov.or (tenens)^ 252; julgado,
343; natural, 225; reguengo, 3 16.
Ponte de Lima (Marquês de), 3.°, 359.
Ponte de Lima (Marqueses de), 281, 458.
Ponte de Sôr (Morgados de), ii3.
Pontével (Conde de), Nuno da Cunha de
Ataíde, 176.
Pontével (Condessa de), D. Elvira Maria de
Vilhena, 176, 209, 473.
Pon^ (D. António)^ Viage de Espana, 89.
Porches: doação, 25 1; conquista, 407.
Porquês de Setúbal, 496.
Porro, herdade, 467,
Portalegre : bispo, 466 ; castelo, 79, 108 ; con*
tador, 472; data de carta, 68, 343; mora-
dor, 466; mosteiro de S. Bernardo^ 464,
465^ 466, 467; provedor da fazenda, 472;
residência episcopal, 464.
Portalegre (Conde de), 3.°, 226.
Portalegre (Conde de), 4.", 121.
Portalegre (Conde de), 5.°, 121.
Porteiro da câmara, 5o3.
Porteiro mor, 296, 454.
Porteiras mores (Casa dos), 454.
Portel : castelo, 247, 253, 256, 258 ; seu alcaide
mor, 277; seu fundador, 241, 256, 257. —
Foral da vila, 256,260. — Igrejas dela, 256,
257, 261, 262. — Srs., 25q, 275. — Senhorio,
248, 258, "259.
Portel (D. João de), 241, 249. — V. Aboim
(D. João de).
Portel (João Peres de), 271, 272, 273. — V,
Sousa (João Peres de).
Portel (D. Pedro Eanes de), rico homem,
206, 241, 25o, 254, 258, 259, 260 a 263, 270,
271, 272, 273. 274, 277, 278. — V. Pedro
Eanes, f. de D. João de Aboim.
Portilho (Sr.* de), 166.
Portimão (Sr. de), 194. — V. Vila Nova de
Portimão.
Porto: alcaide mor, 170,226, 444; almirante
na cidade, 194; armada, m, 168, 3io;bens
lá, 35o; bispado, 35 1 ; bispo, 292, 293, 3o3,
3o6, 3o8. — Casa da Relação : chanceler,
239; des.or, 154. 238, 457;' gov.or das jus-
tiças, 289, 410,457, 470. — Cerco, 410-41 1 ;
cidadão, 181; data de carta, 80, i23, 162.
194, 3 10, 346, 365, 412, 41 3, 43g; hospital
de Rocamador, 293; incursão dos Caste-
lhanos, 77; juízes e vereadores, 181 ; junta
revolucionária, 41 1 ; lide, 106, — Mosteiros :
da Madre de Deus, 169; de S. Francisco,
181. — Natural, 225; partidário do Mestre
de Avis, 79: provedor da fazenda, 235, 357;
reis lá, 5i, 66, 76; Relação, v. Casa da Re-
lação.— Ruas: da Ferraria de Cima, 293;
das Flores, 293. — Sé, 3i3; arcediago, 166."
— Sinagoga de Monchique, 16c,; torre da
Marca, 181.
Porto, família, ar., 237.
Porto de Muja, 417.
Porto Salvo da Marinha, gov.or do forte, 456.
Portocarreiro, linhagem, ar., 396.
Portocarreiro, senhorio, 169.
Portocarreiro (Gonçalo Pires de), 188.
Portocarreiro (João Henriques de), epitáfio,
522.
Portocarreiro (João Rodrigues), sr. de Vila-
rinho da Castanheira, 121, 122.
Portocarreiro (D. Maior de), condessa de
Viana, 121, 122, 396.
Portocarreiro (Reimão Viegas de), raptor da
rainha D. Mecia Lopes de Haro, 245.
Portocarreiro (D. Sancha Henriques de), m.
2.» de D. Rodrigo Gonçalves de Pereira, 3o8.
Portugal, linhagem, ar., 72.
Portugal, reino : ar., 45. — Gov.ores^ 177,220,
288, 289, 410. — Infantas, v. Beatriz, Branca,
Caterina, Constança, Coutinho (D. Guio-
mar), Isabel, Joana, Leonor, Maria. — In-
fantes, v. Afonso, António, Carlos, Denis,
. Duarte, Fernando, Francisco, Henrique,
João, Luís, Manuel, Miguel, Pedro, Sancho.
— Príncipes, v. Afonso, João, Manuel,
Pedro. — Princesas, v. Joana, Leonor, Ma-
ria Benedita. — Rainhas, v. Áustria (D. Ma-
ria Ana), Beatriz, Carlota Joaquina, Cate-
rina, Dulce, Felipa, Haro (D. Mecia Lopes),
Isabel, Leonor, Luísa, Mafalda, Maria,
Maria I, Maria II, Maria Amélia, Maria Pia,
Mariana Vitória, Sabóia (D. Maria Fran-
cisca), Teresa, Urraca. — Regedor, 1 69, 227,
245. — Regente, 5i3. — Reis, v. Afonso I,
Afonso II, Afonso III, Afonso IV, Afonso V,
Afonso VI, Carlos, Denis, Duarte, Felipe I,
Felipe II, Felipe III, Fernando, Henrique,
João I, João II, João III, João IV, João V,
José, Luís, Manuel, Miguel, Pedro I, Pe-
dro II, Pedro III, Pedro IV, Sancho I,
Sancho II, Sebastião.' — Vice rei, 390, 482.
Portugal (D. Álvaro de), sr. de Cadaval, 43 1,
6oo
Brasões
433, 435, 438, 440. — V. Álvaro (D.), f. do
Duque de Bragança.
Portugal (1). Arcângela Micaela de), m. de
D. João de Castro, 493.
Portugal (D. Beatriz de), condessa de Buelna,
96.
Portugal (Conde de), D. Henrique, i55, 3o3,
498. . .
Portugal (D. Fradique de), arcebispo, insti-
tuidor do morgado do Vimieiro, i85.
Portugal (D. Maria de), condessa de Penalva,
473; 474-
Portugal (D. Maria de), condessa de Valência,
96, 97, 162.
Portugal (D. Maria de), rainha de Castela
108.
Portugal (D. Maria Teresa de), m. de D. João
de Lancastre, 514.
Portugal (D. Pedro Fernandes), iSg.
Portugal (D. Rodrigo de), alcaide mor de
Olivença, 440. —V. Melo (D. Rodrigo de),
1.» marquês de Ferreira.
Portugal Carneiro da Gama Sousa e Faro
(D. Maria do Resgate de), 3.» condessa de
Lumiares, 179, 180, 184, i85.
Portugal da Gama (D. José Francisco de),
2.° conde de Lumiares, 180, 184, i85. —
Ar., 184.
Portugal sacro-profano, v. Cardoso (Luís).
Portugaliae monumenta histórica: Diplo-
mata, i58; Inquisitiones, 154,242, 243,317,
336, 337; Leges, 25i, 253, 256, 260, 3o6,
5o3; Scriptores, 107, 119, i53, i55, i56,
i58, 204, 206, 242, 244, 246, 248, 270, 272,
273, 276, 3o5^ 3o6, 3o8, 309, 336, 338, 35 1.
Pousafoíes, quinta, i25.
Póvoa, doação, 55.
Póvoa (Conde da), ar., 283.
Póvoa de Salvador Aires, senhorio, 275, 276,
278.
Póvoa de Varzim, jurisdição, iii.
Povoação : do Algarve, 400 ; da Beira, 362,
400, 40 1 , 402 ; de Entre Doiro e Minho,
400 ; de Entre Tejo e Odiana, 400 ; da Es-
tremadura, 362, 400; de Lisboa, 400; de
Trás os Montes, 'Í62, 400.
Povolide: doação, 535; fundação, 475^ 535.
Povolidé (Conde de), 1.°, Tristão da Cunha
de Ataíde, 176, 477.
Povolide (Conde de), 4.", Luís da Cunha Grã
Ataíde e Melo, 177.
Povolide (Condes de): ar.. 168; palácio, 386.
Povolide (Srs. de), 176, 386, 425, 475, 476,
477, 521, 535.
Povos: doação, 416, 421 ; prior, 248.
Povos (Com.or (ie), 296.
Povos (Srs. de), 107, 416, 417, 418, 419, 420,
421, 480.
Praça (Lourenço Martins da), amo do Mestre
de Avis, 479.
Prado, comenda de Santa Maria, 221.
Prado (Casa do), 224.
Prado (Conde do), i.», D. Pedro de Sousa,
217, 218.
Prado (Conde do), 2.», D. Luís de Sousa,
218, 219.
Prado (Conde do), 3.°, D. Francisco de Sousa,
219.
Prado (Conde do), 4.», D. António de Sousa,
219.
Prado (Conde do), 6.», D. João de Sousa,
219.
Prado (Conde do), 7.°, D. António Caetano
Luís de Sousa, 219.
Prado (Conde do), 8.°, D. Lourenço José das
Brotas de Lancastre, 220.
Prado (Conde do), io.°, D. João Francisco
Benedito de Sousa Lancastre e Noronha,
2-20.
Prado (Conde do), 12.°, 222.
Prado (Condes do), 209, 21 3.
Prado (Condessa do), D. Eufrásia de Lima,
219.
Prado (Condessa do), 1 1 .*, D. Joana Bernarda
de Noronha e Lancastre 220.
Prado (Condessa do), D. Joana de Melo, 217.
Prado (Condessa do), D. Maria da Piedaa»
Francisca Antónia de Sousa, 219.
Prado (Srs. do), 218, 226, 233, 418.
Presidente do conselho de ministros, i85,
234.
Príncipe regente, 446, 456, 402, 493, 523,
524^ 527, 528.
Príncipe do Sacro Romano Império, 290.
Prior do Crato, 169, 188, 235, 358.
Privado dei Rei, 408.
Proença, ar., 20.
Proença (Alcaides mores de), 120.
Proença (Raid), A livraria de D. Francisco
Manuel^ 534.
Protonotário apostólico, 371.
Provedor: das capelas, v. Capelas de D.
Afonso IV; das obras do paço, 23.
Provedor e recebedor das rendas da Rainha
Princesa, 472.
Prússia, ministro residente, 461.
Quadros (Álvaro de), escudeiro, vereador de
Sintra, 26-27.
Qiseiraz, data de carta, 162.
Queirós, ar., 38, 38o. — Os de Amarante, 23^.
Queluz: data de carta, 212,495, 519; doação
de casais, 477, de herdamento, 478.
Quiaios, data de carta, iii.
Quinones (Soeiro de), mantenedor do passo
honroso da ponte de Orbigo, 450.
Quintal (Luís Anes do), 24.
Quintan, moinho, 413.
Quintela, comenda de Santa Maria, 5o8.
Quintela (D. Maria Joaquina), m. de Carlos
da Cunha e Meneses, 186.
índice de matérias
6o I
Quintela (D. Maria Madalena), m. de Luís da
Cunha e Meneses, 186,
Rabaçal, 369; doação da terra, 439.
Rabelo (Simoa de), m. de Jorge de Sousa,
23l.
Rac^ynski. Dictionnaire historico-artistique
du Portugal, 21.
Rainha Princesa, 38?, 472. — V. Isabel (D.),
princesa de Castela, e Isabel (D.), rainha
de Portugal, m. de D. Manuel.
Ramirãos, linhagem, i55.
Ramiro (D.), rei de Lião, 397.
Randufe (D.), 154.
Randufe: mosteiro, 338; quinta, 80.
Randufo Çoleyma (D ), 154.
Rangel (Sr. do solar de), 189.
Rangel Pereira de Sá (Calisto), genealogista,
189.
Raposo (D. Gonçalo Anes), rico homem de
Castela, 108.
Raposo (João Vasques), morador em Sintra,
24.
Ratisbona, 442.
Ratton fJacome)^ Recordaçoens, 526, 527.
Rebelo da Silva, escritor, 1 14.
Rebelo da Silva^ Quadro elementar, 491,493,
Rebordões, doação, 109.
Recamador, 293. — V. Rocamador.
Recardães, doação, 416.
Reclamador, 293. — V. Rocamador.
Recomendor, 294. — V. Rocamador.
Redinha (Conde da), i.°, 211.
Redinha (Morgados da), 3i5.
Redondo : doação dos direitos e alcaidaria,
452; fronteiro, 452.
Redondo (Condado do), 523, 524,
Redondo (Conde do), i.°,D. Vasco Coutinho,
210.
Redondo (Conde do), 3.", D. Francisco Cou-
tinho. 210.
Redondo (Conde do), 5.', D. João Coutinho,
210.
Redondo (Conde do), 6.°, D. Francisco Cou-
tinho, 210, 523.
Redondo (Conde do), 7.°, D. Duarte de Cas-
telo Branco Coutinho e Meneses, 210, 523.
Redondo (Conde do), 8.°, D. José de Castelo
Branco Coutinho e Meneses, 210, 523.
Redondo (Conde do), 9.», D. Francisco de
Castelo Branco Coutinho, 209, 210, 212,
523. 524.
Redondo (Conde do), 10.°, D. Manuel Cou-
tinho, 210, 212.
Redondo (Conde do), 1 1 .<•, Fernão de Sousa
Coutinho, 209, 210, 211, 212.
Redondo (Conde do), 14,°, Tomé José de
Sousa Coutinho Castelo Branco e Meneses,
210.
Redondo (Conde do), i5.<', Fernando Maria
de Sousa Coutinho, 210.
VOL. I
Redondo (Conde do), 16.°, José Luís de
Sousa Coutinho, 524.
Redondo (Condes do), 55,209, 5oi, 523, 524.
Ar., 211. — Livraria, 53i. ~ Varonias di-
versas, 210.
Redondo (Condessa do), D. Mariana Josefa
de Mendoça, 523.
Redondo (João Rodrigues), f. de Rodrigo
Anes Redondo, 35 1.
Redondo (Rodrigo Anes), 35 1.
Redondo e do Vimioso (Conde do), 210, 524.
Reduto das Medalhas, i85.
Refoios, julgado: 109; doação, 120.
Refoios, terra: doação, 804, 3 10; jurisdição,
3i3.
Refoios de Basto (Abade de), 465.
Refoios de Lima, quinta lá, 32o.
Regalados: doação, 120; julgado, 164, 319.
Regalados (Sr. de), 98.
Regalados (Sr. do morgado de), 309.
Regaleira (Baronesa da), D. Maria Joaquina
da Cunha e Meneses, 186.
Regedor: da Casa do Cível, 137, 418; da
casa da infan/a D. Isabel, i36; da casa do
infante D. Pedro, 81, 82; da Casa da Su-
plicação, 137, 2i5; do reino, 169, 227,245.
Regente do reino, 5i3.
Regimento: do Armador mor, 10; da Casa
Rial, 253 ; da Guerra, 423, 424.
Registo da freguesia de Santa Cru^ do Cas-
tello, 289.
Regras (Dr. João das), sr. de Cascais, 161,
333, 478.
Reguengo de Alviela, 29.
Rei de armas: Algarve, 11, 12, i3, 14; índia,
7, 12; Portugal, 7, 8, 10, 11, 12, i3, 18, 19,
39, 40, 3oi, 321, 336, 368.
Represa, comenda, 228.
Reposteiro mor, 444, 532.
Requena (Condes de), 162.
Requeixo, direitos, 117.
Resende, ar., 22.
Resende (Condes de), 146.
Resende (Garcia de), Cancioneiro geral, v.
Cancioneiro geral. — Livro das obras . . .
Vida de D. João II, 382, 386, 449, 486. —
Miscellanea, 70. — Trovas, 445.
Resende (Maria de), m. de Diogo Pereira, 146.
Resende (Vasco Martins dej, 410.
Resenha das famílias titulares, 221, 224.
Resenhas, 180.
Restauração^ 236, 392, 422, 493, 53 1.
Restelo, praia, 142, 143.
Retratos e elogios de varões e donas., 328.
Revista de historia, 328.
Revista lusitana, 99, 100, 482.
Revolução: de 1640, 342; de Setembro, i85.
Rial Erário, 212. — Presidente dele, 213,468.
Riba de Vizela, linhagem, 408, 498.
Riba de Vizela (D. Reimão Pais de), 408.
76
6o 2
Brasões
Riba Vouga, 257.
Ribafria: linhagem, ar., i5, 22, 497, 499, 5o3j
5o4, 5o8.
Ribafria, quinta e morgado, 40,497, 5o3, 504,
509.
Ribafria, torre, 41, 497; torre e solar, 498 a
5o5.
Ribafria (André Gonçalves de), 2.° alcaide
mor de Sintra, 487, 5o5.
Ribafria (Gaspar Gonçalves de), i.» alcaide
mor de Sintra, 5o2, 5o3, 504, 5o5. — Ar.,
20, 497, 5o3. — V. Gaspar Gonçalves.
Ribamar (Santa Caterina de), 144.
Ribeira (Ana), m. de André Gonçalves, 5o2.
Ribeira (Ana), m. de Lourenço Correia, 5o2-
-5o3.
Ribeira (Felipa), m. de Gaspar de Valadares,
5o2, 5o3.
Ribeira (Leonor), concubina de D. Lopo
Dias de Sousa, 2^4.
Ribeira (D. Leonor), sr." do morgado do Es-
porão, 388.— V. Ribeiro da Fonseca (Leo-
. nor).
Ribeira (D. Maria), 276, — V. Ribeira (D. Ma-
ria Peres).
Ribeira (D. Maria Pais), a Ribeirinha, amante
de D. Sancho I e m. de D. João Fernandes
Batissela, 206, 274, 525.
Ribeira (D. Maria Peres), m. de Afonso Denis,
271, 272, 273, 274, 270, 278, 526.
Ribeira (D. Teresa;, m. de Gonçalo Mendes
de Vasconcelos, 344, 345, 367. — V. a se-
guinte.
Ribeira (D, Teresa Rodrigues), m. de Gon-
çalo Mendes de Vasconcelos, 344, 345, 352,
^65, 366. — V. a precedente.
Ribeira de Gondim, doação, 109.
Ribeira Grande (Condes da), ar., 38o.
Ribeira Grande (Marquesa da), D. Luísa da
Cunha e Meneses. 186.
Ribeira de Nisa, senhorio, 281.
Ribeirinha, morgado, 473.
Ribeirinha (A), v. Ribeira (D. Maria Pais).
Ribeiro, ar., 36, 368, 53o.
Ribeiro (Caterina), m, de Álvaro Gonçalves
da Fonseca, 385.
Ribeiro (Gonçalo Pérez), mordomo mor da
rainha D. Isabel, 276.
Ribeiro (João Pedro), Dissertações, 8, 57,
i57, i58, 188, 253, 259, 3o5. — Memorias
das Confirmações, 260. — Memorias sobre
as Fontes do Código Philippino, 36o. —
Memorias das Inquirições, 206, 261, 262,
408. — Memorias do Real Archivo, 327. —
Reflexões históricas, 293, 307.
Ribeiro (João Rodrigues), 3.° sr. de Figueiró,
283, 368, 369, 372. — V. Vasconcelos (João
Rodrigues de).
Ribeiro (D. Martim Peres), 338.
Ribeiro (Rodrigo Afonso), 35 1.
Ribeiro (Rui Vasques), 2.» sr. de Figueiró, 240,
283, 344, 348, á65, 366, 367, 368; ar., 36i,
367, 368; epitáfio, 367. — V. Rui Vasques.
Ribeiro (Rui Vasques), 2.° sr. do morgado
de Soalhães, 344, 352.
Ribeiro (Victor), História da beneficência
pública, 293.
Ribeiro da Costa (António Cândido), minis-
tro do reino, 1 1.
Ribeiro da Fonseca (Leonor), 2.» sr.» do
morgado do Esporão, 385. — V. Ribeira
(D. Leonor).
Ribeiro Pacheco (Bernardim), sr. do mor-
gado das Cachoeiras, 179.
Ribeiro de Vasconcelos (Miguel), Noticias
do mosteiro da Vacariça, 3o5.
Rico homem : de Castela, 67, 104, io5, 106,
108, i5i, 204; de Portugal, 46, 88, 106,
108, 126, i5i, i58, 170, iQO, 2o5, 206, 207,
208, 241, 25o, 252, 254, 239, 260, 261, 262,
266, 267, 271, 273, 275, 277, 292, 293, 3oa,
3o8, 408, 409, 5i5.
Rio Bom, 337.
Rio Grande, capitão general, 221.
Rio de Janeiro, 21 3, 220, 22J, 458. — Gov.or
e capitão general, 219, 456, 461.
Rio Maior: data de carta, no, 343; direitos
das jugadas dos lavradores da quinta de
S. João, 329; direitos riais, doação, 412;
igreja de S. João, 328, 329; morgado de
S. João, 328, 329, 33o; paços de um fidalgo,
110.
Rio Maior (Casa de), 497.
Rio Maior (Condes de), i.«", 495.
Rio Maior (Condes de), 209, 496; ar., 497.
Rio de Moinhos, 522.
Rio Fardo (Conde do), i."», D. Diogo de
• Sousa, 221.
Rio Pardo (Conde do), 2.', D. Luís de Sousa,
221.
Rio Pardo (Condes do), 209, 222.
Rio Tinto (Abadessa de), 208, 227.
Riodades, doação, 55.
Rios, ar,, 20.
Roa, doação, 169.
Rocamador, v. Ordem do Rocamador.
Roças, doação, 120.
Rocroy, batalha, 441, 442, 443.
Rodes, embaixador de lá, 7.
Rodrigo (D.), f. do 2." Marquês de Ferreira,
436.
Rodrigo Anes, cosayro, 25.
Rodrigo Anes, (D ), 3." sr. de Alburquerque,
106.
Rodrigo Forjaz, rico homem, 3o3, 307.
Rodrigo Mendes, epitáfio, 204, 522.
Rodrigo Mendes (D.), rico homem, 298.
Rodrigues de Gusmão (Francisco António),
Memoria histórica do Mosteiro de Nossa
Senhora da Conceição de Monjas da Or-
índice de matérias
6o3
dem de Cister, da cidade de Portalegre,
465, 466, 467.
Rodrigues Lobo (FranciscoJ^ O Condestabre
de Portugal, 498.
Rodriguez, patronímico. 192.
Rohan (D. Ana Xavier de), condessa da Eri-
ceira, 519.
Roixo, rio, 347.
Rojas (Rui Dias de), cav.° castelhano, 75.
Roma, 56, 58, 221, 388, 463, 473. — Basílica
de Santa Anastácia, 177. — Bispo lá sa-
grado, 432. — Bulas, 347. — Embaixada de
Tristão da Cunha, 12, 171, 173, 174, 178.
— Embaixador lá, 99, 178, 219, 295, 35 1,
410, 5o6, 524. — Enviado lá, i>5i, 496. —
Falecido lá, 5o5. — Igreja de S. Joáo de
Latram, 486. — Ministro lá, 457, 520. —
Processo lá instaurado, 464.
Romanisco (O), v. Sousa (João de).
Roque Amador, lugar, 293; quinta, 293.
Roriz, quinta, 145.
Rosa de oiro dada pelo Papa, 118,
Rossilhão, campanha, 3i5.
Roxo, mar, 172.
Rubens, pintor, 52 1.
Rui e Rodrigo, 192, 193.
Rui Fernandes, feitor em Flandres, 375.
Rui Fernandes, tangedor da rainha D. Leo-
nor, 33 1.
Rui Lopes, cav.° honrado de Lisboa, 410.
Ruj Lopes, doutor, 190.
Rui Mendes, juiz da irmandade dos Fiéis de
Deus de Sintra, 24.
Rui Vasques, 2.» sr. de Figueiró, 366. — V.
Ribeiro (Rui Vasques).
Ruiz, patronímico, 190.
Rússia, campanha, 462.
Ruvigny (Mr. de), 535.
Ryssen, 461.
Sa, linhagem: ar., 36. — Sás da casa de Ana-
dia, 181.
Sá (Aires de), Frei Gonçalo Velho^ 109, iio,
195, 208, 3 10.
Sá (Aldonça Rodrigues de), abadessa de
Rio Tinto, 208, 227.
Sá (Diogo de), 181.
Sá (Felipa de), m. de João Gonçalves de
Miranda Soutomaior, 181.
Sá (Fernão de), alcaide mor do Porto, 1 70, 3 1 1 .
Sá (Francisco de), gov.or do reino, 289.
Sá (D. João de), abade de S. João de Caba-
nas, 319.
Sá (João Rodrigues de), alcaide mor do
Porto, 226, 444.
Sá (João Rodrigues de), o das Galés, cama-
reiro mor de D. João I, iii, 208, 3ii.
Sá (João Rodrigues de), Trovas heráldicas^
io3.
Sá (D. Maria de), m. de Gaspar Gonçalves
de Ribafria, 5o5.
Sá (Maria Luís de), m. de Gaspar Gonçal-
ves, 5o2, 5o5.
Sabariz (Sr. do couto de), 245.
Sabóia (D. Maria Francisca de), rainha de
Portugal, 179, 378, 492.
Sabugal: alcaide mor, 146; concelho, 293 ;
pazes, 406.
Sabugal (Conde do), i.*», 210.
Sabugal (Conde do), 6.", D. Pedro de Sousa
Coutinho, 212.
Sabugal (Condes do), 146.
Sabugosa (Casa de), 446.
Sabugosa (Conde de), i.', Vasco Fernandes
César de Meneses. 446, 447.
Sabugosa (Conde ae), 2», Luís César de
Meneses, 447.
Sabugosa (Conde de), 3.°, António Maria
Vasco de Melo da Silva César de Mene-
ses, 447, 468. — Ar., 448.
Sabugosa (Conde de), O Paço de Cintra,
25, 32.
Sabugosa (Condes de), ar., 447.
Sabugosa (Marquês de), i.°, António Maria
César de Melo Silva e Meneses, 234, 446,
447-
Sacavém, 141, 192. — Forte do Monte Sintra,
390 — Rio, 390.
Sacro Romano império (Príncipe do), Carlos
José de Ligne, 290.
Sagres (Srs. de), 21 3, 234, 426, 434.
Saint-Romain (Sieur de), enviado francês em
Lisboa, 492.
Saint-Simon (Duc de), Mémoires, 219.
Saintes, batalha, 246.
Salado, batalha, 97, 118, 415. — Alferes mor
nela, 4i5.
Salamanca, 363, 458. — Mosteiro de Santo
Estêvão, 96.
Salazar y Castro, genealogista espanhol,
107.
Salazar y Castro (D. Luís de), Glorias de
la Casa Farnese, 104. — Historia genea-
lógica de la Casa de Lara, 107, i66. —
Historia genealógica de la Casa de Silva,
i56, 166.
Salazar de Mendo^a, Origen de las digni-
dades seglares de Castilla y Leon, 443.
Saldana (Conde de), D. Gomes Dias, 496.
Saldanha, linhagem ; ar., 70, 495, 496, 497,
5o8 ; casas, 496 ; progenitores, 496 ; varo-
nia, 70, 495, 5o5.
Saldanha (António de), gov.or de Angola,
5o8, 509.
Saldanha (Diogo de), secretário da Exce-
lente Senhora, 496.
Saldanha (Duques de), 496; ar., 497.
Saldanha de AUiuquerque (António de), 5o8.
Saldanha Albuquerque Castro Ribafria (An-
tónio de), 5o8.
Saldanha Albuquerque Castro Ribafria (Pe-
6o4
Brasões
dro de), com.or da Ordem de Cristo,
504.
Saldanha Albuquerque Castro Ríbafria Pe-
reira (António de), 2.° conde de Penama-
cor, i85, 5o5, 509.
Saldanha Albuquerque Castro Ríbafria Pe-
reira (António Maria de), 3.° conde de
Penamacor, 5o5.
Saldanha Albuquerque Mesquita Lobo de
Ribafria (António de), 5o8.
Saldanha e Castro (Álvaro de), represen-
tante da casa de Penamacor, 5o5.
Saldanha e Castro (D. Constança de), con-
dessa de Lumiares, i85, 186.
Saldanha da Gama (João de), um dos acla-
madores de D. João IV, 494.
Saldanha da Gama (D Leonor de), 5,* con-
des'^.a da Ponte, 494, 495.
Saldanha da Gama (Luís de), i." sr. de As-
sequins, 494.
Saldanha da Gama (Manuel de), 495.
Saldanha da Gama de Melo e Torres, (João
de), 6." conde da Ponte, 495.
Saldanha da Gama de Melo e Torres (João
de), 8.° conde da Ponte, 498, 495.
Saldanha da Gama de Melo e Torres (Luís
de), 4." conde da Ponte, 494, 495.
Saldanha e Lancastre (D. Mariana do Res-
gate de), 3.» condessa da Lousã, 5 19.
Saldanha Meneses e Sousa (José António
de), 5° conde da Ponte, 495 ; ar., 495.
Saldanha e Távora (Manuel de), capitão mor
de naus na índia, 5oq.
Salgado de Araújo (João), Sumario de la
família de Vasconcelos^ 335, 371, 372.
Salsa (João Martins), 336, 337.
Salter de Mendonça (Jorge), Nobiliário
coordenado, annotado, e em parte escripto
por — , desembargador da Relação do
Porto. E contendo também titulos de fa-
mílias escriptos por D. Affonso Manuel de
Meneses., desembargador de aggravos na
Casa da Supplicação, e por Diogo Rangel
de Macedo e Albuquerque., commendador
de S. Martinho de Lisboa na ordem de
. Chrísto., ms. que foi da livraria do Vis-
conde de Azurara e hoje é meu, 26 vols.,
sendo o último de índice, 244, 245, 340,
363, 395, 396.
Salvaterra: data de carta, 109; paço, 5i8;
rei lá, 94, 95 ; toirada, 1 14.
Salvaterra de Galiza, tomada, 377.
Salvaterra de Magos, data de carta, 343.
Salzeda, mosteiro, 264.
Samodães, doação, 109.
Samora, de Castela: bens lá, 252, 258 ; cerco,
66 ; data de carta, 359, 449 ; falecido lá, 355.
Sampaio, ar., 36, 283.
Sampaio ÍConde de), i.», António de Sam-
paio Melo e Castro, 487, 488.
Sampaio (Conde de), 2.°, Manuel António de
Sampaio de Melo e Castro Moniz de Tor-
res e Lusinhano, 488.
Sampaio (Francisco de), 9.» sr. de Vila Flor,
487.
Sampaio (Francisco José de), vice rei da
índia, 488.
Sampaio (Lopo Vaz de), gov.or da índia,
174-
Sampaio (Manuel António de), gentil-ho-
mem da câmara do infante D. Manuel,
488.
Sampaio (Marquês de), i.», Manuel António
de Sampaio Melo e Castro Moniz de
Torres e Lusinhano, 488.
Sampaio (Vasco Pires de), sr. de Vila Flor,
78.
Sampaio Cogommho de Vasconcelos (Antó-
nio de), í. do seguinte, 397.
Sampaio Cogominho de Vasconcelos (João
de), sr. do morgado da Fonteboa, 397.
Sampaio de Lima (D. Joana Antónia de),
viscondessa de Mesquitela, 236.
Sampaio Melo e Castro (António de), 1.°
conde de Sampaio, 487, 488.
Sampaio de Melo e Castro (João de), por-
teiro mor, 454.
Sampaio Melo e Castro Moniz de Torres e
Lusinhano (Manuel António de), 2.» conde
e i.° marquês de Sampaio, 488.
San Boaventura (Fr. Fortunato dej^ Histo-
ria chronologica e critica da Real Abadia
de Alcobaça, 463, 464, 465, 523.
San Cocovado, doação, 266.
San Cosmado (Srs. de), 222, 223.
San Felizes dos Galegos, doação, i23.
San Fernando de Espanha (Cruz de), i85.
San Gião, senhorio^ 164.
San João de Cabanas, mosteiro, 319; seu
abade, 319.
San João de Grovelas, freguesia, 242.
San João da Pesqueira, 292.
San João de Portel Mafomede, igreja, 257.
San João de Vieira, mosteiro, 2o3.
San Jorge, convento junto a Coimbra, 188.
San Jorge (Alferes mor da bandeira de),
i34, i35.
San Jorge (Cruz de), 41 5.
San José (Fr. Jerónimo de), Historia da
Trindade., 1 94- 1 95 , 1 95.
San Julião (Sr. da quinta de), 246.
San Julião da Barra, torre, 457.
San Lourenço (Conde de), i.», Pêro da Silva,
445.
San Lourenço (Conde de), 2.°, Martim Afonso
de Melo, 445, 446.
San Lourenço (Conde de), 5.°, Rodrigo de
Melo da Silva, 446.
San Lourenço (Conde de), 6.**, D. João José
Ansberto de Noronha, 446, 534.
índice de matérias
6o5
San Lourenço (Condesde), 48, 443; ar., 448.
San Lourenço (Condessa de), D. Mariana
Rosa de Lancastre, 446, 447.
San Lourenço de Alqueva, igreja, 257.
San Lourenço do Bairro, padroado, 117.
San Lourenço de Lisboa, morgado, 23o.
San Luís (D. Fr. Francisco dej, Colecção
de epitáfios, letreiros, dísticos, etc, 2o5.
San Mamede (Conde de), secretário dei rei
D. Carlos, u.
San Mamede de Angeris, abadia, 363.
San Mamede de Goido, freguesia, 242.
San Mamede de Vila Verde, freguesia, 243.
San Marcos, convento. 137, i38.
San Marcos, ermida, 53.
San Martinho, doação, 346.
San Martinho (Casa de), 209.
San Martinho do Campo, doação, 109.
San Martinho de Crasto, mosteiro, 245.
San Martinho de Paço Vedro, 242.
San Miguel (Casa de), 1 14.
San Miguel (Condessa de), 7.», 1 14.
San Miguel da Cunha, i55, i56. — Padroado
da Igreja, 07, i58, 245. — Srs., i52, 157.
San Paio (Gomes Lourenço de), galego,
472.
San Paio (João Lourenço de), alcaide da Co-
vilhã, 472.
San Pedro de Gastei, 1 1 1 ; data de carta,
346. — V. Agostem.
San Petersburgo, ministro lá, 38 1.
San Romão (Diogo de), escrivão da nobreza,
322.
San Salvador, doação, 109.
San Salvador de Amares, honra, 337.
San Salvador do Souto, mosteiro, i55, i57,
158, 245.
San Salvador de Vila do Monte, freguesia,
337.
San Silvestre, no campo de Coimbra, 137.
San Simão da Junqueira, mosteiro, i55, 157,
187, 245.
San Vicente (Conde de), i.*, João Nunes da
Cunha, 175.
San Vicente (Conde de), 2.°, Miguel Carlos
de Távora, 175.
San Vicente (Conde de), último. 175.
San Vicente ((bondes de), ar., )o8.
San Vicente (C>ondessa ae), D. Maria Cae-
tano da Cunha, 175.
Sancha (António), editor madrileno, 452.
Sancha Anes (D ), m. de D. Paio Goterres
da Silva, i56.
Sancha Fernandes (D), f. de D. Fernando
Goterres, de Galiza, epitáfio, 522.
Sancha Peres (D.), vizinha de Santarém,
337, 338.
Sanche, 262.
Sanches (João , progenitor dos Brandõeá
da Torre da Marca, 181.
Sanches (Maria Anes), m. de' Vasco Car-
neiro, 181.
Sanches de Baena (Visconde de), Archivo
heraldicoy 8, 328, 335. — Diccionario aris-
tocrático, 2\o, 2.1 3, 221,458, 459.— /?e5e/iAa
das familias titulares, 221, 224, 225.
Sanches de Frias ("Visconde de), Pombeiro
da Beira, 189, 190, 191.
Sanchez (João), impressor, 371.
Sancho (D.), conde de Alburquerque, 47.
Sancho (D.), infante de Castela, 232.
Sancho (D.), infante de Portugal, f. de
D. Afonso II, 292.
Sancho IV (D.), rei de Castela, 106, 107,
118, 128, i38.
Sancho I (D.), rei de Portugal, 106, 157, 206,
274, 291, 292, 3o3, 3o4, 317.
Sancho II (D.), rei de Portugal, 106, i5i, 157,
i58, 187, 2o5, 293, 3o2, 339, 405, 406, 407.
Sancho Manuel, 207.
Sande (Marquês de), Francisco de Melo, 221,
474, 490, 491, 492, 493, 494, 495.
Sande (Marquês de), Negociações das suas
embaixadas, 493, 535.
Sandes de Vilalobos, 396.
Sandim, casais, doação, 343.
Sandomil (Conde dê), i.», Pedro Mascare-
nhas, 212.
Sandomil (Conde de), 2.0, Fernando de Mi-
randa Henriques, 212.
Sandoval e Roxas (D. Leonor de), condessa
de Allamira, 435.
Sandwich (Conde de), 535.
Sanguinhedo, doação, 109.
Santa Ana (Fr. Belchior de), Chronica dos
Carmelitas Descalços., 3ji.
Santa Cruz (Conde de), 2,°, D. Martinho Mas-
carenhas, 469.
Santa Cruz de Ribatâmega, julgado, 80.
Santa Eulália, quintas, 498.
Santa Iria (Marquês de), D. Luís de Sousa
Coutinho, 209, 212. — Ar., 212.
Santa Iria da Azoia: convento da Conceição,
iQi; igreja matriz, 393 ; quinta de Vai de
Flores, 393.
Santa Maria, terra, 337.
Santa Maria, terra, na Feira : gov.or ftenens),
259; srs., 109, 3 12.
Santa Maria (Fr. Agostinho de), Historia
tripartita, 3^5.
Santa Maria (P.^ Francisco de), O Ceo
aberto na terra. Historia . . dos Cónegos
seculares . . . de S. João Evangelista em
Por/H^a/, 43 1, 433, 434, 436, 437.
Santa Maria (D. Nicolau de), Chronica dos
Cónegos Regrantes de Santo Agostinhoy
i58, 187, 189, 239j 240.
Santa Maria de Africa (Com.ores de), 209.
Santa Maria de Alcanede, comenda, 458.
Santa Maria de Bagunte, 187.
6o6
Brasões
Santa Mrria de Beja, comenda, 377.
Santa Maria de Covas, igreja, 24'i.
Santa Maria da Feira, doação, 3 10.
Santa Maria de Negrelos, doação, 109.
Santa Maria do Prado (Gom.o^ de), 221.'
Santa Maria de Santa Azias, freguesia, 242,
243.
Santa Maria de Vila Franca (Com.*»" de),
221.
Santa Rosa de Viterbo (Fr. Joaquim dej,
Elucidário de palavras^ termos e frases,
que em Portugal antigamente se usarão,
99, 291, 307.
Santa Tecla e Ferreiros (Sr. da casa de),
221.
Santar (Marqueses de), i63.
Santar (Srs. de), i63; ai., 168.
Santarém, 47, 66, 75 j 76, 79, 94, gS, 122, i25,
129, i3o, i3,5, 190, igt, 263, 339, 415, 418.
— Alcáçova, prior, 277. — Alcaide, 207-208,
248, 407. — Alferes mor da bandeira, 3 18,
327, 328, 329. — Almoxarifado, 117, 4i3. —
Bens lá, 258, 261, 270, 415. — Capelas: de
Mem Cerveira. J27, 328, 329, 33o; dos
Sens, 327, 328. — Casas. 25 1, 252, 258, 33o.
— Cerveiras de lá, 3 18. — Concelho, 25 1.
— Contador: da aposentadoria. 329; dos
resíduos e terças, 529, 33 í. — Conventos:
da Graça, 1 19, 122, i25, 127, 128; de S. Do-
mingos, i38, 263. 265, 327, 329. — Data de
carta, 68, 81, 8í, 107, 108, 109, no, iii,
117, i3o, i36, 137, 252, 253, 275, 3io, 329,
343, 35 1, 409. 41 §. — Hospital de Rocama-
dor, 293. — Igrejas: da Graça,ii8, 124, 127,
129, 358, 36i, 368, 388; de S. Domingos,
33o. — Morador, 327,329. — Mosteiro de
Santo Agostinho, 128. — Museu distrital,
i38, 328. — Paz lá assinada, 45, 47. — Pro-
vedor dos hospitais, albergarias e gafarias,
329. — Quintal das Donas, 248, — Renda
dos tabeliães, 415.— Rua da Judiaria, 328.
— Termo, 94, 339, 412. — Vizinho, 248,
337.
Santarém (Visconde de), Corpo diplomático
portugueZy 277. — Quadro elementar, 14,
387, 388, 535. _
Santiago: arcebispo, 77, 206, 267; bispo, 14.
Santiago, ordem, v. Ordem de Santiago.
Santiago (Casa de), seus morgados, 223.
Santiago (Conde de), 2.«', 211.
Santiago (Conde de), 3.°, 222.
Santiago (Conde de), 4.°, 222.
Santiago do julgado de Refoios, doação,
109.
Santiago de Carreiras, freguesia, 340.
Santiago de Compostela, 314.
Santiago da Corte de Anojo, igreja, 257.
Santiago de Cristelo. padroado, 319.
Santiago de Vila CnS, freguesia, 243, 247,
340.
Santo Amaro, casal, 5oi.
Santo André, quinta, q5.
Santo André de Parada, freguesia, 187.
Santo António (Fr. Manuel de), reformador
do Cartório da Nobreza. 8.
Santo António (Fr. Manuel de), Thesouro da
nobreza, 8. 45, 5i, 63, 75, 87, 141, i5i, 201,
244, 3o I, 335, 405.
Santo Estêvão, doação, 346.
Santo Estêvão de Beja (Morgado de), 23o.
Santo Estêvão de Vilela, mosteiro, i55, 157,
245.
Santo Eutrópio, morgado, 161, 162.
Santo Isidro, doação, 109.
Santo Ofício : bula da instituição, 389 ; co-
missário, 371; conselho geral, 392; depu-
tado em Évora, 437; inquisidor, 438; mei-
rinho, 438 ; promotor de Évora, 437.
Santo Tirso, 120,
Santo Tomás (Fr. Lião de), Benedictina lu-
sitana, io3, 206, 3o6, 307, 335.
Santos (Fr. Manuel dos), Alcobaça ilustrada,
463. — Monarquia lusitana, 77,94, 95, 161,
245, 395.
Saraiva, ar., 342.
Sarcide, ar., 20.
Sardenha, vice rei, 222.
Sarracenos, 201, 4o5, 406.
Sárria (Conde de), D. Fernando de Castro,
67, 145.
Sárria (Sr. de), 67.
Sarzedas (Casa oas), 52o; sua varonia, 209.
Sarzedas (Conde das), i.°, D. Rodrigo Lobo
da Silveira, 222.
Sarzedas (Condes das), 186, 223.
Sarzedas (Condessa das), 4.*, D. Teresa Mar-
celina da Silveira, 520.
Sarzedas (Srs. das), 222.
Sarzedas, moderno (Conde das), i.», D. Ber-
nardo José de Lorena, 223.
Sarzedas, moderno (Condes das), 223; ar.,
223.
Sasseti (Vítor), 5o5.
Sátira ao Conde da Castanheira, 226.
Saribe, escritor, io5.
Seabra (Alcaide de), em Castela, SyS.
Sebal (Com.or do), 191.
Sebastião (D.), rei de Portugal, 89, 177, i83,
280, 358, 363, 389, 391, 480, 489, 5o6.
Seco (Dr. Pedro Alvares), Livro dos summa-
rios das scrituras da ordem ...de Christo^
280.
Secretário: de D. Afonso V, 146, 326; de
D. Carlos I, u; de Carlos V, i3 ; da
Excelente Senhora, 496; de D. João III,
180, i83; de D. Manuel, 180, 182.
Secretário: de Estado, 2n, 236, 342; dos
Negócios Estrangeiros, 461; da Regência
do Reino. 3 1 5.
Segadães, aoação, 160.
índice de matérias
607
Segismundo, imperador, 83.
Segurado, ar., 20.
Seia (Conde de), D. Henrique Manuel de Vi-
lhena, 170, 420.
Seia (Sr. ae), 409.
Seia, moderno (Conde de), i.», 114.
Seia, moderno (Conde de), a.», 114.
Seia, moderno (Condes de), apelido e ar.,
S^ ar., .0.
Seixas (Vasco Gomes de), 77.
Selva, abadia, 363.
Sem, linhagem: ar., 22; capela $eu jazigo,
327, 328.
Sem (Dr. Gil do), do conselho, 346.
Sem (Ur. Martim do), 170.
Sendim, casal, doação, 343.
Senegá, terra, 480.
Senescal do Conde de Bolonha, 246.
Senhoria, tratamento, n5.
Senhorinha, santa, sua lenda, 201 a 204.
Sentil Esteves, m. a." de Álvaro Pais, 477,
478.
Sequeira (Gonçalo de), capitão mor da ar-
mada da índia, 232.
Sernancelhe, 490.
Serpa, geração, ar., 37.
Serpa, vila, 32d, 456, 4.57. — Alcaidaria mor,
452, 453, 454. — Alcaide mor, 453, 455,
463, 472. — Almoxarifado, 4 1 3. — Conquista,
406. — Fronteiro, 452. — Juiz, 398. — Mor-
gado, 458. — Museu arqueológico, 458, —
Procurador a Cortes, 456. — Rendas riais,
416. — Termo, 456.
Serra (Bispo da), 432.
Serra Crasbeck (Francisco Xavier da), Ca-
talogo dos . . . DD. Abbades ... de S. Maria
de Guimarães, 166.
Sesimbra, 282; com.or, 21 5.
Sesimhra (Marquês de), 282.
Sete anos, guerra, 526.
Setúbal, 223. — Casa onde morreu o Duque
de Viseu, 171. — Data de carta, 228, 326.
— Décimas das mercadorias saídas pela
sua foz, 347. — Execução, 418, 419. —
Gov.or do castelo de S. Felipe, 71. — Ser-
viço velho e novo dos Judeus, 480, 481.
Sever, doação, 3 10; sr., 170, 226.
Sever im de Faria, Noticias de Portugal, 22,
38.
Sevilha, i52, 252, 254, 255, 410, 5o5. — Alcaide
mor, 439. — Cerco, 157, 243, 339. — Jurado,
489.
Sicília, i52, 442; vice rei, 443.
Signifer, v. Alferes mor.
Sil\'a, linhagem : ar., 34, i38, i65, 434,448;
seu progenitor, i56; ramo dos srs. de
Vagos, i38; varonia, 120, 534.
Silva (Aires da), regedor da Casa da Suplica-
ção, 137, 445.
Silva (Aires Gomes da), alferes mor, 68.
Silva (Aires Gomes da), 2.» sr. de Vagos, 112,
i36, 137,427.
Silva (D. Beatriz da), m. de Manuel de Melo,
434, 444, 445. — Epitáfio, 484.
Silva (D. Beatriz da), m. de Pedro Vaz da
Cunha, 178.
Silva (Beatriz Gomes da), m. de Vasco Mar-
tins da Cunha, 161, 164.
Silva (D. Branca da), m. de João Rodrigues
Ribeiro, 36q, 370.
Silva (D. Cecília da), m. de Gomes Freire de
Andrade, 297, 298.
Silva (D. Felipa da), m. de D. Felipe de
Sousa, 281, 2S2.
Silva (Fernão Gomes da), sr. de Lanhoso,
164.
Silva (D. Francisca da), m. 2.* de Jorge Cor-
reia, 179
Silva (D. Gomes Pais da), i56.
Silva (D. Goterre Auderete da), i56.
Silva (Inocêncio Francisco da), Diccionario
bibliographico, 446, 5o6.
Silva (D. Isabel da), condessa de Penela, 359,
36i.
Silva (Isabel da), m. 2.* de Álvaro de Sousa,
286.
Silva (D. Joana da), m. de D. António de
Melo, 466, 467.
Silva (João daj, camareiro mor do príncipe
D. João, 137, 434, 444.
Silva (D. João da), i.» conde de Cifuentes,
1Ó6.
Silva (D. João da), herdeiro do condado de
Portalegre, 226.
Silva (João Gomes da), alferes mor, 169,
5i8.
Silva (Jorge da), 7." sr. de Vagos, 393.
Silva (D. Leonor da), m. de João de Sousa,
296, 297.
Silva (Lourenço da), 6.* sr. de Vagos, 445.
Silva (D. Margarida da), m. de D. João de
Meneses Soutomaior, 11 5.
Silva (D. Maria da), m. de Jerónimo da
Cunha, 179.
Silva (D. Maria Bárbara da), m. de Domingos
Teixeira de Andrade, 21 3.
Silva (D. Paio Goterres da), fundador do
mosteiro de Cucujães, i56.
Silva (Pêro da), o Duro, 1.° conde de S. Lou-
renço, 445.
Silva (Rui Gomes da), alcaide mor de Campo
Maior e Ouguela, 286, 53o.
Silva (Tristão da), morador no termo de
Alenquer, 232.
Silva Lopes (João Baptista da)., Memorias
para a historia ecclesiastica do bispado do
Algarve, 426.
Silva de Meneses (Fernão da), 289.
Silva de Vasconcelos (Pedro da), 371.
6o8
Brasões
Silva (Conde da), i.», D. João de Melo Ma-
nuel da Câmara, 474, 535.
Silva (Conde da), 2.', 474.
Silva (Condes da), ar., 474.
Silva de Cima, senhorio, 473.
Silveira, geração: ar., 18, 22, 223; ramo dos
Condes das Sarzedas, 223, dos srs. de
S. Cosmado, ar., 223; varonia, 209.
Silveira (D. Brás Baltasar da), i." sr. de
S. Cosmado, 222.
Silveira (Fernão da), almirante da armada
rial, 222.
Silveira (Fernão da), coudel mor, 21 5, 382,
454- . .
Silveira (Fernão da), escrivão da puridade,
420, 421, 453.
Silveira (Dr. Fernão Afonso da), des.or do
Paço, 240, 241.
Silveira (D. Isabel da), m. i.* de João de
Melo, 453.
Silveira (D. João da), i." barão de Alvito,
281, 36o, 453.— V. Silveira (Dr. João Fer-
nandes da).
Silveira (João da), capitão mor da armada
da Índia, 232.
Silveira (Dr. João Fernandes da), 240, 241,
281. — V. Silveira (D. João da).
Silveira (Jorge da), guarda mor do infante
D. Fernando, 288, 296.
Silveira (D. Luís da), i ." conde da Sortelha,
175,421.
Silveira (D. Luís Baltasar da), veador da
rainha D. Maria Ana de Áustria, 222.
Silveira (D. Luísa Francisca Antónia da),
m. I.' de Nuno Gaspar de Távora, 222.
Silveira (D. Maria Inácia da), m. 2.« de Nuno
Gaspar de Távora, 222.
Silveira (Martim Afonso da), alcaide mor de
Terena, 175.
Silveira (D. Mecia da), m. de D. Fradique
de Castro, 147.
Silveira (Nuno Martins da), escrivão da puri-
dade, 147, 448, 453.
Silveira (Nuno Martins da), mordomo mor
da rainha D. Caterina, 175, 421.
Silveira (D. Teresa Marcelina da), 4.* con-
dessa das Sarzedas, 520.
Silveira e Lorena (D. Alexandre da), 11.»
marquês das Minas, 223.
Silveira e Lorena (D. Brás José Baltasar da),
222.
Silveira e Lorena (D. Brás Maria da), 9.° mar-
quês das Minas, 222.
Silves : bispo, 426; conquista, 291, 407; foral
dos Moiros forros, 260.
Sinai, monte, 509.
Sinde, senhorio, 164.
Sintra, 3, 24, 56, 58, 95, 296, 363, 497. — Al-
caide mor, 487, 5o3, 509. — Almoxarifado,
3oi, 5o2. — Almoxarife, 25, 5oi, 5o2, 5o3.
— Arquivo da Câmara Municmal, 57. —
Arrabalde, 24, 29. — Bens lá, 258, 261,265,
269. — Câmara, 509. — Caminho da Pena
para os Capuchos, 504.— Casa do Espírito
Santo, 26. — Casa dos Ribafrias, 504. —
Cemitério dos gafos ou lázaros, 58. —
Confraria das Almas, 24. — Confraria dos
Fiéis de Deus, 24, 5o5; seu escrivão, 5o2;
seu juiz, 24; seus pergaminhos, 24, 5o2. —
Convento dos Capuchos, Í04, 5o6, 509 —
Coutadas do termo, 5ok — Data de di-
ploma, i36, 193, 287, 288, 357, 385, 399,
418, 459. — Estrada de Colares, 509; de
Lisboa, 56, 58. — Gafaria, 57-, seu provedor,
24. — Gov.or (tenens), 260. — Herdades, 57,
5o8. — Hospital, 24, 27, 57; seu provedor,
24. — Hospital dos Lázaros, 58. — Igreja
de S. Martinho, 24, 5o i, 504; seu cartório,
24, 5o2, 5o3, 504; vigário, 5oi, 5o2. —
Igreja de Santa Maria: Livro reformado
da freguesia, 28, 29; sepultura, 28. — Igre-
jas, seus limites e demarcações, Soi. —
Juiz: dos encoutos, 5o2; de 'fora, 56, 57.
— Lavradores do termo, 5oi. — Miseri-
córdia: cartório, 57, 5o2; mesa, 58; per-
gaminhos, 24, 25, 27. — Moimento dos
Lázaros, 58. — Moradores, 24, 25. — Paço,
3, 7, 126, 357,499, 5oo; almoxarife, 5di;
curral, 126, 357; mestre dos canos, 27,
504; mestre das obras, 26, 27, 28; obras,
23, 24, 25, 26, 27, 28, 29; restauros, 23, 38,
63; sala das armas ou dos veados, 4,7,21,
22, 23, 3o a 40, i5i. — Pena, 504; obras lá,
28. — Pintor lá morador, 24. — Pisões, 504,
— Procurador do conselho, 24, 27. —
Quintas: de Penhaverde, 5o5, 5o6 a 5 10;
do Ramalhão, 56, 57, 58; Velha, 504. —
Rua da Praça, 504. — San Pedro, lugar,
56, — Santa Eufemia, seus banhos, 58. —
Serra, 482, 5oi, 5o2, 5o4, 5o6, 507, 5oQ. —
Tabelião, 24, 27. — Termo, 5o2, 5o3. —
Terremoto, 23. — Túmulo da estrada, 5&,
57, 58. — Vai da Gafaria, 58. — Vereação,
24, 26, 27.
Sintra (Conde de), António da Cunha Grã
Ataíde e Melo, 177.
Sintra (Sr. de), 175.
Siqueira, ar., 38.
Siqueira (Fernão Rodrigues de), mestre de
Aires, 346.
Siqueira (Isabel de), m. i.* de Rui de Sousa,
214,433.
Siqueira (Lopo Vasques de), com.or mor de
Aviz, 344.
Siqueira (Violante Lopes de), ama da rainha
D. Isabel, m. de Francisco Anes de Torres,
214.
Sitima, herdade, 385.
, Soã (Gonçalo de), fundador de Melo, 408.
1 Soalhães, julgado, 35o. — Doação, 343, 353,
índice de matérias
609
354. — Jurisdição, 343. — Povoação, 362. —
Senhorio, SSg. — Venda, 348.
Soalhães (D. João Martins de), bispo de
Lisboa, 35o, 351; seu epitáfio, 35 1.
Soalhães (Srs. do julgado de), 342, 345, 348,
35o, 353, 358, 362, 364.
Soalhães (Srs. do morgado de), 146, 147, 3.44,
345, 35o, 35 1, 352.
Soalhães (Vasco Anes de), i.° sr. do mor-
gado de Soalhães, 35i.
Soares (D. Fr. João), bispo de Coimbra, 485.
Soares (João), fidalgo da casa rial, 233.
Soares de Albergaria, ar., 471.
Soares de Albergaria (António), Tropheos
lusitanos, io'3, 'i'i5.
Soares de Albergaria (Fernão), sr. do Prado,
233.
Soares Lagarto, ar., 471.
Soares da Silva, Memorias de D. João I,
i65, 16G, 327, 397, 479.
Soares Toscano (Francisco), Parallelos de
príncipes e varões tllustres, 395, 396.
Sobrado (Garcia Afonso do), conselheiro do
infante D. João, 91, 92.
Sobral : casa e morgado, 460; ar., 460, 462.
Sobral (Barão do), i.°, Geraldo Venceslau
Braamcamp de Almeida Castelo Branco,
460, 461, 462.
Sobral (Barão do), 2.°, Hermano José Braam-
camp do Sobral de Almeida Castelo
Branco, 462.
Sobral (Condado), i.°, Hermano José Braam-
camp do Sobral de Almeida Castelo
Branco, 460, 462.
Sobral (Conde do), 2.°, Luís de Melo Breyner,
459, 460, 462.
Sobral (Conde do), 3.», Hermano José Braam-
camp do Sobral de Melo Breyner, 460.
Sobral (Condes do), ar., 462.
Sobral (Condessa do), 2.*, D. Adelaide Braam-
camp do Sobral, 460, 462.
Sobral (Condessa do), Luísa Amable de Nar-
bonne-Lara, 462.
Sobral (Visconde do), Hermano José Braam-
camp do Sobral, 462.
Sobral de Monte Agraço (Srs. do), 460, 462.
Sobrejuiz dei Rei, 208.
Soeiro (D.), bispo de Évora, 293.
Soeiro, bispo de Lisboa, 292, 293.
Soeiro Belfager (D.), 204.
Soeiro Gomes, 3o2.
Soeiro Gotytiives, epitáfio, 522.
Soeiro Reimondo, alferes mor, 408, 498.
Soeiro Soares, 292.
Soledade (tr. Fernando da), Historia será-
fica, 59, 419.
Sortelha, concelho, 25o, 273.
Sortelha (Conde da), i.°, 175,421.
Sotomaior (D. Pedro de), conde de Caminha,
319.
VOL. I
Soure (Conde de), 3.",D. João José da Costa, 23.
Sousa, casa: antiga^ 206, 219, 241, 242, 263,
267, 271, 273, 274, 276, 278, 2gi.— Moderna,
284, 286._
SOUSA, linhagem, 199. — Antigos^ 204 a
206, 291 ; epitáfios, 204, 522. — De Arron-
ches, 274, 291; ar., 34, 201, 279, 282, 283,
367, 379, 442, 495; proveniência da desi-
gnação, 285; uso do apelido, 283, 284;
varonia, 290. — Do Prado, 209, 224, 291;
ar., 191, 209, 211, 2i3, 225, 226, 235, 237,
23q, 497 ; varonia, 210, 211. — Sousas : de
Alcoentre, 225, ar., 225; do Calhariz, 281,
282; dos Condes do Redondo, 210, ar.,
211; de-Fernan Nufíez, progenitor, 276, ar.,
276; de Toledo, 277. — Sousas Botelhos,
condes de Vila Rial, 221, 235. — Sousas
Camelos, srs de Baião, 235. — Sousas Chi-
chorros, 55, 206, 23o, 235; progenitor, 209.
— Sousas de Macedo, viscondes de Mesqui-
tela, 235. — Sousas de Meneses, copeiros
mores, 23o; condes de Vila Flor, 23o.
Sousa, rio, 204, 2o3.
Sousa (Afonso Vasques de), sr. de Mafra,
236, 336. ,
Sousa (Álvaro de), 4.45.
Sousa (Álvaro de), f. de João Lourenço da
Cunha, 190. — V. Cunha (Álvaro da), sr. de
Pombeiro.
Sousa (Álvaro de), mordomo mor, 285, 286.
Sousa (Álvaro Dias de), rico homem, 88, 1 10,
279, 367, 5 16.
Sousa (André de), 4.° sr. de Miranda, 178,
287, 434.
Sousa (António de), 2." com.or de Soza, 297.
Sousa [P.^ António Caetano de), genealo-
gista, 84, 107, 207.
Sousa (D. António Caetano de), Historia
genealógica, 10, 11, 23, 98, 107, I25, 141,
184, 2o5, 207, 211, 21 5, 218, 224, 240, 241,
275, 276, 277, 278, 281, 290, 2q8, 3 11, 3i5,
35o, 358, 364, 366, 372, 392, 427, 440, 441,
443, 457, 473, 474, 477, 526, 53 1, 532, 533.
— Memorias históricas e genealógicas dos
grandes de Portugal, 290, 319. — Memo-
rias Sepulchraes que para beneficio da
Historia de Portugal offereceu á Academia
Real, ms., 69, 83, 97, i63, 194, 204, 2o5,
373, 417, 419, 447, 449, 532 — Provas da
Historia genealógica, 12 5, 161, 2o5, 265,
269, 274, 275, 293, 296, 3 12, 423, 424, 440,
448, 464, 477, 478.
Sousa (D. António Caetano Luís de), 4.° mar-
quês das Minas, 219.
Sousa (D. António Luís de), 2.° marquês das
Minas, 219, 221, 222, 239.
Sousa (D. Beatriz de), condessa de Marialva,
424, 425.
Sousa (D. Beatriz de), m. de Fernão da Sil-
veira, 453.
77
6io
Brasões
Sousa (Bernardim de), sobrinho do gov.or
Diogo Lopes de Sousa, 288.
Sousa (D. Branca de), m. de João Falcão,
283.
Sousa (D. Branca de), sr.» de Mafra, 279.
Sousa (D. Briolanja de), m. 2/ de Martim
Afonso de Melo, 424, 425, 453.
Sousa (D. Constança Mendes de), m. de
D. Pedro Eanes de Portel, 206, 241, 25o,
262, 263, 270, 272, 278, 274, 275, 278.
Sousa (D. Diogo de), arcebispo de Braga,
283.
Sousa (D. Diogo de), 1.° conde do Rio Pardo,
221.
Sousa (D. Diogo de), neto do i.° Conde do
Prado, 218.
Sousa (Diogo de), pai do i." Conde de Cas-
telo Melhor, 370.
Sousa (D. Diogo de), sr. de Mafra, 278. — V.
o seguinte.
Sousa (Diogo Afonso de), sr. de Mafra, 276,
277, 278, 279. — Ar., 279; epitáfio, 278.
Sousa (Diogo Lopes dej,, 2.° conde de Mi-
randa, 298.
Sousa (Diogo Lopes de), o Diabo, gov.or Jo
reino, 8." sr. de Miranda, 288, 2^g.
Sousa (Diogo Lopes de), mordomo mor,
].» sr. de Miranda, 170, 284, 285.
Sousa (Diogo Lopes de), mordomo mor,
3." sr. de Miranda, 285, 286, 287, 417.
Sousa (D. Egas Gomes de), rico homem,
204, 2o5.
Sousa (D. Felipa de), m. de Francisco de
Macedo, 236.
Sousa (D. Felipe de), progenitor dos Sousas
do Calhariz, 281, 282.
Sousa (Fernão de), i.° sr. de Gouveia, 209,
212, 2l3.
Sousa (Fernão Gonçalves de), alcaide mor
de Portel, 277.
Sousa (Fernão Martins de), f. de Luís Alva-
res de Sousa, 235.
Sousa (Fernão Martins de), sr. de Baião,
23o.
Sousa (D. Francisca de), f. de João de Sousa,
o Romanisco, 297.
Sousa (Francisco de), 232. — V. Sousa Man-
eias (Francisco de).
Sousa (D. Francisco de), f. do i." Conde do
Prado, 216, 218, 524.
Sousa (D. Francisco de), gov.or e capitão
general da Baía e do Rio de Janeiro, 219.
Sousa (D. Francisco de), i." marquês das
Minas, 218, 219, 222j 223, 224, 225.
Sousa (D. Garcia Mendes de), 2o5; seu epi-
táfio, 204, 522.
Sousa (Garcia Mendes de), prior da Alcá-
çova de Santarém, 277.
Sousa (Gonçalo de), com.or mor de Cristo,
23o.
Sousa (Gonçalo Anes de), 3." sr. de Mor-
tágua, 209, 241.
Sousa (D. Gonçalo Garcia de), conde, alferes
mor, sr. de Neiva, 204, 2o5, 206, 241, 262.
Sousa (Gonçalo Mendes de), f, de Afonso
Denis, 277.*
Sousa (Gonçalo Mendes de), f. de D. Mem
Garcia de Sousa, 206.
Sousa (Gonçalo Mendes de), mordomo mor,
2o5, 292; seu epitáfio, 204, 522.
Sousa (Gonçalo Rodrigues de), sr. de Mafra,
277.
Sousa (Henrique de), 1.° conde de Miranda,
289, 470.
Sousa (Henrique de), o Diabo, 1.° sr. de Oli-
veira do Bairro, 287, 288.
Sousa (D. Inês de), m. de Álvaro Gonçalves
Camelo, 235.
Sousa (D. Isabel de), m. de Diogo Lopes
Lobo, 281.
Sousa (D. Joana de), m. i." de João Mendes
de Vasconcelos, 388, 389.
Sousa (D. Joana de), m. deManuel de Sousa,
23o.
Sousa (D. Joana Maria de), m. de António
Botelho Mourão, 239.
Sousa (João de), com.or de Ferreira, 227,
228, 229; ar., 229-230; epitáfio, 229.
Sousa (João de), cónego na Sé de Lisboa,
prior de Soza, 281, 294, 295.
Sousa (D. João de), gov.or de Pernambuco,
221.
Sousa (D. João de), guarda mor, 214, 21 5,
216. — V. Sousa (João Rodrigues de).
Sousa (D. João de), herdeiro da casa das
Minas, 219.
Sousa (D. João de), irmão do i." Marquês
das Minas, 223, 224, 225.
Sousa (D. João de), 3." marquês das Minas,
219.
Sousa (João de), o Romanisco, i." com.or de
Soza, 295, 296, 297, 298.
Sousa (João de), 5." sr. de Baião, 229, 23o.
Sousa (João Fernandes de), 4.° sr. de Baião,
23o, 235, 236.
Sousa (João Peres de), irmão do seguinte,
263, 271, 272.
Sousa (João Peres de), rico homem, 263, 264,
271, 272, 273.
Sousa (João Rodrigues de), almotacé mor,
214. — V. Sousa (D. João de), guarda mor.
Sousa (Jorge de), escrivão da sisa dos vinhos
de Lisboa, 23o, 23 1, 295.
Sousa (Jorge de), f. de Pêro de Sousa, 23 1.
Sousa (D. Leonor Lopes de), sr.» de Mafra,
127, 236, 281, 356.
Sousa (Lopo de), 2.° sr. do Prado, 226; ar. e
epitáfio, 226.
Sousa (Lopo Dias de), alcaide mor de Chaves,
190, 279.
índice de matérias
6ii
Sousa (Lopo Dias de), f. b. do Mestre de
Cristo, 204, 285.
Sonsa (D. Lopo Dias de), mestre de Cristo,
88, 92, 95, 127, 277, 279, 280, 281, 283, 284,
356, 367; ar., 281.
Sousa (Fr. Luís de), Annaes de D. João III,
388. — Historia de S. Domingos, 230,464.
Sousa (D. Luís de), 2.° conde do Prado, 218,
219, 221.
Sousa (D. Luís de), 4.» sr. de Beringel, 219.
Sonsa (D. Luís de), sr. da casa de Rio Pardo,
221.
Sousa (Luís Alvares de), provedor da fazenda
do Porto, 235, 357.
Sousa (D. Luís António de), gov.or das armas
do Minho, 23g.
Sousa (Manuel de), f. de João de Sousa,
23o.
Sousa (Manuel de), 7.° sr. de Miranda, 287,
289.
Sonsa (D. Maria de), baronesa de Alvito,
281.
Sousa (D. Maria de), condessa de Marialva,
284.
Sousa (D. Maria de), m. de António Pinto da
Fonseca, 235.
Sousa (D. Maria Mendes de), m. de D. Lou-
renço Soares de Valadares, 206.
Sousa (D. Maria da Piedade Francisca An-
tónia de), 5.* marquesa das Minas, 219.
Sousa (D. Mariana de), 2." marquesa de" Ar-
ronches, 290, 291.
Sousa (Martim Afonso de), 207, 267. — V.
Chichorro (Martim Afonso).
Sousa (Martim Afonso de), bastardo de
Martim Afonso de Sousa, 2.° sr. de Mor-
tágua, 209, 227, 229, 241.
Sousa (Martim Afonso de), gov.or da índia,
218, 225, 226, 390; ar., 225.
Sousa (Martim Afonso de), 2." sr. de Mor-
tágua, 208, 20q, 227, 229, 23o, 233, 236, 240,
241, 356, 424,525.
Sousa (Martim Anes de), rico homem, 26o.
, Sousa (D. Mecia de), condessa de Odemira,
209.
Sousa (D. Mem Garcia de), rico homem,
gov.or (tenens) de Trás os Montes, 2o5,
206, 241, 262.
Sousa (Nicolau de), irmão do 2.° Conde de
Castelo Melhor, 377.
Sousa (D. Pedro de), i.° conde do Prado,
21 3, 21 5, 216, 217, 218.
Sousa (D. Pedro ue), irmão b. do i.° Mar-
quês das Minas, 224.
Sousa (D. Pedro de), dom prior de Guimarães,
222.
Sousa (Pedro Afonso de), f. de Afonso Denis,
276.
Sousa (Pêro de), alcaide de Seabra, sr. do
Prado, 226, 375, 418, 419.
Sousa (Pêro de), bastardo do cónego João
de Sousa, 23 1.
Sousa (Pêro de), bastardo de.Martim Afonso
de Sousa, 2.° sr. de Mortágua, 241.
Sousa (Pêro de), f. de Rui de Sousa, 21 5,
216. — V. Sousa (D, Pedro de), conde do
Prado.
Sousa (Pêro de), com.or das Idanhas, 23o, 23 1.
Sousa (Rodrigo Afonso de), rico homen:>
277.
Sousa ? (Rodrigo Mendes de), epitáfio, 204,
522.
Sousa (Rui de), sr. de Sagres e Beringel,
21 3, 214, 21 5, 216, 36o, 426, 43 1, 435, 532;
epitáfio, 434.
Sousa (Tomás de), 369.
Sousa (Vasco de), irmão do gov.or Diogo
Lopes de Sousa, 289.
Sousa (Vasco Martins de), chanceler mor,
208.
Sousa (Vasco Mendes de), 157. — Talvez seja
o seguinte.
Sousa (D. Vasco Mendes de), f. do conde
D. Mendo, epitáfio, 2o5.
Sousa (D. Violante de), m. de Afonso de Mi-
randa, 296.
Sousa (D. Violante de), m. de Rui Vasques
Ribeiro. 283, 367, 368; ar., 367.
Sousa Botelho (D. Maria Amália de), viscon-
dessa de Pindela, 4.
Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos (D. José
Maria de), morgado de Mateus, 239.
Sousa Chichorro (Martim Afonso de), 235,
236, 525.
Sousa Chichorro (Vasco Martins de), capitão
dos ginetes, 388, 389.
Sousa Cide (Rui de), 418.
Sousa da Costa (Luís de), suposto f. b. de
D. João de Sousa, 224.
Sousa Coutinho (D. Ana de), condessa de
Murça, 468.
Sousa Coutinho (Cristóvão de), 23o.
Sousa Coutinho (D. Domingos de), i.» conde
e i." marquês do Funchal, 2i3, 524.
Sousa Coutinho (Fernando Luís de), 3." mar-
quês de Borba, 210, 524.
Sousa Coutinho (Fernando Maria de), 2.° mar-
quês de Borba, 210.
Sousa Coutinho (Fernão de), ii.» conde do
Redondo, 209, 210, 21 1, 212.
Sousa Coutinho (D. Francisco Inocêncio de),
embaixador em Madrid, 21 1, 2i3.
Sousa Coutinho (José Luís de), i6.° conde
do Redondo, 524.
Sousa Coutinho (D. Luís de), marquês de
Santa Iria, 209, 212: ar., 212.
Sousa Coutinho (D. Pedro de), conde do
Sabugal, 212.
Sousa Coutinho (D. Rodrigo de), i.° conde
de Linhares, 21 3.
6l2
Brasões
Sousa Coutinho (Rodrigo de), f. do ii.° Conde
do RedondOj 211, 212, 2i3.
Sousa Coutinho (D. Vicente de), 4° conde
de Alva, 212.
Sousa Coutinho (D. Vicente de), embaixador
em Paris, 211, 212.
Sousa Coutinho Castelo Branco e Meneses
(Tomé José de), i." marquês de Borba,
210.
Sousa Freire (Alexandre de), f. de Luís
Freire de Andrade, 298.
Sousa da Guerra (D. Maria de), condessa do
Vimieiro, 184.
Sousa Holstein (D. Eugenia de), marquesa
das Minas, 222.
Sousa Holstein (Marquês de), 282.
Sousa Holstein (D. Pedro de), duque de Pal-
mela, 282.
Sousa Lanoastre e Noronha (D. Francisco
Benedito de), 6." marquês das Minas, 220.
Sousa Lanoastre e Noronha (D. João Fran-
cisco Benedito de), 7." marquês das Minas,
220, 455, 524.
Sousa de Macedo (António de), secretário de
Estado, 236.
Sousa de Macedo (Luís de), i." visconde de
Mesquitela, 236.
Sousa de Macedo (Luís Gonçalo de), 1."
barão da Ilha Grande de Joanes, 236.
Sousa de Macedo (D. Maria José de), viscon-
dessa de Mesquitela, 236, 237.
Sousa Machado (José de)^ Brasões meditos,
244.
Sousa Maneias (Francisco de), capitão de nau
da armada da índia, poeta, 23i, 232, 233.
Sousa Manuel de Meneses Severim de Noro-
nha (António José de), duque da Terceira,
234.
Sousa de Meneses (Francisco de), i.» copeiro
mor, 233.
Sousa de Meneses (Luís de), 4.° copeiro mor,
233.
Sousa de Meneses (Martim de), 3.° conde de
Vila Flor, 234.
Sousa Aloreira (Manuel de), Theatfo histó-
rico, genealógico y panegírico erigido a
la húmortalidad de la... Casa de Sousa,
278, 281.
Sousa Ribeiro (Lopo de), 373.
Sousa Ribeiro (Pêro de), i.° alcaide mor de
Pombal, 283, 286, 369, 370, 372, 373, 374,
375; epitáfio, 373.
Sousa da Silva (Manuel de), genealogista,
245.
Sousa Tavares da Silva (Henrique de), i.°
marquês de Arronches, 290, 298.
Sousa e Vasconcelos (Francisco de), 5.» al-
caide mor de Pombal, 372, 375. — V. Vas-
concelos (Francisco de).
Sousa e Vasconcelos (João Rodrigues de),
6.» alcaide mor de Pombal, 375, 376, — V.
Vasconcelos e Sousa (João Rodrigues de).
Sousa de Vasconcelos (Luís de), 4.° alcaide
mor de Pombal, 375.
Sousa Viterbo, Diccionario dos Architectos,
26, 27, 29, 504. — Manuel de Sousa Cou-
tinho (Fr. Luís de Sousa) e a familia de
sua mulher D. Magdalena Tavares de Vi-
lhena, 532. — Noticias de alguns pintores,
24, 25. — Occorrencias da vida judaica,
169.
Sousão (Conde D. Mendo, o), 204, 2o5.
Southey, viajante, 507.
Souto, mosteiro, i53. — V. San Salvador do
Souto.
Souto da Casa, aldeia, 4(3.
Souto da Ribeira de Homem, doação, i58,
25 1, 408.
Soutomaior, ar., 3i, 37.
Soutomaior (Caterina Fernandes de), m. de
Pedro Carneiro, 181.
Soutomaior (João Fernandes de), 181.
Soverosa, senhorio, 160.
Soverosa (D. Martim Gil de), o Bom, 106.
Soza: comenda da Ordem de Santiago, 200,
295 a 298, 526. — Com.or, 295. — Igreja:
de San Miguel, 294, 295 ; de Santa Maria
de Rocamador, 292, 294. — Padroado, 295,
296,297. — Priorado, 297. — Priores^ 293,
294, 295, 296. — Privilégios, 294, 296, 297.
— Sede da Ordem de Rocamador, 291,
292, 293, 294.
Spatários, v. Ordem de Santiago.
Spínola, ar., 20.
Spínola (Cardial), 377.
Stendhal, Promenades dans Rome, 524.
Stephanus (Robertus), Thesaurum linguae
latinae, 410.
Stuart (Carlos), ministro inglês em Lisboa,
400.
Stuart de Rothesay (Lord), 400.
Subsignifer, 25 1.
Sul, terra, sr., 145.
Sumilher da cortina, 222.
Supremo Conselho de Justiça Militar, 411.
Suzana Antunes, m. de Gaspar Gonçalves,
5oi.
Taborda (Garcia Rodrigues), alcaide de
Leiria, 535.
Tábua, julgado: couto, 160; doação, i56;
igrejas, 157; padroado, 154, 157, 245.
Tábua, morgado, i58, 159, 160, i63, 167.
Tábua (Srs. da), i52 a i55, 157, 159, lõo,
i63 a i65, 167, 189, 245, 279, 4[6. — Suas
ar., 168.
Tagarro : alcaidaria, 225; srs., 184, 209.
Taipa (Conde da), i.**, D. Gastão da Câmara
Coutinho Pereira de Sande, 309.
Taipa (Conde da), 2.", D. Manuel Jerónimo
da Câmara Coutinho Pereira de Sande, 309.
índice de matérias
6rí
Taipa (Condes da), 496.
Taipa (Morgados da), 3o5, 3i5.
Tâmega, rio, 77.
Tancos (Marques de), 3.», D. António Luís
de ÍVleneses. 114.
Tancos (Marquês de), 4.», 1 14.
Tancos (Marquês de), 5.", D, Duarte Manuel
de Noronha, 114.
Tancos (Marquês de), 6.", 114.
Tancos (Marquesa de), 3.", D, Domingas
Manuel de Noronha, 114.
Tancos (Srs, de), 116.
Tangedor da rainha D. Leonor, 33 1.
Tânger, cidade, 170, 178, 452. — Capitania,
428. — Capitão, 1Q2, 372, 37Ó, 429,432, 433,
436, 443, 481. — Cerco, 140. — Entrega, 492.
— Escalamento, 228, 359.— Expedição, 146,
170. — Gov.or e capitão general,' 116. —
Ocupação, 229, 3 18, 428, 432, — Palanque,
425. — Serviço lá, 145, 146, 178.
Tânger, geração, ar., 20.
Tângil, sr., 108, 206.
Tarpa, bispo, 176.
Tarifa, 118.
Tarouca: mosteiro de S. João, 270, 291 ; se-
nhorio, 162.
Tarouca (Casa de), fo8, 117, i3o.
Tarouca (Conde de), i.», D. João de Mene-
ses, 40, 1 3o.
Tarouca (Conde de), 10.», Sebastião Pereira
da Silva de Sousa e Meneses, 322.
Tarouca (Condes de). 4.°% 455.
Tarouca (Condes de), 120, 123.
Tarouca (Condessa de), 10.', 322.
Tarouquela, abadessa do mosteiro, 307.
Tavara (Marquês de), i.°, 225.
Tavara (Marqueses de), ar., 225.
Tavares, ar., 18, 36, 428.
Tavares (Francisco de), 3.° sr. de Mira, 532.
— Epitáfio, 428.
Tavares (Gonçalo Esteves de), 344.
Tavares (Pêro), 4.° sr. de Mira, 532.
Tavares (Simão), 2.° sr. de Mira, 532.
Tavares (XisioJ, Livro das Principaes Li-
nhagens de Portugal, 108, 194, 240, 241,
3i 1.
Taveira, ar., 471.
Taveira (D. Maria Gomes), m. i.» de Lopo
Fernandes Pacheco, 279.
Tavira: alcaides mores,. 179, 186, 52o; con-
quista, 406; foral dos Moiros forros, a6o,
reguengo da Asseca, 265.
Távola Redonda (Cavaleiros da), 162.
Távora, ar, 3o, 35, 223.
Távora (Álvaro Pires de), poeta do Cancio-
neiro^ 233.
Távora (D. Ana de), condessa da Casta-
nheira, 389, 420.
Távora (Bernardim de), reposteiro mor,
532.
Távora (D. Inês Francisca de), m. t.* de
Francisco de Melo, 457.
Távora (D. Joana de), m. de Francisco de
Tavares, 428, 532.
Távora (D. Leonor Tomásia de), m. de Tris-
tão António da Cunha e Meneses, 179.
Távora (Lourenço Pires de), 324.
Távora (D. Madalena de), m. de D. João de
Castelo Branco, 523.
Távora (Marquês de), i.°, 175, 179.
Távora (Marquês de), 3."»,' 222.
Távora (Miguel Carlos de), 2.° conde de
S. Vicente, 175.
Távora (Nuno Gaspar de), 222. — V. Lorena
(Nuno Gaspar de).
Távora (Pedro Lourenço de), cónego de
Lisboa, 35 1.
Távora (D. Violante de), m. 2.» de D. Álvaro
de Ataíde, 226, 418; epitáfio, 419.
Teixeira, ar., 37, 283,
Teixeira (D. Ana Luísa Joaquina), m. de
D. Francisco Inocêncio de Sousa Couti-
nho, 21 3.
Teixeira (Caterina), m. do dr. Fernando
Afonso da Silveira, 241.
Teixeira (Dr. João), chanceler mor, 326.
Teixeira (Luís), f. do precedente, 320.
Teixeira (Martim Fernandes), 479.
Teixeira de Andrade (Domingos), sargento
mor de batalha, 2i3.
Teixoso, 94.
Tejo, rio, 47, 81, 141, 142, 143, 168, 291,480.
Tel Peres (D.), sr. de Meneses, 104, iõ5, i38.
Telena, conquista, 390.
Teles (Fernão), sr. de Unhão, 137, i38. — V.
Teles de Meneses (Fernão).
Teles (D. Gonçalo), i." conde de Neiva, 8S,
95, 110, 111, 1 12, 1 13, i36, i^b, 340, 5i8.
Teles (D. Leonor), m. de João Lourenço da
Cunha, 88, 110, i8q, 196. — Rainha, m. de
D. Fernando, 46, 63, 66, 69, 76, 88, 89, 90,
91, 92, 95, 109, no, III, i33, 189, 190, 196,
279, 340, 343, 345, 346, 352, 363, 367, 385,
477) 529.
Teles (D. Mana), m. de Álvaro Dias de
Sousa, 88, iio, 277, 279, 340, 367. — M. do
infante D. João, 90, 91, 92, 93, 94, 96, 97,
no; seu assassínio, 87 a 95, 1 11.
Teles (D. Maria), m. i.« de Gonçalo Mendes
de Vasconcelos, 344.
Teles de Lima (D. Maria Margarida), m. de
D. António José de Melo, 458.
Teles de Meneses, linhagem, i36 a i38; ar.,
i38.
Teles de Meneses (Afonso), alcaide mor de
Campo Maior e Ouguela, 2^2.
Teles de Meneses (Fernão), 3.° sr.de Unhão,
137, i38, 421, 427, 53 1.
Teles de Meneses (D. Gonçalo), 110. — V.
Teles (D. Gonçalo).
6 14
Brasões
Teles de Meneses (D. João Afonso), conde
de Ourem, 128.
Teles de Meneses (Rui), 535.
Teles de Meneses (Rui), alcaide mor da Co-
vilhã, 490.
Teles de Meneses (Rui), 4." sr. de Unhão,
i38.
Teles da Silva, linhagem, i36 a i38 ; ar.,
i38.
Teles da Silva (António), 2.° sr, de Ficalho,
456, 457.
Teles da Silva (Fernão), monteiro mor, 455.
Telo (D), f. talvez dos i."' Condes de Ourem,
1 20.
Telo (D. Afonso Martins), rico homem, al-
caide de Marvão, 108, 117, 344.
Telo (D. João Afonso), almirante, 6." conde
de Barcelos, 75, 88, 91, 92, 93, 94, 109, 1 10,
I n, 1 18, 121, 285, 340.
Telo (D. João Afonso), i.° conde de Ourem
e 4.° de Barcelos, 65, 88, 108, 1 10, iii,
iiy, 118, 119, 120, 121. — Ar., 119. 124;
epitáfio, 1 19 — V. Telo de Meneses (D. João
Afonso).
Telo (D. João Afonso), i." conde de Viana
do Alentejo, 119, 120, 121, 122, i25, i3i,
i32, i33. — Ar., 121, 12?, 124.— V. Telo de
Meneses (D. João Afonso).
Telo (D. Martim Afonso), rico homem, gov.or
de Chaves, 207, 259.
Telo (D. Martim Afonso), rico homem, mor-
domo mor da Rainha de Castela, 88, 108,
340.
Telo Afonso (D.), f. de D. Afonso Teles,
io5.
Telo de Meneses ^D. Afonso), 5." conde de
Barcelos, 119, 120, 121.
Telo de Meneses (D. João Afonso), i .° conde
de Ourem, i25, 128; epitáfio, 119. — V.
Telo (D. João Afonso).
Telo de Meneses (D.João Afonso), i.° conde
de Viana, 119, 128. — V. Telo (D. João
Afonso).
Telo Sánchez, lavrador, 104, io5.
Tendais, doação, i23.
Tenreiro (Gonçalo), capitão mor da frota,
346.'
Tenreiro (João), 338, 339, 38 1. — V. Vascon-
celos (João Peres de).
Tentúgal, 94, iJ6. — Data de carta, 81, 117,
34.3. — Doação, 439. — Prior, 352. — Senho-
rio, 439.
Tentúgal (Conde de), i.**, D. Rodrigo de
Melo, 40, 435, 441.
Tentúgal (Conde de), 2.», D. Francisco de
Melo, 435.
Tentúgal (Conde de), 3.°, D. Nuno Alvares
Pereira, 435, 436.
Tentúgal (Conde de), 5.», D. Nuno Caetano
Alvares Pereira de Melo, 441.
Tentúgal (Condessa de), D. Eugenia, 435, 436,
Tentúgal (Condessa de), D. Mariana de Cas-
tro, 435, 436.
Teodósio (D.), 7.° duque de Bragança e 3.«>
de Barcelos, 498.
Terceira (Duque da), António José de Sousa
Manuel de Meneses Severim de Noronha,
234; ar., 235.
Terceira (Duquesa da), D. Maria Ana Filo-
mena de Mendoça, 234, 5 18.
Terena: alcaides mores, 175; senhorio, i32.
Terena (Condes de). 2.'", J2i.
Terena (Marquesa cie), 181.
Teresa (D.), condessa, m. do Conde Avulfo,
201, 202.
Teresa (D.), ni. de Vasco Martins da Cunha,
161.— V. Albuquerque (D. Teresa de).
Teresa (D.), rainha, m. do Conde D. Henri-
que, 04, i56, 304.
Teresa Afonso (D.), m. de Egas Moniz, 3o6,
528.
Teresa Afonso (D.), m. de Martim Moniz, 336.
Teresa Anes, concubina do Conde D. Pedro,
266, 268, 269, 270.
Teresa Eanes, m. de João Fernandes Franco,
339, 38i, 528.
Teresa Eanes (D.), m. de D. Mem Garcia de
Sousa, 206. — V. Limia (D. Teresa Eanes
de).
Teresa Fernandes, m. de Fernão Godins, 399.
Teresa Martins (D.), m. de D. Rodrigo Anes,
106.
Teresa Martins (D.), 5.» sr.» de Alburquerque,
107, 108.
Teresa Mendes, recolhida em Lorvão, 206,
262.
Teresa Pires (D.), m, de Vasco Lourenço da
Cunha, 159.
Teresa Sanches (D.), condessa de Barcelos,
107, 1 18.
Teresa Sanches (D.), m. de D. Afonso Teles,
106, 3i5.
Teresa Soares (D.), m. de Pedro Martins da
Torre, 338.
Terrugem, quinta, 481.
Tesoureiro mor: dos almoxarifados do reino,
3po; do Erário Régio, 460, dei Rei, 520.
Ticiano, pintor, 52 1.
Tojal, igreja de Santo António, 363.
Tojosa, doação do reguengo, 412.
Toledo, 214, 407, 41 1, 434, 440.- Arcebispo,
i66. — Herdado lá, 269. — Mosteiro de
Santo Agostinho, 269. — Naturais de lá,
268, 269.
Toledo (D. Ana de), f. dos 3.»' Condes de
Tentúgal, 436.
Toledo (D. Leonor de), m. de Rui Dias de
Rojas, 75, 76.
Toledo e Moscoso (D. Maria de), marquesa
de Ferreira, 435.
índice de matérias
6i5
Tolentino (Nicolau), poeta, 207.
Tomar, 92, 94, 288, 33 1. — Alcaides mores,
209, 2i5.— Com.ores^ 209. — Convento, 419.
— Data de carta, 289. — Igreja do convento
de Cristo, 280.
Tombo da comenda da Idanha a Nova, de ^
he comendador e Alcaide mor dõ Pedro
dalcaçoiía carneiro, 184.
Torgau (Gov.or de), 462.
Toro, batalha, 228, 229, 829, 36o, 496; alfe-
res nela, 328.
Toro, cidade, io8. — Data de cartas, 26, 145,
2i5, 329, 369, 439.
Torrão (Alcaides mores do), 146.
Torre, couto, i6i.
Torre (Conde da), i.° D. Fernando Masca-
renhas, 377.
Torre (Conde da), 2.°, 492.
Torre (Condes da), 1.°', 219.
Torre (Pedro Martins da), 336, 337, 338.
Torre de Dona Chama, doação, 460, 470.
Torre de Moncorvo : alcaide mor, 487 ; al-
moxarifado, II!.
Torre do Tombo, 10, 11, 14, i5, 16, 20, i83,
241, 321, 400, 402. — Certidões, 323. — Co-
lecções: Cartas missivas. Corpo cronoló-
gico, Gavetas, i83. — Conservador, 25,
241-242. — Escrivão, 484. — Director, 1 1,
23. — Documento falso, 326, 327. — Guarda
dàs escrituras, i25, 327. — Livro do Con-
vento de S. Domingos de Santarém,. 329.
— Oficial, 25. — Primeiro conservador, 25.
Torres, geração : ar., 1 5, 486, 494 ; morgado,
494, 495 ; ramo segundo, 487, 488. .
Torres, terra, 189.
Torres ^Afonso de), genealogista, 490.
Torres (Afonso de), m.or em Vila Franca de
Xira, 483.
Torres (Afonso de), o Moço, mercador, 488,
^489, 490 ; ar., 489.
Torres (Afonso de), o Velho, mercador, 482,
483, 484, 483, 486, 487, 488, 489; ar., 486;
epitáfio, 486.
Torres (Ana de), m. de Cristóvão de Maga-
lhães, 486.
Torres (D. Antónia de), m. de D. Rodrigo de
Meneses, 489-.
Torres (Diogo de), corregedor das folhas dos
presos da prisão de Lisboa, 483.
Torres (Diogo de), mercador, 482, 483, 488,
489; ar., i5.
Torres (Elvira de), m. de António de Man-
celos, 489.
Torres (Fernando de), 482.
Torres (Francisco Anes de), vedor da casa
da rainha D. Isabel, 214.
Torres (Gaspar de), f. de Afonso de Torres,
487.
Torres (D. Inês de), m. de Francisco de Me-
dina Salazar, 489.
Torres (João Rodrigues de), f. de Afonso de
Torres, o Moço, 490.
Torres (Martim de), 482.
Tones (Pêro de), pedreiro, 28.
Torres de Alarcão (D. Elvira de), m. de Je-
rónimo Moniz, 487.
Torres Novas, 82, 94, 363. — Doação, 439. —
Srs., 117.
Torres Vedras, 164, 241. — Alcaide, 522. —
Alcaide mor, 309. — Bens lá, 266. — Cerco,
III. — Data de carta, i3i, 343, 346. — Her-
damento no termo, 274.— Hospital de Ro-
camador, 293. — Termo, 281.
Torta (D. Soeiro Pires), 338.
Trancoso, 94. — Alcaide mor, 52, 53, 54,
475. — Batalha, 5, 5i a 54, 77, 161, 169,
284.
Trancoso (Viscondessa de), 1 14.
Trás os Montes, 66, 76, 77, 207, 349. — Fron-
teiro mor, 3«9.— Gov.or (tenens), 206, 25o,
260, 262, 273.— Gov.cr das armas, 177, 519.
— Povoação, 401.
Trasconho, lide, 3o2, 3o3.
Trastâmara, condado, 304.
Trastâmara (Conde de), D. Fernando de
Castro, 67, 144, 145.
Trastâmara (Conde de), D Henrique de Cas-
tela, 63.
Trava (Conde de), 304, 3o5.
Travassos, 262. — Com.ores^ 45o.
Trastamiro Aboazar (D.), i55.
Irigoso de Aragão Morato (Francisco Ma-
nuel), Memoria sobre os Secretários dos
Reis e Regentes, 174. — Observações sobre
a palavra Privado, 159.
Trinchante da casa rial, 1 54, 176, 232,
473.
Tríplice Aliança, guerra, 212.
Trofa (Sr. da), 'òjd, 457.
Trovador, 247, 25 1, 339.
Tua, rio, 204.
Tubarão,' porto, 48 ^
Tui, 63. — Cerco, 284.
Tuias, mosteiro: fundadora, 3o5, 3ou; pa-
droeiro, 3o6, 307.
Tunes, expedição, 5o7, 5 10.
Turcos, armada contra eles, 173.
Turim, ministro lá, 211, 2i3, 520.
Ulmarinho (Sr. de), 356.
Unhão, 262.
Unhão (Condes de), i38.
Unhão (Srs. de), ijj, i38, 421.
Urbano VI, papa, 347.
Urbano VIII, papa, 443.
Urena (Condes de), 162.
Urraca (D.), f. de Afonso Teles de Meneses,
232.
Urraca (D.), rainha de Portugal, m. de
Afonso II, 292.
Urraca Afonso (D.), f. b. de D. Afonso III,
6i6
Brasões
m. de D. Pedro Eanes Gago, 25o, 272,
273.
Urraca Fernandes, m. de Diogo Soares, 162.
Urraca Fernandes (D.), sr.» da Azambuja,
170.
Urraca Gil (D.), f. de Gil Pires Feio, 247.
Urraca Vasques (D.), m. i.» do conde D. Gon-
çalo de Pereira, 3o8.
Urraca Viegas (D.), m. 2." de D. Gonçalo
Rodrigues da Palmeira e depois do conde
D. Vasco Sanches, 3o5, 3o6, 307.
Urro (Aires Rodrigues de), 339.
Ursino (Cardial de), 535.
Utreque (Emb.or ao Congresso de), 154.
Vacas (Os), 458.
Vai de Boiro, senhorio, 169.
Vai de Cerrato (Marqueses de), 166.
Vai de Elores, quinta, 40, 393.
Vai de Madeiros, mosteiro, sua abadessa, 98.
Vai de Palma, quinta, 424.
Vai de Reis (Conde de), 7.**, Agostinho Do-
mingos José de Mendoça, 517.
Valada : data de carta, 343 ; lezíria, 486 ; re-
gueugo, 477, 478, 479.
Vbludii (Casa de), 177
Valada (Marquês de), 2.°, 147, 358.
Valada (Marqueses de), 120, i85; ar., 120;
varonia, i38
Valadares (D. Berenguela Lourenço de), m.
de D. y\fonso Martins Telo, 344.
Valadares (Conde de), 9.", D. José António
de Noronha Abranches Castelo Branco,
177-
Valadares (Condes de), 48, i38; ar., 124.
Valadares (Gaspar de), moço da câmara,
5o2, 5o3.
Valadares (D. Lourenço Soares de), rico
homem, sr. de Tangil, 108, 206.
Valbom, vinhas, 397.
Valdês, ar., 20.
Valdigem (Srs. de), 162, 177,
Valença, 188,257. — Castelo, iii. — Escrivão
da dízima do ferro e aço, 317. — Foral, 409.
Valença (Conde de), i'.", D. Henrique de
Meneses, 120, i3i ; ar., 40, 124.
Valença (Condes de), 120, 124.
Valença de Alcântara, expugnação, 514.
Valência (Condes de), 162.
ValeiiCia (Condessa de), D. Maria de Portu-
gíili 96, 97.
Valência de Campos, senhorio, 95.
Valência de Campos (Conde de), i.". Martim
Vasques da Cunha, 96, 162, i65; ar., 167.
Valência de Campos (Condes de), 96.
Valência de Campos (Duque de), infante
D*. João, 96, 162.
Valência de D Juan, 96.
Valente, ar., 22, 37.
Valhadolid, 486; cortes, i52; data de carta,
470; sr., io5.
Valhelhas, doação, 372, 876.
Valongo, 3o3, 3o8. — Sr^ 55.
Valtablado (Sr.* de), 160.
Vaqueiros (Com.ores de), 55.
Varazim, porto, i55.
Varela, ar., 20.
Varizela, quinta, nC.
Várzea (Marina da), 243, 247,
Várzea (Visconde da), 379.
Várzea (Viscondessa da), 379.
Varzela, doação, 343.
Vasco (Fr.), prior de Soza, 294.
Vasco Afonso, Vasco Moiro, alcaide de Coim-
bra, 248.
Vasco Esteves, ouvidor geral do Arcebispo
de Lisboa, 48.
Vasco Fernandes (Dr.), conde palatino, chan-
celer da Casa do Cível, 32b.
Vasco Martins, f. de Martim Afonso Chi-
chorro, 207. — V. Sousa (Vasco Martins
de).
Vasco Pires, instituidor do morgado de An-
tanhol, 189.
Vasco Sanches (D.), conde, 3o5, 3o6, 307.
Vasconcelos: honra, 337, 338, 339, ^96; lu-
gar, 337, 338; quinta, 341 ; torre, 341 ; srs.
dela, 336, 337, j38, 340, 341.
VASCONCELOS, linhagem, 333, 336.— Ar.,
34, 184, 187, 335, 336, 342, 36i, 362, 367,
368, 379, 38o, 388, 395, 396,- 471, 5áo. —
Famílias diversas, 336. — Uso do apelido,
283. — Varonia, 19 ', 379, 38 1. — Vasconce-
los: dos Açores, 38i ; de Elvas, 347; da
Madeira, 38'i •, de Penela, 336, 38i.— Vas-
concelos do Esporão, 336, 368, 370, 382 a
392; ar., 36i, 368, 388; capela na Sé de
Évora, 36 1, 368.
Vasconcelos (D. Afonso de), i.<* conde de
Penela, 127, 355, 356, 359, ^^o» 3^'> ^^3.
— Ar., 36i, 368; epitáfio, 36i.
Vasconcelos (1). Aldonça de), m. de D. Mar-
tim Afonso Telo, 109, 340.
Vasconcelos (Álvaro Mendes de), sr. do mor-
gado do Esporão, 382, 383, 384, 385, 386,
38u. — V. Esporão (Álvaro Mendes do).
Vasconcelos (Álvaro Mendes de), 4.° sr. do
morgado do Esporão, 388,389. — Epitáfio,
389.
Vasconcelos (D. Antónia de), m. de Tristão
da Cunha de Ataíde e Melo, 386.
Vasconcelos (António de), prior de Tentú-
gal, 352.
Vasconcelos (D. Beatriz de), m. i." de D. Fra-
dique de Castro, o Tagarote, 147, 352, 354-
Vasconcelos (D. Beatriz de), m. de Gonçalo
Pereira, o das Armas, 348, 349, 35o.
Vasconcelos (D. Caterina de), 145, 352, 52 1.
Vasconcelos (Conde de), 341.
Vasconcelos (D, Constança de), m. de João
Fogaça, 21 5.
índice de matérias
617
Vasconcelos (Diogo Gil de), de Montemor o
Novo, 382.
Vasconcelos (Diogo Gonçalves de), f. b. do
mestre D. Mem Rodrigues, 348.
Vasconcelos (Diogo Mendes de), f. b. do
mestre D. Mem Rodrigues, 347, 349.
Vasconcelos (Diogo Mendes de), morgado
das Vidigueiras, 386.
Vasconcelos (Duarte Lopes de), sua carta de
brasão, 336.
Vasconcelos (Estêvão Anes de), mestre, SSg.
Vasconcelos (Estevão Rodrigues de), sr. da
quinta de Vasconcelos, 340.
Vasconcelos (D. Fernando de), 127, 52 1.
Vasconcelos (D. Francisca de), 4.» sr.» do
morgado das Vidigueiras, 38o; ar, 53 1. —
V. Mendoça de Vasconcelos (D. Francisca
de).
Vasconcelos (Francisco de), 5.» alcaide mcr
de Pombal, 283, 376. — V. Sousa e Vas-
concelos i Francisco de).
Vasconcelos (Francisco de), i." conde de
Figueiró, 370, 392; epitáfio, 371,
Vasconcelos (Francisco Luís de), gov.or da
ilha Terceira, 390.
Vasconcelos (Gonçalo Mendes de), 529.
Vasconcelos (Gonçalo Mendes de), alcaide
mor de Coimbra, 340, 341, 342, 34.3, 344,
345, 346, 349, 35o, 352, 354, 364, 365, 366,
3Ó7, 529.
Vasconcelos (Gonçalo Mendes de), f. b. do
mestre D. Mem Rodrigues, 348.
Vasconcelos (Gonçalo Mendes de), sr. de
Alvarenga, 342.
Vasconcelos (P.e Inácio da Piedade e). His-
toria de Santarém edificada, 119, 129, 327.
Vasconcelos (D. Inês Mendes de), f. b. do
mestre D. Mem Rodrigues, 347.
Vasconcelos (D. Joana dej, 7.» sy." de Figueiró,
370.
Vasconcelos (Joane Mendes de), 392.
Vasconcelos (Joane Mendes de), f. b. do
mestre D. Mem Rodrigues, 348.
Vasconcelos (Joane Mendes de), gov.or das
armas do Alentejo, 390, 391.
Vasconcelos (Joane Mendes de), infanção,
alcaide mor de Estremoz, 109. 340, 529.
Vasconcelos (Joane Mendes de), m.or em
Elvas, 382, 383.
Vasconcelos (Joane Mendes de), m.or em
Évora, 383, 385, 53o.
Vasconcelos (Joane Mendes de), sr. de Alva-
renga, 342, 529.
Vasconcelos (Joane Mendes de), 3.*' sr. do
morgado do Esporão, 386, 387, 388, 389.
— Ar., 363; epitáfio, 388.
Vasconcelos (Joane Mendes de), 5.» sr. do
morgado do Esporão, 388, 389,-391; epi-
táfio, 389.
Vasconcelos (Joane Mendes de), 2." sr. do
VOL. I
julgado de Soalhães, e 4." do vínculo, 145,
146, 147, 345, 348, 349, 35o, 352, 353, 354,
355, 529.
Vasconcelos (Fr. João de), provincial da
Ordem dos Pregadores, 392, 53 1.
Vasconcelos (João Mendes de), irmão de
Álvaro Mendes de Vasconcelos do Espo-
rão, 382.
Vasconcelos (João Peres de), João Tenreiro,
sr. das honras de Vasconcelos e Amares,
336, 337, 338, 339, 38i.
Vasconcelos (João Rodrigues de), 2." conde
de Castelo Melhor, 283,377. — V. Vascon-
celos e Sousa (João Rodrigues de).
Vasconcelos (João Rodrigues de), 3.» sr. de
Figueiró, 367, 369, 370, 372. — V. Ribeiro
(João Rodrigues).
Vasconcelos (João Rodrigues de), 5." sr. de
Figueiró, 370.
Vasconcelos (Jocquim de), Arte religiosa em
Portugal, i65. — Arte românica em Por-
tugal, 271.
Vasconcelos (Leonor Mendes de), f. de João
Mendes de Vasconcelos, 382.
Vasconcelos (Leonor Mendes de), f. b. do
mestre D. Mem Rodrigues, 347.
Vasconcelos (Leonor Rodrigues de), m. de
Gonçalo Esteves de Tavares, 344.
Vasconcelos (Lopo Mendes de), f. duvidoso
do mestre D. Mem Rodrigues, 355.
Vasconcelos (Luís Mendes de), 38q, 390, 391.
Vasconcelos (Litis Mendes dej, Arte militar
dividida em três partes, 390. — Do sitio de
Lisboa. Dialogo, 'iSq, 390.
Vasconcelos (Manuel de), regedor das jus-
tiças, 387, 388, 389,391,392. — Epitáfio, 3qi.
Vasconcelos (D. Margarida de), m. de D. João
de Sousa, 2i5.
Vasconcelos (D.Maria de), m. 2." de D.Afonso
de Cascais, 352, 353, 0S4, 355.
Vasconcelos (D. Maria de), m. de Diogo de
Sousa, 370.
Vasconcelos (D. Maria Mendes de), m. de
Vasco Martms Zote, 397.
Vasconcelos (Mariim Mendes de), 340, 342.
Vasconcelos (Martim iMendes de), progenitor
dos Vasconcelos da Madeira e dos Açores,
38i.
Vasconcelos (Martim Vicente de), instituidor
da capela de Fonteboa, 397; epitáfio, 397.
Vasconcelos (Martim Vicente de), juiz em
Évora, 397; epitáfio, 397.
Vasconcelos (Mem Martins de), sepultado
em S. Francisco de Évora, 398; ar., 395,
396; epitáfio, 394.
Vasconcelos (Mem Rodrigues de), f. do
mestre D. Mem Rodrigues, 348, 398, 399.
Vasconcelos (Mem Rodrigues de), meirinho
mor de Alem Doiro, 339, 340, 341, 342, 348,
344.
78
6i8
Brasões
Vasconcelos (D. Mem Rodrigues de), mestre
de Santiago, 277, 845 a 348, 349, 35o, 355,
365, 383, 394, 398, 399.
Vasconcelos (Mem Rodrigues de), mor.or na
ilha Graciosa, 38i.
Vasconcelos (Mem Rodrigues de), pai de
Joane Mendes de Vasconcelos, 383, 385.
Vasconcelos (Mem Rodrigues de), sepultado
na igreja de S. Francisco de Évora, 394,
398, 399; ar., 395; epitáfio, 394.
Vasconcelos (Pedro Eanes de), sr. da honra
de Vasconcelos, 337, 338, 339, ^28.
Vasconcelos (Pêro Rodrigues de), sr. da terra
da Nóbrega, 365, 366.
Vasconcelos (Rodrigo Eanes de), trovador,
337, 338, 35q, 528.
Vasconcelos (Rui Mendes de), 1° conde de
Castelo Melhor, 370, 371, 372, 376, 378;
ar., 379.
Vasconcelos (Rui Mendes de), i.° sr. de Fi-
gueiró, 54, 283, 344, 345, 348, 365, 368; epi-
tátio, 365.
Vasconcelos (Rui Mendes de), 4.° sr. de Fi-
gueiró, 283, 370, 371.
Vasconcelos (Rui Mendes de), 6." sr. de Fi-
gueiró, 370, 3jq.
Vasconcelos (D. Teresa de), m. de D. Pedro
de Castro, 145, 146, 352, 353, 354, 52i.
Vasconcelos e Brito (Miguel de), secretário
de Es.tiido, 342.
Vasconcelos do Esporão (Álvaro Mendes de),
382.— V. Vasconcelos (Álvaro Mendes de).
Vasconcelos Leites, da casa das Carvalheiras,
382.
Vasconcelos e de Meneses (D. Afonso de),
i." conde de Penela, 36 1. — V.Vasconcelos
(D. Afonso de).
Vasconcelos e Meneses (D.Ana de), condessa
de Figueiró, 370, 371, 392; epitáfio, 371.
Vasconcelos de Meneses (D. António de), sr.
de Mafra, 357. — V. Meneses e Vasconcelos
(D. António de).
Vasconcelos e de Meneses (D. Fernando de),
arcebispo de Lisboa, 36i, 363, 364; ar.,
364; epitáfio, 363.
Vasconcelos e de Meneses (D. João de), 2.°
conde de Penela, 228, 23o, 357, 358, 36o,
36 1, 362, 402. — Ar., 40, 362. — Habitantes
das suas terras, 362.
Vasconcelos e de Meneses (D. João de), sr.
de Soalhães, 358.
Vasconcelos e Meneses (D. João Luís de),
sr. de Mafra, 358. —V. Meneses e Vascon-
celos (D. João Luís de).
Vasconcelos e Sousa (Afonso de), 5." conde
da Calheta, 379.
Vasconcelos e Sousa (António de), 6° conde
da Calheta, 379.
Vasconcelos e Sousa (João Rodrigues de),
2." conde de Castelo Melhor, 872, 875, 876,
377, 378; ar., 379. — V. Vasconcelos (João
Rodrigues de).
Vasconcelos e Sousa (Luís de), 3." conde de
Castelo Melhor, 878, 879; ar, 379.
Vasconcelos e Sousa (Luís José de), i.° conde
de Figueiró, moderno, 3yg.
Vasconcelos e Sousa Câmara Caminha Faro
e Veiga (João de), 5." marquês de Castelo
Melhor, 359, 379.
Vaz Tagarro (Dr. Francisco), advogado, 323,
325.
Veador: da casa da Rainha, 177, 179, 222,'
240; da casa dei Rei, 209, 221, 3-j5; da prin-
cesa, D. Maria Benedita, 180; da Princesa
viúva do Brasil, 488.
Vedor: da casa do príncipe D. Afonso, 472;
da casa da Rainha, 214; da casa rial, 495;
da rainha D. Felipa, 479.
Vedores da fazenda, 116, 171, 174, i83, iç,3,
216, 288, 362, 421, 470, 5o6, 519.
Veiga, ar., 471.
Veiros e veirado em escudos portugueses,
842.
Velásquez, célebre pintor, 841.
Velho (Gaspar), Portugal rei de armas, i3.
Velho Tinoco (Dr. André), arcediago de
Neiva, 364.
Veloso (Infante), 336.
Vera Cruz, 480.
Vera Criiz (Gomor de), 7.
Vera Cruz do Marmelal, mosteiro, 258, 262;
seu fundador, 257.
Verágua (Duques de), 441.
Vermoim, julgado, 348.
Vermoim, terra, doação, 1 11.
Viana (Condados de), 126, i3o a i36.
Viana (Marquês de), i.», 114.
Viana (Marquês de), 2.», 1 14.
Viana (Marqueses de), apelido, 114; ar.,
114.
Viana, do Alentejo (Conde de), i.°, D. João
Afonso Telo, 119, 120, 121, 122, i23, i25,
128, i3i, 182, i33. — Ar., 122, 124.
Viana, do Alentejo (Conde de), 2.°, D. Pedro
de Meneses, 56, 122, 128, i25, 126, 127, 128,
129, i3o, i3i, i33, 184, 195, 356, 895, 896,
897, 898, 529. — Ar., 122.
Viana, do Alentejo (Condes de), 120.
Viana, do Alentejo (Condessa de), D. Gene-
bra, 127.
Viana, do Alentejo (Condessa de),'D. Maior
de Portocarreiro, 121, 122, 896.
Viana do Alentejo, 126, 181,414. — Concelho,
414. — Condado, 126, 18 1. — Morador lá,
397. — Senhorio, 181, 182, i33, 184, i35,
i36. — Termo, i3i.
Viana de Alvito, i33.
Viana de apar de Alvito, condado, i3i.
Viana de Caminha: condado, i3i; doação,
865, 366; venda, 866.
índice de matérias
619
Viana de Caminha (Conde de), i3o, i3i.
Viana do Castelo, 320, 341. — Igreja de
S. Domingos, 32 1.
Viana da Foz do Lima, 322. — Condado, i3i.
Viana da Foz do Lima (Conde de), D. Álvaro
Pires de Castro, 67, 68, i3i.
Viana, do Minho (Conde de), i.", D. Álvaro
Pires de Castro, 68, i3i.
Viana, do Minho (Conde de), 2.", D. Duarte
de Meneses, i23, 126, i3o, i3i, 398,425. —
Ar., 124.
Viana, do Minho (Conde de), 3.°, D.Henrique
de Meneses, i3i.
Viana, do Minho (Condes de), 120.
Viana, do Minho (Condessa de), D. Isabel de
Castro, i3o.
Viana do Minho, 126.
Vice rei de Portugal, Sgo, 482.
Vicente Alvares, impressor, Sgo.
Vicente Mendes, rico homem, 293.
Vide (Castelo da), 108, 255, 406.
Vidiçal (Srs. do morgado do), 197.
Vidigueira, doação, 266.
Vidigueira (Conde da), i.", ar., 22, 37, i85.
Vidigueiras, morgado, 386.
Viegas, ar., 20.
Vieira, geração, ar., 39, 447.
Vieira, terra, 120.
Vieira (Fernando Alvares), almirante no
Porto, 194.
Vieira Guimarães^ Marrocos e três mestres
da Ordem de Cristo, 280, 5i3. — A Ordem
de Christo, 280.
Vieira da Silva (Pedro), 535.
Viena de Áustria: conselho de Estado lá,
222; corte, 526; embaixada lá, 290, 442,
462, 517.
Vila de Aboim, 256.
Vila Boa, 120.
Vila Boa do Monte, 271.
Vila Boim : igreja, 257 ; sr., 277, 416 ; senhorio,
256, 258.
Vila Chã, julgado, 342, 343. — Jurisdição, 343.
— Senhorio, 348, 35o. — Venda, 348, 349.
Vila do Conde, 118, 187. — Jurisdição, iii.
— Srs., 107, 118, 498.
Vila do Conde, mosteiro : freiras, 1 1 1 ; fun-
dadores, 107; sepulturas, ii3.
Vila Cova, 262.
Vila Cova (Com.or de), 179.
Vila Flor (Conde de), i .», D. Sancho Manuel,
233.
Vila Flor (Conde de), 2.°, D. Cristóvão Ma-
nuel de Vilhena, 234.
Vila Flor (Conde de), 3.°, Martim de Sousa
de Meneses, 234.
Vila Flor (Conde de), 7.», António José de
Sousa Manuel de Meneses Severim de No-
ronha, 234.
Vila Flor (Condes de), 23o; ar., 235.
Vila Flor (Condessa de), D. Maria José do
Sacramento de Melo, 234.
Vila Flor (Marquês de), Ahtónio José de
Sousa Manuel de Meneses Severim de No-
ronha, 234.
Vila Flor (Srs. de), 78, 487.
Vila Franca, com.da de Santa Maria, 221.
Vila Franca, no almoxarifado da Guarda,
doação, 409.
Vila Franca de Xira : data de carta, 439, 440;
morador, 483.
Vila Maior: doação, 427; senhorio, 441.
Vila Maior (Morgados de), 3i5.
Vila Maior (Sr. de), 425.
Vila Nova, i3i. — Sr., 128, 145. — Senhorio,
266, 281.
Vila Nova (Conde de)^ Arvores, io3.
Vila Nova [de Alvito], 414.
Vila Nova de Anços, 94. — Data de carta, 55,
162, 409. — Doação, 439.
Vila Nova da Barcarrota, 276.
Vila Nova da Cerveira, 317, 3 18. — Coudel,
3 16. — Sr., 317.
Vila Nova da Cerveira (Conde de), 114.
Vila Nova da Cerveira (Visconde de), 2.»,
D. João de Lima, 233, 427.
Vila Nova da Cerveira (Viscondes de), 7.*",
221.
Vila Nova da Cerveira (Viscondessa de),
D. Joana de Meneses, 359, 378.
Vila Nova de Portimão (Sr. de), 36o. — V. Por-
timão.
Vila Nova da Rainha, 95.
Vila Nova de Souto dei Rei (Casa de),
ii3.
Vila Nova de Souto dei Rei (Visconde de),
3.», 3i5.
Vila Nova de Souto dei Rei (Viscondessa de),
D. Maria Joana Forjaz da Câmara e Me-
neses, 3i5.
Vila Pouca, termo de Torres Vedras, 274.
Vila Rial, 237. — Almoxarifado, 357.
Vila Rial (Casa de), 108, 117 a i3o.
Vila Rial (Conde de), 1.°, D. Pedro de Me-
neses, 56, 122. 123, 125, 127, 357, 395, 396,
397, 398, 399. — Ar., 122, 124.
Vila Rial (Conde de), 2.', D. Fernando de
Noronha, 48, i23, I25.
Vila Rial (Conde de), 3.», D. Pedro de Me-
neses, 399.
Vila Rial (Condes de), 48, 120, i38. — Ar.,
122, 123, 124.
Vila Rial (Condessa de), D. Beatriz Coutinho,
126, 127, 128, 129, 356, 357. — Ar., 127.
Vila Rial (Duque de), 48, 120. — Ar., 124.
Vila Rial (Marquês de), 1.°, 3i3. — Ar., i23.
Vila Rial (Marquês de), 2.' D. Fernando de
Meneses, 3 14. — Ar., 40.
Vila Rial (Marquês de), 3.», D. Pedro de Me-
neses, 225.
620
Brasões
Vila Rial (Marquês de), 4.°, D. Miguel de Me-
neses, 486.
Vila Bial (Marquesa de), D. Beatriz, 225.
Vila Rial (Marquesa de), D. Felipa de Lan-
castre, 486.
Vila Rial (Marqueses de), 48, 120, i38, 225.
— Ar, 48, 123, 124.
Vila Rial (Sr. de), 121, 122, i23, 125.
Vila Rial, moderno (Conde de), 1.°, 239.
Vila Rial, moderno (Conde de), 3.°, 239,
Vila Rial, moderno (Condes de), 221, 235;
ar., 239.
Vila Ruiva, i3i, 414. — Doação, 266.
Vila do Touro, 293.
Vila Verde, concelho, 245, 262.
Vila Verde, quinta, 257.
Vila Verde, torre e paço, 242.
Vila Verde (Sr. de), 167.
Vila Viçosa (Marquês de), i ", D. Fernando,
128, 129, i3o, i33.
Vila Viçosa (Marquês de), 6.», D. Teodósio,
49^.
Vilalohos, 162.
Viliilobos, família, 396; ar., 1 18, 1 19, 122, I23,
124. 395, 396.
Vilalobos (Beatriz de), m. de Lopo Pires de
Évora, 397.
Vilalobos (D. Guiomar de), condessa de
Ourem, í!9, 122, 128; ar. e epitáfio, 119.
— V. Guiomar (D ).
Vilalobos (Lopo Martins de), sr. do morgado
da Fonteboa, 397.
Vilalobos (D. Mana de), m. 2.* de Lopo Fer-
nandes Pacheco, 107, 1 18.
Vilalobos (Martim Vicente de), corregedor
das comarcas de Entre Tejo e Odiana, e
da Beira, 398. — V. Martim Vicente, f. de
Martim Vicente.
Vilalobos (Martim Vicente de), partidário do
Mestre de Avis, 396.
Vilalobos (Nuno Martins de), escudeiro do
conde D. Duarte, 398.
Vilalobos (Rodrigo Martins de), sepultado
em S. Francisco de Évora, 3o8, 399; ar.,
396, 398; epitáfio, 395. — V. Vilalobos
(Rui Martins de).
Vilalobos (D, Rui Gil de), rico homem, 107,
118.
Vilalobos (Rui Martins de), sr. do morgado
da Fonte Boa, 397, 398. — V. Vilalobos
(Rodrigo Martins de).
Vilalva, doação, 266.
Vilanova, família, ar., 20.
Vilanova, oiteiro, 529.
Vilar, morgado, 461a.
Vilar Maior (Conde de), 2.», 492.
Vilarelhos, doação, 109.
Vilarinho, quinta, 118.
Vilarinho do Bairro, 189.
Vilarinho da Castanheira (Sr. de), 121, iz3.
Vilasboas, doação, 109.
Vilasboas c Sampaio (António de), Nobiliar-
cbia portuguesa., 244.
Vilela, mosteiro, i55. — V. Santo Estêvão de
Vilela.
Vilela (Pedro Afonso), f. de João Afonso,
385.
Vilhana, v. Vilhena.
Vilhena, geração, ar., 434.
Vilhena (D. Beatriz de), m. de Fernão da
Silva de Meneses, 289.
Vilhena (D. Beatriz de), m. de Pêro da Cunha
Coutinho, 169.
Vilhena (D. Branca de), m. de Fernão Vas-
ques da Cunha, 170.
Vilhena (D. Branca de), m. 2.» de Rui de
Sousa, 214, 426, 435; seu epitáfio, 434.
Vilhena (D. IBranca de), m. de Rui Vasques
Coutinho, 425.
Vilhena (D. Elvira Maria de), condessa de
Pontével, 176, 209, 473.
Vilhena (D. Felipa de), m. de Nuno Martins
da Silveira, 175, 421.
Vilhena (D Guiomar de), m. de João Rodri-
gues de Torres, 490.
Vilhena (D. Isabel de), irmã do 2.° Marquês
de Ferreira, 533.
Vilhena (D. Isabel de), m. 2.» de Nuno da
Cunha, 175.
Vilhena (D. Luísa de), m. !.• de Manuel de
Vasconcelos, 3gi, 392.
Vilhena (D. Margarida de), m. de P^ernão
Teles de Meneses, 421. — V.Vilhena (D.Ma-
ria de).
Vilhena (D. Margarida de), m. de João Gomes
de Abreu, 444.
Vilhena (D. Margarida de), m. de Martim
Afonso de Melo, 425, 426, 433.
Vilhena (D. Margarida de), m. de Rui Dias
Lobo, e depois de João Rodrigues de Sá,
444-
Vilhena (D. Maria de), m. de Bernardim Ri-
beiro Pacheco, 179.
Vilhena fD. Maria de), m. de Fernão Teles
de Meneses, 421, 53i.
Vilhena (Marqueses de), 162.
Vilhena (D. Mecia de), condessa de Miranda,
289.
Vilhena Barbosa, Cidades e Villas^ 408.
Villamaior, solar de Castela, 104.
Villescas (Marqueses de), 4:1 1.
Vimieiro, 94, 95.
Vimieiro, morgado, i85.
Vimieiro (Conde do), i.°, D. Francisco de
Faro, 184.
Vimieiro (Conde do), 5.", D. João de Faro e
Sousa, 184.
Vimieiro (Condes do), 186, 209.
Vimieiro (Condessa do), D. Mariana de Sousa
da Guerra, 184.
índice de matérias
621
Vimieiro (Srs. do), 184, i85.
Vimioso (Conde do Redondo e do), 210.
Vinhais (Srs. de), 41 5, 425.
Violante Afonso, aia da Rainha de Castela,
415.
Violante Gomes, mãe do Prior do Crato,
358.
Violante Sanches (D.), condessa de Barcelos,
107.
Virãos, doação, 109.
Viscondes : Baía, Balsemão, Bertiandos, Cas-
telo Branco, Castilho, Fonte Arcada, Juro-
menha, Lourinhã, Mesquitela, Narbonne-
-Lara, Sobral, Várzea, Vila Nova da Cer-
veira, Vila Nova de Souto dei Rei.
Viscondessas: Mesquitela, Pindela, Tran-
coso, Várzea, Vila Nova da Cerveira, Vila
Nova de Souto dei Rei.
Viseu, 46, 52, 94, 473, 475. — Bens lá, 35o. —
Bispo, 55, 56,98, i32, 292, 293, 437,472.
— Comarca, 473. — Data de carta, 80, 619.
Viseu (Duque de), i.», infante D. Henrique,
328.
Viseu (Duque de), 2.°, infante D. Fernando,
i35, 328.
Viseu (Duque de), 4.°, D. Diogo, 171, 228,
33o, 418, 420. 429, 5o5.
Viterbo, Elucidário, v. Santa Rosa de Viterbo
(Fr. Joaquim de).
Vizela, termo de Guimarães, 343.
Vogado (João), escrivão da fazenda, 472.
Vouga, julgado, 309. — Doação, 285, 289. —
Termo, 292.
Xabregas : convento de S. Francisco, 82. —
Mosteiro, de S. Bento, 288, 477. — Paços
velhos, 82. — Torneio, 482.
Xavier da Cunha., Homenagem posthuma ao
Visconde de Castilho, 29. — Impressões
Deslandesianas, 29.
Ximena (D.), infanta de Lião, 104, io5.
Xiquena (Condes de), 162.
Xisto IV, papa, 295.
Zagalo, ar., 20.
Zano (Pedro), 243.
Zarco (João Gonçalves), i.° capitão dona-
tário do Funchal, 38 1. — V. Câmara de
Lobos (João Gonçalves da).
Zarco da Câmara "(D. Luís Gonçalves),
18Õ.
Zote (Vasco Martins), 397.
FIM DO I VOL.
índice geral
p&g.
Prólogo desta edição v
Preâmbulo.
I
I — NORONHAS 43
I — Paz de Santarém (iSjS) 45
II — Linhagem 48
II — GOUTINHOS.
49
I — Batalha de Trancoso (i385) 5i
II — Linhagem 54
III — CASTROS 61
I — Paz de Alcoutim (iSji) 63
II — Casa de Monsanto 67
III — Castros de Melgaço 70
IV— ATAÍDES 73
I — Capitulação de Chaves (i386). 75
II — Linhagem 80
V — EÇAS 85
I — Assassínio de D. Maria Teles (1379) 87
II — Linhagem 96
VI — MENESES loi
I — Lenda do anel io3
II — Senhores de Alburquerque 106
III — Casas de Marialva e Louriçal 108
IV — Casas de Vila Rial e Tarouca 117
V — Condados de Viana i3o
VI — Teles de Meneses e Teles da Silva i36
VII — CASTROS . . i39
I — Partida para Ceuta (i4i5) 141
II — Linhagem 144
^24 Brasões
Pág.
VIII — CUNHAS 149
I — O Alcaide mor de Celorico de Basto i5i
II — Senhores da Tábua i53
III — Condes de Lumiares 168
IV — Senhores de Pombeiro 187
IX- SOUSAS 199
I — Lenda de santa Senhorinha 201
II — Varonia antiga 204
III — Sousas Chichorros 206
IV — A casa de Sousa nos fins do século xiii 241
V — Sousas de Arronches 274
• Nota — Comenda de Soza 291
X — PEREIRAS 299
I — Lide de Trasconho 3o2
II — Linhagem 3o3
III — Condes da Feira 309
IV — Casa de Bertiandos ■ 3 16
Notas — I — Documentos falsos 322
II — Mem Cerveira, alferes mor de Santarém 327
XI — VASCONCELOS 333
I — Senhores da torre de Vasconcelos 336
II — Senhores de Soalhães, Condes de Penela 342
III — Senhores de Figueiró 364
IV — Alcaides mores de Pombal, Condes e Marqueses de Castelo Melhor. . . 372
V — Morgados do Esporão, Condes de Figueiró 382
Notas — I — Os túmulos de S. Francisco de Évora 394
II — Povoação da Beira 400
XII — MELOS 4o3
I — Conquista do Algarve (1249) 4°^
II — Senhores de Melo 408
III — Senhores da Castanheira, Conde da Atalaia 411
IV — Alcaides mores e Conde de Olivença, casa de Cadaval 422
V — Alcaides mores de Elvas, Condes de S. Lourenço 443
VI — Ramos diversos : Porteiros mores, Monteiros mores, Ficalhos, etc. 448
VII — Meios com dom 463
VIII — Meios por fêmea : Senhores de Povolide, Mestres-salas, Condes das
Galveias e da Ponte 475
Nota — Torre e solar de Ribafria 498
RETOQUES 5ii
ÍNDICE DE MATÉRIAS 537
CORRECÇÕES
Pág.
lin.
•
leia-se
i3
. 3i
E
É
i6
4
E
É
59
7
Mdedelo
Medeio
65 ■
29
Volvamos
Volvamos porem
67
II
Fernando Rodrigues de Castro
Fernando de Castro
69
32
Ârraiolas
Arraiolos
7«
I
Brites
Beatriz
»
10
á
a
»
12
Lourinhã.
Lourinhã, por decreto de 25 de Abril de 1824,
»
19
1777
1770
121
3
E
É
i3o
5
varão
filho
i34
7
mantimedto
mantimeto
147
3
Soalhães
Soalhães,
162
20
outros
outras
174
12
Çafim
Safim
181
9
e
é
189
9
E
É
»
12
Fernão
Fernando
209
16-17
Marqueses
Marquês
212
3
3.»
4.» ■ _
2l5
9
Cesimbra ^
Sesimbra
218
I
Çafim '
Safim
227
33
Çafim
Safim
23l
16
Çafim
Safim
233
27
E
É
236
8
dos enteados
das enteadas
244
i3
de leopardo
do leopardo
249
21
Conselho
Concelho '
232
23
Çamora •
Samora
258
14
Çamora
Samora
261
21
doarem
doaram
263
28
D. João
João
264
25
D. João
João
266
36
se intitula
é intitulado
VOL. I
79
626
Brasões
Pág.
lin.
267
i5
Coronel
271
35
Lima
272
i5
filhas
280
5
Pdr' Alvares
282
2
Cezimbra
»
14
Cezimbra
286
10
Castro
291
2
em Março
295
24
geracoens
3i5
23
Cabeçaes
322
8
II.*
355
i3
Çamora
359
24
Çamora
378.
26
Maria
379
i3
Várzea
382
14
João
399
23
Gil Fernandes de Elvas
429
3i
Abril
442
17
i.°
45o
7
segundo
»
37
seis
»
38
onde, dizem, casara
452
12
Regente,
457
II
Maria Ana
461
32
de
492
2
Sant-Romain
498
39
Villa de Comde, conde
5o8
24
Benavides
525
26
Ribeiro
527
I
individamente
585
26
Melo (Ribeiro de)
leia-se
Cornei
Limia
íiihos
Pedr' Alvares
Sesimbra
Sesimbra
Sousa
em Lisboa, em Março
geracoens
Cabeçais
IO."
Samora
Samora
Mariana
Várzea
Joane
Gil Fernandes, de Elvas
Agosto
2."
primeiro
nove
onde casara
Regente
Mariana
da
Saint-Romain
Villa decomde, Conde
Bobadilha .
Ribeira
indevidamente
Melo (Ribeira de)
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