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Full text of "Brasões da Sala de Sintra"

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BRASÕES   DE   SINTRA 


Desta  edição  imprimiram-se  200  exemplares  em  papel  de  linho, 
numerados  e  rubricados. 


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BRASÕES 


DA 


SALA  DE  SINTRA 

DE 

ANSELMO    BRAAMCAMP    FREIRE 

(2.»    EDIÇÃO) 

LIVRO   PRIMEIRO 


COIMBRA 

IMPRENSA  DA  UNIVERSIDADE 
1921 


PRÓLOGO  DESTA  EDIÇÃO 

Já  vai  grosso  o  volume;  meia  dú\ia  de  palavras  de  esclarecimento  bas- 
tarão pois. 

Foi  meu  intento,  ao  começar  esta  edição.,  reproduzir  a  primeira  apenas 
com  os  acrescentamentos  por  ela  própria  já  espalhados,  e  as  alterações  pro- 
veniejites  de  mais  apurado  exame  de  documentos,  uns  de  novo  encontrados, 
outros  melhor  interpretados.  Este  propósito  mantive  nos  cinco  primeiros 
artigos,  nos  quais  pouca  matéria  nova  se  encontrará;  no  sexto  já  me  alon- 
guei 7nais;  no  sétimo  tornei  ao  primitivo  plano;  mas,  d' ai  por  diante,  entendi 
dever  mudar  de  processo  e  alargar  a  exposição,  com  o  intuito  de  aumentar 
a  informação,  ampliando  portanto  o  número  dos  dados  históricos  apontados 
e  registados.  O  resultado  foi  compreender  este  primeiro  volume  apenas 
do\e  dos  quinie  artigos  do  correspondente  da  edição  anterior,  excluido  ainda 
o  Apêndice,  com  a  Autobiografia  de  D.  Afonso  Manuel  de  Meneses. 

l  Fi\  bem  ?     i  Fi^  mal  ?    O  leitor  decidirá. 

Não  alterei  contudo  os  processos  de  análise  e  de  exposição.  São  os  da 
primeira  edição,  mais  correctos  e  apurados  até  onde  o  meu  estudo  e  a  minha 
critica  permitem. 

Quanto  ao  carácter  da  obra  e  às  minhas  intenções  ao  compô-la,  tudo 
ficou  exposto  no  Prólogo  da  primeira  edição  do  livro  segundo,  e  como  éle, 
o  Prólogo,  se  reeditará  no  seguinte  volume,  desnecessário  parece  repetir 
agora  a  explicação  já  produ\ida;  bem  assim  desnecessário  também  julgo 
alongar  mais  esta  introdução. 

Salitre,  2  de  Junho  de  igzi. 


PREAMBULO 


VOL.  l 


PREÂMBULO 


No  outono  de  1884  estava  eu  em  Sintra,  onde  durante  uns  poucos  de 
anos  fui,  com  a  minha  gente,  passar  aquela  estação  e  a  anterior.  Já  não 
era  então  a  minha  mal  conhecida  Sintra  doutros  tempos,  mas  também  ainda 
não  viera  a  ser  a  Sintra  do  caminho  de  ferro,  da  qual  fugi. 

O  outono  é  a  mais  bela  estação  do  ano  nos  arredores  de  Lisboa,  e  so- 
bretudo naquela  privilegiada  região.  Depois  das  primeiras  chuvas  a  vege- 
tação sequiosa  renasce;  na  atmosfera  sente-se  o  cheiro  da  terra  molhada,  e 
de  algumas  folhas  secas  prematuramente  caídas;  o  sol  não  abraza,  pode-se 
aproveitar  o  dia  todo,  e  respirar  o  ar  puro  um  pouco  impregnado  de  mare- 
sia; o  ceu  está  límpido,  o  mar  ao  longe  azul,  a  serra  desanuviada,  o  arvo- 
redo com  todos  os  tons  desde  o  oiro  fosco  até  ao  verde  esmeralda.  As  urzes 
e  os  tojos  florescem,  o  tricolor  medronheiro  encanta,  os  ribeiros  da  serra 
começam  a  murmurar,  os  pinheirais  mansamente  sussurram,  no  ondulado 
campo  os  casais  alvejam  com  um  branco  mais  intenso.  A  natureza  toda 
veste  galas  neste  período  transitório  entre  os  ardores  do  estio,  e  os  frios  do 
inverno. 

A  tarde,  depois  do  sol  posto,  uma  aragem  fresca  tocada  do  mar  por  cima 
das  charnecas  leva  o  passeante  a  casa,  e  faz-lhe  lembrar  o  fogão  com  o  alegre 
estalido  das  pinhas  e  cepas.  Aí,  na  sala,  rodeado  de  pessoas  amigas,  em 
sã  conversação,  podem-se  passar  as  horas  mais  quietas  e  desassombradas  da 
rida.     Era  o  que  me  sucedia  no  tal  outono  de  1884. 

Uma  noite,  não  sei  qual,  nem  sei  a  que  propósito,  falou-se  mais  no  paço 
de  Sintra.  Talvez  tivesse  lá  havido  visita  demorada  em  companhia  de  foras- 
teiro amigo;  talvez  tivesse  estado  o  dia  chuvoso  e  agreste,  e  parte  dele  se 
passasse  ao  abrigo  de  suas  paredes;  talvez  não  tivesse  havido  nada  de  ex- 
traordinário e  apenas  o  acaso  proporcionasse  o  assunto  à  palestra;  talvez. . . 
^Mas  para  que  perder-me  em  conjecturas,  se  na  verdade  me  não  lembro? 


4  Brasões 

O  caso  é  que  do  ameno  dize  tu,  direi  eu,  saiu  a  idea  de  se  fazerem  uns 
desenhos  dos  veados  do  tecto  da  sala  das  armas,  e  uns  pequenos  artigos  sobre 
as  respectivas  famílias,  e  de  se  ir  mandando  tudo  para  o  Diário  Illiístrado 
o  aristocrático  jornal  do  high-life,  que  franqueou  as  suas  colunas  com  bi- 
zarria: 

As  desenhistas  foram  duas  ilustres  senhoras:  D.  Maria  Francisca  de  Me- 
neses, ultimamente  dama  camarista  de  S-  M.  a  Rainha,  e  D.  Maria  Amália 
de  Sousa  Botelho,  posteriormente  viscondessa  de  Pindela.     O  escritor  fui 

eu. 

Direi,  que,  para  poupar  as  minhas  delicadas  colaboradoras,  que  na  sala 
dos  brasões  com  as  cabecitas  no  ar  se  arriscavam  a  torticolos  constantes, 
aproveitei  haver  nos  veados  umas  certas  parecenças,  e  dividi  a  manada  em 
grupos,  que  mais  se  assemelhavam.  Confessada  a  culpa,  ficará,  não  só  me- 
tade dela  perdoada,  mas  toda,  atendendo  à  intenção. 

Feitos  os  desenhos,  quem  os  passava  às  chapas  de  madeira  era  outro 
amigo,  o  visconde  Júlio  de  Castilho  (i),  hábil  desenhador,  e  paciente  revisor 
de  provas  e  original. 

Era  pois  tudo  feito  por  assim  dizer  em  família. 

Os  artigos  começaram  curtos,  mas  foram  estendendo,  estendendo,  e  tanto, 
que  o  Diário  Illustrado  já  pedia  misericórdia,  e  já  ia  dando  a  prosa  em  doses 
homeopáticas.  Alem  disso  eu  adoptara  o  sistema  de  preceder  cada  artigo 
de  um  pequeno  quadro  de  história  pátria,  ligado  à  origem  da  geração  de  que 
ia  tratar.  Ao  princípio  ia  a  coisa  bem;  depois  começaram  a  escacear  os 
assuntos;  cheguei  aos  Britos,  e  não  sabia  já  para  onde  me  havia  de  voltar, 
nem  conhecia  facto  histórico  ainda  não  narrado,  que  pudesse  servir  de  intro- 
dução à  origem  da  família.  No  artigo  dos  Henriques  havia-me  valido  dos 
desta  linhagem  terem  tido  uma  casa  na  praça  de  Évora,  para  narrar  os  cé- 
lebres festejos  aí  realizados  por  ocasião  do  casamento  do  príncipe  D.  Afonso, 
cometendo  um  anacronismo,  pois  que  a  esse  tempo  ainda  a  casa  não  era 
dos  senhores  das  Alcáçovas.  Agora  porém,  nos  Britos,  não  havia  janela 
nem  porta  por  onde  entrasse  que  não  estivesse  escancarada.  íQue  fazer? 
O  que  a  preguiça  me  aconselhava:  largar  a  pena.  Assim  fiz,  e  nada  se 
perdeu. 

Amigos  benévolos  começaram  a  incitar-me  a  concluir  o  trabalho,  ou  pelo 
menos  a  reunir  em  volume  o  já  publicado.  Meia  dúzia  de  pessoas,  a  quem 
o  assunto  interessava,  diziam-me  o  mesmo;  eu  porem,  ajudado  pela  querida 


(i)  Quási  todos  já  morreram !     A  Viscondessa  de  Pindela  levou-a  a  morte  a  14  de  Abril 
de  1917;  o  Visconde  de  Castilho,  em  8  de  Fevereiro  de  1919. 


Preâmbulo  5 

preguiça,  ia  sempre  resistindo.     Nem  o  poeta  foi  capaz  de  me  espertar, 
apesar  de  se  me  dirigir  em  verso: 

Ressuscitar  as  memorias 
das  passadas  gerações, 
e  d'entre  o  pó  das  historias 
evocar  todas  as  glorias 
das  antigas  tradições, 
é  serviço,  é  incitamento, 
é  missão  honrada  e  nobre; 

(0. 

Assim  se  passaram  anos. 

Agora  resolvi-me,  e  de  repente  arranjei  tipógrafo,  e  começou  a  impres- 
são. 

Não  me  convenceram  vaidades,  que  não  tenho,,, nem  devo  ter;  é  unica- 
mente o  desejo  dos  meus  estudos  poderem  aproveitar  a  algum  investigador, 
poupando-lhe  pouco  trabalho  que  seja.     Mais  nada. 

Dos  vinte  e  dois  artigos  publicados  no  Diário  Illustrado  vão  agora  neste 
volume  treze,  e  mais  dois  que  nessa  ocasião  se  não  escreveram,  o  dos  Vas- 
concelos e  o  dos  Silvas.  Vão  todos  muito  imperfeitos,  aproveitei  o  que  já 
tinha,  e  pouco  mais  lhes  acrescentei.  A  paciência  hoje  é  pouca  para  gran- 
des investigações.  Do  que  tratei  foi  de  amenizar  o  mais  possível  o  árido 
assunto. 

Ao  publicar  estes  trabalhos,  nos  quais  são  recordados  muitos  feitos  he- 
róicos da  nossa  história;  ao  publicá-los  agora,  nestes  tempos  de  absoluta  de- 
cadência e  esfacelamento  em  que  nos  encontramos,  sinto-me  descoroçoado. 
Quando  a  nação  perdeu  todo  o  seu  vigor,  todç  o  seu  brio;  quando  o  velho 
rubro  sangue  português  se  transformou  numa  dessorada  aguadilha;  quando 
a  dedicação  se  fez  egoísmo;  quando  a  abnegação  se  tornou  em  interesse,  é 
triste  escrever  os  nomes  de  D.  João  de  Castro,  Afonso  de  Albuquerque, 
Nuno  Álvares  Pereira,  D.  João  I;  é  tristíssimo  recordar  Trancoso,  Ceuta, 
Aljubarrota,  Montijo  (2). 

Se  a  pátria  está  moribunda,  a  velha  nobreza,  essa,  morreu.  Aquela  ainda 
poderá  despertar;  esta  é-lhe  impossível  reviver.     Nem  todos  os  raios  fulmi- 


(i)  Júlio  de  Castilho,  Manuelinas,  ed.  de  i88g,  pág.  i85,  na  «Singela  historieta». 

(2)  Isto  escrevia  em  1899;  veio  depois  uma  alvorada  de  esperanças,  mas  desapareceu 
antes  do  sol  nascer,  e  hoje,  infelizmente,  ao  quadro  acima  traçado  só  tenho  de  carregar  as 
sombras. 


^  Brasões 

nam,  ou  assombram;  há-os  de  luz  que  esclarecem  o  espírito;  ^porque  não  há 
de  vir  um  vivificante,  que  anime  o  generoso  coração  meio  parado,  e  faça 
ressurgir  do  letargo  em  que  jaz  este  pobre  Portugal?  Que  Deus  o  despeça, 
e  quanto  antes.  Agora,  ressuscitar  o  que  está  morto,  isso  só  um  milagre, 
e  milagres  já  se  não  vêem. 

A  nobreza  em  Portugal  morreu.  Não  foram  os  decretos  de  84,  não  foi 
a  abolição  dos  vínculos  em  60,  que  a  mataram.  Não  houve  assassínio,  houve 
suicídio. 

Uma  educação  piegas,  uma  perfeita  incapacidade  administrativa,  uma 
degeneração  resultante  dos  sucessivos  cruzamentos  do  mesmo  sangue,  uma 
sorte  de  fatalismo  ainda  mussulmano,  foram  as  caus"as  prir^cipais  que  deram 
cabo  da  fidalguia  portuguesa.  Ao  menos,  sirva  isso  de  lenitivo,  acabou  ela 
alegre;  morreu  a  rir,  a  escarnicar  daqueles  que  a  pouco  e  pouco  lhe  foram 
comendo  os  morgados,  as  casas,  os  bens,  lhe  foram  usurpando  os  direitos, 
as  regalias,  os  títulos.     Agora  chora  ela,  mas  já  não  tem  remédio. 

O  Rei,  o  representante  do  princípio  monárquico,  que  sem  nobreza  para 
estabelecer  a  transição  não  pode  existir,  o  Rei  teve  também  muita  culpa  neste 
esfacelamento,  que  se  não  vê  noutros  países  monárquicos.  De  princípio,  se 
ele  como  chefe  da  nobreza,  què  deveria  querer  sempre  ver  honrada  e  digna, 
a  protegesse,  a  amparasse,  a  animasse,  a  estimulasse,  talvez  lhe  pudesse  in- 
cutir o  vigor  suficiente  para,  ao  menos  em  parte,  resistir  à  onda  que  a  arras- 
tava. Se  êle  também,  na  qualidade  de  seu  protector,  na  de  bom  chefe  da 
família,  como  fora  o  Rei  no  passado,  tivesse  tido  sempre  na  mão  os  inte- 
resses dos  seus  fidalgos,  tivesse  dificultado  aos  seus  ministros  o  enobreci- 
mento de  pessoas  pouco  dignas,  e  proibido  absolutamente  o  das  indignas, 
não  teria  talvez  conseguido  curar  toda  a  velha  nobreza  da  eiva  que  trazia  em 
si,  mas  teria  de  certo  impedido  o  estado  vergonhoso  a  que  se  chegou.  '  O 
Rei  foi  cedendo,  cedendo,  a  fidalguia  foi  descaindo,  descaindo,  os  ministros 
foram  abusando,  até  que  hoje  as  distinções  honoríficas,  despresadas  por  mui- 
tos, são  já  escarnecidas  por  todos.  Ainda  se  a  coisa  se  passasse  só  em  fa- 
mília! Mas  não,  por  que,  para  maior  opróbrio,  ainda  são  os  estrangeiros, 
quem  mais  escarnece! 

lA  um  homem  realmente  ilustre,  que  verdadeiros  e  assinalados  serviços 
preste  à  pátria,  que  lhe  há  de  dar  o  Rei?  ^Um  título?  Ele  porem,  se  for 
um  vencedor  de  batalhas,  não  o  aceita,  lembrando-sc  de  que  se  fazem  mar- 
queses por  vitórias  eleitorais;  êle,  se  fôr  um  administrador  honrado,  um 
legislador  sábio,  desprezará  o  título,  recordando-se  de  que  se  teem  feito 
grandes  do  reino  homens  implicados  em  negócios  escusos.  ^O  que  lhe  há 
de  dar  então  o  Rei?  ^Uma  condecoração?  Deixem-me  rir!  uma  conde- 
coração!    (íA  gran-cruz  de  Cristo  talvez?     ^Mas   essa  em  quantos  peitos 


Preâmbulo  7 

de  banqueiros  judeus  não  anda  ela  a  embaciar-se  por  todo  esse  mundo 
fora?  (i) 

O  mal  hoje  não  tem  remédio;  ^jpara  que  me  hei  de  alongar  em  conside- 
rações que  ninguém  me  agradecerá?     Nada,  volto  ao  assunto. 

Deveria  talvez  aqui  dar  uma  notícia  circunstanciada  de  tudo  quanto  eu 
soubesse  da  sala  das  Armas,  e  até  mesmo  do  próprio  paço  de  Sintra,  onde 
ela  está;  mas  isso  levar-me  hia  muito  longe,  e  portanto  resumirei,  limitan- 
do-me  ao  que  reputo  indispensável. 

El  rei  D.  Manuel  foi  quem  cuidou  em  estabelecer  certas  regras  e  acabar 
com  o  arbítrio  no  uso  das  armas,  e  na  concessão  dos  brasões.  Para  este 
fim  mandou  por  todo  o  reino  ver  e  tomar  nota  dos  escudos,  insígnias  e  le- 
treiros que  espalhados  por  ele  havia,  para  do  resultado  se  fazer  um  livro 
onde  se  pintassem  os  brasões  (2). 

Assim  o  declara  o  cronista,  e  em  confirmação  apresentarei  a  prova  de 
que,  ainda  depois  do  tal  livro  feito,  se  continuavam  as  pesquisas  e  informa- 
ções. 

Fr.  André  do  Amaral,  comendador  da  Vera  Cruz,  chanceler  mor  e  em- 
baixador de  Rodes,  requereu  se  lhe  dessem  as  armas  de  seu  quinto  avô  ma- 
terno Domingos  Joanes,  instituidor  de  morgado  com  capela  na  igreja  de  Santa 
Cruz  de  Oliveira  do  Hospital,  onde  estava  sepultado  com  o  seu  brasão  no 
túmulo.  Antes  porém  de  se  lhe  despachar  o  requerimento,  mandou  el  Rei 
o  Rei  de  armas  índia  àquela  vila  examinar  o  escudo  de  Domingos  Joanes,  e 
só  na  volta,  depois  de  se  lançar  o  desenho  no  Lipro  dos  Reis  d' Armas,  é  que 
se  passou  a  carta  de  brasão  ao  suplicante  em  23  de  Abril  de  i5i5  (3). 

Torno  ao  livro  dos  brasões,  ou  melhor,  aos  livros  dos  brasões,  porque 
me  consta  da  existência  de  três  ordenados  por  D.  Manuel.  Dois  subsistem; 
são  os  chamados  do  Amieiro  mor,  e  da  Torre  do  Tombo;  o  outro,  o  mais 
velho,  tinha  o  título  de  Livro  antigo  dos  Reis  d' Armas,  e  desapareceu,  quando 
o  terremoto  arruinou  o  Cartório  da  Nobreza  (4).  Foram  eles  respectivamente 
ordenados  por  aquele  Rei  a  João  Rodrigues,  rei  de  armas  Portugal,  ao  ba- 


(i)  Se  isto  sucedia  na  Monarquia,  não  lhe  quis,  ultimamente,  desde  que  se  restabelece- 
ram as  distinções  honoríficas,  ficar  atraz  a  República,  e  o  enxurro  das  condecorações  reco- 
meçou a  enxovalhar  as  gentes. 

(2)  Góes,  Chronica  do  felicíssimo  rei  Dom  Emanuel,  fl.  347  da  ed.  de  1619. 

(3)  Armaria  portuguesa,  apêndice  ao  Arquivo  histórico  português,  pág.  27. 

(4)  Fr.  Manuel  de  Santo  António,  Thesouro  da  Nobreza,  no  artigo  dos  Osmas,  o-i  i,  diz 
que  as  armas  destes  «estavam  no  Livro  da  Armaria  dos  Reis  d'Armas,  que  se  incendiou,  de 
que  conservamos  copia». 


8  Brasões 

charel  António  Rodrigues,  outro-sim  Portugal  rei  de  armas,  e  a  António  Go- 
dinho, escrivão  da  câmara. 

Alguma  coisa  direi  de  cada  um  dos  livros,  começando  pelo  mais  antigo. 

Em  14  de  Janeiro  de  1490  era  Portugal  rei  d'armas  João  Rodrigues,  que 
naquela  data  subscreveu  a  carta  de  brasão  de  Pêro  da  Alcáçova,  o  dedicado 
escrivão  da  fazenda  de  D.  João  II  (i).  A  21  de  Junho  de  i6o5  foi  passada 
uma  carta  de  brasão  pelo  rei  de  armas  predecessor  de  António  Rodrigues, 
segundo  este  mesmo  declara  noutra  de  10  de  Dezembro  de  i5i6  (2).  O  pre- 
decessor não  nomeado  por  António  Rodrigues  sabe-se  ter  sido  Martim  Vaz 
como  no-lo  revela  um  documento,  bem  interessante  por  sinal.  É  ele  o  alvará 
de  23  de  Outubro  de  i5i3  dirigido  ao  Feitor  de  Flandres,  então  João  Bran- 
dão, dando-lhe  ordem  para  assistir  com  trinta  cruzados  anuais,  por  tempo 
de  dois  anos,  a  Pêro  de  Évora,  filho  de  Martim  Vaz,  rei  de  armas,  enviado 
àquele  Estado  para  aprender  o  que  pertencesse  ao  ofício  do  pai  (3).  Dos 
conhecimentos  de  iluminura  e  de  brasão  adquiridos  em  Flandres  por  Pêro  de 
Évora  resultou,  como  logo  notarei,  o  vir  êle  a  ser,  poucos  anos  depois,  encar- 
regado da  pintura  das  cartas  de  brasão. 

Tornou  o  predecessor  de  António  Rodrigues  a  conceder  mais  uma  carta 
de  brasão,  em  2  de  Julho  de  i5o6,  na  qual  declara  dar  a  Nuno  Caiado  «as 
armas . . .  como  vão  figuradas  e  pintadas  no  meio  desta . . .  e  assim  como 
foram  e  estão  regis[adas  no  livro  da  nobre:{a  do  tempo  que  el  Rei  nosso  se- 
nhor mandou  por  mim  ordenara  (4). 

As  armas  dos  Caiados  são  as  mesmas  dos  Gamboas,  ou,  para  melhor 
dizer,  aqueles  não  teem  armas  próprias  e  trazem  as  destes. 

Nem  rio  Livro  do  Armeiro  mor,  nem  no  da  Torre  do  Tombo  existem 
armas  especiais  para  os  Caiados,  e  as  dos  Gamboas  estão  em  ambos  eles 
na  penúltima  folha,  que  deveria  ter  sido  pintada,  no  primeiro  dos  referidos 
livros,  muito  proximamente  à  data  em  que  o  deram  por  findo,  isto  é,  a  i5 
de  Agosto  de  1609,  e  por  tanto  três  anos  depois  da  carta  de  brasão  de  i5o6, 
na  qual  se  declara  existirem  as  armas  dos  Caiados,  ou  dos  Gamboas  (não  é 
muito  claro)  já  pintadas  e  registadas  no  livro  da  nobreza.  Alem  disto  Fr. 
Manuel  de  Santo  António,  reformador  do  Cartório  da  Nobreza  por  provisão 
de  29  de  Março  de  1745,  e  autor  do  Thesoiiro  da  nobreza,  traz  referências 


(i)  Armaria  portuguesa  cit.,  pág.  12. 
(2)  Ibidem,  págs.  533  e  534. 

Í3)  Corpo  cronológico,  part.  I,  mac.  i3,  doe.  82;  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  V,  338. 
(4)  Está  este  documento  na  Collecção  de  cartas  de  brasão  da  Biblioteca  Pública  de 
Lvora,  e  foi  impresso  pelo  Visconde  de  Sanches  de  Baena  no  Archivo  heráldico,  pág.  679. 


Preâmbulo  9 

em  várias  partes  desta  obra  ao  Livro  antigo  dos  Reis  d' Armas,  o  qual  de- 
certo teria  tido  muitas  ocasiões  de  manusear,  e  no  artigo  dos  Caiados  lá  diz 
ele,  que  as  suas  armas  se  achavam  no  mencionado  livro. 

Mais  ainda.  Quando  se  passou  a  referida  carta  de  brasão  a  Fr.  André 
do  Amaral,  em  23  de  Abril  de  i5i5,  mandaram-se  lançar  as  armas  de  Do- 
mingos Joanes  no  Livro  do  rei  d' Armas.  Não  foi  no  feito  por  António  Ro- 
drigues, porque  neste  não  se  encontram  elas,  e  mesmo  porque  até  já  estaria 
entregue  ao  Armeiro  mor;  não  se  deve  supor  seria  no  ordenado  por  António 
Godinho,  que  em  i5i6  ainda  andava  pintando  a  folha  sétima,  como  adiante 
provarei;  logo  foi  no  outro,  no  tal  que  depois  se  chamou  Livro  antigo  dos 
Reis  d' Armas  (i). 

De  todo  o  exposto  deverá  concluir-se  o  seguinte: 

Existiu  um  livro  de  brasões,  ordenado  por  D.  Manuel  ao  rei  de  armas  pre- 
decessor de  António  Rodrigues; 

Este  livro  não  é  o  do  Armeiro  mor,  pois  que  naquele  já  em  i5o6  estavam 
pintadas  umas  armas,  que,  ou  eram  as  dos  Caiados  e  se  não  encontram  no 
outro  livro,  ou  eram  as  dos  Gamboas,  e  neste  só  foram  pintadas  nas  proxi- 
midades de  iSog; 

No  Cartório  da  Nobreza  existiu  um  códice  intitulado  Livro  antigo  dos 
Reis  d' Armas,  no  qual  se  via  o  brasão  dos  Caiados  e  que  muito  provável  é 
ter  sido  o  primeiramente  ordenado  por  D.  Manuel. 

O  segundo  livro  dos  brasões  foi  mandado  fazer  por  D.  Manuel,  que  da 
sua  pintura,  ou  pelo  menos  da  sua  ordenação,  encarregou  o  bacharel  António 
Rodrigues,  rei  de  armas  Portugal  e  juiz  da  nobreza,  o  qual  o  fez,  depois  de 
prestar  juramento  de  a  cada  um  guardar  sua  justiça,  e  o  assinou  e  selou  com 
suas  armas,  em  Lisboa,  a  i5  de  Agosto  de  lõog.  E  este  livro  o  chamado 
do  Armeiro  mor,  em  cuja  casa  esteve  depositado  durante  séculos,  e  que  hoje 
(1899)  está  em  poder  dei  Rei  (2). 


(i)  Com  estas  armas  de  Domingos  Joanes  dá-se  a  coincidência  singular  de  terem  desa- 
parecido de  toda  a  parte,  menos  da  capela  onde  primeiramente  existiram.  Mandaram-nas 
lançar  no  Livro  dos  reis  d'armas,  este  destruiu-o  o  terremoto;  lançaram-nas  no  Livro  da 
Torre  do  Tombo  na  folha  24,  esta  é  uma  das  roubadas.  Existem  contudo  em  Oliveira  do 
Hospital  na  capela  modernamente  chamada  dos  Ferreiros,  onde  está  sepultado  Domingos 
Joanes,  e  onde  em  i5i6  se  foram  copiar.  Ali,  na  tal  capela,  lá  se  vê  o  escudo  da  aspa  acom- 
panhada das  quatro  flores  de  lis,  como  se  descortina  numa  fotogravura  do  folheto  de  Ade- 
lino Abreu  intitulado  Oliveira  do  Hospital. 

(2)  A  descrição  deste  livro  seria  muito  curiosa,  mas  alongaria  desmesuradamente  estes 
preliminares,  e  espero  ter  ainda  ocasião  mais  apropriada  para  o  descrever.    Ainda  assim 

VOL.  1  2 


:.<^''^*ÍSiS7 


I  o  Brasões 

Ainda  antes  do  livro  ser  datado  e  assinado,  ordenara  D.  Manuel,  em  5 
de  Julho  de  t5o9,  as  segundas  adições  ao  Regimento  do  Armador  mor,  assi- 
nado, dia  a  dia,  dois  anos  antes.  Nestas  adições,  entre  outras  coisas,  diz-se 
isto:  «Hordenamos,  que  o  livro,  que  mandamos  fazer  das  Armas  dos  Fidal- 
guos  de  nossos  Regnos  o  tragua  sempre  o  dito  nosáo  Armador  mor,  em  huma 
das  arquas,  em  que  andarem  as  armas  de  nossa  pessoa  para  que  cada  vez, 
que  nos  quizermos  ver,  ou  cumprir  de  ser  visto  por  algum  caso,  nollo  possa 
mostrar,  e  dar.»  Transcrevo  isto  conforme  o  encontro  na  Historia  genea- 
lógica, onde,  depois  de  copiar  aquele  período,  acrescenta  D.  António  Cae- 
tano de  Sousa  estas  palavras:  «e  por  este  justificado  motivo  he,  que  este 
livro  está  em  poder  do  Armeiro  mor,  e  os  que  naõ  tem  esta  noticia  lhes  pa- 
recia muito  estranho,  ver  este  livro  fora  do  Archivo  Real»  (i).  Dizia  o  Tea- 
lino  muito  bem;  e  agora  que  o  livro  deixou  de  estar  em  poder  do  Armeiro 
mor,  e  está  na  mão  dei  Rei,  para  a  Torre  do  Tombo,  para  o  Arquivo  Na- 
cional, é  que  ele  deverá  ir,  e,  se  não  está  já  lá,  é  porque  ainda  ninguém  o 
lembrou  a  S.  M.,  que  foi  quem  salvou  o  precioso  códice  de  ir  parar  a  algum 
museu  estrangeiro,  pelo  que  todos  muito  gratos  lhe  estamos  (2). 


transcreverei  a  autêntica,  que  o  precede,  por  ser  curta  e  por  ter  sido  impressa  há  pouco 
com  muitos  erros.    Diz  ela: 

«Liuro  ;•  das  armas  C  Que  ho  muyto  alto.  d  Muyto  excellente.  E  muyto  poderosso 
princepe.  ([  ElRey  dom  manuell  ([  Primeiro  Nosso  Senhor.  ([  Per  graça  de  ds.  Rey  de  por- 
tuguall  T  dos  alguarues.  C  Daquem  t  dalém.  mar.  Em  africa  x  Sor  de  guinee.  {[  E  da  con- 
quista. Naueguaçom.  E  comercio  de  ethiopia.  Arábia.  Pérsia.  E  da  Jndia  Madou  Amy  Rey 
darmas  Portuguall  C  Juiz  da  nobreza.  Que  cõpossese  t  hordenasse,  ([  E  nelle  asentasse, 
Todallas  armas.  Dos.  Reys.  E  princepes  xpaãos.  d  E  asy  Judeus.  Mouros  x  gentijos.  ([  Domde 
primeiramente,  decendeo.  x  começou.  A  nobreza.  ([  E  asy  asentasse  x  possese :  Todallas 
armas.  Dos  nobres  destes  Reynos  E  senhorios.  Cada  huúas  em  seu  luguar  propio.  ([  E  bor- 
dem. Como  forom  dadas  antiguamente  A  cada  hua  C  E  pêra  ello  me  mandou  dar  Juramento. 
C  Sobre  os  sanctos  avangellos  per  pêro  de  lemos  seu  capela  C  E  afomsso  mexia,  estpriuam 
da  sua  camará.  ([  Que  bem  x  verdadeyramente.  A  Cada  huu  guardase  sua  Justiça.  ([  Asy 
no  luguar  x  antigujdade.  Como  em  todo  ali.  E  ho  asinasse.  De  meu  propio  synall  x  armas. 
([  Feyto  em  lixboa.  A  xv.  ds  de  agosto  de  mill  e.  v.  &  ix.  Annos». 

A  direita  assinado:  «Rey  darmas  Portugall«,  em  duas  linhas.  —  A  esquerda  o  brasão 
iluminado:  Escudo  pendido,  cortado:  o  I  de  vermelho,  águia  de  prata;  o  II  faxado  de  oiro  e 
azul  de  oito  peças.  Elmo  de  aço  guarnecido  de  oiro,  de  três  quartos,  quási  cerrado.  Tim- 
bre: adejo  de  oiro.  Paquife  de  oiro  forrado  de  vermelho.  Virol  de  vermelho  perfilado  de 
prata,  e  de  azul.    Correia  de  verde. 

( 1 )  Historia  genealógica,  vol.  I,  pág.  cxciv. 

(2)  Também  concorri  um  pouco  para  que  o  pMicioso  livro  das  armas  se  não  perdesse, 
e  de  façanhas  destas  ninguém  levará  a  mal  gabar-me. 

Estava  eu  um  dia  num  grande  armazém  de  leilões  e  vendas  na  avenida  da  Liberdade, 
quando  apareceu  o  Marquês  da  Foz,  também  frequentador  da  casa  e  grande  comprador  de 


Preâmbulo  i  \ 

Hoje  já  se  encontra  no  Arquivo  Nacional. 

No  mesmo  lugar  citado,  na  página  precedente  porem,  havia-nos  dito  D.  An- 
tónio Caetano  de  Sousa,  que,  quem  iluminara  o  Livro  do  Armeiro  mor,  tinha 
sido  mestre  Arriet,  alemão. 

Deste  estrangeiro  e  doutro,  mais  do  que  hipotético  me  parece,  Jean  du 
Cros,  não  encontro  notícia  nenhuma.  Aparece  porem  a  carta  de  nomeação 
de  rei  de  armas  Algarve  a  Jamays,  que  pelo  nome  não  se  me  afigura  Portu- 
guês (i).  Foi  ela  passada  a  2  de  Junho  de  í5i4;  ele  já  anteriormente  porem 
exercia  o  ofício  como  consta  de  uma  carta  de  brasão  de  27  de  Abril  do  mesmo 
ano  (2).  .Tenho  ainda  conhecimento  de  outra  carta  por  êle  passada  no  apon- 
tado ano  de  1 5 14,  a  1 1  de  Julho  (3),  e  sei  que  em  i3  de  Abril  de  1627  já 
outro  era  o  rei  de  armas  Algarve  (4).  Nas  duas  cartas  de  brasão  indicadas 
aparece  o  nome  do  rei  de  armas  escrito  James. 

Darei  em  seguida  as  noticias,  até  agora  encontradas,  relativas  ao  bacharel 
António  Rodrigues  e  aos  seus  colaboradores,  no  período  áureo  da  heráldica 
portuguesa. 

Martim  Vaz,  predecessor  daquele  rei  de  armas,  ainda  passou  uma  carta 


objectos  valiosos.  Conversámos  um  bocado,  e  de  repente  pregunta-me  o  Foz,  se  eu  co- 
nhecia um  livro  em  pergaminho  com  brasões  iluminados.  O  coração  estremeceu-me  logo, 
mas,  não  dando  nada  a  conhecer,  fui  puxando  e  ouvindo,  e  já  persuadido  de  que  se  tratava 
do  Livro  do  Armeiro  Mor,  adquiri  a  certeza  quando  o  Marquês  se  me  referiu  a  outro  pre- 
cioso manuscrito,  um  livro  de  horas,  revelando  haverem-lhe  sido  ambos  oferecidos. 

Não  podia  haver  dúvidas.  O  Duque  de  Albuquerque,  armeiro  mor,  tinha  o  livro  na  sua 
mão  e  havia  morrido  pouco  antes;  eram  pois  os  herdeiros  que  tratavam  de  fazer  dinheiro 
das  duas  preciosidades,  ambas  minhas  conhecidas.  Amicus  Fo^,  sed  magis  arnica  heráldica 
corri  ao  Terreiro  do  Paço,  subi  ao  ministério  do  Reino,  falei  ao  ministro,  então  António 
Cândido  Ribeiro  da  Costa,  e  preveni-o. 

Este,  ou  outra  pessoa,  mandou  pedir  o  livro  da  parte  dei  Rei  aos  herdeiros  do  falecido 
Armeiro  mor,  e  salvou-se  a  preciosidade.  Posteriormente,  por  uma  carta  de  25  de  Junho 
de  1899  do  actual  Conde  de  Mesquitela,  um  daqueles  herdeiros,  soube  com  exactidão  como 
teve  lugar  a  entrega  do  precioso  códice.  Foi  o  Conde  de  S.  Mamede,  secretário  dei  Rei,  e 
não  o  Ministro  do  Reino,  quem,  em  nome  de  D.  Carlos  e  da  sua  parte,  manifestou  o  desejo 
de  consultar  o  livro,  desejo  imediatamente  satisfeito.  Não  obstante,  acrescentava  eu  em 
1899,  era  para  a  Torre  do  Tombo  que  o  livro  precisava  ir,  não  só  por  ser  lá  o  seu  lugar, 
mas  também  por  a  forma  como  êle  saíra  da  mão  dos  herdeiros  do  penúltimo  Conde  de  Mes- 
quitela, assim  o  exigir. 

Na  Torre  do  Tombo  já  êle  se  encontra,  tendo  sido  para  lá  remetido  em  Setembro  de 
1912,  segundo  lacónica  informação  do  actual  Director. 

(i)  Corpo  cronológico^  part.  I,  mac.  i5,  doe.  53. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i5.°,  fl.  58. 

(3)  Ibidem,  liv.  11.»,  fl.  42. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  2.»  de  Doações,  fl.  5-/  v. 


1 2  Brasões 

de  brasão,  já  lá  acima  indicada,  em  2  de  Julho  de  i5o6;  poucos  anos  porem 
depois,  em  iSog,  já  António  Rodrigues  era  Portugal  rei  de  armas  principal, 
como  consta  da  data  do  Livro  do  Armeiro  mor  por  ele  assinado.  Contudo 
as  primeiras  cartas  de  brasão,  que  encontro  passadas  em  seu  nome,  são  duas 
do  ano  de  i5i2  (1). 

Organizada  por  D.  Manuel  a  pomposa  embaixada  de  Tristão  da  Cunha 
ao  papa  Leão  X,  o  Rei  de  armas  Portugal,  que,  com  «seu  escudo  muy  bem 
atabiado»,  precedia  o  embaixador  no  memorável  dia  12  de  Março  de  i5i4, 
em  que  êle,  com  o  elefante,  onça  e  tudo  mais,  fez  a  solene  entrada  em 
Roma  (2),  era  o  nosso  bacharel  António  Rodrigues  (3).  Pouco  por  lá  se  de- 
morou, pois  que  a  25  de  Outubro  do  mesmo  ano  já  de  volta  passava  uma 
carta  de  brasão  em  Lisboa  (4). 

Por  cá  permaneceu  exercendo  o  seu  ofício,  e  alcançou,  em  i53o,  por  al- 
vará de  10  de  Fevereiro,  confirmado  por  carta  de  12  de  Abril  de  i535,  que 
fossem  obrigados  todos  os  possuidores  de  despachos  para  tirarem  armas,  a 
requererem  as  respectivas  cartas  de  brasão,  sob  pena  de  perderem  o  direito 
aos  despachos  (5). 

Depois  foi  nomeado  juiz  das  sisas  de  Lisboa  por  carta  de  i3  de  Abril  de 
1644,  com  o  mantimento  anual  de  cinquenta  mil  quatrocentos  e  oitenta  e 
cinco  reais  (6),  e  ficou  acumulando  os  dois  ofícios,  como  consta  do  alvará  de 
3  de  Outubro  de  i55o  para  lhe  ser  pago  aos  quartéis  do  ano,  isto  é,  aos  tri- 
mestres, a  aposentadoria  numas  casas  por  ele  indicadas  (7). 

Ainda  viveu  António  Rodrigues  mais  alguns   anos,   porque  o  encontro 

«subscrevendo  várias  cartas  de  brasão  até  6  de  Julho  de  i558  (8).     Em  iSõg, 

a  29  de  Junho,  passou-se  ainda  outra  das  tais  cartas,  esta  porem  transitou 

directamente  pela  Chancelaria,  e  portanto  não  se  fez  nela  referência  ao  Rei 

de  armas  (9).     No  ano  seguinte  de  i56o  quem  exercia  o  ofício  de  Portugal 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  42.",  fl.  2  v.  e  4. 

(2)  Corpo  diplomático  português,  I,  284,  carta  do  dr.  João  de  Faria  a  el  Rei. 

(3)  A  25  de  Abril  de  i5i4  passou  o  Rei  de  armas  índia  uma  carta  de  brasão  {Chancelaria 
de  D.  Manuel,  liv.  11.»,  fl.  62  v.);  a  3  de  Junho  seguinte  passou  êle  outra,  declarando  o  fazia 
por  quanto  o  Rei  de  armas  Portugal  não  era  no  reino  {Ibid.,  fl.  40) ;  a  1 1  de  Julho,  sempre 
do  mesmo  ano  de  i5i4,  foi  passada  uma  carta  de  brasão  por  James,  rei  de  armas  Algarve, 
na  ausência  do  Rei  de  armas  Portugal,  em  serviço  com  Tristão  da  Cunha,  embaixador  em 
Roma  {Ibid.,  fl.  42). 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  11.°,  fl.  65  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  io.°  de  Doações^  fl.  60. 

(6)  Ibidem,  liv.  5."  de  Doações,  fl.  89  v. 

(7)  Ibidem,  liv.  4.°  de  Privilégios,  fl.  45  v. 

(8)  Chancelaria  de  D.  Sebastião,  liv.  i."  de  Privilégios,  fl.  291. 

(9)  Ibidem,  fl.  25 1 . 


Preâmbulo  13 

rei  de  armas  era  o  filho  de  António  Rodrigues,  Gaspar  Velho,  que  naquela 
qualidade  passou  uma  carta  de  brasão  em  i6  de  Março  (i).  Provavelmente 
o  Rei  de  armas  de  D.  Manuel  era  já  morto. 

Nos  quatro  anos  de  i5i2  a  i5i3  encontro,  fazendo  as  cartas  de  brasão, 
nem  menos  de  sete  indivíduos,  nenhum  deles  porem  se  intitula  escrivão  da 
nobreza,  e  julgo  que  o  seu  trabalho  teria  sido  unicamente  a  parte  caligráfica 
dos  documentos,  executando  a  artística,  a  iluminura,  o  próprio  Rei  de  armas, 
ou  o  tal  colaborador,  que  se  diz  ele  tivera  no  Livro  do  Amieiro  mor. 

Em  i5i7  porém,  a  2  de  Abril,  aparece-me  Pêro  de  Évora,  escrivão  da 
nobreza,  fazendo  uma  carta  de  brasão  (2).  O  alvará  de  nomeação,  no  qual 
êle  é  declarado  arauto  do  Príncipe,  foi-lhe  contudo  só  passado  a  22  de  De- 
zembro de  1620  (3). 

Por  este  documento  consta,  que  Pêro  de  Évora  tinha  a  seu  cargo  fazer 
todas  as  cartas  de  armas  iluminadas  e  com  o  seu  escudo  pintado  e  timbre, 
se  o  tivesse,  e  tudo  acabado  da  maneira  como  êle  havia  feito  a  do  Barroso 
de  Flandres  (4).  Ficou  obrigado  a  ter  sempre  esta  à  mão,  posta  em  uma 
táboa  e  assinada  por  el  Rei,  para  servir  de  modelo  e  amostra  aos  interessa- 
dos, que  por  cada  uma  análoga  por  êle  passada  seriam  obrigados  a  pagar-lhe 
oitocentos  reais;  isto,  se  eles  não  quisessem  obra  milhor,  porque  então  de- 
penderia de  ajuste.  Morto  D.  Manuel,  pediu  Pêro  de  Évora  confirmação 
do  seu  ofício  a  D.  João  III,  e  então  requereu  aumento  no  preço  das  cartas 
de  brasão,  alegando  ser  aquele  diminuto,  pois  que  gastava  muito  tempo  em 
as  fazer,  e  lhe  davam  muito  trabalho.  El  Rei  deferiu-lhe,  confirmando  o 
ofício  e  pondo  a  taxa  de  mil  reais  às  cartas,  por  alvará  de  10  de  Janeiro  de 
i534(5). 

Além  de  escrivão  da  nobreza  foi  Pêro  de  Évora  também  rei  de  armas  Al- 
garve, e  assim  se  intitula  já  em  carta  de  brasão  de  i3  de  Abril  de  1627  (6), 
e  ambos  estes  ofícios  conservou  até  à  morte,  acumulando-os  com  o  de  escri- 
vão d'ante  os  corregedores  do  cível  e  crime  da  correição  de  Lisboa,  para 
que  foi  nomeado  em  3  de  Março  de  i53o  (7). 

E  com  data  de  3i  de  Julho  de  i537  que  encontro  a  última  carta  de  brasão 


{i)  Armaria  portuguesa  CiX-j^çià.^.  5 \o. 

(a)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  9.°,  fl.  7  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  42  <>  de  Doações,  fl.  io3,  incluído  noutro. 

(4)  O  secretário  Cristóvão  Barroso,  enviado  e  depois  embaixador  de  Carlos  V  a  D.  João  III 
e  que  parte  muito  activa  tomou  em  contrariar  o  casamento  deste  rei  com  sua  madrasta,  se 
é  que  em  tal  se  pensou. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  42.°  de  Doações^  fl,  io3, 

(6)  Ibidem,  liv.  2.°,  fl.  5j  v. 

(7)  Ibidem,  liv.  42.",  fl.  io3  v. 


H 


Brasões 


feita  por  Pêro  de  Évora,  entre  as  registadas  na  Torre  do  Tombo  (i),  e  já  a 
21,  23  e  27  do  mesmo  mês  aparecem  outras  feitas,  em  nome  de  Pêro  de 
Évora,  por  António  de  Holanda  (2),  que  de  7  de  Agosto  (3)  por  diante  con- 
tinua a  fazer  as  mais. 

Seria  nesta  ocasião,  princípios  de  Agosto  de  i537,  '^^^  ^  Escrivão  da 
nobreza  partiria  em  serviço  dei  Rei  para  França,  onde  faleceu  antes  de  i3 
de  Janeiro  de  1542,  data  da  carta  de  mercê  do  ofício  a  seu  íilho  Jorge  Pe- 
droso (4).  Creio  mesmo  que  morrera  muito  antes,  porque  até  9  de  Agosto 
de  i638  António  de  Holanda  declara  fazer  as  cartas  por  Pêro  de  Évora,  es- 
crivão da  nobreza,  ao  passo  que,  logo  a  23  de  Setembro  do  mesmo  ano  e 
d'aí  por  diante,  êle  as  faz  por  mandado  de  S.  A.,  sem  mais  nomear  o  antigo 
Escrivão  (5).  D'aqui  concluo,  talvez  acertadamente,  que  já  então  tinha  che- 
gado a  notícia  do  falecimento  de  Pêro  de  Évora.  E  ainda  mais  mo  confirma 
o  ver  a  António  de  Holanda  intitular-se  escrivão  da  nobreza  em  3  de  Março 
de  1539,  como  logo  direi. 

Deveria  ter  Pêro  de  Évora  partido  para  França  com  o  dr.  Brás  Neto, 
bispo  de  Santiago,  e  com  o  desembargador  Afonso  Fernandes,  nomeados  por 
D.  João  III,  em  i5  de  Julho  de  1637,  para  servirem  com  dois  Franceses  de 
juízes  árbitros  na  questão  das  tomadias,  que  haviam  de  ser  julgadas  em 
Baiona  (6). 

Aquele  António  de  Holanda,  acima  nomeado,  é  o  bem  conhecido  pai  do 
famoso  Francisco  de  Holanda,  e  por  este  em  seus  escritos  posto  nos  píncaros 
da  arte  de  iluminador. 

Sucedera  António  de  Holanda  a  Francisco  Henriques,  notável  pintor  do 
seu  tempo,  falecido  de  peste  em  fins  de  i5i8,  princípios  de  iSig,  no  ofício 
de  passavante  e  já  o  exercia  em  1628(7).  ^^^  P^^^  ^^  qualidade  de  oficial 
da  nobreza  que  êle  começou  a  servir  de  escrivão  por  Pêro  de  Évora  a  21  de 
Julho  de  1537,  como  fica  dito;  já  antes  disso  porem  por  algumas  vezes  tinha 
pintado  cartas  de  brasão  por  provisão,  ou  especial  mandado,  dei  Rei.  Duma 
sei  eu  a  I  de  Outubro  de  i533  (8),  e  doutra  a  27  de  Setembro  de  i536,  na 
qual  já  se  intitula  oficial  da  nobreza  (9). 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  23.*  de  Doações,  fl.  G4  y. 

(2)  Ibidem,  liv.  44.°,  fl.  82,  e  liv.  23.",  fl.  82. 

(3)  Ibidem,  liv.  23.»,  í\.  gS  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  42.",  fl.  io3. 

(5)  Ibidem,  liv.  44°,  fl.  94  v.,  e  liv.  27.°,  fl.  9. 

(6)  Visconde  de  Santarcrri;  Quadro  elementar,  III,  264. 

(7)  Vida  e  obras  de  Gil  Vicente,  pág.  241. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  46.'*  de  Doações,  fl.  72  v. 

(9)  Ibidem,  liv.  22.»,  fl.  92. 


Preâmbulo  i5 

De  7  de  Agosto  de  iSSy  por  diante,  até  9  do  mesmo  mês  do  ano  seguinte, 
como  já  disse,  fez  António  de  Holanda  trinta  cartas  de  brasão  por  Pêro  de 
Évora,  escrivão  da  nobreza,  ausente  em  França.  De  23  de  Setembro  desse 
mesmo  ano  de  i538,  até  21  de  Fevereiro  do  seguinte,  encontram-se  quatro 
cartas  feitas  pelo  mesmo  oficial  da  nobreza  por  mandado  especial  dei  Rei  (i). 
Em  3  de  Março  de  iBSg  intitula-se  escrivão  da  nobreza  (2),  e  d'aí  por  diante 
fez  mais  cinquenta  e  quatro  cartas  de  brasão,  subscrevendo  umas  apenas  com 
o  seu  nome,  outras  declarando  as  fizera  por  especial  mandado,  e  muitas  in- 
titulando-se,  ora  oficial  da  nobreza,  ora  seu  escrivão.  A  última  por  êle  feita 
é  de  19  de  Julho  de  i532  (3),  notando-se  que  isto  é  tirado  das  registadas  na 
Torre  do  Tombo,  que  muitas  outras  faria,  tanto  este  escrivão  da  nobreza, 
como  o  seu  predecessor,  as  quais  não  fossem  lá  registadas. 

Em  3i  de  Agosto  de  1642  já  existe  uma  carta  de  brasão  feita  por  Jorge 
Pedroso,  escrivão  da  nobreza,  filho  de  Pêro  de  Évora,  para  aquele  ofício  no- 
meado em  i3  de  Janeiro  do  mesmo  ano  (4). 

Foram  pois  Pêro  de  Évora  e  António  de  Holanda  os  dois  principais  co- 
laboradores de  António  Rodrigues,  e  os  artistas  exímios  que  iluminavam 
aqueles  tam  característicos  e  scientíficos,  desculpem-me  a  expressão,  brasões 
quinhentistas. 

Antes  de  acabar  coni  êle  ainda  mais  duas  palavras  a  respeito  do  Livro 
do  Armeiro  mor,  ou  Livro  Grande,  como  também  lhe  chamavam. 

Quando  António  Rodrigues,  em  16  de  Agosto  de  1609,  o  datou,  assinou, 
e  provavelmente  entregou  ao  Armador  mor,  não  estava  o  livro  acabado,  ou 
então  era  muito  deficiente  (5). 

Pelo  mesmo  pincel  estão  iluminados  os  brasões  até  à  folha  i34  inclusive, 
e  mais  um  escudo  no  alto  da  folha  i35.  Na  folha  i36,  tomando  toda  a  lauda, 
está  pintado  por  outra  mão,  mas  ainda  de  artista,  o  brasão  dos  Ribafrias,  tendo 
escritos  por  baixo  uns  dizeres  relativos  à  concessão  daquelas  armas.  Na  folha 
seguinte,  a  137,  também  tomando  todo  o  recto  dela,  vêem-se  as  armas  de 
Diogo  de  Torres,  estas  porém  pintadas  por  mão  bem  mais  inexperiente. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  Doações,  livs.  27.°,  fl.  2,  9  e  16,  e  44.°,  fl.  ii3  v. 
(2)  Ibidem,  liv.  27.°,  fl.  20  v. 
Í3)  Ibidem,  liv.  32.»,  fl.  64.J 

(4)  Ibidem^  liv.  32.»,  fl.  74  v.,  c  liv.  42.",  fl.  io3. 

(5)  Pedro  de  Mariz,  no  Prólogo  anteposto  à  Chronica  de  D.  Afonso  IV  de  Rui  de  Pina 
e  impresso  juntamente  com  ela  na  edição  de  i653,  no  verso  da  folha  5  das  preliminares  não 
numeradas,  declara  haver  sido  o  livro  dos  brasões,  mandado  fazer  por  D.  Manuel  e  por  êle 
entregue  aos  Armadores  mores,  acabado  no  ano  de  iSig,  «como  delle  se  vê».  O  que  dele 
se  vê  é  ter  havido  aqui  erro  de  cópia  ou  de  impressão,  porque  no  livro  está  muito  clara- 
mente «XV.  dias  de  agosto  de  mill  e  .v^.  e  ix.  Annos». 


1 6  Brasões 

Não  é  por  ao  livro  se  terem  acrescentado  estas  armas,  que  eu  Julgo  ele 
ter  sido  dado  por  promo,  estando  incompleto  ainda;  não  é,  porque  elas  são 
ambas  de  datas  muito  mais  modernas,  umas  de  i54i,  as  outras  de  i56o. 
E  sim  por  nele  faltarem  armas  concedidas  por  cartas  de  brasão  anteriores  a 
iBoQ,  que  julgo  o  livro  ter  sido  entregue  incompleto,  ou  então  ter  o  trabalho 
sido  revisto  com  pouco  cuidado.  Note-se  sempre  que  eu  só  sei  do  existente 
na  Torre  do  Tombo,  e  que  muito  mais  haveria  que  lá  não  chegou  a  ser  re- 
gistado, facto  pelo  próprio  livro  atestado. 

Existiam  já  as  armas  dos  Guantes  dadas  em  20  de  Julho  de  1454,  as  dos 
Cáceres,  em  23  de  Junho  de  1459,  as  dos  Câmaras,  em  4  de  Julho  de  1460, 
as  dos  Frades,  em  8  de  Novembro  de  147 1,  e  as  dos  Garros,  em  3i  de  Agosto 
de  1475  (i),  e  nenhuma  delas  aparece  no  livro  de  António  Rodrigues.  Isto 
não  falando  nas  armas  concedidas  a  Gil  Simões,  Lopo  Esteves,  João  Lou- 
renço, Gabriel  Gonçalves  (2)  e  outros,  porque  estes  não  originaram  estirpe, 
e  d'aí  não  admira  lhes  não  dessem  cabimento  aos  brasões  no  Livro  do  Ar- 
meiro  mor. 

Vamos  agora  ao  terceiro  livro. 

Apesar  das  acuradas  investigações,  e  do  primor  da  iluminura,  reconhe- 
ceu-se  que  ao  livro  de  António  Rodrigues  faltava,  como  a  toda  a  obra  hu- 
mana, a  perfeição.  Para  remediar  isto  encarregou  D.  Manuel  a  António 
Godinho,  escrivão  da  câmara,  de  emendar  os  erros  contra  as  regras  da  ar- 
maria cometidos,  e  de  acrescentar  o  que  necessário  fosse,  principalmente  os 
timbres,  a  cada  uma  das  linhagens.  Do  trabalho  de  António  Godinho  vemos 
o  brilhante,  ainda  que  não  de  todo  impecável,  resultado,  em  um  livro,  cha- 
mado da  Torre  do  Tombo  por  lá  ser  guardado.  Tem  ele  um  título  mais 
moderno  em  letras  doiradas  dentro  de  uma  espécie  de  ramagem  feita  à  pena 
com  tinta  preta,  tomando  todo  o  frontispício  e  cheia  de  desenhosinhos.  Diz 
o  título:  Liuro  da  nobreza  /  perfeiçam  das  armas  /  dos  Reis  christãos  e  no- 
bres li  I  nhages  dos  reinos  e  senhori  /  os  de  Portugal  /  (3). 


(i)  Armaria  portuguesa  cit.,  págs.  235,  97,  104,  2o3  e  221. 

(2)  Respectivamente  em  1488,  1471  e  1475  (duas),  Ibidem,  págs.  477,  184,  280  e  23i. 

(3)  Assim  como  do  livro  de  António  Rodrigues,  reservarei  a  descrição  do  de  António 
Godinho  para  ocasião  mais  oportuna.  Transcreverei  contudo  o  Prólogo,  interessante,  ape- 
sar de  um  pouco  longo,  e  que  serve  em  parte  para  fundamentar  o  meu  texto.    Aí  vai: 

«PROLOGO  DIRIGIDO  AO  MVITO  ALTO  E  MVITO  PODEROSO  ELREY  DOM 
lOAM  O  TERCEIRO  DESTE  NOME  E  QVINTODECIMO  DOS  REIS  DE  PORTVGAL 
Per  antonio  Godinho  Seu  Scriuam  da  Camâra 

MVITO  ALTO  E  MVITO  PODEROSO  REY  E  SENHOR  DICTO  HE  DE  PLATAM. 
Que  se  a  virtude  com  os  olhos  corporaes  se  visse,  Geraria  amor  de  ssimesma,  E  por  isso  os 


Preâmbulo  17 

Pela  leitura  do  Prólogo  deste  livro  na  nota  transcrito  fica-se  sabendo, 
melhor  que  pela  Chronica,  quais  as  intenções  de  D.  Manuel  ao  ordená-lo. 


poetas  &  sabeos  trabalharão,  De  a  ensinar  decrarandoa  per  metaphoras  fingimentos  de  figu- 
ras, Pêra  o  etediméto  &  coracã  a  milhor  setir  e  cõceber,  Os  antigos  fazia  statuas  c6  q  muito 
encendiã  os  ânimos  nella  segundo  SALVSTIO  &  outros  autores,  E  por  que  nos  premyos 
Que  os  príncipes  dam  aos  bõs,  A  proporçam  he  necessarea  segundo  as  calidades  dos 
méritos.  Cousa  conueniente  foy  os  que  sinaladas  virtudes  fazem  serem  sinalados  com  images 
de  insines  armas.  Com  as  quaes  guardando  a  immortalidade  de  suas  famas,  Seus  socessores 
teuessem  obrigaçam :  de  os  imitar,  Que  muita  parte  dos  homcs  se  moue  mais  polia  fama  q 
per  outra  virtude)  E  vedo  nas  coronicas  se  nõ  screuer  de  todos  &  dos  Que  ssescreue:  sere 
breuemete  recõtados  seos  feitos:  nõ  se  tratando  dos  priuilegios  liberdades  Que  per  cartas 
dos  REIS  lhes  foram  dadas  Quando  os  nobilitarão,  Tinha  em  costume  por  suas  memoreas 
se  nom  perderem,  Assi  como  de  as  acrecetar  com  virtuosos  &  memoraueis  feitos,  Cõ  ex- 
presso cuidado  fazer  registar  as  armas  de  suas  nobrezas  nos  liuros  dos  reis  delias  perfeita- 
mete:  requerendolhes  fezessem  as  aruores  de  suas  genologias,  Satisfazendo  os  segundo  seu 
regimento,  Parece  Que  por  se  nom  fazer  nestes  Reinos  como  conuinha,  Cayo  em  tantanto 
esquecimento  esta  deuida  lembrança  &  ta  se  ella  viera  a  vsar  delias.  HQs  que  inorando  as 
diminuyam  Outros  Que  ressabendo  as  acrecetauã  Outros  Que  com  proueza  frouxidade :  ou 
cruel  ventura  as  desemparauam  que  se  ELREY  vosso  padre  Que  ds  tem  o  nõ  oulhara: 
aquerindo  pêra  si  o  despacho  Que  dantes  era  nos  reis  darmas:  encarregandosse  disso  como 
de  cousa  sua,  Nom  fora  muito  elles  delias  ficarem  alheyos,  E  buscadas  per  seu  mandado: 
em  liuros  sepulturas  edeficios  e  lugares  em  q  se  achauam,  Delias  &  as  dos  REIS  cristãos 
mouros  &  getios  o  LIVRO  gramde  ouue  copea,  Per  cima  disso  tomada  enformaçam  dalgus 
officiaes  darmas  Que  has  cortes  do  EMPERADOR  .  REY  de  frãça  Castella  Ingraterra  êuyou 
ver  o  Que  se  la  costumaua  Achou  ser  necessareo  corregerêse  muitas  Que  desconcertadas: 
polia  corruçam  do  longo  tempo  erao  &  cõuinha  darese  timbres  a  todas :  por  serem  ia  per- 
didos &  se  nõ  acharem.  Cuia  mingoa  &  defeito.  S  A.  Querendo  prouer  (Que  ao  REY  conuem 
dar  o  timbre  &  nõ  o  que  cada  hum  Quer  tomar  como  algus  cuidam,  lhes  deu  os  mais  no- 
bres Que  se  dar  podiam  mãdandoas  aqui  asentar  em  toda  perfeiçam  per  suas  antiguidades 
&  como  no  dicto  liuro  se  achara,  Acrecetando  antes  ê  muitas  cousas  Que  minguado  algua, 
Guardando  as  insines  regras  polia  seguinte  maneira.  Sam  os  chefes  das  linhagés  obrigados 
a  trazer  as  armas  dereilas  Asi  como  foram  dadas  ao  primeiro  Que  as  ganhou  &  os  outros 
CÕ  as  deferenças  Que  seus  grãos  requerem,  Que  o  ai  seria  desordem  &  baxeza  daquelle  Que 
honrar  se  quisesse  de  honra  nõ  sua,  Antes  deuia  ter  aquella  vergonha  Que  diz  PLÍNIO  no 
capitolo  da  honra  da  pintura  terem  os  romãos  Que  socediam  as  casas  dos  passados  em  Que 
ficauam  suas  armas  sobollas  portas.  Por  entrarem  cada  dia  No  trunfo  Aheyo,  E  auer  por 
mais  Qualquer  menos  scudo  seu  Que  outro  Que  se  contradiz,  Demaneira  q  esta  regra  quis 
se  guardasse  primeiramente  antre  os  senhores  IFANTES  vossos  irmãos:  segundo  pellos 
labeos  se  mostra,  Mudarãlhe  os  timbres:  porq  despois  de  .S.  A.  ter  vistos  os  liuros  &  pa- 
recer de  seus  reis  darmas,  Ouue  porbem  o  tíbre  real  se  nom  trazer  sem  mudança.  Posto 
Que  rias  outras  linhagés  assi  nõ  fosse,  E  os  Que  traziam  armas  reaes  squarteladas:  trou- 
uessê  suas  bastardias,  Querêdo  o  ainda  scusarse  nã  se  achara  q  nos  REIS  se  nõ  purgauam, 
Nê  o  esquartelado  bastaua  pêra  deferêça,  A  regra  dos  outros  timbres  he  tirarêse  dos  scudos, 
avedo  nelles  cousas  de  q  se  possa  fazer:  ou  darêlhos  daigúas  cõformes  aos  apelidos  &  assi 
se  fez  a  todallas  armas,  per  outra  regra  Que  manda  nÕ  trazer  metal  sobre  metal  nê  cor  sobre 
cor:  se  vereficaram  muitas  Que  falsas  handauam :  podendosse  presumir  nom  serem  verda- 

VOL.  I  3 


1 8  Brasões 

As  primeiras  investigações  acerca  dos  brasões  dos  nobres  portugueses  foram 
feitas  no  reino  pelos  reis  de  armas  João  Rodrigues  e  António  Rodrigues, 


déiras,  Também  avia  no  liuro  algúas :  Que  separados  scudos  de  húa  maneira  seruiam  três 
&  quatro  linhagês  como  sã,  Silueiras,  Pestanas,  Leitões,  Coutinhos,  Fonsecas,  Tauares  & 
outros,  sobre  as  quaes  ouue  oupenyam  Que  as  deferençassem.  Pêra  cada  huas  serem  per  si 
conhecidas.  E  achandosse  as  taes  linhagês  procederem  hilas  doutras.  Nos  timbres  somente 
se  diuidiram  pello  modo  já  dicto.  Outras  auia  Que  nií  soo  scudo  se  nomeauam  duas  linhagês. 
Assi  mesmo  foram  apartadas.  As  nouas  que  se  acharem  cõ  elmos  abertos  vam  per  modo 
dantiguidade :  poUo  liuro  se  fa^er  pêra  muito  tempo  &  irem  nomeadas  nos  decendentes  dos 
que  as  ganharam.  Os  quaes  ate  o  quarto  grão  as  nom  pode  fora  delle  assi  trazer.  Em  todos 
os  outros  brasões  os  elmos  se  abriram.  Que  sendo  as  linhagês  mui  antigas  estauam  çarrados. 
Fezeramse  oito  scudos  en  cada  folha  como  estam  no  grande  do  meyo  por  diante,  polia  or- 
dem e  que  o  começo  hia  demandar  demasiada  altura  &  conuinha  ser  manual  &  portátil, 
pêra  com  elle.  S.  A.  despachar  as  armas  &  se  lembrar  das  linhagês  &  o  ter  por  registo  delias. 
Outras  muitas  cousas  se  emendarão  Que  seria  dilatoso  dezeremse.  E  por  este  liuro  nÕ  ser 
ainda  acabado  Quando  ds  leuou  ELREI  .VA.  nom  esquecido  de  dar  fim  has  cousas  per  elle 
começadas,  o  mandou  acabar.  E  có  elle  nÕ  ousaram  algús  fazer  confusam  cõ  os  apellidos  Que 
as  gentes  do  pouo  costumam  tomar  ou  poer  per  desdém  hús  a  outros.  E  despois  pedem  ar- 
mas &  as  ham  indiuidamcte.  E  em  .V.  A.  oulhar  por  tal  deuassidade:  faz  mercê  aos  grandes 
&  fidalgos  &  nÕ  pouca  iustiça.  Que  a  honra  Que  hus  ganharam  per  uirtudes  grandes  ser- 
uiços  &  acrecentameto  dos  reinos.  Iniusta  cousa  he  outros  per  engano  a  auerem  com  gram 
preiuizo  de  pouo  Que  na  sogeiçam  dos  pedidos  fica,  Nem  teram  rezam  de  se  agrauauar 
aquelles  Que  teuerem  armas  mal  auidas  ou  as  quiserem  aver:  pois  he  cousa  tam  notorea 
.V.  A.  averse  mui  liberalmete  nisso  Nobilitando  muitas  pessoas  com  singulares  armas  &  com 
outros  nõ  husando  riguroso  exsame :  por  naturalmente  auer  na  condiçam  de  V.  A.  esta  ex- 
celência aliem  das  outras  em  que  também  nom  som  dino  fallar,  Folgar  de  dar  honra  a  toda 
pessoa  Que  lha  pede  &  a  merece,  Como  se  manifesta  pellos  grandes  de  seus  reinos  Que  fez 
mayores,  Fez  muitos  perlados  [e]  Condes  &  muitos  fidalgos  do  conselho,  &  a  outros  deu  o 
dõ  &  a  muitas  molheres,  Fazendo  de  muitos  caualeiros  fidalgos  &  de  piaes  caualeiros  Hõ- 
rando  com  aueto  de  nosso  senhor  lESV  CHRISTO  Grande  numero  de  pessoas.  Nunca  do- 
uidou  acrecentar  A  caualeiros  &  escudeiros.  Nom  somente  aquelles  a  que  uinha  per  foro : 
mas  aos  que  em  outros  tempos  se  nom  costumaua  fazer,  Pois  Quem  vir  os  liuros  das  mo- 
radias &  tenças  Que  tem  dadas  com  os  passados:  ficara  mui  espantado  de  tanta  nobreza, 
E  os  filhamentos  sem  moradias  a  que  fim  foram  senam  ter  gosto  de  honrar  pessoas.  Digam 
os  theologos  Canonistas  legistas :  outros  leterados  &  studantes  Quanta  honra  &  mercê  oneram 
por  nobilitar  com  isso  os  pouos,  Confessem  as  Cidades  seus  acrecentamêtos,  E  as  villas 
Quatas  delias  fez  cidades  &  outras  notaueis,  E  as  aldeãs  Quantas  delias  fez  villas,  Pois  os 
edeficios  nom  se  podem  negar  suas  manificencias  &  que  nõ  vimos  restauradas  as  vitruicas 
n:^edidas  q  de  tantos  annos  a  esta  parte  por  nÕ  auer  tanta  grandeza  de  ânimos  Que  as  con- 
seruassem  pereceram,  Nom  negaram  as  ilhas  &  terras  de  seus  senhorios  quam  nobilitadas 
de  perlados  e  sees  com  dinidades  &  moesteiros  sam  &  de  outros  preuilegios,  priuilegiando 
no  defender  das  sedas  pessoas  despriueligiadas  pêra  que  honradamente  &  como  caualeiros 
podessem  viuer,  Lembrouse  da  nobreza  dos  estrangeiros  ê  seus  reinos  moradores  mandando 
saber  &  asentar  suas  armas,  Procurando  acrarar  algúas  linhagês  escuras  e  as  ter:  por  se  nom 
acharem  nos  liuros  nem  delias  auer  pessoas  conhecidas,  Nom  ouso  tocar  em  suas  mayores 
grandezas  temendo  o  prouerbio  de  APELES  Ne  super  crepidã  sutor  iudicaret.  E  bem  sei 


Preâtnbulo 


19 


entre  os  anos  de  1496  e  1609,  e  delas  o  produto  hoje  existente  foi  o  Livro 
do  Amieiro  mor. 

Feito  este,  mandou  D.  Manuel  alguns  oficiais  de  armas  às  cortes  do  Im- 
perador e  dos  Reis  de  França,  Castela  e  Inglaterra,  a  tomarem  informações 
respectivas  ao  seu  ofício,  nessas  cortes  posto  em  estado  de  grande  perfeição. 
Voltando  os  oficiais  reconheceram-se  graves  imperfeições  no  livro  de  António 
Rodrigues  e  viu-se  a  necessidade  de  ser  emendado  e  ampliado.  Encarregou 
então  disso  el  Rei  a  António  Godinho.  Acrescentou  ele  os  timbres  aos  bra- 
sões, seguindo  o  exemplo  alemão  e  inglês  e  despresando  o  francês  e  o  cas- 
telhano; e  emendou  muitos  deles  com  infracções  às  regras  da  armaria  ilumi- 
nados no  precedente  trabalho,  mas  ainda  deixou  escapar  alguns  erros,  poucos, 
dos  mais  intoleráveis  porém,  os  de  metal  sobre  metal.  Haja  vista  nas  armas 
dos  Eças,  um  cordão  de  oiro  sobre  campo  de  prata,  e  nas  dos  Albergarias, 
a  bordadura  de  prata,  sendo  o  campo  do  mesmo  metal. 

Começou  António  Godinho  o  seu  livro  ainda  no  reinado  de  D.  Manuel, 
portanto  ainda  antes  de  1 3  de  Dezembro  de  i52i;  e  findou-o  depois  do  ano 
de  i528,  antes  porém  de  16  de  Setembro  de  1541.  Chego  a  esta  conclusão 
pelo  exame  dos  brasões  lá  pintados. 

Há  folhas  às  quais  posso  precisar  bastante  o  tempo  em  que  foram  ilumi- 
nadas. São  elas  a  sétima  no  verso  e  toda  a  oitava.  Esta  parte  foi  feita 
entre  os  dias  9  de  Setembro  de  1 5 16  e  7  de  Março  de  iSiy.  Na  folha  oi- 
tava vêem-se  as  armas  do  infante  D.  António,  nascido  na  primeira  data  apon- 
tada; na  outra  folha  as  da  rainha  D.  Maria,  falecida  no  segundo  dia  marcado. 
Não  pode  pois  haver  dúvida;  continuarei  porém  com  o  que  diz  respeito  ao 
livro  em  geral.  . 

Na  folha  41  encontram-se  as  armas  de  Cristóvão  Leitão,  e  conhece-se  ha- 
verem sido  desenhadas  e  pintadas  pela  mesma  mão  que  fez  o  resto  do  livro. 


que  VOSSA  ALTEZA  posto  que  com  verdadeira  speculaçam  sinta  &  enda  as  cousas  de 
scientia  &  arte,  A  muita  grandeza  sua  lhe  faz  dissimular  a  fraqueza  dos  engenhos  daquelles 
Que  o  seruem  nellas.  Mas  por  esta  obra  ser  cousa  Que  se  ha  de  mostrar  &  o  tachar  he  fácil 
&  o  fazer  difícil,  f  íumilmete  lhe  peço  que  lembrandolhe  alguém  os  defeitos  delia :  se  lembre 
Que  ainda  se  nõ  vio  pintura  perfeita  ne  em  outras  artes  Quem  e  tudo  acertasse.  Nem  duuido 
aver  pessoas  a  que  pareça  mal  os  liões  agueas  &  outras  figuras  nõ  serem  postas  ao  uiiio, 
Mas  a  arte  das  armas  he  pintarense  con  ferocidade  sobre  natural.  Grandes  nembros  bocas 
unhas  &  corpos  delgadçs  estendidas  ha  feiçam  dos  scudos  terços  quartos  &  outras  repar- 
tições Que  desacompanhadas  parecerim  mal  &  pior  as  figuras  encolhidas.  Cuia  pintura  aqui 
escusa  pintarêse  per  palauras  propias  &  naturaes,  E  como  as  armas  seiam  sinaes  de  uirtu- 
des,  sam  obrigados  os  nobres  husar  do  que  os  liões  serpes  aues  &  outras  feras  ou  mansas 
&  os  metaes  &  cores  delias  seneficam,  Daqual  Arte,  Por  ELREY  Que  ds  tem  Ter  gosto  de 
se  seruir  de  ml  Procurei  saber  o  que  pude  &  neste  liuro  fiz  o  que  bastaua  Posto  Que  nom 
fezesse  o  Que  se  poderá  fazer  Se  as  outras  em  que  de  contino  Seruia  Me  deram  Lugar.» 


20  Brasões 

Ora  àquele  Cristóvão  Leitão,  que  foi  coronel  e  capitão  dos  alabardeiros, 
deram-se  armas  por  duas  cartas  de  brasão,  uma  de  21  de  Abril  de  1624,  a 
outra  de  3o  de  Junho  de  i528  (i).  As  concedidas  pela  primeira  carta  foram 
bastante  modificadas  pela  segunda  e,  conformes  com  as  desta,  estão  elas  no 
livro  de  António  Godinho;  logo,  este  ainda  não  estava  concluído  em  i528. 

No  verso  da  mesma  folha  estão  as  armas  de  Jorge  Dias  Cabral,  as  quais, 
em  virtude  da  ordem  cronológica  adoptada  por  António  Godinho,  segundo 
ele  próprio  declara,  haviam  de  ter  sido  confirmadas  depois  de  concedidas  as 
de  Cristóvão  Leitão,  e  digo  confirmadas,  porque  consta  haverem  elas  sido 
dadas  por  Carlos  V.  Não  existe  contudo  a  carta  de  confirmação,  e  portanto 
não  posso  aproximar  mais  a  data  da  conclusão  do  livro. 

Na  folha  42  deste  vêem-se  as  armas  de  Gaspar  Gonçalves  de  Ribafria, 
pintadas  e  desenhadas  porem  por  mão  muito  mais  inábil,  certamente  não  a 
do  exímio  artista  que  havia  feito  o  resto.  A  carta  de  brasão  de  Gaspar  Gon- 
çalves foi  passada  em  16  de  Setembro  de  i54i  (2);  logo,  a  esse  tempo  já  o 
livro  estava  concluído  e  entregue  na  Torre  do  Tombo. 

E  não  o  deram  por  findo  só  então,  segundo  creio,  antes  me  parece  que, 
pouco  depois  de  pintar  as  armas  de  Cristóvão  Leitão  em  i528,  deu  António 
Godinho  a  sua  tarefa  por  acabada.     Vou  apresentar  as  minhas  razoes. 

De  brasões  de  famílias,  registados  na  Torre  do  Tombo  anteriormente  a 
3o  de  Junho  de  i528,  omitem-se  no  livro  de  António  Godinho  os  dos  Guan- 
tes, Cáceres,  Frades,  Garceses,  Spínolas,  Lombardos,  Amadores,  Tangeres, 
Saccides,  Loronhas,  Beringéis,  e  la  Penhas:  doze  ao  todo. 

Dos  registados  no  mesmo  Arquivo,  entre  a  precedente  data  e  a  de  16  de 
Setembro  de  1541,  faltam:  Búzio,  Pegado,  Calheiros,  Imperial,  Altero,  Ar- 
nau,  Accioli,  Padilha,  Rios,  Cisneiros,  Badajoz,  Maciel,  Mariz,  Figueiroa, 
Pó,  Segurado,  Varela,  Gago,  Espargosa,  Zagaio,  Calema,  Landim,  Maldo- 
nado, Alfaro,  Valdês,  Viegas,  Couto,  Drumond,  Proença,  Chanoca,  Pavia, 
Seixas,  Corelha,  Carvalhal  Bemfeito,  Gacoto,  Vilanova,  Caminha,  César, 
Barêm,  Esteves  e  Palhavan:  quarenta  e  um  ao  todo. 

E  realmente  pouco  explicável  a  omissão  dos  doze  do  primeiro  grupo, 
confesso-o;  mas,  para  a  dos  outros  quarenta  e  um  do  segundo  grupo,  muito 
mais  numerosos  em  um  período  muito  mais  curto,  há  a  explicação  do  livro 
estar  já  abandonado  pelo  seu  autor.  Tanto  mais,  que  neste  segundo  grupo 
encontram-se  nada  menos  de  quatro  concessões  de  armas  novas:  Espargosa, 
em  3  de  Novembro  de  i533.  Couto,  em  28  de  Março  de  i536.  Carvalhal 
Bemfeito,  em  27  de  Setembro  de  i537,  e  Vilanova,  em  3  de  Fevereiro  de 


(i)  Armaria  portuguesa,  págs.  260  e  261. 
(2)  Ibidem,  pág.  438. 


Preâmbulo  2 1 

i538(i);  e  três  acrescentamentos  a  armas  antigas:  Çacoto,  em  19  de  Julho 
de  i538,  Gesar,  em  22  de  Julho  de  ib3g  e  Barêm,  em  14  de  Janeiro  de 
1540  (2). 

Não  há  dúvida  que  António  Godinho  podia  ter  posto  todas  estas  armas 
no  seu  livro,  porque  ele  sobreviveu  muitos  anos  ainda  às  datas  apontadas, 
como  veremos. 

Depois  de  dada  a  sua  tarefa  por  finda,  foi  António  Godinho  por  várias 
vezes  nomeado  pelo  rei  para  servir  de  inquiridor  na  prova  apresentada  pelos 
suplicantes  afim  de  se  lhes  concederem  brasões.  Encontro-o  em  i538,  a  9 
de  Abril,  em  1642,  a  3i  de  Agosto,  em  1644,  a  9  de  Novembro,  em  1648, 
a  5  de  Junho,  17  de  Agosto,  12  e  18  de  Novembro,  em  1549,  a  9  de  Julho, 
em  i5õo,  a  4  de  Janeiro  e  7  de  Outubro,  e  finalmente  a  23  de  Junho  de 
i553(3). 

Nestes  documentos  é  umas  vezes  intitulado  escrivão  da  corte,  outras  es- 
crivão da  câmara,  e  outras  escrivão  da  câmara  e  do  desembargo  do  paço. 

António  Godinho  ainda  viveu  mais  alguns  anos,  pois  que  por  carta  de  8 
de  Janeiro  de  ibb']  lhe  foi  concedido  ter  um  ajudante  para  lhe  escrever  as 
cartas  e  provisões,  sendo  ele  a  esse  tempo  cava<leiro  fidalgo  da  casa  dei  Rei, 
seu  escrivão  da  câmara,  e  escrivão  d' ante  os  desembargadores  do  paço  (4). 
Esta  carta  também  serve  para  mostrar  que  António  Godinho,  pelo  facto  de 
ter  sido  nomeado  em  1544  escrivão  do  desembargo  do  paço,  não  deixou  de 
ser  escrivão  da  câmara  dei  Rei,  como  supôs  o  Visconde  de  Jurornenha,  tirando 
d'aqui  a  conclusão  de  que  o  livro  havia  de  estar  acabado  antes  do  despacho  (5); 
e  estava  com  efeito,  mas  por  outro  motivo,  como  deixei  dito. 

Todo  este  estirado  aranzel  sobre  os  livros  das  armas  parecerá  ao  leitor 
não  vir  a  propósito  da  sala  dos  brasões  no  paço  de  Sintra;  pois  parece-me 
que  vem,  e  verá. 

Aquela  sala  foi  também  mandada  fazer  por  D.  Manuel.  Di-lo  o  seu  ci- 
tado cronista,  e  não  duvido  que  el  Rei  tivesse  para  esse  fim  aproveitado  a 


(1)  Armaria  portuguesa,  págs.  i8i,  i66,  122  e  546. 

(2)  Ibidem,  págs.  447,  i36  e  i55. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  111,  Doações,  liv.  44.°,  fl.  46,  liv.  32.%  fl.  74  v.,  liv.  35."»,  fl.  24; 
Privilégios,  liv.  2.°,  fl.  òo  v.,  35,  Sy,  6i  e  22.2,  liv.  4.°,  fl.  4  e  i3i  v.,  e  liv.  i.°,  fl.  341  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  5.°  de  Privilégios,  fl.  172  v.  —  António  Godinho  alcançou  de  Pero  da 
Lágia  o  traspasse  do  ofício  de  escrivão  do  Desembargo  do  Paço,  em  que  este  havia  sido 
provido  bastantes  anos  antes.  Teve  depois  licença,  confirmando  a  renúncia,  e  disto  se  pôs 
uma  verba  em  24  de  Julho  de  1544  no  liv.  8.°  de  Doações,  da  Chancelaria  de  D.  João  III, 
fl.  120. 

(5)  Raczynski,  Dictionnaire  histórico- ar tistique  du  Portugal,  pág.  ii3. 


22  Brasões 

torre  Já  existente,  tomando  para  norma,  relativamente  aos  brasões,  algum 
dos  livros  de  armas  também  por  êle  ordenados.  Advertirei  contudo,  que, 
tendo  as  armas  lá  pintadas  todas  timbres,  já  não  serviu  de  guia  para  a  sua 
pintura  o  livro  de  António  Rodrigues,  pois  os  não  tem,  mas  sim  o  de  António 
Godinho,  principalmente  mandado  fazer  para  lhos  assinalar.  Digo  isto  por- 
que evidentemente  a  um  destes  livros  se  foi  buscar  a  ordem  por  que  os  bra- 
sões foram  dependurados  do  colo  dos  veados.     Vou  prová-lo. 

O  segundo  livro,  traz  os  brasões  pela  mesma  ordem  do  primeiro,  com 
fundamentada  razão  excluído  pelo  motivo  indicado,  e  começa  as  armas  das 
linhagens  pelas  dos  Noronhas,  continuando  com  as  dos  Coutinhos,  Castros, 
Ataides,  etc,  até  Castelos  Brancos,  em  que  completou  vinte  e  seis  brasões. 
Na  sala  de  Sintra,  começando-se  em  Noronhas,  seguem-se  Coutinhos,  Cas- 
tros, Ataides,  etc,  até  Castelos  Brancos  cujas  armas  estão  no  vigésimo  sexto 
veado.  D'aqui  para  diante  há  algumas  pequenas  variantes,  que  dão  apenas 
por  diferença  faltarem  na  sala  sete  brasões  dos  setenta  e  dois  primeiros  do 
livro  de  António  Godinho.  Não  se  vêem  em  Sintra  os  das  famílias  de  Re- 
sende, Moniz,  Silveira,  Falcão,  Pedrosa,  Bairros  e  Sem;  e  no  lugar  destes 
estão  os  dos  Carvalhos,  Gamas  do  Conde  da  Vidigueira,  Gouveias,  Lobatos, 
Pestanas  e  Valentes,  todos  debuxados  no  livro  nas  folhas  próximas,  excep- 
tuando as  armas  dos  Carvalhos,  as  quais  estão  lá  mais  para  o  fim. 

Tenho  ouvido  dizer,  e  até  lido,  que  foi  o  Marquês  de  Pombal,  quem, 
avantajando  as  armas  dos  Carvalhos,  as  mandou  pintar  na  sala  de  Sintra,  e 
podia  pelo  facto  apontado  parecer  que  esta  tradição  tinha  fundamento;  mas 
não  o  tem,  porque  já  em  livro  impresso  em  i655,  relacionando-se  as  armas 
daquela  sala,  se  nomeiam  as  dos  Carvalhos  (i). 

Vê-se  pois  por  todo  o  exposto,  que  a  pintura  do  tecto  da  sala  das  armas, 
tendo  sido  mandada  fazer  por  D.  Manuel,  foi  contemporânea  do  começo  do 
livro  de  António  Godinho,  pelo  mesmo  Rei  ordenado,  já  parte  feito  antes 
do  seu  falecimento,  e  que  para  os  brasões  dos  veados  serviu  de  guia  e  mo- 
delo. 

Posso  mesmo  dar  a  certeza  de  haver  sido  pintado  o  tecto  entre  os  anos 
de  i5i5  e  i520,  porque  lá  se  encontram  as  armas  do  infante  D.  Duarte,  nas- 


(i)  Severim  de  Faria,  Noticias  de  Portugal,  na  primeira  edição  impressa  em  Lisboa  em 
i65f',  pág.  117.  —  É  verdade  que  este  autor  enche  de  erros  a  sua  relação  dos  brasões  da  sala 
dos  veados,  e  isso  tira  alguma  autoridade  ao  seu  dito,  confesso.  Corneça  êle  por  afirmar 
serem  setenta  e  quatro  os  brasões,  quando  são  só  setenta  e  dois;  em  seguida  inclui  na  lista 
os  dos  Lobeiras,  e  Ribafrias,  que  não  estão  lá,  e  ao  dos  Pestanas,  que  lá  está,  chama  Silvei- 
ras. O  curioso  é  terem  todos  os  autores  meus  conhecidos,  que  até  hoje  se  têem  referido 
às  armas  de  Sintra,  cometido  exactamente  os  mesmos  erros. 


Preâmbulo  23 

eido  em  7  de  Setembro  do  primeiro  daqueles  anos,  e  não  se  encontram  as 
do  infante  D.  Carlos  nascido  a  18  de  Fevereiro  de  i52o,  e  a  quem- seu  pai 
apenas  oito  meses  sobreviveu.  Se  eu  soubesse  a  data  da  morte  do  infante 
D.  António,  nascido  a  9  de  Setembro  de  i5i6  e  falecido  com  pouco  tempo 
de  vida,  ainda  melhor  poderia  precisar  a  ocasião  em  que  a  pintura  da  sala 
se  fez,  pois  que  não  se  vendo  lá  as  armas  daquele  Infante,  foi  decerto  a  obra 
começada  depois  da  sua  morte.  Eu  para  mim  até  julgo,  não  sei  se  com 
grande  fundamento,  que  a  obra  já  foi  feita  depois  de  7  de  Março  de  i5i7, 
dia  da  morte  da  rainha  D.  Maria;  porque,  tendo-lhe  D.  Manuel  sido  tam  de- 
dicado e  tendo  António  Godinho  pintado  as  suas  armas  no  Livro  da  Torre 
do  Tombo,  não  posso  acreditar  que  el  Rei  deixasse  de  mandar  pôr  o  brasão 
da  sua  Rainha  naquele  tecto,  onde  quis  ser  representado  rodeado  por  todos 
os  seus.  Para  mim  é  pois  de  fé  que  a  pintura  do  tecto,  pelo  menos  a  da 
cúpula,  foi  feita  no  ano  de  i5i7  a  i5i8,  entre  a  segunda  viuvez  de  D.  Ma- 
nuel e  o  seu  último  casamento. 

Dir-me-hão  que,  tendo  servido  de  guia  o  livro  de  António  Godinho,  deve- 
riam as  armas  da  sala  ser  perfeitamente  iguais  às  daquele,  e  isso  não  sucede. 
Eu,  concordando,  lembrarei  porem  as  restaurações,  praga  de  que  as  belas 
artes  teem  sido  vítimas  entre  nós,  e  em  toda  a  parte,  mais  ou  menos.  Cons- 
ta-me  de  uma  em  tempos  de  D.  Pedro  II  (i),  e  houve  ainda  mais  outra  depois 
do  terremoto  de  1735,  muito  sensível  em  Sintra.  Se  não  fossem  estes  res- 
tauros, como  se  exphcaria,  nas  tam  conhecidas  e  sabidas  armas  dos  Castros 
de  seis  arruelas,  estarem  os  esmaltes  trocados,  e  em  vez  do  campo  ser  de 
prata  e  os  móveis  de  azul,  aparecer-nos  aquele  de  azul  e  estes  de  prata,  trans- 
formando as  tam  nomeadas  arruelas  em  besantes?  Assim  como  existe  esta 
diferença,  tam  grande  e  tam  inexplicável,  se  não  fossem  os  restauros,  por 
que  não  hão  de  existir  outras  bem  menos  notáveis? 

Fique  pois  assente,  salvo  melhor  juízo,  que  a  pintura  do  tecto  da  sala  dos 
veados  foi  começada  pelos  anos  de  i5i5,  o  mais  cedo,  e  terminada  antes  de 
i52o,  o  mais  tardar. 

Pouco  posso  acrescentar  ao  já  sabido  acerca  dos  artistas  e  artífices  que 
trabalharam  por  esses  tempos  nos  paços  de  Sintra.  Ainda  assim  direi  o 
pouco  mais  colhido  em  documentos,  pois  que  o  meu  único  fim  não  é  alardear 
o  que  não  tenho,  mas  pôr  o  pouquíssimo  que  possuo  à  disposição  dos  estu- 
diosos. 


(i)  Esta  restauração  foi  confiada  ao  cuidado  do  3.°  conde  de  Soure,  D.  João  José  da 
Costa,  por  ser  o  provedor  das  obras  do  paço.  —  Vide  Sousa,  Historia  genealógica,  tom.  I, 
pág.  ccn. 


24  Brasões 

Existiu  em  Sintra  um  pintor,  que  o  foi  dei  Rei,  e  se  chamou  Lourenço 
Martins.  Encontrei  o  nome  dele,  com  a  classificação  de  pintor  somente,  em 
I  de  Janeiro  de  1480,  em  um  instrumento  de  composição  celebrado  entre 
Luís  Anes  do  Quintal,  e  a  confraria* dos  Fiéis  de  Deus  erecta  na  igreja  de 
S.  Martinho  daquela  vila,  irmandade  de  que  Lourenço  Martins  era  confrade. 
Reinava  então  D.  João  L  Com  a  mesma  classificação  me  aparece  êle  num 
documento  de  27  de  Abril  de  1487,  o  qual  me  revelou  ser  o  pintor  então  um 
dos  dois  homens  bons  da  vereação  da  vila  de  Sintra  (i).  Em  1446,  na  me- 
noridade de  D.  Afonso  V,  era  Lourenço  Martins  pintor  dei  Rei,  e  na  quali- 
dade de  confrade  da  referida  confraria  é  nomeado  num  instrumento  de  em- 
prasamento  de  6  de  Janeiro.  Depois,  nas  vésperas  da  desgraça  da  Alfarro- 
beira, em  14  de  Abril  de  1449,  outorga  Lourenço  Martins,  pintor  dei  Rei  e 
então  juiz  da  referida  irmandade  juntamente  com  Rui  Mendes,  em  uma  es- 
critura de  emprasamento.  Nesse  mesmo  ano,  logo  depois,  a  22  de  Junho, 
conservando  a  vara  de  juiz,  mas  agora  segundado  por  Nuno  Alvares  Mal- 
rassoa,  encontro  pela  última  vez  Lourenço  Martins,  «pynlor  delrey»,  numa 
escritura  de  doação  (2).  E  mais  nada  sei  dele,  senão  que,  em  16  de  Dezem- 
bro de  1449,  concedeu  D.  Afonso  V  ao  «nosso  pintor  Lourenço  Martins,  mo- 
rador em  Sintra»,  carta  de  isenção  de  encargos,  servidões  e  contribuições  do 
concelho,  carta  de  privilégios  de  libertado,  como  então  lhe  chamavam,  a  qual 
«Ruy  Galvam  fez  escprever»  (3). 

Do  já  por  outros  nomeado  pintor  Gonçalo  Gomes  (4)  sei,  que  vivia  e  pros- 
perava no  ano  de  i5o4,  no  qual,  a  27  de  Maio,  em  Sintra,  nas  casas  do  ta- 
belião João  de  Guimarães,  comparecendo  os  juízes  e  vereaderes  em  câmara, 
comprou  êle,  Gonçalo  Gomes,  que  presente  se  achou,  pintor  e  morador  que 
então  era  em  Sintra,  por  mil  reais  brancos,  moeda  ora  corrente,  a  Duarte 
Fernandes  Ferreira,  morador  em  Óbidos,  e  a  sua  mulher,  um  pardieiro  a 
par  do  hospital,  que  partia  do  aguião  (norte)  com  Inês  Martins,  do  suão  (nas- 


(i)  Em  1437  a  27  de  Abril  perante  Lourenço  Martins,  do  Arrabalde,  e  Pedro  Anes,  juí- 
zes, Diogo  Afonso  de  Abreu,  João  Vasques  Raposo,  e  Fernão  Martins,  vereadores,  Nun'Al- 
vares  Malrassoa,  procurador,  e  João  Liai,  do  Arrabalde,  e  Lourenço  Martins  Pintor,  homens 
bons  da  vereação,  compareceu  Diogo  Afonso,  provador  do  hospital  e  gafaria,  etc.  —  Per- 
gaminhos da  Misericórdia  de  Sintra  por  mim  examinados  em  i885, 

(2)  Pergaminhos  da  confraria  dos  Fiéis  de  Deus,  depois  das  Almas,  existentes  no  car- 
tório da  igreja  de  S.  Martinho  de  Sintra,  onde  os  examinei,  fazendo  deles  extractos,  em  iSSS-. 

(3)  Sousa  Viterbo,  Noticia  de  alguns  pintores,  I,  112. 

(4)  D.  Manuel,  sendo  ainda  apenas  duque  de  Beja,  por  alvará  de  6  de  Dezembro  de  1489' 
tomou  por  seu  pintor  e  em  sua  especial  guarda  e  encomenda  a  Gonçalo  Gomes,  morador 
em  Lisboa,  ao  qual,  sendo  já  rei,  confirmou  o  referido  alvará  por  carta  de  i3  de  Fevereiro 
de  1496  (Sousa  Viterbo,  Noticia  de  alguns  pintores,  I,  184). 


Preâmbulo  25 

cente)  com  casa  do  Cosayro  (Rodrigo  Anes)  e  da  travessa  (poente)  e  abreguo 
(sul)  com  rua  pública  (i). 

Depois  encontro-o  a  trabalhar  em  obras  no  paço  nos  anos  de  1607  e  i5o8, 
ganhando  sessenta  reais  por  dia.  No  primeiro  daqueles  anos  trabalhou  vinte 
dias,  desde  22  de  Fevereiro  até  27  de  Março.  Ocupou-se  em  doirar  e  re- 
novar pinturas  das  câmaras  e  casas  «que  se  dana  cõ  a  homidade».  Foi 
nestes  misteres  ajudado  pelo  seu  criado  Johane,  cujo  jornal  era  de  quarenta 
reais  (2). 

No  ano  seguinte,  o  de  i5o8,  andou  Gonçalo  Gomes  cinquenta  e  três  dias 
nas  obras  do  paço  de  Sintra,  desde  6  de  Março  até  21  de  Agosto  (3).  Teve 
por  ajudantes,  alem  do  seu  referido  criado  Johane,  a  Diogo  Gomes  (4)  e  a 
Pêro  Fernandes,  que  também  ganhavam  a  cinquenta  reais  e  começaram  a 
trabalhar,  um  a  17  e  o  outro  a  24  de  Julho,  terminando  ambos  a  21  de  Agosto. 
Não  se  especificam  as  obras;  de  uma  verba  porem  consta  terem  sido  em 
grande  parte  na  capela  (5). 

O  Almoxarife  pagou,  em  29  de  Novembro  de  i5o8,  a  Afonso  Alvares, 
bate-fôlha,  de  oiro  batido  >pera  se  dourar  a  capella  e  asy  pêra  renovar  as 
.  pinturas  dos  paços»,  cinco  mil  duzentos  e  cinquenta  reais  por  mil  e  quinhen- 
tos pães  de  três  reais  e  meio  cada  um,  e  deles  fez  logo  entrega  a  Gonçalo 
Gomes,  pintor  (6). 


(1)  Pergaminhos  da  Misericórdia,  citados. 

(2)  L.o  truncado  da  receita  e  despesa  de  André  Gonsalves  anno  de  1S08.  —  Annario  26 
do  interior  da  Casa  da  Coroa.  —  Maço  único.  Tal  é  o  título  escrito  num  pedaço  de  papel 
colado  na  velha  e  traçada  capa  de  um  interessante,  mas  muito  falho  e  deteriorado  livro  de 
contas  daquele  almoxarife  de  Sintra,  a  quem  lá  adiante  especialmente  me  referirei.  Não  são 
as  folhas  do  livro  numeradas  e  por  isso  não  as  posso  citar,  mas  o  que  dele  disser  é  porque 
lá  está.  A  letra  é  detestável,  e  bem  posso  e  devo  aqui  agradecer  aos  muito  dignos  e  amá- 
veis empregados  da  Torre  do  Tombo,  José  Manuel  da  Costa  Basto,  director,  Albano  Alfredo 
de  Almeida  Caldeira,  conservador,  ambos  já  hoje  falecidos,  e  Pedro  Augusto  de  S.Bartolo- 
meu Azevedo,  oficial,  actualmente  primeiro  conservador,  a  paciência  e  bondade  com  que 
me  téem  guiado  e  auxiliado  nas  minhas  buscas  e  leituras. 

Este  L.o  truncado  fê-lo  o  Conde  de  Sabugosa  imprimir  em  apêndice  à  sua  obra  O  Paço 
de  Cintra,  de  pág.  221  a  243,  encontrando-se  a  matéria  apontada  no  texto  na  pág.  22Ó.  D'ora 
avante  citarei  as  páginas  desta  reprodução. 

(3)  Cit.  Livro  de  André  Gonsalves,  pág.  233. 

(4)  D.  Manuel,  por  carta  de  i  de  Junho  de  i5i3,  fez  mercê  a  Diogo  Gomes,  pintor,  mo- 
rador em  Sintra,  de  4.000  reais  de  tença  em  sua  vida,  com  obrigação  de  residir  na  vila,  e  de 
«fazer  e  correger  nos  paços  dela  quallquer  cousa  que  for  necesaria  de  seu  oficio  que  nõ  seya 
de  calidade  que  gaste  hum  dia  imteiro  por  que  semdo  pagarlheam  seu  jornall  e  nom  o  semdo 
nom  lhe  pagaram  nada»  (Sousa  Viterbo,  Noticia  de  alguns  pintores,  I,  81). 

(5)  Cit.  Livro  de  André  Gonsalves,  pág.  234. 

(6)  Ibidem,  pág.  282. 

VOL.  I  4 


20  Brasões 

Além  deste  oiro  recebeu  o  mesmo  pintor  para  as  referidas  obras:  nove 
arráteis' de  vermelhão,  a  sessenta  reais  arrátel;  quatro  arráteis  de  alvaiade, 
a  trinta  reais;  dezassete  arráteis  de  óleo,  a  trinta  reais;  meio  arrátel  de  azul 
por  cem  reais;  dez  arráteis  de  roxo-terra,  a  quarenta  reais;  três  arráteis  e 
meio  de  zarcão,  a  trinta  e  cinco  reais;  seis  arráteis  de  ocre,  a  trinta  reais  e 
mais  oitenta  reais  de  grude  e  gesso  (i). 

Importaram  os  materiais  em  quarenta  e  sete  mil  trezentos  e  dois  reais  e 
meio,  a  mão  de  obra,  em  seis  mil  setecentos  e  setenta  e  cinco  reais;  gas- 
tou-se  portanto,  em  ibo8,  em  pinturas  no  paço  de  Sintra  a  boa  conta  para 
o  tempo  de  cinquenta  e  quatro  mil  e  setenta  e  sete  reais  e  meio  (2). 

Faltam  muitas  folhas  no  livro  a  que  me  vou  socorrendo,  e  só  lá  encontrei 
contas  do  ano  de  i5io,  nessas  porem  já  não  vejo  nomeado  a  Gonçalo  Gomes? 
apesar  de  terem  continuado  as  pinturas  na  capela,  para  as  quais  se  comprou 
oiro  batido,  ao  mesmo  preço  mencionado,  na  importância  de  vinte  e  quatro 
mil  e  quinhentos  reais,  e  mjais  seiscentos  pães  de  prata,  ao  preço  de  real  e 
meio  cada  um  (3).  Aparece  contudo  nomeado  pintor  Pêro  Rodrigues,  cuja 
soldada  era  inferior  em  dez  reais  à  do  outro.  Trabalhou  Pêro  nove  dias, 
rapando  a  borda  do  guarda-roupa  da  Rainha,  obra  começada  em  i  de  Abril 
e  para  a  qual  lhe  forneceram  um  pouco  de  roxo-terra,  verde  montanha  e 
grude,  importando  tudo  em  cento  e  cinquenta  reais  (4). 

João  Rodrigues,  pedreiro,  foi  nomeado  mestre  das  obras  do  paço  de  Sin- 
tra em  sucessão  a  seu  pai,  ora  finado,  por  carta  de  17  de  Julho  de  1490,  com 
quatro  mil  reais  de  tença  anual  para  mantimento,  a  começar  do  princípio 
daquele  ano  (5).  O  pai,  e  antigo  mestre  das  obras  dos  paços  de  Sintra,  cha- 
mava-se  Martim  Rodrigues  e  desfrutara,  desde  o  i.°  de  Janeiro  de  1476,  uma 
tença  igual  à  do  filho  (6). 

Deste  João  Rodrigues,  a  quem  talvez  com  exagero  se  tem  chamado  ar- 
quitecto, encontrei  a  seguinte  memória.  Em  i5o3,  no  dia  29  de  Julho,  em 
Sintra,  na  casa  do  Santo  Espírito,  onde  ao  tempo  se  fazia  a  vereação,  es- 
tando aí  os  mui>o  honrados  juiz  ordinário  e  procurador,  a  saber:  Francisco 
de  Monterroio,  fidalgo  da  casa  dei  Rei  e  juiz  ordinário,  Diogo  Barbudo,  Ál- 


(i)  Cit.  Livro  de  André  Gonsalves,  pág.  234. 

(2)  Ibidem,  pág.  282,  233,  234.  —  A  quantia  dos  54.077  rs.  despendida  nas  obras  de  pin- 
tura correspondia,  na  moeda  anterior  à  guerra,  a  202.837  '"^-i  com  o  valor  aquisitivo  de 
1.014:185  rs.,  segundo  as  tabelas  de  Gosta  Lobo  na  Hi^t.  da  Sociedade  etn  Portugal. 

(3)  Cit.  Livro  de  André  Gmsalves,  pág.  241. 

(4)  Ibidem,  pág.  242. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  9.",  fl.  3o. 

(6)  Carta  de  7  de  Março  de  1476,  dada  em  Toro  a  Martim  Rodrigues,  «meestre  das  obras 
de  Sintra»  (Sousa  Viterbo,  Dicc.  dos  Architectos,  II,  402). 


Preâmbulo  27 

varo  de  Quadros  e  João  Lopes,  escudeiros  e  vereadores,  e  Estêvão  Rodri- 
gues, escudeiro  e  procurador  do  concelho,  fazendo  vereação,  perante  Pêro 
Dias,  escudeiro  e  tabelião  pela  rainha  D.  Leonor,  fizeram  emprasamento  a 
Duarte  Fernandes  de  um  pardieiro  a  par  do  hospital,  com  a  condição  de 
fazer  no  dito  pardieiro  uma  casa,  a  qual  êle  e  seus  sucessores  mantenham 
sempre  como  casa.  Estando  já  a  arrematação  feita,  mandaram  comparecer 
João  Rodrigues,  pedreiro,  mestre  das  obras  dos  paços  dei  Rei,  a  fim  de  ir 
medir  o  tal  pardieiro  (i). 

Em  i5o8  João  Rodrigues,  mestre,  serviu  pelo  seu  ofício  de  pedreiro  nas 
obras  do  paço,  ganhando  sessenta  reais  diários.  Trabalhou  cento  e  qua- 
renta e  sete  dias,  e  depois  mais  oito,  no  cerco  dos  coelhos,  nos  canos  da 
água  da  escada  dei  Rei  e  da  Rainha,  na  estrebaria  de  Meca  e  em  outras 
obras,  ajudado  por  mais  pedreiros,  que  ganhavam  menor  jornal,  e  por  vá- 
rios braceiros  (2).  Em  i5io  também  trabalhou  de  pedreiro,  mas  só  qua- 
renta e  três  dias,  ocupado  em  escolher  telha  nos  fornos,  em  fazer  betume 
para  os  canos  de  chumbo,  em  correger  a  parede  dos  canos  da  água  junto 
com  a  casa  de  João  de  Guimarães,  e  noutros  serviços  (3).  Em  i526,  já 
velho  e  aleijado,  foi  aposentado  e  para  o  substituir  nomeou  el  Rei,  por  carta 
de  14  de  Maio,  mestre  dos  canos  dos  paços  de  Sintra  a  seu  cunhado  Marcos 
Fernandes  (4). 

O  mestre  da  carpintaria,  João  Cordeiro,  nomeado,  com  mil  e  quinhentos 
reais  de  mantimento  anual,  por  carta  de  D.  João  II  de  3  de  Março  de  1486, 
confirmada  por  D.  Manuel  em  29  de  Julho  de  1497  (5),  trabalhou  nas  obras 
do  ano  de  i5o8,  ganhando  de  jornal  sessenta  reais  por  dia.  Primeiro  esteve 
cinquenta  e  um  dias  assoalhando  as  sobrelojas  do  aposentamento  dos  Infan- 
tes, corregendo  e  repairando  sobrados  e  outros  serviços  desta  espécie;  depois 
passou  a  estar  quarenta  e  sete  dias  entretido  a  fazer  rosas,  estrelas  e  rezim- 
bros  para  a  capela  (6).  Em  i3io  trabalhou  cinquenta  e  seis  dias,  ainda  nas 
rosas  e  estrelas  para  a  capela  (7),  e  deveria  ter  sido  para  o  tecto,  onde  elas 
ainda  hoje  se  vêem.  Tinha  sempre  outros  carpinteiros  às  suas  ordens,  tendo 
sido  as  obras  deste  ano  nas  grades  da  çoteia  do  sol,  na  casa  da  fazenda,  na 
qual  se  fizeram  repartimentos,  no  alpendre  da  entrada  do  aposentamento  das 


(1)  Pergaminhos  da  Misericórdia  citados. 

(2)  Cit.  Livro  de  André  Gonsalves,  pág.  236. 

(3)  Ibidem^  pág.  242. 

(4)  Sousa  Viterbo,  Dicc.  dos  Architectos,  I,  335. 

(5)  Ibidem,  pág.  222. 

(6)  Cit.  Livro  de  André  Gonsalves,  pág.  234. 

(7)  Ibidem,  pág.  241. 


28  Brasões 

Infantas,  na  távola  da  casa  das  sisas,  em  almários  na  mesma,  e  no  banco  da 
távola,  «em  que  se  ,ha  de  sentar  o  juiz  e  esprivam»  (i). 

Na  conta  das  obras  de  i5o7  há  uma  verba  por  onde  se  pagaram  a  Pero 
de  Torres,  pedreiro,  por  três  mil  e  quinhentos  reais  cada  uma^  duas  janelas 
de  pedraria,  «que  arrymquou  e  castou  e  acarretou  e  lavrou  e  asentou  na  casa 
da  fazédá»  (2).  Das  obras  de  Nossa  Senhora  da  Pena  mandadas  por  Diogo 
Barbudo,  veador  delas,  vieram  dez  mil  cento  e  quarenta  e  seis  peças  de 
«azulejo  de  toda  sorte»;  e  de  Belém  remeteram  cento  e  trinta  e  sete  seiras 
dele,  em  sessenta  e  oito  e  meia  cargas,  a  quarenta  reais  cada  uma  (3). 

Bastante  posterior  a  estes  mestres  nomeados  encontro  um  outro  mestre 
das  obras  dos  paços  dei  Rei  na  vila  de  Sintra.  Foi  ele  António  de  Morais, 
e  está  sepultado  na  igreja  de  Santa  Maria,  no  pavimento,  em  frente  do  altar 
mor,  com  este  letreiro,  que  se  não  pode  reproduzir  exactamente  como  foi 
gravado  por  causa  das  letras  conjugadas: 

AQVI  IAS  ANTO  DE  xMORA 
IS  MESTRE  DAS  OBRAS  DE 
SVA  MAGt^E  DOS  PAÇOS  DE 
STA  VILLA  PER  CVIA  AL 
MA  SE  DIRÁ  NESTA  IGRA  P 
ERA  SÈPRE  HVA  MISSA 
REZADA  FALCO  i  qVTbRO 
ERA  DE  1589. 

A  QVAL  S.a  HE  DE  SVA  F.a  BRE 
ATIS  DE  MORAIS  Q  ELLA  GÕ 
PROV  CÕ  LÇA  DO  ORDINAIRO  E 
QER  SE  NÃO  ENTERRE  MAIS 
PESOA  ALGVA. 

António  de  Morais  viveu  em  Sintra  casado  com  Isabel  Garcia,  de  quem 
teve  filhos  baptizados  a  i3  de  Dezembro  de  iSõy,  11  de  Julho  de  iSyS,  e  25 
de  Março  de  1 575,  sendo  esta  última  a  Beatriz  nomeada  no  epitáfio  (4). 
Nos  assentos  de  baptismo  é  o  pai  declarado  por  pedreiro.  A  filha  Beatriz 
casou,  em  19  de  Novembro  de  1699,  com  Francisco  Rodrigues,  natural  de 
Lisboa  (5),  e  morreu  a  7  de  Dezembro  de  i65i,  sendo  yiúva,  moradora  no 


(i)  Git.  Livro  de  André  Gonsalves^  pág.  241  e  242. 

(2)  Ibidem,  pág.  226. 

(3)  Ibidem,  pág.  222  e  229. 

(4)  Livro  reformado  da  freguesia  de  Santa  Maria  de  Sintra,  fl.  12,  16  e  18. 

(5)  Ibidem,  fl.  161  v. 


Preâmbulo  29 

Arrabalde,  e  indo  a  enterrar  à  sua  cova  «que  tem  uma  campa  com  seu  le- 
treiro junto  aos  bancos»  (i). 

Mais  deveria  dizer  sobre  as  obras  e  artistas  no  paço  de  Sintra,  mas  tenho 
apontamentos  muito  sucintos,  e  não  desejo  demorar  a  publicação  deste  vo- 
lume. Para  o  segundo,  se  me  deixar  a  «priguiça  priguiçosa»  de  que  um 
amigo  me  acusa  (2),  irá  uma  nota  mais  particularizada,  na  qual,  depois  de 
estudado  o  assunto,  direi  o  que  tiver  aprendido.  Isto  escrevia  em  1899  e 
agora,  nesta  segunda  edição,  pouco  acrescentei,  nem  pagaria  a  pena  manter 
o  propósito,  depois  dá  publicação  do  Diccionario  dos  Architectos  do  meu  fa- 
lecido amigo  e  benemérito  investigador  e  publicador  de  excelente  material 
para  a  história  pátria,  o  dr.  Sousa  Viterbo. 

Não  posso  pòrêm  calar  a  satisfação  com  que,  neste  sítio,  no  princípio  de 
um  livro  destinado  exclusivamente,  segundo  parece,  a  comemorar  grandezas, 
pompas,  vaidades  humanas,  nomeei  estes  modestos  filhos  do  tam  bom,  tam 
sofredor,  tam  caridoso  povo  português,  ao  qual  tantos  laços  de  sangue  me 
prendem  (3).  Porque  ele  é  realmente  bom  no  íntimo,  no  fundo  da  sua  alma, 
e  dificilmente  o  desvairam;  é  sofredor  e  companheiro,  e  assim  se  tem  mos- 
trado desde  as  Navas  de  Tolosa,  passando  pela  guerra  da  Península,  até 
nossos  dias,  em  África  combatendo  o  gentio  e  o  clima,  no  reino  aturando 
tudo  que  para  aí  se  vê.  Mas  a  sua  grande,  a  sua  incomparável  virtude  é  a 
caridade.  Quem  lida  com  êle  no  campo,  quem  o  vê  repartir  o  pedaço  de 
pão  com  o  faminto,  quem  o  vê  abrigar  no  pardieiro  o  vagabundo,  quem  o 
vê  largar  um  farrapo  que  ainda  assim  veste  o  nú,  é  que  percebe  a  verdadeira 


(i)  Livro  reformado  da  freguesia  de  Santa  Maria  de  Sititra,  fl.  170. 

(2)  Dr.  Xavier  da  Cunha,  Impressões  Deslandesianas,  vol.  I,  pág.  347.  — Mais  um  amigo 
que  já  lá  vai!  Morreu  em  1 1  de  Janeiro  deste  ano  de  1920,  poucos  dias  depois  de  me  ter 
enviado  um  exemplar  da  sua  última  obra,  Homenagem  posthmna  ao  Visconde  Júlio  de  Cas- 
tilho. 

(3)  Meu  bisavó  não  digo,  mas  meu  terceiro  avô,  guiando  com  uma  das  mãos  o  arado, 
e  com  a  outra  tangendo  os  seus  bois,  muita  terra  de  feracíssimo  campo  do  Reguengo  de 
Alviela  virou.  Isto  pelo  lado  paterno,  porque  pelo  materno  vejo,  lá  muito  mais  ao  norte  o 
paciente  e  pertinaz  cultivador  dos  magros  esparcéis  do  Overijssel,  vivendo  sobre  a  fraca  terra 
conquistada  ao  mar.  Um,  o  Português,  debaixo  do  ceu  azul,  ao  calor  do  sol  intenso,  alegre, 
descuidado,  ralando-se  apenas  com  a  próxima  colheita,  e  cantarolando,  para  espairecer  seus 
males;  o  outro,  o  Holandês,  envolvido  nos  nevoeiros  do  mar  do  Norte,  calcurriando  a  lama 
no  verão,  escorregando  sobre  a  neve  no  inverno,  fleugmático,  mas  previdente,  e  sobretudo 
cônscio  dos  seus  direitos  de  homem  livre,  que  seus  antepassados,  e  êle  próprio,  com  sangue 
conquistaram,  e  firmaram.  Duas  raças  bem  diferentes,  que  já  se  guerrearam,  mas  que  hoje 
se  não  podem  odiar. 


3o  Brasões 

e  santa  caridade  de  Cristo,  a  que  não  precisa  de  festas,  anúncios,  estímulos, 
publicidade,  para  se  exercer. 

Bom  povo,  digno  de  boa  sorte.  —  Deus  lha  dê,  porque  os  homens  porfiam 
em  lha  tirar. 

Para  o  fim  deste  preâmbulo  apresentarei  a  lista  das  famílias  cujos  brasões 
encontraram  lugar  na  sala  dos  veados,  e  agora  apenas  farei  notar,  que  as 
armas  dos  Távoras  foram,  em  resultado  da  sabida  sentença,  apagadas,  mal 
se  enxergando;  e  as  dos  Coelhos  desapareceram  por  completo,  pôr  terem 
caído  de  podres  as  táboas  sobre  que  eram  pintadas,  e  não  por  haverem  sido 
arrancadas. 

Os  guardas  do^paço,  que  à  sala  dos  veados  acompanham  os  visitantes, 
costumam  dizer-lhes,  no  louvável  intuito  de  encobrir  o  desleixo,  que  ali,  na- 
quela falha,  estavam  as  armas  do  Duque  de  Aveiro,  mandadas  arrancar  ao 
mesmo  tempo,  e  pelo  mesmo  motivo,  por  que  foram  raspadas  as  dos  Tá- 
voras. 

E  isto  um  disparate  evidente,  porque,  alem  dos  Duques  de  Aveiro  serem 
do  ano  de  i535,  e  portanto  posteriores  à  pintura  primitiva  do  tecto,  também 
se  não  pode  admitir  que  uma  casa  de  tal  jerarquia  tivesse  as  suas  armas  no 
canto  escuro  de  uma  sala,  onde  se  tratou  de  observar  as  primazias.  Tenho 
porem,  afora  deste  raciocínio,  dois  testumunhos  que  se  completam,  e  corro- 
boram a  minha  afirmativa.  Um  é  o  de  Beckford  que,  visitando  a  sala  dos 
veados  em  24  de  Julho  de  1787,  encontrou  um  só  brasão  arruinado,  e  esse 
era  o  dós  Távoras  (i).  O  outro  é  o  do  Príncipe  Lichnovi^sky,  que  no  mesmo 
mês  do  ano  de  1842,  visitando  a  referida  sala,  encontrou  lá  o  escudo  dos 
Coelhos  todo  aspado,  como  escreve  o  tradutor  (2).  É  verdade  que  este  via- 
jante, a  propósito  daquela  sala,  comete  vários  eiros  na  sua  descrição,  fazen- 
do-a  redonda,  contando  lá  setenta  e  quatro  brasões,  e  aceitando,  quási,  a  pa- 
tranha que  a  respeito  dos  Coelhos  lhe  disseram;  mas  isso  não  impede  dele 
lá  ter  visto  o  brasão  no  estado  indicado,  pois  que  o  Príncipe  pode  ter-se  en- 
ganado, mas  mentido  não  se  admite. 

A  sala  é  aproximadamente  quadrada,  pois  mede  catorze  metros  por 
treze  (3).     O  tecto,  de  grande  pé  direito,  terminado  em  cúpula,  é  oitavado 


(i)  Italy  with  sketches  of  Spain  and  Portugal,  vol.  II,  pág.  11 3. 

(2)  Portugal.  Recordações  do  anno  de  1842,  traduzido  do  alemão,  2.»  edição,  pág,  129. 

(3)  Conforme  a  Planta  do  Real  Paço  e  da  villa  de  Cintra  levantada  por  José  António 
de  Abreu,  Capitão  Engenheiro,  Vogal  Secretario  da  Commissão  do  Tombo  dos  Bens  da  Co- 
roa. Em  maio  de  i85o. 


Preâmbulo  3 1 

na  base,  cortando  os  ângulos  da  sala.  Todo  em  volta,  no  friso  do  oitavado, 
está  uma  renque  de  painéis,  em  cada  um  dos  quais  se  vê  pintado  um  veado, 
com  um  escudo  pendente  do  colo  e  um  timbre  entre  as  hastes,  tudo  emol- 
durado em  seu  caixilho  rectangular.  Cada  um  dos  lados  do  octógono  tem 
quatro  veados  no  friso  e  portanto  em  toda  esta  linha,  a  principal,  estão  trinta 
e  dois  brasões.  A  estes  seguem-se  mais  dezasseis  do  mesmo  tamanho,  postos 
quatro  em  cada  nembro  da  parede,  logo  abaixo  dos  do  friso.  Alem  destes, 
em  cada  um  dos  quatro  ângulos  da  sala,  por  baixo  dos  cortes  do  oitavado  do 
tecto,  vêem-se,  em  cada  canto,  mais  seis  veados,  somando  portanto  vinte  e 
quatro  nos  quatro  ângulos.  Recapitulando,  temos:  trinta  e  dois  veados  no 
friso  que  circunda  toda  a  sala;  dezasseis,  nos  quatro  nembros  da  parede,  na 
parte  não  afrontada  pelo  tecto;  e  por  último,  vinte  e  quatro  nos  quatro  ân- 
gulos da  sala,  por  baixo  dos  cortes  do  tecto;  ao  todo,  setenta  e  dois. 

Afora  estes  ainda  há  mais  brasões,  não  pendentes  contudo  do  colo  de 
veados  e  dispostos  em  cima,  na  cúpula,  por  este  modo:  ao  centro,  no  fecho 
dela,  as  armas  do  rei,  então  D.  Manuel;  de  roda  destas  mais  oito  de  seus 
filhos. 

Na  sala  há  seis  janelas,  duas  a  duas  em  cada  uma  de  três  paredes,  exis- 
tindo na  quarta  mais  outra  janela,  e  a  um  canto  uma  porta  apenas.  Quem 
entra  vê  logo  à  sua  direita,  no  friso  do  corte  do  tecto,  as  armas  dos  Noronhas. 
Vai  lendo  sempre  para  a  esquerda  até  chegar  às  dos  Corte  Riais,  pegadas 
às  primeiras;  então  passa  para  a  carreira  de  veados,  nas  paredes,  abaixo  do 
friso,  e  continua  a  ler  de  Lemos  em  diante,  sempre  para  a  esquerda,  até  aos 
Soutomaiores.  Chegando  aqui,  só  ficam  por  ver  os  brasões  pintados  nos 
cantos  da  sala,  e  começa  pelos  do  ângulo  situado  por  baixo  do  lanço  onde 
se  vêem  os  Noronhas,  e,  principiando  em  Lobatos  e  seguindo  sempre  para 
a  esquerda,  vem  acabar  nos  Borges,  o  último  dos  brasões  sobre  a  porta  da 
entrada. 

Além  destes  veados,  que  sustentam  as  insígnias  das  armas,  ainda  no  tecto 
mais  acima  se  vêem  outros  oito  muito  maiores,  sem  emblemas  porém,  e  só 
com  uns  listões  brancos  esvoaçando  das  hastes.  Estes  cervos  estão  pintados, 
em  diferentes  posturas,  no  meio  dum  apainelado  com  seus  artezÕes  e  moldu- 
ras, formado  entre  a  linha  principal  dos  brasões,  é  aquela  onde  se  puseram 
as  armas  dos  infantes. 

De  parte  do  tecto  nos  apresenta  um  desenho  bem  exacto  o  arquitecto 
alemão  Albrecht  Haupt,  um  dos  poucos  viajantes  que  não  curaram  por  infor- 
mações; descreveu  e  desenhou  o  que  viu  (i).     Hoje,  melhor  ainda,  mído  se 


(i)  Die  Baukunst  der  Renaissance  in  Portugal . . .  Ersier  band,  Frankfurt  a.  M.,  i8go, 
pág,  129. 


32 


Brasões 


pode  bem  ver  na  bela  reprodução  do  tecto  publicada  pelo  Conde  de  Sabugosa, 
no  seu  interessante  livro  O  Paço  de  Cintra. 

Agora,  porei  aqui  uma  espécie  de  planta  do  tecto  da  sala  das  armas, 
para  por  ela  melhor  se  compreender  a  disposição  dos  brasões  lá  pintados, 
e  em  seguida  darei  a  lista  deles,  reportando-me  às  letras  e  números  do  de- 
senho. 


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A  —  De  prata,  cinco  escudetes  de  azul,  postos  em  cruz  e  carregados  cada 
um  de  cinco  besantes  do  campo;  bordadura  de  vermelho  carregada  de  sete 
castelos  de  oiro.  Coroa  de  florões  fechada  de  dois  meios  círculos.  Timbre: 
serpe  alada,  nascente,  de  oiro.    Não  tem  letreiro.    São  as  armas  do  Rei. 

B — Inf.  D.  Yoam.  —  O  escudo  do  Rei  diferençado  por  um  banco  de  pin- 
char de  oiro  de  dois  pendentes.  Elmo  de  prata  posto  de  três  quartos,  sem 
Jíimbre.    Coroa  de  oito  florões  passada  no  colo  do  elmo. 


Preâmbulo  33 

C  —  Inf.  D.  Lvis. — As  armas  precedentes  com  a  diferença  de,  por  baixo 
de  cada  um  dos  pendentes  do  banco  de  pinchar,  no  campo  do  escudo  se  ve- 
rem duas  bricas  Tranchadas  de  prata  e  prata,  tendo,  em  chefe  e  em  ponta, 
um  castelo  (?)  de  vermelho,  e  nos  flancos  uma  águia  de  negro. 

D  —  Inf.  D.  Fernando.  —  As  armas  antecedentes,  com  a  diferença  de  se- 
rem as  bricas  franchadas  de  oiro  e  prata,  tendo  no  oiro  quatro  palas  de  ver- 
melho, e  na  prata  uma  águia  de  negro. 

E  —  Inf.  D.  Afonso.  —  As  mesmas,  sem  tirar  nem  pôr. 

F  —  Inf  D.  Enriqve.  —  As  mesmas. 

G — Inf.  D.  Drarte.  —  As  mesmas. 

H  —  Inf  D.  Isabel.  —  Escudo  em  lisonja,  partido:  o  I  de  prata  lisa;  o  II 
de  prata,  cinco  escudetes  de  azul  em  cruz,  carregados  cada  um  de  cinco 
besantes  do  campo,  bordadura  de  vermelho  carregada  de  sete  castelos  de 
oiro. 

I  —  Itif  D.  Beatris.  —  As  armas  precedentes. 

Seguem-se  os  veados  com  os  brasões  das  linhagens. 

1  — Noronhas.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul 
em  cruz,  cada  um  carregado  de  cinco  besantes  do  campo,  bordadura  de  ver- 
melho carregada  de  sete  castelos  de  oiro;  o  II  e  III  de  vermelho,  castelo  de 
oiro,  o  campo  mantelado  de  prata,  com  dois  liÕes  batalhantes  de  púrpura, 
linguados  de  vermelho,  bordadura  de  escaques  de  oiro  e  veiros  de  vinte  pe- 
ças no  II  e  dezoito  no  III.  Timbre:  lião  do  escudo,  nascente,  armado  de 
vermelho. 

2  —  Covtinhos.  —  De  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho. 
Timbre:  leopardo  de  vermelho,  armado  de  oiro,  carregado  de  uma  estrela 
de  cinco  pontas  do  mesmo  na  espádua  e  segurando  com  a  garra  dextra  uma 
capela  de  flores  de  vermelho  e  oiro. 

3k — Castro.  —  De  azul,  seis  besantes  de  prata.  Timbre:  roda  de  nava- 
lhas de  Santa  Caterina,  a  roda  de  sua  cor,  as  navalhas  de  prata. 

4  —  Ataíde.  —  De  azul,  quatro  bandas  de  prata.  Timbre:  onça  passante 
de  sua  cor,  carregada  das  quatro  bandas  do  escudo  no  corpo. 

5 — De  Ecca.  —  De  prata,  cinco  escudos  à  antiga  de  azul,  postos  em  cruz, 
os  dos  flancos  apontados  ao  do  centro,  carregados  cada  um  deles  de  doze 
besantes  do  campo,  4,  4  e  4,  os  escudetes  sobrepostos  a  um  cordão  de 
S.  Francisco  de  púrpura,  com  seus  nós,  posto  em  cruz,  em  aspa  e  em  orla. 
Timbre:  águia  de  azul,  armada  de  vermelho  e  carregada  no  peito  de  uma 
cruz  potêntea  cosida  de  negro. 

6  —  Meneses.  —  De  oiro,  escudete  à  antiga,  cosido  do  mesmo  e  carregado 
de  um  anel  com  uma  pedra,  tudo  de  oiro  perfilado  de  negro,  a  pedra  virada 

VOL.  I  5 


34  Brasões 

para  o  cantão  sinistro  da  ponta.  Timbre:  donzela  nascente  de  encarnação, 
vestida  de  brocado  de  prata,  semeado  de  vieiras  cosidas  de  oiro,  guarnecido 
do  mesmo  no  cinto,  na  gola  e  nos  punhos,  os  cabelos  soltos,  a  mão  sinistra 
na  cinta  e  a  dextra  segurando  o  escudete  das  armas. 

j  —  Castros.  —  De  oiro,  treze  arruelas  de  azul.  Timbre:  Hão  nascente  de 
oiro,  armado  e  linguado  de  vermelho. 

8 —  Cvnhas.  —  De  oiro,  nove  cunhas  de  azul  com  os  gumes  para  cima. 
Timbre:  dragão  sem  azas  nascente  de  oiro,  linguado  de  vermelho  e  carre- 
gado no  peito  das'  nove  cunhas. 

9  —  Sonsas.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul, 
postos  em  cruz,  cada  um  carregado  de  cinco  besantes  do  campo;  bordadura 
de  vermelho  carregada  de  sete  castelos  de  oiro,  e  um  filete  de  negro  sobre- 
posto em  barra;  o  II  e  III  de  vermelho,  caderna  de  crescentes  de  prata. 
Timbre:  castelo  de  oiro. 

10  —  Pereiras.  —  De  vermelho,  cruz  florida  de  prata,  vazia  do  campo. 
Timbre:  cruz  de  vermelho,  florida  e  vazia,  entre  duas  azas  de  prata. 

1 1  —  Vasconcellos.  —  De  negro,  três  faxas  veiradas  e  contraveiradas  de 
vermelho  e  prata.  Timbre:  liao  de  negro,  armado  e  linguado  de  vermelho, 
e  carregado  das  peças  do  escudo  postas  em  pala. 

12  —  Meios.  —  De  vermelho,  seis  besantes  de  prata  entre  uma  dobre  cruz 
e  bordadura  de  oiro.  Timbre :  águia  de  negro,  armada  e  membrada  de  ver- 
melho, e  carregada  de  seis  besantes  de  prata  sobre  o  peito. 

i3  —  Silvas.  —  De  prata.  Hão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  verme- 
lho.   Timbre:  Hão  de  oiro. 

14  —  Albvqverqe.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco  escudetes  de 
azul,  postos  em  cruz  e  carregados  cada  um  de  cinco  besantes  do  campo,  e 
um  filete  de  negro  sobposto  em  banda;  o  II  e  III  de  vermelho,  cinco  flores 
de  lis  de  oiro.    Timbre:  aza  de  vermelho. 

i5  —  Andradas.  —  De  verde,  banda  de  vermelho  perfilada  de  oiro,  saindo 
das  bocas  de  duas  serpes  do  mesmo.  Timbre:  duas  serpes  nascentes  e  ba- 
talhantes  de  oiro,  atadas  de  vermelho. 

16  —  Almeidas.  —  De  vermelho,  seis  besantes  de  oiro  entre  uma  dobre 
cruz  e  bordadura  do  mesmo.  Timbre:  águia  de  vermelho,  armada  e  mem- 
brada de  oiro,  e  carregada  de  seis  besantes  de  oiro  no  peito. 

17  —  Manoeis.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  vermelho,  aza  de  oiro  termi- 
nada por  uma  mão  do  mesmo,  sustentando  uma  espada  alçada  de  prata, 
guarnecida  de  oiro;  o  II  e  III  de  prata,  Hão  de  púrpura,  armado  e  linguado 
de  vermelho.    Timbre:  os  móveis  do  I  quartel. 

18  —  Febos  Monis.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  azul,  cinco  estrelas  de 
#ito  pontas  de  oiro;  o  II  e  III  também  esquartelado;  o  i.°  de  vermelho,  cruz 


Preâmbulo  35 

florida  de  oiro,  vazia  do  campo;  o  2.°  de  prata,  três  faxas  de  azul;  o  3."  de 
prata,  lião  de  vermelho;  o  4.°  de  vermelho,  lião  de  oiro.  Timbre:  lião  aleo- 
pardado  de  vermelho,  armado  de  prata. 

ig  —  Limas.  —  Partido  de  dois  traços:  o  I  de  oiro,  quatro  palas  de  ver- 
melho; o  II  cortado,  o  i.°  de  prata,  hão  de  púrpura,  o  2.°  de  prata,  três  faxas 
xadrezadas  de  oiro  e  vermelho  de  duas  tiras;  o  III  cortado  do  2.°  do  II  sobre 
o  I."  do  mesmo.    Timbre:  lião  aleopardado  de  púrpura. 

20 —  Tavoras.  —  De  oiro,  cinco  faxas  ondadas  de  azul  e  prata  (?).  Tim- 
bre: . . .  (por  causa  do  raspado  Já  se  não  conhece). 

21  — Henriqves.  —  De  vermelho,  castelo  de  oiro,  o  campo  mantelado  de 
prata  com  dois  liões  batalhantes  de  púrpura,  linguados  de  vermelho.  Tim- 
bre: o  castelo. 

22  —  Mendocas  Fvrtados.  —  Pranchado  de  verde  e  oiro,  no  verde  do 
chefe,  pala  de  vermelho  perfilada  de  oiro,  no  da  ponta,  a  mesma  peça  um 
pouco  mais  em  banda;  no  oiro,  um  S  de  negro  em  cada  um.  Timbre:  aza 
de  oiro,  carregada  de  um  S  de  negro. 

i^i  —  Alvergaria.  —  Dq  prata,  cruz  florida  de  vermelho,  vazia  do  campo; 
bordadura  também  de  prata  carregada  de  oito  escudetes  de  azul,  cada  um 
sobrecarregado  de  cinco  besantes  do  campo.  Timbre:  dragão  volante  de 
vermelho,  armado  de  oiro. 

24  —  Almadas.  —  De  oiro,  banda  de  azul  carregada  de  duas  cruzes  do 
campo,  floridas  e  vazias,  a  banda  acompanhada  de  duas  águias  de  verme- 
lho, membradas  de  oiro.  Timbre :  uma  das  águias,  armada  e  membrada  de 
oiro. 

25  —  A\ei'edos.  — Esquartelado:  o  I  e  IV  de  oiro,  águia  de  negro;  o  II  e 
III  de  azul,  cinco  estrelas  de  oito  pontas  de  prata,  bordadura  cosida  de  ver- 
melho e  carregada  de  oito  aspas  de  oiro.  Timbre:  a  águia  armada  e  mem- 
brada de  oiro. 

26 —  Castel  Branco.  —  De  azul,  lião  de  oiro,  armado  e  linguado  de  ver- 
melho.   Timbre:  lião  aleopardado  de  oiro,  armado  e  linguado  de  vermelho. 

27  —  Abrevs.  —  De  vermelho,  cinco  azas  de  oiro,  cortadas  em  sangue. 
Timbre:  uma  das  azas. 

28  —  Britos. — De  vermelho,  nove  lisonjas  de  prata  apontadas,  moventes 
do  chefe,  da  ponta,  e  dos  flancos  do  escudo,  cada  lisonja  carregada  de  um 
lião  de  púrpura.  Timbre:  lião  aleopardado  de  púrpura  linguado  de  verme- 
lho. 

29  —  Movras.  —De  vermelho,  sete  castelos  de  oiro,  3,  i  e  3.  Timbre: 
um  dos  castelos. 

30  —  Lobos.  —  De  prata,  cinco  lobos  passantes  de  negro.  Timbre:  um 
dos  lobos. 


36  Brasões 

3i  —  Sas.  —  Enxequetado  de  prata  e  azul  de  seis  peças  em  faxa  e  oito 
em  pala.  Timbre:  búfalo  nascente  de  negro,  com  uma  argola  de  oiro  nas 
ventas. 

32  —  CortereaL  —  De  vermelho,  seis  costas  de  prata  firmadas  nos  flancos 
do  escudo,  postas  em  faxa  e  dispostas  em  duas  palas;  chefe  de  prata  carre- 
gado de  uma  cruz  de  vermelho.  Timbre:  braço  armado  de  ferro  guarnecido 
de  oiro,  a  mão  de  encarnação  empunhando  uma  bandeira  de  duas  pontas 
de  prata,  hasteada  de  sua  côr,  e  carregada  de  uma  cruz  suspensa  de  ver- 
melho. 

33  —  Lemos.  —  De  vermelho,  cinco  cadernas  de  crescentes  de  oiro.  Tim- 
bre: águia  nascente  de  vermelho,  carregada  de  um  minguante  de  oiro. 

34  —  Ribeiros.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  oiro,  quatro  palas  de  verme- 
lho; o  II  e  111  de  negro,  três  faxas  veiradas  de  prata  e  vermelho.  Timbre: 
lírio  de  oiro  florido  de  duas  peças. 

35  —  Cabraes.  —  De  prata,  duas  cabras  passantes,  sotopostas  de  verme- 
lho e  armadas  de  negro.    Timbre:  uma  das  cabras. 

36  —  Mir andas.  —  De  oiro,  aspa  de  vermelho  acompanhada  de  quatro 
flores  de  lis  de  verde.  Timbre:  aspa  de  oiro  com  duas  flores  de  lis  de  verde 
saindo  dos  braços  superiores  da  aspa. 

37  —  Tavares.  —  De  oiro,  cinco  estrelas  de  oito  pontas  de  vermelho. 
Timbre:  cavalo  branco,  de  sua  côr,  nascente,  bridado  de  oiro. 

38  —  Mascarenhas.  —  De  vermelho,  três  faxas  de  oiro.  Timbre :  Hão 
nascente  de  vermelho,  armado  de  negro,  e  carregado  das  três  faxas  do  es- 
cudo. 

39  —  Sanpajos.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  oiro,  águia  de  vermelho;  o 
II  e  III  enxequetado  de  oiro  e  azul  de  cinco  peças  em  pala  e  quatro  em  faxa; 
bordadura  de  todo  o  escudo  de  vermelho  carregada  de  oito  SS  de  prata. 
Timbre:  uma  das  águias. 

40  —  Malafajas.  —  De  vermelho,  castelo  de  prata,  lavrado  de  negro,  e 
sobrepujado  de  um  corvo  volante  de  negro  na  torre  do  meio.  Timbre:  os 
móveis  do  escudo. 

41  —  Meiras.  —  De  vermelho,  cruz  de  oiro,  florida  e  vazia  do  campo. 
Timbre:  alão  passante  de  negro,  linguado  de  vermelho. 

42 — Aboim.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  enxequetado  de  oiro  e  azul  de  três 
peças  em  faxa  e  três  em  pala;  o  II  e  III  de  oiro,  três  palas  de  azul.  Timbre: 
dois  braços  vestidos  de  azul,  as  mãos  de  encarnação  segurando  um  taboleiro 
enxequetado  de  oiro  e  azul  de  nove  peças. 

43  —  Carvalhos.  —  De  azul,  estrela  de  oito  pontas  de  oiro  dentro  de  uma 
caderna  de  crescentes  de  prata.  Timbre :  cisne  de  sua  côr,  armado  e  mem- 
brado  de  oiro. 


Preâmbulo  ^  3j 

44  —  Motas.  —  De  verde,  cinco  flores  de  lis  de  oiro.  Timbre:  uma  das 
flores  de  lis  entre  duas  plumas  verdes. 

45  —  Costas.  —  De  vermelho,  seis  costas  de  prata,  postas  em  faxa,  dis- 
postas em  pala  e  firmadas  nos  flancos  do  escudo.  Timbre:  duas  das  costas 
passadas  em  aspa,  e  atadas  de  vermelho. 

46  —  Pesanhas.  —  De  prata,  banda  de  vermelho,  carregada  de  três  flores 
de  hs  de  oiro  postas  no  sentido  da  banda.  Timbre:  as  três  flores  de  hs 
apontadas  em  pala. 

47  —  Pacheco.  —  De  oiro,  duas  caldeiras  de  negro,  postas  em  pala  e 
carregadas  de  três  faxas  de  veirado  de  oiro  e  vermelho,  e  três  cabeças  e 
pescoços  de  serpe  de  vermelho  saindo  de  cada  um  dos  encaixes  das  azas. 
Timbre:  dois  pescoços  de  serpe  de  oiro,  bataihantes,  e  linguados  de  ver- 
melho. 

48—  Sovtomaior.  —  De  prata,  três  faxas  enxequetadas  de  vermelho  e  prata 
de  duas  tiras.  Timbre:  lião  de  prata,  armado  e  linguado  de  vermelho,  e 
carregado  das  três  faxas  do  escudo. 

49  —  Lobatos.  -De  vermelho,  três  castelos  de  prata,  bordadura  de  oiro 
carregada  de  oito  lobos  passantes  de  negro.  Timbre:  um  dos  castelos  com 
um  dos  lobos  nascente  da  torre  do  meio. 

5o — Peixeiras. — De  negro,  cruz  potêntea  de  prata,  vazia  do  campo. 
Timbre:  unicórnio  nascente  e  volvido  de  prata. 

5i  — Valente.  —  De  vermelho,  lião  de  oiro.    Timbre:  o  lião. 

52  —  Serpas.  —  De  verde,  lião  de  oiro,  acompanhado  de  dois  castelos  de 
prata  em  chefe,  e  de  um  dragão  volante  de  oiro  em  ponta.    Timbre:  o  dra- 

53  —  Gama. — Enxequetado  de  oiro  e  vermelho  de  três  peças  em  faxa  e 
quatro  em  pala,  cada  peça  de  vermelho  carregada  de  duas  faxas  de  prata,  e 
sobre  o  quinto  escaque  um  escudete  de  prata  carregado  de  cinco  escudetes 
de  azul,  postos  em  cruz  e  sobrecarregados  cada  um  de  cinco  besantes  de 
prata.  Timbre:  naire  nascente,  vestido  de  branco,  os  braços  nús,  na  mão 
direita  segurando  ao  ombro  um  pau,  e  na  esquerda,  em  ar  de  defesa,  o  es- 
cudete das  quinas  das  armas. 

54 — Nogvei^^a.  —  De  oiro,  banda  mais  larga  do  que  o  usual,  enxequetada 
de  verde  e  prata  de  cinco  ordens,  a  tira  do  meio  coberta  por  uma  cótica  de 
vermelho.  Timbre:  ramo  de  nogueira  de  verde  com  ouriços  abertos  e  nozes 
de  oiro. 

55  —  Betancor.  —  De  prata,  lião  de  negro,  armado  e  linguado  de  verme- 
lho.   Timbre :  o  lião. 

56  —  Góes. — De  azul,  seis  cadernas  de  crescentes  de  prata.  Timbre: 
dragão  volante  de  oiro. 


38  Brasões 

57  —  Pestanas.  —  De  prata,  três  faxas  de  vermelho.  Timbre:  onça  nas- 
cente de  prata. 

58  —  Barretos.  —  De  prata,  dez  pintas  de  arminhos  de  negro,  3,  4  e  3. 
Timbre:  donzela  nascente  vestida  de  arminhos,  os  cabelos  soltos,  o  braço 
direito  curvado  e  a  mão  como  que  apontando  para  cima,  e  o  braço  esquerdo 
também  curvado,  mas  com  a  mão  apoiada  na  anca. 

59  —  Coelhos.  —  Sumiram-se. 

60 — Queirós.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  oiro,  seis  crescentes  de  ver- 
melho; o  II  e  III  de  prata.  Hão  de  vermelho.    Timbre:  o  lião  nascente. 

61 — Fer eiras.  —  De  vermelho,  quatro  faxas  de  oiro.  Timbre:  ema  de 
prata,  armada  de  vermelho. 

62  —  Siqveiras.  —  De  azul,  cinco  vieiras  de  oiro.  Timbre:  uma  das  viei- 
ras (i). 

63  —  Cerqveiras,  aliás  Cerveiras  (2).  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  verme- 
lho, cruz  florida  de  oiro;  o  II  e  III  de  oiro  liso;  bordadura  de  todo  o  escudo 
de  prata,  dividida  em  quatro  partes  pelo  prolongamento  das  linhas  do  es- 
quartelamento,  sendo  duas  dessas  partes  lisas,  e  as  duas  correspondentes  ao 
I  e  IV  quartel  cada  uma  carregada  de  cinco  escudetes  de  azul,  sobrecarre- 
gados cada  um  de  cinco  besantes  de  prata.  Timbre:  cerva  passante  de  sua 
côr. 

64  —  Pimenteis.  —  Esquartelado:  o  I  e  IV  de  vermelho,  três  faxas  de 
oiro;  o  II  e  III  de  verde,  cinco  vieiras  de  prata  com  o  de  dentro  para  fora; 
bordadura  de  todo  o  escudo  de  prata  carregada  de  dez  cruzes  potênteas  de 
negro.  Timbre:  toiro  nascente  de  vermelho,  com  as  unhas  e  armado  de 
oiro. 

65  —  Fois,  aliás  Goiás.  —  Cortado:  o  I  partido  de  prata  com  três  palas  de 
púrpura,  e  de  vermelho  com  um  castelo  de  oiro;  o  II  de  prata,  três  pintas 
de  arminhos  de  negro,  em  faxa.    Timbre:  torre  de  oiro. 

66  —  Arsas,  ahás  Arcas  {2>). — Esquartelado:  o  I  e  IV  de  oiro,  faxa  de 
vermelho;  o  II  e  III  enxequetado  de  vermelho  e  oiro  de  nove  peças.  Tim- 
bre: alão  passante  de  negro. 

67  —  Pintos.  —  De  prata,  cinco  crescentes  de  vermelho.  Timbre:  lião 
nascente  de  vermelho. 


(i)  Aqui  pintaram  as  vieiras  com  a  parte  côncava  para  fora;  foi  capricho  do  restau- 
rador. 

(2)  Mais  um  vestígio  dos  restauros;  as  armas  que  estão  neste  veado  são  as  dos  Cervei- 
ras, e  não  as  dos  Cerqueiras,  muito  diferentes.  Em  i655,  quando  se  imprimiram  as  Noticias^ 
de  Portugal  de  Severim  de  Faria,  ainda  no  tecto  se  lia  Cerveiras  e  não  Cerqueiras. 

(3)  Para  estes  e  para  os  precedentes  vide  a  nota  a  Cerqueiras ;  são  casos  análogos. 


Preâmbulo  89 

68  —  Gopveas. — Partido:  o  I  de  vermelho,  seis  besantes  de  prata  entre 
uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro;  o  II  de  prata,  seis  arruelas  de  azul  (i). 
Timbre :  águia  de  vermelho. 

69  —  Faria.  —  De  vermelho,  torre  de  prata  entre  duas  flores  de  lis  do 
mesmo,  e  acompanhada  de  mais  três  postas  em  chefe.  Timbre:  a  torre  so- 
brepujada de  uma  das  flores  de  lis. 

70  —  Vieiras.  —  De  vermelho,  seis  vieiras  de  oiro.  Timbre :  uma  das 
vieiras  entre  dois  bordões  de  Santiago  de  vermelho,  passados  em  aspa,  fer- 
rados e  atados  de  oiro. 

71 — Agviar.  —  De  oiro,  águia  de  vermelho,  armada  e  membrada  de  ne- 
gro, e  carregada  sobre  o  peito  de  um  crescente  de  prata.  Timbre:  os  mó- 
veis do  escudo. 

72  —  Borges.  —  De  vermelho,  lião  de  oiro,  bordadura  cosida  de  azul,  e 
carregada  de  oito  flores  de  lis  de  oiro.    Timbre:  liao  aleopardado  de  oiro. 

Por  baixo  de  toda  a  pintura,  no  friso  das  paredes,  em  grandes  letras 
doiradas,  lê-se  esta  quadra: 

POIS  COM  ESFORÇOS  LEAIS 
SERVIÇOS  FORAM  GANHADAS 
COM  ESTAS  E  OUTRAS  TAIS 
DEVEM  DE  SER  CONSERVADAS. 

O  autor  dos  versos  ninguém,  que  eu  saiba,  nomeia,  e  pouco  com  isso  se 
perde,  me  parece. 

Aí  fica  pois  a  ordem  e  a  maneira  por  que  estão  pintadas  as  armas  dos 
nobres  portugueses  na  sala  dos  veados  do  paço  de  Sintra. 

Aquela  ordem  é,  como  já  disse,  a  mesma  dada  por  António  Rodrigues 
aos  brasões  no  seu  livro  chamado  do  Armeiro  mor,  e  seguida  por  António 
Godinho  no  outro  livro,  o  da  Torre  do  Tombo. 

Havia  António  Rodrigues  jurado,  como  ele  próprio  declara,  bem  e  ver- 
dadeiramente guardar  a  cada  um  sua  justiça,  pondo-lhe  as  armas  no  seu  lugar 
e  ordem,  como  haviam  sido  dadas  antigamente  (2).  Foi  um  juramento  muito 
arriscado  este  que  o  Rei  de  Armas  fez;  e  nem  lhe  seria  fácil  observá-lo  à 
risca,  nem  mesmo  curou  muito  disso. 

Em  seguida  às  armas  do  Príncipe  assentou  as  dos  maiores  senhores  da 


(i)  Aqui  estão  bem  iluminadas  as  armas  dos  Castros,  as  quais  no  seu  lugar  ficaram  com 
os  esmaltes  trocados. 

(2)  Veja-se  a  nota  2,  pág.  9. 


40  Brasões 

corte,  tais  como  os  Duques  de  Bragança  e  Coimbra,  o  Marquês  de  Vila  Rial, 
e,  sob  o  titulo  genérico  de  casa  de  Bragança,  os  parentes  daquele  primeiro 
Duque,  os  quais  eram  então  seu  irmão  D.  Denis,  casado  em  Castela,  e  seus 
primos  os  Condes  de  Odemira  e  Tentúgal.  Depois  continuou  o  Rei  de  Ar- 
mas com  as  do  Conde  de  Penela,  descendente  da  casa  rial;  as  da  casa  de 
Noronha  de  que  era  chefe  o  Marquês,  mas  da  qual  os  outros  membros  tra- 
ziam armas  diferentes,  e  entre  eles  já  tinha  havido  o  i.°  Conde  de  Odemii»a; 
as  dos  Meneses  de  Tarouca  pelo  Conde  de  Valença;  dos  Coutinhos  pelo 
Conde  de  Marialva;  dos  Castros  de  seis  arruelas  pelo  Conde  de  Monsanto, 
começando  só  d'aqui  por  diante  a  dar  unicamente  aos  brasões  o  nome  da 
linhagem  a  que  pertenciam. 

A  primeira  é  a  de  Ataíde,  onde  Já  existia  o  Conde  da  Atouguia.  Se- 
guem-se-lhe  a  de  Eça,  de  linhagem  rial,  a  de  Meneses  em  que  já  havia,  alem 
dos  antigos  títulos,  os  mais  modernos  de  condes  de  Cantanhede  e  de  Tarouca, 
e  depois  por  aí  fora,  que  longo  e  fastidioso  seria  enumerar,  e  desnecessário 
até,  para  ficar  provado  que  António  Rodrigues  pouco  se  importou  com  a  or- 
dem da  antiguidade;  o  que  êle  quis  foi  observar  quanto  possível  as  jerarquias, 
e  na  minha  opinião  fez  muito  bem.  O  livro  havia  de  ser  mostrado,  não  con- 
vinha ao  autor  indispôr-se  com  nenhum  poderoso. 

Ele  próprio  Rei  de  Armas  ingenuamente  dá  a  conhecer  na  sua  obra,  que 
não  pôde  ou  não  quis  seguir  à  risca  o  juramento.  Na  folha  49  traz  as  armas 
de  «Castro  cÕde.  de  mõsãcto»,  e  na  5i  as  de  «Castro  antiguo».  ^Porque  o 
fez  êle?  Porque  os  primeiros  eram  uns  grandes  senliores,  e  os  outros,  ainda 
que  mais  antigos,  estavam  na  segunda  plana. 

Serve  isto  para  provar  que  nem  nos  livros  dos  brasões,  nem  na  sala  de 
Sintra  se  obedeceu  à  ordem  cronológica.  Tiveram  a  preferência  a  grandeza, 
o  vahmento,  a  posição  na  corte. 

Vá  lá  um  exemplo  só,  e  basta. 

O  primeiro  brasão  na  sala  é  o  dos  Noronhas,  família  que  teve  o  seu  prin- 
cípio no  último  quartel  do  século  xiv  (i).  O  quadragésimo  segundo  é  o  dos 
Aboins,  existentes  já  mais  de  cem  anos  antes,  na  primeira  metade  do  sé- 
culo XIII  (2). 

Vou  terminar,  dando  ainda  contudo  a  razão  por  que  apresento  as  duas 
pequenas  e  toscas  gravuras  nas  quais  se  reproduzem  as  casas  das  quintas  de 
Vai  Flores  e  Ribafria.  Dou-as  por  me  parecer  que  representam  boas  amos- 
tras da  nossa  arquitectura  doméstica  no  século  de  quinhentos. 


(i)  Veja-se  lá  adiante  no  título  dos  Noronhas. 
(2)  Vide  no  título  dos  Sousas. 


Pi'eàmbulo 


41 


A  primeira  é  uma  casa  de  campo,  nobre  sim,  mas  sem  presunções  a  mais; 
a  outra  é  um  solar  afidalgado,  feito  com  carácter  e  capricho.  Ambas  elas 
foram  edificadas  pelo  mesmo  tempo,  meado  século  xvi,  sendo  talvez  a  torre 
de  Ribafria  um  pouco  mais  velha. 

E  agora  mais  nada;  aqui  porei  ponto  a  esta  estendida  palestra  preliminar, 
esperando  que  ao  meu  trabalho  aplique  o  leitor  o  verso  do  poeta  latino: 

Arguor  immerito,  tenuis  mihi  campus  aratur  (i). 


Aldeia,  24  de  Abril  de  1899.  —  Salitre, 
21  de  Dezembro  de  1919. 


(i)  Ovídio,  nas  Tristezas,  liv.  II,  pág.  686  mihi. 

VOL.  I 


1 


NORONHAS 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  I. 


Esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul  em  cruz,  cada 
um  carregado  de  cinco  besantes  do  campo,  bordadura  de  vermelho  carregada 
de  sete  castelos  de  oiro  (Portugal);  o  II  e  III  de  vermelho,  castelo  de  oiro 
(Castela),  o  campo  mantelado  de  prata,  com  dois  liões  batalhantes  de  púr- 
pura, linguados,  de  vermelho  (Lião),  bordadura  de  escaques  de  oiro  e  de 
veirado  de  vermelho  e  prata,  de  vinte  peças.  Timbre:  lião  nascente  de  púr- 
pura, armado  de  vermelho. 

Assim  se  encontram,  mas  com  um  filete  negro  sobreposto  em  barra  no 
I  e  IV  quartel  e  com  os  escaques  da  bordadura  do  II  e  III  de  oiro  e  veiros, 
no  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  47  v.,  fio  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  9,  no 
Thesouro  da  nobreza  de  Francisco  Coelho,  fl.  27,  no  Thesouro  da  nobre'{a 
de  Fr.  Manuel  de  Santo  António,  n-17,  etc. 

I 

PAZ   DE   SANTARÉM 

Corria  o  ano  de  1372  do  nascimento  de  Cristo,  1410  da  era  de  César, 
como  então  se  contava. 

O  reino  libertado  da  invasão  castelhana  pela  paz  de  Alcoutim  (3i  de 
Março  de  1371)  não  encontrara  contudo  o  socêgo,  pois  que  a  cunhagem  da 
nova  moeda,  com  os  «preços  desvairados»  que  el  Rei  lhe  marcara,  e  a  «al- 
motaçaria  posta  em  todallas  cousas»  traziam  os  ânimos  alvoroçados. 

Na  primeira  providência,  a  mudança  da  moeda,  tinham-se  deixado  cair  a 
princípio,  não  só  os  fidalgos,  como  os  próprios  comerciantes  e  gente  miúda. 

Engodara-os  a  aparente  vantagem  de  entregar  à  Moeda  prata  adquiri-da 
a  dezoito  libras  de  dinheiros  alfonsins,  recebendo  em  troca  vinte  e  sete  libras 


46  Brasões 

das  barbudas  por  cada  marco.  Não  viam,  que  de  cada  marco  de  prata,  em 
vez  de  se  extraírem  as  devidas  vinte  e  sete  libras,  tirava  D.  Fernando  cento 
e  noventa  e  cinco  barbudas,  ganhando  portanto  cento  e  sessenta  e  oito  libras 
em  cada  um.  De-pressa  porem  acharam  todos  o  logro,  e  recorreram  a  el  Rei 
em  alto  brado. 

Decretou-se  então  a  diminuição  do  valor  marcado  à  moeda,  e  foi  tal,  que 
a  barbuda  passou  de  valer  vinte  soldos,  a  valer  catorze,  e  por  fim  apenas 
dois  soldos  e  quatro  dinheiros.  Mas,  como  isto  ainda  não  bastasse,  orde- 
nou-se  a  almotaçaria  sobre  todas  as  coisas;  isto  é,  tarifaram-se,  não  só  os 
preços  dos  géneros  conforme  os  lugares  da  produção,  como  os  próprios  sa- 
lários; obrigaram  os  negociantes,  e  seguidamente  os  lavradores,  à  venda  dos 
géneros  enceleirados;  e  determinou-se  a  partilha  dos  mantimentos,  se  a  tal 
necessidade  se  chegasse. 

Os  amores  e  casamento  dei  Rei  com  D.  Leonor  Teles,  escândalo  monu- 
mental do  tempo,  proporcionaram  ocasião  a  dichotes  e  alevantamentos,  que 
fizeram  ainda  acrescer,  ao  mal  presente,  o  receio  pelo  futuro. 

Se  não  quando,  nos  fins  do  verão,  ameaçadora  tempestade  se  vê  acumu- 
lada no  oriente.  Não  tardou  a  desencadear-se  sobre  o  reino,  onde  penetrou 
sob  forma  de  um  exército  castelhano,  que,  meado  Setembro,  invadiu  o  terri- 
tório, apossando-se  de  várias  vilas  e  da  cidade  de  Viseu. 

Parou  aqui,  não  para  se  desvanecer,  mas  para  tomar  forças  e  incremento, 
e  poder  com  mais  impetuosidade  e  vigor  investir  com  o  coração  do  reino. 
Em  Fevereiro  do  ano  seguinte,  o  de  i373,  o  exército  castelhano  saiu  de  Vi- 
seu, e  a  23  do  próprio  mês  assentou  D.  Henrique  II  os  seus  arraiais  sobre 
Lisboa. 

^Que  motivara  similhante  e  inesperada  invasão?  O  ânimo  inquieto  de 
D.  Fernando,  e  o  despeito  do  Castelhano  ao  ver  preferida  sua  filha  por  uma 
mulher  casada,  e  de  sangue  não  rial. 

jPara  esta  guerra  de  tam  funestas  consequências  concorreu  um  Português! 
Diogo  Lopes  Pacheco,  um  dos  culpados  na  morte  de  Inês  de  Castro,  voltara 
a  viver  na  corte  castelhana,  e  era  a  D.  Henrique  tão  aceito,  que  ele  o  mandou 
a  Portugal  averiguar  das  denúncias  recebidas  de  premeditadas  hostilidades. 
O  rico  homem,  esquecido  do  seu  país  e  do  perdão  que  seu  rei  lhe  dera, 
quando,  assaltado  pelas  saudades  da  pátria,  a  êle  recorrera,  e  lembrando-se 
unicamente  dos  novos  agravo^  recebidos,  mas  por  êle  provocados  pela  hos- 
tilidade manifestada  ao  casamento  de  D.  Leonor,  em  vez  de  tratar  de  conci- 
liação, levou  de  cá  exageradas  novas  a  Castela. 

Da  parte  de  Portugal  viu-se  quam  exageradas  eram,  pela  falta  de  aper- 
cebimento em  que  el  Rei  estava,  não  só  para  invadir,  como  até  para  resistir 
à  invasão;  e  da  parte  de  Castela  pelas  apressadas  disposições  tomadas  pelo 


Noronhas  47 

Bastardo  de  Trastâmara,  que,  exasperado  com  os  do  seu  conselho  que  opi- 
navam pela  demora  da  expedição,  lhes  disse,  na  pitoresca  frase  de  Fernão 
Lopes:   «Ou  vós  todos  estaes  bevedos,  ou  samdeos,  ou  sois  treedores». 

Apertada  a  heróica  Lisboa  pelo  cerco,  fechado  D.  Fernando  em  Santarém 
•om  um  dos  seus  ataques  de  covardice,  destruída  a  esquadra,  ^que  restava? 
Aproveitar  a  mediação  do  Legado  do  Papa,  e  aceitar  a  paz  por  todo  o  preço. 
Foi  o  que  se  fez,  assinando-se  ela  em  Santarém  a  19  de  Março,  e  apregoan- 
do-se  aí  cinco  dias  depois. 

Combinou-se  então  a  entrevista  dos  reis  sobre  o  Tejo,  e  dela  voltou  D.  Fer- 
nando, dizendo  a  sorrir  para  os  fidalgos  que  o  acompanhavam:  a  Quanto  eu, 
hanricado  venho!» 

Uma  das  condições  desta  paz  foi  o  casamento  da  infanta  D.  Beatriz,  irmã 
dei  Rei,  com  o  Conde  de  Alburquerque,  D.  Sancho,  irmão  dei  Rei  de  Cas- 
tela. Celebraram-se  as  bodas  com  justas  e  festas  brilhantes,  e  por  esta  oca- 
sião tratou-se  o  casamento  de  D.  Isabel,  filha  bastarda  de  D.  Fernando,  me- 
nina de  oito  anos,  com  D.  Afonso,  conde  de  Gijon  e  Noronha,  bastardo  de 
Henrique  ÍI,  e  moço  de  dezoito  anos.  E  este  foi  um  dos  muitos  casamentos 
de  conveniência  pactuados  em  todos  os  tempos  entre  soberanos,  resolvidos  a 
sacrificarem  desapiedadamente  a  felicidade  dos  seus  mais  chegados,  a  troco 
do  que  posteriormente  se  chamou  razão  de  Estado. 

O  conde  D.  Afonso,  ou  porque  já  tivesse  alguma  inclinação,  ou  porque  a 
sua  desposada  lhe  fosse  antipática,  não  anuiu  de  bom  grado  ao  casamento, 
nem  nos  desposórios,  nem  quando  posteriormente  se  tratou  de  o  efeituar. 

Chegou  a  fugir  para  França  e  Avinhão,  d'onde  somente  voltou  apertado 
pelas  ameaças  paternas,  e  a  muito  custo,  ante  o  altar,  disse  o  sim  sacramen- 
tal. Não  consumou  contudo  o  casamento,  conservando  seu  pai  iludido  a  tal 
respeito  durante  os  dois  meses,  que  permaneceram  em  Burgos  e  Falência. 
Morto  el  Rei,  obteve  o  divórcio,  mas  dele  não  se  aproveitou,  pois  que  não 
só.  consumou  o  matrimónio,  como  teve  de  sua  mulher  vários  filhos  (i). 

^Deixara-se  seduzir  pelas  qualidades  morais  ou  físicas  da  repudiada  es- 
posa? ^Influíra  sobre  sua  resolução  o  encontrar,  na  vida  de  perseguido  e 
desgraçado  a  que  o  seu  ânimo  irrequieto  o  condenou,  consolação  e  carinho 
em  D.  Isabel?  ^Ou  seria,  porque,  considerando  a  rainha  de  Castela  D.  Bea- 
triz tam  ilegítima  filha  de  D.  Fernando,  como  a  própria  Condessa,  tendo  esta 
sobre  aquela  a  vantagem  da  primogenitura,  necessitasse  ligar-se  definitiva- 
mente a  D.  Isabel  para  justificar  as  suas  pretensões  ao  trono  português? 
Não  sei,  ainda  que  para  a  última  conjectura  me  incline. 


(1)  Fernão  Lopes,  Chronica  d'el-rei  D.  Fernando,  caps.  55,  66  e  seguintes. 


48  Brasões 

O  certo  é,  ter  a  Condessa,  depois  de  viúva,  voltado  para  Portugal,  tra- 
zendo consigo  seis  filhos  e  recebendo  para  si  e  para  eles  bom  agasalho  de 
D.  João  I. 

II 

LINHAGEM 

Os  filhos  dos  Condes  de  Gijon  e  Noronha,  que  passaram  a  Portugal  com 
sua  mãe,  foram  os  seguintes: 

1°  —  D.  Pedro  de  Noronha,  arcebispo  que  foi  de  Lisboa  de  1424  a  1452  (i). 
Dele  provieram  os  Marqueses  de  Angeja  (21  de  Janeiro  de  1714),  o  Conde 
de  Carvalhais,  os  Noronhas  Ribeiros  Soares,  as  varonias  das  casas  dos  Ar- 
cos, de  Marialva,  de  S.  Lourenço  e  outras. 

2.**  —  D.  Fernando  de  Noronha,  conde  de  Vila  Rial  (1434)  pelo  seu  casa- 
mento. Foi  progenitor  dos  demais  Condes  de  Vila  Rial,  antigos,  dos  Mar- 
queses (1489)  e  Duque  da  mesma  vila  (i585)  e  Duques  de  Caminha  (1620); 
dos  Condes  de  Linhares,  antigos  (i525),  dos  de  Valadares  (i7o3),  dos  de 
Paraty  (181 3),  da  varonia  dos  Marqueses  de  Cascais,  etc.  Estes  Noronhas 
sobrepuseram  às  suas  armas  as  dos  Meneses  de  Vila  Rial,  e  no  chefe  da 
família  estava  a  primogenitura  legítima  dos  Noronhas. 

3."  —  D.  Sancho  de  Noronha,  i."  conde  de  Odemira  (1446),  cujos  des- 
cendentes legítimos  provieram  todos  por  linha  feminina  e  usaram  das  antigas 
armas  da  casa  de  Bragança,  ainda  que  em  alguns  se  repetiu  o  apelido  de 
Noronha. 

4.''  —  D.  Henrique  de  Noronha,  capitão  de  gente  de  guerra  na  tomada 
de  Ceuta,  de  quem  não  subsiste  geração  masculina  legítima. 

5.°  —  D.  João  de  Noronha,  sem  descendentes. 

6.°  —  D.  Constança  de  Noronha,  duquesa  de  Bragança,  segunda  mulher, 
sem  geração,  do  i.°  Duque  de  Bragança. 

Eis,  resumidamente  descrita,  a  origem  e  indicados  os  principais  ramos 
da  ilustríssima  família  de  Noronha. 


(i)  Encontrei,  numa  sentença  de  4  de  Janeiro  de  1427,  um  selo  pendente  com  as  armas 
do  arcebispo  de  Lisboa  D.  Pedro  de  Noronha.  São  elas  um  escudo  esquartelado:  no  I  e 
IV  quartel  um  castelo,  e  o  campo  mantelado  com  dois  liões  batalhantes;  no  II  e  III  as  qui- 
nas do  reino  com  os  escudetes  dos  flancos  apontados  ao  do  centro;  euma  bordadura  a  todo 
o  escudo  carregada  de  dezassete  castelos.  A  sentença  foi  passada  em  nome  de  Vasco  Es- 
teves, escolar  em  Direito  Canónico,  vigário  perpétuo  da  igreja  de  S.  Tomé  de  Lisboa  e  ou- 
vidor geral  do  muito  honrado  padre  o  senhor  D.  Pedro.  —  Torre  do  Tombo,  Mosteiro  de 
Oie/<j5,  pergaminho,  n.' 3 1 3. 


II 


COUTINHOS 


VOL.  1 


I 


Brasões  da  Sai. a  de  Sintra,  Vol.  I. 


\ 


De  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermeliio.  Timbre:  leopardo 
de  vermelho,  armado  de  oiro,  carregado  de  uma  estrela  de  cinco  pontas  de 
oiro  sobre  a  espádua  e  segurando  na  garra  dextra  uma  capela  de  flores  de 
vermelho  e  oiro. 

Quanto  ao  escudo,  pouca  variedade  apresentam  estas  armas  no  Livro  do 
Armeiro  mor,  fl.  48  v.  e  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  g  v.,  consistindo 
apenas  em  as  estrelas  nestes  serem  de  sete  pontas.  Quanto  ao  timbre  po- 
rem a  diferença  é  maior,  no  segundo,  porque  o  primeiro  não  traz  timbres: 
nele  se  vê  pintado  unicamente  um  lião  aleopardado  de  vermelho. 

Conformes  em  tudo  com  a  pintura  desta  sala  encontram-se  as  armas  dos 
Coutinhos  no  Thesoiiro  da  Nobreza  de  Fr.  Manuel  de  Santo  António,  c-io5. 

I 

BATALHA  DE   TRANCOSO 

i385 

Aos  6  de  Abril  de  i38õ,  nos  paços  da  alcáçova  de  Coimbra,  as  Cortes 
portuguesas  proclamaram  rei  ao  Mestre  de  Avis. 

Termidada  a  festa  da  coroação,  elegeu  D.  João  I  os  oficiais  mores  da  sua 
casa  e  os  do  exército;  agraciou,  com  mercês  e  favoráveis  desembargos,  os 
fidalgos  e  os  povos  dos  concelhos,  que  mais  sé  tinham  distinguido  pela  sua 
causa;  e  proveu  às  necessidades  urgentes  do  novo  reinado.  Seguidamente 
passou  ao  Porto  a  fim  de  partir  d'aí  a  acometer  os  lugares,  que  no  Minho 
tinham  tomado  voz  por  el  Rei  de  Castela.  Eram  eles  na  verdade  os  prin- 
cipais e  o  maior  número. 

Os  fidalgos,  que  nas  Cortes  se  tinham  reunido,  tomaram  então  desvaira- 
dos caminhos,  cada  um  para  onde  o  dever  ou  o  maior  perigo  os  chamava. 


52  Brasões 

Para  a  Beira  partiram,  enire  outros,  Martim  Vasques  da  Cunha  para  o  seu 
castelo  de  Linhares,  levando  consigo  seu  irmão  o  alferes  mor  Gil  Vasques 
da  Cunha;  o  guarda  mor,  João  Fernandes  Pacheco,  para  a  sua  vila  de  Fer- 
reira de  Aves;  Gonçalo  Vasques  Coutinho  para  o  seu  castelo  de  Trancoso; 
e  o  mestre  sala,  Egas  Coelho,  para  a  sua  vila  de  Linhares. 

Pouco  tempo  depois  de  chegados,  em  princípios  de  Maio,  os  dois  alcaides 
mores  viram  das  ameias  de  seus  castelos  invadir  a  província  uma  numerosa 
hoste  castelhana,  capitaneada  por  João  Rodrigues  de  Castanheda. 

Em  Cidade  Rodrigo  tinha  mandado  el  Rei  de  Castela  a  alguns  cavaleiros, 
que  ajuntassem  os  seus  homens  de  armas,  a  fim  de  fazerem  correrias  pelos 
campos  de  Portugal.  Reunido  já  um  certo  número  de  capitães,  não  poderam 
sofrear  os  apetites  de  saque.  Com  este  intuito  puseram-se  a  caminho,  con- 
tando com  a  impunidade,  pois  sabiam  que,  alem  de  não  haver  naquela  pro- 
víncia fronteiro,  os  fidalgos  principais  dela  estavam  desavindos. 

Por  Almeida  entraram  em  Portugal,  e  marcharam  por  Pinhel  e  pela  veiga 
de  Trancoso  direitos  a  Viseu,  onde  penetraram  sein  resistência,  pois  era 
lugar  aberto.  Saquearam  a  cidadei,  roubando  e  cativando  tudo  que  lhes 
aprouve,  e  puseram-se  de  novo  a  caminho,  direitos  a  Castela,  com  os  des- 
pojos e  cativos.  Levavam  tam  valiosa  presa,  que  excediam  a  setecentas  as 
azêmolas  da  carriagem. 

^Que  faziam  entretainto  os  alcaides  mores  dos 'castelos  da  fronteira? 
Agravados  uns  contra  os  outros,  e  não  tendo,  cada  um  de  per  si,  forças  su- 
ficientes para  combater  os  Castelhanos,  assistiam  detrás  das  fortes  muralhas, 
certamente  raivosos,  mas  impotentes,  à  assolação  e  saque  da  província. 

Então,  João  Fernandes  Pacheco,  não  lhe  sofrendo  o  ânimo  brioso  a  injúria 
recebida,  decidiu  tentar  a  reconciliação.  Saindo  de  Ferreira  dirigiu-se  a  Li- 
nhares, onde  em  Martim  Vasques  da  Cunha  topou  bom  propósito,  pois  pronto 
ficava,  a-pesar  das  afrontas  padecidas,  para  unir  os  seus  homens  de  armas  aos 
de  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  e  juntos  saírem  ao  encontro  dos  invasores. 

Contente  e  apressado  dirigiu-se  o  Senhor  de  Ferreira  a  Trancoso.  Re- 
peliu-o  porem  o  Alcaide  mor,  fundando-se  no  pretexto  da  discórdia  existente; 
mas  a  verdadeira  causa  em  breve  a  penetrou  Pacheco  por  algumas  palavras, 
que  Gonçalo  Vasques  Coutinho  deixou  cair.  Este,  o  que  não  queria,  era 
combater  debaixo  da  bandeira  de  Martim  Vasques. 

Não  desacoroçoado  voltou  Pacheco  a  Linhares,  onde,  exposto  o  embaraço, 
encontrou  em  Martim  Vasques  digna  e  levantada  determinação.  Todos  sa- 
biam, ser  ele  Cunha  muito  superior  em  vassalos,  nobreza  e  grandeza  de  casa 
ao  Coutinho,  mas,  para  serviço  dei  Rei  e  proveito  da  pátria,  estava  disposto 
a  pelejar  às  ordens  de  Gonçalo  Vasques,  e  para  prova  iria  com  seus  irmãos 
juntar-se-lhe  em  Trancoso. 


Coutinhos  53 

Neste  castelo  se  apresentaram  os  Cunhas,  levando  na  sua  companhia  a 
João  Fernandes  Pacheco  e  a  Egas  Coelho.  Foram  tratados  com  um  lauto 
banquete,  durante  o  qual  Leonor  Gonçalves,  mulher  do  Alcaide  mor,  «andava 
entre  eles  com  grão  prazer  e  lédice,  mostrando  que  de  tal  festa  era  muy 
contente».  Terminado  o  festim,  e  feitos  os  Juramentos  de  recíproco  auxílio, 
acordaram  na  maneira  e  no  lugar  onde  combateriam  os  Castelhanos. 

Na  veiga  de  Trancoso,  a  menos  de  meia  légua  da  vila,  formaram-se  a  pé 
as  tropas  portuguesas.  Constavam  elas  de  cento  e  vinte  lanças  dos  homens 
de  armas  de  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  cento  e  cinquenta  dos  de  Martim 
Vasques  da  Cunha,  trinta  dos  de  João  Fernandes  Pacheco,  e  mais  algumas 
dos  de  Egas  Coelho.  Ao  todo  trezentas  e  tantas  lanças,  a  que  ajuntaram 
muitos  peões  trazidos  das  aldeias  vizinhas. 

Bem  de  manhã,  num  belo  dia  de  fins  de  Maio,  apareceu  a  hoste  castelhana 
em  número  de  quatrocentas  lanças,  duzentos  ginetes  e  bastantes  peões  e  bes- 
teiros. Avistadas  as  tropas  portuguesas,  detiveram-se  os  Castelhanos  em 
largo  conselho,  em  resultado  do  qual  inclinaram  sua  marcha  para  a  direita, 
procurando  a  ribeira  de  Frechas,  na  imenção  aparente  de  evitar  o  combate. 

Adivinhada  ela,  moveram-se  os  Portugueses,  e  apresentaram-se  de  frente 
aos  Castelhanos  junto  à  ermida  de  S.  Marcos,  a  qual,  como  padrão  que  ficou 
sendo  desta  batalha,  foi  arrasada  pelo  exército  castelhano,  quando  no  Julho 
seguinte  por  ali  tornou. 

Não  podendo  evitar  o  combate,  deixaram  os  invasores  os  ginetes  de 
guarda  à  presa,  e  os  peões  e  besteiros  de  vigia  aos  cativos,  e,  postos  a  pé 
os  homens  de  armas,  ao  som  das  trombetas,  e  ao  estridor  dos  gritos  «Cas- 
tilla  y  Santiago»  e  «Castafíeda»,  deram  nos  cavaleiros  portugueses,  que  firmes 
■os  receberam,  clamando  por  «Portugal  e  S.  Jorge»,  «Cunha  e  Ferreira». 

Travou-se  a  batalha,  que  foi  das  mais  renhidas  e  características  pelejadas 
entre  Portugueses  e  Castelhanos.  Nela,  o  valor,  a  união,  o  amor  da  pátria 
oprimida,  supriram,  como  em  outras,  a  falta  de  número. 

O  ardor  era  tal,  a  sede  do  sangue  inimigo  tanta,  que  os  duros  golpes, 
batendo  nas  rijas  armaduras,  produziam  pavoroso  estrépito,  ouvido  d'ali  a 
meia  légua,  em  Trancoso. 

Os  peões  portugueses  tinham  fugido,  ainda  antes  do  primeiro  choque,  e 
ás  mãos  dos  ginetes  castelhanos  morreram  alguns.  Não  desanimaram  con- 
tudo os  homens  de  armas,  ante  este  mau  prenúncio  de  vitória.  Apertando 
as  fileiras,  e  redobrando  de  esforço,  breve  íizeram  conhecer  aos  Castelhanos, 
que  era  ilusória  a  aparente  vantagem. 

Já  sobre  a  tarde,  dos  quatrocentos  cavaleiros  espanhóis,  apenas  existia 
um,  preso  por  Gil  Vasques  da  Cunha,  que  o  não  quis  matar  para  haver  tes- 
temunha, entre  os  contrários,  de  tam  glorioso  e  extraordinário  feito. 


54  Brasões 

j Deveras  assombroso  foi,  o  que  o  Castelhano  viu  então!  Aqui,  os  cadá- 
veres de  todos  os  cavaleiros  e  escudeiros  seus  companheiros  de  armas;  aU, 
fugitivos,  trepando  pela  encosta,  os  peões  e  besteiros,  que  não  ficaram  presos 
dos  que,  havia  pouco  ainda,  eram  seus  cativos;  ao  longe,  já  pelo  cume  dos 
oiteiros,  os  ginetes,  que,  abandonando  a  presa,  não  esperaram  a  ver  o  fim; 
e,  de  roda  dele,  ofegantes,  cobertos  de  sangue  e  pó,  os  Portugueses,  todos 
os  Portugueses,  pois  que,  diz  o  cronista,  nem  um  só  dos  homens  de  armas 
inordeu  a  terra  nesse  memorável  combate  (i). 

jQue  nobre  orgulho,  que  bem  fundada  audácia  não  incutiria  esta  vitória 
no  ânimo  dos  Portugueses!  ; Quanto  não  lhes  aumentaria  ela  a  fé  no  feliz 
êxito  da  sua  empresa!  ;e  que  brilhante  prelúdio  não  foi  da  batalha  de  Alju- 
barrota! 

A  Martim  Vasques  da  Cunha,  mais  do  que  a  ninguém,  se  deveu  este  glo- 
rioso sucesso,  pois  que,  a  favor  da  causa  comum,  soube  vencer  a  altivez  do 
seu  carácter,  dando  um  exemplo  bem  poucas  vezes  seguido  nesses  tempos 
de  insofrido  orgulho. 

O  capitão  da  hoste  portuguesa  na  memorável  batalha  de  Trancoso  foi, 
como  fica  dito,  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  alcaide  mor  daquela  vila  e  pos- 
teriormente marichal  de  Portugal.  Foi  cavaleiro  de  tam  esforçadas  façanhas 
que  dele  disse  o  Duque  de  Lencastre  que,  «se  ouvesse  de  aventurar  o  Reyno 
de  Castella,  e  poer  seu  direito  em  mão  de  hum  homem  que  o  combatese», 
Gonçalo  Vasques  Coutinho,  ou  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  cada  um  deles, 
era  bastante  para  lhe  confiar  tal  feito  (2). 

Muito  assinalada  acção  de  Gonçalo  Vasques  Coutinho  foi  a  da  defensão 
de  uma  ponte,  quando  em  1387  o  exército  português  seguia  o  caminho  de 
Cidade  Rodrigo.  Nesse  dia  ele,  único  cavaleiro,  acompanhado  por  alguns 
besteiros,  embargou  o  passo  aos  Castelhanos  durante  todo  o  tempo  necessá- 
rio para  o  nosso  exército  passar  a  vau  (3). 

n 

LINHAGEM 

Era  Gonçalo  Vasques  Coutinho  senhor  do  couto  de  Leomil  na  Beira  por 
sucessão  a  seus  maiores,  e  por  êle  ser  pequeno  se  lhe  chamava  o  Coutinho, 
provindo  d'aqui,  diz-se,  o  apelido  a  seus  possuidores.     Este  couto  de  Leomil 


(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  1,  part.  11,  caps.  19  a  21. 

(2)  Ibidem,  cap.  109. 

(3)  Ibidem,  cap.  1 12, 


Coiitinhos  5  5 

havia  sido  doado  por  juro  de  herdade  com  outros  bens,  por  carta  passada 
em  Vila  Nova  de  Anços  a  i3  de  Março  de  1410  (1372),  ao  vassalo  dei  Rei 
Vasco  Fernandes  Coutinho  (i).  A  este  mesmo  fidalgo,  intitulando-o  cava- 
leiro e  vassalo,  fez  D.  Fernando  nova  doação,  para  ele  e  descendentes,  por 
carta  dada  em  Lisboa  a  23  de  Julho  de  1421  (i383),  pelos  serviços  prestados 
nas  guerras  com  D.  Henrique  e  D.  João  de  Castela,  da  vila  de  Nomão  e 
seus  termos,  do  castelo  de  Penedono  e  seu  termo,  e  dos  lugares  de  Póvoa, 
Penela,  Paredes,  Riodades  e  Valongo,  com  seus  termos,  jurisdições,  data  de 
ofícios,  tabeliães,  etc.  (2).  Ao  filho  de  Vasco  Fernandes,  o  referido  mari- 
chal  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  confirmou  D.  loao  I,  em  Ceuta,  a  24  de 
Agosto  de  1453  (141 5),  a  precedente  doação,  mandando  incorporar  todos 
aqueles  bens  no  couto  de  Leomil  e  ordenando,  a  ele  Gonçalo  e  a  seus  suces- 
sores, que  se  intitulassem  senhores  do  couto  de  Leomil  (3). 

Casou  Gonçalo  Vasques  Coutiriho  por  duas  vezes,  sendo  sua  segunda  mu- 
lher D.  Joana  de  Albuquerque,  filha  bastarda  do  mestre  de  Santiago  D.  Fer- 
nando Afonso  de  Albuquerque,  e  dela  só  teve  uma  filha,  D.  Isabel  Coutinho, 
que  veio  a  casar  com  Gomes  Freire,  seahor  de  Bobadela.  Da  primeira  vez 
havia  Gonçalo  Vasques  casado  com  Leonor  Gonçalves  de  Azevedo,  filha  de 
Gonçalo  Vasques  de  Azevedo,  senhor  da  Lourinhã,  e  primeiro  marichal  de 
Portugal,  e  dela  tivera  os  seguintes  filhos: 

i.°  —  Vasco  Fernandes  Coutinho,  i.°  conde  de  Marialva  (Setembro  de 
1440)  e  marichal  do  reino.  Foi  progenitor  dos  demais  Condes  de  Marialva 
e  dos  Marqueses  do  mesmo  título  (i  i  de  Junho  de  1661)  com  a  varonia  de 
Meneses;  dos  comendadores  de  Vaqueiros,  dos  de  Caldeias  e  dos  de  Almou- 
rol;  dos  Condes  do  Redondo  (2  de  Junho  de  i5oo),  os  quais  posteriormente 
tiveram  a  varonia  de  Castelo  Branco  e  ultimamente  a  de  Sousa  Chichorro; 
dos  Marichais  do  reino,  dos  Morgados  de  Pinhel,  e  doutros. 

2.°  —  Fernão  Coutinho,  senhor  de  Basto  e  Montelongo,  cuja  descendência 
varonil  em  breve  se  extinguiu. 

3.°  —  Álvaro  Gonçalves  Coutinho,  o  legendário  Magriço. 

4.*'  —  D.  Álvaro  Coutinho,  bispo  de  Coimbra,  segundo  afirmam  alguns 
nobiliários  sem  confirmação  nos  catálogos  dos  bispos  daquela  diocese. 

5." —  D.  Fernando  Coutinho,  bispo  de  Coimbra  pelos  anos  de  1425. 

6.°  —  D.  Luís  Coutinho,  bispo  de  Viseu  e  depois  de  Coimbra,  a  quem 
me  tornarei  a  referir. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.o,  fl.  io3. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  3.",  fl.  149  v. 

(3)  Ibidem.  —  Esta  carta  é  o  único  diploma  de  D.  João  I  datado  de  Ceuta  por  mim  até 
agora  encontrado. 


56  Brasões 

7.°  —  D.  Felipa  Coutinho,  que  em  1420  se  desposou  com  D.  Pedro  de  Me- 
neses, capitão  de  Ceuta  e  futuro  i.°  conde  de  Vila  Rial  e  2.°  de  Viana,  não 
se  tendo  chegado  a  reaHzar  o  casamento  por  a  noiva  morrer  no  mar,  quando 
ia  ter  com  o  marido  a  Ceuta. 

A  varonia  dos  Coutinhos  subsistia  há  pouco  apenas  na  linha  dos  morgados 
de  Â.rcoselo  à  qual  pertencia  o  simpático  Aj^ô  dos  janotas,  D.  José  Coutinho 
de  Lancastre,  há  poucos  dias  falecido  (i). 

D.  Luís  CoutinhO;^  acima  mencionado,  era  bispo  de  Viseu  pelos  anos  de 
1438,  sendo  de  lá  transferido  para  o  bispado  de  Coimbra  em  1444,  segundo 
dizem.  Nesta  qualidade  acompanhou  em  146 1  a  infanta  D.  Leonor  a  Roma, 
quando  foi  casar  com  o  imperador  Frederico  III  (2).  Afirmam  igualmente 
os  autores  dos  catálogos  dos  diversos  prelados  haver  sido  também  D.  Luís 
Coutinho  arcebispo  de  Lisboa  alguns  meses  do  ano  de  1453  (3);  mas  não 
acertam,  porque  êle  não  teve  nunca  a  posse  daquele  arcebispado,  nem  se- 
quer nele  foi  confirmado,  se  para  tal  prelazia  chegou  alguma  vez  a  ser  eleito» 
Efectivamente  aparecem  duas  cartas  régias  de  23  de  Setembro  e  9  de  Ou- 
tubro de  1453  as  quais  esclarecem  o  caso.  Pela  primeira  foi  dada  licença 
para  andar  em  besta  muar  a  um  criado  de  D.  Luís  Coutinho,  «bispo  que  foi 
de  Coimbra» ;  e  pela  segunda  tomou  D.  Afonso  V  sob  sua  especial  protecção 
a  um  escudeiro  de  «D.  Luís  Coutinho,  bispo  que  foi  de  Coimbra,  do  nosso 
conselho,  a  que  Deus  perdoe»  (4).  Se  êle  houvesse  sido  arcebispo  de  Lis- 
boa, mesmo  até  apenas  eleito,  é  certo  que  esta  dignidade  seria  indicada  nos- 
referidos  diplomas. 

A  pessoa  de  D.  Luís  Coutinho  encontra-se  ligada,  sem  sólido  fundamento, 
julgo,  a  uma  lenda  interessante.  Na  antiga  estrada  de  Lisboa  a  Sintra,  entre 
a  quinta  do  Ramalhão  e  o  lugar  de  S.  Pedro,  encontra-se,  à  esquerda  de 
quem  se  dirige  para  a  vila,  um  túmulo  misterioso,  com  uma  cruz  latina  es- 
culpida na  tampa,  quási  de  nível  com  o  solo,  e  uma  outra  cruz  alçada  sobre 
uma  pequena  coluna  na  extremidade  da  campa.  Não  se  sabe  para  quem  o 
túmulo  fosse  construído,  mas  houve  quem  suposesse  estarem  nele  recolhidos 
os  restos  de  D.  Luís  Coutinho  (5).     Vamos  ver  se  será  possível  e  plausível. 

Em  7  de  Abril  de  i83o,  por  ordem  de  D.  Miguel  e  na  sua  presença, 
mandou  o  Juiz  de  fora  de  Sintra  abrir  o  referido  túmulo  e  nele  se  encon- 


(i)  Escrevia  eu  isto  em  6  de  Dezembro  de  188^. 

(2)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  i32. 

(3)  P.  ex.  João  Bautista  de  Castro,  Mappa  de  Portugal,  III,  128-129. 

(4)  Archivo  histórico  portugue^,  III,  pág.  229  e  23o. 

(5)  Abade  de  Castro,  Antigualha  das  cercanias  de  Cintra^  no  Panorama,  vol.  vi,  pág.  359, 


Coutinhos  57 

traram  os  ossos  de  um  indivíduo  só,  sem  aparecerem  quaisquer  indícios  que 
habilitassem  a  identificar  a  pessoa  a  quem  aqueles  restos  pertenciam.  No 
auto  então  lavrado  e  depois  guardado  no  Arquivo  da  Câmara  Municipal,  de- 
clara o  Juiz  de  fora,  reportando-se  a  documentos  existentes  no  Cartório  da 
Misericórdia,  constar:  que  «em  1409  já  excedia  a  memoria  dos  homens  a 
fundação  do  Hospital  e  Gafaria  dos  Lázaros  no  cabeço  do  Ramalão»;  que 
nesse  mesmo  ano  se  fizera  a  divisão  dos  rendimentos  das  herdades  do  dito 
hospital,  ficando  ele  com  metade  e  sendo  a  outra  metade  atribuída  ao  de 
Cascais;  e  finalmente  que  no  Tombo  dos  bens,  que  ficaram  ao  hospital  de 
Sintra,  rnandado  fazer  em  1450  pela  rainha  D.  Leonor,  mulher  de  D.  João  II, 
e  concluído  em  1452,  se  menciona  «o  caminho  aonde  existe  o  Monumento  e 
Crus».  Na  verdade,  quando  examinei  o  cartório  da  Misericórdia  de  Sintra, 
encontrei  estes  documentos  e,  se  as  datas  do  último  estivessem  bem  inter- 
pretadas, elas  afastariam  completamente  a  suposição  de  haver  sido  o  túmulo 
construído  para  receber  os  restos  de  D.  Luís  Coutinho,  vivo  ainda  em  1460 
e  1452,  visto  que  se  deve  entender  ter  falecido  só  em  1453,  entre  23  de  Se- 
tembro e  9  de  Outubro,  como  indicam  os  dois  diplomas  acima  extratados; 
as  datas  porem  dos  anos  de  1430  e  1452  dentro  dos  quais  se  diz  ter  sido  es- 
crito o  referido  Tombo,  não  são  verdadeiras. 

Foi  êle  feito  por  mandado  e  em  nome  de  «Dona  lianor  per  Graça  de  deos 
Raynha  de  portugal  e  dos  algarues .  . .  e  senhora  de  guinee».  Corneça  pelo 
contrato  celebrado  entre  os  hospitais  de  Sintra  e  de  Cascais  para  repartição 
das  rendas  e  continua  com  outras  escrituras  até  entrar  na  demarcação  das 
herdades  do  hospital,  à  qual  se  seguem  mais  escrituras,  sem  nunca  se  en- 
cerrar o  Tombo  e,  portanto  sem  se  declarar  a  data,  a  não  ser  no  fim  onde, 
de  letra  moderna,  século  xix,  se  lê:  «Feito  em  1450».  Esta  indicação  porem 
está  longe  da  verdade. 

O  ditado  acima  transcrito  revela  claramente,  nas  palavras  senhora  de 
Guine',  tratar-se  da  rainha  D.  Leonor,  mulher  de  D.  João  II  e  este  soberano 
só  começou  a  incluir  aquele  título  no  seu  ditado  em  1485  (i).  Foi  portanto 
o  Tombo  começado  a  escrever  muitos  anos,  mais  de  trinta  pelo  menos,  de- 
pois da  morte  de  D.  Luís  Coutinho.  A  menção  do  túmulo  naquele  docu- 
mento não  invalida  pois  a  suposição  dele  ter  sido  feito  para  receber  o  corpo 
do  Bispo  de  Coimbra.  Na  fl.  36  v.  do  Tombo  começa  a  descrição  e  medi- 
ção do  casal  do  Ramalhão,  e  na  fl.  Sy  declara-se:  «E  ficam  por  partir  E  de- 
marcar ...  os  rressijos  de  junto  das  casas  E  outros  grandes  que  vaam  partir 
acima  com  o  Ressijo  do  concelho  honde  estaa  ó  moj'mêto  e  cru:{i>. 


(i)  João  Pedro  Ribeiro,  Dissertações,  II,  204. 

VOL.  I 


58  Brasões 

Este  monumento  sepulcral  estava  no  antigo  cemitério  dos  gafos,  como 
consta  de  uma  determinação  tomada  pela  mesa  da  Misericórdia  em  12  de 
Julho  de  1598:  «que  se  concerte  o  mojmento  dos  lázaros  que  está  no  Rama- 
Ihão  por  ser  memoria  dos  lázaros  que  estam  nelle  sepultados  e  esta  casa  ter 
obrigação  de  o  ter  sempre  concertado»  (i).  Perto  de  um  século  depois,  no 
dia  I  de  Julho  de  1673,  deliberou  a  mesa  da  Misericórdia  mandar  «pôr  húa 
cruz  de  Pedra  na  sepultura  dos  Lázaros,  que  está  na  estrada  de  Lisboa  Junto 
a  o  Ramalão,  por  quanto  esta  casa  tem  obrigação  de  a  reparar  como  admi- 
nistradora que  hé  do  Hospital  dos  Lázaros,  e  ja  esta  S.'^  caza  tinha  mandado 
pôr  a  que  furtarão,  e  se  poz  no  anno  de  mil  quinhentos  e  noventa  e  outo 
annos  como  se  ue  de  híi  termo  no  L.°  7.°  dos  Acord.  f  96  e  logo  o  dito  P.^ .  . . 
disse  tinha  mandado  pôr  a  ditia  cruz,  e  despendera  nella  mil  e  quinhentos 
rs.»  (2). 

Era  pois  por  esses  tempos  neste  sítio  o  cemitério  dos  Lázaros,  correndo 
ao  sul  dele  a  antiga  estrada  para  Lisboa,  como  declaram  as  confrontações 
da  courela  do  Vai  da  Gafaria,  mística  ou  pertença  do  casal  do  Ramalhão, 
onde  era  situado  o  cemitério  (3).  Com  o  andar  dos  tempos  mud©u-se  o  leito 
da  estrada  mais  para  o  norte  e  veio  a  cortar  o  cemitério,  dando  em  resultado 
ficar  o  monumento  sepulcral  à  beira  dela. 

O  Abade  de  Castro,  no  artigo  citado,  não  apresenta  prova  documental 
nem  citação  de  fonte,  como  aliás  é  seu  mau  costume,  e  simplesmente  declara 
que  após  «laboriosa  investigação»  pode  presumir,  com  aparência  de  verdade, 
ser  aquela  sepultura  a  de  D.  Luís  Coutinho.  Diz  ter-se  êle  afastado  da  corte 
quando  em  1452  voltou  de  Roma,  e  ter-se  recolhido  a  Sintra  a  tomar  na  sua 
serra  os  banhos  de  Santa  Eufemia,  procurando  alívio  ao  mal  da  lepra,  de 
que  padecia,  e  já  então  andava  muito  adiantado. 

A  esta  suposição  parece,  na  verdade,  dar  tal  qual  fundamento  o  primeiro 
dos  dois  documentos  acima  citados  relativos  ao  Bispo,  a  carta  régia  de  23  de 
Setembro  de  1453.  Por  ela  consta  estar  então  D.  Luís  Coutinho  definitiva- 
mente afastado  da  sua  diocese,  «bispo  que  foi  de  Coimbra»,  só  podendo  atri- 
buir-se  o  facto  a  moléstia,  pois  noutra  prelasia  se  não  encontrava  investido. 

Quanto  à  presunção  de  ter  sido  êle  o  gafo  sepultado  à  beira  da  estrada 
de  Sintra,  tem  ela  certamente  mais  fundamento  que  a  outra  lenda  do  túmulo 
ser  o  de  dois  irmãos  (4),  a  qual  se  desvaneceu  quando,  ao  abri-lo,  apareceu 
a  ossada  de  uma  pessoa  só. 


(i)  Acordos  da  Misericórdia  de  Sintra,  liv.  7.»,  fl.  96. 

(2)  Ibidem,  liv.  1 3.",  fl,  24  v. 

(3)  Cit.  Tombo. 

(4)  Juromenha,  Cintra  pinturesca,  pág.  114. 


Coutinhos  59 

Do  i.°  Conde  de  Marialva  foi  neto  D.  Francisco  Coutinho,  4.°  e  último 
conde  daquela  vila  na  varonia  dos  Coutinhos,  o  qual  por  sua  mulher,  D.  Bea- 
triz de  Meneses,  também  foi  conde  de  Loulé.  Foram  estes  Condes  enter- 
rados ambos  na  capela  mor  do  convento  franciscano  de  Santo  António  de 
Ferreirim,  e  sobre  a  sepultura  lançaram  este  epitáfio:  Aqui  ja^  o  Senhor 
D.  Francisco  Coutinho,  Conde  dos  Condados  de  Marialva  e  Loulé,  Mor- 
gado de  Mdedelo  e  do  Couto  de  Leomil,  senhor  de  Castello  Rodrigo,  Alcaide 
mor  de  Lamego,  Meyrinho  mor  deste  Rej-no,  Faleceo  na  Era  de  i532.  E  a 
Condessa  sua  mulher  D.  Brites  de  Meneses.  Mandarão  se  aqui  trazer  a  esta 
Casa  de  Santo  António  de  Ferreyrim,  aonde  ja\em  enterrados,  por  ser  terra 
que  seus  Avos  ganharão  aos  Mouros  (i). 

A  data  da  morte  do  Conde  de  Marialva  e  Loulé,  como  se  encontra  no 
epitáfio,  está  errada.  O  Conde  não  morreu  em  i532,  mas  sim  a  19  de  Fe- 
vereiro de  i53o,  como  declara  um  documento  (2). 

Estava  aquele  túmulo  na  referida  capela  mor  do  lado  do  evangelho,  fron- 
teiro à  porta  da  sacristia  e  por  cima  dele  via-se  um  quadro  do  Descendimento 
da  Cruz  «de  pintura  primorosa»,  e  era  tudo  encerrado  num  arco  formado  na 
parede,  no  fecho  do  qual  estava  o  escudo  das  armas  do  Conde.  Eram  estas 
as  cinco  estrelas  dos  Coutinhos,  tendo  por  timbre  uma  figura  estranha  com 
cara  humana,  e  sobre  êle  atravessado  um  listão  com  esta  divisa:  SEGUIME 
POIS  QUE  SIGO  TO  DIGO  (3). 

As  armas  do  Conde  de  Marialva  encontram-se  também  na  fl.  48  v.  do 
Livro  do  Armeiro  mor,  onde  se  vêem  pintadas  desta  maneira:  Escudo  pen- 
dido, de  oiro,  carregado  de  cinco  estrelas  de  sete  pontas  de  vermelho;  elmo 
de  oiro,  cerrado,  guarnecido  de  esmaltes  vermelhos  e  verdes,  posto  de  três 
quartos  e  forrado  à  ponta  de  azul;  paquife  de  oiro  forrado  de  vermelho;  virol 
de  oiro  e  vermelho;  correia  de  azul,  perfilada  de  oiro. 


(1)  Fr.  Fernando  da  Soledade,  Historia  seráfica,  IV,  352. 

(2)  Torre  do  Tombo,  Gaveta  9,  maç.  10,  n.°  14. 

(3)  Memorias  Sepiílchraes^  Qiie  existem  nos  Conventos  e  Mosteiros  desta  Província  dos 
Menores  Observantes  de  Portugal;  tiradas  dos  próprios  lugares,  aonde  agora  existem,  e  Es- 
criptas  por  Fr.  António  da  Lu:(  Fo!j[,  Filho  da  mesma  Provinda  .Anno  de  lyS/.  Ms.  de  que 
era  possuidor,  juntamente  com  outros  dois  análogos,  formando  uma  interessante  colecção, 
o  antigo  administrador  da  Imprensa  Nacional,  Venâncio  Deslandes,  que  me  fez  o  favor  de 
me  permitir  deles  extrair  cópia.    Encontra-se  o  indicado  no  texto  na  fl.  84  v. 


Hl 

CASTROS 


BnASÓEs  DA  Sala  de  Sintra,  VoI.  k. 


De  azul,  seis  besantes  de  prata.  Timbre:  roda  de  navalhas  de  Santa 
Caterina,  a  roda  de  sua  cor,  as  navalhas  de  prata. 

Estas  armas  teem  os  esmaltes  do  escudo  trocados,  e  não  sei  como  se 
possa  explicar  tal  erro  em  brasão  tam  conhecido,  a  não  se  atribuir  à  res- 
tauração da  sala  em  tempos  de  D.  Pedro  II. 

As  armas  destes  Castros  são:  em  campo  de  prata  seis  arruelas  de  azul. 
Assim  se  encontram  no  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  49,  no  Livro  da  Torre 
do  Tombo,  fl.  9  v.,  no  Thesoiiro  da  Nobreza  de  Francisco  Coelho,  fl.  28,  no 
Thesouro  da  Nobre:{a  de  Fr.  Manuel  de  Santo  António,  c-54,  etc. 

O  timbre  aqui  pintado  é  o  privativo  dos  Castros  do  morgado  de  Penha 
Verde,  e  foi  adoptado  por  D.  Álvaro  de  Castro,  filho  do  grande  D.  João  de 
Castro,  ilustre  progenitor  daquela  casa.  O  comum  é  um  lião  nascente,  ou 
de  oiro,  ou  de  prata,  e  umas  vezes  carregado  com  os  móveis  do  escudo,  ou- 
tras não.  A  casa  de  Monsanto  dão  geralmente  por  timbre  um  caranguejo 
de  prata,  carregado  das  seis  arruelas  do  escudo. 

As  armas  do  Conde  de  Monsanto,  como  estão  pintadas  na  fl.  49  do  Livro 
do  Armeiro  mor,  eram  assim:  Escudo  pendido,  de  prata,  carregado  de  seis 
arruelas  de  azul;  elmo  de  oiro,  cerrado,  guarnecido  de  esmaltes  vermelhos, 
e  verdas,  posto  de  três  quartos  e  forrado  à  ponta  de  vermelho;  paquife  de 
prata  forrado  de  azul;  virol  de  prata  e  azul;  correia  de  vermelho,  perfilada 
de  oiro. 

I 

PAZ   DE   ALCOUTIM 

A  23  de  Março  de  1369,  junto  do  castelo  de  Montiel,  encontrou  D.  Pe- 
dro I  de  Castela  a  morte  às  mãos  de  seu  próprio  irmão. 


é4  Brasões        , 

Com  o  fratricídio  Julgava  Henrique  II,  que  pacifico  rei  de  Castela  ficaria; 
não  sucedeu  porem  assim,  pois  que  a  maior  parte  dos  do  bando  do  falecido 
rei  se  levantou  com  as  cidades  e  vilas,  que  tinha  em  seu  poder,  tomando  voz 
por  D.  Fernando,  rei  de  Portugal.  ' 

Da  Galiza,  onde  principalmente  se  pronunciou  o  alevantamento,  era  a 
grande  maioria  dos  fidalgos  que  procuraram  a  corte  portuguesa,  oferecendo 
a  sua  espada;  por  isso  que,  alem  dos  insubordinados,  muitos  outros  passaram 
aquela  fronteira,  buscando  um  rei  no  de  Portugal. 

D.  Fernando  era  então,  iSôg,  mancebo  de  vinte  e  cinco  anos,  «vallente, 
ledo,  e  namorado,  amador  de  molheres,  e  achegador  a  ellas.  Avia  bem 
composto  corpo  e  de  razoada  altura,  fremoso  em  parecer  e  muito  vistoso; 
tal  que  estando  acerca  de  muitos  homeens,  posto  que  conhecido  nom  fosse, 
logo  o  julgariam  por  Rei  dos  outros  . . .  Era  cavallgamte,  e  torneador,  grande 
justador,  e  lamçador  a  tavollado.  Era  muito  braçeiro,  que  nom  achava  ho- 
mem que  o  mais  fosse;  cortava  muito  com  huma  espada,  e  remessava  bem 
a  cavallo. . .     Era  ainda . .  .  muito  caçador  e  monteiro»  (i). 

Liberal  e  de  óptima  índole,  inteligente  e  sociável,  procurava  a  convivên- 
cia, não  só  das  damas,  como  de  todos,  sendo  grande  criador  de  fidalgos,  e 
gostando  de  ver  os  seus  paços  sempre  alegres  e  animados. 

Perspicaz,  foi  o  primeiro  a  perceber  que  Portugal  era  Lisboa,  e  que,  em 
quanto  o  reino  conservasse  a  capital,  poderia  esperar  pela  independência; 
mas  que,  perdida  aquela,  esta  em  breve  acabaria  para  todo  ele.  Lisboa, 
«grande  cidade  de  muitas  e  desvairadas  gentes»,  mereceu-lhe  pois  particular 
atenção,  ainda  que  muito  afeiçoado  lhe  não  devesse  ser,  por  quanto  dela  teve 
de  sair  corrido,  quando  se  espalhou  a  nova  do  seu  casamento.  Levantou-lhe 
a  famosa  e  forte  muralha,  que  tam  útil  foi  em  1384,  quando  D.  João  I  de 
Castela  a  veio  cercar. 

E  não  foi  só  para  a  capital,  que  olhou  com  desvelo.  Tratou  de  desen- 
volver em  todo  o  reino  o  comércio,  favorecendo  muito  os  mercadores;  a  agri- 
cultura e  a  população,  mandando  cultivar  ou  aforar  os  maninhos  do  Alentejo; 
a  marinha,  aumentando  em  grande  escala  e  aperfeiçoando  a  construção  dos 
navios. 

^Com  tam  boas  qualidades,  a  que  ainda  acrescia  o  amor  da  justiça,  e 
com  tam  previdente  governo,  como  é  que  ele  e  o  seu  reino  foram  infelizes? 
E  porque  algumas  das  quahdades  de  D.  Fernando,  levadas  ao  excesso,  tor- 
navam-se  em  graves  defeitos.  Ao  génio  irresoluto  e  volúvel  juntava  exces- 
siva galantaria  e  prodigalidade.     Em  breve  deu  cabo  dos  tesouros  acumula- 


(1)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  Fernando,  no  prólogo. 


Castros  65 

dos  durante  séculos  pelos  seus  predecessores,  e  sem  dinheiro,  e  apaixonado, 
deixava  correr  tudo  à  revelia. 

Tam  depressa  era  pelo  Conde  de  Trastâmara  contra  Pedro  o  Crú,  como 
se  aliava  com  os  Reis  de  Aragão  e  Granada  contra  o  Conde,  já  rei  de  Cas- 
tela. Vencido  c  obrigado  em  iSyi  a  fazer  as  pazes  com  Henrique  II,  Jun- 
tava-se  ao  novo  amigo  contra  o  antigo  aliado  de  Aragão,  dando  lugar  a  este 
lhe  ficar  com  a  avultada  quantia,  que  D,  Fernando  lá  tinha,  destinada  ao 
soldo  das  tropas  auxiliares. 

Depois,  desprezado  o  casamento  com  a  filha  do  Castelhano,  e  projectada 
a  aliança  com  os  Ingleses,  inimigos  daquele,  não  tem  tempo  de  ultimá-la, 
porque  D.  Henrique  II,  avisado  de  seus  projectos,  invade  novamente  o  reino 
em  iSyS.  Outra  vez  vencido,  consegue  livrar-se  por  meio  de  uma  paz  menos 
desairosa  ainda,  do  que  era  de  esperar. 

Morto  D.  Henrique,  realiza  a  projectada  aliança  com  os  Ingleses  contra 
D.  João  I  de  Castela;  pouco  depois  porem  de  encetada  a  guerra,  já  aborre- 
cido, trata  secretamente  das  pazes  com  os  Castelhanos,  abandonando  ou 
aliados. 

Como  era  com  os  de  fora,  assim  procedeu  com  os  de  casa.  Na  mão 
sempre  daqueles  a  qUem  se  afeiçoava,  por  eles  completamente  se  deixava 
guiar.  Primeiro  foi  o  conde  D.  João  Afonso  Telo,  depois  a  sobrinha  deste, 
a  rainha  D.  Leonor  Teles. 

Não  se  cuide  que  o  povo,  apesar  do  muito  que  por  causa  dele  padeceu, 
o  odiasse.  Não.  Tratava-o  como  uma  criança  amimada,  a  quem  os  bon- 
dosos pais,  depois  de  ralharem,  afagam  e  ameigam  de  novo. 

É  como  o  povo  d'então  o  historiador  de  hoje.  Não  pode  deixar  de  sim- 
patizar com  as  brilhantes  qualidades  deste  Rei,  tam  defeituoso  muito  embora, 
mas  tam  bom,  tam  previdente,  quando  antevia  no  desenvolvimento  da  mari- 
nha nacional  o  futuro  engrandecimento  do  seu  país. 

Volvamos  à  narrativa,  ao  que  se  passou  em  1869  em  seguida  ao  assassínio 
de  D.  Pedro  de  Castela. 

D.  Fernando,  crente  no  que  os  fidalgos  castelhanos  da  sua  parcialidade 
lhe  diziam,  e  que  o  valido  d'então  confirmava,  asseverando-lhe,  que,  «quando 
menos  se  precatasse»,  todo  o  reino  de  Castela  era  seu,  invadiu  a  Galiza. 
Considerando  a  sua  entrada,  em  vista  daquela  afirmação,  como  uma  marcha 
triunfal,  não  foi  prevenido  para  sérias  resistências,  e  efectivamente  não  as 
encontrou  na  província,  que  estava  quási  toda  por  êle. 

De  Tui,  onde  pouco  se  demorou,  passou  à  Corunha;  e  aí  sucedeu  um 
facto  digno  de  reparo. 

Era  essa  vila  composta  unicamente  de  pescadores  e  de  gente  ordinária, 
sendo  o  principal  da  terra  um  João  Fernandes  Andeiro.     Como  se  receasse 

VOL.  I  9 


66  Brasões 

um  tanto  das  intenções  de  seus  moradores,  avançou  el  Rei  e  a  comitiva  com 
cautela,  parando  a  distância  das  portas  da  Corunha. 

Saíram  os  moradores  trazendo  à  frente  João  Fernandes  Andeiro,  que 
alegre  acorria,  bradando:  «Hu  vem  aqui  meu  senhor  el  Rei  Dom  Fer- 
nando?» 

«Eu  som,  eu  som»,  acudiu  pressuroso  el  Rei,  chegando  as  esporas  ao 
cavalo  e  adiantando-se  aos  mais.  E  pela  primeira  vez  beijou  Andeiro  a  maò 
a  el  Rei  de  Portugal. 

iQuem  diria  então,  ao  ver  aquele  escudeiro  de  pobre  vila  de  pescadores, 
que  ele  viria  um  dia  a  ser  conde  de  Ourem  e  a  calcar  no  coração  da  sua 
formosa  Rainha  o  amor  daquele  Rei,  tam  gentil  e  garboso! 

Na  Corunha  permaneceu  D.  Fernando,  entretendo-se  na  larga  distribuição 
de  privilégios  e  isenções  às  povoações  que  a  sua  voz  tomavam;  e  na  profusa 
repartição  dos  haveres  dos  contrários  pelos  que  eram  seus  parciais,  os  quais, 
não  poucas  vezes,  unicamente  com  esse  fito  o  procuravam.  Mandou  cunhar 
moeda,  enviou  cartas  a  diferentes  cidades,  intitulando-se  Rei  delas,  e  soce- 
gadamente,  caçando  pelas  vizinhanças,  esperou  a  tal  ocasião  em  que  se  lhe 
entregasse  Castela  toda,  «quando  menos  se  precatasse». 

O  desengano  veio  rápido  e  assustador.  Henrique  II  com  Du  Guesclin  e 
os  seus  Bretões  levanta  o  cerco  de  Samora,  e  avança  a  marchas  forçadas 
sobre  a  Corunha. 

Não  entrava  isto  nos  ajustes.  D.  Fernando  viera  a  receber  preitos  e  ho- 
menagens, mas  cutiladas  não.  Os  amigos  Galegos  aguentem-se  como  pode- 
rem, que  el  Rei  de  Portugal  tem  suas  galés  ancoradas  na  baía,  o  mar  está 
chãO;  e  o  Porto  não  é  longe.     Levantar  ferro  e  andar. 

D.  Henrique  sabedor  desta  prudente  retirada,  e  certo  de  que,  vencido 
D.  Fernando,  sem  custo  reduziria  a  Galiza,  entrou  pela  província  do  Minho, 
preferindo  guerrear  em  reino  estranho. 

Talando  e  arrasando  campos  e  povoados  chegou  a  Braga,  que  logo  capi- 
tulou. D'aí  dirigiu-se  a  Guimarães,  a  que,  em  i  de  Setembro  deste  ano  de 
1369,  pôs  cerco.  Em  breve  porem  o  levantou,  por  lhe  chegarem  novas  de 
como  Algeciras  caíra  em  poder  dei  Rei  de  Granada,  que  a  arrasara.  Pela 
província  de  Trás  os  Montes  fora,  obrando  comO  raio  vingador  de  um  deus 
de  extermínio,  regressou  a  Castela. 

Entretanto  D.  Fernando  andava  indeciso,  de  uma  parte  para  a  outra,  por 
forma  tal  que  Já  o  povo  lhe  cantava: 

Eis  vello  vai, 
Eis  vello  vem 
De  Lisboa 
Pêra  Santarém. 


Castros  67 

Depois  da  partida  de  D.  Henrique,  continuou  ainda  a  guerra  por  terra  e 
mar  com  vários  sucessos,  mas  todos  de  pouca  monta,  até  se  celebrarem  as 
pazes,  em  Alcoutim,  a  3i  de  Março  de  1371,  pelas  quais  D.  Fernando  largou 
todas  as  terras  que  tinha  na  Galiza.  E  a  confiança,  que  mereciam  estas 
pazes,  com  o  casamento  tratado  e  com  os  muitos  Juramentos,  que  por  oca- 
sião delas  se  fizeram,  a  classificaram  alguns  da  corte  por  um  rifão  apimen- 
tado, que  Fernão  Lopes  refere,  e  que  nem  em  latim  se  poderia  aqui  pôr  (i). 

n 

CASA   DE   MONSANTO 

Entre  os  fidalgos  galegos,  que  seguiram  a  parcialidade  dei  Rei  de  Portu- 
gal, distinguiam-se  D.  Fernando  Rodrigues  de  Castro,  conde  de  Trastàmara, 
Lemos  e  Sárria,  e  seu  meio  irmão  D.  Álvaro  Pires  de  Castro. 

Eram  estes  fidalgos  filhos  de  D.  Pedro  Fernandes  de  Castro,  o  da  Guerra, 
rico  homem,  senhor  de  Lemos  e  Sárria,  adiantado  mor  da  fronteira  e  mor- 
domo mor  de  Afonso  XI  de  Castela;  o  primeiro  porém  legítimo,  o  segundo 
bastardo. 

Alem  destes  dois  filhos  teve  o  da  Guerra  duas  filhas,  sendo  igualmente 
uma  legítima,  e  a  outra  natural.  A  legítima  foi  D.  Joana  de  Castro  com  quem 
D.  Pedro  I  de  Castela  casou,  ainda  em  vida  da  rainha  D.  Branca  sua  mulher. 
Abandonada  no  dia  seguinte  ao  do  casamento  pelo  rei,  que  nunca  mais  a 
tornou  a  ver,  continuou  D.  Joana  contudo  a  intitular-se  rainha  de  Castela. 
A  natural  foi  a  desventurada  D.  Incs  de  Castro,  com  quem  D.  Pedro  I  de 
Portugal  afirmou  ter  casado  secretamente. 

D.  Álvaro  Pires  de  Castro  permaneceu  em  Portugal  depois  da  paz  de 
Alcoutim,  e  subiu  ao  fastígio  das  honras  e  dignidades. 

Em  I  de  Junho  de  iSyi  recebeu  o  título  de  conde  de  Viana  da  Foz  do 
Lima,  Caminha  de  Riba  de  Minho  e  Aldeia  Galega  a  par  de  Alenquer  (2), 
título  pouco  tempo  depois  mudado  no  de  conde  de  Arraiolos  (3).  Em  i382 
foi  feito  condestável,  sendo  o  primeiro  que  houve  em  Portugal.  Como  alcaide 
mor  de  Lisboa  defendeu  a  cidade  do  cerco,  que  em  1373  lhe  pôs  D.  Hen- 
rique 11;  e  na  qualidade  de  fronteiro  resistiu  em  i38i  ao  sítio,  que  os  Cas- 
telhanos puseram  a  Elvas  caudilhados  pelo  seu  próprio  sobrinho  o  infante 


(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  Fernando,  cap.  23  c  seguintes.    O  rifão,  quem  o 
quiser  ver,  encontra-o  nó  fundo  da  pág.  233. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.»,  fl.  73. 

(3)  Já  com  este  título  aparece  em  uma  carta  de  escambo  de  8  de  Julho  de  141 3  (ujS). 
—  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.",  fl.  171. 


6S  Brasões 

D.  João.  A  este  enviou  o  Conde  dizer,  assim  que  teve  novas  da  chegada 
dos  Ingleses,  que,  se  precisasse  dalgumas  mercadorias  de  Inglaterra,  apro- 
veitasse a  ocasião  para  as  mandar  buscar  a  Lisboa,  pois  lá  estavam  umas 
poucas  de  naus  inglesas,  dando  azo  com  o  aviso  ao  imediato  levantamento 
do  cerco. 

Por  morte  de  D.  Fernando  ligou-se  o  Conde  de  Arraiolos  ao  partido  con- 
trário a  el  Rei  de  Castela,  bando  de  que  era  chefe  o  Mestre  de  Avis;  sempre 
porém  irresoluto  e  receoso,  veio  a  falecer  de  morte  natural,  durante  o  cerco 
de  Lisboa,  alguns  dias  depois  de  1 1  de  Julho  de  1384. 

A  este  homem  foram  prodigalizadas  as  honras  e  as  mercês  (i),  mais  de- 


(i)  Diplomas  registados  na  Chancelaria  relativos  ao  Conde  de  Arraiolos: 
Álvaro  Pires  de  Castro,  nosso  leal  vassalo,  fazemolo  conde  das  nossas  vilas  e  castelos 
de  Viana  da  Foz  de  Lima,  de  Caminha  de  Riba  de  Minho  e  de  Aldeia  Galega  apar  de  Alan- 
quer,  as  quais  vilas  e  termos  delas. queremos  que  sejam  cabeça  do  condado,  as  quais  vilas 
e  castelos  e  termos  delas  queremos  e  outorgamos  que  haja  o  dito  Conde  e  os  Condes  [que] 
depôs  dele  vierem,  com  todolos  moradores  e  pobradores  delas,  com  toda  jurdição,  alta  e 
baixa,  mero  e  mixto  império,  e  com  os  portos  do  mar  das  ditas  vilas  e  dos  termos  delas,  e 
com  o  dízimo  de  todalas  cousas  que  foi  sempre  acustumado  levarem  os  Reis  que  ante  nós 
foram,  assi  das  que  vêem  per  mar,  como  per  terra,  e  com  alfolinhagem  e  portagem  e  cas- 
telagem  e  martinhega  e  todolos  outros  direitos  que  os  Reis  costumavam  e  de  direito  so- 
hiam  avcr  nas  ditas  vilas  e  castelos  . . .  e  damos  lhe  poder  ao  dito  Conde  que  faça  e  possa 
hi  fazer  tabeliães  e  juízes  aqueles  que  vir  que  compre,  etç.  Santarém,  i  de  Junho,  era  de 
1409  (1371).  Liv.  4.0  de  D.  Fernando,  fl.  1  t.  —  Conde  de  Viana,  doação  de  Arraiolos  e 
Pavia,  em  pagamento  de  sua  contia,  4  de  Novembro,  era  de  1409  (iSyi).  Ibid.,  liv.  i.*,  íi  82V. 
—  Conde  D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  carta  de  entrega  do  castelo  de  Lisboa.  Era  de  1411 
(iSyS).  Ibid.,  Pi.  121.  —  Doação  dos  direitos  do  pão  das  lezírias  de  Alfimara  e  da  Malveira, 
em  pagamento  de  sua  contia,  para  servir  com  certas  lanças.  Lisboa,  8  de  Agosto  de  141 1 
(iSyS).  Ibid.,  íl.  i33.  —  Escambo,  recebendo  o  Conde  a  vila  de  Odemira  e  seu  termo,  confis- 
cada ao  almirante  Lançarote  Pessanha  por  desserviço,  e  mais  o  reguengo  de  Cantanhede, 
dando  em  troca  os  reguengos  de  Campores  do  Rabaçal,  que  lhe  haviam  sido  dados  com  a 
vila  e  castelo  de  Arraiolos,  com  Pavia  e  Aldeia  Galega,  por  condado,  em  escambo  por  Viana 
e  Caminha,  juntando-se  ao  condado  OJemiia  e  o  reguengo  de  Cantanhede.  Santarém,  8  de 
Julho  de.1413  (1375).  Ibid.,  íi.  171.  —  Novo  escambo,  recebendo  o  Conde  todos  os  bens  con- 
fiscados por  dívida  ao  contador  Antoninho  Martins,  em  troca  da  vila  e  termo  de  Odemira. 
A  dos  Negros,  6  de  Outubro  de  1413  (iSjS).  Ibid.,  fl.  177. —  Conde  de  Arraiolos,  doação  de 
todos  os  bens  de  João  Esteves  de  Moreira,  de  Coimbra,  que  os  perdeu  por  traição.  Santarém, 
9  de  Julho  de  1415  (1377),  Ibid.,  liv.  2.°  íi.  21  v. -- Conde  de  Arraiolos,  senhor  da  vila,  carta 
-áe  convenção  com  os  seus  moradores  em  virtude  de  queixas  contra  ele,  família  e  servidores. 
Évora,  3o  de  Janeiro  de  141S  (i38o).  Ibid.,  íi.  55  v.  —  Carta  de  doação  de  Ferreira  de  Aves, 
confiscada  a  Diogo  Lopes  Pacheco.  Portalegre,  25  de  Maio  de  1418  (i38o).  Ibid.,  fl.  64  v. — 
Esta  vila  de  Ferreira  largou  logo  ao  alferes  mor  Aires  Gomes  da  Silva,  que  já  dela  era  se- 
nhor, quando  em  i  de  Julho  daquele  ano  foi  dada  carta  d«  privilégios  aos  seus  moradores. 
Ibid.^  íi.  65.  —  Carta  de  padrão  de  seiscentas  libras.  Lisboa,  6  de  Agosto  de  i-j2i  (i383).  Ibid., 


Castros  69^ 

vidas  à  sua  qualidade  de  irmão  de  D.  Inês  de  Castro  e  à  afeição  de  D.  Leonor 
Teles,  do  que  ao  próprio  mérito. 

O  Conde  de  Arraiolos  foi  sepultado  na  igreja  de  S.  Domingos  de  Lisboa, 
na  capela  de  S.  Jacinto  junto  aò  altar  da  parte  do  evangelho,  em  um  túmulo 
pequeno,  com  este  epitáfio:  Aqui  j as  dÔ  Álvaro  Peres  de  Castro  primeiro 
condestable  deste  Refno  e  a  condessa  dona  Maria  Ponse  sua  molher.  Junto 
a  esta  caixa  estava  outra  do  mesmo  tamanho  e  feição  com  o  seguinte  letreiro: 
Aqui  jas  dô  Pedro  de  Castro  Jilho  mais  velho  e  susesor  de  dom  Álvaro  Peres 
de  Castro  primeiro  condestavel  deste  Rejno  (i).  Defronte  destas  duas  via-se, 
na  mesma  capela,  ainda  outra  sepultura  em  tudo  semelhante  às  precedentes, 
menos  na  inscrição  que  era  esta:  Aqui  jas  dô  João  de  Castro  Jilho  mais  velho 
e  successor  de  dõ  Pedro  de  Castro  neto  de  dÕ  Álvaro  Peres  de  Castro  pri- 
meiro Condestable  deste  Rejno. 

Pela  banda  de  cima  de  cada  um  destes  túmulos  havia  um  escudo  com 
seis  arruelas,  variando  contudo  lodos  eles  nos  timbres.  No  de  D.  Álvaro 
era  uma  roda  de  navalhas,  no  de  D.  Pedro,  um  pavão,  no  de  D.  João,  uma 
capela  florida  (2). 

D'aqui  deveria  depreender-se  que  muito  antes  de  D.  Álvaro  de  Castro, 
filho  do  grande  D.  João  de  Castro,  ter  adoptado  o  timbre  da  roda  das  nava- 
lhas, já  outro  seu  antepassado  bem  remoto  o  tinha  tomado;  mas  não  o  creio, 
nem  o  que  lá  estava  em  S.  Domingos,  se  estava,  deve  fazer  fé,  por  ser  obra 
muito  mais  moderna.  As  tais  caixas  metidas  na  parede  não  foram  decerto 
os  primitivos  túmulos  daqueles  fidalgos.  Houve  uma  trasladação,  não  sei 
quando,  e  foi  então  que  puseram  as  armas  e  os  tais  timbres;  e  como  cons- 
tava que  um  D.  Álvaro  tinha  escolhido  para  si  o  da  roda,  atribuiram-no  ao 
D.  Álvaro,  cujos  ossos  recolhiam  então. 

Do  Conde  de  Arraiolos  provieram  todos  os  Castros  chamados  de  seis 
arruelas,  exceptuando  os  Castros  de  Melgaço.  Daqueles  foram  ilustres  che- 
fes os  senhores  do  Cadaval,  cuja  casa  se  fundiu  por  casamento  na  de  Bra- 
gança. 


liv.  3.",  fl.  85.  —  Carta  de  2  de  Maio  de  1422  (1384)  pela  qual  D.  João  I  tirou  ao  conde  D.  Ál- 
varo Pires  a  jurisdição  da  vila  de  Arraiolas,  ordenando  que  d'ali  em  diante  os  seus  mora^- 
dores  só  respondessem  perante  as  justiças  reais,  ficando  o  donatário  apenas  com  os  direites 
patrimoniais,  etc.  Liv.  ifl  de  D.  João  7,  fl.  18  v. 

(i)  Este  D.  Pedro  de  Castro  foi  senhor  do  Cadaval  e  marido  de  D.  Leonor  de  Meneses, 
filha  dos  !.••  Condes  de  Ourem.  , 

(2)  Meinorias  Sepulchraes  que  para  beneficio  da  Historia  de  Portugal  offereceu  á  Aca- 
demia Real  D.  Automo  Caetano  de  Sousa,  fl.  97  e  97  v.  —  li  outro  dos  três  códices  que  per- 
tenceram a  Venâncio  Deslandes  aos  quais  já  me  referi  na  nota  (3)  de  pág.  .'9. 


70 


Brasões 


Deles  não  foram  menos  ilustres  os  ramos  dos  Condes  de  Monsanto  (21 
de  Maio  de  1460),  os  quais,  com  a  varonia  de  Noronha,  receberam  o  titulo 
de  marqueses  de  Cascais  em  19  de  Novembro  de  1643;  o  dos  senhores  do 
paul  do  Boquilobo;  o  dos  do  morgado  de  Penha  Verde;  e  outros. 

A  todas  as  glórias  desta  família  sobreleva  a  de  ter  produzido  D.  João  de 
Castro,  herói  cuja  fama  bastará  para  tornar  imorredoiro  o  nome  de  Castro. 
Dele  são  representantes  os  Condes  de  Penamacor  com  a  varonia  de  Salda- 
nha. 

A  varonia  dos  Castros  de  seis  arruelas  está  desde  muito  extinta,  a  não 
ser  que  permaneça  em  algum  ramo  obscuro  e  ignorado. 

III 

CASTROS   DE   MELGAÇO 

Não  há  plausibilidade  nenhuma  na  dedução  destes  Castros  dos  prece- 
dentes apesar  de  usarem  das  mesmas  armas,  facto  muito  vulgar  em  Portugal 
já  até  no  século  xvr,  com.o  atesta  Garcia  de  Resende  na  décima  23 1  da  sua 
Miscellanea: 

pois  toma  dom  quem  o  quer, 
e  armas  nobres  também 
toma,  quem  armas  não  tem 


Derivam-nos  de  uns  Castros  galegos,  senhores  de  Fornelos;  é  porem 
fantasia  genealógica,  sem  base  em  documentos  nem  memórias  coetâneas  de 
nenhuma  espécie. 

Martim  de  Crasto,  cavaleiro  da  casa  do  conde  de  Barcelos  D.  Afonso, 
o  futuro  i.°  Duque  de  Bragança,  serviu  denodadamente  em  Ceuta  desde  o 
ano  de  1416,  e  no  de  1419  ajudou  a  defender  a  praça  do  apertado  cerco 
posto  pelos  Moiros.  Do  seu  valor  dá  testemunho  Azurara  em  vários  pontos 
da  Chronica  do  Conde  D.  Pedro.  Foi  alcaide  mor  de  Melgaço  e  nele  co- 
meça o  Nobiliário  de  D.  António  de  Lima  a  geração  destes  Castros.  Casou 
com  Leonor  Gomes  Pinheira,  filha  de  Martim  Gomes  Lobo,  ouvidor  das 
terras  do  referido  Conde  de  Barcelos,  e  de  sua  mulher  Mor  Esteves.  Os 
filhos  e  netos  de  Martim  de  Crasto  continuaram  a  servir  a  casa  de  Bragança, 
que  durante  umas  poucas  de  gerações  manteve  os  primogénitos  na  alcaidaria 
mor.  O  3.°  alcaide  mor  de  Melgaço,  Pedro  de  Castro,  neto  do  i.°,  serviu 
a  casa  de  Bragança  e  casou  com  D.  Beatriz  de  Melo,  filha  de  João  de  Melo, 
comendador  de  Casével;  em  atenção  a  esta  senhora  juntaram  muitos  de  seus 
descendentes  o  apelido  de  Melo  ao  de  Castro.     Destes  Pedro  de  Castro  e 


Castros  71 

D.  Brites  de  Melo  foi  filho  segundo  Francisco  de  Melo  e  Castro,  alcaide  mor 
do  castelo  do  Oiteiro,  criado  da  casa  de  Bragança,  o  qual  foi  avô  de  Jeró- 
nimo de  Melo  e  Castro,  governador  do  castelo  de  S.  Felipe  de  Setúbal,  o 
qual  de  sua  mulher  D.  Maria  Josefa  Corte  Rial  teve  primeiro  filho  a  João 
de  Melo  e  Castro,  e  depois  a  Denis  de  Melo  e  Castro. 

João  de  Melo  e  Castro  foi  avô  de  Manuel  Bernardo  de  Melo  e  Castro, 
visconde  da  Lourinhã  em  3o  de  Agosto  de  1777,  e  de  Martinho  de  Melo  e 
Castro,  ministro  da  marinha  desde  12  de  Julho  de  1770  até  morrer  em  24 
de  Março  de  1795,  O  Visconde  da  Lourinhã  faleceu  em  19  de  Agosto  de 
1792,  havendo  casado  em  1771  com  D.  Domingas  Isabel  de  Noronha,  á  le- 
gendária doente  de  depravação  do  paladar,  a  qual  depois  de  viúva  foi  con- 
dessa da  Lourinhã.     Não  tiveram  filhos. 

Denis  de  Melo  e  Castro,  um  dos  grandes  generais  do  seu  tempo,  serviu 
em  vários  postos  nas  guerras  da  Aclamação,  e  em  1705,  sendo  governador 
das  armas  da  província  do  Alentejo,  tomou  as  praças  de  Valência  de  Alcân- 
tara e  Alburquerque.  Foi  dos  conselhos  de  Estado  e  Guerra,  e  1.''  conde  das 
Galveias,  por  carta  de  10  de  Dezembro  de  1691.  Foi  pai  de  Pedro  de  Melo 
e  Castro,  2."  conde  das  Galveias,  de  quem  foi  filho  o  3."  Conde  e  irm.ão  o 
4.°,  ambos  falecidos  sem  geração,  este  em  1763,  o  outro  em  1777,  extinguin- 
do-se  então  a  casa. 

Do  i.°  Conde  das  Galveias  também  foi  filha  D.  Maria  Josefa  de  Melo 
Corte  Rial,  que  casou  com  D.  Luís  de  Almeida  Portugal,  i."  alcaide  mor 
de  Borba.  Foram  bisavós  de  D.  João  Vicente  de  Almeida  Melo  e  Castro, 
5.°  conde  das  Galveias,  título  renovado  na  sua  pessoa  por  carta  de  2  de  De- 
zembro de  1808.  Havia  sido  ministro  dos  Estrangeiros  e  da  Guerra  em 
1801,  e  veio  a  ser  ministro  da  Marinha  e  Ultramar  no  Brasil,  desde  18  de 
Janeiro  de  1809,  até  morrer  em  1814.  Sucedeu-lhe  seu  irmão  D.  Francisco 
de  Almeida  Portugal  de  Melo  e  Castro,  6.°  conde  das  Galveias  por  carta  de 
8  de  Fevereiro  de  1818,  4.°  couteito  mor  da  casa  de  Bragança  na  sua  família, 
enfermeiro  mor  do  hospital  de  S.  José,  onde  a  sua  administração  ainda  é 
recordada.  Foi  avô  do  8.°  Conde  das  Galveias  da  varonia  de  Almeida.  O 
actual  Conde  é  neto  deste  por  uma  sua  filha. 

As  armas  dos  antigos  Condes  das  Galveias  eram:  Partido:  o  í  de  prata, 
seis  arruelas  de  azul  (Castro);  o  II  de  vermelho,  seis  besantes  de  prata 
entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro  (Melo).  Coroa  de  conde.  Timbre: 
lião  nascente  de  oiro. 

As  armas  dos  modernos  Condes  das  Galveias  eram:  Esquartelado;  o  I 
de  vermelho,  seis  besantes  de  oiro  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  do 
mesmo  (Almeida);  o  II  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada  de  cinco  es- 
cudetes  das  armas  do  reino,  e  entre  eles  quatro  cruzes  de  prata,  floridas  e 


72  Brasões 

vazias  (Portugal);  o  III  de  prata,  cinco  lobos  passantes  de  negro,  armados 
e  linguados  de  vermelho  (Lobo);  o  IV  partido  de  Castro  e  de  Melo,  como 
acima  ficam  descritas.     Coroa  de  conde.    Timbre;  águia  de  vermelho,  car- 
regada de  nove  besantes  de  oiro,  três  no  peito  e  três  em  cada  aza. 
As  armas  do  actual  Conde  não  sei  como  são,  nem  isso  interessa. 


IV 
ATAÍDES 


V©I..  I 


10 


I 


iífiAsÓEs  DA  Sala  de  Síntpa,  Vol.  i. 


De  azul,  quatro  bandas  de  prata.  Timbre:  onça  passante  de  azul  carre- 
gada no  corpo  das  peças  do  escudo. 

Assim  se  encontra  este  brasão  no  Livro  do  Armeiro  ?nor,  fl.  49  v.,  no 
Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  9  v.,  no  Thesoiiro  da  Nobreza  de  Fr.  Manuel 
de  Santo  António,  a-5o,  etc. 

No  timbre  é  que,  concordando  todos,  menos  o  primeiro  que  os  não  traz, 
em  ser  ele  uma  onça  carregada  das  peças  do  escudo,  se  apresentam  contudo 
variedades,  quer  no  esmalte,  quer  na  posição. 

I 

CAPITULAÇÃO   DE    CHAVES 
i386 

Vencida  a  batalha  de  Aljubarrota  a  14  de  Agosto  de  i385,  permaneceu 
D.  João  I  no  campo  os  três  dias  do  estilo.  Ao  terceiro,  não  se  podendo  já 
suportar  o  fétido  dos  cadáveres  insepultos,  levantou  el  Rei  o  campo  e,  man- 
dando enterrar  dos  inimigos  unicamente  o  conde  D.  João  Afonso  Telo,  que 
fora  o  azador  da  batalha,  marchou  direito  a  Alcobaça.  Abraçado  seu  bom 
amigo  o  abade  D.  João  de  Orneias,  continuou  D.  João  I  o  caminho  para 
Santarém,  onde  permaneceu  até  meado  Setembro. 

Quando  porem  o  exército  passara  à  ponte  da  Chaqueda,  já  perto  do  con- 
vento, encontraram  o  cadáver,  muito  desfigurado  pelos  ferimentos  e  muito 
decomposto,  de  Rui  Dias  de  Rojas,  cavaleiro  castelhano  (i).     Fora  ele  ca- 


(i)  Ayala  não  nomeia  este  fidalgo  entre  os  Castelhanos  falecidos  na  batalha  e  nos  no- 
biliários espanhóis,  que  consultei,  o  único  Rui  Dias  de  Rojas  que  encontrei,  podendo  ter 
falecido  então,  foi  o  senhor  de  Ia  Bellota,  primeiro  marido  de  D.  Leonor  de  Toledo.    Como 


y6  Brasões 

sado  com  D.  Leonor  de  Toledo,  cuvilheira  de  D.  João  I  de  Castela.  Tinha  ' 
esta  senhora  por  obrigação  defumar  as  roupas  riais;  e  se,  em  quanto  isto 
íazia,  alguns  fidalgos  entravam  na  câmara,  costumava  logo  alçar-lhes  os  saios 
ou  fraldões  e,  defumando-os,  dizer-lhes:  «Todos  ireis  defumados  de  bons 
odores  delRey  meu  senhor:  pêra  perderdes  os  mãos  cheiros,  que  saem  destes 
chamorros,  das  casas  hú  vivem,  e  aldeãs  hú  moram»  (i). 

Tinha  sucedido  ter  D.  Leonor  ficado  prisioneira  do  fidalgo  eborense  Diogo 
Lopes  Lobo,  que  a  levava  consigo:  e  ao  passar  da  ponte,  apesar  do  estado 
do  cadáver,  reconheceu  ela  o  marido  e  desatou  a  chorar.  O  caso  não  era 
para  menos,  pois  a  sua  situação  de  triste  se  tornara  tristíssima.  Algum  Por- 
tuguês de  coração  mais  duro,  ou  que  a  alcunha  de  Chamorro  mais  na  me- 
mória trazia,  vendo-a  naquele  estado  em  vez  de  se  condoer,  escarneceu  dela 
preguntando-lhe:  «Digo,  boa  dona,  que  sam  das  vossas  defumaduras,  que 
púnheis  sob  as  faldas  aos  cavaleiros?  mister  avia  agora  vosso  marido  húas 
poucas  delas,  que  tam  mal  cheira  alli  hu  jaz». 

; Pobre  viúva!  Mas,  ainda  assim,  leitor  amigo,  não  te  entristeças  mais 
do  que  o  caso  requer,  porque  ela,  ao  cabo  de  pouco  tempo,  se  consolou  nos 
braços  do  gentil  cavaleiro  messire  Robert  de  Braquemont,  seu  segundo  ma- 
rido. 

D.  João  I  em  Santarém,  apesar  das  alegrias  dos  festejos  e  dos  cuidados 
nas  disposições  e  providências  de  todo  o  género,  que  havia  a  tomar,  não  se 
esquecia  da  promessa  feita  antes  da  batalha.  Consistia  ela,  nem  mais  nem 
menos,  do  que  em  ir  a  pé  em  romaria  desde  o  campo  da  batalha  até  à  igreja 
de  Santa  Maria  de  Guimarães,  d'ali  a  quarenta  léguas. 

Chegada  a  ocasião  propícia  partiu  de  Santarém,  já  acompanhado  pelos 
cem  besteiros,  que  determinara  compusessem  de  futuro  a  sua  guarda,  e,  ou- 
vida missa  no  campo  da  batalha,  encetou  a  romaria  a  pé.  Terminadas  as 
orações  e  distribuídas  as  esmolas,  que  resolvera  dar,  passou-se  para  o  Porto. 

Logo  em  seguida  à  batalha  Rial  muitas  das  praças  e  vilas,  que  estavam 
pelos  Castelhanos,  tomaram  voz  por  D.  João  \\  algumas  porém  permanece- 
ram ainda  levantadas,  e  a  estas  resolveu  o  novo  rei  reduzir,  começando  por 
Chaves,  praça  muito  importante  da  província  de  Trás  os  Montes.  Era  seu 
alcaide  mor  Martim  Gonçalves  de  Ataíde,  criatura  de  D.  Leonor  Teles,  que 
lhe  fizera  o  casamento  com  Mecia  Vasques  Coutinho,  irmã  de  Gonçalo  Vas- 


esta  senhora  porem  fosse  filha. de  D.  Leonor  de  Ayahi,  irmã  do  cronista  D.  Pedro  Lopes  de 
Ayala,  parece  incrível  que  este  não  tivesse  conhecimento  da  morte  do  sobrinho.  É  verdade, 
que  poderia  omitir-lhe  o  nome  para  não  alongar  a  triste  lista. 

(i)  Chamorro  era  um  epíteto  injurioso,  com  que  os  Castelhanos  designavam  os  Portu- 
gueses. 


Ataídes  77 

quês  Coutinho,  o  do  combate  de  Trancoso,  à  qual  a  Rainha  dera  como  dote 
a  alcaidaria  mor. 

Fora  Martim  Gonçalves  um  dos  fidalgos,  que  em  Janeiro  de  i384  beija- 
ram a  mão  dei  Rei  de  Castela,  o  qual  seguidamente  o  despediu  para  que, 
persistindo  em  Chaves,  mantivesse  sua  voz  em  toda  a  grande  parte  da  pro- 
víncia de  Trás  os  Montes,  pela  dita  praça  dominada.  O  Alcaide  mor  con- 
servou-se  na  sua  alcaidaria,  apercebendo-se  para  todas  as  eventualidades,  e 
só  desamparou  o  castelo  quando,  em  Maio  de  1384,  acompanhou  o  Arcebispo 
de  Santiago  na  sua  incursão  em  direitura  ao  Porto.  Por  este  motivo  foram- 
-Ihe  confiscados  todos  os  bens  por  carta  de  ib  de  Junho  de  i385,  e  deles  foi 
feita  doação  a  Fernando  Afonso  de  Mascarenhas  (i). 

O  castelo  estava  bem  apercebido  de  armas,  mantimentos  e  provisões  de 
guerra;  e  às  oitenta  lanças  de  bons  escudeiros,  e  aos  besteiros  e  peões,  que 
em  número  suficiente  já  lá  havia,  vieram  juntar-se  mais  trinta  lanças,  e  bom 
número  de  besteiros  e  peões,  que  de  Galiza  levara  Vasco  Gomes  de  Seixas. 
Petrechos  também  não  faltavam,  pois  tinham  um  pequeno  trom  e  uma  cu- 
berta,  ou  engenho  de  atirar  pedras,  com  o  qual  sabiam  tam  bem  manejar, 
que,  despedindo  numa  noite  trinta  pedradas  contra  a  segunda  bastida  levan- 
tada pelos  sitiantes,  só  três  não  acertaram  nela.  De  água  é  que  estavam 
mal,  por  a  nativa  ser  de  caldas,  e  a  do  Tâmega  passar  fora  das  portas. 

Cônscio  da  fortaleza  das  muralhas,  e  da  boa  posição  e  conveniente  aper- 
cebimento do  castelo,  e  confiado  no  próprio  esforço  e  no  da  guarnição,  altivo 
repeliu  Martim  Gonçalves  de  Ataíde  a  intiniaçãp,  que  D.  João  I  lhe  mandou, 
para  entregar  a  vila  e  tomar  a  sua  voz.  Em  vista  da  repulsa,  só  restava  a 
el  Rei  o  meio  das  armas  para  reduzir  a  praça.  Com  este  intento,  e  depois 
de  uma  escaramuça  para  reconhecer  as  posições  em  torno  dela,  pôs-lhe 
D.  João  I  o  assédio  em  princípios  de  Janeiro  de  i386. 

Acampadas  e  dispostas  convenientemente  as  tropas  para  fechar  o  cerco. 
e  armados  os  engenhos,  mandou  atirar  aos  muros  da  vila  e  ao.  castelo,  es- 
colhendo de  preferência  para  alvo,  já  com  segundo  sentido,  as  fortificações 
mais  próximas  do  Tâmega.  Vendo  as  el  Rei  bastante  danificadas,  mas  vendo 
também  que  o  sítio  se  protraía,  e  sabendo  que  pela  falta  de  água  poderia 
reduzir  a  vila  mais  depressa  e  sem  grande  derramamento  de  sangue,  que  de 
ambos  os  lados  era  português,  tratou  de  a  isolar  do  rio.    • 

Para  isso  mandou  D.  João  í  levantar  um  castelo  de  madeira,  a  que  cha- 
mavam bastida,  e  esta  era  de  três  andares  e  foi  construída  junto  à  velha 
ponte  romana  em  frente  das  duas  torres,  que  ladeavam  a  porta  da  vila  fron- 


(i)  Fr.  Manuel  dos  Santos,  Mouarchia  lusitana^  VIII,  pág,  729.  —  Já  a  1  de  Agosto  do 
ano  precedente  fôra-lhe  confiscada  Gouveia  e  outra  ten  a.     Ibid.^  pág.  594. 


78  Brasões 

teira  à  ponte.  A  bastida  era  revestida  de  caniço  e  carqueja,  para  incólume 
resistir  aos  tiros  de  pedra,  e,  bem  guarnecida  de  besteiros  e  homens  de  ar- 
mas, proibia  completamente  aos  sitiados  o  provimento  da  água. 

Era  este  o  mais  terrível  dos  males  que  os  afligia,  dos  quais  só  era  isenta 
Mecia  Vasques,  mulher  do  Alcaide  mor,  pois  que  a  ela,  em  atenção  a  ser 
irmã  de  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  um  dos  seus  capitães,  consentia  el  Rei 
se  lhe  mandasse  todos  os  dias  um  cântaro  de  boa  água.  Os  cavaleiros  por- 
tugueses sempre  foram  galantes  com  as  damas. 

Foi  pois  para  a  bastida,  que  convergiram  os  esforços  dos  sitiados  e  si- 
tiantes, uns  atacando-a,  outros  defendendo-a;  e  para  que  estes,  com  mais 
diUgência  e  ardor  a  guardassem,  eram  frequentes  vezes  revezados.  Um 
dia,  estando  a  guarda  dela  entregue  ao  senhor  de  Vila  Flor,  Vasco  Pires  de 
Sampaio,  chegado  o  serão  recolheu-se  ele  ao  arraial  para  ciar,  descuidado 
de  qualquer  sortida  que  os  de  dentro  fizessem.  Em  tam  má  hora  porém  se 
ausentou  que  os  sitiados,  notando  o  desamparo  da  bastida,  saíram  numerosos 
e,  munidos  de  matérias  inflamáveis,  lançaram-lhe  fogo,  que,  atiçando-se  no 
revestimento  de  caniço  e  carqueja,  em  menos  de  três  credos  a  consumiu  de 
todo,  e  puderam  eles  á  vontade  matar  a  sua  sede. 

Abandonado  o  projecto  de  reduzir  a  vila  pela  falta  de  água,  construiu-se 
nova  bastida,  mais  .forte,  maior  e  mais  próxima  do  arraial.  Desta  não  ces- 
savam dia  e  noite  os  tiros  de  pedras  e  setas,  os  quais,  por  ela  ficar  padrasto 
à  muralha  fronteira,  causavam  grande  dano  nos  defensores  e  nos  muros  e 
casas.  Os  sitiados  defendiam-se  como  podiam;  mas  os  seus  engenhos,  por 
de  mais  curto  alcance,  pouco  prejuízo  causavam  aos  sitiantes. 

Entretanto  prolongava-se  o  assédio,  e  a  quadra  era  de  tanta  friagem, 
caindo  a  neve  tanto  a  miúde  e  tam  basta,  que  no  regresso  de  uma  das  muitas 
correrias  feitas  em  terras  de  Galiza  morreram  de  frio  na  serra  uns  poucos 
de  soldados  e  moços.  Além  da  intempérie  havia  a  necessidade  de  reduzir 
várias  outras  povoações  da  província,  as  quais,  raantendo-se  por  el  Rei  de 
Castela,  incomodavam  as  nossas  tropas;  e  havia  igualmente  o  perigo  deste 
soberano  juntar  forças  e  vir  descercar  a  vila.  Era  pois  urgente  apressar  o 
acometimento  da  praça,  reforçando  o  campo,  para  o  que  mandou  D.  João  I 
convocar,  além  do  Condestável  e  outros  fidalgos,  a  vários  concelhos. 

Um  destes  foi  o  de  Lisboa,  que  logo,  com  a  maior  prontidão  e  boa  von- 
tade, pôs  em  pé  de  guerra  e  em  marcha  duzentas  e  dez  lanças,  duzentos  e 
cinquenta  besteiros,  duzentos  homens  de  pé,  dois  trombetas,  três  alveitares, 
dois  ferradores,  dois  seleiros,  dois  correeiros,  e  um  jogral.  A  esta  gente 
deu  por  capitão  o  anadel  mor  Estêvão  Vasques  Felipe,  levando  a  bandeira 
da  cidade  o  alferes  dela,  Gonçalo  Vasques  Carregueiro.  Determinou  mais 
este  nobre  concelho,  que  os  homens  de  cavalo  levassem  um  L  de  prata  sobre 


Ataides 


79 


a  libré,  e  que  todos  fossem  já  pagos  dos  três  meses  de  Março,  Abril  e 
Maio. 

Causa  imenso  contentamento  ver  a  dedicação  dos  povos  pelo  seu  rei,  pelo 
seu  escolhido,  pelo  primeiro  rei  nacional  em  suma.  E  não  era  só  Lisboa. 
Era  o  Porto,  era  Coimbra,  era  Santarém,  era  a  grande  maioria  das  povoa- 
ções, que  não  estavam  sujeitas  a  alcaide  mor  ou  a  senhor,  pois  que  D.  João  I 
teve  de  lutar  principalmente  contra  a  nobreza.  ^  Quantos  nobres  foram  obri- 
gados pela  arraia  miúda  a  entregar  os  seus  castelos.?  Que  o  digam  Beja, 
Portalegre,  Estremoz,  Évora,  Arronches,  e  outras  terras. 

No  mesmo  dia  chegaram  a  Castelões,  onde  el  Rei  os  fora  receber,  o  Con- 
destável  com  algumas  lanças,  adiantando-se  ao  corpo  de  suas  tropas,  e  o 
contingente  do  concelho  de  Lisboa.  Devia  ser  grande  o  prazer  de  D.  João  I 
ao  ver  o  seu  dedicadíssimo  Nun'Alvares,  e  os  soldados  tam  bem  corregidos 
da  cidade,  que  fora  o  baluarte  da  sua  causa,  e  sua  companheira  de  privações 
e  receios,  durante  aqueles  tristes  e  angustiosos  dias  do  cerco;  porque  nós 
tomamos  sempre  maior  afecto  àqueles,  que  participam  as  nossas  aflições  e 
trabalhos,  do  qiie.aos  companheiros  do  prazer  e  descanso. 

Vendo  Martim  Gonçalves  de  Ataíde  os  reforços  recebidos  e  os  preparos 
para  o  assalto,  receoso  de  ser  entrada  a  vila  por  força  de  armas,  preitejou, 
isto  é,  capitulou  a  entrega  de  Chaves.  As  condições  eram  esperar  quarenta 
dias  por  socorro  dei  Rei  de  Castela,  a  quem  avisariam  e,  não  vindo  auxílio, 
sairiam  com  armas  e  haveres.  A  tomada  da  praça  era  inevitável,  ^'mas  para 
que  arriscar  mais  sangue.-^  D.  João  I  aceitou  a  capitulação,  recebendo  em 
reféns  um  dos  filhos  do  Alcaide  mor. 

Correndo  os  quarenta  dias  penetravam  a  miúde  na  vila  os  parentes  e 
amigos  de  Martim  Gonçalves  e  de  Mecia  Vasques,  a  vê-los  e  falar-lhes. 
Ora,  uma  vez  que  os  foi  visitar  Afonso  Madeira,  escudeiro  seu  amigo,  pre- 
guntou-lhe  o  Alcaide  mor: 

«  —  Que  faz  lá  esse  vosso  Mestre? 

«  — Não  sei  o  que  faz  —  respondeu  o  Escudeiro  —  mas  parece-me  que  fez 
pivolas  para  vos  obrigar  a  sair  d'aqui  para  fora  à  força. 

«  — O  demo  que  lhe  agradeça  essa  física». 

E  mudaram  de  conversação. 

Sendo  a  resposta  dei  Rei  de  Castela,  que  entregasse  a  vila,  tratou  o  Al- 
caide mor,  nestes  últimos  dias,  de  pôr  sua  mulher  e  filhos  em  Monterey,  e, 
terminado  o  praso,  fez  entrega  de  Chaves  a  D.  João  I  em  fins  de  Abril  de 
i386,  havendo  já  perto  de  quatro  meses  que  se  lhe  pusera  o  cerco  (i). 


(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  d'elrei  D.  Fernando,  cap.  65;  Chronica  de  D.  João  I^  p.  2.'% 
caps.  62  a  66  e  69. 


8  o  Brasões 

Saiu  da  vila  Martim  Gonçalves  de  Ataíde,  entre  os  acostumados  apupos 
e  motejos,  caminho  do  desterro,  d'onde  nunca  mais  voltou,  sobrevivendo 
poucos  anos  à  capitulação  de  Chaves.  Em  23  de  Setembro  de  rSgi  era  já 
falecido,  pois  que  por  carta  dessa  data  mandou  D.  João  1  restituir  à  sua 
viúva  e  filhos  todos  os  bens,  por  ambos  os  cônjuges  possuídos  ao  tempo  da 
morte  dei  rei  D.  Fernando  (i). 

II 

LINHAGEM 

Era  Martim  Gonçalves  de  Ataíde  fidalgo  de  boa  casa  e  de  ilustre  ascen- 
dência. Sobre  a  origem  remota  de  sua  família  há  opiniões  encontradas  e 
nenhuma,  a  dizer  a  verdade,  fundada  em  base  segura.  Consta  contudo,  que 
seu  bisavô  Gonçalo  Viegas  possuía  em  1290,  entre  outros  bens,  a  quinta  do 
Pinheiro  na  freguesia  de  S.  Pedro  de  Ataíde,  julgado  de  Santa  Cruz  de  Ri- 
batâmega,  actual  concelho  de  Amarante.  Provouse  que  esta  quinta  havia 
já  sido  de  seus  antepassados  e  era  honrada,  e  que,  além  dela,  possuíam  em 
honra  toda  a  freguesia  (2).  Por  aqui  se  mostra  ser  a  família  já  antiga  e  haver 
sido  esta  freguesia  de  S.  Pedro  de  Ataíde,  honra  possuída  pelos  seus  pro- 
genitores, que  dera  o  apelido  à  linhagem. 

De  sua  mulher  Mecia  Vasques  Coutinho,  que  depois  de  viúva  foi  aia  dos 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.",  fl.  60  v.  Diz  a  carta:  Mecia  Vasques  Continha, 
mulher  que  foi  de  Martim  Gonçalves  de  Ataíde,  ela  e  seus  filhos  hajam  todos  os  bens  e 
quintas  e  herdades,  que  o  dito  Martim  Gonçalves  e  a  dita  Mecia  Vasques  haviam  por  seus, 
e  como  seus,  ao  tempo  da  morte  de  D.  Fernando,  e  os  metam  logo  de  posse,  não  embar- 
gando havermos  feito  mercê  e  doação  dos  ditos  bens  a  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  irmão 
da  dita  Mecia  Vasques,  ou  a  outras  pessoas  afora  aquele,  etc.  Viseu,  23  de  Setemb'o,  era 
de  1429  (iBgi).  Liv.  2.0  de  D.  João  /,  fl.  60  v.  —  Ainda  encontro  registadas  mais  duas  mer- 
cês de  D.  João  I  a  Mecia  Vasques:  Pelas  maldades  e  traições  que  João  Afonso  Pimentel  co- 
meteu confiscámos  seus  bens  móveis  e  de  raiz,  e  vendo  os  bons  serviços  que  recebemos  de 
Mecia  Vasques  Goutinha,  assim  em  criar  nossos  filhos,  como  outros,  e  os  muitos  e  estre- 
mados serviços  que  recebemos  dos  da  sua  linhagem,  e  esperamos  de  receber,  com  acordo 
da  rainha  D.  Felipa  e  do  infante  D.  Afonso  meu  filho  primogénito  herdeiro,  doação  para 
sempre  da  quinta  de  Randufe  no  termo  de  Chaves,  que  o  dito  João  Afonso  havia  etc.  Porto, 
16  de  Outubro,  era  de  1436  (iSgS).  Ibid..,  fl.  180.  —  Doação  para  sempre  a  Mecia  Vasques 
Coutinha,  e  a  todos  seus  herdeiros,  de  todos  os  bens  móveis  e  de  raiz  de  Vasco  Machado 
e  de  sua  mulher,  porquanto  se  foram  para  Castela.  Porto,  17  de  Outubro,  era  de  1436  (iSgS). 
Ibid.,  fl.  148. 

(2)  Liv.  i."  de  Honras  e  Devassos  de  Além  Doiro.,  fl.  28  v.  —  Inquirições  ordenadas  por 
D.  Denís  na  era  de  i328,  ano  do  nascimento  de  1290 


Ataides  8 1 

infantes  filhos  de  D.  João  I,  teve  Martim  Gonçalves  de  Ataíde  os  seguintes 
filhos: 

i.°  —  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  foi  o  i.°  conde  da  Atouguia  por  carta 
de  17  de  Dezembro  de  1448  (i),  e  morreu  antes  de  14  de  Fevereiro  de  1462, 


(i)  Místicos,  liv.  3.°,  fl.  jio.  —  Mais  diplomas  relativos  ao  Conde  da  Atouguia:  Álvaro 
Gonçalves  de  Ataíde,  do  conselho,  governador  da  casa  do  infante  D.  Pedro  e  alcaide  do 
castelo  de  Monforte  de  Rio  Livre,  carta  para  5o  homisiados  poderem  viver  nessa  vila,  para 
a  povoarem,  etc.  Tentúgal,  lo  de  Outubro,  era  de  1458  (1420).  Liv.  4.0  de  D.  João  J,  fl.  12  v. 

—  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  nosso  aio  e  do  infante  [D.  Fernando],  meu  irmão,  do  nosso 
conselho,  mostrou  privilégio  que  lhe  foi  dado  por  D.  João  I. — Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde, 
do  nosso  conselho  e  regedor  da  casa  do  infante  D.  Pedro  meu  filho,  sejam  privilegiados  e 
escusados  todos  seus  caseiros,  lavradores,  amos,  mordomos,  etc.  Lisboa,  8  de  Outubro  de 
1425.  — Confirma,  em  Santarém,  a  24  de  Outubro  de  1440.  Liv.  2.0  de  D.  Afonso  V,  fl.  34. 

—  D.  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  conde  da  Atouguia,  mostrou  uma  carta  de  D.  Duarte  e 
quatro  do  infante  D.  Pedro.  —  Eu  o  infante  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra,  e  senhor  de  Mon- 
temor, pelos  serviços  de  Álvaro  Gonçalves,  meu  cavaleiro  e  do  conselho  dei  Rei  meu  padre 
e  meu  governador  de  minha  casa,  doação  dos  casais  da  Chança  e  do  Carvalhal  no  termo 
de  Penela,  etc.  Lisboa,  i5  de  Junho,  ano  de  1425.  —  Eu  o  infante  D.Pedro,  duque  de  Coim- 
bra, senhor  de  Montemor,  pelo  serviço  de  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  governador  de  mi- 
nha casa,  doação  do  lugar  de  Cernache  para  sempre.  Lisboa,  i5  de  Junho,  era  (sic)  de  1425. 
— D.  Duarte,  o  infante  D.  Pedro  nos  disse  que  el  Rei  D.  João  lhe  fizera  mercê  do  lugar  de 
Cernache  com  a  jurisdição  e  padroado,  o  qual  foi  de  Gonçalo  Nunes  Barreto,  e  de  certos 
direitos  e  casais  que  o  mesmo  tinha  no  termo  de  Alvaiázere  e  na  Albergaria  Velha,  e  do 
padroado  da  igreja  de  Pelema,  no  termo  de  Alvaiázere,  os  quais  bens  houvera  de  Gonçalo 
Nunes  por  escambo  doutros  bens  no  Algarve;  e  outrosi  lhe  fez  mercê  dos  casais  e  herdades 
da  Chança  e  do  Carvalhal,  termo  de  Penela,  confiscados  a  Gonçalo  Lourenço,  escrivão  que 
foi  da  puridade  de  D.  João  L  E  consirando  os  muitos  serviços  de  Álvaro  Gonçalves  de 
Ataíde,  do  nosso  conselho  e  governador  de  sua  casa,  lhe  fez  doação  de  Cernache  e  de  todos 
os  mais  lugares  e  padroados;  mas  como  a  doação,  que  D.  João  I  deles  lhe  fizera,  fora  sob 
condição  de  os  não  poder  doar,  etc.  Confirma  as  doações  feitas,  em  Santarém  a  3  de  De- 
zembro de  1433. — Infante  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra,  senhor  de  Montemor,  tendo  feito 
doação  a  Álvaro  Gonçalves  dos  casais  de  Chança  e  do  Carvalhal,  e  sendo  êle  casado  longos 
anos  havia  com  D.  Guiomar  de  Castro,  e  não  o  tendo  declarado  na  carta,  vem  nesta  expres- 
samente declarar  que  a  ela  também  foi  feita  a  doação,  «consirando  e  trazendo  à  memória 
como  a  dita  D.  Guiomar  casou  com  o  dito  Álvaro  Gonçalves  a  meu  requerimento  por  en- 
commendamento  dei  Rei  meu  padre  e  da  senhora  Rainha  minha  madre»,  etc.  Lisboa,  18  de 
Fevereiro  de  1439.  —  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra,  os  serviços  de  Álvaro  Gonçalves  de 
Ataíde,  do  conselho  dei  Rei  e  governador  da  minha  casa,  sendo  casado  longos  anos  havia 
com  D.  Guiomar  de  Castro,  etc.  o  mesmo  para  Cernache.  Lisboa,  17  de  Fevereiro  de  1439. — 
Confirma  D.  Afonso  V  ao  Conde,  em  Évora,  a  26  de  Janeiro  de  1450.  Liv.  34P  de  D.  Afonso  V, 
fl.  104  V.  —  D.  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  conde  da  Atouguia,  apresentou  carta.  —  Álvaro 
Gonçalves  de  Ataíde,  do  conselho,  regedor  e  governador  do  infante  D.  Pedro  meu  irmão, 
mostrou  carta  dada  à  condessa  D.  Guiomar  que  Deus  perdoe.  —  A  condessa  [de  OurêmJ 
D.  Guiomar  nos  disse  que  tem  uma  quinta  no  termo  de  Benavente,  que  chamam  a  Foz,  que 
parte  com  rio  Tejo  etc.  Carta  de  couto  para  a  dita  quinta.  Lisboa,  2  de  Junho,  era  de  1431 

VOL.  I  U 


82  Brasões 

data  da  carta  do  título  de  conde  da  Atouguia  a  seu  filho  D.  Martinho  de 


(tSgS).  —  Apresentada  a  carta  por  Álvaro  Gonçalves,  ele  nos  disse  que  a  dita  quinta  era  ora 
sua,  etc.  Confirma,  em  Avis,  28  de  Julho  de  1438.  —  Confirma,  em  Évora,  a  i  de  Dezembro 
de  1449.  Liv.  34.0  de  D.  Afonso  F,  fl.  io3.  —  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  do  nosso  conselho 
e  regedor  da  casa  do  infante  D.  Pedro,  e  D.  Guiomar  de  Castro  sua  mulher  apresentaram 
instrumento.  —  Em  1438,  ao  i.°  de  Dezembro,  em  Torres  Novas,  nas  poisadas  onde  ora  poisa 
Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  do  conselho  dei  Rei  e  governador  da  casa  do  infante  D.  Pedro, 
estando  ele  e  D.  Guiomar  de  Castro  sua  mulher,  disseram  que  haviam  casado  por  palavras 
de  presente  na  era  de  César  de  1450  (1412),  em  Lisboa,  por  carta  de  arras.  Ela  entregara 
ao  marido  em  dote  todos  os  bens  de  raiz  e  móveis  que  herdara  por  morte  da  Condessa  sua 
avó,  e  de  seu  pai,  etc.  fizeram  novo  contrato  revogando  o  mais  antigo.  —  Confirma  a  Rainha 
e  Infante,  em  Lisboa,  a  24  de  Janeiro  de  1439.  Liv.  j8.o  de  D.Afonso  V,  fl.  44. — Novamente 
confirmada,  em  Évora,  a  5  de  Março  de  1450.  Ibid.,  liv.  34.°,  fl.  74.  —  D.  Álvaro  Gonçalves  de 
Ataíde,  conde  da  Atouguia,  do  nosso  conselho,  dá-o  por  alcaide  mor  do  castelo  de  Coimbra 
pela  guisa  que  o  havia  em  tempo  do  infante  D.  Pedro,  etc.  Óbidos,  8  de  Agosto  de  1449.  Liv.  8.° 
da  Estremadura,  fl.  225  v. — D.  Afonso  em  sembra  com  a  rainha  D.  Isabel,  minha  mulher,  e 
com  o  infante  D.João,  meu  filho  primogénito  herdeiro,  fazemos  saber  que  a  condessa  dona 
Guiomar  nos  disse  como  tem  tenção  de  mandar  fazer  um  mosteiro  da  ordem  de  S.  Fran- 
cisco acerca  da  cidade  de  Lisboa  e  que,  porquanto  não  achava  nenhum  lugar  tam  disposto 
pêra  isso  como  o  vale  de  Enxuvregas,  por  ser  perto  do  mar  e  isso  mesmo  da  dita  cidade, 
de  que  o  dito  mosteiro  poderia  haver  grande  ajuda  de  esmola  pêra  governança  das  pessoas 
dele,  por  em  a  dita  cidade  haver  muitas  notáveis  e  boas  pessoas,  e  que  ainda  por  o  dito 
mosteiro  ser  mais  àcêrca  dela,  que  outro  algum,  de  semelhante  maneira  os  moradores  da 
dita  cidade  se  desporiam  de  ir  a  ele,  recebendo  muitas  doutrinas  e  bons  exemplos  àcêrca 
de  sua  salvação  per  as  boas  e  notáveis  pessoas  àcêrca  do  serviço  de  Deus,  que  com  sua 
ajuda  entende  encaminhar,  pedindo-nos  por  mercê  que  lhe  quiséssemos  outorgar  as  nossas 
casas  e  pardieiros  que  foram  paços,  que  são  em  o  dito  logo  de  Enxovregas,  com  o  laranjar 
e  certo  pedaço  de  terra  nossa,  que  é  horta,  tudo  junto  com  os  ditos  paços,  pêra  em  êles 
mandar  fazer  o  dito  mosteiro,  e  antes  que  lhe  sobre  elo  déssemos  final  determinação,  man- 
damos a  João  Sodré,  que  ora  á  nosso  almoxarife  do  Almazem  em  a  dita  cidade,  que  com 
Martim  de  Basto,  nosso  escrivão  dele,  chegasse  ao  dito  logo  de  Enxovregas  e  soubesse  quem 
trazia  essa  terra  e  por  que  preço,  e  se  era  emprazada,  e  em  vida  de  quantas  pessoas,  e  quanto 
poderia  a  nós  tudo  render.  Os  quais  nos  certificaram,  que  êles  por  pessoa  o  foram  ver,  e 
acharam  que  as  ditas  casas  com  três  hortas,  em  que  são  as  ditas  laranjeiras,  foram  empra- 
zadas  a  um  Afonso  Eanes,  hortelão,  já  finado,  em  vida  de  três  pessoas,  por  270  livras  da 
moeda  antiga  em  cada  um  ano,  que  são  desta  moeda  ora  corrente  3714  reais,  a  razão  de 
5oo  por  uma,  o  qual  nomeou  ao  dito  prazo  por  segunda  pessoa  a  Caterina  Gonçalves  sua 
mulher,  e  ela  ha  de  nomear  a  terceira  pessoa,  e  com  certas  pessoas  demarcaram  o  que  era 
necessáriç  para  o  dito  mosteiro  per  esta  guisa :  as  ditas  casas  e  pardieiros,  em  que  foram 
os  ditos  paços,  com  as  laranjeiras,  e  tomaram  per  a  esquina  da  torre  deles  que  está  além 
da  fonte,  assim  como  vai  pêra  o  pé  do  loureiro,  ficando  êle  de  fora,  e  indo  per  o  longo  do 
caminho,  que  vai  pêra  o  poço,  até  ao  pé  de  uma  nogueira,  que  é  junta  com  o  dito  poço,  a 
qual  fica  de  fora  com  o  dito  poço,  e  assim  indo  ao  longo  do  rêgo  de  água  até  cerrar  no  ba- 
celo, e  dele  indo  ao  canavial  do  caminho  até  tornar  a  cerrar  com  as  ditas  casas  e  fonte  e 
canto  da  dita  torre,  onde  começaram,  as  quais  confrontações  partem  com  outras  hortas 
nossas . . .  que  tudo  valeria  de  renda  por  ano  1600  reaes,  e  que  tanto  se  devia  descontar  à  dita 


Ataides  83 

Ataíde  (i).  Foi  o  i."  Conde  sepultado  na  igreja  matriz  da  capital  do  seu 
condado  com  um  pomposo  epitáfio,  errado  na  data  numa  das  versões  minhas 
conhecidas,  a  qual  é  a  seguinte: 

Este  Mo[i]mento  que  enserrado  tem  o  Corpo  do  Magnifico  D.  Álvaro 
Gonçalves  de  Attaide,  Conde  de  Atouguia,  e  Senhor  de  Monforte  nÔ  podia 
emsarrar,  nem  escojider  as  suas  virtudes,  as  quais  como  quer  que  com  sua 
alma  segundo  piadôiamente  voassem  ao  Ceo,  a  sua  cr  ar  a  memoria  ficou  na 
terra  por  ser  aos  mortais  muito  claro  exemplo  de  jnrtudes  as  quiséssemos 
demostrar  não  somente  esta  pedra,  mas  ainda  híí  grande  volume  de  escritu- 
ras não  poderião  comprehender.  Este  dos  seus  primeiros  annos,  despresadas 
as  brandas  paixões  que  aos  mancebos  ás  ve\es  desvairão  dos  virtuosos  cami- 
nhos, ajuntou  com  ardide-{a  que  do  muj  excelente  Cavalleiro  Mai^tim  Gon- 
çalves de  Ataide  seu  Pay  por  direito  de  herança  lhe  acontecera  hua  manci- 
dão  juesturada  com  muita  prodencia,  e  convercação  graciosa;  e  assi?n  que 
a  verdade  da  vida  sem  heprocrecia,  e  sem  outras  sirimonias  dejingida  Ri- 
ligião,  em  que  elle  tanto  Lu^io,  que  não  somente  as  suas  obras,  mas  ainda 
seus  maduros  e  sãos  consselhos,  nos  Rejs  da  piado^a  lembrança  D.  João  e 
D.  D.'^  cujo  Conselheiro  foi  muito  prestais  asim  nos  feitos  da  guerra,  que 
nos  seus  pritneiros  attnos  o  dito  Rey  D.  João  ouve  com  ElRef  de  Castella, 
nos  quais  elle  asa:{  perigos,  e  trabalhos  passou  e  soportou,  como  depois  a 
guerra  acabada  nas  outras  cousas,  que  pertencido  ao  Regimento  do  Rejno. 
Visitou  a  Ca^a  Santa  de  Jerusalém,  e  foi  na  guerra  de  Bosna  com  o  Em- 
perador  Segismundo,  e  da  hifoi  com  ElRey  D.  João  na  tomada  de  Ceita 
com  asa\  gente  darmas  acompanhado,  E  depois  foi  com  o  Infante  D.  hen- 
rique  no  decerco  da  dita  cidade,  e  no  Conselho  Geral  de  Constância  esteve 
aquelles  turbados  tempos  da  divi\ão  da  Igreja  por  parte  do  dito  Seíior  Rey, 
até  que  averiguada  a  scisma,  foi  hã  Santo  Papa  Martinho  em  Avinhão  creado, 
e  depois  foi  eleito  nas  Cortes  Aio  de  ElRey  Dom  Affonso  o  quinto  bemaren- 
turadamente  Reynante,  o  qual  asim  creou  e  ensinou,  que  alem  da  sua  ma- 
ravilhosa natureza  muito  se  mostra  hoje  em  elle  a  sua  doutrina.  Partiuse 
desta  vida  em  idade  7nadura,  Anno  M.  iiii'^  LV.  (aliás  Af.  iHj-  LII,  como  se 
encontra  na  outra  versão)  em  grande  prosperidade  Leixoii  mui  honrados 
filhos  sussecores  em  memoria  gloriosa  nos  vindoros  se  gr  os  (2). 


Caterina  Gonçalves,  etc. — Nós  visto  o  seu  requerimento,  fazemos  lhe  mercê  por  esmola  de 
doação  pêra  sempre  pêra  ela  Condessa  e  todos,  que  dela  descenderem  por  linha  direita 
masculina,das  ditas  casas,  pardieiros,  laranjar,  horta,  fonte,  etc.  Santarém,  17  de  Outubro 
de  1435.  Liv.  i5.o  de  D.  Afonso  V,  fl.  118  v. 

(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  2»,  fl.  7. 

(2)  Sousa,  Memorias  Sepulchraes,  íl.  141  v.  —  Péssima  transcrição  do  epitáfio,  na  qual 
emendei  algumas  palavras,  seguindo  outra  pouco  melhor,  mas  com  a  data  certa. 


84  Brasões 

Foi  D.  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde  progenitor  dos  demais  Condes  da 
Atouguia,  que  no  fim  do  século  xvi  já  tinham  a  varonia  de  Câmara,  e  dos 
quais  o  último  morreu  no  cadafalso  de  Beiêm,  a  i3  de  Janeiro  de  1759. 
Foi  igualmente  progenitor  dos  Condes  da  Castanheira  (i  de  Maio  de  i532), 
dos  quais  saiu  o  ramo  dos  Condes  de  Castro  Daire  (20  de  Junho  de  i625) 
e  nestes  veio  posteriormente  a  fundir-se  o  ramo  originário.  A  sua  varonia 
extinguiu-se  próximo  dos  fins  do  século  xvii,  passando  os  bens  vinculados 
para  a  casa  dos  Marqueses  de  Cascais.  Do  i.°  Conde  da  Atouguia  proce- 
deram mais  ramos  de  Ataides  relativamente  obscuros,  e  nos  quais  creio  es- 
tar, há  muito,  perdida  a  varonia. 

2.° — Vasco  Fernandes  de  Ataíde,  fidalgo  da  casa  rial  com  quinhentas  e 
quatro  libras  de  moradia  por  mês,  foi  vedor  da  casa  do  infante  D.  Henrique 
e  a  seu  lado  morreu  na  tomada  de  Ceuta,  em  i4i5,  sem  deixar  geração. 
Foi  o  lánico  cavaleiro  português  morto  naquela  empresa,  derrubado  por  uma 
grande  pedra  lançada  das  muralhas.  Ao  facto  alude  uma  inscrição  num  pe- 
nhasco sob  uma  torre,  parecendo  ser  aquele  letreiro  o  único  vestígio  subsis- 
tente da  permanência  dos  Portugueses  em  Ceuta.  E  constituída  a  inscrição 
pelo  seguinte  epigrama: 

Vascus  Ataydes  primus  dum  hanc  occiípat  ar  cem; 
Saxum  hoc  aã  limen  vitaque,  morsque  fuit  (i). 

Como  quem  dissesse  que  esta  pedra  fora  para  Vasco  de  Ataíde,  o  primeiro 
a  entrar  nesta  fortaleza,  ao  mesmo  tempo  a  sua  vida  e  a  sua  morte. 

3.°  —  D.  Isabel  de  Ataíde  foi  primeira  mulher,  com  geração,  de  D.  Fer- 
nando de  Castro,  senhor  do  paul  do  Boquilobo. 

4.°  —  D.  Helena  de  Ataíde  casou  com  Pedro  Vaz  da  Cunha,  2.°  senhor 
de  Angeja  e  Pinheiro,  de  quem  teve  geração. 

5."  —  D.  Felipa  de  Ataíde,  dama  da  rainha  D.  Felipa  de  Lancastre  com 
mil  e  duzentas  libras  de  moradia,  foi  a  primeira  mulher  de  Gonçalo  Anes 
Chichorro,  3.°  senhor  de  Mortágua. 

6.°  —  Caterina  de  Ataíde,  dama  da  mesma  Rainha,  teve  igual  moradia 
na  sua  casa. 

Em  algumas  memórias  encontra-se  nomeado  por  irmão  do  Alcaide  mor 
de  Chaves  a  Gonçalo  Viegas  de  Ataíde,  progenitor  dos  morgados  de  Ca- 
parrota,  termo  de  Coimbra,  e  dos  senhores  de  Penacova;  mas  não  creio  haja 
fundamento  plausível  para  tal  asserção. 


(i)  D.  Tomás  Caetano  de  Bem,  Memorias  dos  Clérigos  Regulares^  II,  191,  reportan- 
do-se  a  uma  conferência  académica  do  P.e  António  Caetano  de  Sousa. 


V 
EÇAS 


BnAsÓEs  DA  Sai-a  de  Sintra,  Vol.  I. 


X 


i 


/ 


De  prata,  cinco  escudeles  à  antiga  de  azul,  postos  em  cruz  e  apontados 
ao  do  centro,  cada  um  deles  carregado  de  doze  besantes  do  campo  postos 
em  três  palas;  os  escudetes  sobrepostos  a  um  cordão  de  S.  F^rancisco  de  sua 
cor,  com  seus  nós,  posto  em  cruz,  em  aspa  e  em  orla.  Timbre:  águia  de 
azul,  armada  de  vermelho  e  carregada  sobre  o  peito  de  uma  cruz  potêntea 
cosida  de  negro.  "" 

Com  pequena  diferença  encontram-se  estas  armas  no  Livro  do  Armeiro 
mor,  fl.  5o,  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo,  no  Thesoiiro  da  Nobre:{a 
de  Francisco  Coelho,  fl.  27,  no  Thesouro  da  Nobreza  de  Fr.  Manuel  de 
Santo  António,  e-i,  etc. 

I 

ASSASSÍNIO   DE   D.   MARIA   TELES 
i379 

Na  madrugada  de  uma  segunda  feira,  em  que  se  contavam  18  dias  do  mês 
de  Janeiro  da  era  de  1405,  ano  do  nascim,ento  de  Cristo  de  iSôy,  finou-se  em 
Estremoz  D.  Pedro  I,  o  Justiceiro,  ao  fim  de  dez  anos  de  reinado;  e  disse- 
ram os  povos,  que  «tais  dez  anos  nunca  houve  em  Portugal  como  estes». 

A  tristeza  e  o  luto  pouco  tempo  permaneceram  na  corte  portuguesa.  O 
moço  Rei  muito  afeiçoado  a  todos  os  prazeres  cumpridoiros  a  um  cavaleiro 
galante  e  voluntarioso,  que,  além  de  soberano,  era  rico,  arredou  as  mágua« 
e  lançou-se  desenfreadamente  aos  prazeres.  O  cavalgar,  o  caçar,  o  montear, 
o  jogar,  e  sobretudo  o  galantear,  foram  as  ocupações  predilectas  de  D.  Fer- 
nando. 

Na  corte  portuguesa  não  havia  outra  dama  da  família  rial,  a  não  ser  a 
infanta  D.  Beatriz,  meia  irmã  dei  Rei,  filha  de  D.  Inês  de  Castro.     A  casa 


88  Brasões 

da  Infanta  era  o  prazo  dado  das  donas  e  donzelas,  que  então  frequentavam 
a  corte.  Os  filhos  de  D.  Pedro  eram  alegres  e  folgavam,  de  que  em  suas 
casas  reinasse  o  prazer  resultante  da  convivência  de  muitos  e  ledos  compa- 
nheiros. Todos  tinham  casa  bem  posta  e  de  muitos  serviçais,  aberta  e  franca 
a  qualquer  cavaleiro  ou  ilustre  escudeiro,  que  a  procurasse.  Exceptuar-se- 
-hia  unicamente  o  infante  D.  Denis. 

D.  Beatriz,  além  de  por  índole  e  gosto  apreciar  e  estimar  a  sociedade  dos 
fidalgos  da  corte,  era  certamente  incitada  a  isso  pelo  Rei  seu  irmão,  que  nos 
seus  saraus  via  uma  mina  de  galanteios  e  amores.  Sucedeu  porém,  o  que 
de  certo  ninguém  suporia.  ;A  primeira  a  cativar  o  coração  do  jovem  Rei 
foi  a  própria  irmã!  As  extravagâncias  matrimoniais  de  D.  Fernando  causam 
assombro.  Primeiro  pretende  casar  com  a  irmã,  e  a  sério  pede  dispensa 
para  tal  união;  je  por  fim  casa  com  uma  mulher,  cujo  marido  era  vivo!  E 
o  caso  foi,  que,  em  quanto  se  requeria  à  Cúria  a  dispensa,  o  procedimento 
dos  dois,  com  falas  e  jogos  amiudados,  adubados  de  beijos  e  abraços,  era 
tal,  que  se  começou  a  rosnar  da  honra  da  infanta.  ^  Seria  já  a  nacional  má 
língua,  de  que  ainda  hoje  tanto  padecemos?  ^ou  haveria  alguma  verdade 
nestas  murmurações?  Apesar  do  desabusado  do  tempo,  custa  a  crer  em 
tanta  depravação,  e  parece  (desmancharem  o  dito  os  casamentos  ajustados 
por  D.  Fernando  com  infantas  de  Aragão  e  Castela,  durante  o  tempo,  que  a 
estes  incestuosos  amores  assina  o  cronista. 

Na  corte  da  infanta  D.  Beatriz  brilhavam  sobre  todas  as  damas  pela  sua 
mocidade,  formosura,  elegância,  nobreza  e  riqueza,  D.  Maria  Teles  e  sua 
irmã  D.  Leonor  Teles,  sobrinhas  do  «fiel  conselheiro»  D.  João  Afonso  Telo, 
conde  de  Ourém,  filhas  do  rico  homem  D.  Martim  Afonso  Telo,  e  irmãs  de 
D.  João  Afonso  Telo  posteriormente  conde  de  Barcelos,  e  de  D.  Gonçalo 
Teles  futuro  conde  de  Neiva.  A  primeira,  D.  Maria,  era  viúva  do  rico  ho- 
mem Álvaro  Dias  de  Sousa,  chefe  desta  ilustre  família,  o  qual  falecera  antes 
de  Abril  de  i365  (i),  e  mãe  de  D.  Lopo  Dias  de  Sousa,  mestre  da  Ordem 
de  Cristo,  de  cujas  rendas  ela  dispunha  na  menoridade  do  filho.  A  outra, 
D.  Leonor,  era  casada,  havia  já  uns  três  anos,  com  João  Lourenço  da  Cunha, 
2.°  senhor  de  Pombeiro,  que  cometeu  a  grave  imprudência  de  deixar  tão  for- 
mosa mulher  visitar  a  corte,  permanecendo  éle  no  seu  solar  da  Beira,  para 
onde,  por  mais  que  a  chame,  ela  não  volta.  O  resultado  é  sabido.  D.  Fer- 
nando loucamente  apaixonado,  e  levado  pelas  arteirices  de  D.  Leonor,  calca 
aos  pés  todas  as  resistências,  e  casa,  em  Janeiro  de  1372,  com  a  mulher  de 
João  Lourenço  da  Cunha. 


(i)  Archivo  histórico  poríuguei(,  lY^  i63. 


Eças  89 

Apresentada  a  nova  Rainha  à  corte,  todos  lhe  beijam  a  mão,  ainda  que 
alguns  contrafeitos,  negando-se  a  isso  unicamente  o  infante  D.  Denis,  res- 
pondendo briosamente  às  injunções:  «que  lha  não  beijaria,  mas  que  lha  bei- 
jasse ela  a  êle»  (i).  O  outro  irmão  dei  Rei,  o  infante  D.  João,  não  escru- 
pulizou,  e  foi  o  primeiro  a  saudá-la,  permanecendo  por  esse  facto  na  corte 
e  recebendo  acrescentamento. 

Este  infante  D.  João,  o  mais  velho  dos  filhos  então  existentes  de  D.  Pe- 
dro I  e  de  D.  Inês  de  Castro,  era  «muito  igual  homem  em  corpo  e  em  geesto, 
bem  composto  em  parecer  e  feiçoÕes,  e  comprido  de  muitas  boas  manhas, 
muito  mesurado  e  paaçaão,  agasalhador  de  muitos  fidallgos  do  reino  e  es- 
tramgeiros,  e  muito  graado  e  prestador  a  qual  quer  que  em  elle  catasse 
cobro». 

Grande  monteiro,  passava  dias  e  dias  correndo  montes  e  vales  embre- 
nhado nos  bosques  e  charnecas,  procurando  os  ursos  e  Javalis,  e  com  tal 
afoiteza,  que  por  vezes  correu  não  pequeno  perigo.  Desta  sua  paixão  lhe 
resultava  uma  tam  grande  afeição  pelos  seus  nobres  alãos  Bravor  e  Rabês, 
que  os  trazia  para  a  cama  e  entre  eles  dormia.  Igualmente  bom  caçador 
não  poupava  as  perdizes  e  lebres,  que  se  lhe  deparassem;  e  nas  Justas  e  tor- 
neios distinguia-se  entre  os  melhores.  Primava  êle  porem,  d'entre  todos  os 
exercícios  corporais,  no  de  cavalgar,  no  qual  a  sua  destreza  e  ardimento  o 
faziam  ter  na  conta  de  ser  o  primeiro  de  toda  Espanha  naquela  nobre  arte. 
Era  simultaneamente  liberal.  Jogador  e  galanteador,  e  não  lhe  faltava,  para 
formar  o  tipo  do  cavaleiro  d'então,  a  rudeza  orgulhosa,  a  superior  ignorância 
e  o  pronunciado  desprêso  pelos  ditames  da  moral,  quando  opostos  à  sua  am- 
bição ou  aos  seus  caprichos. 

Tam  perfeito  cavaleiro  não  carecia  decerto  da  qualidade  de  infante,  para 
inspirar  violenta  paixão  a  qualquer  dama;  e  assim  sucederia,  se  aquela  que 
veio  a  amar  não  pertencesse  a  uma  família,  onde  a  ambição  preferia  a  tudo. 


(i)  Este  brioso  infante  D.  Denis  foi  sepultado,  conforme  declara  D.  António  Ponz,  Viage 
de  Espana,  vol.  7.°,  pág.  65^  em  uma  capela  chamada  dos  Quatro  Altares,  imediata  ao  San- 
tuário no  célebre  mosteiro  de  Guadalupe.  Foi  sua  filha  D.  Beatriz  que  em  146 1  mandou 
erigir-lhe  o  mausuléu,  para  êle  e  outro  para  sua  mulher,  a  infanta  D.  Joana,  dando-lhes,  na 
escritura  para  êssé  fim  lavrada,  o  título  de  Reis  de  Portugal.  O  lugar,  então  escolhido,  foi 
o  centro  da  capela;  depois,  quando  naquele  convento  se  encontraram  Felipe  II  e  D.  Sebas- 
tião, foram,  com  licença  de  ambos,  passados  os  túmulos  para  as  paredes  fronteiras  aos  dois 
altares,  que  ficaram  subsistindo,  e  sobre  cada  um  dos  mausoléus  se  colocou  uma  figura  de 
pedra  ajoelhada,  representartdo  a  da  mão  direita  a  D.  Denis,  a  quem  dedicaram  este  epitáfio : 

Hac  Lusitanae  jacet  uma  gloria  pentis, 
Dinis  ab  invicto  clara  propago  Petro 
Cui  natura  dedit  Regis  cuui  slemate  nomen, 
Detulit  Infantis  pátria  sors  titulum. 

VOL.  I  12 


90 


Brasões 


Continuando  a  frequentar  a  corte,  breve  se  deixou  D.  João  cativar  pela 
formosura  e  atractivos  de  D.  Maria  Teles,  a  irmã  da  Rainha.  Declarados 
os  seus  sentimentos  e  não  de  todo  repelidos,  significou-se-lhe  contudo,  que, 
para  a  posse  da  .mulher  desejada,  teria  de  passar  primeiro  pela  igreja  e  que, 
sem  o  sacramento,  nada  obteria.  Até  aqui  perfeitamente:  D.  Maria  defen- 
dia a  sua  honra,  e  fazia  bem;  <; demais,  desde  que  sua  irmã  tinha  casado  com 
el  Rei,  atropelando  todas  as  conveniências  sociais,  seria  para  estranhar,  que 
ela,  estando  livre,  casasse  com  o  Infante?  Revela  pprêm  o  artifício  da  fa- 
mília dos  Teles  o  modo  de  alcançar  o  apetecido  casamento. 

Não  ignorando  D.  Maria  quam  violento  era  o  amor  de  D.  João,  e  quam 
poderosa  é,,em  pessoa  acostumada  à  satisfação  dos  seus  apetites  e  caprichos, 
a  resistência  da  mulher  amada,  e  até  que  ponto  de  alucinação  pode  levar  o 
regatear  da  suspirada  posse,  resolveu  dar  o  último  golpe  na  indecisão  do 
Infante. 

Consente  nas  suas  solicitações,  e  apraza-lhe  uma  hora  da  noite  para  à 
puridade  o  receber  em  sua  casa.  A  íim  de  conciliar  a  vitória,  emprega  os 
maiores  desvelos  em  aperceber,  a  si,  e  à  sua  câmara,  por  forma  a  exacerbar 
os  desejos  do  namorado  Infante.  Veste  as  suas  melhores  galas,  aquelas  que 
mais  realçavam,  a  sua  beleza,  e  apresenta-lhe  uns  aposentos,  cujo  conforto, 
como  hoje  dizemos,  pedia  a  persistência. 

Com  o  coração  aos  pulos  no  peito  sobe  o  apaixonado  cavaleiro  a  escada, 
e  penetra  na  câmara  conduzido  silenciosamente  por  mão  de  discreta  mensa- 
geira. Tudo  rescendia  amor,  desde  a  formosa  mulher  até  às  fofas  almofa- 
das, discretos  tapetes  e  recato  do  leito,  entrevisto  na  sombra  da  próxima 
alcova.  Doido,  lança-se  o  Infante  aos  pés  da  sua  adorada,  e  ternamente  lhe 
renova  os  amorosos  protestos.  Ela  porem,  repelindo-o  brandamente,  vai 
deixando  chegar  a  paixão  ao  apogeu,  e  invocando  então  o  maior,  e  quási 
sempre  infalível  argumento  da  mulher  amada  e  bela,  deixa  correr  as  lágri- 
mas. O  seu  amor  é  grande,  mas  estima  mais  a  sua  honra;  e,  se  o  Infante 
realmente  a  ama^  não  a  quererá  ver  infamada.  Se  a  quer  possuir,  se  lhe 
quer  chamar  sua,  pode  fazê-lo  já,  penetrando  primeiro  no  contíguo  orató- 
rio, onde  um  padre  e  duas  testemunhas  em  breves  minutos  os  unirão  para 
sempre. 

iQue  havia  de  fazer  o  Infante?  Tudo  se  lhe  tinha  varrido  da  mente,  e 
só  nela  chamejava,  atiçada  pelos  desejos,  a  imagem  da  mulher  adorada,  para 
cuja  posse  apenas  se  pediam  uns  curtos  momentos  de  espera.  Está  dito; 
casemos. 

Na  manhã  seguinte,  quando  o  pagem  de  D.  João  pegou  nas  suas  roupas 
da  véspera  achou  nelas  um  perfume  suave,  embriagante  que  despertou  no 
mancebo  sensações  deleitosas. 


Eças  9 1 

Tendo  o  Infante  posto  por  condição  ao  casamento  o  mistério,  continuaram 
a  ver-se  a  furto,  e  por  algum  tempo  iludiram  os  curiosos;  mas,  como  o  se- 
gredo que  passa  de  dois  dificilmente  é  mantido,  dentro  em  pouco  começou-se 
a  murmurar  das  visitas  de  D.  João.  A  boa  reputação  de  D.  Maria  Teles 
estava  porem  por  tal  forma  assente,  que  ninguém  duvidou  houvera  casamento 
secreto. 

Chegada  a  novidade  aos  ouvidos  da  Rainha,  esta,  em  vez  de  folgar  com 
o  acrescentamento  da  irmã,  tomou-se  de  inveja  e  ódio,  incrível  em  outrem 
que  não  fosse  D.  Leonor,  cujo  carácter  era  para  extremos  destes.  Começou 
a  adúltera  a  antever  que  por  morte  de  D.  Fernando,  em  quem  já  se  ma- 
nifestavam os  primeiros  sintomas  da  tísica,  seria  proclamado  rei  o  infante 
D.  João,  e  que  teria  ela  portanto  de  se  esbater  na  sombra  para  ceder  o 
campo  á  nova  rainha.  Via  mais,  que  D.  Maria,  respeitada  pelo  seu  bom 
porte,  seria  estimada  de  todos  e  obteria  logo  o  que  D.  Leonor,  apesar  de 
tantas  mercês  e  dádivas,  não  conseguira  ainda,  isto  é,  o  amor  de  seus  vas- 
salos. Esta  idea  tornara-se  fixa,  e  a  tal  ponto  importunava  o  seu  espírito, 
que,  não  podendo  mais  suportá-la  e  não  lhe  vendo  outro  remédio,  resolveu 
destruir  a  causa  de  tam  assustadores  efeitos. 

Que  D.  Leonor  assim  pensasse,  unicamente  causará  assombro  a  quem 
não  conhecer  a  sua  índole  desalmada;  jmas  que  para  esta  maldade  ela  encon- 
trasse um  cúmplice  no  próprio  irmão  do  algoz  e  da  vítima,  isso  sim,  isso  é 
que  é  assombroso!  D.  João  Afonso  Telo,  almirante  de  Portugal,  de  corpo 
e  alma  dedicado  à  Rainha  sua  irmã  pelas  muitas  mercês  dela  recebidas,  e 
de  carácter  igualmente  perverso,  aceitou  sem  dificuldade  o  papel  de  lago, 
que  a  Rainha  lhe  destinou  na  delineada  tragédia,  onde  Desdémona  seria  a 
própria  irmã,  e  Othelo  o  cunhado. 

Começou  o  Almirante  a  frequentar  o  infante  D.  João  mais  do  que  costu- 
mava, e  a  deixar  cair  na  conversação  palavras  e  frases,  que  lhe  sugerissem 
a  idea  de  suceder  ao  irmão  no  trono,  casando  com  a  sobrinha.  Despertada 
a  ambição  do  Infante,  falou-lhe  claro,  e,  como  que  da  parte  da  Rainha,  ofe- 
receu-lhe  a  mão  da  infanta  D.  Beatriz,  mostrando-lhe  quanto  D.  Leonor  de- 
testava a  projectada  aliança  da  filha  com  o  Duque  de  Benavente.  A  tentação 
era  já  grande,  mas  o  murmúrio  da  consciência  conservava  o  Infante  ainda 
indeciso. 

Recorreu-se  então  a  outro  meio;  à  calúnia  torpe  e  vil.  Ou  o  futuro 
Conde  de  Barcelos,  ou  Diogo  Afonso  de  Figueiredo,  vedor  do  Infante,  ou 
Garcia  Afonso  do  Sobrado,  seu  conselheiro,  um  deles,  foi  assaz  infame  para 
insinuar  no  ânimo  do  marido  de  D.  Maria  Teles,  que  era  traído,  e  que  sua 
mulher  tinha  um  amante. 

D.  João,  crendo  nesta  aleivosia  mais  prontamente   do  que   devera,  le- 


92  Brasões 

vado  decerto  a  isso  por  ela  lhe  proporcionar  pretexto  para  satisfazer  sua 
ambição,'  dando-lhe  motivo  para  executar  o  sinistro  propósito  de  matar  a 
mulher,  põe-se  a  caminho  a  fim  de  praticar  tal  feito  tam  indigno  de  cava- 
leiro. 

Dirigiu-se  a  Alcanhões,  onde  então  estava  a  corte,  e  ao  aproximar-se  da 
povoação  topou  D.  João  Afonso  Telo,  que,  acompanhado  de  muitos  fidalgos, 
vinha  ao  seu  encontro. 

No  dia  da  chegada  jantou  com  o  cunhado,  e  no  seguinte  com  sua  prima 
D.  Isabel  de  Castro,  dama  da  rainha  e  filha  do  Conde  de  Arraiolos,  sendo 
em  ambos  estes  convites  tratado  com  grande  magnificência  e  jiábilo.  D.  Isa- 
bel, como  senhora  de  extremada  belesa,  tinha  muitos  admiradores  entre  os 
fidalgos  portugueses  e  estrangeiros,  distinguindo-se  entre  eles  D.  João  Afonso, 
muito  seu  apaixonado.  Todos  se  apresentaram  na  festa,  em  que  se  folgou 
e  dançou  até  à  tarde,  terminando  por  uma  espécie  de  merenda  de  frutas  e 
vinhos,  no  fim  da  qual  ofereceu  o  cunhado  ao  Infante  uma  preciosa  cota  de 
armas,  uma  adaga  de  boa  têmpera,  e  uma  faca,  fogosa  e  alentada,  que  lhe 
tinham  trazido  de  Inglaterra.  Isto  é:  ministrou-lhe  as  armas  com  que  mataria 
a  irmã,  e  proporcionou- lhe  meio  seguro  e  rápido  de  condução. 

De  casa  de  D.  Isabel  de  Castro  dirigiram-se  as  donas  e  donzelas,  os  ca- 
valeiros e  escudeiros,  em  luzida  comitiva  ao  paço,  onde  alegremente  foram 
recebidos. 

A  sós  com  a  Rainha  e  o  futuro  Conde  de  Barcelos  teve  o  Infante  uma 
demorada  conversação  e,  terminada  ela,  retirou-se  D.  João  para  casa  do 
cunhado,  onde  pernoitou.  Na  madrugada  seguinte  partiu  direito  a  Coimbra, 
não  aceitando  o  jantar  que  no  seu  castelo,  por  onde  passou,  lhe  ofereceu  seu 
enteado  o  Mestre  de  Cristo,  que  pela  recusa,  pressentindo  o  perigo,  mandou 
a  toda  a  pressa  avisar  sua  mãe.  D.  Maria,  animosa  e  inocente,  desprezou 
o  aviso  do  filho,  como  já  desprezara  outros. 

Seguindo  seu  caminho  saiu  o  Infante  de  Tomar,  e  foi  dormir  ao  Espinhal, 
d'onde  partiu  à  meia  noite  para  chegar,  pouco  antes  do  amanhecer,  ao  antigo 
convento  de  Santa  Ana,  junto  à  ponte  de  Coimbra,  ainda  para  diante  do  si- 
tio, onde  hoje  se  vêem  as  ruínas  do  velho  convento  de  Santa  Clara.  Aí  fez 
alto,  e  depois  de  ter  durante  momentos  falado  à  parte  com  os  seus  dois 
criados  atraz  nomeados,  dirigiu-se  a  todos  os  seus  homens  de  armas,  dizen- 
do-lhes  o  fim  a  que  ia  a  Coimbra,  ocultando  ainda  assim  a  parte  principal 
de  seus  funestos  projectos. 

Atravessada  a  ponte  e  chegados  à  couraça,  chamou  o  Infante  por  um  dos 
seus  escudeiros,  que  tinha  cursado  as  aulas,  e  advertindo-lhe,  que  D.  Maria 
poisava  nas  casas  de  Álvaro  Fernandes  de  Carvalho,  encarregou-o  de  os  en- 
caminhar para  lá. 


Eças  93 

Dirigiu  o  antigo  estudante  a  cavalgada  direito  à  igreja  de  S.  Bartolomeu, 
d'onde  nascia  uma  estreita  rua,  que  ia  desembocar  na  frente  da  porta  das 
ditas  casas,  e  com  tamanha  infelicidade  que  chegaram  no  momento,  em  que 
uma  mulher  saía  a  ir  ao  rio  lavar,  a  qual,  abrindo  a  porta,  lhes  franqueou  a 
entrada. 

Neste  comenos  tinha  rompido  a  aurora,  e  a  manhã  aproximava-se.        , 
O  Infante  com  os  seus  subiu,  e  na  primeira  sala  encontraram  umas  cria- ' 
das  ainda  deitadas,  que  lhes  disseram  estar  D.  Maria  fechada  nas  torres, 
onde  tinha  sua  câmara  e  a  de  seu  filho.     Pobre  criança,  cuja  imagem,  evo- 
cada em  tal  transe,  não  despertou  na  consciência  de  seu  malvado  pai  nem 
uma  sombra  de  remorso,  nem  um  instante  de  hesitação. 

—  i Vassalos!  arrombem  as  portas.  Quem  mais  poder  quebrar,  mais 
quebre. 

Acorda  D.  Maria  Teles  ao  estrépito  do  arrombamento,  e  trémula,  ansiosa, 
cheia  de  susto  e  terror,  salta  da  cama  mal  embrulhada  na  colcha,  tendo,  para 
não  cair  no  chão,  de  encosiar-se  à  parede  junto  ao  leito.  Avistado  o  marido 
exclama: 

—  O!  senhor,  ique  vinda  é  esta  tam  desacostumada? 

—  Boa  dona — diz  ele  —  agora  o  sabereis.  Vós  andastes  dizendo  que  eu 
era  vosso  marido,  difamando-me  por  todo  o  reino  ao  ponto  de  chegar  aos 
ouvidos  dei  Rei,  e  da  Rainha,  sabendo  que  era  caso  para  me  mandarem 
matar,  ou  me  porem  em  prisão  para  sempre,  e  fizeste  isto,  quando  deveríeis 
tal  encobrir  a  todos  os  do  mundo.  E,  se  na  verdade  sois  minha  mulher, 
ainda  mais  mereceis  a  morte,  pois  cometeis  adultério.  —  E  lançou-lhe  a  mão 
ao  ombro. 

—  O!  senhor  —  lhe  responde  a  mísera  —  bem  entendo  que  vindes  mal 
aconselhado,  e  perdoi  Deus  a  quem  tal  conselho  vos  deu.  Contudo  apraza 
a  vossa  mercê  de  vos  apartardes  comigo  por  um  pouco  para  aquela  câmara; 
ou  de  mandardes  sair  vossos  moradores,  que  eu  saberei  mostrar-vos  um  con- 
selho mais  proveitoso,  do  que  aquele  que  vos  deram  contra  mim.  Por  com- 
paixão ouvi-me,  e  tempo  tereis  para  fazerdes  o  que  vos  aprouver. 

—  Não  vim  aqui  para  estar  comvosco  em  conversação.  —  E  dizendo  estas 
palavras,  deu  o  Infante  um  forte  puxão  pelo  colcha,  descobrindo  quási  todo 
o  alvo  corpo  de  D.  Maria,  causando  esta  scena  tam  violenta  impressão  e 
profundo  dó  nos  circunstantes,  que  todos  viraram  a  cara,  não  podendo  conter 
as  lágrimas  e  os  soluços.  E  no  momento  de  a  descobrir,  deu-lhe  o  Infante, 
com  o  bulhão  do  Conde  de  Barcelos,  uma  funda  punhalada  entre  o  ombro  e 
os  peitos,  direita  ao  coração. 

—  Madre  de  Deus  acudi-me!  e  tende  mercê  da  minha  alma!  — exclamou 
ela  em  mui  altas  e  doridas  vozes. 


94  Brasões 

Entretanto  o  malvado  arranca  o  punhal  da  ferida,  e  crava-o  novamente, 
dirigindo- o,  por  um  requinte  de  malvadez,  às  verilhas. 

—  Jesus!  filho  da  Virgem,  acudi-me! 

E  com  estas  palavras  se  fecharam  para  sempre  os  lábios  da  desditosa 
D.  Maria  Teles,  que  pagou,  com  pena  desproporcional  ao  delito,  o  ter  astu- 
ciosamente forçado  o  casamento  do  Infante  (i). 


(i)  Vou  ver  se  me. será  possível  fixar  a  data  do  assassínio  de  D.  Maria  Teles;  parece-me 
que  sim. 

Em  Leiria,  a  20  de  Novembro  de  iSyò,  celebraram-se  os  esposórios  da  infanta  D.  Beatriz 
com  o  Duque  de  Benavente  {Clironica  de  D.  Fernando,  cap.  96).  Depois  disto  começou 
D.  João  Afonso  Telo  a  tentar  o  infante  D.  João  {Ibid ,  cap.  loi).  O  Infante,  já  convencido, 
vai  à  corte,  que  estava  em  Alcanhões,  termo  de  Santarém.  D'aí,  resolvido  de  todo,  parte 
com  seus  criados  para  Coimbra,  passando  por  Tomar,  onde  descança.  Desta  vila  segue  para 
o  Espinhal,  onde  dorme.  A  meia  noite  continua  o  caminho,  e  por  Foz  de  Arouce  chega  à 
ponte  de  Coimbra  antes  de  alvorecer.  Demora-se  um  pouco  em  conciliábulo  com  os  seus, 
entra  na  cidade,  e  chega  à  porta  da  casa  de  D.  iMaria,  quando  «a  alva  começava  desclarecer 
e  trigavasse  a  manhã  pêra  viir»  (Ibid  ^  cap.  io3).     Já  rompia  o  dia,  quere  isto  dizer. 

Consumado  o  crime,  foge  para  a  fronteira  da  Beira,  onde  permanece  algum  tempo; 
volta  perdoado,  e  a'vista-se  com  el  Rei  em  Salvaterra,  d'onde  com  ele  segue  para  o  Alentejo 
{Ibid.,  cap.  104).    Aí,  no  Vimieiro,  desgostoso,  afasta-se  da  corte  {Ibid.,  cap,  io5). 

São  estes  os  traços  gerais  da  narrativa  de  Fernão  Lopes. 

Antes  de  mais  notarei,  que  aquela  noite  da  última  tirada  do  Infraite  havia  de  ter  sido 
bem  estendida,  pois  que  lhe  deu  tempo  para,  da  meia  noite  até  antemanhã,  andar  oito  lé- 
goas,  que  tanto  é  a  distância  do  Espinhal  a  Coimbra  {Portugal  sacro-pro fano).  De  noite, 
por  caminhos  maus  e  montanhosos,  não  quero  que  uma  turma  de  cavaleiros  andasse  mais 
de  légoa  e  meia  por  hora;  portanto  precisou  de  cinco  horas  para  a  viagem,  e  os  acicates 
bateriam.  Já  temos  um  facto  positivo:  o  crime  foi  perpetrado  na  quadra  em  que  as  noites 
são  compridas.     Agora  falta  marcar  o  ano. 

Depois  de  feitos  os  esposórios  ainda  D.  Fernando  permaneceu  em  Leiria,  onde  assinou 
a  6  de  Dezembro  uma  carta  de  legitimação  {Monarchia  lusitana^  8.*  p.,  pág.  222).  D'aí  se- 
guiu para  o  norte,  e  em  29  do  mesmo  mês  já  estava  em  Vila  Nova  de  Anços  (ã/.,  ibid.). 
Entrou  o  ano  de  iSjy,  e  a  20  de  Janeiro  encontrava-se  el  Rei  em  Tentúgal.  Por  aí  e  por 
Coimbra  passou  todo  o  inverno,  e,  chegado  o  bom  tempo,  abalou  para  a  Beira  Alta.  Pela 
Vacariça  dirigiu-se  a  Viseu,  Folgosinho,  Guarda,  Teixoso  e  Covilhã,  onde  passou  a  segunda 
metade  de  Outubro.  Daquela  então  vila  fez  ponta  a  Belmonte,  seguindo  de  lá,  por  Açores 
e  Celorico,  até  Trancoso,  onde  estava  em  princípios  de  Novembro.  Pouco  aí  permaneceu, 
pois  que  a  24  daquele  mês  já  se  encontrava  de  volta  em  Tentúgal  [Ibid.,  pág.  236  a  238). 
Fica  portanto  completamente  excluído  o  ano  de  iSyy,  pois  que  nesse  D.  Fernando  não  saiu 
da  Beira. 

Em  1378  passou  el  Rei  o  inverno  em  Coimbra,  e  a  primavera  por  Torres  Novas  e  San- 
tarém. No  verão  porém  seguiu  para  Óbidos  e  Atouguia,  e,  sempre  por  aquelas  partes,  jor- 
nadeou  não  longe  do  mar  até  ao  fim  do  ano,  em  que  o  encontro,  no  primeiro  dia  do  se- 
guinte, outra  vez  na  Atouguia  {Ibid.^  pág.  238  e  239).  Este  ano  tenho  também  de  deitar  fora, 
pois  que,  se  D.  Fernando  andou  por  Santarém,  foi  já  meado  Abril,  quando  começa  a  aurora 


Eças  95 

Tam  simpática  é  a  vítima,  como  odiento  o  algoz,  que  na  minha  aversão 
só  consegue  ser  excedido  pelos  dois  maquinadores  da  negra  trama. 

A  expiação  começou  logo.  Repelido  o  Infante  com  pouco  rebuço  pela 
Rainha,  compreende  ter  sido  nas  suas  mãos  apenas  o  instrumento  do  ódio 
de  D.  Leonor,  que,  unicamente  para  o  engodar,  lhe  acenara  com  o  casamento 
e  o  trono,  do  qual  vê  que  o  seu  crime  o  afastara  para  sempre.  Perseguido 
pelo  Conde  de  Neiva  e  pelo  Mestre  de  Cristo,  irmão  e  filho  da  assassinada, 
unicamente  defendido  por  seu  tio  o  Conde  de  Arraiolos,  acha-se  D.  João  na 
necessidade  de  andar  homisiado  pela  Beira,  passando  trabalhos,  privações  e 
inclemências,  até  que,, mais  apertado,  penetra  em  Castela  (i). 

Por  intercessão  de  sua  irmã,  a  Condessa  de  Alburquerque,  alcança  a  pro- 
tecção de  D.  João  1,  que  lhe  dá  o  senhorio  de  Valência  de  Campos,  Alba  de 
Tormes  e  outras  povoações,  cujos, rendimentos  não  chegavam  para  manter' 
a  casa  que  lhe  cumpria,  tendo  de  se  valer  da  esmola  dalguns  fidalgos  caste- 
lhanos. 


pelas  quatro  horas  da  manhã,  e  portanto  não  dava  tempo  ao  Infante  para  a  tal  sua  última 
tirada.  E  não  só  por  isto,  mas  também  porque  nenhuma  viagem  se  fez  por  então  ao  Alen- 
tejo. 

Chego  emfim  ao  ano  de  iSyg,  aquele  em  que  estou  persuadido  se  cometeu  o  crime. 
No  dia  I  de  Janeiro  achava-se  a  corte  na  Atouguia,  como  disse.  No  princípio  do  mês  se- 
guinte já  estava  em  Alenquer,  onde,  tirante  uns  dias  passgdos  em  Vila  Nova  da  Rainha,  per- 
maneceu por  todo  o  Março  e  parte  do  Abril;  a  17  deste  porem  já  estava  em  Salvaterra,  e  a 
29  em  Santarém.  D'aqui  por  Sintra  veio  para  Lisboa.  A  última  notícia,  que  tenho,  de 
D.  Fernando  estar  nesta  cidade,  é  de  16  de  Setembro;  depois  disto  voltou  para  Santarém, 
onde  assinou  uma  carta  de  certa  mercê  a  5  de  Novembro  [Ibid.^  pág.  345  e  346). 

Estava  portanto  D.  Fernando  em  Santarém  nos  princípios  de  Novembro  de  iSyg,  e  de 
lá  iria  passar  algum  tempo  a  AlcanhÕes,  ali  ao  pé.  Aqui,  em  Alcanhões,  em  princípios  de 
Novembro,  talvez  a  passar  a  festa  dos  Santos,  veio  o  infante  D.  João  ter  com  a  corte.  D'aqui 
partiu  para  Coimbra,  gastando  cinco  horas  na  derradeira  marcha,  como  calculei,  chegando 
portanto  à  ponte  antes  das  cinco  e  um  quarto,  isto  é,  antes  de  começar  a  romper  a  aurora. 
Consumado  o  crime,  fugiu  para  a  Beira,  d'onde  volta  perdoado  a  Santarém,  e  vai  avistar-se 
com  el  Rei  a  Salvaterra  nas  vésperas  de  1 3  de  Dezembro,  dia  em  que  naquela  vila  D.  Fer- 
nando assina  a  carta  de  mercê  da  quinta  de  Santo  André,  no  termo  de  Azurara,  a  Diogo 
Afonso  de  Figueiredo,  vedor  do  Infante  e  seu  companheiro  na  funesta  empresa  [Monarchia 
cit.,  pág.  346).     O  perdão  foi  completo. 

De  Salvaterra  partiu  el  Rei  com  o  Infante  e  a  corte  para  o  Alentejo  {Chronica  de  D.  Fer- 
nando, cap.  io5),  e  de  Arraiolos  a  3o  de  Dezembro  já  é  datada  uma  carta  {Monarchia  cit., 
pág.  346).  Seguiu  pela  província,  passou  em  Évora,  e  a  6  de  Março  de  i38o  estava  no  Vi- 
mieiro (Ibid.).    Foi  aqui  que  o  Infante  se  afastou  desgostoso  da  corte. 

Parece-me,  que  tudo  calha  certo,  e  que  posso  pôr  o  assassínio  de  D.  Maria  Teles  em 
Novembro  de  iSyg. 

(i)  Em  toda  esta  narrativa  segui  a  Chronica  de  D.  Fernando,  de  Fernão  Lopes. 


g6  Brasões 

Para  cúmulo  de  opróbrio,  só  faltava  ao  filho  de  Inês  de  Castro  virar  as 
armas  contra  a  sua  pátria,  o  que  realizou  na  guerra  de  i38i,  penetrando  em 
Portugal  e  caudilhando  os  Castelhanos  no  apertado  cerco  de  Elvas. 

D.  João  I  casou-o  com  sua  irmã  natural  D.  Constança,  a  quem  decerto 
não  tinha  lá  muito  grande  amor.  Este  Rei  de  Castela,  assim  que  lhe  constou 
a  morte  de  D.  Fernando  I  de  Portugal,  mandou,  em  fins  de  Outubro  de 
i383,  prender  o  infante  D.  João,  e  recolhê-lo  ao  castelo  de  Almonacid,  onde 
o  conservou  preso  por  alguns  anos,  não  por  o  Infante  conspirar  contra  el  Rei; 
mas  por  cautela,  para  afastar  a  sua  concorrência  ao  trono  de  Portugal.  Já 
estava  porém  solto  em  1887,  ano  em  que  seu  cunhado  o  criou  duque  de  Va- 
lência de  Campos,  vila  que  desde  esse  tempo  passou  a  ser  designada  por 
Valência  de  D.  Juan  (i). 

Já  tinha  morrido  o  Infante  em  20  de  Setembro  de  1400,  comiO  consta  de 
uma  carta  daquela  data  pela  qual  D.  João  I  de  Portugal  confirmou  um  ins- 
trumento de  aforamento  feito  «per  o  iíFante  dom  joham  nosso  irmão  a  que 
deos  perdoe»  (2).  Mostra-nos  este  documento  não  poder  ser  exacto  ter  o  in- 
fante D.  João  confirmado  em  1402  os  privilégios  concedidos  por  Henrique  III 
de  Castela  à  igreja  de  Palência  (3),  estando  provavelmente  o  erro  na  trans- 
crição da  data.  "  Foi  sepultado  em  Salamanca,  no  mosteiro  de  Santo  Estêvão 
da  ordem  dos  Pregadores  (4). 

II 

LINHAGEM 

Da  segunda  mulher,  a  infanta  D.  Constança,  teve  o  Duque  de  Valência 
unicamente  duas  filhas: 

I.*  —  D.  Maria  de  Portugal,  condessa  de  Valência  e  senhora  dos  estados 
de  seu  pai  em  Castela,  casou  com  Martim  Vasques  da  Cunha,  i.°  conde  de 
Valência  de  Campos  em  1897,  de  quem  foi  segunda  mulher  e  teve  ilustríssima 
descendência  nos  demais  Condes  de  Valência,  nos  Duques  de  Najera,  etc. 

2.^  —  D.  Beatriz  de  Portugal,  condessa  de  Buelna.  Foi  mulher  de  D.  Pe- 
dro Nino,   I."  conde  de  Buelna,'  já  em  148 1,  e  tiveram  ilustre  descendência. 

De  sua  primeira  mulher,  a  desditosa  D.  Maria  Teles,  teve  o  infante 
D.  João  um  único  filho,  a  criança  que  estava  dormindo  na  câmara  contígua 


(i)  Lopez  de  Haro,  Nobiliário,  II,  281. 

(2)  Archivo  histórico  portugue^^  vol.  iii,  pág.  120,  n."  lxv. 

(3)  Lopez  de  Haro,  cit.  Nobiliário,  II,  281. 

(4)  Ibidem. 


Eças  97 

à  da  mãe,  quando  ela  foi  assassinada.  D.  Fernando  se  chamava,  e  criado 
ao  desamparo,  sem  pai,  nem  mãe,  nem  quem  por  êle  realmente  se  interes- 
sasse, saiu  um  devasso  acabado.  O  seu  fraco  era  casar,  e  com  o  maior 
desassombro  o  fazia,  chegando  ao  ponto  de  ter  às  vezes  três  e  quatro  mu- 
lheres vivas.  Então  filhos,  isso  era  um  não  acabar,  j  Quarenta  e  dois  lhe 
assinam  os  nobiliários! 

Por  alguma  gentileza,  não  apontada  nas  crónicas  nem  nos  nobiliários, 
teve  de  passar  para  Galiza,  onde  seu  primo  o  Duque  de  Arjona  lhe  deu  o 
senhorio  da  vila  de  Eça.  Por  este  motivo  foi  chamado  D.  Fernando  de  Eça 
e  transmitiu  este  apelido  a  seus  descendentes,  aos  quais  à  hora  da  morte, 
diz-se,  aconselhara  o  regresso  à  pátria.  A  ela  tornou  êle  depois  de  morto, 
segundo  reza  o  epitáfio  de  sua  sepultura  na  capela  mor  da  igreja  do  convento 
do  Espírito  Santo  de  Gouveia,  nas  seguintes  palavras: 

Aqui  ja^  D.  Fernando  de  Eça  Jilho  do  Ifante  D.  João,  e  neto  delRey 
D.  Pedro  de  Portugal  e  da  Ifante  D.  Lies  de  Castro  sua  molher,  e  bisneto 
delRef  D.  Afonso  de  Castela,  o  que  venceo  a  batalha  do  Salado.  Este 
D.  Fernando  foi  padre  de  D.  Caterina  Abadessa  de  Lorpão,  que  o  aqui 
mandou  tresladar  na  Era  do  Nacimento  de  nosso  Senhor  lesii  Christo  de 
mil  e  quatrocentos  e  setenta  e  nove  annos,  xxv  dias  de  laneiro  (i). 

No  epitáfio  de  D.  Fernando  de  Eça  diz-se  que  êle  era  bisneto  dei  Rey 
D.  Afonso  de  Castela,  o  que  venceo  a  batalha  do  Salado.  E  erro,  e  fácil  se 
torna  mostrá-lo. 

Diz  Fr.  Manuel  da  Esperança,  descrevendo  o  túmulo  de  D.  Fernando: 
«Na  pedra  fundamental  desta  engraçada  machina,  feita  a  modo  de  degraos, 
se  acha  hum  epitáfio  composto  de  letras  góticas,  mal  distintas,  &  com  pala- 
j'ras  imperfeitas,  que  o  fa:{ejn  dificultoso  de  ler:  mas  a  leitura  é  esta»  (2), 
acrescenta  êle  todo  ufano,  e  transcreve  o  epitáfio. 

Feita  a  transcrição,  aceita  Fr.  Manuel  como  palavras  evangélicas  as  do 
epitáfio,  e  não  pÕe  dúvida  nenhuma  em  ser  D.  Fernando  de  Eça  bisneto  de 
D.  Afonso  XI  de  Castela;  e  portanto  filho,  não  da  primeira  mulher  do  in- 
fante D.  João,  D.  Maria  Teles,  mas  sim  da  segunda,  a  infanta  D.  Cons- 
tança. 

Não  pode  ser.  Se  D.  Fernando  tivesse  sido  filho  de  D.  Constança,  teria 
sucedido  a  seu  pai  na  casa  que  em  resultado  deste  casamento  êle  logrou  em 
Castela.  Ora  isto  não  teve  lugar;  porque,  quem  sucedeu  nela,  foi  a  filha 
mais  velha  dos  Infantes,  a  Condessa  de  Valência.     E  não  se  pode  objectar 


(i)  Fr.  Manuel  da  Esperança,  Historia  Seráfica,  vol.  u,  pág.  647;  Sousa,  Memorias  se- 
pulchraes,  fl.  73, 

(2)  Historia  Seráfica,  loc.  cit. 

VOL.  I  l3 


gg?  Brasões 

que,  se  isto  assim  aconteceu,  foi  por  D.  Fernando  ter  passado  para  Portugal, 
porque  todos  são  concordes  em  dizer  que  êle  viveu  na  Galiza,  onde  o  Duque 
de  Arjona  lhe  deu  o  senhorio  de  Eça,  do  qual  se  derivou  o  apelido  para  seus 
descendentes.  Também  são  concordes  em  declarar  que  o  Duque  lhe  dera  o 
senhorio  para  sua  subsistência,  por  êle  ser  pobre  e  seu  parente. 

Eram  parentes  com  efeito  e  bastante  chegados,  por  isso  que  tinham  bisavô 
comum.  D.  PVadique  de  Castela,  duque  de  Arjona,  era  neto  por  sua  mãe, 
D.  Isabel  de  Castro,  do  nosso  Conde  de  Arraiolos,  filho  de  D.  Pedro  Fer- 
nandes de  Castro,  o  da  Guerra.  D.  Fernando  de  Eça  também  era  bisneto 
de  D.  Pedro,  porém  por  sua  filha  D.  Inês  de  Castro.  Bem  sei  que,  se 
D.  Fernando  íôsse  filho  da  infanta  D.  Constança,  ainda  mais  parente  seria 
do  Duque  de  Arjona,  porque  então,  em  vez  de  um,  teriam  dois  bisavós  co- 
muns: D.  Pedro  da  Guerra,  e  D.  Afonso  XI  de  Castela.  '  > 

O  argumento  decisivo  porem  lá  lá  ficou  em  cima.  Se  D.  Fernando  tivesse 
sido  filho  dos  infantes  D.  João  e  D.  Constança,  ter-lhes-ia  sucedido  na  casa, 
na  sua  qualidade  de  varão,  que  sempre  nestes  casos  preferiu  à  fêmea.  Con- 
tra isto  não  há  epitáfios,  nem  frioleiras,  que  valham. 

«Nenhuma  família  teve  mais  esclarecido  principio  do  que  a  de  Eça;  e 
devendo  continuar  no  esplendor  e  grandeza  da  sua  origem,  para  que  fosse 
respeitada,  infelizmente  foi  sempre  em  huma  total  decadência;  de  sorte  que 
quasi  se  veiu  a  extinguir.» 

Isto  dizia  D.  António  Caetano  de  Sousa  em  1745.  íQue  mais  acrescen- 
tarei? Apenas  que  julgo  a  sua  varonia  completamente  extinta,  e  que  sempre 
pensei,  ao  atentar  nesta  família,  que  sobre  ela  pesava,  desde  a  sua  origem, 
o  crime  do  seu  progenitor. 

Foi  característico  o  porte  desregrado  das  senhoras  nas  primeiras  gerações 
dos  Eças,  e  bem  revelador  do  atavismo,  ou  melhor  talvez  hereditariedade,  a 
que  se  encontraram  sujeitas.  Já  ao  caso  brevemente  me  referi  e  para  aqui 
trasladarei  as  minhas  palavras. 

«D.  Brites  de  Eça,  abadessa  de  Celas,  teve  filhos  do  bispo  D.  João  de 
Abreu;  D.  Caterina  de  Eça,  irmã  de  D.  Brites  e  famosa  abadessa  de  Lorvão, 
foi  amante  de  Pêro  Gomes  de  Abreu,  senhor  de  Regalados  e  sobrinho  neto 
do  Bispo;  D.  Joana  de  Eça,  abadessa  de  Celas  e  filha  de  João  Rodrigues 
de  Azevedo  e  de  D.  Branca  de  Eça,  irmã  das  outras  duas  Abadessas,  teve 
amores  com  Vasco  Gomes  de  Abreu,  poeta  do  Cancioneiro  e  sobrinho  do 
bispo  D.  João;  e,  finalmente,  D.  Felipa  de  Eça,  abadessa  de  Vai  de  Madeiros 
e  depois  de  Lorvão,  e  filha  de  D.  Pedro  de  Eça,  irmão  das  duas  primeiras 
Abadessas,  foi  amante  do  irmão  de  Vasco,  do  nosso  João  Gomes  de  Abreu 
das  trovas. 


Eças  99 

«Aos  seus  amores  com  a  freira  existem  muitos  remoques  no  Cancio- 
neiro* (i). 

Melhor  do  que  eu  descreve  D.  João  III,  numa  carta  de  3i  de  Agosto  de 
1643,  ao  seu  Embaixador  em  Roma,  o  comportamento  dissoluto  das  Eças 
no  mosteiro  de  Lorvão.  Testemunha  mais  digna  de  fé  não  se  poderá  en- 
contrar.    Diz  el  Rei: 

«Doctor  Balthasar  de  Faria,  eu  el  Rey  vos  envio  muito  saudar.  Direis 
ao  Santo  Padre  de  minha  parte  que  neste  reyno  de  Portugal,  no  bispado  de 
Coimbra,  estaa  huum  moesteiro  de  monjas  da  ordem  de  Cister,  o  qual  he 
muito  antiguo,  e  fundado  e  dotado  pelos  reis  destes  reynos  meus  antecesso- 
res, e  casa  de  maj^or  renda  que  neles  ha  de  molheres,  que  vai  a  renda  dela 
de  quatro  mil  cruzados  pêra  cima,  e  valeria  muito  mais,  se  as  propriedades 
quintãas  e  granjas  dela  se  não  alienaram  e  emprazaram  pelas  abadessas  que 
pelo  tempa  foram;  e  que  ha  na  dita  casa  cento  e  sessenta  molheres,  antre 
professas  e  noviças  e  conversas,  e  ha  sessenta  annos  e  mais  que  nela  sam 
abadessas  molheres  de  linhajem  dos  Eças,  em  modo  que  grande  parte  das 
monjas  da  dita  casa  sam  da  dita  Hnhagem,  e  algúas  filhas  de  monjas  da  dita 
linhagem,  que  ja  naceram  na  dita  casa.  E  do  dito  tempo  pêra  ca  no  dito 
moesteiro  nom  se  guardou  a  religiam  e  observância  dela  em  nenhum  dos 
votos  sustanciaes,  como  per  regra  e  constituições  da  ordem  se  devera  fazer, 
antes  na  dita  casa  se  viveo  muito  tempo  muy  dissolutamente,  e  muitas  monjas 
dela  emprenharam,  e  pariram,  e  tem  filhos  e  filhas;  e  isto  he  muito  notório 
no  reyno,  e  causa  de  muita  infâmia  da  religiam  e  escândalo  do  povo.  E  entre 
as  monjas  da  dita  casa,  que  emprenharam  e  pariram  e  tem  filhos,  e  que 
dissolutamente  viveram,  hee  dona  Felipa  dEça,  que  ora  pede  a  abbadia  dela, 
e  sendo  bastarda  e  ilegítima.  E  porque,  falecendo  húa  dona  Margarida  dEça, 
abadessa  que  foy  do  dito  moesteiro,  desejando  eu  que  a  dita  casa  se  refor- 
masse e  posesse  em  boom  estado,  e  que  as  monjas  dela  vivessem  em' estado 
,  de  salvaçam,  enviey  per  minha  carta  encomendar  aas  ditas  monjas  que  nam 
elegessem  abbadessa,  e  sobreestivessem  atee  verem  meu  recado,  desejando 
de  enviar  a  elas  húa  pessoa  religiosa  pêra  as  provocar  a  elejerem  algúa  re- 
ligiosa da  ordem,  pessoa  de  boom  viver  e  observante  da  regra  e  religiam. 
E  grande  parte  delas,  por  serem  parentas  amigas  e  aliadas,  vivendo  ainda  a 
dita  dona  Margarida  abbadessa,  estando  porem  jaa  pêra  morrer,  fizeram  vir 
doutra  parte  e  meteram  no  moesteiro  a  dita  dona  Felipa  dEça,  monja  que 
com  elas  se  criou  na  dita  dissoluçam;  e  pêra  as  conservar  em  seus  maaos 
custumes  e  husos  a  elejeram  por  abbadessa  tanto  que  a  dita  dona  Margarida 


(i)  ^  gente  do  Cancioneiro,  vol.  xi  da  Revista  lusitana,  pág.  320. 


I  oo  Brasões 

faleceo,  antes  de  enterrarem  o  corpo  da  defunta,  nom  guardando  na  dita 
eleiçam  a  forma  e  modo,  que  por  direito  e  suas  constituiçes  da  ordem  de- 
verom  guardar ...»  (i). 

Esta  abadessa  de  Lorvão,  D.  Felipa  de  Eça,  foi  uma  verdadeira  heroína 
e  alguns  interessantes  dados  para  a  sua  biografia  deixei  na  Revista  lusitana, 
no  artigo  acima  citado. 


(i)  Corpo  diplomático  portuguei,  V,  206-207, 


VI 

MENESES 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  VoI.  I. 


De  oiro,  escudete  à  antiga,  cosido  do  mesmo  e  carregado  de  um  anel  com 
uma  pedra,  tudo  de  oiro  perfilado  de  negro,  e  a  pedra  apontada  ao  cantão 
sinistro  da  ponta.  Timbre:  donzela  nascente  de  encarnação,  vestida  de  bro- 
cado de  prata,  guarnecido  de  oiro  e  semeado  de  vieiras  cosidas  do  mesmo, 
os  cabelos  soltos,  a  mão  sinistra  na  cinta  e  a  dextra  segurando  o  escudete 
das  armas. 

O  escudo  dos  Meneses  é  de  oiro  liso.  Assim  se  encontra  no  Livro  do 
Armeiro  mor,  fl.  5o  v.;  no  Lipro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo;  nas  Tropas  de 
João  Rodrigues  de  Sá,  fl.  ii5  do  Cancioneiro  geral  de  Garcia  de  Resende; 
nas  Arvores  do  Conde  de  Vilanova,  nos  artigos  de  Meneses;  nos  Tropheos 
Lusitanos  de  António  Soares  de  Albergaria,  fl.  32,  35  e  bj  mihi,  etc.  Pos- 
teriormente, divulgando-se  a  lenda  a  que  logo  me  referirei,  começou  a  apare- 
cer um  anel  nas  armas  dos  Meneses  de  Cantanhede,  sendo  talvez  ó  primeiro 
a  apresentar  tal  novidade  Fr.  Leão  de  Santo  Tomás  a  pág.  483  da  2.^  part. 
da  su3i  Benedictina  Lusitana,  impressa  em  i65i,  isto  é,  apenas  catorze  anos 
após  os  Tropheos  Lusitanos.  Como  era  absurdo,  foi  quási  universalmente 
seguido  desde  esse  tempo. 

O  timbre  apresenta-se  geralmente  da  mesma  forma,  variando  apenas 
nalguma  minúcia. 

I 

LENDA   DO   ANEL 

E  por  tal  forma  ilustre  esta  família,  tantos  e  tam  esclarecidos  ramos  dela 
provieram,  que  me  desculparás,  leitor  benévolo,  se  por  excepção  eu  te  enfas- 
tiar com  a  sua  genealogia. 

Sei  bem  quam  áridos  são,  e  aborrecidos  se  tornam,  os  autem  genuit; 


104  Brasões 

mas,  para  poder  dar  idea  da  origem  e  ramificações  dos  Meneses  por  forma 
agradável  e  clara,  teria  de  alongar  desmesuradamente  este  artigo. 

Os  linhagistas  do  visinho  reino  proclamam  os  cinco  grandes  solares  de 
Castela  aos  de  Lara,  Haro,  Castro,  Guzman  e  Villamaior.  Fundam-se  para 
isso  em  eles  pertencerem,  desde  tempos  mui.  remotos,  às  famílias  a  que  de- 
ram os  apelidos,  e  a  serem  elas  derivadas  dos  reis. 

Em  vez  de  cinco  diriam  seis,  incluindo  na  lista  o  de  Meneses,  se  esta 
linhagem  se  não  tivesse  extinto  em  Espanha,  conservando-se  unicamente  em 
Portugal. 

Em  1179  adquiriu  por  troca  D.  Tel  Pérez  o  senhorio  de  Meneses  junta- 
mente com  outros,  e  este  rico  homem  era  sexto  neto  na  varonia  de  D.  Fruela  lí, 
rei  de  Lião  e  Galiza  em  924(1).  Juntaram-se  pois  as  duas  condições,  que 
fizeram  dar  o  epíteto  de  grandes  aos  cinco  solares  apontados:  antiguidade, 
e  ascendência  rial. 

O  esplendor  da  família  era  tal,  a  sua  origem  tam  remota,  que  dela  se 
apoderou  a  lenda. 

Contava-se  que,  pouco  depois  do  segundo  casamento  de  D.  Ordonho  II 
de  Lião,  sua  filha,  a  infanta  D.  Ximena,  seduzida  e  abandonada  por  um  dos 
fidalgos  da  corte,  com  quem  fugira,  se  acolhera  ao  lugar  de  Meneses,  em 
terra  de  Campos.  Aí,  para  obter  meios  de  subsistência,  escondendo  sua 
vergonha,  sujeitara-se  a  nobre  Infanta  a  ir  servir  para  casa  de  Telo  Sánchez, 
lavrador  abastado  e  honrado  do  lugar.  O  porte  da  servidora  era  tam  mo- 
desto, a  sua  formosura  tam  atraente,  tais  dotes  de  dona  de  casa  revelou,  e 
tam  desamparada  se  apresentou,  que  o  amo,  seduzido  e  condoído,  ofereceu- 
-Ihe  a  sua  mão.  Muito  oportuna  reputou  então  a  descendente  de  Santo  Her- 
menegildo tal  aHança,  e  aquela,  que  talvez  despresara  a  mão  de  reis,  jubilosa 
aceita  para  marido  o  lavrador.  Decorridos  tempos,  e  havendo  já  dois  filhos 
gémeos,  acontece  ir  D.  Ordonho  caçar  às  próximas  montanhas  e,  surpreen-' 
dido  pela  noite,  pedir  agasalho  à  casa  de  Telo,  a  principal  do  lugar. 

Reconhece  Ximena  no  cançado  monteiro  a  el  Rei  seu  pai  e,  não  que- 
rendo perder  a  ocasião  que  a  Providência  lhe  deparara,  resolveu  dar-se  a 
conhecer. 

Tinha  a  Infanta  guardado  o  vestido  de  brocado,  com  que  fugira,  e  um 
anel  com  um  rubim  encastoado  prenda  de  seu  pai.  Daquele  brocado  e  de 
burel  corta  e  alinhava  à  pressa,  para  cada  um  dos  filhos,  uns  pelotes  meio 
ricos,  meio  pobres.    Em  seguida  prepara  com  todo  o  esmero  uma  malassada. 


( I )  Salazar  y  Castro,  Glorias  de  la  Casa  Farnese,  pág.  5^5. 


Meneses  io5 

frigindo  em  apurado  azeite  uns  frescos  ovos,  e  manda  por  seus  filhos,  da- 
quela estranha  forma  trajados,  oferecer  a  el  Rei  o  seu  predileto  prato,  no 
meio  do  qual  deixara  cair  o  anel. 

Admirado  el  Rei  do  singular  vestuário  dos  servidores,  surpreendido  ao 
ver  os  seus  gostos  adivinhados,  assombrado  ao  achar  dentro  da  malassada 
o  anel,  pregunta  ansioso  pela  explicação.  Então  lança-se-lhe  a  filha  aos  pés 
e  tudo  acaba  em  beni,  como  nas  comédias  de  Scribe. 

Perdoa  D.  Ordonho  à  Infanta;  reconhece  a  magnanimidade  do  lavrador 
Telo,  que  casara  com  D.  Ximena  supondo  elevá-la;  nobilita-o;  declara  seus 
netos  aos  gémeos;  e  substitui-lhes  as  vestiduras,  meio  ricas  meio  pobres, 
por  belos  pelotes  de  brocado  forrados  de  marta  no  inverno. 

Volta  el  Rei  para  a  corte  com  a  família  aumentada  e  em  testemunho  de 
regosijo  manda  celebrar  umas  justas,  em  que  entram  os  filhos  do  lavrador, 
apresentando-se  com  escudos  de  oiro  liso  e  este  moto: 

Si  quieres  saber  quien  son 
Los  dos  dorados  paveses, 
Hijos  de  la  hija  son 
De  Ordono  de  Léon, 
Y  de  Tello  de  Meneses. 

O  segundo 'casamento  de  D.  Ordonho  foi  em  921,  e  a  sua  morte  em  924. 
Dentro  destes  três  anos  a  lenda  faz  fugir  a  D.  Ximena,  casar  com  o  lavrador 
e  ter  dois  filhos,  o  que  tudo  é  possível,  existindo  o  prodígio  unicamente,  em 
no  mesmo  praso  os  pequenos  se  desenvolvereni  a  ponto  de  servirem  malas- 
sadas  ao  avô,  e  lidarem  num  torneio.  Com  estas  pequenas  coisas  não  se 
prendem  todavia  as  lendas. 

De  D.  TelPérez,  i.*'  senhor  de  Meneses,  foi  filho  primogénito  D.  Afonso 
Télez,  rico  homem,  senhor  de  Meneses,  Medellin,  Montealegre,  Valladolid, 
Madrid,  etc.  Este  foi  o  fundador  do  castelo  de  Alburquerque  pelos  anos  de 
1218,  e  é  o  sepultado  num  mosteiro  de  Palazuelos,  de  Bernardos,  junto  a  Due- 
nas,  em  cuja  sepultura  se  gravou  este  epitáfio:  Obiit  Alfonsiis  Telli  nobilis 
amator  totius  bonitatis  factor  istiiis  nionasierii.  Era  CID .  CC.  LX.  VIU.  (i), 
ano  de  Cristo  de  i23o.  Estivera  em  12 12  na  batalha  das  Navas  de  Tolosa, 
e  para  comemoração  carregara  o  seu  escudo  de  oiro  liso  com  uma  cadeia 
de  ferro  de  sua  cor,  posta  em  banda. 

De  sua  primeira  mulher,  da  casa  de  Giron,  teve  o  fundador  de  Albur- 
querque, alem  de  filhas,  a  D.  Telo  Afonso,  sem  geração,  e  a  D.  Afonso  Té- 


(i)  Argote  de  Molina,  Noble^a  dei  Audalupa,  fl.  89  v. 

TOL.  I  *  14 


io6  Brasões 

lez  de  Córdova  que  veio  a  suceder  no  senhorio  de  Meneses  e  noutros  bens. 
Deste  segundo  D.  Afonso  Télez  foi  filha  herdeira  D.  Maria  Afonso,  senhora 
de  Meneses,  a  qual,  viúva  e  sem  filhos,  tornou  a  casar  com  o  infante  D.  Afonso 
de  Molina,  irmão  de  S.  Fernando.  Deste  casamento  foi  filha,  entre  outros, 
a  famosa  rainha  de  Castela  D.  Maria  de  Molina,  em  cujo  bisneto,  D.  Pedro  I 
de  Castela,  recaiu  a  casa  de  Meneses  por  extinção  da  linha  primogénita. 

II 

SENHORES   DE   ALBURQUERQUE 

Em  12  20  já  D.  Afonso  Télez,  o  fundador  de  Alburquerque,  era  casado, 
pela  segunda  vez  com  D.  Teresa  Sanches,  filha  de  D.  Sancho  I  de  Portugal. 
Deste  casamento  foi  segundogénito  D.  João  Afonso,  que  por  morte  do  primo- 
génito sucedeu  na  casa. 

Este  D.  João  Afonso,  rico  homem  e  senhor  de  Alburquerque,  foi  alferes 
mor  de  seu  primo  com  irmão  D.  Afonso  III  de  Portugal,  e  com  aquele  cargo 
é  mencionado  em  documentos  dos  anos  de  i25o  até  I255.  Neste  passou 
para  Castela,  figurando  na  corte  de  D.  Afonso  X  como  rico  homem  e  perti- 
gueiro  mor  de  Santiago.  Em  1268  era  já  falecido,  deixando  dois  filhos: 
D.  Rodrigo  Anes,  e  D.  Gonçalo  Anes  Raposo. 

D.  Rodrigo  Anes,  o  primogénito,  foi  3.°  senhor  de  Alburquerque  e  rico 
homem  de  Castela.  Casou  com  D.  Teresa  Martins,  filha  de  D.  Martim  Gil 
de  Soverosa,  o  Bom,  valido  de  D.  Sancho,  o  Capelo,  e  vencedor  da  lide  do 
Porto.  Deste  casamento  é  apontado  como  único  filho  D.  João  Afonso,  4.° 
senhor  de  Alburquerque,  i.°  conde  de  Barcelos,  rico  homem  de  Castela  e 
depois  de  Portugal. 

D.  João  Afonso  rebelara-se  contra  D.  Sancho  IV  de  Castela,  e  deveu  a 
vida  à  intercessão  de  sua  prima  D.  Maria  de  Molina,  mulher  daquele  Rei. 
Breve  se  esqueceu  porem  da  gratidão  devida,  abandonando  a  Rainha  nas 
lutas,  que  varonil  e  habilmente  sustentou  durante  a  menoridade  de  seu  filho 
D.  Fernando  IV,  e  declarando-se  vassalo  de  D.  Denis,  a  cujo  serviço  já  se  en- 
contrava a  9  de  Dezembro  de  1296,  confirmando  o  foral  de  Moura.  D.  Denis 
soube  aproveitar-Ihe  as  aptidões,  incumbindo-o  de  negociar  as  pazes  com 
Castela  e  conseguindo  pela  sua  intervenção  o  vantajoso  tratado  de  Alcani- 
ces,  de  12  de  Setembro  de  1297.  Em  satisfação  de  seus  serviços  fê-lo 
D.  Denis  conde,  e  este  é  considerado  o  primeiro  conde  português  na  moderna 
forma,  que  não  é,  ainda  assim,  a  actual,  em  que  o  condado,  na  maior  parte 
dos  casos,  é  constituido  pela  pessoa  do  titular.  Até  ali  os  condes,  que  exis- 
tiram, eram  temporários  e  governadores  de  territórios,  que  pela  sua  extensão 


Meneses  1 07 

constituíam  condados  e  a  cujo  governo  era  inerente  o  título;  ao  passo  que 
este,  o  de  D.  João  Afonso,  foi  vitalício  e  com  o  título  recebeu  o  senhorio. 
Assim  o  diz  a  carta:  «  . . .  E  por  que  o  fiz  Conde,  doulhe  a  minha  vila  de 
Barcelos  com  seu  termho.  que  el  que  a  aja  en  todolos  dias  de  sa  vida . . . 
Dada  em  Santarém,  oyto  dias  de  Mayo . . .  E.  M.  CCC.  xxxvj.  anos.«  (i), 
ano  do  nascimento  de  1298. 

Morreu  o  Conde  pouco  depois  de  5  de  Maio  de  i3o4,  data  do  seu  testa- 
mento (2),  deixando  unicamente  duas  filhas  havidas  de  sua  mulher,  D.  Te- 
resa Sanches  (^):  D.  Violante  Sanches  e  D.  Teresa  Martins. 

D.  Violante  Sanches  foi  casada  com  o  alferes  mor  D.  Martim  Gil  a  quem 
D.  Denis,  depois  de  o  ter  feito  conde,  doou  Barcelos  por  carta  de  i5  de  Ou- 
tubro de  1304(4).     Morreu  sem  geração. 

D.  Teresa  Martins  foi  5.*  senhora  de  Alburquerque,  Codiceira,  Vila  do 
Conde,  etc.  e  casou  com  D.  Afonso  Sanches,  mordomo  mor  dei  rei  D.  Denis 
seu  pai.  Foram  os  fundadores  do  mosteiro  de  Vila  do  Conde  e  os  progeni- 
tores dos  Albuquerques. 

O  Conde  de  Barcelos,  bem  como  o  haviam  feito  os  senhores  de  Albur- 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.",  fl.  3. 

(2)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana^  VI,  3o. 

(3)  Argote  de  Molina,  na  fl.  90  da  sua  Noble^a  dei  Andaluzia,  declara  haver  o  Conde  de 
Barcelos  casado  em  segundas  núpcias  com  D.  Maria  Coronel  e  este  desacerto  repetem,  alem 
de  muitos  outros,  dois  considerados  genealogistas,  um  espanhol,  outro  português,  Salazar 
y  Castro  e  D  António  Caetano  de  Sousa. 

O  conde  D.  João  Afonso  de  Barcelos  não  casou,  nem  em  segundas  nem  em  primeiras 
núpcias,  com  D.  Maria  Coronel,  não  sendo  portanto  dela  as  filhas.     É  fácil  de  provar. 

D.  Teresa  Sanches,  filha  bastarda  de  D.  Sancho  IV  de  Castela,  teve,  dois  casamentos: 
um,  com  D.  João  Afonso,  conde  de  Barcelos  (Livro  velho  das  linhagens,  pág.  iSj  dos  Portu- 
galiae  momimenta  histórica);  o  outro,  com  D.  Rui  Gil  de  Vilalobos  (Casa  de  Lara,  III,  436). 
O  Conde  de  Barcelos  morreu  pouco  depois  de  5  de  Maio  de  i3o4  {Monarchia  lusitana,  liv.  18, 
cap.  8) ;  D.  Rui  Gil  ainda  confirmava  em  documentos  do  ano  de  i3o7  {Casa  de  Lara,  tom.  ni, 
pág.  453);  logo  o  primeiro  marido  foi  o  Conde,  o  segundo  o  Vilalobos,  e  portanto  quem 
ficou  viúva  do  Conde,  foi  D.  Teresa  e  não  D.  Maria. 

Provado  que  D  Maria  Coronel  não  foi  a  segunda  mulher  do  conde  D.  João  Afonso, 
basta,  para  provar  que  não  foi  a  primeira,  o  saber-se  que  ela  estava  casada  em  1347,  isto  é, 
trinta  e  três  anos  depois  da  morte  do  Senhor  de  Alburqderque,  com  o  conde  D.  Pedro  de 
Barcelos  {Historia  genealógica,  tom.  i,  pág.  260). 

Provado  que  D.  Teresa  Martins  não  era  filha  de  D.  Maria  Coronel,  que  nunca  foi  mu- 
lher do  conde  D.  João  Afonso,  resta  provar  que  a  fundadora  de  Vila  do  Conde  foi  filha  de 
D.  Teresa  Sanches.  Alem  de  o  asseverar  o  Livro  velho  das  linhagens,  consta  ter  ela,  D.  Te- 
resa Martins,  tido  uma  meia  irmã  chamada  D.  Maria  de  Vilalobos  (História  seráfica,  liv.  8, 
cap.  5,  §  i),  que  é  certamente  filha  do  segundo  casamento  de  D.  Maria  Sanches. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.»,  fl.  33  v. 


io8  Brasões 

querque  seus  predecessores,  carregou  o  seu  escudo  de  oiro  liso  com  um  cas- 
telo de  vermelho,  alusivo  ao  senhorio.  O  brasão  usado  pelos  descendentes 
de  D.  Teresa  Martins  e  de  D.  Afonso  Sanches  será  descrito  no  artigo  dos 
Albuquerques. 

De  D.  João  Afonso,  2."  senhor  de  Alburquerque  e  alferes  mor  de 
D.  Afonso  III,  foi  filho  segundo,  como  já  fica  dito,  D.  Gonçalo  Anes  Raposo. 
Este,  na  qualidade  de  rico  homem  de  Castela,  confirmou  as  cartas  de  privi- 
légios de  várias  cidades  nos  anos  de  1284.  85  e  86.  De  sua  mulher,  D.  Ur- 
raca Fernandes  de  Limia,  teve  a  D.  Afonso  Martins  Telo,  único  de  seus  filhos 
em  cujos  descendentes  se  continuou  a  geração  masculina  dos  Meneses. 

Este  D.  Afonso  Martins  Telo,  rico  homem  de  Castela  e  depois  de  Por- 
tugal, onde  foi  alcaide  de  Marvão  (1)  e  onde  se  encontram  memórias  suas 
nos  anos  de  i3i7,  18,  21  e  22,  seguiu  o  bando*do  infante  D.  Afonso  contra 
el  rei  D.  Denis  e  foi  um  dos  ricos  homens,  que  em  Pombal,  juntamente  com 
o  Infante,  juraram  as  pazes  em  princípios  de  Maio  de  i322.  Em  Portugal 
casou  com  D.  Berenguela  Lourenço,  filha  do  rico  homem  D.  Lourenço  Soa- 
res de  Valadares,  senhor  de  Tangil  e  fronteiro  de  Entre  Doiro  e  Minho. 
O  seu  filho  primogénito  chamou-se  D.  Martim  Afonso  Telo  e  foi  progenitor 
dos  Meneses  das  casas  de  Marialva  e  Louriçal,  como  indicarei  no  cap.  iii. 
O  segundogénito  foi  D.  João  Afonso  Telo,  i.°  conde  de  Ourem  e  progenitor 
dos  Meneses  das  casas  de  Vila  Rial  e  Tarouca,  como  referirei  no  cap.  iv. 

Tem  sido  matéria  de  discussão  qual  das  linhas  é  a  primogénita,  se  a  de 
Marialva,  se  a  de  Vila  Rial;  mas  não  deve  restar  dúvida.  A  casa  de  Ma- 
rialva tem  por  si  o  Livro  Velho  das  Linhagens,  e  os  Nobiliários  do  conde 
D.  Pedro,  Xisto  Tavares,  D.  António  de  Lima  e  outros. 

III 

CASAS  DE  MARIALVA  E  LOURIÇAL 

D.  Martim  Afonso  Telo,  filho  primogénito  de  D.  Afonso  Martins  Telo, 
foi  rico  homem,  amante  e  mordomo  mor  da  rainha  de  Castela  D.  Maria  de 
Portugal,  mulher  de  Afonso  XI,  e  a  seus  pés,  salpicando-a  com  seu  sangue, 
recebeu  a  morte  em  Toro,  a  25  de.  Janeiro  de  i356,  às  mãos  dos  sicários  de 
D.  Pedro  I,  filho  da  sua  própria  amante.     Tinha  casado  em  Portugal  com 


(1)  Afonso  Martins  Telo,  meu  vassalo,  alcaide  do  meu  castelo  de  Marvão,  veja  três  vezes 
no  ano  como  estão  bastecidos  e  manteudos  os  castelos  de  Portalegre,  da  Vide,  de  Arron- 
ches e  de  Monforte.  Santarém,  25  de  Janeiro  de  i359  (iSai).  —  Liv.  3.°  da  Chancelaria  de 
D.  Denis,  fl.  i3^. 


Meneses  109 

D.  Aldonça  de  Vasconcelos,  filha  herdeira  do  infanção  Joane  Mendes  de  Vas- 
concelos.    Dela  teve  quatro  filhos; 

i.°  —  D.  João  Afonso  Telo.  Foi  alcaide  mor  de  Lisboa  em  1872  e  almi- 
rante de  Portugal  pelos  anos  de  1 375(1).  Com  o  almirantado  começou  a 
gozar  do  título  de  dom,  como  se  vê  da  carta  de  23  de  Maio  de  1414  {i3j6) 
pela  qual  foi  feita  doação  das  terras  de  Mafamude,  Laborim  e  Lavadores  a 
dom  João  Afonso  Telo,  almirante  (2).  Continuou  ele,  como  consta  de  vários 
documentos  (3),  exercendo  aquele  ofício  nos  anos  seguintes  até  ao  de  i38o, 
no  qual,  por  carta  de  õ  de  Julho,  lhe  foram  mandados  guardar  os  privilégios 
do  almirantado  (4);  não  sei  porém,  se  ainda  o  conservou  por  muito  tempo. 
Na  carta  de  27  de  Janeiro  de  i382,  de  doação  da  terra  da  Feira  e  outras  não 
aparece  com  o  título  de  almirante  (5),  com  o  qual  se  torna  a  encontrar  Lan- 


(i)  Para  fixar  esta  data  tenho  estas  indicações.  —  Por  carta  de  29  de  Junho  de  1410 
(1372),  foram  confirmados  os  privilégios  dos  almirantes  a  Lançarote  Pessanha  (Aires  de  Sá, 
Frei  Gonçalo  Velho,  II,  552,  doe.  740),  e  mais  nenhum  documento  a  ele  respeitante  encon- 
trou nos  tempos  seguintes  o  consciencioso  e  indefesso  investigador  citado.  Em  8  de  Julho 
de  1413  (1375)  já  Lançarote  Pessanha  estava  incurso  no  desagrado  de  D.Fernando,  que  lhe 
confiscara  Odemira.  É  evidente  que  já  então  não  devia  possuir  o  almirantado.  Em  i  de 
Maio  de  1412  (1J74)  ainda  João  Afonso  Telo  não  era  almirante;  pelo  menos  sem  o  título 
aparece  numa  carta  daquela  data  de  doação  de  certos  bens  {Livro  ifi  de  D.  Feriiando, 
fl.  141  v.).  Com  ele  contudo  o  encontro  em  duas  cartas  dadas  em  Santarém  a  i5  de  Abril 
de  1414  (1376),  e  pelas  quais  se  lhe  doaram  várias  terras  (Ibid.^  fl.  192). 

(2)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.»,  fl.  172  v. 

(3)  Km  1376,  no  mês  de  Julho,  a  17,  entrega  do  castelo  de  Monsanto,  e  a  19,  doação 
das  terras  de  Vilasboas  e  Vilarelhos;  em  1377,  a  19  de  Novembro,  doação  das  terras  de  Paços 
e  outras  no  julgado  da  Feira;  e  em  1379,  a  20  de  Março,* doação  das  rendas  da  alcaidaria  de 
Lisboa —  Chancelaria  cit.,  liv.  1.°,  fl.  195  v.,  e  liv.  2.%  fls.  23  e  65  v.. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2.°,  fl.  66  v.;  Aires  de  Sá,  ob.  cit.,  pág.  557,  doe.  742. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  3.",  fl.  59  v.  —  Mais  alguns  documentos,  ainda  não 
apontados,  relativos  ao  6.°  conde  de  Barcelos,  D.  João  Afonso  Telo,  irmão  da  rainha  D.  Leo- 
nor :  a  João  Afonso  Telo,  nosso  vassalo,  doação  das  terras  de  Santa  Maria  em  a  terra  da 
Feira,  Cabanões,  Ovar  e  Cambra,  Coimbra,  10  de  Fevereiro  de  1410  (1372);  doação  do  cas- 
telo de  Lisboa,  Leiria,  22  de  Outubro  de  1410  (1372).  A  D.  João  Afonso  Telo,  doação  dos 
bens  de  Álvaro  Vicente,  Salvaterra,  i  de  Maio  de  141 2  (1374).  A  João  Afonso  Telo,  almi- 
rante, nosso  vassalo,  doação  das  terras  da  Bemposta,  PenarroivTS  e  outras,  Santarém,  i5  de 
Abril  de  1414  (1376);  doação  das  terras  de  Samodães,  Ribeira  de  Gondim,  etc,  na  mesma 
data;  doação  do  castelo  de  Monsanto,  Alenquer,  17  de  Julho  de  1414  (1376).  A  D.  João 
Afonso  Telo,  conde  de  Barcelos,  nosso  vassalo,  doação  das  freguesias  de  Rebordões,  S-  Mar- 
tinho do  Campo,  Santa  Maria  de  Negrelos,  Santo  Isidro,  Virãos,  Santiago,  e  S.  Salvador, 
que  sohiam  ser  do  julgado  de  Refoios,  e  da  freguesia  de  Sanguinhedo,  que  fora  da  jurisdição 
de  Aguiar  de  Pena,  que  todas  haviam  sido  doadas  ao  Infante  D.  João,  sendo  apartadas  das 
suas  antigas  jurisdições,  e  depois  haviam  pertencido  à  infanta  D.  Beatriz,  e  agora  manda 
el  Rei  que  tornem  às  suas  antigas  jurisdições  e  que  pertençam  ao  Conde,  senhor  destas. 
Dada  em  Almada  a  26  de  Junho  de  142 1  (i383).  Ao  Conde  de  Barcelos,  nosso  vassalo,  em 


1 1  o  Brasões 

çarote  Pessanha  numa  carta  de  20  de  Setembro  de  i383  (1).  Na  referida 
carta  de  27  de  Janeiro  de  i382  já  aparece  intitulado  conde  de  Barcelos  (2), 
havendo  sucedido  no  condado  por  morte  de  seu  tio  D.  João  Afonso  Telo, 
conde  de  Ourém  e  Barcelos.  Seguiu  o  partido  do  invasor,  que  em  Setem- 
bro de  1384  o  criou  conde  de  Mayorga  em  Castela.  Morreu  na  batalha  de 
Aljubarrota,  a  14  de  Agosto  de  i385,  e  foi  o  único  dos  inimigos  a  quem 
D.  João  I  mandou  dar  sepultura,  sendo  esta  excepção  devida  a  êle  ter  acon- 
selhado el  Rei  de  Castela  e  com  êle  instado  a  ferir  o  combate.  Foi  de  génio 
perverso  e  o  sócio  de  sua  irmã  D.  Leonor  em  alguns  dos  seus  crimes.  Casou 
com  D.  Brites  de  Albuquerque  e  teve  filhos,  mas  não  teve  netos. 

2.''  —  D.  Gonçalo  Teles,  conde  de  Neiva,  a  quem  me  tornarei  a  referir. 

3.°  —  D.  Maria  Teles,  mulher  de  Álvaro  Dias  de  Sousa,  senhor  de  Mafra, 
Ericeira  e  outros  lugares,  e  depois  do  infante  D.  João,  filho  de  D.  Inês  de 
Castro.  É  a  infeliz  D.  Maria  Teles,  cujo  trágico  fim  narrei  no  artigo  dos 
Eças. 

4.°  —  D.  Leonor  Teles,  rainha  de  Portugal,  mulher  de  D.  Fernando,  a 
Lucrécia  Bórgia  portuguesa  como  lhe  chama  Herculano.  Casara  com  João 
Lourenço  da  Cunha,  senhor  de  Pombeiro,  de  quem,  quando  D.  Fernando  se 
namorou  dela,  já  tinha  um  filho,  Álvaro  da  Cunha,  senhor  de  Pombeiro  por 
morte  de  seu  pai. 

D.  Gonçalo  Teles  (3),  conde  de  Neiva  e  senhor  de  Faria  em  1373  (4); 


Almada,  a  3o  do  mesmo  mês,  entrega  do  castelo  da  Feira.  —  Chancelaria  de  D.  Fernando, 
liv.  1.°,  fls.  94  V.,  114,  141  V.,  192,  193,  195  V.;  e  liv.  3.",  fls.  72  v.,  e  84.  Conservou  ate  final 
a  alcaidaria  do  castelo  de  Lisboa,  como  consta  desta  carta:  Antão  V^isques,  cavaleiro,  seu 
vassalo,  doação  da  alcaidaria  do  castelo  de  Lisboa,  com  todos  seus  direitos  e  rendas,  como 
a  tinha  D.  João  Afonso,  conde  de  Barcelos,  salvo  aquelas  coisas  que  a  ela  pertenciam,  de 
que  o  dito  Senhor  fez  mercê  ao  Concelho  da  cidade  de  Lisboa.  Santarém,  28  de  Agosto  de 
J483  (i385).  —  Liv.  i.o  de  D.  João  1,  fl.  io3. 

(1)  Aires  de  Sá,  Frei  Gonçalo  Velho,  tom.  it,  pág.  563,  doe.  74^^.  Na  mesma  colecção 
encontraram-se  três  documentos  anteriores  a  este,  dois  do  próprio  ano  de  i383,  e  um  do 
antecedente,  os  quais  se  referem  todos  ao  almirante,  mas  não  o  nomeiam. 

(2)  Carta  da  referida  data  passada  çm  Rio  Maior,  nos  paços  que  foram  de  Rui  Garcia 
do  Casal,  de  doação  a  D.  João  Afonso  Telo,  conde  de  Barcelos,  da  terra  de  Santa  Maria  da 
Feira,  Cabanões,  Ovar  e  terra  de  Cambra,  doação  ampliada  a  descendentes  legítimos,  pois 
que  já  em  sua  vida  possuia  aquelas  terras.  Encontra-se  registada  a  carta  no  livro  3.°  da 
Chancelaria  de  D.  Fernando,  fl.  Sg  v.,  com  a  data  certa,  e  com  ela  errada  no  liv.  2.»,  fl.  99  v. 

(3)  Alguns  dão-lhe  o  apelido  de  Meneses,  D.  Gonçalo  Teles  de  Meneses,  mas  é  certo 
que  com  êle  o  não  encontro  em  nenhum  documento. 

(4)  Em  1372  por  duas  cartas,  ambas  de  22  de  Outubro,  foi  feita  doação  a  Gonçalo  Teles 
da  terra  e  castelo  de  Neiva  {Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv,  i.°,  fl.  1 13  v.).    Em  i373,  a  16 


Meneses  1 1 1 

destaca-se  da  perversidade  do  irmão  e  da  irmã  Leonor.  Protestou  energi- 
camente contra  a  morte  da  irmã  Maria,  maquinada  pelos  dois  e  com  os  seus 
homens  de  armas  perseguiu  o  Infante  assassino.  Sendo  alcaide  mor  de 
Coimbra,  recusou  abrir  as  portas  da  cidade  à  Rainha  sua  irmã  e  a  el  Rei  de 
Castela,  e  pouco  depois,  em  Maio  de  i384,  declarou-se  com  a  cidade  pelo 
Mestre  de  Avis,  a  quem  serviu,  capitaneando  a  armada  do  Porto  e  comba- 
tendo nos  cercos  de  Alenquer  e  Torres  Vedras.  Aqui,  por  desconfiança  do 
Mestre,  foi  preso  em  Janeiro  de  i385,  e  remetido  para  o  castelo  de  Évora 
onde  permaneceu  sob  prisão  até  iSSy.  Durante  o  cativeiro  foi-lhe  confiscada 
a  casa  e  alguns  bens  doados  a  diversos,  como,  por  exemplo,  a  terra  de  Faria 
doada,  por  carta  dada  no  arraial  de  sobre  Chaves,  a  i6  de  Janeiro  de  1424 
(i386),  em  troca  da  terra  de  Lanhoso,  a  João  Fernandes  Pacheco,  vassalo  e 
guarda  mor  de  D.  João  I  (i);  e  a  própria  terra  de  Neiva  e  Aguiar  de  Neiva 
doadas  no  mesmo  arraial,  por  carta  de  24  do  referido  mês,  a  João  Rodrigues 
de  Sá,  vassalo  e  camareiro  mor  (2).  É  certo  porem  que,  apesar  dos  rigores 
havidos,  não  perdeu  D.  Gonçalo  Teles  o  título  de  conde.  Encontra-se  efecti- 
vamente uma  carta  passada  em  S.  Pedro  de  Gastei  (Agostem),  a  g  de  Janeiro 
de  1424  (i386),  pela  qual  D.  João  I  confirmou  a  João  Afonso  a  doação,  que 
em  casamento  lhe  fizera  o  «Conde  D.  Gonçalo»,  do  reguengo  de  Arcos  em 
terra  de  Faria  (3).  No  ano  porem  de  1387  foi  restituído  à  liberdade  e  à 
graça  dei  Rei,  que  por  carta  dada  nos  paços  do  Curvai,  em  Castela,  a  7  de 
Julho  de  1425  (1387),  fez  doação  ao  conde  D.  Gonçalo  de  todas  as  terras  e 


de  Julho,  é  feita  doação  dos  bens  de  João  de  Lobeira  a  dom  Gonçalo  Teles,  conde  de  Neiva 
e  senhor  de  Faria  (Ibid.,  fl.  12S). 

Mais  alguns  documentos  relativos  a  D.  Gonçalo  Teles,  conde  de  Neiva,  não  apontados 
no  texto :  Gonçalo  Teles,  nosso  vassalo,  por  muito  serviço,  doação  por  juro  de  herdade  do 
julgado  de' Faria,  peia  guisa  por  que  o  nós  ora  havemos,  Quiaios,  18  de  Novembro  de  1409 
( iSyi) ;  doação  da  terra  de  Aguiar  de  Pena,  em  pagamento  de  sua  contia,  Leiria,  22  de  Ou- 
tubro de  1410(1372);  doação  da  terra  de  Mirandela,  do  almoxarifado  da  Torre  de  Moncorvo 
em  pagamento  de  sua  contia,  na  mesma  data;  doação  do  castelo  de  Leiria,  Leiria,  12  de 
Novembro  de  14 10  (iSya).  Ao  conde  D.  Gonçalo,  entrega  dos  castelos  de  Valença  e  Lapela, 
Santarém,  i  de  Julho  de  141 3  (iSyS);  doação  da  terra  de  Vermuim,  em  pagamento  de  sua 
contia,  na  mesma  data;  doação  de  Vermuim,  9  de  Setembro  de  1414  (iSyõ).  As  freiras  de 
Vila  do  Conde  tinham  outorgado  a  jurisdição  de  Vila  do  Conde,  Póvoa  de  Varzim,  etc,  a 
D.  João  Afonso  Telo,  conde  de  Ourem,  em  sua  vida;  agora,  depois  da  morte  dele,  fizeram 
doação  da  referida  jurisdição  ao  conde  D.  Gonçalo,  e  el  Rei  confirma-lha,  em  12  de  Agosto 
de  1420  (i3S2). — Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  1.°,  íls.  84, 114, 114,  ii5v.,  171, 170V.,  iSBj 
e  liv.  2.»,  íi.  92  v., 

(i)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  1.°,  fi.  i5o. 

(2)  Archivo  histórico  portugue^,  III,  pág.  1 17,  doe.  uv. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.°,  11.  i52  v. 


1 1 2  Brasões 

lugares  que  ele  havia  em  tempo  dei  Rei  D.  Fernando,  posto  já  íôssem  dados 
a  algumas  pessoas  de  juro  e  herdade,  não  embargando  cartas  nem  alvarás 
que  sobre  isso  tivessem  essas  pessoas  (i).  Restituído  à  liberdade  serviu  o 
Conde  a  el  Rei  no  cerco  de  Melgaço,  em  i388;  sobreveio  porem  depois  novo 
desacordo,  visto  que  D.  João  I,  em  carta  de  3i  de  Outubro  de  1429  (iSgi), 
declara  ter  confiscado  ao  Conde  por  desserviço  as  suas  terras  (2).  Morreu 
D.  Gonçalo  Teles  a  28  de  Junho  de  1408  (3). 

Havia  ele  casado,  antes  de  23  de  Outubro  de  1872  (4),  com  D.  Maria 
Afonso  de  Albuquerque,  filha  legitimada  de  D.  João  Afonso  de  Alburquerque, 
o  do  Ataúde,  aio  e  mordomo  mor  de  D.  Pedro  I  de  Castela.  Sobreviveu  a 
Condessa  de  Neiva  muitos  anos  a  seu  marido,  e  ainda  era  viva  em  Outubro 
de  1429(3). 

Em  atenção  a  este  casamento,  e  para  se  distinguirem  dos  Meneses  da 
linha  de  Vila  Rial,  formaram  os  descendentes  do  Conde  de  Neiva  o  escudo 
das  suas  armas,  sobrepondo  o  escudete  de  oiro  liso,  armas  antigas  da  família, 
ao  escudo  dos  Albuquerques.  Ficou  portanto  o -.seu  brasão  constituído  pela 
seguinte  forma:  esquartelado:  o  I  e  IV  das  armas  do  reino  com  um  filete 
de  negro  sotopôsto  em  barra;  o  II  e  III  de  vermelho,  cinco  flores  de  lis  de 
oiro;  sobre  o  todo,  de  oiro  liso.  Timbre:  donzela  nascente  de  encarnação, 
vestida  de  oiro,  segurando  na  dextra  o  escudete  de  oiro  liso. 

De  D.  Gonçalo  Teles,  conde  de  Neiva,  provieram  as  casas  dos  senhores 
e  condes  de  Cantanhede  (6  de  Agosto  de  1479),  rnarqueses  de  Marialva  (n 
de  Junho  de  1661),  hoje  na  casa  de  Lafões;  dos  senhores  da  Ponte  da  Barca 


( 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  2.",  fi.  3. 

(2)  Carta  de  doação  de  Neiva,  Aguiar  de  Neiva,  Darque  e  outros  lugares,  que  liavia  o 
conde  D.  Gonçalo,  a  D.  Afonso,  «meu  filho  que  se  ora  cria  em  Leiria»  (Liv.  2.0  de  D.  João  I, 
fl.  46).  E  mais  claramente  na  carta  de  8  de  Novembro  de  140 1  de  confirmação  ao  mesmo 
D.  Afonso  daquelas  terras  e  doação  doutras,  diploma  em  que  se  lê:  «Por  quanto  o  conde 
D.  Gonçalo  nos  desserviu,  segundo  foi  mostrado  perante  nós  e  julgado-por  sentença,  ele  foi 
privado  das  terras  que  havia  dei  rei  D.  Fernando,  etc.»  —  Liv.  y.<^>  de  Doações  de  D.  João  III., 
fl.  121,  transcrita  numa  de  confirmação. 

(3)  Memórias  do  Cartório  de  S.  Vicçnte  de  Fora  citadas  por  Gaspar  Alvares  de  Lousada, 
nos  seus  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  tom.  11,  fl.  53 1  mihi. 

(4)  Por  carta  desta  data  foi  legitimada  Maria  Afonso,  filha  que  foi  de  D.  João  Afonso 
de  Albuquerque  e  mulher  que  agora  é  de  Gonçalo  Teles.  —  Chancelaria  de  D.  Fernando, 
liv.  1.°,  fl.  106  V. 

(5)  Carta  de  17  do  referido  mês  na  qual  D.  João  I  declara  que  «a  condessa  D.  Maria 
tinha  de  nós  em  sua  vida  as  terras  de  Azurara  e  Fão,  e  ora  pediu  fizéssemos  mercê  das  ditas 
terras  a  D.  Beatriz  de  Meneses,  sua  neta.  nossa  criada».  El  Rei  anuiu  e  fez  delas  doação, 
em  sua  vida,  à  dita  D.  Beatriz,  que  naquele  mesmo  ano  casou  com  Aires  Gomes  da  Silva, 
-2.°  senhor  de  Vagos. 


Meneses  1 1 3 

e  morgados  de  Argemil,  Freiria  e  Canidelo,  hoje  na  casa  de  Vila  Nova  de 
Souto  dei  Rei;  dos  senhores  de  Alconchel  e  Formoselha,  marqueses  de  Cas- 
tro Fuerte  em  Espanha;  dos  senhores  do  morgado  de  Ponte  de  Sôr,  casa 
da  Flor  da  Murta;  dos  comendadores  de  Grândola,  extintos;  dos  senhores 
de  Oliveira,  extinta  a  varonia;  dos  condes  da  Ericeira  (i  de  Março  de  1622), 
marqueses  de  Louriçal  (22  de  Abril  de  1740),  ultimamente  no  Conde  de  Lu- 
miares. 

Acima  ficaram  descritas  as  armas  dos  descendentes  do  Conde  de  Neiva  (i); 
posteriormente  porem  introduziram  estes  Meneses,  no  escudete  sobreposto, 
a  sombra  de  um  anel  com  um  rubi  encastoado;  e  substituíram,  no  II  e  III 
quartel,  o  campo  de  vermelho  por  campo  de  azul,  carregando-o  somente  de 
três  flores  de  lis.  O  acrescentamento  do  anel  fundou-se  na  lenda  referida, 
que  começou  a  derramar-se  no  século  xvii;  e  a  modificação  nos  dois  quar- 
téis foi  para  ostentar  parentesco,  que  não  existia,  com  a  casa  rial  de  F'rança. 
Destas  armas  usaram  sempre  os  Marqueses  de  Louriçal. 

As  últimas  armas  de  que  usaram  os  Marqueses  de  Marialva,  chefes  destes 
Meneses,  foram  estas:  esquartelado:  o  i  das  armas  do  reino;  o  II  de  ver- 
melho, três  flores  de  lis  de  oiro  {Albuquerqiies  modificado);  o  III  de  verme- 
lho, castelo  de  oiro,  o  campo  mantelado  de  prata  com  dois  liôes  afrontados 
de  púrpura,  armados  e  Hnguados  de  vermelho,  e  bordadura  de  escaques  de 
oiro  e  veiros  {Noronhas  do  Conde  de  Gijon) ;  o  IV  de  oiro,  cinco  estrelas  de 
vermelho  (Coutinhos).  Sobre  o  todo  de  oiro,  um  anel  de  vermelho  com  sua 
pedra  (Meneses).    Coroa  de  marquês.    Timbre:  a  donzela  já  descrita  (2). 

A  explicação  deste  acrescentamento  nas  armas  está  no  facto  da  casa  de 
Marialva  ter  perdido  a  varonia  dos  Meneses  na  3.*  marquesa,  D.  Joaquina 
Maria  Madalena  da  Conceição  de  Meneses,  que  casou  em  17 12  com  D.  Diogo 
de  Noronha,  filho  segundo  dos  3.°^  Marqueses  de  Angeja.  Por  esta  forma 
nas  duas  principais  casas  dos  Meneses,  a  de  Marialva  e  a  de  Vila  Rial,  veio 
a  varonia  a  ser  substituida  pela  dos  Noronhas.  , 

Dos  3.°*  Marqueses  de  Marialva  foi  filho  primogénito  D.  Pedro  de  Alcân- 
tara de  Meneses  Coutinho,  4.°  marquês  de  Marialva  e  6."  conde  de  Canta- 


(i)  Advirto  porem  que  nem  todos  os  descendentes  do  Conde  usaram  daquelas  arnnas, 
sem  diferença.  D.  Fernando  de  Meneses,  2."  senhor  de  Cantanhede,  mordomo  mor  da  rainha 
D.  Isabel,  trazia  por  armas  o  escudo  partido:  o  I  das  quinas  do  reino  sem  a  bordadura;  o 
II  de  vermelho,  cinco  flores  de  lis  de  oiro;  e  sobreposto  um  escudete  de  oiro  liso.  Assim 
se  puseram  na  sua  sepultura  em  Vila  do  Conde. 

(2)  Assim  se  vêem  pintadas  em  duas  floreiras,  que  tenho,  pertencentes  ao  grande  ser- 
viço de  loiça  da  índia  da  casa  de  Marialva,  o  qual  foi  vendido  em  leilão  depois  da  morte  do 
penúltimo  Conde  de  Linhares. 

VOL.  I  i5  ? 


114  Brasões 

nhede,  o  qual,  casando  com  D.  Eugenia  Mascarenhas,  filha  dos  3.°^  Condes 
de  Óbidos,  teve,  alem  doutros,  os  seguintes  filhos: 

i."  —  D.  Diogo  José  Vito  de  Meneses  Coutinho,  5.°  marquês  de  Marialva, 
pai  do  6.°  e  último  Marquês,  falecido  em  i823,  da  Duquesa  de  Lafões,  se- 
nhora da  casa  por  morte  do  irmão,  da  Marquesa  de  Loulé,  mãe  do  i.°  Du- 
que, e  da  Marquesa  de  Louriçal,  que  faleceu  viúva  e  sem  filhos  do  último 
Marquês. 

2."  —  D.  Manuel  José  de  Noronha  e  Meneses,  conde  dos  Arcos  (carta  de 
21  de  Março  de  1769)  pelo  seu  casamento  com  a  7.*  condessa,  D.  Juliana 
Xavier  de  Noronha.  E  este  o  tristemente  célebre  Conde  dos  Arcos,  que 
morreu  em  1779  em  Salvaterra  numa  toirada,  facto  que  Rebelo  da  Silva  com 
a  sua  pena  de  oiro  imortalizou.  Foi  bisavô  do  último  Conde  dos  Arcos  fa- 
lecido em  1892,  e  do  finado  Conde  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  e  terceiro  avô 
da  7.*  Condessa  de  S.  Miguel,  morta  em  9  de  Dezembro  de  1898  sem  deixar 
filhos,  e  da  Viscondessa  de  Trancoso,  já  antes  falecida,  em  1874,  deixando 
filhos  nos  quais  está  a  representação  das  casas  dos  Arcos  e  S.  Miguel. 

3."  —  D.  António  Luís  de  Meneses,  marquês  de  Tancos  (carta  de  14  de 
Abril  de  1793)  por  ser  casado  com  a  3.*  marquesa,  D.  Domingas  Manuel  de 
Noronha,  9.'^  condessa  da  Atalaia.  Seu  filho  mais  velho  foi  o  último  Mar- 
quês de  Tancos  (1),  pai  do  último  Conde  da  Atalaia,  e  avô  de  D.  Duarte  Ma- 
nuel de  Noronha,  representante  da  casa.  Um  dos  filhos  segundos  dos  3.°* 
Marqueses  de  Tancos  foi  o  i.°  Marquês  de  Viana  (2),  pai  do  2.°  e  último 
Marquês,  falecido  em  1890  e  ainda  bem  lembrado  pelas  suas  faustuosas  fes- 
tas no  palácio  do  Rato,  que  por  compra  passou  ao  Marquês  da  Praia  e  Mon- 
forte. Outro  dos  filhos  segundos  foi  o  i.°  Conde  de  Seia  (despacho  de  i3 
de  Maio  de  1820),  também  possuidor  de  avultada  fortuna  e  de  um  palácio 
nas  pToximidades  do  largo  do  Rato,  na  rua  da  Escola  Politécnica,  esquina  da 
rua  do  Arco.  Do  i.°  Conde  de  Seia  foi  filho  o  2."  e  último  Conde,  o  qual, 
apesar  de  ter  nascido  bem  rico,  morreu  pobríssimo,  ainda  no  século  xix,  me 
parece.  Nestes  ramos  segundos  da  casa  da  Atalaia  os  apelidos  eram  Ma- 
nuel de  Meneses,  ao  passo  que  na  linha  primogénita  se  conservavam  os  de 
Manuel  de  Noronha;  as  armas  porem  de  todos  eles  eram  as  mesmas,  as  dos 
Manueis. 

4."  —  D.  Rodrigo  José  António  de  Meneses,  i.°  conde  de  Cavaleiros  por 


(i)  Desde  1899  para  cá  houve  mais  dois  Marqueses  de  Tancos,  o  5."  e  o  6.°,  um  já  f«- 
lecido,  D.  Duarte  Manuel  de  Noronha,  que,  sendo  miguelista,  reconheceu  a  monarquia  cons- 
titucional, e  seu  filho,  que  vive  no  estrangeiro 

(2)  Conde  de^Viana,  por  carta  de  i3  de  Maio  da  1810,  marquês,  carta  de  3  de  Julho  de 

1^21. 


Meneses  ^  ^  ^ 

carta  de  29  de  Novembro  de  1802.  "  Havia  casado  com  D.  Maria  José  Fer- 
reira  de  Eça,  senhora  da  casa  de  Cavaleiros,  que  morreu  em  1796,  e  era 
filha  única  de  Gregório  Ferreira  de  Eça,  ii.*^  senhor  da  referida  casa,  e  de 
sua  segunda  mulher  D.  Isabel  de  Bourbon.  Houve  mais  dois  Condes  de  Ca- 
valeiros: o  2.%  filho  do  i.%  e  o  3.^  sobrinho  do  2.%  filho  de  um  seu  irmao. 
Esta  casa  também  deu  um  Conde  à  da  Lousa,  sem  descendência  porém,  bem 
como  a  não  tiveram  nem  o  2.»,  nem  o  3.°  Conde  de  Cavaleiros,  falecido  em 

1881.  .  .      .^  j  •      • 

Gregório  Ferreira  de  Eça,  acima  nomeado,  havia  sido  casado  em  primei- 
ras núpcias  com  a  condessa  Luisa  Gera,  dama  camarista  da  rainha  D.  Mana 
Ana  de  Áustria,  e  em  virtude  deste  casamento  teve  ele  mercê,  por  alvará 
de  3o  de  Janeiro  de  1741,  do  tratamento  de  senhoria  (i).  O  apelido  da  Con- 
dessa encontra-se  geralmente  aportuguesado  em  Guerra,  e  assim  foi  escrito 
na  sua  sepultura,  na  igreja  da  Misericórdia  de  Óbidos,  no  pavimento,  em 
frente  do  altar  mor  e  logo  abaixo  do  degrau  do  cruzeiro.  Sobre  a  lapida 
está  gravada  esta  inscrição,  copiada  por  mim  em  19  de  Agosto  de  1894: 

Aqvi  Despojada  da  vida  ao  Fai- 
al GOLPE  da  morte  DeSCANCA  O 
CORPO     DA    IlS."-^    CoND.*    D.     Lu 

izA    Guerra    Damma    Cammr.^* 

Da    r.*    n.    snr.'^    d.    marlvnna 

De  Austrl\.  Em   28   De  Abril 

De  1748. 

Pela  parte  de  cima  do  epitáfio  vê-se  o  brasão  da  Condessa  gravado  pela 
seguinte  maneira:  escudo  carregado  de  uma  cruz  acompanhada,  no  I  e  IV 
cantão,  de  um  forcado  espetado  num  pequeno  cabeço,  e  no  II  e  III,  de  uma 
armação  de  veado.  Sobre  o  escudo  dois  elmos  coroados,  tendo  no  de  dextra 
por  timbre  o  móvel  do  I  cantão  entre  duas  azas,  e  no  de  sinistra  um  busto 
de  mulher,  segurando  na  cabeça  uma  torre  sobrepujada  de  uma  armação  de 

veado  (2).  '  .  -      .  •      -      1 

Na  matriz  de  Cantanhede,  na  capela  do  Santíssimo,  estão  dois  túmulos 
de  pedra  lavrada,  e  debaixo  de  um  deles  escreveram:  Esta  sepultura  he  de 
D  João  de  Meneses  Sottomayor  e  de  D.  Margarida  da  Silva  sua  m.'''  a 
qualfalleceu  a  27  dias  de  Novembro  de  1546.     Junto  à  mesma  vila,  na  ca- 


(i)  Gaveta  de  Lisboa  de  q  de  Fevereiro  de  1741.  ' 

(2)  São  quási  as  armas  dos  Barões  de  Gera,  austríacos,  como  se  pode  verificar  no  Ar- 
moriai general  de  Rietstap,  vol.  n,  pág.  761. 


1 1 6  '  Brasões 

pela  de  Nossa  Senhora  da  Misericórdia  da  quinta  da  Varizela,  puseram  sobre 
uma  sepultura  este  epitáfio:  Aqui  ja\  D.  Jorge  de  Meneses,  Senhor  da  Villa 
de  Cantanhede,  falleceti  em  a  sua  ínlla  de  Tancos  ao  primeiro  dia  de  Março 
de  i532  a.  (i). 

Da  casa  de  Marialva  foi  ramo  ilustre  a  dos  Condes  da  Ericeira,  Marque- 
ses de  Louriçal. 

O  i.°  conde  da  Ericeira  foi  D.  Diogo  de  Meneses  por  carta  de  i  de 
Março  de  1622.  Era  mordomo  e  gentil-homem  da  boca  de- Felipe  IV,  que 
por  lhe  ser  afeiçoado,  e  pelos  seus  serviços  lhe  deu  a  grandeza.  A  D.  Diogo 
sucedeu  seu  sobrinho  D.  Fernando  de  Meneses,  2.°  conde  da  Ericeira  (carta 
de  1 1  de  Abril  de  1646),  governador  e  capitão  general  de  Tânger,  de  que 
escreveu  a  história.  Teve  uma  única  filha,  D.  Joana  de  Meneses,  que  casou 
com  seu  tio  D.  Luís  de  Meneses,  3.°  conde  da  Ericeira  (carta  de  26  de  setem- 
bro de  1669),  o  do  Portugal  restaurado,  vedor  da  fazenda  de  D.  Pedro  II 
e  seu  bem  conceituado  ministro.  Deste  foi  filho  o  4.°  conde,  D.  Francisco 
Xavier  de  Meneses,  o  poeta  da  Henriqueida,  e  neto  o  5.°  conde,  D.  Luís  de 
Meneses,  duas  vezes  vice  rei  da  índia,  e  i."  marquês  de  Louriçal  por  carta 
de  22  de  Abril  de  1740.  Foi  pai  do  2.°  e  do  3."  Marquês  de  Louriçal,  e  avô 
do  4.°  e  último,  que  morreu  a  3  de  Junho  de  1844,  passando  os  morgados  da 
casa  para  seu  parente  o  4.°  conde  de  Lumiares,  José  Manuel  da  Cunha  Faro 
e  Meneses,  avô  do  7."  e  último  falecido  a  9  de  Dezembro  de  1908. 

Alguns  fidalgos  da  casa  de  Louriçal  foram  sepultados  na  capela  mor  da 
matriz  de  Santiago  da  mesma  vila.  Transcreverei  os  seus  epitáfios,  segundo 
informação  do  meu-  falecido  amigo  Aníbal  Fernandes  Tomás,  enviada  da  Fi- 
gueira da  Foz  em  carta  de  12  de  Agosto  de  1903.  No  cruzeiro,  do  lado  da 
epístola:  Aqvi  ia^  Dom  Diogo  de  Meneses  em  /  deposito  ate  se  lhe  fa\er  esta 
capela  /  falec£o  a  7  dagosto  era  de  i55g.  /  Da  mesma  banda  Jaz  sua  mulher: 
S.  de  Dona  Violante  de  Castro  inolher  de  D.  Diogo  de  Meneses  f.  a  3o  (?) 
de  maio  era  de  j5y8  {2).  No  mesmo  cruzeiro,  do  lado  do  evangelho:  S.  de 
Dona  Isabel  de  Castro  em  deposito.  Na  capela. mor  do  lado  da  epístola: 
S.  de  Dona  Isabel  de  Castro  Jilha  de  D.  Diogo  de  Meneses  e  de  D.  Violante 
de  Castro  f.  a  10  de  abril  na  era  de  iSjj  em  deposito  (3).  Do  lado  do 
evangelho:  S.  de  D.  Francisco  de  Meneses  f.°  de  D.  Diogo  de  Meneses  e  de 


(i)  P.  Luís  Montês  Matoso,  Memorias  Sepulchraes,  fls.  107  v.  e  108. 

(2)  Nas  Memorias  Sepulchraes,  do  P.  Luís  Montês  Matoso,  fl.  114,  encontra-se  esta  ins- 
crição com  alguma  variedade :  . . .  Faleceu  em  Lisboa  era  de  iSyS,  em  vez  do  que  está  na 
texto. 

(3)  Variante  nes^e  epitáfio :  . . .  Falleceu  em  Lisboa  em  Abril  na  era  de  iSjg ... 


Meneses  1 1 7 

D.  Violante  de  Castro  . . .  f.  a  ...  de  fevereiro  de  j5y5  (i).  Nestas  inscri- 
ções, ao  meio  delas,  estão  esculpidos  brasões  dos  Meneses,  numas,  e  noutras, 
dos  Castros  de  seis  arruelas. 

Aquela  D.  Isabel  de  Castro,  nora  de  D.  Diogo  de  Meneses,  enterrada  na 
igreja  do  Louriçal,  era  filha  de  Álvaro  Peres  de  Andrada,  senhor  do  mor- 
gado da  Anunciada,  o  qual  lá  mais  adiante  nomearei,  por  ter  sido  chefe  da 
distinta  família  daqueles  Andradas,  de  cujos  dotes  literários,  bem  como  da 
casa,  foram  herdeiros  os  Condes  da  Ericeira. 


IV 

CASAS  DE  VILA  RIAL  E  TAROUCA 

D.  João  Afonso  Telo,  filho  segundo  de  D.  Afonso  Martins  Télo,  como  se 
referiu  na  pág.  108,  foi  grande  valido  de  D.  Pedro  I  e  D.  Fernando.  D.  Pe- 
dro, de  quem  foi  alferes  mor,  fê-lo  conde,  solenizando  este  acto  com  festas, 
que  ficaram  famosas^  e  dando-lhe  em  seguida  o  senhorio  de  Barcelos  por 
carta  de  10  de  Outubro  de  iSôy  (2).  D.  Fernando,  em  cujos  diplomas  ele  é 
intitulado  fiel  conselheiro,  acrescentou-lhe  muito  os  bens  (3)  e  criou-o  conde 


(i)  Variante  neste  epitáfio :  ...  de  Castro.  Doutor  em  Theologia.  Falleceu  em  Lisboa  de 
32  annos  em  . . . 

(2)  Chancelaria  de  D.  Pedro  I,  liv.  i.",  fl.  i5. 

(3)  Lançarei  aqui  a  indicação  de  vários  diplomas  relativos  a  D.  João  Afonso  Telo,  altm 
dos  apontados  no  texto :  ao  conde  D.  João  Afonso,  doação  da  lezíria  do  Galego  no  almoxa- 
rifado de  Santarém,  i  de  Agosto  da  era  de  1405  (iSõy);  a  D.  João  Afonso,  conde  de  Barce- 
los, doação  de  Torres  Novas  e  seu  termo,  em  Santarém  a  25  de  Janeiro  de  1408  (iSyo);  a 
D.  João  Afonso  Telo,  conde  de  Barcelos,  nosso  vassalo 'e  nosso  mui  fiel  conselheiro,  doação 
da  jurisdição  da  honra  de  Britiande,  em  Coimbra  a  5  de  Julho  de  1403  (iSóy);  doação  do 
padroado  de  S.  Lourenço  do  Bairro,  para  si  e  sucessores,  em  Santarém  a  12  de  Junho  de 
1406  (i36S);  doação  para  si  e  sucessores  da  terra  de  Paos,  em  terra  de  Nóbrega,  em  Lisboa 
a  5  de  Outubro  de  1406  (i368);  doação  para  si  e  sucessores  do  quinhão  rial  e  direitos  da 
aldeia  de  Ois  ásx  Ribeira,  Requeixo,  etc,  em  Coimbra  a  22  de  Setembro  de  1407  (1369) ;  nova 
doação  da  lezíria  do  Galego,  agora  para  si  e  sucessores,  em  Lisboa  a  17  de  Julho  de  1409 
(1371);  doação  da  vila  de  Peral,  para  si  e  sucessores,  em  Lisboa  a  17  de  Julho  de  1409(1371); 
doação  da  vila  do  Cadaval,  para  sie  sucessores,  em  Tentúgal  a  i  de  Dezembro  de  1409  (1371); 
doação  pelos  seus  muitos  serviços  a  el  Rei,  a  seu  pai,  e  à  casa  de  Portugal,  da  vila  de  Ançã 
para  si  e  sucessores,  em  Tentúgal  a  i3  de  Dezembro  de  1409  (1371);  a  D.  João  Afonso  Telo» 
conde  de  Barcelos,  nosso  vassalo,  doação  do  julgado  de  Freitas,  terra  de  Guminhães,  etc* 
em  Braga  a  i5  de  Agosto  de  1410  (1372). —  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.<»,  fls.  i5  v. 
5o  V.,  14  v.,  28,  33,  46,  70,  76,  89,  88  v.,  1 10  v. 

Ainda  apontarei  mais  estes  dois :  ao  concelho  e  moradores  de  Barcelos,  a  rogo  de  D.  João 
Afonso  Telo,  conde  da  dita  vila,  dá-lhes  por  termo  os  julgados  de  Penafiel  de  Bastos  (Bas- 


1 1 8  Brasões 

de  Ourem,  título  com  que  se  encontra  em  um  documento  de  25  de  Dezembro 
de  iSyi  (i)  e  em  alguns  outros.  Por  carta  de  5  de  Janeiro  do  ano  prece- 
dente tinha-lhe  el  Rei,  na  verdade,  feito  doação  da  vila  de  Ourém,  mas  fora 
em  pagamento  de  sua  contia  e  não  pelo  ter  feito  conde  (2). 

Morreu  o  Conde  de  Ourem  e  Barcelos  pelo  Natal  de  i38i,  segundo 
afirma  Fernão  Lopes  (3),  e  assim  deverá  ter  sido,  porque  a  27  de  Janeiro 
de  1882  Já  o  sobrinho  do  mesmo  nome  era  conde  de  Barcelos,  como  acima 
ficou  dito.  Deixow  viúva  a  D.  Guiomar  Lopes,  que  ainda  vivia  em  Agosto 
de  1404  (4).  A  Condessa  era  filha  de  Lopo  Fernandes  Pacheco,  senhor  de 
Ferreira,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  de  Vilalobos  (5),  filha  do  rico  homem 
D.  Rui  Gil  de  Vilalobos. 

Os  Condes  de  Ourem  foram  sepultados  na  capela  mor  da  igreja  da  Graça 
de  Santarém,  e  no  meio  do  pavimento  está  uma  lápida  com  este  letreiro: 


tuço)  e  o  couto  de  BoigeSo,  em  Coimbra  a  5  de  Fevereiro  de  1410  (1372);  aos  moradores 
de  Vila  do  Conde,  lugar  do  conde  D.  João  Afonso,  nosso  vassalo  e  nosso  fiel  conselheiro, 
e  a  sua  petição,  isenção  da  portagem,  costumagem  e  passagem  de  nenhumas  mercadorias 
suas 'que  eles  levarem  ou  trouxerem,  em  Coimbra,  na  mesma  data.  —  Ibid.,  fl.  94. 

(i)  Carta  de  doação  da  quinta  de  Vilarinho  apar  de  Coimbra.  —  Chancelaria  deD.Fer- 
nandoy  liv.  i.°  fl.  i55. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.",  fl.  52. 

(3)  Chronica  de  D.  Fernando,  cap.  134. 

{4)  Por  carta  de  22  de  Agosto  de  [442  (1404)  foi  dada  quitação  à  condessa  D.  Guiomar 
do  resto  do  preço  da  quinta  da  Palma  comprada  por  seu  rtiarido  em  tempo  de  D.  Fernando. 
—  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  5  °,  fl.  38  v. 

(5)  Estão  sepultados  os  dois  cônjuges  na  capela  de  S.  Cosme  c  Damião  da  Sé  de  Lisboa, 
em  dois  sarcófagos  encostados  às  paredes  laterais,  com  as  suas  figuras  jacentes  sobre  as 
tampas.  Na  parede  superior  ao  túmulo  de  Lopo  Fernandes,  numa  lápida  nela  embutida, 
lê-se  este  epitáfio :  Aqi:  ia^:  Lopo:  Fernâde\:  Pacheco:  senhor:  de/Fereira:  e:  moordomo: 
moor :  do:  ifant:  do I ni:  Pedro:  e:  chãceler:  da:  rainha:  dona:  Bcatr/i^:  o  qval\:  foi: 
inercee :  e:  feitvra:  delrei:  dom:  Afo/nso:  o  qrto :  e:  foi:  cõ  el:  na:  lide:  q:  outie :  có : 
elrei  d/e:  Graada:  hu:  este:  rei :  foi :  fa-^er :  aivda:  a:  elrei:/dom:  Afõso:  de:  Castela: 
qndo:  elrei:  de:  Banama/hn:  tapa:  sobre:  Tarifa:  na:  era:  de:  mil:  e:  ccc:  e:/lxx: 
e:  viii:  anos:  ao:  ql :  Lopo:  Fernãde:^ :  foi :  enjAuinhon:  dada:  cõ :  grade:  hõra:  pio: 
papa:  Be /nedito:  hiía:  rosa:  douro:  que:  ele:  con:  grade :  j honra :  pos :  en:  esta:  see  : 
tanto:  q:  dalo:  chego ju:  oqval:foi:  casado:  con:  dona :  Maria :  filha j de :  dom:  Rui: 
Gil:  de:  Vila:  Lobos:  e:  de:  don / a :  Tareiia:  Sanche^:  q:  foi:  filha:  delrei:  I  dom: 
Sancho:  de  Castela:  e  foi:  en:  terra  j  do:  en:  este:  moiimento:  xx :  e:  dous :  dias: /de: 
dejenbro :  da :  era :  de :  mil :  ccc :  e :  Ixxx :  j e:  sete :  anos :  —  Júlio  de  Castilho,  Lisboa  an- 
tiga, p.  II,  tom.  Ill,  pág.  237. 

Na  face  do  túmulo  de  Lopo  Fernandes  vê-se  o  escudo  dos  Pachecos :  duas  caldeiras 
veiradas  de  três  tiras,  as  azas  garguladas  de  uma  cabeça  de  serpe  em  cada  reigada.  Na  face 
do  túmulo  fronteiro  esculpiram  o  brasão  de  D.  Maria,  o  escudo  dos  Vilalobos,  dois  lobos 
passantes  sotopostos. 


Meneses  1 1 9 

Aqui  iai  ho  mJ°  nobre  e  vertuoso  snor  dom  ioham  afonso  tello  de  meneses 
conde  dourem  e  a  muito  nobre  e  vertuosa  senõra  condesa  dona  guimar  de 
vilalobos  bisneta  delrei  dõ  sacho  de  castelã  sua  molher  os  quaes  edificarão 
e  dotarão  este  moesteiro.  As  armas  do  Conde  são  um  escudo  liso  (Meneses); 
as  da  Condessa  um  escudo  partido:  no  I  as  do  marido;  no  II  esquartelado 
de  dois  lobos  passantes  sotopostos  (Vilalobos),  e  de  duas  caldeiras  em  pala 
(Pachecos). 

O  epitáfio  acima  transcrito  é  o  lá  existente  hoje  e  por  mim  copiado  na 
dia  16  de  Janeiro  de  i885;  outro  porém  veio  este  substituir  na  segunda  me- 
tade do  século  XVII.  O  mais  antigo  estava  sobre  a  campa,  um  tanto  levan- 
tada do  chão,  no  meio  da  dita  capela  e  dizia  isto:  Aqui  ja^  o  muito  nobre, 
e  virtuoso  BarÕ  D.  João  Afonso  Tello  de  Meneses,  Conde  de  Ourem,  que  por 
seus  grandes  merecimetos  foi  o  mais  'pre\ado,  e  honrado  vassalo,  que  o  mui 
claro,  e  excellente  Rei  D.  Afonso  de  Portugal  o  IV.  teue,  o  qual  da  mui  no- 
bre, e  virtuosa  Condesa  D.  Guiomar  de  Villalobos,  bisneta  dei  Rei  D.  Sancho 
de  Castella  sua  mulher,  que  aqui  nesta  presente  sepultura  está  sepultada, 
ouue  dousjilhos,  que.  em  sua  vida  por  seus  merecimentos  for ão  feitos  Condes; 
o  primeiro  ouue  por  nome  D.  loão  Afonso  Tello  de  Meneses,  que  foi  Conde 
de  Viana;  e  o  outt^o  chamado  D.  Afonso,  que  foi  Conde  de  Barcellos;  e  Ima 
jilha,  chamada  D.  Leonor,  casada  com  D.  Pedro  de  Castro,  primogénito  de 
D.  Aluaro  Pire:{  de  Castro,  o  qual  D.  Pedro  ouue  da  ditta  D.  Leonor  Jilhos 
mui  nobres,  e  honrados,  entre  os  quaes  foi  a  muito  l^onrada,  e  pre'^ada 
D.  Guiomar  de  Castro,  Côdessa  d'Attougia,  que  por  ser  neta  lidima  do  ditto 
Conde,  e  Condessa,  e  por  herdar,  e  merecer  sua  benção  os  mandou  honra- 
damente sepultar  (i).  A  Condessa  da  Atouguia,  na  inscrição  nomeada,  fa- 
leceu em  1473. 

Na  mesma  página  do  livro  citado  ainda  se  encontra  outra  inscrição,  a  da 
fundação  do  convento:  Este  mosteiro  mandou  fa:[er  o  Conde  de  Ourem 
D.  loão  Afôso,  e  a  Condessa  D.  Guiomar  sua  mulher,  e  foi  posta  em  el  a 
primeira  pedra  segunda  feira  16.  dias  do  mes  de  Abril  da  E.  1418.  E  o 
ano  de  Cristo  de  i38o. 

Apesar  de  no  epitáfio  antigo  e  no  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro  (2)  se 
^ornearem  por  outra  ordem,  eu  entendo  que  os  filhos  dos  Condes  de  Ourem 
se  devem  assentar  assim:  D.  Afonso  Telo  de  Meneses,  D.  João  Afonso  Telo, 


(i)  George  Cardoso,  Agiotogio  lusitano,  tom.  i,  pág.  lyS.  Neste  livro,  escrito  e  impresso 
•m  i65i  e  i652,  aparece  ainda  este  epitáfio  antigo,  ao  passo  que  na  Historia  de  Santarém 
edificada  do  P.c  Inácio  da  Piedade  e  Vasconcelos,  escrita  «m  1737  e  impressa  em  1740,  já  só 
se  encontra  o  epitáfio  moderno,  na  pág.  i33  do  tom.  i. 

(2)  Portugaliae  monumenta  histórica.   Scriptores,  pág.  363. 


120  Brasões 

D.  Leonor  de  Meneses  e  talvez  um  D.  Telo  mencionado  apenas  no  cit.  No- 
biliário e  sem  referência  em  nenhum  documento  meu  conhecido,  não  se  de- 
vendo todavia  hgar  fé  a  uma  suposta  descendência  que  alguns  genealogistas 
lhe  dão. 

De  D.  João  Afonso  Telo,  conde  de  Barcelos  e  de  Ourém,  provieram  os 
Condes  de  Vila  Rial  (1424),  os  quais,  com  a  varonia  de  Noronha,  receberam 
os  títulos  de  marquês  (1489),  e  duque  da  mesma  vila  (i385),  o  de  duque  de 
Caminha  (1620),  e  os  de  conde  de  Alcoutim  (1496),  e  de  Valença  (1499);  ^^ 
Condes  de  Viana  (iSyS  e  1460);  o  de  Valença  (1464)  e  Loulé  (1471);  os  Al- 
caides mores  de  Castelo  Branco;  os  Marqueses  de  Valada  (i8i3)(i),  condes 
de  Caparica  (1793);  a  varonia  dos  Marqueses  de  Olhão  (1808),  condes  de 
Castro  Marim  (1802);  os  Condes  de  Tarouca  (1499),  os  quais,  com  a  varonia 
de  Silva,  receberam  o  título  de  marquês  de  Penalva  (1750);  os  Senhores  de 
Aveiras,  Condes  da  mesma  vila  com  a  varonia  de  Silva  (1640),  e  Marqueses 
de  Vagos,  com  a  de  Câmara  (1802);  os  Alcaides  mores  de  Proença;  os  Al- 
feres mores  do  reino,  etc. 

D.  Afonso  Telo  de  Meneses,  filho  do  Conde  de  Ourem,  foi  feito  conde 
de  Barcelos,  em  vida  de  seu  pai,  por  carta  de  20  de  Março  de  1872  (2),  ao 
passo  que  seu  irmão,  D.  João  Afonso  Telo,  só  posteriormente  foi  criado 
conde  de  Viana,  como  logo  veremos,  e  por  isso,  com  bom  fundamento,  julgo, 
o  suponho  filho  segundo.  No  mesmo  dia  em  que  lhe  foi  dado  o  condado, 
fez  D.  Fernando  doação  a  D.  Afonso  Telo  das  terras  e  julgados  de  Refoios, 
Santo  Tirso,  Aguiar  de  Sousa,  Lousada,  Felgueiras,  Vila  Boa,  Roças,  Vieira, 
Lanhoso,  Entre  Homem  e  Cávado,  e  Regalados  (3). 

Dá-se  todavia  um  facto  digno  de  nota  com  o  título  de  conde  de  Barcelos 
concedido  a  D.  Afonso.  O  pai,  desde  1371  pelo  menos,  era  também  conde 
de  Ourém,  mas  encontro-o  ainda  com  o  título  de  conde  de  Barcelos  em  do- 
cumentos posteriores  à  investidura  do  filho  neste  condado.  Há  mais  ainda: 
pai  e  filho  foram  condes  de  Barcelos  conjuntamente.  Nos  tempos  modernos 
não  causaria  este  facto  estranheza  nenhuma,  mas  naquelas  eras  é  singular. 
Consta  terem  eles  sido  simultaneamente  condes  de  Barcelos  de  duas  cartas 
passadas  em  Braga,  no  mesmo  dia,  i5  de  Agosto  de  1410  (1372),  uma  de 
doação  do  julgado  de  Freitas  e  terra  de  Guminhães  a  D.  João  Afonso  Telo, 


(i)  As  armas  dos  Marqueses  de  Valada  eram:  escudo  partido:  o  I  dos  Meneses  de  Ta- 
rouca; o  II  dos  Castros  de  treze  arruelas,  tomadas  estas  pelo  morgado  de  Évora,  dos  Condes 
úe  Basto,  seus  ascendentes. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2,°,  fl.  28. 

(3)  Ibidem,  fl.  28  v. 


Meneses  121 

conde  de  Barcelos,  vassalo  dei  Rei;  a  outra,  de  Gondomar  a  D.  Afonso, 
conde  de  Barcelos  (i). 

E  pois  singular  este  caso,  que  só  pode  ter  explicação  na  menoridade  do 
filho,  por  isso  que  então  o  título  de  conde  não  era  somente  honorífico,  mas 
abrangia  o  senhorio  da  terra  e  a  mesma  não  podia  ter  dois  senhores. 

Nunca  mais  sucedeu  facto  análogo  no  período  decorrido  até  à  ocupação 
dos  Felipes,  a  não  ser  nos  anos  de  i53o  a  i534  nos  quais  existiram  simulta- 
neamente duas  condessas  proprietárias  de  Loulé*:  a  infanta  D.  Guiomar  Cou- 
tinho, e  sua  mãe  D.  Beatriz  de  Meneses;  mas  esta  havia  anuído  a  ser  o  con- 
dado confirmado  a  sua  filha.  Muito  depois,  nos  anos  de  iSgo  a  1602,  é  que 
houve  dois  Condes  de  Portalegre,  pai  e  filho,  advertindo  que  este  sucedera 
a  sua  já  falecida  mãe,  que  era  a  proprietária  do  condado. 

D.  Afonso  Telo  de  Meneses,  o  5.°  conde  de  Barcelos  na  ordem  cronoló- 
gica, faleceu  em  vida  de  seu  pai  a  quem  regressou  o  condado. 

D.  João  Afonso  Telo,  segundo  filho  do  Conde  de  Ourem,  já  era  certa- 
mente conde  de  Viana  do  Alentejo  em  10  de  Abril  de  1376(2),  ainda  em 
vida  de  seu  pai,  e  talvez  antes  de  Março  de  1373  (3).  Em  i382  sucedeu  em 
parte  da  casa  paterna  (4),  mas  não  nos  condados  de  Barcelos  e  Ourem,  da- 
dos, respectivamente,  ao  almirante  D.  João  Afonso  Telo  e  ao  valido  João 
Fernandes  Andeiro.  Casou  o  Conde  de  Viana  com  D.  Maior  de  Portocar- 
reiro,  filha  de  João  Rodrigues  de  Portocarreiro,  senhor  de  Vilarinho  da  Cas- 
tanheira e,  segundo  dizem,  de  Vila  Rial.  Morreu  o  Conde  em  princípios 
de  i384,  na  sua  vila  de  Penela,  assassinado  pelos  seus  vassalos  por  seguir 
o  partido  de  Castela  (5).  Não  sei  onde  fosse  sepultado,  nem  tenho  a  certeza 
de  que  armas  usou,  mas  inclino-me  a  supor  que  já  tivesse  adoptado  as  abaixo 
descritas. 


(i)  Estão  registadas  ambas  as  cartas  na  fl.  no  v.  do  liv.  i.°  da  Chancelaria  de  D.  Fer- 
nando. 

(2)  Carta  dessa  data  de  mercê  da  alcaidaria  de  Beja  em  pagamento  de  sua  contia. — 
Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.">  fl.  192. 

(3)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D,  Fernando,  cap.  82. 

(4)  Carta  de  i5  de  Julho  de  1420  (i382)  de  doação  ao  Conde  de  Viana,  filho  do  Conde 
de  Ourem,  ora  falecido,  do  senhorio  da  honra  de  Canaveses  e  Britiande,  para  o  qual  fora 
escolhido  pelos  habitantes.  —  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2.",  fl.  qS. 

Relativos  ao  Conde  de  Viana  ainda  encontro  mais  estes  documentos :  D.  João,  conde 
de  Viana,  mercê  dos  direitos  riais  da  vila  da  Lousã,  em  prestamo,  17  de  Fevereiro  de  1415 
(1377);  Conde  de  Viana,  alcaide  de  Beja,  mercê  dos  direitos  riais  da  alcaidaria  da  dita  vila, 
em  preço  de  trezentas  e  cinquenta  libras  que  tem  em  tença,  14  de  Janeiro  de  1419  (i38i). 
—  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  1.°,  fl.  200,  e  liv.  2,",  fl.  74  v. 

(5)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  João  I,  II,  5o. 

V©L.  I  16 


122 


Brasões 


Do  Conde  de  Viana  foi  sucessor  seu  filho  D.  Pedro  de  Meneses,  i.°  conde 
de  Vila  Rial  e  2.°  de  Viana.  Está  este  assim  mesmo  sepultado  na  Graça 
de  Santarém  em  sumptuoso  mausoléu,  com  duas  figuras  de  vulto  deitadas 
sobre  ele,  e  muitos  ornatos,  e  brasões.     Deste  túmulo  consta  que  as  armas 

do  1.°  Conde  de  Vila  Rial  foram:  cortado  de  um 
traço,  partido  de  dois,  o  que  faz  seis  quartéis:  o  I, 
III  e  V  [de  oiro],  dois  lobos  passantes  sotopostos 
[de  púrpura]  (Vilalobos);  o  II,  IV  e  VI  [de  oiro], 
quatro  palas  [de  vermelho]  (Lima);  e  sobre  o  todo 
de  [oiro]  liso  (Meneses).  Timbre:  cabeça  de  cervo 
esfolada,  com  sua  pele,  formando  esta  uma  sorte 
de  paquife.  Tudo  melhor  se  verá  no  desenho  aqui 
reproduzido  o  qual,  em  i  de  Julho  de  1899, 
me  remeteu  de  Santarém  o  meu  desditoso 
amigo  Alfredo  Casimiro  de  Almeida 
Ferreira,  distinto  oficial  do  exército, 
levado  pela  morte  na  força  da  vida. 
A  divisa  repetida  em  várias  partes 
do  mausoléu  era  o  famoso  ALEO. 
Inclino-me,  como  acima  disse,  a 
que  estas  armas  já  tivessem  sido  ordenadas  pelo  i.°  Conde  de  Viana,  de 
quem  o  filho  as  derivou;  e  agora  irei  dar  as  minhas  razoes. 

O  novo  brasão  foi  adoptado  por  estes  Meneses,  evidentemente,  para  se 
distinguirem  dos  outros  Meneses  de  Cantanhede.  Para  o  formarem  foram 
buscar  as  armas  das  casas  com  que  mais  proximamente  se  haviam  aliado. 
A  mãe  do  Conde  de  Viana  era  Vilalobos,  a  avó  Valadares,  a  bisavó  Lima. 
A  mãe  do  Conde  de  Vila  Rial  era  Portocarreiro,  a  avó  Vilalobos,  a  bisavó 
Valadares,  e  a  terceira  avó  Lima.  Fosse  qual  fosse  dos  dois  Condes,  que 
houvesse  adoptado  as  armas,  é  certo  terem  ambos  desprezado  as  de  Vala- 
dares por  menos  notáveis;  mas  também  parece  certo,  que,  se  tivesse  sido  o 
Conde  de  Vila  Rial  quem  formou  o  escudo,  não  precisaria  pôr  de  parte  as 
armas  de  sua  mãe,  senhora  de  apelido  ilustre,  Portocarreiro,  para  ir  lá  tam 
atrás  escolher  as  da  sua  terceira  avó.  E  esta  exclusão  ainda  mais  injustifi- 
cada seria  no  Conde  de  Vila  Rial,  por  ser  éle  neto  materno  de  João  Rodri- 
gues Portocarreiro,  que  havia  sido  senhor  daquela  vila  (i). 


(i)  Em  muitas  memórias  encontro  João  Rodrigues  Portocarreiro  intitulado  senhor  de 
Vila  Rial  ou  de  Panoias,  em  cujo  distrito  se  continha  aquela  vila;  mas  a  verdade  é  que  ena 
documentos  nenhuma  referencia  a  tal  senhorio  me  aparece.  D.  Fernando  fez  doação,  por 
jur  de  herdade,  a  João  Rodrigues  Portocarrôiro,  seu  vassalo,  por  serviço  que  lhe  fizera,  em 


Meneses  1 23 

O  I ."  Conde  de  Vila  Rial  teve  um  filho  bastardo,  D.  Duarte  de  Meneses, 
3."  conde  de  Viana,  como  geralmente  é  designado,  mas  na  verdade  i.°  conde 
de  Viana  do  Minho,  na  sua  geração,  pois  que  os  outros  dois  o  foram  de 
Viana  do  Alentejo.  De  D.  Duarte  vieram  os  Condes  de  Tarouca  e  outros; 
c  tanto  este  conde  D.  Duarte,  como  todos  os  Meneses  dêle  descendentes, 
usaram  das  mesmas  armas  do  conde  D.  Pedro  de  Vila  Rial,  e  por  isso  a  este 
escudo  se  chama  ordinariamente  o  dos  Meneses  de  Tarouca. 

Teve  porem  o  Conde  de  Vila  Rial  uma  filha  legítima;  D.  Beatriz  de  Me- 
neses se  chamou  e  foi  mulher  de  D.  Fernando  de  Noronha,  2.'  conde  de  Vila 
Rial.  Desde  este  casamento,  os  sucessores,  chefes  da  casa,  Condes  e  Mar- 
queses de  Vila  Rial,  sobrepuseram  o  escudo  das  armas  do  i.°  Conde  ao  dos 
Noronhas,  ficando  assim  constituído  o  brasão:  esquartelado:  o  I  e  IV  das 
armas  do  reino,  com  um  filete  de  negro  sobreposto  em  barra,  o  qual  ger-al- 
mente  esquecia;  o  II  e  III  de  vermelho,  castelo  de  oiro,  o  campo  mantelado 
de  prata  com  dois  liões  batalhantes  de  púrpura,  armados  e  linguados  de  ver- 
melho (Noronha).  Sobre  o  todo,  escudete  partido  de  um  traço  cortado  de 
dois,  o  que  faz  seis  quartéis:  o  I  de  azul,  estoque  de  prata,  empunhado  de 
oiro,  posto  em  pala;  o  II,  IV  e  VI  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho  (Lima); 
o  III  e  V  de  oiro,  dois  lobos  passantes  sotopostos  de  púrpura  (Vilalobos). 
Sobre  o  todo  do  todo,  de  oiro  liso  (Meneses)  (i).     Advertirei  que  o  estoque 


guarda  e  defensão  dalguns  lugares  do  reino,  em  que  o  mandara  estar  por  fronteiro,  da  vila 
e  castelo  de  S.  Felizes  dos  Galegos,  com  toda  a  jurisdição,  pela  guisa  que  os  havia  D.  João 
Afonso  de  Albuquerque  com  D.  Isabel  sua  mulher,  etc.  Golegã,  i5  de  Maio  de  1408  (1370). 
Também  por  jur  de  herdade  lhe  deu:  no  Porto,  em  20  de  Janeiro  de  1410  (1372),  a  vila  de 
Vilarinho  da  Castanheira;  na  Lourinhã,  a  17  de  Novembro  de  1413  (i375),  para  êle  e  her- 
deiros, as  terras  de  Ferreiros  e  Tendais  {Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  1.°,  fls.  61,  92  v.  e 
i8á  v.);  alem  de  muitas  outras  terras  dadas  em  pagamento  de  suas  contias;  mas,  nem  por 
doação  hereditária,  vitalícia  ou  temporária,  me  consta  ter-lhe  feito  mercê  de  Vila  Rial. 

(i)  As  armas  do  Marquês  de  Vila  Rial_encontrcim-se  pintadas  no  Livro  do  Armeiro  mor, 
fl.  46,  e  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  9.  Descrevêl-as-hei  como  vêem  no  segundo,  e  entre 
parêntesis  darei  as  variantes  do  primeiro. 

Escudo  pendido  e  esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul  postos  em 
cruz,  carregados  cada  um  de  cinco  besantes  do  campo,  bordadura  de  vermelho  carregada 
de  oito  (doze)  castelos  de  três  torres  de  oiro,  diferençado  (não  tem  diferença)  por  um  filete 
de  negro  em  banda;  o  II  e  III  de  vermelho,  castelo  de  três  torres  de  oiro,  o  campo  mante- 
lado de  prata  com  dois  liões  batalhantes  de  púrpura,  armados  e  linguados  de  vermelho  (da 
mesma  púrpura),  bordadura  de  escaques  de  oiro  e  veiros  de  dezoito  (vinte)  peças.  Sobre 
o  todo :  escudete  partido  de  dois  e  cortado  de  um  traço,  que  faz  seis  quartéis :  o  I  de  azul, 
estoque  de  prata,  empunhado  de  oiro  (gotado  de  sangue),  posto  em  pala;  o  II,  IV  e  VI  de 
oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  o  III  e  V  de  oiro  liso  (de  oiro,  dois  lobos  passantes  de  púr- 
pura). Sobre  o  todo  do  todo :  escudete  de  oiro  liso.  Elmo  de  oiro  (guarnecido  de  pedraria 
€  de  esmalte  verde),  aberto,  de  três  quartos,  forrado  de  vermelho.  Coroa  de  oito  (vinte)  flo- 


124  Brasões 

era  privativo  unicamente  do  senhor  da  casa,  na  qualidade  de  capitão  here- 
ditário de  Ceuta;  e  mais  advertirei  ainda  que  só  aquele  e  o  seu  imediato 
sucessor  se  apelidavam  de  Meneses,  usando  todos  os  mais  membros  da  fa- 
mília do  apelido  e  armas  de  Noronha.  Assim  o  fizeram  os  Condes  de  Li- 
nhares, antigos;  e,  se  os  Condes  de  Valadares,  apesar  de  trazerem  o  apelido 
de  Noronha,  adoptaram  as  armas  do  chefe  da  casa  de  Vila  Rial,  sem  o  es- 
toque todavia,  foi  para  afirmarem  o  direito  que  se  arrogavam  de  sucessores 
dela. 

Recapitulando  temos:  primeiras  armas,  escudo  liso  dos  Meneses;  segun- 
das armas,  Meneses,  Vilalobos  e  Limas;  terceiras  armas,  Meneses,  Vilalobos, 
Limas  e  Noronhas;  quartas  armas,  as  terceiras,  tendo  no  I  quartel  um  es- 
toque.—  Das  primeiras  usaram  todos  os  Meneses  antigos,  e  nesta  linha  so- 
mente o  seu  progenitor,  o  í."  Conde  de  Ourem;  das  segundas  usaram  o 
i."  Conde  de  Viana,  o  i.°  Conde  de  Vila  Rial,  o  conde  D.  Duarte,'  e  por 
este  todos  o^  Meneses  chamados  de  Tarouca;  das  terceiras  usaram  os  Me- 
neses descendentes  do  2.°  Conde  de  Vila  Rial  e  os  Noronhas  da  casa  de 
Valadares  e  seus  ramos,  e  não  usaram  delas  os  Noronhas,  Condes  de  Li- 
nhares, apesar  de  virem  do  mesmo  tronco;  e  das  quartas  só  usaram  pessoal- 
mente os  Marqueses  de  Vila  Rial,  o  Duque  da  mesma  vila,  e  o  i.°  Duque 
de  Caminha. 

D.  Leonor  de  Meneses,  filha  dos  1.°^  Condes  de  Ourem,  acima  nomeada, 
casou  com  D.  Pedro  de  Castro,  senhor  do  Cadaval,  e  foi  sepultada  na  igreja 
da  Graça  de  Santarém,  na  capela  do  lado  do  evangelho,  no  cruzeiro  da 
mesma  igreja.  Metida  na  parede  debaixo  de  um  arco,  e  também  do  lado 
do  evangelho,  está  uma  sepultura  de  mármore  preto,  e  no  vão  do  arco  por 


rões  (pequenos).  •  Paquife  de  prata,  forrado  de  azul.  Virol  de  prata  e  azul  (não  tem  virol). 
Timbre:  Hão  nascente  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho  (não  tem  timbre). 

Posteriormente  houve  um  curioso  atrevido  que  lançou  sobre  o  I  e  IV  quartéis  do  es- 
cudo outro  filete  de  negro  em  barra. 

Nos  dois  citados  livros,  na  fl.  48  de  um  e  na  9  v.  do  outro,  estão  as  armas  do  Conde  de 
Valença,  mas  não  são  elas  as  do  primogénito  do  Marquês  de  Vila  Rial,  ainda  que  já  desde 
1499  andasse  aquele  condado  na  sua  casa ;  mas  sim  as  de  D.  Henrique  de  Meneses,  que  havia 
sido  conde  de  Valença  por  carta  de  20  de  Julho  de  1464,  e  conde  de  Loulé,  em  12  de  No- 
vembro de  1471.  São  elas:  escudo  pendido,  cortado  de  um  traço,  partido  de  dois,  que  faz 
seis  quartéis:  o  I,  III  e  V  de  oirOj  dois  lobos  passantes  de  púrpura,  armados  de  vermelho 
(de  púrpura),  e  linguados  do  mesmo;  o  II,  IV  e  VI  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho.  Elmo 
de  prata  (de  oiro),  guarnecido  de  oiro  (de  esmaltes  vermelhos  e  verdes),  aberto  (cerrado), 
posto  de  três  quartos,  forrado  de  azul.  Paquife  de  oiro,  forrado  de  vermelho.  Virol  de  oiro 
e  vermelho  (não  tem  virol).  Timbre :  um  dos  lobos  (não  tem  timbre).  Correia  de  azul  (per- 
filada de  oiro). 


Meneses  i25 

cima  dela  este  letreiro:  Aqui  ja\  dona  Honor  de  meneses  Jilha  de  dom  Joham  / 
afonso  tello  de  meneses  conde  dourem  e  da  condesa  /  dona  guiomar  que  edi- 
ficara este  moesteiro  a  quall  foe  /  molher  de  dô  pedro  de  castro  Ji lho  de  dõ 
alv^  perei  de  castro  cõde  /  de  rrayollos  prim^°  côde  st  abre  de  portugal  e 
ouve  dela  estes  /filhos  dÔ  iohã  e  dô  fernãdo  e  dona  isabel  e  dona  guiomar  / 
esta  senhora  dona  guiomar  majidou  fa:{er  esta  sepultura  a  sua  madre. 

Na  parede  por  cima  do  arco  tem  um  escudo  partido:  o  I  com  seis  arrue- 
las (Castros);  o  II  liso  (Meneses). 

A  senhora  D.  Guiomar,  que  mandou  fazer  a  sepultura,  é  a  mesma 
D.  Guiomar  de  Castro,  condessa  da  Atouguia,  acima  nomeada. 

Do  Conde  de  Viana  foi  sucessor,  como  já  declarei,  seu  filho  D.  Pedro  de 
Meneses.  E  o  famoso  conde  D.  Pedro,  i.°  capitão  de  Ceuta,  de  quem  Azu- 
rara escreveu  a  Chronica. 

Após  o  assassínio  de  seu  pai,  em  princípios  de  1884,  parece  ter  D.  Pedro 
de  Meneses  passado  com  sua  mãe  para  Castela,  onde  D.  João  I  o  fizera 
conde  de  Ilhó,  título  nunca  reconhecido  em  Portugal  (i).  Tornou  para  a 
pátria  chamado  por  D.  João  I  e  já  cá  se  encontrava  em  1407  (2).  Serviu, 
como  alferes  do  infante  D.  Duarte,  na  expedição  de  Ceuta  e  lá  ficou,  na 
recêm-conquistada  cidade  africana,  encarregado,  na  qualidade  de  capitão  e 
governador,  de  a  guardar  e  defender.  Em  Ceuta  permaneceu  dessa  vez  por 
mais  de  oito  anos,  só  tornando  a  Portugal  em  princípios  de  1424.  Recebeu 
então  de  D.  João  I  o  título  de  conde  de  Vila  Rial,  com  o  qual  já  se  encontra 
numa  carta  régia  de  14  de  Fevereiro  daquele  ano  (3).  Em  Maio  de  1433  já 
D.  Pedro  de  Meneses  era  conde  de  Viana  (4)  e  em  princípios  do  ano  se- 
guinte, já  seu  genro  D.  Fernando  de  Noronha  era  conde  de  Vila  Rial  (5),  a 
quem,  com  aprazimento  do  sogro,  foi  dado  o  senhorio  desta  vila  por  carta 


(i)  Gomes  Eanes  de  Azurara,  Ciironica  do  Conde  D.  Pedro^  pág.  52 1. 

(2)  Instrumento  de  i  de  Março  de  1445  (1407)  pelo  qual  comprou  a  quinta  de  Pousa- 
foles  a  João  Lourenço  de  Penela.  —  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.",  fl.  87  v. 

(3)  Carta  de  confirmação  da  lezíria  do  Galego,  em  Santarém. —  Chancelaria  de  D.  João  I, 
liv.  4.»,  fl,  66  V. 

(4)  Carta  de  8  de  Maio  daquele  ano,  ordenando  a  Fernão  Lopes,  guarda  das  escrituras 
da  Torre  do  Tombo,  que  desse  a  D.  Pedro  de  Meneses,  conde  de  Viana  e  senhor  de  Vila 
Rial,  almirante  do  reino,  alferes  do  Infante  e  capitão  e  governador  de  Ceuta,  traslado  de 
quaisquer  escrituras  pertencentes  ao  Almirantado.  Sousa,  Historia  genealógica,  IV,  3i-32, 
em  extrato,  com  a  citação  certa,  e  por  extenso,  com  ela  errada,  no  tom.  i  das  Provas^ 
pág.  95. 

(5)  Carta  de  12  de  Janeiro  de  1484  de  confirmação  do  dote  de  sua  mulher. — Chancelaria 
de  D.  Afonso  V,  liv.  34.%  fl.  63  v. 


126  Brasões 

de  27  de  Setembro  do  mesmo  ano  (i).     A  carta  de  conde  de  Viana  só  foi 
passada  a  17  de  Abril,  e  nela  declara  el  Rei  D.  Duarte  fazer  esta  mercê  ao 
conde  D.  Pedro,  considerando  o  grande  desejo  que  D.  João  I  tinha  de  lhe 
dar  e  doar  a  dita  vila  para  haver  por  ela  título  de  conde,  como  já  em  outro: 
tempo  tivera  seu  pai;  mas  que,  por  ela  pertencer  às  Capelas  de  D.  Afonso  IV^H 
entendeu  não  poder  dispor  do  seu  senhorio  sem  autoridade  do  Papa,  que  só] 
agora  lha  deu  (2).     Era  pois  esta  vila  de  Viana  a  do  Alentejo  e  não  a  do' 
Minho,  da  qual,  em  1460,  veio  a  ser  conde  D.  Duarte  de  Meneses,  filho  legi- 
timado de  D.  Pedro  de  Meneses.     Tem  havido  confusões  sobre  estes  conda- 
dos de  Viana,  e  para  as  desfazer  e  por  ser  interessante  e  característica  dos 
tempos  a  história  do  condado  de  Viana  do  Alentejo,  lá  adiante  a  narrarei. 

Exerceu  também  as  funções  de  almirante  do  reino,  tendo  havido  o  almi- 
rantado  em  dote  com  sua  terceira  mulher,  filha  do  almirante  Carlos  Pessa- 
nha, a  quem,  por  do  casamento  da  fiilha  não  ter  ficado  descendência,  regressou 
o  almirantado,  como  consta  da  carta  de  1 1  de  Novembro  de  1448  de  confir- 
mação dele  a  micé  Lançarote,  neto  de  Carlos  (3).  Igualmente  serviu  de  al- 
feres mor  a  D.  Duarte  e  veio  a  morrer,  ao  cabo  de  vinte  e  dois  anos  de  ca. 
pitão  de  Ceuta,  a  22  de  Setembro  de  1437  (4). 

Casou  por  quatro  vezes,  ou  para  melhor  dizer,  por  três,  visto  que  de  uma 
vez  o  casamento  não  se  chegou  a  ultimar.  A  primeira  foi  com  D.  Margarida 
de  Miranda,  que  jaz  no  mesmo  túmulo  com  o  marido,  e  a  quem  o  epitáfio 
dá  o  título  de  condessa,  não  sei  se  acertadamente.  Era  filha  de  D.  Martinho 
de  Miranda,  arcebispo  de  Braga.  Depois,  em  1420,  desposou-se  com  D.  Fe- 
lipa  Coutinho,  filha  do  marichal  Gonçalo  Vasques  Coutinho.  Este  casamento 
porém  não  se  chegou  a  consumar,  porque  a  noiva,  vindo  ter  com  ó  marido 
a  Ceuta,  morreu  no  mar  pouco  afastada  da  costa  do  Algarve  (5). 

A  segunda  mulher  de  D.  Pedro  de  Meneses  foi  D.  Beatriz  Coutinho,  com 
quem  casou  em  1426,  precedendo  contrato  de  casamento  lavrado  em  Sintra 
a  17  de  Agosto  de  1426,  «nos  Paços  dei  Rei  D.  João,  na  casa  em  que  ora 
pousa  D.  Beatris  Coutinha,  casa  que  é  dentro  no  curral  dos  ditos  Paços,  es- 
tando hi  o  Ifante  Eduarte,  e  o  Ifante  D.  Henrique  e  o  Ifante  D.  Fernando^ 
e  peça  de  Ricos-homens,  Cavaleiros  e  outros».  Lavrada  e  lida  a  escritura, 
foi  chamado  D,  Fr.  Lourenço,  Bispo  de  Mayorgas,  e  celebrou  o  casamento, 
sendo  o  Conde,  que  estava  governando  Ceuta,  representado  por  seu  procu- 


(i)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.°,  fl.  84. 

(2)  Ibidem,  fl.  88. 

(3)  Liv,  de  ExtraSy  fl.  io5  v. 

(4)  Epitáfio  de  sua  sepultura  e  Azurara,  Chronica  do  Conde  D.  Pedro,  cap.  final. 

(5)  Azurara,  Chronica  do  Conde  D.  Pedro,  pág.  496. 


Meneses  127 

raclor(i).  Era  D.  Beatriz  a  mais  velha  das  duas  filhas  de  Fernão  Martins 
Coutinho,  senhor  de  Mafra  e  outras  terras  pelo  seu  casamento  com  D.  Leo- 
nor Lopes  de  Sousa,  filha  legitimada  do  mestre  de  Cristo,  D.  Lopo  Dias  de 
Sousa.  Por  morte  de  Fernão  Martins  Coutinho,  e  depois  de  porfiada  de- 
manda, herdou  a  Condessa  de  Vila  Rial,  sua  filha,  duas  partes  da  vila  de 
Mafra  e  a  Enxara  dos  Cavaleiros,  terras  que  passaram  a  sua  filha  D.  Isabel 
Coutinho,  mulher  de  D.  Fernando  de  Vasconcelos  e  mãe  do  i."  Conde  de 
Penela.  A  condessa  D.  Beatriz  foi  mandada  lançar  por  seu  marido  no  seu 
túmulo. 

A  terceira  mulher  foi  D.  Genebra,  com  quem  Já  estava  casado  em  8  de 
Maio  de  1433  e  com  quem  houve  em  dote  o  almirantado  (2).  Era  filha  do 
almirante  micé  Carlos  Pessanha  e  irmã  de  D.  Beatriz  Pereira,  mulher  de  Rui 
de  Melo  que  também  foi  almirante  por  morte  de  seu  filho  micé  Lançarote. 

Já  lá  acima  me  referi  ao  soberbo  mausoléu  de  D.  Pedro  de  Meneses, 
i."  conde  de  Vila  Rial  e  2.°  de  Viana,  na  igreja  do  convento  da  Graça  de 
Santarém.  Estava  este  túmulo  no  fim  do  cruzeiro  do  lado  da  epístola, 
onde  depois  se  erigiu  a  capela  de  Santa  Rita  quando  se  passou  o  mausoléu 
para  debaixo  do  coro,  à  parte  esquerda  de  quem  entra  pela  porta  principal. 
Tem  duas  figuras  de  vulto  jacentes  sobre  a  tampa,  e  nas  faces  laterais, 
muito  ricas  em  ornatos,  vêem-se  várias  vezes  reproduzidos  os  brasões  do 
Conde  e  das  suas  duas  primeiras  mulheres.  O  do  Conde  já  está  descrito;  o 
de  D.  Margarida  é  um  escudo  em  lisonja,  partido,  ao  I  as  armas  do  Conde, 
ao  II  uma  aspa  acompanhada  de  quatro  flores  de  lis  (Miranda);  e  o  de 
D.  Beatriz,  também  em  lisonja,  só  difere  do  precedente  em  ter  no  II  cinco 
estrelas  de  cinco  pontas  (Coutinho). 

Transcreverei  a  seguir  o  epitáfio,  seguindo  uma  execelente  cópia,  que  em 
28  de  Abril  de  1900  me  enviou  o  meu  ilustrado  amigo  António  Bernardo  de 
Figueiredo,  major  de  artelharia,  a  quem  devi  muitos  esclarecimentos  inte- 
ressantes, que  no  decurso  desta  obra  serão  apontados,  pois  por  ela  muito  se 
interessou.     Faleceu  este  distintíssimo  oficial  a  29  de  Março  de  1902. 

Aqui  vai  o  epitáfio  do  Conde,  desenvolvendo  algumas  abreviaturas  e  in- 
troduzindo entre  parênteses  quadrados  as  palavras  desaparecidas  em  virtude 
do  arrombamento  pelo  mausoléu  padecido  em  tempo  da  invasão  dos  Fran- 
ceses: \Aqui  ja^l  o  muito  [honrado]  niuy  nobre  e  mui  fidalgo  s*""  dom  P° 
de  meneses  conde  que  foi  de^  viana  o  prim°  capitã  e  goveimador  que  foy  na 
cidade  de  Cepta  alferes  mor  do  muito  alto  mu]ito  poderoso  e  muj''"  excel- 


(i)  Archivo  histórico  portugue^,  IV,  i66. 
(2)  Tudo  consta  de  documentos  já  citados. 


128  Brasões 

lente  S°^  dÕ  eduarte  pella  graça  de  deus  rey  de  portugal  e  do  algar^'^  e  S*"" 
da  dita  cidade.  Jilho  que  foy.  de  dom  Johã  a°:  tello  /  /  [de  meneses:  c]onde 
que  fof  de  viana  e  5"'';  de  penella.  miranda  alvito  e  vil  la  nova:  e  neto  que 
foy  de  dÔ  JÕ:  a°:  tello  de  meneses:  conde  que  foy  dourem  e  [da  condessa 
dona  guimar  de  ferreira  sua]  fnolher  bisneta  que  foy  delrey  dÔ  sacho  de 
castella  que  este  moesteiro  edijicarõ:  o  qual  conde  dÕ  p°:  a  dieta  cidade  de 
cep'^  huma  soo  em  africa  per  xrisptãos  possuída  cõ  /  /  [muit]a  descrisçom: 
xxii  anos  governou:  e  contras  mouros  enfiiees  muy  esforcadam^^  defendeo: 
e  os  conquistou,  per  mar  e  per  terra  e  fei  afastar  e  per  força  leixa[r  grande 
parte  dos  termos  delia  onde  por]  sua  defensam:  e  per  a  dieta  conquista  fe\ 
mintas  peleias  em  ellas  sempre  vencedor  e  nunca  vencido:  de  que  a  dieta 
cidade  ouve  sempre  em  seu  tempo  gloria  de  vencim^^  ^^11  mouros  temor  e 
os  dietas  regnas  grande  louvor:  finou  se  em  a  dieta  cidade  xxii  de  setemb° 
com  seu  próprio  entender  bom  e  católico  xptão:  ataa  morte  muy  [esforçado 
cavaleira  a  seu  rey  natu]ral  muy  verdadeira  fiel  e  leal:  anna  de  nosso  senor 
de  mil  iiij'^  xxxvij:  mandou  consigo  lançar  a  condessa  dona  briati\  continha 
sua  molher:  sua  sepultura  / /  mandou  fa\er :  a  muito  honrada  muy  nobre  e 
muy  honesta  senhora  dona  Honor  de  ??ieneses  sua  filha  molher  que  foy  do 
muito  honrado  e  nobre  S*"*  [dom  fernando  filha  da  marques  de  villa  v]içosa: 
a  qual  mandou  com  o  dieta  seu  padre  lançar  a  condessa  dona  tn^^  sua  ma- 
dre, e  assy  ja^em  todas:  nossa  S°''  deus  lhes  queira  perdoar  amen.  // 

A  propósito  deste  túmulo  enviou-me  o  meu  querido  amigo  Visconde  de 
Castilho,  já  hoje  falecido,  estas  curiosas  notícias  que  teve  a  paciência  de  co- 
piar: 

«Por  cartas  de  Santarém  se  tem  a  noticia,  de  que  abrindo-se  no  Mosteiro 
dos  Religiosos  de  Santo  Agostinho,  da  mesma  Villa,  huma  sepultura,  situada 
no  meyo  da  Capella  mór,  em  que  forão  sepultados  o  Conde  de  Ourem  D.  João 
AíFonso  Telles  de  Meneses,  e  a  Condessa  sua  mulher  D.  Guiomar  de  Villa- 
lobos,  bisneta  dei  Rey  D.  Sancho  IV.'  de  Castella,  fundadores,  e  dotadores 
do  dito  Mosteiro,  se  achou  inteiro  o  corpo  da  mesma  Senhora,  e  o  lançol 
em  que  estava  envolto,  incorrupto,  havendo  mais  de  840  annos,  que  he  fa- 
fecida»  (i). 

«Na  semana  passada  se  referio  com  menos  certeza,  haver-se  achado  in- 
teiro o  corpo  da  Senhora  Condessa  de  Ourem  D.  Guiomar  de  Villa-Lobos, 
e  agora  se  soube,  que  a  sepultura,  que  se  abrio,,  não  foy  a  do  Conde  D.  João 
Affonso,  mas  hum  magnifico  mausoleo  de  seu  neto  D.  Pedro  de  Meneses, 
segundo  Conde  de  Vianna,  e  primeiro  Capitão  Governador  de  Ceuta,  onde 


(i)  Gazeia  de  Lisboa,  n.°  24,  de  14  de  Junho  de  1725.. 


\ 


Meneses  1 29 

faleceo  no  anno  1437.  e  como  foy  casado  duas  vezes,  e  ambas  as  mulheres 
sé  sepultarão  com  elk,  se  não  pode  saber  de  qual  será  o  corpo,  que  se  achou 
inteiro.  Presenceou  casualmente  a  sua  abertura  o  Marquez  de  Cascaes  seu 
oitavo  neto»  (i). 

A  este  facto  também  um  escritor  contemporâneo  se  refere,  afirmando  ser 
o  corpo  encontrado  incorrupto  o  da  condessa  D.  Beatriz  Coutinho,  e  contan- 
do-nús  que  ele  esteve  patente  em  uma  das  capelas  da  igreja  por  mais  de  oito 
dias,  em  quanto  se  passou  o  mausoléu  para  debaixo  do  coro  (2). 

Em  campa  raza  no  chão,  ao  lado  do  sepulcro  do  Conde  de  Viana,  com 
figura  gravada  na  pedra,  lê-se:  Aqui  ja^  a  muito  honrada  e  nobre  senhora 
dona  Honor  de  J7ieneses  /  molher  que  foi  do  muy^°  honrado  e  nobre  S°^  dô 
fernando  f°  primo  genjto  do  m^°  honrado  presçado  e  nobre  S^'"  dÔ  fernãdo 
neto  delrej  dô  JÔ  marques  de  /  vila  viçosa  e  côde  daraiolos  filha  do  m^'^ 
honrado  e  nobre  S'""  dõ  /  p°  de  meneses  conde  de  viana  alferes  mor  delrej 
dÕ  eduarte  capitã  e  governador  que  foy  na  cidade  de  cepta  e  almirante 
destes  reg°^  /  finou  em  vij  dias  de  mayo  do  ano  de  nosso  sénior . . .  de  mil 
Illl'  lij.  (3) 

Esta  foi  aquela  D.  Leonor  de  Meneses,  «molher  por  certo  virtuosa,  e  de 
grande  saber»,  a  quem  seu  pai  deixou  por  herdeira  de  todos  os  bens  patri- 
moniais, com  o  especial  encargo  de  ordenar  a  sua  sepultura;  e,  depois  de 
ter  feito  por  êle  celebrar  exéquias  em  Ceuta,  trasladou  seus  ossos  para  a 
igreja  da  Graça  de  Santarém.  Não  se  contentou  a  sua  piedade  filial  só  com 
dar.  sumptuosa  jazida  aos  restos  de  seu  pai.  Quis  também  D.  Leonor  que 
as  suas  acções  ficassem  perpetuadas  na  História,  e  para  isso,  junto  de  Azu- 
rara, encarregado  por  D.  Afonso  V  de  escrever  a  crónica  do  Conde  de  Viana, 
instava  ela  pelo  cumprimento  da  ordem  régia,  e  o  seu  «requerimento  foi  azo 
de  se  isto  melhor  escrever»  (4). 

Por  morte  de  seus  pais  suscitaram-se  dúvidas  entre  D.  Leonor  de  Meneses 
e  sua  irmã  a  condessa  de  Vila  Rial,  D.  Beatriz  de  Meneses;  compuseram-se 
porém  a  fim  de  evitar  demandas  e,  em  Santarém,  a  20  de  Setembro  de  1440, 
outorgaram  numa  escritura  de  partilhas,  a  qual  teve  confirmação  régia  em 
21  de  Outubro  de  1444  (5).     Ainda  ao  tempo  era  D.  Leonor  solteira,  vindo  só 


(1)  Gaveta  de  Lisboa,  n.»  25,  de  21  de  Junho  de  1725. 

(2)  P.  Inácio  da  Piedade  e  Vasconcelos  Historia  de  Saniarem  edificada,  I,  139-140. 

(3)  Esta  sepultura  não  é  mencionada  na  obra  acima  cilada;  a  cópia  da  inscrição  devo-a 
também  ao  meu  falecido  amigo  António  Bernardo  de  Figueiredo. 

(4)  Azurara,  Chronica  do  Conde  D.  Pedro,  págs.  2 ir,  624  e  626. 

(5)  Liv.  3.»  de  Místicos,  fl.  140  v. 

VOL.  I  .  '7 


i3o  Brasões 

a  casar,  em  1447,  com  D.  Fernando,  então  filho  primogénito  do  Marquês  de 
Vila  Viçosa,  como  declara  o  epitáfio  (i),  e  posteriormente  3."  duque  de  Bra- 
gança. 

Já  mencionei,  não  só  as  três  filhas  legítimas  do  Conde  de  Viana,  como 
também  o  seu  único  varão  legitimado  (2),  D.  Duarte  de  Meneses.  Como  seu 
pai  distinguiu-se  êle  nas  guerras  africanas  e  as  suas  façanhas  mereceram  ou- 
trosim  ficar  registadas  em  crónica  especial  escrita  pelo  mesmo  Gomes  Eanes 
de  Azurara  (3),  autor  da  Chronica  do  Conde  D.  Pedro.  Foi  D.  Duarte  de 
Meneses  nomeado  alferes  mor  por  carta  de  6  de  Agosto  de  1444  (4),  por  ou- 
tra de  16  de  Janeiro  de  1459  capitão  e  regedor  de  Alcácer  de  África  (5),  e 
finalmente,  no  princípio  do  verão  de  1460,  em  Santarém,  «com  solene  arenga 
de  seus  serviços  e  merecimentos,  e  com  devida  ceremonia»  o  fez  D.  Afonso  V 
conde  de  Viana  de  Caminha  (6).  A  carta  do  título  foi  passada  na  referida 
vila  de  Santarém  a  6  de  Julho  daquele  ano  (7).  Morreu  o  Conde  de  Viana, 
nos  primeiros  dias  de  Fevereiro  de  1464,  às  mãos  dos  Moiros,  numa  expe- 
dição à  serra  de  Benacofú,  defendendo  a  retaguarda  da  hoste  de  D.  Afonso  V 
que  apressadamente  se  retirava  (8).  Na  obra  citada  encontram-se  alguns 
dados  para  a  biografia  da  condessa  de  Viana,  D.  Isabel  de  Castro,  segunda 
mulher  e  viúva  de  D.  Duarte  de  Meneses.  Deste  consórcio  nasceram,  entre 
outros,  os  i."*  Condes  de  Loulé  e  de  Tarouca. 

V 

CONDADOS   DE    VIANA 

Em  cumprimento  de  promessa  lá  acima  feita,  vou  tratar  de  deslindar  este 
caso,  que  se  tem  prestado  a  confusões. 


(1)  Como  a  carta  do  título  de  Marques  de  Vila  Viçosa  é  de  25  de  Maio  de  1455  e  a 
morte  de  D.  Leonor  teve  lugar  a  7  de  Maio  de  1452,  havemos  de  admitir,  ou  que  o  epitáfio 
só  foi  gravado  alguns  anos  depois  da  morte,  ou  que  o  título  já  estava  concedido  tempos 
antes  de  passada  a  respectiva  carta.     Qualquer  das  hipóteses  é  admissível. 

(2)  Por  carta  de  i5  de  Março  de  1424. — Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.",  fl.  74. 

(3)  Chronica  do  Conde  D.  Duarte  de  Meneses,  no  tom,  lu  da  Collecção  de  livros  inéditos 
de  historia  portuguesa.  Lisboa,  Off.  da  Academia  Real  das  Sciencias,  1793. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  25.°,  fl.  10. 

(5)  Ibidem,  liv.  36.°,  fl.  11. 

(6)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  143, 

(7)  Liv.  3.°  de  Místicos,  fl.  57  v. 

(8)  Critica  e  historia.,  vol.  i,  pág.  3-4. 


Meneses  1 3 1 

Houve  nos  séculos  xiv  e  xv  dois  condados  de  Viana:  o  primeiro  foi  o  de 
Viana  da  Foz  do  Lima,  ou  Viana  de  Caminha;  o  segundo,  o  de  Viana  do 
Alentejo,  ou  Viana  de  apar  de  Alvito. 

Do  primeiro  foram  condes:  i.°  D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  por  carta  de 
I  de  Junho  de  1371,  possuiu  o  condado  até  às  proximidades  de  iSyõ,  em 
que  já  era  conde  de  Arraiolos;  2."  D.  Duarte  de  Meneses,  por  carta  de  3 
de  Julho  de  1460,  possuiu  o  condado  até  morrer,  em  Fevereiro  de  1464; 
3.°  D.  Henrique  de  Meneses,  filho  do  2.°,  é  intitulado  conde  de  Viana  em 
Março  e  Junho  de  1464  e  foi  criado  conde  de  Valença  em  20  de  Julho  do 
mesmo  ano. 

Do  segundo  foram  condes;  i.°  D.  João  Afonso  Telo,  possuia  o  condado 
em  10  de  Abril  de  i^yõ,  não  havendo  a  certeza  de  quando  nele  fosse  inves- 
tido; conservou-o  até  morrer,  em  Janeiro  de  i384;  2."  D.  Pedro  de  Meneses, 
filho  do  1.°,  já  era  conde  de  Viana  em -Maio  de  1433,  apesar  de  só  ter  carta 
do  condado  em  18  de  Abril  do  ano  seguinte;  desfrutou-o  até  à  morte  suce- 
dida a  22  de  Setembro  de  1437. 

Quanto  ao  primeiro  condado,  o  de  Viana  do  Minho,  são  claras  eni  o  de- 
signar as  cartas  da  sua  criação  a  favor  de  D.  Álvaro  e  de  D.  Duarte,  saben- 
do-se  que  o  pouco  tempo  que  D.  Henrique  o  teve,  foi  por  sucessão  a  seu  pai. 
Quanto  ao  segundo,  o  de  Viana  do  Alentejo,  também  não  há  dúvida,  apesar 
de  faltar  a  carta  de  criação  dele  a  favor  de  D.  João  Afonso  Telo;  mas  sa- 
be-se  pela  carta  de  doação,  que  a  vila  de  Viana  dada  em  condado  a  D.  Pedro 
de  Meneses  era  a  pertencente  ás  Capelas  de  D.  Afonso  IV,  e  a  mesma  de 
que  seu  pai,  D.  João  Afonso,  já  fora  conde.  Fica  portanto  o  caso  perfeita- 
mente esclarecido  por  este  documento,  que  já  tive  ocasião  de  citar,  bem  como 
todos  os  outros  até  aqui  apontados. 

Viana  do  Alentejo  havia  pertencido  ao  2."  conde  de  Barcelos,  D.  Martim 
Gil,  e  por  sua  morte,  sucedida  em  fins  de  i3i2  ou  pouco  depois,  tornara 
para  a  Coroa.  Logo  em  seguida,  por  carta  dada  em  Torres  Vedras  a  g  de 
Novembro  da  era  de  i35i  (i3i3),  criou  D.  Denis  vila  a  Viana,  dando-lhe 
por  termo  Alvito,  Vila  Nova,  Vila  Ruiva,  Malcabrão,  Benalbergue  e  Oriola. 
Obrigaram-se  então,  o  concelho  e  moradores  da  nova  vila,  a  fazer  cerca  de 
muro  de  roda  dela,  no  lugar  que  lhes  el  Rei  mandar,  e  que  colha  dentro  a 
fonte  grande  de  que  se  servia  a  povoação.  Deverá  ter  o  muro  quatrocentas 
braças  de  circuito,  uma  de  ancho,  e  em  alto  ser  quanto  poder  atanger  um 
cavaleiro  em  cima  de  um  cavalo  com  uma  lança  de  nove  côvados,  que  não 
possa  ferir  nem  dar  com  ela  a  quem  estiver  entre  as  ameias.  Terão  de 
fazer  a  essa  cerca  três  portas  em  lugares  convinháveis,  e  a  cada  porta  dois 
cubelos  bons,  um  de  uma  parte  da  porta,  outro  da  outra.  Para  a  obra 
dá-lhes  el  Rei  prontamente  mil  libras  de  ajuda,  obrigando-se  o  concelho  a 


i32  Brasões 

meter  logo  mãos  a  fazer  e  lavrar  o  muro,  e  a  não  alçar  dele  mão  até  lhe 
dar  cabo  (i). 

Menos  de  um  ano  depois  fez  D.  Denis  doação  das  vilas  de  Viana  e  Te- 
rena,  que  haviam  sido  do  conde  D.  Martim  Gil,  e  eram  situadas  no  bispado 
de  Évora,  a  seu  filho  primogénito  herdeiro  o  infante  D.  Afonso.  "  A  carta 
foi  dada  em  Lisboa  a  i6  de  Outubro  da  era  de  i352  (i3i4),  e  a  doação  foi 
feita  ao  Infante  para  êle  e  sucessores,  com  a  condição  de  não  poder  dar  as 
vilas  a  ninguém,  salvo  a  sua  mulher  a  infanta  D.  Beatriz  (2). 

Vinte  e  tantos  dias  antes  de  morrer  (3),  em  Lisboa,  a  4  de  Maio  de  iSõy, 
fez  D.  Afonso  IV  doação  a  sua  mulher,  a  rainha  D.  Beatriz,  para  a  sua  ca- 
pela, da  vila  de  Viana  em  Entre  Tejo  e  Guadiana,  com  seus  termos,  padroa- 
dos e  jurisdição  cível  (4).  Um  dos  primeiros  actos  do  reinado  de  D.  Pedro  I 
foi  confirmar,  em  Lisboa,  a  8  de  Junho  do  mesmo  ano  de  lôSy,  à  Rainha 
sna  mãe  a  referida  doação  (6).  Esta  senhora,  no  ano  seguinte,  poisando  em 
Fontelo,  na  comarca  do  Bispo  de  Viseu,  fez,  em  11  de  Janeiro,  doação  entre 
outros  bens  da  vila  de  Viana  à  capela  e  hospital,  que,  juntamente  com  seu 
finado  marido,  havia  ordenado  de  fazer  em  Lisboa  (6). 

Entrou  portanto  nesta  ocasião  a  vila  de  Viana  para  a  posse  das  Capelas 
de  D.  Afonso  IV  e  D.  Beatriz;  mas  nem  sempre  nelas  persistiu  apesar  da 
doação  ter  sido  feita  em  perpetuidade. 

Nas  Capelas  se  conservava  ainda  a  vila  a  20  de  Abril  de  1402  (i364), 
data  de  uma  carta,  na  qual  D.  Pedro  I  mandou  vir  as  apelações  dos  feitos 
cíveis  de  Viana  ao  Provedor  das  Capelas  (7).  Estas  possuíram  a  vila  até  ao 
ano  de  i373,  ou  ainda  por  mais  alguns,  porque  certeza  só  tenho  de  Viana 
constituir  já  o  condado  de  D.  João  Afonso  Telo  em  10  de  Abril.de  1376. 
Saiu  então  pela  primeira  vez  esta  rica  povoação  da  piedosa  instituição  a  que 


( i )  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  1 7.",  fl.  70;  Collecção  dos  Diplomas,  e  mais  documentos 
e  titullos  respectivos  á  instituição,  dotação^  privilégios  das  Cappellas  e  Mercearias  instituhidas 
por  o  Senhor  Rey  de  Portugal  Dom  Affonso  IV.  E  de  sua  Mulher  a  Senhora  Raynha  Donna 
Beatri^,  ms.  hoje  em  meu  poder,  fl.  1 19. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3  °,  fl.  88  v.;  Collecção  cit.,  fl.  1 17  v. 

(3)  D.  Afonso  IV  parece  ter  morrido  339  de  Maio  de  i357,  uma  segunda  feira,  conforme 
declara  o  Chronicon  Conimbricense,  no  qual  se  lê :  «Era  de  mil  CCCXCV.  annos,  feria  II 
XXIX  dias  do  mes  de  Mayo  passou  ò  muy  nobre  è  [de]  boa  memoria  Rey  D.  Afonso  ò. 
quarto,  e  filho  do  muy  nobre  Rey  D.  Denis,  ò  qual  Rey  è  Senhor  nobre  passou  em  a  Cidade 
de  Lixboa,  è  jas  em  a  See  da  ditta  Cidade».  —  Florez,  Espana  sagrada,  XXIII,  346. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  17.°,  de  fl.  64  em  diante  onde  se  encontram  muitos 
documentos  relativos  às  Capelas;  e  cit.  Collecção,  fl  23  v 

(5)  Cit.  Chancelaria,  e  na  Collecção,  fl.  24  v. 

(6)  Chancelaria  cit.,  e  Collecção,  fl.  2'2. 

(7)  Collecção  cit.,  fl.  84. 


Meneses  i3^ 

fora  vinculada,  para  entrar  no  domínio  de  um  protegido  e  parente  da  rainha 
D.  Leonor  Teles.  Pouco  tempo  porem  a  possuiu  ele,  pois  que  tragicamente 
perdeu  a  vida,  assassinado,  em  princípios  de  1884,  pelos  seus  vassalos  de 
Penela,  por  seguir  o  partido  castelhano. 

Havia  Viana  sido  trocada  por  certos  bens,  não  sei  quais,  mas  de  muito 
menor  rendimento  do  que  a  vila,  como  se  infere  da  carta  de  2  de  Abril  da 
«ra  de  1424  (i386)  pela  qual  D.  João  I,  no  arraial  de  sobre  Chaves,  ordenou 
que  às  Capelas  voltassem  e  fossem  restituídos  todos  os  prédios  delas  alhea- 
dos no  reinado  de  D.  Fernando  (i).  Já  então  era  morto,  como  fica  dito,  o 
i."  Conde  de  Viana,  e  no  senhorio  da  vila  parece  ter-lhe  sucedido  sua  mãe, 
a  condessa  de  Ourem  D.  Guiomar,  com  quem  ainda  em  1402  trazia  demanda 
o  Provedor  das  Capelas  (2). 

Meio  século  certo  após  a  morte  do  i.°  Conde  de  Viana,  tornou  esta  vila  a 
ser  desmembrada  das  Capelas,  e  a  formar  novamente  condado,  o  de  D.  Pedro 
de. Meneses,  que  foi  2.-°  Conde  desta  Viana  e  que  Já  com  o  título  se  encontra 
em  documento  de  8  de  Maio  de  1433.  Também  por  pouco  tempo  possuiu 
a  vila  o  2.°  Conde,  que  morreu  a  22  de  Setembro  de  1437,  havendo,  durante 
a  sua  posse,  sido  confirmados  ao  concelho  e  homens  bons  de  Viana  de  Alvito 
todos  os  seus  privilégios,  foros,  liberdades  e  bons  costumes,  por  carta  de  21 
de  Dezembro  de  1484  (3). 

Morto  o  Conde  a  22  de  Setembro,  logo  a  9  do  mês  seguinte  determinou 
el  rei  D.  Duarte  que  a  vila  de  Viana  com  seus  termos,  rendas  e  jurisdições 
fôsse  retornada  às  Capelas  de  D.  Afonso  IV  e  rainha  D.  Beatriz  (4).  Ainda 
desta  vez  porem,  não  ficaram  elas  na  posse  pacífica  da  sua  cobiçada  Viana, 
por  isso  que  D.  Afonso  V,  por  carta  dada  em  Lisboa  a  27  de  Fevereiro  de 
1460,  fez  doação  a  D.  João,  seu  sobrinho,  filho  do  Marquês  de  Vila  Viçosa, 
seu  primo,  da  vila  de  Viana  em  troca  da  renda  dos  tabeliães  de  Lisboa,  a 
qual  era  de  cento  e  dezasseis  mil  e  quinhentos  reais  brancos,  e  de  metade 
da  quinta  das  Ilhas  no  termo  de  Mafra,  no  valor  de  nove  mil  daqueles  reais 
de  renda  (3). 

Pouco  mais  de  um  ano  pertenceria  a  vila  ao  seu  novo  e  último  senhor, 
visto  que  D.  Afonso  V,  por  carta  de  4  de  Setembro  de  1461,  mandou  ao 
Corregedor  da  comarca  de  Entre  Tejo  e  Guadiana,  que  se  não  intrometesse 
na  eleição  de  juízes  feita  em  Viana  nesse  ano  por  Pêro  de  Abreu,  cavaleiro 


(i)  Collecção  cit.,  fl.  86. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  17.»,  fl.  64;  Collecção  cit.,  fl.  21  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  1.°,  fl.  48  v. 

(4)  Cit.  Collecção,  fl.  71  v. 
(5j  Liv.  3.°  de  Místicos,  fl.  53. 


1 34  Brasões 

de  sua  casa  e  alferes  mor  da  bandeira  de  S.-Jorge,  que  tinha  o  cargo  de 
provedor  das  Capelas  (i). 

Algum  tempo  depois  mandou  D.  Afonso  V  expedir  uma  bem  notável 
carta,  da  qual  transcreverei  a  parte  interessante. 

Em  seguida  a  um  longo  preâmbulo,  diz  el  Rei:  «a  nossa  notícia  veio,  que^ 
sendo  a  instituição  das  Capelas  assim  dotada  por  D.  Afonso  IV  e  D.  Beatriz, 
dalgumas  terras  e  possessões  para  seu  mantimedto  e  governança . . .  e  entre 
elas  assim  foi  a  vila  de  Viana  do  Alentejo  com  toda  a  sua  jurisdição;  a  qual^ 
por  ser  muito  boa  e  de  frutos  avondosa,  de  muitos  fidalgos  e  nobres  foi  sem- 
pre desejada,  em  tanto  que  nos  tempos  passados  muitos  deles  requereram 
aos  Reis  de  ante  nós,  que  lhes  fizessem  dela  mercê.  E  pêro  a  alguns  por 
suas  importunidades  tal  mercê  fosse  feita,  e  a  dita  vila  de  Viana  por  vezes 
da  dita  instituição  indevidamente  fosse  desmembrada  e  apartada,  e  lhes  fosse 
outorgada;  vendo  nosso  Senhor  Deus,  que  tal  desmembração  e  apartamento 
contra  serviço  Seu  e  saúde  das  bemaventuradas  almas  do  dito  Rei  e  Rainha 
era  feita,  assim  como  Aquele  que  pode  ferir  e  dar  saúde,  e  de. Cuja  mão 
nenhum  pode  escapar;  querendo-os  da  Sua  vara  ferir  por  seus  indébitos  re- 
querimentos, permitiu  serem  punidos  por  tal,  que,  os  que  depois  viessem, 
pudessem  de.lo  tomar  o  exemplo,  o  que  não  só  por  uma  vez,  mas  por  muitas, 
foi  visto  e  experimentado  em  aqueles  que  o  pediram  em  vida  dei  rei  D.  Fer- 
nando, e  assim  no  tempo  dei  rei  D.  João  e  dei  rei  D.  Duarte.  Pelas  quais 
cousas  os  Reis,  que  a  assim  das  ditas  Capelas  desmembraram  em  seus  tem- 
pos, muito  eram  arrependidos.  E  sendo  assim  a  dita  vila  vaga  em  tempo 
dei  Rei  meu  senhor  e  padre  por  morte  do  conde  D.  Pedro,  que  a  proveu  e 
possuiu,  e  não  sem  muita  e  grande  enfermidade,  o  dito  Rei  meu  padre  a  fez 
logo  às  ditas  Capelas  restituir,  com  tenção  de  nunca  mais  ser  tirada  às  ditas 
Capelas;  e,  tendo  assim  as  Capelas  delia  a  posse,  sendo  nós  com  grande  ins- 
tância requerido  . ...  »  (2). 

Até  aqui  são  idênticos,  nas  duas  fontes  citadas,  os  dizeres  deste  docu- 
mento; d'aqui  em  diante  porém  diferem  muito,  e  a  razão  julgo  ser  esta.  A 
Chancelaria  era  um  registo  oficial ;  para  êle  não  convinha  neste  caso  trazer 
o  nome  de  um  próximo  parente  dei  Rei,  ao  qual,  em  virtude  da  sua  cobiça, 
a  ira  de  Deus  ferira.  Por  isso,  aa  trasladar-se  ali  o  documento,  passou  a 
referência  a  ser  impessoal:  «requerido  depois  de  alguma  outra  pessoa,  etc»; 
na  Collecção  dos  documetitos  das  Capellas  não  tinha  de  haver  o  mesmo  res- 
guardo, e  convinha  até  publicar  o  caso  para,  perpetuando  a  memória  do  cas- 
tigo, afugentar  outros  cobiçosos;  por  isso  se  transcreveu  a  carta  na  íntegra,. 


(i)  C\l.  Collecção,  ^.  iSg. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  ij.»,  fl.  83;  cit.  Collecção,  fl.  140  v. 


Meneses  i35 

■e  como  fora  originariamente  escrita.  Adoptarei  pois  no  restante  da  transcri- 
ção, em  toda  a  parte  em  que  diferir  da  Chancelaria,  a  cópia  da  Collecção  dos 
documentos,  não  só  por  ser  mais  interessante,  mas  também  por  me  parecer 
mais  verdadeira  e  conforme  aos  outros  documentos  lá  em  cima  citados. 

Continuo  pois:  «...  sendo  nós  com  grande  instância  requerido  de  D.  João, 
nosso  muito  amado  sobrinho  (é  o  futuro  Marques  de  Montemor),  que  lhe  dés- 
semos a  dita  vila  de  Viana  em  escambo  por  outra  tanta  renda  em  esta  cidade 
<ie  Lisboa  para  a  dita  instituição  apropriada;  por  nos  parecer  coisa  honesta 
«  fazedoira,  lho  outorgámos,  e,  consentindo  no  dito  escambo,  prouve  ser  feito. 
E,  não  embargando  que  esse  escambo  por  autoridade  ordinária  e  do  prelado 
a  que  pertencia,  e  apostólica  do  Santo  Padre  Pio,  sendo,  que  ora  é,  na  igreja 
de  Deus  presidente,  fosse  confirmado;  não  é  de  duvidar,  depois  da  posse  da 
ílita  vila  por  sua  parte  tomada,  querendo  o  nosso  Senhor  Deus  em  elo  mos- 
trar Seu  milagre,  mui  dorida  e  trabalhosas  enfermidades  padeceu,  sendo-lhe 
dito  por  homens  de  boa  vida,  que  não  leixando  a  dita  vila  não  poderia  delo 
guarecer.  E  havendo  o  dito  D.  João  certa  noticia  das  coisas  que  àqueles, 
que  a  dita  vila  pediram  no  tempo  dos  Reis  ante  nós,  aconteceram,  e  sendo 
«m  verdadeiro  conhecimento  que  suas  enfermidades  e  dores  não  era  somente 
admoestações  de  nosso  Senhor  Deus,  ao  qual  não  prazia  a  dita  vila  ser  tirada 
às  Capelas . . . ,  com  a  carta  do  escambo,  a  confirmação  do  Santo  Padre,  e 
com  todalas  outras  escrituras,  que  sobre  elo  tinha,  por  Fernão  de  Lemos, 
seu  escudeiro,  que  nos  todas  suas  enfermidades  e  paixões  da  sua  parte  con- 
tou, em  a  nossa  vila  de  Santarém,  onde  então  estávamos,  em  nossas  mãos 
mandou  renunciar;  enviando-nos  pedir  por  mercê,  que  pelo  amor  de  Deus 
lhe  outorgássemos,  que  este  lugar  nunca  mais  em  nossos  dias  o  déssemos  a 
alguma  pessoa,  e  que  assim  o  leixássemos  por  benção  a  nossos  filhos  e  her- 
deiros, e  descendentes,  sendo  a  isto  presente  o  infante  D.  Fernando,  meu 
muito  prezado  e  amado  irmão,  e  certos  do  nosso  conselho,*  e  sendo  outrosim 
presente  Pêro  de  Abreu,  cavaleiro  de  nossa  casa  e  nosso  alferes  mor  da  ban- 
deira de  S.  Jorge,  e  provedor  das  ditas  Capelas,  o  qual  sempre  nos  requereu 
que  a  dita  vila  às  ditas  Capelas  não  quiséssemos  tirar,  e  que  a  elo  não  daria 
nunca  seu  prazer  e  consentimento.  E  nós,  vendo  e  considerando  sobre  as 
cousas  iam  maravilhosas  que  o  nosso  Senhor  Deus  tam  milagrosamente  por 
conservação  da  dita  instituição  quis  obrar,  querendo-nos  conformar  com  Sua 
vontade,  que  pelas  coisas  suso  ditas  manifestamente  nos  declarou;  conhe- 
cendo quanto  com  razão  nós,  nem  os  que  depois  de  nós  vierem,  contra  elo 
em  parte  alguma  não  devemos  ir;  desejando  em  todo,  e  por  todo,  em  sua 
posse,  liberdade  e  jurisdição  a  manter,  como  somos  teúdo;  por  esta  presente 
mandamos  e  defendemos  ao  príncipe  D.  João...  e  ao  infante  D.  Fernando, 
duque  de  Viseu  e  de  Beja . . . ,   e  a  todos  os  que  de  nós  descenderem,  sob 


i36 


Brasões 


pena  de  nossa  bênção  e  maldição,  se  o  contrário  fizerem,  que  depois  de 
nossos  dias  não  tentem,  nem  presumam  tentar  mais  o  Senhor  Deus  de  em 
este  caso,  nem  em  coisa  alguma  outra,  que  em  desfazimento,  apartamento,; 
nem  desmembração  das  rendas,  liberdades,  jurisdição  da  dita  instituição  seja;' 
nem  dêem,  nem  consintam  dar,  trocar,  nem  alhear,  nem  escambar  a  dita  vila 
de  Viana,  terras,  possessões,  nem  heranças,  que  à  dita  instituição  pertençam, 
a  nenhuma  pessoa;  porque,  conhecendo  nós  verdadeiramente,  que  a  Deus 
apraz  de  a  conservar  e  manter,  nossa  última  vontade  de  o  cumprir  assim  a 
Ele  prometemos  por  nossa  fé  rial . . .  ». 

Foi  passado  este  notável  documento,  que  atesta  bem  a  fé  viva  e  pura 
crença  daqueles  tempos,  em  Lisboa,  a  2  de  Outubro  de  146 i,e  descíe  então 
conservou-se  Viana  na  posse  das  Capelas  de  D.  Afonso  IV  e  rainha  D.  Bea- 
triz. 

VI 

TELES   DE    MENESES    E    TELES   DA   SILVA 


D.  Beatriz  de  Meneses,  filha  de  D.  Martinho  de  Meneses,  i.°  senhor  de 
Cantanhede,  e  neta  de  D.  Gonçalo  Teles,  conde  de  Neiva,  foi  notável  mulher. 
Casou-a  o  infante  D.  Pedro,  pelos  anos  de  1427,  com  Aires  Gomes  da  Silva, 
cavaleiro  do  seu  conselho  e  regedor  da  casa  da  infanta  D.  Isabel  sua  mu- 
lher (i).  Para  este  casamento  concorreram  também  a  Condessa  de  Neiva  e 
D.  João  I;  a  Condessa,  impetrando  a  carta  -régia  de  17  de  Outubro  de  1429, 
pela  qual  as  terras  de  Azurara  e  Fão,  que  ela  da  Coroa  trazia,  fossem  doadas 
a  sua  neta  D.  Beatriz  de  Meneses  (2);  el  Rei  prometendo-lhe  em  casamento 
quatro  mil  coroas  de  oiro,  pelas  quais  lhe  mandou  pagar  anualmente  qua- 


(i)  «Eu  o  infante  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra,  senhor  de  Montemor,  estando  em  Lis- 
boa, haverá  dois  anos,  comecei  de  tratar  casamento  entre  os  nobres  e  honrados  Aires  Gomes 
da  Silva,  cavaleiro  do  meu  conselho  e  regedor  da  casa  da  Infímta  minha  mulher,  e  D.  Bea- 
triz de  Meneses,  em  o  qual  tratado  eles  se  acordaram  e  convieram  com  certas  condições;  e 
porquanto  por  minhas  ocupações  eu  trigosamente  parti  da  dita  cidade»,  não  se  fez  a  escri- 
tura, a  qual  se  lavrou  em  Lisboa  a  8  de  Outubro  de  1429,  dotando-se  D.  Beatriz  com  sete 
mil  coroas  de  oiro,  entrando  nelas  as  quatro  mil  prometidas  por  el  Rei,  e  estipulando-lhe 
Aires  Gomes  duas  mil  coroas  de  arras,  para  o  caso  de  a  preceder  no  túmulo.  Foi  o  con- 
trato confirmado  pelo  infante  D.  Pedro,  em  Tentúgal,  a  i  5  de  Setembro  de  148 1 ;  por  el  rei 
D.  Duarte,  em  Santarém,  a  i5  de  Novembro  de  i433,  «posto  fosse  feito  em  escritura  depois 
de  consumado  o  matrimónio»,  e  por  D.  Afonso  V,  em  Sintra,  a  12  de  Outubro  de  1450,  para 
D.  Beatriz  haver  as  duas  mil  coroas  das  arras  pelas  terras  de  Aires  Gomes,  «sem  embargo 
delas  estarem  outorgadas  a  outras  algumas  pessoas». —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  11.", 
íl.  26  V. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  ii.°,  fl.  32  v. 


Meneses  iSy 

renta  e  dois  mil  e  oitocentos  e  cinquenta  e  sete  reais  brancos  no  almoxarifado 
<ie  Ponte  de  Lima  (i). 

Aires  Gomes  da  Silva  havia  sido  armado  cavaleiro  em  Ceuta,  após  a 
conquista  da  cidade,  pelo  infante  D.  Pedro  e  veio  a  ser  2.°  senhor  de  Vagos 
em  1484  e  regedor  da  justiça  da  Casa  do  Cível  de  Lisboa  em  1441.  Acom- 
panhou sempre  o  Infante  e  ao  lado  dele  esteve  na  batalha  da  Alfarrobeira, 
a  20  de  Maio  de  1449,  pelo  que  incorreu  na  perda  do  ofício  e  na  confiscação 
dos  bens.  Em  virtude  porem  da  amisade  dispensada  por  D.  Afonso  V  a  sua 
mulher,  mandou  êle,  não  só  expedir,  em  22  de  Abril  de  146 1,  três  cartas  de 
perdão  para  Aires  Gomes  da  Silva  e  seus  dois  filhos,  João  da  Silva  e  Fernão 
Teles,  como  também  fazer  mercê,  por  outra  de  28  de  Julho  de  1453,  de  res- 
tituir a  D.  Beatriz  e  Aires  Gomes  a  terra  de  Vagos  e  outras,  e  ainda,  por 
mais  uma  carta,  de  i3  de  Fevereiro  de  1459,  doar  as  terras  de  Unhão  e  ou- 
tras, que  haviam  sido  também  de  Aires  Gomes,  a  seu  filho  Fernão  Teles  (2). 
Era  então  já  Aires  Gomes  falecido  pois  que,  segundo  o  seu  epitáfio,  morrera 
a  25  de  Maio  de  1454. 

Fora  D.  Beatriz  de  Meneses  aia  da  rainha  D.  Isabel  (3),  mulher  de 
D.  Afonso  V,  e  depois  de  viúva  e  da  morte  da  Rainha,  confiou-lhe  êle  a 
criação  e  educação  de  seus  dois  filhos  (4).  Em  1462  retirou-se  D.  Beatriz 
de  Meneses  da  corte  e  recolheu-se  a  S.  Marcos,  na  freguesia  de  S.  Silvestre 
do  Campo  de  Coimbra,  onde  doara  todos  seus  bens  à  Ordem  de  S.  Jeró- 
nimo, para  no  sítio  fundar  um  convento.  A  D.  Beatriz  deve-se  incontesta- 
velmente a  fundação  do  convento  de  S.  Marcos,  transformado  por  seu  filho, 
o  regedor  Aires  da  Silva,  na  preciosa  jóia  arquitetónica,  ainda  hoje  existente, 
mas  em  lastimável  estado  de  abandono  (5).  Morreu  D.  Beatriz  em  1466, 
antes  de  10  de  Julho  (6),  deixando  dois  filhos  varões:  João  da  Silva  e  Fernão 


(1 )  Carta  de  12  de  Fevereiro  de  1430,  incorporada  noutras. — Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
liv.  ii.°,  fl.  43. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  livs.  11.°,  fl.  20;  10.»,  fl.  19  v.;  e  36.»,  fls.  .58  e  65. 

(3)  Carta  de  57.143  reais  brancos  a  D.  Beatriz  de  Meneses,  aia  que  foi  da  Rainha,  para 
sua  moradia,  vestir  e  tença  que  tinha.  Santarém,  16  de  Abril  de  145 1.  —  Chancelaria  de 
D.  Afonso  V,  liv.  1 1.°,  fl.  20  v. 

(4)  Considerando  os  serviços  de  D,  Beatriz  de  Meneses,  «aia  de  meus  filhos»,  e  de  João 
da  Silva,  do  nosso  conselho,  seu  filho,  etc  .  carta  de  camareiro  mor  do  Príncipe.  Évora,  21 
de  Março  de  1459.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  36.°,  fl.  112  v. 

(5)  Acerca  da  fundação  do  convento  de  S.  Marcos  escrevi  alguns  artigos  no  Jornal  do 
Commercio,  em  Agosto  e  Setembro  de  1903,  os  quais  deverão  entrar  no  vol,  11  da  Critica  e 
historia,  quando  . . .  Deus  quiser. 

(6)  Data  da  carta  de  doação  de  um  conto  de  libras,  por  morte  de  D.  Beatriz  de  Mene- 
ses a  seu  filho  Fernão  Teles,  diploma  incorporado  noutros  è  registado  na  Chancelaria  de 
D.  João  III,  liv.  5 1 .°  de  Doações,  fl.  54. 

VOL.  I  18 


i38 


Brasões 


Teles  de  Meneses.  Do' primeiro  procederam  os  Silvas,  senhores  de  Vagos, 
condes  de  Aveiras  (1640)  e  marqueses  de  Vagos  (1802);  do  segundo  os  Teles 
de  Meneses,  de  que  foram  chefes  os  Condes  de  Unhão  (i63o),  e  os  Teles  da 
Silva  de  que  são  primogénitos  os  Marqueses  de  Alegrete  (1687). 

As  armas  dos  Teles  de  Meneses  da  casa  de  Unhão  são  esquarteladas:  o 

I  e  IV  de  prata,  Hão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho  (SUpo);  o 

II  e  III  de  oiro  liso  (Meneses).  Timbre:  o  lião.  Assim  se  encontram  na 
igreja  do  convento  de  S.  Marcos,  na  sepultura  de  Fernão  Teles;  e  assim  se 
vêem  numa  pedra  hoje  guardada  no  Museu  de  Santarém  e  proveniente  da 
capela  de  S.  Bartolomeu  da  igreja  do  convento  de  S.  Domingos,  onde  estava 
o  túmulo  de  Rui  Teles  de  Meneses,  4.°  senhor  de  Unhão,  e  de  sua  mulher 
D.  Guiomar  de  Noronha. 

As  armas  dos  Teles  da  Silva  da  casa  de  Alegrete  teem  os  quartéis  tro- 
cados, isto  é:  o  I  e  IV  de  oiro  liso  (Meneses);  o  II  e  III  de  prata,  lião  de 
púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho  (Silva).     Timbre:  o  lião. 

Lá  adiante,  no  artigo  dos  Silvas,  terei  muita  ocasião  de  me  referir  aos 
Teles  de  Meneses  e  aos  Teles  da  Silva,  limitando-me  aqui  a  deixar-lhes  in- 
dicada a  origem. 

Recapitulando,  vê-se,  que  de  D.  Tel  Pérez,  i."  senhor  de  Meneses,  pro- 
vieram quatro  ramos  principais: 

I."  —  O  dos  senhores  de  Meneses,  incorporado  na  coroa  de  Castela  pelo 
casamento  de  D.  Maria  de  Molina  com  D.  Sancho  IV. 

2.°  —  O  dos  senhores  de  Alburquerque,  dos  quais  proveio  com  diferente 
'varonia  a  famíKa  portuguesa  de  Albuquerque. 

3.°  —  O  dos  senhores  de  Cantanhede,  de  que  foram  chefes  os  Marqueses 
de  Marialva,  hoje  na  casa  de  Lafões. 

4.°  —  O  dos  Condes  e  Marqueses  de  Vila  Rial,  cuja  progenitura  se  extin- 
guiu no  cadafalso  do  Rossio  a  29  de  Agosto  de  1641,  conservando-se  a  re- 
presentação na  casa  dos  Condes  de  Valadares. 

Por  linha  feminina  foram  notáveis  ramos  do  tronco  dos  Meneses  os  Teles 
de  Meneses  e  os  Teles  da  Silva. 

A  varonia  dos  Meneses  permanece  actualmente  nas  casas  da  Flor  da 
Murta  e  Olhão  (i),  à  primeira  das  quais  pertence  uma  das  minhas  ilustres 
colaboradoras,  que  tam  primorosas  artistas  se  manifestaram. 


(1)  Alêm  destas  duas  casas  ainda  subsistia  a  varonia  dos  Meneses,  quando  primeira- 
mente isto  escrevia,  na  de  Valada;  hoje  porém  extinguiu-se  já  pela  morte,  sucedida  no  ano 
de  1914,  do  3."  Conde  de  Caparica,  com  quem  mantive  inalterável  amizade. 


.  VII 
CASTROS 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  VoI.  I. 


De  oiro,  treze  arruelas  de  azul.  Timbre:  Hão  nascente  de  oiro,  armado 
€  linguado  de  vermelho. 

Assim  se  encontram  estas  armas  no  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  5i,  na 
Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo,  no  Thesouro  da  Nobre\a  de  Fr.  Manuel 
de  Santo  António,  c-53,  etc.  Alguns  autores  carregam  o  lião  com  os  móveis 
do  escudo. 

I 

PARTIDA   PARA  CEUTA 
1415 

No  mosteiro  de  Odivelas,  quinta  feira  18  de  Julho  de  1415  (i),  roída  pela 
peste,  entregou  a  alma  a  Deus  a  virtuosa,  a  querida  rainha  D.  Felipa  de  Lan- 
castre. 

No  Tejo  achava-se  reunida  numerosa  esquadra,  apercebida  de  homens  c 
petrechos  para  empresa  grande  e  desconhecida,  que  preocupava  os  reis  es- 


(i)  Muitos  autores  assinam  o  dia  19  de  Julho,  como  tendo  sido  o  da  morte  da  rainha 
D.  Felipa,  mas  é  erro.  A  data  exacta  do  falecimento  é  a  apontada.  Consta  ela  do  epitáfio, 
Transcrito  por  Sousa  na  pág.  3i  do  vol.  11  da  Historia  genealógica;  consta  também  da  Cró- 
nica da  tomada  de  Ceuta  de  Azurara,  onde  no  cap.  45  é  indicada  em  uma  quinta  feira  pró- 
xima ao  dia  de  Santiago;  e  da  narrativa  de  Mateus  de  Pisano,  á  pág.  35  dos  Gesta  Regis 
Joannis  de  bello  Septensi,  onde  se  declara  ter  a  Rainha  falecido  oito  dias  antes  do  dia  de 
Santiago.  Todos  três  concordam,  pois  que,  tendo  caído  neste  ano  de  1415  o  dia  de  San- 
tiago, 25  de  Julho,  em  uma  quinta  feira,  a  Rainha,  morrendo  no  dia  18  deste  mês,  como  diz 
o  epitáfio,  vem  a  morrer  numa  quinta  feira,  como  assevera  Azurara,  e  oito  dias  antes  do  dia 
de  Santiago,  como  declara  Pisano.  Quanto  ao  lugar  da  morte  sigo  a  Azurara;  mas  pode 
muito  bem  ser,  que  Pisano  tivesse  tido  razão,  pondo-o  em  Sacavém.  O  epitáfio  sb  diz,  que- 
no  dia  seguinte  ao  da  morte  foi  sepultada  em  Odivelas. 


142 


Brasões 


trangeiros  e  os  povos  de  Portugal.  Estes,  convocados  para  ela  por  todo  o 
reino,  acudiram,  moços  e  velhos,  ao  chamamento.  Todos  queriam  parti- 
cipar dos  perigos  e  das  glórias  de  uma  expedição,  comandada  por  el  Rei, 
dirigida  pelos  jovens  e  simpáticos  Infantes,  que  iam  nela  ganhar  as  esporas 
doiradas,  e  patrocinada  pelo  velho  Gondestável. 

O  movimento  era  grartde  na  praia  de  Restelo,  e  não  consta  que  nela 
aparecesse  então  nenhum  velho,  profeta  de  maus  agoiros,  como  aquele  que 
Camões  lá  fez  imprecar,  anos  depois,  contra  a  ambição  dos  homens. 

O  perpassar  de  cavaleiros  e  escudeiros  ricamente^trajados,  seguidos  dos 
seus  pajens,  ou  dos  homens  da  sua  criação  e  libré,  que  vestiam  as  suas  cores 
e  traziam  alçados  os  seus  estandartes;  o  canto  plangente  das  trovas,  com 
que  na  praia  os  mesteirais  acompanhavam  a  sua  lida;  o  vaguear  dos  besteiros 
do  conto  tam  diversamente  corregidos,  conforme  eram  as  librés  da  cidade, 
vila  ou  couto,  a  que  pertenciam;  a  faina  dos  petintais  e  galeotes,  quer  nos 
batéis,  que  de  contínuo  em  direcções  opostas  sulcavam  o  rio,  quer  a  bordo, 
dando  a  última  demão  no  apercebimento  das  embarcações,  e  sempre  acom- 
panhada da  inevitável  gritaria  da  gente  marítima;  o  doidejar  das  bandeiras 
e  estandartes,  em  que  se  ostentavam  todas  as  cores  vistosas,  e  que  profusa- 
mente guarneciam  os  mastros;  a  nota  aguda  duma  ou  doutra  trombeta,  quer 
a  bordo,  quer  em  terra,  levantando-se  acima  de  todas  as  bulhas,  para  dar 
algum  sinal,  alguma  ordem;  todo  este  conjunto  de  cores  vivas  e  brilhantes, 
de  sons  diversos  e  discordes,  alumiado  e  aquecido  pelo  nosso  sol  de  Julho, 
que  se  reflectia  no  espelho  do  incomparável  Tejo,  dava  ao  quadro  um  tom 
alegre  e  festival,  que  tornava  todas  as  fisionomias  radiantes. 

Eis  que  o  dobre  fúnebre  dos  sinos  de  Odivelas,  transmitido  de  torre  em 
torre,  ecoando  pela  praia,  faz  empalidecer  todos  os  rostos,  leva  as  lágrimas 
a  todos  os  olhos,  pára  todos  os  trabalhos.  Até  o  ceu,  participando  da  dor 
geral,  durante  duas  horas  eclipsa  o  brilho  do  sol,  deixando  cair  sobre  o  reino 
lutuosas  trevas  (i). 

jA  Rainha  morreu!  *  * 

Não  era  só  o  marido  e  os  filhos,  que  a  amavam.  Todos,  nobres  e  arraia 
miúda,  ricos  e  pobres,  adoravam  a  virtuosa  D.  Felipa,  o  espelho  da  liai  con- 
sorte, da  boa  mãe. 

E  ela,  coitada!  que  tanto  desejo  tinha  na  execução  da  empresa;  ela,  que 
tanto  ansiava  por  ver  os  filhos  armados  cavaleiros  em  seguida  a  feitos  glo- 
riosos, praticados  em  expedição,  que  levava  em  mira,  não  só  o  aumento  do 
reino,  como  o  derramamento  da  Fé;  ela,  prostrada  no  leito,  conhecendo  a 


(i)  Pisano  e  Azurara  referem-se  a  este  eclipse,  que  contudo  não  encontro  mencionado 
na  tábua  cronológica  (ios  eclipses,  na  Art  de  vérifier  les  dates. 


Castros  14? 

morte  próxima,  sabendo  que  na  volta  não  abraçaria  os  filhos,  ainda  teve 
ânimo,  a  mulher  cristã  e  forte,  para  preguntar  d'onde  soprava  o  rijo  vento 
•que  sentia,  e  para  dizer  aos  filhos,  que,  sendo  do  norte  como  era,  soprava 
de  feição,  e  poderiam  partir  no  dia  de  Santiago,  d'ali  a  oito  dias.  ,i- 

A  moribunda  marcou  a  data.  y 

Com  ânimo  verdadeiramente  varonil,  não  se  deixaram,  el  Rei  e  rfs  In- 
fantes, subjugar  pela  dôr;  e  posto  que  no  conselho  se  dividissem  os/votos, 
D.  João  I  ordenou  os  aprestos  para  a  jornada.  Mandou  largar  o  liito  aos 
filhos  para  todos  os  imitarem,  pois  que  as  empresas  militares  não  se^querem 
com  choros  e  trajos  de  dó,  mas  sim  acompanhadas  de  folgares  e  liizimento. 

Assim  o  executaram  os  Infantes  logo  que  chegaram  à  galé  de  S.  Henri- 
que, onde,  envergando  as  suas  mais  vistosas  roupas  e  mandando  erabandeirar 
toda  a  embarcação,  ordenaram  às  trombetas  tocassem  alegre  e  rijamente,  a 
fim  de  serem  ouvidas  de  toda  a  esquadra. 

Era  domingo,  e  o  calor  excessivo.  Nas  cobertas  de  seus  navios,  fecrean- 
do-se  à  sombra  com  jogos  e  folgares  sisudos,  como  requeri^  a  sua  dôr,  es- 
tavam os  expedicionários,  fugindo  a  Lisboa,  onde  a  peste  grassava  com  in- 
tensidade. De  repente  ouvem-se  os  sons  alegres  e  ruidosos  das  trombetas. 
Sobem  aos  tombadilhos,  e  vêem  a  galé  do  infante  D.  Henrique  toda  emban- 
deirada. íQue  será?  Aproximam-se  nos  batéis,  todos  pressurosos,  para 
saberem  a  novidade,  que,  apenas  divulgada,  afugenta  as  tristezas.  Em  breve 
todas  as  embarcações  imitam  a  galé  do  Infante,  e  embandeiradas,  ao  som 
das  trombetas  e  charamelas,  que  não  cessavam  de  tanger,  festejam  a  tam 
desejada  ordem  para  a  partida. 

Assim  que  constou  na  praia,  aonde  concorrera  muita  gente  aos  primeiros 
sinais  estranhos,  espalhou-se  a  notícia  até  Lisboa,  onde  logo  se  apregoou  a 
determinação  dei  Rei,  afim  de  todos  se  aprontarem  para  na  terça  feira  es- 
tarem a  bordo  das  suas  embarcações. 

De  Alhos  Vedros,  onde  D.  João  I  permanecia  desde  os  primeiros  dias  da- 
doença  de  D.  Felipa,  e  para  onde  se  retirara  forçado  pelos  filhos,  a  fim  de 
fugir  ao  contágio,  veio  el  Rei  na  terça  feira  (i),  na  galé  do  Conde  de  Bar- 
celos, pernoitar  em  frente  de  Restelo. 

Na  noite  de  terça  para  quarta,  que  era  de  luar,  recresceu  o  movimento. 
Tudo  se   punha  prestes.     Os   recêm-vindos   entraram  para   a  esquadra;  o 


(i)  Azurara,  na  cit.  Crónica,  não  traz  certas  as  férias  em  relação  ao  mês  e  ano,  em  que 
estes  factos  se  deram,  adiantando  um  dia.  A  esquadra  partiu  do  Tejo  direito  a  Ceuta  no 
dia  de  Santiago,  25  de  Julho  de  141 5,  o  qual,  neste  ano,  caiu  em  uma  quinta  feira;  pois  Azu- 
rara, nos  princípios  dos  caps.  5o  e  5i,  designa-o  como  sexta  feira.  Em  idêntico  equívoca 
incorreu  Pisano,  na  pág.  39  dos  Gesta,  chamando  sábado  ao  dia  seguinte  ao  da  partida. 


144  Brasões 

resto  das  armas,  dos  petrechos,  dos  mantimentos,  foi  transportado  para 
bordo. 

Na  quarta  feira  de  manhã  el  Rei,  já  na  sua  galé,  mandou  levantar  ferro 
para  -ir  fundear  um  pouco  mais  abaixo,  defronte  de  Santa  Caterina  de  Riba- 
mar, a  fim  de  com  este  movimento  se  apressar  o  embarque. 

A  final,  no  dia  seguinte,  quinta  feira  25  de  Julho  de  1416,  dia  de  San- 
tiago, mandou  D.  João  I  às  trombetas  da  sua  galé,  que  dessem  o  sinal  da 
partida. 

Nesta  esquadra  ia  para  a  conquista  de  Ceuta  a  flor  da  cavalaria  e  nobreza 
de  Portugal.  Os  cronistas  conservaram-nos  os  nomes  dalguns  dos  nobres 
barões,  e  nas  listas  encontram-se  nomeados  D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  e  seu 
filho  D.  Pedro  de  Castro. 

n 

LINHAGEM 

^Quem  era  este  D.  Álvaro  Pires  de  Castro? 

Era  sobrinho  de  outro  D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  conde  de  Arraiolos  e 
progenitor  dos  Castros  de  seis  arruelas,  e  filho  de  seu  meio  irmão  D.  Fer- 
nando de  Castro,  conde  de  Lemos  e  de  Trastâmara,  e  de  Mília  Gonçalves, 
senhora  de  Assequins. 

Sobre  a  filiação  deste  D.  Álvaro  Pires  de  Castro  tem  havido  dúvidas, 
que  se  desvanecem  com  a  leitura  do  extracto  da  carta  de  doação  de  Asse- 
quins, na  fl.  120  do  livro  i."  da  Chancelaria  de  D.  João  1.  Aí  lê-se:  «Carta 
de  doação  a  Mília  Gonçálvez,  madre  de  D.  Álvaro  Pírez  de  Castro,  do  lugar 
de  Assequins  pela  guisa  que  o  ella  havia  delrei  D.  Fernando  . . .  ».  Foi  dada 
em  Coimbra,  a  11  de  Abril  da  era  de  César  de  1428,  ano  de  Cristo  de  i385. 

Conhecida  a  mãe  de  D.  Álvaro,  com  sobrados  fundamentos  se  lhe  pode 
nomear  por  pai  ao  conde  D.  Fernando.'  Em  primeiro  lugar  provam-no  as 
armas  de  que  D.  Álvaro  usou,  as  mesmas  do  Conde  e  diferentes  das  dos 
outros  Castros;  em  segundo  lugar  a  protecção  pelo  infante  D.  João  dispen- 
sada a  Mília  Gonçalves,  o  que  se  compreende  tendo  ela  sido  concubina  de 
seu  tio  D.  Fernando  de  Castro.  Consta  a  protecção  do  Infante  do  extracto 
da  carta  de  confirmação  das  rendas  e  direitos  reais  do  lugar  de  Assequins 
a  favor  de  Mília  Gonçalves,  para  que  os  recebesse  «assim  como  o  ella  avia 
em  tempo  dei  Rei  D.  Fernando  e  do  infante  D.  João».  Foi  dada  esta  carta 
em  Lisboa  a  19  de  Agosto  da  era  de  1422,  ano  de  Cristo  de  1384,  e  está 
registada  no 'mesmo  livro  a  fl.  ib  v. 

Durante  a  primeira  guerra  de  D.  Fernando  com  D.  Henrique  II  de  Cas- 
tela, de  1369  a  1371,  permaneceu  o  Conde  de  Lemos  por  vezes  em  Portugal, 


Castros  145 

e  frequentou  muito  esta  corte  (i),  sendo  então  provavelmente  que  lhe  nasceu 
aquele  filho. 

Para  D.  Álvaro  Pires  de  Castro  ser,  como  alguns  querem,  dos  Castros 
de  Fornelos,  galegos,  opõe-se  terminantemente  o  título  de  dom,  que  não  havia 
a  esse  tempo  nos  supostos  descendentes  daquela  casa;  e  as  armas,  pois  que 
aqueles  Castros  usaram  somente  de  seis  arruelas. 

Sendo,  como  estou  persuadido,  D.  Álvaro  Pires  de  Castro  filho  de  D.  Fer- 
nando de  Castro,  conde  de  Trastâmara,  Lemos  e  Sárria,  pertencia  a  uma 
das  mais  ilustres  e  antigas  casas  de  Espanha,  tam  ilustre,  que  mereceu  ser 
considerada  um  dos  cinco  grandes  solares  de  Castela. 

D.  Álvaro  Pires  de  Castro  foi  senhor  das  Alcáçovas  e  dos  seus  reguen- 
gos, como  consta  de  uma  carta  abaixo  citada,  e  por  outra,  dada  a  14  de 
Março  de  1433  e  confirmada  a  3o  de  Março  de  1439,  na  qual  é  intitulado 
vassalo,  foi-lhe  feita  mercê  das  rendas  e  direitos  dos  Judeus  de  Évora  (2). 
Casou  com  D.  Maria  Lobo,  irmã  de  Diogo  Lopes  Lobo  (3),  i.°  senhor  de 
Alvito  e  Vila  Nova,,  e  dela  teve  estes  filhos : 

i.°  —  D.  Pedro  de  Castro.  Foi  senhor  das  terras  de  Benviver  e  Sul  e  da 
quinta  de  Roriz,  no  julgado  de  Lafões,  bens  que  o  infante  D.  Henrique,  de 
quem  fora  criado,  lhe  doou  em  valia  de  cinco  mil  coroas  de  oiro,  que  lhe 
prometera  em  casamento  com  D.  Caterina,  filha  de  Joane  Mendes  de  Vas- 
concelos, doação  confirmada  por  D.  João  I  por  carta  dada  em  Almeirim,  a 
16  de  Janeiro  de  1424  do  Nascimento  (4).  Esta  doação  do  Infante  não  foi 
inteiramente  graciosa.  Ele  prometera  a  Joane  Mendes  de  Vasconcelos  dar 
a  D.  Pedro  de  Castro,  em  casamento  com  sua  filha,  as  referidas  cinco  mil 
coroas  em  herdades,  elevando  até  àquela  quantia  o  dote  dado  ao  filho  por 


(i)  Conde  D.  Fernando,  senhor  de  Castro,  doação  de  Mirandela  e  Aguiar  de  Pena,  na 
era  de  1410  (1372).  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  91.  —  Doação  a  Gonçalo  Teles 
da  terra  de  Aguiar  de  Pena  que  trazia  o  conde  D,  Fernando.  Leiria,  22  de  Outubro  de  1410 
(1372).  Ibidem,  fl.  114. 

(2)  Chancelaria  de  D,  Duarte,  liv.  i.°,  fl.  46. 

(3)  D.  Afonso  V  por  carta  dada  em  Toro,  a  19  de  Maio  de  1476,  fez  mercê  a  Rui  Lobo, 
cavaleiro  e  criado  do  infante  D.  Henrique,  em  satisfação  dos  seus  serviços  em  Tânger  e  nas 
tomadas  de  Alcácer  e  de  Arzila,  e  sem  embargo  de  ser  bastardo,  das  mesmas  honras  e  liber- 
dades e  privilégios  que  seu  pai  e  seus  parentes  tinham,  e  as  mesmas  lhe  outorga  para  seus 
filhos.  Declara  que  Rui  Lobo  era  homem  fidalgo  e  de  linhagem,  filho  de  Estêvão  Fernandes 
Lobo,  irmão  de  Diogo  Lopes  Lobo,  já  falecido,  e  da  mulher  de  D.  Álvaro  de  Castro,  também 
já  falecida,  mãe  que  fora  de  D.  Diogo  de  Castro,  o  Velho.  D.  João  II  confirma  esta  carta, 
em  Évora,  a  10  de  Março  de  1491,  a  Fernão  Lobo,  filho  de  Rui  Lobo,  —  Místicos,  liv.  2.", 
fl.  144. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  4.",  fl.  71  v. 

voL.  I  19 


146  .  Brasões 

D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  cedendo-lhe  este  o  lugar  das  Alcáçovas,  com 
todos  os  seus  reguengos  e  direitos,  dos  quais  D.  João  I  fez  doação  ao  Infante 
por  carta  lavrada  dois  dias  depois,  a  18  de  Janeiro  (i).  A  mulher  de  D.  Pe- 
dro de  Castro,  à  qual  os  nobiliários  dão  erradamente  o  nome  de  Tareja,  era 
filha  de  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  4.°  senhor  do  morgado  de  Soalhães, 
e  de  sua  mulher  D.  Leonor  Pereira.  D.  Pedro  de  Castro  foi,  por  este  casa- 
mento, progenitor  dos  Castros,  almirantes  do  reino  e  posteriormente  condes 
de  Resende  (19  de  Junho  de  1754),  e  doutros  ramos  nos  quais  a  varonia  está 
extinta.  •    " 

2.°  —  D.  Álvaro  de  Castro.  Foi  fidalgo  da  casa  do  infante  D.  Henrique 
e  com  três  dos  seus  irmãos  acompanhou-o  na  desgraçada  expedição  de  Tân- 
ger de  1437.  Prometeu-lhe  o  Infante  cinco  mil  dobras  em  casamento,  e  para 
lhas  pagar  doou-lhe  as  saboarias  pretas  de  Évora  e  vários  lugares  do  Alen- 
tejo, doação  ratificada  por  D.  Duarte,  em  Montemor  o  Novo,  a  19  de  Janeiro 
de  1435,  e  confirmada  por  D.  Afonso  V,  em  Évora,  a  10  de  Janeiro  de 
1462  (2).  A  noiva  era  D.  Isabel  Pereira,  filha  de  Diogo  Pereira,  comendador 
mor  da  Ordem  de  Santiago  e  governador  da  casa  do  infante  D.  João,  e  de 
sua  mulher  Maria  de  Resende.  Esta  senhora,  por  escritura  feita  nas  Alcá- 
çovas, nos  paços  do  genro,  a  i  de  Janeiro  de  1442,  dotou  sua  filha  com  duas 
mil  dobras  em  casamento,  estando  este  já  efectuado  desde  princípios  de 
1435  (3).  D.  Álvaro  de  Castro  já  era  falecido  em  12  de  Janeiro  de  1463. 
Foi  progenitor  dos  alcaides  mores  do  Torrão,  condes  de  Mesquitela  (carta 
de  14  de  Maio  de  i658),  título  extinto  em  1674;  de  diversos  ramos  com  casa 
na  índia,  de  um  dos  quais  proveio  o  moderno  Conde  de  Nova  Goa  (1864); 
dos  alcaides  mores  do  Sabugal  e  Alfaiates  (23  de  Outubro  de  1485),  senhores 
de  Lanhoso  e  outras  terras,  passando,  por  extinção  dos  Castros,  para  uns 
Meneses  e  depois  para  os  Castelos  Brancos,  condes  do  Sabugal  (4). 

?.°  —  D.  Fernando  de  Castro,  o  Cegonho,  foi  governador  da  casa  do  in- 
fante D.  Fernando,  pelejou  no  malogrado  cerco  de  Tânger  de  1437  e  foi  dez 
anos  depois,  com  o  secretário  Rui  Galvão,  por  ordem  de  D.  Afonso  V,  levar 
ao  infante  D.  Pedro  as  condições  da  concórdia  com  o  Duque  de  Bragança,  de 
quem  D.  Fernando  era  parcial  (5).     Morreu  solteiro  e  sem  filhos. 

4.°  —  D.  Fradique  de  Castro,  o  Tagarote,  também,  como  seu  irmão,  ser- 
viu em  Tânger  em  1437,  mas,  ao  contrário  dele,  foi  parcial  do  infante  D.  Pe- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.»,  fl.  72. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.",  fl.  47  v. 

(3)  Archivo  histórico  portugue:^,  IV,  3o. 

(4)  Sepulturas  do  Espinheiro^  págs.  22,  37  e  59. 

(5)  Rui  de  Pina,  Crónica  de  D.  Afonso  F,  pág.  369. 


Castros  147 

dro  a  quem  aconselhou  a  não  sair  de  Coimbra  e  evitar  vir  aceitar  batallia  de 
D.  Afonso  V(i).  Casou  com  D.  Beatriz  de  Vasconcelos,  filha  de  Joane 
Mendes  de  Vasconcelos,  4.°  senhor  do  morgado  de  Soalhães  e  matou-a  (2), 
depois  de  ter  tido  dela,  alem  de  duas  filhas  freiras,  a  um  filho  que  morreu 
sem  geração.  Tornou  a  casar  com  D.  Mecia  da  Silveira,  filha  de  Nuno  Mar- 
tins da  Silveira,  escrivão  da  puridade  dei  Rei  D.  Duarte.  Deste  casamento 
não  houve  sucessão. 

5.°  —  D.  Diogo  de  Castro  foi,  na  sua  família  e  por  carta  de  20  de  Maio 
de  1475,  o  i.°  capitão  da  gente  de  guerra  da  cidade  de  Évora  (3).  Servia 
então  na  guerra  da  invasão  de  Castela,  durante  a  qual  acompanhou  o  Conde 
de  Penamacor  na  empresa  de  Baltanas.  Foi  bisavô  de  D.  Fernando  de  Cas- 
tro a  quem  Felipe  I,  em  Évora,  a  24  de  Fevereiro  de  i583,  fez  conde  de 
Basto,  considerando  os  serviços  «que  particularmente  D.  Diogo  de  Castro, 
seu  pai,  que  Deus  haja,  e  êle  me  fizeram».  A  carta  do  título  foi  só  passada 
a  12  de  Setembro  de  i585,  e  dela  consta  o  acima  dito  e  mais  ainda  que  o 
condado  era  constituído  pela  vila  de  Celorico  de  Basto,  «a  qual  por  uma  pro- 
visão houve  por  berrt  que  daqui  em  diante  se  chamasse  Basto»  (4).  O  título 
de  conde  de  Basto  extinguiu-se  em  1642  por  morte  do  3."  conde,  D.  Lourenço 
Pires  de  Castro,  e  a  casa,  depois  de  em  1689  se  extinguir  toda  a  descen- 
dência do  2.°  conde,  D.  Diogo  de  Castro,  veio  a  passar,  por  sentença  de  19 
de  Janeiro  de  1773,  a  D.  José  de  Meneses  da  Silveira  e  Castro,  senhor  dos 
morgados  de  Caparica  e  Paíameira,  e  avô  do  2."  Marquês  de  Valada,  falecido 
em  i5  de  Outubro  de  1895,  último  possuidor  dos  velhos  paços  de  S.  Miguel, 
em  Évora,  residência  dos  Condes  de  Basto,  antigos  capitães  daquela  ci- 
dade (õ). 

6.°  e  7.°  —  Duas  filhas  casadas  com  fidalgos  galegos. 

Vê-se  pois  não  terem  os  Castros  de  treze  arruelas  desmerecido,  para  com 
os  de  seis,  nem  no  esplendor  da  origem,  que  era  a  mesma,  nem  no  lustre 
dos  ramos  deles  derivados. 


(i)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D,  Afonso  V^  pág.  401. 

(2)  Nobiliário  quinhentista,  pág.  55,  n.»  xxiii. 

(3)  Liv.  5.»  de  Odiana,  fl.  iS;  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Felipe  I,  liv.  i5.»  de  Doações,  ti..  i65. 

(5)  Sepulturas  do  Espinheiro,  págs.  6  e  7. 


VIII 
CUNHAS 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  I. 


De  oiro,  nove  cunhas  de  azul.  Timbre:  grifo  (sem  azas),  nascente,  de 
oiro,  linguado  de  vermelho,  carregado  sobre  o  peito  dos  móveis  do  escudo. 

Assim  se  encontram  estas  armas,  sem  diferença  nenhuma  no  escudo,  no 
Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  5i  v.,  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo,  no 
Thesonro  da  Nobre;{a  de  Francisco  Coelho,  fl.  40,  no  Thesouro  da  Nobre:{a 
de  Fr.  Manuel  de  Santo  António,  c-108,  etc. 

Quanto  ao  timbre  porem  está  errada  a  pintura  da  sala  de  Sintra.  Ele 
é  um  grifo  nascente  de  oiro,  alado  de  azul,  semeado  de  cunhas  de  um  no 
outro.  O  semeado  de  cunhas  tem  sido  modernamente  modificado,  e  redu- 
zido a  três  cunhas  no  peito,  e  três  em  cada  uma  das  azas. 

I 

O  ALCAIDE   MOR   DE   CELORICO   DE   BASTO  ^ 

Em  Lisboa,  a  16  de  Fevereiro  de  1279,  morre,  arrependido  e  humilhado 
ante  o  clero,  D.  Afonso  III,  o  que  fora  conde  de  Bolonha  e,  auxihado  pela 
mesma  classe  ante  que  se  curvava  agora,  usurpara  a  coroa  de  Portugal  a  seu 
irmão  D.  Sancho  II. 

Nesse  próprio  dia  foi  proclamado  rei  seu  filho  D.  Denis,  que,  durante 
poucos  dos  primeiros  meses  do  seu  reinado,  tolerou  uma  certa  ingerência 
nos  negócios  do  reino  a  sua  mãe,  a  rainha  D.  Beatriz.  Era  a  viúva  filha  de 
D.  Afonso  X  de  Castela  e  de  D.  Mayor  Guillen,  senhora  de  Alcócer,  filha 
do  rico  homem  D.  Guillen  Pérez  de  Gusman.  Casara  em  i253,  sendo  muito 
nova,  com  Afonso  III,  ainda  em  vida  de  sua  primeira  mulher,  a  condessa 
Matilde.  Entre  os  bens  com  que  se  constituíram  as  arras  da  jovem  rainha, 
compreendeu-se  o  apréstamo  da  terra  e  castelo  de  Celorico  de  Basto. 

Em  1281  era  alcaide  mor  deste  castelo  Martim  Vasques  da  Cunha,  5."  se- 


i52  Brasões 

nhor  da  honra  do  Julgado  da  Tábua,  senhor  de  metade  da  freguesia  de  S.  Mi- 
guel da  Cunha,  e  cavaleiro  de  ilustríssimo  nascimento  e  de  briosas  façanhas. 

Por  motivo  ignorado  quis  então  o  Alcaide  mor  largar  o  castelo  (i).  Di- 
rigiu-se  à  Rainha  e  esta  disse-lhe,  que  só  seu  filho  el  rei  D.  Denis  lhe  poderia 
levantar  a  menagem. 

D.  Denis,  apesar  das  repetidas  instâncias,  não  deferia  o  requerimento  a 
fim  de  prejudicar  um  cavaleiro,  que  doestara  a  seu  antigo  preceptor,  o  có- 
nego de  Évora,  Domingos  Anes  Jardo,  muito  privado  dei  Rei,  e  que  a  esse 
tempo  Já  deveria  ser  seu  chanceler  mor,  pois  recebeu  os  selos  em  19  de 
Julho  de  1281. 

Despeitado,  o  Alcaide  mor  deixa  Celorico  entregue  ao  Alcaide  nienor,  e 
sai  a  consultar  sobre  o  modo,  como  poderia  largar  o  castelo,  sem  faltar  ao 
preito  e  homenagem  Jurados. 

Percorre  a  Alemanha,  a  Lombardia,  a  Inglaterra,  a  França,  a  SicíHa,  a 
Navarra,  o  Aragão,  a  Castela  e  o  Lião,  expondo  o  seu  caso  a  todos  os  reis, 
príncipes,  duques,  condes,  altos  senhores,  e  fidalgos,  e  colhendo  os  seus  pa- 
receres assinados  e  reconhecidos  pelos  notários  das  diferentes  localidades. 


(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  na  5.»  parte  da  Monarchia  lusitana,  liv.  i6.°>  cap.  28,  conjec- 
tura que  Martim  Vasques  da  Cunha  percorria  em  Setembro  de  1282  as  diferentes  cortes  es- 
trangeiras, consultando  sobre  o  modo  por  que  largaria  o  castelo  a  el  Rei,  que  o  não  queria 
receber.  Conjectura  mais,  que  a  insistência  do  Alcaide  mor  procedia  do  desejo  de  se  reunir 
às  forças,  pela  rainha  D.  Beatriz  levantadas  então  para  ir  em  auxílio  de  seu  pai,  o  que  cer- 
tamente explicaria  a  recusa  de  D.  Denis,  aliado  dos  revoltosos.  Os  documentos  porem  não 
me  deixam  aceitar  as  conjecturas  do  douto  Cisterciense.  A  revolta  contra  Afonso  X,  dirigida 
pelo  Infante  herdeiro,  e  coadjuvada  por  toda  a  família  rial  e  pelo  maior  número  dos  fidalgos 
e  povos  castelhanos,  manifestou-se  claramente  nos  princípios  do  ano  de  1282,  e  ameaçado- 
ramente nas  cortes  de  Valhadolid  em  Abril  do  próprio  ano.  Anterior  a  este  tempo  não  se 
pode  supor  em  D.  Beatriz  o  propósito  do  auxílio  ao  pai,  e  até,  só  em  Junho,  é  que  se  come- 
çam a  encontrar  vestígios  dos  aprestos  da  Rainha  para  a  jornada,  não  constando  o  apareci- 
mento em  Sevilha  dos  primeiros  fidalgos  auxiliares,  senão  em  princípios  de  Novembro  deste 
ano  de  1282.  Ora,  por  carta  de  9  de  Setembro  desse  mesmo  ano  de  1282,  arrendou  D.  Denis 
a  terra  e  castelo  de  Celorico  de  Basto  a  Martim  Joanes  em  sua  vida  (o  que  exclui  a  quali- 
dade de  provisório,, que  o  cronista  supõe  a  este  contrato)  pela  renda  anual  de  210  maravedis 
velhos,  com  a  obrigação  do  rendeiro  pôr  no  castelo  um  cavaleiro,  ou  um  escudeiro  fidalgo, 
que  vença  Soo  soldos  {Chancelaria  de  D.  Denis,  hv.  i.%  ú.  54  v.).  Por  aqui  se  vê,  que  nesta 
data  havia  Martim  Vasques  abandonado  definitivamente  o  castelo;  mas  há  mais  ainda.  Um 
mês  antes,  em  i  de  Agosto,  já  Martim  Vasques  não  residia  em  Celorico,  e  comparecia  ante 
João  Soares,  ouvidor  «em  logo  da  corte»,  que  o  demandava  em  juizo  sobre  a  demarcação 
da  metade  da  terra  da  Cunha,  que  era  regalenga  (Liv.  2."  de  Direitos  reaes,  fl.  241  V.).  Em 
conclusão :  sendo  materialmente  impossível  a  Martim  Vasques  percorrer  nos  quatro  meses 
que  vão  de  Abril  a  Agosto,  os  países  por  êle  visitados,  se  os  visitou  a  todos,  forçoso  é  admitir 
que  a  sua  partida  foi  anterior  à  manifestação  da  revolta  em  Castela,  e  que  portanto  o  motivo 
da  sua  resolução  não  foi  o  desejo  de  socorrer  a  D.  Afonso  X. 


Cunhas  i53 

Munido  destes  documentos,  os  quais,  coisa  singular,  eram  todos  concordes,  e 
entre  eles  se  contavam  os  conselhos  de  bastantes  fidalgos  portugueses,  voltou 
Martim  Vasques  da  Cunha  a  Celorico  de  Basto. 

Entrou  no  castelo  e  meteu  lá  «huum  gallo  e  a  galinha  e  gato  e  cam  e  sal 
e  vinagre  e  azeite  e  pam  e  farinha  e  vinho  e  agua  e  carne  e  pescado  e  fer- 
radura e  cravos  e  beesia  e  seetas  e  ferro  e  baraço  e  lenha  e  moos  e  alhos  e 
çebollas  e  escudo  e  lamça  e  cuytello  ou  espada  e  capello  ou  capellina  e  car- 
vom  e  folies  de  ferreyro  e  fozil  e  isca  e  pederneira  e  pedras  per  cima  do 
muro».  Em  seguida  acendeu  o  lume  em  uma  das  lareiras,  e  mandou  sair  a 
todos,  ficando  unicamente  êle  dentro  do  castelo.  Depois  aferrolhou  e  tapou 
todas  as  portas,  e  subiu  à  muralha,  levando  uma  corda,  com  um  cesto  atado 
numa  das  extremidades.  Passou  a  corda  em  volta  de  uma  das  ameias,  dei- 
xando cair  as  duas  pontas  para  o  lado  de  fora  da  muralha.  Então,  agarran- 
do-se  com  ambas  as  mãos  à  ponta  mais  comprida,  salta  para  dentro  do  cesto 
e  vai-se  deixando  escorregar  até  ao  fosso.  Chegado  aí,  ata  uma  pedra  à 
corda,  e  lança-a  para  dentro  dos  muros. 

Monta  em  seguida  Martim  Vasques  da  Cunha  em  seu  ginete,  põe-se  à 
frente  de  seus  homens  de  armas,  e  percorre  três  freguesias,  sem  parar  nem 
olhar  para  trás,  clamando: 

—  jAcorrede  ao  castelo  dei  Rei  que  se  perde!  jAcorrede  ao  castelo  dei 
Rei  que  se  perde! 

Por  esta  forma,  cumprindo  à  risca  com  as  instruções  expressas  nos  do- 
cumentos que  tinha  em  seu  poder,  não  foi  el  Rei  contra  êle,  e  «esta  boa 
façanha  ficou  pêra  sempre»,  como  diz  o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedido  (i); 
o  qual  mais  acima  Já  escrevera:  «e  porque  fez  por  el  (o  castelo  de  Celorico 
de  Basto)  façanha  muy  boa  come  muy  boo  cavaleyro  posemos  em  este  livro 
como  passou  pêra  saberem  os  boos  que  teverem  castellos  e  lhos  nom  quise- 
rem filhar  aquelles  de  que  os  tem,  seemdo  em  paz  e  em  assessego  e  sem 
cerco  como  os  podem  leixar  sem  erro». 

Vê-se  que  isto  ficou  matéria  assente  e  regulada. 

II 

SENHORES   DA   TÁBUA 

Martim  Vasques  da  Cunha,  o  alcaide  mor  de  Celorico  de  Basto,  era  bis- 
neto na  varonia  de  D.  Fernão  Pais  a  quem,  conforme  declaram  as  testemu- 


(i)  Poriugaliae  monumenta  histórica.   Scriptores^  ipág.  358. 
VOI-.  I  20 


i54  Brasões 

nhãs  na  terceira  alçada  das  Inquirições  da  era  de  1296  (i258),  a  infanta 
D.  Teresa  doara  o  julgado  da  Tábua,  com  o  padroado  da  sua  igreja,  a  êle 
e  a  sua  muliíer,  D.  Mor  Huzbertiz  (i),  pertencendo  o  julgado,  ao  tempo  dos 
depoimentos,  aos  filhos  de  Lourenço  Fernandes  da  Cunha  (2),  netos  do  pri- 
meiro possuidor.  O  governo  da  infanta,  ou  melhor,  rainha  D.  Teresa  ter- 
minou em  1128;  foi  pois  anterior  a  este  ano  a  doação  do  julgado  da  Tábua 
aos  Cunhas,  em  cuja  casa  êle  permaneceu  durante  sete  séculos.  Em  ne- 
nhuma linhagem  portuguesa,  me  parece,  se  manteve  durante  tam  largo  pe- 
ríodo o  senhorio  de  uma  terra,  ainda  com  a  notável  circunstância  dele  ter 
passado  sempre  em  linha  varonil,  sem  bastardia,  até  D.  José  Maria  Vasques 
Alvares  da  Cunha,  4.°  conde  da  Cunha  (3),  5."  trinchante  da  Casa  Rial  na 
sua  família,  22.°  senhor  do  julgado  da  Tábua,  com  o  padroado  da  sua  igreja, 
12.°  administrador  do  morgado  do  Bulhaco,  par  do  reino,  etc,  falecido  a  16 
de  Março  de  i865,  deixando  dois  filhos,  o  5.**  Conde  da  Cunha  e  D.  Joana 
da  Cunha,  ambos  falecidos  sem  geração,  passando  a  representação  da  casa 
aos  Meneses  da  Flor  da  Murta. 

A  D.  Fernão  Pais,  i ."  senhor  do  julgado  da  Tábua,  tanto  o  Livro  velho 


(i)  Os  livros  de  hnhagens  escrevem  o  nome  desta  senhora  de  modo  diverso,  D.  Mor 
Randufiz,  e  fazem-na  filha  de  D.  Randufe,  ou  D.  Randufo  Çoleyma,  e  de  D.  Exemea,  ou 
D.  Eixa. 

(2)  «Pelagius  Petri,  prelatus  Sancte  Marie  de  Tavoa,  juratus  et  interrogatus  de  patro- 
natu  ecclesie  de  Tavoa,  dixit  quod  milites  qui  habent  hereditates  de  Tavoa  sunt  patroni, 
Interrogatus  si  faciunt  aliquod  fórum  Regi,  dixit  quod  non.  Interrogatus  cujas  est  hereditas 
Tavoa,  dixit  quod  de  filiis  de  Laurencio  Fernandi  de  Cuya,  et  de  illis  qui  fuerunt  de  avo- 
lenga  de  Donno  F.  Pelagii  et  de  Donna  Maiore  Huzbertiz.  Interrogatus  unde  habuitDonnus 
F.  Pelagii  et  Donna  Maiore  Huzbertiz  ipsam  hereditatem,  dixit  quod,  secundum  quod  audivit, 
quod  Domina  Infans  Donna  Tàrasia  dedit  illis  eam  pro  servicio  quod  fecerunt  illi.  Petrus 
Fernandi  dixit  similiter.  Petrus  Petri  dixit  similiter.  Et  multi  alii  quilibet  per  se  dixit  si- 
militer.u  —  Portugaliae  monutnenía  histórica,  luquisitiones.,  vol.  I,  part.  11,  pág.  781. 

(3)  O  título  de  conde  da  Cunha  fora  dado  de  juro  e  herdade,  por  carta  de  14  de  Março 
de  1760,  a  D.  António  Alvares  da  Cunha,  «tendo  consideração  aos  notáveis  e  distintos  ser- 
viços que  D.  Luís  da  Cunha  me  fez,  por  espaço  de  sessenta  e  dois  anos  sucessivos,  nos  lu- 
gares de  desembargador  do  Porto  e  da  Casa  da  Suplicação  até  o  ano  de  1696,  e  depois  dele, 

I  até  seu  falecimento,  nos  empregos  de  enviado  extraordinário  na  corte  de  Londres,  de  em- 
baixador extraordinário  e  plenipotenciário  no  congresso  de  Utreque,  e  de  embaixador  nas 
cortes  de  Londres,  Haia,  Madrid  e  Paris,  atendendo  as  sucessivas  representações  com  que 
o  sobredito  suplicou  os  referidos  serviços  lhe  fossem  despachados  em  benefício  da  casa  de 
seus  pais  e  do  administrador  dela,  seu  sobrinho  D.  António  Alvares  da  Cunha,  contemplando 
ao  mesmo  tempo  os  serviços  pessoais  com  que  o  dito  D.  António  se  tem  distinguido  também 
por  sua  profissão  militar  até  o  posto  de  capitão  de  mar  e  guerra  das  fragatas  da  armada,  e 
nos  empregos  de  governador  e  capitão  general  da  praça  de  Mazagão  e  do  reino  de  Angola», 
etc.  Carta  do  título  de  conde  da  Cunha,  na  província  do  Minho,  de  juro  e  herdade,  erigin- 
do-se  o  dito  lugar  logo  em  vila.  —  Chancelaria  de  D.  José,  livs.  72,°,  íi.  85,  e  69,  ú.  49. 


Cunhas  1 5  5 

das  linhagens,  como  o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  dão  já' o  apelido  da 
Cunha;  o  primeiro  porem  atribui-lhe  o  patronímico  Gonçalves  e  dá-lhe  uma 
ascendência  mui  diversa,  mas  não  menos  ilustre,  da  consignada  no  segundo 
e  geralmente  adoptada.  Conforme  o  Livro  relho  seria  o  progenitor  dos  Cu- 
nhas filho  de  D.  Gomes  Pais  de  Piscos,  irmão  do  famoso  mestre  do  Templo, 
D.  Gualdim  Pais,  e  ambos  da  linhagem  dos  Ramirãosi  Esta  ascendência 
contudo  parece-me  prejudicada  pelo  único  documento  meu  conhecido,  apesar 
dele  frouxa  luz  lançar  sobre  aorigem  "da  família.  Este  documento  é  a  acima 
apontada  declaração  das  testemunhas  nas  Inquirições  da  era  de  1296  (i258). 
Declararam  elas  que  o  primeiro  senhor  do  julgado  da  Tábua  fora  Fernão 
Pais,  como  ao  fidalgo  chama  o  citado  Nobiliário,  e  não  Fernão  Gonçalves, 
como  é  designado  no  Livro  velho^  notando-se  ainda  que  neste  o  patronímico, 
nesses  tempos  rigorosamente  observado,  está  errado,  pois  que,  sendo,  se- 
gundo ele  afirma,  Fernão  filho  de  Gomes,  não  poderia  chamar-se  Gonçalves. 
Em  abono  da  descendência  dos  Cunhas  da  linhagem  dos  Ramirãos  um  ligeiro 
indício,  insuficiente,  se  me  afigura,  para  fazer  fé,  encontro  nas  Inquirições 
da  era  de  1296  (i2b8)  acima  citadas,  na  quinta  alçada  porém.  Depondo  as 
testemunhas  sobre  as  rendas  e  direitos  riais*  da  paróquia  de  S.  Miguel  da 
Cunha,  afirmaram  existir  lá,  de  tempos  antigos,  a  honra  de  D.  Gonçalo  Ra- 
mires (i),  nome  de  um  irmão  de  D.  Paio  Ramires,  de  quem  foram  filhos  o 
Mestre  do  Templo  e  seu  irmão,  o  suposto  pai  do  primeiro  Cunha. 

O  Nobiliário  atribuído  ao  conde  D.  Pedro,  no  Título  LV.°  trata  «do  li- 
nhagem dos  de  Cuynha  domde  o  mais  longe  sabemos:  o  primeyro  foy  dom 
Goterre  (2)  que  foy  naturall  de  Gasconha»,  e  continua  dizendo:  «Este  dom 
Goterre  veo  com  o  comde  dom  Hemrrique  a  Portugall  seemdo  cavalleiro 
boo  e  velho  e  de  gramde  emtemdimento,  e  fiava  o  comde  delle  e  chamavao 
aos  seus  comsselhos,  e  deulhe  o  comde  muitas  herdades  e  possissões  em 
terra  de  Guimarãaes  e  de  Bragaa  e  deulhe  o  porto  de  Varazim.  E  com  este 
dom  Goterre  viinha  huum  seu  filho  cavalleiro  mancebo  muy  de  proll  e  avia 
nome  dom  Paay  Goterrez,  e  el  nom  avia  molher  ca  lhe  morrera  em  sa  terra. 
Este  dom  Paay  Goterrez  edificou  o  moesteyro  de  sam  Symom  da  Jumqueyra 
e  o  moesteyro  de  Souto  e  o  de  Vilela,  e  foy  casado  com  dona  Ouseemda 
Ermigiz  Aboazar,  filha  de  dom  Trestamiro  Aboazar ...  e  fez  em  ella  Fer- 
nam  Paaez  de  Cuvnha ...»  (3).     Mais  adiante,  no  «Titulo  LVIII.**  de  dom 


(i)  «It.  dixit  quod  forarii  domini  Regis  non  sunt  ibi  et  habet  ibi  honor  de  vetu  donni 
Gunsalvi  ratniriz».  —  Liv,  9.*  de  Inquirições  de  D.  Afonso  IJI.,  fl.  29. 

(2)  Por  uma  coincidência  singular  o  último  Conde  da  Cunha  também  se  chamou 
D.  Goterre. 

(3)  Portugaliae  monumenta  histórica.  ScriptoreSj  pág.  356. 


i56  Brasões 

Goterre  Auaerete  da  Sillva,  como  foi  casado  e  quaaes  filhos  ouve»,  começa 
a  escrever  por  esta  forma  a  linhagem  dos  Silvas:  «Este  dom  Goterre  Auda- 
rele  foy  casado  com  dona  e  fez  em  ella  dom  Paay  Goterrez  da 

SilIva,  o  que  fumdou  o  moesteiro  de  Cujaaes  e  foy  casado  com  dona  Samcha 
Anes,  filha  de  dom  Joham  Ramirez  ...  e  fez  em  ella  dom  Pêro  Paaez  Escacha 
e  dom  Gomez  Paaez  da  Sillva  . . .  »  (i).  Ambas  as  passagens  fazem  bastante 
diferença  do  que  apareceu  impresso  em  1640.  Dá-se  nelas  a  coincidência, 
como  se  vê,  de  o  primeiro  da  linhagem  dos  Cunhas  se  chamar  D.  Goterre 
e  o  segundo  D.  Paio  Goterres,  nomes  do  primeiro  e  do  segundo  dos  Silvas, 
tirando  deste  acaso  um  genealogista  espanhol  a  conclusão  de  serem  idênticas 
as  pessoas  e  os  Cunhas  derivados  dos  Silvas  (2).  Não  me  parece  contudo 
admissível  a  presunção,  não  só  por  as  indicações  do  Nobiliário  medieval 
apenas  concordarem  nos  nomes  dos  fidalgos,  divergindo  essencialmente  nos 
dados  biográficos  atribuídos  a  cada  um  deles;  mas  ainda  por  ao  facto  pa- 
recer opôr-se  a  cronologia  determinada  pelos  poucos  documentos  existentes 
meus  conhecidos.  D.  Paio  Goterres  da  Silva,  como  mostrarei  no  artigo  dos 
Silvas,  vivia  em  io85  e  1129  e  a  doação  do  julgado  da  Tábua  a  D.  Fernão 
Pais  da  Cunha  é  posterior  a  11 14  e  anterior  a  1128,  e  foi-lhe  feita  pelos  seus 
muitos  serviços,  excluindo  portanto  a  juvenilidade  em  que  deveria  estar  se 
fosse,  como  pretende  o  genealogista  espanhol,  filho  de  um  terceiro  casamento 
de  D.  Paio  Goterres  da  Silva.  Até  dos  documentos  tiro  a  ilação  de  se  haver 
o  progenitor  dos  Cunhas  inclinado  ao  partido  da  rainha  D.  Teresa,  ao  passo 
que  o  primeiro  Silva  seguiu  e  acompanhou  D.  Afonso  Henriques. 

Não  se  julgue  contudo,  por  eu  dar  a  preferência  às  indicações  áo. Nobi- 
liário do  Conde  D.  Pedro,  que  as  aceito  todas,  incluindo  a  proveniência  da 
Gascunha,  não,  senhor. 

Quanto  ao  apelido  proveio  êle  indubitavelmente  do  solar  pela  linhagem 
possuído  na  paróquia  de  S.  Miguel  da  Cunha,  nas  proximidades  de  Braga. 
No  quinto  rol  das  Inquirições  da  era  de  i32G  (1288),  chegando  o  tribunal  à 
freguesia  de  S.  Miguel  da  Cunha  encontrou  a  paróquia  dividida  em  duas  me- 
tades, uma  reguenga,  a  outra  de  fidalgos,  mosteiros  e  igrejas.  «Em  esta 
meyadade  dos  filhos  dalgo  —  juraram  as  testemunhas  —  som  quatro  quintaãs 
que  som  de  filhos  e  netos  de  Lourenço  Fernandez  e  virÕ  nas  honrradas  des 
que  se  acordam  as  testemunhas  e  per  razom  destas  quintaãs  trazem  por 
honrra  toda  a  villa,  assy  ho  reguégo  delRey,  como  todo  ho  ali,  que  nom 
emtra  hii  o  moordomo  do  carritell  nem  peita  voz  nem  coyma,  salvo  que 


(i)  Portugaliae  monumenta  histórica.   Scriptores,  pág.  363. 

(2)  D.  Luís  de  Salazar  y  Castro,  Historia  genealógica  de  ia  casa  de  Silva,  vol,  I,  pág.  86 
e  segs. 


Cunhas  iSj 

entra  hii  o  moordomo  do  pam  polias  teigas.  ([  Estee  como  estaa»,  determi- 
nou a  alçada  (i).  Outra  referência  ao  solar  dos  Cunhas  ainda  se  encontra 
nas  mesmas  Inquirições,  em  diverso  rol  porem.  Chegando  os  inquiridores 
ao  julgado  da  Tábua,  declararam  as  testemunhas  ser  ele  «herdamento  dos 
de  Coia  e  doutros  filhos  dalgo  e  trage  hy  seu  juiz  e  seu  moordomo  e  tra- 
gemno  por  honrra».  Em  vista  da  informação,  mandaram-se  manter  os  pri- 
vilégios (2),  os  quais  foram  depois  confirmados,  por  sentença  de  3o  de  Março 
da  era  de  i38o  (1342),  a  Vasco  Martins  da  Cunha,  filho  de  menor  idade  de 
Martim  Vasques  da  Cunha,  já  falecido,  e  de  D.  Violante  Lopes  Pacheco, 
filha  de  Lopo  Fernandes  Pacheco  (3).  Nesta  sentença  torna-se  a  dizer  que 
«o  dito  julgado  de  Tavoa  era  dos  de  Cuynha». 

D.  Lourenço  Fernandes  da  Cunha  nomeado  nas  inquirições  de  i258  e 
1298,  como  sendo  já  falecido,  era  o  filho  primogénito  de  D.  Fernão  Pais  da 
Cunha,  i.°  senhor  da  honra  do  julgado  da  Tábua.  Neste  domínio  sucedeu 
a  seu  pai,  bem  como  no  senhorio  da  paróquia  de  S.  Miguel  da  Cunha  onde 
possuía  quatro  quintas,  todas  honradas,  como  acima  vimos,  uma  das  quais, 
com  sua  torre,  era  o  solar  da  linhagem.  Alêm  disso  teve  os  padroados  das 
igrejas  da  Tábua  e  S.  Miguel  da  Cunha,  e  dos  conventos  de  S.  Simão  da 
Junqueira,  S.  Salvador  do  Souto  e  Santo  Estêvão  de  Vilela  todos  da  ordem 
dos  Cónegos  regrantes  de  Santo  Agostinho.  Tomou  parte  no  cerco  e  con- 
quista de  Sevilha  em  1248  e  durante  as  perturbações  dos  primeiros  anos  do 
reinado  de  Sancho  II,  de  i223  a  1229,  foi  muito  vexado  em  nome  dei  Rei 
por  Vasco  Mendes,  provavelmente  o  de  Sousa,  e  escreveu  uma  famosa  carta 
de  protesto:  oHec  mentio  de  malefactoria,  quam  Rex  Domnus  Sancius  fecit 
Domno  Laurentio  Fernandi,  et  precepit  facere  . . .  miserunt  ignem  in  sua 
quintana  de  Cuina,  et  cremaverunt  eam  quia  per  igne  nichil  ibi  remansit: 
Et  derribaberunt  de  ipsa  Turre  quantum  potuerunt ...»  (4).  De  sua  mulher 
D.  Sancha  Lourenço,  filha  de  Lourenço  Gomes  de  Maceira,  teve  primogénito 
a  D.  Gomes  Lourenço  da  Cunha. 

Sucedeu  este  nos  senhorios  e  padroados  possuídos  por  seu  pai,  mas,  por 
sentença  de  8  de  Setembro  de   i323  (i285),  foi-lhe  tirado  o  padroado  da 


(1)  Liv.  1."  de  Inquirições  de  Alêm  Doiro,  fl.  3  v. 

(2)  Liv.  de  Inquirições  da  Beira  e  Alêm  Doiro,  fl.  10.  ' 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  IV,  liv.  4.",  fl.  96  v.  —  Nesta  ocasião  foi  confirmada  a 
Vasco  Martins  a  honra  do  julgado  da  Tábua,  com  toda  a  jurisdição  de  juiz  e  de  mordomo, 
ressalvando  a  apelação  para  el  Rei. 

(4)  João  Pedro  Ribeiro,  Dissertações,  tom.  I,  Appendice  n.»  xuii,  com  o  engano  de  atri- 
buir o  documento,  que  não  é  datado,  ao  reinado  de  Sancho  I,  quando  ele  é  do  tempo  de 
Sancho  II,  como  advertiu  Herculano,  na  Nota  xvi  do  tom.  II  da  Historia  de  Portugal. 


i58  Brasões 

igreja  de  S.  Miguel  da  Cunha  (i).  Com  as  freiras  de  Santa  Ana  da  Ponte 
de  Coimbra  havia  tido  prolongadas  contendas,  desde  1277,  pelo  menos,  às 
quais  D.  Afonso  III  quis  pôr  ponto,  intimando  o  fidalgo  a  comparecer  na  casa 
do  concelho  daquela  cidade  no  dia  6  de  Julho  do  referido  ano,  onde  lhe  foi 
ordenado  que  não  continuasse  a  vexar  a  prioresa  e  religiosas,  mas  nada  con- 
seguiu e  só  no  reinado  do  seu  sucessor  terminaram  os  vexames  (2).  De  todas 
estas  severidades  usou  com  êle  D.  Denis  apesar  de  ser  seu  afilhado:  «E  este 
dom  Gomez  Lourenço  foy  muito  homrrado  e  de  gram  fazenda  e  foy  padrinho 
delrrey  dom  Dinis»  (3). 

De  D.  Gomes  Lourenço  da  Cunha  parece  ter  sido  sucessor  seu  irmão 
João  Lourenço  da  Cunha,  pelo  menos  teve  o  padroado  do  mosteiro  de  S.  Sal- 
vador do  Souto  e  foi  herdado  no  julgado  da  Tábua,  instituindo  em  1262  com 
os  bens  lá  possuidos  um  morgado  com  certa  obrigação  de  missas  (4).  Foi 
fidalgo  prepotente  e  irrequieto,  tendo  cometido  toda  a  sorte  de  violências 
durante  o  reinado  de  D.  Sancho  II.  Na  Cornelhã  existia  um  campo,  inculto 
desde  1244,  ,em  virtude  de  João  Lourenço  mandar  prender  pelas  gargantas 
e  acoimar  os  homens  que  se  abalançaram  a  ir  lavrá-lo  (5). 

Outro  irmão  de  D.  Gomes  Lourenço  foi  D.  Egas  Lourenço  da  Cunha,  «o 
melhor  e  mais  honrrado  de  seus  irmãos»,  o  qual  se  encontra,  na  qualidade 
de  rico  homem,  confirmando  vários  forais  desde  1236  até  1260  (6),  e  ante- 
riormente umas  doações  dos  anos  de  1249  e  12b  1  (7).  Morreu  na  era  de 
1299(8),  ano  de  Cristo  de  1261,  não  deixando  descendência,  legítima  pelo 
menos.  Por  duas  vezes  foi  Egas  Lourenço  vitima  da  má  leitura  de  textos: 
de  uma  vez  fizeram-no  padrinho  de  baptismo  de  D.  Denis,  o  que  já  lá  acima 
fiicou  advertido;  doutra  vez,  com  tam  pouco  fundamento  como  já  vou  mos- 
trar, fizeram-no  privado  de  D.  Afonso  III.  A  carta  de  doação  da  vila  do 
Souto  da  Ribeira  de  Homem  a  João  Soares  Coelho,  datada  de  iii  das  nonas 
de  Março  da  era  de  M.  CC.  Lx  secunda  (5  de  Março  de  1254  e.  v.)  encontra-se 
transcrita  de  leitura  nova  no  liv.  1.*'  de  Alem  Doiro,  fl.  216,  cheia  porem  de 
erros  de  leitura,  dos  quais  os  principais  são  a  data  da  era,  e  os  nomes  dos 


(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fl,  loG. 

(2)  Ibidem,  fl.  106  v. 

(3)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro^  pág.  356  dos  Poriíigaliae  momimenta  histórica.  Scri- 
ptores.  Fr.  Francisco  Brandão  leu  mal  este  trecho  na  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  4  v ,  e  su- 
pôs ser  o  padrinho  de  D.  Denis  D.  Egas  Lourenço,  irmão  de  D.  Gomes. 

(4)  D.  Nicolau  de  Santa  Maria,  Chronica  dos  Cónegos  regrantes^  I,  335. 

(5)  Liv.  9.°  das  Inquirições  de  D.  Afonso  111,  fl.  6. 

(6)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Diplomata.,  passim. 

(7)  Archivo  histórico  portugue^^  IV,  38o  e  38i. 

(8)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  tom.  III,  Appendice,  pág.  84,  doe.  xxix. 


Cunhas  159 

x:onfirmantes.  Quanto  à  data  o  copista  não  reparou  para  o  x  aspado,  ou  não 
lhe  sabia  o  valor,  e  em  vez  de  1292,  escreveu  1262;  quanto  aos  confirmantes 
introduziu  entre  eles,  em  seguida  a  «dom  Mem  Soares  privado  dei  Rey»,  a 
dom  Egas  Lourenço  da  Cunha  privado  dei  Rey,  que  não  confirmou  tal 
carta,  pois  não  se  encontra  no  registo  original,  o  liv.  i.°  da  Chancelaria  de 
D.  Afonso  III,  fl.  4.  Por  se  terem  aproveitado  da  leitura  nova,  erraram 
nas  suas  afirmações  dois  distintíssimos  historiadores,  Fr.  Francisco  Brandão, 
na  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  4  v.,  e  Francisco  Manuel  Trigoso  de  Aragão 
Morato,  nas  Observações  sobre  a  palavra  Privado,  a  pág.  170  da  2.*  part. 
do  tom.  XI  das  Memorias  da  Academia.  O  primeiro  saltou  por  cima  do 
erro  na  data,  não  a  mencionando;  o  segundo  apresenta-a  certa,  provavel- 
mente por  a  ter  encontrado  na  própria  Monarchia,  no  tom.  IV,  fl.  187,  onde 
Fr.  António  Brandão  se  remete  ao  oi:iginal. 

Filhos  ainda  de  D.  Lourenço  Fernandes  da  Cunha  e  irmãos  dos  prece- 
dentes encontro  Vasco  Lourenço  da  Cunha  e  D.  Martim  Lourenço  da^^Cunha. 
Do  primeiro  tratarei  a  seguir,  do  segundo  ocupar-me-hei  lá  mais  adiante. 

Vasco  Lourenço  deverá  ter  sido  o  segundogénito  por  isso  que  sucedeu 
no  senhorio  da  honra  do  julgado  da  Tábua.  Possuiu  também,  ao  que  pa- 
rece, o  morgado  lá  instituído  por  seu  irmão  João  Lourenço  da  Cunha  em 
1262,  e  foi  casado  com  D.  Teresa  Pires,  filha  de  D.  Pedro  Fernandes  Por- 
tugal e  de  D.  Froilhe  Rodrigues  de  Pereira,  «por  quem,  declara  um  genealo- 
gista espanhol,  seus  descendentes  juntaram  às  nove  cunhas  a  cruz  vermelha 
em  campo  de  prata,  que  é  a  insígnia  dos  Pereiras»  (i);  é  porem  engano  evi- 
dente. A  cruz  dos  Pereiras  é  de  prata  em  campo  de  vermelho  e  a  cruz  de 
vermelho  em  campo  de  prata,  usada  no  escudo  por  alguns  Cunhas  de  Por- 
tugal e  de  Castela,  é  a  cruz  dos  Albergarias,  cuja  casa  vieram  a  herdar,  se- 
gundo adiante  direi.  Idêntica  proveniência  tiveram  os  escudetes  das  quinas 
postos  em  bordadura  pelos  fidalgos  das  principais  casas  desta  geração. 

Teve  Vasco  Lourenço  da-  Cunha  dois  filhos  varões:  Martim  Vasques  da 
Cunha,  o  alcaide  mor  de  Celorico  de  Basto  de  quem  narrei  a  façanha  da 
entrega  do  castelo;  e  Estevão  Vasques  da  Cunha,  que  em  1278  era  vassalo 
e  cavaleiro  da  casa  do  infante  D.  Denis,  recebendo  de  soldada,  no  dia  3o  de 
Outubro  de  cada  ano,  trezentas  libras  em  panos,  outro  tanto  como  na  mesma 
casa  havia  seu  primo  Fernão  Martins  da  Cunha  (2),  filho  de  D.  Martim  Lou- 
renço da  Cunha. 

Vasco  Martins  da  Cunha,  bisneto  na  varonia  do  Alcaide  mor  de  Celorico 


(i)  Dr.  Gerónymo  Gudiel,  Compendio . . .  de  los  Girones,  Aicalá,  iSjy,  fl.  75  v. 
(2)  Arquivo  histórico  português,  X,  58. 


i6o  Brasões 

de  Basto,  foi  7.°  senhor  da  honra  do  julgado  da  Tábua,  com  a  Jurisdição  cível 
e  crime  a  qual  lhe  foi  confirmada  por  sentença  de  3o  de  Março  da  era  de 
i38o  (1842),  sendo  então  ainda  menor  e  sob  a  tutela  de  seu  avô  materno 
Lopo  Fernandes  Pacheco  (i);  sentença  confirmada  por  D.  João  1  em  3  de 
Maio  da  era  de  1480  (1392)  (2).  Foi  também  5.°  administrador  do  morgado 
da  Tábua,  senhor  da  terra  da  Cunha  que  D.  Pedro  1  lhe  confirmou  em  prés- 
tamO)  por  carta  de  16  de  Junho  da  era  de  1396  (i357),  «por  quanto  a  tinha 
dei  Rei  seu  padre»  (3);  da  jurisdição  cível  e  crime  do  julgado  da  terra  de 
Soverosa  a  qual  lhe  foi  desembargada,  como  a  houvera  seu  pai,  em  23  de 
Janeiro  da  era  de  1486  (1398)  (4);  b.°  senhor  do  couto  do  Pinheiro  e  da  Cas- 
tanheira de  cuja  jurisdição  cível  e  crime  teve  mercê  para  sempre  por  aquela 
guisa  e  condição  que  a  havia  seu  pai  e  avós,  em  4  de  Abril  da  era  de  1428 
(i385)  (5);  e  de  toda  a  mais  casa  de  seus  antepassados.  Viveu  nos  reinados 
•de  D.  Pedro  I,  D.  Fernando  e  D.  João  I  dos  quais  todos  teve  o  título  de 
vassalo.  D.  Pedro  I  fez-lhe  mercê  das  vilas  de  Angeja,  Pinheiro,  Pereira, 
Bemposta  e  Castanheira  em  i357,  das  alcaidariás  mores  dos  castelos  de  Mel- 
gaço e  Castro-Laboreiro  em  16  de  Junho  da  era  de  i3gb  (i357),  da  do  cas- 
telo de  Lisboa  em  29  do  mesmo  mês  e  ano  (6),  e  das  terras  de  Segadães  e 
Paços  sobre  Estrada,  no  almoxarifado  de  Aveiro,  para  comprimento  da  sua 
quantia,  em  20  de  Fevereiro  da  era  de  1402  (i364)  (7).  Por  morte  de  D.  Fer- 
nando seguiu  o  partido  de  seu  genro  el  Rei  de  Castela;  logo  porem  se  arre- 
pendeu e  veio  unir-se  ao  partido  nacional  capitaneado  pelo  Mestre  de  Avis 
a  quem,  antes  e  depois  de  rei,  serviu  sempre  com  uma  fidelidade  nem  por 
todos  os  seus  filhos  seguida.  Esteve  com  quatro  deles  nas  Cortes  de  Coim- 
bra do  ano  de  i385,  nas  quais  foi  aclamado  rei  D.  João  I  que  foi  solenemente 
jurado  em  6  de  Abril  e  logo  fez  mercê  a  Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Velho, 
de  o  nomear  do  seu  conselho,  havendo-lhe  doado,  por  duas  cartas  de  4  do 
mesmo  mês,  a  terra  de  Figueiredo  e  a  aldeia  de  Assequins,  para  êle,  sua 
mulher  e  descendentes  em  forma  de  morgado  que  anda  em  filho  varão  (8), 
e  a  jurisdição  cível  e  crime  do  couto  do  Pinheiro,  como  já  ficou  acima  dito. 
D.  João  I  ainda  concedeu  aos  moradores  do  seu  couto  da  Tábua  isenção  do 
serviço  militar  e  de  aposentadoria,  por  carta  de  privilégios  de  7  de  Março 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  IV,  liv.  4.°,  fl.  96  v. 

(2)  Liv.  2.°  de  Além  Doiro,  fl.  54;  e  liv.  2.°  da  Chancelaria  de  D  João  /,  fl.  66  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Pedro  I,  liv.  i.»,  fl.  i  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.'»,  fl.  166. 

(5)  Ibidem,  liv.  2.»,  fl.  166,  e  liv.  i.",  fl.  116  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Pedro  I,  liv.  i.",  fl.  3. 

(7)  Ibidem,  fl.  94. 

X8)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.»,  fl.  117. 


Cunhas  i6i 

de  1439  (1401),  dada  em  Leiria  (i).     Faleceu  pelos  anos  de  1407  e  Jaz  em 
S.  Francisco  de  Coimbra. 

No  arquivo  do  mosteiro  de  Lorvão  existiam  dois  instrumentos  originais, 
um  de  25  de  Novembro  de  1445  (1407),  do  inventário  dos  bens  deste  Vasco 
Martins,  e  o  outro  de  7  de  Maio  de  1447  (1409),  das  partilhas  entre  os  seus 
herdeiros.  Por  eles  consta  ter  êle  casado  em  primeiras  núpcias  com  Leonor. 
Rodrigues  de  Alvarenga,  e  que  então  era  sua  viúva  e  cabeça  de  casal  sua 
segunda  mulher  D.  Teresa.  Herdeiros  eram  D.  Gonçalo  da  Cunha,  bispo 
da  Guarda,  Gil  Vaz  da  Cunha  e  sua  mulher  Leonor  Gonçalves  de  Moura, 
Pedro  Vaz  da  Cunha  e  sua  mulher  D.  Teresa  de  Ataíde,  Vasco  Martins  da 
Cunha,  o  Moço,  e  sua  mulher  Brites  Gomes  da  Silva,  D.  Leonor  da  Cunha  (2) 
e  seu  marido  D.  João  de  Castro,  D.  Lsabel  da  Cunha,  recolhida  em  Lorvão, 
filha  do  conde  Martim  Vasques  da  Cunha,  D.  Mecia  Vasques  da  Cunha,  aba- 
dessa de  Lorvão,  e  D.  Beatriz  da  Cunha,  também  filha  do  Conde  (3).  Nestas 
duas  escrituras  só  me  dá  motivo  para  reparo  o  apelido  da  primeira  mulher 
de  Vasco  Martins  da  Cunha,  a  qual  não  podia  ser  Alvarenga  e  era  decerto 
Albergaria,  como  está  provado  pela  sentença  de  17  de  Março  da  era  de  1427 
(1389)  a  qual  Julgou  o  morgado  de  Santo  Eutrópio  a  Martim  Vasques  da 
Cunha,  «como  neto  maior  lídimo  de  Lopo  Soares  de  Albergaria»  (4).  Não 
podia  ser  seu  neto  pelo  pai,  logo  foi-o  pela  mãe. 

Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Velho,  casou  a  primeira  vez  com  Beatriz  Lo- 
pes de  Albergaria  (õ),  filha  de  Lopo  Soares  de  Albergaria,  senhor  da  alber- 
garia de  Paio  Delgado  e  do  morgado  de  Santo  Eutrópio,  em  Lisboa,  e  de 
sua  mulher  D.  Mecia  Rodrigues  de  Meira.  Por  este  casamento  vieram  os 
.Cunhas  a  herdar  a  casa  de  Albergaria,  tendo  sido  os  bens  dela  doados  a 
Martim  Vasques  da  Cunha,  filho  primogénito  de  Beatriz  Lopes,  por  cartas 
de  20  de  Setembro  e  14  de  Outubro  de  i386(6),  e  os  morgados  Julgados 
pela  acima  citada  sentença  de  17  de  Março  de  1389.  Deste  matrimónio  nas- 
ceram os  seguintes  filhos: 

i.°  —  Martim  Vasques  da  Cunha,  o  da  batalha  de  Trancoso,  foi  um  dos 


(i)   Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  2.°,  fl.  169  v. 

(2)  Viúva  do  famoso  dr.  João  das  Regras  falecido  em  1 404  e  já  casada  em  segundas  núpcias. 

(3)  Fr.  Manuel  dos  Santos,  Monarquia  lusitana,  VIII,  688. 

(4)  Provas  da  Historia  genealógica,  VI,  148. 

(5)  Dou  a  preferência  a  este  nome  ao  de  Leoríor  Rodrigues  de  Alvarenga,  como  apa- 
rece na  Monarquia  lusitana^  por  não  ter  confiança  no  extrato  do  documento  lá  citado,  não 
só  por  trazer  o  apelido  errado,  mas  até  porque  o  cronista  parece  não  ter  visto  a  escritura 
alegada.  Álvaro  Ferreira  de  Vera,  nas  Notas  ao  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  também 
segue  a  versão  por  mim  adoptada,  e  bem  assim  outros  autores. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.",  fls.  177  e  i85.  ^ 

VOL.  I  21 


102  Brasões 

mais  denodados  fidalgos  do  seu  tempo.  Comparavam-no  a  dom  Galaaz,  um 
dos  cavaleiros  da  Távola  Redonda,  e  muito  notável  feito  praticou  quando, 
em  1387,  no  cerco  de  Vilalobos,  indo  à  forragem  só  com  mais  dezassete 
companheiros,  se  defendeu  contra  quatrocentas  lanças  castelhanas,  fortifi- 
cando-se  numas  antas  ali  próximas  (i).  Este  homem,  nove  anos  volvidos 
sobre  esta  façanha,  passou-se  para  o  inimigo,  apesar  da  sua  grande  casa  em 
Portugal,  seduzido  pelos  prometimentos  de  Henrique  III  e  talvez  também 
invejoso  do  muito  acrescentamento  de  Nuno  Alvares  Pereira.  Herdara  a 
casa  de  seu  avô  materno,  mas  não  chegou  a  suceder  na  de  seu  pai  por  se 
ausentar  para  Castela,  onde  foi  criado  conde  de  Valência  de  Campos  em 
iSgy.  Dele  e  de  sua  primeira  mulher  D.  Maria  Giron  (Girona,  como  lhe 
chamam  os  documentos),  senhora  desta  casa,  procederam  por  varonia  as 
casas  dos  marqueses  de  Vilhena,  duques  de  Escalona,  condes  de  Xiqueíía; 
a  dos  duques  de  Ossuna,  condes  de  Urena,  e  outras.  Por  fêm.ea  procede- 
ram entre  outros  os  senhores  e  marqueses  de  Cascais,  hoje  na  casa  de  Niza, 
os  quais  herdaram  a  albergaria  de  Paio  Delgado  e  o  morgado  de  Santo  Eu- 
trópio.  De  sua  segunda  mulher  D.  Maria  de  Portugal,  filha  primogénita  e 
herdeira  do  infante  D.  João,  duque  de  Valência  de  Campos,  procederam  as 
casas  dos  condes  de  Valência,  duques  de  Najera,  a  dos  condes  de  Requena, 
a  dos  marqueses  de  Escalona,  e  outros  (2). 


(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  1,  part.  11,  caps.  7G  e  108. 

(2)  Existem  muitas  cartas  régias  relativas  a  Martim  Vasques  da  Cunha.  Aqui  vão  oâ 
apontamentos  dalgumas:  a  D.  Maria  Girona,  mulher  de  Martim  Vasques  da  Cunha,  nosso 
vassalo,  doação  de  juro  e  herdade,  com  as  jurisdições,  dos  lugares  de  Tarouca  e  Valdigem, 
com  seus  termos,  em  Vila  Nova  de  Anços,  a  5  de  Março  de  1410  (1372);  à  mesma  senhora, 
«por  divido  que  comnosco  tendes»,  e  em  casamento  com  o  seu  referido  marido,  foi  regu- 
lada, por  carta  dada  em  Queiraz  a  6  de  Outubro  do  mesmo  ano,  a  sucessão  naquelas  terras, 
que  ficariam,  depois  da  morte  dela  e  do  marido,  ao  filho  varão  mais  velho  que  d'entre  eles 
houvesse,  e  seguidamente  aos  seus  descendentes  de  filho  em  filho  até  à  extinção  da  linha 
varonil,  porque  então  tornariam  as  terras  para  a  Coroa;  ainda  no  mesmo  ano,  por  carta 
dada  em  Leiria  a  u  de  Novembro,  fez  D.  Fernando  doação  do  castelo  de  Lamego  a  Martim 
Vasques. —  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv,  i.",  fls,  loi  v.,  112  v.  e  i[5  v. 

No  reinado  de  D.  João  I,  entre  várias  outras  cartas,  encontram-se  estas:  doação  para 
sempre  a  Martim  Vasques  da  Cunha,  nosso  vassalo,  do  morgado  e  hospital  de  Santestrópio 
(Santo  Eutrópio),  que  é  edificado  na  cidade  de  Lisboa,  em  virtude  da  ida  para  Castela  de 
Gaterina  Dias  e  Urraca  Fernandes  sua  madre,  que  o  dito  morgado  e  hospital  tinham,  dada 
no  Porto  a  20  de  Setembro  de  1424  (i386);  doação  para  sempre  da  posse  e  direito  que  Ga- 
terina Dias,  filha  de  Diogo  Soares,  tinha  no  hospital  de  Santo  Eutrópio  edificado  em  Lisboa 
na  freguesia  de  S.  Bartolomeu,  assim  como  ela  o  tinha  quando  se  foi  para  Castela,  dada  em 
Ponte  da  Barca,  a  14  de  Outubro  do  referido  ano;  carta  de  privilégios  para  os  caseiros,  fo- 
reiros  e  lavradores  dos  seguintes  bens  do  mesmo  Martim  Vasques:  albergaria  que  foi  de 
de  Lopo  Soares  (albergaria  de  Paio  Delgado)  e  hospital  de  Santo  Eutrópio,  ambos  edificados 


Cunhas  1 63 

2.°  —  Estêvão  Soares  da  Cunha  foi  desassisado,  dizem  os  nobiliários  an- 
tigos, e  eu  suponho  ter  êle  sido  um  infeh*z.  Casou  por  amores  com  uma 
mulher  de  desigual  condição  a  qual  lhe  pagou,  traíndo-o;  desforçou-se,  ma- 
tando o  amante;  homiziou-se  em  Castela  e  ficou  sem  a  casa  por  o  irmão 
Vasco  lha  ter  tirado,  apesar  do  seu  incontestável  direito  a  suceder  nela  após 
a  expatriação  do  irmão  primogénito.  De  Estêvão  Soares  foi  neto  Luís  da 
Cunha,  cavaleiro  fidalgo  da  casa  de  D.  Afonso  V  na  lista  1467.  Reivindicou 
este  para  si  o  senhorio  e  morgado  da  Tábua  que  por  sentença  houve  de  sua 
parenta  D.  Mecia  da  Cunha,  bisneta  de  Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Moço, 
e  mulher  de  Pêro  Gomes  de  Abreu.  Casou  com  sua  sobrinha  D.  Maria  da 
Cunha,  filha  de  seu  primo  com  irmão  D.  Aires  da  Cunha,  e  não  tendo  tido 
dela  descendência  nomeou  o  senhorio  da  Tábua  em  seu  sogro,  a  quem,  segundo 
dizem,  D.  João  III  o  confirmou  por  carta  de  17  de  Outubro  de  i532.  Nos  su- 
cessores de  D.  Aires  se  continuou  o  senhorio.  Encontro  num  apontamento 
meu,  sem  indicação  da  fonte,  a  notícia  de  Luís  da  Cunha  haver  sido  sepul- 
tado na  igreja  de  Santa  Maria  de  Celorico  de  Basto,  «em  sepultura  com  as 
suas  armas,  tendo  dois  anjos  por  suportes,  e  este  letreiro:  Aqui ja:{  Luís  da 
Cunha  chefe  dos  Cunhas  senhor  de  Táboa».  A  sepultura  doutro  senhor  da 
Tábua  consta-me  ter  existido  no  corpo  da  igreja  de  Santa  Caterina  de  Lis- 
boa, no  pavimento,  com  este  epitáfio:  Sepultura  de  D.  M.^^  Alv\  da  Cunha, 
Comendador  da  Ordem  de  Xp.°  Chefre  da  mui  antiga  e  lllustrefamilia  dos 
Cunhas,  que  tendo  nesta  Cidade  três  Capellas,  por  humildade  se  mandou 
lançar  na  sua  Parochia,  viveo  65.  annos,  e  8.  meses  e  i3.  dias,  morreo  em 
g.  de  Setembro  de  162J.  annos  (i).  Este  D.  Manuel  foi  17."  senhor  da  Tábua 
è  15.*^  do  seu  morgado,  em  que  sucedeu  a  seu  primo  do  mesmo  nome.  Foi 
também  administrador  do  morgado  de  Bulhaco,  instituído,  segundo  se  diz, 
em  1237,  com  capela  da  invocação  de  Santa  Margarida,  na  igreja  de  S.  Ma- 
mede de  Lisboa,  por  Maria  Pires,  mulher  de  Pedro  Martins  de  Bulhão,  ir- 
mão de  Santo  António,  e  ambos  quartos  avós  de  D.  Maria  Afonso  de  Bulhão, 
primeira  mulher  de  D.  Aires  da  Cunha,  14.°  senhor  da  Tábua,  e  avô  de 
D.  Manuel.  Este  possuía  ainda  uma  segunda  capela,  da  invocação  de  Santo 
António,  instituída  na  igreja  da  Vitória  de  Lisboa  por  seu  tio  avô  Fernão 
Vaz  da  Cunha,  que  viera  da  índia  muito  rico.  Agora,  qual  era  a  terceira 
capela  mencionada  no  epitáfio,  não  sei.  De  Estêvão  Soares  da  Cunha,  além 
dos  senhores  da  Táboa,  condes  da  Cunha,  provieram  os  senhores  de  Santar, 
marqueses  em  Espanha,  onde  ficaram  depois  da  revolução  de  1640. 


em  Lisboa,  e  quinta  de  Benafarão  no  termo  de  Almada,  dada  em  Lisboa  a  5  de  Abril  de 
1427  (iSSg). —  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.»,  fls.  177  e  i85;  liv.  2.",  fl.  21  v, 
(i)  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  180. 


1 64  Brasões 

3.°  —  Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Moço,  vassalo  de  D.  João  I,  foi  senhor 
de  Penalva,  Sinde  e  Azere,  por  carta  de  8  de  Abril  de  142 1  (i383),  em  pa- 
gamento de  sua  contia,  no  valor  de  260  libras  (i),  doação  que  D.  João  I  lhe 
confirmou,  e  mais  a  terra  de  S.  Gião,  por  carta  de  21  de  Maio  de  1422 
(i383)  (2);  senhor  da  terra  de  Lanhoso,  com  suas  rendas  e  direitos,  e  a  Ju- 
risdição cível  e  crime,  tudo  de  Juro  e  herdade  para  sempre,  por  carta  de  1 1 
de  Março  de  1424  (i386)  (3),  confirmada  por  D.  Duarte  em  28  de  Março  de 
1434  (4);  alcaide  mor  do  castelo  deLanhoso  por  carta  de  4  de  Julho  de  1427 
(i38g)  (5).  Achou-se  nas  Cortes  de  Coimbra  de  i385,  quando  foi  aclamado 
D.  João  1  que  lhe  fez  muitas  mercês  (6).  Sucedeu  a  seu  pai  no  Julgado  da 
Tábua  e  morgado  da  Cunha,  em  virtude  da  ausência  de  seu  irmão  primogénito 
e  da  incapacidade  de  seu  irmão  segundogénito,  conforme  consta,  entre  outros 
documentos,  de  uma  escritura  de  10  de  Abril  de  1436  lavrada  pelo  notário  de 
Vasco  Martins  naquele  Julgado  (7).  Em  143 1  pretendeu  abandonar  o  mundo 
e  professar  cm  alguma  Ordem  religiosa,  mas  D.  João  I  mandou-lhe  que 
«tornasse  a  sua  vida  e  que  houvesse  suas  terras  como  havia».  Obedeceu  e 
tornou  a  «fazer  vida  com  sua  mulher  e  a  criar  e  manter  seus  filhos»  (8). 
Foi  casado  com  Beatriz  Gomes  da  Silva,  filha  de  Fernão  Gomes  da  Silva 
que  fora  senhor  de  Lanhoso,  e  ainda  viviam  em  1436,  quando  autorizaram 
a  doação,  que  seus  filhos  Rui  da  Cunha,  prior  de  Santa  Maria  de  Guima- 
rães, Aires  da  Cunha,  escudeiro  do  infante  D.  Fernando,  D.  Maria  da  Cunha, 
abadessa  de  Lorvão,  e  Martim  Vasques  da  Cunha  com  Mecia  de  Andrade, 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  3.°,  fl.  74  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.<*,  fl.  19  v. 

(3)  Ibidem^  fl.  171.  —  No  diploma  declara-se  que  haverá  a  terra,  como  a  tinha  Fernão 
Gomes  da  Silva,  que  se  ora  foi  para  Castela.  Este  Fernão  Gomes  era  o  sogro  de  Vasco 
Martins. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  1.»,  fl.  77  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  2.",  fl.  40  v. 

(G)  Cartas  de  8  de  Junho  de  i384,  de  mercê  de  bens  em  Torres  Vedras;  de  3  de  Outu- 
bro do  mesmo  ano,  de  bens  no  Porto;  de  6  de  Outubro  de  i385,  da  coutada  de  Randide,  no 
termo  de  Torres  Vedras;  e  de  19  de  Novembro  de  1387,  de  privilégios  para  a  sua  quinta  de 
Ouvim  e  honra  do  couto  da  Torre,  no  julgado  de  Regalados.  —  Chancelaria  de  D.  João  I, 
liv.  I.",  fls.  16,  48  v.,  79  V.,  e  196  V. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.»,  fl.  178  v.  —  Por  aqui  se  vê  que  não  teve  inteiro 
cumprimento  a  carta  de  29  de  Dezembro  de  1438  (1400),  pela  qual  D.  João  I  fizera  mercê  a 
Pêro  Vasques  da  Cunha,  seu  meio  irmão,  de  poder  suceder  por  morte  do  pai  nos  morgados 
da  Cunha,  Tábua  e  Pinheiro  {Livro  2fl  de  D.  João  I,  fl.  170),  apenas  sucedeu  no  último. 

(8)  Consta  da  carta  de  7  de  .Janeiro  de  1431  de  doação  das  terras  de  S.  Gião  e  Penalva 
a  sua  filha  Leonor  da  Cunha,  em  casamento  com  Fernão  Gomes  de  Góes.  —  Chancelaria  de 
D.  João  1,  liv.  4°,  fl.  128  v. 


Cunhas  i65 

sua  mulher,  fizeram  a  seu  irmão  Afonso  da  Cunha  dos  bens  que  haviam  de 
herdar  de  seus  pais  na  comarca  de  Antre  Doiro  e  Minho,  doação  confirmada 
por  D.  Duarte,  em  Estremoz,  a  4  de  Maio  do  referido  ano  (i).  Alem  dos 
filhos  acima  nomeados  ainda  tiveram  outro.  Já  então  falecido,  o  qual  se  cha- 
mou Luís  Vasques  da  Cunha,  ou  simplesmente  Luís  Vasques.  Teve  ele  mil 
e  quinhentos  reais  de  moradia  na  casa  de  D.  João  I  (2)  e  foi  prior  de  Santa 
Maria  de  Guimarães  e  o  era  nos  anos  de  1419  a  1428  (3).  Mandou  ele  fazer 
uma  preciosa  arca  de  prata  doirada  para  relíquias,  a  qual  se  encontra  re- 
produzida entre  as  estampas  da  folha  7  da  Arte  Religiosa  em  Portugal, 
acompanhada  de  umas  interessantes  notas  de  Joaquim  de  Vasconcelos,  meu 
erudito  amigo.  A  inscrição,  conforme  se  encontra  reproduzida  neste  livro, 
diverge  na  data  da  versão  do  autor  citado  na  nota,  pois  este  leu  era  de  1468, 
quando  na  realidade  parece  ser  era  de  1457;  mas  isso  não  influi.  Supõe 
Grasbeck  haver  Luís  Vasques  sido  filho  de  Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Ve- 
lho, mas  nisso  enganou-se,  porque  ele  foi  filho  de  Vasco  Martins  da  Cunha, 
o  Moço,  como  prova  o  escudo  das  suas  armas  na  mesma  arca  esculpido: 
esquartelado  de  nove  cunhas  (Cunha)  e  de  um  Hão  (Silva),  as  primeiras  pelo 
pai,  as  segundas  pela  mãe.  Além  disso  não  podia  ter  sido  filho  de  Vasco 
Martins,  o  Velho,  porque  não  vem  mencionado  entre  os  seus  filhos  na  citada 
escritura  de  7  de  Maio  de  1409.  Sucedeu-lhe  no  priorado  seu  irmão  Rui  da 
Cunha,  ou  melhor  D.  Rodrigo  da  Cunha,  de  quem  existem  memórias  desde 
1424  a  1447  (4).  Na  linha  primogénita  da  descendência  de  Vasco  Martins, 
o  Moço,  conservou-se  durante  mais  duas  gerações  o  senhorio  do  julgado  da 
Tábua,  tornando  depois  aos  descendentes  de  seu  irmão  Estêvão  Soares,  como 
•acima  disse.  Nesta  linha  e  bem  assim  nas  colaterais  está  há  muito  extinta 
a  varonia. 

4.° — Gil  Vasques  da  Cunha,  alferes  mor.  Dele  tratarei  no  capítulo  s^ 
guinte. 

5."  —  Lopo  Vasques  da  Cunha,  senhor  da  terra  da  Maia,  serviu  de  alferes 
mor  na  batalha  de  Aljubarrota  por  seu  irmão  Gil  Vasques,  e  em  1397  passou 
para  Castela  com  seu  outro  irmão  Martim  Vasques  da  Cunha.  Em  5  de 
Novembro  desse  mesmo  ano  deu-lhe  Henrique  III  as  vilas  de  Buendia  e 
Azanon,  na  mesma  ocasião  em  que  criou  conde  de  Valência  de  Campos  a 


(i)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.",  fl.  178  v. 

{2)  Soares  da  Silva,  Memorias  de  D.  João  /,  vol.  iv,  doe.  3i,  pág.  216,  onde  aparece  no- 
meado a  seguir  a  seu  irmão  Martim  Vasques. 

(3)  Francisco  Xavier  da  Serra  Grasbeck,  Catologo  dos  Abbades  de  Guimarães  no  vol. 
de  1726  dos  Documentos  e  Memorias  da  Academia  Real  da^Historiá. 

(4)  Ibidem. 


i66  Brasões 

seu  irmão.  Juntamente  com  sua  mulher  fundou  Lopo  Vasques,  em  Portilho^ 
a  3  de  Agosto  de  1446,  dois  morgados  para  seus  dois  filhos  mais  velhos. 
Sua  mulher  foi  D.  Teresa  Carrilho  de  Albornoz,  senhora  de  Paredes,  Por- 
tilho  e  Valtablado,  irmã  do  cardial  D.  Afonso  Carrilho,  e  ambos  os  cônjuges 
já  eram  falecidos  a  7  de  Setembro  do  referido  ano,  deixando  estes  filhos: 
D.  Pedro  da  Cunha,  i.°  conde  de  Buendia,  do  conselho  e  guarda  mor  de 
D.  João  II  de  Castela,  progenitor  dos  demais  condes,  que  foram  grandes  de 
Espanha,  dos  marqueses  de  Vai  de  Cerrato,  etc;  D.  Lopo  Vasques  da 
Cunha,  duque  de  Huete,  com  ilustre  descendência;  Gomes  Carrilho,  senhor 
de  Jadraque,  camareiro  de  D.  João  It,  progenitor  dos  marqueses  de  Carra- 
cena,  dos  de  Castro  Fuerte,  etc;  D.  Afonso  Carrilho,  arcebispo  de  Toledo, 
progenitor  dos  marqueses  de  Falces;  e  D.  Leonor  da  Cunha,  condessa 
de  Cifuentes,  primeira  mulher  de  D.  João  da  Silva,  1."  conde  de  Cifuen- 
tes  (i). 

6."  —  Rui  Vasques  da  Cunha,  nomeado  em  alguns  nobiliários,  poderá  ser 
o  cavaleiro  Rui  da  Cunha,  comendador  da  Ordem  de  Santiago,  que  pelejou 
na  hoste  portuguesa  na  batalha  de  Aljubarrota,  em  14  de  Agosto  de  i385. 
Era  já  falecido  em  7  de  Maio  de  1409  (2)  e  portanto  não  pode  ter  sido  o  Rui 
Gonçalves  da  Cunha,  arcediago  da  Sé  do  Porto,  que  dizem  ter  fundado  um 
morgado  em  1450. 

7."  —  D.  Mecia  Vasques  da  Cunha  era  abadessa  de  Lorvão  em  1409,  como 
acima  vimos,  e  talvez  seja  a  Mecia  da  Cunha,  dama  da  rainha  D.  Felipa, 
com  setecentas  libras  de  moradia  (3). 

Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Velho,  casou  a  segunda  vez  com  D.  Teresa 
de  Albuquerque,  filha  natural  de  D.  Fernando  Afonso  de  Albuquerque,  mes- 
tre de  Santiago,  embaixador  a  Inglaterra.  Deste  segundo  casamento  nasce- 
ram estes  filhos: 

8.°  —  D.  Gonçalo  Vasques  da  Cunha,  doutor  em  direito  pela  Universidade 
de  Bolonha,  bispo  eleito  da  Guarda  em  fins  de  1397,  só  tomou  posse  do  bis- 
pado em  1400  e  governou-o  até  1426,  ano  em  que  morreu  nalgum  dos 
meses  de  Agosto  a  Novembro.  Contribuiu  muito  para  a  edificação  da  nova 
Sé,  sobre  cujo  pórtico  lateral  da  banda  do  norte  se  colocou  o  escudo  das 
suas  armas,  que  era  esquartelado:  o  I  e  IV  das  quinas  do  reino:  o  II  e  III 


(i)  López  de  Haro,  Nobiliário  de  Espafía,  II,  8;  Salazar  y  Castro,  Casa  de  Lara,  II,  843, 
e  Casa  de  Silva,  I,  254. 

(2)  Data  da  escritura  de  partilhas  acima  citada.    Nela  não  vem  mencionado,  entre  os 
filhos  de  Vasco  Martins  da  Cunha,  nenhum  Rui,  sinal  de  que  já  tinha  morrido,  se  existiu. 

(3)  Soares  da  Silva,  Memorias  de  D.  João  I,  IV,  221. 


Cunhas  i 67 

das  nove  cunhas.  A  sua  Sé  legou  a  sua  biblioteca,  importante  para  o 
tempo  (i). 

9.°  —  Pêro  Vasques  da  Cunha,  senhor  de  Angeja,  Pereira,  Assequins, 
Bemposta,  Figueiredo  e  dos  coutos  do  Pinheiro  e  Castanheira,  foi  o  proge- 
nitor dos  Albuquerques,  senhores  de  Anjeja,  do  Conde  de  Penamacor  e  dou- 
tros que  serão  mencionados  no  título  dos  Albuquerques. 

10."  —  D.  Isabel  de  Albuquerque,  mulher  de  Gonçalo  Vaz  de  Melo,  o 
Moço,  senhor  da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros,  e  alcaide  mor  de  Évora, 
foi  mãe,  entre  outros,  de  D.  Pedro  de  Melo,  conde  da  Atalaia,  e  de  D.  Leo- 
nor de  Albuquerque,  mulher  de  João  Gonçalves  de  Gomide,  senhor  de  Vila 
Verde  e  escrivão  da  puridade  de  D.  João  I.  Seu  marido  matou-a  injusta- 
mente, pelo  que  foi  degolado,  e  os  filhos,  aborrecendo  o  apelido  paterno, 
adoptaram  o  materno,  o  qual  seus  descendentes  ilustraram  nas  pessoas  do 
grande  Afonso  de  Albuquerque,  de  Matias  de  Albuquerque,  vice  rei  da  índia, 
e  doutros. 

A  descendência  proveniente  dos  dois  casamentos  de  Vasco  Martins  da 
Cunha,  o  Velho,  dividiu-se  em  dois  ramos  distintos.  No  primeiro  conservou-se 
o  apelido  originário,  no  segundo  foi  este  trocado  pelo  de  Albuquerque. 

Manteve-se  o  senhorio  do  julgado  da  Tábua  e  dos  morgados  da  Cunha  e 
da  Tábua  na  linha  primogénita  portuguesa,  a  qual  só  veio  a  extinguir-se  na 
varonia  em  1895  pela  morte  do  5."  Conde  da  Cunha.  Então  ficou  subsistindo 
a  varonia  dos  Cunhas  unicamente  nos  descendentes  do  alferes  mor  Gil  Vas- 
ques da  Cunha,  aos  quais  destino  o  capítulo  iii  deste  artigo. 

Quanto  aos  Albuquerques,  provenientes  dos  Cunhas,  constituirão  eles  a 
matéria  do  XIV  artigo. 

Os  descendentes  do  primeiro  casamento  de  Vasco  Martins  da  Cunha,  o 
Velho,  alteraram  as  suas  armas  acrescentando-lhes  as  dos  Albergarias,  no  todo 
ou  em  parte,  por  se  haver  fundido  a  casa  dos  Albergarias  na  dos  Cunhas. 

Os  que  em  Espanha  vieram  do  Conde  de  Valência  de  Campos,  filho  pri- 
mogénito, trouxeram  em  campo  de  negro  banda  terçada  de  oiro,  prata  e 
oiro,  cada  uma  das  partes  de  oiro  carregada  de  nove  cunhas  de  azul  postas 
na  direcção  da  banda,  3,  3  e  3,  e  a  parte  de  prata  carregada  de  uma  cruz 
florida  de  vermelho,  vazia  de  prata;  bordadura  de  prata  carregada  dos  cinco 
escudetes  das  quinas  do  reino. 

Os  que  em  Portugal  vieram  de  Estêvão  e  de  Gil,  2.°  e  4.°  filho,  acres- 


(i)  José  Osório  da  Gama  e  Castro,  Diocese  e  districto  da  Guarda,  págs.  SaS  e  421. 


1 68  Brasões 

centaram  ao  antigo  escudo  da  casa  uma  bordadura  cosida  de  prata,  carre- 
gada das  quinas  do  reino.  Destes  alguns  dispuseram  as  suas  armas  pela 
seguinte  forma:  esquartelado:  o  I  e  IV  de  oiro  nove  cunhas  de  azul;  o  II  e 
III  de  prata,  cruz  florida  de  vermelho  e  vazia  do  campo.  Bordadura  de  todo 
o  escudo  de  prata,  carregada  de  nove  escudetes  de  azul,  sobrecarregados  de 
cinco  besantes  de  prata.  Estas  porem  não  creio,  que  sejam  hoje  usadas, 
apesar  de  ainda  se  verem  na  primeira  das  capelas  afonsinas  da  charola  da 
Sé  de  Lisboa  (i),  e,  segundo  penso,  no  palácio  do  governo,  em"  Pangim,  no 
retrato  de  Nuno  da  Cunha  (2). 

Os  que  em  Espanha  vieram  de  Lopo,  5.**  filho  de  Vasco  Martins  da  Cunha, 
o  Velho,  usaram  também  do  escudo  das  cunhas  com  a  bordadura  das  quinas. 

Ficaram  portanto  desde  esse  tempo,  princípios  do  século  xv,  existindo 
em  Portugal  dois  escudos  diferentes  para  armas  dos  Cunhas.  O  primeiro, 
as  nove  cunhas  de  azul  em  campo  de  oiro,  com  a  bordadura  das  quinas;  o 
segundo,  as  nove  cunhas  somente,  sem  a  bordadura. 

O  primeiro  é  privativo  das  casas  dos  senhores  da  Tábua,  condes  da  Cu- 
nha, dos  senhores  de  Santar,  dos  senhores  de  Gestaçô,  dos  condes  de  S.  Vi- 
cente, dos  condes  de  Povolide,  dos  marqueses  de  Olhão,  e  dos  condes  de 
Lumiares.     O  segundo  dos  demais  Cunhas. 

III 
CONDES   DE   LUMIARES 

Gil  Vasques  da  Cunha,  quarto  filho  de  Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Velho, 
serviu  ao  Mestre  de  Avis  logo  nos  primeiros  tempos.  Foi  capitão  de  unja 
das  cinco  naus  da  armada  do  Porto  de  socorro  a  Lisboa,  então  assediada 
pelos  Castelhanos,  e  com  ela  entrou  no  combate  naval  ferido  no  Tejo,  em 
frente  da  cidade,  no  dia  18  de  Julho  de  1884.  Também  foi  um  dos  fidalgos 
que  em  6  de  Outubro,  depois  de  levantado  o  cerco,  beijaram  a  mão  ao  Mes- 


(i)  Júlio  de  Castilho,  Lisboa  antiga,  1*  p.,  vol.  m,  pág.  220. 

(2)  José  Maria  Delorme  Colaço,  Galleria  dos  Vice-Reis^  e  Governadores  da  índia  Por- 
tuguesa dedicada  aos  illustres  descendentes  de  taes  Heroes.  Em  i83g  e  1840.  Possuo  os 
desenhos  coloridos,  originais  do  autor,  dos  dez  primeiros  Heroes^  e  mais  os  do  17.»  e  18."; 
alem  destes,  tenho,  em  tiragem  especial  os  sete  restantes.  Na  litografia  do  retrato  de  Nuno 
da  Cunha,  o  9."  da  colecção,  tal  como  foi  publicada,  vê-se  apenas  um  escudo  esquartelado, 
com  uma  bordadura  e  nela  as  quinas;  na  estampa  original  porem  divisam-se  perfeitamente 
as  cunhas  no  I  e  IV  quartéis  e  a  cruz  florida  nos  outros  dois.  Melhor  se  podem  ainda  ver 
nas  Lendas  da  India^  de  Gaspar  Correia,  no  tom.  lu,  em  frente  da  pág.  3o8,  no  retrato  de 
Nuno  da  Cunha,  onde,  não  sei  porqu^,  os  quartéis  aparecem  invertidos. 


Cunhas  '  169 

tre  na  qualidade  de  regente  do  reino.  No  ano  seguinte  assitiu  às  Cortes  de 
Coimbra,  não  se  tendo  oposto,  tam  abertamente  como  seu  irmão  Martim 
Vasques,  à  aclamação  de  D.  João  I,  que  logo  em  seguida  a  ela  o  nomeou 
alferes  mor  do  reino.  Nesta  mesma  ocasião,  por  cartas  de  10  de  Abril  e  i3 
de  Maio,  fez-lhe  doação  em  tença  da  terra  da  Maia  e  coníirmou-lhe  de  juro 
e  herdade  a  terra  de  Marialva,  a  qual  lhe  havia  doado  quando  ainda  era  re- 
gedor do  reino  (i).  Entrou  na  batalha  de  Trancoso,  mas  não  pelejou  na  de 
Aljubarrota,  tendo  sido  seu  irmão  Lopo  Vasques  quem  então  levou  o  pendão 
rial.  Continuou  servindo  até  que  em  iSgy,  seguindo  o  deplorável  exemplo 
de  seu  irmão  primogénito,  passou  para  Castela,  .onde  lhe  foi  feita  doação 
das  vilas  de  Roa  e  Mancilha,  sendo-lhe  em  Poitugal  confiscados  todos  seus 
bens  e  doados,  por  carta  de  i  de  Setembro  do  ano  seguinte,  a  seu  cunhado 
D.  Nuno  Alvares  Pereira  (2).  Ao  cabo  de  cinco  anos  porem  regressou  à 
pátria  e  D.  João  I,  por  carta  de  27  de  Maio  de  1440  (1402),  restitui-lhe  todos 
os  bens  patrimoniais  (3),  seguindo-se  logo  depois,  por  duas  cartas  de  i  de 
Junho,  a  restituição  da  terra  da  Maia  e  a  doação  das  terras  de  Celorico  de 
Basto,  Borba  de  Azinhares,  Vai  de  Boiro,  Montelongo  e  Portocarreiro  (4). 
Mais  mercês  lhe  tez  el  Rei,  entre  elas,  em  1410,  a  da  sinagoga  de  Monchi- 
que, no  arrabalde  do  Porto,  onde  Gil  Vasques  edificou  uma  bela  residência 
senhorial,  na  qual  posteriormente  seu  bisneto  Pêro  da  Cunha  Coutinho,  jun- 
tamente com  sua  mulher  D.  Beatriz  de  Vilhena,  fundaram  o  mosteiro  da 
Madre  de  Deus  (5);  mas  não  lhe  tornou  mais  a  confiar  o  posto  de  alferes  mor 
no  qual  permaneceu  João  Gomes  da  Silva.  Morreu  Gil  Vasques  em  Janeiro 
de  1418(6). 

Casou  a  primeira  vez  com  D.  Isabel  Pereira,  irmã  do  condestável  D.  Nuno 
Alvares  Pereira  e  filha  do  prior  do  Crato  D.  Álvaro  Gonçalves  Pereira. 
Morreu  D.  Isabel  em  i  de  Junho  de  1402,  deixando  quatro  filhos  a  que  logo 
me  referirei.  Casou  a  segunda  vez,  pelos  anos  de  1405,  com  D.  Leonor 
Gonçalves  de  Moura,  filha  de  Álvaro  Gonçalves  de  Moura,  meirinho  mor  de 
Entre  Tejo  e  Guadiana,  alcaide  mor  de  Moura  e  de  Évora,  e  de  sua  mulher 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  i.',  fls.  117  e  09  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  180  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  3.%  fl.  i3. 

(4)  Ibidem,  e  liv,  2.",  fl.  177  v. 

(5)  Sousa  Viterbo,  Occorrencias  da  vida  judaica,  no  Archivo  histórico  portuguez,. 
vol.  11,  pág.  188  e  segs. 

(6)  Consta  da  carta  de  sentença  de  5  de  Dezembro  de  1459  (1421)  dada  a  favor  de  seu 
filho  Fernão  Vaz  da  Cunha,  relativa  à  sucessão  da  terra  da  Maia.  —  Chancelaria  de  D.  João  1,. 
liv.  4.",  fl.  62. 

VOL.  I  22 


I  yo  Brasões 

D.  Urraca  Fernandes,  g/**  senhora  da  Azambuja.  Deste  casamento  não  houve 
Gil  Vasques  descendência;  do  primeiro  matrimónio  nasceram: 

Fernão  Vasques  da  Cunha,  rico  homem,  senhor  de  Celorico  de  Basto, 
Montelongo  e  terra  da  Maia,  que  lhe  foram  confirmadas  em  142 1  e  1433,  foi 
fronteiro  mor  em  Ceuta  e  morreu  em  Tanger,  ao  lado  dos  Infantes,  em  fins 
de  Setembro  de  1437.  Casou  com  D.  Branca  de  Vilhena,  filha  de  D.  Hen- 
rique Manuel  de  Vilhena,  conde  de  Seia,  de  quem  teve  uma  única  filha, 
D.  Maria  da  Cunha,  sucessora  da  casa  e  mulher  de  Fernão  Coutinho,  que 
por  ela  foi  senhor  de  Basto,  Montelongo,  etc. 

D.  Felipa  da  Cunha  tinha  em  1429  «tratado  seu  casamento»  (i),  e  veio  a 
ser,  com  efeito,  mulher  de  Fernão  de  Sá,  alcaide  mor  do  Porto,  senhor  de 
Sever,  camareiro  mor  de  D.  Duarte  e  D.  Afonso  V. 

D.  Maria  da  Cunha,  mulher  do  dr.  Martim  do  Sem,  de  quem  no  título 
dos  Almeidas  tratarei, 

João  Pereira  Agostim,  um  dos  doze  de  Inglaterra,  achou-se  na  conquista 
de  Ceuta  em  141 5  e,  depois  da  cidade  tomada,  ficou  nela  capitaneando  a 
gente  da  casa  do  infante  D.  Henrique.  O  qual  João  Pereira  «depois  foy 
muy  boom  cavalleyro  em  aquella  cidade,  e  em  outras  muitas  pelejas  forom 
elle  e  outros  boÕs  homeés  ante  daqueste  feito,  os  quaaes  andando  nas  guerras 
de  França  e  de  Inglaterra,  ouvindo  as  novas  da  armaçam  que  elRey  fazia, 
leixaram  todallas  doçuras  de  França  e  daquellas  terras  por  víir  a  serviço 
delRey,  os  quaaes  eram  o  dito  Joham  Pereyra,  e  Diego  Lopez  de  Sousa,  e 
Pêro  Gomçallvez  a  que  deziam  Mallafaya,  e  Alvoro  Meemdez  Cerveira»  (2). 
Por  êle  disse  a  cantiga 

Quem  guardaria  Ceuta 
Malafaia  ou  João  Pereira. 

Lá  continuou  servindo  com  denodo,  como  se  lê  em  várias  passagens  da 
Crónica  do  Conde  D.  Pedro,  e  depois  foi  em  1437  com  os  Infantes  na  de- 
sastrosa empresa  de  Tânger. 

Casou  com  Brites  Gonçalves,  filha  de  Gonçalo  Rodrigues  de  Galafura, 
senhor  do  morgado  de  Medeio,  «e  assim  se  mostra  da  demanda  que  correu 
sobre  este  morgado»  (3),  e  dela  teve  único  a  Nuno  da  Cunha.     Foi  este  ca- 


(i)  Archivo  histórico  portugue'^,  III,  122. 

(2)  Azurara,  Crónica  da  tomada  de  Ceuta,  cap,  100,  pág.  264. 

(3)  Diogo  Gomes  de  Figueiredo,  Nobiliário,  II,  632,  viihi.  —  D.  Francisco  de  Meneses, 
Famílias  de  Portugal,  II,  H.  492  v.,  mihi,  diz:  «a  mulher  de  que  houve  ao  dito  Nuno  da 
Cunha  era  filha  de  Gonçalo  Rodrigues  de  Galafura,  porque  seu  neto  Pêro  de  Galafura  consta 
ser  primo  com  irmão  do  dito  Nuno  da  Cunha». 


Cunhas  i 71 

mareiro  mor  do  infante  D.  Fernando,  irmão  de  D.  Afonso  V,  e  alcaide  mor 
de  Palmela.  Possuiu  a  casa  em  Setúbal,  onde  em  1484  o  Duque  de  Viseu 
foi  assassinado;  e  morreu  em  1476  antes  de  i5  de  Junho  (i),  deixando  viúva 
D.  Caterina  de  Albuquerque,  filha  de  Luís  Alvares,  mestre  sala  de  D.  Afonso  V. 
A  D.  Caterina,  «mulher  que  foi  de  Nuno  da  Cunha»,  foi  feita  mercê,  em  sua 
vida,  por  carta  de  19  de  Maio  de  1477,  ^^  ^^^  tença  de  novecentos  e  se- 
tenta e  dois  reais  brancos,  dos  quais  havia  pagamento  pelo  foro  de  um  pomar 
que  trazia  da  Ordem  de  Santiago  no  termo  de  Palmela  (2).  Ainda  então 
não  tinha  tornado  a  casar  com  o  marichal  D.  Fernando  Coutinho,  pripieiro 
do  nome.  De  Nuno  da  Cunha  e  de  D.  Caterina  de  Albuquerque  foi  filho 
primogénito  o  famoso  Tristão  da  Cunha. 

Foi  Tristão  da  Cunha  i.°  senhor  de  Gestaçô  e  Panoias,  por  carta  de  18 
de  Setembro  de  i5io  (3),  camareiro  mor  do  duque  de  Viseu  D.  Diogo,  do 
conselho  de  D.  Manuel  e  seu  vedor  da  fazenda,  nomeado  por  alvará  de  12 
de  Março  de  1504(4),  tendo  sido  por  outro,  de  22  de  Outubro  de  i5i3,  nas 
vésperas  da  partida  para  Roma,  autorizado  a  traspassar  o  ofício  em  seu  filho, 
Nuno  da  Cunha  (5),  a  quem  contudo  só  foi  passada  carta  em  20  de  Dezembro 
de  i52i  (6). 

No  ano  de  1496,  a  28  de  Abril,  fez-lhe  D.  Manuel  mercê  de  cinquenta 
mil  reais  de  tença  anual,  em  atenção  aos  seus  serviços  e  a  ter  sido  camareiro 
mor  de  seu  irmão;  no  de  i5oo  recebia  também  duas  tenças  uma  de  sessenta 
e  cinco  mil  reais  e  a  outra  de  cinquenta  mil  reais  pelos  rendimentos  da  Or- 
dem de  Cristo;  e  desde  o  ano  de  i5i4  em  diante  êle  aparece  nas  listas  dos 
fidalgos  da  casa  rial  com  a  moradia  de  quatro  mil  duzentos  e  oitenta  e  seis 
reais  por  mes,  como  cavaleiro  do  conselho.  No  ano  de  1498  foi  um  dos 
fidalgos  que  acompanharam  D.  Manuel  a  Castela,  quando  êle  e  sua  mulher 
foram  a  ser  jurados  príncipes  herdeiros  daquela  coroa. 

Este  rei  estimava  deveras  a  Tristão  da  Cunha  e  tanto  que  o  nomeou,  no 
ano  de  i5o5,  para  primeiro  vice  rei  da  índia;  o  que  se  não  realizou  por  êle 
cegar  repentinamente  e  em  seu  lugar  enviou  a  D.  Francisco  de  Almeida. 
Tendo  recuperado  alguma  vista  por  efeito  da  medicina,  ou  da  natureza,  foi, 
no  ano  seguinte,  nomeado  capitão  mor  de  uma  armada  de  dezasseis  velas 


(i)  Critica  e  historia,  I,  265. 

(2)  Liv.  I."  da  Ordem  de  Santiago,  fl.  3i. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  8.°,  fl. 

(4)  Jbiden7,\W.  18.»,  fl.  ii8v. 

(5)  Ibidem. 

(6)  Ibidem,  fl.  1 17  v. 


172  Brasões 

enviada  à  índia.  Seis  das  naus  eram  capitaneadas  por  Afonso  de  Albu- 
querque, provido  então  no  governo  daquele  estado.  Tendo  a  esquadra  saído 
de  Lisboa  em  6  de  Março  desse  ano  de  i5o6,  descobriu  as  ilhas  a  que  o 
capitão  mor  pôs  seu  nome  e,  por  ter  tomado  muito  ao  largo,  teve  que  in- 
vernar em  Moçambique,  d'onde,  aproveitando  esta  demora  forçada,  fez  um 
reconhecimento  pelas  costas  da  ilha  de  Madagáscar,  o  qual  foi  muito  preju- 
dicial à  esquadra  por  se  terem  perdido  alguns  navios  nos  baixos  de  areia, 
que  há  em  torno  da  ilha  até  grandes  distâncias.  Passou  a  Melinde,  cujo  rei 
trazia  guerra  com  os  reis  de  Hoya  e  Lamo,  e  pedindo  socorro  a  Tristão  da 
Cunha,  este  o  ajudou,  e  tomou  e  saqueou  a  cidade  de  Hoya  e  lhe  matou  o 
seu  rei,  o  que,  sabido  do  de  Lamo,  se  constituiu,  para  evitar  a  mesma  catás- 
trofe, tributário  da  coroa  portuguesa  em  seiscentos  miticais  de  oiro  por  ano, 
ou  duzentos  e  dezasseis  mil  reais.  Depois  de  um  porfiado  combate  também 
tomou  e  saqueou  a  cidade  de  Brava  situada  trinta  léguas  mais  acima,  em  se- 
guida à  qual  empresa,  que  já  foi  no  ano  de  1607,  foi  armado"  cavaleiro  com 
seu  filho  Nuno  por  Afonso  de  Albuquerque.  No  ano  seguinte  chegaram  à 
ilha  de  Socotorá,  a  qual  era  um  ponto  muito  importante,  não  só  por  dificul- 
tar o  comércio  aos  Moiros  pelo  mar  Roxo,  cuja  entrada  ela  defendia,  como 
também  por  poder  vir  a  ser  um  porto  seguro  para  as  esquadras  portuguesas 
nas  suas  viagens  por  aqueles  mares,  pelo  que  Tristão  da  Cunha  levava  ins- 
truções particulares  de  D.  Manuel  para  a  tomar.  Surgindo  em  frente  do 
castelo  da  ilha,  que  era  guarnecido  por  Fartaquins,  povo  que  a  havia  con- 
quistado, os  mandou  intimar  para  dela  saírem,  e,  não  o  fazendo  eles,  de- 
sembarcou as  suas  tropas  e,  combatendo  com  eles,  os  venceu,  matando-os 
a  todos,  menos  um  por  ser  mui  hábil  piloto.  Os  indígenas,  que  eram  uma 
espécie  de  cristãos,  foram  por  êle  muito  bem  tratados,  e  deixou-lheS  um 
missionário  e  por  governador  da  ilha  a  D.  Afonso  de  Noronha,  sobrinho  de 
Afonso  de  Albuquerque,  e  por  alcaide  mor  do  castelo,  a  seu  cunhado  Fer- 
nando Jácome.  Em  20  de  Agosto  separou-se  de  Afonso  de  Albuquerque, 
ficando  este  pelos  estreitos  de  Arábia,  continuando  Tristão  da  Cunha  na  sua 
derrota  para  a  índia,  onde,  aportando  a  Cananor,  fez,  com  a  sua  chegada, 
levantar  o  apertado  cerco  posto  pelos  índios  a  esta  cidade,  que  já  estava  nos 
últimos  apuros.  Constando  ao  vice  rei  D.  Francisco  de  Almeida  que  esta- 
vam quinze  ou  dezasseis  navios  moiros  em  Pananá  prestes  a  partirem,  re- 
solveu ir  incendiá-los,  e  juntando  a  sua  armada  com  a  de  Tristão  da  Cunha, 
em  comum  comandaram  esta  brilhante  expedição,  na  qual  os  filhos  de  ambos 
muito  se  distinguiram.  Conseguido  o  seu  fim,  voltaram  os  dois  ilustres  ge- 
nerais para  a  índia  e  estando  já  carregados,  ou  quási,  os  navios  de  retorno, 
em  breve  regressou  Tristão  da  Cunha  para  o  seu  país,  metendo-se  a  caminho 
ainda  nesse  mesmo  ano  de  i5o8. 


Cunhas  ijS 

Querendo  el  Rei  I).  Manuel  mandar  as  primícias  da  índia  ao  papa  Leão  X, 
decidiu  enviar-lhe  uma  luzida  embaixada  com  o  magnífico  presente,  que  es- 
pantou a  Europa  e  tem  sido  descrito  em  todas  as  histórias  daquele  tempo, 
e  nomeou  por  embaixador  a  Tristão  da  Cunha.  Fez  êle  a  sua  entrada  em 
Roma,  com  um  brilhantíssimo  séquito,  no  dia  12  de  Março  de  i5i4,  e  tendo 
feito  a  sua  embaixada,  talvez  a  mais  magnífica  de  que  há  conhecimento,  o 
Papa,  levado  da  fama  de  seu  nome,  lhe  ofereceu  o  bastão  de  general  da  ar- 
mada que  tinha  aparelhada  contra  os  Turcos,  oferecimento  pelo  embaixador 
recusado  por  não  ter  autorização  do  seu  rei.  Demorou-se  menos  de  um  ano 
na  embaixada,  como  consta  do  mandado  de  21  de  Outubro  de  i5i4  no  qual 
se  lhe  mandam  dar  trinta  e  oito  mil  quinhentos  e  setenta  e  quatro  reais  da 
sua  moradia,  a  razão  de  quatro  mil  duzentos  e  oitenta  e  seis  rs.  por  mês  e 
alqueire  de  cevada  por  dia,  de  oito  meses  desse  ano,  que  tinha  andado  em 
Roma  como  embaixador  (1).  Pelos  seus  serviços  na  embaixada  foram-lhe 
dados,  por  carta  de  14  de  Abril  de  i5i5,  duzentos  e  cinquenta  mil  reais  de 
tença  em  sua  vida  (2).  Em  Maio  de  i523  recebia  Tristão  da  Cunha  quatro- 
centos e  quarenta  e  cinco  mil  rs.  e  vinte  moios  de  trigo  de  várias  tenças  (3). 

Tendo  D.  João  III,  em  Outubro  de  i528,  mandado  com  grande  pressa 
Manuel  de  Macedo  ao  estreito  Pérsico  com  uma  carta  de  prego  para  abrir 
assim  que  lá  chegasse,  empregou  Tristão  da  Cunha  todos  os  meios  para  des- 
cobrir aquele  segredo,  maS  como  o  não  conseguisse  escreveu  a  seu  filho  Nuno 
da  Cunha,  então  governador  da  índia,  a  famosa  carta:  «Filho  Nuno,  la  vay 
hum  mancebo  em  híia  nao  míiy  apressado,  por  mandado  d'elRey,  nunca  pude 
saber  ao  que  vay,  deyxalhe  fazer  tudo  o  que  lhe  elRey  manda,  sem  lhe  ires 
a  maÕ  a  cousa  algúa,  manda  pimenta,  e  deitate  a  dormir»  (4). 

Em  Agosto  de  ibSg  parece  que  ainda  vivia  (5),  mas  nesse  mesmo  ano  o 
colheu  a  morte,  segundo  consta  do  epitáfio  na  capela  mor  da  igreja  matriz 
de  Olhai vo,  o  qual  diz:  Sepultura  do  Grande  Tristão  da  Cunha,  senhor  de 
Gestaco  e  Penajofa,  do  conselho  d'elrei  D.  Manuel  e  D.  João  III,  nomeado 
embaixador  a  Roma;  general  da  Liga  Catholica,  nomeado  pelo  papa  Leão  X 
contra  o  Turco;  e  o  primeiro  capitão  que,  por  combate,  tomou  cidade  a 
Mouros  no  Oriente.  Falleceu  anuo  de  i53g  —  e  de  sua  mulher  D.  Anlonia 
d  Albuquerque  (6). 


(i)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  tom.  iii,  fl.  849  mihi. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  24,»,  fl.  3i. 

(3)  Livro  das  tenças,  no  Archivo  histórico  portuguez,  II,  116. 

(4)  Diogo  do  Couto,  Década  quarta  da  Asia^  fl.  92. 

(5)  Arquivo  histórico  português,  X,  i58. 

(6)  Guilherme  João  Carlos  Henriques,  Alemquer  e  seu  concelho,  pág.  258. 


iy4  Brasões 

Casou  Tristão  da  Cunha  com  D.  Antónia  Pais  (i),  filha  de  Pêro  Gonçal- 
ves, secretário  de  D.  Afonso  V,  de  1449  a  1464  (2),  e  de  sua  mulher  Leonor 
Pais,  irmã  de  João  Rodrigues  Pais,  contador  mor  de  Lisboa.  Deste  casa- 
mento procederam: 

i.°  —  Nuno  da  Cunha  nasceu  pelos  anos  de  1487  (3);  partiu  com  o  pai 
para  a  índia  em  Março  de  i5o6;  de  lá  regressou  em  Julho  de  i5o8,  tendo 
sido  armado  cavaleiro  pelo  grande  Afonso  de  Albuquerque  no  campo  de  ba- 
talha. Quando  Nuno  da  Cunha  partiu  para  a  índia,  ao  chegar  à  ilha  de 
Madagáscar  pôs,  à  primeira  angra  onde  aportaram,  o  nome  de  D.  Maria  da 
Cunha  por  contemplação  de  uma  donzela  da  casa  da  rainha  D.  Maria  com 
-quem  andava  de  amores  e  com  quem  veio  a  casar  (4).  Chegado  ao  reino, 
mandou-o  D.  Manuel  em  i5ii  por  fronteiro  a  Çafím,  onde  serviu  com  dis- 
tinção durante  algum  tempo.  Resolvida  a  embaixada  de  seu  pai  a  Roma, 
fez-lhe  D.  Manuel  mercê,  por  alvará  de  22  de  Outubro  de  i5i3,  de  lhe  per- 
mitir que  renunciasse  o  ofício  de  vedor  da  fazenda  no  filho  Nuno,  o  que  só 
se  veio  a  realizar  por  instrumento  feito  em  Lisboa  a  20  e  carta  de  27  de 
Dezembro  de  i52i  (5).  Nomeado  do  conselho  por  carta  de  17  de  Fevereiro 
do  ano  seguinte  (6),  serviu  o  ofício  de  vedor  até  ser  nomeado  governador  e 
capitão  mor  da  índia,  para  onde  partiu  em  18  de  Abril  de  i528  na  náu  Flor 
da  Rosa,  uma  das  da  armada  desse  ano,  na  qual  dois  irmãos  do  governador, 
Simão  da  Cunha  e  Pedro  Vaz  da  Cunha,  capitaneavam  respectivamente  as 
naus  Castelo  e  Santa  Caterina.  No  caminho,  "a  i8  de  Novembro,  tomou  a 
cidade  de  Mombaça,  tornando  o  seu  rei  tributário  da  Coroa  portuguesa;  foi 
a  Ormuz,  onde  condenou  o  rei  da  terra  a  pagar  mais  quarenta  mil  xerafins; 
partiu  para  Goa  a  i5  de  Setembro  de  1629,  onde  aportou  a  22  de  Outubro. 
Pouco  porem  lá  se  demorou  por  isso  que  já  a  18  de  Novenibro  chegava 
a  Cananor  e  lá,  oito  dias  depois,  dava-lhe  a  posse  do  governo  do  Estado 
Lopo  Vaz  de  Sampaio,  que  por  ordem  dei  Rei  remeteu  preso  para  o  reino. 
Dez  anos  durou  o  notável  governo  de  Nuno  da  Cunha,  sucedendo-lhe,  como 
a  todos  os  grandes  homens  que  tivemos  na  índia,  ser  muito  acusado  pelos 
seus  émulos;  em  pouco  tempo  porém  fez-se  inteira  justiça  à  sua  honradez,  ao 


(1)  D.  Antónia  de  Albuquerque  lhe  chama  João  de  Barros  na  déc.  iv  da  Ásia,  pág.  710, 
sem  grande  fundamento  talvez. 

(2)  Francisco  Manuel  Trigoso  de  Aragão  Morato,  Memoria  sobre  os  Secretários  dos 
Reis  e  Regentes,  no  vol.  I  da  11  série  da  Historia  e  Memorias  da  Academia  Real  das  Sciencias, 
pág.  35. 

(3)  A  gente  do  Cancioneiro^  vol.  x  da  Revista  lusitana,  págs.  283-284. 

(4)  João  de  Barros,  Asia^  déc.  11,  liv.  i,  cap.  i,  fl.  2  r.-v. 

(5)  Chancelaria  de  D  Manuel^  liv.  i8.°,  fl.  1 18  v. 

(b)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  i,"  de  Doações,  fl.  8. 


Cunhas 


175 


seu  valor  e  à  sua  boa  administração.  Entregou  o  governo,  a  14  de  Setembro 
de  i538,  a  seu  sucessor  D.  Garcia  de  Noronha,  que  do  reino  partira  com 
severas  instruções  relativas  ao  seu  antecessor.  Só  pôde  embarcar  em  Janeiro 
de  1539,  partindo  já  mal  sentido  e  em  seguida  a  dobrar  o  cabo  da  Boa  Espe- 
rança agravaram-se-ihe  os  padecimentos  por  forma  a  tratar  de  se  preparar 
para  a  morte,  que  lhe  sobreveio  por  todo  o  mês  de  Março.  Preguntara-lhe 
seu  capelão,  se  queria  que  trouxessem  seu  cadáver  embalsamado  para  o 
reino;  ele  porém  respondeu  lhe:  «Que  pois  Deos  avia  por  bem  de  o  levar 
no  mar,  que  o  mar  fosse  sua  sepultura,  pois  a  terra  o  não  quisera.  E  se  ella 
tam  mal  recebia  seus  serviços,  não  lhe  queria  entregar  seus  ossos».  Deter- 
minou mais,  que  lhe  vestissem  o  manto  da  Ordem,  lhe  pusessem  a  espada 
na  cinta,  lhe  atassem  um  par  de  câmaras  de  ferro  aos  pés,  para  seu  corpo 
ir  logo  ao  fundo,  e  o  lançassem  pela  varanda  ao  mar.  Poucos  dias  antes 
escrevera  por  sua  mão  uma  cédula,  na  qual  «jurara  por  aquella  hora  em 
que  estava,  não  tèr  da  fazenda  d'el  Rei  mais  que  cinco  riioedas  d'ouro,  que 
tomara  da  fazenda  de  Soltam  Badur  Rei  de  Cambaia,  para  as  mostrar  à 
el  Rei  em  Portugal  por  serem  fermosas,  &  grandes».  Tinha  cinquenta  e 
dois  anos  de  idade  (i).  Casara  duas  vezes:  a  primeira,  com  a  já  nomeada 
D.  Maria  da  Cunha,  que  era  filha  de  Martim  Afonso  da  Silveira,  alcaide  mor 
de  Terena,  e  de  sua  mulher  D.  Caterina  da  Azambuja,  filha  do  esforçado 
cavaleiro  Diogo  da  Azambuja;  a  segunda  com  D.  Isabel  de  Vilhena,  irmã 
do  Conde  da  Sortelha  e  filha  de  Nuno  Martins  da  Silveira,  senhor  de  Góes, 
mordomo  mor  da  rainha  D.  Caterina,  e  de  sua  mulher  D.  Felipa  de  Vilhena. 
Do  primeiro  casamento  proveio  uma  linha  de  Cunhas,  senhores  de  Gestaçô 
e  Panoias,  alcaides  mores  de  Terena,  a  qual  se  extinguiu  em  i665,  passando 
a  casa  a  seu  parente  o  Conde  de  S.  Vicente.  Do  segundo  casamento  foi 
quarto  neto  João  Nunes  da  Cunha,  vice  rei  da  índia  por  carta  patente  de  1 1 
de  Março  de  1666,  e  i.°  conde  de  S.  Vicente  por  outra  de  2  de  Abril,  título 
que  lhe  foi  dado  em  vida,  não  podendo  começar  a  usar  dele  senão  depois 
de  chegar  à  índia  (2).  Morreu  em  Goa,  com  quarenta  e  nove  anos,  a  7  de 
Novembro  de  1668,  deixando  uma  única  filha,  D.  Maria  Caetana  da  Cunha, 
que  casou  com  Miguel  Carlos  de  Távora,  conde  de  S.  Vicente,  em  sua  vida, 
por  carta  de  14  de  Janeiro  de  1672  (3).  Era  o  2.°  Conde  de  S.  Vicente  ir- 
mão do  i.°  Marquês  de  Távora  e  teve  descendência,  na  qual  se  extinguiu  o 
título  de  conde  de  S.  Vicente  em  i835. 

2."  —  Manuel  da  Cunha  partiu  para  a  índia  na  armada  de  i5io,  capita- 


(i)  João  de  Barros,  Ásia,  iv  déc,  cap.  último. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  20.°  de  Oficias  e  mercês,  ti.  88. 

(3)  Ibidem,  liv.  41.°,  fl.  i5o. 


1^6  Brasões 

neando  uma  náu;  acompanhou  Afonso  de  Albuquerque  na  conquista  de  Goa, 
em  25  de  Novembro  do  mesmo  ano,  sendo  então  armado  cavaleiro  pelo  pró- 
prio Governador;  e  morreu  no  ano  seguinte,  no  assalto  tentado  pelas  tropas 
do  Hidalcão  contra  a  cidade,  durante  a  expedição  de  Albuquerque  a  Ma- 
laca. 

3.°  —  Simão  da  Cunha,  trinchante  de  D.  João  III,  partiu  para  a  índia, 
depois  de  ter  vendido  o  ofício,  como  capitão  de  uma  das  naus  da  armada 
de  1628,  da  qual  era  capitão  mor  seu  irmão  o  governador  Nuno  da  Cunha. 
Mandou-o  este  com  uma  armada  de  oito  navios  conquistar  a  ilha  de  Baarem, 
mas  não  foi  feliz  na  empresa,  que  falhou  completamente,  tendo  o  próprio 
comandante,  quando  já  retirava  para  Ormuz,  falecido  no  mar,  em  Outubro 
de  1529.  Veio  o  seu  corpo  a  ser  sepultado  na  capela  mor  da  igreja  matriz 
de  Olhalvo,  com  este  epitáfio:  Sepultura  de  Simão  da  Cunha,  trinchante 
mor  dei  Rei  D.  João  III.  General  do  mar  da  índia.  Falleceo  anuo  de  i52g. 
E  de  sua  mulher  D.  Isabel  de  Meneses  (i).  Era  ela  filha  de  Rui  Gomes  da 
Grã,  governador  da  casa  da  Excelente  Senhora  nomeado  por  carta  de  26  de 
Maio  de  1498  (2),  e  de  sua  mulher  D.  Maria  de  Meneses,  camareira  mor  da 
mesma  senhora  (3).  Simão  da  Cunha,  além  doutros  filhos  que  não  deixaram 
descendência,  teve  a  Tristão  da  Cunha  e  a  Rui  Gomes  da  Cunha.  De  Tris- 
tão foi  filho  e  sucessor  outro  Simão  da  Cunha,  senhor  de  Povolide  e  Castro 
Verde  pelo  seu  casamento  e  bisavô  de  Tristão  da  Cunha  de  Ataíde,  i.''  conde 
de  Povolide,  em  sua  vida,  por  carta  de  8  de  Janeiro  de  1709  (4).  Era  sobri- 
nho de  Nuno  da  Cunha  de  Ataíde,  conde  de  Pontével,  em  sua  vida,  por  carta 
de  i5  de  Abril  de  1662,  por  estar  casado  com  D.  Elvira  Maria  de  Vilhena, 
dama  da  rainha  D.  Luisa,  a  quem,  por  acompanhar  a  Inglaterra  a  rainha 
D.  Caterina,  fora  concedido,  em  2  do  referido  mês,  um  alvará  de  promessa 
do  título  para  a  pessoa  que  com  ela  casasse  (5).  Foi  esta  senhora  quem» 
depois  de  viúva,  edificou  a  sumptuosa  igreja  da  Encarnação  de  Lisboa.  O 
Conde  de  Povolide  era  irmão  do  Cardial  da  Cunha,  outro  Nuno  da  Cunha 
de  Ataíde,  capelão  mor  em  1706,  bispo  de  Targa  no  ano  seguinte,  conse. 
Iheiro  de  Estado,  ministro  do  Despacho,  inquisidor  geral  e  finalmente  pro- 


(i)  Guilherme  João  Carlos  Henriques,  Alemquer  e  seu  concelho,  pág.  zSy. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  3i  °,  fl.  148. 

(3)  Foram  estes  cônjuges  sepultados  no  pavimento  da  casa  do  capítulo  do  mosteiro  de 
Santa  Maria  da  Piedade  de  Azeitão,  com  o  seguinte  epitáfio  gravado  na  campa:  Aquija^ 
Rui  Gome^  da  Graã  que  foy  governador  da  Excelente  Senhora  do  conselho  delRei  e  D.  Maria 
de  Meneses  sua  molher  que  foy  camareira  da  mesma  senhora.  —  Archeologo  português, 
III,  27. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  F,  liv,  29.",  fl.  3io.  .  • 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  aS.*  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  19. 


Cunhas  177 

movido  a  cardial  nacionaí  em  1712,  sendo  em  1722  investido  pelo  Papa,  em 
Roma,  na  basílica  de  Santa  Anastácia,  vindo  falecer  a  Lisboa  a  14  de  De- 
zembro de  1730.  Em  i833  faleceu  Luís  da  Cunha  Grã  Ataíde  e  Melo,  4."  e 
último  conde  de  Povolide  (i),  e  passou  a  casa  a  seu  irmão  António  da  Cunha 
Grã  Ataíde  e  Melo,  conde  de  Sintra  por  carta  de  28  de  Junho  de  1828  (2), 
que  também  morreu  sem  descendência  em  1861,  pelo  que,  depois  de  ter  es- 
tado algum  tempo  de  posse  da  casa  seu  irmão  João  da  Cunha  Grã  Ataíde  e 
Melo,  passou  ela  a  seu  sobrinho  o  9."  conde  de  Valadares,  D.  José  António 
de  Noronha  Abranches  Castelo  Branco,  extinguintlo-se  a  varonia  dos  Cunhas. 
—  Rui  Gomes  da  Cunha,  segundo  filho  do  primeiro  Simão  da  Cunha,  como 
acima  ficou  escrito,  foi  capitão  mor  da  armada  da  índia  do  ano  de  i566  e 
copeiro  mor  de  D.  João  III  e  de  D.  Sebastião  (3).  Casou;  foi  bisavô  de  Tris- 
tão da  Cunha,  i."  senhor  de  Valdigem  por  portaria  de  19  de  Novembro  de 
1669  (4),  governador  e  capitão  general  de  Angola  em  iõ65,  d'onde  voltou 
preso  em  1667,  governador  das  armas  da  província  de  Trás  os  Montes;  e 
foi  terceiro  avô  de  Pedro  da  Cunha  de  Mendoça,  2.*'  senhor  de  Valdigem, 
veador  da  casa  da  rainha  D.  Maria  Ana  de  Áustria,  general  de  batalha,  fa- 
lecido em  1731,  deixando  uma  única  filha,  em  quem  terminou  a  varonia  deste 
ramo  dos  Cunhas.  Casou  esta  senhora,  que  se  chamava  D.  Beatriz  Josefa 
da  Cunha  e  Mendoça,  com  seu  tio  D.  Carlos  José  Bento  de  Meneses,  veador 
da  casa  da  dita  Rainha,  filho  segundo  da  casa  de  Valada,  e  foram  avós  de 
Francisco  de  Melo  da  Cunha  de  Mendoça  e  Meneses,  9.°  monteiro  mor  do 
reino  em  1789  (em  sucessão  a  seu  prim^o  Francisco  de  Melo),  1."  conde  de 
Castro  Marim  (despacho  de  14  de  Novembro  de  1802  e  carta  de  23  de  Março 
de  i8o3),  i.°  marquês  de  Olhão  (despacho  de  21  de  Dezembro  de  1808),  te- 
nente general,  governador  do  reino  em  1808,  etc.  Morreu  em  1821  e  foi  pai 
do  2.°  e  último  Marquês  de  Olhão,  falecido  em  1844,  e  avô  do  3."  e  último 
Conde  de  Castro  Marim  que  falecera  dez  anos  antes.  Estes  títulos  estão 
completamente  extintos,  posto  dos  titulares  exista  descendência. 

4.°  —  Jerónimo  da  Cunha  morreu  solteiro. 

5.* — Pedro  Vaz  da  Cunha,  estribeiro  mor  de  D.  João  III,  com  quem  vou 
continuar. 


(i)  Decreto  de  17  de  Dezembro  de  1792  {Gaifeta  de  21). 

(2)  Consta  da  carta  do  assentamento  passada  em  i3  de  Setembro  do  mesmo  ano. — 
Chancelaria  de  D.  João  V7,  liv  37.°,  fl.  289  v. 

(3)  Carta  de  6  de  Junho  de  \55g. —  Chancelaria  de  D.  Sebastião,  liv.  i."  de  Doações, 
fl.  372  V. 

(4)  Confirmada  por  carta  de  i3  de  Fevereiro  de  1676.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI, 
liv.  II.»  de  Oficios  e  mercês,  fl.  285  v. 

YOL.  I  23 


! 

178  Brasões 

• 

O  último  dos  filhos  legítimos  de  Tristão  da  Cunha,  embaixador  em  Roma, 
e  o  único  de  quem  permanece  ainda  descendência  varonil,  foi  Pedro  Vaz  da 
Cunha,  moço  fidalgo  e  companheiro  de  seu  pai  na  embaixada  (1).  Na  folha 
de  i5i6  ainda  vencia  mil  reais  de  moço  fidalgo;  na  de  iSig  porém  já  re- 
cebia dois  mil  e  quatrocentos  de  escudeiro  e  pagou-se-lhe  o  tempo  que  ser- 
viu em  Tânger;  depois  passou  a  cavaleiro  fidalgo  com  três  mil  reais  (2). 
Era  estribeiro  mor  de  D.  João  III,  quando  em  i528  embarcou  na  armada  de 
seu  irmão,  o  governador  Nuno  da  Cunha,  capitaneando  a  nau  Santa  Cate- 
rina  (3). 

Achou-se  na  conquista  de  Mombaça  a  18  de  Novembro  do  mesmo  ano, 
tendo  sido  o  primeiro  a  entrar  na  praça,  e  na  mais  alta  torre  arvorou  a  ban- 
deira portuguesa.  Foi  por  duas  vezes  ferido,  repelindo  tentativas  de  recon- 
quista dos  inimigos;  escapou  dos  ferimentos,  mas  veio  a  morrer,  nos  princí- 
pios do  ano  de  i529,  das  febres  reinantes  naquelas  paragens.  Nele  perdeu-se 
um  «mancebo  de  grandes  esperanças,  muito  esforçado,  humano,  e  ornado  de 
outras  muitas  virtudes»  (4). 

Casara  no  ano  de  1 520,  antes  de  7  de  Junho  (5),  com  D.  Beatriz  da  Silva  (6), 
íilha  de  André  de  Sousa,  senhor  de  Miranda  e  alcaide  mor  de  Arronches, 
«a  qual  por  falecimento  de  seu  marido,  ficando  muito  moça,  se  meteu  freira 
na  Madre  de  Deus»  (7).  A  ela,  com  grande  louvor,  se  refere  o  cronista  da 
Ordem,  mas  as  suas  palavras  causam  um  calafrio  de  horror.  Tinha  oito 
filhinhos;  teve  a  coragem  de  os  abandonar;  morreram-lhe  sete;  sentia,  no 
coro  onde  permanecia  orando,  passar  os  enterros,  «e  como  se  o  caso  lhe  não 


(i)  Mandado  de  i  de  Setembro  de  i5i4  para  se  pagarem  a  Pedro  Vaz  da  Cunha,  moço 
fidalgo,  filho  de  Tristão  da  Cunha,  os  primeiros  oito  meses  em  cumprimento  de  nove  me- 
ses que  andou  em  Roma  com  seu  pai.  —  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  III,  847 
mihi. 

(2)  Moradias,  mac.  i.",  liv.  4,  fl.  69.  —  Por  este  documento  consta  haver  Pedro  Vaz  da 
Cunha  servido  na  armada  do  Estreito  em  Julho,  Agosto  até  i5  de  Setembro  de  i5i7,  e  no 
resto  do  ano  e  nos  primeiros  nove  meseS  de  i5i8  am  Tanger.  Também  consta  ter  come- 
çado a  receber  a  moradia  de  cavaleiro  em  Agosto  de  i5i8. 

(3)  Diogo  do  Couto,  Década  quarta  da  Ásia,  liv.  v,  cap.  i.°,  fl.  80. 

(4)  João  de  Barros,  Quarta  década  da  Ásia,  liv.  in,  cap.  8.",  pág.  1 56. 

(5)  Mandado  de  7  de  Junho  de  i520  para  se  pagarem  a  D.  Brites,  filha  de  André  de 
Sousa,  160.000  rs.  do  primeiro  terço  das  4000  coroas  da  ordenança,  que  lhe  haviam  sido 
despachadas  de  mercê  para  seu  casamento.  Foi  recebida  aquela  quantia  pelo  procurador 
de  Pedro  Vaz  da  Cunha,  seu  marido.  —  Lousada,  Sumários,  I,  fl.  35i  v.  »ji7íí. 

(6)  Consta  o  apelido  desta  senhora  de  um  recibo  por  ela  assinado,  em  3i  de  Março  de 
1528,  de  certa  quantia  que  ficara  por  pagar  de  uma  tença  de  seu  marido.  —  Corpo  cronoló- 
gico, part.  II,  mac.  1 57,  doe.  34. 

(7)  Nobiliário  quinhentista,  pág.  1 37,  n.°  vii. 


Cunhas  '     ■         179 

pertencesse,  persistia  no  seu  socego»  (1).  E  supõe  o  cronista  que  este  des- 
apego agradaria  a  Deus!     Triste  aberração! 

O  filhinho,  que  escapou,  chamava-se  Jerónimo  da  Cunha;  foi  pajem  da 
rainha  D.  Caterina  e  do  conselho  de  D.  João  III.  Casou  com  D.  Maria  da 
Silva,  filha  que  veio  a  ser  herdeira  de  Jorge  Correia,  o  Belo,  3."  senhor  do 
morgado  de  Paio  Pires  instituído  em  1479,  ^  *^^  ^^^  segunda  mulher  D.  Fran- 
cisca da  Silva. 

Luís  da  Cunha,  único  filho  daquele  enlace,  foi  4.°  senhor  do  referido  mor- 
gado, e  casou  com  D.  Joana  de  Meneses,  filha  que  veio  a  ser  herdeira  de 
Bernardim  Ribeiro  Pacheco,  senhor  do  morgado  das  Cachoeiras,  comendador 
de  Vila  Cova,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  de  Vilhena. 

Manuel  da  Cunha  e  Meneses,  neto  do  precedente,  senhor  dos  morgados 
de  Paio  Pires,  Cachoeiras  e  Barreiro,  veador  da  casa  da  rainha  D.  Maria 
Francisca  Isabel  de  Sabóia,  morreu  a  7  de  Março  de  1693,  tendo  casado 
com  D.  Francisca  de  Albuquerque,  dama  da  rainha  D.  Luisa  de  Gusmão  e 
irmã  de  Simão  Correia  da  Silva,  6.°  conde  da  Castanheira  pelo  seu  casa- 
mento (2)  e  6.°  alcaide  mor  de  Tavira  em  sucessão  a  seus  maiores,  o  qual 
morreu  em  1710  e  a  casa  passou*a  seu  sobrinho  neto  Manuel  Inácio  da  Cunha 
e  Meneses.  Era  este  filho  de  Tristão  António  da  Cunha  e  Meneses,  que  não 
chegou  a  suceder  na  casa  de  seu  pai  Manuel  da  Cunha  e  iMeneses,  por  morrer 
três  dias  antes  dele,  e  de  sua  mulher  D.  Leonor  Tomásia  de  Távora,  filha 
dos  1..°^  Marqueses  de  Távora.  "^ 

O  filho  de  Manuel  Inácio,  José  Félix  da  Cunha  e  Meneses,  nasceu  em 
1712,  foi  8.°  alcaide  mor  de  Tavira,  senhor  da  mais  casa,  comendador  de 
várias  comendas  na  Ordem  de  Santiago,  veador  da  casa  da  rainha  D.  Maria 
Ana  de  Áustria  em  1730.  Serviu  no  exército,  teve  o  posto  de  marechal  de 
campo  e  em  1762  foi  nomeado  governador  e  capitão  general  da  província  da 
Beira.  Morreu  em  1776,  tendo  casado  em  1740  com  D.  Constança  Xavier 
Domingas  Aureliana  de  Meneses,  filha  do  i.*'  Marquês  de  Louriçal,  e  por 
este  casamento  vieram  seus  descendentes  a  herdar  a  casa  de  Louriçal. 

Manuel  da  Cunha  e  Meneses,  filho  mais  velho  de  José  Félix,  nasceu  a  i3 
de  Janeiro  de  1742,  foi  nomeado  governador  e  capitão  general  de  Pernam- 
buco, tomou  posse  a  9  de  Outubro  de  1769  e  conservou-o  até  3i  de  Agosto 
de  1774,  passando  então  a  governar  â  Baía,  onde  Já  se  encontrava  a  8  de 
Setembro  e  governou  até  i3  de  Novembro  de  1779.  Voltou  então  ao  reino, 
sucedeu  na  casa  de  seu  pai  e  casou,  a  25  de  Março  de  1784,  com  D.  Maria 
do  Resgate  de  Portugal  Carneiro  da  Gama  Sousa  e  Faro,  filha  herdeira  de 


(i)  Fr.  Jerónimo  de  Belém,  Chronica  seráfica,  III,  i25. 

(2)  Carta  de  27  de  Janeiro  de  1670.  —  Ofícios  de  D.  A/ottso  F/,  liv.  2.°,  fl.  208. 


i8o 


Brasões 


D.  José  Francisco  de  Portugal  da  Gama,  2.°  conde  de  Lumiares  pelo  seu 
casamento  (i),  8.°  comendador  de  Fronteira  e  senlior  da  mais  casa  de  seus 
maiores,  e  de  sua  mulher  D.  Madalena  Gertrudes  Carneiro  de  Sousa  e  Faro, 
iilha  herdeira  de  Carlos  Carneiro  de  Sousa  e  Faro,  5."  conde  da  Ilha  do 
Príncipe  e  i.°  de  Lumiares,  título  em  que,  por  carta  de  1 3  de  Novembro  de 
1753,  foi  mudado  o  precedente  pelos  motivos  alegados  no  diploma  (2),  9.°  e 
último  capitão  donatário,  governador  e  alcaide  mor  das  ilhas  do  Príncipe  e 
Santa  Maria,  coronel  de  infantaria,  gentil-homem  da  câmara  do  infante  D.  An- 
tónio. A  2/  Condessa  de  Lumiares  morreu  em  Fevereiro  de  lycS  e  seu 
marido  também  faleceu  nesse  mesmo  ano  ou  no  seguinte. 

Efeituado  o  casamento  de  Manuel  da  Cunha  e  Meneses  fez-lhe  D.  Maria  I 
mercê  do  título  de  conde  de  Lumiares  por  carta  de  12  de  Janeiro  de  1788(3), 
do  próprio  dia  em  que  nasceu  seu  único  íilho.  Morreu  o  Conde  a  18  de 
Setembro  de  1791  e  sua  viúva  tornou  a  casar,  a  9  de  Dezembro  de  1793, 
com  seu  cunhado  Luís  da  Cunha  Pacheco  de  Meneses,  veador  da  princesa 
viúva  D.  Maria  Benedita,  antigo  governador  e  capitão  general  das  provín- 
cias de  Goiazes,  de  1778  a  1783,  e  de  Minas  Gerais,  de  1786  a  1788.  Foi 
o  5.°  conde  de  Lumiares  por  mercê  concedida  entre  os  anos  de  1796  e 
1799  (4).  Morreu  a  3o  de  Setembro  de  1819  e  sua  viúva  em  26  dé  Março 
de  1823  (5). 

A  casa  de  Lumiares  foi  fundada  por  António  Carneiro,  famoso  secretário 
de  D.  Manuel  e  D.  João  III,  um  dos  nossos  homens  de  Estado  mais  notáveis 
do  século  XVI.  A  sua  biografia  está  ainda  por  escrever  e  para  aqui  trasla- 
darei umas  notas  biográficas  noutra  obra  minha  registadas  (6). 


(i)  Carta  de  i5  de  Maio  de  1777.  —  Chancelaria  de  D.  Maria  J,  liv.  3."  fl.  g5  v. 

(2)  Tendo  havido  por  bem  mandar  incorporar  na  Coroa  a  ilha  do  Príncipe,  de  que  era 
donatário  o  conde  da  mesma  Ilha,  Carlos  Carneiro  de  Sousa  e  Faro,  dando-lhe  em  lugar  o 
senhorio  da  vila  de  Lumiares,  e  por  não  ser  conveniente  que  não  tendo  o  dito  Conde  já  se- 
nhorio nem  jurisdição  na  mesma  ilha,  conserve  o  título  dela,  há  por  bem  extinguir  o  título 
de  conde  da  Ilha  e  criar  em  seu  lugar  o  de  conde  de  Lumiares  de  que  usará  d'aqui  em  diante. 
—  Mercês  de  D.  José,  liv.  5.°,  fl.  340. 

(3)  Mercês  de  D.  Maria  /,  liv.  23.°,  íi.  37. 

(4)  Não  existe  registada  a  carta  de  mercê  do  título,  ou  pelo  menos  não  está  lançada 
nos  índices,  mas  não  o  possuia  ainda  em  Setembro  de  1796,  quando  foi  nomeado  veador  da 
Princesa  {Gaveta  de  27  de  Setembro),  mas  já  como  conde  de  Lumiares  vem  mencionado  no 
Almanach  de  1799. 

{5)  Advertirei  que  muitas  destas  datas  são  das  Resenhas  e  doutros  livros  análogos,  e 
não  da  minha  responsabilidade;  outras  são  averiguadas  por  mim  e  quási  sempre  cito  as 
fontes.    Fica  esta  advertência  feita  para  toda  a  obra. 

(6)   Vida  e  ob?-as  de  Gil  Vicente,  págs.  \b5~i5j. 


Cunhas  íSt 

António  Carneiro,  sobrinho  de  Vasco  Carneiro,  cidadão  do  Porto  (i), 
exercia  desde  1482  pelo  menos,  com  vinte  e  três  anos  de  idade  apenas,  se 
os  dizeres  do  seu  epitáfio  estão  certos,  o  ofício  de  escrivão  da  câmara  de 
D.  João  II,  não  tendo  alcançado  porem  carta  de  nomeação  em  forma  senão 
a  4  de  Fevereiro  de  1490,  aos  trinta  anos.  A  sua  aptidão  e  talento  eram 
todavia  de  tal  ordem,  que,  apesar  da  sua  pouca  idade,  mereceram  completa 
confiança  em  negócios  políticos  a  el  Rei,  como  claramente  o  revela  a  relação 
dos  livros  e  documentos,  alguns  bem  particulares  e  importantes,  entregues 


(1)  Á  família  dos  Carneiros  a  mais  remota  origem  que  seguramente  se  lhe  pode  dar,  é 
na  pessoa  de  João  Carneiro,  cidadão  do  Porto,  onde  viveu  na  primeira  metade  do  século  xv. 
Lá  casou  com  uma  filha  de  Pedro  de  Figueiroa,  família  que  também  teve  assento  na  refe 
rida  cidade,  oriunda  de  cidadãos  dela  e  da  qual  saiu  a  casa  de  Beire.    Deste  João  Carneiro 
foram  filhos,  pelo  menos,  os  dois  seguintes : 

I.» — Vasco  Carneiro,  escudeiro,  cidadão  do  Porto,  teve,  em  25  de  Maio  de  1490,  carta 
de  privilégio  para  seus  caseiros,  amos  e  lavradores,  e  em  i5o3  foi  enviado  pelos  juízes,  ve- 
readores e  homens  bons  do  Porto  a  el  rei  D.  Manuel  para  com  ele  tratar  sobre  negócios 
relativos  aos  privilégios  da  cidade,  dos  quais  sempre  foram  muito  ciosos.  Nela  casou  com 
Maria  Anes  Sanches,  irmã  de  João  Sanches,  de  quem  vieram  os  Brandões  da  Torre  da  Marca, 
representados  ultimamente  pela  Marquesa  de  Monfalim  e  de  Terena.  Entre  outros  filhos 
teve  a  João  Carneiro,  que  fundou  a  capela  de  S.  João  Baptista,  depois  chamada  do  Desagravo, 
no  cruzeiro  do  sumptuoso  templo  de  S.  Francisco  do  Porto.  Nela  foi  sepultado  e  numa 
pedra  metida  na  parede  da  parte  do  evangelho  gravaram  este  letreiro:  Esta  capell a  mandou 
fa\er  João  Carneiro  Mestre  Eschola  que  foi  na  Sé  de  Braga,  que  a  dotou  e  instituio  em 
Morgado,  e  deixou  por  Administrador  delia  a  Luis  Carneiro  seu  irmão  e  a  seus  descendentes. 
Acabou-se  no  anno  de  MD.  Fecharam  a  capela  com  umas  grades  de  ferro,  nas  quais,  como 
remate,  puseram  o  escudo  das  armas  dos  Carneiros  com  alguma  diferença,  porque  neste 
em  vez  da  banda  ser  acompanhada  pelos  dois  carneiros  passantes,  é  acostada  por  eles,  tendo 
o  da  ponta  para  esta  virada  a  cabeça  (Fr.  António  da  Luz  Foz,  Memorias  Sepulchraes,  fl.  12). 
Aos  Carneiros  do  Porto  extinguiu-se  a  varonia  e  a  capela  do  Desagravo  pertencia,  em  1787, 
aos  sucessores  de  Gonçalo  de  Almeida  e  Sousa,  8."  senhor  da  Cavalaria. 

2.° — Pedro  Carneiro  viveu  no  Porto,  onde  casou  com  Caterina  Fernandes  de  Soutomaior^ 
viúva. de  um  Biscainho  apelidado  França,  que  naquela  cidade  tinha  o  comércio  do  estanho, 
e  filha  de  João  Fernandes  de  Soutomaior,  aliás  João  Gonçalves  de  Miranda  Soutomaior, 
como  consta  da  carta  de  brasão  de  Diogo  de  Sá  (Arch.  hist.  port.,,  II,  464),  e  de  sua  mulher 
Felipa  de  Sá,  que  foram  os  progenitores  dos  Sás  da  casa  da  Anadia.  Do  casamento  de  Pêro 
Carneiro  nasceu,  segundo  alguns  dizem,  o  secretário  António  Carneiro. 

'  Pelo  que  fica  dito  vê-se  que  os  Carneiros,  bem  como  os  Figueiroas  da  casa  de  Beire, 
os  Brandões  da  Torre  da  Marca,  os  Sás  da  Anadia  e  várias  outras  famílias  aqui  não  men- 
cionadas, derivaram  a  sua  origem  de  cidadãos  do  Porto.  Os  primeiros  contudo  tiveram  a 
sorte  de  produzir  logo  um  homem  ilustre,  ou,  para  melhor  dizer,  dois:  António  Carneiro  e 
Pêro  da  Alcáçova  Carneiro.  Por  este  facto  e  por  terem  passado  para  a  corte  elevaram-se 
imediatamente  à  primeira  plana,  aliando-se  com  as  principais  famílias  do  reino,  em  quanto 
os  outros,  permanecendo  no  Porto  ou  na  província,  conservaram  a  sua  relativa  obscuridade^ 
da  qual  só  saíram  do  meio  do  século  xviii  para  cá.    ~  - 


i82  Brasões 

pelo  Escrivão  da  câmara  por  ordem  de  D.  João  II,  em  22  e  29  de  Setembro 
de  149 1,  em  Alenquer,  para  onde  foi  desterrado,  quando  caiu  no  desagrado 
do  soberano.  Deu  origem  ao  facto,  segundo  anda  contado,  o  casamento  a 
furto,  como  então  se  dizia,  de  António  Carneiro  com  Beatriz  da  Alcáçova, 
filha  de  Pêro  da  Alcáçova,  cavaleiro  muito  do  valimento  de  D.  João  II  e  seu 
escrivão  da  fazenda,  com  tam  ampla  alçada,  que  el  Rei  no  seu  testamento 
declara  dela  ter  êle  tido  o  principal  cargo.  Acrescenta-se,  e  esta  segunda 
■parte  parece-me  inventada  après  coup,  haverem  os  noivos  sido  desterrados 
para  a  ilha  do  Príncipe,  da  qual  António  Carneiro  veio  posteriormente  a  ser 
donatário.  Se  Beatriz  da  Alcáçova  era  donzela  da  rainha  D.  Leonor,  como 
se  afirma,  e  o  casamento  clandestino  teve  lugar  no  paço,  explica-se  bem  a 
cólera  de  D.  João  II;  mas  não  creio  que  ela  provocasse  a  aplicação  de  tam 
duro  castigo  e  até  me  inclino  a  acreditar  num  perdão  relativamente  rápido. 
No  preâmbulo  da  carta  de  doação'  da  ilha  do  Príncipe  declara  D.  Manuel  lem- 
brar-se  «do  muito  serviço  que  António  Carneiro,  cavaleiro  de  nossa  casa  e 
escrivão  da  nossa  câmara,  fez  a  el  rei  D.  João,  e  como  das  cousas  em  que  o 
encarregou,  lhe  deu  de  si  sempre  mui  boa  conta  e  recado,  poio  qual  sabe- 
mos que  o  dito  senhor  tinha  vontade  de  lhe  fa\er  mercê  e  acrecentafnentot. 
Destas  palavras  deverá  depreender-se  ter  chegado  D.  João  II  a  perdoar'  a 
António  Carneiro  e  provavelmente  a  restituí-lo  ao  seu  ofício  de  escrivão  da 
câmara,  pois  que  investido  nele  se  encontra  em  um  alvará  de  17  de  Junho 
de  1496,  oito  meses  apenas  depois  da  morte  do  Príncipe  Perfeito,  espaço 
talvez  curto  para  a  notícia  do  passamento  chegar  à  ilha  do  Príncipe  e  de  lá 
voltar  o  desterrado,  se  lá  estivesse.  D.  Manuel,  por  seis  cartas  de  Março  e 
Abril  de  i5oo,  fez  mercê  a  António  Carneiro  da  capitania  da  ilha  do  Príncipe 
para  êle  e  descendentes,  com  dispensa  da  Lei  Mental,  com  a  propriedade 
dos  moinhos,  serras  de  água,  fornos  de- pão,  terras  da  ilha,  etc,  com  toda  a 
jurisdição  cível  e  crime,  reservando  somente  morte  de  homem  e  talhamento 
de  membro,  os  quais  dois  únicos  casos  reservados  demite  de  si,  em  quanto 
for  sua  mercê,  em  António  Carneiro,  fazendo  todos  os  feitos  fim  nele,  pois 
os  seus  ouvidores  os  julgarão  sem  apelação  nem  agravo;  dá-lhe  mais,  também 
para  descendentes,  como  a  capitania,  a  alcaidaria  mor  da  ilha,  com  a  mena- 
gem das  fortalezas  a  el  Rei;  concede-lhe  por  dez  anos  o  resgate  da  pimenta,, 
malagueta  e  toda  a  especiaria  nos  rios  de  Guiné;  e  finalmente  outorga  vários 
privilégios,  isenções  e  liberdades  aos  povoadores  da  ilha,  aos  quais  dá  ainda 
quitação  da  dízima  e  portagem  de  todas  as  mercadorias  enviadas  para  o 
reino.  Depois  destas  largas  mercês,  entre  as  quais  a  da  concessão  especial 
de  todas  as  jurisdições  sem  reserva  é  realmente  notável  e  prova  bem  a  con- 
fiança de  D.  Manuel  no  seu  Escrivão  da  câmara,  nomeou-o  êle  seu  secretário 
por  carta  de  16  de  Abril  de  1509.     D'então  por  diante  foi  António  Carneiro 


Cunhas  :  i83 

o  ministro  de  confiança  do  soberano.  Todos  os  negócios  de  importância 
eram  por  êle  tratados;  nos  registos  da  Chancelaria  os  diplomas  de  maior 
circunstância  vê-se  que  foram  escritos  por  êle;  nas  colecções  áo  Corpo  Cro- 
nológico, das  Cartas  missivas  e  das  Gavetas,  na  Torre  do  Tombo,  encon- 
tram-se  centenas  de  documentos,  alvarás,  minutas  de  cartas  patentes  e  de 
instruções  a  embaixadores,  cartas  missivas,  etc,  tudo  da  letra  do  Secretário. 
Na  ante  véspera  da  morte  chamou-o  D.  Manuel,  fechou-se  com  êle  na  câmara 
€  ditou-lhe  o  seu  codicilo,  no  qual,  sem  o  nomear,  deixa  recomendado  ao 
filho  que  se  continui  a  servir  dele.  D.  João  III  seguiu  a  indicação  paterna, 
mas  António  Carneiro,  talvez  cansado,  impetrou  dei  Rei  a  carta  de  i5  de 
Janeiro  de  i522,  pela  qual  seu  filho  primogénito  Francisco  Carneiro  foi  no- 
meado secretário;  parece  porém  ter  êle  tido  mais  propensão  para  as  armas 
do  que  para  o  governo,  e  d'aí  resultou  agregar-lhe  o  pai,  para  os  negócios 
da  índia,  seu  outro  filho  Pêro  da  Alcáçova  Carneiro,  nomeado  por  carta  de 
i6  de  Maio  de  i53o,  encontrando-se  durante  o  resto  da  vida  do  progenitor 
diplomas  indiferentemente  escritos  pelos  dois  irmãos.  António  Carneiro 
morreu  a  3  de  Abril  de  i545,  com  oitenta  e  seis  anos,  ficando  d'então  por 
diante  exercendo  o  cargo  de  secretário  somente  Pêro  da  Alcáçova  Carneiro, 
que  taníbêm  foi  notável  ministro.  * 

Pêro  da  Alcáçova  Carneiro  foi  feito  conde  da  Idanha  a  Nova  por  alvará 
de  1  de  Novembro  de  i582  e  carta  de  2  de  Janeiro  de  1584(1).     Morreu  a 


(1)  Havendo  respeito  aos  muitos  e  mui  continuados  serviços  que  Pêro  da  Alcáçova  Car- 
neiro, do  meu  conselho  do  estado  e  vedor  da  minh|i  fazenda,-  fez  por  tantos  anos,  como  é 
sabido,  à  coroa  destes  meus  reinos  nas  matérias  e  coisas  que  por  êle  corriam,  que  foram 
todas  de  muita  importância,  assim  em  vida  dei  rei  D.  João,  meu  senhor,  que  Santa  Glória 
haja,  como  cm  todos  os  tempos  do  governo  do  sr.  Rei  D.  Sebastião,  meu  sobrinho,  que 
Deos  tem,  e  havendo  outrosim  respeito  aos  muitos  serviços  que  dele  tenho  recebidos,  e  aos 
que  ao  presente  me  fez,  e  espero  que  sempre  me  faça  a  muito  meu  contentamento,  e  a  como 
por  todos  estes  serviços  e  por  seus  muitos  merecimentos,  e  muitas  qualidades  de  sua  pessoa, 
é  razão  que  receba  de  mim  honra,  acrescentamento  e  mercê,  tal  que  juntamente  com  a  me- 
mória deles  a  haja  também  do  galardão  deles,  e  por  folgar  muito  de  lhe  fazer  mercê  pela 
muito  boa  vontade  que  por  todo  lhe  tenho,  me  praz  e  hei  por  bem  de  lhe  fazer  mercê  do 
título  de  Conde  da  vila  de  Idanha  a  Nova,  de  que  êle  tem  a  jurisdição  em  sua  vida  por 
mercê  do  dito  sr.  rei  meu  Sobrinho,  confirmada  por  breve  apostólico  por  ser  do  mestrado 
da  Ordem  de  Cristo,  cujo  governador  e  perpétuo  administrador  sou;  e  quero  que  d'aqui  em 
diante  êle  se  chame  Conde  da  Idanha  a  Nova,  e  use,  e  goze,  de  todas  as  honras  etc. . . .  E 
com  o  dito  título  de  conde  terá  e  haverá  de  assentamento  em  cada  um  anno,  o  que  direita- 
mente lhe  pertencer,  etc.  A  qual  mercê  lhe  eu  tinha  feita  por  um  meu  alvará  de  lembrança 
feito  ao  i."  de  Novembro  do  ano  de  i582  e  por  uma  postila  feita  nas  costas  dele  a  26  de 
Fevereiro  do  ano  passado,  que  foram  rotos  ao  assinar  desta  carta,  que  por  firmeza  de  todo 
o  que  nele  se  contêm  lhe  mandei  dar  etc.  Lisboa,  2  de  Janeiro  de  1584. —  Chancelaria  de 
Felipe  I,  liv.  4.»  de  Doações^  fl.  266  v. 


1&4  Brasões 

12  de  Maio  de  iSgS  (i),  deixando  descendência  há  muito  extinta  na  varonia, 
O  escudo  das  armas  do  Conde  da  Idanha  era  esquartelado:  o  I  e  IV  de  azul, 
alcáçova  com  três  muralhas  e  cinco  torres,  tudo  de  prata,  as  portas,  frestas 
e  o  lavrado  de  negro  (Alcáçopa);  o  II  e  III  de  vermelho,  banda  de  azul,  per- 
filada de  oiro,  carregada  de  três  flores  de  lis  do  mesmo  e  acompanhada  de 
dois  carneiros  passantes  de  prata,  armados  de  oiro  (Carneiro)  (2). 

Francisco  Carneiro,  filho  primogénito  de  António  Carneiro,  foi  2^°  capitão 
da  ilha  do  Príncipe,  em  sucessão  a  seu  pai,  c  bisavô  de  Luís  Carneiro  de  Sousa, 
i.°  conde  da  referida  Ilha,  por  carta  de  4  de  Fevereiro  de  1640  (3).  Casou 
o  Conde  com  D.  Mariana  de  Faro,  filha  de  D.  Sancho  de  Faro  e  Sousa, 
7.°  senhor  do  Vimieiro,  e  neta  de  D.  Francisco  de  Faro,  1.°  conde  e  5.°  se- 
nhor do  Vimieiro,  e  da  condessa  D.  Mariana  de  Sousa  da  Guerra,  4.'''  senhora 
de  Alcoentre  e  Tagarro,  casas  em  que,  por  falecimento  do  5.°  conde  do  Vi- 
mieiro, D.  João  de  Faro  e  Sousa,  veio  a  suceder,  em  1801,  a  3.*  Condessa 
de  Lumiares. 

Do  i."  Conde  da  Ilha,  como  por  abreviatura  eram  designados,  foi  bisneto 
o  já  nomeado  Carlos  Carneiro  de  Sousa  e  Faro,  5.°  conde  da  Ilha  e  i.°  de 
Lumiares,  em  quem  terminou  a  varonia  do  ramo  primogénito  dos  Carneiros. 
Eram  as  armas  destes,  já  lá  acima  descritas,  que  os  Condes  da  Ilha  usavam 
sem  diferença. 

Ao  i.°  Conde  de  Lumiares  sucedeu  sua  filha  D.  Madalena  Carneiro  de 
Sousa  e  Faro,  mulher  de  D.  José  Francisco  de  Portugal  da  Gama,  2.°  conde 
de  Lumiares,  e  as  armas  destes  condes  eram:  esquartelado:  o  I  de  prata, 
aspa  de  vermelho  carregada  de  cinco  escudetes  das  armas  do  reino  (Faro); 
o  II  de  vermelho,  banda  de  azul,  perfilada  de  oiro,  carregada  de  três  flores 
de  lis  do  mesmo  e  acompanhada  de  dois  carneiros  passantes  de  prata,  ar- 
mados de  oiro  (Carneiro);  o  III  de  negro,  três  faxas  veiradas  de  prata  e 
vermelho  (Vasconcelos);  o  IV  enxequetado  de  oiro  e  vermelho  de  três  peças 
em  faxa  e  cinco  em  pala,  as  peças  de  vermelho  carregadas  cada  uma  de  duas 
faxas  de  prata,  e  no  ponto  de  honra  um  escudete  de  prata  carregado  de 


r    (i)  Sousa,  Historia  genealógica,  XII,  909. 

(2)  Tombo  da  comenda  da  Idanha  a  Nova,  de  q  he  comendador  e  Alcaide  mor  dõ  Pedro 
dalcaçoua  carneiro,  ms.  na  Biblioteca  Nacional,  7-5-11. 

(3)  Tendo  consideração  ao  que  me  representou  Luis  Carneiro,  donatário  das  ilhas  do 
Príncipe  e  Santa  Maria,  assim  em  razão  de  sua  calidade,  como  dos  serviços  de  seus  passa- 
dos, e  a  pretensão  que  tinha  de  que  se  lhe  fizesse  mercê  do  título  de  conde,  etc.  carta  do 
título  de  conde  da  Ilha  do  Príncipe,  em  sua  vida.  Madrid,  4  de  Fevereiro  de  1640.  —  Chan- 
celaria de  Felipe  IH,  liv.  28.«  de  Doações,  íi.  324. 


Cunhas  i 85 

cinco  escudetes  de  azul,  postos  em  cruz  e  sobrecarregados  cada  um  de  cinco 
besantes  de  prata  (Gama  do  Conde  da  Vidigueira). 

Dos  2."*  Condes  de  Lumiares  foi  filha  herdeira  D.  Maria  do  Resgate  de 
Portugal  Carneiro  de  Sousa  e  Faro,  que  sucedeu  em  toda  a  casa  dos  Car- 
neiros, de  sua  mãe,  e  na  dos  comendadores  de  Fronteira,  de  seu  pai,  e  ainda 
veio  a  ser  i3.^  senhora  do  Vimieiro  e  12.''^  de  Alcoentre.  Foi  condessa  de 
Lumiares  por  seu  casamento  com  Manuel  da  Cunha  e  Meneses,  3."  conde, 
como  acima  ficou  dito,  e  morreu  deixando  um  único  filho. 

Chamou-se  este  José  Manuel  da  Cunha  Faro  Meneses  Portugal  da  Gama 
Oarneiro  de  Sousa,  e  nasceu  em  1788.  Foi  4.°  conde  de  Lumiares  (1),  se- 
nhor da  casa,  par  do  reino,  tenente  general,  ministro  da  guerra  e  presidente 
do  conselho  de  ministros  em  seguida  à  Revolução  de  Setembro,  por  decreto 
de  10  desse  mês  de  i836.  Foi  este  ministério,  que  pouco  durou,  o  da  fa- 
mosa ditadura  liberal  de  Passos  Manuel.  Morreu  o  Conde  de  Lumiares  em 
1849,  tsiido  casado  em  1807  com  a  filha  dos  i."*  Marqueses  de  Valada, 
D.  Luisa  de  Meneses,  que  morreu  em  i88o.  Destes  4."^  Condes  de  Lumiares 
foram  filhos: 

I." — José  Félix  da  Cunha  e  Meneses,  de  quem  adiante  falarei. 

2."  —  O  general  Francisco  da  Cunha  e  Meneses  foi  o  12."  senhor  do  mor- 
gado do  Vimieiro,  no  qual  sucedeu  ao  2.°  Conde  de  Barbacena,  em  virtude 
da  cláusula  posta  pelo  irtstituidor,  o  arcebispo  D.  Fradique  de  Portugal,  pela 
qual,  faltando  a  sucessão  directa,  era  chamado  o  varão  parente  em  grau  mais 
próximo  do  instituidor.     Morreu  viúvo  e  sem  filhos. 

3.°  — Manuel  da  Cunha  e  Meneses  foi  cónego  honorário  da  patriarcal, 
assentou  praça  e  serviu,  com  seu  pai  e  seus  dois  irmãos  mais  velhos,  a  causa 
da  liberdade,  desde  soldado  na  ilha  Terceira  até  à  convenção  de  Évora 
Monte.  Foi  por  duas  vezes  ferido  gravemente,  uma  na  coxa  direita,  no  re- 
duto das  Medalhas,  outra  na  cabeça,  na  batalha  de 'Almoster.  Como  aju- 
dante de  campo  do  Conde  das  Antas  acompanhou  a  divisão  auxiliar  a  Es- 
panha. Nestas  campanhas  «foi  por  várias  vezes  elogiado  e  recomendado 
porem  nunca  remunerado»  senão  com  a  cruz  de  S.  Fernando  de  Espanha. 
Foi  cavaleiro  de  Malta  e  capitão  do  batalhão  naval.  Morreu  em  27  de  Fe- 
vereiro de  i85o,  tendo  nascido  a  i3  de  Abril  de  181 2.  Casou  em  i  de  Julho 
de  1848  com  sua  cunhada  a  condessa  de  Lumiares,  D.  Constança  de  Saldanha 
e  Castro,  que  nasceu  a  25  de  Maio  de  18 17  e  morreu  a  27  de  Março  de  1860. 
Era  irmã  do  2.°  Conde  de  Penamacor.  A  Manuel  da  Cunha  e  D.  Constança 
de  Saldanha  sobreviveu,  única  filha,  D.  Maria  Luisa  da  Cunha  e  Meneses, 


(i)  Por  carta  de  22  de  Julho  de  1792,  —  Mercês  de  D.  Maria  1,  liv.  27.»,  fl.  195. 
yoL.  I  24 


i86 


Brasões 


que  nasceu  em  7  de  Abril  de  1849,  e  casou  em  6  de  Fevereiro  de  1869  com 
o  autor  destes  estudos. 

4.°  —  Luís  da  Cunha  e  Meneses  casou  com  D.  Maria  Madalena  Quintela, 
lilha  dos  1.°^  Condes  do  Farrobo,  e  deles  há  vivos  cinco  filhos:  D.  Luisa, 
viúva  de  José  Augusto  da.  Gama,  que  foi  deputado  e  par  do  reino  electivo; 
D.  Maria  do  Resgate,  solteira;  Joaquim  Pedro,  solteiro;  José  Manuel  que 
casou  com  D.  Emília  de  Avilez,  e  depois  com  D.  Maria  Augusta  de  Barros 
Lima,  com  filhos  de  ambos  os  casamentos;  Luís,  casado  com  D.  Carolina 
0'Donell  Hearn,  de  quem  tem  filhos. 

5.^  —  Carlos  da  Cunha  e  Meneses,  pela  sua  elegância,  distinção  e  apri- 
morada maneira  de  cantar  e  representar,  deixou  nome  nas  sumptuosas  festas 
de  seu  sogro.  Casou  com  D.  Maria  Joaquina  Quintela,  filha  dos  1.°^  Condes 
do  Farrobo,  e  tiveram  três  filhas;  D.  Luisa,  marquesa  da  Ribeira  Grande; 
D.  Mariana  que  faleceu  viúva  de  D.  Luís  Gonçalves  Zarco  da  Câmara;  e 
D.  Maria  Joaquina,  baronesa  da  Regaleira. 

6.°  —  D.  Maria  Nazareno  da  Cunha  e  Meneses  morreu  em  1896  viúva 
de  Luís  de  Castro  Guimarães,  par  do  reino,  falecido  a  8  de  Março  de 
1881. 


José  Félix  dá  Cunha  e  Meneses,  o  primeiro  dos  filhos  dos  4.°^  Condes -de 
Lumiares,  nasceu  em  1808,  foi  6.°  conde  de  Lumiares,  oficial  do  exército,  e 
morreu  em  1848  em  vida  de  seu  pai,  pelo  que  não  sucedeu  na  casa.  Havia 
casado  em  i835  com  D.  Constança  de  Saldanha  e  Castro,  que  depois  tornou 
a  casar  com  Manuel  da  Cunha,  irmão  do  Conde,  como  já  fica  dito.  Dos  6.°* 
Condes  foi  único  filho: 

José  Manuel  da  Cunha  Faro  Meneses  Portugal  da  Gama  Carneiro  de 
Sousa  da  Silveira,  que  foi  7."  conde  de  Lumiares,  4.°  coudel  mor  do  reino 
na  sua  família,  representante  das  casas  dos  marqueses  de  Louriçal,  dos  con- 
des do  Vimieiro,  da  Ericeira,  das  Sarzedas  e  da  Ilha  do  Príncipe,  dos  alcaides 
mores  de  Tavira,  dos  comendadores  de  Fronteira,  dos  senhores  de  Alcoen- 
tre, dos  morgados  de  Paio  Pires,  Cachoeiras,  Anunciada,  e  outros.  Nasceu 
em  i3  de  Maio  de  i836  e  casou,  em  3  do  mesmo  mês  de  i858,  com  D.  Ana 
Amélia  Pinto  de  Sousa  Coutinho,  dama  das  rainhas  D.  Maria  Pia  e  D.  Maria 
Amélia,  filha  dos  4."*  Viscondes  de  Balsemão  com  grandeza.  Morreu  a  Con- 
dessa de  Lumiares  em  4  de  Fevereira  de  1896,  e  o  Conde  em  9  de  Dezembro 
de  1908,  deixando  nove  filhos  vivos. 

As  armas  do  último  Conde  de  Lumiares  eram  dois  escudos  a  par.  O 
primeiro  partido:  o  I  de  oiro,  nove  cunhas  de  azul,  bordadura  de  prata  car- 
regada de  cinco  escudetes  de  azul,  sobrecarregados  cada  um  de  cinco  be- 
santes  de  prata  (Cunha);  o  II  esquartelado:  o  I  e  IV  das  armas  do  reino,  o 


Cunhas  187 

II  e  III  de  azul,  três  flores  de  lis  de  oiro,  e  sobre  o  todo  escudete  de  oiro 
com  a  sombra  de  um  anel  e  seu  rubim  (Meneses).  O  segundo  esquartelado 
de  Faro,  Carneiro,  Vasconcelos  e  Gama,  como  acima  ficaram  descritas. 

IV 

SENHORES    DE    POMBEIRO 

Um  dos  filhos  de  D.  Loiyenço  Fernandes  da  Cunha,  1.^  senhor  da  honra 
do  julgado  da  Tábua,  lá  acima  nomeados  (i),  foi  D.  Martim  Lourenço  da 
Cunha.  Dizem  ter  ele  sido  padroeiro  do  mosteiro  de  S.  Simão  da  Junqueira 
da  Ordem  dos  Cónegos  Regrantes  e  o  cronista  da  Ordem  alega,  em  prova, 
uma  carta  régia  de  5  de  Junho  da  era  de  i3i3  (1275),  pela  qual  D.  Afonso  III 
ordenou  a  D.  Martim  Lourenço  e  a  D.  Lourenço  Martins,  seu  filho,  que  não 
devassassem  o  couto  de  Faria  pertencente  ao  dito  mosteiro,  sob  pena  de  qui- 
nhentos cruzados  (2).  Este  documento  ou  é  apócrifo  e  não  foi  o  primeiro 
inventado  pelo  autor  citado,  ou  está  mal  interpretado,  tendo-se  lido  cruzados 
por  soldos.  E  possível  porem  que  o  facto  seja  verdadeiro  por  quanto  me 
consta  que  na  freguesia  de  Santa  Maria  de  Bagunte,  então  do  julgado  de 
Faria,  fizera  D.  Martim  Lourenço  casas  e  tapadas,  destruindo  lugares  re- 
guengos e  apoderando-se  deles,  ocupando  os  logradoiros  e  serventias  das 
aldeias  e  cometendo  toda  a  sorte  de  violências  durante  as  desordens  do  rei- 
nado de  D.  Sancho  11  (3).  Fundou,  dizem,  a  quinta  da  Cunha  Nova,  junto 
ao  lugar  de  Lamízios  na  freguesia  de  Santo  André  de  Parada  do  actual  con- 
celho de  Vila  do  Conde. 

Casou  com  D.  Sancha  Garcia  de  Panha,  filha  de  D.  Garcia  Fernandes  de 
Panha  e  de  sua  mulher  D.  Teresa  Pires  de  Baião  e  deste  casamento  nasce- 
ram os  seguintes  filhos: 

i.° — D.  João  Martins  da  Cunha  casou  por  duas  vezes  e  teve  vários  filhos, 
sendo  um  deles  Rodrigo  Anes  da  Cunha,  ou  Rui  da  Cunha,  que  também 
assim  é  nomeado.  Foi  cavaleiro  e  talvez  seja  este  o  que  pelejou  em  Alju- 
barrota e  não  o  seu  parente  Rui  Vasques  da  Cunha  lá  acima  mencionado  (4). 
Deste  Rui  da  Cunha  encontro  memória  de  ter  vendido,  juntamente  com  sua 
mulher  Inês  Esteves,  e  por  escritura  feita  em.  Braga,  a  6  de  Fevereiro  de 
1872  (1334),  ao  arcebispo  D.  Gonçalo  Pereira,  por  mil  setecentas  e  setenta 


(i)  Pág.  159. 

(2)  D.  Nicolau  de  Santa  Maria,  Chronica  da  Ordem  dos  (Jonegos  Regrantes,  I,  322. 

(3)  Inquirições  de  D.  Afonso  III  da  era  de  1296  (i258),  quinta  alçada,  liv.  9.°,  fl.  6. 

(4)  Pág.  166. 


i88  Brasões 

libras,  a  sua  quinta  de  Bastuço  a  qual  fora  de  Fernão  Martins  Camelo  e  de 
sua  mulher  D.  Ouroana  (i). 

2.°  —  Lourenço  Martins  da  Cunha  de  quem  me  tornarei  a  ocupar. 

3.°  —  Gonçalo  Martins  da  Cunha,  chamado  D.  Gonçalo  Camelo,  foi  in- 
fanção  e  progenitor  da  ilustre  família  dos  Camelos,  hoje  extintos  na  varo- 
nia,  da  qual  foram  chefes  os  senhores  de  Baião,  provenientes  do  filho  do  fa- 
moso prior  do  Crato  e  marichal  da  hoste,  D.  Fr.  Álvaro  Gonçalves  Camelo, 
bisneto  do  acima  dito  Gonçalo  Martins.  As  armas  dos  Camelos  são:  de 
prata,  três  vieiras  de  azul.  Timbre:  pescoço  e  cabeça  de  camelo  de  sua  cor. 
Alguns  usaram  das  armas  dos  Cunhas  e  assim  as  encontro  em  um  túmulo 
junto  ao  altar  de  Santo  António,  o  colateral  da  parte  da  epístola  na  igreja 
do  convento  franciscano  de  Nossa  Senhora  da  Conceição  de  Matosinhos. 
Era  em  forma  de  arca  e  tosco  bastante;  estava  ingerido  na  parede  e  tinham- 
-Ihe  cortado  um  bocado,  vendo-se  ainda  no  frontal  dois  escudos  com  as  nove 
cunhas  (2).  O  epitáfio  rezava  assim :  Esta  perpetua  morada  he  do  devoto 
Gonçalo  Camello  Sendeiro  da  Casa  delRey  Dom  Joham  o  Segundo  e  da  de- 
vota Dona  sua  molher  Margarida  Alpare'{  (3). 

4."  —  Fernão  Martins  da  Cunha  era  em  1278  vassalo  e  cavaleiro  da  casa 
do  infante  D.  Denis,  com  trezentas  libras  de  soldada  paga  em  panos,  com 
vencimento  a  3o  de  Outubro  de  cada  ano  (4).  Passou  posteriormente  a  cha- 
mar-se  Fernão  Martins  Camelo  e  já  em  Janeiro  de  i32i  era  falecido,  quando 
a  sua  viúva*,  D.  Ouroana,  foi  tirada  a  quinta  de  Alhi,  a  qual  fora  de  seu  ma- 
rido e  então  a  possuía  seu  filho  (5).  Ainda  teve  outra  quinta,  a  de  Bastuço, 
a  qual  veio  a  pertencer,  como  acima  disse,  a  seu  sobrinho  Rui  da  Cunha. 

5.°  —  D.  Maria  Martins  da  Cunha  casou  com  Gonçalo  Pires  de  Portocar- 
reiro. 

Lourenço  Martins  da  Cunha,  acima  nomeado,  foi  sepultado  no  convento 
de  S.  Jorge  junto  a  Coimbra  e  teve,  segundo  o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pe- 
dido, unicamente  dois  filhos  (6):   Martim  Lourenço  da  Cunha,  que  segue,  e 


(i)  Lousada,  Sumários^  II,  fl.  264  v.  mihi. 

(2)  Fr.  António  da  Luz  Foz,  Memorias  sepulchracs^  fi.  80,  onde  se  reproduz  o  desenho, 
mas  apenas  se  transcreve  parte  do  epitáfio.     • 

(3)  João  Pedro  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  I,  pág.  298. 
(4.)  Arquivo  histórico  português,  X,  58. 

(5)  l^ousada,  Sumários,  1,  fl.  264,  mihi. 

(6)  O  Livro  velho  das  linhagens  não  nomeia  Lourenço  Martins  da  Cunha,  mas  na 
pág.  167,  entre  os  filhos  de  D.  Estêvão  Fernandes  [Barreto],  menciona  Constança  Barreto 
«casada  com  D.  Egas  Lourenço  da  Cunha  morador  em  terra  de  Coura  àquem  Valença»* 
É  possível  que  fosse  filho  de  Lourenço  Martins,  mas  também  é  possível  que  fosse  o  filho 


Cunhas  189 

D.  Inês  Lourenço  da  Cunha,  mulher  de  Vasco  Pereira,  senhor  de  Paiva  e 
Baltar. 

Martim  Lourenço  da  Cunha  foi  o  i.°  senhor  de  Pombeiro  por  carta  de  3 
de  Fevereiro  da  era  de  iSgS  (i358),  pela  qual  D.  Afonso  IV,  em  atenção  aos 
serviços  de  Martim  Lourenço  e  por  ele  ter  casado  com  D.  Maria,  filha  de 
Gonçalo  Anes  de  Briteiros,  «que  há  comigo  dívedo»,  lhe  doou  o  referido 
lugar  de  Pombeiro  em  troca  das  terras  de  Torres  e  Vilarinho  do  Bairro, 
com  toda  a  Jurisdição,  para  herdeiros  e  sucessores  (i).  Sucedeu  no  senhorio 
João  Lourenço  da  Cunha,  filho  dos  acima  nomeados.  E  o  bem  conhecido 
marido  de  D.  Leonor  Teles  com  quem  el  rei  D.  Fernando  casou,  e  ainda  por 
cima  lhe  confiscou  a  casa,  por  ele  se  não  conformar  com  os  acontecimentos, 
e  a  doou  a  Fernão  Afonso  de  Albuquerque,  por  carta  de  i  de  Julho  de  1417 
(1379)  (2).  Voltou  para  Portugal  em  fins  de  i383,  fazendo-lhe  o  Mestre  de 
Avis  várias  mercês  no  ano  seguinte  (3);  João  Lourenço  porém  traíu-o,  tendo 
entrado,  durante  o  cerco  de  Lisboa,  na  conjura  de  D.  Pedro  de  Castro  para 
franquearem  o  ingresso  na  cidade  aos  Castelhanos  pela  parte  da  muralha 
confiada  à  sua  guarda.     Antes  porém  de  realizarem  a  traição,  adoeceu  João 


de  D.  Lourenço  Fernandes  da  Cunha,  2."  senhor  da  Tábua,  lá  acima  nomeado,  apesar  de 
nos  livros  de  linhagens  se  lhe  não  mencionar  casamento. 

Um  genealogista,  Calisto  Rangel  Pereira  de  Sá,  senhor  do  solar  de  Rangel  e  governador 
de  Moçambique,  tratando  dos  Cunhas,  declarou  ter  Lourenço  Martins  da  Cunha  tido  mais 
um  filho  com  o  nome  de  Pedro  Lourenço  da  Cunha,  a  quem  diz  ter  encontrado  figurando 
em  documentos  dos  anos  de  i323  e  1344,  e  ainda  mais  afirma  haver  ele  sido  pai  de  Vasco 
Pires,  instituidor  do  morgado  de  Antanhol.  Estava  Calisto  Rangel  bem  no  caso  de  averi- 
guar esta  ascendência  por  ser  casado  com  uma  irmã  de  um  dos  morgados  de  Antanhol  e 
poder  portanto  consultar  os  documentos  do  arquivo  da  casa,  mas  não  me  merece  confiança. 
O  referido  morgado  foi  com  efeito  instituido  por  um  Vasco  Pires  em  i386  {Chronica  dos 
Cónegos  regrantes,  II,  i56),  que  certamente,  se  fosse  Cunha,  não  deixaria  de  aparecer  com 
o  apelido  na  escritura  de  instituição  do  vínculo.  Devemos  pois,  em  meu  parecer,  lançar  a 
afirmação  de  Calisto  Rangel  para  o  monte  das  pias  fraudes  genealógicas,  bem  alta  cordi- 
lheira na  verdade. 

(1)  Chancelaria  de  D.  João  111^  liv.  45.»  de  Doações,  fl.  161  v.,  transcrita  noutra  de  con- 
firmação e  impressa  pelo  Visconde  de  Sanches  de  Frias,  na  2.*  ed.  do  seu  Pombeiro  da  Beira^ 
pág.  23 1. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2.°,  fl.  45  v,  —  Confisca-lhe  os  bens  pelas  traições 
que  contra  ele  cometera,  entrando  em  Portugal  com  o  inimigo,  e  porque,  já  depois  de  per- 
doado, «comprou  peçonhas  e  falou  com  algumas  pessoas  que  no-las  dessem  para  nos  matar 
per  elas,  segundo  fomos  certo  por  aquelas  pessoas,  com  que  o  ele  falou»,  etc. 

(3)  Doação  para  sempre:  de  todolos  bens  móveis  e  de  raiz  possuídos  por  Fernão  Vas- 
ques  em  Campo  Maior  e  seu  ternao,  Lisboa,  2  de  Maio ;  das  casas  do  mestre  Cochicho,  em 
Lisboa,  na  freguesia  de  S.  Nicolau,  Lisboa,  18  de  Junho;  de  todolos  bens  móveis  e  de  raiz 
que  Afonso  Martins,  escrivão  que  foi  dei  rei  D.  Fernando,  genro  de  Palhavan,  há  em  estes 
reinos,  Lisboa,  20  de  Junho.  —  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.°,  fls.  19,  i5  e  16  v. 


1  go  Brasões 

Lourenço  e  o  seu  confessor  obrigou-o  a  descobrir  tudo  ao  Mestre.  Apro- 
veitou a  ocasião  para  alcançar  dele  que  reconhecesse  por  seu  íilho  a  Álvaro 
de  Sousa,  até  então  apresentado  no  paço  por  Leonor  Teles  como  sendo  filho 
bastardo  de  Lopo  Dias  de  Sousa,  mas  que  na  realidade  o  era  dela  e  de  seu 
marido  (i).  Passou  Álvaro  de  Sousa  a  chamar-se  Álvaro  da  Cunha  e  a  casa 
de  seu  pai  confirmou-lhe  D.  João  I  por  carta  de  17  de  Abril  de  1428  (i385)  (2). 
Tomou  parte  nas  Cortes  de  Coimbra  de  i384,  entrou  na  expedição  de  Ceuta 
e  lá,  depois  da  conquista,  foi  armado  cavaleiro  pelo  infante  D.  Henrique,  a 
23  de  Agosto  de  141 5.  Casou  com  D.  Beatriz  de  Melo,  filha  de  Martim 
Afonso  de  Melo,  rico  homem,  5°  senhor  de  Melo,  e  de  sua  segunda  mulher 
D.  Inês  de  Brito.  Deste  casamento  nasceram,  entre  outros,  João  Álvares  da 
Cunha  e  Rui  de  Melo. 

João  Álvares  da  Cunha  foi  4.°  senhor  de  Pombeiro  e  bisavô  de  Mateus 
da  Cunha,  7.°  senhor  de  Pombeiro,  a  quem  foi  confirmado  o  senhorio  por 
carta  de  10  de  Fevereiro  de  1529  (3).  Casou  pelos  anos  de  i52o  ou  i52i 
com  D.  Leonor,  que  nos  instrumentos  ora  é  apelidada  Coutinho,  ora  Mene- 
ses, e  a  quem,  por  alvará  de  26  de  Abril  de  i52i,  se  mandaram  pagar  cento 
e  oitenta  mil  reais  do  primeiro  terço  das  quatro  mil  e  quinhentas  coroas  do 
seu  casamento  (4).  Era  filha  de  D.  Pedro  de  Meneses,  i.°  conde  de  Canta- 
nhede, e  da  condessa  D.  Guiomar  Coutinho,  sua  terceira  mulher. 

O  Senhor  de  Pombeiro  era  já  falecido  em  29  de  Novembro  de  i545, 
quando  sua  viúva  por  meio  do  dr.  Rui  Lopes  pediu  ao  juiz  de  Santarém,  em 
nome  de  seu  filho,  o  traslado  da  carta  de  doação  de  Pombeiro  (5).  Manso 
de  Lima,  nas  suas  genealogias,  afirma  ter  Mateus  da  Cunha  morrido  em 
Casal  d'Álvaro,  na  freguesia  do  Espinhei,  e  ter  lá  estado  seu  corpo  em  de- 
pósito até  ao  ano  de  1600. 

Pode  ser.  Foi  porem  sepultado  definitivamente  na  capela  mor  da  igreja 
matriz  de  Pombeiro  da  Beira,  num  túmulo  cravado  na  parede,  sobre  a 
campa  do  qual  esculpiram  em  pedra  a  figura  jacente  do  cavaleiro,  em  tama- 
nho natural,  e  no  frontal  gravaram,  entre  dois  escudos,  o  seguinte  epitáfio: 
Aqui j ai  o  muito  esforçado  e  estimado  seííor  mateus  da  cunha  sõr  q  foi  desta 
pila  e  terá  de  pôbeiro  o  qual  noso  siíor  tenha  na  sua  sãta  gloria  Amen  (6). 
Na  parede  do  fundo,  um  pouco  acima  do  sarcófago,  puseram  mais  dois  es- 


(i)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  João  I,  part.  \,  cap.  1S4,  pág.  348. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.°,  fl.  i35. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  45.°  de  Doações,  fl.  lõi  v. 

(4)  Lousada,  Sumários,  III,  pág.  846  mihi. 

(5)  Ibidem,  II,  fl.  262  mihi. 

(6)  Sanches  de  Frias,  Pombeiro  da' Beira,  cit.,  pág.  95. 


Cunhas  19I 

cudos  iguais  aos  inferiores.  Estes  escudos  são  partidos:  o  I  de  nove  cunhas; 
o  II  cortado  das  quinas  do  reino  sobre  cinco  flores  de  lis  (i). 

Aquelas  armas  assim  misturadas  eram  as  de  Mateus  da  Cunha  e  metade 
das  de  sua  mulher,  as  dos  Meneses  de  Cantanhede,  faltando-lhe  o  escudete 
liso  sobreposto,  ou  por  não  o  terem  esculpido,  ou  por  se  ter  apagado  nas 
voltas  padecidas  pelo  monumento,  ou  ainda  por  a  fotografia  reproduzida  na 
estampa  não  o  ter  dado. 

Ninguém,  que  tenha  reparado  com  olhos  de  ver  em  brasões  antigos,  es- 
tranhará o  encontrar-se  só  metade  das  armas,  porque  era  coisa  muito  vulgar 
fazer-se  isto  para  simplificar,  quando  os  escudos  eram  esquartelados.  Ainda 
hoje,  em  Lisboa  mesmo,  bem  patente  a  todos,  e  não  muito  antigo,  se  encon- 
tra um  exemplo  disto  no  brasão,  que  está  sobre  a  porta  principal  do  palácio 
Mesquitela  ao  Poço  Novo.  Ai  se  vê  um  escudo  partido:  no  I  cortado  das 
quinas  do  reino  sobre  um  Hão,  que  é  metade  das  armas  dos  Sousas  do  Prado; 
no  II  cinco  estrelas,  armas  dos  Macedos. 

Posto  isto,  parece  haver  sido  o  túmulo  de  Mateus  da  Cunha  mandado  fazer 
por  sua  viúva,  o  que  vem  confirmar  um  tanto  o  dito  de  Manso  de  Lima,  não 
sei  onde  por  ele  desencantado. 

De  Mateus  da  Cunha  e  D.  Leonor  Coutinho  foi  filho  e  sucessor  Martim 
Lourenço  da  Cunha,  último  senhor  de  Pombeiro  na  varonia  dos  Cunhas,  e 
que  já  era  falecido,  solteiro  e  sem  geração,  pelos  anos  de  1546. 

Alem  deste  filho  e  doutras  filhas,  tiveram  eles  a  D.  Maria  de  Briteiros, 
ou  da  Cunha,  como  diz  o  letreiro  do  seu  túmulo,  a  qual  veio  a  suceder  na 
casa  por  morte  de  seu  irmão  (2).  Casou  esta  senhora  a  primeira  vez  com 
seu  primo  D.  João  de  Almeida,  comendador  do  Sebal,  de  quem  não  teve  ge- 
ração que  persistisse.  Tornou  D.  Maria  a  casar  com  D.  António  de  Castelo 
Branco,  6."  senhor  do  morgado  de  Castelo  Branco  o  Novo,  que  morreu  em 
i588,  tendo  juntamente  com  esta  sua  mulher,  que  foi  a  segunda,  principiado 
a  fundação  do  convento  da  Conceição  de  Capuchos,  junto  ao  seu  morgado, 
na  freguesia  de  Santa  Iria  da  Azóia.  Foram  sepultados  na  capela  mor  da 
igreja  do  referido  convento  e  no  seu  jazigo  gravaram  a  seguinte  inscrição: 
D.  António  de  Castellobranco,  do  Conselho  delRey,  e  sua  mulher  Dona  Ma- 
ria da  Cunha,  Senhores  da  Villa,  e  terra  de  Pombeiro,  deu  principio  a  este 
Mosteiro  da  Conceição,  efaleceo  antes  de  o  acabar,  no  a?ino  de  mil  e  quin- 
hentos e  oitenta  e  oito  (3). 


(i)  Sanches  de  Frias,  Pombeiro  da  Beira,  estampa. 

(2)  Em  Santarém,  no  mês  de  Fevereiro  de  1547,  fez  D.  Maria  da  Cunha  procuração  a 
fim  de  tomar  posse  dos  bens  de  seu  irmão  Martim  Lourenço  da  Cunha.  —  Lousada,  Siimá- 
rioSy  II,  261,  mihi. 

(3)  Fr.  António  da  Piedade,  Chronica  da  Arrábida,  I,  635. 


192  Brasões 

Destes  cônjuges  foi  bisneto  D.  Pedro  de  Castelo  Branco,  capitão  da  guarda 
de  D.  João  IV  que  o  criou  visconde  de  Castelo  Branco  junto  a  Sacavém,  por 
carta  de  26  de  Setembro  de  1649  (i),  e  foi  o  segundo  visconde  que  houve 
em  Portugal.  Na  regência  da  rainha  D.  Luisa  de  Gusmão  foi  elevado  a 
conde  de  Pombeiro,  por  carta  de  6  de  Abril  de  1662  (2).  Foi  progenitor  dos 
demais  condes  de  Pombeiro,  os  quais  já  com  a  varonia  de  Vasconcelos  rece- 
beram o  título  de  marquês  de  Belas  por  carta  de  i3  de  Janeiro  de  1802  (3). 
Subsistem. 

De  Álvaro  da  Cunha,  3.°  senhor  de  Pombeiro,  foi  filho  segundo^  conforme 
acima  disse,  Rodrigo  Afonso  de  Melo,  ou  simplesmente  Rui  de  Melo,  como 
depois  se  chamou  (4). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  IV,  liv.  20°  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  237. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  26."  de  Oficias  e  mercês,  fl,  i63  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Maria  I  e  D.  João  VI,  liv.  6.",  fl.  196. 

(4)  Não  se  estranhe  trocar  o  mesmo  indivíduo  o  nome  de  Rodrigo  pelo  de  Rui,  Estas 
e  outras  anomalias  aparentes  eram  nesses  tempos  vulgares.  Como  esclarecimento  a  muitos 
casos  análogos,  que  no  decurso  desta  obra  se  encontrarão,  reproduzirei  aqui  um  pequeno 
artigo  por  mim  publicado  há  anos  a  propósito  do  parecer  por  um  distinto  filólogo  apresen- 
tado, no  qual  duvidava  pudesse  Rui  ser  a  abreviatura  de  Rodrigo. 

Em  eras  remotas  afigura-se  provável,  à  primeira  vista,  que  o  não  tivesse  sido,  porque 
nos  chamados  LíVros  de  linhagens  encontramos  dois  patronímicos  diversos:  para  Rui,  Rúiz; 
para  Rodrigo,  Rodríguez.  Note-se  contudo  que,  não  tendo  aqui  aqueles  livros,  não  posso 
afirmar  se  a  prática  era  constante,  ou  variava  muito  (-*),  Não  creio  porem  que  nenhum  dos 
Ruis  nomeado  no  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  ou  nos  outros,  apareça  em  documento  do 
tempo  senão  com  o  nome  de  Rodericus,  ou  Rudericus. 

Do  século  XV  existem  documentos  que  provam,  irrefragávelmente.  considerarem-se  os 
dois  nomes  como  abreviatura  um  do  outro. 

Por  carta  de  21  de  Julho  de  1476  foi  Rui  de  Melo,  guarda  mor  e  capitão  de  Tanger, 
criado  conde  de  Olivença,  e  desde  então  por  diante  passou,  em  todos  os  documentos,  a  ser 
chamado  D  Rodrigo  de  Melo.  A  referida  carta  está  registada  na  Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
no  liv.  7.»  a  fl.  46  V. ;  mas,  como  estou  escrevendo  longe  dos  meus  apontamentos,  só  poderei 
citar,  para  prova  de  ter  Rui  de  Melo  passado  a  ser  D.  Rodrigo  de  Melo,  um  único  documento, 
a  carta  de  17  de  Janeiro  de  1487  pela  qual  foi  uma  sua  neta  habilitada  a  poder-Ihe  suceder 
na  casa.    Está  o  documento  na  Chancelaria  de  D.  João  II  registado  a  fl.  61  v.  do  liv.  21." 

Mas  há  mais  ainda. 

Aquele  mesmo  fidalgo,  antes  de  ser  conde  de  Olivença,  encontra-se  em  documentos 
nomeado  ora  Rui  de  Melo,  ora  Rodrigo  Afonso  de  Melo  (*#).  Não  sei  explicar  a  razão,  mas 
posso  apontar  o  facto,  que  não  sucedia  só  com  os  Ruis,  mas  também  com  os  Peros,  os  Fer- 
nãos,  e  outros. 

Era  regra,  quási  invariável  nesses  tempos,  quando  o  patronímico  ou  o  apelido  começava 

(#)  Creio  que  muito  poucas  vezes,  se  alguma  vez  chegou  a  ser  empregado,  se  encontrará  nos  Livros  de  linha- 
£ens  o  patronímico  Rúiz ;  só  aparece  Rodríguez. 

(#*)  Exactamente  o  mesmo  caso  se  dava  com  seu  contemporâneo  e  homónimo,  o  almirante  Rui  de  Melo. 


Cunhas  ,  igS 

Rodrigo  Afonso  de  Melo   já  era  fronteiro  no  Algarve  em  1460  (1),  e  já 
então  exercia  pelo  filho  o  ofício  de  almirante  do  reino  (2),  no  qual  veio  a  su-. 


por  vogal,  escrever-se  o  nome  próprio  por  extenso  e  não  em  abreviatura.  Assim  dizia-se 
Pêro  Martins  e  Pedro  Anes,  ou  Pedr'Anes;  Fernão  Lopes  e  Fernando  ou  Fernand'Álvares, 
que  eles  geralmente  escreviam /erHã  dalvare^;  Rui  de  Melo  e  Rodrigo  Afonso  de  Melo. 

^ Seria  para  evitar  o  hiato  ?  Talvez;  creio  porem  que  nisto  também  imperavam  as  cos- 
tumeiras, que  sempre  tiveram  muita  força  e  decerto  muita  mais  ainda  nesses  tempos. 

E  as  tais  costurpeiras  com  os  nomes  próprios  não  eram  aquelas  somente;  várias  outras 
havia. 

Quando  ao  nome  próprio  precedia  o  título  de  dom,  era  aquele  sempre  escrito  por  ex- 
tenso (*);  D.  Pedro,  D.  Rodrigo,  D.  Martinho;  e  até,  se  o  Pêro,  o  Rui,  ou  o  Martim,  rece- 
biam o  título  de  dom,  passavam  a  ser  Pedro,  Rodrigo  ou  Martinho.  Por  exemplo:  Pêro 
Vaz, de  Melo  foi  feito  conde  da  Atalaia  em  1466  e  passou  a  chamar-se  dom  Pedro  de  Melo; 
Martim  Vaz  de  Castelbranco,  que  havia  sido  nomeado  com  este  nome  vedor  da  fazenda  em 
1480,  passou  a  intitular-se  dom  Martinho  de  Castelbranco  desde  que  seu  pai  recebeu  em 
1485  o  título  de  dom.  Caso  idêntico  sucedeu  com  outro  vedor  da  fazenda,  seu  contempo- 
râneo, João  Lopes  de  Almeida,  nomeado  para  aquele  cargo  em  1475,  passou,  de  1 3  de  Junho 
do  sno  seguinte  em  diante,  a  chamar-se  D.  João  de  Almeida,  por  seu  pai  ter  sido  então  criado 
conde  de  Abrantes. 

E  aqui  ocorrerá  ao  leitor  uma  observação:  —  ^Eles  não  mudavam  só  o  nome  próprio, 
largavam  também  o  patronímico  í 

E  verdade;  era  outra  costumeira  e  esta  pode-se  também  dizer  de  prática  geral,  porque 
muito  poucas  excepções  existem. 

O  famoso  Álvaro  Vaz  de  Almada  já  na  própria  carta,  pela  qual  Henrique  VI  de  Inglaterra 
o  criou  conde  de  Avranches  em  1445,  é  nomeado  D.  Álvaro  de  Almada.  Álvaro  Gonçalves 
de  Ataíde,  de  1448  em  diante,  passou  a  ser  D.  Álvaro  de  Ataíde,  conde  da  Atouguia;  Rui 
Vaz  Pereira  foi  D.  Rodrigo  Pereira,  conde  da  Feira  ;  Gonçalo  Vaz  de  Castelbranco,  recebendo 
o  título  de  dom  em  1485,  ficou-se  chamando  D.  Gonçalo  de  Castelbranco;  o  capitão  dos 
ginetes  Fernão  Martins  Mascarenhas,  agraciado  com  igual  mercê  em  1496,  passou  em  docu- 
mentos a  ser  D.  Fernando  Mascarenhas,  apesar  de  lhe  terem  gravado  o  primeiro  nome  no 
epitáfio  da  sua  sepultura  no  Espinheiro  de  Évora* 

Outros  exemplos  poderia  aduzir,  mas  bastam  estes  para  provar  a  praxe,  e,  como  já  estou 
longe  do  Rui  e  do  Rodrigo,  porei  ponto  (**). 

(i)  Carta  de  i  de  Agosto  de  1450  de  60.000  rs.  brancos  de  tença.  —  Chancelaria  de 
D.  Afonso  V,  liv.  iS.",  fl.  121. 

(2)  Por  carta  dada  em  Sintra,  a  19  de  Setembro  de  1450,  foi  Pêro  Rodrigues  de  Castro 
confirmado  no  posto  de  almirante  em  Lisboa  para  que  o  nomeara  Rodrigo  Afonso  de  Melo 

(«)  E  náo  só  com  o  título  de  dom,  mas  também  o  mesmo  sucedia  com  os  qualificativos  de  doutor,  mestre,  frei, 
«te.    Deste  último  caso  temos  um  exemplo  interessante  na  Frágoa  de  Amor  de  Gil  Vicente.    Diz  o  Frade: 

conselhoume  hum  meu  amigo 
que  fosse  frade  e  filo  assi 
de  Ruy  Pirez,  frey  Rodrigo. 

(fl.  i55,  col.  2.) 

(»«)  O  Jornal  do  Cotnmercio,  n.*  i5.oi8,  de  quinta-feira  21  de  Janeiro  de  15,04. 

VOL.  I  25 


1 94  •  Brasões 

ceder-lhe  por  sua  morte  e  se  lhe  passou  earta  a  27  de  Julho  de  1453,  já  em 
nome  de  Rui  de  Melo  (1).  Foi  senhor  da  casa  de  Melo,  a  qual  herdaria  por 
sua  mãe  e  lhe  seria  confirmada  em  1450(2),  e  das  terras  de  Évora  Monte, 
Portimão  e  Mértola.  Estando  na  sua  vila  de  Portimão  foi  morto  por  um 
tiro,  segundo  se  conta,  indo  a  acudir  a  uma  rixa  entre  Franceses  e  Ingleses. 
Havia  casado  com  D.  Beatriz  Pereira,  filha  que  veio  a  ser  herdeira  de  mtcé 
Carlos  Pessanha'  almirante  do  reino,  e  foi  sepultado  na  capela  mor  da  igreja 
do  convento  da  Trindade  de  Lisboa,  em  um  túmulo  metido  na  parede  da 
parte  da  epistola,  tendo  sobre  ele  deitada  a  figura  do  cavaleiro  armado. 
Viam-se  lá  as  armas  dos  Meios,  Pereiras,  Pessanhas  e  Cunhas  sobrepujadas 
desta  divisa: 

Qui  le  mal  ne  peut  soiifrir 
A  gran  honeiir  ne  peut  venir. 

E  por  baixo  dos  escudos  este  letreiro:  A  todos  seja  memoria  desta  sepidtiira 
ser  do  imfito  generoso  fidalgo,  e  famoso  cai'alleiro  Rui  de  Mello,  Senhor  da 
Casa  de  Mello,  o  qual  em  tnda  do  muito  alto  e  muito  excelente  e  muito  po- 
deroso Principe  ElRey  D,Õ  Afonso  o  5.°  foi  Almirante  de  seus  Reptos  e  seu 
fronteiro  mor  no  Reyjio  do  Algarj^e,  o  qual  por  bondade  de  sua  pessoa  e 
valentia  de  suas  armas  fe\  muito  asinalados  serviços  ao  dito  Senhor  Rey  e 
Reynos,  segundo  aos  vivos  he  manifesto  ata  a  elle  prender  morte  a  qual  foi 
aos  vinte  e  sinco  de  Fevereiro  do  anuo  do  Senhor  de  146J,  a  qual  sepultura 
mandou  fa\er  a  muito  generosa  Senhora  Dona  Breatis  Pereira  sua  inolher 
para  elle  e  para  si  e  para  Miser  Latisarote flho  dos  ditos  Senhores  outro 
si  Almirante  que  foi,  a  qual  Senhora  foi  sobrinha  do  mui  7nagnifíco  poderoso 
e  i'irtuoso  Senhor  Conde  DÕ  Nuno  Alvres  Peixeira  Condestabre  que  foi  destes 
Rejnos.  Requiescant  in  pace.  ,Amen  (3). 


em  nome  de  seu  filho  micé  Lançarote  [Chancelaria  de  D.  Ajonso  V,  liv.  34.°,  fl.  179  v.). 
Por  outra  análoga,  de  25  de  Novembro  do  ano  seguinte,  foi  confirmado  em  almirante  no 
Porto  Fernando  Alvares  Vieira  {Ibid.^  liv.  Sy.",  fl.  i5i  v.). 
(i)  ií>/<iem,  liv.  10.»,  fl.  25. 

(2)  Rodrigo  Afonso  de  Melo  apresentou  a  carta  de  11  de  Junho  da  era  de  1455  (1417) 
})ela  qual  D.  João  I  coutara  a  Estêvão  Soares  de  Melo  a  ribeira  de  Melo,  pedindo  dela  con- 
firmação, Goncedeu-lha  D.  Afonso  V  e  na  fl.  200  v.  do  liv.  34."  da  sua  Chancelaria  come' 
çou-se  a  lançar  o  registo  da  carta,  mas  não  se  terminou,  ficando  sem  todo  o  fecho,  e  por 
isso  não  sei  qual  a  sua  data.  Está  ela  todavia  entre  duas  de  Outubro  de  1450  e  por  tanto 
deverá  ser  deste  ano.  A  Martim  de  Melo  foi  feita  mercê  da  jurisdição  do  lugar  de  Melo, 
«por  morte  do  Almirante  que  Deos  haja»,  por  carta  de  22  de  Novembro  de  1467  (liv.  i."  da 
Beira,  fl.  252). 

(3)  Escrevi  este  epitáfio  combinando  a  leitura  que  dele  encontro  no  Nobiliário  de  Xisto 
Tavares,  e  nas  Memorias  Sepulchraes  de  D.  António  Caetano  de  Sousa.    Fr,  Jerónimo  de 


Cunhas  igS 

Foi  a  Almiranta,  como  ela  se  intitula  no  seu  testamento  (i),  sepultada  na 
mesma  igreja,  com  o  seguinte  epitáfio:  Sepultura  de  D.  Brites  Pereira, 
mulher  de  Ruy  de  Mello]  Almirante  destes  Rejnos,  e  sobrinha  do  Conde 
D.  Nuno  Ahares  Pereira.  Falleceo  a  ig  de  Julho,  anno  de  1483  (2). 

Como  é  bem  sabido  havia  D.  Denis  contratado  o  Genovês,  «micer  Manuel 
Peçagno»,  para  lhe  servir  de  almirante  e,  por  carta  de  i  de  Fevereiro  da 
era  de  i355  (iSiy),  lhe  conferiu  o  almirantado,  a  ele  e  seus  descendentes 
para  sempre  (3).  Continuou  o  almirantado  nos  descendentes  de  Manuel  Pes^ 
sanha  até  seu  neto  inicé  Carlos  Pessanha,  a  quem  D.  João  I  confirmou  o 
ofício  por  carta  de  12  de  Novembro  de  1435  (1397)  (4).  Demitiu-o  este  de 
si  pelos  anos  de  1433  a  favor  de  seu  genro  D.  Pedro  de  Meneses,  2."  conde 
de  Viana,  mas  como  ele  não  deixasse  descendência  da  filha  do  almirante 
Carlos,  tornou  a  este  o  almirantado  depois  do  ano  de  1437,  e  foi-lhe  nova- 
mente confirmado  por  carta  de  6  de  Fevereiro  de  1439  (5),  e  ainda  por  outra 
de  2  de  Julho  de  .1441  lhe  foram  confirmados  os  privilégios  do  almirantado, 
como  os  tivera  em  tempo  de  D.  João  I  (6).  Pouco  depois  morreu,  tendo 
«posto»  o  alrríirantado  em  seu  neto  Lançarote  Pessanha,  filho  de  Rui  de  Melo, 
e  a  seu  requerimento  lhe  foi  confirmado,  «posto  que  o  dito  almirantado  por 
qual  quer  guisa  a  nós  pertença,  segundo  nos  fizeram  entender  que  pertence». 
Passou-se  a  carta  de  confirmação  a  3i  de  Agosto  de  1444(7).  Era  então 
micé  Lançarote,  como  êle  é  designado  nos  ulteriores  diplomas,  de  menor 
idade  e  por  êle  servia  o  cargo  de  almirante  seu  pai,  como  acima  ficou  já 
notado.  Pouco  tempo  de  vida  teve  porém  micé  Lançarote  e  já,  por  carta  de 
27  de  Julho  de  1463,  fazia  D.  Afonso  V,  por  sua  morte,  mercê  do  almiran- 
tado a  seu  pai  Rui  de  Melo,  «se  a  nós  direitamente  pertence  dar  e  prover 
do  dito  almirantado»,  com  toda  sua  jurisdição  e  rendas  (8).     Suscitaram-se 


S.  José  já  o  havia  dado  à  impressão  na  pág.  195  do  i.°  vol.  da  sua  Historia  da  Trindade, 
mas  evidentemente  leu-o  mal,  errando-lhe  até  a  data,  e  não  entendendo,  segundo  êle  pró- 
prio confessa,  os  dois  versos  franceses. ' 
(i)  Cit.  Historia  da  Trindade. 

(2)  Ibidem,  pág.  1 98- 199. 

(3)  Belgrano,  Documenti  e  genealogia  dei  Pessagno  Genovesi  amiragli  dei  Portogalh^ 
pág.  i3,  doe.  IX ;  Aires  de  Sá,  Frei  Gonçalo  Velho,  vol.  11,  pág.  507,  doe.  dccix, 

(4)  Chancelaria  de  D  Afonso  F,  liv.  i8.°,  fl.  81,  mencionada  noutra  de  confirmação,  com 
a  data  acima,  e  com  a  de  10  de  Novembro  no  liv.  de  Extras,  fl.  to5  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  18.°,  fl.  81. 

(6)  Ibidem,  liv.  2.»,  fl.  92  v. 

(7)  Ibidem,  liv.  25.°,  fl.  i3  v. — Foi  esta  carta  passada  por  autoridade  do  infante  D.  Pedro 
e  depois  renovada  por  D.  Afonso  V,  em  1 1  de  Novembro  de  1448  (liv.  de  Extras.,  fl.  io5  v.). 

(8)  Ibidem,  liv.  10.»,  fl.  25. 


196  Brasões 

as  dúvidas  previstas  no  diploma  e  foi  mandada  sobrestar  a  posse,  até  que 
D.  Afonso  V  resolveu  mandá-la  dar,  «visto  como  por  nossa  carta  e  autori- 
dade o  dito  micé  Lançarote  Pessanha  possuiu  e  teve  o  dito  ofício  de  almi- 
rante, em  quanto  viveu,  e  não  por  outra  sucessão,  nem  herança  que  lhe  per- 
tencesse». Foi  passado  o  novo  diploma  a  2  de  Abril  de  1454(1).  Por  cartas 
de  i5  e  16  do  mês  de  Julho  seguinte  foram-lhe  confirmados  os  direitos  e  a 
jurisdição  do  almirantado  (2).  Por  morte  de  Rui  de  Melo  sucedeu  no  almí- 
rantado  o  monteiro  mor  Nuno  Vasques  de  Castelbranco,  a  quem  D.  Afonso  V 
com  toda  a  solenidade  criou  almirante  na  Sé  de  Évora,  em  Abril  de  1467  (3). 
Era  Nuno  Vasques  filho  de  Gaterina  Pessanha,  sobrinha  do  almirante  Carlos, 
e  nãu  encontro  a  carta  da  sua  nomeação,  mas  de  vários  diplomas  consta  ter 
Nuno  Vasques  possuído  o  almirantado,  citando  d'entre  eles  a  carta  de  26  de 
Setembro  de  1475,  pela  qual  a  Lopo  Vasques  de  Castelbranco  seu  filho  pro- 
meteu D.  Afonso  V  dar  por  sua  morte,  a  um  seu  filho,  não  só  todos  os  ofí- 
cios que  já  tinha,  como  aqueles  que  haveria  de  herdar  de  seu  pai,  e  eram 
o  almirantado  e  a  montaria  mor  (4).  Não  chegou  Lopo  Vasques,  por  morrer 
assassinado  em  1478,  a  suceder  ao  pai  pois  este  só  faleceu  em  1481,  vindo 
D.  João  II  a  nomear  almirante,  por  carta  de  3  de  Outubro  de  1483,  a  Pêro 
de  Albuquerque,  do  seu  conselho  (5). 

jMas,  agora  reparo!  não  é  propriamente  do  almirantado  que  devo  estar 
tratando  aqui.     Acabemos  com  os  Cunhas. 

•  De  Rui  da  Cunha  e  por  bastardia  provieram  uns  ramos  desta  família  es- 
tabelecidos no  Algarve,  outros  na  Estremadura,  todos  relativamente  obscuros 
e  todos,  segundo  creio,  extintos  na  varonia. 

Também  foi  filho  segundo  da  casa  de  Pombeiro,  e  neto  da  rainha  D.  Leo- 
nor Teles  e  de  seu  marido  João  Lourenço  da  Cunha,  um  fidalgo,  que  hon- 
radamente serviu  a  D.  João  I  e  foi  sepultado  na  parede  da  igreja  do  convento 
de  S.  Francisco  da  Covilhã,  onde  lhe  puseram  o  seguinte  epitáfio  gravado 
em  caracteres  góticos :  Aquija^  ho  mufto  honrado  Cavaleiro  Frey  Diegalves 
da  Cunha  Comendador  que  foy  de  Castelejo  e  de  Castelnovo  ho  qual  foy  na 
tomada  de  Cepta  com  o  muyto  alto  e  com  o  muyto  excellente  e  muyto  vir- 
tuoso Senhor  Rey  Dom  loham  (6)  da  boa  memoj^ià  &  foi  nas  Ilhas  de  Canária 


(1)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  io.°,  fl.  25. 

(2)  Ibidem.Yiv.  i5.°,  fl.  8. 

(3)  Duarte  Nunes  do  Lião,  Chronicas^  part.  11,  Chronica  e  vida  delRey  dom  Affonso  o  V^ 
pág.  i3o. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  So.",  fl.  8. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  JJ,  liv.  23.»,  fl.  45  v. 

(6)  Fr.  António  da  Luz  Foz,  Memorias  Sepiílchraes,  fl.  80,  incompleto. 


Cunhas  197 

por  mandado  do  muito  honrado  pvijicipe  &  muito  virtuoso  Senhor  o  Infante 
D.  Henrique  seu  Jilho:  o  qual  se  finou  na  Era  de  1460  anttos  (i). 

De  uma  filha  bastarda  deste  Diogo  Álvares  da  Cunha  descenderam,  diz-se, 
uns  Cunhas  que  houve  no  Pedrógão. 

Há  ou  houve  casas  nobres  com  o  apelido  da  Cunha  desde  tempos  remo- 
tos, como  são  os  senhores  do  morgado  do  Vidigal  junto  a  Montemor  o  Novo, 
os  do  morgado  dos  Olivais  no  termo  de  Lisboa,  os  do  Paço  da  Cunha  no 
Minho,  e  ainda  outros,  os  quais  contudo  se  não  podem  entroncar  com  con- 
fiança na  varonia  dos  verdadeiros  Cunhas. 

Esta  conserva-se  hoje  legítima  em  Portugal  unicamente  nos  Condes  da 
Cunha  e  nos  de  Lumiares,  salvo  sempre  a  existência  dalgum  ramo  obscuro, 
porque  em  família  tam  ramificada  é  difícil  seguir-lhe  as  linhas  todas. 

Isto  escrevia  eu  em  1899,  hoje  a  varonia  dos  Cunhas  apenas  subsiste  nos 
Lumiares. 


(i)  Fr.  Manuel  da  Esperança,  Historia  seráfica,  part.  i,  pág.  428,  onde  se  encontra  o 
epitáfio  completo. 


! 


IX 
SOUSAS 


i 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vo!.  I. 


Esquartelado:  o  I  e  IV  das  armas  do  reino  com  um  filete  de  negro  sobre- 
posto em  barra;  o  II  e  III  de  vermelho,  caderna  de  crescentes  de  prata. 
Timbre:  castelo  de  oiro. 

Assim  se  encontram  também  no  Livro  do  Amieiro  mor,  fl.  5-2,  no  Lii'ro 
da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo  v.,  no  Thesouro  da  Nobreza  de  Francisco  Coelho, 
ti.  28,  no  Thesouro  da  Nobre\a  de  Fr.  Manuel  de  Santo  António,  s-52,  etc. 

I 

LENDA  BE   SANTA   SENHORINHA 

No  alcáçar  reinava  o  silêncio. 

Das  paredes  da  sala  de  armas  pendiam  -as  espadas,  as  bestas;  aos  cantos 
estavam  arrumadas  as  lanças,  as  ascumas,  as  frechas;  e  sobre  todas  estas 
armas  outrora  luzentes,  se  estendia  agora  uma  camada  de  pó.  Para  elas  o 
repouso  usava  a  ser  pouco,  e  os  vizinhos  Sarracenos  d'alêm  Doirb  de  contí- 
nuo lhes  sentiam  os  golpes. 

No  pátio  os  almogavares  e  os  besteiros  ora  passeavam,  ora  se  sentavam 
na  soleira  dalguma  porta,  nos  degraus  dalguma  escada,  sonolentos,  aborre- 
cidos com  a  desusada  inacção,  procurando  com  os  olhos  instinctivamente  o 
seu  adail,  cuja  vista  pelo  menos  lhes  recordaria  a  lide  desejada.  Na  varanda 
alpendrada,  e  na  contígua  sala  de  armas,  encostados  a  um  pilar,  a  uma  om- 
breira, Junto  aos  limiares  das  portas,  em  grupos,  entretinham-se  os  homens 
de  armas,  os  escudeiros,  os  pajens  do  Conde.  Todos  tristes,  contando  bai- 
xinho uns  aos  outros  novidades,  velhas  para  eles;  recordando  a  formosura  e 
garbo  da  Condessa,  quando  na  sua  hacaneia  chegara  ao  castelo,  desposada 
do  Conde,  o  modo  lhano  e  afável  que  para  todos  tinha,  o  amor  estremo  com 
que  ela  e  o  marido  se  queriam,  a  sua  bondade  para  os  pobres,  a  sua  indul- 

VOL.  I  26 


202  Brasões 

gência  para  os  servos  da  gleba,  para  os  escravos,  E  um  recordava  um 
caso,  e  outro  recordava  outro,  e  todos  acabavam  com  um  suspiro,  lastimando 
a  tam  inesperada  morte. 

E  então  pela  centésima  vez  cgntavam,  como  tinha  sucedido:  a  criança 
nascera  bem;  era  muito  franzina  sem  dúvida,  mas  estava  viva  e  sã;  a  mãe, 
depois  do  inevitável  padecimento,  aconchegara  a  si  a  recêm-nascida,  e  dfis- 
cançara  risonha  com  a  filha  ao  lado;  o  Conde,  radiante,  saíra  da  câmara  a 
participar  a  notícia,  e  ordenara  ao  ovençal  para  dar  à  farta  de  comer  e  beber 
aos  vassalos  e  moradores  do  castelo,  a  íim  de  festejarem  condignamente  o 
feliz  sucesso;  o  senhor  não  se  importara  da  criança  ser  uma  donzela,  visto 
que  o  primogénito  era  um  rapaz. 

Lembravam  ainda:  que  ao  outro  dia  já  a  Condessa  tinha  os  olhos  luzen- 
tes, as  faces  coradas  em  demasia;  que  estava  inquieta,  indiferente  à  filha: 
que  a  noite  seguinte  fora  de  agitação  e  desassossego  na  doente,  de  pertur- 
bação e  terrores  no  marido  e  em  toda  a  família;  e  que  estes  terrores  foram 
fundados,  porque  a  febre  recresceu,  e  D.  Teresa  exalou  o  último  suspiro. 

E  com  lágrimas  recordavam  os  derradeiros  momentos,  a  volta  da  razão, 
o  adeus  saudoso  ao  marido  e  aos  dois  orfãozitos,  e  a  f é  viva  com  que  se 
abraçara  à  cruz,  que  lhe  estendia  o  confessor,  frade  bento  do  mosteiro  de 
Pombeiro,  padroado  da  casa. 

^E  o  Conde?  Sentado  junto  ao  leito  da  morta  na  sua  cadeira  de  assento 
e  respaldo  de  coiro,  no  qual  se  via  lavrada  uma  caçada,  com  o  corpo  dobrado 
para  diante,  os  cotovelos  fincados  nos  braços  da  cadeira,  a  cara  nas  mãos, 
deixava  silenciosamente  correr  as  lágrimas.  E  pensava  naqueles  anos  tam 
breves  de  suprema  ventura;  no  dia  do  casamento,  quando  a  trouxera  para  o 
castelo;  no  pranto  a  custo  por  ela  sustido,  quando  do  alto  do  eirado  lhe  dizia 
adeus  no  momento  da  partida  para  fossado  alem  Doiro;  na  terna  vivacidade, 
com  que  íf  volta  ela  se  lhe  lançava  ao  pescoço,  não  reprimindo  então  as  lá- 
grimas por  estas  serem  de  alegria. 

jE  tudo  isto  tinha  acabado!  je  aquela  mulher  tam  querida  jazia  ali,  fria, 
inanimada,  dentro  em  pouco  invisível  para  sempre!     j Ficara  só  no  mundo! 

Não,  pão  ficara,  porque,  alem  do  filho,  agora  com  a  idea  de  o  alentar, 
lhe  traz  a  ama  para  o  pé  a  recêm-nascida. 

—  Ai!  quam  miudinha  és,  minha  senhorinha!  E  com  soluços  e  choros 
continua:  —  Filha,  a  Cristo  Deus  te  ofereço,  e  a  Ele  próprio  te  encomendo, 
para  que  Ele  mesmo  dirija  teus  passos  até  à  sua  presença.  — E  à  ama  diz: 
—  Vai,  tem  cuidado  nela,  e  com  toda  a  dehgência  a  guarda  e  a  conserva. 

E  a  ama  levou  a  criança,  que  Senhorinha  se  ficou  chamando,  e  depois  de 
desmamada  a  entregou  o  pai,  para  a  educar,  a  sua  cunhada  Godinha,  que 
hoje  se  venera  no  altar.     Tomou-lhe  a  beata  afeição  de  mãe,  e  vendo-a  tam 


Sonsas  2o3 

pura,  tam  meiga,  quis  desprendê-la  do  mundo,  e,  exaltando  na  sua  mente  a 
virtude  da  castidade,  lançá-la  nos  braços  de  Jesus. 

Fácil  lhe  foi  o  conseguimento. 

Tinha  Senhorinha  sete  anos,  quando  o  filho  de  um  riquíssimo  Conde  da 
linhagem  dos  reis  a  requestou;  ela  porem  prestes  o  desengana,  dizendo-lhe 
que  nem  êle,  nem  a  casa  paterna,  a  possuiriam. 

Despeitado  o  Conde  Avulfo,  a  quem  o  pretendente  narrara  o  sucedido, 
manda  vir  a  filha  à  sua  presença,  interroga-a  a  tal  respeito  e  recebe  esta 
resposta: 

—  iQue  é  isto,  meu  pai.-*  ^que  é  isto?  Por  ventura  não  me  escolhestes 
um  excelente  esposo  e  senhor?  ^Por  ventura  não  me  oferecestes  a  Deus, 
óptimo  e  máximo? 

Enleiado  despede-a  o  pai,  que  inquieto  e  preocupado,  chegada  a  noite, 
se  lança  na  cama,  onde,  depois  de  muito  pensar  no  destino  a  dar  à  filha, 
afinal  adormece.  Eis  que  se  lhe  mostra  um  Anjo  do  Senhor,  a  animá-lo  e 
confortá-lo,  dizendo-lhe,  para  não  ter  mais  insónias  por  via  da  filha,  pois  ela 
escolhera  o  melhor  destino,  e,  já  que  pretendia  ser  esposa  de  Jesus,  a  dei- 
xasse seguir  sua  vocação. 

Logo  ao  amanhecer,  alegre  procura  Avulfo  a  filha,  e  conta-lhe  a  visão. 

Manda  em  seguida  proceder  no  seu  condado,  na  encosta  sobranceira  ao 
rio  Ave,  à  edificação  de  um  mosteiro,  que  do  orago  e  da  terra  se  ficou  cha- 
mando de  S.  João  de  Vieira.  Dota  o  Conde  o  novo  cenóbio,  pÕe-lhe  por 
abadessa  Godinha,  e  nele  assiste  à  profissão  da  virgem,  que  em  970,  tendo 
apenas  oito  anos,  tomou  o  hábito  de  S.  Bento. 

Morta  Godinha,  sucede-lhe  Senhorinha  no  abadessado,  e  poucos  anos  de- 
pois troca  o  mosteiro  de  S.  João  pelo  de  Basto,  que  a  rogos  seus  edificaram 
seus  parentes.  Aqui  viveu  o  resto  dos  seus  dias,  entregue  às  orações,  enfra- 
quecida pelos  constantes  jejuns,  mortificada  pelos  cilícios;  mas  cheia  da  graça 
divina,  que  nela  se  patenteava  claramente  por  meio  dos  milagres  por  sua  in- 
tercessão operados. 

Faz  com  que  apareça  farinha,  quando  no  mosteiro  já  não  havia  de  co- 
mer; manda  calar  as  rans,  que  perturbam  os  cânticos  religiosos;  transforma 
a  água  em  vinho;  arreda  a  tempestade  iminente;  despedaça  umas  poucas 
de  noites  seguidas  os  grilhões,  que  prendiam  seu  irmão;  e  ainda  depois  de 
morta,  alem  de  dar  a  vista  a  um  cego  e  de  fazer  outros  milagres,  era  o  seu 
túmulo  manancial  perene  de  terra  santa,  remédio  eficaz  para  as  moléstias  de 
todos  aqueles,  que  com  fé  a  traziam  ao  pescoço. 

Morreu  a  virgem  santa  com  cinquenta  e  oito  anos  no  dia  de  S.  Jorge,  23 
de  Abril,  do  ano  de  1020.  Jaz  enterrada  na  sua  igreja  de  Basto,  e  reza-se 
dela  no  dia  22  de  Abril. 


204  Brasões 

Tal  é  a  poética  e  singela  lenda  de  Santa  Senhorinha  de  Basto,  narrada 
em  precioso  códice  do  século  xii  impresso  nos  Portugaliae  monumenta  his- 
tórica. 

II 
VARONIA   ANTIGA 

A  ilustre  família  de  Sousa,  diz  a  tradição,  pertenceu  santa  Senhorinha; 
e,  se  assim  é,  destaca-se  a  cândida  e  mimosa  figura  da  virgem  no  meio  dos 
rudes  barões  e  soberbos  cavaleiros  progenitores  desta  família,  consrderada 
como  a  mais  antiga  de  Portugal,  por  subsistir  independente  desde  o  começo 
do  IX  século. 

Na  antiga  terra  de  Panoias,  que  abrangia  o  território  situado  entre  a 
serra  do  Marão  e  o  rio  Tua,  desde  o  Doiro  até  Murça,  tiveram  o  seu  pri- 
meiro assento  os  progenitores  desta  casa.  D'ali  passaram  às  margens  do 
Sousa,  onde  possuíram  a  honra  de  Novelas  e  outros  bens,  e  fundaram,  no 
próximo  concelho  de  Felgueiras,  o  sumptuoso  mosteiro  de  Pombeiro. 

Afirma-se  ter  sido  seu  progenitor  D.  Soeiro  Belfager.  Vivia  êle  nos  prin- 
cípios do  IX  século  e  em  esclarecida  linha  masculina  foi  quinto  avô  de  D.  Egas 
Gomes  de  Sousa,  o  primeiro  que  usou,  ou  a  quem  deram,  este  apelido,  rico 
homem  de  D.  Afonso  VI,  rei  de  Castela  de  1072  a  1109. 

Dos.  Sousas  antigos  encontram-se  várias  memórias  sepulcrais  no  claustro 
do  mosteiro  de  Alcobaça,  na  parede  fronteira  à  casa  do  capítulo.  Acho  no- 
tícia dos  seguintes  epitáfios:  Era  i3oo  in  mense  8''^'^  obiit Rodericiis  Menendi, 
ciijus  anima  requiescat  in  pace.  Outro  diz:  Era  128 1  obiit  Donnus  Gondi- 
salims.  P.  N.  pro  ayiima.  Estes  estão  por  cima  de  vários  escudos  das  armas 
dos  Sousas,  e  na  mesma  parede,  mas  debaixo  de  uma  pedra,  com  um  homem 
a  cavalo  esculpido,  vêem-se  mais  os  seguintes:  Hic  vequiescit  Dfius  Gondi- 
salvus  Menendi  de  Sousa,  ciijus  anima  requiescat  in  pace,  —  Era  12^^.  tertio 
Kalendas  Martii  (27  de  Fevereiro  de  1239)  obiit  Dnus  Garcia  Menendi  Fi- 
lius  recordationis  Comitis  Dni  Menendi  filius  et  pater  Comitis  Dni  Gondi- 
salvi,  anima  ejus  requiescat  in  pace.  —  Era  1288.  i"]  kalendas  Januarii 
(16  de  Dezeinbro  de  1245)  obiit  Dfifl  Elvira  Gonsalvi  uxor  Dni  Garcia; 
Menendi  requiescat  in  pace.  —  Era  1246  Decima  kalendas  p.*'"'  (23  de  Ou- 
tubro de  1208)  obiit  Dna  Mayor  Menendi  uxor  Diii  Petri.  —  Era  i3oo.  7.^ 
Idus  Decembri  (7  de  Dezembro  de  1262)  obiit  Dna  Maria  Egea  ejus  anima 
requiescat  in  pace  (i). 


(i)  Estes  letreiros  dou-os  tal  qual  os  encontro  em  Sousa,  Memorias  Sepulchraes^  fl.  184 
e  184  V. 


Sousas  2o5 

D.  Gonçalo  Mendes  de  Sousa,  acima  referido,  deve  ter  sido  o  filho  pri- 
mogénito do  conde  D.  Mendo,  o  Sousão,  aquele  que  lhe  sucedeu  na  casa  e 
foi  mordomo  mor,  e  de  quem,  com  este  ofício,  se  encontram  notícias  nos 
anos  de  1 189  a  12 IO.  D.  Garcia  Mendes  esse  é  decerto  filho  do  referido 
Conde,  devendo  ser  portanto  irmão  de  D.  Gonçalo.  O  P.^  Sousa,  nas  Me- 
morias  Sepulchraes,  pôs-lhe  a  data  da  morte  a  III  das  calendas  de  Março, 
como  ficou  transcrito;  na  Historia  genealógica  porem,  marcando-lhe  o  dia 
do  falecimento  a  29  de  Abril,  mostra  que  na  inscrição  se  lia  III  das  calendas 
de  Maio  (i).     Não  sei  em  qual  dos  sítios  acerta. 

D.  Fr.  Francisco  de  S.  Luís,  na  sua  Colecção  de  epitáfios,  letreiros,  dís- 
ticos, etc.  (2),  diz,  na  fl.  42,  que  no  mosteiro  beneditino  de  Pombeiro,  a  duas 
légoas  de  Guimarães,  fora  da  porta  principal  e  debaixo  do  pórtico,  estava 
uma  lápida  com  esta  inscrição: 

vi  ;  ns  :  martii  \  ob  \  don^  \  velasc^ 

menedi  \  filiits  \  comitis  \  doimi  •  menendi  \  E 

m  cc  XXX. 

O  conde  D.  Mendo,  o  Sousão,  foi  grande  bemfeitor  daquele  mosteiro,  e 
teve  realmente  um  filho  chamado  D.  Vasco  Mendes,  que  dizem  ter  servido 
a  D.  Sancho  II  e  ter  morrido  em  2  de  Março  de  1242  (3).  Não  pode  por- 
tanto, se  a  afirmação  é  verdadeira,  ter  sido  este  o  sepultado  em  Pombeiro, 
o  qual  morreu,  com  efeito  a  2  de  Março,  mas  do  ano  de  1192,  a  não  ser  que 
ao  copiar  o  epitáfio  o  Cardial  S.  Luís  lhe  tivesse  escapado  um  1  na  data,  e 
esta  se  devesse  ler  m  cc  Ixxx. 

De  D.  Egas  Gomes  de  Sousa,  acima  nomeado,  foram  quartos  netos  na 
varonia,  o  conde  D.  Gonçalo  Garcia  e  D.  Mem  Garcia  de  Sousa. 

O  primogénito,  o  conde  D.  Gonçalo  Garcia,  senhor  de  Neiva  e  alferes 
mor,  foi  um  dos  mais  opulentos  ricos  homens  do  seu  tempo  em  Portugal. 
Na  segunda  metade  do  ano  de  i255  foi  investido  no  alto  cargo  de  signifer 
enrice,  alferes  mor  (4)  e  nele  permaneceu  até  morrer.  Casou  com  D.  Leo- 
nor Afonso,  filha  natural  de  D.  Afonso  III,  havendo-se  celebrado  o  contrato 
de  casamento  em  11  de  Maio  da  era  de  i3ii  (1273);  e  já  tinha  morrido  em 
5  de  Dezembro  da  era  de  i324  (1286),  quando  D.  Denis  assinou  uma  carta, 
mandando   proceder  a   inquirições  nos  bens  deixados  pelo  conde  D.  Gon- 


(1)  Vol.  XII,  pág.  239. 

(2)  Outro  precioso  manuscrito  na  posse  do  conselheiro  Venâncio  Deslandes. 

(3)  Sousa,  Historia  genealógica  XII,  il-j, 

(4)  Archivo  histórico  portugue^yW,  11 3. 


2o6  Brasões 

calo  (i).  Por  este  documento  pode-se  apreciar  a  extensão  dos  domínios 
do  conde  D.  Gonçalo  e  a  magnitude  da  sua  casa,  a  qual  só  foi  partilhada 
entre  os  seus  herdeiros  por  sentença  de  2  de  Setembro  da  era  de  1826 
(1288)  (2). 

D.  Mem  Garcia  de  Sousa,  o  segundogénito,  foi  rico  homem  e  com  o  go- 
verno de  Trás  os  Montes  (tenens  Trans  Serram)  encontra-se  nos  anos  de 
1235  e  1236,  e  com  o  da  terra  de  Panoias  (tenens  t erram  de  Panoias)  nos  de 
1264  e  1255  (3).  Em  princípios  de  1275  já  tinham  morrido,  tanto  ele  como 
sua  mulher,  D.  Teresa  Eanes  (4),  a  das  Coxas  Quentes,  filha  de  D.  João  Fer- 
nandes Batissela,  el  Bueno  de  Limia,  e  de  D.  Maria  Pais  Ribeira,  a  Ribei- 
rinha, amante  que  fora  de  D.  Sancho  I  de  Portugal.  Do  seu  casamento  teve 
D.  Mem  Garcia,  entre  outros  filhos  dos  quais  não  subsiste  geração,  a  Maria 
Mendes  e  Constança  Mendes  (5).  Destas  duas  irmãs  provêem  os  dois  gran- 
des ramos  dos  Sousas  e  delas  tratarei,  uma  após  outra, 

III 

SOUSAS    CmCHORROS 

Maria  Mendes,  com  quanto  fosse  a  mais  velha,  não  partilhou  os  bens  da 
casa  de  Sousa,  ou  por  ser  já  falecida  ao  tempo  da  morte  do  pai,  ou  talvez 
por  causa  dos  fracassos,  que  lhe  sucederam,  por  estas  palavras  narradas  no 
Livro  velho  das  linhagens.  «E  esta  Maria  Mendes  rouçoulha  seu  irmão  Gon- 
çalo Mendes,  e  despois  leixoua  ca  lha  filhou  o  arcebispo  D.  João  Ayras  de 
Santiago,  e  casoua  com  D.  Lourenço  Soares  de  Valladarcs»  (6).  Era  de  boa 
e  antiga  estirpe  este  D.  Lourenço,  que  foi  rico  homem  e  senhor  de  Tângil, 
e  não  cause  espanto  aceitar  êle  por  mulher  uma  incestuosa  fidalga,  mesmo 
até  porque  o  irmão  «se  foy  alem  mar  quando  rouzou  sua  irmã  D.  Maria.» 
Esta  agora  é  de  quem  escreveu  o  Nobiliário  do  Cojide  D.  Pedro.  Eram 
frequentes  estes  casos  naqueles  tempos  desregrados  e  rudes. 


(i)  J.  P.  Ribeiro,  Memorias  das  Inquirições,  pág.  iio,  doe.  38. 

(2)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  tom.  V,  fl.  i34*v 

(3)  Archivo  histórico  portugue^,  IV,  i25. 

(4)  Carta  de  12  de  Fevereiro  da  era  de  i3i3  (1277)  pela  qual  Teresa  Mendes,  recolhida 
no  mosteiro  de  Lorvão,  doou  a  sua  irmã,  D.  Constança  Mendes,  e  a  seu  cunhado,  D.  Pedro 
Eanes  de  Portel,  toda  a  sua  legítima  paterna  e  materna.  —  Archivo  histórico  poriuguef,  VII, 
pág.  212,  n.°  212. 

(5)  Acerca  dos  Sousas  antigos,  alem  dos  Livros  de  linhagens,  pode-se  ver  a  Benedictina 
lusitana  de  Fr,  Lião  de  Santo  Tomás,  II,  49-55,  e  em  outras  passagens. 

(6)  Portugaliae  monumenta  histórica.   Scriptores^  pág.  r52. 


Sousas  207 

Desta  união  nasceu,  única  segundo  se  diz,  D.  Inês  Lourenço,  mulher  de 
Martim  Afonso,  a  quem  puseram  a  alcunha  do  Chichorro,  talvez  por  ser 
baixo.     Era  êle  filho  de  D.  Afonso  III  «de  gaamça  e  de  huuma  moura.» 

Os  demonicos  dos  autores  dos  livros  velhos  de  linhagens  parece,  que  já 
os  escreviam  para  a  famosa  botica  do  Grémio  Literário,  a  qual  não  sei  se 
ainda  existe  e  se  conserva  a  bem  merecida  fama  de  maldizente,  que  d'antes 
lograva.  Muitas  vezes  de  passagem  lá  os  via;  jhá  quarenta  anos!  Hoje 
estão  quási  todos  mortos,  e,  não  sei  por  quê,  faziam-me  então  lembrar  os 
«acérrimos  jarretas»  do  alto  de  Santa  Caterina  do  nosso  Tolentino.  Não  era 
porque  fossem  todos  velhos,  não;  mas  é  que  havia  ali  qualquer  coisa  daquele 
«concílio  profundo»,  que 

Sem  ter  um  palmo  de  terra 
Está  repartindo  o  mundo. 

A  bon  entendeur,  salut,  e  "vamos  adiante. 

O  nosso  genealogista  cortesão,  D.  António  Caetano  de  Sousa,  dá  a  Mar- 
tim Afonso  o  título  de  dom  e  a  qualidade  de  rico-homem  com  o  governo  de 
Chaves,  confundindo-o,  involuntariamente  quero  crer,  com  D.  Martim  Afonso 
[Telo],  irmão  do  alferes  mor  D.  João  Afonso,  senhor  de  Alburquerque  (i). 
Este  D.  Martim  Afonso  teve  com  efeito  o  governo  de  Chaves,  como  consta 
de  documentos  de  1273  a  1277,  e  não  só  o  de  Chaves,  mas  os  doutros  cas- 
telos na  mesma  comarca  de  Trás  os  Montes,  nos  anos  de  1267  a  1278(2). 
O  outro  Martim  Afonso  pode  ser,  na  verdade,  a  testemunha  deste  nome  na 
carta  de  1299  extractada  por  Fr.  Francisco  Brandão  na  Monarchia  lusitana, 
part.  V,  fl.  283,  e  citada  pelo  P.^  Sousa. 

De  Martim  Afonso  Chichorro  e  de  D.  Inês  Lourenço  foi  filho,  único  va- 
rão, outro  Martim  Afonso  Chichorro,  a  quem  alguns,  não  sei  se  com  funda- 
mento, dão  o  apelido  de  Sousa.  Sem  êle  aparece  num  documento  interes- 
sante e  esclarecedor  de  vários  pontos,  que  obscuros,  confusos  e  errados  apa- 
recem nas  genealogias. 

Em  Coimbra,  nas  casas  de  apar  do  mosteiro  de  Santa  Clara,  no  dia  6  de 
Dezembro  da  era  de  1379  (i34i),  pela  manhã,  em  presença  de  D.  Afonso  IV, 
compareceram  os  honrados  filhos  dalgo  Vasco  Martins,  filho  de  Martim 
Afonso  Chichorro,  de  uma  parte,  e  da  outra  Inês  Dias,  filha  de  Sancho  Ma- 
nuel, e  declararam  haver  tratado  casamento  entre  eles,  obrigando-se  o  noivo 
a  dar  quatro  mil  libras  de  arras  à  noiva,  se  falecesse  antes  dela.  Oferece- 
ram-se  para  fiadores  o  infante  D.  Pedro,  Afonso  Martins,  alcaide  de  Santa- 


(i)  Historia  genealógica,  XII,  págs.  701  a  704. 
(2)  Archivo  histórico  portugue^f,  IV,  126. 


2o8  Brasões 

rêm,  Gonçalo  Lobato  e  outros,  e  el  Rei  aprovou  (i).  Esta  carta  foi  quatro 
dias  depois  apresentada  por  Diogo  Manuel,  irmão  da  nubente,  a  Pêro  Giral- 
des,  sobrejuiz  dei  Rei,  a  fim  de  a  mandar  registar  no  livro  do  registo  da 
Chancelaria.  Comparem-se  as  iníormaçaes  ministradas  por  este  documento 
às  fantasias  dos  genealogistas. 

A  Vasco  Martins  de  Sousa,  como  posteriormente  se  veio  a  chamar  o  nu- 
bente de  1341,  serviu  o  infante  D.  Pedro  de  fiador,  por  que  ele  fora  de  sua 
criação.  Apenas  o  Infante  subiu  ao  trono,  em  Maio  de  i357,  chamou-o  para 
seu  chanceler  mor  e  com  este  ofício  e  a  qualidade  de  rico-homem  aparece 
na  carta,  de  18  de  Outubro  desse  ano,  de  doação  de  todos  os  bens  móveis 
e  de  raiz  de  Pêro  Coelho  (2),  um  dos  assassinos  de  D.  Inês  de  Castro.  Na 
sua  qualidade  de  chanceler  mor  assistiu  Vasco  Martins  em  Coimbra,  no  mês 
de  Junho  de  i36o,  às  inquirições  das  testemunhas^  chamadas  a  depor  no  caso 
do  alegado  casamento  de  D.  Pedro  I  com  aquela  senhora  (3).  No  reinado 
de  D.  Fernando  continuou  Vasco  Martins  de  Sousa  a  estar  nas  boas  graças 
do  soberano,  como  consta  de  vários  documentos  nos  quais  é  intitulado  nosso, 
vassalo.  Além  doutras  mercês  fez-lhe  D.  Fernando  doação,  por  juro  de  her- 
dade e  por  carta  de  1 3  de  Fevereiro  da  era  de  1410  (1372),  das  terras  de  Pe- 
naguião e  Gestaçô  (4).  Outras  mercês  lhe  fez  e  entre  elas,  em  préstamo, 
em  quanto  fosse  sua  mercê,  por  carta  de  1  de  Abril  da  era  de  141 5  (1377), 
a  das  rendas  da  terra  de  Mortágua  (5).  Desta  mesma  terra  lhe  fez  depois 
D.  João  I  doação,  por  juro  de  herdade  e  por  carta  dada  em  Coimbra,  ao 
tempo  das  Cortes,  a  3  de  Abril  da  era  de  1423  (i385)  (6).  Morreu  Vasco 
Martins  sem  deixar  descendência  varonil. 

Dele  dizem  ter  sido  irmão  Martim  Afonso  de  Sousa,  também  presente 
às  referidas  Cortes  de  Coimbra  e  d'ali  a  meses  combatente  na  batalha  de 
Aljubarrota.  Foi  este  aquele  jovial  cavaleiro  que,  conforme  narra  Fernão 
Lopes,  prometeu  a  Deus,  se  o  tirasse  a  salvo  da  batalha,  de  ir  ter  uma  qua- 
rentena com  dona  Abadessa  de  Rio  Tinto,  sua  amante  (7).  Conta-se  tam- 
bém que  João  Rodrigues  de  Sá,  o  das  Galés,  irmão  da  referida  Abadessa, 
ao  saber  do  voto  de  Martim  Afonso,  prometera  correr  atrás  dele  e  desan- 
cá-lo; esta  segunda  parte  porém  não  é  tam  certa  como  a  primeira,  da  qual 
para  prova  ficou  um  filho. 


(1)  Chancelaria  de  D.  Afonso  IV,  liv.  4.°,  fl.  84  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Pedro  I,  liv.  i.»,  fl.  i5  v. 

(3)  Aires  de  Sá,  Frei  Gonçalo  Velho,  vol.  I,  pág.  76,  doe.  xl. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  gS. 

(5)  Ibidem,  liv.  2.°,  fl.  3. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  i.",  fl.  120. 

(7)  Chronica  de  D.  João  I,  part.  11,  pág.  gS. 


Sousas  209 

Dizem  também  ter  Martim  Afonso  de  Sousa  sido  2."  senhor  de  Mortágua 
em  sucessão  a  seu  irmão,  mas  ainda  não  encontrei  confirmação  documental 
do  facto,  o  que,  na  verdade,  não  basta  para  o  invalidar.  O  senhorio  daquela 
terra  veio  a  ser  dado  por  el  rei  D.  Duarte,  de  juro  e  herdade,  a  D.  Sancho 
de  Noronha,  seu  sobrinho,  e  a  D.  Mecia  [de  Sousa],  sua  mulher,  por  carta 
de  27  de  Janeiro  de  1434,  na  qual  se  não  encontra  referência  nenhuma  aos 
anteriores  donatários  (i).  São  os  futuros  1.°^  Condes  de  Odemira  e  D.  Mecia 
era  filha  única  legítima  de  Gonçalo  Anes  de  Sousa,  3.''  senhor  de  Mortágua, 
segundo  dizem,  e  íilho  primogénito  do  referido  Martim  Afonso  de  Sousa. 

Foi  este  fidalgo  o  progenitor  dos  Sousas  Chichorros,  aliás  Sousas  do 
Prado.  As  armas  destes  Sousas  são:  esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco 
escudetes  de  azul  em  cruz,  cada  um  carregado  de  cinco  besantes  de  prata; 
o  II  e  III  de  prata.  Hão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul.  Timbre:  o 
lião.  Deles  foram  chefes  os  senhores  de  Mortágua,  que  se  fundiram  na  casa 
dos  Condes  de  Odemira,  e  ilustres  ramos  os  seguintes:  os  senhores  de  Gou- 
veia, Condes  do  Redondo  c  Marqueses  de  Borba;  os  Condes  d'Alva,  Mar- 
queses de  Santa  Iria;  os  Condes  de  Linhares;  os  comendadores  de  Santa 
Maria  de  Africa,  morgados  da  Azinhaga,  nos  Condes  de  Rio  Maior;  os  co- 
mendadores e  alcaides  mores  de  Tomar,  que  terminaram  na  Condessa  de 
Pontével,  fundadora  do  sumptuoso  templo  da  Encarnação  em  Lisboa;  os  se- 
nhores de  Beringel,  Condes  do  Prado  e  Marqueses  das  Minas,  hoje  con^  a 
varonia  dos  Silveiras  da  casa  das  Sarzedas,  que  é  a  dos  Lobos  de  Alvito; 
os  Condes  de  Rio  Pardo;  os  senhores  de  Alcoentre  e  Tagarro,  nos  Condes 
do  Vimieiro,  hoje  nos  de  Lumiares;  os  morgados  do  Bairro,  nâ  casa  de 
S.  Martinho;  e  outros. 

Deter-me-hei  com  alguns  dos  ramos  desta  geração. 

A  casa  dos  senhores  de  Gouveia  de  Riba  Tâmega  teve  princípio  em  Fer- 
não de  Sousa,  filho  de  Martim  Afonso  de  Sousa,  bastardo  de  Martim  Afonso 
de  Sousa,  2.°  senhor  de  Mortágua.  Fernão  de  Sousa,  criado  da  casa  de  Bra- 
gança e  do  conselho  dei  Rei,  comprou  a  Fernão  Gonçalves  de  Miranda  a  terra 
de  Gouveia,  a  qual  D.  Afonso  V  lhe  confirmou  por  carta  de  18  de  Agosto  de 
1473  (2).  Em  seus  descendentes  recaiu  a  casa  dos  Condes  do  Redondo,  ha- 
vendo este  título  sido  renovado,  por  carta  de  2  de  Março  de  1707,  a  favor 
de  Fernão  de  Sousa  Coutinho,  veador  da  casa  rial  e  sobrinho  do  conde  do 
Redondo,  D.  Francisco  de  Castelo  Branco  (3). 


(i)   Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.»,  fl.  58. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  33.",  fl.  167. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  V,  liv.  3i.»,  fl.  55  v. 

voL.  I  27 


2IO 


Brasões 


O  título  de  conde  do  Redondo  data  de  2  de  Junho  de  i5oo  e  foi  dado  a 
D.  Vasco  Coutinho,  em  troca  da  vila  de  .Borba,  da  qual  já  era  conde  desde 
3  de  Fevereiro  de  1485.  Em  seus  descendentes  na  varonia  continuou  o  título 
até  seu  quarto  neto,  o  6.°  conde,  D.  Francisco  Coutinho,  que  sem  descen- 
dência Já  era  falecido  em  i656.  Poucos  anos  depois,  proferida  em  23  de 
Dezembro  de  1660  sentença  no  pleito  levantado  entre  os  parentes  do  falecido, 
foi  concedido  a  seu  sobrinho,  D.  Duarte  de  Castelo  Branco  Coutinho  e  Me- 
neses, o  título  de  conde  do  Redondo,  por  carta  de  27  de  Janeiro  de  1661  (i). 
Era  D.  Duarte  filho  de  D.  Cecília  de  Meneses,  irmã  do  6.*^  Conde  do  Re- 
dondo, e  de  seu  marido  D.  João  de  Castelo  Branco,  íilho  segundo  do  i.** 
Conde  do  Sabugal. 

Em  menos  de  trinta  anos  deram  os  Castelos  Brancos  três  condes  do  Re- 
dondo, o  7.°,  o  8.°  e  o  9.°,  D.  Francisco  de  Castelo  Branco  Coutinho,  fale- 
cido sem  descendência  em  1686.  Então  vagou  o  condado  para  a  Coroa,  mas 
pouco  depois  fez  D.  Pedro  II  mercê  dele,  por  carta  de  20  de  Dezembro  de 
1693,  a  D.  Manuel  Coutinho,  filho  segundo  do  i.°  Marquês  de  Marialva  (2) 
e  terceiro  neto  de  D.  Francisco  Coutinho,  3."  conde  do  Redondo.  Foi  D.  Ma- 
nuel o  IO.®  conde,  mas  pouco  tempo  logrou  o  condado,  pois  que  morreu,  sol- 
teiro e  sem  filhos,  a  i3  de  Outubro  de  1699. 

Tornada  a  extinguir  a  linha  dos  condes  do  Redondo  fez  D.  João  V, 
como  já  lá  acima  ficou  dito,  mercê  do  título  a  Fernão  de  Sousa  Coutinho, 
bisneto  pela  linha  de  Castelo  Branco  de  D.  João  Coutinho,  5."  conde  do  Re- 
dondo. 

Depois  de  ter  estado  nas  varonias  dos  Coutinhos,  Castelos  Brancos  e  Me- 
neses, entrou  finalmente  o  título  de  conde  do  Redondo  na  dos  Sousas  e  nela 
se  continuou  até  o  presente,  existindo  agora  um  conde  do  Redondo  e  do  Vi- 
mioso, filho  primogénito  do  actual  Marquês  de  Borba. 

Marqueses  de  Borba  tem  havido  três:  i.°  Tomé  José  de  Sousa  Coutinho 
Castelo  Branco  e  Meneses,  14.°  conde  do  Redondo,  criado  marquês  de  Borba 
por  despacho  de  17  e  carta  de  3o  de  Dezembro  de  181 1  (3);  2.°  Fernando 
Maria  de  Sousa  Coutinho,  i5.°  conde  do  Redondo,  filho  do  precedente,  feito 
marquês  por  carta  de  20  de  Maio  de  181 2  (4);  e  o  3.",  Fernando  Luís  de 
Sousa  Coutinho,  neto  do  2.°,  miguelista  convertido  ao  credo  constitucional  e 
feito  marquês  por  despacho  de  27  de  Abril  de  1903  (5). 


(i)  Doações  de  D.  Afonso  VI,  liv.  24.°,  fl.  io3  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Pedro  II,  liv.  38.",  í\.  291  v. 

(3)  Gaveta  de  3  de  Abril  de  1812  e  Sanches  de  Baena,  Diccionario  aristocrático,  pág.  i32. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Maria  1  e  de  D.  João  VI,  liv.  23.",  fl.  iSy. 

(5)  Diário  do  governo  de  29  de  Abril  de  1903. 


Sonsas  .  2 1  i 

Os  Condes  do  Redondo  da  varonia  de  Sousa  usaram  por  armas  as  acima 
descritas,  mas  também  lhes  encontro  o  escudo  esquartelado:  o  I  e  IV  das 
quinas,  como  acima;  o  II  do  lião,  também  como  acima;  o  III  de  oiro,  cinco 
estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho  (Coutinho). 

O  primeiro  conde  de  Alva,  criado  por  despacho  de  i3  de  Janeiro  de 
1729  (i),  foi  D.  João  Diogo  de  Ataíde,  general  da  armada  rial,  filho  segundo 
do  6.°  conde  da  Atouguia;  quando  digo  filho  segundo,  note-se,  é  no  sentido 
de  não  ter  sido  o  sucessor  da  casa,  e  não  porque  realmente  tivesse  sido  o 
segundo  na  ordem  dos  nascimentos.  Morreu  o  Conde  de  Alva  em  1 1  de 
Abril  de  J740,  havendo  casado  com  D.  Constança  Luisa.Paim,  5.*  senhora 
do  morgado  de  Alva  e  filha  herdeira  do  bem  conhecido  secretário  de  Estado 
Roque  Monteiro  Paim.  Este  Roque,  muito  tempo  depois  de  morto,  ainda 
aparecia  na  quinta  de  Belas  e'  no  palácio  dos  Pombeiros  à  Bemposta,  cau- 
sando não  pequenos  sustos  aos  donos  e  habitantes  daquelas  casas.  O  curioso 
é  éle  não  querer  saber  dos  Alvas  seus  descendentes,  e  incomodar  com  suas 
visitas,  na  verdade  importunas  e  serôdias,  os  Pombeiros,  com  quem  nenhum 
parentesco  tinha.  Mas,  mais  curioso  ainda,  era  haver  na  família  quem  acre- 
ditasse nas  aparições. 

Depois  da  morte  do  i.°  Conde  de  Alva  fõi  dado  o  mesmo  titulo,  por  carta 
de  26  de  Março  de  1764  (2),  a  D.  Luís  Mascarenhas,  nomeado  pouco  antes 
vice  rei  da  índia.  Era  este  fidalgo  filho  segundo  da  casa  de  Fronteira,  do 
2.°  Marquês,  e  marido  de  uma  filha  dos  2.°*  Condes  de  Santiago,  não  tendo 
portanto  vínculos  de  consanguinidade,  ou  afinidade,  com  a  casa  de  Alva. 

Passou  esta  por  morte  da  i.'''  condessa,  D.  Constança  Paim,  a  sua  irmã 
D.  Maria  Antónia  Paim,  mulher  de  Rodrigo  de  Sousa  Coutinho,  filho  se- 
gundo do  II."  Conde  do  Redondo.  Deste  casamento,  além  doutros  filhos, 
nasceram  gémeos,  D.  Vicente  de  Sousa  Coutinho  e  D.  Francisco  Inocêncio 
de  Sousa  Coutinho.  D.  Vicente,  7.°  senhor  do  morgado  de  Alva,  ministro 
em  Turim,  nomeado  em  1762,  e  depois  embaixador  em  Paris,  onde  faleceu 
a  8  de  Maio  de  1792,  havia  casado  em  1778,  em  segundas  núpcias,  por  im- 
posição, diz-se,  do  Marquês  de  Pombal  para  evitar  que  a  sucessão  da  casa 
recaísse  na  única  filha  existente  do  primeiro  matrimónio,  a  qual  não  consen- 
tira nunca  em  consumar  o  casamento  pelo  Marquês  imposto  com  seu  filho 
segundo,  o  futuro  Conde  da  Redinha.  De  sua  segunda  mulher,  uma  senhora 
francesa,  teve  D.  Vicente,  ao  cabo  de  dez  anos  de  matrimónio,  único  filho 


(i)  Gaíjieta  de  Lisboa  de  20.    O  P.e  Sousa  declara,  na  Historia  genealógica,,  IX,  463, 
haver  sido  passada  carta  a  29  de  Abril;  ainda  porem  a  não  encontrei  registada. 
(•z)  Mercês  de  D.  José,  liv.  7  °,  fl.  355  v. 


2 1 2  Brasões 

a  D.  Luís  de  Sousa  Coutinho,  criado  conde  de  Alva  por  carta  de  9  de  Junho 
de  1797  (i)  e  marquês  de  Santa  Iria  por  despacho  de  4  de  A.bril  de  i833  (2). 
Faleceu  a  5  de  Abril  de  i85o,  tendo  sido  seus  filhos,  entre  outros,  o  3." 
conde  de  Alva,  D.  Vicente  de  Sousa  Coutinho,  e  D.  Pedro  de  Sousa  Couti- 
nho, conde  do  Sabugal  pelo  seu  casamento.  Dambos  a  descendência  varonil 
está  extinta,  creio. 

As  armas  da  casa  de  Alva,  de  que  o  Marquês  de  Santa  Iria  foi  senhor, 
eram:  Partido:  o  I  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  franchado  de  prata  e  de  negro, 
com  um  Hão  sobreposto  e  entrecambado  dos  mesmos  esmaltes,  armado  e 
linguado  de  vermelho  (Paim)j  o  2.°  e  3.°  de  prata,  três  buzinas  de  negro, 
postas  em  faxa  e  dispostas  em  roquete,  guarnecidas  de  oiro  e  com  os  cor- 
dões de  vermelho  (Monteiro);  o  II  também  esquartelado:  o  i."  e  4.°  das 
quinas  do  reino;  o  2.^  e  3."  de  prata,  liao  de  púrpura,  armado  e  linguado  de 


(i)  Mercês  de  D.  Maria  I,  liv.  28.°,  fl.  336.  —  É  curioso  o  preâmbulo  desta  carta  e  por 
isso  o  transcreverei  livremente:  «Tendo  consideração  a  me  representar  D.  Luís  de  Sousa 
Coutinho  . . .  que  tendo  sucedido  no  senhorio  de  Alva  de  seus  tios  D.  Constança  Luisa  Paim 
e  seu  marido  D.  João  Diogo  de' Ataíde,  que  pelo  valor  e  distinção  com  que  havia  servido  na 
guerra  da  Tríplice  Aliança  nos  postos  de  general  da  cavalaria  da  província  da  Beira,  mestre 
de  campo  general  e  governador  das  armas  das  províncias  do  Minho  e  Alentejo,  e  ultima- 
mente em  capitão  general  da  armada  rial,  obteve  o  título  de  conde  de  Alva,  mercê  conce- 
dida no  senhorio  e  terras  que  ele  administrava  por  cabeça  da  dita  sua  mulher,  D.  Constança 
Luisa  Paim;  que  por  falecimento  destes  sucedera  no  senhorio  e  mais  bens  da  casa  sua  irmã 
e  avó  dele  suplicante,  D.  Maria  Antónia  Paim,  casada  com  Rodrigo  de  Sousa  Coutinho,  con- 
tinuando a  sucessão  do  sobredito  senhorio  de  Alva  e  mais  bens  em  seu  pai,  D.  Vicente  de 
Sousa  Coutinho,  e  no  mesmo  suplicante  que  os  está  possuindo  na  mesma  forma  que  seus 
tios  os  Condes  de  Alva;  que  havendo  eu  declarado  no  princípio  do  meu  reinado,  que  a 
mente  do  senhor  rei  D.  João  V  fora,  que  as  honras  e  mercês,  que  tivessem  entrado  em  casas 
em  remuneração  de  serviços  feitos  em  guerra  viva,  continuassem  nos  sucessores  das  mesmas 
casas,  e  por  isso  vagando  para  a  Coroa  duas  vezes  o  título  de  conde  do  Redondo  pela  falta 
de  sucessão  de  D.  Francisco  de  Castelo  Branco  e  D.  Manuel  Coutinho,  o  mesmo  sr.  rei 
D.  João  V  o  renovou  e  continuou  em  Fernando  de  Sousa,  senhor  de  Gouveia ;  e  fui  servida 
renovar  o  título  de  visconde  de  Fonte  Arcada  em  João  Jaques  de  Magalhães,  bisneto  de  um 
irmão  do  último  visconde,  Manuel  Jaques,  como  também  o  de  conde  de  Sandomil  em  Fer- 
nando de  Miranda  Henriques,  sobrinho  do  último  conde  Pedro  Mascarenhas,  sem  mais  ser- 
viços que  a  memória  de  seus  ascendentes,  e-  que  sendo  o  mesmo  D.  Luís  de  Sousa  Coutinho, 
sobrinho  dos  Condes  de  Alva,  sucessor  da  casa  em  que  o  dito  título  entrou  por  serviços 
militares  feitos  em  guerra  viva,  neto  dos  Condes  do  Redondo  e  com  a  mesma  varonia,  filho 
de  um  embaixador  e  gram  cruz  da  Ordem  de  Avis  que  serviu  por  mais  de  trinta  anos,  e  ter 
entrado  para  o  Rial  Erário  com  a  quantia  de  quarenta  contos  de  reis  para  o  empréstimo 
estabelecido  pelo  Decreto  de  29  de  Outubro  do  ano  próximo  passado,  cujos  juros  também 
oferece  durante  a  guerra,  estava  nos  termos  . . .  Carta  do  título  de  conde  de  Alva,  em  sua 
vida,  etc.  Palácio  de  Queluz,  9  de  Junho  de  1797». 

(2)   Chronica  constitucional  do  Porto,  n.°  de  4  de  Abril  de  i833. 


Sousas  2i3 

azul  (Sousa).    Coroa  de  conde,  depois  de  marquês.    Timbre:  lião  de  negro, 
armado  e  linguado  de  vermelho. 

D.  Francisco  Inocêncio  de  Sousa  Coutinho,  filho  segundo  de  Rodrigo  de 
Sousa  Coutinho,  foi  governador  de  Angola  e  embaixador  em  Madrid,  onde 
morreu  em  1780,  tendo  casado  com  uma  rica  herdeira,  D.  Ana  Luisa  Joa- 
quina Teixeira,  filha  de  Domingos  Teixeira  de  Andrade,  sargento  mor  de 
batalha,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  Bárbara  da  Silva,  filha  do  contratador 
dos  diamantes.  Do  seu  casamento  teve  D.  Francisco  Inocêncio,  alem  dou- 
tros filhos,  a  D.  Rodrigo  de  Sousa  Coutinho  e  D.  Domingos  António  de 
Sousa  Coutinho,  i."  conde  (i)  e  i."  marquês  do  Funchal  (2),  notável  diplo- 
mata que  prestou  valiosos  serviços  à  causa  liberal  e  faleceu  em  Londres  sem 
descendência,  em  Dezembro  de  i833  (3). 

D.  Rodrigo  começou  por  servir  na  carreira  diplomática,  tendo  permane- 
cido como  ministro  plenipotenciário  em  Turim  de  1778  a  1796.  Regressou 
então  ao  reino  por  ter  sido  nomeado  ministro  da  marinha  em  Setembro  de 
1796(4).  Por  decreto  de  6  de  Janeiro  de  i8oi  foi  nomeado  presidente  do 
Rial  Erário  (5),  vindo  a  transitar  em  1808,  ao  chegar  com  a  família  rial  ao 
Brasil,  para  o  ministério  dos  negócios  estrangeiros  e  da  guerra.  Em  satis- 
fação dos  seus  relevantes  serviços  foi  feito  conde  de  Linhares  por  despacho 
de  17  e  carta  de  22  de  Dezembro  de  1808  (6).  Morreu  o  Conde  de  Linhares 
no  Rio  de  Janeiro  a  26  de  Janeiro  de  1812.  Dele  provieram  os  demais 
condes  de  Linhares  dos  quais  actualmente  subsiste  o  4.° 

A  casa  dos  Condes  do  Prado,  Marqueses  das  Minas,  derivou-se  da  dos 
senhores  de  Mortágua  na  pessoa  de  Rui  de  Sousa,  irmão  de  Fernão  de  Sousa, 
i.°  senhor  de  Gouveia.  Rui  de  Sousa,  foi  senhor  das  vilas  de  Sagres,  por 
carta  de  29  de  Outubro  de  1471  (7),  e  de  Beringel,  por  outra  do  ano  de 
1477  (^X  meirinho  mor  de  D.  João  II,  em  quanto  príncipe,  e  seu  almotacé 


(i)  Carta  de  8  de  Junho  de  1812.  —  Dicc.  aristocrático,  cit.,  pág.  32. 

(2)  Decreto  de  4  de  Abril  de  i833.  —  Clironica  constitucional  do  Porto,  n."  ^S. 

(3)  José  Liberato  Freire  de  Carvalho,  Memorias  com  o  titulo  de  Annaes,  IV,  234.    A  28 
de  Novembro  declara  o  Marquês  do  Funchal  no  livro  O  Conde  de  Linhares,  pág.  10. 

(4)  Gaveta  de  i3  de  Setembro. 

(5)  Gaveta  de  i3  de  Janeiro. 

(6)  Gaveta  de  21  de  Abril  de  1809,  i.°  Suplemento,  e  Dicc.  aristocrático,  pág.  128, 

(7)  Confirmada  por  D.  João  II  em  29  de  Março  de  1482.  —  Chancelaria  de  D.  João  II, 
liv.  6.°,  fl.  52  V. 

(8)  Incorporada  na  de  22  de  Abril  de  1499  de  confirmação  do  senhorio  a  seu  filho 
D.  Pedro  de  Sousa.  —  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.°,  fl.  94  v. 


214  Brasões 

mor  depois  de  rei  (i),  embaixador  a  Castela  e  Inglaterra,  e  poeta  do  Can- 
cioneiro. Morreu  com  setenta  e  cinco  anos  em  Toledo,  a  24  de  Maio  de 
1498,  por  ocasião  dos  juramentos  de  D.  Manuel  e  D.  Isabel  na  qualidade  de 
príncipes  herdeiros  de  Castela  (2).  Foi  trasladado  o  seu  corpo  para  Évora 
e  lá  sepultado,  sob  campa  de  bronze,  numa  capela  junto  à  porta  de  entrada 
da  igreja  dos  Lóios.  Casara  a  primeira  vez  com  Isabel  de  Siqueira,  que 
faleceu  no  ano  de  1460,  segundo  declara  o  seu  epitáfio  (3).  Era  filha  de 
Francisco  Anes  de  Torres,  vedor  da  casa  da  rainha  D.  Isabel,  e  de  sua  mu- 
lher Violante  Lopes  de  Siqueira,  ama  que  havia  sido  da  mesma  Rainha. 
Casara  a  segunda  vez  com  D.  Branca  de  Vilhena,  filha  de  Martim  Afonso  de 
Melo,  guarda  mor,  alcaide  mor  de  Olivença  e  senhor  de  Ferreira,  e  irmã  do 
Conde  de  Olivença.  D.  Branca  já  era  falecida  cm  Janeiro  de  1494  e  está 
sepultada,  também  sob  campa  de  bronze,  junto  do  marido, 

Fizera-lhe  D.  Afonso  V  mercê  da  vila  de  Beringel,  em  vida  dele  e  de 
sua  mulher  D.  Branca,  passando,  por  morte  do  sobrevivente,  ao  filho  maior 
d'entre  ambos  nascido,  e  por  morte  deste  a  todos  seus  filhos  e  descendentes. 
A  vila  de  Sagres,  que  lhe  fora  doada  em  vida,  tirou-lhe  D.  João  II,  dando-lhe 
por  ela  trezentos  e  dez  mil  reais  brancos  de  tença  (4).  O  ofício  de  almotacé 
mor  renunciou  ele  próprio  no  filho  primogénito  do  seu  primeiro  casamento, 
João  Rodrigues  de  Sousa,  a  quem  foi  confirmada  a  almotaçaria  mor  por 
carta  de  5  de  Fevereiro  de  1490  (5). 

Este  João  Rodrigues  de  Sousa  começou,  poucos  dias  depois,  a  intitular-se 
dom  João  Rodrigues  de  Sousa  (6),  tendo  sido  portanto  concedido  aos  filhos 
de  Rui  de  Sousa,  em  Fevereiro  de  1498,  entre  5  e  28,  o  título  de  dom,  do 
qual  se  não  encontra  registada  a  carta  de  mercê.  Seguiu  porem  João  Ro- 
drigues a  praxe  adoptada  entre  os  fidalgos  da  corte  e,  largando  o  patroní- 
mico, passou  a  chamar-se  D.  João  de  Sousa.  Esta  praxe  era  constante,  como 
já  deixei  indicado  na  nota  4  de  pág.  192. 

D.  João  de  Sousa  foi  embaixador  a  Castela  na  primavera  e  verão  de 
1494  (7),  teve  a  comenda,  alcaidaria  mor  e  capitania  de  Nisa  (8),  e  foi_  no- 


(i)  Carta  de  22  de  Novembro  de  1481. —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.%  fl.  149. 

(2)  Sepulturas  do  Espinheiro,  pág.  9-10. 

(3)  Estava  também  gravado  em  chapa  de  bronze,  mas  na  igreja  do  Espinheiro,  no  pa^- 
vimento  da  capela  mor,  d'onde  desapareceu.  —  Ibidem,  pág.  g. 

(4)  Carta  de  3  de  Janeiro  de  1494.  —  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv,  3i.",  fl.  4  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  II.,  liv.  17.»,  fl.  40. 

(6)  Carta  de  28  de  Fevereiro  de  1490  mandada  livrar  «por  dom  João  Rodrigues  de  Sousa, 
do  seu  conselho  e  seu  almotacé  mor«.  —  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  17.°,  fl.  129. 

(7)  Archivo  histórico  portuguetç,  III,  5 1 . 

(8)  A  carta  de  capitão  é  de  3i  de  Julho  de  1497  [Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  29.°, 


Sousas  21 5 

meado  guarda  mor  de  D.  Manuel  por  carta  passada  em  Almeirim  a  lo  de 
Fevereiro  de  i5io  (i).  Faleceu  a  i6  de  Dezembro  de  i5i3,  segundo  decla- 
rava o  seu  epitáfio  (2)  e  confirma  uma  carta  da  rainha  D.  beonor  de  21  de 
Janeiro  do  ano  seguinte,  na  qual  se  refere  à  morte  de  D.  João  de  Sousa  (3). 
Foi  êle  um  dos  servidores  de  D.  Leonor  Mascarenhas  que  se  zangaram,  por 
ela  os  ter  tratado  com  desdém,  e  lhe  dirigiram  trovas  de  despedimento,  re- 
colhidas no  Cancioneiro  geral.  Já  era  casado  em  1476  com  D.  Margarida 
Fogaça,  donzela  da  Excelente  Senhora  (4),  e  filha  de  João  Fogaça,  comen- 
dador de  Cesimbra,  e  de  sua  mulher  D.  Constança  de  Vasconcelos,  apelido 
com  que  se  encontra  também  nomeada  D.  Margarida  em  alguns  documen- 
tos (5).  Não  se  deve  confundir  este  João  Fogaça  com  seu  sobrinho  do  mesmo 
nome,  um  dos  poetas  de  mais  nomeada  do  Cancioneiro  geral. 

De  D.  João  de  Sousa  não  ficou  descendência,  mas  de  seus  irmãos  pro- 
vieram os  morgados  da  Azinhaga  e  os  alcaides  mores  de  Tomar. 

Do  segundo  casamento  de  Rui  de  Sousa  foi  primeiro  filho  Pêro  de  Sousa 
ou  D.  Pedro  de  Sousa,  como  passou  a  chamar-se  de  princípios  de  1490  em 
diante,  depois  de  aos  filhos  de  Rui  de  Sousa  ter  sido  dado  o  título  de  dom. 

Casou  D.  Pedro  de  Sousa  a  primeira  vez,  sendo  ainda  simplesmente 
Pêro  de  Sousa,  fidalgo  da  casa  dei  Rei,  com  D.  Mecia  Henriques,  filha  do 
regedor  Fernão  da  Silveira,  que  a  dotou  com  dez  mil  coroas,  para  pagamento 
das  quais  pediu  a  D.  João  II  consentisse  no  traspasse  que  nela  fazia  das 
rendas  riais  de  Montemor  o  Velho,  as  quais  o  Regedor  possuía  em  sua  vida 
por  carta  de  3  de  Março  de  1479.  Anuiu  el  Rei  e  passou-se  a  carta  das 
referidas  rendas  a  D.  Mecia,  em  Beja,  a  4  de  Fevereiro  de  1489  (6).  Dois 
anos  antes  porém  já  o  casamento  estava  realizado,  como  consta  da  carta  de 
24  de  Abril  de  1487,  pela  qual  foi  autorizado  Rui  de  Sousa  a  poder  empe- 
nhar, para  depois  de  seu  falecimento,  as  rendas  de  Beringel  e  das  talhas  de 


fl.  3o  V.)-    Neste  documento  é  intitulado  alcaide  mor  de  Nisa  e  por  outro  de  5  do  mesmo 
mês  consta  possuir  a  comenda.  [Ibidem,  fl.  i5  v.) 
(i)  Corpo  cronológico,  part.  I,  mac.  8,  doe,  84. 

(2)  Sousa,  Historia  genealógica,  XII,  897. 

(3)  Critica  e  historia^  pág.  127. 

(4)  Carta  dada  em  Toro  a  10  de  Abril  de  1476  de  2800  coroas  de  oiro  em  casamento  a 
D.  Margarida,  transcrita  na  de  confirmação  de  3  de  Setembro  de  iSaS,  sendo  ela  já  viúva. 
—  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.°  de  Doações,  fl.  204  v. 

(5)  Alvará  de  3o  de  Outubro  de  i5oo  de  doação  a  D.  Margarida  de  Vasconcelos,  mulher 
de  D.  João  de  Sousa,  do  reguengo  de  Montemor  o  Novo  por  falecimento  de  seu  marido,  e 
carta  de  8  de  Março  de  i5i4  tornando  efectiva  a  mercê  por  D.  João  ser  já  falecido. —  Chan- 
celaria de  D.  João  III,  liv.  14.°  de  Doações.,  fl.  204. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  26.°,  fl.  64. 


2i6  Brasões 

Barroso  às  quatro  mil  dobras  de  arras  prometidas  no  contrato  de  casamento 
de  seu  filho  Pêro  de  Sousa  com  sua  mulher  D.  Mecia  (i).  Esta  senhora 
ainda  era  viva  em  26  de  Março  de  1494  (2). 

Entrara  D.  Pedro  de  Sousa,  como  aventureiro,  nas  famosas  justas  de 
Évora  de  1490  por  ocasião  das  festas  do  casamento  do  príncipe  D.  Afonso, 
trazendo  por  empresa  um  salteador  assassino,  com  este  moto: 

Vuestra  vista  desbarata 
mas  do  qu'este  roba  y  mata. 

Talvez  composição  sua  porque  dele,  como  de  seu  pai  e  de  seu  irmão  D.  João 
de  Sousa,  existem  trovas  no  Cancioneiro  geral.  Voltemos  porem  aos  casa- 
mentos de  D.  Pedro. 

Tornou  ele  a  casar  pela  segunda  vez  e  agora  com  D.  Margarida  de  Brito, 
ou  D.  Margarida  Freire,  como  em  alguns  documentos  é  designada,  e  já  o 
matrimónio  estava  celebrado  em  20  de  Março  de  1498,  data  da  carta  de  con- 
firmação do  traspasse  de  uma  tença  de  cento  e  trinta  mil  reais,  que  Rui  de 
Sousa  fez  a  favor  deste  seu  filho,  para  depois  da  morte  dele  passar  ao  neto, 
filho  de  D.  Pedro  e  de  sua  mulher  D.  Margarida  de  Brito  (3).  Era  ela  filha 
herdeira  de  Estêvão  de  Brito,  alcaide  mor  de  Beja,  e  de  sua  mulher  D.  Joana 
Freire.  Em  virtude  deste  casamento  teve  D.  Pedro  de  Sousa  a  alcaidaria 
mor  de  Beja,  na  qual  sucedeu  por  morte  de  seu  sogro^e  se  lhe  passou  carta 
a  25  de  Setembro  de  i5o5  (4).  Em  5  de  Janeiro  de  i5o8  ainda  D.  Marga- 
rida vivia;  a  10  de  Fevereiro  de  i5i2  já  D.  Pedro  de  Sousa  estava  viúvo. 
Foi  portanto  entre  estas  duas  datas,  que  se  passou  a  tragédia  do  assassínio 
da  adúltera  consorte  e  do  seu  cômplice. 

Existem  dois  assentos,  ambos  de  10  de  Fevereiro  de  i5i2,  assinados  por 
D.  Manuel,  de  um  dos  quais  o  teor  é  este:  «Veadores  da  fazenda,  amigos, 
estas  três  mil  coroas  que  foram  de  D.  Margarida  Freire,  mulher  que  foi  de 
D.  Pedro  de  Sousa,  trespasseis  no  dito  D.  Pedro,  por  quanto,  por  lhe  ela 
errar  na  lei  do  casamento,  lhe  foi  julgada  por  sentença  toda  sua  fazenda. 
Lisboa,  10  de  Fevereiro  de  i5i2»  (5).  O. outro  diz  o  mesmo,  com  a  dife- 
rença de  se  referir  a  umas  quinhentas  coroas  que  pertenciam  a  D.  Marga- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  20.°,  fl.  27. 

(2)  Carta  desta  data  de  40.000  rs.  de  tença  em  duas  vidas  a  D.  Pedro  de  Sousa,  em  aten- 
ção aos  seus  serviços  passados,  e  aos  futuros  dele  e  «de  D.  Fernando,  seu  filho,  e  D.  Mecia, 
sua  mulher». —  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  27.°,  fl.  67. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.°,  fl.  88. 

(4)  Ibidem,  liv.  20.*>,  fl.  26. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5i.»  de  Doações^  fl.  52. 


Sousas  217 

rida  (i).  Vê-se  pois  que  a  circunstância  do  adultério  ficou  bem  provada,  e 
que  a  Justiça  não  pediu  contas  a  D.  Pedro  por  se  ter  desafrontado.  Nada 
mais  sei  do  caso,  e  apenas  vagamente  me  consta  ter  D.  Pedro  de  Sousa, 
após  o  assassínio  da  mulher,  ido  a  Castela,  a  casa  do  Conde  de  Benavente, 
onde  o  cômplice  do  adultério,  um  seu  criado  (2),  se  homisiara,  havê-lo  atraído 
à  rua  e  tê-lo  morto,  escapando-se  logo  para  Portugal  com  grande  perigo. 

Pouco  mais  de  um  ano  depois  daquele  mandado  dei  Rei,  já  D.  Pedro  de 
Sousa  estava  pela  terceira  vez  casado,  e  não  casou  mais  vezes  porque  não 
quis,  ou  não  teve  com  quem,  pois  que  ainda  sobreviveu  vinte  e  quatro  anos 
a  sua  derradeira  mulher.  Foi  ela  D.  Joana  de  Melo,  filha  do  provedor  de 
Évora,  o  dr.  João  Afonso  de  Aguiar.  Já  se  tinha  celebrado  o  casamento  em 
6  de  Junho  de  i5i3,  data  de  um  instrumento  de  doação  feita  por  D.  Pedro  em 
Évora,  no  qual  há  referência  a  uma  procuração  de  D.  Joana  sua  mulher  (3). 
Morreu  esta  senhora  a  2  de  Novembro  de  i53i,  segundo  declara  o  epitáfio 
da  sua  sepultura  no  demolido  convento  de  S.  Domingos  de  Évora,  guardan- 
do-se  hoje  a  respectiva  campa  no  Museu  da  Biblioteca  Pública  Eborense,  onde 
copiei  o  letreiro  no  dia  3  de  Abril  de  1901.     Diz  êle: 

AQVI  .  lAZ  .  AMVI  .  MANIFICA  .  SRÃ  .  DONA  .  lOANA  .  DE  .  MELLO 
COMDESA  .  DEPRADO  .  MOLHER  .  QVE  .  FOI  .  DO  .  MVI  .  MA 
NIFICO  .  SÕR  .  DOM  .  PEDRO  .  DE  .  SOVSA  .  COMDE  DE  .  PRADO 
Q.DEÍXOV. ESTA. CASA. HVA.ERDADE. EM. MACHEDE  CÕ.OBRIGVACÃO 
DE  .  HVA  .  MISA  .  COTIDIANA  .  EHV  .  NOTVRNO  .  DFINADOS  .  ACABA 
DAS  .  AS  .  MATINAS  .  DAS  .  FESTAS  .  FALECEO  .  II .  D .  NOVÊSRO  .  DE  .  1 53 1 . 

Sucedera  D.  Pedro  de  Sousa  a  seu  pai  no  senhorio  de  Beringel,  que  lhe 
foi  confirmado  por  carta  de  22  de  Abril  de  1499(4).  Em  i5o5  já  era  do 
conselho,  quando,  por  carta  de  20  de  Fevereiro,  lhe  foram  concedidos  os 
privilégios  de  desembargador,  como  já  seu  pai  os  lograra  (5),  e  em  i5i4  teve, 
a  2  de  Junho,  carta  de  capitão  de  Azamor,  em  todolos  dias  de  sua  vida,  com 
a  jurisdição  e  alçada  (6);  pouco  tempo  porém  permaneceu  na  capitania,  pois 
largou-a  a  el  Rei  em  i5i6,  recebendo  por  ela  em  satisfação  uma  tença  de 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III^  liv.  47.°  de  Doações^  fi.  116  v. 

(2)  Não  se  tome  a  palavra  criado  no  sentido  actual  de  servidor.  O  pagem  António  Al- 
coforado, por  esses  tempos  assassinado  num  caso  análogo,  era  criado  do  Duque  de  Bragança 
e,  não  obstante,  de  família  nobre. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  47.»  de  Doações,  fl.  116  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  41.»,  fl.  94  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  2.°  de  Doações,  fl.  97  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel j  liv.  i5.°,  fl.  ii5  v. 

voi.i  28 


2l8 


Brasões 


duzentos  mil  reais  em  sua  vida  (i).  Era  por  esses  tempos  capitão  de  Cafim 
Nuno  Fernandes  de  Ataíde  e,  juntando-se-lhe  D.  Pedro  de  Sousa,  partiram 
os  dois  capitães,  na  primavera  de  i5i5,  pelo  sertão  africano  dentro,  até  che- 
garem com  as  suas  tropas  aos  muros  de  Marrocos,  d'onde,  depois  de  esca- 
ramuçarem  com  os  Moiros,  tornaram  às  suas  praças  sem  mais  nenhum  pro- 
veito, alem  da  glória  (2). 

Regressando  ao  reino,  comprou  a  seu  sobrinho  Martim  Afonso  de  Sousa 
a  vila  do  Prado,  a  qual  ele  tinha  de  Juro  e  herdade  e  D.  João  III  confirmou 
a  D.  Pedro  de  Sousa  por  carta  de  22  de  Novembro  de  i525,  fazendo-lhe, 
por  outra  do  mesmo  dia,  mercê  do  título  de  conde  do  Prado  em  sua  vida  (3). 
Prolongou-se  ela  ainda  por  muitos  anos,  vindo  só  a  faltar-lhe  em  23  de  Março 
de  i655  (4). 

Apesar  de  três  vezes  casado  apenas  teve  D.  Pedro  de  Sousa  um  filho 
havido  de  sua  primeira  mulher,  D.  Mecia  Henriques,  o  qual  se  chamou 
D.  Francisco  de  Sousa.  Era  D.  Francisco  atacado  de  cleptomania,  e  tinha 
outros  vícios  que  se  não  nomeiam,  chegando  os  seus  desatinos  ao  ponto  do 
pai  e  do  sogro  impetrarem  de  D.  Manuel  ordem  de. prisão  contra  êle,  ordem 
executada  pelo  Juiz  de  Beja,  que  o  foi  prender  uma  noite  à  cama.  Trazido 
para  Lisboa  com  muita  gente,  foi  embarcado  na  nau  Loba  com  destino  à 
índia,  onde,  ou  na  viagem,  endoideceu  de  paixão  e  morreu  (5).  Casara  este 
desgraçado  com  D.  Maria  de  Noronha,  filha  dos  2.°^  Barões  de  Alvito,  e  por 
ela  foi  bisavô  de  D.  Luís  de  Sousa,  5.°  senhor  de  Beringel  e  2.°  conde  do 
Prado,  por  carta  dada  em  Madrid,  a  12  de  Junho  de  i633  (6).  Morreu  sem 
descendência  em  1643^  havendo  renunciado  a  casa  em  seu  sobrinho  D.  Fran- 
cisco de  Sousa. 


(i)  Carta  de  6  de  Dezembro  de  i5i6. —  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  25.°,  fl.  55. 

(2)  Góes,  Chronica  de  D.  Emanuel,  part.  ii,  fl.  128. 

(3j  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  36."  de  Doações,  fls.  187  e  188  v. — Não  quero  deixar 
de  notar  aqui,  não  por  espírito  de  crítica,  mas  para  acautelar  o. leitor  contra  as  datas  e  ci- 
tações erradas,  infelizmente  muito  frequentes  na  História  genealógica^  de  D,  António  Cae- 
tano de  Sousa.  Nela,  no  tom.  xit,  tratando,  na  pág.  916,  em  capítulo  especial,  de  D,  Pedro 
de  Sousa,  conde  do  Prado,  diz  que  «Dom  Joaõ  III.  o  creou  Conde,  de  que  lhe  passou  Carta 
feita  no  primeiro  de  Janeiro  de  i526;  depois  lhe  fez  mercê  da  Villa,  e  terra  de  Prado  em 
Lisboa  a  10  de  Junho  de  i556»,  e  à  margem  cita  «Chancellaria  delRey  D.  João  III.  liv.  3o, 
pag.  187».  Ora,  como  ficou  declarado  no  texto,  as  cartas  do  senhorio  e  do  condado  são  do 
mesmo  dia,  e  este  o  de  22  de  Novembro  de  i525. 

(4)  Esta  data  vem  declarada  na  carta,  de  2  de  Agosto  do  mesmo  ano,  de  padrão  de 
cento  e  trinta  mil  reais  de  tença  a  D.  Diogo  de  Sousa,  neto  do  Conde.  —  Chancelaria  de 
D.  João  111,  liv.  54.»  de  Doações,  fl.  81. 

(5)  Diogo  Gomes  de  Figueiredo,  Nobiliário,  vol.  11,  pág.  87,  mihi. 

(6)  Chanceldria  de  D.  Felipe  111,  liv.  32.»  de  Doações,  fl.  62. 


Sonsas  -  219 

Era  este  neto  de  outro  do  mesmo  nome,  que  fora  governador  e  capitão 
general  da  Baía  em  iSgí,  e  do  Rio  de  Janeiro  em  1608  com  a  promessa  do 
título  de  marquês  das  Minas  pelas  do  oiro  que  no  Brasil  havia  descoberto. 
Este  primeiro  D.  Francisco  de  Sousa,  avô  do  segundo,  vinha  a  ser  irmão  de 
D.  Luís  de  Sousa,  4."  senhor  de  Beringel,  pai  do  2.°  Conde  do  Prado. 

O  segundo  D.  Francisco  de  Sousa  foi  o  3."  conde  do  Prado,  de  que  se 
lhe  passou  carta  em  17  de  Março  de  1644,  em  virtude  de  seu  tio  D.  Luís 
ter  nele  renunciado  o  título  (i),  e  i.°  marquês  das  Minas,  por  carta  de  7  de 
Janeiro  de  1670  em  satisfação  dos  seus  serviços  no  governo  das  armas  da 
província  de  Entre  Doiro  e  Minho,  e  havendo  respeito  a  ir  por  embaixador 
extraordinário  a  Roma  (2).  Morreu  quatro  anos  depois,  a  23  de  Junho, 
tendo  casado  pela  segunda  vez,  em  1641,  com  D.  Eufrásia  de  Lima,  filha 
dos  i.°*  Condes  da  Torre,  a  qual  faleceu  em  i656,  deixando  entre  outros  os 
seguintes  filhos: 

i.°  —  D.  António  Luís  de  Sousa,  que  foi  4.°  conde  do  Prado  em  vida  de 
seu  pai,  e  depois  2.°  marquês  das  Minas.  E  o  famoso  Marquês  de  quem 
Saint-Simon  diz:  «Ce...  marquis  Das  Minas...  est  celui  qui  a  toujours 
commandé  Varmée  portugaise  contre  Philippe  V,  qui  prit  force  places  en 
Espagne,  qu'il  garda  peii,  entra  mêj/ie  dans  Madrid,  qu'il  ne  peut  conser- 
ver,  et  qui  coinmandoit  une  aile  de  Varmée  de  Varchiduc  avec  dix-huit  ba- 
taillons  portugais  à  la  bataille  d' Alman^a,  que  le  duc  de  Bermck  gagna 
complètement  le  25  avril  ijoj,  et  qui  eut  de  si  grandes  suites.  Das  Minas 
continua  de  servir  en  chef  jusqu'à  la  paixr>  (3). 

Deste  Marquês  das  Minas  provieram  os  restantes  marqueses  da  casa  dos 
Sousas,  dos  quais  se  contaram  oito  ao  todo,  tendo  os  últimos  três  a  varonia 
de  Noronha.  Foram  eles,  além  do  1.°  e  2.''  já  mencionados:  D.  João  de 
Sousa,  3.°  marquês  das  Minas  (filho  do  2.°)  e  6."  conde  do  Prado,  título  em 
que  sucedeu  a  seu  irmão  primogénito;  D.  António  Caetano  Luís  de  Sousa, 
4.**  marquês  e  7.°  conde,  filho  do  precedente;  D.  Maria  da  Piedade  Francisca 
Antónia  de  Sousa,  8.*  condessa  do  Prado  e  5.^  marquesa  das  Minas,  neta 
do  4.°  Marquês,  filha  de  D.  João  de  Sousa,  que  não  chegou  a  lograr  nenhum 
título.  Aquela  senhora,  que  morreu  em  1787,  havia  casado  a  i  de  Outubro 
de  1760  com  D.  Lourenço  José  das  Brotas  de  Lancastre,  8.°  comendador  e 
alcaide  mor  de  Coruche  na  ordem  de  Avis,  chefe,  mas  com  a  varonia  dos 
Noronhas,  condes  dos  Arcos,  de  um  dos  ramos  da  família  de  Lancastre. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  IV,  liv.  16."  de  Doações,  fl.  191. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  35."»,  fl.  24  v, 

(3)  Mémoires  du  duc  de  Saint-Simon,  vol.  vi,  pág.  440,  inihi. 


220  Brasões 

Pelo  seu  casamento  veio  a  ser  marquês  das  Minas  e  conde  do  Prado  (i)  e 
morreu  a  28  de  Abril  de  1801,  sendo  alferes  da  Ordem  de  Avis  e  tenente 
general.  Dos  5.°*  Marqueses  nasceram  três  filhos: — D.  Francisco  Benedito 
de  Sousa  Lancastre  e  Noronha,  que  nasceu  a  12  de  Setembro  de  1780,  foi 
6."  marquês  das  Minas  por  despacho  de  17  de  Dezembro  de  1790  (2),  e  mor- 
reu solteiro  a  6  do  mesmo  mês  de  1796  (3).  —  D.  João  Francisco  Benedito 
de  Sousa  Lancastre  e  Noronha,  que  nasceu  a  16  de  Junho  de  1782  e  foi,  por 
morte  de  seu  irmão,  7.°  marquês  das  Minas  e  io.°  conde  do  Prado.  Bem 
novo,  e  bem  doente,  foi,  sendo  gentil-homem  da  câmara,  nomeado  governa- 
dor do  reino  com  outros  por  aviso  de  20  de  Setembro  de  1808,  confirmado 
por  carta  régia  de  6  de  Julho  do  ano  seguinte.  Comparecia  já  pouco  às 
sessões  da  regência  por  motivo  da  sua  falta  de  saúde,  e  ainda  mais  deixou 
de  as  frequentar  em  virtude  de  um  conflito  levantado  entre  o  Marquês  e  o 
general  Beresford,  que  se  queixou  para  a  corte .  do  Rio  de  Janeiro.  D'aí 
veio  uma  nota,  em  i3  de  Abril  de  1810,  na  qual  era  o  Marquês  desculpado 
com  os  seus  achaques,  que  o  haviam  já  levado  a  pedir  a  demissão,  acrescen- 
tando porém,  que  lhe  desaprovariam  o  proceder,  se  não  fosse  motivado  pela 
doença.  O  Marquês  então  abandonou  de  todo  o  governo,  e,  havendo  alcan- 
çado a  demissão  por  decreto  de  24  de  Maio  de  18 10,  brevemente  falecia  sol- 
teiro a  28  de  Dezembro  do  mesmo  ano.  Pouco  sei  da  vida  deste  fidalgo, 
mas  nele  existiram  de  certo  qualidades  proeminentes,  que  o  levaram  aos 
vinte  e  seis  anos  e  doente  a  ser  escolhido  para  o  alto  cargo  de  governador 
do  reino.  Hombridade  tinha  êle,  que, .naqueles  tempos  de  tanta  relaxação 
como  os  de  hoje,  não  se  vergava  ao  predomínio  inglês,  e  resistia  a  Beresford 
e  aos  seus  colegas  inglesados  da  regência,  os  quais  em  represália  não  con- 
sentiram que  a  noticia  da  morte  do  Marquês  das  Minas  viesse  publicada  na 
Gaveta  de  Lisboa.  Encontrei-a  no  Diário  Lisbonense.  —  D.  Joana  Bernarda 
de  Noronha  e  Lancastre,  que  nasceu  antes  de  seus  irmãos  em  um  dia  16  de 
Janeiro,  chamava-se  em  solteira  D.  Joana  de  Meneses,  e  com  este  nome  ca- 
sou, a  3  de  Agosto  de  1788,  com  Francisco  José  Luís  de  Melo,  9.°  monteiro 
mor  do  reino,  que  d'ali  a  pouco  falecia  de  bexigas,  a  24  de  Janeiro  de  1789, 
não  deixando  filhos  (4).     D.  Joana  Bernarda  de  Noronha  e  Lancastre,  como 


(i^  Cartas  de  26  de  Junho  de  1761  e  3i  de  Janeiro  de  1777,  respectivamente  registadas 
no  liv.  iS.»,  fl.  3,  e  no  liv.  5.°,  fl.  186,  das  Mercês  de  D.  José. 

(2)  Gaveta  de  24  de  Dezembro  de  1790.    Não  encontrei  a  carta  registada. 

(3)  Ga^ieta  de  9  de  Dezembro  de  1796. 

(4)  No  Suppleménto  á  Gaveta  de  Lisboa,  n."  7,  em  20  de  Fevereiro  de  1789,  vê-se  que 
lhe  sucedeu  na  casa  seu  parente  Francisco  da  Cunha,  que  foi  nomeado  monteiro  mor  por 
decreto  de  16  de  Fevereiro  daquele  ano,  impondo-se-lhe  a  obrigação  de  usar  logo  em  se- 
guida ao  seu  nome  o  apelido  de  Melo. 


Sonsas  221 

já  então  se  chamava,  permaneceu  no  estado  de  viúva,  herdou  a  casa  de  seu 
irmão,  e  em  1811  já  era  a  8.*  marquesa  das  Minas  e  11.*  condessa  do  Prado, 
e  como  tal  vem  mencionada  no  Álmanach  de  Lisboa  para  18 12,  ainda  que 
só  teve  carta  do  titulo  em  25  de  Novembro  de  i8i5  (i).  Morreu  a  Marquesa 
em  Março  de  1827  (2),  e  nela  se  extinguiu  completamente  toda  a  descendên- 
cia legítima  do  2."  Marquês  das  Minas,  de  quem  apenas  ficou  existindo  pro- 
gépie  por  linha  ilegítima  e  feminina  nos  Sousas  Botelhos,  condes  de  Vila  Rial. 
O  título  de  marquês  das  Minas  foi  porem  renovado  quinze  anos  depois,  como 
logo  direi. 

2.*'  —  D.  João  de  Sousa  foi  vedor  da  casa  rial,  comendador  de  Santa  Ma- 
ria do  Prado  e  Santa  Maria  de  Vila  Franca  na  Ordem  de  Cristo,  governador 
de  Pernambuco,  general  de  artelharia  e  governador  das  armas  do  Minho. 
Morreu  em  1718,  havendo  casado  com  D.  Maria  da  Nazaré  de  Lima,  con- 
dessa viúva  de  Mesquitela,  que  por  ordem  régia  conservou  as  honras  e  gran- 
deza apesar  do  segundo  casamento.  Era  ela  filha  dos  7.°^  Viscondes  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  e  fora  casada  com  D.  Noutel  de  Castro,  2."  conde  de 
Mesquitela.  Foi  este  Conde  um  perverso.  Mandou  assassinar  na  noite  de 
7  de  Dezembro  de  1667  o  Marquês  de  Sande,  e  homisiou-se  em  Castela, 
d'onde  voltou  quatro  anos  depois  e,  achando-se  escondido  em  casa  do  sogro, 
aí  abusou  de  uma  cunhada,  que  não  pôde  esconder  a  sua  vergonha.  Denun- 
ciado por  aquele  foi  o  Conde  preso  no  mosteiro  de  Odivelas,  e  sentenceado 
a  desterro  perpétuo  na  índia,  para  onde  embarcou  na  armada  de  167 1. 
Fugiu  de  Goa  para  Roma,  e  lá  morreu  em  1674.  —  De  D.  João  de  Sousa  e 
de  D.  Maria  de  Lima  foram  bisnetos  por  posterior  bastardia,  além  doutros, 
D.  Diogo  de  Sousa  e  D.  Luís  de  Sousa.  —  D.  Diogo  de  Sousa,  que  foi  o  i.° 
conde  do  Rio  Pardo  (cidade  do  Brasil)  por  carta  de  29  de  Julho  de  181 5  (3), 
havia  sido  capitão  general  de  Moçambique,  Maranhão  e  Rio  Grande,  coman- 
dante em  chefe  do  exército  nas  campanhas  de  Montevideu  de  1810  a  181 3. 
Foi  também  vedor  da  casa  rial,  senhor  da  casa  de  Santa  Tecla  e  Ferreiros, 
comendador  do  Prado  e  doutras  na  Ordem  de  Cristo,  na  qual  foi  gran-cruz, 
vice-rei  da  índia  em  1816,  conselheiro  de  Estado  e  Guerra,  par  do  reino  por 
carta  de  3o  de  Abril  de  1826,  tenente  general,  e  ministro  da  guerra  em  1828. 
Morreu  viúvo  e  sem  filhos  em  12  de  Julho  de  1829.  —  D.  Luís  de  Sousa  her- 
dou a  casa  de  seu  irmão  e  foi  avô  de  outro  D.  Luís  de  Sousd,  2.°  conde  do 
Rio  Pardo  em  2  de  Julho  de  i863,  que  morreu  em  1880,  deixando  viúva,  já 


(i)  Dicc.  aristocrático,  cit.,  pág.  5-. 

(2)  Encontro  esta  data  no  11  vol.  da  Resenha  das  fatnilias  titulares;  ainda  a  não  achei 
confirmada. 

(3)  Dicc.  aristocrático,  cit.,  pág.  33. 


^22  Brasões 

hoje  falecida,  e  filhos,  que  existem.  —  Extinta  a  descendência  legítima  do 
filho  primogénito  do  i.°  Marquês  das  Minas,  parecia  que  a  representação  da 
casa  deveria  passar  aos  descendentes  do  filho  segundo,  os  Rio-Pardos,  mas 
não,  porque  estes  também  não  eram  legítimos. 

3.°  —  D.  Pedro  de  Sousa,  que  foi  sumilher  da  cortina  c  dom  prior  de 
Guimarães,  morreu  em  1706. 

4.°  —  D.  Maria  Madalena  de  Noronha,  que  foi  a  primeira  mulher  de 
D.  Luís  Manuel  de  Távora,  depois  4.°  conde  da  Atalaia,  de  quem,  alem  de 
um  filho  cónego  e  uma  filha  freira,  teve  a  D.  Pedro  Manuel,  5.°  conde  da 
Atalaia,  mestre  de  campo  general  no  exército  do  Marquês  das  Minas,  em 
cuja  ausência  governou  a  legião  portuguesa  da  Catalunha.  Foi  muito  aceito 
ao  pretendente  D.  Carlos,  que  o  criou  grande  de  Espanha,  mercê  não  reali- 
zada; mas,  continuando  o  Conde  da  Atalaia  a  servir  ao  mesmo  D.  Carlos 
já  imperador,  este  o  nomeou  vice  rei  da  Sardenha,  general  da  cavalaria  de 
Nápoles,  governador  do  Castelo  Novo  desta  cidade,  e  do  conselho  de  Estado 
em  Viena,  onde  morreu  no  ano  de  1722,  extinguindo-se  esta  linha. 

b.°  —  D.  Luisa  Bernarda  de  Lima,  que  casou  com  D.  Luís  Baltasar  da 
Silveira,  veador  da  rainha  D.  Maria  Ana  de  Áustria,  comendador  na  Or- 
dem de  Cristo,  e  filho  de  F^ernão  da  Silveira,  capitão  valente  nas  guerras  de 
Flandres,-  mestre  de  campo  na  restauração  da  Baía,  almirante  da  armada 
rial,  morto  pelejando  na  batalha  das  linhas  de  Elvas,  onde  estava  sitiado,  e 
d'onde  fez  uma  vigorosa  sortida  ao  encontro  do  exército  libertador.  Era 
Fernão  da  Silveira  filho  segundo  de  D.  Luís  Lobo  da  Silveira,  7.°  senhor  das 
Sarzedas,  e  irmão  de  D.  Rodrigo  Lobo  da  Silveira,  8.°  senhor  e  i."  conde 
daquela  vila.  De  D.  Luisa  Bernarda  de  Lima  foi  filho  primogénito  D.  Brás 
Baltazar  da  Silveira,  i.''  senhor  de  S.  Cosmado,  que  casou  com  D.  Joana 
Inês  Vicência  de  Meneses,  irmã  do  3.°  e  4.°  Condes  de  Santiago.  Deste  ca- 
samento, além  de  uma  filha  falecida  criança,  nasceram  D.  Luisa  Francisca 
Antónia  da  Silveira  e  D.  Maria  Inácia  da  Silveira.  Casaram  ambas  estas 
senhoras,  uma  após  outra,  com  Nuno  Gaspar  de  Távora,  depois  de  Lorena, 
que  foi  tenente  general,  veador  da  rainha  D.  Mariana  Vitória  e  governador 
da  cidade  de  Évora,  e  morreu  a  8  de  Janeiro  de  1789  (i).  Era  irmão  do 
justiçado  Marquês  de  Távora  e  do  seu  primeiro  casamento  nasceu  D.  Brás 
José  Baltasar  da  Silveira  e  Lorena,  senhor  da  casa,  e  avô  de  D.  Brás  Maria 
da  Silveira  e  Lorena,  9.°  marquês  das  Minas,  título  nele  renovado  em  i5  de 
Janeiro  de  1842.  Dele  e  da  marquesa  D.  Eugenia  de  Sousa  Holstein  foram 
filhos:  o  12.°  Conde  do  Prado,  o  10. °  Marquês  das  Minas,  ambos  falecidos 


(i)  Gaij[eta  de  17. 


Sousas  *        122$ 

sem  deixar  geração,  e  D.  Alexandre  da  Silveira  e  Lorena,  ii.*'  marquês  das 
Minas,  também  já  falecido  (3o  de  Agosto  de  iQoS),  deixando  uma  filha.. — 
Do  segundo  casamento  de  Nuno  Gaspar  de  Lorena  nasceram:  D.  Francisca 
de  Paula  do  Pópulo  de  Lorena,  marquesa  de  Pombal,  que  veio  a  herdar  por 
morte  da  última  Marquesa  das  Minas  os  morgados  desta  casa,  e  por  morte 
de  D.  Luzia  de  Meneses  os  da  casa  de  Santiago;  e  D.  Bernardo  José  de  Lo- 
rena, 1.°  conde  das  Sarzedas  nesta  linha  por  despacho  de  i3  e  carta  de  24 
de  Maio  de  i8o5  (i).  Passou  a  governar  a  índia  como  vice-rei  no  ano  se- 
guinte, e  lá  permaneceu  até  1816,  em  que  se  retirou  para  o  Rio  de  Janeiro, 
€  aí  morreu  em  1818.  Deixou  descendência  legitimada,  na  qual  se  tem  re- 
petido por  mais  duas  vezes  o  título  de  conde  das  Sarzedas,  e  que  creio  existir 
ainda  na  varonia  lá  pela  índia.  Destes  Silveiras  senhores  de  S.  Cosmado, 
ou  dos  Lorenas  condes  das  Sarzedas,  ou  talvez  de  ambos  os  ramos,  as  armas 
eram  estas:  Partido:  o  I  de  prata,  três  faxas  de  vermelho  (Silveira);  o  II  de 
prata,  cinco  faxas  ondadas  de  azul,  sendo  a  do  meio  carregada  de  tim  golfi- 
nho do  campo,  bordadura  de  oiro  com  a  divisa  Qiiasqumque  Jindit  em  letras 
de  negro  (Távora).  Coroa  de  conde.  Timbre:  urso  nascente  de  prata,  lin- 
guado de  vermelho  (2).  {Bem  sei  que  o  uso  das  armas  dos  Távoras  estava, 
e  está,  proibido  por  uma  sentença,  mas  bem  nos  importamos  nós  com  o  que 
está  proibido! 

6."  —  D.  Eufrásia  Felipa  de  Lima,  condessa  da  Ilha  do  Príncipe  por  casar 
com  o  2."  conde,  Francisco  Carneiro  de  Sousa,  de  quem  teve  muita  descen- 
dência, na  qual,  por  um  notável  acaso,  está  a  representação  dos  antigos  Con- 
des das  Sarzedas. 

7."—^ D.  Maria  Lourenço  de  Meneses,  dama  do  paço,  falecida  solteira. 

Esboçada  por  esta  forma  a  descendência  do  1°  Marquês  das  Minas,  tenho 
agora  de  me  referir  a  um  seu  irmão,  que  se  chamou  D.  João  de  Sousa,  foi 
um  valente  soldado  e  matou-se,  solteiro  e  sem  filhos,  em  Setúbal,  atirando-se 
de  uma  janela  abaixo  num  acesso  febril. 

A  respeito  deste  D.  João  de  Sousa  existe  uma  história  parecida  com  a 
do  Pêro  Gil,  progenitor  dos  Mousinhos  de  Albuquerque,  história  que  me  le- 


(1)  Ga!jeta  de  18  de  Maio,  e  liv.  7.»  das  Mercês  do  Príncipe  Regente,  fl.  3o  v.  —  Não  se 
pode  considerar  D.  Bernardo  José  de  Lorena  como  5.°  conde  das  Sarzedas,  pois  que  êle  por 
maneira  nenhuma  representava  os  antigos  condes.  Lá  adiante,  no  artigo  dos  Silvas,  se  po 
dera  ver  como  se  extinguiu  a  casa  dos  Silveiras  condes  das  Sarzedas,  e  a  quem  passaram 
os  morgados  e  a  representação. 

(2)'  Tenho  peças  de  loiça  da  índia  de  dois  padrões  diferentes,  um  deles  belíssimo,  com- 
estas  armas. 


224  Brasões 

vará  um  capítulo  do  artigo  dos  Albuquerques.  No  caso  de  D.  João  de  Sousa 
sabe-se  contudo  quem  inventou  a  fábula.  Foi  João  Carlos  Feo,  que  o  não 
fez  por  mal,  mas  simplesmente  por  comprazer,  ou  para  lisonjear  um  amigo. 
João  Carlos  Feo,  num  Attestado  genealógico  impresso  em  1867,  diz,  na 
pág.  10,  que  deste  D.  João  de  Sousa,  irmão  do  i.°  Marquês  das  Minas,  foi 
filho  natural  «Luiz  de  Sousa  da  Costa  legitimado  em  1643  por  carta  de  El-Rei 
D.  João  IV».  Em  seguida  deduz  uma  linha  por  ali  abaixo  até  o  amigo  a 
quem  quis  obsequiar. 

Na  Chancelaria  de  D.  João  IV  não  existe  semelhante  carta  de  legitimação. 
Nenhum  dos  autores  genealógicos,  contemporâneos  ou  próximos  do  tempo  de 
D.  João  de  Sousa,  lhe  dá  semelhante  filho.  Tam  pouco  não  o  faz  D.  António 
Caetano  de  Sousa,  na  Historia  genealógica,  onde  guarda  absoluto  silêncio 
sobre  o  caso,  ele  tam  cuidadoso  em  nomear  sempre  todos  os  filhos  bastardos 
legitimados  e  mesmo  infinitas  vezes  os  que  o  não  são.  Tanto  isto  é  assim, 
que  nomeia,  não  vamos  mais  longe,  um  irmão  ilegítimo  do  próprio  D.  João 
de  Sousa,  D.  Pedro  de  Sousa.  E  para  notar  é  que  não  só  este  bastardo 
não  legitimado  da  casa  do  Prado,  como  todos  os  mais,  e  não  foram  poucos, 
usaram  do  título  de  dom,  o  qual  João  Carlos  Feo  se  não  atreveu  a  dar  ao 
por  êle  inventado,  apesar  de  o  declarar  reconhecido  pelo  pai. 

E  a  mesma  história  dos  Albuquerques  de  Pêro  Gil;  é  o  mesmo  sistema 
de  fabricar  fingidas  descendências;  mas,  neste  caso,  sem  a  agravante  dos 
falsos  documentos  existente  no  outro,  ainda  que  neste  se  faz  referência  a 
um  instrumento  inventado;  isso  porem  é  pecado  mais  venial. 

De  D.  João  Afonso  de  Albuquerque  fez-se  filho  a  um  Pêro  Gil  e  neto  a 
um  Gil  Afonso  Fernandes;  de  D.  João  de  Sousa  faz-se  filho  a  um  Luís  de 
Sousa  da  Costa  e  neto  a  um  Manuel  da  Costa.  Isto  é:  de  fidalgos  da  pri- 
meira plana  declaram-se  filhos  e  netos  a  uns  sujeitos,  muito  boas  pessoas 
embora,  mas  sem  nome,  sem  posição  social,  largando  o  apelido  originário, 
vivendo  modestamente,  não  sonhando  sequer  com  as  futuras  grandezas  a 
que  os  hão  de  querer  elevar!  Nem  para  falsificar  genealogias  temos  geito! 
e  antes  assim. 

A  novela  é  tam  mal  urdida,  que  não  me  referiria  a  esta  suposta  linha  de 
Sousas  do  Prado,  se  por  acaso  não  tivesse  encontrado  na  Resenha  das  fa/ni- 
lias  titulares  o  seguinte:  «João  da  Costa  Santos  . . .  morreu . . .  tendo  obtido 
em  1774  Brasão  de  suas  armas,  onde  provou  o  acima  dito»  (i).  Ora  o  «acima 
dito»  é  que  êle  era  quarto  neto  em  linha  varonil  de  D.  João  de  Sousa,  irmão 
do  i.°  Marquês  das  Minas. 


(i)  Visconde  de  Sanches  de  Baena,  Resenha  das  familias  titulares,  II,  pág.  35 1,  com  a 
<iata  errada,  1774  por  1752,  e  repetido  por  outras  palavras  a  pág.  497. 


Sousas  .  225 

Isto  não  é  exacto.  Na  carta  de  brasão  de  João  da  Costa  Santos,  quanto 
-a.  ascendência  deste,  só  se  diz  o  seguinte:  «Por  provar  ser  Flllio  legitimo 
de  Manoel  da  Costa  Santos  e  de  sua  mulher  Dona  Maria  da  Assunção,  Neto 
pela  parte  Paterna  de  Domingos  da  Costa,  e  de  sua  mulher  Dona  Catharina 
de  Abreo  de  Figueiredo,  natural  de  Ponte  de  Lima,  Bisneto  de  Manuel  da 
Costa.  E  pela  parte  Materna,  ser  neto  de  Manoel  Dias  de  Sousa,  natural 
da  Cidade  do  Porto  e  de  sua  mulher  Dona  Maria  Anna  da  Encarnação,  na- 
tural da  Vila  de  Almada.  E  que  todos  os  ditos  seus  Pays,  Avós,  etc.»  Foi 
passada  a  27  de  Novembro  de  1752(1). 

Pela  transcrição  feita  já  vê  o  leitor,  que  não  há  nesta  carta  de  brasão  a 
mínima  referência  a  D.  João  de' Sousa,  irmão  do  i.°  Marquês  das  Minas;  e 
em  virtude  da  mesma  transcrição  concordará  que  o  autor  da  Resenha  foi  ex- 
tremamente infehz  ao  fazer  a  asserção  acima  apontada. 

Os  senhores  de  Alcoentre  tinham  a  sua  casa  em  Lisboa  entre  a  rua  da 
Cordoaria  Velha  e  a  calçadinha  de  S.  Francisco,  em  frente  do  convento  da 
mesma  invocação  (2),  no  qual  existia  o  seu  jazigo,  na  igreja,  na  capela  do 
Descendimento,  depois  conhecida  pela  capela  dos  Faros,  quando  estes  her- 
daram a  casa  dos  Sousas,  e  era  a  colateral  da  banda  do  evangelho  mais 
imediata  à  capela  mor.  Nesta  tal  capela  viam-se  quatro  escudos  de  armas 
na  parede,  dois  de  uma  parte  e  dois  da  outra,  todos  ovajs  e  sem  elmo  nem 
timbre.  O  primeiro  do  lado  esquerdo  era  esquartelado  das  quinas  do  reino 
e  de  um  Hão  volvido;  eram  as  armas  dos  Sousas  do  Prado,  não  signifi- 
cando aquela  diferença  no  liao  senão  capricho  ou  ignorância  do  escultor. 
O  outro  ao  lado  também  era  esquartelado,-  tendo  no  I  e  IV  cinco  vieiras,  e 
no  II  e  III  o  campo  liso,  e  em  bordadura  a  todo  o  escudo  quatro  castelos, 
alternando  com  quatro  liões,  estes  nas  linhas  da  aspa,  e  os  outros  nas  da 
cruz;  queriam  ser  as  armas  dos  Pimenteis,  marqueses  de  Tavara,  erradas 
porém.  Representavam  portanto  os  dois  escudos  os  brasões  de  Martim 
Afonso  de  Sousa,  i."  senhor  de  Alcoentre  (3),  governador  da  índia,  fundador 
da  capela,  e  o  de  sua  mulher  D.  Ana  Pimentel,  dama  da  rainha  D.  Caterina 
e  sobrinha  por  sua  mãe  do  i."  Marquês  de  Tavara. 


(i)  Registada  no  liv.  18.°  de  Mercês  de  D.  Luis  7,  H,  281 

(2)  Júlio  de  Castilho,  Lisboa  antiga,  p.  II,  tom.  V,  pág.  1 17. 

(3)  D.  João  III  por  carta  de  28  de  Março  de  042  fez  mercê  de  juro  e  herdade  a  Martim 
Afonso  de  Sousa,  capitão  mor  e  governador  nas  partes  da  índia,  da  vila  de  Alcoentre  e  al- 
caidaria  de  Tagarro,  bens  da  Coroa  ao  mesmo  já  vendidos  por  escritura  de  19  de  Dezembro 
de  1541,  pelo  preço  de  14.000  cruzados,  o  mesmo  por  que  um  mês  antes,  a  17  de  Novembro, 
D.  João  III  os  adquirira  dos  marqueses  de  Vila  Rial,  D.  Pedro  de  Meneses  e  D.  Beatriz.  — 
Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  38.»  de  Doações,  fl.  Sj. 

voL.  I  29 


2ú6  Brasões 

Defronte  destes  dois  escudos,  na  parede  da  banda  da  epístola,  estavam 
outros  dois,  um  dos  Sousas  do  Prado  em  tudo  igual  ao  seu  fronteiro,  e  outro 
esquartelado,  sendo  o  I  e  IV  das  armas  do  reino  com  as  quinas  em  aspa  e 
oito  castelos  na  bordadura,  e  o  II  e  III  de  cinco  flores  de  lis.  Eram  as  ar- 
mas dos  Albuquerques,  e  representavam  os  dois  escudos  os  brasões  de  Lopo 
de  Sousa,  2.°  senhor  do  Prado,  e  de  sua  mulher  D.  Beatriz  de  Albuquerque, 
filha  de  João  Rodrigues  de  Sá,  senhor  de  Sever,  alcaide  mor  do  Porto,  e  de 
sua  terceira  mulher  D.  Joana  de  Albuquerque,  filha  do  mestre  sala  Luís  Al- 
vares e  de  sua  mulher  D.  Teresa  de  Albuquerque,  filha  de  Gonçalo  Vaz  de 
Melo,  senhor  da  Castanheira,  e  de  D.  Isabel  de  Albuquerque. 

Da  parte  de  cima  destes  escudos  lia-se  esta  inscrição:  i522.  Aqui ja:{ 
Lopo  de  Sousa  Jilho  de  Pedro  ãe  Sousa  e  de  sua  mulher  D.  Maria  Pinheira, 
senhor  da  vila  do  Prado  e  das  terras  de  Paiva  e  Baltar,  e  de  sua  mulher 
D.  Beatrii  de  Albuquerque.  Falleceu  na  era  de  . . . 

No  pavimento  da  mesma  capela  via-se  uma  sepultura  raza  com  este  le- 
treiro: Aqui  fa:{  D.  Isabel  de  Albuquerque,  mulher  que  foi  de  António  de 
Brito,  irmã  de  Martim  Affonso  de  Sousa,  que  esta  capela  fe\.  E  D.  Lui{a 
sua  Jilha  mulher  que  foi  de  D.  João  da  Silva  erdeiro  do  conde  de  Portale- 
gre {i). 

Maria  Pinheira,  acima  nomeada,  é  a  da  sabida  sátira  ao  Conde  da  Cas- 
tanheira: 

Mestre  João  sacerdote, 
de  Barcelos  natural, 
houve  de  uma  moira  tal 
»  um  filho  de  boa  sorte. 

Pêro  Esteves  se  chamou; 
honradamente  vivia; 
por  amores  se  casou 
com  uma  formosa  Judia. 

Deste,  pois  nada  se  esconde, 
nasceu  Maria  Pinheira, 
<  mãe  da  mãe  daquele  Conde 

e  sua  avó  verdadeira  (2). 

Efectivamente  de  Pedro  de  Sousa  e  de  Maria  Pinheira,  nasceu  D.  Vio- 
lante de  Távora,  segunda  mulher  de  D.  Álvaro  de  Ataíde,  senhor  da  Casta- 
nheira, e  mãe  de  D.  António  de  Ataíde,  i.*'  conde  daquela  vila  e  valido  de 


(i)  P.e  Luís  Montês  Matoso,  Memorias  Sepulchraes,  fls.  38  a  3^  v. 
(2)  Conforme  outra  variante  o  último  verso  seria  assim : 

que  é  o  Conde  da  Castanheira. 


Sonsas  227 

D.  João  III.     Agora  saber-se  se  a  mulher  de  Pêro  Esteves  era  ou  não  Judia, 
isso  é  averiguação  em  que  me  não  meto. 

Martim  Afonso  de  Sousa,  2.°  senhor  de  Mortágua,  o  da  quarentena  com  a 
abadessa  de  Rio  Tinto,  Aldonça  Rodrigues  de  Sá,  teve  dela  a  iMartim  Afonso 
de  Sousa,  legitimado  por  carta  de  22  de  Janeiro  da  era  de  1443  (i4o5)(i). 
A  este  segundo  Martim  Afonso  de  Sousa  já  me  referi,  nomeando-lhe  alguns 
filhos,  e  agora  aqui  indicarei  mais  um,  João  de  Sousa,  o  último  na  ordem  do 
nascimento,  segundo  dizem. 

Entrou  João  de  Sousa»  para  casa  do  infante  D.  Fernando,  irmão  de 
D.  Afonso  V,  e  já  nela  servia  em  1455,  quando,  por  carta  régia  de  17  de 
Abril,  lhe  foi  feita  mercê  do  serviço  rial  e  novo  dos  Judeus  da  Guarda  (2). 
No  ano  seguinte  já  estava  casado,-  como  nos  revela  a  carta  de  28  de  Abril 
de  vinte  mil  reais  de  tença  pelas  duas  mil  coroas  do  seu  casamento  (3).  Foi 
sua  mulher  Branca  de  Ataíde,  filha  de  João  de  Ataíde,  camareiro  mor  do 
infante  D.  Pedro  e  2.°  senhor  de  Penacova  pelo  seu  casamento  com  Maria 
Nunes  de  Cordovelos,  filha  herdeira  de  Nuno  Fernandes  de  Cordovelos,  criado 
da  infanta  D.  Maria,  filha  de  D.  Pedro  I,  e  i.°  senhor  de  Penacova  (4). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  3.»,  fl.  66  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  o.",  fl.  148. 

(3)  Ibidem^  liv.  i3.*»,  fl.  149  v. 

(4)  Por  carta  de  i  de  Março  de  1422  (1384)  fez  o  Mestre  de  Avis,  na  qualidade  de  re- 
gedor e  defensor  do  reino,  pura  doação  a  Nuno  Fernandes  de  Cordovelos  da  vila  de  Pena- 
cova de  Riba  de  Mondego,  com  todos  seus  direitos  para  sempre,  para  êle,  filhos  e  netos 
{Chancelaria  de  D.  João  J,  liv.  1.»,  fl.  i).  Por  outra  carta  dada  em  Coimbra,  a  10  de  Abril 
do  ano  seguinte,  foi-lhe  ampliada  á  doação  com  o  lugar  de  Paços  da  Abobreira,  declaran- 
do-se  qae  êle  haveria  estes  lugares  com  todos  os  direitos  riais,  pela  guisa  que  os  houvera 
a  infanta  D.  Maria,  aque  Deus  perdoi  (Ibidem,  liv.  4°,  fl.  25).  Em  1421,  estando  Maria  Nu- 
nes, filha  do  falecido  Nuno  Fernandes  de  Cordovelos,  desposada  com  João  de  Ataíde,  cama- 
reiro mor  do  infante  D.  Pedro,  pediu  este  a  seu  pai  para  confirmar  a  doação  de  Penacova 
e  Paços  da  Abobreira  aos  dois  esposos,  ao  que  el  Rei  anuiu,  e  lha  confirmou  por  carta  de 
6  de  Agosto  na  qual  é  determinada  a  forma  da  sucessão  (Ibidem).  Nos  descendentes  de 
João  de  Ataíde  e  de  sua  mulher  conservou-se  o  senhorio  de  Penacova  até  seu  neto  Nuno 
Fernandes  de  Ataíde,  o  valoroso  capitão  de  Çafim,  o  qual,  conjuntamente  com  sua  mulher 
D.  Joana  de  Faria,  traspassou  aquele  senhorio,  a  sua  filha  D.  Maria  de  Ataíde,  em  casamento, 
transação  aprovada  por  carta  régia  de  21  de  Junho  de  i5i3  {Chancelaria  de  D.  Manuel, 
liv.  42.°,  fl.  bb  V.).  A  D.  Maria  de  .\taíde  foi  confirmado  o  senhorio,  depois  da  morte  de  seu 
pai,  por  carta  de  27  de  Julho  de  1 528  {Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  48.»  de  Doações^  fl.  108). 
D.  Maria  era  casada  com  D.  Afonso  de  Noronha,  filho  maior  do  3.»  Conde  de  Odemira,  e  fói 
mãe  do  4.°  Conde,  em  cujos  descendentes  se  continuou  o  senhorio  daquela  tam  pitoresca 
vila  de  Penacova,  que  no  alto  do  seu  monte  avista  um  dos  mais  belos  panoramas  das  mar- 
gens do  Mondego. 


228  ^        Brasões 

Na  casa  do  infante  D.  Fernando,  no  posto  de  capitão  dos  seus  ginetes, 
continuou  João  de  Sousa  servindo  e  na  sua  presença  combateu,  em  1464,  no 
malogrado  escalamento  de  Tânger  (i).  Das  suas  façanhas  contra  os  Moiros 
dá  fé  o  seu  epitáfio  abaixo  transcrito,  e  por  êle  também  consta  haver  pelejado 
na  batalha  de  Toro,  a  i  de  Março  de  1476.  Já  então  era  o  infante  falecido 
havia  anos  e  João  de  Sousa  entrara  para  o  conselho  de  D.  Afonso  V,  segundo 
declara,  além  de  muitas  outras,  uma  carta  de  19  de  Julho  de  1471,  de  vinte 
mil  reais  brancos  de  tença  por  vinte  moios  de  trigo  que  tinha  assentados  em 
Benavente,  nas  rendas  do  mestrado  de  Avis  (2). 

Por  estes  tempos  já  devia  haver  muito  que  João  de  Sousa  ingressara  na 
Ordem  de  Santiago,  na  qual  teve  as  comendas  de  Ferreira,  Represa  e  Al- 
valade, com  as  rendas  da  aldeia  de  Coles  (3).  Havia  de  haver  muito  por- 
que, por  carta  de  16  de  Julho  de  1475,  por  éle  ser  um  dos  treze  mais  antigos 
da  Ordem,  foi  nomeado  comendador  mor  dela,  na  menoridade  de  D.  Diogo, 
duque  de  Viseu,  a  quem  o  cargo  pertencia  por  ter  a  comenda  de  Mérlola  à 
qual  andava  anexa  a  dignidade  de  comendador  mor  (4).  Não  a  conservou 
por  muito  tempo  João  de  Sousa,  por  isso  que  em  mais  nenhum  documento 
o  encontro  mencionado  exercendo  tal  cargo. 

.  D.  Manuel,  apenas  sentado  no  trono,  lembrou-se  logo  do  antigo  criado  de 
seu  pai  e,  por  carta  dada  em  Setúbal,  a  18  de  Abril  de  1496,  fez-lhe  mercê 
de  duzentos  mil  reais  de  tença,  considerando  os  seus  muitos,  mui  grandes  e 
continuados  serviços  a  D.  Afonso  V,  a  D.  João  II  e  ao  infante  D.  Fernando, 
assim  nestes  reinos,  como  nas  partes  de  Africa  e  em  Castela,  onde  com 
muita  despesa  e  gasto  de  sua  fazenda  sempre  serviu  aos  ditos  senhores  (5). 
Daqueles  duzentos  mil  reais  traspassou  cinquenta  mil  em  sua  mulher  Branca 
de  Ataíde,  a  quem  foi  passada  carta  de  padrão  a  18  de  Julho  do  ano  se- 
guinte (6),  e  outros  cinquenta  mil  em  seu  genro  02.°  Conde  de  Penela,  pas- 
sando-se  a  João  de  Sousa,  na  mesma  data,  carta  de  padrão  dos  cem  mil 
reais  restantes  (7;. 

Em  Abril  de  1 5 1 3  já  estava  viúvo  (8)  e  por  todo  o  primeiro  semestre  de 


(i)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  i53, 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  17,°,  fl.  69  v. 

(3)  Por  carta  de  22  de  Março  de  1475  foi  autorizado  a  arrendar  as  comendas  de  Ferreira 
e  de  Santa  Maria  da  Represa.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.°,  fl.  96. 

(4)  Ibidem,  liv.  26.°,  fl.  180  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  40.<*,  fl.  3i  v. 

(6)  Ibidem^  liv.  29.»,  fl.  3o  v. 

(7)  Ibidem. 

(8)  Carta  de  10  daquele  mês  de  padrão  dos  So.ooo  rs.  de  tença  vagos  por  morte  da  mu- 
lher. —  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  42.»,  fl.  44  v. 


Sonsas  229 

i5i5  faleceu  (i).     Foi  sepultado  na  igreja  de  Ferreira  do  Alentejo,  gravan- 
do-se  no  túmulo  este  epitáfio: 

Aqui  i  jaz  I  omuito  '•  honRado  \  snor  \  ioãm  |  de  sousa  '■  e  a  muito  \  honrada  \ 

senora  \  brãqua  j  detaide  \  sua  ;  molher  \  fi 
lha  ■  domuitó  j   onrado  \  jÕ  \   detaide  [   snor  '■   de   penacova  !   ocual  \  |  ioã]  \ 

desousa  •  e  filho  •  de  martimafõm  •  de  :  sousa  • 


eneto  j  doutro  |  mtm  |  afôm  '•  de 
dom  :  fernãdo  j  de  |  purtugall 


sousa  \  q  |  era  '■  pmo  \  có  j  irmão  [  delrei  j 
ho  '■  quall  |  ioãm  :  de  j 
Sousa  :  niica  ;  fez  '■  ero  ;  nê  |  vileza  \  ao  ;  senor  \  ne  J  amiguo  ;  criado  ;  del- 
rei I  dom  \  afõm  |  ho  \  quíto  |  e  do  |  sõr  |  imfáte  '■  se 
14  j  irmão  \  seus  :   snors  j   e  por  j   serviço  J   de  |  ds  ;  edelles  \  anbos  ;  seus  • 

sres  \  epor  \  onra  \  do  reino  ;  foi  J  e  dezoito  [  pelleias  | 
de  j   mouros  \   nas  |  ptes  \  dalém  |  mar  j  enas  \  peleias  '■  foiferido  j  deseteferi- 

das  I  e  foi  I  cercado  \  três  vezes  \  hua  \  em  | 
cepta  I   eduas  ;   e  ;   alcacere  '■  hõde  j  foi  j  ferido  '■  duas  ]  vezes  ;   deferidas  j 
mortaes  |  hõde  \  seouve  j  tã  |  be  |  etã  \  es 

ditos  j  cercos  [  q  j  nêhú  •  q  ;  nelles  |  fose  |  se  •  nã  | 
naguera  ;  cõ  •  elrei  j  dõ  '■  anrique 
onde  ':  se  [  ouue  \  mui  j  bem  |  desafiado  |  se  j  cõ  |  hú  j 
mouro  l  sobre  j  afee  |  onde  |  se  |  ouue  \  tãbê  |  fize 
ra  ]  esforçada  •   mete  j  q  |  ho  desbaratou  |  e  foi  |  moito  \  louado  \  detodos  | 


forcada  |   mete  \  nos 

oue  :  milhor  \  efoi 

de  I  castelã  '■  emgrada 


os  I  castellanos 
mada  •    dalcacere 


q  I  ai  j  era  '■  psentes  j  foi  j  nato 

ee  darzilla   \    edetaniere   \    e  nadestroicã   \    danafe  [  foi  | 
ê  j  duas  I  batalhas  \  capaes  [  com 
elrei  \   dom  j  afõm  j   ho  quinto  '■   rei  j   de  castella  \   e  deportugall  •  seu  [   se- 


fose  l  ho  ser 

q  j  houue  j  cÕ  elrei  j 


nhor  \  eservio  |  tam  |  be  j  q  |  nê  j  hú  j  q  j  cõ  j  elle 
vio  :  milhor  ;  asi  ;  naguera  [  cõtinoa  j  como  '•  na  batalha 

dom  I  fernãdo  |  ho  aguardou  j  e  seruio 
[milhor  q]   nhu  j   o   aguardo  |  nê  |   sérvio  \   milhor  |  q  elle  [   e  tá  |  bê  foi  | 

CO  j  p  infante  •  seu  j  senor  j  naêtrada  j  de  taniere  onde  foi  ferido  de  morte  (2). 

Sobrepostos  ao  letreiro  vêem-se  dois  brasões:  o  de  João  de  Sousa,  um 
escudo  esquartelado  de  quinas  e  de  Hão,  assente  sobre  um  manto  da  Ordem 


(i)  Carta  de  18  de  Junho  de  i5i5  de  padrão  de  100.000  rs.  de  tença  a  seu  neto  João 
de  Sousa,  em  satisfação  da  comenda  de  Ferreira,  que  D.  Manuel  havia  prometido  a  seu  avô 
de  lhe  dar,  por  seu  falecimento,  e  não  o  pudera  fazer  por  oposição  do  mestre  D.  Jorge. — 
Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  27%  fl.  2  v. 

(2)  Lido  de  uma  fotografia  vista  em  Junho  de  1919,  menos  as  últimas  palavras  em  itá- 
lico, as  quais  nela  se  não  divisavam,  e  as  tirei  de  uma  cópia  que  me  havia  sido  enviada  em 
Março  de  i885.  Parece  faltar  pelo  menos  uma  linha,  inferior  ao  actual  pavimento,  na  qual 
viria  a  data  da  morte. 


23o  Brasões 

de  Santiago  e  sobrepujado  do  capuz,  que  se  vê  atacado  de  duas  atacas  em 
forma  de  laço;  e  o  de  Branca  de  Ataíde,  um  escudo  em  lisonja,  partido  das 
armas  do  marido  e  das  dela,  cinco  barras  pelos  Ataídes. 

Alem  de  D.  Maria  de  Ataíde,  condessa  de  Penela  pelo  seu  casamento 
com  o  2.°  conde,  D.  João  de  Vasconcelos  e  de  Meneses,  e  de  D.  Joana  de 
Ataíde,  segunda  mulher  de  Luís  de  Brito  Nogueira  e  fundadora  do  mosteiro 
da  Rosa  de  Lisboa  (i),  tiveram  mais  a  Manuel  de  Sousa,  falecido  em  vida 
de  seu  pai,  tendo  casado  com  D.  Joana  de  Sousa,  filha  de  João  Fernandes 
de  Sousa,  senhor  de  Baião.  O  filho  destes,  João  de  Sousa  como  o  avô, 
chegou  a  suceder  nas  terras  de  Baião,  que  lhe  foram  confirmadas  por  cartas 
de  i6  de  Fevereiro  de  i52o  e  12  de  Setembro  de  1629  (2);  foram  porém  rei- 
vindicadas as  terras  por  seu  primo  Cristóvão  de  Sousa  Coutinho  e  julgadas 
por  sentença  final  ao  filho  deste,  Fernão  Martins  de  Sousa  (3),  cujos  descen- 
dentes continuaram  na  posse  delas. 

A  casa  dos  Sousas  de  Meneses,  copeiros  mores  e  posteriormente  condes 
de  Vila  Flor,  pretendem  também  derivar  dos  Sousas  Chichorros,  mas  tenho 
muitas  dúvidas  a  tal  respeito.  A  ela  'dão  por  progenitor  um  Jorge  de 
Sousa,  comendador  de  Melres  na  Ordem  de  Santiago  e  escrivão  da  sisa  dos 
vinhos  de  Lisboa,  filho,  segundo  asseveram,  de  Pêro  de  Sousa,  comendador 
das  Idanhas  na  Ordem  de  Cristo,  bastardo  de  Gonçalo  de  Sousa,  comen- 
dador mor  desta  Ordem  e  neto  por  bastardia  de  Martim  Afonso  de  Sousa, 
2."  senhor  de  Mortágua  (4).  Na  filiação  de  Jorge  de  Sousa  é  que  está  o 
erro. 

Existiram  dois  Jorges  de  Sousa  contemporâneos,  dois  ou  mais,  mas  de 
roda  de  dois  consigo  arrumar  indicações  documentais.     De  ambos  eles  en- 


(i)  Foi  começado  a  fabricar  em  iSrg,  segundo  afirma  Fr.  Luís  de  Sousa,  na  Historia  de 
S.  Domingos^  part.  III,  liv.  2.°,  cap.  i.°,  pág.  84  e  segs. 

Foram  os  cônjuges  sepultados  na  igreja  defronte  da  porta,  com  este  epitáfio:  Aquija^ 
o  Senhor  Luis  de  Brito  Nogueira,  Senhor  dos  morgados  de  S.  Lourenço  de  Lisboa,  e  Senhor 
dos  morgados  de  Santo  Estevão  em  a  Cidade  de  Beja,  o  qual  Senhor  foy  tão  bom  cavalleiro 
em  seu  tempo,  que  o  não  houve  melhor;  e  com  elle  ja^  sua  mulher  D.  Joanna  de  Ataide  de 
Sousa,  a  qual  com  seu  consentimento  /<?f  este  Mosteiro,  a  que  deixou  toda  sua  fajenda,  por- 
que não  tinha  filho,  netn  filha,  e  elle  dito  Senhor  deixou  sua  terça,  porque  tinha  filhos  de  outra 
mulher,  que  herdavão  seus  morgados.  Era  iSzS.  Assim  o  encontro  transcrito  pelo  P.e  João 
Bantista  de  Castro,  no  tom.  III  do  Mappa  de  Portugal,  pág.  33o. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  JII,  liv.  16."  de  Doações,  fl.  iSj. 

(3)  Diogo  Gomes  de  Figueiredo,  Nobiliário,  V,  págs.  444  e  445  mihi. 

(4)  João  Carlos  Feo  Cardoso  de  Castelo  Branco  e  Torres,  Memorias  histórico- genealó- 
gicas dos  Duques  portugueses^  pág.  3oi. 


Sousas  23i; 

contro  memória  em  um  nobiliário  do  tempo  (i.).  Conforme  as  indicações 
deste  códice  o  mais  velho  dos  Jorges  de  Sousa  casou  pela  segunda  vez  com 
D.  Leonor,  filha  de  Rui  Gil  Moniz,  tesoureiro  da  Moeda  de  Lisboa,  e  já  ao 
tempo  do  seu  segundo  casamento  era  pai  de  Francisco  de  Sousa  Mancia^s, 
havido  da  primeira  mulher  (2).  Deste  Jorge  de  Sousa,  não  se  sabe  a  filiação 
e  o  outro  Jorge  de  Sousa  é  que  era  o  filho  de  Pêro  de  Sousa,  acima  no- 
meado, e  foi  casado  com  Simoa  de  Rabêlô  de  quem  teve  vários  filhos,  mas 
nenhum  Francisco  (3).  São  dignas  de  confiança  estas  indicações  genealógi- 
cas pois  em  parte  as  confirmam  os  documentos,  os  quais  distinguem  os  dois 
Jorges  de  Sousa,  dando  a  um  a  qualificação  de  fidalgo  da  casa  dei  Rei,  ao 
passo  que  o  outro  nunca  passou  de  simples  cavaleiro  da  mesma  casa.  O 
fidalgo  era  o  filho  de  Pêro  de  Sousa;  o  cavaleiro  era  o  pai  de  Francisco  de 
Sousa  Maneias. 

Jorge  de  Sousa,  «fidalgo  da  nossa  casa»,  teve,  em  12  de  Abril  de  1480 
carta  de  oitenta  mil  reais  de  tença  (4),  e  em  18  de  Agosto  de  i5o8  foi  expe- 
dida ordem  ao  Almoxarife  de  Çafim  para  lhe  dar  sete  mil  reais  de  mercê  (5). 
Jorge  de  Sousa,  «cavaleiro  de  nossa  casa»,  foi  nomeado  escrivão  das  sisas 
dos  vinhos  de  Lisboa,  por  carta  de  8  de  Janeiro  de  1488  (6).  Já  então  era 
comendador  de  Melres  e  casado  em  primeiras  núpcias  com  Inês  Cerveira, 
moça  da  câmara  da  infanta  D.  Joana  e  criada  da  condessa  de  Monsanto, 
D.  Isabel  de  Cascais,  a  qual,  por  instrumento  de  4  de  Fevereiro  de  1475,  a 
dotara  com  duas  mil  coroas  que  tinha  dei  Rei  e  foram  confirmadas  a  Inês 
por  carta  de  12  de  Março  do  mesmo  ano  (7).  Esta  devia  ter  sido  a  mãe  de 
Francisco  de  Sousa  Maneias. 

Quanto  à  filiação  de  seu  pai  posso  conjecturar,  com  certos  visos  de  pro- 
babilidade, haver  êle  sido  o  Jorge  de  Sousa  legitimado,  juntamente  com  seu 
irmão  Pêro  de  Sousa,  por  carta  de  18  de  Junho  de  1453,  na  qual  se  declara 
serem  ambos  eles  filhos  de  João  de  Sousa,  criado  dei  rei  D.  Duarte  e  cónego 
beneficiado  na  Sé  de  Lisboa,  e  de  Mor  Eanes,  mulher  solteira  (8). 

Francisco  de  Sousa  teve  a  alcunha  de  Maneias,  forma  aportuguesada  do 


(1)  Tenho  este  nobiliário  já  impresso  com  o  título  de  Nobiliário  quinhentista,  faltando 
apenas  terminar  o  índice  para  ser  publicado. 

(2)  Cit.  Nobiliário^  pág.  264,  n."  vu. 

(3)  Ibidem,  pág.  145,  n.°  xxxví. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.%  fl.  u8v. 

(5)  Corpo  cronológico,  part  i,  mac.  7,  doe.  35, 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  18.°,  fll.  23. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.»,  fl.  149  v. 

(8)  Ibidem,  liv.  10.»,  fl.  118. 


232      '  Brasões  y 

nome  do  trovador  galego  Macias  (i),  por  ser  muito  namorado  e  galanteador, 
dirigindo  versos  muito  apaixonados  às  damas.  Partiu  para  a  índia  na  ar- 
mada do  ano  de  iSog,  capitaneando  a  nau  S.  Boaventura;  entrou  em  Goa 
com  Afonso  de  Albuquerque  a  2  de  Março  de  i5io  e  lá  permaneceu  durante 
o  período  da  primeira  ocupação  da  cidade,  até  17  de  Maio  do  mesmo  ano. 
Foi  então,  quando  Afonso  de  Albuquerque  se  resolveu  a  despejar  a  cidade 
por  não  poder  sustentá-la,  e  deu  ordem  para  tudo  embarcar,  que  Francisco 
de  Sousa,  primeiro  de  todos,  mandou  desferrar  as  velas  da  sua  nau  e,  «com 
a  pressa  de  voltar  ao  reino»,  foi  demandar  a  barra  sem  ordem  do  Governa- 
dor, que  mandou  atrás  dele  e  o  fez  tornar,  repreendendo-o  e  tirando-lhe  a 
capitania  da  nau,  «de  que  êle  ficou  muito  descontente».  Parece  ter  regres- 
sado ao  reino  nos  fins  de  i5io,  ou  na  armada  de  Duarte  de  Lemos,  que  che- 
gou no  ano  seguinte,  ou  na  de  Gonçalo  de  Sequeira,  que  só  em  i5i2  aportou 
a  Lisboa.  Depreendo  porem  de  dois  versos  do  próprio  Francisco  de  Sousa, 
ter  êle  voltado  na  primeira  daquelas  armadas,  pois  declara: 

Três  anos  ha  que  sam  fora 
quatro  mil  legoas  daquy. 

Os  três  anos  seriam  os  de  i5o9,  10  e  11  (2). 

Jã  então  estava  casado  com  D.  Antónia  de  Meneses,  filha  de  Afonso  Teles 
de  Meneses,  alcaide  mor  de  Campo  Maior  e  Ouguela,  casamento  de  amor, 
tendo  tido  o  noivo,  'segundo  leio  nalgumas  memórias,  de  ir  arrancar  a  sua 
amada  às  grades  do  mosteiro  de  Santos,  onde  ela  estava  recolhida.  Consta 
estar  já  então  celebrado  o  matrimónio  de  um  alvará,  feito  em  Almeirim  a  8 
de  Fevereiro  de  i5i  i,  pelo  qual  íoram  mandados  citar  para  partilhas  os  her- 
deiros de  Afonso  Teles  de  Meneses  e  de  D.  Joana  sua  mulher.  Eram  eles 
Gabriel  de  Brito  e  sua  mulher,  moradores  na  Merceana,  Tristão  da  Silva, 
morador  no  termo  de  Alenquer,  D.  Urraca,  moradora  em  Campo  Maior, 
D.  Antónia,  mulher  de  Francisco  de  Sousa,  moradores  em  Lisboa,  e  D.  Isa- 
bel, mulher  que  fora  de  D.  João  [Manuel],  camareiro  mor  (3). 

Na  armada  de  i5i6,  da  qual  era  capitão  mor  João  da  Silveira,  trinchante 
de  D.  Manuel,  tornou  Francisco  de  Sousa  à  índia,  capitaneando  a  nau  Luz 


(i)  Em  vários  passos  do  Cancioneiro  geral  se  encontra  repetidas  vezes  o  nonje  do 
poeta  galego  transformado  em  Maneias;  mas  não  eram  só  os  poetas,  também  os  prosadores 
empregavam  a  mesma  grafia,  por  exemplo,  João  de  Barros,  na  segunda  década  da  sua  Ásia, 
fl.  49,  lá  põe  a  Francisco  de  Sousa  a  alcunha  de  Maneias. 

(2)  Albuquerque  no  Cancioneiro,  no  Boletim  [da  Sociedade  de  Geografia  de  Lisboa] 

COMEMORATIVO  DO  V  CENTENÁRIO  DA  TOMADA  DE  CeUTA,  pág.    12. 

(3)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  fl.  529  mihi. 


Sousas  233 

que  se  perdeu  (i).  Ainda  voltou  ao  reino  e  só  veio  a  morrer  nas  proximi- 
dades de  Março  de  iSSg  (2). 

Foi  um  dos  melhores  poetas  do  Cancioneiro  onde  existem  trovas  suas 
feitas  em  Portugal,  antes  de  i5o4,  talvez  sendo  ainda  solteiro,  em  louvor  do 
claveiro,  D.  Diogo  de  Meneses,  apaixonado  por  D.  Felipa  de  Abreu  (3);  ou- 
tras escritas  na  índia,  em  Maio  ou  Novembro  de  i5io,  com  um  remoque  a 
Afonso  de  Albuquerque  (4);  e  mais  já  compostas  no  regresso  da  primeira 
ida  à  índia: 

Três  anos  ha  que  sam  fora 
quatro  mil  legoas  d'aquy, 
d'onde  afirmo  que  nam  vy, 
nem  menos  des  que  naçy, 
tam  genti!  dama  ate  gora. 
E  por  ysto  sey  dizer, 
que  quem  quer  que  vos  servir, 
que,  quanta  pena  sentyr, 
se  pagua  so  com  vos  ver  (5). 

Apesar  de  ser  já  então  casado,  a  «gentil  dama»  das  trovas  não  era  sua  mu- 
lher, mas  sim  D.  Joana  de  Mendoça,  futura  duquesa  de  Bragança.  E  outras 
muitas  trovas  suas  se  encontrarão  ainda  na  mesma  compilação. 

De  Francisco  de  Sousa  Maneias  foi  neto  Francisco  de  Sousa  de  Meneses, 
i."  copeiro  mor  na  sua  família  por  carta  de  18  de  Setembro  de  1579(6). 
Deste  foi  bisneto  Luís  de  Sousa  de  Meneses,  4.°  copeiro  mor,  que  casou  com 
D.  Maria  Ana  de  Noronha,  filha  de  D.  Sancho  Manuel,  i."  conde  de  Vila 
Flor,  em  sua  vida,  por  carta  de  23  de  Junho  de  1661  (7),  ampliada  a  mercê 
a  juro  e  herdade  e  tirada  uma  vez  fora  da  Lei  Mental,  por  alvará  de  23  de 
Agosto  de  1668  (8).  E  o  vencedor  da  batalha  do  Ameixial  em  8  de  Julho 
de  i663.     O  filho  primogénito  deste  célebre  general  foi  D.  Cristóvão  Manuel 


(i)  Archivo  histórico  portugue^,  111,  53-54. 

(2)  Feo,  Memorias  dos  Duques,  cit.,  pág.  3o6. 

(3)  Cancioneiro  geral,  fl.  146,  col.  5. — D.  Felipa  de  Abreu  era  filha  de  Duarte  da  Cunha, 
irmão  do  2°  Visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  e  já  estava  casada,  em  Fevereiro  de  i5o4, 
com  João  Soares,  fidalgo  da  casa  rial  {Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv,  21.»,  fl.  35  v.),  neto 
materno  de  Fernão  Soares  de  Albergaria,  senhor  do  Prado.  A  D.  Felipa  chama  «minha 
prima»  Álvaro  Pires  de  Távora,  e  na  realidade  eram  primos  em  segundo  grau  por  serem 
ambos  bisnetos  de  Álvaro  da  Cunha,  senhor  de  Pombeiro. 

(4)  Cit.  artigo  Albuquerque  no  Cancioneiro,  pág.  12. 

(5)  Cancioneiro  geral,  fl.  i5o,  col.  3. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  44."  de  Doações,  fl.  285. 

(7)  Doações  de  D.  Afonso  VI,  liv.  24.»,  fl.  162. 

(8)  Ibidem,  liv.  32.°,  fl.  20. 

VOL.  I  3o 


234  Brasões 

de  Vilhena,  2.°  conde  de  Vila  Flor  de  juro  e  herdade  em  1 1  de  Setembro 
de  1677  (i).  Morreu  a  17  de  Julho  de  1704,  deixando  unicamente  filhos 
legitimados,  do  mais  velho  dos  quais  proveio  a  moderna  varonia  da  casa  de 
Pancas,. e  passando  o  título  para  seu  sobrinho  Martim  de  ^ousa  de  Meneses, 
5.°  copeiro  mor,  que  foi  3.°  conde  de  Vila  Flor  de  juro  e  herdade  por  carta 
de  26  de  Janeiro  de  1709(2).  Foi  este  Conde  de  Vila  Flor  terceiro  avô  de 
António  José  de  Sousa  Manuel  de  Meneses  Severim  de  Noronha,  7.°  conde 
de  Vila  Flor,  marquês  da  mesma  vila  em  1827  (3),  duque  da  Terceira  de 
juro  e  herdade  por  decreto  de  8  de  Novembro  de  i832  (4)  e  carta  de  1 1  de 
Abril  de  i838  (5),  marechal  do  exército,  9.°  copeiro  mor.  Foi  o  comandante 
em  chefe  do  exército  libertador,  que  no  Mindelo  desembarcou  em  9  de  Julho 
de  i832;  foi  o  general  que  entrou  em  Lisboa  a  22  de  Julho  de  i833,  tendo 
derrotado  na  véspera  as  tropas  rialistas,  o  que  venceu  a  batalha  da  Assei- 
ceira, em  16  de  Maio  do  ano  seguinte,  e  aceitou  a  convenção  de  Évora  Monte, 
a  27  do  mesmo  mês.  Também  foi  várias  vezes  presidente  do  conselho  de 
ministros,  gerindo  a  pasta  da  guerra.  Morreu  a  26  de  Abril  de  1860;  foi 
depositado  em  S.  Vicente  de  Fora;  e  levantou-se-lhe  uma  estátua  de  bronze 
no  antigo  cais  do  Sodré  ao  fundo  da  rua  do  Alecrim,  hoje  praça  do  Duque 
da  Terceira.     Não  deixou  descendência. 

Havia  casado  por  duas  vezes:  a  primeira,  em  181 1,  com  D.  Maria  José 
do  Sacramento  de  Melo,  condessa  de  Vila  Flor,  que  morreu  em  1818,  e  era 
filha  dos  1.°'  Marqueses  de  Sabugosa;  a  segunda,  em  1821,  com  D.  Maria 
Ana  Filomena  de  Mendoça,  a  gentilíssima  duquesa  da  Terceira,  a  distintís- 
sima camareira  mor,  a  dedicadíssima  consorte,  que  era  filha  dos  1.°'  Mar- 
queses de  Loulé,  e  morreu  em  i  de  Julho  de  1866,  sendo  o  seu  corpo  depo- 


íi)  Doações  de  D.  Afonso  VI,  liv.  32.°,  fl.  20. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  F,  liv.  29.»,  fl.  325  v. 

(3)  Havendo  meu  augusto  pai,  de  saudosa  memória,  feito  expedir,  em  14  de  Janeiro  de 
i833,  como  regente  destes  reinos  o  decreto  seguinte: 

Tendo  eu  no  ano  de  1827,  na  qualidade  de  Rei  de  Portugal,  feito  mercê  ao  Duque  da 
Terceira,  então  Conde  de  Vila  Flor,  do  título  de  marquês  e  não  havendo  esta  minha  dispo- 
sição tido  então  o  seu  devido  efeito,  pelas  circunstâncias  calamitosas  que  sobrevieram  e 
que  desde  aquela  época  tem  pesado  sobre  este  desgraçado  país,  o  que  de  nenhuma  sorte 
deve  prejudicar  os  direitos  pelos  quais  o  referido  Duque  fora  naquele  tempo  agraciado,  hei 
por  bem,  em  nome  da  Rainha,  confirmar  ao  sobredito  Duque  da  Terceira  aquela  antiga 
mercê  do  título  de  marquês  de  Vila  Flor. 

Hei  por  bem  e  mando,  em  verificação  da  referida  mercê,  que  o  sobredito  Conde  de  Vila 
Flor  se  chame  Marquês  de  Vila  Flor  etc. . .  Paço  das  Necessidades,  1 1  de  Abril  de  i838. — 
Registo  de  Mercês  de  D.  Maria  II,  liv.  10. °,  fl.  14. 

(4)  Chronica  constitucional  do  Porto,  de  9  de  Novembro  de  i832. 

(5)  Registo  de  Mercês  de  D.  Maria  II,  liv.  10.»,  íi.  17. 


Sonsas  235 

sitado  no  mosteiro  dos  Jerónimos  de  Belêm,  e  transportado  no  dia  seguinte 
para  S.  Vicente  de  Fora  para  junto  do  marido. 

As  armas  dos  Copeiros  mores  Condes  de  Vila  Flor,  e  portanto  às  do 
Duque  da  Terceira,  eram:  esquartelado:  o  I  e  IV  também  esquartelado:  o 
I.''  e  4."  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul,  postos  em  cruz,  e  carregados 
cada  um  de  cinco  besantes  do  campo;  o  2.°  e  3.**  de  prata.  Hão  de  púrpura, 
armado  e  linguado  de  vermelho  (Sonsas);  o  II  e  III  ainda  esquartelado:  o 
[."  e  4.°  de  vermelho,  aza  de  oiro  terminada  por  uma  mão  de  encarnação, 
que  empunha  uma  espada  de  prata  guarnecida  de  oiro;  o  2."  e  3."  de  prata, 
Hão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul  (Maniieis  de  Vilhetia).  Sobre  o 
todo:  de  oiro  Hso  (Meneses).  Coroa  de  conde,  depois  de  duque.  Timbre: 
o  Hão  do  I.  ,  . 

Dos  Sousas  Chichorros  procederam  por  fêmea,  entre  outras  casas,  por 
linha  legítima,  a  dos  Sousas  Camelos,  senhores  de  Baião,  e  a  dos  Sousas  de 
Macedo,  viscondes  de  Mesquitela,  e  por  bastardia  a  dos  Sousas  Botelhos, 
condes  de  Vila  Rial. 

Os  senhores  de  Baião  procederam  de  D.  Fr.  Álvaro  Gonçalves  Camelo, 
prior  do  Crato  e  marichal  da  hoste  em  tempos  de  D.  João  I.  Era  o  Prior 
irmão  de  Vasco  Gonçalves  Camelo  a  quem  o  mesmo  soberano  fizera  mercê 
e  doação,  por  juro  de  herdade,  das  terras  de  Baião,  Lágia  e  outras,  as  quais 
tornou  a  doar,  por  morte  de  Vasco,  a  Álvaro  Gonçalves  Camelo,  filho  bas- 
tardo do  referido  Prior  do  Crato.  Casou  o  segundo  Álvaro  com  D.  Inês  de 
Sousa,  filha  de  Martim  Afonso  de  Sousa  Chichorro,  2.°  senhor  de  Mortágua, 
e  dela  teve  Luís  Álvares  de  Sousa,  sucessor  na  casa,  e  outros  filhos.  A  Luís- 
Alvares  foi  confirmado  de  juro  e  herdade,  por  carta  de  4  de  Novembro  de 
1434,  o  senhorio  das  terras  de  Baião,  Lágia  e  outras,  as  quais  por  sua  morte 
foram  confirmadas  a  João  Fernandes  de  Sousa,  por  carta  de  3  de  Junho  de 
i5oo,  «por  quanto  era  filho  o  primeiro  legítimo  que  as  ditas  terras  her- 
dava» (i).  Não  está  clara  a  redacção  deste  documento  e  parece  estar  em 
plena  discordância  com  os  nobiliários  antigos,  pois  todos  eles  íazem  a  João 
Fernandes  de  Sousa,  neto  de  Luís  Álvares  de  Sousa  por  seu  filho  Fernão 
Martins  de  Sousa.  Seja  porem  como  for,  nos  descendentes  de  Luís  Álvares 
de  Sousa,  que  foi  provedor  da  fazenda  do  Porto  desde  princípios  de  145 1, 
se  continuou  o  senhorio  da  terra  de  Baião,  tendo  todos  eles  deixado  obliterar 
o  apelido  de  Camelo,  da  sua  varonia,  para  usarem  só  do  de  Sousa,  o  qual 
transniitiram  aos  Viscondes  de  Balsemão  por  D.  Maria  de  Sousa,  neta  do 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  4.»,  fl.  19. 


236  Brasões 

referido  João  Fernandes  de  Sousa  e  mulher  de  António  Pinto  da  Fonseca, 
morgado  de  Balsemão. 

Francisco  de  Macedo,  criado  da  casa  do  senhor  D.  Duarte,  duque  de  Gui- 
marães, casou  com  D.  Felipa  de  Sousa  de  um  ramo  de  Sousas  proveniente 
de  Martim  Afonso  de  Sousa  Ghichorro,  2."  senhor  de  Mortágua,  por  um  seu 
filho,  conforme  alguns  dizem,  chamado  Afonso  Vasques  de  Sousa,  segundo 
marido  de  D.  Leonor  Lopes  de  Sousa,  senhora  de  Mafra,  Ericeira,  etc,  vilas 
de  que  por  sua  morte  seu  viúvo  se  apossou,  em  prejuízo  dos  enteados. 

De  Francisco  de  Macedo  e  D.  F^elipa  de  Sousa  foi  neto  António  de  Sousa 
de  Macedo^  notável  jurisconsulto,  diplomata,  estadista  e  escritor,  a  quem  a 
causa  da  Restauração  deveu  muito  valiosos  e  prestantes  serviços.  Morreu 
em  I  de  Novembro  de  1682,  deixando  único  filho  a  Luís  Gonçalo  de  Sousa 
de  Macedo,  a  quem  D.  Afonso  VI,  em  satisfação  dos  serviços  de  seu  pai, 
dera,  por  carta  de  27  de  Setembro  de  1666,  o  título  de  barão  da  Ilha  Grande 
de  Joanes,  em  sua  vida  (i),  me'rcê  ampliada  a  mais  duas  vidas  por  alvará  de 
27  de  Maio  de  1667  (2).  Deste  Barão  foi  neto  Luís  de  Sousa  de  Macedo, 
3.°  barão  da  Ilha  Grande,  a  quem  foi  tirado  o  senhorio  da  ilha,  dando-se-lhe 
em  satisfação  o  título  de  visconde  de  Mesquitela  de  juro  e  herdade,  dispen- 
sada três  vezes  a  Lei  Mental,  e  mais  três  mil  cruzados  de  renda  anual,  tam- 
bém nas  mesmas  condições  (3).  Foi  o  Visconde  de  Mesquitela  tenente  ge- 
neral do  exército  e  morreu  a  7  de  Outubro  de  1783,  deixando  da  viscondessa, 
D.  Joana  Antónia  de  Sampaio  e  Lima,  duas  filhas  das  quais  a  primogénita, 
D.  Maria  José  de  Sousa  de  Macedo,  casou  em  1772  com  D.  José  Francisco 
da  Gosta  e  Sousa,  armeiro  mor  da  Casa  Rial,  criado  visconde  de  Mesquitela, 
depois  da  morte  do  sogro,  por  carta  de  20  de  Junho  de  1787,  em  verificação 


(i)  Tendo  respeito  aos  serviços  que  António  de  Sousa  de  Macedo,  do  meu  conselho  e 
meu  secretário  de  Estado,  me  tem  feito  por  espaço  de  vinte  e  cinco  anos  contínuos  até  27 
de  Maio  deste  ano,  assim  dentro  neste  reino,  nos  maiores  lugares  da  justiça  e  fazenda,  e  ou- 
tros negócios  de  importância,  como  fora  dele  nas  embaixadas  em  que  o  tive  ocupado  mais 
de  sete  anos,  sendo  ultimamente  embaixador  aos  Estados  Gerais  das  Províncias  Unidas,  e 
muito  em  particular  aos  que  me  tem  feito  no  cargo  de  meu  secretário  de  Estado,  em  tempo 
que,  por  mercê  de  Deus,  se  alcançaram  sucesos  muito  gloriosos  em  grande  reputação  desta 
Coroa,  e  desejar  por  todas  estas  raaões,  por  sua  qualidade  e  memória  de  seus  avós,  fazer-lhe 
honra  e  mercê,  me  praz  e  hei  por  bem  fazer-lha  do  título  de  barão  da  Ilha  Grande  de  Joa- 
nes, no  estado  do  Maranhão,  de  que  o  dito  António  de  Sousa  de  Macedo  é  donatário,  para 
seu  filho  Luís  Gonçalo  de  Sousa  de  Macedo,  etc.  —  Doações  de  D.  Afonso  VI,  liv.  28.", 
fl.  219. 

(2)  Ibidem,  fl.  Sig  v. 

(3)  Decreto  de  2  de  Maio  de  1754  {Ga^^etas  de  Lisboa  de  9  e  16  de  Maio),  e  carta  de  28 
do  mesmo  mês  (liv.  45."  da  Chancelaria  de  D.  José,  fl.  32i). 


Sousas  287 

da  primeira  vida  fora  da  Lei  Mental  (1).  Morreu  o  Visconde  em  1802  e  a 
Viscondessa  em  1816,  deixando  por  sucessor  da  casa  a  seu  filho  primogénito, 
D.  Luís  da  Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albuquerque,  3.°  visconde  de  Mes- 
quilela  de  juro  e  herdade,  por  carta  de  29  de  Agosto  de  1798  (2),  e  1.°  conde 
de  Mesquitela  em  sua  vida,  por  carta  de  28  de  Fevereiro  de  i8í8  (3). 
Deste  provieram  os  demais  Condes,  o  2."  dos  quais,  D.  João  Afonso  da 
Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albuquerque,  foi  feito  duque  de  Albuquerque, 
em  sua  vida,  por  decreto  de  19  de  Maio  de  1886  (4),  e  morreu  sem  descen- 
dência a  24  de  Setembro  de  1890,  passando  o  título  de  conde  a  seu  irmão 
imediato,  D.  Luís  António  da  Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albuquerque, 
também  já  falecido. 

As  armas  dos  primeiros  Viscondes  de  Mesquitela  eram:  escudo  partido: 
o  I  cortado:  no  i."  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul  em  cruz,  cada  um  car- 
regado de  cinco  besantes  do  campo;  no  1°  de  prata,  lião  de  púrpura,  armado 
e  linguado  de  vermelho  (metade  de  Sousas)]  o  11  de  azul,  cinco  estrelas  de 
seis  pontas  de  oiro  (Macedo).    Timbre:  o  lião. 

Sobre  a  porta  principal  do  palácio  de  Mateus,  nas  visinhanças  de  Vila 
Rial,  vêem-se  estas  armas:  esquartelado:  no  I  uma  águia,  no  II  uma  cruz 
florida,  no  III  uma  torre,  e  no  IV  quatro  bandas.    Suportes:  dois  liÕes. 

O  I  quartel  é  dos  Aguiares,  não  há  dúvida,  pois  que  veio  à  casa  pela  va- 
ronia  dos  Mourões  da  Cumieira;  o  III  é  o  destes,  faltando-lhe  as  duas  faxas 
entre  as  quais  deve  estar  metido  o  castelo;  o  IV  é  dos  Botelhos;  mas  o  II 
não  sei  a  que  família  pertença.  Cruz  florida  simples,  sem  mais  peça  a  acom- 
panhá-la, trazem  os  Pereiras,  Meiras,  Meireles  e  Portos,  mas  não  encontro 
grande  plausibilidade  em  existirem  armas  destas  famílias  no  brasão  dos  mor- 
gados de  Mateus. 

Este  vínculo  parece  ter  sido  instituído  em  1620  pelo  dr.  António  Alvares 
Coelho,  que  o  deixou  a  sua  filha  Maria  Coelho,  mulher  do  dr.  Matias  Alvares 
Mourão.  Estes  cônjuges,  achando-se  sem  filhos,  nomearam  o  morgado  em 
outro  Matias  Alvares  Mourão,  sobrinho  de  ambos,  como  lhe  chamam,  sem 
que  isso  tosse  rigorosamente  exacto.  O  segundo  Matias  era  neto  por  sua 
mãe,  D.  Joana  Mourão,  de  Diogo  Alvares  Mourão,  irmão  do  primeiro  Ma- 
tias; e  por  seu  pai,  Domingos  Botelho  Ribeiro,  era  neto  de  Paula  de  Figuei- 


(1)  Chancelaria  de  D.  Maria  I,  liv.  3o.%  fl.  aTi  v.;  Mercês  de  D.  Maria  I,  liv,  21.», 
fl.  364. 
,       (2)  Mercês  de  D.  Maria  1,  liv.  27.*,  fl.  i5g. 

(3)  Mercês  de  D.  João  VI,  liv.  i3.«,  fl.  43  v. 

(4)  Diário  do  Governo  de  22. 


238  Brasões 

redo,  irmã  de  António  Alvares  Coelho,  o  instituidor  do  vínculo.  Isto  posso 
depreender  do  pouco  que  sei  desta  gente. 

Aqueles  dois  irmãos,  Matias  Alvares  Mourão  e  Diogo  Alvares  Mourão, 
seguiram  ambos  os  lugares  de  letras  e  foram  muito  unidos.  Matias  habili- 
tou-se  para  aqueles  cargos  em  i653,  Diogo  em  i656.  Pelo  processo  deste 
se  sabe  terem  eles  sido  naturais  da  freguesia  da  Cumieira,  filhos  de  Bilchior 
de  Aguiar  Ferreira  e  de  sua  mulher  D.  Isabel,  moradores  na  sua  quinta  de 
Lago  Bom  da  mesma  freguesia,  netos  paternos  do  licenciado  Amaro  Gon- 
çalves de  Aguiar  e  de  sua  mulher  Margarida,  moradores  na  referida  quinta, 
e  netos  maternos  de  Diogo  Alvares  Mourão  e  de  sua  mulher  Maria  de  Aze- 
vedo, moradores  na  sua  quinta  da  Cumieira  (i).  Dos  processos  também 
consta  que  ambos  os  habilitandos  eram  ao  tempo  casados;  não  se  lhes  no- 
meiam porem  as  mulheres,  e  só  de  Diogo  se  diz  que  ela  era  sua  prima. 

Matias  Alvares  Mourão  foi  doutor  em  leis,  e,  sendo  já  lente  de  substituta, 
foi  eleito  colegial  de  S.  Paulo  em  24  de  Fevereiro  de  1645.  Ainda  regeu 
outras  cadeiras,  e  serviu  de  deputado  da  Mesa  da  Consciência  e  Ordens,  e 
de  desembargador  titular  da  Relação  do  Porto  (2). 

Diogo  Alvares  Mourão  havia  sido  eleito  colegial  canonista  de  S.  Pedro 
em  25  de  Fevereiro  de  1649,  e  foi  lente  da  cadeira  de  sexto,  juiz  do  fisco  de 
Coimbra  e  desembargador  do  Porto  (3).  Regeu  também  outras  cadeiras,  e 
ainda  era  vivo  em  16  de  Maio  de  1662,  quando  foi  nomeado  para  a  de  de- 
creto, conforme  diz  Barbosa  Machado,  que  a  ele  e  a  seus  escritos  se  re- 
fere (4). 

Para  prova  da  amisade,  que  disse  ter  existido  entre  os  dois  irmãos,  trans- 
creverei uma  inscrição  que  foi  posta  na  capela  de  Nossa  Senhora  da  Con- 
ceição da  igreja  de  S.  Pedro  de  Coimbra:  Esta  capella  mandou  fa\er  o 
Dr.  Mathias  Alvares  Mourão,  Cavalr.°  do  Habito  de  xp'o  Collegial  e  Reytor 
que  foi  do  Collegio  de  S.  Paulo  Lente  de  Véspera  de  Leys  De{.°'':  Nella  está 
sepultado  seu  irmão  o  Z).*""  Diogo  Alvares  Mouram  Jiii\  do  Fisco,  Collegial 
e  Reytor  que  foi  do  Collegio  de  S.  Pedro,  Lente  do  Decreto,  e  ambos  forão 
os  primeiros  juizes  desta  Irmd.^  de  N.  S.  da  ConJ^"*  (5). 

Matias  Alvares  Mourão  não  teve  filhos  de  sua  nomeada  mulher;  Diogo 
Alvares  Mourão  parece  porém  ter  tido  uma  filha  natural,  chamada  D.  Joana 
Mourão,  que  foi  sua  herdeira,  e  casou  com  Domingos  Botelho  Ribeiro,  ter- 


(i)  Leitura  de  bacharéis,  mac.  3.°,  let.  D.,  n."  24. 

(2)  D.  José  Barbosa,  Memorias  do  Collegio  de  S.  Paulo,  pág.  162,  n.°  no. 

(3)  Manuel  Pereira  da  Silva  Leal,  Catalogo  dos  collegiaes  de  S.  Pedro,  pág,  23,  n.»  98. 

(4)  Bibliotheca  lusitana,  vol.  IV,  pág.  95. 

(5)  P.  Luís  Montês  Matoso,  Memorias  sepulchraes,  fl.  118. 


i 


Sousas  289 

ceiro  neto,  segundo  dizem,  de  Helena  Botelho  Correia  e  de  seu  marido 
António  Machado,  neto  de  outro  António  Machado,  filho  bastardo  de  Pedro 
Machado,  i.°  senhor  de  Entre  Homem  e  Cávado  por  compra,  que  lhe  foi 
confirmada  em  1450. 

De  Domingos  Botelho  Ribeiro  e  de  D.  Joana  Mourão  foi  filho  o  segundo 
Matias  Alvares  Mourão,  acima  referido,  senhor  do  morgado  de  Mateus. 
Casou  com  sua  prima  D.  Maria  Coelho,  filha  de  Cristóvão  Alvares  Coelho, 
colegial  de  S.  Pedro  em  1660,  desembargador  de  agravos,  chanceler  do 
Porto,  e  deputado  da  Mesa  da  Consciência,  e  de  sua  mulher  D.  Brites  de 
Barros  e  Faria.  Deste  casamento  nasceu  António  Botelho  Mourão,  fidalgo 
cavaleiro  por  alvará  de  1 5  de  Junho  de  17 17,  senhor  do  morgado  de  Mateus, 
onde  começou  a  edificação  do  soberbo  palácio  que  lá  se  vê,  cavaleiro  da  or- 
dem de  Cristo,  e  tenente  coronel  de  cavalaria.  Morreu  em  1746,  tendo  ca- 
sado em  1721  com  D.  Joana  Maria  de  Sousa,  senhora  dos  morgados  de  Mo- 
roleiros  e  Ponteias,  que  morreu  em  1728,  e  era  filha  herdeira  de  D.  Luís 
António  de  Sousa,  e  de  D.  Bárbara  Mascarenhas  de  Queirós,  sephora  da  casa 
dos  Queiroses  de  Amarante.  D.  Luís  António  de  Sousa,  filho  natural  do 
2.*  Marquês  das  Minas,  foi  general  de  batalha  e  governador  das  armas  do 
Minho,  e  morreu  em  1749,  tendo  nascido  em  1671. 

De  António  Botelho  Mourão  foi  neto  o  famoso  morgado  de  Mateus, 
D.  José  Maria  de  Sousa  Botelho  Mourãp  e  Vasconcelos,  ministro  em  Paris, 
que  na  sua  magnifica  edição  dos  Lusíadas  levantou  um  digno  monumento  à 
glória  de  Luís  de  Camões,  Deste  Morgado  foi  filho  o  i."  Conde  de  Vila 
Rial  (decreto  de  3  de  Julho  de  1823),  avô  do  actuai  3."  Conde  (decreto  de 
24  de  Fevereiro  de  i858).  , 

As  armas  dos  modernos  Condes  de  Vila  Rial  são:  escudo  partido:  o  I 
esquartelado:  o  i.°  e  4."  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul  em  cruz,  carre- 
gados cada  um  de  cinco  besantes  do  campo,  2.°  e  3.*  de  prata,  lião  de  púr- 
pura, armado  e  linguado  de  vermelho  (Sousa);  o  II  de  oiro,  quatro  bandas 
de  vermelho  (Botelho).    Timbre:  um  dos  liÕes. 

Antes  de  terminar  o  capítulo  referir-me-hei  a  uma  fábula  inventada  por 
um  Cónego  de  Santa  Cruz,  perfilhada  e  ampliada  por  um  Teatino. 

Em  1387,  em  seguida  ao  seu  casamento,  escolheu  D.  João  I  as  pessoas 
que  haviam  de  servir  a  rainha  D.  Felipa  e  entre  elas  nomeou  vedor  de  sua 
casa  a  Afonso  Martins,  «que  depois  foi  Prior  de  Santa  Cruz»  (i). 

De  roda  desta  indicação  teceu  D.  Nicolau  de  Santa  Maria,  cronista  de 


(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  I,  part.  11,  pág.  228. 


240  •  Brasões 

Santa  Cruz  de  Coimbra,  a  tal  mal  urdida  fábula,  género  por  êle  muito  cul- 
tivado. Afirma  ter  Afonso  Martins  sido  filho  de  Martim  Afonso  de  Sousa, 
a  quem  acompanhara  na  batalha  de  Aljubarrota;  haver  casado  com  D.  Maior 
Rodrigues,  filha  de  Rui  Vasques  Ribeiro,  «fidalgo  bem  conhecido  e  estimado 
dei  rei  D.  João  I»;  ter  dela  tido  um  filho,  «por  nome  Fernão  Afonso,  que 
estudou  e  se  fez  doutor  em  Leis  na  Universidade  de  Bolonha,  e  foi  Desem- 
bargador dei  Rey» ;  e,  finalrpente,  haver  professado,  depois  de  viúvo,  em  22 
de  Junho  de  1887  (i). 

Vamos  desembrulhar  a  meada. 

Martim  Afonso  de  Sousa,  combatente  na  batalha  de  Aljubarrota,  foi  o 
2.°  senhor  de  Mortágua  e  entre  os  seus  filhos  nenhum  nobiliário  antigo  no- 
meia Afonso  Martins.  Isto  seria  bastante  para  pôr  de  parte  tal  filiação,  que 
se  não  funda  em  nenhum  documento;  mas,  para  mostrar  toda  a  falsidade  da 
invenção,  há  maior  prova  ainda. 

Afonso  Martins  casou,  diz  o  cronista  de  Santa  Cruz,  com  D.  Maior  Ro- 
drigues, filha  de  Rui  Vasques  Ribeiro,  e  depois  de  enviuvar  professou  em 
iSSy.  Ora  Rui  Vasques  Ribeiro  só  veio  a  casar  passados  trinta  e  seis  anos, 
precedendo  instrumento  de  dote  e  arras  feito  em  8  de  Maio  de  1423  (2). 

Não  julgo  necessário  mais  prova  para  mostrar  ser  toda  esta  história  uma 
das  muitas  falsidades,  de  que  Fr.  Nicolau  de  Santa  Maria  é  hoje  réu  con- 
victo. 

D.  Amónio  Caetano  de  Sousa,  genealogista  cortesão,  não  se  contentou 
em  aceitar  toda  a  invenção  do  Cónego  de  Santa  Cruz,  mas  ainda  foi  mais 
longe,  e  vem-nos  dizer  que  o  tal  dr.  Fernão  Afonso,  filho  do  prior  Martim 
Afonso,  foi  o  dr.  Fernão  Afonso  da  Silveira,  pai  do  dr.  João  Fernandes  da 
Silveira,  i.°  barão  de  Alvito  (3).  Isto  é:  a  homens  de  baixa  extração  pre- 
tende filiar  numa  das  mais  ilustres  gerações  de  Portugal.  O  argumento  de- 
duzido dos  dizeres  de  Xisto  Tavares  no  seu  Nobiliário  chega  a  ser  infantil, 
visto  que  êle,  entre  os  filhos  de  Martim  Afonso  de  Sousa,  não  nomeia  o 
Prior  de  Santa  Cruz. 

As  palavras  escritas  por  Xisto  Tavares  no  seu  Nobiliário,  ou  melhor 
Livro  das  Principaes  Linhagens  de  Portugal  (pág.  681  da  minha  cópia), 
são  realmente  as  transcritas  na  Historia  genealógica:  «O  Doutor  Fernando 
Afonso  da  Silveira,  filho  do  Prior  de  Santa  Cruz,  foi  homem  honrado  em 
tempo  dei  Rey  D.  João  o  primeiro,  foi  Desembargador  do  Paço,  foi  casado 


(i)  Chronica  da  Ordem  dos  Cónegos  regrantes  de  Santo  Agostinho^  part.  11,  liv,  ix, 
cap.  24. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  4.°,  fl.  63. 
{3)  História  genealógica,  Xll,  y\3.      • 


Sousas  «    241 

com  Gateriíia  Teixeira,  filha  de  de  que  houve  a  João  Fernandes 

da  Silveira.» 

Depois  de  as  transcrever  continua  D.  António  Caetano  de  Sousa:  «Não 
nomeou  quem  era  o  Prior  como  pessoa  conhecida  naquele  tempo.»  Sucede 
porem  não  o  ter  Xisto  Tavares  nomeado  aqui,  nem  tampouco  quando  enu- 
merou os  filhos  de  Martim  Afonso  de -Sousa,  pois  apenas  lhe  dá,  alem  de 
filhas,  três  filhos,  um  legítimo,  Gonçaleanes  de  Sousa,  e  dois  bastardos, 
Martim  Afonso  de  Sousa  e  Pêro  de  Sousa  (pág.  207).  ^Ora  se  o  Prior  fosse 
realmente  pessoa  conhecida  não  seria  nomeado  entre  os  filhos  do  suposto  pai? 
Não  há  que  duvidar;  mas  não  foi  nomeado,  porque  nunca  teve  tal  ascen- 
dência. 

D.  António  de  Lima  no  seu  Nobiliário  não  indica  a  filiação  do  dr.  Fernão 
Afonso  da  Silveira,  e  diz  que  a  mulher  dele  era  filha  de  «hum  çapateiro  de 
Torres  Vedras.» 

Sem  exageros  para  um  lado,  nem  para  o  outro,  escreve  o  autor  do  No- 
biliário quinhentista  Já  por  vezes  citado:  «O  doutor  fernão  dafomso  da  sil- 
ueyra  foy  hú  ome  homrrado  e  dautoridade  em  tempo  delrey  dom  joaõ  o  pri- 
meyro  e  foy  casado  com  catrina  teyxeira  filha  de  de  que  ouue  hú 

filho  por  nome  o  doutor  joaõ  fernandes  da  silueyra.»  (i) 

Fiquemos  com  este  e  cortemos  sércio  o  ramo  enxertado  no  velho  tronco 
dos  Sousas. 

IV. 

A   CASA   DE    SOUSA   NOS   FINS   DO   SÉCULO    XIII 

D.  Constança  Mendes,  a  segunda  filha  do  rico  homem  D.  Mem  Garcia 
de  Sousa  referida  na  pág.  206,  sucedeu  em  grande  parte  da  casa  de  seu  tio 
o  conde  D.  Gonçalo  Garcia,  a  qual  se  não  partilhou  sem  litígio  a  que  pôs 
fim  a  sentença  de  2  de  Setembro  de  1288,  à  qual  lá  mais  adiante  aludirei. 
Era  Já  então  D.  Constança  casada  com  D.  Pedro  Eanes  de  Portel,  rico  ho- 
mem, filho  do  famoso  mordomo  mor  e  valido  de  D.  Afonso  III,  D.  João  Pe- 
res de  Aboim,  fundador  da  vila  de  Portel  e  senhor  de  uma  tam  grande  casa 
que  dos  títulos  de  seus  bens  se  fez  um  registo  especial  guardado  no  Arquivo 
Nacional  da  Torre  do  Tombo.  Intitula-se  o  cartulário  Liuro  do  Registo  das 
cartas  dos  bees  e  erãcas  q  dÕ  loam  de  portei  teiie  nestes  reinos,  e  acha-se 
hoje  impresso  no  vol.  iv  e  seguintes  do  Archivo  histórico  portuguez  e  em 
separata,  com  este  frontispício:  Livro  dos  bens  de  D.  João  de  Portel  cartu- 
lário do  século  XIII  publicado  por  Pedro  A.  de  A\evedo  Primeiro  Conserva'- 


(1)  Pág.  247,  n.»  I. 

YOL.  I  '  3l 


242  Brasões 

dor  da  Torre  do  Tombo  precedido  de  uma  Noticia  histórica  por  Anselmo 
Braamcamp  Freire.  Edição  do  Archivo  histórico  portiigue:[  igo6-jgio. 
4.°  grande  de  civ-186  págs.  e  seis  estampas.  A  edição  em  separado  foi  de 
cento  e  um  exemplares. 

E  a  propósito  destes  Aboins  e  Porteis,  em  quem  chegou  a  estar  a  repre- 
sentação da  casa  de  Sousa  e  que  a  transmitiram  a  seus  descendentes  por 
linha  feminina,  seja-me  permitido  tratar  deles  neste  capitulo  especial. 

Com  a  margem  direita  do  Lima  estremava  o  antigo  couto  da  Nóbrega. 
Neste,  no  meio  de  suas  altas  montanhas,  fundou  D.  Òrigo  Oríguiz,  por  or- 
dem do  nosso  primeiro  rei,  o  forte  castelo  da  Nóbrega,  e  D.  Afonso  Henri- 
ques deu-lhe  por  isso  dois  casais  de  Panelas  na  freguesia  de  S.  Martinho  de 
Paço  Vedro  (i);  e  não  lhe  daria  só  isso. 

Naquele  mesmo  julgado  da  Nóbrega  possuiu  D.  Origo  muitos  bens,  e 
entre  outros,  na  freguesia  de  Santa  Maria  de  Santa  Azias,  uma  quinta  cha- 
mada de  Grastafroia,  à  qual  ele  foi  anexando  em  roda  várias  terras,  a  que  ia 
pondo  marcos,  e  por  esta  forma  Juntando  grande  parte  da  paróquia  à  quinta. 
Por  fim  entendeu-se  com  o  Abade  de  Ermelo,  e  dividiram  a  freguesia  entre 
si,  ficando  el  Rei  sem  nada  (2).  Por  estas  e  outras  é  que  foram  ordenadas 
as  Inquirições. 

Também  possuiu  prédios  na  freguesia  de  S.  João  de  Grovelas  (3),  e  nou- 
tras da  terra  da  Nóbrega,  e  muitos  mais  bens  teria,  que  não  vêem  clara- 
mente indicados  nas  Inquirições;  por  exemplo:  na  freguesia  de  Santa  Maria 
de  Aboim,  de  que  el  Rei  não  tinha  o  padroado,  nem  lá  possuia  reguengo 
nenhum,  pelo  que  se  pode  conjecturar  seria  grande  parte  da  freguesia  da 
família  de  D.  Origo. 

Na  paróquia  de  S.  Martinho  de  Paço  Vedro,  onde  D.  Origo  tinha  os  tais 
dois  casais  de  Penelas,  aparece  uma  herdade  que  fora  de  Elvira  òríguiz  (4), 
certamente  a  rnesma  D.  Elvira,  que  deu  o  nome  ao  alto  de  uma  serra  na 
próxima  freguesia  de  S.  Mamede  de  Goido,  e  perto  da  torre  e  paço  de  Vila 
Verde,  que  foi  desta  gente  (5).  Esta  D.  Elvira  Òríguiz  é  decerto  a  mulher 
de  D.  Lourenço  Mendes  de  Gundar  (6). 


(i)  Inquirições  de  D.  Afonso  II  do  ano  de  1220.  —  Portugaliae  monumenta  histórica. 
Inqusitiones^  pág.  38. 

(2)  Inquirições,  cit.  pág.  37 

(3)  Ibidem,  "pâ^.  117. 

(4)  Ibidem,  pág.  1 19. 

(5)  Carvalho  da  Costa,  Corografia,  I,  236. 

(6)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro.  —  Portugaliae  monumenta  histórica.    ScriptoreSy 
pág.  369. 


Sousas    •  243 

Nas  Inquirições,  que  vou  citando,  são  frequentes  os  nomes  de  Origo,  e 
os  patronímicos  de  Origuiz,  em  pessoas  herdadas  no  julgado  da  Nóbrega,  e 
mesmo  nas  testemunhas  chamadas  pela  alçada,  que  procedia  à  devassa. 
Nas  Inquirições  do  ano  de  i258,  onde  também  se  repete  a  apontada  fre- 
quência, já  aparcem,  aquele  nome  e  patronímico,  escritos  com  outra  grafia: 
Onrico  ou  Onrigo,  e  Onríguiz. 

Nestas  Inquirições  de  i258,  quando  o  tribunal  chegou  à  terra  da  Nóbrega, 
também  lá  encontrou  herdados  a  D.  Pedro  Onríguiz  e  Fernando,  Martim  e 
Onrigo  Onríguiz,  que  deveriam  ser  todos  irmãos,  e  que  estavam  de  posse 
da  igreja  de  Santa  Maria  de  Covas  (1).  Na  freguesia  de  Santiago  de  Vila 
Chan  toparam  uma  certa  Marina  da  Várzea,  proprietária  de  uma  casa,  onde 
Pedro  Onríguiz  poisava  de  cada  vez  que  lá  ia  (2);  e  na  paróquia  de  Santa 
Maria  de  Santa  Azias  encontraram  um  certo  Pedro  Zano,  que  se  escusava 
de  pagar  foro  a  el  Rei  sob  pretexto  de  ter  criado  a  D.  João  de  Aboim.  (3). 

.  Este  D.  João  de  Aboim  era  filho  daquele  D.  Pedro  Onríguiz  e  também 
aparece  muita  vez  nomeado  nestas  Inquirições,  com  bens  em  S.  Mamede  de 
Vila  Verde  e  Santa  Maria  de  Santa  Azias  (4).  Todavia  advertirei,  que  ainda 
ao  tempo  destas  Inquirições,  1268,  não  possuía  D.  João,  apesar  de  já  se  cha- 
mar de  Aboim,  a  casa  de  Santa  Maria  de  Aboim,  a  qual  só  no  ano  de  1270 
alcançou,  como  logo  direi,  quando  esboçar  a  vida  dele.  Aquela  quinta  de 
Aboim,  solar  destes,  foi  achada  honrada  nas  Inquirições  de  D.  Denis,  mas 
pouco  tempo  permaneceu  na  família,  pois  que  no  reinado  de  D.  Afonso  V 
foi  comprada  por  um  Fernão  Martins,  criado  do  Arcebispo  de  Braga.  O 
comprador,  por  não  ser  fidalgo,  pediu  a  el  Rei  que  lhe  desse  privilégio  para 
poder  usar  das  honras  da  quinta,  o  que  lhe  foi  concedido  (5). 

Por  tudo  isto  vê-se,  que  D.  Origo  Origuiz,  «aquele  que  tomara  a  terra 
aos  Mouros»  (6),  não  só  lá  fundou  o  castelo  da  Nóbrega,  como  lá  assentou 
casa  e  viveu,  e  não  só  êle,  mas  também  seus  descendentes.  É  pois  D.  Origo 
Origuiz  considerado,  e  com  razão,  o  progenitor  das  antigas  linhagens  da  Nó- 
brega e  de  Aboim,  até  às  quais  é  impossível  com  fundamento  seguro,  e  até 
por  simples  conjecturas  prováveis,  remontar  as  modernas  famílias  daqueles 
apelidos.     Tenham  paciência,  se  alguns  teem  essa  presunção. 


(1)  Inquirições  de  D.  Afonso  III  do  ano  de  i258.  —  Portugaliae  monumenta  histórica. 
Inguisitiones,  pág.  410. 

(2)  Ibidem,  pág.  41 3.  ,  • 

(3)  Ibidem^  pág  414. 

(4)  Ibidem,  págs.  410,  414. 

(5)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fi.  270. 

(6)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  cit.,  pág.  Sóg,  havendo  manifesto  anacronismo  no 
dito. 


244  Brasões 

São  as  armas  dos  Aboins  modernos:  esquartelado:  o  I  e  IV  enxequetado 
de  oiro  e  azul  de  cinco  peças  em  faxa  e  cinco  em  pala;  o  II  e  III  de  oiro, 
três  palas  de  azul.  Timbre:  dois  braços  vestidos  de  azul,  segurando  entre 
si  um  taboleiro  de  xadrez  de  oiro  e  azul,  de  cinco  casas  em  faxa  e  cinco  em 
pala,  e  encaixilhado  de  oiro(i).  De  armas  muito  diversas  usou  porém  o 
mordomo  mor  D.  João  de  Aboim,  como  lá  adiante  veremos. 

As  armas  dos  Nóbregas  são:  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho.  Tim- 
bre: Hão  aleopardado  de  oiro  carregado  de  uma  pala  de  vermelho  (2). 

A  Manuel  da  Nóbrega  foi  passada,  em  11  de  Março  de  i6o5,  uma  carta 
de  brasão  com  as  armas  dos  Nóbregas,  mas  com  um  timbre  muito  diverso, 
pois  se  lhe  deu  por  tal  um  açor  volante  de  negro,  armado  e  membrado  de 
oiro  (3).  Admira  isto  por  o  agraciado  ser  neto  do  dr.  Gaspar  da  Nóbrega, 
a  quem  se  passou  carta  de  brasão  em  iSSy  com  o  timbre  de  leopardo  (4). 
Entretanto  o  timbre  do  açor  é  apontado,  como  sendo  o  dos  Nóbregas,  em 
alguns  livros  de  armaria  (5).  Vilasboas  na  Nobiliarchia,  e  Fr.  Manuel  no 
Thesouro,  sobrepõem  o  açor  ao  escudo,  o  que  não  é  aceitável.  Lembra-me 
que  o  açor  fosse  dado  como  diferença  por  Manuel  da  Nóbrega  ser  filho  se- 
gundo de  um  filho  também  segundo  do  dr.  Gaspar  da  Nóbrega. 

Conhecidos  o  solar  e  as  armas,  passarei  a  escrever  a  genealogia  da  fa- 
míHa. 


D.  OURIGO,  O  VELHO,  DA  NÓBREGA,  é  o  primeiro  da  linhagem, 
despresando  ascendências  fundadas  em  conjecturas.  O  Livro  Velho  das  li- 
nhagens nomeia-o,  referindo-lhe  o  casamento  e  chamando-lhe  D.  Eurigo  da 
Nhovregua  (6).  O  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro  chama-lhe  dom  Origo,  o 
velho  da  Nhovrega  (7).  Preferi  a  grafia  Ourigo  por  causa  do  Ouríguiz,  pa- 
tronímico dado  nos  livros  de  linhagens  a  seus  filhos. 

Viveu  D.  Ourigo  da  Nóbrega  na  primeira  metade  do  século  xiii,  visto 
haver  notícias  de  seu  sogro  em  1228  ser  já  senhor  de  casa  e  pessoa  impor- 
tante, e  em  i258  falecido.  Não  pode  pois  D.  Ourigo  ter  sido  o  Oorigo  Ori- 
guiz,  fundador  do  castelo  da  Nóbrega  por  ordem  de  D.  Afonso  Henriques, 


(i)  Armaria  portuguesa,  apêndice  ao  Archivo  histórico  portuguez,  pág.  2, 

(2)  Ibidem,  pág.  353. 

(3)  José  de  Sousa  Machado,  Brasões  inéditos,  n."  371,  e  a  descrição  do  brasão  no  No- 
biliário coordenado  por  Jorge  Salter  de  Mendonça,  ms,  em  meu  poder,  vol.  xvii,  fl.  92. 

(4)  Armaria  portugue^a^  cit.,pág.  353. 

(5)  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  20;  Thesouro  de  Coelho,  fl.  39. 

(6)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Scriptores,  pág.  169. 

(7)  Supra,  pág.  356. 


Sonsas  245 

cujo  reinado  terminou  em  11 83;  mas  foi  decerto  seu  descendente  ou  parente. 
Fidalgo  era  ele;  o  seu  casamento  o  prova.  Consta  ter  sido  senhor  da  terra 
da  Nóbrega,  e  padroeiro  do  mosteiro  de  S.  Martinho  de  Crasto.  Casou  com 
D.  Maria  Lourenço,  filha  de  D.  Lourenço  Fernandes  da  Cunha,  2.°  senhor 
da  honra  da  Tábua,  senhor  da  Cunha  Velha,  padroeiro  dos  conventos  de 
S.  Simão  da  Junqueira,  S.  Salvador  de  Souto,  Santo  Estêvão  de  Vilela,  e 
das  igrejas  de  S.  Miguel  da  Cunha  e  de  Santa  Maria  da  Tábua,  e  de  sua 
mulher  D.  Sancha  Lourenço  de  Maceira,  filha  de  Lourenço  Gomes  de  Ma- 
ceira,  companheiro  do  genro  no  cerco  e  tomada  de  Sevilha,  no  ano  de 
1248. 

De  D.  Ourigo  da  Nóbrega,  o  Velho,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  Lourenço, 
foram  filhos  os  seguintes: 

1.  D.  PEDRO  OURIGUES  DA  NÓBREGA.     Segue. 

2.  D.  Garcia  Ourigues,   nomeado  no  Nobiliário  do   Conde  D.  Pedro, 

mais  notícia  dele  não  tenho.  Conforme  a  mesma  compilação  foi 
seu  filho  Pedro  Garcia  da  Nóbrega.  Figura  este  como  testemunha 
em  uma  carta  de  i  de  Novembro  de  1296  (i),  e,  segundo  Manuel 
de  Sousa  da  Silva  numas  notas  manuscritas  que  fez  ao  referido 
Nobiliário  (2),  foi  avô  doutro  Pedro  Garcia  da  Nhoverga  (Nó- 
brega), a  quem  D.  Fernando,  em  20  de  Agosto  de  14 10  (1372),  fez 
mercê  da  terra  de  Macinhata  e  préstimo  de  Alvelos,  mediante  a 
obrigação  de  o  servir  com  duas  lanças  na  guerra  (3),  e  o  Mestre 
de  Avis,  regedor  do  reino,  lha  tornou  a  dar,  ou  confirmou,  em  19 
de  Abril  de  i385  (4).  Em  Pedro  Garcia  perde-se  a  noticia  deste 
ramo  de  Nóbregas. 

3.  D.  Maria  Ourigues  é  nomeada  pelo  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro  em 

várias  partes,  mas  com  muitas  confusões  (5).  Dela  posso  entender 
que  casou  por  duas  vezes,  sendo  uma  com  Pedro  Fernandes  de 
Cambra,  senhor  do  couto  de  Sabariz  na  terra  da  Nóbrega,  actual 
concelho  de  Vila  Verde;  e  a  outra  com  Reimão  Viegas  de  Porto- 
carreiro,  o  ousado  raptor  da  rainha  D.  Mecia  López  de  Haro. 

Também   entendo,   pelos   encontrar  nomeados  todos   a  seguir 
nas  Inquirições  de  1268,  como  atraz  referi,  e  pelos  patronímicos, 


(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  246  v. 

(2)  Citadas  por  D.  Afonso  Manuel  de  Meneses  no  título  de  Nóbrega  do  referido  Nobi- 
liário coordenado  por  Jorge  Salter,  vol.  xvii,  fl.  96. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i."»,  fl.  ni. 

(4)  Fr.  Manuel  dos  Santos,  Monarquia  lusitana,  VIII,  683. 

(5)  No  tit.  43.  §  4.°,  no  tit.  5o.  §§  i."  e  2.»,  e  no  tit,  55.  %  \* 


246     '  Brasões 

terem  sido  irmãos  de  Pedro  Ourigues  da  Nóbrega  mais  os  se- 
guintes: 

4.  Fernando  Ourigues, 

5.  Martim  Ourigues,  e 

6.  Ourigo  Ourigues.     Dos  dois  últimos  só  tenho  os  nomes  nas  inquiri- 

ções, devendo  ser  por  causa  do  filho  Ourigo,  que  o  pai  teve  a  al- 
cunha do  Velho;  do  Fernando  tenho-o  ali,  e,  ainda  que  com  engano, 
também  o  tenho  no  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro  (i).  Diz  este 
que  D.  Marinha  Viegas  (uma  bisneta  do  famoso  Egas  Moniz)  fora 
casada  com  Fernão  Origis,  filho  de  Pedro  Origis  Anóvrega.  É 
engano  evidente,  e  escreveram  filho  em  vez  de  irmão.  E  tanto  é 
engano,  que  duas  páginas  mais  atraz  o  mesmo  Nobiliário,  no- 
meando os  filhos  daquele  Pedro  Ourigues,  lá  pÕe  um  Fernão 
(como  adiante  escreverei),  mas  com  o  devido  patronímico  de  Pi- 
res. Quanto  ao  Fernando  Ourigues  direi,  que  foi  herdado  em  terra 
da  Nóbrega,  e  senhor  da  quinta  de  S.  Julião  na  freguesia  de  Loi- 
reiro,  concelho  de  Penaguião.  Casou  com  a  senhora  acima  no- 
meada, e  dela  teve  filhos,  e  descendência,  porem  é  impossível,  sem 
provas  autênticas,  e  essas  não  aparecem,  acreditar-se  no  ramo  de 
Aboins,  que  de  Fernando  Ourigues  querem  deduzir. 

II 

D.  PEDRO  OURIGUES  DA  NÓBREGA,  filho  de  D.  Ourigo,  o  Velho, 
foi  senhor  de  Aboim  em  terra  da  Nóbrega,  camareiro  e  senescal  do  infante 
D.  Afonso,  conde  de  Bolonha,  a  quem  acompanhou  a  França,  e  com  ele  se 
achou,  em  22  de  Julho  de  1242,  na  batalha  de  Saintes,  onde  D.  Pedro  ficou 
prisioneiro  dos  Ingleses,  cuja  hoste  pelo  seu  senhor  fora  rompida  (2).  Res- 
gatado do  cativeiro  continuou  no  serviço  do  Conde  de  Bolonha,  em  quanto 
permaneceu  em  França,  e  na  qualidade  de  seu  camareiro  foi  uma  das  pes- 
soas, que  em  Paris,  a  6  de  Setembro  de  1245,  assistiram  à  ceremónia  do 
solene  juramento  feito  pelo  Conde,  de  guardar  as  estipulações  impostas  pelo 
clero,  logo  que  fosse  investido  no  governo  do  reino  (3). 

Para  Portugal  voltou  D.  Pedro  Ourigues,  provavelmente  nos  fins  daquele 
mesmo  ano,  logo  -depois  do  juramento,  na  comitiva  do  Conde,  que  já  em 
princípios  do  ano  seguinte  de  1 246  estava  obedecido  e  reconhecido  como  re- 


(i)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Scriptores,  pág.  32 1. 

(2)  Herculano,  Historia  de  Portugal,  vol.  II,  pág.  385,  mihi. 

(3)  Ibidem,  pág.  406. 


Sousas  â47 

gente  em  Lisboa.  Na  côrte  parece  contudo  não  ter  permanecido  o  fidalgo 
da  Nóbrega,  pois  que  não  encontro  o  seu  nome  em  documentos  daquele 
tempo,  e  pelas  Inquirições  de  i258  sei,  que  costumava  então  poisar  em  casa 
de  Marina  da  Várzea  todas  as  vezes,  que  ia  à  freguesia  de  Santiago  de  Vila 
Chan,  em  terra  da  Nóbrega  (i).  Viveria  nas  suas  terras,  em  quanto  seu 
filho  D.  João  de  Aboim  acompanhava  a  côrte. 

Casou  D.  Pedro  Ourigues  da  Nóbrega  com  D.  Maria  Viegas,  irmã  de 
sua  cunhada  Marinha  Viegas  e  ambas  bisnetas  de  Egas  Moniz,  o  aio  de 
D.  Afonso  Henriques  (2).  Custa  um  pouco  a  adçnitir  que,  tendo  Egas  Mo- 
niz morrido  muito  velho  em  1146,  uma  bisneta  sua  pela  linha  de  seu  filho 
primogénito  fosse  casada  de  fresco  pelos  anos  de  1220,  isto  é,  mais  de  se- 
tenta anos  depois  da  morte  do  velho  bisavô,  no  entanto  é  isso  bem  mais 
possível  do  que  ter  Pedro  Ourigues  casado  com  D.  Urraca  Gil,  filha  de  Gil 
Pires  Feio  e  de  sua  mulher  D.  Inês  Soares  Coelha,  terceira  neta  do  referido 
Egas  Moniz  (3).  Por  este  enlace  se  encontrar  mencionado  em  autoridade 
mais  segura  já  para  ele  me  inclinei;  considerações  porem  sobre  o  caso  for- 
muladas (4),  me  levam  agora  a  repeli-lo.  Se  D.  João  de  Aboim,  o  filho  pri- 
mogénito de  Pedro  Ourigues,  fosse  filho  de  D.  Urraca  Gil  e  neto  de  Inês 
Soares  Coelha,  vinha  a  ser  sobrinho  neto  do  trovador  João  Soares  Coelho, 
irmão  daquela  senhora,  fidalgo  da  casa  do  Conde  de  Bolonha  e  homem  apro- 
ximadamente da  sua  idade,  como  aliás  o  era  também  D.  João  de  Aboim. 

Do  casamento  de  D.  Pedro  Ourigues  nasceram: 

1.  D.  JOÃO  PERES  DE  ABOIM.     Segue. 

2.  Estêvão  Peres  de  Aboim  é  nomeado  nos  nobiliários  antigos  (5).     Foi 

uma  das  testemunhas  nas  cartas  de  i5  e  18  de  Outubro  de  1299 
(1261),  pelas  quais  a  seu  irmão  D.  João  de  Aboim  coutou 
D.  Afonso  III  a  herdade  de  Portel  e  deu  licença  para  nela  edificar 
um  castelo  (6).  Nos  citados  nobiliários  antigos  diz-se  haver  Estê- 
vão Peres  casado  com  D.  Eixemea  Esteves,  filha  de  Estêvão  Soa- 
res de  Alfange,  «que  nom  foi  lidimo»,  única  notícia  que  dele  nos 
dão.  Um  dos  referidos  nobiliários  acrescenta,  que  Estêvão  de 
Aboim  casara  pela  segunda  vez  com  D.  Maria  Anes,  filha  de  João 


(i)  Inquirições  de  D.  Afonso  Ilí,  nos  Portugaliae  monumenía  histórica.  Inquisitiones, 
pág.  4i3. 

(2)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  nos  Portugaliae  monumenta  histórica.  ScriptoreSy 
pág.  319. 

(3)  Livro  velho  das  linhagens,  nos  Portugaliae  monumenta  histórica.  Scriptores,  pág.  161, 

(4)  D.  Carolina  Michaelis  de  Vasconcelos,  Cancioneiro  da  Ajuda.,  II,  pág.  355,  nota  i. 

(5)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Scriptores,  págs.  161  e  Sig. 

(6)  Livro  dos  bens  de  D,  João  de  Portel,  does.  vm  e  x. 


248  Brasões 

Pires  Brocardo  e  de  D.  Maria  Dade,  e  deste  segundo  casamento 
tivera  um  filho,  que,  apesar  de  morrer  criança,  sobrevivera  ao  pai 
e  deixara  a  mãe  por  sua  iierdeira.  Do  primeiro  casamento  apon- 
tam-se  dois  filhos:  Gonçalo  Esteves,  e  Mor  Esteves,  mulher  de 
Fernão  Dade,  filho  do  Alcaide  de  Santarém.  Gonçalo  Esteves  de 
Aboim  foi  cavaleiro,  e  como  tal. aparece  testemunhando  em  uma 
escritura  de  i3  de  Dezembro  de  i3i5,  celebrada  entre  o  Meirinho 
mor  e  o  Mestre  de  Santiago  (i).  Casou  Gonçalo  com  D.  Alda 
Yasques,  filha  de  Vasco  Afonso,  chamado  Vasco  Moiro,  alcaide  de 
Coimbra,  e  deste  casamento  nomeiam-se  quatro  filhos  sem  outra 
indicação  alem  dos  nomes,  senão  a  respeito  do  último,  Fernão 
Gonçalves,  que  dizem  fora  prior  de  Povos.  Uma  filha  mais  teve 
Estêvão  Peres  de  Aboim,  omitida  nos  nobihários,  mas  recordada 
em  um  documento.  Chamou-se  D.  Elvira  e,  sendo  visinha  de  San- 
tarém, do  quintal  das  Donas,  e  viúva  de*D.  André,  recebeu  e  ado- 
ptou por  filho,  por  carta  de  1 1  de  Janeiro  da  era  de  i3i3  (1275), 
a  Pedro  Eanes,  «consobrinum  et  afilatum  meum»,  filho  de  D.  João 
de  Aboim,  mordomo  de  D.  Afonso  ÍII  (2). 

3.  F^ernão  Pires  Farinquel,  de  Braga,  «que  catou  bem  o  agouro»  (3),   «o 

que  na  linguagem  do  tempo  significa  lér  a  sina,  d  maneira  gallega 
pelo  voo  das  aves»  (4).     Pode  ser. 

4.  Estevainha  Peres  casada  com  Gomes  Ansur  e  depois  com  João  Gon- 

çalves de  Barvudo,  de  quem,  entre  outros  filhos,  teve  a  Estêvão 
Eanes,  cavaleiro,  o  «sobrino  de  dom  Oane»  de  Aboim  nomeado 
em  duas  escrituras  de  9  de  Janeiro  da  era  de  1327  (1289),  ambas 
relativas  à  troca  de  Portel  por  Mafra  (5). 

Ill 

D.  JOÃO  PERES  DE  ABOIM,  ou  D.  JOÃO  DE  ABOIM,  dambas 
as  maneiras  nomeado  nos  documentos  contemporâneos,  foi  fidalgo  muito 
importante  do  seu  tempo,  e  pela  influência  exercida  sobre  o  ânimo  de 
D.  Afonso  III,  cujo  valimento  se  repartia  entre  o  chanceler  Estêvão  Eanes 


(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  VI,  227. 

(2)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  ccvi. 

(3)  Portugaliae  7nonwnenía  histórica.  Scriptores,  págs.  161  e  3 19. 

(4)  D.  Carolina  Michaelis  de  Vasconcelos,  Cancioneiro  da  Ajuda,  II,  355. 

(5)  D.  João  de  Aboini^  no  Archivo  histórico  portuguez,  vol,  iv,  págs.  ijS  e  174,  does* 
III  e  !▼. 


Sonsas  249 

e  D.  João  de  Aboim,  teve  este  preponderância  decisiva  no  governo  do  reino. 
Aproveitou-se  dela  para  engrandecer  sua  casa,  chegando  a  tal  o  número  de 
doações  recebidas  de  diferentes  naturezas  e  proveniências  que  delas  se  fez 
um  cartulário  especial,  o  Liuro  do  Registo  das  cartas  dos  beês  e  erãcas  que 
dÔ  loam  de  portei  teue  nestes  reinos,  ]á  lá  acima  mencionado.  Este  D.  João 
de  Portel  é  o  próprio  D.  João  de  Aboim  (1). 

Pelo  livro  vê-se  bem  a  ambição  do  valido  de  D.  Afonso  III;  tudo  lhe  con- 
vinha, contanto  que  aumentasse  as  suas  riquezas.  Encontram-se  ali  cartas 
de  doações,  privilégios,  diligências,  compras,  vendas,  adopções  para  heran- 
ças, quitações  e  outros  contratos;  uns  dei  Rei,  outros  de  várias  Ordens  mili- 
tares e  monacais',  de  vários  Concelhos  de  cidades  e  vilas,  que  o  recebiam 
com  sua  mulher  e  filhos  por  seus  visinhos,  dando-lhes  herdades,  e  finalmente 
de  particulares,  que  lhe  vendiam,,  ou  davam,  ou  deixavam  seus  bens,  adò- 
ptando-o  por  filho,  a  êle,  ou  a  seu  filho  mais  velho,  para  herdarem  a  metade, 
ou  a  terça  parte,  de  suas  legítimas,  mesmo  havendo  filhos.  Começam  os 
registos  na  era  de  César  de  1287,  ano  de  Cristo  de  1249,   e  terminam  em 

l3-22,    1284  (2). 

Por  aqui  se  pode  ver  qual  não  foi  a  cobiça  de  D.  João  de  Aboim,  que 
chegou  a  usar  algumas  vezes  de  pressão  para  alcançar  bens  apetecidos. 
Repare-se  nas  palavras  da  licença  régia  obtida  pelo  valido,  em  iv  das  cal. 
de  Julho  da  era  de  1295  (28.de  Junho  de  1257),  para  o  Conselho  de  Évora 
lhe  conceder  herdade  no  seu  termo.  Diz  a  carta:  «quod  recipiatis  eum  (se. 
Joannem  Petri  de  Avoyno)  in  vicinum  vestrum  et  heredetis  ipsum,  et  quan- 
tum  sibi  majiis  et  nielius  heredamentum  et  in  meliori  loco  dederitis,  tantum 
rohis  magis  graciscar  et  remunerabo  (3).  Aqui  está  o  Rei  impondo-se  ao 
Concelho  de  Évora,  obrigando-o  a  bem  dotar  o  seu  «clientulus  et  vassal- 
lus». 

Alem  da  cobiça,  ainda  o  nosso  grande  Historiador,  atentando  no  espan- 
toso número  de  compras  revelado  no  Livro  do  registo  feitas  por  D.  João  de 
Aboim,  o  acusa  com  razão  de  aproveitamento  dos  dinheiros  públicos,  pois 
que  para  pagar  aquelas  não  chegariam  decerto  os  rendimentos  do  seu  pe- 


(i)  Veja-se. acerca  deste  rico  homem  o  meu  artigo  intitulado  D.  João  de  Aboim,  publi- 
cado em  1906  no  vol.  IV,  do  Archivo  histórico  portuguez  e  anteposto  em  19 10,  como  No- 
ticia histórica^  à  reprodução  do  Livro  dos  bens  de  D.  JoÃo  de  Portel.  Ampliei  então  bas- 
tante esta  biografia. 

(2)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  does.  xxvin  e  cxcviii.  —  Declara  José  Anastácio  de  Fi- 
gueiredo na  Nova  historia  da  ordem  de  Malta,  vol.  II,  pág.  27,  nota  8,  que  as  cartas  come- 
çam no  ano  de  i25o,  não  tendo  reparado  para  a  fl.  29  do  Livro  do  registo  onde  se  encontra 
uma  doação  de  1249.  * 

(3)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  i. 

VOL.  I  32 


25o  Brasões 

queno  solar  em  terras  da  Nóbrega  (i).  Até  de  rapina  o  acusa,  fundando-se 
numa  sentença  de  1284,  4*^^  mandou  restituir  ao  Concelho  da  Sortelha  certos 
herdamentos,  que  lhe  haviam  sido  tomados  (2).  Não  duvido  de  que  D.  João 
de  Aboim  rapinhasse  seu  bocado;  ^quem,  omnipotente,  o  não  faria  naqueles 
tempos?  mas,  neste  caso  da  Sortelha,  não  foi  ele  o  rapinante. 

Perdoa-me,  grande  mestre,  cujo  retrato  d'aqui  estou  vendo,  mas  equi- 
vocas-te-te.  O  teu  equívoco  nada  influi  na  substância  da  narrativa,  que 
ias  fazendo,  só  tem  o  defeito  de  antecipar  a  data  da  morte  do  Mordomo 
mor  de  D.  Afonso  III,  facto  de  mínima  importância  para  a  história  de  Por- 
tugal, mas  de  grande  interesse  agora  para  mim,  e  só  por  isto  reparei  no  en- 
gano. 

O  caso  prestava-se  a  equívocos  como  o  leitor  vai  ver,  e  era  de  somenos 
valia,  por  isso  Herculano  não  o  analizou;  aproveitou  o  que  à  primeira  vista 
lhe  pareceu  vir  para  o  caso,  e  andou  para  diante. 

Pela  sentença  foram  mandados  restituir  à  vila  da  Sortelha  certos  bens 
por  ela  dados  a  D.  João,  pai  de  D.  Pedro  Eanes,  a  quem  o  julgador  condena 
os  restitua  ao  Concelho.  iOra,  encontrando-se  um  D.  Pedro  Eanes  obrigado 
a  restituir  bens  usurpados  por  seu  pai,  um  D.  João,  quem  não  suporia  achar-se 
em  frente  de  D.  Pedro  Eanes  de  Portel  e  de  seu  pai  D.  João  de  Aboim,  o 
grande  abarcador  de» doações  e  heranças?  Ninguém.  Mas  a  sentença  diz, 
até  logo  no  título,  «porque  se  julgou  que  os  herdamentos  que  D.  Pedro 
Eannes  e  sua  mulher  D.  Orraca  Afonso»,  etc,  D.  Pedro  Eanes  de  Portel 
era  porem  já  casado  em  1271  com  D.  Constança  Mendes,  que  só  morreu 
em  1298,  como  adiante  mostrarei;  não  podia  portanto  ser  ele,  em  1284,  o 
marido  de  D.  Urraca  Afonso.  E  não  era  com  efeito,  porque  o  marido  desta, 
que  era  filha  bastarda  de  D.  Afonso  líl,  foi  D.  Pedro  Eanes  Gago  íilho  de 
D.  João  Martins  Chora.  Olhe  o  leitor,  que  este  Gago  e  este  Chora  eram 
ricos  homens,  e  o  primeiro  foi  governador  de  Trás  os  Montes;  não  eram  uns 
choraraigas,  ou  tatibitates  quaisquer. 

^Era,  ou  não,  fácil  a  confusão?  Era,  ninguém  afirmará  o  contrário. 
Fique  pois  o  Mordomo  de  D.  Afonso  III  com  outras  rapinâncias,  se  as  pra- 
ticou, mas  a  da  Sortelha  temos  de  lha  tirar  do  saco,  bem  cheio  já  doutros 
pecados. 

Estivera  João  Peres  de  Aboim  com  seu  pai  em  França,  servindo  ao  Conde 
de  Bolonha,  e  lá  ganhara,  pela  frequência  de  um  meio  muito  superior  em 
ilustração  ao  da  pátria,  urri  verniz  de  civilização  b  uma  cultura  literária  que 


(i)  Herculano,  Historia  de  Portugal,  III,  11:. 

(2)  Ibidem,  pág.  116,  texto  e  Nota  I,  onde  se  cita  a  sentença  que  está  na  Tôrre  do  Tombo 
na  Gaveta  xi,  maç.  7,  n.°  27. 


Sonsas  .  25 1 

o  elevaram  muito  acima  dos  mais  cortesãos  seus  contemporâneos.  Foi  tro- 
vador e  ainda  hoje  existem  dezasseis  das  trinta  e  três  poesias  suas  de  que 
há  conhecimento  (i).  Para  Lisboa,  nos  fins  do  ano  de  1243,  princípios  de 
1246  vohou  com  D.  Afonso  a  quem,  tanto  lá  em  França,  como  depois  cá  no 
reino,  serviu  sempre  com  dedicação,  ainda  que  sem  desinteresse. 

Aclamado  o  Conde,  e  já  obedecido  em  todo  o  reino  como  seu  rei,  partiu 
D.  Afonso  III  para  a  conquista  do  Algarve,  para  onde  D.  João  de  Aboim  o 
acompanhou,  e  onde  dele  recebeu,  por  carta  datada  de  Faro  em  Março  de 
1287  (1249),  a  mercê  de  umas  casas  em  Santarém  (2).  Parece  ter  ficado 
guerreando  por  lá,  pois  que,  quando  el  Rei,,  no  fim  do  inverno  do  ano  se- 
guinte, voltou  ao  Algarve,  aparece  João  Peres  de  Aboim  assinando,  como 
testemunha  em  duas  cartas  datadas  de  Faro,  uma  do  mês  de  Fevereiro,  de 
doação  de  Porches  ao  chanceler  Estêvão  Eanes,  a  outra  de  i  de  Março,  de 
entrega  do  castelo  de  Albufeira  à  Ordem  de  Avis  (3). 

E  muito  possível,  apesar  do  silêncio  dos  documentos,  que  João  Peres  de 
Aboim  já  tivesse  acompanhado  Afonso  III  à  conquista  do  Algarve,  ocupando 
o  posto  de  alferes  menor,  pelo  menos  na  primeira  destas  cartas  acima  apon- 
tadas, na  de  Fevereiro  de  i25o,  aparece  êle  investido  no  cargo:  subsignifer 
lê-se  no  diploma.  Pela  segunda  consta  ser  já  então  do  conselho  dei  Rei. 
Com  o  referido  posto  de  alferes  menor  encontra-se  João  Peres  em  vários 
documentos  até  16  de  Junho  de  i255,  aparecendo,  já  em  Outubro  do  ano  se- 
guinte, provido  no  cargo  seu  sucessor  João  Durães  {4).  Já  a  esse  tempo, 
apesar  de  ainda  se  não  encontrar  confirmando  diplomas  na  qualidade  de  rico 
homem,  vai  aparecendo  João  Peres  com  o  título  de  dom,  desde  Outubro  de 
1260  em  diante  (5),  em  vários  documentos,  não  régios,  advirta-se,  e  com  al- 
ternativas. Em  carta  régia  porém  de  Outubro  da  era  de  1291  (i253)  foi 
confirmada  a  dom  João  Pérez  de  Aboim  a  doação  que  o  Concelho  de  San- 
tarém lhe  fizera  da  lezíria  de  Alcoelha  (6).  Volta  a  aparecer  noutra  carta,  de  5 
de  Março  de  1292  (1254),  de  doação  a  João  Soares  Coelho  (7),  o  trovador 


(i)  D.  Carolina  Michaelis  de  Vasconcelos,  Cancioneiro  da  Ajuda,  II,  359-36o. 

(2)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  xxviii.  —  Esta  carta,  descoberta  por  HercuJano,  ser- 
viu-lhe  para  precisar  a  data  da  conquista  de  Faro. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  III^  liv.  i.°,  fls.  106  v.  e  43  v. 

(4)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Leges^  págs.  652  e  667. 

(5)  Livro  de  D.  João  de  Portel^  doe.  li. 

(6)  Ibidem,  doe.  xxvi 

(7)  «Johannes  Suerii,  miles,  dictus  Coelyus,  pro  servicio  quod  nobis  fecistis  fideliter  et 
devote»,  carta  de  doação  de  juro  e  herdade  dos  direitos  riais  da  vila  «deSauto  de  Ripa  Ho- 
minis»  (Souto  da  Ribeira  de  Homem)  «III  nonas  Martii  apud  Leyrenã»,  era  1292  (Leiria,  5 
de  Março  de  1254). —  Chancelaria  de  D.  Afonso  111,  liv.  i.',  fl,  4, — Confirmada  em  carta  com 


252  Brasões 

seu  primo,  mas  só  de  24  de  Maio  de  12 56  (i)  em  diante  se  torna  permanente. 
Encontro-o  pela  primeira  vez,  confirmando  como  rico  homem,  na  carta  de 
Setembro  de  1269  de  couto  a  Alvito,  na  qual  aparece  tenens  Pojitem  Lituie  (2). 
Em  Setembro  de  1264  era  mordomo  da  cúria  régia  e  d'então  até  ao  fim  da 
vida  gozou  sempre  da  dignidade  de  rico  homem.  Tornemos  porem  um 
pouco  atrás. 

Efectuado  em  Maio  de  i253  o  casamento  de  D.  Afonso  III  com  D.  Bea- 
triz de  Gusmão,  foi  D.  João  de  Aboim  nomeado  mordomo  mor  da  pequenina 
Rainha,  dignidade  que  Já  exercia  em  22  de  Janeiro  de  1264  (3).  Neste  posto 
continuou  sempre  servindo  a  D.  Beatriz,  de  quem  foi  muito  estimado,  e  seu 
confidente  e  conselheiro  durante  o  curto  período  de  sua  regência,  em  Feve- 
reiro e  Março  de  1279(4).  Depois,  naqueles  angustiosos  tempos  da  revolta 
do  infante  D.  Sancho  contra  seu  pai  Afonso  X,  acompanhou  D.  João  de  Aboim 
a  Rainha  a  Sevilha,  quando,  em  1282,  foi  levar  socorro  a  seu  pai.  Junto 
dela  permaneceu  por  algum  tempo  e  é  nomeado  no  documento  de  8  de  No- 
vembro, pelo  qual  el  Rei  de  Castela  deserda  o  revoltado  filho  (5).  Mas, 
voltando  a  Rainha  para  Portugal  só  em  fins  de  i285,  já  a  esse  tempo  havia 
muito,  que  D.  João  de  Aboim  estava  no  reino,  pois  que  a  3i  de  Março  de 
1283  comprara  uma  casa  em  Santarém  (6)  e  a  17  de  Julho  confirmara  em 
Lisboa  o  foral  de  Cacela  (7). 

Fica  dito  o  que  pude  apurar  das  relações  de  D.  João  de  Aboim  com  a 
rainha  D.  Beatriz,  as  quais  foram  muito  cordiais  e  a  elas  posso  atribuir,  pelo 
menos  em  parte,  a  importante  doação  de  bens  em  Çamora  que  de  juro  e 
herdade,  com  certas  ressalvas,  por  carta  de  14  de  Novembro  de  1267,  fez 
el  Rei  de  Castela  ao  Mordomo  mor  de  sua  filha  (8).  Agora  esboçarei  as  que 
êle  manteve  com  seu  amo  e  senhor  el  rei  D.  Afonso  III. 

Serviu-o  em  França,  acompanhou-o  para  Portugal,  e  já  era  seu  conselheiro 
em  1258,  quando,  com  outros  do  conselho,  formou  a  comissão  que  elaborou 


selo  de  chumbo,  por  o  da  outra  ser  de  cera,  em  Santarém,  a  II  das  calendas  de  Janeiro  da 
era  de  i3o3  (22  de  Dezembro  de  i265).  —  Chancelaria  de  D  Afonso  III,  liv.  i.°,  fl.  81. 
(i)  Ibidem,  fl.  16. 

(2)  Ibidem,  fl.  61  V. 

(3)  Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana^  part.  IV,  escritura  xxxi. 

(4)  Frederico  Francisco  de  la  Figanière,  Memorias  das  Rainhas,  pág.  122.  —  No  mesmo 
livro,  nas  págs.  248  e  249,  encontram-se  dois  documentos  de  1259  e  1274,  nos  quais  D.João 
de  Aboim  figura  como  mordomo  da  Rainha. 

(5)  Figanière,  Memorias  das  Rainhas,  cit.,  pág.  120. 

(6)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  cxcix 

(7)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  part.  V,  fl.  87. 

(8)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  xxxii. 


Sonsas  253 

o  Regimento  da  Casa  Rial  de  1 1  de  Abril  da  era  de  1296  (i258)  ordenado 
por  D.  Afonso  (i).  No  ano  antecedente,  como  atrás  disse,  ainda  el  Rei  o  in- 
titulava apenas  clientulus  et  i>assallus,  mas  já  lhe  era  muito  afeiçoado,  como 
prova  a  referida  insinuação  ao  Concelho  de  Évora  para  o  bem  dotar. 

E  mais  se  prova  ainda  essa  amizade  e  os  bons  serviços  por  D.  João  pres- 
tados a  el  Rei,  com  as  palavras  da  carta  de  18  de  Outubro  de  1299  (1261) 
de  'licença  para  a  fundação  do  castelo  de  Portel.  Diz  o  instrumento:  «Et 
hanc  gratiam  facio  vobis  pro  creancia  quam  vobis  feci,  et  pro  multo  servicio 
quod  mihi  fecistis  bene  et  fideliter  longo  tempore  in  Francia  et  in  Spania  et 
in  regno  Portugalie  et  in  aliis  locis,  ubi  mihi  necesse  fuit»  (2). 

Poucos  anos  depois  já  D.  João  de  Aboim  aparece  exercendo  o  grande 
cargo  de  mordomo  mor,  o  maior  da  cúria  régia.  Nesta  qualidade,  «Maior- 
domus  Curie»,  confirma  em  Santarém  uma  carta  de  3o  de  Setembro  de 
1264(3),  e  como  «meu  moordomo»  é  mencionado  na  lei  de  1 5  de  Novembro 
do  mesmo  ano  (4). 

Esta  alta  dignidade,  que  lhe  deu  muita  ingerência  nos  negócios  públicos, 
exerceu  D.  João  de  Aboim  até  à  morte  de  D.  Afonso  III,  a  cujos  últimos 
momentos  assistiu  e  como  testemunha  figura  no  instrumento,  de  17  de  Janeiro 
de  1279,  destinado  a  perpetuar  a  reconciliação  in  extremis  dei  Rei  com  o 
clero  (5).  Morreu  Afonso  lII  em  í6  do  mês  seguinte  e,  aberto  o  seu  testa- 
mento, nele  se  encontrou  D.  João  de  Aboim  nomeado  primeiro  testamenteiro 
em  seguida  à  rainha  D.  Beatriz  (6).  Então,  como  já  disse,  serviu  de  conse- 
lheiro á  Rainha  durante  os  poucos  dias  da  sua  regência;  e  naquela  qualidade 
confirmou,  em  18  de  Março  de  1279,  a  carta  dos  privilégios  do  mosteiro 
do  Bouro  (7).  Tomando  porem  D.  Denis  em  suas  mãos  o  governo,  deixou 
D.  João  de  Aboim  de  exercer  o  cargo  de  mordomo  mor  e  já  com  êie  encon- 
tro, em  3  de  Abril  do  mesmo  ano,  a  D.  Nuno  Martins,  na  carta  de  certo 
contrato  com  os  Judeus  de  Bragança  (8),  e  na  de  u  de  Janeiro  de  1280,  de 


(i)  Portugaliae  monumenta  histórica.  LegeSy  pág.  198. 

(2)  Livro  de  D.  João  de  Portel^  doe.  x. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  III,  liv.  1.»,  fl.  72  v. — Em  8  de  Maio  de  12Õ4  ainda  D.  Gil 
Martins,  intitulando-se  Maiordomus,  confirma  uma  carta,  na  qual  D.  João  de  Aboim  apenas 
figura  como  testemunha  {Ibidem,  fl.  72) ;  não  admite  pois  dúvida  nenhuma  que  tem  a  data 
errada  uma  cana,  de  22  de  Fevereiro  daquele  ano,  impressa  por  Gabriel  Pereira  nos  Docu- 
vientos  de  Évora,  I,  i5,  na  qual  D.  João  de  Aboim  é  intitulado  mordomo. 

(4)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Leges,  pág.  21 3. 

(5)  Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana,  IV,  fl.  255. 

(6)  Ibidem,  escritura  última,  fl.  284  v. 

(7)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  5i  v. 

(8)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações^  vol,  III,  p.  2.;  pág.  89  mihi. 


254  Brasões 

doação  da  quinta  de  Majapão  à  infanta  D.  Branca  (i).  Esta  última  carta 
também  é  confirmada  por  D.  João  de  Aboim,  na  qualidade  porem  de  rico 
homem  e  governador  do  Alentejo,  «lenens  Ultra  Tagum»,  d'onde  se  vê  que, 
com  a  dignidade  de  mordomo  mor,  não  perdeu  a  graça  do  novo  soberano. 

Foi  pois  quási  de  quinze  anos  a  duração  do  exercício  de  mordorno  mor, 
que  teve  D.  João  de  Aboim,  e  poucos  ministros  se  gabarão  de  tam  longo  go- 
verno. 

Durante  ele  alcançara  de  D.  Afonso  III,  em  3  de  Fevereiro  de  127Õ,  uma 
carta  de  quitação,  geral  e  ampla,  de  todos  os  contratos  directa  ou  indirecta- 
mente havidos  entre  el  Rei  e  o  seu  Mordomo  (2).  Foi  uma  segurança  por 
ele  tomada  para  os  próximos  tempos,  em  que  a  coroa  mudaria  de  cabeça, 
e  parece  ter  sido  profícua. se  não  escusada,  porque,. se  D.  Denis  o  substituiu 
na  mordomia,  continuou  contudo  D.  João  acompanhando  a  corte  e  conser- 
vando o  governo  do  Alentejo.  Com  este  governo,  «tenens  Elboram»,  ou 
«tenens  terram  de  Ultra  Tagum»,  encontra-se  em  vários  documentos  desde 
Fevereiro  de  1270  até  Julho  de  1284(3). 

Depois  da  ocupação  do  Algarve  levantaram-se  as  conhecidas  dúvidas  com 
a  Coroa  de  Castela,  que  pretendia  ser  aquela  conquista  dentro  de  seus  limi- 
tes e  portanto  sua  própria.  Terminaram  essas  contendas  por  ser  cedido  o 
reino  do  Algarve  a  D.  Afonso  III  mediante  certas  condições,  e  de  tudo  se 
lavrou  um  instrumento  em  Sevilha  a  20  de  Setembro  de  1264;  ^  ^^  mesma 
cidade,  para  se  dar  fim  a  outras  questões  sobre  estremas  em  vários  pontos 
do  reino,  havia-se  já  lavrado,  a  5  do  precedente  mês  de  Junho,  uma  escritura 
pela  qual  se  nomearam  dambas  as  partes  certos  prelados  e  fidalgos  encarre- 
gados de  proceder  às  competentes  demarcações.  Entre  os  últimos  encon- 
tra-se D.  João  de  Aboim  (4). 

Em  virtude  do  instrumento  atrás  referido,  pelo  qual  terminaram  as  con- 
tendas sobre  o  reino  do  Algarve,  ficaram  por  governadores  de  seus  castelos 
D.  João  de  Aboim  e  seu  filho  D.  Pedro  Eanes  de  Portel  e  obrigados,  em 
virtude  de  uma  das  cláusulas  do  tratado,  a  guardarem  homenagem  a  el  Rei 
de  Castela  pelas  fortalezas  da  província.  Esta  homenagem  foi-lhes  levan- 
tada por  uma  carta  de  Afonso  X,  de  16  de  Fevereiro  de  1267,  na  qual  lhes 
manda  entregar  todas  as  praças  do  Algarve  a  Afonso  III,  ou  a  quem  este 
ordenar  (5). 


( ! )  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  escritura  oitava,  fl.  3o8  v. 

(2)  Livro  de  D.  João  de  Pqrtel^  doe.  ccxxi. ' 

(3)  D.  João  de  Aboim,  no  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IV,  pág.  1 18,  nota  6, 

(4)  Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana,  IV,  fl.  222  v. 

(5)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  xxxi. 


Sonsas  255 

Catorze  anos  mais  tarde,  já  depois  da  morte  do  Bolonhês,  começaram 
as  desinquietaçÕes  do  infante  D.  Afonso,  irmão  de  D.  Denis.  Foi  este  ata. 
cá-lo  a  Vide,  onde  aquele  se  fortificara  e  d'onde  fugiu  para  Sevilha.  Aí, 
melhor  aconselhado,  submeteu-se  e  passou  uma  procuração,  em  8  de  Ou- 
tpbro  de  1281,  para  fazer  composição  com  el  Rei.  Ratificada  esta  em  Es- 
tremoz, a  1 1  de  Fevereiro  de  1282,  um  dos  seus  confirmantes  foi  D.  João  de 
Aboim  (i). 

Depois  disto  não  encontro  o  nome  do  antigo  Mordomo  mor  em  mais  ne- 
nhum negócio  de  importância,  e  só  confirmando  algumas  cartas  régias  Já  ci- 
tadas, e  adquirindo  prédios,  sendo  o  último  comprado,  por  escritura  de  3i 
de  Março  da  era  de  1822  (1284),  uma  casa  em  Montemor  o  Novo  (2).  Fi- 
nalmente, veio  a  morte,  que  o  surpreendeu,  depois  de  24  de  Julho  daquele 
ano  e  antes  de  19  de  Setembro  do  seguinte,  talvez  a  i5  de  Março  de 
1285(3).  .  ^ 

Deveria  ter  D.  João  de  Aboim  bons  setenta  anos,  quando  morreu.  Ele 
foi  para  França  com  o  infante  D.  Afonso  e,  se  não  se  sabe  a  data  exacta  da 
partida,  sabe-se  contudo  que  o  casamento  com  a  Condessa  de  Bolonha  se 
realizou  em  1238(4).  Fosse  D.  João  homem  de  vinte  e  cinco  anos  a  esse 
tempo,  que  já  em  i283  completara  os  setenta. 

Agora  resta-me  tratar  muito  sumariamente  das  fundações  e  doações  de 
D.  João  de  Aboim  (5). 

Alcançada  em  28  de  Junho  de  1267,  como  disse,  a  licença  régia  para  o 
Concelho  de  Évora  o  receber  e  a  sua  mulher  D.  Marinha  Afonso,  como  vi- 
zinhos, e  os  dotarem,  tratou-se  de  tornar^  efectiva  a  autorização.  Assim  se 
fez  por  uma  carta  de  Novembro  de  i258,  na  qual  aquele  Concelho  lhes  dá 
herdade  no  termo  da  cidade  a  partir  com  o  de  Beja  por  muitos  termos  e  di- 
visões, que  bem  mostram  a  importância  da  doação  (6). 

A  isto  seguiram-se  nos  anos  imediatos  infinitas  cartas  de  aquisição,  dentro 
dos  mesmos  limites,  de  bens,  os  quais  D.  Afonso  III  mandou  demarcar  por 
cartas' de  27  e  28  de  Outubro  de  1239,  e  por  fim  coutar  por  outra  de  16  do 
mesmo  mês  de  1261,  concedendo  juntamente  por  ela  todo  o  régio  direito, 
tanto  o  temporal,  como  o  espiritual  (7). 


(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fi.  62. 

(2)  Livro  de  D.  João  de  Portel^  doe.  cxcvm. 

(3)  D.  João  de  Aboim,  cit.,  pág.  121. 

(4)  Figanière,  Memorias  das  Rainhas,  pág.  io5. 

(5)  No  estudo  intitulado  D.  João  de  Aboim,  encontra-se  muito  mais  desenvolvida,  tanto 
a  biografia,  como  a  história  das  fundações  e  doações  daquele  rico  homem. 

(6)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  11. 

(7)  Ibidem,  does.  vi,  iv  e  vut. 


•256  Brasões 

Foi  nesta  vasta  extensão  de  território  que  D.  João  de  Aboim,  no  sítio 
onde  já  existiria  um  núcleo  de  povoação,  fundou  o  castelo  e  vila  de  Portel, 
tendo  previamente  para  isso  impetrado  licença  dei  Rei,  que  lha  concedeu 
por  carta  de  i8  do  mesmo  mês  (i).  E  tudo  ia  tam  apressadamente,  que  já 
em  I  de  Dezembro  de  1262  dava  D.  João  de  Aboim,  com  sua  mulhar  D.  Ma- 
rinha Afonso  e  seu  filho  Pedro  Eanes,  o  foral  à  dita  vila  (2). 

Por  estes  mesmos  tempos  também  povoou  e  aumentou  muito  o  lugar  da 
Fonte  de  Mosárabe,  no  termo  de  Fulvas,  lugar  a  que  pôs  o  seu  nome  e  se 
ficou  chamando  Vila  de  Aboim,  e  hoje  Vila  Boim.  E  tanto  isto  é  certo,  que 
em  i3  de  Janeiro  o  Bispo  e  Cabido  de  Évora  davam  ao  Mordomo  mor  da 
Rainha  o  padroado  da  igreja  «de  Villa  voym  in  termino  de  Elvis  que  antea 
fons  de  Mozarave  vocabatur»  (3).  Haviam-lhe  estes  territórios  sido  doados 
pelo  Concelho  de  Elvas  em  data  ignorada,  mas  provavelmente  posterior  à 
definitiva  conquista  do  Algarve,  em  i25o,  e  seis  anos  depois,  por  instrumento 
do  mês  de  Fevereiro,  o  mesmo  Concelho  ampliou  a  precedente  doação  com 
mais  terreno  junto  ao  primeiro,  tudo  situado  no  termo  da  vila,  no  lugar  cha- 
mado Moçarava  (4).  Finalmente,  em  1264  o  referido  Concelho,  por  instru- 
mento do  mês  de  Janeiro,  confirmou  todas  as  precedentes  doações  e  demar- 
cou a  herdade  de  Moçarava  (5). 

Estendidos,  ampliados  e  começados  a  povoar  os  vastos  domínios  alente- 
janos do  valido  de  D.  Afonso  III  mandou  este  às  justiças  do  concelho  de 
Monsaraz,  que  fizessem  a  demarcação  do  seu  termo  com  o  da  nova  vila  de 
Portel.  Assim  se  executou  em  18  de  Janeiro  de  i265  e,  logo  a  7  do  mês 
seguinte,  apresentou  o  Mordomo  a  carta  a  el  Rei,  que  naquela  data  a  con- 
firmou (6).  Nesta  confirmação  tornou  D.  Afonso  III  a  patentear  a  sua  ami- 
zade pelo  seu  ministro,  a  quem  chama  «meo  Maiordomo  et  meo  crientulo  et 
fideli  vassallo.» 

Para  se  avaliar  bem  a  extensão  destes  domínios  mencionarei  as  igrejas, 
que,  pela  concórdia  feita  com  o  Bispo  de  Évora  em  Janeiro  de  1262,  cons- 
tava andar  então  D.  João  de  Aboim  a  edificar.     Eram  elas  as  de  S.  João, 


(i)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  x. 

(2)  Ibidem,  doe.  cclix;  Portugaliae  monumenta  histórica,  Leges^  pág.  703.  —  Advertirei 
que  nos  Portugaliae  monumenta  escapou  um  pequeno  erro  de  leitura  ou  de  impressão,  o 
qual  todavia  reveste  eerta  importâneia  e  carece  de  ser  emendado.  No  documento  lê- se 
«...  dom  Johan  perez  davoym  e  mha  molher  donna  Maria  affonso  . , .  »;  nos  Portugaliae 
monumenta  saiu  impresso  Maria  em  vez  de  Maria  (—  Marina,  Marinha). 

(3)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  ui. 

(4)  Ibidem^  doe.  cxliii. 

(5)  Ibidem,  doe.  xxtn. 

(b)  Ibidem,  does.  xv  e  xvi. 


Sousas  257 

Santa  Maria  e  S.  Vicente  de  Portel,  a  de  S.  Pedro  do  Marmelal,  a  de  San- 
tiago da  Corte  de  Anojo,  a  de  S.  Loureço  de  Alqueva  e  a  de  S.  João  de 
Portel  Mafomede  (S.  João  de  Vila  Boim),  de  todas  as  quais  êle  e  sua  mulher 
Marinha  Afonso  eram  os  padroeiros  (i). 

Dentro  do  seu  senhorio  fundou  D.  João  de  Aboim  o  mosteiro  da  Vera 
Cruz  do  Marmelal  por  êle  doado  aos  Hospitalários,  e  da  edificação  encarre- 
gou D.  Fr.  Afonso  Peres  Farinha,  famoso  prior  daquela  Ordem.  Duraram 
as  obras  dez  anos,  ficando  concluídas  em  1278  (2). 

Foram  notáveis  e  extremamente  cordiais  as  relações  de  D.  João  com  a 
Ordem  do  Hospital,  e  provieram  sobretudo  da  amizade  que  em  toda  a  vida 
uniu  o  Mordomo  mor  ao  Prior  dos  Hospitalários.  Além  das  doações  já 
indicadas  fez-lhes  D.  João  mercê,  por  carta  de  2  de  Abril  de  1271,  da 
igreja  de  Santa  Maria  de  Portel  e  de  todas  as  mais,  que  na  vila  e  seu 
termo  viessem  a  ser  fundadas,  isto  acompanhado  da  doação  de  vários  outros 
bens  (3). 

Mas  D."  João  de  Aboim  não  dava  só,  isso  seria  contrário  ao  seu  génio,  e 
consta  que  da  Ordem  também  recebeu  doações.  Em  1  de  Maio  de  1261 
dela  adquiriu  a  quinta  de  Vila  Verde,  em  terra  da  Nóbrega,  por  troca  de 
certos  bens  em  Ponte  de  Lima  e  Valença;  e  em  20  de  Julho  de  1270  trocou 
com  o  Hospital  a  sua  casa,  couto  e  herdade  de  Frossos  e  mais  bens  em  Riba 
Vouga,  pela  casa  de  Santa  Maria  de  Aboim  em  termo  da  Nóbrega,  com  todos 
seus  casais  e  bens,  tanto  os  eclesiásticos  como  os  temporais,  com  a  isenção 
do  pagamento  dos  tributos  riais.  A  isto  chamavam  o  couto  de  Aboim;  foi 
porém  a  doação  feita  só  em  vida  dele  e  da  mulher  (4).  Vê-se  pois  que,  se 
o  fundador  de  Portel  acrescentava  a  sua  casa  do  Al-entejo,  não  se  esquecia 
contudo  do  seu  antigo  solar  do  Minho,  que  por  sua  morte  deixou  muito  au- 
mentado. 

Estou  chegando  ao  fim.  Por  carta  de  14  de  Agosto  de  1276  fez  D.  João 
de  Aboim,  juntamente  com  sua  mulher,  doação  da  herdade  da  Fonte  Furada, 
termo  áe  Évora,  ao  Bispo  e  Cabido  da  mesma  Sé,  em  «remédio  de  seus  pe- 
cados» (5).     Ele  que  o  dizia,  lá  o  sabia. 

Depois  morreu,  d'ali  a  anos,  como  já  disse,  e  foi  sepultado  na  igreja  do 
mosteiro  da  Vera  Cruz  do  Marmelal  da  Ordem  do  Hospital,  fundação  sua, 
e  hoje  lá  se  vê  por  baixo  do  presbitério,  virada  para  o  corpo  da  igreja  e  co- 


(i)  J.  A.  de  Figueiredo,  Nova  Malta^  II,  195, 

(2)  D.  João  de  Aboim,  cit.,  pág,  i58, 

(3)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  xxii;  D.  João  de  Aboim,  cit.,  pág.  i5i. 

(4)  Livro  de  D.  João  de  Portel^  does.  xlvji  e  l. 

(5)  Ibidem,  doe.  lxxxviii. 

voL.  I  33 


2  58  Brasões 

locada  da  parte  do  evangelho,  uma  lápida,  que  certamente  não  é  a  primitiva, 
na  qual  li  este  epitáfio  no  dia  25  de  Março  de  1901: 


AQVI  •  lAZ  •  DOM  •  lOAM  (  X\    /n\    /\  I  DABOIM  •   SNOR  •    QVE  FOI 


DE  PORTEL  •  QVE  FVM   /olflV^LVVftV)   ^OV  •    ESTA  •    IGREIA  •    DA 


8—9/ 
VERA  +  E  ADOTOV  •   A     "^"AMA  V      RELIGIÀO  •  DE  SÀO  •  lOAM 


A  inscrição  é  relativamente  moderna,  como  já  notei,  e  não  sei  se  nos 
dizeres  será  cópia  exacta  da  antiga;  o  escudo  de  armas  porem,  pela  compa- 
ração dele  com  o  selo  de  D.  João  (i),  afigura-se-me  estar  reproduzido  com 
bastante  cuidado. 

Por  sua  morte  levantaram-se  contendas,  entre  sua  viúva  e  seus  dois  filhos, 
sobre  a  partilha  de  seus  bens,  e  só  terminaram  por  instrumento  de  composi- 
ção lavrado  em  Leiria,  a  i5  de  Junho  de  i325  (1287).  Por  ele  ficaram  per- 
tencendo: ao  filho  Pedro  todos  os  bens  de  Santarém,  Sintra,  Lisboa,  etc,  e 
todos  os  de  Çamora  e  outros  de  Castela,  com  obrigação  do  pagamento  das 
dividas  e  legados;  à  filha  Maria,  o  castelo  e  senhorio  de  Portel,  Vila  Boim 
e  os  herdamentos  de  Évora,  Monforte  e  Leiria,  livres  de  encargos;  à  viúva 
finalmente  ficou  a  sua  meação  em  todos  os  bens  dos  dois  quinhões  (2). 

Havia  casado  D.  João  de  Aboim  pelos  anos  de  1246,  logo  depois  do  re- 
gresso de  França,  com*D.  Marinha  Afonso,  filha  de  Afonso  Pires  de  Arganil, 
o  que,  por  mandado  do  infante  D.  Pedro,  trouxe  as  cabeças  dos  mártires  de 
Marrocos  para  Santa  Cruz  de  Coimbra,  e  de  sua  mulher  D.  Velasquida  de 
Çamora,  senhora  castelhana  muito  rica  naquele  reino,  nos  bens  da  qual  veio 
a  suceder  seu  neto  D.  Pedro  Eanes  de  Portel. 

Depois  de  viúva  fez  D.  Marinha  Afonso  doação  (não  se  lhe  aponta  a  data) 
do  casal  do  Oiteiro,  na  freguesia  de  Santa  Maria  de  Aboim  à  Ordem  do 
Hospital,  e  em  11  de  Agosto  de  1288  de  umas  casas  em  Santarém  ao  con- 
vento de  Alcobaça  (3).  Depois,  em  26  de  Maio  de  1291,  doou  a  sua  filha 
Maria  Anes  e  a  seu  marido  João  Fernandes  [Batissela]  toda  sua  meação  no 
quinhão  que  à  filha  ficara  dos  bens  paternos  (4). 


(i)  Reproduzido  no  V  vol.  do  Archivo  histórico  portiigue^,  em  frente  da  pág.  65. 

(2)  D.  João  de  Aboim,  cit.,  doe.  11,  pág.  171.     . 

(3)  J.  A.  de  Figueiredo,  Nova  Malta,  II,  226. 

(4)  D.  João  de  Aboim,  cit.,  doe  v,  pág.  lyS. 


Sousas  259 

Morreu  D.  Marinha  Afonso  depois  de  Maio  de  i3o6,  e  foi  a  enterrar  Junto 
de  seu  marido,  D.  João  de  Aboim  (i).     Deixaram  dois  filhos: 

1.  D.  PEDRO  EANES  DE  PORTEL.     Seguirá. 

2.  D.  Maria  Anes,  posteriormente  D.  Maria  de  Aboim,  casou  a  primeira 

vez  com  D.  Martim  Afonso  Telo,  de  quem  foi  segunda  mulher. 
Era  ele  irmão  mais  novo  de  D.  João  Afonso,  alferes  mor  e  senhor 
de  Alburquerque,  e  permaneceu  por  muitos  anos  em  Portugal,  onde 
se  encontra  confirmando  como  rico  homem  vários  diplomas  desde 
1257  até  1278,  ora  com  o  governo  da  terra  de  Santa  Maria,  ora 
com  os  de  Bragança,  Chaves  ou  Montelongo.  Já  D.  Maria  era 
viúva  em  Junho  de  1287  e  ano  e  meio  depois  estava  outra  vez  ca- 
sada com  D.  João  Fernandes  Batissela,  ou  de  Limia,  que  dambas 
as  maneiras  aparece  nomeado  nos  documentos.  Foi  rico  homem 
de  Portugal  e  encontra-se  confirmando  muitas  cartas  nos  anos  de 
1289  a  1299,  Ainda  vivia  a  3  de  Abril  de  iSio,  era  porém  já  fa- 
lecido a  20  de  Setembro  de  iSiõ.  D.  Maria  de  Aboim  foi,  em 
virtude  da  citada  escritura  de  composição  celebrada  em  Leiria, 
no  ano  de  1287,  senhora  de  Portel.  Juntamente 'com  seu  segundo 
marido  trocou,  em  i3oi,  com  el  rei  D.  Denis  aquele  senhorio  pelas 
vilas  de  Évora  Monte  e  Mafra  e  terra  de  Aguiar  de  Neiva,  as 
quais  recebeu  de  juro  e  herdade.  Fez  D.  Maria  de  Aboim  o  seu 
testamento  em  Lisboa,  a  3o  de  Julho  da  era  de  \2>-]b  (i337),  e  nele 
deixou  fundado,  nesta  cidade,  na  freguesia  de  Santa  Justa,  onde 
depois  foi  a  rua  da  Porta  de  Santo  Antão,  um  hospital  posterior- 
mente designado  por  Hospital  de  D.  Maria  de  Aboim.  A  8  de 
Setembro  do  mesmo  ano  já  tinha  falecido,  sem  deixar  descendên- 
cia (2). 

Em  um  instrumento  de  viii  dos  idos  de  Dezembro  da  era  de 
iSio  (6  de  Dezembro  de  1272)  encontro  um  «Martinus  Johanis, 
nepos  donni  Johanis  de  Avoyno»  apresentado  na  igreja-  de  Penas- 
roias  da  diocese  de  Braga  (3).  A  palavra  nepos  está  aqui  no  sen- 
tido de  sobrinho  e  não  de  neto,  e  este  Martim  Eanes  foi  certamente 
o  filho  de  João  Gonçalves  de  Barvudo,  cunhado  de  D.  João  de 
Aboim,  filho  mencionado  no  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  onde 
se  declara  haver  ele  sido  cónego  de  Lisboa. 


(i)  D.  João  de  Aboim,  pág.  i23. 

(2)  Ibidem,  págs.  126  a  128. 

(3)  João  Pedro  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  III,  p.  2.»,  pág.  80,  n,»  xxvii. 


26o 


Brasões 


IV      , 

D.  PEDRO  EANES  DE  PORTEL,  único  filho  varão  de  D.  João  de 
Aboim  nomeado  nos  documentos,  foi  rico  homem  e  participou  da  fortuna  de 
seu  pai,  conservando-se  porem  relativamente  bastante  na  sombra. 

Com  seus  parentes  outorgou  o  foral  de  Portel  em  i  de  Dezembro  de  1262, 
devendo  ter  já  catorze  anos  complefbs  de  idade.  Com  seu  pai  teve  os  cas- 
telos do  Algarve  por  el  Rei  de  Castela,  e  na  qualidade  de  rico  homem,  «tenens 
Algarbiumí  confirma  uma  carta  régia  em  Maio  de  1266  (i)  e  o  foral  de  Silves, 
em  Agosto  de  1 266  (2).  No  princípio  do  ano  seguinte  foi-lhe  levantada  por 
D.  Afonso  X  a  menagem  dos  castelos  do  Algarve;  em  Maio  porem  ainda  se 
mantinha  no  governo  daquele  reino  (3);  mas  em  Abril  do  ano  seguinte,  1268, 
já  estava  investido  no  de  Leiria  (4). 

Com  os  governos  de  Sintra  e  Leiria  encontro-o  confirmando  o  foral  de 
Pena  da  Rainha,  em  4  de  Julho  de  1268,  o  dos  Moiros  forros  de  Silves, 
Tavira,  Loulé  e  Faro,  em  12  do  mesmo  mês  do  ano  seguinte  (5),  e  ainda 
outra  carta  de  Janeiro  de  1271  (6).  Só  com  o  governo  de  Leiria  confirma 
nesse  mesmo  ano  a  doação  de  Pedrógão  (7)  e  ainda  outra  carta  a  1 1  de  Ou- 
tubro (8).  Conservou  este  governo  durante  alguns  anos  e  com  êle  o  encontro 
ainda,  em  20  de  Março  de  1282,  confirmando  o  foral  de  Oriola(9);  mas  de 
23  de  Abril  em  diante  já  tinha  o  governo  de  Trás  os  Montes  (10).  ,  Não  sei 
se  também  durante  todo  este  período  teria  tido  o  governo  de  Sintra,  mas 
pelo  menos  com  êle  o  encontro  em  1279,  na  carta  de  certa  doação  ao  con- 
vento de  Alcobaça,  feita  em  12  de  Junho  (11).  Em  i283  porém  confirma  o 
foral  de  Cacela,  a  17  de  Julho,  já  sem  governo  nenhum  e  somente  como  rico 
homem  (12). 

Nesta  qualidade  continuou  acompanhando  mais  ou  menos  a  corte,  e  disso 


(i 

(2 

(3 
(4 
(5 
(6 
(7 
(8 

(9 
(10 

(Í2 


Chancelaria  de  D.  Afonso  III,  liv.  i .",  fl.  77. 

Portugaliae  monumenta  histórica.  Leges,  pág.  706. 

Chancelaria  de  D.  Afonso  III,  liv.  i."  fl.  85  v. 

Ibidem,  fl.  90  V. 

Portugaliae  monumenta  histórica.  Leges,  págs.  710  e  715. 

Chancelaria  de  D,  Afonso  III,  liv.  1,°,  fl.  io5. 

Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana,  IV,  fl.  233. 

Chancelaria  de  D.  Afonso  III,  liv.  i  .<*  fl.  1 1 1 . 

Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  70. 

J.  P.  Ribeiro,  Memorias  das  Confirmações,  doe.  xliii. 

Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  44. 

Supra,  fl.  87. 


Sousas  261 

encontro  vestígios  até  Agosto  de  1286(1).  Depois,  a  18  de  Dezembro  da- 
quele ano,  22  de  Julho  e  9  de  Agosto  do  seguinte,  aparece  com  o  governo 
da  terra  de  Panoias  (2);  mas,  d'então  por  diante,  continua,  como  simples 
rico  homem,  a  confirmar  muitas  cartas  até  à  doação  da  Atouguia,  em  19  de 
Outubro  de  1807  (3).  E  para  mais  prova  de  que  êle  acompanhava  a  corte, 
estão  declarando  as  sentenças  de  20  de  Outubro  de  i3o8  sobre  as  Inquirições 
de  i3o7,  que  estas  foram  vistas  por  «mha  corte  com  muytos  Filhos  dalgo  que 
hi  syam»,  e  o  segundo  destes  nomeado  é  D.  Pedro  Eanes  de  Portel  (4).  É 
deste  ano  de  i3o8  a  última  noticia  encontrada  de  D.  Pedro  Eanes,  que  já 
não  deveria  ser  vivo  a  7  de  Outubro  de  i3i5,  data  de  um  diploma  régio  no 
qual  o  seu  nome  se  não  encontra  entre  os  dos  confirmantes  (5). 

Como  seu  pai,  e  ainda  em  sua  vida,  mostrou  sempre  D.  Pedro  particular 
afeição  pelos  Hospitalários,  dos  quais  era  confreire.  Confirmou,  em  2  de 
Abril  de  1271,  juntamente  com  sua  mulher,  a  doação  das  igrejas  de  Portel 
feita  por  seu  pai  à  Ordem  (6).  Por  ela  foi  contemplado  na  carta  de  conces- 
são do  isento  do  Marmelal,  em  16  de  Abril  de  1274,  e  dela  teve  em  pres- 
timónio  a  bailia  de  Ansemil,  com  a  condição  de  deixar  à  Ordem  um  terço 
dos  seus  bens  (7).  Também  foram  amistosas  as  suas  relações  com  os  Tem-, 
plários,  pois  que,  por  escrituras  feitas  em  Lisboa  a  25  *de  Junho  e  12  de  Se- 
tembro de  1294,  reconheceram,  êle  e  sua  mulher,  serem  apenas  usufrutuários 
vitalícios  de  umas  casas  da  Ordem  em  Leiria  (8),  e  a  ela  doarem  outras  na 
mesma  vila,  à  ponte  Coimbrã  (9). 

Tendo  morrido  D.  João  de  Aboim,  levantaram-se  dúvidas  sobre  as  parti- 
lhas de  seus  bens,  como  acima  disse;  foram  elas  resolvidas  por  composição 
de  que  se  lavrou  escritura  em  i5  de  Junho  de  1287  (10).  Por  este  acordo 
ficaram  a  D.  Pedro  os  bens  de  Monsaraz,  Estremoz,  Évora  Monte,  Monte- 
mor o  Novo,  Santarém,  Sintra,  Lisboa,  Óbidos,  e  Alem  Doiro,  e  mais  os  si- 
tuados em  Castela  e  que  à  partilha  vieram  pela  herança  de  sua  avó  D.  Ve- 
lasquida  de  Çamora. 

Foi  pois  outrosim  senhor  de  uma  grande  casa,  à  qual  juntou  a  de  sua 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis,  Hv.  1.°,  fl.  174. 

(2)  Ibidem,  fls.  189,  2o5  v.  e  207  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  3.°,  fl.  58  v. 

(4)  J.  P.  Ribeiro,  Memorias  das  Inquirições,  does.  xxv,  xxvi  e  xxx. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.»,  fl.  98. 

(6)  Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe,  xxii, 

(7)  J.  A.  de  Figueiredo,  Nova  Malta,  II,  págs.  240  e  226. 

(8)  Gaveta  VIII,  maç.  14.»,  n.»  45. 

(9)  Gaveta  VII,  maç.  i3.",  n."  11. 

(10)  D.  João  de  Aboim,  eit.,  doe.  11,  pág.  172. 


202  Brasões 

mulher,  que  também  foi  rica.  Viveu,  quando  não  na  corte  ou  nos  seus  go- 
vernos, a  maior  parte  do  tempo  em  Leiria,  e  sumptuosamente.  Lá  hospedou 
a  rainha  D.  Beatriz,  em  Novembro  de  1279,  e  em  Junho  de  1287  seu  filho 
el  rei  D.  Denis  (i). 

Faleceu  D.  Pedro  Eanes,  como  acima  disse,  num  dos  anos  de  i3o8  a  i3i5 
e  foi  sepultado,  segundo  se  afirma,  no  mosteiro  da  Vera  Cruz  do  Marmelal, 
onde  todavia  não  encontrei  vestígios  do  seu  túmulo. 

Já  era  casado  em  Abril  de  1271  com  D.  Constança  Mendes  [de  Sousa], 
filha  de  D.  Mem  Garcia  [de  Sousa],  rico  homem,  governador  de  Trás  os 
Montes,  em  i235  e  i236,  e  da  terra  de  Panoias,  em  1264  e  i255,  e  de  sua 
mulher  D.  Teresa  Eanes  [de  Limia],  Consta  estar  já  efeituado  então  o  ca- 
samento da  escritura  de  doação  das  igrejas  de  Portel  à  Ordem  do  Hospital, 
doação  confirmada  por  Pedro  Eanes  e  sua  mulher  D.  Constança  Mendes  (2). 

Era  D.  Constança  sobrinha  do  conde  D.  Gonçalo  Garcia  de  Sousa,  como 
fica  dito  na  pág.  206.  Por  morte  dele  levantaram-se  grandes  questões  sobre 
a  partilha  de  seus  bens  e  apresentaram-se  como  litigantes:  D.  Martim  Gil, 
posteriormente  2."  conde  de  Barcelos,  D.  Mem  e  D.  João  Rodrigues  de  Bri- 
teiros,  D.  Pedro  Eanes  de  Portel  por  si  e  por  sua  mulher,  Martim  Anes, 
Fernão  Pais  de  Barbosa,  Gonçalo  Nunes  de  Bragança  e  a  condessa  viúva 
D.  Leonor,  irmã  de  D.  Denis.  Foi  a  contenda  perante  el  Rei  a  fim  dêle  jul- 
gar a  quem  haviam  de  pertencer  os  coutos,  honras,  maladias,  naturas,  testa- 
mentos e  egrejários  que  compunham  a  herança  e  eram  estes :  Panoias,  An- 
drães,  Mouçós,  Pena,  Aguiar,  Barroso,  terra  de  Basto,  Vila  Verde,  Amarante, 
Sanche,  Travassos,  Freixieira,  Unhão,  Vila  Verde,  Canavezes,  Vila  Cova,  Pa- 
rada, Ferreira,  Levogilde,  Fonte  Arcada,  Astrufe  (?),  Paradela,  Ois  e  Eixo. 
D.  Denis,  que  fez  tudo  quanto  quis,  como  reza  o  prolóquio,  tratou,  antes  de 
mais  nada,  de  mandar  averiguar  se  não  teria  ele  direito  pelo  menos  a  parte 
daquelas  terras,  que  teriam  sido  dadas  umas  somente  em  vida  do  Conde  e 
outras,  por  este  ou  seus  maiores,  usurpadas  à  Coroa.  Foram  os  herdeiros 
meter-se  na  boca  do  lobo.  Para  procederem  àquela  averiguação,  nomeou 
el  Rei,  por  carta  de  5  de  Dezembro  de  1286,  dois  indivíduos,  um  por  sua 
parte,  outra  pela  dos  herdeiros  (3).     Procedeu-se  a  uma  rigorosa  inquirição. 


(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana^  V,  fls.  55  e  i25. 

(2)  Livro  de  D.  João  de  Portel^  doe.  xxii,  —  Supõe  João  Carlos  Feo,  nas  Memorias  dos 
Duques,  págs.  iSq-i^o,  estar  já  efeituado  o  casamento  de  D.  Constança  Mendes  em  Fevereiro 
de  1265,  alegando  uma  escritura  de  doação  a  ela  e  a  seus  filhos  feita  por  sua  irmã  Teresa 
Mendes;  sucede  porem  que  aquela  escritura  não  é  do  ano  de  1265,  mas  sim  do  de  1275 
(Livro  de  D.  João  de  Portel,  doe.  ccxii). 

(3)  J.  P.  Ribeiro,  Memorias  das  Inquirições,  doe.  xxxviii. 


Sousas  26? 

que  durou  perto  de  dois  anos,  e  em  2  de  Setembro  de  1288  deu  el  Rei  a  sen- 
tença da  partilha  dos  referidos  bens  (i),  dos  quais  D.  Constança  Mendes  teve 
grande  parte. 

Fez  esta  senhora  o  seu  testamento  em  Santarém  a  8  de  Janeiro  da  era 
de  i335  (1297),  deixando  por  testamenteiros  a  seu  marido,  a  seu  primo  com 
irmão  Fr.  Afonso  Rodrigues,  guardião  de  S.  Francisco  de  Lisboa,  e  a  Fr.  Mar- 
tim  de  Castro  (2).  Morreu  D.  Constança  antes  de  10  de  Maio  do  ano  se- 
guinte, pois  que  nessa  data  se  tirou  um  traslado  do  seu  testamento  (3).  Foi 
sepultada  no  convento  de  S.  Domingos  de  Santarém  (4). 

De  D.  Pedro  Eanes  de  Portel  e  de  D.  Constança  Mendes  de  Sousa  foram 
filhos : 

1.  JOÃO  PERES  DE  SOUSA,  que  segue. 

2.  João  Peres  de  Sousa,  outro  filho  do  mesmo  nome  indicado  em  todos 

os  livros  de  linhagens,  com  a  declaração  de  nem  dum  nem  doutro 
ter  ficado  geração. 

3.  D.  Branca  Peres  chegou  a  suceder  em  parte  da  casa  materna,  casou 

com  Pedro  Afonso,  filho  bastardo  dei  rei  D.  Denis  e  futuro  conde 
de  Barcelos,  e  morreu  deixando  um  filho  que  lhe  sobreviveu  o  tempo 
suficiente  para  seu  pai  herdar  a  parte  da  casa  de  Sousa  possuída 
por  sua  mãe.  Não  sei  quando  se  efectuou  o  casamento;  inclino-me 
porém  a  supor  que  tivesse  tido  lugar  nas  proximidades  de  10  de 
Dezembro  de  1289,  data  da  primeira  carta  de  doação  de  bens  feita 
por  D.  Denis  àquele  seu  filho,  para  êle  e  sucessores  legítimos  (5). 
Quanto  à  data  da  morte  de  D.  Branca,  não  me  é  também  fácil  pre- 
cisá-la. Sua  mãe  já  tinha  falecido  em  Maio  de  1298,  e  D.  Branca 
certamente  sobreviveu-lhe  para  poder  herdar  a  sua  casa;  mas,  para 
este  efeito,  não  havia  só  de  ter  sobrevivido  à  mãe,  tinha  também 
de  assistir  ao  falecimento  de  seu  irmão  D.  João  Peres  de  Sousa. 
Este  ainda  era  vivo  em  Fevereiro  de  i3o4,  logo  D.  Branca  só  de- 
pois deste  tempo  morreu.     Afirma  o  douto  e  consciencioso  cronista 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  1.",  fl.  241  v.;  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusi- 
tana^ V,  fl.  1 34  V. 

(2)  D.  João  de  Aboim,  cit.,  doe.  vi,  pág.  176:  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana, 
V,  fl.  270. 

(3)  D.  João  de  Aboim^  cit.,  doe.  vi,  pág.  176. 

(4)  Testamento  do  Conde  D.  Pedro  de  Barcelos,  seu  genro. 

(5)  «Querendo  fazer  graça  e  mercê  a  meu  filho  Pedro  Afonso»,  carta  de  doação  de  bens 
em  Lisboa,  Estremoz,  Évora  Monte,  etc,  nos  quais  sucederão  seus  filhos  ou  filhas,  lídimos, 
se  os  houver,  e,  se  eles  morrerem,  ficarão  os  bens  a  Afonso  Sanches  seu  irmão.  —  Chance^ 
laria  de  D.  Denis,  liv.  i.»,  fl.  270  v. 


264  Brasões 

Fr.  Francisco  Brandão  a  existência,  no  cartório  do  mosteiro  de  Sal- 
zeda,  de  uma  escritura  de  10  de  Março  de  i3oi  de  desistência,  na 
qual  outorgou  o  Conde  D.  Pedro  com  sua  muliíer  D.  Maria  Xime- 
nes  (i).  Parece-me  porem  haver  erro  nesta  data:  primeiro,  por- 
que D.  Pedro  só  foi  conde  em  i3i4;  segundo,  porque  consta  ter 
êle,  com  sua  mulher  D.  Branca,  feito  doação  de  tudo  quanto  pos- 
suiam  em  Montouto  a  D.  Garcia  Martins,  grão  comendador  da  Or- 
dem do  Hospital,  em  escambo  pelo  lugar  de  Eixo  (2),  e  este  con- 
trato só  poderia  ter  sido  realizado  nos  anos  de  i3o3  a  i3o6,  nos 
quais  D.  Garcia,  Martins  foi  grão  comendador  (3).  Mas  há  mais 
ainda  e  o  próprio  cronista  nos  aponta  o  seu  erro,  tam  de  boa  fé 
andou.  Na  fl.  179  v.  declara  que  D.  Pedro  «teve  ...  o  officio  de 
Mordomo  mòr  da  Infanta  Dona  Brites  sua  cunhada,  como  consta 
por  escritura  de  desistência  de  certas  herdades,  que  eraõ  do  nosso 
mosteiro  da  Salzeda,  que  já  referimos».  É  a  tal  escritura  de  10 
de  Março  de  i3oi,  na  qual  outorgam  o  Conde  D.  Pedro  e  sua  se- 
gunda mulher  D.  Maria  Ximenes;  ^mas,  como  podia  a  escritura  ser 
do  ano  de  i3oi  e  nela  mencionar-se  o  mordomo  mor  da  infanta 
D.  Beatriz,  se  o  casamento  dela  só  teve  lugar  em  i3o9?  Ele  pró- 
prio Fr.  Francisco  Brandão  o  declara  (4).  Todos  estamos  sujeitos 
a  erros  de  datas,  seja  ^qual  for  o  cuidado  com  que  procedamos,  e 
no  fatal  verso  desta  fl.  179  mais  dois  erros  análogos  são  cometi- 
dos (5).  Em  resultado  da  precedente  averiguação  fica  evidente  ter 
D.  Branca  Peres  morrido  só  depois  de  i3o4,  ano  em  que  ainda  há 
notícias  de  seu  irmão  D.  João  Peres  de  Sousa,  e  antes  de  1?  de 
Stembro  de  i322,  data  de  uma  procuração  geral  de  «dona  Maria, 
condessa  de  Barcelos»,  a  seu  marido  o  Conde  D.  Pedro,  para  poder 
emprasar  e  escambar  todolos  herdamentos  que  haviam  em  Portu- 


(i)  Monarchia  lusitana,  V,  178. 

(2)  Carta  de  24  de  Julho  de  i362  (1324)  de  confirmação  régia  da  sobredita  troca.— 
Chancelaria  de  D.  Denis^  liv.  3.",  fl.  160  v. 

(3)  J.  A.  de  Figueiredo,  Nova  Malta,  II,  35o  a  352. 

(4)  Monarchia  lusitana,  VI,  i32.  * 

(3)  Afirma  Fr.  Francisco  Brandão,  no  lugar  citado,  que  a  carta  de  confirmação  régia  da 
doação  feita  a  Pedro  Afonso  por  João  Soares,  freire  da  Ordem  do  Templo,  é  de  9  de  Feve- 
reiro de  i324,  quando  ela  é  de  9  de  Fevereiro,  na  realidade,  mas  do  ano  de  i3i4  {Chancela- 
ria de  D.  Denis,  Hv.  3.°,  fl.  85).  «E  —  continua  — no  primeiro  dia  de  Mayo  do  próprio  anno 
o  fez  elRey  Conde  de  Barcelos».  Ora  a  carta  de  doação  da  vila  de  Barcelos,  por  que  o 
fizera  conde,  é  de  dez  anos  antes,  de  i  de  Maio  de  i3i4  {Ibidem^  fl.  86  v.). 


Sousas  265 

gal(i).  Mandou-se  D.  Branca  sepultar  no  mosteiro  de  S.  Domin- 
gos de  Santarém,  junto  de  sua  mãe  (2). 

Pedro  Afonso  é  o  famoso  Conde  D.  Pedro  de  Barcelos,  presu- 
mido autor  do  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro  e  possuidor  de  um 
precioso  Livro  de  Cantigas  (3),  no  seu  testamento  legado  a  el  Rei 
de  Castela  (4).  Dá-se  a  singularidade  do  testamento  ser  de  3o  de 
Março  de  i35o  e  D.  Afonso  XI  de  Castela  ter  morrido  em  Gra- 
nada, uns  dias  antes,  a  26.  Como  o  Conde  D.  Pedro  ainda  viveu 
mais  quatro  anos,  é  bem  possível  que  tivesse  derrogado  a  deixa  e 
o  livro. fosse  parar  a  outra  parte. 

Pedro  Afonso  foi  havido  de  D.  Grácia,  proprietária  de  umas 
casas  a  par  da  Sé  de  Lisboa  nas  quais  seu  filho  veio  a  fundar  um 
hospital,  e  de  duas  tendas  à  porta  do  Ferro  doadas  por  D.  Denis, 
que,  por  morte  de  D.  Grácia  e  por  carta  de  22  de  Agosto  de  i362 
(i324),  fez  delas  mercê  para  sempre  a  seu  filho  (5).  Várias  outras 
doações  de  bens  e  senhorios  lhe  havia  já  feito  seu  pai  (6),  a  quem 
acompanhou  a  Aragão,  em  i3o4,  tendo  talvez  então  apenas  avistado 
sua  segunda  mulher,  pois  que  a  afirmativa  de  Fr.  Francisco  Bran- 
dão de  D.  Pedro  ser  já  ao  tempo  casado  com  D.  Maria  Ximenes  (7) 
carece  de  fundaniento,  como  mostrei.  Em  i3o7  era  mordomo  da 
Infanta  sua  cunhada  e  naquela  qualidade  confirma  uma  carta,  da- 
tada da  Atouguia  a  19  de  Outubro  (8),  por  todos  estes  serviços  e 
pela  afeição  que  lhe  dedicava,  criou-o  el  Rei  seu  pai  conde  e  por 
isso  lhe  fez  doação  da  vila  de  Barcelos,  por  carta  de  i   de  Maio 


(i)  Transcrita  na  carta  de  12  de  Setembro  de  i36i  (i323)  de  composição  com  os  mo- 
radores da  freguesia  de  S.  Cristóvão  de  Mondim.  —  Gaveta  XV,  mac.  19.»,  n."  53. 

(2)  Testamento  do  Conde  D.  Pedro,  nas  Provas  da  Historia  genealógica,  I,  i38. 

(3)  D.  Carolina  Michaelis  de  Vasconcelos,  Cancioneiro  da  Ajtida^  II,  243. 

(4)  D.  António  Caetano  de  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica,  I,  1 38. 
^5)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3,»,  fl.  1 60  v. 

(6)  Alem  das  cartas  de  1289  e  i3i4,  já  lá  acima  citadas,  e  desta  de  1324,  encontrei  mais 
as  seguintes:  em  Lisboa,  a  28  de  Junho  de  i339  (i3oi),  a  Pedro  Afonso,  meu  filho,  doação 
de  bens  em  Sintra  que  haviam  sido  de  Pedro  Fernandes,  copeiro  de  D.  Afonso  III  (Chance- 
laria de  D.  Denis,  liv.  3.°,  fl.  i5"  v.);  em  Lisboa,  a  3  de  Agosto  de  1341  (i3o3),  doação  do  re- 
guengo da  Asseca  em  Tavira  {Ibidem,  fl.  24  v. ;  Gaveta,  XV,  mac.  9.»,  n."  20) ;  em  Lisboa,  a 
i5  de  Setembro  de  1344  (i3o6),  doação  para  ele  e  descendentes  lídimos,  com  reversão  para 
a  Coroa,  da  terra  de  Gestaçô,  com  seus  termos  e  jurisdições  (Gaveta  III,  mac.  i.*,  n.»  5; 
Gaveta  XII,  mac.  6.»,  n.»  20;  Gaveta  XJV,  mac,  4.°,  n."  2;  Chancelaria,  liv.  3.»,  fl.  52  v.;  Mo- 
narchia,  V,  179  v.). 

(7)  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  178. 

(8)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.°,  fl.  58  v.;  Monarchia,  VI,  119. 

voi..  1  34 


266  Brasões 

de  i3i4(i).     Foi  o  3.°  Conde  de  Barcelos,  sucedendo  no  condado 
a  seu  parente  por  afinidade  D.  Martim  Gil,  a  quem  também  su 
cedeu  no  posto  de  alferes  mor,  com  o  qual  confirmou  uma  carta 
de  7  de  Outubro  de  i353  (i3i5)  (2),  e  o  qual  conservou  até  mor- 
rer (3). 

Aparece-me  pouco  depois  exercendo  um  serviço  público,  con- 
forme hoje  lhe  chamaríamos.  Gomo  é  sabido,  em  seguida  às  In- 
quirições gerais  de  i328  (1290),  mandou  D.  Denis  proceder  a  várias 
outras  particulares  e  entre  elas  umas,  em  i355  (iSiy),  no  conce- 
lho da  Feira  e  delas  foi  encarregado  o  Conde  D.  Pedro  (4).  Nas 
revoltas  do  infante  D.  Afonso  contra  seu  pai  el  rei  D.  Denis,  s,e- 
gum  o  Conde  D.  Pedro  logo  de  começo,  em  i32o,  como  vassalo 
da  casa  do  Infante,  na  qualidade  de  mordomo  de  sua  mulher,  o 
bando  do  sucessor  da  coroa.  Por  esse  facto  foi  deserdado  e  des- 
terrado para  Castela,  d'onde  voltou  por  ocasião  das  novas  revoltas 
de  i322  e  com  o  Infante  esteve  em  Coimbra,  onde  se  empenhou 
em  tratar  e  ultimar  a  sua  concórdia  com  D.  Denis.  No  tratado 
celebrado  então  foi-lhe  restituída  a  sua  casa  e  para  a  comarca  da 
Beira  passou  a  residir  (5).     No  ano  seguinte,   a  8  de  Janeiro,  fez 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.°,  fl.  86  v.;  Monarchia^  tom.  V,  fl.  179  v.,  com  a  data 
errada,  e  com  ela  certa,  no  tom.  VI,  pág.  208,  onde  transcreve  toda  a  carta. 

(2)  Carta  de  doação  das  vilas  e  lugares  de  Penela  e  Miranda  do  bispado  de  Coimbra, 
Alvito,  Vila  Nova  com  a  quinta  que  chamam  da  Agua  dos  Peixes,  e  a  Vidigueira,  Malcabrõ, 
Vilalva,  Vila  Ruiva,  S.  Cocovado  e  Bonalbergue  a  D.  Isabel  «minha  sobrinha,  filha  do  infante 
D.  Afonso  meu  irmão». —  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3."  fl.  97  v.  —  K  a  última  carta  regis- 
tada na  Chancelaria  com  os  nomes  dos  confirmantes,  os  quais  pelo  braço  secular  foram  os 
seguintes :  Afonso  Sanches,  mordomo  mor,  Conde  D.  Pedro,  alferes  mor,  João  Afonso,  Fer- 
não Sanches  (todos  quatro  filhos  bastardos  de  D.  Denis),  Afonso  Denis,  mordomo  da  Rainha 
(filho  bastardo  de  D.  Afonso  III),  Martim  Mendes  de  Berredo,  D.  Fernão  Peres  de  Barbosa, 
D.  João  Rodrigues  de  Briteiros,  D.  Gonçalo  Anes  de  Berredo,  Martim  Anes  de  Sousa,  Joane 
Mendes  de  Briteiros,  João  Simõ,  meirinho  mor,  Pêro  Steves,  copeiro  mor,  Stevam  da  Guarda, 
eicham  mor  e  mais  os  prelados,  nomeados  por  Fr.  Francisco  Brandão,  na  Mona^chia  lusi- 
tana, VI,  228,  onde  omite  os  nomes  dos  três  últimos  ricos  homens  e  errou  o  ofício  de  Pêro 
Steves,  pois  em  vez  de  copeiro  mor  leu  meirinho  mor,  alongando-se  numa  explicação  que 
cai  pela  base,  pois  não  se  nomeiam  dois  meirinhos  mores. 

(3)  Pelo  menos  ainda  assim  se  intitula  ano  e  meio  antes  de  morrer,  na  carta  de  20  de 
Agosto  de  1390  (i352)  pela  qual  doou  todos  os  seus  bens  de  Torres  Vedras  e  seu  termo  a 
Pêro  Stêvenz,  vedor  da  sua  casa,  para  acrescentamento  «daquele  hospital,  que  eu  e  Tareja 
Anes  ordinhamos  em  Lisboa».  —  Livro  iP  do  Hospital  do  Conde  D.  Pedro,  fl.  3o,  no  Arquivo 
da  Câmara  Municipal  de  Lisboa. 

(4)  Livro  1.°  de  Direitos  riais,  fl.  i ;  Monarchia,  V,  fl.  184  v. 

(5)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  VI,passim. 


Sonsas  267 

o  Conde  uma  composição  com  Martim  Afonso  de  Sousa,  na  qual 
foi  árbitro  o  infante  D.  Afonso,  e  por  ela  lhe  foi  sentenciado  o 
couto  e  honra  de  Lalim  e  mais  os  de  Eixo  e  Daes,  ficando  a  Mar- 
tim Afonso  as  honras  e  coutos  de  Amarante,  Barroso  e  outros  (i). 
Ainda  eram  restos  da  partilha  dos  bens  da  casa  de  Sousa. 

Na  comarca  da  Beira,  como  acima  disse,  passou  o  Conde  a 
residir  nos  seus  paços  de  Lalim,  d'onde  contudo  se  afastou  em 
i336,  quando  rompeu  a  guerra  entre  D.  Afonso  IV  e  seu  genro 
D.  Afonso  XI  de  Castela.  Fez  então  D.  Pedro  uma  entrada  por 
Galiza  com  muitas  gentes  d'armas  às  suas  ordens,  talou  e  arrazou 
quanto  quis,  obrigando  o  Arcebispo  de  Santiago,  que  pretendera 
estorvar-lhe  o  passo,  a  retirar  diante  de  suas  forças  (2). 

Por  estes  tempos,  já  há  muito,  estava  casado  em  segundas 
núpcias  com  D.  Maria  Ximenes,  como  lhe  chama  um  documento 
abaixo  citado,  ou  D.  Maria  Coronel,  nome  que  lhe  dão  alguns  au- 
tores (3).  Era  ela  natural  de  Aragão,  filha  de  D.  Ximeno  Cornei 
e  tia  de  D.  Pedro  Cornei,  senhor  de  Alfajarin,  fidalgos  muito  no- 
meados nas  histórias  daquele  reino  e  descendentes  da  linhagem 
dos  seus  mais  antigos  ricos  homens  (4).  Diz-se  ter  ela  vindo  para 
Portugal  em  1282,  por  dama  da  rainha  santa  Isabel,  mas  não  está 
disso  muito  certo  o  cronista  (5)  e  eu  ainda  muito  menos.  Em  1822, 
como  mostrei  acima,  já  estava  realizado  este  casamento  que  não . 
foi  feliz.  Os  génios  dos  cônjuges  não  se  acomodavam  e  em  vir- 
tude disso  passaram  a  viver  apartados,  primeiro  ambos  em  Por- 
tugal, depois  ela  no  Aragão,  e  ele  por  cá,  em  não  encoberta  con- 
cubinagem. 

Em  14  de  Outubro  de  i345,  estando  D.  Pedro  e  D.  Maria  em 
Coimbra,  cada  um  deles  passou  sua  procuração  para  idêntico  fim; 
ela  assinou-a  nos  paços  dei  Rei,  ele  porem  «em  S.  Domingos  da 


(i)  Fr  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  VI,  págs.  424-425. 

(2)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  IV,  fl.  35;  Duarte  Nunes  do  Lião,  Primeira  parte 
das  Chronicas,  fl.  i5i ;  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  pág.  290,  onde  mais  miudamente  narra 
os  sucessos. 

(3)  Um  deles  foi  Argote  de  Molina,  na  Noble^a  dei  Andalupa,  fl.  go,  onde  erradamente 
diz  ter  ela  sido  a  segunda  mulher  de  D.  João  Afonso,  i."  conde  de  Barcelos,  erro  já  adver- 
tido na  nota  3  de  pág.  107. 

(4)  Gerónymo  Çurita,  Anales  de  la  Corona  de  Aragon^  liv.  VI,  cap.  vi,  fl.  191 ;  liv.  I, 
cap,  xxxn,  fl.  3i  v.,  etc. 

(5)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  68  v.,  persuadido,  e  fl.  178,  afir- 
mativo. 


268  Brasões 

dita  vila»  (i).  Em  1847  ^  separação  já  era  completa.  A  Condessa 
residia  em  Lisboa  nos  paços  de  Lopo  Fernandes  [Pacheco],  senhor 
de  Ferreira,  onde,  a  1 1  de  Agosto,  assinou  uma  carta  de  venda 
interessante.  Por  ela  vendeu  a  seu  marido  «todo  o  direito  que 
eu  hei  e  de  direito  deva  de  haver  em  todalas  aquelas  herdades 
que  vós  a  mim  destes  em  arras,  e  em  doação,  e  em  compra  de 
meu  corpo,  e  de  todalas  outras  herdades  que  eu  e  vós  havemos 
nos  reinos  de  Portugal  e  do  Algarve».  O  preço  estipulado  foi  de 
três  mil  escudos  de  oiro  e  dobras,  e  mil  duzentas  e  cinquenta  libras 
da  moeda  de  Portugal,  preço  de  que  ela  se  deu  por  «bem  pagada» 
por  o  ter  recebido  de  Pêro  Coelho,  cavaleiro,  vassalo  e  procurador 
do  Conde  (2).  Na  véspera  fora  expedida  uma  carta  régia,  autori- 
zando os  respectivos  tabeliães,  que  interviessem  neste  contrato  e 
noutro  análogo,  a  neles  incluírem,  sem  prejuízo  de  validade,  a 
cláusula  do  juramento.  Este  diploma  esclarece  bem  o  caso.  A 
.  el  Rei,  por  uma  parte,  pelo  seu  nomeado  procurador,  declarou  o 
Conde  D.  Pedro,  que  êle  fazia  doação  a  «dona  Maria  Xhemenes, 
condessa  sua  mulher»,  de  todolos  bens  possuídos  pelos  cônjuges 
no  reino  de  Aragão;  por  outra  parte  veio  a  Condessa  participar 
que  ela  fizera  doação  a  seu  marido  de  todos  os  bens  do  casal  exis- 
tentes nos  reinos  de  Portugal  e  Algarve  (3).  Foi  a  separação  de 
bens,  porque  a  de  pessoas  já  estava  realizada  havia  muito,  vivendo 
o  Conde  nos  seus  paços  de  Lalim,  onde  mandou  trasladar  em  pú- 
lica  forma  estas  cartas  a  9  de  Outubro  de  1348,  e  no  mesmo  dia 
publicá-las  na  vila  de  Crasto  Rei,  no  adro  de  S.  Pedro,  perante 
OS' juízes  da  dita  vila.  O  instrumento  foi  mandado  lavrar  para  ser 
entregue  a  D.  Tareja  Anes,  natural  de  Toledo,  «para  ajuda  de  seu 
feito  per  razão  daquelas  cousas  que  êle  dizia  que  vendera  e  dera 
à  dita  D.  Tareja,  das  sobreditas  cousas  conteudas  na  sobredita 
carta  de  compra  sobredita»  (4).  Esta  D.  Teresa  Anes  era  a  con- 
cubina do  Conde,  com  quem  êle  vivia  maritalmente.  Fr.  Fran- 
cisco Brandão  notou  o  facto,  mas  das  premissas  tirou  uma  conse- 
quência, tam  conforme  à  moral,  quanto  oposta  à  verdade;  «vivendo 
ambos  juntamente,  e  sendo  os  criados  os  mesmos,  sinal  hé  de  que 


( 1 )  Arquivo  da  Câmara  Municipal  de  Lisboa,  Livro  iP  do  Hospital  do  Conde  D.  Pedro, 
fl.  54. 

(2)  Livro  /.«  do  Hospital  do  Conde  D.  PedrOy  fl.  28. 

(3)  Ibidem. 

(4)  Ibidem. 


Sousas  269 

estavam  casados»  (i).  Não  estavam  nem  podiam  estar,  porque  a 
condessa  D.  Maria  vivia  então  no  Aragão.  Interveio  ela  também 
no  ajuste,  muito  combatido  por  el  Rei  de  Castela,  do  casamento 
da  nossa  infanta  D.  Leonor  com  D.  Pedro  IV,  rei  de  Aragão  (2). 
Para  este  reino  passou,  provavelmente  na  armada  em  C[ue  partiu 
a  Infanta,  nos  princípios  do  outono  de  1347,  e  lá  vivia  quando, 
em  3o  de  Março  de  i35o,  o  Conde  D.  Pedro  fez  o  seu  testa- 
mento (3). 

Quinze  meses  antes,  a  7  de  Dezembro  de  1348,  fizera  Teresa 
Anes  o  seu.  Nele,  em  seguida,  às  palavras  sacramentais  do  início, 
diz  ela:  «eu  pecador  Tareija  Anes,  natural  de  Toledo,  criada  delRei 
D.  Afonso  de  Portugal ...  e  da  rainha  D.  Briatis  sa  mulher . . . 
faço  e  ordeno  o  meu  testamento».  Manda  enterrar  o  seu  corpo, 
«ali  hu  o  Conde  D.  Pedro  tiver  por  bem»;  institui  nas  suas  casas 
de  Lisboa,  que  foram  de  D.  Grácia,  um  hospital,  ao  qual  lega  todos 
os  seus  prédios  de  Lisboa  e  comarca  da  Estremadura.  Manda  en- 
tregar toda  a  sua  herdaile  de  Toledo  e  a  mais  existente  nos  reinos 
de  Castela,  a  Santo.  Agostinho  daquela  cidade,  «aU  hu  jaz  meu 
padre»;  e  dispõe  do  resto  dos  seus  bens  (4).  D'ali  a  tempos,  de- 
pois de  D.  Pedro  ter  feito  o  seu  testamento,  no  dia  27  de  Maio  de 
i35o,  em  Lalim,  nos  paços  do  Conde,  na  câmara  de  D.  Tareja, 
«que  jazia  em  sa  cama  doente»,  compareceu  o  tabelião  de  Crasto 
Rei  e  perante  testemunhas  tirou  uma  cópia  do  referido  testamento, 
que  lhe  foi  apresentado  (5).  A  16  de  Agosto  do  ano  seguinte  já 
ela  tinha  morrido,  como  consta  da  escritura  de  doação  naquele  dia 
feita  pelo  Conde  D.  Pedro  a  Pedro  Esteves,  vedor  da  sua  casa, 
das  casas  apar  da  Sé,  que  haviam  sido  de  sua  mãe  D.  Grácia,  para 
nelas  êle  manter  os  capelães  e  pobres  do  hospital  lá  instituído, 
com  os  rendimentos  de  certos  bens  que  lhe  dera  em  Sintra,  e  com 


(1)  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  179  v. 

(2)  Gerónymo  Çurita,  Anales  de  Aragon^  liv.  VII,  cap  vi,  fl.  191. 

(3)  Provas  da  Historia  genealógica,  I,  pág.  104. —  Declara  o  Conde  no  testamento: 
«este  outorgo  e  hey  por  firme  em  todo  para  sempre,  e  se  algum  testamento,  ou  testamentos 
que  a  Raynha  tenha,  ou  a  Condeça  Dona  Maria,  ou  que  tevesse  Lopo  Fernandes  [Pacheco] 
...  eu  os  revogo».  —  A  condessa  D.  Maria  era  D.  Maria  Ximenes,  nem  podia  ser  outra,  mesmo 
porque  não  existia  por  cá  mais  nenhuma. 

(4)  Livro  i.o  do  Hospital  do  Conde  D.  Pedro,  fl.  i3;  Monarchia,  V,  fl.  182;  e  Provas  da 
Historia  genealógica,  1,  i33,  onde  é  transcrito  na  íntegra,  com  os  costumados  e  infelizmente 
tam  repetidos  erros  de  leitura. 

(5)  Livro  i.o  do  Hospital  do  Conde  D.  Pedro,  fl.  i3. 


270  Brasões 

os  que  Ji cavam  de  Tareja  Anes,  etc.  (i).  Foram,  esta  escritura  e 
outra,  apresentadas  pelo  referido  Pedro  Esteves,  em  5  de  Julho  de 
de  i354,  nas  casas  da  quinta  que  foi  do  Conde  D.  Pedro,  para 
delas  lhe  darem  públicas  formas  autênticas  (2);  estava  pois  o  Conde 
então  já  morto.  Consta  porem  que  ainda  vivia  em  2  de  Fevereiro 
desse  mesmo  ano  (3),  tendo  tido  portanto  lugar  a  sua  morte  num 
dos  cinco  meses  decorridos  entre  as  duas  datas.  Foi  sepultado 
em  S.  João  de  Tarouca,  e  ao  convento  deixou  grande  parte  de 
seus  bens  (4). 

Fidalgo  muito  rico  manteve  sempre  uma  grande  casa  e  «houVe 
os  melhores  vassallos  que  houve  outro  comde  nem  homens  boÕs 
dos  que  d'antes  forom»  (5).  Foi  homem  de  elevada  estatura,  como 
se  verificou  posteriormente,  segundo  conta  o  cronista,  neste  inte- 
ressante trecho: 

«No  anno  de  1634.  mudarão  os  Religiosos  de  São  loão  de  Ta- 
rouca a  sepultura  deste  Conde  da  parte  direita  do  Cruzeiro  para 
a  nave  direita  da  Igreja,  &  abrindóa  por  curiosidade,  acharão  a 
armação  dos  ossos  toda  inteira:  medirão  o  corpo  com  húa  cana, 
&  constou  ter  de  comprido  quasi  onze  palmos  &  meio;  a  sepultura 
não  promettia  menos  corpo,  porque  he  grande  em  demasia.  Res- 
pondia a  grossura,  &  mais  compaginação  a  esta  grandeza:  na  meia 
cabeça  da  parte  direita,  tinha  meio  barrete  de  cetim  amarelo  tos- 
tado, forrado  de  tafetá  da  mesma  còr,  tudo  mui  saõ  ainda;  &  o 
cabelo  desta  mesma  parte  crecido  com  grande  melena,  &  sobre  ma- 
neira ruivo:  calçava  esporas  douradas,  &  dentro  delias  estavaÕ  as 


( i)  Livro  1°  do  Hospital  do  Conde  D.  Pedro.  fl.  3o. 

(2)  Ibidem.  , 

(3)  Neste  dia  assinou  o  Conde  D.  Pedro  um  título  de  confissão  de  dívida  de  1 149  libras, 
5  soldos,  9  dinheiros  e  mealha,  a  Vicente  Anes  Froyas.  Encontra-se  a  escritura  na  fl.  55  do 
cit.  Livro  i.o  do  Hospital  do  Conde  D.  Pedro^  mas  por  tal  forma  apagada,  que  me  foi  im- 
possível lê-la;  reporto-me  a  um  índice  anteposto  ao  códice,  no  século  xvn,  afigura-se-me,  e 
elaborado  por  pessoa  de  confiança,  segundo  pude  apreciar  pela  confrontação  doutras  verbas 
do  índice  com  os  respectivos  documentos. 

(4)  «Item  mando  que  toda  a  erdade  que  eu  hei  em  Santarém,  e  em  seus  termos,  que 
foy  de  Dom  Pedro  Annes  Portel  e  de  Dona  Constança  Mendes  sa  molher . . .  entreguem  . . . 
ao . . .  Mosteiro  de  S;m  Johão  de  Tarouca  . . .  e  esta  erdade  dei  eu  assi  e  entreguei  ao  dito 
mosteiro,  porque  o  prometti  assi  a  Dona  Branca  com  que  eu  fui  casado  primeiro,  onde  a 
dita  herdade  decende».  —  Testamento  do  Conde  D.  Pedro  já  citado. 

(5)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro.  —  Portugaliae  monumenta  histórica.  ScriptoreSy 
pág.  290. 


Sousas  271 

solas  do  calçado  inteiras  de  ponta  aguda,  como  então  se  custumava. 
Os  que  esiiveraõ  presentes  mo  certihcaoaÕ  cÕ  miudeza»  (i). 

Do  túmulo  vê-se  uma  reprodução  fotográfica  na  pág.  64  da  Arte 
românica  em  Portugal.  Texto  de  Joaquim  de  Vasconcellos,  com 
reproducções  seleccio?iadas   e   executadas  por  Maluques  Abreu. 
Porto.  1918. 
b.  Maria  Peres  Ribçira  de  quem  falarei  no  capitulo  V. 


JOÃO  PERES  DE  SOUSA  foi  rico  homem  de  Portugal  e  nesta  quali- 
dade confirma  na  carta  de  confirmação  do  couto  de  Almoster  em  1298,  na 
de  certa  doação  à  Ordem  do  Hospital  em  8  de  Junho  de  i3o2,  no  foral  de 
Vila  Boa  do  Monte  em  i3o3  e  na  carta  do  couto  de  Mafra,  em  20  de  Feve- 
reiro de  i3o4  (2).  Todos  estes  diplomas  foram  também  confirmados  por  seu 
pai,  a  quem  não  sobreviveu;  sucedeu  porem  em  parte  da  casa  de  sua  mãe. 
Foi  sepultado  no  mosteiro  de  S.  João  de  Tarouca,  onde  também  encontraram 
jazida  alguns  de  seus  parentes  Sousas  (3).  Com  este  apelido  e  só  com  êle 
o  encontro  assinando  as  referidas  cartas. 

Dizem  ter  éle  lido  um  irmão  do  mesmo  nome;  não  creio  porém  na  exis- 
tência simultânea  de  dois  filhos  de  D.  Pedro  Eanes  de  Portel,  ambos  de  nome 
João  Pérez,  e  nos  documentos  não  encontro  vestígios  dessa  existência  coetâ- 
nea. Suponho  que  morreria  um  antes  do  outro,  ou  que  os  pais  mudariam 
o  nome  ao  segundo  depois  da  morte  do  primeiro;  ou  ainda  que  seria  só  um 
filho  chamado  primeiro  João  Pérez  de  Portel  e  depois,  pela  herança  da  casa 
de  Sousa,  João  Pérez  de  Sousa.  Confesso  porém,  que  a  esta  última  conjec- 
tura concedo  a  menor  base,  porque  todos  os  livros  antigos  declaram  a  exis- 
tência dos  dois  filhos. 

João  Carlos  Feo,  nas  Memorias  dos  Duques,  quis  dar  remédio  a  esta  in- 
verossimilhança  dos  dois  filhos  com  o  mesmo  nome,  chamando  a  um  João 
Peres  de  Sousa  e  ao  outro  João  Peres  de  Portel.  Foi  mero  capricho  para 
o  qual  não  há  fundamento  nenhum,  nem  em  documento,  nem  em  nobiliário 
antigo;  foi  só  para  salvar  a  homonímia. 

João  Baptista  Lavanha,  na  sua  incorrecta  edição  do  Nobiliário  do  Conde 


(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  fl.  180 

(2)  Ibidem,  V,  fls.  i5i  v.  e  296,  e  VI,  págs.  21  e  28. — Esta  última  carta  foi  passada  a  favor 
dos  tios  de  João  Peres  de  Sousa,  Maria  Anes  e  João  Fernandes  de  Lima,  e  está  impressa  por 
inteiro  no  Arquivo  historjco  portuguez,  IV,  188. 

(3)  Testamento  do  Conde  D.  Pedro  acima  citado. 


272  Brasões 

D.  Pedro,  que,  se  tivesse  realmente  sido  o  autor  do  livro,  não  deixaria  nele 
tam  confusas  as  notícias  \lêstes  fidalgos  seus  cunhados,  traz,  nas  págs.  iSy  e 
i58,  os  dois  Joões  e  a  cada  um  deles  assina  um  casamento;  mas  não  é  isso 
conforme  ao  texto  do  Nobiliário.  Nele  lê-se:  «E  dona  Costamça  Meendez 
foy casada  com  dom  Pedro  Annes  Portel. . .  e  fez  em  ella  Joham  Pirez,  e 
outro  Joham  Pirez,  e  dona  Bramca  Pirez,  e  dona  Maria  Pirez  Ribeyra.  E 
Joham  Pirez  e  Joham  Pirez  nom  ouverom  semel»  (i).  Mais  adiante  diz: 
«re  este  dom  Pedre  Annes  foy  casado  com  dona  Orraca  Affomsso . . .  e  ou- 
verom huuma  filha  que  ouve  nome  dona  Aldonça  Pirez  que  foi  casada  com 
Joham  Pirez  Portell  que  dissemos,  e  nom  ouverom  semel»  (2).  Logo  lá  mais 
adiante  escreve:  «e  dona  Samcha  Martiins  Baarreta  que  foy  casada  com  dom 
Joham  Pirez  Portell  e  nom  ouverom  semel»  (3).  Por  fim,  ainda  lá  se  lé  o 
seguinte:  «dom  Pedro  Anes  Gago  que  cazou  com  dona  Oraca  Afifomso . . . 
fez  em  ella  dona  Aldara  Pires  a  qual  casou  com  João  Pires  Portel  o  maior  e 
nom  ouverom  filhas»  (4). 

Isto  é  bem  diferente,  como  o  leitor  vê,  do  posto  por  Lavanha  na  sua 
edição  do  Nobiliário.  Este  não  declara  ter  tido  cada  um  dos  irmãos  o  seu 
casamento;  apenas  diz  que  um  João  Peres  de  Portel  casou  com  fulana  e 
com  beltrana,  sem  precisar  se  foi  o  mesmo  ou  se  foram  dois.  Somente  es- 
clarece que  o  casado  com  a  filha  de  D.  Pedro  Anes  Gago,  à  qual  duma  vez 
chama  Aldonça  e  doutra  Aldara,  era  o  maior.  João  Carlos  Fco,  nos  seus 
Duques,  seguiu  Lavanha. 

Vamos  ver  o  que  mais  dizem  a  respeito  dos  dois  irmãos  os  nobiliários 
antigos. 

O  fragmento  junto  ao  Cancioneiro  do  Colégio  dos  Nobres  repele,  quási 
pelas  mesmas  palavras,  as  afirmações  do  Nobiliário  do  Conde  D.  Pe- 
dro (5). 

O  primeiro  Livro  Velho  das  Linhagens  diz:  «E  D.  Constança  Mendes  . . . 
casou  com  D.  Pedro  Annes  Portel ...  e  fez  em  ella  João  Pires  de  Sousa,  e 
outro  João  Pires  de  Sousa,  e  Branca  Pires,  e  Maria  Ribeira.  E  deste  João 
Pires  de  Sousa,  e  Branca  Pires  sa  irmã  nom  ficou  semel  nenhuma»  (6).  Este 
já  é  mais  exacto,  pois  dá  aos  dois  o  seu  verdadeiro  apelido,  o  de  Sousa. 

Mais  adiante  diz:   «e  Martim  Fernandes  Barreto  foi  casado  com  Maria 


(1)  Portugaliae  monumcnta  histórica.   Scriptores,  pág.  290. 

(2)  Supra,  pág.  297. 

(3)  Supra,  pág.  298. 

(4)  Supra,  pág.  32 1. 

(5)  Supra,  pág.  ipS. 

(6)  Supra,  pág.  i52. 


Sonsas  273 

Rodrigues  . . .  e  feje  nela ...  D.  Sancha  Martins  . . .  E  Sancha  Martins  casou 
com  João  Peres  Portel,  e  non  ouve  semel»  (i). 

Já  aqui  aparece  João  Peres  sem  o  apelido  de  Sousa  e  com  o  de  Portel; 
são  tudo  confusões. 

Mais  atrás,  nomeando  o  D.  Pedro  Anes  também  sogro,  segundo  o  Nobi- 
liário do  Conde  D.  Pedro,  de  João  Peres  de  Sousa,  diz:  «D.  Pedro  Annes 
Gago;  este  D.  Pedro  Annes  foi  casado  com  D.  Urraca .  . .  e  non  houve  delia 
semel»  (2). 

O  segundo  Livro  velho  diz:  «D.  Constança  Mendes,  e  c^asou  com  D.  Pe- 
dreanes  Portel . . .  e  farão  filhos»  (3).  No  tempo  deste  ainda  não  tinha 
nascido  nenhum  dos  JoÕes. 

Depois,  falando  num  dos  sogros  atribuídos  a  um  daqueles,  diz:  «D.  Pe- 
dreanes  Gago,  que  casou  com  D.  Orraca  Affonso,  e  feje  hi  huma  filha»  (4). 

De  todo  o  exposto  concluo  o  seguinte,  podendo  sem  dúvida  enganar-me : 
existiu  um  João  Peres  de  Sousa,  é  certo,  pois  que  confirma  em  documentos 
c  é  nomeado  noutro,  o  testamento  do  Conde  D.  Pedro  seu  cunhado.  Se  teve 
outro  irmão  do  mesmo  nome,  este  morreu  criança  e  o  João  Peres  de  Sousa 
mencionado  nos  documentos  é  o  que  casou  por  duas  vezes,  sendo  o  primeiro 
casamento  o  único  declarado  no  Livro  velho  das  linhagens,  e  o  segundo  o 
que  neste  não  vem  e  a  mais  lhe  dá  o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro. 

Casou  João  Peres  de  Sousa  da  primeira  vez  com  D.  Sancha  Martins  Bar- 
reto, filha  de  Martim  Fernandes  Barreto,  fidalgo  português,  e  de  sua  mulher 
D.  Maria  Rodrigues,  que  fora  amante  dei  rei  D.  Denis.  Casou  da  segunda 
vez  com  D.  Aldonça  Peres,  filha  de  D.  Pedro  Anes  Gago,  rico  homem,  go- 
vernador de  Trás  os  Montes,  e  de  sua  mulher  D.  Urraca  Afonso,  filha  bas- 
tarda de  D.  Afonso  III.  São  os  dois  a  quem  tiraram  por  sentença,  em  1284,  ^s 
bens  que  haviam  sido  do  concelho  da  Sortelha,  como  já  lá  muito  acima  disse. 

De  nenhum  destes  casamentos  houve  descendência  e  em  João  Peres  de 
Sousa  acabou  a  linha  varonil  dos  Aboins  e  Nóbregas,  e  passou  a  represen- 
tação da  casa  de  Sousa  a  sua  irmã  D.  Maria  Peres  Ribeira. 

Preguntar-me-há  agora  o  leitor,  para  que  enxertei  aqui  um  tam  largo  ca- 
pítulo, e  eu  lhe  responderei,  que  por  três  razoes: 

Primeira,  porque  não  veio  fora  de  propósito,  pois  nele  se  tratou  de  uma 
família,  em  que  entrou  e  esteve  a  representação  da  casa  de  Sousa; 


(1)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Scriptores,  pág.  167. 

(2)  Ibidem,  pág,  162, 

(3)  Ibidem^  pág.  177. 

(4)  Ibidem.,  pág.  180. 

voL.  1  35 


274  Brasões 

Segunda,  porque  D.  João  de  Aboim  foi  um  vulto  notável  da  nossa  histó- 
ria, e  a  sua  vida  está  pouco  estudada  (i); 

Terceira,  porque  te  quis  mostrar,  amigo  leitor^,  que  eu  sou  quási  capaz 
de  fazer  genealogia,  como  ela  deve  ser  feita;  mas  protesto-te  não  a  tornar  a 
fazer,  por  ser  uma  maçada,  em  que  eu  fico  de  pior  partido,  pois  tu  saltas  as 
páginas,  e  eu  tive  de  as  escrever.     E  com  isto  vamos  ao  resto. 

Do  casamento  de  D.  Constança  Mendes  de  Sousa  e  D.  Pedro  Eanes  de 
Portel,  alem  dos  filhos  sem  descendência  perdurável,  nasceu  D.  Maria  Peres 
Ribeira,  por  quem  se  continuou  não  a  casa  de  Sousa,  porque  essa  extin- 
guiu-se,  mas  o  apelido  de  Sousa,  como  veremos  no  capitulo  seguinte. 

V 
SOUSAS   DE   ARRONCHES 

Em  D.  Maria  Peres  Ribeira,  última  filha  de  D.  Pedro  Eanes  de  Portel  e  de 
D.  Constança  Mendes  de  Sousa,  como  acima  na  pág.  271  ficou  indicado,  veio 
a  recair,  por  falecimento  de  todos  seus  irmãos,  a  representação  da  casa  de 
Sousa;  mas  simplesmente  a  representação.  Deram  seus  pais  a  D.  Maria 
Peres  por  apehdo  o  de  sua  bisavó  D.  Maria  Pais  Ribeira  (2),  a  Ribeirinha, 
amante  de  D.  Sancho  I,  revelando-nos  o  facto  quam  diferentes  eram  os 
preconceitos  d' então  dos  de  hoje. 

Casou  com  Afonso  Denis,  filho  bastardo  de  D.  Afonso  III  e  de  Marina 
Pires  da  Enxara,  e  a  êle  fez  seu  pai  doação,  por  carta  de  5  de  Julho  de  i3i6 
(1278),  de  um  herdamento  no  termo  de  Torres  Vedras,  onde  chamam  Vila 
Pouca,  para  êle  e  descendentes  legítimos,  com  reversão  para  a  Coroa  no 
caso  destes  faltarem  (3).  Parece  ser  o  mesmo  «Alfonsus  filius  meus,  quem 
nutrivit  Martinus  Petri,  clericus  meus»,  a  quem,  no  seu  testamento  de  ix  das 
cal.  de  Dezembro  da  era  de  iSog  (23  de  Novembro  de  1271),  seu  pai  deixou 
mil  libras  (4).     Estas  duas  mercês  são  as  únicas,  de  que  encontro  memória. 


(i)  Isto  escrevia  eu  em  1899,  hoje,  sem  falsa  modéstia,  não  posso  dizer  o  mesmo.. 

(2)  Na  primeira  edição  deste  livro,  em  parte  nenhuma  dele,  nomeei  Maria  Pais  Ribeira, 
a  Ribeirinha;  não  podia  pois  ter-lhe  aposto  o  apelido  de  Berredo,  como  nota  a  Senhora 
D.  Carolina  Michaelis  de  Vasconcelos  no  vol.  II  do  Cancioneiro  da  Ajuda,  pág  3 18,  nota  5. 
Foi  confusão  da  ilustre  escritora. 

(3)  «Do  et  concedo  Alfonso  filio  meo  et  Marine  Petri  de  Eyxaraí  totum  illud  herda- 
mentum ...».—  Chancelaria  de  D.  Afonso  111,  liv.  i.°,  fl.  iSg  v.;  Fr.  António  Brandão,  Mo- 
narchia  lusitana,  IV,  fl.  220  v.;  Provai  da  Historia  genealógica  Vi,  191,  nestas,  com  as  cos- 
tumadas incorrecções,  p.  ex.,  Turris  putoribus,  por  Turris  ueteribiis.  na  outra,  antepondo  um 
D.  (donno)  a  Alfonso. 

(4)  Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana,  IV,  fl.  285. 


Sousas  '  ,  275 

feitas  por  D.  Afonso  III  a  este  seu  bastardo  (i).  Entrando  D.  Denis  a  reinar, 
só  vinte  e  dois  anos  depois  se  lembrou  deste  seu  irmão  e  somente  para  lhe 
confirmar  a  mercê  que  lhe  fizera  a  rainha  D.  Beatris  de  umas  casas  em  Lis- 
boa. A  carta  é  de  i5  de  Setembro  de  i338  (i3oo)  (2)  e  portanto  apenas 
pouco  mais  de  um  mês  posterior  ao  falecimento  da  Rainha,  sucedido  a  7  do 
precedente  mês  de  Agosto  (3).  Seria  disposição  testamentária,  mas  é  curioso 
ela  lembrar-se  de  um  bastardo  de  seu  marido. 

No  ano  de  i3o6  começou  Afonso  Denis  a  confirmar  cartas  régias  na  qua- 
lidade de  rico  homem  (4),  continuou  em  i3o7,  a  19  de  Dezembro,  na  Atou- 


(i)  D.  António  Caetano  de  Sousa,  genealogista  cortesão,  trata  no  tom.  XII  da  Historia 
genealógica,  pág.  2170  segs.,  de  Afonso  Denis  a  quem  atribui  o  título  de  dom,  com  que  não 
aparece  em  nenhum  documento,  e  afirma  ter  sido  a  ele  feita,  por  carta  de  12  de  Maio  de 
i3io  (1272),  mercê  de  20.000  libras.  Esta  mercê,  que  se  encontra  registada  no  liv.  i."  da 
Chancelaria  de  D.  Afonso  III,  ^.  114  v,,  não  foi  feita  ao  filho  bastardo,  mas  sim  ao  legítimo, 
o  infante  D.  Afonso.  Alem  disso  ainda  nos  vem  afirmar,  na  pág.  222,  haver  êle  com  aquelas 
libras  comprado  depois  o  senhorio  da  Póvoa  de  Salvador  Aires;  é  porém  pura  fantasia, 
sem  base  documental,  nem  tradicional.  Mais  estranho  ainda  é  o  que  se  encontra  escrito 
na  pág.  245,  a  respeito  da  futura  sogra  de  Afonso  Denis :  «Constança  Mendes  de  Sousa,  diz 
êle,  que  casou  com  D.  Pedro  Annes  de  Aboim,  Senhor  de  Portel,  Leiria  e  Cintra.»  Dá-se 
porém  o  caso  curioso  de  D.  Pedro  Anes  nem  se  ter  chamado  de  Aboim,  nem  ter  sido  senhor 
nem  de  Portel,  nem  de  Leiria,  nem  de  Sintra.  Não  é  por  gosto  que  venho  desmerecer  na 
obra  do  Padre  Teatino,  na  qual  há  algumas  coisas  boas,  sem  dúvida;  mas  para  varrer  a 
minha  testada,  pois  como  ainda  existe  gente  que  confia  na  crítica  e  processos  históricos  de 
D.  António  Caetano  de  Sousa,  tenho  de  lhe  notar  os  erros  quando  em  oposição  às  minhas 
afirmações.  Mas  não  insistirei  mais,  deixando  aqui  esta  advertência  geral  para  casos  idên- 
ticos futuros. 

Não  obstante  quero  consignar  ainda  a  lástima,  que  a  mim  e  a  todos  os  estudiosos  de 
história  pátria  causa  a  falta  absoluta  de  conhecimentos  paleográficos  de  D.  António  Caetano. 
Os  documentos  por  êle  reunidos  nos  seis  tomos  das  Provas  seriam  um  manancial  de  infor- 
mações preciosas,  se  neles  pudéssemos  confiar;  infelizmente  porém  assim  não  sucede  e  a 
confrontação  das  cópias  impressas,  com  os  originais  ainda  existentes,  dá-nos  exuberante 
prova  da  incorrecção  daquelas.  Nesta  parte  o  mal  remedeia-se,  mas  com  respeito  aos 
documentos  desaparecidos,  aos  do  cartório  da  Casa  de  Bragança,  p.  ex.,  destruídos  pelo 
terremoto,  i  como  poderemos  utilizá-los  confiadamante  ?  De  modo  nenhurti.  Esta  mancha 
na  obra  do  padre  Sousa  é  bem  conhecida  de  todos  os  profissionais  (seja-me  permitido  cha- 
mar-lhes  assim)  de  investigação  histórica,  mas  ainda  ficam  os  curiosos,  em  grande  número, 
infelizmente. 

A  parte  interessante  da  obra  de  D.  António  Caetano  é  toda  a  relativa  aos  sucessos  pos- 
teriores à  narrativa  do  Conde  da  Ericeira,  no  Portugal  restaurado.  Essa  parte  á  muito 
aproveitável,  dando,  é  claro,  o  desconto  à  crítica  eivada  de  cortesanice  do  autor. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.",  fl.  10  v. 

(3)  Figanière,  Memorias  das  Rainhas,  pág.  i3i. 

(4)  Em  Lisboa,  a  22  de  Julho,  em  Santarém,  a  27  de  Novembro,  e  em  Coimbra,  a  10  de 
Dezembro.  —  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.",  fl.  3o  v.,  5i  e  5i  v. 


276  Brasões 

guia(i),  sempre  porém  sem  designação  de  nenhum  cargo,  até  que,  em  carta 
de  7  de  Outubro  de  i3i5,  aparece  intitulado  mordomo  da  Rainha  (2).  Pou- 
cos anos  antes,  por  carta  de  24  de  Abril  de  1848  (i3io),  fizera-lhe  seu  irmão 
D.  Denis  mercê  de  escusar  de  hoste,  fossado,  foro  e  toda  peita  aos  povoado- 
res e  moradores  da  Póvoa  de  Salvador  Aires,  herdade  de  Afonso  Denis  (3). 
Dele  apenas  sei  mais  que  já  estava  substituído  na  mordomia  da  casa  da  Rai- 
nha, provavelmente  por  ser  falecido,  em  22  de  Dezembro  de  1375  (i337),  no 
auto  de  aprovação  do  testamento  dela,  pois  entre  as  testemunhas  aparece 
nomeado  «Gonçalo  Pérez  Ribeiro,  mordomo  mor  da  dita  Raynha  Dona  Isa- 
bel» (4).  Sua  mulher  ainda  era  viva  neste  ano,  pois  tendo  sua  tia  D.  Maria 
de  Aboim  feito  o  seu  testamento  a  3o  de  Julho,  nêle  lega  cem  libras  a  «dona 
Maria  Ribeyra  mha  sobrinha»  (5).  Do  seu  casamento  com  Afonso  Denis  nas- 
ceram estes  filhos: 

i.° — Pedro  Afonso  de  Sousa  foi  o  primogénito,  segundo  o  Nobiliário  do 
Conde  D.  Pedro  (6),  a  quem  sigo,  pois  que  o  argumento  apresentado  por 
D.  António  Caetano  de  Sousa  da  casa  de  Sousa  se  ter  conservado  em 
seu  irmão  Diogo  Afonso  de  Sousa,  devendo  portanto  ser  este  o  primogé- 
nito (7),  não  tem  força  nenhuma  por  assentar  em  base  errónea.  Mandado 
por  D.  Afonso  IV,  durante  o  cerco  por  ele  posto  a  Badajoz  em  i336,  aco- 
meter Vila  Nova  da  Barcarrota  foi  completamente  desbaratado,  dando  o 
siflcesso  lugar  a  ser  levantado  o  referido  cerco  1^8).  Passou  depois  para  Cas- 
tela e  foi  o  progenitor  dos  Sousas  de  Fernan  Nuííez,  dos  quais  foram  chefes 
os  condes  de  Arenales,  marqueses  de  Guadalcasar,  com  ramificações  em 
Espanha,  e,  segundo  se  diz,  com  uma  linha  que  existiu  em  Benavente.  Os 
descendentes  espanhóis  deste  Pedro  Afonso  usaram  das  seguintes  armas: 
franchado  -de  vermelho  e  prata,  no  vermelho  castelo  de  oiro,  na  prata  as 
quinas  do  reino  (9). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis^  liv.  3.»,  fl.  58  v. 

(2)  Veja-se  lá  atrás  na  pág.  266,  nota  2,  onde  vêem  mencionados  todos  os  confirmantes 
desta  carta. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.°,  fl.  72  v. 

(4)  Figanière,  Memorias  das  Rainhas,  pág.  289. 

(5)  B.  João  de  Aboim,  cit.,  pág.   186  do  Archivo  histórico  portuguez,  ou  melhor,  por 
ser  transcrição  do  original,  na  pág.  179  do  Livro  dos  bens  de  D.  João  de  Portel. 

(6)  Portuga liae  monumenta  histórica.  Scriptores,  pág.  291.  ff 

(7)  Historia  genealógica,  XII,  597. 

(8)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  IV^  fl.  35-36;  Duarte  Nunes  de  Lião,  Primeira 
parte  das  Chronicas,  ú.  i5i-i52. 

(9)  Descripcion  genealógica  y  historial  de  la  ilustre  Cása  de  Sousa,  Madrid,  1770,  4.", 
pág.  259. 


Sousas  '  277 

2.*'  —  Rodrigo  Afonso  de  Sousa,  rico  liomem,  serviu  de  testemunha  na 
procuração  passada,  em  6  de  Março  de  iSgg  (i36i),  por  el  rei  D.  Pedro  I  a 
D.  Fr.  Martim  do  Avelar,  mestre  de  Avis,  para  tratar  de  tréguas  ou  pazes 
com  D.  Pedro  IV  de  Aragão  (i).  Teve  dois  filhos  bastardos:  Gonçalo  Ro- 
drigues de  Sousa  e  Fernão  Gonçalves  de  Sousa.  Gonçalo  Rodrigues  foi  se- 
nhor de  Mafra,  Ericeira  e  Enxara  dos  Cavaleiros  por  compra  de  D.  Maria 
Teles,  e  alcaide  mor  de  Monsaraz.  Em  1884  passou-se  para  Castela  e,  sen- 
do-lhe  por  esta  traição  confiscados  todos  seus  bens,  foi  a  vila  de  Monsaraz 
doada  a  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  por  carta  de  24  de  Setembro,  e  os 
seus  bens  móveis,  por  outra  do  dia  seguinte,  ifcFernão  Gonçalves  da  Amei- 
xoeira (2);  as  vilas  de  Mafra,  Ericeira  e  Enxara  regressaram  ao  filho  de 
D.  Maria  Teks,  o  mestre  de  Cristo  D.  Lopo  Dias  de  Sousa.  Gonçalo  Ro- 
drigues foi  progenitor  de  um  ramo  ilegítimo  de  Sousas,  no  qual  há  muito  se 
extinguiu  a  varonia.  Seu  irmão  Fernão  Gonçalves  de  Sousa  foi  senhor  de 
Vila  Boim,  por  carta  de  14  de  Julho  de  1374,  sendo  já  alcaide  mor  de  Portel 
desde  9  de  Junho  de  i368;  tudo  porém  perdeu  por  seguir  o  partido  caste- 
lhano, tendo-se  visto  obrigado  a  entregar  o  castelo  e  marchar  para  o  exílio 
em  fins  de  i38z|.(3j.     Nada  mais  sei  dele. 

3.°  —  Diogo  Afonso  de  Sousa  de  quem  tratarei  adiante. 

4."  —  Garcia  Mendes  de  Sousa,  contemplado  em  i337  com  um  legado 
de  duzentas  e  cinquenta  libras,  no  testamento  de  sua  lia  D.  Maria  de  Aboim, 
dizem  ter  sido  prior  da  Alcáçova  de  Santarém. 

5.**  —  Gonçalo  Mendes  de  Sousa  foi  contemplado  por  sua  tia  com  igual 
legado  e  é  esta  a  única  notícia  positiva  que  dele  tenho.  Dele  pretenderam, 
sem  fundamento,  deduzir  por  linha  feminina  os  Sousas  de  Toledo  (4). 

Diogo  Afonso  de  Sousa  foi  criado  por  sua  tia  D.  Maria  de  Aboim,  irmã 
de  seu  avô  D.  Pedro  Eanes  de  Portel.  No  seu  testamento,  feito  em  3o  de 
Julho  de  i337,  deixa-lhe  ela  um  legado  importante  :  «a  Diago  affonso  meu 
criado  as  mhas  vilas  de  Mafara  E  da  Eyricejra  asy  como  mhas  deu  El  Rey 
E  lhe  Eu  ia  delas  fiz  doaçÕ»  (5). 

Não  resisto  a  transcrever,  para  mostrar  os  processos  de  investigação  his- 
tórica de  D.  António  Caetano  de  Sousa,  o  que  êle  diz  deste  Diogo  i^onso 


( 1 )  Visconde  de  Santarém,  Corpo  diplomático  portugue^,  I,  3 1 7. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.°,  fls.  39  e  64. 

(3)  D.  João  de  Abotm,  cit.,  págs.  i54  e  169. 

(4)  Descripcion  de  la  ilustre  Casa  de  Sousa^  cit.,  pág.  24  r. 

(5)  D.  João  de  Aboim,  cit.,  pág.  1S6,  e  melhor  no  Livro  dos  bens  de  D.  João   de  Portel* 
pág.  179- 


278  Brasões 

de  Sousa:  «veyo  elle  a  succeder  em  toda  a  grande  Casa  de  seus  pays,  e 
avós:  porque  foy  Senhor  da  Povoa,  de  Salvador,  Ayres,  e  outras  terras,  Se- 
nhor de  Mafra,  Ericeira,  e  Enxara  dos  Cavalleiros,  por  Doaçaõ  que  lhe  fez 
sua  tia  D.  Maria  Annes  de  Aboim  . . .  que  foy  Senhora  destas  terras;  e  naÕ 
tendo  filhos  de  seus  dous  maridos  . . .  fez  o  seu  Testamento  em  3o  de  Julho 
de  iSSy,  e  deixou  os  seus  bens  a  sua  sobrinha  Dona  Maria  Paes  Ribeira,  e 
a  seus  filhos,  dos  quaes  veyo  a  ser  successor  universal  Dom  Diogo  Affonso  de 
Sousa»  (i).  Quem  ler  isto  e  vir  citado  o  testamento  de  D.  Maria  de  Aboim 
há  de  supor  que  D.  António  Caetano  tirou  as  suas  afirmações  daquele  do- 
cumento, pois  nele,  para  o  caso,  lê-se  isto:  «E  arredóós  todos  tã  bé  a  dita 
Dona  Maria  Ribeyra  come  os  ditos  seus  filhos  E  todolos  outros, meos  paretes 
de  Todolos  outros  meus  béés  saluo  daquelo  q  lhes  E,u  mãdo  é  este  meu  Tes- 
taméto».  O  que  lhes  mandou  dar  no  seu  testamento,  foram  os  legados  em 
dinheiro,  acima  especificados,  e  o  das  vilas  de  Mafra  e  Ericeira.  Além  disso 
também  é  curioso  como  da  Póvoa  de  Salvador  Aires,  uma  herdade  de  Afonso 
Denis,  da  qual  não  subsistem  vestígios  nenhuns,  se  fazem  três  povoações  di- 
versas. Fraquezas  de  genealogista  cortesão.  Toda  a  preocupação  de  D.  An- 
tónio é  fazer  crer  que  os  bens  da  casa  de  Sousa,  como  ele  lhe  chama,  foram 
passando  de  geração  em  geração  até  chegarem  a  D.  Maria  Pais  Ribeira  e  a 
seu  filho  Diogo  Afonso.  Assim  porém  não  sucedeu,  porque  a  parte  dos  re- 
feridos bens,  que  em  partilha  coube  a  D.  Constança  Mendes  de  Sousa,  mu- 
lher de  D.  Pedro  Eanes  de  Portel,  passou  a  sua  filha  D.  Branca  e  desta,  por 
falecimento  de  seu  único  filho,  a  seu  viúvo,  como  acima  ficou  dito.  Maria 
Peres,  irmã  de  D.  Branca,  nada  dela  herdou. 

Foi  Diogo  Afonso  de  Sousa  sepultado  na  igreja  de  Santo  André  de  Mafra, 
onde  lhe  puseram  este  epitáfio:  Aquijai  D.  Diogo  de  Sousa,  Senhor  que  for 
desta  Villa,  e  se  passou  em  Coimbra  a  j8  de  Novembro  da  Era  de  1882  (2). 
E  ano  do  Nascimento  de  1844.  Da  inscrição  já  em  1879  não  foram  encon- 
trados vestígios  (3).  No  dia  5  de  Outubro  de  1914  estive  na  arruinada  igreja 
de  Santo  André,  vi  os  túmulos  de  D.  Diogo  e  de  sua  mulher,  colocados  de- 
baixo do  coro  à  direita  entrando,  e  chegados  à  parede.  Em  nenhum  deles 
existe  inscrição;  mas  pode  ser  que  ela  tivesse  sido  gravada  nalguma  lâmina 
de  pedra  colocada  na  parede  da  capela  mor,  onde  se  diz  "que  os  sepulcros 


(i)  História  genealógica^  tom.  XII,  págs.  262  e  263. 

(2)  Manuel  de  Sousa  iMoreira,  Theatro  histórico,  genealógico^  y  panegírico:  erigido  a 
la  Immortalidad  de  la ...  Casa  de  Sousa,  pág.  386.  —  Este  livro  é  obra  reduzida  do  ms.  Re- 
lação da  Família  de  Sousa  da  Casa  dos  Condes  de  Miranda,  de  Gaspar  Alvares  de  Lousada, 
segundo  afirma  D.  António  Caetano  de  Sousa,  na  Hist07-ia  genealógica,  XII,  219. 

(3)  Estácio  da  Veiga,  Antiguidades  de  Mafra,  pág.  67. 


Sonsas  279 

tiveram  primitivamente  o  seu  lugar.  No  de  D.  Diogo  estão  esculpidos  na 
frente  três  escudos  d'armas  e  mais  dois  nos  topos,  todos  iguais,  com  as  ar- 
mas dos  Sousas,  assim:  esquartelado:  no  I  e  IV  as  quinas  do  reino,  com 
os  escudetes  dos  flancos  apontados  ao  do  centro;  no  II  e  III  a  caderna  de 
crescentes. 

D.  Diogo  Afonso  de  Sousa  casou  com  D.  Violante  Lopes  Pacheco,  viúva 
de  Martim  Vasques  da  Cunha,  6.°  senhor  da  Tábua,  e  filha  de  Lopo  Fernan- 
des Pacheco,  senhor  de  Ferreira,  e  de  sua  primeira  mulher  D.  Maria  Gomes 
Taveira.  Sucedeu  D.  Violante  a  seu  marido  no  senhorio  das  Vilas  de  Mafra 
e  Ericeira,  talvez  por  elas  terem  sido  doadas  conjuntamente  aos  dois  cônjuges 
por  D.  Maria  de  Aboim.  Privada  temporariamente  do  senhorio  das  suas 
vilas,  foi-lhe  porem  novamente  confirmada  a  jurisdição  delas  por  carta  de  12 
de  Agosto  de  i362,  mas  pouco  tempo  a  usufruiu  pois  que,  por  carta  de  17 
de  Abril  de  i365,  foi  o  senhorio  de  Mafra  confirmado,  por  seu  falecimento, 
a  sua  filha  D.  Branca  de  Sousa  (i).  Alem  dela,  foram  também  filhos  de 
D.  Diogo  Afonso  e  de  D.  Violante  Lopes,  Álvaro  Dias  de  Sousa  e  Lopo  Dias 
de  Sousa. 

Álvaro  Dias,  sendo  já  casado  com  D.  Maria  Teles,  teve  de  se  expatriar 
para  fugir  ã  sanha  de  D.  Pedro  I  por  ser  o  amante  preterido  da  dama  por 
el  Rei  requestada;  no  exílio  morreu  antes  de  Abril  de  i365.  Seu  irmão  Lopo, 
que  tivera  também  de  fugir  com  êle,  foi  mais  feliz,  pois  que  ainda  regressou 
ao  reino  depois  da  morte  de  D.  Pedro.  Bem  recebido  de  D.  Fernando,  que 
lhe  deu  em  i368  a  alcaidaria  mor  de  Chaves,  achava-se  três  anos  depois, 
provavelmente  por  morte  da  irmã  D.  Branca,  de  posse  das  vilas  de  Mafra  e 
Ericeira  conjuntamente  com  seu  sobrinho  do  mesmo  nome  (2). 

Este  sobrinho  era  Lopo  Dias  de  Sousa,  filho  de  Álvaro  Dias  de  Sousa  e 
D.  Maria  Teles.  Por  falecimento  do  mestre  de  Cristo  D.  Nuno  Rodrigues 
Freire  fez  a  rainha  D.  Leonor  dar  o  mestrado  daquela  Ordem  ao  filho  de 
sua  irmã,  o  qual  ainda  era  então  de  menor  idade  (3).  Vem  a  notícia  desta 
mercê  entre  várias  outras  no  capítulo  relativo  ao  casamento  de  D.  Leonor 
com  el  Rei  D.  Fernando,  mas  do  facto  não  se  deve  inferir  forçosamente  que 
todas  elas  sejam  do  ano  de  1372,  o  do  enlace;  algumas  são  posteriores. 
Tanto  na  data  da  investidura  de  D.  Lopo  Dias  no  mestrado  de  Cristo,  como 
na  de  seu  sucessor  o  infante  D.  Henrique,  existem  há  muito  dúvidas  ainda 
hoje  não  esclarecidas  mesmo  depois  da  publicação  de  dois  livros,  onde  elas 


(i)  D.  João  de  Aboim,  cit.,  págs.  i63  e  164. 

(2)  Ibidem. 

(3)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  Fernando,  págs.  i()i  e  342. 


28o  Brasões 

deveriam  vir  resolvidas  ou  pelo  menos  aclaradas  (i).  Neste  estado  terei  de 
as  deixar  pois  não  me  compete  escrever  aqui  a  história  da  Ordem,  não  obs- 
tante, socorrendo-me  do  melhor  guia,  direi  o  que  este  nos  ensina  a  tal  res- 
peito. 

Por  alvará  de  i6  de  Dezembro  de  i56o  foi  encarregado  o  dr.  Pdr' Alvares 
[Seco],  do  desembargo  dei  FÍei,  de  compilar  os  livros  das  escrituras  da  Ordem 
de  Cristo.  Desempenhou-se  da  tarefa  e  pôs  à  sua  compilação  o  título  de 
Lhiro  dos  sumários  das  scrittiras  da  ordem  de  nosso  snor  jesu  christo  pola 
ordenança  e  situação  em  que  as  ditas  escrituras  cõ  os  mesmos  sumários 
pão  scritas  no  liuro  q  delias  mãdou  fa\er  ElRey  dom  Sebastião,  etc.  (2). 
Desta  obra  e  do  seu  autor  diz  Fr.  Francisco  Brandão:  «Tudo  dispôs  Pedro 
Alvares  Seco  com  notável  clareza,  e  trabalho  incansável,,  que  entendo  ser  a 
escritura  desta  qualidade  mais  bem  digesta  que  ha  em  Espanha,  e  a  não  lhe 
dar  Deos  particular  talento  para  tal  occupação,  parece  impossível  poder  con- 
cluir com  perfeição  obra  tão  dilatada,  e  trabalhosa»  (3).  Ora,  a  propósito 
de  D.  Lopo  Dias,  afirma  o  dr.  Seco  haver  êle  sido  nomeado  mestre  quando 
era  moço  de  doze  anos  e,  por  esse  facto,  ter  só  sido  confirmando  ao  atingir  a 
idade  perfeita,  pelo  papa  Bonifácio  IX,  e  portanto  entre  os  anos  de  íSSg  e 
1404,  os  do  seu  pontificado.  Quanto  à  investidura  averigua-se  isto;  quanto 
à  morte,  apura-se  o  seguinte.  Já  no  ano  do  Nascimento  de  1420  era  mestre 
o  infante  D.  Henrique,  «e  por  escrituras  que  se  acharão  no  livro  novo  pa- 
rece claramente  que  o  dito  dom  Lopo  Dias  faleçeo  des  o  ano. . .  de  1416.  ate 
o  anno  de  1420.  E  a  certeza  do  anno  em  que  faleceo  e  em  que  foi  feito 
Mestre  o...  Iffante  ategora  o  não  achei  pêra. o  poder  çertifiquar»  (4). 

Foi  mandado  sepultar  pelo  infante  D.  Henrique,  na  igreja  do  convento 
de  Cristo  em  Tomar,  em  rico  sarcófago,  com  a  sua  imagem  de  vulto  de 
tamanho  natural  deitada  sobre  a  campa,  colocado  na  parede  da  parte  do  evan- 
gelho Junto  da  porta,  posteriormente  tapada,  da  sacristia  velha.  Esta  sepul- 
tura mandou  depois  D.  João  III  trasladar  para  a  parede  da  direita  da  capelinha 
de  Nossa  Senhora,  por  baixo  da  torre  dos  sinos,  e  por  a  estátua  jacente  aí 
não  caber,  se  meteram  os  ossos  em  menor  túmulo,  na  frente  do  qual  se  mandou 
gravar  uma  cópia  do  letreiro  antigo  (5). 

O  epitáfio  não  transcreverei,  porque  se  encontra  reproduzido  em  muita 


(i)  Vieira  Guimarães,  A  Ordem  de  Christo,  Lisboa,  1901;  Marrocos  e  três  mestres  da 
Ordem  de  Cristo,  Coimbra,  1916. 

(2)  Torre  do  Tombo;  Christo^  B-51-14. 

(3)  Monarchia  lusitana,  VI,  281.' 

{4)  Livro  dos  summarios,  cit.  fl,  27  v. 
(5)  Ibidem. 


Sousas  281 

parte  (i).  Nele  avulta  o  êrro  da  data  da  morte  do  mestre  D.  Lopo  Dias, 
pois  a  põe  no  dia  9  de  Fevereiro  da  era  de  Cristo  de  1435,  quando  êle  já 
estava  morto  muito  antes.  Para  se  entender  ser  a  era  de  César,  também 
não  acerta,  porque  então  dava  o  ano  do  Nascimento  de  iSgy,  ao  qual  o 
Mestre  sobreviveu.  Na  reprodução  do  brasão  também  houve,  segundo  me 
parece,  pouco  escrúpulo,  pois  o  escudo,  igual  ao  do  avô,  tem  os  escudetes 
das  quinas  todos  postos  a  direito,  como  se  usava  nos  tempos  de  D.  João  111. 
Nas  crónicas  de  D.  João  1  de  Fernão  Lopes  e  de  Gomes  Eanes  de  Azu- 
rara encontra-se  larga  menção  das  acções  do  mestre  D.  Lopo  Dias  de  Sousa, 
que  não  casou,  por  isso  ser  então  defendido  aos  comendadores  das  ordens 
militares,  mas  teve  muitos  filhos  bastardos.  Um  deles  foi  D.  Leonor  Lopes 
de  Sousa,  a  quem  seu  pai,  designando-a  por  sua  parenta  e  criada,  fez  doação, 
por  escritura  de  2  de  Março  de  iSgS,  em  casamento  com  Fernão  Martins 
Coutinho,  dos  lugares  de  Mafra,  Ericeira  e  outros.  Aos  descendentes  destes 
cônjujes,  os  Marqueses  de  Ponte  de  Lima,  veio  ultimamente  a  pertencer  o 
senhorio  de  Mafra  (2). 

Outra  filha  bastarda  do  Mestre  de  Cristo  foi  D.  Isabel  de  Sousa  e  dela 
provêem  os  Sousas  do  Calhariz,  duques  de  Palmela.  Casou  D.  Isabel,  antes 
de  10  de  Abril  de  1460,  com  Diogo  Lopes  Lobo  (3),  3."  senhor  de  Alvito,  e 
dele  teve  três  filhos  todos  mortos  em  vida  de  seu  pai,  pelo  que  foi  a  este  con- 
cedido, por  cartas  de  22  de  Julho  e  11  de  Setembro  de  1470,  poder  sua  filha 
maior  D.  Maria  de  Sousa  suceder-lhe  no  senhorio  de  Alvito,  Vila  Nova,  Ri- 
beira de  Nisa,  Aguiar  e  Oriola,  tudo  de  juro  e  herdade,  sendo  ela  já  então 
casada  com  o  dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  regedor  da  Casa  da  Suplica- 
ção (4).  Foram  os  1.°'  Barões  de  Alvito  por  carta  de  27  de  Abril  de  1476, 
passando  d'então  em  diante  o  dr.  João  Fernandes  a  chamar-se  D.  João  da 
Silveira,  e  a  êle,  por  carta  de  6  de  Outubro  de  1488,  foi  feita  mercê  do  dom 
para  seus  filhos  (5). 

Dos  Barões  de  Alvito  foi  filho  segundo  D.  Felipe  de  Sousa.  Casou  com 
D.  Felipa  da  Silva  com  quem  fez  testamento  de  mão  comum  em  25  de  Julho 
de  i5i6,  instituindo  nele  o  morgado  de  Monfalim  no  termo  de  Torres  Vedras. 


(i)  Sousa  Moreira,  Theatro  histórico^  em  frente  da  pág.  494;  P.^  Sousa,  Historia  genea- 
lógica^ XII,  287;  Arte  portuguesa,  pág.  36,  a  melhor  de  todas  as  reproduções,  etc. 

(2)  D.  João  de  Aboim,  cit.  págs.  i65  e  167. 

(3)  Por  carta  da  referida  data  foi  confirmada  uma  tença  de  20.000  reais  pelas  2  000  co- 
roas por  Diogo  Lopes  Lobo  prometidas  em  casamento  a  D.  Isabel  de  Sousa.  —  Chancelaria 
de  D.  Afonso  V,  liv.  34.»,  fl.  58  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.»,  fl.  127. 

(5)  Ibidem,  liv,  ig.»,  fl.  14(3. 

voL.  1  36 


282  Brasões 

Ela  ara  filha  de  Gil  Vaz  da  Cunha,  senhor  da  quinta  do  Calhariz  no  termo 
de  Cezirnbra,  a  qual  lhe  havia  sido  aforada  pela  igreja  de  S.  Mamede  de 
Lisboa  c  lhe  foi  confirmada  por  D,  Manuel,  em  4  de  Maio  de  i5oi  (i).  Veio 
a  quinta  a  pertencer  aos  descendentes  de  sua  filha  D.  Felipa. 

D.  Felipe  de  Sousa  foi  progenitor  da  casa  dos  Sousas  do  Calhariz,  condes 
de  Palmela  em  11  de  Abril  de  1812,  marqueses  da  mesma  vila  em  3  de 
Julho  de  1823,  e  finalmente  duques  de  Palmela  em  i3  de  Junho  de  i833,  tí- 
tulo em  que  foi  mudado  o  de  duque  de  Faial,  concedido  em  4  de  Abril  do 
mesmo  ano  ao  chefe  da  casa,  o  bem  conhecido  e  considerado  homem  de  Es- 
tado, que  se  chamou  D.  Pedro  de  Sousa  Holstein.  Em  primogénitos,  ou  em 
filhos  segundos  da  casa  de  Palmela,  tem  havido  estes  títulos:  conde  de  Ca- 
lhariz, 3  de  Julho  de  1823,  marquês  de  Faial,  i  de  Dezembro  de  1834,  mar- 
quês de  Sousa  Holstein,  3  de  Setembro  de  i855,  marquês  de  Monfalim,  9  de 
Agosto  de  1861,  e  marquês  de  Cezimbra,  3  de  Fevereiro  de  1864.  Todos 
estes  títulos  estão  actualmente  (1920)  extintos,  menos  os  de  marquês  de  Faial 
e  de  Sousa  Holstein. 

As  armas  dos  duques  de  Palmela  são  as  dos  Sousas  de  Arronches,  es- 
quarteladas  das  armas  do  reino,  e  de  vermelho  com  uma  caderna  de  cres- 
centes de  prata.  Agora,  neste  ano  de  1900,  numas  obras  que  os  Duques 
mandaram  fazer  no  seu  palácio  do  Rato,  puseram  sobre  a  porta  de  entrada 
um  enorme  pedregulho  com  as  armas  da  casa,  mas  erradas. 

Em  heráldica  o  tracejado  no  campo,  ou  nos  móveis  do  escudo,  não  é  in- 
diferente, pois  serve  para  designar  os  esmaltes.  O  tracejado  que  está  no  II 
e  III  quartéis  das  tais  armas  indica  para  o  campo  a  cor  púrpura,  quando  ela 
deve  ser  a  vermelha.  O  canteiro  achou  monótona,  pouco  artística,  a  repetição 
do  mesmo  tracejado,  e  variou  do  I  para  o  II  quartel.     Caprichos  de  artista. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  6.°,  fl.  44.  —  Por  este  documento  consta  haver  a 
quinta  do  Calhariz  pertencido  a  Pedr'Eanes  Lobato  (o  que  foi  governador  da  Casa  do  Cível) 
e  tê-la  ele,  no  seu  testamento,  vinculado  a  uma  capela  fundada  na  igreja  de  S.  Mamede  de 
Lisboa.  Fora  a  quinta  aforada  em  três  vidas  a  um  criado  do  infante,  D.  Fernando,  mestre 
Joane,  que  a  deixou  muito  danificada,  alem  de  ficar  devendo  grande  dívida  de  foros.  Con- 
vieram  então  a  viúva  e  os  filhos  com  o  provedor,  procurador  e  confrades,  e  com  o  juiz  do 
cível,  especialmente  delegado  pelo  testador  para  intervir  nos  assuntos  relativos  á  capela, 
encampar  o  praso  e  aforá-lo  de  novo  a  Gil  Vaz  da  Cunha,  com  a  condição  dele  pagar  a  dí- 
vida dos  foros,  na  importância  de  20.000  e  tantos  reais.  Vinte  e  um  anos  depois  deste  acordo, 
havendo  já  Gil  Vaz  gasto  muito  dinheiro  na  quinta,  onde  fizera  uma  casa,  que  lhe  custara 
bem  200.000  rs.,  metera  baceladas,  que  podiam  dar  3o  ou  40  pipas  de  vinho,  esmoitara  her- 
dades, que  levariam  sete  moios  de  semeadura,  e  fizera  pomares  e  outras  muitas  bemfeitorias» 
veio  pedir  a  el  Rei  lhe  garantisse  as  despesas  feitas.  Foi-lhe  então  passada  a  referida  carta 
de  4  de  Maio  de  i5oi,  pela  qual,  além  de  se  lhe  confirmar  o  aforamento,  foi  dispensada  qual- 
quer determinação  do  regimento  das  capelas  contrária  ao  praticado. 


Sotísas  283 

Doutro  brasão  também  usaram  os  Duques  de  Palmela:  dois  escudos  a 
par:  o  primeiro  das  referidas  armas  dos  Sousas;  o  segundo  esquartelado:  o 
I  de  azul,  cruz  potentéa  de  oiro  (Teixeira);  o  lí  esquartelado:  o  i.°  e  4.*'  de 
oiro,  águia  de  púrpura,  linguada  de  vermelho,  o  2.°  e  3.°  enxequetado  de 
oiro  e  negro  de  sete  peças  em  faxa  e  oito  em  pala,  bordadura  de  todo  o 
quartel  de  vermelho,  carregada  de  oito  SS  de  prata  (Sampaio);  o  III  de  oiro 
seis  minguantes  de  azul  (Amaral);  o  IV  de  azul  cinco  flores  de  lis  de  oiro 
(Guedes).  Coroa  de  duque  com  barrete  de  par  do  reino  à  inglesa.  Divisa: 
VERITATEM  REGIBUS. 

As  armas  do  segundo  escudo  são  as  do  Conde  da  Póvoa,  de  quem  a  casa 
de  Palmela  herdou  a  grande  fortuna. 

A  mais  duas  filhas  bastardas  do  mestre  D.  Lopo  Dias  de  Sousa  me  refe- 
rirei, por  delas  terem  tomado  o  apelido  alguns  de  seus  descendentes.  Cha- 
maram-se  D.  Violante  de  Sousa  e  D.  Branca  de  Sousa. 

D.  Violante  casou,  precedendo  contrato  de  dote  e  arras  de  8  de  Maio  de 
1428,  a  9  de  Julho  confirmado  por  el  Rei  (i),  com  Rui  Vasques  Ribeiro, 
2.°  senhor  de  Figueiró,  filho  ilegítimo  dè  Rui  Mendes  de  Vasconcelos, 
i.**  senhor  de  Figueiró.  Daqueles  cônjuges  foi  filho  e  sucessor  João  Ro- 
drigues Ribeiro,  3."  senhor  de  Figueiró,  de  quem  se  derivaram  duas  linhas 
de  Vasconcelos;  na  primogénita,  deduzida  de  Rui  Mendes  de  Vasconcelos, 
4.''  senhor  de  Figueiró,  manteve-se  o  apelido  de  Vasconcelos;  na  segundo- 
génita,  proveniente  de  Pêro  de  Sousa  Ribeiro,  i.**  alcaide  mor  de  Pombal, 
obliterou-se  durante  quatro  ou  cinco  gerações  o  apelido  originário,  que 
só  tornou  a  aparecer  em  Francisco  de  Vasconcelos,  5.®  alcaide  mor  de 
Pombal,  e  em  seu  irmão  João  Rodrigues  de  Vasconcelos,  2.°  conde  de  Cas- 
telo Melhor  e  6.°  alcaide  mor  de  Pombal.  Foi  progenitor  dos  mais  condes 
e  depois  marqueses  de  Castelo  Melhor,  os  quais  ao  apelido  de  Vasconcelos 
juntaram  o  de  Sousa,  em  recordação  de  D.  Violante,  a  bastarda  do  Mestre 
de  Cristo. 

Do  3.°  senhor  de  Figueiró  também  foi  filho  D.  Diogo  de  Sousa,  arcebispo 
de  Braga,  ainda  hoje  com  veneração  recordado  na  capital  da  sua  arquidiocese. 

D.  Branca  de  Sousa,  a  última  das  bastardas  de  D.  Lopo  Dias  de  Sousa, 
Mestre  de  Cristo,  a  que  me  referirei,  foi  criada  de  D.  João  I  e  já  era  casada 
em  Maio  de  1481  com  João  Falcão,  cavaleiro  da  casa  do  infante  D.  Pedro  (2). 


( i)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  4.',  fl.  63. 

(2)  Carta  de  i  de  Maio  de  143 1  de  «m  conto  e  5o.ooo  libras  de  tença  por  3.ooo  coroas 
de  oiro  que  D.  João  I  lhe  prometera  em  casamento.    Foi  confirmada  por  D.  Duarte  a  19  de 


284  Brasões 

Foi  alcaide  do  castelo  de  Mourão  e  por  canas  de  24  de  Novembro  de  1433 
e  de  4  de  Março  de  1438  foi-lhe  feita  mercê  das  rendas  riais  de  Elvas,  com 
o  serviço  novo  dos  Judeus  (i),  e  dos  direitos  de  Mourão,  também  com  o  ser- 
viço dos  Judeus  e  Moiros  do  lugar  (2).  Já  era  falecido  em  i  de  Abril  de 
1452  (3),  e  por  dois  dos  filhos  havidos  de  sua  mulher  foi  progenitor  dos  Fal- 
cões, alguns  dos  quais  usaram  também  do  apelido  de  Sousa.  Entre  os  seus 
descendentes  tem  bastante  nomeada  seu  bisneto  Cristóvão  Falcão,  o  poeta  da 
égloga  Crisfal,  na  opinião  de  muitos. 

Filhos  bastardos  legitimados,  havidos  em  Leonor  Ribeira,  teve  o  Mestre 
de  Cristo  dois:  Lopo  t)ias  de  Sousa  e  Diogo  Lopes  de  Sousa  (4).  Apesar 
porém  de  na  carta  de  legitimação  eles  aparecerem  por  esta  ordem,  é  certo 
haver  Diogo  Lopes  sido  o  «filho  maior»,  como  declara  o  documento  a  seguir 
apontado. 

No  verão  de  1398  pôs  D.  João  I  cerco  à  cidade  de  Tui  e  nela  entrou  no 
dia  26  de  Julho,  segundo  refere  a  sua  crónica.  Logo  no  dia  seguinte  mandou 
expedir  uma  carta  notável,  datada  do  «arraial  a  par  da  nossa  cidade  de  Tuy», 
pela  qual  constituiu  a  moderna  casa  de  Sousa.  Diz  o  diploma,  livremente 
extractado:  «Fazemos  saber  que  por  as  maldades  e  traições,  que  contra 
nós  e  contra  nossa  pessoa  e  coroa  de  nossos  reinos  cometeu  Egas  Coelho, 
sendo  nosso  vassalo  e  natural,  em  contratando  e  induzindo  alguns  cavaleiros 
e  escudeiros  do  nosso  senhorio,  que  se  levantassem  contra  nós  com  algumas 
nossas  fortalezas,  e  se  fossem  para  nosso  adversário  de  Castela,...  e  porque 
outrosim  veio  por  vezes  com  nossos  inimigos  de  Castela  a  nossa  terra,  aju- 
dando-os  a  fazer  em  ela  guerra  crua  de  fogo  e  de  sangue. . .».  Este  Egas 
Coelho,  aliado  agora  dos  Castelhanos,  é  o  mesmo  que  em  i385  ajudara  a 
desbaratá-los  na  gloriosa  batalha  de  Trancoso !  Por  estas  «traições  e  mal- 
dade», continua  a  dizer  a  carta,  foram-lhe  todos  seus  bens  confiscados;  agora 
porém  «vendo  e  consirando  os  muitos  serviços  de  D.  Fr.  Lopo  Dias,  mestre 


Junho  de  1434,  e  por  D.  Afonso  V  a  8  de  Abril  de  1439  e  a  18  de  Dezembro  de  1450.  — 
Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  livs.  i8.°,  fl.  5y  v.,  e  34.»,  fl.  16  v. 
(i)   Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.°,  fl.  1 1  v. 

(2)  Transcrita  na  de  confirmação  de  28  de  Dezembro  de  1450.  —  Chancelaria  de 
D.  Afonso  V,  liv.  34»,  fl.  17. 

(3)  Carta  desta  data  de  doação  a  Álvaro  de  Moura,  fidalgo,  em  sua  vida,  da  renda  do 
genesi  de  Évora  e  povoações  adjuntas,  em  casamento  com  D,  Branca,  filha  do  havia  pouco 
falecido  João  Falcão.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.",  fl.  28  v. 

(4)  Carta  de  legitimação  de  3  de  Janeiro  da  era  de  1436,  ano  do  Nascimento  de  i3q8 
{Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  2.0,  fl,  167). '  Por  esta  carta  também  foi  legitimada  D.  Maria 
de  Sousa,  futura  condessa  de  Marialva  pelo  seu  casamento. 


Sousas  285 

da  Ordem  de  Cristo,  e  os  que  entendemos  de  receber  de  Diogo  Lopes  de 
Sousa,  seu  filho  maior»,  faz-lhe  doação  para  sempre  de  todos  os  bens  de 
Egas  Coelho,  convém  a  saber:  «a  vila  de  Miranda  e  de  Podentes,  Germelo, 
Folgosinho,  julgado  de  Vouga,  com  todas  as  suas  rendas,  direitos  e  jurisdi- 
ções. . .  dos  bens  de  Leiria  e  de  todolos  outros  do  dito  Egas  Coelho»,  e  ainda 
mais  do  lugar  de  Nelas,  que  havia  sido  de  D.  João  Afonso  Telo,  6.*^  conde 
de  Barcelos.  Estabelece  a  sucessão  para  o  filho  maior  legítimo  e,  não  havendo 
descendência  varonil,  fiquem  os  bens  a  seu  irmão  Lopo  Dias,  etc.  (i). 

Possuiu  também  a  alcaidaria  mor  de  Arronches,  segundo  se  depreende 
da  carta  de  i5  de  Março  de  144 1  de  fronteiro  daquela  vila  (2)  e  doutros 
documentos  posteriores.  Transmitiu-a  a  seus  descendentes,  aos  quais  da 
posse  deste  castelo,  onde  fixaram  residência,  se  deu  a  designação  de  Sousas 
de  Arronches.  A  alcaidaria  passou  a  seu  filho  Álvaro  de  Sousa  e  a  seu 
neto  Diogo  Lopes  de  Sousa,  a  quem  foi  confirmada  por  carta  de  18  de  No- 
vembro de  147 1  já  citada.  A  este  seguiram-se  os  seus  descendentes  e  suces- 
sores no  senhorio  de  Miranda  e  mais  bens  da  casa.' 

Diogo  Lopes  de  Sousa,  o  primeiro,  mordomo  mor  dei  rei  D.  Duarte,  já 
exercia  o  ofício  em  21  de  Maio  de  1484,  quando  lhe  foi  confirmada  a  doação 


(i)  Chancelaria  de  D.  Duarte^  liv.  i.°,  fl.  58  v.,  transcrita  na  carta  de  confirmação  de 
21  de  Janeiro  de  1434. — Não  encontrei  a  carta  da  primitiva  doação  registada  na  Chancelaria 
de  D.  João  I,  onde  contudo,  na  fl.  154  do  liv.  2.",  aparece  outra  análoga,  datada  porem  de 
i5  de  Julho  de  1435  (iBgy)  e  portanto  do  ano  precedente.  Neste  diploma  a  doação  é  feita 
directamente  a  Diogo  Lopes  de  Sousa,  «nosso  criado»,  em  morgado,  para  todos  seus  des- 
cendentes em  linha  direita,  sem  exclusão  de  filhas.  Qual  o  motivo  por  que  posteriormente 
se  reformou,  ignoro. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  2  3.",  fl.  22.  —  No  lugar  indicado  encontra-se  o  re- 
gisto de  uma  carta  pela  qual  Diogo  Lopes  de  Sousa,  do  conselho,  mordomo  mor  e  alcaide 
mor  da  vila  de  Elvas,  foi  nomeado  seu  fronteiro.  Dada  a  oarta  em  Lamego,  a  i5  de  Março 
de  1441.  A  seguir  notaram  apenas  outra  tal  carta  de  fronteiro  de  Arronches,  expedida  na 
mesma  data.  Deverá  depreender-se  que,  assim  como  Diogo  Lopes  foi  nomeado  fronteiro 
de  Elvas,  sendo  alcaide  mor  do  seu  castelo,  também  seria  nomeado  fronteiro  de  Arronches 
por  ser  alcaide  mor  do  seu  castelo.  Na-carta  de  18  de  Novembro  de  147 1,  de  confirmação 
da  alcaidaria  mor  de  Arronches  a  seu  neto  Diogo  Lopes  de  Sousa,  declara  el  Rei  que  «o 
damos  por  alcaide  mor  do  nosso  castelo  de  Arronches,  assim  como  o  de  nós  tinha  Al^varo 
de  Sousa  seu  pai,  que  se  ora  finou»  {Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  12.°,  fl.  t38,  transcrita 
na  de  nova  confirmação),  d'onde  se  vê  ter  Álvaro  de  Sousa  também  possuído  aquela  alcai- 
daria. João  Carlos  Feo,  nas  Memorias  dos  Duques,  pág.  182,  confundindo  este  Diogo  Lopes 
de  Sousa  com  o  neto  do  mesmo  nome,  declara  que  ele  foi  alcaide  mor  de  Arronches  «por 
escambo  que  fez  com  Ruy  Mendes  Cerveira,  confirmado  em  8  de  Março  de  1441  pelo  Infante 
D.  Pedro».  Não  cita  a  fonte,  conforme  um  deplorável  costume  que  lhe  servia  para  envolver 
o  suposto  no  provado,  e  eu  não  encontrei  o  registo  da  confirmação  do  tal  escambo,  que  na 
verdade  poderia  ter  tido  lugar  pois  é  certo  ter  Rui  Mendes  Cerveira  possuído  a  alc;iidaria. 


286  Brasões 

dos  bens  de  Egas  Coelho  (i).  Continuou  servindo  a  D.  Afonso  V  no -mesma 
cargo,  sendo  depois  de  seu  falecimento  substituído  por  seu  filho  Álvaro  de 
Sousa,  que  já  era  mordomo  mor  em  1460  (2).  Perderia  ele,  se  não  fosse  já 
falecido,  o  ofício  e  a  casa  em  virtude  do  crime  de  bigamia,  provado  e  jul- 
gado.    Constitui  este  facto  um  escândalo  de  corte  interessante  de  registar. 

Álvaro  de  Sousa  casou  com  D.  Maria  de  Castro,  filha  de  D.  Fernando 
de  Castro,  governador  da  casa  do  ijjfante  D.  Henrique.  Morreu  esta  senhora 
não  sei  quando,  mas  certamente  bastante  antes  do  ano  de  1461,  e  talvez 
ainda  antes  de  Dezembro  de  1455,  data  da  morte  da  rainha  D.  Isabel.  Por 
falecimento  de  sua  mulher  tomou-se  Álvaro  de  Castro  de  amores  com  D.  Maria 
de  Meneses,  donzela  da  casa  daquela  Rainha,  amores  correspondidos  até  ao 
ponto  de  nada  lhe  ser  negado  (3).  Não  se  prendeu  contudo  o  amante  feliz 
e  foi  casar  com  Isabel  da  Silva,  prima  em  segundo  grau  da  sua  amada;  com 
ela  viveu  como  marido  e  mulher  durante  um  certo  período,  dela  teve  um 
filho,  mas,  sempre  volúvel,  dela  se  veio  a  apartar.  Então  tornou  a  casar 
com  D.  Guiomar  de  Meneses,  irmã  de  D.  Maria  de  Meneses;  não  se  resignou 
porem  ao  abandono  Isabel  da  Silva,  pôs-lhes  demanda,  venceu-a  e  teve  sen- 
tença de  confirmação  do  seu  casamento.  Em  virtude  dela  mandou  D.  Afonso  V 
expedir  a  carta  de  i  de  Dezembro  de  1472  pela  qual  confiscou  os  bens  de 
D.  Guiomar  de  Meneses  e  de  seu  marido,  e  de  todos  fez  mercê  a  Diogo 
Lopes  de  Sousa,  seu  mordomo  mor  e  filho  do  prirneiro  casamento  de  Álvaro 
de  Sousa  (4).  Já  então  havia  mais  de  um  ano  que  ocorrera  o  falecimento 
de  Álvaro  de  Sousa  (õ),  e  mais  de  onze  que  tivera  lugar  o  casamento  de 
D.  Maria  de  Meneses  com  Gil  de  Magalhães,  senhor  da  terra  da  Nóbrega  (6). 
Talvez  esta  senhora  seja  a  mesma  a  quem  Pêro  de  Sousa  Ribeiro  endereçou 
as  trovas  «aa  senhora  dona  maria  de  meneses  estando  para  casar»  (7). 

D.  Guiomar  e  D.  Maria  de  Meneses  eram  filhas  de  Rui  Gomes  da  Silva, 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i .°,  fl.  58  v. 

(2)  Carta  de  28  de  Julho  de  confirmação  das  vilas  de  Miranda,  Podentes  e  mais  bens- 
da  casa  de  Sousa,  transcrita  noutra  registada  na  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  12.°,  fl.  i36  v, 

(3)  «...  o  dito  Álvaro  de  Sousa  dormira  primeiro  com  D.  Maria  de  Meneses  sua  irmã 
(de  D.  Guiomar  de  Meneses)  carnalmente».  —  Carta  de  i  de  Dezembro  de  1472  abaixo  citada- 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  29.°,  fl  244  v. 

(5)  Carta  de  18  de  Novembro  de  1471  de  mercê  do  cargo  de  mordomo  mor  a  Diogo- 
Lopes  de  Sousa,  por  falecimento  de  seu  pai  Álvaro  de  Sousa.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
liv.  2i.°,  fl.  82, 

(6)  Carta  de  12  de  Dezembro  de  1461  da  tença  correspondente  às  2.000  coroas  de  oiro 
do  dote  por  D.  Afonso  V  outorgado  a  D,  Maria  de  Meneses.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
liv.  9.",  fl.  9  V. 

(7)  Cancioneiro  geral,  fl.  149,  col.  i.  * 


Sousas  287 

alcaide  mor  de  Campo  Maior  e  Ouguela.  D.  Maria  teve  provavelmente  vida 
socegada  lá  no  Minho  com  seu  marido,  quer  ele  ignorasse,  quer  êle  soubesse 
a  sua  aventura;  agora  D.  Guiomar,  essa,  andou  sempre  em  questões  com  o 
enteado  (i). 

Diogo  Lopes  de  Sousa  foi  mordomo  mor  de  D.  Afonso  V,  3.°  senhor  de 
Miranda,  Podentes  e  mais  casa,  que  lhe  foi  confirmada  por  carta  de  14  de 
Julho  de  1477  (2),  e  alcaide  mor  de  Arronches  de  que  teve  carta  de  con- 
firmação, passada  em  Sintra  a  18  de  Novembro  de  147 1  (3).  Tirou-lhe 
D.  Afonso  V  o  ofício  de  mordomo  mor,  quando  foi  da  entrada  em  Castela, 
em  virtude  da  capitulação  celebrada  coni  os  grandes  daquele  reino;  mas,  por 
carta  de  21  de  Abril  de  1475,  em  satisfação  da  mordomia  mor  e  dos  seus 
serviços,  deu-lhe  D.  Afonso  V  uma  tença  (4),  confirmada  e  ampliada  por 
D.  João  II  por  carta  de  23  de  Junho  de  1484  (5).  Já  era  casado  em  Feve- 
reiro de  Í475  com  D.  Isabel  de  Noronha  (6),  que  foi  sua  primeira  mulher  e 
era  filha  de  Pêro  Vaz  de  Melo,  regedor  da  Casa  do  Cível.  Deste  casamento 
nasceram,  entre  outros,  André  de  Sousa  e  Henrique  de  Sousa. 

André  Sousa  foi  4."  alcaide  mor  de  Arronches  e  senhor  de  Miranda  e 
mais  casa  de  seus  avós.  Continuou-se  ela  na  sua  descendência  até  seu 
bisneto  Manuel  de  Sousa,  7.°  senhor,  que  faleceu  criança  pelos  anos  de  1570 
e  foi  a  casa  julgada  vaga  para  a  Coroa,  por  sentença  de  27  de  Março  de 
1574(7). 

Henrique  de  Sousa,  o  Diabo,  foi  senhor  de  Oliveira  do  Bairro  por  carta 


(i)  Por  instrumento  de  21  de  Fevereiro  de  1475,  confirmado  por  carta  régia  de  12  de 
Março  seguinte,  compusera-se  D.  Guiomar  de  Meneses  com  seu  enteado  Diogo  Lopes  de 
Sousa,  obrigando-se  este  a  dar-lhe  anualmente  85.ooo  rs.  pagos  em  certas  rendas  (Chance- 
laria de  D.  Afonso  F,  liv.  3o.°,  fl.  176  v.).  Destas  parece  ter-lhe  só  entregado  a  dos  moios 
de  Arronches  (Ibidem)^  fazendo-se  remisso  na  entrega  das  restantes,  e  não  sei  se  a  carta  de 
24  de  Junho  de  1476,  para  ser  inteiramente  cumprida  a  composição  entre  os  dois  celebrada 
{Ibidem,  liv.  70.",  fl.  100),  daria  resultado. 

(2)  Transcrita  na  de  aS  de  Junho  de  1484  de  nova  confirmação.  —  Chancelaria  de 
D.  João  II,  liv.  12.»,  fl.  i36  V. 

(3)  Confirmada  por  D.  João  II  a  33  de  Junho  de  1484  e  por  D.  Manuel  a  5  de  Agosto 
4e  1496.  —  Liv.  5."»  de  Odiana;  fl.  223  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.°,  fl.  i58  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  4.»,  fl.  46. 

(6)  A  2  de  Fevereiro  de  1475  assinou  D.  Isabel  de  Noronha,  no  castelo  de  Arronches, 
residência  habitual  destes  Sousas,  uma  procuração  passada  a  seu  marido  a  fim  de  poder 
outorgar  num  contrato  a  celebrar  com  sua  madrasta.—  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.», 
fl.  176  V. 

(7)  Jorge  de  Gabedo,  Decisionum  Supremi  senatus  regni  Lusitaniae,  part.  II,  Arresto  76, 
pág.  192.  .  ,  ■ 


288  Brasões 

dada  em  Sintra,  a  25  de  Setembro  de  i5i6(i),  anadel  mor  dos  espingardeiros 
do  reino  por  outra  de  12  de  Fevereiro  de  i524  (2)  e  do  conselho  de  D.  Ma- 
nuel e  D.  João  III.  Já  era  casado  em  ibog  com  D.  Francisca  de  Mendoça  (3), 
filha  de  Jorge  da  Silveira,  do  conselho  e  futuro  guarda  mor  do  infante 
D.  Fernando.  D.  Francisca  ainda  vivia  em  Maio  de  i523  (4)  e  seu  marido 
Henrique  de  Sousa  já  era  falecido  em  18  do  mesmo  mês  de  1648  (5).  1 

Sucedeu-lhe  na  casa  seu  filho  primogénito  Diogo  Lopes  de  Sousa,  2."  se- 
nhor de  Oliveira  do  Bairro,  anadel  mor  dos  espingardeiros  (6)  e  embaixador 
a  Inglaterra  nos  anos  de  i555  e  i55ó(7).  Foi  do  conselho  e  já  era  gover- 
nador da  Casa  do  Cível  de  Lisboa  em  12  de  Julho  de  lôôg,  quando,  por  oca- 
sião da  peste  grande,  foi  nomeada  para  a  cidade  uma  junta  governativa,  com 
todos  os  poderes  régios,  composta  dos  vereadores  da  Câmara  Municipal,  de 
Diogo  Lopes  de  Sousa,  governador  da  Casa  do  Cível,  de  D.  João  Masca- 
renhas, capitão  mor  da  gente  da  defesa  da  cidade,  e  de  D.  Martinho  Pereira, 
vedor  da  fazenda  rial  (8).  Sendo  já  do  conselho  de  Estado,  foi  um  dos  cinco 
governadores  do  reino  nomeados  em  i58o  pelo  Cardial  Rei,  falecido  logo  a 
3i  de  Janeiro;  mas  pouco  tempo  exerceu  o  cargo,  porque  no  mesmo  ano,  a 
i3  de  Setembro,  morreu  (9). 

No  dia  3  de  Outubro  de  1379,  estando  o  Cardial  Rei  no  mosteiro  de  Xa- 
bregas, em  presença  de  D.  Jorge  de  Almeida,  arcebispo  de  Lisboa,  de  D.  João 


(1)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  25»,  fl.  108.  —  A  terra  tinha  vagado  por  falecimento 
de  D.  Telo  de  Meneses,  3.»  senhor  dela  na  sua  hnha,  e  segundo  primo  de  Henrique  de  Sousa- 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  41.*  de  Doações,  fl.  68  v.  —  Henrique  de  Sousa  com- 
prara o  ofício  por  escritura  feita  em  Tomar,  a  4  de  Setembro  de  i523,  a  Martim  de  Freitas, 
de  menor  idade,  provável  filho  de  Francisco  Coelho,  o  precedente  anadel  mor  dos  espingar- 
deiros, como  o  próprio  diploma  declara. 

(3)  Carta  de  4  de  Março  de  iSog  de  padrão  de  So.ooo  rs.  de  tença,  os  quais  seu  pai  nela 
traspassara,  sendo  já  casada;  está  a  carta  transcrita  na  de  28  de  Março  de  i522  de  confir- 
mação. —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3o.«  de  Doações,  fl.  82. 

(4)  Livro  das  tenças  no  Archivo  histórico  portuguez,  II,  98. 

(5)  Carta  daquela  data  de  confirmação  do  senhorio  de  Oliveira  do  Bairro  a  Diogo 
Lopes  de  Sousa,  por  falecimento  de  seu  pai  Henrique  de  Sousa.  —  Chancelaria  de  D.  João  III, 
liv.  55.»  de  Doações,  fl.  147  v. 

(6)  Largou  este  ofício,  recebendo  em  troca  So.ooo  rs.  de  tença  em  sua  vida,  por  carta 
de  padrão  de  26  de  Julho  de  1549.  —  Ibidem,  fl.  190. 

(7)  Em  satisfação  dos  seus  serviços  na  embaixada  foi-lhe  dada  uma  tença  de  i5o.ooors. 
por  carta  de  26  de  Setembro  de  i558.  —  Chancelaria  de  D.  Sebastião,  liv.  4°  de  Doações,. 
fl.  12  V. 

(S)  Freire  de  Oliveira,  Elementos  para  a  historia  do  município  de  Lisboa,  vol.  I,  págs.  475- 
.476. 

(9)  Carta  de  confirmação  de  uma  tença  a  Bernardim  de  Sousa,  sobrinho  do  Gover- 
nador.—  Chancelaria  de  D.  Felipe  I,  liv.  3."  de  Doações,  fl.  i68. 


Sonsas  28g 

Mascarenhas  e  de  Francisco  de  Sá,  fez  doação  a  Diogo  Lopes  de  Sousa  das 
vilas  de  Miranda,  Podentes,  Vouga,  Germelo  e  Folgosinho,  as  quais,  pela  sen- 
tença acima  citada,  tinham  sido  Julgadas  vagas  para  a  Coroa.  A  doação  foi 
para  ele  e  seus  descendentes  varões  lídimos,  no  caso  de  os  ter,  e,  não  os 
tendo,  passariam  então  as  vilas  a  um  seu  sobrinho,  filho  maior  legitimo  de 
seu  irmão  Vasco  de  Sousa,  com  tal  condição,  que  o  sucessor  nas  terras  havia 
de  casar  com  uma  filha  de  Fernão  da  Silva  [de  Meneses]  e  de  D.  Beatriz  *de 
Vilhena,  tia  paterna  de  Manuel  de  Sousa,  último  senhor  de  Miranda.  Desta 
doação  verbal  assinaram,  a  lo  de  Abril  de  i58o,  já  depois  da  morte  do  Gar- 
dial  Rei,  um  atestado  as  três  testemunhas  acima  nomeadas,  todos  colegas 
do  novo  donatário  no  governo  do  reino,  declarando  ser  ela' verdadeira,  e 
finalmente  por  carta  do  dia  seguinte  houveram  os  Governadores  por  bem  con- 
firmar-lhe  a  doação  (i). 

Diogo  Lopes  de  Sousa  também  teve  a  afcunha  do  Diabo,  «por  saber  muito», 
escreve  ingenuamente  um  genealogista;  mas,  fosse  por  isso  ou  por  outro 
motivo,  o  caso  é  que  com  ela  se  encontra  em  vários  assentos  nos  livros  paro- 
quiais da  freguesia  de  Santa  Cruz  do  Castelo  (2). 

Sucedeu  com  efeito  o  filho  maior  de  Vasco  de  Sousa,  Henrique  de  Sousa, 
na  casa  que  fora  de  seu  tio  o  Governador  e  por  cartas  de  8  e  12  de  Maio 
de  i58i,  passadas  em  Tomar,  foram-lhe  confirmados  por  Felipe  I  os  senho- 
rios das  vilas  de  Miranda,  Podentes,  Vouga,  Germelo  e  Folgosinho,  e  terra 
de  Oliveira  do  Bairro  (3).  Como  ainda  então  não  tivesse  satisfeito  à  con- 
dição de  casar  com  uma  filha  de  Fernão  da  Silva  de  Meneses  e  de  D.  Bea- 
triz de  Vilhena,  sobreesteve-se  na  doação  de  Miranda  e  mais  vilas  até  que, 
em  Lisboa,  a  28  de  Outubro  do  mesmo  ano,  por  o  casamento  estar  já  efei- 
tuado  com  D.  Mecia  de  Vilhena,  filha  daqueles  cônjuges,  foi  a  carta  definiti- 
vamente soescrita  (4).  Foi  Henrique  de  Sousa  governador  da  Casa  da  Relação 
do  Porto,  tendo  tomado  posse  em  lôgo,  e  em  i6og  passou  para  o  conselho 
de  Portugal  em  Madrid,  onde  pouco  depois,  por  carta  daída  naquela  cidade, 
a  21  de  Março  de  161 1,,  foi  criado  conde  de  Miranda  em  sua  vida  (5). 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique^  liv.  44.°  de  Doações,  fl.  Sjo. 

(2)  P.  ex.  no  de  11  de  Setembro  de  077  de  óbito  de  Lourenço  Garcês,  criado  dele  pró- 
prio, do  qual  ficou  por  testamenteiro  «o  governador  diogo  lopez  de  sousa  o  diabo  dallcunha». 
—  Registo  da  freguesia  de  Santa  Cru\  do  Castello,  pág.  264. 

(?)  Chancelaria  de  D.  Sebastião  e  D  Henrique,  liv.  45.°  de  Doações,  fl.  3o5  e  804  v. 

(4)  Ibidem,  fl.  3o5. 

(5)  Havendo  respeito  aos  muitos  e  continuados  serviços  de  Henrique  de  Sousa,  do  con- 
selho de  Estado,  e  à  particular  satisfação  minha  com  que  sempre  os  fez  em  todas  as  ocasiões 
e  cargos  em  que  me  tem  servido,  e  em  especial  no  conselho  da  Coroa  de  Portugal,  que 
nesta  cidade  reside,  confiando  que  assim  o  fará  sempre,  como  de  seu  zelo  e  de  quem  é  se 

voí..  I  37 


290  Brasões 

Nos  seus  descendentes  continuou-se  a  casa,  tendo  sido  a  seu  neto,  Hen- 
rique de  Sousa  Tavares  da  Silva,  3.°  conde  de  Miranda,  feita  mercê  do  tí- 
tulo de  marquês  de  Arronches  em  sua^  vida,  por  carta  de  27  de  Junho  de 
1674,  pelos  seus  serviços  e  em  especial  os  prestados  nas  embaixadas  de 
Holanda  e  Castela  (i).  Por  sentença  de  21  do  mês  seguinte  foi  o  Marquês 
de  Arronches  mantido  na  posse  da  comenda  hereditária  de  Soza,  e  como  é 
muito  notável  a  história  dessa  comenda,  dela  me  ocuparei  lá  mais  adiante  (2). 
Em  breve  perdeu  a  casa  de  Arronches  a  varonia  de  Sousa.  Quando  em 
1706  morreu  o  Marquês  de  Arronches  existia,  como  sucessor  da  casa,  sua  neta 
D.  Mariana  de  Sousa,  já  casada  com  Carlos  José  de  Ligpe,  príncipe  do  Sacro 
Romano- Império,  e  2.*^  marquês  de  Arronches  por  carta  de  21  de  Março  de 
1684(3).  Este  Marquês,  sendo  embaixador  extraordinário  em  Viena  de 
Áustria,  foi  acusado  de  ter  atraído  a  uma  cilada  e  assassinado  um  gentil 
homem  da  câmara  do  Imperador  por  causa  de  uma  dívida  de  jogo.  Sobre 
a  culpabilidade  do  Marquês  há  bastantes  dúvidas,  e  o  seu  posterior  procedi- 
mento não  foi  de  molde  a  desvanecê-las.  Ele,  apesar  de  ter  sido  em  Lisboa 
julgado  livre  de  culpa,  por  sentença  de  4  de  Fevereiro  de  1700,  não  quis 
nunca  regressar  a  Portugal  e  morreu  em  Pádua  no  ano  de  1713  (4).  Na  casa 
sucedeu  sua  filha  D.  Luisa  Casimira  de  Nassau  e  Sousa,  a  3o  de  Janeiro  de 
1716  casada  com  o  senhor  D.  Miguel,  íilho  natural  de  D.  Pedro  II  e  por  êle 
reconhecido  em  seu  testamento.  Teve  o  tratamento  de  duquesa^  em  2  de 
Abril  de  1716(5),  e  o  foi  de  Lafões  por  despacho  de  21  de  Junho  de  1718, 
na  própria  ocasião  em  que  D.  João  V  fez  a  doação  do  concelho  de  Lafões, 
com  o  título  de  duque,  a  D.  Pedro  de  Bragança,  filho  mais  velho  do  senhor 


pode  esperar,  e  desejando  por  tudo  isto  e  pela  qualidade  e  antiguidade  de  sua  casa  e  daqueles 
de  que  descende,  etc,  carta  de  conde  da  vila  de  Miranda  do  Corvo  de  que  é  donatário,  etc. 
—  Chancelaria  de  D.  Felipe  II,  liv.  29.®  de  Doações,  fl.  3i6. 

(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  3i.°  de  Doações,  fl.  64. 

(2)  Nota  no  fim  deste  artigo. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  54.°  de  Doações,  fl.  3o3  v. 

(4)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica,  tom.  XII,  cap.  20,  pág.  555  e  segs. 

(5)  Gazeia  de  4  de  Abril  de  1716.  —  D.  António  Caetano  de  Sousa,  nas  Memorias  dos 
grandes,  pág.  12  da  ed.  de  1755,  em  seguida  n  errar  a  data  do  título  de  Duquesa  de  Lafões, 
declara  haver  D.  Luisa  Casimira  tido  a  prerrogativa  do  tratamento  de  alteza,  «que  nenhuma 
pessoa  lhe  disputou  na  Corte,  depois  que  lhe  foy  julgada  por  três  sentenças  conforme,  obtidas 
contra  o  Procurador  da  Coroa  no  Tribunal  da  Relação,  e  passou  a  ultima  de  16  de  Dezembro 
de  1723  pela  Chancellaria,  que  era  a  p.ublicidade  mais  solemne,  que  podia  obterw.  Assim 
seria;  mas  o  certo  é  ler-se  na  Gaveta  de  Lisboa  de  24  de  Março  de  1729:  oFaleceu  na 
manhaã  de  16.  do  corrente  em  idade  de  35.  para  36.  annos,  depois  de  huma  dilatada  enferp 
midade,  a  Excellentissima  Senhora  D.  Luiza  Gazemira  de  Sousa,  Duqueza  de  Lafoens...». 
Aqui  não  se  lhe  reconheceu  o  tal  tratamento  de  alteza. 


Sousa's  291 

D.  Miguel  (i).  Morreu  este  de  um  desastre  afogado  no  Tejo,  em  Janeiro  de 
1724,  e  sua  mulher  em  Março  de  1729.  Ainda  então  vivia  sua  mãe  a  2."  Mar- 
quesa de  Arronches  pelo  que  D.  Luisa  Casimira  não  sucedeu  nos  títulos  da 
casa,  apesar  de  sua  mãe,  com  autorização  régia,  a  ter  renunciado  no  senhor 
D.  Miguel  por  ocasião  do  seu  casamento,  sendo  só  por  alvará  de  29  de  Ja- 
neiro de  1747,  já  depois  da  morte  da  Marquesa,  que  o  Duque  de  Lafões  foi 
autorizado  a  possuir  os  bens  da  Coroa  outrora'pertencentes  a  sua  avó  (2).  A 
22  de  Dezembro  do  mesmo  ano  foram  passadas  cartas  ao  Duque  de  Lafões 
para  suceder  nos  senhorios  da  casa,  mas  não  se  mencionam  os  títulos  (3). 

Duques  de  Lafões  houve  mais  dois,,  o  fundador  da  Academia  Rial  das 
Sciências  de  Lisboa  e  seu  genro,  falecido  em  27  de  Maio  de  1867.  E  hoje 
representante  da  casa  D.  Caetano  Segismundo  de  Bragança,  neto  do  3.°  Duque 
e  antigo  par  do  reino  em  sua  sucessão,  tendo  tomado  posse  a  17  de  Março 
de  1882. 

Recapitulando  temos:  a  antiga  família  de  Sousa,  anterior  à  fundação  da 
monarquia,  extinguiu-se  na  varonia  em  fins  do  século  xiii;  em  seguida  for- 
maram-se  dois  ramos  novos,  ambos  procedentes  por  fértieas  dos  antigos  e 
ambos  com  a  varonia  ilegítima  de  Afonso  III;  estes  ramos  são  os  pelos  linha- 
gistas  designados  por  Sousas  do  Prado  e  Sousas  de  Arronches. 

O  último  possuidor  da  casa  de  Sousa,  já  muito  reduzrida,  foi  o  Conde 
D.  Pedro  de  Barcelos,  que  a  teve  por  sua  mulher  e  a  deixou  ao  mosteiro  de 
S.  João  de  Tarouca.  Na  casa  de-  Miranda  não  existiram  bens  nenhuns  da 
antiga  casa  de  Sousa,  sendo  portanto  desacerto  dos  genealogistas  lisonjeiros 
darem  àqueles  a  designação  de  senhores  da  casa  de  Sousa. 

NOTA 

COMENDA  DE  SOZA,  pág.  290 

Esta  comenda,  pelas  condições  singulares  em  que  foi  criada,  concedida  e  possuída  me- 
rece referência  especial  precedida  de  uma  breve  relação  da  Ordem  Hospitalar  de  Santa 
Maria  de  Rocamador,  cuja  sede  foi  na  vila  de  Soza. 

Na  armada  dos  Cruzados  que  em  1180  auxiliaram  Sancho  I  na  conquista  de  Silves, 
entrou  em  Portugal,  segundo  parece,  a  religião  dos  Eremitas  de  Rocamador  (4).  Tomou- 
-Ihes  afeição  el  Rei  que  poucos  anos  volvidos  lhes  mandou  passar  a  seguinte  carta: 

In  dei  nomine.  Quoniam  antiqua  temporis  institutione.  ittris  debito,  racionabilis  consiie- 
Hido.  penes  omnes  emerserit.  ■.iit  factonim  series,  successuum  numerus.  fortunarum  euentus. 


(i)  Gaveta  de  33  de  Junho  de  1718. 

J2j  Chancelaria  de  D,  João  V,  liv.  114.",  11.  258  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  26.",  fls.  334  v.  e  segs. 

(4)  Viterbo,  Elucidário,  II,  291. 


292  Brasões 

scripto  commendentur .  ut  commendata  ab  hominum  memoria  non  decidant.  et  omnibus  pre- 
térita presencialiter  consistant.  Jccirco  ego  Sancius  dei  gratia  Portugalie  Rex.  illustris- 
simi  regis  Alfonsi  boné  memorie .  et  Regine  Maphalde  Jilius .  una  cum  uxore  mea  Regina 
donna  Dulcia.  et  Jiliis  et  Jiliabus  méis.  facio  cartam  donationis  et  perpetue  Jinnitudinis ■ 
ecclesie  :\incte  Marie  de  rupe  amatoris .  de  uilla  que  uocatur  Sopa .  que  est  in  termino  de 
Vouga  circa  maré.  Hanc  utllam  memoratam  cum  suis  terminis  nouis  et  ueteribus.  et  cum 
suis  salinarijs .  et  cum  suis  omnibus  pertinencijs .  et  etiam  cum  uniuersisque  in  ea  tam  ad 
ius  nostrum  quam  ad  ius  Episcopi  pertinent .  ecclesie  sancte  Marie  de  rupe  amatoris .  et  fra- 
tribus  ibidem  deo  seruientibus  damus .  et  iure  hereditário  in  perpetuum  possidendam  conce- 
dimus .  cautatam  sicut  conchiditur  lapidibus  illis  qui  iussione  nostra  ibifixi  existuiit.  Addimus 
etiam .  ut  quicumque  cautum  illum  infregerit.  fratribus  supradictis.  aut  illi  cum  uillam  memo- 
ratam mamiienendam  comiserint .  quingentos  sólidos .  pectet  et  cautum  in  suo  robore  pertna- 
neat .  Quicunque  igitur  hoc  factum  nostrum  integrum  observaverit .  sit  benedictus  a  deo. 
Amen.  Cui  uero  aliter  f acere  presumpserit .  quidquid  ipse  fecerit.  Jilius  eiiis  in  irritum 
deducat.  Nos  supradicti  reges  qui  hanc  cartam .  in .  E'.  Af".  cc^.  xxx'.  i'.  Jaus  octobris 
fieri  precepimus .  coram  subscriptis  eam  roborauimus.  et  hec  signa  fecimus  f  f  f  f  f  f. 
Qui  affuerunt. 

Martinus  bracarensis  Archiepiscopus  cfr.  Marliniis  Portugalensis  Episcopus  c/r.  Pe- 
trus  Colinbriensts  Episcopus  cfr.  Nicolaus  visensis  Episcopus  cfr.  Johannes  lamecensis 
Episcopus  cfr.  Suarius  vlixbonensis  Episcopus  cfr.  Pelagius  elborensis  Episcopus  cfr. 
Gonsallus  menendi  maiordomus  curie  cfr.  Comes  donnus  fernandus  cfr.  Petrus  alfonsi  cfr. 
Alfonsus  ermigij  cfr.  Suarius  suarij  testis  Giraldus  pelagii  testis  Petrus  nuni^  testis. 
Julianus  notarius  curie  (i). 

Por  esta  carta,  de  1 5  de  Outubro  de  1 193,'vê-se  haver  feito  D.  Sancho  I  perpétua  doação, 
por  juro  de  herdade,  à  igreja  de  Santa  Maria  de  Rocamador  e  aos  frades  que  neht  serviam 
a  Deus,  dessa  mesma  igreja  e  da  vila  de  Soza,  onde  ela  estava  edificada,  no  termo  de  Vouga, 
junto  ao  mar,  com  seus  termos  novos  e  velhos,  com  suas  marinhas,  com  todas  suas  pertenças, 
dentro  dos  marcos  lá  mandados  fixar  por  sua  ordem,  com  todas  as  jurisdições,  tanto  as  régias 
como  as  episcopais,  e  finalmente  couta  todo  aquele  território  com  a  pena  de  quinhentos  soldos 
de  éncouto.  Ainda  outra  mercê  consta  ter  D,  Sancho  I  feito  aos  Eremitas  de  Rocamador,  a 
de  uma  vila  no  termo  de  Numão,  como  se  declara  nas  actas  das  Inquirições  gerais  da  era  de 
1296  (i258),  na  quarta  alçada,  nestes  termos :  Itein  Martinus  petri  clericus  iuratus  et  interro- 
gatus  scit  quod  villa  de  Ciata  (ou  Ciaca)  que  est  in  Nomam  quefuit  regalenga  et  modo  tenent 
illam  fratres  de  Sancta  Maria  de  Rocamador  et  non  faciunt  de  illa  fórum  Regj  et  dedit  illam 
Rex  donnus  Sancius  senex  eis  (2).  E  destas  mesmas  Inquirições,  nas  actas  da  terceira  alçada 
porem,  consta  ter  tido  também  a  Ordem  aceitação  entre  os  particulares,  pois  duma  doação 
a  ela  feita  de  bens,  em  S-  João  da  Pesqueira  e  seu  termo,  se  encontra  lá  memória  (3). 

Mandou  D.  Afonso  II  expedir  em  Coimbra,  no  mês  de  Julho  da  era  de  i256  (1218),  a 
seguinte  carta  de  confirmação  da  doação  por  seu  pai  feita  aos  Frades  de  Santa  Maria  de 
Rocamador: 

Ego  Alfonsus  dei  gratia  Portugalie  Rex  una  cum  uxore  mea  regína  donna  vrraca  et 
filiis  nostris  infantibus  donno  Saneio,  et  donno  Alfonso.  et  donno  fernando .  et  donna  Alienor. 
istam  cartam  suprascriptam  quam  pater  meus  excellentissime  memorie  Rex  donnus  Sancius 
fecit  et  concessit  ecclesie  sancte  Marie  de  rochamador  et  fratribus  eiusdem  loci  de  illa  uilla 


(1)  Forais  antigos,  maço  12.",  n.'  3,  fl.  61  v.,  col.  2. 

(2)  Liv.  3.*,  de  Inquirições  de  D.  Denis,  fl.  63. 

(3)  Gama  \iaTros,'Historia  da  Administrarão  publica  em  Portugal,  II,  4  ""4. 


Sousas  293 

que  iiocatitr  So-fia  í  concedo  ego  et  confirmo  eidem  Ecclcsie  et  fratribus  ibi  deo  seruientibus. 
eo  modo  quo  pater  meus  eis  illam  jecit  et  concessit.  Et  ut  habeant  mea  concessio .  et  conjir- 
matio.  in  perpetuum  firmitudinis  robur  obtineant.  presentem  cartam  fieri  iussi  et  meo  sigtllo 
plúmbeo  comuniri.  que  quidem  facta  fuit .  apud  Colimbriam  mense  Júlio.  In  e".  M*.  cc".  L*. 
vi'.  Nos  supranominati  qui  hanc  cartam  fieri  iussimus  coram  subscripíis  eam  roborauimus. 
et  hec  signa  fecimus  1 1 1 1 1 1- 

Qui  affuerunt.  Donnus  Martinus  iohannis  signifer  regis  cfr.  Donnus  Petrus  iohannis 
Maior domus  curie  cfr.  donnus  Laurencius  suarij .  cfr.  donnus  gomecius  suarij  cfr.  donnus 
Gil  uaasqui:^  cfr.  donnus  Johannes  fernandi  cfr.  donnus  fernandus  fernandi  cfr.  donnus 
Rodericus  menendi  cfr.  donnus  Poncius  alfonsi  cfr.  donnus  Lopus  alfonsi  cfr.  vincencius 
menendi^  cfr.  Petrus  petri  testis.  Martinus  petri  testis.  donnus  Stephanus  bracarensis 
Archiepiscopus  cfr.  donnus  Martinus  Portugalensis  episcopus  cfr.  donnus  Petrus  Colin- 
briensis  episcopus  cfr.  donnus  Suarius  vUxbonensis  Episcopus  cfr.  donnus  Suarius  Elbo- 
rensis  Episcopus  cfr.  donnus  Pelagius  lamecensis  Episcopus  cfr.  donnus  Bartolomeus 
visensis  Episcopus  cfr.  donnus  Martinus  Egitaniensis  Episcopus  cfr.  Magister  p.  cantor 
port.  testis     Petrus  garsie  testis.    Johanninus  testis     Gonsaluus  menendi  cancellarius  (i). 

Estas  foram  as  primeiras  doações  em  Portugal  feitas  à  nova  Ordem,  a  qual  teve  o  seu 
assento  em  Soza  d'onde  irradiou  para  diferentes  partes  do  reino,  estabelecendo  nelas  hos- 
pitais, fim  p>rincipal  do  instituto,  conservando-se  ainda  hoje,  apesar  da  sua  extinção  datar  do 
século  XV,  a  sua  memória,  não  só  em  escritos,  mas  até  na  designação  dalgumas  localidades 
do  país  (2).  Deste  instituto  Icmbrou-se  a  rainha  Santa  Isabel  em  ambos  seus  testamentos: 
no  primeiro,  de  19  de  Abril  de  i3i4,  deixa-lhe  uma  vestimenta  e  um  cálix  (3);  e  no  de  22  de 
Dezembro  de  1327  lega-lhe  trezentas  libras  (4). 

Com  o  andar  dos  tempos  levantaram-se  desinteligências  entre  os  Priores  de  Soza  e  os 
moradores  do  lugar,  as  quais  deram  ocasião  à  intervenção  régia,  sempre,  é  claro,  favorável 
aos  primeiros.  Em  i255  queixou-se  o  Prior  a  D.  Afonso  III  dos  homens  da  terra:  eles  não 
lhe  obedeciam,  nem  lhe  pagavam  as  rendas.  Acudiu-lhe  el  Rei  com  uma  carta  expedida  em 
Coimbra,  a  9  de  Agosto  da  era  de  1293  (i255),  na  qual  manda  que  tudo  se  restabeleça  como 
estava  trinta  anos  atraz,  no  tempo  de  D.  Sancho  II  (5).  Neste  rhesmo  dia,  segundo  as  me- 
lhores conjecturas,  confirmou  Afonso  III  a  Fr.  Hugo,  «prior  de  Soza  Ordinis  monasterii 
Sancte  Marie  de  Rupe  Amatoris»,  a  doação  por  Sieu  irmão  Sancho  II  feita  à  Ordem  do  lugar 
da  Mamarosa,  o  qual  andava  embargado  pelo  Almoxarife  de  Coimbra  (6)  e  que,  de  então 


(i)  Forais  antigos,  maço  12,  n."  3,  fl.  62,  col.  1. 

(2)  Na  Chorographta  moderna  de  Joáo  iMaria  Baptista  menciona-se  uma  quinta  de  Roque  Amador  na  freguesia 
de  Vila  do  Touro,  no  concelho  do  Sabugal,  e  um  higar  na  freguesia  de  Gouveias,  concelho  de  Pinhel.  No  Porto  ti- 
veram o  seu  hospital  na  rua  da  Ferraria  de  Cima,  d'onde  passaram  pura  a  rua  das  Flores  (J.  P.  Ribeiro,  Reflexões  hi»- 
toricas,  11,  198).  Hospitais  pertencentes  á  congregação  de  Rocamador  existiram  também  em  Lisboa,  Saíitarim, 
Torres  Vedras  (Vítor  Ribeiro,  Historia  da  Bene/icencia  publica,  págs.  3i  e  32)  e  noutras  terras.  Em  alguns  docu- 
mentos aparece  o  vocábulo  alterado  para  Reclamador. 

(3)  «Item/nando  aa  Sancta  Misericórdia  de  Recamador  homa  vestimenta  boa  e  hum  cálix  com  que  cante  um  clé- 
rigo». —  Dr.  António  Garcia  Ribeiro  de  Vasconcelos,  Evolução  do  culto  da  Rainha  Santa,  II,  6. 

(4)  «Item  mando  a  Sancta  Maria  de  Recamador  trezentas  libras».  —  Ibidem,  pág.  i5. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.",  d.  2?5,  transcrita  noutra  de  confirmação.  —  A  carta  foi  mandada  passi^r 
por  D.  Afonso,  rei  de  Portugal  e  conde  de  Bolonha;  é  portanto  de  D.  Afonso  lli,  que  reinou  da  era  de  i283  à  de  i3i7. 
Sucede  porem,  que  ao  transcrever  a  carta  o  escrivão  lhe  errou  a  data  e  pôs  era  de  i263,  quando  reinava  Sancho  II. 
Suponho  que  o  erro  proviria  do  escrivão  ignorar  o  valor  do  x  aspado  e  ao  ver  no  documento  original  E*.  M*.  cc*.  Ix.* 
iij*.  entendeu  I2Ó3,  dando  ao  x  o  valor  de  dez,  quando  êle  estava  aspado  e  valia  quarenta,  sendo  portanto  a  era  a 
de  1293. 

{à)  Chancelaria  de  Q.  João  II,  liv.  8.",  il.  224  r.  —  Na  transcrição  da  primitiva  carta  também  se  dá  aqui  um  erro 
de  data,  o  qual  se  não  pode  explicar  pela  ignorância  do  valor  do  x  aspado.    Declara-se  ser  a  carta  da  era  de  1257,  do 


294  Brasões 

por  diante,  foi  sempre  da  apresentação  do  Prior  de  Soza.  A  um  sucessor  de  Fr.  Hugo  en- 
contro referências  d'ali  a  quarenta  anos,  em  duas  públicas  formas  dos  dois  diplomas  prece- 
dentes a  requerimento  dele  passadas,  a  23  de  Julho  e  7  de  Agosto  de  i334  (1296).  Chama- 
va-se  Fr.  Guilherme  Mossel,  nome  certamente  de  estrangeiro,  como  já  o  de  Fr.  Hugo  também 
tinha  esse  sabor. 

Passam-se  muitos  anos  sem  encontrar  mais  notícias  dos  Priores  de  Soza  até  que,  em 
tempos  de  D.  Fernando,  me  aparece  D.  Ponce,  «priol  de  Santa  Maria  de  Recomendor  desse 
logo  de  Soza»,  impetrando  a  carta  de  21  de  Outubro  de  1416  (iSyS),  pela  qual  lhe  foraqj 
confirmados  todos  os  antigos  privilégios  nos  anteriores  diplomas  concedidos :  de  pôr  juiz 
e  mordomo,  de  levar  os  direitos  e  rendas  da  igreja  e  de  haver  toda  a  outra  jurisdição  (i).  No 
ano  seguinte,  por  uma  carta  de  1 1  de  Fevereiro,  obteve  para  o  sal  produzido  nas  suas  ma- 
rinhas dispensa  do  direito  do  alfonsim  (2). 

Nova  carta  de  confirmação  de  seus  privilégios  alcançou,  agora  já  de  D.  João  I,  em  7  de 
Setembro  de  1444  (1406),  um  Prior  não  nomeado  no  diploma  (3).  Em  breve  porem  arre- 
pendeu-se  el  Rei  da  concessão  feita  e  viu-se  obrigado  «de  lha  mandar  tomar  por  algumas 
cousas  que  ele  fazia,  que  não  eram  nosso  serviço»,  segundo  se  declara  na  carta  de  nova  confir- 
mação dos  privilégios  passada,  a  26  de  Maio  de  1449  (1411),  a  seu  sucessor,  Fr. -Vasco, 
«mestre  e  confessor  do  infante  Duarte  meu  filho»  (4). 

A  Fr.  Vasco  seguiu-se,  não  sei  se  directamente,  João  de  Sousa;  antes  porem  dçra-se  um 
facto  importante  para  a  história  da  igreja  de  Soza  e  da  Ordem  de  Rocamador.  Em  21  de 
Outubro  de  1378  fora  concedida  uma  carta,  acima  citada,  de  confirmação  dos  antigos  privi- 
légios a  D.  Ponce,  «priol  de  Santa  Maria  de  Recomendor  desse  logo  de  Soza»;  agora,  em 
22  de  Abril  de  i438,  é  expedido  um  alvará  de  confirmação  dos  mesmos  privilégios  a  João  de 
Sousa,  criado  dei  rei  D.  Duarte  e  «priol  da  igreja  de  5.  Miguel  de  Soza»  (5).  Neste  inter- 
valo mudara  pois  o  orago  da  igreja  de  Soza,  passando  a  sua  invocação  de  Santa  Maria  para 
S.  Miguel,  a  qual  ainda  hoje  permanece,  i  A  mudança  do  orago  indicará  também  o  desapa- 
recimento da  Ordem  ?  Talvez,  pois  só  muito  vagas  alusões  encontro  a  esse  facto,  não  me 
sendo  possível  precisar  a  data  da  sua  realização.  Nos  sessenta  anos  decorridos  entre  1378 
e  1438,  nos  documentos  dentro  deles  expedidos  relativos  a  Soza  e  aos  frades  de  Rocamador, 
n^o  se  encontra  mencionado  o  orago  da  igreja;  mas,  pelo  qualificativo  de  frei  anteposto 
ao  nome  dos  priores,  sou  levado  a  crer  que  ainda  no  tempo  de  Fr.  Vasco,  isto  é,  em  141 1 
e  anos  seguintes,  o  lugar  e  a  igreja  pertencessem  à  Ordem. 

João  de  Sousa,  primeiro  prior  secular  de  Soza,  não  esteve  de  princípio  na  pacífica  posse 
da  jurisdição  do  lugar,  pois  a  ela  fôra-Ihe  posto  embargo  porMartim  Gonçalves  de  Azevedo 
e  outros.  Recorreu  êle  então  a  el  Rei,  que  lhe  mandou  dar  o  acima  referido  alvará  de  con- 
firmação dos  antigos  privilégios  concedidos  aos  priores  seus  predecessores,  alvará  por 
D.  Afonso  V  confirmado  em  carta  de  3o  de  Março  de  1439  (6).    Era  ainda  João  de  Sousa 


tempo  de  Afonso  II,  quando  a  carta  é  de  seu  filho  do  mesmo  nome.  Estou  porém  persuadido  que  o  Prior  de  Soza 
aproveitaria  a  ocasião  de  se  queixar  dos  moradores  da  vila  lhe  não  pagarem  os  foros,  para  se  queixar  também  da 
usurpação  feita  pelo  almoxarife  de  Coimbra  do  seu  lugar  da  JVIamarosd,  c  que  D.  Afonso  III  no  mesmo  dia  resolveu 
as  duas  pretensões. 

(1)  Chancelaria  de  D.  João^ll,  liv.  8.',  fl.  224  v. ;  liv.  3."  da  Estremadura,  íl.  162  v. 

(2)  Chancelaria  ae  D.  Fernando,  liv.  2.",  fl.  37  v.,  em  extracto;  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  i.»,  fl.  224  v. ; 
liv.  3."  da  Estremadura,  fl.  162  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  U,  liv.  3.",  fl.  52. 

(4)  Ibidem,  (1.  1^0.  ^ 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  K,  liv.  19.°,  fl.  63. 

(6)  Ibidem.  >  .  * 


Sousas  295 

prior  de  Soza  no  pontificado  de  Pio  II  (Agosto  de  1458  a  Agosto  de  1464),  o  primeiro  Papa 
<[ne  resolveu  transformar  o  antigo  priorado  em  comenda  da  Ordem  de  Santiago;  era  porem 
já  falecido  quando  Xisto  IV,  por  sua  bula  de  14  de  Março  de  1477,  deu  o  padroado  da  igreja 
de  S.  Miguel  de  Soza  para  sempre  a  D.  Afonso  V  e  seus  sucessores,  e  determinou  que  ela 
ficasse  constituindo  uma  comenda  da  Ordem  de  Santiago  (i). 

Foi  João  de  Sousa  cónego  beneficiado  na  Sé  de  Lisboa  e  com  esta  dignidade  é  nomeado 
em  duas  cartas,  ambas  do  ano  de  1453  e  de  legitimação  de  filhos.  A  primeira  é  de  i5  de 
Fevereiro  e  por  ela  foi  legitimado  João  de  Sousa,  então  moço  da  câmara  rial,  o  qual  fora 
havido  em  Mor  Eanes,  mulher  solteira  (2).  A  segunda  é  de  18  de  Junho  e  foi  passada  a 
favor  doutros  dois  filhos  havidos  da  mesma. mulher,  um  dos  quais  foi  Jorge  de  Sousa,  futuro 
comendador  de  Melres  na  Ordem  de  Santiago,  a  quem  me  referi  na  página  21 1.  Esta  carta 
é  de  simples  legitimação;  a  outra  foi  concedida  n  requerimento  do  pai  com  cláusulas  espe- 
ciais, as  quais  eram  muito  amplas  e  se  podem  ler  na  concedida  quatro  anos  depois  ao  neto 
do  nosso  grande  historiador  Fernão  Lopes,  por  mim  mandada  imprimir  entre  os  docu- 
mentos ilustrativos  da  Introdução  à  Primeira  parte  da  Crónica  de  D.  João  I,  pág.  lix,  n."  V. « 
Estas  cláusulas  especiais  já  foram  pedidas  com  o  intuito  de  João  de  Sousa  se  encontrar 
habilitado  para  a  sucessão  de  seu  pai,  fosse  ela  qual  fosse. 

Este  segundo  João  de  Sousa  foi  conhecido  pela  alcunha  do  Romanisco,  e  a  ele  me  tor- 
narei a  referir  largamente,  pois  foi  o  i.°  comendador  de  Soza;  mas  quero  deixar  aqui  indi- 
cado o  fundamento  que  tive  para  lhe  dar  a  referida  filiação.  Numa  sentença,  também  para 
.ser  lá  mais  adiante  apresentad.i  ao  leitor,  a  qual  pôs  termo  a  uma  demanda  sobre  a  posse 
da  comenda  de  Soza,  lê-se  esta  alegação,  frouxamente  repelida  pela  parte  adversa:  «e  de 
mais  nam  constando,  que  o  dito  primeiro  adquirente  (o  referido  João  de  Sousa)  fosse  nas- 
cido de  legitimo  matrimonio,  e  pessoas  scientes  em. livros  de  geracoens  entenderão,  que  fora 

bastardo  na  forma  declarada  nas  certidoens  foi e  sendo  o  mesmo  primeiro  adquirente 

bastardo»  etc.  (3).  Parece-me  indicação  segura,  conjugando-a  com  a  sucessão  na  posse  da 
igreja  de  Soza. 

Por  D.  Afonso  V  foi  João  de  Sousa  enviado  na  qualidade  de  embaixador  a  Roma,  pro- 
vindo-lhe  da  estada  na  Cidade  Eterna  a  alcunha  do  Romanisco.  Prestou  lá  tais  serviços  a 
el  Rei,  «que  nos  houvemos  e  havemos  dele  por  mui  bem  servido,  e  confessamos  lhe  sermos 
em  muita  obrigação»,  não  só  por  ter  bem  encaminhado  os  negócios  de  que  ia  encarregado 
junto  de  Xisto  IV  e  da  Cúria,  mas  por  ter  havido  dele  para  a  Coroa  em  perpetuidade  o 
padroado  da  igreja  de  Soza,  passando  ela' a  constituir  uma  comenda  da  Ordem  de  Santiago. 
Por  estes  serviços,  considerados  por  D.  Afonso  V  como  sendo  de  um  «nosso  bom  e  verda- 
deiro criado  e  servidor»,  fez-lhe  el  Rei  doação  do  padroado  da  dita  igreja  de  Soza,  para  ele 
e  todos  seus  herdeiros  e  sucessores  ji/re  hereditário^  «o  qual  queremos  que  ele  haja,  e  seus 
herdeiros  hajam,  assim  e  tam  compridamente  como  a  nós  é  outorgado  e  nos  pertence  por 
bem  da  dita  doação,  colação  e  provisão,  que  a  nós  pelo  Santo  Padre  é  outorgado ;  e  queremos 
e  mandamos,  que  algum  nosso  sucessor  ou  herdeiro  em  elo  nunca  lhe  ponha  dúvida  nem 
embargo,  nem  a  ele  nem  a  seus  herdeiros,  acerca  delo,  de  torvação,  ou  façam  alguma  con- 
tenda, porque  ante  de  o  no  património  nosso  rial  termos  incorporado,  o  tiramos  de  nós  e  o 
traspassamos  nele  dito  João  de  Sousa  e  todos  seus  herdeiros»,  etc.  Dada  em  Évora,  a  8  de 
Agosto  de  1478  (4). 


(i)  Tudo  consta  da  hu\a.  Rationi  congruil,  de  26  de  Agosto  de  1492,  registada  na  Chancelaria  de  Felipe  II,  no 
liv.  19.°  de  Doações,  fl.  272  v.,  e  impressa  pelo  P.e  Sousa  nas  Provas  da  Historia  genealógica,  VI,  202. 

(2)  Liv.  2."  de  Místicos,  íl.  171 ;  liv.  2."  de  Legitimações  de  leitura  nova,  fl.  2i3. 

(3)  Pegas,  Tractatus  de  Exclusione . . .  Maioratus,  ),  149. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.°,  fl.  225  v.  —  Encontra-se  também  transcrita  na  ChanceLiria  de  Felipe  II, 


296 


Brasões 


Era  então  João  de  Sousa  do  conselho  dei  Rei  e  alem  da  comenda  de  Soza  já  desfrutava 
a  de  Povos,  também  na  Ordem  de  Santiago,  a  qual  talvez  lhe  houvesse  sido  dada  pelo  prín- 
cipe D.  João,  que,  na  qualidade  de  governador  da  mesma  Ordem,  fizera  mercê,  por  carta 
dada  em  Évora  a  6  de  Agosto  do  referido  ano,  a  João  de  Sousa,  comendador  de  Povos,  de 
doze  mil  reais  de  tença,  em  quanto  sua  mercê  fosse  (O. 

Confirmou-lhe  D.  João  II  a  doação  do  padroado  e  comenda  de  Soza  por  carta  de  28  de 
Novembro  de  1486,  declarando  que  a  sucessão  se  entenderá  somente  nos  herdeiros  por  linha 
direita  descendentes  (2).  Anteriormente,  nos  dias  20  e  23  do  mesmo  mês,  havia  el  Rei 
mandado  expedir  cinco  cartas,  nas  quais  confirmava  a  João  de  Sousa  os  vários  diplomas  de 
privilégios  concedidos  aos  antigos  priores  de  Soza  e  já  acima  indicados  (3).'  Finalmente 
veio  o  papa  Alexandre  VI  e  por  sua  bula  Rationi  congruit,  dada  a  26  de  Agosto  de  1496, 
confirmou  ao  «dilectus  filius»  João  de  Sousa  o  padroado  e  a  comenda  de  Soza  (4).  Pouco 
tempo  mais  de  vida  teve  João  de  Sousa,  porquanto  já  era  falecido  a' 21  de  Novembro  do  ano 
seguinte  (5).  O  documento  citado  revela-nos  o  nome  da  mulher  do  Comendador  de  Soza. 
Foi  ela  D.  Leonor  da  Silva,  filha  de  Afonso  de  Miranda,  porteiro  mor  de  D.  Afonso  V,  e  de 
sua  mulher  D.  Violante  de  Sousa,  e  teve  duas  mil  e  quinhentas  coroas  de  casamento. 

D.  Leonor  é  uma  das  minhas  muito  queridas  raparigas  do  Cancioneiro.  Muito  queridas, 
sim,  e  muito  diferentes  das  que  para  aí  andam  hoje  mostrando  pernas,  braços  e  colo  num 
impudor  nunca  visto.  ;  Ainda  se  fosse  só  isso  1  mas  o  porte  condiz  com  o  trajo.  Numa 
coisa.,  designada  lá  por  eles,  pela  alta  roda,  roda  sim,  mas  roda  de  azenha  em  levada  de 
água  pantanosa,  o  nível  moral  e  social  desceu  ao  mais  baixo.  As  boas  maneiras  desapare- 
ceram, a  cortesia  fugiu  espavorida,  a  linguagem  das  salas  foi  substituida  pelo  calão  das  ta- 
bernas, e  de  tudo,  ainda  para  mais,  se  faz  gala.  P'elizmente  é  uma  pequena  parte,  mas  a 
mais  mexida,  da  sociedade;  a  reacção  porem  chegará  um  dia,  não  muito  afastado  é  de  esperar, 
e  cortará  pelo  são,  lançando  o  podre  para  o  monturo.  ' 

Ora  pois !  D.  Leonor  da  Silva  foi  uma  das  raparigas  do  Cancioneiro  e  das  de  maior  no- 
meada. Por  ela  andavam  apaixonados  Jorge  da  Silveira  e  Nuno  Pereira.  Encontraram-se 
os  dois  trovadores  um  dia  num  caminho,  indo  Nuno  Pereira  «muyto  cuydoso»,  e  Jorge  da 
Silveira,  «dando  muytos  sospiros»,  e  preguntaram  um  ao  outro: 

Vós,  senhor  Nuno  Pereyra, 
por  quem  his  assy  cujdando  ? 

Por  quem  vós  hys  sospirando, 

senhor  Jorge  da  Sylveyra?  (fl.  i,col.  j.J 

D'aqui  originou-se  o  famoso  processo  do  «Cuydar  e  Sospirar»,  no  qual  entraram  muitos 


liv.  19."  de  Doações,  fl.  262  v.,  com  a  data  do  ano  errada,  1481  por  1478.  No  princípio  do  ano  de  1481  eslava  Afonso  V 
em  Coimbra,  a'onde  no  verão,  como  então  designavam  a  nossa  primavera,  foi  a  Beja  e  de  lá  para  Sintra  na  entrada  de 
Agosto,  fugindo  a  Lisboa  e  Évora  onde  «morriam»  de  peste,  como  declara  Rui  de  Pina,  no  cap.  212  da  Cfironica  de 
D.  Afonso  V.  Os  dizeres  do  cronista  são  confirmados  pelas  rubricas  dos  cadernos  da  Chancelaria,  vendo-se  portanto 
não  ser  possível  estar  Afonso  V  no  dia  8  de  Agosto  de  1481  em  Évora, 
(i)  Liv.  i.^  da  Ordem  <fe  Santiago,  fl.  19  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.",  fl.  225  v.,  carta  feita  por  Fernão  de  Pina. 

(3)  Ibidem,  fls.  224  e  225. 

(4)  Chancelaria  de  Felipe  II,  liv.  iq."  de  Doações  fl.  262  v. ;  Provas  da  Historia  genealógica,  Vi,  102. 

(5)  «Nós  el  Rei  fazemos  saber  que  a  dona  Leonor  da  Silva,  molher  que  foi  de  João  de  Sousa,  foram  desembar- 
gadas por  el  rei  dom  Afonso  meu  tio  2.5oo  coroas  de  moto  dé  seu  casamento»  Perdera  a  carta  e  pede  se  lhe  mande 
passar  novo  padrão,  o  qual  lhe  é  dado  em  Évora,  a  21  de  Novembro  de  1497.  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.' 
de  Doações,  fl.  iii,  transcrito  o  alvará  numa  carta  de  confirmação. 


Sonsas  297 

poetastros  cortesãos.    Escolheram  para  juiz  a  D.  Leonor  da  Silva  e  simularam  haver  ela 
pronunciado  sentença  a  favor  do  suspirar,  sentença  publicada 

A  nove  dias  do  mes 
dos  onze  meses  do  anno 
da  era  doytenta  e  tres.  (fl.  ji,  col.  4.) 

Era  ela  ainda  então  solteira,  mas  pouco  tempo  depois  ajustou-se  o  seu  casamento  e, 
quando  a  nova  estalou  na  corte,  Nuno  Pereira,  apesar  de  ter  decaído  no  processo  veio  com 
umas  trovas  de  protesto,  cheias  de  verdadeiras  imprecações. 

Seja  muyto  na  maa  ora 
hum  tam  triste  casamento, 
poys  se  vay  do  paço  fora 
a  senhora  minha  senhora 
por  meu  mal,  e  seu,  que  sento. 
Eu  sento  verme  morrer, 
sento  vela  enguanada, 

sento  vella  padecer  f 

e  sento  vella  vender 
so  color  dencaminhada.  (fl.  32-33.) 

Nos  Últimos  versos  vejo  alusão  a  pressão  exercida  sobre  a  donzela,  para  a  forçar  a  casar, 

com  um  rústico  lá  da  Beira 

Vaa  morrer,  poys  me  matava, 
antr'os  soutos  laa  na  Beira.  (fl.  33,  col.  i.J 

Contra  o  noivo  também  pragueja  o  trovador: 

Hoo  furtuna,  tu  que  mudas 
hCa  cousa  noutra  cousa, 
daa  doenças  muy  agudas, 
a  que  nam  prestem  ajudas 
nem  jolepes,  hoo  de  Sousa.  (fl.  33,  col.  i.J 

j  Já  vou  tam  longe  àa  comenda  de  Soza !  Voltemos  a  ela  para  acabar,  mas  sempre 
direi  primeiro  que  D.  Leonor  da  Silva  já  era  finada  a  26  de  Abril  de  iSaS,  quando  as  duas 
mil  e  quinhent*as  coroas  do  seu  casamento  foram  confirmadas  a  seu  filho  (i). 

Morto  João  de  Sousa,  sucedeu-lhe  na  comenda  seu  filho  António  de  Sousa  a  quem, 
por  carta  de  10  de  Agosto  de  i532,  foram  confirmados  os  privilégios  antigos  do  priorado  de 
Soza  (2).  Morreu  António  de  Sousa  sem  descendência  e  pela  primeira  vez  passou  o  padroado 
a  colateral  do  último  cpmendador,  mas  descendente  do  primeiro ;  porquanto  as  sobrevi- 
ventes filhas  deste,  e  irmãs  daquele,  D.  Cecília  da  Silva  e  D.  Francisca  de  Sousa,  apresen- 
taram no  padroado  a  Manuel  Freire  de  Sousa,  que  foi  o  3.»  comendador.  Era  êle  filho  de 
D.  Cecília  e  de  Gomes  Freire  de  Andrade.  . 

Nesta  ocasião  viu-se  a  força  das  doações  referidas,  porque,  querendo  D.  João  III  opôr-se 
a  esta  apresentação  e  dar  a  comenda  a  outra  pessoa,  teve  de  desistir,  e  a  nomeação  das 
duas  senhoras  prevaleceu. 

Continuou,  transmitida  pacificamente  de  uns  em  outros  membros  desta  familia,  a  posse 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  14.»  de  Doações,  fl.  1 1 1. 
(2j  Ibidem,  liv.  18."  de  Doações,  fl.  74  v.     ' 

voL.  I  38 


298 


Brasões 


da  comenda  de  Soza  até  ao  6."  comendador  Diogo  Freire  de  Andrade  e  Sousa,  que  dela  teve 
confirmação  por  carta  de  21  de  Junho  de  1610(1).  Morreu  êle  a  3  de  Outubro  de  1629, 
sem  desce adência  legítima,  deixando  porem  vivas  seis  irmãs,  cinco  freiras  e  uma  casada,  e 
um  primo  segundo,  Luís  Freire  de  Andrade,  que  só  morreu  a  í8  de  Janeiro  de  1637.  Apesar 
disto  meieu-se  logo  de  posse  da  comenda  Diogo  Lopes  de  Sousa,  2."  conde  de  Miraada, 
quarto  neto  do  Romanisco  por  sua  referida  filha  D,  Cecília  da  Silva. 

Na  posse  do  padroado  permaneceu  o  Conde  até  morrer  em  1640^  sendo  então  ainda 
vivas  três  das  irmãs  do  6."  Comendador,  às  quais  continuava  a  assistir  o  direito  da  apresen- 
tação do  padroado,  direito  que  parece  não  terem,  nem  mesmo  nominalmente,  chegado  a 
exercer. 

Morreu  a  última  em  1649,  ^  então  propuseram,  Alexandre  de  Sousa  Freire  e  seus  irmãos, 
todos  filhos  do  acima  nomeado  Luís  Freire  de  Andrade,  acção  de  reivindicação  contra  Hen- 
rique de  Sousa,  3."  conde  de  Miranda,  que  continuava  na  posse  da  comenda  por  morte  de 
seu  pai.  Foi  o  feito  julgado  na  Relação  por  sentença  de  21  de  Julho  de  1674,  sendo  conde- 
nados os  autores,  apesar  de  parentes  mais  próximos  do  último  possuidor,  por  serem  des- 
cendentes por  linha  não  legítima  do  i.°  comendador  João  de  Sousa,  e  mantido  na  posse  do 
padroado  e  direito  de  apresentação  da  comenda  o  Conde  de  Miranda,  que,  havia  menos  de 
um  mês,  tinha  sido  criado  marquês  de  Arronches  (2). 

Ainda  tornou  a  haver  dúvidas  para  o  encarte  na  comenda  de  Soza  de  D.  Pedro  de  Bra- 
gança, duque  de  Lafões,  representante  do  Marquês  de  Arronches;  teve  porém  o  Duque 
sentença  favorável  no  Juízo  da  Coroa,  em  10  de  Novembro  de  i733,  a  qual  passou  pela  Chan- 
celaria em  19  de  Agosto  de  1735  (3).  Mesmo  depois  de  estabelecido  já  o  regímen  constitu- 
cional foi  reconhecido  à  representante  do  Duque  de  Lafões  o  seu  absoluto  direito  à  posse 
dos  bens  da  comenda  de  Soza,  conforme  esclarece  a  seguinte  verba:  «A  D,  Maria  Carlota 
de  Bragança  se  passou  carta  em  5  de  Janeiro  corrente,  declarando  que  a  natureza  dos  bens 
da  comenda  de  Soza,  conteúdos  nesta  carta  de  confirmação  e  de  que  está  de  posse,  não  está 
obrigada  a  encarte  nem  a  pagamento  do  direito  porque  não  pertencem  à  Coroa,  e  se  registou 
no  Uv.  21."  do  Registo  de  Mercês  de  D.  Pedro  F  a  íl.  i5,  e  para  constar  pus  esta  verba. 
Lisboa,  24  de  Janeiro  de  1861»  (4). 


(i)  Chancelaria  de  Felipe  II,  liv.  19.*  de  Doações,  fl.  262  v. 

(2)  Tudo  consta  da  já  citada  sentença  transcrita  em  Pegas,  Tractatusde  Exclusione. . .  Maioralus,  1, 14.7  e  segs. 
{"i)  Son^a, Historia genealogica,'SÃl,b'ii. 

(4)  Apostila  à  margem  da  carta  de  confirmação  do  padroado  e  comenda  de  Soza  a  Jofio  de  Sonsa.—  Chancelaria 
de  D.  João  II,  liv.  8.",  fl.  225  v. 


X 


PEREIRAS 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  1. 


De  vermelho,  cruz  florida  de  prata,  vazia  do  campo.  Timbre:  cruz  de 
vermelho,  florida  e  vazia,  entre  duas  azas  de  prata. 

Sem  diferença  no  escudo  encontram-se  estas  armas  no  Livro  do  Armeiro 
mor,  fl.  52  V.,  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo  v.,  no  Thesouro  da  no- 
breza de  Francisco  Coelho,  fl.  27,  no  Thesouro  da  nobreza,  de  Fr.  Manuel  de 
Santo  António,  p-29,  etc. 

Quanto  ao  timbre  todos  concordam  nas  peças  da  sua  composição,  mas  dis- 
cordam nos  seus  esmaltes.  Não  se  encontra  esta  variedade  unicamente  nos 
autores  heráldicos,  outro  tanto  sucede  nas  cartas  de  brasão,  chegando  ao 
ponto  do  mesmo  Portugal  rei  de  armas,  o  bacharel  António  Rodrigues,  passar, 
nos  anos  de  i532  a  1Õ42,  quatro  cartas  de  brasão  com  as  armas  dos  Pereiras, 
variando  em  todas  elas  os  esmaltes  do  timbre  (i).  Pois  tinha  ele  estricta 
obrigação  de  o  não  fazer,  visto  que  já  a  esse  tempo  existia  o  livro  chamado 
da  Torre  do  Towzèo  ordenado  por  D.  Manuel,  e  em  cujo  prólogo  se  ler 
€ . . .  Achou  [D.  Manuel]  ser  necessareo  corregerese  muitas  [armas]  Que  des- 
concertadas: polia  corruçam  do  longo  tempo  erao  &  cÕuinha  darese  timbres  a 
todas:  por  serem  ia  perdidos  &  se  nÕ  acharem.  Guia  mingoa  &  defeito  .S. 
A.  Querendo  prouer  (Que  ao  REY  conuem  dar  o  timbre  &  nÕ  o  que  cada 
hum  Quer  tomar  como  algias  cuidam,  lhes  deu  os  mais  nobres  Que  se  dar 
podiam  mãdandoas  aqui  asentar  em  toda  perfeiçam. . .»  Em  conformi- 
dade portanto  com  este  livre  deverá  ser  o  timbre  dos  Pereiras  uma  cruz 
de  vermelho,  florida  e  vazia,  posta  entre  duas  azas  de  oiro,  recamadas 
de  azul. 


( I )  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  iS.»  de  Doações,  fl.  1 1 3  v.;  liv.  23.»,  fl.  5;  liv.  44.»,  fl.  40  v.; 
e  liv.  32.*,  fl.  49. 


3o2  Brasões 

1 

.       LIDE  DE  TRASGONHO 

O  reinado  de  D.  Afonso  II  foi  uma  continuada  luta  dei  Rei  com  os  parentes, 
çom  a  nobreza,  com  o  clero. 

El  Rei  lutava  por  egoísmo,  é  certo,  mas  desse  egoísmo  deveria  provir  o 
bem  da  nação  e,  se  ele  o  não  conseguiu,  deve- se  atribuir  mais  à  sua  falta  de 
aptidão  para  a  hjta,  do  que  à  brevidade  do  seu  reinado.  Na  verdade  el  Rei 
era  tenaz,  mas  não  era  taloroso,  e  nesses  tempos,  quando  facilmente  s« 
desembainhava  a  espada,  não  bastava  a  tenacidade. 

Alem  disso,  e  sobre  tudo,  D.  Afonso  II  não  foi  político.  Atacou  todos 
a  um  tempo,  não  sabendo  apoiar-se  nuns  para  dominar  os  outros,  e  assim 
sucessivamente,  se  não  reduzir,  pelo  menos,  enfraquecer  a  todos.  AJudan- 
do-se  da  nobreza,  em  quem  o  ardor  militar  se  conservava  intemerato,  como 
prova  a  tomada  de  Alcácer  do  Sal  efectuada  em  121 7  pelos  nobres  e  prelados 
independentes  do  Rei,  poderia  êle  talvez  dominar  o  clero;  assim  como,  apoian- 
do-se  neste,  subjugaria  aquela.  Mas  não,  com  o  fito  unicamente  em  aumentar 
o  poderio  rial  e  acrescentar  as  rendas  públicas,  desaveio-se  com  a  nobreza, 
ordenando  as  confirmações  e  inquirições  gerais;  com  o  alto  clero,  atacando- 
-Ihe  os  foros  e  reprimindo  com  demasiado  rigor  as  primeiras  resistências;  e 
finalmente  com  as  Ordens  religiosas,  proibindo  as  provisões  de  Soeiro  Gomes. 

No  povo,  seu  natural  aliado,  poderia  D.  Afonso  encontrar  auxílio  eficaz 
contra  o  inimigo  comum;  não  o  soube  porem  aproveitar,  ou  despresou-o. 
Pois  não  era  para  isso  o  nosso  bom  povo  dos  concelhos,  que  na  batalha  das 
Navas  de  Tolosa,  no  dia  16  de  Junho  de  12 12,  tanto  se  distinguira  pelo  seu 
sofrimento  durante  a  campanha,  pelo  seu  valor  na  acção,  chegando  a  causar 
assombro  a  um  contemporâneo  ilustre,  testemunha  ocular. 

Vencido,  humilhado,  morre  Afonso  II  em  25  de  Março  de  i223,  deixando 
na  mão  dos  seus  ricos  homens  a  tutela  de  seu  filho  herdeiro,  mancebo  de 
treze  anos. 

Pode-se  conjecturar  o  que  seria  a  menoridade  de  D.  Sancho  II.  O  clero, 
vencedor  ao  tempo  da  morte  de  D.  Afonso  II,  aproveita  o  ensejo  para  impor 
vergonhosas  condições  de  paz;  os  nobres,  desenfreados,  recomeçam  no  seu 
sistema  de  espoliação  das  terras  e  rendas  da  Coroa;  e  até  as  Infantas,  redu- 
zidas mas  não  satisfeitas,  reclamaram  e  obtiveram  vantajosas  concessões. 
No  meio  disto,  a  posse  da  tutela  de  D.  Sancho  II  era  disputada  pelas  armas 
entre  os  ricos  homens,  passando  el  Rei,  e  com  êle  o  absoluto  mando,  como 
de  rnão  em  mão,  do  poder  de  uma  facção  para  o  de  outra,  conforme  predo- 
minava a  força,  único  direito  a  que  nesses  tempos  se  atendia. 


Pereiras  3o5 

Foram  calamitosos  para  o  reino  os  anos  de  i223  a  1226. 

Ainda  então  regia  a  diocese  do  Porto  D.  Martinho  Rodrigues,  adversário 
contumaz  que  fora  de  Sancho  I,  e  estrénuo  propugnador  das  regahas  clericais; 
agora  porém,  não  só  em  paz  com  a  rialeza  desde  a  concordata  de  1222,  mas 
até  aliado  dos  tutores  do  moço  rei.  Contra  o  governo  destes  havia  vários 
bandos  de  insurgentes  levantados  pelo  reino,  sobretudo  em  Alem  Doiro,  e  um 
dos  principais  era  o  caudilhado  por  D.  Pedro  Mendes  de  Poiares. 

Era  o  Senhor  de  Poiares  sobrinho  do  Bispo  por  ser  filho  de  sua  irmã 
D.  Urraca  Rodrigues  de  Pereira;  e  talvez  fiado  no  parentesco  tentou  entrar 
na  cidade  do  Porto.  Não  lho  consentiu  o  animoso  prelado,  que  só  fugira 
diante  das  forças  de  um  rei,  e  auxiliado  pelos  moradores  do  seu  burgo,  que 
tam  dedicados  então  lhe. eram,  repeliu  o  ataque. 

Frustrado  o  seu  intento,  volta  Pedro  Mendes  a  Poiares,  a  fim  de  recons- 
tituir e  acrescentar  as  suas  forças.  Decorrido  pouco  tempo,  à  frente  de  mais 
numerosa  tropa,  toma  de  novo  o  inquieto  fidalgo  o  caminho  da  cidade,  o  qual 
sem  estorvo  percorre,  até  que,  pouco  depois  de  tfansposto  o  rio  Sousa,  se  lhe 
depara  pela  frente  um  numeroso  bando  para  lhe  tolher  o  passo.  O  previdente 
Bispo  não  se  descuidara,  e  pelo  ocorrido  prevendo  novo  acometimento,  avisara 
seu  poderoso  primo  D.  Pedro  Rodrigues  de  Pereira,  o  qual,  reunindo  os  seus 
homens  de  armas,  se  dirigira  ao  encontro  de  D.  Pedro  Mendes  de  Poiares. 

Encontraram-se  as  duas  hostes  em  Trasconho,  ou  Crastomo,  entre  Paço 
de  Sousa  e  Valongo.  Dado  o  sinal  do  combate  investem-se  com  denodo  os 
dois  bandos,  e  trava-se  rija  batalha,  «e  porque  dom  Pedro  Rodrigues  fez  a 
lide  com  rrazom  ajudouo  Deus:  e  morrerom  hi  muitos  fidallgos  de  huma  e 
da  outra  parte». 

No  meio  do  combate  tinham-se  avistado  os  dois  cavaleiros  e,  arremetendo 
um  contra  o  outro,  rolou  Pedro  Mendes  de  Poiares  morto  pelo  chão. 

'Triunfante  voltou  D.  Pedro  Rodrigues  para  a  sua  quinta  de  Pereira  nas 
margens  do  Ave  (i;. 

II 

LINHAGEM 

O  vencedor  da  lide  de  Trasconho  era  neto  de  D.  Gonçalo  Rodrigues  da 
Palmeira,  o  primeiro  desta  linhagem  que  passou  para  Portugal  (2).     Fugia 


(i)  Fr.  António  Brandão,  na  Monarchia  lusitana^  p.  IV,  liv.  12,  cap.  32.",  p5e  a  batalha 
de  Gresconho,  como  lhe  chama,  no  reinado  de  Sancho  I;  esta  inadevertência  do  douto  cro- 
nista reparou  Herculano  na  Historia  de  Portugal,  vol.  II,  nota  16,  pág.  481  mihi. 

(2)  Seu  pai  Rodrigo  Forjaz  tinha  servido  ao  Conde  D.  Henrique,  e  aparece  confirmando, 


3o4     '  Brasões  . 

D.  Gonçalo  à  cólera  dei  Rei  de  Castela,  que  o  queria  punir,  por  ele  ter  dado 
junto  ao  paço  em  um  cavaleiro,  que  o  desmentia,  um  golpe  com  a  espada 
«per  cima  do  ombro  que  o  talhou  atáa  cimta» !  Derivou  o  seu  apelido  do 
couto  da  Palmeira  a  ele  doado,  não  por  D.  Sancho  I,  como  se  tem  dito,  mas 
muito  anteriormente. 

Nas  Inquirições  de  D.  Afonso  III  do  ano  de  i258  lê-se:  «Item  de  Mo- 
nasterio  Sante  Marie  de  Nandim. . .  Monasterium  ipsum  est  cautatum  per 
patronos  a  domna  "Regina  Tarasia  filia  magni  Regis  Alfonsi»  (i).  Ora  o  pa- 
droeiro, que  desde  o  tempo  da  rainha  D.  Teresa  coutara  o  mosteiro  de  Landim, 
fora  D.  Gonçalo  Rodrigues,  e  não  ficara  só  por  aqui  a  sua  generosidade,  pois 
também  doara  ao  mesmo  convento  a  própria  honra  da  Palmeira,  e  fá-lo«-hia 
em  seu  testamento;  mas  há  mais  ainda  para  provar,  que  este  couto  lhe  não 
podia  ter  sido  dado  por  D.  Sancho  I.  E  que  D.  Gonçalo  Rodrigues  já  era 
morto  em  Junho  de  1177,  e  portanto  mais  de  oito  anos  antes  da  aclamação 
d'aquele  rei. 

Sei  que  já  era  falecido  naquele  tempo,  por  mo  asseverar  a  escritura  da 
confirmação  do  couto  da  Palmeira,  que  ao  mosteiro  de  Nandim,  ou  Landim, 
como  hoje  dizemos,  fizeram  os  filhos  de  D.  Gonçalo,  em  Junho  de  1 177,  refe- 
rindo-se  ao  pai  como  já  morto  (2). 

O  governo  de  D.  Teresa  durou  de  11 12  a  1128,  neste  intervalo  passou 
portanto  D.  Gonçalo  Rodrigues  para  Portugal,  onde  foi  muito  bem  recebido 
pela  Rainha,  e  não  é  para  admirar  visto  êle  ser  parente  próximo  do  famoso 
Conde  de  Trava,  amante  daquela  senhora. 

Afirma-se  que  também  a  D.  Gonçalo  Rodrigues  fora  feita  mercê  das  terras 
de  Lanhoso,  Basto,  Refoios,  Paiva,. e  Baltar,  e  nada  seria  demais  para  lhe 
compensar  a  perda  na  Galiza  do  condado  de  Trastâmara,  que  havia  sido  de 
seus  antepassados  e  a  D.  Gonçalo  Rodrigues  pertencia,  por  ser  o  chefe  da 
família  e  o  representante  do  Conde  D.  Mendo,  para  Espanha  vindo  nos  prin- 
cípios do  século  IX,  segundo  dizem. 


em  9  de  De2embro  de  1097,  a  carta  dos  privilégios  da  Cornelhã  {Historia  Ecclesiae  Lusita- 
niae,  vol.  II,  pág.  214),  parece  porem  não  ter  permanecido  em  Portugal. 

(i)  D.Tomás  da  Encarnação,  Historia  Ecclesiae  Lusitaniae,  vol.  III,  pág.  i85;  José 
Anastácio  de  Figueiredo,  Nova  Malta,  vol.  I,  §  194. 

(2)  «Nos  Filii  de  Domno  Gondisalvo  Roderici,  Fernandus  Gondisalvi,  &  Gondisalvus  Gon- 
disalvi,  &  Elvira  Gondisalvi,  &  Rodericus  Gondisalvi. ..  facimus  scriptum  firmitudinis  inter 
nos . . .  Placuit  nobis,  &  juramento,  ac  benedictione,  &  maledictione,  atque  poena  firmavimus 
cautum,  quod  Pater  noster  bonae  niemoriae  Domnus  Gondisalvus  Roderici  fecit  Monasterio 
de  Nandim,  &  Ordini  Sancti  Augustini  pro  remédio  animae  suae  concessit,  ratum,  &  stabile 
in  perpetuum  permanere...  Facta  charta  mense  Junii  Era  millesima  ducentesima  decima 
quinta ...»     Ano  do  nascimento  de  1 177.  —  Historia  Ecclesiae  Lusitaniae,  cit.  pág.  184. 


Pereiras  3o  5 

Casou  D.  Gonçalo  Rodrigues  da  Palmeira  por  duas  vezes  e  ambas  em 
Portugal,  ou  talvez  uma  na  Galiza  e  outra  cá. 

Conforme  o  Livro  Velho  das  linhagens  foi  sua  primeira  mulher  D.  Frolhe 
Afonso,  filha  do  Conde  D.  Afonso  de  Celanova;  e  segunda  D.  Urraca  Viegas, 
intitulada  fundadora  do  mosteiro  de  Tuias,  a  qual  depois  tornou  a  casar  com 
o  Conde  D.  Vasco  Sanches.  Diz  mais  o  mesmo  nobiliário,  que  da  primeira 
mulher  nasceram  Rodrigo  e  Elvira,  e  da  segunda  Gonçalo  e  Fernão  (i). 

Encontro  bastante  matéria  para  reparo  na  ordem  dos  nascimentos  destes 
filhos,  e  poi'tanto  na  dos  casamentos  do  pai,  tal  como  no-los  apresenta  o 
Livro  Velho.  No  nome  dos  filhos  acertou  ele,  mas  na  cronologia  dos  seus 
nascimentos  não  me  parece,  fundando-me  na  escritura  atraz  extractada  da 
confirmação  do  couto  a  Landim.  Nela  nomeiam-se  os  quatro  irmãos  por  esta 
ordem:  Gonçalo,  Fernando,  Elvira,  e  Rodrigo,  e  não  se  me  mete  na  cabeça, 
que,  sendo  Rodrigo  o  primogénito,  consentisse  em  o  seu  nome  aparecer  em 
último  lugar.  Entendo  bem  d'onde  proveio  o  equivoco  dos  livros  de  linhagens. 
O  filho  Rodrigo  foi  o  primeiro  Pereira  e  progenitor  destes,  ao  passo  que  de 
seus  irmãos  não  houve  descendência  varonil,  e  por  isso  os  linhagistas  supo- 
seram  ser  aquele  o  senhor  da  casa,  e  portanto  o  filho  mais  velho;  mas  sem 
razão,  me  parece.  O  apelido  de  Pereira  tomou  D.  Rodrigo  Gonçalves  por 
ser  senhor  da  quinta  daquela  denominação  nas  margens  do  rio  Ave,  quinta, 
segundo  todos  afirmam,  por  ele  adquirida,  ficando  portanto  excluída  a  idea 
de  sucessão  nela  a  seu  pai. 

A  tal  escritura  de  confirmação  feita  em  Junho  de  1177  é  das  tais,  de  cuja 
autenticidade  não  posso  duvidar,  pois  que  o  nosso  grande  mestre  de  diplomá- 
tica a  aceitou  sem  reparo  (2).  Isto  é  indiscutível,  e  portanto  fica-nos  o  Ro- 
drigo sendo  o  último  filho  de  D.  Gonçalo  da  Palmeira,  obrigando-nos,  ou  a 
alterar  a  ordem  dos  casamentos  deste,  ou  a  fazer  àquele  nascido  do  segundo 
matrimónio. 

Vamos  a  ver  o  que  deste  dilema  sai.  Começarei  por  alterar  a  ordem  dos 
casamentos,  e  por  dizer  que  D.  Gonçalo  foi  casado  pela  primeira  vez  com 
D.  Urraca,  e  depois  com  D.  Frolhe.  Quanto  a  esta  não  há  dúvidas;  tanto 
pode  ter  sido  primeira,  como  segunda  mulher,  por  ter  casado  uma  só  vez,  e 
por  haver  notícias  de  seu  pai,  o  Conde  D.  Afonso,  nos  anos  de  ii3i  (3),  è 


(i )  Livro  Velho  das  linhagens  nos  Portugaliae  tnonumenta  histórica^  Scriptores,  pág.  i58. 

(2)  João  Pedro  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  Ill,  pág.  164,  n.°  520. 

(3)  Testemunha  na  doação  do  Conde  D.  Fernando  de  Trava  de  um  prédio  ao  Bispo  de 
Coimbra  em  11  das  calendas  de  Agosto  da  era  ii6g  (22  de  Julho  de  ii3i). — Miguel  Ribeiro 
de  Vasconceldfe,  Noticias  do  mosteiro  da  Vacariça,  p.  II,  pág.  58,  doe.  n."  i3.  Veja-se  a  nota 
seguinte. 

VOL.  I  39 


3o6  Brasões 

de  1176,  se  são  do  mesmo  indivíduo  as  que  encontro  neste  último  ano(i), 
quando  provavelmente  D.  Gonçalo  já  seria  falecido. 

Agora  passarei  a  D.  Urraca  Viegas,  fundadora  do  mosteiro  de  Tuias,  se- 
gundo equivocadamente  lhe  chama  o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  e  filha 
de  Egas  Moniz,  o  aio  de  D.  Afonso  Henriques,  Foi  aquela  senhora  casada 
por  duas  vezes:  uma  vez  com  D.  Gonçalo  da  Palmeira,  outra  vez  com  o  Conde 
D,  Vasco  Sanches  (2).  Constam  estes  casamentos,  não  só  dos  livros  de  linha 
gens,  mas  «m  deles,  o  do  Conde,  também  consta  da  combinação  dos  dizeres 
daqueles  com  os  de  uma  escritura.  Em  Julho  de  1297  (1259)  foi  D.  Beren- 
gueira  de  Cardona  autorizada  pelo  Bispo  do  Porto,  a  entrar  no  mosteiro  de 
Tuias  como  padroeira,  por  ser  terceira  neta  da  fundadora,  D.  Urraca  Viegas  (3) 
e  de  seu  marido  o  Conde  D.  Vasco,  dizem  os  linhagistas. 

Bem,  fique  pois  assente:  a  intitulada  fundadora  de  Tuias  casou  por  duas 
vezes.  Agora,  para  serem  os  mais  velhos  os  filhos  de  D.  Gonçalo  da  Palmeira 
dela  havidos,  tinha  forçosamente  D.  Urraca  de  ter  sido  a  sua  primeira  mulher 
e  portanto  já  ser  viúva  do  Conde  D.  Vasco.     Pois  bem,  isto  é  impossível. 

Primeiro,  porque  o  Conde  D.  Vasco  ainda  era  vivo  em  Março  de  1170, 
quando  confirmou  o  foral  dos  Moiros  forros  de  Lisboa  (4);  e  porque  nos  sete 
anos  decorridos  até  Junho  de  1177,  em  que  D.  Gonçalo  era  falecido,  não  há 
tempo  para  este  casar  por  duas  vezes,  e  sobretudo  para  os  seus  filhos  serem 
todos  maiores,  de  catorze  anos  pelo  menos,  para  naquela  data  poderem  con- 
firmar a  doação  de  couto  a  Landim.  Digo  mais,  em  ii65  ainda  D.  Urraca 
não  era  casada  com  o  Conde  D.  Vasco.  Em  Janeiro  daquele  ano  confirmaram 
D.  Teresa  Afonso  e  seus  filhos  a  doação  de  Tuias  feita  por  ela  aos  Cónegos 
de  Santo  Agostinho,  e  entre  os  filhos  lá  se  assinou  D.  Urraca,  que,  se  já  fosse 
casada  segunda  vez,  se  intitularia  Condessa  D.  Urraca  (5).  Não  cause  reparo, 
advertirei,  o  ela  não  se  intitular  condessa  na  doação  de  1 199,  abaixo  citada, 
porque  então  já  ela  era  sanctimonialis,  isto  é,  uma  quási  freira  (6),  e  portanto 
despida  das  vaidades  do  mundo. 


(í)  O  Conde  D.  Afonso  confirma  uma  carta  de  doação  ao  mosteiro  de  Lorvão,  em  Maio 
da  era  de  1214  (1176).  — Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana,  p.  III,  fl.  217  v.  —  Pare- 
ce-me  pouco  provável  que  este  Conde  D.  Afonso  seja  o  mesmo  citado  na  nota  precedente, 
e  inclino-me  a  que  não  fosse  este  o  sogro  de  D.  Gonçalo  da  Palmeira. 

(2)  Livro  Velho  das  linhagens,  pág.  i63  nos  Portugaliac  nwnumenta  histórica.  Scriptores. 

(3)  Fr.  Lião  de  Santo  Tomás,  Benedictina  lusitana.,  vol.  11,  pág.  354. 

(4)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Leges,  pág.  396. 

(5)  Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana.,  III,  fl.  iSg  v. 

(6)  Sanctimoniales,  dictae  olim  feminae  aut  virgincs,  quae  sanctimoniae  et  victae  inte- 
gritati  potissimum  dabant  operam :  interdum  certis,  saepe  nullis  illigatae  monasticis  votís. 
—  Du  Gange,  Glossarium. 


Pereiras  3  07 

Segundo,  porque  D.  Urraca  Viegas  em  11 98,  vinte  e  tantos  anos  pelo 
menos  depois  da  morte  de  D.  Gonçalo  da  Palmeira,  já  era  viúva  do  Conde 
D.  Vasco  (i),  e,  sendo  abadessa  de  Tarouquela,  ainda  era  viva,  mas  por  força 
muito  velha,  em  i23i  (2).    • 

Uma  das  proposições  do  dilema  já  se  vê  ser  impossível,  pois  que  se  não 
pode  alterar  a  ordem  dos  casamentos  de  D.  Gonçalo,  tal  como  vem  no  Livro 
Velho.  Vejamos  agora  se  será  possível  ter  sido  engano  deste  o  declarar  por 
filhos  da  primeira  mulher,  os  que  o  foram  da  segunda,  e  vice-versa. 

Não  pode  também  ser,  porque  os  filhos  marcados  à  primeira  mulher, 
D.  Frolhe,  tiveram  descendência,  tanto  em  todos  os  Pereiras,  que  de  um 
daqueles  provieram,  como  em  muitas  outras  famílias;  e  os  filhos  de  D.  Ur- 
raca não  tiveram  descendência,  que  persistisse,  e,  se  a  tivessem  tido,  haviam 
de  ser  também  padroeiros  do  convento  de  Tuias  e  não  consta  que  os  Pereiras 
o  fossem,  nem  a  Benedictina  no  lugar  citado  os  aponta. 

As  conclusões  a  tirar  do  exposto  são  duas.  Primeira:  na  carta  de  confir- 
mação do  couto  2f  Landim  o  último  dos  confirmantes  nomeados  é  o  mais. velho 
dos  irmãos,  o  que  não  é  crível;  segunda:  o  Livro  Velho  das  linhagens  não  é 
nenhum  evangelho  pelo  qual  se  possa  sempre  jurar.  Esta  é  a  conclusão  ver- 
dadeira, reconhecida  já,  a  propósito  de  outro  caso,  pelo  esquadrinhador  mor 
da  nossa  velha  papelada,.  João  Pedro  Ribeiro,  nas  Reflexões  históricas  {?>). 

Mas,  fosse  como  fosse,  o  certo  é  ter  D.  Gonçalo  da  Palmeira  tido  um 
filho  chamado  D.  Rodrigo  Gonçalves  da  Palmeira,  segundo  o  Livro  Velho,  ou 
D.  Rodrigo  Gonçalves  de  Pereira,  na  versão  do  Nobiliário  do  Conde.  Pro- 
veio-lhe  o  apelido,  conforme  já  disse,  da  quinta  de  Pereira  nas  margens  do 
rio  Ave,  quinta  por  ele  fundada  ou  adquirida,  e  para  a  qual  passou  a  viver 
depois  da  doação'  do  couto  da  Palmeira  a  Landim.  Deste  D.  Rodrigo  é  que 
exclusivamente  descendem  os  Pereiras. 

As  armas,  diz  Argote  de  Molina,  tomára-as  D.  Rodrigo  Forjaz,  pai  de 
D.  Gonçalo  da  Palmeira,  por"  se  ter  achado  na  batalha  das  Navas  de  Tolosa^ 
onde  aparecera  no  céu  uma  cruz  semelhante  à  por  êle  adoptada.  O  mesmo 
autor  quer-nos  fazer  acreditar,  que  todas  as  linhagens  de  Espanha  e  muitas  de 
Portugal,  em  cujas  armas  se  vê  uma  cruz  florida,  a  tomaram  por  terem  seus 
progenitores  entrado  naquela  batalha,  e  terem  presenciado  o  milagre.  Pare- 
ce-me  mais  provável  haverem  sido  muitas  destas  cruzes  adoptadas  em  atenção 
às  Ordens  de  Calatrava  ou  de  Avis,  das  quais  teriam  sido  cavaleiros  ou 
adictos  os  progenitores  das  linhagens. 
'. \ 

(i)  Santa  Rosa  de  Viterbo,  Elucidário^  verb.  Deo-vota,  vol.  I,  pág.  365. 

( 2)  Ibidem,  pág.  366. 

(3)  Vol.  I,  pág.  60. 


3o8  Brasões 

Voltando  a  D.  Rodrigo  Gonçalves  direi  a  maneira  sumária  e  radical,  como 
se  conta  êle  vingara  a  sua  honra  ultrajada.  Não  era  homem  de  meios  termos; 
vão  vei., 

«Este  dom  Rodriguo  Gomçallvez  foy  casado  com  dona  Enes  Samchez.  Ella 
estamdo  no  castello  de  Lanhoso  fez  maldade  com  huum  frade  de  Boyro,  e  dom 
Rodrigo  Gomçallvez  foy  desto  certo  e  chegou  hi  e  çerçou(i)  as  portas  do 
castello  e  queymou  ella  e  o  frade  e  homeens  e  molheres  e  bestas  e  caaes  e 
gatos  ç  gallinhas  e  todas  cousas  vivas,  e  queimou  a  camará  e  panos  de  vistir 
e  camas  e  nom  leixou  cousa  movill.  E  alguuns  lhe  pregumtarom  porque 
queimara  os  homeens  e  molheres,  e  el  rrespomdeo  que  aquella  maldade  avia 
XVII  dias  que  sse  fazia  e  que  nom  podia  seer  que  tanto  durasse  que  elles 
nom  emtendessem  alguuma  cousa  em  que  posessem  sospeita,  a  quall  sospeita 
elles  deverom  descubrir»  (2). 

Desta  matança  nada  resultou.  D.  Rodrigo  nem  foi  castigado,  nem  deixou 
de  encontrar  quem  mais  o  servisse,  nem  teve  de  passar  sem  mulher,  pois 
que  não  ficou  curado  da  primeira,  e  tornou  a  casar  com  D.  Sancha  Henriques 
de  Portocarreiro. 

Do  segundo  casamento  do  Senhor  de  Pereira  foi  único  filho  varão  D.  Pedro 
Rodrigues  de  Pereira,  campeão  do  Bispo  do  Porto  e  vencedor  da  batalha 
entre  Paço  de  Sousa  e  Valongo.  Este  casou  por  duas  vezes  e  de  cada  uma 
de  suas  mulheres  teve  um  filho  chamado  Gonçalo. 

Um,  D.  Fr.  Gonçalo  Peres  de  Pereira,  foi  grão  comendador  de  Espanha 
na  Ordem  do  Hospital  pelos  anos  de  1269  a  1291.  O  outro,  o  Conde  D.  Gon- 
çalo de  Pereira,  foi  muito  liberal,  «e  deu  huum  dia  em  Pereyra  lxiiii  cavallos 
ssô  huum  carvalho  que  hi  estava,  deu  logo  os  xxxii  e  logo  comprou  estes 
cavallos  aaquelles  a  que  os  dera:  e  deulhes  em  emprego  daveemça  que  com 
elles  fez  dos  seus  casaaes  tamtos  de  que  sse  elles  leverom  por  bem  emtre- 
gues:  e  estes  cavallos  deuos  logo  a  outros  fidallgos»  (3). 

Casou  o  Conde  da  segunda  vez  com  D.  Inês  Lourenço,  filha  de  D.  Lou- 
renço Anes  Carnes,  posteriormente  mestre  de  Santiago,  e  não  teve  descen- 
dência mascuUna.  Porem  de  sua  primeira  mulher,  D.  Urraca  Vasques,  filha 
de  D.  Vasco  Martins  Pimentel,  rico  homem  e  meirinho  mor  de  D.  Afonso  III, 
teve  os  seguintes  filhos: , 

i.**  —  Vasco  Pereira,  senhor  de  Paiva  e  Baltar,  foi  o  progenitor  dos  Pe- 


(i)  No  sentido  de  tapar,  cerrar. 

(2)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  nos  Portugaliae  monumenta  histórica.  ScriptoreSy 
pág.  284. 

(3)  Ibidem,  pág.  285. 


Pereiras  809 

reiras  Marramaques,  senhores  de  Cabeceiras  de  Basto,  com  a  varonia  extinta 
e  a  representação  nos  Câmaras,  Condes  da  Taipa,  também  extintos  (i). 

2."  —  D.  Gonçalo  Pereira,  arcebispo  de  Braga,  foi  pai  de  D.  Álvaro  Gon- 
çalves Pereira,  que  entre  outros  muitos  filhos  teve  o  ínclito  condestável 
D.  Nuno  Alvares  Pereira,  um  dos  mais  notáveis  heróis  em  Portugal  nascidos, 
do  qual,  por  sua  única  filha  D.  Beatris  Pereira,  proveio  a  casa  de  Bragança. 
Foi  o  Arcebispo  de  Braga  progenitor  dos  morgados  de  Águas  Belas,  dos 
comendadores  de  Farinha  Podre  e  dos  do  Pinheiro,  casas  nas  quais  se  extin- 
guiu a  varonia  (2).  ^ 

O  conde  D.  Gonçalo  de  Pereira  ainda  teve  mais  um  filho;  este  porem  foi 
natural,  havido  em  Marinha  Vasques,  e  chamou-se  Rui  Gonçalves  Pereira. 
Dele  tratarei  no  capítulo  seguinte. 

III 

CONDES  DA  FEIRA 

O  ramo  destes  Pereiras  derivou-se  do  tronco  na  pessoa  de  Rui  Gonçalves 
Pereira,  filho  bastardo  do  Conde  D.  Gonçalo  de  Pereira.  Já  foi  Rui  Gon- 
çalves herdado  na  comarca  da  Beira,  e  no  seu  paço  de  Covelas  de  Riba  de 
Vouga,  no  dia  7  de  Abril  da  era  de  i385  (1347),  foi  intimado  da  parte  dei 
Rei  pelo  seu  juiz  no  julgado  de  Vouga  a  demitir  de  si  e  não  usar  da  jurisdição 
criminal  no  referido  couto  de  Covelas  (3).  «Foy  boo  cavalleiro  custoso  de 
gram  fazenda»  (4)  e  teve  entre  outros  filhos,  segundo  o  Nobiliário  citado,  a 
Álvaro  Pereira  e  Gonçalo  Pereira,  duas  das  testemunhas  diante  de  quem 
D.  Pedro  I,  em  Cantanhede,  a  12  de  Junho  da  era  de  1398  (i36o),  declarou 


(t)  Houve  dois  Condes  da  Taipa:  D.  Gastão  da  Câmara  Coutinho  Pereira  de  Sande, 
senhor  das  Ilhas  Desertas,  dos  morgados  da  Taipa  e  Regalados,  alcaide  mor  de  Torres  Vedras, 
i.°  conde  da  Taipa,  por  carta  de  3  de  Julho  de  1823,  par  do  reino  desde  3i  de  Outubro  de 
1826,  faleceu  sem  geração  a  27  de  Março  de  1866;  e  D.  Manuel  Jerónimo  da  Câmara  Cou- 
tinho Pereira  de  Sande,  2."  conde  por  decreto  de  i  de  Julho  de  1866,  morreu,  também  sem 
descendência,  em  i  de  Maio  de  1869. 

(2)  Pretende-se  deduzir  de  Diogo  Álvares  Pereira,  filho  do  prior  D.  Álvaro  Gonçalves, 
uma  linha  de  Pereiras,  mas  não  há  fundamento  suficiente  para  isso.  Diogo  Álvares  morreu 
na  batalha  de  Aljubarrota,  em  14  de  Agosto  de  i385  ;  neste  ponto  não  há  dúvidas.  Pois  bem> 
na  tal  suposta  linha  dá-se  como  vivo,  ainda  em  iSgS,  um  seu  bisneto  !  Isto  é :  são  duzentos 
e  treze  anos  tomados  por  três  gerações  !  Muito  mais  se  poderia  notar  ainda  na  tal  linha, 
mas  basta  isto  para  fazer  pô-la  de  parte. 

(3)  Livro  2.»  de  Direitos  riais,  fl.  196. 

(4)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  nos  Portugaliae  monumenta  histórica.  ScriptoreSy 
pág.  286. 


3  IO  Brasões 

haver  casado  com  D.  Inês  de  Castro  (i),  e  ainda  a  Rui  Pereira,  o  valente  ca- 
pitão da  nau  Milheira  da  armada  do  Porto,  que  entrou  em  Lisboa  durante  o 
cerco  posto  pelos  Castelhanos,  em  Julho  de  1384,  Foi  aquela  nau  uma  das 
cinco  aprisionadas,  tendo  sido  o  seu  capitão,  depois  de  combater  valorosa- 
mente, morto  por  um  virotão. 

Havia  D.  Fernando,  logo  ao  subir  ao  trono,  mandado  entregar,  por  carta 
de  27  de  Fevereiro  de  1406  (1367),  o  castelo  de  Elvas  a  Álvaro  Pereira  (2). 
Outras  mercês  lhe  fez  ainda,  intitulando-o,  em  alguns  diplomas,  seu  vassalo  (3). 
Morto  D.  Fernando,  tomou  Álvaro  Pereira  o  partido  do  Mestre  de  Avis,  e 
assistiu  às  Cortes  nas  quais  êle  foi  eleito  rei,  a  6  de  Abril  de  i385.  Logo  a 
seguir  D.  João  I,  não  só  nomeou  Álvaro  Pereira  marichal  da  hoste  (4),  como, 
por  carta  de  8  do  mesmo  mês,  lhe  fez  doação  de  juro  e  herdade  das  terras 
de  Santa  Maria  da  Feira,  [Cabanões  de  Ovar],  Cambra  e  Refoios,  com  seus 
julgados  e  termos  (5).  Esta  foi  a  origem  da  nobre  casa  da  Feira  e  Álvaro 
Pereira  o  seu  primeiro  senhor. 

Faleceu  Álvaro  Pereira  e  D.  João  I,  por  carta  dada  no  Porto  a  19  de 
Agosto  de  1424  (i386),  fez  mercê  a  seu  filho  João  Álvares  Pereira,  para  êle, 
seus  filhos,  netos  e  descendentes,  de  todas  as  terras  da  Coroa  possuidas  ao 
tempo  do  falecimento  por  seu  pai,  que  fora  marichal,  com  a  condição  delas 
passarem,  não  tendo  João  Álvares  filhos,  a  sua  irmã  Beatriz  Pereira  e  seus 
descendentes,  e,  na  falta  destes,  a  sua  outra  irmã  Leonor  Pereira  e  seus  des- 
cendentes, revertendo,  só  na  falta  de  todos,  para  a  Coroa.  Foi  tudo  confir- 
mado depois,  por  carta  dada  em  Évora  a  5  de  Abril  de  1453,  a  Fernão  Pe- 
reira, do  conselho  dei  Rei  e  filho  maior  do  referido  João  Álvares  Pereira, 
declarando-se  então  serem  as  terras  as  acima  nomeadas.  Em  seguida  tornou 
a  ser  tudo  confirmado,  por  carta  dada  em  Santarém  a  2r  de  Dezembro  de 


(i)  Aires  de  Sá,  Frei  Gonçalo  Velho,  vol.  I,  doe.  xl,  pág.  78. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv,  i.",  fl.  i  v. 

(3)  Doação  por  juro  de  herdade  de  um  souto  apar  da  aldeia  de  Joane,  no  termo  da  Co- 
vilhã, com  a  condição  de  acabar,  pelas  rendas  do  prédio,  o  mosteiro  de  S.  Francisco  daquela 
vila,  carta  de  28  de  Fevereiro  de  1410  (1372),  Doação,  em  quanto  fosse  sua  mercê,  dos  lu- 
gares de  Avelãs  de  Cima  e  outros,  carta  de  2  de  Agosto  de  f4i5  (1377).  Outra,  nos  mesmos 
termos,  dos  lugares  de  Sever,  etc,  dada  a  20  de  Agosto  de  1419  (i38i). —  Chancelaria  de 
D.  Fernando^  liv.  i.»,  fl.  95  v.,  e  liv.  2.»,  fls.  12  v.  e  84  v. 

(4)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  João  I,  p.  II,  cap.  1.",  asserção  confirmada  pelos  dizeres 
da  carta  de  25  de  Agosto  de  1423  (i385)  de  doação  a  Álvaro  Pereira,  nosso  marichal,  das 
terras  e  lugares  que  Gil  Martins  Doutel  possuia,  a  quem  foram  confiscadas,  «porquanto, 
estando  nós  na  batalha,  que  houvéramos  com  el  Rei  de  Castela,  o  dito  Gil  Martins  Doutel 
fugiu  dela  e  não  nos  quis  ajudar  em  ela,  nem  perCalçar  da  honra  que  todolos  Portugueses 
em  ela  houveram».  —  Chancelaria  de  D,  João  1,  liv.  1.°,  fl.  85  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv,  1.",  fl.  128. 


Pereiras  3i  i 

1467,  ao  filho  maior  de  Fernão,  Rui  Pereira,  fidalgo  da  casa  e  do  conselho, 
a  quem  se  seguiu  seu  filho  D.  Diogo  Pereira,  que  alcançou  confirmação  da 
casa  da  Feira,  sendo  também  fidalgo  da  casa  e  do  conselho,  por  carta  dada 
€m  Lisboa  a  7  de  Dezembro  de  1486(1).  Estes  dois  últimos,  Rui  e  Diogo, 
foram  o  i.*^  e  o  2.°  conde  da  Feira. 

Quanto  aò  castelo  da  Feira  consta  o  seguinte:  Fernão  Pereira,  fidalgo 
da  casa,  declarou  a  D.  Afonso  V,  que  pelos  reis  D.  João  I  e  D.  Duarte  fora 
doado  a  João  Rodrigues  de  Sá  e  a  seu  filho  Fernão  de  Sá  o  castelo  da  Feira, 
o  qual  estava  muito  danificado  de  muros,  paredes,  casas,  e  outras  coisas  a 
ele  necessárias,  de  tal  forma,  que,  se  ao  reino  sobreviesse  algum  trabalho, 
o  que  Deus  defendesse,  os  moradores  da  terra  da  Feira  não  teriam  no  cas- 
telo defensão  nenhuma.  Pediu  Juntamente  a  el  Rei,  por  quanto  a  terra  da 
Feira  era  de  seu  pai  João  Alvares  Pereira,  a  quem,  como  filho  legítimo  maior, 
esperava  suceder,  que  lhe  fizesse  mercê  do  castelo  de  juro  e  herdade,  pois 
que  o  queria  correger,  refazer  e  reparar  à  sua  própria  custa,  de  muros,  pa- 
redes, casas  e  todas  as  outras  coisas  que  fossem  necessárias  para  sua  forta- 
leza e  defensão.  Outorga-lhe  el  Rei  o  pedido,  e  faz-Ihe  doação,  por  carta 
de  19  de  Novembro  de  1448,  do  castelo  da  Feira  de  juro  e  herdade,  com  a 
condição  de  fazer  as  obras  necessárias.  Por  morte  de  Fernão  foi  confirmado 
o  castelo,  por  carta  de  21  de  Dezembro  de  1467,  a  seu  filho  Rui  Pereira,  a 
quem  sucedeu  D.  Diogo  Pereira,  que  obteve  confirmação  em  7  de  Dezembro 
de  1487  e  9  de  Março  de  1496(2).  Foram  estes  os  dois  primeiros  condes  da 
Feira  já  lá  acima  nomeados. 

Rui  Pereira,  4.°  senhor  da  terra  de  Santa  Maria  da  Feira  e  2.°  do  seu  cas- 
telo, foi  o  i."  conde  da  Feira.  Como  se  não  encontra  registada  a  carta  de 
mercê  deste  título,  entraram  os  genealogistas  em  grandes  confusões.  Xisto 
Tavares  e  outros  dizem  haver  êle  sido  o  primeiro  que  se  chamou  conde  da 
Feira,  sem  vontade  dei  Rei;  D.  António  de  Lima  porem,  melhor  informado, 
acrescenta  que  D.  Afonso  V  lhe  dera  depois  o  seu  consentimento.  Outros 
mais  modernos  afirmam,  fundados  em  documentos  falsos,  haver  aquele  mo- 
narca criado  conde  de  Moncorvo  a  Rui  Pereira,  mas  que  êle  não  quisera 
usar  de  tal  título  e  ordenara  a  seus  vassalos  lhe  chamassem  Conde  da  Feira  (3). 
Não  é  opinião  aceitável:  em  primeiro  lugar,  porque  os  documentos  autênticos 
são  mudos  a  respeito  do  condado  de  Moncorvo,  ao  passo  que  claramente 
falam  no  da  Feira,  como  veremos;  em  segundo  lugar,  porque  não  posso  acre- 
ditar que  em  Rui  Pereira  o  capricho  o  levasse  ao  ponto  de  repudiar,  junta-. 

(i)  Chancelaria  de  D.  João  //,  liv.  8.»,  fl.  226  v. 

(2)  Liv.  I."  cia  Estremadura,  fl.  Si  v. 

(3)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica^  III,  28. 


l 


3 1  í  Brasões 

mente  com  o  condado,  as  rendas  da  vila  de  Moncorvo,  as  quais  com  êle 
haveria  de  receber.  E  então  estes  senhores  da  Feira,  Rui  e  Diogo,  que  foram 
grandes  opressores  dos  seus  vassalos  e,  sobre  tudo  o  primeiro,  apaixonado 
agenciador  dos  próprios  interesses,  por  causa  dos  quais  teve  uma  bem  sabida 
e  grave  contenda  com  os  burgueses  do  Porto. 

Quanto  à  existência  do  condado  da  Feira  na  pessoa  de  Rui  Pereira  não 
pode  haver  dúvidas;  vários  documentos  o  atestam.  Por  alvará  de  i6  de 
Maio  de  1481  fez  D.  Afonso  V  mercê  ao  Conde  D.  Rodrigo  Pereira,  do  seu 
conselho,  dos  bens  de  certos  moradores  nas  suas  terras  de  Santa  Maria  e 
Cambra  (i).  Na  já  citada  carta  de  7  de  Dezembro  de  1486,  de  confirmação 
da  casa  da  Feira  á  D.  Diogo  Pereira,  determina-se  que  êle  haja  as  terras, 
como  as  houvera  o  dito  Conde  seu  pai  D.  Rodrigo  Pereira  (2).  Por  estes 
documentos  já  fica  certo  ter  êle  tido  o  título  de  conde,  e  que  este  só  podia 
ser  o  da  Feira,  também  não  há  dúvida. 

Veio  o  condado  da  Feira  a  vagar  em  1700,  por  morte  do  g."  conde  D.  Fer- 
nando Forjaz  Pereira,  e  por  carta  de  .10  de  Fevereiro  de  1708  fez  D.  João  V 
doação  da.  casa  a  seu  irmão  o  infante  D.  Francisco  (3).  Nesta  ocasião  tinha' 
já  a  Coroa  tido  sentença  favorável  na  demanda  levantada,  acerca  da  sucessão 
da  casa  da  Feira,  por  D.  Álvaro  Pereira  Forjaz  Coutinho,  descendente  de 
D.  João  Pereira,  o  Mulato,  filho  bastardo  do  i.°  Conde  da  Feira.  Nesta 
ocasião  forjaram-se,  com  uma  audácia  incrível,  vários  documentos  falsos  dos 
quais  darei  notícia  lá  adiante  (4). 

O  i.''  Conde  da  Feira,  sendo  ainda  simplesmente  «Rui  Pereira,  fidalgo 
de  nossa  casa»,  de  quern  D.  Afonso  V  confessa  ter  «grande  carrego»,  havia 
casado,  precedendo  contrato  de  20  de  Junho  de  1456,  com  D.  Leonor  de  Ber- 
redo,  donzela  da  casa  da  falecida  rainha  D.  Isabel  e  filha  de  Gonçalo  Pe- 
reira (5),  o  das  Armas,  2.°  senhor  de  Cabeceiras  de  Basto,  nomeado  por  vezes 
na  Chronica  de  D.  Afonso  V.  Era  D.  Leonor  irmã  de  D.  Maria  de  Berredo 
já  ao  tempo  casada  com  Fernão  Pereira,  de  quem  foi  segunda  mulher.  Este 
Fernão  Pereira  era  o  pai  de  Rui  Pereira  e  fizera-lhe  também  D.  Afonso  V  o 
casamento,  como  se  declara  na  carta  de  8  de  Outubro  de  1451  de  aprovação 
do  contrato  ante-nupcial  (6).     Reíere-se  a  estas  duas  irmãs,  ainda  solteiras, 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  3.°,  fl.  43  v. 

(2)  Ibidem^  liv.  8.»,  fl.  226. 

(3)  P.e  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica,  V,  368. 

(4)  Nota  I  no  fim  deste  artigo. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  44.",  fl.  92. 
(ó)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  35.",  fl.  92. 


Pereiras  3 1 3 

um  documento  interessame,  o  qual  em  resumo  declara:  «Querendo  fazer 
graça  e  mercê  a  D.  Maria  de  Berredo  e  a  D.  Leonor  sua  irmã,  donzelas  da 
casa  da  Rainha  minha  mulher,  hajam,  do  i.°  de  Janeiro  que  foi  de  1430  em 
diante,  de  seu  mantimento  e  vestires,  trinta  e  dois  mil  cento  e  setenta  e  dois 
reais  brancos,  a  saber:  nove  mil  novecentos  e  quarenta  e  três  reais  de  seu 
mantimento  a  cada  uma 5  e  quatro  mil  novecentos  e  cinquenta  reais  a  cada 
uma  de  seu  vestir,  contando  ai  mil  e  quinhentos  reais  de  vestir  para  um 
homem  e  uma  mulher,  que  as  servem;  e  de  sua  cevada  a  cada  uma  delas  por 
ano  mil  cento  e  noventa  e  três  reais.     Évora,  i5  de  Março  de  1450»  (i). 

D.  Rodrigo  Pereira,  i."  conde  da  Feira,  estava  já  morto  em  Dezembro 
de  1486  e  parece  ter  falecido  nesse  mesmo  ano.  Numa  carta  de  6  do  refe- 
rido mês,  manda-se  pagar,  do  i.''  de  Janeiro  de  1487  em  diante,  a  D.  Diogo 
Pereira  uma  tença  de  dezassete  mil  reais  brancos,  «os  quais  havia  o  Conde 
D.  Rodrigo  seu  pai  pela  jurisdição  da  terra  de  Refoios,  que  lhe  foi  dada  e 
se  tornou  à  Sé  da  cidade  do  Porto»  (2).  D'aqui  deverá  erltender-se  haver  o 
Conde  D.  Rodrigo  recebido  ainda  a  tença  do  ano  de  1486.  Neste  mesmo 
ano,  por  outra  carta  também  de  7  de  Dezembro,,  já  citada,  foi  confirmada  a 
casa  da  Feira  a  D<  Diogo  Pereira,  filho  maior  de  D.  Rodrigo;  do  título  porém 
só  se  encontram  vestígios,  de  lhe  haver  sido  conferido,  de  i5  de  Janeiro  de 
i5oi  por  diante,  não  muito  positivos  (3),  e  certos  em  i  de  Setembro  do. mesmo 
uno  (4). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.*',  fl.  122  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.»,  fl.  122. 

(3)  Auto  mandado  lavrar  pelo  Corregedor  da  comarca  da  Estremadura  a  i5  de  Janeiro 
de  i5oi  «na  vila  de  Ovar,  terra  do  Conde  da  Feira»;  parece  contudo  haver  o  título  sido  dado 
no  documento  por  mera  cortesia  do  Corregedor,  pois  que  el  Rei  na  ordem  àquele  enviada 
o  manda  simplesmente  ir  à  «Feira,  terra  de  D,  Diogo  Pereira».  —  Corpo  cronológico,  part  11, 
mac.  3,  doe.  63 

(4)  Sentença  de  i  de  Setembro  de  i5oi  dada  a  favor  dos  povos  das  suas  terras  e  contra 
D.  Diogo  Pereira,  conde  da  Feira,  que  os  oprimia.  No  dia  1 1  de  Outubro  seguinte  foram  as 
justiças  para  intimar  a  sentença  ao  Conde  e,  chegando  acerca  do  castelo  da  Feira,  acharam 
por  notícia  que  o  Conde  D.  Diogo  andava  ao  monte  sobre  um  porco;  e  tornaram  em  busca 
dele  Conde  e  o  acharam,  já  vindo  para  o  castelo,  com  certos  seus  escudeiros,  e  o  escrivão 
lhe  entregou  uma  carta  missiva  cerrada,  a  qual  o  Corregedor  lhe  enviava.  Leu  o  Conde 
a  carta  e  foram  todos  para  o  castelo,  e  nas  casas  onde  o  Conde  está,  numa  câmara  sua,  se 
apartou  com  os  escrivães  e  com  eles  falou,  etc.  No  ano  seguinte,  a  25  de  Outubro,  fez-se 
termo  da  publicação  da  sentença,  no  castelo  da  Feira,  estando  el  Rei  no  dito  castelo,  onde 
por  seu  mandado  foi  um  escrivão  ao  aposentamento  de  D.  Diogo  Pereira,  conde  da  Feira,  para 
lhe  publicar  a  sentença  e  ler-lha.  Ele  porem  declarou  não  a  querer  ouvir  e  só  estar  por  ela 
na  parte  que  lhe  era  favorável,  tencionando  vir  com  embargo  à  parte  que  lhe  era  contrária. 
Foram  presentes  D.  Diogo,  filho  do  Marquês  de  Vila  Rial  que  Deus  haja,  Brás  de  Ferreira, 

voL.  I  40 


3 14  Brasões 

Nos  descendentes  de  D.  Rodrigo  Pereira  continuou  a  casa  e  título  de  conde 
da  F'eira  até  seu  quarto  neto  D.  João  Forjaz  Pereira,  5.°  conde  por  carta  de 
20  de  Abril  de  iSgô  (i)  e  sucessor  na  casa  por  morte  de  seu  irmão  D.  Diogo 
Forjaz  Pereira  de  Meneses,  que  a  houvera,  sem  o  título,  em  sucessão  a  seu 
avô  o  4.°  conde  da  Feira  D.  Diogo  Forjaz  Pereira.  Havia  D.  João  servido 
na  índia  nos  postos  de  capitão  de  Ormuz  e  de  Malaca  e  de  lá  regressara,  ao 
ter  conhecimento  da  morte  do  irmão,  a  fim  de  suceder  na  casa.  Nomeado 
vice-rei  da  índia  por  carta  patente  de  1 1  de  Março  de  1608  (2),  para  lá  partiu 
a  29  de  Março,  na  nau  Vencimento  do  Carmo,  e  no  caminho  morreu  (3). 
Antes  de  partir,  entre  várias  mercês,  fizera-lhe  el  Rei.  por  carta  de  14  de 
Março  de  1608,  a  de  lhe  tirar  por  duas  vezes  fora  da  Lei  Mental,  além  da 
vida  concedida  a  sua  filha,  o  tíj:ulo  de  conde  da  Feira,  a  vila  e  concelho  da 
Feira  e  as  vilas  de  Ovar  e  Cambra,  que  tudo  havia  de  juro  (4). 


procurador  dos  feitos  dos  forais  da  comarca  da  Estremadura,  Afonso  Anes,  clérigo  e  capelão 
do  Conde,  e  no  fim  chegaram  o  Marquês  de  Vila  Rial,  irmão  do  D.  Diogo  acima,  seu  outro 
irmão  D.  Henrique  e  D.  Pedro  de  Meneses,  conde  de  Cantanhede  {Gaveta,  X,  mac.  12,  n."  16). 
Não  posso  deixar  de  notar  esta  maneira  de  D.  Manuel  corresponder  à  hospitalidade  dispen- 
sada pelo  Conde  da  Feira,  consentindo  lhe  fosse  intimada  uma  sentença  desfavorável.  Nela 
menciona-se  outra  de  D.  João  II,  de  29  de  Abril  de  1489,  dada  a  favor  de  D.  Diogo  Pereira, 
conde  da  Feira;  não  valerá  porem  nada  esta  afirmativa  não  só  por  a  referência  à  tal  sen- 
tença vir  apenas  em  extracto,  mas  também  por  estar  em  oposição  aos  mais  documentos 
conhecidos.  D.  Manuel  ia  então  a  caminho  de  Santiago  de  Compostela, 
(i)  Chancelaria  de  Felipe  7,  liv.  3o.»  de  Doações,  fl.  220. 

(2)  Chancelaria  de  Felipe  11^  liv.  23.°  de  Doações^  fl.  4. 

(3)  Luís  de  Figueiredo  Falcão,  Livro  de  toda  a  fas^enda,  pág.  187. 

(4)  Havendo  respeito  aos  serviços  que  D.  João  Froyas  Pereira,  conde  da  Feira,  do  meu 
conselho,  tem  feito  nas  partes  da  índia  e  neste  reino,  onde  por  vezes  serviu  de  capitão  geral 
das  armadas  dele,  dos  quais  serviços  el  Rei  meu  pai  e  eu  tivemos  sempre  muito  particular 
satisfação,  e  a  o  Conde  me  ir  ora  servir  às  ditas  partes  da  índia  por  meu  viso  rei  delas  e  por 
muito  folgar  de  lhe  fazer  honra  e  mercê,  por  todos  estes  respeitos  e  por  seus  merecimentos 
e  daqueles  de  que  êle  descende,  hei  por  bem  e  me  praz  de  lhe  fazer  mercê  do  título  de  conde, 
que  tem,  de  juro  e  de  lhe  tirar  por  duas  vezes  fora  da  Lei  Mental  o  mesmo  título  e  a  vila  e 
concelho  da  Feira,  e  assi  as  vilas  de  Ovar  e  Cambra,  que  tem  de  juro,  alem  da  vida  de  sua 
filha,  e  com  a  declaração  que,  em  falta  de  filho  do  possuidor  último,  virá  tudo  a  filha  fêmea, 
e,  não  tendo  filho,  ao  irmão  barão  descendente  de  sua  casa,  e,  não  havendo  irmão,  virá  ao 
sobrinho  barão,  filho  do  irmão  do  último  possuidor  descendente  de  sua  casa.  E  assim  me 
praz  de  lhe  fazer  mercê  da  dízima  do  pescado  de  Ovar,  que  tem  em  sua  vida,  de  juro  para 
que  ande  anexa  à  sua  casa  da  Feira  e  que,  sendo  os  seus  ouvidores  letrados  aprovados  pelo 
Desembargo  do  Paço  para  meu  serviço  e  sendo  limpos  de  raça,  possam  fazer  a  correição 
uma  vez  cada  ano,  assim  como  a  fazem  os  meus  corregedores  das  comarcas  do  reino,  as 
quais  mercês  lhe  faço,  além  das  mais  que  por  estes  respeitos  lhe  fiz,  etc.  Lisboa,  14  de 
Março  de  1608.  —  Chancelaria  de  Felipe  II,  liv.  23.°  de  Doações^  fl.  37  v.  — Nestes  termos  se 
renovou  a  concessão  da  casa  da  Feira,  a  qual  tinha  vagado  pela  qaorte  sem  filhos  de  D.  Diogo 
Forjaz  Pereira  de  Meneses. 


Pereiras  3i5 

Em  virtude  da  mercê  acima  apontada  foi  a  sua  filha  única,  D.  Joana  Forjaz 
Pereira,  concedido  o  titulo  de  condessa  da  Feira  por  carta  de  14  de  Outubro 
de  1620(1).  Casou  esta  senhora  com  D.  Manuel  Pimentel,  ou  D.  Manuel 
Forjaz  Pereira  Pimentel,  como  é  nomeado  na  carta  de  14  de  Outubro  de  1628 
do  titulo  de  conde  da  Feira  (2),  e  dele  teve  a  D.  João  Forjaz  Pereira,  7.°  conde 
da  Feira  (3),  e  a  D.  Fernando  F'orjaz  Pereira  Pimentel,  8.°  e  último  conde 
da  Feira  em  sucessão  a  seu  irmão  (4).  Morreu  a  i5  de  Janeiro  de  1700  sem 
deixar  sucessão  legítima,  apontando-se-lhe  todavia  dez  filhos  bastardos  (6). 

Vagou  então  para  a  Coroa  a  casa  da  Feira  e  dela  fez  D.  João  V  mercê  a 
seu  irmão  o  infante  D.  Francisco,  dando-o  facto  origem  a  uma  demanda,  como 
já  lá  acima  ficou  apontado.  Ao  bisneto  do  autor  nesse  processo,  D.  Miguel 
Pereira  Forjaz,  foi  concedido,  por  carta  de  18  de  Maio  de  1820,  o  título  de 
Conde  da  Feira  em  sua  vida  (6).  Foi  militar  e  serviu  na  campanha  do  Ros- 
siihão  e  Catalunha,  mas  tornou-se  mais  conhecido  pelas  suas  funções  civis, 
na  qualidade  de  secretário  da  regência  e  de  ministro  da  guerra,  cargos  de 
que  foi  deposto  pela  revolução  de  1820.  Morreu  sem  sucessão  a  6  de  No- 
vembro de  1827,  passando  a  casa  a  sua  irmã  D.  Maria  Joana  Forjaz  da  Câ- 
mara e  Meneses,  viscondessa  de  Vila  Nova  do  Souto  dei  Rei,  mulher  do 
3.®  Visconde. 

Pertencia  o  Conde  da  Feira  D.  Miguel  ao  ramo  dos  Pereiras,  morgados 
da  Redinha  e  senhores  dos  coutos  de  Freiriz  e  Penagate.  Outros  ramos 
ainda  se  derivaram  da  casa  da  Feira:  os  dos  senhores  de  Fermedo  e  Cabe- 
çaes,  os  Pereiras  de  Berredo,  os  morgados  de  Vila  Maior,  os  da  Taipa  e 
outros. 

Tem  havido,  com  maior  ou  menor  certeza,  muitas  e  muito  ilustres  casas 
com  o  apelido  de  Pereira  derivado,  directamente  por  uma  senhora,  desta 
antiga  varonia.  Lembram-me  os  Duques  do  Cadaval,  os  senhores  de  Castro 
Daire,  os  Pereiras  de  Lacerda,  os  Pereiras  de  Araújo  e  mais. 

Outras  casas  há,  igualmente  antigas  e  ilustres,  as  quais,  usando  do  apelido 
de  Pereira,  são  contudo  ramos  destroncados  da  árvore  principal.  Tais  são 
os  Pereiras  Coutinhos,  morgados  e  viscondes  da  Baía,  os  Pereiras  de  Alco- 


(i)  Chancelaria  de  Felipe.  Ill,  liv.  7.»  de  Doações,  fl.  86. 

(2)  Ibidem,  liv.  "ii.*  de  Doações,  fl.  245  v. 

(3)  Já  era  conde  a  27  de  Janeiro  de  i65o,  data  de  uma  verba  relativa  a  certo  juro  vin- 
culado no  qual  sucedera.  —  Chancelaria  de  D.  João  IV,  liv.  5.*  de  Doações,  fl.  240. 

(4)  Carta  de  i  de  Outubro  de  1669.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V/,  liv.  45."  de  Doações^ 

fl.  lOI. 

(5)  P.«  Sousa,  História  genealógica,  V,  296  a  298. 

(6)  Mercês  de  D.  João  VI,  liv.  14.°,  fl.  194  v. 


3i6  Brasões 

chete  dos  quais  são  chefes  os  morgados  da  Amieira,  hoje  Pereiras  de  Lucena, 
os' Pereiras  Coutinhos  da  casa  de  Penedono,  os  Pereiras  Patos,  os  Pereiras 
da  casa  de  Bertriandos,.  os  dos  coutos  de  Mazarefes  e  Paradela,  daqueles 
derivados,  etc. 

No  capítulo  seguinte  ocupar-me-hei  dos  Pereiras  de  Bertiandos,  aprovei- 
tando-me  de  averiguações  documentais  directamente  alcançadas  e  de  informa- 
ções tiradas  do  arquivo  da  casa  e  ministradas  por  meu  velho  amigo  o  actual 
Conde  de  Bertiandos.  - 

IV 

CASA  DE  BERTIANDOS 

A  casa  de  Bertiandos  foi  fundada  nos  fins  do  século  xv  pelo  honrado 
Fernão  Pereira,  cavaleiro,  almoxarife  dei  Rei  no  seu  almoxarifado  de  Ponte 
de  Lima. 

Era  Fernão  Pereira,  filho  de  Lopo  Rodrigues  Cerveira,  escudeiro,  almo- 
xarife de  Ponte  de  Lima  pelos  anos  de  1430  a  1450,  se  é  que  não  foi  seu 
neto  e  filho  de  Diogo  Pereira,  cavaleiro,  outrosim  almoxarife  da  mesma  vila 
desde  1460  até  às  proximidades  de  1466;  se  não  foi  filho  deste,  deveria  ter 
sido  seu  irmão. 

A  Lopo  Rodrigues  Cerveira,  seu  almoxarife  em  Ponte  de  Lima,  deu 
D.  Duarte  em  tença,  por  carta  de  5  de  Dezembro  de  1433,  a  herdade  da 
Loisa  no  reguengo  daquela  vila,  doação  confirmada  por  D.  Afonso  V,  em  21 
de  Junho  de  1439  (i).  Este  Rei,  por  outra  carta  da  mesma  data,  confirmou- 
-Ihe  o  almoxarifado  (2).  Ainda  em  vida  de  Lopo  Cerveira  foi  nomeado  al- 
moxarife de  Ponte  de  Lima,  por  carta  de  28  de  Setembro  de  1450,  Diogo 
Pereira,  escudeiro  do  infante  D.  Henrique  (3);  ao  mesmo,  sendo  já  cavaleiro 
e  ainda  almoxarife,  foram  dados  quatro  mil  reais  de  tença  por  carta  de  24 
de  Fevereiro  de  1464(4);  e,  não  sendo  já  almoxarife,  foi  nomeado  coudel  de 
Vila  Nova  da  Cerveira,  onde  então  morava,  por  carta  de  14  de  Março  de 
1466  (5).  Por  uma  carta  de  perdão  de  14  de  Dezembro  de  147 1,  à  qual  logo 
me  referirei,  consta  ter  já  então  o  almoxarifado  de  Ponte  de  Lima  Fernão 
Pereira,  que  em  1497  ^  resignou  no  filho  Lopo  Pereira,  a  quem  se  passou 
carta  no  dia  i5  de  Junho,  adiante  citada. 


(1)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  19.",  fl.  16  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  18.%  fl.  96. 

(3)  Ibidem,  liv.  34.»,  fl.  i58.  —  Este  Diogo  Pereira  é  o  progenitor  dos  senhores  do  couto 
de  Mazaretes  e  Paradela. 

(4)  Ibidem,  liv.  8.",  fl.  179  v 

(5)  Ibidem,  liv.  14.*,  fl.  71  V. 


Pereiras  3 1 7 

Recapitulando:  em  1433  já  Lopo  Rodrigues  Cerveira  exercia  o  ofício  de 
almoxarife  de  Ponte  de  Lima;  em  1497  ainda  o  possuia  Fernão  Pereira,  que 
dizem  ter  sido  seu  filho.  São  mais  de  sessenta  e  quatro  anos,  talvez  para 
cima  de  setenta,  ocupado?  apenas  por  duas  gerações.  Não  é  impossível; 
mas  também  não  é  muito  provável.  Numa  inquirição  de  testemunhas  feita 
em  1570  e  junta  aos  autos  de  uma  demanda  que  então  corria  sobre  o  padroado 
de  Mangoeiro,  declara-se  ser  Fernão  Pereira  filho  de  Lopo  Rodrigues  Cer- 
veira. Esta  inquirição,  passada  um  século  depois,  não  tem  autoridade  sufi- 
ciente para  nos  assegurar  a  verdade  das  suas  asserções,  tanto  neste  ponto, 
como  noutros  a  que  se  refira  relativos-  a  sucessos  daqueles  antigos  tempos. 

Lopo  Rodrigues  Cerveira  passou  a  morar  em  Valença,  onde  exerceu  o 
ofício  de  escrivão  da  dízima  do  ferro  e  aço  e  das  sacas,  de  que  teve  nomeação 
provisória,  sendo  já  escudeiro,  em  3  de  Junho  de  1462,  e  definitiva  em  10  de 
Agosto  de  1472(1).  Na  mesma  vila  foi  proprietário,  e  lá.  possuiu,  entre 
outros  bens,  o  chão  em  que  esteve  o  castelo  dei  Rei,  do  qual  lhe  foi  feita 
mercê  por  carta  de  27  de  Julho  de  1462  (2).  Foi  filho  de  Rui  Lopes  da  Cer- 
veira, padroeiro,  no  julgado  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  da  igreja  de  S.  Pedro 
de  Mangoeiro  (depois  chamada  de  Gondarêra),  na  qual  apresentou  um  cura 
em  2(3  de  Agosto  de  1434(3). 

Este  padroado  de  S.  Pedro  de  Mangoeiro,  e  depois  de  Gondarêm  quando 
a  freguesia  mudou  de  sede,  conservou-se  na  posse  dos-senhores  da  casa  de 
Bertiandos  até  à  extinção  dos  direitos  de  apresentação,  e  permite  deduzir  com 
segurança  os  Pereiras  daquela  casa  dos  antigos  Cerveiras,  que  tomaram  o 
apelido  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  da  qual,  em  tempo  de  D.  Sancho  I  (i  i8õ- 
-121 1),  foi  senhor  D.  João  Nunes  da  Cerveira,  ainda  nomeado  nas  Inquiri- 
ções de  1 258  (4). 

Na  própria  freguesia  de  Mangoeiro  encontram-se ,  nas  Inquirições,  várias 
referências  à  permanência  aí  dos  Cerveiras,  Nas  já  citadas  de  i258  diz-se 
que  Maria  Cadela  recebeu  a  Pêro  Lourenço  da  Cerveira  por  filho  em  her- 
dade foreira  a  el  Rei,  e  por  esse  facto  a  traz  honrada,  não  pagando  já  o 
foro  (5).  Nas  de  1290,  data  da  sentença  que  as  julgou,  iniciadas  contudo 
dois  anos  antes,  conta-se  que  em  tempo  de  D.  Afonso  II  (1211-1223)  Gonçalo 
Anes  da  Cerveira,  que  havia  sido  criado  no  lugar  de  Copos  fora  da  freguesia 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  i.",  fl.  40  v.,  e  liv.  29.°,  fl.  80. 

(2)  Livro  3."  de  Além  Doiro,  fl.  286. 

(3)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  vol.  II,  fl.  260  miAi,  reportando-se  a  docu- 
mento existente  no  cartório  dos  Arcebispos  de  Braga. 

(4)  Poriugaliae  monumenta  histórica.    Inquisitiones.,'pág.  35i. 

(5)  Ibidem^  pág.  333.  -  ■ 


3i8  Brasões 

de  Mangociro,  fora  trazido  a  esta  ao  lugar  do  Oiteiro  em  Gondarêm,  sendo 
já  tam  grande  que  sósinho  podia  cavalgar,  e  desde  então,  sob  pretexto  de  o 
terem  lá  criado,  escusavam-se  os  moradores  d'e  pagar  a  el  Rei  seus  foros  e 
direitos,  trazendo  o  lugar  por  honra  (i). 

Casou  Rui  Lopes  da  Cerveira  com  Maria  Pereira.  De  quem  ela  fosse 
filha  não  o  dizem  os  nobiliários  antigos,  nem  o  declara  nenhum  documento 
meu  conhecido;  dela  porem,  isso  é  certo,  tomaram  seus  descendentes  o  ape- 
lido e  as  armas,  em  substituição  das  dos  Cerveiras  (2),  as  quais  seriam  as 
na  nota  descritas,  muito  diversas  todavia  das  dos  Cerveiras  de  Santarém, 
usadas  pelo  alferes  mor  da  bandeira  daquela  vila,  Mem  Cerveira  (3). 

Fernão  Pereira,  o  fundador  da  casa  de  Bertiandos,  fez  as  suas  rapaziadas 
e  estúrdias,  e  de  uma  delas,  que  lhe  ia  saindo  mais  cara,  consta  o  seguinte. 

Em  Vila  Nova  da  Cerveira  morava  Pêro  Carvalho,  escudeiro,  que  parece 
dispunha  dalguma  autoridade,  pois  prendera  e  preso  retinha  numa  casa  da 
vila  a  Pêro  Anes,  acusado  de  haver  assassinado  Fernão  Pita,  filho  de  João 
Pita.  O  assassino  era  amigo  ou  protegido  de  Fernão  Pereira,  já  ao  tempo 
almoxarife  de  Ponte  de  Lima,  e  êle,  juntando  gente,  foi  a  Cerveira,  soltou 
o  preso  e  deu-lhe  fuga  por  forma  a  não  poder  ser  julgado. 

Até  aqui  não  foi  a  coisa  mal;  mas  sucedeu  que,  tanto  Pêro  Carvalho,  como 
os  parentes,  e  não  eram  poucos,  do  assassinado  Fernão  Pita,  queixaram-se 
a  el  Rei,  dizendo  que  Fernão  Pereira  era  «homem  mal  feitor,  renegador  de 
Deus  e  de  Santa  Maria  e  de  seus  santos»,  e  fugira.  Realmente  fugira;  mas, 
aproveitando  a  renovação  por  então  feita  da  lei  de  148 1  em  benefício  dos 
homisiados  que  fossem  servir  a  Africa,  para  lá  partiu  na  expedição  então 
organizada  com  o  fim  de  acometer  Arzila,  cuja  conquista  realizou  em  24  de 
Agosto  de  147 1,  seguindo-se-lhe  logo  a  ocupação  de  Tânger.  Voltando 
D.  Afonso  V  triunfante  a  Lisboa,  não  publicou  só  a  mudança  do  seu  ditado, 
que  passou  a  ser  de  Rei  de  Portugal  e  dos  Algarves,  d'àquêm  e  d'àiêm  mar 
em  Africa,  mas  também  um  perdão  geral.  Deste  se  aproveitou  Fernão  Pe- 
reira, que,  tendo  previamente  alcançado  das  partes  interessadas  remissão  da 


(i)  Inquirições  de  D.  Denis,  liv.  4.°,  fl.  86. —  A  este  mesmo  facto  há  outra  referência  em 
Inquirições  da  mesma  alçada  lançadas  no  Livro  da  Beira  e  Além  Doiro,  fl.  85  v. 

(2)  As  armas  dos  Cerveiras  são  esquarteladas:  o  I  e  IV  de  vermelho,  cruz  florida  de  oiro 
e  vazia  do  campo ;  bordadura  de  prata  carregada  de  doze  escudetes  de  azul,  cada  um  sobre- 
carregado de  cinco  besantes  de  prata;  o  II  e  III  de  prata,  duas  cervas  passantes  e  sotopostas 
de  púrpura.  Timbre :  cerva  passante  de  púrpura,  carregada  de  uma  cruz  florida  de  oiro  e 
vazia  de  púrpura.  —  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  67,  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  14,  carta  de 
brasão  de  2  de  Abril  de  i5i7  na  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  9.°,  fl,  7  v. 

(3)  Nota  II  no  fim  deste  artigo. 


Pereiras  3 1 9 

queixa,  foi,  por  carta  de  14  de  Dezembro  de  1471,  em  galardão  do  seu  ser- 
viço em  Africa,  relevado  de  toda  a  culpa  e  proibida  a  sua  prisão  (1). 

Restituido  Fernão  Pereira  ao  socêgo  de  sua  casa,  tratou  de  aumentá-la, 
sendo  ainda  solteiro  (2),  e,  havendo  alcançado  de  D.  Afonso  V  o  padroado  da 
igreja  de  Santiago  de  Cristelo  o  qual,  por  ser  no  termo  de  Caminha,  já  lhe 
havia  cedido  D.  Pedro  de  Sotomaior,  conde  daquela  vila,  propôs  uma  troca 
ao  dom  Abade  do  mosteiro  benedictino  de  S.  João  de  Cabanas.  Aceitou-a 
o  Abade,  então  D.  João  de  Sá,  e  sugeitou-se  o  contrato  á  aprovação  do  Or- 
dinário, ao  tempo  o  Vigário  geral,  sede  vacante,  do  Bispo  de  Ceuta  na  admi- 
nistração de  Entre  Lim*a  e  Minho.  Mandou  ele  proceder  à  avaliação  das 
propriedades  que  se  pretendiam  trocar,  as  quais  eram,  por  parte  do  Almo- 
xarife, o  padroado  de  Cristelo,  e  por  parte  do  Abade,  a  quinta  de  Bertiandos, 
com  todas  as  suas  casas,  vinhas  e  herdades,  possuída  pelomosteiro  naquela 
freguesia.  Foi  então  o  rendimento  da  quinta,  com  todas  as  suas  pertenças 
e  foros,  avaliado  em  oitocentos  reais  brancos,  e  o  do  padroado,  em  dois  mil 
e  quinhentos.  Conhecida  a  vantagem  que  a  troca  trazia  ao  convento  foi  ela 
aprovada  por  sentença  de  22  de^  Março  de  1479,  e  desde  então  pertenceu  a 
quinta  de  Bertiandos  aos  Pereiras  (3). 

Já  neste  tempo  possuia  Fernão  Pereira  propriedades  naquela  paróquia. 
A  casa  deste  prédio  era  no  lugar  depois  chamado  a  Devesa  da  Granja,  sitio 
ainda  hoje  existente  com  o  mesmo  nome  dentro  da  quinta,  próximo  do  palácio, 
havendo  a  memória  de  ter  sido  efectivamente  devesa.  A  quinta,  que  fora 
do  convento,  constava  de  muitas  terras  e  das  tais  casas,  provavelmente  demo- 
lidas para  aproveitamento  da  pedra,  quando  se  edificaram  ou  ampliaram  os 
próximos  paços.  Era  pois  a  quinta  de  Bertiandos  propriedade  encravada  na 
já  possuída  pelo  Almoxarife,  e  assim  se  explica  o  ter  ele  feito  com  os  Frades 
uma  troca,  na  aparência  só  vantajosa  para  estes. 

Casou  Fernão  Pereira,  depois  de  realizado  este  contrato,  com  Maria  Vaz 
e  dela  já  tinha  pelo  menos  um  filho,  quando  Caterina  Dias,  mulher  de  Gon- 
çalo de  Bairros  de  Vaabom,  morador  no  julgado  de  Regalados,  considerando 
como  não  tinha  filho  nem  filha  nem  outro  nenhum  herdeiro,  e  considerando 
mais  o  grande  divido  que  tinha  com  Fernão  Pereira,  almoxarife  de  Ponte  de 
Lima,  e  com  Maria  Vaz  sua  mulher,  lhe  aprouve  de  perfilhar  e  tomar  por 
filho  e  herdeiro  em  todos  ^eus  bens  a  Lopo  Pereira,  filho  dos  ditos  cônjuges. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  17.»,  fl.  17.  , 

(2)  Na  escritura  a  seguir  citada  não  se  declara  o  estado  de  Fernão  Pereira;  envohe  ela 
porem  uma  alienação  de  propriedade  e  portanto  deveria  intervir  no  contrato  a  mulher  de 
Fernão  Pereira,  se  ele  fosse  casado. 

(3)  Documento  existente  no  cartório  da  casa  de  Bertiandos. 


320  Brasões 

Foi  o  instiumento  de  perfilhação  feito  pelo  tabelião  do  referido  julgado,  a  12 
de  Janeiro  de  1490,  e  teve  confirmação  régia  a  3o  de  Julho  do  mesmo  ano(i). 
Maria  Vaz,  a  quem  alguns  nobiliários  dão  sem  fundamento  o  apelido  Malheiros, 
sobreviveu  a  seu  marido  e  por  escritura  do  ano  de  i5o3  vendeu  a  seu  filho 
uma  quinta  em  Refoios  de  Lima  (2). 

Continuou  Fernão  Pereira  no  almoxarifado  de  Ponte  de  Lima  e,  sendo 
já  cavaleiro,  teve  dele  confirmação  de  D.  João  II,  em  27  d-e  Agosto  de  1488, 
e  em  21  de  Abril  de  1496  de  D.  Manuel,  em  cujas  mãos  renunciou  o  oficio 
para  nele  ser  provido  seu  filho  Lopo  Pereira,  a  quem  foi  concedida  carta  çm 
i5  de  Junho  de  1497  (3).  A  êle  foram  passadas  duas  cartas  de  quitação,  uma 
relativa  aos  anos  de  i5i4  e  i5,  e  a  outra  ao  de  i5i8.  Não  seriam  só  estas 
de  certo  as  que  se  lhe  deram,  mas  nenhumas  outras  estão  registadas.  •  Pela 
primeira,  datada  de  Lisboa,  a  23  de  Março  de  i5i7,  consta  que  o  rendimento 
daquele  almoxarifado,  nos  dois  referidos  anos^  importara  em  três  contos, 
oitocentos  e  noventa  e  oito  mil  e  quinhentos  reais,  incluindo  o  um  por  cento; 
e  pela  segunda,  passada  em  Évora  a  20  de  Março  de  i52o,  que  em  i5i8  ren- 
dera os  âbis  contos,  quinhentos  e  oitenta  e  cinco  mil  e  seiscentos  reais  por 
que  havia  sido  arrendado  (4). 

Foi  Lopo  Pereira  2.*^  senhor  da  quinta  de  Bertiandos,  onde  viveu  e  onde 
morreu  a  17  de  Agosto  de  1626  (5).  Casou  pela  segunda  vez  com  Inês  Pinto, 
senhora  rica,  a  qual  em  1666,  sendo  viúva  e  havendo-se  composto  com  os 
filhos  do  primeiro  matrimónio  de  seu  marido,  instituiu  dois  vínculos  em  Ber- 
tiandos, os  quais  se  ficaram  designando  por  primeiro  e  segundo  morgado  de 
Bertiandos  e  foram  nomeados  em  seus  filhos,  Francisco  Pereira,  primogénito, 
e  António  Pereira,  segundogénito.  Foi  esta  senhora  quem  acrescentou  muito 
as  casas  de  Bertiandos  e  quem  mandou  levantar  a  torre,  que  ainda  agora  lá 
se  vê  por  trás  dos  dois  palácios  de  diferente  arquitectura,  tendo  pertencido 
o  situado  ao  nascente,  para  a  parte  de  Ponte  de  Lima,  ao  primeiro  vínculo, 
e  o  outro,  com  a  torre,  ao  segundo. 

Quem  fôr  hoje  pela  lindíssinía  estrada  de  Ponte  de  Lima  a  Viana  lá  vê. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  16.0,  fl,  46. 

(2)  Cartório  da  casa  de  Bertiandos. 

(3)  Chancelaria  de  D,  João  II,  liv.  24.",  fl.  71  v.;  Chancelaria  de  D.  Manuel,  livs.  40.°, 
fl.  73  v.,e  3o. o,  fl.  123  V.  . 

(4)  Cartas  de  quitação  dei  rei  D.  Manuel,  no  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  1V> 
pág.  286,  n.°»  45o  e  45i. 

(5)  Assim  o  declara,  nos  seus  escritos  genealógicos,  seu  descendente  D.  António  Pereira 
da  Silva,  bispo  do  Algarve  de  1704  a  171 5.  Alem  disto  existe  um  documento  j^elo  qual 
consta  ser  sua  mulher  viúva  em  i566  e  portanto  não  pode  ser  este  Lopo  Pereira  o  que  servia 
na  índia  em  i568  (Couto,  Década  oitava,  pág.  i23  mihi)  e  em  1571  (Década  nona,  pág.  491), 
como  equivocadamente  referem  algumas  genealogias. 


Pereiras  32 1 

à  sua  direita,  defronte  do  rio  Lima,  de  que  os  separa  uma  fértil  e  extensa 
veiga  cortada  pelo  caminho,  os  dois  solares  dominados  pela  torre,  atrás  deles 
erguida,  destacando-se  tudo  no  verde  mais  sombrio  dos  montes,  que  servem 
de  fundo  ao  risonho  painel.  Por  lá  passei  em  1875,  no  ano  mais  angustiosa 
da  minha  vida.    - 

Entre  as  duas  famílias,  que  ali  viviam  paredes  meias,  em  breve,  coma 
era  fatal,  se  estabeleceu  a  desarmonia,  bastando  para  isso  a  criadagem.  Até 
me  lembro  de  ter  ouvido  contar  há  muitos  anos  ao  Conde  de  Bertiandos, 
então  Gonçalo  Pereira,  que  o  senhor  de  um  dos  morgados,  alegando  ser  Pe- 
reira de  melhor  qualidade,  mandara  inclinar  para  o  seu  lado  a  velha  cruz 
dos  Pereiras,  a  qual  defronta  com  as  casas  no  alto  de  uma  coluna  de  pedra, 
antigo  pelourinho  da  vila  de  Bertiandos,  assente  sobre  um  fuste  constituída 
por  um  marco  miliário. 

Acabou  depois  tudo  pela  melhor  das  maneiras,  pelo  casamento,  em  1792, 
de  D.  Maria  Angelina  Senhorinha  José  Justa  Pereira  Forjaz  de  Eça  Monte- 
negro, 9.*  senhora  do  segundo  morgado  de  Bertiandos,  com  Damião  Pereira  da 
Silva  de  Sousa  e  Meneses,  10."  senhor  do  primeiro  morgado,  2.°  da  vila  de 
Bertiandos  e  padroeiro  de  S.  Pedro  de  Gondarem,  olim  Mangoeiro.  Foram 
pais  do  dr.  João  Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses,  lo.*'  senhor  do  se- 
gundo morgado  por  sucessão  a  sua  mãe,  falecido  sem  filhos  em  1823 ;  e  de 
Gonçalo  Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses,  3."  senhor  da  vila  e  ii.°  de 
ambos  os  morgados  de  Bertiandos,  i.**  visconde  com  grandeza,  em  21  de 
Agosto  de  1840,  e  i.°  conde  de  Bertiandos,  em  14  de  Abril  de  i852,  par  do 
reino  por  carta  de  3  de  Maio  de  1842',  falecido  a  5  de  Setembro  de  i856, 
deixando  viúva  a  condessa  D.  Teresa  Teles  da  Silva,  filha  dos  3.°'  Mar- 
queses de  Penalva,  a  qual  ^e  finou  a  9  de  Maio  de  1881. 

Sucedeu-lhe  sua  filha  D.  Joana  Maria  do  Rosário  Francisca  de  Sales  Pe- 
reira da  Silva  de  Sousa  e  Meneses,  2.^^  condessa  de  Bertiandos,  12.^  senhora 
dos  seus  dois  morgados,  do  dos  Biscainhos  em  Braga,  do  de  Pentieiros  e  de 
vários  outros.  Faleceu  a  Condessa  na  sua  casa  de  Braga  a  23  de  Julho  de 
1896,  tendu  casado  com  seu  prim.o  Sebastião  Correia  de  Sá  Meneses  Brandão, 
conde  de  Bertiandos  por  decreto  de  19  de  Agosto  de  i852,  par  do  reino  por 
carta  de  23  de  Fevereiro  de  1864,  oficial  mor  honorário  da  casa  rial,  etc. 
Morreu  em  6  de  Julho  de  1874  e  era  filho  segundo  dos  2."*  Condes  de  Te- 
rena(i). 


(i)  Este  Conde  de  Bertiandos  era  sexto  neto  de  Francisco  Jácome  do  Lago,  irmão  e 
sucessor  de  Baltasar  Jácome  do  Lago  que  está  enterrado  na  igreja  de  S.  Domingos  de  Viana 
do  Castelo  em  capela  sua.  onde  se  vê  o  seu  brasão  igual  ao  que  lhe  foi  concedido  por  uma 
carta  não  registada  na  Torre  do  Tombo  e  por  isso  dela  aqui  farei  menção. 

«Portugal  Principal  Rey  darmas. . .  e  caualeiro  professo  da  orde  de  Sãctiago,  faço  saber 
voL.  1  41 


322  Brasões 

Deste  casamento  foi  filho  primogénito  Gonçalo  Pereira  da  Silva  de  Sousa 
e  Meneses,  actual  3."  conde  de  Bertiandos  e  i5.°  senhor  desta  casa,  contando 
desde  Fernão  Pereira.  Foi  par  do  reino  por  sucessão  a  seu  pai,  tendo  to- 
mado posse  a  3  de  Maio  de  1878,  e  oficial  mor  honorário  da  casa  rial;  é 
casado,  desde  1876,  com  D.  Ana  de  Bragança,  da  casa  de  Lafões,  dama  ca- 
marista que  foi  da  rainha  D.  Maria  Pia.  Não  têem  os  Condes  filhos  e  dele 
é  irmão  imediato  sucessor  Sebastião  Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses, 
actual  conde  de  Tarouca  pelo  seu  casamento  com  a  11.*  Condessa. 

As  armas  dos  senhores  de  Bertiandos  foram  sempre  as  dos  Pereiras:  de 
vermelho,  cruz  de  prata,  florida  e  vazia  do  campo,  sem  nenhuma  diferença. 
Assim  se  encontram,  não  só  na  frontaria  de  uma  das  casas  de  Bertiandos, 
como  na  capela  que  para  seu  jazigo  e  de  seus  descendentes  fez  na  igreja 
matriz  da  vila  a  instituidora  dos  vínculos,  a  referida  Inês  Pinto. 

NOTAS 

I 

DOCUMENTOS  FALSOS,  pág.  3 12 

Creio  não  existir  entre  nós,  nem  talvez  em  nenhum  outro  país,  uma  colecção  mais  auda- 
ciosa de  documentos  falsos,  do  que  a  reunida  e  com  inverosímil  ousadia  divulgada  no  livro 


a  quantos  esta  minha  carta  de  brasão  darmas. . .  vire,  que  Baltasar  jacome  do  laguo,  morador 
na  villa  de  Viana  foz  de  lima,  me  pedio  e  requereo,  que  porquãto  elle  descedia  por  linha 
dereita  legitima  e  sê  bastardia  por  parte  de  seu  pay  João  rodrigues  do  laguo  e  de  sua  may 
Isabel  jacome,  e  de  seus  auos  João  rrodrigues  do  laguo,  o  velho  (avô  paterno),' e  caterina 
dias  jacome  (avó  materna),  e  de  seus  bisauos,  das  gerações  e  linhagens  dos  do  lago,  e  ja- 
come. . .  que  lhe  desse  hú  escudo  c5  as  armas  que  as  ditas  linhagens  pertence. . .  pello  que 
. . .  busquei  os  liuros  da  nobre  fidalguia  do  Reyno  que  em  meu  poder  estão,  e  acho  nelles 
que  as  ditas  linhagês  pertence  serê  estas,  que  em  esta  lhe  dou  inluminadas  .s.  o  escudo  es- 
quartelado,  ao  primeiro  dos  do  lago  que  trazê  o  capo  vermelho  e  hua  torre  de  prata  laurada 
de  preto  assentada  em  hú  lago  dagoa,  e  dentro  nella  hua  donzella  dos  peitos  pêra  cima  em 
cabelio  vestida  de  azul  e  três  íior  de  lises  douro  em  chiefe,  e  ao  segudo  dos  jacomes  que 
traze  o  capo  partido  em  palia,  ao  primeiro  de  azul  e  hú  castello  de  prata  cuberto  laurado 
de  preto,  e  ao  segudo  douro  e  hila  mea  aguea  preta  estendida  picada  douro,  e  assy  os  con- 
trairos,  elmo  de  prata  aberto  guarnido  douro,  paquife  de  prata  e  vermelho,  e  ouro  e  azul,  e 
por  timbre  húa  aspa  vermelha,  e  nella  as  três  flor  de  lises  douro,  por  deferença  híía  estrella 
douro,  que  cÕ  ellas. . .  deve  trazer. . .  e  por  verdade  lhe  passei  esta  certidão  de  brasão  em 
Lixboa. . .  aos  vinte  e  sete  dias  do  mes  de  nouêbro,  Diogo  de  sanrromão  a  fez,  ãno  do  nas- 
cimento. . .  de  mil  quinhentos  e  oitenta  e  seis». 

Ao  Conde  de  Bertiandos  agradeço  a  cópia  desta  carta  de  brasão  e  a  indicação  doutros 
documentos  do  seu  arquivo  que  me  serviram  para  esta  breve  notícia  dos  Pereiras  de  Ber- 
tiandos. 


I 


Pereiras  323^ 

intitulado:  Allegaçavi  practica,  e  jurídica  sobre  a  posse,  e  successam  do  titulo,  e  casa  da 
Feyra  contra  os  Senhores  Procuradores  da  Coroa,  e  Infantado,  a  favor  de  D.  Álvaro  Pe- 
reyra  Forja^  Coutinho,  ordenada  pelos  Doutores  Joseph  Corrêa  Barreto,  e  Francisco  Vaf 
Tagarro,  com  huma  Summaria  RecupilaçaÕ  do  conteúdo  neste  volume,  que  servirá  de  índice 
aos  documentos  delle.  Pelo  Padre  Mestre  Pedro  da  ConceyçaÕ  Cónego  Secular  da  Congre- 
gação de  S.  JoaÕ  Evangelista,  e  legitimo  irmaÕ  do  Author  pertendente.  Gravura  em  aço 
com  as  armas  dos  Condes  da  Feira.  Lisboa  Occidental.  Na  Officina  de  Mathias  Pereyra 
da  Sylva,  e  Joanne  Antunes  Pedroso.  Com  as  licenças  necessárias.  M.D.CC.XX.  —  4.°  de 
XVI  n.  n.  194  págs.  e  uma  árvore  genealógica  dos  Condes  gravada  em  aço. 

Os  documentos  neste  volume  impressos,  com  excepção  de  duas  certidões  da  Torre  do 
Tombo  transcritas  nas  págs.  i3o  e  i32,  são  todos  falsos.  [Não  se  pode  deixar  de  ficar  as- 
sombrado perante  tanta  audácia  !  O  autor  do  processo  perdeu  a  demanda,  como  não  podia 
deixar  de  ser,  mas  o  falsificador,  fosse  êle  quem  fosse,  parece  ter  ficado  sem  castigo  apesar 
de  existir  na  Allegaçam  manifesta  tentativa  de  burla. 

Analisarei  alguns  doS  supostos  documentos  relativos  à  criação  do  condado  da  Feira  e 
do  pretenso  anterior  condado  de  Moncorvo  nos  quais,  segundo  o  autor  da  Allegaçam,  fora 
investido  um  fidalgo  a  quem  êle  ora  chama  Rui  Pereira,  ora  Rui  Vaz  Pereira.  Para  facilitar 
a  análise  começarei  por  assentar  os  verdadeiros  dados  biográficos,  quanto  ao  nascimento 
daquele  fidalgo,  colhidos  em  documentos  autênticos. 

Fernão  Pereira,  escudeiro  da  casa  do  infante  D.  Duarte,  estava  ajustado  a  casar  com 
D.  Isabel  de  Albuquerque,  quando  D.  João  I,  por  carta  de  28  de  Fevereiro  de  1428  (e.  v.), 
lhe  permitiu  empenhar  certas  terras  da  Coroa  à  garantia  do  dote  e  arras  prometidos  a  sua 
esposa {i).  Tinha-se  já  realizado  o  casamento  em  4  de  Junho  de  1482,  data  de  outra  carta 
pela  qual  D.  João  I  mandou  pagar  a  Fernão  Pereira  e  D.  Isabel  de  Albuquerque,  sua  mulher 
um  conto  e  cem  mil  libras  de  tença  anual  em  preço  das  três  mil  dobras  que  lhes  dera  em 
casamento  (2).  Foram  estes  cônjuges  os  pais  de  Rui  Pereira,  futuro  i."  conde  da  Feira, 
que  portanto  só  poderia  ter  vindo  ao  mundo  nos  últimos  dias  do  ano  de  1428,  ou  nos 
primeiros  do  seguinte,  e  para  isso  haviam  seus  pais  de  ter  realizado  o  matrimónio  poucos 
dias  após  a  assinatura  da  primeira  daquelas  cartas.  Em  Julho  de  1456  parece  não  haver 
dúvida  de  ser  já  Rui  Pereira  maior  de  vinte  e  cinco  anos,  pois  que  interveio,  cedendo  direitos, 
no  contrato  de  casamento  de  sua  irmã  D.  Mecia  com  o  Berredo  (3).  Temos  portanto  Rui 
Pereira  nascido  entre  Dezembro  de  1428,  o  mais  cedo,  e  Junho  de  143 1,  o  mais  tarde.  Posto 
isto,  examinarei  os  tais  documentos, 

O  primeiro  transcrito  na  Allegaçam  é,  na  pág.  61,  a  carta  de  legitimação  de  D.  João 
Pereira.  Esta  carta  escrita,  como  aliás  todos  os  mais  pseudo  documentos,  em  termos  que 
tornam  à  simples  leitura,  de  quem  não  seja  perfeito  ignorante  em  matéria  diplomática,  pa- 
tente a  sua  falsidade,  é  datada  de  1 3  de  Janeiro  de  1443  e  por  ela  o  infante  D.  Pedro,  em 
nome  de  Afonso  V,  legitima  a  requerimento  de  Rui  Pereira,  conde  de  Moncorvo,  um  seu 
filho,  D.  João  Pereira,  havido  sendo  o  pai  solteiro,  e  já  a  seu  rogo  legitimado  por  um  breve 
do  Santo  Padre. 

j  A  maior  idade  que  Rui  Pereira,  o  suposto  pai,  poderia  então  ter,  eram  catorze  anos  ! 


(i)  Chancelaria  de  João  7,  liv.  4.*,  fl.  109  v. 

(^2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  18.*,  fl.  69  v. 

(3)  Jbidem,  liv.  i3.»,  fl.  5  v. 


324 


Brasões 


É  de  pasmar,  mas  mais  extraordinário  ainda  é  que  este  forjado  documento  e  os  seguintes 
são  apresentados  em  certidões,  que  se  dizem  extraídas  do  cartório  da  Casa  de  Bragança!* 
Como  isto  se  pôde  fazer,  ou  simplesmente  alegar,  é  que  não  compreendo. 

Segue-se  por  ordem  cronológica  o  contrato  de  casamento  do  referido  D.  João  Pereira 
com  D.  Leonor  Coutinho  (pág.  i38).  Outorgam  neste  contrato  os  pais  dos  desposados. 
Rui  Pereira,  conde  de  Moncorvo,  e  Lourenço  Pires  de  Távora;  confirma-o  E».  Afonso  V 
por  carta  de  9  de  Outubro  de  1446.  A  escritura  fora  assinada  a  25  de  Dezembro  de  1445, 
quando  o  pai  do  noivo  mal  poderia  contar  dezassete  anos  completos! 

Não  me  alongarei  examinando  todos  os  outros  documentos  alegados;  nem  se  quer  apon- 
tarei para  o  estranho  caso  de  ha,ver  Afonso  V  por  um  simples  alvará,  datado  de  10  de 
Março  de  1448,  derrogado  todas  as  leis,  inclusive  a  mental,  afim  de  Rui  Pereira,  conde  de 
Moncorvo,  poder  doar  a  seu  filho  legitimado  D.  João  Pereira,  toda  a  sua  casa  (pág.  64) ; 
diploma  que  deu  lugar  a  poder  ser  lavrado  por  um  tabelião  de  Vimarons  um  instrumento 
público  de  nomeação  de  sucessão,  outorgado  em  i3  de  Maio  de  1449  pe[o  mesmo  Rui  Pe- 
reira, então  mancebo  de  vinte  anos  de  idade.  É  verdade  que  provavelmente  tão  moço  como 
ele  seria  o  notário,  que  no  instrumento  ousou  sobrepor  a  autoridade  do  seu  constituinte  à 
rial,  fazendo-lhe  declarar :  «e  porque  na  Carta  de  legiiimaçon,  que  do  dito  Senhor  habia  nom 
ban  expressas  todalas  forças  das  Ordenações  destos  Regnos,  para  mayor  balidade,  as  ha  por 
expressas  neste  estromento  como  se  de  cada  qual  delas  estivesse  fazendo  nelo  huma  sepa- 
raçon  a  cada  qual»  (pág.  65).  Separado  do  censo  comum  está  quem  tomar  isto  a  sério  e 
de  pasmar  é  que  ainda  haja  hoje  quem  o  faça. 

Não  olharei  para  a  escritura  de  instituição  de  morgado  feita  a  3  de  Janeiro  do  ano  da 
nascença  de  i5i8,  na  qual  a  instituidora,  D.  Leonor  Coutinho,  se  declara  «viuva  de  meu 
marido  dom  João  Pereira»  (pág.  127),  quando  este  só  morreu  em  i523,  ano  em' que  vagaram 
as  suas  tenças  (i).  E  o  curioso  é  que  seu  pai  já  o  dá  por  morto  em  22  de  Dezembro  de 
1480,  data  do  seu  testamento  (pág.  88);  mas  a  verdade  é  que  tanto  este  como  a  escritura 
da  instituição  tudo  é  apócrifo.  Não  repararei  pois  para  nada  disto  visto  que  bem  provado 
deixo  ser  uma  fantasia  sem  fundamento  a  concessão  do  tal  título  de  conde  de  Moncorvo 
com  o  qual,  só  em  documentos  falsgs,  aparece  galardoado  um  rapaz  de  catorze  anos,  filho 
de  um  fidalgo  que  nem  sequer  era  do  conselho,  nem  ao  menos  senhor  de  casa;  e  irei  exa- 
minar a  suposta  carta  do  título  de  conde  da  Feire. 

Com  a  data  de  14  de  Janeiro  de  1452  encontra-se  ela  transcrita  na  pág.  124.  Por  ela 
deu  Afonso  V  o  título  de  conde  da  vila  e  castelo  da  Feira,  de  juro  e  herdade,  a  Rui  Vaz 
Pereira.     Será  o  meu  primeiro  reparo  o  nome. 

O  futuro  Conde  da  Feira  nunca,  antes  de  o  ser,  se  chamou  senão  Rui  Pereira  e,  depois 
de  o  ser,  só  usou  do  nome  de  D.  Rodrigo  Pereira,  Rui  Vaz  Pereira,  filho  segundo  de  Gon- 
çalo Pereira,  senhor  de  Cabeceiras  de  Basto,  era  doutro  ramo  dos  Pereiras  e  já  tinha  mor- 
rido em  Março  de  1449  (2).  Posteriormente  enlaçaram-se  as  famílias  dos  dois  ramos  dos 
Pereiras,  casando  em  1451  D.  Maria  de  Berredo,  irmã  de  Rui  Vaz,  com  o  pai  de  Rui  Pereira, 
Fernão  Pereira  (3),  de  quem  foi  segunda  mulher;  e  em  1456  Martim  Vasques  de  Berredo  e 
D.  Leonor  de  Berredo,  também  irmãos  de  Rui  Vaz,  casaram  respectivamente  com  D.  Mecia 
e  Rui  Pereira,  filhos  de  Fernão  Pereira  (4). 


(i)  Livro  das  tenças,  no  Archivo  Íiistorico  portuguez,  vól.  II,  pág.  128. 

(2)  Liv.  3."  de  Místicos,  fls.  112  v.  e  119  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  35.',  fl.  92. 

(4)  ibidem,  liv.  13.",  fls.  5  v.  e  7  v. 


Pereiras  325 

Visto  o  êrro  do  nome  examinarei  a  data. 

Em  Janeiro  de  1452,  mal  podia  ter  Rui  Pereira  vinte  e  três  anos  de  idade  e  ainda  não 
havia  sucedido  na  casa  paterna,  pois  que  ela  só  lhe  foi  confirmada  por  três  cartas  de  21  de 
Dezembro  de  1467(1).  É  inadmissível  supôr-se,  não  só  que  se  fosse  dar  o  título  de  conde 
a  um  rapaz  sem  merecimentos  nem  serviços  especiais,  ainda  em  vida  de  seu  pai  e  de  seu 
avô,  mas  principalmente  que,  andando  nesses  tempos  o  senhorio  da  terra  inerente  ao  con- 
dado, podessem  existir  conjuntamente  dois  donatários  da  mesma  vila,  João  Alvares  Pereira, 
a  quem  só  em  1453  sucedeu  o  filho  Fernão  Pereira,  e  do  mesmo  castelo,  este  dito  Fernão 
Pereira,  a  quem  ele  fora  doado  em  1448,  os  dois  em  concomitância  com  Rui  Pereira,  filho 
de  um  e  neto  do  outro.     É  pois  inadmissível  tal  pressuposição;  mas  há  mais  ainda. 

Existem  registados,  desde  i45ó  a  1476,  afora  dois  ilegíveis,  onze  diplomas  régios  relativos 
a  Rui  Pereira,  que  nos  primeiros  seis  é  apenas  intitulado  «fidalgo  de  nossa  casa»  (2),  e  nos 
outros  cinco,  a  começar  em  21  de  Dezembro  de  1467,  àlêm  de  «fidalgo  de  nossa  casa»,  tam- 
bém aparece  designado  por  «do  nosso  conselho»  (3).  ^Se  ele  fosse  conde  da  Feira  desde 
14Í2,  não  se  declararia  esta  qualidade  nos  posteriores  diplomas?  —  é  evidente  que  sim. 
Igualmente  é  evidente  que  na  carta  de  conde  da  Feira,  se  ela  não  fosse  inventada,  se  havia 
de  fazer  referência  ao  título  de  conde  de  Moncorvo,  se  este  não  fosse  também  invenção  do 
falsificador  dos  documentos. 

Encontram-se,  neste  registo  de  falsidades,  várias  alusões  a  um  breve  de  legitimação 
pontifícia  concedido,  a  pedido  de  Rui  Pereira,  a  favor  de  seu  filho  narural  D.  João  Pereira. 
Aqui  o  caso  era  porém  mais  grave  e  por  isso  não  se  ousou  publicar  o  falsificado  diploma  e 
mesmo  as  alusões  a  êle  rev^estem  sempre  um  tom  vago,  até  que,  numa  suposta  carta  de 
D.  João  II,  se  declara  haver  Rui  Vaz  Pereira  «legitimado  a  seu  filho  natural  D.  João  Pe- 
reira... pelo  Santo  P.  Martinho  V»  (pág.  69).  Aqui  temos  por  fim  claramente  indicado  o 
nome  do  Papa  a  quem  se  atribui  a  legitimação  de  D.  João  Pereira;  vejamos  porém  como  a 
cronologia  nos  irá  claramente  desvendar  a  fraude.  Martinho  V  foi  eleito  papa  a  ri  de  No- 
vembro de  1417  e  morreu  na  noite  de  20  para  21  de  Fevereiro  de  1431  (4).  Supondo  que  o 
seu  último  acto  fosse  assinar  o  breve  de  mercê  a  D.  João  Pereira,  vinha  êle  a  ser  legitimado 
quando  seu  pai,  na  melhor  hipótese,  podia  ter  apenas  dois  anos  completos  de  idade! 

Estamparam-se  ainda  no  tal  livro  vários  testamentos  todos  falsos  epara  exemplo  apon- 
tarei um,  o  do  i.°  conde  de  Marialva,  Vasco  Fernandes  Coutinho.  Tem  o  pseudo  docu- 
mento a  data  de  3  de  Agosto  de  1430  e  uma  das  legatárias  é  «minha  neta  D.  Maria»,  passando 
o  legado  por  sua  morte  «a  sua  filha  Leonor»  (pág.  141).  Ora  sucede  que  não  só  o  título 
de  conde  de  Marialva  é  posterior  a  Agosto  de  1440,  mas  que  êle  havia  casado  apenas  vinte 
e  quatro  anos  antes  de  fazer  o  tal  testamento,  em  seguida  ao  contrato  esponsalício  aprovado 
por  D.  João  I  a  12  de  Maio  de  1412  (5).  Em  vinte  e  quatro  anos  ter  filhos,  netos  e  bisnetos 
é  fecundidade  demasiada. 

O  inventor  de  todos  estes  falsos  documentos  não  creio  tivesse  sido  nenhum  dos  dois 
advogados,  José  Correia  Barreto  ou  Francisco  Vaz  Tagarro,  que  pleitearam  a  demanda. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.",  fls.  ii3  v.,  n5  e  226  r. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  44.",  H.  92;  e  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  livs.  iS.",  fl.  7  v. ;  36  *,  fls.  i33  e 
245;  8',  fl.  19  v;  e  14.»,  fl.  i5  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.»,  fls.  Ii3  v.,  ii5  e  226  v.;  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv .  33.»,  fl.  65  v. ; 
e  liv.  2."  de  Místicos,  fl.  53.  . 

(4)  L'Art  de  vérijier  les  dates,  III,  401  c  40a. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  K,  liv.  12.»,  fl.  3o. 


326  Brasões 

mas  sim  o  próprio  irmão  do  A.  o  P.  M.  Pedro  da  Conceição,  frade  lóio,  que  compôs  a 
Summaria  Recupilaçam  impressa  nas  folhas  preliminares  e  na  qual  se  alegam  todos  os  falsos 
documentos.  Era  provavelmente  o  P.  M.  genealogista  de  poucas  letras,  como  são  todos 
em  geral,  e  não  hesitou  em  perpetrar  a  fraude,  com  a  qual  não  satisfaria  só  a  vaidade  nobi- 
liárquica (i). 

Não  se  limitou  a  falsificação  aos  documentos  impressos  e  publicados  no  livro  citado 
a  ousadia  foi  muito  mais  longe  ainda.  * 

Na  Torre  do  Tombo,  na  Gaveta  II,  maç.  9,  n."  5,  existe  umh  carta  régia  dada  em  Se- 
túbal* em  Maio  de  um  dos  anos  de  1496,  i5o6  ou  i5i6(2),  pela  qual  se  simula  haver  D.  Ma- 
nuel confirmado  a  D.  Álvaro  Pereira  Coutinho  uma  carta  de  D.  João  II,  «de  determinação, 
conversão  e  amigável  composição»  entre  D.  Leonor  Coutinho,  viúva  de  D.  João  Pereira  (3), 
como  tutora  e  administradora  de  D.  Álvaro  Pereira  Coutinho  seu  filho,  e  D.  Diogo  Pereira, 
conde  da  Feira.  Esta  carta,  muito  deteriorada  em  partes  pela  água  aclaratória  em  tempos 
sobre  ela  lançada  a  fim  de  se  extrair  alguma  cópia,  ou,  mais  provavelmente,  por  qualquer 
outra  droga  a  cujo  efeito  foi  sujeita  para  simular  antiguidade  (4),  tem  trechos  ilegíveis  e 
entre  eles  está  a  data,  da  qual  só  se  percebem  as  palavras  «Évora  vinte  e  um  de  Janeiro  do 
ano  de  mil».  Existe  porém  uma  cópia  do  pseudo-documento  na  Biblioteca  Pública  de 
Lvora,  no  códice  cix-2-5  e  lá  tem  a  data  de  21  de  Janeiro  de  1493. 

No  tal  pergaminho  encontram-se  todas  as  afirmações  repetidas  nos  documentos  da 
Allegaçam,  e  já  manifestamente  convencidas  de  falsas,  desde  a  legitimação  concedida  pelo 
papa  «Martim  quinto»,  até  ao  testamento  de  «Rui  Vaz  Pereira,  conde  da  Feira».  Bastaria 
a  repetição  destas  asserções  para  convencer  de  falso  o  diploma,  mas  ainda  há  mais.  No 
fim  dele  declara  D.  João  II  ter  mandado  ver  tudo  pelos  doitores  (sic)  João  Teixeira,  chan- 
celer maÀox  (sic)  e  por  Pêro  Botelho  e  por  Rui  da  Oram  e  por  Vasco  Fernandes,  chanceler 
da  Casa' do  Cível,  e  ouvidos  seus  pareceres  fdei  a  minha  determinação»  (sic).  Repare-se 
para  esta  linguagem  diversa  da  de  todos  os  outros  documentos  congéneres  do  tempo,  mas 
não  está  ainda  aqui  a  orelha  do  gato. 

Os  doutores  João  Teixeira  e  Vasco  Fernandes  não  exerceram  simultaneamente  os  cargos 
de  chanceler  mor  e  de  chanceler  da  Casa  do  Cível,  com  os  quais  se  encontram  designados 
no  pergaminho.  O  dr.  João  Teixeira  foi  nomeado  chanceler  mor  por  carta  de  i  de  Julho 
de  1484  feita  pelo  secretário  Afonso  Garcês  (5),  e  já  era  falecido  a  19  de  Março  de  1493, 
data  da  carta  de  confirmação,  por  seu  falecimento,  dos  casais  e  herdades  do  Chouto,  termo- 
de  Santarém,  a  seu  filho  Luís  Teixeira  (6).  O  dr.  Vasco  Fernandes  ainda  em  19  de  Dezembro 
de  1492,  quando  provavelmente  o  dr.  João  Teixeira  já  era  falecido,  ao  passar  uma  certidão 
dos  forais  de  Serpa  e  Évora,  intitula-se  do  conselho,  conde  palatino,  do  desembargo,  cro- 


(1)  Constitui  esta  Nota  até  aqui  uma  comunicação  por  mim  lida,  em  Julho  de  1518,  em  sessão  ordinária  da 
Segunda  Classe  da  Academia  das  Sciências  de  Lisboa,  comunicação  publicada  no  respectivo  Boletim  e  em  sepa- 
rata com  o  título  de  Condados  de  Moncorvo  e  da  Feira,  ousada  falsificação  de  documentos. 

(2)  Hoje  da  data  só  se  podem  ler  as  palavras  «Setúbal...  de  Maio  ano  de  mil...  seis».  Se  o  documento  não 
fosse  falso  valeria  a  pena,  para  averiguar  a  sua  data,  declarar  que  efectivamente  há  noticias  de  D.  Manuel  ter  estado 
em  Setúbal  no  ano  de  i5o6,  a  18,  20,  22,  24  e  27  de  Maio  (Corpo  cronológico,  passtmj. 

{3)  Já  lá  acima  ficou  dito  que  D.  João  Pereira  só  fahceu  em  i523,  em  tempos  portanto  de  D.  João  III  e  não 
de  D.  João  II. 

(4)  Digo  isto  porque,  quando  no  século  xviii  se  fez  a  cópia  das  Gavetas  para  a  leitura  nova,  já  estava  o  falso 
documento  em  pnrte  ilegível,  e,  se  lhe  tivessem  só  então  deitado  a  água  aclaratória,  podê-lo-hiam  ter  lido  todo. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  11,  liv.  23.",  11.  i3g. 

(6)  Transcrita  numa  de  confirmação  de  23  de  Fevereiro  de  iSíg.  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  37.°  de 
Doações,  fl.  07. 


Pereiras  32j 

nista  e  guarda  da  Torre  do  Tombo  e  livraria  rial  (i);  e  só  noutra  certidão,  dos  privilégios 
da  vila  de  Arronches,  a  20  de  Fevereiro  de  1494,  acrescenta  àqueles  títulos  o  de  chanceler 
da  Casa  do  Cível  (2).  Não  se  encontra  registada  a  sua  carta  de  nomeação  para  este  cargo, 
mas  não  podia  ser  muito  anterior  e  havia  de  estar  lançada  num  dos  livros  dos  três  últimos 
anos  do  reinado  de  D.  João  II,  os  de  1498,  94  e  95,  os  quais  desapareceram,  como  já 
adverti  (3).  A  última  nomeação  de  chanceler  da  Casa  do  Cível  havia  sido  feita,  em  virtude 
da  aposentação  concedida  ao  dr.  Álvaro  Pires,  do  conselho,  e  por  carta  dada  em  Évora,  a 
26  de  Maio  de  1490,  Rui  de  Pina  a  fez,  e  recaíra  no  dr.  Nuno  Gonçalves,  outrosim  do  con- 
selho (4). 

No  tal  falso  documento  declara-se  ter  sido  o  diploma  selado  com  o  selo  pendente;  mas 
de  tal  asserção  nenhum  vestígio  se  encontra.  .E  não  paga  a  pena  perder  mais  tempo  com 
este  caso. 

II 

MEM  CERVEIRA,  ALFERES  MOR  DE  SANTARÉM,  pág.  3 18 

Na  citada  página  descrevo  em  nota  o  brasão  dos  Cerveiras,  conforme  se  encontra  nas 
fontes  lá  citadas  as  quais  são  dos  anos  de  iSog,  i5ij  e  i520  e  tantos.  Doutras  armas  con- 
tudo usou  o  alferes  mor  da  bandeira  de  Santarém,  Mem  Cerveira,  vivo  por  esses  tempos,  e 
que  edificou  uma  capela  a  qual,  pelo  pouco  ainda  subsistente,  se  conhece  haver  sido  de  pri- 
moroso lavor. 

Mem  Cerveira  foi  um  simples  «cavaleiro  da  criação  dos  Reis  que  Santa  Glória  hajam»^ 
um  modesto  soldado,  um  pacífico  cidadão  de  Santarém  (5),  de  quem  não  ficou  nomeada 
nas  crónicas;  mas  nele  existiu  o  amor  da  Arte,  do  qual  nos  deixou  a  prova  na  sua  capela 
-vandálicamente  demolida.  Destruiram-lhe  impiedosamente  o  padrão  do  seu  bom  gosto,  a 
única  memória  destinada  a  perpetuar-lhe  o  nome,  é  justo  que,  ao  menos  aqui,  dele  e  da  sua 
obra  fique  breve  notícia. 

Levantou  Mem  Cerveira  a  sua  capela,  com  a  invocação  de  S.  Bartolomeu,  no  convento 
de  S.  Domingos  de  Santarém,  na  igreja,  onde  era  a  primeira  do  lado  da  epístola  no  alto  da 
nave,  ficando  portanto  não  muito  longe  da  outra  capela  de  S.  Pedro,  jazigo  dos  Sens,  a  qual 
era  a  segunda  no  cruzeiro  daquela  mesma  banda,  e  a  ela  me  hei  de  referir  no  artigo  dos  Al- 
meidas. 

Testemunha  de  vista  dá  da  capela  de  Mem  Cerveira  esta  descrição  em  1740:  «he  tam- 
bém funda  para  dentro;  tem  nella  hum  meyo  arco  de  pedraria  lavrada,  em  forma  de  obra 
Moisaica,  embebido  na  parede,  em  que  se  vê  huma  grave  sepultura  de  boa  pedra,  com  huma 
figura  de  hum  varaÕ  deitado,  esculpido  na  tampa  do  caixaÕ  da  mesma  sepultura,  vestido 
todo  de  armas  brancas,  e  em  baixo  está  o  seguinte  letreiro :  Aqui  ja^  Francisco  de  Fariãj 
fidalgo  da  casa  delRei  nosso  Senho?-;  o  qual  falleceo  a  nove  de  Junho  de  iSaS»  {6).- 

Este  letreiro  não  estava  contudo  gravado  na  sepultura  principal,  mas  sim  no  pavimento 


(i)  Forais  antigos,  maço  11,  n.'  ^i,  apontada  por  J.  P.  Ribeiro  nas  Memorias  do  Real  Archivo,  pág.  5r),  nota  5. 

(2)  Chancelaria  áe  D.  Manuel,  liv.  41.",  fl.  i3,  desconhecida  de  J.  P.  Ribeiro. 

(3)  A  Chancellaria  de  D.  João  II,  no  Archivo  histórico  portuguez,  II,  338. 

(4)  Ibidem,  liv.  i3.»,  fl.  66. 

(5)  Aparece  um  Mem  Cerveira,  escudeiro,  com  1200  libras  de  moradia  na  casa  de  D.  Joáo  I  (Soares  da  Silva» 
Memorias  de  D.  Jodo  I,  IV,  219);  não  me  atrevo  contudo  a  identificá-lo  com  o  Alferes  mor  da  bandeira  de  San- 
tarém. 

(b)  P.«  Inácio  da  Piedade  e  Vasconcelos,  Historia  de  Santarém,  II,  74. 


328 


Brasões 


da  mesma  capela  sobre  uma  campa  rasa,  que  cobria  os  restos  do  genro  do  fundador  (i). 
No  moimento,  segundo  informa  o  consciencioso  autor  do  artigo  da  citada  colecção,  ninguém 
foi  sepultado,  porque  Mem  Cerveira,  que  o  erigiu,  jaz  na  igreja  de  S.  João  de  Rio  Maior. 

Da  capela  existem  dois  preciosos  vestígios  no  Museu  distrital  de  Santarém.  Aqui  os 
reproduzo  conforme  o  desenho  que  o  meu  excelente  amigo  António  Bernardo  de  Figueiredo, 
major  de  artelharia,  me  enviou  poucas  semanas  antes  de  morrer,  quando  já  estava  bem 
doente.  Fora  ele  também  quem  já  para  mim  fizera  os  desenhos  tirados  da  capela  dos  Sens, 
lá  adiante  gravados;  foi  êle  quem  descobriu  na  rua  da  Judiaria  de  Santarém  a  velha  casa,  que 
pode  muito  bem  ter  sido  a  do  valoroso  alferes  de  Toro,  Duarte  de  Almeida,  o  Decepado,  à 
qual  no  artigo  dos  Almeidas  me  referirei  também;  e  foi  éle  finalmente,  quem  me  ministrou 
as  muitas  e  interessantes  informações  tantas  vezes  indicadas  nesta  obra. 

Fazia-o,  não  só  como  amigo  dedicado,  mas  também  e  sobretudo  pelo  amor  que  consa- 
grava à  história  pátria.  Homem  de  bem  às  direitas,  era  muito  sabedor  e  estudioso,  e  na 
Companhia  Rial  dos  Caminhos  de  Ferro  Portugueses,  onde  foi  empregado  muitos  anos, 

prestou  relevantes  serviços,  os  quais,  ultimamente,  desde  a 
entrada  da  gente  francesa  e  afrancesada,  lá  hoje  (igoS)  domi- 
nante, não  eram  apreciados  como  mereciam;  talvez  frustras- 
sem ou  estorvassem  arranjos.  Ele  sabia-o,  mas  satisfazia-se 
com  o  louvor  da  sua  "consciência,  e  morreu  tranquilo  a  29  de 
Março  de  1902,  distinguindo  bem  os  amigos  verdadeiros  dos 
falsos  e  hipócritas. 

Os  desenhos  que  êle  me  mandou  são  os  dois  aqui  repro- 
duzidos, tirados  ambos  de  fechos  da  abóbada  da  'capela  de 
Mem  Cerveira. 

Num,  vé-se  o  escudo  das  armas  dos  Cerveiras,  como  o 

trazia  o  alferes  mor  de  Santarém;  no  outro,  a  sua  empresa 

cuja  significação  ignoro,  e  a  sua  divisa.  Este  é  o  meu  prazer, 

três  vezes  repetida  na  bordadura,  lendo-se  mais,  no  centro, 

as  palavras  A  seu  tempo. 

Mem  Cerveira  foi  de  uma  família  nobre  de  Santarém,  ou 
do  seu  termo.  Pode-se  presumir,  despresando  fantasias  de 
genealogistas,  haver  éle  sido  filho  de  um  Fernão  Cerveira, 
pai  de  Isabel  Cerveira,  mulher  de  seu  parente  além  do  quarto 
grau  Pêro  Cerveira,  morador  na  Azinhaga,  moço  da  câmara 
dos  infantes  D,  Henrique  e  D.  Fernando,  duques  de  Viseu.  De 
Fero  e  de  Isabel  foi  filho  outro  Fernão  Cerveira,  a  quem  foi 
passada  carta  de  brasão  em  i3  de  Dezembro  de  iSoy,  naqual, 
além  do  referido,  se  declara  ser  êle  sobrinho  de  Mem  Cerveira,  cavaleiro  da  casa  dei  Rei  (2) 
Presumo  haver  sido  Mem  irmão  de  Isabel,  e  não  de  Pêro,  porque  êle  afirma  no  seu  tes- 
tamento, a  que  mais  largamente  logo  me  referirei,  haver  administrado  o  morgado  de  S.  João 
de  Rio  Maior;  e  encontro  possuidor  de  «uma  quinta  de  morgado,  a  que  chamam  S.  João  de 
Rio  Maior»  (a  mesma  posteriormente  pertencente  a  Mem)  a  um  Fernão  Cerveira,  que 
deverá  ser  seu  pai,  por  os  documentos  parecerem  indicar  ter  a  Fernão  sucedido  directa- 
mente Mem. 


(i)  Retratos  e  elogios  cios  varões  e  donas,  no  artifio  relativo  a  Mem  Cerveira. 
(2)  Sanches  de  Baena,  Archivo  heráldico,  pág.  63o,  n."  xxvi. 


Pereiras  329 

Fora  o  morgado  insiituído,  como  declara  o  mencionado  testamento,  por  «Estêvão  Mar- 
tins Cerveira,  cavaleiro,  que  jaz  na  igreja  de  S.  João  de  Rio  Maior» ;  e  veio  a  possuí-lo  Fernão 
Cerveira,  escudeiro  da  casa  dei  Rei,  a  quem  foi  dada. em  Estremoz,  a  lo  de  Junho  de  1447, 
uma  carta  de  privilégios  de  coutada  para  a  referida  quinta  (i).  Nela  sucedeu  directamente 
a  Fernão,  segundo  parece,  Mem  Cerveira,  a  quem,  sendo  cavaleiro  dei  Rei  e  morador  em 
Santarém,  foi  dada  por  D.  Afonso  V  nesta  vila,  a  16  de  Julho  de  1474,  análoga  carta  de  pri- 
vilégios para  a  mesma  quinta,  carta  que  D.  João  II  confirmou  por  outra  de  28  de  Maio  de 
1487(2). 

K  de  presumir  que  Mem  Cerveira  tivesse  militado  na  guerra  da  invasão  de  Castela,  na 
qual  seu  cunhado,  ou  irmão,  Pei»  Cerveira  prestou  serviços  merecedores  de  galardão  (3); 
é  de  presumir,  repito,  porque  em  Toro,  poucos  dias  após  a  batalha,  a  18  de  Março  de  1476, 
fez  D'.  Afonso  V  doação  a  Mem  Cerveira,  cavaleiro  de  sua  casa,  em  sua  vida,  pelos  seus  ser- 
viços, dos  direitos  das  jugadas  que  à  fazenda  rial  pagavam  os  lavradores  da  sua  quinta  de 
S.  João  de  Rio  Maior  (4).  Terminada  a  campanha  parece  ter  Mem  Cerveira  recolhido  a 
sua  casa  em  Santarém,  onde  exerceu  os  ofícios  de  contador  da  aposentadoria  (5),  de  con- 
tador'e  juiz  dos  resíduos  e  terças  dos  concelhos  apropriados  às  obras,  e  de  provedor  dos 
hospitais,  albergarias  e  gafarias  de  Santarém  e  Alenquer  (6).  Também  foi  alferes  mor  da 
bandeira  de  Santarém,  como  ele  próprio  declara  no  seu  testamento,  mas  não  encontrei  a 
carta  de  nomeação,  provavelmente  feita  pela  Câmara  da  vila. 

Escreveu  Mem  Cerveira,  por  sua  própria  mão,  o  seu  testamento  a  10  de  Novembro  de 
1 520(7),  ^  j'^  tinha  falecido  a  6  de  Fevereiro  do  ano  seguinte  (8). 

Transcreverei  algumas  verbas  daquele  curiós©  papel,  porque  elas  mostram-nos  o  homem 
e  os  tempos. 

Depois  de  uni  longo  exórdio,  encomendaudo  a  sua  alma  a  Deus,  manda  enterrar  o  seu 
corpo  «na  minha  capela  de  S.  Bartolomeu,  que  eu  fiz  no  mosteiro  de  S.  Domingos,  em  o 
moimento  que  mandei  fazer».  Determina,  por  ser  irmão  da  Ordem,  que  o  amortalhem  no 
hábito  de  S.  Domingos,  dando-se  logo  outro  novo  ao  frade  que  ceder  o  seu;  que  no  dia  do 
seu  finamente  se  façam  sinais  em  três  igrejas,  mas  não  quer  convites,  «que  não  chamem 
nem  roguem  pessoas  algumas»,  diz  êle;  que,  se  falecer  «fora  desija  vila,  onde  vivo,  ...  à 
minha  custa  seja  logo  sem  detença  trazido  à  dita  capela»;  que  no  dia  do  enterramento 
venham  todas  as  Ordens,  «e  ofertarão  ao  enterramento  trinta  e  um  alqueires  de  trigo  e  um 
quarto  de  vinho,  e  levarão  com  o  corpo  presente  quinze  tochas  e  mais  a  cera  acostumada»»; 
que  os  seus  frades  de  S.  Domingos  lhe  digam  uma  missa  cantada  com  suas  hora^s  e  ladainhas, 


(1)  Liv.  i3.°  da  Estremadura,  fl.  3. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  21.",,  fl.  121. 

(3)  Por  carta  de  16  de  Março  de  M76,  dada  cm  Toro,  foi  acrescentado  o  mantimento  que  Pcro  Cerveira  havia 
com  o  ofício  de  escrivão  das  sisas  e  posições  na  Azinhaga  e  Golegã,  fazendo-se-lhe  esta  mercê  em  virtude  do  «serviço 
que  me  tem  feito  em  estes  meus  reinos  de  Castela».  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  6.°,  fl.  loi  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  6.",  fl.  58  v.;  confirmada  por  D.  João  II,  em  Santarém,  a  28  de  Maio  de 
1487,  e  por  D.  Manuel,  na  mesma  vila,  a  4  de  Novembro  de  149'i.  —  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  ig.",  fl.  41. 

(5)  Neste  oficio  foi  nomeado  por  D.  Afonso  \',  mas  na  sua  Chancelaria  existe  a  carta  incompleta;  foi  porém  con- 
firmada por  D.  João  II,  em  Évora,  a  3o  de  .Maio  de  i4^?>,  e  por  D.  Manuel,  em  Montemor  o  Novo,  a  5  de  Fevereiro  de 
1496.  —  Chancelarias  de  D.  João  II,  liv.  6.",  fl.  100,  e  de  D.  Manuel,  liv.  32.",  fl.  89. 

(6)  Para  estes  ofícios  foi  nomeado  por  carta  dada  em  Montemor  o  Novo,  a  5  de  P'evereiro  de  1496. —  Chancelaria 
de  D.  Manuel,  liv.  32.",  fl.  111. 

(7)  Torre  do  Tombo,  Convento  de  S.  Domingos  de  Santarém,  liv.  5.°,  Testamentos,  fl.  107  v. 

'8)  Carta  daquela  data  pela  qual  foi  Francisco  de  Faria,  cavaleiro  da  casa  dei  Rei,  nomeado  contador  da  aposeci- 
tadoria  de  Santarém,  como  até  então  o  havia  sido  Mem  Cerveira,  «que  ora  faleceu».  —  Chancelaria  de  D.  Manuel, 
liv.  37.°,  fl.  iio. 

voi..  I  -  42 


33o  Brasões 

«e  seja  ofertada  com  dois  alqueires  de  pão  cozido  e  um  almude  de  vinho,  e  suas  candeias  e 
insenso,  e  de  esmolas  trezentos  reais,  dois  círios,  cada  um  de  um  arrátel,  c  doze  pescadas 
secas»,  heclara  que  sua  primeira  mulher,  Isabel  de  Montarroio,  e  o  filho  d'entre  ambos 
havido,  Kui  Mendes,  estão  sepultados  na  capela  dos  Reis  da  mesma  igreja,  e  por  suas  almas 
manda  fazer  certos  sufrágios.  Nomeia  por  primeira  administradora  da  capela  que  institui, 
a  de  S.  Bartolomeu,  a  sua  segunda  mulher  Leonor  Alvares,  e,  não  querendo  ela  aceitar,  ou 
por  sua  morte,  ficará  a  sua  filha  Leonor  de  Montarroio,  casada  com  Francisco  de  Faria, 
andando  sempre  esta  administração  na  pessoa  que  houver  a  do  já  referido  morgado  de 
S.  João  de  Rio  Maior.  Aparta  da  sua  terça  para  a  capela  o  casal  de  Cabanas  e  outros 
bens;  menciona  as  suas  casas  de  S.  Nicolau,  provavelmente  aquelas  em  que  vivia;  e  nomeia 
por  testamenteiras,  em  primeiro  lugar  a  sua  mulher,  e  depois  a  sua  filha.  Finalmente,  arre- 
mata por  esta  forma. 

«Item,  porque  naturalmente  a  ausência  causa  esquecimento  e  desamor,  de  que  se  segue 
as  pi^ssoas  virem  a  perder  a  liai  amisade  que  a  seus  maiores,  padres,  madres,  e  avós,  e  ascen- 
dentes, devem,  o  que  assim  vemos  por  experiência,  que  quási  é  já  a  todos  notório;  por  onde, 
o  que  a  bom  fim  se  ordena,  vem  depois  em  dano  e  pecado  dos  que  o  não  querem  cumprir; 
€  caso  que  eu  testador  o  contrário  dêsto  confio,  porque  espero  na  misericórdia  de  nor-so 
Senhor,  que  pela  guisa,  que  eu  em  minha  vida  o  fiz,  não  somente  aos  que  por  natureza,  obri- 
gação natural,  são  obrigados,  mas  a  outros,  que  ao  presente  calo;  digo,  que  sem  embargo 
da  tal  confiança,  que  dos  bons  è  virtuosos  eu  tenho,  que  o  bem  hajam  de  fazer,  porem, 
porque 'com  a  longura  dos  tempos  podem  vir  pessoas  de  desvairadas  condições,  que  o  que 
feito  tenho  neste  testamento  lhe  não  pareça  bem,  e  o  não  queiram  cumprir,  o  que  Deus 
nosso  Senhor  não  queira;  digo,  que  qualquer  que  contra  este  meu  testamento  fòr,  em  parte 
•ou  em  todo,  e  contrariar  de  feito  ou  auto,  para  se  não  dever  de  cumprir,  como  nele  é  orde- 
nado, a  maldição  e  destruição  de  Sodoma  e  Gomorra  venha  sobre  ele  com  a  maldição  dos 
profetas  ao  povo  judaiòo,  suas  casas  sejam  desertas,  e  suas  herdades  destruídas;  e  aqueles 
que  o  contradisserem,  suas  mulheres  sejam  viúvas,  e  seus  filhos  órfãos,  e  os  estranhos  co- 
brem suas  riquezas,  e  o  seu  poderio  outrem  haja,  e  não  seja  a  eles  misericórdia,  e  a  sua 
oração  seja  feita  em  pecado,  seus  dias  sejam  poucos,  e  não  seja  a  êle  ou  a  eles  nenhum 
adjutório,  nem  se  amercie  Deus  de  seus  pecados,  e  seja  vestido  de  maldições,  e  a  desaven- 
tiira  entre  com  êb  como  água  em  terra.  E  se,  sem  temor  das  sobreditas  maldições  e 
sem  embargo  delas,  algum  ou  alguns  contra  o  dito  meu  testamento  forem,  do  dia  que  contra 
êle  forem  a  nove  dias,  eu  o  emprazo  e  hei  por  emprazado,  ou  emprazados,  que  até  nove 
dias  primeiros  seguintes  m.e  vão  responder,  e  estar  a  juizo  para  o  Juiz  Universal,  Cristo 
Jesus,  nosso  Senhor  e  Redentor». 

Pois,  apesar  disto  tudo,  nem  sequer  a  filha  ou'  o  genro  trouxeram  o  cadáver  de  Mem 
Cerveira  para  o  seu  querido  moimento,  de  tanto  seu  desvanecimento  !  ;  Para  aquela  capela, 
que  na  sua  divisa  êle  apregoava  Èsie  é  o  tneu  prazer J  ;  Para  aquela  sepultura,  onde  A  seu 
tempo  êle  esperava  descançar  eternamente!  E  «o  contrário  desto  confio»,  diz  êle  no  seu 
testamento;  [bem  enganado  estava! 

O  pai  de  Francisco  de  Faria,  genro  de  Mem  Cerveira,  foi  o  mestre  Gil,  cirurgião  que  havia 
sido  do  duque  de  Viseu  D.  Diogo,  em  cuja  casa  recebia  de  moradia,  calçado,  cevada,  ração, 
e  vestiaria,  treze  mil  seiscentos  e  sessenta  e  três  reais  por  ano  (i),  e  que  depois  foi  cirurgião 
mor  dei  rei  D.  Manuel  e  de  sua  irmã  a  rainha  D.  Leonor. 


(i)  Consta  da  carta  de  tença  da  mesma  quantia,  dada  ao  mestre  Gil  pelo  Duque  I).  Manuel,  em  Montemor  o 
Novo,  a  3  de  Fevereiro  de  1485.    -   Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  31.",  íl.  63  v. 


Pereiras  ,  33 1 

A  mãe  foi  Guiomar  de  Faria,  que  já  estava  viúva  a  19  de  Julho  de  i5ii,  data  da  carta 
de  doação  da  renda  das  saboarias  de  Palmela,  a  qual  vagara  por  morte  de  seu  marido  (1). 
Por  esta  mesma  ocasião,  a  16  do  referido  mês,  fora  feita  mercê  a  Francisco  de  Faria,  cava»- 
leiro  da  casa  dei  Rei,  dos  vinte  e  três  moios  de  pão  meado  que  seu  pai  tivera  pelas  rendas 
da  vila  de  Tomar,  onde  ao  filho  também  serão  pagos  (2). 

Leonor  de  Montarroio,  filha  de  Mem  Cerveira,  parece  estar  já  casada  em  10  de  Feve- 
reiro de  014  com  Francisco  de  Faria,  porque  êle  então  exercitava,  provavelmente  pelo  sogro, 
o  ofício  de  contador  dos  terços  e  resíduos  da  comarca  de  Santarém,  como  declara  uma 
carta  de  padrão  com  salva,  dada  em  Almeirim  naquela  data  ao  referido  Francisco  de  Faria, 
de  uma  tença  de  oito  mil  reais,  por  êle  comprada  a  Rui  Fernandes,  «tangedor  da  Rainha 
minha  irmã»  (3),  a  rainha  D.  Leonor. 

De  Franciscp  foi  irmão  o  dr.  Diogo  de  Faria,  também  físico  e  cirurgião  mor  dei  rei 
D.  Manuel  e  da  rainha  D.  Leonor. 


íii  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  8.»,  fl.  68- 

(2;  Ibidem. 

(3)  IbidcBi,  liv.  i5.",  fl.  6  v. 


I 


XI 


VASCONCELOS 


Brasões  da  Rala  de  Sintra,  Vol.  I. 


De  negro,  três  faxas  veiradas  e  contraveiradas  de  prata  e  vermelho. 
Timbre:  liao  de  negro,  armado  e  linguado  de  vermelho,  e  carregado  das 
peças  do  escudo. 

Com  as  faxas  simplesmente  veiradas  encontra-se  o  escudo  deste  brasão 
no  Lwro  do  Amieiro  mor,  fl.  53,  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo  v., 
nos  Tropheos  lusitanos  de  Soares  de  Albergaria,  fls.  55  e  Ç)6  mihi,  no  The- 
soitro  da  nobreza  de  Francisco  Goe»lho,  fl.  40,  no  Thesouro  da  nobreza  de 
Fr.  Manuel  de  Santo  António,  v-12,  em  várias  cartas  de  brasão  de  i5i4, 
i5i5  e  outros  anos  apontadas  na  Armaria  portuguesa  no  artigo  Vasconcelos. 
Com  as  faxas  veiradas  e  contraveiradas,  forma  errada,  trazem  também  este 
escudo:  Fr.  António  Brandão,  na  Monarchia  lusitana,  III,  lyS;  Fr.  Leão  de 
Santo  Tomás,  na  Benedictina  lusitana,  II,  498 ;  e  em  cartas  de  brasão  de 
i53o,  i533,  etc.  apontadas  na  citada  Armaria.  João  Salgado  de  Araújo,  no 
seu  Suinario  de  la  familia  de  Vasconcelos,  fl.  18,  traz  este  escudo  errado, 
declarando  ser  o  campo  de  vermelho  e  as  faxas  de  veirado  de  branco  e  negro. 

O  timbre,  como  está  pintado  na  sala  de  Sintra,  aparece  também  no  The- 
souro da  nobrecia  de  Francisco  Coelho  e  numa  carta  de  brasão  de  1709(1). 
Com  muito  pequena  diferença,  pois  que  esta  consiste  apenas  em  o  lião  não 
ser  armado,  nem  linguado  de  vermelho,  encontra-se  o  timbre  dos  Vasconcelos 
em  cartas  de  brasão  dos  anos  de  i53o,  1540  e  i552(^).  Numa  carta  de  brasão 
de  ,3  de  Abril  de  i533  (3)  descreve-se  o  lião  do  timbre  como  nas  precedentes, 
mas,  por  excepção,  nascente.  O  mesitio  dizem  quási  todos  os  autores  por- 
tugueses, que  têem  tratado  de  heráldica. 

Apesar  desta  quási  unanimidade  entendo,  pelas  razoes  apontadas  no  artigo 


(i)  Copiada  no  Archivo  heráldico  do  Visconde  de  Sanches  de  Baena,  pág.  655. 

(2)  Armaria  portuguesa^  pág.  524. 

(3)  Ibidem. 


336  Brasões 

dos  Pereiras,  pág.  3oi,  dever  prevalecer  a  todos  a  autoridade  especial  do 
Livro  da  Torre  do  Tombo,  e  que,  conforme  com  este,  deverá  o  timbre  dos 
Vasconcelos  ser  um  Hão  de  oiro,  carregado  das  faxas  do  escudo.  Desta  mesma 
opinião  era  em  iõi5  o  bacharel  António  Rodrigues,  Portugal  principal  rei  de 
armas,  na  carta  de  brasão  concedida  a  «Duarte  Lopes  de  Vasco  goncellos» 
em  IO  de  Março,  dizendo:  «e  por  timbre  um  lião  de  oiro  assentado  com  as 
três  faxas  das  armas»  (i).  Depois  mudou  de  parecer,  nas  cartas  de  i53o, 
1640  e  i552. 

I 

SENHORES  DA  TORRE  DE  VASCONCELOS 

Houve,  eu  falo  sempre  no  pretérito,  não  só  porque  Já  hoje  tudo  isto  acabou, 
mas  também  porque  só  o  passado  me  interessa;  houve  pois  duas  famílias  di- 
versas de  Vasconcelos,  ou  melhor  três:  a  dos  legítimos,  a  dos  de  Penela 
daqueles  derivada  por  uma  senhora,  e  a  dos  do  Esporão,  destroncados  ou 
pouco  menos.     De  todas  três  darei  resumida  notícia. 

Ponho  completamente  de  parte  infantes  Velosos  e  outros  petas  seme- 
lhantes, e  começarei  em  Martim  Moniz,  o  legendário  herói  da  porta  da  alcá- 
çova de  Lisboa  (2).  E  começo  neste,  porque  o  testamento  de.  um  de  seus 
filhos  a  isso  me  autoriza. 

Conforme  o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro  (3)  casou  Martim  Moniz  com 
D.  Teresa  Afonao  e  dela  teve:  Pedro  Martins  da  Torre,  João  Martins  Salsa 
e  Martim  Martins,  arcediago  de  Braga. 

No  cartório  das  capelas  do  arcebispo  D.  Gonçalo  Pereira,  junto  à  Sé"  de 
Braga,  estava  o  testamento  do  arcediago  Martim  Martins;  lá  o  viu  Gaspar 
Álvares  de  Lousada  e  dele  fez  largo  extracto,  esquecendo-lhe  a  data  (4). 

Nesse  instrumento  declara  o  testador  ser  filho  de  Martim  Moniz.;  institui 
por  seu  herdeiro  universal  a  seu  sobrinho  Estêvão  Anes,  filho  de  João  Peres 


(i)  Armaria  portuguesa,  pág.  524. 

(2)  Na  era  de  1187  (A.  D.  1149)  o  «famulus  Dei  Martinus  Moniz»  fez  doação  de  dois 
casais  cin  villa  Boneli»  (é  a  freguesia  de  Boêlhe,  no  concelho  de  Penafiel)  ao  altar  do  Sal- 
vador de  Paço  de  Sousa  {Documentos  para  a  historia  portugue:^a,  pág.  i56).  Nas  Inquirições 
de  D.  Afonso  III  do  ano  de  i258  ainda  esses  casais  eram  do  mosteiro,  que  declara  tê-los 
tido  «de  testamento  herdatorum»  {Portugaliae  momimenta  histórica.  Inquisitones,  pág.  586). 
D'aqui  pode-se  concluir  haver  Martim  Moniz  sobrevivido  pelo  menos  dois  anos  à  tomada  de 
Lisboa  .''  Não,  porque  não  estão  bem  identificados  os  dois  Martins  e  era  preciso  averiguar 
cabalmente,  se  a  família  dos  Vasconcelos  foi  herdada  para  aquelas  bandas,  para  o  que  não 
tenho  encontrado  elementos. 

(3)  Portugaliae  momimenta  histórica.  Scriptores,  pág.  365. 

(4)  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  fl.  452  v.,  mihi. 


■*     jp 


Vasconcelos  SSy 

de  Vasconcelos;  e  deixa  um  legado  em  terra  de  Santa  Maria  a  Pedro  Anes 
de  Alvelos,  que  é  o  filho. dado  pelos  nobiliários  antigos  a  João  Martins  Salsa 
e,  conforme  os  mesmos,  o  progenitor  dos  Alvelos.  Do  testamento  só  isto 
aproveitarei  e  basta  para  o  meu  intento,  por  ficar  provada  a  existência  dos 
três  filhos  de  Martim  Moniz,  apesar  de  não  serem  nomeados  se  não  os  dois 
netos,  o  Vasconcelos  e  o  Alvelos;  mas,  pelos  patronímicos  destes,  tiram-se 
os  nomes  dos  pais.  E  não  fica  só  isto  provado,  também  fica  sabido  quando 
teve  princípio  o  uso  dos  referidos  apelidos. 

Pedro  Martins  da  Torre,  o  primeiro  filho  de  Martim  Moniz,  tirou  o  ape- 
lido, é  evidente,  do  senhorio  de  uma  torre  e  esta  já  podia  ser  a  de  Vascon- 
celos na  freguesia  de  Santa  Maria  de  Ferreiros,  do  concelho  de  Amares. 

A  primeira  referência  ao  lugar  de  Vasconcelos  encontra-se  nas  Inquirições 
de  1258  (i),  na  paróquia  de  Santa  Maria  de  Ferreiros:  «Item,  dixerurit  que 
VasconceIos*é  Onra»  (2).  Nas  de  1288  declararam  as  testemunhas  que  Vas- 
concelos, Rio  Bom  e  Banaria  constituíam  uma  honra  de  Rodrigo  Anes  e  Pedro 
Anes  de  Vasconcelos,  honra  muito  antiga,  pois  constava  ter  sido  criada  em 
tempo  de  D.  Egas  Fáfez  (3).  Pelas  mesmas  Inquirições  consta  possuírem 
então  os  de  Vasconcelos  outra  honra  constituída  por  toda  a  vila  de  S.  Sal- 
vador de  Amares,  a  qual  houveram  por  escambo  com  a  Ordem  do  Hospital  (4). 
Foi  julgada  por  honra  nas  sentenças  de  1290(5).  Foram  estas  honras  pos- 
suídas por  João  Peres  de  Vasconcelos,  como  se  colhe  da  acta  relativa  à  fre- 
guesia de  S.  Salvador  de  Vilar  do  Monte,  onde  por  outra  sentença  foram 
mandadas  honrar  as  casas  e  herdades  dos  de  Vasconcelos  (6).  Já  então  era 
João  Peres  de  Vasconcelos  falecido,  como  expressamente  é  declarado  nos 
depoimentos,  e  talvez  tivesse  morrido  antes  de  Janeiro  de  i265,  segundo  se 
pode  deduzir  dos  documentos  a  seguir  apontados. 

D.  Sancha  Peres,  vizinha  de  Santarém,  constituiu,  por  instrumento  de 
procuração  lavrada  naquela  vila  a.  6  de  Janeiro  da  era  de  i3o3  (i265),  seus 
procuradores  a  seus  sobrinhos  Rodrigo  Eanes  e  Pedro  Eanes  de  Vasconcelos 
a  fim  de  em  seu  nome  outorgarem  numa  escritura  de  troca  de  propriedades  (7). 


(i)  Nas  Inquirições  de  1220  toda  a  paróquia  de  Santa  Maria  de  Ferreiros  era  rialenga.  — 
Portugaliae  monumenta  histórica.  Inquisitiones^  pág.  92;  Pedro  de  Azevedo,  Os  de  Vascon- 
cellos,  no  Archivo  histórico  portuguez,  II,  878,  n.°  i. 

(2)  Portugaliae  monumenta  histórica.  Inquisitiones,  pág.  426;  Os  de  Vasconcellos  cit.^ 
pág.  378,  n.°  II. 

(3)  Os  de  VasconcelloSf  cit.,  pág.  378,  n,"  iii. 

(4)  Ibidem. 

(5)  Ibidem^  pág.  379,  n.»  v. 

(6)  Ibidem^  n.°  iv. 

{7)  Ibidem.,  pág.  377,  doe.  i. 

TOL.  I  .  43 


338  Brasões 

Apresentaram-se  os  dois  irmãos  no  mosteiro  de  Arouca  e,  por  instrumento 
de  IV  das  nonas  de  Maio  da  referida  era  (4  de  Maio  de  i265),  celebraram 
com  a  abadessa  D.  Mor  Martins  a  ajustada  troca.  Consistiu  ela  em  D.  Sancha 
Peres  dar  à  dona  Abadessa  certo  casal  e  outro  meio  casal  por  ela  possuidos, 
recebendo  por  eles  toda  a  herdade  que  D.  Mor  Martins  havia  no  lugar  cha- 
mado de  Vasconcelos,  com  todas  suas  pertenças,  excepto  o  espiritual,  consti- 
tuido  pela  terça  parte  da  igreja  de  Santa  Maria  de  Ferreiros.  Houvera  a 
dona  Abadessa  esta  propriedade  por  morte  de  sua  mãe,  D.  Estevainha  Soa- 
res, e  concorda  na  troca  principalmente  por  amisade  pelos  ditos  Pedro  Eanes 
e  Rodrigo  Eanes  seus  sobrinhos  (i).  Com  efeito  D.  Mor  Martins  era  prima 
com  irmã  do  pai  deles,  João  Peres  de  Vasconcelos,  tendo  por  bisavô  comum 
aquele  D.  Egas  Fáfez,  em  cujo  tempo  se  criou,  como  dizem  as  testemunhas 
de  1258,  a  honra  de  Vasconcelos. 

Supõe  o  indefesso  investigador  e  meu  riiuito  presado  amigo  Pedro  de 
Azevedo,  no  seu  citado  artigo  Os  de  Vasconcellos,  ter  só,  por  ocasião  desta 
escritura  de  escambo,  entrado  a  posse  da  torre  de  Vasconcelos  na  linhagem. 
Não  posso  porem  concordar,  não  só  por  ver  na  procuração  para  se  realizar 
a  compra  já  os  procuradores  da  adquirente  se  chamarem  de  Vasconcelos, 
mas  também  porque  com  este  apelido  encontro  o  pai  deles  nomeado  nas  ci- 
tadas Inquirições  de  1290,  sendo  já  então  falecido.  Além  disso  os  de  Vas- 
concelos também  eram  descendentes  de  D.  Egas  Fáfez,  pela  mulher  de  Pedro 
Martins  da  Torre,  D.  Teresa  Soares,  filha  de  D.  Soeiro  Pires  Torta  e  de 
D.  Froilhe  Viegas,  filha  de  D.  Egas  Fáfez,  «de  Lanhoso  o  que  fez  muito  bem 
em  Randufe»,  podiam  portanto,  sem  dúvida,  terem  herdado  directamente  a 
honra. 

Foi  pois  João  Peres  de  Vasconcelos  o  primeiro  deste  nome,  e  é  o  primeiro 
desta  linhagem  nomeado  no  Livro  velho  (2).  Davam-lhe,  por  ser  mimoso, 
ou  por  afronta,  a  alcunha  de  Tenreiro;  se  é  que  o  Marquês  de  Montebelo 
não  tem  razão  em  pretender,  que  a  verdadeira  alcunha  era  Temeiro,  como 
quem  diz  teimoso,  obstinado. 

Mostrou  João  Tenreiro  a  sua  pertinácia  num  caso  contado  pelo  Nobiliário 
do  Conde  D.  Pedro  (3),  e  a  seguir  por  mim  abreviado. 

Aires  Anes  de  Freitas  matara  a  Gil  Martins,  filho  de  D.  Martim  Peres 
Ribeiro  e  primo  segundo  de  João  Tenreiro.  Tomou  este  o  caso  a  peito  e, 
simulando  haver  desafiado  a  Aires  Anes,  levou  consigo  seu  primo  direito 
Pedro'Alvelos  até  ao  mosteiro  de  Fonte  Arcada,  onde  matou  o  assassino  de 


(i)  Os  de  Vasconcellos,  cit.,  doe.  11. 

(2)  Portugaliae  mommenta  histórica.  Scriptores,  pág.  160. 

(3)  Ibidem,  pág.  3 17. 


Vasconcelos  339 

seu  outro  parente,  O  irmão  de  Aires  Anes  de  Freitas  e  outros  fidalgos  re- 
correram a  D.  Sancho  II,  que  mandou  emprazar  ao  Vasconcelos  e  ao  Alvelos. 
Compareceu  só  este,  alegando  em  sua  defesa  haver  sido  enganado  pelo  primo, 
que  o  levara  a  Fonte  Arcada  para  um  desafio  e  não  para  um  assassínio,  e 
que,  se  João  Tenreiro  o  negasse,  lhe  «metteria  as  mãos  sobre  ello».  Foi 
então  novamente  emprazado  o  fidalgo  de  Vasconcelos  para  vir  responder  ao 
repto,  e  êle  não  o  fez,  nem  à  primeira  nem  às  mais  vezes,  para  que  foi  inti- 
mado, sendo  guardadas  muito  bem  todas  as  praxes  conforme  ao  uso.  Em 
vista  disto  reuniu  el  Rei  em  Cabeço  de  Vide  um  numeroso  e  escolhido  con- 
selho, e  deu  a  sua  sentença  à  revelia  de  João  Peres.  Absolveu  a  Pedro  Al- 
velos e  lançou  todo  o  castigo  por  este  merecido  ao  que  por  si  próprio  Já  devia 
haver  João  Tenreiro,  a  quem  deu  o  crime  por  provado. 

Foi  esta  sentença  muito  louvada  e  João  Peres  de  Vasconcelos  «numca 
depois  veo  a  purgar  seu  rreto»,  dando  mais  prova  de  prudente,  que  de  valo- 
roso. 

Havia  de  se  ter  passado  este  caso  entre  os  anos  de  1228  e  1246,  pois  João 
Tenreiro  foi  em  1248  servir  a  Castela  no  cerco  de  Sevilha,  não  sei  se  por 
andar  foragido  por  aquelas  partes. 

Casou  João  Peres  de  Vasconcelos  com  Maria  Soares,  filha  de  Soeiro  Viegas 
Coelho  e  de  D.  Maior  Mendes  de  Candarei,  e  dela  teve,  conforme  o  Livro 
Velho  das  Linhagens:  o  bispo  D.  Esteve  Anes  de  Lisboa  (i),  Rodrigo  Anes 
de  Vasconcelos,  Pedro  Anes  de  Vasconcelos,  Teresa  Anes  casada  com  João 
Fernandes  Franco,  progenitores  dos  Orneias,  ou  melhor  Dornelas,  e  Maria 
Anes,  mulher,  segundo  o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  de  Aires  Rodrigues 
de  Urro. 

Pedro  Anes  de  Vasconcelos  possuiu  com  seu  irmão  mais  velho  a  honra 
de  Vasconcelos,  como  mostram  as  Inquirições  acima  citadas,  e  dele  a  des- 
cendência varonil  terminou  na  primeira  geração. 

Rodrigo  Anes  de  Vasconcelos  sucedeu  na  casa  e,  como  seu  tio  materno 
João  Soares  Coelho,  foi  trovador,  existindo  ainda  dele  seis  cantares  (2). 
Casou  e  entre  vários  filhos,  de  que  não  persiste  descendência  varonil,  nasceu 
primogénito  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos. 

Sucedeu  este  na  casa,  foi  senhor  dos  coutos  de  Freiriz  e  Penagate,  no  se- 


(i)  Bispo  muito  duvidoso.  Cfr.  D.  Rodrigo  da  Cunha,  Historia  ecclesiastica  da  igreja 
de  Lisboa^  p.  II,  cap.  65;  Fortunato  de  Almeida,  Historia  da  Igreja  em  Portugal,  I,  63o.  É 
certo  todavia  ter  existido  um  mestre  Estêvão  Anes  de  Vasconcelos,  presente  à  escritura  de 
8  de  Fevereiro  de  1268  (i23oj,  feita  em  Santarém,  pela  qual  D.  João  Peres  de  Aboim  doou 
uma  vinha  em  Alenquer,  termo  de  Santarém,  à  Ordem  do  Templo  {Livro  de  D,  João  de 
Portel,  doe.  xlvi,  no  Archivo  histórico  portuguez,  V,  65). 

(2)  D.  Carolina  Michaêlis  de  Vasconcel«s,  Cancioneiro  da  Ajuda,  lí,  558. 


340  •         •  Brasões 

gundo  dos  quais,  sendo  meirinho  mor  de  Além  Doiro,  alcançou  licença  de 
D.  Denis,  em  5  de  Outubro  de  1822,  para  edificar  na  sua  herdade  uma  casa 
forte,  a  fim  de  ter  ai  o  corpo  em  salvo,  quando  lhe  cumprisse  (i).  Esta  torre 
«toda  de  cantaria,  à  qual  se  sobe  por  uma  escada  de  mão  pella  muita  altura 
em  que  tem  a  porta,  ainda  neste  anno  de  1727  está  em  sua  perfeição  e  se  vê 
juncto  a  estrada  hindo  de  Braga  para  Ponte  de  Lima  à  mão  direita. . .  In- 
justamente largaram  de  si  este  testemunho  de  valor,  lealdade  e  nobreza  os 
senhores  que  venderão  este  couto  e  Torre»  (2). 

Casou  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos  por  duas  vezes,  tendo  sido  filho 
primogénito  do  primeiro  casamento  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  alcaide 
mor  do  castelo  de  Estremoz  (3),  onde  estivera  por  fronteiro  em  1269  numa 
das  guerras  com  Castela,  e  d'onde  foi  posto  fora  pela  arraia  meúda  nos  prin- 
cípios da  revolução  de  1 383-84.  Foi  sua  única  filha  D.  Aldonça  de  Vascon- 
celos, mulher  de  D.  Martim  Afonso  Telo  e  mãe  dos  Condes  de  Barcelos  e 
de  Neiva,  da  rainha  D.  Leonor  Teles  e  de  D.  Maria  Teles. 

Já  estava  Mem  Rodrigues  casado  pela  segunda  vez  em  i  de  Agosto  de 
1346  (i3o8)  quando,  em  Freiriz,  sua  segunda  mulher,  Constança  Afonso,  o 
constituiu  seu  procurador  para  outorgar  numa  escritura  de  troca  de  proprie- 
dades com  o  arcebispo  de  Braga  D.  Martinho,  escritura  celebrada  naquela 
•cidade  a  iii  das  nonas  de  Julho  (5  de  Julho)  do  mesmo  ano  (4).  Era  Cons- 
tança Afonso  irmã  do  bispo  de  Lisboa  D.  João  Afonso  de  Brito,  instituidor 
do  morgado  da  Arega,  por  instrumento  de  7  de  Agosto  de  1367  (1329),  a 
favor  de  seu  sobrinho  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos  (5).  Do  casamento 
de  Constança  Afonso  foram  filhos,  entre  outros,  Martim  Mendes  e  Gonçalo 
Mendes  de  Vasconcelos,  de  quem  falarei,  e  entre  as  filhas  foi  uma,  D.  Maior 
Mendes,  a  qual,  segundo  o  Marquês  de  Montebelo  seu  descendente  (6),  herdou 
a  torre  de  Vasconcelos,  e  os  mais  bens  da  casa  em  terra  de  Entre  Homem 
e  Cávado,  os  quais  passaram  aos  descendentes  de  D.  Maior  e  de  seu  marido 
Gonçalo  Machado,  hoje  representados  pelo  Conde  da  Figueira. 

Poderá  ser  que  assim  fosse;  mas  Estêvão  Rodrigues  de  Vasconcelos,  irmão 


(i)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  fl.  450  mihi.  —  Era  a  torre  de  Pena  Gati, 
como  então  lhe  chamavam,  situada  na  freguesia  de  Santiago  de  Vila  Chã,  hoje  Santiago  de 
Carreiras,  e  dela  se  obliterou  completamente  o  nome  (Pedro  de  Azevedo,  Os  de  Vasconcellos, 
cit.,  págs.  Sya-SyS). 

(2)  D.  Afonso  Manuel  de  Meneses,  Titulo  de  Vasconcelos,  n."  i5,  no  Nobiliário  coorde- 
nado por  Jorge  Salter  de  Mendonça,  tom.  XXIV,  fl.  98  mihi. 

(3)  Carta  de  8  de  Dezembro  de  1410(1372). — Chancelaria  de  D.  Fernando,\\\.  i.°,  fl.  117. 

(4)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  432  mihi. 

(5)  D.  Rodrigo  da  Cunha,  Historia  ecclesiastica  de  Lisboa,  p.  II,  cap.  88. 

(6)  Notas  ao  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  pág.  i5,  plana  3o5. 


Vasconcelos  341 

do  Mem  Rodrigues  acima  nomeado,  instituiu  em  i3o8  um  morgado,  fazendo 
dele  cabeça  a  quinta  de  Vasconcelos,  com  todas  as  suas  pertenças,  em  Entre 
Homem  e  Cávado,  e  nomeando  para  administrador  àquele  seu  irmão,  à 
mulher  deste,  e  em  sucessão  a  eles  seu  filho  Gonçalo  Mendes  e  sua  geração  (i). 
Ora  a  geração  deste  fidalgo  foi  muito  dilatada,  como  o  leitor  logo  verá,  pois 
que  dele  descenderam  todos  os  bons  Vasconcelos,  e  portanto  não  se  entende 
como  a  quinta  deste  nome  passou  aos  descendentes  de  sua  irmã,  a  não  ser 
a  vinculada  prédio  diverso  daquele  onde  estava  a  torre  de  Vasconcelos.  Em 
1642,  quando  o  Marquês  de  Montebelò,  Félix  Machado  da  Silva  Castro  e  Vas- 
concelos, dirigiu  o  seu  Memorial  a  Felipe  IV  (2),  era  ele  senhor  da  torre  de 
Vasconcelos,  na  freguesia  de  Santa  Maria  de  Ferreiros,  e  doutra  torre  no  vale 
de  Geraz,  em  terra  de  Lanhoso,  a  qual  era  o  solar  dos  Machados  e  por  alguns 
também  é  designada  impropriamente  por  torre  de  Vasconcelos.  Das  duas 
torres  era  possuidor  em  1758  um  descendente  do  Marquês  de  Montebelò, 
seu  terceiro  neto  D.  Jorge  Francisco  Machado  de  Mendoça  Eça  Castro  Vas- 
concelos e  Magalhães,  capitão  de  infantaria  residente  em  Viana  do  Castelo, 
e  alem  delas  ainda  possuia  a  casa  de  Castro  com  sua  torre  em  Carrazedo  e 
ainda  outra  torre  em  Dornelas  (3).  Foi  D.  Jorge  avô  de  D.  Maria  AmáUa. 
Machado,  sucessora  da  sua  casa  e  segunda  mulher  de  D.  José  de  Castelo 
Branco,  i.°  conde  da  Figueira (4),  título  tirado  de  um  morgado  pertencente 
à  sua  primeira  mulher  sem  ter  nada  de  comum  com  a  actual  cidade  da  Fi- 
gueira, tendo-se  dado  a  extravagância  do  título  haver  sido  renovado  em  um 
filho  da  segunda  mulher. 

No  seu  Memorial  revela-nos  o  Marquês  de  Montebelò  um  pormenor  inte- 
ressante. Por  ocasião  do  nascimento  do  príncipe  D.  Baltasar  Carlos,  tam 
meu  conhecido  dos  vivos,  expressivos  e  numerosos  retratos  de  Velásquez,  e 
portanto  nas  proximidades  de  17  de  Outubro  de  1629,  concedeu  Felipe  IV, 
a  instâncias  da  Rainha,  o  título  de  conde  de  uma  das  suas  terras  a  Félix 
Machado  (5)  e  êle  o  tomou  de  Vasconcelos  e  o  usou  durante  alguns  meses, 
até  ser  avisado  da  parte  dei  Rei  que  este  o  fazia  marquês  de  Montebelò  (6). 


(i)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  448  mihi.  —  De  i3i8  data  a  instituição, 
segundo  Clemente  Félix  na  Reposta  que  po^  aos  Oppositores  da  casa  de  Mafra  em  favor  do 
Conde  de  Figueiró,  pág.  5. 

(2)  Memorial  dei  Marques  de  Montebello,  s.  1.,  1642,  deve  ter  sido  impresso  em  Madrid. 

(3)  Memorias  paroquiaes  de  ij58  compiladas  no  Diccionario  geographico  do  P.e  Luís 
Cardoso,  apontadas  no  est.  artigo  Os  de  Vasconcellos,  págs.  365  e  372. 

(4)  Despacho  de  i3  e  carta  de  17  de  Maio  de  1810.  —  Chancelaria  de  D.  João  VI,  liv.  2i.* 
de  Doações,  fl.  172  v. 

(5)  Memona/ cit.,  pág.  212. 

(6)  Ibidem,  pág.  i38. 


342  Brasõei 

Martim  Mendes  de  Vasconcelos,  o  segundo  filho  varão  de  Mem  Rodrigues^ 
casou  com  D.  Inês  Martins,  filha  de  Martim  Pires,  senhor  de  Alvarenga,  e 
nos  descendentes  deste  casamento  continuou  o  senhorio  daquela  honra  (i),  e 
um  deles  foi  o  famoso  secretário  de  Estado  Miguel  de  Vasconcelos  e  Brito, 
vítima  da  revolução  do  i.°  de  Dezembro  de  1640.  Entrou  depois  o  morgado 
na  casa  da  Fervença  em  Barcelos. 

As  armas  dos  Alvarengas  são  em  campo  de  veiros  três  faxas  de  vermelho, 
as  dos  Vasconcelos  são  em  campo  de  negro  três  fachas  de  veirado  de  prata 
e  vermelho;  e  para  ambas  o  timbre  é  um  lião.  Há  pois  muita  analogia  entre 
os  brasões  das  duas  famílias,  e  tanto  mais  notável  se  torna  esta  semelhança, 
quanto  são  raros  os  veiros  e  veirados  nos  escudos  portugueses  (2).  Também 
entre  estes  são  de  disposição  bem  singular,  única  para  eles  ambos,  os  dos 
Almeidas  e  Meios,  e  contudo  conhece-se  menor  relação  entre  estas  duas  famí- 
lias, que  entre  as  dos  Alvarengas  e  Vasconcelos. 

II 

SENHORES  DE  SOALHÃES  E  CONDES  DE  PENELA 

Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos,  terceiro  filho  de  Mem  Rodrigues  de 
Vasconcelos,  meirinho  mor  de  Alem  Doiro,  foi.  homem  notável  no  reinado  de 
D.  Fernando  em  cuja  crónica  é  várias  vezes  nomeado.  Ele  lhe  fez  doação 
por  juro  de  herdade  da  terra  de  Soalhães  e  doutras  no  julgado  de  Vila  Chã, 
das  rendas  da  Lousã,  em  préstamo,  e  das  doutros  lugares,  e  o. nomeou  alcaide 
mor  de  Coimbra  por  carta  de  ib  de  Julho  de  1411  (iSyS),  e  por  outra  de  28 
de  Abril  de  1416  (1^*78),  sendo  êle  do  conselho,  o  autorizou  a  usar,  nos  jul- 
gados de  Soalhães,  Vila  Chã,  Loivos  e  Penela,  de  toda  a  jurisdição  como 
usam  os  condes,  os  mestres  de  cavalaria  (ordens  militares),  o  almirante,  o 
prior  do  Hospital  e  o  abade  de  Alcobaça  (3).     Por  morte  de  D.  Fernando 


(i)  Por  carta  de  8  de  Outubro  de  1423  (i 385)  confirmou  D.  João  I  a  João  Mendes  d« 
Vasconcelos  a  jurisdição  de  Alvarenga,  como  a  houvera  Martim  Pires  seu  avô.  Por  outra 
de  1 1  de  Novembro  de  1469  confirmou  D.  Afonso  V  a  precedente  a  Gonçalo  Mendes  de  Vas- 
concelos, neto  do  referido  Joane  Mendes.  —  Liv.  i."  da  Beira,  fl.  274. 

(2)  Campo  de  veiros  só  se  «ncontra  no  escudo  dos  Alvas,  na  primeira  faxa  dos  Saraivas 
e  no  segundo  e  terceiro  quartel  dos  Monroys,  mas  estes  são  espanhóis;  faxas  veiradas  só 
aparecem  nos  Vasconcelos  e  seus  derivados. 

(3)  Memórias  de  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos  nas  Chancelarias  de  D,  Fernando  e 
D.  João  I. 

Carta  porque  deu  a  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos,  em  quanto  sua  mercê"  fosse,  a 
terra  de  Pereira,  no  almoxarifado  de  Coimbra,  com  todos  os  seus  direitos  foros  e  pertenças. 


Vasconcelos  34Z 

acompanhou  a  rainha  D.  Leonor,  sua  sobrinha  neta,  para  Alenquer,  quando 
ela  para  lá  retirou,  fugindo  de  Lisboa.     Conservou-se  sempre  bastante  inde- 


-Lisboa,  7  de  Outubro  de  1407  (iSõg).  —  G.  M.  de  V.,  nosso  vassalo,  por  muitos  serviços, 
pura  doação  a  ele  e  a  todos  seus  herdeiros  e  sucessores,  por  jur  de  herdade,  da  terra  de 
Soalhães,  Gondiços  e  Duas  Igrejas  de  Vai  de  Pombos,  no  julgado  de  Vila  Chã  e  Buallim  (?), 
com  seus  termos,  jurisdições  alta  e  baixa,  mero  e  mixto  império,  salvo  as  apelações.  Coles, 
10  de  Março  de  1410  (iSya).  —  Carta  per  que  mandou  entregar  a  G.  M,  de  V.  a  terra  de 
Frades  e  os  casais  de  Sendim,  Gondinhães  e  Duas  Igrejas,  em  pagamento  de  seus  maravedis. 
Tentúgal,  12  de  Dezembro  de  1410  (1372).  —  Carta  per  que  mandou  entregar  o  castelo  de 
Coimbra  a  G.  M.  de  V.  Lisboa,  25  de  Julho  de  141 1  (i373).  —  G.  M.  de  V.,  nosso  vassalo, 
coutaiftos-lhe  a  sua  quinta  de  Nomães,  no  julgado  de  Vermoim,  como  foi  sempre  coutada 
no  tempo  dos  reis  passados.  Salvaterra  de  Magos,  28  de  Fevereiro  de  1412  (1374).  —  A  G. 
M.  de  V.,  cavaleiro,  nosso  vassalo,  pura  doação  e  a  todos  seus  herdeiros,  da  terra  de  Francos 
e  casais  de  Sandim,  com  todos  seus  direitos  e  foros.  Torres  Vedras,  25  de  Dezembro  de 
1418  (1375).  —  G.  M.  de  V.  nos  disse  que  ele  há  uma 'quinta  no  julgado  de  Penela  de  Riba 
de  Lima,  a  qual  foi  de  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos  e  no  seu  tempo  era  coutada,  etc. 
Confirma  os  privilégios  de  couto  para  a  quinta.  Tentúgal,  i5  de  Março  de  1415  (1377). — 
G.  M.  de  V.,  nosso  vassalo  e  do  nosso  conselho,  temos  por  bem  e  mandamos  que  ele  possa 
usar  e  use  de  toda  jurdição  nos  julgados  de  Soalhães,  Vila  Chã,  Loivos  e  Penela,  como  parte 
com  o  julgado  de  Ponte  de  Lima,  poendo  em  eles  juízes  em  seu  nome,  feitos  pela  guisa  que 
na  nossa  jurisdição  é  conteúdo  e  que  mandamos  que  possam  usar  os  condes  e  mestres  da 
cavalaria  e  o  almirante  e  o  priol  do  Hospital  e  o  abade  de  Alcobaça;  porem  mandamos  etc. 
Santarém,  28  de  Abril,  por  João  Afonso,  bacharel  em  leis,  seu  vassalo  e  ouvidor  da  Rainha, 
era  de  1416(1 378). — Deu,  em  quanto  sua  mercê  fosse,  a  G.  M.  de  V.  as  rendas  da  vila  da  Lousã, 
assi  como  as  havia  a  infante  D.  Beatriz,  salvo  a  jurisdição.  Valada,  8  de  Junho  de  1416 
(1378).  —  Deu  em  préstemo,  em  quanto  sua  mercê  fosse,  a  G.  M.  de  V.  os  seus  casais  em 
termo  de  Guimarães,  onde  chamam  Vizela.  Portalegre,  11  de  Abril  de  1418  (i38o).  —  Ao 
almoxarife  e  escrivão  de  Coimbra,  e  aos  juízes  e  jus,tiças  da  Lousã  mandamos-vbs,  que  logo 
vista  esta  carta  e  sem  outro  embargo  nenhum  leixedes  haver  e  recadar  e  receber  a  G.  M. 
de  V.,  nosso  vassalo,  ou  a  quem  el  mandar,  todalas  rendas  e  direitos  e  ações  dessa  vila  e 
termo,  deste  ano  que  ora  anda  da  era  desta  carta  em  diante.  Rio  Maior,  i5  de  Novembro 
de  1420  (i382).  —  G.  M.  de  V.,  nosso  vassalo,  carta  para  lhe  ser  desembargada  a  terra  de 
Varzela,  que  de  nós  tem  em  préstamo.  Rio  Maior,  7  de  Março  de  1421  (i383).  —  Chance- 
laria de  D.  Fernando.^  liv.  i.»,  fls.  46V.,  101  v.,  117,  128  v.,  141  e  285;  liv.  2.°,  fls.  2  v.,  3o,  3ov. 
e  61 ;  liv.  3.",  fls.  37  v,  e  5a  v. 

G.  M.  de  V.,  nosso  vassalo,  confirmação  da  terra  da  Lousã.  Lisboa,  19  de  Maio  de 
1422  (1384).  —  A  G.  M.  de  V.  deu,  em  quanto  sua  mercê  fosse,  a  portagem  da  cidade  de 
Coimbra.  Lisboa,  27  de  Setembro  de  1422  (1384).  —  Lerabrando-nos  em  como  G.  M.  de  V. 
fez  a  el  rei  T>.  Pedro,  nosso  p?dre,  e  a  el  rei  D.  Fernando,  nosso  irmão,  e  a  nós  muito  ser- 
viço e,  consirando  nós  em  como  o  dito  G.  M.  «he  boõ  caualeiro  leal  e  verdadeiro»,  que- 
rendo-lhe  fazer  graça  e  mercê,  faz-lhe  pura  doação  para  êle  e  para  todos  aqueles  que  dele 
descenderem  por  linha  direita,  do  reguengo  de  Cantanhede,  com  todo  seu  termo,  por  jur  de 
herdade,  com  a  jurisdição  cível  e  crime,  como  havia  o  Conde  D.  Álvaro  Pires  [de  Castro]. 
Coimbra,  16  de  Abril  de  1423  (i385).  —  O  concelho  e  homens  bons  do  julgado  de  Alvarenga 
enviaram-nos  dizer,  que  nós  não  havemos  no  dito  julgado  outra  renda  senão  tam  somente 


$44  Brasões 

ciso  sobre  o  partido  a  tomar,  apesar  de  dois  de  seus  filhos  se  terem  juntado 
logo  ao  Mestre  de  Avis.  Indeciso  se  manteve  sempre  no  castelo  de  Coimbra 
e,  apesar  de  ter  tomado  parte  nas  Cortes  lá  reunidas  em  Abril  de  i385,  pa- 
receu melhor  a  D.  João  I  substituí-lo  na  alcaidaria  e  dá-la  a  Lopo  Vásques 
de  Siqueira,  futuro  comendador  mor  de  Avis  (i).  Foi  Gonçalo  Mendes  com- 
pensado com  a  doação  de  juro  e  herdade  do  reguengo  de  Cantanhede,  por 
carta  de  i6  de  Abril  de  1423  (i385),  na  qual,  para  lhe  doirar  a  pílula,  há 
referência  aos  seus  bons  serviços  a  D.  Pedro,  D.  Fernando  e  ao  próprio 
D.  João  I,  por  ser  «boÕ  cavaleiro,  leal  e  verdadeiro».  Não  lhe  podendo 
todavia  manter  esta  doação,  deu-lhe  D.  João  I,  em  troca,  por  carta  de  20  de 
Abril  de  1427  (1389),  a  vila  da  Lousã  de  juro  e  herdade.  Morreu  em  Se- 
tembro de  1407,  deixando  testamento  no  qual  se  refere  às  suas  más  contas 
na  tutoria  dè  seu  neto  Rui  Vasques  Ribeiro  (2). 

Casou  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos  pela  primeira  vez,  antes  de  Junho 
de  1343,  com  D.  Maria  Teles  (3),  filha  de  D.  Afonso  Martins  Telo,  alcaide 
de  Marvão,  e  de  D.  Berenguela  Lourenço  de  Valadares.  Dão-lhe  os  nobi- 
liários mais  três  mulheres,  só  encontro  porém  referência  justificada  a  mais 
outra,  D.  Teresa  Rodrigues  Ribeira,  herdeira  do  morgado  de  Soalhães,  filha 
de  Rui  Vasques  Ribeiro,  2.°  senhor  daquele  vínculo. 

Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos  foi  sepultado  em  S.  Domingos  de  Coimbra 
onde  lhe  puseram  este  epitáfio:  Aqui  ja^  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcellos, 
que  foi  hum  dos  bons  cavalleiros  que  ouve  em  seu  tempo  em  Portugal  e  sua 
molher  dona  Tarefa  Ribeyra  e  seu  Jilho  Ruy  Mendes  e  dona  Leanor  Pereira 


a  jurisdição,  e  nos  pediam  por  mercê  que  a  déssemos  a  G.  M.  de  V.,  porque  foi  de  sua  avoenga. 
E  nós  vendo  etc.  Carta  da  jurisdição  cível  e  crime,  salvando  a  apelação  etc.  Guimarães, 
8  de  Janeiro  de  1425  (1387).  —  G.  M.  de  V.  carta  de  pura  doação  para  sempre,  para  êle  e 
para  seus  filhos  e  netos  e  descendentes  lídimos,  da  vila  da  Lousã,  com  a  jurisdição  cível  e 
crime,  reservando  a  correição  e  alçada.  E  esta  doação  lhe  fazemos  e  damos  em  emenda 
dos  reguengos  de  Cantanhede,  de  que  lhe  havíamos  feita  mercê  e  lhos  tiramos  e  demos  a 
outrem.  Lisboa,  20  de  Abril  de  1427  (1389). —  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.»,  fls.  35,  64, 
126  V.  e  181 ;  liv.  2.»,  fl.  16. 

(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João'I,  part.  11,  pág.  i3. 

{2)  Pedro  de  Azevedo,  Os  de  Vasconcellos  cit.,  págs.  373  e  374. 

(3)  Por  instrumento  de  i3  de  Junho  de  i38i  (i343)  fizeram-se  as  partilhas  entre  os 
filhos  de  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  comparecendo  João  Dornelas,  cavaleiro,  procurador 
de  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos  e  de  D.  Maria  Teles  sua  mulher,  e  de  Gonçalo  Esteves 
de  Tavares  e  de  Leonor  Rodrigues  [de  Vasconcelos]  sua  mulher,  filha  do  dito  Mem  Rodri- 
gues, e  ainda  Pêro  de  Oliveira,  abade  de  S.  Miguel  de  Penagate,  procurador  de  Vasco  Gon- 
çalves Barroso  e  de  sua  mulher  Mecia  Rodrigues,  também  filha  de  Mem  Rodrigues.  —  Lou- 
sada, Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  45 1  v.  mihi. 


Vasconcelos  345 

molher  que  foi  deJoanne  Mendes  que  se  finou  a  20  de  Septembro  de  1440  (i). 
Na  mesma  igreja  estava  o  túmulo  de  sua  mulher,  com  o  seguinte  epitáfio: 
Aqui  j ai  dona  Tareja  Ribeira  molher  que  foi  de  Gonçalo  Mendes  de  Vas- 
concellos  e  finousse  a  21  de  Julho  de  1428  e  foy  hutna  das  boas  donas  que 
em  seu  tempo  ouve  em  Portugal  {2), 

Filhos  varões  de  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos  nomeiam  os  nobihários 
os  três  seguintes:  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  2.°  senhor  do  julgado  de 
Soalhães  e  4.°  administrador  deste  vínculo,  seguirá;  Rui  Mendes  de  Vascon- 
celos i.°  senhor  de  Figueiró  e  Pedrógão,  ocupará  o  capítulo  IH;  e  Mem  Ro- 
drigues de  Vasconcelos.  Nomeio-os  pela  ordem  por  que  se  encontram  no 
Nobiliário  quinhentista  (3),  entendendo-se  deverem  ser  todos  filhos  de  D.  Te- 
resa Rodrigues  Ribeira,  por  ter  o  mais  velho  sucedido  tanto  no  senhorio  do 
pai,  como  no  morgado  da  mãe. 

Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos, 

Outro  também  famoso  cavalleiro, 
Que  a  ala  direita  tem  dos  Lusitanos, 
Apto  pêra  mandalos,  e  regelos, 
Men  Rodriguez  se  diz  de  Vasconcelos  (4). 

Combateu  denodadamente  na  batalha  de  Aljubarrota,  em  14  de  Agosto  de 
i385,  comandando  a  famosa  ala  dos  Namorados,  não  sendo  ainda  então  mestre 
da  Ordem  de  Santiago,  apesar  de  ter  sido  investido  neste  alto  cargo  muito 
antes  do  ano  de  1402  assinalado  na  história  impressa  da  Ordem  (5). 

Direi  muito  resumidamente  o  que  deste  célebre  cavaleiro  tenho  encon- 
trado na  Chancelaria  e  no  famoso  Livro  dos  Copos,  registo  de  documentos 
antigos  da  Ordem  de  Santiago,  mandado  fazer  pelo  seu  ínclito  Mestre  el  rei 
D.  João  II  (6).      . 

Em  fins  de  r383  começaram,  com  o  assassínio  do  Conde  Andeiro  e  a  ida 
de  D.  Leonor  Teles  para  Alenquer,  as  perturbações  que  ao  reino  trouxe  a 


(i)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  444  v.  wiiãí,  com  a  era  errada,  pois  de- 
Teria  lá  estar  1445  e  não  1440. 

(2)  Ibidem,  entendendo-se  1428  do  nascimento  de  Cristo  e  não  da  era  de  César. 

(3)  Págs.  324,  n.»'  II  e  ni,  e  pág.  328,  n."  xiv. 

(4)  Luís  de  Camões,  Lusíadas,  canto  IV,  est.  24. 

(5)  Fr.  Agostinho  de  Santa  Maria,  Historia  tripartita,  pág.  349. 

(6)  Neste  cartulário  o  último  documento,  onde  se  nomeia  o  mestre  D.  Fernando  Afonso 
de  Albuquerque,  antecessor  de  D.  Mem  Rodrigues,  tem  a  data  de  20  de  Junho  de  142 1  (i383), 
na  fl.  72  V.;  e  o  primeiro  passado  em  nome  de  seu  sucessor,  o  infante  D,  João,  é  de  16  de 
Junho  de  1460  (1422),  na  fl.  74. 

voL.  I  44 


346  Brasões 

morte  de  D.  Fernando.  Nesse  tempo  dividirara-se  logo  os  bandos  em  dois: 
o  da  Rainha,  com  os  fidalgos  principais;  o  do  povo,  com  o  Mestre  de  Avis  à 
frente. 

Mem  Rodrigues  encostou-se  de  princípio,  e  desse  lado  sempre  permaneceu, 
ao  partido  de  D.  João,  que,  sendo  regedor  do  reino,  nos  anos  de  1384  e  i385, 
desde  20  de  Maio  a  i3  de  Fevereiro,  fez  várias  doações  e  mercês  ao  seu  sol- 
dado (i).  Do  valor  e  lialdade,  com  que  este  serviu  ao  Mestre  de  Avis  no 
cerco  de  Lisboa,  dão  boa  prova  as  palavras  da  carta  de  doação  de  Monsaraz 
na  qual,  referindo-se  aos  serviços  de  Mem  Rodrigues,  se  especializam  os  feitos 
tem  estas  tribulações  nas  quais  o  dito  Mem  Rodrigues  serviu  a  nós,  e  a  estes 
reinos,  e  serve  em  cada  um  dia». 

Logo  no  primeiro  ano  do  seu  reinado,  antes  e  depois  da  batalha  de  Alju- 
barrota, continuou  D.  João  I  beneficiando  este  seu  valente  partidário  (2),  que 
já  nos  fins  deste  ano  de  i386  tinha  o  título  de  vassalo  dei  Rei,  e  a  promessa 
do  mestrado  de  Avis.  Esperava  porém  de  o  haver  o  comendador  mor  da 
Ordem,  Fernão  Rodrigues  de  Siqueira,  fidalgo  que  também  prestara  valiosos 
serviços,  e  a  quem  D.  João  1  desejava  igualmente  contentar.  Então,  para  se 
livrar  de  embaraços,  determinou  el  Rei  escolher  para  mestre  àquele  dos  dois 
que  a  Ordem  elegesse.  Venceu  Fernão  Rodrigues,  que  foi  nomeado  mestre 
de  Avis  recebendo  Mem  Rodrigues  em  compensação  o  mestrado  de  Santiago, 
declarando  el  Rei  aos  cavaleiros  e  freires  da  Ordem,  que  não  havia  por  boa 
a  eleição  por  eles  feita  de  Rui  Freire  para  seu  governador  (3). 

Confirma  os  dizeres  do  cronista  uma  carta  dei  Rei  dirigida  da  cidade  do 
Porto,  em  3  de  Fevereiro  de  1425  (iSSy),  aos  cavaleiros  e  freires  da  Ordem 


(i)  A  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  doação  do  jantar  das  Alhadas,  termo  de  Monte- 
mor o  Velho,  em  Lisboa,  a  20  de  Maio  de  1422  (1384);  na  mesma  cidade,  a  14  de  Junho, 
doação  de  bens  nela  situados  pertencentes  a  dois  criados  do  Conde  de  Barcelos;  a  20  de 
Junho,  bens  em  Beja  de  outros  partidários  de  Castela;  a  10  de  Setembro,  mais  bens  em 
Lisboa,  estes  de  um  criado  de  Gonçalo  Tenreiro,  capitão  mor  da  frota;  a  24  do  mesmo  mês, 
sempre  em  Lisboa,  doação  da  vila  de  Monsaraz  de  juro  e  herdade;  e  finalmente,  a  i3  de 
Fevereiro  de  1423  (i385),  em  Torres  Vedras,  também  de  juro  e  herdade,  doação  de  toda  a 
terra  que  Martim  Correia  havia  dei  rei  D  Fernando,  tirando  os  casais  já  doados  ao  dr.  Gil 
do  Sem,  do  conselho  do  Regedor  do  reino.  —  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.»,  fls.  11  v., 
42,  49,  39  e  8  v. 

(2)  No  Porto,  a  10  de  Abril  de  1423  (i385),  teve  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos  con- 
firmação do  jantar  das  Alhadas;  a  19  de  Maio,  em  Ponte  de  Lima,  doação  de  juro  e  herdade 
das  terras  de  S.  Martinho,  Labruja,  Labrujeira,  Santo  Estêvão  e  Jaraz;  a  6  de  Novembro,  em 
Guimarães,  já  com  o  título  de  vassalo  dei  rei,  as  rendas,  frutos,  direitos  e  foros  de  Caminha, 
também  de  juro  e  herdade;  e  a  28  de  Dezembro,  em  S.  Pedro  de  Gastei  apar  de  Chaves,  teve 
mercê  das  jurisdições  das  suas  terras.  —  Ibident,  fls.  106,  143,  162  v.  e  149. 

(3)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  I,  p.  II,  cap.  189. 


Vasconcelos  347 

de  Santiago,  na  qual  lhes  manda  que  obedeçam  a  D.  Mem  Rodrigues,  mestre 
da  Ordem,  que  se  havia  deles  queixado,  e  lhe  guardem  sua  bandeira,  coma 
sempre  o  fizeram  aos  outros  mestres  seus  predecessores  (i). 

As  bulas  são  porem  um  pouco  posteriores.  A  primeira  é  de  Urbano  VI 
c  foi  dada  em  Roma  a  xiii  das  calendas  de  Março  (17  de  Fevereiro)  do  ano  x 
do  seu  pontificado  (i388);  nela  aceita  o  Papa  a  resignação  do  mestrado  feita 
por  Estêvão,  aliás  Rui,  e  confirma  nele  a  Mem.  A  segunda  é  de  Bonifácio  IX,. 
tem  a  data  de  v  dos  idos  de  Novembro  (9  de  Novembro)  do  ano  i  do  seu 
pontificado  (iSSg)  e  confirma  a  precedente.  Ambas  foram  publicadas  em 
Lisboa,  a  10  de  Julho  de  i3gi  (2). 

Continuou  D.  Mem  Rodrigues  figurando  nos  anos  seguintes  em  vários 
documentos,  d'entre  os  quais  distinguirei  a  carta,  dada  em  Lisboa  a  25  de 
Fevereiro  de  143 1  (i393),  pela  qual  D.  João  I  fez  doação  ao  Mestre  e  à  Ordem 
«das  casas  que  chamam  da  Moeda  Velha  em  Lisboa  junto  com  a  porta  da 
Cruz,  em  que  soem  de  estar  as  Escolas,  assim  como  partem  com  rua  pública,. 
e  com  a  porta  da  Cruz,  e  com  o  muro  até. ao  mar,  e  com  casas  do  mosteiro 
dacelhas  (Cheias  ?),  e  com  casas  de  Lopo  Domingues  Caeiro. . .  das  quais  lhe 
fizemos  doação  para  em  elas  fazer  uns  paços  para  êle  e  os  mestres,  que 
depois  dele  vierem,  poderem  em  elas  poisar  quando  vierem  a  Lisboa»  (3). 

O  último  documento,  em  que  encontro  o  mestre  D.  Mem  Rodrigues  de 
Vasconcelos,  é  uma  sentença  de  1 1  de  Julho  de  1452  (1414),  pela  qual  foi 
tirada  à  Ordem  a  dizima  das  mercadorias  saídas  pela  foz  de  Setúbal  (4).  No 
ano  seguinte  dizem  ter  morrido  (5).  Não  sei  onde  foi  sepultado;  mas,  como 
já  se  chegou  a  afirmar  havê-lo  sido  no  corpo  da  igreja  de  S.  Francisco  de 
Évora,  lá  adiante  esclarecerei  o  caso"  (6). 

Não  casou,  ainda  então  isso  era  defeso  aos  cavaleiros  das  ordens  militares^  , 
mas  teve  bastardos  vários  filhos  e  filhas,  tendo  daqueles  provindo  os  Vascon-  j 
celos  de  Elvas.  Foram  legitimados  os  oito  seguintes:  Diogo  Mendes,  Inês  ' 
Mendes  e  Leonor  Mendes  de  Vasconcelos,  por  cartas  de  28  de  Dezembro  de 


(1)  Livro  dos  Copos^  fl.  69  v.  — Por  outra  carta  dada  no  arraial  de  sobre  Campo  Maior, 
a  14  de  Novembro  de  1426  (i38&),  quitou  D.  João  I  ao  mestre  D.  Mem  Rodrigues  de  Vascon- 
celos e  à  Ordem  de  Santiago  as  colheitas  riais  a  que  eram  obrigados  pela  passagem  da  água 
do  rio  do  Roixo  {Chancelaria  de  D.Afonso  V,  liv.  5.*,  fl.  Sg  v.;  Archivo  histórico  portuguez, 
IH,  4o5). 

(2)  Livro  dos  Copos,  fl.  26  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  2.",  fl,  71  v. 

(4)  Liv.  de  Direitos  riais,  fl.  237  v. 

(5)  João  Bautista  de  Castro,  Mappa  de  Portugal,  II,  44. 

(6)  Nota  I  no  fim  deste  artigo. 


348  Brasões 

1429  (iSgi),  todos  havidos  de  uma  mulher  solteira,  sendo  ele  escudeiro  (i); 
D.  Beatriz,  Diogo  Gonçalves  e  Gonçalo  Mendes,  por  cartas  de  3  de  Maio  de 
1446  (1408),  sendo  êle  mestre  e  nomeando-se  só  a  mãe  da  primeira,  que  foi 
Inês  Martins  (2);  e  finalmente  Mem  Rodrigues  e  Joane  Mendes,  por  cartas 
de  5  do  mesmo  mês  e  ano,  havidos,  sendo  êle  mestre,  um  de  Beatriz  Nunes 
€  o  outro  de  Constança  Anes  (3). 

Para  emendar  uma  data  errada  por  um  frade  tomei  tempo;  mas  por  certo 
não  o  dará  o  leitor  por  mal  empregado,  pois  lhe  disse,  àcêrca  de  um  Portu- 
guês notável,  coisas  que  talvez  ignorasse. 

Voltemos  à  sucessão  de  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos. 

Confessou  êle  no  seu  testamento,  como  já  notei,  dever  certos  dinheiros 
das  rendas  das  terras  de  seu  neto  Rui  Vasques  Ribeiro,  do  tempo  em  que 
havia  sido  seu  tutor.  Confessou  ser  a  dívida  de  quatro  mil  libras  de  dinheiros 
portugueses  de  boa  moeda  antiga,  de  duzentos  marcos  de  prata  lavrada  em 
baixela  e  de  certas  quintas  em  Entre  Doiro  e  Minho.  Não  se  conformou  Rui 
Vasques  com  o  valor  dado  ao  seu  crédito,  pediu  dele  avaliação  e  foi  a  dívida 
de  seu  tutor  fixada  em  sete  mil  e  trezentas  coroas.  Interveio  então  D.  João  I 
e,  atendendo  aos  serviços  do  finado  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  pai  de  Rui 
Vasques,  e  a  haver  casado  este  «com  Ana  Afonso,  minha  parenta»,  pagou-lhe 
as  sete  mil  e  trezentas  coroas.  Satisfeito  Rui  Vasques,  substitui-se-lhe  a 
fazenda  rial  e  exigiu  de  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  filho  sucessor  de  Gon- 
çalo Mendes,  o  pagamento  da  dívida.  Deixou  êle  correr  o  processo  à  revelia; 
foram  vendidas  as  terras  da  Lousã,  por  mil  e  setecentas  dobras.  Vila  Chã  e 
Penagate,  por  cento  e  vinte,  Soalhães,  por  cento  e  cinquenta,  Penela,  por 
setecentas,  e  Larim,  por  duzentas  e  dez.  Em  seguida  foi-lhe  comunicada  a 
arrematação  a  fim  dele  dizer  de  sua  justiça..  Acudiu  só  então  Joane  Mendes; 
reclamou  pelo  baixo  preço  das  arrematações;  e  alcançou  compôr-se  com  a 
fazenda  rial  nestas  bases:  a  vila  da  Lousã  ficaria  na  posse  da  Coroa,  no 
valor  porém  de  quatro  mil  coroas;  do  saldo  de  três  mil  e  trezentas  coroas 
seriam  abatidas  as  rendas  das  terras  desde  o  sequestro,  salvo  a  do  ano  de 
1413  da  Lousã;  e  o  restante  haveria  de  ser  pago  dentro  de  dois  anos.  Nestes 
termos  podia  Joane  Mendes  de  Vasconcelos  tomar  desde  logo  posse  das  terras 
de  Penela,  Vila  Chã,  Larim  e  Soalhães,  como  havia  antes  de  serem  seques- 
tradas.   Foi  a  composição  ratificada  por  carta  régia  de  i3  de  Setembro  de 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.°,  fl.  61  v. 

(2)  Ibidem^  \\v.  S."»,  fl.  81  v. 

(3)  Ibidem,  fls.,81  e  81  v. 


Vasconcelos  349 

1451  (i4i3)(i).  Finalmente,  passados,  não  dois  anos,  mas  perto  de  sete,  foi 
Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  por  carta  de  8  de  Abril  de  1468  (1420),  dado 
por  quite  para  com  a  fazenda  rial,  ficando  contudo  só  com  Soalhães  e  metade 
de  Penela(2). 

Não  fora  porem  só  esta  a  dívida  deixada  por  Gonçalo  Mendes  de  Vascon- 
celos. Quando  êlp  faleceu  ainda  se  encontrou  a  sua  herança  gravada  com 
duas  mil  e  quinhentas  dobras  moiriscas,  de  bom  oiro  e  justo  peso,  das  quais 
era  credor  a  fazenda  rial.  Para  sua  segurança  tomou  ela  posse  das  terras 
de  Penela,  Penagate,  Landim  e  Vila  Chã,  na  comarca  de  Entre  Doiro  e 
Minho,  e  da  de  Soalhães,  na  de  Trás  os  Montes.  Entretanto  celebrava-se  a 
composição  com  Joane  Mendes  de  Vasconcelos  relativa  à  divida  da  tutoria, 
e  D.  João  I,  por  carta  de  27  de  Maio  de  1455  (141 7),  fazia  mercê  das  duas 
mil  e  quinhentas  dobras  moiriscas  do  seu  segundo  crédito  a  Gonçalo  Pereira,  | 
seu  criado  (3)  e  provavelmente  já  então  casado  com  D.  Beatriz  de  Vascon-  j 
celos,  filha  do  mestre  D.  Mem  Rodrigues,  à  qual,  por  carta  de  17  do  mês  | 
seguinte,  fez  seu  irmão  Diogo  Mendes  de  Vasconcelos  doação  de  todos  os 
bens  da  sua  legítima  paterna,  tanto  os  patrimoniais,  como  as  terras  da  Coroa, 
feudos  e  morgados  que  lhe  pertencessem  herdar  de  seu  pai  (4).  Foi  esta 
doação  logo  confirmada  por  D.  João  I  e  posteriormente  por  D.  Duarte,  por 
carta  de  25  de  Agosto  de  1434,  sendo  então  D.  Beatriz  certamente  já  casada  (5). 

Gonçalo  Pereira, era  o  das  Armas,  2."  senhor  de  Cabeceiras  de  Basto,  e  1 
juntamente  com  sua  mulher  vendeu  ao  8.°  Conde  de  Barcelos  por  escritura 
de  7  de  junho  de  1441,  confirmada  por  D.  Afonso  V  a  10  do  mês  seguinte, 
as  terras  de  Penela  contra  o  Levante,  Vila  Chã,  Larim  e  couto  de  Penagate, 
com  todolos  casais,  herdamentos  e  direitos  que  com  elas  vieram  em  partilha 
a  Diogo  Mendes,  irmão  de  D.  Beatriz,  de  quem  ela  as  houve  (6). 

Quando  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos  morreu  existiam  apenas  dois 
filhos  legítimos  seus,  D.  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  mestre  de  Santiago, 
€  Joane  Mendes  de  Vasconcelos.  Eram  eles  os  herdeiros  de  todos  seus  bens 
próprios  e  terras  da  Coroa,  tirando  algumas  heranças  nas  quais  por  direito 
Joane  Mendes  havia  de  suceder  a  sua  mãe.  Não  se  entenderam  os  irmãos 
na  partilha  e,  posta  demanda,  proferiu  o  infante  D.  Duarte,  a  quem  recor- 
reram, a  sua  sentença,  mandando  dividir  pelos  dois  irmãos,  em  partes  iguais. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  3.°,  fl.  162  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.°,  fl.  jS,  transcrita  n  outra  de  confirmação. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  3.»,  fl.  200  t. 

(4)  Ibidem,  liv.  4.%  fl.  i  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Duarte^  liv.  i.",  fl.  35. 

(6)  Liv.  2.»  de  Místicos,  fl.  222  v. 


35o  Brasões 

os  bens  e  terras  do  pai,  sugeitos,  também  em  partes  iguais,  à  obrigação  do 
pagamento  das  dívidas  (i).  Sobre  esta  sentença  se  baseou  a  já  citada  carta 
de  8  de  Abril  de  1468  (1420),  pela  qual  Joane  Mendes  ficou  com  Soalhães  e 
metade  de  Penela.  Em  virtude  da  mesma  sentença  ficaria  o  Mestre  de  San- 
tiago com  a  outra  metade  de  Penela,  Vila  Chã,  Larim  e  Penagate,  terras  por 
sua  filha  D.  Beatriz  de  Vasconcelos  e  seu  marido  Gonçalo  Pereira  vendida* 
ao  Conde  de  Barcelos  pela  escritura  de  7  de  Junho  de  1441  acima  citada. 

Pareceu-me  curioso  deixar  notadas  estas  diversas  transacções,  não  só  para 
mostrar  a  forma  benévola  como  nelas  intervinha  o  soberano,  mas  também 
para  justificar  a  relativa  decadência  a  que  ficou  reduzido  Joane  Mendes  de 
Vasconcelos.  Era  êle,  apesar  de  na  carta  de  8  de  Abril  de  1420  vir  nomeado 
em  segundo  lugar,  o  «filho  primeiro  lídimo»  de  Gonçalo  Mendes  e  por  esse 
facto  lhe  havia  sucedido  na  honra  de  Soalhães,  como  declara  uma  carta  de 
2  de  Setembro  de  1434,  à  qual  lá  adiante  me  reportarei. 

Houve  pois  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  em  sucessão  a  seu  pai,  os  se- 
nhorios do  julgado  de  Soalhães  e  de  metade  da  terra  de  Penela,  como  lá 
acima  ficou  dito,  e  mais,  por  eleição  do  concelho  e  homens  bons  do  julgado, 
confirmada  por  carta  régia  de  9  de  Maio  de  1/^46  (1408),  o  senhorio  da  terra 
de  Mós  (2).  A  sua  mãe  sucedeu  no  morgado  de  Soalhães,  do  qual  foi  o 
4."  administrador. 

Era  este  morgado  grande,  rendoso  e  honorífico.  Compreendia  bens  em 
Coimbra,  Viseu,  Lisboa  e  Porto,  e  ao  seu  administrador  pertencia  o  direito 
de  apresentar  um  cónego  na  Sé  de  Lisboa,  na  cònezia  chamada  das  Abitu- 
reiras  (3)  e  depois  de  Mafra.     Fora  o  vínculo  instituído  por  D.  João,  bispo 


(1)  Desta  sentença  teve  uma  vaga  idea  o  P.«  Sousa  e  a  ela  se  refere  no  tomo  XII  da 
Historia  genealógica^  pág.  a,  com  a  data  errada,  «21  de  Outubro  da  Era  de  1438,  anno  de 
Christo  de  1400»,  quando  o  infante  D.  Duarte  tinha  nove  anos  de  idade.  A  verdade  é  que 
a  data  da  sentença  não  encontrei  em  parte  nenhuma  e  só  a  ela  há  referência  na  carta  régia, 
já  muita  vez  citada,  de  8  de  Abril  de  1420. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  3.*,  fl.  78. —  José  Anastácio  de  Figueiredo,  na  sua  eru- 
dita Memoria  para  dar  hunia  idèa  justa  do  que  eram  as  Behetrias,  impressa  no  tom.  I  das 
Memorias  de  Litteratura  portugueza  da  Academia  R.  das  Sciencias,  conta  como  os  mora- 
dores do  julgado  da  aldeia  de  Mais,  a  qual  não  sabe  identificar,  escolheram  a  D.  Henrique 
de  Castro,  filho  de  D.  Pedro  de  Castro,  para  no  senhorio  da  terra  suceder  a  seu  velho  pai, 
logo  após  seu  falecimento,  escolha  confirmada  por  carta  régia  de  6  de  Maio  de  1463  (págs.  i3i 
c  197).  D.  Pedro  de  Castro  era  genro  de  Joane  Mendes  de  Vasconcelos  e  por  sua  morte 
tratou  de  se  apossar  das  suas  terras,  como  veremos;  pode  pois  muito  bem  ter  alcançado  a 
posse  do  senhorio  da  beetria  de  Mós,  e  esta  ser  a.  designada  no  documento  de  1463,  do  qual 
só  «parece  uma  cópia  de  leitura  nova,  pelo  nome  de  Mais. 

(3)  Carta  de  doação  do  padroado  das  Abitureiras  à  capela  de  D.  JóSo,  bispo  de  Lisboa,. 


Vasconcelos  35 1 

de  Lisboa,  em  l3  de  Maio  de  i3o4  e  confirmado  por  D.  Denis  a  20  de  Feve- 
reiro do  ano  seguinte  (1). 

D.  João  Martins  de  Soalhães  foi  filho  de  Lourenço  Martins  e  de  Fruela 
Viegas.  Estudou  na  Universidade  de  Paris,  tomou  ordens  sacras  e,  sendo 
capelão  dei  rei  D.  Denis,  foi  nomeado  cónego  de  Coimbra  e  nesta  dignidade 
foi  por  ele  enviado  a  Roma,  d'onde  voltou  em  1290  com  o  interdito,  que  pe- 
sava sobre  o  reino,  levantado.  Em  1291  já  era  cónego  de  Lisboa,  em  1294 
bispo  desta  diocese,  e  logo  embaixador  a  Castela  e  depois  a  Roma,  e  ultima- 
mente, em  i3i5,  arcebispo  de  Braga.  Sobreveio  a  idade  e  com  ela  os 
achaques  e  fraquezas  próprios,  resultando  entregar-se  a  dois  assessores  indi- 
anos, que  lhe  trouxeram  o  desgosto  de  lhe  ser  imposto,  em  i323,  um  coadjutor. 
Finalmente  morreu  a  i  de  Maio  de  i325.  Foi  sepultado  na  igreja  da  Sé  de 
Braga,  numa  capela  por  ele  fundada,  d'onde  foi  trasladado  para  um  túmulo 
embutido  na  parede,  pondo-se-lhe  então  este  epitáfio:  Huc  translata  siint 
ossa  Dfii  loannis  de  Soalhães  Archiepiscopi  Bracharensts  anno  salutis  i5ii  (2). 
Na  Sé  de  Lisboa  fundara,  na  charola,  a  capela  de  S.  Sebastião,  onde,  na  pa- 
rede do  lado  do  poente,  seu  descendente  o  cónego  Pedro  Lourenço  de  Távora 
mandou  gravar  em  i588  uma  longa  inscrição  com  alguns  erros,  sendo  o  prin- 
cipal dar  ao  bispo  fundador  o  apelido  de  Vasconcelos  (3). 

Nas  instituições  dos  vínculos  o  Bispo  não  nomeava  os  filhos  como  tais, 
-chamava-lhes  seus  criados;  do  mais  velho  porem  até  existe  a  carta  de  legi- 
timação dada  por  D.  Denis,  em  Santarém,  a  28  de  Janeiro  de  1346  (i3o8), 
na  qual  lhe  chama  Vasco  Anes,  seu  vassalo,  filho  de  D.  João,  bispo  de  Lis- 
boa (4).  Foi  este  Vasco  Anes  de  Soalhães  o  primeiro  dos  filhos  nomeados 
pelo  instituidor  para  a  administração  do  vínculo.  Casou  da  primeira  vez  com 
Leonor  Rodrigues,  filha  de  Rodrigo  Afonso  Ribeiro.  Não  foi  muito  feliz  com 
^sta  mulher,  «que  fez  torto  a  seu  marido. . .  com  huum  cavaleyro  que  ouve 
nome  Joham  Rodriguez  Redomdo  filho  de  Rodrigo  Annes  Redomdo  amdando 
«lia  em  casa  delrrey  dom  Diniz  e  mandoa  ell  porem  matar  por  justiça»  (5). 


-Santarém,  19  de  Novembro  de  1341  (i3o3).    Já  por  outra  carta  de  25  de  Novembro  de  iSSg 
(i3oi),  fizera  D.  Denis  doação  do  padroado  da  igreja  de  Santa  Maria  de  Alvarelhos,  bispado 
<lo  Porto,  a  ele  próprio  D.  João,  e  não  ao  bispo. — Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.»,  fls.  29  e  17. 
(i)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  VI,  42. 

(2)  D.  Rodrigo  da  Cunha,  Historia  ecclesiastica  de  Braga,  II,  cap.  3i ;  Historia  ecclesias- 
tica  de  Lisboa,  p.  11,  caps,  76  a  8 1 . 

(3)  D.  Rodrigo  da  Cunha,  Historia  de  Lisboa  cit.,  fl.  227  v.;  Júlio  de  Castilho,  Lisboa 
antiga,  p.  II,  tom.  III,  pág.  24.1, 

(4)  Chancelaria  de  D.  Denis^  liv.  3.»,  fl.  Sg. 

(5)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro^  nos  Portugaliae  monumenta  histórica.  Scriptores^ 
pág.  338. 


352  Brasões 

Deste  malogra  do  casamento  nascera  único  Rui  Vasques  Ribeiro  e  extraor- 
dinário parece  ter  ele,  depois  de  toda  aquela  tragédia,  tomado  o  apelido  da 
executada  mãe;  mas  assim  sucedeu.  Foi  Rui  Vasques  o  2.°  senhor  do  mor- 
gado de  Soalhães  e  casou,  pela  segunda  vez,  com  Margarida  Gonçalves, 
filha  de  Gonçalo  Anes  de  Briteiros,  de  quem  teve  a  D.  Teresa  Rodrigues  Ri- 
beira, 3.^  senhora  do  morgado  de  Soalhães,  a  qual  morreu  já  viúva  em  20  de 
Julho  de  1428,  conforme  o  seu  epitáfio  acima  transcrito.  Casara  com  Gon- 
çalo Mendes  de  Vasconcelos,  em  quem  comecei  este  capítulo,  e  fora  mãe  de 
Joane  Mendes  de  Vasconcelos. 

Foi  este  fidalgo  casado  com  D.  Leonor  Pereira,  filha  de  D.  Álvaro  Gon- 
çalves Pereira,  prior  do  Hospital.  Joane  Mendes,  apesar  de  irmão  dos  dois 
capitães  da  ala  dos  Namorados  e  de  cunhado  do  condestável  D.  Nuno  Alvares, 
seguiu,  no  começo  das  discórdias,  o  partido  de  sua  parenta  a  rainha  D.  Leonor, 
mantendo  a  sua  voz  no  castelo  de  Estremoz,  do  qual  era  alcaide  e  d'onde  foi 
forçado  a  retirar  pelo  povo  revoltado.  Depois,  aclamado  rei  o  Mestre  de 
Avis,  veio  servi-lo.  Morreu  antes  de  Julho  de  1434  e  foi  sepultado  no  con- 
vento velho  de  S.  Domingos  de  Coimbra,  segundo  consta  do  epitáfio,  adiante 
transcrito,  de  seu  neto  D.  Fernando  de  Cascais,  e  no  mesmo  convento  se 
encontrava  o  túmulo  de  sua  mulher  com  esta  inscrição  nele  gravada:  Aqui 
ja^  dona  Leonor  Pereira  molher  que  foi  de  Joanne  Mendes  de  Vasconcellos, 
irmã  do  Condestable  dom  Nuno  Alvar e^,  que  se  finou  a  18  de  Abril  de  I44g, 
foi  húa  das  boas  donas  que  oure  ern  Portugal {i). 

Deixou  Joane  Mendes  de  Vasconcelos  com  certeza  duas  filhas  legítimas: 
D.  Maria  e  D.  Teresa  de  Vasconcelos,  e  ainda  mais  outra,  segundo  parece, 
mas  havia  de  ter  morrido  antes  do  pai,  ou  ser  ilegítima;  chamou-se  D.  Bea- 
triz de  Vasconcelos  e  foi  primeira  mulher  de  D.  Fradique  de  Castro,  o  Taga- 
rote  (2).  Mais  um  filho,  certamente  ilegítimo  se  existiu,  lhe  aponta,  entre 
outros  genealógicos,  D.  Jerónimo  de  Ataíde  no  seu  Nobiliário  por  mim  con- 
sultado quando  existia  na  biblioteca  do  Marquês  de  Castelo  Melhor.  Cha- 
ma-lhe  António  de  Vasconcelos  e  afirma  haver  casado  e  ter-se  apartado  da 
mulher  para  tomar  ordens  sacras,  vindo  a  ser  prior  de  Tentúgal  (3)' 

D.  Teresa  de  Vasconcelos,  a  segunda  filha  de  Joane  Mendes  de  Vascon- 
celos, havia  casado  pelos  anos  de  1423,  como  já  ficou  dito  (4),  com  D.  Pedro 
de  Castro,  i.°  senhor  de  Bemviver.    Tratou  êle,  logo  em  seguida  à  morte  do 


(i)  Lousada,  Sumários  da  lôrre  do  Tombo,  II,  fl.  444  v.  mihi, 

(2)  Nobiliário  quinhentista,  pág.  824,  n."  11. 

(3)  Veja-se  a  sua  sucessão  na  Critica  e  historia,  pág.  74. 

(4)  Na  página  145,  onde  e  na  seguinte  se  deverá  emendar  o  nome  desta  senhora  de  Ca- 
terina  para  Teresa,  que  foi  o  verdadeiro,     j  Culpa  da  minha  terrível  caligrafia  ! 


Vasconcelos  353 

sogro,  de  se  apossar  das  suas  terras,  contra  o  que  reclamou  seu  cunhado 
D.  Afonso  de  Cascais  e  el  rei  D.  Duarte  mandou,  em  i3  de  Julho  de  1434, 
expedir  uma  sentença  pela  qual  declarava  terem  vagado  para  a  Coroa  todas 
as  terras,  de  que  fora  donatário  Joane  Mendes,  por  estarem  incursas  nas  dis- 
posições da  Lei  Mental,  visto  êle  não  ter  deixado  descendência  varonil  (i). 
Aquelas  terras  eram  Soãlhães  e  metade  de  Penela,  e  sucede  que,  mês  e  meio 
após  a  sentença,  foi  feita  doação  da  primeira  delas  ao  filho  da  irmã  mais  velha 
de  D.  Teresa;  sucede  mais  ainda  que,  por  cana  de  23  de  Abril  de  1450,  foi 
confirmada  a  D.  Pedro  de  Castro,  como  herdeiro  de  Joane  Mendes  por  estar 
casado  com  sua  filha,  a  carta  de  8  de  Abril  de  1420  pela  qual  a  este  fora  dada 
quitação  das  dívidas  paternas  e  reconhecido  o  senhorio  nas  terras  de  Soãlhães 
e  de  metade  de  Penela  (2).  D'aqui  concluo,  apesar  do  documento  não  estar 
claro,  mas  outro  o  esclarece  (3),  que  a  D.  Pedro  fora  feita  doação  de  Penela, 
a  outra  terra  possuida  pelo  sogro. 

D.  Maria  de  Vasconcelos,  a  primeira  filha  de  Joane  Mendes  de  Vascon- 
celos, casou  com  D.  Afonso,  senhor  de  Cascais,  e  dele  foi  a  segunda  mulher. 
Era^D.  Afonso  filho  bastardo  do  infante  D.  João  e  neto  de  D.  Inês  de  Castro. 
Havia  casado  em  primeiras  núpcias,  em  1408,  com  D.  Branca  [da  Cunha], 
filha  do  dr.  João  das  Regras  (4).  Havia-lhe  D.  João  I  feito  doação,  por  carta 
de  8  de  Maio  de  1435  (iSgy),  da  vila  de  Cascais  e  do  reguengo  de  Oeiras 
de  juro  e  herdade,  bens  em  que  lhe  sucedeu  sua  viúva  D.  Leonor  da  Cunha 
e  a  esta  seu  neto  D.  Pedro,  por  morte  de  quem  vagaram  para  a  Coroa,  em 
virtude  da  Lei  Mental.  D.  Duarte  porém,  por  carta  de  2  de  Junho  de  1436, 
tudo  confirmou  à  irmã  de  D.  Pedro,  D.  Isabel  de  Cascais,  filha  de  D.  Afonso 
de  Cascais  (5)  e  futura  condessa  de  Monsanto  pelo  seu  casamento  com  o 
i.°  Conde,  a  quem  as  terras  foram  confirmadas  por  carta  de  D.  Afonso  V 


(i)  Liv.  i.°  de  Direitos  Riais,  fl.  271. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.»,  fl.  yS. 

(3)  Este  outro  documento  é  a  carta  de  1 1  de  Julho  de  1497  de  confirmação  da  prece- 
dente a  D.  João  de  Castro,  filho  de  D.  Pedro  de  Castro,  na  qual  se  declara  ser  a  confirmação 
relativa  à  terra  de  Penela  somente  (Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3o.»,  fl.  35  v.). — No  censo 
da  população  mandado  fazer  em  1527,  na  comarca  de  Entre  Doiro  e  Minho,  lá  vem  mencio- 
nada esta  Penela,  com  a  designação  de  «Penella  de  Dom  Joham»  (Archivo  histórico  por- 
TUGUEZ,  III,  25  i). 

(4)  Em  carta  de  4  de  Julho  de  1446  (1408)  dirigida  ao  Almoxarife  do  celeiro  de  Lisboa, 
declara  D.  João  I  haver  de  dar  em  casamento  a  D.  Afonso,  seu  sobrinho,  com  D.  Branca, 
filha  do  dr.  João  das  Regras,  do  conselho,  7000  dobras  de  oiro  para  comprar  herdades,  e 
porque  tam  toste  lhas  não  pode  dar,  «e  êle  toma  ora  sua  casa»,  manda-lhe  dar  os  reguengos 
de  Algés  e  Oeiras  e  todos  os  mais  de  ribamar,  termo  de  Lisboa.  —  Chancelaria  de  D.  João  I, 
Ifv.  3."*,  fl.  io3  V. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.",  fl.  194  v. 

voL.  I  45 


354  Brasões 

de  IO  de  Outubro  de  1449(1).  Foram  progenitores  dos  Condes  de  Monsanto 
e  Marqueses  de  Cascais. 

Não  sei  quando  se  realizaria  o  segundo  casamento  de  D.  Afonso  de  Cas- 
cais, mas  suponho  curta  duração  ao  primeiro,  por  ver  que  em  1439,  quando 
começaram  os  alvoroços  em  Lisboa  contra  a  rainha  D.  Leonor,  viúva  de 
D.  Duarte,  já  D.  Fernando  de  Cascais,  filho  do  segundo  casamento  de 
D.  Afonso,  o  acompanhava.  Era  então  D.  Afonso  alcaide  mor  de  Lisboa  e 
com  o  filho  e  outros  fidalgos  parciais  da  Rainha  se  meteu  dentro  no  castelo, 
onde  não  pôde  resistir  por  lhe  faltarem  os  mantimentos  e  teve  de  o  entregar 
ao  infante  D.  João,  retirando-se  para  junto  de  D.  Leonor.  Quisera  o  pai 
entregar  logo  o  castelo,  à  primeira  intimação  do  povo;  «mas  o  filho  por  ser 
mancebo,  em  que  o  sangue  e  pontos  da  honra  ferviam,  o  ouve  por  abati- 
mento» (2).  Era  êle  então  já  casado,  porque  no  ano  seguinte  partiu  para  o 
desterro  e  nesse  mesmo  ano  lá  morreu;  não  poderia  portanto  ter  muito  menos 
de  vinte  e  cinco  anos  de  idade  e  por  isso  o  segundo  casamento  de  seu  pai 
deveria  ter  tido  lugar  pelos  anos  de  141 2  ou  i3,  isto  é,  cinco  depois  do  pri- 
meiro. 

D.  Duarte,  em  seguida  à  sua  sentença  acima  referida,  de  i3  de  Julho  de 
1434,  pela  qual  declarou  vagas  para  a  Coroa  ás  terras  possuídas  por  Joane 
Mendes  de  Vasconcelos,  fez  doação,  por  carta  de  2  de  Setembro  do  mesmo 
ano,  da  terra  de  Soalhães  de  juro  e  herdade  a  D.  Fernando,  por  ser  seu  so- 
brinho e  do  condestável  D.  Nuno  Alvares  Pereira,  e  alem  disso  por  êle  ser 
neto  por  sua  filha  mais  velha  do  último  donatário,  o  referido  Joane  Mendes  (3). 
Ainda  D.  Duarte,  encontrando-se  em  Montemor  o  Novo,  mandou  chamar  à 
sua  presença,  no  dia  4  de  Junho  de  1436,  a  D.  Álvaro  de  Castro  e  sua  es- 
posa D.  Isabel  de  Cascais  a  fim  de  darem  quitação  a  D.  Afonso,  pai  dela,  a 
sua  mulher  D.  Maria  de  Vasconcelos  e  a  seus  herdeiros,  de  todos  os  bens 
móveis  a  D.  Isabel  pertencentes,  não  só  de  sua  legítima  por  morte  e  herança 
de  sua  mãe  D.  Branca  [da  Cunha],  como  por  sucessão  de  seu  irmão  D.  Pedro, 
t  de  tudo  mandou  lavrar  nesse  dia  a  respectiva  carta  (4).  Seguiu-se,  d'ali  a 
pouco  mais  de  ano  e  meio,  a  morte  de  D.  Duarte  e  em  Setembro  de  1439 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.",  fl.  170. 

(2)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  264. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.°,  fl.  32. — Neste  diploma  declara-se  ter  Joane  iMendes 
de  Vasconcelos  sucedido  no  senhorio  de  Soalhães  a  seu  pai  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos, 
por  ser  seu  filho  primeiro  lídimo,  e  terem  as  suas  terras  vagado  para  a  Coroa  por  dele  não 
ficar  nenhum  filho  lídimo,  salvante  duas  filhas,  D,  Maria  e  D.  Teresa.  Por  isso  a  terceira 
filha  D.  Beatriz,  havia  de  ser  já  falecida,  ou  não  era  legítima. 

».4)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.»,  fl.  191  v. 


Vasconcelos  '  355 

começaram  os  alvoroços  do  povo  de  Lisboa  contra  a  rainha  D.  Leonor,  nos 
quais  D.  Afonso  e  D.  Fernando  de  Cascais  se  manifestaram  logo  por  ela. 

Tendo  sido  expulsos  do  castelo,  como  acima  ia  dizendo,  foram  pai  e  filho 
ter  com  a  Rainha  a  Alenquer  e  d'aí  a  acompanharam  nas  suas  jornadas  pelo 
reino  até  Almeirim,  d'onde  ela  partiu  encobertamente  para  o  Crato.  Cons- 
tando no  dia  i.°  de  Novembro  a  sua  fuga,  trataram  seus  parciais  de  a  seguir, 
e  entre  eles  partiu  o  velho  D.  Afonso  de  Cascais,  forçado  da  mulher  e  do 
filho  e  muito  contra  vontade,  pois  se  abraçou  «com  a  terra  e  com  muytas 
lagrimas  dizia:  Leixaime  comer  a  esta  terra  que  me  criou,  e  a  que  nom  fuy 
nem  som  treedor.  Nom  me  desterreis  este  corpo  sem  culpa,  nem  lhe  deis  se- 
pultura em  terras  alheas.     Mas  em  fym  o  levaram»  (i). 

j  Pobre  velho !  adivinhava  a  sua  sorte !  Para  o  desterro  partiu  com  a 
Rainha  a  29  de  Dezembro  de  1440,  e  lá,  em  Çamora,  morreu  juntamente 
com  o  filho  em  Agosto  do  ano  seguinte  (2),  no  qual  lhe  nasceu  o  neto,  o  futuro 
Conde  de  Penela.  Foram  seus  bens  confiscados  e,  já  depois  da  morte  dambos, 
doados,  por  carta  de  19  de  Março  de  1441,  ao  4,"  Conde  de  Ourem  (3).  Para 
Portugal  voltou  a  viúva,  ao  terminar  a  regência  do  infante  D.  Pedro,  e  trouxe 
consigo  os  ossos  de  seu  filho,  mandando-os  para  o  convento  velho  de  S.  Do- 
mingos de  Coimbra,  onde  foram  sepultados  no  jazigo  de  seu  avô  Joane  Mendes 
de  Vasconcelos,  gravando-se  na  loisa  o  seguinte  epitáfio:  Neste  moimento 
do  Senhor  Janemendes  de  Vasconcellos  ja^em  os  ossos  do  mui  Illustre  Senhor 
Dom  Fernando  seu  neto,  o  qual  em  seu  testamento  mandou  que  aqui  fosse  lan- 
çado, tra:{ido  de  Castella  o?ide  se  Jinou  em  serviço  da  Rainha  Dona  Leanor 
Madre  delRey  Dom  Afonso  o  5.°  de  Portugal,  e  foi  Jílho  de  Dom  Afonso  e 
neto  do  Infante  Dom  João  que  era  filho  delRej  Dom  Pedro  de  Portugal  e 
da  Infante  Dona  Inês  de  Castro  sua  molher  (4). 

Pagou  D.  Afonso  V  a  sua  dívida  de  gratidão  a  D,  Maria  de  Vasconcelos, 
fazendo-lhe  mercê  de  uma  tença  de  trinta  mil  reais  brancos  por  carta  de  6 


(1)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  3io. 

(2)  Ibidem,  pág.  323.  —  Não  cause  reparo  o  cronista  escrever  «xxix  de  Dezembro  de  myl 
e  quatrocentos  e  quarenta  e  hum»;  ele  contava  pelo  ano  do  Nascimento  à  risca,  e  esse  tinha 
começado  no  dia  2  3  do  mês.  Veja-se  a  prova  da  minha  asserção  no  Archivo  histórico  por- 
TUGUEz,  II,  486,  sendo  para  notar  haver  eu  aí  aduzido  exemplos  exactamente  deste  ano  de 
1440. 

(3)  Liv.  3."  de  Místicos,  fl.  i52. — Ainda  por  outra  carta  de  25  de  Janeiro  de  1446  foram 
doados  uns  prédios,  que  ele  possuíra  em  Ferreira,  a  Lopo  Mendes  de  Vasconcelos,  cavaleiro 
do  infante  D.  Pedro  (Archivo  histórico  portuguez,  III,  410)  e  talvez  filho  do  mestre  D.  Mem 
Rodrigues  de  Vasconcelos. 

(4)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  fl.  444  mihi. 


I 


356  Brasões 

de  Abril  de  145 1,  na  qual  se  refere  aos  muitos  e  bons  serviços  por  ela  «feitos 
a  nós  c  à  senhora  Rainha  minha  madre»  (i). 

Casara  D.  Fernando  de  Cascais,  antes  de  ir  para  o  desterro,  com  D.  Isabel 
Coutinho  a  quem,  sendo  ainda  solteira,  fora  confirmada  a  terra  de  Aregos 
por  carta  de  i5  de  Fevereiro  de  1434(2).  Era  D.  Isabel  filha  única  de 
D.  Pedro  de  Meneses,  2.°  conde  de  Viana,  e  de  sua  mulher  a  condessa  D.  Bea- 
triz Coutinho,  senhora  da  referida  terra  em  sucessão  a  seu  pai,  Fernão  Mar- 
tins Coutinho,  a  quem  ela  fora  doada  por  carta  de  1 1  de  Janeiro  de  1480 
(1392)  (3). 

D.  Isabel  acompanhou  o  marido  para  Castela  e  lá,  conforme  parece,  casou 
em  segundas  núpcias  com  João  Freire  de  Andrade,  senhor  de  Alcoutim,  de 
quem  foi  primeira  mulher  e  não  teve  sucessão  (4).  D.  Isabel  já  tinha  mor- 
rido em  23  de  Outubro  de  1460,  quando,  por  sua  morte,  foi  a  terra  de  Aregos 
confirmada  a  seu  filho  D.  Afonso,  sobrinho  dei  rei  (5)  e  futuro  conde  de  Pe- 
nela. 

Por  este  casamento  veio  a  entrar  na  casa  de  Penela  o  senhorio  de  parte 
da  vila  de  Mafra,  pois  que  a  Fernão  Martins  Coutinho,  avô  de  D.  Isabel, 
havia  sido  aquela  vila  doada,  juntamente  com  a  Ericeira,  a  Enxara  dos  Ca- 
valeiros e  o  Ulmarinho,  por  escritura  de  2  de  Março  de  1398  lavrada  em  Lis- 
boa, nos  paços  riais,  em  presença  de  D.  João  I  que  a  aprovou.  Era  a  escri- 
tura de  casamento  de  Leonor  Lopes  [de  Sousa],  filha  do  mestre  de  Cristo 
D.  Fr.  Lopo  Dias  de  Sousa,  com  Fernão  Martins  Coutinho  e  foi  a  doação 
feita  aos  esposados,  em  suas  vidas,  e  a  seus  descendentes  (6).  E  para  maior 
segurança  fez  D.  João  I,  por  carta  de  25  de  Julho  de  1396,  doação  ao  refe- 
rido Fernão  Martins  Coutinho  das  ditas  terras,  para  ele  e  sucessores,  com 
as  jurisdições,  mero  e  mixto  império,  etc.  (7). 

No  ano  seguinte  morreu  Fernão  Martins  Coutinho  sem  testamento,  dei- 
xando duas  filhas,  D.  Beatriz  e  D.  Felipa.  Sua  viúva,  D.  Leonor  Lopes  de 
Sousa,  só  veio  a  falecer  em  1421,  havendo  tornado  a  casar  com  Afonso  Vas- 
ques  de  Sousa,  filho  de  Martim  Afonso  de  Sousa,  2°  senhor  de  Mortágua, 
de  quem  deixou  vários  filhos.  Afonso  Vasques  manteve-se,  depois  de  en- 
viuvar, na  posse  dos  bens  da  mulher,  até  que  em  1425  suas  enteadas  oci- 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  Sy.",  fl.  28  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.",  fl.  87;  liv.  3."  da  Beira,  fl.  iSj. 

(3)  Ibidem. 

(4)  Nobiliário  quinhentista,  pág.  269,  n.»  xvi,  onde  lhe  chama  D.  Isabel  de  Meneses. 

(5)  Liv.  3.°  da  Beira,  fl.  i36  v. 

(6)  Gaveta  XIV,  maç.  4.»,  n.°  i. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.",  fl.  122.  . 


Vasconcelos  35  j 

taram  para  partilhas.  Começou  a  correr  a  demanda;  morreu  o  réu  e  con- 
tinuaram nela  seus  filhos.  Entretanto  casavam  as  duas  filhas  de  Fernão 
Martins  Coutinho:  D.  Beatriz  Coutinho  com  D.  Pedro  de  Meneses,  conde 
de  Vila  Rial,  em  Sintra,  a  17  de  Agosto  de  1426,  «nos  paçoá  dei  rei  D.  João, 
na  casa  em  que  ora  pousa  D.  Beatriz  Coutinha,  casa  que  é  dentro  no  cnrral 
dos  ditos  paços»  (i);  D.  Felipa  Coutinho  casou  pouco  depois  com  Luís  Ál- 
vares de  Sousa,  escudeiro  da  casa  do  infante  D.  Duarte,  e  teve  em  dote  duas 
mil  e  quinhentas  coroas  do  cunho  dei  Rei  de  França,  as  quais  lhe  prometeu 
D.  João  I,  dando-lhe,  por  carta  de  17  de  Junho  de  1420,  feita  em  Sintra,  em 
quanto  lhas  não  pagava,  uma  tença  de  um  conto  de  libras,  do  i.°  de  Janeiro 
passado  em  diante,  assentada  no  almoxarifado  de  Vila  Rial  (2).  Luís  Alvares 
de  Sousa  foi  3.°  senhor  de  Baião  e  já  era  provedor  da  fazenda  do  Porto  em 
princípios  de  1451  (3). 

Foi  prosseguindo  o  pleito  até  que  D.  Duarte,  por  sentença  de  18  de  Junho 
de  1436,  mandou  proceder  à  partilha  (4).  Feita  ela,  dividiram-se  as  terras, 
passando  a  Ericeira  e  dois  quinhões  de  Mafra  a  D.  Felipa  Coutinho  (5)  e 
ficando  os  três  quinhões  restantes  daquela  terra  e  a  Enxara  à  Condessa  de 
Vila  Rial,  seguidamente  aos  sucessores  de  sua  filha,  os  Condes  de  Penèla. 

Eram  estas  terras  consideradas  bens  patrominais  e,  como  tais,  eram  par- 
tilhadas e  possuídas  sem  confirmações  régias;  mas  o  2."  Conde  de  Penela,  acau- 
telando-se  contra  possíveis  dúvidas  futuras,  solicitou  e  impetrou  de  D.  Manuel 
a  carta  de  6  de  Junho  de  i5i7,  pela  qual,  tanto  quanto  em  direito  podia,  ele 
lhe  confirmou  de  juro  e  herdade  os  três  quinhões  da  vila  de  Mafra  (6). 
Passou  este  senhorio  do  filho  primogénito  do  2.°  Conde  d'e  Penela,  D.  Afonso 
de  Meneses  falecido  sem  descendência  legítima,  para  seu  irmão  D.  António 
de  Vasconcelos  e  Meneses,  que,  sendo  já  muito  velho,  casou  e  teve  um  filho. 
Ao  seu  nascimento  assistiu  um  ministro  da  justiça  e  comenta  D.  Afonso  Ma- 
nuel de  Meneses  no  seu  nobiliário:  «melhor  fora  assistir  à  mãy  no  acto  de 
conceber».  Para  um  eclesiástico  e  desembargador  da  Casa  da  Suplicação 
é  bom  comentário. 


(i)  Gaveta  II,  maç.  i.°,  n."  lo. 

(2)  Arquivo  da  Câmara  Municipal  de  Lisboa,  Livro  3.°  de  D.  João  1,  fl.  56.— O  contrato 
de  casamento  é  de  21  de  Junho  de  1428  (Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  iS.»,  fl.  i63). 

(3)  Carta  de  6  de  Maio  de  1451,  arbitrando-lhe  25.716  reais  de  mantimento  com  o  dito 
ofício.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  ti.",  fl.  69  v. 

(4)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  III,  fl.  480  v.  mihi. 

(5)  Por  carta  de  4  de  Setembro  de  1450  foram  confirmados  a  Luís  Alvares  de  Sousa  os 
privilégios  do  seu  lugar  da  Ericeira  e  os  do  lugar  de  Mafra,  em  que  teve  alguma  parte.  — 
Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  16.»  de  Doações,  fl.  154. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  io.°,  fl.  55. 


358  Brasões 

Este  tal  filho  chamou-se  D.  João  Luís  de  Vasconcelos  e  Meneses,  foi  senhor 
de  Mafra  e  da  dízima  do  pescado  da  Ericeira,  tendo  passado  a  Enxara  dos 
Cavaleiros,  os  concelhos  de  Soalhães  e  A  regos  e  outras  terras  da  Coroa  a 
seu  primo,  D.  João  de  Vasconcelos  e  de  Meneses,  filho  ilegítimo  do  referido 
D.  Afonso  de  Meneses.  A  pedido  deste  e  por  influência  de  Martim  Gonçalves 
da  Câmara,  valido  de  D.  Sebastião,  foi  dado,  em  i3  de  Agosto  de  i566, 
um  alvará  de  lembrança  ao  referido  D.  João  de  Vasconcelos  para  suceder 
ao  pai  naqueles  bens  da  Coroa,  casando  com  D.  Caterina  de  Eça,  donzela  da 
rainha  D.  Caterina  e  neta  de  sua  camareira  mor  D.  Joana  de  Eça.  Veio  a 
mercê  a  realizar-se,  sendo  lhe  confirmados  os  bens  por  cartas  de  i6  e  17  de 
Junho  de  1Õ94  depois  de  efectuado  o  casamento  e  de  falecido  o  pai  (i). 

D.  Caterina  de  Eça  era  filha  de  António  Gonçalves  da  Câmara  e  neta  de 
Pêro  Gonçalves  da  Câmara,  irmão  do  3.°  Capitão  do  Funchal,  e  de  sua 
mulher  a  referida  D.  Joana  de  Eça.  A  propósit-o.  desta  senhora  contarei 
uma  anedocta  que  lhe  é  atribuída.  Um  dos  factos  alegados  pelo  Prior  do 
Crato  D.  António,  para  provar  o  casamento  de  seu  pai  com  Violante  Gomes, 
«foi  o  que  lhe  aconteceu  indo  ela  ao  convento  de  Odivelas  em  um  dia  em  que 
ali  se  achava  D.  Joana  de  Eça,  camareira  mor  da  rainha  D.  Caterina,  a  qual 
logo  que  entrava  na  igreja  lhe  chegou  uma  almofada  para  assentar-se,  e  que 
o  não  faria  a  não  ser  casada  com  o  Infante;  porém  esta  Camareira  mor  por 
tola  era  capaz  de  praticar  destes  despropósitos»  (2). 

D.  João  Luís  de  Vasconcelos  e  Meneses,  senhor  de  Mafra,  morreu  em 
Madrid  a  5  de  Dezembro  de  i633  (3),  sem  deixar  filhos,  seguindo-se  à  sua 
morte  porfiada  demanda  entre  vários  contendores  sobre  o  senhorio  de  Mafra, 
o  qual,  por  sentença  de  17  de  Setembro  de  1648  (4),  foi  adjudicado  a  D.  Joana 


(i)  Confirmações  gerais,  liv.  j.',  fls.  5i  v.  e  53. 

(2)  Memorias  raras  e  celebres,  copia  de  um  M.  S.  Anommo,  que  parece  escripto  no  fim 
do  século  passado,  letra  do  último  quartel  do  século  xvii.  Era  da  livraria  do  Marquês  de 
Valada  e  emprestou-mo  o  Conde  de  Caparica  seu  filho. 

(3)  Consta  do  epitáfio  na  igreja  da  Graça  de  Santarém,  na  parede  do  lado  do  evangelho, 
na  capela  dos  Condes  de  Penela:  Na  s^  do  tumulo  q  esta  no  mo  (meio)  desta  capella  esta 
dô  io  (João)  luis  de  ms  (Meneses)  e  vasc°^  sf  de  ma/rafo  de  dõ  auto  de  Tns  e  vascos  e  neto  e 
erdro  dos  condes  de  penela  e  quinto  neto  do  i/ante  dõ  io  fo  legitimo  delrei  dÕ  po  (Pedro)  de 
poriugal  viveo  Sj  annos  e  acabou  a  5  de  de:^bro  de  633  e  por  morrer  na  corte  de  madrid 
mandou  trazer  de  la  o  seu  corpo  inteiro  dona  m^  (Maria)  de  castro  sua  molher  ^  lhe  mãodou 
Ja\er  esta  s^  ^  ela  tãobem  escolheo  pi-  se  sepultar,  anno  i63/.  No  meio  da  capela,  no  pavi- 
mento lá  está  uma  grande  campa  lisa.  É  a  sepultura  mencionada  nó  letreiro  da  parede. 
Por  cima  deste  vê-se  um  escudo  com  as  armas  do  reino,  com  sete  castelos  na  bordadura, 
diferençadas  por  um  banco  de  pinchar  de  dois  pendentes;  o  escudo  sobrepujado  de  uma 
coroa  de  florões. 

(4)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica^  XII,  116.  , 


Vasconcelos  Z5g 

de  Meneses  terceira  neta  de  D.  Afonso  de  Meneses,  condessa  de  Armamar 
pelo  seu  primeiro  casamento,  sem  geração,  e  viscondessa  de  Vila  Nova  da 
Cerveira  pelo  segundo,  tendo-se  continuado  a  casa  de  Mafra  com  os  senhorios 
de  Soalhães,  Aregos  e  Enxara  nos  descendentes  deste  matrimónio  até  ao 
último  Marquês  de  Ponte  de  Lima,  por  cujo  falecimento  passou  a  casa  ao 
último  Marquês  de  Castelo  Melhor  do  sangue  dos  Vasconcelos. 

Examinadas,  muito  pela  rama  concordo,  as  fases  por  que  passou  a  sucessão 
nos  senhorios  de  Mafra  e  Soalhães,  tornarei  lá  atraz  ao  filho  único  de  D.  Fer- 
nando de  Cascais. 

Nasceu  em  1441,  chamou-se  D.  Afonso  e  sem  apelido  nenhum,  só  com  a 
designação  de  «nosso  sobrinho,  filho  de  D.  Fernando  de  Cascais»,  aparece 
de  principio  em  documentos  régios,  entre  eles,  em  duas  cartas  de  23  de 
Outubro  de  1460,  de  confirmação  da  terra  de  Soalhães,  por  morte  do  pai,  e 
do  concelho  de  Aregos,  por  morte  da  mãe(i).  Em  1465,  por  outras  duas 
cartas,  uma  de  23  de  Junho  e  a  outra  de  5  de  Dezembro,  fez-lhe  D.  Afonso  V 
respectivamente  doação  da  vila  de  Penela,  no  actual  distrito  de  Coimbra, 
com  as  jurisdições,  e  do  reguengo  de  Campores,  no  termo  da  vila,  tudo  em 
sua  vida  somente,  sendo  já  na  segunda  destas  cartas  designado  por  D.  Afonso 
de  Vasconcelos  (2),  único  apelido  com  que  o  encontro  mencionado  em  diplomas 
e  crónicas.  Seis  anos  depois,  por  carta  de  24  de  Outubro  de  147 1,  foi  feito 
conde  de  Penela,  «com  todas  as  honras  e  preeminências  que  são  e  devem 
ser  outorgadas  aos  condes  que  de  sangue  rial  como  êle  descendem»  (3);  e, 
atendendo  a  esta  circunstância,  foi-lhe  o  assentamento  de  cento  e  quarenta  e 
cinco  mil  reais  elevado  a  duzentos  mil  por  carta  dada  em  Çamora,  a  23  de 
Novembro  de  1475(4).  Já  era  casado  em  12  de  Outubro  de  1467,  quando 
D.  Afonso  V  fez  mercê  a  D.  Isabel  da  Silva,  para  quando  o  senhorio  por  j 
qualquer  forma  vagasse,  do  reguengo  de  Campores,  que  havia  .doado  a 
D.  Afonso  de  Vasconcelos,  seu  marido  (5).  . 

O  Conde  de  Penela  serviu  em  Africa:  em  i45g,  em  Arzila,  com  o  Conde 
D.  Duarte;  em  1463,  no  escalamento  de  Tânger,  perdendo  na  ida  o  seu  navio 
afund.ado  pela  tormenta;  e  em   1464,  na  expedição  à  serra   de   Benacofú. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3.°,  fl.  77  v. ;  liv.  3.°  da  Beira,  fl.  i36  v. —  Da  Enxara 
dos  Cavaleiros  tomara  por  êle  posse  sua  mae  em  i  de  Dezembro  de  1448,  em  virtude  de  um 
alvará  de  D.  Afonso  V,  —  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  449  mihi. 

(2)  Liv.  3.°  de  Místicos,  fl.  287  v.;  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  8.°,  fl.  9  v. 

(3)  Liv.  3.°  de  Místicos,  fl.  4;  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  169. 

(4)  Liv.  4.»  de  Místicos,  fl.  26. 

(5)  Ibidem,  fl.  10  v,,  transcrita  na  de  17  de  Abril  de  1483  de  confirmação,  por  morte  do 
marido,  do  reguengo  e  de  doação  dele  a  seu  filho  para  depois  do  falecimento  dela. 


36o  Brasões 

Quando,  em  1476,  se  organizou  a  expedição  a  Castela,  marchou  para  lá  o 
Conde  de  Penela,  comandando  uma  das  alas  do  exército,  e,  apesar  do  cro- 
nista o  não  mencionar,  de  cerio  combateu  na  batalha  de  Toro,  no  i.°  de 
Março  do  ano  seguinte,  regressando  a  Portugal  com  o  príncipe  D.  João,  com 
quem  Já  se  encontrava  em  Miranda  do  Doiro  a  14  de  Abril,  a  passar  a  Páscoa. 
O  seu  bom  serviço  nesta  campanha  é  atestado  na  carta  de  10  de  Julho  de 
1476,  pela  qual  D.  Afonso  V  fez  mercê  a  D.  Afonso  de  Vasconcelos,  conde  , 
de  Penela,  seu  muito  amado  e  presado  sobrinho,  adiantado  das  comarcas  dai 
Estremadura,  havendo  respeito  aos  seus  muitos  e  extremados  serviços,  tanto  ' 
nestes  reinos,  como  nos  de  Africa  e  Castela,  «onde  ora  grandemente  nos 
serviu,  com  sua  pessoa  e  gentes   e   muita  despesa  de  sua  fazenda»,  de  na  v 
vila  de  Penela  e  reguengo  de  Campores  lhe  poder  suceder  o  filho  (i).  " 

No  ano  seguinte  acompanhou  o  príncipe  às  Cortes  de  Montemor  o  Novo, 
principiadas  a  21  de  Janeiro  e  respondidas  a  9  de  Fevereiro  (2).     Da  sua. 
estada  lá  consta  das  trovas  «Do  Coudel  mor  a  Anrryque  dAlmeida  que  lhe 
mandou  pedyr  novas  das  Cortes  que  elRey  dom  Joã  fez  em  Montemoor  o 
Novo  sendo  pryncype  o  ano  de  setenta  e  sete  sendo  ellRey  seu  pay  em  Frrãça». 

Diz  Fernão  da  Silveira: 

Lyxboa  que  sonha 
'        .  no  cardealado, 

moordomo  Noronha, 
também  deputado. 
Hy  he  Portymam, 
Alvito,  Penela, 
Berynguell  comela 
que  fez  o  sermara  (3). 

Não  serviu  só  em  postos  militares,  também  exerceu  cargos  de  justiça, 
pois  que,  por  carta  de  i  de  Maio  de  1479,  foi  nomeado  regedor  da  Casa 
do  Cível  de  Lisboa  (4).  Ano  e  meio  depois,  a  i  de  Novembro  de  1480, 
falecia,  contando  só  trinta  e  nove  anos  de  idade.  D.  Afonso  V  lastimou-o  e 
à  sua  memória  dedicou  palavras  sentidas  na  carta  de  conde  de  Penela  ao 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  6°,  fl.  45  v.,  com  omissão  do  dia  e  sem  ela  na  Chan- 
celaria de  D.  João  III,  liv.  47."  de  Doações,  fl.  22,  " 

(2)  J.  P.  Ribeiro,  Memorias  sobre  as  Fontes  do  Código  Philippino,  no  tom.  II  das  Me- 
morias DE  LlTTERATURA  DA  ACADEMIA,  pág.  92. 

(3)  Cancioneiro  geral,  fl.  19,  C9I.  i.  —  As  pessoas  nomeadas  são:  D.  Jorge  da  Gosta, 
arcebispo  de  Lixboa,  promovido  a  cardial  no  ano  precedente ;  D.  Pedro  de  Noronha,  moor- 
domo mor;  Gonçalo  Vaz  de  Gastelbranco,  senhor  de  Vila  Nova  de  Portymam;  D.  João  da 
Silveira,  barão  de  Alvito;  D.  Afonso  de  Vasconcelos,  conde  de  Penela;  e  Rui  de  Sousa,  se- 
nhor de  Berynguell  (Beringel). 

(4)  Liv.  de  Extras,  fl.  166  v. 


Vasconcelos  36 1 

íilho,  em  sucessão  ao  pai,  «pois  a  nosso  Senhor  prouve  de  o  tam  cedo  levar 
pêra  si».  O  cronista  contemporâneo,  Gomes  Eanes  de  Azurara,  referindo-se 
aos  defensores  de  Arzila  no  cerco  lá  posto  pelos  Moiros  no  ano  de  1439,  es- 
creveu: «Dom  Duarte  dera  certas  guardas  a  alguns  Fidalgos  na  barreira... 
das  quaes  contamos  por  primeira,  a  que  fói  dada  ao  nobre  Senhor  Dom  Afonso 
de  Vasconcellos  por  razão  da  pessoa,  porque  assi  em  grandeza  de  linhagem, 
como  em  bondade  de  custumes,  nom  partio  deste  Regno  pêra  aquelle  cerco 
nenhum  melhor  que  elle»  (i). 

Foi  o  Conde  de  Penela  sepultado  na  igreja  da  Graça  de  Santarém,  com 
este  epitáfio  por  mim  copiado  em  i(5  de  Janeiro  de  i885:  Aqui  fa^  ho  mui 
manijico  ilustre  s^''  dÔ  a°  de  p'^°celos  e  de  meneses  con^'^  e  s°''  de  Penela  o  qual 
foi  bisneto  do  ifãte  dôjohã  q  era  f^  .lidi?no  delrei  dõ  p°  de  portugal  e  asi  nS 
menos  de  vertudes  q  de  tã  real  linliagê  de  todos  esses  tempos  que  viveu  fe^ 
tais  e  tão  asinados  serviços  aos  reys  de  portugal  e  ao  mesmo  reino  que  nenhum 
acrecentamento  de  maior  estado  pudera  satisfaser  a  seus  grandes  mereci- 
mentos viveu  3g  annos  e  Jinouse  o  primeiro  dia  do  mes  de  novembro  era  de 
480  e  a  muito  magnifica  senhora  dona  isabel  da  silva  condessa  de  penela 
sua  molher  encolheu  também  pêra  si  esta  mesma  sepultura  qué  não  se  causa 
foi  huma  so  a  elles  ambos  na  morte  aos  quaes  foi  sempre  hua  so  vontade  na 
vida  vivendo  viveu  annos. 

Por  cima  dois  escudos,  um,  era  lisonja,  partido:  o  I  cortado  das  armas 
do  reino  sobre  partido  de  liso  e  de  quatro  faxas  de  veirado;  no  II  um  iião. 
São  as  armas  da  Condessa.  O  outro  escudo,  com  as  armas  do  Conde,  é 
esquartelado:  o  I  e  IV  das  armas  do  reino,  com  oito  castelos  na  bordadura; 
o  II  e  III  terçado  em  pala:  o  i.°  quatro  faxas  veiradas,  o  2.°  e  3.'  reunidos, 
formando  um  só  quartel,  cortado  de  um  traço,  partido  de  dois,  que  fazem 
seis  quartéis:  a,  c,  e,  dois  lobos  passantes  e  sotopostos,  b,  d,  f,  quatro  palas; 
sobre  o  todo,.escudete  liso.  Está  o  túmulo  metido  na  parede  da  banda  da 
epístola  na  capela  colateral  com  a  mor  do  lado  do  evangelho.  A  variedade 
das  quatro  faxas  de  veirado  nas  armas  dos  Vasconcelos  encontraremos  tam- 
bém no  túmulo  de  Rui  Vasques  Ribeiro,  na  igreja  de  S.  João  Baptista  da 
sua  vila  de  Figueiró  dos  Vinhos,  e  no  arco  da  capela  dos  Vasconcelos  do 
Esporão  na  Sé  de  Évora.  Notarei  também  ser  singularidade  do  epitáfio  o 
apelido  de  Meneses  no  nome  de  D.  Afonso  de  Vasconcelos. 

A  mulher  do  Conde  de  Penela,  D.  Isabel  da  Silva,  era  íilha  dos  1.°^  Condes 
de  Abrantes,  e  deu  a  seu  marido,  entre  outros  filhos,  a  D.  João  de  Vascon- 1 
celos  e  de  Meneses  e  D.  Fernando  de  Vasconcelos  e  de  Meneses,  i 


(1)  Chronica  do  Conde  D.  Duarte,  cap.  76. 

voi .  I  46 


362  Brasões 

D.  João  foi  o  2.°  conde  de  Penela  por  carta  de  i6  de  Abril  de  1481  (i), 
senhor  das  vilas  de  Penela,  Mafra  e  Enxara  dos  Cavaleiros,  e  dos  concelhos 
de  Soalhães  e  Aregos,  e  vedor  da  fazenda  por  carta  de  3o  de  Setembro  de 
ibi"]  (2),  para  substituir  Nuno  da  Cunha,  que  ia  ser  nomeado  governador  da 
índia.  Nas  terras  do  Conde  de  Penela,  conforme  o  censo  da  população 
mandado  fazer  por  cartas  régias  de  17  de  Julho  de  1527,  viviam  1243  mora- 
dores assim  repartidos:  42,  na  vila  e  termo  da  Enxara  dos  Cavaleiros;  191, 
na  vila  e  termo  de  Mafra;  554,  ^^  vila  e  termo  de  Penela;  97,  no  concelho 
de  Soalhães  (3);  e  359,  ^^  concelho  de  Aregos  (4).  Dando  à  palaví^a  mora- 
dores do  censo  de  1527  a  sua  actual  designação  de  fogos,  e  calculando  em 
média  quatro  moradores  a  cada  fogo,  temos  cinco  mil  habitantes  nas  terras 
do  Conde  de  Penela. 

Morreu  êle  em  i543,  antes  de  Abril  (5),  deixando  descendência  na  qual 
se  continuou  a  sua  casa.  Ao  Conde  alude  Gil  Vicente  em  1529  no  Clérigo 
da  Beira:  •  ^ 

Qual  é  o  mor  namorado 

de  Portugal  e  Castela  ? 

He  o  Conde  de  Penela, 

mas  anda  dissimulado 

por  amor  da  sua  estrela. 

E  em  i532,  na  Rofiiagem  de  Agravados,  diz 

que  he  muyto  dadivoso. 

O  seu  brasão  era  o  escudo  esquartelado:  o  I  e  IV  as  armas  do  reino  com 
dez  castelos  na  bordadura ;  o  II  de  negro,  três  faxas  de  veirado  de  prata  e  ver- 
melho (Vasconcelos);  o  III  cortado  de  um  traço  e  partido  de  dois  que  fazem 
seis  quartéis:  o  i.°,  3.°  e  5,°  de  oiro,  dois  lobos  passantes  e  sotopostos  de 
púrpura,  armados  e  linguados  de  vermelho;  o  2.°,  4.°  e  6."  de  oiro,  quatro 
palas  de  vermelho;  sobre  o  todo,  de  oiro  liso  (Meneses).  Timbre:  lobo  pas- 
sante'de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho,  sobre  uma  capela  de  penas 
de  pavão  de  sua  côr  (6). 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.",  fl.  73. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3o.°  de  Doações.^  fl.  160  v. 

(3)  Povoação  da  Estremadura  e  Povoação  de  Trás  os  Montes,  no  Archivo  histórico 
PORTUGUEZ,  vol.  VI,  págs.  255  e  270;  vol.  VII,  pág.  247. 

(4)  Povoação  da  Beira.    Nota  II  em  apêndice  a  este  artigo. 

(5)  Archivo  histórico  portuguez,  X,  116. 

(6)  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  47,  sem  o  timbre;  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  9,  com  êle. 


Vasconcelos  363 

D.  Fernando  de  Vasconcelos  e  de  Meneses,  filho  segundo  de  D.  Afonso 
de  Vasconcelos,  i."  conde  de  Penela,  «foi  muito  douto  nas  antiguidades  e 
matérias  politicas  pelo  que  teve  grande  estimação  athe  dos  estrangeiros,  foi 
muito  verdadeiro,  affabel,  cortes  e  liberal,  e  com  tal  termo'  se  havia  no  que 
lhe  pediaÕ  e  elle  naÕ  podia  dar  que  ficava  quem  pedia  igualmente  obrigado, 
foi  clérigo  e  o  primeiro  beneficio  que  teve  foi  a  Abadia  de  Selva  no  Arcebis- 
pado de  Braga  de  que  foi  colado  em  7  de  Dezembro  de  1 5 10;  e  no  de  i5í3 
foi  Deaô  ou  Arcediago  de  Lisboa  tendo  a  Abadia  de  S.  Mamede  de  Angeris 
na  terra  de  Chaves,  e  depois  foi  elevado  pelo  Papa  Leaõ  10  a  Bispo  de  La* 
mego  em  8  de  Novembro  do  anno  i5i8,  e  estando  em  Lisboa  quando  os 
fidalgos  beijarão  a  maõ  a  el  Rey  D.  Manoel  pelo  cazamento  da  Rainha 
D.  Leonor  elle  foi  hú  delles  e  el  Rey  D.  Manoel  o  fes  seo  cappellaõ  mor  no 
anno  16 16,  e  no  anno  ibig  se  achou  com  o  dito  Rey  em  Sintra  no  Conselho 
que  se  tomou  acerca  de  Fernaõ  de  Magalhães  quando  se  passou  ao  serviço 
do  Imperador  Carlos  5  e  no  anno  i52i  esteve  prezente  a  morte  do  dito  Rey, 
e  no  anno  i525  em  Torres  novas  recebeo  por  procuração  a  Infante  D.  Izabel 
irmã  dei  Rey  D.  loaõ  3  com  o  Imperador  Carlos  5.",  e  no  de  iõ33  bautizou 
ao  Princepe  D.  Manoel  filho  dei  Rey  D.  loaÕ  3.*'  e  no  de  1643  acompanhou 
athe  a  raya  de  Castella  sendo  ja  Arcebispo  de  Lisboa  a  Infante  D.  Maria  a 
cazar  conj  o  Princepe  D.  Fellippe  filho  do  dito  Imperador  fazendo  muitos 
gastos  athe  Salamanca  onde  se  fizeraô  os  despozorios,  no  anno  1540(1)  foi 
elevado  pelo  Papa  Paulo  3.*  a  Arcebispo  de  Lisboa  de  que  tomou  posse  em 
6  de  Outubro  e  foi  o  ultimo  Prior  que  teve  S.  Vicente  de  Lisboa  morreo 
muito  velho  e  com  sináes  de  muita  virtude  em  7  de  Janeiro  de  i564,  deixou 
para  as  obras  da  Se  ^^  cruzados  de  renda  e  nella  esta  sepultado  juncto  da 
sepultura  do  Arcebispo  D.  Martinho  da  Costa  e  tem  este  letreiro:  Nesta 
sepultura  foi  enterrado  ç  Corpo  de  D.  Fernando  filho  de  D.  Affbnso  /.°  Conde 
de  Penella  foi  Arcebispo  desta  Cidade  e  CapellaÔ  mor  delRey  D.  Manoel 
delRey  D.  loaÕ  3.°  e  delRey  D.  Sebastião  nosso  snôr  falleceo  de  83  annos  c 
meyo  a  8  de  Janeiro  de  1564(2).  Fez  a  Igreja  de  S.  António  do  Tojal 
deixando  a  metade  da  Torre  dos  sinos  feita  porque  tirava  a  vista  da  Tribuna 
dos  Paços,  foi  do  Conselho  dos  quatro  dei  Rey  D.  Manoel  e  seo  valido,  suc- 
cedeo  no  Arcebispado  ao  Cardeal  Infante  D.  Affbnso  filho  do  dito  Rey»  (3). 


(i)  Bula  de  24  de  Setembro. —  Corpo  diplomático  por  tu  gue^ç,  IV,  3^6. 

(2)  Na  Lisboa  antiga,  p.  II,  vol.  III,  pág.  864,  transcreveu  Júlio  de  Castilho  outro  epitáfio 
muito  diverso  encontrado  nas  Antiguidades  de  Lisboa  de  Coelho  Gasco,  lastimando-se  destas 
confusões. 

(3)  Tirei  esta  bem  abreviada  notícia  biográfica  do  título  dos  Vasconcelos,  n."  240,  de 
D.  Afonso  Manuel  de  Meneses,  no  Nobiliário  coordenado  por  Jorge  Salter  de  Mendonça, 
vol.  XXIV,  fi.  173  mihi. 

V 


304  ~       Brasões 

Foi  este  Arcebispo  de  Lisboa  quem,  em  i55i,  com  intuito  de  averiguar 
as  rendas  do  arcebispado,  ordenou  a  seu  guarda  roupa  Cristóvão  Rodrigues 
de  Oliveira  que  elaborasse  uma  espécie  de  cadastro  da  cidade.  Esta  obra 
foi  posteriormente  impressa  em  Lisboa,  em  casa  de  Germão  Galharde,  em 
ano  não  indicado  e  com  o  título  de  Summario  ê  qve  brevemente  se  contem 
algpãs  covsas  (assi  ecclesiasíicas  como  secvlares)  qve  ha  na  cidade  de  Lisboa. 
E  livro  extremamente  raro. 

Usou  D.  Fernando  de  Vasconcelos  e  de  Meneses  de  umas  armas  muito 
semelhantes  às  dos  Eças,  também  descendentes,  como  estes  Vasconcelos,  do 
infante  D.  João.  Vêem-se  elas  no  selo  do  Arcebispo  e  consistiam  em  um 
escudo  carregado  dos  ciiico  escudetes  das  quinas,  dispostos  em  aspa,  com 
cinco  besantes  em  cada  um,  e  um  cordão,  com  seus  nós,  posto  em  orla  e  em 
aspa,  passando  nesta  parte  por  baixo  dos  escudetes  (i). 

Teve  o  Arcebispo  vários  filhos  ilegítimos  e  entre  eles  a  D.  João  Afonso 
de  Meneses,  arcebispo  de  Braga  em  i58i,  em  sucessão  a  D.  Fr.  Bartolomeu 
dos  Mártires.  Sagrou-se  em  Lisboa  na  capela  rial,  assistindo  Felipe  1  e  o 
cardial  arquiduque  Alberto,  e  fez  a  sua  entrada  em  Braga  a  25  de  Abril  de 
i582.  «Tinha' ja  cinco  anos  pouco  mães,  ou  menos  de  Prelado  gastados  na 
visita,  &  reformação  delia,  quando  recebendo  hua  carta  delRey  D.  Felippe 
o  prudente,  em  que  o  reprehendia  de  algCias  cousas  que  passavão  no  Arce- 
bispado; como  fosse  pessoa  de  grade  opinião,  assi  o  sentio,  que  de  puro  des- 
gosto veyo  a  adoecer,  &  morreo  em  14.  de  lulho. . .  de  iBSy.  sendo  de  idade 
de  65.  annos»  (2).  Tudo  derivou  da  denúncia  enviada  a  Felipe  I  contra  o 
dr.  André  Velho  Tinoco,  arcediago  de  Neiva  na  Sé  de  Braga  e  secretário 
do  Arcebispo,  tendo  sido  denunciante  um  irmão  do  próprio  prelado.  O 
dr.  André  Velho  Tinoco  foi  preso  na  Inquisição  de  Lisboa  pelo  pecado  ne- 
fando, a  23  de  Julho  de  i586,  e  foi-lhe  lida  a  sentença,  na  sala,  no  dia  10, 
de  Setembro  do  ano  seguinte  (3). 

III 

SENHORES   DE  FIGUEIRÓ 

♦ 

Dei  tal  desenvolvimento  ao  capítulo  precedente,  que  terei  de  me  restringir 
neste  e  nos  seguintes. 

Entre  os  filhos  de  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos,  i.°  senhor  de  Soalhães, 


(i)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica,  tom.  IV,  Est.  K,  n.°  35. 

(2)  D,  Rodrigo  da  Cunha,  Historia  ecclesiastica  de  Braga,  II,  397. 

(3)  Torre  do  Tombo,  Inquisição  de  Lisboa,  processo  n."  io53. 


Vasconcelos  365 

lá  atraz  nomeados  (i),  foi  o  último  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  companheiro 
de  seu  irmão  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos  na  batalha  de  Aljubarrota,  ca- 
pitaneando com  êle  a  ala  dos  valorosos  Namorados.  Já  .  então  lhe  havia 
D.  João  I,  como  Regedor  e  depois  como  Rei  de  Portugal,  feito  três  valiosas 
mercês.  A  primeira,  por  carta  de  14  de  Setembro  de  1422  (i384),  foi  a 
doação  da  vila  de  Viana  de  Caminha,  com  seus  cambões,  e  da  terra  da  Nó- 
brega, com  seus  coutos  e  termos,  a  qual  tinha  Fernão  Gonçalves  de  Meira, 
tudo  com  ambas  as  jurisdições,  salvando  só  as  apelações  e  agravos,  e  para 
descendentes  por  linha  direita  (2).  A  segunda  foi  a  de  pura  doação  para 
sempre,  para  êle  e  todos  seus  descendentes  legítimos,  das  terras  de  Figueiró 
e  Pedrógão,  com  todos  seus  termos  e  pertenças,  por  carta  de  2  de  Novembro 
do  mesmo  ano,  na  qual  já  é  intitulado  vassalo  (3).  A  terceira  consistiu  na 
doação,  em  préstamo,  das  rendas,  direitos,  e  frutos  novos  de  Gaia  d'apar  do 
Porto,  por  carta  dada  em  Coimbra,  pouco  depois  da  aclamação,  a  19  de  Abril 
de  1423  (i385)(4).  Por  estes  mesmos  tempos,  mas  já  no  Porto,  a  25  de 
Abril,  confirmou-lhe  de  juro  e  herdade  a  vila  de  Viana  de  Caminha  e  a  terra 
da  Nóbrega,  com  as  jurisdições  (5). 

Pouco  mais  tempo  teve  de  vida,  pois  morreu  em  Maio  de  1387  do  feri- 
mento de  uma  seta  ervada  durante  a  expedição  daquele  ano  a  Castela,  «e 
troverãno  a  Portugal  e  hi  foi  soterrado»  (6).  O  lugar  da  sepultura  foi  o  con- 
vento velho  de  S.  Domingos  de  Coimbra,  gravando-se  no  túmulo  este  epitáfio: 
Aqui  ja'{  o  nobre  escudeiro  Rui  Mendes  Jilho  de  Gonçalo  Mendes  de  Vascon- 
cellos  e  de  dona  Tareja  o  qual  em  honra  e  defendimento  destes  reinos  se 
Jinou  a  18  de  Maio  de  422  (7).  A  data  está  evidentemente  errada,  não  só 
por  o  cronista  afirmar  ter  Rui  Mendes  morrido  na  era  de  1425,  mas  porque, 
como  acima  ficou  expresso,  ainda  em  Abril  da  era  de  1423  é  mencionado  êm 
diplomas  régios. 

Rui  Mendes  de  Vasconcelos  não  casou,  mas  teve  dois  filhos  bastardos: 
Rui  Vasques  Ribeiro,  de  quem  adiante  me  ocuparei;  e  Pêro  Rodrigues  de 
Vasconcelos,  a  quem  D.  João  I,  por  carta  de  9  de  Junho  de  1426  (1387),  con- 
firmou a  terra  da  Nóbrega,  a  qual  Rui  Mendes  havia  de  juro  e  herdade  e  antes 
de  morrer  lhe  dera  (8).     Poucos  mais  dias  teve  de  vida,  visto  que  um  mês 


(1)  Pág.  345. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.°,  fl.  48  v. 

(3)  Ibidem,  fl.  54  v. 

(4)  Ibidem,  Ú.  102. 

(5)  Ibidem,  fl.  io3  v. 

(6)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  João  I,  p.  II,  cap.  1 10. 

(7)  Lousada,  Sumários  da  Torre  do  Tombo,  II,  444  mihi. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  2",  fl.  i  v. 


366  Brasões 

certo  depois  foi  a  dita  terra  da  Nóbrega,  como  veremos,  confirmada  por  sua 
morte  a  Rui  Vasques.  Nos  diplomas  não  se  menciona  parentesco  nenhum 
existente  entre  Rui  Vasques  e  Pêro  Rodrigues,  mas  parece-me  evidente  terem 
sido  irmãos,  pelo  menos  filhos  do  mesmo  pai. 

A  Rui  Vasques  fez  D.  João  I  doação,  por  morte  do  pai  e  por  carta  de  9 
de  Junho  de  1425  (iSSy),  das  terras  de  Viana  de  Caminha,  Figueiró  e  os 
Pedrógãos,  com  todas  suas  rendas,  jurisdições,  etc.  (i),  seguindo-se  logo,  um 
mês  certo  depois,  por  morte  de  Pêro  Rodrigues  de  Vasconcelos,  a  doação 
da  terra  da  Nóbrega,  a  única  a  seu  pai  pertencente  e  ainda  não  possuida  por 
êle  (2).  Pouco  tempo  andado  comprou-lhe  D.  João  I  a  terra  de  Viana  e  já 
o  contrato  estava  realizado  em  4  de  Abril  de  1482  (i3g4),  quando  de  novo 
lhe  confirmou  todas  as  terras,  tirada  Viana  (3).  Tudo  isto  se  passou  durante 
a  menoridade  de  Rui  Vasques,  de  quem  foi  tutor  seu  avô  Gonçalo  Mendes 
de  Vasconcelos,  que  tam  más  contas  deu  da  sua  tutela,  como  acima  vimos. 
Morreu  Gonçalo  Mendes  em  1407  e  já  então  era  Rui  Vasques  casado  com 
Ana  Afonso,  «minha  parenta»,  declara  D.  João  .1  num  diploma  de  1413  já 
citado. 

Quem  fosse  esta  parente  de  D.  João  I,  a  ninguém,  creio,  será  possível  dar 
dela  informação  segura.  A  consanguinidade  proviria  da  mãe  dei  Rei,  é  o 
mais  a  que  se  pode,  a  que  eu  posso,  chegar. 

Em  todos  estes  documentos  citados  aparece  o  filho  de  Rui  Mendes  de 
Vasconcelos  sempre  designado  pelo  nome  de  Rui  Vasques,  sem  mais  apelido; 
deste  tempo  porem  em  diante,  isto  é,  após  atingir  a  maioridade,  passou  a 
chamar-se  Rui  Vasques  Ribeiro,  em  atenção,  dizem,  a  haver  sido  criado  por 
sua  avó  D.  Teresa  Rodrigues  Ribeiro.  É  possível,  visto  êle,  na  realidade, 
ter  usado  do  nome  completo  do  pai  dela.  Para  confirmar  a  alteração  no 
nome  aparece  a  carta  de  i5  de  Fevereiro  de  1462  (1414),  pela  qual  D.  João  I 
fez  mercê  a  Rui  Vasques  Ribeiro,  seu  criado,  do  pão  da  terra  da  Nóbrega 
destinado  ao  seu  castelo  (4). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.°,  fl.  i  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  3  v.  —  Fez  D.  João  I  todas  estas  mercês  a  Rui  Vasques,  não  encontro 
porem  referência  a  nenhuma  carta  de  legitimação  e  a  pelo  P.e  Sousa  indicada,  sem  citação, 
no  vol.  XII  da  História  genealógica,  pág.  399,  com  a  data  de  14  de  Agosto  de  1430,  parece 
não  poder  ter  existido,  por  isso  que,  se  o  ano  é  o  da  era  dé  César,  não  é  provável  que  Rui 
Vasques  já  fosse  maior  e  casado  em  1445,  quando  o  avô  morreu;  se  ó  ano  é  do  Nascimento, 
em  1430  estava  Rui  Vasques  no  fim  da  vida,  quando  já  nenhum  proveito  poderia  tirar  da 
legitimação. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  3.»,  fl.  10,  e  mais  claro,  apesar  daquele  ser  o  registo 
original,  na  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.",  fl.  82. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  7,  liv.  3.»,  fl.  167. 


Vasconcelos  36j 

Não  sei  quando  Rui  Vasques  Ribeiro  enviuvou,  mas  sei  que  em  8  de  Maio 
de  1423  já  estava  outra  vez  casado.  Era  então  sua  mulher  D.  Violante  de 
Sousa,  e  no  referido  dia  declarou  Rui  Vasques  em  escritura  pública,  feita  na 
sua  terra  de  Figueiró,  que  ao  desposá-la  lhe  prometera  três  mil  e  quinhentas 
coroas  de  oiro  de  dote  e  arras  e  vinha  agora  garantir-lhas,  dando-lhe  em 
penhor  o  dito  lugar  e  seu  termo,  a  fim  dela  haver  as  suas  rendas  até  ser  paga, 
com  a  condição  porem  de  logo  após  integral  pagamento  entregar  a  terra  aos 
herdeiros  de  seu  marido.  Confirmou  el  Rei  este  contrato  por  carta  de  9  de 
Junho  do  ano  do  Nascimento  de  1423(1).  Era  D.  Violante  de  Sousa  filha 
bastarda  de  D.  Lopo  Dias  de  Sousa,  mestre  de  Cristo. 

Foram  os  dois  cônjuges  sepultados  na  capela  mor  da  igreja  de  S.  João 
Baptista  de  Figueiró,  em  um  túmulo  de  pedra  levantado  sobre  dois  lióes 
e  nele  esculpidas  suas  armas  e  gravado  o  seguinte  epitáfio,  em  caracteres 
góticos: 

Aqui  jaz  o  muito  hõrado  caualeiro  Ruy  Vaasqs  filho  de  Ruy  Meedes  de  Vascõ- 
celos  neto  de  G"  Meedes  e  de  dona  Tareja  Ribeira  e  do/na  Violãte  de  Sousa 
sua  molher  f*  de  dõ  Lopo  Dias  M"-"  de  xps  neta  de  Alv°  Dias  de  Sousa  e  de  dona 
M*  irmaa  da  rainha  dona/  Lianor  os  quaes  mãdou  J"  Roíz  de  Vascõcelos  seu 
filho  erdeiro  aqui  tresladar  era  de  noso  S»"  Jhú  xpo  de  mil  CCGG  Lvj  aiíos/  (2). 

A  data  é  a  da  trasladação,  pois  que  já  em  1435,  como  veremos,  era  Rui 
Vasques  Ribeiro  finado. 

As  armas  estão  em  dois  escudos.  Num  são  as  de  Rui  Vasques  assim; 
cortado:  no  I  quatro  faxas  veiradas  (é  o  que  a  escultura  quere  representar); 
no  II  quatro  palas.  No  outro  escudo  as  de  D.  Violante:  partido:  o  I  das 
armas  do  marido;  o  II  cortado  das  quinas  do  reino,  postas  porem  em  aspa, 
sobre  uma  caderna  de  crescentes.     Não  teem  timbres,  nem  elmos. 

O  escudo  de  D.  Violante,  na  parte  propriamente  da  sua  família,  está 
bem.  São  metade  das  armas  dos  Sousas  chamados  de  Arronches,  sem  a 
bordadura  dos  castelos  no  quartel  das  quinas;  disto  não  há  só  este  exemplo, 
dois  outros  lá  acima  ficam  apontados.  Agora  no  escudo  de  Rui  Vasques  é 
que  há  lugar  para  reparos. 

O  I  quartel  é  dos  Vasconcelos.  O  desenho  está  tosco,  as  faxas  parecem 
mais  carnéleas  (3)  do  que  veiradas,  mas  é  o  dos  Vasconcelos,  com  quatro 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  7,  liv.  4.",  fl.  63. 

(2)  Combinando  a  transcrição  um  tanto  livre,  como  todas,  do  P.c  Luís  Montês  Matoso, 
nas  suas  Memorias  sepulchraes,  fl,  154  v.,  com  uma  reprodução  que  se  encontra,  com  alguns 
«rros,  na  pág.  36  da  Arte  portuguesa. 

(3)  Gamélea  é  como  o  bacharel  António  Rodrigues  traduz  o  francês  crénelé  em  uma 


368  Brasões 

faxas  cm  vez  de  três,  e  assim  mesmo  as  vemos  na  igreja  da  Graça  de  San- 
tarém no  túmulo  do  i.°  Conde  de  Penela,  parente  deste  Rui  Vasques,  e  na  Sé 
de  Évora  na  capela  de  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  do  Esporão.  Não  há 
pois  dúvida,  são  as  dos  Vasconcelos,  e  por  aqui  se  conhece  haverem  alguns 
deles,  se  não  todos  os  antigos,  trazido  no  escudo  quatro  faxas  em  lugar  de 
três  somente. 

No  II  quartel  são  as  armas  chamadas  dos  Ribeiros:  em  campo  de  oiro 
quatro  palas  de  vermelho.  Estou  persuadido  que  neste  quartel  também  há 
uma  peça  a  mais  em  relação  às  armas  modernas,  e  que,  assim  como  no  I 
vieram  a  ser  só  três*  faxas^  também  o  II  só  a  três  palas  foi  reduzido.  No 
Livro  do  Armeiro  mor,  na  fl.  66^  estão  as  armas  dos  Ribeiros,  e  é  o  escudo 
esquartelado:  o  I  e  IV  de  oiro,  três  palas  de  vermelho,  o  II  e  III  de  negro, 
três  faxas  veiradas  de  prata  e  vermelho.  No  Livro  da  Torre  do  Tombo  tam- 
bém elas  estavam  na  fl.  i3,  esta  porém  é  uma  das  roubadas.  Exactamente 
iguais  ao  desenho  do  primeiro  livro  citado,  aparecem  as  armas  em  cartas  de 
brasão  de  lo  de  Maio  de  i53o,  i3.de  Novembro  de  i536,  20  de  Maio  de  i538, 
i5  de  Julho  de  1542,  4  de  Dezembro  de  1344,.  e  17  de  Setembro  de  ib^b  (i). 
Encontram-se  contudo  as  armas  dos  Ribeiros  com  quatro  palas  no  1  quartel 
no  teto  da  sala  de  Sintra,  em  cartas  de  brasão  de  12  de  Março  e  25  de 
Outubro  de  i568,  e  25  de  Março  de  1569(2),  e  em  vários  autores  heráldicos. 
E  tudo  mais  moderno,  e  menos  digno  de  confiança.  Em  todos  os  casos  o 
escudo  esquartelado  das  faxas  e  das  palas,  quer  com  três,  quer  com  quatro 
peças,  é  privativo  dos  Vasconcelos  Ribeiros  da  casa  dos  Senhores  de  Figueiró 
e  da  dos  Alcaides  mores  de  Pombal;  o  que  não  impede  de  se  terem  conce- 
dido'cartas  de  brasão  com  aquelas  armas  a  todo  e  qualquer  sujeito  que  se 
chamasse  Ribeiro,  ou  tivesse  algum  avô  deste  apelido. 

De  Rui  Vasques  Ribeiro  e  D.  Violante  de  Sousa  parece  ter  sido  único  filho 
varão  João  Rodrigues  Ribeiro,  3.°  senhor  de  Figueiró  e  Pedrógão,  terras  que, 
juntamente  com  a  da  Nóbrega,  D.  Duarte  lhe  confirmou,  por  morte  de  seu 
pai,  por  carta  de  17  de  Janeiro  de  1435  (3),  posteriormente  confirmada  por 
D.  Afonso  V  e  D.  João  II,  respectivamente  em  3o  de  Março  de  1450  e  i5  de 
Janeiro  de   1482,"*  com  exclusão  da  terra  da  Nóbrega   já  então  vendida  (4). 


carta  de  brasão,  de  16  de  Maio  de  i520,  registada  no  liv.  6."  de  Místicos,  fl.  174.  v.  —  Nós 
temos- a  palavra  ameado,  que  corresponde  bem  ao  francês,  tratando-se  de  muros  e  torres; 
em  heráldica  porem  dever-se-há  atender  à  autoridade  daquele  Rei  d'armas. 
(i)  Armaria  portuguesa,  ^à^s.  /j3o  e  43i.  •  , 

(2)  /£»íiie7/i,  págs.  43 1  6432.  , 

(3)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  3.°,  fl.  10.  . 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.",  fl.  82,  ^ 


Vasconcelos  369 

Nestes  diplomas  dá-se-lhe  o  nome.  de  João  Rodrigues  Ribeiro  e  o  mesmo  se 
fez  na  carta,  de  18  de  Outubro  de  1456,  de  venda  da  terra  da  Nóbrega  e  renda 
do  pão  do  seu  castelo  (i),  e  noutra  do  ano  de  1489  de  dez  mil  reais  brancos 
de  tença  a  D.  Erjinca  sua  mulher  (2);  nos  documentos  a  seguir  indicados  apa- 
rece porem  nomeado  João  Rodrigues  de  Vasconcelos. 

Por  escritura  de  29  de  Abril  de  1475,  feita  na  vila  de  Figueiró,  terra  de 
João  Rodrigues  de  Vasconcelos,  do  conselho  dei  Rei,  dentro  em  a. sua  torre, 
estando  êle  aí  e  sua  mulher  D.  Branca  da  Silva,  vincularam  certos  bens  a 
uma  capela  por  eles  instituída  pela  alma  de  Tomás  de  Sousa,  e  nomearam-na 
em  seu  filho  Pêro  de  Sousa  [Ribeiro]  e  em  seus  descendentes,  inclusive  o 
bastardo,  contanto  que  seja  «são  de  entendimento,  e  sendo  aleijado  do  entender, 
como  às  vezes  aquece,  não  herde».  Teve  confirmação  régia  em  10  de  Outubro 
de  1476(3).  ^ 

Parece  ter  servido  na  expedição  de  Castela,  pelo  menos  em  Toro  foram- 
-Ihe  dadas  duas  cartas,  uma  em  5  de  Maio  de  1476,  de  mercê  do  serviço  velho 
e  novo  dos  Judeus  de  Figueiró  e  Pedrógão  (4),  e  outra  a  8  de  Dezembro  do 
mesmo  ano,  de  privilégios  de  couto  e  honra  para  a  sua  quinta  da  Guarda  e 
feira  da  Mouta  Santa,  acerca  do  Rabaçal  (6).  Se  desta  ida  ao  próximo 
reino  tenho  dúvidas,  certeza  tenho  porem  de  João  Rodrigues  Ribeiro  haver 
servido  na  expedição  e  tomada  de  Alcácer  em  Africa  no  ano  de  1458,  sendo-me 
o  facto  revelado  por  um  documento  interessante. 

Gostava  o  fidalgo,  como  todos  do  seu  tempo,  de  toirear;  mas,  em  resul- 
tado desta  inclinação,  sobreveio-lhe  uma  vez  grave  desgosto.  Uns  cinco  anos 
antes  do  de  1458,  correndo-se  um  toiro  em  Figueiró,  lançou-lhe  João  Rodri- 
gues uma  garrocha  de  ferrão,  a  qual  por  infelicidade  foi  cravar-se  na  perna  de 
um  moço,  que  por  ali  perpassava.  Esteve  o  desgraçado  doente  seis  meses,  e 
ao  cabo  deles,  recrudescendo  o  mal,  finou-se.  A  justiça  rial,  honra  lhe  seja, 
não  olhando  à  graduação  social  do  réu,  mandou  tirar  uma  inquirição  de  tes- 
temunhas sobre  o  caso.  Temeu-se  João  Rodrigues,  apesar  de  protestar  haver 
dado  o  ferimento  «per  cajom  e  sem  sua  culpa»,  e  de  não  haver  queixosos,  e 
aproveitou  o  indulto  geral  prometido  aos  criminosos,  que  fossem  servir  à 
expedição  de  Alcácer  e  para  lá  partiu  com  D.  Afonso  V,  que  lhe  perdoou  a 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.°,  fi.  83  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  26.",  fl.  48  v.,  incompleta,  sem  a  data,  mas  pelo  teor  consta  ser  do  ano 
indicado. 

(3)  Ibidem,  liv.  2.»,  fl.  143  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  6.°,  fl.  83  v. 

(5)  Ibidem^  liv.  21.",  fl.  144  v.  —  Neste  documento  a  designação  do  sítio  da  feira  está 
claramente  escrito  Monta  (momta)  Santa.  D.  João  II  confirmou  tudo  por  carta  de  i3  de 
Junho  de  1486,  «tirando  o  pescar». 

voL.  1  47 


Syo  Brasões 

culpa  por  carta  de  21  de  Outubro  de  1468,  dada  na  própria  vila  recém  con- 
quistada (i). 

Do  casamento  dè  João  Rodrigues  de  Vasconcelos  e  D.  Branca  da  Silva, 
que  também  em  alguns  documentos  aparece  com  o  apelido  de  Meneses,  nas- 
ceram, entre  outros.  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  de  quem  a  seguir  tratarei, 
e  Pêro  de  Sousa  Ribeiro,  que  irá  no  capítulo  seguinte. 

Rui  Mendes  de  Vasconcelos  foi  4.°  senhor  de  Figueiró  e  Pedrógão  (2), 
alcaide  mor  e  capitão  de  Penamacor  (3),  e  avô  doutro  Rui  Mendes  de  Vas- 
concelos 6.°  senhor  daquelas  vilas  (4).  Alcançou  este,  por  alvará  de  22  de 
Março  de  i553,  autorização  para  sua  casa  passar  a  sua  segunda  filha  (5), 
deserdando  a  primeira,  D.  Maria  de  Vasconcelos,  por  ter  casado  a  furto  com 
um  Vasconcelos  seu  parente,  Diogo  de  Sousa,  de  quem  teve  o  i."  Conde  de 
Castelo  Melhor. 

A  filha  preferida  do  $.°  Senhor  de  Figueiró  chamava-se  D.  Joana  de  Vas- 
concelos e  foi-Ihe  confirmado  o  senhorio  de  Figueiró  e  Pedrógão,  por  morte 
do  pai  e  por  carta  de  19  de  Agosto  de  i557(6),  antes  de  ser  casada  com 
Luís  da  Alcáçova  Carneiro,  filho  primogénito  do  Conde  da  Idanha.  Este 
casamento  só  se  efectuou  depois  das  mortes,  não  só  do  pai,  como  também 
do  cunhado  de  D.  Joana,  porque,  em  vida  deste,  o  acima  nomeado  Diogo  de 
Sousa,  ninguém  em  Portugal  se  atreveu  a  casar  com  ela,  por  ser  êle  um 
fidalgo  muito  valoroso  e  ameaçar  de  morte  a  todos  que  o  tentassem  (7).  Rea- 
lizado o  casamento,  nasceu  primogénito  Pedro  da  Alcáçova  de  Vasconcelos. 
Veio  êle  a  ser  o  8.°  senhor  de  Figueiró  e  Pedrógão,  senhorios  que  passaram 
a  sua  filha  D.  Ana  de  Vasconcelos  e  Meneses,  condessa  de  Figueiró  pelo  seu 
casamento  com  Francisco  de  Vasconcelos,  1 .°  conde  de  Figueiró,  dos  Vascon- 
celos do  Esporão,  aos  quais  pertencerá  o  capítulo  V. 

Foi  Pedro  da  Alcáçova  de  Vasconcelos  casado  com  D.  Maria  de  Meneses 
e,  nos  primeiros  anos  do  século  xvii,  fundaram,  na  sua  vila  de  Figueiró,  o 
convento  de  Nossa  Senhora  do  Carmo  da  Ordem  dos  Carmelitas  Descal- 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  36.°,  fl.gS. 

(2)  Foram-lhe  confirmadas  as  duas  vilas  por  cartas  de  14  de  Maíço  de  1489,  feita  esta 
por  Fernão  de  Pina,  e  de  21  de  Julho  de  1496. — Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i3.»,  fl.  i. 

(3)  Cartas  de  24  e  28  de  Julho  de  1486.  —  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  4.°,  fl.  1 1 1. 

(4)  Carta  de  confirmação  de  16  de  Abril  de  1539. —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  26.* 
de  Doações,  fl.  1  to  v. — Ao  pai  dele,  João  Rodrigues  de  Vasconcelos,  haviam  sido  os  mesmos 
senhorios  confirmados  por  cartas  de  14  de  Janeiro  de  i5oo  e  22  de  Agosto  de  i528. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  65.»  de  Doações,  fl.  334. 

(6)  Ibidem. 

(7)  Diogo  Gomes  de  Figueiredo,  Nobiliário  genealógico,  II,  5 1 1  mihi. 


Vasconcelos  3j  i 

*ços(i).  Neste  convento  foram  sepultados,  não  só  os  fundadores,  como  sua 
filha  e  genro,  e  dos  seus  epitáfios  encontro  esta  memória:  Sepultura  de 
Pedro  da  Alcaçopa  de  Vasconcellos,  Senhor  que  foi  das  villas  de  Figueiró  e 
Pedrógão,  casado  com  D.  Mareia  de  Meneses,  o  qual  falleceu  aos  j3  de  Se- 
tembro de  j6ij  e  mandou  fa\er  sua  Jilha  D.  Anua  de  Vasconcellos  e  Meneses, 
Condessa  de  Figueiró  em  seu  testamento.  Sepidtura  da  Senhora  D.  Maria 
de  Meneses  mulher  que  foi  do  Senhor  Pedro  da  Alcáçova  de  Vasconcellos, 
Senhor  das  villas  de  Figueiró  e  Pedrógão,  que  falleceu  a  i8  de  Outubro  de 
i63g,  e  o  mandou  fa\er  sua  filha  a  Senhora  D.  Atina  de  Vasconcellos  e  Me- 
neses, Condessa  de  Figueiró  em  seu  testamento.  Sepultura  de  D.  Francisco 
de  Vasconcellos,  Conde  de  Figueiró,  casado  com  a  Senhora  D.  Anua  de  Vas- 
concellos e  Meneses,  Condessa  de  Figueiró,  e  a  mandou  fa:{er  a  dita  Senhora 
Condessa  sua  mulher.  Sepultura  da  Senhora  D.  Anua  de  Vasconcellos  e 
Meneses,  mulher  que  foi  de  Francisco  de  Vasconcellos,  Cotide  de  Figueiró  e 
Senhor  da  mesma  villa  e  da  do  Pedrógão,  filha  do  Sr.  Pedro  da  Alcáçova 
de  Vasconcellos  e  da  Senhora  D.  Maria  de  Meneses,  Senhores  que  forão  das 
mesmas  villas  de  Figueiró  e  Pedrógão,  a  qual  no  seu  testamento  mandou 
fa\er  estas  sepulturas  a  que  deu  cumprimento  seu  testamenteiro  por  sentença 
dos  residuos  da  Cidade  de  Lisboa  no  anno  de  iyo5{2). 

A  esta  senhora  D.  Ana  de  Vasconcelos  e  Meneses  dedicou  o  dr.  João 
Salgado  de  Araújo,  protonotário  apostólico,  abade  das  igrejas  de  Pêra  e  co- 
missário do  Santo  Ofício,  o  seu  opúsculo  intitulado  Svmario  de  la  familia 
ilustríssima  de  Vascojicelos,  historiada,  y  con  Elogios.  Dirigido  a  la  ilvs- 
trissima  senora  dona  Ana  de  Vasconcelos  y  Meneses,  Condesa  de  Figuejrò, 

y  senora  de  las  villas  de  Pedrogoji,  y  Villanueua  de  Frascoa,  mayora\go 
de  Esporou,  y  otras.  Con  licencia  dei  Conseio,  En  Madrid,  por  luan  San- 
chez.  Ano  M. DC. XXXVIII.  4.°  de  vi  n.  n.-68  fls.  numeradas  pela  frente. 
E  opúsculo  de  nenhuma  vaha  histórica,  quanto  aos  tempos  antigos,  e  de  muito 
pouca  em  relação  aos  contemporâneos. 

De  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  4.°  senhor  de  Figueiró,  foi  filho  segundo 
Pedro  da  Silva  de  Vasconcelos,  avô  doutro  Rui  Mendes  de  Vasconcelos, 
I."  conde  de  Castelo  Melhor,  por  carta  dada  em  Madrid  a  21  de  Março  de 
161 1  (3).     Havia  sido  partidário  decidido  de  Felipe  II  na  ocupação  de  Por- 


(1)  Fr,  Belchior  de  Santa  Ana,  Chronica  dos  Carmelitas  Descalços,  tom.  I,  pág.  SgS, 
cap.  3o. 

(2)  P.e  Luís  Montês  Matoso,  Memorias  sepulchraes,  fls.  i55  e  i56. 

(3)  Havendo  respeito  aos  serviços  que  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  do  meu  conselho 
de  Estado,  fez  a  el  Rei  meu  pai  em  negócios  de  importância  e  confiança,  que  se  lhe  encar- 


372  Brasões 

tugal,  merecendo-lhe  a  carta  de  7  de  Março  de  1584,  pela  qual,  havendo  res- 
peito aos  seus  serviços  na  matéria  da  sucessão  do  reino  e  ao  bom  modo  com 
que  nele  procedeu,  lhe  fez  doação  de  juro  e  herdade  das  vilas  de  Valhelhas 
e  Almendra,  com  as  jurisdições  (1).  Foi  alcaide  mor  da  Covilhã  e  Penamacor, 
capitão  de  Tânger  (2),  do  conselho  de  Estado  e  mordomo  da  Rainha  D.  Mar- 
garida de  Áustria,  e  morreu  a  3  de  Fevereiro  de  1618  (3).  «Fue  muy  enten- 
dido, y  grande  Cortesano,  sus  palabras  y  conversacion  eran  de  rara  agudeza, 
y  muy  sentenciosas»  (4).  Este  Conde,  achando-se  unicamente  com  filhas, 
obteve  licença  régia  para  nomear  sucessor  à  sua  casa  seu  parente  Francisco 
de  Sousa  e  Vasconcelos,  alcaide  mor  de  Pombal,  com  a  condição  de  casar  com 
sua  neta,  D.  Mariana  de  Lancastre.  Morreu  porem  Francisco  de  Vasconcelos 
antes  de  efectuado  o  casamento,  e  seu  irmão  e  sucessor  na  casa,  João  Ro- 
drigues de  Vasconcelos  e  Sousa,  foi  ainda  substituído  na  vocação,  casou  com 
I).  Mariana  e  foi  2.°  conde  de  Castelo  Melhor,  como  veremos. 


IV 

ALCAIDES  MORES  DE  POMBAL 
CONDES  E  MARQUESES  DE  CASTELO  MELHOR 

De  João  Rodrigues  Ribeiro,  3."  senhor  de  Figueiró,  foi  filho  segundo  Pêro 
de  Sousa  Ribeiro,  alcaide  mor  e  comendador  de  Pombal  na  Ordem  de  Cristo. 

A  favor  deste  filho  haviam  seus  pais  instituído,  no  ano  de  1475,  uma  ca- 
pela a  qual  lhe  foi  confirmada  por  carta  de  5  de  Maio  de  1496(6).  Antes 
disso  havia  o  pai,  João  Rodrigues  de  Vasconcelos  (6),  traspassado  neste  filho 


regaram  no  tempo  de  sua  sucessão  naquele  reino  [de  Portugal]  e  aos  anos  que  há,  que  serve 
a  Rainha,  minha  mulher,  de  seu  mordomo  e  a  satisfação  com  que  o  faz,  e  desejando  por 
tudo  isto  e  pela  calidade  de  sua  pessoa  e  casa,  etc.  Carta  do  título  de  conde  da  vila  de 
Castel  Melhor,  da  gual  êle  é  donatário  etc.  —  Chancelaria  de  Felipe  II,  liv.  23.'»  de  Doações, 
fl.  272. 

(i)  Chancelaria  de  Felipe  /,  liv.  5.°  de  Doações,  fl.  219. 

(2)  Não  há  dúvida  de  Rui  Mendes  de  Vasconcelos  haver  sido  capitão  de  Tânger,  assim 
o  declara  terminantemente  um  alvará  de  12  de  Setembro  de  i63i  logo  citado. 

(3)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica,  XII,  410. 

(4)  Salgado  de  Araújo,  Sumario  de  Vasconcelos,  fl.  65  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  27.°,  fl.  79. 

(6)  Repeti  aqui  o  nome  de  João  Rodrigues  com  o  apelido  de  Vasconcelos,  pois  com  êle 
aparece  neste  documento,  encontrando-se  no  precedentemente  citado  com  o  de  Ribeiro. 
Era  indistintamente  nomeado  com  qualquer  dos  dois  apelidos  e  até,  caso  curioso,  no  mesmo 
diploma,  p.  ex.:  D.  João  11  confirmou,  em  1482,  a  João  Rodrigues  de  Vasconcelos  a  carta 
de  padrão  de  9.000  rs.  concedida  por  D.  Afonso  V,  em  1460,  a  João  Rodrigues  Ribeira  — 
Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.»,  fl.  83. 


Vasconcelos  SyJ 

uma  tença  de  vinte  e  cinco  mil  reais  brancos,  a  qual  foi  confirmada  a  Pêro 
de  Sousa  Ribeiro,  já  então  fidalgo  da  casa  dei  Rei,  por  carta  de  12  de  Maio 
de  1487  (i).  A  mãe  veio  ele  a  suceder  nos  casais  de  Ansião,  que  por  sua 
morte  lhe  foram  prometidos,  por  carta  de  20  de  Fevereiro  de  1493  (2);  e  final- 
mente herdou  do  pai  a  quinta  da  Guarda  e  a  feira  da  Mouta  Santa,  cujos 
privilégios  lhe  foram  confirmados  por  carta  de  10  de  Maio  de  1497  (3).  As 
suas  tenças  trocou  Pêro  de  Sousa  Ribeiro  com  D.  Manuel  pela  alcaidaria 
mor  de  Pombal  e  outras  rendas  na  vila;  mas  reconheceu-se  haver  êle  pre- 
juízo e  foi-Ihe  compensado  por  uma  tença  de  doze  mil  reais  brancos,  consi- 
gnada numa  carta  de  padrão  de  8  de  Outubro  de  i5oi,  na  qual  é  intitulado 
do  conselho  dei  Rei  e  alcaide  mor  de  Pombal  (4).  Foi  sepultado  no  pavi- 
mento da  capela  do  Santo  Sepulcro  da  igreja  de  Santa  Maria  do  Castelo  de 
Pombal,  gravando-se  na  campa  o  seguinte  epitáfio:  Aquija:{  Pêro  de  Sousa 
Ribeiro  e  D í  Joana  de  Lemos  sua  uf^  Faleceo  no  atino  de  j5o2{b).  Há  erro 
nesta  data  pois  êle  ainda  vivia,  como  veremos,  em  fins  de  i5o5. 

D.  Joana  de  Lemos  era  filha  de  Gomes  Martins  de  Lemos,  senhor  da 
'Trofa,  e  ainda  vivia  em  i5i4,  tendo  por  ela  recebido  uma  sua  tença  deste 
ano  seu  filho  Lopo  de  Sousa  Ribeiro  (6). 

Pêro  de  Sousa  Ribeiro  foi  um  dos  poetas  palacianos  de  mais  nomeada, 
não  tanto  talvez  pela  qualidade  das  composições,  como  pela  quantidade;  a 
seguinte  Cantiga  não  deixa  contudo  de  ter  poesia: 

*  Aperfya  meu  cuydaUo 

comyguo,  sem  me  deyxar,, 
tanto,  que  seraa  forçado, 
se  dura,  de  me  matar. 


(i)  Encontro  mais  três  tenças  registadas  a  favor  de  Pêro  de  Sousa  Ribeiro:  uma  de 
3o.ooo  rs.  por  carta  de  8  de  Janeiro  de  1485,  feita  por  Pantalião  Dias;  outra  de  i5.ooo  rs., 
por  carta  de  27  de  Março  de  1493;  e  a  terceira  de  i5  moios  de  pão,  lo  de  trigo  e  5  de  se- 
gunda, a  qual  lhe  dera  D.  Manuel  em  sendo  Duque,  e  lha  confirmou  por  carta  de  24  de 
Abril  de  1497.  Esta  está  registada  no  liv.  3."  da  Chancelaria,  fl.  n3  v.,  e  as  outras  três, 
contando  com  a  do  texto,  foram  todas  con^rmadas  por  cartas  de  5  de  Maio  de  1496,  regis- 
tadas no  liv.  27.°,  fls.  83  e  83  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i3.°,  fi.  36  v.' 

(3)  Ibidem,  \iv.  12.»,  fl.  16. 

(4)  Ibidem,  Wv.  38.",  fl.  91. 

(5)  D.  António  Caetano  de  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  i83  v. 

(6)  Por  desembargo  de  12  de  Setembro  de  i520  foi  mandado  pagar  a  Lopo  de  Sousa 
Ribeiro  60.000  rs.  das  tenças  dos  anos  de  i5i3  e  i5i4que  sua  mãe  D.  Joana  de  Lemos  havia 
da  Excelente  Senhora  (Lousada,  Sumários.,  I,  353  v.).  Este  Lopo  de  Sousa  Ribeiro  foi  pro- 
genitor de  um  obscuro  ramo  de  Vasconcelos  em  Pombal,  já  extintos  na  varonia,  segundo 
creio. 


374  Brasões 

Nunca  me  deyxa  tristeza^ 
de  a  ter  tenho  rrezam, 
poys  vejo  meu  coraçam 
contra  mym  em  tal  firmeza. 
Fazme  ser  desesperado 
tal  vyda  sem  esperar, 
tanto,  que  seraa  forçado, 
se  dura,  de  me  matar.  (/i.  jg3,  col.  i.) 

Grande  celeuma  provocaram  na  corte  uns  apodos  por  ele  dirigidos  «a 
estes  casados  abaixo  nomeados,  que  andava  damores,  e  partiasse  elrrey  c5 
a  rrainha  pêra  Almeirim».  Passou-se  o  caso  no  outono  de  i5o5(i)  e  vieram 
os  casados,  desesperados  por  lhes  descobrirem  o  jogo,  e  outros  solteiros 
apodar  a  Pêro  de  Sousa  Ribeiro,  «em  paguo  destas  trovas  que  fez  por  seus 
pecados».  Começou  João  Fogaça  por  lançar  um  pregão  em  nome  do  Cor- 
regedor da  corte; 

Pague  três  mil  em  dinheiro 

quem  daqui  atee  janeyro 

em  outra  cousa  falar,  / 

se  nam  em  rryr  x  trovar 

Pêro  de  Sousa  Ribeyro. 

A  quem  souber  envençam, 

jeytos,  trajos  x  gybam 

dilo  aa  loguo  sso  pena 

de  paguar  aquela  pena 

que  sse  contem  no  rrifam. 

E  como  passar  janeyro 

poderaa  qualquer  obreyro  ' 

dy  avante  trabalhar, 

que  nã  manda  mays  goardar 

Pêro  de  Sousa  Ribeyro.  (ji.  772,  col.  3.) 

Até  fizeram  tomar  parte  nos  motejos  às  donzelas  da  infanta  D.  Beatriz, 
mãe  de  D.  Manuel,  e  às  damas  da  rainha  D.  Leonor,  viijva  de  D.  João  II, 
e  quem  por  elas  trovou,  por  elas  de  certo  inspirado,  foi  cruel.     Disseram  as 

donzelas: 

Avemos  dele  gram  doo 
fidalguo  velho  x  onrrado, 
em  triste  dia  minguoado, 
naceo  ele  em  Figueyroo. 

(1)  Na  Critica  e  historia,  pág.  188,  marquei  o  tempo  para  a  composição  destes  apodos 
entre  12  de  Dezembro  de  1499  e  3o  de  Setembro  de  i5o6;  agora  porem,  posso  precisar  a 
data,  pois  sei  que  dentro  daquele  período  só  em  Outubro  de  i5o5,  fugindo  à  peste,  se 
ausentara  a  corte  para  Almeirim.  As  averiguações  cronológicas  sobre  o  itinerário  da  corte, 
a  que  tive  de  proceder  para  a  Vida  de  Gil  Vicente,  deram-me  aquele  conhecimento. 


',      Vasconcelos  3jS 

Loguo  disse  hu  feiticeiro 

que  avia  num  janeiro 

hú  gram  trabalho  passar 

que  er  escusado  criar 

Pêro  de  Sousa  Ribeiro.  (/i.  jyji,  col.  3.) 

As  donzelas,  raparigas  novas,  encareceram  na  sua  idade,  que  não  devia 
ser  muito  avantajada;  vieram  a  seguir  as  damas  sisudas  e  atacaram  o  físico: 

A  todas  muito  nos  pesa, 
por  assy  sser  esta  cousa, 
triste  de  Pêro  de  Sousa, 
que  tomou  tã  maa  empresa. 
Com  sseu  olho  rremeleyro 
T  na  mão  o  sseu  babeyro, 
ca  o  viamos  entrar 
antes  do  demo  tomar 
Pêro  de  Sousa  Ribeyro.  (fi.  1^3,  col.  3.) 

\  Pobre  Pêro  de  Sousa  Ribeiro !  sucedeu-te  como  a  muitos  outros,  foste 
buscar  lã  e  vieste  tosquiado. 

Passou  ele  a  sua  vida  na  corte,  só  se  ausentando  dela  para  estar  em 
Pombal  e  é.  desacerto  grande  confundi-lo  com  Pêro  de  Sousa,  enviado  por 
Afonso  Y  a  França  a  notificar  a  Luís  XI  a  sua  partida  para  lá  (1).  Este  era 
o  que  foi  em  Castela  alcaide  de  Seabra  e  em  Portugal  vedor  da  caga  de 
Afonso  V. 

De  Pêro  de  Sousa  Ribeiro  e  D.  Joana  de  Lemos  foi  trineto  Luís  de  Sousa 
de  Vasconcelos,  4.°  alcaide  mor  e  comendador  de  Pombal  (2).  Casou  com 
D.  Maria  de  Moura,  dama  da  rainha  D.  Margarida  de  Áustria,  filha  de  Fernão 
Rodrigues  de  Almada,  provedor  da  Casa  da  índia  (3)  e  neta  de  Rui  Fernandes, 
o  famoso  feitor  em  Flandres  e  hábil  diplomata  nas  cortes  do  norte  (4).  Deste 
consórcio  nasceram,  entre  outros,  Francisco  de  Sousa  de  Vasconcelos  e  João 
Rodrigues  de  Sousa  e  Vasconcelos,  ou  João  Rodrigues  de  Vasconcelos  e  Sousa, 
como  passou  a  chamar-se  depois  de  suceder  na  casa  de  Castelo  Melhor. 

Francisco  de  Sousa  e  Vasconcelos  sucedeu  a  seu  pai  na  alcaidaria  mor  e 


(i)  Pina,  Chronica  de  D.  A/ouso  V,  pág.  567. 

(2)  Confirmada  a  comenda  por  carta  de  14  de  Março  de  1 597.  —  Chancelaria  da  Ordem 
de  Cristo^  liv.  1 1.»,  fl,  418. 

(3)  Pelos  muitos  serviços  de  Fernão  Rodrigues  de  Almada,  que  Deus  perdoi,  foi  dado, 
em  16  de  Junho  de  iSgS,  um  alvará  de  lembrança  a  Luís  de  Sousa  e  Vasconcelos  casado 
com  D.  Maria  de  Moura,  filha  de  Fernão  Rodrigues,  para  a  comenda  e  alcaidaria  mor  de 
Pombal  ficarem  por  seu  falecimento  a  seu  filho  mais  velho,  —  Ibidem,  liv.  i3.»,  fl,  3oi  v. 

(4)  Cfr.  Noticias  da  Feitoria  de  Flandres,  passim. 


376  Brasões 

comenda  de  Pombal  por  cartas  de  7  de  Outubro  de  1616(1);  pouco  tempo 
porem  gozou  delas,  porque  já  em  1621,  por  sua  morte,  foram  dadas  a  seu 
irmão  João  por  cartas  de  6  de  Setembro,  atendendo  a  ficar  sua  mãe  pobre 
e  com  muitos  filhos  (2). 

Havia  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  i.°  conde  de  Castelo  Melhor,  em 
atenção  aos  seus  muitos  serviços  no  tempo  das  alterações  do  reino  e  sucessão 
dele,  e  quando  foi  capitão  de  Tânger,  e  no  cargo  de  mordomo  de  Felipe  II  e 
da  Rainha  sua  mãe,  alcançado  um  alvará  régio  para  poder  nomear  a  sua  casa 
e  título  em  um  seu  parente,  com  a  condição  de  casar  com  uma  sua  neta  por 
êle  escolhida.  Nomeou  em  pritneiro  lugar  a  Francisco  de  Vasconcelos  e,  no 
caso  dele  falecer,  a  seu  irmão  João  Rodrigues,  para  lhe  sucederem  na  casa, 
casando  com  sua  neta  D.  Mariana  de  Lancastre  (3).  Morreu  Francisco  de 
Vasconcelos,  sucedeu-lhe  na  pretensão  seu  irmão  João,  mas  sobrevieram 
vários  pretendentes  à  sucessão  da  casa:  o  conde  da  Calheta  João  Gonçalves 
da  Câmara,  neto  do  i.°  Conde  de  Castelo  Melhor,  a  Condessa  da  Calheta, 
mãe  do  Conde,  e  o  Procurador  da  Coroa;  todos  porem,  ao  cabo  de  anos  de 
duração  da  demanda,  foram  excluídos  por  sentença  do  Juizo  da  Coroa  e 
Casa  da  Suplicação.  Então,  treze  anos  depois  da  morte  do  Conde  de  Cas- 
telo Melhor,  foi  dado  em  Madrid,  a  12  de  Setembro  de  i63i,  um  alvará  a  João 
Rodrigues  de  Vasconcelos  e  Sousa  a  fim  de  nele  haverem  efeito,  conforme 
a  nomeação  do  Conde,  as  mercês  a  este  concedidas,  com  a  condição,  para 
evitar  a  revista  da  sentença  e  facilitar  a  entrada  imediata,  logo  após  a  cele- 
bração do  casamento,  na  posse  dos  bens,  de  pôr  em  Pernambuco  uma  com- 
panhia de  trezentos  homens  lá  pagos  à  sua  custa  durante  seis  meses.  Ainda 
se  protraiu  por  mais  alguns  anos  a  decisão  definitiva  da  sucessão,  até  que, 
em  virtyde  de  João  Rodrigues  de  Vasconcelos  ter  largado  à  fazenda  rial  cinco 
contos  e  tanto  do  depósito  das  comendas  do  Conde  de  Castelo  Melhor,  para 
se  desobrigar  dos  trezentos  homens  a  enviar  a  Pernambuco,  e  visto  estar 
casado  com  D.  Mariana  de  Lancastre,  foi-lhe  dada  a  carta  de  18  de  Julho 
de  i635  do  título  de  conde  de  Castelo  Melhor,  em  sua  vida  (4),  seguindo-se 
àquele  diploma  outros  de  doação  das  terras  de  Valhelhas  e  Almendra,  da  alcai- 
daria  mor  de  Penamacor,  etc. 

Num  papel  de  diferente  leti*a  intercalado  no  tom.  II  do  Nobiliário  de 


(i)  Chancelaria  da  Ordem  de  Cristo,  liv.  iS.»,  fls.  55  e  56. 

(2)  Ibidem,  liv.  22.»,  fls.  34  v.  e  35. 

(3)  Não  encontrei  registado  nem  transcrito  o  respectivo  alvará  de  mercê  ao  Conde  de 
Castelo  Melhor;  depreende-se  porem  o  que  digo  no  texto  do  teor  do  alvará  passado  em 
Madrid,  a  12  de  Setembro  de  i63i,  adiante  citado. 

(4)  Chancelaria  de  Felipe  III,  liv.  26.«  de  Doações,  fl,  258, 


Vasconcelos  877 

D.  Jerónimo  de  Ataíde  da  biblioteca  de  Castelo  Melhor,  escrito  por  pessoa  de 
casa  entre  os  anos  de  i653  e  1667  e  portanto  muito  antes  da  composição  do 
Portugal  restaurado,  lêem-se  as  seguintes  notas  biográficas  por  mim  há 
tempos  copiadas: 

«Saiu  João  Rodrigues  de  Vasconcelos  a  servir  no  ano  de  38  por  soldado 
da  companhia  de  seu  irmão  Nicolau  de  Sousa,  de  que  era  general  D.  Fer- 
nando Mascarenhas,  conde  da  Torre,  e  .com  ele  se  achou  na  peleja  que 
teve  no  ano  de  40,  no  mês  de  Janeiro,  com  os  Holandeses  quatro  dias  nas 
costas  de  Paraíba;  e,  indo  derrotado  parar  à  índia,  sucedeu  que  em  Carta- 
gena foi  preso  por  se  querer  levantar  com  os  Portugueses,  que  ali  se  achavam 
em  companhia  do  general  de  Portugal  D.  Rodrigo  Lobo,  e  trazerem  a  este 
reino  os  galeões  e  pelejarem  com  a  frota  dos  Castelhanos.  Tendo  isto  assim 
disposto,  o  descobriu  um  António  de  Azevedo,  capitão  de  infantaria,  filho  de 
Tomé  de  Azevedo,  procurador  que  foi  do  povo  de  Lisboa.  E  preso  o  dito 
Conde  e  seus  camaradas  e  criados  o  condenaram  à  morte  e  lhe  deram  tor- 
mento para  efeito  de  descobrir  os  cúmplices  e,  porque  negou  tudo,  sofrendo 
com  grande  constância,  lhe  concederam  apelação  para  Castela.  Sabendo-se 
em  Portugal  este  sucesso,  o  mandou  el  Rei  D.  João  4.°  buscar  em  uma  fra- 
gata a  instâncias  da  Condessa  D.  Mariana,  sua  mulher,  e  tudo  se  fez  com 
tanto  acerto  que  se  obrou  como  desejava,  porque  o  Conde  saiu  de  um  cas- 
telo, em  que  estava  preso  com  sentinelas  e  rondas,  e  dous  criados,  descendo 
pela  muralha  por  uma  corda,  e  se  meteu  numa  lancha  que  lhe  estava  preve- 
nida de  um  navio  de  corsários  holandeses  que,  arrependidos  de  haverem  rou- 
bado a  fragata  que  ia  buscar  o  Conde,  se  ofereceram  para  o  trazerem  a 
este  reino,  como  em  efeito  o  trouxeram,  padecendo  grandíssimas  tormentas 
e  evidentes  perigos  de  poderem  dar  em  terra  de  Castelhanos,  obrigados  de 
algum  naufrágio  (i).  Chegou  finalmente  o  Conde  a  este  reino,  havendo  quatro 
anos  que  dele  saíra.  El  Rei  D.  João  lhe  fez  particulares  honras  e  favores, 
respeitando  o  que  tinha  padecido  por  seu  respeito,  e  assim  lhe  deu  a  comenda 
de  Santa  Maria  de  Beja  da  Ordem  de  Avis  e  o  mandou  governar  as  armas 
da  província  de  Entre  Doiro  e  Minho,  d'onde  tomou  a  praça  de  Salvaterra 
de  GaHza  duas  vezes,  e  da  segunda  a  forteficou  e  defendeu  a  um  grande 
poder  de  Galegos  e  Castelhanos,  com  que  o  cardial  Spínola,  vice  rei  da  Ga- 
liza, o  veio  investir  de  noite  e  de  dia  várias  vezes  até  que,  desenganado  à 
custa  de  muito'  sangue,  deixou  a  empresa  e  fez  com  que  aquela  praça,  a  de 
Salvaterra,  que  ganharam  as  armas  dei  rei  D.  João,  se  conservasse  em  sua  obe- 
diência.   Depois  o  mandou  el  Rei  vir  governar  as  armas  do  Alentejo  e  o  fez 


(i)  Todos  estes  sucessos  são  narrados,  com  muitos  mais  pormenores,  pelo  Conde  da 
Ericeira  no  Portugal  restaurado,  I,  págs.  174  a  184. 

,     VOL.  I  48 


378  Brasões 

do  seu  conselho  de  Guerra,  d'onde  assistiu  o  ano  de  46  e  querendo  surpreender 
a  praça  de  Badajoz  o  conseguia,  se  não  fora  que  os  que  o  haviam  de  ajudar 
lhe  faltaram,  como  foi  notório;  e  dos  mesmos  inimigos  constou,  que  a  praça 
se  levara  sem  dúvida,  segundo  estava  desapercebida.  D'aqui  o  tornou  a 
mandar  el  Rei  a  governar  o  Minho  com  tenção  de  fazer  a  guerra  em  Galiza, 
com  poder  groço,  e  ultimamente,  no  ano  de  49,  o  mandou  a  governar  o 
Brasil,  onde  foi,  levando  a  seu  cargo  a  armada  da  Companhia  Geral,  e  foi 
aquela  que  meteu  socorro  em  Pernambuco,  pelejando  com  os  Holandeses, 
depois  que  lhes  ocuparam  aquela  capitania  e,  governando  o  estado  do  Brasil 
três  anos  e  dez  meses,  se  veio  a  este  reino  ("1)». 

Nomeado  pela  segunda  vez  governador  das  armas  da  província  de  Entre 
Doiro  e  Minho,  para  lá  partiu  o  Conde  de  Castelo  Melhor  em  1667,  em 
tempo  de  guerra  acesa.  Lá  morreu  a  i3  de  Novembro  do  ano.  seguinte  e  foi 
sepultado  no  convento  de  Santo  António  de  Ponte  de  Lima,  na  mesma  capela 
onde  jazia  sua  parenta  por  Vasconcelos,  D.  Joana  de  Meneses,  senhora  da 
casa  de  Mafra  e  viscondessa  de  Vila  Nova  da  Cerveira  (2). 

D.  Mariana  de  Lancastre,  condessa  de  Castelo  Melhor,  era  filha  de  Simão 
Gonçalves  da  Câmara,  3.'^  conde  da  Calheta  e  7.°  capitão  donatário  do  Fun- 
chal, e  de  sua  segunda  mulher,  D.  Maria  de  Meneses  e  Vasconcelos,  dama 
da  rainha  D.  Margarida  de  Áustria,  e  filha  mais  velha  de  Rui  Mendes  de 
Vasconcelos,  i."  conde  de  Castelo  Melhor.  D.  Mariana  de  Lancastre  foi, 
depois  de  viúva,  camareira  mor  da  rainha  D.  Maria  Francisca  de  Sabóia  e 
marquesa  de  Castelo  Melhor,  entrando  em  funções  logo  após  o  desembarque 
da  Rainha  em  Agosto  de.  1666.  Dez  anos  antes  havia  morrido  sem  descen- 
dência seu  irmão  João  Gonçalves  da  Câmara,  4.°  conde  da  Calheta,  e  a  Con- 
dessa de  Castelo  Melhor,  que  d'então  por  diante  se  passou  a  chamar  D.  Maria 
de  Lancastre  de  Vasconcelos  e  Câmara,  sucedeu,  em  virtude  de  sentença,  nos 
seus  bens  e  já  em  22  de  Dezembro  de  1667  estava  de  posse  da  capitania  do 
Funchal  (3).  Por  esta  forma  vieram  a  unir-se  as  duas  casas  de  Castelo 
Melhor  e  da  Calheta,  o  que  Rui  Mendes  de  Vasconcelos  pretendera  evitar. 

Dos  2.°^  Condes  de  Castelo  Melhor  foi  filho  sucessor  Luís  de  Vasconcelos 
e  Sousa,  3.°  conde  de  Castelo  Melhor,  famoso  ministro  de  Afonso  VI  e  um 
dos  mais  notáveis  homens  de  Estado  de  Portugal.  Desterrado  do  reino, 
vítima  de  uma  cabala  de  corte,  para  cá  voltou  só  no  ano  de  1686  em  virtude 
de  licença  de  D.  Pedro  II,  «logrando  ElRey  —  diz  um  contemporâneo  —  nesta 


(i)  Não  conservei  a  ortografia  do  original,  nem  mantive  a  sua  pontuação. 

(2)  Fr.  Pedro  de  Jesus  Maria  José,  Chronica  da  provinda  da  Conceição,  tom.  II,  liv.  i.% 
|5i.  ... 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  4.°,  fl.  226  v. 


Vasconcelos  Syg 

deliberação  a  aceytaçaÕ  commua,  porque  os  signalados  serviços,  que  o  Conde 
de  Gastei  Melhor  havia  feito  a  sua  Pátria,  eraõ  merecedores  de  naõ  acabar 
a  vida  fora  dela»  (i).  Nos  seus  descendentes  se  continuaram  as  casas  de 
Castelo  Melhor  e  da  Calheta  e  se  repetiram  os  títulos  de  conde  duma  e  doutra 
vila  (2).  A  seu  filho  primogénito,  José  de  Caminha  de  Vasconcelos  e  Sousa, 
4.°  conde  de  Castelo  Melhor,  foi  feita  mercê  do  título  de  marquês  da  mesma 
vila,  de  juro  e  herdade,  com  duas  vidas  fora  da  Lei  Mental,  por  carta  de  2 
de  Outubro  de  1766,  em  troca  das  capitanias  das  ilhas  da  Madeira  e  de  Santa 
Maria,  com  as  suas  jurisdições  (3). 

O  5."  e  último  marquês  de  Castelo  Melhor,  João  de  Vasconcelos  e  Sousa 
Câmara  Caminha  Faro  e  Veiga  (4),  morreu  em  1 1  de  Janeiro  de  1878,  deixando 
descendência  legitimada,  pelo  que  a  representação  da  casa  passou  a  sua  irmã, 
a  6.*  Marquesa,  já  defunta,  e  desta  a  sua  filha  a  senhora  Viscondessa  da  Vár- 
zea (5).  A  representação  da  casa  de  Castelo  Melhor  perdeu  a  sua  antiga 
varonia  de  Vasconcelos,  esta  porém  ainda  se  conserva  em  alguns  parentes 
do  falecido  Marquês,  um  dos  quais  é  o  actual  Conde  de  Figueiró.  Não  valeu 
a  Rui  Mendes  de  Vasconcelos,  6.°  senhor  de  Figueiró,  excluir  da  sucessão 
dá  sua  casa  aos  Vasconcelos,  posteriormente  condes  de  Castelo  Melhor.  Na 
casa  não  entraram  eles,  mas  com  o  título  já  teem  sido  enobrecidos  dois:  o 
actual,  e  anteriormente  Luís  José  de  Vasconcelos  e  Sousa,  por  despacho  de 
17  de  Dezembro  de  1808(6),  filho  segundo  do  i.°  Marquês  de  Castelo  Melhor 
e  vice  rei  do  Brasil,  falecido  em  1809. 

As  armas  do  i.°  Conde  de  Castelo  Melhor  foram  unicamente  as  dos  Vas- 
concelos; as  do  2.°  e  3.°  eram  esquarteladas:  o  I  e  IV  dfe  negro,  três  faxas 
veiradas  de  prata  e  vermelho;  o  II  das  armas  do  reino;  o  III  de  vermelho, 
caderna  de  crescentes  de  prata.  São  as  armas  dos  Vasconcelos  e  metade 
das  dos  Sousas  de  Arronches.    Posteriormente,  absorvida  a  casa  da  Calheta, 


(i)  Conde  da  Ericeira,  Portugal  restaurado,  II,  876. 

(2)  Afonso  de  Vasconcelos  e  Sousa,  filho  primogénito  do  3.°  Conde  de  Castelo  Melhor, 
foi  o  5."  conde  da  Calheta,  por  carta  de  27  de  Junho  de  1690,  em  verificação  de  uma  das 
vidas  que  sua  casa  tinha  (Doações  de  D.  Pedro  II,  liv.  20.°,  fl.  33y).  6."  Conde  da  Calheta 
foi  seu  neto  António  de  Vasconcelos  e  Sousa,  por  carta  de  3  de  Outubro  de  1766  {Mercês 
de  D.  José,  liv.  3.»,  fl.  3i5  v.);  7.°  conde,  o  primogénito  do  2.»  Marquês  de  Castelo  Melhor, 
despacho  de  6  de  Maio  de  1793  {Gajeta,  de  11). 

(3)  Mercês  de  D.  José,  liv.  3  °,  fl.  3i5. 

(4)  Decreto  de  6  de  Abril  de  1859. 

(5)  Em  seu  marido  o  Visconde  da  Várzea,  foi  renovado  o  título  de  marquês  de  Castel» 
Melhor. 

(6)  Ga^neta  de  Lisboa^  de  21  de  Abril  de  1809,  !.•  Supplemento. 


38o  Brasões 

traziam  o  escudo  partido:  o  I  de  Vasconcelos;  o  II  de  Câmaras,  de  negro 
torre  de  prata  entre  dois  lobos  assaltantes  de  oiro,  tudo  disposto  sobre  um 
cabeço  cosido  de  verde  em  ponta  (i).  Ultimamente  traziam:  esquartelado : 
o  I  e  IV  de  Vasconcelos;  o  lí  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada  de  cinco 
escudetes  das  armas  do  reino  (Faro);  o  III  de  Câmara.  Coroa  de  marquês. 
Timbre:  o  liâo  dos  Vascçncelos. 

Assim  se  viam  no  soberbo  palácio  dos  Marqueses,  em  Lisboa,  no  lado 
poente  da  actual  praça  dos  Restauradores.  O  palácio  foi  adquirido  pela 
Companhia  Rial  dos  Caminhos  de  Ferro  Portugueses,  juntamente  com  outros 
terrenos  próximos,  para  neles  fazer  a  estação  central  de  Lisboa  e  o  túnel  que 
liga  esta  com  as  redes  das  linhas  daquela  Companhia.  No  palácio  porém 
nao  se  boliu,  e  foi  posteriormente  cedido  pela  Companhia  ao  Marquês  da 
Foz.     Tudo  isto  se  passou  pelos  anos  de  1889. 

O  Marquês  da  Foz  restaurou  o  palácio,  que  estava  longe  de  ser  ver  aca- 
bado, e  restaurou-o  com  aprimorado  gosto  e  rigoroso  estilo.  Na  escada 
monumental,  na  sala  de  baile,  no  hall,  na  casa  de  jantar,  na  livraria,  em  tudo, 
revelou  o  Marquês  a  sua  fina  capacidade  artística.  Ali,  os  quadros,  as  tape- 
çarias, os  mármores,  os  bronzes,  as  loiças,  a  talha,  a  marcenaria,  tudo  está 
no  seu  lugar,  tudo  é  bom,  nada  discorda,  nem  vexa  com  a  opulência  ruidosa 
de  muito  ricasso  moderno. 

No  lugar  das  armas  do  Marquês  de  Castelo  Melhor  ainda  hoje  se  vêem 
as  do  Marquês  da  Foz:  escudo  esquartelado:  o  I  de  azul,  cinco  flores  de  lis 
de  oiro  (Guedes);  o  II  de  oiro,  fretado  de  vermelho  (Correia);  o  III  esquar- 
telado de  prata,  com  seis  crescentes  de  vermelho,  e  da  mesma,  com  lião  de 
púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho  (Queirós);  o  IV  de  azul,  lião  de 
oiro,  armado  e  linguado  de  vermelho  (Castelo  Branco).  Coroa  de  marquês. 
Timbre:  penacho  de  três  plumas  de  vermelho. 

O  Marquês  da  Foz  morreu  em  29  de  Outubro  de  1917,  tendo  vendido  o 
palácio  em  1908.  Acha-se  hoje  aquela  antiga  e  artística  residência  transfor- 
mada em  casas  de  jogo,  escritórios  comerciais,  cinematógrafos  e  lojas,  tendo 


(i)  As  armas  dos  Câmaras  foram  concedidas  a  João  Gonçalves  de  Câmara  de  Lobos 
por  carta  de  4  de  Julho  de  1460  {Armaria  portuguesa,  104).  Com  as  armas  deu-se-lhe  o 
apelido.  Parece  pois  não  poder  haver  diferenças  neste  brasão,  pois  há-as  e  grandes.  No 
Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  41,  vem  este  escudo  com  o  campo  de  verde,  a  torre  coberta 
de  prata  e  cruzada  de  oiro,  os  lobos  de  sua  côr,  e  sem  o  cabeço  em  que  tudo  deveria  assentar. 
E  não  aparece  só  neste  livro  o  escudo  por  esta  forma,  mas  também  assim  se  encontra  numa 
carta  de  brasão  de  18  de  Julho  de  i533  (liv.  45.°  de  Doações  de  D.  João  III^  fl.  52  v.).  Mais 
ainda :  os  Condes  da  Ribeira  Grande,  também  Câmaras,  usam  as  armas  e  creio  que  sempre 
as  usaram  com  estas  diferenças,  e  mesmo  não  sei,  se  os  próprios  Condes  da  Calheta  e  os 
Castelos  Melhores  seus  sucessores  assim  o  não  fariam. 


Vasconcelos  38 1 

uma  delas,  com  consentimento  do  actual  proprietário  e  cumplicidade  de  um 
arquileto,  destruído,  com  ornamentos  de  péssimo  gosto,  a  harmónica,  regular 
e  majestosa  fachada. 

Das  casas  de  Figueiró  e  de  Castelo  Melhor  saíram  vários  ramos:  uns  que 
viveram  no  Pombal,  outros  na  corte,  e  entre  estes  uma  curta  varonia  da  casa 
de  Lumiares,  e  as  dos  Condes  das  Alcáçovas,  dos  Marqueses  de  Belas  e  dos 

Condes  da  Figueira. 

* 

Conta  o  P.^  António  Cordeiro  na  Historia  Insulana  (i),  que  el  Rei  man- 
dara à  Madeira  quatro  fidalgos  para  casarem  com  as  quatro  filhas  de  João 
Gonçalves  Zarco,  o  i."  capitão  donatário  do  Funchal,  sendo  um  deles  Martim 
Mendes  de  Vasconcelos.  Não  se  sabe  ao  certo  cujo  filho  fosse,  supondo-se 
ser  dos  verdadeiros  Vasconcelos;  sabe-se  contudo  haver-se  realizado  o  casa- 
mento dele  com  Helena  Gonçalves  da  Câmara,  filha  do  Zarco,  e  terem  pro- 
vindo dos  dois  os  Vasconcelos  da  Madeira  e  os  dos  Açores,  de  todos  os  quais 
não  sei  se  ainda  a  varonia  permanecerá  lá  por  aqueles  arquipélagos. 

Também  é  de  duvidosa  filiação  um  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  que 
passou  a  viver  à  ilha  Graciosa,  onde  deixou  geração.  Deste  Mem  Rodrigues 
foi  filha  Constança  de  Mendoça,  mulher  de  Álvaro  de  Orneias,  instituidor  do 
morgado  do  Caniço  na  ilha  da  Madeira  em  1499.  ^^  ^^'-^^  descendentes 
chamaram-se  Orneias  de  Vasconcelos;  foi  ultimamente  seu  representante  e 
senhor  do  morgado,  o  digno  par  do  reino  Agostinho  de  Orneias  de  Vascon- 
celos, nosso  ministro  em  S.  Petersburgo,  falecido  a  6  de  Setembro  de  190 1, 
e  um  dos  poucos  que  lerião  esta  seca.  Se  por  este  seu  ascendente,  Mem 
Rodrigues  de  Vasconcelos,  se  não  pode  precisar  como  se  entronca  a  família 
dos  morgados  do  Caniço  nos  verdadeiros  Vasconcelos,  por  outro  avô  bem 
mais  antigo  se  sabe,  que  deles  provieram. 

Fernão  Fernandes  de  Dornelas,  senhor  da  torre  e  quinta  do  Oiteiro  e 
de  toda  a  circunjacente  freguesia  do  Salvador  de  Dornelas,  a  qual  foi  o 
solar  e  deu  o  apelido  a  esta  casa,  era  filho  de  João  Fernandes  Franco  e 
de  Teresa  Anes,  filha  de  João  Peres  de  Vasconcelos,  o  João  Tenreiro  atrás 
falado. 

As  armas  antigas  dos  Orneias  eram:  de  oiro,  três  flores  de  lis  de  ver- 
melho (2).  As  armas  modernas  são:  de  azul,  banda  cosida  de  vermelho,  car- 
regada de  três  flores  de  lis  de  oiro,  postas  no  sentido  da  banda  que  é  acom- 


(1)  Liv.  3.»,  cap.  10,  §  72,  e  liv.  6.»,  cap.  44,  §  467. 

(2)  Agostinho  de  Orneias  de  Vasconcelos  na  notícia  biográfica  anteposta  às  Obras  de- 
D.  Ayres  d'OrneUas  de  Vasconcellos,  arcebispo  de  Goa,  pág.  11. 


382  Brasões 

panhada  de  duas  sereias  cosidas  de  sua  côr,  com  o  espelho  de  prata  e  o 
pente  de  oiro(i).     Timbre:  uma  das  sereias  (2). 

Como  os  Orneias  de  Vasconcelos  várias  outras  famílias  tem  havido  deri- 
vadas deste  tronco  por  uma  senhora;  lembra-me  agora  dos  Almeidas  de  Vas- 
concelos, condes  da  Lapa,  dos  Vasconcelos  Leites  da  casa  das  Carvalheiras 
em  Braga,  e  dos  morgados  de  Ponteias  no  campo  de  Coimbra. 

V 

MORGADOS   DO   ESPORÃO,   CONDES   DE   FIGUEIRÓ 

«Alvoro  Mendez  do  Flsporao,  home  bem  honrrado  e  muito  bÕ  cavaleyro», 
segundo  dele  escreve  um  autor  contemporâneo  de  seus  filhos  (3),  é  certo 
ter-se  chamado  de  Vasconcelos,  como  adiante  veremos,  e  ter  sido  irmão  de 
João  Mendes  de  Vasconcelos,  como  declara  um  documento  (4).  Contempo- 
râneos existiram  na  comarca  de  Entre  Tejo  e  Odiana  dois  Vasconcelos  (meus 
conhecidos)  de  nome  João  Mendes. 

Um,  morador  em  Elvas,  era  casado  com  uma  irmã  de  Álvaro  de  Abreu 
e  de  Rui  de  Abreu,  os  quais  lhe  haviam  dado  em  casamento  com  ela  uma 
herdade  coutada  no  termo  da  vila.  Consta  de  uma  carta  de  D.  Afonso  V 
aos  juízes  de  Elvas,  mandando-lhes  declarar  as  coimas  consignadas  no  primi- 
tivo instrumento  de  couto,  pois  ao  confirmá-lo  esquecera  apontá-las.  A  carta 
é  de  23  de  Março  de  1453,  o  instrumento  da  vereação  designando  as  coimas 
é  de  7  do  mês  seguinte  e  a  nova  confirmação  régia  só  foi  dada  a  6  de  Feve- 
reiro de  1459,  sendo  mandada  livrar  «por  Fernão  da  Silveira,  seu  coudel 
mor,  que  ora  tem  cargo  por  seu  especial  mandado  de  escrivão  da  sua  puri- 
dade».   Foi  finalmente  esta  carta  apresentada  por  Gonçalo  Pereira,  cavaleiro 


•  (i)  Livro  do  Armeiro  nioi',  fl.  109,  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  23  v.,  cartas  de  brasão 
de  i5i3  c  i533  {Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  ii.°,  fl,  43  v.  e  Chancelaria  de  D.  João  III, 
liv.  45.°  de  Doações^  fl.  52  v.).  Existe  uma  carta  de  brasão  de  7  de  Agosto  de  i537  [Chan- 
celaria de  D.  João  III,  liv.  23.»  de  Doações^  fl.  gS  v.)  na  qual  as  sereias  se  encontram  mais 
conformes  com  as  regras  heráldicas  por  serem  esmaltadas  de  oiro. 

(2)  Todos  os  citados  na  nota  precedente  menos  o  Livro  do  Armeiro  mor,  que  não  traz 
timbres. 

(3)  Livro  das  obras  de  Garcia  de  Resende  que  trata  da  vida  e  grandissimas  virtudes. . . 
do...  príncipe  elRey  dom  João  o  segundo,  cap.  144,  fl.  91. 

(4)  Carta  de  brasão  de  3  de  Abril  de  i533  concedida  a  Diogo  Gil  de  Vasconcelos,  natural 
•de  Montemor  o  Novo,  filho  legítimo  de. . .  Leonor  Mendes  de  Vasconcelos  e  neto  de  JoSo 
Mendes  de  Vasconcelos,  irmão  de  Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos  do  Esporão.  —  Chance- 
Jaria  de  D.  João  II J,  liv.  45."»  de  Doações,  fl.  63. 


Vasconcelos  38? 

da  casa  dei  Rei,  e  a  ele  confirmada,  salvo  quanto  ao  caçar  e  ao  pescar,  por 
carta  de  i3  de  F'evereiro  de  1487,  feita  por  Fernão  de  Pina,  sem  se  declarar 
como  a  herdade  viera  parar  à  posse  do  apresentante  (i).  Álvaro  e  Rui  de 
Abreu  eram  filhos  de  Martim  Rodrigues  de  Abreu.  O  primeiro  foi  cavaleiro 
da  casa  do  infante  D.  Henrique  e  dele  há  notícia  em  vários  anos  entre  os 
de  1448  e  146 1  (2).  Não  creio  que  este  Joane  Mendes  de  Vasconcelos  tivesse 
sido  o  irmão  de  Álvaro  Mendes  do  Esporão,  antes  me  inclino  de  preferência 
para  o  a  seguir  apontado. 

A  1 1  de  Fevereiro  de  1450,  na  casa  da  Câmara  de  Elvas,  sendo  lá  reunida 
a  vereação,  pareceu  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  morador  em  Évora,  filho 
de  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  e  lhes  disse,  que  bem  sabiam  como  seu 
pai  havia  no  termo  da  vila,  onde  chamam  o  Azinhal,  uma  herdade  coutada 
adquirida  por  compra  de  Martim  Gonçalves  do  Carvalhal,  «seu  avô»,  de 
Joane  Mendes  parece  mais  provável,  apesar  de  estar  em  conflito  com  a  gra- 
mática, e  pede  para  lha  defenderem  e  coutarem,  como  sempre  fora,  havia 
mais  de  cem  anos.  Concordou  a  vereação,  deu  a  Joane  Mendes  o  respectivo 
instrumento  e  este  teve  confirmação  régia  em  3o  de  Março  de  1450  (3).  No 
caso,  muito  provável  se  me  afigura,  deste  Joane  Mendes  de  Vasconcelos  haver 
sido  o  irmão  de  Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos,  do  Esporão,  vinha  este  a 
ser  filho  de  um  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos  e  assim  exphcada  a  tradição 
conservada  pelos  genealogistas  dos  morgados  do  Esporão  descenderem  do 
outro  famoso  D.  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  mestre  de  Santiago. 

Na  verdade  porem  a  filiação  e  ascendência  de  Álvaro  Mendes  do  Esporão  é 
muito  duvidosa.  Uns  dizem  que  êle  era  filho  de  uma  filha  do  sobredito  Mestre 
de  Santiago,  e  desta  opinião  parece  ter  sido  o  cronista  mor  Fernão  de  Pina; 
outros  afirmam  ser  êle  neto  do  mesmo  Mestre  por  um  seu  filho.  Inclinar- 
-me-hia  mais  à  primeira  versão,  pois  me  não  palpita  que  fosse  grande  a 
nobreza  do  pai  de  Álvaro  Mendes;  mas,  como  D.  António  de  Lima,  direi 
nada  se  poder  afirmar,  pois  «não  consta  de  certeza  alguma  por  papéis,  cró- 
nicas, ou  letreiros,  destes  netos  do  Mestre  e  só  fica  isto  em  opinião»  (4). 

Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos,  cavaleiro  da  casa  do  Conde  de  Guimarães 
e  morador  em  Evora^  apresentou  a  D.  Afonso  V  certas  escrituras  pelas  quais 
mostrou  haver  sido  pelos  reis  seus  antecessores  defesa  e  privilegiada  a  sua 
terra  chamada  do  Esporão,  no  termo  de  Monsaraz;  e  apresentou  mais  um 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  JI,  liv,  19.»,  fl.  7,  onde  por  engano  se  datou  do  ano  de  1443 
a  apresentação  em  vereação  da  carta  régia. 

(2)  Vitorino  de  Almada,  Concelho  de  Elvas,  I,  353. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  lo.»,  fl.  1 1  v.,  transcrita  noutra  de  confirmação. 

(4)  Nobiliário,  fl.  116  v.  mihi. 


384  Brasões 

alvará  de  couto  para  a  referida  herdade  concedido  pelo  mesmo  Rei.  Com 
estes  documentos  requereu  se  lhe  mandasse  passar  carta  em  forma,  e  obteve-a 
a  16  de  Agosto  de  1468(1). 

Por  este  documento  vê-se  que,  se  Álvaro  Mendes  nos  nobiliários  e  cró- 
nicas é  comumente  chamado  do  Esporão,  não  obsta  isso,  a  que  o  seu  verda- 
deiro apelido  fosse  o  de  Vasconcelos;  mas  também  se  vê,  que  a  sua  posição 
na  corte  era  um  tanto  subalterna,  criado  de  um  grande  senhor..  É  verdade 
que  depois,  numa  carta  de  padrão  de  vinte  e  cinco  mil  reais  de  tença,  pas- 
sada em  18  de  Junho  de  1484,  já  é  intitulado  fidalgo  da  casa  dei  Rei  (2). 
Notarei  uma  coisa,  para  não  passar  despercebida.  Aquele  Conde  de  Gui- 
marães, de  quem  Álvaro  Mendes  do  Esporão  era  cavaleiro  em  1468,  sucedeu 
dez  anos  depois  na  casa  de  Bragança  e  foi  o  Duque  desditosamente  degolado 
na  praça  de  Évora,  em  20  de  Junho  de  1483.  Um  ano  depois,  dia  a  dia 
quási,  era  concedida  ao  antigo  criado  da  vítima,  não  direi  inocente,  daquela 
tragédia  e  pelo  próprio  severo  Rei  que  a  delineou,  a  referida  tença  de  vinte 
cinco  mil  reais,  pelos  muitos  serviços  pelo  agraciado  prestados,  tanto  a 
D.  Afonso  V,  como  a  D.  João  II,  assim  nas  partes  de  África,  como  nas 
guerras  passadas  de  Castela.  Será  apenas  uma  coincidência  e  bem  possível 
é,  que  muitos  anos  tivessem  já  decorrido  depois  de  Álvaro  Mendes  haver 
largado  o  serviço  de  D.  Fernando  de  Bragança. 

Proveio  a  alcunha  do  Esporão,  pela  qual  Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos 
é  designado,  da  posse  da  herdade  daquele  nome  havida  por  ele  em  casa- 
mento. 

Em  1427  Teresa  Anes  da  Fonseca,  viúva  de  Fernão  Lopes  Lobo,  irmão 
de  Diogo  Lopes  Lobo,  1.°  senhor  de  Alvito,  achando-se  sem  filhos,  instituiu 
o  morgado  do  Esporão,  no  termo  de  Monsaraz,  com  a  obrigação  de  certas 
missas  na  Sé  de  Évora,  e  chamou  para  seu  primeiro  administrador  a  seu 
sobrinho  Gonçalo  Rodrigues  da  Fonseca  (3). 

Fernão  Lopes  Lobo  fora  cavaleiro  e  morador  em  Évora;  possuirá  três 
herdades  no  seu  termo  junto  ao  Enxarrama,  confrontando  entre  outros  pré- 
dios com  uma  herdade  de  Gonçalo  Rodrigues  da  Fonseca;  e  para  elas  alcan- 
çara, em  27  de  Março  de  1457  (1419),  carta  de  couto  (4).  Foi  esta  carta 
confirmada  por  sua  morte  a  seu  filho  Nuno  Fernandes  Lobo,  escudeiro  e  vas- 
salo dei  Rei,  por  cartas  de  12  de  Dezembro  de  1434  e  i3  de  Abril  de  1439(5). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  28.»,  fl.  82  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  22.°,  fl.  5. 

(3)  Diogo  Gomes  de  Figueiredo,  Nobiliário  genealógico,  II,  481  mihi;  D.  Francisco  de 
Meneses,  Familias  de  Portugal,  I,  fl.  3 10  mihi. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.",  fl.  35  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  20.%  fl.  16  v. 


Vasconcelos  385 

Quanto  a  Gonçalo  Rodrigues  da  Fonseca  sei  que,  sendo  escudeiro,  vassala 
dei  Rei  e  morador  em  Évora,  obteve,  em  8  de  Março  de  1427  (iSSg),  carta 
de  legitimação  para  seu  filho  Álvaro  Gonçalves,  havido  de  Margarida  Afonso, 
sendo  pai  e  mãe  solteiros  (i).  Sei  mais  que  seu  meio  irmão,  Pedro  Afonso 
Vilela,  filho  de  sua  mãe  Caterina  Pires  e  de  seu  segundo  marido  João  Afonso, 
escrivão  que  íôra  da  rainha  D.  Leonor,  lhe  fez  doação  de  todos  seus  bens, 
doação  confirmada  por  D.  João  I  em  1 1  de  Junho  de  1442  (1404)  (2).  Ainda 
mais  sei  que,  por  carta  de  1 1  de  Agosto  de  1446  (1408),  dada  em  Sintra,  lhe 
foi  coutada  uma  herdade  no  termo  de  Évora,  onde  chamam  a  Sitima  (3),  a 
qual  por  sua  morte  veio  a  pertencer  a  Leonor  Gonçalves  (sua  filha  ?)  e  dela 
passou  a  seu  filho  Martim  Casco,  morador  em  Évora,  a  quem  foram  confir- 
mados os  privilégios  da  herdade  por  carta  de  25  de  Janeiro  de  1447  (4). 

Gonçalo  Rodrigues  da  Fonseca,  o  primeiro  chamado  para  a  administração 
do  morgado  do  Esporão,  morreu  antes  de  nela  suceder,  e  por  morte  da  insti- 
tuidora meteu-se  de  posse  dos  bens  do  vínculo  seu  enteado  Nuno  Fernandes 
Lobo.  ■  Disputou-lhe  a  posse  Álvaro  Gonçalves  da  Fonseca,  filho  legitimado 
do  primeiro  nomeado  para  a  sucessão,  e  alcançou  a  administração  do  mor- 
gado por  sentença  do  ano  de  1475  do  corregedor  da  corte,  João  Mendes 
Aguado  (5).  Este  Álvaro  Gonçalves  da  Fonseca,  i."  administrador  legítimo 
do  morgado  do  Esporão,  casou  com  Caterina  Ribeiro  e  foram  pais  de  Leonor 
Ribeiro  da  Fonseca,  2/  senhora  do  morgado  e  mulher,  segunda,  dizem  os 
nobiliários,  de  Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos,  em  cujos  descendentes  se  con- 
tinuou a  posse  do  vínculo. 

Ainda  casou  Álvaro  Mendes  uma  terceira  vez,  agora  com  Aldonça  Mar- 
tins Loba  a  quem,  sendo  já  viiíva,  foram  confirmados,  por  carta  de  1 1  de 
Agosto  de  1490,  os  privilégios  da  herdade  no  sítio  do  Azinhal,  termo  de 
Elvas,  já  lá  acima  mencionada,  a  qual  pertencera  a  João  Mendes  de  Vascon- 
concelos  e  a  seu  pai  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos  (6).  Como  viera  esta 
herdade   a  pertencer  a  Aldonça  Martins  ?     O   diploma  não  dá  indicações 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.",  fl.  loa. 

(2)  Liv.  6."  de  Odiana,  fl.  265  v, 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  3.",  fl.  76. 

(4)  Liv.  3.»  de  Odiana,  fl.  283. 

(5)  D.  Francisco  de  Meneses,  Famílias  de  Portugal,  I,  fl.  3io  mihi. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João II,  liv.  io.°,  fl.  1 1  v.  —  Foi  novamente  confirmada  a  Aldonça 
Martins  por  carta  de  10  de  Outubro  de  1498  (liv.  8.°  de  Odiana,  fl.  loo  v.).  Depois,  a  18  de 
Outubro  de  i5 12,  Álvaro  de  Mesquita,  cavaleiro  da  Ordem  de  Santiago  e  morador  em  Elvas, 
pediu  ao  juiz  com  alçada  na  dita  vila  uma  certidão  da  presente  carta  e  sobre  ela  obteve 
para  si,  em  19  de  Março  de  i532,  carta  de  confirmação  dos  referidos  privilégios  (liv.  19.*  de 
Doações  de  D.  João  111,  fl.  82). 

VOL.  I  49 


386  Brasões 

nenhumas  e  as  conjecturas  podem-se  espraiar  sem  maior  base;  fundamento 
.  bastante  tem  êle  todavia  para  corrigir  ou   esclarecer  uma  data  de   Garcia 
■de  Resende. 

Conta  êle  que  um  Diogo  Gil  Magro,  cavaleiro  da  casa  de  D.  João  II  e 
irmão  do  anadel  mor  dos  seus  besteiros  Rui  Gil  Magro,  injuriara  gravemente 
a  Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos,  impossibilitado  pela  sua  idade  de  se  desa- 
frontar. 

Temeroso  porem  Diogo  Gil  dos  filhos  do  homem  por  êle  ofendido,  reti-' 
rou-se  para  a  companhia  de  Pêro  Juzarte,  senhor  e  alcaide  mor  de  Arraiolos, 
reputando-se  seguro  no  seu  forte  castelo.  Enganou-se  todavia,  porque  «no 
ãnno  de  noventa  t  dous:  Joane  mendez  de  Vasconcellos  /  t  Diogo  mendez  seu 
yrmão:  filhos  do  dito  Alvoro  mendez  per  estucia  do  pay  /  com  muita  géte  de 
cavalo  T  de  pe  que  ajuntou  entrara  per  manha  ao  dito  castelo  hu  dia  ante 
manhã  t  quebrara  as  portas  da  casa  do  dito  Diogo  Gil  t  o  matara»  (i).  Não 
contesto  a  veracidade  da  história;  mas,  ou  sucedeu  antes  de  Agosto  de  1490, 
quando  Álvaro  Mendes  já  estava  morto,  ou  a  vingança  dos  filhos  exerceu-se 
depois  da  morte  do  pai. 

Álvaro  Mendes  do  Esporão  foi  homem  muito  abastado  e  dizem  que  ins- 
tituirá, para  seu  filho  segundo,  o  morgado  das  Vidigueiras  próximo  de  Évora. 
Este  filho  chamou-se  Diogo  Mendes  de  Vasconcelos,  casou  e  foi  sua  bisneta 
D.  Francisca  de  Vasconcelos,  4.*  senhora  do  morgado  e  mulher  do  chanceler 
mor  Damião  de  Aguiar  Ribeiro,  de  quem  teve  filha  e  sucessora  a  D.  Antónia 
de  Vasconcelos  casada  com  Tristão  da  Cunha  de  Ataíde  e  Melo,  8.°  senhor 
de  Povolide,  e  nos  seus  descendentes  continuou  a  administração  do  morgado. 
Aquele  Chanceler  mor  foi  muito  rico  e  começou  a  edificação  do  palácio  das 
Portas  de  Santo  Antão  em  Lisboa,  onde  residiram  os  Condes  de  Povolide, 
dos  quais  passou  por  venda  ao  Conde  de  Burnay,  que  o  arrazou  e  no  seu 
lugar  edificou  uma  grande  casa,  com  pouco  gosto  e  menos  estilo,  com  a  qual 
a  estreita  rua  não  pode,  mas  que  de  certo  custou  muito  dinheiro.  Neste 
prédio  está  há  anos  estabelecido  o  Ateneu  Comercial  e  os  dois  escudos  de 
armas  que  sobrepujavam  os  dois  portões  do  antigo  palácio  dos  Povolides, 
encontram-se  hoje  numas  dependências  da  quinta  das  Laranjeiras,  assistindo, 
certamente  confusos,  às  evoluções  desportivas  da  família  da  casa. 

O  filho  mais  velho  de  Álvaro  Mendes  do  Esporão  chamòu-se  Joane  Mendes 
de  Vasconcelos,  ou  Joane  Mendes  do  Esporão,  como  o  nomeia  Damião  de 
Góes  numa  passagem  da  ChroJiica  de  D.  Emanuel.  Em  seguida  ao  caso  do 
castelo  de  Arraiolos  teve  Joane  Mendes  de  se  homisiar  em  Castela,  d'onde 
só  regressou  em  1498  com  D.  Manuel,  na  volta  da  ceremónia  dos  juramentos. 


(i)   Vida  de  D.  João  II,  cap.  144,  fl.  91, 


Vasconcelos  387 

A  ele  serviu  de  Embaixador  naquele  reino  por  algumas  vezes,  permanecendo 
lá  por  largas  temporadas  nos  anos  de  i5o'2  a  i52o(i).  De  uma  das  vezes 
foi  encarregado  de  receber  a  importância  do  último  terço  do  dote  da  rainha 
D.  Maria,  segunda  mulher  de  D.  Manuel,  e  o  resto  do  dote  e  arras  da  Rainha 
Princesa,  como  era  designada  a  primeira  mulher  daquele  soberano.  Desses 
dinheiros  teve  quitação  por  carta  de  ló  de  Janeiro  de  1509(2).  Fundou  em 
i53o  a  capela  chamada  do  Esporão  na  Sé  de  Évora  para  seu  jazigo,  de  sua 
segunda  mulher  D.  Briolanja  de  Melo  e  dos  sucessores  do  vínculo.  Morreram 
os  cônjuges  ambos  no  ano  de  1541  c  tudo  consta  das  seguintes  duas  inscri- 
ções, só  uma  subsistente: 

ESTA  CAPELLA.  MANDOV  FAZER  JOANNE  MENDES  DE  VASCONCELLOS 
DO  CONSELHO  DELREY  DOM  MANOEL  O  i."  E  DELREY  DOM  lOAO  3.»  SEV 
FILHO  PARA  SI  E  PARA  DONA  BRIOLANIA  DE  MELLO  SVA  MOLHER  E  PARA 
TODOS  SEVS  HERDEIROS  QVE  HERDAREM  O  SEV  MORGADO  DO  ESPORÀO 
A  QVAL  SE  FEZ  DE  CONSENTIMENTO  DE  TODO  O  CABIDO  DESTA  SE  E  DO 
DITO  REY  DOM  lOAO  E  DO  CARDEAL  IFFANTE  SEV  IRMÃO  BISPO  DELLA 
AS  QVAIS  CONVENSOENS  CONFIRMOV  NOSSO  MVY  SANTO  PADRE  CLE- 
MENTE 7.'  SEGVNDO  HE  CONTHEVDO  EM  SEV  COMPROMISSO  E  MANDA  O 
DITO  lOANNE  MENDES  A  SEVS  HERDEIROS  TENHÃO  CVIDADO  DE  FAZER 
DIZER  MISSA  QVOTIDIANA  QVE  LEYXA  QVE  SE  DIGA  PARA  SEMPRE  NESTA 
CAPELLA  A  QVAL  SE  ACABOV  NO  ANNO  DE  i53o. 

Esta  inscrição  já  lá  hoje  não  existe;  encontrei-a  no  Nobiliário  de  Diogo 
Gomes  de  Figueiredo,  onde  aparecem  as  demais  inscrições  ainda  hoje  exis- 
tentes copiadas  com  bastante  exactidão,  garantindo  por  isso  a  boa  leitura  da 
primeira.  Foi  ela  substituída  por  outra  quando  Manuel  de  Vasconcelos,  se- 
gundo informação  do  mesmo  Figueiredo,  mandou  reformar  a  capela.  Era 
ambas  as  inscrições  vem  apontado  o  ano  de  i53o  como  sendo  o  da  fundação; 
encontra-se  porem  em  certa  parte  da  capela  o  núniero  i527,  o  qual  talvez 
indique  a  data  do  começo  da  obra,  ou  a  do  consentimento  do  Cabido  para  ela. 

A  capela  do  Esporão  na  Sé  de  Évora  é,  na  opinião  de  um  distintíssimo 
arquiteto  alemão,  um  exemplar  perfeito  da  primitiva  Renascença  portuguesa, 
de  aparência  sumptuosa  e  admirável  (3).  A  capela  fica  situada  no  topo  do 
cruzeiro  da  banda  do  evangelho.  É  quadrada;  tem  um  altar  de  talha,  em 
parte  colorida  com  imitações  de  pedra,  também  no  estilo  da  Renascença, 
mas  mais  adiantada;  sobre  o  cruzeiro  abre  um  arco  emoldurado  de  elegan- 


( 1 )  Góes,  Chronica  de  D.  Emanuel,  part.  II,  cap.  3o,  fl.  5o  v. ;  p.  III,  cap.  27,  fl.  47 ;  e  p.  IV, 
cap.  48,  fl.  63 ;  Santarém,  Quadro  elementar,  II,  passim. 

(2)  Cartas  de  quitação  de  D.  Manuel,  n."  400^  no  Archivo  histórico  portuguez,  III, 
pÁg.  476. 

(3)  A.  Haupt,  Die  Baukunst  der  Renaissance  in  Portugal,  II,  i35. 


388  Brasões 

tíssima  escultura  (i);  por  cima  do  fecho,  num  nicho  incrustado  num  belo  friso, 
vè-se  o  escudo  e  elmo  dos  Vasconcelos;  em  baixo  uma  delicada  grade  de 
ferro  fecha  a  capela. 

As  armas  dos  Vasconcelos  tornam  aqui  a  aparecer-nos  com  quatro  faxas, 
como  já  as  vimos  na  igreja  da  Graça  de  Santarém  e  na  de  S.  João  Baptista 
de  Figueiró;  facto  que  me  leva  a  supor,  segundo  já  indiquei,  haverem  sido 
quatro  as  peças  do  primitivo  escudo  dos  Vasconcelos,  posteriormente  redu- 
zidas a  três. 

A  pintura  do  retábulo  representa  o  Descendimento  da  Cruz  e  nada  tem 
de  muito  especial;  o  tecto  é  de  laçaria  de  pedra  com  seus  florões,  nos  quais 
se  vêem  esculpidos  os  escudos  dos  Vasconcelos  e  os  dos  Meios;  nas  duas 
paredes  laterais,  à  altura  aproximada  de  dois  metros,  estão  embebidas  quatro 
inscrições  fúnebres,  duas  de  cada  lado.  A  primeira  do  lado  do  evangelho 
é  o  epitáfio  do  fundador;  do  mesmo  lado,  abaixo  desta,  a  de  seu  filho  Álvaro 
Mendes;  em  frente,  fazendo  rosto  e  competência  à  do  fundador,  está  a  de 
seu  neto  e  homónimo;  a  seguir  a  esta  vem  a  última,  a  do  bisneto  Manuel  de 
Vasconcelos.     Segue  a  primeira  inscrição. 

lOÃO  MENDEZ  DE  VASCONCELLOS  S.°«  DO  MORGADO  DO  ESPO: 
RÃO  FILHO  D'ALVARO  MENDES  DE  VASCONCELLOS  E  DE  DONA  LIANOR 
RIBEIRA  S.«^  PROPRIETÁRIA  DESTE  MORGVADO  •/.  FOI  DO  CONS.»  DEL 
REI  DOM  M/-^  E  DEL  REI  DOM  JOÃO  O  3.°  E  SEV  EMBAIX.»»''  NA  CORTE 
DOS  REIS  CATHOLIGOS,  E  DEL  REI  DOM  CARLOS  SEV  NETTO  •/.  E  DE. 
CONSENTIMJ»  DO  DITTO  REI  DOM  lOÃO;  E  DO  CAR.--  IFFANTE  DOM 
AFFONSO  SEV  IRMÃO,  BPO.  DESTA  CIDADE.,  E  DO  CABIDO  DESTA  SEE 
CONFIRMADO  PELLO  PAPPA  CLEMENTE  7."°  MANDOV  FAZER  NO 
ANNO  DO  S."^  DE.  i53o  ESTA  CAPELLA  PARA  SEV  lAZIGO  E  DE 
DONA  BRIOLANIA  DE  MELLO  SVA  2.*  MOLHER,  E  DE  TODOS  SEVS 
SVBCESSORES,  QVE  HERDASSEM  O  DITTO  MORGADO  D'ESPO: 
RÃO,  •/.  DOTOVA,  DE  HVA  MISSA  QVOTIDIANA  PARA  SEMPRE  IN: 
CLVINDO  NELLA  AS,  QVE  O  MORGADO  IA  TINHA  DE  OBRIGAÇÃO 
ESTA  AQVI  SEPVLTADO,  COM  A  DITTA  DONA  BRIOLANIA  DE  ME: 
LLO    SVA   MOLHER.   FALLECERÃO  AMBOS   NO   ANNO   DE   :    1541.  : 

De  sua  primeira  mulher  D.  Joana  de  Sousa,  filha  bastarda  de  Vasco  Mar- 
tins de  Sousa  Chichorro,  capitão  dos  ginetes  de  D.  Afonso  V,  nasceu  único 
Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos.  Sucedeu  na  casa,  foi  do  conselho  de  D.  João  III 
e  seu  embaixador  em  Castela  de  i53i  a  iõ36(2),  tendo  nesta  qualidade  acom- 
panhado Carlos  V  em  várias  das  suas  empresas.  Numa  destas  jornadas 
ficara  em  Roma,  na  ocasião  que  mais  acesas  andavam  as  negociações  rela- 


(1)  Reproduzido  na  obra  acima  citada,  pág.  i38. 

(2)  Fr.  Luís  de  Sousa,  Annaes  de  D.  João  III,  págs.  877,  387,  396,  397,  398  e  400 ;  San- 
tarém, Quadro  elementar,  II,  passim. 


Vasconcelos  389 

tivas  à  bula  da  definitiva  instituição  do  Santo  Ofício  em  Portugal,  a  qual  foi 
expedida  em  23  de  Maio  de  i536  e,  depois  de  ter  também  concorrido  para 
a  sua  concessão,  foi  dela  portador,  segundo  declara  o  seu  epitáfio.  Por  ele 
também  consta  haver  Álvaro  Mendes  morrido  no  ano  de  i555,  revelando-nos 
outra  memória  haver  tido  lugar  a  morte  no  dia  3o  de  Dezembro  e  ter-se,  no 
mes  seguinte,  dado  de  esmola  à  Misericórdia  de  Évora  doze  mil  reais  pelo 
haver  acompanhado  à  sepultura  (1).  Foi  levado  à  sua  capela  da  Sé  e  no 
túmulo  gravou-se  o  seguinte  epitáfio: 

ÁLVARO  MENDEZ  DE  VASGONCELLOS,  S.""  DO  MORGADO  D'ESPORÃO 
FILHO  DE.  lOÃO  MENDES  DE  VASGONCELLOS  E  DE.  DONA  lOANNA  DE.  SOV: 
ZA  SVA  i.«  MOLHER  (FILHA  DE.  VASGO  MTZ  DE.  SOVZA  GHIGHORRO  CAPI: 
TÃO  DOS  GINETES  DELREI  DOM  AFFONSO.  5.»,  E  FRONTEIRO  MOR 
DE  TRÁS  OS  MONTES)  FOI  DO  GON»  DELREI  DOM  lOÂO  O  3.»  E  SEV 
EMBAIXADOR  MVITOS  ANNOS  NA  GORTE  DO  EMP.°«  GARLOS  5." 
AQVEM  AGOMPANHOU  EM  MVITAS  DE  SVAS  EMPREZAS  :  ALGANÇOV 
DO  PAPPA  PAVLO  3.»  NO  ANNO  DE  .i536.  A  BVLLA  DA  INSTÍTVIÇAO 
DO  S.^»  OFFIGIO  DA  INQVISIÇÃO,  NESTES  REINOS  SENDO  ENVI: 
ADO  A  ISSO  PELLO  DITTO  REI  DOM  lOAO  :  FÂLLEGEO  NO  ANNO  DE 
i555  E  ESTÁ  SEPVLTADO  NESTA  GAPELLA  GOM  DONA  GVIO: 
MAR  DE  MELLO  SVA  MOLHER,  FILHA  DE  DVARTE  DE  MELLO,  E  DE 
DONA    ISABEL    DE    BRITTO,   A   QVAL   FÂLLEGEO    NO    ANNO   D'    iSyS. 

D.  Guiomar  de  Melo  fora  dama  da  imperatriz  D.  Isabel  e  segunda  mulher 
de  Álvaro  Mendes  "de  Vasconcelos  de  quem  teve,  entre  outros  filhos,  a  Joane 
Mendes  de  Vasconcelos,  6.°  senhor  do  morgado  do  Esporão,  também  sepul- 
tado na  capela  de  sua  casa  na  Sé  de  Évora,  com  o  seguinte  epitáfio: 

lOÃO  MENDEZ  DE  VASGONGELLOS,  SENHOR  DO  MORGADO 
DO  ESPORÃO  FILHO  DE  ÁLVARO  MENDES  DE  VASGONCELLOS 
E  DE  DONA  GVIOMAR  DE  MELLO  SVA  2.*  xMOLHER,  FOI  DO 
CONSELHO  DOS  REIS  DOM  SEBASTIÃO,  DOM  HENRRIQVE 
E  DOM  PHELIPPE  O  PRIMEIRO  :  E  ESTÁ  SEPVLTADO 
NESTA    CAPELA,    FÂLLEGEO    NO    ANNO    DE     i583 

Havia  casado  com  D.  Ana  de  Ataíde,  filha  de  D.  António  de  Ataíde, 
i.°  conde  da  Castanheira,  e  da  condessa  D.  Ana  de  Távora,  e  dela  teve,  entre 
outros,  a  Manuel  de  Vasconcelos,  sucessor  na  casa,  como  adiante  veremos, 
e  a  Luís  Mendes  de  Vasconcelos. 

É  este  a»  bem  conhecido  autor  do  interessante  livrinho  (no  tamanho,  na 
substância  é  grande)  intitulado  Do  sitio  de  Lisboa.    Dialogo  (2),  impresso 


(i)  Arquivo  da  Misericórdia  de  Évora,  Livro  dos  de/untos  de  1546  a  i556,  fl.  210  v. 
(2)  A.  de  Oliveira  Marreca,  num  artigo  do  VI  vol.  do  Panorama,  referindo-se  com  muito 


390  '  Brasões 

pela  primeira  vez  em  1608.  Quatro  anos  depois  deste  livro  imprimiu-se- 
outro  do  mesmo  autor,  a  Arte  militar  dividida  em  três  partes»  o  qual  foi 
dedicado  ao  Marquês  de  Castelo  Rodrigo,  vice  rei  de  Portugal.  Luís  Mendes 
data  o  livro,  em  20  de  Abril  de  1612,  do  Mascotte,  que  pelo  frontispício  se 
sabe  ser  uma  quinta  do  termo  de  Alenquer,  na  qual  se  declara  fora  o  livro- 
impresso  por  Vicente  Alvares.  Esta  quinta  ainda  existe  na  freguesia  de 
Santo  Estêvão  daquela  vila. 

No  Sitio  de  Lisboa,  tratando  da  melhor  maneira  de  fortificar  a  cidade 
pela  banda  da  terra,  lembra  o  aproveitarem-se  os  rios  de  Sacavém  e  Alcân- 
tara e,  ligando-os  por  meio  de  um  canal,  fazer  «a  mais  sigura  fortificação 
que  pode  ser,  recolhendo  dentro  delia,  não  só  a  cidade,  mas  muitos  lugares, 
&  fertilissimo  terreno,  cheo  de  Quintas,  lardins,  ortas,  &  deleitosas  recrea- 
ções» (i).  Se  o  canal  não  está  feito,  estão  contudo  as  fortificações,  come- 
çando no  forte  do  Monte  Sintra  na  foz  do  rio  de  Sacavém,  e  estendendo-se  por 
grande  parte  da  cumiada  dos  montes  por  êle  indicados.  Não  param  as  for- 
tificações em  Alcântara,  chegam  até  Caxias,  mas  isso  é  devido  à  grande 
extensão  por  a  cidade  tomada  pelo  rio  abaixo,  e  ao,  para  Luís  Mendes  incal- 
culável, alcance  da  artelharia  moderna,  o  qual,  segundo  oiço,  torna  hoje  esta 
mesma  linha  ineficaz  para  a  defesa  da  capital,  perdendo-se  . . .  mas  para  que 
vale  pensar  nisso. 

Casou  Luís  Mendes  de  Vasconcelos  com  D.  Beatriz  Caldeira,  que  lhe  levou 
em  dote  uma  capitania  mor  da  índia.  Era  filha  de  Manuel  Caldeira,  tesou- 
reiro mor  dos  almoxarifados  do  reino,  negociante  muito  rico,  que  em  i583 
contratara  com  Felipe  II  mandar  cada  ano  cinco  naus  à  índia,  recebendo 
oitenta  mil  cruzados  mortos,  uma  capitania  mor  da  carreira  da  índia  para 
casamento  de  uma  filha  e  outras  vantagens  (2).  Instituiu  um  morgado  do 
qual  fez  cabeça  umas  grandes  casas  em  Lisboa,  à  esquina  da  travessa  da& 
Gaivotas  para  a  rua  do  Caldeira,  a  qual  não  sei  se  dele  tomou  o  nome. 

Do  casamento  de  Luís  Mendes  de  Vasconcelos  e  D.  Beatriz  Caldeira  nas- 
ceram, alem  de  filhas  freiras,  Francisco  Luís  de  Vasconcelos,  governador  da 
ilha  Terceira,  e  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  valente  soldado  e  hábil  ca- 
pitão. Distinguiu-se  cm  1626  na  restauração  da  Baía,  onde  depois  influiu 
para  o  reconhecimento  de  D.  João  IV,  a  quem  veio  servir  no  reino.  Aqui, 
sendo  mestre  de  campo  general,  conquistou  o  lugar  de  Telena,  em  1643,  a 


elogio  a  este  livro  diz,  que  se  supõe  serem  os  três  interlocutores  dele  as  seguintes  pessoas : 
o  Politico,  o  i."  Conde  da  Castanheira,  avô  do  autor;  o  Philosopho,  o  bispo  D,  Jerónimo 
Osório;  e  o  Soldado,  Martim  Afonso  de  Sousa,  governador  da  índia. 

(i)  Pág.  233  da  I.»  ed. 

(2)  Diogo  do  Couto,  Década  décima  da  Ásta,  liv.  4.»,  cap.  5. 


Vasconcelos  Sgr 

castelo  de  Codiceira,  em  1646,  e  levou  um  socorro  a  Chaves,  em  1649.  "^^* 
meado  governador  das  armas  do  Alentejo  recuperou  o  castelo  de  Mourão  em 
1657;  não  foi  porem  feliz  no  ano  seguinte  no  sítio  de  Badajoz,  o  qual,  ao 
cabo  de  quatro  meses  de  assédio,  teve  de  levantar,  em  virtude  de  uma  epi- 
demia lhe  começar  a  dizimar  os  soldados.  Por  este  revés  foi  demitido,  preso  e 
sujeito  a  conselho  de  guerra,  tendo  sido  absolvido  por  unanimidade.  Era  a 
terceira  vez  que  tinha  sido  preso,  tendo-o  sido  das  outras  por  causa  do  seu 
génio  assomado  e  indisciplinado,  voltando  porém  sempre  ao  serviço  activo 
em  virtude  da  sua  alta  capacidade  militar.  Também  foi  escritor  e  poeta, 
segundo  afirma  Barbosa  Machado  na  Bibliotheca  lusitana.  Morreu  pouco 
depois  do  conselho  de  guerra,  não  dixando  filhos,  o  que  também  já  sucedera 
a  seu  irmão. 

Voltando  atraz,  ligarei  em  Manuel  de  Vasconcelos,  o  irmão  primogénito 
de  Luís  Mendes  de  Vasconcelos.  Foi  aquele  o  6.°  senhor  do  morgado  do  Es- 
porão e  da  mais  casa  e,  tendo  apenas  catorze  anos,  se  os  dizeres  do  seu  epitáfio 
são  certos,  passou  a  Africa  com  D.  Sebastião  e  lá  ficou  prisioneiro  na  batalha 
de  Alcácerquibir,  em  4  de  Agosto  de  iDyS.  Foi  um  dos  oitenta  fidalgos  res- 
gatados, regressando  à  pátria  em  fins  do  ano  seguinte.  Serviu  de  presidente 
da  Câmara  Municipal  de  Lisboa  de  1608  até  161 3,  passando  depois  a  exercer 
o  ofício  de  regedor  das  juátiças  na  Casa  da  Suplicação,  o  qual  desempenhou 
nos  anos  de  16 14  a  i63o  ou  3i.  ¥o'\  então  chamado  para  o  conselho  de  Es- 
tado em  Madrid,  onde  morreu  a  23  de  Abril  de  1637,  com  setenta  e  três 
anos  de  idade,  vindo  para  ser  sepultado  na  sua  capela  da  Sé  de  Évora,  onde 
lhe  colocaram  o  seguinte  epitáfio: 

MANOEL  DE  VASCONCELLOS  SOR.  DO  MORGADO  DO  ESPORÃO,  DO 
CONSELHO  DO  ESTADO,  DEL  REI  D.  PHILIPE  2.»  E  DO  SVPREMO,  QVE  ASIS: 
TE  IVNTO  A  PESOA  DE  SVA  MAG,  PRESIDENTE  DA  GAMARA  DA  CIDADE 
DE  LX.*  REGEDOR  DA  IVSTIÇA  DA  CASA  DA  SVPPLICAÇÃO,  NESTE  REIN.» 
F."  DE  lOÃO  MENDES  DE  VASCONCELLOS,  E  DE  D.  ANNA  DE  ATTAIDE  F/  DOS 
PRIMEIROS  CONDES  DA  CASTANHEIRA.  MANDOV  RENOVAR,  E  ORN: 
AR  ESTA  CAPELLA,  NO  ANO.  DE  1620.  NELLA  ESTÃO  SEPVLTADOS,  D.  LVIZA 
DE  VILHENA  SVA  1/  MOLHER  F.^  DE  lOÃO  NVNES  DA  CVNHA,  E  DE  D.  PHILIPA 
DE  MENDOÇA,  QVE  FALLECEO  NO  ANO.  DE  1594  E  D.  ILLENA  DE  NORONHA  SV: 
A  2/  MOLHER,  SRÃ.  DO  MORGADO  DE  PANCAS,  F*  DE  lOÂO  DA  COSTA,  E  DE  D. 
TNES  DE  NORONHA,  A  QVAL  FES  MORGADO  DE  TODA  SVA  FAZENDA  E  O 
ANEXOV  AO.  DO  ESPORÃO,  DEBAIXO  DAS  CLAVSVLAS  CONDIÇÕES,  DE 
SVA  INSTITVIÇÃO,  CÕ  ENCARGO  DE  DVAS  MISSAS  COTIDIANAS,  E  SE 
HANDE  DIZER  NESTA  CAPELLA,  E  HVA  CANTADA,  NO  DIA  DE  SEV  FALM.* 
QVE  FOI  EN  LX.*  A  27  DE  OITVBRO  DE  1619. 

Pouco  depois  da  sua  chegada  a  Madrid  fizera-lhe  Felipe  ÍII,  por  carta  de 


392  Brasões 

10  de  Setembro  de  i632,  mercê  do  título  de  conde  de  Figueiró,  em  três  vidas,, 
para  seu  filho  Francisco  de  Vasconcelos  (i).  Havia  Manuel  de  Vasconcelos 
casado  por  duas  vezes,  deixando  de  sua  primeira  mulher,  D.  Luísa  de  Vilhena, 
filha  de  João  Nunes  da  Cunha  e  de  D.  Felipa  de  Mendoça,  entre  outros  filhos,, 
os  três  seguintes: 

I.*' — Francisco  de  Vasconcelos,  i."  conde  de  Figueiró,  7.**  senhor  do  mor- 
gado do  Esporão,  mordomo  da  rainha  D.  Isabel  de  Bourbon,  morreu  em 
Madrid  no  mês  de  Outubro  de  i653(2),  sem  deixar  descendência.  Havia 
casado  com  D.  Ana  de  Vasconcelos  e  Meneses,  g.^  senhora  de  Figueiró  e 
Pedrógão,  já  lá  acima  mencionada. 

2."  —  Fr.  João  de  Vasconcelos  nasceu  em  Lisboa  em  iSgo  e  professou  em 
1608  no  convento  de  Almada  da  Ordem  dos  Pregadores,  largando  então  o 
nome  de  Álvaro,  com  que  havia  sido  baptizado.  «Na  sua  Ordem,  como  já 
tive  ocasião  de  dizer,  foi  mestre  de  teologia,  prior  do  convento  de  Bemfica, 
provincial  e  vigário  das  freiras  do  Sacramento.  Foi  também  pregador  dei 
Rei,  visitador  da  Inquisição  de  Coimbra,  e  reformador  da  sua  Universidade 
em  1645,  contando-se  que  nesta  ocasião  entrara  a  pé  na  cidade.  Regeitou  o 
bispado  de  Miranda  e  o  arcebispado  de  Braga;  foi  do  conselho  geral  do 
Santo  Oficio,  na  cadeira  que  a  sua  Ordem  lá  tinha  de  propriedade,  desde  23 
de  Novembro  de  i632  até  i  de  Fevereiro  de  i652,  em  que  morreu.  Foi  varão 
conspícuo  e  é  tratado  de  venerável  pelos  escritores  da  Ordem  e  outros  eclesiás- 
ticos». A  sua  vida  escreveu  em  castelhano  o  P.^  Fr.  André  Ferrer  de  Valde- 
cebro  e  se  imprimiu  em  Madrid,  no  ano  de  1668  (3). 

3."  —  D.  Felipa  de  Mendoça,  dama  da  rainha  D.  Margarida  de  Áustria, 
casou,  precedendo  escritura  esponsalícia  de  16  de  Fevereiro  de  1604(4),  com 
D.  Francisco  Luís  de  Lancastre,  3.°  comendador  mor  de  Avis,  que  íicou  em 
Castela  depois  da  Restauração  e  lá  morreu  em  1667,  tendo'  sua  mulher  fale- 
cido em  Lisboa  no  ano  de  i65i.  Destes  cônjuges  foi  filho  e  presumível 
sucessor  da  casa  D.  Pedro  de  Lancastre,  que  morreu  em  vida  de  seu  pai, 
mas  sucedeu  a  seu  tio  materno  na  casa  e  no  condado,  vindo  a  ser  o  2.°  conde 
de  Figueiró  por  carta  de  19  de  Maio  de  1664  (5).  Em  seus  descendentes  os 
Marqueses  de  Abrantes  se  continuou  a  casa  do  Esporão. 

Desta  casa  dizem  ter  sido  neto  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  casado  com 


(i)  Chancelaria  de  Felipe  77,  liv.  23."  de  Doações^  fi.  394. 

(2)  Pegas,  De  excliisione. . .  viaioratus,  III,  235. 

(3)  Informação  do  P.e  Sousa  na  Historia  genealógica,  XU,  74,  mas  não  encontro  a  obra 
mencionada  por  Nicolau  António  na  Biblioíheca  Hispana  nova. 

(4)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica^  XI,  286. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  IV,  liv.  2j.*  de  Doações,  d.  2. 


Vasconcelos 


39S 


Antónia  de  Barros  de  quem  teve  Felipe  Mendes  de  Barros  e  Vasconcelos» 
morto  na  batalha  de  Alcácerquibir,  em  1578.  Sua  mãe  era  filha  de  André 
de  Barros,  a  quem  me  tornarei  a  referir,  e  por  ela  herdou  o  morgado  da 
quinta  de  Vai  de  Flores  em  Santa  Iria  da  Azoia,  no  qual  sucedeu  a  sua  prima 
com  irmã  D.  Luisa  de  Barros,  filha  única^de  Jorge  de  Barros,  instituidor  do 
vínculo,  e  viúva  de  Jorge  da  Silva,  7.°  senhor  de  Vagos. 

Daquele  morgado  é  cabeça  a  referida  quinta,  na  qual  se  vê  uma  linda 
casa  quinhentista,  ainda  em  regular  estado  de  conservação  externa.  A  frente 
para  a  quinta  apresenta  em  todo  o  comprimento  uma  varanda  alpendrada, 
por  traz  da  qual  se 
vêem  dois  torreões 
um  pouco  mais  ele- 
vados. São  eles  li- 
gados por  um  pe- 
queno corpo  centra], 
formando  esta  parte 
a  frente  principal  da 
casa,  muito  menos 
interessante. 

Os  torreões  e 
as  paredes  laterais, 
que  os  unem  à  va- 
randa, são  ornados 

de  ameias  em  coruchéu,  as  quais  dão  a  todo  o  pitoresco  edificiosinho  um  ar 
encantador  de  preciosidade  de  loja  de  antiguidades. 

Ao  morgado  pertencia  a  capela  da  Soledade  na  igreja  matriz  do  lugar, 
no  cruzeiro,  da  parte  da  epístola.  No  fecho  do  arco  da  capela  vê-se  um  es- 
cudo com  as  armas  dos  Barros:  de  vermelho,  três  bandas  de  prata,  acompa- 
nhadas de  nove  estrelas  de  cinco  pontas  de  oiro,  i,  3,  3  e  2.  Dentro  na 
capela  de  cada  lado,  em  arcos  abertos  na  parede,  vê-se  uma  sepultura.  A 
da  banda  do  evangelho  tem  êsie  letreiro: 

AQVI  .  lAZ  •  lORGE  •  DE  •  BAROS  •  FIDALGO  •  DA  •  CAS 
A  .  DELREI  •  DOM  •  lOHÕHO  •  III  •  DESTE  •  NOME  .  E 
DONA  .  FILIPA  •  DE  •  MELO  •  SVA  •  MOLHER  •  FVMD 
ADORES  •  E  .  DOTADORES  •  DESTA  •  CAPELA  •  N 
O  ANO  .    DE  .  i55a  . 


Sobre  a  tampa  da  sepultura,  quási  lisa,  apenas  emmoldurada  com  umas 
estreitas  faxas,  está  outro  escudo  dos  Barros,  o  qual,  como  todos  os  mais  da 
capela,  é  polícromo.     Na  parede,  logo  acima  da  sepultura,  vê-se  ainda  outro 

5o 


VOL.  I 


394  Brasões 

escudo;  este  porem  é  partido  de  Barros  e  Meios.    O  primeiro  é  o  das  armas 
de  Jorge  de  Barros,  o  segundo  das  de  D.  Felipa  de  Melo. 

Defronte  deste  túmulo  na  mesma  capela,  mas  da  banda  da  epístola,  está 
outro  em  tudo  igual  ao  primeiro,  até  no  escudo  lavrado  na  tampa  da  caixa 
que  encerra  os  ossos,  ha  qual  está  gravada  a  inscrição  seguinte: 

AQVI  .  lAZ  .  AMDRE  •  DE  •  BAROS  •  FIDALGO  -DA  -CA 
SA  .  DELREI  .  DÕ  •  AFOMSO  •  HO  •  QIMTO  •  E  •  SVA  •  MOL 
HER.  COMSTANCA  •  RÕIZ-  DE-  CAMPOS-  E  FR.=»  •  DE-  BAROS  " 
SEV  .  F"  .  PAI  •  E  .  MAI  •  E  •  IRMÃO  •  DO  •  FVMDADOR  •  DES 
TA  .  CAPELA . 

O  Jorge  de  Barros  e  sua  mulher  D.  Felipa  de  Melo,  fundadores  da  capela, 
foram  também  os  edificadores  da  apetitosa  casa,  ainda  há  menos  de  um  ano 
pertencente  a  seu  representante,  Pedro  de  Alcântara  de  Barros  e  Vasconcelos, 
descendente  de  André  de  Barros  pela  sua  referida  filha  Antónia  de  Barros. 
Hoje  (1899)  caiu  nas  garras  dos  credores;  espatifou-se  tudo  e  a  jóia  quinhen- 
tista foi  passar  às  mãos  dum  negociante,  que  a  mandou  pintar  de  azul  celeste  ! 
Ficou  a  matar. 

NOTAS 

I 

OS  TÚMULOS  DE  S.  FRANCISCO  DE  ÉVORA,  pág.  847 

Na  igreja  de  S.  Francisco  de  Évora  existem  dois  sepulcros  interessantes  por  mais  de 
um  motivo  e  como  já  se  chegou  a  afirmar,  que  num  deles  jazia  o  mestre  D.  Mem  Rodrigues 
de  Vasconcelos  (i),  vou  dizer  o  que  sei  dos  fidalgos  neles  encerrados,  tentando  levantar  o 
véu  que  os  encobre. 

A  esquerda,  entrando  na  igreja,  próximo  da  pia  da  água  benta,  no  chão,  está  uma  campa, 
tendo  esculpido  um  escudo  de  armas  assente  sobre  uma  espada  posta  em  banda,  da  qual  só 
se  vêem  os  copos  e  a  ponta.  Por  baixo  tem  este  letreiro  em  duas  linhas  de  desigual  tamanho : 
S* :  de  mem~nv[  (?)  de  vasjconocelos.  Esta  leitura  é  conforme  a  um  desenho  que  de  lá  me 
mandaram,  não  que  eu  a  visse;  conforme  porem  a  António  Francisco  Barata  deverá  ler-se 
S"  de  vten  roi^  de  vasjcogocelos.  A  diferença  entre  as  duas  leituras  pouco  importa  à  minha 
tese,  pois  que,  mesmo  sendo  a  exacta  a  do  falecido  investigador  das  antiguidades  de  Évora, 
provarei  não  ser  aquele  Mem  Rodrigues  o  Mestre  da  Ordem  de  Santiago. 

A  outra  loisa  sepulcral  está  muito  mais  acima,  quási  ao  meio  da  igreja,  junto  à  passa- 
gem que  a  teia  deixa  para  o  cruzeiro.  Nesta  lápida  também  se  vê  um  escudo,  uma  espada 
e  um  letreiro;  está  tudo  porem  muito  mais  apagado,  principalmente  do  lado  esquerdo,  e  há 
variedade  na  disposição  do  escudo  e  da  espada.    Esta,  em  vez  de  ter  aquele  sobreposto, 


(I)  António  Francisco  Barata,  em  vários  opúsculos  e  ainda  insistindo,  depois  do  caso  esclarecido  por  mina, 
na  sua  Évora  antiga,  pág.  56. 


Vasconcelos  3g5 

ficou  colocada  ao  seu  lado,  à  direita  do  espectador,  numa  linha  perpendicular,  com  os  copos 
para  cima,  e  acompanhando  o  escudo  em  todo  o  seu  comprimentjo.  O  letreiro  diz:  Sepult* 
de  ro  (?)  miif  /  •  de  \  vila  \  lobos. 

Os  escudos  em  ambas  as  sepulturas  são  iguais  nas  peças  componentes,  somente  na  pri- 
meira conserva-se  o  desenho  menos  consumido.  São  eles  esquartelados:  o  I  e  IV  tem  um 
lobo  passante;  o  II  e  III  é  de  escaques  de  três  peças  em  faxa  e  cinco  em  pala,  que  fazem 
quinze  ao  todo.  Não  são  pois  os  escudos,  nem  das  armas  dos  Vasconcelos,  nem  das  dos 
Vilalobos.  As  daqueles,  já  neste  artigo  descritas,  são  três  faxas  de  veirado;  as  destes 
também  já  descritas  ficam  na  pág.  122  e  são  dois  lobos  passantes  sotopostos. 

Vamos  ver  se  sou  capaz  de  levantar  uma  pontinha  do  véu,  como  prometi. 

Em  Novembro  de  i382  era,  com  outro,  juiz  em  Évora  Martim  Vicente,  escolar  (i);  em 
1384  ainda  lá  exercia  o  ofício  e  assinou  a  escritura  de  i5  de  Fevereiro,  pela  qual  o  Concelho 
da  cidade  de  Évora,  deferindo  ao  pedido  do  Mestre  de  Avis,  defensor  do  reino,  lhe  outorgou 
por  um  ano  as  sisas  gerais  para  a  guerra  contra  o  usurpador  (2).  Continuou  servindo  a 
D.  João  I,  que  numa  carta  de  doação  de  28  de  agosto  do  ano  seguinte  lhe  chama  seu  vas- 
salo e  corregedor  nos  reinos  de  Portugal  e  Algarve  (3). 

Outro  Martim  Vicente  aparece  pouco  depois.  Foi  êle  criado  de  pequeno  pelo  Conde 
D.  Pedro  de  Meneses  (4),  com  êle  passou  para  Castela,  com  êle  voltou  para  Portugal  e  foi 
servir  em  Ceuta,  onde,  em  14 17  e  1419,  era  contador  por  el  Rei  (5).  Foi  aí,  nas  proximi- 
dades desta  cidade,  que  êle  praticou  um  feito,  não  narrado  na  citada  Crónica,  mas  do  qual 
encontro  a  memória  num  documento  revelado  por  autores  dignos  de  fé  (6). 

Durante  o  cerco  daquela  praça,  no  último  dos  anos  referidos,  fez  um  dia  o  capitão,  o 
Conde  D.  Pedro  de  Meneses,  uma  sortida  sobre  os  sitiantes.  Nela,  como  usava,  não  poupou 
a  sua  pessoa  (7)  e,  caíndo-lhe  o  cavalo,  tinham-no  os  Moiros  já  tirado  da  sela  e  cativo,  quando 
chegou  Martim  Vicente.  Com  denodo  atirou-se  êle  à  chusma,  ferindo  e  talhando,  a  torto  e  a 
direito,  aproximou-se  do  capitão  e  ajudou-.o  de  novo  a  cavalgar.  Então  os  dois,  um  a  pé, 
outro  montado,  fizeram  frente  ao  inimigo,  até  que,  sobrechegando  mais  dos  nossos,  se  pu- 
deram recolher  à  cidade.  Não  o  fizeram  contudo  ambos  incólumes,  porque  o  valente  con- 
tador apanhou  duas  lançadas  pelas  pernas  (8). 

Quis  o  Conde  galardoar  este  feito  por  forma  a  dele  permanecer  a  memória,  e  tornar 
bem  patente  a  sua  gratidão.    Ao  salvador  da  sua  vida  abriu  a  sua  família.    Desejou  dar-lhe 


(1)  Gabriel  Pereira,  Documentos  de  Évora,  II,  pág.  i53,  n."  128. 

(2)  Fr.  Manuel  dos  Santos,  Monarquia  lusitana.  VIU,  pág.  52i.  —  Esta  escritura  vem  impressa  por  inteiro, 
«ob  n."  5i,  a  pág.  78  do  vol.  I  dos  cit.  Documentos  de  Évora. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  i.",  fl.  83. 

(4)  Azurara,  Chronica  do  Conde  D,  Pedro,  pág.  52o. 

(5)  Ibidem,  págs.  338  e  444. 

(6)  Francisco  Soares  Toscano,  Parallelos  de  príncipes  e  varÓes  illustres,  cap.  79;  Nobiliário,  coordenado  por 
Jorge  Salter  de  Mendonça,  vol.  XXI,  fi.  196  v.,  no  titulo  dos  Sandes,  em  parte  da  letra  de  D.  Afonso  Manuel  de  Me- 
neses, em  parte  doutra  minha  desconhecida. 

17)  O  Conde  já  se  exposera  muito  doutra  vez,  em  4  de  Abril  de  1416,  e  dessa  vez  fora  ferido  e  o  seu  cavalo 
morto.  —  Azurara,  Chronica  cit.,  cap.  28. 

(8)  Toscano,  nos  Parallelos,  loc.  cit.,  conta  o  facto  pela  maneira  por  que  o  narrei,  coloca-o  porém  anos  antes, 
na  ocasião  referida  na  precedente  nota.  A  Chronica  de  Azurara,  ao  tempo  de  Toscano  ainda  não  impressa,  diz  que 
daquela  primeira  vez  o  Conde  foi  ferido,  e  esteve  uns  dias  doente  de  seus  ferimentos,  ao  passo  que  da  vez  em  que 
Martim  Vieente  lhe  acudiu,  foi  só  este,  que  ficou  ferido,  segundo  contam,  E  verdade  que  a  Chronica  não  especifica 
mais  ocasião  nenhuma,  em  que  o  Conde  tivesse  corrido  perigo,  mas  também  é  verdade,  que  ela  confessa  ter  o  capitão 
continuado  a  expôr-se.  Além  disso  nào  se  percebia  bem,  se  o  facto  se  tivesse  passado  em  4  de  Abril  de  1416,  por  que 
motivo  o  Conde  havia  de  demorar  o  galardão  até  18  de  Setembro  de  1419,  data  da  carta,  a  que  já  me  vou  referir  no 
texto. 


396 


Brasões 


para  apelido  um  dos  da  sua  linhagem,  e  que  daí  por  diante  se  ficasse  chamando  de  Vilalobos, 
e  deu-lhe  por  armas  dois  lobos  de  oiro  passantes,  em  campo  de  vermelho,  em  dois  quartéis, 
e  nos  outros  dois  quinze  escaques,  oito  de  oiro  e  sete  de  azul,  em  cada  um.  Os  lobos  pelos 
Vilalobos  de  sua  avó  a  condessa  de  Ourem  D.  Guiomar;  os  escaques  pelos  Portocarreiros 
de  sua  mãe  a  condessa  de  Viana  D.  Maior.  Martim  Vicente  aceitou,  com  a  condição  porem 
de  poder  juntar  àquelas  armas  as  suas  próprias,  as  dos  Vasconcelos,  família  a  que  pertencia. 
De  tudo  se  lavrou  uma  carta  assinada  pelo  Conde  em  Ceuta  a  18  de  Setembro  de  1419; 
carta  em  que  ele  manda,  sob  pena  de  sua  maldição,  a  seus  descendentes,  que  tratem  ao  agra- 
ciado por  parente,  o  ajudem,  e  lhe  não  ponham  impedimento  no  uso  das  referidas  armas  (i). 

Não  sei  da  existência  desta  carta,  dirão ;  são  só  os  Parallelos  e  o  Nobiliário,  que  contam 
o  íacto,  insistirão;  pode  mesmo  o  documento  ser  falso,  e  Toscano  não  ter  dado  por  isso, 
notarão.  E  eu  responderei:  É  verdade;  mas  tenho  ali,  na  pedra  daquelas  sepulturas,  a  con- 
firmação de  tudo.  Nelas  estão  enterrados  dois  fidalgos,  um  Vasconcelos,  e  um  Vilalobos; 
ambos  têem  o  mesmo  escudo  de  armas,  que  não  é,  nem  das  dos  Vasconcelos,  nem  das  dos 
Vilalobos;  escudo  em  tudo  igual  ao  dado  pelo  Conde  D.  Pedro  a  Martim  Vicente;  escudo 
que  os  autores  referidos  não  viram  nas  lápidas,  porque  se  o  conhecessem  o  declarariam,  e 
então  poder-se-hia  desconfiar  de  haver  a  história  sido  inventada  après  coup;  mas  assim  não 
se  pode,  e  para  ser  só  coincidência  é  demasiado  perfeita. 

Há  ainda  mais  três  pontos  para  confirmar  o  que  avanço;  o  apelido  de  Vasconcelos,  numa 
das  sepulturas  em  São  Francisco;  o  patronímico  Martins,  duvidoso  nessa  mesma,  claro  na 
outra;  e  a  espada  em  ambas.  O  apelido  de  Vasconcelos  prova  o  apego  de  Martim  Vicente 
à  sua  fcimilia  e  mostra  que,  se  não  juntaram  as  armas  antigas  às  novas,  contudo  não  lar- 
garam logo  o  nome.  O  patronímico  Martins  pode-me  revelar,  ainda  que  naquelle  tempo  os 
patronímicos  já  não  fossem  rigorosamente  observados,  que  ali  jaz  um  filho  do  valoroso  con- 
tador de  Ceuta.  A  espada,  aquela  insígnia  insistentemente  repetida,  ainda  que  em  posição 
diversa,  nas  duas  campas,  para  que  serve  ?  —  Serve  para  perpetuar  a  memória  do  feito  com 
que  as  armas  foram  ganhadas.  E  a  espada  do  valente  soldado,  que  salvou  a  vida  do  seu 
capitão.  Não  é  nenhuma  insígnia  de  cavalaria,  não ;  é  isto,  e  mais  nada.  Que  insígnia  de 
cavalaria  pode  significar  uma  espada  lançada  ao  lado  de  um  escudo?  Quem  souber  mais 
heráldica  do  que  eu,  o  que  não  é  difícil,  que  o  diga.    Eu  não  sei. 

Todas  as  referidas  conjecturas  caem  por  terra,  porque  Martim  Vicente  já  muito  antes 
dejr  para  Ceuta,  em  1384,  se  chamava  de  Vilalobos,  e  portanto  a  carta  de  1419,  que  lhe  dá 
este  apelido,  é  mais  uma  das  muitas  petas  dos  Nobiliários,  me  poderá  objectar,  quem  tiver 
lido  Fernão  Lopes  (2).  Eu  porém,  pedindo  vénia,  lhe  direi:  Não,  senhor,  o  Martim  Vicente 
de  Vilalobos,  um  dos  «que  ajudarom  o  Meestre  a  defifemder  o  rreino»,  e  que  lhe  foram  beijar 
a  mão  em  6  de  Outubro  de  i384,  seria  muito  embora  o  Martim  Vicente  juiz  em  Évora  nesse 
mesmo  ano,  como  acima  vimos,  mas  não  podia  ser  o  Martim  Vicente,  posteriormente  con- 
tador em  Ceuta,  nesse  tempo  vivendo  em  Castela  com  D.  Pedro  de  Meneses,  futuro  capitão 
daquela  praça  e  então  adversário  do  Mestre  de  Avis. 

Vejamos  porém  o  mais  que  tenho  apurado  acerca  de  Martim  Vicente. 

Em  1426  já  não  era,  segundo  creio,  contador  de  Ceuta,  porquanto  nesse  tempo  men- 


(i)  Parallelos  e  Nobiliário,  cits.  No  primeiro  declara  Toscano,  que  «  carta  «está  hoje  (1621)  em  Estrtmoz 
em  poder  de  seus  descendentes  (de  Martim  Vicente),  d'onde  cu  copiei  esta  Historia  pêra  lionra  dos  Vasconcellos, 
e''Sandes  de  Vilalobos,  que  deste  notável  Cavalleiro  procedem».  Para  a  descrição  das  Armas  sigo  o  Nobiliário,  que 
a  faz  por  forma  inteligível,  e  como  de  quem  sabe  do  oficio;  ao  passo  que  Toscano,  querendo  fazer  estilo,  não  é  claro. 

(2_>  C/ironica  de  D.  João  I,  p.  1,  cap.  139,  pág.  3oi  da  ed.  do  Archivo  histobico  portuguez. 


Vasconcelos  3gj 

•ciona  Azurara  a  «Gomes  Martins  Contador»,  provavelmente  o  mesmo  a  quem  anteriormente 
chamava  apenas  Gomes  Martins,  declarando-o  escudeiro  (i).  Por  isto  suponho  não  denotar 
a  palavra  contador  apelido,  mas  sim  ofício.  Em  todos  os  casos,  em  i435,  estava  Martim 
Vicente  no  reino,  exercendo  o  ofício  de  veador  das  terras  do  Conde  de  Viana,  almirante,  o 
seu  constante  protector  D.  Pedro  de  Meneses,  e  em  nome  dele  impetrava  dei  Rei  uma  carta 
de  privilégios,  dada  em  Alenquer  a  7  de  Julho,  para  o  meirinho  do  Almirante  e  um  seu 
homem  poderem  trazer  armas  (2). 

Fez  Martim  Vicente  o  seu  testamento  em  Évora  a  21,  ou  3i,  de  Julho  de  1448(3).  Por 
este  documento  instituiu  uma  capela  na  igreja  do  convento  de  S.  Francisco  daquela  cidade 
e  mandou  lançar  o  seu  corpo  na  mesma  igreja,  onde  estavam  sepultados  seus  pais.  Vinculou 
à  capela  a  sua  terça,  deixando  o  usufruto  a  sua  mulher  Constança  Anes;  anexou  ao  vínculo 
a  herdade  da  Fonteboa  e  um  foro  nas  vinhas  de  Valbom ;  e  arbitrou  aos  frades  anualmente 
um  moio  de  trigo  e  duzentos  reais  em  dinheiro.  No  testamento  nomeia  cinco  filhos;  Bea- 
triz Martins,  Lopo  Martins,  Inês  Martins,  Martim  Vicente  e  Júlia  Martins. 

Doutro  documento  consta  que  a  administração  da  tal  capela,  ou  morgado,  da  Fonteboa, 
o  qual  depois  se  chamou  dos  Botaréus,  foi  possuído  por  morte  de  Martim  Vicente  por  seu 
filho  Lopo  Martins  de  Vilalobos,  a  quem  se  seguiu  seu  filho  Rui  Martins  de  Vilalobos  (4). 
Este,  intitulando-se  cavaleiro,  foi  provedor  e  administrador  do  hospital  de  Jerusalém  em 
JÉvora,  no  reinado  de  D.  Afonso  V,  em  data  não  precisada,  e  o  tornou  a  ser  em  1490(5).  A 
um  descendente  de  sua  filha  Beatriz  de  Vilalobos  e  de  seu  marido  Lopo  Pires  de  Évora,  João 
de  Sampaio  Cogominho  de  Vasconcelos,  foi,  por  sentença  da  Relação  de  29  de  Abril  de  1724, 
julgado  pertencer  o  referido  morgado  da  Fonteboa,  ou  dos  Botaréus,  por  ser  descendente 
legítimo  do  instituidor  por  linha  feminina,  extinta  a  masculina.  Este  João  de  Sampaio  era 
em  1731  morador  em  Viana  do  Alentejo  e  pai  de  António  de  Sampaio  Cogominho  de  Vas- 
concelos, seu  sucessor,  que  servia  em  ofícios  de  justiça  (6). 

Num  Nobiliário,  mas  eu  tenho  muito  medo  deles,  transcreve-se  um  epitáfio  que  se  diz  ter 
existido  numa  campa  da  referida  igreja  de  S.  Francisco,  onde  hoje  se  não  encontrará,  creio, 
o  qual  dizia :  Sepultura  do  mjo  Nobre  Cav.o  Martim  Vicente  de  VasJo^  Juis  que  foi  desta 
Cidade  f. o  de  Vasco  Mí^  Zote  e  de  D.  M.^  Mendes  de  Vasconcellos  sua  77tulher  descendente 
por  seu  padre  de  D.  Arnaldo  de  Baiam  e  por  sua  madre  delrei  D.  Ramiro  de  Leão.  faleceo 
ano  de  1410  (7). 

Parece-me  muita  fidalguia  junta  para  um  modesto  juiz  e  cidadão  de  Évora,  vindo  a  ser 
este  Martim  Vicente  provavelmente  o  que  era  juiz  naquela  cidade  nos  anos  de  i382  e  se- 
guintes, não  sabendo  eu  explicar  o  motivo  por  que  aparece  aqui  com  o  apelido  de  Vascon- 
celos, a  não  ser  por  a  abreviatura  lá  gravada  não  ser  entendida  por  quem  trasladou  o  epi- 
táfio. 

Diz  mais  o  citado  Nobiliário  que  no  meio  da  campa  estava  ainda  este  outro  letreiro: 
E  de  seu  filho  Martim  Vicente  de  VasJos  e  de  sua  m.^r  Constança  Anes  que  fe^  CapA  de 


(i)  Azurara,  Chronica  do  Conde  D.  Pedro,  págs.  545  e  282. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  3.",  fl.  88.— Neste  livro,  na  fl.  41,  está  uma  carta  de  isenção  de  aposentadoria, 
dada  em  Évora  a  24  de  Fevereiro  do  mesmo  ano  de  I435,  a  favor  de  um  Martim  Vicente  lá  morador  e  outorgada  a  pe- 
dido de  Nuno  Fernandes,  estribeiro  que  fora  da  Duquesa  de  Borgonha,  irmã  dcl  Rei.  Creio  ser  este  Martim  Vicente 
diverso  do  antigo  contador  de  Ceuta. 

(3)  Torre  do  Tombo,  Capelas  da  Coroa,  liv.  4.",  fl.  44,  e  liv.  7.»,  fl.  2oç,  com  a  indicada  variedade  na  data. 

(4)  Sentença  de  29  de  Abril  de  1724  transcrita  no  liv.  7.*  das  Capeias  da  Coroa,  fl.  211. 

(5)  Gabriel  Pereira,  Documentos  de  Évora,  1,  107. 

(6)  José  Soares  da  Silva,  Memorias  de  D.  João  1,  tom.  li,  pág.  812. 

(7)  António  Peixoto  de  Queirós  e  Vasconcelos,  ^oW//<jr/o  das  famílias  de  Portugal,  tom.  I,  fl.  24,  na  Torre 
-do  Tombo,  tendo  na  lombada  a  designação  de  vol.  2Õ. 


398 


Brasões 


Fonteboa  para  sua  ni.^r  e  cinco  filhos,  faleceo  em  i44g.  Os  dizeres  deste  estão  todos  confir- 
mados pelos  documentos  meus  conhecidos,  salvo  o  apelido  de  Vasconcelos  atribuído  a  Mar- 
tim  Vicente,  que  de  nenhum  usou. 

Vivia  então  em  Évora  um  Martim  Vicente  de  Vilalobos,  cavaleiro  e  lá  juiz,  o  qual  nesta 
qualidade  assinou,  com  outros  da  vereação,  em  21  de  Março  do  ano  seguinte,  uma  escritura 
de  composição  com  Martim  de  Oliveira  relativa  às  excessivas  e  vexatórias  penas  impostas 
aos  transgressores,  na  carta  de  encoutamento  da  sua  quinta  da  Oliveira,  no  termo  da  ci- 
dade (i).  Martim  Vicente  de  Vilalobos  deverá  ser  o  Martim  Vicente  nomeado  em  1448  no 
testamento  do  antigo  Contador  de  Ceuta,  entre  os  seus  filhos;  deverá  mais  ser  o  mesmo 
que  em  19  de  Janeiro  de  1452  foi  nomeado  juiz  de  Moura,  transferido  a  4  de  Maio  do  ano 
seguinte  para  Serpa,  e  promovido  a  corregedor  da  comarca  de  Entre  Tejo  e  Odiana,  por 
carta  de  4  de  Setembro  do  mesmo  ano,  e  finalmente  transferido,  por  carta  de  2  de  Fevereiro 
de  1456,  para  a  comarca  e  correição  da  Beira  (2).  É  possível  ser  ele  ainda  o  mesmo  que, 
apenas  com  a  designação  de  morador  em  Évora,  é  mencionado  no  auto  de  12  de  Novembro 
de  1475,  de  publicação  da  carta  de  20  do  mês  precedente  pela  qual  o  Conde  de  Faro  havia 
sido  nomeado  adiantado  na  comarca  de  Entre  Tejo  e  Odiana  (3). 

Na  Chronica  do  Conde  D.  Pedro  nomeia  Azurara  a  Nuno  Martins  de  Vilalobos,  escudeiro,, 
filho  de  um  criado  do  Conde  D.  Pedro  e  criado  ele  próprio  do  Conde  D.Duarte  de  Meneses. 
Este  escudeiro,  valente  e  dedicado,  deu  a  vida  pelo  amo  em  1464  na  serra  de  Benacofú; 
apesar  porem  da  sua  nobre  dedicação,  apenas  conseguiu  preceder  poucas  horas  na  morte  ao 
Conde.  Tinha  este  tomado  o  comando  das  poucas  tropas  que  D.  Afonso  V  lhe  deixara,  para 
com  elas  ir  cobrindo  a  sua  retirada,  quando  lhe  mataram  o  cavalo.  Nuno  Martins,  que  ia 
ao  seu  lado,  apeia-se  logo,  dá  o  seu  cavalo  ao  Conde,  e,  ficando  a  pé,  acto  contínuo  é  truci- 
dado pelos  Moiros  (4).  Este  valoroso  escudeiro,  que,  a  troco  da  sua,  pretendeu  salvar  a 
vida  do  Conde  D.  Duarte,  não  pode  ser  filho  de  Martim  Vicente,  que  já  com  grave  risco  de 
sua  pessoa  salvara  a  vida  ao  pai  do  mesmo  D.  Diiarte;  mas  não  pode  ser,  por  não  se  encontrar 
nomeado  entre  os  filhos  de  Martim  Vicente,  no  seu  testamento  de  Julho  de  1448.  Seria 
porem  seu  parente,  vindo  demonstrar  seu  nobre  feito  ser  tradicional  na  família  a  dedicação- 
pelos  seus  senhores. 

Voltemos  aos  sepultados  em  S.  Francisco  de  Évora.  Um  deles,  Rodrigo,  ou  Rui  Martins 
de  Vilalobos,  é  o  neto  de  Martim  Vicente,  sucessor  no  seu  morgado  da  Fonteboa ;  o  outro,, 
quer  se  chamasse  Mem  Martins  de  Vasconcelos,  quer  se  chamasse  Mem  Rodrigues  de  Vas- 
concelos, foi  seu  parente,  sem  dúvida,  o  seu  brasão  o  atesta,  mas  não  posso  identificá-lo. 

Posso  contudo  afirmar  que,  mesmo  sendo  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos  o  nome  gra- 
vado na  campa,  o  cavaleiro  lá  sepultado  não  é  o  que  foi  Mestre  da  Ordem  de  Santiago  e 
Capitão  da  Ala  dos  Namorados.  Não  pode  ser  este,  e  nem  até  pode  ser  seu  filho  do  mesma 
nome,  legitimado  por  carta  de  5  de  Maio  de  1408,  já  citada.  Não  pode  ter  sido  nenhum 
deles,  porque  a  isso  absolutamente  se  opõe  o  escudo  das  suas  armas,  esculpido  na  campa. 
É  este  caso  notável  por  ser  um  dos  poucos  em  que  a  Heráldica  ministra  à  História  uma  prova 
irrefragável. 

Pode  ser  porem  aquele  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  cavaleiro  dei  Rei,  a  quem,  a 


(1)  Confirmada  por  carta  régia  de  12  de  Janeiro  de  1452,  transcrita  noutra  de  26  de  Junho  de  1482  de  confir- 
mação, dada  a  Joane  Mendes  de  Oliveira,  filho  de  Martim  de  Oliveira.  —  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.°,  fl.  ic8  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afo7iso  V,  livs.  37.°,  fl.  i5  v.;  3.",  fl.  58  v.;  4.°,  fl.  42  v.;  e  iS.»,  fl.  117  v. 
(3(  Gabriel  Pereira,  Documentos  de  Évora,  II,  pág.  129,  n."  66. 

(4)  Azurara,  Chronica  do  Conde  D.  Duarte  de  Meneses,  pág.  367.    . 


Vasconcelos  399 

pedido  de  D.  Pedro  de  Meneses,  3."  conde  de  Vila  Rial  e  capitão  de  Ceuta,  foi  concedida  por 
•carta  régia  de  i5  de  Fevereiro  de  1464,  a  sucessão  na  terra  e  pomar  do  Cabedal,  termo  de 
Elvas,  para  o  caso  de  sobreviver  a  sua  mulher  Isabel  Fernandes  (i).  Este  Mem  Rodrigues 
não  é,  apesar  dos  nobiliários  o  afirmarem,  o  bastardo  do  Mestre;  não  só  porque  o  foro  de 
cavaleiro  dei  Rei  era  muito  subalterno  para  o  filho  de  um  tam  grande  senhor;  mas  sobre- 
tudo, porque,  tendo  ele  sido  legitimado  em  1408,  devia  ser  já  velho  de  mais  em  1464  para 
nutrir  esperanças  de  sobreviver  à  mulher.  Pode  porem  perfeitamente  ter  ele  sido  o  que 
está  sepultado  em  S.  Francisco  de  Évora,  o  qual,  pelas  armas  se  vê,  foi  parente  muito  pró- 
ximo do  outro  lá  enterrado,  Rodrigo  ou  Rui  Martins  de  Vilalobos,  neto,  como  ficou  provado, 
de  Martim  Vicente  e  senhor  do  morgado  por  este  instituído,  de  cujas  armas  ambos  usaram, 
as  mesmas  que  lhe  foram  dadas  por  D.  Pedro  de  Meneses,  i.°  conde  de  Vila  Rial  e  capitão 
de  Ceuta,  avô  do  3."  Conde  da  mesm  vila  e  capitão  da  dita  cidade,  a  cujo  pedido  se  fez  a 
referida  mercê.  Martim  Vicente  foi  criado  e  veador  das  terras  do  i.°  Conde  que  lhe  deveu 
a  vida  e  muito  o  protegeu;  Mem  Rodrigues  foi  favorecido  pelo  3.°  Conde,  que  mantinha  a 
gratidão  pelos  serviços  prestados. 

Nada  há  melhor,  para  andar  descalço,  do  que  esperar  pelos  sapatos  de  defunto.  Não 
foi  contudo  bem  isto  o  sucedido  a  Mem  Rodrigues,  porque  êle,  provavelmente  calçado,  baixou 
à  campa  antes  da  mulher.  Era  esta  já  viúva  em  primeiras  núpcias  de  João  Rodrigues  Pes- 
sanha, morador  em  Elvas,  e  nesta  vila  fez  ela  doação  a  seu  filho  Manuel  Pessanha,  cavaleiro 
<la  casa  dei  Rei,  do  tal  pomar  e  herdade  do  Cabedal,  por  escritura  de  18  de  Janeiro  de  1472, 
confirmada  cinco  dias  depois,  a  23,  por  D.  Afonso  V  em  Sintra  (2). 

.Isabel  Fernandes,  a  viúva  de  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  era  neta  de  Gil  Fer- 
nandes (3),  que  os  nobiliários  erradamente  supõem  ser  o  Gil  Fernandes  de  Elvas,  «um  dos 
bons  servidores  que  o  Mestre  em  esta  terra  tem».  Não  era :  e  para  o  sabermos  basta  ler  a 
carta  de  doação  da  já  por  vezes  nomeada  herdade  do  Cabedal.  Diz  o  diploma :  «Gil  Fer- 
nandes, de  Campo  Maior,  cavaleiro,  nosso  vassalo. ..  porquanto  é  homem  que  nos  há  bem 
servido  nas  guerras  passadas  e  recebeu  a  ordem  da  cavalaria  em  nosso  serviço,  quando  fomos 
contra  os  inimigos  na  tomada  de  Ceuta»,  etc.  (4).  Foi  este  Gil  Fernandes  também  um  va- 
lente, mas  os  factos  dele  ser  de  Campo  Maior  e  de  só  ter  sido  armado  cavaleiro  na  tomada 
de  Ceuta,  excluem  a  possibilidade  dele  haver  sido  o  valente  filho  e  capitão  de  Elvas,  cujos 
feitos,  não  só  em  i384  e  i385,  mas  já  antes,  em  1369,  os  nossos  grandes  cronista  e  épico  re- 
lataram e  cantaram  (5). 

Levantei  uma  pontinha  do  véu;  quem  mais  souber,  corra-o  de  todo. 


(i)   Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  8.",  fl.  184  v. 

(2)  Liv.  6."  de  Odiatia,  fl.  46. 

(3)  Os  nobiliários  dizem  ter  ela  sido  filha  de  Gil  Fernandes,  mas  enganam-se.  Consta  da  carta  precedente- 
mente citada,  a  qual  declara  possuir  Isabel  Fernandes  a  tal  herdade  do  Cabedal  por  mercê  que  dela  havia  sido  feita 
a  seu  avô,  por  sua  morte  a  seu  pai,  e  em  vida  deste  a  ela.    Da  mercê  ao  avô,  Gil  Fernandes,  existo  o  registo, 

(4)  Carta  dada  em  Almeirim  a  8  de  Fevereiro  de  1425,  pela  qual  é  confirmada  a  herdade  do  Cabedal  em  termo 
de  Elvas  a  Gil  Fernandes  e  sua  mulher  Caterina  Gil,  em  suas  vidas.  A  herdade  fora  doada  de  juro  e  herdade  por 
D.  Fernando  a  Fernão  Godins,  que  a  deixou  a  sua  viúva  Teresa  Fernandes  e  esta  a  doou  à  referida  Caterina  Gil, 
«ua  sobrinha,  filha  de  seu  irmáo,  —  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.',  fl.  91. 

(5)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  Fernando,  cap.  37;  Crónica  de  D.  João  /,  p.  I,  cáp.  107;  Luís  de  Cam6es, 
Lusíadas,  cant.  8.°,  est.  34. 


400  Brasões 


II 

POVOAÇÃO  DA  BEIRA,  pág.  362 

Em  i527,  estando  D.  João  III  em  Coimbra,  mandou  expedir,  a  17  de  Julho,  provisões 
dirigidas  aos  corregedores  das  seis  comarcas  do  reino,  ordenando-lhes  que  mandassem  pro- 
ceder por  um  dos  seus  escrivães  ao  arrolamento  dos  moradores  existentes  na  área  da  sua 
correição. 

Em  virtude  das  determinações  régias  procedeu-se  ao  recenseamento  da  população,  orga- 
nizando-se  livros  especiais,  nos  quais  se  iam  lançando  os  resultados  obtidos,  tendo-se  em 
algumas  comarcas  dividido  o  censo  por  dois  cadernos,  em  resultado  das  condições  diversas 
em  que  elas  se  mantinham.  Elaboraram-se  pois  os  cadernos  seguintes :  Povoação  de  Entre 
Doiro  e  Minho,  Povoação  de  Entre  Tejo  e  Odiana,  primeira  parte.  Terras  da  Coroa  e  do 
Ducado  de  Bragança,  Povoação  da  Estremadura,  menos  Lisboa,  todos  estes  no  próprio 
ano  de  027;  Povoação  de  Trás  os  Montes,  em  i53o.  Povoação  de  Entre  Tejo  e  Odiana, 
segunda  parte,  Terras  das  Ordens,  em  i532,  todos  estes  existentes  na  Torre  do  Tombo  e 
impressos  no  Archivo  histórico  portuguez,  vols.  Ill,  pág.  241,  IV,  págs.  gS  e  33o,  VI,  pág.  241, 
e  VII,  pág.  241.  Alem  destes  cadernos  fizeram-se  mais  os  seguintes  recenseamentos:  o  da 
Povoação  de  Lisboa,  organizado  por  Henrique  da  Mota,  escrivão  da  Câmara  Rial  e  poeta 
do  Cancioneiro ;  Povoação  do  Algarve  e  Povoação  da  Beira.  Do  primeiro  destes  últimos 
três  cadernos  não  há  mais  notícia,  alem  da  lançada  no  caderno  da  Povoação  da  Estrema- 
dura (i);  dos  outros  dois  consta  que  já  em  1814  não  existiam  na  Torre  do  Tombo,  encon- 
trando-se  o  da  Beira  na  biblioteca  do  Museu  Britânico  de  Londres  (2). 

Aí,  em  Novembro  de  1918,  o  examinei  e  comecei  a  copiar,  não  tendo  podido  concluir 
a  cópia  por  haver  adoecido;  ainda  assim  mais  de  metade  ficou  transcrito.  Aproveitarei  a 
ocasião  para  dele  dar  uma  descrição  afim  das  minhas  investigações  não  resultarem  absolu- 
tamente improfícuas. 

O  códice  n.°  20.959  dos  Additional  Manuscripts  da  biblioteca  do  Museu  Britânico,  consta 
de  várias  espécies,  lendo-se  na  primeira  folha,  por  baixo  da  marca :  Purchased  at  Ld  Stuart 
de  Rothesay's  Sale,  June  i855.    Lot  2g34  (3). 

Seguem-se  muitas  folhas  de  papel  moderno,  todas  em  branco,  começando  depois  uma 
marcação  a  lápis  e  na  pág.  i  está  escrito: 

«Ex."'"  S.r  C.  Stuard.     ' 

«Cadastro  a  que  se  procedeo  antes  de  i535  =  contendo,  alem  do  numero  dos  Fogos,  as 
confrontaçoens  dos  Districtos.    Província  do  Alentejo  Está  sem  falta». 

A  fl.  2  consta  da  seguinte  carta: 

«Sr.  JoaÕ  Bell 

«Vaõ  separados,  e  metidos  a  ordem  os  Cadernos.    Merece  o  trabalho  toda  a  diligencia 
por  descobrir  os  Cadernos  q.  faltaõ  da  Província  da  Beira;  pois  o  Alentejo  está  completo 
^      .SC.    Sab» 

«em  22  de  Jan.ro  de  18 14  Todo  seu 

Sobrescrito:    ♦Sr  Joaõ  Bell»  João  Pedro» 


(1)  AnCHIVO  HISTÓRICO  PORTUGUEZ,   VI,  24I. 

(2)  Ibidem,  III,  2^3. 

(3)  Lord  Stuart  de  Rothesay  era  Carlos  Slaart,  ministro  inglês  em  Lisboa  e  membro  do  governo  do  rein» 
durante  a  guerra  Peninsular,  criado  conde  de  Maihico  e  marquês  de  Angra  por  D.  Pedro  IV. 


Vasconcelos  401 

A  seguir  transcreve-se,  na  fl.  3  e  de  letra  do  século  xix,  a  carta  régia  de  17  de  Julho  de 
i527  impressa  no  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  III,  pág.  243. 

Na  folha  4,  muito  provavelmente  da  letra  do  João  Pedro  da  precedente  carta,  encontra-se 
escrito  o  seguinte  resumo : 

Entre  Douro  e  Minho 

Cazaes 55!ll>ogg)  _  ,    i-      . 

TT                1.  •       j     o     o  ííoui.       \  Torre  do  Tombo 

Homens  solteiros  de  18  a  do.  annos 38íi!í»ooo\ 

Alem.  Tejo 

Cidades  e  Villas ii6\ 

Cazaes 48^304! 

Beira  Baixa  )  Sr.  Stuart 

Concelhos 2561 

Cazaes. 66.^^804/ 

Na  fl.  5 :  _  .       _ 

Prouincia  de  ' 

Trás  dos  Montes 

Viuvas 5:376  \ 

Solteiras 2:104  f  -r-  1     t      i. 

,,,    .               ,  ^  }  Torre  do  Tombo 

Clérigos  seculares 014  ( 

Total  dos  Casaes 35:8i6) 

Estremadura 

Cidade  de  Lisboa i3:oio   Casaes 

Terrtio  da  mesma 4:024) 

Total  da  comarca  fora  de  Lx.«  e  termo 48:144   ^^'^^  "•"  ^^°  ^^^"H°^    ^^° 

Alhandra ^j  Cavalr.»' e  Escudr.<"    1:200 

55:412    Torre  do  Tombo 
Do  Algarve  naõ  apparèce». 

Na  fl.  6  a  lápis  e  pág.  i  da  marcação  mais  antiga,  talvez  contemporânea: 

«Comto  do  numero  da  gemte  que  ellRey  noso  sór  mamdou  que  se  contase  na  comarqua 
Damtre  tejo  e  odiana  //». 

É  cópia  do  caderno  transcrito  a  págs...93  e  segs.  do  tom.  IV  do  Archivo  histórico  por- 
tuguez. Segue  até  fl.  5o  e  pág.  89,  onde  termina  o  censo  da  «Vila  das  meadas»  (pág.  io3 
do  Archivo).  Continua  na  fl.  5i,  pág.  91,  com  as  «Terras  do  duque  de  bragança  desta  co- 
marqua per  numero  que  eile  mamdou  fazer  //»  {Ibidem^  pág.  io3). 

Na  fl.  63,  pág.  1 15,  começa  o  segundo  caderno  pelas  palavras:  «Numero  dos  moradores 
e  confrontacois  dos  termos»,  como  no  Archivo  histórico  portuguez  se  encontra  transcrito 
no  vol.  IV  de  págs.  33o  a  362,  terminando  no  códice  do  Museu  Britânico  na  fl.  i38,  pág.  269 
com  estas  palavras :  «Este  he  o  derradeyro  llogar  da  Raya  damtre  tejo  e  odyana  começado 
de  mertolla»,  as  últimas  do  Archivo. 

Na  fl.  139,  pág.  271  vem  um  resumo  que  se  não  encontra  no  caderno  guardado  na  Torre 
do  Tombo  e  por  isso  o  transcreverei  aqui : 

«Ha  amtre  tejo  E  odyana  cidades iij 

vylas  delrey  e  dalgus  snõres  que  nã  vã  aquy  abayxo xl 

ha  mays  do  mestrado  de  samtiago  emtrãdo  setuuel  e  odemyra  vylas.  .  . xxxj 

ha  mays  do  mestrado  dauys  vylas xiiij 

VOL.  I  5i 


402  Brasões 

do  pryolado  do  crato  com  almada.  vylas bj 

do  mestrado  de  xpos  com  outras  q  atras,  se  decrara.  vylas x 

do  duque  de  bragança  vylas xij 

São  as  cidades  e  vylas  cemto  e  dezaseys Cxbj 

Ha  moradores  nas  çydades  e  vylas  delRey  e  dalgus  snores  q  nam  vão  abayxo 

scriptOs xxb.Cxxx[b] 

no  mestrado  de  sãtiago  com  setuuel x.iiij'xlb 

no  mestrado  davys uj.ix^Lx 

no  pryolado  do  crato j.bj'Lii[iJl 

no  mestrado  de  xpos ., f.ij'=Lxx[xij] 

nas  vylas  do  duq  de  bragamca bj.iij''xx[ix] 

Soma  em  todos  os  vizinhos  damtretejo  e  odyana  como  vayj  j,  ...  j.  ...^...., 

nestes  Jtês  a  cima  coremta  e  oyto  myl  oyto  çemtos  e  quatro)    '  )'i     )     )l 

A  parte  inferior  desta  folha  está  deteriorada  na  margem,  pelo  que  tive  de  acrescentar 

entre  parêntesis  quadrados  as  letras  apagadas.    Finalmente,  na  folha  142  encontra-se  este 

título  de  letra  do  século  xix: 

«Provinda  da  Beira 
«Faltaõ-lhe  as  primeiras  60.  paginas». 
Na  folha  143  a  lápis,  e  pág.  61  a  tinta,  começa: 

«T"  da  cidade  da  goarda 
«Jt  na  cidade  da  goarda.  e  seu  termo  te  moradores  T]  iij'xxj»  e  continua  até  o  final  do 
códice,  tendo  a  minha  cópia  chegado  à  pág.  287  a  lápis  «Comçelho  de  Garapito». 

Foi  pois  neste  livro  que  eu  encontrei  a  soma  dos  moradores  do  concelho  de  Aregos,  ao 
tempo  pertencente  a  D.  João  de  Vasconcelos  e  Meneses,  2."  conde  de  Penela. 


XII 
MELOS 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  VoI.  1. 


De  vermelho,  seis  besantes  de  prata  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura 
de  oiro.  Timbre:  águia  de  negro,  armada  e  membrada  de  vermelho,  e  car- 
regada de  seis  besantes  de  prata  sobre  o  peito. 

Assim  se  encontram  estas  armas  no  JLivro  do  Amieiro  mor,  fl.  53  v.,  no 
Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  lo  v.,  no  Thesouro  da  nobre\a  de  Francisco 
Coelho,  fl.  28,  no  Thesouro  da  nobreza  de  Fr.  Manuel  de  Santo  António, 
m-3?,  etc. 

Notam-se  neles  algumas  diferenças  no  timbre,  insignificantes  porem. 

I 

CONQUISTA   DO   ALGARVE 

Na  primavera  de  122G  os  tutores  do  moço  rei  D.  Sancho  II,  querendo  dar 
exercício  proveitoso  ao  ardor  dos  nobres,  e  distrai-los  da  inglória  luta  de 
ambições  locais,  aproveitando  o  seu  esforço  em  empresa  vantajosa  para  o 
reino,  organizaram  uma  expedição  contra  os  Sarracenos  do  Alfaghar. 

Foi  curta  a  campanha  e,  se  pelo  lado  de  acrescentamento  de  território, 
inútil,  não  deixou  contudo  de  ser  gloriosa  pela  tomada  de  Elvas,  que  depois 
de  saqueada  se  abandonou.  Gloriosa  para  as  armas  portuguesas  e  para 
el  Rei  de  Portugal,  que  no  denodo  e  valentia  com  que  acometeu  as  muralhas 
com  risco  da  própria  vida,  mostrou  reviver  nele  o  glorioso  esforço  de  seu 
bisavô,  o  primeiro  Afonso. 

Contente  com  a  sua  estreia,  logo  em  1229,  já  livre  da  tutela  do  arcebispo 
de  Braga  Estêvão  Soares,  falecido  meado  o  ano  anterior,  recomeçou  D.  San- 
cho II,  que,  com  os  seus  dezanove  para  vinte  anos  de  idade  se  firmava  já 
HO  governo,  a  aperceber-se  para  nova  invasão. 

A  ocasião  era  azada.     O  império  almohade,  acometido  pelos  Castelhanos 


40  6  Brasões 

e  Lioneses,  dilacerava-se  na  guerra  civil  e  pouca  resistência  poderia  opor. 
Efectivamente  os  castelos  de  Elvas  e  Juromenha,  abriram  as  suas  portas  a  el 
Rei  de  Portugal,  e  foram  sem  derramamento  de  sangue  por  êle  ocupados, 
tendo  os  Moiros  fugido  espavoridos. 

A  morte  dei  Rei  de  Lião,  e  o  litígio  suscitado  pela  sucessão  da  coroa  no 
qual  D.  Sancho  II  se  ia  achando  envolvido,  atalharam  por  então  as  suas  con- 
quistas. Firmadas  porem  as  pazes  no  Sabugal  em  fins  de  1280,  ou  princípios 
de  I23i,  entre  D.  Sancho  e  o  seu  poderoso  visinho  D.  Fernando  III,  que  aca- 
bava de  reunir  à  sua  coroa  de  Castela  a  de  Lião,  pôde  o  monarca  português 
dirigir  novamente  as  vistas  para  os  estados  mussulmanos. 

Para  assegurar  a  conquista  já  feita,  e  preparar  a  nova,  doara  D.  Sancho  II 
em  1232,  com  política  idea,  grandes  tratos  de  terreno  no  Alentejo  às  Ordens 
do  Templo  e  do  Hospital,  que  neles  edificaram  os  castelos  de  Vide  e  do 
Crato,  importantes  atalaias  e  fortes  pontos  de  apoio.  Ainda  nesse  mesmo 
ano  transpôs  o  exército  português  o  Guadiana,  abrindo  as  suas  portas,  ante 
as  armas  vitoriosas  do  filho  de  Afonso  II,  as  povoações  de  Moura  e  Serpa, 
cuja  guarda  foi  entregue  aos  Hospitalários. 

Ferviam  porem  já  os  enredos;  e  as  complicadas  demandas  de  D.Sancho  II 
com  o  clero  obrigaram-no  a  voltar  à  capital,  e  a  permanecer  inactivo  nos 
anos  seguintes.  Mas  não  lhe  saía  da  mente  a  guerra,  tam  amada  por  êle, 
ou  por  nela  encontrar  pasto  para  o  seu  ardor  belicoso,  ou  por  durante  ela  se 
libertar  dos  bandos  e  cabalas,  que  intrigavam  na  corte. 

De  longe,  com  amoroso  olhar,  seguia  o  Capelo  a  gloriosa  luta  travada 
entre  os  Freires  do  Hosphal  e  os  Sarracenos;  e,  não  podendo  já  sofrear  o 
ânimo,  apercebe-se  novamente  em  1284  para  a  conquista.-  Não  carecia  para 
ela  o  monarca  tanto  de  homens  de  armas  e  peões,  como  da  tranquilidade 
interna;  pois  que,  ao  patentearem-se  as  suas  brilhantes  qualidades  de  guer- 
reiro, reanimara-se  o  espírito  ardido  dos  Portugueses,  que  viram  emfim  em 
D.  Sancho  II  um  rei  capaz  de  os  guiar  nos  combates. 

Contudo  para  lhes  avivar  a  f é  e  exaltar  o  valor,  e  sobretudo  para  aquietar 
as  exigências  do  clero,  impetrou  el  Rei  uma  bula,  proclamando  a  cruzada  em 
Portugal.  Pela  concessão  das  indulgências  obtinha  o  monarca  a  adesão  de 
maior  número  de  sequazes,  e  mostrava  aos  dissidentes,  que  o  Papa,  seu  chefe, 
o  apoiava  e  auxiliava,  quanto  em  si  cabia. 

Postas  em  fim  em  ordem  estas  coisas,  avançou  a  expedição,  seguindo  o 
exército  pelo  sul  de  Alcácer,  onde  se  lhe  juntaram  os  Spatários,  e  foi  o  prémio 
da  breve  campanha  a  redução  de  Aljustrel. 

No  ano  de  i238  e  seguintes  novas  invasões  e  novas  conquistas,  cabendo 
então  a  vez  a  Mértola,  Alfajar  de  Pena,  Aiamonte,  Tavira,  e  Cacela  de  verem 
alçados  sobre  as  suas  torres  os  estandartes  da  cruz.     Chegara  D.  Sancho  II 


Meios 


407 


com  as  suas  armas  vitoriosas  até  ao  mar,  e  conseguira  com  estas  últimas  con- 
quistas separar  a  parte  mais  populosa  e  rica  da  província  de  Alfaghar,  e  a 
Silves  sua  capital,  do  resto  dos  estados  mussulmanos  do  Andalús.  Era  pois 
natural,  que  a  atenção  e  os  esforços  dei  Rei  convergissem  para  se  assenhorear 
do  restante  território.  Efectivamente,  em  fins  de  1240,  dispunha-se  ele  para 
a  empresa,  e  em  Fevereiro  do  ano  seguinte  obtinha  de  Gregório  IX  uma 
nova  bula  de  indulgências,  para  os  que  o  seguissem  na  guerra  contra  os  infiéis. 
Foram  porem  inúteis  os  esforços.  A  expedição  não  se  realizou,  e  D.  Sancho  II 
em  breve  viu  no  reino  ateada  descomunal  guerra  civil,  que,  depois  de  se  degla- 
diar  entre  os  nobres,  se  virou  contra  o  próprio  Rei  desde  a  sua  deposição 
pelo  Papa,  e  desde  o  desembarque  de  seu  irmão,  o  Conde  de  Bolonha,  em 
Lisboa,  nos  princípios  do  ano  de  1246.  Nesta  luta  fratricida  e  fanática  ve  o 
infeliz  Capelo,  roubarem-lhe  a  mulher,  a  coroa,  a  pátria  e,  se  escapou  da 
morte  ou  pelo  menos  da  prisão,  deveu-o  a  ter-se  exilado  para  Toledo,  onde 
morreu  de  dor  e  de  saudade  em  Janeiro  de  1248. 

Sabida  esta  notícia  em  Lisboa,  onde  se  achava  o  Conde  de  Bolonha,  tomou 
este  imediatamente  o  título  de  rei  até  então  substituído  pelo  de  curador,  visi- 
tador e  defensor  do  reino.  D.  Afonso  III  tinha  já  anteriormente  manifestado 
ardente  zelo  pelo  desenvolvimento  do  cristianismo,  e  comprometera-se  a  com- 
bater o  islamismo  a  todo  o  transe.  Vê-se  pois,  ainda  mal  seguro  no  trono, 
obrigado  a  empreender  a  conquista  daquele  resto  da  antiga  província  mussul- 
mana  de  Alfaghar,  que  seu  irmão  não  chegara  a  reduzir. 

Reunidos  os  homens  de  armas,  convocados  os  concelhos  a  tomar  parte  na 
expedição,  e  unidas  as  forças  das  Ordens  militares  ao  exército  rial,  pÕe-se 
este  em  marcha  no  fim  do  inverno  de  1249,  e  logo  em  Março  a  importante 
povoação  de  Faro  era  cristã.  A  esta  conquista  seguiu-se  a  de  Albufeira, 
Porches,  e  outros  lugares,  e  no  ano  seguinte  já  Portugal  tinha  pelo  sul  as 
suas  fronteiras  naturais. 

O  mais  pequeno  dos  estados  cristãos  da  península  foi  o  primeiro  a  res- 
gatar todo  o  seu  território  dás  mãos  dos  infiéis,  assim  como  seria,  século  e 
meio  depois,  o  primeiro  a  pisar  terra  africana,  hasteando  sobre  a  torre  do 
castelo  de  Ceuta  a  gloriosa  bandeira  de  Lisboa. 

Para  a  final  conquista  do  Algarve  concorreram  os  cavaleiros  das  Ordens 
militares,  sobre  tudo  os  de  Avis  e  Santiago,  e  dos  fidalgos  principais  os  se- 
guintes: Egas  Lourenço  da  Cunha,  e  seu  cunhado  o  alcaide  de  Santarém 
Martim  Dade,  o  chanceler  Estêvão  Anes,  Mem  Soares  de  Melo,  João  Gomes 
Barreto,  João  Rodrigues  de  Briteiros,  João  Peres  de  Aboim,  o  filho  de 
D.  João  Avana,  e  outros. 


4o8  Brasões 


II 

SENHORES   DE   MELO 

Menendus  Suerii  de  Merloo  tal  é  o  nome,  com  que  em  uma  carta  dada 
em  Faro  no  mês  de  Março  de  1249,  logo  depois  da  redução  da  vila,  con- 
firma um  dos  cavaleiros,  que  na  conquista  do  Algarve  acompanharam  a 
D.  Afonso  III  (i).  E,  sendo  vinte  e  nove  os  confirmantes,  aparece  o  nome 
de  Mem  Soares  em  quinto  lugar,  precedido  unicamente  pelos  do  Mestre  de 
Avis,  do  Comendador  de  Mértola,  de  Egas  Lourenço  da  Cunha  e  do  Chan- 
celer mor,  e  seguido  por  vários  outros  de  ilustres  próceres,  entre  os  quais  se 
lê  o  de  Pedro  Afonso,  irmão  bastardo  do  próprio  Rei.  Ser  êle  homem  dis- 
tinto ficamo-lo  sabendo;  ser  muito  bem  aceito  a  D.  Afonso  III  vê-se  da  doação 
da  vila  de  Souto  da  Ribeira  de  Homem,  dada  em  5  de  Março  de  1254,  na 
qual  D.  Mem  Soares  de  Melo  confirma  com  o  título  privatus  regis  (2). 

Do  seu  nascimento  e  família  consta  do  Livro  Velho  das  Linhagens  haver 
sido  filho  de  D.  Soeiro  Reimondo  e  de  D.  Urraca  Viegas  de  Barroso,  e  irmão 
primogénito  de  Pedro  Soares  de  Alvim,  progenitor  desta  família.  O  rico 
homem  D.  Soeiro  Reimondo  confirma,  com  o  título  de  alferes  mor,  em  5  de 
Dezembro  de  12 10,  a  carta  de  doação  de  Figueiró  e  Ciruela  (3),  e,  segundo 
o  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  era  descendente  da  linhagem  dos  de  Riba 
de  Vizela,  na  qualidade  de  filho  bastardo  de  D.  Reimão  Pais  de  Riba  de 
Vizela. 

O  apelido  de  Melo  proveio  do  senhorio  desta  vila,  fundada  e  povoada  por 
Gonçalo  de  Soã  no  actual  concelho  de  Gouveia  (4).  Como  passou  o  senhorio 
a  D.  Mem  Soares,  ignoro;  mas  pelo  conteúdo  na  Inquirição  citada  na  nota 
consta  haver  êle  possuído  a  vila  honrada,  e  que  àquele  tempo,  fins  de  1288 
até  meado  1290(6),  a  tinha  sua  mulher  pela  mesma  forma;  privilégio  não 


(i)  Livro  dos  bens  de  D.  João  de  Portel,  doe.  xxviii,  no  Archivo  histórico  portuguez, 
11,379. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  III,  liv.  i.",  fl.  4. 

(3)  Fr.  António  Brandão,  Monarchia  lusitana,  IV,  fl.  68  v. 

(4)  No  liv.  de  Inquirições  da  Beira  e  Além  Doiro,  fl.  7  v.,  lê-se  o  seguinte :  «A  vila  de 
merloa  he  no  termo  de  felgosinho  e  dizem  as  testemunhas  douuida  que  a  pobrou  gonçallo 
de  Soã  por  (sicj  de  Felgcsinho  em  tempo  delRey  don  afonsso  (Afonso  II)  auoo  deste  Rey. . .». 
Por  aqui  se  vê  quam  infundada  é  a  lenda  por  Vilhena  Barbosa  referida  acerca  da  fundação 
desta  vila,  na  pág.  5()  do  tom.  II  das  suas  Cidades  e  Villas.  O  ilustre  escritor  salvou  con- 
tudo a  sua  responsabilidade,  antepondo  à  narrativa  o  verbo  conta-se.  Fr.  Francisco  Brandão, 
na  Monarchia  lusitana,  IV.  217,  leu  mal  este  documento,  pois  em  vez  de  Gonçalo  de  Soã 
entendeu  Gonçalo  de  Sá. 

(5)  João  Pedro  Ribeiro,  Memorias  para  a  historia  das  Inquirições,  pág.  82. 


Meios  409 

mantido,  pois  que  os  inquiridores,  não  encontrando  legalidade  bastante  nos 
títulos  por  onde  a  possuia  honrada,  determinaram  que  d'ali  por  diante  fosse 
devassa. 

A  semelhança  dos  nomes  tem  sido  origem  dalguns  autores  suporem  haver 
relação  entre  os  Meios,  ou  melhor  Mellos,  portugueses  e  os  Mello  franceses. 
Para  rebater  tal  conjectura  bastará  saber-se  que  do  ano  de  ii85  existe  um 
sêlo  de  Guillaume  de  Mello  com  umas  merletas  por  armas  (i),  e  que  a  nossa 
vila  de  Merlo,  posteriormente  Melo,  fundada  uns  quarenta  anos  depois  por 
um  homem  que  se  não  chamava  Melo,  foi  quem  deu  o  nome  à  mais  moderna 
família  portuguesa,  cujas  armas  são  muito  diferentes. 

D.  Mem  Soares  de  Merlo  continuou  confirmando  vários  documentos  até 
o  foral  de  Valença,  de  1 1  de  Agosto  de  1262,  tendo  portanto  ocorrido  a  sua 
morte  entre  este  ano  e  o  de  1288,  no  qual  sua  viúva  D.  Teresa  Martins  Gata 
possuia  a  vila  de  Melo.  Instituiu  ela  em  1294  a  capela  de  Santa  Caterina 
no  famoso  mosteiro  cisterciense  de  Maceiradão,  não  longe  da  vila  de  Melo  (2). 

De  D.  Mem  Soares  de  Merlo  e  de  D.  Teresa  Mendes  Gata  foram  bisnetos 
na  varonia  Martim  Afonso  de  Melo  e  Vasco  Martins  de  Melo;  deles  tratarei 
um  após  outro. 

Martim  Afonso  de  Melo,  rico  homem,  5.°  senhor  de  Melo  (3),  senhor  de 
Linhares,  Seia,  Gouveia,  Celorico  e  Penamacor,  foi  vassalo  dei  rei  D.  Fer- 
nando (4)  e  teve  a  triste  glória  de  ser  «o  primeiro  que  se  veo  pêra  elRey  de 
Castella»,  quando  entrou  em  Portugal.     Acompanhou-o  no  cerco  de  Lisboa 


(i)  G.  Demay,  Le  Costume  au  moyen  age  d'après  les  sceaux,  pág.  200  mihi. 

(2)  Fr.  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  V,  216. 

(3)  Martim  Afonso  de  Merlo,  cavaleiro,  nosso  vassalo,  temos  por  bem  e  mandamos  que 
êle  haja  no  dito  logo  de  Merlo  toda  a  jurisdição  cível  per  esta  guisa,  que  o  concelho  do  dito 
logo  enleja  seus  juízes  do  cível  e  a  eleição  vá  ao  dito  Martim  Afonso,  e  sejam  os  juízes  con- 
firmados por  êle,  e  das  sentenças  dadas  por  esses  juízes  aperarão  pêra  o  dito  Martim  Afonso, 
e  das  do  dito  Martim  Afonso  apelarão  pêra  nós,  etc.    Santarém,  12  de  Abril  de  141 1  (jSyS). 

—  Chancelaria  de  D.  Fernando^  liv.  1.°,  fi.  122. 

(4)  Nota  dalguns  registos  na  Chancelaria  de  D.  Fernando:  Martim  Afonso  de  Melo, 
carta  de  entrega  do  castelo  de  Abrantes,  27  de  Fevereiro  de  1405  (1367),  liv.  1°,  fl.  i  v. — 
Martim  Afonso  de  Melo,  nosso  vassalo,  doação  por  juro  de  herdade  da  aldeia  de  Vila  Franca 
e  Bouças  Covas  e  Aldeia  dei  Rei  que  são  no  almoxarifado  da  Guarda,  com  as  jurisdições, 
salvo  as  apelações  e  alçada.    Vila  Nova  de  Anços,  i  de  Março  de  1410  (1372),  iWiew,  fl  100  v. 

—  NoVa  doação  do  castelo  de  Abrantes,  em  Leiria,  a  10  de  Novembro  de  1410  (1372),  ibidem, 
fl.  ii5  v.  —  Em  pagamento  de  seus  maravedis,  para  servir  com  vinte  lanças,  doação  dos  di- 
reitos da  Golegã  e  da  Boralha  (?),  Leiria  1 1  de  Novembro  de  1410  (1372),  ibidem. — Em  paga- 
mento de  seus  maravedis,  doação  das  jugadas  de  Leiria  e  seus  termos,  mesma  data,  ibidem. 

VOL.  I  52 


410  Brasões 

e  na  batalha  de  Aljubarrota,  na  qual  seu  irmão  e  sobrinhos  pelejavam  pelo 
partido  nacional. 

Casou  a  primeira  vez  com  D.  Mecia  Vasques,  filha  de  Vasco  Martins  de 
Resende,  e  dela  teve,  alem  de  uma  filha  casada  na  casa  de  Góes,  a  um 
filho  progenitor  de  uma  pobre  e  obscura  linha  de  Meios  em  Sevilha.  Casou 
a  segunda  vez  com  D.  Inês  de  Brito,  filha  de  Rui  Lopes,  cavaleiro  honrado 
de  Lisboa,  e  foi  seu  único  filho  varão  Estêvão  Soares  de  Melo. 

Foi  este  o  6."  senhor  de  Melo  e  serviu  a  D.  João  I  na  expedição  de  Ceuta 
de  í4i5,  tendo-lhe  sido  por  ele  confirmado,  em  1417,  por  carta  de  1 1  de 
Junho,  o  couto  da  ribeira  de  Melo(i).  Ficara  Estêvão  Soares  servindo  em 
Ceuta,  onde  ainda  se  encontrava  em  1419(2).  Tinha  casado  com  D.Teresa 
de  Novais,  filha  de  Rui  Freire,  comendador  mor  da  Ordem  de  Santiago,  e 
em  seus  descendentes  se  continuou  o  senhorio  de  Melo,  até  seu  quarto  neto 
Francisco  de'  Melo,  12.°  senhor  de  Melo,  cuja  casa,  morrendo  êle  sem  filhos, 
passou  para  sua  irmã  D.  Antónia  de  Melo,  mulher  de  Manuel  de  Oliveira 
Freire,  neto  do  Cónqgo  Triste. 

Deste  enúbio,  como  alatinadamente  (3)  direi,  pedindo  vénia  para  o  neolo- 
gismo que  supre  o  francês  mésalliance,  provieram  os  demais  senhores  de 
Melo,  até  que,  em  fins  do  século  xviii,  readquiriram  uma  varonia  digna  do 
antigo  esplendor  e  lustre  dà  família,  pelo  casamento  da  então  senhora  da 
casa.  Chamava-se  ela  D.  Ana  Rufina  Soares  de  Melo  Sousa  Tavares  e 
Moura,  e  era  filha  única  de  Estêvão  Soares  de  Melo,  senhor  de  Melo,  fale- 
cido em  1780.  Casou  D.  Ana  Rufina,  a  4  de  Outubro  de  1793,  com  Pedro 
de  Melo  Breyner,  desembargador,  deputado  do  conselho  da  Casa  das 
Rainhas  (4)  e  futuro  governador  das  justiças  da  Relação  e  Casa  do  Porto,  em 
1800,  governador  do  reino,  em  1807,  e  embaixador  em  Roma,  onde  sua 
mulher  morreu  no  ano  de  1821.  Pedro  de  Melo  Breyner  era  filho  segundo 
de  Francisco  de  Melo,  3."  senhor  de  Ficalho. 

De  Pedro  de  Melo  Breyner  foi  filho  primogénito  Luís  Francisco  Soares 
de  Melo  da  Silva  Breyner  Sousa  Tavares  e  Moura,  i.°  conde  de  Melo  por 
carta  de  24  de  Janeiro  de  i835,  par  do  reino  por  carta  de  i  de  Outubro  do 
mesmo  ano,  tenente  general,  que  morreu  em  i3  de  Novembro  de  i865.  Havia 
ido  juntar-se  na  ilha  Terceira  ao  Duque  de  Bragança  e  com  êle  tomou  parte 
na  expedição  do  Mindelo  e  sucessos  posteriores.     Distinguiu-se  no  cerco  do 


(i)  Liv.  I.»  da  Beira,  fl.  252. 

(2)  Azurara,  Chronica  do  Conde  D.  Pedro,  pág.  493. 

(3)  Enubo . . .  Nubere  extra  gentem  vel  ordinem. — Enuptio . . .  gentis,  pro  jure  nuptiarum 
extra  gentem.    Apud  Roberti  Stephani,  ITiesaurum  linguae  latinae. 

(4)  Nomeado  por  decreto  de  3i  de  Janeiro  de  1791. —  Gaveta  de  19  de  Fevereiro. 


Meios  411 

Porto,  ganhando  no  combate  de  29  de  Setembro  de  i832  o  hábito  da  Torre 
Espada  e  na  acção  de  25  dç  Julho  de  i833  o  posto  de  major.  Era  coronel 
em  1840  e  comandava  em  1845  o  regimento  de  cavalaria  n."  3.  No  ano  se- 
guinte tomou  parte  activa  na  revolução  popular  dirigida  pela  Junta  do  Porto, 
que  lhe  entregou  o  comando  em  chefe  das  forças  do  Alentejo  e  o  criou  mar- 
quês de  Melo,  o  que  não  teve  efeito.  Na  batalha  do  Alto  do  Viso,  em  que 
ele  entrou  em  JunHo  de  1847,  terminou  a  guerra  da  Maria  da  Fonte,  e  o 
Conde  de  Melo  permaneceu  por  algum  tempo  na  disponibilidade,  depois 
porem  tornou  para  o  serviço  activo  e  estava  no  Supremo  Conselho  de  Jus- 
tiça Militar,  quando  morreu.  Deixou  duas  filhas  a  mais  velha  das  quais  é 
a  actual  2.*  Condessa  de  Melo(i). 

III 

SENHORES  DA  CASTANHEIRA.  CONDE  DA  ATALAIA 

Em  quanto  a  linha  primogénita  dos  Meios  vivia  obscuramente,  deixando 
"vestígios  quási  só  nos  nobiliários,  os  descendentes  de  Vasco  Martins  de  Melo, 
irmão  do  rico  homem  Martim  Afonso  de  Melo,  5.°  senhor  de  Melo,  torna- 
vam-se  notáveis  pelos  merecimentos  e  serviços  dalguns,  pelos  elevados  cargos 
desempenhados  por  muitos.  Em  inuita  parte  foi  isto  devido  ao  mais  velho 
dos  irmãos  ter  abraçado  o  partido  castelhano,  ao  passo  que  o  mais  novo  se 
inclinou  para  o  Mestre  de  Avis  e  partido  nacional. 

Em  tempos  dei  Rei  D.  Fernando,  de  quem  Vasco  Martins  de  Melo  fora 
guarda  mor,  salvou  ele  a  vida  ao  Mestre  de  Avis,  quando  el  Rei,  em  i388, 
o  mandou  prender  no  castelo  de  Évora.  Passados  tempos,  quando,  por  morte 
de  D.  Fernando,  sua  filha  a  infanta  D.  Beatriz  passou  a  Toledo  para  assistir 
às  exéquias  pelo  pai  e  ser  aclamada  rainha,  acompanhou-a  Vasco  Martins  e 
regeitou  então  o  ofício  de  alferes  mor  que  D.  João  I  de  Castela  lhe  oferecia. 
Veio,  seguindo-o  na  sua  entrada  em  Portugal  e  manifestando-se-lhe  por 
último  pouco  afeiçoado,  e  a  propósito  do  seu  procedimento  conta  Fernão  Lopes 
um  episódio  interessante,  sucedido  quando  el  Rei  poisava  na  Guarda: 

«Cheguamdo  hy  algCis  comçelhos  por  falar  a  elRey  sobre  sua  vymda,  hera 
hy  Vasco  Martinz  de  Melo,  copeyro  moor  da  Rainha  sua  molher,  o  qual 
peroo  fose  Português  de  nação,  já  era  Castelão  no  talamte,  segumdo  por 
obra  mostrava.  E  por  azo  de  lhe  dizer  ha  sua  vomtade  cousa  per  que  os 
demovesse  ao  desejo  delRey,  mamdou  os  hú  dia  comvydar  todos  pêra  jam- 
tarem  com  ele ;  e  é  comendo,  de  quamdo  é  quamdo  hyão  falamdo  na  vymda 


(i)  Decreto  de  20  de  Abril  de  1866. 


412  Brasões 

delRey,  que  etrava  daquela  guysa,  a  qual  lhes  parecia  estranho  quebramtar 
os  tratos  sé  temdo  razão  por  que;  e  que  elRey  farya  be  de  se  tornar  pêra 
seu  Reyno  e  não  os  quebramtar  de  tal  geyto,  e  outras  taes  razois,  e  que  des- 
péderão  toda  a  mesa.  E  e  se  acabamdo  ho  comer  dise  Vasco  Martinz  comtra 
eles:  Ora  nõ  cursemos  desas  hjstorias,  mas  pergiimtovos  eu,  que  me  diguais 
quê  tolheraa  a  el  Rey,  tneu  senhor,  que  nÔ  seja  Rey  Portugual,  e  que  nÕ  aja 
ho  Reino,  que  he  seu  de  dereyto  ?  E  el  cuydamdo  que  respomdesem  eles : 
tolher  lho  hya  o  Mestre,  que  tê  carguò  de  ho  reger  e  defemder;  e  eles  sayam 
se  cô  outras  mansas  palavras,  de  que  lhe  pouco  prazia,  nas  quais  sempre 
davão  aquela  reposta,  tornamdo  a  dizer  cada  vez:  Leyxemos  hesas  razois  e 
venhamos  ha  esto  que  eu  vos  digo.  Roguo  vos  que  me  diguaes  quê  tolheraa 
a  elRey  meu  senhor  que  nÔ  seja  Rey  de  Portugal,  pois  que  he  seu  de  dere/to  ? 
E  esto  dise  per  tamtas  vezes  e  per  tal  som,  ataa  que  hu  respomdeu  e  disse: 
Quê  lho  tolhera  ?  Quê  lho  tolhera  ?  Tolher  lho  ha  Deos  que  poderá  mais 
que  eles  (i). 

Palavras  proféticas  nota  o  cronista,  tendo  o  próprio  Vasco  Martins  de 
Melo  concorrido  para  a  sua  realização. 

Assistiu  ele  em  i385,  com  seus  filhos  Gonçalo  Vasques  e  Vasco  Martins, 
às  Cortes  de  Coimbra,  nas  quais  foi  aclamado  D.  João  I,  e  poucos  meses 
depois  combateu  na  batalha  de  Aljubarrota,  também  acompanhado  dos  dois 
filhos,  um  dos  quais  caiu  no  campo.  Pelos  serviços  fez-lhe  D.  João  I,  antes 
e  depois  de  rei,  muitas  mercês  (2),  avultando  entre  elas  a  de  todos  os  bens 


(i)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  João  I,  p.  11,  cap.  48. 

(2)  Notícia  dalgumas  doações  e  mercês  feitas  a  Vasco  Martins  de  Melo  e  registadas  na 
Chancelaria  de  D.  João  I:  doação  de  juro  de  herdade  a  Vasco  Martins  de  Melo,  nosso  vas- 
salo, da  renda  dos  serviços  dos  Judeus  de  Beja,  e  de  todo  o  pão  de  todo  o  reguengo  nosso 
do  dito  logo  e  seu  termo,  e  de  todo  o  vinlio  de  nossa  vinha,  com  o  relego  que  hi  havemos, 
em  Lisboa  a  22  de  Agosto  de  1422  (1384).  —  Doação,  para  ele  e  sucessores,  da  vila  e  lugar 
de  Aldeia  Galega 'de  apar  da  Merceana,  com  todas  suas  aldeias,  casais,  termos,  etc,  com 
toda  a  sua  jurisdição  cível  e  crime,  com  todas  as  rendas,  os  tabeliados  com  as  suas  pensões, 
etc,  para  haver  pela  guisa  por  que  foi  dada  ao  Conde  D.  Álvaro  Pires  de  Castro  por  el  rei 
D.  Fernando.  Outrosim  doação  nos  mesmos  termos  da  quinta  de  Alcanhões,  e  dos  reguengos 
da  Tojosa  e  das  Chantas,  termo  de  Santarém,  e  dos  reguengos  dos  Polvorães,  termo  de 
Óbidos,  e  de  todos  os  direitos  riais  de  Rio  Maior,  termo  de  Santarém,  etc.  Porto,  26  de 
Abril  de  1423  (i335).  —  Em  tempo  que  éramos  Regedor  destes  reinos,  consirando  o  muito 
serviço  de  Vasco  Martins  de  Merlo,  nosso  vassalo,  lhe  fizemos  doação  de  todos  os  bens 
móveis  e  de  raiz  que  a  Condessa,  mulher  do  Conde  D.  Álvaro  Pires,  e  D.  Pedro  de  Castro 
seu  filho,  e  o  Conde  D.  Pedro  [Nuííez  de  Lara]  seu  genro,  haviam  nestes  reinos,  etc.  Con- 
firma a  dita  doação,  de  juro  de  herdade,  no  Porto,  a  i  de  Maio  de  1423  (t385).  —  Vasco 
Martins  de  Melo,  nosso  vassalo  e  do  nosso  conselho,  doação  de  juro  de  herdade  de  todas 
as  casas  e  todos  os  bens  móveis  que  João  Azedo,  morador  que  foi  em  Guimarães,  havia  ao 
tempo  da  sua  morte,  os  quais  bens  a  nós  pertencem  porquanto  somos  certo,  que  ele  ao  dito 


Meios  41 3 

da  Condessa  de  Arraiolos,  de  seu  filho  D.  Pedro  de  Castro  e  de  seu  genro 
o  Conde  D.  Pedro  (i). 


tempo  estava  ao  nosso  desserviço.  Guimarães,  8  de  Maio  de  1423  (i385).  —  Vasco  Martins 
de  Melo,  o  Velho,  nosso  vassalo,  disse  que  nós  lhe  fizéramos  doação  de  todas  as  terras  que 
D.  Pedro  de  Castro  havia  no  reino,  e  que  no  termo  de  Guimarães  ele  há  algumas  terras  que 
foram  do  dito  D.  Pedro,  nas  quais,  e  apar  delas,  nós  havemos  estes  casais  e  pertenças.. . 
(são  muitos).  Doação  de  todos  estes  bens  para  ele  e  descendentes,  por  carta  dada  em  Gui- 
marães a  24  de  Maio  de  1428  (i385).  —  Vasco  Martins  de  Melo,  nosso  vassalo  e  do  nosso 
conselho,  disse  que  lhe  fizéramos  mercê  de  todos  os  bens,  assim  móveis  como  de  raiz,  que 
D.  Pedro  de  Castro,  a  Condessa  sua  madre,  outrosim  o  Conde  D.  Pedro  e  sua  mulher,  haviam 
em  estes  reinos;  e  ora  nos  disse  que  o  Conde  D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  padre  do  dito 
D.  Pedro,  havia  pelas  rendas  da  judiaria  de  Évora  seiscentas  libras  em  cada  ano  de  juro  de 
herdade  de  que  lhe  havia  feito  mercê  el  rei  D.  Fernando,  e  querendo  agora  haver  as  ditas 
seiscentas  libras,  lhe  fora  posto  embargo  por  João  Fernandes  da  Arca,  nosso  vassalo,  mo- 
rador nessa  cidade,  dizendo  que  nós  lhe  havíamos  feita  mercê  das  rendas  da  dita  judiaria, 
etc.  Mandamos  que,  se  o  dito  Vasco  Martins  fizer  certo  que  o  dito  Conde  havia  de  haver 
as  ditas  seiscentas  libras,  como  êle  diz,  lhe  sejam  entregues.  Porto,  10  de  Junho  de  1423  {i385). 
—  Vasco  Martins  de  Merlo,  do  nosso  conselho,  confirmação  de  todas  as  graças  e  mercês. . . 
bens  e  privilégios,  que  lhe  foram  feitos  e  outorgados  por  el  rei  D.  Fernando,  os  quais  bens 
são  estes:  no  almoxarifado  da  Guarda,  os  direitos  das  aldeias  do  Souto  da  Casa  e  da  Aldeia 
da  Mata;  no  almoxarifado  de  Santarém,  o  quinhão  do  moinho  da  Quintan  e  casal  que  com 
êle  anda;  no  almoxarifado  de  Beja,  os»  direitos  das  aldeias  de  Cuba,  Alfundão,  Colmes  e 
Pedrógão,  com  seus  limites,  e  a  coutada  que  chamam  dos  Assentos,  e  a  horta  que  chamam 
dei  Rei;  e  no  almoxarifado  de  Serpa,  a  barca  da  passagem,  o  pego,  a, horta  que  chamam  do 
Penedo,  e  o  reguengo.  Santarém,  22  de  Agosto  de  1423  (i385). — Vasco  Martins  de  Merlo, 
cavaleiro,  nosso  vassalo,  doação  para  êle  e  sucessores  de  todos  os  bens  móveis  e  de  raiz  que 
Vasco  Martins  de  Merlo,  o  Moço,  seu  filho,  já  passado  (morrera  na  de  Aljubarrota),  havia 
ao  tempo  da  sua  morre.  Santarém,  23  de  Agosto  de  1423  (i385).  —  Vasco  Martins  de  Melo, 
nosso  vassalo  e  do  nosso  conselho,  disse  que  lhe  fizéramos  doação  de  todos  os  bens  móveis 
e  de  raiz  que  D.  Pedro,  filho  do  Conde  D.  Álvaro  Pires,  e  sua  madre,  haviam  nestes  reinos, 
entre  os  quais  lhe  fizemos  mercê  da  quinta  de  Palma,  e  que  outrosim  lhe  fizemos  mercê  de 
todos  os  bens  que  o  Conde  D.  Pedro  [Nunez  de  Lara]  havia  em  estes  reinos;  e  ora  nos 
disse  que  Nuno  Alvares  Pereira,  nosso  condestável,  por  poder  que  de  nós  havia,  fizera  mercê 
da  dita  quinta  com  suas  pertenças  a  outras  pessoas,  etc.  Manda  aos  juízes  da  vila  de  Mon- 
forte que  façam  entregar  a  quinta  e  os  bens  a  Vasco  Martins.  Santarém,  29  de  Agosto  de 
1423  ( i385).—  Vasco  Martins  de  Merlo,  do  nosso  conselho,  disse  que  nós  lhe  fizéramos  mercê 
de  todos  os  bens  móveis  e  de  raiz  que  a  Condessa,  mulher  que  foi  do  Conde  D.  Álvaro  Pires, 
e  D.  Pedro  de  Castro  seu  filho,  e  o  Conde  D.  Pedro  seu  genro,  haviam  no  reino,  por  desser- 
viço, entre  os  quais  era  uma  quinta  em  termo  de  Arraiolos,  a  qual  foi  do  dito  Conde  D.  Álvaro 
Pires,  e  estando  êle  de  posse  demos  nossa  carta  a  D.  Beatriz,  filha  do  dito  Conde  D.  Álvaro 
Pires  (e  viúva  do  Conde  D.  Pedro  Nuiíez  de  Lara),  na  qual  mandávamos  lhe  entregassem  a 
dita  quinta,  e  os  juízes  da  vila  lha  entregaram  logo.  Mand"a  que  dos  bens  da  legítima  de 
D.  Beatriz  se  tire  outro  tanto  como  o  valor  da  quinta,  e  se  dê  a  Vasco  Martins;  e,  se  ela  não 
quiser  ficar  nestes  termos  com  a  quinta,  esta  seja  entregue  a  Vasco.  Santarém,  3  de  Se- 
tembro de  1423  (i385).  Liv.  i.°,  fls.  41,  104  v.,  io5  v.,  108,  142  v-,  iio,  88  v.,  io3,  88  e  81  v. 
(i)  Este  Conde  D.  Pedro  era  D.  Pedro  Nunez  de  Lara,  conde  de  Mayorga  em  Castela, 


414  Brasões 

A  Vasco  Martins  de  Melo,  seu  vassalo,  havia  D.  Pedro  I,  por  carta  de  3 
de  Dezembro  de  iSgg  (i36i),  coutado  duas  partes  de  toda  a  sua  quinta  de 
Agua  de  Peixes  no  termo  de  Alvito  (i);  puseram-lhe  porem  embargo  os  con- 
celhos limítrofes  de  Alvito,  Vila  Nova  e  Viana;  e  Vasco  Martins  recorreu 
para  o  tribunal  competente,  sendo-lhe  dada  sentença  favorável.  Estando  as 
coisas  neste  pé,  interveio  D.  Pedro  I  e  mandou  anular,  não  só  a  sentença, 
como  a  sua  precedente  mercê,  e  tornar  a  quinta  a  ser  devassa.  Insistiu  nova- 
mente Vasco  Martins  perante  o  soberano  e  por  fim  dele  alcançou  a  carta  de 
18  de  Agosto  de  140 1  (i363),  pela  qual  lhe  foram  definitivamente  coutadas 
duas  partes  da  referida  quinta  (2). 

Este  foi  o  princípio  da  sumptuosa  quinta  de  Agua  de  Peixes,  a  qual  veio 
a  pertencer  aos  Duques  de  Cadaval,  descendentes  de  Vasco  Martins. 

Passou  a  quinta  ao  seu  filho  segundo,  Martim  Afonso  de  Melo,  guarda 
mor  de  D.  João  I,  que,  em  Arraiolos,  a  12  de  Dezembro  de  1453  (141 5),  lhe 
deu  uma  carta  de  privilégios  para  vinte  homens  dos  que  fossem  povoar  o 
lugar  de  Água  de  Peixes,  entre  Viana  e  Vila  Ruiva  (3).  Seguidamente,  a  26 
do  mesmo  mês,  mandou  el  Rei  expedir  de  Évora  uma  carta  dirigida  a  Afonso 
Vasco  d'Antas,  corregedor  em  Entre  Tejo  e  Guadiana,  fazendo-lhe  saber 
«que  Martim  Afonso  de  Melo,  do  nosso  conselho  e  guarda  mor,  nos  disse 
que,  querendo  êle  fazer  uma  povoação  na  sua  terra  e  quinta  de  Água  de 
Peixes,  nós  lhe  fizemos  mercê  de  até  vinte  homens,  dos  que  fossem  para  ali 
povoar,  ficassem  isentos  de  ir  servir  à  guerra,  salvo  com  êle  Martim»,  agora 
os  escusa  do  serviço  e  encargos  do  concelho  (4).  Anos  volvidos,  por  carta 
dada  em  Óbidos,  a  18  de  Agosto  de  1449,  ^-  Afonso  V,  não  só  confirmou 
ao  segundo  Martim  Afonso  de  Melo,  seu  guarda  mor,  as  precedentes  cartas 
concedidas  a  seu  pai,  como  lhe  coutou  a  outra  parte  da  quinta  ainda  devassa, 
ficando  assim  todo  o  prédio  privilegiado  (5). 

Voltarei  a  Vasco  Martins  de  Melo  para  dizer  que  já  era  morto  a  9  de 
Maio  de  i388(6),  tendo  casado  por  duas  vezes.     A  primeira  com  Teresa 


o  qual,  em  3[  de  Agosto  de  1384,  durando  o  cerco  de  Lisboa,  entrara  na  cidade  e  recebera 
por  sua  mulher  a  D.  Beatriz  de  Castro,  filha  do  havia  pouco  falecido  Conde  de  Arraiolos. 
Após  o  casamento  tornara  a  sair  da  cidade  e  continuara  a  combatê-la  do  arraial  castelhano, 
onde  a  peste  dentro  em  pouco  o  matou.  —  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  João  1,  p.  I,  252. 
(i)  Chancelaria  de  D.  Pedro  I,  liv.  i.",  fl,  68. 

(2)  Jbidem,  fl.  88  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  7,  liv.  3.°,  fl.  154. 

(4)  Jbidem,  fl.  154  v. 

(5)  Liv.  3.°  de  Odiana,  fl.  23o. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.°,  fl.  188. 


I 


Meios  4 1 5 

Correia,  filha  do  alferes  mor  de  D-.  Afonso  IV  na  batalha  do  Salado,  Gon- 
çalo Gomes  de  Azevedo,  como  lhe  chamam  os  nobiliários,  ou  Gonçalo  Cor- 
reia de  Azevedo,  segundo  as  crónicas.  Casou  a  segunda  vez  com  Maria 
Afonso  de  Brito,  senhora  de  um  morgado  instituído,  em  12  de  Março  de  i336, 
por  D.  João  Afonso  de  Brito,  bispo  de  Lisboa,  em  seu  criado  (i)  Martim 
Afonso  (2),  o  qual  se  chamou  depois  Martim  Afonso  de  Brito.  Era  ele  na 
realidade  filho  do  Bispo,  e  veio  a  ser  pai  da  referida  Maria  Afonso. 

Do  primeiro  casamento  nasceu  único  Gonçalo  Vasques  de  Meio,  de  quem 
tratarei  adiante;  do  segundo  provieram  estes  filhos: 

i.°  —  Martim  Afonso  de  Melo,  guarda  mor  de  D.  João  I,  alcaide  mor  de 
Évora,  com  descendência  indicada  no  cap.  IV. 

2.°  —  Vasco  Martins  de  Melo,  o  Moço,  teve  de  D.  João  I,  por  carta  de  10 
de  Setembro  de  1422  (i384),  mercê,  para  êle  e  seus  herdeiros  e  sucessores, 
de  todos  os  bens  móveis  e  de  raiz  possuídos,  em  Santarém,  seu  termo  e 
outros  quaisquer  lugares,  por  Violante  Afonso,  aia  da  Rainha  de  Castela,  a 
qual  os  perdeu  por  andar  naquele  reino  em  desserviço  (3).  Morreu  êle  na 
batalha  de  Aljubarrota,  em  Agosto  do  ano  seguinte,  como  narra  Fernão  Lopes: 
«O  bom  de  Vasco  Martínz  de  Melo,  que  devotara  prender  elRey  de  Castela, 
ou  lhe  poer  as  maãos,  el  lhe  seguyo  ho  alcanço  acerca  de  legoa  por  sua  pro- 
mesa  fazer  verdadeira,  e  soo  sem  outrem  em  çíma  de  hum  cavalo  por  cheguar 
a  ele,  meteose  amtre  as  gemtes,  que  o  acompanhavam,  e  semdo  conhecido 
pola  cruz  de  saão  Jorge,  que  hera  Português,  foy  loguo  morto  por  sua  no 
sagaz  ardideza»  (4).     Não  deixou  geração. 

3.°  —  Maria  Afonso,  sem  outra  nomeia  alênj  do  nome. 

4.°  —  Inês  Vasques  de  Melo  casou  com  Martim  Afonso  Pimentel,  vassalo 
de  D.  João  1(5)  e  irmão  bastardo  de  João  Afonso  Pimentel,  senhor  de  Bra- 
gança e  Vinhais,  o  qual,  passando  para  Castela,  foi  lá  criado  conde  de  Be- 
navente por  carta  de  17  de  Maio  de  1398(6).  Fez  Martim  Afonso,  segundo 
dizem,  o  seu  testamento  no  castelo  de  Bragança,  a  i3  de  Setembro  de  i393, 


(1)  Criado  significava  então  «o  moço,  que  recebeo  criação  e  educação  de  alguém». — 
Morais,  Diccionario. 

(2)  D.  Rodrigo  da  Cunha,  Historia  ecclesiastica  de  Lisboa,  fl.  248. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.°,  fl.  160  v.  —  Passaram  estes  bens,  por  sua  morte, 
por  Carta  de  23  de  Agosto  do  ano  seguinte,  a  seu  pai. 

(4)  Crónica  de  D.  João  I,  p.  II,  cap.  43. 

(5)  A  Martim  Afonso  Pimentel,  seu  vassalo,  fez  D.João  I  mercê  da  renda  dos  tabeliães 
de  Santarém  por  carta  de  21  de  Junho  de  1427  (iSSg).  —  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.» 
fl.  21  V. 

(6)  López  de  Haro,  Nobiliário  de  Espana,  I,  128. 


41 6  Brasões 

€  lá  foi  enterrado  na  igreja  de  S.  Vicente^da  qual,  dentro  do  recinto  da  actual 
cidade,  não  encontro  memória. 

Gonçalo  Vasques  de  Melo,  filho  único  do  primeiro  casamento  de  Vasco 
Martins  de  Melo,  sucedeu-lhe  em  todos  os  bens  da  Coroa,  em  virtude  de  uma 
carta  de  9  de  Maio  de  1426  (i388),  dada  para  esse  efeito  (i).  Já  anterior- 
mente lhe  havia  D.  João  I,  intitulando-o  seu  vassalo,  doado  de  juro  e  herdade, 
por  muito  serviço,  as  rendas  riais  de  Serpa  e  seu  termo,  por  carta  de  22  de 
Agosto  de  1422  (1384)  (2).  Depois  fez-lhe  doação,  também  de  juro  e  herdade, 
dos  lugares  da  Castanheira  e  Povos  e  do  reguengo  de  Cheleiros,  como  consta 
da  carta  de  confirmação  a  seu  filho,  e  havia  de  ter  sido  a  mercê  concedida 
antes  de  23  de  Abril  de  1440  (1402),  data  da  carta  de  doação  para  sempre, 
sendo  ele  já  do  conselho,  do  padroado  das  igrejas  de  Santa  Maria  de  Che- 
leiros e  Santa  Maria  de  Bucelas  (3).  Já  era  falecido  em  Março  de  1410, 
tendo  casado  com  Constança  Martins  com  quem,  em  1399,  fizera  doação  a 
sua  filha  Leonor  Gomes,  em  casamento  com  João  Alvares  Pereira,  vassalo 
dei  Rei,  das  suas  terras  de  Recardães  e  Brunhide,  as  quais  possuia  de  juro 
e  herdade,  doação  confirmada  por  carta  régia  de  18  de  Agosto  de  1437 
(1399)  (4).     João  Alvares  Pereira  foi  o  2.°  senhor  da  terra  da  Feira. 

A  Gonçalo  Vasques  sucedeu  seu  filho,  único  varão,  Gonçalo  Vasques  de 
Melo,  o  Moço,  senhor  de  Vila  Boim  (5)  e,  em  sucessão  a  seu  pai,  2.°  senhor 
da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros,  de  juro  e  herdade,  por  carta  de  1 1  de 
Março  de  1448  (i4io)(6).  Casou  com  D.  Isabel  de  Albuquerque,  filha  de 
Vasco  Martins  da  Cunha,  o  Velho,  senhor  da  Tábua,  e  dela  teve,  alem  doutros 
filhos  (7),  a  Martim  Vaz  de  Melo,  3.°  senhor  da  Castanheira,  Povos  e  Che- 
leiros, e  a  Pêro  Vaz  de  Melo,  4.°  senhor  daquelas  terras,  em  sucessão  a  seu 
pai  e  a  seu  irmão,  por  carta  de  confirmação  de  24  de  Janeiro  de  1429,  nova- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.»,  fl.  188.  ♦ 

(2)  Ibidem,  a.  41  v.  —  Foi  confirmada  a  23  de  Agosto  de  1454  (1416)  a  seu  filho  do 
mesmo  nome,  Gonçalo  Vasques  de  Melo.  —  Ibidem,  fl,  99  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  3.",  fl.  16  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  2.°,  fl.  iSy  v. 

(5)  Por  carta  de  9  de  Junho  de  1438  (1400)  fôra-lhe  doado  o  referido  lugar  confiscado 
a  Álvaro  Coitado,  «por  a  maldade  e  treyçam  que  contra  nós  e  contra  nossos  regnos  cometeo, 
em  se  ir  pêra  Castela,  terra  de  nossos  imigos  pêra  nosso  desserviço,  havendo  nós  com  eles 
guerra  e  sendo  el  nosso  vassallo  e  natural  de  nossa  terra,  recebendo  de  nós  muitos  serviços». 
—  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  2.»,  fl.  168. 

(6)  Ibidem^  liv.  3.",  fl.  107  v. 

{•])  Um  destes  outros  filhos  foi  D.  Teresa  de  Albuquerque,  mulher  de  Luís  Alvares,  mestre 
sala,  e  deles  me  lembrarei  no  cap.  VIII. 


Meios  417 

mente  confirmada  f»or  outra  de  16  de  Junho  de  1450(1).  Já  então  era  re- 
gedor da  Casa  do  Cível  de  Lisboa,  como  declara  o  próprip  diploma,  e  foi 
criado  conde  da  Atalaia  por  carta  de  2 1  de  Dezembro  de  1466,  com  o  senhorio, 
em  sua  vida;  daquela  vila  e  da  da  Asseiceira  (2).  Passou  em  seguida  a  cha- 
mar-se  D.  Pedro  de  Melo  e  morreu  a  24  de  Agosto  de  1478,  segundo  decla- 
rava o  seu  epitáfio  na  antiga  igreja  do  convento  de  S.  Domingos  de  Lisboa: 
Aqui  J ai  o  mui  niagnijico  senhor  D.  Pedro  de  Melo  Conde  da  Atalaia  e  senhor 
de  Povos,  Castanheira  e  Cheleiros,  ao  qual  o  mui  alto  e  poderoso  Snr.  Rei 
D.  Afonso  o  5.°fe\  por  seus  grandes  merecimentos  e  serviços  primeiramente 
Regedor  da  Casa  do  Sivel  desta  Cidade  de  Lix.^  com  grandes  poderes  e 
cargos^  e  depois  o  fe\  Conde  da  Atalaia  e  Snr.  da  Aceiceira,  e  faleceo  em 
a  dita  Cidade  a  24  dias  de  Agosto  de  4j8  anos  (3). 

Casou  o  Conde  da  Atalaia  com  D.  Maria  de  Noronha  e  dela  teve  três 
filhos:  D.  Pedro  de  Melo,  D.  Leonor  de  Noronha  e  D.  Isabel  de  Noronha. 
Esta  casou  com  Diogo  Lopes  de  Sousa,  3."  senhor  de  Miranda  e  alcaide  mor 
de  Arronches.  D.  Pedrp  dç  Melo  foi  idiota,  pelo  que  a  Condessa  sua  mãe 
foi  nomeada  sua  tutora  e  curadora  por  carta  de  28  de  Abril  de  148 1,  no  lugar 
de  sua  mulher  D.  Guiomar  de  Castro,  que  renunciara  o  encargo  (4).  D.  Leonor 
de  Noronha,  a  mais  velha  das  filhas,  casou  com  D.  Álvaro  de  Ataíde  e  suce- 
. deram  na  casa  da  Castanheira. 

D.  Álvaro  era  filho  segundo  do  i.°  Conde  da  Atouguia,  de  quem  herdara 
a  grande  quinta  da  Foz  no  termo  de  Benavente,  a  qual  lhe  foi  confirmada 
por  carta  régia  de  21  de  Agosto  de^í474(5),  e  de  sua  mãe,  por  composição 
com  seu  irmão  D.  Martinho  de  Ataíde,  2.°  conde  da  Atouguia,  aprovada  por 
carta  régia  de  16  de  Julho  de  1469,  houvera  outra  quinta,  a  do  Judeu  àcêrca 
do  Porto  de  Muja  (6).  De  D.  Afonso  V  alcançou  D.  Álvgro  de  Ataíde,  após 
o  falecimento  do  Conde  da  Atalaia  seu  sogro,  o  alvará  de  28  de  Agosto  de 
1480,  pelo  qual  lhe  foram  prometidas  as  suas  terras,  se  por  qualquer  forma, 
em  virtude  da  inabilidade  para  nelas  suceder  de  seu  cunhado  D.  Pedro  de 
Melo,  viessem  a  vagar  para  a  Coroa  (7).  Foi  o  alvará  confirmado  por  carta 
de  9  de  Março  do  ano  seguinte,  em  virtude  de  D.  Leonor  de  Noronha, 
mulher  de  D.  Álvaro,  ser  a  filha  maior  do  Conde  da  Atalaia,  e  a  fim  da  casa 
dele  ser  conservada  nos  dois   cônjuges  e  seus  descendentes,  pelo  que  foi 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv,  34.",  fl.  172  v 

(2)  Liv.  3.»  de  Místicos,  fl.  276. 

(3)  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  140  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.",  fl.  5()'  v 

(5)  Liv.  5.°  de  Odiana,  fl.  188  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  28.",  fl.  91. 

(7)  Ibidem,  livs.  28.»,  fl.  102,  e  38.»,  fl.  6. 

TOL.  1  ,53 


41 8  Brasões 

D.  Leonor  habilitada  a,  sem  embargo  da  Lei  Mental,  ser  havida  para  a  sucessão 
das  ditas  terras  como  se  fosse  filho  maior  varão  lídimo,  sucedendo  por  morte 
de  ambos  os  cônjuges  seu  descendente  legítimo  varão  maior  então  existente, 
tudo  de  juro  e  herdade  e  no  caso  de  D.  Pedro  de  Melo  ser  julgado  inábil  (i). 
Em  virtude  destas  mercês  vieram  D.  Álvaro  e  D.  Leonor  a  ser  os  5.°*  senhores 
da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros. 

Decorridos  três  anos  teve  lugar  a  conspiração  do  Duque  de  Viseu  contra 
D.  João  II  e  nela  acharam-se  comprometidos  D.  Álvaro  de  Ataíde  e  seu  filho 
D.  Pedro  de  Ataíde,  conseguindo  o  primeiro,  que  estava  em  Santarém  quando 
o  Duque  foi  morto,  fugir  para  Castela,  sendo  porém  o  segundo  preso,  quando 
fugia  de  Setúbal  para  aquela  outra  vila.  Foram  ambos  condenados  à  morte 
e  confiscação  de  bens,  por  sentenças  de  9  de  Setembro  de  1484  e  de  9  de 
Agosto  do  ano  seguinte  (2).  A  primeira  executou-se  no  filho,  que  foi  dego- 
lado em  Setúbal;  a  segunda  nunca  teve  efeito,  mas  também  nunca  foi  revo- 
gada, apesar  de  D.  Manuel,  indecorosamente,  ter  chamado  ao  reino  e  resti- 
tuído a  seus  bens  o  réu  convicto  do  crime  de  lesa  majestade  (3). 

Em  quanto  D.  Álvaro  de  Ataíde  andava  fugido  por  Castela,  onde  recebeu 
bom'  acolhimento,  como  aliás  sempre  tem  sucedido  e  ainda  hoje  sucede  a 
todos  os  conspiradores  portugueses,  permanecia  D.  Leonor  de  Noronha,  sua 
mulher,  em  Lisboa.  Com  ela,  atendendo  a  ser  filha  do  Conde  da  Atalaia 
regedor  da  Casa  do  Cível,  foi  D.  João  II  benigno  e  por  alvará  dado  em 
Sintra,  a  29  de  Novembro  de  1485,  mandou  arrolar  todos  os  bens  móveis  do 
foragido  existentes  na  sua  casa  de  Lisboa,  a  fim  de  serem  entregues  a 
D.  Leonor  (4).  Morreu  esta  senhora  no  ano  do  regresso  do  marido,  a  quem 
D.  Manuel  chamou  logo  após  a  reunião  das  Cortes  em  Montemor  o  Novo, 
algumas  semanas  depois  da  morte  de  D.  João  II  (5),  e  começou  a  confirmar 
a  casa  por  cartas  expedidas  no  ano  de  1497(6). 

-  Apesar  de  já  ser  muito  velho,  seus  pais  haviam  casado  em  1412,  oitenta 
e  tantos  anos  antes,  tornou  D.  Álvaro  de  Ataíde,  ao  regressar  ao  reino,  a 
casar.  Foi  sua  segunda  mulher  D.  Violante  de  Távora,  viúva  de  Rui  de 
Sousa  Cide  e  filha  de  Pêro  de  Sousa,  senhor  do  Prado,  e  de  sua  mulher 
Maria  Pinheira.    Poucos  anos  depois  morreu  D.  Álvaro,  tendo-lhe  sua  viúva 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  livs.  28.-,  fl.  102,  e  38.°,  fl.  6. 

(2)  ArChivo  histórico  roRTUGUEz,  II,  29  e  276. 

(3)  Confirme-se  na  Critica  e  historia,  págs.  i53,  275  e  276. 

(4)  Ibidem^  pág.  365. 

(5)  Góes,  Chronica  de  D.  Emanuel,  p.  I,  cap.  8, 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  livs.  27.°,  fl.  84;  28.»,  fls.  i3,  91  e  102;  38.»,  fl.  6;  e  liv.  5,« 
de  Odiana,  fls.  188  e  188  v. 


Meios  419 

sobrevivido  muito  tempo  (i),  como  declaram  os  epitáfios  de  todos  eles  no 
claustro  do  convento  de  Tomar.  Rezam  as  inscrições  sepulcrais,  segundo  a 
versão  do  P.^  Sousa  (2),  assim: 

Aqui  jai  D.  Álvaro  de  Ataide,  senhor  da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros, 
Jilho  de  D.  Álvaro  Gonçalves  de  Ataide,  Conde  da  Atouguia  e  da  Condessa 
D.  Guiomar  de  Castro  sua  tnolher.    Faleceo  no  atino  de  M.  D.  v. 

Aqui  jai  D.  Leofior  de  Noronha  primeira  molher  de  D.  Álvaro  de  Ataide 
que  nestoutra  sepultura  fa^  c^lha  de  D.  Pedro  Va{  de  Melo  Conde  da 
Atalaia  e  da  Condessa  D.  Maria  de  Noronha  sua  molher.  Faleceo  no  anno 
de  14^. 

Aqui  ja\  D.  Violante  de  Távora  segunda  molher  de  D.  Álvaro  de  Ataide 
e  filha  de  Pêro  de  Sousa,  senhor  do  Prado  e  de  D.  Maria  Pinheira  sua  molher. 
Faleceo  a  3  dias  de.  Julho  de,  1 555. 

De  cada  um  dos  seus  dois  casamentos  teve  D.  Álvaro  de  Ataide  um  filho: 
do  primeiro  foi  D.  Pedro  de  Ataíde,  degolado  em  Setúbal;  do  segundo  foi 
D.  António  de  Ataíde,  conde  da  Castanheira.  ^ 

D.  Pedro  de  Ataíde  deixou  um  filho,  D.  Fernando  de  Ataíde,  a  quem 
D.  Manuel,  por  carta  de  27  de  Agosto  de  1496,  reabilitou  e  relevou  de  toda 
a  mácula  sobre  ele  lançada  pelas  sentenças  que  condenaram  seu  pai  e  avô  (3). 
Posteriormente,  por  carta  de  3o  de  Abril  de  1609,  foram-lhe  confirmadas  as 
jurisdições  da  Castanheira  e  Povos,  como  legítimo  sucessor  no  senhorio 
daquelas  vilas,  por  ser  filho  de  D.  Pedro  e  neto  de  D.  Álvaro  de  Ataíde  (4)_. 
Por  esses  tempos  (5)  havia  casado  com  D.  Leonor  de  Noronha,  fiilha  dos 
2.°*  Barões  de  Alvito,  e,  de  acordo  com  ela,  veio  a  fundar  o  mosteiro  de 
Nossa  Senhora  de  Subserra  da  Castanheira,  de  freiras  franciscanas,  tendo 
precedido  a  fundação  vários  casos  extraordinários  narrados  pelo  cronista  da 
Ordem  (6).  Apesar  do  estado  de  ruína  em  que  actualmente  se  encontra  ò 
mosteiro,  ainda  se  conserva  entre  os  escombros  a  lápida  comemorativa  da 


(i)  D.  Violante  de  Távora  instituiu  a  favor  de  seu  filho  D.  António  de  Ataíde  o  morgado 
da  quinta  da  Foz,  termo  de  Benavente,  o  qual  obteve  aprovação  e  confirmação  régia  por 
carta  de  i  de  Outubro  de  i554.  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  53.»  de  Doações,  fl.  i33. 

(2)  Memorias  Sepulchraes,  tis.  i33  v.  a  i34  v. 

(3)  Liv.  i.»  de  Místicos,  fl.  5  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  6.°  de  Doações^  fl.  36  v. 

(5)  Por  carta  de  3o  de  Julho  de  1 509  forarn  seguradas  as  4333  coroas  de  arras  a  D.  Leonor, 
filha  do  Barão  de  Alvito  e  mulher  de  D.  Fernando  de  Ataíde,  pelas  rendas  das  vilas  da  Cas- 
tanheira, Povos  e  Cheleiros  pertencentes  a  seu  marido.  —  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  41.", 
fl.  27  V. 

(6)  Fr.  Fernando  da  Soledade,  Historia  seráfica,  p.  IV,  liv.  19.",  cap.  i,  pág.  149  da  ed. 
de  1737. 


420  Brasões 

sua  fundação,  outrora  embutida  na  parede  da  capela  mor,  tendo  gravada  a 
seguinte  inscrição  (i): 

ESTE  MOESTEIRO. 
FVNDOV  D  FERNANDO 
DE  ATAÍDE  SENHOR  DA 
CASTANHEIRA  POVOS  E 
GHILEIROS  NO  ANO  DE 
i520  DA  TERCEIRA  REGRA 
DE  SAM  FRANCISCO  E  NO 
ANO  DE  1341  A  INSTANCIA 
DO  MVITO  ILVSTRE 
SENHOR  •  D.  ANTÓNIO  DE 
ATAÍDE  PRIMEIRO  CONDE  ' 
DA  CASTANHEIRA 
PADROEIRO  DA  DITA 
CAS A  FOI  RECEBIDO 
A  OBSERVÂNCIA  E  PROFIS 
SAM  DA  REGRA  DE  SANTA 
CLARA  E  O  MESMO  SENHOR 
O  MANDOV  ACABAR 
E  A  C*  D  ANNA  D  TÁVORA  S  • 
MOLHER  O  ACABOV  E  LHE 
FES    MVI    LARGAS    ESMOLAS 

Lá  foram  os  cônjuges  sepultados  numa  arca  de  pedra  colocada  na  capela 
mor  do  lado  do  evangelho,  com  o  seguinte  epitáfio: 

'  S*  DE  DOM  FERNAMDO  DATAIDE  SENHOR  DA  CASTA 
NHEIRA  POVOS  E  CHILHEIROS-  FVNDADOR  E  PRIMEJ 
RO  PADROEIRO  DESTA  CASA  FALEGEO  A  9  DIAS  DE  DEZE 
BRO  DA  ERA  DE  xbiS  ■  E  DE  DONA  LIANOR  DE  NORONHA 
SVA  MOLHER  FALEGEO  A  4  DE  NOVEMBRO  DE   1541 

Todos  estes  três  Ataídes,  Álvaro,  Pedro  e  Fernando,  poetaram  e  deles 
recolheu  Garcia  de  Resende  versos  no  Cancioneiro  geral.  De  Fernando 
apenas  umas  trovas  endereçadas,  pouco  antes  de  Março  de  i5o5,  a  D.  Mar- 
garida Freire,  senhora  que  ainda  não  consegui  identificar;  de  Pedro,  alem  de 
umas  coplas  compostas  por  ele  e  outros,  todos  parciais  do  Duque  de  Viseu, 
e  dirigidas  a  Fernão  da  Silveira,  escrivão  da  puridade  e  um  dos  conspiradores 
condenados  à  revelia,  apenas  mais  umas  trovas  muito  sem  sabor  apodando 
a  D.  Rodrigo  de  Castro  por  ter  rapado  a  barba.    De  D.  Álvaro  existe  maior 


(i)  Ambas  as  inscrições  a  seguir  transcritas  são  copiadas  das  fotografias  reproduzidas 
no  folheto  O  Mosteiro  da  Sub- Serra  da  Castanheira,  por  Nogueira  de  Brito.  Separata  do 
Boletim  da  Associação  oes  Arqueólogos  Portuguezès,  Lisboa,  1912. 


Meios  '         421 

número  de  composições,  desiacando-se  um  pouco  da  vulgaridade  das  restantes, 
umas  trovas  dirigidas  a  D.  Felipa  de  Vilhena  (i),  donzela  da  casa  da  rainha 
D.  Leonor,  por  quem  Fernão  da  Silveira,  o  escrivão  da  puridade,  andava 
apaixonado.  Casou  êle  em  1482  e  as  trovas  devem  ser  anteriores  a  esse 
tempo.  D.  Felipa  era  filha  de  Fernão  Teles  de  Meneses,  senhor  de  Unhão, 
mordomo  mor  da  princesa  D.  Leonor,  e  de  sua  mulher  D.  Margarida  de  Vi- 
lhena, aia  da  referida  senhora,  e  veio  a  casar  com  Nuno  Martins  da  Silveira, 
senhor  de  Góes,  de  quem  teve  a  Luís  da  Silveira,  i."  conde  da  Sortelha  e 
notável  poeta  do  Cancioneiro. 

Ainda  em  vida  de  D.  Fernando  de  Ataíde  fez  D.  João  III  mercê  a  seu 
valido  D.  António  de  Ataíde,  por  carta  de  19  de  Junho  de  1Õ22,  das  terras 
da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros,  de  juro  e  herdade,  como  as  possuirá  seu 
pai  D.  Álvaro  de  Ataíde  e  as  possuía  seu  dito  sobrinho,  prometendo  nunca 
a  este  dar  consentimento  para  as  vender,  permudar,  escambar  ou  de  qualquer 
forma  alienar  (2).  Posteriormente,  por  falecimento  de  D.  Fernando  de  Ataíde, 
foi,  por  carta  de  i  de  Janeiro  de  i526,  confirmada  a  seu  tio  D.  António  de 
Ataíde  a  jurisdição  das  vilas  da  Castanheira  e  Povos,  declarando-se  no  diploma 
que  a  êle  vieram  aquelas  vilas  por  doação  e  mercê  dei  Rei  (3).  Esta  asserção, 
fundada  em  parte  dos  dizeres  da  carta  de  1622  acima  citada,  não  é  perfeita- 
mente exacta  pois  que  no  mesmo  diploma  se  invocam,  se  transcrevem  e  se  con- 
firmam todas  as  precedentes  doações  feitas  a  D.  Álvaro  de  Ataíde  e  a  êle  con- 
firmadas por  D.  Manuel,  por  carta  de  27  de  Julho  de  1497,  j^  citada. 

Por  esta  forma  vieram  as  vilas  da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros,  doadas 
de  juro  e  herdade  a  Gonçalo  Yasques  de  Melo,  para  si  e  seus  descendentes, 
a  passar  a  pessoa  estranha  á  sua  linhagem.  D.  António  de  Ataíde  foi  o 
i.°  conde  da  Castanheira,  em  sua  vida,  por  carta  de  i  de  Maio  de  i532(4), 
e  de  juro  e  herdade  por  outra  de  21  de  Julho  de  1541  (5). 


(i)  Fl.  142,  col.  3, 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  36."  de  Doações,  fl.  2. 

(3)  Ibidem,  liv.  6.°,  fl.  36  v. 

(4)  Jbidem^Viv.  16.°,  fl.  53. 

(5)  Neste  interessante  documento,  que  prova  a  amisade  de  D.  João  III  pelo  seu  valido, 
exprime-se  el  Rei  por  esta  forma:  «havendo  respeito  aos  serviços  que  de  D.  António  de 
Ataíde,  conde  da  Castanheira,  senhor  das  vilas  de  Povos  e  Cheleiros,  vedor  de  minha  fazenda, 
me  tem  feitos  e  à  muito  boa  vontade  que  por  seus  muitos  merecimentos  e  por  se  criar 
comigo  lhe  tenho,  e  a  seu  sangue  e  muito  antiga  linhagem«',  por  estes  motivos  faz-lhe  mercê 
do  título  de  conde  da  Castanheira  de  juro  e  herdade,  para  sempre,  para  todos  seus  herdeiros 
e  sucessores  por  linha  direita  masculina,  segundo  forma  da  Lei  Mental.  Determina  mais, 
que  as  ditas  três  vilas  da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros  sejam  sempre  condado  e  que,  por 
falecimento  do  dito  Conde,  seu  filho  maior  varão  lídimo,  que  as  herdar,  se  chame  logo  por 
esta  carta  Conde  da  Castanheira  e  assim  d'aí  em  diante  todos  seus  herdeiros,  sem  para  isso 


422  Brasões 


IV 

ALCAIDES  MORES  E  CONDE  DE  OLIVENÇA 
CASA  DE  CADAVAL 

Martim  Afonso  de  Melo,  o  filho  mais  velho  do  segundo  casamento  de 
Vasco  Martins  de  Melo  a  quem  sucedeu  no  senhorio  da  quinta  de  Água  de 
Peixes,  foi,  pouco  depois  da  morte  do  pai,  nomeado,  pôr  carta  de  i5  de  Ja- 
neiro de  1428  (iSgo),  alcaide  do  castelo  de  Évora  com  todas  as  rendas  da 
alcaidaria,  como  tudo  houvera  Diogo  Lopes  Lobo,  cavaleiro,  «que  se  ora 
morreu»  (i).  Encarregou  D.  João  I  a  Martim  Afonso  de  Melo  da  tomada  de 
Badajoz,  a  fim  de  reter  a  cidade  comp  penhor  da  pena  incorrida  por  el  Rei 
de  Castela  em  ter  quebrado  certas  condições  das  tréguas  celebradas  entre  os 
dois  soberanos;  mas  não  se  pôde  executar  logo  a  empresa,  por  ter  nesse 
comenos  de  ir  Martim  Afonso  a  Bragança  casar  com  D.  Beatriz,  filha  do 
senhor  da  terra  João  Afonso  Pimentel  (2).  Isto  passou-se  no  outono  de  tSgõ, 
porque  a  11  de  Maio  de  iSgô,  nove  meses  depois  de  se  começar  a  tratar  da 
empresa,  conforme  declara  Fernão  Lopes,  realizou-se  a  tomada  da  praça  (3). 

Segundo  nobiliários  portugueses  e  espanhóis  Martim  Afonso  «matou  mal» 
a  sua  mulher,  tendo  o  facto  sido  a  causa,  por  el  Rei  o  não  querer  castigar, 
de  seu  sogro  se  passar  para  Castela,  onde- foi  criado  conde  de  Benavente  em 
Maio  de  iSgS.  Não  sei  se  haverá  fundamento  para  aquela  asserção;  sei  porém 
que  naquele  próprio  ano  D.  João  I  nomeou  seu  guarda  mor  a  Martim  Afonso, 


ser  necessária  outra  provisão  nem  licença  sua,  nem  de  seus  sucessores.  Por  último  manda 
aos  vedores  da  fazenda  lhes  façam  assentamento,  logo  que  sucederem  no  título.  Encontra-se 
esta  carta  na  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  2.°  de  Doações,  fl.  208,  transcrita  na  de  27 
de  Janeiro  de  1670  de  confirmação  do  título  e  senhorios  ao  último  conde,  Simão  Correia  da 
Silva,  casado  com  D.  Ana  de  Ataíde  e  Castro  filha  única  e  herdeira  de  D.  Jerónimo  de  Ataíde, 
conde  da  Castanheira  segundo  se  declara  na  carta  apesar  dêle  na  realidade  ter  sido  só 
2.*"  conde  de  Castro  Daire,  por  se  ter  deixado  íicar  em  Castela  depois  da  Restauração.  Por 
este  documento  v8-se  haver  sido  o  título  de  conde  da  Castanheira  confirmado  ao  2."  conde, 
D.  António  de  Ataíde,  por  carta  de  20  de  Janeiro  de  1576;  ao  3.°,  D.  Manuel  de  Ataíde,  em 
12  de  Março  de  i6o3;  ao  4.°,  D.  João  de  Ataíde,  em  4  de  Outubro  de  1621,  até  aqui  em 
sucessão  de  pai  a  filho.  Depois,  extinguindo-se  neste  a  linha  directa,  passaram  os  senhorios 
e  o  título  a  seu  tio  D.  António  de  Ataíde,  i.°  conde  de  Castro  Daire,  a  quem  foram  confir- 
mados por  carta  de  24  de  Janeiro  de  1644,  e  foi  este  o  5."  conde.  Por  morte  deste  Conde 
devia-lhe  ter  sucedido  seu  filho  D.  Jerónimo  de  Ataíde,  acima  nomeado,  que  morreu,  deixando 
uma  única  filha,  a  referida  D.  Ana  de  Ataíde  e  Castro  casada  com  Simão  Correia  da  Silva 
que  veio  a  ser  o  6."  e  último  conde  da  Castanheira, 
(i)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  2.°,  fl.  4. 

(2)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  I,  part.  lí,  pág.  342. 

(3)  Ibidem,  pág.  348. 


Meios  423 

em  lugar  de  João  Fernandes  Pacheco,  que  também  abandonara  o  seu  serviço 
e  se  passara  para  o  inimigo.  Com  o  oficio  de  guarda  mor  encontro  pois 
Martim  Afonso  em  duas  cartas  de  mercê,  uma,  de  3o  de  Agosto,  de  doação 
da  torre  da  cerca  velha  de  Évora,  situada  dentro  das  suas  moradas  (i)^  e  outra, 
de  I  de  Outubro,  de  doação  do  Lugar  de  Barbacena  e  de  bens  em  Leiria,  tudo 
confiscado  por  traição  ao  referido  João  Fernandes  Pacheco  (2). 

Serviu  Martim  Afonso  de  Melo  em  141 5  na  expedição  de  Ceuta  e,  con- 
quistada a  cidade,  foi-Ihe  por  D.  João  I  oferecida  a  capitania  dela,  mas  Martim 
Afonso  não  aceitou,  preferindo  regressar  ao  socêgo  da  sua  casa  de  Évora  (3), 
onde  D.  João  I  lhe  fizera  doação,  segundo  acima  vimos,  da  torre  da  cerca 
velha  dentro  nas  suas  moradas,  as  quais -muito  ampliou  como  lá  adiante 
direi. 

Fôra-lhe  oferecida  a  capitania  de  Ceuta  por  ser  muito  entendido  em 
assuntos  bélicos,  pois  compusera  um  livro  chamado  Da  Guerra,  ao  qual 
alude  com  louvor  Azurara  no  cap.  100  da  Crónica  da  tomada  de  Ceuta  (4). 
A  esta  obra  refere-se  Barbosa  Machado  na  Bibliótheca  lusitana,  dando-lhe 
este  título:  Da  Guerra,  na  qual  se  contem  muita»  e  boas  insinanças,  e  avisa- 
mentos  para  todos  que  tiverem  fortaleza,  ou  algum  lugar  cercado  em  Fron- 
teiras de  inimigos.  Este  título  está  modernizado;  não  é  certamente  do  tempo 
do  autor.  Acrescenta  ó  Abade  de  Sever  constar  o  livro  de  cem  capítulos  e 
haver  sido  dirigido  «a  FernaÕ  Lopes  Chronista  dei  Rey,  onde  se  desculpa  de 
sahir  taõ  tarde  com  esta  obra».  A  seguir  atribui  ao  mesmo  autor  o  Regi- 
mento da  Guerra  impresso  pelo  P.^  Sousa  no  tom.  III  das  Provas  da  Historia 
genealógica,  págs.  262  e  segs. 

Há  aqui  confusão:  a  segunda  obra  não  pode  ser  do  mesmo  autor  da  pri- 
meira.    Martim  Afonso  de  Melo  já  era  morto,  como  adiante  veremos,  em 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.°,  fl.  147. 

(2)  Ibidem,^.  179  v.  —  O  preâmbulo  desta  carta  é  interessante:  «Por  as  maldades  e 
treições  que  João  Fernandes  Pacheco  cometeu  contra  nossa  pessoa  e  nossos  regnos,  em 
contratar  com  el  Rei  de  Castela  nosso  inimigo,  pormetendo-lhe  a  dar  alguns  lugares  dos 
nossos  regnos,  assi  alguns  que  por  nós  tinha  sobre  menagem,  como  outros,  e  outrossi  porque 
dos  nossos  regnos  se  foe  pêra  Castela  pêra  o  dito  nosso  aversario,  sendo  natural  de  nossos 
regnos  e  nosso  vassalo  e  guarda  mor  e  do  nosso  conselho,  recebendo  de  nós  muitas  mercês, 
fazendo  as  ditas  treições  e  cousas  todas,  avendo  nós  e  os  nossos  regnos  guerra  com  o  dito 
Rei  de  Castela;  e  porque  nós  somos  certo  que  ele  fez  e  cometeo  estas  cousas  e  outras  contra 
nossa  pessoa  e  contra  nosso  serviço,  as  quais  são  notórias  e  sabudas».    Etc. 

(3)  Azurara,  Chronica  do  Conde  D.  Pedro,  cap.  v. 

(4)  «E  aalcm  de  seu  {se.  de  Martim  Afonso)  gramde  esforço  e  ardideza,  compôs  huu  livro 
per  seu  emgenho  e  saber,  que  sse  chama  da  guerra,  no  quall  sse  comtem  muitas  e  boõas 
emsinamças  e  avisamentos  pêra  todos  aquelles  que  teverem  fortelleza,  ou  alguu  lugar  cer- 
cado em  fromtaria  de  immiigos». 


424  Brasões 

Fevereiro  de  1482,  podia  pois  muito  bem  dedicar  o  seu  livro  a  Fernão  Lopes, 
a  quem  também  podia  chamar  cronista  por  êle  ser,  desde  1419  certamente, 
«escripvam  dos  livros»  de  D.  João  I  e  haver-lhe  sido  entregue,  já  no  prece- 
dente ano,  a  guarda  das  escrituras  do  Tombo  (i).  A.té  aqui  vamos  bem; 
mas,  o  que  Martim  Afonso  de  Melo  não  podia  fazer,  e  muito  bem  adverte  o 
P.^  Sousa,  era  referir-se,  como  fez  o  autor  do  Regimento^  às  guerras  da  índia, 
só  no  século  xvi  sucedidas,  nem  tampouco  ao  grão  capitão  Gonçalo  Fernandes 
de  Córdova,  nascido  quando  já  Martim  Afonso  de  Melo  era  finado.  Enga- 
na-se  porém  o  P.^  Sousa  quando  supõe  autor  do  Regimento  o  segundo  Martim 
Afonso  de  Melo,  pois  este,  já  falecido  em  1464,  não  podia  também  referir-se 
às  guerras  da  índia.  São  pois  d-uas  obras  diversas  o  tratado  Da  guerra,  de 
Martim  Afonso  de  Melo  I  do  nome,  e  o  Regimento  da  Guerra  de  autor  des- 
conhecido. 

Além  daquela  obra  ainda  Martim  Afonso  de  Melo  compôs  uma  crónica 
dos  feitos  de  D.  Fernando,  segundo  afirma  Fernão  Lopes  na  Crónica  de 
D.  Fernando,  cap.  47,  e  mal  andou  Barbosa  Machado  a'tribuindo  esta  obra 
a  outro  Martim  Afonso  de  Melo.  Este  era  avô  do  guarda  mor  de  D.  João  I  e 
já  tinha  morrido  em  iSyS  (2),  dez  anos  antes  de  findar  o  reinado  do  Formoso. 

Além  da  quinta  de  Água  de  Peixes,  à  qual  já  me  referi  e  que  ainda  hoje 
é  possuída  por  descendentes  seus,  teve  Martim  Afonso  de  Melo  outra  quinta 
no  termo  de  Évora,  a  de  Vai  de  Pa^lma,  notável  por  nela  ter  posteriormente 
vivido  Jerónimo  Corte  Rial,  o  poeta  do  Naufrágio  de  Sepúlveda  e  do  Cerco 
de  Diu.  Por  carta  de  9  de  Maio  de  1449  (141 1)  foi  coutada  a  MartimAfonso 
de  Melo  a  referida  quinta^  a  qual  seus  descendentes  venderam  a  Vasco  Anes 
Corte  Rial,  capitão  da  ilha  Terceira  e  da  de  S.  Jorge,  a  quem,  por  carta  de 
26  de  Maio  de  i5ii,  foram  confirmados  os  antigos  privilégios  de  Vai  de 
Palma  (3). 

Em  Fevereiro  de  1482  já  Martim  Afonso  de  Melo  era  morto,  tendo  pre- 
cedido no  túmulo  a  sua  segunda  mulher  D.  Briolanja  de  Sousa,  filha  de  Martim 
Afonso  de  Sousa,  2.°  senhor  de  Mortágua.  D.  Briolanja  ainda  vivia  em  i3 
de  Janeiro  de  1441,  quando  se  obrigou  a  pagar  a  Gonçalo  Vasques  Coutinho 
oitenta  mil  reais  brancos  prometidos  em  dote  a  sua  filha  D,  Beatriz  de  Sousa  (4), 
noutros  documentos  chamada  D.  Beatriz  de  Melo.  Foram  os  2.°*  Condes  de 
Marialva. 


(i)  Introdução  à  Pkimeira  parte  da  Crónica  de  D.  JoÁo  I,  pág.  xxix. 

(2)  Carta  de  12  de  Abril  de  141 1  (i373),  acima  citada,  de  doação  da  jurisdição  de  Melo 
a  seu  filho  do  mesmo  nome,  o  qual  seguiu  o  partido  castelhano  e  para  aquele  reino  passou. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  6."  de  Privilégios,  fl.  11. 

(4)  Corpo  cronológico,  part.  II,  mac.  i,  doe.  20. 


Meios  425 

Havia  Martim  Afonso,  conforme  já  ficou  dito,  casado  em  i3gb  com 
D.  Beatriz,  filha  de  João  Afonso  Pimentel,  senhor  de  Bragança  e  Vinhais,  e 
dela  tivera  dois  filhos:  Martim  Afonso  de  Melo,  que  lhe  sucedeu  na  casa, 
e  D.  Isabel  de  Melo.  Esta  senhora  casou  a  primeira  vez  com  João  Rodrigues 
Coutinho,  senhor  de  Ferreira  de  Aves,  Carapito  e  Vila  Maior,  falecido  sem 
descendência  em  1487,  em  Ceuta,  de  feridas  recebidas  no  palanque  de  Tân- 
ger (i),.e  a  segunda  vez,  em  1488,  com  D.  Duarte  de  Meneses,  futuro  conde 
de  Viana  e  capitão  de  Alcácer  (2). 

De  sua  segunda  mulher,  D.  Briolanja,  teve  Martim  Afonso,  além  da  Con- 
dessa de  Marialva,  já  mencionada,  e  de  D.  Branca  de  Melo,  senhora  de  Bar- 
bacena  em  sucessão  a  seu  pai  e  mulher  de  D.  Fernando  das  Alcáçovas,  a 
Vasco  Martins  de  Melo,  alcaide  rpor  de  Évora,  a  João  de  Melo,  copeiro  mor, 
a  ambos  os  quais  me  tornarei  a  referir,  e  a  Diogo  de  Melo  de  quem  proveio 
descendência  por  linha  feminina.  Também  foi  sua  filha,  ilegítima  porem, 
Beatriz  de  Melo  de  quem,  pelo  seu  casamento  com  Pêro  Lourenço  de  Fer- 
reira, provieram  os  Meios,  senhores  de  Povolide. 

Martim  Afonso  de  Melo,  o  segundo,  foi  alcaide  mor  de  Olivença  ainda 
em  vida  de  seu  pai  (3),  a  quem  sucedeu  nos  paços  junto  do  castelo  de  Évora  (4) 
e  no  ofício  de  guarda  mor,  do  qual  teve  carta  de  D.  Duarte  em  8  de  Dezembro 
de  1433,  confirmada  por  D.  Afonso  V  em  17  de  Julho  de  1449(5).  Foi  do 
conselho  e  fronteiro  de, .Olivença  por  carta  de  i5  de  Abril  de  1449(6).  Era 
então  já  casado  (7),  havia  mesmo  bastante  tempo,  com  D.  Margarida  de  Vi- 
lhena, filha  de  Rui  Vasques  Coutinho,  senhor  de  Ferreira  de  Aves,  Carapito  (8) 
e  Vila  Maior,  e  de  sua  mulher  D.  Branca  de  Vilhena,  filha  de  D.  Henrique 


(i)  Rui  de  Pina,  Chronica  dei  rei  D.  Duarte,  pág.  170. 

(2)  Brasões  de  Cintra,  II,  377. 

(3)  Por  carta  de  21  de  Setembro  de  1430  foi-lhe  doada  a  renda  e  todos  os  mais  direitos 
riais  da  alcaidaria  de  Olivença.  —  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.°,  fl.  121  v. 

(4)  Por  carta  de  2  de  Fevereiro  de  1432  foram-lhe  confirmadas  de  juro  e  herdade  as 
casas  novas  por  seu  pai  feitas  junto  aos  seus  paços.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  ig.", 
fl.  84. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  iS.",  fl.  168. 

(6)  Ibidem,  liv.  34.°,  fl.  208. 

(7)  Em  Julho  de  1449  ^ra  dada  carta  de  padrão  a  D.  Margarida  de  Vilhena,  mulher  de 
Martim  Afonso  de  Melo,  da  tença  relativa  a  mil  coroas  preço  de  uma  herdade  a  ela  com- 
prada por  D.  Duarte  e  doada  a  seu  irmão  João  Rodrigues  Coutinho.  —  Chancelaria  de 
D.  João  II,  liv.  t.»,  fl.  134. 

(8)  Por  carta  de  16  de  Abril  de  1436  (iSgS)  foi-lhe  feita  doação  do  lugar  de  Ferreira  de 
Aves  e  por  outra  do  dia  seguinte  do  de  Carapito,  ambos  os  lugares  confiscados  a  João  Fer- 
nandes Pacheco  por  desserviço. —  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  3.*,  fls.  g5  e  96. 

VOL.1  54 


426  Brasões 

Manuel  de  Vilhena,  conde  de  Seia.  Era  D.  Margarida  já  morta  em  Feve- 
reiro de  1485  e  deveria  ter  falecido  por  esses  tempos  (i),  tendo  tido  de  seu 
marido,  alem  de  filhas  (2),  a  Rodrigo  Afonso  de  Melo  e  a  Manuel  de  Melo, 
que  seguirão,,  e  a  D.  João  de  Melo,  bispo  de  Silves  em  1467  (3),  capelão  mor 
do  príncipe  D.  João  por  carta  de  10  de  Junho  de  1471  (4)  e  arcebispo  de 
Braga,  eleito  em  1480,  de  que  não  chegou  a  tomar  posse  por  falecer  nesse 
mesmo  ano  (5). 

Martim  Afonso  de  Melo  parece  ter  vivido  socegadamente  em  Évora,  na  sua 
casa,  afastado  do  serviço  público  e  só  ocupado  na  corte.  Nos  últimos  anos  da 
sua  vida  creio  porem  ter  estado  sugeito  a  certas  intrigas,  talvez  por  fraqueza  de 
carácter,  em  resultado  das  quais  lhe  foi  tirada  a  administração  dos  bens  da 
Coroa  e  o  exercício  do  ofício  de  guarda  rpor  (6).  Estes  casos  passaram-se 
em  Abril  de  1461  e  parece-me  ter  ainda  Martim  Afonso  vivido  até  íins  de 


(i)  Por  carta  de  22  de  Fevereiro  de  1485  foi  mandada  pagar  aos  herdeiros  de  D.  Mar- 
garida de  Vilhena,  do  i,°  de  Janeiro  do  ano  seguinte  em  diante,  a  tença  de  14.286  rs.  prove- 
niente das  mil  coroas  numa  nota  acima  mencionadas. —  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  i.', 
fl.  134. 

(2)  Uma  delas  foi  D.  Branca  de  Vilhena,  segunda  mulher  de  Rui  de  Sousa,  senhor  de 
Sagres,  o  qual,  na  qualidade  de  testamenteiro  de  seu  cunhado  o  Conde  de  Olivença,  concluiu 
o  convento  dos  Lóios  em  Évora,  onde  jaz  sepultado  com  esta  sua  mulher.  —  Relativo  a  ela 
encontra-se  um  documento  interessante  de  D.  Afonso  V:  Nós  ordenamos  que  D.  Branca 
de  Vilhana,  filha  de  Martim  Afonso  de  Melo,  nosso  guarda  mor,  que  ora  novamente  tomamos 
por  nossa  donzela,  este  em  casa  de  seu  padre  atá  que,  prazendo  a  Deus,  a  mandemos  vir 
pêra  casa  da  Rainha...  ou  a  casemos,  à  qual  outorgamos  do  1."  de  Janeiro  que  foi  desta 
era  em  diante,  em  cada  um  ano,  em  quanto  assim  estiver,  treze  mil  reais  brancos  pêra  seu 
mantimento,  vestido  e  calçado,  etc.  Évora,  i3  de  Abril  de  1450. — Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
liv.  34.°,  fl.  i35  V. 

(3)  João  Baptista  da  Silva  Lopes,  Memorias  para  a  historia  ecclesiastica  do  bispado  do 
Algarve^  pág.  272. 

(4)  Liv.  i."  da  Ordem  de  Santiago,  fl.  55. 

(5)  Silva  Lopes,  Memorias  do  Algarve  cits.,  pág.  276. 

(6)  Por  carta  de  17  de  Abril  de  1461  confirmou  D.  Afonso  V  um  alvará  do  infante 
D.  Pedro,  quando  regente,  pelo  qual  assegurava  a  Rodrigo  Afonso  de  Melo  a  sucessão  no 
ofício  de  guarda  mor  e  nos  bens  da  Coroa  possuídos  por  Martim  Afonso  de  Melo  seu  pai; 
sobrevieram  porem  dúvidas  e  receios,  dando  lugar,  para  maior  segurança,  a  ser  pedida  a 
confirmação  do  alvará  por  carta.  Nesta  lê-se  este  período :  «E  visto  por  nós  seu  (de  Ro- 
drigo Afonso  de  Melo  e  de  sua  mulher  D.  Isabel  de  Meneses)  justo  requerimento  porque 
nossa  tençam  hé  afastar  todalas  cousas  per  que  há  discórdia,  mayormente  antre  semelhantes 
pessoas,  antre  as  quaes  per  natureza  deve  haver  muyto  amor,  o  que  sempre  deveria  se  nom 
fossem  alguíís  solicitadores  de  novos  partidos,  imigos  de  toda  paz».  Depois  disto  manda  ao 
filho  tomar  a  posse  real  de  todos  os  referidos  bens,  ficando  ao  pai  unicamente  a  sua  admi- 
nistração. —  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  7.»,  fl.  89. 

Quanto  ao  ofício  já  em  1464  o  exercia  seu  filho  Rui  de  Melo,  como  adiante  veremos. 


Meios  427 

1468,  pois  que  só  a  5  de  Janeiro  e  16  de  Fevereiro  do  ano  seguinte  foram 
confirmadas  a  seu  filho  a  frontaria  e  a  alcaidaria  mor  de  Olivença  (i). 

Este  filho  era  Rodrigo  Afonso  de  Melo,  senhor  de  Ferreira  de  Aves,  Ca- 
rapito  e  Vila  Maior,  terras  que  lhe  haviam  sido  prometidas  por  carta  de  2 
de  Abril  de  1444  (2)  e,-  por  ser  menor,  só  lhe  foram  definitivamente  entregues, 
com  as  jurisdições,  por  outra  carta  de  10  de  Agosto  de  145 1  (3).  Em  1467 
casou,  precedendo  escritura  de  dote,  de  19  de  Abril,  com  D.  Isabel  de  Me- 
neses, filha  de  Aires  Gomes  da  Silva,  2.°  senhor  de  Vagos,  regedor  da  jus- 
tiça da  Casa  do  Cível  de  Lisboa,  e  de  sua  mulher  D.  Beatriz  de  Meneses  (4); 
em  1464  era  do  conselho  e  já  exercia  o  ofício  de  guarda  mor  (5),  ainda  em 
vida  de  seu  pai,  a  quem  em  1469  sucedeu  na  frontaria  e  alcaidaria  mor  de 
Olivença,  como  consta  de  cartas  já  citadas. 

Por  elas  também  se  sabe  ser  então  Rui  de  Melo  mordomo  mor  da  casa 
da  infanta  D.  Joana,  filha  de  D.  Afonso  V,  cargo  já  por  êle  exercido  em 
Março  do  ano  precedente,  com  a  designação  de  governador  da  sua  casa  (6). 
Tinha  então  a  Infanta  dezassete  anos  e  uma  grande  casa  «de  donas  e  don- 
zellas  e  offyciaaes  como  se  fora  Rainha;  e  porque  fazia  sem  necessydade 
grandes  despesas,  e  asy  por  se  evitarem  alguns  escândalos  e  perjuyzos  que 
em  sua  casa  por  nom  ser  casada  se  podiam  seguir»,  mandou-a  o  pai,  em 
Outubro  de  147 1,  recolher  ao  mosteiro  de  Odivelas  e  entregá-la  à  guarda  de 
sua  tia  D.  Felipa(7).  Depois  foi  mudada  para  o  mosteiro  de  Jesus  de  Aveiro, 
onde  jaz  sepultada,  no  coro,  e  foi  beatificada  por  bula  de  4  de  Abril  de  1693. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  35.",  fls.  2  e  i. 

(2)  Ibidem^  liv.  24.°,  fl.  42.  —  Nesta  carta  declara-se  haver  D.  Duarte  feito  mercê  a  Rodrigo 
Afonso  de  Melo,  filho  de  Martim  Afonso  de  Melo,  de  todas  as  terras,  castelos  e  jurisdições 
pertencentes  à  Coroa  e  possuídos  por  João  Rodrigues  Coutinho  já  falecido,  que  os  houvera 
em  sucessão  de  seu  pai  Rui  Vasques  Coutinho.  No  mesmo  diploma  fez-se  doação  a  D.  Duarte 
de  Meneses  das  rendas  e  direitos  das  ditas  terras,  os  quais  êle  recebera  desde  a  morte  de 
sua  mulher  D.  Isabel  de  Melo. 

(3)  Ibidem,  liv.  ii.»,  fl.  119. 

(4)  Brasões  de  Cintra,  II,  399. 

(5)  Carta  de  12  de  Julho  de  1464  de  45.600  rs.  de  tença. — Chancelaria  de  D.Afonso  V, 
liv.  8.»,  fl.  126  v. 

(6)  Carta  de  22  de  Março  de  1468  do  ofício  de  comprador  da  Infanta  a  João  de  Lamego 
—  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  28.°,  fl.  32  v.  —  O  P.e  Sousa  no  cap.  n,  pág.  80  do  tom.  II 
da  Historia  genealógica,  diz  terem  sido  governadores  da  Casa  da  Infanta  Fernão  Teles  de 
Meneses,  como  consta  de  uma  carta  de  1476,  e  depois  D.  João  de  Lima,  2.°  visconde  de  Vila 
Nova  de  Cerveira;  ora  em  1476  já  D.  Joana  estava  recolhida  em  .\veiro,  e  o  título  de  vis- 
conde só  foi  dado  era  1496,  seis  anos  depois  da  morte  da  Infanta. 

(7)  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  168,  pág.  533. 


428  Brasões 

Na  capela  mor  da  igreja  deste  convento,  na  parede  do  lado  da  epístola,  lê-se 
a  seguinte  inscrição: 

HOG  TEMPLUM 

QUOD  AB  INITIO  SORORUM 

SANCTI  DOMlNiCI  FUERAT 

REGNANTE  LUDUVIGO  1°. 

REGINAQUE  MARIA  PIA,  ET 

SUB  PONIFIGATO  PII  IX, 

REGIAE  AGGREGATIONI 

SANGTAE  JOANNAE  PRINCIPIS 

TERTIO  CALENDAS  JUNII 

ANNO   M  DCCG  LXXVII 

D  ATUM  FUIT. 

Na  parede  fronteira,  por  baixo  de  um  escudo  com  cinco  estrelas  de  seis 
pontas  (Taipares),  sem  timbre  no  elmo  por  lho  tirarem  quando  fizeram  os 
ornatos  e  pinturas,  está  a  inscrição  comemorativa  da  reedificação  da  capela 
mor : 

Frangisgo  •  DE  .  Tavares  •  e  •  dona  Ioana 

.  de  •  TÁVORA  SVA  MOLHER  •  NO  •  ANNO  •  M  •  D  • 
LXXXXII  .  REDIFIGARÃO  ESTA  GAPELA  •  DO 
TARAÕ  I>E  .  XXV  .  MIL  TÍS  •  DE  •  IVRO  PÊRA  HVÃ 
MISA  QOTIDIANA  •  POLO  •  QVAL  •  SE  LHES  DEV  P 
ERA  SVA  SEPVLTVRA  .  E  •  DE  .  SEVS  DESGENDE 
NTES. 

Li-as.  ambas  no  dia  11  de  Setembro  de  1894  e  o  leitor  perdoi-me  estas 
divagações;  mas  foi,  exactamente  para  as  poder  ter,- que  escolhi  esta  espécie, 
afim  de,  sem  presunções  nem  vontade  de  compor  história  a  sério,  massuda  e 
pesada,  me  ir  entretendo  a  reunir  material  de  boa  qualidade  para  servir  de 
base  a  estudos  mais  profundos.  Dito  isto,  voltemos  a  Rodrigo  Afonso  de 
Melo,  já  ao  tempo  simplesmente  Rui  de  Melo. 

Havendo  D.  Afonso  V,  em  Agosto  de  147 1,  em  seguida  à  conquista  da 
praça  de  Arzila,  ocupadp  Tânger,, entregou  a  capitania  da  cidade  a  Rui  de 
Melo(i),  que  dela  teve  cargo  durante  treze  anos,  segundo  declara  a  inscrição 
da  fundação  do  mosteiro  dos  Lóios  de  Évora.  Ainda  lá  estava  em  1476, 
quando  D.  Afonso  V,  por  carta  de  21  de  Julho,  lhe  deu  o  título  de  conde  de 
Ohvença  (2),  passando  d'então  por  diante  a  chamar-se  D.  Rodrigo  de  Melo. 
Usou  pois  de  três  nomes:     Rodrigo  Afonso  de  Melo,  em  diplomas  desde  o 


(i)  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  532. 
{2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  7.°,  fl.  46  v. 


Meios  429 

ano  de  1444  até  ao  de  146 1,  sendo  simples  fidalgo  da  casa  dei  Rei;  Rui  de 
Melo,  em  1464,  quando  já  era  do  conselho  e  guarda  mor;  e  finalmente 
D.  Rodrigo  de  Melo  depois  de  receber  o  título  de  conde. 

Por  ocasião  da  sua  partida  para  Africa  mandara  D.  Afonso  V  expedir, 
em  3o  de  Julho  de  1471,  um  alvará  nestes  termos:  «fazemos  saber  que  fale- 
cendo Rui  de  Melo,  do  nosso  conselho  e  guarda  mor,  em  esta  armada  onde 
ora  vai  comnosco,  nos  praz,  que  um  de  seus  genros  que  com  cada  uma  de 
suas  filhas  casar,  qual  a  ele  e  a  D.  Isabel  sua  mulher  mais  aprouver,  haja  o 
castelo  da  vila  de  Olivença»,  etc.  (i).  Não  morreu  na  jornada;  ficou  porem 
em  Tânger  por  capitão  e  lá,  no  dia  18  de  Setembro  de  1479,  «dentro  no  cas- 
telo, nos  paços  onde  pousa  D.  Rodrigo  de  Melo,  conde  de  Olivença,  capitão 
e  governador,  estando  êle  presente  e  a  condessa  D.  Isabel  de  Meneses  sua 
mulher,  tendo  aí  consigo  sua  filha  D.  Felipa,  e  estando  presente  Fernão  de 
Lemos,  cavaleiro  do  senhor  Conde  de  Faram,  procurador  do  senhor  D.  Ál- 
varo, filho  do  Duque  de  Bragança,  que  Deus  haja»,  assinou  a  escritura  de 
casamento  de  D.  Felipa  e  D.  Álvaro,  escritura  aprovada  por  carta  régia  de 
18  de  Abril  de  1480(2). 

Morreu  D.  Afonso  V,  começou  a  reinar  D.  João  II,  sobreveio  a  conspi- 
ração do  Duque  de  Bragança  e  D.  Álvaro  expatriou-se  depois  de  fins  de 
Maio  de  1483,  vindo  a  ser,  por  sentença  de  9  de  Agosto  de  1480,  condenado 
à  morte  e  confiscação  de  bens  por  cúmplice  e  encobridor,  tanto  na  traição 
de  seu  irmão,  como  na  do  Duque  de  Viseu  (3).  Deixou  o  Conde  de  Olivença 
passar  algum  tempo  e,  decorrido  êle,  apresentou-se  a  D.  João  II,  pedindo-lhe, 
em  atenção  aos  seus  serviços  que  sua  casa  não  desaparecesse.  Então 
D.  João  II,  a  quem  historiadores  cortesãos  pintam  com  tão  negras  cores, 
outorgou  ao  Conde  a  carta  de  17  de  Janeiro  de  1487,  pela  qual,  por  dele  não 
ficar  filho  nem  neto  varão,  habilita  sua  neta  D.  Caterina,  filha  de  D.  Álvaro 
e  D.  Felipa,  para  nela  ter  vigor  o  direito  de  filho  maior  varão  e  poder  suceder 
na  casa,  apesar  de  seu  pai  e  mãe  estarem  fora  do  reino  (4).  Faleceu  o 
Conde  de  Olivença  a  25  de  Novembro  de  1487,  tendo-o  precedido  no  túmulo 
a  Condessa,  já  desde  12  de  Abril  de  1482,  e  D.  João  II  constituiu-se  tutor  da 
pequena  D.  Caterina,  como  consta  de  uma  carta  de  29  de  Abril  de  1490(5). 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  7.",  fl.  89  v. 

(2)  Ibidetn,  liv.  32.°,  fl.  loo. 

(3)  Archivo  histórico  portuguez,  II,  273. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  21.»,  fl.  62  v.  ^ 

(5)  Carla  dirigida  a  D.  Afonso,  do  conselho,  bispo  de  Évora,  de  apresentação  da  igreja 
de  Santa  Maria  dos  Açougues  da  vila  de  Elvas,  igreja  da  apresentação  de  D.  Caterina,  neta 
do  Conde  de  Olivença,  que  Deus  perdoi,  da  qual  «nós  somos  tetor».  —  Chancelaria  de 
D.  João  II,  liv.  i3.°,  fl.  17. 


43  o  Brasões 

Não  encontro  mais  notícias  desta  criança,  nem  nos  documentos,  nem  nos  nobi- 
liários. 

Já  lá  muito  acima  me  referi  à  doação  feita  por  D.  João  I  ao  seu  guarda 
mor  Martim  Afonso  de  Melo,  por  carta  de  3o  de  Agosto  de  iSgS,  da  torre 
da  cerca  velha  de  Évora  dentro  das  suas  moradas.  Assim  lacónicamente  se 
exprime  o  existente  extracto  do  diploma. 

Junto  da  torre  e  pegado  com  o  castelo  edificou  Martim  Afonso  os  paços 
do  seu  morgado  e  umas  casas  novas.  Tudo  a  seu  filho,  o  segundo  Martim 
Afonso,  confirmou  D.  João  I  em  2  de  Fevereiro  de  1432,  D.  Duarte,  em  21 
do  mesmo  mês  de  1434,  o  infante  D.  Pedro,  regente,  em  20  de  Julho  de 
1439(1),  e  D.  Afonso  V,  em  12  do  mesmo  mês  de  1449(2).  A  carta  de 
D.  Duarte  esclarece  um  pouco  mais  a  situação  do  prédio.  Diz  ela:  «doação 
de  juro  de  herdade...  de  todalas  casas  novas  que  Martim  Afonso...  fez 
nos  seus  paços  do  morgado,  que  são  em  Évora  junto  com  o  castelo,  com  a 
sua  parte  e  quinhão  da  sala  (3)  que  está  junto  com  a  torre  velha,  assim  como 
parte  com  o  curral  das  ditas  casas  do  morgado  e  entestam  no  muro  contra 
S.  Mamede,  e  da  parte  entesta  no  muro  que  é  contra  Évora  Monte,  e  da 
outra  parte  com  a  dita  sua  sala  e  torre  velha». 

No  mesmo  dia,  12  de  Julho  de  1449,  no  qual  D.  Afonso  V  confirmou  a 
doação  da  torre  da  cerca  velha  a  seu  guarda  mor  Martim  Afonso  de  Melo, 
assinou  nova  carta  (4)  para  substituir  a  de  3o  de  Abril  de  1446,  pela  qual  o 
infante  regente  D.  Pedro  lhe  havia  doado  o  Castelo  Velho  de  Évora  (5). 
Declara  o  diploma:  «consirando  os  muitos  serviços  que  Martim  Afonso  de 
Melo,  cuja  alma  Deos  haja,  e  seu  linhagem  hão  feito  aos  reis  D.  João  meu 
avô  e  a  meu  padre,  e  o  que  também  nós  havemos  recebido  e  entendemos  de 
receber  de  Martim  Afonso  de  Melo  seu  filho,  nosso  guarda  mor  e  do  nosso 
conselho»,  faz-lhe  livre,  pura  e  irrevogável  doação  para  sempre,  para  ele  e 
todos  seus  herdeiros  e  sucessores,  ascendentes  e  descendentes,  do  Castelo 
Velho  da  cidade  de  Évora  «com  suas  torres,  casas,  pardieiros,  quintais  e  ár- 
vores, assi  como  partem  de  uma  parte  com  pumar  e  casas  do  dito  Martim 
Afonso,  e  da  outra  parte  com  adro  da  Sé,  e  da  outra  parte  com  quintal  de 
D.  Diego  de  Castro  (pátio  de  S.  Miguel)  e  da  outra  parte  com  paço  do  Con- 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  19.°,  fl.  84. 

(2)  Liv.  3.°  de  Odiana,  fl.  228  v. 

(3)  Talvez  «a  notável  sala  de  armas  ou  casa  de  guarda,  seguramente  medieval»,  ainda 
existente  em  1886.  —  Gabriel  Pereira,  Estudos  Eborenses,  Lóios,  pág.  18. 

(4)  Liv.  3.»  de  Odiana,  fl.  229. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  5.»  fl.  32, 


•    Meios  43 1 

celho  da  dita  cidade  (i),  com  tanto  que,  fazendo  ele  algumas  obras  de  casas 
no  dito  Castelo,  ou  outra  alguma  cousa  em  eles,  que  seja  em  tal  guisa  que  o 
andaimo  do  muro  dele,  assi  como  vai,  e  torres  dele  seja  todo  despachado  per 
tal  maneira,  que  em  qualquer  tempo,  que  seja  compridoiro,  se  possam  servir 
e  correr  per  êle  livremente,  sem  nenhum  empacho». 

Nestes  terrenos,  nos  já  possuídos  pelo  primeiro  Martim  Afonso  de  Melo, 
nos  a  êle  junto  daqueles  doados  por  D.  João  I  e,  finalmente,  no  Castelo 
Velho,  doado  ao  segundo  Martim,  Afonso,  foram  edificados  o  palácio  chamado 
da  Torre  das  Cinco  Quinas  e  o  convento  dos  Lóios.  O  palácio,  acrescen- 
tado e  retocado  posteriormente,  é  construção  dos  dois  Martins  Afonsos;  o 
convento  foi  fundado  pelo  Conde  de  Olivença.  Do  primeiro  edifício  vêem-se 
duas  fotografias  no  opúsculo  de  A.  F.  Barata,  Évora  e  seus  arredores;  do 
segundo,  da  elegantíssima  porta  da  Casa  do  Capítulo  nos  claustros,  encon- 
tram-se  reproduções  na  Arte  o  a  natureia  em  Portugal,  n.°  68,  e  no  vol.  II 
da  Baukunst  der  Renaissance  in  Portugal  de  Albrecht  Haupt. 

No  Capítulo  do  ano  de  1482  resolveu  a  congregação  dos  Cónegos  de 
S.  João  Evangelista  aceitar  o  convento  que  para  eles  se  propunha  edificar  o 
Conde  de  Olivença,  de  acordo  com  seu  genro  D.  Álvaro  de  Portugal.  A  6 
de  Maio  de  1485  lançou-se  a  primeira  pedra,  tirando  o  Conde  por  sua  mão 
três  cestos  dos  alicerces  «à  imitação  do  Emperador  Constantino,  só  com  diffe- 
rença  em  o  numero:  porque  este  tirou  doze  à  honra  dos  doze  Apóstolos,  & 
D.  Rodrigo  tirou  três  à  honra  do  Salvador  do  mundo,  da  Virgem  Santíssima, 
&  do  Discípulo  Amado»  (2).  Passados  dois  anos  sobreveio  a  morte  do  Conde, 
mas  os  seus  testamenteiros.  Rui  de  Sousa,  fidalgo  da  casa  dei  Rei,  Fr.  Pedro 
Dias,  prior  de  S.  Domeingos,  e  Lopo  Pires,  prioste  da  Sé,  trataram  de  dar 
execução  ao  seu  testamento  e  por  tal  forma  se  houveram,  que  a  primeira 
missa  foi  dita  ria  noite  de  Natal  de  1491  (3). 

Esta  igreja  e  convento,  dos  quais  o  leitor  encontrará  uma  curiosa  descrição 
no  quarto  folheto  dos '  Estudos  Eborenses  de  Gabriel  Pereira,  intitulado 
Lóios,  foi  o  panteão  dos  Meios.  Dalgumas  inscrições  lá  lidas  por  mim  em 
Março  de  1901  e  doutras  transcritas  no  cit.  Ceo  aberto  na  terra  darei  aqui 
a  notícia.  ^ 

A   porta   da   igreja,    da  parte   de   fora,   debaixo  do  alpendre,    sob    um 


(i)  «...  a  casa  do  Senado  era  à  Sé  antiga  sita  no  lugar,  em  que  hoje  (1728)  são  os  Ce- 
leyros  dos  nossos...  prelados»  {Évora  gloriosa,  §  i43);  em  1886,  «lado  sul  da  Biblioteca 
publica»  (Gabriel  Pereira,  Lóios,  pág.  17). 

(2)  P.e  Francisco  de  Santa  Maria,  O  Ceo  aberto  na  Terra.  Historia.'.,  dos  Cónegos 
seculares . .    de  S  João  Evangelista  em  Portugal,  pág.  497. 

(3)  Ibidem^  pág.  498. 


432  Brasões 

pavilhão  de  alabastro  e  acima  de  uma  pequena  coluna,  lê-se,  desenvolvendo 
as  abreviaturas,  esta  inscrição  em  caracteres  góticos: 

Em  louvor  de  nosso  senor  deos  e  do  apostolo  Sã  Johã  evãgelista 
edificou  e  dotou  este  mosteiro 
I  o  mâgriifico  Snor  dõ  Rodrigo  de  mello  cõde  dolivenca  bisneto  de  Vas- 

co mlz  de  mello  q  deu  a  vida 

ao  muy  virtuoso  Snor  Rey  dõ  Joã  o  primeiro  e  neto  de  martí  afõ  de 
melo  ovelho  q  grandemete  ajudou  a 

ganhar  este  regno  ao  dito  Snor  Rey  e  f"  de  martí  af»  de  melo  q  bê 
e  lealmete  sepre  sérvio  e  foy  o  dito  cõde  creado 

do  muy  escrarecido  snor  Rey  dõ  a"  o  qinto  e  Rb  anos  sérvio  cõ  sua 
pesoa  e  gêtes  muy  grãdemete  e  en  todas 

as  pasages  que  o  dito  Snor  Rey  em  Africa  fez  sepre  cõ  ele  foy  e  to- 
mada a  cidade  de  tãger  logo  lha  entregou 

e  o  tez  o  primeiro  capitã  e  governador  dela  e  xiii  anos  q  a  teve 
houve  tãtas  pelejas  e  fez  tãtos 

desbaratos  e  mouros  q  muito  pouco  ficou  do  termo  dela  q  nã  fez 
trabutario  ao  dito  Snor  Rey  e  êtrou  cõ 

ele  nos  reinos  de  castelã  cõ  tãta  géte  e  asy  corrigida  que  poucos 
dos  mores  do  Reyno  levara 
mais  finouse  aos  xxv  dias  de  novêbro  da  era  de  nosso  Snor  jesu 
cristo  de  mil  iiij'=  Lxxxvij 

Por  cima  do  letreiro,  no  qual  há  um  erro  histórico  (i),  vê-se  um  escudo 
pendi-do,  com  seis  besantes  entre  dobre  cruz  e  bordadura,  armas  dos  Meios; 
elmo  posto  de  frente,  sobrepujado  de  um  barrete  piramidal. 

No  pavimento  do  adro  por  baixo  do  pórtico: 

AQVI  lAZ  POR  SVA  VMIL 
DADE  D.  DIOGO  DANNV 
NGIACAO  IVSTINIANO 
CÓNEGO  DESTA  GONGR 
EGACAO  BISPO  DA  SERR^ 
ARCEBISPO  DE  CRANGA  " 
NOR  PROVISOR  E  BISPO  C 
OADJVTOR  DESTE  ARCE 
BISPADO  FALECEO  AOS 
28    DE    OVTVBRO    DE    171 3. 

Armas:  escudo  carregado  de  uma  faxa  e  posto  no  peito  de  uma  águia  de  duas 
cabeças  sobrepujada  de  chapéu  de  bispo.  Fora  sagrado  em  Roma  a  2  de 
Maio  de  1692,  segundo  assevera  Barbosa  Machado  ao  tratar  dele  na  Biblio- 
theca  lusitana. 


^  (t)  Quem  redigiu  o  letreiro  confundiu  os  dois  Vascos  Martins  de  Melo,  pai  e  filho,  su- 
pondo haver  sido  o  primeiro,  que  foi  o  bisavô  do  Conde  de  Olivença,  o  falecido  em  Alju- 
barrota, quando  na  realidade  foi  o  segundo. 


Mdos  433 

Na  capela  mor,  no  chão,  ao  meio: 

Aqui  ja\  o  magnifico  senhor  D.  Rodrigo  de  Mello  Conde  de  Olivença,  o 
primeiro  Capitão  e  Governador  que  foi  de  Tangere  e  Jínouse  aos  sS  dias 
de  Novembro  era  de  148'j  annos  (i). 

Ao  lado,  em  volta  da  efígie  gravada  na  campa: 

Aqui :  ja\ :  a  muy :  /  vertuosa :  senora :  dona  :  Isabel :  de :  meneses :  con- 
deça :  de :  /  olivença  :  e  Jiiiose  :  /  aos  :  do\e  :  dias  :  do  mes  :  de  agosto  ■:  de  : 
mil :  cccc  Ixxxii  annos  :  /  (2). 

A  ilharga  destas  campas  estão  outras  duas  sem  epitáfios,  mas  com  as 
figuras  dos  sepultados  nelas  riscadas  na  pedra;  são  as  de  D.  Álvaro  de  Por- 
tugal e  de  D.  P^elipa  de  Melo  sua  mulher.  Todas  estão  tapadas  com  o  es- 
trado de  madeira  lançado  sobre  o  pavimento. 

Ainda  na  capela  mor,  mas  na  parede  do  lado  do  evangelho: 

AQVI  .  lAZ  .  DOM  .  JOHAO 
DE  MELLO  .  ARCEBISPO  •  DE 
BRAGVA  .  IRMÃO  •  DO  •  CONDE 
DOLIVENCA  .  FVNDADOR 
DESTA  .  CASA- 


por  baixo: 


AQVI  .  lAZ  D.  LVIZ  •  AMBRÓSIO  DE 
MELLO  •  2.'  DVQE  •  DO  CADAVAL  GE 
NRO  DEL  REI  DE  PORTVGAL  D.  PE 
DRO  2.»  FALECEO  EM  i3  DE  NOV.-*" 
DE   1700    REQVIHESCAT  IN  PACE. 


Na  outra  parede,  do  lado  da  epístola: 

AQVI  .  JAZ  .  MARTIM  •  Â  DE 
MELLO  •  E  SVA  •  MOLHER  DONA 
MARGVARIDA  •  DE  •  VILHANA  • 
PAI.  I  -MA  I  DO  CONDE  -DO 
LIVENCA. FVNDADOR 
DESTA  CASA. 

Na  capela  do  cruzeiro  do  lado  do  evangelho,  a  capela  do  SS.,  e  nela  do  lado 
da  epístola,  na  parede: 

AQVl-JAZ.  MANOEL. DE  MELLO 
F»  -DE  .  MARTIM  -A»  .  DE  •  MELLO 
E • DE • DONA • MARGARIDA 
DE -VILHANASVA-MOLHER 
FALECEO  •  AOS  XXVI  .  DE  SETEMBRO 
DE   M.  CCCCLXXXXIII.   ANNOS. 


(i)  Ceo  aberto,  pág.  499;  Gabriel  Pereira,  Lóios,  pág.  7. 

(2)  António  Francisco  Barata,  Miscellanea  historico-romantica,  pág.  107;  Ceo  aberto, 
pág.  499- 5oo,  cotn  a  data  do  mês  errada. 

voL.  1  55 


434  Brasões 

Escudo  partido:  o  I  dos  Meios;  o  II  esquartelado  de  liÕes  e  azas  com  espadas, 
armas  dos  Vilhenas.     Em  frente,  na  mesma  capela: 

AQI  •  lAZ  .  FRANCISCO  •  DE  MELLO  •  DO  ÇONS»  DELREI 
DÓ  ■  lOHÃ  .  HO  .  3.»  F."  DE  MANOEL  •  DE  MELLO  •  E  •  DONA 
BRITIZ  .  DA  .  SILVA  •  SVA  •  MOLHER  ■  FALECEO  •  DE  XX 
XXVI   •    ANNOS  .  AOS    XXVII   •   DABRIL   •    DE   •  M  •  D  •  XXXVI  • 

Escudo  partido  dos  besantes  dos  Meios  e  do  Hão  dos  Silvas.  Ambos  estes 
túmulos  são  em  edículos  de  mármore  de  Estremoz,  e  de  aprimorado  lavor, 
no»  estilo  da  Renascença.  Nesta  mesma  capela  estavam  os  seguintes  le- 
treiros: 

Aqui  jai  Donna  Maria  Manoel  mulher  de  André  de  Sousa,  Alcaide 
mor  de  Arronches  &  senhor  de  Miranda,  filha  de  Manoel  de  Mello  &  de 
Donna  Brittes  da  Sjlva  sua  tnulher.     Faleceo  aos  20  de  Janeiro  de  i532. 

E  outro: 

Aqui  j ai  Donna  Brittes  da  Sjha  mulher  que  foi  de  Manoel  de  Mello, 
que  Deos  haja,  Jilha  de  João  da  SylPa  &  de  Donna  Branca  Continha  sua 
molher.    Faleceo  a  4  de  Junho  de  i543{\). 

Na  capela  de  Nossa  Senhora  do  Rosário,  entrando  na  igreja  à  di- 
reita, no  chão,  estão  duas  sepulturas  das  quais  as  campas  não  são  de 
pedra,  mas  de  bronze,  com  figuras  e  ornatos  em  baixo  relevo  de  primoroso 
-lavor,  e  com  inscrições  em  caracteres  góticos  dispostas  em  volta.  Numfe 
lê-se: 

Aquy  Jaz  Omanyfico  Ruy  de  sousa  Senhor  de  sagres  /  E  beringell  a  que  elrey 
dom  afomso  o  quymto  E  a  elrey  dom  Joham  seu  filho  nos  gramdes  feitos  em  que 
foram  Esforçadamente  /  E  com  mijyta  lealldade  Sempre  seruio  E  acomselhou/  E 
asy  a  elrey  dom  manuell  o  prim"  em  cuio  seruico  faleceo  em  Toledo  semdo  de 
idade  de  •  Ixxv  •  anos  E  Jmdo  com  /  O  dito  senhor  E  com  a  raynha  dona  Jsabell  / 
sua  molher  por  seu  mandado  quamdo  os  Juraram  porherdeyros  dos  Regnuos  de 
Castella  E  Daragam  /  Etc  E  acabou  •  a  xxiiij  -Dias  de  mayo  da  era  de  • 
M  •  CCCG  •  IR  vij  ãnos(i2). 

Na  outra,  também  em  caracteres  góticos  e  começando  a  ler  ao  meio  da 
linha  superior: 

•  Aqui  jaz  dona  /  branca  de  vilhana  molher  que  foy  de  Ruy  de  Sousa  Senhor 
de  sagres  •  e  •  de  biringel  •  /do  conselho  delrey  dom  affom  o  qnto  •  e  •  /delrey 
dom  johã  ssem  filho  •  filha  de  marti  affom  de  mello  jrmaã  do  conde  doliuêca  • 
q  •  este  /  moest"  edeficou. 


(i)  Ceo  aberto,  pág.  5o i.    Já  lá  os  não  vi,  tapados  com  o  estrado. 
(2^  Há  aqui  um  erro  na  data  do  ano,  como  já  ficou  advertido  nas  Sepulturas  do  Espi- 
nheiro, pág.  9-10.    Rui  de  Sousa  morreu  em  1498,  entre  14  de  Fevereiro  e  4  de  Julho. 


Meios  435 

Está  a  inscrição  gravada  em  torno  da  figura  de  D.  Branca,  deitada  dentro 
de  um  pórtico  muito  ornado,  tudo  riscado  no  bronze  da  campa.  Já  para 
cobrir  o  túmulo  de  sua  primeira  mulher,  Isabel  de  Siqueira,,  havia  Rui  de 
Melo  mandado  vir  outra  lâmina  de  bronze,  a  qual  desapareceu  da  capela 
mor  da' igreja  do  Espinheiro  onde  fora  colocada. 

No  corpo  da  igreja: 

Aqui  ja:{  Dom  Rodrigo  de  Mello,  primeiro  Conde  de  Tetttugal,  e  Marque^ 
de  Ferreira^  filho  de  D.  Álvaro^  &  de  D.  Filippa,  que  ja\em  nesta  cappella. 
Faleceo  aos  77.  de  Agosto  de  i545.  E  de  sua  mulher  D.  Brittes  de  Meneses, 
Marquesa  de  Ferreira,  que  faleceo  aos  jo.  de  Abril  de  i585. 

Segue-se  a  do  2.°  Marquês,  nestes  termos: 

Sepultura  de  D.  Francisco  de.  Mello,  segundo  Marque:{  de  Ferreira,  & 
Conde  de  Tentúgal,  filho  de  D.  Rodrigo,  primeiro  Marque^  de  Ferreira, 
filho  do  senhor  D.  Álvaro  de  Portugal,  que  foi  filho  do  senhor  Dom  Fernando, 
segundo  Duque  de  Bargança,  &  filho  de  Donna  Leonor  de  Abneyda,  filha 
do  grande  Dom  Francisco  de  Abneyda,  primeiro  Vice  Rey  da  índia;  &  se- 
pultura de  sua  mulher  a  Condeça  Donna  Eugenia,  filha  do  Duque  de  Bar- 
gança Dom  Gemes,  neto  do  Infante  Dom  Fernando,  irmão  (sic)  delRey  Dom 
Manoel,  &  filha  da  Duquesa  Donna  Joanna  de  Mendonça.  Faleceo  o  Mar- 
que^  na  era  de  i588. 

Segue-se  a  do  3."  Marquês,  assim: 

Sepultura  de  Dom  Francisco  de  Mello,  terceiro  Marquei  'de  Ferreira, 
segundo  deste  nome  que  faleceo  aos  18.  dias  do  me^  de  Março  de  164S. 
annos,  &  de  D.  Isabel  de  Castro  &  Pimentel  sua  filha,  &  da  Marquesa 
D.  Joanna  Pimentel. 

Segue-se  a  da  primeira  mulher  do  mesmo  Marquês: 

Aqui  ja\  Donna  Maria  de  Toledo  &  Mosco{o,  Marquesa  de  Fer- 
reira, filha  dos  Condes  d'Altatfiira  Dom  Lopo  de  Moscovo,  &  Donna 
Leonor  de  Sandoval  &  Roxas,  ,Afa  que  foi  delRey  Dom  Filippe  IV.' & 
dos  Infantes  seus  irmãos,  primeira  mulher  do  Marque^  Dom  Francisco  de 
Mello,  segundo  do  nome,  faleceo  em  Évora  aos  sinco  dias  do  me\  de  Abril 
de  i63o. 

Finalmente  a  do  segundo  filho  do  2.°  Marquês,  a  qual  reza  assim; 

Sepultura  de  dom  Nuno  Alvres  Pereyra,  terceiro  Conde  de  Tentúgal, 
filho  segundo  do  Marque^  de  Ferreira  D0711  Francisco  de  Mello,  é  da  Con- 
deça de  Tentúgal  Donna  Eugenia  sua  mulher,  filha  do  duque  de  Bargança 
Dom  Gemes.  Faleceo  ao  derradeiro  de  Fevereiro  de  i5gj.  E  da  Condeça 
Donna  Marianna  de  Castro,  mulher  do  dito  Conde  Do?n  Nuno  Alvres,  filha 
do  Côde  d'Altamira  Dom  Rodrigo  0\orio  de  Moscovo,  &  da  Condeça  Donna 
Isabel  de  Castro.     TivèraÕ  a  Donna  Eugenia  de  Castro,  que  faleceo  de  idade 


436  Brasões 

de  desaseis  annos,  &  Donna  Isabel  de  Castro  de  idade  de  oito  annos,  & 
Dom  João  de  Mello  de  idade  de  dous  annos,  &  meyo,  &  Donna  Anna  de 
Toledo  de  idade  de  anno  &  mejo.  Faleceo  a  Condeça  aos  20  de  Janeiro 
de  1626(1). 

Não  as  vi,  cobertas  com  o  estrado. 

No  cruzeiro,  também  cobertas  com  o  estrado: 

Aqt/i  ja:{  Donna  Maria  de  Mendonça,  filha  de  Dom  Fernando  de  Mejieses 
&  de  Donna  Filippa  de  Mendonça,  primeira  iniilher  de  Dom  Constantino, 
filho  do  Marqiie{  Dom  Francisco,  de  quem  não  teve  filhos.  Faleceo  a  16  de 
Settembro  de  i5go. 

Aqui  jai  Donna  Catherina,  filha  de  Dom  Afi^otiso  de  Noronha  &  de 
Donna  Maria  Deça,  mulher  que  foi  de  Dom  Rodrigo.  Faleceo  em  Outubro 
de  iSyS. 

Aqui  jai  Dom  Rodrigo  de  Mello,  Sacerdote,  filho  de  Dom  Nuno  Alvres 
Pereira  &  de  Donna  Marianna  de  Castro,  Condes  de  Tentúgal,  neto  <& 
irmão  dos  Marqueses  de  Ferreira  Dom  Francisco,  ambos  do  nome.  Faleceo 
em  Lisboa  a  26  de  Novembro  de  i652.     Requiescat  in  pace  (2). 

Na  igreja  não  encontrei  mais  campas  dignas  de  nota.  É  ela  toda  forrada 
de  belíssimos  azulejos  assinados  Antonius  de  Oliva  ijji  fecit,  represen- 
tando a  vida  de  S.  Lourenço  Justiniano,  patriarca  de  Veneza  e  primeiro 
geral  da  congregação  de  S.  Jorge  in  Alga,  da  qual  procedeu  a  dos  Cónegos 
seculares  de  S.  João  Evangelista,  os  Lóios,  como  lhes  chamavam  da  cor  do 
hábito.  No  meio  da  igreja  está,  mais  moderna  que  os  azulejos,  a  tribuna 
dos  padroeiros,  muito  elegante,  sobre  uma  base  de  mármore  branco,  ven- 
do-se,  no  alto  do  varandim  de  madeira,  as  armas  do  Duque  de  Cadaval, 
escudo  com  uma  aspa  carregada  de  cinco  escudetes  das  armas  do  reino 
completas.  " 

Sobre  o  claustro  abre  a  Casa  do  Capítulo  com  um  elegantíssimo  pórtico 
geminado,  com  arcos  de  ferradura,  do  qual  na  Arte  e  natureza,  n.°  68,  se  vê 
uma  bela  reprodução  em  fotogravura,  e  no  vol.  II,  pág.  i35,  da  Renaissance 
in  Portugal  de  Haupt,  um  desenho.  Ao  meio  tem  um  medalhão  e  nele 
querem  ver  esculpida  a  tranqueira  de  Arzila,  sem  relação  nenhuma  com  o 
fundador  do  convento,  capitão  de  Tânger  e  não  daquela  outra  praça,  vendo 
eu  na  escultura  talvez  a  grelha  estilizada  do  martírio  de  S.  Lourenço,  o 
patrono  do  outro  santo  do  mesmo  nome  considerado  fundador  da  congregação 
da  Alga,  precursora  dos  Lóios. 


(i)  Ceo  aberto,  pág.  Soo. 
(2)  Ibidem,  pág.  5o  i. 


Meios  437 

Na  Casa  do  Capítulo,  no  chão,  encontrei  quatro  campas,  uma  sem  letreiro 
e  nas  outras  só  pude  ler  as  seguintes  palavras: 

NESTA  .  SEPVLTVRA  • ESTÃO 
CORPO  .  DEDOM  •  FRANG 
ISCO  .  DALMEIDA  SACERD 
OTE  .  FILHO  •  NATVRAL  •  DO 
marque:^-  de  ferreiRA 
i  domfrancisco-deme 

*  lo    '  primeiro    deste 

^OM.K  ¥01  -cónego  na 
SE  DESTACIDADE  •  DEVORA 
E  THESOVREIRO  •  NA  DE  LIS 
BOA  .  FALECEO  •  ADESESEIS 
DIAS  .  DOMES  •  De  /everet 
RO  .  DO  ANO  de  1621. 

Está  em  parte  quási  ilegível;  segue-se-lhe: 

Aqvi  iaz  dom  João  de 

BrAG.Ç^  FILHO  DE  DÕ 
FrC»  DE  MELO  SEGVNDO 
MARQVEZ  DE  FERREIRA 
BISPO  DE  VIZEV.  fale 
CEV  A  4  de  fevereiro 
de  i6og. 

Também  em  partes  ilegível;  completei  a  leitura  dambos  com  a  transcrição 
do  Ceo  aberto,  pág.  5o  i.  Junto  a  esta  está  a  sem  letreiro  e  ainda  mais 
outra  da  qual  só  pude  ler  as  primeiras  e  últimas  palavras,  e  completarei 
com  a  cópia  do  citado  livro: 

AQUI  JAZ  D.  Maria  de  Meneses  mulher  do  Capitão  D.  Antão  deposi- 
tada até  seus  herdeiros  a  tresladarem  para  S.  Domingos  de  Lisboa.  Falleceo 
O  PR."  DE  AGOSTO  DE  i562. 

No  claustro  do  mesmo  convento  estão  várias  campas  e,  entre  elas,  estas: 

AQVI  .  JAZ  •  RODRIGO  •  DE  ■ 
MENDONÇA  •  DE  VASCO 
NGELLOS • DEP VTADO 
E  PROMOTOR  •  QVE  •  FOI 
DO  S/o  O  FF.»  NESTA  •  I N- 
QVIZIÇAM  .  DE  ÉVORA  •  FA- 
LECEO -A   10  .  DE  S""^»  DE  1723. 

Armas:  escudo  esquartelado:  no  I  sete  torres;  no  II  franchado  de  bandas  e 


438  Brasões 


dois  SS;  no  Hl  uma  banda  entre  duas  flores  de  lis;  no  IV  três  faxas  veiradas. 
Timbre  uma  torre. 

AQVI  JAZ  NVNO  MASCARE 
NHÃS  DE  BRITO  •  INQVI 
ZIDOR  E  PRESIDENTE 
O  FOI  DOS  TRIBVNAIS 
DE  COIMBRA  E  EVO-  ' 
/'  RAFALECEOAOS2 

DE      OVTVBRO      DE 

I  7  •  7-  ^ 

Armas:  escudo  esquartelado:  no  I  e  IV  as  armas  do  reino;  no  II  as  dos 
Britos;  no  III  três  bandas.     Não  tem  timbre. 

S/  DE  DOM  GABRIEL  DA 
ANNVNCIACÃO  CQ 
NEGO  DA  CONGREG 
ACÃO  DE  -S-  J".  EVANGEL 
ISTA  BISPO  DE  FEZ  FA 
LC«  A  18  DE  MARCO  DE 
1644. 

Armas:  escUdo  partido:  no  I  cinco  liôes;  no  II  seis  besantes  entre  fiscos  em 
dobre  cruz.     Não  tem  timbre. 

AQVI  JAZ  O  INQVIZ 
IDOR  JOÃO  FERREI 
RA  BARRETO  FA 
LECEO  A  3i  DE  DEZ 
EMBRODE1688. 

S/  .  DE  ANTÓNIO  •  PEREIRA 
DO  SOTO  •  MEIRINHO  •  DO 
SANTO    OFF." 

Voltemos  ao  genro  do  Conde  de  Olivença. 

O  senhor  D.  Álvaro,  como  geralmente  é  tratado,  ou  D.  Álvaro  de  Por- 
tugal, como  é  denominado  nalguns  documentos,  era  o^  quarto  filho  varão  de 
D.  Fernando,  2."  duque  de  Bragança,  e  da  duquesa  D.  Joana  de  Castro, 
senhora  do  Cadaval  e  Peral.  Fizeram-lhe  seus  pais  doação,  por  carta  de  21 
de  Janeiro  de  1466,  das  suas  rendas  em  Beja  e  seu  termo,  tal  como  lhas 
havia  doado  seu  avô  o  Condestável  D.  Nuno  Álvares  Pereira  (i) ;  e  D.  Afonso  V, 


(i)  Transcrita  na  carta  de  doação  e  confirmação  régia,  dada  em  Évora  a  4  de  Janeiro 
de  1470.  —  Chancelaria  de  D.  A/ouso  V,  liv.  5  o  °,  fl.  164. 


Meios  489 

por  duas  cartas  de  3  de  Junho  de  1476,  datadas  de  Toro,  fez-lhe  doação  das  vilas 
e  castelos  de  Torres  Novas  e  Alvaiázere,  com  os  padroados  das  igrejas  (i). 
Com  a  doação  de  Torres  Novas  não  se  conformou  porém  o  príncipe  D.  João, 
apesar  de  na  carta  se  declarar  ter  sido  feita  a  mercê  com  seu  consentimento, 
e,  entrando  em  ajuste  com  D.  Álvaro,  deu-lhe  por  ela  o  senhorio  de  Tentúgal, 
seu  termo,  jurisdições  e  rendas,  e  mais  a  vila  de  Buarcos  e  lugares  do  Ra- 
baçal, Vila  Nova  de  Anços,  Anobra  e  Pereira.  Celebrou-se  o  contrato  no 
Porto,  a  28  de  Julho  de  1476,  e  teve  confirmação  régia  no  mesmo  dia  (2). 
Esta  doação  foi  confirmada  a  D.  Álvaro  por  D.  Manuel,  em  Vila  Franca  de 
Xira,  a  i3  de  Agosto  de  1496(3). 

Haviam  os  duques  de  Bragança,  D.  Fernando  I  e  D.  Joana  de  Castro,  feito 
doação,  em  14  de  Janeiro  de  1463,  a  seu  filho  segundo  D.  João,  futuro  mar- 
quês de  Montemor  o  Novo,  da  alcaidaria  e  rendas  desta  vila  e  da  terra  do 
Cadaval  (4),  a  qual  posteriormente,  juntamente  com  a  do  Peral,  sua  conjunta, 
foi  doada  pelo  duque  D.  Fernando  II  a  seu  irmão  D.  Álvaro,  para  a  haver 
por  falecimento  de  seu  outro  irmão  o  Marquês  de  Montemor.  Foi  a  escritura 
de  doação  feita  em  20  de  Novembro  de  1478,  mas  só  teve  confirmação  régia, 
depois  da  morte  do  Marquês  e  do  regresso  ao  reino  de  D.  Álvaro,  por  carta 
dada  em  Vila  Franca  de  Xira,  a  23  de  Agosto  de  1496(5).  Por  esta  forma 
entraram  nesta  família  os  senhorios  das  vilas  de  Cadaval  e  Tentúgal. 

Na  corte  desempenhou  D.  Álvaro  o  ofício  de  regedor  da  Casa  da  Supli- 
cação nomeado  por  carta  de  16  de  Outubro  de  1473  (6),  e  logo  a  seguir,  por 
outra  de  11  de  Agosto  de  1475,  foi  nomeado  chanceler  mor  (7),  tendo  então, 
segundo  parece,  largado  a  regedoria  das  justiças.  Tornou  contudo  a  entrar 
para  ela  e  encontra-se,  exercendo  cumulativamente  os  dois  cargos,  desde 
Janeiro  de  1479  até  se  expatriar  em  1483  (8).  Para  Castela  se  retirara  em 
fins  de  Maio  deste  ano,  como  já  lá  acima  ficou  dito,  e  naquele  reino  foi  muito 
cordealmente  recebido  pelos  Reis  Católicos,  D.  Fernando  e  D.  Isabel,  de 
quem  era  tio  por  ser  primo  com  irmão  de  seu  pai,  D.  João  II.  Naquele 
reino  foi  senhor  de  Gelves,  alcaide  mor  de  Sevilha  e  Andujar,  contador  mor 
e  presidente  de  Castela.  De  lá  regressou  a  Portugal  em  seguida  ao  advento 
ao  trono  de  D.  Manuel,  que  se  apressou  de  lhe  escrever,  em  2  de  Abril  de 


(i) 'Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  7.°,  fls.  104  v.  e  99  v. 

(2)  Ibidem,  íl.  16. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  IJI,  liv.  45."  de  Doações,  fl.  128  v. 

(4)  Liv.  3.°  de  Místicos,  fl.  43  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  25,°,  fl.  36. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  33.°,  fl.  225  v. 

(7)  Lir.  de  Extras,  fl.  i5o  v. 

(8)  Brasões  de  Cintra,  III,  194. 


440  Brasões 

1496,  uma  carta  muito  amigável,  mandando-o  regressar  ao  reino.  Não  teve 
nunca,  ainda  assim,  a  ousadia  de  revogar  a  sentença,  que  condenava  D.  Álvaro 
à  morte  pelo  crime  de  lesa  majestade. 

Restituído  ao  reino  foram-lhe  logo  confirmados  os  bens  da  Coroa  por 
cartas  daquele  ano,  quási  todas  passadas  no  mês  de  Agosto,  em  Vila  Franca  de 
Xira;  por  essa  mesma  ocasião  foram-lhe  dados,  por  outra  carta  de  14  do  refe- 
rido mês,  duzentos  e  cinquenta  e  nove  mil  e  tantos  reais  de  assentamento  (i). 
Neste  mesmo  ano  foi  enviado  por  embaixador  a  Castela  e  lá,  em  Burgos,  a 
3o  de  Novembro,  assinou  por  D.  Manuel  o  contrato  de  seu  casamento  com 
a  princesa  D.  Isabel,  viúva  do  príncipe  D.  Afonso  (2).  Tornou  a  intervir  no 
segundo  casamento  de  D.  Manuel,  recebendo  de  sua  esposa  a  infanta  D.  Maria 
procuração  passada  em  Granada,  a  16  de  Agosto  de  i5oo,  para  em  nome  dela 
contrair  os  desposórios  e  matrimónio  por  palavras  de  presente  (3).  Nestes 
contrato  e  procuração  aparece  D.  Álvaro  com  o  apelido  de  Portugal,  D.  Álvaro 
de  Portugal,  e  o  mesmo  acontece  noutro  contrato,  no  de  28  de  Abril  de  i5i2, 
celebrado  entre  D.  Felipa  de  Melo,  viúva  de  D.  Álvaro  de  Portugal,  e  seu 
filho  D.  Rodrigo  de  Portugal,  pelo  qual  aquela  senhora  lhe  cede  a  alcaidaria 
mor  de  Olivença  (4). 

Não  é  só  nestes  documentos,  e  não  serão  os  únicos,  é  também  no  epitáfio 
de  seu  neto  acima  transcrito,  que  D.  Álvaro  aparece  com  o  apelido  de  Por- 
tugal. O  P.^  Sousa  porem,  apesar  de  no  citado  tom.  das  Provas,  impresso 
em  1742,  transcrever  o  referido  contrato  de  casamento,  vai  no  ano  seguinte, 
no  tom.  X  da  Historia,  pág.  27,  afirmar  que  erram  todos  quantos  a  D.  Álvaro 
deram  o  referido  apelido.  Esta  afirmação  fá-la  o  Teatino  por  lisonja,  para 
poder  dizer,  «que  os  filhos,  e  filhas  dos  Duques  de  Bragança  naÕ  tiveraõ  appel- 
lido  nem  usaram  mais,  que  do  nome  do  bautismo  à  maneira  dos  filhos  dos 
Infantes». 

Foi  D.  Álvaro  de  Portugal  um  fidalgo  cheio  de  filáucia  só  excedida  por 
seu  filho  D.  Rodrigo,  cuja  intolerável  vaidade  pode  bem  ser  apreciada  pela 
crítica  à  Chronica  de  D.  Emanuel  de  Damião  de  Góes  (5).  Faleceu  D.Álvaro 
em  Toledo,  a  4  de  Março  de  i5o4,  segundo  afirma  o  P.^  Sousa,  sendo  de  lá 
trasladado  para  o  convento  dos  Lóios  de  Évora.  Deverá  ser  certa  a  infor- 
mação, porque  logo,  por  carta  de  10  do  mesmo  mês,  foi  concedido  a  seu  filho 
D.  Rodrigo  de  Melo  o  mesmo  assentamento,  que  seu  pai  houvera,  para  começar 


(i)  Liv.  I."  de  Místicos,  fl.  6. 

(2)  P.e  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica,  tom.  II,  pág.  384,  n.°  66. 

(3)  Corpo  cronológico,  part.  I,  mac.  3,  doe.  23. 

(4)  Transcrito  na  carta  de  confirmação,  liv.  7.»  de  Odiana,  fl.  58. 

(5)  Itemis  comtra  os  erros  da  Chronica,  no  Archivo  histórico  portuguez,  IX,  349. 


Meios  441 

a  receber  do  i."  de  Janeiro  do  ano  presente  em  diante  (i).  Já  então  era 
D.  Rodrigo  conde  de  Tentúgal.  Sua  mãe,  D.  Felipa  de  Melo,  só  veio  a 
morrer  em  i5i6,  sendo  neste  ano,  por  cartas  de  28  de  Fevereiro'e  3  de  Março, 
confirmadas  a  seu  filho  as  terras  de  Fereira  de  Aves,  Carapito,  Vila  Maior, 
Cadaval  e  Peral,  e  a  alcaidaria  mor  de  Olivença  (2). 

D.  Rodrigo  de  Melo,  alem  de  haver  sido,  desde  princípio  de  Março  de 
i5o4,  o  1.°  conde  de  Tentúgal  (3),  era  em  i533,  antes  de  6  de  Março,  marquês 
de  Ferreira  (4).  Dele  provieram  os  mais  marqueses  dos  quais  o  4.°,  D.  Nuno 
Caetano  Alvares  Pereira  de  Melo,  foi  criado  duque  de  Cadaval  por  carta  de 
18  de  Julho  de  1 648(5).  Em  seus  descendentes  se  continuou  a  casa  que  teve 
seis  duques,  e  da  qual  a  representante,  a  Marquesa  D.  Maria  da  Piedade 
Caetano  Alvares  Pereira  de  Melo,  morreu  ontem  (14  de  Setembro  de  1898) 
deixando  netos  na  infância.  Faleceu  em  França,  para  onde  emigrara  com  os 
seus  após  a  total  ruína  da  causa  de  D.  Miguel,  e  onde,  para  conservar  a 
varonia  da  sua  casa,  casara  aos  dezasseis  anos  com  um  tio  de  trinta  e  oiío. 

Da  casa  de  Cadaval  foram  ramos  em  Espanha  os  Condes  de  Gelves, 
Duques  de  Verágua,  e  os  Condes  de  Assumar,  Marqueses  de  Villescas,  des- 
cendentes de  D.  Francisco  de  Melo,  o  general  vencido  em  Rocroy.  Em  Por- 
tugal houve  um  filho  segundo  da  casa  de  Cadaval,  D.  Segismundo  Caetano 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv,  19.",  fl.  3o. 

(2)  Ibidem,  liv.  25.",  fls.  39  e  36 

(3)  Notc-se  que,  se  é  certo  aparecer  ele  com  o  título  na  acima  citada  carta  do  assenta- 
mento, passada  em  10  de  Março  de  i5o4,  também  é  certo  encontrar-se  noutra  do  dia  se- 
guinte, a  de  doação  de  Alvaiázere,  apenas  designado  por  «meu  sobrinho»,  sem  outro  algum 
título.  —  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  20.°,  íl,  26. 

(4)  Brasões  de  Cintra,  II,  454.  ^ 

(5j  «Havendo  respeito  aos  serviços  de  D.  Francisco  de  Melo,  marquês  de  Ferreira,  so- 
brinho, que  Deus  perdoi,  e  particularmente  aos  que  fez  à  Rainha  minha  mulher  no  ofício 
de  seu  mordomo  mor,  em  cujo  exercício  faleceu,  e  à  grande  satisfação  que  eu  e  a  Rainha 
tivemos  sempre  do  amor  e  acerto  com  que  nos  serviu,  e  a  muito  divido  que  comigo  tinha» 
e  às  grandes  qualidades  de  sua  casa  e  pessoa,  e  falecer  sem  receber  de  mim  a  honra  e  mercê 
e  acrecentamento,  que  sempre  desejei  fazer-lhe,  e  tendo  outrossim  respeito  aos  serviços  que 
a  Marquesa  sua  mulher  faz  e  há  feito  à  Rainha  e  a  está-la  servindo  de  sua  camareira  mor,  e 
tendo  ultimamente  respeito  a  o  Marquês  de  Ferreira  conde  de  Tentúgal,  D.  Nuno  Álvares 
Pereira,  servir  ao  Príncipe  e  à  muita  afeição  que  o  Príncipe  lhe  tem,  e  ser  sucessor  e  her- 
deiro da  casa  e  serviços  dos  ditos  seus  pais. .  .»>  Carta  de  duque  de  Cadaval,  em  sua  vida. — 
Chancelaria  de  D.  João  /V,  liv.  20.°  de  Doações,  fl.  99  v. 

Diz  o  P.e  Sousa,  no  tom.  X  da  Historia  genealógica,  pág.  269,  haver  D.  João  IV  criado 
a  D.  Nuno  «duque  de  Cadaval  a  26  de  Abril  de  1648  no  dia,  em  que  nasceo  o  Infante 
D.Pedro...  Passou-se-lhe  Carta...  a  12  de  Agosto  do  referido  anno^).  Esta  data  está 
errada,  e  não  sei  se  a  precedente  informação  será  exacta. 

voL.  I  56 


442  Brasões 

Alvares  Pereira  de  Melo,  que  fui  o  3."  e  último  duque  de  Lafões  pelo  seu 
casamento  com  a  herdeira  desta  casa. 

As  armas  da  casa  de  Cadaval  são:  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada 
■de  cinco  escudetes  das  armas  do  reino,  e  entre  eles  quatro  cruzes  de  prata, 
floridas  e  vazias.  Coroa  de  duque.  Timbre:  cavalo  nascente  de  prata,  bri- 
dado de  vermelho,  e  enfreado  de  oiro,  com  três  lançadas  em  sangue  no  pes- 
coço. A  introdução  das  cruzes  dos  Pereiras  no  escudo  dos  Cadavais  é  rela- 
tivamente moderna  e,  sem  elas,  ainda  se  vê  o  brasão  sobre  a  tribuna  da 
igreja  dos  Lóios  de  Évora,  onde  as  armas  foram  colocadas  nos  princípios  do 
século  xviii. 

As  armas  da  casa  de  Lafões  são:  partido:  o  I  das  armas  do  reino  dife- 
rençadas por  um  filete  de  negro  sobreposto  em  barra  (Bragança);  o  II  esquar- 
telado:  o  i.*  e  4."  das  armas  do  reino  com  a  mesma  diferença;  o  2.°  e  3.°^e 
vermelho,  caderna  de  crescentes  de  prata  (Sousa).  Coroa  de  duque.  Timbre: 
castelo  de  oiro. 

D.  Francisco  de  Melo,  o  general  vencido  em  Rocroy,  foi  filho  de  D.  Cons- 
tantino de  Bragança  e  neto  do  i.°  Marquês  de  Ferreira.  Nasceu  D.  Francisco 
em  1597,  passou  para  Castela,  onde  serviu  no  conselho  de  Estado  e  na  casa 
da  rainha  D.  Isabel  de  Bourbon,  mulher  de  Felipe  IV  de  Espanha,  que  lhe 
deu  o  titulo  de  conde  de  Assumar  por  carta  de  3o  de  Março  de  i636(i). 

De  D.  Francisco  de  Melo  formava  este  Juízo  um  ilustre  general  e  escritor 
há  pouco  falecido:  «Paiipre,  ambitteux,  il  avait  quitté  rantichambre  de  son 
cousin  en  disgrâce  (le  duc  de  Bragance)  paur  se  donner  au  premier  ministre 
de  Philippe  IV,  dont  il  sut  gagner  et  conserver  la  faveur.  La  carrière  de 
la  politique  active  s'ouvrit  devant  lui;  il  en  parcourut  rapidement  les  degrés 
et  s'acquitta  heureusement  de  missions  difficiles  à  Vienne,  à  Genes,  à  Ratis- 
honne,  en  Sicile.  Cétait  iin  homme  d'une  quarantaine  d'années,  trapu,  les 
cheveux  touffiis,  le  visage  noir,  d'aspect  ires  meridional.  Intelligent,  adroit, 
énergique,  diplomate  consommé,  administrai eur  habile,  il  n' avait  ni  expérience 
de  la  guerre  ni  connaissances  professionelles  quand  il  reçut,  avec  le  titre  de 
gouverneur  des  Pays-Bas  et  de  Bourgogne,  le  grade  de  capitaine  general  et 
le  commandemetit  d'une  armée.  La  fortune  sourit  à  sesdébuis;  il  créa  des 
ressources,  rétablit  un  peu  d'ordre  dans  les  Jinances  et  entra  en  campagne 
en  1642  avec  une  armée  bien  pourvue,  à  laquelle  il  sut  donner  une  bonne 
direction  géjiéralev  (2). 

A  campanha  começara  bem  para  as  armas  espanholas,  mas  infelizmente 


(i)  Chancelaria  de  Felipe  III,  liv.  29.*»  de  Doações,  fl.  36o  v. 
(2)  Duc  d'Aumale,  Histoire  des  Princes  de  Conde,  IV,  29. 


Meios  443 

para  estas  foi  assinalada  pela  derrota  de  Rocroy,  em  19  de  Maio  do  ano  se- 
guinte. 

Continuou  sempre  D.  Francisco  a  viver  em  Castela,  onde  Felipe  IV,  em 
1646,  lhe  deu  os  títulos  de  visconde  de  Caseda  e  de  marquês  de  Villescas, 
respectivamente  a  16  de  Agosto  e  7  de  Setembro  (i).  Morreu  em  Madrid 
em  i65i,  contando  cinquenta  e  quatro  anos  de  idade  (2).  Do  autor  agora 
citado  tirarei  a  inscrição  mandada  pôr  por  D.  Francisco  de  Melo  na  capela 
mor  da  igreja  do  mosteiro  de  Nossa  Senhora  dos  Remédios  de  Évora, 
por  nela  se  conterem  dados  biográficos.  Diz  a  inscrição:  D.  Francisco  de 
Mello,  Conde  de  Assumar  por  mercê  delRey  Filippe  IV.  Monarca  de  Hes- 
panha,  e  III.  Rey  de  Portugal,  Mordomo  mor  <la  Rainha  D.  Isabel,  Gentil- 
-homem  da  Camera  de  S.  MagestcCde,  dos  seus  Conselhos  de  Estado  e  Guerra 
da  Monarchia,  e  do  Estado  Supremo  da  Coroa  de  Portugal,  E?7ibaixador 
aos  Prijicipes  de  Itália,  ao  Emperador  Fernando,  Extraordinário  ao  Papa 
Urbano  VIII.  Plenipotenciário  para  o  Tratado  de pa\  universal,  Governador 
das  Armas  de  Sua  Magestade  em  Lombardia,  e  General  dos  seus  Exércitos 
€m  Alemanha,  Viso-Rey  e  Capitão  General  do  Rejno  de  Sicilia:  no  anno  de 
i63g,  aos  quarenta  e  dous  da  sua  idade,  mandou  fa\er  esta  sepultura  como 
Padroeiro  deste  Convento  de  Nossa  Senhora  dos  Remédios  para  D.  Cons- 
tantino de  Bragança  seu  pay,  filho  do  I.  Marque:{  de  Ferreira  D.  Francisco 
e  D.  Eugenia,  filha  do  Duque  de  Bragança  D.  Jaymes.  Faleceo  a  25  de 
Agosto  de  160J,  e  para  D.  Igne:{  de  Castro  sua  mãj,  filha  de  D.  Fernando 
de  Castro,  que  faleceo  a  2g  de  Novetnbro  de  1622,  e  para  D.  Maria  de  Castro 
sua  irmãa,  e  todos  se  trasladarão  em  3o  de  Julho  de  iò3g. 


V 
ALCAIDES  MORES  DE  ELVAS,  CONDES  DE  S.  LOURENÇO 

Do  Conde  de  Olivença  foi  irmão,  como  acima  disse,  Manuel  de  Melo, 
seu  sucessor  na  capitania  de  Tânger,  «onde  o  enviamos  e  esteve  por  capitão 
certos  anos»,  como  declara  a  carta  de  27  de  Dezembro  de  1484  de  cinquenta 
mil  reais  brancos  de  tença,  em  satisfação  do  seu  serviço  (3);  também  sucedeu 
a  seu  irmão  na  alcaidaria  mor  de  Olivença,  da  qual  teve  carta  em  8  de  Janeiro 


( 1 )  Dr.  Salazar  de  Mendoza,  Origen  de  las  dignidades  seglares  de  Castilla  y  Leon,  ed 
de  1794,  pág.  481.  ^ 

(2)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica,  X,  43i. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  22.",  fl.  101. 


444  Brasões 

de  1488  (i).  Já  então  era  do  conselho  e  reposteiro  mor,  cargo  para  que  fora 
nomeado  por  carta  de  21  de  Junho  de  1482,  «assi  e  per  a  guisa  que  o  atá 
qui  foi  por  nossa  carta,  que  lhe  delo  tinhamos  dada  e  assinada  em  sendo 
príncipe»  (2).  Morreu,  segundo  declara  o  seu  epitáfio  acima  transcrito,  a  26 
de  Setembro  de  1493,  tendo  casado  com  D.  Beatriz  da  Silva,  filha  de  João 
da  Silva,  4.°  senhor  de  Vagos  e  camareiro  mor  do  príncipe  D.  João,  e  de 
sua  mulher  D.  Branca  Coutinho.  Sobreviveu  D.  Beatriz  a  seu  marido  d^ 
quem  herdou  duas  tenças,  as  quais  deu  a  sua  filha  D.  Margarida  de  Vilhena, 
em  casamento  com  João  Gomes  de  Abreu,  e  lhe  foram  confirmadas  por  carta 
de  14  de  Março  de  i5o3  (3).  João  Gomes  de  Abreu  (não  se  confunda  com  o 
seu  homónimo  poeta  do  Cancioneiro)  era  filho  de  Rui  de  Abreu,  alcaide  mor 
de  Elvas  (4),  o  qual,  anos  antes,  havia  vendido  a  referida  alcaidaria  a  D.  Beatriz 
da  Silva,  para  seu  filho  Rui  de  Melo,  a  quem  foi  confirmada  por  carta  dada 
em  Sintra,  a  11  de  Maio  de  1499,  António  Carneiro  a  fez  (5). 

D.  Beatriz  da  Silva  faleceu  a  4  de  Junho  de  i543,  conforme  o  seu  epitáfio, 
e  havia  recebido,  muitos  anos  antes,  uma  carta  da  rainha  D.  Maria  relativa 
ao  casamento  de  Rui  de  Melo,  carta  que  trasladarei  por  ela  mostrar  a  ma- 
neira como  nesses  tempos  se  faziam  muitos  casamentos,  intervindo  neles  a 
rialeza.     Diz  a  carta: 

«Dona  briatiz  Nos  a  Raynha  vos  emviamos  muito  saudar  Elrey  meu  senhor  vos  scpreue 
ssobre  cassameto  de  vosso  filho  Ruy  de  mello  com  dona  guyomar  filha  do  comde  de  pena- 
macor  em  que  estaa  fallado.  O  qual  parece  que  vêem  muy  beem  ao  dito  vosso  filho  asy 
pella  linhajem  de  que  ella  descende  como  por  todos  os  outros  Respeitos  que  pêra  se  com- 
cludir  ssam  jumtos  E  certo  que  por  ambas  as  partes  a  nos  nos  prazerya  muyto  sse  acabar 
e  fazer  e  pello  vosso  Reçeberyamos  ajmda  muyto  prazer  porem  muyto  vos  rrogamos  que 
neste  casso  queyraaes  comsyrar  todas  as  rrezoes  que  elRey  meu  senhor  vos  apomta  pêra  o 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  i8.°,  fl.  48  v.  —  Esta  alcaidaria  tornou,  em  tempos  de 
D.  Manuel,  por  morte  de  Manuel  de  Melo,  a  sua  sobrinha  D.  Felipa  de  Melo. 

(2)  Ibidem,  liv.  2°,  fl.  42  v.  —  Nesta  ocasião  e  por  carta  de  26  do  mesmo  mês,  confir- 
mara-lhe  D.  João  II  a  carta  de  23  de  Agosto  de  1480,  pela  qual  D.  Afonso  V  fizera  doação 
a  Manuel  de  Melo,  fidalgo  da  casa  do  Príncipe  e  seu  reposteiro  mor,  em  duas  vidas,  da  renda 
das  boticas,  vento  e  açougagem  de  Évora,  como  as  tivera  D.  Margarida  de  Vilhena,  mulher 
de  João  Rodrigues  de  Sá  (Ibidem).  D.  Margarida  era  irmã  de  Manuel  de  Melo  e  casara  com 
Rui  Dias  Lobo,  herdeiro  de  Alvito,  e  depois,  em  1467,  com  João  Rodrigues  de  Sá,  alcaide 
mor  do  Porto.  Esta  senhora  é  a  «dona  Margarida»  a  quem  Álvaro  Barreto  se  refere  numas 
trovas  a  D.  Afonso  V,  na  estância  «O  grande  Lobo  de  Alvyto»  {Cancioneiro  geral,  fl.  36, 
col.  2). 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel.^  liv.  21.%  fl.  10  v. 

(4)  Por  carta  de  D.  João  II  de  27  de  Maio  de  1484,  confirmada  por  D.  Manuel  a  26  de 
Abril  de  1496.  —Vitorino  de  Almada,  Concelho  de  Elvas,  I,  2o5 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.",  fl.  93  v. 


Meios  445 

deuerdes  fazer  E  assy  como  a  vosso  jrmaão  ayres  da  sylua  parece  que  he  cousa  muyto  con- 

vynhavel  pêra  vosso  filho  E  aliem  de  tudo  que  nos  Receberemos  disso  muyto  prazer  e  loguo 

a  ysso  nos  Respomdaaes  creemdo  que  da  comclussam  disso  nos  prazerá  muyto  e  que  asy 

vollo  gradeçeremos    scprita  em  lixboa  a  xiij  dias  de  feuereiro  amtonio  carneiro  a  fez  de 

i5o4  la  Reyna 

pêra  dona  briatiz  da  sylua 

Sobrescrito:  — Per  a  Rainha  &c.    A  dona  briatiz  da  silua  e  eivas  &c  (1). 

Casaram  com  efeito,  e  dona  Guiomar  de  Noronha  foi  a  primeira  mulher 
de  Rui  de  Melo,  de  quem  êle  leve  só  uma  filha. 

Estando  o  Alcaide  mor  de  Elvas,  com  outros,  numa  poisada  em  Almeirim, 
dirigiram  chufas  a  Garcia  de  Resende,  que  a  todos  respondeu  e  as  trovas 
endereçadas  a  Rui  de  Melo  foram  estas: 

Meu  senhor  alcayde  mor, 
dizeyme  see  isto  graça; 
•com  vosco  nam  sey  que  faça, 
porque  m'acho  sen  ssabor. 
Eu  dissera  algua  cousa, 
por  vos  nam  hyrdes  em  vam, 
e  porem  deytay  a  maão 
desta  d' Álvaro  de  Sousa, 
vosso  primo  com  irmaão.  (/i.  223,  col.  i.) 

De  sua  segunda  mulher  D.  Guiomar  de  Melo,  filha  de  Gomes  de  Figuei- 
redo, provedor  de  Évora,  teve  Rui  de  Melo  numerosa  descendência,  vindo  a 
ser  seu  terceiro  neto  Martim  Afonso  de  Melo,  5.°  alcaide  mor  de  Elvas  (2), 
2.°  conde  de  S.  Lourenço  em  1647,  em  virtude  da  renúncia  do  i."  conde, 
seu  sogro  Pêro  da  Silva  (3).  Tinha  êle  a  alcunha  do  Duro;  era  filho  segundo 
de  Lourenço  da  Silva,  6.°  senhor  de  Vagos,  e  fora  criado  conde  de  S.  Lou- 
renço, em  sua  vida,  por  carta  dada  em  Madrid  a  26  de  Junho  de  1640,  «tendo 
particular  respeito  ao  valor,  prudência  e  zelo  de  meu  serviço  com  que,  sendo 
governador  e  capitão  geral  do  Estado  do  Brasil,  se  houve  na  ocasião  em  que 
o  inimigo  rebelde  de  Holanda  foi  sitiar  a  cidade. . .  da  Baía»  (4). 


(i)  Corpo  cronológico,  part.  I,  mac.  4.",  doe.  56. 

(2)  Carta  de  6  de  Dezembro  de  1620,  confirmada  em  4  de  Maio  de  1628.  —  Vitorino  de 
Almada,  Concelho  de  Elvas,  I,  2o5. 

(3)  Martim  Afonso  de  Melo,  do  conselho  d^  guerra,  governador  das  armas  da  província 
do  Alentejo,  «havendo  respeito  aos  seus  serviços  e  particularmente  aos  que  me  fez  depois 
de  minha  restituição  à  coroa  destes  reinos,  em  que  sempre  procedeu  muito  a  minha  satis- 
fação, e  haver  renunciado  nele  o  Conde  de  S.  Lourenço  seu  sogro  o  dito  título». . .  Carta 
do  título  de  conde  de  S.  Lourenço,  em  sua  vida,  Lisboa,  22  de  Outubro  de  1647.  —  Chance- 
laria  de  D.  João  IV,  liv.  20.°  de  Doações^  fl.  49. 

(4J  Chancelaria  de  Felipe  III,  liv.  Sy.»  de  Doações,  fl.  65  v. 


44^  Brasões 

■^'-' 

O  2.°  Conde  de  S.  Lourenço  prestou,  no  posto  de  governador  das  armas 
da  província  do  Alentejo,  valiosos  serviços  à  causa  de  D.  João  IV,  de  quem 
fora  um  dos  aclamadores,  não  sendo  dos  serviços  menos  importantes  o  da 
disciplina  que  fez  manter  entre  as  suas  tropas  (i).  Morreu  em  Agosto  de 
1671  e  foi  bisavô  de  Rodrigo  de  Melo  da  Silva,  5.°  conde  de  S.  Lourenço, 
o  qual  da  condessa  D.  Mariana  Rosa  de  Lancastre,  filha  dos  i.°*  Condes  de 
Sabugosa,  teve  única  a  D.  Ana  Antónia  Joaquina  de  Melo  e  Silva.  Para  ela, 
a  17  de  Setembro  de  1726,  dois  dias  antes  de  morrer,  alcançou  seu  pai  des- 
pacho favorável  a  uma  petição  sua  solicitando  para  ser  feita  mercê  do  título 
à  pessoa  que  com  ela  casasse.  Veio  a  realizar-se  o  casamento  com  D.  João 
José  Ansberto  de  Noronha,  filho  segundo  dos  2.°^  Marqueses  de  Angeja,  e 
foi-lhe  passada  cana  do  título  de  conde  de  S.  Lourenço,  em  sua  vida,  a  17 
de  Agosto  de  1742  (2). 

Foi  um  dos  presos  políticos  do  forte  da  Junqueira,  para  onde  entrou  em 
Dezembro  de  1768  e  onde  jazeu  até  Fevereiro  de  1777,  quando  por  ordem  de 
D.  Maria  I  os  cárceres  foram  abertos.  Não  se  aproveitou  porem  logo  da 
liberdade  concedida,  e  no  forte  permaneceu  até  ser  declarado  inocente  por 
alvará  de  17  de  Outubro  do  mesmo  ano,  recolhendo  só  então  a  sua  casa, 
d'onde  contudo,  por  se  lhe  agravarem  os  sintomas  de  demência,  saiu  para  a 
casa  da  Congregação  do  Oratório  às  Necessidades  e  lá  morreu,  a  22  de  Ja- 
neiro de  1804  (3). 

Foi  académico  do  número  da  Rial  Academia  de  História  e  era  sócio  da 
Academia  Rial  das  Sciências  de  Lisboa,  sendo  tido  pelos  seus  contemporâneos 
por  homem  muito  erudito ;  «porem  se  devêssemos  regular  o  nosso  conceito  pelas 
producçÕes  que  d'elle  nos  ficaram,  a  sua  fama  soffreria  grande  quebra»  (4). 
Dele  conheço  apenas,  dos  seus  Apontamentos  políticos,  uns  curtos  trechos 
'publicados  por  Camilo  nas  Noites  de  insomnia,  e,  se  são  do  Conde  de  S.  Lou- 
renço, não  revelam  insensatez,  antes  até  manifestam  uma  certa  previsão. 
Na  carta  de  i3  de  Maio  de  1804  pela  qual  o  Príncipe  Regente  concedeu  o 
titulo  de  marquês  de  Sabugosa  a  António  Maria  César  de  Melo  Silva  e  Me- 
neses, filho  único  do  Conde  de  S.  Lourenço,  há  referência  a  êle  em  termos 
não  vulgares  em  diplomas  daqueles,  tbom,  virtuoso  e  sábio»  (5). 

A  casa  de  Sabugosa  derivou-se  de  Vasco  Fernapdes  César,  cavaleiro 


(1)  Monstruosidades  do  tempo  e  da  fortuna,  pág.  170. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  V,  liv.  5.°  de  Doações,  fl.  182,  dando-lhe  apenas  o  nome  de 
D.  João  de  Noronha. 

(3)  Gai^eta  de  Lisboa  de  3i. 

(4)  Inocêncio  da  Silva,  Diccionario  bibliographico,  III,  392. 

(5)  Gaveta  de  Lisboa  de  19  de  Maio  de  1804. 


Meios  447 

fidalgo  da  casa  de  D.  João  III  e  seu  feitor  e  guarda  mor  da  carga  e  descarga 
da  Casa  da  índia  e  de  todas  as  suas  armadas,  a  quem  pelos  seus  serviços 
foi  concedida,  em  26  de  Julho  de  iSSg,  carta  de  acrescentamento  de  brasão. 
Nela  declara-se  tomar-se  6m  consideração  os  seus  muitos  serviços,  tanto  na 
corte,  como  fora,  em  Africa,  quando  ajudou  a  fazer  o  castelo  de  Mazagão, 
quando  esteve  em  Azamor  dois  anos,  servindo  de  adail,  quando  foi  por  capitão 
de  uma  nau  e  uma  caravela  de  socorro  a  Arzila,  porque  se  esperava  cerco 
dei  Rei  de  Fez,  onde  fez  grandes  diligências  na  guerra  contínua  com  os  infiéis, 
e  principalmente  quando  ele,  com  um  navio  de  armada,  sendo  capitão  dele, 
desbaratou  seis  fustas  de  Moiros  no  Estreito  [de  Gibraltar],  pelejando  esfor- 
çadamente com  elas  e  matando-lhes  muita  gente  (i). 

Foi  sepultado  na  capela  de  Santa  Helena  da  igreja  do  Carmo  de  Lisboa, 
no  topo  do  cruzeiro,  onde  estavam  algumas  sepulturas  e  entre  elas  a  dêle, 
com  este  epitáfio:  Aqui  jai  Vasco  Fernandes  César  fundador  desta  capella 
e  instituidor  do  morgado  dos  Césares,  que  falleceu  véspera  de  Nossa  Senhora 
da  Assumpção  a  14  de  Agosto  de  i558,  e  Inês  Gonçalves  Batava  sua  mulher 
que  falleceu  a  18  de  Junho  de  i583  (2). 

Deixou  descendência  e  seu  quinto  neto,  Vasco  Fernandes  César  de  Me- 
neses, alferes  mor,  alcaide  mor  de  Alenquer,  vice  rei  da  índia  e  do  Brasil, 
foi  o  I."  conde  de  Sabugosa  por  carta  de  19  de  Setembro  de  1729(3).  Seu 
filho  Luís  César  de  Meneses,  2.°  conde,  morreu  sem  descendência  a  28  de 
Julho  de  1755(4),  tendo  sobrevivido  a  todos  seus  filhos,  pelo  que  passou  a  casa 
ao  neto  de  sua  irmã,  a  condessa  de  S.  Lourenço  D.  Mariana  Rosa  de  Lan- 
castre,  o  i.°  Marquês  de  Sabugosa.  Foi  êle  trisavô  de  António  Maria  Vasco 
de  Melo  da  Silva  César  de  Meneses,  actual  3.°  conde  de  Sabugosa,  antigo 
mordomo  mor  da  casa  rial  por  despacho  de  27  de  Abril  de  1903. 

As  armas  antigas  dos  Condes  de  Sabugosa  eram:  partido:  o  I  cortado: 
o  i.°  ondado  de  prata  e  azul  com  seis  fustas  de  sua  cor,  cada  uma  com  nove 
remos  de  oiro  e  duas  bandeiras  de  vermelho,  de  sinais  de  Moiros;  o  2.°  de 
vermelho,  seis  vieiras  de  oiro  (Vieiras  com  acrescentamento  de  Césares);  o 
II  também  cortado:  o  i.°  de  vermelho,  três  faxas  de  oiro  (Mascarenhas),  o 
2.°  das  armas  do  reino  diferençadas  por  um  filete  de  negro  sobreposto  em 
barra  (Lancastres). 


(i)  Armaria  portuguesa,  "çiig.  i36. 

(2)  P.e  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  91. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  V,  liv.  74."  de  Doações,  fl.  269;  Gaveta  de  Lisboa  de  25  de 
Agosto. 

(4)  Ga:jeta  de  Lisboa  de  7  de  Agosto. 


448  Brasões 

As  armas  antigas  dos  Condes  de  S.  Lourenço  eram:  partido:  o  I  de  ver- 
melho, seis  besantes  de  prata  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro 
(Meios);  o  II  de  prata,  lião  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul  (Silvas). 

As  armas  de  actual  Conde  de  Sabugosa  são:  partido:  o  I  cortado  de  Lan- 
castre  sobre  Melo;  o  II  de  César,  e  sobre  o  todo  de  Silva. 


VI 

RAMOS  DIVERSOS 
PORTEIROS  MORES,  MONTEIROS  MORES,  FIGALHOS,  ETG. 

Do  segundo  casamento  de  Martim  Afonso  de  Melo,  guarda  mor  de 
D.  João  I,  foi  primeiro  filho  Vasco  Martins  de  Melo.  Sucedeu  a  seu  pai  na 
alcaidaria  mor  de  Évora,  e  teve  também  a  de  Castelo  de  Vide,  havendo  sido 
nomeado  fronteiro  desse  lugar  e  seu  termo  por  carta  de  20  de  Dezembro  de 
1443  (i).  Foi  do  conselho  de  D.  Afonso  V  e  assistiu  às  Cortes  de  Lisboa 
de  1455,  nas  quais  foi  jurado  o  príncipe  D.  João,  sendo  por  êle,  Vasco  Mar- 
tins, e  por  João  Pacheco,  vereador  de  Lisboa,  ambos  procuradores  desta 
cidade  e  bem  assim  procuradores  substabelecidos  das  mais  cidades  e  vilas 
do  reino,  prestado  juramento  (2).  Já  era  falecido  em  23  de  Março  de  1459 
data  da  carta  de  confirmação  da  alcaidaria  mor  de  Évora  a  seu  filho  Vasco 
Martins  de  Melo  (3),  e  havia  casado  a  primeira  vez  com  D.  Beatriz  de  Aze- 
vedo, filha  de  João  Lopes  de  Azevedo,  senhor  de  Aguiar  de  Pena,  e  dela 
teve,  entre  outros,  a  Fernão  de  Melo,  a  quem  me  tornarei  a  referir,  e  a  João 
de  Melo,  alcaide  mor  e  comendador  de  Casével,  progenitor  de  uma  linha 
de  Meios  que  disfrutaram  aquela  comenda  e  alcaidaria  mor  (4). 

Casou  Vasco  Martins  de  Melo  pela  segunda  vez  com  D.  Isabel  de  Abreu, 
filha  de  Nuno  Martins  da  Silveira,  escrivão  da  puridade,  e  dela  teve  um  filho 
também  chamado  Vasco  Martins  de  Melo,  a  quem  foi,  por  morte  do  pai,  con- 
firmada a  alcaidaria  mor  de  Évora  por  carta  de  23  de  Março  de  1469,  acima 
citada,  sendo-lhe,  por  outra  da  mesma  data,  feita  mercê,  também  em  sucessão 
a  seu  pai,  da  alcaidaria  mor  de  Castelo  de  Vide  (5).  Foi  progenitor  de  uma 
linha  dê  alcaides  mores  do  castelo  daquela  vila.      * 


(i)   Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  27.°,  fl    14. 

(2)  P.e  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica^  II,  91. 

(3)  Chancelaria  de  D,  Afonso  V,  liv.  36.»,  fl.  74. 

(4)  De  uma  filha  de  João  de  Melo,  D.  Beatriz  de  Melo,  provieram  os  Meios  e- Castros 
mencionados  lá  adiante  no  cap.  VIII. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  36.»,  fl.  86 


Meios  449 

Não  sei  por  que  motivo  a  alcaidaria  mor  do  castelo  de  Évora  seria  con- 
firmada ao  filho  do  segundo  casamento  de  Vasco  Martins  de  Melo,  em  detri- 
mento do  primogénito,  Fernão  de  Melo;  mas  sei  que  este  já  a  .possuia  em  22 
de  dezembro  de  1470,  quando  lhe  foi  feita  mercê  de,  por  seu  falecimento, 
poder  nela  suceder  seu  filho  Cristóvão  de  Melo(i).  Sérvio  Fernão  de  Melo 
na  expedição  a  Castela  como  consta  de  duas  cartas  dadas,  uma  em  Canta- 
lapiedra  a  2  de  Setembro  de  1475,  a  outra  em  Samora  a  19  de  Novembro, 
de  mercê  dos  direitos  e  do  serviço  rial  dos. Moiros  de  Évora  (2).  Já  era  fale- 
cido em  II  de  Maio  de  1484,  quando  a  alcaidaria  mor  de  Évora  foi  confir- 
mada a  seu  filho  Cristóvão  de  Melo  (3),  e  foi  sepultado  na  igreja  de  S.  Fran- 
cisco daquela  cidade,  à  esquerda  entrando,  com  este  epitáfio  na  campa: 
Aqui  ja^  o  muito  hoiwado  Sejihor  Fernão  de  Mello  alcaide  mor  que  foi  desta 
cidade  de  Évora  e  D.  Constança  de  Castro  sua  mulher  (4).  D.  Constança 
era  filha  de  D.  Álvaro  de  Castro,  fidalgo  da  casa  do  infante  D.  Henrique. 

Cristóvão  de  Melo,  alcaide  mor  de  Évora,  foi  servir  a  Ceuta  e  morreu 
em  1488  numa  sortida  (5),  «como  bom  cavaleiro,  por  serviço  de  Deus  ç  nosso, 
pelíjando  com  os  Moiros».  Assim  o  declara  a  carta  de  1 5  de  Maio  de  1489 
de  mercê  da  alcaidaria  mor  da  cidade  de  Évora  à  pessoa  que  vier  a  casar 
com  sua  filha  (ò).  Chamou-se  ela  D.  Isabel  de  Melo  e  foi-lhe  confirmada  a 
mercê  da  alcaidaria  mor,  com  todas  as  mais  rendas  e  direitos  a  ela  anexados, 
por  carta  de  29  de  Agosto  de  1499,  sendo  ainda  solteira  (7).  Em  Novembro 
de  i5o5  já  estava  porém  casada  com  D.  Fernando  Henriques,  a  quem,  por 
carta  de  5  do  mês,  na  qual  é  intitulado  alcaide  mor  de  Évora,  foi  confirmado 
o  senhorio  das  Alcáçovas  por  falecimento  de  seu  pai,  D.  Henrique  Henri- 
ques (8).  Resolveu  D.  Manuel  adquirir  a  alcaidaria  mor  e  contratou  a  sua 
compra  com  D.  Fernando  Henriques  e  D.  Isabel  de  Melo,  dando-lhes,  em 
satisfação,  os  direitos  do  reguengo  da  vila  das  Alcáçovas,  de  juro  e  herdade, 
e  uma  tença  de  cem  mil  reais,  ean  duas  vidas,  por  cartas  de  1 1  e  12  de  Feve- 
reiro de  i5i8(9).     Destes  3.°^  Senhores  das  Alcáçovas  provieram  os  mais 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv,  16.»,  fl.  yS. 

(2)  Ibidem,  livs.  26.°,  fl.  181,  e  9»,  fl.  16. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  II,  Hv.  23.»,  fl.  98  v.,  carta  feita  por  António  Carneiro. 

(4)  P.e  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl,  143. 

(5)  Resende,  Vida  de  D.  João  II,  cap.  74. 

(6)  Chancelarias  de  D.  João  II,  liv.  24.°,  fl.  4,  e  de  D.  Manuel,  liv.  8.°,  fl.  6.  —  No  pri- 
meiro diploma  chamaram  D.  Beatriz  de  Melo  à  filha  de  Cristóvão  de  Melo,  no  segundo, 
D.  Isabel.     Ou  foi  engano  no  primeiro,  ou  D.  Beatriz  logo  morreu. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  10.",  fl.  129  v. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.°  de  Doações,  fl.  21Õ  v. 

(9)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  10.°,  fls.  i3o  e  129  v. 

VOL.  I  ,  57 


45  o  Brasões 

senhores  daquela  vila,  a  um  dos  quais,  D.  Francisco  de  Lancastre,  foi  dado 
o  título  de  conde  por  despacho  publicado  na  corte  em  i  de  Dezembro  de 
1834(1).     Tem  havido  quatro  Condes  das  Alcáçovas. 

Dos  alcaides  mores  de  Évora  provieram,  alem  das  linhas  já  apontadas,  as 
dos  alcaides  mores  de  Alegrete,  dos  capitães  da  ilha  de  S.  Tomé,  dos  comen- 
dadores de  Travassos,  etc. 

Outro  filho  do  segundo  Martim  Afonso  de  Melo,  guarda  mor  de  D.  João  1, 
foi  João  de  Melo. 

Justador  célebre,  cavaleiro  aventuroso,  mereceria  certamente  a  biografia 
de  João  de  Melo  algumas  páginas  de  narrativa,  mas  não  lhas  posso  consagrar. 
Imitando  o  seu  conterrâneo  e  talvez  parente  Álvaro  Gonçalves  Coutinho,  o 
Magriço,  o  qual  partira  para  Flandres  na  primeira  década  do  século  xv  (2), 
saiu  de  Portugal  João  de  Melo,  no  verão  de  1434,  em  busca  de  aventuras,  e 
dirigiu-se  a  Castela.  Lá  foi  encontrar,  entre  as  cidades  de  Lião  e  Astorga, 
na  ponte  de  Orbigo,  el  passo  honroso  sustentado  por  Sueiro  de  Quifíones  e 
mais  nove  outros  mantenedores,  contra  todos  os  aventureiros  que  se  apresen- 
tassem. João  de  Melo,  ou  de  Merlo,  como  o  designa  meu  guia,  o  autor  do 
Libro  dei  Passo  Ho7iroso,  chegou  lá  a  23  de  Julho  com  os  da  sua  quadrilha, 
doze  ao  todo  (3),  e  a  28  entrou  na  liça  contra  o  próprio  Sueiro  de  Quifíones. 


(i)  Gai^eta  do  Governo,  suplemento  ao  n.°  182,  de  i  de  Dezembro  de  1834. 

(2)  Na  carta  de  26  de  Dezembro  de  141 1  dos  privilégios  concedidos  por  João  Sem  Pavor, 
duque  de  Borgonha,  aos  Portugueses  residentes  nos  seus  estados  de  Flandres,  declara  ele 
ser  levado  a  conceder-lhos,  entre  outros  motivos,  à  la  prière  et  contemplacion  de  messire 
Álvaro  Gonçalves  Coutinho  chevalier  dudit  royaume  et  nostre  chambellan  (Archivo  his- 
tórico PORTUGUEz,  VI,  417).  Alguns  supõem  ser  Álvaro  Gonçalves  Coutinho  o  seigneur 
d'Alberon  que,  juntamente  com  messire  Jean  Gon^ales  e  messire  Pierre  Gon^ale^,  se  bateu 
junto  a  Paris,  em  1414,  nos  princípios  do  ano,  em  combate  singular,  contra  três  Franceses 
e  por  eles  foram  derrotados,  como  narra  Enguerrand  de  Monstrelet  nas  suas  Chroniques, 
liv.  I,  cap.  142.  Parece-me  ser  um  pouco  forçada  a  adulteração  de  Álvaro  Gonçalves  para 
Alberon,  tanto  mais  que  os  patronímicos  dos  outros  dois  ficaram  correctamente  escritos. 

(3)  Destes  doze  eram  certamente  Portugueses  Martim  de  Almeida  e  Pêro  Vasques  de 
Castelo  Branco,  sobrinho  e  tio,  e  talvez  Pêro  Carneiro  e  João  de  Carvalho.  Antes  de  João 
de  Melo  apresentara-se,  em  i5  de  Julho,  João  Freire  de  Andrada  e  a  17  quebrara  três  lanças 
com  um  dos  mantenedores,  que  ficara  rapidamente  vencido.  Pediu  então  João  Freire  a 
Sueiro  de  Quinones  para  lhe  dar  mais  que  fazer  antes  de  deixar  a  teia  pois  fizera  tam  pouco 
por  contemplacion  de  su  dama,  por  cuyo  serviçio  avia  venido  alli.  Este  João  Freire  de  An- 
drade talvez  fosse  o  futuro  senhor  de  Alcoutim  que  seis  anos  depois  ainda  andava  por  Cas- 
tela, onde,  dizem,  casara  com  D.  Isabel  Coutinho,  viúva  de  D.  Fernando  de  Cascais.  Doutro 
Português  aparece  também  notícia  de  ter  concorrido  ao  torneio,  Pêro  Gil  de  Abreu,  criado 
de  João  Rodrigues  Pereira. 


Meios  45 1 

Correram  três  lanças,  rompeu  João  de  Melo  duas  e  o  mantenedor,  muito 
ferido  num  braço,  teve  de  recolher  a  curar-se.  Enviou-lhe  então  o  cavaleiro 
português,  como  prenda,  um  braçal  esquerdo,  tam  perfeito,  -que  los  que  le 
vieron  ajirmaron  no7i  aver  visto  otro  tnejor. 

Tinha  João  de  Melo  partido  de  Portugal  para  fascer  armas  eu  Fraiicia, 
e  para  o  seu  destino  seguiu  depois  dalguns  dias  de  demora.  Por  lá  andou 
e  a  I  I  de  Agosto  do  ano  seguinte  encontrava-se  em  Arras,  onde,  em  presença 
de  Felipe  o  Bom,  duque  de  Borgonha,  se  realizou  um  combate  singular  entre 
messire  Jean  de  Merle,  chevalier  banneret  três  renommé,  Jtatif  dii  rojaume 
d'Espagne^  appelant  sans  qiterelle  diffaniatoire,  pour  acqiiérir  honneur, 
contre  Pi  erre  de  Beauj^remont^  chevalier^  seigneur  de  Chariij,  atissi  banneret, 
et  natif  de  Boitrgogne,  porlant  Vordre  du  dit  duc,  a  do  Tosão  de  Oiro.  Já 
nestes  tempos  os  Franceses,  pouco  fortes  em  geografia,  confundiam  Portugal 
e  Espanha ! 

Apresentou-se  João  de  Melo  na  liça  acompanhado  apenas  de  quatro  cava- 
leiros borguinhões,  para  este  efeito  delegados  pelo  Duque,  e  por  quatro  ou 
cinco  escudeiros  seus,  com  a  bandeira  das  suas  armas  alçada  numa  haste. 
Correram  as  três  lanças  ajustadas  sem  se  ferirem,  nem  haver  grande  desvan- 
tagem para  nenhum  deles.  No  dia  seguinte,  com  o  mesmo  modesto  aparato 
em  oposição  às  magnificências  ostentadas  pelo  seu  adversário,  apresentou-se 
João  de  Melo  na  liça  a  fim  de  combater  a  pé.  Com  pasrho  de  todos  trazia 
o  cavaleiro  português  a  viseira  levantada  e  assim  combateu  todo  o  tempo, 
tendo  logo  ao  primeiro  encontro  ferido  o  seu  adversário  num  braço.  Ainda 
se  prolongou  um  pouco  mais  o  combate;  foi  porém  mandado  interromper 
pelo  Duque  de  Borgonha,  certamente  consciente  da  inferioridade  do  seu 
vassalo. 

Não  ficou  satisfeito  João  de  Melo  e,  chegando-se  ao  Duque,  por  duas 
vezes  repetiu,  qii'il  n'étoit  pas  content  pour  si  peu  de  chose  faire,  attendu 
qu' à  grand  dépens  et  à  grand  travail  de  son  corps  il  est  venu  de  moult  lointain 
pays  par  mer  et  par  terre  pour  acquérir  honneur  et  révérence.  A  quoi  lui 
fut  répondu  que  bien  et  moult  honor ablement  avoit  fait  son  devoir  et  accompli 
ses  armes.  Après  lesquelles  paroles,  furent  ramenés  et  conduits  à  leurs 
logis  et  hôtels,  et  issirent  des  lices,  chacun  par  son  còté,  aiissitôt  Vun 
comme  Vautre.  Toutefois  le  dit  chevalier  d'Espagne  fui  là  note  de  plu- 
siew^s  nobles  là  étant  d'avoir  entrepris  une  grand' hardiesse  et  habileté 
de  combattre  par  ceite  manière,  la  visière  levée,  pour  ce  que  pareil  cas 
n'avoit  point  êtê  vu.  Et,  après  cette  besogne,  le  dimanche  et  autres  jours 
ensuivants,  icelui  duc  de  Bourgone  jit  grand  honneur  et  révérence  en  son 
hotel  au  dessus  dit  chevalier  d'Espagne,  et  lui  donna  de  grands  dons 
pour  payer  pleinement  ses  dépens;  et,  brefs  jours  ensuivants,  prit  congé 


452  Brasões 

dii  dit  diic  et  des  siens,  et  se  partit  d' Arras  pour  s'en  retourner  en  son 
pa)'s(i). 

Já  era  Orbigo  quisera  João  de  Melo  combater  sem  três  peças  da  arma- 
dura, com  o  que  os  juízes  da  liça  não  concordaram,  lo  uno  por  el  peligro, 
é  lo  otro  por  el  sonsonete  de  desden  de  los  demas  caballeros . . .  á  los  quales 
se  avia  denegado  tal  estilo  de  fascer  arfnas  (2). 

Voltando  para  Portugal  encontrou  ainda  no  trono  a  D.  Duarte,  que  por 
carta  de  i5  de  Abril  de  1438  lhe  doou  as  rendas  e  direitos,  alcaidaria  e 
jugadas  do  Redondo  (3),  e  pouco  depois,  provavelmente  porem  já  na  regência 
do  infante  D.  Pedro,  foi-lhe  entregue  a  alcaidaria  mor  do  castelo  de  Serpa  (4). 
Dos  castelos  das  duas  vilas  era  porem  certamente  alcaide  mor  em  144.2 
quando  pelo  Infame  Regente,  foi  nomeado  fronteiro  delas  e  de  seus  termos  (5), 
nomeação  mantida  por  Afonso  V  em  carta  de  20  de  Janeiro  de  1450(6); 
meses  depois  mandou-lhe  el  Rei  dar  carta  de  seu  copeiro  «mor,  em  Beja,  a 
17  de  Maio  de  1450(7).  Poucas  mais  notícias  tenho  de  João  de  Melo  fora 
dos  documentos.  Em  1452  foi  enviado  por  Afonso  V  a  Tânger  quando  da 
escapada  de  seu  irmão  para  lá,  e  em  1463  cedeu  o  ofício  de  copeiro  mor  a 
seu  filho  primogénito  Martim  Afonso  de  Melo,  a  quem  foi  dada  carta  a  i  de 


(1)  Chroniques  d'Enguerrand  ie  Monstrelet,  liv.  IF,  cap.  181,  págs.  698  a  700  da  ed. 
Buchon. 

(2)  Libro  dei  Passo  Honroso^  defendido  por  el  excelente  caballero  Suero  de  Quinones, 
copilado  de  un  libro  antiguo  de  mano  por  Fr.  Jitan  de  Pineda  Religioso  de  la  Orden  de 
San  Francisco.     Seginida  edicion.    Madrid,  António  de  Sancha,  «ySS,  pág.  Sg. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.°,  fl.  81. 

(4)  Só  com  a  data  de  7  de  Julho  de  1449  encontro  uma  carta  de  nomeação  de  João  de 
Melo  para  alcaide  mor  de  Serpa;  mas  é  evidente  estar- lhe  já  entregue  o  castelo  em  1442, 
quando  foi  nomeado  fronteiro  dele  e  do  do  Redondo,  como  no  texto  a  seguir  indico.  Pro- 
vavelmente o  diploma  da  primitiva  nomeação  era  do  Infante  Regente,  a  folha  onde  se  fez  o 
registo  desapareceu,  como  muitas  outras,  e  a  nomeação  foi  ratificada  por  D.  Afonso  V,  já 
livre  de  tutela,  pela  referida  carta  de  7  de  Julho  de  1449,  registada  na  sua  Chancelaria, 
liv.  34.°,  fl.  i35  V. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  27.°,  fl.  i  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  34.»,  fl.  66  v. 

(7)  Ibidem,  fl.  i35.  —  Carta  de  nosso  copeiro  mor  «assi  e  tam  compridamente  como  o 
foram  os  outros  copeiros  mores  dos  reis  d'ante  nós,  poendo  no  dito  ofício  um  escudeiro  de 
nossa  casa  de  que  nós  sejamos  contentes,  qual  lhe  prouver,  que  em  seu  nome  sirva  conti- 
nuadamente o  dito  ofício,  ao  qual  será  entregue  prata,  vinho,  e  quaisquer  outras  cousas  que 
ao  dito  ofício  pertençam,  e  dará  de  todo  conta  com  entrega,  segundo  o  que  receber  por  o 
livro  do  escrivão  do  seu  ofício.  E  esso  mesmo  queremos  que  haja  todolos  outros  foros  e 
próis  e  costumes,  que  costumaram  haver  e  houveram  os  outros  copeiros  mores,  e  fazer  dello 
o  que  lhe  prouver;  e  possa  tirar  e  pôr  assi  o  copeiro,  como  homens  da  copa,  quando  justo 
e  razão  for,  e  dar  emenda  e  castigo  aos  homens  da  copa  aquela  que  sentir  que  é  nosso  ser- 
viço e  eles  merecerem». 


Meios  ,  45? 

Março  (i).  Ainda  .viveu  João  de  Melo  bastantes  anos  pois  que  a  3  de  Junho 
de  1482,  sendo  do  conselho,  foi  confirmada  ao  copeiro  mor  João  de  Melo  a 
carta  de  16  de  Março  de  1464,  pela  qual  D.  Afonso  V  lhe  doara  umas  casas 
sobre  o  muro  quebrado  da  cerca  velha  de  Évora,  conjunto  com  as  casas  de 
sua  mãe  D.  Briolanja  (2).  Por  este  documento  vê-se  que,  ainda  depois  de 
concedido  ao  filho  o  ofício  de  copeiro  mor,  com  ele  era-  intitulado  João  de 
Melo.  Naquele  mesmo  ano  de  1482,  por  carta  de  24  de  Julho,  foi-lhe  feita 
doação  da  vila  de  Pavia,  com  seus  termos,  rendas  e  jurisdições  (3).  Era 
ainda  então  alcaide  mor  de  Serpa.  Neste  próprio  ano  pediu  a  D.  João  II 
licença  para  dar  em  casamento  com  sua  filha  D.  Beatriz  de  Sousa  a  vila  de 
Pavia  a  Fernão  da  Silveira,  a  quem  foi  passada  carta  a  i5  de  Outubro  do 
mesmo  ano.  Este  Fernão  da  Silveira,  é  o  que  servia  de  escrivão  da  puri- 
dade por  seu  pai  o  i.°  Barão  de  Alvito,  e.  foi  uni  dos  conspiradores  contra 
D.  João  II,  sendo«condenado  à  morte  por  sentença  de  1485,  não  executada 
por  ele  ter  fugido,  mas  veio  a  morrer  assassinado  em  Avinhão  a  8  de  De- 
zembro de  1489  (4).  João  de  Melo  já  era  falecido  em  14  de  Junho  de  1486, 
quando  por  carta  desta  data  foi  por  sua  morte  dada  a  seu  filho  Garcia  de 
Melo  uma  tença  de  cinco  mil  reais  com  a  referida  alcaidaria  mor  (5). 

Casara  a  primeira  vez,  conforme  asseveram  os  nobiliários,  com  D.  Isabel 
da  Silveira,  irmã  de  sua  cunhada  D.  Isabel  de  Abreu  e  ambas  filhas  de  Nuno 
Martins  da  Silveira,  escrivão  da  puridade.  Deste  casamento  procederam, 
alem  doutros,  os  três  filhos  seguintes:  Martim  Afonso  de  Melo,  copeiro  mor 
e  progenitor  de  um  ramo  relativamente  obscuro;  Garcia  de  Melo,  que  seguirá; 
e  Henrique  de  Melo  a  quem  lá  adiante  me  referirei  (6). 

Garcia  de  Melo  foi  criado  do  infante  D.  Fernando  e  sucedeu  a  seu  pai  na 
alcaidaria  mor  de  Serpa,  da  qual  já  estava  de  posse,  como  ficou  dito,  em  Junho 
de  1486.     Poetas  se  encarregaram  de  conservar  seu  nome  em  lembrança: 

Poys  vos  tacham  de  cortês, 
sobrinho,  gentil  cunhado, 
sobr'alto,  alvo,  delgado, 
V  nam  ha  mays  em  huú  Francês,  •  1 

E  qu'a  barba  tenhaes  pouca, 
poys  bem  vestir  vos  alegra, 
rregêvos  por  esta  rregra, 
que  fundey  vindo  d'Arouca  (/i,  ig,  coi.  5.) 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  9.°,  fl.  3i  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  71,  liv.  6.»,  fl.  70. 

(3)  Ibidem^  liv.  2.",  fl.  170  v. 

(4.)  Archivo  histórico  portucuez,  III,  49. 

(5)  Ibidem,  III,  5o. 

(6)  Também  foi  sua  filha  D.  Isabel  de  Melo,  mulher  do  dr.  João  Afonso,  e  dela  tomaram 
o  apelido  seuà  descendentes  os  Meios  Manueis,  dos  quais  me  ocuparei  no  cap.  VII.  . 


454  Brasões 

Assim  começam  as  «Trovas  de  Ferna  da  Silveira,  coudel  moor,  a  seu  sobrinho 
Garçya  de  Melo,  de  Serpa,  dandolhe  regra  pêra  se  saber  vestyr  t  tratar  o 
paço». 

Sobre  este  motivo  compôs  o  Visconde  Júlio  de  Castilho  um  dos  seus  mais 
característicos  e  notáveis  poemetos,  nas  Manuelinas,  a  poesia  intitulada 
Serão  na  Alcáçova,  na  qu^l  nos  mostrou  o  velho  tio  Fernão  pondo  em  prá- 
tica os  seus  conselhos  e  pilotando  o  jovem  Garcia  entre  os  escolhos  do  seraa 
palaciano,  e  arremata: 

Mas  o  que  é  triste  e  cruel. . . 
é  ver  chegar  certo  dia, 
em  que  em  vez  de  ser  Garcia 
somos ...  o  Tio  Coudel  1  ! . . . 

Esse  dia  para  mim  já  passou,  há  tanto  tempo,  que  nem  dele  me  recordo. 

Nas  trovas  do  Coudel  mor  nenhuma  indicação  existe  por  onde  se  lhes 
possa  marcar  a  data;  são  porem  muito  anteriores  certamente  a  1493,  ano  da 
morte  áo  poeta  (i).  A  do  sobrinho  só  ocorreu  nos  princípios  do  ano  de  i6io 
quando,  por  carta  de  7  de  Março,  foi  dada  a  alcaidaria  mor  de  Serpa  a  seu 
íilho  Henrique  de  Melo  (2). 

Henrique  de  Melo  foi  mestre  sala  de  D.  Manuel  e  teve  dois  filhos  varões: 
Cristóvão  de  Melo  e  Rui  de  Melo.  O  primeiro  nomeou  D.  João  líl  mestre 
sala,  em  sucessão  a  seu  pai,  por  carta  de  18  de  Fevereiro  de  1624  (3);  e  deu- 
-Ihe  depois  o  ofício  de  porteiro  mor,  cedido  por  João  de  Calataiud  em  troca 
de  uma  tença  de  cinquenta  mil  reais,  da  qual  se  lhe  passou  carta  a  23  de 
Dezembro  de  i538(4).  Entrou  logo  Cristóvão  de  Melo  para  porteiro  mor  e 
largou  o  ofício  de  mestre  sala  a  seu  irmão  Rui  de  Melo,  a  quem  foi  dada 
carta  a  18  do  mês  seguinte  (5).  Rui  foi  progenitor  de  uma  obscura  linha  d-e 
Meios  já  extinta  na  varonia,  creio.  De  Cristóvão  proveio  a  casa  dos  porteiros 
mores  na  qual  se  conservou  a  alcaidaria  mor  de  Serpa  e  se  perdeu  a  antiga 
varonia  em  D.  Vitória  de  Melo  casada,  a  17  de  Abril  de  1763,  com  João  de 
Sampaio  de  Melo  e  Castro,  porteiro  mor  por  carta  de  8  de  Julho  de  1769(6), 
falecido  a  6  de  Março  de  1799  sem  descendência.  Posteriormente  foi  no- 
meado porteiro  mor,  por  despacho  de  14  de  Novembro  de  1802,  D.  Vasca 


(i)  Sepulturas  do  Espinheiro,  pág.  i3. 

(2)  Liv.  7.°  de  Odiana,  fl.  41  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  II J,  liv.  Sy."  de  Doações,  fl.  1 36. 

(4)  Ibidem,  liv.  26.°,  fl,  33  v. 
(i)  Ibidem,  fl.  154  V. 

(6)  Ofícios  e  Mercês  de  D.  José,  liv.  53.°,  fl.  7  v. 


Meios  455 

Manuel  da  Gamara  (i),  i.°  conde  de  Belmonte  por  outro  despacho  de  i3  de 
Maio  de  i8o5  (2). 

Outro  filho  de  Garcia  de  Melo,  alcaide  mor  de  Serpa,  alem  de  D.  Jorge 
de  Melo,  bispo  da  Guarda,  de  quem  tratarei  no  capítulo  VII,  foi  Jorge  de 
Melo,  monteiro  mor  do  príncipe  D.  João  por  alvará  de  18  de  Junho  de  i5o7, 
e  monteiro  mor  do  reino  por  carta  de  18  de  Dezembro  de  i52i  (3).  Em  seus 
descendentes' se  continuou  este  ofício  até  seu  terceiro  neto  Francisco  de  Melo, 
b.°  monteiro  mor  do  reino  na  sua  família  nomeado  por  carta  de  17  de  Abril  de 
1706(4),  falecido  a  12  de  Abril  de  1712,  deixando  uma  única  filha.  Chamou-se 
ela  D.  Maria  de  Melo  e  casou  por  duas  vezes:  primeiro  com  seu  tio  materno 
D.  Henrique  de  Noronha,  filho  dos  1.°^  Marqueses  de  Angeja;  depois,  em 
1725,  com  Fernão  Teles  da  Silva,  íilho  dos  4.°^  Condes  de  Tarouca.  D.  Hen- 
rique de  Noronha  foi  monteiro  mor  por  carta  de  1 5  de  Agosto  de  1717  (5)  e 
morreu  sem  deixar  filhos;  Fernão  Teles  da  Silva  também  foi  monteiro  mor, 
nomeado  por  carta  de  i  de  Janeiro  de  1728(6),  e  teve,  entre  outros  filhos,  a 
Francisco  de  Melo,  7.°  monteiro  mor,  carta  de  3  de  Setembro  de  1763(7), 
pai  de  Fernando  José  de  Melo,  8.°  monteiro  mor,  carta  de  i5  de  Maio  de 
1777(8),  e  avô  de  Francisco  José  Luís  de  Melo,  9."  e  último  monteiro  mor 
da  varonia  dos  Meios  (9).  Casou  em  1788  com  D.  Joana  Bernarda  de  Lan- 
castre  e  Noronha,  irmã  do  7.°  Marquês  das  Minas,  e  morreu  de  bexigas  a  24 
de  Janeiro  do  ano  seguinte,  contando  apenas  dezoito  anos  de  idade  (10)  e  não 
deixando  filhos.  Então  a  casa  e  ofício  de  monteiro. mor  passaram  a  seu  tio, 
primo  com  irmão  de  seu  pai,  Francisco  de  Melo  da  Cunha  de  Mcndoça  e 
Meneses,  posteriormente  i."  marquês  de  Olhão. 

Do  grande  justador  João  de  Melo  foi  terceiro  filho  Henrique  de  Melo. 


(i)  Gaveta  de  Lisboa  de  3o  de  Novembro. 

(2)  Gaveta  de  Lisboa  de  18  de  Maio. 

(3)  Acerca  deste  Jorge  de  Melo  veja-se  Vida  e  obras  de  Gil  Vicente,  'çtàgs.  2o3  e  segs, 

(4)  Chancelaria  de  D.  Pedro  11^  liv.  56.°  de  Doações^  fl.  228  v. 

(5)  Ofícios  e  mercês  de  D.  João  F,  liv.  47.°,  fl.  221. 

(6)  Ibidem,  \\\. 'ji."^^.  iii. 

,  (7)  Ofícios  e  mercês  de  D.  José,  liv.  86.°,  fl.  2o5. 

(8)  Ofícios  e  mercês  de  D.  Maria  I,  liv.  3.°,  fl.  88. 

(9)  Não  e'ncontro  a  carta  de  sua  nomeação,  mas  noutra  de  23  de  Janeiro  de  1789,  de 
aprovação  do  seu  contrato,  de  casamento,  é  nomeado  Francisco  de  Melo,  monteiro  mor 
(Ofícios  e  mercês  de  D.  Maria  I,  liv.  81.",  fl.  326  v.).  Esta  carta  foi  confirmada  com  salva, 
por  se  haver  perdido  a  primitiva,  em  1 1  de  Maio  de  1790  à  Monteira  mor  viúva,  D.  Joana  (Ibi- 
dem, liv.  34.»  fl.  3l2  V.). 

(10)  Gaveta  de  Lisboa  de  3i  de  Janeiro  de  1789. 


456  Brasões 

Havia  seu  pai  possuido  a  quinta  de  Ficalho  no  term,o  de  Serpa  e  para  a 
povoar  obtivera,  em  lo  de  Junho  de  1449,  carta  de  privilégio  de  libertados 
para  vinte  lavradores  lá  residentes  (i).  Veio  a  quinta  a  pertencer  ao  filho  pri- 
mogénito de  Henrique  de  Melo,  Duarte  de  Melo,  a  quem  foram  confirmados 
ós  privilégios- por  carta  de  20  de  Julho  de  i5i3  (2).  Morreu  Duarte  de  Melo 
sem  descendência  varonil;  teve-a  porém  seu  irmão  Diogo  de  Melo  e  em  seus 
descendentes,  todos  soldados  valorosos,  se  continuou  a  casa  até  seu  bisneto 
Pedro  de  Melo.  A  este,  «tendo  respeito  aos  seus  serviços  e  merecimentos 
obrados  no  governo  da  capitania  do  Rio  de  Janeiro,  em  que  se  houve  com 
muita  actividade,  acerto  e  boa  disposição,  socegando  aqueles  povos  dalgumas 
inquietações  em  que  se  tinham  ajudado  contra  o  Governador  seu  antecedente», 
fez  o  príncipe  D.  Pedro,  por  alvará  de  lembrança  de  29  de  Julho  de  1678, 
mercê,  para  seu  filho  Francisco  de  Melo,  da  vila  de  Ficalho,  com  a  jurisdição 
ordinária  somente  e  com  o  rendimento  prefixado  de  oitenta  e  cinco  mil  réis 
em  cada  ano.  Foi.  o  alvará  confirmado  por  carta  de  24  de  Setembro  se- 
guinte (3).  Francisco  de  Melo,  com  o  posto  de  mestre  de  campo  general  do 
exército,  governou  as  armas  das  províncias  do  Alentejo  e  da  Beira  até  ao 
tempo  da  sua  morte,  e  dos  seus  serviços  dá  boa  relação  o  alvará  de  i  de 
Agosto  de  1727  pelo  qual  foi  feita  mercê  a  sua  filha  D.  Teresa  Josefa  de 
Melo,  para  seu  marido  António  Teles  da  Silva,  do  senhorio  da  vila  de  Fi- 
calho, em  sua  vida,  com  cento  e  cinquenta  e  nove  mil  réis  do  rendimento  da 
mesma  vila  (4).    Morreu  em  Serpa  a  6  de  Julho  de  17 17,  deixando  única  filha 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.°,  fl.  i35  v.  . 

(2)  Livro  6.°  de  Místicos,  fl.  120.  ■ 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F/,  liv.  5o.°  de  Doações,  fl.  8. 

(4)  Ofícios  e  mercês  de  D.  Jo^o  V,  liv.  72.°,  fl.  91. — Tendo  respeito  aos  serviços  de  Fran- 
cisco de  Melo,  filho  de  Pedro  de  Melo,  natural  desta  cidade,  obrados  assim  no  acto  de  Cortes 
que  se  celebrou  nesta  cidade  em  1697  por  procurador  da  vila  de  Serpa,  como  pelo  militar 
nesta  corte  e  província  do  Alentejo  e  Beira  por  espaço  de  dezasseis  anos,  três  meses  e  doze 
dias  no  posto  de  governador  do  forte  de  Porto  Salvo  da  Marinha  desta  cidade,  no  de  coronel 
de  um  dos  terços  da  mesma  dita  corte  e  no  de  governador  da  praça  de  Moura,  com  o  título 
e  soldo  de  mestre  de  campo  sargento  mor  de  batalha,  com  o  governo  das  armas  da  província 
da  Beira,  continuado  tudo  de  3  de  Setembro  de  t70i,  té  5  de  Jul'ho  de  1717  em  que  faleceo, 
sendo  coronel  da  ordenança  desta  corte,  e  a  executar  todas  as  ordens  que  lhe  foram  encar- 
regadas com  prontidão,  e  da  mesma  sorte  no  governo  da  praça  de  Moura,  indo  com  o  par- 
tido dela  ao  condado  de  Niebla  a  nele  fazer  toda  a  hostilidade  possível,  e  a  outras  entradas 
dos  lugares  dos  inimigos,  e  despois  á  vila  de  Alçaria  da  Puebla  de  Gusmão,  rendendo  o  seu 
forte  e  fazendo  prisioneiros  de  guerra  trezentos  soldados,  o  seu  Governador  e  mais  oficiais, 
e  muitas  armas  e  híía  presa  de  gado  de  grande  importância  tudo  à  sua  custa,  e  na  retirada 
para  a  praça  de  Moura  encontrando-se  com  dobrado  poder  dos  inimigos  passar  à  sua  vista 
com  tal  ordem  que  se  não  atreveram  a  atacalo;  no  de  707  se  achar  na  campanha  dele  sendo 
sargento  mor  de  batalha  na  província  de  Alentejo;  no  de  708  governar  o  partido  da  cidade 


Meios  457 

a  referida  D.  Teresa  Josefa  de  Melo,  havida  de  sua  primeira  mulher  D.  Inês 
Francisca  de  Távora.  Casou  D.  Teresa  a  3o  de  Setembro  de  1702(1)  com 
António  Teles  da  Silva,  terceiro  filho  dos  2.°'  Marqueses  -de  Alegrete. 
Haviam-no  seus  pais  destinado  para  a  .vida  eclesiástica,  a  qual  abandonou 
para  casar  e  veio  a  ser,  como  ficou  dito,  2."  senhor  de  Ficalho.  Alistou-se 
no  exército,  chegando  a  ocupar  os  postos  de  mestre  de  campo  general  e 
governador  da  artelharia  do  Alentejo;  no  paço  serviu  o  ofício  de  capitão 
da  guarda  alemã  na  menoridade  do  proprietário.  Foi  seu  filho  e  sucessor 
Francisco  de  Melo,  3."  senhor  de  Ficalho,  falecido  com  quarenta  e  seis  anos 
a  18  de  Abril  de  1732,  deixando  viúva  a  D.  Isabel  Josefa  Breyner  de  Meneses, 
que  foi  logo  feita  dama  de  honor  da  rainha  D.  Maria  Ana  Vitória  e  já  o  era 
em  Novembro  de  1763;  posteriormente  foi  sua  camareira  mor,  dando-se-lhe 
então,  em  26  de  Abril  de  1789,  o  título  de  condessa  de  Ficalho  (2).  Morreu 
a  Condessa  em  5  de  Abril  de  1796  (3),  tendo  tido  muitos  filhos  e  deles  o  pri- 
meiro foi  António  José  de  Melo,  que  seguirá,  e  o  nono  Pedro  de  Melo  Breyner, 
a  quem  me  vou  já  referir. 

Pedro  de  Melo  Breyner,  i.°  senhor  da  Trofa  (4),  seguiu  os  lugares  de 
letras  e  foi  desembargador  do  Porto  e  da  Casa  da  Suplicação,  e  governador 
das  justiças  daquela  cidade.  Também  foi  mi-nistro  em  Paris  e  Roma,  con- 
selheiro de  Estado  e  ministro  dos  Eclesiásticos  e  da  Justiça  em  1827. 
Morreu  em  i83o  preso  na  torre  de  S.  Julião  da  Barra  pelas  suas  ideas  libe- 
rais, havendo  casado  em  4  de  Outubro  de  1793  com  D.  Ana  Rufina  Soares 


de  Beja,  defendendo  várias  vezes  a  passagem  do  Guadiana  a  todo  aquele  País,  fazendo  reparar 
as  ruínas  da  praça  de  Moura  que  o  inimigo  lhe  havia  feito  de  que  foi  encarregado,  conse- 
guindo com  o  seu  cuidado  e  trabalho  adiantar  a  dita  reediíicação  em  breve  tempo,  pondo  a 
mesma  Praça  e  a  de  Serpa  em  defença  com  pouca  despesa  da  fazenda  real;  e  na  entrada  que 
se  fez  em  Castela  com  um  destacamento  de  cavalaria  e  infantaria  se  achar  no  rendimento 
do  castelo  de  Alçaria,  fazendo  pôr  em  contribuição  com  outros  lugares  mais;  no  de  709  na 
campanha  da  primavera  dêle  e  na  ocasião  de  7  de  Mayo,  ficando  muito  mal  tratado  de  hu 
braço  pelo  grande  valor  e  resolução  com  que  se  houve;  e,  sendo  mandado  para  a  praça  de 
Olivença,  se  achar  na  defença  dela,  dispondo- a  de  sorte  que  os  inimigos  se  não  atreveram 
a  atacala;  e  despois  ser  mandado  para  as  praças,de  Campo  Maior  e  Elvas  por  se  entender 
que  qual  quer  delas  seria  atacada  pelos  inimigos,  desejando  sempre  empregar  em  todas  as 
niaiores  ocasiões  de  risco  e  nas  referidas  se  achar  com  grande  valor,  zelo  e  actividade... 
(i)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica,  IX,  624. 

(2)  A  data  da  carta  do  título  consta  da  outra,  de  9  de  Junho  seguinte,  do  assentamento. 
Chancelaria  de  D.  Maria  I,  liv.  33.",  fl.  3 16. 

(3)  Gaveta  de  Lisboa  de  10  de  Abril,  dando  à  Condessa  o  nome  de  D.  Isabel  de  Meneses 
Breyner. 

(4)  Alvará  de  9  de  Fevereiro  e  carta  de  9  de  Março  de  i''*o5.  —  Mercês  do  Príncipe  Re,- 
gente,  liv.  6.",  fls^  228  v.  e  270  v. 

voL.  1  58 


458  Brasões 

de  Melo  Sousa  Tavares  e  Moura,  senhora  de  Melo.  Foram  pais  do  i.**  Conde 
de  Melo,  já  nomeado  na  pág.  410,  e  doutros  filhos  de  quem  subsiste  descen- 
dência. 

António  José  de  Melo,  filho  primogénito  de  Francisco  de  Melo,  foi  4.°  se- 
nhor de  Ficalho  e  coronel  do  regimento  de  infantaria  de  Ohvença,  e  morreu 
em  vida  de  sua  mãe  a  6  de  Agosto  de  1790.  Tinha  começado  a  organizar 
no  seu  palácio  de  Serpa  um  museu  arqueológico,  como  dá  conta  uma  corres- 
pondência enviada  daquela  vila,  em  6  de  Fevereiro  de  1779,  para  a  Gaieta 
de  Lisboa  (i).  Não  sei  se  o  museu  ainda  existe.  Havia  casado  António  José 
de  Melo  em  1780  com  D.  Maria  Margarida  Teles  de  Lima,  que  morreu  em 
1820  e  era  filha  dos  1.°^  Marqueses  de  Ponte  de  Lima.  Deste  casamento, 
além  de  Tomás  de  Melo  Breyncr,  que  foi  par  do  reino  em  1884  e  morreu 
a  1 1  de  Outubro  de  i854,  nasceu  Francisco  de  Melo,  õ."  senhor  de  Ficalho, 
senhor  do  morgado  de  Serpa,  tenente  coronel  de  infantaria,  falecido  em 
Salamanca  a  25  de  Agosto  de  18 12  das  feridas  recebidas  na  batalha  de  Ara- 
piles  a  21  do  precedente  mês  (2). 

Foi  o  i."  conde  de  Ficalho  por  despacho  publicado  no  Rio  de  Janeiro  em 
17  de  Dezembro  de  181 1,  e  em  Lisboa,  na  Ga\eta  de  3  de  Abril  do  ano  se- 
guinte, passando-se  a  carta  na  primeira  daquelas  cidades,  já  depois  da  morte 
do  agraciado,  a  1 1  de  Setembro  de  i8i2(3).  Casara  a  22  de  Setembro  de 
i8o3  com  D.  Eugenia  de  Almeida,  filha  dos  3."^  Marqueses  do  Lavradio  (4). 

A  Condessa  de  Ficalho,  ficando  viúva,  foi  criada  marquesa  de  Ficalho  em 


(1)  «António  José  de  Melo,  senhor  de  Ficalho,  desejando  conservar  os  monumentos  dq 
nossa  Historia,  e  descubrir  os  que  as  injurias  do  tempo  tiverem  encuberto,  tem  começado 
a  fazer  no  seu  Palácio  uma  collecção  dos  que  se  achão  no  termo  das  Villas  de  Serpa,  e  de 
Moura,  onde  em  três  differentes  sitios  se  tem  descuberto  consideráveis  ruinas  de  povoações 
Romanas,  que  as  escavações,  que  nellas  se  continuão,  darão  melhor  a  conhecer:  por  ora  os 
monumentos,  que  se  tem  descuberto,  consistem :  i.°  em  huma  ara  com  esculturas  de  relevo  : 
1."  em  dous  cippos  scpulcraes  com  ornamentos  de  relevo,  e  inscripções;  3."  em  outros  três 
cippos  sepulcraes  em  forma  de  barricas  de  mármore  com  inscripções;  4.°  em  varias  columnas 
de  hum  até  quatro  palmos  de  diâmetro;  5."  em  frizos,  e  capiteis  de  ordem  corinthia,  e  em 
varias  outras  cousas  notáveis,  de  que  em  outro  lugar  mais  conveniente  se  fará  mais  parti- 
cular menção».  —  Gaveta  de  9. 

(2)  Os  Meios  senhores  de  Ficalho  tinham  a  alcunha  dos  Vacas;  isso  sabia  eu,  mas  igno- 
rava que  eles  o  reconhecessem.  Encontrei  contudo  o  seguinte'  aviso  na  Gaveta  de  Lisboa 
de  29  de  Janeiro  de  1812  :  «Quem  quizer  arrendar  a  commenda  de  Santa  Maria  de  Alcanede 
pertencente  á  casa  do  Ex.'""  Sr.  Francisco  de  Mello  Vaccas,  morador  aos  Caetanos,  pode  ir 
a  sua  casa  em  qualquer  dia  das  onze  horas  da  manhã  em  diante».  E  uma  aceitação  com- 
pleta. 

(3)  Arquivo  público  do  Rio  de  Janeiro,  liv.  22.°,  fl.  60  v.,  por  extracto  no  Diccionario 
aristocrático,  pág.  45. 

(4)  Gaveta  de  Lisboa  de  i  de  Outubro  de  i.8o3. 


Meios  459 

duas  vidas,  por  decreto  de  4  de  Abril  de  i833  (1)  e  carta  de  6  de  Julho  de 
1841,  em  recompensa  dos  muitos,  relevantes  e  desinteressados  serviços  por 
ela  e  por  seus  filhos  prestados  à  causa  liberal  (2).  Posteriorm'ente  foi  cama- 
reira mor  de  D.  Maria  II  e  duquesa  de  Ficalho  por  carta  dada  no  palácio  de 
Sintra  a  6  de  Julho  de  1841  (3).  Morreu  a  2  de  Janeiro  de  iSSg,  deixando 
entre  outros  êstres  três  filhos: 

i.°  —  António  de  Melo,  2.°  conde  de  Ficalho  por  carta  de  2  de  Agosto  de 
1-814(4)  ^  i-°  marquês  de  Ficalho,  em  verificação  imediata  da  segunda  vida 
no  título  concedida  a  sua  mãe,  passando  êle  a  ser  de  juro  e  herdade  por 
carta  de  6  de  Julho  de  1841  (5),  foi  mordomo  mor  da  casa  rial,  par  do  reino, 
conselheiro  de  Estado,' dedicado  e  devotado  servidor  de  D.  Maria  II  e  de  seus 
filhos.  Morreu  o  Marquês  a  27  de  Abril  de  i8g3,  deixando  línico  filho  a 
Francisco  de  Melo,  3."  Conde  de  Ficalho  (6),  mordomo  mor,  par  do  reino, 
conselheiro  de  Estado,  notável  professor  de  botânica,  escritor  e  académico, 
falecido  a  19  de  Abril  de  1903.  Deixou  uma  única  filha,  extinguindo-se  desta 
forma  a  varonia  dos  Meios  no  ramo  principal  da  casa  de  Ficalho,  bem  como 
se  extinguiram  os  títulos. 

2°  —  Luís  de  Melo  Breyner,  conde  do  Sobral,  adiante. 

3."  —  Francisco  de  Melo  Breyner,  conde  de  Mafra  em  7  de  Janeiro  de 
1870  (7),  general  de  brigada  e. gentil  homem  da  câmara  rial,  morreu  a  16  de 
Outubro  de  1884,  deixando  filhos  varões  a  Francisco  de  Melo  Breyner,  antigo 
administrador  do  concelho  de  Lourenço  Marques,  e  a  Tomás  de  Melo  Breyner, 
médico  dos  hospitais,  antigo  médico  da  rial  câmara,  casado  com  uma  filha 
do  falecido  Conde  de  Burnay. 

Na  casa  de  Ficalho  dá-se  a  singularidade  dós  títulos  terem  sido  sempre 
criados  em  senhoras,  viúvas  dos  senhores  da  casa.  As  armas  destes  téem 
sido  continuadamente  as  dos  Meios,  sem  mistura. 

Luís  de  Melo  Breyner,  irmão  do  1.°  Marquês  de  Ficalho,  casou  a  6  de 


(i)  Este  foi  um  dos  muitos  despachos  e  mercês  publicados  no  aniversário  da  rainha 
D.  Maria  II,  os  quais,  «na  opinião  de  muita  gente,  traziam  o  sêllo  da  parcialidade,  e  das 
aífeições  de  partidou.  Não  aponta  contudo  José  Liberato  Freire  de  Carvalho  nos  seus  Annaes 
a  mercê  feita  à  Condessa  de  Ficalho  como  sendo  das  tais,  e  não  o  seria. 

(2)  Mercês  de  D.  Maria  II,  liv.  14.°,  fl.  206. 

(3)  Ibidem,  liv.  16.»,  fl.  96. 

(4)  Consta  esta  data  da  carta  de  10  de  Itovembrb  de  i8i5  do  assentamento.  —  Mercês 
do  Príncipe  Regente,  liv.  12.»,  fl.  2o3.   Encontra-se  em  extracto  no  Dicc.  aristocrático,  pág,  i3. 

(5)  Mercês  de  D.  Maria  II,  liv.  i6.°,  fl.  96  v. 

(ô)  Decreto  de  16  de  Junho  de  1862.  —  Diário  do  Governo  de  22  de  Julho. 
(7)  Diário  do  Governo,  de  4  de  Março. 


460  Brasões 

Outubro  de  1834  com  D.  Adelaide  Braamcamp  do  Sobral  de  Almeida  Cas- 
telo Branco  de  Narbonne-Lara,  filha  herdeira  de  Hermano  José  Braamcamp 
do  Sobral  de  Almeida  Castelo  Branco,  i .°  conde  do  Sobral.  Pelo  seu  casa- 
mento foi  Luís  de  Melo- 2."  conde  do  Sobral  por  decreto  de  14  de  Fevereiro  de 
1846(1),  além  disso  foi  par  do  reino  e  oficial  do  exército.  Morreu  a  i  de  De- 
zembro de  1876,  deixando  um  único  filho  varão;  a  Condessa  sobreviveu-lhe 
e  só  veio  a  falecer  a  i5  de  Junho  de  1886.  O  único  filho  varão  que  lhes 
sobreviveu,  Hermano  José  Braamcamp  do  Sobral  de  Melo  Breyner,  foi 
3.°  conde  do  Sobral  (2),  oficial  mor  da  casa  rial,  par  do  reino,  muito  consi- 
derado lavrador  e  criador  de  gado  cavalar  e  bovino.  Faleceu  a  3  de  Janeiro 
de  1905,  deixando  numerosa  descendência  e  extinguindo-se  com  ele  o  título 
de  conde  do  Sobral. 

O  fundador  da  casa  do  Sobral  foi  Joaquim  Inácio  da  Cruz  Sobral,  tesou- 
reiro mor  do  Erário  Régio  em  1768,  i."  senhor  do  Sobral  de  Monte  Agraço, 
em  18  de  Abril  de  177 1,  i."  alcaide  mor  de  Freixo  de  Numão,  em  22  de 
Fevereiro  de  1773.  Teve  ele,  em  19  de  Dezernbro  de  1777,  confirmação 
régia  do  morgado  do  Sobral  por  êle  instituído  e  ao  qual  era  anexo  o  senhorio 
da  vila,  com  a  obrigação  dos  administradores  usarem  do  apelido  do  Sobral 
e  das  armas,  concedidas  a  25  de  Março  de  1765,  a  seu  irmão  José  Francisco 
da  Cruz  Alagoa.  Morreu  b  i.°  Senhor  do  Sobral  em  25  de  Maio  de  1781  e 
jaz  na  capela  mor  da  igreja  paroquial  de  Santa  Isabel  de  Lisboa,  padroado 
de  sua  casa  e  onde  se  vêem  as  suas  armas  no  fecho  do  arco  principal.  Deixou 
o  senhorio  e  o  morgado  a  seu  irmão  Anselmo  José  da  Cruz  Sobral,  2."  senhor 
do  Spbral  e  alcaide  mor  de  Freixo  de  Numão,  o  qual,  na  qualidade  de  ins- 
pector geral  das  obras  públicas,  lugar  em  que  sucedeu  ao  irmão,  presidiu  à 
fundação  da  basílica  da  Estrela.  Veio  a  falecer  em  10  de  Março  de  1802, 
deixando  um  filho  e  uma  filha.  O  filho  foi  o  desembargador  Sebastião  António 
da  Cruz  Sobral,  3."  senhor  e  alcaide  mor,  o  qual  também  foi  inspector  geral 
das  obras  públicas,  edificando-se  durante  a  sua  administração  o  teatro  de 
S.  Carlos.  Morreu  solteiro  a  18  de  Setembro  de  i8o5.  A  filha  foi  D.  Joana 
Maria  da  Cruz  Sobral,  4.*  senhora  do  Sobral,  casada  com  Geraldo  Venceslau 
Braamcamp  de  Almeida  Castelo  Branco,  2.°  senhor  do  morgado  da  Luz, 
comendador  de  Nossa  Senhora  dos  Açougues  na  Ordem  de  Cristo,  4.°  alcaide 
mor  de  Freixo  de  Numão  e  i.°  barão  do  Sobral  em  14  de  Maio  de  i8i3. 

Geraldo  Venceslau  era  filho,  nascido  em  1752,  de  Hermano  José  Braam- 
camp, cavaleiro  da  Ordem  de  Cristo,  tendo  recebido  o  hábito  a  8  de  Julho 


(i)  Esta  data  é  a  da  Resenha;  não  encontro  o  decreto  nem  registado  no  Arquivo  Na- 
cional, nem  transcrito  no  Diário  do  Governo. 
(2)  Decreto  de  3o  de  Setembro  de  1862. 


Meios  46  r 

de  1744,  e  ministro  residente  dei  Rei  da  Prússia  em  Lisboa,  onde  apresentou 
as  suas  credenciais  a  el  rei  D.  José  em  28  de  Julho  de  lyôi,  e  teve  a  pri- 
meira audiência  da  Rainha  em  3i  do  mesmo  mês.  Era  irmão  de  Gerret 
(Geraldo)  Braamcamp,  o  dono  da  famosa  galeria  de  pintura  e  preciosidades 
artísticas,  à  qual  muitos  autores,  que  tratam  desta  especialidade,  tanto  holan- 
deses como  franceses,  se  referem;  por  exemplo:  M.  de  Bastide  no  seu  livro 
Le  temple  des  arts,  ou  le  cabinet  de  M.  Braamcamp^  Amsterdão,  1766,  e 
Charles  Blanc  na  sua  obra  Le  trésor  de  la  curiosité,  pág.  468  e  segs.  do 
vol.  I.  Eram  filhos,  estes  dois  irmãos,  de  João  Braamcamp,  cidadão  de 
Amsterdão,  e  de  sua  mulher  Henriqueta  van  Beeck;  e  êle  bisneto  de  Rutgerus 
ab  Halteren,  primeiro  pastor  protestante  de  Ryssen  desde  1564,  o  qual,  em 
5  de  Setembro  de  1627,  assinando-se  Domimis  Rothgerus  Bra??ikampius,  como 
aliás  sempre  fazia,  pede,  atendendo  à  sua  muita  idade,  para  ser  substituído 
na  igreja,  ondç  pastoreava  havia  sessenta  e  três  anos.  Veio  a  morrer  ainda 
depois  de  19  de  Maio  de  1029.  Dos  seus  descendentes  o  primeiro,  que  tornou 
a  ser  católico  romano,  foi  o  João  Braamcamp  acima  nomeado. 

O  nome  Braamcamp  não  sei  por  que  razão  foi  adoptado,  mas  é  formado 
de  duas  palavras  holandesas :  braam  e  camp,  ou  melhor  kamp.  Kamp  quere 
dizer  campo;  e  braam,  tanto  significa  a  amora  da  silva,  como  a  própria  silva. 
É  como  a  palavra  latina  olipaj  que  servia  para  designar  a  azeitona  e  a  oli- 
veira. Julgo  porem,  que  assim  como  de  braam  e  bosch  (bosque,  moita),  se 
formou  a  palavra  braambosch,  moita  de  silvas  ou  silvado;  assim  também  se 
deverá  entender  que  braamcamp  significa  o  campo  de  silvas.  Advirta-se 
contudo,  que  eu  nada  sei  de  holandês. 

Hermano  José  Braamcamp  havia  casado  com  D.  Teresa  Teodora  de  Mas- 
carenhas e  Ataíde,,  de  quem  teve  filhos  que  logo  morreram,  e,  enviuvando, 
tornou  a  casar,  em  8  de  Janeiro  de  1752,  com  D.  Maria  Inácia  de  Almeida 
Castelo  Branco  (1),  i.^  senhora  do  morgado  da  Luz  instituído  em  seu  testa- 
mento por  seu  pai,  o  brigadeiro  Manuel  de  Almeida  Castelo  Branco,  antigo 
governadpr  do  Rio  de  Janeiro,  falecido  em  22  de  Dezembro  de  1748.  Era 
êle  quarto  neto  de  António  de  Almeida,  irmão  de  Martim  Vaz  de  Almeida, 
instituidor  do  morgacio  de  Paia  em  i555. 


(i)  Desta  senhora,  alem  de  Geraldo  Venceslau,  nasceu  em  1763  quarto  filho,  José  Fran- 
cisco Braamcamp  de  Almeida  Castelo  Branco.  Foi  presidente  da  Comissão  do  Terreiro  do 
Trigo  desde  1820  a  1824,  fiscal  das  Obras  Públicas,  de  1826  a  i836,  par  do  reino  por  carta 
de  I  de  Setembro  de  1834.  Morreu  a  i3  de  Março  de  iBSç  e  de  sua  filha  D.  Maria  Inácia 
Braamcamp,  casada  com  seu  primo  Anselmo  José  Braamcamp  de  Almeida  Castelo  Branco, 
secretário  de  Estado  dos  Negócios  Estrangeiros  em  1820  e  conselheiro  de  Estado  em  1822, 
quarto  filho  do  Barão  do  Sobral,  proveio  o  segundo  ramo  desta  família. 


462  Brasões 

Do  Barão  do  Sobral  foi  filho  primogénito  Hermano  José  Braamcamp  do 
Sobral  de  Almeida  Castelo  Branco,  5."  senhor  do  Sobral,  3."  do  morgado  da 
Luz,  2.°  barão  do  Sobral,  em  3  de  Março  de  1824,  par  do  reino,  em  i  de 
Outubro  de  i835,  1.°  visconde  do  Sobral,  em  14  de  Setembro  de  i838,  com 
honras  de  conde,  em  24  de  Outubro  seguinte,  e  finalmente  i.°  conde  do 
Sobral,  em  i3  de  Dezembro  de  1844(1).  Faleceu  a  2  de  Fevereiro  de  1846, 
havendo  casado  em  1806  com  Luísa  Amable  de  Narbonne-Lara,  filha  herdeira 
de  Luís,  conde  de  Narbonne-Lara,  ministro  da  guerra  de  Luís  XVI  em  1791, 
general  de  divisão  em  1809,  ajudante  de  campo  de  Napoleão  I  na  campanha 
da  Rússia,  embaixador  em  Munich  e  Viena,  governador  de  Torgau  na  Ale- 
manha, onde  morreu  em  i8i3.  Era  irmão  mais  novo  de  Felipe,  visconde  de 
Narbonne-Lara  (o  viscondado  de  Narbonne  remonta  ao  ano  de  8ig  da  era 
de  Cristo),  grande  de  Espanha  de  i.^  classe,  tenente  general,  falecido  sem 
filhos  em  1834,  pelo  que  a  representação  da  sua  casa  passou  a  sua  sobrinha 
a  Condessa  do  Sobral.  Foram  ambos  filhos  de  João  Francisco  de  Narbonne, 
4.°  senhor  d'Aubiac,  duque  de  Narbonne-Lara  em  sua  vida  (duc  à  brevet)  no 
ano  de  1780,  grande  de  Espanha  de  i.^  classe  em  1789. 

Dos  1.°^  Condes  do  Sobral  foi  filha  primogénita  e  sucessora  D.  Adelaide 
Braamcamp  casada  com  Luís  de  Melo  Breyner,  como  já  lá  acima  ficou  dito  (2). 

As  suas  armas  são:  esquartelado:  o  I  de  vermelho  liso  (Narbonne);  o 
II  de  vermelho,  seis  besantes  de  oiro  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  do 
mesmo  (Almeida);  o  III  de  azul,  hão  de  oiro,  armado  e  linguado  de  vermelho 
(Castelo  Branco);  o  IV  cortado:  o  1.°  de  azul,  cinco  estrelas  de  seis  pontas 
de  oiro,  postas  em  cruz;  o  2.°  de  prata,  ondado  de  azul;  bordadura  de  todo 
o  quartel  de  vermelho,  com  as  palavras  nomen  honorque  méis  em  letras  de 
oiro  (Sobral).  Sobre  o  todo:  cortado:  I  de  oiro,  duas  palmas  de  verde  pas- 
sadas em  aspa;  o  II  partido:  o  i.°  de  verde,  quatro  árvores  de  prata  dispostas 
sobre  uma  ponta  do  mesmo;  o  2.°  de  azul,  esquilo  de  prata,  saindo  de  uma 
água  do  mesmo  em  ponta,  o  esquilo  rompente  de  encontro  a  um  bastão  de 
vermelho  em  banda  (Braamcamp).  Coroa  de  conde.  Timbre:  o  esquilo 
com  o  bastão.     Divisa:     LABOR  VINCIT  AERUMNAS. 


(1)  A  carta,  de  17  de  Abril  de  1845,  é  dirigida  ao  Visconde  do  Sobra!,  do  meu  conselho, 
par  do  reino,  desejando  dar-lhe  um  novo  e  autêntico  testemunho  da  estimação  em  que  tenho 
os  longos  e  honrosos  serviços  por  ele  prestados  ao  País  e  as  distintas  e  nobres  acções  em 
que  sempre  tem  patenteado  a  sua  fidelidade  ao  Trono  e  à  Carta  Constitucional,  etc. — 
Mercês  de  D.  Maria  JI,  liv.  23.»,  fl.  1G4  v. 

(2)  Acerca  da  família  Braamcamp  veja-sc  em  Júlio  de  Castilho,  Lisboa  antiga,  o  Bairro 
Alio,  vol.  III,  págs.  19  a  112. 


Meios  463 


VII 

MELOS  COM  DOM 

Entre  os  filhos  de  Garcia  de  Melo,  alcaide  mor  de  Serpa,,  foi  o  segundo 
varão  na  ordem  dos  nascimentos  Simão  de  Melo.  Estudou  em  Paris,  passou 
a  Roma  e  acolheu-se  à  protecção  do  cardíal  D.  Jorge  da  Costa,  que  no  ano 
de  i5o5  nele  renunciou  a  abadia  de  Alcobaça,  tendo  Simão  de  Melo,  antes 
de  tomar  posse,  professado  a  Ordem  de  Cister  (i).  Nesta  ocasião  mudou  o 
noíne  de  baptismo,  tomando  o  do  seu  protector  (2),  e  ficou  sendo  D.  Jorge 
de  Melo,  abade  comendatário  de  Alcobaça. 

Volvidos  anos  apeteceu  a  D.  Manuel  dar  a  seu  filho  o  cardial  infante 
D.  Afonso,  criança  de  nove  anos  já  provida  no  bispado  da  Guarda  e  noutras 
prelazias,  a  abadia  de  Alcobaça,  mas  D.  Jorge  de  Melo  só  acedeu  muito 
constrangido,  recebendo  em  troca  aquele  bispado.  Celebrou-se  a  permutação 
no  mês  de  Janeiro  de  i5i9(3)  e  a  22  de  Fevereiro  foi  expedida  a  bula  pro- 
vendo o  referido  Cardial  Infante  na  abadia  de  Alcobaça,  sendo  D.  Jorge 
já  então  bispo  da  Guarda  (4). 

D.  Jorge  de  Melo  foi  um  dos  mais  devassos  prelados  de  que  há  memória 
em  Portugal.  «Por  certo  que  me  não  seria  custoso  deixar  em  silencio  as 
acções  de  hum  Bispo,  que  eu  não  poderei  tractar  com  a  indulgência  do  meu 
costume,  sem  contravir  a  primeira  obrigação  de  hum  Historiador,  que  he  o 
ser  imparcial,  e  verídico»  (5).  O  mesmo  cronista  geral  da  Ordem  de  S.  Ber- 
nardo, na  nota  citado,  ainda  nos  conta,  «que  existia  defronte  do  Mosteiro 
huma  D.  Ignez  {aliás  Helena)  de  Mesquita,  com  quem  o  Abbade  tinha  com- 
mercio  illicito»  (6).  Deu  o  tam  escandaloso  caso  origem  a  aparecer  uma 
manhã  na  porta  da  igreja  um  papel  com  a  seguinte  quadra: 

Abade  que  deixa  a  Sé 
por  se  meter  na  Mesquita, 
Moiro  foi  e  Moiro  é, 
pois  que  já  se  não  desquita. 


(i)  Fr.  Manuel  dos  Santos,  Alcobaça  ilustrada,  pág.  317. 

(2)  Fr.  Fortunato  de  S.  Boaventura,  Historia  chronologica  e  critica  da  Real  Abbadia  de 
Alcobaça,  pág.  i5i. 

(3)  Fr.  Manuel  dos  Santos,  Alcobaça  ilustrada,  pág.  324. 

(4)  Corpo  diplotnatico  portuguej,  XI,  207.  —  No  dia  seguinte  foi  expedida  outra  bula 
concedendo  ao  Infante  o  regresso  do  bispado  da  Guarda  por  falecimento  ou  cessão  do  bispo 
D.  Jorge  {Ibidem,  II,  21). 

.  (5)  Fr.  Fortunato  de  S.  Boaventura,  Historia  cronológica  cit,,  pág.  149. 
(6)  Ibidem,  pág.  i5i. 


46  \  Brasões 

Transferido  muito  contra  sua  vontade  para  a  Guarda,  protestou  não  pôr 
lá  os  pés  e  realizou-o.  Alegava  não  querer  ir  a  terra  onde  matavam  os 
bispos  (1)  e  foi  estabelecer  residência,  primeiro  em  Abrantes  e  pouco  depois 
em  Portalegre,  d'onde  não  mais  saiu.  Desinteressou-se  absolutamente  das 
obras  da  sua  Sé,  ainda  então  destelhada,  a  qual  por  fim  veio,  na  realidade^ 
a  ser  concluída  durante  a  sua  prelazia  (2)  pelos  anos  de  1846,  depois  de^ 
pela  bula  Exhibita  nobis  de  4  de  Dezembro  do  ano  antecedente,  expe- 
dida em  resultado  da  sentença  lançada  no  processo  contra  o  Bispo  instau- 
rado em  Roma,  propter  miilia  enormia  delicia,  haver  sido  condenado  a 
excomunhão  maior,  suspensão,  proibição  de  ingresso  na  igreja  e  multa  de 
vinte  e  cinco  mil  ducados  de  oiro,  parte  aplicados  à  fábrica  da  catedral  da 
sua  diocese  (3). 

Durante  a  sua  estada  em  Alcobaça  reivindicara  D.  Jorge  de  Melo  para  os 
abades  daquele  mosteiro  o  cargo  de  esmoler  mor,  do  qual  sempre  haviam 
gozado  e  dele  se  achavam  esbulhados  por  D.  Manuel.  A  sentença  guarda- 
va-se  no  arquivo  do  mosteiro  (4);  a  data  dela  porém  não  encontro,  nem  no 
autor  citado,  nem  na  carta  de  9  de  Julho  de  i522  de  nomeação  de  D.  Jorge 
para  o  cargo  de  esmoler  mor  (5),  nem  na  outra  de  1 5  de  Maio  de  i554  de 
nomeação  para  aquele  cargo  do  infante  D.  Henrique,  na  qualidade  de  abade 
de  Alcobaça,  apesar  de  no  diploma  se  aludir  à  sentença  (6).  Provavelmente 
seria  ela  obtida  pouco  antes  de  D.  Jorge  ser  obrigado  a  ceder  a  abadia,  e 
entre  as  condições  por  êle  então  impostas  uma  certamente  foi  a  de  conservar 
o  cargo  de  esmoler  mor,  com  o  qual  se  encontra  em  muitos  diplomas  e  entre 
outros  numa  carta  de  9  de  Maio  de  1 537  (7). 

Fundou  D.  Jorge  de  Melo  em  Portalegre  o  mosteiro  de  Nossa  Senhora 
da  Conceição  da  Ordem  de  S.  Bernardo,  o  qual  já  estava  quási  concluído 
em  i53o  e  teve  o  seu  estatuto  assinado  pelo  fundador  em  19  de  Agosto  do 


(1)  Aludia  ao  bispo  D.  Álvaro  de  Chaves  morto  a  punhaladas  por  um  seu  criado,  nos 
fins  do  ano  de, 1496. — Manuel  Pereira  da  Silva  Leal,  Catalogo  dos  Bispos  da  Idanha  e  Guarda, 
no  vol.  de  1722  da  CoLt.ecçam  dos  Documentos  e  Memorias  da  Academia  Real  da  Historia 

PORTUGUEZA,  n."  XXVIl. 

(2)  José  Osório  da  Gama  e  Castro,  Diocese  e  districto  da  Guarda,  pág.  348. 

(3)  Fortunato  de  Almeida,  Historia  da  Igreja  eni  Portugal,  tom.  III,  part.  II,  pág.  814. 
—  Já  por  outra  vez,  em  1529,  contra  D.  Jorge  de  Melo  haviam  sido  expedidas  umas  letra» 
apostólicas,  isentando  da  sua  jurisdição  o  mosteiro  das  Dominicanas  de  Abrantes  e  sujei- 
tando-o  ao  Arcebispo  de  Lisboa  (Fr.  Luís  de  Sousa,  Historia  de  S.  Domingos,  III,  238). 

(4)  Fr.  Fortunato  de  S.  Boaventura,  Historia  chronologica  cit.,  pág.  i5i. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  Si."  de  Doações,  fl.  169  v. 

(6)  P.e  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica,  II,  760. 

(7)  ArCHIVO  HISTÓRICO  PORTUGUEZ,  V,  49, 


Meios  465 

ano  seguinte  (i).  Ao  mosteiro  doou,  por  escritura  de  9  de  Fevereiro  de  1648, 
para  uma  capela  lá  instituida  por  sua  alma,  certos  bens  de  mínima  valia  (2). 
Mais  dádiva  nenhuma  fez  ao  seu  mosteiro  e,  se  este  foi  opulento,  a  sua  opu- 
lência deveu  a  doações  que  lhe  fizeram,  em  i3  e  17  de  Agosto  de  1549, 
D.  António  de  Melo  (filho  do  fundador)  com  sua  mulher  D.  Joana  da  Silva, 
e  Helena  de  Mesquita,  mãe  de  D.  António  (3). 

Faleceu  D.  Jorge  de  Melo  a  5  de  Agosto  .de  1548,  «deixando,  alem  de 
vários  prédios  rústicos  e  urbanos,  um  riquíssimo  espolio  em  baixella  de  prata, 
jóias,  dinheiro,  escravos,  guademeceins  e  tapeçarias»  (4).  Foi  sepultado  na 
capela  da  Conceição  do  seu  mosteiro,  no  mais  sumptuoso  e  soberbo  mausoléu 
de  Portugal  não  destinado  a  pessoa  rial.  Dele  se  vê  uma  bela  reprodução 
no  n."  83  da  Arte  e  a  Nature\a  em  Portugal,  e  nele  se  gravou,  segundo  os 
autores  abaixo  citados  (5),  o  seguinte  epitáfio: 

GEORGIVS  DE  MELLO  EPISCOPVS  EGITANENSIS  VIR  ET 
GENERIS  NOBILITATE  ET  ANIMI  VIRTVTE  CLARISSIMVS 
QVI  HOC  TEMPLVM  AVGVSTISSIMASQVE  ^DES  IN  QVIBVS 
INDOTATiE  VIRGINES  CISTERGIENSIS  ORDINIS  INSTITV 
TIS  DEDIT.E  ALERENTVR  OB  INSIGNEM  ADVERSVS  IPSVM 
ORDINEM  RELIGIONEM  PIETATEMQVE  FECIT  AG  DIV^  VIR 
GINIS  MATRIS  GONCEPTIONI  DIGAVIT  •  VASA  VESTES  PE 
CVNIAM  PR^DIA  ET  AD  SAGRA  ET  AD  SACERDOTVM  VIR 
GINVMQVE  VIGTVM  DE  SVO  STATVIT  DVM  AD  SVARVM 
VIRTVTVM  PREMIA  GAPESSENDA  PROFEGTIONEM  PARAT 
(VT  QVOD  EX  SE  TERRA  ERAT  TERRA  DEPONERET) 
HOG  SIBI  SEPVLCHRI  MONVMENTVM  VIVENS  POSVIT 

Mais  notícias  posteriores  ao  ano  de  1549  não  encontro  de  Helena  de  Mes- 
quita, parecendo  ter  ela  morrido  em  i55i  ou  i552  (6).  Era  filha  de  Pedro 
de  Mesquita,  do  Córrego,  e  de  sua  mulher  Felipa  Borges,  filha  de  D.  Diogo 
Borges,  abade  de  Refoios  de  Basto,  de  uma  dinastia  de  Abades  que  durante 
cento  e  vinte  anos  sucessivos  desfrutou  aquela  abadia,  quási  sempre  de  pais 
em  filhos.  Seguiu  pois  Helena  de  Mesquita  o  exemplo  de  suas  avós  ma- 
ternas. 


(i)  Francisco  António  Rodrigues  de  Gusmão,  Memoria  histórica  do  Mosteiro  de  Nossa 
Senhora  da  Conceição  de  Monjas  da  Ordem  de  Cister,  da  cidade  de  Portalegre,  no  Instituto, 
vol.  IX,  pág.  219. 

(2)  Ibidem,  pág.  220. 

(3)  Ibidem,  vol.  X,  pág.  20. 

(4)  Ibidem. 

(5)  George  Cardoso,  Agiologio  lusitano,  I,  436;  Fr.  Fortunato  de  S.  Boaventura,  His- 
toria cronológica  cit.,  pág.  i52. 

(6)  Rodrigues  de  Gusmão,  Memoria  histórica  cit.,  pág.  20  do  vol.  X  do  Instituto. 
VOL.  I  59 


466  Brasões 

Alem  de  D.  António  de  Mello  e  doutros  filhos  (i),  deixou  D.  Jorge  de 
Melo  a  D.  Joana  de  Melo,  segunda  abadessa  perpétua  do  referido  mosteiro 
de  S.  Bernardo  fundação  de  seu  pai,  em  cuja  vida  começou  a  exercer  o 
cargo  e  o  ocupou  até  morrer  em  19  de  Julho  de  1587(2).  Em  seu  tempo 
foi  sagrada  a  igreja,  como  consta  do  seguinte  letreiro  na  capela  mor  trans- 
crito por  George  Cardoso: 

TEMPLVM  HOC  A  GEORGIO  A  MELLO  EGI 
TANENSI  EPISCOPO  STRVCTVM  PRECIBVS 
D.  lOANNiE  A  MELLO  ABBATISSíE  D.  AN 
DREAS  A  NORONHA  EPISCOPO  II.  PORTALE 
GRENSI  CONSEGRAVIT  ANNO  DOMINI  1572 
17  KAL.  MARTII. 

Declara  Rodrigues  de  Gusmão,  na  Memoria  por  vezes  citada,  haver 
D.  João  III  já  legitimado  a  D.  António  de  Melo,  filho  do  bispo  D.  Jorge, 
quando  sua  mãe  Helena  de  Mesquita,  por  escritura  de  16  de  Novembro  de 
i522,  nele  instituiu  um  morgado  opulento  (3).  Desta  instituição  não  encontro 
mais  vestígio  nenhum  (4);  outra  porem  me  aparece  registada  na  Chancelaria 
régia. 

Em  Évora,  a  17  de  Maio  de  1627,  nas  casas  de  morada  de  Rui  de  Melo  (5), 
do  conselho,  estando  ele  presente  de  uma  parte  e  da  outra  Helena  de  Mes- 
quita, morador  em  Portalegre,  foi  assinada  a  escritura  esponsalícia  de  D.  Joana 
da  Silva,  filha  de  Rui,  com  D.  António  de  Melo,  filho  de  Helena.  Prometeu 
esta  então  aos  desposados  vinte  mil  cruzados  em  bens  de  raiz  e  tenças,  e 
Rui  de  Melo  obrigou-se  a  completar  a  sua  filha,  em  bens  de  raiz,  jóias,  pratas 
e  corregimentos  de  casa,  até  quinze  mil  dobras  (6)  sobre  a  valia  da  legítima 
e  terça  materna  e  do  casamento  dei  Rei.  De  tudo  se  constituiria  morgado 
para  andar  nos  descendentes  dos  noivos,  com  a  obrigação  de  uma  missa  no 


(i)  Por  cinco  cartas  de  4  de  Janeiro  de  i520  foram  legitimados,  a  requerimento  da  mãe, 
Bernardo,  António,  Joana,  Francisca  e  Manuel,  filhos  de  «um  monje  de  missa,  professo  da 
Ordem  de  S.  Bernardo»,  e  de  Helena  de  Mesquita,  mulher  solteira.  —  Chancelaria  de  D.  Ma- 
nuel^ liv.  3.°  de  Legitimações,  fls.  264,  264  v.  e  265. 

(2)  Rodrigues  de  Gusmão,  Memoria  histórica  cit.,  no  Instituto,  VI,  149,  e  IX,  220. 

(3)  O  Instituto,  VI,  149. 

(4)  Não  me  parece  porem  duvidosa  a  sua  existência  em  vista  da  declaração  feita  numa 
carta  de  padrão  de  3oo.ooo  rs.  dada,  em  20  de  Março  de  1542,  a  D.  António  de  Melo,  filho 
de  D.  Jorge  de  Melo,  bispo  da  Guarda.  Fizera-lhe  o  Bispo  doação  de  12.000  cruzados  para 
comprar  3oo.ooo  rs.  em  bens  de  raiz  ou  juro,  para  o  seu  morgado. — Chancelaria  de  D.  João  III, 
Hv.  47."*  de  Doações,  fl.  6  v. 

(5)  Era  irmão  do  bispo  D.  Jorge  de  Melo. 

(6)  A  dobra  valia  1 20  rs.  e  o  cruzado  400. 


Meios  467 

convento  de  S.  Domingos  de  Évora.  D.  João  III  aprovou  e  confirmou  em 
19  de  Novembro  de  i529,  apesar  de  D.  António  e  de  D.  Joana  serem  menores 
de  vinte  e  cinco  anos,  pois  apenas  teriam  dezasseis  ou  dezassete'(i).  No  ano 
seguinte,  por  carta  de  5  de  Março,  foi  feita  mercê  a  D.  António  de  Melo, 
filho  de  D.  Jorge  de  Melo,  bispo  da  Guarda  e  esmoler  mor,  de  lhe  confirmar 
os  privilégios  de  uma  herdade  no  Porro,  termo  de  Évora,  conforme  haviam 
sido  confirmados  por  D.  Manuel  em  1497  a  Henrique  de  Macedo,  pai  de 
Fernão  de  Macedo,  que  a  herdade  vendera  a  D.  António  (2). 

Dalgumas  palavras  ainda  legíveis  do  epitáfio  gravado  na  sepultura  de 
D.  António  de  Melo,  situada  junto  às  grades  do  coro  de  baixo  na  igreja  do 
convento  de  S.  Bernardo  de  Portalegre,  consta  ter  ele  falecido  em  i5  de 
Agosto  de  1649  (3),  data  em  parte  confirmada  pela  carta,  de  4  de  Julho  de  1 55o, 
de  padrão  de  trezentos  mil  reais,  dada  a  D.  Joana  da  Silva,  viúva  de  D.  António 
de  Melo,  para  os  começar  a  vencer  de  Janeiro  desse  ano  em  diante  (4). 

De  D.  António  de  Melo  e  D.  Joana  provieram  os  Meios  chamados  da  Cal- 
çada do  Combro  por  lá  terem  a  sua  casa.  Devido  à  origem,  bem  pouco  re- 
gular, do  seu  progenitor,  foram  eles  apodados  num  conhecido  rifão  de  corte, 
o  qual  por  eufemismo  posso  escrever  assim:  «Melo  com  dom,  Meneses  sem 
ele,  salsa  de  Palmela  (5)  para  êle».  Em  D.  Pedro  de  Melo,  terceiro  neto  de 
D.  António  de  Melo,  dividiu-se  a  família  em  duas  linhas. 

Sucedeu  D.  Pedro  de  Melo  pelos  anos  de  i658  no  morgado  da  casa  de 
seu  pai  (6),  foi  nomeado  governador  do  Maranhão  por  carta  patente  de  24  de 
Julho  de  1657,  na  qual  se  enumeram  os  seus  serviços  (7),  e  já  era  falecido 
a  20  de  Fevereiro  de  1669(8).  Casara  com  D.  Maria  de  Mendoça  e  entre 
outros  filhos  tivera  a  D.  António  José  de  Melo  e  D.  Francisco  de  Melo. 

D.  António  José  de  Melo  sucedeu  na  casa  e  casou  com  D.  Joana  de  Men- 
doça, filha  de  Pedro  Guedes  de  Miranda,  io.°  senhor  de  Murça.  Foram  avós 
doutro  D.  António  José  de  Melo  Homem  que  foi  senhor  da  casa  dos  Meios 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  17."  de  Doações,  fl.  i23. 

(2)  Ibidem,  liv.  52.°,  fl.  87. 

(3)  Rodrigues  de  Gusmão,  Memoria  cit.,  vol.  X  do  Instituto,  pág.  20. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  69.°  de  Doações,  fl.  gS. 

(5)  Encontro  esta  expressão  do  P.e  Francisco  Álvares  no  livro,  húmido  ainda  (em  1898), 
do  Conde  de  Ficalho,  Viagens  de  Pedro  da  Covilhã,  pág.  161,  nota  3. 

(6)  Por  apostila  de  20  de  Agosto  de  i658  foi  mandada  averbar  a  D.  Pedro  de  Melo, 
filho  mais  velho  e  sucessor  do  falecido  D.  Jorge  de  Melo,  uma  tença  do  seu  morgado.  — 
Chancelaria  de  D.  João  IV,  liv.  23."  de  Doações,  fl.  19  v. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  2*3  °  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  78. 

(8)  Verba  de  pertença  de  juro  por  falecimento  de  D.  Pedro  a  seu  filho  D.  António  José 
de  Melo.  —  Ibidem,  liv.  8.°,  fl.  89  v. 


468  Brasões 

da  Calçada  do  Combro  e  do  morgado  da  Figueira,  e  chegou  a  possuir  o  mor- 
gado da  Bacalhoa  o  qual  lhe  tiraram  por  sentença.  Em  sua  neta  D.  Maria 
José  de  Melo  Meneses  e  Silva,  condessa  da  Figueira,  terminou  a  sua  descen- 
dência. Esta  senhora,  falecida  em  1818,  foi  a  primeira  mulher  de  D.  José 
de  Castelo  Branco,  i.°  conde  da  Figueira  (i3  de  Maio  de  1810),  filho  segundo 
do  i.°  Marquês  de  Belas,  havendo  sido  o  título  concedido  a  D.  José  pelo 
morgado  da  Figueira  por  sua  mulher  possuído.  Deste  casamento  não  houve 
filhos  e  o  Conde  tornou  a  casar  com  a  herdeira  dos  Machados,  como  já  lá 
muito  acima  ficou  dito. 

Teve  D.  António  José  de  Melo  Homem  uma  irmã  chamada  D.  Maria 
Ana  Josefa  de  Bourbon  a  qual  casou  com  seu  parente  D.  Miguel  de  Melo 
Abreu  Soares  de  Vasconcelos,  senhor  dos  morgados  de  Fonte  Boa,  Vilar  e 
outros,  e  neto  de  D.  Francisco  de  Melo,  o  segundo  filho  acima  nomeado  de 
D.  Pedro  de  Melo,  governador  que  foi  do  Maranhão.  Daquele  D.  Miguel  foi 
neto  outro  D.  Miguel  António  de  Melo  em  quem  vieram  a  reunir-se  os  dois 
ramos  destes  Meios,  por  haver  herdado,  além  da  casa  de  seu  referido  avô,  a 
dos  Meios  da  Calçada  do  Combro,  em  1818,  pelo  falecimento  sem  filhos  de 
sua  parenta  a  Condessa  da  Figueira.  Sucedeu  também  na  casa  de  Murça, 
em  1825,  a  seu  outro  parente  Manuel  José  Guedes  de  Miranda,  mas  não  no 
senhorio  da  vila  o  qual  nunca  lhe  foi  confirmado.  Foi  governador  e  capitão 
general  de  Angola  e  das  ilhas  dos  Açores,  conselheiro  do  Conselho  da 
Fazenda,  presidente  do  Rial  Erário  e  finalmente  1.°  conde  de  Murça,  de 
juro  e  herdade,  por  carta  de  11  de  Fevereiro  de  1826(1).  Também  foi 
par  do  reino,  por  carta  de  9  de  Janeiro  de  1828,  e  morreu  a  7  de  Agosto 
de  i836.  Foi  pai  de  D.  José  Maria  de  Melo,  2.°  conde  de  Murça,  por  carta 
de  I  de  Outubro  de  i836  (2),  falecido  sem  deixar  descendência,  e  de  D.  João 
José  Maria  de  Melo  Abreu  Soares  de  Vasconcelos  Guedes  de  Brito  Barbosa 
Palha,  3.°  conde  de  Murça,  por  decreto  de  9  de  Março  de  1859.  Casara  em 
i85b  com  D.  Ana  de  Sousa  Coutinho,  filha  dos  3.°^  Condes  de  Alva,  e  foi 
sua  filha  primogénita  a  senhora  D.  Mariana  das  Dores  de  Melo,  actual  4.^  con- 
dessa de  Murça,  por  decreto  de  i  de  Março  de  1871,  casada  com  o  3.°  Conde 
de  Sabugosa. 

A  casa  de  Murça  provêm  de  Gonçalo  Vasques  Guedes,  escudeiro,  vassalo 
de  D.  João  I,  a  quem  já  servia  nos  tempos  de  regedor  e  defensor  do  reino, 
recebendo  então  dele,  por  carta  de  24  de  Julho  de  1422  (1384),  a  doação  de 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  VI,  liv.  21.°,  fl.  259, 
(2)  Mercês  de  D.  Maria  II,  liv.  7.°,  fl.  21. 


Meios  46^ 

juro  e  herdade  de  várias  terras  (1),  as  quais,  por  motivo  de  mim  ignorado, 
não  conservou  (2).  Pelos  mesmos  tempos  da  primeira  doação  fizera  o  Mestre 
de  Avis  outra  análoga  a  Gonçalo  Vasques  Guedes,  pela  qu-al  lhe  doara 
de  juro  e  herdade  as  terras  de  Murça,  Brunhais,  Água  Revés  e  Torre  de 
Dona  Chama,  com  as  jurisdições.  Não  se  encontra  o  registo  desta  mercê; 
consta  ela  porem  da  carta  de  6  de  Dezembro  de  1433,  pela  qual  D.  Duarte 
confirmou  a  doação  feita  por  seu  pai  a  Pêro  Vaz  Guedes,  escudeiro,  «criado 
delRei  seu  padre»  e  filho  de  Gonçalo  Vasques  (3). 

Em  1393  já  Gonçalo  Vasques  Guedes  e  seu  filho  Álvaro  Gonçalves  Guedes 
tinham  comprado  quintas  e  herdades  em  Murça  e  seu  termo;  mas,  como  a 
terra  era  reguenga,  temeram-se  dalgum  embargo  lhes  ser  posto  e  vieram  soli-. 
citar  de  D.  João  I  lhes  garantisse  a  posse.  Deferiu-lhes,  com  a  condição  de 
lhe  pagarem  os  tributos  devidos  (4).  Álvaro  Gonçalves  parece  ter  morrido 
em  vida  do  pai,  pois  que  nas  suas  terras  lhe  sucedeu  seu  irmão  Pêro  Vaz. 

Apesar  de  na  primitiva  carta  de  doação  se  haverem  compreendido  as 
jurisdições,  só  ao  fim  de  um  longo  decurso  de  anos  se  tornou  efectiva  esta 
concessão  por  carta,  dada  a  28  de  Julho  de  1544,  a  Simão  Guedes  (5), 
5.°  senhor  de  Murça.  A  este  sobreviveram  dois  filhos:  Lourenço  Guedes  e 
Pêro  Guedes. 

O  primeiro  sucedeu  na  casa  de  seu  pai  e  foi  6.°  senhor  de  Murça  e  das 
mais  terras,  por  carta  de  confirmação  de  5  de  Maio  de  i573  (6).  Morreu  na 
batalha  de  Alcácerquibir,  deixando  única  filha  a  D.  Felipa  Guedes,  a  quem 
o  Cardial  Rei  deu,  em  23  de  Julho  de  iSyg,  um  alvará  de  lembrança  de 
mercê  da  terra  de  Murça  e  das  outras,  alvará  confirmado  por  Felipe  I  por 
carta  de  3o  de  Outubro  de  lôSg,  com  obrigação  dela  dar  a  sua  mãe  D.  Guiomar 
de  Castro,  em  sua  vida,  cento  e  cinquenta  mil  réis  (7).  D.  Felipa  já  era  fale- 
cida sem  descendência  em  princípios  de  1601,  tendo  casado  com  D.  Martinho 
Mascarenhas,  de  quem  foi  primeira  mulher.  D.  Martinho  veio  a  ser  o 
2."  conde  de  Santa  Cruz  por  carta  de  i5  de  Setembro  de  1607(8). 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.",  fl.  20. 

(2)  Dizem  haverem  sido  estas  terras  de  Martim  Gonçalves  de  Ataíde,  mas  disso  não  en- 
contro prova.  Entretanto,  se  tivessem  sido  dele,  estava  a  desapropriação  explicada  pela 
carta  de  23  de  Setembro  de  1391,  a  qual  mandou  restituir  à  viúva  e  filhos  de  Martim  Gonçalves 
todas  as  suas  terras.  —  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  2.°,  fl.  60  v. 

(3)  Liv.  3.»  de  Além  Doiro,  fl.  193  v. 

(4)  Carta  de  10  de  Julho  de  1431  (i393).  —  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2°,  fl.  88  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5.°  de  Doações,  fl.  87  v. 

(6)  Confirmações  gerais,  liv.  i.°,  fl.  84  v. 

(7)  Chancelaria  de  Felipe  /,  liv.  22.°  de  Doações,  fl,  99. 

(8)  Chancelaria  de  Felipe  II,  liv.  19.°  de  Doações,  fl.  60, 


470  Brasões 

Pêro  Guedes  serviu  em  Africa  onde  foi  duas  vezes  cativo,  e,  tendo-o  sido 
da  segunda  vez  na  batalha  de  Alcácerquibir,  entrou  no  número  dos  oitenta 
fidalgos  resgatados  (i).  Partidário  entusiasta  de  Felipe  I  foi  por  êle  nomeado 
governadçr  da  Relação  do  Porto  por  alvará  de  i5  de  Novembro  de  1682,  na 
menoridade  de  seu  parente  Henrique  de  Sousa.  Posteriormente  desempenhou 
os  cargos  de  conselheiro  de  Estado,  presidente  da  Câmara  Municipal  de 
Lisboa  e  vedor  da  fazenda,  e  veio  a  morrer  nos  fins  de  1699,  princípios  de 
1600  (2).  Deixou  filho  primogénito  a  Simão  Guedes,  a  quem  Felipe  II,  por 
alvará  de  lembrança  dado  em  Madrid  a  28  de  Abril  de  1601,  fez  mercê  de 
juro  e  herdade  do  senhorio  das  terras  de  Murça,  Brunhais,  Agua  Revés  e 
Torre  de  Dona  Chama  por  falecimento  de  sua  prima  D.  Felipa  Guedes.  Foi 
o  alvará  confirmado  em  carta  dada  em  Valhadolid,  a  3o  de  Junho  do  mesmo 
ano  (3).  Morreu  Simão  Guedes,  8.°  senhor  de  Murça,  sem  sucessão  e  por 
alvará  de  27  de  Fevereiro  de  162 1,  em  atenção  aos  serviços  de  Pêro  Guedes 
e  aos  de  Lourenço  Guedes,  seu  filho  morto  pelos  Moiros  na  índia  no  assalto 
do  Cunhal,  fez  Felipe  II  mercê  a  D.  Joana  Guedes,  filha  de  um  e  irmã  do 
outro,  e  a  seu  marido  Luís  de  Miranda  Henriques,  estribeiro  mor,  das  refe- 
ridas terras  em  três  vidas,  com  a  obrigação  de  dar  anualmente  cem  mil  réis 
a  D.  Guiomar  Manuel,  viúva  do  dito  Simão  Guedes,  por  ela  ter  ficado  pobre. 
Foi  o  alvará  passado  em  carta  a  3  de  Outubro  de  1624(4).  De  D.  Joana 
Guedes  e  Luís  de  Miranda  Henriques,  9.°"  senhores  de  Murça,  foi  filho 
sucessor  Pedro  Guedes  de  Miranda,  10. °  senhor  daquela  vila  e  suas  anexas  (5), 
estribeiro  mor,  o  qual,  casando  com  D.  Maria  Josefa  de  Mendoça,  10.*  senhora 
da  quinta  da  Bacalhoa,  foi  pai  de  Luís  Guedes  de  Miranda  Henriques, 
1 1.°  senhor  de  Murça  e  bisavô  de  Manuel  José  Guedes  de  Miranda,  14.°  senhor 
de  Murça  (6)  e  da  quinta  da  Bacalhoa.  Este  foi  o  último  senhor  de  Murça 
e  faleceu  sem  descendência  a  9  de  Outubro  de  1825  (7). 

Extinta  assim  a  primeira  linha  da  descendência  de  Pedro  Guedes  de  Mi- 
randa, passou  a  representação  da  casa  de  Murça  aos  descendentes  de  sua 
filha  D.  Joana  de  Mendoça  e  de  seu  marido  D.  António  José  de  Melo,  acima 
nomeados. 


(i)  Jerónimo  de  Mendoqa,  Jornada  de  Africa,  ipàg.  11^. 

(2)  Brasões  de  Cintra,  III,  220. 

(3)  Chancelaria  de  Felipe  11^  liv.  5."  de  Doações,  fl.  162, 

(4)  Chancela7-ia  de  Felipe  111,  liv,  12.°  de  Doações,  fl.  188  v, 

(5)  Carta  de  confirmação  de  i  de  Julho  de  1648,  em  verificação  de  segunda  vida,  por 
morte  de  Luís  de  Miranda  Henriques. — Chancelaria  de  D.  João  1 V,  liv.  5.°  de  Doações,  fl.  170. 

(6)  Por  alvará  de  2  de  Novembro  de  1761,  de  mercê  nova,  por  êle  ser  filho  legitimado 
de  Luís  Guedes  de  Miranda,  [i3."]  sr.  de  Murça. — Ofícios  e  mercês  de  D.  José,  liv.  49.°,  fl.  240  v. 

(7)  Resenha  de  João  Carlos  Feo,  pág.  i36. 


Meios  471 

As  armas  dos  Condes  de  Murça  pela  sua  varonia  são:  Esquartelado: 
o  I  de  Melo,  já  descrito;  o  II  de  negro,  três  faxas  veiradas  de  prata  e  ver- 
melho (Vasconcelos);  o  III  de  vermelho,  cinco  cotos  de  aza  de  águia  de  oiro 
(Abreu);  o  IV  de  prata,  cruz  florida  de  vermelho,  vazia  do  campo  (Soares 
Lagartos).  Coroa  de  conde.  Timbre:  a  águia  dos  Meios.  O  escudo  completo 
porem  é  assim  formado:  esquartelado:  o  I  de  vermelho,  seisbesantes  de  prata 
entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro  (Melo);  o  II  contra  esquartelado: 
o  i.°  de  vermelho,  cardo  cosido  de  verde,  florido  e  arrancado  de  prata,  e  posto 
em  pala  entre  dois  liões  assaltantes  de  oiro  (Cardoso);  o  2.°  esquartelado  de 
vermelho,  águia  de  oiro,  e  de  azul,  três  flores  de  lis  de  oiro  (Veiga);  o  3."  de 
azul,  seis  crescentes  de  oiro  (Homem);  o  4.°  de  oiro,  três  faxas  de  vermelho, 
cada  uma  carregada  de  três  estrelas  de  seis  pontas  de.  prata  (Avelar);  o  III 
contra  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  esquartelado:  a  e  í/de  oiro,  aspa  de  vermelho 
acompanhada  de  quatro  flores  de  lis  de  verde  (Miranda),  ^  e  c  de  vermelho, 
castelo  de  oiro,  o  campo  mantelado  de  prata  com  dois  liÕes  batalhantes  de 
púrpura  armados  e  linguados  de  azul  (Henriques);  o  2.°  de  oiro,  com  a 
sombra  de  um  anel  e  seu  rubi  (Meneses);  o  3.°  de  azul,  cinco  flores  de  lis  de 
oiro  (Guedes);  o  IV  partido  de  um  e  cortado  de  dois  traços,  que  faz  seis  quar- 
téis: o  i."  de  vermelho,  cinco  cotos  de  aza  de  águia  de  oiro  (Abreu);  o  2.°  de 
oiro,  nove  arruelas  de  vermelho  (Taveira);  o  3.°  de  negro,  três  faxas  veiradas 
de  prata  e  vermelho  (Vasconcelos) ;  o  4.°  de  prata,  banda  de  azul,  carregada  de 
três  crescentes  de  oiro  postos  no  sentido  da  banda,  que  é  acostada  por  dois 
iices  de  púrpura,  armados  e  linguados  de  vermelho  (Barbosa);  o  5.°  de  ver- 
melho, nove  lisonjas  apontadas  de  prata,  moventes  do  chefe,  da  ponta  e  dos 
flancos  do  escudo,  e  cada  uma  carregada  de  um  Hão  de  púrpura  (Brito);  o 
6.°  de  vermelho,  seis  besantes  de  oiro  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  do 
mesmo  (Palha).  Sobre  o  todo:  de  prata,  cruz  florida  de  vermelho,  vazia  do 
campo,  bordadura  também  de  prata,  sustentada  por  um  filete  de  negro  em 
orla  e  carregada  de  oito  escudetes  de  azul,  sobrecarregados  cada  um  de  cinco 
besantes  do  campo  (Soares  de  Albergaria). 

Outros  Meios  houve  com  dom,  descendentes  porém  por  fêmea  do  velho 
tronco  e,  caso  curioso,  também  provenientes  de  um  bispo.  Rapidamente 
deles  darei  notícia. 

«João  Lourenço  criado  de  D.  Fernando  de  Castro  foy  hú  homem  honrado 
Alcaide  do  Castello  da  Covilhã  em  tempo  dei  Rey  D.  Afíonso  o  5.°  pelo  qual 
teve  este  castello,  foy  cazado  com  Senhorinha  Gomes,  ou  Gonçalves,  de  Fi- 
gueiredo filha  de  de  que  houve  Anrique  de  Figueiredo 
e  Gomes  de  Figueiredo  e  Pedro  de  Figueiredo».  Isto  dizia  D.  António  de 
Lima,  que  faleceu  apenas  um  século  depois  de  D.  Afonso  V.    Diogo  Gomes 


472  Brasões 

de  Figueiredo,  que  escrevia  o  seu  Nobiliário  em  1674  e  era  destes  Figuei- 
redos, diz:  «João  Lourenço  de  S.  Payo,  fillio  de  Gomes  Lourenço  de  S.  Payo 
que  veio  de  Galiza  a  servir  a  elRey  D.  loão  o  i.°  nas  guerras  de  Castella, 
de  que  faia  a  sua  Crónica,  o  qual  teve  o  castello  da  Covilhã  por  D.  Fernando 
de  Castro,  e  depois  pelo  Conde  de  Monsanto  seu  filho  como  diz  Gaspar  Bar- 
reiros; E  de  quem  Gaspar  Frutuozo  na  sua  historia  das  Ilhas  L.°  3.  Cap.  3.° 
diz  que  era  Irmão  do  bispo  D.  Durão».  Acrescenta  mais  que  a  mulher  de 
João  Lourenço  se  chamou  Teresa  Gonçalves  de  Figueiredo,  e  «alguns  lhe 
chamão  Senhorinha  Gomes  de  Figueiredo».  Por  fim  diz  haver  ela  sido  filha 
de  D.  Gonçalo  de  Figueiredo,  bispo  de  Viseu  e  irmão  do  valoroso  Aires  Gon- 
çalves de  Figueiredo  que  aos  noventa  anos  se  apresentou  a  combater  na 
tomada  de  Ceuta. 

Henrique  de  Figueiredo,  o  primeiro  filho  de  João  Lourenço,  foi  escrivão 
da  fazenda  de  D.  Afonso  V  (i)  e  D.  João  II,  e  o  mesmo  ofício  Junto  doutros 
reis  tiveram  seus  filhos,  neto  e  bisneto,  e  deles  vieram  os  morgados  de  Ota, 
condes  de  Belmonte  com  a  varonia  de  Câmara. 

Gomes  de  Figueiredo,  o  segundo  filho  do  referido  João  Lourenço,  dizem 
ter  sido  camareiro  de  D.  Afonso  V;  o  certo  porem  é  ele  já  ser  em  147Ó  cava- 
leiro da  sua  casa  e  seu  armador  mor,  ofício  em  que  até  final  serviu  àquele 
Rei  por  quem  foi  nomeado  contador  de  Évora,  Estremoz  e  Portalegre,  cargo 
que  lhe  foi  confirmado  por  D.  João  II  em  4  de  Fevereiro  de  1482.  Poste- 
riormente foi  vedor  da  casa  do  príncipe  D.  Afonso,  provedor  da  fazenda  de 
Évora,  Estremoz  e  Portalegre,  por  carta  de  18  de  Outubro  de  1490,  confir- 
mada no  reinado  seguinte,  em  19  de  Abril  de  1496,  e  finalmente  provedor 
e  recebedor  de  todas  as  rendas  e  direitos  da  Rainha  Princesa.  Ainda  vivia 
em  i5oo,  tendo  casado  com  D.  Leonor  de  Melo,  e  foram  ambos  sepultados 
no  cruzeiro  da  igreja  do  Espinheiro,  com  este  epitáfio  gravado  na  campa: 

SEPVLTVRA  .  DE  GVOMES  •  DE  FYGVEYREDO  • 
E  DE  SVA  MOLHER  DONA  LIANOR  •  DE  MELO  (2). 

Era  esta  senhora  filha  do  dr.  João  Afonso  de  Aguiar,  já  falecido  em  1496,  e 
de  sua  mulher  D.  Isabel  de  Melo,  filha  de  João  de  Melo,  i.°  alcaide  mor  de 
Serpa,  acima  nomeado.  Era  o  dr.  João  Afonso  filho  doutro  João  Afonso  de 
Aguiar,  provedor  da  fazenda  em  Évora,  Estremoz  e  Portalegre,  o  qual,  jun- 
tamente com  sua  mulher  Maria  Esteves,  instituiu,  em  20  de  Fevereiro  de 
1485,  uma  capela  em  S.  Francisco  de  Évora  nomeando  para  ela  em  primeiro 


(i)  Nomeado  por  carta  dada  em  Ceuta  a  16  de  Janeiro  de  1464,  na  vagante  por  morte 
de  João  Vogado.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  8.°,  fl.  2. 
(2)  Sepulturas  do  Espinheiro,  págs.  23  e  24. 


Meios  473 

lugar  seu  neto  Garcia  de  Melo.  Morreu  este  sem  filhos  e  o  morgado  passou 
a  sua  irmã  D.  Leonor  de  Melo,  ou  a  seus  descendentes  (i),  um  dos  quais, 
seu  neto  D.  Gomes  de  Melo,  Já  o  administrava  em  1569.  A  administração 
deste  vínculo  foram  buscar  o  pretexto  para  adoptarem  o  apelido  de  Melo. 

O  filho  e  sucessor  de  Gomes  de  Figueiredo,  Diogo  de  Melo,  foi  estribeiro 
mor  da  imperatriz  D.  Isabel  (2),  mulher  de  Carlos  V.  Andou  muitos  anos 
em  Roma  e  Castela,  por  lá  tomou  o  dom  e  ficou-se  chamando  D.  Diogo  de 
Melo,  título  transmitido  a  todos  seus  descendentes.  Casou  naquele  reino 
com  D.  Maria  Manuel,  filha  única  de  D.  Francisco  de  Faro,  irmão  do  3."  Conde 
de  Odemira,  e  de  sua  mulher  D.  Leonor  Manuel,  filha  de  D.  Diogo  Manuel, 
senhor  de  Chelles.  Em  memória  desta  aliança  adoptaram  muitos  dos  des- 
cendentes de  D.  Diogo  de  Melo  o  apehdo  Manuel.  Entre  eles  foi  seu  ter- 
ceiro neto  o  famoso  D.  Francisco  Manuel  de  Melo,  célebre  pelos  seus  livros 
e  pela  misteriosa  perseguição  padecida,  em  virtude  da  qual  tomou  por 
divisa  a  palavra  Qiiare  (por  quê  ?).  Foi,  em  virtude  de  uma  sentença  favo- 
rável, senhor  do  morgado  da  Ribeirinha  na  ilha  de  S.  Miguel  e  mais  casa  de 
seu  avô  paterno,  na  qual,  por  ter  morrido  sem  filhos,  lhe  sucedeu  seu  primo 
direito  D.  Francisco  de  Melo,  irmão  de  D.  Maria  de  Portugal,  condessa  de 
Penalva  (3)  e  dama  da  rainha  D.  Caterina  de  Bragança,  a  quem  ambos  os 
irmãos  acompanharam  em  1662  a  Inglaterra. 

D.  Francisco  de  Melo,  antes  de  passar  àquele  reino  com  D.  Caterina, 
havia  sido  nomeado  trinchante  de  D.  João  IV  (4),  e  de  seus  serviços  dá  boa 
noticia  o  alvará  de  8  de  Novembro  de  1668,  de  mercê  das  jurisdições  da  vila 
da  Silva  de  Cima,  na  comarca  de  Viseu,  da  qual  já  tinha  os  direitos  riais  (5). 
Declara-se  no  alvará  fazer-lhe  el  Rei  a  referida  mercê,  tendo  respeito  aos 
serviços  por  D.  Francisco  prestados  de  vinte  e  oito  anos  a  esta  parte,  a  prin- 
cípio no  paço  com  o  fofo  de  moço  fidalgo,  depois  cinco  anos  de  pagem  da 
campainha  e  catorze  de  trinchante;  passar  a  Inglaterra  em  companhia  da 
Rainha  da  Grã  Bretanha  o  ano  de  1662,  continuando  a  servir  na  corte  de 


(i)  Sepulturas  do  Espinheiro,  pág.  19. 

(2)  P.e   Sousa,  Historia  genealógica,  IX,  214. 

(3)  Não  encontro  o  registo  da  carta  de  concessão  desta  mercê,  mas  devia  ela  ser  da 
mesma  ocasião,  2  de  Abril  de  1662,  em  que  foi  dado  o  título  de  condessa  de  Pontével  a 
D.  Elvira  Maria  de  Vilhena,  a  outra  dama  da  rainha  D.  Caterina.  —  Chancelaria  de 
D.  Afonso  VI,  liv.  25."  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  19  v, 

(4)  Carta  de  9  de  Janeiro  de  i65i.  Foi  nomeado  em  quanto  durasse  o  impedimento  de 
Diogo  de  Brito  Coutinho,  proprietário  do  ofício. —  Chancelaria  de  D.  João  IV,  liv.  23."  de 
Doações,  fl.  19  v. 

(5)  Transcrito  o  alvará  na  carta  de  16  do  mesmo  mês.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  F/, 
liv.  10.»  de  Ofícios  e  mercês,  H.  70. 

VOL.  I  .  60 


474  Brasões 

Londres  onde  sucedeu  ao  Marquês  de  Sande  na  embaixada  de  Inglaterra, 
tendo  o  exercício  daqueles  negócios  por  espaço  de  três  anos,  com  grande 
autoridade  e  inteligência;  ser  nomeado  por  embaixador  extraordinário  aos 
Estados  de  Holanda  em  1667  e  haver-se  nos  particulares  a  que  foi  àquelas 
províncias  com  toda  a  actividade  e  zelo,  procurando  quanto  lhe  foi  possível 
adiantá-los,  procedendo  em  tudo  como  de  sua  pessoa  e  qualidade  se  devia 
esperar,  até  que  ultimamente  veio  a  este  reino  com  os 'tratados  do  que  ajus- 
tara com  os  Holandeses;  tendo  a  tudo  consideração  e  ao  mesmo  D.  Francisco 
passar  de  presente  a  Holanda,  faz-lhe  a  referida  mercê,  além  doutras.  Ainda 
tornou  a  Inglaterra  na  qualidade  de  embaixador  e  lá  morreu  no  decurso  do 
ano  de  1678  (i),  três  antes  de  sua  irmã  a  Condessa  de  Penalva,  também  lá 
falecida  (2). 

Vendo-se  sem  filhos  mandou  D.  Francisco  de  Melo  chamar  à  índia  a  seu 
sobrinho  D.  Francisco  Manuel  de  Melo  para  lhe  suceder  na  casa.  Teve  este, 
por  ser  filho  natural  de  uma  mulher  daquelas  regiões,  a  alcunha  do  Cabra, 
e  foi  bisavô  de  D.  João  de  Melo  Manuel  da  Câmara,  i.°  conde  da  Silva,  em 
sua  vida,  por  decreto  de  17  de  Novembro  de  i852(3),  pai  do  2."  Conde. 

As  armas  destes  Condes  são:  esquartelado:  o  I  de  prata,  aspa  de  ver- 
melho carregada  de  cinco  escudetes  das  armas  do  reino  (Faro);  o  II  esquar- 
telado: o  i.°  e  4.°  de  prata,  Hão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul,  e 
coroado  de  oiro,  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  aza  de  oiro  terminada  por  uma 
mão  de  encarnação,  empunhando  uma  espada  de  prata,  guarnecida  de  oiro 
e  posta  em  pala  (Manuel  de  Vilhena);  o  III  de  vermelho,  seis  besantes  de 
prata  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro  (Melo);  o  IV  de  verde,  torre 
coberta  de  prata,  porta  e  frestas  de  negro,  catavento  de  oiro,  sustentada  por 
(áois  lobos  cosidos  de  negro,  linguados  de  vernielho  {Câmara).  Sobre  o  todo: 
de  vermelho,  cinco  folhas  de  figueira  de  verde,  nervadas  e  perfiladas  de  oiro 
(Figueiredo).  Coroa  de  conde.  Timbre:  dois  braços  de  Hão  de  vermelho, 
passados  em  aspa,  segurando  cada  um  na  garra  uma  folha  de  figueira  de 
verde. 


(i)  Monstruosidades  do  tempo  e  da  fortuna,  pág.  3o3. 

(2)  P.e  Sousa,  Historia  genealógica,  IX,  222. 

(3)  Mercês  de  D.  Maria  II,  liv.  41.',  fl.  114.  —  No  decreto  refere-se  apenas  à  «distinta 
nobreza»  do  agraciado  e  ao  desejo  de  «perpetuar  a  memória  de  seus  ilustres  antepassados». 
Riais  nada. 


Meios  475 


VIII 

MELOS  POR  FÊMEA 

SENHORES  DE  POVOLIDE,  MESTRES-SALAS, 

CONDES  DAS  GALVEIAS  E  DA  PONTE 

Quatro  ramos  principais  se  derivaram  do  tronco  dos  Meios  por  .linhas 
femininas:  o  dos  Senhores  de  Povolide,  o  da  casa  dos  Mestres-salas,  o  dos 
Condes  das  Galveias  e  o  dos  Condes  da  Ponte. 

O  dos  Condes  das  Galveias  derivou-se  de  D.  Beatriz  de  Melo,  filha  de 
João  de  Melo,  comendador  de  Casével,  filho  segundo  de  Vasco  Martins  de 
Melo,  alcaide  mor  de  Évora  e  de  Castelo  de  Vide,  ambos  lá  acima  mencio- 
nados (i).  Casou  D.  Beatriz  com  Pedro  de  Castro,  3."  alcaide  mor  de  Mel- 
gaço, e  seus  descendentes  usaram  quási  todos  dos  apelidos  Melo  e  Castro  e 
já  os  deixei  apontados  no  capítulo  dos  Castros  de  Melgaço  (2). 

Os  senhores  de  Povolide  provieram  de  João  Lourenço  de  Ferreira,  alcaide 
de  Castel  Bom,  em  1394,  de  Trancoso,  em  1396,  da  Guarda,  em  1397  (3),  e 
de  Bragança,  onde  estava,  quando,  por  carta  de  27  de  Setembro  de  1442 
(1404),  D.  João  I  o  dispensou  de  lhe  pagar  vinte  e  quatro  libras  da  moeda 
antiga  a  que  era  obrigado  anualmente  pela  aldeia  de  Paradela,  no  termo  de 
Mogadoiro  (4).  Dizem,  mas  não  creio,  haver  ele  fundado  o  lugar  de  Povo- 
lide (5). 

Foi  seu  sucessor  no  senhorio  da  aldeia  de  Paradela  Pêro  Lourenço  de 
Ferreira,  cavaleiro  da  casa  dei  rei  D.  Duarte,  que,  por  carta  de  7  de  Outubro 
de  1434,  também  lhe  quitou  as  referidas  vinte  e  quatro  libras  de  pensão  (6). 
Ignoro  se  Pêro  Lourenço  era  filho  de  João  Lourenço,  ou  seu  irmão,  como 
parece  indicar  o  terem  patronímicos  iguais;  mas  sei  que  em  1434  já  estava 
casado  havia  tempos  com  Beatriz  de  Melo,  pois  que,  por  carta  de  7  de  Ja- 
neiro, foram  concedidos  os  privilégios  de  libertados  a  todos  os  amos  e  amas 


(O  Pág.448. 

(2)  Pág.  70.     . 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  2.°,  fls.  77,  124  e  i38  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  3.»,  fl.  63  v. 

(5)  Por  carta  de  i3  de  Fevereiro  de  1431  (iSgS)  foi  confirmada  a  Gonçalo  Vasques  Cou- 
tinho a  terra  de  Povolide,  acerca  de  Viseu,  por  ele  comprada  a  Estêvão  Dias  do  Avelar 
(liv.  2.*  de  D.  João  7,  fl.  81  v.).  Existia  portanto  o  lugar  já  em  tempos  do  seu  pretenso  fun- 
dador e  na  posse  doutros  indivíduos. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  2.»,  fl,  107  transcrita  na  de  confirmação  de  i3  de 
Junho  de  1441. 


476  Brasões 

que  lhes  criarem  seus  filhos  e  filhas  (i).  Era  Beatriz  de*Melo  filha  ilegítima 
de  Martim  Afonso  de  Melo,  guarda  mor  de  D.  João  I. 

A  Pêro  Lourenço  fez  D.  João  I  doação  do  serviço  rial  e  novo  dos  Judeus 
da  Guarda,  a  qual  D.  Duarte  confirmou  e  ampliou  por  duas  cartas  de  16  e 

27  de  Janeiro  de  1484,  e  D.  Afonso  V  por  outras  de  23  de  Junho  de  1441, 

28  de  Outubro  e  12  de  Novembro  de  1449(2).  Intitulava-o  D.  Duarte  nos 
seus  diplomas  cavaleiro  da  sua  casa  e  uma  vez  seu  criado  (3),  e  D.  Afonso  V 
nosso  cavaleiro,  na  carta  de  25  de  Junho  de  1449,  de  doação,  em  quanto 
fosse  sua  mercê,  das  rendas  e  direitos  riais  da  vila  de  Pinhel  e  seu  termo, 
afora  as  sisas  gerais  e  as  dos  vinhos  e  panos  (4).  Alem  deste  ano  não  encontro 
mais  notícias  de  Pêro  Lourenço  de  Ferreira,  que  foi,  seguramente,  por  o 
declarar  um  documento,  senhor  de  Povolide  e  Castro  Verde. 

Deixou  muitos  filhos  e  deles  o  primogénito  foi  João  de  Melo  a  quem  seus 
irmãos,  para  lustre  da  casa,  fizeram  doações  de  todos  os  bens  móveis  e  de 
raiz  a  cada  um  pertencentes  por  herança  de  seu  pai,  Pêro  Lourenço  de  Fer- 
reira, doações  confirmadas  por  carta  régia  de  27  de  Agosto  de  1463(6).  Foi 
2.°  senhor  de  Povolide;  pouco  tempo  porem  viveu  e  morreu  sem  descendência, 
pelo  que  lhe  sucedeu  seu  irmão  Nuno  de  Melo.  A  este,  por  carta  de  24  de 
Julho  de  1464,  foram  confirmadas  as  terras  de  Povolide  e  Castro  Verde,  com 
as  jurisdições,  assim  como  já  as  houveram  seu  pai  e  seu  irmão,  por  cuja 
morte  vagaram,  e  mais  a  aldeia  de  Paradela  no  termo  de  Mogadoiro  (6). 
Esta  confirmação  e  as  seguintes  foram  todas  feitas  em  vida  dos  contemplados. 

Continuou  o  senhorio  de  Povolide,  Castro  Verde  e  Paradela  nos  descen- 
dentes de  Nuno,  tendo  sido  senhor  daquelas  terras  seu  filho  João  de  Melo, 
a  quem  foram  confirmadas  por  carta  de  7  de  Julho  de  1496;  seguiu-se-lhe 
5.°  senhor  seu  filho  Cristóvão  de  Melo,  por  carta  de  16  de  Outubro  de  i5o3, 
e  a  este  seu  filho  Duarte  de  Melo,  6.°  senhor,  por  carta  de  8  de  Outubro  de 
i55o,  confirmada  a  27  de  Março  de  1574(7).  Duarte  de  Melo,  ou  Duarte 
de  Melo  da  Silva,  como  também  é  nomeado,  morreu  na  batalha  de  Alcácer- 
quibir,  deixando  unicamente  filhas  'havidas  de  sua  segunda  mulher,  D.  Mar- 
garida de  Mendoça.    Não  obstante,  atendendo  aos  seus  serviços  e  morte,  fez 


(i)  Chancelaria  de  D.Afonso  F,  liv.  2.°,  fl.  90  v.,  transcrita  na  de  confirmação  de  19  de 
Junho  de  1441. 

(2)  Ibidem,  livs,  2.%  fl.  107  v.,  e  34.°,  fl.  79. 

(3)  Esta  indicação  convence-me  que  Pêro  Lourenço  foi  na  realidade  filho  de  João  Lou- 
renço de  Ferreira,  e  não  seu  irmão. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.°,  fl.  79. 

(5)  Ibidem,  liv.  9.°,  fl.  i3o. 

(6)  Ibidem,  fl.  loo. 

(7)  Liv.  4.°  de  Confirmações  gerais,  fl.  98, 


Meios  477 

o  Cardial  Rei  mercê  das  terras  a  sua  filha  mais  velha,  D.  Inês  de  Melo,  por 
portaria  de  5  de  Setembro  de  1679,  feita  no  mosteiro  de  S.  Bento  de  Enxo- 
bregas  e  confirmada  por  Felipe  I  em  carta  dada  em  Lisboa,  a  20' de  Abril  de 
i582.  D.  Inês  de  Melo  casou  com  Simão  da  Cunha  de  Ataíde  e  foram  pais 
de  Tristão  da  Cunha  de  Melo,  8.°  senhor  de  í*ovolide,  por  carta  de  confir- 
mação de  7  de  Junho  de  i6i3,  passada  após  a  morte  de  sua  mãe  (i).  Tristão 
da  Cunha  de  Melo,  ou  Tristão  da  Cunha  de  Ataíde  e  Melo,  como  também  é 
nomeado  em  documentos,  foi  avô  doutro  Tristão  da  Cunha  de  Ataíde, 
10. °  senhor  e  i."  conde  de  Povolide,  por  carta  de  8  de  Janeiro  de  1709,  a 
quem  já  me  referi  (2). 

A  casa  dos  Mestres-salas  teve  princípio  em  Álvaro  Pais,  cidadão  de  Lisboa 
e  notável  partidário  do  Mestre  de  Avis.  Era  «homem  honrado  de  boa  fazenda, 
e  fora  chanceler  mor  dei  rei  D.  Pedro  e  depois  dei  rei  D.  Fernando»  (3). 
Não  tomavam  os  vereadores  de  Lisboa  resolução  em  negócio  de  peso,  sem 
ouvirem  o  parecer  de  Álvaro  Pais,  chegando  a  ir  procurá-lo  a  sua  casa,  quando 
estava  doente.  Tomou  êle  muito  a  peito  o  castigo  do  Conde  Andeiro,  não 
podendo  tolerar  as  suas  relações  com  a  Rainha,  e  concorreu  muito  para  o 
seu  assassínio.  Tem  sido  também  muito  memorado  o  político  conselho  por 
êle  dado  ao  Mestre  de  Avis,  conselho  por  este  seguido  com  proveito.  Disse- 
-Ihe  o  velho  Álvaro  Pais:  «Senhor,  fazê  per  esta  guisa:  Dae  aquello  que 
vosso  nom  hé,  e  promete  o  que  nam  teendes,  e  perdoae  a  quem  vos  nom 
errou,  e  ser  vos  ha  mui  grande  ajuda  pêra  tal  negocio  em  qual  sooes  posto»  (4). 

Na  mutiladíssima  Chancelaria  de  D.  Fernando  encontra-se  apenas  regis- 
tada uma  carta  de  doação  de  dois  casais  em  Queluz  e  treze  hastins  de  terra 
no  reguengo  de  Valada  a  um  Álvaro  Pais,  sem  mais  individuação  (5).  Não 
posso  identificá-lo  com  o  homem  do  político  conselho  ao  Mestre  de  Avis,  mas 
entretanto  não  me  repugna  aceitá-lo. 

No  tom.  VI  das  Provas^  pág.  i55,  publicou  o  P.^  Sousa  o  testamento  de 
Sentil  Esteves,  tendo  declarado  no  tom.  XI,  pág.  800,  da  Historia  genealó- 
gica, havê-lo  copiado  «com  muito  cuidado,  assistido  da  diligencia,  viveza,  e 
admirável  erudição»  doutro  eclesiástico.  Eram  porém  ambos  ignorantes  em 
paleografia  e  na  cópia  erraram  a  data,  como  logo  mostrarei;  mas  não  quero 
crer  que  também  lhe  errassem  o  princípio  e  nele  lê-se:     «Saibam  quantos 


(i)  Liv.  12.'»  de  Confirmações  gerais,  fl.  74  v. 
(a)  Pág.  176. 

(3)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  João  I,  part.  I,  pág.  10. 

(4)  Ibidem,  pág.  49. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.»,  fl.  27. 


478  Brasões 

este  stromento  de  testamento  virem,  que  eu  Semil  Esteves  molher  d' Álvaro 
Paaes  Veedor  mor  da  Chancellaria  delRey  dom  Fernando  moradores  e  ve- 
zinhos  da  cidade  de  Lisboa...».  Ora  na  tal  Chancelaria,  que  também  só 
existe  em  cópia,  encontro,  em  data  de  17  de  Fevereiro  de  141  o  (1372),  uma 
carta  de  doação  do  «nosso  herdamento  de  Queluz»  e  de  umas  casas  no  Chão 
cfa  Feira  em  Lisboa,  a  Álvaro  Píre{,  «nosso  vassalo  e  vedor  da  nossa  Chan- 
celariac  (i).  ,;  Não  estará  aqui  errada  a  cópia,  e  não  deveríamos  ler  Álvaro 
Páei  e  não  Álvaro  Píre{  ?  E  provável  terem  sido  vedores  da  Chancelaria 
de  D.  Fernando  um  Álvaro  Páe:{  e  um  Álvaro  Pire\  ?  Possível  é,  mas  pro- 
vável não  creio;  entretanto  isso  pouco  adianta  para  a  biografia  do  homem. 

Estava  êle  ainda  vivo,  quando  sua  mulher  Sentil  Esteves  fez  o  seu  testa- 
mento; este  porem  não  é  do  ano  de  1428  (iSgo),  como  se  lê  nas  citadas 
Provas.  E  não  é  desta  data,  porque  já  a  16  de  Novembro  de  1426  (i388)  o 
■  filho  de  Sentil  Esteves  eslava  de  posse  de  bens  que  haviam  sido  de  sua  fale- 
cida mãe,  segundo  abaixo  veremos. 

Sentil  Esteves  casara  por  duas  vezes  e  da  primeira  tivera  um  filho  a  quem 
ela  no  seu  testamento,  designando-o  por  «dr.  João  Afonso  meu  filho»,  cons- 
titui herdeiro  de  todo  o  remanescente,  depois  de  cumpridos  certos  legados. 
Apenso  ao  testamento  existe  um  codicilo  e  nele  fez  a  testadora  certa  reco- 
mendação ao  «dr.  João  das  Regras  meu  filho».  Teve  pois  Sentil  Esteves  de 
seu  primeiro  marido  um  filho  e  este  foi  o  famoso  jurisconsulto  patrono  de 
D.  João  I  nas  Cortes  de  Coimbra. 

Casou  ela  segunda  vez  com  o  referido  Álvaro  Pais,  já  viúvo  de  uma 
Leonor  Geraldes  (2)  de  quem  tivera  um  filho  chamado  Diogo  Álvares,  que 
dera  três  homens  seus  para  servirem  de  testemunhas  ao  testamento  de  sua 
madrasta:  «testemunhas. . .  homeés  do  dicto  Álvaro  Paaes,  e. . ,  homeés  de 
Diego  Alvarez  e  outros». 

Entre  João  das  Regras  e  Diogo  Álvares  não  havia  parentesco  nenhum 
segundo  prova  a  carta  régia  de  16  de  Novembro  de  1426  (i388),  pela  qual  ao 
dr.  João  das  Regras,  do  seu  conselho,  isentou  D.  João  I  do  pagamento  de 
direitos  a  sua  herdade  do  reguengo  de  Valada,  que  lhe  ficara  por  morte  de 
sua  mãe,  «não  embargando  que  tenhamos  dado  em  préstemo  o  dito  reguengo 
de  Valada  a  Diogo  Álvares,  filho  de  Álvaro  Pais»  (3).  Se  eles  fossem  irmãos, 
ou  mesmo-meios  irmãos,  não  deixaria  o  diploma  de  declarar  o  parentesco. 

De  Álvaro  Pais  não  encontro  mais  menção  em  documentos- e  apenas  no 
Nobiliário  de  D.  António  de  Lima  me  aparece  uma  notícia  interessante. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  98. 

(2)  É  o  nome  que  lhe  dá  D.  António  de  Lima  no  seu  Nobiliário. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  J,  liv.  i.»,  fl.  192. 


Meios  AÍ9 

Diz  ele  ter  visto  na  casa  do  capítulo  de  S.  Domingos  de  Lisboa  as  armas  de 
Álvaro  Pais,  as  quais  consistiam  em  um  lebréu  coleirado,  com  as  orelhas 
cortadas,  e  como  as  armas  não  condissessem  com  as  de  seus  descendentes, 
para  o  encobrirem,  lhe  mandaram  virar  para  dentro  a  pedra  da  sepultura. 

Segundo  os  linhagistas  teve  Álvaro  Pais  um  único  filho,  o  referido  Diogo 
Álvares.  Dele  encontro  notícias  desde  o  ano  de  1884,  no  qual,  sendo  ainda 
apenas  escudeiro,  o  Mestre  de  Avis  lhe  fez  doação,  por  carta  de  23  de  Se- 
tembro, de  umas  quintas  confiscadas  a  Martim  Fernandes  da  Teixeira,  par- 
cial de  Castela  (i),  até  ao  de  1405,  no  qual  era  vedor  da  rainha  D.  Felipa(2)' 
Possuía  então  o  reguengo  de  Valada,  que  D.  João  I,  por  carta  de  i5  de 
Junho  de  1426  (i388),  lhe  dera  em  sua  vida,  para  seu  mantimento  (3).  Casou 
Diogo  Álvares  e  teve  dois  filhos,  que  me  conste:  Luís  Álvares  e  Leonor 
Dias. 

Casou  esta  senhora  com  Esteve  Anes  da  Grã,  cavaleiro,  morador  em 
Lisboa  e  administrador  de  uma  capela  instituída  na  Sé  daquela  cidade  por 
António  Durães  em  seu  testamento.  Chamou  o  instituidor  para  primeiro 
administrador  da  capela  a  seu  criado  Lourenço  Martins  da  Praça  (4)  e  deter- 
minou, que  este  nomeasse  à  hora  da  morte  o  seu  sucessor,  e  assim  por 
diante  se  fossem  chamando  uns  aos  outros.  Chegou  a  administração  a  Es- 
teve Anes  da  Grã  e,  tendo  ele  morrido  sem  testamento,  entrou  na  posse  sua 
viúva  a  qual,  por  escritura  de  28  de  Abril  de  1468,  nomeou  para  adminis- 
trador da  capela  por  sua  morte  a  seu  sobrinho  Gonçalo  Vaz,  filho  de  seu 
irmão  Luís  Álvares,  que  fora  do  conselho  e  mestre  sala  mor.  Teve  esta 
nomeação  confirmação  régia  em  carta  de  19  de  Junho  do  mesmo  ano  (5),  e 
por  outra  de  5  de  Fevereiro  de  147 1  foi  nomeado  administrador  da  capela  o 
indigitado  sobrinho  de  Leonor  Dias,  já  então  com  o  nome  de  Gonçalo  Vaz 
de  Melo  e  o  foro  de  fidalgo  da  casa  dei  Rei  (6). 

Voltemos  a  Luís  Álvares,  filho  de  Diogo  Álvares.  Aquele  foi  mestre  sala' 
de  D.  João  I  que,  por  carta  de  23  de  Julho  de  143 1  (e.  v.),  lhe  fez  pura  doação 
para  sempre   da  quinta  dos  Calvos,  na  ribeira  çie  Loires,   a  qual  fora  de 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.°,  fl.  68  y. 

(2)  Carta  de  23  de  Outubro  de  144.3  (i4o5)  de  aforamento  de  quatro  hastins  no  campo 
de  Valada,  «no  reguengo  que  de  nós  ora  traz  Diego  Alvares,  vedor  da  Rainha  minha  mulher». 
—  Liv.  1 1.°  da  Estremadura,  fl.  88.  —  Soares  da  Silva,  nas  Memorias  de  D.  João  I,  tom.  IV, 
pág.  220,  também  menciona  um  Diogo  Alvares  entre  os  oficiais  da  casa  da  Rainha. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.°,  fl.  37. 

(4)  Lourenço  Martins  da  Praça  era  o  amo  que  criara  D.  João,  mestre  de  Avis. — Fernão 
Lopes,  Chronica  de  D.  Fernando^  cap.  75. 

(5)  Liv.  4.°  da  Estremadura,  fl.  266. 

(6)  Ibidem,  fl.  i63. 


480  Brasões 

Pedre  Anes,  copeiro  de  D.  Afonso  IV,  e  depois  de  Afonso  Martins  Alvernaz, 
e  constava  de  casas,  vinhas  e  muitos  herdamentos  (i).  Não  continuou  ser- 
vindo no  ofício  a  D.  Duarte,  mas  isso  não  privou  Luís  Alvares  de  receber 
mercê  dei  Rei  pois  êle  lhe  doou,  por  carta  de  5  de  Fevereiro  de  1484,  a 
renda  do  serviço  velho  e  novo  dos  Judeus  de  Setúbal,  mercê  confirmada  por 
D.  Afonso  V  a  I  de  Agosto  de  1439(2). 

Neste  mesmo  ano  havia-o  el  Rei,  ou  melhor,  o  infante  D.  Pedro  casado 
com  D.  Teresa  de  Albuquerque,  donzela  da  Rainha,  dando-lhe  em  dote  duas 
mil  e  seiscentas  coroas  de  oiro  de  cento  e  vinte  reais  brancos  cada  uma, 
além  de  mil  coroas  de  seu  património  e  de  mil  e  quinhentas  de  arras  no  caso 
de  sobreviver  ao  marido.  Em  quanto  lhe  não  era  pago  o  dote  foi  arbitrada 
a  D.  Teresa,  por  carta  de  8  de  Abril  de  1489,  uma  tença  de  vinte  e  seis  mil 
reais  brancos  (3).  Esta  mercê,  feita  durante  a  regência  do  infante  D.  Pedro, 
ratificou  D.  Afonso  V  em  nova  carta  de  23  de  Abril  de  1450  (4). 

D.  Teresa  de  Albuquerque  era  filha  de  Gonçalo  Vasques  de  Melo,  o  Moço, 
2."  senhor  da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros,  e  de  D.  Isabel  de  Albuquerque, 
filha  de  Pedro  Vasques  da  Cunha,  2.°  senhor  de  Angeja  e  Pinheiro.  Em 
virtude  desta  nobre  aliança  tomaram  os  descendentes  de  Luís  Alvares,  uns 
o  apelido  de  Melo,  outros  o  da  Cunha.  Foram  seus  filhos,  além  de  mais: 
Gonçalo  Vaz  de  Melo,  com  quem  segue  a  geração,  Álvaro  da  Cunha  e  Pêro 
Vaz  da  Cunha,  o  Bisagudo. 

Álvaro  foi  estribeiro  mor  de  D.  João  II  e  já  tinha  o  ofício  em  i5  de  Novem- 
bro de  1487,  data  da  carta  de  doação  da  terra  de  Penajoia  (5);  e  conservou-o 
durante  toda  a  vida  dei  Rei,  a  quem  acompanhou,  na  qualidade  de  mante- 
nedor, nas  famosas  justas  de  Évora  de  1490. 

Pêro  Vaz  da  Cunha,  o  Bisagudo,  foi  capitão  mor  da  armada  que  em  Ja- 
neiro de  1489  saiu  do  Tejo,  levando  o  infeliz  Bemoím  aos  seus  estados  na  terra 
de  Senegá;  ao  chegar  porem  ao  seu  destino,  o  Capitão  mor  matou  o  Príncipe 
e  voltou  para  o  reino,  onde  contudo  não  recebeu  o  merecido  castigo  (6).  E 
curiosa  a  notícia  que  do  Bisagudo  dá  a  D.  Manuel  mestre  João,  tripulante  da 
armada  de  Pedro  Álvares  Cabral,  em  carta  datada  de  Vera  Cruz  ao  i.°  de 
Maio  de  i5oo.  Escreveu  ele:  «Quanto,  seííor,  ai  sytyo  desta  tierra,  mande 
Vossa  Alteza  traer  un  napamundi  que  tiene  Pêro  Vaaz  Bisagudo,  e  por  ay 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.",  fl.  i33.  —  Declara  o  diploma  haver  a  mercê  sido 
feita  a  Luís  Alvares,  cavaleiro,  nosso  criado  e  mestre  sala. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  18.",  fl.  17. 

(3)  Ibidem,  fl.  32. 

(4)  Ibidem,  liv.  34.°,  fl.  143  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  21.»,  fl.  55. 

(6)  Expedições  e  armadas,  cap.  11. 


Meios  '  ■  481 

poderá  ver  Vossa  Alteza  el  sytyo  desta  tierra;  en  pero,  aquel  napamundi 
non  çertyfica  esta  tierra  ser  habytada,  o  no.  Es  napamundi  antiguo;  e  ally 
fallara  Vossa  Alteza  escripta  tanbyen  la  Mina»  (i).  Vê-se  que  o  Bisagudo 
era  dedicado  à  cartografia  e  à  náutica. 

Gonçalo  Vaz  de  Melo,  o  filho  primogénito  de  Luís  Alvares,  além  de  suceder 
a  sua  tia  na  capela  de  António  Durães,  foi  também  mestre  sala  como  seu 
pai  havia  sido.  Consta  da  carta  de  4  de  Abril  de  1478  pela  qual  D.  Afonso  V 
lhe  aforou  para  sempre  a  quinta  da  Terrugem,  no  reguengo  de  Oeiras  de 
Ribamar  (2). 

No  ofício  de  mestre  sala  sucedeu  a  Gonçalo  Vaz  de  Melo  seu  filho  Jorge 
de  Melo,  o  Bochechas,  e  já  o  havia  quando  D.  Manuel,  por  carta  de  6  de  Fe- 
vereiro de  1498,  lhe  deu  oitenta  mil  reais  brancos  de  tença,  em  satisfação 
da  renda  do  serviço  velho  e  novo  dos  Judeus  de  Setúbal  (3);  parece  contudo 
não  ser  ainda  mestre  sala  quando  D.  João  II,  por  carta  de  7  de  Maio  de  1490, 
lhe  fizera  mercê,  em  contentamento  e  satisfação  de  seu  serviço,  de  uma  tença 
de  vinte  mil  reais  (4).  Outra  mercê  lhe  fez  ainda  D.  Manuel  por  carta  de  16 
de  Outubro  de  i5o3,  e  foi  a  de  lhe  doar  para  sempre,  para  êle  e  sucessores 
por  linha  direita  masculina,  o  cargo  de  capitão  da  ilha  de  Ano  Bom  no 
mar  de  Guiné  (5).  Morreu  em  i52i,  como  se  depreende  da  carta  de  28  de 
Junho  desse  ano  pela  qual  foi  feita  mercê  a  seu  íilho  Álvaro  da  Cunha  da 
tença  de  vinte  mil  reais  disfrutada  pelo  pai,  mas  para  a  receber  só  do  i.°  de 
Janeiro  de  i522  em  diante  (6),  o  que  indica  ter  sido  a  tença  do  ano  de  i52i 
ainda  recebida  por  Jorge  de  Melo. 

Casara  êle  com  D.  Isabel  Pereira,  viúva  de  D.  Guterre  Coutinho,  poeta  do 
Cancioneiro,  e  filha  de  D.  Gonçalo  de  Castelbranco,  governador  da  Casa  do 
Cível  de  Lisboa.  Deste  casamento  nasceu,  entre  outros,  D.  Joana  de  Melo 
já  casada  em  princípios  de  i5i3  com  D.  Álvaro  de  Abranches,  em  quem  seu 
sogro  renunciou  o  ofício  de  mestre  sala,  com  o  qual  serviu  D.  Manuel  até 
quási  ao  fim  do  seu  reinado,  pois  só  em  i52i  lhe  comprou  o  ofício  por 
setecentos  mil  reais  para  o  dar  a  Henrique  de  Melo.  Durante  o  tempo  do 
seu  serviço  na  corte  compôs  D.  Álvaro  de  Abranches  várias  poesias  trans- 
critas no  Cancioneiro  geral;  depois  passou  a  África  como  capitão  de  Tânger 
no  impedimento  de  D.  Duarte  de  Meneses,  e  finalmente  foi  nomeado,  por 


(i)  Alguns  documentos  da  Torre  do  Tombo,  pág.  122. 

(2)  Liv.  7.»  da  Estremadura,  fl.  1 1 5. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  Si.",  fl.  44  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  12.0,  fl.  170  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  20.",  fl.  i3. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5 1 .°  de  Doações,  fl.  69. 

VOL.  I  61 


482  Brasões 

alvará  de  24  de  Abril  de  i534,  capitão  de  Azamor  d'onde  regressou  em  fins 
de  1537,  acusado  de  tam  graves  delitos  que  por  eles  recolheu  preso  ao  cas- 
telo de  Lisboa,  d'onde  só  saiu  perdoado  em  1546,  vindo  a  falecer  a  3  de 
Julho  de  i563,  sobrevivendo-lhe  sua  mulher  ainda  alguns  anos  (i). 

Filho  e  sucessor  de  Jorge  de  Melo  foi  Álvaro  da  Cunha,  a  quem,  como 
já  vimos,  foi,  por  carta  de  28  de  Junho  de  i52i,  feita  mercê  de  uma  tença 
de  seu  falecido  pai.  Também  lhe  sucedeu  na  capitania  da  ilha  de  Ano  Bom, 
a  qual  lhe  foi  confirmada  por  carta  de  24  de  Março  .de  i526(2).  Morreu  em 
1578  na  batalha  de  Alcácerquibir,  estando  Já  extinta  a  sua  geração  varonil. 

Um»  dos  filhos  de  Álvaro  da  Cunha,  Luís  da  Cunha,  moço  fidalgo  da  casa 
do  ppíncipe  D.  João  (3),  morrera  desastradamente  no  célebre  torneio  de  Xa- 
bregas, em  i552.  Vinha  ele  e  outro  aventureiro,  Cristóvão  de  Moura,  repre- 
sentando Castor  e  Polux,  dentro  de  uma  grande  águia  armada  sobre  um 
batel.  Traziam  consigo  dois  gigantes  por  eles  vencidos  na  serra  de  Sintra, 
e  por  guia  da  sua  empresa  a  Fama.  Vindo  assim  rio  acima,  deu  o  vento  nas 
azas  abertas  da  águia  e  o.  batel,  mergulhando  de  proa,  encheu-se  de  água  e 
sossobrou.  ■  Cristóvão  de  Moura  foi  salvo  por  um  criado;  Luís  da  Cunha 
afogou-se  (4). 

Cristóvão  de  Moura,  com  tanta  fortuna  tirado  do  perigo,  era  fidalgo  da  casa 
do  infante  D.  Luís,  filho  do  seu  estribeiro  mor  Francisco  Figueira  e  por  sua 
mãe,  D.  Guiomar  de  Moura,  primo  com  irmão  do  famoso  D.  Cristóvão  de 
Moura,  embaixador  de  Felipe  II  ao  Cardial  D.  Henrique,  marquês  de  Cas- 
telo Rodrigo. e  vice  rei  de  Portugal. 

«Em  tempo  delRey  dom  João  o  3.°  viérão  a  este  Reino  Diogo  de  Torres 
e  Affonço  de  Torres,  com  suas  famílias,  e  tivérão  nelle  grande  mercancia. 
O  dito  Rey  por  lhe  constar  de  sua  qualidade,  e  por  serviços  que  lhe  fizérão 
os  tomou  por  Fidalgos  de  sua  caza.  Erão  naturais  de  laem  em  Andaluzia 
filhos  de  Fernando  de  Torres,  e  de  sua  i*.  molher  Brites  Marques;  outros 
dizem  que  érão  filhos  de  Martim  de  Torres.  Fundou  Diogo  de  Torres  neste 
Reino  hum  morgado,  veyo  cazado  de  Castella  com  Brites  de  Castilho  filha 
de  Fernão  de  Castilho  natural  de  Burgos»  (5). 

Não  é  bem  exacta  a  informação,  porque  já  nos  fins  do  reinado  de  D.  Ma- 


(1)  ^  Gente  do  Cancioneiro,  na  Revista  lusitana,  X,  272  a  275, 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  2i.»  de  Doações,  fl,  217  v. 

(3)  Francisco  de  Andrade,  Crónica  dei  Rei  dom  Joani  o  III,  part.  IV,  cap,  38,  fl.  44. 

(4)  Jorge  Ferreira  de  Vasconcelos,  Memorial  das  proesas  da  segunda  Tavola  Redonda^ 
cap.  48. 

(5)  D.  Francisco  de  Meneses,  Famílias  de  Portugal,  III,  fl.  804  mihi. 


Meios  483 

nuel  se  encontravam  em  Lisboa  os  dois  mercadores  irmãos.  A  eles,  no 
mesmo  dia  lo  de  Janeiro  de  i52o,  foram  passadas  duas  cartas  idênticas, 
fazendo-lhes  mercê  de  poderem  gozar  d'então  em  diante  das  liberdades,  pri- 
vilégios e  mercês  concedidos  aos  mercadores  alemães  (i).  Ambas  as  cartas 
são  passadas  nos  mesmos  termos:  «havendo  respeito  ao  serviço  que  temos 
recebido  de  Diogo  (ou  de  Afonso)  de  Torres,  mercador  estante  em  Lisboa, 
e  querendo-lhe  fazer  graça  e  mercê»,  etc.  Foram  as  duas  cartas  confirmadas 
por  D.  João  III,  a  de  Diogo,  «mercador,  estante  nesta  cidade»,  em  Lisboa, 
a  24  de  Março  de  1522(2),  e  a  de  Afonso,  sem  outra  qualificação,  a  7  de 
Setembro  de  1524  (3).  No  ano  seguinte,  em  carta  de  21  de  Abril,  D.  João  III, 
«havendo  respeito  aos  serviços  que  tenho  recebidos  e  continuadamente  rtcebo 
de  Diogo  de  Torres  e  Alonso  de  Torres,  seu  irmão»,  fá-los  naturais  de  seus 
reinos  e  cidadãos  de  Lisboa  (4). 

Já  por  estes  tempos,  isto  é,  desde  i520  até  i523,  havia  Afonso  de  Torres 
sido  encarregado  da  feitoria  dos  tratos  dos  escravos  e  mais  mercadorias  nos 
rios  de  Guiné,  e  da  construção  de  cinco  navios  e  compra  de  outro  para  o  re- 
ferido tráfego,  tendo  despendido  dez  contos  e  tanto,  dos  quais  se  lhe  passou 
quitação  em  11  de  Dezembro  de  iSo']  (õ).  Nos  anos  de  i523  e  1524  recebeu 
cinco  contos  e  tanto  para  fazer  as  duas  naus  S.  Roque  e  S.  Sebastião,  e  as 
três  caravelas  Santa  Cruz,  Santo  Espírito  e  Santa  Helena  (õ).  Ainda  em 
1024  acabou  mais  três  caravelas,  a  Andorinha,  a  Princesa  e  a  Graça,  des-^ 
pendendo  com  elas  mais  de  seis  contos  de  reais  (7).  Neste  mesmo  ano  e  no 
seguinte  de  i525  recebeu  perto  de  nove  contos  e  com  eles  construiu  quatro 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  \W.  3g.',  fls.  11 1  e  ii3  v.  —  Acerca  dos  privilégios  con- 
cedidos aos  mercadores  alemães  pode-se  ver  o  muito  interessante  artigo  do  erudito  Belga 
J.  Denucé,  intitulado  Privilèges  commerciaux  accordés  par  les  róis  de  Portugal  aux  Fia- 
mands  et  aux  Allemands  fxv.e  et  xvi.e  siècles),  publicado  a  pág.  3io  e  seguintes  do  vol.  VII 
do  Archivo  histórico  portuguez.  —  Encontro  duas  cartas  anteriores  a  estas  citadas:  uma, 
de  16  de  Novembro  de  1484,  de  perdão  a  um  Afonso  de  Torres,  morador  em  Vila  Franca 
de  Xira  {Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  22.»,  fl.  118);  a  outra,  de  26  de  Agosto  de  i5ii, 
nomeando  um  Diogo  de  Torres  corregedor  das  folhas  dos  presos- da  prisão  de  Lisboa 
(Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  8.",  íi.  82  v.);  mas  não  creio  serem  estes  os  dois  merca- 
dores andaluzes. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  i.»  de  Doações,  fl.  25  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  i3.»,  fl.  53. 

(4)  Ibidem,  fl.  27  v. 

(5)  Cartas  de  quitação  dei  rei  D.  Manuel,  no  Arquivo  histórico  português,  vol.  X, 
pág.  5,  n.o  767. 

(6)  Carta  de  quitação  de  1 1  de  Dezembro  de  1537. —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  44.» 
de  Doações,  fl.  42. 

(7)  Carta  de  quitação  de  19  de  Dezembro  de  1537.  —  Ibidem,  fl,  43. 


484  Brasões 

naus  da  carreira  da  índia,  chamadas  Frol  de  la  Mar,  Santa  Maria  do  Paraíso, 
Corpo  Santo  e  S.  Vicente,  as  quais,  como  as  precedentes,  entregou  todas 
nos  Armazéns  de  Guiné  e  índias  (1).  Ainda  teve  cargo  do  fazimento  de  mais 
três  naus  grossas,  no  ano  de  i526,  gastando  com  elas  para  cima  de  sete  contos 
e  entregando  estas,  que  se  chamaram  Santiago,  Santo  António  e  Santa  Maria 
da  Ajuda,  ao  almoxarife  do  Armazém  da  Ribeira  (2). 

Em  i53i  tinha  Afonso  de  Torres  contratado  o  comércio  de  escravos  e 
mercadorias  dos  rios  de  Guiné  e  os  quartos  e  vintenas  da  ilha  de  Santiago, 
por  quatro  contos  anuais  (3).  No  mesmo  ano  feitorizava  a  ilha  de  S.  Tomé, 
com  o  rendimento  avaliado  por  orçamento  em  cinco  contos  (4).  Já  então  era 
cavaleiro  do  hábito  de  Cristo  com  quinze  mil  reais  de  tença  na  Casa  dos 
Escravos  (5). 

O  seu  trato  comercial  estendia-se  até  ao  Brasil,  onde,  em  28  de  Julho  de 
1642,  obteve  de  Francisco  Pereira  Coutinho,  capitão  e  governador  da  Baia 
de  Todos  os  Santos,  carta  de  sesmaria  de  umas  terras  no  limite  daquela 
cidade,  partindo  do  porto  do  Tubarão  até  ao  rio  de  Matoim,  na  largura  de 
três  léguas.  Deu  a  sua  outorga  ao  contrato  D.  Margarida  de  Lacerda,  mulher 
do  capitão,' por  instrumento  feito  em  25  de  Outubro  do  mesmo  ano,  na  quinta 
de  Laratojo,  termo  do  Cadaval.  Finalmente  el  Rei  confirmou  tudo  por 
carta  de  2  de  Dezembro  de  1549(6). 

Parece  ter  Afonso  de  Torres  sido  um  tanto  rasgado  nos  seus  negócios 
com  a  fazenda  rial,  pelo  menos  tanto  quanto  um  mercador,  tratante,  como 
então  lhe  chamavam,  podia  ser.  Em  i555  comprou  ele  quinhentos  mil  reais 
de  tença  de  juro  por  sete  contos,  isto  é,  pagou-os  a  catorze  mil  reais  o  mi- 
lheiro, quando  as  mais  tenças  eram  vendidas  a  doze  mil  e  quinhentos  (7).    Os 


(i)  Carta  de  quitação  de  19  de  Dezembro  de  i5'ij. — Chancelaria  de  D.  João  III,  liv,  44.° 
de  Doações,  fl.  42  v. 

(2)  Carta  de  quitação  de  20  de  Janeiro  de  i538  (Ibidem).  —  Nos  registos  destas  cartas 
de  quitação  dá-se  um  caso  curioso.  Afonso  de  Torres  é  nelas  intitulado  «cavaleiro  fidalgo 
de  minha  casa»;  pois  em  todas  riscaram  a  palavra  >' cavaleiro»,  ficando  só  «fidalgo  de  minha 
casa»,  foro  muito  mais  elevado.  Quem  faria  a  alteração  não  se  poderá  nunca  saber;  mas 
um  escrivão  da  Torre  do  Tombo  notou  a  fraude  à  margem  de  todos  os  registos.  No  livro 
dos  confessados  de  iSSg,  40  e  41  ainda  Afonso  de  Torres  aparece  com  o  foro  de  mil  rs.  por 
mês  e  alqueire  de  cevada  por  dia,  de  cavaleiro  fidalgo  (Lousada,  Sumários  da  Torre  do 
Tombo,  II,  fl.  128). 

(3)  ArCHIVO  histórico  PORTUGUEZ,  X,   123. 

(4)  Ibidem. 

(5)  Ibidem. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  69.°  de  Doações,  fl.  1 18. 

(7)  Carta  de  padrão  de  3o  de  Abril  de  i555.  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  53."  de 
Doações^  fl.  267  v. 


Meios  485 

particulares  contudo  mereciam-lhe  mais  confiança,  pois  vejo-o  comprando 
três  anos  antes  ao  «ilustrissimo  e  mui  excelente  príncipe  e  senhor,  o  sr.  D.  João, 
neto  dei  rei  D.  João  II,  filho  de  D.  Jorge  mestre  de  Santiago,  duque  de  Aveiro», 
quatro  centos  mil  reais  de  juro  assentes  nas  rendas  riais  de  Montemor  o 
Velho,  por  seis  contos  e  oitocentos  mil  reais,  a  razão  de  dezassete  mil  reais  o 
milheiro,  isto  é,  por  mais  três  mil  reais  acima  do  preço  arbitrado  ao  débito 
régio.  Fora  o  Duque  de  Aveiro  autorizado  a  fazer  esta  venda  por  alvará  de 
D.  João  III  de  14  de  Maio  de  i562,  «havendo  respeito  aos  muitos  e  grandes 
gastos  e  despesas  que  êle  ora  por  meu  serviço  faz  para  esta  ida  da  raia  de 
Castela,  em  que  o  encarreguei,  para  haver  de  trazer  e  acompanhar  a  prin- 
cesa D.  Joana,  mulher  do  príncipe  D.  João»  (1). 

Levou  o  Duque  consigo  nesta  jornada,  além  de  dois  de  seus  irmãos  e  de 
muitos  fidalgos  seus  parentes  por  parte  de  sua  avó  a  comendadeira  D.  Ana 
de  Mendoça,  todos  muito  custosos  e  bem  ataviados,  com  seus  criados  de  dife- 
rentes librés;  levou  o  Duque,  como  ia  dizendo,  dos  seus  criados  e  vassalos 
quinhentos  homens  de  cavalo,  oitenta  alabardeiros  da  sua  guarda,  dois  arautos 
com  suas  cotas  de  armas,  atabales,  trombetas  e  charamelas,  todos  vestidos 
das  suas  cores,  roxo,  amarelo  e  branco.  As  azêmolas  da  sua  recamara  e 
casa,  em  número  de  cento  e  cinquenta,  levavam  guarnições- das  mesmas  cores 
também,  e  iam  cobertas  todas  com  reposteiros  bordados  e  custosos.  A  seus 
irmãos,  D.  Afonso  de  Lancastre,  comendador  mor  da  Ordem  de  Cristo, 
acompanhavam  oitenta  homens  de  cavalo  e  quarenta  alabardeiros,  todos  ves- 
tidos da  libré  das  suas  cores,  e  trinta  azêmolas  com  reposteiros  bordados  das 
mesmas  cores;  e  a  D.  Luís  de  Lancastre,  comendador  mor  da  Ordem  de 
Avis,  seguiam  setenta  de  cavalo,  alguns  alabardeiros  e  vinte  azêmolas  com 
seus  reposteiros,  também  bordados.  Com  o  Duque,  enviado  outrosim  por 
el  Rei,  partio  D.  Fr.  João  Soares,  bispo  de  Coimbra,  com  lustroso  aparato  (2). 

Não  chegaram  porém  os  dezassete  mil  cruzados  recebidos  de  Afonso  de 
Torres  para  fazer  face  a  todas  as  despesas  do  Duque  de  Aveiro  nesta  jor- 
nada; viu-se  êle  obrigado  no  ano  seguinte  a  vender  ao  mercador  mais  duzentos 
e  dez  mil  reais  de  renda  de  juro,  por  escritura  de  22  de  Março  de  i553, 
lavrada  nas  casas  de  morada  de  Cristóvão  de  Magalhães,  escrivão  da  Câmara 
de  Lisboa  (3).  Na  casa  do  mesmo  Cristóvão  de  Magalhães,  morador  ao  arco 
do  Rossio,  celebrou-se,  em  22  de  Fevereiro  de  1657,  outra  escritura  pela 


(i)  Tudo  consta  da  carta  de  padrão  de  14  de  Maio  de  i552,  registada  na  Chancelaria 
de  D.  João  III,  liv,  68.°  de  Doações,  fl.  72  v. 

(2)  Francisco  de  Andrada,  Crónica  de  D.  João  III,  part.  IV,  cap.  gS,  fl.  ii3. 

(3)  Carta  de  padrão  de  i5  de  Abril  de  i553.  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  56.°  de 
Doações,  fl.  208.  • 


486  Brasões 

qual  Afonso  de  Torres  comprou  a  D.  Miguel  de  Meneses,  4.®  marquês  de 
Vila  Rial,  um  juro  anual  de  vinte  e  dois  moios  de  trigo  e  dez  de  cevada 
imposto  na  sua  lezíria  de  Valada  (i).  Este  fidalgo  não  se  obrigou  ao  paga- 
mento daquele  juro  para  ir  buscar  nenhuma  princesa  à  raia,  mas  sim  para 
trazer  para  casa  sua  esposa  D.  Felipa  de  Lancastre,  filha  do  acima  nomeado 
Comendador  mor  de  Cristo,  com  a  qual  casou  por  esses  tempos  (2).  O  Cris- 
tóvão de  Magalhães,  em  cuja  casa  se  celebravam  todas  estas  escrituras,  foi 
casado  com  Ana  de  Torres,  filha  de  Afonso  de  Torres,  e  era  filho  de  Nuno 
Fernandes,  cavaleiro  da  casa  de  D.  João  II  que  lhe  deu  o  ofício  de  escrivão 
da  Câmara  de  Lisboa  (3),  no  qual  lhe  sucedeu  o  filho. 

A  Afonso  de  Torres,  já  no  fim  da  vida,  chegou  a  ocasião  de  se  enobrecer. 
De  Valhadolid  mandou  êle  vir  um  instrumento  púbHco  de  justificação  de 
nobreza  e  brasão  de  armas,  passado  em  4  de  Julho  de  iSSg;  apresentou-o  à 
regente  D.  Caterina  e  dela  alcançou  o  alvará  de  i3  de  Fevereiro  do  ano  se- 
guinte, pelo  qual  se  mandou  passar  carta  de  brasão  a  Afonso  de  Torres,  o 
Velho.  Finalmente,  foi-lhe  esta  livrada  a  16  do  mês  seguinte  e  por  ela  lhe 
foi  concedido  por  armas  um  escudo  de  vermelho,  com  cinco  torres  quadradas 
de  oiro,  laviadas  de  preto,  e  por  timbre  uma  das  torres  carregada  de  uma 
estrela  de  vermelho  (4). 

Deu-se  porém,  se  é  verdadeira  a  minha  informação,  um  facto  muito  desa- 
gradável para  Afonso  de  Torres  entre  o  dia  da  assinatura  do  alvará  e  o  da 
outorga  da  carta  de  brasão:  sobreveio  a  morte.  Assim  consta  do  seu  epitáfio 
na  sua  capela  de  baixo  do  arco  do  coro  da  igreja  de  S.  Francisco  de  Lisboa. 
Rezava  assim:  Este  Arco  com  esta  capella  da  invocação  do  Anjo  Custodio 
e  de  todos  os  Santos  he  de  Afonso  de  Torres,  Fidalgo  da  Ca^a  delRef  Nosso 
Senhor,  e  de  sua  m.^^,  Jilhos,  herdeiros  e  successores,  a  qual  elle  mandou 
fa^er  á  sua  custa.  Falleceu  a  4  de  Março  de  i56o.  Está  sogeita  á  Igreja 
de  S.  João  de  Latram  em  Roma  pelo  qual  tem  .inumeráveis  Indulgências  e 
Privilégios  e  Perdões,  como  consta  das  Bulias  que  disso  tem.  Ha  nella  duas 
missas  cada  dia  de  obrigação  para  sempre,  e  quatro  Mercieyras  que  são 
obrigadas  cada  dia  a  virem  a  ella{b). 

Talvez  esteja  certa  a  data  da  morte  de  Afonso  de  Torres  na  transcrita 


""(i)  Foi  a  venda  autorizada  por  D.  João  III,  mas  a  carta  de  padrão  já  foi  passada  no  rei- 
nado de  D.  Sebastião,  em  27  de  Junho  de  iSSy,  —Chancelaria  de  D.João  III,  liv.  5."  de  Pri- 
vilégios,  fl.  1 1 5. 

(2)  Brasões  de  Cintra,  II,  459. 

(3)  Resende,  Vida  de  D.  João  II,  cap.  174,  fl  107  v. 
<4)  Armaria  portuguesa,  pág.  5io. 

(5)  P,e  Luís  Montês  Matoso,  Memorias  sepulchraes,  fl.  46. 


*  Meios  487 

cópia  do  seu  epitáfio,  nada  tenho  encontrado  para  a  invalidar,  entretanto 
observarei  que  por  mandado  do  vedor  da  fazenda  se  pôs,  em  8  de  Julho  de 
i56i,  uma  verba  à  margem  do  registo  da  citada  carta  de  padrão  dos  quatro- 
centos mil  reais  de  juro  comprados  ao  Duque  de  Aveiro,  declarando-se 
haverem  sido  distratados  duzentos  mil  reais,  não  se  mencionando  contudo  quem 
deles  recebeu  o  preço.  A  3i  de  Julho  do  ano  seguinte  era  Afonso  de  Torres 
certamçnte  já  falecido  pois  que,  por  instrumento  daquela  data,  seu  filho 
Gaspar  de  Torres  comprou  sessenta  mil  reais  de  juro  para  a  capela  por  seu 
falecido  pai  instituída  em  seu  testamento  (i).  E  mesmo  provável  que  já  esti- 
vesse morto  em  19  de  Maio  de  i56i,  quando  teve  aprovação  régia  a  insti- 
tuição de  morgado  feita  por  Gaspar  de  Torres  e  sua  mulher  D.  Leonor  de 
Alarcão  (2). 

Afonso  de  Torres  fez  a  quinta  das  Conchas  no  Lumiar  e  nos  morgados, 
por  êle  e  por  seu  filho  Gaspar  de  Torres  instituídos,  veio  a  suceder,  em  vir- 
tude de  sentença  favorável,  D.  Elvira  de  Torres  de  Alarcão,  como.  consta  da 
apostila  de  1 1  de  Dezembro  de  i582,  pela  qual  lhe  foram  averbados  quinhentos 
mil  réis  de  tença  de  juro  vinculados  ao  morgado  (3).  Era  D.  Elvira  filha  de 
Gaspar  de  Torres  e  foi  casada  em  .segundas  núpcias  com  Jerónimo  Moniz, 
cativo  em  1678  na  batalha  de  Alcácerquibir.  Deles  foi  filho  e  sucessor  Febus 
Moniz  de  Torres,  o  dedicado  patriota  de  i58o,  o  intransigente  procurador  de 
Lisboa  às  Cortes  de  Almeirim.  Foi  administrador  da  capela  da  Piedade, no 
convento  do  Carmo  daquela  cidade  por  sucessão  a  seu  pai,  e  do  morgado 
das  Conchas  no  Lumiar,  em  sucessão  a  sua  mãe;  casou  com  D.  Felipa  Cou- 
tinbo,  filha  de  André  Gonçalves  de  Ribafria,  2.°  alcaide  mor  de  Sintra,  e  foi 
sua  filha  herdeira  D.  Luísa  Moniz  de  Torres.  Casou  esta  senhora  com  seu 
primo  Francisco  de  Sampaio,  9.°  senhor  de  Vila  Flor  e  outras  terras,  alcaide 
rnor  da  Torre  de  Moncorvo.  Ela  morreu  a  16  de  Maio  de  1659  e  êle  a  9 
de  Janeiro  de  1662,  sendo  ambos  sepultados  no  antigo  jazigo  dos  Monizes  na 
sua  capela  da  igreja  do  Carmo.  Por  este  casamento  entraram  as  casas  dos 
Monizes  de  Lusinhano  e  do  ramo  segundo  dos  Torres  na  dos  Sampaios. 

De  Francisco  de  Sampaio  e  D.  Luísa  Moniz  de  Torres  foi  terceiro  neto 
António  de  Sampaio  Melo  e  Castro,  14.°  senhor  de  Vila  Flor,  i."  conde  de 
Sampaio  em  sua  vida,  por  despacho  de  29  de  Maio  de  1761  (4)  e  carta  de  18 


(i)  Transcrita  a  escritura  de  compra  na  carta  de  padrão  dos  60:000  rs.  dada,  em  26  de 
Agosto  de  i562,  a  Gaspar  de  Torres. —  Chancelaria  de  D.  Sebastião,  liv.  10."  de  Doações, 
fl.  92  V. 

(2)  Ibidem,  liv.  8.%  fl.  208  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  53."  de  Doações,  fl.  267  v. 

(4)  Ga\eta  de  Lisboa  de  9  de  Junho. 


488  Brasões 

de  Dezembro  de  1764  (i).  Era  genro  do  Marquês  de  Pombal  e  foi  governador 
da  torre  do  Oitão,  em  1788,  tenente  general  por  decreto  de  i3  de  Maio  de 
1791  e  veador  da  Princesa  viúva  do  Brasil,  em  1796.  Morreu  em  Novembro 
de-i8o3  (2),  sucedendo-lhe  na  casa  seu  filho  primogénito  Manuel  António  de 
Sampaio  Melo  e  Castro  Moniz  de  Torres  e  Lusinhano,  2.°  conde  e  i.°  mar- 
quês de  Sampaio  por  despacho  publicado  na  corte  em  i  de  Dezembro  de 
1834  (3),  mordomo  mor,  par  do  reino,  tenente  general,  etc,  falecido  a  23  de 
Setembro  de  1841,  deixando  descendência  ainda  subsistente. 

Na  verdade  este  ramo  segundo  dos  Torres,  com  o  qual  tanto  me  detive, 
nada  tem  a  ver  com  os  Meios,  mas  pareceu-me  interessante  deixar  uns  apon- 
tamentos biográficos  relativos  a  um  dos  negociantes  mais  ricos  do  nosso  sé- 
culo de  quinhentos,  Afonso  de  Torres,  o  Velho.  Ocupar-me-hei  agora  de 
seu  irmão. 

Diogo  de  Torres,  o  mais  velho  dos  dois,  deixou  muito  menos  rasto  nos 
documentos  e  precedeu  dalguns  anos  seu  irmão  no  túmulo. 

Diogo  e  sua  mulher  Beatriz  de  Castilho  fizeram  doação  a  seu  filho  mais 
velho  Afonso  de  Torres  de  seus  bens  por  seu  falecimento,  com  a  condição 
dele  satisfazer  os  dotes  de  suas  irmãs  e  de  instituir  do  remanescente  das 
terças  um  morgado.     Não  sei  quando  foi  feita  a  escritura  de  doação,  mas 


(i)  Tendo  em  consideração  os  serviços  de  Francisco  José  de  Sampaio  feitos  neste  reino 
em  toda  a  guerra  passada,  principiando  no  ano  de  1703,  no  posto  de  capitão  de  cavalos  e 
continuando  sempre  com  distinto  préstimo  e  valor  nos  de  tenente  general  de  cavalaria,  bri- 
gadeiro e  sargento  mor  de  batalha;  e  tendo  a  seu  cargo  o  governo  das  armas  da  província 
da  Beira,  no  de  1704,  se  achar  na  peleja  que  houve  com  a  cavalaria  do  inimigo,  que  vinha 
socorrer  o  castelo  de  Monsanto,  e  cortar  o  comboi  que  se  mandava  para  Castelo  Branco, 
tomando-lhe  todas  as  galeras  que  conduziam  as  munições  de  guerra  e  boca,  com  todas  as 
mulas,  prisionando-lhe  também  bastantes  soldados;  e  no  rendimento  do  castelo  de  Fonte 
Guinaldo  proceder  como  devia;  e  passando  com  40  soldados  montados  a  Castela  a  examinar 
as  forragens  para  a  passagem  do  nosso  exército  . .  e  passando  no  ano  de  1720  ao  estado  da 
índia  com  o  cargo  de  vice  rei  e  capitão  general  que  exercitou  até  i3  de  Julho  de  1728,  em 
que  faleceu;. . .  aos  serviços  de  seu  filho  Manuel  António  de  Sampaio  obrados  em  praça  de 
soldado  e  nos  postos  de  capitão  de  cavalos  e  coronel  de  cavalaria  que  exercitou  até  o  seu 
falecimento,  e  no  emprego  de  gentil-homem  da  câmara  do  infante  D.  Manuel ;  e  aos  de  seu 
neto  António  de  Sampaio  Melo  e  Castro  feitos  em  soldado,  capitão  de  cavalos  e  coronel  de 
cavalaria,  que  actualmente  ocupa,  e  no  emprego  de  gentil-homem  da  câmara  do  mesmo 
infante  e  do  infante  D.  Pedro,  em  satisfação  de  todos  os  referidos  serviços,  que  pertencem 
ao  dito  António  de  Sampaio  Melo  e  Castro  por  sentença  do  juízo  das  Justificações  do  reino, 
e  dos  seus  próprios,  obrados  até  29  de  Maio  de  1761,  e  por  confiar  etc.  Carta  do  título  de 
conde  de  Sampaio  em  sua  vida.  —  Chancelaria  de  D.  José,  liv.  74°,  fl.  194  v. 

(2)  Gaveta  de  Lisboa  de  26  de  Novembro. 

(3)  Gaveta  do  Governo,  Suplemento  ao  n."  182,  de  i  de  Dezembro  de  1834. 


Meios  489 

consta-me  ter  ela  sido  aprovada  e  validada  por  alvará  régio  de  23  de  Setembro 
de  i55o(i).  Por  este  diploma  averigua-se  haverem  Diogo  e  Beatriz,  quando 
se  concertou  o  casamento  de  seu  filho  Afonso,  assegurado  a  síia  desposada 
D.Violante  de  Melo  quatrocentos  mil  reais  de  renda  anual;  averigua-se  ainda 
haverem  eles  prometido  a  suas  filhas,  quando  as  casaram,  estes  dotes:  a 
D.  Inês  de  Torres,  com  Francisco  de  Medina  Salazar,  Jurado  de  Sevilha, 
cinco  mil  e  quinhentos  cruzados;  a  Elvira  de  Torres,  com  António  de  Man- 
celos,  cinco  mil  cruzados;  e  a  D.  Antónia  de  Torres,  com  D.  Rodrigo  de 
Meneses,  quinze  mil  cruzados.  Por  aqui  se  vê  qual  não  era  já  então  a  in- 
fluência do  dinheiro.  O  filho  do  mercador  abastado  aliou-se  com  uma  filha 
de  João  de  Melo,  alcaide  mor  de  Castelo  de  Vide  e  chefe  de  um  ramo  dos  ver- 
dadeiros Meios;  uma  das  filhas,  D.  Antónia,  casou  com  o  representante  da 
linha  dos  Meneses  comendadores  de  Grândola,  e  ele  próprio  futuro  gover- 
nador da  Casa  do  Cível  de  Lisboa. 

Dois  anos  depois  de  aprovada  a  referida  doação,  já,  a  3o  de  Setembro  ' 
de  i652,  Diogo  de  Torres  era  falecido,  quando  foram  concedidqs  a  seu  filho 
Afonso  de  Torres  os  privilégios  dos  mercadores  alemães  (2). 

No  mesmo  dia  i3  de  Fevereiro  de  i56o,  no  qual  foi  dado  a  Afonso  de 
Torres,  o  Velho,  um  alvará  a  fim  de  se  lhe  conceder  carta  de  brasão,  pas- 
sou-se  outro  a  seu  sobrinho  Afonso  de  Torres,  o  Moço,  com  idêntico  propó- 
sito; a  carta  de  brasão  porém  só  foi  livrada  a  este  alguns  dias  depois  da  do 
outro,  em  28  de  Março.  Ao  sobrinho  foram  concedidas  armas  iguais  às  do 
tio,  sem  diferença  nenhuma  contudo,  «como  chiefe  delas...  por  ser  filho  de 
Diogo  de  Torres,  irmão  mais  velho  dos  dous  que  a  eles  (se.  reinos)  viver 
vieram»  (3). 

Ao  cofre  de  Afonso  de  Torres,  o  Moço,  também  recorreu  o  governo  da 
menoridade  de  D.  Sebastião,  e  pediu-lhe,  em  i558,  por  haver  a  fazenda  rial 
muita  necessidade  de  dinheiro  para  despesas  das  armadas  da  índia  e  dá 
costa,  um  empréstimo.  Anuiu  Afonso  de  Torres  e  emprestou  por  três  anos 
certa  quantia  por  conta  da  qual,  no  tempo  do  vencimento,  aceitou  ficarem- 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  64.°  de  Doações,  fl,  124. 

(2)  Havendo  respeito  aos  serviços  que  tenho  recebidos  e  espero  receber  de  Afonso  de 
Torres,  morador  em  Lisboa,  filho  que  foi  de  Diogo  de  Torres,  e  ao  trato  e  crédito  que  tem 
na  Casa  da  índia,  e  por  lhe  fazer  mercê,  d'aqui  em  diante,  êle  e  seus  feitores,  gozem  e  usem 
de  todos  os  privilégios,  graças,  liberdades  e  franquezas  que  por  el  Rei  meu  padre  e  por  mim 
foram  e  são  concedidos,  e  se  ao  diante  concederem,  aos  mercadores  alemães  estantes  em 
meus  reinos.  Restringe-lhe  porem  a  faculdade  de  importar  para  si  e  para  sua  casa,  salvo 
de  direitos,  mais  de  20:000  rs.  de  valor  de  mercadorias. —  Chancelaria  de  D  João  III,  liv.  i." 
de  Privilégios,  fl.  96. 

(3)  Armaria  portuguesa,  Tpág.  5 io-5ii. 

VOL.  I  62    ' 


490  Brasões 

-lhe  pagando  de  tença  de  Juro  quarenta  e  oito  mil  réis,  por  mil  e  quinilentos 
cruzados  (i).  Em  i56ò  comprou  outra  tença  de  juro  de  cinquenta  mil  e  oito- 
centos rs.  à  fazenda  rial,  sendo  já  então  fidalgo  da  casa  dei  Rei  (2). 

Afonso  de  Torres  e  D.  Violante  de  Melo  sua  mulher  ainda  viviam  em 
Outubro  de  1578(3)  e  deixaram,  entre  outros  filhos,  a  João  Rodrigues  de 
Torres  e  Garcia  de  Melo.  O  primeiro  sucedeu  no  morgado  e  edificou  a  capela 
de  Nossa  Senhora  do  Bom  Sucesso,  na  calçada  de  Damião  de  Aguiar  (4), 
hoje  calçada  do  Lavra,  em  Lisboa;  mas  não  creio  que  a  tivesse  fundado 
em  i568,  como  declara  o  autor  citado  na  nota,  porque  nesse  ano,  e  pelo 
menos  nos  dez  seguintes,  ainda  seu  pai  viveu.  Casou  João  Rodrigues  com 
D.  Guiomar  de  Vilhena,  filha  de  Rui  Teles  de  Meneses,  alcaide  mor  da  Co- 
vilhã, e  foi  seu  filho  e  sucessor  outro  Afonso  de  Torres,  genealogista  célebre, 
falecido  algum  tempo  antes  de  7  de  Setembro  de  1647,  ^^^^  ^^  carta  de 
padrão  de  cem  mil  réis  de  juro  pertencentes  ao  morgado,  a  qual  por  sua 
morte  foi  dada  a  sua  filha  e  sucessora  D.  Leonor  Manrique  de  Torres  (5). 
Casou  esta  senhofa  com  seu  tio,  primo  com  irmão  de  seu  pai,  Francisco  de 
Melo,  filho  único  do  acima  nomeado  Garcia  de  Melo,  que  havia  sido  vedor 
da  fazenda  da  índia. 

Francisco  de  Melo  foi  o  embaixador  de  Portugal  que  ultimou  em  1662  o 
casamento  da  infanta  D.  Caterina  com  Carlos  II  de  Inglaterra,  bem  como 
depois,  em  1666,  o  de  D.  Afonso  VI  com  Mademoiselle  d'Aumale.  Pelos  seus 
serviços  foi  criado  conde  da  Ponte  por  alvará  de  1 1  de  Janeiro  de  iò6l,  con- 
firmado em  carta  a  16  de  Maio  seguinte  (6),  e  logo  no  ano  imediato,  por 
carta  de  21  de  Abril,  foi  elevado  a  marquês  de  Sande  (7),  havendo-lhe  ante- 


(i)  Cartas  de  padrão  de  10  e  3o  de  Setembro  de  i56i.  —  Chancelaria  de  D.  Sebastião^ 
lits.  de  Doações,  12.°,  fl.  14,  e  9.°,  fl.  14. 

(2)  Carta  de  padrão  de  20  de  Novembro  de  i566.  —  Ibidem,  liv.  ii.°,  fl.  i3i  v. 

(3)  Verba  à  margem  da  carta  de  padrão  na  precedente  nota  citada. 

(4)  João  Bautista  de  Castro,  Mappa  de  Portugal,  III,  289. 

(5)  Torre  do  Tombo,  Registo  do  Real  Archivo,  liv.  54.°,  fl.  35. 

(6)  Francisco  de  Melo,  do  Conselho  de  Guerra,  que  de  presente  está  servindo  de  meu 
embaixador  extraordinário  a  el  Rei  da  Grão  Bretanha,  apresentou  alvará :  —  Tendo  consi- 
deração aos  serviços  de  Francisco  de  Melo,  do  Conselho  de  Guerra  e  embaixador  extraor- 
dinário a  el  Rei  de  Grão  Bretanha,  e  muito  particularmente  aos  que  de  novo  me  torna  a  ir 
fazer  na  mesma  embaixada. . .  mercê  do  título  de  conde  do  lugar  da  Ponte,  termo  da  vila 
de  Sernancelhe,  em  sua  vida,  com  a  declaração  que  chegando  a  Inglaterra  se  intitulará  e 
chamará  logo  conde  deste  reino  e,  falecendo  na  viagem,  passará  logo  o  título  a  seu  filho, 
etc.  Lisboa,  11  de  Janeiro  de  1661. — Confirmado  por  carta  de  16  de  Maio  seguinte. — Chan- 
celaria de  D.  Afonso  VI,  liv.  24.*  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  1 54  v. 

{7)  Tendo  respeito  a  Francisco  de  Melo,  conde  da  Ponte,  do  Conselho  de  Guerra  e 
embaixador  em  Inglaterra,  haver  concluído  com  tam  bom  sucesso  o  tratado  do  casament* 


Meios  491 

riormente  sido  concedida,  por  alvará  de  i3  do  mesmo  mês,  mais  uma  vida 
no  título  de  conde  da  Ponte  (i).  Em  i665,  continuando  o  Marquês  de  Sande 
na  embaixada  de  Inglaterra,  enviou-lhe  D.  Afonso  VI,  em  8  •  de  Outubro, 
aviso  de  o  haver  nomeado  seu  embaixador  na  corte  de  França  para  ajustar 
o  seu  casamento  (2).  Dois  dias  depois,  atendendo  aos  seus  serviços  e  mereci- 
'ínentos  e  a  ir  concluir  o  tratado  do  seu  casamento,  fez  D.  Afonso  VI  mercê 
ao  Marquês  do  título  de  conde  da  Ponte  de  Juro  e  herdade,  duas  vezes  fora 
da  Lei  Mental,  podendo  logo  seu  filho  intitular-se  conde  (3). 

Tanto  na  corte  de  Londres,  como  na  de  Paris,  foi  o  Marquês  de  Sande 
tido  no  merecido  apreço. 

*  Com  relação  à  primeira  encontro  várias  referências  laudatórias,  por  ex., 
numa  carta  do  lord  chanceler  Conde  de  Clarendon,  dirigida,  em  12  de  Abril 
de  i663,  a  Sir  Richard  Fanshaw,  embaixador  inglês  em  Lisboa.  Diz  o  Lord 
Chanceler:  atid  I  cannot  but  tell  you  tliat  I  look  iipon  the  ambassador  as  a 
very  worthy  honest  gentleman  and  in  truth  a  man  that  distinguishes  as  rvell 
between  what  is  to  be  hoped  and  what  is  to  be  ivished  as  any  man  cdn  do 
jpho  is  so  much  troubled  jpííIi  the  spleen,  and  so  hfpochondriac.  E  mais 
adiante,  referindo-se  aos  desgostos  por  seus  próprios  naturais  ao  Marquês 
infligidos,  sehi  os  merecer,  acrescenta:  being  (in  trnth)  a  man  of  as  great 
integrity,  leal  and  affectioji  for  his  King  and  coiintrj  as  lives,  and  I  think 
in  real  abilitf  and  ivisdom  to  serve  ihem  superior  to  most  of  that  nation,  at 
least  to  any  I  have  known  (4). 


dei  Rei  de  Grão  Bretanha,  Carlos  II,  meu  bom  irmão  e  primo,  com  a  infanta  D.  Caterina, 
minha  irmã,  a  se  receber  em  seu  nome  com  o  dito  Rei,  e  a  ir  acompanhando  a  Rainha  para 
fazer  dela  entrega  a  el  Rei  seu  marido,  a  particular  satisfação  com  que  procedeu  nestes 
negócios  e  em  todos  os  de  que  o  encarreguei,  desejando,  etc.  Carta  do  título  de  marquês 
da  vila  de  Sande,  comarca  de  Lamego,  em  sua  vida.  Lisboa^  21  de  Abril  de  1662. — Ibidem^ 
liv.  27.°,  fl.  339. 

(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  27.°  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  338  v.  —  O  alvará  é 
concebido  em  termos  idênticos  aos  da  carta  na  precedente  nota  extratada. 

(2)  Rebelo  da  Silva,  Quadro  elementar,  tom.  IV,  part.  11,  pág.  558. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  26.»  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  107.  —  Tendo  respeito 
aos  merecimentos  e  serviços  que  concorrem  em  Francisco  de  Melo,  marquês  de  Sande,  dos 
meus  conselhos  de  Estado  e  Guerra  e  meu  embaixador  extraordinário  em  Inglaterra,  à  muita 
prudência  e  acerto  com  que  procedeu  na  dita  embaixada  e  deu  princípio  ao  tratado  do  meu 
casamento  que  ora  vai  a  concluir,  e  desejar  por  todas  estas  razões,  por  quem  é,  e  pela  par- 
ticular confiança  que  faço  da  sua  pessoa,  conservar  em  sua  casa  a  memória  de  seus  serviços, 
me  praz  e  hei  por  bem  fazer-lhe  mercê  do  título  de  conde  da  vila  da  Ponte,  e  da  mesma 
vila,  de  juro  e  herdade,  duas  vezes  fora  da  Lei  Mental,  para  que  com  este  título  se  cubra 
logo  seu  filho  Garcia  de  Melo  de  Torres,  etc.    Lisboa,  10  de  Outubro  de  i665. 

(4)  HisTORiCAL  Manuscripts  Commission.     The  Maniiscripts  of  J.  M.  Heathcote  Esq., 


^192  Brasões 

Na  côrté  de  Paris,  nas  instruções  de  4  de  Novembro  de  i665  dadas  ao 
Sieur  de  Sant-Romain,  vê-se  a  estima  em  que  o  Marquês  de  Sande  era  tido: 
//  est  sans  doute  fori  habile  liomme,  patient  quand  il  est  nécessaire,  quoi- 
qii' asse^  prompt  de  son  naturel,  três  affectionné  à  sonpays,  connoissant  7nieux 
qu^aiicitn  autre  les  affaires  étrangères^  témoignant  beaucoup  d'inclination 
pour  la  France  et  haíssant  mortellement  la  Hollande  (i). 

Em  Agosto  de  1666,  acompanhando  a  rainha  D.  Maria  Francisca  de 
Sabóia,  chegou  o  Marquês  a  Lisboa,  onde  veio  encontrar  morte  afrontosa, 
pois  foi  assassinado  na  noite  de  7  de  Dezembro  do  ano  seguinte.  Desta 
forma  narra  o  deplorável  sucesso  um  escritor  contemporâneo:  , 

«Em  7,  véspera  de  N.  S.  da  Conceição,  succedeo  hum  desastrado  caso, 
com  circumstancias  de  mistério.  Cantao-se  na  Capella  Real  as  matinas  da 
Senhora,  como  as  do  Natal  pelas  sete  da  noite.  Assistio  S.  A.  na  tribuna, 
e  o  melhor  da  Corte;  para  a  tribuna  da  mão  esquerda  ficarão  os  Condes  da 
Torre,  e  de  Villar  Maior,  o  Marquês  de  Sande,  D.  Francisco  de  Lima,  e 
outros  Fidalgos.  Veio-se  a  tratar  da  entrega  de  Tanger  em  Africa,  e  Bom- 
baim em  a  índia  ao  Inglês;  dissérao  alguns  destes  Senhores,  que  fora  cousa 
muito  mal  feita,  tanto  porque  a  Rainha  mãe  o  não  podia  faser,  que  era  tutora, 
e  não  Senhora  do  Reino,  quanto  porque  se  dérão  a  hereges  em  grande  offensa 
de  Deos.  Defendeo  o  Marquês  de  Sande  com  rezões  de  conveniência  do  casa- 
mento: refutárão-nas  os  de  contrario  parecer,  com  a  evidencia  que  todos 
quantos  entrarão  nesta  entrega  tinha  Deos  castigado,  ou  com  mortes,  ou  com 
desgraças.  Ao  que  impugnou  o  Marquês  disendo,  que  sendo  elle  dos  prin- 
cipaes  que  andarão  neste  contrato,  havia  sido  sua  casa  muito  venturosa,  e 
elle  estava  vivo.  Acabou-se  a  pratica  com  as  matinas,  metteo-se  o  Marquês 
na  liteira  de  D.  Francisco  de  Lima,  e  fôrão  para  suas  casas. 

«Chegando  á  crux  do  adro  de  S.  Domingos,  investirão  a  liteira  quatro 
homens  de  cavallo  e  quatro  de  pé,  e  perguntarão  aos  lacaios,  cuja  era  a 
liteira;  responderão  que  de  D.  Francisco  de  Lima,  com  que  avançarão  o 
melhor  lugar  delia,  adonde  hia  o  Marquês  de  Sande,  e  de  nove  estocadas  o 
matarão  sem  confissão,  ficando  D.  Francisco  de  Lima  no  lugar  dianteiro  sem 
lhe  locarem.  Conhecêrao-se  entre  os  matadores  criados  de  D.  loão  de  Castro, 
voou  a  nova  a  Palácio,  sentio  S.  A.  e  toda  a  Cçrte  a  morte  do  Marquês  gran- 


Conington  Castle.  Norwich,  1899,  pág.  76-77. — Esta  colecção  é  quási  inteiramente  formada 
pela  correspondência  de  Sir  Richard  Fanshaw,  embaixador  de  Carlos  II  nas  cortes  de  Por- 
tugal e  Espanha. 

(i)  Recueil  des  Instructions  données  aux  ambassadeurs  et  ministres  de  Frange  depuis 
LES  TRAiTÉs  DE  Westphalie  jusqu'à  LA  RÉvoLUTiON  Française.  Portugal  avec  une  Introdu- 
Ction  et  des  notes  par  le  VM  de  Caix  de  Saint-Aymour.    Paris,  i86ó,  pág.  98. 


Meios  493. 

demente,  e  com  rezão,  porque  não  tinha  Portugal,  nem  homem  mais  ajustado» 
nem  mais  bemquisto,  nem  mais  noticioso,  nem  melhor  afortunado  nos  negó- 
cios, nem  mais  conhecido  dos  Principes  da  Europa.  Mandou  S'.  A.  prender 
a  D.  loão  de  Castro,  fôrão  as  Justiças  a  sua  casa,  escapou  D.  loão  mettido 
debaixo  do  guardinfante  de  sua  mulher  (D.  Arcangela  Micaela  de  Portugal), 
e  fôrão  presos  com  algemas  todos  seus  criados  para  a  enxovia.  Pela  con- 
fissão delles,  se  soube  que  o  matador  fora  o  Conde  de  Mesquitella,  para  o 
que  pedira  a  D.  loão  de  Castro  os  seus  criados,  por  quanto  tratava  o  Mar- 
quês de  casamento  com  a  mãe  do  Conde  (D.  Caterina  Maria  de  Meneses, 
condessa  de  Mesquitela).  Verificou-se  com  o  Conde  se  homisiar,  e  D.  loão 
para  a  fronteira  do  Minho,.  •  •  »  (i). 

Antes  da  Restauração  de  1640  à  qual  logo  Francisco  de  Melo  aderiu, 
vindo  a  prestar-lhe  óptimos  serviços,  não  só  nos  campos  de  batalha,  mas 
principalmente,  como  hábil  poHtico,  nas  negociações  de  que  foi  encarregado 
desde  1657  nas  cortes  de  Londres  e  depois  de  Paris,  dedicara-se  êle  a  estudos 
de  astronomia  e  geografia  e  compusera,  nos  anos  de  lòSy  a  1640,  vários 
tratados  sobre  aquelas  matérias,  os  quais  não  chegaram  nunca  a  ser  im- 
pressos (2).  Depois  coleccionou  em  muitos  tomos  sob  os  títulos  de  Negocia- 
ções do  Marquês  de  Sande  —  Cartas  para  ministros  e  particulares  —  Roma, 
França,  Inglaterra,  Hollanda,  1661  e  1662,  a  sua  correspondência  e  mais 
documentos  relativos  às  suas  embaixadas  (3).  Não  sei  onde  param  estes, 
certamente  interessantíssimos  papéis.  Em  tempos  de  Barbosa  Machado  exis- 
tiam, segunde  êle  declara,  em  poder  do  3.°  Conde  da  Ponte;  depois,  quando 
Rebelo  da  Silva  os  consultou,  parece  que  se  conservavam  na  posse  do  Conde 
da  Ponte  d'então,  o  8.°. 

Havia  Francisco  de  Melo  casado,  como  acima  fica  dito,  com  sua  sobrinha 
D.  Leonor  Manrique  de  Torres,  falecida  já  em  i5  de  Junho  de  i6õ6(4),  e 
dela  teve,  além  de  uma  filha  freira,  a  Garcia  de  Melo  e  Torres  e  D.  Mada- 
lena de  Mendoça.  Garcia  de  Melo  e  Torres  sucedeu  na  casa  de  sua  mãe,  foi 
2.°  conde  da  Ponte  (5)  e  teve  por  filho  e  herdeiro  a  António  José  de  Melo  e 
Torres,  3.°  conde  da  Ponte,  por  carta  de  16  de  Janeiro  de  1703(6),  falecido 


(i)  Monstruosidades  do  tempo  e  da  fortuna,  pág.  28. 

(2)  Barbosa  Machado,  Bibliotheca  lusitana,  II,-  202;  Garção  Stockler,  Ensaio  histórico 
sobre  a  origem  e  progresso  das  mathematicas  em  Portugal,  pág.  5 1 . 

(3)  Rebelo  da  Silva,  Quadro  elementar,  XVII,  págs.  148  e  segs.  —  A  esta  colecção,  inti- 
tulando-a  Negociaçoens  das  suas  embaxadas,  se  refere  Barbosa  Machado  na  Bibliotheca  lusi- 
tana. 

(4)  Torre  do  Tombo,  Registo  do  Real  Arquivo,  liv.  54.»,  fl.  35. 

(5)  Carta  de  10  de  Outubro  de  i665  acima  citada. 

(6)  Ofícios  e  mercês  de  D.  Pedro  II,  liv.  Gi.",  fl.  412  v. 


494  Brasões 

sem  geração  a  9  de  Fevereiro  de  1764,  extinguindo-se  nele  a  linha  varonil 
do  i.°  Conde  da  Ponte,  título  e  casa  em  que  veio  a  suceder  seu  parente 
Luís  de  Saldanha  da  Gama. 

As  armas  dos  Condes  da  Ponte  eram:  partido:  o  I  de  vermelho,  cinco 
torres  quadradas  de  oiro,  lavradas  de  negro  (Torres);  o  II  de  vermelho,  seis 
besantes  de  prata  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro  (Meios).  Coroa 
de  Conde.  Timbre:  uma  das  torres  sobrepujada  dô  uma  estrela  de  seis 
pontas  de  vermelho. 

D.  Madalena  de  Mendoça,  filha  do  i.°  Conde  da  Ponte,  casou  com  Luís 
de  Saldanha  da  Gama,  i.°  senhor  de  Assequins  por  carta  de  16  de  Setembro 
de  167 1  (i),  governador  e  capitão  general  de  Mazagão  e  da  praça  de  Campo 
Maior,  do  Conselho  de  Guerra.  Faleceu  a  24  de  Setembro  de  1721  e  era 
filho  primogénito  de  João  de  Saldanha  da  Gama,  um  dos  aclamadores  de 
D.  João  IV,  a  quem  serviu  na  guerra,  vindo  a  morrer  heroicamente,  em  26 
de  Maio  de  1644,  na  batalha  de  Montijo,  de  dezassete  feridas  nela  recebidas. 

De  D.  Madalena  de  Mendoça  e  Luís  de  Saldanha  da  Gama  foi  neto  Luís 
de  Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres,  3.°  senhor  de  Assequins  e  4.°  conde 
da  Ponte,  de  juro  e  herdade,  por  carta  de  9  de  Abril  de  1756(2).  Faleceu 
a  8  de  Fevereiro  do  ano  seguinte  (3),  sem  ter  chegado  a  ser-lhe  averbada  a 
tença  do  morgado  dos  Torres,  da  qual,  em  23  de  Novembro  de  1766,  se  con- 
cedeu carta  de  padrão  a  sua  filha  única,  a  condessa  da  Ponte  D.  Leonor  de 
Saldanha  da  Gama  (4).  A  esta  senhora  havia  sido  outorgado,  por  despacho 
de  i3  e  portaria  de  18  de  Maio  de  1757,  o  título  de  juro  e  herdade,  em  veri- 


(i)   Chancelaria  de  D.  Afonso  VI,  liv.  36."  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  121. 

(2)  Tendo  consideração  a  me  representar  Luís  de  Saldanha  da  Gama  Melo  e  Torres 
ser  bisneto  do  Marquês  de  Sande,  i."  conde  da  Ponte,  a  quem  D.  Afonso  VI,  em  remune- 
ração dos  seus  assinalados  serviços,  fizera  mercê  do  título  de  conde  da  Ponte  (que  já  tinha 
em  sua  vida)  de  )uro  e  herdade  para  sempre  com  duas  vidas  fora  da  Lei  Mental;  e  que, 
falecendo  o  conde  da  Ponte  António  José  de  Melo  e  Torres,  filho  de  Garcia  de  Melo,  pri- 
mogénito do  dito  Marquês  de  Sande,  sem  descendentes,  lhe  pertencia  suceder  no  mesmo 
título,  em  virtude  da  primeira  vida  fora  da  Lei  Mental,  porque,  ainda  que  existia  José  Xavier 
de  Melo,  irmão  do  último  Conde,  este  como  comendador  professo  de  Malta  não  podia  suceder 
na  primeira  vida,  pois  não  estava. dispensado  no  impedimento  de  religioso,  cuja  vida  se  Jhe 
havia  julgado  no  juízo  das  Justificações  do  Reino,  em  observância  do  alvará  de  i5  de  Se- 
tembro de  1755,  passado  pelo  Desembargo  do  Paço  por  rial  resolução  de  3o  de  Agosto  do 
mesmo  ano,  pedindo-me  para  que  na  sua  pessoa  se  verificasse  a  primeira  vida  fora  da  Lei 
Mental  no  título  de  conde  da  Ponte.  E  atendendo  às  qualidades,  etc.  Carta  do  título  de 
conde  da  Ponte  de  juro  e  herdade  para  sempre,  com  uma  vida:  mais  fora  da  Lei  Mental,  ficando 
extinta  a  primeira  das  duas  vidas  concedidas  no  mesmo  título.  Belém,  9  de  Abril  de  1756. 
—  Chancelaria  de  D.  José,  liv.  71.",  fi.  5. 

(3)  Gaí^eta  de  Lisboa  de  17. 

(4)  Torre  do  Tombo,  Registo  do  Real  Archivo,  liv.  54.«>,  fl.  35ç> 


Meios  495 

íicação  da  segunda  e  última  vida  fora  da  Lei  Mental.  Casou  com  treze  anos, 
a  i8  de  Junho  de  1758,  com  seu  parente  José  António  de  Saldanha  Meneses 
e  Sousa,  5.°  conde  da  Ponte  por  carta  de  6  de  Julho  do  mesmo  ano(i),  gentil- 
-homem  da  câmara  de  D.,  Maria  I,  mordomo  mor  de  D.  Pedro  IIÍ,  brigadeiro 
chefe  do  regimento  de  Peniche.  Faleceu . o  Conde  da  Ponte  em  1785  sem 
deixar  descendência,  tendo-o  a  Condessa  precedido  no  túmulo,  por  isso  que, 
a  20  de  Fevereiro  de  1782,  por  morte  dela,  foi  lançada,  na  carta  de  padrão 
do  juro  do  morgado  dos  Torres,  uma  apostila  a  favor  de  seu  sucessor  João 
de  Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres  (2). 

As  armas  do  5."  Conde  da  Ponte  foram:  escudo  esquartelado:  o  I  e  IV 
das  armas  do  reino;  o  II  de  vermelho,  caderna  de  crescentes  de  prata;  o  III 
de  azul  três  flores  de  lis  de  oiro;  sobre  o  todo  de  vermelho,  torre  de  prata, 
coberta  de  azul,  com  portas  e  frestas  do  mesmo,  e  cruzada  de  oiro.  Coroa 
de  conde.  As  armas  do  reino  pelos  Sousas  do  II  e  pelos  Meneses  do  III; 
as  dos  Saldanhas  no  sobre  o  todo. 

João  de  Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres  era  primo  com  irmão  da 
5.*  Condessa  da  Ponte,  por  ser  filho  de  Manuel  de  Saldanha  da  Gama,  irmão 
do  4.°  Conde.  Sucedeu  João  de  Saldanha  na  casa  a  sua  prima  e  uns  vinte 
anos  depois  da  sua  morte  foi  criado  6.°  conde  da  Ponte,  por  despacho  de  14 
de  Novembro  (3)  e  carta  de  22  de  Dezembro  de  1802,  havendo-lhe  o  título 
sido  concedido  em  duas  vidas  (4).  Em  i5  de  Agosto  de  i8o5  foi  nomeado 
governador  e  capitão  general  da  Baía  (5),  e,  quando  .a  família  rial  lá  desem- 
barcou, a  21  de  Janeiro  do  ano  seguinte,  hospedou-a  em  sua  casa  o  Conde  da 
Ponte.  Morreu  na  Baía  a  24  de  Maio  de  i8og,  tendo  casado  em  1796  com 
uma  filha  dos  1.°^  Condes  de  Rio  Maior,  Dos  6.°*  Condes  da  Ponte  foi  neto 
João  de  Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres,  8.°  e  último  conde  da  Ponte 
da  varonia  de  Saldanha,  vedor  da  casa  rial,  par  do  reino,  gentil-homem  da 
rial  câmara.     Faleceu  em  27  de  Junho  de  1874(6). 


(i)  Chancelaria  de  D.  José,  liv.  47.°,  fl.  272. 

(2)  Cit.  Registe  do  Real  Archivo,\iv.  54.°,  fl.  35. 

(3)  Gaveta  de  Lisboa  de  3o  de  Novembro. 

(4)  Tomando  em  consideração  que  João  de  Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres  é 
sucessor  e  representante  das  casas  de  seus  avós  Marquês  de  Sande  e  Conde  da  Ponte,  e 
muito  principalmente  em  memória  daqueles  de  quem  vem,  e  por  esperar  que  ele  os  imite, 
hei  por  bem,  por  folgar  de  lhe  fazer  honra  e  mercê  nesta  ocasião  feliz  para  a  rial  família  e 
para  o  reino  (baptismo  do  infante  D.  Miguel),  fazer-lhe  mercê  do  título  de  conde  da  Ponte 
em  duas  vidas,  etc.  Palácio  de.  Queluz,  22  de  Dezembro  de  1802.  —  Registo  de  Mercês  do 
Príncipe  Regente,  liv.  3.»,  fl.  55. 

(5)  Gafeta  de  Lisboa  de  20  de  Agosto. 

(6)  O  título  de  conde  da  Ponte  foi  renovado,  já  neste  século,  num  neto  por  linha  fenai- 
nina  do  8.»  Conde. 


496  Brasões 

As  armas  dos  modernos  Condes  da  Ponte  eram:  partido:  o  I,  também 
partido:  o  i.°  de  vermelho,  torre  de  prata,  com  porta,  frestas  e  lavrado  de 
azul,  coberta  do  mesmo  e  cruzada  de  oiro  (Saldanha);  o  2.°  cortado  de  ver- 
melho sobre  prata,  no  vermelho  águia  de  prata,  na  prata  torre  de  negro 
ardendo  em  chamas  (Bohadilha);  o  II  enxequetado  de  oiro  e  vermelho  de 
três  peças  em  faxa  e  cinco  em  pala,  as  peças  de  vermelho  carregadas  cada 
uma  de  duas  faxas  de  prata  (Gama).  Coroa  de  conde.  Timbre:  a  torre 
do  i.». 

Os  Saldanhas  são  de  origem  espanhola  e  já  numa  escritura  do  ano  de  1067 
se  encontra  um  D.  Gomes  Dias,  conde  de  Saldana.  Deste  pretendem  deduzir 
a  linhagem,  mas  é  impossível  prová-lo.  O  certo  é  ter  um  Diogo  de  Saldanha 
passado  a  Portugal  no  serviço  da  Excelente  Senhora,  de  quem  foi  secretário 
e  como  tal  vem  designado  nas  listas  de  1476  e  1477,  no  titulo  dos  cavaleiros 
do  conselho.  Sérvio  a  D.  Afonso  V,  a  seu  lado  combateu  em  Toro  e  foi  seu 
companheiro  a  França,  d'onde  foi  enviado  em  1476  com  o  Conde  de  Pena- 
macor a  Roma. 

Era  «homem  prudente  de  grande  autoridade»,  afirma  Rui  de  Pina(i); 
tam  bom  conceito  não  formava  porem  dêle  o  anónirho  autor  dos  Porquês  de 
Setúbal,  achados  no  paço  em  1488. 

Por  que  tanta  ypocresya 
ha  em  Saldanha  Dioguo  ? 

preguntava  ele  (2).  Na  mesma  compilação,  onde  estas  trovas  se  guardam, 
aparece  uma  cantiga  de  Diogo  Saldanha;  em  castelhano,  é  claro (3). 

Havia  casado  em  Castela  com  D.  Maria  Rodrigues  de  Bobadilha  e  foram 
os  progenitores  dos  Saldanhas,  que  tiveram  em  Portugal  estas  casas:  os  se- 
nhores da  quinta  da  Melhorada;  os  senhores  de  Assequins,  Condes  da  Ponte; 
os  comendadores  de  Casével,  posteriormente  nos  Câmaras  Condes  da  Taipa; 
os  modernos  Condes  de  Penamacor,  descendentes  do  antigo;  os  Condes  da 
Ega;  os  morgados  de  Oliveira,  Condes  de  Rio  Maior;  os  Duques  de  Saldanha, 
e  outros. 

As  armas  dos  Condes  da  Ponte  já  lá  acima  ficaram  descritas;  a  seguir 
darei  noticia  das  dos  outros  principais  ramos  dos  Saldanhas. 

Os  Condes  de  Penamacor  trazem  o  escudo  esquartelado:  o  I  de  prata, 
seis  arruelas  de  azul  (Castros);  o  II  de  Saldanha;   o  III  esquartelado:  o  i.° 


(i)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  197,  pág.  578. 
{2)  Cancioneiro  geral,  fl.  175,  col.  2. 
(3)  Ibidem,  fl.  5o,  col.  4. 


Meios  497 

e  4.°  das  armas  do  reino,  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  cinco  flores  de  lis  de  oiro 
(Albuquerque);  o  IV  de  verde,  torre  de  prata  lavrada  de  negro,  coberta  de 
enxequetado  de  oiro  e  azul,  acompanhada  de  duas  estrelas  de  seis  pontas 
postas  nos  cantões  do  chefe,  e  firmada  num  pé  de  água  de  prata,  ondada  de 
azul  (Ribafria).  Coroa  de  conde.  Timbre:  Hão  nascente  de  oiro,  posto  de 
frente  e  segurando  uma  roda  de  navalhas  de  Santa  Caterina,  a  roda  de  sua 
côr,  as  navalhas  de  prata. 

As  armas  de  Ribafria  foram  concedidas,  por  carta  de  iG  de  Setembro  de 
1541,  feita  por  António  de  Holanda,  a  Gaspar  Gonçalves,  cavaleiro  da  Ordem 
de  Cristo,  dando-se-lhe  também  por  solar  e  apelido  a  sua  torre  e  quinta  de 
Ribafria.  Por  ser  interessante  a  origem  dçsta  linhagem  e  ter  tido  o  seu 
solar  nas  proximidades  de  Sintra,  dela  darei  notícia  lá  mais  adiante  (i). 

Os  Condes  da  Ega  usaram  de  escudo  terçado  em  pala:  o  I  cortado  das 
armas  do  reino  sobre  cinco  flores  de  lis  de  oiro,  em  campo  de  vermelho;  o 
II  também  cortado,  das  referidas  cinco  flores  de  lis  sobre  as  armas  do  reino, 
formando  estas  duas  palas  o  brasão  dos  Albuquerques;  o  III  de  Saldanha. 
Coroa  de  conde.  Timbre:  águia  nascente  de  negro,  segurando  no  bico  uma 
chave  de  oiro  (2). 

•  Os  Condes  de  Rio  Maior  trazem  o  escudo  partido:  o  I  de  Saldanha;  o  II 
cprtado:  o  i.°  de  vermelho, ^oliveira  cosida  de  verde,  frutificada  de  oiro  e 
arrancada  de  prata  (Olipeira);  o  2."  esquartélado  das  quinas  do  reino  e  de 
um  lião  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho  (Sousa  do  Prado). 
Coroa  de  conde.  Timbre:  águia  nascente  de  negro,  com  uma  chave  de  oiro 
no  bico,  e  segurando  nas  garras  um  listão  de  prata  com  a  divisa  VERITAS 
OMNIUM  VICTRIX,  em  letras  de  negro. 

Os  Duques  de  Saldanha,  ramo  da  casa  de  Rio  Maior,  modificaram  o  seu 
escudo  pela  seguinte  forma:  esquartélado:  o  I  dos  Saldanhas,  o  II  dos  Sousas 
do  Prado,  o  III  dos  Oliveiras,  o  IV  partido:  o  i.°  de  oiro  fretado  de  vermelho 
(Correia),  o  2.°  de  azul,  estrela  de  oito  pontas  de  oiro,  dentro  de  uma  caderna 
de  crescentes  de  prata  (Cangalho).  Coroa  de  duque,  saindo  de  baixo  dela  a 
divisa  dos  Rios  Maiores. 

No  princípio  deste  capítulo  apontei  quatro  ramos  principais  derivados  dos 
Meios  por  fêmea;  acrescentarei  aqui  que  outras  casas  há  usando  daquele 
apelido  por  idêntica  proveniência.  Lembramme  os  Meios  Correias,  rnorgados 
de  Palhais,  os  Meios  Sampaios,  da  quinta  da  Graciosa,  os  Meios  Abreus,  da 


(i)  Nota  no  fim  do  artigo, 

(2)  Este  timbre  é  tirado  do  brasão  dos  Bobadilhas,  de  quem  os  Saldanhas  descendem, 
e  foi  usado  por  quási  todos  os  melhores  da  linhagem. 

vou  I  63 


498  Brasões 

quinta  de  Santa  Eulália,  os  Meios  Pereiras,  da  casa  de  Pombeiro  de  Riba 
de  Vizela,  e  outros.  Ainda  há  mais  casas,  relativamente  antigas,  nas  quais 
se  repetiu  o  apelido  de  Melo,  sem  se  poderem  por  forma  nenhuma  entroncar 
na  verdadeira  linhagem. 

Para  fechar  este  artigo  com  chave  de  oiro  transcreverei  os  versos  do 
nosso  Francisco  Rodrigues  Lobo  dedicados,  no  Condestabre.,  à  origem  dos 

Meios  (i): 

Foi  deste  conde  Henrique  companheiro 
Entre  muitos  de  França,  &  de  Inglaterra, 
Dom  Pedro  Framaris  ousado  &  forte, 
A  quem  lugar  no  reyno  coube  em  sorte. 

Junto  de  (Buimaraês  amena  &  bella, 
Teve  assento  &  solar  engrandecido. 
Que  aos  do  nome  de  Riba  de  Visella, 
Deu  o  principio  illustre,  &  o  apeilido, 
Dom  Payo  naceo  delle,  &  quando  aquella 
Familia  o  Reyno  tinha  ennobrecido, 
Dom  Reimão  procreou  da  clara  esposa 
Do  grande  Egas  Monis  neta  ditosa. 


Do  primeiro  seu  nome  eternizando, 
Dous  filhos  valerosos  sos  ficarão; 
HG  dom  Guilhem  Reimondo,  &  dó  Sueiro 
Que  na  ventura  em  tudo  foy  primeyro. 

Delle,  &  de  Dona  Vrraca  illustre  dama, 
Filha  doutro  Egas  Gomes  de  Barroso 
Naceo  para  illustrar  seu  nome  &  fama, 
Dom  Mem  Soares  de  Mello  o  valeroso, 


NOTA 

TORRE  E   SOLAR  DE  RIBAFRIA,  pág.  497 

A  torre  de  Ribafria  ainda  hoje  (estou  repetindo  palavras  anteriores  a  iQoS)  existe  e  bas- 
tante bem  conservada;  mas  já  não  pertence  à  família  dos  seus  antigos  senhores.  Fica  no 
fundo  de  um  vale,  a  vinte  minutos  de  caminho  a  pé  para  o  poente  de  Lourel,  pequen*  aldeia 
na  estrada  de  Sintra  à  Granja. 


(i)  O  Gond'estabre  de  Porivgal  /  D.  Nvno  Alvres,  j  Pereira.  /  de  Francisco  Rodrigues 
Lobo.  I  Offerecido  Ao  Duque  dom  Theodosio  segundo  deste  nome,  Duque  de  Bragança,  /  & 
de  Barcellos,  Marques  de  Villauisosa,  Conde  de  Ourem,  de  Arrayolos,  de  Neiua,  é  Penafiel 
Senhor  de  Monforte,  Montealegre  &  Villa  de  Comde,  conde  estabre  destes  Reinos  &  Senhorios 
de  Portugal.  /  Em  Lisboa.  Com  as  licenças  necessárias  por  pedro  Crasbeck.  Anno  16010 
(sic)  I  António  pinto,  exculp.  / —  Canto  xvi,  pág.  253. 


I 


Meios 


499 


Lá  fui  no  dia  6  de  Dezembro  de  i885,  um  esplêndido,  um  glorioso  dia  de  inverno,  como 
diria  qualquer  Inglês,  e  dos  breves  apontamentos  então  tirados  posso  extratar  a  matéria  se- 
guinte, a  qual  aqui  tem  natural  cabimento  visto  dizer  respeito  a  uma  velharia  portuguesa 
nos  arrabaldes  da  vila  onde  está  situado  o  paço  de  Sintra. 

A  torre  é  quadrada  e  de  três  andares  além  do  térreo,  ficando,  o  primeiro  sobre  este, 
alto  para  o  lado  do  jardim  e  de  nível  por  detrás  para  uma  espécie  de  eirado,  ou  terraço, 
para  onde  tem  serventia  por  um  portal  l;ugo  sem  nenhum  ornato.  Está  a*tôrre  ao  poente 
e  na  mesma  linha  da  frente  da  casa,  arrumada  a  ela  pela  banda  do  nascente  e  isolada  pelos 


outros  três  lados,  formando  un^corpo  saliente.  No  primeiro  andar  sobre  o  térreo,  alem  da 
já  referida  porta,  tem  duas  janelas,  uma  em  cada  face;  no  segupdo  andar  tem  mais  três 
janelas  correspondentes  aos  três  vãos  do  pavimento  inferior;  e  no  último  andar  são  as  janelas 
substituídas  por  três  frestas  ovais.  Aquelas,  todas  emolduradas  de  boa  pedra,  têem  seu 
colunelo  ao  meio  e  são  de  simples  mas  elegante  lavor.  No  cunhal  norte-poente,  na  altura 
do  sobrado  do  terceiro  andar,  está  o  brasão  dos  Ribafrias  um  pouco  inclinado  para  diante, 
pairando  sobre  aqueles  arredores. 

Cada  um  dos  pavimentos  da  torre  é  formado  por  um  só  quarto  e  o  pequeno  vão  de 
uma  escada,  que  vai  subindo  de  andar  em  andar.  Só  no  último  existe  uma  chaminé  antiga, 
cortando  um  dos  cantos. 

Dominada  pela  torre  e  a  ela  encostada,  mas  sem  nenhuma  comunicação  interior,  está 
a  casa  com  a  frente  para  o  norte,  sobre  o  jardim,  em  um  primeiro  andar  alto,  no  qual  se 
vêem  rasgadas  seis  janelas,  de  forma  igual  às  da  torre  e  alinhadas  com  a  correspondente 
desta.  Tudo  deita  para  um  grande  tanque  estendido  ao  longo  de  toda  a  frente  da  casa  e 
da  torre,  de  sorte  que  das  suas  janelasse  podiam  mirar  nas  límpidas  águas  vindas  da  serra 
as  gentis  donas  e  donzelas  de  Ribafria,  e  mesmo  até  as  que  gentis  não  fossem. 


I 


5oo  Brasões 

o  tanque  é  alimentado  por  água  do  rio  de  Lourel  e  pela  de  uma  fonte  coberta  por  um 
tecto  piramidal,  na  qual,  para  limpeza  da  mina,  há  uma  entrada,  espécie  de  porta  emoldu- 
rada por  umas  pedras  de  cantaria,  nas  quais  está  esculpida  uma  linda  grinalda  de  folhas  e 
frutos  de  hera.  Esta  fonte  fica  na  extremidade  do  tanque  mais  afastada  da  torre.  Alem 
dele  é  o  jardim  e  a  quinta. 

A  casa,  em  toda  a  frente  para  o  lado  do  tanque,  a  principal,  bem  como  a  torre,  em 
todos  os  seus  quatro  lados,  é  ameiada. 

A  entrada  para  a  propriedade  é  por  uma  sorte  de  antiga  alameda  bastante  ancha,  mas 
agora  sem  arvoredo,  e  fechada  entre  dois  muros,  confinando  da  direita  com  o  jardim,  lago 
e  casas.  Ao  alto  da  alameda,  que  sobe  cm  doce  rampa,  está  à  direita,  olhando  para  o  nas- 
cente, o  portão  de  ingresso  para  um  pátio  interior,  serventia  geral  de  todo  o  prédio.  O  pátio 
atrás  do  muro  é  fechado,  à  direita  e  em  frente,  pela  casa  da  residência,  a  qual  por  este  lado 
forma  um  ângulo  recto;  à  esquerda  limitam-no  pardieiros  em  ruína,  antigas  oficinas  de 
lavoira,  as  quais  avançam  ainda  para  alem  do  p"^o.  Entre  elas  e  a  casa  há  uma  travessa, 
aberta  em  frente  ao  portão  de  entrada,  a  qual  dá  serventia  para  a  quinta  pelo  eirado  sobre 
que  assenta  a  torre  e  para  onde  ela  tem  a  referida  porta  no  primeiro  andar. 

T^oda  a  parte  da  casa  de  residência  confinante  com  o  pátio  á  dele  separada  por  uma 
espécie  de  estreito  passeio  lageado  e  alto,  para  o  qual  se  sobe  por  três  degraus  de  cantaria. 
A  parte  nobre  da  casa  fica  à  direita  entrando,  e  constitui  a  face  correspondente  à  frente 
principal  sobre  o  lago,  mais  curta  do  que  esta  em  toda  a  largura  do  corpo  saliente,  o  qual 
forma  ângulo  no  pátio.  Neste  vê-se  à  direita  uma  porta  de  boa  aparência,  entrada  para  a 
capela;  e  na  frente,  dando  acesso  ao$  aposentos  interiores,  está  outra  porta  de  igual  feição. 
A  esquerda  desta  ainda  existe  uma  terceira,  baixa  e  humilde,  para  dar  serventia  à  cozinha, 

onde  se  conserva  uma  boa  lareira  antiga. 

No  mesmo  pátio,  no  ângulo  formado  pelo  muro,  que  o 
separa  da  alameda  de  entrada,  e  pela  parede  da  casa,  está 
uma  fonte  airosa,  com  seu  tanque  rectangular  de  pedra  sin- 
gelamente ornada,  dentro  de  três  delicadas  colunas  de  can- 
taria destinadas  a  sustentar  uma  cúpula  oval  rematada 
exteriormente  por  uns  florões,  e  ostentando  em  volta,  sobre 
a  cornija,  vasos  de  pedra  correspondentes  às  colunas.  A 
parte  das  paredes,  que  entre  aquelas  forma  o  ângulo,  é 
revestida  de  azulejos  antigos  verdes  e  brancos  e  tem  uma 
carranca  de  pedra  com  a  bica  entre  os  beiços. 

No  mesmo  pátio  do  lado  esquerdo  há  uma  velha  escada 
exterior  de  cantaria,  para  dar  ingresso  ao  andar  superior 
das  oficinas  de  lavoira. 

Dentro  da  casa,  mais  digno  de  nota,  é  o  tecto  da  capela 
e  o  altar.  Está  aquela  hoje  dividida  em  dois  quartos  de  desigual  tamanho,  sendo  o  menor 
correspondente  à  capela  mor  e  o  maior  ao  corpo  da  ermida,  havendo  neste  uma  janela,  a 
primeira  das  que  deitam  sobre  o  tanque.  Da  capela  mor  existe  ainda  o  altar,  todo  forrado 
daquele  magnífico -azulejo  de  tons  metálicos,  e  de  ornatos  entrelaçados,  ásperos  ao  tacto,  tão 
repetido  no  paço  de  Sintra.  O  tecto  conserva-se  todo.  É  de  laçaria  de  pedra  com  seus  florões, 
nos  quais  se  vêem  esculpidas  as  armas  dos  Ribafrias,  a  cruz  de  Cristo  e  outros  emblemas. 
Em  todo  o  edifício  só  me  ficará  por  mencionar  a  cisterna,  vasto  depósito,  cujo  tecto  é 
sustentado  por  dois  renques  de  grossas  colunas  de  cantaria.  A  cisterna  fica  na  encosta  do 
monte  ao  sul  da  casa,  junto  às  já  referidas  oficinas  de  lavoira. 
O  sítio,  onde  tudo  isto  está,  é  tristíssimo;  infunde  melancolia. 


Meios  5o  r 

Da  banda  do  sul  um  monte  coberto  de  urzes,  tojos  e  carvalheiras,  caindo  quási  a  prumo 
sobre  o  prédio,  esconde-lhe  o  vivificante  sol,  deixando-lhe  só  livre  a  parte  do  poente,  único 
lado  para  onde  a  torre  desfruta  algum  horizonte,  ainda  assim  bem  limitadcí,  avistando- se  lá 
ao  fundo  a  avermelhada  casa  da  quinta  da  Madre  de  Deus,  outrora  pertença  dos  Redondos. 
Em  frente,  ao  norte,  fica  outro  monte  pouco  menos  áspero  do  que  o  primeiro,  e  com  êlé 
fecha  pelo  nascente  o  vale  por  onde  vem  mansamente  correndo  o  riacho  desde  Lourel.  No 
monte  ao  norte,  quási  em  baixo,  alvejam  as  humildes  habitações  do  casal  de  Santo  Amaro, 
com  a  sua  pequena  ermida  isolada,  precedida  de  um  adro  coberto. 

E  mais  nada  se  vê;  nem  árvores,  nem  campos,  nem  casas;  e  tudo  está  mergulhado  em 
silêncio,  nem  aves  por  ali  havendo,  que  a  serra  de  Sintra  e  seus  arredores  lhes  não  são  pro- 
pícios. 

Gaspar  Gonçalves,  cavaleiro  da  casa  dei  Rei,  fundou,  aí  por  mil  e  quinhentos  e  trinta 
e  tantos,  na  sua  quinta  de  Cabris  a  casa  e  torre  posteriormente  chamada  de  Ribafria,  nome 
com  que  já  é  designada  em  1541,  como  adiante  veremos. 

Era  este  Gaspar  Gonçalves  de  uma  geração»  de  lavradores  de  Sintra  ou  do  seu  termo, 
bisneto  ou  terceiro  neto  de  I-uís  Gonçalves  e  de  Caterina  Alvares,  mais  remotos  ascendentes 
que  se  lhe  podem  nomear,  e  de  cuja  existência  consta  pelo  testamento,  feito  no  ano  de  i535, 
de  seu  neto  Duarte  Fernandes  (i).  Havia  sido  Duarte  Fernandes  vigário  da  igreja  de  S.Mar- 
tinho de  Sintra,  onde  está  sepultado  na  capela  mor,  no  pavimento,  sob  uma  grande  campa, 
com  parte,  uma  linha  pelo  menos,  do  epitáfio  coberto  pelo  primeiro  dos  quatro  degraus  do 
altar  mor,  podendo-se  unicamente  ler  o  seguinte: 

diicirte  i  /rf  •  vygro  :  ^  foy 
desta  ':  ygreia  \  e  inãda  ^ 
se  não  \  lace  •'  nyugem  )  nela 

No  referido  testamento  instituiu  uma  capela  da  qual  nomeou  administrador  seu  sobrinho 
André  Gonçalves,  filho  de  Gaspar  Gonçalves  e  Suzana  Antunes. 

Em  André  Gonçalves  cameçou  a  ilustração  da  família.  Sendo  ele  escudeiro  da  casa 
dei  Rei  D.  Manuel,  nomeou-o  este,  por  carta  de  21  de  Novembro  de  i5oi,  seu  almoxarife  do 
almoxarifado  de  Sintra  e  paços  da  vila,  e  juiz  das  sisas  de  Colares  e  das  coutadas  do  termo  (2), 
tudo  confirmado  por  D.  João  III,  em  23  de  Outubro  de  i528(3).  Em  i5o2,  por  outra  carta 
de  23  de  Fevereiro,  foi-lhe  assinado  de  mantimento  com  o  ofício  a  quantia  de  quatro  mil  e 
oitocentos  reais,  outro  tanto  como  havia,  com  cevada,  da  sua  moradia  de  escudeiro,  sendo 
por  ^sta  disposição  riscado  o  seu  nome  dos  livros  da  cozinha,  por  onde  recebia  a  referida 
moradia,  e  posta  verba  do  novo  pagamento  (4).  Em  iSoj  tomaram-lhe  contas  dos  primeiros 
cinco  anos  de  sua  gerência,  os  de  i5oi  a  i5o5,  nos  quavs  recebeu  de  diversas  proveniências 
três  contos  quinhentos  e  setenta  mil  e  tantos  reais,  despendidos  por  forma  satisfatória  tanto 
que,  por  carta  de  17  de  Março,  lhe  foi  dada  plena  quitação  (5). 


(1)  Apontado  em  vários  Nobiliários  e  confirmado  em  parte  por  um  documento  adiante  citado. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i.*,  fl.  56  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  45."  de  Doações,  fl.  164. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  4.°,  fl.  21. 

(5)  Cartas  de  quitação  de  D.  Manuel,  no  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  I,  pág.  283,  n  "  78.  — tm  1607, 
um  século  depois,  era,  conforme  o  Livro  da  fa\enda  de  Luís  de  Figueiredo  Falcão,  fl.  35,  a  receita  do  aln^.oxa- 
rifado  de  Sintra  de  3.433:567  réis  e  mais  10  arrobas  de  cera;  e  a  despesa  de  711:226  réis  de  juros,  i.3ci:ç;28  de 
tenças  e  356:iSq  de  ordenados,  somando  tudo  3.<2i,:o(3  réis ;  ficava  pois  líquido  f:524  réis  e  as  10  arrobas  de  cera. 
Faz-me  isto  lembrar  os  actuais  orçamentos  do  .Estado,  com  a  diferença  de  nestes  só  ficar  liquido  a  cera. 


5  02  f  Brasões 

Ainda  por  mais  três  vezes,  que  me  conste,  se  tomaram  contas  a  André  Gonçalves,  já 
então  cavaleiro  da  casa  dei  Rei:  uma  vez  foi  a  8  de  Julho  de  i532  e  dizia  respeito  aos  anos 
de  iSzge  1 53o, nos  quais  a  receita  em  dinheiro  foi  de  dois  contos  cento  e  tantos  mil  reais  (i); 
outra,  a  21  de  Agosto  de  i533,  relativa  aos  anos  de  i523  a  1529,  com  a  receita  de  três  contos 
quarenta  e  tantos  mil  reais  (2);  e  a  terceira,  em  20  de  Abril  de  i535,  tornou  a  envolver  a  pre- 
cedente por  ter  abrangido  todos  os  anos  desde  i52i  a  i533,  nos  quais  a  receita  fora  de 
onze  contos  cento  e  tantos  mil  reais  (3). 

Além  destas  cartas  de  quitação  existe  na  Torre  do  Tombo,  emanado  do  almoxarifado 
de  Sintra  nestes  começos  do  século  xvi,  um  documento  bem  curioso  ao  qual  já  me  referi  lá 
acima,  no  Preâmbulo,  sob  o  título  de  Livro  truncado  da  receita  e  despesa  de  André  Gonsalves, 
ano  de  i5o8. 

Ao  seu  almoxarife  de  Sintra  doou  D.  Manuel,  por  carta  de  3o  de  Junho  de  i5i5,  a  her- 
dade das  Lamjeiras  (sic)  Qvn  Sintra  (4),  a  qual,  com  o  nome  de  Laranjeira,  lhe  foi  confirmada 
por  D.  João  III  em  24  de  Outubro  de  i528  (5),  no  dia  seguinte  àquele  em  que  lhe  havia  con- 
firmado a  nomeação  de  almoxarife.  O  seu  ordenado  com  este  ofício  havia  D.  Manuel,  por 
alvará  de  26  de  Setembro  di  iSij,  elevado  a  quinze  mil  reais  (6).  Em  i535  ainda  exercia 
o  ofício  conjuntamente  com  o  de  escrivão  da  confraria  dos  Fiéis  de  Deus  erecta  na  igreja 
de  S.  Martinho  (7),  e  ainda  com  o  de  juiz  dos  encoutos  da  vila  de  Sintra  (8). 

Vivia  ainda  André  Gonçalves  no  ano  de  1544,  "o  (\\jiai  já  era  cavaleiro  da  Ordem  de 
Cristo  e  ainda  exercia  o  ofício  de  almoxarife  de  Sintra.  Nesse  ano  sucedeu  na  capela  insti- 
tuída em  seu  testamento  por  seu  tio  o  vigário  de  S.  Martinho,  Duarte  Fernandes,  e  na  quali- 
dade de  administrador  dela  lhe  foi  passada,  em  9  de  Julho,  carta  de  padrão  de  certa  tença 
de  juro  e  herdade  pertencente  ao  espólio  do  falecido  (9).  Havia  nesse  mesmo  ano,  na  quali- 
dade de  escrivão  da  confraria  dos  Fiéis  de  Deus,  reunido  na  sua  casa  de  Sintra,  no  dia  10 
de  Fevereiro,  a  irmandade  em  cabido,  e  todos  juntos  aprovaram  a  compra  feita  por  Gaspar 
Gonçalves  de  Ribafiia  de  um  casal  em  Mata  Moiros,  foreiro  à  referida  irmandade,  e  dêle 
fizeram  novo  emprazamento  ao  dito  Gaspar  Gonçalves  e  a  sua  mulher  Maria  Luís  de  Sá  (10). 

Segundo  alguns  nobiliários  André  Gonçalves  casou  com  Ana  Ribeira  e  dela  teve  a  Gaspar 
Gonçalves,  Felipa  Ribeira,  mulher  de  Gaspar  de  Valadares,  moço  da  câmara  dei  Rei  (1 1),  Ana 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  18.'  de  Doações,  fl.  61  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  46.»  de  Doações,  fl.  80. 

(3;  Cartas  de  quitação  de  D.  Manuel,  no  Arquivo  histórico  português,  vcl.  IX,  pág.  ^53,  n."  718. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  Mv.  ii.°,  fl   114. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  45.°  de  Doações,  fl.  143. 

(6)  Transcrito  na  carta  de  confirmação  de  5  de  Novembro  de  líaS.  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  45.°  de 
Doações,  fl.  i63. 

(7)  Instrumento  de  emprazamento  de  Maio  de  i535  outorgado  a  Jorge  Domingues,  de  um  pardieiro  e  courelas  no 
termo  de  Sintra,  pertencentes  à  referida  confraria.  Em  i8-s5  extractei  este  e  maiscinqúmta  e  dois  outros  pergaminhos 
da  tal  confraria,  então  existentes  no  cartório  da  referida  igieji  de  S.  Martinho  de  Sjntra. 

(8;  Eu  elRey  faço  saber  A  vos  André  gonçalvez  caualeiro  d,  minha  casa  juiz  dos  emcoutos  na  vila  de  symtra  que 
eu  ey  por  bem  e  meu  seruiço  por  allgíás  Respeitos  que  por  todo  este  mes  de  julho  que  ora  vem  nenhua  pessoa  de  qual- 
quer calidade  que  seja  cace  coelhos  na  serra  e  coutada  da  dita  villa  e  caçando  écorra  nas  penas  que  se  contem  é  meu 
Regimento. . .  euora  a  xxviij  dias  de  junho  de  v«xxxj.    Rey.  —  Cartório  da  Misericórdia  de  Sintra. 

(9)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5."  de  Doações,  fl.  129  v.  —  Por  este  documento  consta  haver  o  vigário 
Duarte  Fernandes  comprado  por  192:000  reais  uma  tença  de  juro  de  12:000  reais  e  ter  deixado  por  herdeiro  de  sua 
fazenda,  por  não  ter  ascendentes  nem  descendentes,  a  André  Gonçalves.  A  ele  deixou  estes  i2:coo  reais  e  outros 
12:000,  que  tinha  de  graça  separada,  a  fim  de  com  êies  satisfazer  certos  encargos  de  uma  capela  que  instituirá,  da  qual 
deixava  por  administrador  ao  dito  André  Gonçalves,  almoxarife,  e  por  sua  morte  à  pessoa  que  fòr  almoxarife  da  dita 
"vila,  por  forma  a  andar  sempre  a  administração  nos  almoxarifes. 

(10)  Documento  do  cartório  da  igreja  de  S.  Martinho  de  Sintra. 

(ii)  Efectivamente  entre  os  pergaminhos  da  confraria  dos  Fiéis  de  Deus  encontra.se  um  instrumento  de  17  de 


Meios  5o? 

Ribeira  casada  com  Lourenço  Correia,  e  outros.  Dizem  mais  que  Gaspbr  Gonçalves, 
1.'  senhor  de  Ribafria,  era  aquele  Gaspar  Gonçalves  filho  do  Almoxarife  de  Sintra.  Tenho 
muitas  dúvidas  a  tal  respeito  e  creio  que  não  fosse  filho,  mas  irmão.  Pelo  menos  Gaspar 
Gonçalves  na  instituição  do  morgado  de  Ribafria,  relacionando  as  propriedades  de  que  o 
formava,  nomeia  uma  terra  no  termo  de  Sintra  comprada  ao  Almoxarife  seu  irmão.  A  ins- 
tituição foi  feita  em  Évora  a  7  de  Maio  de  i536  e 'nesta  data,  como  já  vimos,  ainda  André 
Gonçalves  vivia  e  exercia  o  ofício  de  almoxarife. 

Gaspar  Gonçalves  começara  a  servir  D.  Manuel  nos  primeiros  anos  do  século  xvi  e  já 
exercia  o  cargo  de  seu  porteiro  da  câmara  em  i5i8,  quando,  divulgada  a  nova  do  seu  ter- 
ceiro casamento,  t<2ve  lugar  no  paço  um  solene  beijamão(i).  Em  i525  foi  feito  cavaleiro 
da  Ordem  de  Cristo  com  vinte  mil  reais  de  tença  (2),  e  em  !536,  estando  em  Évora  ainda 
solteiro,  instituiu,  por  escritura  de  7  de  Maio,  um  morgado  do  qual  ficou  sendo  cabeça  a 
quinta  de  Cabris  no  termo  de  Sintra  (3).  Impôs  várias  condições  aos  administradores  do 
vínculo  e  entre  outras  a  do  apelido  de  Cabris.  Teve  a  instituição  confirmação  régia  em  16 
de  Maio  de  i536,  e  foi  depois,  em  10  de  Setembro  de  1541,  ampliada  e  em  parte  alterada 
pelo  mesmo  Gaspar  Gonçalves,  já  apelidado  de  Ribafria  e  intitulado  fidalgo  da  casa  dei  Rei. 
Neste  novo  instrumento  declara  que  revoga  a  condição  imposta  na  primitiva  instituição  para 
todos  os  administradores  se  chamarem  de  Cabris,  em  virtude  de  D.  João  III  lhe  ter  agora 
concedido  a  mercê  e  honra  de  o  fazer  fidalgo  de  cota  de  armas  e  de  solar  conhecido,  dan- 
do-lhe  armas  com  o  apelido  de  Ribafria,  do  qual  el  Rei  houve  por  bem  que  êle  instituidor 
e  seus  descendentes  se  chamassem,  e  bem  assim  que  a  dita  quinta  de  Cabris,  por  ser  cabeça 
de  morgado,  se  chamasse  de  Ribafria.  Por  estas  razões  revoga  portanto  o  primeiramente 
ordenado  e  impõe  aos  administradores  do  vínculo  o  apelido  de  Ribafria.  D.  João  III  con- 
firmou tudo  em  1 1  de  Outubro  do  mesmo  ano  (4). 

A  carta  de  brasão  concedida  a  Gaspar  Gonçalves  tem  a  data  de  16  de  Setembro  de  1541 
e  portanto  é  posterior  seis  dias  à  segunda  instituição  do  vínculo.  Na  carta  de  brasão  declara 
D.  João  III  estar  «em  conhecimento  de  certa  sabedoria  que  Gaspar  Gonçalvez,  cavaleiro  da 
ordem  de. . .  Cristo,  tem  servido  por  muitos  anos  em  muy  bõs  e  contynos  serviços  a  ellRey 
meu  senhor  e  padre. . .  asy  em  sua  pessoa  Reall  como  em  outros  muitos  serviços  e  muy 
necasarios  de  sua  casa  e  estado,  e  asy  despois  a  mym  ateguora  cõ  toda  lealldade  e  ffitlldade 
e  amor,  sempre  contynos  de  dia  e  de  noyte  cõ  muitas  vegylias  e  trabalhos,  e  asy  me  sérvio 
sempre  em  outras  cousas  de  muyta  importamcia  e  ordem  de  minha  casa,  ífíizendo  sempre 
como  home  bõo  e  vertooso  que  elle  he...».  Por  estes  motivos  o  faz  fidalgo  de  cota  de 
armas  e  de  solar  e  lhe  dá  por  apelido  o  de  Ribafria,  e  determina  que  a  sua  torre,  quinta  e 
todo  o  seu  anexo  em  Sintra,  chamada  de  Ribafria,  seja  o  solar  e  morgado  dele  e  de  sua 
geração.  Finalmente  dá-lhe  por  armas  «húu  escudo  de  verde  cõ  ho  pee  daguoa  e  nelle 
húa  torre  de  prata  lavrada  de  preto  e  o  cuberto  exaqueiado  douro  e  de  azull  entre  duas 


Outubro  de  i533,  pelo  qual  Gaspar  de  Valadares  e  sua  mulher  Felipa  Ribeira  deram  de  aforamento  terras  no  reguengo 
de  Colares  pertencentes  ao  morgado  do  dr.  Pedro  Nunes,  administrado  pelo  Valadares, 
(i)  Góes,  Clironica  de  D.  Emanuel,  part.  IV,  cap.  34,  fl.  46  v. 

(2)  AnCHIVO  HISTÓRICO  PORTUGUEZ,  11,    126. 

(3)  Este  lugar  de  Cabris,  bem  como  o  rio  do  mesmo  nome  junto  aos  quais  está  a  quinta,  pouco  depois  crismada 
em  Ribafria,  são  ambos  muito  antigos  no  termo  de  Sintra.  Já  no  foral  da  vila  do  ano  de  ii54  vem  nomeado  o  lugar 
de  Caprillis  [Porlugaliae  monumenta  histórica.  Leges,  pág.  385>,  e  no  instrumento  de  limite  e  demarcação  das  igrejas 
de  Sintra,  de  nu  dos  idos  de  Dezembro  da  era  de  1291  (10  de  Dezembro  de  i253),  guardado  no  cartório  de  S.  Mar- 
tinho, toma  se  a  mencionar  o  mesmo  lugar. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  34.°  de  Doações,  fl.  65. 


504  Brasões 

estrelas  douro,  ellmo  de  prata  aberto  guarnido  douro  paquife  de  prata  e  verde  E  por  timbre 
huu  lyão  pardo  dazull  cõ  húa  das  estrelas  na  espadoa»  (i). 

As  casas  de  morada  dos  Ribafrias  em  Sintra,  as  quais  Gaspar  Gonçalves  «ora  fizera», 
como  ele  declara  no  instrumento  de  7  de  Maio  de  i536  pelo  qual  instituiu  o  morgado,  que 
em  1541  se  ficou  chamando  de  Ribafria,  ao  qual  as  vinculou,  eram  as  posteriormente  per- 
tencentes aos  Marqueses  de  Pombal,  de*quem  passaram  por  venda  antes  de  igoS  a  estranho. 

As  tais  casas  vieram  a  pertencer  a  Pedro  de  Saldanha  Albuquerque  Castro  Ribafria, 
fidalgo  da  casa  rial,  comendador  da  Ordem  de  Cristo  e  administrador  do  referido  morgado. 
Alcançou  ele  em  1727  uma  provisão  régia  passada  em  4  de  Setembro,  autorizando-o  a 
subrogar  as  suas  casas  nobres  na  vila  de  Sintra,  com  dois  quintalinhos  e  um  pequeno  jardim, 
aO  qual  vinha  água  de  um  baldio  na  serra  aforado  à  igreja  de  S.  Martinho.  Fez-se  a  escri- 
tura de  subrogação  em  Lisboa,  a  12  do  mesmo  mês,  e  o  adquirente  das  casas,  que  por  elas 
deu  um  casal  no  termo  da  vila,  foi  Paulo  de  Carvalho  de  Ataíde,  arcipreste  da  Santa  Igreja 
Patriarcal,  do  conselho  de  S.  M.  e  deputado  da  Mesa  da  Consciência  e  Ordens  (2).  Era  tio 
do  grande  Marquês  de  Pombal  que  dele  herdou  as  casas  de  Sintra  e  as  transmitiu  a  seus 
descendentes. 

São  elas  na  rua  da  Praça,  à  qual  talvez  já  mudassem  o  nome  seguindo  a  estulta  mania 
deste  género  de  alterações  agora  dominante,  e  estão  situadas  à  esquerda  de  quem  sobe  a 
pequena  rampa  logo  adiante  da  porta  travessa  de  S.  Martinho,  indo  caminho  dos  Pisões. 
Daparte  de  dentro,  em  frente  da  porta  de  entrada,  no  pátio,  existe  uma  coluna  de  mármore 
branco  sustentando  parte  do  madeiramento  do  primeiro  andar  do  palácio.  No  ábaco  do 
capitel,  de  curioso  lavor,  existe  gravada  nas  suas  quatro  faces,  em  caracteres  góticos  do 
tempo,  uma  inscrição,  que  se  dq^-e  começar  a  ler  na  parte  fronteira  à  porta  de  entrada, 
seguindo  para  a  direita,  e  lá  se  encontrarão  as  seguintes  quatro  linhas  por  mim  copiadas  no 
dia  G  de  Dezembro  de  i885: 

esta   obra  /cf  pêro 

pexão :  no  anno :  de 

myl    :    e   quinhêtos 

•  e  XXX  iiij  :  anos  : 

Foi  portanto  Pêro  Pexão  o  mestre  desta  obra  terminada  em  i534,  e  por  isso  razão  tinha 
Gaspar  Gonçalves  para  em  i536,  referindo-se  às  suas  casas,  declarar  que  as  «ora  fizera». 
Pêro  Pexão  veio  a  ser  nomeado  mestre  dos  canos  dos  paços  de  Sintra  por  carta  de  1 1  de  Julho 
de  1542,  com  quatro  mil  reais  de  mantimento.  Por  outra  carta  de  29  de  Abril  de  i556  foi 
nomeado  um  pedreiro  para  servir  por  êle  nos  seus  impedimentos  (3). 

Na  serra,  junto  às  casas  dos  Ribafrias,  delas  separada  por  um  caminho  público,  existia 
uma  quinta  a  qual  posteriormente  era  designada  pela  quinta  Velha  do  Marquês  de  Pombal. 
Nesta  propriedade,  em  i885,  quando  se  andava  fazendo  remoção  de  terras  para  construção 
de  uma  estrada,  que  vai.  até  ao  caminho  da  Pena  para  os  Capuchos,  apareceram  duas  recor- 
dações dos  antigos  senhores  daquela  quinta.  Nela,  num  talhão  pertencente  a  Frederico 
Biester,  encontrou-se  uma  pedra  de  boa  qualidade  e  bem  conservada  com  as  armas  dos 
Ribafrias  lavradas,  tendo  o  escudo  pendido  e  o  brasão  correcto,  mostrando  pelo  seu  bom 
desenho  e  geral  aparência  ser  obra  quinhentista.  Deste  mesmo  tempo,  mais  tosca  e  deterio- 
rada porem,  encontrou-se  outra  pedra  de  armas  dos  Ribafrias,  nos  terrenos  da  actual  tapada 


(i)  Armaria  portuguesa,  pág.  428. 

(2)  Cartório  do  Marquês  de  Pombal,  Morgado  de  Sintra. 

(3)  Sousa  Viterbo,  Dtccionario  dos  architeclos,  II,  261. 


Meios  5o  5 

de  Victor  Sasseti,  nas  proximidades  do  sítio  onde  se  fizera  o  precedente  achado.  A  primeira 
pedra  não  sei  que  destino  Frederico  Biester  lhe  deu, mas  espero  a  tivesse  conservado;  a  se- 
gunda deu-me  Victor  Sasseti  e  eu  mandei-a  ingerir  aqui,  na  parede  de  um  dos  quartos  inte- 
riores desta  casa  da  Aldeia,  onde  isto  escrevia  e  onde  a  existência  da  pedra  ainda  poderá 
■dar  que  scismar  a  algum  caturra  como  eu,  se  a  raça  não  acabar  comigo. 

Gaspar  Gonçalves  de  Ribafria  achava-se  rico,  enobrecido  e,  alem  disso,  gozava  da  estima 
da  família  rial,  não  admira  pois  que  subisse  ao  mais  alto  grau  da  escala  social,  compatível 
com  a  sua  origem  e  primitiva  condição/  Em  i55g,  por  alvará  de  19  de  Maio,  foi  nomeado 
pela  rainha  D.  Caterina  alcaide  mor  da  sua  vila  de  Sintra  (i),  com  lugar  em  Cortes  junto 
aos  mais  graduados  fidalgos.  Morreu  Gaspar  Gonçalves  a  21  de  Julho  de  iSGi  (2),  tendo 
casado,  pelos  anos  de  i536  a  1544  (3),  com  Maria  Luís  de  Sá,  ou  D.  Maria  de  Sá,  como  se 
ficou  chamando  depois  de,  por  carta  de  9  de  Setembro  de  i552,  lhe  haver  sido  concedido  o 
dom  (4). 

Seu  filho  e  sucessor,  André  Gonçalves  de  Ribafria,  2.°  alcaide  mor  de  Sintra,  fez  um 
brilhante  casamento.  Foi  sua  mulher  D.  Luísa  de  Albuquerque,  filha  que  veio  a  ser  herdeira 
de  D.  Luís  de  Albuquerque,  filho  sucessor  de  D.  Garcia  de  Albuquerque,  copeiro  mor  de 
D.  João  III  e  filho  primogénito  de  D.  Lopo  de  Albuquerque,  i.°  conde  de  Penamacor.  A 
mãe  de  D.  Luísa  de  Albuquerque  foi  D.  Inês  de  Noronha,  filha  primeira  do  grande  D.  João 
de  Castro,  vice  rei  da  índia  e  senhor  do  morgado  de  Penhaverde  em  Sintra.  Nos  descen- 
dentes de  André  Gonçalves  de  Ribafria  e  de  sua  mulher  D.  Luísa  de  Albuquerque  vieram 
pois  a  recair  as  representações  das  casas  dos  Albuquerques  do  Conde  de  Penamacor,  e  dos 
Castros  morgados  de  Penhaverde.  Encontraram-se  portanto  em  breve  os  netos  dos  pacatos 
lavradores  de  Cabris,  representando  duas  das  mais  ilustres  casas  do  reino ;  depois  caíram  em 
senhora,  mas  ainda  subsistem  com  a  varonia  de  Saldanha  representados  por  Álvaro  de  Sal- 
danha e  Castro,  filho  do  3."  Conde  de  Penamacor  que  também  teve  o  ofício  honorário  de 
copeiro  mor.  Já  não  estão  porém  de  posse  da  torre  e  casa  de  Ribafria,  há  mais  de  ^trinta 
anos  vendida  não  sei  a  quem.  . 

O  titulo  de  conde  de  Penamacor  foi  criado,  em  Maio  de  1475,  por  D.  Afonso  V,  èm  Pla- 
cência  por  ocasião  do  seu  desposório  com  a  princesa  D.  Joana,  e  com  ele  agraciou  ao  seu 
camareiro  mor  Lopo  de  Albuquerque.  Faleceu  o  Conde  expatriado  de  Portugal  por  impli- 
cado na  conspiração  do  Duque  de  Viseu,  em  Sevilha,  pouco  depois  do  ano  de  1493.  Foi 
renovado  o  título,  por  decreto  de  17  de  Dezembro  de  18^14  (5),  em  seu  descendente  António 
de  Saldanha  Albuquerque  Castro  Ribafria  Pereira,  alcaide  mor  de  Sintra,  falecido  em  Roma 
a  i5  de  Maio  de  1864.  Sucedeu-lhe  na  casa  seu  filho  António  Maria  de  Saldanha  Albuquerque 
Castro  Ribafria  Pereira,  3."  conde  de  Penamacor  por  decreto  de  6  de  Junho  de  18Ó4.  Faleceu 
em  Nice  no  ano  de  1912,  deixando  descendência. 


(i)  José  Pereira  Baiáo,  Portugal  cuidadoso  e  lastimado,  liv.  1.°,  cap.  5,  pág.  3o. 

(21  Chancelaria  de  D.  Sebastião,  liv.  9."  de  Doações,  fl.  345  v.,  na  carta  de  padrão  de  100:000  rs.  de  juro  con- 
cedido ao  filho  André  Gonçalves  de  Ribafria. 

(3)  Na  carta  de  7  de  Maio  de  i536,  de  instituição  do  vínculo,  declara  Gaspar  Gonçalves  ser  solteiro;  no  instru- 
mento de  IO  de  Fevereiro  de  1544  de  «foramento  à  confraria  dos  Fiéis  de  Deus  de  Sintra  de  um  casal  em  Mata  Moiros, 
já  aparece  casado;  ambos  estes  documentos  ficaram  lá  acima  citados. 

(4)  Querendo  fazer  graça  e  mercê  a  Gaspar  Gonçalves  de  Ribafria,  fidalgo  de  minha  casa,  hei  por  bem  e  me  praz 
que  Maria  Luís  de  Sá,  sua  mulher,  se  possa  chamar  e  chame  d'aqui  em  diante  de  dom,  e  goze  e  use  de  todalas  honras, 
liberdades,  ele  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  i."  de  Privilégios,  fl.  3i  v. 

(5)  Este  decreto  não  se  encontra  registado  nos  livros  das  mercês  de  D.  Maria  II  na  Torre  do  Tombo,  nem,  o  que 
é  mais  singular,  foi  transcrito  no  Diário  do  Governo.  Como  houvesse  quem  estranhasse  a  renovação  do  título,  acudiu 
em  defesa  dela  o  genealogista  José  Barbosa  Canaes  de  Figueiredo  Castelo  Branco  em  um  folheto  publicado  anónimo, 
intitulado  Contestação  ás  allegaçÕes  contra  o  titulo  de  Penamacor.  Lisboa,  Imprensa  Nacional,  1845,4."  de  24  págs. 

VOL.  1  64 


5o6  Brasões 

Possuíram  os  Condes  de  Penamacor,  também  nas  proximidades  de  Sintra,  duas  outras 
propriedades  de  alto  interesse  histórico :  a  quinta  de  Penhaverde,  e  o  convento  dos  Capuchos 
na  serra.  Deste,  na  sua  qualidade  de  antigos  padroeiros,  vieram  a  tomar  posse  após  a 
extinção  das  ordens  religiosas. 

Quanto  à  fundação  e  padroado  encontra-se  o  testemunho  na  capela  do  convento,  onde, 
do  lado  do  evangelho,  está  embutida  na  rocha,  logo  àquem  da  teia,  uma  lápida  e  nela  gra- 
vada a  seguinte  alusiva  inscrição,  por  mim  lida  no  dia  7  de  Setembro  de  1886: 

D.  ÁLVARO  DE  CASTRO,  DO  CONS.»  DESTADO,  E  VEDOR  DA  FAZ.*  DELREY  •  D  •  SE 
BASTIÃO  FVNDOV  ESTE  CONVENTO,  POR  MANDADO  DO  VISOREY  •  D-  IOa5 
DE  CASTRO  SEV  PAY  •  ANNO  l56o,  O  PADROADO  HE  DOS  SVCESSORES  DE  SVA  CASA. 
O  ALTAR  DESTA  IGR.*  HE  PRIVILEGIADO  TODOS  OS  DIAS  A  QVALQVER  SACERDO 
TE,  QVE  NELLE  CELEBRAR.  TODAS  AS  PESSOAS,  QVE  CONTRITAS,  E  CONFESSADAS 
OV  CÕ  PROPÓSITO  DE  SE  CONFESSAR  VISITAREM  ESTA  IGR.*  NA  FESTA  DA  INVÊ 
CAÓ  DA  •  S  •  CRVZ  DES  DAS  PRIMEIRAS  VESPORAS  ATÉ  O  SOL  POSTO  DO  DIA,  E  ROGA 
REM  A  DEOS  POLA  PAZ  ENTRE  OS  PRÍNCIPES  CHRISTAÕS,  EXTIRPAÇÃO  DAS  HERE 
SIAS,  EXALTAÇÃO  DA  •  S  •  MADRE  IGR.*,  E  POLA  ALMA  DE  •  D  •  lOAÕ  DE  CASTRO,  GANHÃO 
INDVLG.*  PI.EN/,  E  REMISSÃO  DE  SEVS  PECCADOS.  ESTAS  INDVLG.**  CÕCEDEO  O  PAPA 
PIO  4°  ANNO  DE  1564  A  INSTACIA  DO  MESMO    •  D-    ALV.°  DE  CASTRO,  SENDO  EMBAIX.""  i  ROMA 

Por  cima  da  lápida  vê-se  um  escudo  oval  com  as  seis  arruelas  dos  Castros,  e  sôbre  ele 
uma  coroa  de  oito  florões,  sobrepujada  do  timbre  da  roda  das  navalhas  de  Santa  Caterina, 
privativo  da  casa  dos  Castros  de  Penhaverde. 

Na  mata  da  cerca,  um  pouco  ao  sul  do  edifício,  está  a  gruta  de  Fr.  Honório  e  nela, 
junto  e  superior  à  entrada,  vê-se  sob  uma  cruz  de  cantaria,  outra  pedra  com  esta  inscrição: 

HIC     •     HONORIVS* 

VITAMFINIVIT- 

>  ET  •    IDEO   •    CVMDEO    • 

VITAM-REVIVIT 

O    B    I    I    T  ANNO 

DE    1596. 

i  A  quinta  de  Penhaverde  !  A  quinta  para  onde,  fugindo  «das  honras  populares»  (i),  se 
retirava  D.  João  de  Castro,  varão  merecedor,  como  talvez  nenhum  outro  Português,  do 
preito  de  todos  seus  vindoiros;  a  quinta  por  ele  povoada  de  árvores  silvestres  e  estéreis, 
cortando  as  frutíferas,  «quiçá  mostrando,  que  servia  taõ  desinteressado,  que  nem  da  terra 
que  agricultava,  esperava  paga  do  beneficio»  (2);  a  quinta  evocada  na  última  carta  do  seu 
amigo  o  infante  D.  Luís,  quando  lhe  pressagiava  vir,  no  regresso  da  índia,  «encher  estes 
picos  da  serra  de  Sintra  de  ermidas  e  de  vossas  victorias»  (3),  presságios  logo,  pouco  após 


(i)  Vida  I  de  I  dom  João  I  de  j  Castro  /  quarto  Viso-rey  /  da  índia,  j  Escrita  por  Jacinto  Freyre  /  de  Andrada.  / 
Impressa  por  ordem  de  seu  Neto  o  Bispo  /  dom  Francisco  de  Castro  /  Inquisidor  Geral  neste  Reyno,  do  Conselho  de  / 
Estado  de  Sua  Magestade.  j  Em  Lisboa.  /  Com  todas  as  licenças  necessárias.  /  Na  Officina  Craesbeeckiana.  /  Anno 
i65i.  /  pag.  28.  — Transcrevi  minuciosamente  o  frontispício  do  meu  exemplar  da  Vida  por  divergir  bastante  do  que 
Inocêncio  teve  presente  ao  compor  o  Diccionario  Bibliographico.  O  frontispício  impresso  é  precedido  doutro 
gravado,  representando  um  pórtico  com  o  escudo  das  armas  dos  Castros  no  remate,  metidas  num  cartoccio  o 
qual  é  sustentado  por  dois  anjos.  Por  baixo  estão  gravadas  as  palavras  Vida  j  de  dom  loaõ  /  de  Castro,  j  Qyarto 
Viiorey  /  da  índia.  /  Escrita  por  lacinto  Freire  /  de  Andrada.  j    No  mais  condiz  com  as  indicações  de  Inocêncio. 

(2)  Ibidem,  pág.  11. 

(3)  Gaspar  Correia,  Lendas  da  índia,  IV,  óSj,  transcrita  a  carta  do  original. 


Meios  5o  j 

a  leitura  da  carta,  desfeitos  pela  morte;  a  quinta,  finalmente,  onde  estava  a  capela,  jazigo 
por  ele  pedido  para  seus  ossos,  poucos  dias  antes  de  em  Goa  falecer,  a  6  de  Junho  de  1548, 
contando  apenas  a  idade  do  século. 

Da  pitoresca  estância  está  tudo  dito,  por  naturais  e  estranhos,  poetas  e  viajantes,  Byron, 
Beckford,  Murphy,  Southey,  Lichnowsky,  e  tutti  quanti;  afastar- me-hei  pois  de  repetições, 
registando  apenas,  por  menos  conhecida,  a  apreciação  de  uma  senhora,  tam  notável  pela 
sua  formosura,  como  pelos  seus  escritos;  nos  quais,  segundo  abaixo  se  verá,  os  erros  e  con- 
fusões, em  assuntos  relativos  a  coisas  portuguesas,  são  espantosos  na  pena  da  mulher  de  um 
embaixador  aqui,  mas  ajustados  à  habitual  leviandade  da  sua  nação. 

«Au  nord-ouest  de  Lisbonne,  s'élève  une  longue  chaine  de  hautes  montagnes  qui  termi- 
nent  son  beau  paysage.    Ce  sont  les  montagnes  de  Cintra. . .». 

«...  En  parlant  de  rapport,  je  dois  dire  une  particularité  qui  me  surprit  dans  la  fameuse 
quinta  de  Penaverde,  ou  se  trouve  le  coeur  de  don  Juan  de  Castro,  cet  homme  dont  la 
moustache  servit  de  caution  pour  plusieurs  millions,  tandis  que  la  signature  de  son  gouver- 
nement  n'était  pas  acceptée.  Peuaverde  était  à  lui.  Son  coeur  est  dans  un  petit  mausolée 
sur  le  plus  haut  sommet  de  la  pena,  qui  mérite  bien  le  nom  de  roche  verte,  car  c'est  un 
pignon  d'émeraudes.  Mais  par  une  clause  expresse  du  testament  de  don  Juan  de  Castro 
lui-même,  il  ne  peut  y  avoir  dans  toute  la  quinta,  qui  est  immense,  un  seul  arbre  qui  pro- 
duise.  Si,  par  aventure,  un  pepin  d'orange,  une  graine  portée  par  le  vent,  produisaient  un 
rejeton,  il  y  a  ordre  exprès  de  larracher  aussitôt.  On  ignore  le  motif  de  cette  defense  à 
la  nature  d'être  féconde  dans  un  lieu  oú  sa  fertilité  est  si  abondante.  Cela  n'empêche  pas 
que  Penaverde  soit  Tendroit  le  plus  charmant  de  la  vallée.  Que  de  ravissantes  promenades 
j'ai  faites  sous  ces  beaux  ombrages  formes  par  des  lauriers  séculaires,  digne  entourage  du 
tombeau  d'un  héros»  (i). 

Afastar-me-hei  pois  de  repetições,  como  ia  dizendo ;  transcreverei  porem  as  inscrições 
em  vários  pontos  da  quinta  gravadas  e  por  mim  lidas  em  4  de  Outubro  de  i885. 

Na  ermida  de  Nossa  Senhora  do  Monte,  acima  da  verga  da  porta: 

lOANNES  CASTRESIS  CV  XX  ANNOS  IN 
DVRISSIMIS  BELLIS  IN  VTRAQ  MAVRI 
TÂNIA  PRO  CHRISTI  ReLIGIONE  CON 
SVMPSISSET  :  ET  IN  ILLA  CLARÍSSIMA  TVNE 
TIS  EXPVGNATIONE  INTERFVISSET 
ATQ  TANDEM  SINVS  ARABICI  LITORA 
ET  OMNES  ItiDlJE  ORAS  NO  MODO 
LVSTRASSET  SED  LITTERARV  ETià MO 
NIMENTES  MANDAVISSET  CHRISTI  NVMI 
NES  SALVVS  DOMV  REDIENS  VIRGINI  MA 
TKI  FANV  EX  VOTO  DEDICAVIT 
1542. 

Por  cima  desta  inscrição,  em  uma  pequena  coluna : 

c  o  N  D  I  T  V  M 
SVB  IMPÉRIO 
DIVI  lOANNIS 
PATRIS  PATRIiE 


(i)  Mémoires  de  Madame  la  Duchesse  d'Abrantès,  Bruxelas,  iS37,  "^ol.  II,  pig.  174. 


5o8  Brasões 

Aos  lados  da  porta  da  capela,  vêem-se  mais  estas  duas  inscrições: 

'        SALVOS    •    IRE   SVSCEPTIS    •  SOLVTIS    • 

VOTIS    •    SAL,  VOTIS    • 

VOS   IRE    1543  •  SALVOS    • 

^       REDIRE    • 
SALVOS   • 
'  REDIRE 

No  terreiro  da  mesma  ermida,  em  um  rochedo,  mandou  o  futuro  Vice-rei  da  índia  Colocar 
uma  lápida,  com  uma  inscrição  comemorativa  da  sua  gratidão  ao  infante  D.  Luís: 

MAGNOETINVICTO 
PRINCIPI  I.VDOVICO  REGIS 
EMANVELIS  FILIO  VIRO  F 
ORTISS.  IVSTISS.  PATRIAE  A 
MÁTISS.  lOANNES  DE  CAS 
TRO  HVNC  COLLEM  EFI 
GIAS  SIGNA  REGIONVM  CO 
ELESTIVM  ATQ.  TERRES 
TRIVM.    D. 

Todas  estas  são  do  tempo  de  D.  João  de  Castro,  por  ele  compostas  e  mandadas  colocar 
nos  seus  lugares;  posteriores  encontrei  mais  algumas. 

Em  frente  da  porta  da  ermida,  ao  lado  do  rochedo  onde  está  colocada  a  precedente 
inscrição,  vê-se  uma  lápida  a  prumo  e  nela  gravado  um  escudo  esquartelado,  tendo  no  I  as 
armas  dos  Saldanhas,  no  II  duas  águias  em  pala  cada  uma  delas  com  uma  chave  na  garra 
(Benavides  ?),  no  III  dos  Castros  de  seis  arruelas;  no  IV  de  Ribafria.  Aos  pés  da  lápida  está 
lançada  no  chão  uma  campa  raza,  sob  a  qual  jaz  o  coração  de  António  de  Saldanha  (1),  e 
sobre  ela,  em  memória  do  facto,  mandou  António  de  Andrade  gravar  o  seguinte  epitáfio  com- 
posto por  Paulo  de  Carvalho,  arcipreste  da  igreja  de  Lisboa : 

I         Cor  svblime,  capax  et  Olimpi  montis  ad  instar 

AmPLIVS  ORBE  IPSO  COR  BREVIS  VRNA  TEGIT  ; 

Cor  consangvineo,  concors,  comparqve  Ioanni 

Índia  cvi  palmas  Svbdita  mille  dedit  : 

Cor  virtvtis  amans,  cor  victima  virginis  alMíE 

corqve  ex  corde  pivm,  nobile,  forte  valens. 

NON  PARS,  SED  TOTVS  LATET  HOC  SaLDANHíE  SEPVLCHRO, 

In  corde  TOTVS  cor  qvia  totvs  erat. 

Obiit  anno  Domini  1723. 

Aetatis  svje  55. 

DiE  VEliO   12  AgvsTI. 


(i)  António  de  Saldanha,  ou  António  de  Saldanha  de  Albuquerque,  ou  António  de  Saldanha  Albuquerque 
Castro  Ribafria,  ou  ainda  António  de  Saldanha  Albuquerque  Mesquita  Lobo  de  Ribafria  (com  todos  estes  nomes 
aparece  em  documentos),  moço  fidalgo  acrescentado  a  fidalgo  cavaleiro  (alvarás  de  i3  e  14.  de  Março  de  1677), 
serviu  nas  colónias,  foi  governador  de  Angola  e,  em  satisfação  de  seus  serviços,  fez-lhe  D.  João  V,  em  172 1, 
mercê  para  seu  filho  sucessor,  de  mais  uma  vida  nas  suas  comendas  de  Santa  Maria  de  Quintela  e  S.  Pedro  de 


Meios  5  09 

Ainda  no  terreiro  da  ermida  de  Nossa  Senhora  do  Monte  está  a  famosa  inscrição  em 
língua  sânscrita,  da  qual  a  primeira  interpretação  foi  dada,  creio,  pelo  arquitecto  Murphy 
nos  seus  Traveis  in  Portugal,  pág.  274. 

Na  capela  de  Santa  Caterina,  em  uma  lápida  colocada  acima  da  verga  da  porta,  lê-se 
esta  inscrição: 

D.  Alvarus  de  Castro  magni  D.  Joannis   Orientis   Indiarum   Proregis  fiuus   ad   mon 

TEM    Sinai    miuti^    cingulo    exornatus    subiectis    voTíE    primum    D.    Catharin^    gen 

Tiurns  suoRUM  stemmatibus  Sacellum  hoc  gratam  ob  illius  memoriam  construendum  cisuiT 

Episcopus  d.  Franciscus  de  Castro  filius  ex  voto  posuit 

Anno  Christi  CO  ID  C  XXXVI. 

No  adro  da  mesma  ermida  está  um  grande  rochedo  sobrepujado  de  uma  cruz  de  pedra  e, 
embutida  na  rocha,  uma  lápida  com  a  seguinte  inscrição : 

D.  loANNES  de  Castro  IndiíE 
Prorex  Avgvstvs  Félix 
pivs  trivmphator  invic 
Tvs  Orientis  opvm  ac  qve 

DOMITIOR  AC   CONTEMPTOR 

COLLEM  HVNC  A  ReGE  TAN 

tvm     pro     Asia      DEVICTA     POS  . 

tvlatvm   victrici    Crvcis 

lábaro    consecrandvm 

reliqvit 

Episcopvs   d.   Franciscvs 

DE   Castro   nepos   votvm 

solvitannoChristi 

cid  id  c  xxxxi. 

No  chafariz,  na  estrada  de  Colares  logo  abaixo  da  ponte  de  Penhaverde,  lê-se : 

esta  fonte  DENOMINADA 
DE  ELREY  HE  DO  SENHOR 
DESTA    quinta:    MANDOUA 

FAZER  A  CAMÂRA.  DA  VILLA  * 
DE  CINTRA  EM  RECOMPENÇA 
DE  OUTRA  DE  BOA  E  ANTIGA 
ARQUITETURA  QUE  TINHA 
POUCQ  MAIS  ABAIXO  QUE 
SEDEMOLIOQUANDO 
SE     MUDOU     EST^     ESTRADA 


Pinhel  na  Ordem  de  Cristo  {Gaveta  de  Lisboa  de  28  de  Agosto).  Era  filho  de  Manuel  de  Saldanha  e  Távora,  ca- 
pitão mor  das  naus  da  índia  da  armada  do  norte,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  Teresa  de  Albuquerque  Ribafria,  sobrinha 
e  herdeira  do  valente  general  André  de  Albuquerque  Ribafria,  alcaide  mor  de  Sintra,  falecido  na  batalha  das  Linhas 
de  Elvas.  Por  sua  mãe  veio  António  de  Saldanha  a  suceder  nos  morgados  de  Penhaverde,  Ribafria  e  outros,  e 
nos  padroados  do  convento  dos  Capuchos  da  serra  de  Sintra  e  da  capela  dos  Lastros  de  S.  Domingos  de  Bemfica. 
Foi  terceiro  avô  do  a.*  Conde  de  Penamacor. 


5 10  Brasões 

Por  cima  da  inscrição  o  escudo  com  as  seis  arruelas  dos  Castros,  sobrepujado  de  uma  coroa 
de  conde  da  qual  sai  o  timbre  da  roda  das  navalhas  de  Santa  Caterina. 

No  adro  da  ermida  de  S.  João,  numa  lápida  embutida  num  penedo  próximo  da  ermida, 
encontra-se  uma  poesia  intitulada  Espelho  reproduzida  pelo  Visconde  de  Juromenha  na 
Cintra  pinturesca,  pág.  76. 

Fora  de  Penhaverde,  mas  relativo  ainda  a  D.  João  de  Castro  transcreverei  do  citado 
livro  de  Murphy  o  epitáfio  da  sua  sepultura  na  capela  dos  Castros : 

D.  JOANNES  DE  CaSTRO 

XX.  PRO  RELIGIONE  IN  UTRAQUE 

MAURITÂNIA  STIPENDIIS  FACTIS  : 

NAVATA  STRENUE  OPERA  THUNETANO 

BELLO  : 

MARI  RUBRO  FELICIBUS  ARMIS  PENETRATO  l 

DEBELLATIS  INTER  EUPHRATEM  ET  INDUM 

•  NATIONIBUS. 

GEDROSICO  REGE,  PERSIS,  TURCIS 

UNO  PR/ELIO  FUSIS  : 

SERVATO  DIO,  IMO  REIPUB.   REDDITTO  : 

DORMIT  IN  MAGNUM  DIEM  : 

NON  SIBI,  SED  DEO  TRIUMPHATOR  '. 

PUBLICIS  LACRYMIS  COMPOSITUS, 

PUBLICO  SUMPTU  PRíE  PAUPERTATE 

FUNERATUS. 

OBIT  OCT.  ID.  JUN.  ANNO  M.D.XLVIII. 

jETATIS  xlviii. 


RETOQUES 


Pág.  71.  —  O  I."  conde  das  Galveias,  por  carta  de  10  de  Dezembro  de 
1691  (i),  foi  o  general  Denis  de  Melo  de  Castro  de  quem  escreveu  a  biografia 
seu  sobrinho  Júlio  de  Melo  de  Castro  (2).  Faleceu  o  Conde  a  18  de  Janeiro 
de  1709,  havendo-lhe  Já  sucedido  no  título  seu  filho  mais  velho  Pedro  de  Melo 
de  Castro,  em  verificação  de  um  alvará  de  lembrança  de  23  de  Julho  de  1699, 
e  por  carta  de  i5  de  Maio  de  1705  (3).    Pedro  de  Melo  de  Castro,  2.°  conde  das 


(i)  Havendo  consideração  aos  grandes  e  assinalados  serviços  que  Denis  de  Melo  de 
Castro,  do  Conselho  de  Guerra,  mestre  de  campo  general  da  província  do  Alentejo,  há  feito 
a  esta  Coroa,  signalando-se  no  trabalho  e  no  grande  valor  com  que  se  houve  nas  ocasiões 
de  maior  perigo,  e  no  muito  zelo  com  que  procurou  o  melhor  sucesso  e  reputação  de  minhas 
armas,  e  desejar  por  todas  estas  razões  e  em  satisfação  de  to^os  seus  serviços,  etc.  Carta 
do  título  de  conde  das  Galveias  em  sua  vida.  —  Ofícios  e  mercês  de  D.  Pedro  II,  liv.  49.°, 
fl.  372  v. 

(2)  Historia  panegyrica  da  vida  de  Dinis  de  Mello  de  Castro,  primeyro  Conde  das  Gal- 
veaSf  do  Conselho  de  Estado,  &  Guerra  dos  Serenissimos  Reys  Dom  Pedro  II.  &  Dom  Joaô  V. 
escrita  por  Júlio  de  Mello  de  Castro.,  seu  sobrinho.  Offerecida  a  Elrey  nosso  Senhor 
Dom  Joam  V.  Lisboa  Occidental,  na  Oííicina  de  Joseph  Manescal,  Impressor  da  Sereníssima 
Casa  de  Bragança.  172 1.  Traz  o  retrato  do  Conde  gravado  em  madeira,  desenho  de  M.  Freyre. 
Há  uma  segunda  edição  em  8.»,  impressa  em  Lisboa,  em  1744,  depois  da  morte  do  autor. 

(3)  D.  Caterina  por  graça  de  Deus  rainha  de  Inglaterra,  Escócia,  França  e  Irlanda,  in- 
fante de  Portugal,  etc.  como  regente  destes  reinos  por  impedimento  de  meu  irmão  o  senhor 
D.  Pedro...  rei  de  Portugal  e  dos  Algarves...  faço  saber  aos  que  .esta  carta  virem  que 
el  Rei  meu  irmão  fez  mercê  ao  Conde  das  Galveias  Denis  de  Melo  de  Castro,  do  seu  con- 
selho de  Estado  e  governador  das  armas  da  província  do  Alentejo,  de  uma  vida  mais  no 
título  de  conde  das  Galveias,  por  um  alvará  do  teor  seguinte :  Eu  el  Rei  faço  saber  que 
tendo  consideração  a  recomendação  que  me  fez  a  muito  alta  e  muito  poderosa  princesa,  a 
Rainha  da  Gram  Bretanha,  minha. . .  irmã,  e  por  desejar  eficazmente  dar-lhe  gosto  em  tudo 
que  fôr  da  sua  satisfação,  e  outrossi,  tendo  respeito  aos  muitos  conhecimentos  e  calidades 
que  concorrem  na  pessoa  de  Denis  de  Melo  de  Castro,  donde  das  Galveias,  do  meu  conselho 
de  Guerra,  mestre  de  campo  general  e  general  da  cavalaria  da  província  do  Alentejo,  a  cujo 
cargo  está  o  governo  das  armas  dela,  e  aos  grandes  serviços  que  tem  feito  a  esta  Coroa, 
especialmente  na  guerra  que  houve  entre  ela  e  a  de  Castela,  e  por  esperar  do  dito  Conde 

VOL.1  65 


5 14  Brasões 

Galveias,  foi  couteiro  mor  da  casa  de  Bragança,  tenente  general  de  cavalaria 
e  general  de  batalha.  Faleceu  em  1738,  deixando  um  único  filho  varão.  Cha- 
mava-se  êle  António  de  Melo  de  Castro  e  era  já  então  o  3."  conde  das  Gal- 
veias, por  carta  de  22  de  Dezembro  de  1708  (i);, veio  a  ser  2.°  couteiro  mor 
da  casa  de  Bragança  e  a  falecer  sem  filhos  a  22  de  Maio  de  1770(2)  e  não 
1777,  como  lá  acima  ficou  impresso.  Casara  por  duas  vezes:  a  primeira,  em 
1709,  com  D.  Inês  de  Lancastre,  dama  do  paço,  filha  de  D.  João  de  Lancastre, 
do  conselho  de  Guerra,  e  de  D.  Maria  Teresa  de  Portugal;  a  segunda,  em 
1769,  depois  de  i  de  Setembro  (3),  com  D.  Inês  Josefa  de  Melo  Breyner, 
filha  de  Francisco  de  Melo,  3.°  senhor  de  Ficalho,  e  de  sua  mulher  D.  Isabel 
Josefa  Breyner  de  Meneses,  condessa  de  Ficalho  depois  de  viúva.  Tinha  o 
Conde  das  Galveias  setenta  anos  quando  tornou  a  casar  e  sua  noiva  apenas 
dezassete,  mas  não  se  realizou  o  aforismo  de  Balzac,  pois  não  tiveram  filhos. 
A  Condessa  das  Galveias  tornou  a  casar,  em  1780,  com  seu  tio  D.  Fran- 
cisco Xavier  de  Meneses  Breyner  (4),  irmão  de  sua  mãe.  Parece  ser  a  Con- 
dessa Já  falecida  em  5  de  Janeiro  de  1799(5). 


que  me  saberá  servir  e  merecer  toda  a  honra  e  mercê  que  lhe  fizer,  me  praz  e  hei  por  bem, 
pelos  ditos  respeitos  e  em  satisfação  de  todos  os  serviços  que  tem  obrado  desde  o  último 
despacho  até  o  presente,  e  assim  de  todos  os  de  seu  filho  mais  velho  Pedro  de  Melo  de 
Castro,  de  lhe  fazer  mercê  de  uma  vida  mais  no  dito  título  de  conde  das  Galveias,  e  para 
sua  guarda  e  minha  lembrança,  etc.  Lisboa,  23  de  Julho  de  1699.  ^  atendendo  eu  aos 
grandes  merecimentos  do  dito  Conde,  que  se  acha  governando  o  exército  da  província  do 
Alentejo,  e  de  lá  vir  seu  filho,  Pedro  de  Melo  de  Castro,  com  a  notícia  da  expugnação  da 
praça  de  Valença  de  Alcântara,  tomada  por  assalto,  me  praz  e  hei  por  bem  fazer  mercê  ao 
mesmo  Pedro  de  Melo  de  Castro  desde  logo,  em  satisfação  da  que  estava  feita  pelo  alvará 
referido,  do  título  de  conde  das  Galveias  em  sua  vida,  etc.  Lisboa,  i5  de  Maio  de  lyoS.  — 
Ofícios  e  mercês  de  D.  Pedro  II,  liv.  46.",  fl.  167. 

(i)  Ofícios  e  mercês  de  D.  João  F,  liv.  32.°,  fl.  214.  —  Ao  conde  das  Galveias  Denis  de 
Melo  de  Castro  havia  sido  passado,  a  16  de  Março  de  1706,  um  alvará  de  lembrança  de  mais 
uma  vida  no  título  para  seu  neto  António  de  Melo  de  Castro;  e  agora, por  êle  estar  contra- 
tado para  casar  com  D.  Inês  de  Lancastre,  dama  da  Rainha,  foi-lhe  dada  a  carta  do  título. 

(2)  Liv.  4.°  dos  Óbitos  da  freguesia  de  Santa  Isabel,  fl.  192  v. 

(3)  Decreto  de  i  de  Setembro  de  1759,  autorizando  o  Conde  das  Galveias  a  obrigar  bens 
da  Coroa  e  Ordens  à  segurança  de  7.000  cruzados  para  o  seu  casamento  com  D.  Inês  Josefa 
de  Melo.  —  Documentos  do  Ministério  do  Reino,  Decretos,  pasta  5.",  n.°  65. 

(4)  Decreto  de  6  de  Junho  de  1780  para  se  passar  alvará  a  fim  de  D.  Francisco  Xavier 
de  Meneses  Breyner  casar  com  a  Condessa  das  Galveias,  dona  de  honor  da  Rainha  {Docu- 
mentos do  Ministério  do  Reino,  Decretos,  pasta  32.%  n.°  27).  —  Por  outro  decreto,  de  24  de 
Novembro  do  mesmo  ano,  foi  concedida  à  Condessa  das  Galveias,  dona  de  honor  da  Rainha, 
certa  tença  com  mais  uma  vida  para  o  filho  ou  filha  do  seu  matrimónio  com  D.  Francisco 
Xavier  de  Meneses  Breyner  {Ibidem,  n."  79). 

(5)  Decreto  para  se  verificar  em  Francisco  de  Melo  a  vida  que  tinha  sua  tia  a  Con- 
dessa das  Galveias,  D.  Inês  Josefa  de  Melo  Breyner,  nos  bens  da  Coroa  e  Ordens  que  a  casa 
possui  {ibidem,  pasta  6i.»,  n.°  4).  —  Francisco  de  Melo  veio  a  ser  o  i.°  conde  de  Ficalho. 


Retoques  5i5 

Página  84. — 'Vasco  Fernandes  de  Ataíde,  morto  na  tomada  de  Ceuta, 
tem  naquela  cidade,  como  ficou  dito,  uma  inscrição  comemorativa  gravada 
num  pequeno  monumento  do  qual  se  vê  a  reprodução  na  pág.  87  do  livro 
Marrocos  e  Três  Mestres  da  Ordem  de  Cristo  do  dr.  Vieira  Guimarães.  A 
inscrição,  na  estampa  reproduzida,  aparece  assim: 


VASCVS  ATAI 

DES 

PRIMVS 

DVM 

HANG 

OCCVPAT  AR 

CEM 

SAXVM 

HOG 

AD    LI' 

MEN 

VITA 

QUE 

MORS 

QUE 

FVIT 

1574 

Reproduzo-a,  emendando-lhe  os  numerosos  erros,  por  causa  da  data,  sem 
saber  se  ela  também  estará  errada. 

Pág.  84.  —  4.°  —  D.  Helena  de  Ataíde  deverá  ler-se  D.Teresa  de  Ataíde, 
como  declara  um  documento  citado  na  pág.  161;  e  a  seu  marido  é  melhor 
chamar  Pedro  Vasques  da  Cunha  e  não  Vaz. 

Pág.  106. — D.  João  Afonso,  4."  senhor  de  Alburquerque,  assinou-se  D.  João 
Afonso  de  Albuquerque  na  carta  de  g  de  Dezembro  de  1295,  lá  citada,  de 
confirmação  do  foral  de  Moura.  E  provável  que  houvesse  sido  seu  irmão  o 
rico  homem  Martim  Afonso  de  Albuquerque  confirmante  noutra  carta  de  22 
de  Abril  de  i335  (1297),  a  qual  também  foi  confirmada  por  D.  João  Afonso (i). 

Pág.  107. — Na  nota  3  o  parágrafo  «Provado  que  D.  Maria  Coronel»  etc, 
substitua-se  pelo  seguinte: 

Provado  que  D.  Maria  Cornei  não  foi  a  segunda  mulher  do  Conde  D.  João 
Afonso,  basta,  para  provar  não  haver  sido  a  primeira,  o  saber-se  que  ela 
estava  casada  em  i322,  isto  é,  dezoito  anos  depois  da  morte  de  D.  João 
Afonso,  com  o  Conde  D.  Pedro  de  Barcelos.  Consta  de  uma  procuração  de 
i3  de  Setembro  daquele  ano  citada  na  pág.  264. 

Na  mesma  nota,  na  última  linha,  leia-se  D.  Teresa  Sanches  e  não  D.  Maria 
Sanches. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  2.»,  fl,  i35  v. 


5 1 6  Brasões 

Pág.  iio. — Álvaro  Dias  de  Sousa,  mencionado  na  linha  12,  não  foi 
senhor  de  Mafra,  Ericeira  e  outros  lugares  por  ter  tido  de  fugir  para  Cas- 
tela e  lá,  como  se  mostra  na  página  279,  ter  morrido  antes  das  terras  haverem 
vagado. 

Pág.  II 3.  —  D.  Pedro  de  Alcântara  de  Meneses  Coutinho,  como  lhe 
chamam  os  genealogistas,  mas  que  nos  documentos  aparece  nomeado  D.  Pedro 
José  de  Meneses,  ou  D.  Pedro  José  de  Alcântara  de  Meneses,  sempre  sem 
o  Coutinho,  foi  4.°  marquês  de  Marialva  por  carta  de  4  de  Setembro  de  1750(1), 
estribeiro  mor  em  9  de  Abril  de  1770(2)  e  faleceu  com  oitenta  e  seis  anos 
a  22  de  Fevereiro  de  1799(3).  William  Beckford  a  êle  se  refere  muita  vez 
em  1787  no  vol.  II  do  seu  livro  Italf;  with  sketches  of  Spain  and  Portugal, 
e  sempre  com  palavras  de  muito  louvor  e  respeito.  Do  Marquês  era  irmão 
natural  D.  Manuel  de  Noronha,  prior  mor  da  Ordem  de  Avis,  grande  amigo 
de  Beckford  de  quem  este  afirma  não  existir  talvez  no  mundo  carácter  mais 
benigno  e  evangélico.  Foi  companheiro  do  Inglês,  quando  em  1794  cá  tornou 
e  visitou  os  mosteiros  de  Alcobaça  e  da  Batalha,  excursão  rememorada  no 
livro  Recollections  of  an  Excursion  to  the  Monasteries  of  Alcobaça  and 
Batalha.  Poucos  meses  após  a  excursão  morreu  o  Prior  mor,  a  21  de  No- 
vembro, com  cinquenta  e  oito  anos  de  idade  (4). 

O  filho  mais  velho  do  4.°  Marquês  de  Marialva  chamou-se,  como  ficou 
dito  na  pág.  1 14,  D.  Diogo  José  Vito  de  Meneses  Coutinho,  ou  simplesmente 
D.  Diogo  de  Meneses.  Foi,  em  vida  de  seu  pai,  7.°  conde  de  Cantanhede, 
5."  Marquês  de  Marialva  (5)  e  estribeiro  mor  nomeado  em  1779  para  servir 
nos  seus  impedimentos  (6).  Seguiu  a  carreira  das  armas;  foi  nomeado  gover- 
nador da  torre  de  S.  Vicente  de  Belém  em  1788  e  três  anos  depois,  por 
decretos  de  i3  de  Maio  e  23  de  Setembro,  foi  promovido  a  general  efectivo 
da  cavalaria  e  ajudante  general  do  exército  (7),  chegando  posteriormente  a 
ocupar  o  posto  de  tenente  general.  Por  despachos  de  i3  de  Junho  de  1796 
recebeu  a  grã-cruz  da  Ordem  de  Santiago,  e  de  19  de  Outubro  de  1798 
entrou  para  o  Conselho  de  Guerra  (8).    Em  1799  sucedeu  na  casa  a  seu  velho 


(i)  Consta  da  carta  do  assentamento  nas  Mercês  e  ofícios  de  D.  José,  liv.  86.°,  fl.  343. 

(2)  Chancelaria  de  D.  José,  liv.  53.°,  fl.  49. 

(3)  Gajeta  de  Lisboa  de  26. 

(4)  Gaveta  de  Lisboa  de  25  de  Novembro  de  1794. 

(5)  Carta  de  23  de  Dezembro  de  1785. — Chancelaria  de  D.Maria  I,  liv.  25.°,  fl.  157  v. 

(6)  Ga^^eta  de  23  de  Novembro. 

(7)  Gazeias  de  22  de  Março  de  1788,  i3  de  Maio  e  23  de  Setembro  de  1791. 

(8)  Gavetas  de  18  de  Junho  de  1796  e  6  de  Novembro  de  1798. 


Retoques  5 17 

pai  e  foi  então,  por  carta  de  14  de  Março,  nomeado  estribeiro  mor  efectivo  (i), 
vindo  a  ser  o  4.°  na  sua  família.  Morreu  a  i3  de  Agosto  de  i8o3  (2),  tendo 
casado  com  D.  Margarida  Caetana  de  Lorena,  filha  dos  3.°^  Duques  de  Ca- 
daval, a  qual  faleceu  a  27  de  Outubro  de  1802  (3),  precedendo  apenas  em 
alguns  meses  seu  marido  no  túmulo.     Deste  casamento  nasceram: 

i.° — D.  Pedro  José  Joaquim  Vito  de  Meneses,  6."  Marquês  de  Marialva (4), 
8.*  conde  de  Cantanhede,  5.°  estribeiro  mor,  sucedeu  na  casa  a  seu  pai  e, 
por  despacho  de  i3  de  Maio  de  i8o5,  teve  mercê  de  verificação  de  vida  nos 
bens  da  Coroa  e  Ordens  e  de  mais  outra  vida  para  seu  sucessor,  dispensada 
uma  vez  a  Lei  Mental  (5).  Foi  embaixador  extraordinário  a  Napoleão  em 
1807,  a  comprimentar  Luís  XVIII  pelo  seu  regresso  a  França  em  1812,  a 
Viena  de  Áustria  em  1816  a  negociar  o  casamento  do  príncipe  rial  D.  Pedro 
com  a  arquiduquesa  Leopoldina,  ostentando  por  esta  ocasião  extraordinária 
magnificência,  e  finalmente  a  Paris,  onde  faleceu  sem  geração  a  22  de  No- 
vembro de  1823.  Das  aventuras  amorosas  do  último  Marquês  de  Marialva 
a  mais  notável,  pela  pessoa  com  que  se  deu,  teve  talvez  princípio  na  noite 
de  14  de  Junho  de  1794.  From  this  mild  night,  I  have  been  told  repeatedl/, 
—  diz  um  viajante  contemporâneo  —  may  be  traced  the  marked predilection 
ofthe  future  empress-queen  for  this  graceful young  nobleman  —  a  predilection 
aboiít  which  much  has  been  said  and  more  conjectured{6).  Uma  das  muitas 
conjecturas  foi  atribuir-se,  às  predilecções  notadas  naquela  noite  de  prima- 
vera, o  nascimento  do  infante  D.  Miguel. 

2."  —  D.  Henriqueta  Maria  Júlia  de  Meneses,  duquesa  de  Lafões  pelo 
seu  casamento  efectuado  em  29  de  Janeiro  de  1788,  com  D.  João  Carlos  de 
Bragança,  2.°  duque  de  Lafões.  Morreu  a  Duquesa  a  24  de  Janeiro  de 
1810,  pelo  que  não  sucedeu  na  casa  de  Marialva  ao  último  Marquês  seu 
irmão,  como  erradamente  deixei  dito  na  pág.  114,  e  só  nela  veio  a  suceder 
sua  filha  D.  Ana  Maria  José  Joana  Carlota  de  Bragança,  3.^  duquesa  de 
Lafões. 

3.°  —  P.  Maria  Margarida  do  Carmo  de  Meneses  casou  em  29  de  Janeiro 
de  1799  com  Agostinho  Domingos  José  de  Mendoça,  7.**  conde  de  Vai  de 
Reis  (7),   e    i.°   marquês  de  Loulé,  em  satisfação  dos   serviços  do  cardial 


(i)  Gaveta  de  3o  de  Março. 

(2)  Gaveta  de  19. 

(3)  Gaveta  de  2  de  Novembro. 

(4)  Despacho  de  4  e  carta  de  14  de  Abril  de  1795.  —  Gaveta  de  10  e  liv.  27.°  de  Mercês 
de  D.  Maria  I,  fl.  3  20. 

(5)  Gaveta  de  18  de  Maio. 

(6)  Beckford,  Recollections  of  an  excursion  to  Alcobaça  and  Batalha,  pág.  228. 

(7)  Despacho  de  6  de  Maio  de  1793.  —  Gaveta  de  11. 


I 


5i8  Brasões 

patriarca  seu  tio,  D.  José  Francisco  Miguel  António  de  Mendoça,  segundo 
declara  a  carta  de  mercê,  de  6  de  Julho  de  1799  (i).  Foi  estribeiro  mor  por 
carta  de  7  de  Janeiro  de  1824(2),  em  sucessão  a  seu  cunhado  o  último  Mar- 
quês de  Marialva.  Morreu  o  Marquês  de  Loulé  assassinado  no  paço  de 
Salvaterra,  em  29  de  Fevereiro  de  1824.  Os  Marqueses  foram  pais  da  Duquesa 
da  Terceira  e  de  Nuno  José  Severo  de  Mendoça  Rolim  de  Moura  Barreto, 
i.°  duque  e  2.°  marquês  de  Loulé. 

4."  —  D.  Joaquina  de  Meneses,  marquesa  de  Louriçal,  casou  a  i5  de 
Janeiro  de  1799  com  D.  Luís  de  Meneses  da  Silveira,  4.°  marquês  de  Louriçal. 

Têem  aparecido  ultimamente  à  venda  várias  peças  de  dois  aparelhos  de 
loiça  da  índia  com  as  armas,  umas  dos  Marqueses  de  Marialva,  segundo 
ficaram  descritas  na  pág.  ii3,  outras  com  as  dos  Marqueses  de  Louriçal  na 
mesma  página  indicadas,  e  como  a  procedência  foi  a  mesma,  tem-se  suposto 
provirem  ambos  os  aparelhos  da  casa  de  Marialva.  Tal  porém  não  sucedeu, 
explicando-se  o  caso  por  haver  a  Marquesa  de  Loulé  herdado  um  dos  aparelhos 
por  morte  de  seus  pais  ou  de  seu  irmão,  e  a  Marquesa  de  Louriçal  o  outro 
por  falecimento  de  seu  marido,  juntando-se  posteriormente  os  dois  nos  des- 
cendentes da  primeira,  sobrinhos  da  segunda. 

Pág.  112.  —  De  D.  Gonçalo  Teles,  conde  de  Neiva,  foi  filho  primogénito 
D.  Martinho  de  Meneses,  i.°  senhor  de  Cantanhede.  Havia-lhe  o  reguengo 
desta  vila  sido  doado  de  juro  e  herdade,  em  casamento,  a  êle  e  a  sua  mulher 
Teresa  Vasques  Coutinho,  pela  rainha  D.  Felipa,  em  27  de  Janeiro  de  1480 
(1392),  doação  confirmada  a  2  do  mês  seguinte  por  D.  João  1(3).  Em  seus 
descendentes  se  continuou  o  senhorio  até  à  extinção  da  casa  de  Marialva. 


(i)  Mercês  de  D.  Maria  I,  liv.  3o.»,  fl.  218  v. 

(2)  Ibidem,  liv,  i8.<»,  fl.  36. — Exercia  já  o  Marquês  o  ofício  de  estribeiro  mor  nas  ausências 
de  seu  cunhado. 

(3)  Dona  Felipa  pela  graça  de  Deus  rainha  de  Portugal  e  do  Algarve,  a  quantos  esta 
carta  virem,  faço  saber  que  eu,  com  outorgamento  e  autoridade  de  meu  senhor  el  Rei,  por 
si  e  por  o  ifante  D.  Afonso,  meu  filho  primeiro  herdeiro,  que  stá  em  seu  poder,  consirando 
o  bom  divido  que  D.  Martinho  tem  na  mercê  dos  ditos  senhor  Rei  e  Ifante,  e  os  bons  ser- 
viços, que  dei  e  de  Tareya  Vasquez  Continha  sua  molher  e  daqueles  d'onde  eles  descendem, 
receberam  sempre  estes  reinos  e  o  dito  senhor  Rei  e  eu  e  nossos  filhos  etc.  Doação  a 
ambos  e  a  cada  um  dêles,  em  casamento,  para  sempre,  e  a  todos  seus  filhos,  netos  e  des- 
cendentes lídimos,  por  jur  de  herdade,  do  meu  reguengo  de  Cantanhede,  com  todas  suas 
rendas,  etc.  O  qual  reguengo  eu  houve  de  compra  por  2  000  dobras  cruzadas  de  João  Gómez 
da  Silva,  a  que  el  Rei  dera  o  reguengo  para  êle  o  dar  em  casamento  a  Melícia  Gómez  sua 
irmã,  com  condição  que  aquele,  que  com  ela  casasse,  tivesse  certas  lanças  para  serviço  do 
dito  senhor  Rei.  As  quais  dobras  por  mim  em  meu  nome  lhe  pagou  Briatiz  Gonçálvez  de 
Moura,  segundo  se  contêm  em  um  instrumento  feito  em  Montemor  o  Velho  a  20  de  Janeiro 


Retoques  5i^ 

Pág.  iiõ.  —  O  Conde  da  Lousa  mencionado  na  linha  6  foi  D.  Diogo  de 
Meneses,  a  quem  se  passou  carta  do  título,  em  Queluz,  a  1 1  de  Maio  de  1804, 
tendo  em  consideração  a  sua  qualidade  e  merecimentos  e  achar-se  casado  com 
D.  Mariana  do  Resgate  de  Saldanha  e  Lancastre,  filha  única  e  sucessora  do 
conde  da  Lousã  D.  Luís  António  de  [Lancastre]  Basto  Baarem(i). 

Pág.  116.  —  O  i.°  marquês  de  Louriçal,  D.  Luís  de  Meneses,  faleceu  na 
índia,  onde  estava  pela  segunda  vez  como  vice  rei,  em  i3  de  Junho  de  1742, 
ainda  em  vida  de  sei  pai,  D.  Francisco  Xavier  de  Meneses,  4.°  conde  da  Eri- 
ceira (2),  que  só  morreu  a  21  de  Dezembro  do  ano  seguinte  (3).  Havia  D.  Luís 
de  Meneses  sido  o  5."  conde  da  Ericeira  por  carta  de  28  de  Fevereiro  de 
1711(4)  e  deixou  de  sua  mulher,  a  condessa  D.  Ana  Xavier  de  Rohan, 
falecida  em  1733,  entre  outros  filhos  que  pouca  vida  tiveram,  os  três  se- 
guintes : 

i.°  —  D.  Francisco  de  Meneses,  6.°  conde  da  Ericeira,  2.°  marquês  de 
Louriçal  por  carta  de  3o  de  Março  de  1744(5),  sucedeu  em  1743  na  casa  de 


da  era  desta  carta.  O  qual  reguengo  e  pertenças  dou-lhe  com  a  dita  condição  de  certas 
lanças,  etc.  Viseu,  27  de  Janeiro,  a  Rainha  o  mandou,  Álvaro  Gonçálvez  a  fez,  era  de  1430. 
—  A  confirmação  régia  foi  livrada  na  mesma  cidade,  a  2  de  Fevereiro  seguinte.  —  Chance- 
laria de  D.  João  /,  liv.  2.°,  fls.  64  e  64  v. 

(i)  Chancelaria  de  D.  João  VI,  liv.  6.",  fl.  294  v. 

(2)  Por  parte  de  D.  Luís  de  Meneses,  conde  da  Ericeira,  vedor  da  minha  fazenda,  se 
ofereceu  alvará.— Havendo  respeito  aos  serviços  que  D.Luís  de  Meneses,  conde  da  Ericeira, 
depois  do  último  despacho,  continuou  no  posto  de  general  da  artelharia  da  província  do 
Alentejo,  no  governo  das  armas  da  província  de  Trás  os  Montes  e  no  cargo  de  vedor  da 
fazenda  repartição  da  índia,  que  está  exercitando;  atendendo  à  nova  fábrica  da  moeda  e  à 
introdução  das  manufacturas  que  por  sua  ordem  se  estabelecem  neste  reino,  e  desejar  por 
todos  estes  respeitos,  etc;  em  satisfação  dos  seus  serviços  e  do  Conde  D.  Fernando  de  Me- 
neses seu  irmão,  etc.  Alvará  de  uma  vida  mais  no  título  de  conde  para  minha  lembrança, 
etc.  Lisboa,  10  de  Setembro  de  1678.  —  Pedindo  lhe  mandasse  passar  carta  do  título  de 
conde  da  Ericeira  a  D.  Francisco  Xavier  de  Meneses,  seu  filho  único  e  sucessor,  etc.  Carta 
do  título  de  conde  da  Ericeira  em  sua  vida.  Lisboa,  23  de  Setembro  de  1688.  —  Chance- 
laria de  D.  Pedro  II,  liv.  34.»  de  Doações^  fl.  154  v. 

(3)  Ambas  as  datas  de  óbito  são  das  Memorias  dos  grandes  de  D.  António  Caetano  de 
Sousa. 

(4^  Chancelaria  de  D.Afonso  VI,  liv.  32."  de  Ofícios  e  mercês,  fl.  5i  v.,  verba  à  margem. 

(*  Tendo  consideração  ao  que  me  representou  o  conde  da  Ericeira  D.  Francisco  Xavier 
de  Meneses,  que  Deus  perdoi,  e  ao  zelo  e  acerto  com  que  seu  filho  o  Marquês  de  Louriçal 
me  serviu  no  estado  da  índia  até  seu  falecimento,  e  aos  que  êle  me  tinha  feito  nos  cargos 
de  conselheiro  de  Guerra  e  deputado  da  Junta  dos  Três  Estados,  e  a  seu  neto  o  conde  da 
Ericeira  D.  Francisco  de  Meneses  me  ter  servido  onze  anos  em  praça  de  soldado,  capitão  de 
cavalos  e  ajudante  dasí)rdens  do  governador  das  armas  da  província  do  Alentejo,  pedindo-me 
lhe  fizesse  mercê  do  título  de  marquês,  etc.  Carta  de  marquês  de  Louriçal  em  sua  vida. — 
Chancelaria  de  D.  João  V,  liv.  108.°,  fl.  41. 


I 


520  Brasões 

seu  avô  e  em  1747  na  das  Sarzedas  a  sua  tia  a  4.*  condessa  D.  Teresa  Mar- 
celina  da  Silveira.  Casou  a  primeira  vez,  em  2  de  Maio  de  1740,  com  D.  Maria 
Josefa  da  Graça  de  Noronha,  senhora  da  casa  de  Cascais  e  uma  das  vítimas 
do  terremoto  do  i.°  de  Novembro  de  1755,  no  qual  encontrou  a  morte  junta- 
mente com  sua  única  filha.  Já  estava  o  Marquês  pela  segunda  vez  casado, 
em  1759,  com  D.  Josefa  de  Noronha,  falecida  a  23  de  Dezembro  de  1761, 
segundo  declarava  o  seu  epitáfio  na  demolida  igreja  do  convento  de  Santo 
António  da  Convalescença.  Ainda  casou  uma  terceira  vez  com  D.  Ana  José 
Lobo  de  Mascarenhas,  filha  dos  2."  Marqueses  de  Alvito;  morreu  porem  sem 
descendência. 

2.° — D.  Constança  Xavier  Domingas  Aureliana  de  Meneses  casou  com 
José  Félix  da  Cunha  e- Meneses,  8."  alcaide  mor  de  Tavira,  e  seu  trineto, 
o  7.°  Conde  de  Lumiares,  veio  a  suceder  na  casa  de  Louriçal. 

3.°  —  D.  Henrique  de  Meneses  foi  3.°  marquês  de  Louriçal  (i),  7.°  conde 
da  Ericeira,  gentil-homem  da  câmara  da  rainha  D.  Maria  I,  cavaleiro  da  in- 
signe Ordem  do  Tosão  de  Oiro  de  Espanha,  ministro  em  Turim  e  em  Roma, 
embaixador  extraordinário  em  Madrid,  em  1785,  encarregado  de  negociar  os 
tratados  matrimoniais  dos  infantes  de  Portugal  e  Espanha,  D.  João  e  D.  Ga- 
briel, recebendo  por  esta  ocasião  o  Tosão.  Faleceu  a  29  de  Maio  de  1787, 
havendo  casado  com  sua  sobrinha,  filjha  de  sua  irmã  D.  Constança,  D.  Maria 
da  Glória  da  Cunha  e  Meneses,  falecida  em  1826,  deixando  vivo  um  único 
filho  que  foi  o  4,*  e  último  Marquês  de  Louriçal  por  carta  de  12  de  Agosto 
de  1790(2).  Chamou-se  D.  Luís  Eusébio  Maria  de  Meneses  da  Silveira,  foi 
coudel  mor  da  casa  rial,  par  do  reino  e  faleceu  a  3  de  Junho  de  1844,  como 
deixei  dito  na  pág.  1 16,  sem  deixar  geração  apesar  de  ter  casado,  como  acima 
se  declarou,  corri  D.  Joaquina  de  Meneses,  filha  dos  5.°*  Marqueses  de  Ma- 
rialva. 

O  palácio  de  residência  dos  Condes  da  Ericeira  em  Lisboa  era  situado 
em  frente  do  mosteiro  da  Anunciada,  e  fora  edificado  primitivamente  pelos 
anos  de  i633  por  Fernão  d' Alvares  de  Andrade,  tesoureiro  mor  de  D.  João  IIL 
Ampliaram-no  posteriormente  muito  os  Condes,  descendentes  do  fundador, 
e  magnificamente  o  adornaram,  recolhendo  nele  muitas  preciosidades  tudo 
consumido  por  ocasião  do  terremoto  de  1765.  Encontra-se  uma  breve  notícia 
do  palácio  no  Mappa  de  Portugal  de  João  Bautista  de  Castro  (3),  nos  seguintes 
termos:     , 

«Defronte  deste  Mosteiro  existia  o  palácio  dos  Condes  da  Ericeira,  hoje 


(i)  Carta  de  17  de  Maio  de  1781.  —  Mercês  de  D.  Maria  1,  liv.  5.*,  fl.  394  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Maria  I,  liv.  3o. »,  fl.  102  v. 

(3)  Tom.  III,  pág.  288. 


Retoques  52 1 

Marquezes  do  Louriçal,  fundado  por  Fernando  Alvares  de  Andrade  do  Con- 
selho de  ElRey  D.  Joaõ  III.  no  anno  de  i533.  Depois  se  accrescentáraÕ  dous 
novos  quartos,  que  tudo  comprehendia  cento  e  vinte  casas,  dez  pateos,  Jardins, 
e  hortas,  e  lograva  mais  de  duzentas  pinturas,  muitas  delias  de  Ticiano,  Cor- 
regio,  Rubens;  e  sobre  tudo  huma  excellente  livraria,  que  continha  dezoito 
mil  volumes  impressos:  mil  Collecções  de  papeis  vários,  a  Historia  do  Impe- 
rador Carlos  V.,  escrita  pela  sua  própria  maÕ,  hum  livro  de  hervas,  e  plantas 
illuminadas  com  as  suas  naturaes  cores,  que  foy  de  Mathias  Corvino  Rey  de 
Hungria,  Cartas  de  marear  dos  primeiros  descobridores  das  nossas  Conquistas, 
e  muitos  volumes  manuscritos  em  diversas  matérias  pelos  Senhores  da  Casa 
de  Ericeira.  Tudo  isto  devorou  o  incêndio  no  mesmo  dia  do  grande  terre- 
moto, reduzindo  a  cinzas  em  breves  minutos  taô  preciosas,  e  irrecuperáveis 
alfayas». 

Pág.  127,  linha  7.  —  Leia-se  D.  Fernando  de  Cascais  e  não  D.  Fernando 
de  Vasconcelos,  apelido  que  lhe  dão  os  genealogistas,  com  o  qual  todavia 
não  aparece  em  nenhum  documento. 

Pág.  145.  —  Na  linha  20  emende-se  o  nome  da  mulher  de  D.  Pedro  de   ' 
Castro,  pois  não  se  chamou  D.  Caterina,  mas  sim  D.  Teresa  de  Vasconcelos, 
como  já  ficou  advertido  na  nota  4  de  pág.  352. 

Pág.  146.  —  Suprimam-se  na  linha  4  as  palavras  «à  qual  os  nobiliários 
dão  erradamente  o  nome  de  Tareja». 

Pág.  161.  —  E  melhor  ler  nas  linhas  9  e  10  Gil  Vasques  da  Cunha  e  Pêro 
Vasques  da  Cunha. 

Pág.  1Ó7.  —  Na  linha  7  leia-se  Gonçalo  Vasques  de  Melo,  e  na  seguinte 
apaguem-se  as  palavras  «e  alcaide  mor  de  Évora». 

Pág.  169. —  Na  penúltima  linha  leia-se  Fernão  Vasques  da  Cunha. 

Pág.  176.  —  Na  linha  20  acrescente-se  a  Simão  da  Cunha,  senhor  de  Po- 
volide  e  Castro  Verde,  o  apelido  de  Ataíde,  Simão  da  Cunha  de  Ataíde. 

Pág.  179.  —  Simão  Correia  da  Silva,  mencionado  na  linha  16,  foi  o  7.°  e 
não  o  6.°  conde  da  Castanheira. 

Pág.  193.  —  Risquem-se  na  linha  25  da  nota  as  palavras  «Rui  Vaz  Pereira 
foi  D.  Rodrigo  Pereira,  conde  da  Feira». 

voL.  I  66 


522  Brasões 

Pág.  196. — Na  linha  22,  em  vez  de  Rui  da  Cunha,  deve  ler-se  Rui  de 
Melo. 

Pág.  204.  —  Dos  epitáfios  dos  Sousas  antigos  no  claustro  do  convento  de 
Alcobaça  encontro  melhor  versão,  que  transcrevo  para  substituir  a  reprodu- 
zida: 

Era  MCCCV — 9.°  Calendas  Jidii  hic  requiescit  Petrus  Stephani  de 
Leirena  et  filia  eiiis  elvira  Petri  —  anima  eorum  req.  etc. 

Era  MCCCXX —  ij  calendas  Septembris  obiit  D.  Urraca  Joannis  Coella 
Jilia  Joannis  Siigerii  coello  et  uxor  sugerii  Menendi  Petiti  ciijus  ajiima  etc. 

E.  MCCLXXII —  7.°  idus  octobris  obiit  Joannes  Alphonsi  Jilius  inclite 
recordationis  D,  Alphonsi  tertii  regis  Portugallie.  —  req.  in  pace. 

E.  MCCC  in  mense  octobris  obiit  Rodericus  Menendi  —  ciijus  anima  etc. 

E.  MCCLXXXI — obiit  D,  Giindisalpiis  Meneyidi. 

E.  MCCLXXVII — 3."  Calendas  Martii  obiit  D.  Garcias  Menendi  felicis 
recordationis  Comitis  Domini  Menendi  Jilius  et  Pater  comitis  D.  Gimsalvi. 

E.  MCCLXXXIII — 77.°  Calendas  Januarii  obiit  D.  Elvira  Gonsalvi 
uxor  D.  G  ar  cie  Me?iendi. 

E.  MCCXLVI — X.  calendas  novembris  obiit  D.  Maia  (Maior  ?)  Menendi 
uxor  D.  Petri. 

E.  MCCC  —  7.°  idus  Decembris  obiit  D.  Maria  Egee  cuius  anima  etc. 
et  fuit  mater  D.  Alfonsi  Petri. 

E.  MCCCIIII — ^.°  Nenas  Novembris  obiit  Alfonsiis  Petri:  Pretor  de 
iurribus  veteribus  cujus  anima  etc. 

E.  MCCCI — 5."  Idus  Februarii  obiit  Elvira  Petri  nutrix  Dííi  Alphonsi 
quinti  Regis  Portugallie  et  algarbii. 

Hic  requiescit  D.  Gundisalvus  menendi  de  Sausa  cujus  anima  etc. 

Era  MCCLXXXV.  hic  requiescit  Fernandus  Reimundi  de  rivo  molen- 
dinorum  qiii  fuit  interfectus 

E.  MCCLXXVII — á*."  idus  decembris  obiit  D.  Saneia  Fernandi  Jilia 
D.  Fernandi  Guterre  de  galecia. 

E.  MCCLXXII —  J2  Kalendas  Julii  obiit  Joannes  Anrici  de  Portocar- 
reiro. 

Hic  requiescit  D.  Menendus  Petri  de  Azevedo. 

E.  MCCLXXXVI — in  die  annuntiationis  B.  Marie  obiit  Honoricus 
Joannis  Scãren 

E.  MC CL  VIII — p."  Kalendas  Februarii  obiit  D.  Maria  Menendi. 

E.  MCCLXXVIII — 77  Kalendas  Augusti  obiit  magister  Gundisalvus 
monachus  alcobatie. 

VII  Kal.  Januarii  obiit  Suerius  Gunsalvi  et  Jilius  eius  N.  Sugerii. 


Retoques  523 

E.  MCCCXL.  in  die  S.  vicentii  obiit  Domnus  Dominicus  quondam  abbas 
Alcobacie.  etc.  (i). 

Pág.  209.  —  Na  última  linha  do  texto  leia-se  D.  Francisco  de  Castelo 
Branco  Coutinho. 

Pág.  210.  —  «Em  menos  de  trinta  anos  deram  os  Castelos  Brancos  três 
condes  do  Redondo,  o  7.°,  o  8."  e  o  9."».  Este  facto,  a  que  eu  aludo,  foi 
notado  por  escritor  contemporâneo,  no  livro  Monstruosidades  do  tempo  e  da 
fortuna^  págs.  i5o  e  i5i. 

«Em  o  principio  deste  mes  de  Novembro  morreo  D.  loao  de  Castello 
Branco,  filho  de  D.  Francisco  de  Castello  Branco;  era  este  D.  loão  segundo, 
e  ultimo  filho  de  seu  pae,  herdeiro  de  sua  casa,  a  quem  S.  A.  tinha  feito 
mercê  do  Condado  de  Redondo,  por  elle  casar  com  huma  Dama  do  Palácio, 
e  antes  de  tomar  posse  delle,  o  levou  Deos  de  doença  (2).  Foi  este  Condado 
neste  século  para  a  familia  dos  Castellos  Brancos,  não  Condado  de  Redondo 
em  que  succedêrão  vidas,  senão  rede  de  cordão  com  que  pescava  a  morte. 
Foi  D.  loão  de  Castello  Branco  (avô  do  outro  D.  João  de  Castelo  Branco 
acima  referido)  casado  com  D.  Guiomar  Coutinho  [aliás  D.  Cecília  de  Me- 
neses), por  a  qual  seus  filhos  pretenderão  ter  direito  ao  Condado  sobredicto, 
depois  da  morte  do  ultimo  Conde  de  Redondo,  que  morreo  sem  successão. 
Deste  D.  loão  ficarão  dous  filhos  legítimos,  a  saber,  D.  Duarte  de  Castello 
Branco,  e  D.  Francisco  de  Castello  Branco.  D.  Duarte  casou  a  primeira  ves 
com  huma  filha  de  D.  António  Mascarenhas,  que  chamarão  o  Sujo,  a  qual 
morreo  sem  ter  filhos.  Casou  D.  Duarte  segunda  vez  com  D.  Marianna 
[Josefa  de  Mendoça],  filha  de  Francisco  de  Mello,  Monteiro  mor;  depois  de 
casado,  lhe  fez  a  Rainha  D.  Luisa,  mercê  do  Condado  (3),  e  o  logrou  tão 
pouco  tempo,  que  parece  que  só  para  morrer  Conde  lhe  dérão  o  titulo.  Por 
sua  morte,  ficou  hum  menino  de  três  annos,  em  o  qual  el  Rei  D.  Affonso  con- 
firmou a  mercê  (4),  e  de  pouco  mais  de  quatro  annos  o  levou  o  titulo  á  sepul- 


(i)  Fr.  Fortunato  de  S.  Boaventura,  Historia  chronologíca  e  critica  da  Real  Abbadia  de 
Alcobaça.    Provas,  pág.  46. 

(2)  Fizera-lhe  com  efeito  o  Príncipe  Regente  mercê  do  título  de  conde  e  da  casa  do 
Redondo  em  casamento  com  D.  Madalena  de  Távora,  dama  da  Princesa,  mas  falecera 
D.  João  antes  de  tirar  despacho  da  mercê. 

(3)  A  D.  Duarte  de  Castelo  Branco  Coutinho  foi  passada  carta  de  conde  do  Redondo, 
de  juro  e  herdade,  a  27  de  Fevereiro  de  1661,  fundada  numa  sentença  de  1660.  Esta  carta 
já  foi  citada.    Foi  ele  o  7."*  Conde  do  Redondo. 

(4)  Este  menino  de  três  anos  era  D.  José  de  Castelo  Branco  Coutinho  e  Meneses  a 
quem  foi  dada  carta  do  título  de  conde  do  Redondo,  de  juro  e  herdade,  em  9  de  Abril  de 
1664  {Ofíciosre  mercês  de  D.  Afonso  VI,  liv.  25.°,  fl.  358  v.).    Foi  o  8."  Conde  do  Redondo. 


524  Brasões 

tura.  Passou  o  morgado  a  seu  tio  D.  Francisco,  e  com  elle  a  pretenção  do 
Condado,  e  quando  a  tinha  melhor  entabulada,  pedindo  a  mercê  para  seu 
primeiro  filho,  D.  António  (i),  morreo  de  doença,  já  mancebo  crecido;  fes  o 
Principe  mercê  a  seu  ultimo,  e  segundo  filho,  D.  loão,  e  primeiro  delle 
tomou  posse  a  morte,  do  que  elle  a  tomou  do  Condado.  Por  castigo  do  Céo 
avalíão  as  sagradas  lettras  a  falta  de  successão  nas  familias  illustres;  não  sei 
se  a  culpa  desta  seria  a  vaidade  de  se  presumir  esta  a  mais  illustre  de  todas 
as  familias,  pois  não  bastou  para  lhes  abater  as  asas  da  suberba,  o  faltar-lhes 
a  fortuna  com  os  bens,  que  fasem  ricas  as  casas  illustres». 

Passados  alguns  anos  sobre  estes  sucessos  fez  o  Principe  Regente  mercê 
do  título  de  conde  do  Redondo,  em  sua  vida,  a  D.  Francisco  de  Castelo 
Branco,  por  seus  serviços  pessoais  feitos  iia  guerra  e  defensão  do  reino,  de 
que  saiu  estropiado,  e  por  lhe  representar  ):jue  seu  filho  D.  João  de  Castelo 
Branco  falecera  sem  tirar  despacho  da  mercê  que  lhe  havia  feito  do  título, 
por  estes  motivos  e  outros  se  lhe  passou  a  carta  a  29  de  Julho  de  1678  (2). 
Foi  o  9.°  Conde  do  Redondo  e  faleceu  sem  descendência  em  1686. 

O  actual  Conde  do  Redondo  e  do  Vimioso  é  filho  primogénito  do  3.°  Mar- 
quês de  Borba  e  neto  de  José  Luís  de  Sousa  Coutinho,  i6.°  conde  do  Re- 
dondo por  carta  de  29  de  Dezembro  de  1808  (3). 

Pág.  2i3.  —  Ao  Conde  do  Funchal  refere-se  Henri  Beyle  (Stendhal),  em 
1827,  nas  suas  Promenades  dans  Rome,  por  estas  palavras:  On  n'est  pas 
plus  aimable  à  rencontrer  que  M.  de  Funchal,  ambassadeur  du  Portugal. 
Cest  im  esprit  singulier  qui  chasse  Vemiui  d'im  salon  même  diplomatique 
(oii  l'on  ne  peut  par  ler  de  iout  ce  qui  fait  ailleurs  le  sujei  habituei  de  la  con- 
versation), 

Pág.  214. —  Risquem-se,  na  11.*  linha,  as  palavras  «e  senhor  de  Ferreira», 
porque  Martim  Afonso  de  Melo  não  o  foi. 

Pág.  216.  —  Na  nota  2  leia-se  D.  Francisco  e  não  D.  Fernando. 

Pág.  220.  —  A  irmã  do  7.°  Marquês  das  Minas,  mulher  do  monteiro  mor 
Francisco  José  Luís  de  Melo,  aparece  nomeada  D.  Joana  Bernarda  de  Lan- 


(i)  A  esta  mercê  referiram-se  as  Monstruosidades^  na  pág.  124:  «Publicárão-se  pelos 
Reis  (6  de  Janeiro  de  i6joJ  os  títulos ...  a  D.  António,  filho  de  D.  Francisco  de  Gastei  Branco, 
o  condado  de  Redondo,  que  ficou  devoluto  á  Coroa  por  morte  de  seu  tio  D.  Duarte  de 
Gastei  Branco,  e  lhe  dérão  agora  em  dote  com  huma  Senhora,  dama  de  Palácio». 

(2)  Oficias  e  mercês  de  D.  Afonso  VI,  liv.  37.°,  fl.  164  v. 

(3)  Gonsta  da  carta  do  assentamento,  de  26  de  Novembro  de  1814.  —  Mercês  do  Prin- 
cipe Regente,  liv.  i2.<*,  fl.  24  v. 


Retoques  525 

castre  e  Noronha  na  carta  régia  de  aprovação  do  seu  contrato  esponsalício 
citada  na  pág.  455. 

Pág.  226.  —  Na  linha  9  leia-se  Gonçalo  Vasques  de  Melo  em  vez  de  Gon- 
çalo Vaz  de  Melo. 

Estas  emendas,  apenas  feitas  para  reprodução  dos  nomes  como  aparecem 
nos  documentos,  incluo-as  aqui  para  poderem  ir  no  índice  alfabético,  unifor- 
mizando os  nomes,  pois  que  na  realidade  tanto  vale  o  patronímico  Vasques 
ou  Vaz. 

Pág.  235. — O  2.°  senhor  de  Mortágua,  mencionado  na  linha  23,  chamou-se 
simplesmente  Martim  Afonso  de  Sousa. 

Pág.  236.  —  Na  Imha  5  leia-se  também  simplesmente  Martim  Afonso  de 
Sousa. 

Pág.  265.  —  Encontrou-se  há  pouco  na  velha  Sé  de  Lisboa,  numa  das 
capelas  da  charola,  o  túmulo  de  D.  Grácia,  mãe  do  Conde  D.  Pedro  (i)  e 
nele  gravado,  em  letra  gótica  do  tempo,  o  seguinte  epitáfio: 


Aqj  I    jaz  )     dona  |     Gracia 


filho :  delRei 
annos  |    xxij 


Madre  |    do   conde 
passou  ■  na  ;■    e  ;    de 


don  •*  Denis  \  e 

dias  •    de  ;    dezenbro  ;    rogade  •    a 
et;   ela-   mãdou;  faz)   estaf   capela |  pa  •  si-   e  pa 
na|  j^ta;   e  pa  j  saj  irmaa|  TVTj  Ansj  e  leixouj  hi 
pa  •  senp'e |  e  ao *.  cabidoo ';  Lij \  libras ;  pa\  a  festa 
etj  pa'-  viij  1  aniv'sayros. 


don  ;    p°  ■; 

Mj    CGCLX 

ds  '■  ~p~\    ela 

sa»   madre   D 

do'  ;  capelaaes 

de  •  san  •  G'vas 


Este  epitáfio  dá-nos  a  novidade  dos  nomes  da  mãe  e  da  irmã  de  D.  Grácia, 
sem  todavia  adiantar  nada  na  sua  biografia  ainda  desconhecida. 

Pág.  274.  —  Na  nota  3  afirmo  não  haver  em  parte  nenhuma  da  primeira 
edição  deste  livro  nomeado  D.  Maria  Pais  Ribeiro,  a  Ribeirinha,  mas  não  é 
exacto,  porque  ela  aparece  na  pág.  iio,  sem  lhe  apor  todavia  o  apelido  de 
Berredo. 


(i)  Deu  notícia  do  achado  o  dr.  Vergílio  Correia  no  jornal  A  Pátria  de  aS  de  Dezembro 
de  1920.  —  O  epitáfio  diz  o  seguinte :  Aqui  ja^  dona  Gracia,  madre  do  Conde  don  Pedro, 
filho  dei  Rei  don  Denis,  e  passou  na  era  de  i36o  annos,  22  dias  de  De:^enbro.  Rogade  a  Deus 
por  ela.  Et  ela  mandou  faij[er  esta  capela  pêra  si  e  pêra  sa  madre  Dona  Justa  e  pêra  sa 
irmaã  Maria  Anes,  e  leixou  hi  dous  capelaaes  pêra  senpre^  e  ao  cabidoo  52  libras  pêra  a 
festa  de  san  Gervás  et  pêra  8  aniversayros. 


520  Brasões 

Pág.  278.  —  Na  linha  6  está  bem  «Dona  Maria  Pais  Ribeira»,  porque  assim 
é  nomeada  no  transcrito  trecho  da  Historia  genealógica;  foi  porém  desacerto 
repetir-lhe  o  nome  na  linha  19  como  estava  acima,  porque  ela  na  verdade 
chamou-se  D.  Maria  Peres  Ribeira. 

Pág.  290-291.  —  Houve  na  realidade  três  Duques  de  Lafões;  deles  deixarei 
aqui  consignadas  algumas  notas  biográficas. 

O  i.°  duque,  D.  Pedro  de  Bragança,  sucedeu  a  sua  avó,  como  ficou  refe- 
rido, nos  bens  da  Coroa  e  Ordens,  os  quais  eram  muito  valiosos  e  os  men- 
ciona João  Carlos  Feo  nas  Memorias  dos  Duques,  pág.  209  e  210,  devendo 
emendar-se  a  designação  da  comenda  hereditária  de  Sousa,  para  So:{a.  No- 
meado regedor  das  justiças  da  Casa  da  Suplicação  por  carta  de  17  de  Setembro 
de  1749,  ainda  o  Duque  exercia  o  cargo  a  20  de  Dezembro  de  1754;  a  5  de 
Julho  de  1760  porém  foi  nomeado  regedor  o  arcebispo  de  Évora,  D.  João  de 
Nossa  Senhora  da  Porta,  futuro  Cardial  da  Cunha  (i).  O  Duque  foi  muito 
dado  à  música  e  morreu  solteiro  na  sua  quinta  da  Granja  de  Alpriate,  a  26 
de  Junho  de  1761  (2). 

Quando  o  Duque  faleceu  estava  seu  irmão,  o  Marquês  D.  João  Carlos  de 
Bragança  (3),  ausente  do  reino  d'onde  partira  pouco  depois  do  terremoto  de 
1755.  Bem  recebido  na  corte  de  Viena  de  Áustria,  serviu  com  distinção  na 
guerra  dos  Sete  Anos  e  entrou  como  voluntário  nos  exércitos  do  imperador 
José  II.  Ficara  administrando  a  casa  sua  irmã  D.  Joana  Perpétua  de  Bragança, 
duquesa  de  Cascais  (4),  viúva  do  4."  Marquês  de  Cascais,  a  qual  lhe  fazia  «as 
remessas,  de  que  precisava,  e  que  naõ  deviaõ  ser  muito  grandes  pelo  pequeno 
rendimento  da  casa,  e  lhe  haverem  tirado  as  Commendas,  que  nesta  andavaõ. 
Com  tudo  naõ  me  consta  que  vivesse  empenhado»  (5).  Atribui-se  a  origem 
das  suas  longas  viagens  a  ordem  dei  rei  D.  José,  inquieto  por  notar  a  grande 
simpatia  ao  Marquês  D.  João  manifestada  por  sua  filha,  a  princesa  da  Beira 
D.  Maria. 

Foi  muito  conhecido  D.  João  em  toda  a  Europa,  durando  as  suas  viagens. 


( 1 )  Brasões  de  Cintra,  III,  207  e  208. 

(2)  Gaveta  de  Lisboa  de  7  de  Julho. 

(3)  Por  despacho  de  23  de  Junho  de  1738  fizera  D,  João  V  mercê  a  D.  João  Carlos  de 
Bragança  das  honras  de  marquês,  com  5oOi^ooo  rs.  de  assentamento.  —  Gaveta  de  Lisboa, 
de  17  de  Julho. 

(4)  Por  carta  de  20  de  Setembro  de  1738,  havendo  consideração  às  grandes  qualidades 
que  concorrem  na  pessoa  de  D.Joana  Perpétua  de  Bragança,  minha  amada  e  presada  sobrinha, 
deu-lhe  el  Rei  as  honras  de  duquesa  em  sua  vida,  logrando  a  antiguidade  de  aS  de  Junho 
passado,  data  do  aviso. —  Ofícios  e  mercês  de  D.  João  V,  Irv.  Bo.',  fl.  186. 

(5)  Jacome  Ratton,  Recordaçoens,  pág.  336. 


i 


Retoques  537 

pelo  nome  de  Duque  de  Bragança,  que  indívidamente  lhe  davam,  e  dele  nos 
deixou  Beckford  uma  descrição  nada  favorável  quanto  ao  físico.  Se  o  intitu- 
lassem duquesa  viúva  não  seria  estranho,  comenta  o  Inglês,  pois  assemelha- 
va-se  muito  a  uma  velha  camareira  toda  dedicada  a  frioleiras  e  galanteios, 
com  vermelhão  e  sinais  na  cara,  procurando,  apesar  dos  seus  setenta  invernos, 
voltear  sobre  os  tacões  e  saracotear-se  com  juvenil  agilidade  (i). 

Em  1779  regressou  a  Portugal  e  foram-lhe  restituídas  as  comendas  da 
casa  de  Lafões,  com  os  atrazados  (2),  havendo-lhe  sido  concedido  o  título  de 
duque  por  carta  de  i5  de  Maio  de  1777(3).  Teve  muito  acesso  junto  de 
D.  Maria  I  que  o  nomeou  tenente  general  dos  exércitos  e  conselheiro  de 
Guerra,  por  decreto  de  i5  de  Setembro  de  1780(4),  marechal  general  encar- 
regado do  governo  das  armas  de  todas  as  tropas  de  infantaria,  cavalaria,  arte- 
Iharia  e  corpo  de  engenheiros,  e  director  geral  de  todas  elas,  por  decreto  de 
i3  de  Maio  de  1791  (5),  posto  designado  pelo  título  de  marechal  general  junto 
à  rial  pessoa,  e  ainda  conselheiro  de  Estado  em  1796(6).  Continuou  mere- 
cendo a  confiança  do  Príncipe  Regente  que  o  nomeou  mordomo  mor  (7)  e 
finalmente  ministro  assistente  ao  despacho,  por  decreto  de  6  de  Janeiro  de 
1801  (8),  alto  posto  que  não  conservou  depois  da  campanha  daquele  ano,  por 
lhe  serem  atribuídos  os  seus  desastres.  «Era  o  Duque  muito  civil  e  cortez 
para  toda  a  qualidade  de  pessoa,  e  de  huma  extrema  bondade»  (9). 

No  ano  de  seu  regresso  fundou  o  Duque  de  Lafões  a  Academia  Rial  das 
Scfências  de  Lisboa,  sendo  muito  coadjuvado  neste  notável  empreendimento 
pelo  Abade  Correia  da  Serra.  Os  estatutos  da  Academia  foram  aprovados 
a  24  de  dezembro  de  1779;  a  sua  sessão  inaugural  teve  lugar  a  16  de  Janeiro 
seguinte  e  a  ela  presidiu  o  Duque,  que  na  presidência  se  conservou  durante 
toda  a  sua  vida,  e  serviu  de  secretário  o  referido  Abade.    Teve  a  Academia 


(i)  Italy;  with  sketches  of  Spain  and  Portugal,  II,  164. 

(2)  Ratton,  Recordaçoens,  pág  236. 

(3)  Mercês  de  D.  Maria  I,  liv.  i.»,  fl,  49.  —  Havendo  respeito  ao  que  lhe  representou 
D.  João  de  Bragança,  seu.. .  tio,  a  conservação  do  decoro  de  sua  pessoa  e  do  divido  que 
com  a  dita  Senhora  tem,  esperando  que  de  tudo  o  de  que  o  encarregar  do  seu  rial  serviço, 
a  servirá  com  a  distinção  que  dêle  confia,  cumprindo  com  as  suas  obrigações,  como  quem 
ele  é,  e  por  folgar  de  lhe  fazer  mercê,  e  por  nova  graça,  etc. 

(4)  Gaveta  de  22. 

(5)  Gaveta  de  7  de  Junho.  ' 

(6)  Gaveta  de  9  de  Julho. 

(7)  Teve  carta  desta  mercê  em  26  de  Janeiro  de  180 1  {Mercês  de  D.  Maria  1,  liv.  3o.», 
fl.  372),  mas  já  exercia  o  cargo,  quando  foi  nomeado  ministro  assistente  ao  despacho. 

(8)  Gaveta  áQ  i3. 

Í9)  Ratton,  Recordaçoens,  pág.  337. 


528  Brasões 

várias  sedes,  fixando-se  por  fim  nas  casas  do  convento  de  Jesus,  propriedade 
sua  em  virtude  da  doação  que  lhe  foi  feita  a  23  de  Outubro  de  1834(1). 

Depois  de  demitido  de  ministro  ainda  o  Príncipe  Regente  lhe  fez  mercê, 
por  alvará  de  19  de  Dezembro  de  i8o5,  de  lhe  dar  de  Juro  e  herdade,  não 
só  todos  os  bens  da  Coroa  e  Ordens,  que  tinha  em  vida,  como  também  os 
títulos  de  conde  de  Miranda,  marquês  de  Arronches  e  duque  de  Lafões,  tudo 
com  uma  vida  fora  da  Lei  Mental  (2).  Pouco  sobreviveu  a  esta  última  mercê, 
vindo  a  falecer  a  10  de  Novembro  do  ano  seguinte. 

Alguns  anos.  após  o  seu  regresso  a  Portugal,  a  29  de  Janeiro  de  1788, 
casara  o  Duque  de  Lafões,  aos  cinquenta  e  nove  anos,  com  uma  rapariga  de 
dezasseis,  D.  Henriqueta  Maria  Júlia  de  Meneses,  filha  dos  5.°*  Marqueses 
de  Marialva.  Faleceu  a  Duquesa  a  24  de  Janeiro  de  1810,  tendo  tido,  além 
de  D.  José  de  Bragança,  duque  de  Miranda  do  Corvo  em  i3  de  Maio  de 
1796,  falecido  a  i5  de  Novembro  de  1801,  a  D.  Ana  Maria  Carlota  de  Bra- 
gança que  sucedeu  na  casa,  e  a  D.  Maria  Domingas  de  Bragança,  duquesa 
de  Cadaval,  pelo  seu  casamento  com  o  6.°  duque,  D.  Nuno  Caetano  Alvares 
Pereira  de  Melo. 

D.  Ana  Maria  Carlota  de  Bragança  sucedeu  na  casa  de  seu  pai  e  casou, 
a  24  de  Novembro  de  18 19,  com  D.  Segismundo  Caetano  Alvares  Pereira 
de  Melo,  irmão  do  6.°  Duque  de  Cadaval.  Foi  D.  Segismundo  o  3.°  e  último 
duque  de  Lafões,  título  concedido  no  acto  de  celebrar-se  o  seu  casamento  (3). 

Pág.  3o6.  —  Na  linha  24  leia-se:  D.  Teresa  Afonso,  mulher  de  Egas  Moniz, 
e  seus  filhos,  etc. 

Na  nota  i  leia-se:  Parece-me  pouco  provável  que  este  conde  D.  Afonso 
seja  a  mesma  testemunha  do  documento  citado  na  nota  precedente,  etc. 

Pág.  3 12.  —  D.  Fernando  Forjaz  Pereira  foi  8.®  conde  da  Feira  e  não  9.°. 

Pág.  339.  —  Leia-se  sempre  no  texto  Rodrigo  Eanes  de  Vasconcelos, 
Pedro  Eanes  de  Vasconcelos  e  Teresa  Eanes,  em  vez  de  Anes. 

Na  nota  i  a  data  de  8  de  Fevereiro  de  1268  (i23o)  está  errada;  é  8  de 
Fevereiro  de  i3o6  (1268).  E  a  vinha,  mencionada  logo  na  linha  seguinte, 
era  situada  em  Alvisquer  e  não  Alenquer. 


(1)  Fidelino  de  Figueiredo,  O  que  é  a  Academia  das  Sciências  de  Lisboa^  na  Rkvista 
DE  Historia,  vol.  IV,  págs.  297  a  3o5. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  VI,  liv.  9.»,  fl.  334  v. 

(3)  Gaveta  de  i  de  Dezembro  de  181 9. 


Retoques      •  529 

Pág.  340.  —  Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  alcaide  mor  do  castelo  de 
Estremoz,  onde  estivera  por  fronteiro  numa  das  guerras  de  Castela,  não  em 
1269,  como  se  imprimiu  por  engano,  mas  em  1369(1),  não  é  o  mesmo  Joane 
Mendes  de  Vasconcelos,  que  nos  princípios  da  Revolução  de  1 383-84  foi 
expulso  pela  arraia  meúda  do  referido  castelo,  onde  também  estava  por  alcaide 
mor.  O  outro  era  avô  materno  da  rainha  D.  Leonor  Teles;  este  era  seu 
primo (2).   'Lá  mais  adiante,  na  pág.  352,  o  nomeio. 

Pág.  342.  —  Na  primeira  linha  da  nota  i  é  melhor  ler  Joane  Mendes  e 
não  João  Mendes. 

Pág.  344. — Atribuem  os  nobiliários  a  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos, 
alcaide  mor  de  Coimbra,  mais  dois  casamentos  além  dos  por  mim  mencio- 
nados, isto  é,  quatro  ao  todo,  sendo  um  deles  com  Leonor  Rodrigues  Pimentel; 
não  pode  porém  ser  exacto  ou,  para  melhor  dizer,  o  marido  daquela  senhora 
foi  outro  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos. 

Nós  Documentos  de  Évora,  vol.  I,  pág.  112  e  segs.,  publicou  Gabriel  Pe- 
reira uns  extractos  do  Livro  do  Acenheiro,  como  êle  o  designa,  existente  no 
arquivo  da  Misericórdia  de  Évora.  Desse  tal  livro,  fl.  455,  extraiu  estas 
palavras:  «Lionor  Roiz  Pymentel,  viuva  de  Gonçalo  Mendes  de  Vascon- 
cellos. . .  doa  á  honra  e  louvor  do  Corpo  de  Deus. . .  foro  em  casas  no  outeiro 
de  Vilanova  (i362)i>.  Se  é  era  de  César,  como  parece  dever  ser,  corresponde 
ao  ano  do  Nascimento  de  i324,  no  qual  Gonçalo  Mendes  de  Vasconcelos, 
futuro  alcaide  mor  de  Coimbra,  talvez  ainda  não  tivesse  nascido.  Se  é  i362  de 
Cristo,  poderia  ter  com  efeito  Leonor  Rodrigues  casado  com  Gonçalo  Mendes, 
mas  não  poderia  ser  então  sua  viúva,  porque  êle  só  morreu  em  1407.  Na  ver- 
dade porém  não  me  merecem  muita  confiança,  nem  os  sumários  das  escrituras 
lançados  por  Cristóvão  Rodrigues  Acenheiro  no  tal  livro,  nem  os  extractos 
de  Gabriel  Pereira,  apesar  de  muito  bem  intencionado  e  muito  trabalhador. 

Pág.  356.  —  A  mulher  de  D.  Fernando  de  Cascais,  D.  Isabel  Coutinho, 
filha  de  D.  Pedro  de  Meneses,  2.°  conde  de  Viana,  encontra-se  também  com 
o  nome  de  D.  Isabel  de  Meneses  em  outros  documentos,  e  por  eles  consta 
haver  ela  na  verdade  contraído  segundas- núpcias  com  João  Freire  de  Andrade. 

Casara  D.  Isabel  com  D.  Fernando  de  Cascais  a  i  de  Maio  de  1439  (3), 
e  nos  fins  do  ano  seguinte  acompanhara-o,  quando  éle  passou  para  Castela 
com  a  rainha  D.  Leonor;  lá  permaneceu  depois  da  morte  de  D.  Fernando 
sucedida  no  ano  seguinte;  e  lá  tornou  a  casar  pouco  depois,  havendo  o  con- 


(i)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  Fernando^  cap.  36,  pág.  197. 

(2)  Fernão  Lopes,  Crónica  de  D.  João  I,  part.  I,  cap.  42,  pág.  73. 

(3)  Pedro  de  Azevedo,  Documentos  relativos  a  Marrocos,  vol.  I,  pág.  5 16. 

VOL.  I  67 


53o  Brasões 

trato  esponsalício  sido  celebrado,  a  i  de  Outubro  de  1442,  em  Arévalo,  onde 
a  Rainha  então  poisava  (i).  A  este  casamento  refere-se  a  carta  de  20  de, 
Dezembro  de  de  1448  pela  qual  o  infante  D.  Pedro  confiscou  a  D.  Isabel  de 
Meneses  todos  seus  bens,  e  os  doou  a  Rui  Gomes  da  Silva,  do  conselho  e 
alcaide  do  castelo  de  Campo  Maior  (2).  Diz  o  documento  em  extracto:  passa 
de  três  anos  que  D.  Isabel  de  Meneses,  filha  do  Conde  D.  Pedro,  cuja  alma 
Deus  haja,  sendo  mulher  de  D.  Fernando  de  Cascais,  se  partiu,  com  o  dito 
seu  marido,  de  nossos  reinos  para  os  de  Castela,  onde  ainda  agora  está  em 
nosso  desserviço  e  guerra  a  nossos  reinos.  Bastava  isto  para  em  direito  se 
poderem  dar  seus  bens  a  outra  pessoa,  esperava-se  porém  que  depois  da 
morte  do  marido,  estando  em  seu  livre  poder,  se  quisesse  tornar  ao  reino;' 
ela  porem  procedeu  de  mal  a  pior,  pois  casou  com  João  de  Andrade,  pessoa 
que  muito  foi  e  é  em  nosso  desserviço,  não  esguardando  o  grande  linhagem 
de  que  ela  é,  e  como  de  com  êle  casar  é  grande  abatimento  de  seu  estado  e 
honra,  por  estes  motivos  são-lhe  os  bens  confiscados,  etc.  Ainda  não  pas- 
sado um  ano,  a  20  de  Abril  de  1444,  foi  expedida  uma  carta  de  perdão  a 
favor  de  João  de  Andrade,  com  a  condição  de  ir  servir  sete  anos  a  Ceuta  (3). 
Foi  João  Freire  de  Andrade  o  i.°  senhor  de  Alcoutim  e  a  êle  me  tornarei  a 
referir  no  vol.  II. 

Pág.  385.. —  Na  linha  27  é  melhor  ler  Joane  em  vez  de  João. 

Pág.  386.  —  O  Chanceler  mor  Damião  de  Aguiar  Ribeiro  foi  sepultado 
na  capela  mor  da  igreja  de  Santo  António  dos  Capuchos  de  Lisboa,  da  parte 
do  evangelho,  tendo-se  colocado  na  parede  do  lado  da  epístola  esta  inscrição: 

ESTA-  CAPELLA-  HE-  DE  DAMIAÕ  DA 
GVIAR-  QVE  FOI.  DO  CONCELHO  DE 
SVA-  MG»^.  E  SEV-  CHR-  MOR-  NESTE 
S  •  REINOS .  DE  PORTVGAL  •  E  DE  DONA 
FRf^  .  DE  MENDOCA  •  DE  VASCONCEL 
LOS-  SVA-  MOLHER-  E  DE  SEVS-  ERDEI 
ROS  .  FALECEO  .  A  VINTE-  E  CETE 
DO  MES.  DE  IVLHO-  DA  ERA  DE  MIL 
E    SEIS.    CENTOS.    E    DOZOITO-    ANOS 

Na  parede  fronteira  colocou-se  um  escudo  esquartelado  com  as  armas  de 
Aguiar,  Ribeiro,  Vasconcelos  e  Mendoça  (4);  são  as  armas  de  Damião  de 


(t)  Transcrito  na  carta  de  confirmação  de  D.  Afonso  V,  dada  em  Évora  a  10  de  Abril 
de  1450.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.0,  fl.  76  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  25.°,  fl.  7  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  24.°,  fl.  Sg  v.;  Pedro  de  Azevedo,  Documentos  de  Marrocos  cit.,  I,  258. 

(4)  Júlio  de  Castilho,  Lisboa  antiga,  part.  II,  vol.  IV,  pág.  io5. 


Retoques  53 1 

Aguiar  e  as  de  sua  mulher  de  D.  Francisca  de  Vasconcelos,  a  primeira  pala 
por  êle,  a  segunda  por  ela. 

Pág.  392.  —  Nas  notas  biográficas  de  Fr.  João  de  Vasconcelos  refiro-me 
a  obra  minha,  «como  já  tive  ocasião  de  dizer»;  esqueceu-me  porem  citar  o 
livro.     Foi  no  Conde  de  Villa  Franca  e  a  Inquisição,  pág.  40-41. 

Pág.  407.  —  Na  ante-penúltima  linha  era  melhor  ter  chamado  ao  chanceler 
mor  Estêvão  Eanes,  e  não  Anes. 

Pág.  421.  —  Na  linha  6  emende-se  o  nome  da  mulher  de  Fernão  Teles 
de  Meneses;  chamou-se  ela  D.  Maria  de  Vilhena  e  não  D.  Margarida. 

Pág.  422.  —  Na  nota  continuada  da  página  precedente,  referindo-me  a 
D.  Jerónimo  de  Ataíde,  2.°  conde  de  Castro  Daire,  contesto  haver  êle  sido 
o  6.°  conde  da  Castanheira  pelo  motivo  de  se  ter  deixado  ficar  em  Castela 
após  a  Restauração  de  1640.  E  certo  ter  êle  lá  ficado,  mas  também  é  certo 
haver  êle,  em  seguida  à  celebração  das  pazes  entre  as  duas  coroas  da  Penín- 
sula e  por  estar  compreendido  no  art.  8.°  do  tratado  de  i3  de  Fevereiro  de 
1668,  tornado  para  Portugal,  em  Novembro  desse  ano  «a  comer  o  seu  con- 
dado» (i).  Não  se  lhe  passaram  cartas  de  confirmaçao^das  terras  e  mais  bens 
da  casa  da  Castanheira  e,  por  isso  e  por  ignorar  que  havia  sobrevivido  ao 
tratado  de  paz,  convenci-me  de  não  haver  nela  sucedido;  agora  porém  não 
me  restam  dúvidas  do  contrário  ter  tido  lugar.  Foi  pois  D.  Jerónimo  de 
Ataíde  o  6.°  conde  da  Castanheira  e  a  carta,  na  referida  nota  citada,  de  27 
de  Janeiro  de  1670,  não  é  por  mera  cortesia  que  lhe  dá  o  titulo. 

Em  Castela  foi  ciiado  marquês  de  Colares  já  depois  da  Restauração,  e 
foi  nomeado  aio  do  príncipe  D.  Baltasar  Carlos  e  mordomo  da  casa  da  rainha 
D.  Isabel  de  Bourbon.  Pertenceu  também  aos  conselhos  de  Estado  e  de  Por- 
tugal em  Madrid,  como  consta  de  dois  seus  memoriais  impressos  naquela 
cidade,  com  os  seguintes  títulos:  Informacion  sobre  haver  de  preceder'  en  el 
Consejo  de  Portugal. . .  datado  de  Madrid,  a  29  de  Março  de  1662,  e  outro  que 
principia  El  Marquês  de  Coitares  dei  Consejo  de  Estado,  também  relativo  a 
precedências  (2).  Foi  notável  genealogista  e  os  seus  livros  foram  parar  à 
livraria  dos  Condes  do  Redondo,  segundo  afirma  D.  António  Caetano  de 
Sousa  na  Historia  genealógica;  é  certo  porém  ter  existido  um  Nobiliário  de 
D.  Jerónimo  de  Ataíde  na  biblioteca  do  Marquês  de  Castelo  Melhor,  por  mim 
há  muito  tempo  consultado,  mas  não  sei  se  seria  cópia  ou  o  original. 


(i)  Monstruosidades  do  tempo  e  da  fortuna,  pág.  68. 
(2)  Barbosa  Machado,  Biblioteca  lusitana. 


532  Brasões 

«A  i3  de  Desembro  [de  1669]  morreo  em  Lisboa  D.  Hieronymo  de  Atayde, 
Conde  da  Castanheira,  que  ao  depois  de  estar  em  Castella  perto  de  quarenta 
annos  veio  a  Portugal  o  anno  de  668,  para  morrer  em  sua  casa:  fasião-lhe 
de  edade  noventa  annos»  (i).  Todos  afirmam  não  ter  nunca  D.  Jerónimo 
tomado  armas  contra  sua  pátria.  Tendo  ele  sido  com  efeito  6.°  conde  da 
Castanheira,  veio  seu  genro,  Simão  Correia  da  Silva,  a  ser  o  7.°  conde  e 

não  o  6.°,  como  ficou  designado. 

* 

Pág.  428.  —  Francisco  de  Tavares  e  D.  Joana  de  Távora,  reedificadores 
da  capela  mor  da  igreja  do  mosteiro  de  Jesus  de  Aveiro,  como  declara  a  trans- 
crita inscrição,  tinham  a  sua  casa  naquela  então  vila.  Francisco  de  Tavares 
■  foi  o  3."  senhor  do  reguengo  e  direitos  riais  de  Mira,  com  a  jurisdição,  e  da 
dízima  nova  do  pescado  das  vilas  de  Aveiro  e  Esgueira,  o  que  tudo  lhe  foi 
confirmado  por  cartas  de  10  e  12  de  Novembro  de  1546,  por  seu  pai  Simão 
Tavares  haver  professado  a  Ordem,  de  S.  Francisco  (2).  Morreu  Francisco 
de  Tavares  no  dia  14  de  Agosto  de  logô,  como  se  declara  numa  "carta  de 
padrão,  de  setenta  e  cinco  mil  réis  de  tença  de  juro,  passada  a  seu  filho  e 
sucessor  Pêro  Tavares  (3).  D.  Joana  de  Távora  era  filha  de  Bernardim  de  Tá- 
vora, reposteiro  mor,  e  neta  materna  do  secretário  António  Carneiro. 

Do  epitáfio  de  Francisco  de  Tavares  dei  uma  cópia  ao  meu  presado  amigo 
o  dr.  Sousa  Viterbo  para  êle  a  transcrever  na  sua  memória  intitulada  Manuel 
de  Sousa  Coutinho  (Fr.  Luis  de  Sousa)  e  a  família  de  sua  mulher  D.  Mag- 
dalena  Tavares  de  Vilhena,  apresentada  à  Academia  Rial  das  Sciências  de 
Lisboa  em  1902.  , 

Pág.  435.  —  Emende-se  na  linha  4  Rui  de  Melo,  para  Rui  de  Sousa. 

Pág.  437.  —  «Na  Casa  do  Capítulo,  no  chão,  encontrei  quatro  campas, 
uma  sem  letreiro...».  Sob  esta  campa  sem  letreiro  afirma  o  P.^  Sousa,  nas 
Memorias  sepulchraes,  fl.  1 10,  haver  sido  sepultada,  sem  epitáfio  nem  brasão, 
por  sua  humildade,  a  senhora  D.  Isabel,  tia  do  marquês  D.  Francisco  de 
Melo.  Assim  será.  Sucede  porem  ter  havido  dois  Marqueses  de  Ferreira, 
ambos  de  nome  Francisco  de  Melo,  o  2.°  e  seu  neto  o  3.°.  O  2.°  teve  na 
verdade  uma  tia  D.  Isabel  de  Castro,  condessa  de  Benalcaçar;  faleceu  ela 
porém  em  Castela  e  certamente  lá  foi  sepultada.  O  3.*^  não  teve  nenhuma 
tia  direita  chamada  Isabel,  teve  sim  uma  tia  avó  deste  nome,  irmã  do  2.°  Mar- 
quês.    Esta  tia,  segundo  informa  o  P.^  Sousa  na  Historia  genealógica,  cha- 


( t )  Monstruosidades  do  tempo  e  da  fortuna,  pág.  1 24. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  i5.»  de  Doações,  fls.  18  v.  e  19. 

(3)  Chancelaria  de  Felipe  /,  liv.  29.°  de  Doações,  fl.  i85  v. 


Retoques  535 

mava-se  D.  Isabel  de  Vilhena  e  vivia  solteira  em  1587  em  casa  do  seu  refe- 
rido irmão,  que  no  seu  testamento  a  nomeia  testamenteira.  Não  casou  nem 
tam  pouco  professou,  como  por  engano  dizem  alguns  livros  de- gerações. 

Esta  deverá  ser  a  da  campa  misteriosa. 

Na  mesma  página  o  capitão  D.  Antão,  mencionado  no  epitáfio  de  sua 
mulher  D.  Maria  de  Meneses,  era  D.  Antão  de  Almada,  capitão  mor  do  mar 
do  reino,  filho  sucessor  de  D.  Fernando  de  Almada,  2.°  conde  de  Abranches. 

Pág.  443.  —  A  inscrição  mandada  pôr  por  D.  Francisco  de  Melo,  conde  do 
Assumar,  na  capela  mor  da  igreja  do  mosteiro  de  Nossa  Senhora  dos  Remé- 
dios de  Évora,  transcrita  da  Historia  genealógica,  já  não  existe.  Só  lá  se 
encontra,  na  parede  do  lado  do  evangelho,  o  epitáfio  seguinte: 

SEPVLTVRA  •     DE  •     DOM  -    JOSÉ 
,  PH  .    DE    MELLO  •    FILHO  •    DO  • 

MARQUES  .  DE  •  FERREIRA 
DOM.  FRANCISCO-  PRIMEI  R 
O.  DESTE.  NOME.  BISPO-  QVE 
FOI  -  DE  .  MIRANDA  .  ARCEBIS 
PO  -  DE  .  ÉVORA  -  FVNDADOR 
DO  PADROADO-  DESTE-  CO 
NVENTO  .  COM  •  SEIS  -  MISSAS 
QVOTIDIANAS  •  E  -  TRÊS  •  OF 
FICIOS  •  CADA  .  ANNO  POR  SVA 
ALMA.  DE  SEVS-  PAIS-  IRMÃOS  • 
PADROEIROS  -  SVCCESSORES  - 
E  PARENTES  •  FALECEO  A  2 
DE  FEVEREIRO  DO  ANNO 
DE   i633. 

No  cruzeiro  da  mesma  igreja  foi  sepultado  o  pai  de  D.  Francisco  de  Melo, 
tendo-se  gravado  no  túmulo  o  seguinte  epitáfio,  ainda  existente: 

AQVI  lAZEM  DOM  CONSTANTINO 
DE  BRAGANÇA  FILHO  DO  MAR- 
QVES  DE  FERREIRA,  E  DE  DONA  EV- 
GENIA  FILHA  DO  DVQVE  DE  BRA- 
GANÇA, DOM  GEMES :  SVA  MOLHER 
DONA  BRITES  DE  CASTRO,  FILHA 
DE  DOM  FERNANDO  DE  CASTRO, 
E  DE  DONA  IZABEL  PEREIRA,  E  DO- 
NA MARIA  DE  CASTRO  SVA  FILHA.  ES- 
TES OSSOS  SE  TRESLADARÃO  DE  ES- 
TREMOS  PÊRA  ESTA  SEPVLTVRA,  E 
CAPELLA  MOR,  A  26  DE  IVLHO  DE 
1639  ANNOS 


534  Brasões 

Pág.  446. —  Acerca  do  estado  das  faculdades  mentais  do  conde  de  S.  Lou- 
renço, D.  João  José  Ansberto  de  Noronha,  é  interessante  a  apreciação  delas 
feita  por  Beckford  na  sua  xxv  carta.    Traduzo: 

«Tem  o  velho  S.  Lourenço  prodigiosa  memória  e  um  tanto  esquentada 
imaginação  tornada  ainda  mais  aparente  por  um  leve  toque  de  loucura.  Pa- 
rece estar  perfeitamente  ao  facto  da  política  geral  da  Europa  e,  apesar  de 
nunca  ter  saído  dos  limites  de  Portugal,  contou,  com  tam  plausíveis  %  circuns- 
tanciadas minúcias,  tudo  quanto  ocorrera  no  congresso  de  Aix  la  Chapelle  e 
o  papel  por  êle  próprio  lá  desempenhado,  que  completamente  me  iludiu  e, 
em  quanto  me  não  foi  revelado  o  segredo,  acreditei  ter  êle  na  verdade  pre- 
senciado tudo  quanto  apenas  tinha  sonhado.  Apesar  de  toda  a  alta  estima 
que  lhe  dispensava  o  infante  D.  Pedro,  lançou-o  Pombal  em  escura  masmorra 
com  as  mais  vítimas  da  conspiração  do  Duque  de  Aveiro,  e  lá,  durante 
dezoito  tristíssimos  anos,  o  seu  activo  entendimento  teve  de  _  se  alimentar 
exclusivamente  de  seus  próprios  recursos. 

«Foi  posto  em  liberdade  quando  a  actual  Rainha  subiu  ao  trono,  encon- 
trando a  compartilhá-lo  o  Infante  seu  íntimo  amigo;  mas,  julgando-se  um 
tanto  friamente  recebido  e  mesquinhamente  despachado  para  lugar  menos 
digno  do  que  conveniente,  atirou  para  longe  com  a  chave  de  camarista,  que 
lhe  fora  enviada,  e  retirou-se  em  seguida  para  o  convento  das  Necessidades. 
Foi-me  afirmado  que  por  parte  dei  Rei  se  empregaram  todos  os  meios  ten- 
dentes a  amaciá-lo  e  lisonjeá-lo;  mas  tudo  foi  de  balde.  Desde  então,  apesar 
de  posteriormente  ter  abandonado  o  convento,  nunca  mais  apareceu  na  corte, 
nem  tam  pouco  aceitou  nenhum  emprego.  Seu  espírito  está  actualmente 
todo  entregue  a  práticas  religiosas.  Em  quanto  se  lhe  não  falar  em  assuntos 
relativos  a  prisões  e  Pombal,  conserva-se  tranquilo  e  em  perfeito  uso  de 
razão.  Encontrei-o  hoje  bem  pronunciadamehte  neste  estado  e  fértil  em 
anedotas,  instrutivas  e  amenas». 

Pág.  459.  —  Na  linha  i5  digo  haver-se  extinto  em  igoS,  no  ramo  principal 
da  casa  de  Ficalho,  a  varonia  de  Melo,  sem  advertir  que  ela  já  estava  extinta 
desde  1717  por  morte  de  Francisco  de  Melo,  i.°  senhor  de  Ficalho.  Em 
1903  extinguiu-se  a  varonia  dos  Silvas,  que  substituirá  a  antiga  dos  Meios. 

Pág.  474.  —  D.  João  de  Melo  Manuel  da  Câmara  vendeu  à  Biblioteca  Na- 
cional de  Lisboa,  em  9  de  Março  de  i852,  por  vinte  e  cinco  mil  cruzados, 
dez  contos  de  réis,  a  sua  magnífica  livraria;  a  venda  foi  ratificada  por  escri- 
tura de  i3  de  Maio  seguinte  (1).     Alem  do  preço  pecuniário  foi  condição  da 


(i)  Raul  Proença,  A  livraria  de  D.  Francisco  Manuel,  nos  Anais  das  Bibuotecas  e  Ar- 
<iUivos,  vol.  I,  pág.  3o2. 


Retoques  535 

venda,  afirma-se,  a  concessão  do  título  de  conde  da  Silva  ao  vendedor.  É 
muito  possível,  e  mesmo  provável  que  esta  condição  entrasse  no  ajuste;  é 
certo  porem  que  no  decreto  de  17  de  Novembro  de  i852  pelo -qual  o  título 
de  conde  da  Silva  foi  conferido  a  D.  João  de  Melo  Manuel  da  Câmara  nenhuma 
alusão  se  encontra  à  venda  da  livraria,  como  já  na  nota  3  da  referida  página 
deixei  expresso,  pensando  exactamente  na  referida  asserção. 

A  livraria  havia  sido,  se  não  inteiramente  constituída,  pelo  menos  muito 
ampliada  por  D.  Francisco  Manuel  da  Câmara,  o  Cabrinha,  pai  do  vendedor. 

Pág.  475.  —  As  indicações  consignadas  na  nota  5  relativas  à  terra  de  Povo- 
lide,  podem-se  acrescentar  mais  algumas,  todas  tendentes  a  provar  não  haver 
a  povoação  sido  fundada  por  João  Lourenço  de  Ferreira.  Havia  ela  sido 
doada  a  Estêvão  Dias  do  Avelar,  por  carta  de  10  de  Dezembro  de  i385,  jun- 
tamente com  a  terra  de  Nespereira,  ambas  confiscadas  a  Garcia  R.odrigues 
Taborda,  alcaide  que  fora  de  Leiria.  Estêvão  Dias  foi  quem  vendeu  a  terra 
em  1398;  e  Garcia  Rodrigues  havia  obtido  para  seus  moradores  carta  de  pri- 
vilégios, em  27  de  Novembro  de  1 384(1),  dez  anos  antes  das  primeiras  noti- 
cias relativas  a  João  Lourenço  de  Ferreira. 

Pág.  4g3.  —  Dos  manuscritos  do  Marquês  de  Sande  deu  notícia  o  Visconde 
de  Santarém  no  vol.  I  do  Quadro  elementar^,  pág.  Ixxii: 
,  «Mss.  da  Casa  da  Ponte.  Na  Collecção  Mss.  da  livraria  d'esta  Casa  col- 
ligi  a  parte  mais  interessante  da  correspondência  do  Embaixador  Marquez 
de  Sande  das  suas  duas  Embaixadas  a  Inglaterra.  O  i.°  tomo  começa  em 
Officio  de  i3  de  Julho  de  1660,  e  acaba  em  20  d'Outubro,  contendo  124 
Oííicios.  O  2.°  começa  em  18  de  Fevereiro  de  i66r,  e  acaba  em  6  de  Julho 
de  1668,  contendo  738  Officios. 

«Além  d'estes  existem  alli  mais  10,  em  que  se  encontra  toda  a  correspon- 
dência, notas,  e  mais  papeis  officiaes  d'estas  duas  interessantes  Embaixadas, 
e  entre  elles  muitas  Cartas  autographas  á^ElRei  Carlos  II,  da  Senhora 
jD.  Catharina,  dos  Condes  de  Clarendon,  d'Albermale,  do  Cardeal  d'Z7rsmo, 
de  Mr.  de  Ruvignj,  de  Riif  Telles  de  Meneses,  do  Conde  de  Sandwich,  do 
Embaixador  D.  Francisco  de  Mello,  de  Pedro  Vieira  da  Silva,  etc». 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.<*,  fls.  yS  e  146. 


índice  de  matérias 


VOL.    I  ;i8 


ABREVIATURAS  USADAS.  —  Ar,  armas;  com.,  comendador;  f.,  filho  ou  filha;  gov  ,  govírhador ;  m  ,  mulher; 
sr.,  senhor;  v.,  veja,  etc. 


Abitureiras,  cónesia  e  padroado,  35o.  ^ 

Aboim,  freguesia  de  Santa  Maria,  242,  258. 

Aboim,  linhagem,  242,  243,  273.  — Ar.,  36, 
40.  —  Casa,  243,  257.  —  Couto,  257.  — 
Quinta,  243.  —  Sr.,  246.  —  Solar,  243. 

Aboim  (Estêvão  Peres  de),  irmão  de  D.  João 
de  Aboim,  247,  240. 

Aboim  ^Gonçalo  Esteves  de),  cavaleiro,  248. 

Aboim  (D.  João  de),  rico  homem,  mordomo 
mor,  243,  244,  247,  248  a  259,  260,  261, 
274;  trovador,  25i.  —  Ar.,  244,  258.  —  Epi- 
táfio, 258.  —  V.  o  seguinte. 

Aboim  (D.  João  Peres  de),  mordomo  mor, 
241,  247,  248,  25o,  25 1,  339,  407.  —  V.  o 
precedente. 

Aboim  (D.  Maria  de),  sr.»  de  Mafra,  etc,  259, 
276,  277, 278, 279.  — V.  Maria  Anes,  sr."  de 
Portel. 

Aboim  (D.  Pedro  Anes  de),  sr.  de  Portel,  275. 
—  V.  Portel  (D.  Pedro  Eanes  de). 

Aboins,  modernos,  243,  246;  ar.  244. 

Abranches  (D.  Álvaro  de),  capitão  de  Aza- 
mor,  481,  482. 

Abranches  (Conde  de),  2.°,  D.  Fernando  de 
Almada,  533. 

Abrantes,  464;  alcaide,  409;  mosteiro  das 
Dominicanas,  464. 

Abrantes  (Conde  de),  i.",  193. 

Abrantes  (Condes  de),  i  «",  36i. 

Abrantes  (Duchesse  d),  Mémoires,  5oj. 

Abrantes  (Marqueses  de),  392. 

Abreu,  ar.  35,  471. 

Abreu  (Adelino),  Oliveira  do  Hospital,  9. 

Abreu  (Álvaro  de),  cavaleiro  da  casa  do  in- 
fante D.  Henrique,  382,  383. 

Abreu  (Diogo  Afonso  de),  vereador  em  Sin- 
tra, 24. 


Abreu  (D.  Felipa  de),  m.  de  João  Soares,  233. 

Abreu  (D.  Isabel  de),  m.  2.*  de  Vasco  Mar- 
tins de  Melo,  448,  453. 

Abreu  (D.  João  de),  bispo  de  Viseu,  98. 

Abreu  (João  Gomes  de),  f.  de  Rui  de  Abreu, 
444. 

Abreu  (João  Gomes  de),  poeta  do  Cancio- 
neiro, q8,  444. 

Abreu  (José  António  de).  Planta  do  Real 
Paço  e  da  villa  de  Cintra  levantada  por — , 
Capitão  Engenheiro,  Vogal  Secretario  da 
Comissão  do  Tombo  dos  Bens  da  Coroa. 
Em  Maio  de  i85o,  3o. 

Abreu  (Martim  Rodrigues  de),  383. 

Abreu  (Pêro  de),  alferes  mor  da  bandeira 
de  S.  Jorge,  provedor  das  Capelas  de 
D.  Afonso  IV,  i33,  i34,  i35. 

Abreu  (Pêro  Gil  de),  aventureiro  no  passo 
honroso  da  ponte  de  Orbigo,  45o. 

Abreu  (Pêro  Gomes  de),  i63. 

Abreu  (Pêro  Gomes  de),  sr.  de  Regalados,  98. 

Abreu  (Rui  de),  alcaide  mor  de  Elvas,  444. 

Abreu  (Rui  de),  f.  de  Martim  Rodrigues  de 
Abreu,  382,  383. 

Abreu  (Vasco  Gomes  de),  poeta  do  Cancio- 
neiro, 98. 

Abreu  de  Figueiredo  (D.  Caterina  de),  m.  de 
Domingos  da  Costa,  225. 

Accioli,  ar.,  20. 

Acenheiro  (Cristóvão  Rodrigues)  529. 

Aclamação  (Guerras  da),  71. 

Açores,  terra,  94. 

Açougues,  comenda  de  Nossa  Senhora,  460. 

Adiantado  mor  de  Castela,  67. 

Afonso  (D.),  bispo  de  Évora,  429. 

Afonso  (D.),  cardial  infante,  f.  de  D.  Manuel, 
363,387,  388,  463.  — Ar.,  33. 


540 


Brasões 


Afonso  (D.),  conde,  3o6,  528. 

Afonso  (D.),  5."  conde  de  Barcelos,  119. — 

V.  Telo  de  Meneses  (D.  Afonso). 
Afonso  (D.),  8."  conde  de  Barcelos,  70,  148, 

349,  35o.  — V.  Afonso  (D.),  i.»  duque  de 

Bragança. 
Afonso  (D.),  conde  de  Gijon  e  Noronha,  47, 

48. 
Afonso  (D.),  I."  duque  de  Bragança,  48,  70, 

146.  —  V.  Afonso  (D.),  8."  conde  de  Bar- 
celos. 
Afonso  (D.),  f.  de  D.  João  I,  112. — V.  Afonso 

(D.),  8.°  conde  de  Barcelos. 
Afonso  (D.),  infante,  conde  de  Bolonha,  246, 

247,  25o,  255,  292.  —  V.  Afonso  III  (D.). 
Afonso  (D.),  infante,  f.  de  D.  Afonso  III,  255, 

266,  275. 
Afonso  (D.),  infante,  f.  de  D,  Denis,  108,  i32, 

266,  267.  —  V.  Afonso  IV  (D.). 
Afonso  (D.),  infante,  f.  de  D.  João  I,  80, 5i8. 
Afonso  (D.),  príncipe,  f.  de  D.  João  II,  4, 216, 

440,  472. 
Afonso  VI  (D.)  rei  de  Castela,  204,  304. 
Afonso  X  (D.),  rei  de  Castela,  106,  i5i,  i52, 

252,  254,  260. 

Afonso  XI  (D),  rei  de  Castela,  67,97, 98,  '°S> 
118,  265,  267,  269,  292. 

Afonso  I  (D.),  rei  de  Portugal.  —  V.  Afonso 
Henriques  (D.). 

Afonso  II  (D.),  rei  de  Portugal,  292, 294,  3o2, 
317,  406,  408. 

Afonso  III  (D.),  rei  de  Portugal,  106,  i5i,  i58, 
187,  2o5,  207,  241,  247,  248,  24^,  25o,  25 1, 
252,  253,  254,  255,  256,  265,  270,  274,  275, 
291,  293,  294,  3o8,  407,  408,  522.  —  V. 
Afonso  (D.),  infante,  conde  de  Bolonha. 

Afonso  IV  (D  ),  rei  de  Portugal,  1 18,  1 19,  i32, 
189,  207,  208,  267,  268,  269,  276,  415,  480. 
—  V.  Capelas  de  D.  Afonso  IV,  e  Afonso 
(D.),  infante. 

Afonso  V  (D.),  rei  de  Portugal,  24,  56,  81, 82, 
129,  i3o,  i33,  i34,  i36,  137,  14'-,  146,  147, 
i63,  170,  171,  174,  194,  195,  196,  209,  210, 
214,  227,  228,  229,  243,  284,  286,  287,  294, 
295,  296,  3 II,  3 12,  3 16,  3 18,  319,  323,  324, 
329,  342,  349,  353,  355,  359,  36o,  368,  369, 
372,  375,  382,  383,  384,  388,  389,  394,  397, 
398,  399,  414,  417,  425,  426,  427,  428,  429, 
43o,  432,  434,  438,  444,  448,  452,  453,  471, 
472,  476,  480, 481,  496,  5o5,  53o. 

Afonso  VI  (D),  rei  de  Portugal,  236, 378, 490, 
491,  494,  523. 

Afonso  (D.),  sr.  de  Cascais,  353. — V.  Cascais 
(D.  Afonso  de). 

Afonso  (D.),  sobrinho  dei  Rei,  f.  de  D.  Fer- 
nando de  Cascais,  356,  359.  —  V.  Vascon- 
celos (D.  Afonso  de),  i.°  conde  de  Penela. 

Afonso  Alvares,  bate  folha,  25. 

Afonso  Anes,  capelão  do  Conde  da  Feira, 
314. 


Afonso  Denis,  f.  b,  de  D.  Afonso  III,  rice 
homem,  266,  274,  275,  276,  278. 

Afonso  Eanes,  hortelão,  82. 

Afonso  Ermigis,  rico  homem,  292. 

Afonso  Fernandes  (Des.*""),  juiz  nas  tomadias 
dos  Franceses,  14. 

Afonso  Henriques  (D.),  rei  de  Portugal,  i56, 
242,  244,  247,  292,  3o6,  405. 

Afonso  Martins,  alcaide  de  Santarém,  207. 

Afonso  Martins,  escrivão  dei  rei  D.  Fer- 
nando, 189 

Afonso  Martins,  prior  de  Santa  Cruz,  289, 
240,  241. 

Afonso  Peres  (D.),  522. 

Afonso  Peres,  alcaide  de  Torres  Vedras,  epi- 
táfio, 522. 

Afonso  Rodrigues  (Fr.),  guardião  de  S.  Fran- 
cisco de  Lisboa,  263. 

Afonso  Sanches  (D.),  mordomo  mor  dei  Rei 
D.  Denis,  seu  pai,  107,  108,  263,  266. 

Afonso  Teles  (D.),  sr.  de  Meneses  e  Albur- 
querqde,  io5,  106.  —  Ar.,  io5.  —  Epitáfio, 

,  io5. 

Africa:  guerras,  29,  429,  432,  481,  492;  ser- 
viço lá,  228,  384,  470;  serviço  de  homi- 
siados,  3 18,  319. 

Agostem,  data  de  carta,  1 11. 

Agua  de  Peixes,  quinta,  266, 414,  422, 424. 

Agua  Revés,  doação,  469,  470. 

Aguado  (João  Mendes),  corregedor  da  corte, 
385. 

Aguas  Belas  (Morgados  de),  309. 

Aguiar,  ar.,  39,  237,  53o 

Aguiar,  senhorio,  262,  281. 

Aguiar  (Amaro  Gonçalves  de),  licenciado, 
238. 

Aguiar  (Dr.  João  Afonso  de),  472. 

Aguiar  (Dr.  João  Afonso  de),  provedor  de 
Évora,  217,  453,  472. 

Aguiar  Ferreira  (Belchior  de),  sr.  da  quinta 
de  Lago  Bom,  238. 

Aguiar  de  Neiva:  doação,  1 1 1, 112;  senhorio, 
259. 

Aguiar  de  Pena,  julgado,  109. 

Aguiar  de  Pena,  terra:  doação,  iii,  145; 
sr.,  448. 

Aguiar  Ribeiro  (Damião  de),  chanceler  mor, 
386.  —  Ar.,  53o-53i.  —  Epitáfio,  53o. 

Aguiar  de  Sousa,  doação,  120. 

Aia:  de  Felipe  IV,  435;  da  princesa  D.  Leo- 
nor, 421;  da  Rainha  de  Castela,  4i5;  da 
rainha  D.  Isabel,  137. 

Aiamonte,  conquista,  406. 

Aio:  de  D.  Afonso  IV,  83;  de  D.  Afonso 
Henriques,  247;  de  D.  Pedro  I  de  Castela, 
112;  do  príncipe  D.  Baltasar  Carlos,  53i. 

Aix  la  Chapelle,  congresso,  534. 

Alarcão  (D.  Leonor  de),  m.  de  Gaspar  de 
Torres,  487. 

Alba  de  Tormes,  senhorio,  gS. 


índice  de  matérias 


541 


Albergaria:  ar„  19,  35,  iSg,  167;  casa,  161. 

Albergaria  (Beatriz  Lopes  de),  m.  de  Vasco 
Martins  da  Cunha,  o  Velho,  i6r. 

Albergaria  (Diogo  Soares  de),  v.  Diogo  Soa- 
res. 

Albergaria  (Lopo  Soares  de),  sr.  da  alber- 
garia de  Paio  Delgado,  161. 

Albergaria  de  Lopo  Soares,  1Ò2.  — V.  o  se- 
guinte. 

Albergaria  de  Paio  Delgado,  v,  em  Lisboa. 

Albergaria  Velha,  81. 

Albermale  (Conde  de),  535. 

Alberon  (Sr.  de),  45o. 

Alberto,  cardial  arquiduque,  364. 

Albufeira,  castelo,  25 1 ;  conquista,  407. 

Albuquerque,  linhagem:  ar.,  34,  112,  ii3, 
226,497;  origem,  i38;  progenitores,  107; 
provenientes  dos  Cunhas,  167.  —  Albu- 
querques:  do  Conde  de  Penamacor,  167, 
5o3  ;  de  Pêro  Gil,  224;  dos  srs.  de  Angeja, 
167. 

Albuquerque  (Afonso  de),  gov.or  da  índia,  5, 

167,   172,    174,    176,  232,  233. 

Albuquerque  (D.  Antónia  de),  m.  de  Tristão 

da  l^unha,  173,  174. 
Albuquerque  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Lopo  de 

Sousa,  226. 
Albuquerque   (D.  Brites   de),  condessa    de 

Barcelos,  1 10. 
Albuquerque  (D.  Caterina  de),  m.  de  Nuno 

da  Cunha,  e  de  D.  Fernando  Coutinho,  171. 
Albuquerque  (Duque  de),  armeiro  mor,  11, 

237. 
Albuquerque  (D.  Fernando  Afonso  de),  mes- 
tre de  Santiago,  55,  16G,  189,  845,  346. 
Albuquerque  (D.  Francisca  de),  m.  de  Manuel 

da  Cunha  e  Meneses,  17Q. 
Albuquerque  (D.  Garcia  de),  copeiro  mor, 

5o5. 
Albuquerque  (D.  Isabel  de),  m.  de  António 

de  Brito,  226;  seu  epitáfio,  226. 
Albuquerque  (D.  Isabel  de),  m.  i.»  de  Fernão 
.   Pereira,  323. 
Albuquerque  (D.  Isabel  de),  m.  de  Gonçalo 

Vasques  de  Melo,  167,  226,  416,  480. 
Albuquerque  (D.  Joana  de),  m.  2.»  de  Gon- 
çalo Vasques  Coutinho,  55. 
Albuquerque  (D.  Joana  de),  m.  3."  de  João 

Rodrigues  de  Sá,  226. 
Albuquerque  (D.  João  Afonso  de),  i23,  224. 
Albuquerque  (D.  João  Afonso  de),  4.»  sr.  de 

Alburquerque,  5i5. 
Albuquerque  (D.  Leonor  de),  m.  de  João 

Gonçalves  de  Gomide,  167. 
Albuquerque    (D.  Lopo   de)',   i.°  conde  de 

Penamacor,  147,  444,  496,  5o5. 
Albuquerque  (D.  Luís  de),  f.  de  D.  Garcia  de 

Albuquerque,  5o3. 
Albuquerque   (D.  Luísa  de),  m.   de  André 

Gonçalves  de  Ribafria,  5o5. 


Albuquerque  (D.  Luísa  de),  m.  de  D.  João  da 

Siva,  220. 

Albuquerque  (D.  Maria  Afonsç  de),  condessa 
de  Neiva,  112,  i36. 

Albuquerque  (Martim  Afonso  de),  rico  ho- 
mem, 5i5. 

Albuquerque  (Matias  de),  vice  rei  da  índia, 
167. 

Albuquerque  (Pêro  de),  almirante,  196. 

Albuquerque  (D.  Teresa  de),  m.  de  Luís 
Alvares,  226,  416,  480. 

Albuquerque  (D.  Teresa  de),  m.  2.»  de  Vasco 
Martins  da  Cunha,  161,  166. 

Albuquerque  Ribafria  (André  de),  alcaide 
mor  de  Sintra,  509. 

Albuquerque  Ribafria  (D.  Maria  Teresa  de), 
m.  de  Manuel  de  Saldanha  e  Távora,  509. 

Alburquerque,  castelo,  io5,  106. —  Srs.  dele, 
106,  107,  108,  i38,  207,  25g,  5i5;  suas  ar., 
108. 

Alburquerque,  praça,  71. 

Alburquerque  (Conde  de),  D.  Sancho,  47. 

Alburquerque  (Condessa  de),  D.  Beatriz,  47, 
95. 

Alburquerque  (D.  João  Afonso  de),  o  do 
Ataúde,  mordomo  mor  112. 

Alcácer  de  Africa:  capitão  e  regedor,  i3o, 
425;  tomada,  145,  229,  369. 

Alcácer  do  Sal,  3o2,  406. 

Alcácerquibir,  batalha,  Sgi,  393,  469,  470, 
476,  482,  4S7. 

Alcáçova,  ar.,  184. 

Alcáçova  (Beatriz  da),  m.  de  António  Car- 
neiro, 182. 

Alcáçova  (Pêro  da),  escrivão  da  fazenda, 
1^2;  ar,  8. 

Alcáçova  Carneiro  (Luís  da),  f.  do  conde  da 
Idanha,  370. 

Alcáçova  Carneiro  (Pêro  da),  conde  da 
Idanha  a  Nova,  i8í,  i83,  370;  ar.,  184. 

Alcáçova  de  Vasconcelos  (Pedro  da),  8.°  sr. 
de  Figueiró,  370;  seu  epitáfio,  371. 

Alcáçovas,  146;  srs.,  4,  145,  449,  45o;  se- 
nhorio, 146. 

Alcáçovas  (Conde  das),  i.°,  D.  Francisco  de 
Lancastre,  450. 

Alcáçovas  (Condes  das),  450;  sua  varonia, 
38i. 

Alcáçovas  (D.  Fernando  das),  425. 

Alcanhões,  povoação,  92,  94,  95. 

Alcanhões,  quinta,  doação,  412. 

Alcanices  (Tratado  de),  J06. 

Alcântara,  rio,  390. 

Alçaria  da  Puebía  de  Gusmão,  456,  457. 

Alcobaça,  convento,  258,  260,  5i6.  —  Abade, 
75,  523;  abade  comendatário,  463,  464. — 
Abadia,  463.  —  Jurisdição,  342,  34.3. —  Se- 
pulturas no  claustro,  204,  522,  543. 

Alcócer  (Sra.  de),  i5i. 

Alcochete,  3i5-3iõ. 


542 


Brasões 


Alcoelha,  lezíria,  25 1, 

Alcoentre  (Srs.  de),  184,  i85,  186,  209,  225; 

suas  ar.,  225. 
Alcoforado  (António),  pagem  do  Duque  de 

Bragança,  217. 
Alconchel  (Srs.  de),  em  Espanha,  ii3. 
Alcoutim  (Condes  de),  120. 
Alcoutim  (Paz  de),  45,  63,  67. 
Alcoutim  (Sr.  de),  356,  450,  53o. 
Alda  Vasques,  m.  de  Gonçalo  Esteves  de 

Aboim,  248. 
Aldara  Peres,  272.  —  V.  Aldonça  Peres. 
Aldeia,  casa,  5o5  ;  quinta,  41. 
Aldeia  Galega  (Sr!  de),  68. 
Aldeia  Galega  a  par  de  Alenquer  (Conde  de), 

D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  67,  68. 
Aldeia  Galega  a  par  da  Merceana,  doação, 

412. 
Aldeia  da  Mata,  direitos,  413. 
Aldeia  dei  Rei,  doação,  409. 
Aldonça  Peres  (D.),  m.  2.»  de  João  Peres  de 

Sousa,  272,  273. 
Alegrete  (Alcaides  mores  de),  450. 
Alegrete  (Marqueses  de),  i38. 
Alegrete  (Marqueses  de),  2.°»,  457. 
Além  Doiro,  3o3.  —  Bens  lá,  261. —  Meirinho 

mor  da  comarca,  340,  342. 
Alemães,  privilégios  dos  mercadores,  483, 

489. 
Alemanha,  1 52.  — General  dos  exércitos,  443. 

—  Imperador,  19,  v.  Carlos  V,  Carlos  VI, 
Frederico  II,  Segismundo.  —  Imperatriz, 
V.  Isabel,  Leonor. 

Alenquer,  67,  68,  95,  182,  339,  343,  345,  355. 

—  Alcaide  mor,  447.  —  Cerco,  iii. —  Data 
de  carta,  109,397.  —  Freguesia  de  Santo 
Estêvão,  390.  —  Morador  no  termo,  232. 

—  Provedor  dos  hospitais,  albergarias  e 
gafarias,  329.  —  Termo,  390. 

Alentejo,  64,  94,  95,  257. —  Comandante  em 
chefe  das  forças,  411.  —  General  da  arte- 
lharia,5i9. — Goy.<^'^  ftenensj,  254. — Gov.or; 
das  ar.,  71,  212,377,  391,445,456,  5 1 3,  514; 
da  artelharia,  457.  —  Mestre  de  campo 
general,  5 1 3. —  Povoação,  40 1 . —  Saboarias 
pretas,  146.  —  Terrenos,  406. 

Alexandre  VI,  papa,  296. 

Alfaghar,  província,  4o5,  407. 

Alfaiates  (Alcaides  mores  de),  146. 

Alfajar  de  Pena,  conquista,  406. 

Alfajarim  (Sr.  de),  267. 

Alfange  (Estêvão  Soares  de),  247. 

Alfaro,  ar.,  20. 

Alfarrobeira,  batalha,  24,  137. 

Alferes:  do  infante  D.  Duarte,  i25, «126;  de 
Toro,  328. 

Alferes  menor,  25 1. 

Alferes  mor,  52,  68,  106,  107,  108,  117,  127, 
129,  i3o,  i65,  169,  2o5,  207,  259,  266,  29Í, 
408,411,415,447. 


Alferes  mor:  da  bandeira  de  San  Jorge,  134,. 

i35;  da  bandeira  de  Santarém,  3i8,  3zj^ 

328,  329. 
Alferes  mores  (Casa  dos),  120. 
Alfimara,  lezírias,  68. 
Alfundão,  aldeia,  413. 
Algarve,  81,  126,  196,  2G8,  395. — Bispo,  J20. 

Conquista,  25 1,  254,  256,  4o5  a  407,' 408. 

—  Fronteiro,   193.  —  Fronteiro  mor,  194. 

—  Gov.or  dos  castelos,  254,  260.— Povoa- 
ção, 401. 

Algeciras,  66. 

Algés,  doação  do  reguengo,  353. 

Alguns  documentos  da  Torre  do  Tombo,  4^1. 

Alhadas,  doação  do  jantar,  346. 

Alhi,  quinta,  188. 

Alhos  Vedros,  143. 

Aljubarrota,  batalha,  5,  54,  75,  76,  iio,  166,. 

187,  208,  240,  309,  3 10,  345,  346,  365,  410, 

412,  413,415,432.  —  Alferes  mor,  i65, 169. 
Aljustrel,  tomada,  406. 
Allegaçam  practica,  e  jurídica,  &c.  &c.,  323, 

326. 
Almada,  225.  —  Convento   da   Ordem  dos 

Pregadores,  392.  —  Data  de  carta,  109, 1 10. 

—  Termo,  i63. 
Almada,  ar.,  35. 

Almada  (D.  Álvaro  de),  1.°  conde  de  Abran- 
ches, 193. 
Almada  (Álvaro  Vaz  de),  193. 
Almada  (D.  Antão  de),  capitão  mor  do  mar 

do  reino,  533.  — V.  Antão  (D.). 
Almada    (L).  Fernando   de),   2.°   conde  de 

Abranches,  533. 
Almada  (Fernão  Rodrigues  de),  provedor  da 

Casa  da  índia,  375. 
Almada  (Victorino  de).  Concelho  de  Elvas, 

383,  444, 445. 
Almanach  de  Lisboa,  180,  221. 
Almança,  batalha,  219. 
Almeida,  52. 
Almeida,  linhagem,  ar.,  34,  71,  342,  462. — 

Almeidas  de  Vasconcelos,  condes  da  Lapa, 

382. 
Almeida  (António  de),  461. 
Almeida  (Duarte  de),  o  Decepado,  alferes  de 

Toro,  328. 
Almeida  (D.  Eugenia  de),  duquesa  de  Ficalho, 

458,  459. 
Almeida  (Fortunato  de),  Historia  da  Igreja 

em  Portugal,  3  39,  464. 
Almeida  (D.  Francisco  de),  cónego  de  Évora, 

epitáfio,  437. 
Almeida  (D.  Francisco  de),  vice  rei  da  índia, 

171,  172,  435. 
Almeida  (Henrique  de),  36o. 
Almeida  (D.  João  de),  com.or  do  Sebal,  191. 
Almeida  (D.  João  de),  vedor  da  fazenda,  193. 
Almeida  (João  Lopes  de),  vedor  da  fazenda,. 

193. 


índice  de  matérias 


543 


Almeida  (D.  Jorge),  arcebispo  de  Lisboa, 
288. 

Almeida  (D.  Leonor  de),  condessa  de  Ten- 
túgal, 435. 

Almeida  (Martim  de),  aventureiro  no  passo 
honroso  da  ponte  de  Orbigo,  450. 

Almeida  (Martim  Vaz  de),  instituidor  do  mor- 
gado da  Paia,  461. 

Almeida  Caldeira  (Albano  Alfredo  de),  con- 
servador na  Tone  do  Tombo,  ib. 

Almeida  Castelo  Branco  (Manuel  de),  gov.or 
do  Rio  de  Janeiro,  46c. 

Almeida  Castelo  Branco  (D.  Maria  Inácia  de), 
m.  2.*  de  Hermano  José  Braamcamp,  461. 

Almeida  Ferreira  (Alfredo  Casimiro  de),  te- 
nente coronel  de  artelharia,  122. 

Almeida  Melo  e  Castro  (D.  José  Vicente  de), 
5.°  conde  das  Galveias,  71. 

Almeida  Portugal  (D.  Luís  de),  i  °  alcaide 
mor  de  Borba,  71. 

Almeida  Portugal  de  Melo  e  Castro  (D.  Fran- 
cisco de),  6."  conde  das  Galveias,  71. 

Almeida  e  Sousa  (Gonçalo  de),  8."  sr.  da 
Cavalaria,  181. 

Almeirim,  355,  874,  445.  —  Cortes  lá,  487. — 
Data  de  alvará,  23?;  de  carta,  i.\b,  2i5, 
33i,  339. 

Almendra,  doação,  872,  376. 

Almiranta,  195. 

Almirantado,  109,  i25,  126,  127,  igS,  196. 

Almirante  da  armada  rial,  222. 

Almirante:  em  Lisboa,  193 ;  no  Porto,  194. 

Almirante  de  Portugal,  v.  Almirante  do 
reino. 

Almirante  do  reino,  68, 91,  109,  no,  1-21, 12 5, 
126,  127,  129,  193,  194,  195,  196,  397.— 
Sua  jurisdição,  342. 

Almirantes  do  reino,  Castros,  146, 

Almonacid,  castelo,  96. 

Almoster,  batalha,  i85;  couto,  271. 

Almotaçaria  mor,  214. 

Almotacé  mor,  213-214,  214. 

Almourol  (Comendadores  de),  55. 

Almoxarifados  do  reino,  tesoureiro  mor 
deles,  390. 

Altamira  (Condes  de),  435. 

Altero,  ar.,  20. 

Alteza,  tratamento,  290. 

Alto  do  Viso,  batalha,  411. 

Alva,  casa  e  morgado,  211,  212. 

Alva,  linhagem,  ar.,  342. 

Alva  (Conde  de),  i.",  D.  João  Diogo  de 
Ataíde,  211,  212. 

Alva  (Conde  de),  2.°,  D.  Luís  Mascarenhas, 
211. 

Alva  (Conde  de),  3.°,  D.  Luís  de  Sousa  Cou- 
tinho, 212. 

Alva  (Conde  de),  4.°,  D.  Vicente  de  Sousa 
Coutinho,  212. 

Alva  (Condes  de),  209,  212.  —  Ar.,  212. 


Alva  (Condessa  de),  D.  Constança   Luísa 

Paím,  211,  212. 
Alvaiázere,  81 ;  doação,  489,  441. 
Alvalade,  comenda,  228. 
Alvarelhos,  padroado   da  igreja  de  Santa 

Maria,  35 1. 
Alvarenga,  honra,  doação  da  jurisdição,  843  ; 

srs.,  342. 
Alvarenga,  linhagem,  ar.,  342. 
Alvareifga  (Leonor  Rodrigues  de),  m.  de 

Vasco  Martins  da  Cunha,  16 1. 
Alvares  (P.e  Francisco),  467. 
Álvaro  (D.),  f.  do  2.»  Duque  de  Bragança, 

429,  435,  438,  439,  440.  —  V.  Portugal 

(D.  Álvaro  de). 
Álvaro  Gonçalves,  escrivão,  519. 
Álvaro  Pais,  chanceler  mor,  477,  478,  479. 

—  Suas  ar.,  479. 
Álvaro  Pires,  (Dr.),  chanceler  da  Casa  do 

Cível,  327. 
Álvaro  Pires,  vedor  da  Chancelaria,  478. 
Álvaro  Vicenle,  109. 
Alvelos,  linhagem,  337. 
Alvelos,  préstimo,  245. 
Alvelos   (Pedro  Anes  de),   progenitor  dos 

Alvelos,  337,  338,  339. 
Alvergaria,  v.  Albergaria. 
Alvernaz  (Afonso  Martins),  480. 
Alvim  (Pedro  Soares  de),  progenitor  dos 

Alvins,  408. 
Alvisquer,  339,  528, 
Alvito,  i3i.  —  Couto,  252.  —  Srs.,  128,  145, 

281,    384,   444.  —  Senhorio,   266,   281. — 

Termo,  414. 
Alvito  (Barão  de),  i.°,  Dr.  João  Fernandes 

da  Silveira,  240,  281,  36o,  453. 
Alvito  (Barão  de),  2.°,  218,  419. 
Alvito  (Baronesa  de),  D.  Maria  de  Sousa,  281. 
Alvito  (Lobos  de),  209. 
Alvito  (Marqueses  de),  2.°»,  520. 
Ama  de  D.  Afonso  III,  522. 
Amador,  ar.,  20. 
Amaral,  ar.,  283. 

Amaral  iFr  André  do),  embaixador  de  Ro- 
des, ar.,  7,  9. 
Amarante,  80,  239,  262,  267. 
Amares,  concelho,  337. 
Ameixial,  batalha,  23j. 
Ameixoeira  (Fernão  Gonçalves  da),  277. 
Amieira  (iMorgados  da),  3 16. 
Amo  do  Mestre  de  Avis,  479. 
Amsterdão,  461. 
Ana  Afonso,  parenta  de  D.  João  I,  m.  i.*  de 

Rui  Vasques  Ribeiro,  348,  366. 
Anadel  mor:  dos  besteiros,  386;  dos  espin- 

gardeiros,  288. 
Anadia  (Casa  da),  181. 
Anafe,  destruição,  529. 
Anais  das  Bibliotecas  e  Arquivos,  534. 
Ançã,  doação,  117. 


544 


Brasões 


Andaluz,  407. 

Andaluzia,  482. 

Ândeiro  (João  Fernandes),  conde  de  Ourém, 

65,  66,  121,  345,  477. 
Andrada,  ar.,  34. 
Andrada    (Álvaro   Peres  de),    morgado  da 

Anunciada,  1 17. 
Andrada  f Francisco  de),  Crónica  dei  Rei 

dom  Joam  o  III,  482,  485. 
Andrade  (António  de),  5o8. 
Andrade   (Fernão   Alvares   de),   tesoureiro 

mor  de  D.  João  III,  520,  52 1. 
Andrade  (João  de),  53o,  —  V.  Freire  de  An- 
drade (João),  sr.  de  Alcoutim. 
Andrade  (Mecia  de),  m.  de  Martim  Vasques 

da  Cunha,  164. 
Andrães,  262. 
André  (D.),  248. 
André  Gonçalves,  almoxarife  de  Sintra.  25, 

5oi,  5o2,  5ol-<. 
Andujar  (Alcaide  mor  de),  439. 
Angeja,  doação,  160.  —  Srs  ,  84,  167,  480. 
Angeja  (Marqueses  de),  48.- 
Angeja  (Marqueses  de),  i.°»,  455. 
Angeja  (Marqueses  de),  2.°%  446. 
Angeja  (Marqueses  de),  3."%  u3. 
Angola,  gov.or,  1 54, 2 1 3, 5o8 ;  gòv.or  e  capitão 

general,  177,  468. 
Angra  (Marquês  de),  Carlos  Stuart,  400. 
Anobra,  doação,  439. 
Anòvrega  (Pedro  Origis),  246.  —  V  Nóbrega 

(Pedro  Ourigues  da). 
Ansemil  (Bailia  de),  2()i. 
Ansião,  casais,  373. 
Antanhol,  morgado,  189. 
Antão  (D.),  capitão,  437. — V.  Almada  (D.  An- 
tão de). 
Antão  Vasques,  alcaide  mor  de  Lisboa,  1 10. 
Antas  (Afonso  Vasques  d'),  corregedor  em 

Entre  Tejo  e  Guadiana,  414. 
Antas  (Conde  das),  i85. 
Antónia  (D.),  m.  de  Francisco  de  Sousa,  232. 
Antoninho  Martins,  contador,  68. 
António  (Santo),  i63. 
António  (D.),  infante,  f.  de  D.  Manuel,  23. — 

Ar.,  19. 
António  (D.),  infante,  f.  de  D.  Pedro  II,  180. 
António  (D.),  prior  do  Crato,  358. 
António  Durães,  instituidor  de  capela  na  Sé 

de  Lisboa,  479,  481. 
António  Rodrigues,  Livro  do  Armeiro  mor^ 

V.  no  título  da  obra. 
António  Rodrigues  (Bacharel),  Portugal  rei 

de  ar.,  8,  9,  10,  11,  12,  i3,  i5,  18,  19,  39,40, 

3oi,  336,  367.  —  Ar.,  10. 
Antre  Doiro  e  Minho,  v.   Entre  Doiro .  e 

Minho. 
Anunciação  (D.  Gabriel  da),  bispo  de  Fez, 

epitáfio  e  ar.,  438. 
Anunciada  (Morgados  da),  117,  186. 


Arábia,  estreitos,  172. 

Aragão,  i52,  265,268,  269,434. — Infanta, 88. 
—  Naturais,  267.  —  Ramha,  v.  Leonor. — 
Reis,  65 ;  v.  Fernando  V,  Pedro  IV. 

Arapiles,  batalha,  4'i8. 

Arca,  ar.,  38. 

Arca  (João  Fernandes  da),  vassalo  dei  Rei, 
4i3. 

Archeologo  português,  1 76. 

Archivo  histórico  portugue^,  v.  Arquivo  his- 
tórico português. 

Arcos,  reguengo  em  terra  de  Faria,  \  1 1. 

Arcos  (Casa  dos),  1 14. 

Arcos  (Conde  dos),  7.",  D.  Manuel  José  de 
Noronha  e  Meneses,  114. 

Arcos  (Conde  dos),  último,  114. 

Arcos  (Condes  dos),  48,  219. 

Arcoselo  (Morgados  de),  56. 

Arega,  morgado,  340. 

Arego.s,  doação,  336;  povoação,  362,  402; 
srs.,  362;  senhorio,  358,  359. 

Arenales  (Condes  de),  276. 

Arévalo,  53o. 

Arganil  (Afonso  Pires  de),  258. 

Argemil  (Morgados  de),  ir3. 

Argote  de  Molina^  Noblei^a  dei  Andalui(ia, 
lob,  107,  267,  307. 

Arjona  (Duque  de),  D.  Fradique  de  Castela, 
97,  98. 

Armada:  da  Companhia  Geral,  378;  de  Pedro 
Alvares  Cabral,  480;  para  Senegá,  480. 

Armada  Rial:  almirante,  222;  capitão  ge- 
neral, 212. 

Armador  mor,  10,  15,472. 

Armamar  (Condessa  de),  D.  Joana  de  Me- 
neses, 359. 

Armas:  Aboim,  Aboim  (D.  João  de),  Aboins 
modernos,  Abreu,  Accioli,  Afonso  Telez, 
Aguiar,  Aguiar  Ribeiro  (Damião),  Alber- 
garia, Albuquerque,  Alburquerque  (Se- 
nhores), Alcáçova,  Alcáçova  (Pêro  da), 
Alcáçova  Carneiro  (Pêro  da),  Alcoentre 
(Senhores  de),  Alfaro,  Almada,  Almeida, 
Altero,  Alva  (Condes  de),  Alvarenga,  Ál- 
varo Pais,  Amador,  Amaral,  Amaral  (Fr. 
André  do),  Andrada,  António  (Infante  D.), 
António  Rodrigues,  Anunciação  (D.  Ga- 
briel), Arca,  Arnau,  Arsa,  Ataíde,  Aveiro 
(Duque  de),  Avelar,  Azevedo,  Badajoz, 
Bairros,  Barbosa,  Barem,  Barreto,  Barros, 
Barros  (Jorge  de),  Beringel,  Bertiandos 
(Casa),  Betancor,  Bobadilha,  Borges,  Bo- 
telho, Braamcamp,  Bragança  da  casa  de 
Lafões,  Bragança  (Casa  de),  Bragança 
(Duque  D.  Jaime),  Brito,  Búzio,  Cabral, 
Cabral  (Jorge  Dias),  Cáceres,  Çacoto,  Ca- 
daval (Duques  de).  Caiado,  Caiado  (Nuno), 
Calema,  Calheiros,  Calheta  (Condes  da), 
Câmara,  Camelo,  Camelo  (Gonçalo),  Ca- 
minha, Caminha  (Duque  de),  Cantanhede 


índice  de  matérias 


545 


(Conde  de), Cardoso,  Cafneiro,  Carvalhal 
Bemfeito,  Carvalho,  Castel  Branco,  Cas- 
tela (Rei  de),  Castelo  Branco,  Castelo 
Melhor  (Condes  e  Marqueses),  Castro  an- 
tigo, Castro  (D.  João  de).  Castro  (D.  Pedro 
de),  Castros  de  seis,  Castros  de  tresfe,  Cas- 
tros de  Fornelos  e  de  Melgaço,  Castros  de 
Penhaverde,  Cerqueira,  Cerveira,  Cerveira 
de  Santarém,  Cerveira  (Mem),  César,  Cha- 
noca,  Cisneiros,  Coelho,  Coimbra  (Duque 
de),  Corelha,  Correia,  Corte  Real,  Costa, 
Coutinho,  Couto,  Cunha,  Cunha  (Condes 
da).  Cunha  (D.  Gonçalo  Vasques  da). 
Cunha  (Lopo  Vasques  da),  Cunha  (Martim 
Vasques  da),  Cunha  (Mateus  da).  Cunha 
(Nuno  da),  Cunha,  srs.  de  Gestaçô,  Do- 
mingues Joanes,  Drumond,Eça,  Ega  (Con- 
des da),  Espargosa,  Esteves,  Falcão,  Faria, 
Faro,  Ferreira,  Ficalho  (Casa  de),  Figuei- 
redo, Figueiroa,  Fois,  Fonseca,  Foz  (Mar- 
auês).  Frade,  Gabriel  Gonçalves,  Gago, 
ralveiíis  (Condes  das),  Gama,  Gama  do 
Conde  da  Vidigueira,  Gamboa,  Garcês, 
Garro,  Gaspar  Gonçalves,  Gera  (Barões), 
Gera  (Condessa),  Gestaçô  (Srs.),  Gijon 
(Conde),  Gil  Simões, Góes,  Goios,  Gouveia, 
Guante,  Guedes,  Henriques,  Homem,  Ida- 
nha  (Conde),  Ilha  do  Príncipe  (Condes), 
Imperial,  Infantes:  D.  Afonso,  D.  Beatriz, 
D.  Duarte,  D.  Fernando,  D.  Henrique, 
D.  Isabel,  e  D.  Luís,  Jácome,  João  (Prín- 
cipe D.),  João  Lourenço,  Lafões  (Casa), 
Lago,  Lancastre,  Landim,  Leitão,  Leitão 
(Cristóvão),  Lemos,  Lião  (Reis  de), 
Lima,  Linhares  (Condes),  Lobato,  Lo- 
beira.  Lobo,  Lombardo,  Lopo  Esteves, 
Lorena,  Loronha,  Loulé  (Condes  de), 
Louriçal  (Marqueses  de), Lumiares  (Conde 
de),  Macedo,  Maciel,  Malafaia,  Maldonado, 
Manuel,  Manuel,  rei  de  Portugal,  Manuel 
de  Vilhena,  Maria,  rainha  de  Portugal, 
Marialva  (Conde),  Marialva  (Marqueses), 
Mariz,  Martim  Vicente,  Mascarenhas,  Ma- 
teus (iMorgado),  Meira,  Meireles,  Mello, 
Melo,  Melo  (D.  Felipa),  Mendoça,  Men- 
doça  Furtado,  Meneses,  Meneçes  de  Can- 
tanhede, Meneses  de  Tarouca,  Meneses 
de  Vila  Rial,  Meneses  de  Vasconcelos 
(D.  José  Luís),  Mesquitela  (Visconde), 
Miranda,  Moniz,  Moniz  (Febos),  Monroy, 
Monsanto  (Casa),  Monsanto  (Conde), 
Monteiro,  Mota,  Moura,  Mourão,  Murça 
(Condes),  Narbonne,  Nóbrega,  Nóbrega 
(Dr.  Gaspar  da),  Nóbrega  (Manuel),  No- 
gueira, Noronha,  Noronha  da  casa  de  Li- 
nhares, Noronha  da  casa  de  Valadares,  da 
casa  de  Vila  Rial,  Noronha  (D.  Pedro  de), 
Noronha  do  conde  de  Odemira,  Odemira 
(Conde),  Olhão  (Marqueses),  Oliveira,  Oli- 
vença (Conde),  Orneias,  Ourem  (Conde), 

VOL.  I 


Pacheco,  Padilha,  Paim,  Palha,  Palhavan» 
Palmela  (Duques),  Pavia,  Pedrosa,  Pegado» 
Penamacof  (Condes),  Penela  (Conde), 
Penha,  Pereira,  Pessanha,  Pestana,  Pi- 
mentel, Pinto,  Pó,  Ponte  (Condes),  Porto- 
carreiro,  Porto,  Portugal,  linhagem,  Por- 
tugal, reino,  Póvoa  (Conde),  Povolide 
(Conde),  Proença,  Queirós,  Redondo 
(Conde),  Resende,  Ribafria,  Ribeira  Grande 
*  (Condes),  Ribeiro,  Rio  Maior  (Condes), 
Rios,  Sá,  Sabugosa  (Conde),  Saldanha, 
Saldanha  (Duques),  Sampaio,  S,  Lourenço 
(Condes),  S.  Vicente  (Condes),  Santa  Iria 
(Marquês),  Santar  (Srs.),  Saraiva,  Sarcide, 
Sarzedas  (Condes),  Segurado,  Seia  (Con- 
des), Seixas,  Sem,  Serpa,  Silva,  Silva 
(Condes),  Silveira,  Silveira  (Srs.  de  S.  Cos- 
medo),  Siqueira,  Soares  de  Albergaria, 
Soares  Lagarto,  Sobral,  Sobral  (Condes), 
Sousa  de  Arronches,  Sousa  do  Prado, 
Sousas,  de  Alcoentre,  Sousas  de  Fernan 
Nunez,  Sousa  (João  de),  Sousa  (Lopo), 
Sousa  (D.  Lopo  Dias),  Sousa  (Martim 
Afonso),  Sousa  (D.  Violante),  Soutomaior 
Spínola,  Tábua  (Srs.),  Tanger,  Tavara 
(Marqueses),  Tavares,  Taveira,  Távora, 
Teixeira,  Teles  de  Meneses,  Teles  da 
Silva,  Terceira  (Duque),  Torres,  Valada 
(Marquês),  Valadares  (Conde),  Valdês, 
Valença  (Condes),  Valência  de  Campos 
(Condes),  Valente,  Varela,  Vasconcelos, 
Vasconcelos  (D.  Francisco  de),  Vascon- 
celos (Mem  Martins),  Vasconcelos  (Mem 
Rodrigues),  Vasconcelos  do  Esporão,  Vas- 
concelos e  de  Meneses  (D.  Francisco), 
Veiga,  Viana  (Marquês),  Viana  do  Alen- 
tejo (Condes)',  Viana  do  Minho  (Condes), 
Vidigueira  (Conde),  Viegas,  Vieira,  Vila 
Flor  (Condes),  Vila  Rial  (Condes),  Vila 
Rial  (Condessa),  Vila  Rial  (Duques),  Vila 
Rial  (Marqueses),  Vilalobos,  Vilalobos 
(Rui  Martins),  Vilanova,  Vilhena,  Zagalo. 

Armeiro  mor,  9,  10,  11,  236. 

Arnau,  ar.,  20. 

Arouca,  mosteiro,  338,  453;  abadessa,  338. 

Arquiduque,  364. 

Arquiduquesa,  517. 

Arquivo  histórico  português,  7,  56,  88,  96, 
III,  127,  146,  i58,  159,  169,  170,  173,  181, 
188,  2o:>,  206,  207,  214,  233,  241,  242,  244, 
248,  249,  258,  271,  276,  2''^'8,  320,  324,  327, 
337,  339,  347,  353,  355,  362,  387,  396,  400, 
401,  408,  418,  429,  440,  45o,  453,  404,  483, 
484,  5o  I,  5o2,  5o.>. 

Arquivo  Nacional,  10,  11. 

Arquivo  Nacional  da  Torre  do  Tombo,  241. 
—  V.  Torre  do  Tombo. 

Arquivo  Rial,  10. 

Arraiolos:  alcaide  mor,  386;  data  de  carta, 
95,  414;  sr.,  68,  69,  386;  termo,  4i3. 

69 


546 


Brasões 


Arraiolos  (Conde  de),  i.°,  D.  Álvaro  Pires 
de  Castro,  6y^  69,  92,  95,  98,  i25,  i3i,  144, 
412,  4i3,  414.  —  Ar.,  69. 

Arraiolos  (Conde  de),  3.",  D.  Fernando,  129. 

—  V.  Bragança  (Duque  de),  2°. 
Arraiolos  (Conde  de),  S.°,  D.  Teodósio,  498. 

—  V.  Bragança  (Duque  de),  7.". 
Arraiolos  (Condessa  de),  D.  Maria  Poncè,  69, 

412,  4i3. 
Arras,  451^  452. 
Arriet  (Mestre),  alemão,  11. 
Arronches,  79,  327.  —  Alcaidaria  mor,  285. 

—  Alcaides  mores,  178,  285,  287,  417,  434. 

—  Castelo,  108,  287.  —  Fronteiro,  285. — 
Renda  dos  moios,  287. 

Arronches  (Casa  de),  290,  291 ;  sua  varonia, 
290. 

Arronches  (Marquês),  i .», Henrique  de  Sousa 
Tavares  da  Silva,  290,  298. 

Arronches  (Marquês  de),  2.°,  Carlos  José  de 
Ligne,  290. 

Arronches  (Marquesa  de),  2.",  D.  Mariana  de 
Sousa,  290,  291. 

Arronches  (Título  de  marquês  de),  528. 

Arsa,  ar.,  38 

Art  (L'J  de  vérifier  les  dates,  325. 

Arte  e  a  Natureza  em  Portugal,  43 1,  436, 
465. 

Arte  portuguesa,  i^x^Zòj. 

Arte  Religiosa  em  Portugal,  i65. 

Arte  Românica  em  Portugal,  271. 

Arzila,  436.  —  Cerco,  36 1.  —  Serviço  lá,  359. 
Socorro,  447.  —  Tomada,  145,  229,  SiS, 
428. 

Asseca,  reguengo,  em  Tavira,  265. 

Asseiceira:  batalha,  234;  senhorio,  417. 

Assentos,  coutada,  41 3. 

Assequins,  doação,  144,  160;  srs.,  167,  494, 
496. 

Assumar  (Conde  do),  D.  Francisco  de  Melo, 
441,  442,  443,  533. 

Astorga,  45o. 

Astruge,  262. 

Ataíde,  freguesia  de  S.  Pedro,  80. 

ATAÍDE,  linhagem,  73,  80. — Ar.,  22,  23,40, 
75,  23o. 

Ataide  (D.  Álvaro  de),  i ."  Conde  da  Atouguia, 
193.  —  V.  Ataide  (Álvaro  Gonçalves  de). 

Ataíde  (D.  Álvaro  de),  5.°  sr.  da  Castanheira, 
226,  417,  418,419,420,421 ;  poeta  do  Can- 
cioneiro, 420.  —  Epitáfio,  419. 

Ataide  (Álvaro  Gonçalves  de),  i.°  conde  da 
Atougia,  81,  82,  83,  84,  193,  417,  419. — 
Epitáfio,  83. 

Ataide  (D.  Ana  de),  m.  de  Joane  Mendes  de 
Vasconcelos,  389,  391. 

Ataide  (D.  António  de),  i.°  conde  da  Casta- 
nheira, 226,  389,  390,  391,  419,  420,  421. 

Ataide  (D.  António  de),  2.°  conde  da  Casta- 
nheira, 422. 


Ataide  (D.  António  de),  5.°  conde  da  Casta- 
nheira e  i.°  de  Castro  Daire,  422. 

Ataide  (Branca  de),  m.  de  João  de  Sousa, 
227,  228,  229, 23o. 

Ataíde  (Caterina  de),  dama  da  rainha  D.  Fe- 
lipa,  84. 

Ataide  (D.  Felipa  de),  m.  de  Gonçalo  Anes 
Chichorro,  84. 

Ataide  (D.  Fernando  de),  sr.  da  Castanheira, 
419,  420,  421 ;  poeta  do  Cancioneiro,  420. 
—  Epitáfio,  420. 

Ataide  (Gonçalo  Viegas  de),  84. 

Ataide  (D.  Helena  de),  m.  de  Pedro  Vasques 
da  Cunha,  84,  5i5. 

Ataide  (D.  Isabel  de),  m.  de  D.  Fernando  de 
Castro,  84. 

Ataide  (D.  Jerónimo  de),  6.°  conde  da  Cas- 
tanheira e  2."  de  Castro  Daire,  422,  53 1, 
532. 

Ataide  (D.  Jerónimo  de).  Nobiliário,  352, 
376-377,  53 I. 

Ataide  (D.  Joana  de),  m.  2.*  de  Luís  de  Brito 
Nogueira,  23o. 

Ataide  (D.  João  de), 4."»  conde  da  Castanheira, 
422. 

Ataíde  (João  de),  2.°  sr.  de  Penacova,  227, 
229. 

Ataíde  (D.  João  Diogo  de),  i.»  conde  de  Alva, 
21 1,  212. 

Ataide  (D.  Manuel  de),  3.°  conde  da  Casta- 
nheira, 422. 

Ataide  (D.  Maria  de),  condessa  de  Penela, 
23o. 

Ataíde  (D.  Maria  de),  sra.  de  Penacova,  m. 
de  D.  Afonso  de  Noronha,  227. 

Ataide  (Martim  Gonçalves  de),  alcaide  mor 
de  Chaves,  76,  77,  79,  80,  81,  83,  84,  469. 

Ataide  (D.  Martinho  de),  2.°  conde  da  Atou- 
guia, 02-83,  417. 

Ataide  (Nuno  Fernandes  de),  capitão  de 
Çafim,  218,  227. 

Ataíde  (D.  Pedro  de),  degolado  em  Setúbal, 
418,  419;  poeta  do  Cancioneiro,  420. 

Ataide  (D.  Teresa  de),  m.  de  Pedro  Vasques 
da  Cunha,  161,  5i5. 

Ataide  (Vasco  Fernandes  de),  vedor  da  casa 
do  infante  D.  Henrique,  84,  5i5. 

Ataide  e  Castro  (D.  Ana  de),  condessa  da 
Castanheira,  422. 

Ataide  de  Sousa  (D.  Joana  de),  m.  de  Luís 
de  Brito  Nogueira,  23o. 

Atalaia,  senhorio,  417. 

Atalaia  (Conde  da),  D.  Pedro  de  Melo,  167, 
193,417,418,410. 

Atalaia  (Conde  da),  4.°,  D.  Luís  Manuel  de 
Távora,  222. 

Atalaia  (Conde  da),  5.°,  D.  Pedro  Manuel,  222. 

Atalaia  (Conde  da),  11. °  e  último,  114. 

Atalaia  (Condessa  da),  9.",  D.  Domingas  Ma- 
nuel de  Noronha,  114. 


índice  de  matérias 


547 


Atalaia  (Condessa  da),  D.  Maria  Madalena  de 

Noronha,  222. 
Atalaia  (Condessa  da),  D.  Maria  de  Noronha, 

417»  419- 

Atouguia,  94,  gS;  data  de  carta,  265, 275-276; 
doação,  261 ;  igreja  matriz,  83. 

Atouguia  (Conde  da),  i.°,  Álvaro  Gonçalves 
de  Ataíde,  81,  82,  83,  84,  igS,  417,  419. 

Atouguia  (Conde  da),  2.°,  D.  Martinho  de 
Ataíde,  82,  417. 

Atouguia  (Conde  da),  6."»,  211. 

Atouguia  (Conde  da),  11.»  e  último,  84. 

Atouguia  (Condessa  da),  D.  Guiomar  de 
Castro,  81,  82,  83,  ng,  i25,  419. 

Aubiac  (Sr.  de),  462. 

Aumale  (Dite  d'),  Histoire  des  Princes  de 
Conde,  442. 

Aumale  (Mademoiselle  d'),  490. 

Áustria  (Arquiduquesa  de),  bi'j. 

Áustria  (Imperador  de),  290,  526. 

Áustria  (D.  Margarida  de),  rainha  de  Es- 
panha, 372,  375,  378,  392. 

Áustria  (D.  Maria  Ana  de),  rainha  de  Por- 
tugal, II 5,  117,  179,222. 

Avana  (D.  João),  407. 

Ave,  rio,  2o3,  3o3,  3o5,  307. 

Aveiras  (Condes  de),  120,  i38. 

Aveiras  (Srs.  de),  120. 

Aveiro:  almoxarifado,  160;  dízima  nova  do 
pescado,  532;  igreja  do  mosteiro  de  Jesus, 
428,  532 ;  mosteiro  de  Jesus,  427. 

Aveiro  (Duque  de),  i.»,  D.  João,  485,  487. — : 
Ar.,  3o. 

Aveiro  (Duque  de),  8."*,  534. 

Avelar,  ar.,  471. 

Avelar  (Estêvão  Dias  do),  sr.  de  Povolide, 
475,  535. 

Avelar  (D.  Fr.  Martim  do),  mestre  de  Avis, 

277- 

Avelãs  de  Cima,  doação,  3 10. 

Avilez  (D.  Emília  de),  m.  1.*  de  José  Manuel 
da  Cunha  e  Meneses,  186. 

Avinhão,  47,  83,  1 18,  453. 

Avis,  data  de  carta,  82.  —  Ordem,  v.  Ordem 
de  Avis. 

Avranches  (Conde  de),  i.°,  D.  Álvaro  de 
Almada,  193. 

Avulfo  (Conde),  201,  202,  2o3. 

Ayala  (D.  Leonor  de),  76. 

Ayala  (D.  Pedro  Lópe^  de),  Crónica  de  los 
Reys  de  Castilla  Don  Pedro,  Don  En- 
rique II,  Don  Juan  1,  Don  Enrique  III, 
Madrid,  1779-80,  2  vol.,  75. 

Azambuja  (D.  Caterina  da),  m.  de  Martim 
Afonso  da  Silveira,  175. 

Azambuja  (Diogo  da),  175. 

Azambuja  (Sra.  da),  170. 

Azamor:  adail,  447;  capitão,  217,  482. 

Azanon  (Sr.  de),  i65. 

Azedo  (João),  m.o""  em  Guimarães,  412. 


Azeitão,  mosteiro  de  Santa  Maria  da  Piedade, 
,  176. 

Azere,  senhorio,  164. 

Azevedo,  ar.,  35. 

Azevedo  (António  de),  capitão  de  infantaria, 
377. 

Azevedo  (D.  Beatriz  de),  m.  i.»  de  Vasco 
Martins  de  Melo,  448. 

Azevedo  (Gonçalo  Gomes  de),  alferes  mor 
de  D.  Afonso  IV,  415. 

Azevedo  (Gonçalo  Vasques  de),  i.°  marichal 
de  Portugal,  55. 

Azevedo  (João  Lopes  de),  sr.  de  Aguiar  de 
Pena,  448. 

Azevedo  (João  Rodrigues  de),  98. 

Azevedo  (Leonor  Gonçalves  de),  m.  de  Gon- 
çalo Vasques  Coutinho,  53,  55. 

Azevedo  (Maria  de),  m.  de  Diogo  Alvares 
Mourão,  238. 

Azevedo  (Martim  Gonçalves  de),  294. 

Azevedo  (D.  Mem  Peres  de),  epitáfio,  522. 

A::[evedo  (Pedro  de),  Documentos  relativos  a 
Marrocos,  5ig,  53o.  —  Os  de  Vasconcelos, 
337,  338,  340,  341,  344. 

Azevedo  (Pedro  Augusto  de  S.  Bartolomeu), 
primeiro  conservador  da  Torre  do  Tombo, 
25. — V.  Livro  dos  bens  de  D.  João  de  Portel. 

Azevedo  (Tomé  de),  procurador  do  povo  de 
Lisboa,  377. 

Azinhaga:  escrivão  das  sisas  e  posições,  829; 
morador,  328. 

Azinhaga  (Morgados  da),  209,  21 5. 

Azinhal,  termo  de  Elvas,  383,  385. 

Azurara,  doação,  112,  i36;  termo,  95. 

A^ura7-a  (Gomes  Eanes  de),  Chronica  do 
Conde  D.  Duarte  de  Meneses,  i3o,  36 1, 
39^.  —  Chronica  do  Conde  D.  Pedro  de 
Meneses,  70,  i25,  126,  129,  i3o,  170,  395, 
397,  398,  410,  423. —  Chronica  de  D.  João  I, 
V.  o  seguinte.  —  Crónica  da  tomada  de 
Ceuta,  141,  142,  143,  170,  281,  423. 

Bacalhoa,  morgado,  468;  quinta,  470. 

Badajoz,  apelido,  ar.,  20. 

Badajoz,  cidade,  378;  cerco,  276,  Sgi ;  to- 
mada, 422. 

Badur  (Soltan),  rei  de  Cambaia,  175. 

Baía,  495.  —  Cerco,  445.  —  Gov.or^  179,  219. 
—  Restauração,  222,  390. 

Baía  (Morgados  da),  3i5. 

Baía  (Viscondes  da),  3i5. 

Baía  de  Todos  os  Santos  (Capitão  e  gov.or 
da),  484,  495. 

Baião  (D.  Arnaldo  de),  397. 

Baião  (Srs.  de),  188,  23o,  235,  357. 

Baião  (D.  Teresa  Pires  de),  m.  de  D.  Garcia 
Fernandes  de  Panha,  187. 

Baiona,  juízes  árbitros  na  questão  das  toma- 
dias  dos  Franceses,  14. 

Bairro  (Morgados  do),  209. 

Bairros,  ar.,  22. 


548 


Brasões 


Bairros  de  Vaabom  (Gonçalo  de),  morador 

em  Regalados,  3 19. 
Balsemão  íMorgado  de),  236. 
Balsemão  (Viscondes  de),  180,  235. 
Baltanas,  empresa,  147. 
Baltasar  Carlos  (D.),  príncipe  de  Castela, 

341,  53 r. 
Banamarim  (Rei  de),  118. 
Banaria,  SSy. 

Baptista   (João  Maria),    Choro  grafia   mo- 
derna, 29 ). 
Barão:  Alvito,  Gera,  Ilha  Grande  de  Joanes, 

Sobral. 
Baroneza:  Alvito,  Regaleira. 
Barata  1  António  Francisco),  Évora  antiga, 

394. —  Évora  e  seus  arredores^  43 1. —  Mis- 

cellanea  histoj-ico-romantica,  433. 
Barbacena,  doação,  423;  srs.,  425. 
Barbacena  (Conde  de),  2.",  i85. 
Barbosa,  ar.,  471. 
Barbosa  (Fernão  Pais  de),  262. 
Barbosa  (D.  Fernão  Peres  de),  rico-homem, 

266. 
Barbosa  (D.  José)^  Memorias  do  Collegio  de 

S.  Paulo,  238. 
Barbosa     Canaes    de    Figueiredo     Castelo 

Branco  (José),  Contestação  ás  allegações 

contra  o  titulo  de  Penamacor,  5o5. 
Barbosa  Machado^  Bibliotheca  lusitana,  238, 

3qi,  4a3,  424,  432,  493,  53 1. 
Barbudo  (Diogo),  escudeiro  e  vereador  em 

Sintra,  26. 
Barbudo  (Diogo),  veador  das  obras  da  Pena 

em  Sintra,  28. 
Barcelos:   casa  da  Fervença,  342;  doação, 

264,  2Õ5;  n;itural,  226;  senhorio,  107,  117. 
Barcelos  (Conde  de),  i.",  D.  João  Afonso, 

106,  107,  267. 
Barcelos  (Conde  de),  2.°,  D.  Martim  Gil,  1Ó7, 

i3i,  i32,  262,  266. 
Barcelos  (Conde  de),  3°,  D.  Pedro,  107,  263 

a  271,  273,  5i5. 
Barcelos   (Conde  de),  4.®,  D.  João  Afonso 

Telo,  110,  117,  118,  120,  121. 
Barcelos  (Conde  de),  5.°,  D.  Afonso  Telo  de 

Meneses,  1 19,  120,  121. 
Barcelos   (Conde  de),  6.°,  D.  João  Afonso 

Telo,  75,  88,  91,  92,  93,  109,  iio,  118,  121, 

285,  3.10,  34b. 
Barcelos  (Conde  de),  8.»,  D.  Afonso,  70, 143, 

349,  35o.  —  V.  Bragança  (Duque  de),  i.°. 
Barcelos  (Condessa  de),  D.  Beatriz  de  Albu- 
querque, 1 10. 
Barcelos  (Condessa  de),  D.  Maria  Ximenes, 

264,  2G8,  -r.g,  5 1 5. 
Barcelos  (Condessa  de),  D.  Teresa  Sanches, 

107. 
Barcelos  (Condessa  de),  D.Violante  Sanches, 

107. 
Barcelos  (Duque  de),  3.<»,  D.  Teodósio,  498. 


Barem,  ar.,  20,  21. 

Barreiro  (Morgado  do),  179. 

Barreiros  (Gaspar),  genealogista,  472. 

Barreto,  ar.,  38. 

Barreto  (Álvaro),  poeta  do  Cancioneiro,  /^^. 

Barreto  (Constança),  m.  de  D.  Egas  Lou- 
renço da  Cunha,  188. 

Barreto  (D.  Estêvão  Fernandes),  188. 

Barreto  (Gonçalo  Nunes),  sr.  de  Gernache, 
81. 

Barreto  (João  Gomes),  407. 

Barreto  (Martim  Fernandes),  272,  273. 

Barreto  (D.  Sancha  Martins),  m.  i.»  de  João 
Peres  de  Sousa,  272,  273. 

Barros,  ar.,  393,  394. 

Barros  (André  de),  fidalgo  da  casa  de 
D.  Afonso  V,  393,  394. —  Epitáfio,  394. 

Barros  (Antónia  de),  m.  de  Joane  Mendes 
de  Vasconcelos,  393,  394. 

Barros  (Francisco  de),  f.  de  André  de  Barros, 
394. 

Barros  (João  de),  Ásia,  174,  i75,  178,  232. 

Barros  (Jorge  de),  instituidor  do  morgado  de 
Vai  de  Flores,  393,  394.  —  Ar.,  394*,  epi- 
táfio, 393. 

Barros  (D.  Luísa  de),  m.  de  Jorge  da  Silva, 
390. 

Barros  e  Faria  (D.  Brites  de),  m.  de  Cristóvão 
Alvares  Coelho,  239. 

Barros  Lima  (D.  Mana  Augusta  de),  m.  2.» 
de  José  Manuel  da  Cunha  e  Meneses,  186. 

Barros  e  Vasconcelos  (Felipe  Mendes  de), 
sr.  do  morgado  de  Vai  de- Flores,  393. 

Barros  e  Vasconcelos  (Pedro  de  Alcântara 
de),  sr.  da  quinta  de  Vai  de  Flores,  394. 

Barroso,  senhorio,  262,  267;  renda  das  ta- 
lhas, 216. 

Barroso  (Cristóvão),  secretário  e  embaixador 
de  Carlos  V,  i3. 

Barroso  (Egas  Gomes  de),  498. 

Barroso  (D.  Urraca  Viegas  de),  m.  de 
D.  Soeiro  Reimondo,  408,  490. 

Barroso  (Vasco  Gonçalves),  344. 

Bartolomeu  (D.),  bispo  de  Viseu,  293. 

Barvudo  (João  Gonçalves  de),  248,  259. 

Bastide  (M.  de),  Le  iemple  des  arís,  au  le 
cabinet  de  M.  Braamcamp,  461. 

Basto,  mosteiro,  2o3,  204. 

Basto,  terra:  doação,  304;  sr.,  55,  170;  se- 
nhorio, 262. 

Basto  (Casa  de),  147. 

Basto  (Conde  de),  i  .*>,  D.  Fernando  de  Castro, 
147. 

Basto  (Conde  de),  2.",  D.  Diogo  de  Castro, 
147. 

Basto  (Conde  de),  3.%  D.  Lourenço  Pires  de 
Castro,  147. 

Basto  (Condes  de),  120. 

Basto  (Martim),  escrivão  do  almazêm  de 
Lisboa,  82, 


índice  de  matérias 


549. 


Bastuço,  quinta,  188. 

Batalha,  convento,  5 16. 

Batalha  Rial,  v.  Aljubarrota. 

Batava  (Inês  Gonçalves),  m.  de  Vasco  Fer- 
nandes César,  447. 

Batissela  (D.  João  Fernandes),  el  Bueno  de 
Limia,  206. 

Batissela  (D.  João  Fernandes),  rico  homem, 
sr.  de  Mafra,  258,  259. 

Beatriz  (D.),  condessa  de  Mayofga,  413. — 
V.  Castro  (D.  Beatriz  de). 

Beatriz  (D.),  f.  do  infante  D.  Denis,  89. 

Beatriz  (D.),  infanta,  condessa  de  Albur- 
querque,  47,  87,  88,  95,  109,  843. 

Beatriz  (D.),  infanta,  f.  de  D.  Fernando,  91, 
94,  411.  —  V.  Beatriz  (D.),  rainha  de  Cas- 
tela. 

Beatriz  (D.),  infanta,  f.  de  D.  Manuel,  ar.,  33. 

Beatriz  (D.),  infanta,  mãe  de  D.  Manuel,  374. 

Beatriz  (D.),  infanta,  m.  do  infante  D.  Afonso, 
i32, 264, 265, 266. — V.  Beatriz  (D ),  rainha, 
m.  de  Afonso  IV. 

Beatriz  (D.),  marquesa  de  Vila  Rial,  225. 

Beatriz  (D.),  m.  i.«  dp  Martim  Afonso  de 
Melo,  422,  425. 

Beatriz  (D.),  rainha  de  Castela,  47,  411,  415. 
—  V.  Beatriz  (D.),  infanta. 

Beatriz  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
Afonso  III,  i5i,  i52,  252,  253,  262,  275. 

Beatriz  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
Afonso  IV,  118,  i32,  i33,  184,  i36,  269. — 
V.  Beatriz  (O.),  infanta. 

Beatriz  Martins,  f.  de  Martim  Vicente,  397. 

Beatriz  Nunes,  concubina  do  mestre  D.  Mem 
Rodrigues  de  Vasconcelos,  348. 

Beauffremont  (Pierre  de),  sr.  de  Charny,  45i. 

Becford,  viajante,  507,  3i6. 

Becford  (William),  Italy;  with  sketches  of 
Spain  and  Portugal.  By  ihe  Author  0/ 
Vathek  Londres,  1834,  vol.  II,  3o,  5 16, 
527,  534.  —  Recollections  of  an  Excursion 
to  the  Monasteries  of  Alcobaça  and  Ba- 
talha, Londres,  i835,  5i6,  517. 

Beeck  (Henriqueta  van),  m.  de  João  Braam- 
camp, 461. 

Beira,  comarca,  266,  267,  809.  —  Corregedor, 
398.  —  Povoação,  400  a  402. 

Beira,  província,  52,  54,  88,  94,95.  —  General 
da  cavalaria,  212. —  Gov.or  das  ar.,  456, 
488.  —  Gov.or  e  capitão  general,  179. 

Beira  (Princesa  da),  D.  Maria,  526. 

Beira  Alta,  94. 

Beire  (Casa  de),  181. 

Beja,  79,  2i5,  296,457.  —  Alcaidaria,  121; 
alcaidaria  mor,  216. —  Alcaide,  121;  alcaide 
mor,  216.  —  Almoxarifado,  41 3.  —  Bens, 
346.  —  Comenda  de  Santa  Maria,  877. — 
Data  de  carta,  21 5. — Direitos  riais  da  alcai- 
daria, 121. — Juiz,  218. —  Morgado  de  Santo 
Estêvão,  23o. — Pão  e  vinho  do  reguengo, 


412.  —  Renda  dos  serviços  dos  Judeus,  412* 

—  Rendas,  438. — Termo,  255. 
Beja  (Duque  de),  i.°,  infanta  D.  Fernando, 

i35. 
Beja  (Duque  de),  4.°,  D.  Manuel,  24. 
Belas,  quinta,  21 1. 

Belas  (Marqueses  de^,  sua  varonia,  38i. 
Belas  (Marqueses.de),  i.°',  192,468. 
Belém,  lugar:  cadafalso,  84;  data  de  carta, 

494. 
Belém,  mosteiro,  235;  obras,  28. 
Belém,  torre  de  S.  Vicente,  gov.oi",  5 16. 
Belém  (Fr.  Jerónimo  de),  Chronica  seráfica^ 

179. 
Belgrano,  Documenti  e  genealogia  dei  Pes- 

sagno  genovesi  amiragli  dei  Portogallo, 

195. 
Bell  (João),  400. 
Bellota  (Senhor  de  la),  75. 
Belmonte,  94. 
Belmonte  (Conde  de),  i.",  D.  Vasco  Manuel 

da  Câmara,  455. 
Belmonte  (Condes  de),  472. 
Bem  (D.  Tomás  Caetano  de),  Memorias  dos 

Clérigos  Regulares,  84. 
Bemfica:  capela  dos  Castros,  509,  5 10;  con- 
vento de  S.  Domingos,  892. 
Bemoim,  príncipe  negro,  480. 
Bemposta:  doação,  109,  i6o;  sr.,  167. 
Bemviver  (Sr.  de),  145,  352. 
Benacofú,  expedição,  i3o,  359,  898. 
Benafarão,  quinta,  i63.  » 

Benalbergue,  i3i. 
Benalcaçar    (Condessa    de),    D.   Isabel   de 

Castro,  532. 
Benavente,  276.  —  Rendas  do  mestrado  de 

Avis,  228.  —  Termo,  81,  417,  419. 
Benavente  (Conde  de),  1 .",  João  Afonso  Pi- 
mentel, 41 5,  422. 
'Benavente  (Conde  de),  217. 
Benavente  (Duque  de),  91,  94. 
Bento  XII,  papa,  118. 
Berenguela  Lourenço  (D.)^  m.  de  D.  Afonso 

Martins  Telo,  108,  122. 
Beresford  (General),  220. 
Beringel,  ar.,  20. 
Beringel  (Srs.  de),  209,  2i3,   214,  2i5,  217, 

218,  219,  36o,  434. 
Bernardo,  f.  de  Helena  de  Mesquita,  466. 
Berredo    (O),   323.  —  V.   Berredo    (Martim 

Vasques  de). 
Berredo   (Gonçalo  Anes  de),  rico  homem, 

266. 
Berredo  (D.  Leonor  de),  m.  de  Rui  Pereira, 

3 12,  3i3,  324. 
Berredo   (D.  Maria  de),  m.   2.»  de  Fernão 

Pereira,  3 12,  3i3,  324. 
Berredo  (Martim  Mendes  de),  rico  homem, 

266. 
Berredo  (Martim  Vasques  de),  323,  324. 


55o 


Brasões 


Bertiandos,  quinta,  3 19,  320. 
Bertiandos,  vila:  igreja  matriz,  322;  pelou- 
rinho, 321 ;  srs.,  32 1. 
Bertiandos  (Casa  de),  3 16  a  322. —  Ar.,  322. 

—  Cartório,  319,  320.  —  Fundador,  3 16. — 
Morgados,  320,  32 1.  —  Palácios,  32o,  32i, 

322. 

Bertiandos  (Conde  de),  j.;  Gonçalo  Pereira 
da  Silva  de  Sousa  e  Meneses,  32 1. 

Bertiandos  (Conde  de),  2.",  Sebastião  Cor- 
reia de  Sá  Meneses  Brandão,  32i. 

Bertiandos  (Conde  de),  3.°,  Gonçalo  Pereira 
da  Silva  de  Sousa  e  Meneses,  3i6,  32i,  322. 

Bertiandos  (Condessa  de),  D.  Ana  de  Bra- 
grança,  322. 

Bertiandos  (Condessa  de),  2.;  D.  Joana  Maria 
do  Rosário  Francisca  de  Sales  Pereira  da 
Silva  de  Sousa  e  Meneses,  32 1. 

Bertiandos  (Condessa  de),  D.  Teresa  Teles 
da  Silva,  32 1. 

Bertiandos   (Visconde   de),  com  grandeza, 

321. 

Berwick  (Duque  de),  219. 

Betancor,  ar.,  37. 

Beyle  (Henri),  Promenades  dans  Rome,  524. 

Biester  (PVederico),  504,  5o5. 

Bisagudo  (Pêro  Vaz)  480,  481. 

Biscainho,  de  apelido  França,  181. 

Biscainhos,  morgado,  321. 

Blanc  (Charles),  Le  trésor  de  la  curiosité, 
461. 

Boa  Esperapca,  cabo,  lyS. 

Bobadela  (Sr!  de),  55. 

Bobadilha,  ar.,  496,  497,  5o8. 

Bobadiiha  (D.  Maria  Rodrigues  de),  m.  de 
Diogo  de  Saldanha,  49Ó. 

Boelhe,  freguesia,  336. 

Boigeão,  couto,  1 18. 

Boletim  da  Associação  dos  Arqueólogos  Por- 
tugueses, 420. 

Boletim  da  Segimda  classe  da  Academia  das 
Sciências  de  Lisboa,  326. 

Boletim  [da  Sociedade  de  Geografia  de 
Lisboa]  comemorativo  do  V  centenário  da 
tomada  de  Ceuta,  iZi. 

Bolonha  (Conde  de),  i5i,  246,  25o,  25 1,  407. 

—  V.  Afonso  III  (D.),  rei  de  Portugal. 
Bolonha  (Condessa  de),  Matilde,  i5i,  255. 
Bolonha  (Universidade  de),  166,  240. 
Bombaim,  492. 

Bonalbergue,  doação,  266. 

Bonifácio  IX,  papa,  280,  347. 

Boquilobo  (Sr.  do  paul  die),  70,  84. 

Boralha,  doação  dos  direitos,  409. 

Borba  (Alcaides  mores  de),  71. 

Borba  (Conde  de),  D.  Vasco  Coutinho,  210. 

Borba  (Marquês  de),  i.°,Tomé  José  de  Sousa 

Coutinho  Castelo  Branco  e  Meneses,  210. 
Borba  (Marquês  de),  2.»,  Fernando  Maria  de 

Sousa  Coutinho,  210. 


Borba  (Marquês  de),  3.",  Fernando  Luís  de 
Sousa  Coutinho,  210,  524. 

Borba  (Marqueses),  209,  210. 

Borba  de  Azinhares,  doação,  169. 

Borges,  ar.,  3i,  39. 

Borges  (D.  Diogo),  abade  de  Refoios  de  Basto, 
465. 

Borges  (Felipa),  m.  de  Pedro  de  Mesquita, 
465. 

Borgia  (Lucrécia),  1 10. 

Borgonha:  gov.or^  442;  natural  de  lá,  45i. 

Borgonha  (Duques  de),  450,  451. 

Borgonha  (Duquesa  de),  397. 

Bosna,  guerra,  83. 

Botaréus,  herdade,  397. 

Botelho,  ar.,  237,  239. 

Botelho  (Pêro),  326. 

Botelho  Correia  (Helena),  m.  de  António 
Machado,  239. 

Botelho  Mourão  (António),  morgado  de 
Mateus,  239. 

Botelho  Bibeiro  (Domingos),  237,  238,  239. 

Bouças  covas,  doação,  409. 

Bourbon  (D.  Isabel  de),  m.  de  Gregório  Fer- 
reira de  Eça,  1 15. 

Bourbon  (D.  Isabel  de),  rainha  de  Espanha, 
392,  442,  443,  53 1. 

Bourbon  (D.  Maria  Ana  Josefa  de),  m.  de 
D.  Miguel  de  Melo  Abreu  Soares  de  Vas- 
concelos, 468. 

Bouro,  mosteiro,  253,  3o8. 

Braamcamp,  geração,  462. —  Ar.  462. — Deri- 
vação do  nome,  461. 

Braamcamp  (Geraldo),  possuidor  de  uma 
famosa  galeria  de  pintura,  461. 

Braamcamp  (Hermano  José),  ministro  da 
Prússia  em  Lisboa,  460,  461, 

Braamcamp  (João),  cidadão  de  Amsterdão, 
461. 

Braamcamp  (D.  Maria  Inácia),  m.  de  Anselmo 
José  Braamcamp  de  Almeida  Castelo 
Branco,  461. 

Braamcamp  (Rotgero),  pastor  protestante 
de  Ryssen,  461. 

Braamcamp  de  Almeida  Castelo  Branco 
(Anselmo  José),  ministro  dos  Estrangeiros, 
461. 

Braamcamp  de  Almeida  Castelo  Branco 
(Geraldo  Venceslau),  1."  barão  do  Sobral, 
460,  46 1 . 

Braamcamp  de  Almeida  Castelo  Branco 
(José  Francisco),  par  do  reino,  461. 

Braamcamp  Freire  (Anselmo),  Albuquerque 
no  Cancioneiro,  232,  233.  —  Amaria  por- 
tuguesa., 7,  8,  i3,  16,  20,  21,  244,  335,  336, 
368,  38o,  447,  486,  489,  504.  —  Brasões  da 
sala  de  Cintra,  425, 427, 439,  441,  470,486» 
326.  —  Cartas  de  quitação  dei  rei  D.  Ma- 
nuel, 320,  387,  483,  5o I,  5o2.  —  A  Chance- 
laria de  D.  João  II,  327.  —  Condados  de 


índice  de  matérias 


55i 


Moncorvo  e  da  Feira,  ousada  falsificação 
de  documentos,  326.  —  Conde  de  Vila 
Franca  e  a  Inquisição,  53 1 .  —  Critica  e 
história^  i3o,  iSy,  171,  2i5,  352,  374,418. 

—  Expedições  e  armadas,  480.  —  A  Gente 
do  Cancioneiro,  99,  174,  482.  —  Introdução 
à  «Primeira  parte  da  Crónica  de  D.  João  I», 
2q5,  424.  —  D.  João  de  Aboim,  248,  249, 
254,  255,  257,  258,  259,  261,  263,  276,  277, 
279,  281.  —  Noticia  histórica,  242,  249. — 
Noticias  da  feitoria  de  Flandres,  3-j5.  — 
Sepulturas  do  Espinheiro,  146,  147,  214, 
434,  45.1,  472.  473.  —  Vida  e  obras  de  Gil 
Vicente,  14,  180,  374,^55. 

Braamcamp  do  Sobral  de  Almeida  Castelo 
Branco  (Hermano  José),  i.»  conde  do 
Sobral,  460,  462. 

Braamcamp  do  Sobral  de  Almeida  Castelo 
Branco  de  Narbonne-Lara  (D.  Adelaide), 
2.*  condessa  do  Sobral,  460,  462. 

Braamcamp  do  Sobral  de  Melo  Breyner  (Her- 
mano José),  3.°  conde  do  Sobral,  460. 

Braga,  66,  i55,  i56,  187,  248,  340,  064,  382. 

—  Arcebispado,  363,  ^92. — Arcebispo,  126, 
187,  243,  283,  292,  293,  309,  336,  340,  35 1, 
364,  405,  426,  433.  —  Cartório  dos  Arce- 
bispos, 317,  336. — Casa  das  Carvalheiras, 
382.  —  Data  de  carta,  107,  120, —  Diocese, 
259. —  Morgado  dos  Biscaínhos,  32i. —  Sé: 
arcediago,  336;  arcediago  de  Neiva,  364; 
mestre  escola,  181;  sepultura,  35i. 

Bragança,  422. — Alcaide,  473. — Castelo,  41 5. 

—  Gov.oí"  (tenens),  259.  —  Igreja  de  S.  Vi- 
cente, 416. — Judeus  de  lá,  253. —  Sr.,  415, 
422,  435. 

Bragança  (D.  Ana  de),  condessa  de  Ber- 
tiandos,  322, 

Bragança  (D.  Ana  Maria  José  Carlota  de), 
3.'"  duquesa  de  Lafões,  517,  528. 

Bragança  (D.  Caetano  Segismundo  de),  neto 
do  3.°  Duque  de  Lafões,  291.  , 

Bragança  (Casa  de),  69,  70,  71,  209,  309  — 
Ar.,  40,  48.  —  Cartório,  275,  324  —  Cou- 
teiros  mores,  71,  514.  —  Criados,  70,  71, 
209.  —  Impressor,  5i3. 

Bragança  (D.  Constantino  de),  f.  do  2.°  Mar- 
quês de  Ferreira,  442,  443.  — Epitáfio,  533. 

—  V.  Constantino  (D.). 

Bragança  (Duque  de),  1.°,  D.  Afonso,  48,70, 

146.  —  V.  Barcelos  (Conde  de),  8.". 
Bragança  (Duque  de),  2.°,  D.  Fernando,  429, 

435,438,  439.  —  V.  Vila  Viçosa  (Marquês 

de),  i.°. 
Bragança  (Duque  de),  3.°,  D.  Fernando,  i3o, 

384,  429,  439. — V.  Guimarães  (Conde  de). 
Bragança  (Duque  de),  4.°,  D.  Jaime,  217, 435, 

443,  533.  —  Ar.,  40. 
Bragança   (Duque   de),   7.°,   D.    Teodósio, 

498. 
Bragança  (Duque  de),  8.°,  442. 


Bragança  (Duque  de),  410. — V.  Pedro  IV  (D.). 

Bragança  (Duque  pretenso  de),  527. 

Bragança  (Duquesa  de),  D., Constança  de 
Noronha,  48. 

Bragança  (Duquesa  de),  D.  Joana  de  Castro, 
438,  439. 

Bragança  (Duquesa  de),  D.  Joana  de  Men- 
doça,  233,  435. 

Bragança  (Gonçalo  Nunes  de),  262. 

Bragança  (D.  Joana  Perpétua  de),  duquesa 
de  Cascais,  526. 

Bragança  (D.  João  de),  bispo  de  Viseu,  epi- 
táfio, 437. 

Bragança  (D.  João  Carlos  de),  2.°  duque  de 
Lafões,  291,  517,  526,  527,  528. 

Bragança  (D.  José  de),  duque  de  Miranda 
do  Corvo,  528. 

Bragança  (D.  Maria  Carlota  de),  represen- 
tante do  Duque  de  Lafões,  298. 

Bragança  (D.  Maria  Domingas  de),  duquesa 
de  Cadaval,  528. 

Bragança  (D.  Pedro  de),  i."  duque  de  Lafões, 
290,  291,  298,  526. 

Braganças  da  casa  de  Lafões,  ar.,  442. 

Branca  (D.),  infanta,  f.  de  D.  Afonso  III,  254. 

Branca  (D.),  m.  de  Álvaro  de  Moura,  284. 

Branca  (D.),  rainha  de  Castela,  m.  de  D.  Pe- 
dro I,  67. 

Branca  Peres  (D.),  m.  de  D.  Pedro  Afonso, 
263,  264,  265,  270,  272,  278. 

Brandão  (Fr.  António),  Monarchia  lusitana, 
159,  252,  253,  254,  260,  274,  3o3,  3o6,  335, 
408. 

Brandão  (Fr.  Francisco),  Monarchia  lusi- 
tana, 107,  i52,  i58,  i59,  20G,  207,  243,245, 
248,  252,  253,  254,  255,  260,  262,  263,  264, 

265,  266,  267,  268,,  260,  271,  280,  35 1,  408, 
409. 

Brandão  (João),  feitor  de  Flandres,  8. 

Brandões  da  Torre  da  Marca,  181. 

Braquemont  (Robert  de),  cav.»,  76. 

Brasil,  221,  484,488.  —  Família  rial  lá, 
—  Gov.or^  3y8j  4^5.  —  Minas  de  oiro, 
— Vice  rei,  379,  447. 

Brasil  (Princesa  viúva  do),  488. 

Brava,  cidade,  172. 

Bretões,  66. 

Breyner  de  Meneses  (D.  Isabel  Josefa),  con- 
dessa de  Ficalho,  457,  514. 

Briteiros  (Gonçalo  Anes  de),  189,  352. 

Briteiros  (Joane  Mendes  de),  rico  homem, 

266.  ■ 

Briteiros  (D.  João  Rodrigues  de),  rico 
homem,  262,  266,  407. 

Briteiros  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  João  de 
Almeida  e  depois  de  D.  António  de  Cas- 
telo Branco,  191.— V.  Cunba  (D.  Maria 
da). 

Briteiros  (D.  Mem  Rodrigues  de),  262. 

Brites  (D.),  f.  de  André  de  Sousa,  178. 


21 3. 
219. 


552 


Brasões 


Brites  Gonçalves,  m.  de  João  Pereira  Agos- 

tim,  170. 
Britiande,  honra,  sr.  dela,  117,  121. 
Brito,  ar.,  35,  438,  471. 
Brito  (António  de),  226. 
Brito  (Estêvão  de),  alcaide  mor  de  Beja,  216. 
Brito  (Gabriel  de),  morador  na  Merceana, 

232. 

Brito  (D.  Inês  de),  m.  2.*  de  Martim  Afonso 

de  Melo,  190,  410. 
Brito  (D.  Isabel  de),  m.  de  Duarte  de  Melo, 

389. 
Brito  (D.  João  Afonso    de),    arcebispo  de 

Lisboa,  340,  41 5. 
Brito  (D.  Margarida  de),  m.  2.*  de  D.  Pedro 

de  Sousa,  2 16. — V.  Freire  (D.  Margarida). 
Brito  (Maria  Afonso  de),  m.  2.»  de  Vasco 

Martins  de  Melo,  41 5. 
Brito  (Martim  Afonso  de),  f.  do  bispo  D.  João 

Afonso  de  Brito,  415. 
Brito  Coutinho  (Diogo  de),  trinchante  da 

casa  rial,  473. 
Brito  Nogueira  (Luís  de),  sr.  dos  morgados 

de   S.  Lourenço   de  Lisboa,  etc,  23o.  — 

Epitáfio,  23o. 
Brocardo  (João  Peres),  247-248. 
Brunhais,  doação,  469,  470. 
Brunhide,  doação,  416. 
Bualhim  (?),  343.  . 

Buarcos,  doação,  439. 
Bucelas,  padroado  da  igreja  de  Santa  Maria, 

416. 
Buelna  (Conde  de),  1.°,  D.  Pedro  Nino,  96. 
Buelna  (Condessa  de),  D.  Beatriz  de  Por- 
tugal, 96. 
Buendia  (Conde  de),  i.°,  D.  Pedro  da  Cunha, 

166. 
Buendia  (Condes  de),  166. 
Buendia  (Sr.  de),  i65. 
Bulhaco,  morgado,  i54,  i63. 
Bulhão  (D.  Maria  Afonso  de),  m.  de  D.  Aires 

da  Cunha,  i63.  ^ 

Bulhão  (Pedro  Martins  de),  irmão  de  santo 

António,  i63. 
Burgos,  47,  440,  482. 
Burnay  (Conde  de),  386,  459. 
Búzio,  ar.,  20. 
Byron,  poeta,  507. 
Cabanas,  casal,  33o. 
CabanÕes,  doação,  109,  110. 
Cabanões  de  Ovar,  doação,  3 10. 
Cabeçais  (Srs.  de),  3i5.' 
Cabeceiras  de  Basto  (Srs.  de),  309,  3i5, 324, 

349. 
Cabeço  de  Vide,  339. 
Cabedal,  terra  e  pomar.  399. 
Cahedo  (Jorge  de),  Úecisionum   Supremi 

senatiis  regni  Lusitaniae,  287. 
Cabral,  ar.,  36. 
Cabral  (Jorge  Dias),  ar.,  20. 


Cabral   (Pedro    Alvares),    descobridor    do 

Brasil,  480. 
Cabris:  apelido,  5o3;  lugar,  5o3,  5o5;  quinta, 

5oi,  5o3. 
Cacela:  conquista,  406;  foral,  252,  260. 
Cáceres^  ar.,  16,  20. 

Cachoeiras  (Srs.  do  morgado  das),  179,  186. 
Çacoto,  ar.,  20,  21. 
Cadaval:  doação,  117,  439;  senhorio,  439, 

441 ;  termo,  484. 
Cadaval  (Casa  de),  422,  441. 
Cadaval  (Duque  de),  i.»,  D.  Nuno  Caetano 

Alvares  Pereira  de  Melo,  441. 
Cadaval  (Duque  de),  2.°,  D.  Luís  Ambrósio 

de  Melo,  433, 
Cadaval  (Duque  de),  3.»,  517. 
Cadaval  (Duque  de),  6.»,  D.  Nuno  Caetano 

Alvares  Pereira  de  Melo,  528. 
Cadaval(Duquesde),  315,414,441.— Ar.,  436, 

442. 
Cadaval  (Duquesa  de),  D.  Maria  Domingas 

de  Bragança,  528. 
Cadaval  (Srs.  de),  69,  124,  438. 
Cadela  (Maria),  317. 
Caeiro  (Lopo  Domingues),  347. 
Çafim:  almoxarifes,  23 1 ;  capitão,  218,  227; 

fronteiro,  174. 
Caiado,  ar.,  8,  9, 
Caiado  (Nuno),  ar.,  8. 
Cçiix  de  Saint-Aymour  ( VJ^  de),  Portugal 

avec  une  Introduction  et  des  notes  par  le 

—  Paris,  1S66.    (RecueildesInstructions 

DONNÉES   AUX    AMBASSADEURS    ET    MINISTRES 

DE  Frange  depuis  les  traités  de  West- 

PHAI-IE  JUSQU'Á  LA  RÉVOLUTION  FrANÇAISE), 
492. 

Calataiud  (João  de),  porteiro  mor,  454. 

Caldeira  (D.  Beatriz),  m.  de  Luís  Mendes 
de  Vasconcelos,  390. 

Caldeira  (Manuel),  tesoureiro  mor  dos  almo- 
xarifados do  reino,  390. 

Caldeias  (Com.ores  de),  55. 

Calema,  ar.,  20. 

Calhariz,  quinta,  282. 

Calhariz  (Conde  de),  282. 

Calheiros,  ar.,  20. 

Calheta  (Casa  da),  378.  379. 

Calheta  (Conde  da),  3.»,  Simão  Gonçalves 
da  Câmara,  3/8. 

Calheta  (Conde  da),  4.°,  João  Gonçalves  da 
Câmara,  376,  378. 

Calheta  (Conde  da),  5.°,  Afonso  de  Vascon- 
celos e  Sousa,  379. 

Calheta  (Conde  da),  6.°,  António  de  Vascon- 
celos e  Sousa,  379. 

Calheta  (Conde  da),  8.",  379. 

Calheta  (Condes  da),  ar.,  j8o. 

Calheta  (Condessa  da),  D.  Maria  de  Meneses 
e  Vasconcelos,  376,  378. 

Calvos,  quinta,  doação,  479. 


índice  de  matérias 


55? 


Câmara,  geração:  ar.,  i6,  3Po,  474;  varonia, 
84,  120,  472.  —  Câmaras:   condes  da  Ca- 
lheta, ar.,  38o;  condes  da  Ribeira  Grande, 
ar..  38o;  condes  da  Taipa,  309,  496. 
Câmara  (Helena  Gonçalves  da),  m.  de  Martim 

Mendes  de  Vasconcelos,  38 1. 
Câmara  (António  Gonçalves  da),  irmão  do 
3."  Capitão  do  Funchal,  358. 

Câmara  (João  Gonçalves  da),  4."  conde  da 
Calheta,  376,  378. 

Câmara  (Manim  Gonçalves  da),  valido  de 
D.  Sebastião,  358.      '  "*• 

Câmara  (Pêro  Gonçalves  da),  358. 

Câmara  (Simão  Gonçalves  da),  3.»  conde  da 
Calheta,  378. 

Câmara  (D.  Vasco  Manuel  da),  \.°  conde  de 
Belmonte,  454-455. 

Câmara  Coutinho  Pereira  de  Sande  (D.  Gas- 
tão da),  \.°  conde  da  Taipa,  Sog. 

Câmara  Coutinho  Pereira  de  Sande  (D.  Ma- 
nuel Jerónimo  da),  2.°  conde  da  Taipa, 
309      , 

Câmara  de  Lobos  (João  Gonçalves  da),  38o. 
—  V.  Zarco  (João  Gonçalves). 

Camareira  mor,  234,  358,"  378,  441,  457,  459, 
5o5. 

Camareira  mor  da  Excelente  Senhora,  176. 

Camareiro,  472. 

Camareiro  mor,  170,  232. 

Camareiro  mor:  do  duque  D.  Diogo,  171; 
do  infante  D.  Fernando,  171;  do  infante 
D.  Pedro,  227;  do  Príncipe,  137,  444. 

Camareiro  e  senescal  do  Conde  de  Bolonha, 
24G. 

Cambaia  (Rei  de),  175. 

Cambra:  doação,  109,110,  3 10 ;  sr.,  3 12, 314. 

Cambra  (Pedro  Fernandes  de),  sr.  do  couto 
de  Sabariz,  245. 

Camelo:  linhagem,  188;  ar.,  188. 

Camelo  (D,  Fr.  Álvaro  Gonçalves),  prior  do 
Crato  e  marichal,  188,  233. 

Camelo  (Álvaro  Gonçalves),  2,°  sr.  de  Baião, 
235. 

Camelo  (Fernão  Martins),  sr.  da  quinta  de 
Bastuço,  188. 

Camelo  (Gonçalo),  escudeiro,  ar.  e  epitáfio, 
188. 

Camelo  (D.  Gonçalo),  infanção,  188. 

Camelo  (Vasco  Gonçalves), *i.°  sr,  de  Baião, 
235. 

Camilo,  Noites  de  insomnia,  446. 

Caminha:  doação  dos  direitos  e  foros,  346; 
termo,  319. 

Caminha,  geração,  ar.,  20. 

Caminha  (Conde  dej,  D.  Pedro  de  §otomaior, 
319. 

Caminha  (Duque  de),  i.°,  ar.,  124. 

Caminha  (Duques  de),  48,  120. 

Caminha  de  Riba  de  Minho  (Conde  de), 
D.  Álvaro  Pires  de  Castro,  67,  68. 

VOL.  I 


Caminha  de  Vasconcelos  e  Sonsa  (José  de), 
I .°  marquês  e  4."  conde  de  Castelo  Melhor, 

379- 
Camões  (Luís  de),  Lusíadas^  142,  239,  345, 

,  399- 

Çamora,  v.  Samora. 
Çamora  (D.  Velasquida  de),  m.  de  Afonso 

Pires  de  Arganil,  258,  261. 
Campo  Maior,  189,  457. — Alcaide  mor,  232, 

287,  53o.  —  Data  de  carta,  347.  —  Gov.or 

494.  —  Morador,  232,  399. 
Campos,  reguengo,  doação,  359,  36o. 
Campos  (Constança  Rodrigues  de),  m.  de 

André  de  Barros,  394, 
Campos  do  Rabaçal,  reguengo,  doação,  68. 
Cananor,  172,  174. 
Canaveses,  honra:  doação,  121;  senhorio,. 

262. 
Cancioneiro  do  Colégio  dos  Nobres,  272. 
Cancioneiro  geral,  io3,  232,  233,  296,  36o, 

373,  374,  375,  444,  453,  4q6.  —  Poetas,  98, 

io3,  214,  21 5,  216,  232,  233,  286,  2q6,  360,^ 

373,  374,  ^00,  420,  421,  44^,  454,  481,  496. 

—  «Porquês  de  Setúbal»,  496;  processo  do 

«Cuydar  e  Sospirar»,  296. 
Candarey( D.  Maria  Mendes  de),  m.  de  Soeiro 

Viegas  Coelho,  339. 
Caniço,  morgado,  seu  instituidor,  38 1. 
Canidelo  (Morgados  de),  ii3. 
Cantalapiedra,  data  de  carta,  449. 
Cantc.nhede,   309. —  Doação    do   reguengo, 

68,  343,  344,  5i8.  —  Igreja  matriz,  1 15. 
Cantanhede  (Conde  de),   1.°,  D.  Pedro  de 

Meneses,  40,  iço,  314.  —  Ar.,  40, 
Cantanhede  (Conde  de),  6.°,  D.  Pedro  José 

de  Alcântara  e  Meneses,  1 13-114. 
Cantanhede  (Conde  de),  7.°,  D.  Diogo  de 

Meneses,  5 16. 
Cantanhede  (Conde  de),  8.°,  D.  Pedro  José 

Joaquim  Vito  de  Meneses,  517. 
Cantanhede  (Condes  de),  112. 
Cantanhede  (Condessa  de),  D.  Guiomar  Cou- 
tinho, 190. 
Cantanhedfe  (Srs.  de),  112,  ii3, 116,  i36,  i38, 

5i8. 
Caparica  (Conde  de),  3.°,  i38,  358 
Caparica  ((.ondes  de),  120. 
Caparica  (Srs.  do  morgado  de),  147. 
Caparrota  (Morgados  da),  84. 
Capelão  dei  rei  D.  Denis,  35 1. 
Capelão  mor,  176,  363;  do  príncipe  D.  João, 

426. 
Capelas  de  D.  Afonso  IV  e  rainha  D.  Beatriz, 

126,  i3i,  i32,  i33,  1.^4,  i35,  i36.— Seu 
provedor,  i32,  i33,  i34,  i33. 
Capitão:  dos  ginetes,  ia3,  388,  389;  dos 
ginetes  do  infante  D.  Fernando,  228;  da 
guarda  rial,  192;  da  guarda  rial  alemã,  4.57. 
Capitão  mor:  da  frota,  3^6;  do  mar  do  reino, 
533. 

70 


554 


Brasões 


•Carapito:  doação,  425,  427;  sr.,  425;  se- 
nhorio, ^41. 

Caravelas:  Andorinha,  Graça,  Princesa, 
Santa  Cruz,  Santa  Helena,  Santo  Espírito, 
483. 

Cardial,  ifi6,  177,  363,364.  387,888,482,517, 
535.  — Cardial  infante,  387,  v.  Afonso  (D.j. 

—  Cardial  rei,  v.  Henrique  (D.). 
Cardona  (D.  Berengueira  de),  padroeira  do 

convento  de  Tuias,  3o6. 

Cardoso,  ar.,  471. 

Ca7-doso  (George),  Agiologio  lusitano,  119, 
465,  466. 

Cardoso  (Pf  Luís),  Diccionario  geogra- 
phico,  341. —  Portugal  sccro-projano,  94. 

Carlos  V,  imperador,  20,  363,  473.  —  Auto- 
-biografia,  52 1. —  Emb&ixador  junto  dele, 
388,  389.—  Embaixador  seu,  i3.—  Seu  se- 
cretário, i3. 

Carlos  VI,  imperador,  222. 

Carlos  (D.),  infante,  f.  de  D.  Manuel,  23. 

Carlos  I,  rei  de  Castela,  388. 

Carlos  II,  rei  de  Inglaterra,  .^90, 491, 492, 535. 

Carlos  (D.),  rei  de  Portugal,  9,  10,  11. 

Carlota  Joaquina,  imperatriz-rainha,  517. 

Carneiro,  linhagem,  i8i.  —  Ar.,  181,  184, 187. 

—  Casa,  i85. 

Carneiro  (António),  secretário,  180,  181, 182, 
i83,  184,  449,  532. 

Carneiro  (Francisco),  secretário,  2.0  capitão 
da  ilha  do  Príncipe,  i83,  184. 

Carneiro  (João),  cidadão  do  Porto,  18  r. 

Carneiro  (João),  mestre  escola  da  Sé  de 
Braga,  181.  —  Epitáfio,  181. 

Carneiro  (Luís),  ad.or  da  capela  dos  Carnei- 
ros do  Porto,  181. 

Carneiro  (Pedro),  f.  de  João  Carneiro,  181. 

Carneiro  (Pêro),  aventureiro  no  passo  hon- 
roso da  ponte  de  Orbigo,  45o. 

Carneiro  (Vasco),  cidadão  do  Porto,  181. 

Carneiro  de  Sousa  (Francisco),  2.°  conde  da 
Ilha  do  Príncipe,  223. 

Carneiro  de  Sousa  (Luís),  1."  conde  da  Ilha 
do  Príncipe,  184. 

Carneiro  de  Sousa  e  Faro  (Carlos),  5.°  conde 
da  Ilha  do  Príncipe  e  1.°  de  Lumiares,  180, 
184. 

Carneiro  de  Sousa  e  Faro  (D.  Madalena  Ger- 
trudes), 2.*  condessa  de  Lumiares,  180, 
184,  i85.  —  Ar.,  184. 

Carnes  (D.  Lourenço  Anes),  mestre  de  San- 
tiago, 3o8.  '  ' 

Carracena  (Marqueses  de),  166. 

Carrazedo,  341. 

Carregueiro  (Gonçalo  Vasques),  alferes  da 
bandeira  de  Lisboa,  78. 

Carrilho  (D.  Afonso),  arcebispo  de  Toledo, 
166. 

Carrilho  (H.  Afonso),  cardial,  166. 

Carrilho  (Gomes),  sr.  de  Jadraque,  166. 


Carrilho  de  Alhornoz  (D.  Teresa),  sra.  de 

Paredes,  Portilho  e  Valtablado,  166. 
Cartagena,  877. 
Cartas  de  brasão,  7,8,9,  11,  12,  i3,  14,  i5, 

16,  20,21,  225,  244,  3oi,  321,  328,  335,  336, 

368,  38o,  382, 447,  486, 489,  5o3. — Sua  pin- 
tura, 8. 
Cartório  da  Nobreza,  7,  8,  9. 
Carvalhais  (Conde  de),  48. 
Carvalhal,  casal,  81. 
Carvalhal  (Martim  Gonçalves  do),  383. 
Carvalhal  Bemfeito,  ar.,  20. 
Carvalheiras  (Casa  das),  em  Braga,  382. 
Carvalho,  ar.,  22,  36,  497. 
Carvalho  (Álvaro  Fernandes  de),  92. 
Carvalho  (João  de),  aventureiro  no  passo 

honroso  da  ponte  de  Orbigo,  45o. 
Carvalho   (Pêro),   escudeiro,   morador   em 

Vila  Nova  da  Cerveira,  3 18. 
Carvalho  de  Ataide  (Paulo  de),  arcipreste  da 

igreja  de  Lisboa,  504,  5o8. 
Carvalho  da  Costa,  Corografia,  242. 
Casa  do  Cível:  chanceler,  326,  827;  gov.or^ 

282,  288,  481,  489;  regedor,  187,  2S7,  36o, 

417,  418,  427- 
Casa  dos  Escravos,  484. 
Casa  da  índia:  feitor  e  guarda  mor  da  carga 

e  descarga,  447;  provedor,  375;  trato  nela, 

489. 
Casa  das  Rainhas :   deputado  do  conselho, 

410. 
Casa  da  Suplicação:   desembargador,  154, 

357,  457;  regedor,  281,  891,  489,  526. 
Casal  (Rui  Garcia  do),  110. 
Casal  d'Alvaro,  190. 
Cascais,  57.  —  Doação,  353. —  Srs.,  353. 
Cascais   (D.  Afonso  de),  f.  b.   do   infante 

D.  João,  353,  354,  355. 
Cascais  (Casa  de),  sra.  dela,  520. 
Cascais  (Duquesa  de),  D.  Joana  Perpétua  de 

Bragança,  526. 
Cascais  (D.  Fernando  de),  3.°  sr.  de  Soalhães, 
/  127,  352,  354,  355,  356,  359,  45o,  52 1,  529, 

53o.  —  Epitáfio,  355. 
Cascais  (D.  Isabel  de),  condessa  de  Mon- 
santo, 23 1,  353,  354. 
Cascais  (Marquês  de),  3.»,  129. 
Cascais  (Marquês  de),  4.»,  526. 
Cascais   (Marqueses   de),  48,-  70,   84,   162, 

354. 
Casco  (Martim),  morador  em  Évora,  385. 
Casével:  alcaides  mores,  448;  com.ores^  yo, 

448,  475,  496. 
Castanheda  (João  Rodrigues  dfe),  capitão  da 

hoste  cfstelhana,  52, 
Castanheira:  doação,  416,  421 ;  mosteiro  de 

Nossa  Senhora  da  Subsena,  419,  420;  srs., 

160,  167,226,411  a  421,  480. 
Castanheira  (Casa  da),  417,  53i. 
Castanheira' (Conde  da),  i.»,  D.  António  de 


índice  de  matérias 


555 


Ataíde,  226,  389, 390,  391, 419,  420,  421. — 
Sátiras  a  ele,  226. 
Castanheira  (Conde  da),  2.»,  D.  António  de 

Ataíde,  422. 

Castanheira  (Conde  da),  3.°,  D.  Manuel  de 
Ataíde,  422. 

Castanheira  (Conde  da),  4.",  D.  João  de 
Ataíde,  422. 

Castanheira  (Conde  da),  5.°,  D.  António  de 
Ataíde,  422. 

Castanheira  (Conde  da),  6.°,  D.  Jerónimo  de 
Ataíde,  422,  53i,  532. 

Castanheira  (Conde  da),  7.°,  Simão  Correia 
da  Silva^  179,  4-^2,  52i,  532. 

Castanheira  (Condes  da),  84.. 

Castanheira  (Condessa  da),  D.  Ana  de  Ataíde 
e  Castro,  422. 

Castanheira  (Condessa  da),  D.  Ana  de  Tá- 
vora, 389,  420. 

Gastei  Bom,  alcaide,  475. 

Gastei  Branco,  ar.,  35. 

Castela,  52,  66,  i52,  363,  45o,  473,  482,  485, 
496,532.  —  Bens  lá,  258,  261,  269.  —  Casado 
la,  40,  496.  —  Coroa,  i38,  406.  —  Dester- 
rado lá,  266.  —  Embaixador  lá,  214,  290, 
35 1,  387,  388,  389,  440.— Entrada,  147,  287, 
329,  3do,  369,  402,  449. — Expatriado,  276, 
439,532. — Guerras, 65,  66,67,  ^^^1  '44i228, 
229,  284,  340,  365,  384,  457,  472,  488,  5i3, 
529.  —  Homisiado,  163,217,  221,386,418, 
5 16.  —  Infante,  v.  Molina  (D.  Afonso),  San- 
cho.— Juramentos,  171,214, 386,434. — Par- 
tidários, 346,  392,  415,  479.  —  Princesa,  v. 
Isabel,  Joana,  Maria. —  Príncipe,  v.  Baltasar 
Carlos,  Felipe,  Manuel.— Rainha,  v.  Beatriz, 
Branca,  Castro  (D.  Joana),  Isabel,  Molina 
(D.  Maria),  Portugal  (D.  Maria).  — Refu- 
giado lá,  95,  96,  125,  356,  39'',  529,  53o,  53 1. 
—  Reis,  ar.,  45;  v.  Afonso  VI,  Afonso  X, 
Afonso  XI,  Carlos  I,  Fernando  III,  Fer- 
nando IV,  Fernando  V,  Henrique  II,  Hen- 
rique III,  Henrique  IV,  João  I,  João  II, 
Pedro  I,  Sancho  IV.  —  Rico  homem,  67, 
104,  io5,  106,  108,  i5i,  204.  —  Serviço  lá, 
IH 29,  442. —  Solares,  145. — Transfugas  para 
lá,  162,  i65,  169,277,415,416.  —  Tratado 
de  paz  com  Portugal,  53 1. 

Castela  (D.  Fradique  de),  duque  de  Arjona^ 
96,  97. 

Casteíbranco  (D.  Gonçalo  de),  gov.or  da  Casa 
do  Cível  de  Lisboa,' 193,  481.  —  V.  Casteí- 
branco (Gonçalo  Vaz  de). 

Casteíbranco  (Gonçalo  Vaz  de),  sr.  de  Vila 
Nova  de  Portimão,  193,  36o.  —  V  Casteí- 
branco (D.  Gonçalo  de). 

Casteíbranco  (Lopo  Vasques  de),  f.  do  almi- 
rante Nuno  Vasques  de  Casteíbranco,  196. 

Casteíbranco  (Martim  Vaz  de),  vedor  da  fa- 
zenda, 193.— V.  Casteíbranco  (D.  Martinho 
de). 


Casteíbranco  (D.  Martinho  de),  vedor  da  fa- 
zenda, 193. — V.  Casteíbranco  (Martim  Vaz 
de). 

Casteíbranco  (Nuno  Vasques  de),  monteiro 

mor,  almirante,  196. 
Castelejo  (Com.o""  de),  196. 
Castelo  Branco,  4S8.  —  Alcaide  mor,  120. 
Castelo  Branco,  linhagem,  55.  —  Ar.,  22,  38o, 

462.—  Condes :  do  Redondo,  210, 523,  524;. 

do  Sabugal,  146. 
Castelo  Branco  (D.  António  de),  herdeiro  do 

condado  do  Redondo,  524. 
Castelo  Branco  (D.  António  de),  6.»  sr.  do. 

morgado  de  Castelo  Branco  o  Novo,   191. 

—  Epitáfio,  191. 

Castelo  Branco  (D.  Duarte  de),  7."  conde  do 
Redondo,  523,  524.  —  V.  Castelo  Branca 
Coutinho  e  Meneses  (D.  Duarte  de) 

Castelo  Branco  (D  Francisco  de),  9."  conde 
do  Redondo,  210,  523,  524.  —  V.  Castelo^ 
.  Branco  Coutinho  (D.  Francisco  de). 

Castelo  Branco  (D.  João  de),  f.  do  i."  conde 
do  Sabugal,  210,  523. 

Castelo  Branco  (D.  João  de),  herdeiro  do 
condado  do  Redondo,  523,  524. 

Castelo  Branco  (D  José  de),  i.°  conde  da 
Figueira,  341,  46S. 

Castelo  Branco  (D.  Pedro  de),  1.°  conde  de 
Pombeiro,  192. 

Castelo  Branco  (Pêro  Vasques  de),  aventu- 
reiro no  passo  honroso  da  ponte  de  Orbigo, 
45o. 

Castelo  Branco  (Visconde  de),  junto  a  Sa- 
cavém, D.  Pedro  de  Castelo  Branco,  192. 

Castelo  Branco  Coutinho  (D.  Francisco  de), 
9.°  conde  do  Redondo,  209,  210,  212,  523. 

—  V.  Castelo  Branco  (D.  Francisco  de). 
Castelo  Branco  Coutinho  e  Meneses  ( D.  Duar- 
te), 7.°  conde  do  Redondo,  210,  523.  — V. 
Castelo  Branco  (D.  Duarte). 

Castelo  Branco  Coutinho  e  Meneses  (D.  José 
de),  8.°  conde  do  Redondo,  210,  523. 

Castelo  Branco  o  Novo,  morgado,  191. 

Castelo  Melhor  (Casa  de),  378,  379,  38 1. 

Castelo  Melhor  (Conde  de),  i.°.  Rui  Mendes 
de  Vasconcelos,  370,  371,  372,  376,  378. — 
Ar.,  379. 

Castelo  Melhor  (Conde  de),  2.",  João  Rodri- 
gues de  Vasconcelos  e  Sousa,  283,  372, 
375,  376,  377,  378.-- Ar.,  379. 

Castelo  Melhor  (Conde  de),  3  ",  Luís  de  Vas- 
concelos e  Sousa,  378,  379.  —  Ar.,  379. 

Castelo  Melhor  (Conde  de),  4.°,  José  de  Ca- 
minha de  Vasconcelos  e  Sousa,  379. 

Castelo  Melhor  (Condes  de),  283,  372.— Ar., 
379. 

Castelo  Melhor  (Condessa  de),  D.  Mariana 
de  Lancastre,  377,  378, 

Castelo  Melhor  (Marquês  de),  i.»,  José  de 
Caminha  de  Vasconcelos  e  Sousa,  379. 


*     556 


Brasões 


Castelo  Melhor  (Marquês  de\  2.",  Syp. 

Castelo  Melhor  (Marquês  de),  5.»,  João  de 
Vasconcelos  e  Sousa  Câmara  Caminha 
Faro  e  Veiga,  3'9,  379. 

Castelo  Melhor  (Marques  de),  7.»,  379. 

Castelo  Melhor  (Marquesa  de),  6.",  579. 

Castelo  Melhor  (Marquesa  de),  D.  Mariana 
de  Lancastre,  378. 

Castelo  Melhor  (Marqueses  de),  283.  —  Ar., 
38o. —Biblioteca,  352,  377,  53i.— Palácio, 
38o. 

Castelo  Novo  (Com.or  de),  196. 

Castelo  Rodrigo  (Marquês  de),  i.",  D.  Cris- 
tóvão de  Moura,  390,  482. 

Castelo  Rodrigo  (Sr.  de),  59. 

Castelo  de  Vide:  alcaidaria  mor, 448;  alcaide 
mor,  475,  489;  fronteiro,  448. 

Castelóes,  79. 

Castilho  (Beatriz  de),  m.  de  Diogo  de  Torres, 
482,  488,  489. 

Castilho  (Fernão  de),  natural  de  Burgos, 
482. 

Castilho  (Júlio  de),  Lisboa  antiga^  118,  168, 
225,  35 1,  363,  462,  53o.  —  Manuelinas,  5, 
454. 

Castilho  (Visconde  Júlio  de),  4,  128. 

Castro,  solar  de  Castela,  104,  145. 

CASTRO,  de  seis,  linhagem,  61,  67.  —  Ar., 
22,  23,  39,  40,  63,  69,  71,  72,  117,  125,  49Õ, 
5o6, 5o8. — Varonia, 70.— Castros  de  Penha- 
verde,  5o5;  ar.,  63,  5o6,  5io;  sua  capela, 
509,  5 10. 

CASTRO,  de  treine,  linhagem,  i3g,  144.' — 
Ar.,  34,  40,  120,  141.  —  Castros:  alcaides 
mores  do  Sabugal,  146;  alcaides  mores  do 
Torrão,  146;  almirantes  do  reino,  146; 
condes  de  Resende,  146. 

Castro,  antigo,  ar.,  40.  —  V.  Castro,  de  tre^e. 

Castro  f  Abade  de),  Antigualha  das  cercanias 
de  Cintra,  56,  58. 

Castro  (D.  Álvaro  de),  i.",  conde  de  Mon- 
santo, 354,  472, 

Castro  (D.  Álvaro  de),  fidalgo  da  casa  do  in- 
fante D.  Henrique,  146,  449. 

Castro  (D.  Álvaro  de),  f.  de  D.  João  de  Castro, 
o  Grande,  63,  69,  embaixador  em  Roma, 
5o6,  509. 

Castro  (D.  Álvaro  Pires  de),  conde  de  Ar- 
raiolos, condestável,  67,  68,  6q,  92,  95,  98, 
1 19,  125,  i3i,  144,  343,  412,  413,414. —  Ar,, 
69.  —  Epitáfio,  69. 

Castro  ( D.  Álvaro  Pires  de),  sr.  das  Alcáçovas, 
144,  145,  146. 

Castro  (D.  Beatriz  de),  condessa  de  Mayorga, 
414. 

Castro  (D.  Brites  de),  m.  de  D.  Constantino 
de  Bragança,  533. — V.  Castro  (D.  Inês  de). 

Castro  (Casa  e  torre  de),  341. 

Castro  (D.  Constança  de),  m.  de  Fernão  de 
Melo,  449. 


Castro  {D.  Diogo  de),  i."  capitão  de  Évora, 

145,  147,  43o. 
Castro  (D.  Diogo  de),  4.»  capitão  de  Évora, 

M7- 
Castro  (D.  Diogo  de),  2.»  conde  de  Basto, 

147- 
Castro  (D.  Eugenia  de),  f.  dos  3.°'  condes  de 

Tentúgal,  435. 
Castro  (D.  Fernando  de),  i."  conde  de  Basto, 

147- 
Castro  (D.  Fernando  de),  conde  de  Trasta- 

mara,  Lemos  e  Sarria,  67,  144,  145. 
Castro  (D.  Fernando  de),  o  Cegonho,  gov.or 

da  casa  do  infante  D.  Fernando,  146. 
Castro  (D.  F"ernando  de),  gov.or  da  casa  do 

infante  D.  Henrique,  286,  471,  472. 
Castro  (D.  Fernando  de),  2."  sr.  dp  paul  de 

Boquilobo,  84,  i25. 
Castro  (D.  Fernando  de),  sogro  de  D.  Cons- 
tantino de  Bragança,  443,  533, 
Castro  (D.  Fradique  de),  o  Tagarote,  146, 

35?. 
Castro  (D.  Francisco  de),  bispo  inquisidor 

geral,  5o6,  509, 
Castro  (D.  Guiomar  de),  condessa  da  Atou- 

guia,  81,  82,  83,  1 19,  125,  419. 
Castro  (D.  Guiomar  de),  m,  de  Lourenço 

Guedes,  469. 
Castro  (D.  Guiomar  de),  m.  de  D.  Pedro  de 

Melo,  417. 
Castro  (D.  Henrique  de),  f.  de  D,  Pedro  de 

Castro,  35o. 
Castro  (D.  Inês  de),  f.  de  D.  Pedro  Fernandes 

de  Castro,  o  da  Guerra,  98. 
Castro  (D.  Inês  de),  m.  2.»  de  D.  Constantino 

de  Bragança,  443.  —  V.  Castro  (D.  Brites 

de). 
Castro  (D.  Inês  de),  m.  de  D.  Pedro  I  rei  de 

Portugal,  46, 67,  69, 87, 89, 96, 97,  1 10, 208, 

3 10,  353,  355. 
Castro  (D.  Isabel  de),  condessa  de  Altamira, 

435. 
Castro   (D.  Isabel  de),  condessa  de  Benal- 

caçar,  532. 
Castro  (D.  Isabel  de),  condensa  de  Viana, 

i3o. 
Castro  (D.  Isabel  de),  dama  da  rainha  e  f,  do 

Conde  de  Arraiolos,  92,  98. 
Castro  (D.  Isabel  de),  f.  dos  3.°'  Condes  de 

Tentúgal,  436. 
Castro  (D.  Isabel  de),  f.  de  D,  Diogo  de  Me- 
neses, 1 16. 
Castro  (D.  Isabel  de),  m.  de  D.Fernando  de 

Meneses,  116,  117. 
Castro  (D.  Joana  de),  duquesa  de  Bragança, 

43^,439. 
Castro  (D.  Joana  dei,  rainha  de  Castela,  67. 
Castro  (D.  João  de),  492,  493. 
Castro  (D.  João  de),  2.»  conde  de  Monsanto, 

ar.,  40. 


índice  de  matérias 


55^ 


€astro  (D.  João  de),  sr.  do  Cadaval,  69,  laS, 

161.  —  Ar.,  e  epitáfio,  69. 
Castro  (D.  João  de),  sr.  de  Penela,  353. 
Castro  (D.  João  de),  vice  rei  da  índia,  5,  63, 

69,  70,  5o5,  5oó,  507,  5o8,  509.  —  Epitáfio, 

5 10. 
Castro  (P.'  João  Bmtista  de),  Mappa,  de 

Portugal,  56,  23o,  347,  490,  5  20. 
Castro  (D.  Lourenço  Pires  de),  3,"  conde  de 

Basto,  147. 
Castro  (D.  Mariana  de),  condessa  de  Ten- 
túgal, 435,  436. 
Castro  (O.  Maria  de),  f.  de  D.  Constantino 

de  Bragança,  443,  533. 
Castro  (D.  Maria  de),  m.  i.*  de  Álvaro  de 

Sousa,  286. 
Castro  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  João  Luís  de 

Meneses  e  Vasconcelos,  358. 
Castro  (Martim  de),  alcaide  mor-de  Melgaço, 

70. 
Castro  (Fr.  Martim  de),  testamenteiro  de 

D.  Constança  Mendes  de  Sousa,  263. 
Castro  ( D.  Noiítel  de),  2.°  conde  de  Mesqui- 

tela,  221,  493. 
Castro  (Pedro  de),  3.",  alcaide  mor  de  Mel- 
gaço, 70,  4/5. 
Castro  (D.  Pedro  de),  1.",  sr.  de  Bemviver, 

144,  145,  146,  35o,  352,  353,  52 1. 
Castro  (D.  Pedro  de),  sr.  do  Cadaval,  69,  1 19, 

124,  125,  189,  412,  413.— Ar.  e  epitáfio,  69. 
Castro  (D.  Pedro  Fernandes  de),  o  da  Guerra, 

67,  98. 
Castro  (Pêro  Rodrigues  de),  almirante  em 

Lisboa,  193. 
tíastro  (D.  Rodrigo  de), apodado  no-Cancio- 

neiro,  420. 
Castro  (Sr.  de),  145. 
Castro  (D.  Violante  de),  m.  de  D.  Diogo  de 

Meneses,  1 16,  117. 
Castro  Daire  (Conde  de),  i.»,  D.  António  de 

Ataíde,  422. 
Castro  Daire  (Conde  de),  2.«,  D.  Jerónimo  de 

Ataíde,  422,  53 1. 
Castro  Daire  (Condes  de),  84. 
Castro  Daire  (Srs.  de),  3i5. 
Castro  Fuerte  (Marqueses  de),  ii3,  116. 
Castro  Guimarães  (Luís  de),  par  do  reino, 

186. 
Castro  Laboreiro  (Alcaide  mor  de),  160. 
Castro  Marim  (Conde  de),  i.»,  Francisco  de 

Melo  da  Cunha  de  Mendoça  e  Meneses,  1 77. 
Castro  Marim  (Conde  de),  '3.°,  177. 
Castro  Marim  (Condes  de),  120.  ' 

Castro  e  Pimentel  (D.  Isabel  de),  f.  dos  2.°* 

Marqueses  de  Ferreira,  435. 
Castro  Verde  (Srs.  de),  176,  476. 
Castros  de  Fornelos,  galegos,  145;  ar.,  145. 
Castros  galegos,  srs  de  Fornelos,  70. 
Castros  de  Melgaço,  linhagem,  (^9,  70,  475. 

—  Ar.,  70. 


Catalunha:  campanha,  3i5;   legião  portu* 

guesa,  222. 
Caterina  (D.),  abadessa  de  Lorvão,  97. 
Caterina    (D.),    infanta,  •  v.    G^aterina    (D.), 

rainha  de  Inglaterra. 
Cateriaa  (D.),  m.  de  D.  Rodrigo,  436. 
Caterina  (D;),  neta  do  Conde  de  Olivença, 

429,  43o. 
Caterina  (D.),  rainha  de  Inglaterra,  176,  473, 

490,  491,  5i3,  535. 
Caterina  (D.),  rainha   de  Portugal,  m.  de 

D.  João  III,  175,  179,  22  5,  35S,  486,  5o5. 
Caterina  Alvares,  m.  de  Luís  Gonçalves,  5oi. 
Caterina  Dias,  f.  de  Diogo  Soares,  1Ó2. 
Caterina  Dias,  m.  de  Gonçalo  de  Bairros  de 

Vaabom,  319. 
Caterina  Gil,  m.  de  Gil  Fernandes,  339. 
Caterina  Gonçalves,  m.  de  Afonso  Eanes, 

82,  83. 
Caterina  Pires,  m.  Je  João  Afonso,  385. 
Cavalaria  (Sr.  da),  181. 
Cavaleiros  (Casa  de),  11 5. 
Cavaleiros  (Conde  de),  1.°,  D.  Rodrigo  José 

António  de  Meneses,  1 14. 
Cavaleiros  (Conde  de),  2»,  11 5. 
Cavaleiros  (Conde  de),  3.  ,  11 5. 
Caxias,  390. 

Celanova  (D.  Afonso  de),  conde,  3o5,  3o6. 
Celas  (Abadessa  do  mosteiro  de),  98. 
Celorico,  94;  sr.,  409. 
Celorico  de  Basto,  147.  —  Alcaide  mor  do 

castelo,  i5i  a  i53,  159.  —  Igreja  de  Santa 

Maria,  i63.  —  Sr.,  169,  170. 
Cernache  (Sr  de),  8i. 
Cerqueira,  ar.,  38. 
Cerveira,  ar.:  dos  do  Minho,  38,  3iS,  827; 

dos  de  Santarém,  3 18,  32/,  328. 
Cerveira  (Álvaro  Mendes),  170. 
Cerveira  (Estêvão  Martins),  instituidor  do 

morgado  de  S.  João  de  Rio  Maior,  3 29. 
Cerveira  (Fernão),  neto  do  seguinte,  328. 
Cerveira  (Fernão),  sr.  do  morgado  de  S.  João 

de  Rio  Maior,  328,  329. 
Cerveira  (Gonçalo  Anes  da),  317. 
Cerveira  (Inês),  m.  de  Jorge  de  Sousa,  23 1. 
Cerveira  (Isabel),  m.  de  Pêro  Cerveira,  328. 
Cerveira  i^D.  João  Nunes  da),  sr.  de  Vila 

Nova  da  Cerveira,  317. 
Cerveira  (Lopo  Rodrigues),  almoxarife  de 

Ponte  de  Lima,  3i6,  317. 
Cerveira  (Mem),  alferes  mor  da  bandeira  de 

Santarém,  3 18,  327  a  33 1.  —  Ar.,  328. 
Cerveira  (Mem),  escudeiro,  327. 
Cerveira  (Pêro),  escrivão  das  sisas  na  Azi- 
nhaga e  Golegã,  328,  329. 
Cerveira  (Pêro  Lourenço  da),  317. 
Cerveira  (Rui  Lopes  da),  padroeiro  da  igreja 

de  Mangoeiro,  317,  3 18. 
Cerveira  (Rui  Mendes),  alcaide  mor  de  Ar- 
ronches, 285. 


558 


Brasões 


Cerveira  (Rui  Mendes),  f.  de  Mem  Cerveira, 

33o. 

César,  ar.,  20,  21,  447,  448. 

César  (Vasco  Fernandes),  feitor  da  Casa  da 
Índia,  44Õ,  447.  —  Epitáfio,  447. 

César  de  Melo  Silva  e  Meneses  (António 
Maria),  i .°,  marquês  de  Sabugosa,  446, 447, 

César  de  Meneses  (Luís),  2.**,  conde  de  Sabu- 
gosa, 447. 

César  de  Meneses  (Vasco  Fernandes),  1." 
conde  de  Sabugosa,  446,  447. 

Césares  (Morgado  dos),  447. 

Ceuta:  bispo,  319;  capitania,  423;  capitão, 
56,  125,  126,  395,  396,  399;  capitão  e  gov.or, 
125,  127, 128,  129;  capitão  hereditário,  124; 
castelo,  407;  cerco,  70,  229,  305;  contador, 
395,  396,  397,  39S;  data  de  carta,  55,  472; 
exéquias,  129;  expedição,  i25,  190,  410, 
423;  falecimento,  425;  fronteiío  mor,  170; 

•  inscrição,  84,  5i5;  partida  da  expedição, 
14»  a  144;  sr.,  ii8;  serviço  lá,  410,449, 
53o;  tomada,  5,48,  83,  84,  137,  170,  196, 
399,  407,  472,  5i5. 

Cezimbra.  v.  Sezimbra. 

Chamorro,  epíteto  injurioso  dado  aos  Por- 
tugueses pelos  Castelhanos,  76. 

Chança,  casal,  doação,  81, 

Chancelaria  de  D.  Fernando,  477,  478;  vedor 
mor  dela,  478. 

Chanceler  da  rainha  D.  Beatriz,  118. 

Chanceler  mor,  i52,  208,  248,  25 1,  293,  326, 
386,  407,  408,  489,  477,  53o,  53 1. 

Chanoca,  ar.,  20. 

Chantas,  doação  do  reguengo,  412. 

Chaqueda  (Ponte  da),  75. 

Chaves,  346,  363,  39 1.  —  Alcaidaria  mor,  77, 
279.  —  Alcaide  mor,  76,  77,  78,  79,  84. — 
Arraial  de  sobre  a  vila,  iii,  i33.  —  Cerco 
e  capitulação,  75  a  80.  —  Gov.or  (tenens), 
207,  259.  —  Termo,  80. 

Chaves  (D.  Álvaro  de),  bispo  da  Guarda,  464. 

Cheleiros:  doação  do  reguengo,  416,  421 ; 
padroado  da  igreja,  416;  srs.,  167,416,417, 
418,  419,  420,  421,  480. 

Chelles  (Sr.  de),  473. 

Chichorro  (Gonçalo  Anes),  3.°  sr.  de  Mor- 
tágua, 84. 

Chichorro  (Martim  Afonso),  f.  b.  de  D. 
Afonso  111,  207. 

Chichorro  (Martim  Afonso),  f.  de  Martim 
Afonso,  o  Chichorro,  207. 

Chora  (D.  João  Martins),  rico  homem,  25o. 

Chouto,  termo  de  Santarém,  326. 

Chronica  constitucional  do  Porto,  212.  21 3, 
234.  '  . 

Chronicon  Conimbricense,  i32. 

Ciaca  ou  Ciata,  termo  de  Numão,  292. 

Cidade  Rodrigo,  52,  54. 

Cifuentes  (Conde  de),  i.%  D.  João  da  Silva, 
166. 


Cifuentes    (Condessa   de),    D.   Leonor  da 

Cunha,  166. 

Ciruela,  doação,  408. 

Cirurgião  mor,  3jo,  33i. 

Cisneiros,  ar.,  20. 

Clarendon  (Conde  de),  lord  chanceler,  491, 
535. 

Clemente  VII,  papa,  387,  388. 

Cochicho  (Mestre),  189. 

Codiceira;  sr."  da  terra,  107;  tomada  do  cas- 
telo, 391. 

Coelha,  v.  Coelho.  • 

Coelho,  ar.,  3o,  38. 

Coelho  (António  Alvares),  instituidor  da 
morgado  de  Mateus,  237,  238. 

Coelho  (Cristóvão  Alvares),  chanceler  do 
Porto,  239. 

Coelho  (Egas),  mestre  sala,  52,  53,  284,  285 

2b6. 

Coelho  (Francisco);  anadel  mor  dosespingar- 

deiros,  288. 
Coelho  ( Francisco),    Tesouro   da   nobresfa, 

45,  (>3,  87,  i5i,  201,  244,  3oi,  335,  405. 
Coelho  (Inês  Soares),  m.  de  Gil  Pires  Feio, 

247. 
Coelho  (João  Soares),  trovador,  sr.  do  Souto 

da  Ribeira  de  Homem,  i58,  247,  25 1,  339, 

522. 

Coelho  (Maria),  m.  de  Matias  Alvares  Mourão,. 

237,  239. 
Coelho  (Pêro),  cavaleiro,  268. 
Coelho  (Pêro),  um  dos  assassinos  de  D.Inês 

de  Castro,  208. 
Coelho  (Soeiro  Viegas),  33q. 
Coelho  (Urraca  Eanes),  m.  de  Soeiro  Mendes: 

Petite,  522. 
Coelho  Gasco,  Ayitigiiidades  de  Lisboa^  363. 
Coia  (Herdamento  dos  de),  157. 
Coimbra,  68,  79,  92,  94,  95, 147,  i58,  208,  240, 

266,  267,  278,  296,  400.  —  Alcaidaria,  344. 

—  Alcaiae,  248.  —  Alcaide  mor,  82,  1 1 1, 
34Í2,  520. — Almoxarifado,  342.  —  Almoxa- 
rife, 29J,  294.  —  Bens,  35o.  —  Bispado,  99, 
266.  —  Bispo,  55,  56,  57,  58,  292,  293,  3o5, 
485.  —  Campo,  i37,  382.  —  Casas,  92,  93. 
Castelo,  343,  344. —  Colegial:  de  S.  Paulo, 
238;  de  S.  Pedro,  238,  239. — Cónego,  35i. 

—  Convento :  de  San  Domingos,  267,  344, 
352,  355,  365;  de  San  Francisco,  161;  de 
San  Jorge,  188;  de  Santa  Ana,  82,  i58;  de 
Santa  Clara,  92,  207;  de  Santa  Cruz,  258; 
seu  prior,  239,  240,  241.  —  Cortes,  5i,  160, 
164,  169,  190,  208,  3 10,  344,  412,  478. — 
Couraça,  92. —  Data  de  carta,  109,  117,  118, 
14^,  208,  227,  275,  292,  293,  343, 365. — Dis- 
trito, 359.  — Igreja:  de  S.  Bartolomeu,  93; 
de  S.  Pedro,  238.  —  Inquiiição  de  teste- 
munhas no  caso  do  casamento  de  D.  Pe- 
dro I,  208. —  Inquisição,  392,  438.  —  Juís 
do  fisco,  238. —  Paços:  da  Alcáçova,  5j;. 


índice  de  matérias 


5$9 


dei  Rei,  267. — Ponte,  92,  94.  —  Portagem, 
343. — Termo,  84.  —  Universidade,  refor- 
mador, 3g2. 

Coimbra  (Duque  de),  i.<*,  Infante  D.  Pedro, 
81,  i36. 

Coimbra  (Duque  de),  2.°,  D.  Jorge,  ar.,  40. 

Coitado  (Álvaro),  416, 

Colares:  juiz  das  sisas,  5oi ;  reguengo,  5o3. 

Colares  (Marquês  de),  53i. 

Coles:  data  de  carta,  343;  rendas,  ?28. 

Colleçam  dos  Documentos  e  Memorias  da 
Academia  Real  da  Historia  Portuguesa, 
i65,  464. 

-Colleção  de  cartai  de  brasão,  na  Biblioteca 
Pública  de  Évora,  8. 

Hlollecção  dos  Diplomas  e  mais  documentos 
e  titulos  respectivos  á  instituição,  dotação, 
privilégios  das  Cappellas  e  Mercearias 
instituídas  por  o  Senhor  Rey  de  Portugal 
Dom  Ajouso  IV.  E  sua  Mulher  a  Senhora 
Raynlia  Donna  Beatrt^,  ms.,  i32,  i33,  134, 
i35. 

Collecção  de  livros  meditos  de  historia  por- 
tuguesa, i3o. 

Colmes,  aldeia,  41 3. 

Companhia  Geral,  sua  armada,  378. 

Companhia  Rial  dos  Caminhos  de  Ferro 
Portugueses,  328.  —  Estação  central,  38o. 
—  Túnel,  38o. 

Comprador  da  inftmta  D.  Joana,  427. 

Conceição  (P.  M.  Pedro  da),  frade  lóio,  323. 

Conchas,  quinta,  487. 

Conde  palatino,  326. 

Condes:  Abranches,  Abrantes,  Albermale, 
Alburquerque,  Alcáçovas,  Alcoutim,  Al- 
deia Galega  a  par  de  Alenquer,  Altamira, 
Alva,  Antas,  Arcos,  Arenales,  Arraiolos, 
Assumar,  Atalaia,  Atouguia,  Aveiras, 
Avranches,  Avulfo,  Barbacena,  Barcelos, 
Basto,  Belmonte,  Benavente,  Bertiandos, 
Bolonha,  Borba,  Buelna,  Buendia,  Burnay, 
Calhariz,  Calheta,  Caminha,  Caminha  de 
Riba  de  Minho,  Cantanhede,  Caparica, 
Carvalhais,  Castanheira,  Castelo  Melhor, 
Castro  Daire,  Castro  Marim,  Cavaleiros, 
Cifuentes,  Clarendon,  Cunha,  Ega,  Eri- 
ceira, Faro,  F"arrobo,  Feira,  Ficalho,  Fi- 
gueira, Funchal,  Galveias,  Gelves,  Gijon, 
Guimarães,  Idanha  a  Nova,  Ilha  do  Prín- 
cipe, Ilhó,  Lapa,  Lemos,  Linhares,  Loulé, 
Lousã,  Lumiares,  Machico,  Mafra,  Ma- 
rialva, Mayorga,  Melo,  Mesquitela,  Mi- 
randa, Miranda  do  Corvo,  Monsanto, 
Murça,  Narbonne-Lara,  Neiva,  Noronha, 
Nova  Goa,  Óbidos,  Odemira,  Olivença, 
Ourem,  Palmela,  Paraty,  Penafiel,  Penalva, 
Penamacor,  Penela,  Pombeiro,  Ponte, 
Pontével,  Portalegre,  Portugal,  Póvoa,  Po- 

"  volide.  Prado,  Redinha,  Redondo,  Redondo 
e  do  Vimioso,  Requeria,  Resende,  Ribeira 


Grande,  Rio  Maior,  Rio  Pardo,  Sabugal,  Sa- 
bugosa, Saldana,  Sampaio,  San  Lourenço, 
San  Mamede,  San  Vicente,  Sandomií,  San- 
dwich, Santa  Cruz,  Santiago,  Sárria,  Sar- 
zedas,  Seia,  Silva,  Sintra,  Sobral,  Sortelha, 
Soure,  Taipa,  Tarouca,  Tentúgal,  Terena, 
Torre,  Trastâmara,  Trava,  Unhão,  Urena, 
Vai  de  Reis,  Valadare*;,  Valença,  Valência, 
Valência  de  Campos,  Vasconcelos,  Viana 
do  Alentejo,  Viana  de  Caminha,  Viana  da 
Foz  do  Lima,  Viana  do  Minho,  Vidigueira, 
Vila  Flor,  Vila  Nova  da  Cerveira,  Vila  Rial, 
Vilar  Maior,  Vimieiro,  Vimioso,  Xiquena. 

Condessas:  Alburquerque,  Alva,  Armamar, 
Arraiolos,  Atalaia,  Atouguia,  Barcelos, 
Benalcaçar,  Bertiandos,  Bolonha,  Buelna, 
Calheta,  Cantanhede,  Castanheira,  Castelo 
Melhor,  Cifuentes,  Ericeira,  Feira,  Ficalho, 
Figueira,  Galveias,  Gera,  Gijon,  Ilha  do 
Príncipe^  Loulé,  Lourinhã,  Lousã,  Lumia- 
res, Marialva,  Mayorga,  Melo,  Mesquitela, 
Miranda,  Monsanto,  MurÇa,  Neiva,  Noro- 
nha, Odemira,  Olivença,  Ourem,  Penela, 
Ponte,  Pontével,  Prado,*Redondo,  San  Lou- 
renço, San  Miguel,  San  Vicente,  Sarzedas, 
Sobral,  Tarouca,  Tentúgal,  Valência, 
Viana  do  Alentejo,  Viana  do  Minho,  Vila 
Flor,  Vila  Rial,  Vimieiro. 

Condes  antigos,  106,  107. — Investidura,  117. 
—  Jurisdição,  342,  3^'i. 

Condestável  de  Portugal,  67,  69,  78,  79,  i25, 
169,  194,  3oQ,  352,  41 3,  438,  498. 

Cónego  Triste" (O),  410. 

Cónegos  de  S.  João  Evangelista,  congrega- 
ção, 43 1,  436. 

Confirmantes:  em  1193,  292;  em  1218,  293  j 
em  i3i  '•,  266. 

Congregação  da  Alga,  436. 

Conselho  (Do),  81,  82,  83,  117,  1 36, 171,  174, 
179,  191,  209,  214,  217,  228,  236,  25i,  285, 

288,  296,  325,  326,  327,  342,  343,  346,  353, 
363,  369,  373,  387,  38b,  389,  412,  413,  414, 
425,  427,  429,  43o,  434,  444,  448,  453,  466, 
478,  479,  496,  5o4,  321,  53o. 

Conselho  de  Estado,  71,  176,  i83,  221,  288, 

289,  371,  372,  457,  459,  461,  470,  491,  5o6, 
5i3,  527,  53 1.—  Em  Madrid,  391,  442,  443. 

Conselho:  da  Fazenda,  468;  de  Guerra,  71, 

221,  378,  443,  490,  491,  494,  5i3,  5i4,  5i6, 

519,527. 
Conselho  de  Portugal  em  Madrid,  289,  443, 

53i. 
Constança  (D.),  iníanta,  m.  2.*  do  infante 

D.  João  de  Portugal,  96,  97,  98. 
Constança  Afonso,  m.  2.»  de  Mem  Rodrigues 

de  Vasconcelos,  340. 
Constança  Anes,  concubina  do  mestre  D. 

Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos,  348. 
Constança  Anes,  m.  de  Martim  Vicente,  con-t 

tador,  397.       • 


m 


Brasões 


Constança  Martins,  ni.  de  Gonçalo  Vasques 

de  Melo,  416. 
Constança  Mendes  (D.),  m.  de  D.  Pedro  Eanes 

de  Portel;  v.  Sousa  (D,  Constança  Mendes 

de). 
Constância  (Concílio  de),  83. 
Constantino  (D.),  f.  do  2.°  Marquês  de  Fer- 
reira, 436.— V.' Bragança  [D.  Constantino 

de). 
Constantino,  imperador,  48 1. 
Contratador  dos  diamantes,  2i3. 
Copeiro,  265,  480. 
Copeiro  mor,  177,  233,  234,  266,  411,  452, 

453,  3o5. 
Copeiros  mores  (Casa  dos),  23o;  ar.,  235. 
Copos,  lugar,  317. 
Cordeiro  (P.^  António),  Historia  Insulana, 

38i. 
Cordeiro  (João),  mestre  da  carpintaria  nos 

paços  de  Sintra,  27. 
Córdova  (D.  Afonso  Télez  de),  sr.  de  Me- 
neses, io5-io6. 
Córdova  (Gonçalo  Fernandes  de),  o  Grão- 

-capitão,  424. 
Cordovelos  (Maria  Nunes  de),  m.  de  João  de 

Ataíde,  227. 
Cordovelos  (Nuno  Fernandes  de),  i.",  sr.  de 

Penacova,  227. 
Corelha,  ar.,  20. 
Cornei  (D.  Maria),   condessa  de  Barcelos, 

5i5.  — V.  boronel  (D.  Maria). 
Cornei  (D.  Pedro),  sr.  de  Alfajarim,  267. 
Cornei  (b.  Ximeno),  fidalgo  aragonês,  267. 
Cornelhã,  i58;  privilégios,  304. 
Coronel  (D.  Maria),  condessa  de  Barcelos, 

107,  267,  5i5.  —  V.  Maria  Ximenes. 
Corpo  diplomático  português,  12,   100,  363, 

463. 
Corregedor  da  corte,  385. 
Corregedor  nos  reinos  de  Portugal  e  Algarve, 

393,  414. 
Corrégio,  pintor,  52 1. 
Córrego,  465. 
Correio,  ar.,  38o,  497. 

Correia  ( Gaspar J,  Lendas  da  índia,  168,  5o6. 
Correia  (Jorge),  o  Belo,  3.°,  sr.  do  morgado 

de  Paio  Pires,  179. 
Correia  (Lourenço;,  5o3. 
Correia  (Martim),  346. 
Correia  (Teresa),  m.  i.»  de  Vasco  Martins  de 

Meio,  414-415. 
Correia  (Dr.  Vergílio),  escritor,  525. 
Correia  de  Azevedo  (Gonçalo),  alferes  mor 

de  D.  Afonso  IV,  413. 
Correia  Barreto  (Dr.  José),  advogado,  323, 

325. 
Correia  de  Sá  Meneses  Brandão  (Sebastião), 

2."  conde  de  Berliandos,  32 1. 
Correia   da   Serra   (Abade),  secretário   da 

Academia  Rial  das  Sciências  de  Lisboa, 527. 


Correia  da  Silva  (Simão),  7.°  conde  da  Cas- 
tanheira, 179,  422.  521,  532. 

Corte  Rial,  ar.,  3i,  36. 

Corte  Rial  (Jerónimo),  poeta,  424. 

Corte  Rial  (D.  Maria  Josefa),  m.  de  Francisca 
de  Melo  e  Castro,  71. 

Corte  Rial  (Vasco  Anes),  capitão  da  ilha  Ter- 
ceira, 424. 

Coruche  (Com  or  e  alcaide  mor  de),  219. 

Corunha,  63,  66. 

Costa,  ar.,  37. 

Costa  (Domingos  da),  225. 

Costa  (João  da),  sr.  de  Pancas,  391. 

Costa  (D.  João  José  da),  3."  conde  de  Soure, 
provedor  das  obras  do  paço,  23. 

Costa  (D.  Jorge  da),  cardiaí,  arcebispo  de 
Lisboa,  36o,  463. 

Costa  (Manuel  da),  224,  225. 

Costa  (D.  Martinho  da),  arcebispo  de  Lisboa, 
363. 

Costa  Basto  (José  Manuel  da),  director  da 
Torre  do  Tombo,  25. 

Costa  Lobo,  Historia  da  sociedade  em  Por- 
tugal, 26. 

Costa  Santos  (João  da),  224,  225. 

Costa  Santos  (Manuel  da),  225. 

Costa  e  Sousa  (D.  José  Francisco  da),  2."  vis- 
conde de  Mesquitela,  236,  237. 

Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albuquerque 
(D.  José  Afonso  da),  duque  de  Albuquer- 
que, 1 1,  237. 

Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albuquerque 
(D.  Luís  da),  1.°  visconde  de  Mesquitela, 
237. 

Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albuquerque 
(p.  Luís  António  da),  3."  conde  de  Mes- 
quitela, 237. 

Coudel  mor  do  reino,  186,  36o,  382,  454,  520. 

Coura,  terra,  188. 

COUTINHO,  49,  54.— Ar.,  18,  22,  33,  40^  5í, 
59,  ii3,  127,  211. — Varonia,  56,  59. — Cou- 
tinhos,  condes  do  Redondo,  210. 

Coutinho  (D.  Álvaro),  bispo  de  Coimbra,  55. 

Coutinho  (Álvaro  Gonçalves),  o  Magriço, 
camarista  do  duque  de  Borgonha,  53,  450. 

Coutinho  (D.  Beatriz),  condessa  de  Vila  Rial, 
126,  127,  128,  129,  356,  337.  —  Ar.,  127. 

Coutinho  (D.  Branca),  m.  de  João  da  Silva, 
434,  444- 

Coutinho  (D.  Fehpa),  desposada  de  D.  Pedro 
de  Meneses,  56,  126. 

Coutinho  (D.  Felipa),  m.  de  Febos  Moniz  de 
Torres,  487. 

Coutinho  (D.  Felipa),  m.  de  Luís  Alvares  de 
Sousa,  336,  357. 

Coutinho  (D.  Fernando),  bispo  de  Coimbra, 
55. 

Coutinho  (D.  Fernando),  marichal,  171. 

Coutinho  (Fernão),  sr.  de  Basto  e  Monte- 
longo,  i5,  170. 


índice  de  matérias 


56i 


Coutinho  (Fernão  Martins),  sr.  de  Mafra,  127, 
281,  356,  357. 

Coutinho  (D.  Francisco),  4.»  conde  de  Ma- 
rialva e  2.°  de  Loulé,  Sg.  —  Ar.  e  epitáfio, 
59. 

Coutinho  (D.  Francisco),  3.°  conde  do  Re- 
dondo, 210. 

Coutinho  (D.  Francisco),  6.<»  conde  do  Re- 
dondo, 210,  523. 

Coutinho  (Gonçalo  Vasques),  alcaide  mor  de 
Trancoso,  marichal  de  Portugal,  52,  53,  54, 
55,76,  77,78,80,  126,475. 

Coutinho  (Gonçalo  Vasques),  2.°  conde  de 
Marialva,  424. 

Coutinho  (D.  Guiomar),  condessa  de  Canta- 
nhede, 190. 

Coutinho  (D  Guiomar),  infanta,  3.»  condessa 
de  Loulé,  17  (. 

Coutinho  (D.  Guterre),  poeta  do  Cancioneiro, 
481. 

Coutinho  (D.  Isabel),  m.  de  D.  Fernando  de 
Cascais  e  depois  de  João  Freire  de  An- 
drade. 127,  356,  45o,  529.  —  V.  Meneses 
(D.  ísábel  de). 

Coutinho  (D.  Isabel),  m.  de  Gomes  Freire, 
55. 

Coutinho  (D.  João),  5."  conde  do  Redondo, 
210. 

Coutinho  (João  Rodrigues),  sr.  de  Ferreira 
de  Aves,  425,  427. 

Coutinho  (D.  Leonor),  m.  de  João  Alvares 
da  Cunha,  190,  191. 

Coutinho  (D.  Leonor),  m.  de  D.  João  Pereira, 
324,  326. 

Coutinho  (D.  Luís),  bispo  de  Viseu  e  Coim- 
bra, 55,  56,  57,  58. 

Coutinho  (D.  Manuel),  lO."  conde  do  Re- 
dondo, 210,  212. . 

Coutinho  (Mecia  Vasques),  m.  de  Martim 
Gonçalves  de  Ataíde,  76,  78,  79,  80. 

Coutinho  (Rui  Vasques),  sr.  de  Ferreira  de 
Aves,  425,  427. 

Coutinho  (Teresa  Vasques),  m.  de  D.  Mar- 
tinho de  Meneses,  5 18. 

Coutinho  (D.  Vasco),  conde  de  Borba  e  i.» 
do  Redondo,  210. 

Coutinho  (Vasco  Fernandes),  i.»  conde  de 
Marialva,  marichal,  55,  59,  325. 

Coutinho  (Vasco  Fernandes),  sr.  do  couto 
de  Leomil,  55. 

Coutinho  de  Lancastre  (D.  José),  o  Avô  dos 
janotas,  56. 

Couto,  ar.,  20. 

Couto  (Diogo  do),  Décadas  da  Ásia,  173, 178, 
320,  390. 

Covelas  de  Riba  de  Vouga,  couto  e  paço,  3og. 

Covilhã,  94.  —  Alcaide  do  castelo,  471,  472. 
—  Alcaide  mor,  372,  490.  —  Mosteiro  de 
S.  Francisco,  196,  3 10. 

Cranganor,  arcebispo,  432. 

VOL.  I 


Craesbeeckiana,  oficina,  5o6, 

Crasbeck  (Pedro),  impressor,  498. 

Crastafroia,  quinta,  242. 

Crasto,  v.  Castro. 

Crasto  Rei,  268,  269. 

Crastomo,  3o3. 

Crato,  355.  —  Castelo,  406. 

Crato  (Prior  do),  169,  188,  235,  358. 

Cresconho,  batalha,  3o3. 

Criado,  significação,  217. 

Cronista,  326-327. 

Cruz  Alagoa  (José  Francisco  da),  460. 

Cruz  florida  nos  brasões,  sua  proveniência, 

307. 
Cruz  Sobral  (Anselmo  José  da),  2.°  sr.  do 

Sobral,  460. 
Cruz  Sobral  (D.  Joana  Maria  da),  4.»  sr.*  do 

Sobral,  460. 
Cruz  Sobral  (Joaquim  Inácio  da),  i.°  sr.  do 

Sobral,  460. 
Cruz  Sobral  (Sebastião  António  da),  3.°  sr. 

do  Sobral,  460. 
Cuba,  aldeia,  413. 
Cucujães,  mosteiro,  i56. 
Cujães,  V.  o  precedente. 
Cumieira,  freguesia,  237,  238.  —  Quinta,  238. 
CUNHA,  linhagem,  149,   i54  a  07,  197. — 

Ar.,  34,  i5i,  i59,  i65,  167,  168,  i8õ,  188, 

191,  194.  —  Chefe,  i63.  —  Solar,  i56,  157. 

—  Varonia,   167,   191,   197.  —  Cunhas:   do 

Pedrógão,  197;  srs.  de  Gestaçô,  175;  ar. 

destes,  168. 
Cunha,  terra:  demarcação,   i52;  morgado, 

164,  167;  quinta,  157;  sr.,  160;  vila,  154. 
Cunha  (Afonso  da),  i65. 
Cunha  (Aires  da),  14."  sr.  da  Tábua,  i63. 
Cunha  (Álvaro  da),  capitão  da  ilha  de  Ano 

Bom,  481,  482. 
Cunha  (Álvaro  da),  estribeiro  mor,  480. 
Cunha  (Álvaro  da).  3.°  sr.  de  Pombeiro,  1 10, 

190,  192,  233. 
Cunha  (D.  .António  Alvares  da),  i.° conde  da 

Cunha,  154. 
Cunha  (D.  Beatriz  da),  f.  do  conde  Martim 

Vasques  da  Cunha,  161. 
Cunha  (D.  Branca  da),  m.  i.»  de  D.  Afonso 

de  Cascais,  553,  354. 
Cunha  (Cardial  da),  D.  João  de  Nossa  Se- 
nhora da  Porti!,  526. 
Cunha  (Cardial  da),  D.  Nuno  da  Cunha  de 

Ataíde,  176. 
Cunha  (Conde  da),  i.°,  D.  António  Alvares 

da  Cunha,  154. 
Cunha  (Conde  da),  4.°,  D.  José  Maria  Vasques 

Alvares  da  Cunha,  154. 
Cunha  (Conde  da),  5.°,  D.  Goterre,  04,  i55, 

167. 
Cunha  (Condes  da),  i63,  197;  ar.,  168. 
Cunha  (Diogo  Alvares  da),  com.or  de  Caste- 

lejo,  196,  197.  —  Epitáfio,  196. 

71 


562 


Brasões 


Cunha  (Duarte  da),  irmão  do  2.°  Visconde 

de  V.  N.  da  Cerveira,  233. 
Cunha  (D.  Egas  Lourenço  da),  morador  em 

terra  de  Coura,  188. 
Cunha  (D.  Eg;is  Lourenço  da),  rico  homem, 

i58,  iSg,  188,  407,  408. 
Cunha  (Estêvão  Soares  da),  f.  de  Vasco  Mar- 
tins da  Cunha,  o  Velho,  i63,  i65,  167. 
Cunha  (Estêvão  Vasques  da),  vassalo  e  cav." 

da  casa  do  infante  D.  Denis,  i5g. 
Cunha  (D.  Felipa  da),  m.  de  Fernão  de  Sá, 

170. 
Cunha  (Fernão  Gonçalves  da),  i55. 
Cunha  (Fernão  Martins  da),  vassalo  e  cav.° 

da  casa  do  infante  D.  Denis,  i5g,  188. — 

V.  Camelo  (Fernão  Martins). 
Cunha  (D.  Fernão  Pais  da),  i.°  sr.  da  Tábua, 

i53,  i54,  i55,  i56,  157. 
Cunha  (F^ernão  Vasques  da),  instituidor  de 

uma  capela  na  igreja  da  Vitória  de  Lisboa, 

i63. 
Cunha  (Fernão  Vasques  da),  sr.  de  Basto  e 

Montelongo,  169,  170,  52i. 
Cunha  (Gil  Vasques  da),  alferes  mor,  52,  53, 

161,  i65,  167,  168,  169,  T70,  521. 
Cunha  (Gil  Vaz  da),  sr.  dia  quinta  do  Calhariz, 

282. 
Cunha  (D.  Gomes  Lourenço  da),  3.°  sr.  da 

Tábua,  157,  i58. 
Cunha  (D.  Gonçalo  da), bispo  da  Guarda,  161. 
Cunha  (Gonçalo  Martins  da),  188. —  V.  Ca- 
melo (D.  Gonçalo). 
Cunha  (D.  Gonçalo  Vasques  da),  bispo  da 

Guarda,  166;  ar-,  166. 
Cunha  (D.  Inês  Lourenço  da),  m.  de  Vasco 

Pereira,  189. 
Cunha  (D.  Isabel  da),  f.  do  conde  Martim 

Vasques  da  Cunha,  161. 
Cunha  (.lerónimo  da),  do  conselho,  179. 
Cunha  (Jerónimo  da),  f.  de  Tristão  da  Cunha, 

177. 
Cunha   (D.  Joana  da),  f.  do  4°  Conde  da 

Cunha,  154. 
Cunha  (João  Alvares  da),  4.°  sr.  de  Pombeiro, 

190. 
Cunha  (João  Lourenço  da),  2."  sr.  de  Pom- 
beiro, 88,  no.  189,  190,  196. 
Cunha  (João  Lourenço  da),  4.°  sr.  da  Tábua, 

i58,  159.     • 
Cunha  (D.  João  Martins  da),  f.  de  D.  Martim 

Lourenço  da  Cunha,  187. 
Cunha  (João  Nunes  da),  391,  392. 
Cunha  (João  Nunes  da),  i.°  conde  de  S.  Vi- 
cente, 175. 
Cunha  (D.  José  Maria  Vasques  Alvares  da), 

4."  conde  da  Cunha,  154. 
Cunha  (D.  Leonor  da),  condessa  de  Cifuen- 

tes,  166. 
Cunha  (D.  Leonor  da),  m.  de  Fernão  Gomes 

de  Góes,  164. 


Cunha  (D.  Leonor  da),  m.  do  dr.  João  das 

Regras  e  depois  de  D.  João  de  Castro  161, 

353. 
Cunha   (D.  Lopo  Vasques  da),   duque  de 

Huete,  166. 
Cunha  (Lopo  Vasques  da),  sr.  de  Buendia, 

i65,  166,  169;  ar.,  168. 
Cunha  (Lourenço  Fernandes  da),  154. 
Cunha  (D.  Lourenço  Fernandes  da),  2.»  sr. 

da  Tábua,  i56,  157,  1^9,  187,  189,  245. 
Cunha  (Lourenço  Martinsda),  f.  de  D.  Martim 

Lourenço  da  Cunha,  187,  188,  189. 
Cunha  (D.  Luís  da),  célebre  diplomata,  154. 
Cunha  (Luís  da),  rrtbço  fidalgo  do  príncipe 

D.  João,  482. 
Cunha  (Luís  da),  4.°  sr.  do  morgado  de  Paio 

Pires,  179. 
Cunha  (Luís  da),  sr.  da  Tábua,  i63;  epitáfio, 

i63. 
Cunha  (Luís  Vasques  da),  prior  de  Santa 

Maria  de  Guimarães,  i65;  ar.,  i65. 
Cunha  (Manuel  da),  capitão  de  nau  da  ar- 
mada da  índia,  175. 
Cunha  (D.  Manuel  Alvares  da),  i6.°  sr.  da 

Tábua,  i63. 
Cunha  (D.  Manuel  Alvares  da),  17."  sr.  da 

Tábua,  i63;  epitáfio,  i63. 
Cunha  (D.  Maria  da),  abadessa  de  Lorvão, 

1154. 
Cunha  (D.  Maria  da),  m.  de  Fernão  Coutinho, 

Cunha  (D.  Mana  da),  m.  de  Luís  da  Cunha, 
i63. 

Cunha  (D.  Maria  da),  m.  de  Martim  do  Sem, 

■  170. 

Cunha  (D.  Maria  da),  m.  de  Nuno  da  Cunha, 
174,  175. 

Cunha  (D.  Mana  da),  9.»  sr."  de  Pombeiro, 
191. 

Cunha  (D.  Maria  Caetana  da),  condessa  de 
S.  Vicente,  175. 

Cunha  (D.  Maria  Martins  da),  m.  de  Gonçalo 
Pires  de  Portocarreiro,  188. 

Cunha  (Martim  Lourenço  da),  padroeiro  de 
S.  Simão  da  Junqueira,  iSg,  187. 

Cunha  (Martim  Lourenço  da),  i.»sr.  de  Pom- 
beiro, 188,  189. 

Cunha  (Martim  Lourenço  da),8.°sr.  de  Pom- 
beiro, 191. 

Cunha  (Martim  Vasques  da),  alcaide  mor  de 
Celorico  de  Basto,  5°  sr.  da  Tábua,  i5i, 
i52,  i53,  159. 

Cunha  (Martim  Vasques  da),  alcaide  morde 
Linhares,  conde  de  Valência  de  Campos, 
52,  53,  54,  96,  iGi,  162,  i65,  169. -7  Ar., 
1G7. 

Cunha  (Martim  Vasques  da),6.»sr.  da  Tábua, 
157,  279. 

Cunha  (Martim  Vasques  da),  g.^sr.  da  Tábua, 
164. 


Iiidice  de  matérias 


563 


Cunha  (Mateus  da),  7.°  sr.  de  Pombeiro,  190. 

—  Ar.,  191;  epitáfio,  190. 

Cunha  (Mecia  da),  dama  da  rainha  D.  Felipa, 
,  166. 
Cunha  (Mecia  da),  sr.*  da  Tábua,  m.  de  Pêro 

Gomes  de  Abreu,  i63. 
Cunha  (D.  Mecia  Vasques  da),  abadessa  de 

l.orvão,  161,  i66. 
Cunha  (Nuno  da),  camareiro  mor  do  infante 

D.  Fernando,  170,  171. 
Cunha  (Nuno  da),  gov.or  da  índia,  171,  172, 

173,  174,  175,  17C,  178,  362.  —  Ar.,  168. 
Cunha  (D.  Pedro  da),  i.°  conde  de  Buendia, 

166. 
Cunha  (Pedro  Lourenço  da),  f.  de  Lourenço 

Martins  da  Cunha,  189. 
Cunha  (Pedro  Vasques  da),  2."  sr.  de  Angeja 

e  Pinheiro,  84,  161,  164,  167,  480,  5i3,  52i. 
Cunha  (Pedro  Vaz  da),  estribeiro  mor,  174, 

'77.  178-  ■    . 

Cunha  (Pêro  Vaz  da),  o  Bisagudo,  capitão 

mor  de  armada,  480,  481. 
Cunha  (D.  Rodrifço  da),  Historia  ecclesias- 

tica  de  Braga,  35 1,  364.  —  Historia  eccle- 

siastica  da  igreja  de  Lisboa,  339,  340,  35 1, 

4>5. 
Cunha  (D.  Rodrigo  da),  prior  de  Santa  Mana 

de  Guimarães,  164,  i65. 
Cunha  (Rodrigo  Anes  da),  cavaleiro,  187. 
Cunha  (Rui  da),  196,  522. 
Cunha  (Rui  da),  com.or  da  Ordem  de  San- 
tiago, 166. 
Cunha  (Rui  da),  prior  de  Santa  Maria  de 

Guimarães,  164,' i65. 
Cunha  (Rui  da),  sr.  da  quinta  de  Bastuco, 

187,  188. 
Cunha  (Rui  Gomes  da),  copeiro  mor,  176, 

177. 
Cunha  (Rui  Gonçalves  da),  arcediago  na  Sé 

do  Porto,  166. 
Cunha  (Rui  Vasques  da),  166,  187. 
Cunha  (Simão  da),  sr.  de  Povolide,  176,521. 
Cunha  (Simão  da),  trinchante,  174,  176,  177. 

—  Epitáfio,  176. 

Cunha  (Tristão  da),  emb.«r  a  Roma,  12, 171, 
172,  173,  174,  178.  —  Epitáfio,  173. 

Cunha  (Tristão  da),  f.  de  Simão  da  Cunha, 
176. 

Cunha  (Tristão  da),  i.°  sr.  de  Valdigem,  177. 

Cunha  (Vasco  Lourenço  da),  4.°  sr.  da  Tábua, 
159. 

Cunha  (Vasco  Martins  da),  o  Moço,  8.°  sr. 
da  Tábua,  161,  i63,  164,  i65. 

Cunha  (Vasco  Martins  da),  o  Velho,  3.°  sr. 
da  Tábua,  157,  159, 160,  j6i,  i65,  166, 167, 
168,  416. 

Cunha  de  Ataíde  (Nuno  da),  cardial  inqui- 
sidor geral,  176,  177. 

Cunha  de  Ataíde  (Nuno  da),  conde  de  Pon- 
tével,  176. 


Cunha  de  Ataíde  (Simão  da.),  7.°  sr.  de  Povo- 
lide, 176,  477,  521. 

Cunha  de  Ataíde  (Tristão  da),  i."  conde  de 

Povolide,  176,  477. 
Cunha  Ataíde  e  Melo  (Tristão  da),  8."  sr.  de 

Povolide,  477. 
Cunha  Coutinho  (Pêro  da),  169. 
Cunha  Faro  Meneses  Portugal  "da  Gama  Car- 
neiro de  Sousa  (José  Manuel  da),  4.°  conde 

de  Lumiares,  116,  i85,  186. 
Cunha  Faro  Meneses  Portugal  da  Gama  Car- 
neiro de  Sousa  da  Silveira  (José  Manuel 

da),  7>  conde  de  Lumiares,  ii3,  116,  1S6, 

520.  —  Ar.,  186-187. 
Cunha  Grã  Ataíde  e  Melo   (.A.ntónio    da), 

conde  de  Sintra,  177. 
Cunha  Grã  Ataíde  e  Melo  (João  da),  sr.  da 

casa  de  Povolide,  177. 
Cunha  Grã  Ataíde  e  Melo  (Luís  da),  4.°  conde 

de  Povolide,  177. 
Cunha  de  Melo  (Tristão  da),  477.— V.  Cunha 

Ataíde  e  Melo  (Tristão  da). 
Cunha  e  Mendoça  (D.  Beatriz  Josefa  da),  m. 

de  D.  Carlos  José  Bento  de  Meneses,  177. 
Cunha  de  Mendoça  (Pedro  da),  2."  sr.  de  Val- 
digem, 177. 
Cunha  e  Meneses  (Carlos  da),  f.  dos  4.°» 

Condes  de  Lumiares,  1S6. 
Cunha  e  Meneses  (Francisco  da),  12.°  sr.  do 

morgado  do  Vimieiro,  i85. 
Cunha  e  Meneses  (Joaquim  Pedro),  f  de 

Luís  da  Cunha  e  Meneses,  186. 
Cunha  e  Meneses  (José  Félix  da),  S.°  alcaide 

mor  de  Tavira,  179,  520. 
Cunha  e  Meneses  (José  Félix  da),  6.°  Conde 

de  Lumiares,  i85,  186.  , 

Cunha  e  Meneses  (José  Manuel  da),  £  de 

Luís  da  Cunha  e  Meneses,  186. 
Cunha  e  Meneses  (Luís  da),  í.  dos  4."'  Condes 

de  Lumiares,  18G. 
Cunha  e  Meneses  (Luís  da),  f  de  Luís  da 

Cunha  e  Meneses,  186. 
Cunha  e  Meneses  (D.  Luísa"  da),  marquesa 

da  Ribeira  Grande,  186. 
Cunha  e  Meneses  (D.  Luísa  da),  m.  de  José 

Augusto  da  Gama,  186. 
Cunha  e  Meneses  (Manuel  da),  capitão  do 

batalhão  naval,  i85,  186. 
Cunha  e  Meneses  (Manuel  da),  3.°  conde  de 

Lumiares,  179,  180,  i85. 
Cunha  e  Meneses  (Manuel  da),  sr.  do  mor- 
gado de  Paio  Pires,  179. 
Cunha  e  Meneses  (Manuel  Inácio  da),  sr.  do 

morgado  de  Paio  Pires,  179. 
Cunha  e  Meneses  (D.  Maria  da  Glória  da), 

marquesa  do  Louriçal,  520. 
Cunha  e  Meneses  (D.  Maria  Joaquina  da), 

baronesa  da  Regaleira,  186. 
Cunha  e  Meneses  (D.  Maria  Luísa  da),  m.  do 

autor,  i85-i86. 


564 


Brasões 


Cunha  e  Meneses  (D.  Maria  Nazareno  da), 
m.  de  Luís  de  Castro  Guimarães,  186. 

Cunha  e  Meneses  (D.  Maria  do  Resgate  da), 
f.  de  Luís  da  Cunha  e  Meneses,  186. 

Cunha  e  Meneses  (D.  Mariana  da),  m.  de 
D.  Luís  Gonçalves  Zarco  da  Câmara,  186. 

Cunha  e  Meneses  (Tristão  António  da),  f.  de 
Manuel  da  Cunha  e  Meneses,  129. 

Cunha  Nova,  quinta,  187. 

Cunha  Pacheco  de  Meneses  (Luís  da),  5." 
conde  de  Lumiares,  180. 

Cunha  Velha  (Sr.  da),  245. 

Cunhal  (Assalto  do),  470. 

Çiirita  (Gerónymo),  Anales  de  la  corona  de 
Aragon,  2Ó7,  269. 

Curvai,  paços,  em  Castela,  iii. 

Dade  (Fernão),  f.  do  Alcaide  de  Santarém, 
248. 

Dade  (D.  Maria),  m.  de  João  Pires  Brocardo, 
248. 

Dade  (Martim),  alcaide  de  Santarém,  407. 

Dães,  267. 

Damas:  de  honor  da  Rainha,  457;  da  Impe- 
ratriz, 389;  do  paço, 223,  514,  523,  524;  da 
Princesa,  523;  da  Rainha,  176,  179,  186, 
225,  267,  322,  374,  375,  378,  392,  514;  da 
Rainha  de  Inglaterra,  473. 

Darque,  doação,  112. 

Delorme  Colaço  (José  Maria),  Galeria  dos 
Vice-Reis,  e  Governadores  da  Índia  Por- 
tuguesa dedicada  aos  itlustres  descendentes 
de  taes  Heroes.   Etn  i83g  e  1840,  168. 

Demay  (G.J,  Le  costume  au  moyen  age 
d^après  les  sceaux,  409. 

Denis  (D.),  infante,  f.  de  D.  Afonso  III,  159, 
188. —  V.  Denis  (D.),  rei. 

Denis  (D.),  infante,  f.  de  D.  Pedro  I,  88,  89. 

Denis  (D.),  irmão  do  Duque  de  Bragança,  40. 

Denis  (D.),  rei  de  Portugal,  106,  107,  108, 
i3i,  i32,  i5i,  i52,  i58,  195,  2o5,  243,  253, 
254,  255,  259,  262,  263,  2o5,  266,  273,  275, 
276,  340,  35 1,  525. 

Denucé  (J.),  Privilèges  commerciaux  ac- 
cordés  par  les  róis  de  Portugal  aux  Fla- 
mands  et  aux  Allemands  fxv.e  et  xvi.e  siè- 
clesj,  483. 

Deputado,  186. 

Descripcion  genealógica  y  historial  de  la 
ilustre  Casa  de  Sousa,  276,  277. 

Desembargador,  410,460;  de  agravos,  239; 
do  Paço,  240;  dei  Rei,  240. 

Desembargador  f Privilégios  de),  217. 

Desembargo  (Do),  326. 

Desembargo  do  Paço,  escrivão,  21. 

Deslandes  (Venâncio),  administrador  da  Im- 
prensa Nacional,  59,  69,  2o5. 

Devesa  da  Granja,  lugar,  319. 

Diário  do  Governo,  210,  237,  459,  5o5. 

Diário  I  Ilustra  do,  4,  5. 

Diário  Lisbonense,  220. 


Dias  de  Sousa  (Manuel),  225. 

Dio,  cerco,  5 10. 

Diogo  (D.),  4.°  duque  de  Viseu,  171,  228,  33o, 

418,  420,  429,  5o5, 
Diogo  (D.),  f.  do  Marquês  de  Vila  Rial,  3i3, 

314. 
Diogo  Afonso,  provedor  do  hospital  e  gafaria 

de  Sintra,  24. 
Diogo  Alvares,  vedor  da  rainha  D.  Felipa, 

478,  479- 

Diogo  Gomes,  pintor,  2  5. 

Diogo  Soares,  162. 

Ditado  régio.  Si,  3 18. 

Documentos  falsos,  322  a  327. 

Documentos  e  Memorias  da  Academia  Real 
da  Historia,  —  V,  Collecçam. 

Documentos  para  a  historia  portuguesa,  336. 

Doiro,  rio,  201,  202,  204. 

Dom,  título,  109,  145,  193,207,  214,  215,224, 
25i,  275,  281,  5o5. 

Domingos  (D.),  abade  de  Alcobaça,  epitáfio, 
523. 

Domingos  Joanes,  instituidor  do  morgado  de 
Oliveira  do  Hospital,  7.  —  Ar.,  7,  9. 

Dona  Elvira,  serra,  242. 

Donas  de  honor  da  Rainha,  514. 

Donzelas:  da  casa  da  rainha  D.  Maria,  174; 
da  infanta  D  Beatriz,  374;  da  rainha 
D.  Caterina,  358;  da  rainha  D.  Isabel,  286, 
3 12,  3i3,  426,  480;  da  rainha  D.  Leonor, 
182,  421. 

Dornelas,  linhagem,  corrompido  em  Orneias, 
329. 

Dornelas,  torre  na  freguesia  do  Salvador, 
341,  38 1. 

Dornelas  (Fernão  Fernandes  de),  sr.  da  torre 
e  quinta  do  Oiteiro,  38i. 

Dornelas  (João),  cavaleiro,  344. 

Doutel  (Gil  Martins),  3 10. 

Drumond,  ar.,  20. 

Duarte  (D.),  conde,  359,  36i.  —  V.  Meneses 
(D.  Duarte  de),  conde  de  Viana. 

Duarte  (D.),  5.''  duque  de  Guimarães,  236. 

Duarte  (D.),  infante  de  Portugal,  f  de 
D.João  I,  125,  126,  294,  323,  349,  35o,  357. 

Duarte  (D.),  infante  de  Portugal,  f.  de  D.  Ma- 
nuel, ar ,  22,  33. 

Duarte  (D.),  rei  de  Portugal,  81,  83, 126,  128, 
129,  i33,  i34,  i36,  146,  147,  164,  i65,  170, 
209,  23 1,  283,  285,  3 II,  3 16,  349,  353,  354, 
357,  368,  425,  427,  43o,  452,  469,  475,  476, 
480. 

Duarte  Fernandes,  proprietário  em  Sintra, 
27. 

Duarte  Fernandes,  vigário  de  S.  Martinho  de 
Sintra,  5oi,  5o2.  —  Epitáfio,  5oi. 

Duas  Igrejas,  casal,  doação,  343. 

Duas  Igrejas  de  Vai  de  Pombos,  terra,  doa- 
ção, 343. 

Du  Cange,  Glossarium,  3o6. 


Ilídice  de  matérias 


565 


Dn  Cros  (Jean),  ii. 

Duenas,  io5. 

Da  Guesclin,  66. 

Dulce  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de  D.  San- 
cho I,  292. 

Duques:  Albuquerque,  Arjona,  Aveiro, Bar- 
celos, Beja,  Benavente,  Berwick,  Bor- 
gonha, Bragança,  Cadaval,  Caminha,  Coim- 
bra, Ecalona,  Faial,  Guimarães,  Huete, 
Lafões,  Lancastre,  Loulé,  Miranda  do 
Corvo,  Najera,  Narbonne-Lara,  Ossuna, 
Palmela.,  Saldanha,  Terceira,  Valência  de 
Campos,  Veragua,  Vila  Rial,  Viseu. 

Duquesas:  Borgonha,  Bragança,  Cadaval, 
Cascais,  Ficalho,  Lafões,  Terceira. 

Durão  (D.),  bispo,  472. 

EÇA,  linhagem,  85,  96,  98,  99.  —  Ar.,  19,  33, 
40,  87,  364. 

Eça,  senhorio,  97,  98. 

Eça  (D.  Branca  de),  m.  de  João  Rodrigues  de 
Azevedo,  98. 

Eça  (D.  Brites  de),  abadessa  de  Celas,  98. 

Eça  (D.  Caterina  de),  abadessa  de  Lorvão, 
97,  98. 

Eça  (D.  Caterina  de),  m.  de  D.  João  de  Vas- 
concelos e  de  Meneses,  358. 

Eça  (D.  Felipa  de),  abadessa  de  Lorvão,  98, 
99,  100. 

Eça  (D.  Fernando  de),  sr.  de  Eça,  97,  98.  — 
Epitáfio,  97. 

Eça  (D.  Joana  de),  abadessa  de  Celas,  98. 

Eça  ^D.  Joana  de),  camareira  mor,  358. 

Eça  (D.  Margarida  de),  abadessa  de  Lorvão, 
99. 

Eça  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  Atonso  de  No- 
ronha, 436. 

Eça  (D.  Pedro  de),  98. 

Eduarte  (Infante),  v.  Duarte  (D.),  infante. 

Eduarte  (D.),  rei  de  Portugal,  v.  Duarte  (D.). 

Ega  (Condes  da),  496.  —  Ar.,  497. 

Egas  Fafes  (D.),  337,  338. 

Egas  Moniz,  aio  de  D.  Afonso  Henriques, 
246,  247,  3o6,  498,  528. 

Eixa  (D.),  m.  de  "D.  Randufo  Çoleyma,  154. 

Eixemea  Esteves  (D.),  m.  de  Estêvão  Peres 
de  Aboim,  247. 

Eixão  mor,  266. 

Eixo,  262,  264,  267. 

Elvas:  alcaide  mor,  285,  3 10,  443,  444,  445; 
batalha  das  linhas,  222,  509;  capitão,  329; 
cerco,  67,  96;  concelho,  256;  fronteiro  67, 
285 ;  herdade  no  termo,  382,  383 ;  igreja  de 
Santa  Maria  dos  Açougues,  429;  morador, 
382,  385,  399,445;  praça,  457;  rendas  riais, 
284;  serviço  novo  dos  Judeus,  284;  termo, 
256,  383,  385,  399;  tomada,  405,  406;  Vas- 
concelos de  lá, '347. 

Elvira  (D.),  viúva  de  D.  André,  248. 

Elvira  Gonçalves,  f.  de  D.  Gonçalo  Rodrigues 
da  Palmeira,  3o4,  3o5. 


Elvira  Gonçalves  (D.),  m.  de  D.  Garcia 
Mendes  de  Sousa;  epitáfio,  204,  522. 

Elvira  Origuiz,  m.  de  D.  Lçurenço  Mendes 
de  Gundar,  242. 

Elvira  Peres,  ama  de  D.  Afonso  III,  epitáfio, 

522. 

Elvira  Peres,  f.  de  Pedro  Esteves,  522. 
Encarnação  (D.  Maria  Ana  da),  m.  de  Maíiuel 

Dias  de  Sousa,  225. 
Encarnação  (D.  Tomás  da),  Historia  Eccle- 

siae  Lusitaniae,  304. 
Entre  Doiro  e  Minho,  comarca:  bens  lá,  i65, 

348,  349;  censo  da  população,  353,  401; 

fronteiro,  108. — Província:  gov.or  das  ar., 

219,  377,  378. 
Entre  Homem  e  Cávado,  julgado:  bens  lá, 

340,  341;  doação,  120,  sr.,  239. 
Entre  Lima  e  Minho,  administração  eclesiás- 
tica, 3ig.  • 
Entre  Tejo  e  Guadiana,  comarca :  adiantado, 

39S;  corregedor,  1 33,  398,  414;  meirinho 

nior,  169;  povoação,  4O1,  402;  residentes, 

382. 
Enxara    (Marina    Pires    da),    amante    de 

D.  Afonso  III,  274. 
Enxara  dos  Cavaleiros:  povoação,  362;  sr., 

277,  278,  362;  senhorio,  127,  ^56,  35y,  358, 
359. 

Enxarrama,  ribeira,  384. 

Enxobregas,  v.  Xabregas. 

Enxuvregas,  v.  Xabregas. 

Epitáfios,  28,  59,  69,  83,  97,  io5,  11 5,  Ji6, 
118,  iiQ,  125,  127,  129,  i63,  173,  176,  181, 
188,  190,  191,  194,  iq5,  196,  204,  2o5,  214, 
2í5,  217,  226,  229,  2%,  2S8,  258,  278,  327, 
344,  ^5i,  332,  355,  358,  36i,  363,  3ò5,  367, 
371,  373,  388,  389,  391,  393,  394,  395,  397, 
417,  419,  420,  432  a  438,  449, 4"65, 466,  472, 
486,  5o'i,  522,,523,  533. 

Ericeira  :  dízima  do  pescado,  358;  privilégios, 
357;  srs.,  236,  277,278,516;  senhorio,  277, 

278,  279,  281,  356,  357. 

Ericeira  (Conde  da),  i .",  D.Diogo  de  Meneses, 

116. 
Ericeira  (Conde  da),  2.°,  D.  Francisco  de 

Meneses,  116,  519. 
Ericeira  (Conde  da),  3.°  D.  Luís  de  Meneses, 

1 16,  519. 
Ericeira  (Conde  da),  4."»,  D.  Francisco  Xavier 

de  Meneses,  116,  519. 
Ericeira  (Conde  da),  5.°,  D.  Luís  de  Meneses, 

1 16,  519. 
Ericeira  (Conde  da),  6.°,  D.  Francisco  de 

Meneses,  519, 
Ericeira  (Conde  da),  7.»,  D.  Henriqjue  de 

Meneses,  520. 
Ericeira  (Conde  da),  Henriqueida,  116. 
Ericeira  ( Conde  da),  Historia  de  Tanger^  \iò. 
Ericeira  {Conde  da)^  Portugal  restaurado, 

116,275,377,  379. 


566 


Brasões 


Ericeira  (Condes  da),  ii3,  ii6,  iiy.  i86; 
palácio  em  lJ:boa,  520. 

Ericeira  (Condessa  da),  D.  Ana  Xavier  de 
Rohíin,  519. 

Ericeira  (Condessa  da),  D.  Joana  de  Meneses, 
1 16. 

Ermelo  (Abade  de),  242. 

Escacha  (I).  Pêro  Pais),  i56. 

Escalona  ÍDuques  de),  162. 

Escalona  (Marqueses  de),  162. 

Escócia  (Rainha  de),  5i3. 

Escrivão:  da  câmara  rial,  8,  16,  21,  181,  182, 
400;  da  fazenda,  8,  182,  472;  da  nobreza, 
i3,  14,  i5,  322;  da  puridade,  81,  147,  167, 
382, 420, 42 1, 448, 453 ;  dei  rei  D.  Fernando, 

'89- 
Esgueira,  dízima  nova  do  pescado,  532. 

Esmoler  mor,  464,  467. 

Espanha,  i85,  253,  27G.  —  Embaixador  de  lá, 
482.  —  Grandes,  166,  222,462.  —  Infante, 
520. —  Rainha,  v.  Áustria  (D.  Margarida 
de),  Bourbon  (D.  Isabel  de).  — Rei,  v.  Fe- 
lipe II,  Felipe  III. 

Espargosa,  ar.,  20. 

Esperança  (Fr.  Alanuel  daj,  História  Será- 
fica, 97,  107,  197. 

Espinhal,  92,  94. 

Espinheiro,  convento,  192,  214,  435;  igreja, 
472. 

Espinhei,  190. 

Esporão,  herdade,  383,  384,  385. 

Esporão  (Morgados  do),  382,  383,  384,  385, 
387,  388,  38o,  3qi,  392.  — Sua  capela  na  Sé 
de  Évora,  36i,  368,  287,  388,  3.«9,  391.  . 

Esporão  (Álvaro  Mendes  do),  382,  383,  ÍS6. 
— V.  Vasconcelos  (Álvaro  Mendes  de). 

Esporão  (Joane  Mendes  do),  386.  —  V.  Vas- ^ 
concelos  (Joane  Mendes  de). 

Estácio  da  Veiga,  Antiguidades  de  Mafra, 
278. 

Estados  Gerais  das  Províncias  Unidas,  embai- 
xador lá,  236. 

Estevainha  Peres,  m.  de  Gomes  Ansur  e 
depois  de  João  Gonçalves  de  Barvudo,  248. 

Estevainha  Soares  (D.),  338. 

Estêvão  (D.),  arcebispo  de  Braga,  293. 

Estêvão  Anes,  bispo  duvidoso  "de  Lisboa, 
336,  339. 

Estêvão  Eanes,  cavaleiro,  248. 

Estêvão  Eanes,  chanceler,  248,  251,407,408, 
53i. 

Estêvão  Rodrigues,  procurador  do  concelho 
de  Sintra,  27. 

Estêvão  Soares,  arcebispo  de  Braga,  405. 

Esteves,  ar.,  20. 

Estreito  (Armada  do),  178. 

Estreito  de  Gibraltar,  447. 

Estremadura,  comarca,  196, 3 1 3. — Povoação, 
40».  —  Prédios  lá,  269.  —  Procurador  dos 
feitos  dos  forais,  314. 


Estremoz,  79, 87,  255, 396, 434,  533.— Alcaide 
mor,  340,  j52,  529.  —  Bens  lá,  261,  263. — 
Contador,  472.  —  Data  de  carta,  1 65,  329, 
438.  —  Fronteiro,  340.  ^  Provedor  da  fa- 
zenda, 472. 

Estribeiro  mor,  174,  177,  178,  470,  473,  480, 
482,  5 16,  517,  5i8. 

Eugenia  (D.),  condessa  de  Tentúgal,  435, 
443,  533. 

Évora,  217,  397,  435,  466,  5o3.  —  Alcaidaria 
mor,  448,  449.  —  Alcaide  mor,  167,  169, 
415,422,  449,  450,475,  521.  —  Arcebispo, 
526,  533.  —  Arquivo  da  Misericórdia,  389, 
529 — Biblioteca  pública,  8,  326,  431. — 
Bispado,  i32.  —  Bispo,  256,  257,  292,  293, 
387,  388,  429.  —  Bispo  coadjutor,  432. — 
Capitães,  147. — Capitão  da  gente  de  guerra, 
147. — Casa  do  Sanado,  43i. — Casas,  453. 
—  Castelo,  79,  111,  411,  425,  43o,  449. — 
Castelo  velho,  doação,  4'io,  43 1. — Celeiros 
dos  prelados,  43 1.' — Cerca  velha,  453. — 
Concelho,  249,  253,  255,  395.  —  Contador, 
472— Convento  do  Espinheiro,  q.v. — Con- 
vento dos  Lóios,  426,  43 1,  440,  532;  epitá- 
fios, 432  a  438 ;  inscrição  da  fundação,  428, 
432;  inscrições,  43 1 — Convento  de  S.  Do- 
mingos, 217,  467;  seu  prior,  431.  —  Con- 
vento de  S.  Francisco,  472. — Data  de  carta, 
68,  81,  82,  137,  145,  146,295,296,  3 10,  3i3, 
320,  326,  327,  329,414,426,  53o. — Festejos, 

4,  216.  —  Gov.or,  222.  —  Gov.or  ftenensj, 
254.  —  Herdade  no  termo,  255,  257,  385, 
467.  —  Herdamentos,  258,  261.  —  Hospital 
de  Jerusalém,  397. —  Igrejas:  dos  Lóios, 
214,  436,  442;  do  mosteiro  de  N.  Sr."  dos 
Remédios,  443,  533;  de  S.  Francisco,  347, 
394,  396,  397,  449;  de  S.  Mamede,  430.  — 
Inquisição,  438. — Judeus,  145.  —  Juiz,  395, 

396,  397,  398.  —  Justas,  216,  480. —  Miseri- 
córdia, 389,  529.  —  Morador,  383,  384,  385, 

397,  398,  4i3,  425.  —  Morgado  dos  Condes 
de  Basto,  120.  —  Museu  da  Biblioteca  pú- 
blica, 216.  —  Paços:  do  Concelho,  430; 
junto  do  castelo,  425,430;  de  S.  Miguel, 
147. — Palácio  da  Torre  das  Cinco  Quinas, 

•  43i.  — Pátio  de  S.  Miguel,  43o.  —  Peste, 
296.  —  Praça,  4,  384.  —  Provedor,  217;  da 
fazenda,  445,  472.  —  Provisor  do  arcebis- 
pado, 432. — Quinta  no  termo,  424. —  Reis 
lá,  95,  147.  —  Reridas;  das  boticas,  vento 
e  açougagem,  444;  do  genesi,  284;  da  ju- 
diaria, 4i3.  —  Saboarias  pretas,  146. — 
Santo  Ofício,  437.  —  Sé,  196,  384,  389; 
adro,  43o;  cabido,  256,  257,  387,  388;  ca- 
pela do  Esporão,  36 1,  368,  387,  388,  389, 
391;  cónego,  152,437;  prioste,  43i.  —  Ser- 
viço rial  dos  Moiros, 449. — Torre  da  cerca 
velha,  423,  43o.  —  Túmulos  da  igreja  de 

5.  Francisco,  394  a  399. 
Évora  (Lopo  Pires  de),  397. 


índice  de  matérias 


567 


Évora  (Pêro  de),  escrivão  da  nobreza,  8,  i3, 
14,  i5. 

Évora  gloriosa,  v.  Fonseca  (P.e  Francisco 
da). 

Évora  Monte,  43o.  —  Bens  lá,  261,  263. — 
Convenção,  i85,  234. — Sr.,  194;  senhorio, 
259. 

Excelente  Senhora,  176,  21 5,  873,  496.  —  V. 
Joana  (D.),  princesa  de  Castela. 

Exemea  (D.),  m.  de  D.  Randufe,  154. 

Faial  íDuque  de),  282. ' 

Faial  (Marquês  de),  282. 

Falcão,  ar.,  22.  —  Progenitor,  284. 

Falcão  (Cristóvão),  poeta,  284. 

Falcão  (João),  alcaide  do  castelo  de  Mourão, 
283,  284. 

Falces  (Marqueses  de),  166. 

Fanshaw  (Sir  Richard),  embaixador  inglês 
em  Lisboa,  491,  492. 

Fão,  terra, doação,  1 12;  sr.,  iio,  1 11;  senhorio, 
i36. 

Faria,  couto,  187;  julgado,  187. 

Faria,  geração,  ar.,  39. 

Faria  (Dr.  Baltasar  de),  embaixador  em  Roma, 
99. 

Faria  (Dr.  Diogo  de),  físico  e  cirurgião  mor, 
33i. 

Faria  (Francisco  de),  contador  da  aposen- 
tadoria de  Santarém,  329,  33o,  33 1. —  Epi- 
táfio, 327. 

Faria  (Guiomar  de),  m.  do  mestre  Gil,  33 1. 

Faria  (D.  Joana  de),  m.  de  Nuno  Fernandes 
de  Ataíde,  227. 

Faria  (Dr.  João  de),  enviado  em  Roma,  12. 

Farinha  (D.  Fr.  Afonso  Peres),  prior  do  Hos- 
pital, 237. 

Farinha  Podre  (Com.or  da),  309. 

Farinquel  (Fernão  Pires),  f.  de  D.  Pedro 
Ourigues  da  Nóbrega,  248.  —  V.  Fernão 
Pires. 

Faro :  conquista,  25 1, 407;  data  de  carta,  25 1, 
408 ;  foral  dos  Moiros  forros,  260. 

Faro,  Hnhagem,  ar.,  184,  187,  380,474;  ca- 
pela, 225. 

Faro  (Conde  de),  i.°,  398. 

Faro  (D.Francisco  de),  i.*> conde  e  5.»  sr. do 
Vimieiro,  184. 

Faro  (D.  Francisco  de),  irmão  do  3.°  conde 
de  Odemira,  473. 

Faro  (D.  Mariana  de),  condessa  da  Ilha  do 
Príncipe,  184. 

Faro  e  Sousa  (D.  João  de),  5.»  conde  do 
Vimieiro,  184. 

Faro  e  Sousa  (D.  Sancho  de),  7.°  sr.  do  Vi- 
mieiro, 184. 

Farrobo  (Condes  do),  i.°',  186. 

Fartaquins,  172. 

Feio  (Gil  Pires),  247. 

Feira,  castelo,  11 3,  ^25;  alcaide,  no;  doação, 
3ii. 


Feira,  concelho,  266;  julgado,  109. 

Feira,  terra  de  Santa  Mana,  doação,  109, 3 10, 

3x2,  3i5. 
Feira  (Casa  da),  3 10,  3i5;  demandas  para  a 

sua  posse,  3 12,  3i5. 
Feira    (Condado    da),   3i2. — Documentos 

falsos  relativos  à  sua  criação,  322  a  327. 
Feira  (Conde  da),  1°,  D.  Rodrigo  Pereira, 

193,  3ii,  3i2,  3i3,  323,  324,  325,  52i. 
Feira  (Conde  da),  2.°,  D.  Diogo  Pereira,  3 11, 

3i2,  3i3,  3i4,  326. 
Feira  (Conde  da),  4.°,  D.  Diogo  Forjaz  Pe- 
reira, 314. 
Feira  (Conde  da),  5.",  D.  João  Forjaz  Pereira, 

314. 
Feira  (Conde  da),  6.°,  D.  Manuel  Forjaz  Pe- 
reira Pimentel,  3i5. 
Feira  (Conde  da),  7.",  D.  João  Forjaz  Pereira, 

3i3. 
Feira  (Conde  da),  8.°,  D.  Fernando  Forjaz 

Pereira,  3 12,  3i5,  528. 
Feira   (Conde   da),  9.°,  D.  Miguel  Pereira 

Forjaz,  3i5. 
Feira  (Condes  da),  309  a  3i5. 
Feira  (Condessa  da),  5.*,  D.  Joana  Forjaz 

Pereira,  3x5. 
Feira  (Srs.  da),  3io,  3i3,  3x4,  325,  416. 
Felgosinho,  408. 
Felgueiras:  concelho,  204;  julgado,  doação, 

120. 
Felipa  (D.),  f.  do  Conde  de  Olivença,  429, 

4  35.  —  V.  Melo  (D.  Felipa  de) . 
Felipa  (D.),  f.  do  infante  D.  Pedro,  427. 
Felipa    (D.),    rainha    de   Portugal,    m.    de 

D.  João  I,  80,  84,  141,  142,  143,  166,  239, 

479,5x8. 
Felipe,  o  Bom,  duque  de  Borgonha,  451. 
Felipe  (D.), príncipe  de  Castela,  f.  de  Carlos  V, 

363.  —  V.  o  seguinte. 
Felipe  II,  rei  de  Espanha,  89,  371,  390,  482. — 

V.  o  precedente  e  Felipe  I,  rei  de  Portugal. 
Felipe  IV,  rei  de  Espanha,  i  x6,  2x9,  341,442, 

443.  —  V.  Felipe  III,  rei  de  Portugal. 
Felipe  I,  rei  de  Portugal,  147,  289,  364,  389, 

469,470,477. — V.  Felipe  II,  rei  de  Espanha. 
Felipe  11,  rei  de  Portugal,  391,  470. 
Felipe  III,  rei  de  Portugal,  39 1  .—V.  Felipe  IV, 

rei  de  Espanha. 
Felipe  (Estêvão  Vasques),  capitão  e  anadel 

mor  da  gente  de  Lisboa,  78. 
Felipes  (Ocupação  dos),  121. 
Félix  (Clemente),  Reposta  que  fa^  aos  Op- 

positores  da  casa  de  Mafra  em  favor  do 

Conde  de  Figueiró,  341. 
Feo  (João  Carlos),  genealogista,  224. —  V.  o 

seguinte. 
Feo  Cardoso  de  Castelo  Branco  e  Torres 

(João   Carlos),  Attestado  genealógico... 

passado  ao  senhor  Augusto  Romano  San- 
ches de  Baena  e  Farinha,  224. — Memorias 


568 


Brasões 


historico-genealogicas  dos  Duques  portu- 
ffue^es,  23o,  233,  262,  271,  272,  2^5,  526. — 
Resenha  das  famílias  titulares,  470. 

Fermedo  (Srs.  de),  3i5. 

Fernandes  (Gil  Afonso),  224. 

Fernandes  Tomás  (Aníbal),  116. 

Fernando  (D.),  conde,  292. 

Fernando  (D.),  con^e,  sr.  de  Castro,  145.  — 
V.  Castro  (D.  Fernando  de),  conde  de  Tras- 
tâmara. 

Fernando  (D.),  conde  de  Trava,  3o5. 

Fernando  (D.),  2°  duque  de  Bragança,  429, 
435,  438,439. — V.  Fernando  (D.),  1.°  mar- 
quês de  Vila  Viçosa. 

Fernando  (D.),  3.'''duque  de  Bragança,  i3o, 
384,  429,  439. — V.  o  seguinte  e  Guimarães 
(Conde  de). 

Fernando  (D.),  f.  do  Marquês  de  Vila  Viçosa, 
128,  129,  i3o.  —  V.  o  precedente. 

Fernando  (D.),  infante,  duque  de  Viseu  e  de 
Beja,  81,  135,  171,  227,  228,  229,  282,  328, 
435,  453. 

Fernando  (D.),  infante,  f.  de  D,  Afonso  11^ 
292. 

Fernando  (D.),  infante,  f.  de  D.  João  I,  126, 
146,  164. 

Fernando  (D.),  infante,  f.  de  D.  Manuel,  288. 
—  Ar.,  33. 

Fernando  (D.),  i."  marquês  de  Vila  Viçosa, 
128,  129,  i3o,  i33. —  V.  Fernando  (D.),  2,» 
duque  de  Bragança. 

Fernando  V  (D.),  rei  de  Aragão  e  Castela, 
229,  439. 

Fernando  III  (D.),  o  Santo,  rei  de  Castela  e 
Lião,  106,  406. 

Fernando  IV  (D.),  rei  de  Castela,  106. 

Fernando  I  (D.),  rei  de  Portugal,  46,  47,  55, 
64,  65,  06,  67,  68,  80,  87,  88,  91,  94,  95,  06, 
109,  110,  112,  117,  118,  120,  122,  i33,  i34, 
144,  160,  162,  189,  208,  229,  245,  279,  294, 
3 10,  342,  343,  344,  346,  409,  411,  412,  413, 
424,  477,  478. 

Fernando  Goterres  (D.),  da  Galiza,  522. 

Fernando  Ourigues,  f.  de  D.  Ourigo  da  Nó- 
brega, 243,  246. 

Fernão  e  Fernando,  193. 

Fernão  Afonso  (Dr.),  des.or  dei  Rei,  240. 

Fernão  Fernandes  (D.),  rico  homem,  293. 

Fernão  Godins,  sr.  da  herdade  do  Cabedal, 
399. 

Fernão  Gonçalves,  f.  de  D.  Gonçalo  Rodri- 
gues da  Palmeira,  3o4,  3o5. 

Fernão  Gonçalves,  prior  de  Povos,  248. 

Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  Fernando, 
47i  64, 67,  79^  94, 95,  1 1 8,  1 2 1 ,  279,  399, 424, 
479,  529  —  Crónica  de  D.  João  1,  54,  79, 
121,  162,  190,  208,  239,  281,  3 10,  344,  346, 
365,  396,  399,  41 1,  412,  414,  415,  422,  477, 
529 

Fernão  Lopes,  historiador^  guarda  das  escri- 


turas da  Torre  do  Tombo,  125,  295.  423, 

424. 
Fernão   Martins,   criado   do  Arcebispo   de 

Braga,  243. 
Fernão  Martins,  morador  em  Sintra,  24. 
Fernão  Grigis,  246. — V.  Fernando  Ourigues. 
Fernão  Pais  (D.),  i.»  sr.  de  Tábua,  i53,  154. 

V.  Cunha  (D.  Fernão  Pais  da). 
Fernão  Pires,  f.  de  D.  Pedro  Ourigues  da 

Nóbrega,    246.  —  V.    Farinquel   (Fernão 

Pires). 
Fernão  Reimondo,  de  Rio  de  Moinhos,  epi- 
táfio, 522. 
Fernão  Sanches,  f.  b.  de  D.  Denis,  266. 
Fernão  Vasques,  189. 
Ferreira :  bens  lá,  355,  senhorio,  262. 
Ferreira,  geração,  ar.,  38. 
Ferreira  (Brás  de),  procurador  dos  feitos  dos 

forais  da  comarca  da  Estremadura,  3i3. 
Ferreira  (Duarte  Fernandes),  morador  em 

Óbidos.  24. 
Ferreira    {\).   Guiomar    de),    condessa   de 

Ourem.  128.  —  V.  Guiomar  ^D.), 
Ferreira  (João  Lourenço  de),  alcaide  de  Bra- 
gança, 475,  476,  535. 
Ferreira  (Marquês  de),  i,«>,  D.  Rodrigo  de 

Melo,  4^5,  441. 
Ferreira  (Marquês  de),  2.°,  D.  Francisco  de 

Melo,  435,  436,  437,  442,  443,  ■  32,  533. 
Ferreira  (Marquês  de),  3.°,  D.  Francisco  de 

Melo,  435,  436,  532. 
Ferreira  (Marquês  de),  4.°,  D.  Nuno  Caetano 

Alvares  Pereira  de  Melo,  441. 
Ferreira  (Marquesa  de),  D.  Beatriz  de  Me- 
neses, 435. 
Ferreira  (Marquesa  de),  D.  Joana  Pimentel, 

435. 
Ferreira  (Marquesa  de),  D.  Maria  de  Toledo 

e  Moscoso,  435,  441. 
Ferreira  (Pêro  Lourenço  de),  i.°  sr.  de  Po- 

volide,  425,  475,  476. 
Ferreira  do  Alentejo:  comenda,  228,  229; 

igreja,  229. 
Ferreira  de  Aves:  doação,  68,  425,  427;  sr., 

52,  118,  214,  268,  279^  425,  524;  senhorio, 

441. 
Ferreira  Barreto  (João),  mquisidor,  epitáfio, 

438. 
Ferreira  de  Eça  (Gregório),  ii.°  sr.  da  casa 

de  Cavaleiros,  1 15. 
Ferreira  de  Eça  (D.  Maria  José),  sr.»  da  casa 

de  Cavaleiros,  n5. 
Ferreira  de  Vasconcelos  (Jorge),  Memorial 

das  proesas  da  segunda  Tavola  Redonda, 

435. 
Ferreira  de  Vera  (Alvará),  Notas  ao  Nobi- 
liário do  Conde  D.  Pedro^  161. 
Ferreirim,  convento  de  Santo  António,  59. 
Ferreiros,  freguesia  de  Santa  Maria,  337,  ^^^} 

341. 


índice  de  matérias 


569 


Ferreiros  (Sr.  de),  i23. 

Fervença  (Casa  da),  342. 

Ferrer  de  Valdecebro  (P.e  Fr.  André),  escri- 
tor, 392. 

Fez :  bispo,  438 ;  rei,  447. 

Ficalho,  quinta,  4.^6. 

Ficalho  (Casa  de):  ar.,  459;  varonia,  459, 
534. 

Ficalho  (Conde  de),  i.»,  Francisco  de  Melo, 
458,  514. 

Ficalho  (Conde  de),  2.°,  António  de  Melo, 
459. 

Ficalho  (Conde  de),  3.%  Francisco  de  Melo, 
459. 

Ficalho  (Conde  dej,  Viagens  de  Pedro  da 
Covilhã,  467. 

Ficalho  (Condessa  de),  D.  Eugenia  de  Al- 
meida, 458,  459. 

Ficalho  (Condessa  de),  D.  Isabel  Josefa 
Breyner  de  Meneses,  457,  514. 

Ficalho  (Duquesa  de),  D.  Eugenia  de  Al- 
meida, 439. 

Ficalho  (Marquês  de),  António  de  Melo,  459., 

Ficalho  (Marquesa  de),  D.  Eugenia  de  Al- 
meida, 458. 

Ficalho  (Srs.  de),  410,  456,457,458,  5i4,  534; 

Figanière  (Frederico  Francisco  de  iaj,  Me- 
77iflrias  das  Rainhas,  252,  255,  275,  276. 

Figueira,  morgado,  341,  468. 

Figueira  (Conde  da),  1.°,  D.  José  de  Castelo 
Branco,  341,  468. 

Figueira  (Conde  da),  2.°,  341. 

Figueira  (Conde  da),  3.°,  340. 

Figueira  (Condes  da),  varonia,  38 1. 

Figueira  (Condessa  da),  D.  Maria  José  de 
Melo  Meneses  e  Silva,  468. 

Figueira  (Francisco),  estribeiro  mor  do  in- 
fante D.  Luís,  482. 

Figueira  da  Foz,  1 16,  341. 

Figueiredo,  geração,  ar.,  474, 

Figueiredo,  terra:  doação,  160;  sr,  167. 

Figueiredo  (Aires  Gonçalves  de),  /72. 

Figueiredo  (António  Bernardo  de),  major  de 
artelharia,  127,  129,  328. 

Figueiredo  (Diogo  Afonso  de),  vedor  do  in- 
fante D.  João,  91,  92,  95. 

Figueiredo  (Diogo  Gomes  de),  Nobiliário, 
170,  218,  23o,  370,  384,  387,  471-472. 

Figueiredo  (Fidelino  de),  O  que  é  a  Academia 
das  Sciencias  de  Lisboa^  528.   ' 

Figueiredo  (Gomes  de),  provedor  de  Évora, 
445,  471,  472,  473. 

Figueiredo  (D.  Gonçalo  de),  bispo  de  Viseu, 
472. 

Figueiredo  (Henrique  de),  escrivão  da  fa- 
zenda de  D.  Afonso  V,  471,  472. 

Figueiredo  (José  Anastácio  de),  Memoria 
para  dar  uma  idéa  justa  do  gue  eram  as 
Behetrias,  35o. — Nova  historia  da  Ordem 
de  Malta,  249,  257,  258,  261,  264,  304. 

VOL.  I 


Figueiredo  (Paula  de),  237-238. 
Figueiredo  (Pedro  de),  f.  de  João  Lourenço, 

47I- 

Figueiredo  (Senhorinha  Gomes  de),  m.  de 
João  Lourenço,  471,  472. 

Figueiredo  (Senhorinha  Gonçalves  de),  m. 
de  João  Lourenço,  471, 

Figueiredo  (Teresa  Gonçalves  de),  m.  de 
João  Lourenço  de  S.  Paio,  472. 

Figueiredo  Falcão  (Luís  de),  Livro  de  toda 
a  fazenda,  014,  5o  i. 

Figueiró,  367,  369, 374.  —  Convento  de  Nossa 
Senhora  do  Carmo,  370,  371.  —  Doação, 
365,  366,  408. — Igreja  de  S.  João  Baptista, 
388.  —  Serviço  dos  Judeus,  369. — Toirada 
lá,  369.  —  V.  Figueiró  dos  Vinhos. 

Figueiró  (Casa  de),  38i. 

Figueiró  (Conde  de),  i .»,  Francisco  de  Vas- 
concelos, 370,  371,  392. 

Figueiró  (Conde  de),  2".°,  D.  Pedro  de  Lan- 
castre,  3q2. 

Figueiró  (Condes  de),  382. 

Figueiró  (Condessa  de),  D.  Ana  de  Vascon- 
celos e  Meneses,  370,  37 1. 

Figueiró  (Srs.  de),  283,  5^5,  364,  368,  370, 
371,  379,  392. 

Figueiró,  moderno  (Conde  de),  i.",  Luís  José 
de  Vasconcelos  e  Sousa,  379. 

Figueiró,  moderno  (Conde  de),  2P,  379, 

Figueiró  dos  Vinhos,  igreja  de  S.  João  Bap- 
tista, 36i,  367.  —  V.  Figueiró. 

Figueiroa,  geração:  ar.,  20;  casa  de  Beire, 
181. 

Figueiroa  (Pedro  de),  do  Porto,  181. 

Físico  mor,  33 1. 

Flandres,  1 3,45o. — Feitor  lá,  8, 375.— Guerras 
lá,  222. 

Flor  da  Murta  (Casa  da),  ii3,  i38,  154. 

Flore^  (P.^  Henrique)^  Espana  sagrada,  i32.. 

Fogaça  (João),  com.or  de  Sesimbra,  21 5. 

Fogaça  (João),  poeta  do  Cancioneiro,  21 5, 
374. 

Fogaça  (D.  Margarida),  m.  de  D.  João  de 
Sousa,  2i5. 

Fois,  ar.,  38. 

Folgosinho,  94;  doação,  285,  289;  sr.,  289. 

Fonseca,  ar.,  18. 

Fonseca  (Álvaro  Gonçalves  da),  i.°  sr.  do 
pjprgado  do  Esporão,  385. 

Fonseca  (P.^  Francisco  da),  Évora  gloriosa, 
43 1. 

Fonseca  (Gonçalo  Rodrigues  da),  morador 
em  Évora,  384,  385. 

Fonseca  (Teresa  Anes  da),  instituidora  do 
morgado  do  Esporão,  384. 

Fonte  Arcada :  lugar,  262 ;  mosteiro,  338, 339. 

Fonte  Arcada  (Visconde  de),  2.°,  Manuel 
Jaques,  212. 

Fonte  Arcada  (Visconde  de),  3.°,  João  Jaques 
de  Magalhães,  212. 

72 


570 


Brasões 


Fonte  Boa,  morgado,  468. 

Fonte  Furada,  herdade,  aSy. 

Fonte  Guinaldo,  castelo,  408. 

Fonte  de  Mosárabe,  lugar,  256. 

Fonteboa,  herdade,  Soy,  398. 

Fontelas,  morgado,  239. 

Fontelas  (Morgados  de),  382. 

Fontelo,  i32. 

Forjaz  da  Câmara  e  Meneses  (D.  Maria  Joana), 

viscondessa  de  Vila  Nova  do  Souto  dei  Rei, 

3i5. 
Forjaz  Pereira  (D.  Diogo),  4."  conde  da  Feira, 

314. 
Forjaz  Pereira  (D.  Fernando),  8.°  conde  da 

Fieira,  3 12,  528. 
Forjaz  Pereira  (D.  Joana),  6.*  condessa  da 

Feira,  3i5. 
Forjaz  Pereira  (D.  João),  5."  conde  da  Feira, 

314. 
Forjaz  Pereira  (D.  João),  j."  conde  da  Feira, 

3i5. 
Forjaz  Pereira  de  Meneses  (D.  Diogo),  sr.  da 

casa  da  Feira,  314. 
Forjaz  Pereira  Pimentel  (D.  Fernando),  8.» 

conde  da  Feira,  3i5. 
Forjaz  Pereira  Pimentel    (D.  Manuel),  6° 

conde  da  Feira,  3  r 5. 
Formoselha  (Srs.  de),  ii3. 
Fornelos  (Srs.  de),  70. 
Foz,  quinta,  81,  417,  419. 
Foz  (Marquês  da),  10,  1 1,  38o.  —  Ar.,  38o. 
Foz  de  Arouce,  94. 
Frade,  ar,  16,  20. 
Frades,  terra,  doação,  343. 
França,  i5,  47,  i52,  246,  25o,  25i,  252,  253, 

255,  258,  451,  492,  496. —  Embaixaclor  lá, 

491,  517.  —  Falecido  lá,  14,  441,  —  Guerras 

lá,  170.  —  Moeda  do  cunho  de  lá,  357. — 

Rainha,  5  r3. — Rei,  19;  v.  Luís XI,  Luís  XVI, 

Luís  XVIII. 
França,  biscainho,  negociante  no  Porto,  181. 
Franceses :  invasão,  127;  questão  das  toma- 

dias,  14;  rixa  com  Ingleses,  194. 
Francisca,  f.  de  Helena  de  Mesquita,  466. 
Francisco   (D.),  infante,  f.  de  D.  Pedro  II, 

3i2,  3i5. 
Francisco  Rodrigues,  de  Lisboa,  28. 
Franco  (João  Fernandes),  progenitor   dos 

Orneias,  339,  38i. 
Francos,  terra,  doação,  343. 
Frechas,  ribeira,  53. 

Frederico  II,  imperador  da  Alemanha,  56. 
Freire  (Gomes),  sr.  de  Bobadela,  55. 
Freire  (D.  Joana),  m.  de  Estêvão  de  Brito, 

2t6. 
Freire  (M.),  desenhador,  5i3. 
Freire  (D.  Margarida),  m.  2.»  de  D.  Pedro  de 

Sousa,  216. 
Freire  (D.  Margarida),  trovada  no  Cancio- 

neiroy  420. 


Freire  (D.Nuno  R  odrigues),  mestre  de  Cristo 

279. 
Fre/ire  (Rui),  com.or  mor  de  Santiago,  346, 

347,  410. 
Freire  de  Andrade  (Gomes),  297. 
Freire  de  Andrade  (Jacinto),  Vida  de  dom 

João  de  Castro  quarto  Viso-rey  da  índia, 

5o6. 
Freire  de  Andrade  (João),  aventureiro  no 

passo  honroso  da  ponte  de  Orbigo,  45o. 
Freire  de  Andrade  (João),  sr.  de  Alcoutim, 

356,  45o,  529,  53o. 
Freire  de  Andrade  (Luís),  298. 
Freire  de  Andrade  de  Sousa  (Diogo),  6.» 

com.or  de  Soza,  298. 
Freire  de  Carvalho  (José  Literato),  Memo- 
rias com  o  titulo  de  Anyxaes,  21 3,  459. 
Freire  de  Oliveira,  Elementos  para  a  historia 

do  municipio  de  Lisboa,  288. 
Freire  de  Sousa  (Manuel),  3.°  com.or  de  Soza, 

297- 
Freiria  (Morgados  da),  ii3. 
Freiriz,  340. 

Freiriz  (Sr.  do  couto  de),  3i5,  339. 
Freitas  (Aires  Ancs  de),  338,  339. 
■Freitas  (Martim  de),  vende  o  ofício  de  anadel 

mor  dos  espingardeiros,  288. 
Freitas  (Sr.  do  julgado  de),  117,  120. 
Freixieira,  262. 

Freixo  de  Numão  (Alcaides  mores  de),  460. 
Frolhe  Afonso  (D.),  m.  i.»  de  D,  Gonçalo 

Rodrigues  da  Palmeira,  3o5,  307. 
Frolhe  Viegas  (D.),  m.  de  D.  Soeiro  Pires 

Torta,  338. 
Fronteira  (Casa  de),  211. 
Fronteira  (Com.res  de),  180,  i85,  186. 
Fronteira  (Marquês  de),  2.0,  211. 
Frossos,  herdade,  257. 
Froyas  (Vicente  Anes),  270. 
Fruela  II  (D.),  rei  de  Lião  e  Galiza,  104. 
Fruela  Viegas,  m.  de  Lourenço  Martins,  35 1. 
Frutuoso  (Gaspar),  Historia  das  Ilhas,  472. 
Funchal:  capitania,  378;  capitão  donatário, 

358,  378,  38 1. 
Funchal  (Conde  do),  D.  Domingos  António 

de  Sousa  Coutinho,  21 3,  524. 
Funchal  (Marquês   do),    i.°,  D.  Domingos 

António  de  Sousa  Coutinho,  21 3. 
Fimchal  (Marquês  do),  O  Conde  de  Linhares, 

2l3. 

Gabriel  (D.),  infante  de  Espanha,  520. 

Gabriel  Gonçalves,  ar.,  «6. 

Gago,  ar ,  20. 

Gago  (D.  Pedro  Eanes),  rico  homem,  gov.or 
de  Trás  os  Montes,  25o,  272,  273. 

Gaia,  doação  das  rendas,  etc,  365. 

Galafura  ((jonçalo  Rodrigues  de),  sr.  do  mor- 
gado de  Medeio,  170. 

Galafura  (Pêro  de),  neto  do  precedente,  170. 

Galaz  (D.),  cav.»  da  Távola  Redonda,  162. 


índice  de  matérias 


571 


Galego,  lezíria,  117,  i25. 

Galhardo  (Germão),  impressor,  364. 

Galiza,  64,  65,  66,  67,  77,  78,  97,  98,  267,  804, 

3o5,  378,  472,  522.  —  Vice  rei,  377. 
Galvão  (Rui),  secretário,  24,  146. 
Galveias  (Conde  das),   1.°,  Denis  de  Melo 

de  Castro,  71,  5i3,  514. 
Galveias  (Conde  das),  2.°,  Pedro  de  Melo  de 

Castro,  71,  5i3-5i4,  514. 
Galveias  (Conde  das),  3.°,  António  de  Melo 

de  Castro,  71,  514. 
Galveias  (Conde  das),  4.",  71. 
Galveias  (Conde  das),  5.",  D.  João  Vicente 

de  Almeida  Melo  e  Castro,  71. 
Galveias  (Conde  das),  6.",  D.  Francisco  de 

Almeida  Portugal  de  Melo  e  Castro,  71. 
Galveias  (Conde  das),  8.°,  71. 
Galveias  (Conde  das),  actual,  71,  72. 
Galveias  (Condessa  das),  D.  Inês  Josefa  de 

Melo  Breyner,  514. 
Galveias  (Condessa  das),  D.  Inês  de  Lan- 

castre,  514. 
Galveias,  antigo  (Condes  das),  475;  ar.,  71. 
Galveias,  moderno  (Condes  das),  ar.,  71-72. 
Gama,  ar.,  496. 
Gama  do  Conde  da  Vidigueira,  ar.,  22,  37, 

i85,  187.  \ 

Gama  (José  Augusto  da),  par  do  reino  elec- 
tivo, 186. 
Gama  Barros,  Historia  da  administração 

publica  em  Portugal,  292. 
Gamboa,  ar.,  8,  9. 
Garção   Stockler,  Ensaio  histórico  sobre  a 

origem  e  progresso  das  mathematicas  em 

Portugal,  4g3. 
Garcês,  ar.,  20. 

Garcês  (Afonso),  secretário,  326. 
Garcès  (Lourenço),  criado  de  Diogo  Lopes 

de  Sousa,  289. 
Garcia  Martins  (D.),  grã  com.or  do  Hospital, 

264. 
Garcia  Ourigues  (D.),  f.  de  D.  Ourigo  da  Nó- 
brega, o  Velho,  245. 
Garcia  Ribeiro  de  Vasconcelos  (Dr.  António), 

Evolução  do  culto  da  Rainha  Santa,  293. 
Garro,  ar.,  16. 
Gascunha,  i55,  i56. 
Gaspar  Gonçalves,  f.  de  André  Gonçalves, 

502. 

Gaspar  Gonçalves,  f.  de  Luís  Gonçalves,  5o i. 
Gaspar  Gonçalves,  porteiro  da  câmara  rial, 

5oi,  5o3;  ar.,497, 5o3. — V.  Ribafria (Gaspar 

Gonçalves  de). 
Gata  (b.  Teresa  Martins),  m.  de  D.  Mem 

Soares  de  Merlo,  409. 
Gaveta  do  Governo,  45o,  488. 
Gai^eta  de  Lisboa,  1 1 3, 128, 129,  177,  210, 21 1, 

2i3,  220,  222,  223,  236,  290,  291,  379,  410, 

446,  447»  4-^5,  457,  458,  487,  488,  494,  495, 

509,  5 16,  517,  526,  527,  528. 


Gelves  (Conde  de),  441. 

Gelves  (Sr.  de),  439. 

Genebra  (D).,  condessa  de  Viana,  127. 

Génova,  442. 

Genovês,  195. 

Gentil-homem  de  boca,  116. 

Gentil-homem  da  câmara :  do  infante  D.  An- 
tónio, 180;  do  infante  D.  Manuel,  488;  do  in- 
fante D.  Pedro,  488 ;  rial,  220, 459, 495, 520. 

Gera  (Barões  de),  ar.,  ii5. 

Gera  (Condessa  Luísa),  m.  de  Gregório  Fer- 
reira de  Eça,  II 5.  —  Ar.  e  epitáfio,  11 5. 

Germelo:  doação,  285,  289;  sr.,  289. 

Geraldo  Pais,  292. 

Geraz,  341. 

Gestaçô:  doação,  265;  senhorio,  208. 

Gestaçô  (Srs.  de),  171,  173,  175;  ar,  168. 

Gijon  (Conde  de},  D.  Afonso, 47, 48;  ar,  11 3. 

Gijon  (Condessa  de),  D.  Isabel,  47,  48. 

Gil  (Mestre),  cirurgião  mor,  33o,  33 1. 

Gil  Fernandes,  de  Campo  Maior,  399. 

Gil  Fernandes,  capitão  de  Elvas,  399. 

Gil  Martins,  f.  de  D.  Martim  Peres  Ribeiro, 
338. 

Gil  Martins  (D.),  mordomo  mor,  253. 

Gil  Simões,  ar.,  16. 

Gil  Vasques  (D),  rico  homem  293. 

Gil  Vicente,  Clérigo  da  Beira,  362. — Frágoa 
de  Amor,  193. — Romagem  de  Agravados, 
362. 

Giron  (Casa  de),  io5. 

Giron  (D.  Maria),  m.  de  Martim  Vasques  da 
Cunha,  162. 

Goa,  174,  175,  221,  232,  507.  —  Arcebispo, 
38i.  —  Conquista,  176. 

Godinha,  beata,  abadessa  de  S.  João  de  Vieira, 
202,  2o3. 

fiodinho  (António),  escrivão  da  câmara  rial, 
8,  9,  16,  19,  20,  21. 

Godinho  (António),  Livro  da  Torre  de 
Tombo,  V.  no  título  da  obra. 

Góes,  ar.,  37. 

Góes  (Casa  de),  410. 

Góes  (Damião  de),  Chronica  do  felicissitno 
rei  D.  Emanuel,  7,  17,  218,  386,  387,  418, 
440,  5o  3. 
■  Góes  (Fernão  Gomes  de),  sr.  de  S.  Gião  e 
Penalva,  164. 

Góes  (Srs.  de),  175,  421. 

Goiazes,  província,  gov.or  e  capitão  general 
dela,  180. 

Goios,  ar.,  38. 

Golegã:  data  de  carta,  i23;  doação  dos 
direitos,  409;  escrivão  das  sisas  e  posições, 
329. 

Gomes  Ansur,  248. 

Gomes  Dias  (D.),  conde  de  Saldaria,  496. 

Gomes  Martins,  contador  em  Ceuta,  397. 

Gomes  Soares  (D.),  rico  homem,  293. 

Gonçalo  Gomes,  pintor,  24,  25,  26. 


572 


Brasões 


Gonçalo  Gonçalves,  f.  de  D.  Gonçalo  Rodri- 
gues da  Píilmeira,  3o4,  3o5. 

Gonçalo  Lourenço,  escrivão  da  puridade,  81. 

Gonçalo  Mendes,  chanceler  mor,  293. 

Gonçalo  Mendes,  mordomo  mor,  292.  —  V. 
Sousa  (Gonçalo  Mendes  de). 

Gonçalo  Nunes,  81. 

Gonçalo  Ramires  (D.),  i55. 

Gonçalo  Vaz,  479.  —  V.  Melo  (Gonçalo  Vaz 
de). 

Gonçalo  Viegas,  sr.  de  Ataíde,  80. 

Gondarêm,  3i8;  padroado,  Siy,  32i. 

Gondiços,  doação,  343. 

Gondinhães,  casal,  doação,  343. 

Goterre  (D.),  natural  da  Gascunha,  i55, 
i5ó. 

Gouveia,  geração,  ar.,  22,  39. 

Gouveia,  vila,  77,  408;  convento  do  Espírito 
Santo,  97.  —  Sr.,  409. 

Gouveia  (Srs.  de),  v.  o  seguinte. 

Gouveia  de  Riba  Tâmega  (Srs.  de),  209,  212, 

2l3. 

Gouveias,  freguesia,  293. 

Gov.or  da  casa:  da  Excelente  Senhora,  176; 
da  infanta  D.  Joana,  427;  dos  infantes 
D.  Fernando,  146,  D.  Henrique,  286,  D.  João, 
Í46,  e  D.  Pedro,  81,  82. 

Gov.or  do  reino,  177,  220,  288,  289,  410. 

Grã  (Esteve  Anes  da),  ca\.°,  morador  em 
Lisboa,  479. 

Grã  (Rui  da),  320. 

Grã  (Rui  Gomes  da),  gov.or  da  casa  da  Exce- 
lente Senhora,  176.  —  Epitáfio,  176. 

Grã  Bretanha:  embaixador  lá,  490;  rainha, 
473,  5i3 ;  rei,  491. 

Grácia  (D.),  mãe  do  Conde  D.  Pedro  de  Bar- 
celos, 265,  269.  —  Epitáfio,  525. 

Graciosa,  quinta,  497. 

Grada,  v.  Granada. 

Granada,  265,  440. — Guerras,  229. — Rei,  65, 
66,  iiS. 

Grândola  (Com.ores  de),  11 3,  489. 

Granja,  498. 

Granja  de  Alpriate,  quinta,  526. 

Gregório  IX,  papa,  407. 

Guadalcasar  (Marqueses  de),  276. 

Guadalupe,  mosteiro,  89. 

Guadiana,  rio,  406,  437. 

Gualdim  Pais  (D.),  mestre  do  Templo,  i55. 

Guante,  ar.,  16,  20. 

Guarda,  cidade,  94,  411.  —  Alcaide,  475. — 
Almoxarifado,  409,  41 3. — Bispado,  463. — 
Bispo,  161,  166,293,455,  463,  464,465,466, 
467.  —  Sé,  166,  167.464.  —  Serviço  rial  e 
novo  dos  Judeus,  227,  476. 

Guarda,  quinta,  369,  373. 

Guarda  (Estêvão  da),  eichão  mor,  266. 

Guarda  das  escrituras  do  Tombo,  423. 

Guarda  mor,  52,  i  ii,  166,  192,  214,  215,411, 
414,  41 5,  422,  423,  424,  425,  426,  427,  429, 


43o,  448,  45o,  476.  —  Do  infante  D.  Fer- 
nando, 288. 

Gudiel  (Dr.  Gerónymo),  Compendio...  de 
los  Girones,  159. 

Guedes,  ar.,  283,  38o,  471. 

Guedes  (Álvaro  Gonçalves),  f.  de  Gonçalo 
Vasques  Guedes,  469. 

Guedes  (D.  Felipa),  7.»  sr.»  de  Murça,  469, 
470. 

Guedes  (Gonçalo  Vasques),  i.°  sr.  de  Murça, 
468,  469. 

Guedes  (D.  Joana),  9."  sr.*  de  Murça,  470. 

Guedes  (Lourenço),  f.  de  Pêro  Guedes,  470. 

Guedes  (Lourenço),  6."  sr.  de  Murça,  469. 

Guedes  (Pêro),  vedor  da  fazenda,  469,  470. 

Guedes  (Pêro  Vaz),  2.°  sr.  de  Murça,  469. 

Guedes  (Simão),  5.°  sr.  de  Murça,  469. 

Guedes  (Simão),  8.»  sr.  de  Murça,  470. 

Guedes  de  Miranda  (Luís),  i3.°  sr.  de  Murça, 
470. 

Guedes  de  Miranda  (Manuel  José),  14.°  sr. 
de  Murça,  468,  470. 

Guedes  deMíranda  (Pedro),  1  o."  sr.  de  Murça, 
467,  470. 

Guedes  de  Miranda  Henriques  (Luís),  1 1.°  sr. 
de  Murça,  470. 

Guerra  (D.  Pedro  da),  v.  Castro  (D.  Pedro 
Fernandes  de). 

Guilhem  Reimondo  (D.),  498. 

Guimarães,  2o5,  324, 498. —  Cerco,  66. —  Data 
de  cartas,  344,  346,  4i3.  —  Herdades,  i55, 
343.  —  Igreja  de  Santa  Maria,  76;  priores 
dela,  164,  i65,  222.  —  Morador,  412. — 
Termo,  41 3. 

Guimarães  (Conde  de),  383,  384. —  V.  Fer- 
nando, 3."  duque  de  Bragança. 

Guimarães  (Duque  de),  5.",  D.  Duarte,  236.  ^ 

Guimarães  (João  de),  tabelião  em  Sintra,  24, 

Guiné :  comércio  de  escravos  e  mercadorias, 
484;  feitoria  dos  tratos  dos  escravos,  483; 
mar,  481;  resgate  nos  seus  rios,  182;  sr., 
57,  182. 

Guiné  e  Índias,  armazém,  484. 

Guiomar  (D.),  condessa  de  Ourem,  81,  82, 
118,  125,  i33,  396. —  V.  a  seguinte;  Fer- 
reira (D.  Guiomar)  e  Vilalobos  (D.  Guio- 
mar). 

Guiomar  Lopes  (D.),  condessa  de  Ourem, 
118. 

Guminhães,  doação,  117,  120. 

Gundar  (D.  Lourenço  Mendes  de),  242. 

Gusman  (D.  Guillen  Pérez  de),  rico  homem, 
i5i. 

Gusmão  (D.  Beatriz  de),  rainha  de  Portugal, 
v.  Beatriz  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
D.  Afonso  III. 

Gusmão  ^D.  Luísa  de),  rainha,  v.  Luísa  (D.). 

Guzman,  solar  de  Castela,  104. 

Haia,  embaixador  lá,  154. 


índice  de  matérias 


573 


Halteren  (Rutgerus  ab),  461. 

Haro,  solar  de  Castela,  104. 

Haro  (Alonso  Lópej  de),  Nobiliário  genea- 
lógico de  los  Reys  y  Títulos  de  Espana, 
96,  166,  41 5. 

Haro  (D.  Mecia  López  de),  rainha,  m.  de 
D.  Sancho  II,  245. 

Haupt  (AlbrechíJ,  Die  Baukunst  der  Renais- 
sance  in  Portugal,  3i,  387,  48 1,  436. 

Henrique  (D.),  conde  de  Portugal,  i55,  3o3, 
498. 

Henrique  (D.),  f.  do  i." Marquês  de  Vila  Rial, 
3 14. 

Henrique  (D.),  infante,  duque  de  Viseu,  83, 
84,  126,  143,  145,  146,  170,  190,  197,  279, 
280,  286,  3 16,  328,  383,  449. 

Henrique  {D ), -infante,  i.  de  D.  Manuel,  464. 
—  Ar.,  33. 

Henrique  II  (D.),  rei  de  Castela,  46,  47,  55, 
64,  65,  66,  67,  144. 

Henrique  III  (D.),  rei  de  Castela,  96, 162,  i65. 

Henrique  IV  (D.),  rei  de  Castela,  229. 

Henrique  VI,  rei  de  Inglaterra,  193. 

Henrique  (D.),  rei  de  Portugal,  o  Cardial 
Rei,  288,  289,  389,  469,  477,  482. 

Henriques,  ar.,  35,  471. 

Henriques  (D.  Fernando),  3."  sr.  das  Alcá- 
çovas, 449. 

Henriques  (Francisco),  pintor,  passavante, 
14. 

Henriques  (Guilhenne  João  Carlos),  Alem- 
quer  e  ieu  concelho,  i-j3,  176. 

Henriques  (D.  Henrique),  2.»  sr.  das  Alcá- 
çovas, 449. 

Henriques  (D.  Mecia),  m.  1.»  de  D.Pedro  de 
Sousa,  21.'-,  216,  218. 

Herculano  (Alexandre),  historiador,  1 10, 249, 
25o,  25  I. 

Herculano  (Alexandre),  Historia  de  Por- 
tugal, 1 57,  246,  25o,  ^o3. 

Hermenegildo  (Santo),  104. 

Hidalcão,  176. 

Historia  genealógica,  v.  Sousa  (D.  António 
Caetano  de). 

Historia  e  Memorias  da  Academia  Real  das 
Sciencias,  174. 

Holanda,   445,    492;    embaixador    lá,    290, 

474- 
Holanda  (António  de),  escrivão  da  nobreza, 

>4j»5, 407-  * 

Holanda  (Francisco  de),  14. 
Holandeses,  guerras  no  Brasil,  377,  378. 
Homem,  ar,  471. 
Honório  (Fr.),  5o6. 
Horta  do  Penedo,  41 3. 
Horta  dei  Rei,  41 3. 
Hospitalários,  v.  Ordem  do  Hospital. 
Hoya,  cidade,  172;  rei,  172. 
Huete  (Duque  de),  166. 
Hugo  (Fr.),  prior  de  Soza,  293,  294. 


Hungria  (Rei  de),  52 1. 

Idanha  a  Nova  (Conde  da).  Pêro  da  Alcáçova 

Carneiro,  i83,  370.—  Ar.,  184, 

Idanhas  (Com.or  das),  23o. 

Ilha  (Condes  da),  v.  Ilha  do  Príncipe  (Con- 
des da). 

Ilha  de  Ano  Bom  (Capitão  da),  481,  482. 

Ilha  de  Baarem,  176. 

Ilha  Graciosa,  38i. 

Ilha  Grande  de  Joanes  (Barão  da),  i.°,  Luís 
Gonçalo  de  Sousa  de  Macedo,  236. 

Ilha  Grande  de  Joanes  (Barão  da),  3.°,  Luís 
de  Sousa  de  Macedo,  236. 

Ilha  Grande  de  Joanes  (Donatário  da),  236. 

Ilha  de  Madagáscar,  172^  174. 

Ilha  da  Madeira,  capitania,  379;  morgado  do 
Caniço,  38i ;  Vasconcelos  de  lá,  38i. 

Ilha  do  Príncipe,  180,  182.  —  Capitania,  182. 

—  Capitão  donatário,  180,  182,  184. —  Doa- 
ção, 182.  —  Gov.or  e  alcaide  mor,  180. 

Ilha  do  Principe  (Conde  da),  i.°,  Luís  Car- 
neiro de  Sousa,  184. 

Ilha  do  Príncipe  (Conde  da),  2.",  Francisco 
Carneiro  de  Sousa,  223. 

Ilha  do  Principe  (Conde  da),  5."  Carlos  Car- 
neiro de  Sousa  e  Faro,  180,  184. 

Ilha  do  Principe  (Condes  da),  186.  —  Ar., 
184. 

Ilha  do  Principe  (Condessa  da),  D.  Eufrásia 
Felipa  de  Lima,  223. 

Ilha  de  San  Jorge  (Capitão  da),  424. 

Ilha  de  San  Tomé:  capitães.  450;  feitoria, 
484. 

Ilha  de  San  Miguel,  morgado  da  Ribeirinha, 

473- 

Ilha  de  Santa  Maria:  capitania,  379;  capitão 
donatário,  180,  184;  gov.or  e  alcaide  mor, 
180. 

Ilha  de  Santiago,  quartos  e  vintenas,  484. 

Ilha  de  Socotorá,  172;  gov.or,  172. 

Ilha  Terceira,  i85,  410;  capitão,  424;  gov.^ 
390. 

Ilhas,  quinta,  i33. 

Ilhas  dos  Açores:  gov.or  e  capitão  general, 
468;  Vasconcelos  de  lá,  38i. 

Ilhas  de  Canária,  196. 

Ilhas  Desertas  (Sr.  das),  309. 

Ilhas  de  Tristão  da  Cunha,  172. 

Ilhó  (Conde  de),  D.  Pedro  de  Meneses,  i25. 

Iluminadores  dos  brasões  quinhentistas,  i5. 

Imperial,  ar.,  20. 

índia,  146,  i63,  172,  174,  i83,  218,  223,  232, 
233,  377,  474,  492.  —  Armada  do  Norte, 
509  — Armadas,  174,  175,  221,  232,  489. — 
Capitania  mor  da  carreira,  390. —  Capitão 
de  nau  da  armada,  174,  176,  177,232. — 
Capitão  mor  da  armada,  171- 172,  176,232. 

—  Casa.  V.  Casa  da  Índia.  —  Desterro  lá, 
221.  —  General  do  mar,  176. —  Gov.or^  172, 
173,  174,  225,232,362. —  Guerras,  424, 470, 


574 


Brasões 


—  Loiça  de  lá,  ii3,  223,  5i8.  —  Naus  da 
carreira,  484  — Primícias,  lyS.- — Vedor  da 
fazenda,  490;  da  repartição  de  lá,  519. — 
Vice  rei,  116,  171,  172,  175,  211,  221,228, 
3 14,  435,  447,  488,  5o5,  5o6,  5o8,  509,  519. 

índias  (Armazém  de  Guiné  e),  484. 

Inês  Dias,  m.  de  Martim  Afonso  Ghichorro, 
207. 

Inês  Esteves,  m.  de  Rui  da  Cunha,  187. 

Inês  Lourenço  (D.),  m.  2."  do  Conde  D.  Gon- 
çalo de  Pereira,  3o8. 

Inês  Lourenço  (D.),  m.  de  Martim  Afonso 
Chichorro,  207. 

Inês  Martins,  concubina  do  mestre  D.  Mem 
Rodrigues  de  Vasconcelos,  348. 

Inês  Martins,  f.  de  Martim  Vicente,  397. 

Inês  Martins  (D.),  m.  de  Martim  Mendes  de 
Vasconcelos,  342. 

Inês  Martins,  proprietária  em  Sintra,  24. 

Inês  Sanches  (D),  m.  i."  de  D.  Rodrigo  Gon- 
çalves de  Pereira,  3o8. 

Infanção,  loq,  188. 

Inglaterra,  fô,  92,  i52,  170,  176,  478.  —  Os 
Doze,  170.  —  Embaixador:  dela,  492;  lá, 
166,  214,288,474,  490,491,535.  —  Ministro 
em  Lisboa,  400.  —  Rainha,  v.  Caterina.  — 
Rei  19;  V.  Carlos  II,  Helirique  VI. 

Ingleses:  aliança  com  Portugal,  65,  68;  rixa 
com  Franceses,  194. 

Inocêncio,  Dic.  bibliográfico^  v.  Silva  (Ino- 
cêncio Francisco  daí. 

Inquirições:  de  D.  Afonso  II,  242,  248,  SSj; 
de  D.  Afonso  III,  i54,  i55,  157,  187,  248, 
245,  246,  247,  292,  3o4,  317,  336,  337;  de 
D.  Denis,  80,  i56,  157,  248,  261,  266,  3 18, 
337,  33b,  339. 

Inquisição  de  Coimbra:  inquisidor, 438;  visi- 
tador, 392.  —  De  Évora,  inquisidor,  438. 

Inquisidor  geral,  176,  5o6. 

Instituto  (O),  465,  466,  467. 

Irlanda  (Rainha  de),  5i3. 

Isabel  (D),  condessa  de  Gijon  e  Noronha, 
47,  48. 

Isabel  (D.)j  í.  do  infante  D.  Afonso,  266. 

Isabel  (D.),  imperatriz,  38q,  473. 

Isabel  (D.),  infanta,  f.  de  D.  Manuel,  363,  — 
Ar.,  33. 

Isabel  (D.),  infanta,  m.  do  infante  D.  Pedro, 
i36. 

Isabel  (D.),  m.  de  Belchior  de  Aguiar  Fer- 
reira, 238. 

Isabel  (D.),  m.  de  D.  João  Afonso  de  Albu- 
querque, 123. 

Isabel  (D.),  m.  de  D.  João  Manuel,  232. 

Isabel  (D.),  princesa  de  Castela,  214.  —  V. 
Rainha  Princesa. 

Isabel  (D.),  rainha  Católica,  439. 

Isabel  (D ),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
Afonso  V,  82,  II 3,  137,  214,  286,  3 12,  3i3. 

Isabel  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  i.«  de 


D.  Manuel,  214,  484,  440.  —  V.  Rainha 
Princesa. 

Isabel  (D.),  rainha  de  Portugal,  a  Rainha 
Santa,  267,  276,  293. 

Isabel  Fernandes,  m.  de  João  Rodrigues 
Pessanha  e  de  Mem  Rodrigues  de  Vascon- 
celos, 399. 

Isabel  Garcia,  m.  de  António  de  Morais,  28. 

Itália,  embaixador  aos  Príncipes  de  lá,  443. 

Jácome,  linhagem,  822;  ar.,  322. 

Jácome  (Caterina  Dias),  322. 

Jácome  (Fernando),  alcaide  mor  do  castelo 
da  ilha  de  Socotorá,  172. 

Jácome  (Isabel),  m.  de  João  Rodrigues  do 
Lago,  322. 

Jácome  do  Lago  (Baltasar),  morador  em 
Viana  da  Foz  do  Lima,  32i,  822. 

Jácome  do  Lago  (Francisco),  irmão  do  pre- 
cedente, 321. 

Jadraque  (Sr.  de),  166. 

Jaem,  naturais  de  lá,  482. 

Jaime  (D.),  4.0  duque  de  Bragança,  217,  435, 
443,  533.  —  Ar.,  40. 

Jamays,  rei  de  ar.  Algarve,  11. 

James,  rei  de  ar.  Algarve,  11,  12.  * 

Jaques  (Manuel),  2.»  visconde  de  Fonte  Ar- 
cada, 212. 

Jaques  de  Magalhães  (João),  3.°  visconde  de 
Fonte  Arcada,  212. 

Jaraz,  doação,  846. 

Jardo  (Domingos  Anes),  preceptor  de  D. 
Denis,  i52. 

Jean  Gonzalez,  450, 

Jerusalém,  83. 

Jesus  Maria  José  (Fr.  Pedro  de),  Chronica 
da  provinda  da  Conceição,  3yii. 

Joana,  f  de  Helena  de  Mesquita,  466. 

Joana  (D),  infanta,  f.  de  D.  Afonso  V,  23 1, 
427,  428. 

Joana  (D.),  infanta,  m.  do  infante  D.  Denis, 
89. 

Joana  (D),  m.  de  Afonso  Teles  de  Meneses, 

232. 

Joana  (D.),  princesa  de  Castela,  5o5.  —  V. 
Excelente  Senhora. 

Joana  (D.),  princesa  de  Portugal,  m.  do  prín- 
cipe D.  João,  485. 

Joane,  aldeia,  3 10. 

Joane  (Mestre),  criado  do  infante  D.  Fer- 
nando, 282. 

Joane  Mendes,  352,  353. 

Joanino, 293. 

João,  bispo  de  Lamego,  292. 

João  (D.), bispo  de  Lisboa,  35o. — V.  Soalhães 
(D.  João  Martins  de). 

João  (D.),  duque  de  Aveiro,  485,  487. 

João  (D.),  f.  do  Marquês  de  Vila  Viçosa,  i33. 
—  V.  João  (D.),  marquês  dé  Montemor  o 

•    Novo).' 

João  (D.),  infante,  f.  de  D.  Afonso  V,  82. 


índice  de  matérias 


575 


João  (D.),  infante,  f.  de  D.João  1, 146,345,354. 
João  (D.),  infante,  f.  de  D.  Maria  I,  520. 
João  (D.),  infante,  f.  de  D.  Pedro  I,  67,  89, 

90,  91,  92,  93,  94,  95,  96,  97,  98,  109,  1 10, 

1 1 1,  144,  353,  355,  338,  36i,  3^4;  duque  de 

Valência  de  Cimpos,  96,  162. 
João  (D.),  marquês  de  Montemor  o  Novo, 

i35,  439. — V.  João  (D.),  f.  do  Marquês  de 

Vila  Viçosa. 
João  (D.),  mestre  de  Avis,  68,  iii,  160,  168, 

189,  190,  227,  245,  3 10,  344,  346,  352,  395, 

396,  399,  408,  41 1,  412,  469,  477,  479.— 'V. 

João  I  (D.),  rei  de  Portugal. 
João  (D.),  príncipe,  f.  de  D.  Afonso  V,  82, 

i35,  137,  21 3,  296,  36o,  426,  43q,  444,  448. 

—  V.  Joào  II  (D.),  rei  de  Portugal. 

João  (D. ),  príncipe,  í.  de  D.  João  III,  482, 485. 
João  (D.),  príncipe,  f.  de  D.  Manuel,  i3,  455. 

—  Ar.,  32,  39.  —  V.  João  III  (D.),  rei  de 
Portugal. 

João  (D.),  príncipe  regente,  446,  527,  528. 

João  I  (D.),  rei  de  Castela,  5i,  52,  55,  64,65, 
68,  76,  77, 78, 79,  95, 96,  110, 1 1 1,  ri5,  160, 
208,  284,  3 10,  385,  395,  41 1,  412,  41 5,  425, 
469. 

João  II  (D.),  rei  de  Castela,  16G,  439. 

João  I  (D.),  rei  de  Portugal,  5,  24,  48,  5i,  55, 
69?  75.  76?  77i  78,  79'  80,  81,  83,  92,  q6,  1 10,^ 
III,  112,  125,  126,  129,  i33,  i34,  i36,  142, 
143,  144,  145,  146,  160,  162,  164,  i65,  167, 
ibg,  190,  194,  195,  196,  235,  289,  240,  24J, 
283,  2f^4,  294,  3 10,  3 II,  323,  325,  342,  343, 
346,  347,  348,  349,  353,  356,  357,  365,  366, 
367,  383,  395,  410,  412,  414,  415,  416,  422, 
42  j,  424,  43o,  43 1,  432,  448,  430,  468,  469, 
472';  475,  476,  478»  479?  5i8.— V.  João  (D.), 
mestre  de  Avis. 

João  II  (D.),  rei  de  Portugal,  8,  27,  ój.,  145, 
181,  182,  188,  196,  21 3,  214,  21 5,  228,  287, 
296,  3 14,  320,  325,  326,  327,  329,  345,  368, 
369,  372,  374,  3^4,  418,  429,  434,  444,  453, 
472,  480,  481,  485,  486.  —  V.  João  (D.), 
príncipe. 

João  III  (D.),  rei  de  Portugal,  i3,  14,99,  '6^» 
173,  176,  177,  178,  179,  180,  i83,  218,  225, 
227,  280,  281,  288,  297,  326,  363,  387,  388, 

389,  393,  400,  421,  434,  447,  454,  466,  467, 
482,  483,  485,  486,  5o i,  3o2,  5o3,  5o5,  52o, 
521.  —  V.  João  (D.),  príncipe. 

João  IV  (D.),  rei  de  Portugal,  192,  224,  377, 

390,  441,  446,  473,  494. 

João  V  (D.),  rei  de  Portugal,  210,  212,  229, 
290,  3 12,  5o8,  526. 

João  (Mestre),  sacerdote,  226. 

João,  Sem  Pavor,  duque  de  Borgonha,  450. 

João  (D.),  sobrinho  dei  Rei,  f.  do  Marquês  de 
Vila  Viçosa,  i33,  i35. — V.  João  (O.),  Mar- 
quês de  Montemor  o  Novo. 

João  (Mestre),  tripulante  da  armada  de  Pe- 
dro Alvares  Cabral,  480. 


João  Afonso,  iii. 

Joào  Afonso,  bacharel,   ouvidor  da  rainha 

D.  Leonor  Teles,  343,  385. 
João  Afonso,  doutor,  453.  —  V.  Aguiar  (Dr. 

João  Afonso  de). 
João  Afonso  (Dr.),  478,  v.  Regras  (Dr.  João 

das). 
João  Afonso  (D.),  alferes  mor,  e  2.°  sr.  de 

Alburquerque,  106,  10^,  207,  259. 
João  Afonso  (D.),  1.°  conde  de  Barcelos,  4." 

sr.  de  Alburquerque,  106,  107,  267,  5i5. 
João  Afonso,  f.  b.  de  D.  Afonso  III,  epitáfio, 

522. 

João  Afonso,  f.  b.  de  D.  Denis,  266. 

João  Aires  (D.),  arcebispo  de  Santiago,  206. 

João  Durães,  alferes  menor,  25 1. 

João  Fernandes  (D.),  rico  homem,  293. 

João  Gonçalves,  450. 

João  Lopes,  escudeiro,  morador  em  Sintra, 
27. 

João  Lourenço,  ar.,  16. 

João  Lourenço,  alcaide  da  Covilhã,  471. 

João  Pedro,  400,  401 . 

João  Ramires  (D.),  1 56.  '' 

Joào  Rodrigues,  pedreiro,  mestre  das  obras 
dos  paços  de  Sintra,  26,  27. 

João  Rodrigues,  Portugal  rei  de  ar.,  7,  8,  18. 

Joào  Simão,  meirinho  mor,  266. 

João  Soares,  freire  da  Ordem  do  Templo, 
264. 

João  Soares,  ouvidor  na  corte,  i52. 

Johane,  criado  de  pintor,  25. 

Jorge  (D.),  2.°  duque  de  Coimbra,  ar.,  40.  — 
V.  o  seguinte. 

Jorge  (D.),  mestre  de  Santiago,  229,  48?^  — 
V.  o  precedente. 

Jorge  Domingues,  5o2. 

Jornal  do  Commercio,  iZ-j,  193. 

José  II,  imperador  de  Áustria,  526. 

José  (D  ),  rei  de  Portugal,  461,  526. 

Judeu,  quinta,  417. 

Judeus:  de  Beja, renda  dos  serviços,  412;  de 
Bragança,  253;  de  Elvas,  serviço  novo, 
284;  de  Évora,  rendas  e  direitos,  145;  de 
Figueiró,  serviço  novo,  36o:  da  Guarda, 
serviço  rial  e  novo,  227,  470:  de  Mourão, 
serviço,  284;  do  Pedrógão,  serviço,  369; 
de  Setúbal,  serviço  velho  e  novo,  480,481. 

Judia,  226,  227. 

Júlia  Martins,  f.  de  Martim  Vicente,  897. 

Julião,  notário  da  Cúria  régia,  292. 

Junqueira,  forte,  446. 

Junta  dos  Três  Estados,  519. 

Juromenha,  tomada,  406. 

Juromenha  (Visconde  de),  21. 

Juromenha  (  Visconde  de),  Cintra  pinturesca, 
58,  5 10. 

Justa  (D.),  mãe  de  D.  Grácia,  525. 

Justiniano  (D.  Diogo  da  Anunciação),  arce- 
bispo de  Cranganor,  ar  e  epitáfio,  432. 


^76 


Brasões 


Juzarte  (Pêro),  sr.  e  alcaide  mor  de  Ar- 
raiolos, 386. 

Laborim,  doação,  log. 

Labruja,  doação,  346. 

Labrujeira,  doação,  346. 

Lacerda  (D.  Margarida  de),  m.  de  Francisco 
Pereira  Coutinho,  484. 

Lafões,  concelho,  doação,  290;  julgado,  145. 

Lafões  (Casa  de),  112,  i38,  322.  —  Ar.,  442. 
Bens  e  títulos,  528.  —  Comendas,  526,  327. 

Lafões  (Duque  de),  i.», D.  Pedro  de  Bragança, 
290,  291,  298,  526. 

Lafões  (Duque  de),  2.°,  D.  João  Carlos  de 
Bragança,  291,  5 17,  527. 

Lafões  (Duque  de),  3.",  D.  Segismundo  Cae- 
tano Alvares  Pereira  de  Melo,  291,  442, 
528. 

Lafões  (Duques  de),  526.  —  Ar.,  442. 

Lafões  (Duquesa  de),  3.%  D.  Ana  Maria  José 
Joana  Carlota  de  Bragança,  517,  528. 

Lafões  (Duquesa  de),  D.  Henriqueta  Maria 
Júlia  de  Meneses,  114.  517,  528. 

Lafões  (Duquesa  de),  D^  Luísa  Casemira  de 
Nassau  e  Sousa,  290. 

Lágia  (Pêro  da),  escrivão  do  Desembargo  do 
Paço,  21. 

Lágia'  (Srs.  da),  235. 

Lago,  linhagem,  ar.,  322. 

Lago  (João  Rodrigues  do),  322. 

Lago  (João  Rodrigues  do),  o  Velho,  322. 

Leigo  Bom,  quinta,  238. 

Laiim :  couto  e  honra,  267 ;  paços,  267,  268, 
269.  ' 

Lamego:  alcaide  mor,  59;  bispo,  292,  293, 
363;  castelo,  162;  comarca,  491;  data  de 
carta,  285. 

Lamego  (João  de),  comprador  da  infanta 
D.  Joana,  427. 

Lamízios,  lugar,  187. 

Lanjeiras,  herdade,  5o2. 

Lamo  (Rei  de;,  172. 

Lançarote  (Micé),  almirante,  f.  de  Rui  de 
Melo,  127,  194,  195. — V.  Pessanha  (Lan- 
çarote). 

Lancas^ire,  família,  219;  ar.,  447,  448. 

Lancastre  (D.  Afonso  de),  com.or  mor  da 
Ordem  de  Cristo,  485,  486. 

Lancastre  (Duque  de),  54. 

Lancastre  (D.  Felipa  de),  marquesa  de  Vila 
Rial,  486. 

Lancastre  (D.  Felipa  de),  rainha  de  Portugal, 
V.  Felipa. 

Lancastre  (D.  Francisco  de)^  i."  conde  das 
Alcáçovas,  45o. 

Lancastre  (D.  Francisco  Luís  de),  S."  com.or 
mor  de  Avis,  392. 

Lancastre  (D,  Inês  de),  condessa  das  Gal- 
veias, 514. 

Lancastre  (D.  João  de),  do  Conselho  de 
Guerra,  514. 


Lancastre  (D.  Lourenço  José  das  Brotas  de), 
5."  marquês  das  Minas,  219,  220. 

Lancastre  (D.  Luís  de),  com.or  mor  da  Or- 
dem de  Avis,  485. 

Lancastre  (D.  Mariana  de),  condessa  e  mar- 
quesa de  Castelo  Melhor,  372,  376,  377, 
378. 

Lancastre  (D.  Mariana  Rosa  de),  condessa 
de  S.  Lourenço,  446,  447. 

Lancastre  (D.  Pedro  de),  2.°  conde  de  Fi- 
gueiró, 392. 

Lancastre  de  Basto  Baarem  (D.  Luís  António 
de),  2.°  conde  da  Lousã,  519. 

Lancastre  e  Noronha  (D.  Joana  Bernarda  de), 
m.  de  Francisco  José  Luís  de  Melo,  455, 
524-525.  —  V.  Noronha  e  Lancastre  (D. 
Joana  Bernarda). 

Lancastre  de  Vasconcelos  e  Câmara  (D.  Ma- 
riana de),  condessa  de  Castelo  Melhor, 
370.  —  V.  Lancastre  (D.'  Mariana  de). 

Landim,  couto  do  mosteiro,  304,  3o5,  3o6, 
307 ;  terra,  349. 

Lanoim,  família,  ar.,  20. 

Lanhoso,  castelo,  3o8;  alcaide  mor  dele,  164. 

Lanhoso,  terra,  iii,  338,  341 ;  doação,  120, 
164,  3o4;  sr.,  146. 

Lapa  (Condes  da),  382. 

Lapela,  castelo,  1 1 1. 

Lara,  solar  de  Castela,  104. 

Lara  (D.  Pedro  Nuilez  de),  conde  de  Mayor- 
gas,  412. 

Larangeira,  herdade,  5o2 ;  quinta,  386. 

Laratojo,  quinta,  484. 

Larim,  terra :  senhorio,  348,  35o;  venda,  348, 

349- 
Lavadores,  doação,  109. 

Lavanha  (João  Baptista),  editor  do  Nobiliá- 
rio do  Conde  D.  Pedro,  271,  272. 

Lavradio  (Marqueses  de),  3.<",  458. 

Leiria,  94,  112,  259,  261,  262.  —  Alcaide,  535. 
Bens  lá,  258,  423. — Casas,  261.  —  Castelo, 
III.  —  Data  de  carta,  109,  iii,  145,  161, 
162,  25i,  409. —  Gov.or  ftenensj,  260. — 
Jugadas,  409.  —  Herdamentos,  2.'>8.  —  Mo- 
rador, 522.  —  Ponte  Coimbrã,  261.  —  Sr., 
275. 

Leitão,  ar.,  18. 

Leitão  (Cristóvão),  coronel  e  capitão  dos 
alabardeiros,  20.  —  Ar.,  ig,  20. 

Lemos,  ar.,  3i,  36. 

Lemos  (Conde  de),  D.  Fernando  de  Castro, 
67,  144,  145. 

Lemos  (Duarte  de),  capitão  mor  da  armada 
da  índia,  232. 

Lemos  (Fernão  de),  escudeiro  do  Marquês 
de  Montemor  e  cavaleiro  do  Conde  de 
Faro,  i35,  429. 

Lemos  (Gomes  Martins  de),  sr.  da  Trofa,  373. 

Lemos  (D.  Joana  de),  m.  de  Pêro  de  Sousa^ 
Ribeiro,  373,  375. 


índice  de  matérias 


577 


Lemos  (Sr.  de),  67. 

Leomil,  couto:  doação,  55;  srs.,  54,  55,  59. 

Leonor  (D.),  infanta,  imperatriz  de  Alema- 
nha, 56. 

Leonor  (D.),  infanta,  f.  de  D.  Afonso  II,  202. 

Leonor  (D.),  m.  2.»  de  Jorge  de  Sousa,  2J1. 

Leonor  (D.),  m.  de  D.  Pedro  de  CaslrOj  1 19. 
—  V.  Meneses  (D.  Leonor  de). 

Leonor  (D.),  princesa,  m.  do  príncipe  D.  João, 
421. — V.  Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal, 
m.  de  D.  João  II. 

Leonor  (D.),  rainha  de  Aragão,  269. 

Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
D.  Duarte,  354,  355,  356,  529,  53o. 

Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
D.  Fernando,  v.  Teles  (D.  Leonor). 

Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
D.  João  II,  27,  5"]^  182,  21 5,  33o,  33 1,  374 
421.  —  V.  Leonor  (D.),  princesa. 

Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  3.»  de 
D.  Manuel,  363. 

Leonor  Afonso  (D.),  f.  natural  de  D.  Afonso  III, 
m.  do  conde  D.  Gonçalo  Garcia,  2o5,  262. 

Leonor  Álvares,  m.  1.'  de  Mem  Cerveira,  33o. 

Leonor  Dias,  m.  de  Esteve  Anes  da  Grã,  479. 

Leonor  Geraldes,  m.  i.»  de  Álvaro  Pais,  478. 

Leonor  Gomes,  m.  de  João  Alvares  Pereira, 
416. 

Leonor  Gonçalves,  mãe  de  Martini  Casco, 
385. 

Leonor  Gonçalves,  m.  de  Gonçalo  Vasques 
Coutinho,  V.  Azevedo  (Leonor  Gonçalves 
de). 

Leonor  Rodrigues,  m.  i."  de  Vasco  Anes  de 
Soalhães,  35i. 

Leopoldina,  arquiduquesa  de  Áustria,  517. 

Levogilde,  senhorio,  262. 

Liai  (João),  homem  bom  da  vereação  de 
Sintra,  24. 

Lião,  i52,  45o.  —  Reis,  ar.,  45,  v.  Fruela  II, 
Ordenho  II,  Ramiro. 

Lião  X,  papa,  363.— Embaixada  a  ele  enviada, 
12,  173. 

Lião  (Duarte  Nunes  do),  Chronica  e  vida  dei 
Rey  dom  Afonso  o  F,  1 96.  —  Primeira 
parte  das  Chronicas,  267,  276. 

Libro  dei  Passo  Honroso  defendido  por  el 
excelente  caballero  Suero  de  Qunlones, 
copitado  de  un  libro  antiguo  de  mano  por 
tr.  Juan  de  Pineda  Religioso  de  la  Orden 
de  San  Francisco.  Segunda  edicion.  Ma- 
drid, António  de  Sancha,  1783,  450,  452. 

Lichnowsky  (Príncipe),  Portugal.  Recor- 
dações do  anno  de  1842.  Traduzido  do 
alemão,  2.^  ed.,  etc.    Lisboa,  1845,  3o. 

Lichnowsky,  viajante,  507. 

Ligne  (Carlos  José  de),  príncipe  do  Sacro 
Romano  Império  e  2."  marquês  de  Arron- 
ches, 290 

Lima,  ar.,  35,  122,  i23,  124. 

VOL.  I 


Lima,  rio,  242,  32  r. 

Lima  (D.  António  de).,  Nobiliário,  70,  108, 
241,  3 II,  383,  471,  478. 

Lima  (D.  Eufrásia  de),  condessa  do  Prado, 
219. 

Lima  (D.  Eufrásia  Felipa  de),  condessa  da 
Ilha  do  Príncipe,  223. 

Lima  (D.  Francisco  de),  492. 

Lima  (d.  João  de),  2."  visconde  de  Vila  Nova 
da  Cerveira,  233,  427. 

Lima  (D.  Luísa  Bernarda  de),  m.  de  D.  Luís 
Baltasar  da  Silveira,  222. 

Lima  (D.  Maí-ia  da  Nazaré  de),  condessa  de 
Mesquitela,  221. 

Limia  (D.  João  Fernandes  de),  rico  homem, 
259,  271.  —  V.  Batissela  (D.  João  Fernan- 
des). 

Limia  (D.  Teresa  Eanes  de),  m.  de  D.  Mem 
Garcia  de  Sousa,  206,  262. 

Limia  (D.  Urraca  Fernandes  de),  m.  de 
D.  Gonçalo  Anes  Raposo,  108,  122. 

Linhares:' alcaide  mor,  52;  srs.,  5z^  409. 

Linhares  (Condes  de),  48;  ar.,  124. 

Linhares,  moderno  (Conde  de),  i.°,  D.  Ro- 
drigo de  Sousa  Coutinho,  21 3. 

Linhares,  moderno  (Conde  de),  3.°,  ii3. 

Linhares,  moderno  (Conde  de),  4.°,  21 3. 

Linhares,  moderno  (Condes  de),  209,  21 3. 

Lioneses,  406. 

.Lisboa,  3,  9,  12,  55,  56,  58,  64,  66,  68,  78,  79, 
82,  95,  116,  117,  i32,  i35,  143,  i5i,  161, 
162,  172,  177,  218,  232,  247,  25 1,  259,  261, 
268,  269,  290,  3 18,  322,  343,  364,  370,  3Q2, 
4r5,  418,  504,  532.  —  Academia  Rial  das 
Sciências,  291,  446,  532;  fundação,  527; 
presidente,  527;  sede,  528.— Academia  das 
Sciências,  326.  —  Albergaria  de  Paio  Del- 
gado, 161,  162.  —  Alcáçova,  336.  —  Alcai- 
daria,  109,  iio. —  Alcaide  mor,  67,  68,  109, 
no,  160,  354.  —  Alferes  da  bandeira,  78. 
—  Almazêm:  almoxarife,  82, 483;  escrivão, 
82.  — Almirante  na  cidade,  ig3. — Alto  de 
Santa  C«terina,  207. — Alvoroços,  354,  355. 
Arcebispo,  48, 56, 288, 36o,  363,  364. — Arco 
do  Rossio,  485.  —  Armazém :  de  Guiné  e 
índias,  484;  de  leilões  e  vendas,  10;  da 
Ribeira,  484.  —  Assassínio,  492.  —  Ateneu 
Comercial,  386. — Bandeira,  407. — Basílica 
da  Estrela,  460.  —  Bemposta,  211. — Bens, 
258,  261,  263,  269,  346,  35o.  —  Biblioteca 
Nacional,  184,  534.  —  Bispo,  292,  293,  339, 
340, 35o,  35 1, 41 5.— Bulas  publicadas,  347. — 
Cais  do  Sodré,  234.  —  Calçadas :  do  Com- 
bro,  467,  468;  de  Damião  de  Aguiar,  490; 
do  Lavra,  490.  —  Calçadinha  de  S.  Fran- 
cisco, 225.  —  Câmara  Municipal:  arquivo, 
266,  268,  269,  270,  357;  escrivão,  485,  486; 
presidente,  391,  470;  vereadores,  288,  448, 
477.  —  Capela  de  Nossa  Senhora  do  Bom 
Sucesso,  490.  —  Capitão  mor  da  gente  da 

73 


578 


Brasões 


defesa  da  cidade,  288.  — Cardial  patriarca, 
5i7-5i8.  —  Casa  do  Cível,  q.  v.  — Casa  da 
Congregação  da  Caridade  às  Necessidades, 
446.  — Casa  dos  Escravos,  484.  —  Casas, 
i8g,  265,  260,  275,'  --'47^  390,418,  478.— Cas- 
telo, 109,  3'54,  355,  482.—  Cavaleiro,  410. 
—  Celeiro,  353.  —  Cercos,  46,  47,  64,  67, 

68,  168,  189,  3io,  346,  409,  414.— Chão  da 
Feira,  478.  —  Cidadão,  477,  483.  —  Com- 
panhia Rial  dos  Caminhos  de  Ferro  Por- 
tugueses, 328;  estação  central,  38o. — Con- 
celho da  cidade,  no.  —  Conventos:  do 
Carmo,  capela  da  Piedade,  487;  de  Jesus, 
528;  das  Necessidades,  534;  de  S.  Domin- 
gos, 437,  479;  de  S.  Francisco,  225,  263; 
da  iTrindadej  194.  — Contador  mor,  174.— 
Cortes,  448,  456.  — Cruz  do  adro  de  S.  Do- 
mingos, 492;  —  Data  de  carta,  68,81,  82, 
117,  i32,  i33,  i36,  M4,  «63,  i83,  18^,  216, 
252,  265,  27.%  289,  298,  3i  i,  320,  343,  344, 

346,  347,  356,  412,  445,  477,  483,  490,  491, 
5 14,  5 19.  —  Embaixador  inglês,  491.— En- 
trada das  tropas  Irberais,  234.  —  Escolas, 

347.  —  Escrivão:  do  cível  e  crime,  i3;  da 
sisa  dos  vinhos,  23o,  23 1.  —  Foral  dos 
Moiros  forros,  Jo6.  —  fortificações,  390. 
— Freguesia:  de  San  Bartolomeu,  162;  de 
San  Nicolau,  189;  de  Santa  Cruz  do  Cas- 
telo, 289;  de  Santa  Justa,  259.  —  Grémio 
literário,  207.— Hospital:  do  Conde  D.  Pe- 
dro, 265,  266,  269;  de  D.  Maria  de  Aboim, 
259;  de  Rocamador,  293;  de  San  José,  seu 
enfermeiro  mor,  71;  de  Santo  Eutrópio, 
161,  162.  —  Igrejas:  do  Carmo,  447,  487; 
da  Encarnação,  176,  209;  patriarcal,  arci- 
preste dela,"  504.,  5o8;  de  San  Domingos, 

69,  417,  492;  de  San  Francisco,  486;  de 
San  Mamede,  i63,  282;  de  San  Tomé,  seu 
vigário  perpétuo,  48;  de^San  Vicente,  234, 
235,  363;  de  Santa  Caterína,  i63;  de  Santa 
Isabel,  460;  de  Santo  António  dos  Capu- 
chos, 53o;  de  Santo  António  da  Convales- 
cença, 520;  da  Vitória,  i63.  —  Imprensa 
Nacional,  59,  5o5.  —  Impressor,  364,  5o6, 
5i3.  —  Inquisição,  364. —  Juís  das  sisas,  12. 
— Junta  governativa,  288.— Largo  do  Rato, 
114.  —  Ministério  do  Reino,  11.  —  Merca- 
dores, 483.  —  Moeda,  tesoureiro,  23i. — 
Moeda  velha,  casas,  347.  —  Moradores, 
24,  232,  478,  479,  489.  —  Morgado  de 
S.  Lourenço,  23o.  —Mosteiros:  da  Anun- 
ciada, 520;  de  Cheias,  347;  da  Madre  de 
Deus,  178;  da  Rosa,  23o;  do  Sacramento, 
392;  de  Santos,  232. —  Natural,  28. —  Ouvi- 
dor geral  do  Ârcebispb,  48.  —  Palácios : 
Castelo  Melhor,  38o;  dos  Condes  da  Eri- 
ceira, 52o;  Foz,  38o;Mesquitela,  191 ;  Pom- 
beiro,  211;  Povolide,  386;  do  Rato,  114, 
282;  na  rua  da  Escola  Politécnica,  1 14.  — 
PestC)  296;  grande,  288. — Poço  Novo,  191. 


—  Porta :  da  Cruz,  347;  do  Ferro,  265 ;  de 
Santo  Antão,  386. — Praças:  do  Duque  da 
Terceira,  234;  dos  Restauradores,  38o. — 
Prisão,  483.  —  Procurador  do  povo,  377. — 
Procuradores  às  Cortes,  448,  487.  —  Real 
Academia  de  Historia,  446.  —  Reguengos 
de  ribamar,  no  termo,  353. —  Renda  dos 
tabeliães,  i33. — Rossio,  i38,  485.  —  Ruas: 
do  Alecrim,  234;  do  Arco,  114;  do  Arco 
ao  Rossio,  485;  do  Caldeira,  390;  da  Cor- 
doaria Velha,  225;  da  Escola  Politécnica, 
1 14;  da  Porta  de  Santo  Antão,  259. —  Sé, 
265,269,  295,  363:  arcediago,  363;  capela 
lá  instituída,  479;  capelas  da  charola,  168, 
35i;  cónego,  23 1,  259,  295,  d^^i;  cònezia 
das  Abitureiras  e  depois  de  Mafra,  35o; 
deão,  363;  direito  de  apresentação  de  có- 
nego, 35o;  sepulturas,  118,  i32,  525;  tesou- 
reiro, 437. —  Teatro  de  S.  Carlos,  460. — 
Termo,  197,  353.  —  Terreiro  do  Paço,  ii. 
Terremoto,  520,  52i,  526. — Tomada,  336. 
Travessa  das  Gaivotas,  390. 

Livro  do  Acenhetro,  529. 

Livro  antigo  dos  Reis  à' Armas,  7,  9. 

Livro  da  Armaria  dos  Reis  d' Armas,  7. 

Livro  do  Armeiro  mor,  7,  8,  9,  10,  1 1,  12,  i3, 
i5,  16,  19,  22,  39,  40,  45,  5i,  59,63,  75,87, 
io3,  123,  141,  i5i,  201,  3oi,  3i8,  335,  362, 
368,  382,  4o5. 

Livro  dos  bens  de  D.  João  de  Portel  cartu- 
lario  do  século  xiii  publicado  por  Pedro  A. 
de  Azevedo. ..  precedido  de  uma  ISoticia 
histórica  por  Anselmo  Braamcamp  Freire, 
241-242,  247,  248,  249J  25 1,  252,  253,  254, 
255,  256,  257,  261,  262,  276,  277,  339,  408. 

Livro  das  Cantigas,  265. 

Livro  dos  Copos,  3^5,  347. 

Livro  dos  defuntos  da  Misericórdia  de  Évora, 
389. 

Livro  de  D.  João  de  Portel,  v.  Livro  dos  bens 
de  D  João  de  Portel. 

Livro  Grande,  i5. 

Livro  da  nobreza,  8. 

Livro  da  nobreza,  perfeiçam  das  armas  dos 
Reis  christaõs  e  nobres  linhages  dos  reinos 
e  senhorios  de  Portugal,  16.  —  V.  Livro 
da  Torre  do  Tombo. 

Livro  das  Principaes  Linhagens  de  Portugal, 
240. 

Livro  do  Registo  das  cartas  dos  beês  e  eracas 
que  dõ  loam  de  portei  teue  nestes  reinos, 
241,  249. 

Livro  dos  Reis  d' Armas,  79. 

Livro  das  tenças,  288,  324. 

Livro  da  Torre  do  Tombo,  7,  8,  9,  16,  17,  19, 
20,  21,  22,  23,  39,  45,  5i,  63,  75,  87,  io3, 
123,  141,  i5i,  201,  244,  3oi,  3x8,  335,  336, 
362,  368,  38o,  382,  4o5. 

Livro  truncado  da  receita  e  despesa  de  André 
Gonçalves,  25,  26,  27,  28,  5o2. 


índice  de  matérias 


579 


Livro  velho  das  linha gens,   107,   108,   154, 

i55,  188,  206,  244,  247,  272,  3o5,  3o6,  807, 

338,  339,  408. 
Livro  velho  das  linhagens  (Segundo)^  273. 
Lobato,  ar.j  22,  3i,  37. 
Lobato  (Gonçalo),  208. 
Lobato  (Pedro  Eanes),  gov.or  da  Casa  do 

Cível,  282. 
Lobeira,  ar.,  22. 

Lobeira  (João  de),  11 1.  * 

Lobo,  geração :  ar.,  35,  72  •,  os  de  Alvito,  sua 

varonia,  209. 
Lobo  (Aldonça  Martins),  m.  3."  de  Álvaro 

Mendes  de  Vasconcelos,  385. 
Lobo  (Diogo  Lopes),  alcaide  mor  de  Évora, 

422. 
Lobo  (Diogo  Lopes),  fidalgo  eborense,  76. 
Lobo  (Diogo  Lopes),  i.°"  sr.  de  Alvito,  145, 

384. 
Lobo  (Diogo  Lopes),  3.°  sr.  de  Alvito,  281. 
Lobo  (Estêvão  Fernandes),  145. 
Lobo  (Fernão),  f.  de  Rui  Lobo,  145. 
Lobo  (Fernão  Lopes),  cavaleiro  morador  em 

Évora,  384. 
Lobo  (D.  Rodrigo),  general,  377. 
Lobo  (Rui  Dias),  herdeiro  de  Alvito,  444. 
Lobo   (D  Maria),  m.  de  D.  Álvaro  Pires  de 

Castro,  145. 
Lobo  (Martim  Gomes),  ouvidor  das  terras  do 

Conde  de  Barcelos,  70. 
Lobo  (Nuno  Fernandes),  vassalo,  384,  385. 
Lobo  (Rui),  criado  do  infante  D.  Henrique, 

145. 
Lobo  de  Mascarenhas  (D.  Ana  José),  mar- 
quesa de  Louriçal,  520. 
Lobo  da  Silveira  (p.  Luís),  7.°  sr.  das  Sar- 

zedas,  222. 
Lobo  da  Silveira  (D.  Rodrigo),  1.°  conde  das 

Sarzedas,  222. 
Lóios,  cónegos  de  S.  João  Evangelista,  436. 
Loireiro,  freguesia,  246. 
Loiçes,  ribeira,  479. 
•Loisa,  herdade,  doação,  3 16. 
Loivos,  julgado,  342  ;  jurisdição,  343. 
Lombardia,  i52;  gov.or  das  armas,  443. 
Lombardo,  ar.,  20. 
Londres,  2i3.  —  Embaixador   lá,   154,  474, 

491,  493. — ^^Enviado  extraordinário,  154. — 

Museu  Britânico,  400,  401. 
Lopo  Afonso  (D.),  rico  homem,  253. 
Lopo  Esteves,  ar.,  16. 
Lopo  Pires,  prioste  da  Sé  de  Évora,  43 1. 
Lorena  ('D.  Bernardo  José  de),  i."  conde  das 

Sarzedas,  223. 
.Lorena  (D.  Francisca  de  Paula  do  Pópulo 

de),  marquesa  de  Pombal,  223. 
Lorena  (D.  Margarida  Caetana  de),  marquesa 

de  Marialva,  517,  528. 
Lorena  (Nuno  Gaspar  de),  vedor  da  rainha 

D.  Mariana  Victória,  222,  223. 


Lorenas,  condes  das  Sarzedas,  ar.,  223. 

Loronha,  ar.,  20. 

Lorvão,  mosteiro,  99,  161,  206,  3o6.  —  Aba- 
dessa, 97,  98,  99,  100,  loi,  164,  166.  —  Ar- 
quivo, i6i. 

Loulé,  foral  dos  Moiros  forros,  260. 

Loulé  (Conde  de),  1°,  D.  Henrique  de  Me- 
neses, 120,  i3o.  —  Ar.,  124. 

Loulé  (Conde  dè),  2°  D.  Francisco  Coutinho, 
59. 

Loulé  (Condessa  de)  2.%  D.  Beatriz  de  Me- 
neses, 59,  121. 

Loulé  (Condessa  de),  3.»,  D.  Guiomar  Cou- 
tinho, 121. 

Loulé  (Duque  de),  i.°  Nuno  José  Severo  de 
Mendoca  Rolim  de  Moura  Barreto,  114, 
5i8. 

Loulé  (Marquês  de),  1.°,  Agostinho  Domingos 
José  de  Mendoca,  234,  517,  5i8. 

Loulé  (Marquês  de),  2.",  Nuno  José  Severo 
de  Mendoca  Rolim  de  Moura  Barreto, 
5i8. 

Loulé  (Marquesa  de),  D.  Maria  Margarida 
do  Carmo  de  Meneses,  114,  234,  517,  5i8. 

Lourel,  498,  5oo,  5oi. 

Lourenço  (D.  Fr.),  bispo  de  Mayorgas,  126. 

Lourenço  Fernandes,  sr.  da  Tábua,  i56. — 
V.  Cunha  (Lourenço  Fernandes  da). 

Lourenço  Justiniano  (San),  436. 

Lourenço  Marques,  administrador  do  con- 
celho, 459. 

Lourenço  Martins,  35 1. 

Lourenço  Martins,  pintor  dei  Rei,  24. 

Lourenço  Martins,  do  Arrabalde,  juiz  em 
Sintra,  24. 

Lourenço  Soares  (D.),  rico  homem,  293. 

Louriçal,  igreja  de  Santiago,  116,  117. 

Louriçal  (Casa  de),  108,  116,  117,  179,  520. 

Louffiçal  (Marquês  de),  \.°,  D.  Luís  de  Me- 
neses, 116,  179,  519. 

Louriçal  (Marquês  de),  2.",  D.  Francisco  de 
Meneses,  116,519,  520. 

Louriçal  (Marquês  de),  3.»,  D.  Henrique  de 
Meneses,  1 16,  52o. 

Louriçal  (Marquês  de),  4.°,  D.  Luís  Maria 
Eusébio  de  Meneses  da  Silveira,  1 14,  1 16, 
5i8,  520. 

Louriçal  (Marquesa  de),  D,  Ana  José  Lobo 
de  Mascarenhas,  520. 

Louriçal  (Marquesa  de),  D.  Joaquina  de  Me- 
neses, 1 14,  5i8,  520. 

Louriçal  (Marquesa  de),  D.  Josefa  de  Noro- 
nha, 520. 

Louriçal  (Marquesa  de),  D.  Maria  da  Glória 
da  Cunha  e  Metieses,  520. 

Louriçal  (Marquesa  de),  D.  Maria  Josefa  da 
Graça  de  Noronha,  520. 

Louriçal  (Marqueses  de),  1 1 3, 1 16, 186. — Ar., 
ii3,  5>8.  —  Palácio  em  Lisboa,  52i. 

Lourinhã:  data  de  carta,  i23;  sr.,  55. 


58o 


Brasões 


Lourinhã  (Condessa  da),  71.     * 

Lourinhã  (Viscondes  da),  71. 

Lousã:  direitos  riais,  121,  348;  doação,  344; 

rendas,  342,  343;  venda,  348. 
Lousã  (Conde  da),  2.°,  D.  Luís  António  de 

Lancastre  Basto  Baarem,  5 19. 
Lousã  (Conde  da),  3.°,  D.  Diogo  de  Meneses, 

1 15,  5ig. 
Lousã  (Condessa  da),  D.  Mariana  do  Resgate 

de  Saldanha  e  Lancastre,  519. 
Lousada,  120. 
Lousada  (Gaspar  Alvares  de),  Relação  da 

Família  de  Sousa  da  Casa  dos  Condes  de 

Miranda,  278.  —  Sumários  da  Torre  do 

Tombo,  112,  173,  178,  188,  190,  191,  232, 

317,  336,  340,  341,  344,  345,  352,  355,  357, 

359,  365,  373,  484. 
Luis'(D.),  infante,  f.  de  D.  Manuel,  482,  5o6, 

5o8.  -  Ar.,  33. 
Luís  XI,  rei  de  França,  375. 
Luís  XVI,  rei  de  França,  462. 
Luís  XVIII,  rei  de  França,  517. 
Luís  I,  rei  de  Portugal,  428. 
Luís  Alvares,  mestre  sala,  171,  226,416,479, 

480,  481. 
Luís  Gonçalves,  5oi. 

Luís  Vasques,  prior  de  Santa  Maria  de  Gui- 
marães, i65. 
Luísa  (D.),  m.  de  D.  João  da  Silva,  226. 
Luísa  (D.),  rainha,  m.  de  D.  João  IV,  176, 

!79,  192,441,  523. 
Lumiar,  quinta  das  Conchas,  487. 
Lumiares,  senhorio,  180. 
Lumiares  (Casa  de),  fundador,  180;  varonia, 

38i. 
Lumiares  (Conde  de),  i.°,  Carlos  Carneiro 

de  Sousa  e  Faro,  180,  184. 
Lumiares  (Conde  de),  2.",  D.  José  Francisco 

de  Portugal  da  Gama,  180, 184,  i85. — Ar., 

184. 
Lumiares  (Conde  de),  3.o,  Manuel  da  Cunha 
■    e  Meneses,  180,  i85. 
Lumiares  (Conde  de),  4.°,  José  Manuel  da 

Cunha  Faro  e  Meneses,  1 16,  183",  186. 
Lumiares   (Conde  de),  5.°,  Luís  da  Cunha 

Pacheco  de  Meneses,  180. 
Lumiares    (Conde   de),  6.°,   José   Felix  da 

Cunha  e  Meneses,  i85,  186. 
Lumiares  (CuuJe  de),  7.»,  José  Manuel  da 

Cunha  Faro  Meneses  Portugal  da  Gama 

Carneiro  de  Sousa  da  Silveira,  ii3,  116, 

186,520.  —  Ar.,  186-187. 
Lumiares  (Condes  de),  168,  197,  209.  —  Ar., 

168,  184. 
Lumiares   (Condessa   de),  D.  Ana  Amélia 

Pinto  de  Sousa  Coutinho,  186. 
Lumiares   (Condessa  de),  T).  Constança  de 

Saldanha  e  Castro,  i85,  186. 
Lumiares  (Condessa  de),  D.  Luísa  de  Mene- 
ses, i85. 


Lumiares  (Condessa  de),  2.»,  D.  Madalena 
Gertrudes  Carnetro  de  Sousa  e  Faro,  180, 
184,  i85.  — Ar.,  184. 

Lumiares  (Condessa  de),  3.»,  D.  Maria  do 
Resgate  de  Portugal  Carneiro  da  Gama 
Sousa  e  Faro,  179,  180,  184,  i85. 

Luz,  morgado,  460,  461,  462. 

Li/f  Fof  (Fr.  António  da),  Memorias  Sepul- 
chraes,  Que  existem  nos  Conventos  e  Mos- 
teiros desta  Provinda  dos  Menores  Obser- 
vantes de  Portugal ;  tiradas  dos  próprios 
lugares  aonde  agora  existem,  e  Escriptas 
por  — ,  Filho  da  mesma  Provinda.  Anno 
de  lySj, Ms.,  59,  181,  188,  196. 

Macedo,  ar.,  191,  237. 

Macedo  (Fernão  de),  f.  de  Henrique  de  Ma- 
cedo, 467.  . 

Macedo  (Francisco  de),  criado  da  íasa  do 
Duque  de  Guimarães,  236. 

Macedo  (Henrique  de),  467. 

Macedo  (Manuel  de),  enviado  ao  estreito 
Pérsico,  173. 

Maceira  (Lourenço  Gomes  de),  157,  245. 

Maceira  (D.  Sancha  Lourenço  de),  m.  de 
D.  Lourenço  Fernandes  da  Cunha,  157, 
245, 

Maceiradão,  mosteiro,  409. 

Machado,  geração:  casa,  468;  solar,  341. 

Machado  (António),  239, 

Machado  (António),  f.  b.  de  Pedro  Machado, 
239. 

Machado  (Félix),  i.«  marquês  de  Montebelo, 
341. 

Machado  (Gonçalo),  340. 

Machado  (D.  Maria  Amália),  condessa  da 
Figueira,  341. 

Machado  (Pedro),  i.°  sr.  de  Entre  Homem  e 
Cávado,  239. 

Machado  (Vasco),  80. 

Machado  de  Mendoça  Eça  Castro  Vascon- 
celos *e  Magalhães  (D.  José  Francisco), 
capitão  de  infantaria,  341. 

Machede,  217. 

Machico  (Conde  de),  Carlos  Stuart,  400. 

Macias,  trovador  galego,  232. 

Maciel,  ar.,  20. 

Macinhata,  doação,  245. 

Madeira  (Afonso),  escudeiro,  79. 

Madre  de  Deus,  quinta,  5oi. 

Madrid:  cx)nselho  de  Portugal  13,289,  391, 
53 1 ;  data  de  alvará,  876,  470;  data  de 
carta,  184,218,  371,  445;  embaixador  lá, 
i54,  2!  3,  520;  falecidos  lá,  358,  391,  448; 
livros  lá  impressos,  341,  371,  392,  452,  53i ; 
sr.,  io5;  tomada.  219. 

Mafalda  (D.),  rainha,  m.  de  D.  Afonso  Hen- 
riques, 292. 

Mafamede,  doação,  109.  , 

Mafra:  cònezia,  35o;  couto,  271  •  igreja  de 
Santo  André,  278 ;  povoação,  562 ;  privi- 


índice  de  matérias 


58i 


légios,  357;  sr.,  127,  236,  27^.  278.  279, 
357,  358,  362,378,  5i6;  senhorio,  248,  259, 
277,  278,  279,  281,  356,  357,  358,  359; 
termo,  i33. 

Mafra  (Conde  de),  Francisco  de  Melo  Brey- 
ner,  459. 

Magalhães  (Cristóvão  de),  escrivão  da  Câ- 
mara de  Lisboa,  485,  486. 

Magalhães  (Fernão  de),  363. 

Magalhães  (Gil  de),  sr.  da  terra  da  Nóbrega, 
286. 

Magriço  (O),  v.  Coutinho  (Álvaro  Gonçal- 
ves). 

Magro  (Diogo  Gil),  cav.°  da  casa.de  D.  João  II, 
386. 

Magro  (Rui  Gij),  anadel  mor  dos  besteiros, 
386. 

Maia,  terra:  doação,  169;  sr.,  i65,  170. 

Maior  (D.),  condessa  de  Viana,  396. 

Maior  Mendes  (D.),  m.  de  Gonçalo  Machado, 
340. 

Maior  Mendes  (D.),  m.  de  D.  Pedro,  epitáfio, 

204,  522. 

Maior  Rodrigues  (D.),  m.  de  Afonso  Mar- 
tins, 240. 

Maiordomus  curiae,  v.  Mordomo  mor. 

Mais,  aldeia,  beetria,  35o. 

Majcipão,  quinta,  254. 

Malaca,  176. 

Malafaia,  ar.,  36. 

Malafaia,  (Pêro  Gonçalves),  170. 

Malcabrão,  i3i;  doação,  266. 

Maldonado,  ar.,  20. 

Malrassoa  (Nuno  Alvares),  procurador  do 
concelho  de  Sintra,  24. 

Malveira,  lezíria,  68. 

Mamarosa,  doação,  293,  294. 

Mancelos  (António  de),  489, 

Maneias,  alcunha,  23 1. 

Mancilha,  senhorio,  169. 

Manescal  (José),  impressqr,  5i3. 

Mangoeiro,  igreja  de  S.  Pedro:  freguesia, 
3i8;  padroado,  3i7,32i. 

Manrique  de  Torres  (D.  Leonor),  m.  de  Fran- 
cisco de  Melo,  490,  493. 

Manso  de  Lima,  genealogista,  190,  191. 

Manuel,  473;  ar.,  34,  114. 

Manuel  (D.),  duque  de  Beja,  24,  33o,  373. 

Manuel,  f.  de  Helena  de  Mesquita,  466. 

Manuel  (D.),  infante,  f.  de  D.  Pedro  II,  488. 

Manuel  (D.),  príncipe  de  Castela,  214. — V. 
Manuel  (D.),  rei  de  Portugal. 

Manuel  (D.),  príncipe  de  Portugal,  f.  de 
D.  João  III,  363. 

Manuel  (D.),  rei  de  Portugal,  7,  9,  10,  12,  i3, 
i5, 16,  17,  19,  21,  22,  23,  24,  25,27,  3i,  171, 
172,  173,  174,  180,  181,  182,  i83,  214,  2i5, 
216,  218,  228,  229,  232,  282,  287,  288,  3oi, 
3i3,  314,  320,  326,  329,  33o,  357,  363,  373, 
374,  386,  387,  388,  418,  419,  421,  434,  435, 


439,  440,  444,  449,  454,  463,  464,  467,  480, 

481,  482-483,  5oi,  5o2,  5o3,  5o8.  —  Ar.,  32. 
Manuel  (Diogo),  f.  de  Sancho  Manuel,  208. 
Manuel  (i3.  Diogo),  sr.  de  Chélles,  473. 
Manuel  (D.  Guiomar),  m.  de  Simão  Guedes, 

470. 
Manuel  (D.  João),  camareiro  mor,  232. 
Manuel  (D.  Leonor),  m.  de  D.  Francisco  de 

Faro,  473. 
Manuel  (D.  Maria),  m.  de  André  de  Sousa, 

434. 
Manuel  (D.  Maria),  m.  de  D.  Diogo  de  Melo, 

473, 
Manuel  (D.  Pedro),  5."  conde  da  Atalaia, 

222. 
Manuel  (D.  Sancho),  i."  conde  de  Vila  Flor, 

233. 
Manuel  da  Câmara  (D.  Francisco),  o  Cabri- 

nha,  possuidor  de  uma  opulenta  livraria, 

535. 
Manuel  de  Melo  (D.  Francisco),  célebre  es- 
critor, 473. 
Manuel  de  Melo  (D.  Francisco),  o  Cabra,  474. 
Manuel  de  Meneses,  apelidos  dos  marqueses 

de  Viana  e  dos  condes  de  Seia,  114. 
Manuel  de  Noronha  (D.  Domingas),  3.*  mar- 
quesa de  Tancos,  1 14. 
Manuel  de  Noronha  (D.  Duarte),  5°  marquês 

de  Tancos,  1 14. 
Manuel  de  Távora  (D.  Luís),  4.°  conde  da 

Atalaia,  222. 
Manuel  de  Vilhena,  ar.,  235,  474. 
Manuel  de  Vilhena  (D.  Cristóvão),  2.°  conde 

de  Vila  Flor,  233-234. 
Manuel  de  Vilhena  (D.  Henrique),  conde  de 

Seia,  170,  425-426. 
Manuscripts  (The)  of.  J.  M.  Heathcote  Esq., 

Conington  Castle  (  Historical  Manuscripts 

Commission),  Norwich,  1899,  491. 
Mar  Vermelho,  5io. 
Maranhão :  capitão  general,  221 ;  estado,  236; 

gOV.cr,  467,  46S. 

Marão,-  serra,  204. 

Marcos  Fernandes,  mestre  dos   canos   do 

paço  de  Sintra,  27. 
Marechal  do  exército,  234. 
Marechal  general  junto  à  rial  nessoa,  527. 
Margarida,    m.    de    Amaro    Gonçalves    de 

Aguiar,  238. 
Margarida  Afonso,  concubina  de  Gonçalo 

Rodrigues  da  Fonseca,  385. 
Margarida  Alvarez,  m.  de  Gonçalo  Camelo, 

188. 
Margarida  Gonçalves,  m.  2.»  de  Rui  Vasques 

Ribeiro,  352. 
Maria  (D.),  infanta,  f.  de  D.  João  III,  prin- 
cesa de  Castela,  363. 
Maria  (D.),  infanta,  f.  de  D.  Pedro  I,  227; 
Maria  (D.),  m.  de  Martim  Lourenço  da  Cunha, 

189. 


582 


Brasões 


Maria  (D.);  princesa  da  Beira,  526.  — V.  Ma- 
ria I  (D.). 
Maria  I  (D.),  rainha  de  Portugal,  180,  446, 

495,  520,  527,  534. — V.  Maria  (D.),  princesa 

da  Beira. 
Maria  II  (D.),  rainha  de  Portugal,  459. 
Maria  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  2.'  de 

D.  Manuel,  174,  387,  440,  —  Ar.,  19,  23. — 

Carta  sua,  444. 
Maria  Afonso,  f.  de  Vasco  Martins  de  Melo, 

41 5. 
Maria  Afonso  (D.),  sr.»  de^Meneses,  m.  do 

infante  D.  Afonso  de  Molina,  106. 
Maria  Amélia  (D.),  rainha  de  Portugal,  186. 
Maria  Anes,  irmã  de  D.  Grácia,  525. 
Maria  Anes,  m.  de  Aires  Rodrigues  de  Urro, 

339. 
Maria  Anes  (D.),  m.  2,*  de  Estêvão  Peres  de 

Aboim,  247. 
Maria  Anes,  sr.»  de  Portel,  258,  271,  278. — 

V.  Aboim  (D.  Maria  de). 
Maria  da  Assunção  (D.),  m.  de  Manuel  da 

Costa  Santos,  225. 
Maria  Benedita  (D.),  princesa,  180. 
Maria  Esteves,  m.  de  João  Afonso  de  Aguiar, 

472. 
Maria  da  Fonte  (Guerra  da),  411. 
Maria  Lourenço  (D.),  m.  de  D.  Ourigo  da 

Nóbrega,  o  Velho,  245. 
Maria  Ourigues  (D.),  m.  de  Pedro  Fernandes 

de  Cambra  e  de  Reimão  Viegas  de  Porto- 

Ccirreiro,  245. 
Maria  Peres,  278. 
Maria  Pia  (D.),  rainha  de  Portugal,  186,  322, 

428. 
Maria  Pires,  instituidora  do  morgado  de  Bu- 

Ihaco,  i63. 
Maria  Rodrigues  (D.),  amante  de  D.  Denis', 

m.  de  Martim  Fernandes  Barreto,  272-273, 

273. 
Maria  Soares,  m.  de  João  Peres  de  Vascon- 
celos, 339. 
Maria  Vaz,  m.  de  Fernão  Pereira,  319,  320. 
Maria  Viegas  (D.),  epitáfio,  204.  522. 
Maria  Viegas  (D.),  m.  de  D.  Pedro  Ourigues 

da  Nóbrega,  247. 
Maria  Ximenes  h^.),  condessa  de  Barcelos, 

264, 265,  267,  í68, 269.  —V.  Cornei  (D.  Ma- 
ria). 
Marialva,  doação,  169. 
Marialva  (Casa),  108  a  116. 
Marialva  (Conde  de),  i.°,  Vasco  Fernandes 

Coutinho,  55,  59,  32ii5. 
Marialva  (Conde  de),  2.»,  Gonçalo  Vasques 

Coutinho,  424. 
.Marialva  (Conde  de),  4°,  D.  Francisco  Cou- 
tinho, 40,  59.  —  Ar.,  59. 
Marialva  (Condes  de),  55. 
Marialva  (Condessa  de),  D.  Beatriz  de  Sousa, 

ou  de  Melo,  424, 425. 


Marialva  (Condessa  de),  D.  Maria  de  Sousa^ 
284. 

Marialva  (Marquês  de),  1.°,  210. 

Marialva  (Marquês  de),  3.°,  D.  Diogo  de  No- 
ronha, 1 13. 

Marialva  (Marquês  de),  4.»,  D.  Pedro  José 
de  Alcântara  de  Meneses,  ii3,  5i6. 

Marialva  (Marquês  de),  5.°,  D.  Diogo  José 
Vito  de  Meneses  Coutinho,  1 1.^,  5 1 6, 520, 528. 

Marialva  (Marquês  de),  6.0,  D.  Pedro  José 
Joaquim  Vito  de  Meneses,  114, '517,  5 18. 

Marialva  (Marquesa  de),  D.  Eugenia  Masca- 
renhas, 1 14. 

Marialva  (Marquesa  de),  3.»,  D.  Joaquina 
Maria  Madalena  da  Conceição  de  Meneses, 
ii3. 

Marialva  (Marquesa  de),  D.  Margarida  Cae- 

^   tana  de  Lorena,  517,  528. 

Marialva  (Marqueses  de),  48,  55,  112,  i38, 
5i6,  517.  —  Ar.,  ii3,  5i8. 

Marichais  do  reino  (Casa  dos),  55. 

Marichal,  54,  55,  126,  171,  188,  235,  3io. 

Marinha  Afonso  (D.),  m.  de  D.  João  de  Aboim, 
255,  256,  257,  258,  259. 

Marinha  Vasques,  concubina  do  Conde 
D.  Gonçalo  de  Pereira,  309. 

Marinha  Viegas  (D.),  m.  de  Fernando  Ouri- 
gues, 24Ô',  247. 

Mariz,  ar.,  20. 

Marij  (Pêro  de),  Prologo  anteposto  à  cró- 
nica de  D.  Afonso  ÍV,  i5. 

Marmelal:  igreja  de  S.  Pedro,  257;  isento, 
261. 

Marquês  honorário,  526. 

Marques  (Brites),  m.  i.»  de  Fernando  de 
Torres,  482. 

Marques  Abreu,  Arte  Românica  em  Portugal^ 
271. 

Marquesas:  Arronches,  Castelo  Melhor,  Fer- 
reira, Ficalho,  Loulé,  Louriçal,  Marialva, 
Minas,  Monfalim,  Pombal,  Ribeira  Grande, 
Tancos,  Terena,  Vila  Rial. 

Marqueses  :  Abrantes,  Alegrete,  Alvito,  An- 
gejii.  Angra,  Arronches,  Belas,  Borba,  Car- 
racena,  Cascais,  Castelo  Melhor,  Castelo 
Rodrigo,  Castro  Fuerte,  Colares,  Escalona^ 
Faial,  Falces,  Ferreira,  Ficalho,  Foz,  Fron- 
teira, Funchal,  Guadalcaçar,  Lavradio, 
Loulé,  Louriçal,  Marialva,  Melo,  Minas, 
Monfalim,  Montebelo,  Montemor  o  Novo, 
Olhão,  Palmela,  Penalva,  Pombal,  Ponte 
de  Lima,  Sabugosa,  Sampaio,  Sande,  Santa 
Iria,  Santar,  Sesimbra,  Sousa  Holstein^ 
Tancos,  Tavara,  Távora,  Vai  de  Cerrato, 
Valada,  Viana,  Vila  Flor,  Vila  Rial,  Vila 
Viçosa,  Vilhena,  Vilhescas. 

Marrocos,  218,  258. 

Martim  e  Martinho,  193. 

Martim  Afonso,  4i5.  —  V.  Brito  (Martim 
Afonso  de). 


índice  de  matérias 


583 


Martim  Anes,  262. 

Martim  Eanes  (D.),  alferes  mor,  293. 
Martim  Eanes,  cónego  de  Lisboa,  259. 
Martim  Gil  (D.),  2.°  conde  de  Barcelos,  107, 

i3i,  i32,  262,  266. 
Martim  Joanes,  i52. 

Martim  Martins,  arcediago  de  Braga,  336. 
Martim  Moniz,  herdado  em  Boelhe,  336. 
Martim  Moniz,  o  da  porta  de  Lisboa,  336, 

337. 
Martim  Ouriguiz,  f.  de  D.  Ourigo  da  Nóbrega, 

o  Velho,  243,  246. 
Martim  Peres,  2p3. 
Martim  Peres,  clérigo,  292. 
Martim  Peros,  clérigo  de  D.  Afonso  III,  274, 
Martim  Pires,  sr.  de  Alvarenga,  342. 
Martim  Rodrigues,  mestre  das  obras  dos 

paços  de  Sintra,  26. 
Martim  Vaz,  Portugal  rei  de  armas,  8,  11. 
Martim  Vicente,  contador  em  Ceuta,  395, 

396,  397,  398,  399;  ar.,  396.  —  V.  Vascon- 
celos (Martim  Vicente  de). 

Martim  Vicente,  f.  de  Martim  Vicente,  397, 

398.  —  V.  Vilalobos  (Martim  Vicente  de). 

Martim  Vicente,  juiz  em  Évora,  395,  396, 

397,  398.  —  V.  Vasconcelos   (Martim  Vi- 
cente de). 

Martim  Vicente,  morador  em  Évora,  397. 

Martinho,  arcebispo  de  Braga,  292. 

Martinho  (D.),  arcebispo  de  Braga,  outro, 
340. 

Martinho  (D.),  bispo  da  Guarda,  293. 

Martinho,  bispo  do  í'ôrto,  292,  293. 

Martinho  V,  papa,  83,  325,  326. 

Martinho  Rodrigues  (D.),  bispo  do  Porto, 
3o3. 

Mártires  (D.  Fr.  Bartolomeu  dos),  arcebispo 
de  Braga,  364., 

Marvão,  castelo,  108;  alcaide  dele,  108,  344. 

Mascarenhas,  ar.,  36,  447. 

Mascarenhas  (D.  António),  o  Sujo,  523. 

Mascarenhas  (D.  Eugenia),  marquesa  de  Ma- 
rialva, 1 14. 

Mascarenhas  (t).  Fernando),  capitão  dos  gi- 
netes, 193. 

Mascarenhas  (D.  Fernando),  i.",  conde  da 
Torre,  377. 

Mascarenhas  (Fernando  Afonso  de),  77. 

Mascarenhas  (Fernão  Martins),  capitão  dos 
ginetes,  193. 

Mascarenhas  (D.  João),  gov.or^do  reino,  288, 
289. 

Mascarenhas  (D.  Leonor),  mencionada  no 
Cancioneiro  geral.,  2 1 5. 

Mascarenhas  (D.  Luís),  2.°  Conde  dé«Alva, 
21 1. 

Mascarenhas  (D.  Martinho),  2°  Conde  de 
Santa  Cruz,  469. 

Mascarenhas  (Pedro),  i." Conde  deSandomil, 
212. 


Mascarenhas  e  Ataíde  (D.  Teresa  Teodora 
de),  m.  j.*  de  Hermano  José  Braamcamp, 

461.  ,  . 

Mascarenhas  de  Brito  (Nurío),  inquisidor  em 

Coimbra  e  Évora,  epitáfio  e  ar.,  438. 
Mascarenhas  de  Queirós  (D.  Bárbara),  m.  de 

D.  Luís  António  de  Sousa,  239. 
Mascote,  quinta,  390. 
Mata  Moiros  (Casal  em),  5o2,  5o5. 
Mateus:  morgados,  237,  239;  suas  ar.,  237; 

palácio,  237,  239. 
Matias  Corvino,  rei  de  Hungria,  52 1. 
Matilde,  condessa  de*Bolonha,  i5i,-  255. 
Matoim,  rio,  484. 
Matosinhos,  convento  de  N.  S.  da  Conceição, 

188. 
Mayor  Guillen  (D.),  sr.'  de  .Mcócer,  i5i. 
Mayorga  (Conde  de),  D.  João  Afonso  Telo, 

1 10. 
Mayorga  (Conde  de),  D.  Pedro  Nunez  de 

Lara,  4i3. 
Mayorga  (Condessa  de),  D.  Beatriz  de  Cas- 
tro, 414. 
Mayorgas,  bispo,  126. 

Mazagão:  castelo,  447;  gov.or  e  capitão  ge- 
neral, 154,  494. 
Mazarefes,  couto,  3i6. 
Mecia  (D.),  f.  de  Fernão  Pereira,  323;  m.  de 

Martim  Vasco  de  Berredo,  324. 
Mecia  Rodrigues,  m.  de  Vasco  Gonçalves 

Barroso,  344. 
Mecia  Vasques,  m.  de  Martim  Afonso  de 

Melo,  410. 
Medellín  (Sr.  de),  io5. 
Medeio  (Morgado  de),  59,  170. 
Médico  da  rial  câmara,  4.59. 
Medina  Salazar   (Francisco  de),  jurado  de 

Sevilha,  489. 
Meira,  ar.,  36,  327. 
Meira  (João  Gonçalves  de),  sr.  da  Nóbrega, 

365. 
Meira  (D.  Mecia  Rodrigues  de),  m.  de  Lopo 

Soares  de  Albergaria,  161. 
Meireles,  ar.,  237. 
Meirinho  mor:  do  Príncipe,  2i3;  do  reino, 

59,  248,  266,  3o8. 
Melinde  (Rei  de),  172. 
Melgaço  :  alcaide  mor,  70,  166,  475;  Castros 

de  lá,  70,  475;  cerco,  112. 
Melhorada  (Srs.  da  quinta  da),  496, 
Melicia  Gomes,  irmã  de  João  Gomes  da  Silva, 

5i8. 
Mello,  família  francesa,  ar.,  409. 
Mello  (Guillaume  de),  409. 
MELO,  linhagem,  4o3.  —  Ar.,  34,  71,  72,  194, 

342,  388,  394,  4o5,  432,  434,  448.  459,  471, 

474,  494.  —  Proveniência  do  apelido,  408. 

—  Meios  com  dom,  463  a  474. — Meios:  da 

calçada  do  Combro,  463  a  474;  da  casa  de 

Ficalho,  ar.,  459,  varonia,  459,  534;  dos  srs 


584 


Brasões 


de  PovoHde,  425,  473  a  477;  de  Sevilha, 
410. — Meios  por  fêmea,  475  a  497.— Meios 
Abreus,  497  —Meios  e  Castros,  70,  448, 
475.  —  Meios  Correias,  497—  Meios  Ma- 
nueis,  473. — Meios  Pereiras,  498. — Meios 
Sampaios,  497. 

Melo,  vila:  fundação,  408,409;  jurisdição, 
424;  srs.,  190,  194,  408,  409,  410,  41 1,  458. 

Melo  (D.  Antónia  de),  m.  de  Manuel  de  Oli- 
veira Freire,  410. 

Melo  (D.  António  de),  f.  do  Bispo  da  Guarda, 
465,  466,  467. 

Melo  (António  de),  i."  marquês  de  Ficalho, 
459. 

Melo  (D.  António  José  de),  sr.  da  casa  dos 
Meios  da  Calçada  do  Combro,  467,  470. 

Melo  (António  José  de),  4.°  sr.  de  Ficalho, 
457,  458. 

Melo  (D.  Beatriz  de),  condessa  de  Marialva, 
424, 425.  / 

Melo  (D.  Beatriz  de),  f.  de  Cristóvão  de  Melo, 

449- 
Melo  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Álvaro  da  Cunha, 

190. 
Melo  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Pedro  de  Castro, 

70,  71,448,  474. 
Melo  ip.  Beatriz  de),  m.  de  Pêro  Lourenço 

de  ferreira,  425,  475,  47b. 
Melo  (D.  Branca  de),  sr.»  de  Barbacena,  425. 
Melo  (D.  Briolanja  de),  m.  2."  de  Joane  Men- 
des de  Vasconcelos,  387,  388. 
Melo  (Conde  de),  1.°,  Luís  Francisco  Soares 

de  Melo  da  Silva  Breyner  Sousa  Tavares 

e  Moura,  410,  41 1,  458. 
Melo  (Condessa  de),  2.»,  411. 
Melo  (Cristóvão  de),  alcaide  mor  de  Évora, 

449- 
Melo  (Cristóvão  de).,  porteiro  mor,  4.54. 
Melo  (Cristóvão  de),  5.",  sr.  de  Povolide,  476. 
Melo  (D.  Diogo  de),  estribeiro  mor  da  impe- 
ratriz D.  Isabel,  473. 
Melo  (Diogo  de),  f.  de  Henrique  de  Melo,  456. 
Melo   (Diogo  de),  f.  de  Martim  Afonso  de 

Melo,  425. 
Melo  (Duarte  de),  6.°,  sr.  de  Povolide,  476. 
Melo  (Duarte  de),  sr.  da  quinta  de  Ficalho, 

389,  456. 
Melo  (Estêvão  Soares  de),  6."  sr.  de  Melo, 

194,  410. 
Melo  (Estêvão  Soares  de),  sr.  de  Melo,  410. 
Melo  (D.  Felipa  de),  m.  de  Jorge  de  Barros, 

393,  384.  —  Ar.,  .394. 
Melo  (D.  Felipa  de),  sr.»  da  casa  de  Ferreira, 

429-,  433,  433,  440,  441,  444. 
Melo  (Fernando  José  de),  8.»  monteiro  mor 

do  reino,  455. 
Melo  (Fernão  de),  alcaide  mor  de  Évora,  448, 

449.  —  Epitáfio,  449. 
Melo  (D.  Francisco  de),  conde  do  Assumar, 

441,442,443,  533. 


Melo  (Francisco  de),  i.»  conde  de  Ficalho^ 
458,  514. 

Melo  (Francisco  de),  S."  conde  de  Ficalho, 
459. 

Melo  (Ft^ncisco  de),  i.°  conde  da  Ponte  e 
marquês  de  Sande,  221,  474,  490,  491,  492, 
493,  494,  495,  535. 

Melo  (D.  Francisco  de),  embaixador  em  In- 
glaterra, 473,  474,  535. 

Melo  (Francisco  de),  f.  de  Manuel  de  Melo, 
epitáfio,  434. 

Melo  (D.  Francisco  de),  f.  de  D.  Pedro  de 
Melo,  467,  4G8. 

Melo  (D.  Francisco  de),  2.»  marquês  de  Fer- 
reira, 435,  436,437,  442,  443,  532,  533. — 
Epitáfio,  435. 

Melo  (D.  Francisco  de),  3.»  marquês  de  Fer- 
reira, 435,  436,  532.  —  Epitáfio,  435. 

Melo  (Francisco  de),  3.»  monteiro  mor,  523. 

Melo  (Francisco  de),  5.°  monteiro  mor  do 
reino,  455. 

Melo  (Francisco  de),  7.°  monteiro  mor  do 
reino,  455. 

Melo  (Francisco  de),  9.°  monteiro  mor  do 
reino,  177. — V.  Melo  (Francisco  José  Luís 
de). 

Melo  (Francisco  de),  i.°  sr.  de  Ficalho,  456, 
534. 

Melo  (Francisco  de),  3.°  sr.  de  Ficalho,  410, 
457,458,514. 

Melo  (Francisco  de),  12.°  sr.  de  Melo,  410. 

Melo  (Francisco  José  Luís  de),  g."  monteiro 
mor  do  reino,  220,455,524. — V.Melo  (Fran- 
cisco de). 

Melo  (Garcia  de),  alcaide  mor  de  Serpa,  453, 

454,  455,  463. 

Melo  (Garcia  de),  f.  do  dr.  João  Afonso  de 

Aguiar,  473. 
Melo  (Garcia  de),  vedor  da  fazenda  da  índia, 

490- 

Melo  (D.  Gomes  de),  473. 

Melo  (Gonçalo  Vasques  de),  i.°  sr.  da  Cas- 
tanheira, 412,  4i5,  416,  421. 

Melo  (Gonçalo  Vasques  de),  2.°  sr.  da  Cas- 
tanheira, 167,  226,  416,  480,  52  1,  525. 

Melo  (Gonçalo  Vaz  de),  mestre  sala,  479, 
480,  481.  ' 

Melo  (D.  Guiomar  de),  m.  2.»  de  Álvaro 
Mendes  de  Vasconcelos,  389. 

Melo  (D.  Guiomar  de),  m.  2."  dê  Rui  de  Melo, 
445. 

Melo  (Henrique  de),  f.  de  João  de  Melo,  453, 

455,  456. 

Melo  (Henrique  de),  mestre  sala,  454,  481. 

Melo  (D.  Inês  de),  m.  de  Simão  da  Cunha  de 
Ataíde,  477. 

Melo  (D.  Inês  Vasques  de),  m.  de  Martim 
Afonso  Pimentel,  41 5. 

Melo  (D.  Isabel  de),  m.  de  D.  Fernando  Hen- 
riques, 449. 


índice  de  matérias 


585 


Melo  (D.  Isabel  de),  m.  do  dr.  João  Afonso 

de  Aguiar,  453,  472,  473. 

Melo  (D.  Isabel  de),  m.  de  João  Rodrigues 
Coutinho  e  depois  de  D.  Duarte  de  Me- 
neses, 425,  427. 

Melo  (D.  Joana  de),  abadessa  do  mosteiro  de 
S.  Bernardo  de  Portalegre,  466. 

Melo  (D.  Joana  de),  condessa  do  Prado,  217. 

—  Epitáfio,  217. 

Melo  (D.  Joana  de),  m.  de  D.  Álvaro  de 

Abranches,  481. 
Melo  (João  de),  alcaide  mor  de  Castelo  de 

Vide,  489. 
Melo  (João  de),  alcaide  mor  e  com.or  de 

Casével,  70,  448,  475. 
Melo  (D.  João  de),  arcebispo  de  Braga,  426. 

—  Epitáfio,  433. 

Melo  (João  de),  copeiro  mor,  justador  cé- 
lebre, 425,  45o,  45 1,  452,  453,  455,  472. 

Melo  (D.  João  de),  f.  dos  3.»'  Condes  de  Ten- 
túgal, 436. 

Melo  (João  de),  2.°  sr.  de  Povolide,  476 

Melo  (João  de),  4.»  sr.  de  Povolide,  476. 

Melo  (D.  Jorge  de),  bispo  da  Guarda,  455, 
463,  464,  465,  466,  467.  —  Epitáfio,  465. 

Melo  (Jorge  de),  o  Bochechas,  mestre  sala, 
481,  482. 

Melo  (Jorge  de),  monteiro  mor,  455. 

Melo  (D.  Jorge  de),  sr.  da  casa  dos  Meios  da 
Calçada  do  Combro,  467. 

Melo  (D.  José  de),  arcebispo  de  Évora,  epi- 
táfio, 533. 

Melo  (D.  José  Maria  de),  2."  conde  de  Murça, 
-468. 

Melo  (José  Xavier  de),  com.or  professo  de 
Malta,  404. 

Melo  (D.  Leonor  de),  m.  de  Gomes  de  Fi- 
gueiredo, 472,  473. 

Melo  (D.  Luís  Ambrósio  de),  2.»  duque  de 
Cadaval,  epitáfio,  433. 

Melo  (Manuel  de),  reposteiro  mor,  426,  434, 
443.  —  Epitáfio,  433. 

Melo  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  Henrique  de 
Noronha,  e  depois  de  Fernão  Teles  da 
Silva,  455. 

Melo  (D.  Maria  José  do  Sacramento  de),  con- 
dessa de  Vila  Flor,  234. 

Melo  (Marquês  de),  411. 

Melo  (Martim  de),  sr.  de  Melo,  194. 

Melo  (Martim  Afonso  de),  2.°  conde  de 
S.  Lourenço,  445,  446. 

Melo  (Martim  Afonso  de),  copeiro  mor,  452, 
453.  • 

Melo  (Martim  Afonso  de),  guarda  mor  de 
D.Duarte,  214,414,  424,425,  426,  427,430, 
43 1,  432,  4.34,  45o,  524.  —  Epitáfio,  4^3. 

Melo  (Martim  Afonso  de),  guarda  mor  de 
D.  João  I,  414,  415,  422,  423,  424,  425,  43o, 
43 1,  432,  448,  476, 

Melo  (Martim  Afonso  de),  Da  Guerra,  423, 

VOL.  I 


424.  —  Crónica  dos  feitos  de  D.  Fernando, 

424. 
Melo  (Martim  Afonso  de),  4."  sr.  de  Melo, 

424. 
Melo  (Martim  Afonso  de),  5.°  sr.  de  Melo, 

190,  409,  411,  424. 
Melo  (Martim  Vaz  de),  3.°  sr.  da  Castanheira, 

416. 
Melo  (D.  Mem  Soares  de),  rico  homem,  sr. 

de  Melo,  408,  498.  —  V.  Mem  Soares  (D.). 
Melo  (D.  Miguel  António  de),  i.»  conde  de, 

Murça,  468. 
Melo  (Nuno  de),  3."  sr.  de  Povolide,  476. 
Melo  (D.  Pedro  de),  conde  da  Atalaia,  167, 

iq3,  417,  418,  419.  —  Epitáfio,  417.  —  V. 

Melo  (Pêro  Vaz  de). 
Melo  (D.  Pedro  de)^  f.  do  Conde  da  Atalaia, 

417,418. 
Melo  (D.  Pedro  de),  gov.or  do  Maranhão,  467, 

468. 
Melo  (Pedro  de),  gov.or  do  Rio  de  Janeiro, 

456. 
Melo  (Pêro  Vaz  de),  regedor  da  Casa  do 
.    Cível,  193,  287,416,  418,— V.  Melo  (D.  Pe- 
dro de),  conde  da  Atalaia. 
Melo  (Ribeiro  de),  couto,  194,  410. 
Melo  (D.  Rodrigo  de),  conde  de  Olivença, 

192,  214,  426,  428,  429,  43 1,  432,  433,  434, 

443;  ar,  432;  epitáfio, 433.  —  V.  Melo  (Ro- 
drigo Afonso  de),  e  Melo  (Rui  de). 
Melo  (D.  Rodrigo  de),  i.»  conde  de  Tentúgal 

e  1.°  marquês  de  Ferreira,  40, 435, 440,441. 

—  Epitáfio,  435. 
Melo  (D.  Rodrigo  de),  Itemis  contra  os  erros 

da  Chronica,  440. 
Melo  (D.  Rodrigo  de),  sacerdote,  436. 
Melo  (Rodrigo  Afonso  de),  fronteiro  mor  do 

Algarve,  192,  193, 194.  —  V.  Melo  (Rui  de), 

almirante. 
Melo  (Rodrigo  Afonso  de),  sr  de  Ferreira  de 

Aves, 426, 428. — V.  Melo  (Rui  de),  guarda 

mor. 
Melo  (Rui  de),  435.  —  V.  Sousa  (Rui  de). 
Melo  (Ruide), alcaide  mor  de  Elvas, 444, 445. 
Melo  (Rui  de),  almirante,  127,  190,  194,  195, 

196.  522;  epitáfio,  194.— V.  Melo  (Rodrigo 

Afonso  de),  fronteiro  no  Algarve. 
Melo  (Rui  de),  do  conselho,  466. 
Melo  (Rui  de),  guarda  mor  e  capitão  de 

Tanger,  192,  426,  427,  428,  429.-— V.  Melo 

(D.  Rodrigo   de),  conde   de   Olivença,  e 

Melo  (Rodrigo  Afonso  de),  sr.  de  Ferreira. 
Melo  (Rui  de),  mestre  sala,  4,54. 
Melo  (Simão  de),  f.  de  Garcia  de  Melo,  463. 
Melo  (D.  Teresa  Josefa  de),  m.  de  António 

Teles  da  Silva,  456,  457. 
Melo  (Vasco  Martins  de),  alcaide  mor  de 

Évora,  425,  448,  449,  475. 
Melo  (Vasco  Martins  de),  alcaide  mor  de 

Évora,  f.  do  precedente,  448. 

74 


586 


Brasões 


Melo  (Vasco  Martins  de),  guarda  mor  de 
D.  Fernando,  409,  41 1,  412,  4i3,  414,  416, 
422,  432. 

Melo  (Vasco  Martins  de),  ò  Moço,  412,  4i3, 
4i5,  432. 

Melo  (D.  Violante  de),  m.  de  Afonso  de  Tor- 
res, o  Moço,  489,  490. 

Melo  (D.  Vitória  de),  m.  de  João  de  Sampaio 
de  Melo  e  Castro,  454. 

Melo  Abreu  Soares  de  Vasconcelos  (D.  Mi- 
guel de),  sr.  dos  morgados  de  Fonte  Boa, 
etc,  468. 

Melo  Abreu  Soares  de  Vasconcelos  Guedes 
de  Brito  Barbosa  Palha  (D.  João  José  Maria 
de),  3."  conde  de  Murça,  468. 

Melo  Breyner  (Francisco  de),  administrador 
do  concelho  de  Lourenço  Marques,  459. 

Melo  Breyner  (Francisco  de),  conde  de  Ma- 
fra, 459. 

Melo  Breyner  (D.  Inês  Josefa  de),  condessa 
das  Galveias,  514. 

Melo  Breyner  (Luís  de),  2.°  conde  do  Sobral, 
459,  460,  462. 

Melo  Breyner  (Pedro  de),  gov.or  do  reino, 
410,  457. 

Melo  Breyner  (Tomás  de),  médico  dos  hos- 
pitais, 459. 

Melo  Breyner  (Tomás  de),  par  do  reino,  ^58. 

Melo  de  Castro  (António  de),  3.°  conde  das 
Galveias,  71,  514. 

Melo  de  Castro  (Denis  de),  \°  conde  das  Gal- 
veias, 71,  5t3,  514. 

Melo  e  Castro  (Francisco  de),  alcaide  mor 
do  castelo  do  Oiteiro,  71. 

Melo  e  Castro'  (Jerónimo  de),  gov.or  do  cas- 
telo de  S.  Felipe  de  Setúbal,  71. 

Melo  e  Castro  (João  de),  71. 

Melo  e  Castro  (Júlio  de),  Historia  panegy- 
rica  da  vida  de  Dinis  de  Mello  e  Castro, 
primeyro  Conde  das  Galveas,  5i3. 

Melo  e  Castro  (Manuel  Bernardo  de),  vis- 
conde da  Lourinhã,  71. 

Melo  e  Castro  (Martinho  de),  ministro  da 
marinha,  71. 

Melo  e  Castro  (Pedro  de),  2.°  conde  das  Gal- 
veias, 7(,  5i3,  514. 

Melo  Corte  Rial  (D.  Maria  Josefa  de),  m.  de 
D.  Luís  de  Almeida  Portugal,  71. 

Melo  da  Cunha  de  Mendoça  e  Meneses  (Fran- 
cisco de),  1.°  marquês  de  Olhão,  177,  220, 
455. 

Melo  Homem  (D.  António  José  de),  sr.  ^a 
casa  dos  Meios  da  calcada  do  Combro,467, 
468. 

Melo  Manuel  da  Câmara  (D.  João  de),  i.° 
conde  da  Silva,  474,  534,  ^35. 

Melo  Meneses  e  Silva  (D  Maria  José  de), 
condessa  da  Figueira,  468. 

Melo  e  Silva  (D.  Ana  Antónia  Joaquina  de), 
condessa  de  S.  Lourenço,  446. 


Melo  da  Silva  (Duarte  de),  6,°  sr.  de  Povo- 

lide,  476. 
Melo  da  Silva  (Rodrigo  de),  5."  conde  de 

S.  Lourenço,  446. 
Melo  da  Silva  Breyner  Sousa  Tavares  e 

Moura    (Luís  FVancisco   Soares   de),   i." 

conde  de  Melo,  410,  411. 
Melo  da  Silva  César  de  Meneses  (António 

Maria  Vasco  de),  3.»  conde  de  Sabugosa, 

447,  468. 
Melo  Sousa  Tavares  e  Moura  (D.  Ana  Rufina 

Soares  de),  sr."  de  Melo,  410,  457-458. 
Melo  e  Torres  (António  José  de),  3.°  conde 

da  Ponte,  493,  494. 
Melo  de  Torres  (Garcia  de),  2.°  conde  da 

Ponte,  491,  493,  494. 
Melres,  comenda,  23o,  23 1,  295. 
Mem  Soares  (D.),  privado  dei  Rei,  159. — V. 

Melo  (D.  Mem  Soares  de). 
Memorias  da  Academia,  159. 
Memorias  de  Litteratura poríugues[a  da  Aca- 
demia R.  das   Sciencias  de  Lisboa,  35o, 

36o. 
Memorias  paroquiais,  compiladas  no  Dicc. 

geographtco  do  P.e  Luiz  Cardoso,  341. 
Memorias  raras  e  celebres,  copia  de  um  M. 

S.  Anónimo,  que  parece  escripto  no  fim  do 

século  passado,  358. 
Mendo  (D.),  conde,  304. 
Mendo  (D.),  conde,  o  Sousão,  mordomo  mor, 

205,  522. 

Mendoça,  ar.,  53o. 

Mendoça  (D.  Ana  de),  com.ra  de  Santos, 

485. 
Mendoça  (Agostinho  Domingos  José  de),  i.° 

marquês  de  Loulé,  234,  517,  5 18. 
Mendoça  (Constança  de),  m.  de  Álvaro  de 

Orneias,  38 1. 
Mendoça  (D,  Felipa),  m.  de  D.  Fernando  de 

Meneses,  436. 
Mendoça  (D.  Felipa  de),  m.  de  D.  Francisco 

Luís  de  Lancastre.  392. 
Mendoça  (D.  Felipa  de),  m.  de  João  Nunes 

da  Cunha,  3gi,  392. 
Mendoça  (D,  Francisca  de),  m.  de  Henrique 

de  Sousa,  288. 
Mendoça  (Jerónimo  de),  Jornada  de  Africa, 

470. 
Mendoça   (D.  Joana  de),  duquesa  de  Bra- 
gança, 233,  435. 
Mendoça  (D.  Joana  de),  m.  de  D.  António 

José  de  Melo,  467,  470. 
Mendoça  (D.  José  Francisco  Miguel  António 

de),  cardial  patriarca,  5 18. 
Mendoça  (D.  Madalena  de),  m.  de  Luís  de 

Saldanha  da  Gama,  493,  494. 
Mendoça  (D.  Margarida  de),  m.  2.»  de  Duarte 

de  Melo,  476. 
Mendoça  (D.  Maria  de),  m.  i.»  de  D.  Cons- 
tantino, 436. 


índice  de  matérias 


587 


Mendoça  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  Pedro  de 

Melo,  467. 
Mendoça  (D.  Maria  Ana  Filomena  de),  du* 

quesa  da  Terceira,  234,  5 18. 

Mendoça  (D.  Maria  Josefa  de),  lo."  sr.»  da 
quinta  da  Bacalhoa,  470. 

Mendoça  (D.  Mariana  Josefa  de),  condessa  do 
Redondo,  523. 

Mendoça  Furtado,  ar ,  35. 

Mendoça  Rolím  de  Moura  Barreto  (Nuno 
José  Severo  de),  !.•  duque  de  Loulé,  114, 
5i8. 

Mendoça  de  Vasconcelos  (D.  Francisca  de), 
m.  de  Damião  de  Aguiar  Ribeiro,  53o.  — 
V.  Vasconcelos  (D.  Francisca  de). 

Mendoça  de  Vasconcelos  (Rodrigo  de),  pro- 
motor do  Santo  Ofício  de  Évora,  epitáfio 
e  ar.,  437. 

MENESES,  linhagem,  loi,  104,  i38.  —  Ar., 
33,  40,  io3,  112,  ii3,  117,  119,  122,  123, 
124,  125,  i38,  187,  235,  471,  495.  —  Lenda 
do  anel,  io3,  ii3.  —  Uso  do  apelido, '124, 
36i. — Varonia,  55,  108,  210.  —  Meneses: 
alcaides  mores  do  Sabugal,  140 ;  com.ores 
de  Grândola,  489.  —  Meneses :  de  Canta- 
nhede, ar.,  io3,  112,  ii3,  191,  495;  da, casa 
de  Louriçal,  108,  ar,  [i3,  5 18;  da  casa  de 
Marialva,  108,  ar.,  11 3,  5 18;  da  casa  de 
Tarouca,  108^  ar.,  40,  120,  i23,  124,  362; 
da  casa  de  Vila  Rial,  108,  ar.,  122,  i23 ;  da 
Flor  da  Murta^  154;  sem  dom,  467. 

Meneses,  senhorio,  104,  106. 

Meneses  (D.  Afonso  de),  sr.  de  Mafra,  357, 
358,  359. 

Meneses  (D.  Afonso  Manuel  de)^  Títulos  de 
famílias  no  Nobiliário  coordenado  por 
Jorge  Salter  de  Mendonça,  245,  340,  ^57, 
363,  395. 

Meneses  (D.  Antónia  de),  m.  de  Francisco 
de  Sousa  Maneias,  232. 

Meneses  (D.  António  Luís  de),  3."  marquês 
de  Tancos,  1 14. 

Meneses  (D.  Beatriz  de),  condessa  de  Ma- 
rialva e  Loulé,  59,  121. 

Meneses  (D.  Beatriz  de),  condessa  de  Vila 
Rial,  123,  129. 

Meneses  (D,  Beatriz  de),  marquesa  de  Fer- 
reira, 435. 

Meneses  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Aires  Gomes 
da  Silva,  ti 2,  i36,  137,  427. 

Meneses  (D.  Branca  de),  m.  de  João  Rodri- 
gues de  Vasconcelos,  370. 

Meneses  (D.  Carlos  José  Bento  de),  veador 
da  casa  da  rainha  D.  Maria  Ana  de  Áustria, 
177. 

Meneses  (Casa  de),  106. 

Meneses  (D.  Caterina  Maria  de),  condessa 
de  Mesqwitela,  493. 

Meneses  (D.  Cecília  de),  m.  de  D.  João  de 
Castelo  Branco,  210,  523, 


Meneses  (D.  Constança  Xavier  Domingas 
Aureliana  de),  m.  de  José  Félix  da  Cunha 
e  Meneses,  179,  520. 

Meneses  (D.  Diogo  de),  clavéiro,  233. 

Meneses  (D.  Diogo  de),  i."  conde  da  Ericeira, 
116. 

Meneses  (D.  Diogo  de),  3.»  conde  da  Lousã, 
1 15,  519. 

Meneses  (D.  Diogo  de),  5.»  marquês  de  Ma- 
rialva, 5 16,  520,  528. 

Meneses  (D.  Diogo  de),  sr.  da  casa  de  Lou- 
riçal, 117;  epitáfio,  116. 

Meneses  (D.  Duarte  de),  capitão  de  Tânger, 
481. 

Meneses  (D.  Duarte  de),  2.°  conde  de  Viana 
do  Minho,  i23,  126,  i3o,  i3i,  359,  361,398, 

425,  427.  —  Ar.,  124. 

Meneses  (D.  Fernando  de),  436. 

Meneses  (D.  Fernando  de),  2.»  conde  da  Eri- 
ceira, 116,  519. 

Meneses  (D.  Fernando  de),  2.°  marquês  de 
Vila  Rial,  314.  —  Ar.,  40. 

Meneses  (D.  Fernando  de),  2.»  sr.  de  Canta- 
nhede, ar.,  ii3. 

Meneses  (D.  Francisco  de),  Famílias  de  Por- 
tugal, 170,  384,  385,  482. 

Meneses  (D.  P^nncisco  de),  f.  de  D.  Diogo 
de  Meneses,  epitáfio,  116. 

Meneses  (D.  Francisco  de),  2.°  marquês  de 
Louriçal,  116,  519,  520. 

Meneses' (D.  Francisco  Xavier  de),  4.°  conde 
da  Ericeira,  116,  519. 

Meneses  (D.  Guiomar  de),  m.  3."  de  Álvaro 
de  Sousa,  2S6,  287. 

Meneses  (D.  Henrique  de),  i.»  conde  de  Va- 
lença e  de  Loulé,  120,1 3o,  i3i. — Ar.,  40, 124. 

Meneses  (D.  Henrique  de),  3.°  marquês  de 
Louriçal,  n6,  520. 

Meneses' (D.  Henriqueta  Maria  Júlia  de),  du- 
quesa de  Lafões,  114,  517,  528. 

Meneses  (D.  Isabel  de),  condessa  de  Olivença, 

426,  427,  429.  —  Epitáfio,  433. 

Meneses  (D.  Isabel  de),  m.  de  D.  Fernando 

de  Cascais  e  de  João  Freire  de  Andrade, 

529,  53o. — V.  Coutinho  (D.  Isabel). 
Meneses   (D.  Isabel  de),  m.  de  Simão   da 

Cunha,  176. 
Meneses  (D.  Joana  de),  condessa  da  Ericeira, 

116. 
Meneses  (D.  Joana  de),  m.  de  Luís  da  Cunha, 

179. 
Meneses  (D.  Joana  de),  viscondessa  de  Vila 

Nova  da  Cerveira,  sr.«  de  Mafra,  358,  359, 

378. 
Meneses  (D.  Joana  Inês  Vicência  de),  m.  de 

D.  Brás  Baltasar  da  Silveira,  222. 
Meneses  (D.  João  de),  i."  conde  de  Tarouca, 

40,  i3o. 
Meneses  (D.  João  Afonso  de),  arcebispo  de 

Braga,  364. 


588 


Brasões 


Meneses  (D.  Joaquina  de),  marquesa  de  Lou- 
riçal,  5 18,  520. 

Meneses  (D.  Joaquina  Maria  Madalena  da 
Conceição  de),  3.*  marquesa  de  Marialva, 
ii3.       '. 

Meneses  (D.  Jorge  de),  sr.  de  Cantanhede, 
epitáfio,  1 16. 

Meneses  (D.  Leonor  de),  m.  de  D.  Fernando, 
128,  129.  —  Epitáfio,  i2(j. 

Meneses  (D.  Leonor  de),  m.  de  João  Alva- 
res da  Cunha,  190. 

Meneses  (D.  Leonor  de),  m.  de  D.  Pedro  de 
Castro,  69, 1 19,120,124 — Ar.  e  epitáfio,  1 25. 

Meneses  (D.  Luís  de),  3."  conde  da  Ericeira, 
1 16,  519. 

Meneses  (D.  Luís  de),  i."  marquês  de  Lou- 
riçal,  1 16,  179,  519. 

Meneses  (D.  Luísa  de),  condessa  de  Lumia- 
res,  i85. 

Meneses  (D.  Luísa  de),  sr."  dos  morgados  da 
casa  de  Santiago,  223. 

Meneses  (D.  Maria  de),  camareira  mor  da 
Excelente  Senhora,  176. 

Meneses  (D.  Maria  dej,  m.  do  capitão  D.  An- 
tão, 437,  533. 

Meneses  (D.  Maria  de),  m.  de  Gil  de  Maga- 
lhães, 286,  287. 

Meneses  (D.  Maria  de),  m.  de  Pedro  da  Al- 
cáçova Carneiro,  370;  epitáfio,  371. 

Meneses  (D.  Maria  Francisca  de),  dama  da 
Rainha,  4. 

Meneses  (D.  Maria  Lourenço  de),  dama  do 
paço,  223. 

Meneses  (D.  Maria  Margarida  do  Carmo  de), 
marquesa  de  Loulé,  114,  234,  517,  5 18. 

Meneses  (D.  Martinho  de),  i.°  senhor  de  Can- 
tanhede, i36,  5 18. 

Meneses  (D.  Miguel  de),  4.°  marquês  de  Vila 

'  Rial,  486. 

Meneses  (D.  Pedro  de),  i."  conde  de  Canta- 
nhede, 40,  190,  314.  —  Ar.,  40. 

Meneses  (D.  Pedro  de),  i.°  conde  de  Vila 
Rial  e  2."  de  Viana,  56,  122,  i25,  126,  127, 
128,  129,  i3o,  Tji,  i33,  i34,  195,  356,  357, 
395,  396,  397,  398,  399,  529,  53o.  —  Ar.,  122, 
124;  epitáfio,  127. 

Meneses  (D.  Pedro  de),  3."  conde  de  Vila 
Rial,  399. 

Meneses  (D.  Pedro  de),  3.°  marquês  de  Vila 
Rial,  225. 

Meneses  (D.  Pedro  José  de),  4.°  marquês  de 
Marialva,  5 16. 

Meneses  (D.  Pedro  José  de  Alcântara  de),  4.° 
marquês  de  Marialva,  5 16. 

Meneses  (D.  Pedro  José  Joaquim  Vito  de), 
6.»  marquês  de  Marialva,  517,  5 18. 

Meneses  (D.  Rodrigo  de),  gov.or  da  Casa  do 
Cível  de  Lisboa,  489, 

Meneses  (D.  Rodrigo  José  António  de), 
1.°  conde  de  Cavaleiros,  114. 


Meneses  (Srs.  de),  io5,  106,  i38. 

Meneses  (D.  Telo  de),  3.»  sr.  de  Oliveira  do 

Bairro,  288. 
Meneses  Breyner  (D,  Francisco  Xavier  de), 

514. 
Meneses  Breyner  (D.  Isabel  de),  condessa 

de  Ficalho,  457. 
Meneses  Coutinho  (D.  Diogo  José  Vito  de), 

5."  marquês  de  Marialva,  114,  5 16,  517. 
Meneses  Coutinho  (D.  Pedro  de  Alcântara 

de),  4.°  marquês  de  Marialva,  ii3,  5i6. 
Meneses  da  Silveira  (D.  Luís  de),  4.»  marquês 

de  l-ouriçal,  114,  116,  5 18,  520. 
Meneses  dà  Silveira  e  Castro  (D.  José  de), 

sr.  de  Caparica  e  Patameira,  147. 
Meneses  Soutomaior  (D.  João  de),  epitáfio, 

1 15. 
Meneses  e  Vasconcelos  (D.  António  de),  358. 

— V.  Vasconcelos  de  Meneses  (D.  António 

de). 
Meneses  e  Vasconcelos  (D.  João  Luís  de), 

sr.  de  Mafra,  ar.,  358;   epitáfio,  358. — V. 

Vasconcelos  e  Meneses  (D.  João  Luís  de). 
Meneses  e  Vasconcelos  (D.  Maria  de),  con- 
dessa da  Cajheta,  376,  378. 
Merceana,  412;  moradores,  232. 
Merle  (Jean  de),  451. — V.  Melo  (João  de), 

copeiro  mor. 
Merlo,  vila,  409.  — V.  Melo. 
Merlo  (João  de),  450. — V.  Melo  (João  de). 
Merlo  (Martim  Afonso  de),  sr.  de  Melo,  409. 

— V.  Melo  (Martim  Afonso  de). 
Merlo  (D.  Mem  Soares  de),  privado  dei  Rei, 

408,  409. — V.  Melo  (D.  Mem  Soares  de). 
Merlo    (Vasco   Martins  de),  412,  4i3. — V. 

Melo  (Vasco  Martins  de). 
Mertola:  comenda,  228;  com.or  408;  con- 
quista, 406:  sr..  194. 
Mesa  da  Consciência  e  Ordens,  deputado, 

238,  239,  504. 
Mesquita  (Álvaro  de),  cav.»  da  Ordem  de 

Santiago,  385. 
Mesquita  (Helena  de),  concubina  de  D.  Jorge 

de  Melo,  bispo  da  Guarda,  463,  465,  466. 
Mesquita  (Pedro  de),  do  Córrego,  465. 
Mesquitela  (Conde  de),  2.%  D.  Noutel  de 

Castro,  221,  493. 
Mesquitela  (Condessa  de),  D.  Caterina  Maria 

de  Meneses,  493. 
Mesquitela  (Condessa  de),  D.  Maria  da  Na- 
zaré de  Lima,  221. 
Mesquitela,  moderno  (Conde  de),  i.",  D.  Luís 

da  Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albu- 
querque, 237. 
Mesquitela,  moderno  (Conde  de),  2.°,  D.  João 

Afonso  da  Costa  de  Sousa  de  Macedo  e 

Albuquerque,  237. 
Mesquitela,  moderno  (Conde  de),  3.°,  D.  Luís 

António  da  Costa  de  Sousa  de  Macedo  e 

Albuquerque,  237. 


índice  de  matérias 


589 


Mesquitela,  moderno  (Conde  de),  4.°,  11. 

Mesquitela,  moderno  (Condes  de),  146.  — 
Palácio,  191. 

Mesquitela  (Visconde  de),  1°,  Luís  de  Sousa 
de  Macedo,  236. 

Mesquitela  (Visconde  de),  2.°,  D.  José  Fran- 
cisco da  Costa  e  Sousa,  aSo,  237. 

Mesquitela  (Visconde  de),  3,°,  D.  Luís  da 
Costa  de  Sousa  de  Macedo  e  Albuquerque, 
237. 

Mesquitela  (Viscondes  de),  235.  —  Ar.,  191, 
237. 

Mesquitela  (Viscondessa  de),  D.  Joana  An- 
tónia de  Sampaio  e  Lima,  236. 

Mesquitela  (Viscondessa  de),  D.  Maria  José 
de  Sousa  de  Macedo,  236,  237. 

Mestre  de  Avis,  v.  João  (D.). 

Mestre  e  confessor  do  infante  D.  Duarte, 
294. 

Mestre-sala,  52,  171,  226,  416,  453,  454, 
481. 

Mestres-salas  (Casa  dos),  475,  477  a  482. 

Michaelis  de  Vasconcelos  (D.  Carolina),  Can- 
cioneiro da  Ajuda,  247,  248,  25 1,  265,  274, 
339. 

Miguel  (D.),  f.  b.  de  D.  Pedro  II,  290,  291. 

Miguel  (D.),  infante,  f.  de  D.  João  VI,  495, 
517. 

Miguel  (D.),  rei  de  Portugal,  56,  441. 

Milia  (jonçalves,  senhora  de  Assequins, 
144. 

Mina,  481. 

Minas   (Marquês  das),  1.°,  D.  Francisco  de 

Sousa,  2IÇ,,  222,  223,  224,  225. 

Minas  (Marquês  das),  2.»,  D.  António  Luís 
de  Sousa,  219,  221,  222,  239. 

Minas  (Marquês  das),  3.°,  D.  João  de  Sousa, 
219. 

Minas  (Marquês  das),  4.°,  D,  António  Cae- 
tano Luís  de  Sousa,  219. 

Minas  (Marquês  das),  5.°,  D.  Lourenço  José 
das  Brotas  de  Lancastre,  220. 

Minas  (Marquês  das),  6.",  D.  Francisco  Be- 
nedito de  Sousa  Lancastre  e  Noronha, 
220. 

Minas  (Marquês  das),  7.VD.  João  Francisco 
Benedito  de  Sousa  Lancastre  e  Noronha, 
220,  455,  524. 

Minas  (Marquês  das),  9,°,  D.  Brás  Maria  da 
Silveira  e  Lorena,  222. 

Minas  (Marquês  das),  10.",  222. 

Minas  (Marquês  das),  ii.°,  D.  Alexandre  da 
Silveira  e  Lorena,  223. 

Minas  (Marquesa  das),  5.».  D.  Maria  da  Pie- 
dade Francisca  Antónia  de  Sousa,  219. 

Minas  (Marquesa  das),  8.',  D.  Joana  Bernarda 
de  Noronha  e  Lancastre.  221,  223. 

Minas  (Marquesa  das),  D,  Eugenia  de  Sousa 
Holstein,  222. 

Minas  (Marqueses  das),  209,  21 3,  219. 


Minas  (Morgados  da  casa  das),  223. 

Minas  Gerais,  província,  gov.or  e  capitão  ge- 
neral, i8o. 

Mindelo:  desembarque,  234;  expedição, 
410. 

Minho,  5i,  66,  i54,  197,  257,  493.  —  Gov.or 
das  armas,  212,  221,  239,  378. 

Ministro:  assistente  ao  Despacho,  527 ;  do 
Despacho,- 176 ;  dos  Eclesiásticos  e  da  Jus- 
tiça, 457;  dos  Estrangeiros,  71,  2i3:  da. 
Guerra,  71,  i85,  2i3,  221,  234,  3i5  ;  da  Ma- 
rinha, 71,  2 1 3  ;  do  Reino,  1 1 . 

Mira  (Sr.  de),  532. 

Miranda  [do  Corvo] :  casa,  291 ;  doação,  266, 
285,  289;  srs.,  178,  285,  336,  287,  289,  417, 
434;  título  de  conde,  5^8.  . 

Miranda  [do  Doiro] :  bispado,  892 ;  bispo, 
533. 

Miranda,  geração,  ar.,  36,  127,  471. 

Miranda  (Afonso  de),  porteiro  mor,  296. 

Miranda  (Conde  de),  1.°,  Henrique  de  Sousa, 
289,  290. 

Miranda  (Conde  de),  2.",  Diogo  Lopes  de 
Sousa,  298. 

Miranda  (Conde  de),  3.°,  Henrique  de  Sousa 
Tavares  da  Silva,  290,  29S. 

Miranda  (Condessa  de),  D.  Mecia  de  Vilhena, 
289. 

Miranda  (Fernão  Gonçalves  de),  sr.  de  Gou- 
veia, 209. 

Miranda  (D.  Margarida  de),  condessa  de  Vila 
Rial,  126,  128.  —  Ar.,  127. 

Miranda  (D.  Martinho  de),  arcebispo'  de 
Braga,  126. 

Miranda  do  Corvo  (Conde  de),  i.°,  290. — V. 
Miranda. 

Miranda  do  Corvo  (Duque  de),  D.  José  de 
Bragança,  528. 

Miranda  do  Doiro,  36o.  —  V.  Miranda  [do 
Doiro]. 

Miranda  Henriques  (Fernando  de),  2.°  conde 
de  Sandomil,  212. 

Miranda  Henriques  (Luís  de),  estribeiro  mor, 
470. 

Miranda  Soutomaior  (João  Gonçalves  de), 
181. 

Mirandela,  doação,  iii,  145. 

Moça  da  câmara  da  infimta  D.  Joana,  23 1. 

Moçambique,  172. —  Capitão  general,  221. — 
Gov.or,  189. 

Moçarava,  lugar,  256. 

Moço  da  câmara,  295,  5o2 ;  dos  infantes 
D.  Henrique  e  D.  Fernando,  328. 

Moeda  (Fábrica  da),  519. 

Mogadoiro,  475,  476. 

Moiro  (Vasco),  alcaide  de  Coimbra,  248. 

Moiros,  406.  —  Forros:  de  Lisboa,  3o6  ;  de 
Silves,  Tavira,  Loulé  e  Faro,  260.  —  Fustas 
deles,  447.  —  Serviço:  dos  de  Évora,  449^ 
dos  de  Mourão,  284. 


590 


Brasões 


Molina  (D.  Afonso  de),  infante,  106. 
Molina  (D.  Maria  de),  rainha  de  Castela,  106, 

i38. 
Mombaça,  tomada  da  cidade,  174,  178. 
Monchique :   mosteiro  da  Madre  de  Deus, 

i6g;  sinagoga,  169. 
Moncorvo:    condado    pretenso,    3 11,    3i2; 

falsos  documentos  a  ele  relativos,  322  a 

327. 
Mondego,  rio,  227. 

Mondim,  freguesia  de  S.  Cristóvão,  205. 
Monfalim  (Marquês  de),  282. 
Monfalim  (Marquesa  de),  181. 
Monfalim  (Morgado  de),  281.  , 
Monforte:   alcaide  do  castelo,  108;  herda- 

mentos  lá,  258 ;  juízes,  41 3  ;  sr.,  83,  498. 
Monforte  de  Rio  Livre,  alcaide  do  castelo, 

8f. 
Moniz,  geração,  ar.,  22  ;  jazigo,  487. 
Moniz  (Febos),  ar.,  34. 
Moniz  (Jerónimo),  cativo  em  Alcácerquibir, 

487. 
Moniz  (Rui  Gil),  tesoureiro  da  Moeda  de 

Lisboa,  23i. 
Moniz   de  Torres  (Febus),  procurador  de 

Lisboa  às  Cortes  de  Almeirim,  487. 
Moniz  de  Torres  (D.  Luísa),  m.  de  Francisco 

de  Sampaio,  487. 
Monizes  de  Lusinhano,  casa,  487. 
Monroy,  ar.,  342. 
Monsanto:  alcaide  do  castelo,  109;  socorro, 

488. 
Monsanto  (Casa  de),  67;  ar.,  63. 
Monsanto  (Conde  de),   i.",  D.   Álvaro   de 

Castro,  353,  354,  472-  —  Ar.,  63. 
Monsanto  (Conde  de),  2.°,  ar.,  40. 
Monsanto  (Condes  de),  70,  354. 
Monsanto  (Condessa  de),  D.  Isabel  de  Cas- 
cais, 23 1,  353. 
Monsaraz:  alcaide  mor,  277;  bens  lá,  261  ; 

conselho,  256;  doação,  346;  senhorio,  277; 
.   termo,  383,  384. 
Monstrelet  (Enguerrand  de),  Chroniques^  ed. 

Buchon^  45o,  452. 
Monstruosidades  do  tempo  e  da  fortuna,  446, 

474,  493,  523,  524,  53 1,  532. 
Montaria  mor,  196. 

Montarroio  (Isabel  de),  m.  i.*  de  Mem  Cer- 
veira, 33o. 
Montarroio  (Leonor  de),  m.  de  Francisco  de 

Faria,  33o,  33 1. 
Montealegre  (Sr.  de),  em  Castela,  io5. 
Montealegre  (Sr,  de),  em  Portugal,  498. 
Montebelo  (Marquês  de),  i.»,  genealogista, 

338,  341. 
Montebelo  (Marquês  de)^  Memorial,  341. — 

Notas  ao  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro, 

340. 
Monteiro,  ar.,  212.  ' 

Monteiro  mor  do  príncipe  D.  João,  455. 


Monteiro  mor  do  reino,  177,  196,  220,  455, 

523,524.  gw 

Monteiros  mores  (Casa  dos),  448,  ^bS.w^^ 

Monteiro  Paim  (Roque),  secretário  de  Es- 
tado, 211. 

Montelongo:  doação,  169;  gov.or  (tenensj, 
259;  sr.,  55,  170. 

Montemor  o  Novo,  197.  —  Bens  lá,  261. — 
Casa,  255.  —  Cortes,  36o,  418.  —  Data  de 
carta,  146,  329,  33o,  354.  —  Doação:  da 
alcaidaria  e  rendas,  439 ;  do  reguengo, 
21 5.  —  Natural  de  lá,  382. 

Montemor  o  Novo  (Marquês  de),  D.  Jqpo, 
135,439. 

Montemor  o  Velho,  5 18. —  Rendas  riais,  21 5, 
485.  —  Sr.,  81,  i36. — Termo,  346. 

Monterrei,  79. 

Monterroio  (Francisco  de),  fidalgo  da  casa 
dei  Rei  e  juiz  ordinário  em  Sintra,  26. 

Montês  Matoso  (P.^  Luís),  Memorias  Sepul- 
chraes,  116,  226,  238,  367,  371,  486. 

Montevideu,  campanhas,  221. 

Montiel,  castelo,  63. 

Montijo,  batalha,  5,  494. 

Montouto,  bens  lá,  264. 

Mor  Eanes,  concubina  do  cónego  João  de 
Sousa,  23i,  295. 

Mor  Esteves,  m.  de  Fernão  Dade,  248. 

Mor  Esteves,  m.  de  Martim  Gomes  Lobo, 
70. 

Mor  Huzbertiz  (D.),  m.  de  D.  Fernão  Pais, 
154. 

Mor  Martins  (D.),  abadessa  de  Arouca,  338. 

Mor  Randufiz  (D  ),  m.  de  D.  Fernão  Pais,  154. 

Morais  (António  de),  mestre  das  obras  dos 
paços  de  Sintra,  28;  epitáfio,  28. 

Morais  (Beatriz  de),  f.  de  António  de  Morais, 
28. 

Morais  Silva  (António  de),  Diccionario  da 
lingua  portugue:(a,  Lisboa,  181 3,  415. 

Mordomo  da  cúria  régia,  252. — V.  Mordomo 
mor. 

Mordomo  de  Felipe  II,  376;  de  Felipe  IV, 
1 16. 

Mordomo  da  rainha:,  santa  Isabel,  266; 
D.  Isabel  de  Bourbon,  392;  D.  Margarida 
de  Áustria,  372,  376. 

Mordomo  mor,  107,  2o5,  241,  244,  248.  25o, 
252,  253,  254,  255,  256,  257,  266,  276,  285, 
286,  287,  292,  293,  36o,  447,  459,  488,  495, 
527. 

Mordomo  mor:  da  infanta  D.  Beatriz,  264, 
265,  266;  da  infanta  D.  Joana,  427;  do  in- 
fante D.  Pedro,  1 1 8 ;  da  princesa  D.  Leonor, 
421;  das  rainhas:  D.  Beatriz,  252,  256;  de 
Castela,  108,  443 ;  D.  Caterina,  i75 ;  D.  Isa- 
bel, II 3,  276;  D.  Luísa,  441;  ael  Rei  de 
Castela,  112. 

Moreira  (João  Esteves  de),  68. 

Moroleiros,  morgado,  239. 


índice  de  matérias 


591 


Mortágua:  doação,  208;  srs., 84,  209, 21 3,  227, 

23o,  235,  236,  240,  356,  424,  525. 
Mós,  beetria,  35o. 
Moscoso  (D.  Lopo  de),  conde  de  Altamira, 

435. 
Mossel  (Fr.  Guilherme),  prior  de  Soza,  294. 
Mota,  ar.,  37. 
Mota  (Henrique  da),  poeta  do  Cancioneiro, 

400. 
Mouçós,  262. 
Moura,  geração,  ar.,  35. 
Moura,  vila,  457,  458. — Alcaide  mor,  169. — 

Carta  do  foral,  106,  5i5. — Conquista,  406. 

—  Gov.or  da  praça,  456.  —  Juiz,  398. 
Moura  (Álvaro  de)',  fidalgo,  284. 
Moura  (Álvaro  Gonçalves  de),  meirinho  mor 

de  Entre  Tejo-e  Guadiana,  169. 
Moura  (Beatriz  Gonçalves  de;,  5i8. 
Moura  (Cristóvão  de),  aventureiro  no  célebre 

torneio  de  Xabregas,  482. 
Moura  (D.  Cristóvão  de),   i.°  Marquês  de 

Castelo  Rodrigo  e  vice  rei  de  Portugal, 

390,  482. 
Moura  (D.  Guiomar  de),  m.  de  Francisco 

Figueira,  482. 
Moura  (Leonor  Gonçalves  de),  m.  2.*  de  Gil 

Vasques  da  Cunha,  161^  169. 
Moura  (D.  Maria  de),  m.  de  Luís  de  Sousa 

de  Vasconcelos,  375. 
Mourão:  alcaide,  284;  castelo,  391;  serviço 

dos  Judeus  e  Moiros,  284. 
Mourão,  família,  ar.,  237. 
Mourão  (Diogo  Alvares),  desembargador  do 

Porto,  237,  238. 
Mourão  (Diogo  Alvares),  sr.  da  quinta  da 

Cumieira,  238. 
Mourão  (D.  Joana),  m.  de  Domingos  Botelho 

Ribeiro,  237,  238,  239. 
Mourão  (Dr.  Matias  Alvares),  desembargador 

da  Relação  do  Porto,  237,  238. 
Mourão  (Matias  Alvares),  morgado  de  Ma- 
teus, 237,  239. 
Mourões  da  Cumieira,  237. 
Mousinhos  de  Albuquerque,  seu  progenitor, 

223. 

Mouta  Santa,  feira,  369,  373. 

Munich  (Embaixador  em],  462. 

Murça,  204.  —  Doação,  469. 

Murça  (Casa  de),  468,  470. 

Murça  (Conde  de),  i.°,  D.  Miguel  António 
de  Melo,  468. 

Murça  (Conde  de),  2.°,  D.  José  Maria  de 
Melo,  468. 

Murça  (Conde  de),  3.°,  D.  João  José  Maria 
de  Melo  Abreu  Soares,  etc,  468 

Murça  (Condes  de),  ar.,  471. 

Murça  (Condessa  de),  D.  Ana  de  Sousa  Cou- 
tinho, 468. 

Murça  (Condessa  de),  4.%  D,  Mariana  das 
Dores  de  Melo,  468. 


Murça  (Srs.  de),  467,  469,  470. 

Murphy,  Traveis  in  Portugal,  509,  5 10. 

Mnrphy,  viajante,  507. 

Najera  (Duques  de),  96,  162. 

Namorados  (Ala  dos),  345;  capitães  dela, 
352,  365,  398. 

Nandim,  mosteiro,  304.  —  V.  Landim. 

Napoleão  I,  462,  517. 

Nápoles:  general  de  cavalaria  de  lá,  222; 
gov.or  do  Castelo  Novo,  222. 

Narbonne,  viscondado,  462;  ar.,  462. 

Narhonne  (João  Francisco  de),  duque  de 
Narbonne-Lara,  462. 

Narbonne-Lara  (Duque  de),  462. 

Narbonne-Lara  (Felipe,  visconde  de),  462. 

Narbonne-Lara  (Luís,  conde  de),  462. 

Narbonne-Lara  (Luísa  Amable  de),  condessa 
do  Sobral,  462. 

Nassau  e  Sousa  (D.  Luísa  Casimira  de), 
duquesa  de  Lafões,  290,  291. 

Naus:  Castelo,  174;  Corpo  Santo,  484;  Flor 
da  Rosa,  174;  Frol  de  Ia  Mar,  484:  Loba, 
218;  Luz,  232;  Milheira,  3 10;  San  Boaven- 
tura, 232;  San  Roque,  483;  San  Sebastião, 
483;  San  Vicente,  484;  Santa  Caterina, 
1 74, 178 ;  Santa  Maria  da  Ajuda,  484 ;  Santa 
Maria  do  Paraíso,  484;  Santiago,  484; 
Santo  António,  484;  Vencimento  do 
Carmo,  314. 

Navarra,  i52. 

Navas  de  Tolosa  (Batalha  das),  29,  io5,  3o2, 
307. 

Navios,  construção,  483. 

Negros  (A  dos),' data  de  carta,  68. 

Neiva,  terra,  doação,  iio,  111,  112. 

Neiva  (Arcediago  de),  364. 

Neiva  (Conde  de),  i.»,  D.  Gonçalo  Teles,  88/ 
95,  no,  III,  112,  ii3,  i36,  340,  5i8. 

Neiva  (Conde  de),  8°,  D.  Teodósio,  498. 

Neiva  (Condessa  de),  D.  Maria  Afonso  de 
Albuquerque,  112,  i36. 

Neiva  (Sr.  de),  2o5. 

Nelas,  doação,  285. 

Nespereira,  doação,  535. 

Neto  (Dr.  Brás),  bispo  de  Santiago,  14. 

Nhoverga  (Pedro  Garcia  da),  245.  —  V.  Nó- 
brega (Pedro  Garcia  da). 

Nhovrega  (D.  Origo  da),  o  Velho,  244. 

Nhovregua  (D.  Eurigo  da),  244.— V.  Nóbrega 
(D.  Ourigo  da),  o  Velho. 

Nice,  5o5. 

Nicolau,  bispo  de  Viseu,  292.  i 

Nicolau  António,  Bibliotheca  Hispana  nova, 
392. 

Niebla,  condado,  456. 

Nino  (D.  Pedro),  i.°  conde  de  Buelna,  96. 

Nisa:  alcaidaria  mor,  214;  alcaide  mor,  2i5; 
capitania,  214;  comenda,  214,  2i5. 

Nisa  (Casa  de).  162. 

Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  108, 1 19,  120, 


592 


Brasões 


i53,  i55,  i56,  i58,  188,  192,  206,  242,  248, 
244,  245,  246,  247,  259,  2()5,  267,  270,  271, 
272,  273,  276.  3o6,  307,  3o8,  3o9j  336,  338, 
339,  340,  33 1,  408. 

Nobiliário  quinhentista,  147,  178,  23 1,  241, 
352,  356. 

Nóbrega  :  castelo,  242,  243;  couto,  242;  doa- 
ção, 365,  366 ;  julgado,  242,  243 ;  terra,  1 17, 
242,  243,  245,  246,  247,  25o,  257;  venda  da 
terra,  368,  369. 

Nóbrega,  linhagem,  273 ;  ar.,  244;  progenitor, 
243. 

Nóbrega  (Dr.  Gaspar  da),  ar.,  244, 

Nóbrega  (Manuel  da),  ar.,  244 

Nóbrega  (D.  Ourigo  da),  o  Velho,  244,  245, 
246. 

Nóbrega  (Pedro  Garcia  da),  f.  de  D.  Garcia 
Ourigues,  245. 

Nóbrega  (Pedro  Garcia  da),  sr.  da  Macinhata, 
245. 

Nóbrega  (D.  Pedro  Ourigues  da),  sr.  de 
Aboim,  245,  246,  247. 

Nóbrega  (Srs.  da),  245,  286. 

Nogueira,  ar.,  37. 

Nogueira  de  Brito,  O  Mosteiro  da  Sub- 
berra  da  Castanheira,  420. 

Nomães,  quinta,  coutada,  343. 

Nomão,  doação,  55, 

Nomes  próprios,  costumeiras  antigas,  193. 

NORONHA,  linhagem,  46,  48.  — Ar.,  23,  3i, 
33,  40,  45,  1 13,  123,  124.  —  Uso  do  apelido, 
124.  —  Varoniíi,  70,  11 3,  120,219. — Noro- 
nhas:  da  casa  de  Linhares,  ar,  124;  da 
casa  de  Valadares,  ar.,  124;  da  casa  de 
Vila  Rial,  ar.,48.— Noronhas  Ribeiros  Soa- 
res, 48. 

Noronha  (D.  Afonso  de),  436. 

Noronha  (D.  Afonso  de),  f.  do  3.°  conde  de 
Odemira,  227. 

Noronha  (D.  Afonso  de),  gov.or  da  ilha  de 
Socotorá,  172. 

Noronha  (D.  António  de),  bispo  de  Porta- 
legre, 466. 

Noronha  (Conde  de),  D.  Afonso,  47,  48. 

Noronha  (Condessa  de),  D.  Isabel,  47,  48. 

Noronha  (D.  Constança  de),  duquesa  de 
Bragança,  48. 

Noronha  (D.  Diogo  de),  3."  marquês  de 'Ma- 
rialva, 1 13. 

Noronha  (D.  Domingas  Isabel  de),  condessa 
da  Lourinhã,  71. 

Noronha  (D.  Fernando  de),  2.0  conde  de  Vila 
Rial,  48,  123,  125. 

Noronha  (D.  Garcia  de),  vice  rei  da  índia,  175. 

Noronha  (D.  Guiomar  de),  m.  i.»  de  Rui 
de  Melo,  444,  445. 

Noronha  (D.  Guiomar  de),  m.  de  Rui  Teles 
de  Meneses,  i38. 

Noronha  (D.  Helena  de),  m.  2.»  de  Manuel 
de  Vasconcelos,  391. 


Noronha  (D.  Henrique  de),  capitão  na  tomada 
de  Ceuta,  48. 

Noronha  (D.  Henrique  de),  monteiro  mor, 
455. 

Noronha  (D.  Inês  de),  f.  do  grande  D.  João 
de  Castro,  5o5. 

Noronha  (D.  Inês  de),  m.  de  João  da  Costa, 
391. 

Noronha  (D.  Isabel  de),  m.  i.*  de  Diogo  Lopes 
de  Sousa,  287,  417. 

Noronha  \D.  João  de),  6."  conde  de  S.  Lou- 
renço, 446. 

Noronha  (D.  João  de),  f.  do  Conde  de  Gijon, 
48. 

Noronha  (D.  João  José  Ansberto  de),  6."  conde 
de  S.  Lourenço,  446,  534. 

Noronha  (D.  Josefa  de),  marquesa  de  Lou- 
riçal,  520. 

Noronha  (D.  Juliana  Xavier  de),  7.'  condessa 
dos  Arcos,  1 14. 

Noronha  (D.  Leonor  de),  m.  de  D.  Álvaro  de 
Ataíde,  417,  418.  —  Epitáfio,  419. 

Noronha  (D.  Leonor  de),  m.  de  D.  Fernando 
de  Ataíde,  419.  —  Epitáfio,  420. 

Noronha  (D.  Manuel  de),  prior  mor  da  Ordem 
de  Avis,  5 16. 

Noronha  (D.  Maria  de),  condessa  da  Atalaia, 
417,419. 

Noronha  (D.  Mana  de),  m.  de  D.  Francisco 
de  Sousa,  218. 

Noronha  (D.  Maria  Ana  de),  m.  de  Luís  de 
Sousa  de  Meneses,. 233. 

Noronha  (D.  Maria  Josefa  da  Graça  de),  mar- 
quesa de  Louriçal,  520. 

Noronha  (D.  Maria  Madalena  de),  m.  de 
D.  Luís  Manuel  de  Távora,  222. 

Noronha  (D.  Pedro  de),  arcebispo  de  Lisboa, 
48;  ar,  48. 

Noronha  (D.  Pedro  de),  mordomo  mor,  36o. 

Noronha  (D.  Sancho  de),  i.°  conde  de  Ode- 
mira, 48,  209.  —  Ar.,  40, 

Noronha  (D.  Sancho  de),  3.°  conde  de  Ode- 
mira, 40. 

Noronha  Abranches  Castelo  Branco  (D.  José 
António  de),  9.°  conde  de  Valadares,  177. 

Noronha  e  Lancastre  (D.  Joana  Bernarda 
de),  S.*  marquesa  das  Minas,  220,  221,  223. 
—  V.  Lancastre  e  Noronha  (D.  Joana  Ber- 
narda de). 

Noronha  e  Meneses  (D.  Manuel  José  de),  7.» 
conde  dos  Arcos,  1 14. 

Nossa  Senhora  dos  Açougues,  comenda,  460. 

Notário  da  cúria  régia,  292. 

Nova  Goa  (Conde  de),  146. 

Novais  (D.  Teresa  de),  m.  de  Estêvão  Soares 
de  Melo,  410. 

Novelas,  honra,  204. 

Numão,  termo,  292. 

Nuno  Fernandes,  escrivão  da  Câmara  de 
Lisboa,  486. 


índice  de  matérias 


593 


Nuno  Fernandes,  estribeiro  da  Duquesa  de 
Borgonha,  397. 

Nuno  Gonçalves  (Dr.),  chanceler  da  Casa 
do  Cível,  327. 

Nuno  Martins  (D),  mordomo  mor,  253. 

Óbidos,  24,  94;  bens  lá,  261 ;  data  de  carta, 
«2, 414 ;  igreja  da  Misericórdia,  1 1 5  ;  termo, 
412. 

Óbidos  (Condes  de),  3.°',  114. 

Obras  públicas:  fiscal,  461;  inspector  geral, 
460. 

Odemira  (Conde  de),  i.°,  D.  Sancho  de  No- 
ronha, 48,  209.  —  Ar.,  40. 

Odemira  (Conde  de),  3.",  D.  Sancho  de  No- 
ronha, 40,  227,  473. 

Odemira  (Conde  de),  4.°,  227. 

Odemira  (Condes  de),  209;  ar.,  48. 

Odemira  (Condessa  de),  D.  Mecia  de  Sousa, 
209. 

Odemira  (Sr.  de),  68,  109. 

Odivelas,  mosteiro,  141,  142,  221,  358,  427. 

0'Donell  Hearn  (D.  Carolina),  m.  de  Luís  da 
Cunha  e  Meneses,  186. 

Oeiras,  doação  do  reguengo,  353. 

Oeiras  de  Ribamar,  reguengo,  481. 

Oficiais  de  armas,  19. 

Oficial  mor  honorário  da  casa  rial,  32 1,  322, 
460. 

Ois,  262. 

Oisda  Ribeira,  direitos  da  aldeia,  117. 

Oitão,  torre,  gov.or  dela,  488. 

Oiteiro,  casal,  258. 

Oiteiro,  lugar,  3 18. 

Oiteiro,  torre  e  quinta,  38 1. 

Oiteiro  (Alcaide  mor  do  castelo  do),  71. 

Olhalvo,  igreja,  173,  176. 

Olhão  (Marquês  de),'i,°,  Francisco  de  Melo 
da  Cunha  de  Mendoça  e  Meneses,  177, 
455. 

Olhão  (Marquês  de),  2.°,  177. 

Olhão  (Marqueses  de),  ar.,  168;  varoniá,  120, 
i38. 

Oliva  (António  de),  pintor  de  azulejos,  436. 

Olivais  (Morgados  dos),  197. 

Oliveira,  geração,  ar.,  497. 

Oliveira,  quinta,  398. 

Oliveira  (Cristóvão  Rodrigues  de),  Sum- 
mario  S  qve  brevemente  se  contem  algvas 
covsas  fassi  ecclesiasticas  como  secvlares) 
qve  ha  na  cidade  de  Lisboa,  364. 

Oliveira  (Joane  Mendes  de),  sr.  da  quinta  de 
Oliveira,  398.  » 

Oliveira  (Martim  de),  sr.  da  quinta  de  Oli- 
veira, 3q8. 

Oliveira  (Morgados  de),  496. 

tliyeira  (Pêro  de),  abade  de  S,  Miguel  de 
Penagate,  344. 

Olivejra  (Srs.  de),  n3. 

Oliveira  do  Bairro  (Srs,  de),  287,  288,  289. 

Oliveira  Freire  (Manuel  de),  410. 

TOL.  I 


Oliveira  do  Hospital :  capela  dos  Ferreiros, 
9;  igreja,  7. 

Oliveira  Marreca  (A.  de),  artigo  no  Pano- 
rama, 389. 

Olivença,  457.  —  Alcaidaria  mor,  425,429, 
440,  441,  443.  —  Alcaides  mores,  214,  422, 
425,  427.  —  Fronteiro,  425,  427.  —  Regi- 
mento de  infantaria,  458. 

Olivença  (Conde  de),  D.  Rodrigo  de  Melo, 
192,  214,  422,  426,  428,  429,  43 1,  432,  433, 
434,  443.  —  Ar.,  432 ;  epitáfio,  433. 

Olivença  (Condessa  de), D.  Isabel  de  Meneses, 
429;  epitáfio,  433. 

Onrigo  Onriguiz,  243.    ~ 

Orbigo  (Ponte  de),  el  passo  honroso,  45o, 
432. 

Ordem  de  Avis:  alcaide  mor  de  Coruche, 
219.  —  Alferes,  220.  —  Cavaleiros,  407. — 
Com. da  de  Santa  Maria  de  Beja,  377.  — 
Com.or  mor,  344,  346,  392,  485.  —  Cruz, 
307.  —  Doação  a  ela,  25i. —  Grã-cruz,  212. 
— Mestrado,  346;  rendas  dele,  228. —  Mes- 
tre, 277,  346,  408;  sua  jurisdição,  342,  343. 

—  Prior  mor,  5 16.  —  V.  Mestre  de  Avis. 
Ordem  de  Calatrava  (Cruz  da),  307. 
Ordem  dos  Carmelitas  Descalços,  370. 
Ordem  de  Cister,  mosteiro  de  Lorvão,  99. 
Ordem   dos  Cónegos   regrantes   de   Santo 

Agostinho,  157,  187. 
Ordem  de  Cristo,  171.  — Alcaidaria  mor  de 
Pombal,  372.  —  Cavaleiro  do  hábito,  238, 
239,  460,  484,  497,  5o2,  5o3.  —  Claveiro, 
233.  —  Com.or,  163,222,  504;  das  Idanhas, 
23o ;  de  Nossa  Senhora  dos  Açougues,  460 ; 
de  Pombal,  372,  375,  376;  de  San  Pedro 
de  Pinhel,  5o8-5o9;  de  Santa  Maria  do 
Prado,  221;  de  Santa  Maria  de  Quintela, 
5o8;  de  Santa  Maria  de  Vila  Franca,  221. 

—  Com.or  mor,  23o,  485,  486.  —  Grã-cruz, 
221.  —  Jurisdição  do  Mestre,  342,  343. — 
Mestrado,  i83.  —  Mestre,  88,  92,  95,  127, 
277,  279,  280,  281,  283,  284,  285,  356,  367. 

Ordem  do  Hospital,  257,  258,  261,  262,  271, 
337,  406.  —  Bailia  de  Ansemil,  261.  —  Grã 
com.or,  264,  3o8.  —  Prior,  257,  352;  su« 
jurisdição.  342,  342.  —  V.  Prior  do  Crato. 

Ordem  de  Malta:  cavaleiro,  1 85,  com.or 494, 

Ordena  dos  Pregadores,  provincial,  392. 

Ordem  de  Rocamador:  doações  a  ela,  291, 
292,  293;  eremitas,  291,  292;  extinção,  2g4; 
hospitais,  293;  priores,  293,  294;  privilé- 
gios, 294;  sede,  291,  292,  293,  294. 

Ordem  de  San  Domingos,  329. 

Ordem  de  San  Francisco,  53a. 

Ordem  de  San  Jerónimo,  i37. 

Ordem  de  Santiago,  171,  2ío,  347,  406. — 
Casas  em  Lisboa,  347.  —  Cavaleiros,  32i, 
385,  407.  —  Comenda;  de  Ferreira,  229; 
de  Mértola,  228;  de  Povos,  296;  da  Re- 
presa, 228;  de  Soza,  295  a  298.  —  Com.or^ 


594 


Brasões 


i66,  179;  de  Alvalade,  228;  de  Ferreira, 
228,  229;  de  Melres,  23o,  23 1,  295;  de  Mér- 
tola,  408.  —  Com.or  mor,  146,  228,  410.  — 
Dízima  das  mercadorias  saídas  de  Setúbal, 
347.  —  Gov.or,  296.  —  Grã-cruz,  5 16.  — 
Manto,  229-230. — Mestrado,  346. — Mestre, 
55,  166,  229,  248,  3o8,  34.5,  347,  348,  349, 
383,  394,  485;  sua  jurisdição,  342,  343. — 
^  Registo  de  documentos,  345.  —  Rendas  da 
aldeia  de  Coles,  228.  —  Treze,  228. 

Ordem  de  Santiago  de  Castela,  pertigueiro 
mor,  106. 

Ordem  de  Santo  Agostinho,  3o4,  3o6. 

Ordem  do  Templo,  261, 339,  4°^ 5  freire,  264; 
mestre,  i55. 

Ordem  da  Torre  Espada,  hábito,  411. 

Ordem  do  Tosão  de  Oiro,  cavaleiro,  45 1, 

520. 

Ordonho  II  (D.),  rei  de  Lião,  104,  io5. 

Origo  Origuiz  (D),  242,  243,  244. 

Oriola:  foral,  260;  senhorio,  281;  termo  de 
Viana,  i3i. 

Ormuz,  174,  176.  —  Capitão,  314. 

Orneias,  linhagem:  ar.  antigas  e  modernas, 
38  r.  —  Progenitores,  339,  38'- 

Orneias  (Álvaro  de),  instituidor  do  morgado 
do  Caniço,  38i. 

Orneias  (D!  João  de),  abade  de  Alcobaça,  75. 

Orneias  de  Vasconcelos,  morgados  dò  Ca- 
niço, 38i,  382. 

Orneias  de  Vasconcelos  (Agostinho  de),  No- 
ticia biográfica  anteposta  às  Obras  de 
D.  Ayres  d'Ornellas  de  Vasconcellos,  arce- 
bispo de  Goa,  38 1. 
.  Orneias  de  Vasconcelos  (Agostinho  de),  par 
do  reino  e  sr.  do  morgado  do  Caniço, 
38í. 

Orneias  de  Vasconcelos  (D.  Aires  de),  aVce- 
bispo  de  Goa,  38 1. 

Osório  (D.  Jerónimo),  bispo,  390. 

Osório  da  Gama  e  Castro  (José),  Diocese  e 
districio  da  Guarda,  167,  464. 

Osório  de  Moscoso  (D.  Rodrigo),  conde  de 
Altamira,  435. 

Ossuna  (Duques  de),  162. 

Ota  (Morgados  de),  472. 

Ouguela  (Alcaide  mor  de),  232,  287, 

Ourem,  doação,  118. 

Ourem  (Conde  de),  i.",  D.  João  Afonso  Telo, 
65,  O9,  88,  108,  1 10,  MI,  1 17,  118,  119,  120, 
121,  124,  125,  128.  —  Ar.,  124;  epitáfio, 
119. 

Ourem  (Conde  de),  2.°,  João  Fernandes  An- 
deiro,  66,  69,  121,  345. 

Ourem  (Conde  de),  4.»,  355. 

Ourem  (Conde  de),  11.°,  D.  Teodósio,  498. 

Ourem  (Condessa -de),  D.  Guiomar,  69,  81, 
82,  118,  119,  124,  125,  128,  i33,  396. 

Ourigo  Ourigues,  f.  de  D.  Ourigo  da  Nóbrega, 
o  Velho,  243,  246. 


Ouroana  (D.),  m.  de  Fernão  Martins  Camelo, 

188. 
Ousenda  Ermigis  Aboazar  (D.),  m.  de  D.  Paio 

Goterres,  i55. 
Ouvidor:  na  corte,  i52;  da  rainha  D.  Leonor 

Teles,  34.3. 
Ouvim,  Quinta,  164. 
Ovar,  3 1 5,  314.  —  Sr.,  109,  no. 
Overijssel,  29. 
Ovidio,  Tristezas,  41. 
Pacheco,  ar.,  37,  118,  119. 
Pacheco  (Diogo  Lopes),  sr.  de  Ferreira  de 

Aves,  4Ó,  68. 
Pacheco  (João),  vereador  e  procurador  de 

Lisboa  a  Cortes,  448.     ^ 
Pacheco  (João  Fernandes),  sr.  de  Ferreira, 

guarda  mor,  52,  53,  lu,  423,  425. 
Pacheco  (Lopo  Fernandes),  sr.  de  Ferreira, 

ii^í,  157,  160,  268,  269,  279;  epitáfio,  118. 
Pacheco  (D.  Violante  Lopes),  m.  de  Martira 

Vasques  da  Cunha  e  de  D.  Diogo  Afonso 

de  Sousa,  157,  279. 
Paço  da  Cunha,  (Srs.  do),  197. 
Paço  de  Sousa,  3o.3,  3o8,  336. 
Paços  (Sr.  de),  109. 
Paços  da  Abobreira,  227. 
Paços  dei  Rei,  267. 
Paços  sobre  Estrada,  doação,  160. 
Padilha,  ar.,  20. 
Pádua,  290. 
Pagem :  da  campainha,  473 ;  da  rainha  D.  Ca- 

terina,  179. 
Paia,  morgado,  461. 
Paim,  ar.,  212. 
Paim   (D.  Constança  Luísa),  condessa  de 

Alva,  211,  212. 
Paim  (D.  Maria  Antónia),  sr."  da  casa  de 

Alva,  21 1,  212. 
Paio,  bispo  de  Évora,  292. 
Paio  (D  ),  bispo  de  Lamego,  293. 
Paio  Goterres  (D.),  fundador  do  mosteiro  de 

S.  Simão  da  Junqueira,  i55,  i56. 
Paio  Peres,  prior  de  Santa  Maria  de  Tábua, 

154.  * 

Paio  Pires  (Morgados  de),  179,  186. 
Paio  Ramires  (D.),  i55. 
Pais  (D.  Antónia),  m.  de  Tristão  da  Cunha, 

174. 
Pais   (João   Rodrigues),  contador   mor  de 

Lisboa,  174. 
Pais  (Leonor),  m.  de  P«ro  Gonçalves,  174. 
Países  Baixos,  gov.or  deles,  442. 
Paiva,  doação,  304. 
Paiva  (Srs.  de),  189,  226,  3o8. 
Palazuelos,  mosteiro,  io5. 
Palência,  47;  igreja,  96. 
Palha,  ar ,  20. 

Palhais  (Morgados  de),  497. 
Palhavan  (O),  189. 
Palma,  quinta,  1 18,  4i3. 


índice  de  matérias 


595 


Palmeira,  couto,  doação,  3o4,  307. 

Palmeira  (D.  Gonçaío  Rodrigues  da),  3o3, 
304,  3o5,  3o6,  307. 

Palmeira  (D.  Rodrigo  Gonçalves  da),  307. — 
V.  Pereira  (D.  Rodrigo  Gonçalves  de). 

Palmela:  alcaide  mor,  171;  renda  das  saboa- 
rias,  33 1 ;  termo,  171. 

Palmela  (Casa  de),  282,  283. 

Palmela  (Condes  de),  282. 

Palmela  (Duques  de),  281,  282.  —  Ar.,  282, 
283. 

Palmela  (Marqueses  de),  282. 

Pananá,  172. 

Pancas  (Casa  de) :  morgado,  391 ;  varenia,  234. 

Pangim,  168. 

Panha  (D.  Garcia  Fernandes  de),  187. 

Panha  (D.  Sancha  Garcia  de),  m.  de  D.  Mar- 
tin Lourenço  da  Cunha,  187. 

Panoias,  terra,  122,  204.  —  Gov.or  (tenens), 

206,  261,  262.  —  Senhorio,  262. 
Panoias  (Srs.  de),  171,  175. 

Panorama  {  O),  jornal  litterario  e  instruclivo, 

56,  389. 
Pantaliab  Dias,  escrivão,  373. 
Páos,  terra,  doação,  117. 
Papas:   Alexandre  VI,  Bento  XII,  Bonifá- 
cio IX,  Clemente  VII,  Gregório  IX,  Lião  X, 

Martinho  V,  Paulo  III,  Pio   II,   Pio  IV, 

Pio  IX,  Urbano  VI,  Urbano  VIII,  Xisto  IV. 
Par  do  reino,  i54,  1 85,  .186,  221,  291,  3oq, 

321,  322,  38i,  458,  459,  460,  461,  46a,  468, 

488,  520. 
Parada,  senhorio,  262. 
Paradeía:  couto,  3 16;   senhorio,  26a,  475, 

476. 
Paraíba,  377. 
Paraty  (Condes  de),  48. 
Paredes,  doação,  55. 
Paredes  (Sr.»  de),  em  Castela,  i66u 
Paris,  246,  45o,  463,  493.  —  Embaixador  lá, 

i54,  211,  491,492, 493,  517.— Ministro,  239, 

457.  —  Universidade,  35 1 . 
Pássavante,  14. 

Passos  Manuel,  ditadura  liberal  sua,  i85. 
Patameira,  morgado,  147. 
Pátria  (A),  jornal,  525. 
Patrom'micos,  costumeiras   antigas  nO  seu 

uso,  iq3. 
Paulo  III,  papa,  363,  389. 
Pavia,  doação,  68,  453. 
Pavia,  geração,  ar.,  20. 
Peçagno  (Micé  Manuel),  almirante,  195. — 

V.  Pessanha  (Manuel). 
Pedro  ([D.),  204,  522. 
Pedro,  Dispo  de  Coimbra,  29a,  298. 
Pedro  (D.),  3.»  conde  de  Barcelos,  107,  a63 

a  271,  273, 291,5 1 5,525.— V  Pedro  Afonso, 

f.  b.  de  D.  Denis. 
Pedro  (D.),  infante,  f.  de  D.  Afonso  IV,  11 S, 

207,  208.  —  V.  Pedro  I  (D.). 


Pedro  (D.),  infante,  f  de  D.  João  IV,  441. 

Pedro  (D;),  infante,  f.  de  D,  João  V,  488, 534. 
V.  Pedro  III  (D.). 

Pedro  (D.),  infante,  í.  de  D.  Sancho  I,  258. 

Pedro  (D.),  infante  regente,  duque  de  Coim- 
bra, 81,  82,  i36,  137,  146,  195,  227,  283, 
323,  355,  426,  43o,  452,  480,  53o. 

Pedro  (D.),  príncipe  regente,  456,  492,  493, 
523,524.— V.Pedro  II  (D.).  * 

Pedro  (L).),  príncipe  rial,  517. —V.  Pedro  IV 
(D.),  rei  de  Portugal. 

Pedro  IV  (D.),  rei  de  Aragão,  269,  277. 

Pedro  I  (D.),  rei  de  Castela,  63",  64,  65,  67, 
106,  108,  112. 

Pedro  I  (D.),  rei  de  Portugal,  67,  87,  88,  89, 
97,  117,  i32,  160,  208,  216,  227,  277,  279, 
J09,  343,  344,  355,  358,  36í,  414,  477. — V. 
Pedro  (D.),  infante. 

Pedro  II  (D.),  rei  de  Portugal,  23,63,  116, 
210,  290,  378,  433,  5i3. — V.  Pedro  (D.), 
príncipe  regente. 

Pedro  III  (D.),  rei  de  Portugal,  495,  534.  — 
V.  Pedro  (D.),  infante. 

Pedro  IV  (D.),  rei  de  Portugal,  234,  400,410. 
-  V.  Pedro  (D.),  príncipe  rial. 

Pedro  (D.),  sr.  de  Cascais,  353,  354. 

Pedro  Afonso,  í.  b.  de  D.  Afonso  II,  408. 

Pedro  Afonso,  f.  b.  dei  rei  D.  Denis,  263, 
264, 265. — V.  Pedro  (D.),  3.°  conde  de  Bar- 
celos. 

Pedro  Afonso,  rico  homem,  292. 

Pedro  Anes,  copeiro  de  D.  Afonso  IV,  480. 

Pedro  Anes,  juiz  em  Sintra,  24. 

Pedro  Dias  (Fr.),  prior  de  S.  Domingos, 
43i. 

Pedro  Eanes,  f.  de  D.  João  de  Aboim,  248, 
256. — V.  Portel  (Pedro  Eanes  de). 

Pedro  Eanes  (D.),  mordomo  mor,  293. 

Pedro  Esteves,  de  Leiria,  epitáfio,  522. 

Pedro  Esteves,  vedor  do  3."  Conde  de  Bar- 
celos, 269,  270. 

Pedro  Fernandes,  copeiro  de  D.  Afonso  III, 
265. 

Pedro  Framariz  (D.),  498. 

Pedro  Garcia,  293. 

Pedro  Gonçalves,  45o. 

Pedro  Nunes,  292. 

Pedro  Nunes  (Dr.),  5o3. 

Pedro  Ouriguiz  (D.),  243. 

Pedro  Peres,  293. 

Pedrógão,  aldeia  do  almoxarifado  de  Beja, 
4i3. 

Pedrógão,  vila,  197.  —  Doação,  260,  365.  — 
Srs.,  345,  368,  Í70, 371,392.  —  Serviço  dos 
Judews,  369. 

Pedrógãos,  doação,  366. 

Pedrosa,  ar.,  22. 

Pedroso  (Jorge),  escrivão  da  nobreza,  14,  í5. 

Pegado,  ar.,  20. 

Pegas  (Manuel  AlvaresJ,  Tractatus  de  ex- 


596 


Brasões 


dusione,  inclusione,  successionc  et  ere- 
ctione  maioratiis,  295,  298,  392. 

Peixoto  de  Queirós  e  Vasconcelos  (António), 
Nobiliário  das  familias  de  Portugal,  397. 

Pelema,  igreja,  81. 

Pena,  262. 

Pena  Gati,  tôrre^  340. 

Pena  da  Rainha,  foral,  260. 

Penacova,  227.  —  Srs.,  84,  227,  229. 

Penafiel,  concelho,  336. 

Penafiel  (Conde  de),  498. 

Penafiel  de  Bastos,  117. 

Penafiel  de  Bastqço,  1 17-1 18. 

Penagateí  abade 'de  S.  Miguel,  344.  —  Sr., 
3(5,  339.— Senhorio,  35o. — Torre,  340. — 
Venda,  348,  349. 

Penaguião,  concelho,  246"  —  Senhorio,  208. 

Pena)oia,  doação,  480.  —  Sr.,  173. 

Penalva,  senhorio,  164. 

Penalva  (Condessa  de),  D.  Maria  de  Portu- 
gal, 473,  474. 

Penalva  (Marquês  de),  i.»,  D.  Estêvão  de 
Meneses,  120. 

Penalva  (Marqueses  de),  3."%  32 1. 

Penamacor:  alcaide  mor,  370,  372,376;  ca- 
pitão, 370;  sr.,  409. 

Penamacor  (Conde  de),  i.°,  D.  Lopo  de  Al- 
buquerque, 147,  444,  496,  5o5. 

Penamacor  (Conde  de),  2.°,  António  de  Sal- 
danha Albuquerque  Castro  Ribafria  Pe- 
reira, i85,  5o5,  509. 

Penamacor  (Conde  de),  3.°,  António  Maria 
de  Saldanha  Albuquerque  Castro  Ribafria 
Pereira,  5o5. 

Penamacor  (Condes  de),  70, 496,  5o6.  —  Ar., 
496-497. 

Penarroias,  doação,  109. 

Penasroias,  igreja,  259. 

Penedono,  doação  do  castelo,  55. 

Penedono  (Casa  de),  3 16. 

Penela,  do  bispado  de  Coimbra:  doação,  266, 
339,  36o;  povoação,  362;  sr.,  121, 128,  1 33, 
362;  termo,  81;  Vasconcelos  de  lá,  336. 

Penela,, de  Dom  João,  353. — V.  o  seguinte. 

Penela,  de  Riba  de  Lima :  doação,  55  ;  juris- 
dições, 342,  343;  posse,  349;  senhorio,  348, 
35o,  353;  venda,  348,349. 

Penela  (Casa  de),  356. 

Penela  (Conde  de),  i  °,  D.  Afonso  de  Vas- 
concelos, 127,  355,  356,  359,  36o,  36i,  362, 
363.  — Ar.,  36i,  368;  epitáfio,  36i. 

Penela  (Conde  de),  2.",  D.  João  de  Vascon- 
celos e  de  Meneses,  228,  23o,  357,  358,  36o, 
362,  402.  —  Ar.,  40,  362. 

Penela  (Condes  de),  342,  358. 

Penela  (Condessa  de),  D.  Isabel  da  Silva, 
36i.— Ar.,  36i. 

Penela  (Condessa  de),  D.  Maria  de  Ataíde, 
23o. 

Penela  (João  Lourenço  de),  i25. 


Penelas,  casais,  242. 

Penha  (La),  ar.,  20. 

Penhaverde:  morgado,  63,  70,  5o5,  509; 
quinta,  5o6  a  5 10. 

Peniche,  regimento,  495. 

Península,  guerra,  29. 

Pentieiros,  morgado,  32 1. 

Pêra  (Abade  de),  371. 

Peral:  doação,  117,  439;  sr.,  438;  senhorio^ 
441. 

PEREIRA,  linhagem,  293,  3o3.  —  Ar.,  34, 
159,  194,  237,  3oi,  322,  422. —  Progenitor, 
3o5,  307.  —  Pereiras:  de  Alcochete,  3i5; 
de  Bertiandos,  3 16,  319;  dos  Condes  da 
Feira,  309;  dos  coutos  de  Mazarefes  e 
Paradela,  3 16;  dos  morgados  da  Redinha, 
3 1 5.— Pereiras  de  Araújo,  3i5.  —  Pereiras 
de  Berredo,  3i5. — Pereiras  Coutinhos:  da 
casa  de  Penedono,  3 16;  dos  morgados  e 
viscondes  da  Baía,  3i5.  —  Pereiras  de  La- 
cerda, 3i5.— Pereiras  de  Lucena,  3 16. — 
Pereiras  Marramaques,  3o8-3o9.— Pereiras 
Patos,  3 16. 

Pereira,  vila:  doação,  160,  342,  439;  sr., 
.67. 

Pereira  (Álvaro),  i.°  sr.  da  Feira,  manchai, 
3o9,  3 10. 

Pereira  (D.  Álvaro  Gonçalves),  prior  do 
Crato,  169,  309,  352. 

Pereira  (António),  ,sr.  do  2.°  morgado  de 
Bertiandos,  320. 

Pereira  (D.  Beatriz),  almiranta,  m.  de  Rui  de 
Melo,  127,  194,  195.  —  Epitáfio,  195. 

Pereira  (D.  Beatriz),  f.  do  condestável  D.  Nuno 
Alvares  Pereira,  309. 

Pereira  (Beatriz),  f.  do  marichal  Álvaro  Pe- 
reira, 3 10. 

Pereira  (Diogo),  almoxarife  de  Ponte  de 
Lima,  3 16. 

Pereira  (Diogo),  com.or  mor  da  Ordem  de 
Santiago,  14.6. 

Pereira  (D.  Diogo),  2.°  conde  da  Feira,  3u, 
3 12,  3i3,  3 14,  326. 

Pereira  (Diogo  Alvares),  f.  de  D.  Álvaro 
Gonçalves  Pereira,  309. 

Pereira  (Fernão),  almoxarife  de  Ponte  de 
Lima,  3 16,  317,  3 18,  319,  320,  322. 

Pereira  (Fernão),  3."  sr.  da  Feira,  3io,  3ii, 
■  3i2,  323,  324,  325. 

Pereira  (Francisco),  sr.  do  i.°  morgado  de 
Bertiandos,  320. 

Pereira  (D.  Frolhe  Rodrigues  de),  m.  de 
D.  Pedro  Fernandes  Portugal,  159. 

Pereira  (Gabriel),  Documentos  de  Évora, 
253,  395,  397,  398,  529.  —  Estudos  eboren- 
ses. Lóios,  43o,  43 1,  433. 

Pereira  (D.  Gonçalo),  arcebispo  de  Braga, 
187,  309,  396. 

Pereira  (Gonçalo),  o  das  Armas,  2.°  sr.  de 
Cabeceiras  de  Basto,  3 12,  324,  349,  35o. 


índice  de  matérias 


597 


Pereira  (Gonçalo),  cavaleiro  da  casa  dei  Rei, 

382. 

Pereira  (D.  Gonçalo  de),  conde,  3o8,  Sog. 

Pereira  (Gonçalo),  f.  de  Rui  Gonçalves  Pe- 
reira, j<09. 

Pereira  (D.  Fr.  Gonçalo  Peres  de),  Grã  com.or 
da  Ordem  do  Hospital,  3o8. 

Pereira  (D.  Isabel),  m.  de  D.  Álvaro  de  Cas- 
tro, 146. 

Pereira  (D.  Isabel),  m.  de  D.  Fernando  de 
Castro,  533. 

Pereira  (D.  Isabel),  m.  i."  de  Gil  Vasques  da 
Cunha,  169. 

Pereira  (D.  Isabel),  m.  de  D.  Goterre  Cou- 
tinho e  depois  de  Jorge  de  Melo,  481. 

Pereira  (D.  João),  o  Mulato,  f.  bastardo  do 
i.o  Conde  da  Feira,  3 12,  323,  324,  325, 
326.- 

Pereira  (João  Alvares),  1."  sr.  da  Feira,  3 10, 
3i  I,  325,  416. 

Pereira  (João  Rodrigues),  45o. 

Pereira  (Leonor),  f.  do  marichal  Álvaro  Pe- 
reira, 3 10. 

Pereira  (D.  Leonor),  m.  de  Joane  Mendes  de 
Vasconcelos,  146,  344,  352. —  Epitáfio,  352. 

Pereira  (Lopo),  almoxarife  de  Ponte  de 
Lima,  3 16,  319,  320. 

Pereira  (Lopo),  soldado  na  índia,  32o. 

Pereira  (Maria),  m.  de  Rui  Lopes  da  Cer- 
veira, 3 18. 

Pereira  (D.  Martinho),  vedor  da  fazenda, 
288. 

Pereira  (Nuno),  poeta  do  Cancioneiro,  296, 
297. 

Pereira  (D.  Nuno  Alvares),  3.*  conde  de 
Tentúgal,  436.  —  Epitáfio,  435. 

Pereira  (D.  Nuno  Alvares),  condestável,  5, 
78,  79,  142,  162,  169,  194,  195,  3o9,  352, 
354,413,438,498. 

Pereira  (D.  Pedro  Rodrigues  de),  vencedor 
da  lide  de  Trasconho,  3o3,  3o8. 

Pereira.  (D.  Rodrigo),  i.°  conde  da  Feira, 
193,  3(1,  3i2,  3i3,  3i4,  324,  521.  — V.  Pe- 
reira (Rui'). 

Pereira  (Rodrigo  Gonçalves  de),  f.  de  D.  Gon- 
çalo Rodrigues  da  Palmeira,  3o4,  3o5,  307, 
^08. 

Pereira  (Rui),  capitão  da  nau  Milheira,  3 10. 

Pereira  (Rui),  4."  sr.  da  Feira,  193,  3 11,  3 12, 
323,  324,  325. —V.  Pereira  (D.Rodrigo). 

Pereira  (Rui  Gonçalves),  progenitor  dos 
Condes  da  Feira,  309. 

Pereira  (Rui  Vaz),  193,  323,  324,  325,  326, 

521. 

Pereira  (Srs.  da  quinta  de),  3o3,  3o5,  307, 

3o8. 
Pereira  (D.  Urraca  Rodrigues),  irmã  do  bispo 

do  Porto  D.  Martinho  Rodrigues,  3o3. 
Pereira  (Vasco),  sr.  de  Paiva  e  Baítar,  189, 

3o8. 


Pereira  Âgostim  (João),  um  dos  Doze  de 
Inglaterra,  170. 

Pereira  Baião  (José)^  Portugal  cuidadoso  e 
lastimado,  5o5. 

Pereira  Coutinho  (D.  Álvaro),  326. 

Pereira  Coutinho  (Francisco),  capitão  e  go- 
v.or  da  Baía,  484. 

Pereira  Forjaz  (D.  Miguel),  9.°  conde  da  Feira, 
3i5 

Pereira  Forjaz  Coutinho  (D.  Álvaro),  autor 
num  processo  de  revindicação  da  casa  da 
Feira,  3 12,  323. 

Pereira  Forjaz  de  Eça  Montenegro  (D.  Maria 
Angelina  Senhorinha  José  Justa),  9.*  sr.* 
do  2.°  morgado  de  Bertiandos,  32i. 

Pereira  de  Melo  (Marquesa  D.  Maria  da  Pie- 
dade Caetano  Alvares),  representante  da 
casa  de  Cadaval,  441. 

Pereira  de  Melo  (D.  Nuno  Caetano  Alvares), 
I  °  duque  de  Cadaval,  441. 

Pereira  de  Melo  (D.  Nuno  Caetano  Alvares), 
ô.*"  duque  de  Cadaval,  528. 

Pereira  de  Melo  (D.  Segismundo  Caetano 
Alvares),  3.°  duque  de  Lafões,  441-442, 
528. 

Pereira  da  Silva  (D.  António),  bispo  do  Al- 
garve, 320. 

Pereira  da  Silva  Leal  (Manuel),  Catalogo 
dos  Bispos  de  Idanha  e  Guarda,  238.— Ca- 
talogo  dos  Collegiaes  de  S.  Paulo,  238. 

Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses  (Da- 
mião), 2."  sr.  de  Bertiandos,  32 1. 

Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses  (Gon- 
çalo), i."  conde  de  Bertiandos,  32 1. 

Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses  (Gon- 
çalo), 3.°  conde  de  Bertiandos,  3i6,  32i, 

322. 

Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses  (D.  Joana 
Maria  do  Rosário  Francisca  de  Sales),  2.» 
condessa  de  Bertiandos,  32 1. 

Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses  (João), 
lO."  sr.  do  1."  morgado  de  Bertiandos,  32i. 

Pereira  da  Silva  de  Sousa  e  Meneses  (Se- 
bastião), 11."  conde  de  Tarouca,  322. 

Pereira  do  Soto  (António),  meirinho  do  Santo 
Ofício,  438. 

Pernambuco:  gov.or,  221;  gov.or  e  capitão 
genernl,  179;  socorro,  376,  378. 

Pêro  e  Pedro,  193. 

Pêro  Anes,  preso,  3 18. 

Pêro  Dias,  tabelião  em  Sintra,  27. 

Pêro  Esteves,  f.  do  mestre  João,  226,  227. 

Pêro  Fernandes,  pintor,  25. 

Pêro  Gil,  progenitor  dos  Mousinhos  de  Al- 
buquerque, 223,  224. 

Pero  Giraldes,  sôbrejuiz  dei  Rei,  208. 

Pêro  Gonçalves,  secretário  de  D.  Afonso  V, 
174. 

Pero  Rodrigueç,  pmtor,  26. 

Pero  Steves,  copeiro  mor,  266. 


598 


Brasões 


Pero  Steves,  vedor  da  casa  do  conde  D.  Pe- 
dro, 266. 

Pérsico,  estreito,  173. 

Pessanha,  ar.,  3",  194. 

Pessanha  (Carlos),  almirante,  126,  127,  194, 
195,  196. 

Pessanha  (Caterina),  sobrinha  do  almirante 
Carlos  Pessanha,  196. 

Pessanha  (João  Rodrigues),  morador  em 
Elvas,  399. 

Pesssamha  (Lançarote),  almirante,  68,  109, 
110. 

Pessanha  (Lançarote),  almirante,  f.  de  Rui 
de  Melo,  126',  127,  195,  196.  —  V.  Lança- 
rote (Micé). 

Pessanha  (Manuel),  almirante,  195. 

Pessanha  (Manuel),  cav.»  da  casa  dei  Rei, 
399. 

Pestana,  ar.,  18,  22,  38. 

Petite  (Soeiro  Mendes),  522. 

Pexão  (Pero),  mestre  dos  canos  dos  paços 
de  Sintra,  504. 

Piedade  (Fr.  Atitónio  da),  Chronica  da  Ar- 
rábida., 191. 

Pierre  Gonzalez,  45o. 

Pimentel,  ar.,  38;  dos  Marqueses  de  Tavara, 
ar.,  225. 

Pimentel  (D.  Ana),  m.  de,Martim  Afonso  de 
Sousa,  225. 

Pimentel  (D.  Joana),  marquesa  de  Ferreira, 
435. 

Pimentel  (João  Afonso),  sr.  de  Bragança, 
conde  de  Benavente  em  Castela,  80,  415, 
422,  425. 

Pimentel  (Leonor  Rodrigues),  m.  de  Gon- 
çalo Mendes  de  Vasconcelos,  529. 

Pimentel  (D.  Manuel),  3i5.-~V.  Forjai  Pe- 
reira Pimentel  (D.  Manuel). 

Pimentel  (Martim  Afonso),  vassalo  de  D. 
João  I,  41 5.  » 

Pimentel  (D.  Vasco  Martins),  meirinho  mor, 
3o8. 

Pina  (Fernão  de),  cronista  mor,  383. 

Pina  (Fernão  de),  escrivão,  296,  370,  383. 

Pina  (Rui  de),  Chronica  de  D.  Afonso  /F, 
i5,  17,  267,  276.  —  Chronica  de  D.  Afon- 
so V,.56,  i3o,  146,  147,  228,  296,  3 12,  354, 
355,  359,  375,  427,  428,  496. —  Chronica 
dei  Rei  D.  Duarte,  425. 

Pina  (Rui  de),  escrivão,  327. 

Pindela  (Viscondessa  de),  4. 

Pineda  (Juan  de),  Libro  dei  Passo  Honroso, 
452. 

Pinheira  (Leonor),  m.  de  Martim  de  Castro, 
70. 

Pinheira  (Mana),  m.  de  Pero  de  Sousa,  226, 
418,419. 

Pinheiro,  morgado,  164. 

Pinheiro,  quinta,  80. 

Pinheiro,  vila,  doação,  160. 


Pinheiro  (Com. ores  do),  309. 

Pinheiro  (Srs.  do  couto  do),  84,  160,  167,480. 

Pinhel,  52,  2q3.  —  Comenda  de  S.  Pedro, 

5o8-5o9.  —  Rendas  e  direitos  riais,  476.  . 
Pinhel  (Morgados  de),  55. 
Pinto,  ar.,  38. 

Pinto  (António),  gravador,  498. 
Pinto  (Inês),  m.  2.»  de  Lopo  Pereira,  Sao, 

322. 

Pinto  da  Fonseca  (António),  morgado  de 

Balsemão,  236. 
Pinto  de  Sousa  Coutinho  (D.  Ana  Amélia), 

condessa  de  Lumiares,  186. 
Pio  II,  papa,  295. 
Pio  IV,  papa,  5o6. 
Pio  IX,  papa,  428. 
Pisano  (Mateus  do).,  Gesta  Regis  Joannis  de 

bello  Septensi,  141,  142,  143. 
Piscos  (D.  Gomes  Pais  de),  i55. 
Pita  (Fernão),  f.  de  João  Pita,  3 18. 
Pita  (João),  3 18. 
Placência,  bo^. 
Pó,  geração,  ar.,  20. 
Podentes:  doação,  285,  289;  sr.,  286,  287, 

289. 
Poiares  (D.  Pedro  Mendes  de),  3o3. 
Polvorães,  reguengo,  doação,  412. 
Pombal:  igreja  de  Santa  Maria  do  Castelo, 

373;  pazes,  108;  ramo  de  Vasconcelos  d« 

lá,  373,  38i. 
Pombal  (Alcaides  mores  dé),  283,  368,372  a 

376. 
Pombal  (Marquês  de),  i.»,  22,  211,  488,  5o4, 

534. 
Pombal  (Marquesa  de),  D.  Francisca  de  Pauhi 

do  Pópulo  de  Lorena,  223. 
Pombal  (Marqueses  de):  seu  cartório,  504; 

quinta  e  casa  sua  em  Sintra,  504. 
Pombeiro,  mosteiro,  202,  204,  2o5. 
Pombeiro  (Casa  de),  196. 
Pombeiro  (Conde  de),  i.°,  D.  Pedro  de  Cate- 

telo  Branco,  102. 
Pombeiro  (Concles  de),  192;  seu  palácio  à 

Bemposta,  21 1. 
Pombeiro  (Srs.  de),  88,  110,  187,  189,  190, 

191,  192,  233. 
Pombeiro  da  Beira,  igreja,  190. 
Pombeiro  de  Riba  de  Visela,  498. 
Ponce  (D.),  prior  de  Soza,  293. 
Ponce  (D.  ^aria),  condessa  de  Arraiolos,- 

69,  412,  4i3. 
Poncio  Afonso  (D.),  rico  homem,  293. 
Ponte,  doação  do  senhorio,  491. 
Ponte  (Casa  da),  seus  manuscritos,  535. 
Ponte  (Conde  da),  i.%  Francisco  de  Melo, 

490,  491,  4q3,  494,  495. 
Ponte  (Conde  da),  2.»,  Garcia  de  Melo  e 

Torres,  491,  493,494. 
Ponte  (Conde  da),  3.",  António  José  de  MeJo 

e  Torres,  493,  494. 


índice  de  matérias 


599 


Ponte  (Conde  da),  4.°,  Luís  de  Saldanha  da 
Gama  de  Melo  e  Torres,  494,  495. 

Ponte  (Conde  da),  3.",  José  António  de  Sal- 
.  danha  Meneses  e  Sousa,  495.  —  Ar.,  495. 

Ponte  (Conde  da),  6.*,  João  de  Saldanha  da 
Gama  de  Melo  e  Torres,  495. 

Ponte  (Conde  da),  8.",  João  de  Saldanha  da 
Gama  de  Melo  e  Torres,  493,  495. 

Ponte  (Conde  da),  9.",  495. 

Ponte  (Condes  da),  475,  496. — Ar.  dos  anti- 
gos, 404;  dos  modernos,  496. 

Ponte  (Condessa  da),  5.»,  D.  Leonor  de  Sal- 
danha da  Gama,  494,  495. 

Ponte  da  Barca,  data  de  carta,  162. 

Ponte  da  Barca  (Srs.  de),  112. 

Ponte  de  Lima:  almoxarifado,  i37,  820;  al- 
moxarife, 3 16,  3 17,  3 18,  320;  Dens,  257; 
convento  de  Santo  António,  378;  data  de 
carta,  346;  estrada  para  Braga,  340,  para 
Viana,  32o;  gov.or  (tenens)^  252;  julgado, 
343;  natural,  225;  reguengo,  3 16. 

Ponte  de  Lima  (Marquês  de),  3.°,  359. 

Ponte  de  Lima  (Marqueses  de),  281,  458. 

Ponte  de  Sôr  (Morgados  de),  ii3. 

Pontével  (Conde  de),  Nuno  da  Cunha  de 
Ataíde,  176. 

Pontével  (Condessa  de),  D.  Elvira  Maria  de 
Vilhena,  176,  209,  473. 

Pon^  (D.  António)^  Viage  de  Espana,  89. 

Porches:  doação,  25 1;  conquista,  407. 

Porquês  de  Setúbal,  496. 

Porro,  herdade,  467, 

Portalegre :  bispo,  466 ;  castelo,  79, 108 ;  con* 
tador,  472;  data  de  carta,  68,  343;  mora- 
dor, 466;  mosteiro  de  S.  Bernardo^  464, 
465^  466,  467;  provedor  da  fazenda,  472; 
residência  episcopal,  464. 

Portalegre  (Conde  de),  3.°,  226. 

Portalegre  (Conde  de),  4.",  121. 

Portalegre  (Conde  de),  5.°,  121. 

Porteiro  da  câmara,  5o3. 

Porteiro  mor,  296,  454. 

Porteiras  mores  (Casa  dos),  454. 

Portel :  castelo,  247, 253, 256, 258 ;  seu  alcaide 
mor,  277;  seu  fundador,  241,  256,  257. — 
Foral  da  vila,  256,260.  —  Igrejas  dela,  256, 
257,  261,  262.  —  Srs.,  25q,  275. — Senhorio, 
248,  258,  "259. 

Portel  (D.  João  de),  241,  249.  —  V.  Aboim 
(D.  João  de). 

Portel  (João  Peres  de),  271,  272,  273. — V, 
Sousa  (João  Peres  de). 

Portel  (D.  Pedro  Eanes  de),  rico  homem, 
206,  241,  25o,  254,  258,  259, 260  a  263,  270, 
271,  272,  273.  274,  277,  278.  —  V.  Pedro 
Eanes,  f.  de  D.  João  de  Aboim. 

Portilho  (Sr.*  de),  166. 

Portimão  (Sr.  de),  194.  —  V.  Vila  Nova  de 
Portimão. 

Porto:  alcaide  mor,  170,226,  444;  almirante 


na  cidade,  194;  armada,  m,  168,  3io;bens 
lá,  35o;  bispado,  35 1 ;  bispo,  292,  293,  3o3, 
3o6,  3o8.  —  Casa  da  Relação :  chanceler, 
239;  des.or,  154.  238,  457;' gov.or  das  jus- 
tiças, 289,  410,457,  470. — Cerco,  410-41 1 ; 
cidadão,  181;  data  de  carta,  80,  i23,  162. 
194,  3 10,  346,  365,  412,  41 3,  43g;  hospital 
de  Rocamador,  293;  incursão  dos  Caste- 
lhanos, 77;  juízes  e  vereadores,  181 ;  junta 
revolucionária,  41 1 ;  lide,  106, — Mosteiros : 
da  Madre  de  Deus,  169;  de  S.  Francisco, 
181.  —  Natural,  225;  partidário  do  Mestre 
de  Avis,  79:  provedor  da  fazenda,  235,  357; 
reis  lá,  5i,  66,  76;  Relação,  v.  Casa  da  Re- 
lação.—  Ruas:  da  Ferraria  de  Cima,  293; 
das  Flores,  293. — Sé,  3i3;  arcediago,  166." 

—  Sinagoga  de  Monchique,  16c,;  torre  da 
Marca,  181. 

Porto,  família,  ar.,  237. 

Porto  de  Muja,  417. 

Porto  Salvo  da  Marinha,  gov.or  do  forte,  456. 

Portocarreiro,  linhagem,  ar.,  396. 

Portocarreiro,  senhorio,  169. 

Portocarreiro  (Gonçalo  Pires  de),  188. 

Portocarreiro  (João  Henriques  de),  epitáfio, 

522. 

Portocarreiro  (João  Rodrigues),  sr.  de  Vila- 
rinho da  Castanheira,  121,  122. 

Portocarreiro  (D.  Maior  de),  condessa  de 
Viana,  121,  122,  396. 

Portocarreiro  (Reimão  Viegas  de),  raptor  da 
rainha  D.  Mecia  Lopes  de  Haro,  245. 

Portocarreiro  (D.  Sancha  Henriques  de),  m. 
2.»  de  D.  Rodrigo  Gonçalves  de  Pereira,  3o8. 

Portugal,  linhagem,  ar.,  72. 

Portugal,  reino :  ar.,  45.  —  Gov.ores^  177,220, 
288,  289, 410. — Infantas,  v.  Beatriz,  Branca, 
Caterina,  Constança,  Coutinho  (D.  Guio- 
mar), Isabel,  Joana,  Leonor,  Maria.  —  In- 
fantes, v.  Afonso,  António,  Carlos,  Denis, 

.  Duarte,  Fernando,  Francisco,  Henrique, 
João,  Luís,  Manuel,  Miguel,  Pedro,  Sancho. 

—  Príncipes,  v.  Afonso,  João,  Manuel, 
Pedro. —  Princesas,  v.  Joana,  Leonor,  Ma- 
ria Benedita. —  Rainhas,  v.  Áustria  (D.  Ma- 
ria Ana),  Beatriz,  Carlota  Joaquina,  Cate- 
rina, Dulce,  Felipa,  Haro  (D.  Mecia  Lopes), 
Isabel,  Leonor,  Luísa,  Mafalda,  Maria, 
Maria  I,  Maria  II,  Maria  Amélia,  Maria  Pia, 
Mariana  Vitória,  Sabóia  (D.  Maria  Fran- 
cisca), Teresa,  Urraca. — Regedor,  1 69, 227, 
245.  —  Regente,  5i3.  —  Reis,  v.  Afonso  I, 
Afonso  II,  Afonso  III,  Afonso  IV,  Afonso  V, 
Afonso  VI,  Carlos,  Denis,  Duarte,  Felipe  I, 
Felipe  II,  Felipe  III,  Fernando,  Henrique, 
João  I,  João  II,  João  III,  João  IV,  João  V, 
José,  Luís,  Manuel,  Miguel,  Pedro  I,  Pe- 
dro II,  Pedro  III,  Pedro  IV,  Sancho  I, 
Sancho  II,  Sebastião.' — Vice  rei,  390,  482. 

Portugal  (D.  Álvaro  de),  sr.  de  Cadaval,  43 1, 


6oo 


Brasões 


433,  435,  438,  440.  —  V.  Álvaro  (D.),  f.  do 

Duque  de  Bragança. 
Portugal  (1).  Arcângela  Micaela  de),  m.  de 

D.  João  de  Castro,  493. 
Portugal  (D.  Beatriz  de),  condessa  de  Buelna, 

96. 
Portugal  (Conde  de),  D.  Henrique,  i55,  3o3, 

498.  .      . 

Portugal  (D.  Fradique  de),  arcebispo,  insti- 
tuidor do  morgado  do  Vimieiro,  i85. 

Portugal  (D.  Maria  de),  condessa  de  Penalva, 

473;  474- 

Portugal  (D.  Maria  de),  condessa  de  Valência, 
96,  97,  162. 

Portugal  (D.  Maria  de),  rainha  de  Castela 
108. 

Portugal  (D.  Maria  Teresa  de),  m.  de  D.  João 
de  Lancastre,  514. 

Portugal  (D.  Pedro  Fernandes),  iSg. 

Portugal  (D.  Rodrigo  de),  alcaide  mor  de 
Olivença,  440.  —V.  Melo  (D.  Rodrigo  de), 
1.»  marquês  de  Ferreira. 

Portugal  Carneiro  da  Gama  Sousa  e  Faro 
(D.  Maria  do  Resgate  de),  3.»  condessa  de 
Lumiares,  179,  180,  184,  i85. 

Portugal  da  Gama  (D.  José  Francisco  de), 
2.°  conde  de  Lumiares,  180,  184,  i85. — 
Ar.,  184. 

Portugal  sacro-profano,  v.  Cardoso  (Luís). 

Portugaliae  monumenta  histórica:  Diplo- 
mata, i58;  Inquisitiones,  154,242,  243,317, 
336,  337;  Leges,  25i,  253,  256,  260,  3o6, 
5o3;  Scriptores,  107,  119,  i53,  i55,  i56, 
i58,  204,  206,  242,  244,  246,  248,  270,  272, 
273,  276,  3o5^  3o6,  3o8,  309,  336,  338,  35 1. 

Pousafoíes,  quinta,  i25. 

Póvoa,  doação,  55. 

Póvoa  (Conde  da),  ar.,  283. 

Póvoa  de  Salvador  Aires,  senhorio,  275,  276, 
278. 

Póvoa  de  Varzim,  jurisdição,  iii. 

Povoação :  do  Algarve,  400 ;  da  Beira,  362, 
400,  40 1 ,  402 ;  de  Entre  Doiro  e  Minho, 
400 ;  de  Entre  Tejo  e  Odiana,  400 ;  da  Es- 
tremadura, 362,  400;  de  Lisboa,  400;  de 
Trás  os  Montes,  'Í62,  400. 

Povolide:  doação,  535;  fundação,  475^  535. 

Povolidé  (Conde  de),  1.°,  Tristão  da  Cunha 
de  Ataíde,  176,  477. 

Povolide  (Conde  de),  4.",  Luís  da  Cunha  Grã 
Ataíde  e  Melo,  177. 

Povolide  (Condes  de):  ar..  168;  palácio, 386. 

Povolide  (Srs.  de),  176,  386,  425,  475,  476, 
477,  521,  535. 

Povos:  doação,  416,  421 ;  prior,  248. 

Povos  (Com.or  (ie),  296. 

Povos  (Srs.  de),  107,  416,  417,  418,  419,  420, 
421,  480. 

Praça  (Lourenço  Martins  da),  amo  do  Mestre 
de  Avis,  479. 


Prado,  comenda  de  Santa  Maria,  221. 

Prado  (Casa  do),  224. 

Prado  (Conde  do),  i.»,  D.  Pedro  de  Sousa, 

217,  218. 

Prado  (Conde  do),  2.»,  D.  Luís  de  Sousa, 

218,  219. 

Prado  (Conde  do),  3.°, D.  Francisco  de  Sousa, 

219. 
Prado  (Conde  do),  4.»,  D.  António  de  Sousa, 

219. 
Prado  (Conde  do),  6.»,  D.  João  de  Sousa, 

219. 
Prado  (Conde  do),  7.°,  D.  António  Caetano 

Luís  de  Sousa,  219. 
Prado  (Conde  do),  8.°,  D.  Lourenço  José  das 

Brotas  de  Lancastre,  220. 
Prado  (Conde  do),  io.°,  D.  João  Francisco 

Benedito  de  Sousa  Lancastre  e  Noronha, 

2-20. 

Prado  (Conde  do),  12.°,  222. 

Prado  (Condes  do),  209,  21 3. 

Prado  (Condessa  do),  D.  Eufrásia  de  Lima, 

219. 
Prado  (Condessa  do),  1 1  .*,  D.  Joana  Bernarda 

de  Noronha  e  Lancastre  220. 
Prado  (Condessa  do),  D.  Joana  de  Melo,  217. 
Prado  (Condessa  do),  D.  Maria  da  Piedaa» 

Francisca  Antónia  de  Sousa,  219. 
Prado  (Srs.  do),  218,  226,  233,  418. 
Presidente  do  conselho  de  ministros,  i85, 

234. 
Príncipe  regente,  446,  456,  402,  493,  523, 

524^  527,  528. 
Príncipe  do  Sacro  Romano  Império,  290. 
Prior  do  Crato,  169,  188,  235,  358. 
Privado  dei  Rei,  408. 
Proença,  ar.,  20. 

Proença  (Alcaides  mores  de),  120. 
Proença  (Raid),  A  livraria  de  D.  Francisco 

Manuel^  534. 
Protonotário  apostólico,  371. 
Provedor:  das  capelas,  v.  Capelas   de  D. 

Afonso  IV;  das  obras  do  paço,  23. 
Provedor  e  recebedor  das  rendas  da  Rainha 

Princesa,  472. 
Prússia,  ministro  residente,  461. 
Quadros  (Álvaro  de),  escudeiro,  vereador  de 

Sintra,  26-27. 
Qiseiraz,  data  de  carta,  162. 
Queirós,  ar.,  38,  38o.  —  Os  de  Amarante,  23^. 
Queluz:  data  de  carta,  212,495, 519;  doação 

de  casais,  477,  de  herdamento,  478. 
Quiaios,  data  de  carta,  iii. 
Quinones  (Soeiro  de),  mantenedor  do  passo 

honroso  da  ponte  de  Orbigo,  450. 
Quintal  (Luís  Anes  do),  24. 
Quintan,  moinho,  413. 
Quintela,  comenda  de  Santa  Maria,  5o8. 
Quintela  (D.  Maria  Joaquina),  m.  de  Carlos 

da  Cunha  e  Meneses,  186. 


índice  de  matérias 


6o  I 


Quintela  (D.  Maria  Madalena),  m.  de  Luís  da 

Cunha  e  Meneses,  186, 
Rabaçal,  369;  doação  da  terra,  439. 
Rabelo  (Simoa  de),  m.  de  Jorge  de  Sousa, 

23l. 

Rac^ynski.  Dictionnaire  historico-artistique 
du  Portugal,  21. 

Rainha  Princesa,  38?,  472.  —  V.  Isabel  (D.), 
princesa  de  Castela,  e  Isabel  (D.),  rainha 
de  Portugal,  m.  de  D.  Manuel. 

Ramirãos,  linhagem,  i55. 

Ramiro  (D.),  rei  de  Lião,  397. 

Randufe  (D.),  154. 

Randufe:  mosteiro,  338;  quinta,  80. 

Randufo  Çoleyma  (D  ),  154. 

Rangel  (Sr.  do  solar  de),  189. 

Rangel  Pereira  de  Sá  (Calisto),  genealogista, 
189. 

Raposo  (D.  Gonçalo  Anes),  rico  homem  de 
Castela,  108. 

Raposo  (João  Vasques),  morador  em  Sintra, 
24. 

Ratisbona,  442. 

Ratton  fJacome)^  Recordaçoens,  526,  527. 

Rebelo  da  Silva,  escritor,  1 14. 

Rebelo  da  Silva^  Quadro  elementar,  491,493, 

Rebordões,  doação,  109. 

Recamador,  293.  —  V.  Rocamador. 

Recardães,  doação,  416. 

Reclamador,  293.  —  V.  Rocamador. 

Recomendor,  294.  —  V.  Rocamador. 

Redinha  (Conde  da),  i.°,  211. 

Redinha  (Morgados  da),  3i5. 

Redondo :  doação  dos  direitos  e  alcaidaria, 
452;  fronteiro,  452. 

Redondo  (Condado  do),  523,  524, 

Redondo  (Conde  do),  i.°,D.  Vasco  Coutinho, 
210. 

Redondo  (Conde  do),  3.",  D.  Francisco  Cou- 
tinho. 210. 

Redondo  (Conde  do),  5.',  D.  João  Coutinho, 
210. 

Redondo  (Conde  do),  6.°,  D.  Francisco  Cou- 
tinho, 210,  523. 

Redondo  (Conde  do),  7.°,  D.  Duarte  de  Cas- 
telo Branco  Coutinho  e  Meneses,  210,  523. 

Redondo  (Conde  do),  8.°,  D.  José  de  Castelo 
Branco  Coutinho  e  Meneses,  210,  523. 

Redondo  (Conde  do),  9.»,  D.  Francisco  de 
Castelo  Branco  Coutinho,  209,  210,  212, 
523.  524. 

Redondo  (Conde  do),  10.°,  D.  Manuel  Cou- 
tinho, 210,  212. 

Redondo  (Conde  do),  1 1  .<•,  Fernão  de  Sousa 
Coutinho,  209,  210,  211,  212. 

Redondo  (Conde  do),  14,°,  Tomé  José  de 
Sousa  Coutinho  Castelo  Branco  e  Meneses, 
210. 

Redondo  (Conde  do),  i5.<',  Fernando  Maria 
de  Sousa  Coutinho,  210. 

VOL.  I 


Redondo  (Conde  do),  16.°,  José  Luís  de 
Sousa  Coutinho,  524. 

Redondo  (Condes  do),  55,209,  5oi,  523,  524. 
Ar.,  211.  —  Livraria,  53i.  ~  Varonias  di- 
versas, 210. 

Redondo  (Condessa  do),  D.  Mariana  Josefa 
de  Mendoça,  523. 

Redondo  (João  Rodrigues),  f.  de  Rodrigo 
Anes  Redondo,  35 1. 

Redondo  (Rodrigo  Anes),  35 1. 

Redondo  e  do  Vimioso  (Conde  do),  210,  524. 

Reduto  das  Medalhas,  i85. 

Refoios,  julgado:  109;  doação,  120. 

Refoios,  terra:  doação,  804,  3 10;  jurisdição, 
3i3. 

Refoios  de  Basto  (Abade  de),  465. 

Refoios  de  Lima,  quinta  lá,  32o. 

Regalados:  doação,  120;  julgado,  164,  319. 

Regalados  (Sr.  de),  98. 

Regalados  (Sr.  do  morgado  de),  309. 

Regaleira  (Baronesa  da),  D.  Maria  Joaquina 
da  Cunha  e  Meneses,  186. 

Regedor:  da  Casa  do  Cível,  137,  418;  da 
casa  da  infan/a  D.  Isabel,  i36;  da  casa  do 
infante  D.  Pedro,  81,  82;  da  Casa  da  Su- 
plicação, 137,  2i5;  do  reino,  169,  227,245. 

Regente  do  reino,  5i3. 

Regimento:  do  Armador  mor,  10;  da  Casa 
Rial,  253 ;  da  Guerra,  423,  424. 

Registo  da  freguesia  de  Santa  Cru^  do  Cas- 
tello,  289. 

Regras  (Dr.  João  das),  sr.  de  Cascais,  161, 
333,  478. 

Reguengo  de  Alviela,  29. 

Rei  de  armas:  Algarve,  11,  12,  i3,  14;  índia, 
7,  12;  Portugal,  7,  8,  10,  11,  12,  i3,  18,  19, 
39,  40,  3oi,  321,  336,  368. 

Represa,  comenda,  228. 

Reposteiro  mor,  444,  532. 

Requena  (Condes  de),  162. 

Requeixo,  direitos,  117. 

Resende,  ar.,  22. 

Resende  (Condes  de),  146. 

Resende  (Garcia  de),  Cancioneiro  geral,  v. 
Cancioneiro  geral.  —  Livro  das  obras . . . 
Vida  de  D.  João  II,  382,  386,  449,  486.  — 
Miscellanea,  70.  —  Trovas,  445. 

Resende  (Maria  de),  m.  de  Diogo  Pereira,  146. 

Resende  (Vasco  Martins  dej,  410. 

Resenha  das  famílias  titulares,  221,  224. 

Resenhas,  180. 

Restauração^  236,  392,  422,  493,  53 1. 

Restelo,  praia,  142,  143. 

Retratos  e  elogios  de  varões  e  donas.,  328. 

Revista  de  historia,  328. 

Revista  lusitana,  99,  100,  482. 

Revolução:  de  1640,  342;  de  Setembro,  i85. 

Rial  Erário,  212.  — Presidente  dele,  213,468. 

Riba  de  Vizela,  linhagem,  408,  498. 

Riba  de  Vizela  (D.  Reimão  Pais  de),  408. 

76 


6o  2 


Brasões 


Riba  Vouga,  257. 

Ribafria:  linhagem,  ar.,  i5,  22,  497,  499,  5o3j 
5o4,  5o8. 

Ribafria,  quinta  e  morgado,  40,497,  5o3,  504, 
509. 

Ribafria,  torre,  41,  497;  torre  e  solar,  498  a 
5o5. 

Ribafria  (André  Gonçalves  de),  2.°  alcaide 
mor  de  Sintra,  487,  5o5. 

Ribafria  (Gaspar  Gonçalves  de),  i.»  alcaide 
mor  de  Sintra,  5o2,  5o3,  504,  5o5.  —  Ar., 
20,  497,  5o3.  —  V.  Gaspar  Gonçalves. 

Ribamar  (Santa  Caterina  de),  144. 

Ribeira  (Ana),  m.  de  André  Gonçalves,  5o2. 

Ribeira  (Ana),  m.  de  Lourenço  Correia,  5o2- 
-5o3. 

Ribeira  (Felipa),  m.  de  Gaspar  de  Valadares, 
5o2,  5o3. 

Ribeira  (Leonor),  concubina  de  D.  Lopo 
Dias  de  Sousa,  2^4. 

Ribeira  (D.  Leonor),  sr."  do  morgado  do  Es- 
porão, 388.— V.  Ribeiro  da  Fonseca  (Leo- 

.    nor). 

Ribeira  (D.  Maria),  276, — V.  Ribeira  (D.  Ma- 
ria Peres). 

Ribeira  (D.  Maria  Pais),  a  Ribeirinha,  amante 
de  D.  Sancho  I  e  m.  de  D.  João  Fernandes 
Batissela,  206,  274,  525. 

Ribeira  (D.  Maria  Peres),  m.  de  Afonso  Denis, 
271,  272,  273,  274,  270,  278,  526. 

Ribeira  (D.  Teresa;,  m.  de  Gonçalo  Mendes 
de  Vasconcelos,  344,  345,  367.  —  V.  a  se- 
guinte. 

Ribeira  (D,  Teresa  Rodrigues),  m.  de  Gon- 
çalo Mendes  de  Vasconcelos,  344,  345,  352, 
^65,  366.  —  V.  a  precedente. 

Ribeira  de  Gondim,  doação,  109. 

Ribeira  Grande  (Condes  da),  ar.,  38o. 

Ribeira  Grande  (Marquesa  da),  D.  Luísa  da 
Cunha  e  Meneses.  186. 

Ribeira  de  Nisa,  senhorio,  281. 

Ribeirinha,  morgado,  473. 

Ribeirinha  (A),  v.  Ribeira  (D.  Maria  Pais). 

Ribeiro,  ar.,  36,  368,  53o. 

Ribeiro  (Caterina),  m,  de  Álvaro  Gonçalves 
da  Fonseca,  385. 

Ribeiro  (Gonçalo  Pérez),  mordomo  mor  da 
rainha  D.  Isabel,  276. 

Ribeiro  (João  Pedro),  Dissertações,  8,  57, 
i57,  i58,  188,  253,  259,  3o5.  —  Memorias 
das  Confirmações,  260.  —  Memorias  sobre 
as  Fontes  do  Código  Philippino,  36o.  — 
Memorias  das  Inquirições,  206,  261,  262, 
408.  —  Memorias  do  Real  Archivo,  327.  — 
Reflexões  históricas,  293,  307. 

Ribeiro  (João  Rodrigues),  3.°  sr.  de  Figueiró, 
283,  368,  369,  372. — V.  Vasconcelos  (João 
Rodrigues  de). 

Ribeiro  (D.  Martim  Peres),  338. 

Ribeiro  (Rodrigo  Afonso),  35 1. 


Ribeiro  (Rui  Vasques),  2.»  sr.  de  Figueiró,  240, 
283,  344,  348,  á65,  366,  367,  368;  ar.,  36i, 
367,  368;  epitáfio,  367.  —  V.  Rui  Vasques. 

Ribeiro  (Rui  Vasques),  2.°  sr.  do  morgado 
de  Soalhães,  344,  352. 

Ribeiro  (Victor),  História  da  beneficência 
pública,  293. 

Ribeiro  da  Costa  (António  Cândido),  minis- 
tro do  reino,  1 1. 

Ribeiro  da  Fonseca  (Leonor),  2.»  sr.»  do 
morgado  do  Esporão,  385. —  V.  Ribeira 
(D.  Leonor). 

Ribeiro  Pacheco  (Bernardim),  sr.  do  mor- 
gado das  Cachoeiras,  179. 

Ribeiro  de  Vasconcelos  (Miguel),  Noticias 
do  mosteiro  da  Vacariça,  3o5. 

Rico  homem :  de  Castela,  67,  104,  io5,  106, 
108,  i5i,  204;  de  Portugal,  46,  88,  106, 
108,  126,  i5i,  i58,  170,  iQO,  2o5,  206,  207, 
208,  241,  25o,  252,  254,  239,  260,  261,  262, 
266,  267,  271,  273,  275,  277,  292,  293,  3oa, 
3o8,  408,  409,  5i5. 

Rio  Bom,  337. 

Rio  Grande,  capitão  general,  221. 

Rio  de  Janeiro,  21 3,  220,  22J,  458.  —  Gov.or 
e  capitão  general,  219,  456,  461. 

Rio  Maior:  data  de  carta,  no,  343;  direitos 
das  jugadas  dos  lavradores  da  quinta  de 
S.  João,  329;  direitos  riais,  doação,  412; 
igreja  de  S.  João,  328,  329;  morgado  de 
S.  João,  328,  329,  33o;  paços  de  um  fidalgo, 
110. 

Rio  Maior  (Casa  de),  497. 

Rio  Maior  (Condes  de),  i.«",  495. 

Rio  Maior  (Condes  de),  209,  496;  ar.,  497. 

Rio  de  Moinhos,  522. 

Rio   Fardo  (Conde  do),  i."»,  D.  Diogo   de 

•    Sousa,  221. 

Rio  Pardo  (Conde  do),  2.',  D.  Luís  de  Sousa, 
221. 

Rio  Pardo  (Condes  do),  209,  222. 

Rio  Tinto  (Abadessa  de),  208,  227. 

Riodades,  doação,  55. 

Rios,  ar,,  20. 

Roa,  doação,  169. 

Rocamador,  v.  Ordem  do  Rocamador. 

Roças,  doação,  120. 

Rocroy,  batalha,  441,  442,  443. 

Rodes,  embaixador  de  lá,  7. 

Rodrigo  (D.),  f.  do  2."  Marquês  de  Ferreira, 
436. 

Rodrigo  Anes,  cosayro,  25. 

Rodrigo  Anes,  (D  ),  3."  sr.  de  Alburquerque, 
106. 

Rodrigo  Forjaz,  rico  homem,  3o3,  307. 

Rodrigo  Mendes,  epitáfio,  204,  522. 

Rodrigo  Mendes  (D.),  rico  homem,  298. 

Rodrigues  de  Gusmão  (Francisco  António), 
Memoria  histórica  do  Mosteiro  de  Nossa 
Senhora  da  Conceição  de  Monjas  da  Or- 


índice  de  matérias 


6o3 


dem  de  Cister,  da  cidade  de  Portalegre, 
465,  466,  467. 

Rodrigues  Lobo  (FranciscoJ^  O  Condestabre 
de  Portugal,  498. 

Rodriguez,  patronímico.  192. 

Rohan  (D.  Ana  Xavier  de),  condessa  da  Eri- 
ceira, 519. 

Roixo,  rio,  347. 

Rojas  (Rui  Dias  de),  cav.°  castelhano,  75. 

Roma,  56,  58,  221,  388,  463,  473.  —  Basílica 
de  Santa  Anastácia,  177.  —  Bispo  lá  sa- 
grado, 432. —  Bulas,  347.  —  Embaixada  de 
Tristão  da  Cunha,  12,  171,  173,  174,  178. 
—  Embaixador  lá,  99,  178,  219,  295,  35 1, 
410,  5o6,  524.  —  Enviado  lá,  i>5i,  496. — 
Falecido  lá,  5o5.  —  Igreja  de  S.  Joáo  de 
Latram,  486.  —  Ministro  lá,  457,  520.  — 
Processo  lá  instaurado,  464. 

Romanisco  (O),  v.  Sousa  (João  de). 

Roque  Amador,  lugar,  293;  quinta,  293. 

Roriz,  quinta,  145. 

Rosa  de  oiro  dada  pelo  Papa,  118, 

Rossilhão,  campanha,  3i5. 

Roxo,  mar,  172. 

Rubens,  pintor,  52 1. 

Rui  e  Rodrigo,  192,  193. 

Rui  Fernandes,  feitor  em  Flandres,  375. 

Rui  Fernandes,  tangedor  da  rainha  D.  Leo- 
nor, 33 1. 

Rui  Lopes,  cav.°  honrado  de  Lisboa,  410. 

Ruj  Lopes,  doutor,  190. 

Rui  Mendes,  juiz  da  irmandade  dos  Fiéis  de 
Deus  de  Sintra,  24. 

Rui  Vasques,  2.»  sr.  de  Figueiró,  366.  —  V. 
Ribeiro  (Rui  Vasques). 

Ruiz,  patronímico,  190. 

Rússia,  campanha,  462. 

Ruvigny  (Mr.  de),  535. 

Ryssen,  461. 

Sa,  linhagem:  ar.,  36.  —  Sás  da  casa  de  Ana- 
dia, 181. 

Sá  (Aires  de),  Frei  Gonçalo  Velho^  109,  iio, 
195,  208,  3 10. 

Sá  (Aldonça  Rodrigues  de),  abadessa  de 
Rio  Tinto,  208,  227. 

Sá  (Diogo  de),  181. 

Sá  (Felipa  de),  m.  de  João  Gonçalves  de 
Miranda  Soutomaior,  181. 

Sá  (Fernão  de),  alcaide  mor  do  Porto, 1 70, 3 1 1 . 

Sá  (Francisco  de),  gov.or  do  reino,  289. 

Sá  (D.  João  de),  abade  de  S.  João  de  Caba- 
nas, 319. 

Sá  (João  Rodrigues  de),  alcaide  mor  do 
Porto,  226,  444. 

Sá  (João  Rodrigues  de),  o  das  Galés,  cama- 
reiro mor  de  D.  João  I,  iii,  208,  3ii. 
Sá  (João  Rodrigues  de),  Trovas  heráldicas^ 
io3. 

Sá  (D.  Maria  de),  m.  de  Gaspar  Gonçalves 
de  Ribafria,  5o5. 


Sá  (Maria  Luís  de),  m.  de  Gaspar  Gonçal- 
ves, 5o2,  5o5. 

Sabariz  (Sr.  do  couto  de),  245. 

Sabóia  (D.  Maria  Francisca  de),  rainha  de 
Portugal,  179,  378,  492. 

Sabugal:  alcaide  mor,  146;  concelho,  293 ; 
pazes,  406. 

Sabugal  (Conde  do),  i.*»,  210. 

Sabugal  (Conde  do),  6.",  D.  Pedro  de  Sousa 
Coutinho,  212. 

Sabugal  (Condes  do),  146. 

Sabugosa  (Casa  de),  446. 

Sabugosa  (Conde  de),  i.',  Vasco  Fernandes 
César  de  Meneses.  446,  447. 

Sabugosa  (Conde  ae),  2»,  Luís  César  de 
Meneses,  447. 

Sabugosa  (Conde  de),  3.°,  António  Maria 
Vasco  de  Melo  da  Silva  César  de  Mene- 
ses, 447,  468.  —  Ar.,  448. 

Sabugosa  (Conde  de),  O  Paço  de  Cintra, 

25,  32. 

Sabugosa  (Condes  de),  ar.,  447. 
Sabugosa  (Marquês  de),  i.°,  António  Maria 
César  de  Melo  Silva  e  Meneses,  234,  446, 

447- 

Sacavém,  141, 192. — Forte  do  Monte  Sintra, 
390  —  Rio,  390. 

Sacro  Romano  império  (Príncipe  do),  Carlos 
José  de  Ligne,  290. 

Sagres  (Srs.  de),  21 3,  234,  426,  434. 

Saint-Romain  (Sieur  de),  enviado  francês  em 
Lisboa,  492. 

Saint-Simon  (Duc  de),  Mémoires,  219. 

Saintes,  batalha,  246. 

Salado,  batalha,  97,  118,  415.  —  Alferes  mor 
nela,  4i5. 

Salamanca,  363,  458.  —  Mosteiro  de  Santo 
Estêvão,  96. 

Salazar  y  Castro,  genealogista  espanhol, 
107. 

Salazar  y  Castro  (D.  Luís  de),  Glorias  de 
la  Casa  Farnese,  104.  —  Historia  genea- 
lógica de  la  Casa  de  Lara,  107,  i66.  — 
Historia  genealógica  de  la  Casa  de  Silva, 
i56,  166. 

Salazar  de  Mendo^a,  Origen  de  las  digni- 
dades seglares  de  Castilla  y  Leon,  443. 

Saldana  (Conde  de),  D.  Gomes  Dias,  496. 

Saldanha,  linhagem ;  ar.,  70,  495,  496,  497, 
5o8 ;  casas,  496 ;  progenitores,  496 ;  varo- 
nia,  70,  495,  5o5. 

Saldanha  (António  de),  gov.or  de  Angola, 
5o8,  509. 

Saldanha  (Diogo  de),  secretário  da  Exce- 
lente Senhora,  496. 

Saldanha  (Duques  de),  496;  ar.,  497. 

Saldanha  de  AUiuquerque  (António  de),  5o8. 

Saldanha  Albuquerque  Castro  Ribafria  (An- 
tónio de),  5o8. 

Saldanha  Albuquerque  Castro  Ribafria  (Pe- 


6o4 


Brasões 


dro  de),  com.or  da  Ordem  de  Cristo, 
504. 

Saldanha  Albuquerque  Castro  Ríbafria  Pe- 
reira (António  de),  2.°  conde  de  Penama- 
cor, i85,  5o5,  509. 

Saldanha  Albuquerque  Castro  Ríbafria  Pe- 
reira (António  Maria  de),  3.°  conde  de 
Penamacor,  5o5. 

Saldanha  Albuquerque  Mesquita  Lobo  de 
Ribafria  (António  de),  5o8. 

Saldanha  e  Castro  (Álvaro  de),  represen- 
tante da  casa  de  Penamacor,  5o5. 

Saldanha  e  Castro  (D.  Constança  de),  con- 
dessa de  Lumiares,  i85,  186. 

Saldanha  da  Gama  (João  de),  um  dos  acla- 
madores  de  D.  João  IV,  494. 

Saldanha  da  Gama  (D  Leonor  de),  5,*  con- 
des'^.a  da  Ponte,  494,  495. 

Saldanha  da  Gama  (Luís  de),  i."  sr.  de  As- 
sequins,  494. 

Saldanha  da  Gama  (Manuel  de),  495. 

Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres,  (João 
de),  6."  conde  da  Ponte,  495. 

Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres  (João 
de),  8.°  conde  da  Ponte,  498,  495. 

Saldanha  da  Gama  de  Melo  e  Torres  (Luís 
de),  4."  conde  da  Ponte,  494,  495. 

Saldanha  e  Lancastre  (D.  Mariana  do  Res- 
gate de),  3.»  condessa  da  Lousã,  5 19. 

Saldanha  Meneses  e  Sousa  (José  António 
de),  5°  conde  da  Ponte,  495  ;  ar.,  495. 

Saldanha  e  Távora  (Manuel  de),  capitão  mor 
de  naus  na  índia,  5oq. 

Salgado  de  Araújo  (João),  Sumario  de  la 
família  de  Vasconcelos^  335,  371,  372. 

Salsa  (João  Martins),  336,  337. 

Salter  de  Mendonça  (Jorge),  Nobiliário 
coordenado,  annotado,  e  em  parte  escripto 
por  — ,  desembargador  da  Relação  do 
Porto.  E  contendo  também  titulos  de  fa- 
mílias escriptos  por  D.  Affonso  Manuel  de 
Meneses.,  desembargador  de  aggravos  na 
Casa  da  Supplicação,  e  por  Diogo  Rangel 
de  Macedo  e  Albuquerque.,  commendador 
de   S.  Martinho  de  Lisboa  na  ordem  de 

.  Chrísto.,  ms.  que  foi  da  livraria  do  Vis- 
conde de  Azurara  e  hoje  é  meu,  26  vols., 
sendo  o  último  de  índice,  244,  245,  340, 
363,  395,  396. 

Salvaterra:  data  de  carta,  109;  paço,  5i8; 
rei  lá,  94,  95  ;  toirada,  1 14. 

Salvaterra  de  Galiza,  tomada,  377. 

Salvaterra  de  Magos,  data  de  carta,  343. 

Salzeda,  mosteiro,  264. 

Samodães,  doação,  109. 

Samora,  de  Castela:  bens  lá,  252,  258 ;  cerco, 
66 ;  data  de  carta,  359, 449 ;  falecido  lá,  355. 

Sampaio,  ar.,  36,  283. 

Sampaio  ÍConde  de),  i.»,  António  de  Sam- 
paio Melo  e  Castro,  487,  488. 


Sampaio  (Conde  de),  2.°,  Manuel  António  de 
Sampaio  de  Melo  e  Castro  Moniz  de  Tor- 
res e  Lusinhano,  488. 

Sampaio  (Francisco  de),  9.»  sr.  de  Vila  Flor, 
487. 

Sampaio  (Francisco  José  de),  vice  rei  da 
índia,  488. 

Sampaio  (Lopo  Vaz  de),  gov.or  da  índia, 

174- 

Sampaio  (Manuel  António  de),  gentil-ho- 
mem  da  câmara  do  infante  D.  Manuel, 
488. 

Sampaio  (Marquês  de),  i.»,  Manuel  António 
de  Sampaio  Melo  e  Castro  Moniz  de 
Torres  e  Lusinhano,  488. 

Sampaio  (Vasco  Pires  de),  sr.  de  Vila  Flor, 
78. 

Sampaio  Cogommho  de  Vasconcelos  (Antó- 
nio de),  í.  do  seguinte,  397. 

Sampaio  Cogominho  de  Vasconcelos  (João 
de),  sr.  do  morgado  da  Fonteboa,  397. 

Sampaio  de  Lima  (D.  Joana  Antónia  de), 
viscondessa  de  Mesquitela,  236. 

Sampaio  Melo  e  Castro  (António  de),  1.° 
conde  de  Sampaio,  487,  488. 

Sampaio  de  Melo  e  Castro  (João  de),  por- 
teiro mor,  454. 

Sampaio  Melo  e  Castro  Moniz  de  Torres  e 
Lusinhano  (Manuel  António  de),  2.»  conde 
e  i.°  marquês  de  Sampaio,  488. 

San  Boaventura  (Fr.  Fortunato  dej^  Histo- 
ria chronologica  e  critica  da  Real  Abadia 
de  Alcobaça,  463,  464,  465,  523. 

San  Cocovado,  doação,  266. 

San  Cosmado  (Srs.  de),  222,  223. 

San  Felizes  dos  Galegos,  doação,  i23. 

San  Fernando  de  Espanha  (Cruz  de),  i85. 

San  Gião,  senhorio^  164. 

San  João  de  Cabanas,  mosteiro,  319;  seu 
abade,  319. 

San  João  de  Grovelas,  freguesia,  242. 

San  João  da  Pesqueira,  292. 

San  João  de  Portel  Mafomede,  igreja,  257. 

San  João  de  Vieira,  mosteiro,  2o3. 

San  Jorge,  convento  junto  a  Coimbra,  188. 

San  Jorge  (Alferes  mor  da  bandeira  de), 
i34,  i35. 

San  Jorge  (Cruz  de),  41 5. 

San  José  (Fr.  Jerónimo  de),  Historia  da 
Trindade.,  1 94- 1 95 ,  1 95. 

San  Julião  (Sr.  da  quinta  de),  246. 

San  Julião  da  Barra,  torre,  457. 

San  Lourenço  (Conde  de),  i.»,  Pêro  da  Silva, 

445. 
San  Lourenço  (Conde  de),  2.°,  Martim  Afonso 

de  Melo,  445,  446. 
San  Lourenço  (Conde  de),  5.°,  Rodrigo  de 

Melo  da  Silva,  446. 
San  Lourenço  (Conde  de),  6.**,  D.  João  José 

Ansberto  de  Noronha,  446,  534. 


índice  de  matérias 


6o5 


San  Lourenço  (Condesde),  48, 443;  ar.,  448. 
San  Lourenço  (Condessa  de),  D.  Mariana 

Rosa  de  Lancastre,  446,  447. 
San  Lourenço  de  Alqueva,  igreja,  257. 
San  Lourenço  do  Bairro,  padroado,  117. 
San  Lourenço  de  Lisboa,  morgado,  23o. 
San  Luís  (D.  Fr.  Francisco  dej,  Colecção 

de  epitáfios,  letreiros,  dísticos,  etc,  2o5. 
San  Mamede  (Conde  de),  secretário  dei  rei 

D.  Carlos,  u. 
San  Mamede  de  Angeris,  abadia,  363. 
San  Mamede  de  Goido,  freguesia,  242. 
San  Mamede  de  Vila  Verde,  freguesia,  243. 
San  Marcos,  convento.  137,  i38. 
San  Marcos,  ermida,  53. 
San  Martinho,  doação,  346. 
San  Martinho  (Casa  de),  209. 
San  Martinho  do  Campo,  doação,  109. 
San  Martinho  de  Crasto,  mosteiro,  245. 
San  Martinho  de  Paço  Vedro,  242. 
San  Miguel  (Casa  de),  1 14. 
San  Miguel  (Condessa  de),  7.»,  1 14. 
San  Miguel  da  Cunha,  i55,  i56.  —  Padroado 

da  Igreja,  07,  i58,  245.  —  Srs.,  i52,  157. 
San  Paio   (Gomes   Lourenço  de),  galego, 

472. 
San  Paio  (João  Lourenço  de),  alcaide  da  Co- 
vilhã, 472. 
San  Pedro  de  Gastei,  1 1 1 ;  data  de  carta, 

346.  —  V.  Agostem. 
San  Petersburgo,  ministro  lá,  38 1. 
San  Romão  (Diogo  de),  escrivão  da  nobreza, 

322. 

San  Salvador,  doação,  109. 

San  Salvador  de  Amares,  honra,  337. 

San  Salvador  do  Souto,  mosteiro,  i55,  i57, 

158,  245. 
San  Salvador  de  Vila  do  Monte,  freguesia, 

337. 
San  Silvestre,  no  campo  de  Coimbra,  137. 
San  Simão  da  Junqueira,  mosteiro,  i55, 157, 

187,  245. 
San  Vicente  (Conde  de),  i.*,  João  Nunes  da 

Cunha,  175. 
San  Vicente  (Conde  de),  2.°,  Miguel  Carlos 

de  Távora,  175. 
San  Vicente  (Conde  de),  último.  175. 
San  Vicente  ((bondes  de),  ar.,  )o8. 
San  Vicente  (C>ondessa  ae),  D.  Maria  Cae- 
tano da  Cunha,  175. 
Sancha  (António),  editor  madrileno,  452. 
Sancha  Anes  (D  ),  m.  de  D.  Paio  Goterres 

da  Silva,  i56. 
Sancha  Fernandes  (D),  f.  de  D.  Fernando 

Goterres,  de  Galiza,  epitáfio,  522. 
Sancha  Peres  (D.),  vizinha   de  Santarém, 

337,  338. 
Sanche,  262. 
Sanches  (João  ,  progenitor  dos  Brandõeá 

da  Torre  da  Marca,  181. 


Sanches  (Maria  Anes),  m.  de' Vasco  Car- 
neiro, 181. 

Sanches  de  Baena  (Visconde  de),  Archivo 
heraldicoy  8,  328,  335.  —  Diccionario  aris- 
tocrático, 2\o,  2.1 3,  221,458, 459.— /?e5e/iAa 
das  familias  titulares,  221,  224,  225. 

Sanches  de  Frias  ("Visconde  de),  Pombeiro 
da  Beira,  189,  190,  191. 

Sanchez  (João),  impressor,  371. 

Sancho  (D.),  conde  de  Alburquerque,  47. 

Sancho  (D.),  infante  de  Castela,  232. 

Sancho  (D.),  infante  de  Portugal,  f.  de 
D.  Afonso  II,  292. 

Sancho  IV  (D.),  rei  de  Castela,  106,  107, 
118,  128,  i38. 

Sancho  I  (D.),  rei  de  Portugal,  106, 157,  206, 
274,  291,  292,  3o3,  3o4,  317. 

Sancho  II  (D.),  rei  de  Portugal,  106,  i5i,  157, 
i58,  187,  2o5,  293,  3o2,  339,  405,  406,  407. 

Sancho  Manuel,  207. 

Sande  (Marquês  de),  Francisco  de  Melo,  221, 
474,  490,  491,  492,  493,  494,  495. 

Sande  (Marquês  de),  Negociações  das  suas 
embaixadas,  493,  535. 

Sandes  de  Vilalobos,  396. 

Sandim,  casais,  doação,  343. 

Sandomil  (Conde  dê),  i.»,  Pedro  Mascare- 
nhas, 212. 

Sandomil  (Conde  de),  2.0,  Fernando  de  Mi- 
randa Henriques,  212. 

Sandoval  e  Roxas  (D.  Leonor  de),  condessa 
de  Allamira,  435. 

Sandwich  (Conde  de),  535. 

Sanguinhedo,  doação,  109. 

Santa  Ana  (Fr.  Belchior  de),  Chronica  dos 
Carmelitas  Descalços.,  3ji. 

Santa  Cruz  (Conde  de),  2,°,  D.  Martinho  Mas- 
carenhas, 469. 

Santa  Cruz  de  Ribatâmega,  julgado,  80. 

Santa  Eulália,  quintas,  498. 

Santa  Iria  (Marquês  de),  D.  Luís  de  Sousa 
Coutinho,  209,  212.  —  Ar.,  212. 

Santa  Iria  da  Azoia:  convento  da  Conceição, 
iQi;  igreja  matriz,  393 ;  quinta  de  Vai  de 
Flores,  393. 

Santa  Maria,  terra,  337. 

Santa  Maria,  terra,  na  Feira :  gov.or  ftenens), 
259;  srs.,  109,  3 12. 

Santa  Maria  (Fr.  Agostinho  de),  Historia 
tripartita,  3^5. 

Santa  Maria  (P.^  Francisco  de),  O  Ceo 
aberto  na  terra.  Historia . .  dos  Cónegos 
seculares . . .  de  S.  João  Evangelista  em 
Por/H^a/,  43 1,  433,  434,  436,  437. 

Santa  Maria  (D.  Nicolau  de),  Chronica  dos 
Cónegos  Regrantes  de  Santo  Agostinhoy 
i58,  187,  189,  239j  240. 

Santa  Maria  de  Africa  (Com.ores  de),  209. 

Santa  Maria  de  Alcanede,  comenda,  458. 

Santa  Maria  de  Bagunte,  187. 


6o6 


Brasões 


Santa  Mrria  de  Beja,  comenda,  377. 

Santa  Maria  de  Covas,  igreja,  24'i. 

Santa  Maria  da  Feira,  doação,  3 10. 

Santa  Maria  de  Negrelos,  doação,  109. 

Santa  Maria  do  Prado  (Gom.o^  de),  221.' 

Santa  Maria  de  Santa  Azias,  freguesia,  242, 
243. 

Santa  Maria  de  Vila  Franca  (Com.*»"  de), 
221. 

Santa  Rosa  de  Viterbo  (Fr.  Joaquim  dej, 
Elucidário  de  palavras^  termos  e  frases, 
que  em  Portugal  antigamente  se  usarão, 
99,  291,  307. 

Santa  Tecla  e  Ferreiros  (Sr.  da  casa  de), 
221. 

Santar  (Marqueses  de),  i63. 

Santar  (Srs.  de),  i63;  ai.,  168. 

Santarém,  47,  66,  75 j  76,  79,  94,  gS,  122,  i25, 
129,  i3o,  i3,5,  190,  igt,  263,  339,  415,  418. 
— Alcáçova,  prior,  277. — Alcaide,  207-208, 
248,  407.  —  Alferes  mor  da  bandeira,  3 18, 
327,  328,  329.  —  Almoxarifado,  117,  4i3. — 
Bens  lá,  258,  261,  270,  415.  —  Capelas:  de 
Mem  Cerveira.  J27,  328,  329,  33o;  dos 
Sens,  327,  328. —  Casas.  25 1,  252,  258,  33o. 

—  Cerveiras  de  lá,  3 18.  —  Concelho,  25 1. 

—  Contador:  da  aposentadoria.  329;  dos 
resíduos  e  terças,  529,  33 í.  — Conventos: 
da  Graça,  1 19, 122,  i25, 127, 128;  de  S.  Do- 
mingos, i38,  263.  265,  327,  329. —  Data  de 
carta,  68,  81,  8í,  107,  108,  109,  no,  iii, 
117,  i3o,  i36,  137,  252,  253,  275,  3io,  329, 
343,  35 1,  409.  41  §. — Hospital  de  Rocama- 
dor,  293. —  Igrejas:  da  Graça,ii8, 124, 127, 
129,  358,  36i,  368,  388;  de  S.  Domingos, 
33o.  —  Morador,  327,329.  —  Mosteiro  de 
Santo  Agostinho,  128.  —  Museu  distrital, 
i38,  328. —  Paz  lá  assinada,  45,  47. —  Pro- 
vedor dos  hospitais,  albergarias  e  gafarias, 
329.  —  Quintal  das  Donas,  248,  —  Renda 
dos  tabeliães,  415.— Rua  da  Judiaria,  328. 

—  Termo,  94,  339,  412. — Vizinho,  248, 
337. 

Santarém  (Visconde  de),  Corpo  diplomático 

portugueZy  277.  —  Quadro  elementar,  14, 

387,  388,  535.  _ 
Santiago:  arcebispo,  77,  206,  267;  bispo,  14. 
Santiago,  ordem,  v.  Ordem  de  Santiago. 
Santiago  (Casa  de),  seus  morgados,  223. 
Santiago  (Conde  de),  2.«',  211. 
Santiago  (Conde  de),  3.°,  222. 
Santiago  (Conde  de),  4.°,  222. 
Santiago  do  julgado  de    Refoios,   doação, 

109. 
Santiago  de  Carreiras,  freguesia,  340. 
Santiago  de  Compostela,  314. 
Santiago  da  Corte  de  Anojo,  igreja,  257. 
Santiago  de  Cristelo.  padroado,  319. 
Santiago  de  Vila  CnS,  freguesia,  243,  247, 

340. 


Santo  Amaro,  casal,  5oi. 

Santo  André,  quinta,  q5. 

Santo  André  de  Parada,  freguesia,  187. 

Santo  António  (Fr.  Manuel  de),  reformador 

do  Cartório  da  Nobreza.  8. 
Santo  António  (Fr.  Manuel  de),  Thesouro  da 

nobreza,  8.  45,  5i,  63,  75,  87, 141,  i5i,  201, 

244,  3o I,  335,  405. 
Santo  Estêvão,  doação,  346. 

Santo  Estêvão  de  Beja  (Morgado  de),  23o. 

Santo  Estêvão  de  Vilela,  mosteiro,  i55,  157, 
245. 

Santo  Eutrópio,  morgado,  161,  162. 

Santo  Isidro,  doação,  109. 

Santo  Ofício :  bula  da  instituição,  389 ;  co- 
missário, 371;  conselho  geral,  392;  depu- 
tado em  Évora,  437;  inquisidor,  438;  mei- 
rinho, 438 ;  promotor  de  Évora,  437. 

Santo  Tirso,  120, 

Santo  Tomás  (Fr.  Lião  de),  Benedictina  lu- 
sitana, io3,  206,  3o6,  307,  335. 

Santos  (Fr.  Manuel  dos),  Alcobaça  ilustrada, 
463.  —  Monarquia  lusitana,  77,94,  95,  161, 

245,  395. 
Saraiva,  ar.,  342. 
Sarcide,  ar.,  20. 
Sardenha,  vice  rei,  222. 
Sarracenos,  201,  4o5,  406. 

Sárria  (Conde  de),  D.  Fernando  de  Castro, 
67,  145. 

Sárria  (Sr.  de),  67. 

Sarzedas  (Casa  oas),  52o;  sua  varonia,  209. 

Sarzedas  (Conde  das),  i.°,  D.  Rodrigo  Lobo 
da  Silveira,  222. 

Sarzedas  (Condes  das),  186,  223. 

Sarzedas  (Condessa  das),  4.*,  D.  Teresa  Mar- 
celina  da  Silveira,  520. 

Sarzedas  (Srs.  das),  222. 

Sarzedas,  moderno  (Conde  das),  i.»,  D.  Ber- 
nardo José  de  Lorena,  223. 

Sarzedas,  moderno  (Condes  das),  223;  ar., 

223. 

Sasseti  (Vítor),  5o5. 

Sátira  ao  Conde  da  Castanheira,  226. 

Saribe,  escritor,  io5. 

Seabra  (Alcaide  de),  em  Castela,  SyS. 

Sebal  (Com.or  do),  191. 

Sebastião  (D.),  rei  de  Portugal,  89,  177,  i83, 

280,  358,  363,  389,  391,  480,  489,  5o6. 
Seco  (Dr.  Pedro  Alvares),  Livro  dos  summa- 

rios  das  scrituras  da  ordem  ...de  Christo^ 

280. 
Secretário:   de  D.  Afonso  V,  146,  326;  de 

D.   Carlos  I,    u;   de  Carlos  V,   i3  ;  da 

Excelente  Senhora,  496;  de  D.  João  III, 

180,  i83;  de  D.  Manuel,  180,  182. 
Secretário:   de  Estado,  2n,  236,  342;  dos 

Negócios  Estrangeiros,  461;  da  Regência 

do  Reino.  3 1 5. 
Segadães,  aoação,  160. 


índice  de  matérias 


607 


Segismundo,  imperador,  83. 
Segurado,  ar.,  20. 

Seia  (Conde  de),  D.  Henrique  Manuel  de  Vi- 
lhena, 170,  420. 
Seia  (Sr.  ae),  409. 
Seia,  moderno  (Conde  de),  i.»,  114. 
Seia,  moderno  (Conde  de),  a.»,  114. 
Seia,  moderno  (Condes  de),  apelido  e  ar., 

S^  ar.,  .0. 

Seixas  (Vasco  Gomes  de),  77. 

Selva,  abadia,  363. 

Sem,  linhagem:  ar.,  22;  capela  $eu  jazigo, 

327,  328. 
Sem  (Dr.  Gil  do),  do  conselho,  346. 
Sem  (Ur.  Martim  do),  170. 
Sendim,  casal,  doação,  343. 
Senegá,  terra,  480. 
Senescal  do  Conde  de  Bolonha,  246. 
Senhoria,  tratamento,  n5. 
Senhorinha,  santa,  sua  lenda,  201  a  204. 
Sentil  Esteves,  m.  a."  de  Álvaro  Pais,  477, 

478. 

Sequeira  (Gonçalo  de),  capitão  mor  da  ar- 
mada da  índia,  232. 

Sernancelhe,  490. 

Serpa,  geração,  ar.,  37. 

Serpa,  vila,  32d,  456,  4.57.  —  Alcaidaria  mor, 
452,  453,  454.  —  Alcaide  mor,  453,  455, 
463, 472. — Almoxarifado,  4 1 3. — Conquista, 
406.  —  Fronteiro,  452. —  Juiz,  398. — Mor- 
gado, 458.  —  Museu  arqueológico,  458,  — 
Procurador  a  Cortes,  456. —  Rendas  riais, 
416.  —  Termo,  456. 

Serra  (Bispo  da),  432. 

Serra  Crasbeck  (Francisco  Xavier  da),  Ca- 
talogo dos . . .  DD.  Abbades ...  de  S.  Maria 
de  Guimarães,  166. 

Sesimbra,  282;  com.or,  21 5. 

Sesimhra  (Marquês  de),  282. 

Sete  anos,  guerra,  526. 

Setúbal,  223.  —  Casa  onde  morreu  o  Duque 
de  Viseu,  171.  —  Data  de  carta,  228,  326. 
—  Décimas  das  mercadorias  saídas  pela 
sua  foz,  347.  —  Execução,  418,  419. — 
Gov.or  do  castelo  de  S.  Felipe,  71.  —  Ser- 
viço velho  e  novo  dos  Judeus,  480,  481. 

Sever,  doação,  3 10;  sr.,  170,  226. 

Sever im  de  Faria,  Noticias  de  Portugal,  22, 
38. 

Sevilha,  i52,  252, 254,  255, 410, 5o5. — Alcaide 
mor,  439. — Cerco,  157,  243,  339. — Jurado, 
489. 

Sicília,  i52,  442;  vice  rei,  443. 

Signifer,  v.  Alferes  mor. 

Sil\'a,  linhagem :  ar.,  34,  i38,  i65,  434,448; 
seu  progenitor,  i56;  ramo  dos  srs.  de 
Vagos,  i38;  varonia,  120,  534. 

Silva  (Aires  da),  regedor  da  Casa  da  Suplica- 
ção, 137,  445. 


Silva  (Aires  Gomes  da),  alferes  mor,  68. 
Silva  (Aires  Gomes  da),  2.»  sr.  de  Vagos,  112, 

i36,  137,427. 
Silva  (D.  Beatriz  da),  m.  de  Manuel  de  Melo, 

434,  444,  445.  —  Epitáfio,  484. 
Silva  (D.  Beatriz  da),  m.  de  Pedro  Vaz  da 

Cunha,  178. 
Silva  (Beatriz  Gomes  da),  m.  de  Vasco  Mar- 
tins da  Cunha,  161,  164. 
Silva  (D.  Branca  da),  m.  de  João  Rodrigues 

Ribeiro,  36q,  370. 
Silva  (D.  Cecília  da),  m.  de  Gomes  Freire  de 

Andrade,  297,  298. 
Silva  (D.  Felipa  da),  m.  de  D.  Felipe  de 

Sousa,  281,  2S2. 
Silva  (Fernão  Gomes  da),  sr.  de  Lanhoso, 

164. 
Silva  (D.  Francisca  da),  m.  2.*  de  Jorge  Cor- 
reia, 179 
Silva  (D.  Gomes  Pais  da),  i56. 
Silva  (D.  Goterre  Auderete  da),  i56. 
Silva  (Inocêncio  Francisco  da),  Diccionario 

bibliographico,  446,  5o6. 
Silva  (D.  Isabel  da),  condessa  de  Penela,  359, 

36i. 
Silva  (Isabel  da),  m.  2.*  de  Álvaro  de  Sousa, 

286. 
Silva  (D.  Joana  da),  m.  de  D.  António  de 

Melo,  466,  467. 
Silva  (João  daj,  camareiro  mor  do  príncipe 

D.  João,  137,  434,  444. 
Silva  (D.  João  da),  i.»  conde  de  Cifuentes, 

1Ó6. 
Silva  (D.  João  da),  herdeiro  do  condado  de 

Portalegre,  226. 
Silva  (João  Gomes  da),  alferes  mor,  169, 

5i8. 
Silva  (Jorge  da),  7."  sr.  de  Vagos,  393. 
Silva  (D.  Leonor  da),  m.  de  João  de  Sousa, 

296,  297. 
Silva  (Lourenço  da),  6.*  sr.  de  Vagos,  445. 
Silva  (D.  Margarida  da),  m.  de  D.  João  de 

Meneses  Soutomaior,  11 5. 
Silva   (D.  Maria  da),  m.  de  Jerónimo  da 

Cunha,  179. 
Silva  (D.  Maria  Bárbara  da),  m.  de  Domingos 

Teixeira  de  Andrade,  21 3. 
Silva   (D.  Paio  Goterres  da),  fundador  do 

mosteiro  de  Cucujães,  i56. 
Silva  (Pêro  da),  o  Duro,  1.°  conde  de  S.  Lou- 
renço, 445. 
Silva  (Rui  Gomes  da),  alcaide  mor  de  Campo 

Maior  e  Ouguela,  286,  53o. 
Silva   (Tristão  da),  morador  no  termo  de 

Alenquer,  232. 
Silva  Lopes  (João  Baptista  da).,  Memorias 

para  a  historia  ecclesiastica  do  bispado  do 

Algarve,  426. 
Silva  de  Meneses  (Fernão  da),  289. 
Silva  de  Vasconcelos  (Pedro  da),  371. 


6o8 


Brasões 


Silva  (Conde  da),  i.»,  D.  João  de  Melo  Ma- 
nuel da  Câmara,  474,  535. 

Silva  (Conde  da),  2.',  474. 

Silva  (Condes  da),  ar.,  474. 

Silva  de  Cima,  senhorio,  473. 

Silveira,  geração:  ar.,  18,  22,  223;  ramo  dos 
Condes  das  Sarzedas,  223,  dos  srs.  de 
S.  Cosmado,  ar.,  223;  varonia,  209. 

Silveira  (D.  Brás  Baltasar  da),  i."  sr.  de 
S.  Cosmado,  222. 

Silveira  (Fernão  da),  almirante  da  armada 
rial,  222. 

Silveira  (Fernão  da),  coudel  mor,  21 5,  382, 

454-  .    . 

Silveira  (Fernão  da),  escrivão  da  puridade, 
420,  421,  453. 

Silveira  (Dr.  Fernão  Afonso  da),  des.or  do 
Paço,  240,  241. 

Silveira  (D.  Isabel  da),  m.  i.*  de  João  de 
Melo,  453. 

Silveira  (D.  João  da),  i."  barão  de  Alvito, 
281,  36o,  453.— V.  Silveira  (Dr.  João  Fer- 
nandes da). 

Silveira  (João  da),  capitão  mor  da  armada 
da  Índia,  232. 

Silveira  (Dr.  João  Fernandes  da),  240,  241, 
281.  —  V.  Silveira  (D.  João  da). 

Silveira  (Jorge  da),  guarda  mor  do  infante 
D.  Fernando,  288,  296. 

Silveira  (D.  Luís  da),  i ."  conde  da  Sortelha, 
175,421. 

Silveira  (D.  Luís  Baltasar  da),  veador  da 
rainha  D.  Maria  Ana  de  Áustria,  222. 

Silveira  (D.  Luísa  Francisca  Antónia  da), 
m.  I.'  de  Nuno  Gaspar  de  Távora,  222. 

Silveira  (D.  Maria  Inácia  da),  m.  2.«  de  Nuno 
Gaspar  de  Távora,  222. 

Silveira  (Martim  Afonso  da),  alcaide  mor  de 
Terena,  175. 

Silveira  (D.  Mecia  da),  m.  de  D.  Fradique 
de  Castro,  147. 

Silveira  (Nuno  Martins  da),  escrivão  da  puri- 
dade, 147,  448,  453. 

Silveira  (Nuno  Martins  da),  mordomo  mor 
da  rainha  D.  Caterina,  175,  421. 

Silveira  (D.  Teresa  Marcelina  da),  4.*  con- 
dessa das  Sarzedas,  520. 

Silveira  e  Lorena  (D.  Alexandre  da),  11.» 
marquês  das  Minas,  223. 

Silveira  e  Lorena  (D.  Brás  José  Baltasar  da), 
222. 

Silveira  e  Lorena  (D.  Brás  Maria  da),  9.°  mar- 
quês das  Minas,  222. 

Silves :  bispo,  426;  conquista,  291,  407;  foral 
dos  Moiros  forros,  260. 

Sinai,  monte,  509. 

Sinde,  senhorio,  164. 

Sintra,  3,  24,  56,  58,  95,  296,  363,  497.  —  Al- 
caide mor,  487,  5o3,  509.  —  Almoxarifado, 
3oi,  5o2.  —  Almoxarife,  25,  5oi,  5o2,  5o3. 


—  Arquivo  da  Câmara  Municmal,  57. — 
Arrabalde,  24,  29.  — Bens  lá,  258,  261,265, 
269.  —  Câmara,  509.  —  Caminho  da  Pena 
para  os  Capuchos,  504.— Casa  do  Espírito 
Santo,  26.  —  Casa  dos  Ribafrias,  504. — 
Cemitério  dos  gafos  ou  lázaros,  58.  — 
Confraria  das  Almas,  24.  —  Confraria  dos 
Fiéis  de  Deus,  24,  5o5;  seu  escrivão,  5o2; 
seu  juiz,  24;  seus  pergaminhos,  24,  5o2. — 
Convento  dos  Capuchos,  Í04,  5o6,  509  — 
Coutadas  do  termo,  5ok — Data  de  di- 
ploma, i36,  193,  287,  288,  357,  385,  399, 
418,  459.  —  Estrada  de  Colares,  509;  de 
Lisboa,  56,  58. —  Gafaria,  57-,  seu  provedor, 
24.  —  Gov.or  (tenens),  260.  —  Herdades,  57, 
5o8.  —  Hospital,  24,  27,  57;  seu  provedor, 
24.  —  Hospital  dos  Lázaros,  58.  —  Igreja 
de  S.  Martinho,  24,  5o  i,  504;  seu  cartório, 
24,  5o2,  5o3,  504;  vigário,  5oi,  5o2. — 
Igreja  de  Santa  Maria:  Livro  reformado 
da  freguesia,  28,  29;  sepultura,  28. —  Igre- 
jas, seus  limites  e  demarcações,  Soi.  — 
Juiz:  dos  encoutos,  5o2;  de 'fora,  56,  57. 

—  Lavradores  do  termo,  5oi.  —  Miseri- 
córdia: cartório,  57,  5o2;  mesa,  58;  per- 
gaminhos, 24,  25,  27.  —  Moimento  dos 
Lázaros,  58.  —  Moradores,  24,  25. — Paço, 
3,  7,  126,  357,499,  5oo;  almoxarife,  5di; 
curral,  126,  357;  mestre  dos  canos,  27, 
504;  mestre  das  obras,  26,  27,  28;  obras, 

23,  24,  25,  26,  27, 28,  29;  restauros,  23, 38, 
63;  sala  das  armas  ou  dos  veados,  4,7,21, 
22,  23,  3o  a  40,  i5i. — Pena,  504;  obras  lá, 
28. — Pintor  lá  morador,  24. — Pisões,  504, 

—  Procurador  do  conselho,  24,  27.  — 
Quintas:  de  Penhaverde,  5o5,  5o6  a  5 10; 
do  Ramalhão,  56,  57,  58;  Velha,  504. — 
Rua  da  Praça,  504.  —  San  Pedro,  lugar, 

56,  —  Santa  Eufemia,  seus  banhos,  58.  — 
Serra,  482,  5oi,  5o2,  5o4,  5o6,  507,  5oQ. — 
Tabelião,  24,  27.  —  Termo,  5o2,  5o3.  — 
Terremoto,  23.  —  Túmulo  da  estrada,  5&, 

57,  58.  —  Vai  da  Gafaria,  58.  —  Vereação, 

24,  26,  27. 
Sintra  (Conde  de),  António  da  Cunha  Grã 

Ataíde  e  Melo,  177. 
Sintra  (Sr.  de),  175. 
Siqueira,  ar.,  38. 
Siqueira  (Fernão  Rodrigues  de),  mestre  de 

Aires,  346. 
Siqueira  (Isabel  de),  m.  i.*  de  Rui  de  Sousa, 

214,433. 
Siqueira  (Lopo  Vasques  de),  com.or  mor  de 

Aviz,  344. 
Siqueira  (Violante  Lopes  de),  ama  da  rainha 

D.  Isabel,  m.  de  Francisco  Anes  de  Torres, 

214. 
Sitima,  herdade,  385. 
,    Soã  (Gonçalo  de),  fundador  de  Melo,  408. 
1    Soalhães,  julgado,  35o.  —  Doação,  343,  353, 


índice  de  matérias 


609 


354. —  Jurisdição,  343. —  Povoação,  362. — 
Senhorio,  SSg.  —  Venda,  348. 

Soalhães  (D.  João  Martins  de),  bispo  de 
Lisboa,  35o,  351;  seu  epitáfio,  35 1. 

Soalhães  (Srs.  do  julgado  de),  342,  345,  348, 
35o,  353,  358,  362,  364. 

Soalhães  (Srs.  do  morgado  de),  146, 147,  3.44, 
345,  35o,  35 1,  352. 

Soalhães  (Vasco  Anes  de),  i.°  sr.  do  mor- 
gado de  Soalhães,  35i. 

Soares  (D.  Fr.  João),  bispo  de  Coimbra,  485. 

Soares  (João),  fidalgo  da  casa  rial,  233. 

Soares  de  Albergaria,  ar.,  471. 

Soares  de  Albergaria  (António),  Tropheos 
lusitanos,  io'3,  'i'i5. 

Soares  de  Albergaria  (Fernão),  sr.  do  Prado, 
233. 

Soares  Lagarto,  ar.,  471. 

Soares  da  Silva,  Memorias  de  D.  João  I, 
i65,  16G,  327,  397,  479. 

Soares  Toscano  (Francisco),  Parallelos  de 
príncipes  e  varões  tllustres,  395,  396. 

Sobrado  (Garcia  Afonso  do),  conselheiro  do 
infante  D.  João,  91,  92. 

Sobral :  casa  e  morgado,  460;  ar.,  460,  462. 

Sobral  (Barão  do),  i.°,  Geraldo  Venceslau 
Braamcamp  de  Almeida  Castelo  Branco, 
460,  461,  462. 

Sobral  (Barão  do),  2.°,  Hermano  José  Braam- 
camp do  Sobral  de  Almeida  Castelo 
Branco,  462. 

Sobral  (Condado),  i.°,  Hermano  José  Braam- 
camp do  Sobral  de  Almeida  Castelo 
Branco,  460,  462. 

Sobral  (Conde  do),  2.°,  Luís  de  Melo  Breyner, 
459,  460,  462. 

Sobral  (Conde  do),  3.»,  Hermano  José  Braam- 
camp do  Sobral  de  Melo  Breyner,  460. 

Sobral  (Condes  do),  ar.,  462. 

Sobral  (Condessa  do),  2.*, D.  Adelaide  Braam- 
camp do  Sobral,  460,  462. 

Sobral  (Condessa  do),  Luísa  Amable  de  Nar- 
bonne-Lara,  462. 

Sobral  (Visconde  do),  Hermano  José  Braam- 
camp do  Sobral,  462. 

Sobral  de  Monte  Agraço  (Srs.  do),  460,  462. 

Sobrejuiz  dei  Rei,  208. 

Soeiro  (D.),  bispo  de  Évora,  293. 

Soeiro,  bispo  de  Lisboa,  292,  293. 

Soeiro  Belfager  (D.),  204. 

Soeiro  Gomes,  3o2. 

Soeiro  Gotytiives,  epitáfio,  522. 

Soeiro  Reimondo,  alferes  mor,  408,  498. 

Soeiro  Soares,  292. 

Soledade  (tr.  Fernando  da),  Historia  será- 
fica, 59,  419. 

Sortelha,  concelho,  25o,  273. 

Sortelha  (Conde  da),  i.°,  175,421. 

Sotomaior  (D.  Pedro  de),  conde  de  Caminha, 
319. 

VOL.  I 


Soure  (Conde  de),  3.",D.  João  José  da  Costa,  23. 

Sousa,  casa:  antiga^  206,  219,  241,  242,  263, 
267,  271, 273, 274, 276, 278, 2gi.— Moderna, 
284,  286._ 

SOUSA,  linhagem,  199.  —  Antigos^  204  a 
206,  291 ;  epitáfios,  204,  522.  —  De  Arron- 
ches, 274,  291;  ar.,  34,  201,  279,  282,  283, 
367,  379,  442,  495;  proveniência  da  desi- 
gnação, 285;  uso  do  apelido,  283,  284; 
varonia,  290.  —  Do  Prado,  209,  224,  291; 
ar.,  191,  209,  211,  2i3,  225,  226,  235,  237, 
23q,  497 ;  varonia,  210,  211.  —  Sousas :  de 
Alcoentre,  225,  ar.,  225;  do  Calhariz,  281, 
282;  dos  Condes  do  Redondo,  210,  ar., 
211;  de-Fernan  Nufíez,  progenitor,  276,  ar., 
276;  de  Toledo,  277.  —  Sousas  Botelhos, 
condes  de  Vila  Rial,  221,  235.  —  Sousas 
Camelos,  srs  de  Baião,  235.  —  Sousas  Chi- 
chorros,  55,  206,  23o,  235;  progenitor,  209. 

—  Sousas  de  Macedo,  viscondes  de  Mesqui- 
tela,  235. —  Sousas  de  Meneses,  copeiros 
mores,  23o;  condes  de  Vila  Flor,  23o. 

Sousa,  rio,  204,  2o3. 

Sousa  (Afonso  Vasques  de),  sr.  de  Mafra, 
236,  336.  , 

Sousa  (Álvaro  de),  4.45. 

Sousa  (Álvaro  de),  f.  de  João  Lourenço  da 
Cunha,  190. — V.  Cunha  (Álvaro  da),  sr.  de 
Pombeiro. 

Sousa  (Álvaro  de),  mordomo  mor,  285,  286. 

Sousa  (Álvaro  Dias  de),  rico  homem,  88,  1 10, 
279,  367,  5 16. 

Sousa  (André  de),  4.°  sr.  de  Miranda,  178, 
287,  434. 

Sousa  (António  de),  2."  com.or  de  Soza,  297. 

Sousa  [P.^  António  Caetano  de),  genealo- 
gista, 84,  107,  207. 

Sousa  (D.  António  Caetano  de),  Historia 
genealógica,  10,  11,  23,  98,  107,  I25,  141, 
184,  2o5,  207,  211,  21 5,  218,  224,  240,  241, 
275,  276,  277,  278,  281,  290,  2q8,  3 11,  3i5, 
35o,  358,  364,  366,  372,  392,  427,  440,  441, 
443,  457,  473,  474,  477,  526,  53 1,  532,  533. 

—  Memorias  históricas  e  genealógicas  dos 
grandes  de  Portugal,  290,  319.  —  Memo- 
rias Sepulchraes  que  para  beneficio  da 
Historia  de  Portugal  offereceu  á  Academia 
Real,  ms.,  69,  83,  97,  i63,  194,  204,  2o5, 
373,  417,  419,  447,  449,  532  —  Provas  da 
Historia  genealógica,  12 5,  161,  2o5,  265, 
269,  274,  275,  293,  296,  3 12,  423,  424,  440, 
448,  464,  477,  478. 

Sousa  (D.  António  Caetano  Luís  de),  4.° mar- 
quês das  Minas,  219. 

Sousa  (D.  António  Luís  de),  2.°  marquês  das 
Minas,  219,  221,  222,  239. 

Sousa  (D.  Beatriz  de),  condessa  de  Marialva, 
424,  425. 

Sousa  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Fernão  da  Sil- 
veira, 453. 

77 


6io 


Brasões 


Sousa  (Bernardim  de),  sobrinho  do  gov.or 
Diogo  Lopes  de  Sousa,  288. 

Sousa  (D.  Branca  de),  m.  de  João  Falcão, 
283. 

Sousa  (D.  Branca  de),  sr.»  de  Mafra,  279. 

Sousa  (D.  Briolanja  de),  m.  2/  de  Martim 
Afonso  de  Melo,  424,  425,  453. 

Sousa  (D.  Constança  Mendes  de),  m.  de 
D.  Pedro  Eanes  de  Portel,  206,  241,  25o, 
262,  263,  270,  272,  278,  274,  275,  278. 

Sousa  (D.  Diogo  de),  arcebispo  de  Braga, 
283. 

Sousa  (D.  Diogo  de),  1.°  conde  do  Rio  Pardo, 
221. 

Sousa  (D.  Diogo  de),  neto  do  i.°  Conde  do 
Prado,  218. 

Sousa  (Diogo  de),  pai  do  i."  Conde  de  Cas- 
telo Melhor,  370. 

Sousa  (D.  Diogo  de),  sr.  de  Mafra,  278. — V. 
o  seguinte. 

Sousa  (Diogo  Afonso  de),  sr.  de  Mafra,  276, 
277,  278,  279.  —  Ar.,  279;  epitáfio,  278. 

Sousa  (Diogo  Lopes  dej,,  2.°  conde  de  Mi- 
randa, 298. 

Sousa  (Diogo  Lopes  de),  o  Diabo,  gov.or  Jo 
reino,  8."  sr.  de  Miranda,  288,  2^g. 

Sousa  (Diogo  Lopes  de),  mordomo  mor, 
].»  sr.  de  Miranda,  170,  284,  285. 

Sousa  (Diogo  Lopes  de),  mordomo  mor, 
3."  sr.  de  Miranda,  285,  286,  287,  417. 

Sousa  (D.  Egas  Gomes  de),  rico  homem, 
204,  2o5. 

Sousa  (D.  Felipa  de),  m.  de  Francisco  de 
Macedo,  236. 

Sousa  (D.  Felipe  de),  progenitor  dos  Sousas 
do  Calhariz,  281,  282. 

Sousa  (Fernão  de),  i.°  sr.  de  Gouveia,  209, 
212,  2l3. 

Sousa  (Fernão  Gonçalves  de),  alcaide  mor 
de  Portel,  277. 

Sousa  (Fernão  Martins  de),  f.  de  Luís  Alva- 
res de  Sousa,  235. 

Sousa  (Fernão  Martins  de),  sr.  de  Baião, 
23o. 

Sousa  (D.  Francisca  de),  f.  de  João  de  Sousa, 
o  Romanisco,  297. 

Sousa  (Francisco  de),  232. — V.  Sousa  Man- 
eias (Francisco  de). 

Sousa  (D.  Francisco  de),  f.  do  i."  Conde  do 
Prado,  216,  218,  524. 

Sousa  (D.  Francisco  de),  gov.or  e  capitão 
general  da  Baía  e  do  Rio  de  Janeiro,  219. 

Sousa  (D.  Francisco  de),   i."  marquês  das 

Minas,  218,  219,  222j  223,  224,  225. 

Sousa  (D.  Garcia  Mendes  de),  2o5;  seu  epi- 
táfio, 204,  522. 

Sousa  (Garcia  Mendes  de),  prior  da  Alcá- 
çova de  Santarém,  277. 

Sousa  (Gonçalo  de),  com.or  mor  de  Cristo, 
23o. 


Sousa   (Gonçalo  Anes  de),  3."  sr.  de  Mor- 
tágua, 209,  241. 
Sousa  (D.  Gonçalo  Garcia  de),  conde,  alferes 

mor,  sr.  de  Neiva,  204,  2o5,  206,  241,  262. 
Sousa  (Gonçalo  Mendes  de),  f,  de  Afonso 

Denis,  277.* 
Sousa  (Gonçalo  Mendes  de),  f.  de  D.  Mem 

Garcia  de  Sousa,  206. 
Sousa  (Gonçalo  Mendes  de),  mordomo  mor, 

2o5,  292;  seu  epitáfio,  204,  522. 
Sousa  (Gonçalo  Rodrigues  de),  sr.  de  Mafra, 

277. 
Sousa  (Henrique  de),  1.°  conde  de  Miranda, 

289,  470. 
Sousa  (Henrique  de),  o  Diabo,  1.°  sr.  de  Oli- 
veira do  Bairro,  287,  288. 
Sousa  (D.  Inês  de),  m.  de  Álvaro  Gonçalves 

Camelo,  235. 
Sousa  (D.  Isabel  de),  m.  de  Diogo  Lopes 

Lobo,  281. 
Sousa  (D.  Joana  de),  m.  i."  de  João  Mendes 

de  Vasconcelos,  388,  389. 
Sousa  (D.  Joana  de),  m.  deManuel  de  Sousa, 

23o. 
Sousa  (D.  Joana  Maria  de),  m.  de  António 

Botelho  Mourão,  239. 
Sousa  (João  de),  com.or  de  Ferreira,  227, 

228,  229;  ar.,  229-230;  epitáfio,  229. 
Sousa  (João  de),  cónego  na  Sé  de  Lisboa, 

prior  de  Soza,  281,  294,  295. 
Sousa  (D.  João  de),  gov.or  de  Pernambuco, 

221. 
Sousa  (D.  João  de),  guarda  mor,  214,  21 5, 

216. — V.  Sousa  (João  Rodrigues  de). 
Sousa  (D.  João  de),  herdeiro  da  casa  das 

Minas,  219. 
Sousa  (D.  João  de),  irmão  do  i."  Marquês 

das  Minas,  223,  224,  225. 
Sousa  (D.  João  de),  3."  marquês  das  Minas, 

219. 
Sousa  (João  de),  o  Romanisco,  i."  com.or  de 

Soza,  295,  296,  297,  298. 
Sousa  (João  de),  5."  sr.  de  Baião,  229,  23o. 
Sousa  (João  Fernandes  de),  4.°  sr.  de  Baião, 

23o,  235,  236. 
Sousa  (João  Peres  de),  irmão  do  seguinte, 

263,  271,  272. 
Sousa  (João  Peres  de),  rico  homem,  263, 264, 

271,  272,  273. 
Sousa  (João  Rodrigues  de),  almotacé  mor, 

214. — V.  Sousa  (D.  João  de),  guarda  mor. 
Sousa  (Jorge  de),  escrivão  da  sisa  dos  vinhos 

de  Lisboa,  23o,  23 1,  295. 
Sousa  (Jorge  de),  f.  de  Pêro  de  Sousa,  23 1. 
Sousa  (D.  Leonor  Lopes  de),  sr.»  de  Mafra, 

127,  236,  281,  356. 
Sousa  (Lopo  de),  2.°  sr.  do  Prado,  226;  ar.  e 

epitáfio,  226. 
Sousa  (Lopo  Dias  de),  alcaide  mor  de  Chaves, 

190,  279. 


índice  de  matérias 


6ii 


Sousa  (Lopo  Dias  de),  f.  b.  do  Mestre  de 

Cristo,  204,  285. 
Sonsa  (D.  Lopo  Dias  de),  mestre  de  Cristo, 

88,  92,  95,  127,  277, 279,  280,  281,  283, 284, 

356,  367;  ar.,  281. 
Sousa  (Fr.  Luís  de),  Annaes  de  D.  João  III, 

388.  —  Historia  de  S.  Domingos,  230,464. 
Sousa  (D.  Luís  de),  2.°  conde  do  Prado,  218, 

219,  221. 
Sousa  (D.  Luís  de),  4.»  sr.  de  Beringel,  219. 
Sonsa  (D.  Luís  de),  sr.  da  casa  de  Rio  Pardo, 

221. 

Sousa  (Luís  Alvares  de),  provedor  da  fazenda 
do  Porto,  235,  357. 

Sousa  (D.  Luís  António  de),  gov.or  das  armas 
do  Minho,  23g. 

Sousa  (Manuel  de),  f.  de  João  de  Sousa, 
23o. 

Sousa  (Manuel  de),  7.°  sr.  de  Miranda,  287, 
289. 

Sonsa  (D.  Maria  de),  baronesa  de  Alvito, 
281. 

Sousa  (D.  Maria  de),  condessa  de  Marialva, 
284. 

Sousa  (D.  Maria  de),  m.  de  António  Pinto  da 
Fonseca,  235. 

Sousa  (D.  Maria  Mendes  de),  m.  de  D.  Lou- 
renço Soares  de  Valadares,  206. 

Sousa  (D.  Maria  da  Piedade  Francisca  An- 
tónia de),  5.*  marquesa  das  Minas,  219. 

Sousa  (D.  Mariana  de),  2."  marquesa  de" Ar- 
ronches, 290,  291. 

Sousa  (Martim  Afonso  de),  207,  267.  —  V. 
Chichorro  (Martim  Afonso). 

Sousa  (Martim  Afonso  de),  bastardo  de 
Martim  Afonso  de  Sousa,  2.°  sr.  de  Mor- 
tágua, 209,  227,  229,  241. 

Sousa  (Martim  Afonso  de),  gov.or  da  índia, 
218,  225,  226,  390;  ar.,  225. 

Sousa  (Martim  Afonso  de),  2."  sr.  de  Mor- 
tágua, 208,  20q,  227,  229, 23o,  233,  236, 240, 
241,  356,  424,525. 

Sousa  (Martim  Anes  de),  rico  homem,  26o. 
, Sousa  (D.  Mecia  de),  condessa  de  Odemira, 
209. 

Sousa  (D.  Mem  Garcia  de),  rico  homem, 
gov.or  (tenens)  de  Trás  os  Montes,  2o5, 
206,  241,  262. 

Sousa  (Nicolau  de),  irmão  do  2.°  Conde  de 
Castelo  Melhor,  377. 

Sousa  (D.  Pedro  de),  i.°  conde  do  Prado, 
21 3,  21 5,  216,  217,  218. 

Sousa  (D.  Pedro  ue),  irmão  b.  do  i.°  Mar- 
quês das  Minas,  224. 

Sousa  (D.  Pedro  de),  dom  prior  de  Guimarães, 
222. 

Sousa  (Pedro  Afonso  de),  f.  de  Afonso  Denis, 
276. 

Sousa  (Pêro  de),  alcaide  de  Seabra,  sr.  do 
Prado,  226,  375,  418,  419. 


Sousa  (Pêro  de),  bastardo  do  cónego  João 

de  Sousa,  23 1. 
Sousa  (Pêro  de),  bastardo  de.Martim  Afonso 

de  Sousa,  2.°  sr.  de  Mortágua,  241. 
Sousa  (Pêro  de),  f.  de  Rui  de  Sousa,  21 5, 

216.  —  V.  Sousa  (D,  Pedro  de),  conde  do 

Prado. 
Sousa  (Pêro  de),  com.or  das  Idanhas,  23o, 23 1. 
Sousa  (Rodrigo  Afonso  de),  rico  homen:> 

277. 
Sousa  ?  (Rodrigo  Mendes  de),  epitáfio,  204, 

522. 

Sousa  (Rui  de),  sr.  de  Sagres  e  Beringel, 
21 3,  214,  21 5,  216,  36o,  426,  43 1,  435,  532; 
epitáfio,  434. 

Sousa  (Tomás  de),  369. 

Sousa  (Vasco  de),  irmão  do  gov.or  Diogo 
Lopes  de  Sousa,  289. 

Sousa  (Vasco  Martins  de),  chanceler  mor, 
208. 

Sousa  (Vasco  Mendes  de),  157. — Talvez  seja 
o  seguinte. 

Sousa  (D.  Vasco  Mendes  de),  f.  do  conde 
D.  Mendo,  epitáfio,  2o5. 

Sousa  (D.  Violante  de),  m.  de  Afonso  de  Mi- 
randa, 296. 

Sousa  (D.  Violante  de),  m.  de  Rui  Vasques 
Ribeiro.  283,  367,  368;  ar.,  367. 

Sousa  Botelho  (D.  Maria  Amália  de),  viscon- 
dessa de  Pindela,  4. 

Sousa  Botelho  Mourão  e  Vasconcelos  (D.  José 
Maria  de),  morgado  de  Mateus,  239. 

Sousa  Chichorro  (Martim  Afonso  de),  235, 
236,  525. 

Sousa  Chichorro  (Vasco  Martins  de),  capitão 
dos  ginetes,  388,  389. 

Sousa  Cide  (Rui  de),  418. 

Sousa  da  Costa  (Luís  de),  suposto  f.  b.  de 
D.  João  de  Sousa,  224. 

Sousa  Coutinho  (D.  Ana  de),  condessa  de 
Murça,  468. 

Sousa  Coutinho  (Cristóvão  de),  23o. 

Sousa  Coutinho  (D.  Domingos  de),  i.»  conde 
e  i."  marquês  do  Funchal,  2i3,  524. 

Sousa  Coutinho  (Fernando  Luís  de),  3."  mar- 
quês de  Borba,  210,  524. 

Sousa  Coutinho  (Fernando Maria  de),  2.°  mar- 
quês de  Borba,  210. 

Sousa  Coutinho  (Fernão  de),  ii.»  conde  do 
Redondo,  209,  210,  21 1,  212. 

Sousa  Coutinho  (D.  Francisco  Inocêncio  de), 
embaixador  em  Madrid,  21 1,  2i3. 

Sousa  Coutinho  (José  Luís  de),  i6.°  conde 
do  Redondo,  524. 

Sousa  Coutinho  (D.  Luís  de),  marquês  de 
Santa  Iria,  209,  212:  ar.,  212. 

Sousa  Coutinho  (D.  Pedro  de),  conde  do 
Sabugal,  212. 

Sousa  Coutinho  (D.  Rodrigo  de),  i.°  conde 
de  Linhares,  21 3. 


6l2 


Brasões 


Sousa  Coutinho  (Rodrigo  de), f.  do  ii.° Conde 
do  RedondOj  211,  212,  2i3. 

Sousa  Coutinho  (D.  Vicente  de),  4°  conde 
de  Alva,  212. 

Sousa  Coutinho  (D.  Vicente  de),  embaixador 
em  Paris,  211,  212. 

Sousa  Coutinho  Castelo  Branco  e  Meneses 
(Tomé  José  de),  i."  marquês  de  Borba, 
210. 

Sousa  Freire  (Alexandre  de),  f.  de  Luís 
Freire  de  Andrade,  298. 

Sousa  da  Guerra  (D.  Maria  de),  condessa  do 
Vimieiro,  184. 

Sousa  Holstein  (D.  Eugenia  de),  marquesa 
das  Minas,  222. 

Sousa  Holstein  (Marquês  de),  282. 

Sousa  Holstein  (D.  Pedro  de),  duque  de  Pal- 
mela, 282. 

Sousa  Lanoastre  e  Noronha  (D.  Francisco 
Benedito  de),  6."  marquês  das  Minas,  220. 

Sousa  Lanoastre  e  Noronha  (D.  João  Fran- 
cisco Benedito  de),  7."  marquês  das  Minas, 
220,  455,  524. 

Sousa  de  Macedo  (António  de),  secretário  de 
Estado,  236. 

Sousa  de  Macedo  (Luís  de),  i."  visconde  de 
Mesquitela,  236. 

Sousa  de  Macedo  (Luís  Gonçalo  de),  1." 
barão  da  Ilha  Grande  de  Joanes,  236. 

Sousa  de  Macedo  (D.  Maria  José  de),  viscon- 
dessa de  Mesquitela,  236,  237. 

Sousa  Machado  (José  de)^  Brasões  meditos, 
244. 

Sousa  Maneias  (Francisco  de),  capitão  de  nau 
da  armada  da  índia,  poeta,  23i,  232,  233. 

Sousa  Manuel  de  Meneses  Severim  de  Noro- 
nha (António  José  de),  duque  da  Terceira, 
234. 

Sousa  de  Meneses  (Francisco  de),  i.»  copeiro 
mor,  233. 

Sousa  de  Meneses  (Luís  de),  4.°  copeiro  mor, 
233. 

Sousa  de  Meneses  (Martim  de),  3.°  conde  de 
Vila  Flor,  234. 

Sousa  Aloreira  (Manuel  de),  Theatfo  histó- 
rico, genealógico  y  panegírico  erigido  a 
la  húmortalidad  de  la...  Casa  de  Sousa, 
278,  281. 

Sousa  Ribeiro  (Lopo  de),  373. 

Sousa  Ribeiro  (Pêro  de),  i.°  alcaide  mor  de 
Pombal,  283,  286,  369,  370,  372,  373,  374, 
375;  epitáfio,  373. 

Sousa  da  Silva  (Manuel  de),  genealogista, 
245. 

Sousa  Tavares  da  Silva  (Henrique  de),  i.° 
marquês  de  Arronches,  290,  298. 

Sousa  e  Vasconcelos  (Francisco  de),  5.»  al- 
caide mor  de  Pombal,  372,  375.  —  V.  Vas- 
concelos (Francisco  de). 

Sousa  e  Vasconcelos  (João  Rodrigues  de), 


6.»  alcaide  mor  de  Pombal,  375,  376, — V. 
Vasconcelos  e  Sousa  (João  Rodrigues  de). 

Sousa  de  Vasconcelos  (Luís  de),  4.°  alcaide 
mor  de  Pombal,  375. 

Sousa  Viterbo,  Diccionario  dos  Architectos, 
26,  27,  29,  504.  —  Manuel  de  Sousa  Cou- 
tinho (Fr.  Luís  de  Sousa)  e  a  familia  de 
sua  mulher  D.  Magdalena  Tavares  de  Vi- 
lhena, 532.  —  Noticias  de  alguns  pintores, 
24,  25.  —  Occorrencias  da  vida  judaica, 
169. 

Sousão  (Conde  D.  Mendo,  o),  204,  2o5. 

Southey,  viajante,  507. 

Souto,  mosteiro,  i53. — V.  San  Salvador  do 
Souto. 

Souto  da  Casa,  aldeia,  4(3. 

Souto  da  Ribeira  de  Homem,  doação,  i58, 
25 1,  408. 

Soutomaior,  ar.,  3i,  37. 

Soutomaior  (Caterina  Fernandes  de),  m.  de 
Pedro  Carneiro,  181. 

Soutomaior  (João  Fernandes  de),  181. 

Soverosa,  senhorio,  160. 

Soverosa  (D.  Martim  Gil  de),  o  Bom,  106. 

Soza:  comenda  da  Ordem  de  Santiago,  200, 
295  a  298,  526.  —  Com.or,  295.  —  Igreja: 
de  San  Miguel,  294,  295 ;  de  Santa  Maria 
de  Rocamador,  292,  294.  —  Padroado,  295, 
296,297.  —  Priorado,  297.  —  Priores^  293, 
294,  295,  296.  —  Privilégios,  294,  296,  297. 
—  Sede  da  Ordem  de  Rocamador,  291, 
292,  293,  294. 

Spatários,  v.  Ordem  de  Santiago. 

Spínola,  ar.,  20. 

Spínola  (Cardial),  377. 

Stendhal,  Promenades  dans  Rome,  524. 

Stephanus  (Robertus),  Thesaurum  linguae 
latinae,  410. 

Stuart  (Carlos),  ministro  inglês  em  Lisboa, 
400. 

Stuart  de  Rothesay  (Lord),  400. 

Subsignifer,  25 1. 

Sul,  terra,  sr.,  145. 

Sumilher  da  cortina,  222. 

Supremo  Conselho  de  Justiça  Militar,  411. 

Suzana  Antunes,  m.  de  Gaspar  Gonçalves, 
5oi. 

Taborda  (Garcia  Rodrigues),  alcaide  de 
Leiria,  535. 

Tábua,  julgado:  couto,  160;  doação,  i56; 
igrejas,  157;  padroado,  154,  157,  245. 

Tábua,  morgado,  i58,  159,  160,  i63,  167. 

Tábua  (Srs.  da),  i52  a  i55,  157,  159,  lõo, 
i63  a  i65,  167,  189,  245,  279,  4[6. —  Suas 
ar.,  168. 

Tagarro :  alcaidaria,  225;  srs.,  184,  209. 

Taipa  (Conde  da),  i.**,  D.  Gastão  da  Câmara 
Coutinho  Pereira  de  Sande,  309. 

Taipa  (Conde  da),  2.",  D.  Manuel  Jerónimo 
da  Câmara  Coutinho  Pereira  de  Sande,  309. 


índice  de  matérias 


6rí 


Taipa  (Condes  da),  496. 

Taipa  (Morgados  da),  3o5,  3i5. 

Tâmega,  rio,  77. 

Tancos  (Marques  de),  3.»,  D.  António  Luís 
de  ÍVleneses.  114. 

Tancos  (Marquês  de),  4.»,  1 14. 

Tancos  (Marquês  de),  5.",  D,  Duarte  Manuel 
de  Noronha,  114. 

Tancos  (Marquês  de),  6.",  114. 

Tancos  (Marquesa  de),  3.",  D,  Domingas 
Manuel  de  Noronha,  114. 

Tancos  (Srs,  de),  116. 

Tangedor  da  rainha  D.  Leonor,  33 1. 

Tânger,  cidade,  170,  178,  452.  —  Capitania, 
428. — Capitão,  1Q2,  372,  37Ó,  429,432,  433, 
436,  443,  481. — Cerco,  140. — Entrega,  492. 
— Escalamento,  228,  359.— Expedição,  146, 
170.  —  Gov.or  e  capitão  general,' 116. — 
Ocupação,  229,  3 18,  428,  432, —  Palanque, 
425.  —  Serviço  lá,  145,  146,  178. 

Tânger,  geração,  ar.,  20. 

Tângil,  sr.,  108,  206. 

Tarpa,  bispo,  176. 

Tarifa,  118. 

Tarouca:  mosteiro  de  S.  João,  270,  291 ;  se- 
nhorio, 162. 

Tarouca  (Casa  de),  fo8,  117,  i3o. 

Tarouca  (Conde  de),  i.»,  D.  João  de  Mene- 
ses, 40,  1 3o. 

Tarouca  (Conde  de),  10.»,  Sebastião  Pereira 
da  Silva  de  Sousa  e  Meneses,  322. 

Tarouca  (Condes  de).  4.°%  455. 

Tarouca  (Condes  de),  120,  123. 

Tarouca  (Condessa  de),  10.',  322. 

Tarouquela,  abadessa  do  mosteiro,  307. 

Tavara  (Marquês  de),  i.°,  225. 

Tavara  (Marqueses  de),  ar.,  225. 

Tavares,  ar.,  18,  36,  428. 

Tavares  (Francisco  de),  3.°  sr.  de  Mira,  532. 
—  Epitáfio,  428. 

Tavares  (Gonçalo  Esteves  de),  344. 

Tavares  (Pêro),  4.°  sr.  de  Mira,  532. 

Tavares  (Simão),  2.°  sr.  de  Mira,  532. 

Tavares  (XisioJ,  Livro  das  Principaes  Li- 
nhagens  de  Portugal,  108,  194,  240,  241, 
3i  1. 

Taveira,  ar.,  471. 

Taveira  (D.  Maria  Gomes),  m.  i.»  de  Lopo 
Fernandes  Pacheco,  279. 

Tavira:  alcaides  mores,.  179,  186,  52o;  con- 
quista, 406;  foral  dos  Moiros  forros,  a6o, 
reguengo  da  Asseca,  265. 

Távola  Redonda  (Cavaleiros  da),  162. 

Távora,  ar,  3o,  35,  223. 

Távora  (Álvaro  Pires  de),  poeta  do  Cancio- 
neiro^ 233. 

Távora  (D.  Ana  de),  condessa  da  Casta- 
nheira, 389,  420. 

Távora  (Bernardim  de),  reposteiro  mor, 
532. 


Távora  (D.  Inês  Francisca  de),  m.   t.*  de 

Francisco  de  Melo,  457. 
Távora  (D.  Joana  de),  m.  de  Francisco  de 

Tavares,  428,  532. 
Távora  (D.  Leonor  Tomásia  de),  m.  de  Tris- 
tão António  da  Cunha  e  Meneses,  179. 
Távora  (Lourenço  Pires  de),  324. 
Távora  (D.  Madalena  de),  m.  de  D.  João  de 

Castelo  Branco,  523. 
Távora  (Marquês  de),  i.°,  175,  179. 
Távora  (Marquês  de),  3."»,'  222. 
Távora  (Miguel  Carlos  de),  2.°  conde   de 

S.  Vicente,  175. 
Távora  (Nuno  Gaspar  de),  222. — V.  Lorena 

(Nuno  Gaspar  de). 
Távora   (Pedro  Lourenço   de),  cónego   de 

Lisboa,  35 1. 
Távora  (D.  Violante  de),  m.  2.»  de  D.  Álvaro 

de  Ataíde,  226,  418;  epitáfio,  419. 
Teixeira,  ar.,  37,  283, 
Teixeira   (D.   Ana  Luísa  Joaquina),  m.  de 

D.  Francisco  Inocêncio  de  Sousa  Couti- 
nho, 21 3. 
Teixeira   (Caterina),  m.  do    dr.   Fernando 

Afonso  da  Silveira,  241. 
Teixeira  (Dr.  João),  chanceler  mor,  326. 
Teixeira  (Luís),  f.  do  precedente,  320. 
Teixeira  (Martim  Fernandes),  479. 
Teixeira  de  Andrade  (Domingos),  sargento 

mor  de  batalha,  2i3. 
Teixoso,  94. 

Tejo,  rio,  47,  81,  141,  142,  143,  168,  291,480. 
Tel  Peres  (D.),  sr.  de  Meneses,  104,  iõ5,  i38. 
Telena,  conquista,  390. 
Teles  (Fernão),  sr.  de  Unhão,  137,  i38. — V. 

Teles  de  Meneses  (Fernão). 
Teles  (D.  Gonçalo),  i."  conde  de  Neiva,  8S, 

95,  110,  111,  1 12,  1 13,  i36,  i^b,  340,  5i8. 
Teles  (D.  Leonor),  m.  de  João  Lourenço  da 

Cunha,  88,  110,  i8q,  196. —  Rainha,  m.  de 

D.  Fernando,  46,  63,  66,  69,  76,  88,  89,  90, 

91,  92,  95,  109,  no,  III,  i33,  189,  190,  196, 

279,  340,  343,  345,  346,  352,  363,  367,  385, 

477)  529. 
Teles    (D.    Mana),   m.   de   Álvaro  Dias  de 

Sousa,  88,  iio,  277,  279,  340,  367.  —  M.  do 

infante  D.  João,  90,  91,  92,  93,  94,  96,  97, 

no;  seu  assassínio,  87  a  95,  1 11. 
Teles  (D.  Maria),  m.  i.«  de  Gonçalo  Mendes 

de  Vasconcelos,  344. 
Teles  de  Lima  (D.  Maria  Margarida),  m.  de 

D.  António  José  de  Melo,  458. 
Teles  de  Meneses,  linhagem,  i36  a  i38;  ar., 

i38. 
Teles  de  Meneses  (Afonso),  alcaide  mor  de 

Campo  Maior  e  Ouguela,  2^2. 
Teles  de  Meneses  (Fernão),  3.°  sr.de  Unhão, 

137,  i38,  421,  427,  53 1. 
Teles  de  Meneses  (D.  Gonçalo),   110. — V. 

Teles  (D.  Gonçalo). 


6 14 


Brasões 


Teles  de  Meneses  (D.  João  Afonso),  conde 
de  Ourem,  128. 

Teles  de  Meneses  (Rui),  535. 

Teles  de  Meneses  (Rui),  alcaide  mor  da  Co- 
vilhã, 490. 

Teles  de  Meneses  (Rui),  4."  sr.  de  Unhão, 
i38. 

Teles  da  Silva,  linhagem,  i36  a  i38  ;  ar., 
i38. 

Teles  da  Silva  (António),  2.°  sr,  de  Ficalho, 
456,  457. 

Teles  da  Silva  (Fernão),  monteiro  mor,  455. 

Telo  (D),  f.  talvez  dos  i."'  Condes  de  Ourem, 
1 20. 

Telo  (D.  Afonso  Martins),  rico  homem,  al- 
caide de  Marvão,  108,  117,  344. 

Telo  (D.  João  Afonso),  almirante,  6."  conde 
de  Barcelos,  75,  88,  91,  92,  93, 94,  109,  1 10, 
I  n,  1 18,  121,  285,  340. 

Telo  (D.  João  Afonso),  i.°  conde  de  Ourem 
e  4.°  de  Barcelos,  65,  88,  108,  1 10,  iii, 
iiy,  118,  119,  120,  121.  —  Ar.,  119.  124; 
epitáfio,  1 19  — V.  Telo  de  Meneses  (D.  João 
Afonso). 

Telo  (D.  João  Afonso),  i."  conde  de  Viana 
do  Alentejo,  119,  120,  121,  122,  i25,  i3i, 
i32,  i33.  —  Ar.,  121,  12?,  124.— V.  Telo  de 
Meneses  (D.  João  Afonso). 

Telo  (D.  Martim  Afonso),  rico  homem,  gov.or 
de  Chaves,  207,  259. 

Telo  (D.  Martim  Afonso),  rico  homem,  mor- 
domo mor  da  Rainha  de  Castela,  88,  108, 
340. 

Telo  Afonso  (D.),  f.  de  D.  Afonso  Teles, 
io5. 

Telo  de  Meneses  ^D.  Afonso),  5."  conde  de 
Barcelos,  119,  120,  121. 

Telo  de  Meneses  (D.  João  Afonso),  i .°  conde 
de  Ourem,  i25,  128;  epitáfio,  119. — V. 
Telo  (D.  João  Afonso). 

Telo  de  Meneses  (D.João  Afonso),  i.°  conde 
de  Viana,  119,  128. — V.  Telo  (D.  João 
Afonso). 

Telo  Sánchez,  lavrador,  104,  io5. 

Tendais,  doação,  i23. 

Tenreiro  (Gonçalo),  capitão  mor  da  frota, 
346.' 

Tenreiro  (João),  338,  339,  38 1. — V.  Vascon- 
celos (João  Peres  de). 

Tentúgal,  94,  iJ6.  —  Data  de  carta,  81,  117, 
34.3.  —  Doação,  439.  —  Prior,  352. — Senho- 
rio, 439. 

Tentúgal  (Conde  de),  i.**,  D.  Rodrigo  de 
Melo,  40,  435,  441. 

Tentúgal  (Conde  de),  2.»,  D.  Francisco  de 
Melo,  435. 

Tentúgal  (Conde  de),  3.°,  D.  Nuno  Alvares 
Pereira,  435,  436. 

Tentúgal  (Conde  de),  5.»,  D.  Nuno  Caetano 
Alvares  Pereira  de  Melo,  441. 


Tentúgal  (Condessa  de), D.  Eugenia,  435, 436, 
Tentúgal  (Condessa  de),  D.  Mariana  de  Cas- 
tro, 435,  436. 
Teodósio  (D.),  7.°  duque  de  Bragança  e  3.«> 

de  Barcelos,  498. 
Terceira  (Duque  da),  António  José  de  Sousa 

Manuel  de  Meneses  Severim  de  Noronha, 

234;  ar.,  235. 
Terceira  (Duquesa  da),  D.  Maria  Ana  Filo- 
mena de  Mendoça,  234,  5 18. 
Terena:  alcaides  mores,  175;  senhorio,  i32. 
Terena  (Condes  de).  2.'",  J2i. 
Terena  (Marquesa  cie),  181. 
Teresa  (D.),  condessa,  m.  do  Conde  Avulfo, 

201,  202. 
Teresa  (D.),  ni.  de  Vasco  Martins  da  Cunha, 

161.— V.  Albuquerque  (D.  Teresa  de). 
Teresa  (D.),  rainha,  m.  do  Conde  D.  Henri- 
que, 04,  i56,  304. 
Teresa  Afonso  (D.),  m.  de  Egas  Moniz,  3o6, 

528. 
Teresa  Afonso  (D.),  m.  de  Martim  Moniz,  336. 
Teresa  Anes,  concubina  do  Conde  D.  Pedro, 

266,  268,  269,  270. 
Teresa  Eanes,  m.  de  João  Fernandes  Franco, 

339,  38i,  528. 
Teresa  Eanes  (D.),  m.  de  D.  Mem  Garcia  de 

Sousa,  206. — V.  Limia  (D.  Teresa  Eanes 

de). 
Teresa  Fernandes,  m.  de  Fernão  Godins,  399. 
Teresa  Martins  (D.),  m.  de  D.  Rodrigo  Anes, 

106. 
Teresa  Martins  (D.),  5.»  sr.»  de  Alburquerque, 

107,  108. 
Teresa  Mendes,  recolhida  em  Lorvão,  206, 

262. 
Teresa  Pires  (D.),  m,  de  Vasco  Lourenço  da 

Cunha,  159. 
Teresa  Sanches  (D.),  condessa  de  Barcelos, 

107,  1 18. 
Teresa  Sanches  (D.),  m.  de  D.  Afonso  Teles, 

106,  3i5. 
Teresa  Soares  (D.),  m.  de  Pedro  Martins  da 

Torre,  338. 
Terrugem,  quinta,  481. 
Tesoureiro  mor:  dos  almoxarifados  do  reino, 

3po;  do  Erário  Régio,  460,  dei  Rei,  520. 
Ticiano,  pintor,  52 1. 
Tojal,  igreja  de  Santo  António,  363. 
Tojosa,  doação  do  reguengo,  412. 
Toledo,  214,  407,  41 1,  434,  440.-  Arcebispo, 

i66. —  Herdado   lá,   269. — Mosteiro   de 

Santo  Agostinho,  269.  —  Naturais  de  lá, 

268,  269. 
Toledo  (D.  Ana  de),  f.  dos  3.»'  Condes  de 

Tentúgal,  436. 
Toledo  (D.  Leonor  de),  m.  de  Rui  Dias  de 

Rojas,  75,  76. 
Toledo  e  Moscoso  (D.  Maria  de),  marquesa 

de  Ferreira,  435. 


índice  de  matérias 


6i5 


Tolentino  (Nicolau),  poeta,  207. 

Tomar,  92,  94,  288,  33 1.  —  Alcaides  mores, 
209,  2i5.— Com.ores^  209. — Convento,  419. 
— Data  de  carta,  289. — Igreja  do  convento 
de  Cristo,  280. 

Tombo  da  comenda  da  Idanha  a  Nova,  de  ^ 
he  comendador  e  Alcaide  mor  dõ  Pedro 
dalcaçoiía  carneiro,  184. 

Torgau  (Gov.or  de),  462. 

Toro,  batalha,  228,  229,  829,  36o,  496;  alfe- 
res nela,  328. 

Toro,  cidade,  io8.  —  Data  de  cartas,  26, 145, 
2i5,  329,  369,  439. 

Torrão  (Alcaides  mores  do),  146. 

Torre,  couto,  i6i. 

Torre  (Conde  da),  i.°  D.  Fernando  Masca- 
renhas, 377. 

Torre  (Conde  da),  2.°,  492. 

Torre  (Condes  da),  1.°',  219. 

Torre  (Pedro  Martins  da),  336,  337,  338. 

Torre  de  Dona  Chama,  doação,  460,  470. 

Torre  de  Moncorvo :  alcaide  mor,  487 ;  al- 
moxarifado, II!. 

Torre  do  Tombo,  10,  11,  14,  i5,  16,  20,  i83, 
241,  321,  400,  402. —  Certidões,  323.  —  Co- 
lecções: Cartas  missivas.  Corpo  cronoló- 
gico, Gavetas,  i83.  —  Conservador,  25, 
241-242.  —  Escrivão,  484.  —  Director,  1 1, 
23. — Documento  falso,  326,  327. —  Guarda 
dàs  escrituras,  i25,  327.  —  Livro  do  Con- 
vento de  S.  Domingos  de  Santarém,. 329. 
—  Oficial,  25.  —  Primeiro  conservador,  25. 

Torres,  geração  :  ar.,  1 5,  486, 494 ;  morgado, 
494,  495  ;  ramo  segundo,  487,  488.    . 

Torres,  terra,  189. 

Torres  ^Afonso  de),  genealogista,  490. 

Torres  (Afonso  de),  m.or  em  Vila  Franca  de 
Xira,  483. 

Torres  (Afonso  de),  o  Moço,  mercador,  488, 
^489,  490 ;  ar.,  489. 

Torres  (Afonso  de),  o  Velho,  mercador,  482, 
483,  484,  483,  486,  487,  488,  489;  ar.,  486; 
epitáfio,  486. 

Torres  (Ana  de),  m.  de  Cristóvão  de  Maga- 
lhães, 486. 

Torres  (D.  Antónia  de),  m.  de  D.  Rodrigo  de 
Meneses,  489-. 

Torres  (Diogo  de),  corregedor  das  folhas  dos 
presos  da  prisão  de  Lisboa,  483. 

Torres  (Diogo  de),  mercador,  482,  483,  488, 
489;  ar.,  i5. 

Torres  (Elvira  de),  m.  de  António  de  Man- 
celos,  489. 

Torres  (Fernando  de),  482. 

Torres  (Francisco  Anes  de),  vedor  da  casa 
da  rainha  D.  Isabel,  214. 

Torres  (Gaspar  de),  f.  de  Afonso  de  Torres, 
487. 

Torres  (D.  Inês  de),  m.  de  Francisco  de  Me- 
dina Salazar,  489. 


Torres  (João  Rodrigues  de),  f.  de  Afonso  de 
Torres,  o  Moço,  490. 

Torres  (Martim  de),  482. 

Tones  (Pêro  de),  pedreiro,  28. 

Torres  de  Alarcão  (D.  Elvira  de),  m.  de  Je- 
rónimo Moniz,  487. 

Torres  Novas,  82,  94,  363.  —  Doação,  439. — 
Srs.,  117. 

Torres  Vedras,  164,  241.  —  Alcaide,  522. — 
Alcaide  mor,  309. —  Bens  lá,  266. —  Cerco, 
III. —  Data  de  carta,  i3i,  343,  346. —  Her- 
damento  no  termo,  274.— Hospital  de  Ro- 
camador,  293.  — Termo,  281. 

Torta  (D.  Soeiro  Pires),  338. 

Trancoso,  94.  —  Alcaide  mor,  52,  53,  54, 
475.  —  Batalha,  5,  5i  a  54,  77,  161,  169, 
284. 

Trancoso  (Viscondessa  de),  1 14. 

Trás  os  Montes,  66,  76,  77,  207,  349. — Fron- 
teiro mor,  3«9.— Gov.or  (tenens),  206,  25o, 
260,  262,  273.— Gov.cr  das  armas,  177,  519. 
—  Povoação,  401. 

Trasconho,  lide,  3o2,  3o3. 

Trastâmara,  condado,  304. 

Trastâmara  (Conde  de),  D.  Fernando  de 
Castro,  67,  144,  145. 

Trastâmara  (Conde  de),  D  Henrique  de  Cas- 
tela, 63. 

Trava  (Conde  de),  304,  3o5. 

Travassos,  262.  —  Com.ores^  45o. 

Trastamiro  Aboazar  (D.),  i55. 

Irigoso  de  Aragão  Morato  (Francisco  Ma- 
nuel), Memoria  sobre  os  Secretários  dos 
Reis  e  Regentes,  174. —  Observações  sobre 
a  palavra  Privado,  159. 

Trinchante  da  casa  rial,  1 54,  176,  232, 
473. 

Tríplice  Aliança,  guerra,  212. 

Trofa  (Sr.  da),  'òjd,  457. 

Trovador,  247,  25 1,  339. 

Tua,  rio,  204. 

Tubarão,' porto,  48  ^ 

Tui,  63. —  Cerco,  284. 

Tuias,  mosteiro:  fundadora,  3o5,  3ou;  pa- 
droeiro, 3o6,  307. 

Tunes,  expedição,  5o7,  5 10. 

Turcos,  armada  contra  eles,  173. 

Turim,  ministro  lá,  211,  2i3,  520. 

Ulmarinho  (Sr.  de),  356. 

Unhão,  262. 

Unhão  (Condes  de),  i38. 

Unhão  (Srs.  de),  ijj,  i38,  421. 

Urbano  VI,  papa,  347. 

Urbano  VIII,  papa,  443. 

Urena  (Condes  de),  162. 

Urraca  (D.),  f.  de  Afonso  Teles  de  Meneses, 

232. 

Urraca   (D.),   rainha   de  Portugal,   m.   de 

Afonso  II,  292. 
Urraca  Afonso  (D.),  f.  b.  de  D.  Afonso  III, 


6i6 


Brasões 


m.  de  D.  Pedro  Eanes  Gago,  25o,  272, 
273. 

Urraca  Fernandes,  m.  de  Diogo  Soares,  162. 

Urraca  Fernandes  (D.),  sr.»  da  Azambuja, 
170. 

Urraca  Gil  (D.),  f.  de  Gil  Pires  Feio,  247. 

Urraca  Vasques  (D.),  m.  i.»  do  conde  D.  Gon- 
çalo de  Pereira,  3o8. 

Urraca  Viegas  (D.),  m.  2."  de  D.  Gonçalo 
Rodrigues  da  Palmeira  e  depois  do  conde 
D.  Vasco  Sanches,  3o5,  3o6,  307. 

Urro  (Aires  Rodrigues  de),  339. 

Ursino  (Cardial  de),  535. 

Utreque  (Emb.or  ao  Congresso  de),  154. 

Vacas  (Os),  458. 

Vai  de  Boiro,  senhorio,  169. 

Vai  de  Cerrato  (Marqueses  de),  166. 

Vai  de  Elores,  quinta,  40,  393. 

Vai  de  Madeiros,  mosteiro,  sua  abadessa,  98. 

Vai  de  Palma,  quinta,  424. 

Vai  de  Reis  (Conde  de),  7.**,  Agostinho  Do- 
mingos José  de  Mendoça,  517. 

Valada  :  data  de  carta,  343  ;  lezíria,  486  ;  re- 
gueugo,  477,  478,  479. 

Vbludii  (Casa  de),  177 

Valada  (Marquês  de),  2.°,  147,  358. 

Valada  (Marqueses  de),  120,  i85;  ar.,  120; 
varonia,  i38 

Valadares  (D.  Berenguela  Lourenço  de),  m. 
de  D.  y\fonso  Martins  Telo,  344. 

Valadares  (Conde  de),  9.",  D.  José  António 
de  Noronha  Abranches  Castelo  Branco, 

177- 
Valadares  (Condes  de),  48,  i38;  ar.,  124. 
Valadares  (Gaspar  de),  moço  da  câmara, 

5o2,  5o3. 
Valadares  (D.  Lourenço   Soares   de),  rico 

homem,  sr.  de  Tangil,  108,  206. 
Valbom,  vinhas,  397. 
Valdês,  ar.,  20. 
Valdigem  (Srs.  de),  162,  177, 
Valença,  188,257. —  Castelo,  iii. —  Escrivão 

da  dízima  do  ferro  e  aço,  317.  —  Foral,  409. 
Valença   (Conde   de),  i'.",  D.   Henrique   de 

Meneses,  120,  i3i  ;  ar.,  40,  124. 
Valença  (Condes  de),  120,  124. 
Valença  de  Alcântara,  expugnação,  514. 
Valência  (Condes  de),  162. 
ValeiiCia  (Condessa  de),  D.  Maria  de  Portu- 

gíili  96,  97. 
Valência  de  Campos,  senhorio,  95. 
Valência  de  Campos  (Conde  de),  i.".  Martim 

Vasques  da  Cunha,  96,  162,  i65;  ar.,  167. 
Valência  de  Campos  (Condes  de),  96. 
Valência   de  Campos   (Duque  de),  infante 

D*.  João,  96,  162. 
Valência  de  D  Juan,  96. 
Valente,  ar.,  22,  37. 
Valhadolid,  486;  cortes,  i52;  data  de  carta, 

470;  sr.,  io5. 


Valhelhas,  doação,  372,  876. 

Valongo,  3o3,  3o8.  —  Sr^  55. 

Valtablado  (Sr.*  de),  160. 

Vaqueiros  (Com.ores  de),  55. 

Varazim,  porto,  i55. 

Varela,  ar.,  20. 

Varizela,  quinta,  nC. 

Várzea  (Marina  da),  243,  247, 

Várzea  (Visconde  da),  379. 

Várzea  (Viscondessa  da),  379. 

Varzela,  doação,  343. 

Vasco  (Fr.),  prior  de  Soza,  294. 

Vasco  Afonso,  Vasco  Moiro,  alcaide  de  Coim- 
bra, 248. 

Vasco  Esteves,  ouvidor  geral  do  Arcebispo 
de  Lisboa,  48. 

Vasco  Fernandes  (Dr.),  conde  palatino,  chan- 
celer da  Casa  do  Cível,  32b. 

Vasco  Martins,  f.  de  Martim  Afonso  Chi- 
chorro,  207.  —  V.  Sousa  (Vasco  Martins 
de). 

Vasco  Pires,  instituidor  do  morgado  de  An- 
tanhol,  189. 

Vasco  Sanches  (D.),  conde,  3o5,  3o6,  307. 

Vasconcelos:  honra,  337,  338,  339,  ^96;  lu- 
gar, 337,  338;  quinta,  341  ;  torre,  341 ;  srs. 
dela,  336,  337,  j38,  340,  341. 

VASCONCELOS,  linhagem,  333,  336.— Ar., 
34,  184,  187,  335,  336,  342,  36i,  362,  367, 
368,  379,  38o,  388,  395,  396,- 471,  5áo. — 
Famílias  diversas,  336.  —  Uso  do  apelido, 
283.  — Varonia,  19 ',  379,  38 1. — Vasconce- 
los: dos  Açores,  38i ;  de  Elvas,  347;  da 
Madeira,  38'i  •,  de  Penela,  336,  38i.— Vas- 
concelos do  Esporão,  336,  368,  370,  382  a 
392;  ar.,  36i,  368,  388;  capela  na  Sé  de 
Évora,  36 1,  368. 

Vasconcelos  (D.  Afonso  de),  i.<*  conde  de 
Penela,  127,  355,  356,  359,  ^^o»  3^'>  ^^3. 
—  Ar.,  36i,  368;  epitáfio,  36i. 

Vasconcelos  (1).  Aldonça  de),  m.  de  D.  Mar- 
tim Afonso  Telo,  109,  340. 

Vasconcelos  (Álvaro  Mendes  de),  sr.  do  mor- 
gado do  Esporão,  382,  383,  384,  385,  386, 
38u. — V.  Esporão  (Álvaro  Mendes  do). 

Vasconcelos  (Álvaro  Mendes  de),  4.°  sr.  do 
morgado  do  Esporão,  388,389. —  Epitáfio, 
389. 

Vasconcelos  (D.  Antónia  de),  m.  de  Tristão 
da  Cunha  de  Ataíde  e  Melo,  386. 

Vasconcelos  (António  de),  prior  de  Tentú- 
gal, 352. 

Vasconcelos  (D.  Beatriz  de),  m.  i."  de  D.  Fra- 
dique  de  Castro,  o  Tagarote,  147,  352,  354- 

Vasconcelos  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Gonçalo 
Pereira,  o  das  Armas,  348,  349,  35o. 

Vasconcelos  (D.  Caterina  de),  145,  352,  52 1. 

Vasconcelos  (Conde  de),  341. 

Vasconcelos  (D,  Constança  de),  m.  de  João 
Fogaça,  21 5. 


índice  de  matérias 


617 


Vasconcelos  (Diogo  Gil  de),  de  Montemor  o 

Novo,  382. 
Vasconcelos  (Diogo  Gonçalves  de),  f.  b.  do 

mestre  D.  Mem  Rodrigues,  348. 
Vasconcelos  (Diogo  Mendes  de),  f.  b.  do 

mestre  D.  Mem  Rodrigues,  347,  349. 
Vasconcelos  (Diogo  Mendes  de),  morgado 

das  Vidigueiras,  386. 
Vasconcelos  (Duarte  Lopes  de),  sua  carta  de 

brasão,  336. 
Vasconcelos  (Estêvão  Anes  de),  mestre,  SSg. 
Vasconcelos  (Estevão  Rodrigues  de),  sr.  da 

quinta  de  Vasconcelos,  340. 
Vasconcelos  (D.  Fernando  de),  127,  52 1. 
Vasconcelos  (D.  Francisca  de),  4.»  sr.»  do 

morgado  das  Vidigueiras,  38o;  ar,  53 1.  — 

V.  Mendoça  de  Vasconcelos  (D.  Francisca 

de). 
Vasconcelos  (Francisco  de),  5.»  alcaide  mcr 

de  Pombal,  283,  376.  —  V.  Sousa  e  Vas- 
concelos i Francisco  de). 
Vasconcelos  (Francisco  de),   i."  conde   de 

Figueiró,  370,  392;  epitáfio,  371, 
Vasconcelos  (Francisco  Luís  de),  gov.or  da 

ilha  Terceira,  390. 
Vasconcelos  (Gonçalo  Mendes  de),  529. 
Vasconcelos  (Gonçalo  Mendes  de),  alcaide 

mor  de  Coimbra,  340,  341,  342,  34.3,  344, 

345,  346,  349,  35o,  352,  354,  364,  365,  366, 

3Ó7,  529. 
Vasconcelos  (Gonçalo  Mendes  de),  f.  b.  do 

mestre  D.  Mem  Rodrigues,  348. 
Vasconcelos  (Gonçalo  Mendes  de),  sr.  de 

Alvarenga,  342. 
Vasconcelos  (P.e  Inácio  da  Piedade  e).  His- 
toria de  Santarém  edificada,  119,  129,  327. 
Vasconcelos  (D.  Inês  Mendes  de),  f.  b.  do 

mestre  D.  Mem  Rodrigues,  347. 
Vasconcelos  (D.  Joana  dej,  7.»  sy."  de  Figueiró, 

370. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  392. 
Vasconcelos   (Joane  Mendes  de),  f.  b.   do 

mestre  D.  Mem  Rodrigues,  348. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  gov.or  das 

armas  do  Alentejo,  390,  391. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  infanção, 

alcaide  mor  de  Estremoz,  109.  340,  529. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  m.or  em 

Elvas,  382,  383. 
Vasconcelos   (Joane  Mendes  de),  m.or  em 

Évora,  383,  385,  53o. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  sr.  de  Alva- 
renga, 342,  529. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  3.*'  sr.  do 

morgado  do  Esporão,  386,  387,  388,  389. 

—  Ar.,  363;  epitáfio,  388. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  5.»  sr.  do 

morgado  do  Esporão,  388,  389,-391;  epi- 
táfio, 389. 
Vasconcelos  (Joane  Mendes  de),  2."  sr.  do 

VOL.  I 


julgado  de  Soalhães,  e  4."  do  vínculo,  145, 

146,  147,  345,  348,  349,  35o,  352,  353,  354, 

355,  529. 
Vasconcelos   (Fr.  João  de),  provincial   da 

Ordem  dos  Pregadores,  392,  53 1. 
Vasconcelos  (João  Mendes  de),  irmão  de 

Álvaro  Mendes  de  Vasconcelos  do  Espo- 
rão, 382. 
Vasconcelos  (João  Peres  de),  João  Tenreiro, 

sr.  das  honras  de  Vasconcelos  e  Amares, 

336,  337,  338,  339,  38i. 
Vasconcelos  (João  Rodrigues  de),  2."  conde 

de  Castelo  Melhor,  283,377. — V.  Vascon- 
celos e  Sousa  (João  Rodrigues  de). 
Vasconcelos  (João  Rodrigues  de),  3.»  sr.  de 

Figueiró,  367,  369,  370,  372.  — V.  Ribeiro 

(João  Rodrigues). 
Vasconcelos  (João  Rodrigues  de),  5."  sr.  de 

Figueiró,  370. 
Vasconcelos  (Jocquim  de),  Arte  religiosa  em 

Portugal,  i65.  —  Arte  românica  em  Por- 
tugal, 271. 
Vasconcelos  (Leonor  Mendes  de),  f.  de  João 

Mendes  de  Vasconcelos,  382. 
Vasconcelos  (Leonor  Mendes  de),  f.  b.  do 

mestre  D.  Mem  Rodrigues,  347. 
Vasconcelos  (Leonor  Rodrigues  de),  m.  de 

Gonçalo  Esteves  de  Tavares,  344. 
Vasconcelos  (Lopo  Mendes  de),  f.  duvidoso 

do  mestre  D.  Mem  Rodrigues,  355. 
Vasconcelos  (Luís  Mendes  de),  38q,  390, 391. 
Vasconcelos  (Litis  Mendes  dej,  Arte  militar 

dividida  em  três  partes,  390.  —  Do  sitio  de 

Lisboa.   Dialogo,  'iSq,  390. 
Vasconcelos  (Manuel  de),  regedor  das  jus- 
tiças, 387,  388,  389,391,392. — Epitáfio,  3qi. 
Vasconcelos  (D.  Margarida  de),  m.  de  D.  João 

de  Sousa,  2i5. 
Vasconcelos  (D.Maria  de),  m.  2."  de  D.Afonso 

de  Cascais,  352,  353,  0S4,  355. 
Vasconcelos  (D.  Maria  de),  m.  de  Diogo  de 

Sousa,  370. 
Vasconcelos  (D.  Maria  Mendes  de),  m.  de 

Vasco  Martms  Zote,  397. 
Vasconcelos  (Mariim  Mendes  de),  340,  342. 
Vasconcelos  (Martim  iMendes  de),  progenitor 

dos  Vasconcelos  da  Madeira  e  dos  Açores, 

38i. 
Vasconcelos  (Martim  Vicente  de), instituidor 

da  capela  de  Fonteboa,  397;  epitáfio,  397. 
Vasconcelos   (Martim  Vicente  de),  juiz  em 

Évora,  397;  epitáfio,  397. 
Vasconcelos  (Mem  Martins  de),  sepultado 

em  S.  Francisco  de  Évora,  398;  ar.,  395, 

396;  epitáfio,  394. 
Vasconcelos    (Mem   Rodrigues   de),   f.  do 

mestre  D.  Mem  Rodrigues,  348,  398,  399. 
Vasconcelos  (Mem  Rodrigues  de),  meirinho 

mor  de  Alem  Doiro,  339,  340,  341, 342,  348, 

344. 

78 


6i8 


Brasões 


Vasconcelos  (D.  Mem  Rodrigues  de),  mestre 

de  Santiago,  277,  845  a  348,  349,  35o,  355, 

365,  383,  394,  398,  399. 
Vasconcelos  (Mem  Rodrigues  de),  mor.or  na 

ilha  Graciosa,  38i. 
Vasconcelos  (Mem  Rodrigues  de),  pai  de 

Joane  Mendes  de  Vasconcelos,  383,  385. 
Vasconcelos  (Mem  Rodrigues  de),  sepultado 

na  igreja  de  S.  Francisco  de  Évora,  394, 

398,  399;  ar.,  395;  epitáfio,  394. 
Vasconcelos  (Pedro  Eanes  de),  sr.  da  honra 

de  Vasconcelos,  337,  338,  339,  ^28. 
Vasconcelos  (Pêro  Rodrigues  de),  sr.  da  terra 

da  Nóbrega,  365,  366. 
Vasconcelos  (Rodrigo  Eanes  de),  trovador, 

337,  338,  35q,  528. 
Vasconcelos  (Rui  Mendes  de),  1°  conde  de 

Castelo  Melhor,  370,  371,  372,  376,  378; 

ar.,  379. 
Vasconcelos  (Rui  Mendes  de),  i.°  sr.  de  Fi- 
gueiró, 54, 283,  344,  345,  348,  365,  368;  epi- 

tátio,  365. 
Vasconcelos  (Rui  Mendes  de),  4.°  sr.  de  Fi- 
gueiró, 283,  370,  371. 
Vasconcelos  (Rui  Mendes  de),  6."  sr.  de  Fi- 
gueiró, 370,  3jq. 
Vasconcelos  (D.  Teresa  de),  m.  de  D.  Pedro 

de  Castro,  145,  146,  352,  353,  354,  52i. 
Vasconcelos  e  Brito  (Miguel  de),  secretário 

de  Es.tiido,  342. 
Vasconcelos  do  Esporão  (Álvaro  Mendes  de), 

382.— V.  Vasconcelos  (Álvaro  Mendes  de). 
Vasconcelos  Leites,  da  casa  das  Carvalheiras, 

382. 
Vasconcelos  e  de  Meneses  (D.  Afonso  de), 

i."  conde  de  Penela,  36 1. — V.Vasconcelos 

(D.  Afonso  de). 
Vasconcelos  e Meneses  (D.Ana  de), condessa 

de  Figueiró,  370,  371,  392;  epitáfio,  371. 
Vasconcelos  de  Meneses  (D.  António  de),  sr. 

de  Mafra,  357. — V.  Meneses  e  Vasconcelos 

(D.  António  de). 
Vasconcelos  e  de  Meneses  (D.  Fernando  de), 

arcebispo  de  Lisboa,  36i,  363,  364;  ar., 

364;  epitáfio,  363. 
Vasconcelos  e  de  Meneses  (D.  João  de),  2.° 

conde  de  Penela,  228,  23o,  357,  358,  36o, 

36 1,  362,  402.  —  Ar.,  40,  362.  —  Habitantes 

das  suas  terras,  362. 
Vasconcelos  e  de  Meneses  (D.  João  de),  sr. 

de  Soalhães,  358. 
Vasconcelos  e  Meneses  (D.  João  Luís  de), 

sr.  de  Mafra,  358. —V.  Meneses  e  Vascon- 
celos (D.  João  Luís  de). 
Vasconcelos  e  Sousa  (Afonso  de),  5."  conde 

da  Calheta,  379. 
Vasconcelos  e  Sousa  (António  de),  6°  conde 

da  Calheta,  379. 
Vasconcelos  e  Sousa  (João  Rodrigues  de), 

2."  conde  de  Castelo  Melhor,  872,  875,  876, 


377,  378;  ar.,  379. — V.  Vasconcelos  (João 

Rodrigues  de). 
Vasconcelos  e  Sousa  (Luís  de),  3."  conde  de 

Castelo  Melhor,  878,  879;  ar,  379. 
Vasconcelos  e  Sousa  (Luís  José  de),  i.° conde 

de  Figueiró,  moderno,  3yg. 
Vasconcelos  e  Sousa  Câmara  Caminha  Faro 

e  Veiga  (João  de),  5."  marquês  de  Castelo 

Melhor,  359,  379. 
Vaz  Tagarro  (Dr.  Francisco),  advogado,  323, 

325. 
Veador:  da  casa  da  Rainha,  177,  179,  222,' 

240;  da  casa  dei  Rei,  209,  221,  3-j5;  da  prin- 
cesa, D.  Maria  Benedita,  180;  da  Princesa 

viúva  do  Brasil,  488. 
Vedor:  da  casa  do  príncipe  D.  Afonso,  472; 

da  casa  da  Rainha,  214;  da  casa  rial,  495; 

da  rainha  D.  Felipa,  479. 
Vedores  da  fazenda,  116,  171,  174,  i83,  iç,3, 

216,  288,  362,  421,  470,  5o6,  519. 
Veiga,  ar.,  471. 
Veiros  e  veirado  em  escudos  portugueses, 

842. 
Velásquez,  célebre  pintor,  841. 
Velho  (Gaspar),  Portugal  rei  de  armas,  i3. 
Velho  Tinoco    (Dr.   André),   arcediago    de 

Neiva,  364. 
Veloso  (Infante),  336. 
Vera  Cruz,  480. 
Vera  Criiz  (Gomor  de),  7. 
Vera  Cruz  do  Marmelal,  mosteiro,  258,  262; 

seu  fundador,  257. 
Verágua  (Duques  de),  441. 
Vermoim,  julgado,  348. 
Vermoim,  terra,  doação,  1 11. 
Viana  (Condados  de),  126,  i3o  a  i36. 
Viana  (Marquês  de),  i.»,  114. 
Viana  (Marquês  de),  2.»,  1 14. 
Viana    (Marqueses   de),  apelido,    114;    ar., 

114. 
Viana,  do  Alentejo  (Conde  de),  i.°,  D.  João 

Afonso  Telo,  119,  120,  121,  122,  i23,  i25, 

128,  i3i,  182,  i33.  —  Ar.,  122,  124. 
Viana,  do  Alentejo  (Conde  de),  2.°,  D.  Pedro 

de  Meneses,  56,  122,  128,  i25,  126, 127, 128, 

129,  i3o,  i3i,  i33,  184,  195,  356,  895,  896, 
897,  898,  529.  —  Ar.,  122. 

Viana,  do  Alentejo  (Condes  de),  120. 

Viana,  do  Alentejo  (Condessa  de),  D.  Gene- 
bra, 127. 

Viana,  do  Alentejo  (Condessa  de),'D.  Maior 
de  Portocarreiro,  121,  122,  896. 

Viana  do  Alentejo,  126,  181,414. — Concelho, 
414.  —  Condado,  126,  18 1.  —  Morador  lá, 
397.  —  Senhorio,  181,  182,  i33,  184,  i35, 
i36.  —  Termo,  i3i. 

Viana  de  Alvito,  i33. 

Viana  de  apar  de  Alvito,  condado,  i3i. 

Viana  de  Caminha:  condado,  i3i;  doação, 
865,  366;  venda,  866. 


índice  de  matérias 


619 


Viana  de  Caminha  (Conde  de),  i3o,  i3i. 
Viana   do   Castelo,   320,   341.  —  Igreja   de 

S.  Domingos,  32 1. 
Viana  da  Foz  do  Lima,  322. — Condado,  i3i. 
Viana  da  Foz  do  Lima  (Conde  de),  D.  Álvaro 

Pires  de  Castro,  67,  68,  i3i. 
Viana,  do  Minho  (Conde  de),  i.",  D.  Álvaro 

Pires  de  Castro,  68,  i3i. 
Viana,  do  Minho  (Conde  de),  2.",  D.  Duarte 

de  Meneses,  i23,  126,  i3o,  i3i,  398,425. — 

Ar.,  124. 
Viana,  do  Minho  (Conde  de), 3.°,  D.Henrique 

de  Meneses,  i3i. 
Viana,  do  Minho  (Condes  de),  120. 
Viana,  do  Minho  (Condessa  de),  D.  Isabel  de 

Castro,  i3o. 
Viana  do  Minho,  126. 
Vice  rei  de  Portugal,  Sgo,  482. 
Vicente  Alvares,  impressor,  Sgo. 
Vicente  Mendes,  rico  homem,  293. 
Vide  (Castelo  da),  108,  255,  406. 
Vidiçal  (Srs.  do  morgado  do),  197. 
Vidigueira,  doação,  266. 
Vidigueira  (Conde  da),  i.",  ar.,  22,  37,  i85. 
Vidigueiras,  morgado,  386. 
Viegas,  ar.,  20. 
Vieira,  geração,  ar.,  39,  447. 
Vieira,  terra,  120. 
Vieira   (Fernando  Alvares),   almirante   no 

Porto,  194. 
Vieira  Guimarães^  Marrocos  e  três  mestres 

da  Ordem  de  Cristo,  280,  5i3. — A  Ordem 

de  Christo,  280. 
Vieira  da  Silva  (Pedro),  535. 
Viena  de  Áustria:  conselho  de  Estado  lá, 

222;  corte,  526;  embaixada  lá,  290,  442, 

462,  517. 
Vila  de  Aboim,  256. 
Vila  Boa,  120. 
Vila  Boa  do  Monte,  271. 
Vila  Boim  :  igreja,  257 ;  sr.,  277, 416 ;  senhorio, 

256,  258. 
Vila  Chã,  julgado,  342,  343. — Jurisdição,  343. 

—  Senhorio,  348,  35o.  —  Venda,  348,  349. 
Vila  do  Conde,  118,  187.  —  Jurisdição,  iii. 

—  Srs.,  107,  118,  498. 

Vila  do  Conde,  mosteiro :  freiras,  1 1 1 ;  fun- 
dadores, 107;  sepulturas,  ii3. 

Vila  Cova,  262. 

Vila  Cova  (Com.or  de),  179. 

Vila  Flor  (Conde  de),  i .»,  D.  Sancho  Manuel, 
233. 

Vila  Flor  (Conde  de),  2.°,  D.  Cristóvão  Ma- 
nuel de  Vilhena,  234. 

Vila  Flor  (Conde  de),  3.°,  Martim  de  Sousa 
de  Meneses,  234. 

Vila  Flor  (Conde  de),  7.»,  António  José  de 
Sousa  Manuel  de  Meneses  Severim  de  No- 
ronha, 234. 

Vila  Flor  (Condes  de),  23o;  ar.,  235. 


Vila  Flor  (Condessa  de),  D.  Maria  José  do 
Sacramento  de  Melo,  234. 

Vila  Flor  (Marquês  de),  Ahtónio  José  de 
Sousa  Manuel  de  Meneses  Severim  de  No- 
ronha, 234. 

Vila  Flor  (Srs.  de),  78,  487. 

Vila  Franca,  com.da  de  Santa  Maria,  221. 

Vila  Franca,  no  almoxarifado  da  Guarda, 
doação,  409. 

Vila  Franca  de  Xira :  data  de  carta,  439, 440; 
morador,  483. 

Vila  Maior:  doação,  427;  senhorio,  441. 

Vila  Maior  (Morgados  de),  3i5. 

Vila  Maior  (Sr.  de),  425. 

Vila  Nova,  i3i.  —  Sr.,  128,  145.  —  Senhorio, 
266,  281. 

Vila  Nova  (Conde  de)^  Arvores,  io3. 

Vila  Nova  [de  Alvito],  414. 

Vila  Nova  de  Anços,  94. — Data  de  carta,  55, 
162,  409.  —  Doação,  439. 

Vila  Nova  da  Barcarrota,  276. 

Vila  Nova  da  Cerveira,  317,  3 18.  —  Coudel, 
3 16.  —  Sr.,  317. 

Vila  Nova  da  Cerveira  (Conde  de),  114. 

Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  2.», 
D.  João  de  Lima,  233,  427. 

Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondes  de),  7.*", 
221. 

Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de), 
D.  Joana  de  Meneses,  359,  378. 

Vila  Nova  de  Portimão  (Sr.  de),  36o. — V.  Por- 
timão. 

Vila  Nova  da  Rainha,  95. 

Vila  Nova  de  Souto  dei  Rei  (Casa  de), 
ii3. 

Vila  Nova  de  Souto  dei  Rei  (Visconde  de), 
3.»,  3i5. 

Vila  Nova  de  Souto  dei  Rei  (Viscondessa  de), 
D.  Maria  Joana  Forjaz  da  Câmara  e  Me- 
neses, 3i5. 

Vila  Pouca,  termo  de  Torres  Vedras,  274. 

Vila  Rial,  237.  —  Almoxarifado,  357. 

Vila  Rial  (Casa  de),  108,  117  a  i3o. 

Vila  Rial  (Conde  de),  1.°,  D.  Pedro  de  Me- 
neses, 56,  122.  123,  125,  127,  357,  395,  396, 
397,  398,  399.  —  Ar.,  122,  124. 

Vila  Rial  (Conde  de),  2.',  D.  Fernando  de 
Noronha,  48,  i23,  I25. 

Vila  Rial  (Conde  de),  3.»,  D.  Pedro  de  Me- 
neses, 399. 

Vila  Rial  (Condes  de),  48,  120,  i38.  —  Ar., 
122,  123, 124. 

Vila  Rial  (Condessa  de),  D.  Beatriz  Coutinho, 
126,  127,  128,  129,  356,  357. —  Ar.,  127. 

Vila  Rial  (Duque  de),  48,  120.  —  Ar.,  124. 

Vila  Rial  (Marquês  de),  1.°,  3i3.  —  Ar.,  i23. 

Vila  Rial  (Marquês  de),  2.'  D.  Fernando  de 
Meneses,  3 14.  —  Ar.,  40. 

Vila  Rial  (Marquês  de),  3.»,  D.  Pedro  de  Me- 
neses, 225. 


620 


Brasões 


Vila  Rial  (Marquês  de),  4.°,  D.  Miguel  de  Me- 
neses, 486. 

Vila  Bial  (Marquesa  de),  D.  Beatriz,  225. 

Vila  Rial  (Marquesa  de),  D.  Felipa  de  Lan- 
castre,  486. 

Vila  Rial  (Marqueses  de),  48,  120,  i38,  225. 

—  Ar,  48,  123,  124. 

Vila  Rial  (Sr.  de),  121,  122,  i23,  125. 
Vila  Rial,  moderno  (Conde  de),  1.°,  239. 
Vila  Rial,  moderno  (Conde  de),  3.°,  239, 
Vila  Rial,  moderno  (Condes  de),  221,  235; 

ar.,  239. 
Vila  Ruiva,  i3i,  414.  —  Doação,  266. 
Vila  do  Touro,  293. 
Vila  Verde,  concelho,  245,  262. 
Vila  Verde,  quinta,  257. 
Vila  Verde,  torre  e  paço,  242. 
Vila  Verde  (Sr.  de),  167. 
Vila  Viçosa  (Marquês  de),  i  ",  D.  Fernando, 

128,  129,  i3o,  i33. 
Vila  Viçosa  (Marquês  de),  6.»,  D.  Teodósio, 

49^. 
Vilalohos,  162. 
Viliilobos,  família,  396;  ar.,  1 18,  1 19,  122,  I23, 

124.  395,  396. 
Vilalobos  (Beatriz  de),  m.  de  Lopo  Pires  de 

Évora,  397. 
Vilalobos    (D.   Guiomar   de),   condessa   de 

Ourem,  í!9,  122,  128;  ar.  e  epitáfio,  119. 

—  V.  Guiomar  (D  ). 

Vilalobos  (Lopo  Martins  de),  sr.  do  morgado 

da  Fonteboa,  397. 
Vilalobos  (D.  Mana  de),  m.  2.*  de  Lopo  Fer- 
nandes Pacheco,  107,  1 18. 
Vilalobos  (Martim  Vicente  de),  corregedor 

das  comarcas  de  Entre  Tejo  e  Odiana,  e 

da  Beira,  398.  —  V.  Martim  Vicente,  f.  de 

Martim  Vicente. 
Vilalobos  (Martim  Vicente  de),  partidário  do 

Mestre  de  Avis,  396. 
Vilalobos  (Nuno  Martins  de),  escudeiro  do 

conde  D.  Duarte,  398. 
Vilalobos  (Rodrigo  Martins  de),  sepultado 

em  S.  Francisco  de  Évora,  3o8,  399;  ar., 

396,   398;    epitáfio,   395.  —  V.   Vilalobos 

(Rui  Martins  de). 
Vilalobos  (D,  Rui  Gil  de),  rico  homem,  107, 

118. 
Vilalobos  (Rui  Martins  de),  sr.  do  morgado 

da  Fonte  Boa,  397,  398.  —  V.  Vilalobos 

(Rodrigo  Martins  de). 
Vilalva,  doação,  266. 
Vilanova,  família,  ar.,  20. 
Vilanova,  oiteiro,  529. 
Vilar,  morgado,  461a. 
Vilar  Maior  (Conde  de),  2.»,  492. 
Vilarelhos,  doação,  109. 
Vilarinho,  quinta,  118. 
Vilarinho  do  Bairro,  189. 
Vilarinho  da  Castanheira  (Sr.  de),  121,  iz3. 


Vilasboas,  doação,  109. 

Vilasboas  c  Sampaio  (António  de),  Nobiliar- 

cbia  portuguesa.,  244. 
Vilela,  mosteiro,  i55.  —  V.  Santo  Estêvão  de 

Vilela. 
Vilela  (Pedro  Afonso),  f.  de  João  Afonso, 

385. 
Vilhana,  v.  Vilhena. 
Vilhena,  geração,  ar.,  434. 
Vilhena  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Fernão  da 

Silva  de  Meneses,  289. 
Vilhena  (D.  Beatriz  de),  m.  de  Pêro  da  Cunha 

Coutinho,  169. 
Vilhena  (D.  Branca  de),  m.  de  Fernão  Vas- 

ques  da  Cunha,  170. 
Vilhena  (D.  Branca  de),  m.  2.»  de  Rui  de 

Sousa,  214,  426,  435;  seu  epitáfio,  434. 
Vilhena  (D.  IBranca  de),  m.  de  Rui  Vasques 

Coutinho,  425. 
Vilhena  (D.  Elvira  Maria  de),  condessa  de 

Pontével,  176,  209,  473. 
Vilhena  (D.  Felipa  de),  m.  de  Nuno  Martins 

da  Silveira,  175,  421. 
Vilhena  (D  Guiomar  de),  m.  de  João  Rodri- 
gues de  Torres,  490. 
Vilhena  (D.  Isabel  de),  irmã  do  2.°  Marquês 

de  Ferreira,  533. 
Vilhena  (D.  Isabel  de),  m.  2.»  de  Nuno  da 

Cunha,  175. 
Vilhena  (D.  Luísa  de),  m.  !.•  de  Manuel  de 

Vasconcelos,  3gi,  392. 
Vilhena  (D.  Margarida  de),  m.  de  P^ernão 

Teles  de  Meneses, 421. — V.Vilhena  (D.Ma- 
ria de). 
Vilhena  (D.  Margarida  de),  m.  de  João  Gomes 

de  Abreu,  444. 
Vilhena  (D.  Margarida  de),  m.  de  Martim 

Afonso  de  Melo,  425,  426,  433. 
Vilhena  (D.  Margarida  de),  m.  de  Rui  Dias 

Lobo,  e  depois  de  João  Rodrigues  de  Sá, 

444- 
Vilhena  (D.  Maria  de),  m.  de  Bernardim  Ri- 
beiro Pacheco,  179. 
Vilhena  fD.  Maria  de),  m.  de  Fernão  Teles 

de  Meneses,  421,  53i. 
Vilhena  (Marqueses  de),  162. 
Vilhena  (D.  Mecia  de),  condessa  de  Miranda, 

289. 
Vilhena  Barbosa,  Cidades  e  Villas^  408. 
Villamaior,  solar  de  Castela,  104. 
Villescas  (Marqueses  de),  4:1 1. 
Vimieiro,  94,  95. 
Vimieiro,  morgado,  i85. 
Vimieiro   (Conde  do),  i.°,  D.  Francisco  de 

Faro,  184. 
Vimieiro  (Conde  do),  5.",  D.  João  de  Faro  e 

Sousa,  184. 
Vimieiro  (Condes  do),  186,  209. 
Vimieiro  (Condessa  do),  D.  Mariana  de  Sousa 

da  Guerra,  184. 


índice  de  matérias 


621 


Vimieiro  (Srs.  do),  184,  i85. 

Vimioso  (Conde  do  Redondo  e  do),  210. 

Vinhais  (Srs.  de),  41 5,  425. 

Violante  Afonso,  aia  da  Rainha  de  Castela, 
415. 

Violante  Gomes,  mãe  do  Prior  do  Crato, 
358. 

Violante  Sanches  (D.),  condessa  de  Barcelos, 
107. 

Virãos,  doação,  109. 

Viscondes :  Baía,  Balsemão,  Bertiandos,  Cas- 
telo Branco,  Castilho,  Fonte  Arcada,  Juro- 
menha,  Lourinhã,  Mesquitela,  Narbonne- 
-Lara,  Sobral,  Várzea,  Vila  Nova  da  Cer- 
veira, Vila  Nova  de  Souto  dei  Rei. 

Viscondessas:  Mesquitela,  Pindela,  Tran- 
coso, Várzea,  Vila  Nova  da  Cerveira,  Vila 
Nova  de  Souto  dei  Rei. 

Viseu,  46,  52,  94,  473,  475. —  Bens  lá,  35o. — 
Bispo,  55,  56,98,  i32,  292,  293,  437,472. 
—  Comarca,  473.  —  Data  de  carta,  80,  619. 

Viseu  (Duque  de),  i.»,  infante  D.  Henrique, 
328. 

Viseu  (Duque  de),  2.°,  infante  D.  Fernando, 
i35,  328. 


Viseu  (Duque  de),  4.°,  D.  Diogo,  171,  228, 

33o,  418,  420.  429,  5o5. 
Viterbo,  Elucidário,  v.  Santa  Rosa  de  Viterbo 

(Fr.  Joaquim  de). 
Vizela,  termo  de  Guimarães,  343. 
Vogado  (João),  escrivão  da  fazenda,  472. 
Vouga,  julgado,  309.  —  Doação,  285,  289. — 

Termo,  292. 
Xabregas :  convento  de  S.  Francisco,  82.  — 

Mosteiro,  de  S.  Bento,  288,  477.  —  Paços 

velhos,  82.  —  Torneio,  482. 
Xavier  da  Cunha.,  Homenagem  posthuma  ao 

Visconde   de    Castilho,   29.  —  Impressões 

Deslandesianas,  29. 
Ximena  (D.),  infanta  de  Lião,  104,  io5. 
Xiquena  (Condes  de),  162. 
Xisto  IV,  papa,  295. 
Zagalo,  ar.,  20. 
Zano  (Pedro),  243. 

Zarco  (João  Gonçalves),  i.°  capitão  dona- 
tário do  Funchal,  38 1.  —  V.  Câmara  de 

Lobos  (João  Gonçalves  da). 
Zarco   da   Câmara  "(D.    Luís    Gonçalves), 

18Õ. 
Zote  (Vasco  Martins),  397. 


FIM  DO  I  VOL. 


índice  geral 


p&g. 

Prólogo  desta  edição v 


Preâmbulo. 


I 


I  — NORONHAS 43 

I  —  Paz  de  Santarém  (iSjS) 45 

II  —  Linhagem 48 


II  — GOUTINHOS. 


49 


I  —  Batalha  de  Trancoso  (i385) 5i 

II  —  Linhagem 54 

III  —  CASTROS 61 

I  — Paz  de  Alcoutim  (iSji) 63 

II  —  Casa  de  Monsanto 67 

III  —  Castros  de  Melgaço 70 

IV— ATAÍDES 73 

I — Capitulação  de  Chaves  (i386). 75 

II  —  Linhagem 80 

V  — EÇAS 85 

I  —  Assassínio  de  D.  Maria  Teles  (1379) 87 

II  —  Linhagem 96 

VI  — MENESES loi 

I  —  Lenda  do  anel io3 

II  —  Senhores  de  Alburquerque 106 

III  —  Casas  de  Marialva  e  Louriçal 108 

IV  —  Casas  de  Vila  Rial  e  Tarouca 117 

V  —  Condados  de  Viana i3o 

VI  —  Teles  de  Meneses  e  Teles  da  Silva i36 

VII  — CASTROS .  . i39 

I  —  Partida  para  Ceuta  (i4i5) 141 

II  —  Linhagem 144 


^24  Brasões 

Pág. 

VIII  — CUNHAS 149 

I  —  O  Alcaide  mor  de  Celorico  de  Basto i5i 

II  —  Senhores  da  Tábua i53 

III  —  Condes  de  Lumiares 168 

IV  —  Senhores  de  Pombeiro 187 

IX-  SOUSAS 199 

I  —  Lenda  de  santa  Senhorinha 201 

II  —  Varonia  antiga 204 

III  —  Sousas  Chichorros 206 

IV  —  A  casa  de  Sousa  nos  fins  do  século  xiii 241 

V  —  Sousas  de  Arronches 274 

•   Nota  —  Comenda  de  Soza 291 

X  —  PEREIRAS 299 

I  —  Lide  de  Trasconho 3o2 

II  —  Linhagem 3o3 

III  —  Condes  da  Feira 309 

IV  —  Casa  de  Bertiandos ■ 3 16 

Notas  —  I  —  Documentos  falsos 322 

II  —  Mem  Cerveira,  alferes  mor  de  Santarém 327 

XI  — VASCONCELOS 333 

I  —  Senhores  da  torre  de  Vasconcelos 336 

II  —  Senhores  de  Soalhães,  Condes  de  Penela 342 

III  —  Senhores  de  Figueiró 364 

IV  —  Alcaides  mores  de  Pombal,  Condes  e  Marqueses  de  Castelo  Melhor.  .  .  372 

V  —  Morgados  do  Esporão,  Condes  de  Figueiró 382 

Notas  —  I  —  Os  túmulos  de  S.  Francisco  de  Évora 394 

II  —  Povoação  da  Beira 400 

XII  — MELOS 4o3 

I  —  Conquista  do  Algarve  (1249) 4°^ 

II  —  Senhores  de  Melo 408 

III  —  Senhores  da  Castanheira,  Conde  da  Atalaia 411 

IV  —  Alcaides  mores  e  Conde  de  Olivença,  casa  de  Cadaval 422 

V  —  Alcaides  mores  de  Elvas,  Condes  de  S.  Lourenço 443 

VI  —  Ramos  diversos :    Porteiros  mores,  Monteiros  mores,  Ficalhos,  etc.  448 

VII  —  Meios  com  dom 463 

VIII  —  Meios  por  fêmea :    Senhores  de  Povolide,  Mestres-salas,  Condes  das 

Galveias  e  da  Ponte 475 

Nota  —  Torre  e  solar  de  Ribafria 498 

RETOQUES 5ii 

ÍNDICE  DE  MATÉRIAS 537 


CORRECÇÕES 


Pág. 

lin. 

• 

leia-se 

i3 

.  3i 

E 

É 

i6 

4 

E 

É 

59 

7 

Mdedelo 

Medeio 

65  ■ 

29 

Volvamos 

Volvamos  porem 

67 

II 

Fernando  Rodrigues  de  Castro 

Fernando  de  Castro 

69 

32 

Ârraiolas 

Arraiolos 

7« 

I 

Brites 

Beatriz 

» 

10 

á 

a 

» 

12 

Lourinhã. 

Lourinhã,  por  decreto  de  25  de  Abril  de  1824, 

» 

19 

1777 

1770 

121 

3 

E 

É 

i3o 

5 

varão 

filho 

i34 

7 

mantimedto 

mantimeto 

147 

3 

Soalhães 

Soalhães, 

162 

20 

outros 

outras 

174 

12 

Çafim 

Safim 

181 

9 

e 

é 

189 

9 

E 

É 

» 

12 

Fernão 

Fernando 

209 

16-17 

Marqueses 

Marquês 

212 

3 

3.» 

4.»                                  ■    _ 

2l5 

9 

Cesimbra                           ^ 

Sesimbra 

218 

I 

Çafim                              ' 

Safim 

227 

33 

Çafim 

Safim 

23l 

16 

Çafim 

Safim 

233 

27 

E 

É 

236 

8 

dos  enteados 

das  enteadas 

244 

i3 

de  leopardo 

do  leopardo 

249 

21 

Conselho 

Concelho                 ' 

232 

23 

Çamora   • 

Samora 

258 

14 

Çamora 

Samora 

261 

21 

doarem 

doaram 

263 

28 

D. João 

João 

264 

25 

D. João 

João 

266 

36 

se  intitula 

é  intitulado 

VOL.  I 


79 


626 


Brasões 


Pág. 

lin. 

267 

i5 

Coronel 

271 

35 

Lima 

272 

i5 

filhas 

280 

5 

Pdr' Alvares 

282 

2 

Cezimbra 

» 

14 

Cezimbra 

286 

10 

Castro 

291 

2 

em  Março 

295 

24 

geracoens 

3i5 

23 

Cabeçaes 

322 

8 

II.* 

355 

i3 

Çamora 

359 

24 

Çamora 

378. 

26 

Maria 

379 

i3 

Várzea 

382 

14 

João 

399 

23 

Gil  Fernandes  de  Elvas 

429 

3i 

Abril 

442 

17 

i.° 

45o 

7 

segundo 

» 

37 

seis 

» 

38 

onde,  dizem,  casara 

452 

12 

Regente, 

457 

II 

Maria  Ana 

461 

32 

de 

492 

2 

Sant-Romain 

498 

39 

Villa  de  Comde,  conde 

5o8 

24 

Benavides 

525 

26 

Ribeiro 

527 

I 

individamente 

585 

26 

Melo  (Ribeiro  de) 

leia-se 

Cornei 

Limia 

íiihos 

Pedr' Alvares 

Sesimbra 

Sesimbra 

Sousa 

em  Lisboa,  em  Março 

geracoens 

Cabeçais 

IO." 

Samora 

Samora 

Mariana 

Várzea 

Joane 

Gil  Fernandes,  de  Elvas 

Agosto 

2." 

primeiro 

nove 

onde  casara 

Regente 

Mariana 

da 

Saint-Romain 

Villa  decomde,  Conde 

Bobadilha   . 

Ribeira 

indevidamente 

Melo  (Ribeira  de) 


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