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Full text of "Brasões da Sala de Sintra"

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BRASÕES  DE  SINTRA 


III 


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VOL.  Hl 


Desta  edição  imprimiram-se  200  exemplares  em  papel  de  linho, 
numerados  e  rubricados. 


^■°  á^. 


A 


»6. 


éiAvabUM 


BRASÕES 


DA 


SALA  DE   SINTRA 


DE 


ANSELMO    BRAAMCAMP    FREIRE 


(2.»   EDIÇÃO) 


LIVRO  TERCEIRO 


COIMBRA 

IMPRENSA    DA    UNIVERSIDADE 
I  980 


CS 

i9ZI 
V'3 


AO  LEITOR 

ÀS  necessárias  palavras  de  explicação  que  devem  preceder  as 
páginas  deste  livro  são,  por  assim  dizer,  um  prólogo  fúnebre  tar- 
jado de  sentido  e  pesado  luto. 

Com  efeito,  duas  mortes  terá  o  leitor  que  deplorar,  ao  abrir  este 
volume;  o  desaparecimento  de  duas  vidas  úteis  e  fecundas  aos  labores 
da  cultura  e  da  erudição,  o  eclipse  perene  e  total  de  dois  espíritos 
aos  quais  não  foi  dada,  infelizmente,  a  desvanecida  consolação,  o 
bem  merecido  e  justificado  prémio  de  verem,  afinal,  concluída  esta 
2.*  edição  dos  Brasões  da  Sala  de  Sintra. 

Para  a  sua  publicação,  que  finda  agora,  justo  será  registá-lo  aqui, 
muito  contribuiu  a  iniciativa  e  o  benemérito  desenvolvimento  que  o 
ilustre  professor  Sr.  Dr.  Joaquim  de  Carvalho  tem  dado  à  Imprensa 
da  Universidade  de  Coimbra,  que  proficientemente  dirige. 

A  primeira  dessas  mortes  a  lamentar,  aliás  com  o  nosso  mais 
saudoso  e  maguado  sentimento,  é  a  do  autor  desta  obra  —  Anselmo 
Braamcamp  Freire — ,  cujo  labor  decorreu,  na  sua  maior  parte,  ao 
alcance  da  minha  vista,  neste  Arquivo  da  Torre  do  Tombo,  entre 
o  grupo  de  investigadores  que  assiduamente  o  frequentavam  for- 
mando um  verdadeiro  cenáculo  de  doutos  e  prestimosos  eruditos  de 
que  êle  fazia  parte  com  o  general  Brito  Rebelo,  Ramos  Coelho  e 
poucos  mais.  Fui  pois  testemunha,  como  funcionário  do  mesmo 
Arquivo,  dos  seus  estudos  e  investigações  e  pude,  por  isso,  apreciar, 
num  convívio  que  gratamente  recordo  e  cuja  forçada  e  irreparável 
interrupção  tanto  lamento,  as  qualidades  de  fidalga  distinção,  de 
extremada  cortesia,  de  atraente  simplicidade  que  retinia  Braamcamp 


VI  Brasões 

Freire,  a  par  das  raras  e  invulgares  aptidões  que  revelou  de  inves- 
tigador prudente  e  minucioso  de  algumas  das  ricas  colecções  e  espé- 
cies que  se  guardam  neste  Arquivo.  Foi  certamente  ao  contacto 
dos  seus  pergaminhos  e  dos  seus  livros  iluminados  que  êle  sentiu 
avivar-se,  dia  a  dia,  a  sua  apaixonada  e  absorvente  inclinação  para 
os  estudos  genealógicos  e  nobiliárquicos,  e  foi  dos  tesouros  aqui 
acumulados  que  êle  pôde  extrair,  na  sua  grande  parte,  os  materiais 
que  lhe  serviram  para  arquitectar  a  sua  utilíssima  e  valiosa  obra  de 
consciencioso  e  profundo  historiador.  Essa  obra,  servindo-nos  das 
justas  e  autorizadas  palavras  de  um  seu  panegirista,  o  professor 
Dr.  Manuel  de  Oliveira  Ramos,  coloca  Braamcamp  Freire  num  lugar 
de  excepção,  de  primeira  fila,  na  legião  dos  que,  depois  do  admirável 
impulso  de  Herculano,  tanto  adiantaram  as  nossas  investigações 
históricas. 

Não  carece  pois  o  erudito  autor  dos  Brasões  da  Sala  de  Sintra 
do  nosso  elogio,  já  também  feito  em  sessão  solene  na  Academia  das 
Sciências  de  Lisboa  pelo  Dr.  António  Baião,  Director  do  Arquivo  da 
Torre  do  Tombo,  insuspeita  e  também  autorizada  testemunha  para 
depor  àcêrca  dos  valiosos  e  inolvidáveis  serviços  prestados  por 
Braamcamp  Freire  à  historiografia  nacional. 

Quando  foi  publicado  02.°  volume  dos  Brasões  já  o  estado  da 
sua  abalada  e  enfraquecida  saúde  nos  deixava  infelizmente  suspeitar 
de  que  a  sua  vida  não  seria  assas  longa  de  molde  a  poder  terminar 
esta  segunda  edição  da  sua  obra.  Com  que  resignada  conformação 
e  saudade  êle  no-lo  confessa  no  prólogo  desse  volume,  quando,  em 
17  de  Dezembro  de  1921,  escreve  o  seguinte: 

«  Fica-me  uma  grande  saudade  de  não  poder  terminar  esta  se- 
gunda edição  dos  Brasões.  Mas  Deus  assim  o  quis!  São  inúmeros 
os  apontamentos  de  novos  documentos  para  ilustração  da  obra.  O 
leitor  bem  o  alcança  comparando  o  que  ficou  escrito  na  primeira 
edição  e  o  desenvolvimento  dado  à  matéria  na  segunda  edição. 

«  Lastimo  ficarem  perdidos  todos  os  apontamentos  àcêrca  da 
capela  dos  Monises  na  igreja  do  Carmo  de  Lisboa.    Foram  coligidos 


Ao  leitor  ♦  vii 

a  pretexto  do  casamento  de  Felipa  Monis  com  Cristóvão  Colombo. 
Anexos  a  eles  em  apêndice  ou  nota  iria  uma  grande  colecção  de 
documentos  relativos  aos  Perestrelos.  Mas  tudo  isto  lá  ficou  per- 
dido. Não  entro  em  mais  considerações;  estou  já  num'  estado  de 
abatimento  muito  profundo.     Por  isso  terminarei  ». 


Não  se  iludia,  infelizmente,  Braamcamp  Freire  no  seu  triste  pro- 
gnóstico, pois  que,  poucos  dias  depois,  a  23  do  referido  mês,  expirava 
na  sua  casa  do  Salitre  sem  poder  ter  a  intima  satisfação  de  ver  con- 
cluída esta  segunda  edição  da  sua  obra  com  a  publicação  do  3. *•  vo- 
lume, que  só  ele  poderia  ter  consideravelmente  enriquecido.  jQue 
grande  e  irreparável  perda  não  foi  por  isso  o  seu  desaparecimento ! 

Para  o  prosseguimento  da  tarefa  de  rever  e  publicar  o  presente 
volume  uma  pessoa  estava  naturalmente  indicada  para  substituir  o 
seu  autor:  Pedro  de  Azevedo,  seu  colega  na  Academia,  seu  guia  es- 
clarecido na  peregrinação  através  das  colecções  da  Torre  do  Tombo, 
seu  consciencioso  e  desinteressado  paleógrafo,  seu  dedicado  e  utilís- 
simo colaborador.  Foi  pois  confiada  a  Pedro  de  Azevedo  esta 
missão,  nada  fazendo  prever  que  seria  também  interrompida  por  um 
motivo  lutuoso  com  a  repentina  e  inesperada  morte  deste  consumado 
paleógrafo  e  laborioso  investigador.  A  tarefa  estava,  porém,  prestes 
a  atingir  o  seu  fim  quando  as  mãos  hábeis  de  Pedro  de  Azevedo  se 
paralizaram  para  sempre.  Apenas  faltava  rever  a  publicação  das 
cinco  últimas  folhas,  de  páginas  409  a  435,  de  que  gostosamente  me 
encarreguei,  em  primeiro  lugar  porque  não  era  lícito  eximir-me  ao 
benévolo,  confiado  e  indulgente  convite  que  para  esse  fim  me  fizera 
o  Sr.  Dr.  Vicente  Rodrigues  Monteiro,  venerando  Presidente  da 
Ordem  dos  Advogados  Portugueses,  sobrinho  por  afinidade  de  Braam- 
camp Freire;  em  segundo  lugar  porque  assim  teria  feliz  e  oportuno 
ensejo  de  expressar,  por  uma  forma  perdurável,  o  meu  sentimento 
de  respeito  e  admiração  pela  memória  do  erudito  autor  dos  Brasões 
da  Sala  de  Sintra^  cuja  perda  foi  uma  das  maiores  que  poderia  ter 
experimentado  a  historiografia  portuguesa. 

YOL.  UI  B 


VIU  .  Brasões 

Diminuta  foi  pois  a  minha  colaboração  no  presente  volume,  cujos 
índices  minuciosos  e  utilíssimos  para  o  leitor  foram  hábil  e  cuidado- 
samente organizados  pelo  Sr.  Manuel  Vidal,  dedicadíssimo  secre- 
tário de  Braamcamp  Freire  e  por  sua  disposição  testamentária  di- 
rector da  preciosa  biblioteca  que  deixou  à  Câmara  Municipal  de 
Santarém. 

Tôrre  do  Tombo,  17  de  Maio  de  1929. 

P.  M.  Laranjo  Coelho. 


PROLOGO 

A  última  folha  deste  livro  está  impressa  desde  8  de  Abril  de  igoS ; 
jvai  em  breve  fazer  dois  anos! 

Por  vezes,  para  começar  a  escrever  o  Prólogo,  já  que  no  índice 
o  anunciei,  tenho  posto  diante  de  mim  um  pedaço  de  papel,  e  todavia 
sempre  tem  ficado  em  branco. 

Desejava  aqui,  nestes  livros  reservados  para  poucos  leitores, 
limpar  a  minha  testada,  protestando  contra  o  que  por  ai  vai,  reve- 
lador da  profunda  decadência  de  um  povo.  Longe  do  papel,  acu- 
diam-me  à  memória  os  casos  característicos,  ocorriam-me  as  frases 
de  justa  indignação;  pegava  porém  na  pena  e  esmorecia.  ^F^^ta  de 
ânimo?  —  Talvez.  —  jPara  quê  criar  mais  inimizades?  —  Não  tenho 
presunções  de  endireitar  o  mundo,  e  é  cedo  ainda  para  escrever  a 
triste  história  destes  tempos. 

«  II  n'y  a  pas  de  symptôme  plus  alarmant  pour  une  nation,  ni  de 
plus  súre  indication  de  sa  mine,  que  lorsqu'il  ne  reste  aux  vertueux 
citoyens  et  aux  patriotes  zélés  que  le  parti  de  la  retraite  et  du  si- 
lence  » (i). 

Estas  palavras  proféticas,  escritas  a  propósito  do  Estado  da  Po- 
lónia quatro  anos  antes  da  sua  primeira  desmembração,  são  bem 
aplicáveis  a  Portugal  nos  começos  do  século  xx,  e  queira  Deus  que 
não  estejamos  em  vésperas  de  dar  bens  a  partilha. 

«Retraite  et  silence»,  seja;  mas  consintam-me  que,  por  excepção, 


(i)  Palavras  de  uma  carta  de  27  de  Maio  de  1768  do  Conde  de  Broglie,  chefe  da  diplo- 
macia secreta  de  Luís  XV.    (Duque  de  Broglie,  Le  secret  du  Roi,  vol.  II,  pág.  207). 


YOL.  ni 


X  Brasões 

vá  buscar  a  uma  publicação  oficial,  como  singular  amostra,  a  notícia 
de  um  facto  que  serve  de  indicação  segura  do  estado  amoral  a  que 
isto  chegou. 

A  Carta  de  Lei  de  25  de  Agosto  de  1887  tornou  obrigatório  o  re- 
gisto de  todos  os  diplomas  de  mercês,  tanto  honoríficas,  como  esti- 
pendiadas, ri  Querem  saber  agora  o  que  tem  sucedido  no  Supremo 
Tribunal  de  Justiça,  por  exemplo?     Oiçam: 

«Uma  verdadeira  lástima.  Se  não  vejamos:  Tem  o  Presidente 
o  seu  diploma  registado;  mas,  em  compensação,  de  doze  Juízes 
apenas  o  tem  um,  não  tendo  os  outros  nem  mesmo  o  dos  últimos 
anteriores  lugares  onde  serviram»  (i). 

Uma  sociedade,  na  qual  até  os  próprios  Juízes  do  Tribunal  Su- 
premo desrespeitam  a  Lei,  para  se  eximirem  ao  gasto  de  uns  cobres, 
está  inteiramente  corrompida. 

Retraimento  e  silêncio,  muito  embora,  mas  desprezo  também. 
Viremos  a  página. 


Este  terceiro  livro  contém  apenas  o  prometido  índice  dos  dois 
anteriores,  e  várias  correcções  e  acrescentamentos,  principalmente 
ao  primeiro,  escrito  um  pouco  à  pressa. 

Só  quem  nunca  tiver  procedido  a  investigações  sobre  assuntos 
históricos  em  Portugal,  se  admirará  de  tanto  retoque.  Os  mais,  e 
para  esses  é  que  escrevo,  por  si  avaliam  bem  as  dificuldades  com 
que  todos  lutamos,  e  desculpam. 

Além  disso,  tenho  um  exemplo  venerando  a  que  me  acostar. 

O  nosso  grande  João  Pedro  Ribeiro,  em  folhetos  adicionais,  e 
até  em  livros  distintos,  passou  parte  do  fim  da  vida  a  corrigir  e 
acrescentar  as  suas  obras  anteriores,  chegando  às  vezes  a  modificar 
completamente  o  pareoer  exposto. 

Sirva-me  isso  de  consolo. 


(i)  Albano  Alfredo  de  Almeida  Caldeira,  primeiro  conservador  do  Real  Arquivo  da 
Torre  do  Tombo,  Memoria  sobre  o  serviço  de  Registo  de  Mercês,  no  Boletim  das  Biblio- 
thecas  e  Archivos  Nacionaes,  pág.  96  do  segundo  ano,  igoS. 


Prólogo  XI 


Entre  os  acrescentamentos  agora  feitos  ao  livro  primeiro,  vão 
dois  Catálogos,  um  dos  Regedores  da  Casa  da  Suplicação;  o  outro 
dos  Governadores  da  Casa  do  Cível.  Não  podem  ser  perfeitos, 
porque  para  isso  precisava  de  juntar  às  indicações  tiradas  dos  docu- 
mentos registados  na  Torre  do  Tombo,  as  que  ministrassem  os 
arquivos  do  Supremo  Tribunal  e  da  Relação  do  Porto.  Não  pro- 
curei contudo  alcançá-las,  informado  do  caos  em  que  aqueles  depó- 
sitos se  encontram.  Entretanto  creio  haver  adiantado  bastante  ao 
até  agora  a  tal  respeito  averiguado,  e  ainda,  a  fim  de  aperfeiçoar  a 
tentativa,  aproveitarei  a  ocasião  para  aditar  aqui  algumas  notícias 
encontradas  depois  dos  Catálogos  impressos. 


D.  Fernando  da  Guerra,  Arcebispo  de  Braga,  pág.  191,  já  era 
Regedor  das  Justiças  em  Dezembro  de  1441,  como  ficou  dito;  e 
parece  que,  também  por  esses  mesmos  tempos,  foi  nomeado  Chan- 
celer-mor.  Efectivamente,  se  ainda  a  28  de  Novembro  daquele  ano 
se  encontra  o  dr.  Diogo  Afonso,  seu  predecessor  no  cargo,  livrando 
uma  carta  registada  a  fl.  55  do  liv.  2.°  da  Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
é  certo  que  no  verso  da  mesma  folha  já  se  vê  outra  carta,  também 
de  idêntico  dia,  mandada  passar  pelo  dr.  Rui  Gomes  de  Alvarenga, 
vassalo  de  el  Rei  e  do  seu  Desembargo  e  Petições,  « logo  teente  do 
Arcebispo  de  Braga,  seu  primo  e  seu  chanceller  mór».  Em  datas 
posteriores,  até  1463,  mais  nenhum  outro  Chanceler-mor  aparece 
nomeado  em  documentos,  a  não  ser  o  Arcebispo. 

Fernão  Teles  de  Meneses,  pág.  200,  não  podia  exercer  ainda  o 
ofício  de  Regedor  da  Casa  da  Suplicação  em  14  de  Fevereiro  de  1606, 
como  num  assento  daquele  tribunal  trás  J.  I.  de  Freitas  (i),  porque 
já  era  falecido  desde  26  de  Novembro  do  ano  precedente;  assim  o 


(i)  Collecção  dos  assentos  das  Casas  da  Supplicação  e  do  Civel,  pág.  3,  n.°  4. 


xn  Brasões 

declara  o  seu  epitáfio  (i).  Está  pois  errada,  erro  provavelmente  de 
impressão,  a  data  do  assento  a  que  me  reportei;  ficámos  porém 
sabendo,  se  a  data  da  morte  está  certa,  não  haver  Fernão  Teles 
exercido  o  cargo  até  o  fim  da  vida,  porque  a  carta  de  nomeação  do 
seu  sucessor  é  de  7  de  Junho  de  i6o5. 

Fernão  Teles  foi  o  fundador  do  noviciado  que  a  Companhia  de 
Jesus  possuiu  na  Cotovia,  no  sitio  onde  é  hoje  a  Escola  Politécnica  (2). 

A  respeito  de  Gonçalo  Peres,  Regedor  da  Casa  do  Cível,  pág.  211, 
encontrei  esta  noticia:  «Gonçalo  Piriz  foy  escrivão  da  chanselarya 
delrey  dó  Fernando  e  delrey  dó  João  o  primeiro  e  despois  foy  re- 
gedor da  casa  do  sivel  e  senhor  de  Bellas  e  foy  casado  com  Maria 
Anes  filha  de  de  que  ouve  estes  filhos  .s.  Pêro  Gon- 

çalvez  /  e  Luiz  Gonçalvez  /  aos  quoais  chamarão  Malafayas  e  /  Ca- 
therina  Gonçalvez  molher  de  Alvro  Nogueira  filho  de  Afonso  Anes 
Nogueira  alcayde  mor  desta  sidade  »  (3),  Lisboa* 

Aires  Gomes  da  Silva,  pág.  212,  já  tinha  perdido  o  ofício  de  Re- 
gedor da  Casa  do  Cível  antes  da  batalha  de  Alfarrobeira,  havendo- 
-lhe  êle  sido  tirado  na  segunda  metade  do  ano  de  1447  por  ser  amigo 
e  servidor  do  hífante  D.  Pedro  (4). 

D.  Álvaro  de  Castro,  Governador  da  Casa  do  Cível,  pág.  216, 
morreu  com  efeito  em  Setembro  de  i528.  Assim  o  declara  expres- 
samente, em  3o  de  Outubro  do  referido  ano,  um  mandado,  no  qual 
se  ordena  ao  recebedor  da  Chancelaria  do  Cível  que  pague  aos  her- 
deiros de  D.  Álvaro  as  suas  tenças  daquele  ano  por  inteiro,  «  posto 
que  o  Governador  falecesse  no  mes  de  setembro  do  dito  anno  «  (5). 

Entre  os  Chanceleres  da  Relação  do  Porto,  nomeados  na  pág.  228,. 
que  serviram  de  Governadores  da  Casa,  é  preciso  meter  mais  um,  o 
dr.  Pedro  Velho  de  Lagoar,  que,  exercendo  aquelas  funçóes,  morreu 
na  referida  cidade  a  2  de  Abril  de  1755  (6).     Serviu  por  tanto  entre 

(i)  P.  António  Franco,  Imagem  da  virtude  em  o  noviciado  de  Lisboa,  pág.  12. 

(2)  Júlio  de  Castilho,  Lisboa  antiga.  Bairro  Alto,  vol.  V,  pág.  24. 

(3)  Nobiliário  quinhentista,  fl.  lyS  mihi. 

(4)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  F,  pág.  369. 

(5)  Corpo  chronologico,  parte  }.*,  maç.  41,  doe.  94. 

(6)  Gajeta  de  Lisboa  de  17  de  Abril  de  1755. 


Prólogo  xni 

José  Pedro  Emauz  e  Francisco  Xavier  da  Serra  Craesbeck  de  Car- 
valho. 

E  mais  nada  tenho  por  ora  para  adir  ao  Catálogo  dos  Rege- 
dores e  Governadores  das  Justiças;  entretanto,  a  outros  pontos  do 
resto  deste  livro,  é  que  entendo  convir  desde  já  acrescentar  três  no- 
ticias que  encontrei. 


A  propósito  da  data  da  criação  do  Ducado  de  Bragança  digo  na 
pág.  265,  que  ela  se  há-de  colocar  entre  os  dias  28  de  Outubro  e  3o 
de  Dezembro  de  1442;  agora  porém  posso  ainda  encurtar  um  pouco 
mais  o  intervalo.  Efectivamente,  a  8  de  Novembro  daquele  ano, 
ainda  D.  Afonso,  que  depois  foi  Duque  de  Bragança,  era  simples- 
mente Conde  de  Barcelos,  e  só  com  este  título  aparece  na  carta 
daquele  dia  pela  qual,  a  seu  pedido,  foi  Fernand' Alvares  de  Cernache 
nomeado  capitão  e  coudel-mor  dos  besteiros  e  vassalos  de  cavalo  (f). 

Em  contrário  do  que  supus  na  pág.  275,  é  certo,  a-pesar-do  es- 
tipulado na  carta  de  20  de  Maio  de  1467,  ter  passado  o  senhorio  da 
vila  de  Aveiro,  depois  da  morte  do  Conde  de  Faro,  D.  Afonso,  a  sua 
viúva.  Revelou-me  o  facto  uma  escritura  de  aforamento  feita  a  16 
de  Março  de  1496,  em  Montemor  o  Novo,  nas  casas  onde  poisava 
então  D.  Maria  de  Noronha,  Condessa  de  Faro,  que  declarou  ter  de 
juro  e  herdade,  com  a  jurisdição,  a  vila  de  Aveiro  e  seu  termo,  no 
qual  existia  uma  ilha  que  aforava  a  João  do  Porto  (2).  Provavel- 
mente D.  Manuel,  no  empenho  de  restituir  todos  os  bens  aos  Bra- 
ganças,  fizera  nova  doação  da  vila  de  Aveiro  à  Condessa,  por  carta 
<iue  se  não  encontra  hoje  registada  na  mutilada  Chancelaria.  É 
possível  terem-se  passado  as  coisas  assim,  mas  não  se  entende  bem, 
como  tendo  a  Condessa  sobrevivido  ao  filho,  o  2  °  Conde  de  Faro, 
aparece  este  em  documentos  de  i5o4,  iSog  e  i5i3,  citados  na 
pág.  276,  intitulando-se  Senhor  de  Aveiro;  e  menos  se  compreende, 


(t)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  23.*»,  fl.  112. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  39.°  de  Doações,  fl.  71. 


XIV  Brasões 

o  haver  logo  por  morte  do  Conde  transitado  o  senhorio  da  vila  para 
o  Duque  de  Coimbra,  conservando-se  ainda  por  uns  poucos  de  anos 
viva  a  Condessa,  primitiva  donatária.  O  destroço  padecido  pelos 
livros  do  registo,  quando  o  terremoto  de  1755  deitou  a  terra  a  Torre 
do  Tombo,  torna  difíceis,  se  não  impossíveis,  muitas  averiguações. 

A  última  observação  que  me  resta  fazer,  é  relativa  a  uma  obra 
em  três  grossos  volumes  manuscritos,  a  qual,  com  o  título  de  Torre 
do  Tombo,  existe  na  Biblioteca  Nacional  de  Lisboa  erradamente 
atribuída  ao  Chantre  de  Évora  Manuel  Severim  de  Faria.  Temos 
por  este  motivo  caído  muitos  no  erro,  aceitando  sem  reparo  aquela 
indicação;  hoje  porém  não  há  para  mim  dúvida  de  serem  os  três 
referidos  tomos  cópia  de  parte  dos  «Sumários  de  todas  as  Doações  e 
Chancelarias  da  Torre  do  Tombo»,  coligidos  por  Gaspar  Álvares  de 
Lousada  Machado,  escrivão  do  Real  Arquivo. 

A  prova  desta  minha  asserção  encontra-se  a  pág.  484  do  vol.  II 
do  Arquivo  histórico  português,  acrescentando  ainda  aqui,  ao  que  lá 
deixei  dito,  que  na  realidade  não  se  concebe  como  ao  Chantre  da  Sé 
de  Évora  chegasse  o  tempo  para  extractar  tantos  milhares  de  docu- 
mentos da  Torre  do  Tombo,  quando  nem  sequer  lhe  dariam  lá  en- 
trada. 

Entenda-se  pois,  que  em  toda  a  parte,  onde  nestes  três  livros  cito 
a  Torre  do  Tombo  de  Severim  de  Faria,  na  realidade  me  reporto 
aos  «Sumários  de  Lousada».     O  seu  a  seu  dono. 

Visto  ter  falado  no  Arquivo  histórico^  direi  que  êle  vem  certamente 
demorar  a  continuação  destes  estudos,  os  quais  contudo  não  largarei 
completamente  de  mão. 

Aldeia,  17  de  Janeiro  de  igoS. 


XVII 

MANUÉIS 


voL.  ni 


BiusÓBS  DA  Sala  de  Sintra,  Vol.  III. 


Esquartelado:  o  I  e  IV  de  vermelho  àsa  de  oiro  terminada  por  uma  mão 
do  mesmo  que  empunha  uma  espada  de  prata,  guarnecida  de  oiro,  posta 
em  pala;  o  II  e  III  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho.  Timbre: 
os  móveis  do  I. 

Com  a  única  diferença  de  ser  a  mão  de  encarnação,  se  encontram  estas 
armas  a  fl.  67  do  Livro  do  amieiro  mor,  a  fi.  1 1  v.  do  Livro  da  Torre 
do  Tombo,  e  no  Thesouro  da  nobreza  de  Fr.  Manuel  de  Santo  António, 
M-16. 

Com  as  mesmas  peças,  mas  com  a  disposição  dos  quartéis  erradamente 
alterada,  se  vê  este  brasão  a  fl.  29  do  Thesouro  da  nobreza  de  Francisco 
Coelho. 

I 

D.  AFONSO  IV 

D.  Afonso  IV  no  trono  foi  logo  bem  diferente  do  infante  D.  Afonso  em 
vida  de  seu  pai. 

Tão  antipático  é  Afonso  como  homem,  como  digno  de  respeito  como  rei. 
Foi  um  péssimo  filho,  um  péssimo  irmão,  um  péssimo  pai;  mas  foi  um 
grande  rei,  e  um  bom  marido  também. 

Se  a  nação  não  tivesse  padecido  em  resultado  das  suas  desordens,  ser- 
-Ihe-iam  estas  talvez  mais  desculpadas.  Não  sucedeu  contudo  assim;  e  este 
rei  é  daqueles  poucos  de  quem  os  historiadores  antigos,  na  maior  parte 
panegiristas  encartados  dos  poderosos,  sé  mostram  escassos  em  louvores. 

Ao  tomar  conta  do  governo  não  olhou  D.  Afonso  IV,  com  a  atenção  que 
logo  devia,  para  as  graves  responsabilidades  do  supremo  mando.  Havia  ele 
porém  a  ventura  de  ter  conselheiros,  amigos  verdadeiros  e  dedicados,  que 
para  o  seu  bem  lhe  falaram  com  isenção,  arriscando  sem  hesitações  o  vali- 
mento. Havia  êie,  acima  de  tudo,  a  razão  clara  bastante  para  compreender 
os  conselhos,  não  cuidando  que  o  acaso  do  nascimento  lhe  trouxera  também 


4  Brasões 

a  supremacia  no  entendimento.  Só  os  fátuos  é  que  não  ouvem  os  conselhos 
dos  sisudos. 

Duarte  Nunes  de  Leão  que  nos  conte  como  as  coisas  se  passaram,  e  que 
nelas  aprenda,  quem  nelas  tiver  de  aprender: 

«Era  o  infante  ao  tempo  que  começou  a  reinar  de  trinta  e  cinco  annos. 
E  nos  começos  de  seu  reinado,  como  elle  era  muito  inclinado  a  caça  e  a 
monte,  e  o  cargo  de  governar  tão  trabalhoso,  descuidava-se  algum  tanto  do 
governo,  e  de  ouvir  as  partes,  de  que  havia  alguns  queixumes.  Pelo  que, 
indo  el-Rei  de  Lisboa  ao  termo  de  Cintra  á  caça,  onde  esteve  perto  de  um 
mez,  a  tempo  que  tratava  em  conselho  negócios  de  importância  sobre  o  re- 
gimento do  reino,  vendo  os  do  conselho  quão  mal  se  havia  naquelles  começos 
por  uma  leviandade,  quando  Veio  e  tornou  ao  conselho,  depois  que  elle 
falou  o  que  passara  na  caça,  um  dos  conselheiros,  por  acordo  de  todos,  lhe 
disse: 

—  «  Senhor,  deveis  de  emendar  a  ordem  que  levais,  e  lembrar-vos  que 
nos  sois  dado  por  rei,  para  nos  regerdes,  e  por  isso  vos  damos  nossos  tri- 
butos e  mantemos  na  honra  em  que  estais;  e  vós  tomais  a  caça  por  oííicio, 
e  o  governo  de  vosso  reino  por  passatempo,  sendo  certo  que  Deus  não  vos 
ha  de  pedir  conta  dos  porcos  ou  veados,  que  não  matastes,  senão  das  partes 
que  não  ouvistes,  e  dos  negócios  de  vossa  obrigação  que  não  despachastes, 
como  agora  fizestes,  que,  estando  no  meio  de  coisa  tão  importante  á  repu- 
blica, deixastes  o  conselho,  em  que  éreis  tão  necessário,  e  fostes  á  caça  por 
tantos  dias,  e  nós  aqui  ociosos,  esperando  por  vós.  Levai  outro  caminho,  e 
senão. . . 

«  El-rei  que  de  sua  condição  era  agastado  e  bravo,  como  tinha  por  sobre- 
nome, ouvindo  palavra  tão  insolente,  respondeu  mui  indignado: 

—  «Senão? 

«Ao  que  todos  os  do  conselho  responderam: 

—  «Senão  buscaremos  rei,  que  nos  governe  em  justiça,  e  não  deixe  de 
governar  seus  vassallos  por  andar  apoz  as  bestas  feras. 

«A  isto  respondeu  el-rei  mais  indignado: 
•    —  «Os  meus  me  hão  de  dizer  a  mim:     Senão  ?. . .     A  mim,  senão  ? 

—  «A  vós,  disseram  elles,  todas  as  vezes  que  não  fizerdes  o  que  deveis. 
« El-rei  se  sahiu  do  conselho  mui  irado  e  suspenso  do  que  faria.     Mas, 

cuidando  depois  que  lh'o  diziam  por  seu  serviço  e  pelo  que  lhe  convinha, 
teve-os  por  bons  servidores.  / 

« Desta  maneira  usavam  os  conselheiros  daquelles  tempos  passados, 
livres  da  avareza,  ambição  e  luxo  dos  tempos  presentes.  Por  que  se  con- 
tentavam com  uma  vida  simples,  e  santa  sobriedade,  pelo  que,  como  comiam, 
vestiam,  e  edificavam  com  pouco,  não  tinham  necessidade  de  muito;  nem 


Manuéis  5 

traziam  com  seus  reis  contínuos  requerimentos,  para  que  perdessem  a  liber- 
dade, que  é  o  fundamento  e  a  alma  dos  conselhos»  (i). 

Mudando  D.  Afonso  IV  de  vida,  convocou  as  cortes,  que  se  reuniram 
em  Évora  em  Abril  de  i325,  e  nelas  foi  Jurado  rei.  Considerava  este  acto 
talvez  necessário  em  resultado  dos  muitos  parciais  que  seu  irmão  bastardo 
Afonso  Sanches  contava  no  reino,  e  fora  dele.  E  também  porque,  aquele 
que  fora  outrora  revolucionário  contra  a  autoridade  real  em  tempo  de  seu 
pai,  querendo  agora  que  na  sua  pessoa  a  respeitassem,  consolidava  assim 
com  o  voto  popular  o  direito  divino. 

Tornou-se  zeloso  da  autoridade  real,  zeloso  até  à  ferocidade,  como  o 
mostrou  o  sangue  frio  com  que  em  1826  mandou  executar  a  sentença,  que 
condenava  à  morte  seu  meio  irmão  João  Afonso.  Ainda  que  se  queira  con- 
siderar esta  execução  como  um  exemplo,  para  se  evitarem  revoltas  futuras; 
ainda  que  se  queira  atender  à  rudeza  dos  tempos;  este  facto,  junto  aos  mais 
igualmente  sabidos,  mostra  bem  a  fereza  do  coração  de  D.  Afonso  IV. 

l  E  demais,  qual  era  a  culpa  daquela  criança,  que  pouco  mais  do  que 
isso  seria  João  Afonso  ?  Ter  entabolado  negociações  com  seu  outro  irmão 
Afonso  Sanches,  e  tê-lo  prevenido  de  que  o  rei  ia  invadir-lhe  os  estados. 
^Era  tão  grave  a  culpa  que  merecesse  tal  castigo? 

Na  administração  do  reino  e  na  sustentação  da  paz  com  os  vizinhos,  se 
foi  ocupando  a  política  de  D.  Afonso  IV  durante  os  anos  seguintes. 

Com  a  mira  na  paz  se  celebraram  em  i328  as  bodas  da  nossa  infanta 
D.  Maria  com  D.  Afonso  XI  de  Castela,  e  as  do  infante  D.  Pedro,  herdeiro 
do  trono  de  Portugal,  com  D.  Branca  filha  do  infante  D.  Pedro  de  Castela. 

O  primeiro  enlace  foi  desgraçado.  O  segundo  nunca  se  chegou  a  ultimar, 
porque  em  i334,  nas  cortes  de  Santarém,  desesperando,  pelo  estado  de 
saúde  da  infanta  D.  Branca,  de  que  ela  fosse  capaz  de  dar  sucessão  à  coroa, 
apresentou  D.  Afonso  IV  à  assembleia  o  projecto  do  casamento  do  filho  com 
D.  Constança  Manuel,  filha  de  D.  João  Manuel,  senhor  de  Vilhena,  e  neta 
do  infante  D.  Manuel  de  Castela. 

As  cortes  aprovaram  este  novo  casamento,  que  fora  tratado  pelo  chanceler 
da  rainha  de  Castela  D.  Maria  de  Portugal.  Além  da  esperança  da  sucessão, 
afiançada  pelo  estado  físico  de  D.  Constança,  havia  uma  grande  conveniência 
política  na  aliança  de  Portugal  com  o  pai  desta  princesa. 

Era  D.  João  Manuel  um  homem  muito  poderoso  pelos  seus  parentescos 
e  pelos  seus  haveres,  os  herdados  e  os  adquiridos.  Tinha  Já  a  filha  sido 
desposada  com  Afonso  XI;  e,  se  o  casamento  se  não  chegara  a  ultimar, 
fora  porque  durante  o  tempo  de  espera  necessário  para  D.  Constança  entrar 


(i)  Duarte  Nunes  de  Leão,  Primeira  parte  das  Chronicas  dos  Reis  de  Portugal,  fl.  i35. 


6  Brasões 

na  idade  núbil,  se  manifestara  o  turbulento  castelhano  hostil  a  seu  rei  e 
futuro  genro. 

Como  a  sua  repudiada  filha  fosse  substituída  no  trono  de  Castela,  a  que 
estivera  prestes  a  subir,  pela  infanta  de  Portugal,  ficou  D.  João  Manuel  com 
certo  rancor  contra  esta  corte.  Agora,  com  a  projectada  aliança,  não  só  se 
dissipava  esse  ódio,  como  se  alcançava  um  importante  auxiliar  contra  o  rei 
castelhano,  cujo  porte  conjugal  era  tão  ruim,  que  se  receava,  chegasse  a  dar 
azo  a  guerra  declarada  entre  os  dois  reinos. 

Afonso  XI  tanto  o  compreendeu  assim  que,  com  deslealdade  manifesta, 
reteve  a  noiva  em  Castela,  dando  este  facto  origem  ao  rompimento  das  hos- 
tilidades entre  o  sogro  e  o  genro  em  Agosto  de  i336.  Não.  foi  guerra  de 
morte,  nem  foram  decisivos  os  combates  que  houve,  nos  quais,  ainda  assim, 
parece  que  o  castelhano  levou  a  melhor. 

Por  mediação  do  legado  do  papa,  e  do  embaixador  de  França,  suspende- 
ram-se  as  hostilidades  no  verão  do  ano  seguinte,  e  depois  de  várias  demoras 
se  celebrou  a  paz  definitiva  em  Junho  ou  Julho,  de  iSSg. 

Entrou  afinal  D.  Constança  Manuel  em  Lisboa  meado  de  Agosto  deste 
mesmo  ano. 

II 

OS  MANUÉIS  DE  CASTELA 

* 

Juntamente  com  a  infanta  veio  seu  irmão,  o  joven  Henrique  Manuel  de 
Vilhena,  filho  bastardo  de  D.  João  Manuel  havido,  em  D.  Inês  de  Casta- 
neda  (i). 

Na  corte  portuguesa  se  criou  Henrique  Manuel,  e  nela  continuou  persis- 
tindo mesmo  dçpois  da  morte  da  irmã  sucedida  em  27  de  Janeiro  de  i34g, 
ainda  que  nas  chancelarias  não  se  encontre  registada  mercê  que  lhe  fosse 
feita  por  D.  Afonso  IV  ou  D.  Pedro,  devido  talvez  à  sua  pouca  idade. 

Recebeu  contudo  muitas  doações  de  seu  sobrinho  el  Rei  D.  Fernando, 
cujo  vassalo  foi,  e  em  cujos  documentos  até  ao  ano  de  iSyS  (2)  aparece  no- 


(i)  Parece-me  necessário  dizer  que  este  apelido  Manuel,  tomado  por  D.  João,  senhor 
de  Vilhena,  é  o  patronímico  do  infante  D.  Manuel  de  Castela,  seu  pai.  E  pura  fantasia  o 
querer  derivar  o  Manuel  de  qualquer  imperador  de  Constantinopla. 

(2)  Doação  das  rendas  de  Mirandela  em  8  de  Março  de  iSjo  {Chancelaria  de  D.  Fer- 
nando, liv.  i.°,  fl.  54);  doação  da  vila  de  Lamas  de  Orelhão  em  28  de  Outubro  de  iSji 
{Ibidem,  fl.  92  v.) ;  doação  dos  préstimos  de  Ourilhe,  Castelo,  Molares,  Vai  do  Bairro,  e  da 
vila  de  Real,  todos  do  concelho  de  Celorico  de  Basto,  e  mais  de  Bouças,  Lapela,  etc.  em  18 
de  Fevereiro  de  1372  {Ibidem,  fl.  gS  v.);  doação  de  Cascais  e  reguengo  de  Oeiras  em  7  de 


Manuéis  7 

Bieado,  ora  Henrique  Manuel,  ora  Henrique  Manuel  de  Vilhena  (1).  Em 
i38i  já  se  encontra  com  os  títulos  de  conde  e  de  dom  (2). 

Foi  D.  Henrique  Conde  de  Seia;  disso  não  há  dúvida,  pois  que  se  en- 
contra nomeado  com  este  título  em  um  instrumento  de  2  de  Abril  de  i383  (3); 
porém  conde  de  Seia  e  de  Sintra,  como  alguus  querem,  isso  é  que  me  não 
parece,  e  pelo  menos  por  ora  ainda  assim  o  não  encontrei  intitulado  em 
nenhum  documento.  Nas  chancelarias  até  não  vem  nunca  designado  o  seu 
título;  aparece  muitas  vezes  o  Conde  D.  Henrique,  e  uma  vez  o  Conde 
D.  Henrique,  senhor  de  Cascais  (4),  mas  mais  nada. 

Por  morte  de  D.  Fernando  não  seguiu  logo  o  Conde  D.  Henrique  o  par- 
tido castelhano,  como  alguns  erradamente  supõem  (5).     Prova-se  isto  por 


Junho  de  iZ-jZ  {Ibidem^  fl.  107);  entrega  do  castelo  de  Chaves  em  7  de  Agosto  de  1378 
{Ibidem,  fl.  iSa);  doação  dos  direitos  de  Fontes,  S.Martinho  de  Moiros,  Mesão  Frio,  etc.  em 
9  de  Agosto  de  1373  {Ibidem,  fl.  i33). 

(i)  Ainda  aparece  com  este  nome  na  carta  de  doação  a  Afonso  Gomes  da  Silva  da 
terra  e  julgado  de  Celorico  de  Basto,  pela  guisa  por  que  a  havia  Anrique  Manuel  de  Vilhena 
{Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  1.",  fl.  149). 

(2)  O  primeiro  documento  da  Chancelaria,  em  que  ele  aparece  com  estes  títulos,  é  na 
carta  de  entrega  do  castelo  da  Guarda  de  12  de  Julho  de  i38i,  que  está  a  fl.  84  do  livro  2.» 
de  D.  Fernando.  Por  carta  de  22  de  Julho  de  1421  (i383)  ordenou  el  Rei  ao  «Conde  dom  An- 
rique, alcaide  do  nosso  castelo  da  Guarda,  que  vista  esta  carta  entregue  o  referido  castelo 
a  Álvaro  Gil  Cabral,  nosso  vassalo,  que  por  ele  fizera  menagem».  (Aires  de  Sá,  Frei  Gon- 
çalo Velho,  I,  pág.  1 10,  doe  72). 

(3)  Contrato  de  casamento  da  infanta  D.  Brites  com  D.  João  de  Castela  nas  Provas  da 
Historia  genealógica,  vol.  I,  pág.  309. 

(4)  Privilégios  aos  moradores  de  Cascais,  carta  de  i5  de  Novembro  de  i385  a  fl.  166  v. 
do  liv.  I."  da  Chancelaria  de  D.  João  I. 

(5)  O  Conde  D.  Henrique  Manuel  em  seguida  à  morte  de  el  Rei  D.  Fernando  andou 
tergiversando,  a  ver  quem  o  comprava  por  melhor  preço.  Seguiu  primeiro  o  partido  cas- 
telhano, pelo  que  lhe  foi  confiscada  a  terra  de  Lafões  e  doada  a  Martim  Vasques  da  Cunha 
por  carta  de  21  de  Maio  de  i384,  já  citada.  A  i3  de  Julho  desse  ano  ainda  o  Conde  estava 
em  desserviço,  como  se  depreende  da  carta  de  confiscação  dos  bens  do  seu  físico,  Mestre 
Josepe.  {Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.°,  fl.  19  v.).  Já  estava  porém  com  D.  João  I  em 
26  de  Abril  de  i385,  quando  el  Rei  fez  doação  ao  Conde  de  umas  casas  na  rua  Nova  de 
Lisboa.   {Ibidem,  liv.  1.°,  fl.  3i  v.). 

Confirmam  portanto  os  documentos  os  dizeres  do  cronista,  que  nos  afirma  o  seguinte: 
que  em  Janeiro  de  i384  assistia  em  Santarém  a  D.  João  I  de  Castela  o  Conde  de  Seia 
D.  Henrique  Manuel,  que  tinha  Sintra,  isto  é,  que  era  Alcaide  de  Sintra;  que  no  castelo 
desta  vila,  tendo  voz  pelo  Rei  de  Castela,  estava  D.  Henrique  em  Fevereiro  desse  ano,  em 
Setembro  e  em  Outubro,  quando  o  Mestre  de  Aviz  teve  de  desistir  de  o  combater  por  causa 
do  cataclismo  que  se  desencadeou  sobre  aquelas  partes;  e  que  ainda  lá  permanecia  no  Ja- 
neiro do  ano  seguinte,  quando  o  Conde  tencionou  ir  atacar  o  Mestre  ao  cerco  de  Torres 
Vedras  (Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  7,  parte  I,  págs.  117,  i25,  3oi,  342  e  386). 

Acrescenta  porém  Fernão  Lopes,  que  neste  ano  de  i383,  em  Agosto,  depois  da  batalha 


$  Brasões 

várias  doações,  que  lhe  fez  D.  João  I  no  ano  de  i385(i),  sendo  a  última  a 
dos  paços  de  Sintra,  para  ele  e  seus  descendentes,  em  4  de  Dezembro  (2). 
No  ano  seguinte  porém  já  estava  ao  serviço  do  rei  de  Castela,  que  nesse 
mesmo  ano  lhe  dava  o  título  de  Conde  de  Montealegre  e  o  senhorio  desta 
vila  e  da  de  Meneses  (3). 

Tinha  casado  o  Conde  D.  Henrique  em  Portugal  com  D.  Brites  de  Sousa, 
de  quem  teve  descendência,  em  que  se  continuaram  os  senhorios  de  Mon- 
tealegre e  Meneses,  mas  em  que  logo  se  extinguiu  a  varonia. 

Teve  porém  vários  filhos  ilegítimos  havidos  de  diferentes  mulheres,  e 
entre  eles  a: 

D.  João  Manuel  de  Vilhena,  1.°  senhor  de  Cheles  e  bisavô  de  D.  Cris- 
tóvão Manuel  de  Vilhena,  que  passou  de  Castela  ao  serviço  da  casa  de  Bra- 
gança, que  lhe  deu  a  comenda  de  Moreiras  na  ordem  de  Cristo,  e  a  alcaidaria 
mor  de  Fontes.  Foi  este  D.  Cristóvão  progenitor  da  casa  de  Vila  Flor,  que 
recebeu  o  título  de  Conde  em  29  de  Setembro  de  1659.  A  sua  descendência 
masculina  legítima  terminou  no  2.°  conde,  D.  Cristóvão  Manuel  de  Vilhena, 
que  morreu  em  1704,  passando  a  casa  e  os  títulos  para  os  Sousas  copeiros 
mores,  dos  quais  o  último  foi  o  ilustre  Duque  da  Terceira,  que  foi  7."  conde 
de  Vila  Flor  e  morreu  em  1860. 

Do  2."  conde  de  Vila  Flor  foi  irmão  D.  António  Manuel  de  Vilhena,  cava- 
leiro de  Malta,  ordem  em  que  foi  ocupando  todos  os  postos  até  ao  de  grão 
mestre,  para  o  qual  foi  eleito  em  19  de  Julho  de  1722.  Nesta  altíssima 
dignidade  morreu  a  12  de  Dezembro  de  1736,  e  foi  sepultado  na  igreja  de 
S.  João  de  Malta  em  soberbo  túmulo  no  qual  se  gravou  este  epitáfio: 


de  Aljubarrota,  é  que  o  Conde  D.  Henrique  entregou  o  castelo  de  Sintra  a  D.  João  I,  e  ficou 
por  seu  vassalo,  com  a  condição  de  lhe  deixar  ter  tudo  quanto  de  antes  tinha  (Ibidem, 
parte  II,  pág.  162).  Esta  afirmação  é  corroborada  por  uma  carta  de  5  de  Setembro  de  i385 
de  confirmação  ao  Conde  da  vila  de  Cascais  e  do  reguengo  de  Oeiras,  que  precedentemente 
D.  Fernando  lhe  havia  doado  (Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.°,  fl.  90  v.). 

Está  pois  tudo  quási  conforme,  história  e  documentos,  havendo  só  motivo  para  reparar 
no  facto  da  acima  citada  carta  de  26  de  Abril  de  i385,  de  doação  de  umas  casas  na  rua  Nova 
de  Lisboa,  ser  bastante  anterior  à  batalha  de  Aljubarrota;  mas  pode-se  atribuir  a  discordância 
a  erro  na  data  do  documento  ao  copiá-lo  para  o  novo  registo,  por  isso  que  o  cronista  espa- 
nhol também  assevera,  que  foi  depois  da  batalha,  que  o  Conde  entregou  o  castelo  de  Sintra 
(Ayala,  Crónica  de...  D.Juan  I,  cap.XVlI,  do  ano  7.°).  Em  i386  parece  que  já  tinha  pas- 
sado definitivamente  para  Castela,  como  no  seu  lugar  ficou  dito. 

(1)  Registadas  no  liv.  i.°  da  Chancelaria  de  D.  João  I,  a  fls.  3i,  3i  v.,  90,  90  v.  e  116  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  164  V. 

(3)  Lopez  de  Haro,  Nobiliário  de  Espana,  liv.  2.»,  cap.  5. 


Manuéis  9 

D.  o.  M. 

HIC  JACET  M.   M.   FR.   D.   ANTONIVS  MANVEL  DE 

VILHENA 

REGIA  A  5TIRPE  ORTVS 

QVI  AD   SVPREMVM  MAGISTERII  CVLMEN 

OB  VIRTVTEM  ELECTVS 

MAGIS  NATVS  QVAM  ELECTVS  PRINCEPS  VIDEBATVR. 

VIX  ÇVSCEPTO  IMPERII  GVBERNACVLO 

ARCEM  SVI  NOMINIS  CONDIDIT: 

VERE  PATER  PAVPERVM  XENODOCHIA  FUNDAVIT 

MIRA  MENTIS  FORTITVDINE  PRAEDITVS 

VEL  MAGNA  COGITABAT,  VEL  EXEQVEBATVR. 

'  MEMENTO,  VIATOR, 

QVOD  VBI   GRESSUM  IN  HIS  INSVLIS  SISTES 

PIETATIS    EJVS,    MVNIFICENTIAE,    SECURITATIS 

AMOENITATIS  MONUMENTA  IBI 

INVENIES. 

IN  ACERRIMIS  VLTIMI  MORBIS  CRVCIATIBVS 

SVMMA  EJVS  RELIGIO,    ET  PATIENTIA  EMICVERE. 

I 
OBIIT  PRIDIE   IDVS  DECEMBRIS 

A.   MDCCXXXVI. 

AETATIS  SVAE  LXXII.   MAGISTERII  VERO  XV.  (l). 

Nesta  geração  extinguiu-se  em  Portugal  a  primeira  linha  dos  Manuéis  de 
Vilhena,  porém  de  uma  senhora  com  quem  o  2.°  conde  de  Vila  Flor  viveu, 
depois  de  a  ter  raptado  ao  marido,  teve  êle  descendência,  que  posteriormente 
adquiriu  por  casamento  o  senhorio  de  Pancas,  e  que  subsiste  com  a  varonia 
de  Saldanha. 

Derivou-se  esta  varonia  de  José  Sebastião  de  Saldanha  Oliveira  e.Daun,. 
filho  segundo  do  i.°  conde  de  Rio  Maior,  e  marido  de  D.  Maria  Leonor 
Carolina  da  Conceição  Manuel  de  Vilhena  da  Costa  Freire  Martins  da  Fon- 
seca, senhora  da  Zibreira,  da  alcaidaria  mor  de  Alegrete  e  dos  morgados  de 
Pancas,  Alpedrinha,  e  Tapada  da  Cubeira,  e  bisneta  do  referido  2.°  conde 
de  Vila  Flor. 

José  Sebastião  de  Saldanha  foi  feito  Conde  de  Alpedrinha  em  3o  de 
Agosto  de  1864,  e  morreu  a  10  de  Novembro  de  i855,  seguindo-o  a  condessa 
no  túmulo  dois  dias  depois  (i). 


(i)  Fr.  Francisco  de  S.  Luís,  Collecção  de  inscripções,  epitáfios,  etc,  fl.  io8. 
(2)  Feo,  Memorias  dos  duques,  pág.  385  e  386. 
voL.  III  a 


IO  Brasões 

Estes  Manuéis,  de  que  no  presente  capítulo  dei  notícia,  são  os  chamados 
de  Castela,  os  quais  em  Portugal  estão  extintos  na  varonia. 

III 

MANUÉIS   DE  PORTUGAL 

Neste  capítulo  tratarei  dos  Manuéis  de  Portugal,  e  acabarei  com  a  lenda 
que  os  faz  descendentes  de  el  Rei  D.  Duarte,  que  nunca  teve  filhos  bastardos, 
que  se  saiba. 

Meado  o  século  xv  vivia  em  Lisboa  um  frade  do  Carmo  chamado  Fr.  João. 
Era  ele  provincial  da  sua  ordem  em  1441,  bispo  de  Seuta  em  1446,  e  da 
Guarda  em  1459.  Fora  embaixador  a  Hungria  e  a  Roma,  tivera  o  título  de 
bispo  de  Tiberiades,  e  exercia  o  cargo  de  capelão  mor. 

l  Era  este  homem  Fr.  João  Sobrinho  insigne  pregador  carmelitano  desse 
tempo,  como  alguns  querem?     Decerto  que  não. 

l  Era  este  bispo  da  Guarda  filho  de  el  Rei  D.  Duarte,  como  com  entu- 
siasmo o  proclamou  D.  António  Caetano  de  Sousa  no  cap.  I  do  livro  12.°  da 
Historia  genealógica  ?     Também  não. 

Então  quem  era  ele  ?     Quem  era  ?     Era  um  padre  que  foi  bispo,  e  teve 

dois  filhos  de  sua  amante  Justa  Rodrigues,  por  causa  de  quem  êle  dizia,  por 

sinal,  se  é  que  o  disse: 

Justa  fue  mi  perdicion  ! 

Isto  é  certo,  tudo  mais  é  duvidoso. 

Tudo  mais  é  duvidoso,  excepto  não  ter  êle  sido  filho  de  D.  Duarte.  E  o 
próprio  bispo  que  o  diz;  é  o  seu  filho  maior  que  o  repete.  Contra  isto  não 
há  arrazoados,  nem  lerias  de  genealogistas,  que  prevaleçam.  Também  é 
certo  que  em  nenhum  dos  bastantes  documentos  que  tenho  visto,  se  lhe  dá 
o  apelido  de  Manuel  (i);  e  é  certíssimo  que  sobre  a  sua  filiação  paira  um 
mistério  impossível  hoje  de  desvendar,  julgo. 


(1)  Na  ordem  chamou-se,  o  futuro  bispo  da  Guarda,  Fr.  João  de  S.  Lourenço.  Com 
este  nome  o  encontro,  entre  os  frades  discretos  do  convento,  em  uma  escritura  de  5  de  No- 
vembro de  1431  {Traslados  de  escripturas  antigas  do  Carmo  de  Lisboa,  liv.  i.<*,  pág.  144). 
—  Em  1442,  a  i3  de  Março,  já  Fr.  João  de  S.  Lourenço  era  provincial  do  Carmo,  como  se 
declara  em  duas  escrituras  daquela  data;  mas  parece  que  estava  ausente,  pois  que  outro 
frade  o  representou  nos  actos  {Ibidem,  liv.  3.°,  pág.  48,  e  liv.  1.°,  pág.  i63,  advertindo  que 
nesta  o  escrivão  leu  mal  o  documento  original).  —  Em  1443,  a  8  de  Julho,  outorga  Fr.  João 
(já  tinha  abandonado  o  apelido),  licenciado  em  teologia  e  provincial  da  ordem  em  certo 
instrumento  {Ibidem^  liv.  a.",  pág.  5).  —  No  mesmo  ano,  a  6  de  Dezembro,  estando  Fr.  João 
em  Roma  na  sua  embaixada,  é  substituído  na  prelazia  por  outro  carmelita  {Ibidem^  liv.  3.», 


•  Manuéis  1 1 

E  não  é  só  este  o  mistério.  O  bispo,  além  de  teólogo  exímio,  era  exce- 
lente astrólogo;  e  tanto,  que  o  «serviu  um  diabo,  e  ele  o  conheceu,  porque 
às  portas  fechadas  lhe  trouxe  figos  borjaçotes  em  Janeiro  (jquem  me  dera 
conhecer  este  diabo,  eu  que  morro  por  figos!);  e,  benzendo-se  o  bispo  disto, 
ele  desapareceu»  (i).  Mas  deixemos  o  sobrenatural,  e  vamos  ao  positivo, 
e  por  partes. 

D.  Fr.  João,  carmelita,  bispo  de  Seuta  e  depois  da  Guarda,  não  foi  o 
mestre  Fr.  João  Sobrinho,  também  carmelita  c  contemporâneo.  Não  o  foi, 
nem  o  podia  ter  sido,  porque  Fr.  João  Sobrinho  nunca  exerceu  prelazia 
nenhuma  (2);  e  D.  João  sabe-se  por  documentos,  que  citarei,  que  já  em  1445 
era  bispo  de  Seuta  (3),  e  em  1469  da  Guarda  (4).  E  não  só  por  isto,  mas 
também  porque  o  M.  Fr.  João  Sobrinho,  em  princípios  de  1479,  já  depois 
da  morte  do  bispo,  estava  eleito  em  provincial  e  vigário  da  província  do 
Carmo  (5). 

Não  foi  portanto  Fr.  João  Sobrinho  o  pai  de  D.  João  e  D.  Nuno  Manuel, 
porque  nas  cartas  de  legitimação  destes  se  diz  serem  eles  filhos  de  D.  João, 
bispo  da  Guarda,  do  nosso  conselho,  e  de  Justa  Rodrigues,  mulher  sol- 
teira (6). 

Uma  das  dúvidas  está  resolvida:  o  carmelita  Fr.  João  Sobrinho  não  foi 
bispo;  o  carmelita  Fr.  João  bispo  da  Guarda  é  que  foi  o  progenitor  dos 
Manuéis. 


pág.  56).  —  Em  17  de  Janeiro  de  1444,  em  resuhado  da  mesma  ausência,  não  é  nomeado 
{Ibidem,  liv.  2.<',  pág.  9).  —  Encontro-o  porém  dado  como  presente  em  uma  escritura  de  16 
de  Outubro  deste  mesmo  ano  {Ibidem^  pág.  12),  mas  dçve  ser  erro  de  cópia  do  tabelião  que 
fez  o  traslado,  pois  que  àquelo  tempo  ainda  Fr.  João  estava  em  Roma,  como  logo  direi.  — 
No  ano  seguinte  já  era  bispo  de  Seuta. 

Restitua-se  o  crédito  ao  tabelião  que  fez  o  traslado  acima  citado.  Encontrei  agora  na 
Torre  do  Tombo  os  originais  que  ele  copiou,  e  a  escritura  da  data  errada  está  a  fl.  2  dum 
caderno  de  pergaminho  encadernado  em  carneira  com  esta  marcação  B-47-16.  Lá  também 
se  lê  1444,  mas  isto  não  abala  a  minha  convicção,  porque  os  tais  cadernos  também  são  cópias, 
porém  muito  mais  antigas,  quási  contemporâneas. 

(i)  Damião  de  Góis,  Nobiliário  (Vid.  Arquivo  histórico  português,  IX,  365).  —  Eu 
possuo  dêste  nobiliário  uma  cópia  excelente,  mas  infelizmente  incompleta.  É  talvez  a  que 
foi  dada  a  João  Pereira,  fidalgo  do  Porto,  à  qual  se  refere  D.  António  Caetano  de  Sousa  no 
Apparato  da  Historia  genealógica.     Noutra  ocasião  darei  notícia  circunstanciada  do  códice. 

(7.)  Fr.  Simão  Coelho,  Compendio  das  chronicas  do  Carmo,  pág.  gr,  col.  2.»  in  fine. 

(3)  Duas  escrituras  de  2  de  Dezembro  de  1445  pág.  54  e  58  do  liv.  2.°  de  Traslados  de 
escrituras  antigas  do  mosteiro  do  Carmo  de  Lisboa. 

{4)  Escritura  de  16  de  Janeiro  de  1459  no  cit.  liv.  1."  de  Traslados  a  pág.  3o6. 

(5)  Escritura  de  3  de  Fevereiro  de  1479  a  pág.  1 10  do  liv.  3."  dos  cit.  Traslados. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.°,  íi.  166  v.,  em  duas  cartas,  ambas  de  i5  de  No- 
vembro de  1475. 


12      ,  Brasões 

Não  posso  dizer  de  quem  ele  fosse  filho;  mas  posso  afirmar  que  o  não 
foi  de  el  Rei  D.  Duarte.     E  a  outra  dúvida  que  vou  tratar  de  desvanecer. 

O  argumento  decisivo  irá  depois;  começarei  porém  pela  génese  da  im- 
postura.    Como  o  gato,  brincarei  com  o  rato  antes  de  o  matar (i). 


O  primeiro  autor,  que  deu  cá  para  fora  a  novidade  impressa,  foi  Pedro 
de  Mariz  nos  seus  Diálogos  de  varia  historia,  que  saíram  em  1694.  No 
cap.  V  do  Diálogo  quarto  diz  ele:  «  Houve  mais  elRey  D.  Duarte  hum  filho 
bastardo,  chamado  D.  loão  Manoel,  de  húa  Dama  &  parenta  da  Rainha 
D.  Lianor  sua  molher,  q  cÕ  ella  viera  de  Aragão:  &  chamav^sse  D.  lonna 
Manoel,  da  nobilíssima  familia  dos  Manoeys  de  Castela. . .»  (2). 

Para  abonar  o  seu  dito  cita  Pedro  de  Mariz  na  margem  estes  autores: 
«O  Doutor  Hieronym.  Gudiel  na  Chronica  dos  Giron.  cap.  Sg.  —  GÕsalo 
Argote  de  Molina  lib.  2.  c.  38  Ba  nobre:{a  de  Andalui.  —  Simão  Coelho 
Carmelita»,  e,  apontando  mais  quatro  códices  manuscritos,  arremata  com 
estas  palavras:  <íEt  in  hoc  secada  editione,  fuit  hoc  cõprobatum  satis 
siiperq;  visis  et  revisis  miiltis  codicibus  Jide  &  veritate  côspicuisD. 

Pois  se  ele  nesta  segunda  edição  viu  e  reviu  muitos  códices,  tanto  desta 
vez  como  da  primeira  estava  cego  quando  para  os  livros  olhou.  É  triste, 
triste  e  desagradável,  ter  de  dizer  a  um  velho  escritor,  que,  levado  pela  adu- 
lação, faltou  à  verdade;  mas  quem  tem  somente  em  vista  restabelecê-la  até 
onde  puder,  vê-se  obrigado  a  dizer-lho. 

Gudiel  na  sua  Chronica  dos  GirÕes  (3)  no  cap.  39,  que  é  bem  comprido 
€  onde  se  vêem  trinta  e  seis  árvores  de  gerações  diversas,  em  parte  nenhuma 
fala  no  bispo  D.  João,  nem  em  filhos  de  el  Rei  D.  Duarte.  Argote  de  Mo- 
lina no  cap.  38.°  do  liv.  2.°  da  Noble^a  dei  Andaluzia  também  não  se  refere 
a  semelhantes  personagens;  mas,  o  que  é  mais  grave,  é  que  no  cap.  58.°  tra- 
tando da  linhagem  dos  Manuéis  de  Castela  em  parte  nenhuma  nomeia  ao 
bispo,  nem  a  sua  suposta  mãe.  Finalmente,  Fr.  Simão  Coelho  no  seu  Com-  ^ 
pendio  das  chronicas  do  Carmo  guarda  análogo  silêncio  sobre  o  caso. 

Os  mais  autores  seguiram  a  Pedro  de  Mariz,  copiando-se  reciprocamente, 
e  autorizando-se  uns  com  os  outros. 


(i)  Vid.  Archivo  histórico  portuguez,  IX,  365. 

(2)  Servi-me  da  edição  de  1598,  a  que  tenho,  onde  o  transcrito  vem  no  v.  da  fl,  i58, 
que  está  numerada  5 18. 

(3)  O  verdadeiro  título  é:  Compendio  de  algunas  historias  de  Espana,  donde  se  iratàn 
muchas  antiguedades  dignas  de  memoria:  y  especialmente  se  dá  noticia  de  ia  antigua  familia 
de  los  Girones,y  de  oiros  muchos  linajes...    Por  el  doctor  Geronymo  Gudiel.    En  Alcala  .. 


^■■■mM^MiiM" 


Manuéis  i3 

Anterior  porém  a  Pedro  de  Mariz,  em  uma  carta,  que  hoje  se  vê  im- 
pressa (i),  e  que  é  datada  do  convento  de  S.  Francisco  de  Santarém  a  26  de 
Julho  de  1567,  se  dirigiu  Gaspar  Barreiros  a  Damião  de  Góis,  que  já  tinha 
publicado  as  três  primeiras  partes  da  Chronica  de  D.  Manuel,  .e  dá-lhe  a 
novidade  (2).  Começa  por  confessar  que  os  netos  e  parentes  do  bispo 
D.  João  se  lhe  haviam  queixado  lá  em  Santarém  do  cronista  não  fazer 
«  menção  de  cujo  filho  foy  o  Bispo  da  Guarda,  pay  do  dito  D.  João  (o  D.  João 
Manuel  camareiro  mor),  assim  da  parte  do  pay  como  da  may».  Já  daqui 
se  vê  o  morbo  de  que  a  informação  vinha  eivada.  Depois,  continuando, 
diz  mais:  «O  dito  Bispo  da  Guarda  foy  capellão  moor  dei  Rey  D.  Affonso 
o  5."  havido  do  dito  Rey  e  do  Infante  D.  Fernando  seu  yrmão  por  filho  del- 
Rey  Dó  Duarte  seu  pay,  e  por  tal  foy  dado  a  criar  e  pella  mesma  causa 
feito  Religiozo  do  Carmo,  o  qual  filho  ouve  o  dito  rey  em  huma  Sr.*  caste- 
lhana que  veyo  a  este  reyno  da  linhagem  dos  Manueis  de  Castella  etc». 

Este,  à  cautela,  não  entrou  em  grandes  pormenores  acerca  da  mãe  do 
bispo;  era  dos  Manuéis  de  Castela,  e  para  novidade  já  bastava.  Pedro  de 
Mariz  quis  adiantar  mais  alguma  coisa,  e  estendeu-se.  Ele  faz  a  mãe  do 
bispo  dama  da  rainha  D.  Leonor  e  com  ela  vinda  para  Portugal.  jEra  muito 
lindo,  mas  D.  Leonor  só  veiu  para  cá  em  Setembro  de  1428,  e  treze  anos 
depois,  em  144 1,  já  o  filho  da  4ama  era  provincial  da  ordem  de  Cristo!  (3). 
Foi  uma  criança  precoce. 

Outros  atentaram  no  erro  e  quizeram  salvar  a  cronologia,  fazendo  a  mãe 
do  bispo  filha  de  D.  Henrique  Manuel  de  Vilhena,  Conde  de  Seia,  caindo 
noutro  extremo,  no  de  apaixonarem  o  infante  D.  Duarte  por  uma  velha. 
Ainda  outros  disseram  que  ela  fora  neta  do  dito  Conde  D.  Henrique,  filha 
de  D.  Fernando  Manuel  de  Vilhena,  e  dama  da  rainha  D.  Felipa,  não  se 
lembrando  de  que  toda  a  geração  dos  Manuéis  fora  banida  do  reino  pela 
traição  do  Conde  D.  Henrique. 

No  meio  de  todos  estes  escolhos  é  notável  a  maneira  como  D.  António 
Caetano  de  Sousa  governa  o  seu  barco  (4),  e  como  pretende  salvá-lo  do  nau- 


(i)  Joaquim  de  Vasconcelos,  Damião  de  Góes.    Novos  estudos,  pág.  120. 

(2)  Damião  de  Góis  no  seu  Nobiliário  (refiro-me  sempre  à  minha  cópia)  mostra  ter  tido 
conhecimento  desta  carta :  «  Lembro  aqui  que  achei  que  dizia  Gaspar  Barreiros,  que  tinha 
escripto  desta  linhagem  no  livro  que  compoz  das  Linhajes  de  Portugual  e  Castella  muitos 
annos  antes  do  anno  de  iSóy,  que  dizia,  que  cria,  que  desta  historia  na  sua  Corographia.  & 
que  este  Bispo  foi  Capellão  mor  del-rei  D.  A.°  5."  &  ávido  delle  do  Infante  seu  Irmão  D.  fer- 
nando  por  filho  delRey  D.  Duarte  seu  pai  etc».  Apesar  disto  conservou  para  progenitor 
dos  Manuéis  a  Fr.  João  Sobrinho. 

(3)  Fr.  Manuel  de  Sá,  Memorias  históricas  do  Carmo,  pág.  216. 

(4)  Historia  genealógica,  Viv.  12°,  cap.  l. 


'14  Brasões 

frágio  mesmo  ao  dar  nos  .cachopos  dos  papéis  do  Carmo,  de  um  dos  quais 
êle  teve  conhecimento,  se  é  que  o  não  leve  de  ambos  e  nos  escondeu  o  mais 
perigoso. 

Permite-me  contudo,  leitor,  ainda  umas  considerações  antes  de  dar  a 
palavra  aos  documentos,  e  permite-mas  porque,  mesmo  na  ausência  deles, 
eu  não  acreditaria  que  o  bispo  da  Guarda  D.  João  houvesse  sido  filho  de 
el  Rei  D.  Duarte,  e  disto  te  quero  deixar  convencido. 

Já  quási  persuadido  deverás  estar,  atendendo  à  origem  das  informações. 
Quem  quer  dizer  uma  verdade,  não  começa  por  mentir  como  fez  Pedro  de 
Mariz;  quem  crê  numa  novidade,  não  confessa  que  lhe  foi  sugerida  pelos 
interessados,  como  declara  Gaspar  Barreiros. 

Atenta  bem,  amigo,  e  poupo-ie  citações. 

D.  Duarte  nasceu  a  3i  de  Outubro  de  iSgi,  e  casou  a  22  de  Setembro 
de  1428.  Depois  desta  data  já  viste  que  lhe  não  podia  ter  nascido  o  suposto 
filho;  portanto  temos  de  lhe  procurar  o  nascimento  anterior  a  ela. 

A  rainha  D.  Felipa  morreu  a  18  de  Julho  de  141 5.  Não  quero  admitir 
que  o  grave,  austero,  respeitador  D.  Duarte  fosse  manchar,  profanar,  pode-se 
dizer,  a  casa  honrada  de  sua  mãe,  seduzindo  uma  das  donzelas  entregues  à 
sua  guarda.  Não  o  quero  admitir;  e  não  lho  consentiria  a  vigilância  da 
rainha.  Por  estes  tempos  contudo  andava  êle  « doente  do  humor  menenco- 
nico»  (i),  e  um  dos  conselhos  dos  físicos  de  então  era  bem  próprio  para  dar 
razão  de  ser  a  Fr.  João  de  S.  Lourenço,  o  futuro  bispo  da  Guarda.  D.  Duarte 
porém  diz  que  «todos  desprezei».  Admitamos  por  hipótese  que  o  infante 
não  tivesse  sido  sincero,  e  que  não  só  bebesse  vinho  pouco  aguado  e  se  dei- 
xasse de  grandes  cuidados,  mas  também  que  se  sacrificasse  a  Vénus  com 
frequência,  vindo  então  o  bispo  da  Guarda  a  nascer  por  1416,  sendo  entregue 
a  uns  vilões  para  o  criarem  como  filho,  e  com  tanto  mistério  e  resguardo, 
que  deles  se  supôs  sempre  nascido  até  ao  final  da  vida.  ^Nestas  condições, 
filho  de  plebeus,  nem  sequer  suspeitado  de  bastardo  de  um  rei,  acreditas, 
leitor,  que  aos  vinte  e  quatro  anos  fosse  o  geral  da  ordem,  lá  em  Roma,  no- 
meá-lo provincial  do  Carmo  de  Portugal?  ;  Acreditas  que  em  1437,  apenas 
com  vinte  e  um  anos,  Fr.  João,  carmelita,  fosse  escutado,  segundo  diz  Rui 
de  Pina,  pelos  combatentes  no  arraial  de  Tânger,  como  um  homem  sábio  e 
prudente?  ^Acreditas  que  em  148 1,  mal  cumpridos  os  quinze  anos,  já 
Fr.  João  de  S.  Lourenço  fosse  um  dos  frades  discretos  do  seu  convento, 
como  o  declara  uma  escritura  ? 

Não,  tu  não  o  acreditas,  mas  lastimas,  como  eu,  a  facilidade  com  que 


(i)  Leal  conselheiro,  cap.  XIX.  —  Quem  tiver  lido  este  livro  não  compreende  a  possi- 
bilidade do  seu  autor  ter  seduzido  uma  donzela  da  casa  de  sua  mãe. 


wiiiriliiiiii  j>%tj>i^^' 


Manuéis  i5 

aceitamos  sem  averiguações  o  que  antes  de  nós  se  escreveu,  sobretudo 
quando  cheira  a  escândalo.  Aceitamos  umas  vezes,  porque  outras  criticamos, 
deprimimos,  ridiculisamos,  o  que  outros  com  mais  estudo  do  que  nós,  ainda 
que  nem  sempre  com  firme  crítica  a  que  não  damos  o  desconto  dos  tempos, 
escreveram. 


.  Agora  fale  o  bispo  D.  João: 

«...  Disse  e  declarou  que  era  verdade  que  êle  de  seus  próprios  dinheiros 
que  houvera  por  razão  de  sua  pessoa  por  mercês  que  houve  de  el  Rei  nosso 
senhor,  isso  mesmo  por  ir  por  embaixador  por  vezes  em  corte  de  Roma  ao 
Santo  Padre,  e  ao  reino  de  Ungria,  por  outras  causas,  modos  bons,  lícitos 
e  honestos...  comprara  e  houvera  para  si  por  autoridade  e  licença  do  dito 
senhor  rei  estes  bens  que  se  adiante  seguem. ..  Destes  bens  fez  logo  mor- 
gado para  sempre,  mandando  lhe  dissessem  em  cada  ano  por  sua  alma  seis 
missas  em  qualquer  capela  onde  êle  fôr  enterrado,  saindo  no  íim  da  missa 
sobre  sua  cova  com  responso...  Disse  mais  que  fazia  doação  deste  dia 
para  todo  sempre  ao  dito  D.  João  Manuel. . .  das  ditas  casas  novas. . .  com 
a  condição...  que  o  possuidor  que  fôr  das  ditas  casas  lhe  faça  dizer  em 
cada  um  ano  para  todo  sempre  seis  missas  resadas  em  cada  quaresma  de 
cada  um  ano,  convém  a  saber,  cada  domingo  da  dita  quaresma  uma  missa 
pela  alma  do  dito  senhor  e  seu  padre  e  madre,  saindo  sempre  em  fim  de 
cada  missa  com  responso  e  água  benta  sobre  a  cova  onde  Ja:^  o  dito  seu 
padre  e  madre  r>  (i). 

^  Ainda  o  querem  mais  claro?  Fale  então  D.  João  Manuel,  o  filho  maior 
do  bispo: 

«Por  quanto  D.  João,  que  foy  Bispo  da  Guarda,  e  Provincial  daquele 
Mosteiro  (o  do  Carmo  em  Lisboa),  se  mandou  ali  enterrar,  lhe  "davão  a  Ca- 


(i)  Carta  de  14  de  Agosto  de  Í475  de  instituição  da  capela  do  bispo  da  Guarda  no  con- 
vento do  Carmo  de  Lisboa.  Está  a  fl.  87  vol.  I  do  Tombo  das  escripturas  que  tratão  das 
Capellas  deste  Real  Convento  do  Carmo  de  Lisboa.  Feito  depois  do  Terremoto . . .  escripto 
pelo  R.  P.  Frequentado  Fr.  Matheus  de  Araújo  Correia,  Escrivão  do  dito  Convento.  Anno 
de  ijSS;  guarda-se  na  Torre  do  Tombo.  Está  também  a  fl.  i5i  do  liv.  3.°  das  Capellas  do 
Carmo,  que  se  guarda  no  cartório  do  hospital  de  S.  José.  Em  ambos  os  livros  são  cópias 
autênticas,  com  reconhecimentos,  e  perfeitamente  em  forma,  mas  em  ambos  vêem-se  apenas 
extractos.  Está  porém  o  documento  por  inteiro  a  fl.  16  e  seguintes  dos  Autos  da  conta  da 
Capella  do  Bispo  da  Guarda  D.  João  Manuel  (sic)  na  egreja  de  Nossa  Sr.a  do  Monte  do 
Carmo,  Cartório  das  capellas,  mac.  Q2,  n.o  2,  Ext.o  goy. —  Estes  preciosos  autos  encontrou-os 
no  cartório  do  hospital  de  S.  José,  onde  a  pedido  meu  os  procurou,  o  distinto  cartulário 
daquele  precioso  arquivo,  Luís  Carlos  Leão  Trinité,  a  quem  quero  deixar  aqui  o  meu  agra- 
decimento. 


1 6  Brasões 

pella  dos  Reys  para  elle  bispo,  e  que  nella  se  enterrariao,  senão  o  dito 
D.  João,  e  seu  irmão  D.  Nuno,  e  os  que  delles  descendessem,  salvo  Leonor 
Pires,  mulher,  que  foy  de  Pedro  Annes,  escudeiro  e  morador  em  Valverde, 
para  o  que  o  dito  D.  João  Manuel  dava  tal  renda  ao  Mosteiro  para  lhe 
dizerem  certo  numero  de  Missas  pelas  almas  do  Bispo  seu  pay,  e  sen  paj^y 
e  mãf  delle  Bispo^  que  estavão  enterrados  da  banda  de  fora  da  dita  Capella, 
junto  com  o  primeiro  esteyo,  etc. »  (i). 

El  Rei  D.  Duarte,  como  todos  sabem,  está  enterrado  na  Batalha  e  nunca 
teve  outra  sepultura.  As  razões  que  D.  António  Caetano  de  Sousa  apresenta 
em  seguida  à  transcrição  acima  para  a  infirmar,  são  realmente  fúteis  (2). 


Fique  pois  assente,  acabando  com  esta  lenda,  (^ue  o  bispo  da  Guarda 
D.  João  (3)  não  foi  filho  de  el  Rei  D.  Duarte.  Fique  também  em  certeza 
que  o  bispo,  que  na  ordem  se  chamou  ao  princípio  Fr.  João  de  S.  Lourenço, 
nunca  usou  do  apelido  Manuel;  e  agora  direi  resumidamente  o  mais  que  sei 
de  sua  vida. 

O  misterioso  João  nasceu,  em  Lisboa  dizem,  nos  princípios  do  século  xv, 
pois  que,  tendo  outorgado  como  um  dos  frades  discretos  do  seu  convento 
em  uma  escritura  acima  citada  de  5  de  Novembro  de  148 1,  não  se  lhe  pode 
admitir  menos  de  vinte  e  cinco  anos  a  este  tempo.  Teve  portanto  lugar  o 
seu  nascimento  no  ano  de  1406,  ou  ainda  antes,  quando  o  seu  suposto  pai 
tinha  quinze  anos  escassos.  Ainda  em  vida  do  condestável  recebeu  o  hábito 
no  convento  do  Carmo  daquela  cidade  (4).  Teve  pois  lugar  esta  cerimónia 
entre  Agosto  de  1422  e  i  de  Novembro  de  148 1.  Depois  professou  termi- 
nado o  noviciado,  e  ainda  depois  de  professo  conviveu  bastante  com  Nuno 
Alvares,  que  morreu  na  segunda  data  apontada  (5). 

Foi  o  frade  da  criação  do  condestável,  e  unido  por  estreita  afeição  a  seu 


(i)  Contrato  de  5  de  Julho  de  1488  celebrado  entre  D,  João  Manuel  e  os  carmelitas  de 
Lisboa.  Está  a  pág;  27  do  liv  i.°  dos  Tombos  do  Carmo  citados  por  Sousa  na  Historia 
genealógica,  vol.  XI,  pág.^386,  e  por  Sant'Ana  na  Chronica  dos  Carmelitas,  vol.  II,  §  iii. 

(2)  Historia  genealógica,  vol.  XI,  pág.  386. 

(3)  Era  tio  de  um  Álvaro  Pires  Pessoa  que  teve  carta  de  perdão  em  6  de  Julho  de  1450 
(Torre  do  Tombo,  liv.  3.°,  fl.  5o8  v.). 

(4)  Fr.  Manuel  de  Sá,  Memorias  do  Carmo,  pág.  2i3  e  2i5;  Fr.  José  Pereira  de  Sant'Ana, 
Chronica  dos  Carmelitas,  vol.  II,  §§  83  e  87.  —  Enganam-se  porém  os  cronistas  quando 
supõem  catorze  anos  de  idade  a  Fr.  João  ao  receber  o  hábito.  O  menos  que  êle  poderia 
ter  em  Agosto  de  1422  eram  dezaseis  anos.  Enganam-se  também  não  identificando,  como 
o  fazem  os  documentos,  a  Fr.  João  de  S.  Lourenço  com  o  Fr.  João  a  que  eles  chamam  Ma- 
nuel 

(5)  Sant'Ana,  Chronica  dos  Carmelitas,  vol.  I,  §g  909  e  ioo3. 


Manuéis 


17 


neto  o  Conde  de  Ourém  (i).  Apasar  destas  relações, /e  talvez  mesmo  por 
via  delas,  porque  recaíam  em  «  homem  de  grande  prudência  e  de  san  e  justa 
tenção»,  foi  D.  João  escolhido  pelo  infante  D.  Henrique,  em  princípios  de 
1449,  para  aconselhar  ao  infante  D.  Pedro  outro  comportamento*  nas  suas 
discórdias  com  o  sobrinho  e  antigo  pupilo  (2). 

Quis  deixar  manifestadas  as  relações  de  Fr.  João  de  S.  Lourenço  com  a 
a  casa  de  Bragança,  as  quais  explicam  não  só  a  rápida  elevação  do  frade, 
mas  também  o  seu  futuro  valimento  junto  a  D.  Afonso  V,  e  antecipei-riíe 
um  pouco. 

Quando  em  1436  se  organizou  a  malograda  expedição  a  Tânger,  uma 
das  pessoas  principais  que  nela  tomaram  parte  foi  Fr.  João,  que,  conforme 
o  cronista,  já  então  era  provincial  do  Carmo,  no  que  há  engano  (3).  No 
ano  seguinte,  em  Agosto,  partia  o  frade  para  Africa  e  lá  serviu  na  campanha 
por  forma  que  as  palavras  do  cronista  bem  exaltam.  Diz  ele:  «E  aqui  nom 
he  razom,  por  seu  perpetuo  louvor,  e  boõ  exemplo  de  Religiosos,  que  passe 
per  esquecimento,  o  grande  esforço  nas  pellejas,  e  húua  devota  esperança, 
para  os  que  nellas  morressem,  bem  acabarem,  que  ho  Bispo  de  Cepta  (4), 


(i)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  38o.  —  Fr.  José  Pereira  de  Sant'Ana  na 
Chronica  dos  Carmelitas,  vol.  II,  §  1 00,  traz,  referindo-se  a  Fr.  João,  uma  carta  do  genro 
do  condestável,  o  Conde  de  Barcelos  D.  Afonso,  carta  que  é  apócrifa.  Basta  lê-la  para  logo 
entrar  a  suspeita  no  espírito.  A  carta  não  tem  data,  e  é  dirigida,  não  se  sabe  a  quem,  mas 
a  pessoa  tão  altamente  colocada,  que  naquelas  eras  o  filho  de  um  rei  lhe  dava  o  tratamento 
de  senhoria. 

A  carta  recomenda  a  Fr.  João,  provincial  do  Carmo,  para  abade  comendatário  de  Alco- 
baça durante  o  impedimento  do  abade  perpétuo,  que,  diz  ela,  poria  de  boa  mente  o  mos- 
teiro nas  mãos  do  carmelita.  O  abade  de  Alcobaça,  que  se  encontra  nestas  condições  por 
esses  tempos,  foi  D.  Fr.  Estêvão  de  Aguiar  chamado  em  9  de  Janeiro  de  1440  para  a  corte, 
onde  morreu  a  i3  de  Fevereiro  de  1446.  (Fr.  Manuel  dos  Santos,  Alcobaça  ilustrada^  pág.  264). 
A  eleição  de  seu  sucessor,  Fr.  Gonçalo  Ferreira,  foi  aprovada  por  carta  régia  de  aS  de  Março 
de  1446  (Liv.  5>  de  D.  Afonso  V,  fl.  28).  Já  aqui  ficam  duas  datas  entre  as  quais  se  há  de 
meter  a  da  carta.  Nesta  porém  se  diz  que  já  então  havia  Fr.  João  sido  por  duas  vezes 
embaixador  junto  ao  papa,  o  que  vem  precisar  muito  mais  a  data  do  pseudo-documento. 
Efectivamente  Fr.  João  foi  uma  primeira  vez  a  Roma  donde  voltou  em  fins  de  1440,  e  tomou 
a  ser  nomeado  a  segunda  vez  em  Julho  de  1443.  Tudo  isto  lá  adiante  ficará  provado. 
Temos  portanto  de  pôr  a  data  da  carta  do  Conde  de  Barcelos  pelo  menos  depois  de  Julho 
de  1443;  ora  êle,  já  desde  3o  de  Dezembro  do  ano  antecedente,  era  Duque  de  Bragança 
{Historia  genealógica,  vol.  S.*»,  pág.  40) ;  explique  pois,  quem  souber,  porque  é  que  na  carta 
D.  Afonso  se  assina  «  O  Conde  ». 

(a)  Pina,  loc.  cit. 

(3)  Pina,  Chronica  de  D.  Duarte,  pág.  1 18. —  A  propósito  da  citação  desta  crónica  direi ' 
que  nela  se  não  encontra  a  mínima  referência  a  ser  o  carmelita  filho  de  D.  Duarte. 

(4)  Aqui  há  outra  antecipação  do  cronista.  Fr.  João  só  foi  bispo  de  Seuta  depois  dfr 
Í443. 

VOL.  Dl  3 


l8  Brasões 

que  despois  foy  da  Guarda  neste  combate,  e  em  todollos  outros  aos  Chris- 
taãos  acrecentava,  o  qual  com  as  muytas  leteras,  e  boa  eloquência,  de  que 
foy  bem  dotado:  e  assi  com  hum  viril  coraçom,  que  lhe  nom  fallecia,  vestido 
nas  armas  Seculares,  em  que  pellejando  recebeo  muytas  feridas  e  também 
nas  Ecclesiasticas,  como  compria  aas  vezes  os  socorria,  e  esforçava  com 
plenárias  asoluçooens  da  Bulia  da  Cruzada,  que  trazia,  e  as  mais  os  animava 
c5  ho  Verdadeiro  Corpo  de  Nosso  Senhor,  que  a  todos  mostrava,  dizendo 
em  altas  vozes,  e  com  perenaaes  lagrimas  nos  olhos,  palavras  de  tanto  es- 
forço, fee,  e  devaçaom,  que  os  Cristaaõs,  que  ho  viam  e  ouviam,  tam  sem 
receio  se  despunham  aos  perigos,  que  já  nom  pareciam,  que  pelejavam  por 
livrar-se  das  mortes,  mas  que  folgavam  perder  as  vidas  em  tal  auto,  por 
nelle  salvar  suas  almas » (i). 

Por  estes  tempos,  talvez  já  depois  da  morte  de  D.  Duarte,  começaram  a 
ter  lugar  as  diferentes  embaixadas  de  Fr.  João,  que  se  sabe  ter  ido  na 
qualidade  de  embaixador  uma  vez  a  Hungria  e  duas  a  Roma.  Da  ida  àquele 
reino  só  me  consta  pela  escritura  da  instituição  do  vínculo  acima  citada;  da 
primeira  das  idas  à  cúria  sabe-se  unicamente  o  seguinte:  terem  D.  Rui  da 
Cunha,  prior  de  Guimarães,  e  o  futuro  provincial  do  Carmo  D.  João,  che- 
gado ao  reino  de  volta  da  sua  missão  em  Dezembro  de  1440(2);  e  a  segunda 
consta  por  um  documento  interessante,  que  extractarei  (3). 

O  regente  D.  Pedro,  estando  em  Sintra,  mandou  passar  um  alvará  em 
16  de  Julho  de  1448  a  Fr.  João,  provincial  do  Carmo,  a  quem  havia  nomeado 
embaixador  a  Roma,  regulando-lhe  a  forma  da  jornada;  e  outro  no  dia 
seguinte,  em  que  lhe  mandou  dar  cem  ducados  de  graça. 

Pôs-se  Fr.  João  a  caminho  por  mar,  e  chegou  a  Bruges  a  8  de  Dezembro, 
pagando  de  frete  da  carraca,  em  que  foi  até  lá,  vinte  ducados.  Nesta  cidade 
recebeu  trezentos  e  vinte  ducados  de  um  fulano  frolentim  por  letra  de 
câmbio  de  Tropell,  mercador  genovês  estante  em  Lisboa. 

De  Flandres  seguiu  para  Roma  por  terra,  comprando  para  a  jornada 
uma  besta  para  si  que  lhe  custou  vinte  ducados,  e  por  mais  trinta,  três 
cavalgaduras  para  três  criados  que  consigo  levava. 

Chegado  à  cidade  santa  recebeu  mil  cento  e  oitenta  ducados  de  Felipe 
de  la  Luna  por  outra  letra  de  câmbio  do  dito  Tropell  que  ia  para  o  banco 


(i)  Chronica  cit.,  pág.  i63. 

(2)  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  320.  —  Parece  confirmarem  a  estada  de  D.  Rui 
da  Cunha  em  Roma  no  ano  de  1439  uns  breves  dados  nesse  ano  pela  cúria  a  favor  da  cole- 
giada de  Guimarães  (Serra  Grasbeck,  Catalogo  dos  abbades  de  Guimarães,  págs.  48  e  49). 

(3)  É  uma  carta  de  quitação  que  se  encontra  na  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  5.", 
fl.  54,  publicada  por  extenso  nos  Documentos  das  chancelarias  reais...  relativos  a  Marrocos, 
I,  323. 


Manuéis 


t^ 


de  António  de  Paces;  e  mais  duzentos  e  cinquenta  ducados  dos  monges  de 
Florença,  de  dinheiros  que  lhes  haviam  sido  dados  em  guarda  em  tempo  de 
el  Rei  D.  Duarte  (i).  Para  haver  contudo  esta  quantia  teve  de  pôr  demanda 
aos  religiosos,  na  qual  gastou  onze  ducados. 

Entrando  Fr.  João  a  tratar  dos  negócios  a  que  ia,  começou-lhe  logo  a 
esvasiar  a  bolsa,  o  que  sucede  sempre  em  Roma,  como  é  bem  sabido. 

Com  as  letras  de  desanexaçao  do  mestrado  de  Santiago,  e  de  demarcação 
do  bispado  de  Seuta,  dispendeu  o  embaixador  mil  trezentos  e  cinquenta 
ducados  de  câmara  e  dez  bojocos  (baiocchi)  nestas  verbas:  mil  ducados  de 
Veneza,  que  se  diz  serem  mil  e  cinquenta  e  sete  ducados  de  câmara  e  dez 
bojocos,  ao  Santo  Padre;  cem  ducados  ao  Mourenensy  pelo  seu  trabalho, 
por  com  boa  diligência  solicitar  o  que  cumpria;  cento  e  seis  ducados  pelas 
bulas  da  desanexaçao;  quinze  ducados  pela  letra  de  dispensação  do  casa- 
mento do  infante  D.  Fernando;  sessenta  e  cinco  ducados,  sendo  quarenta  de 
taxamentb  do  mestrado,  vinte  ao  taxador  por  não  ter  levado  taxa  de  quatro 
mil  ducados  em  que  o  mestrado  é  posto,  e  cinco  de  outras  coisas  meúdas 
pertencentes  às  letras;  dois  ducados  ao  secretário  do  Duque  de  Borgonha, 
«meu  muito  amado  e  presado  tio»,  pelas  letras  que  fez;  e  cinco  ducados 
aos  porteiros  do  papa. 

Concluídas  as  negociações  saiu  Fr.  João  de  Roma  a  8  de  Dezembro  de 
1444  direito  a  Savona.  Embarcou  aí  numa  carraca  a  22  de  Janeiro  seguinte, 
gastando  quatro  meses  na  travessia,  parando  em  Cadiz  (2),  onde  mudou 
para  uma  barca,  e  apontando  finalmente  a  Castro  Marim  em  20  de  Maio 
de  1446.  Pela  passagem  na  carraca  até  Cadiz  pagou  doze  ducados,  e  na 
barca  até  Portugal  nove  dobras,  ou  nove  ducados,  pois  que  equivaliam  como 
se  vê  da  conta. 

Já  até  aqui  estão  apontados  mil  quatrocentos  e  quarenta  ducados  e  dez 
baiocchi  de  despesas  várias,  vejamos  agora  as  restantes  verbas:  Tomou 
para  si  quinhentos  e  quarenta  e  nove  ducados  para  seu  mantimento,  e  de 


(i)  D.  António  Caetano  de  Sousa  na  pág.  383  do  vol.  XI  da  Historia  genealógica,  com 
a  sua  tineta  de  querer  que  o  Bispo  seja  filho  de  D.  Duarte,  faz  uma  confusão  medonha  com 
esta  parte  do  documento.  Ele  entendeu  que  os  referidos  dinheiros  haviam  sido  dados  em 
Guarda,  isto  é,  na  cidade  da  Guarda,  ao  bispo  por  el  Rei  D.  Duarte,  tirando  daqui  a  con- 
clusão de  que  já  no  tempo  deste  rei  gosava  Fr.  João  de  valimento.  Nem  então  se  sonhava 
em  que  o  frade  viria  a  ser  bispo  da  Guarda,  nem  o  documento  diz  coisa  nenhuma  que  se 
aproxime  da  interpretação  que  o  tealino  lhe  dá.  Os  tais  dinheiros  haviam  sido  dados  «m 
guarda,  em  depósito,  aos  monges  de  Florença. 

(2)  O  documento  chama-lhe  Calez.  Evidentemente  não  é  Calais,  mas  sim  a  Gades 
antiga,  nome  que  ocasionaria  a  confusão  do  escrivão  pouco  forte  em  geografia.  Ele  já  a 
Savona  chamara  Sagona.  Não  é  também  para  admirar  o  tempo  gasto  na  viSgem,  poi& 
que  em  Janeiro  no  golfo  de  Leão  a  carraca  havia  de  ser  bem  batida  das  ondas. 


•20  Brasões 

três  cavalgaduras,  pelo  tempo  que  medeou  entre  a  chegada  a  Bruges  e  a 
partida  de  Roma,  a  razão  de  meio  ducado  por  dia  para  a  sua  pessoa,  e  de 
um  ducado  por  dia  para  as  cavalgaduras,  a  terço  de  ducado  por  cada  uma; 
pelo  seu  corregimento,  setenta  e  cinco  ducados;  para  vestido  dos  seus, 
quarenta  ducados;  para  si  de  graça,  cem  ducados;  para  mantimentos  durante 
a  viagem  por  mar  até  Cadiz,  quarenta  e  nove  ducados  e  meio,  contando  a 
sua  pessoa  a  cinco  ducados  por  mês  e  os  seus  três  homens  a  dois  ducados 
cada  um;  e  mais  duas  dobras  até  Castro  Marim.  Somou  a  despesa  toda  em 
dois  mil  duzentos  e  sessenta  e  sete  ducados  e  meio,  e  dez  baiocchi,  e  a  re- 
ceita em  mil  setecentos  e  cinquenta  ducados ;  houve  pois  um  excesso  de'  des- 
pesa de  quinhentos  e  dezasete  ducados  e  tal,  que  se  lhe  mandou  pagar  pelo 
rendimento  da  alfândega  de  Lisboa,  ajustando-se  as  contas,  e  dando-se-lhe 
quitação  um  ano  depois  do  regresso,  por  carta  passada  em  Abrantes  a  3  de 
Junho  de  1446(1). 

No  princípio  desta  carta  diz-se:  «fazemos  saber  que  o  ano  passado  de 
1443  mandámos  à  corte  do  Santo  Pa^re  D.  João  bispo  da  nossa  cidade  de 
Seuta  etc. ».  Daqui  entendeu  D.  António  Caetano  de  Sousa  que  D.  João  já 
era  bispo  de  Seuta,  quando  foi  para  Roma;  é  engano,  era  já  bispo  quando 
se  lhe  passou  a  carta  de  quitação,  isso  sim.  A  26  de  Novembro  de  1443 
ainda  Fr.  Aimaro  era  bispo  de  Seuta  (2).  A  i  de  Julho  de  1444  era  contudo 
já  falecido.  Consta  de  uma  carta  de  isenção  de  serviços  para  o  homem  que 
casar  com  Isabel  Fernandes,  morador  em  Guimarães,  porquanto  fomos  certo 
que  a  criou  de  mui  pequena  D.  Amaro,  bispo  que  foi  de  nossa  cidade  de 
Seuta  (3). 

Em  1445  tinha  já  Fr.  João,  provincial  do  Carmo,  passado  a  ser  D.  João, 
bispo  de  Seuta  primas  de  África  (4),  prelazia  que  provavelmente  lhe  havia 
sido  confirmada  em  Roma  no  ano  de  1444  em  que  lá  residiu.  Com  o  bis- 
pado conservou  porém  D.  João  o  governo  da  província  do  Carmo,  que 
exerceu  até  morrer. 

Em  1460  era  capelão  mor  (5),  e  em  1459,  nos  princípios  do  ano,  bispo 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  5.°,  fl.  54,  já  citada. 

(2)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  5.°,  pág.  200. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  24.°,  fl.  76  v. 

(4)  Encontro  a  Fr.  João  já  provido  no  bispado  de  Seuta  em  duas  escrituras  de  2  de 
Dezembro  de  1445  ( Traslados  de  escripturas  antigas,  liv.  2.°,  págs.  54  e  58,  papéis  do  con- 
vento do  Carmo  de  Lisboa  hoje  na  Torre  do  Tombo). 

(5)  Procuração  de  20  de  Janeiro  apud  Sant'Ana,  Chronica  dos  Carmelitas,  vol.  2."», 
pág.  419;  carta  de  3o  de  Julho  de  niercê  de.  todos  os  bens  móveis  e  de  raiz,  situados  na 
Louzã  e  em  Condeixa,  de  vários  lavradores  que  haviam  estado  com  D.  Pedro  na  Alfarro- 
beira {Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  34,0,  fl.  192  v.). 


Manuéis  2i 

da  Guarda  (i).  Sucedeu  neste  bispado  a  D.  Luís  da  Guerra  a  quem 
D.  Afonso  V,  tratando-o  por  nosso  bem  amado  primo,  concedera,  por  carta 
dada  em  Estremôs  a  28  de  Junho  de  1458,  privilégios  para  os  homens  que 
trabalham  em  uma  ferraria  que  o  bispo  ordenara  e  mandara  fazer  em  Caria 
no  seu  bispado  (2).  Continuou  D.  João  com  esta  exploração  do  ferro,  e 
impetrou  de  el  Rei  uma  carta  dada  em  Évora  a  17  de  Abril  de  146 1  (3) 
dirigida  em  geral  a  todos  os  juízes  e  Justiças,  pela  qual  se  concederam  vários 
privilégios  aos  biscaínhos  que  então  lavravam  nas  ferrarias  de  Caria,  e  a 
outras  quaisquer  pessoas  que  de  futuro  se  empregassem  na  mesma  indústria. 
Ficaram  autorizados  a  buscar  e  abrir  quaisquer  vieiros  de  ferro  que  em  o 
reino  entendessem  de  achar,  dando-se-lhes  caminhos  para  trazerem  o  metal 
às  ferrarias  para  aí  o  aproveitarem,  e  outrosim  bois,  carros  e  bestas  para 
os  transportes;  tudo  isto  satisfazendo  eles  primeiro  e  contentando  aos  donos 
das  terras,  animais  e  veículos  (4). 

Nesta  carta  é  D.  João  intitulado  bispo  da  Guarda,  capelão  mor  e  do  con- 
selho. Bem  assim  o  é  em  outra  dada  na  própria  cidade  da  Guarda  a  2  de 
Setembro  de  1465,  em  que  se  mandam  prender  muitos  rendeiros  das  rendas 
do  bispado,  que  estavam  excomungados  por  falta  de  pagamento,  e  retê-los 
presos  até  satisfazerem  seus  débitos  (5). 

Depois,  aproximando-se  a  morte,  instituiu  D.  João,  em  14  de  Agosto  de 
1475,  o  morgado  a  que  já  me  referi. 

Foi  feita  a  escritura  em  Lisboa  nas  casas  do  muito  honrado  religioso 
senhor  D.  João,  bispo  da  Guarda,  do  conselho  de  el  Rei  e  seu  capelão  mor, 
estando  aí  o  dito  bispo  e  D.  João  Manuel,  fidalgo  da  casa  do  príncipe. 
Começou  o  bispo  por  declarar  que  em  Fevereiro  de  1460  alcançara  licença 
e  faculdade  do  papa  para  que  dos  bens,  licitamente  grangeados,  pudesse 
testar  e  legar  até  à  soma  e  valia  de  cinco  mil  cruzados  de  câmara.     Em 


(i)  Numa  escritura  de  16  de  Janeiro  de  1459  se  diz  que  D.  João,  bispo  de  Seuta,  estava 
eleito  e  confirmado  no  bispado  da  Guarda  {Traslados  de  escripturas  antigas  (do  Carmo), 
liv.  2.°,  pág.  3o6).  Não  sei  quando  tomou  posse  e  seria  muito  antes  de  16  de  Abril  de  1461, 
em  que  já  era  bispo  da  Guarda,  como  consta  de  uma  carta  dada  em  Évora,  pela  qual  se 
mandaram  restituir  à  sua  mitra  uns  lugares  que  lhe  haviam  sido  tirados  {Beira,  liv.  2.% 
fl.  189  V.).  Foi  com  certeza,  pois  que  numa  escritura  de  14  de  Dezembro  de  1459  já  aparece 
intitulado  bispo  da  Guarda  sem  mais  restrições.  Está  o  documento  a  fl.  i5  v.  dum  caderno 
de  pergaminho,  que  se  guarda  na  Torre  do  Tombo  com  a  marcação  B-47-16. 

(2)  Beira,  liv.  2.»,  fl.  19. 

(3)  Outra  carta  para  análogos  fins,  dada  em  Lisboa  no  ano  de  1462  e  registada  no  liv.  i.* 
de  D.  Afonso  F,  fl.  loi,  transcreve  Sousa  Viterbo  nas  Artes  e  industrias,  Minas  e  mi- 
neiros, 53.  , 

(4)  Ibidem.     - 

(5)  Ibidem,  fl.  26  v. 


22  Brasões 

virtude  desta  autorização  adquirira  estes  bens:  uma  quinta  com  vinhas, 
pinhais,  marinhas  e  moinhos  no  Hmite  de  Aldeia  Galega,  onde  chamam  a  Lan- 
çada, a  qual  havia  comprado  por  trezefitos  e  quarenta  mil  reais  (i);  na  cidade 
de  Lisboa,  na  freguesia  de  S.  Mamede,  comprara  por  cento  e  dez  mil  reais  de 
D.  Fernando  Coutinho,  marichal  destes  reinos,  e  de  sua  mulher,  um  assen- 
tamento de  casas,  que  ainda  não  eram  acabadas,  e  que  o  bispo  ora  manda 
acabar,  as  quais  partiam  com  casas  que  foram  de  D.  Álvaro  Gonçalves  de 
Ataíde,  Conde  da  Atouguia,  e  da  Condessa  D.  Guiomar  de  Castro,  sua 
mulher,  e  da  outra  parte  com  azinhaga  entre  as  casas  que  haviam  sido  do 
marichal  e  as  de  João  Vaz  de  Almada,  rico  homem,  do  conselho  de  el  Rei 
e  vedor  que  foi  da  sua  casa,  e,  ainda  doutro  lado  com  ruas  públicas;  com- 
prara mais  e  houvera  por  duzentos  e  setenta  mil  reais  de  D.  João  de  Noronha 
e  de  sua  mulher  D.  Felipa  as  sobreditas  casas  que  haviam  sido  dos  condes 
da  Atouguia  pais  desta  senhora,  as  quais  partiam  com  as  referidas  casas  de 
João  Vaz  de  Almada,  com  as  que  haviam  sido  do  marichal,  e  com  ruas  pú- 
blicas; uma  quinta  em  termo  de  Abrantes,  onde  chamam  Rio  de  Moinhos, 
adquirida  por  setenta  mil  reais;  e  o  lugar  da  Póvoa  de  Sanhados,  com  sua 
jurisdição  e  padroado,  no  bispado  da  Guarda  junto  com  Monsanto,  que  lhe 
custara  sessenta  e  cinco  mil  reais. 

Destes  bens,  resalvando  as  casas  novas  que  haviam  sido  do  marichal, 
fez  logo  morgado  para  sempre,  dando-lhe  por  cabeça  as  casas  que  haviam 
sido  de  D.  João  de  Noronha,  e  pondo-lhe  certa  obrigação  de  missas  já  decla- 
rada. Fez  administrador  do  morgado  ao  referido  D.  João  Manuel,  que  pre- 
sente estava;  mas,  por  êle  ser  menor  de  vinte  e  cinco  anos,  ordena  que  em 
seu  lugar  tenha  a  administração  a  mãe  deste,  Justa  Rodrigues,  ama  do  senhor 
D.  Manuel,  filho  do  infante  D.  Fernando,  cuja  alma  Deus  haja.  Dispensa-a 
de  dar  contas,  havendo  de  entregar  a  administração  ao  filho' logo  que  êle 
complete  a  maioridade.  Por  morte  de  D.  João  Manuel  passará  o  vínculo  ao 
seu  filho  maior  varão  legítimo,  se  o  tiver,  e,  não  o  tendo,  então  irá  a  admi- 
nistração a  seu  irmão  D.  Nuno,  o  qual,  em  sendo  maior  de  vinte  e  cinco 
anos,  tomará  conta  dela,  e  até  lá  a  terá  sua  mãe  Justa  Rodrigues.  Por 
morte  deste  passará  a  seu  filho  maior  varão  legítimo;  se  porém  D.  Nuno  tal 
filho  não  tiver,  e  D.  João  haja  filha  legítima,  seguirá  esta  com  a  adminis- 
tração, de  preferência  à  filha  de  D.  Nuno,  se  a  houver.  Caso  ambos  os 
irmãos  morram  sem  descendência  nenhuma  legítima,  então  haverá  a  admi- 


(r)  Desta  quinta  já  era  possuidor  havia  anos,  como  consta  por  uma  carta  de  14  de 
Julho  de  147 1  que  dispensa  de  comparecer  em  alardos  Gonçalo  Afonso,  besteiro  do  conto, 
morador  em  Aldeia  Galega,  emquanto  estivesse  ao  serviço  do  bispo  da  Guarda,  «  do  nosso 
conselho  e  nosso  capelão  mor»  (^Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  16.*»,  fl.  i35). 


Maniiéis  23 

nistração  do  morgado  em  sua  vida  Justa  Rodrigues,  que  por  sua  morte,  ou 
quando  lhe  aprouver,  apresentará  o  vínculo  em  pessoa  leiga  e  de  boa  cons- 
ciência, e  esta  nomeará  o  sucessor,  e  assim  seguidamente. 

Determina  mais  que,  falecendo  Justa  Rodrigues  antes  da  morte  .dos  filhos, 
D.  João  deixe  toda  a  parte  da  legítima  que  lhe  pertencer  a  seu  irmão 
D."  Nuno  para  este  se  poder  suportar  e  viver  honradamente'  com  .toda  a 
herança  de  sua  mãe,  donde  se  vê  que  ela  era  rica.  Não  cumprindo  D.  João, 
perca  logo  a  administração  do  morgado  e  fique  esta  a  D.  Nuno. 

Declarou  também  que  havia  comprado  por  cinquenta  e  cinco  mil  reais, 
que  são  cento  e  sessenta  e  oito  cruzados,  a  D.  João,  conde  de  Mon- 
santo, e  D.  Maria  de  Meneses,  sua  mulher,  uns  paços  na  cidade  da 
Guarda,  que  haviam  sido  do  Conde  D.  Duarte,  pai  de  D.  Maria,  juntamente 
com  a  aldeia  que  se  chama  da  Ima,  com  o  seu  padroado  e  casas  no  Ver- 
dugal  termo  da  mesma  cidade,  bens  de  que  fez  doações  a  pessoas  a  que  era 
obrigado. 

Disse  mais  que  fazia  doação  daquele  dia  para  sempre  a  D.  João  Manuel, 
para  todos  seus  herdeiros  e  sucessores,  das  referidas  casas  novas  que  haviam 
sido  do  marichal,  e  que  ele  bispo  então  acabava,  com  a  condição  de  não 
poderem  ser  vendidas  nem  alheadas,  e  andarem  sempre  em  uma  só  pessoa. 
Ao  possuidor  obriga  a  outros  encargos  de  missas,  os  quais,  bem  como  os 
impostos  ao  administrador  do  vínculo,  já  lá  ficam  acima  declarados.  Além 
disto  põe  por  condição  que  Justa  Rodrigues  viva  em  toda  a  sua  vida  nas 
referidas  casas  sem  delas  pagar  coisa  nenhuma. 

Feito  o  instrumento,  o  dito  D.  João  Manuel  com  sua  referida  mãe,  por  si 
e  em  seu  nome,  aceitaram  e  receberam  o  morgado  com  a  sua  administração, 
e  a  doação  das  casas  com  os  encargos,  sendo  a  tudo  presentes  o  bispo  Pêro 
Sanches,  Pedro  Alvares  Pimentel  (i),  fidalgo  da  casa  do  Duque  D.  Diogo, 
João  Gonçalves,  criado  do  bispo  D.  João,  João  Rodrigues,  escrivão  da  câ- 
mara do  Duque  (2),  outro  João  Rodrigues,  capelão  do  mesmo  bispo,  e,  ainda 
mais  outros  que  se  nomeiam  (3). 

No  instrumento  da  instituição  os  filhos  do  bispo  D.  João  não  são  nomeados 
com  este  parentesco,  porque  só  a  i5  de  Novembro  do  mesmo  ano  de  1475 
é  que  foram  legitimados  (4).  Em  ambas  as  cartas  de  legitimação  não  é 
o  bispo  declarado  capelão  mor,  e  em  nenhuma  delas  se  dá  aos  filhos  o  título 
de  dom,  com  o  qual  já  são  designados  no  instrumento  da  instituição.     Eles 


(i)  Foi  casado  com  uma  irmã  de  Justa  Rodrigues,  como  adiante  direi. 

(2)  Não  sei  porquê,  mas  palpita- me  que  este  fosse  irmão  de  Justa  Rodrigues. 

(3)  Autos  de  conta  da  capella  do  Bispo  da  Guarda,  etc,  fl.  i6  e  segs. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.",  fl.  i66  v. 


24  Brasões 

tomaram  o  título,  como  o  faziam  os  filhos  bastardos  dos  condes,  unicamente 
por  serem  filhos  do  bispo.     \  Isto  hoje  chega  a  dar  vontade  de  rir ! 

No  ano  seguinte,  por  bula  de  24  de  Julho,  foi  dado  ao  bispo  da  Guarda 
D.  João  um  coadjutor  para  o  seu  bispado,  e  no  último  trimestre  do  ano  já 
era  morto,  indo  a  sepultar  à  capela  dos  Reis  da  igreja  do  Carmo  (i).  O 
epitáfio  que  se  ciiz  existira  sobre  a  campa,  ou  foi  mal  copiado,  ou  era  mo- 
derno. 

Os  dois  filhos  do  bispo  acima  nomeados  foram  havidos  de  Justa  Rodri- 
gues, mulher  solteira,  segundo  dizem  as  cartas  de  legitimação,  ama  do  futuro 
rei  D.  Manuel  como  declaram  o  instrumento  da  instituição  e  Damião  de 
Góis  (2).  Foi  ela,  conforme  diz  o  mesmo  autor  no  seu  Nobiliário^  filha  de 
um  lavrador  de  junto  da  Guarda  (3),  e  mulher  de  grande  espírito.  Acerta 
em  ambas  as  coisas  o  velho  cronista,  me  parece. 

Num  exemplar  do  I  vol.  da  2.*  edição  do  Mappa  de  Portugal  de  João 
Baptista  de  Castro,  exemplar  que  se  guarda  na  Torre  do  Tombo,  e  que  per- 
tenceu a  João  António  Bezerra  de  Lima,  a  quem  se  refere  o  Diccionario 
bibliographico  no  vol.  II,  pág.  287,  transcreveu  ele  por  sua  mão  a  seguinte 

quadra: 
,  Justa  Rodrigues  justou  * 

Com  um  frade  carmelita, 
E  esta  justa  maldita 
Os  Manuéis  nos  deixou. 

Mostrou-me  a  quadra  o  general  Brito  Rebelo;  mas,  nem  ele,  nem  eu, 
nem  talvez,  quem  sabe?  aquele  que  a  copiou,  lhe  conhecemos  o  autor. 

De  quem  Justa  fosse  filha  creio  que  ninguém  o  poderá  dizer  com  certeza; 
agora  de  quem  ela  foi  irmã,  já  está  dito  (4).  Em  1487  a  21  de  Novembro 
deu  D.  Manuel,  então  ainda  longe  do  trono,  pelo  menos  na  aparência,  a 
Isabel  Rodrigues,  mulher  de  Pedro  Álvares  Pimentel  e  irmã  de  a  minha 
ama »,  uma  tença  de  dez  mil  reais,  que  foi  confirmada  pelo  mesmo  depois 
de  rei  em  22  de  Março  de  1498  (5).    A  mesma  Isabel  em  22  de  Abril  de 


(i)  Sant'Ana,  Chronica  dos  Carmelitas,  §§  no,  116  e  117. 

(2)  Chronica  de  D.  Manuel,  parte  I,  cap.  V. 
•  (3)  Do  bispado  da  Guarda  era  Justa  Rodrigues  natural,  como  o  declara  a  bula  da  fun- 
dação do  convento  de  Jesus,  citada  por  Fr.  Fernando  da  Soledade,  Historia  Seráfica, 
parte  III,  pág.  652,  §  1054,  —  A  referida  bula  é  de  17  de  Julho  de  1489  {Ibidem,  pág.  653, 
%  io56).  Diz  a  bula  que  p^or  parte  aJustae  Roderici  muUeris  Epitaniensis  •  é  que  foi  feito  o 
pedido  (Fr.  Jerónimo  de  Belém,  Chronica  seráfica,  vol.  11,  pág.  577). 

(4)  Brito  Rebelo,  Convento  de  Jesus  de  Setúbal,  artigos  no  Occidente,  vol.  IV,  ano  de 
1881. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  ILv.  3i."»,  fl.  64,  citada  por  Brito  Rebelo. 


Manuéis  25 

i5o8  teve  outra  tença  de  três  moios  de  trigo,  contando  depois  que  já  tinha. 
Ainda  outra  irmã  teve  Justa  Rodrigues.  Foi  ela  Beatriz  Rodrigues,  que  era 
14  de  Abril  de  i5o2,  sendo  já  viúva  de  Nuno  da  Cunha  (1),  teve  mercê  de 
D.  Manuel  de  uma  tença  em  sua  vida  de  oito  mil  reais  dos  quinze  que  seu 
marido  tivera  (2). 

Dos  irmãos  que  se  indicam  a  Justa  Rodrigues  é  melhor  não  falar,  porque 
da  existência  do  parentesco  não  há  certeza  nenhuma. 

Calcula  o  general  Brito  Rebelo  que  Justa  nascera  pelos  anos  de  1460  (3),- 
e  parece  que  deverá  ter  quási  acertado,  pois  que  pouco  antes  nasceria,  visto 
já  ser  maior  em  Agosto  de  1475. 

Ela  foi  ama  de  el  Rei  D.  Manuel,  que  nasceu  a  i  de  Junho  de  1469(4); 
«mas  des  no  tempo  q  começou  a  criar...  se  retirou  a  tam  honesto  modo 
de  viver,  que  a  todo  o  género  de  mulheres  dava  exemplos  »  (5).  Daqui  se 
conclui  que  o  colaço  daquele  rei  havia  de  ter  sido  o  segundo  filho  do  bispo, 
e  que  portanto,  por  umas  contas  aproximadas,  o  começo  dos  amores  do 
prelado  tivera  lugar  aí  pwDr  146Õ,  quando  a  sua  diocesana  contaria  uns  dezoito 
anos,  e  seria  um  verdadeiro  morceau  de  roi  para  um  libertino  de  sessenta. 

A  cronologia  é  o  diacho.  O  bispo  D.  João  não  pode  ter  nascido  depois 
de  1406,  e  o  seu  segundo  filho  havia  de  ter  vindo  ao  mundo  em  1468  o  mais 
cedo;  acho  pois,  e  já  lá  acima  mostrei  a  minha  dúvida,  o  prelado  um  pouco 
velho  para  ainda  se  arrepelar  cantando 

Justa  fue  mi  perdicion  ! 

Só  se  êle  chorava  os  amores  cortados  pela  esquiva  ama;  mas  franca- 
mente não  creio  tanto,  como  Damião  de  Gois  nos  quer  impor,  na  severidade 
de  Justa  Rodrigues,  a  quem  o  bispo  na  instituição  do  vínculo  manda,  emquanto 
ela  viver,  dar  casa,  e  esta  era  a  que  êle  andava  acabando  com  disvelo. 

Depois  da  morte  do  bispo,  bastantes  anos  depois,  cuidou  Justa  Rodrigues 
em  fundar  um  convento  (6)  onde  penitente  acabasse  seus  dias.     Como  residia 


(1)  Nem  este  Cunha,  nem  o  cunhado  Pimentel,  eram  fidalgos,  e  mesmo  nobres  não  sei. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  2t.°,  fl.  6  v.,  também  por  indicação  do  general  Brito 
Rebelo,  que  encontrou  esta  carta  e  a  precedente  já  depois  de  impresso  e  publicado  o  seu 
referido  estudo  no  Occidente. 

(3)  Cit.  vol.  do  Occidente,  pág.  211. 

(4)  Cardial  Saraiva,  Obras  completas,  vol.  IV,  pág.  85. 

(5)  Damião  de  Gois,  Chronica  de  D.  Manuel,  parte  I,  cap.  V. 

(6)  No  mosteiro  de  Jesus  de  Aveiro,  no  coro,  na  parte  interior  da  porta,  entre  vários 
retratos  está  um  que  se  atribui  à  fundadora,  em  trajo  de  freira,  com  um  livro  na  mão,  à 
«squerda,  no  alto,  as  armas  dos  Manuéis.    Parece-me  ser  este  retrato  o  mesmo  que  se  vê 

VOL.  III  4 


"26  Brasões  , 

em  Setúbal  escolheu  esta  vila,  e  em  1489  ou  90  se  lançou  a  primeira  pedra 
do  convento  de  Jesus,  e  começou  a  edificação.  Tempos  depois,  em  149 1, 
conta-se  que,  indo  D.  João  II  a  Setúbal  e  achando  acanhado  o  edifício,  man- 
dara deitar  a  terra  a  parte  já  levantada  e  reconstruir  tudo  de  novo  por  um 
risco  do  mestre  Boitaca.  Estando  quási  concluída  a  casa,  foi  a  fundadora 
a  Gandia  de  onde  trouxe  sete  freiras  da  regra  de  S.**  Clara  das  reformadas 
capuchas  de  S.^^  Colecta,  e  deu-lhes  posse  do  convento  em  fins  de  Maio, 
princípios  de  Julho  de  1496,  e  a  1 1  deste  mesmo  mês  entraram  as  primeiras 
noviças.  Por  ocasião  de  ambas  as  cerimónias  se  fizeram  no  convento  luzidas 
festas  a  que  assistiu  D.  Manuel,  a  rainha  viúva  D.  Leonor,  o  arcebispo  de 
Lisboa,  e  outros  personagens.  Passados  anos,  depois  da  morte  do  filho 
D.  João  Manuel  (i),  e  portanto  nos  últimos  arrancos  do  século,  se  recolheu 
Justa  Rodrigues  à  clausura  do  seu  convento  de  Jesus  de  Setúbal,  onde  morreu 
e  foi  enterrada  (2).  Está  sepultada  na  casa  do  capítulo,  no  meio  do  pavi- 
mento, tendo  sobre  a  sepultura  uma  pequena  lápide  com  esta  inscrição:  (lida 
a  18  de  Junho  de  1916) 

AQI  •  lAZ  •  AF 
VNDADORA 
DESTA    •    GAZA 

Parece  que  ainda  vivia  em  1609,  porque  no  Processo  de  Vasco  Abul,  na 
replica  de  Henrique  da  Mota  ao  parecer  de  Gil  Vicente,  alude,  como  estando 
viva,  a  ama  dei  Rei  {Cancioneiro,  III,  ôSy). 

Do  bispo  D.  João  e  de  Justa  Rodrigues  nasceram  os  dois  referidos  filhos, 
João  Manuel,  e  Nuno  Manuel. 

^Porque  adoptaram  eles  este  apelido?  Em  atenção  a  sua  mãe  ter  sido 
ama  do  senhor  D.  Manuel,  depois  Duque  de  Beja  e  ultimamente  rei  de  Por- 


na  iluminura  da  folha  de  rosto  de  um  ms.  na  Biblioteca  Municipal  de  Setúbal,  intitulado : 
Tratado  da  Antiga  e  Curiosa  |  fundação  do  Convento  de  |  JESUS  |  de  Setúbal  |  o  prim.* 
que  ouve  e  se  fundou  neste  |  Reyno  de  Portugal  de  Religiosas  Ca  |  puchas  chamadas  Se- 
nhoras pobres  |  da  prim.»  Regra  de  Santa  Clara.  |  Fundadora  Justa  Rodrigues  Pereyra  |  Ama 
do  Sereníssimo  Rey  D.  |  Manoel  |  do  qual  são  Protetores  os  Reys  de  |  Portugal  |  Composto  ( 
pela  m«  Soror  Leonor  de  S.João  |  Relig'  do  d"  Conv°  e  Abb'  |  Anno  de  i63o  ]  (Vid.  Biblio- 
theca  lusitana,  III,  12). 

(i)  Em  1497,  tratando-se  do  casamento  de  el  Rei  D.  Manuel,  mandou  este  como  seu 
embaixador  a  Castela,  ao  seu  camareiro  mor  D.  João  Manuel,  «que  era  hijo  de  don  luan 
Obispo  de  la  Guardiã,  y  de  una  duena  que  creò  ai  Rey  dõ  Manuel,  que  se  Uamò  lusta  Ro- 
driguez:  que  estava  muy  mas  adelante  en  la  gracia  dei  Rey,  que  el  Conde  de  Portalegre: 
que  era  antes  el  que  governava ».   (Çurita,  Historia  dei  Rey  don  Hernando,  liv.  3.%'cap.  9). 

(2)  Brito  Rebelo,  Convento  de  Jesus  de  Setúbal,  cit. 


Manuéis  27 

tugal,  que  a  ela  e  aos  filhos  dispensou  a  mais  rasgada  e  decidida  protecção. 
Não  há,  não  pode  haver,  outra  razão. 

^  E  as  armas  dos  Manuéis  de  Castela  por  que  foram  tomadas  ?  Por  quê? 
Por  isto  que  Resende  já  nesses  tempos  escrevia  na  sua  Miscellanèa: 

pois  toma  dom  quem  ho  quer 

e  armas  nobres  também 

toma,  quem  armas  não  tem, 

e  dá  o  dom  a  mulher. 

(Décima  23t). 

l  Quem  sabe  se  o  gordo  cronista  não  estava  exactamente  pensando  nos  Ma- 
nuéis, quando  da  pena  lhe  saíram  aqueles  versos  ?     Quem  ^sabe  ?  ^ 
No  mosteiro  de  Jesus  de  Aveiro,  num  túmulo,  no  carneiro  por  baixo  da 
capela  mor  lê-se  este  epitáfio,  relativo  a  um  neto  de  Justa: 

AQVI-IAZ-DOM-AM- 
TONIO-MANOELNE 
TO  -DA  FVNDADOR 
DESTEMVSTEIRO. 

Tem  um  escudo  de  armas,  esquartelado:  no  I  c  IV  a  àsa  com  a  mão  e 
a  espada;  no  II  e  III  o  leão.    Timbre:  a  àsa. 

Não  te  admires,  leitor;  com  as  novas  dinastias  eram  frequentes  casos 
destes,  e  D.  Manuel  formou  uma  sorte  de  dinastia  nova.  Quando  viera 
D.  João  I  surdira  uma  nobreza  de  fresca  data,  a  mushroom  nobility,  uma 
nobreza  de  tortulho,  isto  é,  de  espontânea  geração  e  sem  raízes.  No  reinado 
de  D.  Manuel  também  apareceu  disto;  além  dos  Manuéis,  lembra-me  agora 
dos  Costas,  e  outros  haveria;  mas  não  paga  a  pena  deitar  a  livraria  abaixo. 

O  que  eu  talvez  deva  é  gastar  mais  uma  dúzia  de  linhas  com  outros  dois 
argumentos  aduzidos  a  favor  da  régia  geração  dos  Manuéis  de  Portugal,  e 
aos  quais  ainda  me  não  referi. 

Um  é  o  epitáfio  na  capela  mor  da  igreja  de  Jesus  de  Lisboa,  na  sepultura 
de  D.  Nuno  Manuel;  o  outro  uma  quadra  que  se  afirma  ter  D.  Nuno  usado 
como  moto  ou  empresa  (i).  No  primeiro  diz-se  que  D.  Nuno  era  neto  de 
el  Rei  D.  Duarte.  Esta  afirmativa  vale  tanto  como  isto:  quem  fez  a  capela 
mor,  quem  mandou  gravar  o  epitáfio,  foi  um  bisneto  de  D.  Nuno,  o  arcebispo 
de  Lisboa  D.  João  Manuel  (2),  no  ano  de  i633  (3). 


(i)  Sousa,  Historia  genealógica,  vol.  XI,  pág.  425,  onde  se  transcreve  o  epitáfio,  e  pág.  SgS 
onde  se  vê  a  quadra. 

(2)  Fundou  a  capela  mor  do  Convento  de  Jesus,  &c.    [Ibidem^  III,  241), 

(3)  João  Baptista  de  Castro,  Mappa  de  Portugal,  vol.  3.°,  pág.  248. 


28  Brasões 

Quanto  ao  outro,  à  quadra,  explicá-Ia-hei,  tendo  porém  primeiro  de  a 

transcrever: 

Esta  espada  é  de  Milão 
Banhada  em  sangue  Real, 
Sua  ventura  foi  tal 
Que  medrou  com  gran  razão. 

E  preciso  que  se  saiba  que  D.  Nuno  Manuel  foi  casado  com  D.  Leonor 
de  Milá,  ou  dei  Milá,  que  em  Portugal  se  escreveu  Milão (i),  neta  de 
D.  Afonso,  mestre  de  Calatrava,  filho  bastardo  de  D.  João  II,  rei  de  Aragão. 
Explicado  isto,  parece-me  que  se  compreenderá  bem  a  quadra,  que  é  simples- 
mente uma  homenagem  de  D.  Nuno  a  sua  mulher  e  à  sua  clara  e  régia 
estirpe. 


D.  João  Manuel  (2),  o  primeiro  filho  do'  bispo,  foi  famoso  poeta  do  seu 
tempo,  e  dele  se  encontram  muitas  poesias  no  Cancioneiro  geral  de  Resende 
e  no  Cancioiíero  general  Castellano.  Foi  do  conselho  e  camareiro  mor  de 
el  Rei  D.  Manuel  e  com  estes  títulos  se  encontra  na  doação  de  uns  pardieiros 
em  Setúbal,  feita  em  Montemor-o-Novo  a  22  de  Fevereiro  de  1496(3).  O 
mesmo  rei  lhe  fez  depois  dádiva  dos  seus  paços  de  Valada,  que  Pêro  de 
Alcáçova,  escrivão  da  fazenda,  tinha  e  renunciou  para  este  efeito.  Foi  feita 
a  mercê  ao  camareiro  mor  com  a  supervivência  a  um  seu  filho  varão  maior 
legítimo,  por  carta  dada  em  Estremes  a  22  de  Fevereiro  de  1497  (4)*  Pouco 
sobreviveu  D.  João  Manuel  à  entronização  do  seu  protector,  que  aproveitou 
a  sua  capacidade  em  missões  de  confiança,  no  exercício  de  uma  das  quais 
parece  ter  o  camareiro  mor  morrido  antes  de  4  de  Fevereiro  de  1499  (^)* 
A  sua  descendência  em  breve  se  extinguiu,  e  o  morgado  ou  capela  do  bispo 


(i)  O  próprio  D.  António  Caetano  de  Sousa  o  confessa  na  pág.  48 1  do  vol.  II  da  His- 
toria genealógica. 

(2)  D.  João  Manuel  foi  casado  com  D,  Isabel  de  Meneses,  filha  de  Afonso  Teles  de  Me- 
neses, alcaide  mor  de  Campo  Maior  e  Ouguela.  —  Por  alvará  feito  em  Almeirim  a  8  de  Fe- 
vereiro de  i5i  I  manda  D.  Manuel  dar  partilhas  aos  herdeiros  de  Afonso  Teles  de  Meneses 
"e  sua  mulher  D.  Joana,  e  manda  citar  como  herdeiros,  a  Gabriel  de  Brito  e  sua  mulher, 

moradores  na  Merceana,  Tristão  da  Silva,  morador  no  termo  de  Alenquer,  D.  Urraca,  mora- 
dora em  Campo  Maior,  D.  Antónia,  mulher  de  Francisco  de  Sousa,  moradora  em  Lisboa,  e 
D.  Isabel,  mulher  que  foi  de  D.  João,  que  foi  camareiro  mor  dei  Rei  (Lousada,  Cartajpacio, 
liv.  II,  fl.  252). 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  26.°,  fl.  62  v. 

(4)  Estremadura,  liv.  2.°,  fl.  82. 

(5)  Nesta  data  foi  nomeado  camareiro  mor  D.  Bernardo  Manuel,  filho  mais  velho  de 
D.  João  Manuel,  «que  Deus  haja»..    {Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  35.°,  fl.  19  v.}. 


Manuéis  2^ 

■da  Guarda  chegou  a  andar  em  pessoas  estranhas  à  famíHa(i).  D.  Nuno 
Manuel,  'O  segundo  filho  do  bispo,  foi  fidalgo  da  casa  e  almotacé  mor  de 
D.  Manuel,  Duque  de  Beja,  seu  colaço,  ofício  que  já  exercia  em  12  de  Maio 
de  1493,  sendo  então  também  alcaide  mor  da  Guarda  (2).  Eltvado  o  Duque 
ao  trono  continuou  D.  Nuno  Manuel,  servindo-lhe  de  almotacé  mor,  ofício 
que  depois  acumulou  com  o  de  guarda  mor,  de  que  tirou  carta  em  11  de 
Março  de  i5i5(3),  e  ambos  exerceu  até  ao  fim  do  reinado  de  D.  Manuel,  e 
ainda  em  parte  do  de  D.  João  III. 

Foi  D.  Nuno  senhor  de  Salvaterra  de  Magos  de  que  teve  doação  de  juro 
e  herdade  com  todos  os  direitos  reais  da  vila  e  termo  por  carta  de  8  de  Fe- 
vereiro de  1 508(4),  tendo  já  desde  1  de  Janeiro  do  ano  antecedente  confir- 
mação em  sua  vida  e  na  de  seu  filho  maior  e  de  seu  neto,  filho  desse  filho, 
das  rendas,  direitos,  foros  e  tributos  da  mesma  vila  e  seu  termo,  da  lezíria 
do  Romão  junto  com  ela,  de  outros  prédios  no  referido  termo,  e  da  alcaidaria 
mor  da  vila,  tudo  pela  maneira  por  que  o  tiveram  Rodrigo  Afonso  e  Pêro 
Correia  seu  filho,  que  o  venderam  com  licença  régia  a  D.  Nuno  por  cento  e 
setenta  mil  reais.  Foi  dada  a  carta  de  confirmação  em  Tomar  a  27  de 
Março  de  1607  (5).  Foi  também  senhor  das  vilas  das  Águias  e  Erra,  que 
comprou  em  i52o(6).     Era  já  morto  a  17  de  Março  de  i525(7). 

Casou  D.  Nuno  a  primeira  vez  com  D.  Leonor  de  Milá,  filha  de  D.  Jaime 
de  Milá,  Conde  de  Albayda  e  da  Condessa  D.  Leonor  de  Aragão,  filha 
natural  do  Duque  de  Vila  Hermosa.  Tiveram  vários  filhos  dos  quais  o  pri- 
mogénito foi  D.  Fradique  Manuel. 

Este  D.  Fradique  (8)  foi  senhor  de  Salvaterra  de  Magos,  Águias  e  Erra 
em  sucessão  a  seu  pai.     No  ano  de  1642   a  14  de  Setembro  trocou  com 


(i)  Em  171 1  era  administrador  e  prestou  contas  um  Cristóvão  de  Lemos  Marques.  Na 
segunda  metade  do  século  veio  contudo  a  tomar  posse  o  Marquês  de  Tancos.  Consta  do 
Cartório  das  capellas  do  hospital  no  liv.  19.»  de  Pontes. 

(2)  Consta  da  carta  de  mercê  de  parte  das  saboarias  brancas  e  pretas  da  comarca  de 
Traz-os-Montes,  a  qual  foi  dada  em  Évora  por  D.  Manuel,  regedor  e  governador  da  ordem 
e  cavalaria  de  Nosso  Senhor  Jesus  Cristo,  Duque  de  Beja  e  de  Viseu,  senhor  da  Covilhã  e 
Vila  Viçosa,  senhor  das  ilhas  da  Madeira,  e  dos  Açores,  e  Cabo  Verde,  condestável  por 
€Í  Rei  nosso  senhor  de  seus  reinos;  e  pelo  mesmo  D.  Manuel  confirmada  depois  de  rei  ao 
próprio  D.  Nuno  do  seu  conselho  e  almotacé  mor,  em  7  de  Outubro  de  i5oi.  {Chancelaria 
d£  D.  Manuely  liv.  38.°,  fl.  87  v.). 

(3)  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica^  vol.  6.°,  pág.  109,  n.°  i. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  1 5.°,  fl.  1 2  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.°,  fl.  96  v. 

(6)  Sousa,  Historia  genealógica,  vol.  XII,  cap.  IV. 

(7)  Carta  de  confirmação  de  Salvaterra  a  D.  Fradique  Manuel,  Chancelaria  de  D.  João  III^ 
liv.  14.°,  fl.  96  v. 

(8)  Morreu  a  9  de  Julho  de  1564  {Registo  de  Santa  Cru\  do  Castelo,  pág.  246). 


3o  Brasões 

el  Rei  a  Vila  de  Salvaterra  com  todos  os  bens,  rendas  e  direitos,  que  nela  e 
no  termo  tinha,  pelas  vilas  de  Tancos,  Atalaia  e  Cinceira,  alcaide  mor  de 
Marvão,  e  casal  de  S.  Marta  no  termo  de  Santarém (i). 

Casou  com  D.  Maria  de  Ataíde  (2),  viúva  de  D.  Afonso  de  Noronha,  pri- 
mogénito do  Conde  de  Odemira,  e  filha  herdeira  de  Nuno  Fernandes  de 
Ataíde,  senhor  de  Penacova.     Deles  foram  netos  D.  Francisco  e  D.  Pedro. 

D.  Francisco  Manuel,  senhor  da  casa,  foi  o  i.°  conde  de  Atalaia,  de  que 
teve  carta  passada  em  17  de  Julho  de  i583  (3),  e  faleceu  sem  filhos  em  1624. 

D.  Pedro  Manuel,  irmão  deste  D.  Francisco,  sucedeu-lhe  na  casa  e  foi 
2.®  conde  da  Atalaia,  de  que  tirou  carta  em  14  de  Novembro  de  1626. 
Morreu  em  Madrid  a  26  de  Julho  de  1628,  havendo  casado  com  D.  Maria 
de  Ataíde,  e  deixando  dois  filhos  varões:  D.  António  c  D.  Álvaro. 

D.  António  Manuel,  filho  primogénito  do  2.°  conde,  sucedeu  na  casa  a 
seu  pai  e  foi  3.°  conde  da  Atalaia;  morreu  porém  sem  filhos  em  1643. 

D.  Álvaro  Manuel  de  Noronha,  irmão  deste  D.  António,  sucedeu-lhe  na 
casa,  porém  não  no  título,  e  dele  diz  D.  António  Caetano  de  Sousa  no 
cap.  XI  do  liv.  XII  da  Historia  Genealógica  o  seguinte:  «Não  sabemos  o 
motivo,  que  teve,  para  viver  este  Senhor  fora  do  Reyno;  porque  passou  à 
Itália,  residio  muitos  anos  em  Veneza,  e  no  ano  de  i665  voltou  a  Portugal, 
e  fez  a  sua  habitação  na  sua  Vila  de  Águias,  onde  faleceu  em  9  de  Fevereiro 
de  1686,  etc. ». 

O  douto  académico  talvez  não  soubesse  realmente  a  causa  da  expatriaçao 
de  D.  Álvaro,  mas  talvez  também  usasse  de  pia  fraude  fingindo  ignorância 
de  um  facto,  que  nesse  tempo  acarretava  desgosto,  e  quási  ignomínia  sobre 
a  família.  Eu  sei  o  motivo,  e  como  já  lá  vai  muito  tempo,  hoje  o  modo  de 
pensar  é  outro,  e  tudo  que  diz  respeito  à  inquisição  desperta  a  curiosidade,, 
contarei  parte  do  que  sei. 

IV 
D.  ÁLVARO  MANUEL  DE  NORONHA  NA  INQUISIÇÃO 

Ao  anoitecer  de  sábado  10  de  Setembro  de  1644  dirigia-se  um  vulto 
embuçado  em  seu  capote,  com  a  aba  do  chapéu  puchada  para  os  olhos,  pelas 
vielas  que  ao  nascente  do  palácio  da  inquisição  se  dirigiam  à  rua  das  Portas  de 
Santo  Antão.  O  luar  começava  cedo,  pois  que  havia  pouco  fora  lua  cheia, 
apressava  o  desconhecido  o  passo,  e  cada  vez  mais  tratava  de  se  disfarçar^ 


(i)  Sousa,  Historia  genealógica,  liv.  XII,  cap.  V. 

(2)  Morreu  a  26  de  Junho  de  i566  {Registo  de  Santa  Criij  do  Castelo,  pág.  248). 

(3)  Doações  de  D.  Felipe  /,  liv.  4.°,  fl.  244. 


Mamiéis  3i 

Chegado  em  frente  de  uma  das  portas  baixas,  que  para  aquele  lado  se 
abriam  na  alta  frontaria  do  antigo  paço  dos  Estaus,  porta  que  estava  discre- 
tamente aberta,  por  ela  se  meteu  o  embuçado.  Na  loja  encontrou  quem  o 
conduzisse  ao  primeiro  andar,  ao  gabinete  dos  aposentos  do  inquisidor  Luís 
Alvares  da  Rocha,  que  ali  morava,  e  que  por  êle  esperava  de  ordem  parti- 
cular do  bispo  inquisidor  geral. 

Encontrando-se  só  com  o  inquisidor  e  um  notário,  desembuçou-se  o  des- 
conhecido, e,  sentando-se  na  cadeira  de  espaldas  que  o  primeiro  lhe  indicou, 
declarou  chamar-se  D.  Álvaro  Manuel  de  Noronha,  casado,  de  vinte  e  três 
anos  de  idade  (i). 

Em  seguida  prestou  juramento,  e  começou  sua  confissão,  no  cabo  da  qual 
foi  severamente  admoestado  pelo  inquisidor,  que  de  semblante  carregado  lhe 
marcou  a  pena  e  penitência  secretas,  a  que  havia  de  sujeitar-se,  avisando-o 
de  que  nunca  mais  cometesse  tais  crimes,  pois  que  seria  castigado  com 
grande  rigor. 

0  pecado,  de  que  o  senhor  da  Atalaia  se  acusou,  era  daqueles  sobre  que 
recaía  a  jurisdição  do  Santo  Ofício,  e  para  os  quais  regulava  o  Regimento 
de  então  no  tít.  XXV  do  liv.  III. 

1  O  que  levara  D.  Álvaro  a  meter-se  na  boca  do  lobo  ?  O  receio  de  um 
mal  maior. 

Três  dias  antes  da  sua  apresentação,  a  7  de  Setembro,  tinha  êle  sido 
denunciado  na  inquisição  por  Francisco  Aranha  de  Oliveira  criado  do  Conde 
de  Vila  Franca,  e  por  Manuel  Nobre  de  Magalhães.  Como  êle  o  soubera 
não  o  sei  eu,  mas  calculo,  que  seria  avisado  por  algum  dos  dois;  pois  que, 
apesar  do  juramento  de  segredo,  quem  mecher  nos  papéis  da  inquisição 
adquire  a  certeza,  de  que  os  apresentados  muitas  vezes  preveniam  aqueles 
a  quem  delatavam.  A  prova  disto  tenho-a  eu  no  próprio  processo  deste  réu. 
Ele  confessou  a  10  de  Setembro;  pois  a  12  do  mesmo  mês  apresentou-se 
Simão  da  Fonseca,  criado  de  D.  Álvaro  e  seu  cúmplice;  e  no  dia  seguinte 
seu  cunhado  o  morgado  de  Oliveira,  Luís  Francisco  de  Oliveira  e  Miranda, 
também  por  êle  delatado;  (jora  com  as  cautelas  de  segredo,  que  o  senhor  da 
Atalaia  tomou,  como  poderiam  saber  estes  do  perigo  em  que  se  achavam,  se 
não  fossem  prevenidos  pelo  próprio  que  nesse  perigo  os  puzera  ? 

Denunciado,  quiz  D.  Álvaro  aproveitar-se  da  benignidade,  que  o  Santo 


(i)  Não  estava  muito  certo  este  fidalgo  na  sua  idade.  Nesta  ocasião  declara  ter  vinte 
e  três  anos;  em  6  de  Julho  de  i65i  vinte  e  oito,  quando,  se  a  primeira  vez  disse  certo, 
deveria  desta  acusar  pelo  menos  vinte  e  nove  anos;  mas  não  fica  ainda  aqui.  A  2  de  Feve- 
reiro de  i665  disse  ter  quarenta  e  oito  anos,  quando  pela  primeira  conta  deveria  ter  quarenta 
e  quatro,  e  pela  segunda  quarenta  e  cinco  ou  quarenta  e  seis. 


S&  Brasões        , 

Ofício  usava  com  os  apresentados,  e  que  vem  expressa  no  §  3.°  do  tít.  XXV 
do  liv,  III  do  Regimento. 

O  caso  era  sério.  Dois  meses  certos  antes,  a  lo  de  Julho,  fora  relaxado 
e  queimado  o  Padre  João  de  Mendonça  da  Maia;  e  as  prisões  ferviam, 
andando  o  medonho  tribunal  tão  aceso  no  castigo  deste  crime,  que  a  27  de 
Maio  de  1645  se  fez  na  sala  da  inquisição  um  auto  público  da  fé  unicamente 
destes  criminosos,  no  qual  saíram  penitenciados  e  condenados  a  diferentes 
degredos  vinte  e  três  homens,  dos  quais  dezaseis  foram  açoitados  pelas  ruas 
públicas  da  cidade.  E  não  parou  ainda  aqui,  pois  que,  menos  dum  mês 
depois,  a  26  de  Junho,  houve  novo  auto  da  fé,  este  no  Terreiro  do  Paço,  no 
qual  saíram  setenta  e  quatro  pessoas,  das  quais  dezanove  por  este  pecado, 
e  destas  foram  relaxadas  e  queimadas  oito,  e  entre  elas  dois  nobres  e  dois 
padres. 

Aproveitou  D.  Álvaro  com  a  sua  apresentação,  mas  por  pouco  tempo, 
pois  que  reincidiu,  e  foi  novamente  denunciado,  sendo-o  agora  por  Manuel 
de  Sousa  Pinto,  inquiridor  na  Relação  do  Porto,  que  em  12  de  Junho  de 
i65i  se  apresentou  na  inquisição  de  Coimbra,  não  lhe  valendo  a  clemência 
que  se  usava  com  os  apresentantes,  pois  que  foi  preso  e  processado. 

Este  Manuel  de  Sousa  declarou,  que  tinha  prevenido  D.  Álvaro  da  sua 
tenção,  e  que  êste  não  só  o  dissuadira  disso,  mas  determinara  de  lhe  mandar 
dar  um  tiro,  se  persistisse.  Por  esta  razão,  como  estes  factos  se  passaram 
na  Atalaia,  onde  o  delator,  vindo  caminho  de  Lisboa,  encontrara  D.  Álvaro, 
tornou  para  trás,  e  se  apresentou  em  Coimbra  em  vez  de  o  fazer  na  capital, 
como  tencionava. 

Alem  deste  ainda  outro  cúmplice,  Luís  Sanches  de  Baena,  cónego  na  Sé 
de  Lisboa,  se  apresentou  em  16  de  Junho  do  mesmo  ano,  confessando  suas 
culpas  na  inquisição  desta  cidade. 

Se  da  primeira  vez  o  caso  fora  sério,  da  segunda  era  seriíssimo.  Tanto 
mais  que  a  prisão  do  Conde  de  Vila  Franca  executada  a  26  de  Maio  daquele 
mesmo  ano  de  i65i  por  ordem  da  inquisição,  vinha  mostrar  ao  senhor  da 
Atalaia,  que  a  sua  alta  jerarquia  o  não  poderia  livrar  de  sorte  tão  cruel. 
D.  Álvaro  Manuel  era  de  tão  nobre  estirpe  como  D.  Rodrigo  da  Câmara,  que 
.sobre  aquele  apenas  se  avantajava  no  título,  o  que  não  seria  muito,  mas  exce- 
dia-o  muitíssimo  em  serviços  públicos.  O  Conde  fora  com  efeito  o  procla- 
mador  de  D.  João  IV  na  ilha  de  S.  Miguel,  e  servira  denodadamente  nas 
guerras  da  fronteira  portuguesa,  e  por  isso  teria  a  protecção  de  el  Rei.  E 
teve-a,  e  foi  público  que  a  teve;  e,  se  ela  lhe  não  valeu,  só  se  pode  atribuir 
à  doença,  desmazelo  e  íilauciosa  convicção  de  que  o  Santo  Ofício  se  não 
atreveria  contra  um  grande  do  reino.  Bem  caro  pagou  o  Conde  de  Vila 
Franca  seu  erro. 


Manuéis  3? 

Não  restava  pois  a  D.  Álvaro  Manuel  senão  tornar  a  apresentar-se,  para 
talvez  evitar  o  cárcere  e  a  pena  última. 


A  caminho  de  Lisboa  se  pôs  o  senhor  da  Atalaia,  e,  chegando  à  cidade, 
dirigiu-se  a  p.  Francisco  de  Castro,  bispo  inquisidor  geral,  pedindo-lhe 
audiência.  Este  novamente  deu  comissão  verbal  ao  mesmo  inquisidor  Luís 
Alvares  da  Rocha  para,  em  sua  casa  nos  Estaus,  ouvir  outra  vez  o  réu. 

j  Em  que  estado  não  tornaria  o  fidalgo  a  subir  as  escadas  dos  aposentos 
do  inquisidor,  na  noite  de  6  de  Julho  de  i65i,  sem  luar  esta,  como  sem  es- 
perança iria  o  coração  do  atribulado  senhor ! 

A  mesma  casa,  a  mesma  cadeira,  o  mesmo  inquisidor  que  sete  anos 
antes;  e  até  a  mesma  imagem  do  Crucificado,  que  não  era  o  doce  Jesus 
cheio  de  bondade  e  misericórdia  que  nós  imploramos,  mas  o  Deus  temeroso 
e  insensível  que  o  fanatismo  da  inquisição  inventara  para  terror  dos  pobres, 
que  nela  caíam. 

Terminada  a  confissão  deste  dia,  mandáram-lhe  que  não  saísse  de  Lisboa 
sem  ordem  da  mesa. 

A  1 1  do  referido  mês  voltou  D.  Álvaro  à  mesma  casa  a  concluir  a  sua 
confissão,  e  desta  vez  deram-lhe  um  mês  de  licença  para  ir  fora  da  cidade. 

Logo  se  lhe  formou  o  processo,  que  tem  o  n."  806  dos  da  inquisição  de 
Lisboa,  e  veio  o  promotor  do  Santo  Ofício  com  seu  requerimento  à  mesa 
pedindo  para  o  réu  ser  preso  e  processado  como  devasso,  sem  emenda  e 
diminuto. 

A  14  de  Agosto  foram  vistos  os  autos  na  mesa,  e  pareceu  a  todos  os 
votos,  que  antes  de  outro  despacho  seja  o  réu  chamado  e  examinado  por  suas 
diminuições,  e  faça  termo  como  quer  estar  pelos  autos  para  ser  despachado 
na  forma  do  regimento;  e  que  este  exame  e  termo  se  faça  em  casa  de  algum 
dos  inquisidores,  em  razão  do  segredo  com  que  o  regimento  quer  que  sejam 
castigadas  as  pessoas  de  qualidade.  Assinam  os  inquisidores  Pedro  de  Cas- 
tilho e  Luís  Álvares  da  Rocha;  e  no  mesmo  dia  o  conselho  geral  confirma  o 
parecer  da  mesa. 

Ficou  sete  meses  parado  o  processo,  até  que  a  18  de  Março  de  1662  pela 
quarta  vez  subiu  D.  Álvaro  Manuel,  sempre  de  noite,  a  terrível  escada  da 
casa:  do  inquisidor  Luís  Álvares  da  Rocha,  que  à  sua  vila  da  Atalaia,  o  man- 
dara notificar  para  ali  ir. 

Desta  vez  foi  perguntado  pelas  diminuições,  de  que  o  promotor  o  acusava,, 
e  a  que  não  satisfez,  nem  lhe  era  fácil  pela  forma  como  o  Santo  Ofício  inter- 
rogava os  réus.  jEle  nem  lhes  declarava  o  nome  dos  cúmpHces,  nem  o 
lugar  do  delito,  nem  o  tempo  certo  em  que  fora  cometido  l 

voL.  m  5 


34  Brasões 

Terminado  o  exame,  aceitou  o  réu  o  ser  sentenciado  pelos  autos.  Então 
lhe  foi  mandado  que  se  não  ausentasse  de  Lisboa  sem  licença  do  tribunal,  e 
sem  se  tomar  determinação  em  sua  causa. 

Os  dias  seguintes  foram  os  de  maior  tormento  para  D.  Álvaro,  que 
chegou  a  estar  detido  em  uma  das  casas  das.  audiências  por  ordem  da  mesa. 
Escapou  porém  à  prisão  no  dia  23  de  Março,  em  que  o  inquisidor  Luís  Ál- 
vares da  Rocha,  com  ordem  do  inquisidor  geral,  deu  licença  ao  réu  para 
poder  ir  para  sua  casa,  emquanto  o  tribunal  não  ordenasse  o  contrário. 
Saindo  da  inquisição  tratou  logo  D.  Álvaro  de  se  ausentar  do  reino,  indo 
nisto  de  acordo  com  o  Santo  Ofício,  ou  pelo  menos  com  o  inquisidor  geral. 


Da  vida  de  D.  Álvaro  Manuel,  emquanto  andou  expatriado,  dão  boa 
notícia  os  seguintes  documentos,  que  extraio  do  seu  processo. 

O  primeiro  será  uma  carta  dirigida  pelo  desterrado  fidalgo  a  pessoa  que 
residia  em  Roma,  carta  em  que  porei  a  pontuação  e  algumas  maiúsculas,  e 
suprimirei  as  abreviaturas,  tudo  para  melhor  inteligência  do  leitor.  O 
mesmo  farei  com  os  outros  documentos. 

Segue  a  carta: 

«Duas  resebi  de  v.  m.,  huma  por  via  de  Francisco  Velho,  e  otra  nesta 
posta,  que  não  sei  donde  esteve  metida  tanto  tenpo  a  que  veo  pela  via  do 
padre  da  conpanhia,  por  que  anbas  me  mandou  o  portaletra.  Esta  desta 
posta  me  dexa  ben  mortificado,  pois  não  poso  falar  con  v.  m.  que  por  carta 
não  se  fia  tudo.  Logo  resgei  a  que  v.  m.  me  mandou  pelo  risco  de  a  perder. 
Eu  fico  escrevendo  de  vagar  a  meu  cunhado  (i),  e  enviarei  as  cartas  a  v.  m. 
para  lhas  enviar.  Estimara  eu  muito  que  Camillo  Capeli,  se  for,  que  fale 
con  aquella  gente  do  Rosio,  quando  estiverem  todos  juntos,  con  huma  pitisam, 
que  Alixandre  Pascali  a  muito  tenpo  que  anda  por  estas  partes,  e  esta 
doente,  e  con  fontes,  lhe  pede  lisensa  pêra  se  poder  ir;  este  he  o  prinsipal 
negosio  que  se  pode  la  fazer,  ho  que  lhe  limitem  tenpo,  porque  seu  cunhado 
não  lhe  manda  con  que  se  posa  sustentar,  ho  obrigem  o  dito  cunhado  lhe 
mande  sen  escudos  de  ouro  pêra  cada  mes;  mas  será  melhor  aver  orden 
pêra  se  ir,  e  isto  he  tocante  ao  negosio.  Do  que  padeso,  agora  darei  conta 
a  V.  m.  como  maior  amigo  que  tenho,  e  senpre  dezejei  servirlo.  Pela  carta 
que  lhe  mandei  tradozise,  entendera  o  como  esta  este  omen  rezoluto,  e  nesta 


(i)  D.  Álvaro  Manuel  teve  quatro  cunhados:  Luís  Francisco  de  Oliveira  e  Miranda, 
morgado  de  Oliveira,  falecido  a  ii  de  Junho  de  1654;  Alexandre  de  Sousa  Freire,  comen- 
dador de  Cristo,  governador  de  Beja  em  i663;  D.  António  da  Silveira,  comendador  da  Sor- 
telha; e  Jorge  Furtado  de  Mendoça,  comendador  de  Loulé,  Destes  três  últimos  qual  é  o 
cunhado  referido  na  carta  não  o  sei  eu. 


Manuéis  35 

posta  tive  huma  pior,  e  a  minha  gente  me  aviza  de  Veneza  o  mal  que  lhe 
acode  e  que  padese,  e  creo  que  de  desgosto  me  moreo  a  minha  negra,  que 
con  tanto  gosto  a  mandei  buscar,  do  que  estou  ben  sentido,  e  pêra  que  o 
disgosto  me  não  mate  a  mi,  e  me  não  saia  de  Ancona  como  me  sai  já  de 
Roma,  se  ben  este  mercante  ainda  este  mes  me  pagou,  não  sei  o  que  poderá 
fazer;  se  v.  m.  achar  pesoa  nesa  parte  que  me  enpreste  seis  sentos  escudos, 
farei  procurasan  a  Gamillo  CapeH  pêra  me  vender  sen  mil  reis  de  juro  en 
Portugal,  e  não  se  canse  v.  m.  en  traduzir  a  carta  que  en  man  propia  se 
pode  dar,  dizendo  o  que  ei  pasado  e  o  que  he  asosedido.  Esa  carta  me 
fasa  V.  m.  mercê  de  a  dar  ao  snro  embaxador(í),  e,  se  me  responder,  v.  m. 
me  mande  a  resposta  a  Ancona  sen  nome  suposto.  O  Baltesar  se  fora  nesta 
enbarcasam  que  esta  a  carga  en  Liorne,  se  tivera  orden  de  o  poder  mandar; 
mas  não  ten  dinheiro  pêra  que  posa  fazer  corentia,  e  enbarcasse.  V,  m.  me 
de  algumas  novas,  porque  se  diz  que  he  levantado  o  reino  de  Aregam  e  de 
Sacaria  (sic)  tanben.  Como  esta  da  peste,  que  serto  que  não  podia  vir  en 
pior  tempo  ?  Deus  o  queira  livrar  e  dar  a  v.  m.  muita  saúde,  eu  fico  con 
ela  pêra  o  serviso  de  v.  m.,  e  lhe  peso  me  não  falte  con  novas  suas,  que  so 
elas  me  aliviam,  e  as  creio,  e  crea  me  v.  m.  que  dispois  que  estou  neste 
lugar,  não  paso  hum  dia  alegre,  cudando  o  que  me  pudia  fazer  este  ome  en 
Roma  o  faltar  me  com  as  mezadas,  como  oje  me  ameasa;  serto  tinha  o 
morer  de  paxan,  e  asi  v.  m.  me  disculpe  com  o  snro  embaxador  e  lhe  sene- 
fique  meu  dezejo,  e  deste  lugar  me  partirei,  como  en  Veneza  derem  pratica, 
porque  me  não  meto  a  fazer  viazen  por  que  me  baste  o  animo  estar  corenta 
dias  en  lazareto,  por  que  de  malenconia  morerei.  V.  m.  escreva  ao  framengo 
como  quen  lhe  da  por  nova,  e  lhe  diga  que  o  noso  embaxador,  enformado 
que  cazava  ca  en  Veneza,  me  mandara  notificar  que  não  cazase  fora  do 
reino  sen  orden  dei  rei,  e  dentro  en  dois  anos  me  fose  a  Portugal.  Se  isto 
não  prejodicar  a  v.  m.  peso  o  fasa,  porque  me  serve  de  grande  otilidade. 
Guarde  Deus  a  v.  m.  Ancona  20  de  agosto  de  656.  A  carta  vai  aberta, 
lea  V.  m.  e  serea  (cerre-a). 

C^°  de  V.  m.  D.  Aluaro  Manuel  de  Noronha». 


No  ano  seguinte  foi  apresentado  este  requerimento  na  mesa  da  inquisição: 

«  Dis  Dom  Álvaro  Manoel  de  Noronha,  que  elle  se  acha  fora  deste  Reyno 
e  de  sua  Gaza  ha  annos  nas  partes  d'Italia,  aonde  foy  passando  por  França 


(i)  Era  Francisco  de  Sousa  Coutinho,  do  conselho  de  estado,  alcaide  mor  de  Santarém, 
Golegã  e  Almeirim,  antigo  embaixador  na  Suécia,  Holanda  e  França. 


36  Brasões 

com  resolução  de  ir  visitar  os  lugares  S.*°*  de  Jerusalém;  e  porque  lhe  não 
he  possível  conseguir  esta  perigrinaçao,  a  respeito  das  guerras  da  Repub.* 
de  Veneza  com  o  Turco,  e  tem  padecido  m/°*  trabalhos,  e  Infermidades  mui 
perigosas  que  o  obrigarão  a  abrir  fontes.  —  Pede  a  V.  S.  lhe  conceda  Licença 
pêra  se  poder  tornar  pêra  este  Reyno  e  quietação  de  sua  caza  pêra  tão  bem 
tratar  do  que  a  ella  lhe  convém,  ou  se  lhe  limite  tempo  pêra  o  fazer. 
E.  R.  M.». 

A  mesa  da  inquisição  de  Lisboa  informou  este  requerimento  em  17  de 
Abril  de  lôSy,  sendo  de  parecer  todos  os  três  inquisidores,  que  a  compunham, 
e  que  eram  então  Pedro  de  Castilho,  Francisco  Barreto  e  Manuel  de  Maga- 
lhães de  Meneses,  que,  por  não  haver  sentença  nem  assento  algum  tomado 
nos  autos,  não  havia  sobre  que  caísse  o  deferimento  à  petição. 

A  27  do  mesmo  mês  conformou-se  o  conselho  geral  com  a  informação 
da  mesa,  e  lá  se  foram  por  então  as  esperanças  a  D.  Álvaro  de  se  ver  repa- 
triado tão  breve. 


Resignado  ou  não,  continuou  D.  Álvaro  Manuel  no  seu  exílio,  e  parece 
que  permaneceu  em  Itália.  Em  fins  de  1664  abalançou-se  porém  a  vir  dis- 
farçado para  Portugal,  trazendo  consigo  um  breve  do  papa,  e  a  seguinte 
carta  de  recomendação: 

«Meu  P.^  Baltazar  Telles (1).  O  Portador  desta  Carta  he  a  Pessoa  que 
elle  dirá  a  V.  P.  Vay  a  esse  Reyno  e  no  mesmo  ponto  que  Deus  o  levar  a 
Lisboa,  ira  buscar  a  V.  P.^  por  lhe  ser  asy  necessário;  e  não  só  a  elle,  mas 
as  mayores  cazas  de  essa  terra  como  V.  P.  sabe.  O  negocio  que  vai  buscar 
depende  da  autoridade  e  industria  de  V.  P.  em  cujo  animo  eu  lhe  tenho 
assegurado  todo  seu  bem  e  o  de  tantos.  S.  S.****  andou  com  elle  tão  benino 
e  liberal,  como  V.  P.  verá  de  seus  despachos:  que  tendo  a  bondade  e  zelo 
de  V.  P.  por  condutor,  não  fico  duvidando  que  lodos  terão  o  bom  efeito  que 
lhe  dezejo,  peço  a  V.  P.,  e  aqui  tenho  procurado.  Sey  que  para  que  se 
empregue  de  todo  o  coração  nesta  matéria,  tudo  o  mais  he  supérfluo;  e 
porque  nas  outras  sou  leigo,  cesso,  pedindo  a  Deus  leve  este  a  salvamento 
diante  de  V.  P.,  e  que  mo  deixe  ser  m.^°  cedo,  e  guarde  sua  pesoa  como  eu 
dezejo.  Em  Roma  me  disserão  que  V.  P.  era  Propozito  de  S.  Roque,  e 
assy  havia  de  ser  se  la  ha  propozito.     Novas  da  minha  Jornada  dará  o  Por- 


(i)  O  Padre  Baltasar  Teles  era  jesuíta,  cronista  de  sua  província,  provincial  e  prepósito 
da  casa  de  S.  Roque.  Nascera  em  Lisboa  em  iSgS,  professara  em  24  de  Março  de  1610,  e 
veio  a  morrer  em  20  de  Abril  de  1675.  É  o  autor  da  Chronica  da  Companhia  de  Jesus,  e 
da  Historia  geral  da  Ethiopia. 


Manuéis  87 

tador.  Sobre  tudo  guarde  Deus  a  V.  P.  como  dezejo  &c.  Em  Pisa  a  i5 
de  Novembro  de  1664  —  M.^°  devoto  Serv.°""  Amigo  e  discipulo  de  V.  P. — 
P.  Francisco  Manuel». 

Em  8  de  Janeiro  de  i665  o  Padre  Baltasar  Teles,  prepósito  dà  casa  pto- 
fessa  de  S.  Roque,  por  ordem  que  lhe  dera  o  bispo  eleito  de  Elvas  Panta- 
leão  Rodrigues  Pacheco,  deputado  do  conselho  geral  do  Santo  Ofício,  entregou 
ao  inquisidor  Francisco  Barreto  uns  documentos  referentes  a  D.  Álvaro  Ma- 
nuel, e  que  eram,  além  da  cópia  da  carta  precedente,  mais  os  seguintes:  um 
breve  do  papa  Alexandre  VII  datado  de  2  de  Agosto  de  1664,  dirigido  aos 
inquisidores  de  Portugal,  e  passado  a  favor  de  Álvaro  Manuel  Conde  da 
Atalaia,  no  qual  breve  lhe  são  perdoadas  as  penas,  que  poderiam  merecer, 
comutando-lhas  em  algumas  espirituais  a  arbítrio  da  inquisição;  uma  carta 
do  cardial  Albizzi,  prefeito  da  suprema  e  geral  inquisição  de  Roma,  datada 
a  carta  desta  cidade  em  8  do  mesmo  mês;  e  finalmente  uma  petição  de 
D.  Álvaro,  que  em  seguida  transcrevo: 

«111.°  S.°' — Diz  Dom  Álvaro  Manoel  de  Noronha,  que  elle  depões  de 
de  andar  desterrado  deste  Reyno  doze  annos,  na  forma  que  da  parte  do  s.^° 
officio  lhe  foi  declarado,  com  grandes  incomodidades  de  sua  pessoa,  e  perdas 
de  saúde,  faltando-lhe  muitas  vezes  o  necessário,  em  rezão  de  neste  Reyno 
se  não  dar  satisfação  de  sua  fazenda  aos  gastos  que  necessariam.*^  hera  for- 
çado fazer  em  terras  estranhas:  Recorreu  a  Sua  Santidade,  como  Pay  e 
Suprema  cabeça  da  Igr.*,  declarandolhe  todos  os  erros  que  por  elle  tinhão 
passado,  e  a  piedade  com  que  o  s.*°  oííicio  se  tinha  ávido  com  elle,  como 
consta  da  Supplica  inserta  no  breve  que  aprezenta,  pedindo  a  Sua  Santidade 
perdão  das  penas  que  tinha  incorrido,  o  qual  Sua  Santidade,  movido  de 
compaixão,  lhe  concedeo  liberalme.*^  na  forma  que  do  mesmo  breve  consta, 
remetendo  o  a  V.  S."  111.^,  não  pêra  lhe  perdoarem  as  penas  medicinaes  do 
foro  da  consciência,  maz  as  do  foro  exterior,  mandando  lhe,  que  elle  Supp.% 
pella  estimação  que  Sua  Santidade  tem  deste  S.*°  Tribunal,  recorresse  a  elle 
com  o  dito  breve,  e  com  carta  do  Em.°  Cardeal  Albigi  Prefecto  da  Suprema, 
e  geral  Inquizição  de  Roma,  como  se  vê  da  mesma  carta,  e  breve,  no  qual 
lhe  perdoa  todas  as  penas  incorridas,  ou  que  podia  encorrer,  tornando  a 
este  Reyno.  —  Pello  que.  —  P.  a  V.  S.^  111.*  que  em  comprim.'°  do  dito  breve, 
o  dê  á  execução  na  forma  delle,  e  declarando  que  Sua  Santidade  foi  servido 
conçederlhe  com  approvação  de  V.  S.*  111.*  poder  em  todo  o  foro  íicar  livre, 
e  seguro,  E.  R.  M.». 

Entregues  por  esta  forma  os  referidos  papéis  ao  inquisidor  Francisco 
Barreto,  este  os  apresentou  na  mesa  no  dia  seguinte,  9  de  Janeiro,  e  nela  se 
resolveu  remetê-los  ao  conselho  geral  para  este  ordenar  o  que  se  deveria 
seguir,  como  mais  conveniente  ao  serviço  de  Deus. 


38  Brasões 

O  conselho  geral  no  mesmo  dia  mandou  aos  inquisidores  de  Lisboa  que 
vissem  os  autos  e  tomassem  neles  o  assento  que  parecer  de  Justiça  «sem 
embargo  do  breve  que  se  oíFerece».  Era  próprio  deste  indomável  tribunal 
o  querer  eximir-se  mesmo  a  obedecer  "ao  papa. 

No  próprio  dia  9  (com  muita  actividade  trabalhou  desta  vez  a  inquisição) 
foram  os  autos  vistos  na  mesa,  e  pareceu  a  todos  os  votos,  que,  ainda  que  o 
réu  reincidira  no  crime,  pelo  estado  dos  autos  se  acha  em  termos  de  ser 
julgado,  e  sua  causa  determinada  pela  disposição  do  regimento,  onde  se 
manda  castigar  com  pena  pública  extraordinária  as  pessoas  de  qualidade. 
Contudo,  visto  como  o  re'u  confessou  suas  culpas,  tem  andado  ausente  do 
reino  em  maior  degredo  do  que  o  que  se  lhe  houvera  de  dar,  e  traz  o  breve 
do  papa,  não  há  lugar  a  se  lhe  dar  outras  penas  mais  do  que  as  do  breve, 
mas  que  por  conselho  se  lhe  podia  dizer  que  viva  fora  desta  cidade.  Assinam 
os  dois  inquisidores  Fernão  Correia  de  Lacerda  e  Francisco  Barreto. 

Ainda  nesse  dia  subiram  os  autos  novamente  ao  conselho  geral,  que, 
mais  severo  do  que  a  mesa,  assentou  que  o  réu  fosse  preso  nos  cárceres  da 
penitência.  Assinam  este  assento  os  deputados  do  conselho:  Pantaleão  Ro- 
drigues Pacheco,  Diogo  de  Sousa,  Fr.  Pedro  de  Magalhães,  Luís  Alvares 
da  Rocha  e  D.  Veríssimo  de  Lancastre.  Não  havia  inquisidor  geral  desde  a 
morte  de  D.  Francisco  de  Castro  sucedida  em  i  de  Janeiro  de  i6õ3. 


Estava  outra  vez  D.  Álvaro  Manuel  perdido.  Os  cárceres  da  penitência 
pouco  menos  horríveis  eram  do  que  os  secretos;  e  a  prisão  seria  a  publici- 
dade, o  escândalo,  a  infâmia  sobre  si  e  seus  filhos. 

Assim  parecia,  mas  não  era.  A  referida  decisão  do  conselho  geral  foi 
tomada  unicamente  por  um  desses  requintes  de  crueldade,  em  que  o  Santo 
Ofício  era  mestre.  Ele  não  se  atrevia  a  desobedecer  abertamente  ao  papa, 
a  castigar  publicamente  um  fidalgo  da  prfmeira  nobreza  do  reino,  havendo 
tão  pouco  tempo  que  o  Conde  de  Vila  Franca  fora  penitenciado;  mas  não 
se  contentava  com  o  castigo  já  padecido  pelo  réu,  castigo  que  o  próprio  tri- 
bunal declarara  exceder  o  que  em  pública  sentença  podia  ser-lhe  dado;  não, 
era  necessário  ainda  martirizar  mais  aquele  homem,  que  de  criminoso  passa 
a  vítima. 

No  próprio  dia  9  de  Janeiro  em  que  o  conselho  geral  lavrou  o  referido 
assento,  nesse  próprio  dia  foi  lá  chamado  o  inquisidor  Francisco  Barreto,  e 
deu-se-lhe  ordem  para  mandar  vir  a  sua  casa  D.  Álvaro  Manuel,  e,  sem 
embargo  do  assento  que  o  conselho  havia  tomado  em  seu  processo,  lhe 
dizer,  que,  havendo  o  Santo  Ofício  respeito  à  qualidade  de  seus  maiores, 
lhe  ordenava,  que  dentro  de  oito  dias  se  saísse  do  reino. 


Manuéis  39 

Isto  declarou  o  próprio  inquisidor  ao  notário  José  Cardoso,  que  o  escreveu 
nos  autos  para  vergonha  dum  tribunal,  que,  usando  destes  processos,  se 
atrevia  a  intitular-se  o  mantenedor  da  fé. 

Mas  ainda  liá  mais  prova  da  crueldade  dos  inquisidores,  crueldade  impró- 
pria de  ministros  de  um  Deus  de  misericórdia. 

O  Santo  Ofício  dava  apenas  oito  dias  ao  réu  para  êle  sair  do  reino;  é 
porque  tinha  pressa,  e  achava  necessária  a  expatriação;  por  tanto  parecia, 
que  a  D.  Álvaro  deveria  ser  intimada  aquela  ordem  logo  no  dia  10,  ou  nos 
imediatamente  seguintes;  mas  não,  demoraram-lha  até  ao  fim  do  mês,  con- 
servando durante  esses  vinte  dias  ao  réu  na  angustiosa  dúvida  da  sua  sorte. 


No  sábado  3i  de  Janeiro  de  i665,  ao  tempo  em  que  o  notário  José  Car- 
doso saía  da  inquisição  da  audiência  da  tarde,  disse-lhe  o  inquisidor  Fran- 
cisco Barreto,  que,  como  fosse  noite,  «se  chegasse  para  sua  casa».  Indo  o 
notário,  referiu-lhe  então  o  inquisidor  o  que  se  passara  entre  êle  e  o  conselho 
geral  no  dia  9  antecedente. 

Estando  o  notário  falando  com  o  inquisidor,  a  este  trouxe  recado  um 
criado,  que  estava  ali  um  homem,  que  trazia  uma  carta  do  Padre  Baltasar 
Teles,  prepósito  de  S.  Roque,  e  que  a  havia  de  dar  em  mão  própria.  O 
inquisidor  mandou  entrar  o  homem,  e  sair  o  criado.  Aquele  logo  que  entrou 
disse  ser  D.  Álvaro  Manuel  de  Noronha,  e  lançou-se  no  chão  aos  pés  do 
inquisidor,  onde  esteve  chorando  tempo  considerável. 

Eram  estas  scenas  que  a  inquisição  queria,  não  como  mostras  do  sincero 
arrependimento  dos  culpados,  mas  como  prova  do  seu  absoluto  poder  e  do 
desmesurado  pavor  que  em  todos  incutia. 

O  inquisidor  fez  levantar  a  D.  Álvaro,  e  lhe  deu  a  ordem  que  tinha  do 
conselho  geral;  ao  que  o  réu  respondeu,  jque  não  sabia  onde  se  fosse,  e 
que  viera  pedir  misericórdia,  e  que  esta  se  lhe  não  concedia  depois  de  haver 
passado  tantos  anos  de  desterro  e  misérias !  o  que  repetiu  por  vezes.  Fi- 
nalmente concluiu  com  dizer,  que  cumpriria  o  que  se  lhe  ordenava;  mas  que 
o  prazo  de  oito  dias  era  tão  limitado,  que  não  dava  lugar  a  pôr  em  ordem 
algumas  coisas  tocantes  à  sua  fazenda  e  casa;  porque  ainda  se  não  tinha 
visto  com  o  Conde  do  Prado,  em  cujo  poder  estavam  seus  bens;  e  maior- 
mente,  porque  não  acharia  embarcação. 

Com  isto  se  foi  declarando  ter  mais  que  confessar,  e  o  inquisidor  o  não 
quis  ouvir  por  precisar  para  isso  de  licença  do  conselho,  e  de  ratificantes; 
mas  disse-lhe  que  na  segunda  feira  seguinte  podia  vir  às  mesmas  horas,  e 
êle  o  prometeu. 

Informado  o  conselho  geral  de  tudo  o  passado,  expediu  ordem  em  2  de 


40  Brasões 

Fevereiro  ao  referido  inquisidor  para  ouvir  a  nova  confissão  daquele  fidalgo, 
e  declarou  que  reservava  para  o  conselho' de  quarta  feira  à  tarde  a  discussão 
sobre  a  prorrogação  do  termo  pedido. 

Feita  a  confissão  no  dia  2,  e  retinido  o  conselho  no  dia  4,  aqui  se  assentou, 
que  o  inqusidor  Francisco  Barreto  chamasse  o  réu  a  sua  casa,  e  lhe  notifi- 
casse, que  saísse  do  reino  dentro  de  oito  dias  a  contar  do  da  notificação. 
Aceitando-o  ele,  se  lavraria  disso  termo;  não  o  aceitando,  o  mandaria 
prender. 

A  6  de  Fevereiro  compareceu  D.  Álvaro  Manuel,  por  ordem  que  para 
isso  teve,  em  casa  do  inquisidor  Francisco  Barreto,  onde  lhe  foi  intimado  o 
assento  último  do  conselho  geral,  que  o  réu  prometeu  cumprir,  obrigando-se 
a  sair  do  reino  até  ao  dia  i5  de  Fevereiro  de  i665. 

Do  processo  mais  nada  consta,  porém  da  Historia  genealógica  se  sabe 
que  D.  Álvaro  Manuel  não  cumpriu  com  a  sua  promessa,  e  retirou-se  para 
a  soberba  torre  da  sua  vila  das  Águias  no  Alentejo,  onde  ainda  viveu  vinte 
e  um  anos,  vindo  a  morrer  a  9  de  Fevereiro  de  1686. 


De  D.  Luís  Manuel  de  Távora,  4.®  conde  da  Atalaia,  filho  primogénito 
de  D.  Álvaro  Manuel  de  Noronha,  provieram  os  mais  condes  da  Atalaia  que 
tiveram  o  título  de  Marquês  de  Tancos  em  2  de  Outubro  de  1751  (i).  O 
ii.°  e  último  conde  da  Atalaia,  que  tinha  a  varonia  de  Noronha,  faleceu  em 
i3  de  Julho  de  1886  deixando  descendência,  e  como  rapresentante  da  ilustre 
casa  da  Atalaia  a  seu  filho  D.  Duarte  Manuel  de  Noronha. 

São  ramos  desta  casa,  ramos  destroncados  Já  depois  de  perdida  a  varonia 
de  Manuel,  os  Marqueses  de  Viana  e  os  Condes  de  Seia,  que  tudo  está 
pouco  menos  de  extinto. 


OS  DOIS  ESCRITORES  DA  FAMÍLIA  MANUEL 

A  varonia  dos  Manuéis  de  Castela  acabou-se  em  Portugal  na  pessoa  da 
Condessa  de  Alpedrinha,  D.  Maria  Leonor  Carolina  da  Conceição  Manuel 
de  Vilhena  da  Costa  Freire  Martins  da  Fonseca,  senhora  de  Pancas. 

A  dos  Manuéis  de  Portugal  extinguiu-se  na  2.*  marquesa  de  Tancos, 
D.  Constança  Manuel,  que,  depois  de  viúva,  foi  Duquesa  camareira  mor  por 
decreto  de  17  de  Dezembro  de  1791  e  carta  de  27  de  Abril  de  1790(2). 


(1)  Chancelaria  de  D.  José,  liv.  64.»,  fl.  108. 

(2)  Mercês  de  D.  Maria  1,  liv.  i7.*>,  fl.  6  v.  (o  título  foi  de  Duquesa  de  Tancos). 


Manuéts  41 

Dos  Manuéis  de  Castela  descenderam  por  linha  feminina  dois  portugueses 
ilustres,  escritores  considerados,  cujos  nomes  ainda  hoje  são  venerados  na 
literatura  e  história  peninsulares.  Refiro-me  a  D.  Agostinho  Manuel  de 
Vasconcelos,  e  D.  Francisco  Manuel  de  Melo.  O  primeiro  escreveu  só  em 
castelhano,  o  segundo  fê-lo  nessa  língua  e  na  nossa. 

D.  Francisco  Manuel  de  Melo  foi  terceiro  neto,  como  ficou  dito  na  pág.  473 
do  i.°  voL,  de  D.  Diogo  de  Melo,  que  foi  casar  a  Castela,  a  Cheles,  com 
D.  Maria  Manuel  de  Faro,  filha  de  D.  Francisco  de  Faro  e  de  D.  Leonor  Ma- 
nuel. D.  Agostinho  Manuel  de  Vasconcelos  foi  bisneto  do  mesmo  D.  Diogo, 
de  quem  ambos  os  autores  descendiam  por  seu  filho  maior  D.  Gomes  de 
Melo,  copeiro  mor  do  infante  D.  Duarte.  Um,  D.  Francisco,  era  bisneto 
por  varonia  e  representante  do  dito  D.  Gomes;  o  outro,  D.  Agostinho,  era 
seu  neto  por  sua  filha  D.  Ana  de  Noronha,  mulher  de  Rui  Mendes  de  Vas- 
concelos.    Vê-se  pois  que  foram  parentes  muito  chegados. 

D.  Agostinho  Manuel  teve  um  trágico  fim,  pois  que,  como  é  sabido, 
morreu  degolado  no  Rossio  em  29  de  Agosto  de  1641.  Havia  ele  sido  admi- 
nistrador do  velho  morgado  de  Machede  nas  proximidades  de  Évora,  e 
apesar  de  casado  por  duas  vezes,  não  deixou  filhos,  ficando-lhe  porém  para 
lhe  perpetuarem  a  memória  quatro  livros  impressos. 

Aqueles  Vasconcelos  do  morgado  de  Machede  eram  Cascos,  apelido  que 
abandonaram  pelo  mais  afidalgado  de  Vasconcelos,  e  por  morte  de  D.  Agos- 
tinho extinguiram-se,  passando  o  vínculo  por  sentença  a  um  parente  afastado, 
morador  em  Estremoz,  e  chamado  Garcia  Pestana  de  Brito  Casco  de. Mes- 
quita. 


V0L.U1 


XVIII 


MONISES 

(FEBOS    MONIS) 


XVIII 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  III. 


Esquartelado:  o  I  e  IV  de  azul  cinco  estrelas  de  oito  pontas  de  oiro 
(Monis);  o  II  e  III  esquartelado:  o  i.°  de  vermelho  cruz  florida  de  oiro, 
vazia  do  campo;  o  2."  de  prata  três  faxas  de  azul;  o  3.°  de  prata  leão  de 
vermelho;  o  4.°  de  vermelho  leão  de  oiro.  Timbre:  leão  aleopardado  de 
vermelho  armado  de  prata. 

Estas  armas  estão  erradíssimas  no  II  e  III  quartéis,  e  pouco  mais  certas 
se  encontram  a  fl.  67  v.  do  Livro  do  armeiro  mor,  a  fl.  1 1  v.  do  Livro  da 
Torre  do  Tombo,  a  fl.  Ô4  do  Thesouro  da  nobreza  de  Francisco  Coelho,  etc. 

Pode-se  conjecturar,  que  nestes  quartéis  do  brasão  de  Febos  Moniz  o 
que  se  queria  pintar,  eram  as  armas  dos  reis  de  Chypre  da  casa  de  Antis- 
quia,  e  que  foram  as  seguintes: 

Esquartelado:  o  i."  de  prata  cruz  de  potêntea  de  oiro,  acompanhada  de 
quatro  cruzetas  do  mesmo  (Jerusalém);  o  2.°  faxado  de  prata  e  de  azul  de 
dez  peças,  com  um  leão  sobreposto  de  vermelho,  armado  e  linguado  de 
oiro  (LusignanJ;  o  3."  de  oiro  leão  de  vermelho  coroado,  armado  e  linguado 
do  campo  (Arménia);  o  4.°  de  prata  leão  bicaudato  de  vermelho,  armado  e 
coroado  de  oiro,  linguado  de  azul  (Luxembourg)  (i).  E  sobre  o  todo  deste 
quartel  deveria  talvez  estar  o  escudo  de  oiro  com  um  leão  de  negro,  que  se 
lhe  vê  pintado  no  Livro  do  armeiro  mor  e  no  Livro  da  Torre  do  Tombo; 
porque  estas  seriam  as  armas  da  família  que  se  aliou  com  a  dos  reis  de 
Chypre,  pois  que  a  mãe  de  Febos  Monis  não  era  desta  casa  por  varonia. 


1 

O  PRIMEIRO  CASAMENTO  DE  EL  REI  D.  MANUEL 

D.  Manuel  Duque  de  Beja  foi  aclamado  Rei  de  Portugal  em  Alcácer  do 
Sal,  a  27  de  Outubro  de  1495,  e,  apesar  desse  dia  ser  terça  feira,  não  deixou 


(i)  Père Anselme, Hisíoire généalogique. ..dela maison royale de France, etc, tomo II> 
págs.  595,  604  e  1 13  e  tomo  III,  pág.  83,  mihi. 


46  Brasões 

a  ventura  de  sorrir  a  este  monarca.  Fora  ele  declarado  sucessor  da  coroa 
no  testamento  de  seu  primo  D.  João  II,  devendo  a  nomeação  unicamente  a 
ser  irmão  da  rainha  D.  Leonor,  pois  que  o  Rei  queria  deixar  o  reino  a  seu 
bastardo  D.  Jorge. 

Encetou  D.  Manuel  o  seu  reinado  com  um  acto  de  clemência,  que  muito 
o  honraria,  se  o  não  tivesse  pouco  depois  anulado  e  por  forma  deshumana. 
Foi  o  caso,  que,  quando  os  reis  católicos  expulsaram  os  judeus  de  Espanha, 
muitos  deles  se  acolheram  a  Portugal  mediante  certas  condições,  as  quais, 
não  cumpridas,  os  obrigavam  a  cativeiro.  Nele  caíram  muitos,  e  já  de 
alguns,  como  seus  escravos,  tinha  disposto  o  falecido  Rei,  quando  o  Duque 
de  Beja,  subindo  ao  trono,  os  libertou  a  todos. 

Mais  o  Rei  estava  apaixonado,  paixão  a  que  não  seria  estranha  a  ambição; 
e  o  objecto  desse  amor,  a  princesa  D.  Isabel  de  Castela  viúva  do  nosso  prín- 
cipe D.  Afonso,  punha  por  condição  ao  seu  casamento  a  expulsão  dos  judeus 
de  Portugal.  Durante  algum  tempo  a  benignidade  e  o  amor  se  contrabalan- 
çaram no  ânimo  do  Rei,  até  que  o  lado  da  afeição  pesou  mais,  e  os  judeus 
foram  condenados. 

Decidida  a  perseguição,  mandou  no  princípio  da  quaresma  de  1497,  como 
primeira  providência,  que  no  domingo  de  pascoela,  isto  é,  a  2  de  Abril,  se 
tirassem  aos  judeus  todas  as  crianças  menores  de  catorze  anos,  aíim  de 
serem  educadas  na  lei  de  Cristo.  Apesar  do  segredo  exigido,  espalhou-se 
a  notícia,  e  então,  receoso  de  que  os  pais  por  qualquer  forma  pusessem  os 
filhos  a  salvo,  mandou  logo  executar  a  ordem. 

Esta  bárbara  determinação  até  sobresallou  aos  próprios  cristãos,  que  não 
puderam  deixar  de  censurar  tão  deshumana  lei,  e  muitos  trataram  de  a  iludir 
recolhendo  em  suas  casas  a  algumas  crianças.  Mas  para  os  judeus  é  que 
ela  foi  horrível.  Em  muitos  o  desespero,  a  paixão  excitada,  os  arrastou  ao 
ponto  de  matarem  os  filhos  « afogamdohos  &  lãçandohos  em  poços,  &  rios, 
&  per  outros  modos  querédo  antes  vellos  acabar  d'esta  maneira,  q  não  apar- 
tallos  de  sim,  sem  sperança  de  hos  nunca  mais  vere » (1).  Pois  para  que 
um  pai  mate  seu  próprio  filho;  para  que  se  decida  a  fazer  padecer  o  ente 
que  é  o  seu  enlevo,  a  sua  esperança  e  consolação;  para  se  sentir  com  ânimo 
de  ver  cerrados  aqueles  olhos,  muda  aquela  boca,  ermas  de  cor  aquelas 
faces,  inertes  aqueles  membros,  é  preciso  que  seja  imensa  a  desesperação. 

Em  outros  a  falta  de  ânimo  levou-os  ao  suicídio. 

i  Que  horroroso  quadro ! 

Entretanto  o  faustoso  Rei,  na  estreiteza  das  ideas  do  seu  tempo,  pensava 
com  alegria,  que  mais  próxima  era  a  hora  do  seu  apetecido  enlace. 


(i)  Damião  de  Góis,  Chronica  de  D.  Manuel,  parte  I,  cap.  20. 


Monises  J^rj 

Não  parou  aqui  a  perseguição.  A  nova  ordem  de  expulsão  estava  dada, 
os  judeus  tinham  três  portos  por  onde  podiam  expatriar-se,  e  o  prazo  con»- 
cedido  ainda  se  protraia.  Mas  aquela  gente  era  trabalhadora,  económica,  e, 
por  meios  mais  ou  menos  lícitos,  possuía  avultadas  riquezas,  i  Gomo  obstar 
a  que  estas  saíssem  do  reino  ?  Não  era  difícil.  Primeiro  negando-se-lhes 
embarcações;  depois,  determinando-se-lhes  para  só  de  Lisboa  partirem;  e 
por  último,  com  delongas,  deixando-se  passar  o  prazo.  E  tudo  isto  se  fez, 
porque  «não  deixaua  elRei  de  cuidar  no  que  cõuinha  á  saúde  das  almas 
desta  gente»!  (i) 

No  Rossio,  nos  paços  dos  Estaus,  estavam  albergados  mais  de  vinte  mil 
Judeus,  que  pelas  condições  no  tratado  ficavam,  assim  que  passasse  o  prazo 
para  a  sua  saída,  e  ipso  facto,  cativos.  Neste  aperto  propuzeram  muitos  a 
D.  Manuel  que  se  fariam  cristãos  mediante  a  restituição  dos  filhos,  e  a  isenção 
de  devassas  durante  os  próximos  vinte  anos.  Aceita  a  proposta,  diz  o  cro- 
nista, que,  aos  que  persistiram  na  sua  lei,  deu  o  monarca  embarcação  para 
Africa.  Acho  demasiada  benignidade,  e  não  creio  que  eles  obtivessem  a 
liberdade  tão  barata. 

Tratou-se  em  seguida  de  baptisar  aos  que  ficaram,  que  escolheram  para 
seus  padrinhos  aos  fidalgos  principais  do  reino,  que  lhes  puzeram  os  seus 
nomes,  a  que  os  neófitos  acrescentaram  logo  os  apelidos  dos  seus  protectores. 
Deste  facto  proveio,  ainda  mais  do  que  do  abuso  da  adopção  sem  causa  dos 
apelidos  maternos,  a  confusão  que  neste  ponto  se  nota  em  Portugal;  confusão 
que  dá  lugar  a  que,  por  exemplo,  tanto  direito  tenha  a  chamar-se  Almeida 
o  Marquês  do  Lavradio,  como  um  qualquer  moço  de  esquina. 

Estavam  entretanto  satisfeitos  os  desejos  da  mística  princesa,  e  já  razão 
não  havia  para  impedir  a  sua  volta  a  este  reino,  como  noiva  do  tio  de  seu 
primeiro  marido. 

No  fim  de  Setembro  de  1497  encontraram-se  os  reis  Católicos  e  o  de 
Portugal  em  Valência  de  Alcântara.  Durante  os  três  dias  que  aí  permane- 
ceram muito  desacompanhados,  se  celebraram,  sem  festas  nem  regosijos 
alguns,  as  lúgubres  bodas,  que  foram  cortadas  inopinadamente  pela  notícia 
da  grave  doença  do  príncipe  D.  João,  herdeiro  da  monarquia  espanhola. 

Tinha  o  príncipe  adoecido  em  Salamanca  de  uma  febre  contínua,  e  para 
lá  se  dirigiu  Fernando  o  Católico  a  todo  o  galope  com  mudas  dispostas  pelo 
caminho,  conseguindo  por  esta  forma  chegar  a  tempo  de  receber  o  último 
suspiro  do  filho,  que  morreu  a  4  de  Outubro  (2). 


(i)  Damião  de  Góis,  Chronica  de  D.  Manuel,  parte  I,  cap.  20. 

(2)  Çurita,  Historia  dei  Rey  Don  Hernando,  liv.  3.»,  cap.  9.  —  Difere  um  pouco  da  nar- 
rativa de  Damião  de  Góis. 


48  Brasões 

Esta  morte,  causa  de  profunda  tristeza  para  os  reis  de  Espanha,  abria 
vastos  horizontes  à  ambição  de  D.  Manuel,  que  no  íntimo  do  seu  coração 
infalivelmente  se  jubilou  com  ela. 

A  nova  rainha  de  Portugal  era  com  efeito  a  sucessora  do  irmão  nos  di- 
reitos à  herança  das  coroas  de  Castela  e  Aragão;  e,  se  a  princesa  viúva 
tinha  ficado  grávida,  a  sua  dor  e  aflição  podiam  muito  bem  causar  um  mau 
sucesso.  Assim  sucedeu,  e  D.  Margarida,  ainda  antes  do  fim  desse  ano, 
abortou  uma  criança. 

Trataram  então  os  aflitos  reis  Católicos  de  assegurar  a  sucessão  de  seus 
reinos  a  sua  filha  D.  Isabel,  para  o  que  mandaram  pedir  aos  reis  de  Por- 
tugal viessem  a  Espanha,  afim  de  serem  jurados  príncipes  de  Castela  e 
Aragão. 

Depois  do  seu  casamento  tinham  D.  Manuel  e  D.  Isabel  passado  a  Cas- 
telo de  Vide,  onde  se  não  celebraram  por  causa  do  luto  todas  as  brilhantes 
festas  que  estavam  ordenadas.  Daí,  depois  de  pouca  demora,  seguiram 
para  Évora,  e  só  no  fim  de  Dezembro,  estando  já  a  rainha  grávida,  é  que 
entraram  em  Lisboa.  Foi  então  que  receberam,  com  a  notícia  do  aborto  de 
sua  cunhada,  o  pedido  para  se  irem  fazer  jurar  príncipes  a  Espanha. 

Via  D.  Manuel  emfim  coroadas  todas  as  suas  aspirações.  Ele,  que  nas- 
cera tão  longe  do  trono  pátrio,  filho  segundo  dum  ramo  da  casa  real,  passara 
inesperadamente,  em  resultado  da  execução,  ou  assassínio,  do  Duque  de 
Viseu  seu  irmão,  a  chefe  daquele  ramo.  Depois,  continuando  o  imprevisto, 
morre  desastradamente  o  único  filho  legítimo  de  D.  João  II,  que  se  vê  obri- 
gado a  declarar  ao  Duque  de  Beja  por  seu  sucessor.  Rei  de  Portugal,  sonha 
talvez  D.  Manuel  em  retinir  sobre  sua  cabeça  as  três  coroas  da  península, 
insta  pelo  seu  casamento  com  a  filha  primogénita  dos  reis  de  Castela  e 
Aragão,  e  acede  a  todas  as  condições;  e  mal  tinha  consumado  o  matrimónio, 
outro  facto  inopinado,  a  morte  do  príncipe  herdeiro,  seguida  em  breve  da 
perda  da  única  esperança  de  lhe  ficar  descendência,  franqueou  ao  venturoso 
príncipe  português  a  realização  dos  seus  ambiciosos  projectos. 

Era  demasiada  sorte,  e  a  fortuna  caprichosa  nem  sempre  acompanha 
aos  seus  dilectos.  Em  poucos  meses  sucessivas  mortes,  desvaneceram  o 
sonho,  não  inteiramente  contudo,  porque  o  esperançado  D.  Manuel  ainda 
se  foi  agarrar  a  outra  amarra,  casando  com  a  última  filha  dos  reis  Cató- 
licos. 

l  Que  aconteceria,  se  se  tivesse  realizado  então  a  união  dos  três  reinos 
da  península  ?  i  Quantas  vezes  não  temos,  todos  os  que  pensamos  em  his- 
tória, devaneado  sobre  os  resultados  que  de  tal  sucesso  proviriam?  Pois, 
se,  ainda  hoje,  tão  longe  dos  tempos,  tantos  pensamentos  desvairados  nos 
acodem  ao  atentarmos  neste  facto,  i  quão  intenso  não  seria  o  trabalho  de 


Monises  49 

imaginação  de  D.  Manuel,  que,  com  sobejos  fundamentos,  chegou  a  ver 
quási  realizadas  as  suas  aspirações  ? 

Convocadas  as  cortes  reuniram-se  em  Lisboa  a  1 1  de  Fevereiro  de  1498, 
e  nelas  se  deliberou  sobre  a  jornada  do  Rei  e  da  rainha  para  serem  jurados 
príncipes  herdeiros  de  Castela  e  Aragão. 

Encerradas  as  cortes  a  14  de  Março,  partiram  os  reis  de  Lisboa  a  29  do 
mesmo  mês,  caminho  de  Toledo. 

Era  lustrosa  a  comitiva,  e  na  lista  dos  oficiais  mores  e  fidalgos  que  a 
compunham,  e  que  Damião  de  Góis  nos  deixou  (i),  se  encontra  nomeado  a 
Febos  Monis. 

II 

SENHORES   DE  ANGEJA 

O  sobrenome  de  Monis  é  patronímico  de  Munio,  e,  como  fosse  por  este 
facto  muito  repetido  nos  primeiros  séculos  da  monarquia,  se  esforçaram 
alguns  linhagistas,  com  bem  pouca  crítica,  em  relacionar  vários  xMonises, 
que  tinham  unicamente  de  comum  o  serem  filhos  de  Munios  (2).  \  E  não  foi 
só  dantes,  ainda  hoje  se  escreve  disto ! 

No  reinado  de  D.  João  I  viveu  Vasco  Martins  Monis  (3),  que  era  filho  de 
Branca  Lourenço  e  de  Martim  Fagundes,  que  pelas  eras  de  141 5  a  17  (iSyy 
a  79)  foi  encarregado  da  guarda  e  arrecadação  dos  igrejairos  reais  de  Beja, 
Serpa,  Moura,  Mourão  e  Olivença  (4).  Casou  Vasco  Martins  com  Brites 
Pereira,  e  era  já  falecido  em  1489.  Foi  o  progenitor  dos  alcaides  mores  de 
Silves,  dos  senhores  de  Angeja,  e  de  vários  ramos  no  continente  e  nas  ilhas. 

As  armas  destes  Monises  eram  unicamente  as  cinco  estrelas  de  oiro  em 
campo  azul. 


(i)  Damião  de  Góis,  Chronica  de  D.  Manuel,  parte  I^  cap.  26. 

(2)  [O  acento  tónico  de  Munnius  ou  Monnius  cai  no  i.  O  respectivo  patronímico  é 
Munnici  ou  Monnici,  que  deu  em  português  Moni^,  ao  passo  que  de  Monnius  derivou-se  o 
português  Moninho.  —  Nota  da  revisão\ 

(3)  Vasco  Martins  Monis,  cavaleiro,  nosso  criado  e  alcaide  de  Silves,  aforamento  em 
três  vidas  de  um  moinho  com  suas  herdades  e  pomar  em  Silves  etc.  7  de  Outubro  de  1422 
(A.  D.).  —  Diogo  Monis,  fidalgo  de  nossa  casa  e  alcaide  mor  de  Silves  apresentou  a  prece- 
dente carta,  declarando  ser  a  derradeira  vida  e  pedindo  se  lhe  fizesse  emprazamento  enfa- 
tiota;  el  Rei  lho  concede  em  Évora  a  25  de  Janeiro  de  1490  {Chancelaria  de  D.  João  /, 
liv.  16.°,  fl.  12  V.).  Diogo. Monis,  fidalgo  de  nossa  casa,  e  alcaide  mor  de  Silves,  apresenta 
carta  de  aforamento  feita  em  Faro  a  4  de  Junho  de  1490,  e  foi-lhe  confirmada  a  24  do  mesmo 
mês.    (/ííí/em,  fl.  41). 

(4)  Conata  da  carta  de  certa  mercê  que  está  a  fl.  47  v.  do  liv.  5.°  da  Chancelaria  de 
D.  João  I. 

VOL.  III  7  ' 


5  o  Brasões 


III 

MONISES  DE  LUSINHANO  (SAMPAIO) 

Outros  foram  os  Monises  de  Febos  Monis.     Deles  diz  a  trova  de  João 

Rodrigues  de  Sá: 

«Amba-1-as  armas  reaes 
de  Chipre,  e  Jerusalém, 
com  armas  mistura  tem 
de  Moniz;  mas  estas  taes 
a  hum  só  d'elles  convém. 
Um  só,  a  quem  com  razão 
chame-se  de  Lusynhão, 
^     seu  pay  lh'o  foi  alcançar, 
por  s'ajuntar  e  casar 
com  tão  alta  geração.» 

Efectivamente  todos  os  nobiliários  do  reino  são  concordes  em  assinar  a 
Vasco  Gil  Monis,  pai  de  Febos  Monis,  um  casamento,  o  segundo,  com 
D.  Leonor  de  Lusinhano,  a  quem  não  nomeiam  os  progenitores. 

A  família  dos  Lusignan  de  Chypre  tinha-se  extinguido,  e  sucederam-lhes 
os  príncipes  de  Antioquia,  que  foram  reis  daquela  ilha  e  reis  titulares  de 
Jerusalém;  mas  com  estes  directamente  não  se  aliou  o  nosso  Monis. 

Dos  últimos  reis  de  Chypre  saiu  um  ramo  que  se  intitulou  durante  algum 
tempo  príncipe  de  Galilea,  no  qual  depois  de  perdido  o  principado,  reapa-v 
rece  em  alguns  dos  seus  membros  o  apelido  de  Lusignan,  juntamente  com  o 
nome  de  Febos.     Destes  provavelmente  era  a  mulher  de  Vasco  Gil  Monis. 


Gil  Aires,  pai  deste  Vasco  Gil  Monis,  dizem  ter  sido  filho  de  um  homem 
de  Alegrete  e  de  Maria  Trabuca.  Foi  ele  cavaleiro  muito  honrado  em 
tempo  de  D.  João  I  serviu  de  escrivão  da  puridade  ao  grande  condestável, 
que  em  4  de  Abril  de  1460  (1422)  lhe  fez  doação  em  vida  de  uma  quinta  no 
termo  de  Almada,  a  qual  fora  de  Lourenço  Anes  Fogaça,  e  que  se  chamava 
de  Morface'm,  como  tudo  se  infere  da  confirmação  da  mesma  propriedade  a 
Diogo  Gil  Monis  (i). 


(1)  Por  parte  de  D.Leonor  de  Sousa,  mulher  que  foi  de  Diogo  Gil  Monis,  foi  mostrada 
carta.  —  D.  Leonor  de  Sousa,  mulher  de  Diogo  Gil  Monis,  do  conselho,  apresentou  carta. 
—  Carta  de  doação.  Ano  de  1497  (esta  data  está  evidentemente  errada,  poderá  ser  1477) 
a  2  de  Setembro,  em  Lisboa,  nos  paços  dei  Rei,  onde  ora  poisa  a\nui  alta  e  excelente  prin- 


Monises  5 1 

É  Gil  Aires  (i)  intitulado  escrivão  da  puridade  do  condestável  em  escri- 
tura de  28  de  Julho  de  1442  (1404).  Com  esse  título,  e  mais  o  de  criado, 
é  nomeado  noutra  de  29  de  Setembro  do  mesmo  ano;  e  com  os  mesmos,  e 
o  de  cavaleiro,  ainda  noutra  de  9  de  igual  mês  de  1444  (1406).  Finalmente 
cavaleiro,  e  vedor  para  as  coisas  pertencentes  a  Seuta,  em  escritura  de  28 
de  Julho  de  1428  (2). 

Morreu  antes  de  i  de  Setembro  de  1487,  e  foi  sepultado  na  capela  de 
Nossa  Senhora  do  Pranto,  depois  intitulada  da  Piedade,  no  convento  do 
Carmo  de  Lisboa,  capela  que  para  seu  jazigo  lhe  havia  sido  doada  pelo  con- 
destável fundador  do  convento.  Havia  casado  Gil  Aires  com  Leonor  Ro- 
drigues, que  lhe  sobreviveu,  e  vendeu  ao  Conde  de  Ourém  D.  Afonso  a  re- 
ferida quinta  de  Morfacém.     Deste  casamento  nasceram  os  seguintes  filhos: 

i."  —  Diogo  Gil,  que  depois  se  chamou  Diogo  Gil  Monis.     Onde  êle  e 


cesa  infanta  D.  Brites,  seodo  ela  presente,  fez  ela  ler  pelo  notário  uma  carta  de  doação.  — 
D,  Afonso  etc,  ao  infante  D.Fernando  meu  irmão,  doação  para  sempre  de  todos  os  quartos 
que  havemos  no  Paço  do  Lumiar,  e  da  quinta  de  Carnide,  e  dos  casais  de  Loures,  e  de  quais- 
quer outros  bens  do  termo  de  Lisboa,  que  foram  de  João  Fernandes  Pacheco,  quando  se 
partiu  destes  reinos  para  os  de  Castela,  Santarém,  lo  de  Fevereiro  de  1460.  —  Lida  acarta 
disse  a  infanta  que  o  infante  D.  Fernando  fizera  mercê  dos  ditos  quartos  e  quinta  de  Car- 
nide e  casais  de  Loures  ao  honrado  Diogo  Gil  Monis,  fidalgo  da  casa  do  dito  senhor,  e  seu 
vedor  da  fazenda,  e  que  à  infanta  ora  por  demanda  lhe  foram  julgadas  por  sentença,  porém 
ela  fazia  de  tudo  doação  em  nome  do  Duque  D.  Diogo  seu  filho  ao  dito  Diogo  Gil  Monis  de 
juro  e  herdade  para  sempre.  —  Confirmada  a  D.  Leonor  de  Sousa,  mulher  do  dito  Diogo 
Gil  Monis,  com  a  condição  de  por  morte  do  marido  ela  haver  os  bens,  e  por  sua  morte  seu 
filho;  e  não  se  entenda  nas  casas  que  estão  em  Lisboa  junto  com  S.  Martinho,  que  foram 
do  dito  João  Fernandes  Pacheco,  das  quais  fizemos  mercê  a  Diogo  Fernandes  de  Almeida, 
fidalgo  de  nossa  casa,  e  êle  as  vendeu  a  João  Garcês,  cavaleiro  de  nossa  casa  e  escrivão  da 
câmara  e  fazenda  de  além  mar,  etc.  Estremoz,  7  de  Outubro  de  1484.  —  Confirmada  a 
D.  Leonor  do  Sousa,  a  i3  de  Fevereiro  de  1492.  —  Apresentou  também  uma  procuração 
feita  por  D.  Leonor  a  seu  filho  Pêro  Monis,  em  Odemira  a  12  de  Abril  de  1498,  com  poderes 
de  vender  os  quartos  do  Lumiar,  e  pede  por  se  ter  ora  concertado  com  o  dr.  Mestre  João, 
nosso  físico,  sobre  o  foro  da  quinta  de  Carnide,  consentimento  e  licença  etc.  Confirma  a 
Mestre  João,  Lisboa,  22  de  Outubro  de  1498.    {Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  Si.",  fl.  ii3). 

(1)  Na  era  de  1442  (1404),  a  19  de  Setembro,  em  Almada,  ante  os  paços  de  D.  Nuno 
Alvares  Pereira,  condestável,  perante  o  juiz  pareceu  Gil  Aires,  escrivão  da  puridade  do  dito 
senhor  Conde,  etc.  (Documento  transcrito  na  carta  de  confirmação  de  Paços  de  Ferreira 
e  Cabeceiras  de  Basto  a  António  Pereira. —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  7.°,  fl.  197). — 
Na  doação  do  condado  de  Ourém  e  outros  muitos  bens  feita  pelo  condestável  a  seu  neto 
D.  Afonso  em  4  de  Abril  de  1460  (1422),  documento  feito  por  Gil  Aires,  nele  se  declara  que 
o  condestável  havia  feito  doação  em  vida  do  mesmo  Gil  Aires  meu  criado  da  barca  de  Sa- 
cavém e  do  Reguengo  de  Almeida  termo  de  Santarém.  {Provas  da  Historia  genealógica, 
vol.  V,  pág.  567,  n.°  i). 

(2)  Documentos  n.<"  VII,  VIII  e  XIX,  apud  Fr.  José  Pereira  de  Sani'Ana,  Chronica  dos 
Carmelitas,  vol.  I,  págs.  8o5,  809  e  824. 


52  Brasões 

os  irmãos  foram  buscar  o  apelido  (i)  não  sei,  nem  encontro  explicação  plau- 
sível para  o  caso,  mas  sei  que  foi  senhor  da  tal  quinta  de  Morfacém,  que 
lhe  doou  para  sempre  o  Conde  de  Ourém,  neto  do  condestável,  pelos  ser- 
viços que  a  este  havia  prestado  Gil  Aires,  pai  de  Diogo  Gil,  a  quem,  sendo 
escudeiro  da  casa  do  referido  Conde,  foi  confirmada  a  doação  por  el  Rei  em 
I  de  Setembro  de  1437.  Seguidamente  aparece-nos  Diogo  Gil  Monis,  cava- 
leiro do  infante  D.  Henrique,  recebendo  em  20  de  Agosto  de  1449  doação 
dos  bens  de  Pêro  da  Azambuja  e  João  da  Azambuja,  moradores  em  Mon- 
temor o  Velho,  que  haviam  combatido  ao  lado  do  infante  D.  Pedro  na  da 
Alfarrobeira;  e  ultimamente,  em  1452,  exercendo  o  ofício  de  reposteiro  mor 
do  infante  D.  Fernando  (2).  Foi  Diogo  Gil,  juntamente  com  sua  irmã  Isabel 
Monis,  tutor  de  seu  sobrinho  Bartolomeu  Perestrelo,  capitão  da  ilha  do 
Porto  Santo,  e  era  já  falecido  em  Maio  de  1614,  tempo  em  que  ainda  vivia 
sua  viúva  D.  Leonor  da  Silva.  Fora  ela  filha  de  Rui  Gomes  da  Silva, 
senhor  da  Chamusca,  e  de  D.  Branca  de  Almeida,  e  do  seu  casamento  com 
Diogo  Gil  proveio  um  ramo  de  Monises  da  Silva,  que  serviram  nos  paços 
reais,  e  de  que  o  último  representante  morreu  de  doença,  sobrevinda  ao  can- 
saço havido  na  batalha  de  Alcácerquibir  em  1578. 

2.° — Vasco  Gil  Monis.  Foi  veador  da  casa  do  infante  D.  Pedro  e  com 
êle  entrou  em  1449  na  batalha  de  Alfarrobeira,  pelo  que  lhe  foram  confis- 
cados seus  bens,  entre  os  quais  se  compreendiam  umas  casas  na  rua  de 
Morraz,  entestando  na  Judiaria  defronte  da  rua  da  Sapataria  de  Lisboa,  das 
quais  D.  Afonso  V  fez  doação  em  22  de  Dezembro  de  1460  a  Rui  Monis, 
irmão  de  Vasco.  Foi  este  depois  perdoado,  e  já  em  26  de  Abril  de  1472, 
concedendo-lhe  aquele  Rei  licença  para  andar  em  besta  muar,  lhe  chama 
nosso  fidalgo,  e  criado  que  fora  de  el  Rei  seu  pai.  Em  1482  teve  mercê, 
pelos  serviços  prestados  a  D.  Afonso  V  e  D.  João  II,  de  uma  tença  de  dez 
mil  reais,  que  em  1492  foi  trespassada  para  seu  filho  Pedro  Alvares  Monis. 
Em  1469  era  administrador  da  capela  de  Nossa  Senhora  do  Pranto  ou  da 
Piedade  na  igreja  do  Carmo.  Este  facto  parece  indicar  ter  sido  Vasco  Gil 
o  íilho  primogénito  do  velho  Gil  Aires,  porém  os  nobiliários  todos  o  põem 
em  segundo  lugar.  Encontro  a  referência,  confusa  é  certo,  de  ter  êle  acom- 
panhado a  D.  João  de  Coimbra  quando  foi  casar  com  a  herdeira  do  trono 
de  Chypre.     Se  isto  assim  foi,  está  explicado  o  segundo  casamento  (3)  de 


(i)  Estes  todos  se  chamaram  Monises  depois  que  seu  pai  foi  posto  em  honras.  {No- 
biliário de  D.  António  de  Lima). 

(2)  Carta  de  26  de  Julho  de  1452  de  doação  dos  bens  de  João  Gomes,  corretor  das 
bestas  de  Lisboa,  que  fora  ao  reino  de  Granada  «  onde  negou  a  nossa  santa  fé  e  se  tomou 
moiro «.    (Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  S.»,  ú.  3  v.). 

(3)  O  primeiro  casamento  havia  sido  contraído  entre  1433  e  1438,  no  reinado  de  el  Rei 


Monises  53 

Vasco  Gil  com  uma  senhora  da  casa  de  Lusignan,  parenta  da  que  então  rei- 
nava naquela  ilha,  donde  Vasco  regressaria  a  Portugal  em  1475  depois  do 
assassínio  de  seu  amo.  Sobre  este  casamento  há  grandes  confusões  nos  no- 
biliários, pois  que  todos  dizem  ter  ele  tido  lugar  em  Aragão  e  que  a  noiva 
era  dama  da  infanta  D.  Isabel  de  Aragão  mulher  do  senhor  D.  Pedro,  Rei 
de  Chypre.  Isto  é  o  que  eles  escrevem;  porém  a  infanta  D.  Isabel  de 
Aragão  casou  com  o  infante  D.  Pedro  da  Alfarrobeira;  o  se?ihor  D.  Pedro, 
filho  destes,  nem  foi  casado  nem  Rei  de  Chypre,  mas  sim  Rei  titular  de 
Aragão;  e  quem  foi  regente  de  Chypre,  e  marido  da  herdeira  desta  coroa, 
foi  o  senhor  D.  João,  irmão  de  um  e  filho  de  outro  Pedro.  Do  casamento 
de  Vasco  Gil  Monis  e  de  D.  Leonor  de  Lusinhano  (à  portuguesa)  vieram  os 
Monises  de  Lusinhano,  que  foram  administradores  da  referida  capela  da 
Piedade  no  Carmo,  e  dos  quais  se  extinguiu  a  varonia  na  pessoa  de  Febos 
Monis  de  Lusinhano  e  Torres,  que,  além  da  capela,  também  administrou  o 
morgado  da  quinta  das  Conchas  no  Lumiar  que  fora  dos  Torres.  Casou 
este  Febos  com  D.  Felipa  Coutinho,  filha  do  alcaide  mor  de  Sintra  André 
Gonçalves  de  Ribafria,  e  nasceu-lhe  filha  herdeira  D.  Luísa  Monis,  ou  Monis 
Torres.  Morreu  esta  senhora  em  16  de  Maio  de  1659,  e  foi  enterrada  na 
antiga  sepultura  dos  Monises  na  igreja  do  Carmo.  Havia  casado  com  seu 
segundo  primo  Francisco  de  Sampaio,  9.°  senhor  de  Vila  Flor  e  outras  terras, 
e  alcaide  mor  da  Torre  de  Moncorvo,  que  lhe  sobreviveu  perto  de  três  anos, 
e  faleceu  em  9  de  Janeiro  de  1662,  sendo  sepultado  na  mesma  capela.  Por 
esta  forma  entrou  a  casa  dos  Monises  de  Lusinhano  na  dos  Sampaios,  e 
posteriormente  os  senhores  delas  tiveram  os  títulos  de  condes  (1764)  e  mar- 
queses (1884)  de  Sampaio. 

3."  —  Rui  Monis.  Ao  contrário  de  seu  irmão  Vasco  medrou  Rui  Monis 
com  a  desgraça  da  Alfarrobeira,  pois  que  lhe  foram  dados  alguns  bens  de 
parciais  do  infante  D.  Pedro.  Em  1449,  a  10  de  Julho,  intitulando-o  cava- 
leiro de  sua  casa,  lhe  doou  D.  Afonso  V  os  bens  de  João  de  Serpa,  antigo 
escudeiro  do  regente.  No  ano  seguinte  recebeu  mais  duas  análogas  dádivas; 
a  20  de  Junho  a  dos  bens  de  João  Esteves,  morador  que  fora  em  Alenquer 
e  aposentador  do  infante;  e  a  22  de  Dezembro  as  referidas  casas  em  Lisboa 
de  seu  irmão  Vasco.  Logo  a  seguir,  em  146 1,  tratou-lhe  el  Rei  o  casamento 
com  Felipa  de  Almada,  donzela  da  casa  de  sua  irmã  a  infanta  D.  Leonor, 
prometendo-lhe  duas  coroas  de  oiro,  e  arbitrando-lhe  por  carta  de  25  de 


D.  Duarte,  com  Catarina  Fernandes,  filha  de  Fernão  Rodrigues,  cavaleiro,  a  quem  os  nobi- 
liários dão  o  apelido  de  Alardo.  A  esta  senhora  fez  D.  Afonso  V  mercê,  por  carta  de  25 
de  Julho  de  1449,  de  que  não  fossem  os  bens,  que  ela  herdara  de  seus  pais,  compreendidos 
na  confiscação  que  fizera  dos  bens  do  marido.    {Místicos,  liv.  3.°,  fl.  ii5). 


54  Brasões 

Fevereiro  uma  tença  de  vinte  mil  reais  brancos.  Em.  1462  já  Rui  Monis  era 
cavaleiro  fidalgo,  o  que  consta  não  só  da  lista  desse  ano,  mas  também  duma 
carta  de  aforamento  (i).  Finalmente  a  16  de  Maio  de  1468  foi  nomeado 
tesoureiro  da  moeda  da  cidade  de  Lisboa  em  lugar  de  João  Afonso,  cava- 
leiro, que  havia  sido  provido  em  contador  de  Évora.  Em  1472  ainda  exercia 
Rui  Monis  o  cargo  de  tesoureiro,  tendo  sido  por  carta  de  14  de  Dezembro 
relevado  e  perdoado  de  quaisquer  faltas  cometidas  no  exercício  do  seu  ofício 
de  que  estava  suspenso,  e  em  que  foi  reintegrado.  Casou  Rui  Monis  com 
D.  Felipa  de  Almada,  como  fica  dito,  e  dela  teve  a  Garcia  Monis  (2),  também 
tesoureiro  da  casa  da  moeda,  e  outros  filhos,  porém  em  breve  se  extinguiu 
toda  a  geração. 

4.°  —  Gil  Aires  Monis  (3),  cavaleiro  fidalgo  na  lista  de  1462,  deve  ter 
sido  irmão  dos  precedentes;  não  é  nomeado  nos  nobiliários. 

.  5.°  —  D.  Leonor  Monis,  que  foi  segunda  mulher  de  Fernão  de  Sousa,  o 
da  Labruja,  por  ser  senhor  da  quinta  deste  nome  junto  à  Golegã. 

6.°  —  Guiomar  Gil  que  era  casada  em  1469  com  Lopo  Dias  de  Lemos, 
que  juntamente  com  seu  cunhado  Vasco  Gil  se  opôs  naquele  ano  à  sepultura 
de  qualquer  pessoa  estranha  à  família  na  capela  de  Nossa  Senhora  do  Pranto 
no  Carmo  (4). 

7.°  —  Isabel  Monis. 

A  propósito  desta  senhora  seja-me  permitida  uma  breve  digressão,  que 
não  vem  fora  do  assunto,  visto  que  diz  respeito  a  uma  aliança  ilustríssima 
que  tiveram  os  Monises. 


(i)  A  carta  é  de  1 1  de  Fevereiro  de  1462,  e  está  no  liv.  35.°  da  Chancelaria  de  D.  Afonso  V 
na  fl.  58.  Por  ela  aforou  D.  Afonso  V  a  Rui  Monis,  fidalgo  da  sua  casa,  «mas  casas  em 
Lisboa  na  rua  da  Comendadeira,  as  quais  partiam  contra  o  vendavel  (sul)  com  pardieiros, 
com  casas  que  haviam  sido  do  Duque  de  Bragança  D.  Afonso,  e  com  outras  de  el  Rei;  do 
aguião  (norte)  com  um  quintal  do  cabido  da  Sé  de  Lisboa,  onde  está  «um  acipreste»,  o 
qual  (quintal)  foi  do  dito  Duque,  e  bem  assim  com  casas  do  cabido  que  o  Duque  trouxera  e 
então  eram  do  Duque  seu  filho ;  da  parte  do  levante  confrontavam  com  outras  casas  de 
el  Rei;  e  do  poente  com  rua  pública  que  ia  sair  à  Cordoaria  Velha.  As  tais  casas  aforadas 
a  Rui  Monis  «soia  de  trazer  a  dita  comendadeira»,  por  cuja  morte  passaram  ao  nomeado 
Duque  de  Bragança,  vindo  por  falecimento  deste  a  ficar  a  el  Rei.  Foi  pois  a  tal  comenda- 
deira, que  deu  o  nome  à  rua,  Inês  Pires,  a  mãe  do  Duque  D.  Afonso. 

(2)  Garcia  Monis  era  tesoureiro  da  Moeda  em  i5i4  (Saraiva,  Obras,  vol.  4.°,  pág.  187, 
n.»44). 

(3)  Gil  Aires  Monis,  nosso  cavaleiro,  na  carta  de  3  de  Fevereiro  de  1462  de  quitação  a 
João  Fernandes  da  Silveira.  {Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  i.°,  fl.  2  e  Torre  do  Tombo, 
liv.  3.",  pág.  298). 

(4)  Fr.  José  Pereira  de  San t' Ana,  Chronica  dos  Carmelitas,  tomo  i.»,  pág.  690  e  691. 


Montses  55 


IV 

MONISES   PERESTRÊLOS 

Casou  Isabel  Monis  com  Bartolomeu  Perestrêlo,  i.°  capitão  donatário  da 
ilha  do  Pôrto  Santo,  da  qual  o  infante  D.  Henrique  lhe  fez  doação,  primeiro 
somente  em  vida,  e  depois  de  juro  e  herdade  em  i  de  Novembro  de  1446. 
Apesar  daquela  senhora  ter  sido  a  segunda  mulher  de  Bartolomeu,  contudo, 
como  do  primeiro  casamento  só  ficaram  filhas,  foi  o  filho  de  Isabel  Monis, 
também  Bartolomeu  Perestrêlo,  quem  depois  veio  a  ser  o  2.°  capitão  dona- 
tário da  ilha  do  Pôrto  Santo,  o  que  lhe  foi  confirmado  por  D.  Afonso  V  em 
i5  de  Março  de  1473.  Mas,  para  entrar  na  posse  da  sua  ilha,  teve  de  impu- 
gnar o  contrato  de  venda  dela  que  durante  a  sua  menoridade,  em  17  de 
Maio  de  1458,  fizeram  sua  mãe  e  seu  tio  Diogo  Gil  Monis,  como  seus  tutores 
que  eram  (i). 

Além  deste  filho  teve  Isabel  Monis  mais  filhas,  três  ao  que  parece,  que 
foram  Felipa  Monis,  Briolanja  Monis,  e  Violante  Monis.  Felipa  Monis, 
mulher  de  Cristóvão  Colombo,  não  seria  nunca  Dona  Felipa,  em  quanto 
viveu;  mas  posteriormente  é-lhe  dado  o  título  nos  documentos  espanhóis. 
Depois  de  morta  não  foi  rainha,  como  D.  Inês  de  Castro,  mas  foi  Dona. 

Felipa  Monis  casou,  aí  por  1474,  com  um  genovês  cheio  de  vida,  vigor, 
ambição  e  tenacidade,  cuja  estrela  fulgurante  brilhava  lá  para  as  bandas  do 
ocidente,  onde  êle  foi  descobrir  um  novo  mundo: 

A  Castilla,  y  a  Leon,  ^ 
Nuevo  mundo  dió  Colón. 

Foi  efectivamente  com  o  grande  almirante  Cristóvão  Colombo  que  Felipa 
Monis  casou,  e  foi  dela  que  êle  teve  o  filho  e  sucessor  D.  Diogo  Colón, 
2.°  almirante  e  vice-rei  das  índias  Ocidentais. 

Aparece  Felipa  com  os  apelidos  de  « Monyz  Perestrêlo»  no  depoimento 
feito  em  8  de  Março  de  i535  por  Diego  Mendez,  vizinho  da  cidade  de 
S.  Domingos  na  ilha  Hispaniola  (hoje  Haiti)  e  antigo  companheiro  de  nave- 
gação de  Cristóvão  Colombo  (2).    Parece  dever  ser  o  mesmo  Diego  Mendez 


(i)  Cristoforo  Colombo  in  Portugallo  por  Prospero  Peragallo,  apêndice  II,  pág.  235. 

(2)  La  pátria  de  Colón  según  los  documentos  de  las  ordenes  militares  por  D.  Francisco 
R.  de  Uhagon,  (Marquês  de  Laurencin)  Ministro  dei  Tribunal  y  Gonsejo  de  las  Ordenes  y 
Gabellaro  Professo  de  la  de  Galatrava,  Madrid,  tip.  de  Ricardo  Fé,  1892,  8.°  de  72  págs.    Aí 


56  Brasões 

nomeado  por  D.  Diogo  Colón  no  seu  testamento  de  1 509(1),  e  pela  forma 
por  que  o  nomeia  se  vê  a  confiança  que  lhe  merecia. 

Se  Felipa  Monis,  não  casou  em  Lisboa,  foi  aqui  contudo  que  lhe  nasceu 
o  filho  Diogo,  como  o  diz  terminantemente  no  seu  depoimento  o  referido 
Diego  Mendez,  e  de  ouvida  o  confirma  Pedro  de  Arana,  vizinho  da  cidade 
de  Córdova,  outra  testemunha  no  mesmo  processo  (2). 

É  de  muita  confiança  o  dizer  de  Diego  Mendez,  que  declara  conhecer  a 
família  de  Colón  havia  trinta  anos,  e  porque  se  sabe  que  este  conhecimento 
não  era  superficial,  como  se  prova,  não  só  do  que  dele  diz  D.  Diogo  Colón 
no  seu  citado  testamento,  como  duma  carta  pelo  Diego  Mendez  escrita  ao 
2."  almirante  (3),  e  mais  ainda  pelo  testamento  do  próprio  Mendez,  feito  em 
Valhadolid  a  6  de  Junho  de  i536(4).     Era  um  amigo  da  casa. 

Bem  sei  que  o  Bispo  Frei  Bartolomeu  de  las  Casas  diz   « que  fiiese  á 


a  págs.  33  lê-se :  «que  el padre  dei  dicho  viRey  (D.  Diego  Colón)  se  llamava  don  Christoual 
Colón  ginoves  e  que  hera  natural  de  la  Saona  quês  una  villa  cerca  de  Génova,  e  que  la 
madre  dei  dicho  viRey  muger  dei  dicho  don  Christoual  se  llamava  dona  Felipa  láonyi^ 
Perestrelo  e  que  era  natural  de  la  dicha  cibdad  de  Lisboa ...» 

(i)  Henry  Harrisse,  Christophe  Colomb,  apêndice  B,  vol.  2.°,  pág.  458. 

(2)  La  pátria  de  Colón  cit.,  pág.  33  e  36.  —  Diego  Mendez  quando  depôs,  em  8  de  Março 
de  i535,  estava  em  Madrid  tratando  de  apelar  de  certa  sentença  que  em  i528,  sendo  ele 
aguazil  mor  da  cidade  de  S.  Domingos  da  ilha  Hispaniola,  contra  ele  dera  o  ouvidor  da  ilha. 
O  conselho  das  índias,  perante  quem  apelava,  por  sentença  de  3 1  de  Outubro  de  i534  o 
absolveu,  mas  só  em  parte.  Desta  sentença  requereu  ele  carta  executória,  que  só  lhe  foi 
expedida  em  7  de  Julho  de  i536.  Vide  Autógrafos  de  Cristóbal  Colón  y  papeies  de  América 
publicados  pela  senhora  Duquesa  de  Berwick  e  de  Alba,  pág.  i32  a  134. 

Agora  para  maior  clareza  extractarei  para  aqui  os  depoimentos  das  duas  teste- 
munhas. 

«.Diego  Mende:^. . .  dixo.. .  que  conoce  ai  dixo  don  Diego  Cólon. . .  e  que  sabe  que  es 

hijo  legitimo  de  don  Diego  Cólon  su  padre ya  difunto  viRey  e  almirante  e  gouernador  que 

fue  de  las  índias  dei  mar  Oceano  e  de  dona  Maria  de  Toledo  su  muger. . .  a  los  cuales. . . 

conocio  e  conoce  de  treynta  anos  a  esta  parte  poço  mas  o  menos  e  quel  dicho  viRey  hera 

.  natural  de  la  cibdad  de  Lisboa  quês  en  el  Reyno  de  Portugal. 

«  Pedro  de  Arana. . .  dixo. . .  que  conoce  ai  dicho  don  Diego  Cólon  que  pide  el  habito. . . 
e  que  sabe  que  es  hijo  legitimo  de  don  Diego  Cólon  su  padre  ya  difunto  viRey  e  almirante 
e  gouernador  que  fue  de  las  índias  dei  mar  Oceano  e  de  dona  Maria  de  Toledo  su  muger... 
a  los  quales  este . . .  conocio  e  conoce  de  mas  de  veyente  e  cinco  anos  a  esta  parte  e  que  no  - 
sabe  de  donde  era  vepno  e  natural  el  dicho  viRey  salvo  que  ha  oydo  depr  que  hera  natural 
dei  Reyno  de  Portugal ...» 

(3)  Publicada  a  pág.  59  na  colecção  cit.  Autógrafos  de  Cristóbal  Colón  y  papeies  de 
América. 

(4)  Foi  publicado  por  Navarrete  no  vol.  I  da  Coleccion  de  los  viajes  y  descubrimientos, 
pág.  462  mihi,  com  o  título  de  Relacion  hecha  por  Diego  Mende!(,  de  algunos  acontecimientos 
àel  último  viage  dei  Almirante  D.  Cristóbal  Colón. 


Monises 


57 


vivir  Cristôbal  Colón  à  la  dicha  islã  de  Puerto  Santo  donde  engendro  ai 
dicho  su  primogénito  herdero  D.  Diego  Colón  «» (i). 

Mas  isto  é,  como  o  mesmo  bispo  de  Ghiapa  confessa,  uma  reminiscência 
vaga,  dsegtin  que  me  quiero  acordar  n\  e  o  testemunho  do  próprio  D.  Diogo, 
que  Las  Casas  invoca,  é  a  respeito  de  ter  Colombo  vivido  uns  tempos  em 
Porto  Santo,  onde  o  sogro  tinha  alguns  bens.  i  E  depois,  não  podia  o  filho 
ter  sido  gerado  na  referida  ilha,  e  vir  nascer  a  Lisboa  ? 

Foi  também  em  Lisboa  que  Felipa  Monis  faleceu,  e  foi  sepultada  na  capela 
da  Piedade  na  igreja  do  convento  do  Carmo,  onde  era  o  jazigo  de  sua  família  (2). 


Também  a  esta  linha  dos  Monises  Perestrêlos  pertenceu  um  varão  douto 
e  respeitável,  o  bispo  de  anel  D.  Frei  Cristóvão  Monis  (3),  carmelita.  Foi 
ele  prior  do  convento  de  Lisboa  em  i5io,  provincial  em  i522,  nomeado  no 
ano  seguinte  bispo- coadjutor  em  Évora  do  cardeal  infante  D.  Afonso,  o  que 
lhe  foi  confirmado  com  o  titulo  de  bispo  de  Reona  por 
bula  de  16  de  Março  de  1624.  Fez  o  seu  testamento  em 
23  de  Junho  de  i53o,  ao  qual  acrescentou  uma  cédula 
em  7  de  Março  do  ano  seguinte,  estando  no  serviço  do 
cardeal  em  Alçaria  Ruiva,  onde  lhe  deu  um  mal,  de 
que  morreu  a  20  do  mesmo  mês.  Na  igreja  daquela 
povoação,  então  termo  de  Mértola,  foi  sepultado,  e  dali 
trasladado  em  fins  de  i539  para  o  convento  do  Carmo 
de  Lisboa  para  a  sepultura,  que  escolheu  à  porta  do 
claustro  (4). 

Frei  Manuel  de  Sá  na  obra  citada  na  nota  diz  que 
D.  Frei  Cristóvão  Monis,  de  quem  ignora  a  filiação,  usava  de  dois  sinetes:  o 
pequeno  com  as  armas  dos  Monises,  que  são  cinco  estrelas  em  aspa;  o  grande 
na  forma  que  vai  copiado  no  princípio  do  capítulo  XVIIl  das  Memorias. 

Este  desenho  do  princípio  do  capítulo,  que  eu  aqui  reproduzo,  é  bastante 


(i)  Historia  de  las  índias  no  fim  do  cap.  IV  do  liv.  I. 

(2)  «...  é  traer  asy  mismo  ally  (ai  monasterio  que  manda  hacer)  el  cuerpo  de  Dofía  Fe- 
lipa Mufiij  su  legitima  muger  (dei  Almirante  D.  Cristôbal)  mi  madre  questá  en  el  monas- 
terio dei  Cármen  en  Lisboa,  en  una  capilla  que  se  llama  de  la  piedad  quês  de  su  linage  de 
los  Munires.. .»  —  Segundo  testamento  de  i523,  de  D.  Diogo  Colón,  pág.  487  do  2.°  vol.  do 
Christophe  Colomb  de  H.  Harrisse.    E  o  torna  a  dizer  mais  adiante  na  pág.  492. 

(3)  Em  escritura  de  emprazamento,  feita  em  Lisboa,  no  mosteiro  de  Nossa  Senhora  do 
Carmo,  na  sacristia,  a  7  de  Janeiro  de  i5i8,  na  presença  do  R.  P.Fr.  Cristóvão  Monis,  Prior 
do  dito  mosteiro,  &c.    {Torre  do  Tombo,  gaveta  ^^  do  Mosteiro  do  Carmo  de  Lisboa). 

(4)  Memorias  históricas  do  Carmo,  por  Frei  Manuel  de  Sá,  pág.  91  e  segs. 

VOL.  III  8     ' 


58  Brasões 

tosco,  mas  ainda  assim  percebe-se  o  suficiente  para, se  conhecer  que  o  bispo 
de  Reona  era  deste  ramo  dos  Monises.  O  escudo  é  esquartelado:  no  I  e  IV 
cinco  estrelas  de  cinco  pontas;  no  II  partido  de  um  leão  e  de  três  bandas 
carregadas  de  sete  máculasinhas,  2,  3  e  2;  no  3."  parece  ser  uma  cruz  can- 
tonada  por  quatro  cruzetas. 

No  i.°  e  4."  quartel  não  há  dúvida,  são  as  armas  dos  Monises,  de  azul 
cinco  estrelas  de  oiro.  No  2.%  apesar  de  haver  alguma  confusão  no  segundo 
quartel,  também  facilmente  se  entende  que  são  as  armas  dos  Perestrêlos, 
partido:  o  i."  de  oiro  leão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho;  o 
2.°  de  prata  banda  de  azul  carregada  de  três  estrelas  de  oiro  e  acompanhada 
de  seis  rosas  de  vermelho.  Por  pouco  que  o  lacre  estivesse  quebrado  ou 
gasto,  podiam,  a  banda  e  as  seis  rosas,  três  de  cada  lado,  que  a  acompanham, 
parecer  ao  desenhador  três  bandas  completas  carregadas  de  objectosinhos 
que  êle  não  conheceu,  nem  pôde  contar. 

No  3.°  quartel  é  qíie  a  dúvida  é  grande.  Para  ser  o  que  mais  parece, 
isto  é,  uma  cruz  cantonada  por  quatro  cruzetas,  não  conheço  escudo  portu- 
guês com  semelhantes  móveis.  Se  fosse  presumível  que  o  desenhador  tivesse 
tivesse  tido  diante  de  si  a  cruz  potêntea  dos  Teixeiras,  e  que,  por  encontrar 
nesse  ponto  a  impressão  do  sinete  um  tanto  apagada  e  confusa  (i),  tivesse 
interpretado  o  desenho  pela  forma  esdrúxula  por  que  o  fez,  se  isto  fosse 
mais  do  que  presumível,  porque  presumível  é-o,  se  fosse  provável,  estava 
então  descoberta  a  filiação  do  bispo  D.  Frei  Cristóvão  Monis.  Sim,  porque 
nesse  caso  teria  êle  sido  filho  do  segundo  Bartolomeu  Perestrêlo  e  de  sua 
mulher  Guiomar  Teixeira,  e  portanto  primo  com  irmão  de  D.  Diogo  Golón, 
que  era  o  grau  de  parentesco,  que  entre  os  dois  havia. 

l  Está  provado  este  parentesco  ?     Está  (2). 

No  cartório  do  Carmo  existia  o  testamento  do  bispo  D.  Frei  Cristóvão 
Monis,  que  lá  o  viu  o  douto  e  indefesso  investigador  Severim  de  Faria,  e  de 
lá  extractou,  além  de  outros,  o  seguinte  período  que  para  aqui  transcrevo: 
«  e  porque  a  visRainha  das  Antilhas  Dona  Maria  de  Toledo  filha  de  Dom  Fer- 
nando de  Toledo  irmão  do  Duque  Dalva  lhe  deve  fao  testador)  obra  de  700 
libras  de  huma  tença  que  tinha  de  seu  mariSo  (D.  Diogo  Colón)  que  hera 
primo  com  irmão  d'elle  Bispo,  se  descontem  etc. » (3).  , 


(t)  «Tem  escudo  esquartelado,  à  direita  as  armas  dos  Goutinhos  (também  são  cinco 
estrelas  como  as  dos  Monises,  e  daí  veio  a  confusão)  à  esquerda  leões  e  outras  que  estão 
bem  apagadas».  Severim  de  Farim  descrevendo  o  brasão,  que  viu  no  testamento  de 
D.  Frei  Cristóvão  Monis,  descrição  que  pôs  no  cartapácio  3.'  do  seu  Ms.  intitulado  Torre  do 
Tombo,  fl.  453  na  Biblioteca  Nacional. 

{2)  Vide  Torre  do  Tombo,  vol.  I,  fl.  141. 

(3)  Ms,  citado  na  nota  precedente. 


Monises  5  9 

Não  podem  pois  restar  dúvidas.  O  filho  e  sucessor  de  Cristóvão  Co- 
lombo era  primo  com  irmão  do  bispo  de  Reona,  a  quem  provavelmente 
deram  o  nome  de  Cristóvão  por  deferência  para  com  o  marido  da. tia  Felipa, 
o  qual  talvez  tivesse  até  segurado  a  criança  sobre  a  pia  baptismal  no  tempo 
em  que  esteve  em  Porto  Santo. 

Vou  um  pouco  longe  nas  conjecturas,  mas  é  que,  i  se  D.  Frei  Cristóvão 
não  foi  filho  do  segundo  Bartolomeu  Perestrêlo,  de  quem  o  havia  de  ser 
para  poder  ter  o  indubitável  parentesco  que  tinha  com  Diogo  Colón  ?  i  De 
Briolanja  Monis  irmã  da  mulher  de  Cristóvão  Colombo  ?  ;  Do  cunhado 
deste,  se  cunhado  foi,  Miguel  Moliart,  marido  de  uma  Violante  Monis  ? 
Não  creio;  e,  excluídas  estas  duas  senhoras,  mais  ninguém  aparece,  além  de 
Bartolomeu,  que  pudesse  ter  sido  irmão  de  D.  Felipa  Monis. 

Briolanja  Monis  não  parece  ter  tido  filhos,  nem  ter  sido  casada,  e  decerto 
não  foi  muito  abastada  (i);  e,  além  do  mais,  creio  que  viveu  fora  de  Por- 
tugal na  companhia  do  sobrinho  D.  Diogo  (2). 

Excluída  Briolanja  vamos  a  ver  se  é  provável  ter  o  bispo  D.  Frei  Cris- 
tóvão Monis  sido  filho  de  Viglante  Monis. 

Desta  senhora  também  há  notícia  por  um  testamento,  o  do  outro  D.  Diogo 
Colón  irmão  do  grande  almirante  (3).    Também  se  vê,  que,  como  Briolanja, 


(i)  nltem  mando  que  à  mi  tia  Brigulaga  (sic)  Moni^  serán  dados  por  sus  iercios  veinte 
mil  maravedis  eu  cada  un  ano  mientras  que  viviere  para  sus  necesidades,  computados  los  die^ 
mil  maravedis  que  le  solia  dar».  — Testamento  de  iSog  de  D.  Diogo  Colón,  2,»  almirante,  a 
pág.  460  do  vol.  2."*  do  Christoph  Colomb  de  H.  Harrisse. 

(2)  Da  própria  citada  verba  do  testamento  já  isto  se  podia  inferir,  porém  mais  certo  fica 
com  o  que  se  lê  no  fim  duma  carta  de  Diogo  Mendez  ao  almirante  D.  Diogo  Colón :  «  Su- 
plico a  V.  merced  dé  su  parte  destas  nuevas.. .  à  la  Senora  Bryolanja  Moniz,  que  desta  vez 
no  pude  escrebirle».  —  Autógrafos  de  Colón,  cit.  pág.  60. 

Esta  carta,  que  trata  sobretudo  das  demandas  que  o  almirante  então  trazia  na  corte,  é 
datada  de  «i  Burgos  á  três  de  Juniof.   Vamos  a  ver,  se  lhe  dou  com  o  ano. 

No  post  scriptum  da  carta  dá  o  Mendez  as  novidades,  e  entre  elas  escrevo:  «Lo  que 
se  di^e  de  nuevo  es  que  da  el  Rey  la  tenencia  de  Burgos  á  Don  Hernando,. . .  Item  dan  el 
Gran  Capitan  á  Loxa..  ».  Ora  a  doação  da  cidade  de  Loja  a  D.  Gonçalo  Hernandez  de 
Córdoba  é  do  ano  de  i5o8  (Crónica  dei  Gran  Capitan,  liv.  3.»,  cap.  VI;  Quintana,  Vidas^ 
vol.  I.»,  pág.  227,  mihi;  Lafuente,  Historia  de  EspaHa,  vol.  5.",  pág.  5oo  mihij. 

Neste  ano  ainda  D.  Diogo  Colón  andava  embrenhado  nas  suas  justas  pretensões,  das 
quais  só  pequena  parte  fora  já  resolvida,  não  alcançando  ele  as  cédulas  reais,  que  lhe  deram 
provisória  e  depois  definitivamente  o  governo  da  Hispaniola,  senão  a  9  de  Agosto  e  29  de 
Outubro  de  i5o8.    (Harrisse,  Christophe  Colomb^  vol.  2.»,  pág.  255). 

Fica,  ao  que  parece,  tudo  certo,  pondo-se  a  data  da  carta  no  ano  de  i5o8. 

(3)  «É  mando  asi  mismo  que  se  dé  luto  á  los  familiares  criados  e  amigos  dei  dicho 
senor  Don  Diego  Cólon  para  que  lo  traigan  por  él  en  reconocimiento  dei  sentimiento  que 
tienen  de  su  fin  é  fallecimiento,  é  que  las  personas  á  quien  se  dé  sean  las  siguientes.   Vio- 


6o  Brasões 

não  vivia  ela  na  abastança,  e  também,  como  aquela,  se  vê  que  andava  atre- 
lada à  família  Colón;  uma,  a  Briolanja,  ao  D.  Diogo  Colón  sobrinho,  a  outra, 
a  Violante,  ao  D.  Diogo  tio;  ambas  em  Espanha.  Há  contudo  uma  diferença 
entre  as  duas,  e  é  que  de  Briolanja  temos  indicação  segura  de  ser  cunhada 
de  Cristóvão  Colombo,  ao  passo  que  de  Violante  é  só  quási  pelo  apelido 
Monis,  que  o  podemos  conjecturar. 

Quanto  ao  estado  de  ambas  elas,  temos  o  mesmo  silêncio  nos  documentos 
que  eu  conheço,  com  a  diferença  porém  de  que  a  Briolanja  ainda  ninguém, 
que  eu  saiba,  se  lembrou  de  fazer  casada,  ao  passo  que  a  Violante,  diz  a 
nobre  publicadora  dos  Autógrafos  de  Colón  na  pág.  200  do  índice  de  nomes 
próprios,  que  lhe  juntou,  que  era  casada  com  Miguel  Moliart(i),  e  irmã  de 
Briolanja  Monis  e  de  Felipa  Monis,  mulher  do  descobridor  da  América. 
Parece  dever  ser  de  peso  esta  afirmativa  da  ilustre  Duquesa  de  Berw^ick, 
que,  tendo  tantos  documentos  na  sua  mão,  não  avançaria  tal  coisa  sem  estar 
muito  segura  dela. 

Entretanto  sempre  direi  que  da  carta  de  Miguel  Moliart  publicada  na 
pág.  47  da  referida  colecção,  e  com  o  seu  fac-simile  na  frente,  não  posso 
concluir  que  êle  fosse  cunhado  de  Cristóvão  Colombo  (2). 


lante  Muniz  é  dos  mugeres  suyas  que  la  acompanan. . .»  E  mais  adiante:  «Iten  mando 
que  se  paguen  á  Violante  Muniz  diez  ducados  de  oro  em  limos  na  que  el  dicho  Senor 
Don  Diego  Golon  mando  que  se  le  diesen,  é  mas  en  su  nombre  le  fago  gracia  é  suelta  de 
siete  ó  ocho  mill  maravedis  que  le  debia  ai  dicho  Senor  Don  Diego  por  préstamo  por  quanto 
esta  fué  su  voluntad  de  se  los  perdonar  é  remitir». — Testamento  de  D.  Diogo  Colón, irmão 
do  i.°  almirante,  escrito  em  i5i5  por  sua  ordem  por  Frei  Gaspar  Gorricio,  a  pág.  472  e  478 
do  1°  vol.  do  cit.  Christophe  Colomb  de  Harrisse. 

(i)  Escrevo  Moliart  e  não  Muliart  ou  Muliar,  porque  foi  da  primeira  maneira  que  êle 
próprio  se  assinou  numa  carta  autografa  a  que  logo  me  referirei. 

(2)  Veio-me  agora  à  mão  um  novo  folheto,  em  que  o  respeitável  apologista  de  Colombo, 
o  P.  Peragallo,  torna  a  mostrar-nos  as  aturadas  e  conscienciosas  pesquizas,  que  tem  feito 
sobre  tudo,  que  se  relacione  com  o  seu  herói.  É  o  título  do  folheto :  Disquisiponi  Coloni' 
bine  N.o  5,  /  Pallastrelli  di  Piacen^a  in  Porto gallo  e  la  moglie  di  Cristo/oro  Colombo; 
Génova,  1898. 

Neste  pois  a  pág.  38  vem  citada  uma  cédula  real  de  3o  de  Maio  de  1493,  na  qual  se 
nomeia  Miguel  Moliart,  vizinho  de  Sevilha,  e  sua  mulher  Violante  Monis.  Não  restam 
portanto  dúvidas.  Casaram.  O  que  ainda  não  está  autenticamente  provado,  que  eu  saiba, 
é  que  Violante  Monis  fosse  irmã  de  Felipa  Monis,  e  portanto  Moliart  cunhado  de  Colombo. 
As  probabilidades  contudo  aumentaram;  é  certo. 

Há  um  ponto  porém  do  folheto,  em  que  eu  não  concordo  com  o  douto  Peragallo,  e  é 
quando  êle  se  inclina  a  fazer  de  Briolanja  e  Violante  a  mesma  pessoa. 

Temos  o  nome  de  Violante  Monis  claramente  escrito  em  dois  documentos:  a  cédula 
real  de  3o  de  Maio  de  1493,  o  testamento  de  D.  Diogo  Colón,  irmão  de  Cristóvão,  em  22  de 
Fevereiro  de  i5i5. 

Temos  o  nome  de  Briolanja  Monis  também  em  dois  documentos,  que  se  colocam  entre 


Monises  6i 

A  carta  é  de  prestação  de  contas  e  de  reconhecimento  de  dívida,  mas  é 
tão  cerimoniosa,  que  parece  excluir  toda  a  intimidade  e  parentesco.  Está 
ela  bastante  mutilada  no  alto  da  folha,  onde  apenas  se  lê:  uYlustre  em... 
magniji . . . » ;  o  final  porém  está  intacto  e,  não  tendo  tratado  senão  de  contas, 
arremata  por  estas  palavras:  theso  las  manos  de  viiestra  sefioria  Miguel 
Molfart*. 

Esta  carta,  que  não  tem  data,  talvez  seja  do  ano  de  1494. 

Por  baixo  da  assinatura  está  escrito  o  número  94,  que  não  sei  que  outra 
coisa  possa  significar,  senão  a  indicação  do  ano.  O  algarismo  nove  daquele 
número  está  mais  apurado,  do  que  os  outros  noves  que  Moliart  escreveu  na 
carta,  e  o  quatro  não  se  parece  nada  com  os  mais  que  nela  se  vêem.  Nestes 
o  traço  perpendicular  é  recto,  no  outro  é  curvo.  No  verso  da  carta  escreveu 
Colombo:  iscaria  de  migel  muliart  de  2g  mil  maravedis  que  me  debe*.  O 
nove  do  número  29  escrito  por  Colombo,  não  se  pode  dizer  que  seja  tal 
qual  o  nove  do  94,  mas  é  mais  parecido  do  que  os  mesmos  algarismos  de 
Moliart.  Se  portanto  o  94  fosse  da  mão  do  almirante,  outra  coisa  não 
poderia  ele  significar,  senão  a  indicação  do  ano  em  que  a  carta  foi  escrita. 
Todos  sabem,  que  é  muito  corrente  esta  maneira  de  abreviar  a  indicação 
do  ano  em  que  se  está.  No  século  xv  é  muito  vulgar  cá  na  península,  encon- 
trando-se  vários  documentos  datados  de  462,  448,  etc,  atirando-nos  para  os 
princípios  da  idade  média. 

Em  1495  estava  Moliart  nas  índias  Ocidentais,  e  provavelmente  haveria 
partido  com  Colombo  na  sua  segunda  expedição,  a  do  ano  de  1493.  Estava 
lá,  é  certo,  e  por  sinal  que  se  mandou  queixar  aos  reis  Católicos  da  maneira 
como  o  almirante  o  tratava.  Por  isso  nas  instruções  que  estes  deram  ern 
1495  a  João  Aguado,  entre  outras  coisas  que  lhe  recomendavam  dissesse  a 
Colombo,  era  a  oitava  « que  dexe  venir  a  fray  jorge ...  y  a  miguei  muliartey 


osprecedentes,  pois  que  são  dos  anos  de  i5o8  e  iSog.  Um  é  acarta  de  3  de  Junho  de  Diogo 
Mendez,  o  outro  o  testamento  do  almirante  D.  Diogo  Colón  de  16  de  Março.  No  primeiro 
está  o  nome  claro:  «Bryolanja  Moniz».;  no  segundo  está  mal  escrito:  «Brigulaga  Moniz». 
Ora  parece-me  mais  fácil  por  erro  de  copista,  ou  doutra  qualquer  espécie,  fazer  Brigulaga 
de  Briolanja  do  que  de  Violante.  Se  não  nos  aparecesse  noutro  documento  o  Briolanja,  vá, 
mas  tendo  nós  em  dois  documentos  Violante,  e  em  um  claramente  Briolanja,  temos  de 
admitir  forçosamente  que  eram  duas  pessoas,  e  que  Brigulaga  foi  corrupção  de  Briolanja  e 
não  de  Violante. 

No  segundo  testamento  do  almirante  D.  Diogo,  feito  em  Santo  Domingo  a  8  de  Setembro 
de  i523,  não  se  toma  a  nomear  a  Briolanja,  nem  se  menciona  sua  irmã.  Longe  da  vista, 
longe  do  coração;  ou  estaria  já  morta  aquela  senhora,  que  nunca  julgou  que  o  seu  nome 
aparecesse  tanta  vez  em  letra  redonda,  e  em  tanta  língua. 


62  Brasões 

porque  hacá  han  quexado  a  sus  alteias  dello  (almirante),  diciendo  que  los 
tiene  e  maltrata  » (i). 

A  má  vontade  de  Colombo  x:ontra  Moliart  provinha  provavelmente  da& 
tais  contas  referidas  na  carta,  as  quais,  mesmo  do  contexto  dela  se  conhece, 
não  andavam  lá  muito  correntes.  Parece  até  que  a  dívida  nunca  foi  paga. 
O  facto  de  ainda  hoje  se  encontrar  no  arquivo  da  casa  dos  descendentes  da 
almirante  o  papel,  que  ele  considerava  como  confissão  de  dívida,  exclui  a 
idea  do  pagamento.  Moliart  talvez  morresse  por  esses  tempos,  ou  lá,  ou  já 
na  península,  mas  morreu  pobre,  e  pobre  deixou  sua  viúva,  a  quem-  no  tes- 
tamento já  referido  se  dão  dez  ducados  de  esmola,  se  perdoam  oito  mil 
maravedis  de  dívida,  e  se  veste  com  roupa  de  luto. 

Seria  pois  talvez  por  causa  do  mau  estado  das  relações  entre  ambos, 
que  a  carta  é  tão  cerimoniosa,  e  que  dela  se  não  pode  tirar  a  certeza  de 
Moliart  ser  cunhado  do  almirante.  Vou-me  convencendo  de  que  o  era,  mas 
queria  que  houvesse  um  dado  positivo,  e  isso  não  encontro. 

O  que  fica  demonstrado  é  a  existência  do  tal  Moliart,  da  qual,  com  bem 
boas  razões  ao  tempo,  chegou  a  dCividar  o  douto  P.  Peragallo  (2),  bem  como 
do  parentesco  com  Colombo.  Para  o  próprio  nome  de  Moliart,  astrano 
puré  in  Ispagna»^  como  bem  nota  o  aludido  crítico,  há  explicação  plausível 
em  ele  não  ter  sido  espanhol. 

Efectivamente  na  segunda  edição  do  Armoriai  general  de  J.  P.  Rietstap 
encontro:  a  Moliaert  ou  Moliart.  Gueldre.  Ecartelé,  efe».  Podia  pois  o 
Miguel  Moliart  ser  do  ducado  de  Gueldria,  e  é  bem  sabido  que  naqueles 
tempos  vinham  muitos  íllamengos  negociar  a  Lisboa  «  às  ilhas,  onde  em 
qualquer  dos  sítios  poderia  ele  ter  casado  com  a  filha  de  Bartolomeu  Peres- 
trêlo. 

({Mas  casaria  ele?  ,;  E  no  tal  3.°  quartel  do  escudo  das  armas"do  bispo 
D.  Frei  Cristóvão  Monis  estariam  as  armas  dos  Moliarts,  que  eram  bem 
complicadas,  esquarteladas,  e  com  peixes,  chaveirões,  e  uma  cabeça  de 
boi?  (J  E  vivendo  Miguel  Moliart  em  Espanha  (em  1491  em  Huelva),  e 
Violante  Monis,  sua  mulher,  também  naqueles  reinos  (em  1493  e  i5i5  em 
Sevilha),  como  é  que  tinham  isolado  cá  para  Lisboa  um  filho  em  que  nin- 
guém fala  ? 

Nada;  se  o  bispo  D.  Cristóvão  Monis  era  primo  com  irmão  do  2.°  almi- 
rante D.  Diogo  Colón,  o  que  é  indubitável,  só  o  podia  ser  como  filho  do 
2.°  capitão  da  ilha  do  Porto  Santo,  Bartolomeu  Perestrêlo. 


(i)  Autógrafos  de  Colón,  cit.,  pág.  5. 

(2)  Cristo/oro  Colombo  e  la  sua  famiglia,  cap.  IX.   Vide  porém  agora  lá  atrás  a  nota  (2) 
a  pág.  60. 


Monises  63 

Já  vai  longa  a  digressão,  para  que  pedi  vénia,  e  a  que  fui  levado  pelo 
interesse  que  se  liga  a  tudo,  que  diga  respeito  a  um  homem  como  foi  Cris- 
tóvão Colombo.     Acabo  pois. 

Mas  não  posso  tal  acabar,  noto  agora,  porque,  sendo  as  armas  que  estão 
na  sala  de  Sintra,  e  a  que  este  artigo  se  refere,  as  de  Febos  Monis,  ainda 
nada  disse  deste  sujeito.    Tenho  pois  de  abrir  novo  e  último  capítulo. 


V 

FEBOS  MONIS 

Foi  Febo  Monis  o  filho  maior  de  Vasco  Gil  Monis  e  de  sua  segunda 
mulher  Leonor  de  Lusinhano,  ambos  atrás  referidos. 

Em  1484  já  ele  era  moço  fidalgo  da  casa  de  D.  João  II (i),  e  tendo  o 
mesmo  foro  lhe  fez  este  Rei  mercê,  por  carta  de  3  de  Dezembro  de  1487, 
de  certos  bens  confiscados  (2).  Ainda  neste  tempo  parece  que  vivia  Vasco 
Gil,  o  pai  de  Febos  Monis,  a  quem,  por  carta  de  27  de  Novembro  de  1492, 
se  trespassou  uma  tença  de  dez  mil  reais  que  fora  dada  àquele  em  21  de 
Maio  de  1482  (3). 

Poucos  anos  depois,  em  1496,  sendo  já  fidalgo  da  casa  de  D.  Manuel, 
efectuou  Febos  Monis  o  seu  casamento  com  uma  donzela  da  Duquesa 
D.  Isabel  de  Bragança,  Maria  da  Cunha,  à  qual  prometeu  com  as  arras  cinco 
mil  trezentas  e  trinta  e  três  coroas  das  da  ordenança,  as  quais  el  Rei  lhe 
segurou  das  tenças  do  marido  por  carta  de  3  de  Outubro  do  referido  ano  (4). 
Era  ela  filha  de  Gonçalo  Correia,  4.°  senhor  de  Farelães,  e  de  sua  mulher 
Margarida  do  Prado;  e  não  foi  só  el  Rei  que  lhe  favoreceu  o  casamento. 
Também  a  Duqueza  o  levou  muito  em  gosto;  e  tanto,  que  prometeu  à  noiva 
seis  mil  coroas,  e,  emquanto  lhas  não  pagasse,  arbitrou-lhe  sessenta  mil 
reais  de  tença,  tirados  da  que  ela,  Duquesa,  tinha  na  ordem  de  Cristo,  na 
qual  Febos  Monis  também  gozava  de  outra  pensão  de  trinta  mil  reais  com 
o  hábito,  e  aos  cônjuges  se  pagavam  ambas  no  ano  de  i5oo(5). 

Daqui  datam,  ao  que  julgo,  as  relações  de  Febos  Monis  com  a  casa  de 
Bragança,  que  naquele  mesmo  ano  de  1496  do  casamento  foi  restituída  aa 


(i)  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica^  voL  a.",  pág.  i8i.  - 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  19.»,  fl.  82. 

(3)  Ibidem,  liv.  2.»,  fl.  128. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  9.*,  fl.  2. 

(5)  Severim  de  Faria,  Torre  do  Tombo,  vol.  I,  fl.  140  e  140  v.  da  minha  cópia. 


64  Brasões 

sombrio  D.  Jaime,  que  logo  apresentou  a  Febos  na  alcaidaria  mor  de 
Arraiolos,  da  qual  já  estava  de  posse  em  8  de  Julho  de  1497,  como  consta 
de  uma  carta  dessa  data,  em  que  D.  Manuel  fez  em  Évora  doação  a  Febos 
Monis,  fidalgo  da  sua  casa  e  alcaide  mor  de  Arraiolos,  para  ele,  seus  her- 
deiros e  sucessores,  de  umas  casas  dentro  na  cerca  da  referida  vila(i).  No 
ano  seguinte  ainda  conservava  a  alcaidaria,  o  que  se  sabe  por  uma  carta  de 
6  de  Fevereiro  de  mercê  de  bens  no  termo  de  Barcelos  (2). 

Naquele  ano  porém  de  1497  já  Febos  Monis  havia  passado  ao  serviço  da 
rainha  D.  Isabel,  que  em  fins  de  Setembro  casara  com  D.  Manuel  (3).  Junto 
a  estes  régios  esposos,  exercendo  o  ofício  de  mestre  sala,  partiu  Febos 
na  sua  comitiva,  quando  foram  a  ser  jurados  príncipes  herdeiros  de  Cas- 
tela e  Aragão.  Grandezas  sonhadas,  que  a  inconstância  da  fortuna  fez 
desabar. 

Seguindo  com  a  ordem  cronológica  das  notícias  que  tenho  de  Febos 
Monis,  mete-se  agora  aqui  um  episódio  trági-cómico  em  que  ele  também 
teve  o  seu  pequeno  papel,  e  de  que  tenho  notícia  por  uma  sua  interessante 
carta. 

O  « malenconico»  Duque  D.  Jaime  bem  contra  sua  vontade  foi  obrigado 
por  el  Rei  e  mais  .parentes  a  assinar  em  Setembro  de  i5oo(4),  o  seu  con- 
trato esponsalício  com  D.  Leonor  de  Mendoça,  que  havia  de  vir,  uma  dúzia 
de  anos  depois,  a  morrer-lhe  às  mãos.  Era  a  noiva  ao  tempo  do  ajuste 
menor  de  doze  anos,  e  maior  de  sete.  No  ano  de  i5o;2  (5)  trouxeram  a 
Duquesa  para  Portugal,  e  levaram-na  ao  Duque  «sem  ainda  ter  idade  para 
se  entre  eles  consumar  o  matrimónio  »,  no  qual  D.  Jaime  levava  pouco  gosto, 
«e  não  tardou  muito  que  não  manifestasse  a  sua  displicência». 

Não  era  ela  contudo,  a  displicência,  tão  formal,  que,  apesar  de  não  ter 
havido  consumação,  se  não  tivessem  passado  entre  os  dois  «outras  algunas 
cousas  de  que —  ella  nom  ficarya  tam  limpa  e  fora  de  pejo  que  muy  grande 
incomvenyente  se  nom  seguyse  »  da  dissolução  do  matrimónio  (6).     Curiosi- 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  29.»,  fl.  27  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  28.°,  fl.  72  V. 

(3)  Consta  o  serviço  à  rainha  de  uma  carta  de  10  de  Janeiro  de  1499  em  que  se  manda 
pagar  a  Febos  Monis,  desde  o  primeiro  dia  do  ano,  uma  tença  de  quarenta  mil  reais  que  era 
outro  tanto  como  tinha  da  falecida  rainha  e  princesa.  {Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.°, 
fl.  72). 

(4)  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  4.*»,  pág.  11,  n.»  100. 

(5)  Góis,  Chronica  de  D.  Manuel,  parte  I,  cap.  61 ;  Sousa,  Historia  genealógica,  vol.  5.°, 
pág.  498.  —  Este  discorda  daquele  na  data  do  contrato  esponsalício  fundando-se  na  leitura 
do  documento;  concorda  porém  no  ano  da  vinda  para  Portugal  da  Duquesa  D.  Leonor. 

(6)  Carta  de  D.  Manuel  ao  Papa  sobre  o  caso  da  fuga  do  Duque  de  Bragança.  Está 
impressa  a  pág.  17  do  vol.  XI  do  Corpo  diplomático  portugue^. 


Monises  65 

dades  adiantadas,  como  lhe  chamaria  um  patusco  meu  conhecido,  j  E  estra- 
nhou depois  o  Duque  D.  Jaime,  quando  foi  o  caso  do  pagem  António  Alco- 
forado, que  tivessem  frutificado  no  ânimo  da  Duqueza  D.  Leonor  as  sementes 
de  depravação  que  êle  próprio  lhe  lançara !  Os  maridos  são  quási  sempre 
os  culpados  dos  desvairos  das  mulheres;  li  isto  em  Balzac,  me  parece. 

Voltemos  ao  Duque. 

Pegou  êle  em  si,  e,  levado  pelas  susgestões  dos  frades  da  nova  ordem 
da  Piedade  muito  seus  protegidos,  e  que  grandemente  desejavam  apanhar 
tal  presa,  abalou  de  Portel,  onde  estava  com  toda  a  sua  casa  chegado  da 
corte,  e  só  com  um  criado  meteu-se  por  Espanha  fora  direito  a  Roma,  para 
lá,  suplicante  aos  pés  do  Papa,  alcançar  licença  para  professar  entre  os  tais 
capuchos.  D.  Manuel  porém  sabedor  do  caso  mandou  logo  emissários  por 
desvairados  caminhos  à  cata  do  maluco  do  sobrinho  (i).  Um  desses  mensa- 
geiros foi  Febos  Monis,  que  partiu  no  alcance  do  Duque  juntamente  com 
Jorge  de  Melo,  que  julgo  ser  o  que  em  i5i8  era  porteiro  mor,  e  que  por 
pouco  o  não  apanharam. 

Na  sua  tornada  escreveu  Febos  Monis  uma  carta  à  Duqueza  D.  Isabel, 
mãe  de  D.  Jaime,  carta  que  vai  por  extenso  na  nota  (2).     Por  ela  consta 


I 


(:)  Além  destes  emissários  encarregados  de  trazerem  o  Duque  ao  rêgo,  mandou  também 
D.  Manuel  uma  carta  ao  Papa,  a  qual  está,  como  já  disse,  impressa  no  Corpo  diplomático,  e 
outra  ao  geral  da  ordem  da  Piedade  (ou  ao  dos  franciscanos,  não  sei)  a  qual  está  impressa 
também,  e  o  foi  por  Teixeira  de  Aragão  no  seu  livro  Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  onde 
constitui  o  documento  n.°  16  a  pág.  23o. 

(2)  Na  Torre  do  Tombo  no  maço  i.°  das  Cartas  missivas  sob  n.°  427  encontra-se  uma 
carta  de  Febos  Monis  dirigida  «Á  duquesa  (nossa)  senhora»  e  que  reza  assim: 

«Senhora.  —  Nam  he  neseçaryo  escreuer  a  uosa  Senhoria  da  tomada  do  duqu^  nem  do 
modo  delia  poys  o  sabe  ja  e  asy  de  sua  uymda  a  bragança  onde  Jorge  de  mello  e  eu  che- 
gamos huum  dia  e  meo  despoys  delle  porque  quando  chegamos  onde  elle  foi  alcançado  era 
ja  tornado  per  outro  caminho  pollo  quall  ho  segymos  atequi  onde  ho  achamos  muy  retraydo 
em  seu  oratoryo  passamos  e  pasey  despoys  coelle  mujtas  Rezones  de  que  se  nam  poderá 
meudamente  dar  conta  a  uossa  senhoria  em  fym  seu  preposyto  he  bom  para  seruyr  a  deus 
e  parecelhe  que  se  nam  deue  dyso  mudar  e  he  o  mor  teólogo  que  numca  vy  porem  eu  creo 
que  o  umor  malemconyco  nam  he  çem  legoas  delle  ordenase  de  modo  que  o  com[unJycamos 
pouco  e  jsto  porque  fecha  as  portas  e  Reza  ou  lee  e  pode  homem  mall  emtrar  coelle  e  eu 
menos  que  o  nam  quero  anojar,  mas  elle  cada  uez  esta  em  mylhor  modo  porque  ate  a  fey- 
tura  desta  eu  lhe  faley  per  duas  vezes  huuma  com  Jorge  de  mello  quando  chegamos  e  outra 
soo  que  me  elle  mamdou  chamar  daquall  o  achej  majs  obediemte  a  razam  e  a  segyr  o  que 
elrej  mandar,  oje  que  he  sábado  chegaram  fernão  Rujz  e  o  veedor  e  ja  se  serujo  a  cea  per 
elles  e  comeo  e  creo  que  sse  desuestira  que  elle  nam  querja  fazer,  a  uymda  de  uosa  senhoria 
ca  se  deue  escusar  por  que  elle  esta  ja  em  jr  pêra  onde  elrej  quiser  e  uosa  senhoria  estará 
fraca  e  o  camynho  he  gramde  e  se  nos  ca  tjuer  pode  ser  que  escusara  ho  jr  lia  e  elle  he 
mjlhor  Ha  que  ca  tam  longe  portanto  deuese  de  trabalhar  acarretallo  lia  e  de  la  a  corte  e 
a  nam  sse  partyr  delrej  numca.  eu  atee  ver  sua  determjnaçam  nam  partyrej  de  ca  aymda 

VOL.  Ill  9 


66  Brasões 

que  o  Duque,  depois  de  tomado,  veio  direito  a  Bragança,  onde  passava  a 
vida  metido  no  oratório  a  rezar  ou  a  ler,  muito  retraído  e  atacado  do  « umor 
malemconyco » ,  e  ainda  com  muita  pancada  no  miolo,  pois  que  só  alguns 
dias  depois,  chegando  uns  seus  criados,  é  que  se  desvestiu,  o  que  aíé  ali 
não  quisera  fazer,  j  Isto  no  pino  do  verão !  Além  de  doido  era  pouco 
aceado,  concluo  eu.  Febos  Monis  contudo  encontrava-lhe,  não  só  bom  pro- 
pósito de  servir  a  Deus,  mas  também  vontade  de  fazer  o  que  el  Rei  lhe 
mandasse.  Estes  são  os  principais  pontos  da  carta,  que  é  datada  Bragança 
sábado  27.  Foi  portanto  escrita  27  de  Agosto,  único  dia  vinte  e  sete  que  no 
ano  de  i5o2  caiu  ao  sábado. 

Febos  Monis,  cansado  «mal  sentido»,  como  êle  próprio  declara,  da  estafa 
que  apanhou  correndo  atrás  de  um  doido,  voltou  para  o  sossego  da  sua  casa 
e  do  seu  serviço  no  paço,  onde  veio  a  exercer  as  funções  de  reposteiro  mor 
em  fins  de  i5o6,  princípios  de  i5o7,  pois  que  por  carta  de  2  de  Novembro 
de  i5o6  se  lhe  mandou  pagar,  do  primeiro  de  Janeiro  seguinte  em  diante, 
uma  tença  de  dez  mil  reais  brancos  com  o  ofício  de  reposteiro  mor  que  Pêro 
Monis  havia,  e  nele  trespassara  (i).  Este  Pêro  Monis  era  primo  com  irmão 
de  Febos,  filho  de  Diogo  Gil  Monis,  irmão  de  seu  pai.  A  alcaidaria  mor 
de  Arraiolos,  e  provavelmente  com  ela  algum  serviço  que  tivesse  na  casa  de 
Bragança,  tinha  Febos  largado  já  então,  ou  largou  pouco  depois,  sendo  certo 
que  em  i5io,  a  26  de  Outubro,  outro  era  o  alcaide  mor,  a  quem  o  Duque 
dá  poder  para  mandar  guardar  a  coutada,  como  o  fazia  o  couteiro  posto  por 
Febos  Monis  (2). 

A  21  de  Junho  de  i5i4  já  o  reposteiro  mor  era  morto  (3),  pois  que 
naquela  data  é  feita  mercê  do  ofício  a  Jerónimo  Monis,  como  o  fora  seu  pai 
Febos  Monis,  « que  Deus  perdoe » (4).     Foi  sepultado  na  sua  capela  da  Pie- 

que  mynha  estada  ca  faz  pouco  prouejto  ao  que  me  parece,  e  eu  nam  vym  bem  sentydo 
nem  no  estou  ante  me  seria  neseçarja  mjnha  casa  algums  dias  mas  isto  nam  será  sse  com- 
prir  de  ca  fazer  alguum  serujço,  portanto  veja  uosa  senhoria  o  que  me  mamda,  noso  senhor 
uossa  uyda  descanse  e  conserve  como  desejo,  de  bragamça  sábado  xxbij  dias.  bejjo  as  manos 
de  uosa  senhoria  Febus  monjs». 

(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  38.°,  fl.  i5. 

(2)  Severim  de  Faria,  Torre  do  Tombo,  vol.  2.°,  fl.  422  da  minha  cópia. 

(3)  O  testamento  original  de  Febos  Monis  está  no  cartório  do  Conde  de  Sampaio. 
Todo  escrito  pelo  próprio  punho,  é  de  difícil  leitura.  Foi  feito  em  dia  do  Corpo  de  Nosso 
Senhor  na  era  de  i5o9,  é  por  tanto  de  7  de  Junho,  apesar  da  aprovação  aparecer  datada  de 
6,  em  Lisboa,  nas  casas  de  Febos  Monis,  fidalgo  da  casa  dei  Rei,  jazendo  doente  em  cama. 
A  abertura  foi  feita  a  8  do  mesmo  mês  de  Junho  de  iSog.  Manda-se  enterrar  na  capela  de 
Santa  Maria  da  Piedade,  no  Carmo,  no  meio  dela,  junto  com  os  degraus  do  altar,  debaixo 
de  uma  campa  grande,  para  também  lá  caber  a  mulher.  Testamenteiro  o  Governador  D.  Ál- 
varo de  Castro  juntamente  com  a  mulher  do  testador. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  15.»,  fl.  i36  v. 


Monises  67 

dade  no  convento  do  Carmo  de  Lisboa  com  este  epitáfio:  S.''  de  Phebos 
Moni:{^  Reposteiro  Mor  dei  R.  D.  M/'Jidalgo  de  sua  Ca:;a,  e  do  seu  Con- 
selho (i). 

Daquele  Jerónimo  Monis,  foi  filho  e  sucessor  outro  Febos  Monis,  o  dedi- 
cado patriota  de  i58o,  o  intransigente  procurador  de  Lisboa  às  cortes  de 
Almeirim.  Os  seus  representantes  hoje  já  lá  muito  acima  ficam  nomeados, 
e  mais  nada  aqui  direi. 


(i)  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  167. 


XIX 
LIMAS 


XIX 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  III. 


«Por  se  não  ter  ainda  tirado  o  desenho  do  veado  que  traz  o  brasão  dos 
Limas,  ficam  estas,  com  as  de  Vasconcelos  e  os  Silvas,  para  depois». 
{Diário  Illustrado  de  4  de  Maio  de  i885). 

Substituo  aqui,  como  já  fiz  por  outras  duas  vezes,  o  desenho  de  Sintra 
pela  reprodução  das  armas  que  estão  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  1 1  v., 
e  em  seguida  vou  descrever  as  que  se  vêem  pintadas  sobre  o  veado  da  sala; 
e  depois  direi  alguma  coisa  da  linhagem  dos  Limas. 

As  armas  destes  no  tecto  de  Sintra  são: 

Partido  de  dois  traços:  o  I  de  oiro  quatro  palas  de  vermelho;  o  II  cor- 
tado, a  de  prata  leão  de  púrpura,  b  de  prata  três  faxas  xadrezadas  de  oiro 
e  vermelho  de  duas  tiras;  o  III  cortado  do  b  do  2.°  sobre  o  a  do  mesmo. 
Timbre:  leão  aleopardado  de  púrpura. 

Estão  certas  no  escudo,  salvando  alguma  insignificante  minúcia,  porém 
no  timbre  não.  O  leão  deste  deve  ser  rompente,  pois  que  é  o  do  2.*  quartel, 
o  dos  Silvas.  Sim,  porque  os  Limas  não  tiveram  armas  próprias,  e  estas 
aqui  descritas  são  compostas  das  de  Aragão  na  i.*  pala,  e  nas  outras  duas 
das  de  Silva  e  Sotomaior  esquarteladas.  Direi  também  que  é  este  brasão  pri- 
vativo dos  Viscondes  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  e  que  é  disparate  moderno 
querer  dar  aos  Limas  como  único  escudo  as  quatro  palas  em  campo  de  oiro. 

O  Livro  do  armeiro  mor  é  de  iSog  e  nele  na  íl.  58  as  armas  dos  Limas 
são  iguais  às  de  Sintra,  que  são  anteriores  a  i52o.  As  do  Livro  da  Torre 
do  Tombo,  também  anteriores  a  esta  data,  são  pintadas  pela  mesma  maneira, 
como  se  vê  na  estampa.  Numa  carta  de  brasão  át  12  de  Janeiro  de  i528 
diz-se  claramente  que  as  armas  dos  Limas  são  partidas  em  três  palas,  ai.* 
de  Aragão,  as  outras  duas  esquarteladas  etc.  (i).  Sem  nomear  o  Aragão 
descrevem-se  as  armas  dos  Limas  pela  mesma  forma  em  outra  carta  de 
brasão  de  7  de  Outubro  de  1572(2).  Ainda  noutra  carta  de  brasão,  esta 
mais  moderna  pois  que  é  de  16  de  Junho  de  i633,  se  diz  ser  o  escudo  dos 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  44.°,  fl.  6  v. 
(2)  Privilégios  de  D.  Sebastião,  liv.  9.%  fl.  366  v. 


72  Brasões 

Limas  partido  em  três  palas,  a  i.*  de  Aragão,  e  as  duas  esquarteladas  de 
Silva  e  Sotomaior(i);  neste  documento  contudo  seguiu  o  rei  darmas  a  des- 
crição que  já  andava  impressa  no  livro  que  vou  citar. 

Em  i632  publicou  Frei  António  Brandão  a  terceira  parte  da  Monarchia 
Lusitana,  que,  pelas  licenças  se  vê,  já  estava  composta  desde  o  ano  de  1629. 
Nela  diz  o  erudito  bernardo  na  fl.  io5,  que  os  Limas  têm  por  armas  «o 
escudo  partido  em  três  palas.  A  primeira  de  Aragão,  e  as  duas  esquarte- 
ladas dos  Sylvas  e  Souto  Maior,  e  por  timbre  o  Leão  das  armas».  O  mesmo 
se  encontra  na  Nobiliarchia  Portuguesa  de  Vilasboas  é  Sampaio  impressa 
em  1676,  porém  já  composta  em  i665. 

Depois  deste  fez  Francisco  Coelho  o  seu  Thesouro  da  nobreza,  que  é 
datado  de  1675,  e  nele'  pintou  as  armas  dos  Limas  só  çom  quatro  palas  de 
vermelho  em  campo  de  oiro. 

A  novidade  data  pois  deste  tempo,  e  não  tem  melhor  fundamento  do 
que  o  capricho  dum  rei  darmas,  que  sabia  tanto  do  seu  ofício,  como  mani- 
festou numa  obra  sua,  que  se  encontra  impressa  (2). 

Fique  pois  assente  que  as  armas  dos  Limas  são  uma  mistura  das  de 
Aragão,  Silva  e  Sotomaior,  e  que  elas  são  privativas  da  casa  dos  viscondes 
e  seus  ramos;  mas  dêem-nas  a  quem  quiserem  que  lhes  não  levo  nada 
por  isso. 

I 

O  ANEL  DOS  LIMAS 


Em  3o  de  Maio  de  i252,  menos  de  quatro  anos  depois  da  gloriosa  con- 
quista de  Sevilha,  e  nessa  mesma  cidade,  morreu  o  seu  conquistador,  o 
grande  Rei  de  Castela  e  Leão  D.  Fernando  III,  o  venerando  santo  que  a 
igreja  glorificou. 

—  if.  Desnudo  sali  dei  vientre  de  mi  madre,  desnudo  he  de  volver  ai  seno 
de  la  tierra!y> 

Exclamava  ele  em  derradeiras  palavras,  mandando  arredar  de  si  todos 
os  sinais  e  manifestações  das  pompas  soberanas,  vaidades  que  se  sumiram 
na  hora  fatal  da  morte. 

Um  dos  muitos  e  valentes  capitães  e  nobres  ricos  homens  que  o  serviram, 


(i)  Privilégios  de  D.  Felipe  III,  liv.  i.»,  fl.  3o6. 

(2)  Advertências  feitas  ao  Livro  intitulado,  Nobiliarchia  Portugueza,  no  que  toca  ás  armas 
das  Famílias,  pág.  662  e  seg.  do  vol.  VI  das  Provas  da  Historia  genealógica.  —  Se  o  autor 
da  Nobiliarchia  pouco  sabia  de  brasão,  o  das  Advertências  não  se  lhe  avantajava  grande 
coisa.    Árcades  ambos. 


Limas  73 

foi  D.  Fernando  Yanez  de  Limia,  senhor  desta  casa  na  Galiza,  e  que  a  Por- 
tugal viera  em  1427  com  o  socorro  castelhano  a  D.  Sancho  II. 

A  D.  Fernando  Yanez  atribuem  um  caso  que,  se  tivesse  realmente  suce- 
dido, era  mais  do  que  extraordinário,  seria  milagroso. 

Vamos  à  história  à  qual  posso  pôr  por  epígrafe  este  verso,  que  vem  a 
propósito  por  ser  duma  fábula: 


II  fdut,  autant  qu'on  peut,  obliger  tout  le  monde. 


O  exército  cristão  estava  cercando  na  Andaluzia  uma  vila  ou  praça  qual- 
quer de  moiros.  Um  dos  capitães  das  tropas  sitiadoras  era  o  rico  homem 
de  Limia,  que  um  dia  de  descanso  em  que  se  não  pelejava,  saiu  da 
sua  tenda  a  dar  um  passeio  pelos  arredores  a  distrair-se  da  monotonia  do 
assédio. 

Tomou  pelos  campos  fora  com  um  bastão  na  mão,  e  absorto  em  seus 
pensamentos  cuidadosos  com  a  demora  na  conquista  da  praça,  ia  com  o  seu 
bordão  rolando  os  seixos  do  caminho,  e  cortando,  as  flores  das  ervas  que 
topava,  lembrando-se  com  pena  que  era  bem  mais  fácil  aquele  entretenimento 
do  que  degolar  os  moiros,  ou  enxotá-los  do  seu  reduto. 

Assim  foi  andando,  andando,  até  se  arredar  bastante  do  arraial,  e  chegar 
a  sítio  ermo  e  solitário.  Aí,  atraído  por  um  certo  sussurro  que  vinha  de 
parte  onde  via  mecher  as  ervas,  aproximou-se  cautelosamente,  e  deparou-se- 
-Ihe  uma  scena  que  o  surpreendeu. 

A  boca  de  uma*  cova  duas  doninhas  pelejavam  denodadamente  com  uma 
grande  cobra.  Era  o  amor  paternal,  junto  ao  valor  próprio  daquele  animal- 
sinho,  que  lhes  dava  suficiente  esforço  para  defenderem  ao  seu  inimigo  a 
entrada  da  lousa  onde  tinham  os  filhitos. 

A  luta  encarniçava-se;  à  vantagem  da  força  juntava  a  cobra  a  da  peçonha 
com  que  ia  envenenando  as  pobres  ensanguentadas  doninhas,  que  já  se  sen- 
tiam, além  de  muito  doridas  das  mordeduras,  tão  inchadas  que  ameaçavam 
arrebentar.  A  natureza  porém,  cujos  mistérios  para  as  doninhas  não  o 
eram,  oferecia-lhes  ali  ao  pé  o  contra-veneno  para  seus  empeçonhados  feri- 
mentos. 

A  mais  atacada  das  duas  corre  pressurosa  a  uma  próxima  moita  de  sara- 
magos,  esfrega-se  por  eles,  mastiga-lhes  alguns  dos  arrebentos,  e  curada,  e 
retemperada,  volta  ao  combate,  permitindo  à  companheira  usar  do  mesmo 
processo  para  rehaver  as  forças.  Por  mais  vezes  se  repetiu  a  espojadela 
nos  saramagos,  mas  ou  estes  perderam  a  virtude,  ou  os  ferimentos  se  agra- 
varam, o  caso  é  que  a  contenda  terminou  pela  vitória  da  cobra,  diante  de 
quem  as  cançadas  doninhas  largaram  o  campo,  e  por  não  poderem  mais 

VOL.  111  10 


74  Brasões 

defender  os  seus  filhos,  gritavam  e  lastimavam-se  que  era  uma  dôr  de  alma 
ouvi-las  e  vê-las. 

Então  interveio,  e  muito  a  tempo,  o  bastão  do  rico  homem,  que  com 
meia  dúzia  de  bordoadas  matou  a  cobra. 

Contente  com  a  sua  boa  acção  voltou  D.  Fernando  Yanez  de  Limia  para 
o  arraial,  e,  mal  chegado,  pôs-se  a  contar  a  uns  amigos  a  sua  curiosa  aven- 
tura. Nisto,  com  grande  pasmo  de  todos,  vêem  aproximar-se  uma  das 
doninhas,  que  «sem  razoes  nem  temor»,  chegando  ao  senhor  de  Limia, 
deixa  cair  a  seus  pés  uma  pedra  preciosa  que  parecia  de  anel,  e  que  trazia 
na  boca.     E  foi-se  embora  sem  mal,  porque  todos  haviam  ficado  quedos 

como  os  santos  nos  nichos 

curiosos  de  observar  (à  falta  da  dos  homens) 

a  gratidão  dos  bichos. 

Mais  pela  estranha  maneira  como  a  adquiriu,  do  que  pela  sua  valia,  teve 
D.  Fernando  em  grande  estimação  esta  jóia,  a  qual,  depois  de  encastoada 
em  anel  que  se  ficou  chamando  da  bênção,  deixou  a  seus  filhos  e  descendentes 
em  morgado,  para  que  andasse  sempre  no  filho  mais  velho;  e  assim  a  pos- 
suía no  último  quartel  do  xvi  século  o  4.°  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira, 
D.  João  de  Lima. 

Concluída  a  narração  da  lenda,  seguem-se  no  Nobiliário  de  onde  a  extraí 
estas  palavras:  «E  eu,  D.  António  de  Lima  Pereira,  que  este  livro  fiz  e 
ordenei,  o  ouvi  assim  ao  Visconde  D.  Francisco  de  Lima,  o  velho,  e  a  meu 
pai,  e  a  D.  Leonor  de  Lima,  abadessa  de  Vitorino,  que  foram  pessoas  de 
crédito,  tidas  em  conta  de  muito  verdadeiras,  aos  quais  ficou  esta  opinião  de 
seus  antecessores  por  muito  verdadeira.  A  qual  pedra  de  anel  dizem  que 
tem  virtude,  e  aproveita  para  muitas  coisas,  principalmente  para  o  que  em 
si  a  traz  adquirir  o  amor  e  benevolência  do  Rei  e  senhor  em  cujo  serviço 
andar;  e  que  além  disto  aproveita  para  muitas  coisas.  O  qual  acontecimento 
dizem  que  foi  em  tempo  de  el  Rei  D.  Fernando  o  Santo,  que  ganhou  Sevilha 
e  Córdova  aos  moiros». 

j  Quási  que  acredito  no  condão  da  pedra !  i  Se  não  fosse  êle,  como 
explicar  o  rápido  engrandecimento  de  Fernand'Anes  de  Lima,  um  galego 
que  veio  servir  a  D.  João  I,  e  sobretudo  o  do  seu  filho  Leonel  de  Lima,  o 
i.°  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira?  Nenhum  deles  praticou  façanhas 
dignas  de  nota;  nenhum  deles  se  ilustrou  por  acções  ínclitas;  je  contudo  ao 
primeiro  deu  aquele  Rei  um  casão,  e  ao  segundo  fez  D.  Afonso  V  o  primeiro 
Visconde  de  Portugal!  Não  seria  bruxedo,  não,  porque  em  Fernão  houve 
o  engodo  de  ser  estrangeiro,  o  que  em  Portugal  sempre  foi  motivo  de  esti- 


Limas  75 

mação;  e  em  Leonel  exíslia  provavelmente  a  sedução  do  hábil,  manhoso  e 
feliz  cortesão. 

O  Marquês  d'Argenson  no  seu  Journal  ou  Mémoires  nota  um  caso  aná- 
logo sucedido  em  França  com  os  Noailles;  diz  êle:  //  est  de  ces  familles 
de  Cour,  tirées  de  Vobscurité  par  le  bonheiír  et  par  Vintrigue,  sans  avoir 
jamais  rendu  d'éclatants  services^  sans  avoir  produit  d'hommes  d'un  mérite 
élevé.  Elles  sont  cependant  les  mieux  établies,  etc».  ^É  o  caso  dos  Limas, 
pois  não  é  ? 

O  que  não  sei  é  como  o  anel  da  bênção  lhes  veio  parar  à  mão,  ou  melhor, 
ao  dedo,  porque  o  que  não  está  provado  de  maneira  nenhuma  é  que  os 
Limas  dos  viscondes  descendessem  dos  antigos  Limas,  ou  Limias,  galegos. 
É  possivel,  mas  certo  não  é,  porque  a  posse,  se  posse  houve,  do  tal  anel 
não  supre  a  completa  ausência  de  documentos. 


II 

OS  LIMAS  BATISSELAS 

Em  io33  Já  existia  na  Galiza  o  castelo  de  Batissela  de  que  era  então 
senhor  D.  Diogo  Nunez  de  Batissela,  que  por  sua  neta  D.  Isabel  Nufíez  foi 
bisavô  de  D.  Fernando  Árias  Batissela,  que  viveu  em  tempos  de  D.  Fer- 
nando II  de  Leão  (iiôy-iiSS)  (i). 

Neste  D.  Fernando  Árias  começam  a  linhagem  dos  Batisselas,  ou  Limas, 
tanto  o  Livro  Velho  como  o  Nobiliário  do  conde  D.  Pedro.  Advertirei  que 
escrevo  Batissela,  e  não  Baticela,  ou  Baticella,  porque  em  uma  escritura  de 
5  de  Agosto  da  era  de  iSiy  (1279)  encontro  confirmando  na  qualidade  de 
rico  homem  de  Leão  a  «D.  Johan  Ferrandez  Batissela»,  que  devia  saber 
escrever  o  seu  nome  (2). 

Daquele  D.  Fernando  Árias  foi  filho  D.  João  Fernandez  Batissela,  el 
Bueno  de  Limia,  o  primeiro  que  aparece  com  este  apelido,  que  tomou,  ou 
lhe  deram,  por  ser  herdado  na  Galiza  nas  margens  daquele  rio. 

Batisselas  ou  Limias  por  lá  viveram  por  aqueles  reinos  de  Galiza,  Leão 
e  Castela,  tendo  alguns  membros  da  família  passado  temporariamente  a  Por- 
tugal, uns  em  serviço  militar,  outros  por  terem  casado  aqui.  Destes  foi  um 
D.  João  Fernandez  de  Limia,  «  dito  Batissela  »,  que  casou  com  D.  Maria  Anes, 
filha  de  D.  João  de  Aboim,  como  já  ficou  referido  na  pág.  259  do  vol.  I. 


(i)  Frei  Felipe  de  la  Gandara,  Nobiliário,  armas  y  triunfos  de  Galicia,  pág.  253  tnihi. 
(2)  P.  Henrique  Florez,  Espana  sagrada,  vol.  XXII,  pág.  277  mihi. 


76  Brasões 

Este  D.  João  Fernandez  foi  filho  de  D.  Fernando  Fernandez  de  Limia,  e 
deu-se  a  coincidência,  que  serve  bem  para  provar  o  lustre  da  família,  de 
terem  os  dois,  pai  e  filho,  assinado  ambos,  um  como  rico  homem  de  Castela, 
o  outro  como  rico  homem  de  Portugal,  o  tratado  de  Alcanices  em  12  de  Se- 
tembro de  1297  (i). 

Deste  João  Fernandez  de  Limia,  que  umas  vezes  nos  aparece  com  dom 
e  outras  não,  e  a  quem  me  tornarei  a  referir,  foi  tio  outro  D.  João  Fernandez 
de  Limia  (2),  rico  homem  também,  e  filho  do  herói  da  aventura  das  doninhas, 
que  vinha  a  ser  portanto  avô  de  João  Fernandes,  sobrinho.  O  João  Fer- 
nandes, tio,  foi  morador  em  Sevilha  e  possuiu  herdades  em  Safara  e  várzea 
de  (Ardilla)  no  termo  de  Moura,  as  quais  sua  viúva  D.  Maria  Garcia  vendeu 
a  el  Rei  D.  Denis  em  1296(3).     Não  se  confundam  pois  os  dois  homónimos. 

João  Fernandes  de  Limia,  o  Batissela,  como  é  nomeado  num  documento  (4), 
ou  o  Pão  Centeio,  como  lhe  chama,  provavelmente  por  ser  trigueiro,  o  No- 
biliário do  conde  D.  Pedro,  foi  em  Portugal,  por  cabeça  de  sua  mulher 
D.  Maria  Anes,  senhor  da  vila  e  castelo  de  Portel,  de  Vila  Boim,  e  de  vários 
outros  bens  nas  comarcas  de  Évora  e  Leiria,  que  aos  cônjuges  doara  em  26 
de  Maio  de  1291  sua  mãe  e  sogra,  D.  Marinha  Afonso,  viúva  de  D.  João  de 
Aboim  (5).  Meteu-se  o  genro  deste  de  posse  de  Portel  por  instrumento  de 
26  de  Maio  da  era  de  1829  (i29i)(6). 

Na  corte  portuguesa  parece  ter  tido  desde  então  bastante  persistência  o 
fidalgo  galego,  que  encontro  na  qualidade  de  rico  homem  confirmando  várias 


(i)  Frei  António  Brandão,  Monarchia  Lusitana,  parte  III,  fl.  io5;  e  Frei  Francisco 
Brandão,  Monarchia,  parte  V,  fl.  254. 

(2)  D.  João  Fernandez  de  Limia,  o  tio.  —  Eu  D.  Afonso  Garcia  de  Soto  Maior,  irmão 
de  D.  Gomes  Garcia,  abade  que  foi  de  Valhadolide,  vendo  a  D.  João  Fernandez  de  Lima 
todo  quanto  herdamento  deu  el  Rei  D.  Sancho  de  Castela  ao  dito  meu  irmão,  em  Çafara  e 
várzea  de  Ardila  &c.,  por  9.000  maravedis  de  largura,  contendo  cada  maravedi  por  10  dinheiros 
da  moeda  nova  branca  dos  Burgaleses  &c.  lunes,  6  março  iSaS  (1290).  Testemunhas 
D.  Fernando,  irmão  de  D.  João  Fernandez  de  Lima,  &c.  {Guadiana,  liv.  8.°,  fl.  16  v.). — 
D.  Sancho,  Rei  de  Gastella,  Leão  &c.  Por  fazer  bem  e  mercê  a  D.  João  Fernandez  de 
Lima,  e  por  serviço  que  nos  fez  e  faz,  confirma-lhe  os  herdamentos  que  comprou  de  Afonso 
Garcia  de  Sotomaior,. ..  que  são  a  várzea  de  Ardila,...  Cafra  em  termo  de  Mora,  &c. 
Burgos,  miercoles,  8  de  março,  em  el  ano  seseno  que  elRei  sobredicho  regno  (1290).  {Extras^ 
fl.  142).  —  Eu  D.  João  Fernandez  de  Lima,  pertiguero  mor  da  terra  de  Santiago,  dou  a  vós, 
D.  Maria  Garcia,  minha  mulher,  todos  quantos  herdamentos  comprei  de  Afonso  Garcia  de 
Sotomaior,  &c.  Sevilha,  19  junho  i33o  (1292).  {Guadiana,  liv.  8.",  fl.  17  v.).  —  Ver  na 
Gav.  III,  mac.  I,  n.°  14,  e  mac.  X,  n.°»  2  e  5. 

(3)  Frei  Francisco  Brandão,  Monarchia,  parte  V,  fl.  232  v. 

(4)  Figueiredo,  Nova  Malta,  vol.  II,  pág.  219. 

(5)  Brasões,  vol.  I,  pág.  259. 

(6)  Figueiredo,  Nova  Malta,  vol.  II,  pág.  219. 


Limas  77 

cartas  dos  anos  de  1292,  1296,  1296  e  1297(1).  Depois,  em  4  de  Janeiro 
de  i3oi,  morando  João  Fernandez  de  Limia  na  sua  vila  de  Salvatierra  de 
Galiza  com  sua  mulher  D.  Maria  Anes,  fizeram  escambo  com  el  Rei  D.  Denis 
da  vila  de  Portel  pelas  de  Évora  Monte  e  Mafra,  e  terra  de  Aguiar  de  Neiva. 
Não  ficaram  ainda  por  aqui  as  trocas  com  el  Rei,  pois  que,  por  outra  escri- 
tura de  7  de  Abril  de  i3o5,  deu  D.  Denis  ao  rico  homem  pelas  vilas  de 
Évora  Monte,  Vila  Boim  e  Aguiar  de  Neiva,  os  lugares  de  Vimieiro,  Almada, 
Povos,  Figueiró  e  Pedrógão,  e  mais  quatrocentas  libras  da  renda  de  Che- 
leiros(2). 

No  ano  antecedente,  a  20  de  Fevereiro,  havia  sido  concedido  o  foral  à 
vila  de  Mafra,  de  quem  eram  senhores,  e  continuaram  a  sê-los,  os  referidos 
D.  João  Fernandez  de  Limia  e  D.  Maria  Anes  (3). 

Creio  que  já  por  estes  anos  de  i3o4  e  i3o5  tinha  o  fidalgo  galego,  aban- 
donando a  corte  portuguesa,  estabelecido  o  seu  assento  em  Salvatierra,  por 
isso  que  não  tenho  encontrado  o  seu  nome  confirmando  os  documentos  do 
tempo.  Por  morte  de  D.  Maria  Anes,  sua  mulher,  passou  à  vila  de  Mafra, 
e  à  sua  vizinha  Ericeira  que  andava  junta,  ao  sobrinho  neto  de  D.  Maria, 
D.  Diogo  Afonso  de  Sousa,  de  quem  a  herdou  o  filho  Álvaro  Dias  de  Sousa, 
que  a  deixou  à  sua  viúva  a  desditosa  D.  Maria  Teles.  Esta  senhora  vendeu 
a  vila  de  Mafra  a  um  primo  de  seu  marido,  outro  Álvaro  Dias  de  Sousa,  a 
quem  foi  confiscada  por  D.  João  I  por  êle  seguir  o  partido  castelhano. 
Então  fez  aquele  Rei  doação  de  Mafra  em  1396  a  Fernão  Martins  Coutinho, 
pai  da  Condessa  de  Vila  Real  D.  Beatris  Coutinho,  e  avô  de  D.  Isabel  Cou- 
tinho que  foi  senhora  de  Mafra,  mulher  de  D.  Fernando  de  Cascais  e  mãe 
do  i.°  conde  de  Penela.  Nos  seus  descendentes  continuou  o  senhorio,  que 
depois  de  porfiada  demanda  passou  aos  Viscondes  de  Vila  Nova  da  Cerveira. 
Isto  é:  a  vila  de  Mafra,  que  pertenceu  a  um  Limia  galego  dos  verdadeiros 
Batisselas,  veio  ultimamente  a  ser  possuída  pelos  Limias  portugueses,  que 
certeja  nenhuma  há  de  descenderem  dos  outros. 

III 

OS  MARQUESES  DE  PONTE  DE  LIMA 

Certeza,  autenticada  por  documentos,  dos  Limas  Viscondes  de  Vila  Nova 
da  Cerveira  descenderem  dos  Batisselas  ou  Limias  antigos,  não  há;  mas 
também  exagero  seria  dizer,  que  probabilidades  nenhumas  existem. 


(i)  Frei  Francisco  Brandão,  Monarchia,  parte  V,  fls.  2«9,  226,  246,  25 1  e  261. 

(2)  Ibidem,  liv.  17."»,  cap.  Sg."  e  escritura  n.»  36. 

(3)  Ibidem,  parte  VI,  fl.  27. 


78  Brasões 

Em  1369  invadiu  o  nosso  volúvel  D.  Fernando  a  Galiza,  e,  apesar,  de  lá 
se  poder  demorar  pouco,  tomou  a  sério  o  seu  papel  de  Rei  de  Castela. 
Naquele  ano  e  nos  seguintes  até  à  paz  de  Alcoutim,  que  é  de  3i  de  Março 
de  1371,  se  entreteve  êle  entre  outras  coisas  a  fazer  doações  de  várias  terras 
na  Galiza  aos  fidalgos  seus  parciais.  Um  destes  foi  Álvaro  Rodrigues  de 
Limia,  seu  vassalo,  a  quem  por  carta  dada  em  Santarém  a  3  de  Julho  de 
1408  (1370)  fez  doação  de  juro  e  herdade  da  terra  de  Sande  e  de  várias 
outras  naquele  reino  (i).  Nesse  mesmo  dia  por  outra  carta  lhe  mandou 
entregar  a  vila  de  Milmanda  por  êle  ser  «tal,  tão  bom  e  leal  e  verdadeiro» 
que  lhe  poderá  prestar  bom  serviço  na  guarda  e  defendimento  dela  (2). 
Depois  da  paz  conservou-se  ainda  Álvaro  Rodrigues  cá  pelo  reino,  pois  que 
em  2  de  Julho  da  era  de  1409  (iSyi)  o  nomeou  D.  Fernando  alcaide 
de  Melgaço  (3).  Esta  mercê  deveria  ter  sido  mais  efectiva  do  que  as 
outras. 

Dizem  os  nobiliários  que  este  Álvaro  Rodrigues  de  Limia,  sobre  cuja 
ascendência  e  filiação  diferem,  havendo  tanta  falta  de  prova  para  umas  como 
para  outras  suposições;  dizem,  repito,  que  fora  casado  com  D.  Inês  de 
Sotomaior,  e  pai  de  Fernand'Anes  de  Lima,  o  progenitor  certo  dos  Limas 
portugueses.  Se  é  verdadeiro  o  casamento  de  Álvaro  Rodrigues,  algumas 
probabilidades  há  dele  ter  sido  pai  de  Fernand'Anes,  pois  que,  como  já  fica 
dito,  o  escudo  dos  Limas  foi  formado  com  as  armas  de  várias  linhagens, 
entrando  nelas  as  dos  Sotomaiores.  Também  de  reforço  à  referida  filiação 
notarei,  que  o  filho  mais  velho  de  Fernand'Anes  se  chamou  Álvaro  Rodri- 
gues, nome  que  lhe  poriam  por  ser  o  do  avô. 

Na  Chronica  de  D.  João  I  nomeia  Fernão  Lopes  a  um  Afonso  Rodrigues 
Batissela,  escudeiro  dos  alcaides  que  em  i385  venceram  a  batalha  de  Tran- 
coso, e  que  antes  dela  o  enviaram  com  um  recado  para  o  capitão  da  hoste 
castelhana  (4).  i  Seria  este  escudeiro  parente  dos  Limas  ?  Não  sei,  e,  pondo 
de  parte  mais  dúvidas  que  não  posso  resolver,  vou  ao  certo. 

Fernand'Anes  de  Lima  passou  a  Portugal,  e  ficou  a  servir  a  D.  João  I 
de  quem  já  era  vassalo,  quando  em  iSgS  el  Rei  foi  pôr  cerco  à  cidade  de 
Tui,  onde,  no  arraial  de  sobre  Tui,  por  carta  de  24  de  Junho  fez  doação 
àquele  fidalgo  para  êle  e  seus  descendentes  legítimos  da  casa  de  Giela  com 
todas  as  suas  pertenças,  e  da  terra  de  Vai  de  Vez  (hoje  Arcos  de  Vai  de 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i .°,  fl.  64  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  65. 

(3)  Ibidem,  liv,  4.°,  fl.  5. 

(4)  Chronica  cit.,  parte  II,  cap.  21. 


Limas  79 

Vez)  com  a  Jurisdição  cível  e  criminal  (i).  Logo  seis  meses  depois,  no 
Porto,  a  2  de  Janeiro  de  iSgg,  houve  nova  doação  de  D.  João  I  ao  seu  vas- 
salo Fernand'Anes  de  Lima,  de  juro  e  herdade,  das  terras  de  Fraião,  Coura, 
S.  Martinho,  S.  Estêvão,  Jaraz,  e  Vai  de  Vez,  na  comarca  de  Entre  Douro 
e  Minho,  com  todos  os  seus  lugares,  termos,  julgados,  territórios,  herdades, 
casais,  rendas,  direitos,  foros,  pertenças,  etc,  e  mais  a  jurisdição  cível  e 
crime  (2).  Depois,  tendo-se  levantado  dúvidas  sobre  a  jurisdição  destas 
terras,  lha  confirmou  el  Rei  plenamente  por  carta  dada  em  Lisboa  a  1 1  de 
Dezembro  da  era  de  1443,  ano  do  nascimento  de  1406  (3). 

Foi  Fernand'Anes  casado  com  D.  Teresa  da  Silva  (4),  filha  de  João 
Gomes  da  Silva,  i.°  senhor  de  Vagos  e  copeiro  mor,  e  de  D.  Margarida 
Coelho,  filha  de  Egas  Coelho,  mestre  sala  de  D.  João  I,  e  i."  senhor  de 
Montalvo  em  Castela.  Foi  brilhante  pelo  que  se  vê  a  primeira  aliança  por- 
tuguesa dos  Limas,  e  em  memória  dela  entraram  no  escudo  das  suas  armas 
as  dos  Silvas.  Do  referido  casamento  foi  o  primeiro  filho  Álvaro  Rodrigues 
de  Lima,  que  sucedeu  na  casa  de  seu  pai,  mas  que  já  era  morto  sem  sucessão 
nos  princípios  do  ano  de  1429;  o  segundo  filho  foi  Leonel  de  Lima. 

Se  já  para  Fernand'Anes  de  Lima  o  anel  da  bênção  aproveitou,  por  isso 
que,  havemos  de  concordar,  o  fidalgo  galego  medrou  bastante;  veremos  que 
os  efeitos  do  amuleto  ainda  se  tornaram  muito  mais  notáveis  em  seu  filho. 
Foi,  brincadeira  à  parte,  uma  raça  feliz,  e  que,  como  muitas  outras  estran- 
geiras, entrou  em  Portugal  com  o  pé  direito. 

Começou  Leonel  de  Lima  por  ser  criado  do  infante  D.  Duarte,  e  com 
esta  designação  alcançou  de  D.  João  I  em  Avis,  por  carta  de  24  de  Janeiro 
de  1429,  confirmação  dos  lugares  e  terras  de  Fraião,  Coura,  S.  Martinho, 
S.  Estêvão,  Jaraz,  e  Vai  de  Vez,  e  da  casa  de  Giela,  com  todas  as  suas 
pertenças,  que  tinham  vagado  para  a  coroa  pela  morte  sem  filhos  de  seu 
irmão  Álvaro  Rodrigues  de  Lima.  E  diz  el  Rei  na  carta:  «posto  que  nós 
tínhamos  feita  e  ordenada  uma  lei  em  nossa  vontade  (é  a  lei  mental)  que 
por  morte  de  nenhum  fidalgo,  ou  doutro  qualquer  que  de  nós  traga  algumas 
terras  de  juro  e  herdade,  não  fiquem,  salvo  a  seu  filho  ou  neto  lídimo  e 
varão  maior,  e  não  a  irmão,  nem  irmã,  nem  outro  parente »  (5). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  2.",  íi.  145  v.  —  Na  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.», 
fl.  33,  em  uma  carta  de  confirmação,  vem  transcrita  a  da  primitiva  doação  porém  com  a 
data  da  era  errada,  pois  que  em  vez  de  1436  (i3g8)  escreveram  1437. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.°,  íi.  181  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  4.°,  íl.  32. 

(4)  Não  era  filha  de  João  Gomes,  mas  sim  de  Rui  Gomes  da  Silva  (Archivo  HiSTORica 
PORTUGUEz,  vol.  V,  pág.  267,  269,  transcrevendo  o  testamento  dela). 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  4.°,  íi.  1 10.  —  Confirmada  ao  mesmo  Leonel  de  Lima 


I 


So  Brasões 

De  filho  segundo,  pouco  abonado  decerto,  passou  logo  Leonel  de  Lima 
a  ser  senhor  de  uma  grande  e  boa  casa,  havendo  para  isso  de  se  abrir  uma 
excepção  na  ainda  havia  pouco  tempo  pensada  lei  mental.  Não  se  cantentou 
Leonel  de  Lima  só  com  a  confirmação  da  casa,  tratou  de  ir  cuidando  em 
casamento,  procurando  noiva  entre  as  criadas  de  el  Rei,  que  tornou  a 
manifestar  a  sua  benevolência  a  favor  de  Leonel,  que  já  então  era  seu 
criado. 

Por  carta  dada  em  Almeirim  a  12  de  Abril  de  1482  declara  D.  João  I 
que  tratou  o  casamento  do  seu  criado  Leonel  de  Lima(i)  com  a  sua  criada 
D.  Felipa  da  Cunha,  a  quem  dá  de  dote  três  mil  e  quinhentas  coroas  de 
bom  oiro  do  cunho  do  rei  de  França,  e,  como  lhas  não  pode  pagar  desde  já, 
arbitra  aos  cônjuges  um  milhão  duzentas  e  oitenta  e  três  mil  quatrocentas  e 
vinte  e  três  libras  de  tença,  paga  no  almoxarifado  de  Ponte  de  Lima  pelas 
rendas  e  direitos  da  feira  do  Ladário,  em  cada  ano  no  mês  de  Maio,  quando 
ela  se  faz,  sendo  o  primeiro  pagamento  logo  no  Maio  seguinte.  Aprova  mais 
el  Rei  as  arras  de  mil  e  quinhentas  coroas  pelo  noivo  arbitradas,  e  autoriza-o 
a  obrigar  a  elas  as  suas  terras  de  Vai  de  Vez  e  S.  Estêvão,  para  que  a 
noiva,  que  levou  consigo  quinhentas  coroas  em  oiro,  prata  e  dinheiros,  haja 
as  tais  terras  até  se  pagar  de  todo  o  seu  dote  (2). 

Era  D,  Felipa  da  Cunha  filha  de  Álvaro  da  Cunha,  3.°  senhor  de  Pom- 
beiro,  e  portanto  neta  da  rainha  D.  Leonor  Teles.  A  mãe  de  D.  Felipa 
havia  sido  D.  Brites  de  Melo,  filha  de  Martim  Afonso  de  Melo,  5.°  senhor 
de  Melo,  alcaide  mor  de  Lisboa.  Dos  irmãos  de  D.  Felipa,  além  do  senhor 
casa  que  continuou  em  seus  descendentes,  nomearei  ao  almirante  Rui  de 
Melo,  fronteiro  mor  do  Algarve,  que  casou  com  a  herdeira  dos  Pessanhas, 
a  D.  Leonor  da  Cunha,  mulher  de  Álvaro  Pires  de  Távora,  senhor  do  Mo- 
gadouro e  da  casa  de  Távora,  e  a  D.  Isabel  da  Cunha,  Condessa  de  Abran- 


por  el  Rei  D.  Duarte,  que  lhe  chama  seu  criado,  em  Santarém  a  20  de  Novembro  de  1433 
{Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.*>,  fl.  16),  e  por  D.  Afonso  V  na  mesma  vila  a  7  de  Março 
de  1449  {Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  i5  ",  fl.  33). 

(i)  A  vós,  Lopo  Roiz,  nosso  almoxarife  em  Ponte  de  Lima...  Nós  assentamos  ora 
per  nossas  vendas,  direitos  e  sisas  que  nós  avemos  na  nossa  feira  do  Ladairo  a  Lionel  de 
Lima,  nosso  criado  e  do  Infante  Eduarte  meu  filho,  e  a  D.  Felipa,  nossa  criada,  i  conto  e 
283:323  libras  de  tença  em  cada  ano  em  preço  de  3:5oo  coroas  velhas  de  bom  ouro  e  justo 
peso,  de  cunho  dei  Rei  de  França,  que  lhe  avemos  de  dar  em  casamento  com  a  dita  D.  Fe- 
lipa da  Cunha,  nossa  criada,  com  que  o  ora  casamos,  &c.  Almeirim,  i3  abril,  era  do  Nas- 
cimento de  1432  (Câmara  de  Lisboa,  liv.  3."  de  D.  João  I,  fl.  58). 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.°,  fl.  134;  confirmada  por  D.  Duarte,  em  4  de  De- 
zembro de  1433,  e  por  D.  Afonso  V  em  4  de  Março  de  1439.  {Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
liv.  18.°,  fl.  24). 


Limas  8 1 

ches(i)  mulher  do  i.°  conde  D.  Álvaro  de  Almada,  cavaleiro  da  Jarreteira. 
E  trago  todas  estas  alianças  para  se  ver  que  o  segundo  casamento  dos 
Limas  não  desmereceu  do  primeiro,  e  que  eles  se  aparentaram  logo  à  entrada 
com  as  casas  mais  fidalgas  do  reino. 

A  boa  sorte,  ou  a  previdência,  de  Leonel  de  Lima  levou-o  a  inclinar-se 
para  o  partido  da  rainha  D.  Leonor  e  do  Duque  de  Bragança,  e  de  acordo 
com  ambos  deixou  de  vir  às  cortes  de  Lisboa  de  1439(2).  Emquanto  durou 
a  regência  do  infante  D.  Pedro,  não  aproveitou  decerto  muito  Leonel  de 
Lima  com  a  política  que  adoptara,  e  tanto  que  em  1489  ainda  a  sua  posição 
na  corte  era  subalterna  (3);  «escudeiro  nosso  creado»,  diz  a  carta  citada  de 
confirmação  do  contrato  de  casamento.  Em  1454  porém  já  era  fidalgo  da 
casa  e  do  conselho  (4),  e  antes  disso,  em  1442,  fora  escolhido  pelo  infante 
D.  Pedro  para  juntamente  com  o  dr.  Rui  Gomes  de  Alvarenga  ir  por  embai- 
xador a  Castela  (5).  Daqui  parece  poder-se  depreender,  que  Leonel  de 
Lima  se  congraçara  com  o  infante,  como  dizem  os  nobiliários. 

Ao  viajante  que  percorre  a  província  do  Minho;  que  percorre,  ou  percorria, 
porque  com  a  mania  demolidora  que  nós  temos,  e  que  é  uma  das  caracterís- 
ticas da  nossa  completa  decadência,  não  sei  se  não  estará  já  tudo  em  terra; 
ao  viajante,  pois,  não  lhe  esquece  a  pitoresca  vista  de  Ponte  de  Lima  nas 
frondosas  margens  do  seu  rio,  tendo  na  frente  a  sua  comprida  ponte,  e  atrás, 
destacando-se  no  fundo,  o  seu  ameado  castelo.  Pois  saiba  que  este  foi 
mandado  levantar  por  D.  Afonso  V,  que  da  sua  construção  encarregou  a 
Leonel  de  Lima.  « Ordenamos  que  em  a  nossa  villa  de  Ponte  de  Lima  se 
faça  ora  novamente  um  castello  em  as  casas  de  Leonel  de  Lima,  do  nosso 
conselho,  que  são  dentro  em  a  dita  villa,  que  é  logar  assaz  conveniente,  as 
quais  nos  o  dito  Leonel  de  Lima  para  ello  deu  livremente . . .  Mandamos 
aos  moradores  da  villa,  e  a  todos  os  corregedores,  juizes,  justiças,  etc,  que 
deixem  daqui  em  diante  fazer  e  edificar  o  dito  castello  ao  dito  Leonel  de 
Lima  em  as  ditas  casas,  e  delas  até  ao  muro  possa  filhar  aquelle  chão  e 
parte  do  muro  e  torre  que  vir  que  é  necessário  e  compridouro,  etc».  No- 
meia-o  de  juro  e  herdade  alcaide  mor  do  castelo  de  Ponte  de  Lima  que 
ficará  perpetuamente  para  todos  seus  filhos  e  netos,  descendentes  por  linha 


(i)  D.  Isabel  da  Cunha  parece  não  ter  chegado  a  ser  Condessa  de  Abranches,  como  se 
verá  lá  adiante. 

(2)  Pina,  Chronica  de  D,  Afonso  V,  pág.  262  e  269. 

(3)  Não  é  tanto  assim",  porque  em  1446  já  era  do  conselho  como  declara  a  carta  de  7 
de  Maio,  de  10.000  reais  brancos  de  tença  {Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  5.°,  fl.  70). 

(4)  Na  carta  dada  em  Viseu  a  3i  de  Maio  de  i354  de  confirmação  da  jurisdição  nas  suas 
terras  de  Fraião,  etc.  {Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  4.°,  fl.  32). 

(5)  Pina,  Chronica  cit.,  pág.  338. 

voL.  ni  II 


83  Brasões 

direita,  contanto  que  da  feitura  da  carta  a  cinco  anos  esteja  completamente 
feito  e  edificado  o  castelo.  Foi  dada  a  carta  em  Elvas  a  26  de  Abril  de 
1464(1).^ 

Continuou  Leonel  de  Lima  merecendo  o  favor  de  D.  Afonso  V,  que  em 
Lisboa  a  21  de  Outubro  de  147 1  lhe  fez  mercê  em  vida  de  Vila  Nova  da 
Cerveira,  e  seu  termo,  atendendo  aos  muitos  serviços  feitos  a  el-Rei  seu 
pai  e  a  ele,  tanto  no  reino  como  nas  partes  de  Africa  (2).  Depois  acompa- 
nhou-o  na  expedição  de  Castela,  e  em  Samora  a  25  de  Outubro  de  1475  lhe 
deu  el-Rei  de  juro  e  herdade  a  terra  de  Burral  de  Lima,  que  já  possuía  em 
vida  (3).  Poucos  meses  passados,  em  Toro,  a  4  de  Maio  de  1476,  deu-lhe 
D.  Afonso  V  os  títulos  de  Dom  e  de  Visconde,  mandando  que  dali  em  diante 
se  chamasse  D.  Leonel  de  Lima  Visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira  (4). 


(i)  Alem  Douro,  liv.  3.°,  fl.  18 1. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  22.°,  fl.  5o  v. 

(3)  Alem  Douro,  liv.  3.»,  fl.  i83. 

(4)  Místicos,  liv.  2.°,  fl.  59  V.  —  Como  a  carta  é  interessante  por  vários  motivos,  para 
aqui  a  transcrevo : 

«Lionel  de  Lima  Carta  per  que  foy  feito  e  criado  visconde  de  Vila  nova  de  Cerveira  e 
seja  chamado  de  dom. 

«Dom  Aífonso  etc.  por  que  alealdade  he  amais  alta  nobre  virtude  que  pode  seer  em  o 
homem  e  delia  apraz  muyto  a  Deus  e  aos  Rex  e  príncipes  e  Snnores  com  quem  os  homées 
ham  de  viver  ca  asy  como  ham  de  ser  fiees  a  deus  convenlhe  que  sejam  leaees  a  seu  Rey, 
e  Snnor  nam  poendo  o  coraçam  em  outra  cousa  alguíãa  e  os  taees  com  Razam  pêra  sempre 
sam  louvados  e  bem  aventurados  e  aelles  e  seu  linhagem  da  deus  aos  taes  galardam  de 
gloria  e  os  Rex  e  princeepes  fazendolhes  mercês  asinalladas  crecem  seus  estados  e  casas. 
E  que  alealdade  seja  de  grande  estimaçam  coneçesse  por  que  esta  encomendou  Deus  aos 
Rex  e  princepes  juntamente  com  aiustiça  que  em  lugar  seu  aministram  em  este  mundo. 
Assy  que  obaram  leal  he  luz  espelho  e  huúa  claridade  antre  os  homees  E  por  que  muy  pró- 
pria e  comveniente  cousa  he  aos  Rex  e  princepes  ennobrecer  honrrar  e  fazer  bees  e  mercês 
aos  que  bem  e  lealmente  os  servem  e  acrecentar  suas  casas  e  estados  o  qual  he  aos  Rex 
cousa  louvável  e  devida  de  fazer  especialmente  aos  seus  naturaees  por  que  quando  quer 
que  estes  fazem  serviços  assinallados  assinadamente  devem  seer  sublimados  honrrados  e 
acrecentados  seus  estados  e  casas.  E>tamto  os  Rex  e  príncipes  que  assy  o  fazem  sam  mais 
louvados  e  Recebem  glorioso  Renombre  e  fama  quamto  em  os  seus  tempos  foram  intitu- 
lados os  que  não  o  eram  por  serviços  que  a  elles  ouuessem  feitos  pois  esto  comsideramdo 
e  acatando  apessoa  e  linhagem  e  grande  lealdade  e  bondade  de  vos  lionel  de  lima  meu  va- 
sallo  e  do  meu  conselho  e  os  muytos  e  bo5s  e  leaees  e  continos  serviços  que  os  nobres 
donde  vos  vindes  fizeram  aos  Rex  de  gloriosa  memoria  meus  progenitores  e  uós  amy  avees 
feito  e  fazees  de  cada  dya  e  os  trabalhos  que  a  veés  passados  por  meu  serviço  em  vossa 
pessoa  deRamando  delia  vosso  sangue  e  apoendo  atodo  perigo  de  morte  cada  vez.  E  quando 
conveo  em  aquelle  —  graao  que  lealdade  e  virtude  vos  obrigava  —  assinadamente  em  amynha 
Conquista  de  africa  e  assy  em  serviço  de  El-Rei  meu  Snnor  e  padre  da  gloriosa  memória 
cuja  alma  nosso  Snnor  queira  perdoar  como  em  meu  serviço  e  commynha  armada  cadavez. 
E  quando  pêra  ello  fostes  chamado  quando  os  outros  duques  Condes  e  Ricos  homees  de 


Limas  83 

Foi  este  o  primeiro  Visconde  de  Portugal,  e  durante  muitos  anos,  mais 
de  século  e  meio,  não  houve  outro  viscondado  no  reino.     Por  este  motivo  é 


meus  Regnos  eram  e  foram  chamados  e  fazendo  grandes  gastos  de  vossa  fazenda  por  levar 
como  defeito  levastes  gramde  numero  de  fidalguos  e  outras  jentes  em  meu  serviço  E  assy 
vindo  per  vossa  pessoa  e  comvossa  casa  ame  servir  em  a  guerra  em  que  estou  em  estes 
ditos  meus  Regnos  de  castella  e  de  liam.  Contra  EI-Rey  e  Rainha  de  cezillia  e  contra  seus 
secaces  sobre  a  socessam  delles  amy  e  a  Rainha  dona  Joana  minha  muito  cara  e  muy  amada 
esposa  pertencente  e  Comfiando  que  sempre  assy  o  farees  e  continuarees  daquy  em  diante 
e  milhor  se  milhor  poderdees  E  por  que  outros  servindo  como  vos  fizestes  e  fazees  de  cada 
dia  esperem  ser  soblimados  decorados  e  honrrados  e  acrecentados  se  esforcem  pêra  bem  e 
lealmente  servir  pella  presente  vos  faço  e  crio  bisconde  da  vylla  de  vylla  nova  de  cerveira 
E  quero  e  mando  e  he  minha  mercê  que  daquy  em  diante  sejaees  chamado  e  eu  pella  pre- 
sente vos  chamo  dom  lionel  de  lima  bisconde  de  vylla  nova  de  cerveira  e  que  vos  façam 
salva  e  as  outras  cerimonias  que  aos  outros  biscomdes  dos  meus  Regnos  se  acustumam 
fazer  a  assvmesmo  que  seja  chamado  dom  Joham  de  lima  o  voso  filho  mayor  legitimo 
guarda  mayor  do  príncipe  dom  Joham  meu  muyto  caro  e  muy  amado  e  preçado  filho  aquém 
pertence  a  socessam  de  nossa  casa  o  qual  quero  e  me  praz  e  mando  que  gose  depois  de 
vossos  dias  do  dito  titoUo  de  bisconde  assy  pellos  muytos  boós  e  leaees  serviços  que  delle 
tenho  Recebido  em  a  dita  minha  comquista  dafrica  e  em  estes  ditos  meus  Regnos  de  cas- 
tella Continuadamente  me  faz  e  por  ser  criado  comiguo  desde  sua  mininice  como  por  os 
méritos  e  birtudes  e  lealdade  de  sua  pessoa  e  que  ajaeês  e  vos  sejam  guardadas  bem  com- 
pridamente  todallas  homrras  priminencias  perRogativas  e  todas  as  outras  cousas  e  cada 
huQa  delias  de  qual  quer  natura  e  feito  vigor  callidade  e  mistério  que  por  Razam  da  dita 
dunidade  e  titoUo  nos  devem  seer  guardadas  e  do  que  devees  gozar  e  se  acustumaram  e 
custumam  guardar  atodos  os  outros  biscomdes  dos  ditos  meus  Regnos,  tí  que  possaees 
gozar  e  gozeês  delias  e  de  cada  huúa  delias  e  por  esta  minha  Carta  e  com  ella  vos  em  visto 
em  a  dita  dinidade  e  titollo  e  vos  dou  a  possyssam  e  casy  possissam  delle  e  quero  e  mando 
que  daquy  em  diamte  vos  e  vosso  filho  mayor  dom  Johã  de  lima  que  soceder  vossa  casa 
sejaees  e  seja  biscondes  da  dita  villa  de  villa  nova  de  cerveira  e  apossa  haver  e  herdar  depois 
devos  como  em  cima  dito  he  Qua  eu  polia  presente  aguora  e  daqui  em  diamte  vos  Recebo 
em  tituUò  e  dou  o  dito  titollo  e  nome  de  bisconde  da  dita  villa  de  vylla  nova  de  cerveira  a 
vos  dito  dom  lionel  de  lima  e  depois  de  vos  ao  dito  dom  Joham  de  lima  vosso  filho  que 
vossa  casa  herdar  como  dito  he  e  por  esta  dita  minha  carta  e  por  seu  trelado  assinado  per 
notairo  pruvico  mando  ao  dito  primcepe  dom  Joham  meu  filho  e  aos  Ifantes  duques  pre- 
lados Condes  Marqueses  Ricos  homes  mestres  das  hordees  priores  Comendadores  e  subco- 
mendadores  e  alcaides  dos  castellos  e  casas  fortes  e  chãas  e  aos  do  meu  comselho  e  ouvydoros 
da  minha  audiência  e  a  todollos  comcelhos  Corregedores  alcaides  meirinhos  e  alguazys  Rege- 
dores cavaleiros  escudeiros  officiaees  e  homeês  boõs  de  todas  as  cidades  billas  e  lugares  dos 
meus  Regnos  e  Sunorios  que  agora  sam  ou  seram  daquy  em  diante  e  atodas  e  quaees  quer 
pessoas  meus  vassallos  súbditos  e  naturaees  de  qual  quer  estado  e  condiçam  que  sejam  e 
seer  possam  e  qual  quer  ou  quaees  quer  delles  que  vos  Recebam  por  meu  biscomde  como 
dito  he  que  eu  polia  presemte  acatamdo  e  comsiramdo  o  suso  dito  de  meu  próprio  moto  e 
certa  ciência  e  poderyo  Real  absoluto  de  que  em  esta  parte  quero  usar  e  uso  como  Rey  e 
soberano  Sunor  nam  Reconhecente  superior  em  ello  temporal  desde  aguora  pêra  estonces 
e  destonces  pêra  aguora  vos  ey  e  Recebo  enomeo  e  faço  a  vos  dito  dom  lionel  de  lima  bis- 
comde da  dita  villa  de  villa  nova  de  cerveira  e  depoys  de  vossos  dias  ao  dito  dom  Joham  de 


84  Brasões 

* 

muito  comum  em  livros  e  documentos  encontrar  o  Visconde  de  Vila  Nova 
da  Cerveira  nomeado  por  antonomaria,  ou  excelência,  «o  Visconde».  O 
mesmo  sucedeu  com  os  barões  de  Alvito  (criação  no  ano  anterior  de 
D.  Afonso  V,  que  igualmente  inventou  para  cá  os  marqueses)  e  que,  por 
terem  sido  também  os  únicos  durante  ainda  mais  largo  período,  são  quási 
sempre,  nesses  antigos  tempos,  designados  por  «o  Barão». 

O  segundo  viscondado  que  houve  em  Portugal  foi  em  1649  o  de  Castelo 
Branco,  morgado  e  castelo  aqui  ao  pé,  na  freguesia  de  S.*^  Iria  da  Azoia  (i). 
Foi  ele  criado  por  D.  João  IV,  que  por  carta  de  26  de  Setembro  e  conferiu 
a  D.  Pedro  de  Castelo  Branco  depois  1°  conde  de  Pombeiro  (2).  O  segundo 
barão  foi  o  da  Ilha  Grande  de  Joanes,  título  com  que  D.  Afonso  VI  agraciou, 
por  carta  de  17  de  Setembro  de  1666,  a  Luís  de  Sousa  de  Macedo  (3).  Do 
facto  de  Leonel  de  Lima  ter  sido  feito  visconde  tira-se  geralmente  a  con- 
clusão, de  que  êle  era  grande  fidalgo;  pois  eu  não  direi,  que  concluo  exacta- 
mente o  contrário,  mas  abato  muito  nas  presunções.  Se  êle  fosse  grande 
fidalgo  tê-lo-ia  D.  Afonso  V  feito  conde,  como  fez  a  tantos  outros.  Por 
isso  mesmo  que  o  não  era,  é  que  o  escolheu  para  nele  criar  o  título  de  vis- 
conde, marcando  logo  a  inferioridade  em  que  este  ficava  relativamente  ao  de 
conde.  Existiam  unicamente  em  Portugal  os  títulos  de  duque  e  de  conde, 
quando  D.  Afonso  V  subiu  ao  trono;  e  êle  quis  completar  a  série.  Em  146 1 
criou  o  primeiro  marquês,  o  de  Valença,  na  pessoa  do  conde  de  Ourém, 
primogénito,  do  duque  de  Bragança.  Acentuou-se  logo  este  título  na  gra- 
duação e  categoria  devida.     O  mesmo  sucedeu  com  os  de  visconde  e  barão. 


lima  vosso  filho  mayor  e  he  minha  merce  e  mando  que  nenhuúes  nem  alguúes  nam  sejam 
ousados  de  hir  nem  passar  comtra  o  que  nesta  carta  he  contheudo  nem  contra  cousa  alguúa 
nem  parte  dello  em  algiãa  maneira  nem  por  alguúa  Razam  sob  pena  da  minha  merce  e 
deperdimento  das  pessoas  e  bees  os  quaes  por  apresente  o  comtrario  fazendo  confisco  e 
aprico  pêra  minha  camará  E  fisco  e  mando  as  ditas  minhas  Justiças  que  cada  e  quando  que 
por  vos  dito  dom  lionel  de  lima  e  depois  de  vossos  dias  pello  dito  dom  Joham  de  lima  vosso 
filho  mayor  legitimo  porem  Requeridos  que  exuquetem  o  sobre  o  dito  em  as  taees  pessoas 
que  o  comtrairo  fizerem  sobre  o  qual  mando  ao  meu  chanceler  e  notairos  e  aos  outros  ofi- 
ciaees  que  estam  a  mesa  dos  meus  sellos  que  vos  dem  e  liurem  e  passem  e  sellem  mynha 
carta  de  privillegio  Rodada  esta  minha  carta  e  as  outras  minhas  cartas  e  sobre  cartas  que 
lhes  pedirdes  e  mister  ouverdes  em  a  dita  Razam  dada  em  a  nobre  e  leal  Gydade  de  touro 
a  quatro  dias  do  mes  de  mayo  anno  de  myl  iiijc  Lxx  bj». 

(i)  Visconde  de  Castelo  Branco  junto  a  Sacavém,  carta  de  25  de  Setembro  de  1649 
{Chancelaria  de  D.  João  /V,  liv.  20.°,  fl.  aSy);  carta  de  assentamento  de  18  de  Fevereiro  de 
i65o  {Ibidem,  liv.  21.°,  fl.  224).  Conde  de  Pombeiro,  carta  de  6  de  Abril  de  1662  {Chance- 
laria de  D.  Afonso  V/,  liv.  26.',  fl.  i63  v.);  carta  de  assentamento  de  4  de  Maio  de  1668 
{Ibidem,  liv.  22.°,  fl.  292). 

(2)  Sousa,  Historia  genealógica,  vol.  VII,  pág.  222. 

(3)  Ibide^,  pág.  41a. 


Limas  85 

Foi  este  inaugurado  em  1475  com  a  baronia  de  Alvito,  escolhendo  el  Rei 
para  êle  ao  dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  que  ninguém,  julgo,  se  lembrará 
de  alcunhar  de  fidalgo;  teve  princípio  o  outro  título  no  ano  seguinte  com  o 
viscondado  de  Vila  Nova  da  Cerveira  investido  em  Leonel  de  Lima.  Era 
este  certamente  de  esfera  superior  ao  barão;  quando  digo  esfera  superior 
refiro-me  à  nobreza,  porque  em  ilustração  e  serviços  era  muito  inferior. 
Não  era  contudo  de  esfera  igual  às  de  Lopo  de  Almeida,  Rui  de  Melo  e 
Lopo  de  Albuquerque,  que  naquele  mesmo  ano  de  1476  foram  feitos  respec- 
tivamente condes  de  Abrantes,  Olivença  e  Penamacor.  Seja  isto  dito  em 
abono  da  verdade,  como  a  entendo,  e  não  porque  eu  tenha  em  mente  deprimir, 
nem  lisonjear,  ninguém. 

Voltemos  aos  viscondes,  a  quem  algumas  vezes  se  dá  o  título  de  viscondes 
de  Ponte  de  Lima  em  virtude  de  serem  alcaides  mores  desta  vila. 

D.  Leonel  de  Lima,  o  i.°  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  morreu 
com  noventa  e  dois  anos  a  i3  de  Abril  de  1495,  segundo  dízem  os  cronistas 
franciscanos  (i),  e  no  mesmo  mês  do  ano  seguinte  foi  confirmada  a  casa  a 
seu  filho  (2).  A  viscondessa  D.  Felipa  da  Cunha  havia  morrido  a  7  de  Se- 
tembro de  1486,  e  ambos  os  viscondes  foram  sepultados  na  capela  de  Nossa 
Senhora  da  Piedade  do  convento  de  Santo  António  de  Ponte  de  Lima,  fun- 
dação sua  (3). 

Tiveram  os  viscondes  muitos  filhos;  dez  lhes  nomeiam  os  nobilários, 
sendo  seis  varões.  Destes  apenas  formaram  linhas  distintas  dois,  que  espe- 
cializarei, e  que  foram  D.  João  de  Lima,  o  2.°  visconde,  continuador  da 
casa,  e  Fernão  de  Lima,  alcaide  mor  de  Guimarães,  tronco  da  casa  de  Castro 
Daire.  Dos  outros  procederam  muitos  daqueles  Limas,  intrépidos  soldados 
e  valentes  capitães,  que  tanto  sangue  verteram  na  índia  pela  pátria,  e  que 
tão  nomeados  são  pelos  historiadores  das  nossas  conquistas;  mas  todos  se 
extinguiram  às  terceiras  ou  quartas  gerações  e  deles  por  varonia  não  subsiste 
descendência. 

Das  senhoras  mencionarei  a  D.  Inês  de  Souto  Maior  que  foi  casada  com 
Lopo  Gomes  de  Abreu,  senhor  de  Regalados,  e  deles  provieram  todos 
aqueles  inúmeros  Abreus  de  Lima  da  província  do  Minho,  aos  quais  perten- 
ceram as  casas  de  Regalados,  Paço  Vedro,  e  outras. 


João  de  Lima,  o  filho  maior  de  Leonel  de  Lima,  que  depois  foi  i.°  vis- 


(i)  Frei  Pedro  de  Jesus  Maria  José,  Chronica  da  Conceição^  vol.  II,  pág.  28^ 

(2)  Cartas  de  26  e  27  de  Abril  de  confirmação  de  sucessão  de  bens  a  seu  filho  D.  João  de 
Lima,  no  liv.  3.»  de  Alem  Douro^  fl.  181,  e  no  liv.  30.°  da  Chancelaria  de  D.  Manuel^  fl.  49. 

(3)  Frei  Fernando  da  Soledade,  Historia  Seraphica,  vol.  III,  pág.  604. 


86  Brasões 

t 

conde,  era  muito  galanteador,  e  daí  lhe  vieram  várias  aventuras,  com  as 
quais  contudo  não  parece  ter  êle  padecido  muito,  ainda  que  uma  foi  alta- 
mente escandalosa.  Como  as  encontro  apontadas  no  Nobiliário  de  seu 
sobrinho  neto  D.  António  de  Lima,  creio  que  teriam  acontecido  e  por  isso  a 
elas  me  referirei,  tratando  de  as  acomodar  com  os  documentos  existentes. 

Começou  João  de  Lima  requestando  uma  donzela  da  casa  da  infanta 
D.  Joana,  a  de  Aveiro;  Catarina  de  Ataíde  era  o  seu  nome,  e  seus  pais 
Gonçalo  de  Ataíde  que  perdeu  a  casa  por  seguir  as  partes  do  infante 
D.  Pedro,  e  Isabel  de  Brito.  Não  repelido  pela  donzela,  provieram  todavia 
embaraços  não  sei  de  que  banda,  e  o  casamento  fez-se  «a  furto ))(i). 

Não  deixa  de  ser  vulgar  seguirem-se  às  grandes  paixões  satisfeitas  o  tédio 
e  o  aborrecimento,  e  assim  sucedeu  com  o  volúvel  João  de  Lima,  que  dentro 
em  breve  cortejava  a  D.  Catarina  de  Melo,  dama  da  rainha  D.  Leonor,  diz 
o  citado  Nobiliário,  mas  havia  de  tê-lo  sido  emquanto  princesa.  Era  D.  Ca- 
tarina filha  do  segundo  casamento  de  Vasco  Martins  de  Melo,  alcaide  mor 
de  Évora,  e  tinha  a  alcunha  da  Rainha  de  Pedra.  Tão  duro  porém  não  foi 
o  seu  coração  que  não  cedesse  aos  galanteios  do  apaixonado  fidalgo,  que 
com  ela  também  casou  ocultamente,  consumando  o  matrimónio  mesmo  no 
paço,  onde  D.  Catarina  ainda  andou  já  trazendo  em  si  o  fruto  dos  seus 
amores. 

Então,  vendo  a  sua  honra  perdida,  exigiu  a  dama  a  publicação  do  matri- 
mónio, a  cuja  validação  se  opôs  a  outra  Catarina,  que  levou  o  negócio  para 
Roma.  Aí  foi  declarado  bom  o  primeiro  casamento,  e  nulo  o  segundo, 
ficando  a  pobre  D.  Catarina  de  Melo  com  uma  filha  às  costas  e  sem  marido; 
sem  marido  temporariamente,  pois  que  posteriormente  casou,  não  direi  com 
quem  porque  pode  todo  este  caso  ser  cancan  de  cour. 

Para  João  de  Lima  a  única  pena  foi,  ao  que  parece,  obrigarem-no  a  jun- 
tar-se  à  primeira  mulher,  recebendo-a  como  sua  legítima  esposa;  ^e  talvez, 
quem  sabe  ?  não  fosse  pequeno  castigo. 

Toda  esta  história,  que  dava  um  bom  título  para  um  capítulo  de  romance: 
«Um  D.  João  entre  duas  Catarinas»;  toda  esta  história  havia  de  ter  sucedido 
antes  de  9  de  Setembro  de  1472(2),  em  que  el  Rei  aprovou  em  Coimbra  o 
contrato  de  casamento  de  João  de  Lima,  fidalgo  da  sua  casa  e  do  seu  con- 
selho, com  D.  Catarina  de  Ataíde,  donzela  da  casa  da  infanta  sua  filha  (3). 


(i)  Vide  Chronica  de  D.  Afonso  V,  de  Rui  de  Pina,  cap.  168,  pág.  533. 

(2)  Pelo  contrário,  parece-me  mais  provável  que  sucedesse  depois  disso.  O  contrato 
de  casamento  foi  efectivamente  aprovado  por  D.  Afonso  V  em  9  de  Setembro  de  1472;  mas 
a  i3  de  Junho  de  1482  confirmou  D.  João  II  o  morgado  de  Gaião  a  «Catherina  de  Ataide 
donzella  da  casa  da  infanta  minha  irmã»  {Chancelaria  de  D.  João  11,  liv.  6.°,  fl.  79),  ora, 
sendo  ela  donzela,  não  era  casada. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  29.»,  fl.  i63. 


Limas  87 

Não  chegou  D.  Catarina  a  ser  viscondessa,  pois  que  dois  anos  antes  do 
titulo  ser  concedido  ao  marido,  já  este  estava  segunda  vez  casado (1);  mas 
foi  senhora  do  morgado  de  Gaiam  em  Santarém,  que  havia  sido  de  seu  pai 
e  de  seu  irmão  Pedro  de  Ataíde,  o  Armador,  ou  o  Corsário,  como  lhe 
chama  D.  António  de  Lima,  e  que  nela  renunciou  o  vínculo  por  carta  de  18 
de  Abril  de  1468,  confirmada  por  el  Rei  a  i5  de  Dezembro  do  mesmo  ano (2), 
Por  este  casamento  entrou  na  casa  dos  Limas  aquele  antigo  morgado,  capela, 
ou  hospital,  que  fora  fundado  junto  à  porta  da  Atamarma  por  um  D.  Gaiam, 
alcaide  de  Santarém,  de  quem  se  encontram  vestígios  em  documentos  dos 
anos  de  11 62  a  11 76  (3).  Não  era  contudo  D.  Catarina  de  Ataíde  descen- 
dente do  instituidor,  mas  houve  o  morgado  como  neta  de  Nuno  Gonçalves 
de  Ataíde,  a  quem  D.  João  I  o  doara  por  carta  de  22  de  Agosto  da  era  de 
1459  (i42i)(4). 

Em  1476,  em  seguida  à  concessão  do  título  de  visconde  a  seu  pai,  passou 
João  de  Lima  a  chamar-se  D.  João  de  Lima.  Era  já  do  conselho  de 
de  D.  Afonso  V,  e  o  continuou  a  ser  de  D.  João  II,  que  o  nomeou  seu 
guarda  mor  por  carta  de  16  de  Abril  de  1482  (5).  Em  1494  já  era  pela  se- 
gunda vez  casado,  sendo  agora  sua  mulher  D.  Isabel  de  Melo  (6),  filha  de 
Mariim  Afonso  de  Melo,  7."  senhor  de  Melo,  Em  1496  sucedeu  na  casa  de 
seu  pai,  vindo  a  ser  o  2.°  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  de  que  teve 
carta  em  27  de  Abril  daquele  ano  (7),  2.°  alcaide  mor  de  Ponte  de  Lima  por 
carta  de  confirmação  da  véspera  (8),  senhor  de  Vila  Nova  da  Cerveira  (9),  e 
das  terras  de  Fraião,  Coura,  S.  Martinho,  S.  Estêvão,  Jaraz  e  Vai  de  Vez, 
e  da  casa  de  Giela  com  as  jurisdições,  da  terra  de  Burral  de  Lima,  das 


(i)  Carta  de  padrão  de  6  de  Julho  de  1494  adiante  citada. 

(2)  Chancelaria  de  D.Afonso  V,  liv.  28.°,  fl.  i25. —  Confirmado  o  morgado  a  D.  Cataritia 
por  D.  João  II  em  i3  de  Junho  de  1482  {Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.%  fl.  79). 

(3)  Aires  Sá,  Gonçalo  Velho,  pág.  438. 

(4)  Supra,  pág.  2o5. 

(5)  Sousa,  Historia  genealógica,  vol.  XI,  pág.  220. 

(6)  Carta  de  6  de  Julho  de  1494  de  padrão  de  uma  tença  de  quarenta  mil  reais  a  D.  João 
de  Lima,  do  meu  conselho  e  guarda  mor  e  a  D.  Isabel  de  Melo  sua  mulher.  Foi  confirmada 
por  D.  Manuel  aos  mesmos,  sendo  eles  já  viscondes  por  carta  de  28  de  Abril  de  1496. 
( Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  27.",  fl.  86  v.). 

(7)  Ibidem,  liv.  3o.°,  fl.  49. 

(8)  Alem  Douro,  liv.  3.»,  fl.  181.  Nesta  carta,  apesar  de  ser  anterior  à  do  título,  já  é 
D.  João  nomeado  visconde. 

(9)  Consta  ter  sido  o  visconde  senhor  daquela  vila,  da  carta,  entre  outras,  de  confir- 
mação da  jurisdição  das  suas  mais  terras,  dada  por  D.  Manuel  em  20  de  Setembro  de  i5oi 
a  D.  João  de  Lima,  visconde  e  senhor  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  do  nosso  conselho  e  alcaide 
mor  de  Ponte  de  Lima.  Está  esta  carta  a  fl.  32  do  liv.  4.»  da  Chancelaria,  e  por  ela  se  vS 
que  os  viscondes  tiveram  o  senhorio  da  vila,  como  aliás  era  de  fácil  intuição. 


88  Brasões 

defesas  de  Ponte  de  Lima,  etc.  (i).  Em  i5o8,  no  princípio  do  ano,  já  era  o 
visconde  falecido  (2),  sobrevivendo-lhe  a  viscondessa  bastante  tempo  por  isso 
que  dela  ainda  encontro  memórias  no  ano  de  i533,  em  que,  por  carta  de  24 
de  Março,  foi  trespassada  à  viscondessa  D.  Isabel  de  Melo  uma  tença  de 
quarenta  mil  reais  que  havia  sua  filha  D.  Beatris,  donzela  que  fora  da  rainha 
D.  Leonor  (3).  Esta  D.  Beatris,  o  único  filho  que  o  visconde  houve  do  seu 
segundo  casamento,  despresou  o  mundo  e  meteu-se  freira  no  mosteiro  da 
Madre  de  Deus.  Do  primeiro  casamento  porém  tivera  o  visconde,  além  do 
sucessor  da  casa,  de  um  que  morreu  moço,  e  doutro  que  foi  frade,  a 
D.  Diogo  de  Lima,  capitão  na  índia,  que  teve  geração  na  qual  se  extinguiu 
a  varonia,  tendo  um  dos  seus  netos  instituído,  na  segunda  metade  do  xvi  sé- 
culo, o  morgado  de  Niza  no  termo  de  Grândola,  que  veio  a  parar  a  Estêvão 
Brandão  de  Lima,  que  morreu  sem  filhos  e  sem  testamento.  Por  este  mo- 
tivo se  meteu  sua  noiva  D.  Mariana  Josefa  da  Cunha  de  posse  do  vínculo, 
que  lhe  foi  tirado  por  sentença  de  1 3  de  Outubro  de  1678,  salvas  as  herdades 
da  Casa  Branca  e  do  Ervedal  com  que  o  marido  a  dotara,  e  que  lhe  foram 
mantidas  por  sentença  de  18  de  Janeiro  de  1680,  atendendo  à  grande  dife- 
rença da  idade  que  havia  entre  os  cônjuges  quando  casaram,  pois  que  êje 
era  velho  de  sessenta  anos,  e  ela  rapariga  de  vinte  e  cinco  (4). 

D.  Francisco  de  Lima,  o  filho  mais  velho  de  D.  João,  sucedeu  a  seu  pai 
e  foi  3.°  visconde  de  Vila  Nova  de  Cerveira  por  carta  de  7  de  Abril  de 
i5o8(í>),  e  senhor  da  mais  casa  que  lhe  foi  confirmada  por  carta  de  10  de 
Maio  do  mesmo  ano  (6).     Faleceu  o  visconde  a  24  de  Dezembro  de  i55o(7). 

Foi  êle  casado  com  D.  Isabel  de  Noronha,  filha  dos  2.*"  condes  de 
Abrantes,  e  com  ela  já  estava  recebido  em  17  de  Julho  de  i5o2(8).     Deste 


(i)  Cartas  de  confirmação  de  2  e  4  de  Maio  de  1496,  e  7  de  igual  mês  de  1497,  ^i^*  3'° 
de  Alem  Douro,  fl.  181,  i83  e  184,  e  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.0,  íi.  33. 

(2)  Carta  de  7  de  Abril  do  título  ao  filho. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  19.»,  fl.  68  v. 

(4)  Pegas,  De  exclusione. . .  maioratus,  vol.  I,  pág,  9  e  10. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  IH,  liv.  14.",  fl,  3o  v.,  onde  se  encontra  transcrita  na  de  con- 
firmação de  14  de  Fevereiro  de  i528.  Declara  D.  Manuel  na  carta  de  mercê  do  título,  que 
este  vagara  porque  o  visconde  D.  João  «se  ora  finou». 

(6)  Ibidem,  fl.  33,  incluída  na  de  confirmação  dada  por  este  Rei  ao  mesmo  visconde  em 
18  de  Fevereiro  de  i528. 

(7)  Assim  o  declara  a  carta  de  9  de  Julho  de  i566  de  confirmação  de  tença  a  seu  filho 
o  visconde  D.  João  {Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  17.°,  fl.  45 1). 

(8)  Data  da  carta  de  confirmação  a  D.  Isabel,  mulher  de  D.  Francisco  de  Lima,  fidalgo 
de  nossa  casa,  de  um  alvará  da  Excelente  Senhora,  dado  em  Santarém  a  20  de  Março  de 
1492  a  favor  de  D.  Isabel,  da  sobrevivência  de  uma  tença  de  cem  mil  reais  que  tinha  sua 
avó  a  condessa  D.  Brites  ( Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  20.°,  fl.  29  v.). 


Limas 


89 


casamento,  o  primeiro  do  visconde  que  do  segundo  não  teve  filhos,  nasceu, 
entre  outros,  D.  João  de  Lima,  que  continuou  a  casa. 

Foi  D.  João  de  Lima  4."  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  de  que  não 
tirou  carta  de  confirmação,  como  deixou  de  o  fazer  para  o  restante  da 
casa(i),  mas  consta  que  teve  o  título  da  carta  de  confirmação  da  tença,  ou 
assentamento,  de  cinquenta  mil  reais  que  os  viscondes  tinham  com  o  titulo, 
carta  que  foi  dada  a  D.  João  em  9  de  Julho  de  i566,  declarando-se  que  a 
tença  a  começaria  a  vencer  do  primeiro  de  Janeiro  do  ano  seguinte  em 
diante  (2);  donde  se  deverá  concluir  que  o  título  lhe  seria  dado  por  então. 
Casou  D.  João  de  Lima  em  i525  com  D.  Inês  de  Noronha,  filha  de  Joãa 
Rodrigues  de  Sá  (3),  senhor  de  Sever,  alcaide  mor  do  Porto,  o  poeta  tanta 
vez  nomeado  no  Cancioneiro  de  Resende,  e  irmã  de  Francisco  de  Sá  de 
Meneses,  conde  de  Matosinhos.  Faleceu  o  visconde  D.  João  nas  proximi- 
dades de  Agosto  de  1573,  deixando  por  seu  sucessor  a  seu  filho  primogé- 
nito (4). 

Chamou-se  este  D.  Francisco  de  Lima,  e  já  em  1546  era  casado  com. 
D.  Brites  da  Alcáçova,  filha  do  secretário  Pedro  da  Alcáçova  Carneiro  (5). 
Foi  D.  Francisco  o  5.°  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira  de  que  teve  carta, 
em  seguida  ao  falecimento  do  pai,  dada  em  11  de  Agosto  de  i573(6).  Era 
o  visconde  já  falecido  em  4  de  Abril  de  iSyS,  quebrando-se  nele  a  varonia 
dos  Limas  da  casa  dos  viscondes,  pois  que  deixou  por  sua  herdeira  a  uma 
filha. 

Foi  ela  D.  Inês  de  Lima,  que  já  estava  casada  com  Luís  de  Brito,  quando, 
na  data  apontada,  lhe  foi  averbado  um  juro  de  cento  e  cinquenta  mil  reais 
que  herdara  por  morte  de  seu  pai (7).  Chegoulhe  D.  Inês  a  suceder  na 
casa,  porém  nem  ela,  nem  seu  marido,  tiveram  o  título  de  viscondes,  coma 


(i)  Infere-se  do  que  está  expresso  no  fim  de  uma  carta  que  está  registada  a  fl.  276  do 
liv.  3."  de  Confirmações  gerais. 

(2)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  17.°,  fl.  45i. 

(3)  Consta  da  carta  de  21  de  Agosto  daquele  ano  em  que  o  visconde  D.  Francisco  foi 
autorizado  a  obrigar  qualquer  das  suas  terras  para  segurança  das  sete  mil  e  seiscentas  dobras 
que  ele  prometera  dar  a  D.  Inês  que  ora  casa  com  D.João,  etc.  {Chancelaria  de  D.  João  Uly. 
liv.  i3.°,  fl.  83). 

(4)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  36.0,  fl.  29. 

(5)  Por  um  alvará  de  16  de  Julho  de  1546  fez  D.  João  III,  em  atenção  aos  serviços  d& 
Pedro  da  Alcáçova  Carneiro,  do  seu  conselho  e  seu  secretário,  mercê  a  D.  Francisco,  casando 
ele  com  D.  Brites,  do  título  de  visconde  e  dos  cinqíienta  mil  reais  de  assentamento  para 
depois  da  morte  de  D  João  de  Lima  seu  pai  {Ibidem). 

(6)  Ibidem. 

{7)  Verba  posta  à  margem  da  carta  de  padrão  do  referido  juro,  a  qual  se  encontra  a 
fl.  452  do  liv.  17."  de  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique. 

voL.  m  12 


9©  Brasões 

erradamente  dizem  alguns  autores.  Foi  êle  renovado  em  Lourenço  de  Brito 
-de  Lima,  «neto  do  derradeiro  visconde  D.  Francisco  de  Lima»,  por  alvará 
de  lembrança  de  i3  de  Dezembro  de  1579,  que  logo  citarei,  sendo  então  já 
sua  mãe  falecida,  mas  seu  pai  ainda  vivo.  Chamou-se  este  Luís  de  Brito, 
ou  Luís  de  Brito  Nogueira,  como  em  algum  documento  é  nomeado,  e  foi 
senhor  dos  antigos  morgados  de  S.  Lourenço  de  Lisboa,  e  S.  Estêvão  de 
Beja,  vínculos  em  que  o  filho  lhe  sucedeu  por  sua  morte  entre  os  anos  de 
i583  e  iSgi, 

Lourenço  de  Brito  de  Lima  alcançou,  como  já  disse,  em  i3  de  Dezembro 
de  1679,  em  atenção  aos  serviços  dos  viscondes,  e  aos  de  seu  pai  em  Africa 
onde  ficou  cativo  na  batalha  de  Alcácerquibir,  e  a  ser  êle,  Lourenço,  o  único 
descendente  de  seu  avô  materno  o  5.°  visconde  D.  Francisco  de  Lima; 
alcançou,  repito,  um  alvará  de  lembrança  do  cardial  rei  para  suceder  no 
título  e  casa  de  Vila  Nova  da  Cerveira.  Confirmou  Felipe  II  ao  visconde 
as  mercês,  que  de  juro  e  herdade  tinha  o  avô,  por  carta  de  7  de  Janeiro  de 
i583,  com  a  condição  dele  casar  com  mulher  que  ao  Rei  agrade.  Nestes 
documentos  é  sempre  chamado  Lourenço  de  Brito  de  Lima,  porém  por  uma 
apostila  de  4  de  Setembro  de  1591,  sendo  o  visconde  já  casado,  mandou 
el  Rei  que  êle,  e  os  que  dele  descendessem,  se  chamassem  primeiro  de  Lima 
que  de  Brito,  e  o  visconde  de  ora  em  diante  se  nomeie  D.  Lourenço  de 
Lima  e  Brito.  Depois  por  carta  de  i3  de  Setembro  de  1591  confirmou-lhe 
Felipe  II  o  título  e  a  casa,  pelo  visconde  se  achar  casado  com  D.  Luísa  de 
Távora,  filha  do  falecido  Luís  da  Alcáçova  Carneiro,  filho  mais  velho  do 
conde  da  Idanha,  do  conselho  de  estado,  vedor  da  fazenda,  e  bisavô  do  re- 
ferido D.  Lourenço  de  Lima.  Finalmente  a  1 1  de  Dezembro  do  mesmo 
ano  teve  carta  de  padrão  dos  cinquenta  mil"  reais  de  tença,  que  eram  orde- 
nados ao  título  (i).  Muito  tempo  depois,  por  carta  de  i5  de  Dezembro  de 
1623,  quando  seu  filho  mais  velho  já  era  conde  dos  Arcos,  deu  Felipe  IV  ao 
visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  as  honras  de  conde  no  seu  próprio 
título  (2).  Ainda  sobreviveu  D.  Lourenço  muitos  anos  a  esta  última  mercê, 
pois  que  no  de  1646,  sendo  do  conselho  de  estado  de  D.  João  IV,  renunciou 
o  título  de  visconde  em  seu  filho  D.  Diogo,  como  logo  direi. 

Dos  6.°'  viscondes  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  D.  Lourenço  de  Lima  de 
Brito  e  D.  Luísa  de  Távora,  nasceram,  além  de  outros,  os  seguintes  quatro 
filhos: 

i.*^  —  D.  Luís  de  Lima,  i.°  conde  da  vila  dos  Arcos  de  Vai  de  Vez,  «que 


(i)  Consta  tudo  do  liv.  12.0  das  Doações  de  Felipe  /,  fl.  192  v.,  e  do  liv.  iS.»,  fl.  384  v.^ 
«  395  V. 

(2)  Doações  de  Felipe  III,  liv.  i8.%  fl.  182. 


Limas 


9» 


é  do  visconde  seu  pai»,  por  carta  de  9  de  Janeiro  de  1620,  em  sua  vida 
somente  (i),  ampliada  logo  depois  a  concessão  a  mais  duas  vidas  por  alvará 
de  8  de  Fevereiro  seguinte  (2).  '  Ambas  estas  mercês,  além  de  outras,  lhe 
foram  feitas  por  ele  estar  casado  com  D.  Vitória  de  Gardaillac  e  Bourbon, 
dama  da  princesa  D.  Isabel  de  Bourbon.  Os  pais  da  condessa  dos  Arcos 
já  lá  para  trás  ficaram  nomeados.  Morreu  o  conde  dos  Arcos,  que  foi  gentil- 
-homem  da  câmara  de  Felipe  IV,  antes  de  14  de  Setembro  de  i63o(3),  dei- 
xando entre  outros  a  D.  Lourenço  de  Lima,  que  foi  2.°  conde  dos  Arcos  por 
carta  de  14  de  Setembro  de  i63o(4),  e  morreu  solteiro  em  dia  de  S.  Joãa 
de  1Ó47,  segundo  o  seu  epitáfio  na  igreja  de  S.  Lourenço  de  Lisboa  (5);  e  a 
D.  Madalena  de  Bourbon  que  casou  com  D.  Tomás  de  Noronha,  que  foi 
3.**  conde  dos  Arcos  em  verificação  da  última  vida  por  carta  de  10  de  Junho 
de  1662(6),  dando-se-lhe  mais  duas  vidas  no  título  por  carta  de  2  de  Outubro 
de  1668(7).  Deste  casamento  provieram  os  Noronhas  condes  dos  Arcos 
que  hoje  se  acham  extintos  na  varonia,  que  se  conserva  contudo  no  conde 
de  Vila  Nova  da  Cerveira  e  noutros. 

2.°  —  D.  João  de  Lima  que  ficou  servindo  em  Castela,  onde  casara  em 
1639  com  D.  Francisca  Luísa  de  Souto  Maior,  4.^  condessa  de  Crescente;  e 
lá,  com  o  nome  de  D.  João  Fcrnandez  de  Sotomayor  y  Lima,  foi  feito  mar- 
quês de  Tenório  em  i3  de  Julho  de  1644(8).  Foram  pais  de  D.  Fernando 
Yanez  de  Lima  y  Sotomaior,  i.°  duque  de  Sotomayor,  2.°  marquês  de 
Tenório,  que  morreu  sem  filhos  em  1706,  passando  a  casa  a  uma  sua  irmã. 

3."  —  D.  Leonel  de  Lima  que  dizem  casara  em  Flandres  com  Francisca 
de  Gallo,  filha  de  Francisco  de  Gallo,  conde  de  Dion-le-Mont,  de  quem  teve 
a  Carolina  de  Lima,  mulher  de  seu  tio  António  de  Gallo  Salamanca,  e  mãe 
de  João  de  Gallo  Salamanca,  conde  de  Dion-le-Mont,  que  veio  a  Portugal 
com  a  patente  de  coronel  acompanhando  ao  pretendente  D.  Carlos,  e  cá 
morreu  em  Santarém  a  i  de  Julho  de  1704(9). 


(i)  Doações  de  Felipe  II,  liv.  42.",  fl.  2i3. 

(2)  Ibidem,  fl.  212  v. 

(3)  Consta  da  carta  do  título  ao  filho.  —  D.  António  Caetano  de  Sousa  a  pág,  118  da 
vol.XII  da  Historia  genealógica  põe-lhe  a  morte  a  24  de  Junho  de  1647,  emendando  depois,  na 
pág.  XLII  da  segunda  parte  do  mesmo  volume,  para  1637 ;  de  ambas  as  vezes  porém  se  engana^ 

(4)  Doações  de  Felipe  III,  liv.  22.°,  fl.  334  v. 

(5)  Moreira,  Colecção  de  inscrições,  fl.  238. 

(6)  Doações  de  D.  Afonso  F/,  liv.  27.°,  fl.  352. 

(7)  Ibidem,  liv.  20.°,  fl.  329. 

(8)  Dr.  Salazar  de  Mendoza,  Origen  de  las  dignidades  seglares  de  Castilla  y  Leon,^ 
pág.  481  mihi. 

(g)  Sousa,  Historia  genealógica,  vol.  XII,  pág.  120^  onde  lhe  chama  conde  de  Droule^ 
lemont. 


92  Brasões 

4.°  —  D.  Diogo  de  Lima  que  foi  doutor  em  teologia,  e,  abandonando  a 
carreira,  foi,  em  resultado  da  morte  e  ausência  de  seus  irmãos,  feito  7.°  vis- 
conde de  Vila  Nova  da  Cerveira,  titulo  que  seu  pai  nele  renunciou,  e  de 
que  teve  carta  em  26  de  Setembro  de  1646,  recebendo  por  outra  desse 
mesmo  dia  as  honras  de  conde  no  seu  título  (i).  Sucedeu  em  toda  a  mais 
casa  de  seu  pai,  à  qual  reuniu  a  de  Mafra  pelo  seu  casamento  com  a  con- 
dessa viúva  de  Armamar,  D.  Joana  de  Meneses  (2),  representante  dos  condes 
de  Penela,  como  fica  dito  na  pág.  3bg  do  vol.  I. 

Foram  pais  do  8.°,  9.°  e  io.°  viscondes  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  e  avós 
de  D.Tomás  de  Lima  e  Vasconcelos,  ii.°  visconde,  cuja  única  filha,  D.  Maria 
Xavier  de  Lima  e  Hohenlohe,  casou  com  Tombas  da  Silva  Teles,  que  veio  a 
ser  o  12.**  visconde  por  carta  de  6  de  Outubro  de  1721  (3).  Foram  pais  do 
i.°  marquês  de  Ponte  de  Lima  de  juro  e  herdade,  feito  em  17  de  Dezembro 
de  1790(4),  mas  que  só  tirou  carta  em  14  de  Abril  de  1795(6).*  Como  a 
casa  de  Ponte  de  Lima  passasse  pelo  casamento  da  12.*  viscondessa  a  ter  a 
varonia  de  Silva,  já  a  ela  me  referi  a  páginas  me  seguintes,  para  onde  re- 
meto o  leitor. 

Este  ramo,  o  dos  viscondes,  foi  o  principal  dos  Limas.  Nele  contudo 
veio  a  varonia  originária  a  ser  substituída  pela  dos  Britos,  e  ultimamente 
dos  Silvas,  tendo-se  por  fim  extinguido  a  casa,  que  hoje  é  representada  pela 
senhora  marquesa  de  Castelo  Melhor. 


IV 

SENHORES  DE  CASTRO  DAIRE 

O  outro  ramo  notável,  que  a  linhagem  dos  Limas  produziu  em  Portugal, 
foi  o  dos  alcaides  mores  de  Guimarães,  senhores  de  Castro  Daire  por  casa- 
mento.    Apartou-se  êle  do  tronco  na  pessoa  de  Fernand'Anes  de  Lima,  que 


(1)  Doações  de  D.  João  IV,  liv.  17.°,  fl.  288. 

(2)  D.  Joana  de  Meneses,  senhora  da  casa  de  Mafra  e  viscondessa  de  Vila  Nova  da  Cer- 
veira, morreu  a  25  de  Dezembro  de  1654,  e  foi  sepultada  no  convento  de  Santo  António  de 
Ponte  de  Lima  (Frei  Pedro  de  Jesus  Maria  José,  Chronica  da  Conceição,  II,  pág.  3i,  §  5i). 

(3)  Ofícios  e  mercês  de  D.  João  V,  liv.  56.**,  fl.  263. 

(4)  Supplemento  á  Gaveta  de  Lisboa  de  24  de  Dezembro  de  1790. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Maria  I,  liv.  47.",  fl.  276  v.,  sendo  na  carta  apenas  nomeado  vis- 
conde de  Vila  Nova  da  Cerveira  D.  Tomás  de  Lima,  sem  a  ladainha  de  nomes  que  lhe  cos- 
tumam pôr. 


Limas  9? 

se  ficou  depois  chamando  Fernão  de  Lima,  nome  com  que  se  encontra  na 
maioria  dos  documentos.  Foi  filho  segundo  de  Leonel  de  Lima,  posterior- 
mente D.  Leonel  de  Lima,  i."  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira. 

Começou  logo  Fernand'Anes  a  servir  no  paço  na  qualidade  de  moço 
fidalgo,  e  com  a  moradia  de  mil  reais  se  encontra  na  lista  de  1462;  em  1469 
porém  Já  era  cavaleiro  fidalgo  com  dois  mil  seiscentos  e  setenta  e  cinco 
reais,  e  com  este  foro  e  moradia  aparece  ainda  nas  listas  de  1474  e  1484(1). 

No  ano  de  1471  se  decidiu  da  sorte  de  Fernão  de  Lima.  Logo  no  começo 
desse  ano,  estando  já  aprazado  o  dia  22  de  Janeiro  para  o  casamento  do 
príncipe  D.  João,  oito  dias  antes,  a  i5,  nomeou  D.  Afonso  V  em  Santarém 
a  Fernão  de  Lima  para  copeiro  mor  de  seu  filho  e  herdeiro  (2).  Tomou  o 
príncipe  grande  amizade  a  este  seu  criado,  que  o  acompanhou,  não  só  nas 
jornadas  de  Africa  e  Castela,  mas  também  nas  suas  estúrdias  e  rapaziadas 
noturnas.  Em  algumas  destas  ocasiões  teve  D.  João,  que  sabia  apreçar  os 
homens,  ensejo  para  conhecer  o  valor  e  esforço  de  Fernão  de  Lima,  de 
quem  dizia  que  era  um  dos  homens  do  reino,  que,  com  a  espada  na  mão, 
melhor  lhe  pareciam,  e  aquele  de  quem  mais  se  arrecearia  a  cavalo  com 
lança  e  adaga,  e  o  que  escolheria  para  companheiro  em  algum  grande  feito. 
Isto  dizia  D.  João  em  príncipe,  e  o  continuou  proclamando  depois  de  rei,  e 
eram  palavras  merecidas,  pois  que  Fernão  de  Lima,  « além  de  ser  um  dos 
mais  valentes  cavaleiros  do  seu  tempo,  era  mui  grande  cavalgador  e  tão 
desenvolto  a  cavalo,  que  parecia  que  nasceu  na  sela»  (3). 

Foi  um  valente  e  dedicado  amigo  de  D.  João  II,  que  não  só  lhe  confirmou 
o  ofício  de  copeiro  mor  em  9  de  Junho  de  1484(4),  como  lhe  deu  uma  boa 
casa  em  várias  mercês  que  lhe  fez.  Pagou  bem  Fernão  de  Lima  o  favor  e 
valimento,  acompanhando  sempre  a  seu  rei,  que  lhe  deu  ordem  para  andar 
a  seu  lado,  secretamente  armado,  no  tempo  das  traições  dos  duques  e  fidalgos. 
Contra  as  facas  e  punhais  serviria  de  escudo  a  el  Rei  a  valorosa  lealdade  do 
seu  criado  e  amigo;  agora,  contra  a  outra  traição  mais  vil   e  cobarde,  se 


(i)  Encontra-se  tudo  isto  nas  listas  publicadas  por  Sousa  no  vol.  II  das  Provas  da  His- 
toria genealógica. 

(2)  Extras,  fl.  38  v.  —  Ao  copeiro  mor  cumpria,  segundo  reza  a  carta  de  nomeação, 
pôr  no  dito  ofício  um  escudeiro  da  casa  do  príncipe,  qual  lhe  aprouver,  e  de  que  o  príncipe 
seja  contente,  o  qual  escudeiro  em  nome  do  copeiro  mor  servirá  o  ofício;  vinha  a  ser  o 
copeiro  menor.  Ao  copeiro  mor  manda  el  Rei  entregar  a  prata,  vinho,  e  quaisquer  outras 
coisas  que  ao  seu  ofício  pertençam,  e  autoriza-o  a  tirar  e  pôr  não  só  o  dito  copeiro,  como 
os  homens  da  copa,  quando  justo  e  de  razão  fôr,  e  dar  emenda  e  castigo  aos  mesmos 
homens. 

(3)  D.  António  de  Lima,  Nobiliário. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  22.°,  fl.  139  v. 


94  Brasões 

pode  haver  graus  em  tal  crime,  contra  a  do  veneno  (i),  contra  essa  de  nada 
podia  valer  o  generoso  esforço  do  destemido  cavaleiro.  Só  pôde  participar 
da  enfermidade  de  seu  amo,  e  precedê-lo  no  túmulo.  Com  D.  João  II  se 
encontrou  o  copeiro  mor  na  herdade  da  Fonte  Cuberta  nos  princípios  de 
149 1,  quando  a  el  Rei  foi  dada  a  beber  aquela  água,  que  talvez  por  ordem 
ou  anuência,  certamente  com  regosijo  dos  seus  mais  chegados,  estava  enve- 
nenada. Fernão  de  Lima  também  dela  bebeu,  e  no  amo  e  no  criado 
os  sintomas  foram  os  mesmos,  e  o  tempo  de  duração  aproximadamente 
igual  (2). 

Não  se  esqueceu  D.  João  II,  aquele  grande  rei  a  quem  ainda  se  não  fez  ■ 
justiça  completa,  porque  é  preciso  fazer-lha  não  só  como  político,  mas  como 
homem;  não  se  esqueceu  pois  o  Príncipe  Perfeito  mesmo  nos  angustiosís- 
simos dias  de  Alvor,  quando  via  a  morte,  ora  à  sua  beira,  ora  um  nada  afas- 
tada acariciando  vãs  esperanças  fugidas;  quando  se  via  sem  os  seus  mais 
próximos,  a  quem  ainda  o  medo  alongava,  o  ódio  apartava,  e  o  remorso 
proibia  a  vinda,  porque  é  preciso  ser  muito  impudente  o  criminoso  para 
poder  assistir  ao  supremo  transe  da  sua  vítima;  não  se  esquecau  pois  o  mo- 
ribundo, repito,  do  seu  antigo  criado  e  amigo,  alegre  companheiro  da  moci- 
dade, triste  sócio  na  cruel  e  prolongada  agonia. 

Na  véspera  da  morte,  naquele  dia  24  de  Outubro  de  1495,  em  que  tantos 
e  tão  desvairados  pensamentos  acudiriam  ao  espírito  do  desenganado  rei, 
nesse  dia  assinou  ele  um  alvará  em  que  confirmava  ao  filho  mais  velho  do 


(i)  Acerca  do  envenenamento  de  D.  João  II  pode-se  ver  o  que  escrevi  em  três  artigos 
no  Jornal  de  Comercio;  o  primeiro  a  7  de  Setembro  de  1901  intitulado  A  Rainha  D.  Leonor, 
e  os  outros  dois  a  8  e  i3  de  Fevereiro  de  1902,  sob  o  título  de  Envenenado.  Estes  artigos 
e  outros  espero  brevemente  reunir  em  volume. 

Naqueles  mostra-se  que  os  dizeres  dos  cronistas  são  confirmados  pelos  documentos, 
que  claramente  revelam  que  não  foi  só  o  Copeiro  mor  Fernão  de  Lima,  que  morreu  pelos 
mesmos  tempos  que  el  Rei;  o  mesmo  sucedeu  também  a  Estêvão  de  Sequeira,  copeiro  pe- 
queno, e  a  Afonso  Fidalgo,  homem  da  copa. 

(2)  Pina,  Chronica  de  D.  João  II,  pág.  129;  Resende,  Vida  de  D.  João  II,  fl.  81.  —  Os 
sintomas  do  envenenamento  foram  análogos  em  D.  João  II  e  no  seu  copeiro  mor,  que  poucos 
dias  antes  dele  faleceu  «inchado  e  soluto»  como  el  Rei.  E  não  foi  só  o  copeiro  mor;  foi 
também  o  copeiro  Estêvão  de  Sequeira,  e  o  homem  da  copa  Afonso  Fidalgo,  que  ambos 
igualmente  beberam  da  mesma  água.  —  Afonso  Fidalgo  foi  certo  morrer  também  no  ano  de 
1495.  Consta  da  carta  de  quitação  à  sua  mulher  e  herdeiros,  na  qual  se  declara  haver-lhe 
tomado  conta  do  ano  de  94  e  parte  do  de  95  em  que  se  finou.  Ele  então  era  almoxarife  de 
Benavente  e  fora  encarregado  do  corregimento  de  um  paul  por  D.  João  II.  A  carta  é  de  6 
de  Setembro  de  1497  ^  ^^^^  ^^  ^^^'  ^•°  *^°  Guadiana,  fl,  248  v. 

Também  se  passou  carta  de  quitação  a  Estêvão  de  Sequeira  copeiro  que  havia  sido  de 
D.  João  II,  e  esta  também  se  passou  à  viúva  e  herdeiros  em  3  de  Maio  de  1499,  ^^s  não 
declara  os  anos  a  que  se  refere.    Está  no  liv.  de  ExtraSy  fl.  161. 


Limas  95 

seu  copeiro  mor  o  castelo  de  Guimarães,  e  todas  as  mais  tenças  e  dinheiros 
que  êle  da  fazenda  real  tivera  (i).       ^ 

Arrastado  pela  atracção  e  simpatia  que  me  merece  tudo  que  diga  respeito 
a  D.  João  II,  Já  matei  a  Fernão  de  Lima,  já  lhe  pus  sucessor  na  casa,  sem 
nada  do  pouco  mais  que  sei  da  sua  vida  ter  dito.    Voltemos  atrás. 

Nomeado  Fernão  de  Lima  copeiro  mor  do  príncipe  em  147 1,  trataram-lhe 
o  casamento,  para  o  que  lhe  desembargaram  três  mil  coroas,  pagas  a  razão 
de  cento  e  vinte  reais  cada  uma,  por  alvará  dado  em  Évora  a  26  de  Abril 
de  1473  (2).  A  16  de  Março  do  ano  seguinte  já  estava  casado  (3).  Foi  sua 
mulher  D.  Constança  de  Azevedo,  filha  de  Diogo  Lopes  de  Azevedo,  senhor 
de  Aguiar  de  Pena  e  S.  João  de  Rei.  Sobreviveu  ela  muitos  anos  a  seu 
marido,  porém  parece  que  não  casou  segunda  vez  apesar  do  que  os  nobiliá- 
rios dizem,  pois  que  em  i5i3  e  1624  lhe  foram  confirmadas  as  referidas 
duas  mil  coroas  (4),  sendo  ela  de  ambas  as  vezes  apenas  nomeada  mulher 
que  foi  de  Fernão  de  Lima  (5). 

Apesar  de  todas  estas  dádivas  esponsalicias,  que  se  traduziam  em  tenças, 
não  abastavam  os  rendimentos  ao  casal.  Acudiu-lhe  porém  o  pai  de  Fernão, 
Leonel  de  Lima,  que  pediu  a  D.  Afonso  V  para  trespassar  em  seu  filho  os 
foros,  rendas  e  direitos  da  alcaidaria  mor  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  com  a 
condição  de  voltarem  ao  pai  no  caso  de  sobrevivência.  Acede  el  Rei  ao 
pedido,  e  por  carta  dada  em  Samora  a  6  de  Novembro  de  1476  são  consi- 
signados  os  referidos  rendimentos  ao  copeiro  mor  do  príncipe  (6). 

Finalmente  ocupou  o  trono  D.  João  II,  que  no  ano  de  1484  tratou  de 
fazer  casa  ao  seu  dedicado  servidor.  Começou  por  confirmá-lo  em  9  de 
Junho,  como  ficou  dito,  no  ofício  de  copeiro  mor.  Seguidamente,  a  14  de 
Agosto,  em  duas  cartas,  nomeia-o  alcaide  mor,  e  fronteiro  mor  e  capitão  de 
Guimarães;  no  dia  seguinte  faz-lhe  mercê  das  dízimas  da  mesma  vila;  a  18 
determina  que  por  morte  do  visconde  seu  pai,  haja  Fernão  de  Lima  vinte 
mil  reais  brancos  de  tença  com  sobrevivência  para  seu  filho;  e  ainda  no 
mesmo  mês,  a  3i,  faz-lhe  doação  da  terra  de  San  Ceriz.  Em  Novembro,  a 
3o,  dá-lhe  em  Almeirim  uma  tença  de  cinquenta  mil  reais  brancos;  e  final- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  41.°,  fl.  72. 
{2)  Ibidem,  liv.  3i.°,  fl.  70  v.,  e  liv.  41.°,  fl.  81  v. 

(3)  Consta  do  alvará  daquela  data  de  desembargo  a  D.  Constança,  mulher  de  Fernão 
de  Lima,  de  duas  mil  coroas,  a  cento  e  vinte  reais  cada  uma,  de  moto  para  seu  casamento 
{Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  41.°,  fl.  81). 

(4)  No  Livro  das  tenças,  feito  em  Maio  de  i533,  declara-se  na  fl.  18  ser  a  tença  das 
2.000  coroas  paga  a  seus  herdeiros. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  41.»,  fl.  81. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  9.°,  fl.  n . 


^6  Brasões  , 

mente  a  ii  de  Dezembro  autoriza  o  pai  a  trespassar  nele  dez  mil  reais  dos 
cinquenta  mil  da  sua  tença  que  tinha  com  o  título  de  visconde,  e  confirma- 
-Ihe  as  rendas  da  alcaidaria  mor  de  Vila  Nova  da  Cerveira  (i).  Logo  no 
ano  seguinte,  a  i8  do  primeiro  mês,  dá-lhe  D.  João  II  os  direitos  e  rendas 
da  portagem  de  Guimarães;  e  por  último,  a  19  de  Dezembro  de  1488,  nas 
Entradas,  faz-lhe  mercê  das  carnes,  dinheiros  e  rendas  de  Maravide  (sic)  e 
Braga,  e  de  quaisquer  outras  coisas  «  que  nós  tenhamos  e  nos  pertença  haver 
nas  freguesias  de  que  por  esta  nossa  doação  lhe  temos  feito  mercê  em  a  vila 
de  Guimarães  »  (2). 

Para  núcleo  e  princípio  de  casa  já  não  foi  mau  tudo  isto,  que  hoje  repre- 
sentaria um  rendimento  bem  sofrível.  Pouco  tempo  contudo  gozou  dos  seus 
bens  Fernão  de  Lima,  que  entre  outros  filhos  deixou  a  Diogo  Lopes  de  Lima, 
que  lhe  sucedeu,  e  a  D.  Jerónimo  e  D.  João  de  Lima,  capitão  de  Calecut, 
ambos  valentes  soldados,  de  cujas  façanhas  com  devido  louvor  fazam  ampla 
menção  os  historiadores  das  nossas  conquistas. 


Diogo  Lopes  de  Lima,  que  já  em  1494  era  fidalgo  da  casa  de  D.  João  11(3), 
teve  deste  rei  um  alvará  assinado  em  Alvor  na  ve'spera  da  sua  morte,  a  24 
de  Outubro  de  1495,  pelo  qual  lhe  confirmou  o  castelo  de  Guimarães  e  todas 
as  outras  tenças  e  dinheiros  que  seu  pai  Fernão  de  Lima  tivera  da  coroa. 
Apresentado  o  alvará  ao  novo  soberano,  foi  por  este  confirmado  em  Montemor 
o  Novo  em  cartas  de  22  de  Novembro  seguinte  (4).  Em  virtude  destas 
mercês  foi  Diogo  Lopes,  alcaide  mor  de  Guimarães,  senhor  da  portagem  da 
mesma  vila,  das  carnes,  dinheiros  e  rendas  de  Maravide  e  Braga,  e  da  tença 
de  cinquenta  mil  reais,  e  alcaide  mor  das  sacas  da  comarca  de  Entre  Douro 
e  Minho  (5).  Além  disto,  a  23  de  Novembro  de  1496,  recebeu  carta  de  pri- 
vilégio para  seus  caseiros,  amos,  etc.  (6). 

No  ano  seguinte,  por  duas  cartas  ambas  de  28  de  Junho,  lhe  foram  con- 


(i)  Várias  cartas  que  se  encontram  registadas  de  fls.  i38  v.  a  141  do  liv  22.»  da  Chan- 
celaria de  D.  João  II. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  41.°,  fl.  72  e  81. 

(3)  Carta  de  Setúbal  a  7  de  Agosto  de  mercê  de  bens  confiscados  em  Penaguião  [Alem 
Douro,  liv.  i.°j  fl.  168). 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  41.",  fl.  72  e  81.  —  Ainda  tornou  tudo  a  ser  confir- 
mado ao  mesmo  Diogo  Lopes  de  Lima  por  cartas  de  3i  de  Outubro  de  1497,  e  10,  u  e  12 
de  Fevereiro  de  1524  {Ibidem). 

(5)  Esta  contudo  só  lhe  foi  confirmada  a  20  de  Dezembro  de  1499  (Chancelaria  de 
D.  Manuel,  liv.  14.'^  fl.  g3). 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  4.»,  fl.  5,  incluída  na  de  confirmação  de  17  de  P'eve- 
reiro  de  i5a4. 


Limas  97 

firmadas  as  duas  restantes  tenças  de  seu  pai,  uma  de  vinte  mil  reais  e  a 
outra  de  dez  mil(i);  e  por  outra  carta  de  ó'de  Novembro  foí-lhe  convertida 
numa  tença  de  vinte  e  cinco  mil  reais  a  siza  judenga  de  Guimarães  (2).  Em 
i5oi  a  5  de  Outubro  coube  a  vez  à  confirmação  das  três  mil  coroas  do  casa- 
mento do  pai  (3);  e  finalmente,  a  6  de  Fevereiro  de  i5ii,  foi-lhe  dada  mais 
uma  tença  de  vinte  mil  reais  (4). 

Em  todos  estes  documentos  é  Diogo  Lopes  de  Lima  intitulado  fidalgo  da 
casa,  e  em  alguns  alcaide  mor  de  Guimarães;  foi  êle  porém  do. conselho  de 
D.  Manuel  e  D.  João  III,  e  já  na  lista  de  i5i8  aparece  o  seu  nome  entre  os 
dos  cavaleiros  do  conselho  (5),  e  com  a  designação  de  ser  do  conselho  se  en- 
contra nomeado  nos  mais  documentos  que  citarei. 

Em  1622  já  Diogo  Lopes  de  Lima  era  certamente  casado  com  D.  Isabel 
de  Castro  (6);  e  havia  de  ter  tido  lugar  o  casamento  muitos  anos  antes,  pois 
que  seu  filho  D.  Fernando  de  Lima  aparece  como  moço  fidalgo  na  lista  de 
i5i8(7).  D.  Isabel  de  Castro,  ou  D.  Isabel  de  Castro  Pereira,  que  também 
assim  se  encontra  nomeada  em  documentos,  foi  3.^  senhora  de  Castro  Daire 
com  a  jurisdição  cível  e  crime,  e  a  apresentação  de  juizes  e  tabeliães,  o  que 
tudo  lhe  foi  confirmado  por  cartas  de  23  e  24  de  Janeiro  de  i528(8j,  e  admi- 
nistradora do  morgado  de  Airão  e  Canelas  (9).     Era  ela  filha  de  João  Pereira, 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  29.°,  fl.  57  v.,  e  liv.  3o.»,  fl.  8. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  41.",  fl.  81  incluída  na  de  confirmação  de  12  de  Fe- 
vereiro de  1524. 

(3)  Estas  três  mil  coroas  haviam  já  sido  confirmadas  aos  herdeiros  de  Fernão  de  Lima 
por  alvará  de  28  de  Junho  de  1497,  foram-no  agora  a  Diogo  Lopes,  a  quem  tornaram  a  sê-lo 
em  Fevereiro  de  1524.  Ele  depois  trespassou-as  a  sua  filha  D.  Violante  de  Castro  em  casa- 
mento com  Diogo  de  Miranda,  camareiro  mor  do  infante  D.  Henrique,  e  ela  alcançou  carta 
de  padrão  da  tença  respectiva  às  três  mil  coroas  em  17  de  Fevereiro  de  1540  {Chancelaria 
de  D.  João  III,  liv.  41.°,  íi.  81  v.,  e  liv.  3i.»,  ú.  70  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  8.°,  fl.  17. 

(5)  Sousa,  Provas  da  Historia  genealógica.^  vol.  2.°,  pág.  354. 

(6)  Consta  de  uma  carta  de  7  de  Novembro  na  qual  Diogo  Lopes,  alegando  que  João  Pe- 
reira seu  sogro  tinha  de  el  Rei  a  terra  de  Castro  Daire,  que  rendia  em  cada  ano  uns  vinte  e 
dois  mil  reais  de  foro,  a  qual  havia  de  herdar  o  filho  Diogo  Pereira,  pede  a  el  Rei,  que  lhe 
defere,  para  que  D.  Isabel  possa  suceder  ao  irmão  caso  este  morra  sem  descendência  legí- 
tima {Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.»,  fl.  52,  e  liv.  38.°,  fl.  43  v ). 

(7)  Sousa,  Provas,  vol.  2.°,  pág.  365. 

(8j  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.°,  fl.  52  e  57. 

(9)  Este  morgado  foi  instituído  por  João  Pereira,  fidalgo  da  casa  de-  el  Rei,  senhor  de 
Castro  Daire,  por  escritura  lavrada  em  Guimarães,  na  sua  casa  na  rua  Escura,  a  11  de  Junho 
de  1526,  e  foi  aprovado  e  confirmado  por  el  Rei  em  8  de  Novembro  de  .1527,  O  morgado, 
de  que  era  cabeça  a  quinta  de  Airão  no  termo  de  Guimarães,  compreendia  muitos  prédios, 
e  entre  eles  também  a  quinta  de  Canelas  no  lêrmo  de  Viseu;  dele  foram  nomeados  pelo 

VOL.  Ill  l3 


98  Brasões 

fidalgo  da  casa  de  el  Rei,  2."  senhor  de  Castro  Daire  e  instituidor  do  mor- 
gado de  Airão,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  de  Castro  (i),  e  neta  de  Fernão 
Pereira,  cavaleiro  fidalgo  do  duque  de  Bragança,  alcaide  mor  de  Guimarães 
e  1.°  senhor  de  Castro  Daire,  que  lhe  deu  D.  Afonso  V  em  4  de  Julho  de 
1449(2).  Sucedeu  D.  Isabel  na  casa  em  virtude  da  concessão  referida  feita 
por  el  Rei  a  seu  marido  em  1622,  e  por  ter  falecido  sem  filhos  ainda  em 
vida  do  pai  seu  irmão  Diogo  Pereira,  que  já  era  morto  em  16  de  Julho  de 
1626,  como  consta  de  um  instrumento  feito  em  Guimarães  nesta  data,  pelo 
qual  se  sabe  também  que  João  Pereira  já  era  outrosim  falecido,  pois  se 
declara  que  sobrevivera  seis  meses  ao  filho  (3).  Morreu  portanto  João  Pe- 
reira entre  1 1  de  Junho,  data  da  instituição  do  vínculo,  e  26  de  Julho  de  1626, 
e  o  filho  aí  por  Dezembro  ou  Janeiro  precedentes. 

Tendo  D.  Isabel  sucedido  já  no  senhorio  de  Castro  Daire,  foi  dado  a  seu 
marido  um  alvará  a  5  de  Fevereiro  de  i528  para  ele,  durante  a  vida  dela, 
poder  nomear  os  juízes  daquela  terra,  ampliada  a  concessão  aos  tabeliães 
por  carta  de  29  de  Abril  do  mesmo  ano  (4).  A  vila  de  Castro  Daire  tinha 
vários  privilégios  concedidos,  por  D.  Denis,  e  entre  eles  o  de  nenhum  rico 
homem  nem  prestameiro  poder  lá  poisar;  foram-lhe  agora  confirmados,  re- 
vogando-se  aquela  restrição  a  favor  da  pessoa  que  houvesse  a  terra,  por 
carta  de  i3  de  Julho  de  1529  (5).     Ainda  por  outra  desse  mesmo  ano,  a  8 


instituidor  primeiros  administradores  sua  filha  e  genro  com  reversão  de  um  para  o  outro,  e 
aos  futuros  possuidores  se  lhe  impôs  a  obrigação  dos  apelidos  de  Lima  Pereira  (Chancelaria 
de  D.  João  III,  liv.  14.°,  fl.  53  v.). 

(i)  Na  casa  do  capítulo  do  convento  de  S.  Domingos  de  Guimarães  foi  ela  sepultada 
com  este  letreiro  na  campa :  Aqui  a  mJo  virtuosa  SJ^  D.  M.^  de  Castro  m.^r  que  foi  do 
S.r  João  P.r^  Senhor  de  Castro  Dairo,  e  Jazerá  até  quando  D.s  quiser,  q.  obiit  anno  Dni  j5i4 
(Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  144). 

(2)  A  terra  de  Castro  Daire  foi  dada  de  juro  e  herdade  com  ambas  as  jurisdições  por 
D.  Afonso  V  na  data  apontada  a  Fernão  Pereira;  depois,  nos  paços  de  Sintra  a  i3  de  No- 
vembro de  1461,  deu-lhe  o  mesmo  rei  a  nomeação  dos  tabeliães  da  vila;  e  finalmente  a  3o  de 
Outubro  de  1475,  em  Samora,  privilégio  para  pôr  os  juízes  na  sua  terra.  A  10  de  Setembro 
de  1495  foi  tudo  confirmado  ao  mesmo  Fernão  Pereira  por  D.  João  II,  e  em  i3  de  Março 
de  1497  PO'"  ^-  Manuel.  A  Fernão  sucedeu  seu  filho  João  Pereira,  a  quem  as  precedentes 
doações  foram  confirmadas  por  cartas  de  10  e  i5  de  Maio  de  i5io  e  12  de  Abril  de  i5n. 
Consta  tudo  do  liv.  14."  da  Chancelaria  de  D.  João  II,  fl.  52  e  57. 

Estes  Pereiras  de  Castro  Daire  eram  parentes  dos  duques  de  Bragança,  não  por  descen- 
derem do  Barbadão  de  Veiros,  o  qual,  conforme  um  documento  (Provas  da  Historia  Genea- 
lógica, vol.  I,  pág.  394,  n.°  12),  não  foi  avô  materno  do  i."  duque;  mas  sim  pelo  casamento 
daquele  Fernão  Pereira  com  Maria  Ribeira  «  minha  parenta  »  como  declara  o  duque  num 
alvará  de  3  de  Maio  de  1447  (Historia  genealógica,  vol.  VI,  pág.  671). 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.°,  fl.  52. 

(4)  Ibidem,  fl.  57  e  91. 

(5)  Ibidem,  liv.  48.",  fl.  46  v.  —  Aí  vêm  transcritas  duas  cartas  de  D.  Denis:  uma  dada 


Limas  gg 

de  Outubro,  foram  concedidas  certas  isenções  ao  ouvidor  do  senhor  da 
terra  (i).  .        . 

Continuou  Diogo  Lopes  de  Lima  no  conselho  de  D.  João  III,  a  quem  se 
dirigiu  na  qualidade  de  alcaide  mor  de  Guimarães,  expondo-lhe  a  dificuldade 
em  que  às  vezes  o  punha  o  regimento  e  ordenação  da  alcaidaria.  Ele  era 
obrigado  a  apresentar  em  câmara  nove  pessoas  para  delas  escolherem  o  que 
havia  de  servir  de  alcaide  por  três  anos,  e  nenhum  desses  indivíduos  havia 
de  ser  solteiro,  por  ser  contra  a  ordenação;  ora  podia  suceder  ele  apresentar 
algum  deste  estado,  e  não  o  aceitarem;  pedia  portanto  a  el  Rei  que  orde- 
nasse que  fossem  todos  aceitos  posto  que  algum  solteiro  fosse.  Concede-o 
el  Rei  por  carta  de  21  de  Abril  de  i53o(2). 

Em  i523  sucedeu  um  caso  notável  (3),  e  que  podia  ter  tido  graves  conse- 


na  Guarda  a  1 1  de  Agosto  da  era  de  i333  (1295)  em  que  el  Rei  arrenda  aos  juízes,  povo  e 
concelho  do  julgado  de  Castro  Daire  por  quinhentas  libras  de  Portugal  todas  as  suas  direi- 
turas, salvo  a  colheita;  e  a  outra  dada  no  Porto  a  21  de  Julho  da  era  de  1346  (i3o8)  para 
os  do  julgado  lhe  darem  mais  certas  propinas. 

(i)   Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  48.°,  fl.  94  v. 

(2)  Ibidem^  liv.  42.°,  ti.  i25. 

(3)  Não  se  pode  duvidar  de  ter  realmente  sucedido  qualquer  coisa  grave  resultado  da 
desavença  entre  o  bispo  do  Funchal  e  Diogo  Lopes  de  Lima ;  temos  porém  de  pôr  o  sucesso 
não  no  ano  de  i523,  mas  sim  no  ano  de  1524.  Neste  a  25  de  Janeiro  escreve  do  Porto 
Gaspar  de  Figueiredo  a  el  Rei,  dando-lhe  parte  da  desavença,  e  pedindo  a  S.  Al.  lhe  man- 
dasse dizer  o  que  era  de  seu  serviço,  caso  eles  e  os  seus  partidos  viessem  a  tomar  armas, 
como  se  dizia  {Corpo  chronologicoy  mac.  29,  doe.  14,  e  pág.  378  do  vol.  IV  das  Obras  do 
Cardial  Saraiva).  —  Segue  a  carta  que  por  muito  interessante  transcreverei:  , 

«Até  agora  não  dei  conta  a  V.  A.  da  diíierença  do  bispo  do  Funchal  com  Diogo  Lopes 
de  Lima,  porque,  havendo  respeito  á  causa  delia,  e  assim  também  a  intervir  em  concórdia 
o  arcebispo  de  Braga,  que  trabalha  muito  nisso,  cuidei  que  cessasse  logo.  E  agora  que 
vejo,  que  cada  dia  vai  crescendo  em  vulto,  ainda  que  por  ventura  não  fundirão  tanto  como 
cuidam,  pareceu-me  coisa  obrigatória  escrever  a  V.  A.  o  que  disto  sei  e  oiço,  posto  que, 
assim  o  bispo,  como  Diogo  Lopes,  vivam  e  estejam  fora  dos  logares  d'esta  comarca  possam 
entrar;  e  porem.  Senhor,  porque,  indo  isto  adiante,  não  podia  deixar  de  se  fazer  algum  mal, 
escolhi  por  menos  erro  fazer  a  V.  A.  o  que  passa  acerca  disto,  que  calar-me  sem  lh'o  noti- 
ficar, ainda  que  o  corregimento  d'isso  não  toque  ao  cargo  que  V.  A.  manda  que  tenha  por 
agora  n'esta  comarca. 

«  O  principio  da  differença,  segundo  se  diz  geralmente,  foi  sobre  uma  conezia  da  egreja 
de  Guimarães,  as  quaes  fconepas),  assim  o  cabido  como  o  prior  (o  bispo  era  então  Dom  Prior 
de  Guimarães),  distinctamente  confirmam;  e  porque  o  bispo  tinha  já  dadas  duas,  ou  mais, 
e  o  cabido  a  seu  rogo  consentiu  n'isso,  querendo-se  entregar  o  dito  cabido  de  outras  tantas, 
confirmou  um  filho  de  Diogo  Lopes  em  uma  conezia,  que  então  vagara,  sem  o  notificar  ao 
bispo,  o  qual  dizem,  que  recebeu  d'isso  desprazer,  pela  ter  já  dada  a  um  creado  seu,  Diogo 
Lopes,  tanto  que  soube  sua  tenção,  veio-se  a  Braga,  e  d'ahi  escreveu  ao  bispo  por  um  es- 
cudeiro seu  creado,  pedindo-lhe  a  dita  conezia  para  seu  filho.  E,  porque  duvidou  de  lh'a 
dar,  mandou  um  notário  de  Braga  para  dar  fé  de  uma  appelação,  que  o  dito  seu  creado,  em 


loò  Brasões 

qíiências,  se  não  há  exagero  em  quem  a  conta  (i).    Transcreverei  do  Nobi- 
liário citado: 

a  Este  Diogo  Lopes  de  Lima,  alcaide  mór  de  Guimarães,  teve  umas  diffe- 
renças  com  o  bispo  do  Funchal  D.  Diogo  Pinheiro,  que  era  também  prior 
de  Guimarães  e  de  Barcellos  e  vigário  de  Thomar,  sobre  uma  conezia  de 
Guimarães,  em  que  os  cónegos  e  cabido  apresentaram  a  D.  Manuel  de  Lima 
seu  filho  segundo.  O  bispo  houve  paixão  dos  cónegos  não  apresentarem 
quem  elle  queria,  e  de  traçarem  mais  a  parte  do  dito  Diogo  Lopes  de  Lima 
que  á  sua.  E  sobre  citações  e  outras  coisas,  que  sobre  isto  succederam, 
vieram  a  tamanho  rompimento,  que  o  bispo  se  fez  forte  em  a  villa  de  Bar- 
cellos com  Henrique  Pinheiro  seu  sobrinho,  alcaide  mór  da  dita  villa,  e 


nome  do  cabido,  havia  de  intimar  de  tudo  o  que  o  dito  bispo  mandasse  sobre  a  dita  conezia, 
não  lh'a  querendo  conceder. 

«  O  bispo,  ao  tempo  que  elles  chegaram  a  sua  casa  em  Barcellos,  estava  em  uma  ca- 
mará, e  com  elle  um  sobrinho  seu;  e,  depois  de  ler  a  carta  de  Diogo  Lopes,  pediu  papel 
para  lhe  responder;  e  o  escudeiro,  como  viu  seu  propósito,  começou,  como  procurador  do 
cabido,  fazer  seu  officio,  e  o  escrivão,  que  estava  á  porta,  vendo  isto,  entrou  para  dentro. 
O  bispo,  como  viu  a  cilada,  lemetteu  a  uma  dagua  (adaga)  do  sobrinho,  e  deu  um  golpeou 
dois  por  um  braço  ao  notário,  e  se  lh'a  não  tiraram  das  mãos  íizera  mais  damno.  Acudiram 
a  esta  volta  os  seus,  e  trouxeram  o  escudeiro  pelos  cabellos  a  rasto  um  pedaço,  e  outro 
tanto  dizem  que  fez  o  bispo  ao  notário.  (;  Era  tim  pastor  de  almas  evangélico  este  bispo !) 
Assim  se  tornaram  ambos  a  partir  para  Braga,  onde  o  dito  Diogo  Lopes  ficara  esperando, 
o  qual,  como  soube  o  que  passara,  se  foi  logo  a  casa  de  Leonel  de  Abreu  a  Regalados,  e 
dahi  se  foram  ambos  a  ver  com  o  Visconde  (de  Vila  Nova  da  Cerveira);  e  d'esta  ida  pro- 
cedeu dizer-se,  que  ajuntavam  gente. 

«Isto  é,  Senhor,  o  que  se  diz  geralmente,  E  o  que  eu  sei,  é  que  d'esta  cidade  foram 
muitas  armas  emprestadas  para  o  bispo,  e  muitas  se  vêem  aqui  buscar,  e  outras  trazem  de 
fora  a  limpar  e  correger. 

«  Dois  escudeiros  servidores  do  bispo  me  disseram,  que  sua  tenção  era  ir  a  Guimarães 
com  cento  e  cincoenta,  ou  cento  e  sessenta,  de  cavallo,  e  que  para  este  caminho  convidava 
seus  parentes,  amigos,  e  servidores;  e  outro  tanto  se  diz  que  Diogo  Lopes  fará. 

«  E  posto,  Senhor,  que  me  parece  que  não  hão  de  vir  a  rompimento  algum,  porque 
pode  ser  que  não  quererão  que  se  cuide  isto  d'elles;  e,  havendo  ahi  algum  ajuntamento, 
não  pôde  ser  sem  muita  gente  das  terras  e  jurisdicção  em  que  os  corregedores  d'esta  comarca 
entendem,  terei  em  mercê  a  V.  A.  escrever- me,  acontecendo-se  isto,  o  que  farei.  A  saber: 
se  irei  ás  terras  do  Duque  (de  Bragança)  acompanhado,  ou  só,  sem  os  officiaes  d'esta  cor- 
reição, fazer  requerimento  da  parte  de  V.  A.,  assim  ao  bispo,  como  a  Diogo  Lopes,  que  des- 
façam o  dito  ajuntamento;  ou  se  somente  atalharei,  ou  procederei  contra  os  fidalgos  e  pes- 
soas desta  comarca,  que  entrarem  n'este  alvoroço.  E  em  tudo  me  mande  V.  A.  o  que  hei 
de  fazer,  com  brevidade,  porque  de  um  dia  para  o  outro  pôde  succeder  coisa,  que  seja  neces- 
sário saber  o  que  V.  A.  mais  ha  por  seu  serviço. 

«  Nosso  Senhor  accrescente  a  vida,  e  o  estado  real  a  V.  A.,  como  deseja.  Do  Porto  25 
dias  de  janeiro  de  524  annos.  —  Criado  de  V.  A.  —  Gaspar  de  Figueiroa». 

(i)  D.  António  de  Lima,  filho  do  próprio  Diogo  Lopes  de  Lima,  no  seu  Nobiliário. 


Limas  lor 

outros  parentes  e  amigos,  aos  quaes  o  dito  Diogo  Lopes  determinou  ir  buscar 
a  Barcellos,  e  dar-lhes  batalha  se  lhe  abrissem,  e  a  cercar,  se  se  encastel- 
lassem. 

« Para  isso  se  ajuntou  a  mais  gente,  que  em  tão  pouco  tempo  se  pôde 
aperceber,  assim  de  cavallo  como  de  pé,  porque  lhe  acudiu  logo  João  de 
Mello  de  Sampaio,  dom  abbade  de  Pombeiro,  com  trinta  de  cavallo  e  muitos 
peões,  como  visinho  mais  chegado;  e  o  visconde  D.  Francisco  de  Lima  seu 
primo;  Leonel  de  Abreu,  senhor  de  Regalados,  seu  sobrinho;  Fernão  de 
Sousa,  senhor  de  Gouveia,  primo  com  irmão  de  sua  mulher;  João  Rodrigues 
de  Sá,  alcaide  mór  do  Porto,  D^  Manuel  de  Azevedo,  seu  primo  com  irmão 
de  sua  mulher;  António  de  Azevedo,  senhor  de  S.  João  de  Rei  e  Bouro; 
Pêro  da  Cunha,  senhor  de  Celorico  de  Basto;  e  António  Pereira,  senhor  de 
Cabeceiras  de  Basto  e  de  Lamegal,  que  Pedro  da  Cunha  Coutinho  por  sua 
muita  velhice  mandava.  De  Gallisa  vinha  com  trinta  homens  d'armas  D.  João 
Sarmienio,  senhor  de  Salvatierra,  D.  Pedro  de  Sotomayor  com  outros,  e 
D.  Pedro  Bernardez  de  Castro,  Diogo  Alvarez  de  Sotomayor  e  outros  muitos 
senhores  daquelle  reino.  Até  Remir  Nunez  de  Gusman',  do  de  Leão,  se 
apercebeu.  Mandaram-se  todos  elles  oííerecer  para  vir,  por  serem  estes 
senhores  parentes  dos  Limas. 

«  E  por  não  serem  bastantes  para  resistir  a  tanto  poder  os  corregedores 
€  justiças,  se  poz  no  meio  com  todo  seu  poder  o  arcebispo  de  Braga  D.  Diogo 
de  Sousa  e  Vasconcellos,  e  tanto  fez  que  os  concertou  e  poz  em  concórdia, 
com  nome  de  tão  singular  prelado,  de  tanta  autoridade,  que  nenhum  do  seu 
tempo  em  Hespanha  lhe  ganhou,  e  poucos  egualaram. 

a  Esta  lembrança  se  poz  aqui  por  serem  estas  as  mores  assomadas,  ajun- 
tamentos de  fidalgos  e  gente  de  guerra  que  se  viu  n'estes  reinos  de  muitos 
annos.  O  que  foi  o  anno  de  i523,  reinando  el-rei  D.  João  III,  nosso  senhor, 
que  usando  da  sua  virtude  e  mansidão  lhes  perdoou  livremente  pelo  muito 
amor  e  affeição  que  tinha  a  D.  Fernando  de  Lima,  que  se  achou  com  seu 
pai,  e%pelo  muito  que  n'isso  fez  o  conde  da  Castanheira,  que,  como  muito 
parente  de  ambas  as  partes,  fez  que  se  apaziguasse  tudo». 

Diogo  Lopes  de  Lima  ainda  era  vivo  em  princípios  de  1540(1);  D.  Isabel 
■de  Castro  sua  mulher  havia-o  precedido  porém  no  túmulo,  pois  que  em  i5 
•de  Fevereiro  de  i536  já  a  seu  filho  fora  confirmada  a  sucessão  no  senhorio 
■de  Castro  Daire  (2). 

Destes  cônjuges  foram  filhos  entre  outros  os  três  seguintes: 

í."  —  D.  Fernando  de  Lima  que  foi  4.°  senhor  de  Castro  Daire  por  carta 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3i.°,  fl.  70  v. 
(2)  Ibidem,  liv.  38.°,  fl.  48  v. 


102  Brasões 

de  confirmação  dada  depois  do  falecimento  de  sua  mãe  em  i5  de  Fevereiro- 
de  .i535(i).  Não  herdou  porém  a  casa  de  seu  pai,  porquanto  morreu  em 
sua  vida  em  Julho  ou  Agosto  de  1637,  sendo  capitão  de  Ormuz  (2).  Suce- 
deu-Ihe  no  senhorio  seu  filho  maior  D.  Diogo  Lopes  de  Lima,  5."  senhor  de 
Castro  Daire,  de  que  teve  confirmação  em  Fevereiro  de  1542  (3).  Morreu 
em  4  de  Agosto  de  1678  na  batalha  de  Alcácerquibir,  não  deixando  filhos  (4),. 
pelo  que  vagou  o  senhorio  para  a  coroa,  e  Felipe  II  fez  dele  mercê  em  i58i 
a  seu  tio  D.  António  de  Lima,  como  direi. 

2."  —  D.  Manuel  de  Lima,  o  tal  cónego  apresentado  de  Guimarães  por 
causa  de  quem  houve  o  motim  referido.  Largou  a  vida  eclesiástica,  fez-se 
soldado,  combateu  valorosamente  na  índia  onde  foi  capitão  mor  de  armadas 
no  governo  de  D.  João  de  Castro,  e  com  esforço  não  menor  tratou,  come- 
tamos outros,  de  fazer  por  lá  fortuna,  com  a  qual  regressou  ao  reino,  onde 
adquiriu  a  capela  mor  do  convento  de  S.  Francisco  de  Lisboa  para  seu. 
jazigo.  Lá  foi  sepultado  da  parte  da  epístola  na  parede  onde  se  viam  trcs 
figuras  de  pedra  em  seus  nichos,  abertos  entre  quatro  colunas,  e  um  escuda 
com  estas  armas:  terçado  em  pala,  o  i.°  palado  de  seis  peças,  o  2."  cortada 
de  um  leão  sobre  três  faxas  enxequetadas  de  três  tiras,  o  3.°  cortado  das 
três  faxas  sobre  o  leão.  E  o  epitáfio  dizia:  Aqui  ja^  D.  Manuel  de  Lima 
filho  de  Diogo  Lopes  de  Lima  do  Conselho  dos  Reis  D.  Manuel  e  D.  Joam^ 
Senhor  de  Castro  Daire,  e  Alcaide  mor  de  Guimarães  e  de  D.  Isabel  de 
Castro  Per-eira  sua  mulher  j  ,  o  qual  D.  Manuel  sérvio  25  annos  na  índia, 
quasi  todos  de  Capitão;  os  esforçados  feitos  que  fe\  no  Cerco  de  Callecuty 
na  guerra  de  Cai?ibaia,  na  gram  batalha  de  Dio,  e  em  outras  partes  as 
Chronicas  o  di:{em;  esta  Capella  mor  he  sua,  tem  hUa  missa  cada  dia  por 
sua  alma,  e  com  o  remanescente  de  sua  fa'{enda,  que  forão  mais  de  14  mil 
anisados  se  acabou  esta  Igreja.  Faleceu  a  14  de  Março  de  i568  annos  {b). 
Este  D.  Manuel  de  Lima  foi  o  que  teve  o  desafio  com  Pantaleão  de  Sá  na 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv  38.",  fl.  48  v. 

(2)  Diogo  do  Couto,  Década  quintay  fl.  48  mihi. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  JIJ,  liv.  38.",  fl.  43  v. 

(4)  [D.  Diogo  Lopes  de  Lima  casou  por  i554  com  D.  Helena  de  Sousa,  filha  única  de 
Tomé  de  Sousa,  primeiro  governador  geral  do  Brasil,  a  qual  faleceu  pouco  antes  de  Feve- 
reiro de  1612  sem  ter  tornado  a  casar.  Isto  consta  dos  documentos  publicados  na  Revista 
de  História,  volumes  3  e  4.  —  Nota  da  revisão]. 

(5)  Montês  Matoso,  Memorias  sepulchraes  do  convento  de  S.  Francisco  de  Lisboa,  fl.  35 
e  35  V.,  até  onde  está  o  traço  no  texto,  e  daí  para  baixo  em  Sousa,  Memorias  sepulchraes, 
fl.  80.  —  Advertirei  que  o  P.  Montês  se  enganou  ao  copiar,  e  escreveu  D.  João  em  vez  de 
D.  Manuel  de  Lima,  e  não  concluiu  o  epitáfio  por  estar  encoberto  o  resto  com  o  presbitéria 
que  se  fizera  de  novo. 


Limas  io3 

praia  de  Belém;  assim  lacònicamente  o  leio  no  Nobiliário  de  Diogo  Gomes 
de  Figueiredo. 

3.°  —  D.  António  de  Lima,  que  depois  se  chamou  D.  António  de  Lima 
Pereira.  É  o  autor  do  famoso  Nobiliário.  Nos  seus  primeiros  anos  foi 
destinado  para  a  vida  eclesiástica,  e  tanto  que  por  alvará  de  28  de  Agosto  e 
carta  de  14  de  Setembro  de  i525  foi  apresentado  na  igreja  de  Airão  no  arce- 
bispado de  Braga  (1).  Em  i53o  era  abade  da  igreja  de  S.  Pedro  de  Castro 
Daire,  o  que  consta  por  uma  carta  de  4  de  Maio  em  que  se  manda  coutar  o 
Poço  dos  Monges,  no  rio  da  ribeira  de  Paiva  junto  à  dita  vila  (2). 

Abandonou  posteriormente  a  carreira  eclesiástica,  e  foi  alcaide  mor  de 
Guimarães,  que  venceu  por  sentença,  alcançando  juntamente  com  a  renda 
da  alcaidaria,  a  da  portagem  e  dizima  das  sentenças  da  mesma  vila,  pelo 
que  fizera  preito  e  homenagem  ao  duque  de  Guimarães  D.  Duarte.  Por 
morte  deste  senhor  passou  o  senhorio  da  vila  para  a  coroa,  e  D.  Sebastião 
por  carta  de  2  de  Maio  de  iSyS  confirmou  a  alcaidaria  mor  a  D.  António  de 
Lima  (3).  A  demanda  sobre  a  alcaidaria  havia  de  ter  sido  entre  D.  António 
e  seu  sobrinho  D.  Diogo  Lopes  de  Lima,  que  pretenderia  suceder  ao  avô. 

Foi  também  D.  António  6.°  senhor  de  Castro  Daire  depois  da  morte  do 
sobrinho,  senhorio  que  foi  confirmado  de-  juro  e  herdade  em  18  de  Agosto 
de  i58i  a  D.  António  de  Lima  Pereira,  do  conselho  de  el  Rei,  podendo-lhe 
suceder  sua  filha  maior  legítima,  visto  ele  não  ter  ao  tempo  filho  varão  legí- 
timo (4).  Análoga  concessão  lhe  foi  feita  por  alvará  de  16  de  Fevereiro  de 
i582  com  respeito  à  alcaidaria  mor,  pois  que  por  ele  foi  autorizado  a  no- 
meá-la em  filho  ou  filha,  sucedendo-lhe  neto  e  bisneto  do  nomeado  (5). 

Tinha  D.  António  de  Lima  a  alcunha  do  Riscado,  e  deixou  duas  filhas, 
<:om  uma  das  quais,  D.  Ana,  a  segunda,  casou  clandestinamente  D.  António 
de  Ataíde,  levando  o  pároco  enganado  à  grade  do  Salvador,  onde  ela  estava 
recolhida  (6). 

Foi  D.  António  de  Lima  sepultado  na  capela  mor  de  S.  Francisco  de 
Lisboa,  pondo-se-lhe  este  epitáfio:  Sepultura  de  D.  António  de  Lima,  do 
Conselho  dos  Reys  D,  Sebastião,  Dom  Henrique,  e  Dom  Felippe  Alcaide 
mór  de  Guimaraens,  Senhor  de  Castro  Dairo,  ao  qual  Jicou  a  administração 
desta  Capella  mór,  que  he  de  D.  Manuel  de  Lima,  seu  irmão,  para  se  haver 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  i3.»,  fl.  5i. 

(2)  Ibidem,  liv.  52.°,  fl.  188  v. 

(3)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  42.°,  fl.  20. 

(4)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  25.°,  fl.  122. 

(5)  Ibidem,  liv.  23.»,  fl.  271  v. 

(6)  Livro  de  familias  escripto  por  António  Portocarrero  que  o  trasladou  dos  livros  de 
D.  Francisco  de  Meneses,  na  Torre  do  Tombo,  Ms.  21-E-ii. 


104  Brasões 

de  continuar  em  seus  descendentes,  e  todos  podem  ter  nesta  Capella  suas  se- 
pulturas, faleceo  a  i8  de  Setembro  de  i582  (i). 

Casou  D.  António  com  D.  Maria  de  Vilhena,  de  quem  deixou  duas  filhas: 
D.  Isabel  de  Lima,  que  pouco  tempo  sobreviveu  a  seu  pai;  e  D.  Ana  de 
Lima,  a  quem  logo  me  referirei.  Teve  D.  António  vários  filhos  bastardos, 
e  entre  eles  o  famoso  D.  Paulo  de  Lima  Pereira  cuja  vida  escreveu  Diogo 
do  Couto  (2). 

D.  Ana  de  Lima  Pereira  foi  7.*  senhora  de  Castro  Daire  por  carta  de 
confirmação  de  7  de  Outubro  de  1 593(3),  senhora  da  alcaidaria  mor  de  Gui- 
marães confirmada  ao  marido  por  carta  de  6  de  Fevereiro  do  mesmo  ano  (4), 
e  ultimamente  condessa  de  Castro  Daire.  Foi  casada  com  D.  António  de 
Ataíde,  i."  conde  de  Castro  Daire  por  carta  de  20  de  Junho  de  1625  (5),  e 
5.°  conde  da  Castanheira,  que  foi  governador  do  reino  com  o  conde  de  Vai 
de  Reis  de  14  de  Agosto  de  i63i  a  i  de  Abril  do  ano  seguinte,  e  sozinho 
desde  então  até  Maio  de  i633  em  que  tomou  posse  de  presidente  da  mesa 
da  consciência  (6).  Morreu  a  14  de  Dezembro  de  1647,  ^  ^^^  sepultado  na 
capela  mor  da  igreja  de  S.  Francisco  de  Lisboa  com  este  epitáfio:  D.  An- 
tónio de  Athaide  D.  Antonii  IL  Comitis  de  Castanheira  ac  D.  Barbarce  de 
Lara  Filice  D.  Petri  de  Meneses  III  Marchionis  de  Villa  Real  Nepoti,  Con- 
jugi  D.  Anna^  de  Lima  D.  Antonii  de  Lima  ac  D.  Marice  de  Vilhena  Filice 
hceredi,  posterisque  eorum  ob  administrationis  successionem  jus  sepeliendi  in 
Capella  maiori  Capitulum  Provinciale  dejinipit,  Summus  Pontifex  robô- 
ravit.  CID.IDC.IX{-]). 

Estava  escrito  nos  azulejos  da  parede  da  capela  mor  do  lado  do  evan- 


(i)  Sousa,  Historia  genealógica,  vol.  VIII,  pág.  3  das  Advertências. 

(2)  Vida  de  D.  Paulo  de  Lima  Pereira  Capitam  mór  4^  armadas  do  Estado  da  índia, 
onde  por  seu  valor,  e  esforço  nas  batalhas  de  mar  e  terra,  de  que  sempre  conseguio  gloriosas 
victorias,  foy  chamado  o  Hercules  Portugue^.  Author  Diogo  do  Couto  Chronista  e  guarda 
jnór  da  Torre  do  Tombo  do  Estado  da  índia,  bem  conhecido  por  suas  Décadas. ..  Lisboa, 
1765. 

(3)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  25.",  fl.  122. 

(4)  Ibidem,  liv.  23.",  fl.  271  v. 

(5)  A  D.  António  de  Ataíde,  do  meu  conselho  e  capitão  geral  da  armada  do  reino,  aten- 
dendo aos  seus  serviços  e  ao  que  padeceu  no  negócio  sobre  a  perda  da  nau  da  índia,  que 
os  inimigos  queimaram,  em  que  se  verificou  que  não  teve  culpa  e  que  cumpriu  com  suas 
obrigações,  mercê  do  título  de  conde  da  sua  vila  de  Castro  Daire  até  que  herde  outro  qual- 
quer que  lhe  pertença,  etc,  dada  a  20  de  Junho  de  1625  {Doações  de  D.  Felipe  III,  liv.  i5.% 
fl.  142).  —  D.António  de  Ataíde,  denunciando  na  Inquisição  a  17  de  Agosto  de  1 596,  declarou 
então  ser  de  trinta  e  dois  anos  de  idade  (Archivo  histórico  portuguez,  IX,  pág.  475). 

(6)  João  Pedro  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  II,  pág.  198,  e  vol.  3.",  parte  II,  pág.  2i3  mihi, 

(7)  Montês  Matoso,  Memorias  sepulchraes,  fl.  35  v. 


Limas  io5 

gelho,  em  frente  do  túmulo  de  D.  Manuel  de  Lima,  e  no  plano  da  capela 
viam-se  mais  estes  dois  letreiros:  Sepultura  de  D.  António  de  Lima  (havia  de 
ser  Ataíde  que  lá  estava)  e  D.  Atuía  de  Lima  sua  mulher;  e  o  outro:  D.  An- 
tónio de  Ataide  e  D.  Anna  de  Lima  sua  mulher,  como  administradores  per- 
pétuos desta  Capella  mandarão  fa^er  esta  sepultura,  em  a  qual  se  poderão 
enterrar  os  mais  Administradores  que  delles  descenderem,  e  suas  mulheres 
e  Jilhos-familias  ( i ) . 

Os  condes  de  Castro  Daire  e  da  Castanheira,  provenientes  de  D.  António 
de  Ataíde  e  D.  Ana  de  Lima,  extinguiram-se  na  varonia,  passando  a  casa 
para  os  marqueses  de  Cascais,  e  destes  para  os  de  Niza. 


Por  tudo  quanto  fica  escrito  se  vê  que  a  varonia  dos  Limas  acabou  de 
todo  em  Portugal,  e  que  dos  dois  ramos  principais  qu»  a  linhagem  cá  pro- 
duziu, estão  as  representações  na  senhora  marquesa  de  Castelo  Melhor  e  no 
conde  da  Vidigueira. 


(i)  Montês  Matoso,  Memorias  sepulchraes,  fl.  36. 

VOL.  Ill  14 


XX 
TÁVORAS 


i 


mil 


Brasões  da  Sala  de  Sinika,  Vol.  llf. 


Estas  armas  foram  em  pane  apagadas  e  não  se  podem  bem  distinguir. 
Contudo,  conforme  o  Livro  do  armeiro  mor  a  fl.  58  v.,  o  Livro  da  Torre 
do  Tombo  a  fl.  1 1  v.,  os  Tropheos  lusitanos  de  António  Soares  de  Albergaria 
a  fl.  52,  as  Arvores  do  conde  de  Vila  Nova,  etc,  direi,  que  as  armas  dos 
Távoras  foram  em  campo  de  prata  cinco  faxas  ondadas  de  azul.  Timbre: 
um  golfinho  de  sua  cor  saindo  de  uma  capela  de  ramagem  de  vermelho,  flo- 
rida de  oiro. 

O  rei  darmas  índia  a  fl.  28  do  seu  Thesouro  da  nobreza,  o  padre  mestre 
Frei  Leão  de  Santo  Tomás  a  pág.  492  do  tomo  II  da  Benedictina  lusitana, 
o  cronista  Frei  António  Brandão  no  cap.  XX  do  liv.  1 1  da  Monarchia  lusi- 
tana, o  padre  D.  António  Caetano  de  Sousa  a  pág.  igS,  225,  e  61 1  da  edição 
de  1755  das  Memorias  dos  grandes,  e  outros,  dizem  ter  sido  de  oiro  o  campo 
do  escudo  destas  armas. 

Os  senhores  da  casa  de  Távora  desde  os  princípios  do  século  xvii  modi- 
ficaram o  seu  brasão,  acrescentando  em  bordadura  a  divisa  QUASCUNQUE 
FINDIT,  e  passando  o  golfinho  do  timbre  para  o  centro  do  escudo.  Destas 
armas,  assim  alteradas,  usaram  unicamente  os  marqueses  de  Távora,  os 
condes  de  Alvor,  e,  talvez,  os  de  S.  Vicente. 

Os  ramos  antigos  dos  Távoras  trouxeram  sempre  as  primeiras  armas,  e 
aos  ramos  modernos  foi  proibido  o  uso  de  quaisquer  pela  sentença  de  12  de 
Janeiro  de  1759.  Insisto  neste  ponto  por  ver  numa  obra  recente,  aliás  esti- 
mável, dadas  as  armas  com  a  divisa  QUASCUNQUE  FINDIT  a  uma  casa, 
a  da  Carreira,  que  se  não  pode  entroncar  na  dos  Távoras,  nem  mesmo  antes 
do  século  XVII. 

Acrescentarei  de  passagem  que,  não  tendo  sido  derrogada  ainda  em  ne- 
nhuma das  suas  partes  a  sentença  de  12  de  Janeiro  de  1709,  ninguém  tem 
direito  a  usar,  nem  do  apelido,  nem  das  armas  de  Távora.  Os  verdadeiros 
Távoras  assim  o  praticam,  com  a  moderníssima  e  inexplicável  excepção  de 
um  só,  o  representante  da  casa  de  Abrantes;  substituíram  os  mais  o  apelido 
de  Távora  pelo  de  Lorena. 

Na  ilha  Terceira  existiram,  e  creio  que  ainda  existirão,  uns  Távoras,  dos 


lio  Brasões 

quais  alguns  passaram  ao  continente,  e  que,  apesar  da  sentença,  continuaram 
a  usar  do  apelido.  Estes  Távoras  não  têm  contudo  parentesco  nenhum  com 
os  verdadeiros.  Procedem  eles  de  Luís  Valadão,  possuidor  da  quinta  da 
Salga  na  referida  ilha,  e  de  sua  mulher  Beatris  de  Távora,  filha  de  um  Fran- 
cisco Gonçalves  de  Távora,  que,  meado  o  xvi  século,  viera  da  Madeira  es- 
tabelecer-se  na  Terceira  (i). 


(i)  Francisco  Ferreira  Drumond,  Aiwaes  da  ilha  Terceira,  quarta  época,  cap.  III. 

A  propósito  de  tudo,  que  mais  proximamente  fica  referido  no  texto,  saiu  no  jornal  as 
Novidades  de  ii  de  Maio  de  i885  o  seguinte  artigo: 

«  Disse  ha  dias  o  Diário  llliístrado  n'um  dos  artigos  descriptivos  dos  brazões  da  sala  de 
Cintra,  que  ninguém  tinha  o  direito  de  usar  o  appellido  ou  as  armas  dos  Tavoras.  Foi  esta 
aííirmativa  posta  em  duvida,  porque,  dizia-se,  em  1842,  um  membro  da  familia  dos  Tavoras 
da  ilha  Terceira,  requerera  ao  então  ministro  do  reino,  António  Bernardo  da  Gosta  Cabral, 
para  usar  do  nome  de  Távora,  acrescentando-o  aos  outros  seus  appellidos,  e  que  o  reque- 
rimento tivera  o  seguinte  despacho :  —  Não  carece  de  auctorisação.  —  Paço,  etc. 

«  Este  despacho  suppunha-se  fundado  n'um  decreto  de  D.  Maria  I,  rehabilitando  a  me- 
mória dos  Tavoras. 

« Como  se  desconhecia  a  data  do  decreto,  e  a  forma  da  sua  redacção,  alguém  lembrou-se 
de  escrever  uma  carta  ao  sr.  Joaquim  Martins  de  Carvalho,  o  erudito  e  paciente  collec- 
cionador,  e  a  resposta  obtida  é  tão  curiosa  que  não  podemos  furtar-nos  a  transcreve-la 
aqui : 

«  O  marquez  de  Alorna,  como  procurador  da  memória  e  fama  póstuma  de  seus  sogros 
e  cunhados,  e  pelo  interesse  de  sua  mulher  e  filhos,  requereu  á  rainha  D.  Maria  I,  que  fosse 
concedida  revista  da  sentença  de  12  de  Janeiro  de  «759. 

«  A  rainha,  por  alvará  de  9  de  Outubro  de  1780,  concedeu  a  revista  pedida,  nomeando 
uma  grande  junta  ou  tribunal  para  a  decisão,  com  assistência  do  procurador  da  coroa. 

«Essa  junta  proferiu  a  sua  sentença  em  23  de  Maio  de  1781,  pela  qual  revogava  a  sen- 
tença de  12  de  Janeiro  de  1579,  na  parte  que  dizia  respeito  aos  marquezes  de  Távora,  Fran- 
cisco de  Assis  e  Leonor  de  Távora,  seus  filhos  Luiz  Bernardo  e  José  Maria  de  Távora,  e 
seu  genro  D.  Jeronymo  de  Athayde,  conde  de  Atouguia,  por  não  se  provar  que  fossem  cúm- 
plices na  tentativa  de  morte  contra  el-rei  D.  José,  ou  para  ella  concorrentes;  declarava  que 
não  haviam  incorrido  em  nota,  ou  infâmia  alguma;  absolvia  a  sua  memória,  e  restituía  todas 
as  famílias  dos  sobreditos  ás  suas  honras,  e  ao  uso  do  appellido  de  Távora,  que  lhes  fora 
prohibido  pela  mencionada  sentença  condemnatoria. 

o  Não  teve,  porém,  eífeito  a  sentença  de  revista,  em  razão  dos  embargos  que  a  ella  poz 
o  procurador  da  coroa,  João  Pereira  Ramos;  sem  que  a  rainha  D.  Maria  I  tomasse  a  este 
respeito  resolução  alguma. 

«  Posteriormente,  o  ministro  do  reino,  marquez  de  Ponte  de  Lima,  annuindo  ao  pedido 
de  D.  Luiz  de  Athayde,  concedeu  em  i5  de  Julho  de  1791,  que  o  respectivo  escrivão  passasse 
a  certidão  da  sentença  de  revista,  ordenando,  porém,  que  na  referida  certidão  se  declarasse 
que  essa  sentença  de  revista  estava  suspensa,  em  razão  dos  embargos  do  procurador  da 
coroa,  os  quais  ainda  se  haviam  de  decidir. 

«  Quiz  D.  Luiz  de  Athayde  fazer  impiimir  a  sentença  de  revista;  mas  não  o  pôde  con- 
seguir. Só  veio  a  realisar  os  seus  desejos  quando  em  1808  estava  Junot  em  Lisboa.  O  titulo 
dessa  celebre  sentença,  impressa  nas  duas  linguas  portugueza  e  franceza,  a  qual  se  tornou 


Táporas  1 1 1 

I 

A  EXECUÇÃO  DA  MARQUESA  DE  TÁVORA 

Amanheceu  o  dia  i3  de  Janeiro  de  1769  enevoado,  sombrio  e  triste. 
Tristeza  própria  da  quadra,  tornada  mais  lúgubre  ainda  por  um  eclipse  da 
lua,  que  durou  até  depois  das  oito  e  meia  da  manhã. 


muito  rara,  é  o  seguinte:  —  Sentença  da  revista  concedida  ás  casas  Távora  e  Athouguia. — 
Lisboa:  na  impressão  imperial  e  real.    Ano  de  1808.    Por  ordem  do  governo. 

«  D.  Luiz  de  Athayde  limita-se  a  publicar  a  sentença  com  a  declaração  dos  embargos, 
que  vem  logo  em  seguida  ás  assignaturas  dos  juizes;  e  decerto  se  esses  embargos  tivessem 
sido  desattendidos  e  houvesse  algum  posterior  decreto  de  D.  Maria  I,  que  fosse  favorável  á 
pretensão  da  familia  dos  Tavoras,  não  deixaria  de  o  publicar. 

«  No  anno  de  1843,  antes  das  férias  do  mez  de  setembro,  discutiu  a  associação  dos  advo- 
gados de  Lisboa  a  seguinte  consulta,  que  lhe  foi  apresentada:  —  «  Hoje,  á  face  dos  princí- 
pios da  carta,  vigora  a  disposição  da  sentença  que  aboliu  o  appellido  Távora,  e  alvará  que 
a  confirmou ;  isto  é,  aquelles  que  ainda  tiverem  sangue  dos  Tavoras  poderão  usar  do  appel- 
lido como  insígnia  de  nobreza,  sem  incorrer  nas  penas  comminadas  nos  mesmos  ?  ». 

«  A  associação  dos  advogados  decidiu-se  quasi  unanime  contra  este  quesito.  Apenas 
foi  sustentada  a  opinião  cpposta  pelo  sr.  Holtreman. 

■  A  favor  do  quesito  allegava  o  sr.  Holtreman  com  o  principio  constante  do  §  19  do 
artigo  145."  da  carta  constitucional,  que  diz:  —  •  nenhuma  pena  passará  da  pessoa  do  delin- 
quente. . .  nem  a  infâmia  do  reu  se  transmittirá  aos  parentes  em  qualquer  grau  que  seja. » 

«  A  isto  respondia  a  quasi  unanimidade  da  associação  dos  advogados,  que  os  effeitos 
d'esta  disposição  legal  não  podiam  retrotrahir-se,  nem  invalidar  sentenças  anteriores,  que 
haviam  surtido  o  seu  effeito. 

«  Esta  consulta  deu  logar  á  publicação  de  várias  cartas  de  advogados  e  diversos  docu- 
mentos, os  quais  se  podem  ver  na  Gaveta  dos  Tribunaes  do  ano  de  1843,  n.<"  3i5,  Sai,  827, 
333,  337,  i3S,  341,  343,  344  e  345. 

«  Uma  carta  do  distincto  advogado  Sebastião  de  Almeida  e  Brito  pouco  adianta  para  a 
questão.  Torna-se,  porém,  muito  apreciável  a  carta  d'um  advogado  de  Setúbal,  com  as  ini- 
ciaes  M.  D.  S.  e  A.  datada  de  12  de  novembro  de  1843. 

«  Censura  elle  asperamente  a  forma  tumultuaria  como  haviam  sido  proferidas  as  três 
sentenças  de  12  de  janeiro  de  1759  (do  conselho  especial,  do  tribunal  das  ordens  militares, 
e  do  tribunal  da  inconfidência);  mas  emquanto  á  forma  como  entendia  que  perante  as  mo- 
dernas instituições  politicas  se  podia  annullar  a  sentença  condemnatoria,  dizia  o  seguinte: 

«  Todavia  a  primeira  daquellas  sentenças  condemnou  os  filhos  e  netos  dos  Tavoras  ao 
perdimento  das  suas  honras,  porque  os  declarou  incursos  em  infâmia,  «  mandou  quebrar 
suas  armas,  arrazar  e  salgar  sua  residência  confiscar  seus  bens;  e  tudo  isto  que  se  obrou  em 
virtude  d' uma  lei,  só  as  cortes  e  o  rei  podem  agora  derrogar,  fazendo  e  executando  outra, 
conforme  o  actual  modo  de  existir  como  nação  ». 

«  Resta  saber  em  que  se  fundou  o  ministro  do  reino,  António  Bernardo  da  Costa  Cabral, 
para  em  1842  dar  o  despacho  no  requerimento  para  uso  do  appellido  de  Távora:  —  Não 
carece  de  auctorisação. 

«  Julgamos  que  o  motivo  d'este  despacho  não  foi  o  supposto  decreto  de  D.  Maria  I,  o 


112  Brasões 

No  largo  de  Belém  durante  toda  a  noite  se  ouvira  martelar,  e  se  sentira 
um  rumor  confuso  de  vozes  dominando  o  pulsar  do  mar.  Viram-se  formas 
humanas  perpassando  pela  praça,  e  lá  para  o  meio  do  parapeito  as  labaredas 
vacilantes  de  archotes,  alumiando  o  trabalho  duns  homens,  cujas  sombras  se 
projectavam  fantásticas  e  inquietas  pelo  terreiro  fora. 

Aquele  vento  frio,  que  sempre  reina  durante  os  eclipses,  foi  atirando  para 
o  mar  com  a  nebrina  da  noite,  deixando  contudo  o  ar  húmido  e  fortemente 
impregnado  de  maresia.  Já  se  diferençava  vagamente  o  que  quer  que  era 
levantado  do  chão,  lá  no  semi-círculo  do  cais  à  beira  mar,  quando  a  praça 
começou  a  ser  ocupada  por  tropa.  Primeiro  chegaram  dois  regimentos  de 
infantaria,  que  se  puseram  em  alas  desde  a  porta  do  páteo  dos  Bichos  do 
paço  real,  até  ao  ponto  onde  Hdavam  os  trabalhadores  noturnos.  Atrás 
destes  regimentos,  vieram  outros  dois,  mas  de  cavalaria,  os  quais,  tendo 
destacado  fortes  piquetes  para  tomarem  as  bocas  das  ruas,  se  postaram  por 
detrás  da  infantaria. 

A.  manhã  ia  rompendo,  e  as  formas  a  princípio  confusas  do  palanque  do 
cais,  tornavam-se  distintas,  e  com  horror  se  reconhecia  nelas  um  cadafalso 
sobrecarregado  por  vários  aparelhos  de  suplício. 

Efectivamente  na  véspera  a  suprema  junta  da  inconfidência,  retinida  no 
palácio  da  Ajuda,  lavrara  a  sentença  contra  os  réus  do  atentado  de  regicídio, 
praticado  na  noite  de  3  de  Setembro  de  lySS,  contra  D.  José  I.  E  logo  ao 
outro  dia,  sem  a  prévia  publicação  costumada,  se  tratou  de  dar  cumprimento 
ao  terrível  decreto. 

Era  pois  com  efeito  um  cadafalso,  que  se  via  armado  no  cais  de  Belém, 
com  as  costas  viradas  ao  rio,  à  borda  do  qual,  junto  às  escadas,  eslava 
amarrado  um  barco  carregado  de  lenha  e  barris  de  alcatrão.  Fora  o  cada- 
falso armado  sobre  pilares  de  madeira,  todo  Hso,  sem  parapeito,  nem  pin- 
tura alguma.  Sobre  ele  se  viam  algumas  aspas  e  várias  rodas  pregadas  em 
postes  altos.  Era  sinistro  o  aspecto  daquela  máquina,  agora  pingando  água 
da  humidade  da  madrugada,  e  que  logo  gotejaria  sangue. 

O  concurso  do  povo  era  já  enorme,  e  perto  se  estava  das  seis  horas  e 


qual  não  existe;  mas  a  opinião  contraria  do  ministro  é  da  associação  dos  advogados  de 
Lisboa  —  isto  é,  por  entender  que  o  §  19.°  do  art.  145.°  da  carta  annullava  os  effeitos  das 
penas  infamantes  para  com  os  descendentes  dos  condemnados  pela  anterior  sentença  de  12 
de  Janeiro  de  1759. 

«  Em  todo  o  caso  é  para  extranhar  que,  havendo  um  dos  membros  da  família  dos 
Tavoras  obtido  um  despacho  favorável  do  ministro  do  reino  em  1842,  se  fosse  no  anno  imme- 
diato  de  1843  consultar  sobre  o  mesmo  assumpto  a  associação  dos  advogados  de  Lisboa. 

«  E  isto  o  que  muito  resumidamente  temos  a  responder  ao  cavalheiro,  que  de  Lisboa 
nos  consulta  acerca  d'este  objecto. 

Joaquim  Martins  de  Carvalho.  » 


Jávoras  1 1 3 

três  quartos  da  manha,  quando  saiu  do  portão  do  páteo  dos  Bichos  uma  es- 
colta de  dragões  precedendo  os  ministros  criminais  dos  bairros,' e  o  corre- 
gedor do  crime  da  corte  e  casa,  João  Inácio  Dantas,  todos  revestidos  com 
os  seus  uniformes,  e  a  cavalo.  Atrás  do  corregedor  vinha,  entre  dois  padres  de 
Rilhafoles,  uma  cadeirinha  negra,  como  negros  eram  os  pensamentos  daquela 
que  a  ocupava.    Atrás  e  aos  lados  do  préstito  marchavam  mais  dragões. 

Chegados  aos  degraus  do  cadafalso  descavalgaram  os  ministros,  e  subiram 
a  tomar  os  seus  lugares  aos  lados  do  tablado,  ficando  o  corregedor,  como 
juiz  da  execução,  na  frente. 

Então  saiu  da  cadeirinha,  envolta  em  uma  capa  alvadia  D.  Leonor  de 
Távora,  a  altiva  marquesa  que  ousara  dizer  que  os  carvalhos  eram  árvores 
de  que  em  Portugal  se  não  fa\ia  caso,  a  varonil  senhora,  que  acompanhara 
seu  marido  à  índia,  e  que,  neste  angustiosíssimo  lance,  mostrou  ainda  o 
grande  valor  do  seu  ânimo. 

No  primeiro  degrau  da  escada  confessou-se  ela,  e  às  sete  horas  e  trinta 
e  quatro  minutos,  terminada  a  confissão,  subiu  ao  cadafalso  « com  igual 
ânimo,  ao  menos  no  exterior,  com  que  tinha  subido  ao  portaló  da  Capitania, 
quando  se  embarcou  para  a  índia  para  acompanhar  ao  Marquês  seu  marido, 
nomeado  Vice-Rei  daquele  Estado  (i). 

No  alto  da  escada  esperavam-na  o  meirinho  das  cadeias  e  três  algôses, 
que  a  conduziram  em  volta  do  cadafalso,  afim  de  ser  bem  vista  e  reconhe- 
cida pelo  povo.  Depois  mostraram-lhe,  um  por  um,  os  differentes  instru- 
mentos de  suplicio  que  estavam  sobre  o  tablado,  expHcando-lhe  o  modo  como 
eles  seriam  aplicados  a  seu  marido,  a  seus  filhos,  parentes  e  criados!  Que 
horror  I     E  este  martírio,  que  a  sentença  lhe  não  impuzera,  quem  o  ordenou  ? 

A  varonil  mulher  quebrou  emfim.  Ela  tinha  ânimo  para  suportar  a  sua 
desgraça;  mas  as  descrições  do  padecimento,  que  se  imporia  aos  seus,  com 
tanta  ferocidade  feitas  em  tal  momento,  arrancaram-lhe  as  lágrimas  dos  olhos, 
e  levaram-na  a  pedir  lhe  abreviassem  tal  prelecção. 

Neste  tempo  aproximou-se  de  D.  Leonor  o  principal  algôs^  que  acabava 
de  largar  o  capote  e  gorro  preto  de  que  estava  revestido;  e,  tomando-lhe  de 
sobre  os  ombros  a  capa  alvadia,  a  dobrou  e  a  pôs  sobre  um  banco,  que  es- 
tava no  meio  do  tablado.  Então  apareceu,  a  que  fora  marquesa  de  Távora, 
com  as  mãos  atadas  sobre  o  peito  e  vestida  como  no  próprio  dia  em  que 
Havia  sido  presa,  a  i3*de  Dezembro  de  1768,  pois  que,  durante  todo  o  mês 
de  cativeiro,  nem  a  ela,  nem  aos  seus  companheiros  de  infortúnio,  foi  permi- 
tida, sequer,  a  mudança  de  camisa.  Trazia  um  vestido  e  casaco  de  setim 
azul  escuro,  fitas  e  diamantes  no  toucado,  e  um  lenço  em  volta  do  pescoço. 


(i)  Frei  Cláudio  da  Conceição,  Gabinete  histórico,  tomo  XIV,  pág.  35. 
voL.  m  \5 


1 14  Brasões 

Mandou-a  o  algos  sentar  sobre  a  capa  no  banco,  o  que  ela  logo  executou ; 
porém  ainda  se  levantou  para  compor  o  vestido,  que  não  ficara  à  sua  von- 
tade. De  novo  sentada  lhe  passaram,  pela  cintura  e  pelos  pés,  cordas  com 
que  a  ligaram  ao  banco,  e  vendando-lhe  em  seguida  os  olhos,  lhe  abaixou  o 
verdugo  o  lenço  para  lhe  descobrir  o  pescoço,  contra  o  que  ela  reagiu  excla- 
mando senhorilmente: 

—  Não  me  descomponhas. 

Os  padres  de  Rilhafoles,  que  sempre  acompanharam  D.  Leonor  nesta 
derradeira  e  triste  peregrinação,  lhe  renovaram  então,  e  com  maior  empenho, 
as  exortações,  pois  que  o  algos  levantava  o  cutelo,  com  que,  para  maior 
opróbrio,  a  feriu  pela  nuca,  decepando-lhe  a  cabeça  quási  completamente,  do 
primeiro  golpe,  caindo  ela  sobre  o  peito  apenas  segura  pela  pele  do  pescoço. 
Acabando  de  a  separar,  a  mostrou  o  carrasco  ao  povo,  e  em  seguida  a  atirou 
para  o  tablado,  para  onde  igualmente  arremessou  o  corpo  depois  de  desligado 
do  banco;  e  tudo  foi  coberto  com  um  pano  de  tafetá  preto. 

Assim  morreu,  pelas  oito  horas  e  meia  da  manha,  D.  Leonor,  a  última 
senhora  da  casa  de  Távora ! 

A  ela  se  seguiu  sobre  o  cadafalso  seu  filho  José  Maria  de  Távora. . .  mas 
a  pena  nega-se  a  narrar  tais  horrores. 

De  outras  famílias  indiquei  o  princípio;  desta,  o  fim.  Poucas  subiram 
tão  alto,  nenhuma  caiu  tão  desgraçadamente. 

Não  só  lhe  mataram  as  cabeças,  como  lhe  proscreveram  o  nome,  e  até 
pretenderam  que  a  história  o  esquecesse,  mandando  destruir  todos  os  docu- 
mentos e  monumentos,  que  aos  vindouros  recordassem  o  odiado  nome  de 
Távora ! 

Diz  a  sentença;  «...  Mandam  que  nenhuma  pessoa,  de  qualquer  estado, 
ou  condição  que  seja,  possa  da  publicação  desta  em  diante  usar  do  appelido 
de  Távora;  sob  pena  de  perdimento  de  todos  os  seus  bens  para  o  fisco  e 
camará  real,  e  desnaturalisação  destes  reinos  e  senhorios  de  Portugal,  e 
perdimento  de  todos  os  privilégios,  que  lhe  'pertencerem  como  naturais 
delles. . .» (i). 

II 

A  ORIGEM  E  REPRESENTAÇÃO  DOS  TÁVORAS 

Era  antiga  a  família  de  Távora,  e  com  este  apelido  se  encontram  já  indi- 
víduos nos  reinados  de  D.  Pedro,  D.  Fernando  e  D.  João  I. 


(i)  Constitui  esta  sentença  o  documento  n.»  14  da  Historia  do  reinado  d'el-rei  D.  José 
por  Simão  José  da  Luz  Soriano. 


Távoras  1 1 5 

Frei  Bernardo  de  Brito  na  Chronica  de  Cister,  nos  cap.  XII  e  Xlll  do 
liv.  III,  lhe  tece  uma  ascendência  fabulosa,  trazendo,  em  confirmação  dela, 
duas  escrituras,  uma  de  aforamento,  a  outra  de  doação.  A  esta  já  o  patriarca 
da  sciência  diplomática  em  Portugal  fez  a  devida  justiça  a  pág.  7  do  tomo  III 
das  suas  Dissertações.  A  outra,  a  de  aforamento,  aquela  em  que  os  frades 
de  S.  Pedro  das  Águias,  e  os  fidalgos  D.  Pedro  e  D.  João  Ramires  beijarão-se 
por  beijo  de  bocca,  não  encontro  referência  em  nenhuma  das  obras  de  João 
Pedro  Ribeiro,  talvez  por  êle  o  julgar  desnecessário.  Como  vêm  ambas  as 
escrituras  apontadas  por  António  de  Almeida  na  sua  memória  intitulada 
Erros  historico-chronologicos  etc.  a  pág.  107  e  seguintes  da  I  parte  do 
vol,  XII  das  Memorias  da  Academia. 

Já  porém,  antes  de  todos,  o  consciencioso  Frei  António  Brandão  apresen- 
tara (i)  uma  escritura  original  do  mosteiro  de  S.  Pedro  das  Águias,  que  des- 
trói as  asserções  do  cronista  Brito;  e,  se  o  douto  Brandão  pretende  logo 
conciliar  os  dizeres  do  documento  com  a  narrativa  do  seu  predecessor,  é 
porque  a  esse  tempo  ainda  o  padre  Brito  era  considerado  quási  como  orá- 
culo. 

Também  geralmente  se  diz,  que  o  rio  Távora  foi  o  que  deu  origem  ao 
apelido  desta  família.  Até  certo  ponto  é  isto  confirmado  fielas  faxas  ondeadas, 
que  se  vêem  no  escudo  desta  casa:  mas,  por  outro  lado,  encontram-se  vários 
aforamentos  de  prazos  em  Santa  Maria  de  Távora,  freguesia  do  actual  con- 
celho dos  Arcos  de  Vai  de  Vez,  feitas  por  D.  Denis  a  um  Lourenço  Pires  (2), 
nome  muito  vulgar  nos  primeiros  ascendentes  verosímeis  dos  Távoras. 

De  Lourenço  Pires  de  Távora  (3),  aquele  de  quem  todos  os  nobiliários 
antigos  derivam  esta  família,  se  encontra  memória  na  Chancelaria  de 
D.  Pedro  I,  que,  por  carta  de  26  de  Dezembro  da  era  de  1397  (iSôg)  lhe 
fez  doação  em  quanto  fosse  sua  mercê,  do  Minhocal,  que  fora  de  Diogo  Lopes 
Pacheco  (4).  Continuou  êle  servindo  àquele  rei  e  a  seu  sucessor  D.  Fer- 
nando, e  era  já  falecido,  ao  que  parece,  em  12  de  Julho  de  i38i,  pois  que 
nesta  data  fez  o  rei  doação  das  vilas  de  S.  João  da  Pesqueira  e  Ranhados 
a  Rui  Lourenço  e  a  Pedro  Lourenço  de  Távora,  em  atenção  aos  serviços  de 
seu  pai  Lourenço  Pires  de  Távora  (5). 

Do  segundo  destes  irmãos  procedeu  toda  a  família  de  Távora,  de  que 


(i)  Monarchia  Lusitana,  cap.  XX,  do  liv.  XI. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  4.»,  fl.  53,  53  v.  etc. 

(3)  A  Lourenço  Pires  de  Távora,  doação  das  terras  de  Paredes,  Penela,  Cedavim,  Numão 
e  Ordea  do  almoxarifado  de  Lamego,  em  pagamento  dos  seus  maravedis,  lo  de  Julho  de 
1415  (1377). —  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  i3  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Pedro  1,  fl.  40  v. 

(5)  Monarchia  Lusitana,  cap.  44.»,  do  liv.  22.° 


1 1 6  Brasões 

foram  chefes  os  condes  de  S.  João  da  Pesqueira,  marqueses  de  Távora. 
Deles  se  derivou  a  varonia  dos  condes  de  S.  Vicente;  a  casa  dos  condes  da 
Alvor;  a  varonia  dos  Silveiras,  hoje  marqueses  das  Minas,  a  dos  modernos 
condes  das  Sarzedas  ramo  destes,  e  a  dos  marqueses  de  Abrantes;  a  casa 
dos  reposteiros  mores,  que  entrou  na  de  Castelo  Melhor;  e  a  casa  de  Ca- 
parica, hoje  na  de  Valada. 

A  representação  da  casa  de  Távora  está  actualmente  na  de  Fronteira, 
como  descendente  de  D.  Leonor  de  Távora,  marquesa  de  Alorna,  filha  dos 
justiçados  marqueses  Francisco  de  Assis  e  D.  Leonor  de  Távora. 


XXI 


HENRIQUES 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  III. 


De  vermelho  mantelado  de  prata:  no  vermelho,  castelo  de  oiro;  na  prata, 
dois  leões  batalhantes  de  púrpura,  linguados  de  vermelho.    Timbre  o  castelo. 

Estas  armas  estão  certas,  e  erradas  vêem-se  no  Livro  do  Amieiro  mory 
fl.  59,  no  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  12,  e  no  Thesoiiro  da  nobreza  de 
Francisco  Coelho,  fl.  28;  erradas  somente  na  posição  dos  leões  que  não  estão 
batalhantes,  pois  que  o  de  dextra  em  vez  de  ser  volvido  está  direito. 


Mais  exactas  aparecem  no  Thesouro  da  nobreza  de  Frei  Manuel  de  Santo 
António,  H-3,  onde  o  único  erro  consiste  no  esmalte  dos  leões  ser  de  ver- 
melho em  vez  de  púrpura. 

Assim  como  D.  João  II,  quando  se  irritava,  incutia  terror  no  aspecto,  nos 
olhos  injectados  de  sangue,  e  na  trémula  e  fanhosa  voz  que  ainda  mais  lhe 
tardava;  assim  pelo  contrário,  quando  não  tinha  preocupações  a  desgostá-lo, 
era  a  sua  presença  agradável  e  folgava  de  se  divertir  na  sua  brilhante  corte. 

O  severo  juiz  dos  cunhados  e  dos  mais  fidalgos  seus  parciais,  esse  homem, 
diante  de  quem  todos  tremeram,  passada  a  sanha  «  era  singular  dançador 
em  todallas  danças. . .  e  avia. . .  serão  de  salla  de  danças  e  bailos ! » (i). 

E  não  era  isto  uma  vez  ou  outra,  era  mui  frequentes  vezes.  E,  se  se 
não  dançava,  jogava-se,  assistia-se  aos  entremeses,  viam-se  as  lutas  dos 
homens,  as  corridas,  os  saltos  e  os  Jogos  de  lança  e  barras  tanto  a  pé  como 
a  cavalo;  exercícios  em  que  o  rei  folgava  de  tomar  parte.  Outros  dias,  aos 
domingos  e  dias  santos,  saía  a  cavalo  pela  cidade  acompanhado  de  numerosa 
corte  e  dos  seus  músicos  que  enchiam  as  ruas  com  o  som  alegre  das  trom- 
betas, atabales,  charamelas  e  sacabuxas.  E  parava  para  conversar  afàvei- 
mente  com  alguns  homens  honrados  do  lugar,  se  os  encontrava;  e  o  povo, 
de  quem  era  amado,  «e  todos,  recebiam  muito  contentamento;  e  lhe  alim- 


(i)  Garcia  de  Resende,  Lyuro.. .  ^  trata  da  uida. . .  do  Rey  Don  João  o  segundo  etc. 
no  cap.  das  «Feições:  virtudes,  costumes  e  manhas  dei  rey  dom  Joam  o  segundo...»,  o 
seguinte  ao  Prólogo. 


120  Brasões 

pavam  com  grande  deligência  as  ruas,  e  lançavam  panos  às  janelas  e  as 
mulheres  postas  nelas  »(i). 

Nesses  mesmos  dias  comia  em  público  e  havia  durante  o  banquete  « danças, 
estormentos,  menistres,  e  bailos  de  mouros  e  mouras  vestidos  de  muytas 
sedas  que  pêra  ysso  tinham:  e  ho  faziam  tam  be  q  era  pêra  folgar  de  ver»  (2). 

D.  João  II  comia  unicamente  duas  vezes  ao  dia,  mas  bem,  não  sendo  tão 
sóbrio  na  comida  como  na  bebida,  que  foi  água  da  fonte  até  aos  trinta  e 
sete  anos,  quando,  por  causa  da  doença,  começou  a  beber  vinho.  Mas,  por 
exigir  todo  o  cerimonial  e  por  lhe  agradar  a  mesa,  « comia  com  tanto  vagar, 
e  detença,  que  a  elle  fazia  dano,  e  a  todolos  que  sua  mesa  aguardavam,  era 
de  tanto  nojo,  e  cansaço,  que  sem  muita  pena,  toda  a  nom  podiam  sofrer, 
nem  aturar  »  (3). 

Não  eram  só  os  exercícios  corporais  que  tinham  cabimento  na  corte  do 
Príncipe  Perfeito,  também  nela  se  cultivavam  os  do  espírito.  A  prova  têmo-la 
no  Cancioneiro  geral  de  Garcia  de  Resende,  vasto  e  curioso  repositório  da 
poesia  cortesã  daquele  tempo. 

Temido  dos  grandes,  amado  dos  pequenos,  em  paz  com  os  vizinhos, 
vendo  o  seu  reino  próspero  e  dilatados  os  seus  descobrimentos,  e  tendo  junto 
a  si  seu  filho  e  herdeiro,  pensou  D.  João  II  em,  sem  guerras  nem  alardos, 
facilitar  a  realização  da  empresa  de  Afonso  V,  reunindo  sobre  a  cabeça  do 
filho  as  coroas  da  península.  Com  este  propósito  e  o  de  assegurar  a  paz 
com  os  poderosos  vizinhos,  enviou  o  rei  de  Portugal  os  seus  embaixadores 
em.  Março  de  1490  aos  reis  de  Castela  e  Aragão,  pedindo-lhes  a  mão  de  sua 
filha  primogénita  para  o  príncipe  D.  Afonso.  Levavam  os  embaixadores,  a 
requerimento  da  rainha  D.  Isabel,  a  « fegura  do  Príncipe  inteira,  bem 
tirada  por  natural,  que  natural  e  verdadeiramente  era  das  muy  formosas  do 
mundo  »  (4). 

Logo  a  18  de  Abril  se  celebraram  em  Sevilha  as  bodas  dos  príncipes, 
sendo  D.  Afonso  representado  pelo  embaixador  Fernão  da  Silveira,  a  quem 
se  passara  procuração  para  este  efeito.  E  era  tal  o  desejo,  que  D.  João  II 
havia  na  conclusão  deste  enlace,  que  tinha  mandado  postar  pelo  caminho  es- 
cudeiros de  sua  casa,  encarregados  de  transmitir  a  notícia  duns  aos  outros, 
e  com  tanta  brevidade  o  fizeram  que  no  dia  seguinte,  ainda  de  dia,  soube 
el  Rei  em  Évora  a  realização  das  bodas  na  cidade  andaluza. 

Passeava  D.  João  a  cavalo  pela  Praça  com  o  príncipe,  o  duque  de  Beja 


(i)  Idem,  loc.  cit. 

(2)  Garcia  de  Resende,  loc.  cit. 

(3)  Rui  de  Pina,  Croniqua  do  muy  eycellente  rey  Don  Johan. . .  o  segundo. . .,  cap.  82. 

(4)  Ibidem,  cap.  44. 


Henriques  121 

e  muitos  senhores,  quando  chegou  o  mensageiro.  Divulgada  a  nova,  começai 
logo  a  grita  alegre  do  povo,  o  repique  dos  sinos,  o  estridor  das  trombetas, 
o  estrépito  das  bombardas,  a  estalida  dos  foguetes  a  atroar  os  ares;  ao  passo 
que  se  acendiam  os  fogaréus,  se  enramavam  e  embandeiravam  as  ruas  e  os 
muros  e  torres  da  cidade. 

Entretanto  recolhia  el  Rei  às  casas  de  João  Mendes  de  Oliveira,  onde, 
por  causa  das  obras  nos  paços  reais,  então  se  alojava  (i),  e  ao  passar  pelas 
pousadas  de  Aires  de  Miranda,  casado  com  D.  Briolanja  Henriques,  filha  de 
D.  Fernando  das  Alcáçovas,  lhe  saiu  esta  senhora  ao  encontro,  bailando  e 
tocando  pandeiro,  com  tanta  galantaria,  que  D.  João  II  a  tomou  de  ancas  no 
cavalo  e  a  levou  ao  paço  para,  diante  da  rainha  e  da  corte,  repetir  as  suas 
danças  e  tocares. 

Isto  passou-se  na  segunda  feira  19  de  Abril.  Na  terça  feira,  logo  de 
manhã,  foram  o  rei,  a  rainha,  o  príncipe,  o  duque  de  Beja,  os  grandes  e 
fidalgos  da  corte,  as  donzelas  da  rainha,  as  senhoras  e  donas  da  corte  e  da 
cidade  ao  mosteiro  do  Espinheiro  não  longe  de  Évora,  a  ouvir  missa  e  dar 
graças  a  Deus.  Ia  vistosa  e  luzida  a  numerosa  cavalgada  precedida  pelos 
«mouros  e  judeus  com  suas  touras  e  quinolas»,  e  em  que  os  «singulares 
ginetarios  e  ginetes  que  então  avia  »,  mostravam,  para  agradar  ao  rei  e  às 
damas,  os  recursos  da  sua  perícia,  o  seu  ardor.  Saltavam  e  coleavam  os 
cavalos  aos  lados  das  dóceis  hacaneas  levadas  de  rédea  pelos  pagens,  cor- 
riam os  lebreus  por  entre  a  gente,  galanteavam  os  cavaleiros,  riam-se  as 
travessas  donzelas,  e  em  todos  se  manifestava  a  alegria,  cora  que  iam  des- 
pertando os  ecos  dos  sombrios  sobrais  e  azinhais  de  roda  do  devoto  templo. 

Depois  de  rezar,  jantaram,  e  à  tarde,  com  «grande  estrondo  de  praser», 
voltaram  a  Évora,  onde  pelas  praças  e  ruas  se  tinham  armado  mesas,  em 
C[ue  o  povo  comeu  e  bebeu  à  farta,  participando  da  alegria  de  seus  príncipes. 
A  noite  houve  serão  no  paço,  com  danças  e  festas,  até  pela  manhã. 

Na  quarta  feira  toldou-se  o  Terreiro  do  Paço,  guarneceu-se  todo  em 
volta,  com  vistosas  bandeiras  e  tapeçarias,  armou-se  com  brocados  o  estrado 
e  docel  real  e  no  centro  celebraram-se  « momos  Reaaes,  e  mui  ricos,  a  que 
veeo  ElRei  com  Senhores  casados,  e  o  Príncipe,  e  o  Duque  cada  hum  per 
sy,  com  seus  Fidalgos,  e  Gentis  homes  envencionados  todos  com  muita  graça, 
e  gentileza,  de  coores,  e  devisas  como  pêra  seus  propósitos  se  requeria.  E 
assi  ouve  outros  muitos  momos  de  Fidalgos  em  grande  perfeiçam,  a  que 
pêra  danças,  e  festas  pareceo  que  a  noite  minguava  » (2). 


(i)  Resende,  Chronica,  cap.  112. 

(2)  Todas  as  palavras  entre  comas  são  tiradas  das  crónicas  de  Rui  de  Pina  ou  de  Garcia 
de  Resende. 

YOL.  ni  16 


122  Brasões 

Na  quinta  feira  correram-se  touros ~e  houve  jogos  de  canas  na  Praça;  e 
os  festejos  haviam  de  continuar  nos  dias  seguintes,  ataihou-os  porém  a  morte 
da  infanta  D.  Joana,  irmã  de  el  Rei,  que  estava  recolhida  no  mosteiro  de 
Jesus  de  Aveiro.  Pelo  qual  acontecimento  se  tomou  rigoroso  luto,  e  se 
mandaram  desarmar  os  paços,  revestindo  as  paredes  das  salas  de  panos 
azues,  em  vez  das  ricas  e  vistosas  tapeçarias  que  nelas  se  encontravam  (i). 

Terminaram  as  festas  presentes,  mas  tratou-se  de  preparar  as  futuras, 
que  teriam  lugar  por  ocasião  do  recebimento  dâ  princesa,  esperada  em 
Outubro. 

D.  João  II  queria  que  as  festas  fossem  «  as  mayores,  jnais  reaes  e  mais 
perfeitas  que  se  podessem  fazer»,  para  isso  ordenou  uma  casa  deputada, 
isto  é,  uma  comissão,  como  hoje  lhe  chamaríamos,  para  a  qual  nomeou  ao 
vedor  da  fazenda  D.  Martinho  de  Castelo  Branco,  homem  «  galante  pêra  o 
tal  carrego  poys  era  pêra  gentilesa  e  galantaria»,  e  ao  escrivão  da  fazenda 
Henrique  de  Figueiredo,  um  dos  muitos  poetas  pelo  Cancioneiro  geral  li- 
vrados do  esquecimento. 

Escolheu-se  para  os  festejos  a  cidade  de  Évora,  então  a  segunda  do  reino, 
por  em  Lisboa  grassar  a  peste,  de  que  depois  houve  algum  rebate  na  capital 
do  Alentejo  pela  acumulação  da  muita  gente  lá  retinida.  Para  ocorrer  ao 
perigo  providenciou  el  Rei  da  seguinte  forma.  Mandou,  antes  do  interlúnio 
de  Setembro,  parte  do  ano  em  que  os  ares  são  mais  corruptos,  sair  a  todos 
da  cidade,  e  persistirem,  durante  quinze  dias,  nas  terras  ou  quintas  vizinhas, 
ou  em  abarracamentos  nos  campos.  Entretanto  enchia-se  a  cidade  da  maior 
quantidade  de  gado  vacum,  que  se  pôde  arranjar.  Terminados  os  quinze 
dias,  durante  os  quais  a  policia  da  desabitada  cidade  foi  feita  com  tão  boa 
ordenança,  que  se  não  praticou  um  roubo,  saiu  o  gado,  e  procedeu^se  à  lim- 
peza, caiação  e  defumadura  das  casas;  e  em  seguida  regressaram  os  mora- 
dores. Depois,  próximo  ao  interlúnio  de  Outubro,  mandaram-se  novamente 
sair  por  dez  dias  todos  os  escravos  e  pretos. 

Com  estas  providências,  adoptadas  a  conselho  dos  físicos,  evitou-se, 
dizem,  o  contágio. 

Entre  tanto  tinham-se  concluído  as  obras  e  acrescentamentos  ordenados 
aos  paços,  pequenos  para  o  que  deles  se  desejava.  A  principal  obra  foi  a 
da  sala  para  os  festejos. 

Foi  ela  levantada  na  horta  de  S.  Francisco  pegada  com  a  porta  do  mos- 
teiro, correndo  com  a  sua  largura  do  nascente  ao  poente  em  direcção  aos 
paços.  Media  de  comprimento  sessenta  e  seis  metros,  de  largura  dezasseis 
e  meio  e  de  alto  dezaseis.     Era  construída  de  parede  de  taipa  entre  grandes 


(i)  Garcia  de  Resende,  Livro  da  vida  e  feitos  de  Don  João  segundo,  cap.  ii5. 


Henriques  I23 

mastros,  mandados  vir  de  Lisboa  pára  sustentarem  o  tecto  de  taboado,  todo 
breado  e  calafetado  de  maneira  a  não  lhe  poder  chover  dentro. 

O  interior,  paredes  e  tecto,  era  todo  forrado  de  « ricos  e  fermosos  lam- 
bees:  cousa  nova  que  parecia  muyto  bem  polia  diferença  que  tinham  dos 
brocados  e  tapeçarias». 

A  porta  principal  era  no  topo  norte  fronteira  ao  estrado  real,  que  tomava 
toda  a  parede  do  sul,  e  que  era,  assim  como  as  escadas  que  a  ele  conduziam, 
todo  ricamente  alcatifado.  Aos  lados  da  porta  havia,  à  direita  entrando, 
uma  enorme  copeira,  espécie  de  aparador  agigantado  feito  de  muitos  degraus, 
para  nela  se  porem  as  peças  de  prata.  Do  outro  lado  da  porta,  fazendo 
simetria  à  copeira,  levantavam-se  outros  degraus  em  anfiteatro,  para  onde 
haviam  de  ir  os  trombetas  e  tambores.  Aos  lados  da  sala,  do  poente,  desde 
a  copeira  até  ao  estrado  real,  e  do  nascenta,  desde  este  até  ao  palanque  dos 
trombetas,  estavam  outros  dois  estrados,  também  levantados  do  chão,  conti- 
nuados em  degraus  e  defendidos  por  duas  bem  lavradas  grades  de  madeira, 
uma  em  baixo  junto  ao  chão,  a  outra  por  detrás  do  degrau  superior.  Neles 
se  haviam  de  acomodar  os  cortesãos  e  pessoas  honradas,  que  dali  haviam 
de  assistir  às  festas. 

Ao  nível  do  último  degrau  e  da  parte  de  trás  da  grade  superior,  corriam 
umas  como  galarias  em  que  estavam  catorze  mesas,  sete  em  cada  parte, 
dispostas  em  frente  de  bancos  encostados  às  paredes,  de  modo  a  fazer-se  o 
serviço  pela  parte  de  fora,  como  então  se  usava,  por  forma  que,  mesmo  sen- 
tados, pudessem  os  convidados  gozar  do  espectáculo  da  sala. 

Acima  ainda  desta  galeria  lateral,  havia  quatro  casas,  duas  de  cado  lado, 
construídas  da  parte  de  fora  da  sala,  para  a  qual  tinham  vista  cada  uma  por 
um  grande  arco.  Nelas  estavam  dispostas  bancadas  em  anfiteatro  destinadas 
aos  menestréis,  que,  sem  deixarem  de  ver,  podiam  alegrar  a  festa  com  a 
sua  música. 

Mais  uma  porta  se  abriu  na  sala,  na  parede  do  poente  junto  do  estrado 
real,  destinada  a  dar  serventia  para  o  próximo  paço. 

De  roldanas  presas  ao  tecto  pendiam,  perpendiculares  às  primeiras  grades 
dos  estrados,  trinta  espécies  de  lustres  de  madeira  doirada,  em  forma  de 
cruz,  em  cada  uma  de  cujas  extremidades  havia  uma  tocha;  e,  por  baixo 
deles  para  que  os  pingos  de  cera  não  caíssem  sobre  os  espectadores  e  actores, 
estavam  cravadas  umas  pequenas  bandejas  covas.  Além  dos  lustres  dispo- 
riam-se,  para  a  iluminação  da  sala,  uns  oitenta  brandões  sobre  as  mesas  e 
copeira,  e  umas  cem  tochas  nas  mãos  de  outros  tantos  pagens  ordenados 
para  este  serviço;  o  que  tudo  junto  perfazia  umas  trezentas  luzes,  o  sufíiciente 
para  tornar  «a  sala  tão  crara  como  se  fosse  de  dia». 

Não  foi  esta  a  única  obra,  pois  que,  junto  ao  paço,  se  edificaram,  com 


1 24  Brasões 

uma  rapidez  incrível,  umas  grandes  e  bem  acabadas  casas,  destinadas  espe- 
cialmente para  aposentadoria  do  príncipe  e  princesa. 

Além  das  obras  ordenadas  tomou  el  Rei  várias  providências  todas  ten- 
dentes, não  só,  a  tornar  estas  festas  « em  tudo  tam  ricas,  e  tam  Reaaes,  que 
ja  sempre  em  Espanha  serem  lembradas  por  .soos,  e  sem  comparaçam»; 
como  tambe'm,  à  boa  ordenança,  tanto  da  aposentadoria  e  sustento,  como 
da  polícia  do  inúmero  concurso  de  gente,  que  a  elas  acudiria. 

Priineiramente  mandou  el  Rei  cartas  suas  participar  o  tratado  casamento 
a  todos  os  prelados,  senhores,  fidalgos  e  cavaleiros  principais  do  reino,  con- 
vidando-os.  Juntamente  a  eles  todos  e  às  mulheres  de  muitos,  para  assistirem 
aos  festejos,  e  recomendando-lhes,  que  viessem  apercebidos  com  toda  a  pos- 
sível magnificência,  tanto  de  criados  como  de  alfaias,  afim  de  puderem  aga- 
salhar os  estrangeiros  que  concorressem  a  Évora. 

Além  das  mercês  e  dádivas,  tanto  em  dinheiro,  como  em  jóias,  alfaias, 
baixelas,  brocados,  sedas,  panos  de  lã,  cavalos  e  escravos,  oferecidas  a  todos 
que  às  festas  viessem,  assegurou  el  Rei  por  dois  anos  as  rendas  seculares 
ou  eclesiásticas  a  todos  aqueles  que,  para  ocorrerem  às  inevitáveis  despesas, 
as  tivessem  de  arrendar  antecipadamente.  Deu-lhes  mais  o  prazo  de  um 
ano  para  pagamento  de  suas  dívidas,  de  qualquer  natureza;  e  igual  prazo 
de  suspensão  para  as  demandas  contra  eles  intentadas;  isto  quando  tais  dí- 
vidas, ou  demandas,  não  dissessem  respeito  a  outras  pessoas  que  também 
concorressem  aos  festejos,  porque,  neste  caso,  cessava  o  privilégio. 

A  todo  o  fidalgo  e  cavaleiro  que  quisesse  justar,  mandou-lhe  dar  cavalo, 
armas  e  duzentos  cruzados  em  brocados  e  sedas.  Aos  que  fossem  para 
dançar  e  fazer  momos  desembargou-lhes,  a  uns,  cem,  e  a  outros  duzentos 
cruzados  nas  mesmas  espécies. 

A  seguir  dirigiu-se  el  Rei  à  cidade  de  Évora,  notificando  aos  juízes,  ve- 
readores, fidalgos,  escudeiros,  procurador,  e  homens  bons  a  chegada  da 
princesa  para  o  próximo  mês  de  Outubro,  e  ordenando-lhes,  por  meio  de 
um  regimento  datado  de  6  de  Agosto  (i),  os  festejos  que  se  haviam  de  fazer 
na  cidade. 

Dá-lhes  pressa  e  manda-lhes  escolher  de  entre  si  três  ou  quatro  para  mais 
•#  especialmente  se  encarregarem  do  que  cumprisse  afim  de  a  tudo  se  dar  exe- 
cução. 

Entre  outras  recomendações,  de  que  me  vou  aproveitando  pela  narrativa 
fora,  ordena  o  referido  regimento  que  as  ruas  hão  de  ser  « mui  limpas  e 


(i)  Regimento  que  el  rei  D.  João  11  mandou  á  Camará  de  Évora  para  se  fazerem  nesta 
cidade  as  festas  do  casamento  do  principe,  transcrito  por  Filipe  Simões  no  Instituto,  vol.  XV, 


pág.  143. 


Henriques 


125 


tiradas  todas  as  esterqueiras»,  e  os  caminhos  e  calçadas  mui  bem  corregidos; 
que  a  cidade  há  de  dar  os  toiros,  para  serem  corridos,  em  número  de  vinte 
€  quatro,  número  posteriormente  por  uma  carta  de  D.  Martinho  de  Castelo 
Branco  (i)  elevado  por  ordem  de  el  Rei  a  cinquenta;  que  há  de  dar  de  pre- 
sente cento  e  vinte  carneiros,  mil  e  duzentas  galinhas,  cento  e  cinquenta 
patos,  cem  cabritos,  sessenta  leitões,  quantos  coelhos  e  perdizes  se  puderem 
achar  até  doze  mil  reais,  sete  arrobas  de  confeitos,  cinco  arrobas  de  tâmaras, 
cinquenta  alguidares  de  frito,  e  trinta  alguidares  de  farteis. 

Para  ocorrer  a  estas  despesas  prometeu  el  Rei  à  cidade  os  dois  terços 
delas,  e  mandou  que  para  ajuda  do  terço  restante  concorressem  com  as 
terças  de  um  ano  as  vilas  de  Beja,  Moura,  Serpa,  Alvito,  Viana,  Portel,  Re- 
dondo, Évora  Monte,  Vimieiro,  Vidigueira,  Torrão,  Alcáçovas,  Alcácer  do 
Sal,  Montefnor  e  Arraiolos.  Em  conta  dos  dois  terços  dá  el  Rei  o  brocado 
do  pálio,  toda  a  seda  para  o  vestido  dos  seis  que  o  hão  de  levar,  e  logo  de 
pronto  cento  e  cinquenta  mil  reais. 


Ordenou  também  el  Rei,  que  das  numerosas  raourarias  do  reino  viessem 
todos  os  mouros  e  mouras,  que  soubessem  dançar,  tocar  e  cantar,  a  quem 
mandou  dar  bons  vestidos  e  conveniente  gratificação. 

Ordenou  mais,  que  das  povoações  próximas  viessem  às  festas  «moças 
fermosas  que  soubessem  bem  bailar,  e  cantar,  que  vieram  com  mancebos 
foliões  vestidos  de  suas  envenções»;  e  igualmente  a  todos  estes  deu  vestidos 
e  dinheiro. 

Para  presentear,  sustentar  e  alojar  toda  esta  gente  era  necessário,  com 
muita  despesa,  buscar  fornecimento  dentro  e  fora  do  país. 

De  Florença,  Génova  e  Veneza  importaram-se  brocados,  sedas,  pedrarias, 
várias  peças  para  guarnecer  vestidos  e  arreios,  e  ricas  alfaias  para  armar  as 
salas  e  câmaras. 

De  Flandres,  Inglaterra,  Irlanda  e  Alemanha  vieram  tapeçarias,  panos  de 
lã  finos,  hacaneas,  peles  de  marta,  arminhos  e  outras  forraduras,  prata  em 
pasta,  cozinheiros,  « manistrees  altos  e  baixos  »,  etc. 

As  cidades  e  feiras  de  Castela  foram-se  buscar  muitos  outros  panos,  sedas 
e  brocados. 

Da  Barbaria  veiu  muita  cera.     E  assim,  de  diferentes  partes,  se  proveu 


(i)  Regimento  que  el  rei  D.  João  II  mandou  á  Camará  de  Évora  para  se  fazerem  nesta 
cidade  as  festas  do  casamento  do  príncipe,  transcrito  por  Felipe  Simões  no  Instituto,  vol.  XV, 
pág.  144. 


i«6  Brasões 

de  frutas  verdes  e  secas,  tâmaras,  conservas,  açúcar,  mel,  manteiga,  e  espe- 
ciarias de  todas  as  qualidades. 

Dos  portos  do  mar  mandou  vir  todo  o  peixe  fresco  ou  de  conserva  tomado, 
não  só  pelos  pescadores  da  localidade,  como  por  outros  muitos  de  propósito 
para  tal  lá  enviados. 

De  todas  as  comarcas  dos  arredores  de  Évora  mandou  vir  para  a  cidade, 
trigo,  cevada,  farinha,  bois,  carneiros,  vacas  e  cabras  de  leite,  leitões,  vitelas 
e  todos  os  mais  mantimentos  análogos,  e  igualmente  muitos  leitos.      ♦ 

Ordenou  a  todos  os  caçadores  e  pescadores  daquelas  comarcas  que, 
durante  todo  o  tempo  das  festas,  não  cessassem  de  caçar  e  pescar  enviando 
logo,  pelos  troteiros  para  esse  fim  ajustados,  a  sua  caça  e  pesca. 

De  todo  o  reino  mandou  vir,  por  terra  e  mar,  galinhas,  capões,  patos  e 
toda  a  sorte  de  aves;  e  em  tanta  quantidade  lhas  trouxeram,  que,  diz  o 
cronista,  comeram  mais  de  cem  moios  de  trigo  durante  o  tempo  das 
festas. 

Estabeleceram-se  cinco  praças,  bem  providas  de  tu(ío,  em  diferentes  sítios 
da  cidade,  menos  na  praça  principal,  destinada  unicamente  para  justas  e 
festas. 

Estava  tudo  preparado  e  o  apercebimento  era  completo,  podia  pois  chegar 
a  princesa. 


No  dia  22  de  Novembro  de  1490  encontrou-se  além  do  Caia  o  duque  de 
Beja,  deputado  expressamente  por  D.  João  II  para  conduzir  D.  Isabel  a 
Évora,  com  a  comitiva  que  a  acompanhava.  Feitas  as  saudações  e  cumpri- 
mentos do  estilo,  seguiram  todos  até  à  estrema,  onde  se  despediram  da  prin- 
cesa muitos  dos  castelhanos,  que  com  ela  tinham  vindo  até  ali. 

Nesse  dia  pernoitou  em  Elvas  e  no  seguinte  em  Estremes,  sendo  rece- 
bida em  toda  a  parte  com  arengas  e  grandes  festejos  e  conduzida  debaixo 
do  pálio  à  igreja  principal  da  povoação. 

Era  tal  a  impaciência  de  el  Rei  por  ver  a  princesa  que,  sabendo  em 
Évora  que  nesse  dia  ela  chegaria  a  Estremôs,  partiu  de  lá  «  aforrado  e  se- 
creto», e  entrou  na  vila  na  própria  ocasião  em  que  pelo  outro  lado  chegava 
D.  Isabel.  Ia  com  ele  o  príncipe  e  pouco  numerosa  comitiva,  e  foram  todos 
apear-se  a  casa  do  duque  onde  poisaram. 

Avisada  a  princesa  da  chegada  do  sogro  e  do  noivo  ceou  à  pressa  e,  lar- 
gando os  trajos  da  jornada,  vestiu-se  e  preparou-se  convenientemente  para 
os  receber.     Outro  tanto  fizeram  as  suas  damas  e  criados. 

Chegando  el  Rei  correu  a  esperá-lo  ao  topo  da  escada,  e  assim  que  êle 
subiu,  ajoclhou-se  a  princesa  para  lhe  beijar  as  mãos,  no  que  êle  não  con- 


Heitriques  127 

sentiu  levantando-a  com  muito  carinho  e  alegria.  Depois  apresentou-lhe  o 
príncipe,  e  então  se  abraçaram  os  noivos  postos,  por  mesura,  qu^si  de  joe- 
lhos. 

Entraram  para  os  aposentos,  e  assentaram-se  no  estrado,  tendo  ô  rei  o 
príncipe  à  sua  direita  e  a  princesa  à  esquerda.  «  Onde  EIRey  teendo  a 
Princesa  per  hua  mão,  e  os  olhos  e  coraçom  em  ambos  de  dous,  lhe  disse 
com  muita  graça,  descripçam  e  amor,  as  primeiras  palavras  que  cabiam  na 
primeira  vista  de  cousa  em  que  tanta  gloria,  e  contentamento  recebia,  e  que 
nom  menos  o  procurara,  que  desejara». 

Respondeu  a  princesa  com  tanta  discrição,  que  não  desmentiu  a  boa  fama 
que  dela  havia. 

Em  seguida,  apesar  de  já  em  Sevilha  se  ter  celebrado  o  casamento  por 
procuração  do  príncipe,  quis  el  Rei  que  ali  de  novo  a  tornasse  a  receber  por 
sua  mulher,  realizando  a  cerimónia  o  arcebispo  de  Braga  D.  Jorge  da  Gosta. 

No  dia  seguinte  partiram,  o  rei  e  o  príncipe  para  Évora,  e  a  princesa 
para  o  mosteiro  do  Espinheiro,  onde  permaneceu  alguns  dias,  e  onde  se  con- 
sumou o  matrimónio:  «o  que  de  muitos  foi  estranhado  por  ser  em  casa  de 
nossa  senhora  e  de  tanta  devaçao.  E  afirmou-se  por  muito  certo  q  naquella 
propia  noite  cahio  da  parede  da  ygreja  hua  amea  junto  da  camará. . .  a  qual 
amea  ate  oje  (i533)  nam  foy  concertada  e  esta  assi  por  memoria  que  os 
frades  disso  fizera». 


No  domingo  28  de  Novembro  (i)  teve  lugar  a  entrada  da  princesa  em 
Évora,  e  foi  pela  forma  seguinte. 

Depois  do  jantar,  que  então  era  bem  cedo,  saiu  el  Rei  do  paço  acompa- 
nhado dos  prelados,  grandes,  oficiais  mores  e  mais  corte,  em  direitura  ao 
mosteiro  do  Espinheiro. 

Iam  na  frente  os  músicos  ricamente  vestidos  de  sedas  e  montados  em 
belos  cavalos,  tangendo  trombetas,  tambores,  charamelas  e  sacabuxas.  Se- 
guiam-se-lhes  muitos  porteiros  da  maça,  reis  darmas  com  as  cotas  bordadas 
do  escudo  real,  arautos  e  passavantes.  Atrás  deles  o  porteiro  mor  Gomes 
Ferreira  com  quatro  mestres  salas,  e,  por  sua  ordem,  o  veador  da  casa  Rui 
Lobo,  os  vedores  da  fazenda,  conde  de  Abrantes  e  D.  Martinho  de  Gastelo 
Branco,  e  o  mordomo  mor  D.  Pedro  de  Noronha  precedendo  el  Rei. 

Vestia  D.  João  II  à  francesa  um  pelote  de  brocado  forrado  de  marta, 


(i)  Rui  de  Pina  põe  a  entrada  no  domingo  27  de  Novembro,  é  porém  engano.  O  do- 
mingo foi  a  28.  O  mesmo  fez  Garcia  de  Resende  que  o  copiou.  Este  erro  ambos  eles  o 
emendam,  escrevendo  mais  adiante  «domingo  cinco  dias  de  Dezembro.. .». 


128  Brasões 

com  muitos  golpes  seguros  com  ricos  firmais  de  pedraria  e  muitas  pérolas 
cosidas  em  volta,  e  por  cima  uma  opa  roçagante  de  tela  de  oiro  forrada  de 
arminhos.  Ao  peito,  um  grande  e  deslumbrante  colar  de  pedraria;  ao  lado, 
uma  rica  adaga  de  oiro  segura  por  precioso  cinto;  e  na  cabeça,  um  chapéu 
e  p'enacho  brancos. 

Montava  à  brida  um  soberbo  cavalo  russo-pombo  com  riquíssima  guar- 
nição. Levava,  adiante  de  si,  muitos  cavalos  de  estado;  aos  lados  muitos 
moços  de  estribeira  vestidos  de  brocado;  e,  atrás,  os  seus  pagens  ricamente 
enroupados,  seguidos  de  muitos  senhores  e  fidalgos. 

Chegando  ao  mosteiro,  a  princesa  saiu  logo  ao  seu  encontro.  Vinha  ela 
montada  em  uma  mula,  e  as  suas  damas  em  outras  mui  ricamente  arreadas. 
Era  precedida  por  muitas  trombetas  e  outras  músicas,  porteiros  da  maça, 
reis  darmas  dos  reis  de  Castela,  em  cujas  cotas  Já  se  viam  as  barras  de 
Aragão  e  as  águias  de  Sicília  ao  lado  dos  castelos  e  leões,  e  pelos  seus  mes- 
tres salas,  veador,  e  mordomo  mor  D.  João  de  Meneses. 

Juntas  as  comitivas  pôs  el  Rei  a  princesa  à  sua  direita;  e,  levando  à  frente 
um  tão  grande  número  de  trombetas,  raenistreis  e  outras  músicas  que  era 
coisa  espantosa,  dirigiu-se  para  a  cidade. 

Então  deu  a  princesa  mais  uma  prova,  muito  louvada  pelos  presentes,  da 
sua  estremada  cortezia;  e  foi,  que,  apesar  de  el  Rei  a  não  levar  de  rédea, 
descalçou  a  luva  da  mão  esquerda,  lado  donde  el  Rei  ia,  e  todo  o  tempo  a 
trouxe  descoberta. 

Tinha-se  mandado  compor  e  limpar  o  caminho  todo,  è  em  várias  partes 
à  beira  dele  estavam  armados  estrados,  onde  se  viam  entremeses  de  gente 
do  povo,  e  dos  judeus  e  mouros.  Por  ele  fora  topavam-se  muitas  danças  de 
moças  e  foliões,  todos  ricamente  vestidos  e  diversamente  invencionados. 

A  multidão  do  povo  era  enorme,  e  a  custo  podia  romper  o  cortejo. 

Chegados  à  ponte  do  Charrama  encontraram,  à  saída  dela  em  alas  pos- 
tados, sessenta  fidalgos,  todos  invencionados  com  ricas  opas  de  brocado  e 
tecidos  de  oiro,  forradas  de  preciosos  estofos  e  peles;  todos  com  magníficos 
colares  e  cadeias  de  oiro  ao  pescoço,  e  montados  em  formosos  ginetes  rica- 
mente guarnecidos. 

Calculam-se  em  duzentos  os  nobres  que  naquele  dia  vestiram  opas  roça- 
gantes à  francesa;  sendo  delas  cento  e  vinte  de  brocado  e  tecido  de  oiro,  com 
chapados  do  mesmo  metal  e  ricos  forros,  e  as  outras  de  magníficas  sedas 
forradas  de  brocado  e  ornadas  de  muitos  canotilhos  e  bordados.  Outros 
muitos  foram  vestidos  à  portuguesa  de  tabardos  de  sedas  e  brocados  com 
ricos  forros,  e  os  capuzes  abertos.  Iam  todos  carregados  de  colares,  ca- 
deias, cintos,  espadas,  adagas,  firmais  de  oiro  batido  e  outras  jóias  de 
grande  valor. 


Henriques  1 29 

Montavam  à  gineta  fogosos  cavalos  enfeitados  com  esplêndidas  guarni- 
ções, Jaezes,  e  telizes,  e  cada  um  era  acompanhado  de  muitos  pagens,  e 
moços  de  esporas  com  sumptuosas  librés. 

Foram  caminhando  até  se  avistar  a  cidade  cujos  campanários,  torres  e 
muralhas  estavam  apendoados  de  bastas  bandeiras,  dominando  a  todas  a 
das  armas  reais  içada  sòsinha  no  alto  da  torre  junto  dos  açougues  (i). 

Chegaram  emfim  à  porta  de  Aviz  sobre  a  qual  flutuava  uma  bandeira 
com  as  armas  da  princesa,  aí  se  apresentaram,  rodeando  a  bandeira  da  ci- 
dade, os  juízes,  vereadores,  procurador  e  escrivão  da  câmara,  todos  com 
suas  varas  nas  mãos  e  seguidos  dos  fidalgos,  cavaleiros,  escudeiros  e  povo 
da  cidade,  e  das  mulheres  dos  escudeiros  e  «  d'ahi  para  baixo»,  todos  a  pé. 

De  cada  lado  da  dita  porta,  então  denominada  de  Santa  Maria  do  Espi- 
nheiro, estavam,  sobrepujados  de  outras  bandeiras  com  as  armas  da  princesa, 
os  dois  cadafalsos  mandados  levantar  pela  cidade.  Num  deles  apresenlou-se 
um  vistoso  grupo  de  fadas,  que  avançaram  à  chegada  da  princesa  e  lhe  pro- 
gnosticaram, cada  uma  por  sua  vez  e  como  que  à  porfia,  todas  as  venturas;, 
profecias  bem  depressa  desmentidas.  No  outro  via-se  figurado  o  paraiza 
com  as  nove  jerarquias  dos  anjos  em  brilhante  vestuário  e  não  menos  esplên- 
dido scenário. 

Então  parou  a  comitiva  e,  adiantando-se  o  mestre  Cataldo  Sículo,  pro- 
fessor da  Universidade  de  Lisboa,  recitou  um  longo  discurso  gratulatório  em 
latim,  o  qual,  apesar  de  escutado  em  profundo  silêncio,  não  seria  talvez  de 
todos  entendido. 

Terminada  a  oração  entoaram  alguns  dos  coros  dos  anjos  do  paraizo  uma 
suave  melodia,  que  outros  acompanhavam  primorosamente,  fazendo  uma 
« espantosa  musica  D. 

Aqui  apearam-se  todos,  menos  o  rei,  a  princesa  e  as  damas,  a  cujas 
mulas  pegaram.de  rédea  os  fidalgos. 

Puzeram-se  o  rei  e  a  princesa  debaixo  do  pálio,  que  era  de  brocado  de 
pêlo,  e  estava  posto  sobre  seis  varas  altas  e  bem  pintadas  às  quais  pegavam 
os  regedores  principais  da  cidade  de  Évora,  a  saber:  João  Mendes  de  Oli- 
veira, Diogo  de  Góis,  Gonçalo  de  Sousa,  Álvaro  Mendes  do  Esporão,  Fernão 
Brandão  e  Henrique  de  Macedo  (2),  todos  eles  vestidos  de  opas  de  damas- 


(i)  Citado  Regimento. 

(2)  Ibidem.  Aqui  lançarei  uns  breves  dados  biográficos  relativos  a  estes  seis  regedores 
principais  de  Évora. 

Joane  Mendes  de  Oliveira,  fidalgo  da  casa  de  el  Rei  e  6.«>  administrador  do  morgado  da 

quinta  da  Oliveira  no  termo  de  Évora,  tivera,  em  6  de  Julho  de  1482,  carta  de  confirmação 

dos  privilégios  daquela  quinta  em  sucessão  a  seu  pai,  Martim  de  Oliveira  (Chancelaria  de 

D.  João  11,  liv.  6.°,  fl.  108).    Casara  a  primeira  vez  com  D.  Beatris  de  Melo,  filha  de  Vasco 

VOL.  III  17 


i3o  Brasões 

quim,  metade  roxo  e  metade  branco,  cores  da  princesa,  e  de  jubões  de  setim 
preto,  com  chapéus  de  veludo  da  mesma  côr. 


Martins  de  Melo,  alcaide  mor  de  Évora,  e  de  D.  Isabel  de  Abreu,  por  quem  os  filhos  de 
Joane  Mendes  vieram  a  herdar  uma  tença  de  doze  mil  reais,  e  parece  que  só  deste  casamento 
houve  sucessão..  Em  Maio  de  i5o2  já  Joane  Mendes  era  falecido,  quando,  por  carta  de  3i, 
foi  confirmada  a  referida  tença  a  seu  filho  Aires  de  Melo  {Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  61.» 
>de  Doações,  fi.  141,  incorporada  noutra).  O  morgado  de  Oliveira  havia  sido  instituído  pelo 
arcebispo  de  Braga  D.  Martinho  em  seu  testamento  feito  em  Lisboa  a  i3  de  Agosto  de  i3o6, 
chamando  para  a  sua  administração  em  primeiro  lugar  a  seu  irmão  Mem  Peres  (Torre  do 
Tombo,  Gaveta  12,  maç.  2,  n.''4;  Pegas,  Tractatus  de  exclusione . ..  maioratus,\o\.  II,  págs.  66 
e  segs.);  e  com  algum  equívo  em  Brandão,  Monarchia  lusitana,  part.  VIÍ,  pág.  71). 

Diogo  de  Góis  era  de  um  ramo  desta  família  estabelecido  em  Évora.  Encontro-o  em 
Abril  de  1464  nos  paços  do  bispo  de  Évora  intervindo,  por  parte  dos  fidalgos  da  cidade,  em 
um  conselho  lá  reunido  para  deliberar  acerca  de  aposentadorias  (G.  Pereira,  Documentos  de 
Évora,  lí,  99).  Foi  casado  com  Maria  Brandoa,  havendo  com  ela  duas  mil  c  quinhentas 
coroas  de  casamento,  por  parte  das  quais,  ainda  em  dívida,  recebia  uma  tença  de  dezaseis 
mil  e  tantos  reais,  por  êle  e  pela  mulher  vendida,  por  escritura  feita  em  Évora  a  7  de  De- 
zembro de  i5o4,  a  seu  genro  António  Lobo  {Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  42."  de  Doações, 
fl.  23).  Nada  mais  sei  documentado  deste  Diogo  de  Góis,  que  foi  fidalgo  da  casa  de  el  Rei, 
bem  como  o  foi  seu  genro,  que  teve  a  alcaidaria  mor  de  Monsarás  pelo  duque  de  Bragança. 

Gonçalo  de  Sousa  teve  a  alcunha  do  Lavrador  pelo  muito  que  se  dedicou  a  lavoura. 
Edificou  em  Évora  uma  basta  abegoaria  que  deu  brado,  e  morreu  em  i5i6,  segundo  o  seu 
epitáfio  no  cruzeiro  da  igreja  do  Espinheiro  {Sepulturas  do  Espinheiro,  pág.  20). 

Álvaro  Mendes  do  Esporão,  <f  homem  bem  honrado  e  muito  bom  cavallei^ro  »,  era  senhor 
da  herdade  do  Esporão  no  termo  de  Monsarás.  Foi  progenitor  dos  Vasconcelos  da  casa 
do  Esporão,  condes  de  Figueiró,  e  já  a  êle  me  referi  no  liv.  I,  págs.  382  e  seguintes. 

Fernão  Brandão,  filho  de  Diogo  Lopes  Brandão,  então  chefe  da  família  dos  Brandões 
de  Évora,  já  fora  juiz  desta  cidade  em  1482,  e,  exercendo  o  ofício,  foi-lhe  dada  licença,  por 
carta  de  7  de  Dezembro,  para  comprar  umas  casas  na  cidade  {Chancelaria  de  D.  João  II, 
liv.  3.",  fl.  108  v.).  Em  1497,  P°^  carta  de  18  de  Maio  e  em  sucessão  a  seu  pai,  foram-lhe 
■confirmados  os  privilégios  de  uma  sua  herdade  no  termo  de  Évora,  a  par  de  Santa  Marga- 
rida, a  qual  fora  coutada  por  D.  Fernando  a  seu  bisavô  Fernão  Martins  Brandão  {Chance- 
laria de  D.  João  III,  liv.  17.0  de  Doações,  fl.  147).  Já  tinha  morrido  a  29  de  Outubro  de  iSag, 
•quando  os  privilégios  da  referida  herdade  foram  confirmados  a  sua  filha  Joana  Brandoa 
(Ibidem),  e  pouco  antes  morreria  porque,  por  carta  de  12  de  Dezembro  do  ano  precedente, 
havendo  respeito  aos  seus  serviços  e  aos  de  seu  pai,  fôra-lhe  feita  mercê  de  uma  tença  de 
vinte  mil  reais  {Ibidem,  liv.  14.»,  fl.  23o  v.).  É  preciso  não  confundir  este  Fernão  Brandão 
com  outro,  seu  contemporâneo,  que  foi  poeta  do  Cancioneiro,  como  indico  no  artigo  Dois 
Portuenses  poetas  do  Cancioneiro,  no  vol.  I  do  Tripeiro,  pág.  69. 

Henrique  de  Macedo  era  filho  de  Diogo  Gonçalves  de  Macedo  e  neto  de  Martim  Gon- 
çalves de  Macedo  {Sepulturas  do  Espinheiro,  pág.  29),  a  quem  D.  João  I  deveu  a  vida  na 
batalha  de  Aljubarrota,  como  conta  Fernão  Lopes.  Fizera  Henrique  de  Macedo  extraordi- 
nários gastos  por  ocasião  das  festas  de  Évora;  vendera  quintas  a  usurários  por  um  terço 
menos  do  seu  valor  ao  que  D.  Manuel  acudiu  em  i5oo,  mandando  restituir-lhe  uma  quinta 
vendida.  Em  Évora  continuou  a  viver  e  lá  veio  a  morrer  em  fins  de  020,  princípios  de 
i52i.    No  citado  livro  aponto  estes  e  outros  dados  biográficos;  mas  encontro  nos  Doc«- 


'  Henriques  1 3 1 

Tojnou  o  cortejo  a  avançar. 

Levavam  de  rédea  a  mula  de  D.  Isabel  o  duque  de  Beja  e  o  futuro  duque 
de  Coimbra,  D.  Jorge,  criança  de  nove  anos  de  idade.  As  estribeiras  iam 
condes  e  grandes  senhores,  e  el  Rei,  para  lhe  fazer  maior  honra,  atou  às 
rédeas  a  ponta  do  seu  cordão  da  ordem  da  Jarreteira,  e  com  a  outra  ponta 
na  mão  a  foi  levando. 

Viarn-se  todas  as  ruas  do  trânsito  espadanadas  e  cobertas  de  vistosos 
toldos  feitos  de  panos  de  várias  cores  expressamente  mandados  vir  de  Ingla- 
terra e  Flandres,  os  toldos  suspensos  de  mastros  dos  mesmos  panos  forrados. 
As  paredes  das  casas,  todas  armadas  de  sedas  e  tapeçarias  das  janelas  para 
baixo  e  adornadas  de  ramos  de  loiro  e  laranjeira  com  várias  jóias  pelas 
janelas  e  portas,  deleitavam  não  só  os  olhos,  como  o  olfato  pelos  muitos  per- 
fumes colocados  junto  às  soleiras. 

Poucos  passos  andados  topou  o  cortejo  próximo  de  um  chafariz  com  os 
moiros  e  judeus  principais  de  Évora  e  de  Lisboa,  Setúbal  e  Algarve,  acom- 
panhados de  suas  folias  e  danças. 

Mais  adiante,  à  entrada  da  rua  da  Selaria  (i),  estava  a  procissão  orde- 
nada pelo  capelão  mor,  tendo  à  sua  frente  o  arcebispo  de  Braga  de  pontifical 
rodeado  dos  outros  prelados  e  de  toda  a  mais  clerezia.  Incorporado  o  prés- 
tito na  procissão  subiram  todos  pela  rua  fora  até  ao  taboleiro  da  Sé,  onde 
se  ostentava  o  cadafalso  mandado  armar  pelo  cabido  e  clero  da  cidade  (2). 

A  porta  da  Sé  apearam-se  o  rei  e  a  princesa,  e  entraram  a  fazer  oração 
e  a  beijar  o  santo  lenho  da  Vera  Cruz  que  lhes  foi  oferecido.  Terminada  a 
oração  tornaram  a  cavalgar  e  na  mesma  ordem  dirigiram-se  para  o  paço^ 
onde  chegaram  já  de  noite,  alumiados  por  infinitas  tochas  erguidas  nas  mãos 
de  todos  os  moços  fidalgos  e  de  muitos  moços  da  câmara  ricamente  tra- 
jados. 

A  esta  hora  já  estavam  acesas  as  muitas  luminárias  que  a  cidade  mandara 
pôr  em  todas  as  torres  da  cerca  e  campanários  das  igrejas;  e  de  todos  os 
lados  estalavam  os  « tiros  de  fogo »  pelo  rei  fornecidos  à  cidade. 

No  trajecto  para  o  paço  ainda  a  princesa  encontrou,  para  a  festejar,  mais 
dois  cadafalsos  mandados  levantar,  um  pelos  franciscanos  a  par  da  horta  de 


mentos  de  Évora  de  Gabriel  Pereira,  vol.  II,  pág.  170,  a  referência  a  um  interdito  posto  em 
Évora,  para  cessar  o  qual  avisou  D.  João  II,  por  carta  de  17  de  Maio  de  1484,  os  juízes,  ve- 
readores, etc.  da  cidade  de  haver  mandado  a  «Anrique  de  Macedo  que  se  saya  delia  atee 
vyr  recado  de  seu  caso».  Qual  fora  este  caso,  que  deu  lugar  a  ser  lançado  interdito  sobre 
toda  a  cidade,  é  que  não  sei. 

(i)  Citado  Regimento. 

(2)  Ibidem. 


!32  Brasões 

S.  Francisco  junto  ao  mercado  da  erva,  e  outro,  obra  dos  dominicanos,  junto 
à  Porta  Nova(i). 

Na  sala  do  paço  a  rainha  e  o  príncipe,  acompanhados  de  uma  numerosa 
e  luzida  corte  de  damas  e  donzelas,  esperavam  por  D.  Isabel.  Para  lá  a 
conduziu  el  Rei,  e  começaram  logo  as  festas  e  danças,  que  se  repetiram 
depois  da  ceia,  tomando  parte  nelas  as  pessoas  reais. 

E  depois...  foram  descançar,  e  já  não  era  sem  tempo,  e  o  mesmo  fize- 
ram durante  o  dia  de  segunda  feira. 


Á  terça  feira  à  noite  inaugurou-se  a  famosa  sala  de  madeira,  atrás  des- 
crita, com  um  «banquete  de  ceia». 

Na  galaria  do  fundo,  a  galaria  real,  e  sobre  um  estrado,  estava,  sob  o 
docel,  a  mesa  principal,  a  mesa  travessa  (2),  onde  se  sentaram  el  Rei,  a 
rainha,  o  príncipe,  a  princesa,  o  duque  de  Beja,  o  senhor  D.  Jorge,  e  D.  Ro- 
drigo de  Ulhoa,  embaixador  de  Castela. 

Nas  mesas  das  galarias  laterais  sentaram-se  os  convidados,  comendo,  na 
primeira  mesa  da  direita,  o  marquês  de  Vila  Real  a  quem  se  seguiam  as 
senhoras,  donas  e  donzelas;  e  na  da  esquerda,  o  arcebispo  de  Braga, 
D.  Jorge  da  Gosta,  o  bispo  de  Évora,  D.  Afonso  de  Portugal,  os  mais  bispos, 
os  condes,  os  do  conselho,  etc. 

As  bancadas  dos  estrados  entre  as  grades  estavam  cheias  de  espectadores, 
pois  que  na  sala  se  admitiu,  além  dos  conhecidos,  todos  os  embuçados  por 
constar  estarem  em  Évora  muitos  grandes  senhores  castelhanos. 

Os  convivas,  era  de  uso  então,  sentaram-se  unicamente  em  um  dos  lados 
da  mesa,  e  sobre  bancos  (donde  veio  o  nome  de  banquetes  aos  festins)  en- 
costados ou  próximos  das  paredes,  Deixavam  portanto  Hvres  os  topos  das 
mesas  e  o  lado  fronteiro,  aquele  por  onde  se  fazia  o  serviço  e  se  mudavam 
as  cobertas. 

Era  complicado  e  moroso  o  serviço  dos  banquetes  pelo  cerimonial  neles 
desenvolvido. 

A  mesa  real  assistiam  todos  os  oficiais;  e  os  moços  fidalgos  faziam  o 
serviço.  As  outras  mesas  estavam  ordenados,  a  cada  uma,  certo  número  de 
oficiais  e  trinchantes  e  de  moços  da  câmara,  únicos  vestidos  de  veludo  preto, 
pois  todos  os  mais  ostentavam  sedas  e  brocados  de  cores  brilhantes. 

Para  cada  prato  levado  à  mesa  real,  era  uma  verdadeira  procissão.    Vi- 


(i)  Citado  Regimento. 

(2)  Cfr.  esta  designação  em  Conde  de  Vila  Franca,  D,  João  I  e  a  aliança  inglesa,  obra 
sob  muitos  aspectos  notável. 


Henriques  i33 

nham  adiante,  a  dois  e  dois,  muitos  porteiros  com  a  sua  maça  de  prata, 
atrás  deles  os  reis  darmas,  arautos  e  passavantes,  o  porteiro  moi*,  quatro 
mestres  salas,  o  veador,  os  vedores  da  fazenda  e  o  mordomo  mor. 

Ao  passo  que  chegavam  ao  estrado,  faziam  todos  uma  profunda  mesura, 
sendo  só  nesta  ocasião  que  o  mordomo  mor  se  descobria,  tendo-o  já  feito, 
desde  o  meio  da  sala,  os  vedores  da  fazenda,  e  trazendo  todos  os  mais  o 
barrete  na  mão  desde  a  entrada. 

Esta  cerimónia  repetiu-se  todas  as  vezes  que  as  pessoas  reais  beberam, 
€  a  todas  as  novas  iguarias  que  se  traziam  à  mesa;  e  foi  sempre  acompa- 
nhada do  toque  de  todas  as  trombetas,  tambores,  charamelas,  sacabuchas  e 
instrumentos  dos  menestréis,  e  do  seu  canto,  o  que  produzia  tão  grande  es- 
trondo que  se  não  ouvia  mais  nada. 

Mudadas  as  cobertas  afastavam-se  os  diferentes  oficiais,  calavam-se  os 
músicos,  e  emquanto  os  convivas  comiam,  representavam-se  os  entremeses, 
palavra  derivada  do  francês  entre  mets.  •  Este  era  o  uso,  e  isto  se  praticou 
então. 

Mal  se  tinha  começado  com  o  primeiro  serviço,  quando  se  viu  assomar 
à  porta  uma  junta  de  nédios  bois  com  as  hastes  doiradas,  puchando  por  uma 
grande  carreta,  também  doirada,  carregada  de  carneiros  com  as  armas  como 
as  dos  bois.  Adiante  destes  lá  vem  o  carreiro  com  a  sua  aguilhada  esper- 
tando-os,  e  muito  taful  vinha  ele,  por  sinal,  com  o  seu  pelote  e  gabão  de 
veludo  branco  forrado  de  brocado  e  o  seu  barrete  tombado  para  o  lado. 
Estranho  trajo,  mesmo  para  um  abegão,  mas  próprio  para  um  moço  fidalgo 
invencionado. 

E  com  efeito  era  moço  fidalgo  o  carreiro,  Henrique  de  Macedo;  e  os 
bois...  eram  bois,  mas  assados  inteiros,  assim  como  os  carneiros,  e 
postos  sobre  um  estrado  bastante  rasteiro  para  se  não  verem  as  rodetas 
sobre  que  andava,  e  parecer  serem  os  próprios  bois  que  tiravam  pela  car- 
reta. 

Oferecidos  eles  à  princesa  e  terminado  o  serviço,  levou-os  de  novo  o 
carreiro  pela  sala  fora  até  à  porta,  e,  saindo  à  rua,  deu-os  ao  povo,  que  num 
instante  despedaçou  tudo,  tratando  cada  um  de  levar  o  mais  que  podia. 

Entretanto  serviram-se  por  todas  as  mesas  muitos  pavões  assados,  com 
os  rabos,  pescoços  e  cabeças  como  se  fossem  vivos,  e  da  mesma  forma 
muitas  outras  aves. 

Começaram  depois  os  momos  e  representaram  eles  um  rei  de  Guiné, 
com  que  vinham  três  espantosos  gigantes  de  quarenta  palmos  de  altura,  rica- 
mente vestidos  e  tão  bem  feitos  que  pareciam  vivos.  Com  eles  entrou  uma 
«mui  grande  e  rica  mourisca  retorta»,  isto  é,  uma  dança  de  pessoas  vestidas 
à  mourisca  com  lanças  e  broqueis,  em  que  vinham  duzentos  bailadores  dos 


1 34  Brasões 

mais  afamados,  todos  tintos  de  negro,  com  muitas  manilhas  de  metal  dourado 
enfiados  nos  braços  e  pernas,  cobertos  de  guisos. 

E  puzeram-se  todos  a  dançar  e  a  pular  e  eram  tantos  os  dançadores  e 
cada  um  com  tanto  guiso,  que  faziam  uma  bulha  capaz  de  ensurdecer. 

Durante  a  ceia  ainda  houve  outras  representações,  e,  terminada  ela^ 
danças  e  festas  durante  a  noite  inteira. 


Nos  dias  seguintes  continuaram  as  festas,  até  que,  no  domingo  5  de  De- 
zembro, houve  novo  banquete  na  sala  de  madeira  ainda  mais  esplêndido  que 
o  primeiro. 

A  disposição  das  mesas  era  a  já  dita,  e  a  elas  se  tornaram  a  sentar  as 
mesmas  pessoas,  e  pela  mesma  ordem. 

Ao  correr  da  pena  notarei  que,  ainda  há  pouco,  em  certos  banquetes 
reais,  isto  é,  nas  ceias,  lá  se  via  no  topo  a  mesa  travessa  com  as  pessoas 
reais  a  ela  sentadas,  virando  as  costas  à  parede  e  olhando  para  a  sala.  K 
lá  estavam  também  as  mesas  laterais  onde  comiam  os  convidados,  com  as 
únicas  diferenças  de  estarem  de  pé,  e  do  serviço  ser  feito  por  entre  as  mesas 
e  a  parede,  em  vez  de  o  ser  pelo  meio  da  sala.  Vê-se  pois  que  o  uso  me- 
dieval, com  pequenas  alterações,  se  conservou  por  muito  tempo. 

Neste  segundo  banquete,  quando  se  entrava  na  sala,  apareciam  as  mesas 
«tam  fermosas  e  tam  guerreyras  que  eram  muito  pêra  folgar  de  ver  e  cousa 
nova  que  ainda  se  nam  vira ». 

O  que  lhes  dava  o  aspecto  marcial  eram  castelos  e  barracas  de  campanha 
sobre  elas  dispostos,  havendo,  em  cada  mesa,  um  castelo  entre  duas  tendas; 
menos  na  mesa  travessa,  em  que,  talvez  para  não  tapar  a  vista,  faltava  o 
castelo. 

Eram  feitos  estes  de  madeira  delgada  e  de  forma  arredondada,  e  reves- 
tidos de  tafetá  doirado  com  muitos  capitéis  e  outros  ornatos,  e  guarnecidos 
de  muitas  bandeiras. 

Eram  as  tendas  de  damasco  branco  e  roxo,  cores  da  princesa,  e  enfei- 
tadas com  muitos  bordados  e  bandeirinhas  doiradas. 

Sentados  às  mesas  os  convivas,  tiraram  os  moços  da  câmara  as  tendas  e 
castelos,  que  cobriam  pratos  montados  cbm  variadas  iguarias  e  viandas;  e, 
guardando  para  si  as  barracas,  distribuíram  os  castelos  por  pessoas  que  os 
pediam  para  mosteiros  e  igrejas,  onde  se  conservaram  pendurados  por  muito 
tempo,  e  onde  depois  se  mostravam  como  coisa  digna  de  ser  vista. 

Apesar  de  ser  inúmero  o  concurso  de  espectadores,  que  presenciaram 
ambos  estes  banquetes  dos  degraus  entre  as  grades,  e  apesar  de,  na  ocasião 
de  se  levantarem  da  mesa,  serem  por  eles  distribuídas  as  viandas,  era  tal  a 


Henriques  i35 

sua  profusão  que  não  só  chegaram  para  todos  comerem,  como  ainda  sobe- 
jaram muitas.  Facto  a  que,  juntamente  com  a  boa  polícia  da  sala,,  se  deveu 
o  não  haver  «pessoa  que  deytasse  mão  de  cousa  algúa  nem  fizesse  mao 
ensino ». 

Terminado  finalmente  o  banquete,  durante  o  qual  certamente  se  haviam 
de  ler  figurado  graciosos  entremeses,  entraram  na  sala  por  seu  turno  apara- 
tosos momos  e  alegres  danças,  ainda  mais  vistosos  e  ricos  do  que  os  de 
terça  feira  passada.  Foram  tais,  tão  brilhantes  e  prolongadas  estas  festas, 
nas  quais  como  moço  da  câmara  Garcia  de  Resende  serviu,  que,  diz-nos 
êle  « se  se  ouvesse  descrever  meudamente  como  foy  pareceria  fabula  dAmadis 
ou  Esprandiam  »  ! 

Tiveram  repercussão  em  Castela  e  a  elas,  engrandecendo-as,  se  refere  o 
cronista  dos  Reis  Católicos,  não  nos  poupando  um  remoque  final. 

«  E  celebrarÕ  en  aquella  ciudad  (Évora)  las  bodas  cÕ  grã  solennidad,  e 
hizierÕ  grandes  fiestas  de  justas  e  torneos  que  durarÕ  treynta  dias:  que  pêra 
lo  que  se  requeria  a  estas  fiestas,  assi  el  rey  de  Portugal,  como  los  senores 
principales,  y  otras  gêtes  de  sus  reynos,  hizierõ  grandes  e  muy  costosos 
aparejos  en  los  edifícios  dÕde  hizierÕ  las  fiestas:  y  en  los  recebimiétos  grades 
e  juegos  que  para  ello  se  adereçarÕ:  y  oirosi  en  los  muchos  panos  de  bro- 
cados, sedas  e  guarniciones  que  hizierÔ  para  arreos  de  sus  personas,  y  en 
las  dadivas  que  dieron.  Lo  qual  fue  todo  por  extremo:  que  queriendo  los 
Portugueses  emparejar  con  la  grandeza  de  los  reynos  y  sefíorios  dei  Rey  y 
de  la  Reyna  parescio  tener  mayor  animo  para  gastar,  que  bastava  la  facukad 
para  lo  que  gastavan  «.(i). 


Até  à  oitava  do  Natal  cessaram  os  festejos  ruidosos,  e  durante  esses  dias 
ensaiaram-se  os  justadores  para  o  magnificentíssimo  torneio,  no  qual  D.  João  II 
apareceria  como  mantenedor  (2). 

Marcou-se  a  liça  (3)  na  Praça,  então  menor  em  comprimento  do  que  hoje, 
pois  que  terminava  pela  parte  do  norte  (4)  em  um  grande  pórtico  romano  de 
três  arcos,  que  a  cortava  em  toda  a  sua  largura  no  sítio  onde  agora  se  vê  o 


( i)  Nebrixa,  aliás  Pulgar,  Chronica  de  los  Reys  Catholicos,  cap.  129  da  2.»  parte,  fl.  307  v. 
da  ed.  de  i565. 

(2)  Mantenedor:  o  principal  cavaleiro  das  justas,  e  torneios,  que  defende  a  empresa 
contra  os  combatentes  (Diccionario  de  Moraes). 

(3)  Liça:  campo  para  batalha  de  reptados,  de  justadores,  torneios,  etc.  cercado  de 
teia  (Ibidem). 

(4)  Escrevo  de  memória,  mas  não  creio  errar  muito  pondo  o  norte  na  Praça  de  Évora 
atrás  da  igreja  de  Santo  Antão. 


i36  Brasões 

chafariz.  Era  este  pórtico  romano  de  muitas  colunas  sustentando  vários 
entablamentos,  e  de  muitas  estátuas  em  diferentes  nichos;  e  foi  mandado 
derribar,  vítima  de  feroz  vandaHsmo,  pelo  fanático  cardial  rei  afim  de  desa- 
frontar a  insulsa  fachada  da  igreja  de  Santo  Antão,  fábrica  sua.  E  com  tanta 
gana  lhe  deitaram  os  picaretes,  que  só  escaparam  oito  colunas  posteriormente 
aproveitadas  para  o  refeitório  do  colégio  dos  jesuítas. 

No  outro  topo  da  Praça  já  se  via  a  casa  da  câmara,  mandada  construir 
por  D.  Afonso  V  na  esquina  da  rua  dos  Mercadores,  hoje  rua  do  Paço;  à 
qual  D.  João  II  tinha  acrescentado  em  148 1  a  varanda,  depois  por  Felipe  II 
coberta  pela  forma  por  que  persiste  (i). 

Ao  poente  da  Praça,  próximo  do  novo  edifício  da  câmara  e  dele  separado 
pela  rua  da  Cadeia  que  não  sei  se  ainda  então  se  chamava  das  Estalagens, 
levantava-se  parte  do  antigo  paço  real  denominado  dos  Estaus  por  ser  desti- 
nado a  aposentar  as  pessoas  ilustres  que  procurassem  a  corte,  cuja  residência 
era  nos  paços  novos  de  S.  Francisco. 

Alinhadas  com  os  Estaus  e  deles  separadas  pelas  ruas  dos  Toiros,  pos- 
teriormente tapada,  estendiam-se,  até  à  rua  do  Raimundo,  umas  casas  que 
posteriormente  pertenceram  aos  Henriques,  senhores  das  Alcáçovas.  Destas 
casas,  ruas  e  paços  nada  ali  resta,  sendo  tudo  abrangido  hoje  (i885)  pelo 
palácio  de  José  Maria  de  Sousa  Matos. 

Diferentes  moradas  de  casas  se  seguiam,  desde  a  rua  do  Raimundo,  até 
à  actual  dos  Mercadores,  que  é  terminada  por  um  arco,  e  desta  até  ao  pór- 
tico romano. 

Do  lado  do  nascente  corria  a  frontaria  da  praça  formada  irregularmente  por 
várias  casas,  cortadas,  quási  ao  meio,  pela  rua  da  Selaria  que  se  dirige  à  Sé. 

Em  frente  da  nova  casa  da  câmara  estava  um  chafariz  de  mármore,  que 
D.  João  II  mandara  construir,  e  para  o  qual  vinha  a  água  de  uma  nora  no 
terreirinho  da  rua  da  Selaria,  junto  à  velha  torre  do  rei  Sisebuto. 

Defronte  do  arco  principal  do  famoso  pórtico  romano  estava  o  pelourinho, 


(i)  Por  que  persiste  l  —  Escrevia  eu  isto  em  Abril  de  i885.  Hoje  já  lá  não  restam  ves- 
tígios das  interessantíssimas  construções  antigas  do  topo  sul  da  Praça.  As  casas  da  câmara, 
com  a  sua  encantadora  varanda  alpendrada,  as  suas  janelas  manuelinas,  foram  mandadas 
derribar  por  um  homem,  que  para  desgraça  da  capital  alentejana  dispôs  durante  anos  de 
fatal  influência  política  sufficiente  para  estragar  quási  tudo  onde  pôs  as  mãos.  As  casas  da 
cadeia,  ao  lado  dos  paços  do  concelho,  tão  características,  com  os  seus  degraus  exteriores, 
as  suas  grades  de  ferro  lavrado,  a  sua  velha  pedra  darmas,  também  encontraram  algos.  Em 
vez  destes  edifícios,  um  de  primorosa  arquitectura,  ambos  de  vetustas  recordações,  vêem-se 
de  um  lado  ruínas,  do  outro  uma  insulsa  construção  moderna.  Gomo  lembrança  resta 
apenas,  que  eu  saiba,  uma  gravura  tosca  na  pág.  100  do  vol.  XVIII  do  Occidente,  reprodu- 
zida por  A.  F.  Barata  em  parte  da  pág.  177  da  sua  Évora  antiga. 


1 


Henriques  i  Sy 

levado  depois  para  o  lugar  do  seu  vizinho  chafariz,  demolido  quando 
D.  João  III  introduziu  em  Évora  as  águas  da  Prata  pelo  monumental  aque- 
duto.    Hoje  não  sei  onde  pára  o  pelourinho. 

Como  ia  dizendo,  foi  na  Praça  que  se  marcou  a  liça,  a  qual  se  toldou 
toda  de  panos  suspensos  de-  elevados  mastros,  em  cujos  topes  tremulavam 
bandeiras  reais. 

A  teia,  posta  na  segunda  feira  20  de  Dezembro,  foi  coberta  de  panos 
verdes  e  roxos,  cores  do  mantenedor  que  era  el  Rei;  e  neles,  de  um  e  outro 
lado  da  teia,  viam-se  bordados  a  oiro  muitos  pelicanos  em  seus  ninhos,  ali- 
mentando os  filhos  com  o  próprio  sangue:  essa  era  a  empresa  de  D.  João  11. 

Semilhante  revestimento  pôs-se  na  balha(i),  divisão  de  madeira  de  uns 
cinco  palmos  de  altura  rijamente  cravada  no  chão  no  centro  da  liça,  e  que 
servia  para  os  combatentes  não  irem  de  encontro  um  ao  outro,  podendo 
unicamente  ferir-se  com  as  armas.  Daqui  a  frase  vir  à  balha  —  e  não  vir  à 
baila — ,  pois  que  o  mantenedor,  duas  e  mais  vezes,  vinha  à  balha,  ou  para 
quebrar  novas  lanças  com  o  mesmo  aventureiro  ou  para  acudir  ao  desafio 
doutro. 

Aos  lados  da  teia  estavam  armados  os  palanques  para  os  espectadores,  e 
no  topo,  próximo  do  pelourinho,  o  camarote  real,  donde  havia  de  assistir  às 
justas  a  princesa  D.  Isabel,  a  rainha  do  torneio.  Era  esta  estância  posta 
entre  dois  enormes  mastros,  em  cada  um  dos  quais  se  via  içada  uma  ban-^ 
deira  das  armas  partidas  de  Portugal  e  Castela,  brasão  da  princesa.  Era, 
além  disso,  forrada  de  preciosas  alcatifas  e  guarnecida,  dos  lados  e  por 
detrás,  de  ricas  tapeçarias  em  que  se  viam  pintadas  façanhas  de  portugueses; 
não  só  por  ser  esse  o  uso  da  corte,  como  por  servir  na  presente  ocasião  de 
estímulo  aos  justadores. 

Do  outro  lado,  mas  fora  da  teia  e  tapando  a  embocadura  da  rua  dos 
Mercadores  (hoje  do  Paço)  e  as  frentes  das  duas  casas  que  a  terminavam^ 
uma  das  quais  era  a  da  câmara,  tinha-se  levantado  a  távòla,  designação  da 
sítio  onde  os  mantenedores  se  recolhiam  esperando  pelos  aventureiros,  que 
viriam  a  desafiá-los. 

Era  a  távola  construída  de  madeira  em  forma  de  fortaleza  com  suas 
torres  e  cubelos,  e  guarnecida  de  muitas  bandeiras  e  de  muitas  lanternas^ 
A  noite  acendiam-se  estas  e  eram  tantas  que  parecia  estar  toda  a  távola  a 


(i)  «Corria  pelo  meio  do  theatro  uma  balha  de  trinta  palmos  de  comprido  e  cinco 
d'alto  para  divisão  dos  combatentes  «.  —  Relação  do  recebimento^  e  festas^  que  se  fi^erão^  ncL 
Augusta  cidade  de  Braga,  d  entrada  do  lllustrissimo,  &  Reverendissimo  Senhor  Dom  Ro- 
drigo da  Cunha,  Arcebispo,  &  Senhor  delia.  Primas  das  Hespanhas.  Em  Braga  por  Fru- 
tuoso Lourenço  de  Basto,  1Ó27,  fl.  34  v. 

VOL.  III  18 


i38  .        Brasões 

arder.  Era  tão  vasta,  que  durante  o  tempo  do  torneio,  uns  poucos  de  dias, 
alojou-se  nela  el  Rei  com  todos  os  mantenedores  e  numerosos  oficiais,  escu- 
deiros, pagens  e  mais  pessoas  do  serviço,  além  de  muitos  cavalos  sempre 
selados.  E  dentro  dela,  nesses  dias,  celebraram-se  banquetes  e  outras  várias 
festas. 

Da  parte  de  fora  lá  estava  o  campanário  e  o  sino  para  tocar  alarma, 
como  se  se  estivesse  em  frontaria  de  inimigos;  e,  para  em  tudo  haver  ana- 
logia, estavam  sempre  mantenedores  armados,  por  turnos,  com  seus  cavalos 
aparelhados,  e  em  tudo  prontos  para  sair  à  liça  assim  que  qualquer  aventu- 
reiro os  desafiasse.  Disto  eram  avisados,  não  só  pelo  repique  do  sino,  como 
pelo  abatimento  de  um  grande  facho,  que  na  fortaleza  havia,  o  qual  sempre 
permanecia  aceso  ou  fumegante. 

Mas,  antes  de  tomar  a  teia,  tinha  o  mantenedor  de,  conforme  o  uso, 
apregoar  o  desafio  com  toda  a  pompa  e  a  maior  pubhcidade,  requisitas  ceri- 
mónias a  que  D.  João  II  não  faltou. 


Voltemos  novamente  à  sala  de  madeira  a  qual,  na  terça  feira  à  noite,  en- 
contraremos toda  iluminada  com  as  cento  e  vinte  tochas  dos  seus  trinta  lus- 
tres de  cruzetas  de  táboas  doiradas,  quási  iguais  aos  que  o  bon  Roi  René 
pintou  no  seu  célebre  manuscrito  dos  torneios  (i);  com  a  sua  copeira  resplan- 
decente de  luzes,  pratas  e  cristais;  e  com  os  seus  cem  pagens  enfileirados 
em  diferentes  lugares,  segurando  cada  um  a  sua  tocha  hasteada  em  comprida 
vara,  e  lá  veremos  a  rainha,  os  príncipes,  as  damas  e  donzelas,  e  toda  a 
mais  corte,  e  os  numerosos  espectadores  entre  as  duas  grades  nos  palan- 
ques. 

Colocados  todos,  abriu-se  a  larga  porta  e  por  ela  entrou  uma  nau  à  vela, 
cercada  e  precedida  de  nove  batéis,  postos  sobre  ondas.  Era  tudo  tão  bem 
feito  e  natural,  e  avançava  com  tanto  artifício,  que  a  muitos  se  afigurou  terem 
sido  transportados  à  Ribeira  a  ver  a  chegada  e  o  desembarque  de  algum 
daqueles  intrépidos  argonautas,  que  já  corriam  as  costas  africanas  até  ao 
cabo  da  Boa  Esperança. 

E  o  estrondo  da  artilharia,  o  toque  das  trombetas  e  atabales,  o  apito  dos 
mestres  e  contramestres,  a  grita  dos  marinheiros  executando  as  manobras, 
o  clarão  das  inúmeras  tochas  e  velas  que  guarneciam  as  embarcações,  os 
vistosos  brocados  de  que  eram  feitos  os  toldos,  as  cores  alegres  das  sedas 
das  bandeiras  e  estandartes,  o  lustre  do  tafetá  branco  e  roxo  das  enfunadas 
velas,  o  brilho  do  doirado  cordame,  todo  este  conjunto  de  luzes,   sons   e 


(i)  Paul  Lacroix,  Vie  militaire  et  religieuse  au  Moyen  Age,  7.»  cromolitografia. 


Henriques  i  Sg 

cores,  deslumbrante,  estrepitoso  e  alegre,  tornou  este  entremês  o  mais  magní- 
fico de  todos  os  destas  festas  extraordinárias. 

Precedendo  o  batel  de  el  Rei,  o  primeiro  que  avançava  adiante  da  nau, 
andava  sobre  as  ondas  um  grande  e  formoso  cisne  de  extraordinária  alvura 
realçada  por  algumas  penas  doiradas.  Vinha  êle  guiando  um  cavaleiro,  que, 
à  proa  do  batel,  em  pé,  coberto  de  resplendentes  armas,  o  seguiu  até  parar 
próximo  de  D.  Isabel  (i). 

Então  cessaram  todas  as  bulhas,  e  ajoelhando-se  o  cavaleiro  entregou  à 
princesa  um  breve,  ou  cartel,  acção  acompanhada  de  algumas  palavras  ditas 
em  alta  voz,  nas  quais  resumiu  a  sua  tenção.  Era  ela  a  de  a  querer  servir 
nas  festas  do  seu  casamento,  e,  proclamando-a  a  mais  bela,  reptar  e  desafiar 
para  justa  de  armas  com  oito  mantenedores,  todos  que  o  contrário  afir- 
massem. 

Procedeu-se  em  seguida  à  publicação  do  desafio,  e  segundo  o  costume 
foi  ela  feita  pelo  rei  darmas,  que  vestia  a  cota  das  armas  do  mantenedor, 
neste  caso  as  reais.  Entrou  êle  acompanhado  de  arautos  e  passavantes  e 
precedido  de  alguns  trombetas,  e  leu  em  voz  alta  o  breve  e  as  condições  do 
torneio,  com  a  declaração  dos  dois  prémios  dele:  um  para  o  que  mais  ga- 
lante viesse  à  teia;  o  outro  para  o  que  melhor  justasse. 

Ultimada  a  leitura,  deitaram  os  batéis  as  pranchas  fora  e  por  elas  saíram 
el  Rei  e  os  mantenedores.  Postos  todos  em  terra  foi-se  embora  o  mar, 
levando  as  suas  embarcações,  e  repetindo-se  então  a  salva,  a  mijsica  e  a  grita 
da  entrada,  com  tal  estrondo,  que  a  sala  tremeu  e  pareceu  querer  vir  abaixo. 

Terminado  o  entremês,  pegou  D.  João  na  mão  da  nora  e  avançou  com 
ela  para  o  meio  da  sala  seguido  dos  mantenedores,  cada  um  conduzindo  sua 
dama,  e  todos  dançaram. 

Concluídas  as  danças,  entrou  o  duque  Beja  com  seis  justadores,  fidalgos 
de  sua  casa.  Vinham  invencionados  dos  sete  planetas  e  rutilantes  de  oiro, 
pedrarias  e  preciosos  brocados. 


(i)  O  conde  de  Vila  Franca,  na  sua  já  citada  obra,  diz,  que  este  episódio  do  cavaleiro 
do  cisne,  bem  como  outros  destas  festas,  foi  tirado  de  representações  análogas  que  tiveram 
lugar  no  celebrado  banquete  dado  em  Lile,  trinta  e  sete  anos  antes,  pelo  duque  Filipe  de 
Borgonha  e  sua  mulher  D.  Isabel  de  Portugal,  tia  avó  de  D.  João  II.  Em  todos  os  casos 
em  Portugal  e  na  corte  já  se  conhecia  desde  remotas  eras,  mais  ou  menos  confusamente,  a 
lenda  do  cavaleiro  do  cisne.  Para  prova  transcreverei  a  seguinte  verba  do  codicilo,  datado 
de  29  de  Dezembro  de  i358,  com  que  morreu  a  rainha  D.  Beatris,  viúva  de  D.  Afonso  IV: 
«Item  mando  a  ElRej  Dom  Pedro  meu  filho  a  minha  Taça  com  sa  sobre  Copa  e  com  seu 
capitel  do  Cavaleiro  do  Çirne  E  com  huú  Pichei  pequeno  smaltado.  A  qual  taça  e  pichei 
me  a  dita  Raynha  daragom  minha  filha  mãdou». —  Gaveta  16,  maç.  i,  n.»  1,  apenso  ao  tes- 
tamento. 


140  '  Brasões 

Deus  sabe  se  não  saía  já  do  coração  do  duque  a  frase  final  do  mole,  que 
:para  as  justas  escolheu,  dexar  a  my  por  vós!  Ele  amou  a  gentil  Isabel, 
■que  depois  foi  sua  primeira  mulher,  e  ela  tão  pouco  tempo  persistiu  em  Por- 
tugal, que  é  lícito  supor  tê-la  D.  Manuel  amado  à  primeira  vista. 

Atrás  destes  sete  aventureiros  entraram  muitos  outros,  também  ricamente 
invencionados,  e  todos  declararam  aceitar  o  desafio,  e  que,  nas  condições 
-das  justas,  viriam  a  elas  quebrar  suas  lanças. 

Tendo  o  último  aventureiro  apresentado  o  seu  breve,  apareceu  o  segundo 
^ntremês. 

Consistia  ele  em  uma  fortaleza  levantada  entre  um  rochedo  e  uma  basta 
floresta,  em  sítio  ermo  e  temeroso,  que  mais  medonho  ainda  tornavam  dois 
selvagens  de  sentinela  junto  ao  portal.  Deles  porém  se  não  arreceou  um 
valente  homem  darmas,  que  sobreveiu  e,  combatendo-os,  os  desbaratou. 
Vencidos  os  selvagens,  correu  o  guerreiro  a  romper  as  correntes  e  cadeados 
que  tinham  cerradas  as  portas  do  encantado  castelo;  abertas  elas,  saíram 
pela  ponte  levadiça,  dançando,  muitos  e  desvairados  momos,  e  pelo  ar, 
voando,  infinitas  perdizes  e  outras  aves  que  puzeram  em  reboliço  toda  a 
sala. 

Após  este  entremês  entraram  na  sala  vinte  estranhos  peregrinos,  cujos 
mantéus  eram  de  brocado  e  arremendados  sim,  mas  com  remendos  de  setim 
e  veludo.  Arrimavam-se  a  bordões  doirados,  e  doiradas  eram  as  contas 
<]ue,  em  grandes  ramais,  traziam  ao  pescoço.  Na  cabeça,  .os  amplos  cha- 
péus de  aba  larga  levantada  de  um  lado  tinham  as  copas  guarnecidas  de 
muitas  imagens  devotas.  »    ' 

Chegados  em  frente  da  princesa  proclamaram  o  seu  breve,  pois  que  eles 
^ram  fidalgos  invencionados  e  vinham,  como  aventureiros,  para  combater 
nas  justas.  Lido  o  cartel  lançaram  fora  os  seus  trajos  de  peregrinos,  e  apa- 
receram com  esplêndidos  vestuários  de  corte.  E  os  mantéus,  contas  e  mais 
despojos,  todos  de  valor,  foram  em  um  momento  presa  dos  moços  da  câ- 
mara, reposteiros  e  chocarreiros,  tomando  cada  um  o  mais  que  podia. 

Continuaram  ainda  até  de  madrugada  as  danças,  os  momos  e  os  entre- 
-meses,  dando-se  cora  a  noite  fim  a  estes  divertimentos. 


No  meio  destas  festas,  quási  não  havia  tempo  para  repouso.  Vimos 
como  se  passou  a  noite  de  terça  para  quarta  f^eira,  pois  logo  na  tarde  deste 
dia  se  dirigiu  o  mantenedor  a  tomar  a  teia. 

Foi  presenciado  o  espectáculo  pela  rainha,  que  andava  adoentada,  pelos 
príncipes,  por  toda  a  corte  e  por  infinito  número  de  espectadores  espalhados 
pelos  palanques. 


Henriques  141 

E,  ainda  que  o  cronista  nos  não  descreva  o  acompanhamento  e  as  ceri- 
mónias com  que 'se  praticou  o  acto,  pode-se  conjecturar  seriam  inúmeras  e 
magníficas,  pois  que,  tendo  saído  o  rei  à  tarde  do  paço,  era  já  noite  quando 
desceu  à  fortaleza.  E  ao  facto  de  se  estar  nos  dias  mais  curtos  do  ano,  se 
contrapõe  o  da  breve  distância  existente  entre  os  dois  lugares. 

Recolhido  o  rei  à  távola  nela  se  alojou  e  permaneceu,  com  os  mantene- 
dores seus  sócios,  durante  todo  o  tempo  das  justas. 


No  dia  seguinte,  quinta  feira  23  de  Dezembro,  apresentou-se  el  Rei  na 
liça,  ou  fez  a  sua  mostra,  como  dizem  os  cronistas  contemporâneos. 

Em  primeiro  lugar  saíram  da  fortaleza,  que  se  tinha  armado  na  praça, 
muitos  moços  a  cavalo  vestidos  de  sedas  verdes  e  roxas  e  tocando  trombetas 
bastardas.  Atrás  deles  um  bem  composto  e  guarnecido  cadafalso  moven- 
do-se  sobre  rodas  invisíveis,  assim  como  o  eram  os  que  faziam  andar.  Vinha 
êle  enfeitado  com  muitas  bandeiras  e  trazia  pendurados  em  volta,  pela  parte 
de  fora,  muitos  atabales  em  que  tocavam  outros  tantos  atabaleiros,  todos 
invencionados  em  bugios,  e  tão  bem,  que  ainguém  diria  não  serem  ma- 
cacos. 

Após  este  cadafalso  vinha  outro  em  tudo  semilhante,  unicamente  os  ata- 
baleiros traziam  figuras  de  leões  com  jubas  doiradas. 

Aos  atabaleiros  seguiam-se  muitos  tangedores  de  charamelas  e  sacabuxas, 
que  precediam  um  muito  grande  e  espantoso  gigante  de  mais  de  trinta 
palmos  de  altura.  Vinha  êle  todo  coberto  de  armas  doiradas  com  um  escudo 
na  mão  esquerda  e  na  direita  uma  facha  de  armas,  e  montado  em  azêmola 
de  proporções  descomunais  escolhida  para  o  efeito  e  revestida  de  peles  de 
urso  com  tanta  perfeição  que  iludia.  Em  volta  do  gigante  muitos  homens 
de  armas  com  alabardas  doiradas  aos  ombros. 

Depois  vinham  a  cavalo  os  porteiros  com  suas  maças  de  prata,  os  reis 
darmas,  arautos  e  passavantes,  o  porteiro  mor.  Gomes  Ferreira,  quatro 
mestres  salas  e  D.  Pedro  de  Noronha,  mordomo  mor.  A  estes  seguiam-se 
muitos  cavalos  de  estado  com  ricas  guarnições  e  os  moços  de  estribeira,  que 
os  levavam,  vestidos  de  brocado. 

Após  eles  D.  Jorge  de  Castro,  irmão  do  futuro  3."  conde  de  Monsanto  e 
pagem  de  el  Rei,  «moço  muyto  fermoso  e  gentil  home»,  que  vinha  rica- 
mente armado  com  muitos  doirados  e  pedrarias  e  na  cabeça  uma  grinalda, 
guirlanda  lhe  chama  Resende,  de  pedraria  terminada  por  um  penacho  de 
penas  de  garça.  E  os  paramentos  do  cavalo,  em  que  vinha  montado  o  pagem, 
eram  de  tela  de  oiro  forrados  de  marta  zibelina  e  tão  compridos  que,  para  o 
animal  poder  andar,  os  levavam,  levantados  e  afastados,  doze  moços  de  es- 


142  Brasões 

tribeira  vestidos  de  brocado  de  pêlo,  «que  fazia  hum  grã  terreiro:  e  era  íer- 
mosa  cousa  pêra  ver  ». 

Por  fim  entrou  el  Rei  a  cavalo  coberto  de  riquíssima  armadura  guarne- 
cida de  pedras  preciosas  e  pérolas,  com  a  coroa  real  sobre  o  elmo  e  dela 
saindo  os  liames  de  nau  doirados  que  ostentava  por  cimeira  em  atenção  à 
rainha,  fazendo  um  desgraçado  trocadilho  com  liames  e  Lianor,  como  então 
se  dizia: 

Estes  liam  de  maneira 

que  jamais  pode  quebrar 

quem  co'elles  navegar. 

Em  volta  de  D.  João  II  caminhavam  quarenta  moços  de  estribeira  vestidos 
de  bro.cados  de  pêlo. 

Atrás  de  el  Rei  vinham,  tambe'm  a  cavalo,  os  oito  mantenedores,  a  um 
e  um,  todos  ricamente  vestidos  de  brocados  e  sedas,  cobertos  de  bordados  e 
entretalhos  e  ornados  de  magníficas  jóias.  Cada  um  deles  era  rodeado  de 
muitos  moços  de  esporas  vestidos  de  sedas. 

O  primeiro  mantenedor  atrás  de  el  Rei  era  D.  João  de  Valenzuela,  antigo 
prior  mor  da  Ordem  de  S.  João  de  Castela,  donde  andava  desterrado  por 
haver  seguido  o  partido  da  Excelente  Senhora.  Era  homem  não  muito  novo 
decerto,  pois  que  já  naquela  qualidade  figurara  numa  concórdia  celebrada 
em  1467  entre  os  priorados  de  Castela  e  Portugal  (i).  Trazia  como  cimeira 
o  vulto  de  Alexandre  sobre  uns  grifos  e  esta  divisa: 

No  es  menor  mi  pensamiento, 
mas  ha  quebrado  tristura 
las  alas  de  mi  ventura. 

O  segundo  era  D.  Diogo  de  Almeida,  ou  D.  Diogo  Fernandes  de  Almeida^ 
do  conselho,  monteiro  mor,  prior  eleito  da  Ordem  do  Hospital,  e  futuro 
testamenteiro  de  D.  João  II,  sendo  já  então  prior  do  Crato.  Era  a  sua  ci- 
meira uma  boca  de  inferno  com  as  almas  a  penar,  e  dizia  a  divisa: 

Acorda-os  (2)  de  mis  passiones, 
animas,  y  descansareis 
de  quantas  penas  teneis. 

O  terceiro  mantenedor  era  João  de  Sousa,  comendador  de  Ferreira,  Ai- 


(i)  José  Anastácio  de  Figueiredo,  Nova  Malta,  vol.  III,  pág.  70. 

(2)  No  Cancioneiro,  fl.  174,  col.  i,  lê-se  «Nemhraos»,  em  vez  de  «Acórdãos»,  comO' 
vem  na  Chronica  de  Resende,  fl.  79;  sigo  porém  esta. 


Henriques  14^ 

valade  e  Represa  na  Ordem  de  Santiago.  Havia  sido  capitão  dos  ginetes 
do  infante  D.  Fernando,  irmão  de  D.  Afonso  V,  e  muito  valente  soldado  em 
Africa  onde  entrara  em  dezoito  pelejas  e  fora  sete  vezes  ferido,  como  declara 
o  seu  epitáfio  na  igreja  de  Ferreira.    Era  a  sua  cimeira  uma  besta  fera,  com 

esta  divisa: 

Aquesta  guarda  sus  armas, 
mas  a  mi  que  «imor  enciende 
nunca  delias  me  defiende. 

O  quarto  mantenedor,  Aires  da  Silva,  camareiro  mor  e  do  conselho, 
5.°  senhor  de  Vagos,  e  depois  regedor  das  justiças,  trazia  por  cimeira  um 
cão  Cerbero  e  esta  divisa: 

Guardas  tu,  mas  no  tan  cierto 
como  yo  siempre  guarde 
la  fé  dei  bien  que  cobre. 

O  quinto  mantenedor  era  um  fidalgo  francês,  Monseor  de  Veopargas,  lhe 
chama  Resende,  e  trazia  por  cimeira  uma  cabeça  de  cabra  e  esta  divisa: 

Quien  me  tocare  naquesta 
yo  le  rompere  la  testa. 

O  sexto  era  D.  João  de  Meneses,  o  Pica-Sinos,  alcunha  que  lhe  foi  posta 
por  em  rapaz  querer  andar  sempre  a  repicar  sinos.  Era  irmão  do  conde  de 
Cantanhede  e  aio  e  mordomo  mor  do  príncipe  D.  Afonso,  a  quem  acompa- 
nhou quando,  em  12  de  Julho  de  149 1,  deu,  nos  campos  de  Santarém,  a 
mortal  queda  do  cavalo  abaixo.  D.  João,  um  dos  melhores  poetas  do  Can- 
cioneiro, trazia  por  cimeira  um  ichó  (armadilha  em  forma  de  alçapão  para 
apanhar  caça  meúda)  e  dentre  dele  metido  até  à  cintura  um  homem.     A 

divisa  era  esta: 

Es  tan  dulce  mi  prision 
que  deve,  para  matarme, 
no  prenderme  mas  soltarme. 

O  sétimo  mantenedor  era  Álvaro  da  Cunha,  estribeiro  mor,  ofício  que  já 
exercia  desde  1487  pelo  menos  e  conservou  durante  toda  a  vida  de  D.  João  II, 
de  quem  foi  muito  aceito.  Era  filho  segundo  de  Luís  Álvares,  mestre  sala, 
e  de  sua  mulher  D.  Teresa  de  Albuquerque,  irmã  do  conde  da  Atalaia.  A 
5ua  cimeira  era  uma  harpa  sem  cordas,  e  a  divisa: 

Quanto  mas  oye  alegria 
quien  no  alcança  ventura, 
tanto  mas  siente  tristura. 


144  Brasões 

E,  finalmente,  o  oitavo  mantenedor  era  Rui  Barreto,  que  neste  mesmo 
ano  havia  sucedido  na  casa  a  seu  pai,  Nuno  Barreto,  alcaide  mor  de  Faro, 
senhor  da  Quarteira,  eic.  Trazia  por  cimeira  um  banco  pinchado  (aparelho 
de  guerra  destinado  a  combater  as  muralhas  das  praças  sitiadas,  danifican- 
do-as),  e  por  divisa: 

Mas  quiero  morir  trás  el, 
sus  peligros  esperando, 
que  la  muerte  recelando. 

Dada  a  volta  em  torno  da  praça  recolheu-se  de  novo  el  Rei  e  os  mais 
mantenedores  à  fortaleza,  donde  viram  a  entrada  dos  aventureiros. 

Precedido  de  muitas  trombetas  e  outras  músicas,  e  de  variados  entre- 
meses,  entrou  na  praça  o  duque  de  Beja,  seguido  de  seis  outros  aventureiros, 
fidalgos  de  sua  casa,  todos  rodeados  de  muitos  moços  de  esporas  e  de  estri- 
beira. 

Era  a  cimeira  do  duque  o  deus  Saturno,  com  esta  divisa: 

El  consejo  que  he  tomado 
deste  muy  antiguo  dios, 
es  dexar  a  mi  por  vos. 

Seguia-se-lhfe  D.  João  Manuel  seu  camareiro  mor,  ofício  que  continuou. a 
exercitar  depois  do  duque  suceder  na  coroa.  Era  D.  João  um  dos  dois  filhos 
do  bispo  da  Guarda,  a  quem  Já  largamente  me  referi,  e  foi  notável  poeta  no 
seu  tempo.    Trazia  por  cimeira  o  sol,  e  esta  divisa: 

Sobre  todos  resplandesce 
mi  dolor 
porque  es  el  qu'es  mayor. 

O  outro  aventureiro  era  Pedro  Homem,  poeta  do  Cancioneiro,  cavaleiro 
fidalgo,  estribeiro  mor  de  D.  Manuel  antes  e  depois  de  rei.  Ostentava  por 
cimeira  a  Vénus,  e  trazia  esta  divisa: 

Si  esta  gracia  y  hermosura 
puede  daria, 
de  vos  tiene  de  tomaria. 

O  quarto  aventureiro  era  Garcia  Afonso  de  Melo,  comendador  professo 
na  ordem  de  Cristo,  alcaide  mor  de  Castelo  Branco  e  também  poeta  do  Can- 


Henriques  145 

cioneiro.    Pertencia  a  um  ramo  dos  Meios,  senhores  de  Ferreira  de  Aves,  e 
trazia  por  cimeira  a  lua,  com  esta  divisa: 

Antes  da  luz  de  su  lumbre 
de  vuestra  gran  claridad 
es  la  desta  escuridad. 

O  quinto  aventureiro  era  Lourenço  de  Brito,  comendador  de  Castelo 
Novo  e  copeiro  mor  de  D.  Manuel,  antes  e  depois  de  rei.  Trazia  por  cimeira 
a  Mercúrio,  com  esta  divisa: 

No  ay  saber  ni  descricion 
ai  que  os  mira, 
porque  viendo'os  se  le  tira. 

O  sexto  aventureiro  era  João  Lopes  de  Sequeira,  que  foi  trinchante  de 
el  Rei  D.  Manuel  e  o  fundador  da  vila  de  Santa  Cruz  do  cabo  de  Gué. 
Trazia  por  cimeira  o  deus  Marte  e  esta  divisa: 

La  vitoria,  que  de  aqueste 
he  recebido, 
es  verme  de  vos  vencido. 

O  sétimo  aventureiro,  António  de  Brito,  irmão  de  Lourenço  de  Brito,  era 
fidalgo  da  casa  do  duque  e  possuia  a  renda  do  jantar  de  Alcanede.  Trazia 
por  cimeira  a  Júpiter  e  esta  divisa: 

Aqueste  suelé  dar  vida 
ai  que  mas  servirse  halla, 
y  vos  ai  vuestro  quitaria. 

Estes,  contando  com  o  duque  de  Beja,  eram  os  sete  aventureiros  da  sua 
quadrilha  e  representavam,  como  se  vê,  os  sete  planetas. 


Após  o  duque  e  a  sua  quadrilha  entraram  na  Praça  os  outros  aventureiros, 
todos  ricamente  vestidos  e  armados,  acompanhados  de  muitos  pagens,  moços 
de  esporas  e  de  estribeira.  Eram  entre  todos  mais  de  cinquenta,  como  diz 
Rui  de  Pina;  mas  só  dos  seguintes  nos  conservou  Garcia  de  Resende  os 
nomes. 

D.  Fernando  de  Meneses,  primogénito  do  marquês  de  Vila  Real,  e  depois 

VOL.  III  19 


146  Brasões 

i."  conde  de  Alcoutim  e  de  Valença,  e  2.°  marquês  e  4.''  conde  de  Vila  Real, 
trazia  por  cimeira  um  farol  com  esta  divisa: 

En  el  mar  de  mi  desseo 
viendo  su  lumbre  segui 
a  ella,  y  dexe  a  mi. 

Aludia  a  D.  Maria  Freire  com  quem  casou  por  amor  contra  a  vontade  de 
seu  pai.  Era  ela  filha  única  de  João  Freire  de  Andrada,  senhor  de  Alcoutim 
e  aposentador  mor. 

Pedro  de  Aires,  fidalgo  castelhano,  trazia  uma  serpente  e  esta  divisa: 

La  vida  pierde  dormiendo 
el  que  muerde  este  animal 
y  yo  callando  mi  mal. 

D.  Henrique  Henriques,  2.°  senhor  das  Alcáçovas,  do  conselho  de  el  Rei, 
comendador  de  Colos  e  aposentador  mor,  trazia  por  cimeira  uma  torre 
com  um  sino  e  esta  divisa: 

Este  sona  mi  servicio  '  ' 

ser  con  vos 
tan  cierio  como  con  dios. 

D.  João  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho  e  vedor  da  fazenda, 
trazia  um  hidra  de  sete  cabeças  e  esta  divisa: 

Quando  sanan  de  un  dolor, 
los  que  como  yo  padecen, 
siete  dei  se  le  recrecen. 

Fernão  Martins  Mascarenhas,  capitão  dos  ginetes,  comendador  de  Mér- 
tola  e  Almodóvar,  trazia  uma  atalaia,  e  dizia  a  divisa: 

Ha  descubierto  mi  vida 
desde  aqui 
gran  descanso  para  mi. 

D.  Rodrigo  de  Meneses,  mordomo  mor  da  rainha,  guarda  mor  do  prín- 
cipe, comendador  de  Grândola,  e  irmão  do  mantenedor  D.  João  de  Meneses, 
trazia  umas  limas  com  esta  divisa: 

Estas  sueltan  las  prisiones 
de  que  muchos  han  salido, 
y  a  mi  han  mas  prendido. 


I 


Henriques  147 

D.  Martinho  de  Castelo  Branco,  vedor  da  fazenda,  senhor  de. Vila  Nova 
de  Portimão,  do  conselho,  e  posteriormente  i."  conde  daquela  vila,  trazia 
uma  mão  com  uns  malmequeres  e  esta  divisa: 

Cien  mil  destas  desfoge, 
mas  fue  mi  ventura  tal, 
que  siempre  quedo  en  el  mal. 

Jorge  da  Silveira,  que  fora  veador  da  fazenda  do  duque  D.  Diogo  e  era 
filho  segundo  do  regedor  Fernão  da  Silveira,  3.°  coudel  mor  do  reino,  trazia 
umas  faieixas  e  esta  divisa : 

Van  buscando  mis  servidos 
el  galardon  que  cayo 
donde  nunca  perecio. 

D.  Diogo  Pereira,  cavaleiro  fidalgo  e  depois  2.°  conde  da  Feira,  filho  de 
Rui  Pereira,  i.°  conde  da  Feira,  trazia  a  imagem  do  arcanjo  S.  Miguel  com 
as  balanças  na  mão,  e  esta  divisa: 

Si  a  noi  gran  querer  y  fee 
galardon  tiene  defesa 
tu  lo  pesa. 

D.  Rodrigo  de  Castro,  chamado  D.  Rodrigo  de  Monsanto,  cavaleiro 
fidalgo,  capitão  de  Arzila,  e  filho  bastardo  de  D.  Álvaro  de  Castro,  1°  conde 
de  Monsanto,  trazia  a  torre  de  Babilónia  e  esta  divisa: 

Es  tan  baxa  mi  ventura 
y  tan  alto  el  edifício, 
que  no  basta  mi  servicio. 

D.  Diogo  Lobo,  fidalgo,  filho  herdeiro  da  baronesa  de  Alvito  e  futuro 
2.°  barão  de  Alvito,  do  conselho  e  vedor  da  fazenda,  trazia  um  leão  rom- 
pente e  esta  divisa: 

Con  sus  fuerças  y  mi  fee 
todos  mis  males  dobree. 

D.  Pedro  de  Sousa,  moço  fidalgo,  e  depois  i.°  conde  do  Prado,  trazia 
um  salteador  assassino  com  esta  divisa: 

Vuestra  vista  desbarata 
mas,  do  que  este  roba  y  mata. 

Francisco  da  Silveira,  coudel  mor,  ofício  que  serviu  nêsie  ano  de  1490 


148  Brasões 

em  lugar  de  seu  pai,  e  no  qual  depois  lhe  sucedeu,  vindo  a  ser  o  4.°  na  sua 
família,  foi  senhor  das  Sarzedas  e  era  irmão  dos  outros  aventureiros  Jorge 
e  Diogo  da  Silveira.   Trazia  por  cimeira  umas  luas  cheias  e  uns  minguantes 

e  esta  divisa: 

Las  minguadas  son  mis  bienes, 
y  por  my  dicha  ser  tal 
las  Ilenas  son  de  mi  mal. 

Diogo  da  Silveira,  irmão  do  precedente,  foi  veador  da  casa  do  senhor 
D.  Jorge  duque  de  Coimbra.    Trazia  um  medronheiro  com  medronhos  e 

esta  divisa: 

Neste  remédio  de  vida 
tengo  la  mia  perdida.  ^ 

Pero  de  Abreu,  fidalgo,  sucedera  em  1488  a  seu  pai,  Fernão  de  Abreu, 
na  renda  da  portagem  de  Évora  e,  segundo  notícias  de  nobiliários,  na  posse 
da  quinta  da  Sempre  Noiva,  Junto  de  Arraiolos,  a  qual  vendeu  a  D.  Afonso, 
bispo  de  Évora  (1).    Trazia  por  cimeira  uma  águia  e  esta  divisa: 

Não  tespantes  do  que  faça, 
segueme  bem  e  veras, 
e  eu  te  matarey  a  caça 
e  tu  a  depenares. 

Nuno  Fernandes  de  Ataíde,  moço  fidalgo  em  1484,  foi  senhor  de  Pena- 
cova, alcaide  mor  de  Alvor  e  famoso  capitão  de  Safim.  Trazia  por  cimeira 
uns  ramos  de  fetos  e  esta  divisa: 

En  el  comienço  de  aquestos 
comence, 
y  en  ellos  acabare. 

Garcia  de  Sousa,  fidalgo,  era  filho  bastardo,  legitimado  em  147 1,  de 
Vasco  Martins  Chichorro,  também  em  documentos  designado  por  Vasco 
Martins  de  Sousa  Chichorro,  capitão  mor  dos  ginetes  de  D.  Afonso  V,  que 


(i)  Gabriel  Pereira,  na  pág.  Bj  do  vol.  III  dos  Documentos  de  Évora,  tratando  da  quinta 
da  Sempre  Noiva,  transcreve  apenas  trechos  da  instituição  do  morgado  feito  pela  filha  do 
bispo,  extraídos  de  um  códice  da  Colecção  Pombalina  da  Biblioteca  Nacional  de  Lisboa, 
com  a  data  da  aprovação  régia  errada,  quando  tudo  poderia  encontrar  no  liv.  9.°  das  Doa- 
ções de  D.  João  III,  fl.  77,  A.  F.  Barata  a  pág.  33  e  segs.  do  opúsculo  Évora  e  seus  arre- 
dores nada  adianta  e  cai  no  mesmo  érro(  Além  destes  autores,  que  podiam  e  deviam  ter 
averiguado  alguma  coisa  acerca  desta  propriedade,  onde  existe  uma  casa  de  tãò  curiosa 
arquitectura,  não  sei  de  mais  ninguém  que  tivesse  tratado  do  assunto. 


Henriques  1 49 

poucos  dias  antes  renunciara  neste  filho  a  alcaidaria  das  casas  de  Bragança  (i). 
Trazia  uns  compassos  e  esta  divisa: 

Es  descanso  de  mi  mal 
la  fe  que  os  tengo  dada. 

João  Ramirez  de  Arelhano,  fidalgo  castelhano  residente  na  corte  portu- 
guesa, onde  casara  com  D.  Leonor,  filha  de  Gomes  de  Miranda,  alcaide 
mor  de  Torres  Vedras,  e  irmã  de  D.  Beatris,  mulher  do  aventureiro  Garcia 
de  Sousa,  parece  ter  sido  esmerado  cortesão  e  assíduo  galanteador,  segundo 
se  depreende  de  trovas  do  Cancioneiro  geral  e  de  versos  de  Gil  Vicente  no 
Velho  da  íiorta.  Em  i523  recebia  noventa  e  cinco  mil  reais  de  três  tenças 
com  o  hábitode  Cristo  (2)  e  em  i526,  sendo  viúvo  e  já  velho,  perfilhou  Aleixo 
de  Sousa,  filho  do  sobredito  Garcia  de  Sousa  (3).  Pouco  mais  tempo  teria 
de  vida,  porque  no  citado  Livro  das  tenças  já  aparece  com  a  apostila  de 
«finado».    Trazia  uma  celada  e  esta  divisa: 

Es  descanso  de  mi  mal 
ser  en  aquesta  celada 
toda  mi  vida  gastada. 

Diogo  de  Mendoça,  do  conselho  e  alcaide  mor  de  Mourão,  veio  a  ser 
dali  a  menos  de  quatro  anos,  por  morte  de  seu  irmão  Duarte  Furtado  de 
Mendoça,  anadel  mor  dos  besteiros  do  conto  (4).  Teve  uma  filha  muito  for- 
mosa, chamada  D.  Joana  de  Mendoça,  que  ele  não  chegou  a  ver  duquesa 
de  Bragança  (5).    Trazia  por  cimeira  umas  âncoras  e  esta  divisa: 

Que  venga  toda  fortuna 
jamas  sueltan  vez  ninguna. 

Foi  escolhida  de  preferência  a  língua  castelhana  para  as  divisas  em  obsé- 
quio à  princesa.  A  galantaria  com  as  damas  era  a  primeira  e  mais  neces- 
sária qualidade  do  cavaleiro  de  então. 


(i)  O  instrumento  de  renúncia  é  do  i.°  de  Outubro  de  1490  (Chancelaria  de  D.  João  11^ 
liv.  ii.*>,  fl.  70  V.). 

(2)  Livro  das  tenças,  no  Arquivo  histórico  português,  vol.  II,  pág.  104. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv,  12.°  de  Doações,  fl.  144. 

(4)  Sepulturas  do  Espinheiro,  pág.  61. 

(5)  D.  Joana  de  Mendoça  casou  em  i520  com  D.  Jaftne,  4.°  duque  de  Bragança,  e  por 
carta  de  14  de  Julho  de  i5i6  havia  sido  dada  a  alcaidaria  mor  de  Mourão,  por  morte  de 
Diogo  de  Mendoça,  a  seu  filho  Pêro  de  Mendoça  {Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  37.°,  fl.  64) 


i5o  Brasões 


Um  torneio !  que  grandioso,  que  imponente  e  excitante  espectáculo  não 
seria  esse,  no  qual  a  insigne  ordem  da  cavalaria  ostentava  todas  as  suas 
galas,  toda  a  sua  perícia  e  ardor  ?  Onde  os  cavaleiros  rivalizavam  não  só 
nos  duros  golpes  e  destreza  no  cavalgar,  como  na  magnificência  dos  trajos, 
adornos,  e  luzido  acompanhamento  ?  Onde  a  galantaria  em  honra  das 
damas  chegava  a  transformar-se  em  culto  ?  Quem  haverá  que  o  saiba  des- 
crever? Talvez  ninguém.  A  brilhante  pena  de  Walter  Scott  tentou-o;  mas, 
apesar  da  magia  das  suas  descrições,  quanto  àquem  não  ficaria  ele  da  reali- 
dade ? 

Naqueles  tempos  guerreiros  da  idade  média,  tempos  de  lutas  quási  cons- 
tantes, o  exercício  das  armas  era  tão  necessário  àquelas  constituições  robustas 
e  ardentes,  que,  nem  mesmo  durante  a  paz,  podiam  passar  sem  simulacros 
de  guerra.  Destes  exercícios  se  originaram  as  justas,  torneios,  tavolado, 
canas  e  outros  divertimentos  militares,  que  se  foram,  com  o  andar  dos 
tempos,  transformando,  como  todas  as  mais  coisas,  chegando  a  ser  bem 
diferentes  dos  primitivos. 

Em  Portugal  há  memória  d'e  vários  torneios  antes  e  depois  dos  de  Évora; 
mas  nenhum  tão  esplêndido. 

Estes  jogos,  sempre  perigosos,  muitas  vezes  sanguinolentes  e  algumas 
mortíferos,  eram  sujeitos  a  regras  que  obrigavam  a  respeitar  as  pessoas  es- 
colhidas para  juízes.  No  de  Évora  foram  eles  D.  Rodrigo  de  Ulhoa,  embai- 
xador de  Castela,  Rui  de  Sousa,  almotacé  mor,  e  o  regedor  das  justiças 
Fernão  da  Silveira.  Tinham  os  juízes  o  seu  lugar  marcado  na  liça  em  sítio 
donde  pudessem,  não  só  ver  bem  tudo  que  os  campeões  realizavam,  como 
acudir  imediatamente,  caso  fosse  infringida  alguma  das  regras  das  justas. 
Para  este  fim,  traziam  eles  nas  mãos  uma  vara,  com  a  interposição  da  qual 
faziam  cessar  logo  a  luta.  Eram  eles  sempre  escolhidos  entre  os  fidalgos 
de  bandeira  quadrada,  e,  durante  o  torneio,  um  arauto  segurava  nas  suas 
bandeiras. 

As  regras  principais,  que  havia  a  seguir,  eram:  não  ferir  com  as  pontas 
das  espadas,  mas  unicamente  com  o  gume;  não  combater  fora  das  fileiras; 
não  ferir  o  cavalo  do  adversário;  dirigir  as  lanças  unicamente  contra  a  vi- 
seira e  couraça;  deixar  de  ferir  o  contrário  logo  que  ele  levantasse  a  viseira, 
ou  lançasse  fora  o  capacete;  não  se  juntarem  uns  poucos  contra  um  só(i). 

As  damas,  que  eram  a  alma  destes  combates,  gozavam  neles  do  primeiro 
lugar,  e  de  tantas  imunidades,  que,  não  só  era  sempre  uma  delas  quem  en- 


(i)  La  Cume  de  Sainte  Palaye,  Mémoires  sur  l'ancienne  chevalerie,  parte  2.»  do  tomo  i." 


Henriques  1 5 1 

tregava  o  prémio,  como,  em  casos  duvidosos,  formavam  um  tribunal  sem 
apelação  no  qual  esses  casos  eram  decididos. 

Os  cavaleiros  mais  afortunados  apresentavam-se  na  liça,  proclamando  em 
altas  vozes  os  nomes  das  suas  amadas,  de  quem  se  declaravam  escravos; 
favor  que  não  era  alcançado,  senão  depois  de  terem  dado  muitas  provas  da 
sua  constância  no  amar,  e  do  seu  esforço  no  combater. 

As  vezes,  sucedia  entrarem  na  liça  cavaleiros  agrilhoados  pelas  suas 
damas,  que  levavam  nas  delicadas  mãos  as  cadeias  de  preciosos  metais,  com 
que  os  traziam  algemados,  e  só  os  largavam,  quando  se  dava  o  sinal  do 
combate.  Outros  havia,  que  entravam  naquele  torneio  calados  e  sós,  como 
que  abandonados;  mas  que  pelo  seu  denodo  conquistavam  a  apetecida  escra- 
vidão, com  a  qual  se  ufanariam  nas  justas  seguintes. 

As  damas  davam  aos  seus  adoradores  um  laço,  um  véu,  uma  faxa,  um 
bracelete,  um  sinal  qualquer  para  os  poderem  conhecer  durante  o  torneio. 
E,  se  a.  insígnia  dada  era  destruída  no  meio  do  combale,  apressavam-se  os 
cavaleiros  a  vir  junto  delas  pedir-lhe  uma  nova,  pedido  sempre  atendido. 
Facto  este  que  deu  lugar  a  uma  vez,  em  certo  torneio  em  França,  no  qual  o 
prémio  foi  mais  disputado,  as  damas  acharem-se  despojadas  de  todos  os 
enfeites,  com  os  braços  e  os  seios  nús  e  os  cabelos  caídos. 

Entre  nós,  contudo,  não  chegaram  as  coisas  a  estes  extremos,  atento  ao 
recato  de  que  sempre  usaram  as  damas  da  corte. 

Continuando  com  as  nossas  justas  de  Évora  direi,  que  foram  das  bem 
justadas  que  houve,  e  daquelas  em  que  a  preceito  se  observaram  as  regras 
estabelecidas,  o  que  deu  em  resultado  não  haver  desgraças  a  lamentar. 

Na  própria  quinta  feira,  em  que  el  Rei  pôs  a  sua  mostra,  ainda  se  que- 
braram algumas  lanças,  mas  foram  poucas,  porque  sobreveio  a  noite,  e 
apesar  da  iluminação  da  Praça  ser  brilhantíssima  não  quis  D.  João  II,  que 
continuassem  as  justas. 

Continuaram-se  elas  na  sexta,  sábado  e  domingo,  em  que  se  terminaram, 
e  teve  el  Rei  a  destreza,  ou  felicidade,  de  quebrar  as  quatro  primeiras 
lanças,  que  eram  exigidas  para  ganhar  o  prémio  devido  ao  melhor  justador; 
pelo  que  lhe  foi  ele  adjudicado.  O  outro,  destinado  ao  que  mais  galante  se 
apresentasse  na  liça,  esse,  desde  o  princípio  o  tinha  ganho;  não  só,  porque 
talvez  realmente  o  merecesse,  como  porque  nos  juízes  sempre  haveria  um 
pouco  de  parcialidade  cortesã  a  seu  favor. 

Terminadas  as  justas  recolheram-se  todos  ao  paço,  onde  ,§e  fez  a  entrega 
dos  prémios,  e  deveria  ter  sido  feita  pela  seguinte  forma. 

Na  sala,  onde  todos  se  encontravam,  entrou,  levando  nas  mãos  o  prémio, 
a  princesa  precedida  de  trombetas,  arautos,  passavantes  e  do  rei  darmas,  e 
ladeada  por  duas  das  suas  damas  e  pelos  juízes  das  justas.     Deu  três  voltas 


i52  Brasões 

em  redor  da  casa;  e  então,  parando  defronte  de  el  Rei,  entregou-Ihe  o  prémio 
em  troca  do  qual  recebeu  um  beijo.  D.  João  porém  conientou-se  com  a 
honra,  e  cedeu  o  proveito  a  favor  de  dois  dos  aventureiros  que  tinham  en- 
trado na  liça.  Deu  ele  o  anel  com  um  riquíssimo  diamante,  prémio  desti- 
nado ao  que  mais  galante  se  apresentasse,  a  Diogo  da  Silveira,  o  cavaleiro 
do  medronheiro;  e  o  colar  de  oiro  coberto  de  preciosos  esmaltes,  prémio  do 
que  melhor  justasse,  a  um  fidalgo  valenciano  a  quem  Resende  chama  mossem 
Alegre. 

Com  isto  se  terminarani  as  festas,  ainda  que  para  os  dias  seguintes  es- 
tavam destinados  mais  divertimentos,  tanto  na  sala  de  madeira,  como  na 
Praça;  mas  apareceu  novo  rebate  de  peste,  e  este  tão  ameaçador,  que  obrigou 
todos  a  dispersar. 

O  Rei  foi  para  a  herdade  da  Fonte  Coberta  próximo  da  cidade'^,  os  prín- 
cipes para  o  Espinheiro,  e  da  família  real  só  ficou  em  Évora  a  rainha,  que 
estava  doente. 


Sobre  a  praça  de  Évora  era  a  fachada  da  nobre  casa  dos  Henriques  se- 
nhores das  Alcáçovas,  a  qual  fizera  parte  dos  antigos  paços  reais,  e  lhes 
fora  doada  por  D.  Afonso  V. 

Esta  informação  por  mim  aceita  em  i885,  quando  pela  primeira  vez  tratei 
do  assunto,  não  é  exacta.  Na  ocasião  de  se  realizarem  as  justas  de  Évora, 
a  casa  alinhada  com  os  Estaus  e  deles  separada  pela  rua  dos  Toiros,  não 
pertencia  ainda  aos  Henriques,  pois  que  por  documentos  do  Arquivo  Muni- 
cipal Eborense  consta  serem  elas  em  i5o2  e  i5o3  propriedade  de  Rui  de 
Sande  (i),  aquele  a  quem  Garcia  de  Resende  veio  a  suceder  em  1491  na  es- 
crivaninha de  D.  João  II  (2).  Rui  de  Sande,  ou  melhor  D.  Rodrigo  de 
Sande,  pois  D.  Manuel  lhe  deu  o  doi?i  pelos  seus  serviços  como  embaixador 
em  Castela,  lá  morreu  em  i5o4  antes  de  Outubro  (3)  e  só  posteriormente 
viria  a  sua  casa  da  praça  de  Évora  a  pertencer  aos  Henriques  das  Alcá- 
çovas. 

Voltemos  porém  às  festas. 

Entre  os  aventureiros  das  justas,  como  acima  vimos,  aparece  D.  Henrique 
Henriques,  senhor  das  Alcáçovas  e  um  dos  muitos  cortesãos  desses  tempos 
dados  a  trovar.     E  não  foi  só  ele  da  família,  pois  que  também  seus  irmãos 


(i)  A.  Felipe  Simões,  Paços  Reaes  de  Évora,  no  vol.  XI  do  Archivo  pittoresco,  pág.  2, 

(2)  Critica  e  historia,  pág.  33. 

(3)  Carta  de  24  de  Outubro  de  i5o4  de  40.000  reais  de  tença  a  sua  viúva  D.  Guiomar 
Freire  {Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  37.°  de  Doações,  fl.  1 58). 


Henriques  i53 

D.  Afonso,  D.  Joana  e  D.  Catarina  Henriques,  suas  sobrinhas  D.  Felipa  e 
D.  Margarida  Henriques,  filhas  de  D.  Briolanja  Henriques  e  de  Aires  de 
Miranda,  poetaram  e  no  Cancioneiro  geral  recolheu  Garcia  de  Resende 
trovas  suas. 

Procediam  estes  Henriques  de  D.  Fernando,  filho  bastardo  de  Hen- 
rique II,  rei  de  Castela,  que  no  seu  testamento,  datado  de  29  de  Maio  da 
era  de  1412  (1374-e.  v.),  o  nomeia  nestas  palavras:  «  Outrosi  eso  mesmo 
rogamos  é  mandamos  á  la  Reyna,  é  ai  Infante,  que  á  Don  Hernando  mi 
fijo,  é  á  Dona  Maria  mi  fija,  que  si  entendieren  criarlos  é  facerles  mercedes, 
que  lo  fagan;  é  si  non,  que  ai  dicho  Don  Hernando  que  Io  fagan  CleVigo. .  .»(i). 
Sua  mãe  parece  ter  sido  Beatris  Fernandes  (2).  Foi  ele  senhor  de  metade 
de  Duenas  por  doação  de  sua  irmã  D.  Leonor,  afim  de  poder  casar  com 
D.  Leonor  Sarmiento  (3).  Passou  D.  Fernando  a  viver  em  Portugal  no 
tempo  de  D.  João  I  em  cuja  casa  tinha,  em  1414,  de  moradia  de  cavaleiro, 
vinte  e  sete  mil  libras  (4).     Morreu,  segundo  se  diz,  em  1488  (5). 

Dele  foi  filho  outro  D.  Fernando,  a  quem  a  rainha  D.  Leonor,  chaman- 
do-lhe,  em  nome  de  D.  Afonso  V,  «nosso  tio,  neto  dei  Rei  D.  Henrique  de 
Castella »,  fez  doação,  em  casamento,  dos  direitos  e  rendas  do  reguengo  das 
Alcáçovas  por  carta  de  14  de  Fevereiro  de  1439(6).  A  noiva  era  D.  Branca 
de  Melo,  filha  de  Martim  Afonso  de  Melo,  guarda  mor  de  D.  João  I  e  alcaide 
mor  de  Lvora  e  Olivença,  e  a  ela  prometeu  a  rainha  em  casamento  duas 
mil  coroas  de  oiro,  pelas  quais  lhe  arbitrou,  por  carta  de  10  de  Abril  de 
1439,  uma  tença  de  setecentas  mil  libras  (7). 

Expediram-se  mais  três  cartas  relativas  às  rendas  e  direitos  das  Alcá- 
çovas: pela  primeira,  de  24  de  Agosto  de  1439,  a  doação  foi  acrescentada 
com  o  lugar,  além  do  reguengo,  em  quanto  fosse  mercê  dei  Rei  (8);  pela 
segunda,  de  3  de  Abril  de  1440,  tornou-se  vitalícia  (9);  e  pela  terceira  acres- 
ceram as  jurisdições,  também  em  vida  (10).     Em  todos  estes  diplomas  é 


( 1 )  Testamento  dei  Rey  Don  Enrique  Segundo,  pág.  1 1 3  do  tomo  II  de  las  Crónicas  de 
los  Reyes  de  CastUla  de  D.  Pedro  Lopez  de  Ayala,  edição  de  Sancha. 

(2)  Ibidem,  pág.  114,  nota  12. 

(3)  Ibidem, -pÁg.  ii3,  notaS, 

(4)  Soares  da  Silva,  Memorias  para  a  vida  4el  Rey  D.  João  o  I,  tomo  IV,  pág.  221. 

(5)  Barbosa  Canais,  Henriques  de  Portugal,  pág.  54  de  um  folheto  incompleto  mencio- 
nado no  vol.  IV  do  Diccionario  Bibliographico,  pág.  266,  n.°  28o3. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  18.°,  fl.  3/  v. 

(7)  Ibidem^  liv.  19.°,  fl.  7. 

(8)  Ibidem,  liv.  19.°,  H.  94. 

(9)  Ibidem,  liv.  20.',  fl.  61. 

(10)  Liv.  3."  de  Místicos,  fl.  98  v. 

TOL.  in  ao 


i54  Brasões 

designado  por  D.  Fernando,  neto  de  el  Rei  D.  Henrique,  nosso  primo,  e  no 
último,  do  nosso  conselho. 

D.  Fernando  das  Alcáçovas,  como  em  outros  documentos  é  designado, 
estivera  em  Outubro  de  1437  no  palanque  de  Tânger,  quando  teve  lugar  a 
desastrosa  expedição,  e  dai  passara  a  servir  em  Seuta(i).  Morreu  no  ano 
de  1462,  ou  nos  primeiros  dias  de  1463,  porque  por  carta  de  5  de  Fevereiro 
deste  ano  foi  feita  mercê  a  D.  Branca,  «  mulher  que  foi  de  D.  Fernando  das 
Alcáçovas  nosso  primo,  neto  dei  Rei  D.  Anrique  de  Castela,  a  que  Deus 
perdoe»,  dos  direitos  dos  reguengos  das  Alcáçovas  para  os  começar  a  haver 
do  i.°  de  Janeiro  do  referido  ano  em  diante,  em  sua  vida,  como  seu  marido 
os  tivera  (2).  D.  Branca  de  Melo  sucedera  a  seu  pai  no  senhorio  de  Bar- 
bacena,  e  por  ela  tivera  seu  marido  as  jurisdições  daquele  lugar,  como 
consta  da  carta  de  confirmação  delas  a  seu  neto  D.  Jorge  Henriques,  encon- 
trando-se  neste  diploma  seu  avô  nomeado  D.  Fernando  Henriques  (3),  apelido 
que  julgo  nunca  usara,  nem  em  vida  lhe  fora  dado. 

Eslava  D.  Branca  de  posse  dos  direitos  reais  do  reguengo  das  Alcáçovas, 
quando,  por  carta  de  8  de  Abril  de  1469,  foi  feita  doação,  em  vida,  a  D.  João, 
sobrinho  de  el  Rei  e  futuro  marquês  de  Montemor-o-Novo,  da  vila  das  Alcá- 
çovas, com  todos  seus  direitos  e  jurisdições,  resalvando  o  reguengo,  o  qual 
haverá  por  falecimento  da  actual  donatária  ou  por  satisfação  a  ela  por  ele 
dada  (4).  Chegou  D.  João  a  haver  os  direitos  do  reguengo  os  quais,  só 
depois  da  sua  condenação  como  traidor,  vieram  a  pertencer  ao  filho  primo-' 
génito  de  D.  Branca  de  Melo. 

De  seu  Aarido  teve  esta  senhora,  além  doutros  filhos,  a  D.  Henrique 
Henriques  e  D.  Afonso  Henriques,  em  cujos  descendentes  se  continuou  a 
linhagem. 


D.  Henrique  Henriques  foi  aposentador  mor  do  príncipe  D.  João  e,  exer- 
cendo já  o  ofício,  aparece  na  carta  de  1  de  Janeiro  de  1476  pela  qual  o  prín- 
cipe, na  qualidade  de  governador  da  ordem  de  Santiago,  lhe  deu  a  comenda 
dos  Colos  (6).     Continuou  o  príncipe  dando  provas  de  afecto  ao  seu  servidor, 


(c)  Assim  o  declara  a  carta  de  20  de  Junho  de  1441  da  isenção  de  besteiro  a  um  mo- 
rador das  Alcáçovas,  que  a  D.  Fernando  acompanhara  a  Africa  (Pedro  de  Azevedo,  Docu- 
mentos das  Chancelarias  Reaes,  vol,  I,  pág.  536,  n."  yS). 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  S.",  fl.  1 1  v. 

(3)  Carta  de  11  de  Agosto  de  1541  na  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3i.°  de  Doações, 
fl.88. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  36.»,  fl.  106. 

(5)  Liv.  I.»  do  Cartório  de  Santiago,  fl.  45  v. 


Henriques  i55 

que  parece  tê-lo  acompanhado  na  invasão  de  Castela  (i),  não  só  em  várias 
mercês  na  ordem  de  Santiago  (2),  mas  intervindo  no  ajuste  do  seu  casamento 
para  o  qual  lhe  permitiu  obrigar  às  três  mil  coroas  de  arraá  prometidas  a 
sua  esposa,  D.  Felipa  de  Noronha,  as  rendas  do  reguengo  das  Alcáçovas, 
nas  quais,  por  promessa  de  D.  Afonso  V,  devia  suceder  ao  marquês  de 
Montemor  depois  de  seu  falecimento  (3).  Subiu  D.  João  II  ao  trono  em 
148 1,  pouco  depois  teve  lugar  a  conspiração  do  duque  de  Bragança  e  nela 
se  achou  envolvido  seu  irmão  Montemor.  Foi  êle  condenado  a  morte  e  con- 
fisco por  sentença  de  12  de  Setembro  de  1483  e  D.  João  II,  por  carta  de  2S 
do  mesmo  mês,  fez  doação  a  D.  Henrique  Henriques,  em  sua  vida,  da  vila 
e  reguengo  das  Alcáçovas,  com  todos  seus  direitos  e  rendas  e  bem  assim 
jurisdições  eivei  e  crime,  resalvando  a  correição  e  alçada  (4).  Era  então 
D.  Henrique  do  conselho  e  aposentador  mor  e  neste  ofício  continuou  ser- 
vindo a  D.  João  II,  mas  nele  não  o  conservou  D.  Manuel  que,  por  carta  de 
5  de  Fevereiro  de  i5o4,  em  virtude  de  renúncia  de  António  de  Brito,  o 
nomeou  caçador  mor  (3).  Pouco  tempo  serviu  o  ofício,  porque  já  era  fale- 
cido a  5  de  Novembro  do  ano  seguinte,  quando  foi  confirmado  o  senhorio 
das  Alcáçovas  a  seu  filho  D.  Fernando  Henriques  (6). 

De  D.  Henrique  Henriques  deixou-nos  o  retrato  Nuno  Pereira: 

Sam  de  cote  gracioso 
digo  mil  graças  de  cote, 
a  quem  quero  dou  hum  mote 
e  pico-me  de  pomposo. 

Doutro  cabo  tal  baixeza  ' 

e  compasso  de  gram  dor 
qu'em  chapins  não  chego  alteza 
do  princepe  nosso  senhor  (7). 


(i)  Por  carta  datada  de  Samora,  a  23  de  Outubro  de  1476,  nomeou  D.  Afonso  V  almo- 
tacéis  de  Évora  a  D.  Henrique  Henriques  e  Aires  de  Miranda,  «pelos  serviços  que  ora  recebi 
e  espero  receber  nestes  meus  reinos  de  Gastella».  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  So.",  fl.  i65. 

(2)  Mercê  da  renda  do  moinho  do  Cubo,  no- termo  de  Santiago  do  Cacém,  por  carta 
de  27  de  Maio  de  1477,  ^  P°^  outra  de  14  de  Fevereiro  do  ano  seguinte  deu-lhe,  em  escamWb 
pela  comenda  dos  Colos  e  moinho  do  Cubo,  as  rendas  dos  lagares  de  Alcácer  do  Sal  e  do 
casal  de  Benagazil  no  termo  da  mesma  vila.  —  Cit.  Liv.  i.°  do  Cartório  de  Santiago,  fls.  45 
€1 117. 

(3)  Alvará  de  10  de  Outubro  de  1477  no  cit.  Liv.  i.°  do  Cartório  de  Santiago,  fl.  83. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  26.°,  fl.  i3  v, 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  23.°,  fl.  2. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.°  de  Doações,  fl.  216  v. 

(7)  Cancioneiro  geral,  fl.  164,  col.  i. — Este  Nuno  Pereira,  autor  das  trovas,  era  cunhado 
de  D.  Henrique,  pois  casara  com  sua  irmã  D.  Beatris  Henriques  a  quem,  segundo  dizem, 
matou. 


i56  Brasões 

Parece  que  era  frequentes  vezes  atacado  de  um  padecimento,  incómodo  para 
êle  e  para  os  vizinhos: 

Por  que  Anriquez  dÕ  Anrique 
hé  mais  ventoso  que  maio  ? 

quer  saber  o  dos  Porquês  de  Setúbal  (i)  achados  no  paço  ^m  1488. 

Casara  D.  Henrique  por  duas  vezes:  da  primeira  com  D.  Felipa  de  No- 
ronha, donzela  da  casa  da  princesa  D.  Leonor  e  filha  de  João  Gonçalves  da 
Câmara,  2.°  capitão  do  Funchal  (2),  e  o  casamento  fora  feito  pelo  príncipe 
D.  João,  que,  por  carta  de  10  de  Outubro  de  1477,  a  ela  garantiu  pelas 
rendas  dos  bens  da  coroa  possuídos  pelo  noivo  o  prometido  dote  e  arras  (3). 
Da  segunda  vez  casou  com  D.  Leonor  da  Silva,  viiíva  de  Cristóvão  de  Melo, 
alcaide  mor  de  Évora,  falecido  em  Africa,  em  combate,  no  ano  de  1488. 
Já  estava  realizado  o  segundo  casamento  de  D.  Henrique  Henriques  em 
Agosto  de  i5o2(4)  e  por  esses  anos  casou  D.  Fernando  Henriques,  filho  pri- 
mogénito de  D.  Henrique,  com  D.  Isabel  de  Melo,  filha  única  do  primeiro 
casamento  de  sua  madrasta,  e  jlor  este  enlace  houve  a  alcaidaria  mor  de 
Évora,  da  qual  já  estava  de  posse  em  5  de  Novembro  de  i5o6,  quando  lhe 
foi  confirmado  o  senhorio  das  Alcáçovas  (5).  A  D.  Fernando  e  a  D.  Isabel 
comprou  D.  Manuel  a.  alcaidaria  mor,  dando-lhes,  em  satisfação  dela,  cem 
mil  reaie  de  tença  em  duas  vidas  e  os  direitos  do  reguengo  das  Alcáçovas  de 
juro  e  herdade,  tudo  por  duas  cartas  de  12  e  de  1 1  de  Fevereiro  de  i5i8(6). 
De  então  por  diante  em  seus  descendentes  se  conservou  o  senhorio  da  vila 
das  Alcáçovas,  da  qual, , perdida  já  a  varonia  de  Henriques,  foram  feitos 
condes  por  decreto  de  i  de  Dezembro  de  1834(7). 

De  D.  Henrique  Henriques  também  procederam  os  ramos  dos  caçadores 
mores,  extintos,  os  dos  Henriques  da  Madeira  e  da  índia,  ambos  com  a  va- 


(r)  Cancioneiro  geral,  fl.  175,  col.  2. 

(2)  Era  o  João  Gonçalves,  capitão  da  Ilha,  do  qual  existem  trovas  no  Cancioneiro  geral, 
flS.  iSi,  177  e  180. 

(3)  Liv.  i."  do  Cartório  de  Santiago,  fls.  78  e  81.  . 

(4)  Carta  de  3i  de  Agosto  de  i5o2  de  56.6oo  rs.  de  tença  a  D.  Leonor  da  Silva,  que 
nela  trespassara  seu  marido  D.  Henrique  Henriques.  —  Chancelaria  de  D.  João  III^  liv.  3g.* 
de  Doações,  fl.  75. 

(5)  A  alcaidaria  mor  de  Évora  havia  sido  prometida,  por  carta  de  5  de  Maio  de  1489, 
confirmada  por  outra  de  29  de  Agosto  de  1499,  à  pessoa  que  casasse  com  D.  Isabel  de  Melo, 
filha  de  Cristóvão  de  Melo.  —  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.'  de  Doações,  fl.  216  v.,  in- 
corporadas ambas  noutra  de  29  de  Julho  de  i528. 

(6)  Ibidem,  liv.  14.°  de  Doações,  fl.  216  v.  e  2i5  v. 

(7)  Resenha  de  Silveira  Pinto,  vol.  I,  pág.  18. 


Henriques  iSj 

ronia  extinta,  e  ainda  outros,  em  todos  os  quais  igualmente  se  extinguiram 
as  varonias. 


D.  Afonso  Henriques,  o  segundo  filho  de  D.  Fernando  das  Alcáçovas,  foi 
senhor  de  Barbacena  em  sucessão  a  seu  pai,  que  houvera  o  senhorio  pelo 
seu  casamento  com  D.  Branca  de  Melo,  filha  de  Martim  Afonso  de  Melo,  a 
quem  fora  doado  in  perpetuum  por  D.  João  I(i).  Além  do  senhorio,  teve 
a  alcaidaria  mor  e  a  capitania  de  Borba  por  duas  cartas  de  8  de  Outubro  de 
1483  (2),  bens  confiscados  ao  duque  de  Bragança.  Pouco  depois,  ou  por 
esses  tempos,  deu-lhe  mais  D.  João  II  os  direitos  reais,  as  rendas  e  a  alcai- 
daria mor  da  vila  de  Portalegre  da  qual  estava  de  posse  em  1490,  quando, 
por  três  cartas  do  mês  de  Maio,  lhe  foram  confirmados  os  antigos  privilégios 
da  sua  defesa  e  quinta  do  Azinhal,  nos, termos  de  Portalegre  e  Arronches (3); 
já  era  então  do  conselho.  Subindo  D.  Manuel  ao  trono  quis  fazer  doação 
da  vila  de  Portalegre  a  Diogo  da  Silva  de  Meneses,  seu  aio,  escrivão  da  puri- 
dade e  vedor  da  fazenda,  e  para  realizar  o  seu  intento  deu  a  D.  Afonso  Hen- 
riques, em  sua  vida,  em  satisfação,  duzentos  e  cinquenta  mil  reais  de  tença, 
devendo  dela  passar  por  sua  morte  cento  e  cinquenta  mil  a  seu  filho  e  suces- 
sor (4).  Seguiu-se  pouco  depois  a  restituição  da  casa  aos  Braganças  e  para 
se  efeituar  deu  D.  Manuel  a  D.  Afonso  Henriques  outra  satisfação,  não  sei 
qual,  pela  alcaidaria  mor  de  Borba. 

Ainda  continuou  por  mais  alguns  anos  fazendo  vida  de  cortesão,  pois  que 
não  encontro  vestígios  dele  haver  servido  nas  guerras  desses  tempos;  mas 
já  tinha  morrido  em  Dezembro  de  i5o6(d)  e  provàvelniente  falecera  no  pró- 
prio ano.     Dele  também  nos  deixou  o  retrato  o  mesmo  l^uno  Pereira,  poeta 

do  Cancioneiro: 

Sam  gualante  castelão, 
o  mór  qu'há  d'aqui  ó  Cayro, 
e  gasto  cum  boticayro 
cada  dia  hum  chinfrão. 
Porqu'é  tal  minha  magreza 
que  requere  confessor, 
bem  o  sabe  su'alteza 
do  princepe  nosso  senhor  (6), 

(i)  Tudo  consta  da  citada  carta  de  11  de  Agosto  de  1541. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  zf.",  fl.  64. 

(3)  Ibidem,  liv.  iG.°,  fls.  11  e  11  v, 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  4.°,  fl.  20. 

(5)  Carta  de  10  de  Dezembro  de  padrão  de  i5o.coo  rs.  a  D.João  Henriques  em  sucessão 
a  seu  pai  D.  Afonso  Henriques.  —  Liv.  5."  de  Místicos,  fl.  47  v. 

(6)  Cancioneiro  geral,  fl.  164,  col.  i. 


i58  Brasões 

Casara  com  D.  Leonor  de  Berredo,  que  lhe  sobreviveu  (i),  e  era  filha  de 
Lopo  Mendes  de  Vasconcelos,  um  dos  bastardos  do  mestre  de  Santiago, 
D.  Mem  Rodrigues  de  Vasconcelos.  Foram  estes  cônjuges  os  progenitores 
dos  demais  senhores  de  Barbacena,  senhorio  que  seus  descendentes  venderam 
aos  Castros  do  Rio,  posteriormente  viscondes  e  condes  de  Barbacena;  dos 
morgados  da  Roliça  e  doutros  ramos  em  todos  os  quais  já  findou  a  varonia. 


No  Cancioneiro  geral  há  muitas  referências  a  pessoas  de  apelido  Henri- 
ques, homens  e  senhoras,  uns  compondo  versos  ou  dando  motes,  outros 
apodados  em  trovas,  mas  não  é  fácil  descriminá-los,  sobretudo  a  parte  femi- 
nina. Já  desta  lá  acima  apontei  algumas  pessoas,  e  da  parte  masculina 
mencionei  dois  poetastros,  restando-me  ainda  indicar  outro  poetastro,  Hen- 
rique Henriques,  e  um  poeta,  Luís  Henriques,  dos  quais  só  posso  identificar 
o  primeiro,  muito  menos  interessante  que  o  segundo. 

Henrique  Henriques,  um  dos  muitos  que  no  verão  de  1496  arrancharam 
nos  apodos  dirigidos  à  carapuça  de  Lopo  de  Sousa  (2),  era  filho  de  Aires  de 
Miranda  e  daquela  D.  Briolanja  Henriques  a  quem  D.  João  II  levou  nas 
ancas  do  cavalo  para  o  paço  a  fim  de  bailar  diante  da  rainha.  Henrique 
Henriques  foi  em  1498  aos  juramentos  de  Castela  (3);  casou  com  D.  Maria 
de  Sousa,  filha  de  Rui  de  Abreu,  alcaide  mor  de  Elvas;  teve  a  alcaidaria 
mor  de  Fronteira,  da  qual  estava  de  posse  em  i532(4);  e  morreu  no  pri- 
meiro trimestre  do  ano  de  i556(5),  devendo  ser  bastante  velho.  Teve  muitos 
filhos  e  larga  descendência  de  Mirandas  e  Henriques  de  Miranda,  alcaides 
mores  de  Fronteira,  senhores  de  Murça,  etc. 

Luís  Henriques,  o  poeta,  e  dos  mais  notáveis  do  Cancioneiro,  não  posso 
identificar.  Encontro  mencionado  nos  índices  da  Torre  do  Tombo  um  Luís 
Henriques  apenas  que  possa  ser  este.  E  um  a  quem  D.  Afonso  V,  designan- 
do-o  por  «nosso  escudeiro»,  fez  mercê  de  quatro  mil  e  tantos  reais  brancos 
de  tença  por  carta  de  5  de  Novembro  de  145 1  (6).    E  pouco  e  incerto.    Das 


(1)  Outorgou  no  contracto  de  casamento,  de  1 1  de  Agosto  de  iSog,  de  sua  filha  D,  Maria 
Henriques  com  Jorge  de  Brito,  doando-lhe  uma  tença  de  10,000  rs.  da  qual  contudo  só  foi 
dada  carta  de  padrão  a  D.  Maria  em  8  de  Abril  de  i5i4,  por  sua  mãe  só  por  esses  tempos 
ter  falecido.  —  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i5.°,  fl.  75. 
"  (2)  Cancioneiro,^.  i6o,  col.  3. 

(3)  Resende,  Entrada  dei  rey  dom  Manoel  em  Castella,  fl.  128  v. 

(4)  Archivo  histórico  poRTUGUEz,  IV,  pág.  342. 

(5)  Livro  dos  defuntos  da  Misericórdia  de  Évora  dos  annos  de  j54y  a  i556,  fl.  228  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  37°,  fl.  46  v. 


Henriques  i5^ 

suas  trovas  consta  ter  estado  na  Mina(i),  e  ter  alcançado,  não  sei  se  pelo 
seu  serviço  aí,  alvará  de  cavaleiro,  o  qual  não  conseguiu  ver  confirmado  e, 
lamentando-se  do  facto,  alude  numas  trovas  à  sua  pobreza  e  aos  seus  ascen- 
dentes: 

Cujos  pães  avós  parentes 

foram  criados  dos  reis 

alguns  capitães  de  gentes, 

isto  nam  por  accidentes, 

mas  consintem  nos  as  leis  (i). 

Datas  precisam-se  desde  Julho  de  1491,  Trovas  á  morte  do  príncipe 
D.  Affonso^  até  Setembro  de  i5i3,  quando  foi  tomada  a  praça  de  Azamor, 
expedição  em  que  Luís  Henriques  serviu,  segundo  claramente  deixou  expresso 
nas  trovas  Ao  duque  de  Braguança  quando  tomou  Azamor  (2). 

De  todas  as  suas  trovas  as  mais  notáveis  serão  talvez  as  dirigidas  a  huma 
moça  com  que  andava  d'amores  ante  de  se  os  Judeos  tornarem  cristãos,  e 
hum  Judeu  casado  e  alfayate,  a  que  ela  queria  bien,  o  fei  tornar  cristão  e 
casou  com  elle  (3).  Nestas  introduziu  o  poeta  « duas  frases  em  hebreu  de 
ritual  judaico,  algumas  palavras  da  língua  hebraica,  e  outras  do  dialeto 
hebreu-ladino,  e  aludiu  a  diversos  usos  e  costumes  dos  Judeus  de  Portugal 
no  século  xvi  (4).  Estes  conhecimentos  scientíficos  do  poeta  poderiam  levar-me 
a  supô-lo  o  bacharel  Luís  Henriques,  morador  em  Santarém,  a  quem,  por 
cartas  de  3  e  6  de  Dezembro  de  i522,  foi  autorizado  o  uso  da  sua  sciência 
e  arte  de  física  e  cirurgia  (5);  mas  é  inverosímil,  dadas  as  circunstâncias 
manifestadas  nas  outras  trovas. 


Outra  Yamília  de  Henriques  existiu,  a  dos  do  Bombarral,  e,  apesar  de 
ser  de  muito  inferior  prosápia,  já  dela  encontro  vestígios  nos  fins  do  século  xv 
e  também  num  poeta  do  Cancioneiro. 

Henrique  da  Mota  fez  umas  trovas  a  uma  mula  muito  magra  e  velha  que 
viu  estar  no  Bombarral  e  pertencia  a  D.  Henrique,  filho  do  marquês  de  Vila 
Real.     No  meio  desta  versalhada  aparecem  umas  trovas  de  «  Gomes  Anri- 


(i)  Cancioneiro,  ti,  102,  col.  2. 

(2)  Ibidem,  fl.  io5,  col.  3. 

(3)  oO  duque  eycelente  nosso  guyador*  (fl.  io3,  col.  4);  «Partimos  em  ponto-»  (H.  104, 
col.  2);  «Chegamos  já  tarde»  {ibidem,  col.  4);  «ficamos  no  campo»  (fl.  io5,  col.  i). 

(4)  Cancioneiro  geral,  fl.  io5,  col.  4. 

(5)  Francisco  Maria  Esteves  Pereira,  introdução  às  Trovas  de  Luis  Anrique^f  a  hiia  moça, 

Pág.  7- 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  Si.»  de  Doações,  fls.  i3  v.  e  14. 


i6o  ^  Brasões 

quez»  (i).  O  caso  passou-se  depois  de  1495,  porque  se  alude  à  morte  de 
D.  João  II. 

Gomes  Henriques  fora  escudeiro  do  dr.  Rui  Gomes  de  Alvarenga,  chan- 
celer mor;  tivera  mercê  de  bens  em  Óbidos  por  carta  de  25  de  Novembro 
de  1472(2);  e  fora  nomeado  coudel  daquela  vila  por  carta  de  i5  de  No- 
vembro de  1475  (3),  e  juiz  das  suas  sisas  por  outra  de  20  de  Junho  de  1482  (4). 
Este  ofício  já  tivera  s€u  pai,  Diogo  Henriques,  criado  de  el  Rei  D.  Duarte, 
e  pelos  seus  serviços  e  casamento  foi  outorgada  ao  filho,  por  sua  morte,  uma 
tença  de  três  mil  e  tantos  reais  brancos  de  mantimento  com  o  referido  ofício 
de  juiz  das  sisas  de  Óbidos,  a  qual  lhe  foi  ratificada  por  carta  de  26  de  Ja- 
neiro de  1478,  confirmada  por  outra  de  16  de  Fevereiro  de  1498(5). 

O  ramo  principal  destes  Henriques  do  Bombarral  veio  a  perder  a  varonia 
pelo  casamento  de  D.  Maria  do  Carmo  Henriques  de  Melo,  herdeira  da  casa, 
com  D.  Rodrigo  de  Lancastre,  senhor  dos  coutos  de  Abadim  e  Negrelos, 
tenente  general  do  exército,  governador  de  Setúbal,  falecido  a  14  de  Março 
de  1820.     Era  sobrinho  do  i.°  conde  da  Louza. 


(i)  Cancioneiro,  fl.  207,  col.  3. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  29.0,  fl,  2i5  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  6.°,  fl.  58. 

(4)  Ibidem,  fl.  87. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  40.%  fl.  3. 


XXII 
FURTADOS  DE  MENDOÇA 


VOL.  III  21 


xxu 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  III. 


I 


Pranchado:  o  i.°  de  verde,  pala  de  vermelho  perfilada  de  oiro;  o  2.°  de 
verde,  banda  de  vermelho  perfilada  de  oiro;  ao  3.°  e  4.°  de  oiro,  S  de  negro, 
sendo  o  de  sinistra  volvido.  Timbre:  àsa  de  oiro  carregada  de  um  S  de 
negro. 

Estas  armas  estão  erradas  no  i.°  quartel;  e  mesmo  no  2.°  a  banda  não 
está  na  devida  posição.  É  provável,  que  estes  erros  datem  da  restauração 
feita  na  sala  no  reinado  de  D.  Pedro  II. 

As  armas  dos  Furtados  de  Mendoça  são:  escudo  franchado  de  verde  e 
oiro,  no  verde,  banda  de  vermelho  perfilada  de  oiro,  no  oiro,  S  de  negro, 
sendo  o  de  sinistra  volvido;  timbre,  àsa  de  oiro  carregada  de  um  S  de  negro. 
Assim  se  encontram  no  Livro  do  amieiro  mor,  fl.  Sg  v.,  no  Livro  da  Torre 
do  Tombo,  fl.  12,  no  Thesouro  da  nobre\a  de  Francisco  Coelho,  fl.  28,  e  no 
Thesouro  da  nobreza  de  Frei  Manuel  de  Santo  António,  F-45. 

As  primitivas  armas  dos  Mendozas  eram:  em  campo  verde  banda  de 
vermelho  perfilada  de  oiro(i).  Depois,  devido  a  vários  sucessos  ou  alianças, 
uns  acrescentaram  uma  cadeia  de  oiro  em  orla;  outros  francharam  o  escudo, 
ou  com  a  AVE  MARIA  dos  de  la  Vega,  ou  com  nove  panelas  de  prata  em 
vermelho;  os  nossos  porém  dispuzeram  as  suas  armas  pela  forma  descrita. 
Conjecturo  todavia,  que  o  móvel,  posteriormente  representado  por  um  S, 
era  primitivamente  constituído  por  dois  elos  de  corrente  quebrados  perto  do 
ponto  de  contacto,  cada  um  do  seu  lado,  assim  S. 


A  10  de  Março  de  1884  tinha  el  Rei  de  Castela  saído  de  Santarém  com 
um  numeroso  exército  direito  a  Lisboa,  onde  se  encontrava  o  mestre  dje 
Aviz,  Já  então  intitulado  regedor  e  defensor  do  reino.  Vinha  el  Rei  com  o 
intento  de  se  apoderar  da  cidade,  principal  baluarte  do  partido  nacional,  e 
do  mestre,  que  era  o  seu  chefe.     Parara  porém  em  Óbidos  aguardando  a 


(i)  Vejam-se  os  livros  de  Argote  de  Molina,  I.opez  deHaro,  Salazar  y  Castro,  e  muitos 
outros. 


164  Brasões 

chegada  da  frota  castelhana  ao  Tejo  para,  por  terra  e  mar,  pôr  cerco  a 
Lisboa. 

Sabedor  o  mestre  de  Aviz  das  intenções  de  el  Rei  de  Castela  tratou  de 
se  preparar  para  a  resistência,  e  uma  das  providências,  que  determinou,  foi 
a  de  mandar  aparelhar  uma  esquadra  com  as  naus  e  galés  existentes  na 
cidade.  Foi  precaução"*  de  grande  alcance,  não  só,  porque  se  opuzeram 
forças  marítimas  às  de  Castela,  como  sobretudo,  porque  se  puderam  intro- 
duzir mantimentos  na  cidade  já  sitiada. 

Foi  encarregado  da  execução  desta  ordem  o  arcebispo  de  Braga  D.  Lou- 
renço, aquele  que  depois  tanto  se  distinguiu  na  batalha  de  Aljubarrota,  e 
cujo  corpo  incorrupto  ainda  hoje  se  mostra  na  Sé  da  sua  arquidiocese,  onde 
se  lhe  pode  ver  na  cara  a  cicatriz  da  cutilada  ganha  na  batalha. 

Esta  ferida  explicaria  o  entranhado  ódio,  que  o  arcebispo  manifesta  pelo5 
castelhanos  na  famosa  carta  do  ruxóxô. . .  (i)  se  ele  a  tivesse  escrito. 

De  boa  vontade  meteu  o  guerreiro  prelado  mãos  à  obra  obrigando  todos, 
mesmo  os  que  pouca  vontade  disso  tinham,  a  trabalharem  no  lançamento 
das  embarcações  ao  mar,  e  no  seu  apercebimento. 

Em  breve  tempo  armaram-se,  e  esquiparam-se  sete  naus  e  doze  galés,  às 
quais  se  juntaram  outras  embarcações,  e  de  toda  a  frota  foi  nomeado  capitão 
Gonçalo  Rodrigues  de  Sousa,  alcaide  mor  de  Monsarás,  a  quem  com  grande 
cerimónia  foi  entregue  o  estandarte  das  armas  de  Portugal. 

A  14  de  Maio  saíram  a  barra  as  galés,  não  as  podendo  acompanhar  então 
as  naus  por  terem  vento  contrário.  Na  galé  real  ia  Gonçalo  Rodrigues  de 
Sousa,  capitão  da  frota,  o  qual  depois  traiu  a  causa  nacional,  e  teria  já  talvez 
então  entregado  a  esquadra  aos  castelhanos,  se  os  portuenses  não  descon- 
fiassem dele,  e  não  fizessem  com  que  o  conde  D.  Gonçalo  Teles  tomasse  o 
comando. 

Na  galé  Santa  Ana  ia  Gonçalo  Vasques  de  Melo;  na  Betnaventurada, 
Vasco  Martins  de  Melo,  o  Moço,  irmão  do  capitão  da  precedente;  na  Santa 
Clara,  Afonso  Furtado;  na  S.  João,  Estêvão  Vasques  Felipe;  na  S.  Jorge, 
o  comendador  Lourenço  Mendes  de  Carvalho;  na  Vitória,  Manuel  Pessanha; 
na  Santa  Maria  de  Cacela,  João  Rodrigues  de  Guaday.  Nas  outras  iam 
Antão  Vasques  de  Alvalade  e  seu  irmão  Aires  Vasques,  Gil  Esteves  Fariseu, 
Aires  Pires  de  Camões,  e  outros. 

Depois  de  próspera  viagem  surgiu  a  esquadra  nas  águas  do  Douro,  e  em 
ocasião   bem  azada   para  os  moradores  da  cidade  e  comarcas  próximas. 


(i)  Transcrita  na  2."  parte  da  Historia  ecdesiastica  dos  Arcebispos  de  Braga  de  D.  Ro- 
drigo da  Cunha,  no  cap.  49;  na  última  página  da  2.*  parte  da  Chronica  de  D.  João  1  de 
Fernão  Lopes;  etc. 


Furtados  de  Mendoça  i65 

Com  efeito  pouco  antes  havia  o  arcebispo  de  Santiago,  caudilhando  tropas 
galegas  e  portuguesas  afectas  ao  rei  de  Castela,  entrado  pela  província  do 
Minho,  a  roubar  e  assolar  as  terras  dos  contrários.  Depois  de  alguma  per- 
manência em  Braga,  avançara  o  arcebispo  direito  ao  Porto  e  assentara  o  seu 
arraial  no  lugar  de  S.  Romão,  a  meia  légua  das  muralhas. 

Era  pois  crítica  a  posição  dos  portuenses,  a  quem  faltavam  cavalgaduras 
e  homens  de  armas;  mas  não  lhes  minguava  o  ânimo,  e  só  com  os  recursos 
da  cidade  se  armaram  e  se  dirigiram  a  pé  a  embargar  o  passo  aos  de  Cas- 
tela. Quis  a  sorte,  que  logo  no  dia  seguinte  chegassem  as  galés  de  Lisboa, 
das  quais  desembarcou  um  numeroso  contingente,  que  reúnindo-se  aos  deci- 
didos portuenses  bastou  para,  depois  de  pequena  escaramuça,  fazer  recolher 
os  invasores  a  seus  quartéis. 

Desvanecido  este  perigo  trataram  os  da  esquadra  de  comunicar  aos  do 
Porto  a  mensagem  do  mestre  de  Aviz,  a  qual  dizia  respeito  ao  armamento 
e  esquipamentò  das  embarcações  fundeadas  no  Douro,  ao  fornecimento  de 
vitualhas,  e  ao  empréstimo  de  uma  determinada  quantia. 

Anuíram  prontamente  os  leais  cidadãos  aos  pedidos  do  regedor  e  defensor 
do  reino,  e  lembraram  a  conveniência  de  adquirir  para  o  partido  nacional 
o  conde  D.  Gonçalo  Teles,  alcaide  mor  de  Coimbra,  onde  se  conservava 
neutral;  o  que  se  conseguiu  mediante  certa  doação,  pelo  conde  exigida. 

Entretanto  aparelharam-se  as  galés,  as  quais,  emquanto  se  acabavam  de 
aprontar  as  naus,  foram  mandadas  debaixo  das  ordens  do  conde  de  Trasta- 
mara  a  correr  os  portos  de  Galiza,  a  saquear  e  apresar  quanto  topassem. 
Com  bastante  presa  regressaram  elas  ao  Porto,  onde  na  véspera  de  S.  João 
festejaram  a  sua  volta  com  um  torneio,  ficando  nele  o  conde  capitão  ferido, 
a  ponto  de  se  impossibilitar  de  seguir  depois  na  armada  para  Lisboa. 

Com  estas  ocupações  de  diferente  género  la-se  demorando  a  esquadra 
no  Porto,  sendo  a  sua  falta  cada  vez  mais  sentida  pelos  habitantes  de  Lisboa, 
que  um  apertado  cerco  tinha  fechados  dentro  dos  muros.  Para  remediar 
esta  demora  recorreu  D.  João,  mestre  de  Aviz,  ao  seu  dedicado  Nuno  Ál- 
vares, que  logo  se  dirigiu  ao  Porto;  bastou  porém  a  certeza  da  sua  aproxi- 
mação, para  a  esquadra  sair  da  foz  do  Douro,  ciosos  os  seus  capitães  de 
ceder  a  glória  da  empresa  a  outrem. 

Afinal,  no  domingo  17  de  Julho (i),  lançou  ferro  a  esquadra  em  frente  de 
Cascais. 


(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  I,  parte  I,  pág.  225  da  ed.  do  Archivo  histó- 
rico poRTUGUiiz.  Nas  edições  anteriores  está  Junho  em  vez  de  Julho,  mas  é  erro,  não  só 
por  o  dia  17  daquele  mês  não  ter  caído,  em  1884,  num  domingo,  mas  também  porque  a  23 
de  Junho,  como  o  mesmo  cronista  declarara  na  pág.  214,  ainda  a  esquadra  estava  no  Porto. 


l66  Brasões 

Não  se  decidindo  os  capitães  portugueses  sobre  o  plano  a  seguir,  para 
entrar  a  barra  e  pelejar  com  a  armada  castelhana,  resolveram  enviar  alguém 
ao  mestre  a  tomar  as  suas  ordens. 

Era  empresa  arriscada;  nunca  em  tais  lances  faltaram  porém  portugueses 
animosos.  Um  rico  mercador  do  Porto,  homem  atrevido  no  mar,  por  nome 
João  Ramalho,  incumbiu-se  da  mensagem.  Em  um  batel,  defendido  por 
bons  pavezes  e  tripulado  por  vigorosos  remadores,  meteu-se  à  noite  o  por- 
tuense. Mandou  seguir  encostado  aos  montes^  da  Outra  Banda  e,  passando 
sem  ser  pressentido  da  esquadra  castelhana,  pôde  desembarcar  em  Lisboa. 
Comunicada  a  nova  ao  mestre  de  Aviz,  recebeu  dele  as  suas  ordens,  e  embar- 
cando de  novo  tornou  à  esquadra  com  feliz  sucesso;  o  que  em  parte  deveu 
a  estar-se  perto  do  fim  do  mês  lunar  (i),  e  portanto  nas  noites  escuras. 

E  fácil  de  supor  o  alvoroço,  em  que  ficou  a  cidade,  com  a  noticia,  num 
instante  derramada.  Sentia-se  alegria  e  cuidado.  Alegria  pelo  reforço  e 
provisão  que  chegava;  susto  pelo  resultado  do  inevitável  combate. 

No  dia  seguinte,  18  de  Julho,  logo  de  manhã  tratou  o  mestre  de  mandar 
aparelhar  as  naus  e  barcas  aferradas  na  Ribeira,  para  com  elas  ir  êle  pró- 
prio em  ajuda  da  esquadra  do  Porto,  o  que  não  pôde  executar  por  ter  vento 
e  maré  contrários  e  por  a  maior  parte  das  embarcações  não  dar  lugar  pelo 
governo.  Entretanto  desciam  rio  fora,  ajudadas  pela  maré  e  rebocadas  pelas 
galés  por  causa  da  calma,  as  naus  da  esquadra  castelhana,  e  iam  formar-se 
em  ordem  de  batalha  em  frente  da  ilheta  de  Restelo,  com  as  popas  viradas 
ao  norte,  lado  donde  esperavam,  que  pelo  costume  naquela  época  do  ano 
viesse  a  soprar  o  vento  passado  o  baixamar,  e  pudessem  portanto  investir  de 
flanco  com  a  armada  de  socorro. 

Pouco  passava  das  nove  horas  da  manhã,  levantara-se  a  brisa  do  noroeste 
e  a  maré  já  enchia,  quando  apareceu,  dobrando  a  ponta  de  S.  Gião,  a  intré- 
pida esquadra  portuguesa.  A  todo  o  pano,  e  a  remos  em  estala  vem  avan- 
çando a  frota  disposta  por  esta  orderti;  A  frente  a  nau  Milheira  capitaniada 
pelo  valente  Rui  Pereira,  e  ladeada  por  quatro  outras  naus:  a  Estrela,  de 
que  era  capitão  Álvaro  Pires  de  Figueiredo,  a  de  Pedro  Lourenço  de  Távora, 
a  de  Gil  Vasques  da  Cunha,  e  a  de  João  Rodrigues  Pereira.  Atrás  destas 
naus  as  dezasete  galés,  empavezadas  e  embandeiradas,  e  todas  em  linha  bem 
juntas;  e,  por  último,  as  doze  naus  restantes  carregadas  de  mantimentos. 

O  vento,  quási  largo,  enfunava  as  velas,  e  a  esquadra  deslisava   rapida- 
mente sobre  o  azulado  Tejo,  o  mais  próximo  possível  da  Outra  Banda. 

Chegadas  as  naus  da  vanguarda  em  frente  da  armada  castelhana  orçaram, 
e  no  bordo,  que  fizeram,  passaram-lhe  bem  próximas;  apesar  porém  de  a 


(i)  A  lua  nova  seguinte  foi  seis  dias  depois,  a  23. 


Furtados  de  Mendoça  167 

provocarem,  não  conseguiram  fazê-la  avançar.  E  que  o  almirante  castelhano 
queria  deixar  adiantar-se  a  esquadra  inimiga,  e  atacá-la,  quando  já.  a  pudesse 
ter  a  sotavento. 

No  momento  oportuno  desfraldam  as  velas  as  naus  de  Castela,  e  a  todo 
o  pano  avançam  direitas  ao  centro  e  à  reclaguarda  da  armada  portuguesa. 
Então  Rui  Pereira  e  os  outros  quatro  capitães  da  vanguarda,  decididos  a 
sacrificarem-se  para  a  salvação  dos  restantes,  fizeram  novo  bordo  e  barlaven- 
tearam  direitos  às  primeiras  naus  inimigas,  com  as  quais  aferraram,  enras- 
cando-se  pelos  aparelhos  três  naus  portuguesas  com  cinco  naus  e  uma  car- 
raca  castelhana.  Durante  algum  tempo  combateram  rijamente  de  umas  para 
as  outras,  ficando  as  nossas  tomadas  e  morto  o  intrépido  Rui  Pereira  de  um 
virotão,  que  lhe  acertou  na"  testa,  quando  levantava  a  viseira  para  respirar 
desafogadamente. 

Mas  entretanto  o  resto  da  esquadra  passava  quási  incólume,  e  arrimava-se 
à  Fftbeira,  onde  logo  se  encalharam  as  embarcações  todas  e  se  seguraram 
com  fortes  estacas  e  cabos,  para  as  livrar  de  serem  apresadas  dos  inimigos. 

Quási  incólume  acabei  de  dizer,  e  assim  foi;  porque  a  nau  de  Álvaro 
Gonçalves  de  Sá  ferrara  algum  pano,  quando  ia  já  próximo  à  terra,  e  então 
aferraram-se  a  ela  cinco  gale's,  que  se  esforçaram  por  a  tomar  à  sombra  do 
monte  da  Guba(i);  conseguiu  porém  safar-se,  chegando,  ainda  assirn,  à 
Ribeira  como  um  enorme  paliteiro,  em  que  os  palitos  eram  virotões. 

Por  esta  forma,  com  pequena  perda,  conseguiu  a  esquadra  portuguesa 
penetrar  no  Tejo  e  desembarcar  em  Lisboa  as  munições  e  os  reforços. 

Com  estas  palavras  comemora  o  nosso  poeta  cronista  este  feito:  «Oo 
que  fremosa  cousa  era  de  veer,  em  tam  pouco  espaço,  através  dhuu  tam 
estreito  rio  veer  cinquoenta  e  sete  nãos,  e  triinta  gallees,  todas  armadas  e 
bem  corregidas,  com  desejo  de  empecer  huúas  aas  outras  1  Oo  que  dia  de 
tanto  cuidado!  e  moormente  dos  que  na  presente  pelleja  tinham  gram  parte 
de  sua  esperança,  porque  huúa  cousa  julgava  o  desejo,  e  outra  hordenava  a 
ventuira  1 »  (2). 


Nesta  armada  vinha  o  anadel  mor  Afonso  Furtado  capitaneando  a  galé 
Santa  Clara,  na  qual  já  tinha  ido  para  o  Porto. 

Em  Lisboa  continuou  ele  a  servir  com  dedicação  ao  mestre  de  Aviz,  e 
do  seu  valor  deu  provas  no  dia  27  de  Agosto,  quando  as  galés  de  Castela 
quiseram  tomar  as  de  Portugal,  varadas  na  praia. 


(i)  Não  sei  o  moderno  nome  deste  monte.    Será  o  de  Santa  Catarina? 
(2)  Chronica  de  D.  João  1,  parte  I,  pág.  23 1. 


i68  ■  Brasões 

Saltou  ele  para  dentro  de  uma  galé,  que  estava  de  través,  e,  fazendo-a 
tombar  toda  para  o  lado  da  terra,  ofereceu  ao  encontro  de  duas  galés  caste- 
lhanas, que  sobre  aquela  avançavam,  a  banda  mais  alta.  Nela  deram  os 
castelhanos,  mas  foram  repelidos  com  valor. 

Por  estes  e  outros  feitos  nomeou  D.  João  I,  logo  em  seguida  à  sua  acla- 
mação em  Coimbra,  em  Abril  de  i385,  a  Afonso  Furtado  capitão  mor  do 
mar. 


Os  Furtados  portugueses  procedem,  diz-se,  prova  documental  não  en- 
contro, de  Fernão  Furtado,  natural  da  província  de  Alava  nas  Vascongadas, 
donde  passou  para  Portugal  em  tempos  de  Afonso  III  que  em  1278,  ao  pôr 
casa  a  seu  filho  o  infante  D.  Denis,  para  ela  o  nomeou,  vindo  êle  a  ser  vas- 
salo daquele  infante  (i).  Em  Portugal  casou  com  D.  Guiomar  Afonso,  filha 
de  Geraldo  Afonso  de  Resende  e  de  D.  Tareja  Soares  Soldar  (2).  Geraldo 
Afonso  de  Resende,  filho  segundo  de  D.  Afonso  Rodrigues  Rendamor,  era, 
conjuntamente  com  seu  irmão  primogénito  Martim  Afonso  de  Resende,  se- 
nhor da  honra  de  Resende  em  i258,  ao  tempo  das  Inquirições  gerais  de 
D.  Afonso  111(3),  e  Já  tinha  morrido  em  fins  de  1290(4). 

SupÕe-se  dever  Fernão  Furtado  pertencer  à  família  dos  de  Mendoza, 
visto  que  um  bisneto  seu  acrescentou  este  apelido  ao  de  Furtado  e  os  seus 
descendentes  de  preferência  se  chamaram  de  Mendoça,  vindo  quási  a  ser 
posto  de  parte  o  antigo  Furtado.  Diz  um  considerado  genealogista  espanhol 
que  Fernão  Furtado  fora  filho  de  D.  Diogo  Lopez  de  Mendoza,  senhor  desta 
casa,  e  de  D.  Leonor  Furtado,  senhora  de  Mendibil,  filha  de  D.  Fernão  Perez 
Furtado,  irmão  dos  condes  D.  Manrique,  D.  Álvaro  Perez  e  D.  Nuno  Perez 
de  Lara  (5).  Depois,  noutra  obra,  chama-lhe  Fernão  Iniguez  de  Mendoza, 
declara  constar  a  sua  filiação  de  uma  escritura  do  ano  de  1242  e  terem-Ihe 
em  Portugal  chamado  Fernão  Furtado  (6).  É  tudo  bastante  vago  e  de  fun- 
damento pouco  seguro. 

Conforme  o  citado  Nobiliário  deixou  dois  filhos  dos  quais  proviesse  des- 
cendência: Rui  Furtado  e  Afonso  Furtado. 

Rui  Furtado,  ou  melhor.  Rui  Fernandes  Furtado,  como  é  nomeado  no 


(i)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  Xj  pág.  58. 

(2)  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  nos  Portugália  monumenta  histórica,     Scriptores, 

vol.  I,  pág.  322. 

(3)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IV,  págs.  14  e  41. 

(4)  Ibidem,  págs.  16  e  Sg. 

(5)  Salazar  y  Castro,  Historia  de  la  Casa  de  Lara,  vol.  I,  pág,  106. 

(6)  Salazar  y  Castro,  Glorias  de  la  Casa  Farne\e,  pág.  567. 


Furtados  de  Mendoça  169 

documento  a  seguir  indicado,  requereu  em  i32o,  por  intermédio  de  seu  refe- 
rido irmão,  traslado  autêntico  do  instrumento  da  partilha  celebrada,  em  3  de 
Dezembro  de  1 290,  entre  os  filhos  e  netos  de  D.  Afonso  Rodrigues  Rendamor, 
seu  bisavô  materno,  e  os  procuradores  da  segunda  mulher  deste  (i).  Era 
então  escudeiro  e  residia  no  Porto.  Casou  com  D.  Leonor  Martins,  filha  de 
Martim  Gil  de  Vilela,  e  dela  teve,  conforme  o  citado  Nobiliário,  dois  únicos 
filhos:  Fernão  Furtado  e  D.  Inês  Rodrigues. 

Fernão  Furtado,  «escudeiro,  filho  de  Roy  Furtado»,  alcançou,  por  carta 
de  Q  de  Janeiro  da  era  de  i38o  (1342),  em  seguida  ao  édito  geral  de 
D.  Afonso  IV,  relativo  a  terras  privilegiadas,  confirmação  para  si  da  sen- 
tença promulgada  na  corte  em  1290,  nas  Inquirições  da  primeira  alçada  de 
D.  Denis,  sentença  favorável  aos  privilégios  inerentes  à  honra  de  Pedrosêlo, 
por  ele  então  possuída  e  que  era  situada  no  julgado  de  Penafiel  de  Sousa  e 
freguesia  de  Santa  Maria  de  Pedrosêlo  (2). 

Esta  honra  de  Pedrosêlo  provinha  de  uma  quinta  que  fora  de  João  Tenro 
e  em  1290,  ao  tempo  das  Inquirições  de  D.  Denis,  era  possuída  por  Alda 
Martins,  talvez  então  viúva  daquele  cavaleiro.  Em  1342,  quando  se  publi- 
caram as  sentenças  de  D.  Afonso  IV,  estava  a  quinta  repartida  pelo  menos 
por  Fernão  Furtado  e  Beringueira  Anes,  viúva  e  herdeira  no  prédio  de 
Fernão  Vasques  Peixoto,  como  declara  outra  sentença  de  14  de  Janeiro  da 
era  de  i38o  (1342)  (3).  João  Tenro,  ou  melhor,  João  Pires  Tenro,  era  da 
linhagem  dos  Alcoforados  e  casara  com  D.  Alda  Martins  Botelha,  de  quem 
tivera,  além  de  outros  filhos,  a  D.  Mor  Anes  e  D.  Elvira  Anes.  A  primeira 
casou  com  Vasco  Gonçalves  Peixoto  e  foi  mãe,  entre  outros,  do  Fernão  Vas- 
ques Peixoto  acima  nomeado  (4);  a  segunda  foi  mulher  de  Gil  Eanes  de 
Ataíde,  chamado  de  Vilela.  Destes  cônjuges  foi  neta  D.  Leonor  Martins," 
mulher  de  Rui  Furtado  e  mãe  de  Fernão  Furtado  (õ).  Assim  fica  explicada 
a  comunidade  existente  na  posse  dos  privilégios  da  honra  de  Pedrosêlo  entre 
descendentes  de  João  Tenro. 


Afonso  Furtado,  irmão  de  Rui  Furtado,  apresentou,  no  paço  dos  tabe- 
liães de  Lisboa,  no  dia  19  de  Agosto  da  era  de  í355  (i3i7),  em  um  rolo  de 
pergaminho,  a  sentença^de  partilha,  à  qual  já  lá  acima  aludi,  e  dela  pediu 


(i)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IV,  pág.  39. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  IV,  liv.  4.»,  fl.  8G  v. 

(3)  Ibidem,  fl.  87  v. 

(4)  Nobiliário  cit.,  págs.  296  e  3oo. 

(5)  Ibidem,  págs.  298  e  344. 

VOL.  III  22 


lyo  Brasões 

pública  forma (i).  Neste  documento  aparece  nomeado  Afonso  Fernandes 
Furtado.  Dali  a  anos  tornou  a  pedir  outro  traslado  da  mesma  escritura, 
então  porém  dirigiu-se  a  um  tabelião  de  Vila  Real  que  lho  passou  em  i3 
de  Fevereiro  da  era  de  i358  (i32o),  declarando  então  precisar  da  certidão 
para  a  entregar  a  seu. irmão  Rui  Fernandes (2).  Maria  Gonçalves,  viúva  de 
Afonso  Furtado,  e  sua  filha  Leonor  Furtada,  chamadas  pelo  édito  geral  de 
D.  Afonso  IV,  relativo  a  terras  privilegiadas,  compareceram  na  corte  e  decla- 
raram possuir,  na  freguesia  de  Santa  Maria  de  Louredo  do  julgado  de  Pa- 
nóias,  em  sucessão  a  seus  avós,  ininterrupta  havia  mais  de  sessenta  anos,  a 
honra  de  Louredo  com  as  suas  pertenças,  a  qual  Já  fora  examinada,  por 
ocasião  das  Inquirições  julgadas  por  sentenças  da  era  de  i328  (t29o),  man- 
dando-se-lhe  então  manter  os  privilégios.  Foram  estes  agora  confirmados 
às  duas  senhoras  por  sentença  de  16  'de  Janeiro  da  era  de  i38o,  ano  de 
Cristo  de  1342  (3).  Conforme  o  já  citado  Nobiliário  teve  Afonso  Furtado, 
além  da  filha  Leonor,  outra  chamada  Senhorinha  Furtada  a  qual  já  devia 
estar  morta,  quando  foi  publicada  a  referida  sentença,  pois  nela  não  é  men- 
cionada. 

De  Fernão  Furtado,  senhor  da  honra  de  Pedrosêlo,  acima  nomeado,  pa- 
rece haver  sido  irmão  Afonso  Furtado,  pelo  menos,  e  isso  é  o  certo,  a  um 
Fernão  Furtado  e  a  um  Afonso  Furtado,  irmãos,  mandou  D.  Afonso  IV  dar 
rações  no  convento  de  Mancelos(4). 

Afonso  Furtado  foi  da  criação  de  D.  Pedro  I  e  muito  dedicado  a  seu  filho 
bastardo  D.  João,  mestre  de  Aviz,  a  quem,  já  em  i382,  quando  seu  irmão 
D.  Fernando  o  mandou  prender,  quis  dar  fuga  do  castelo  de  Évora  (5). 
Noutra  ocasião  aludiu  ele  próprio  à  afeição  dispensada  por  D.  Pedro  I  a  seu 
pai,  a  quem  mandou  como  embaixador  fora  do  reino.  Nesta  embaixada, 
apesar  de  muito  novo  ainda,  acompanhou  Afonso  Furtado  a  seu  pai,  que 
não  nomeia,  e  com  ele  esteve  em  Seuta,  onde  lhe  profetizaram  a  conquista 
daquela  cidade  por  D.  João  I  (6). 

Este  Afonso  Furtado  é  aquele  a  quem  D.  João  I,  em  i385,  em  seguida  à 
sua  aclamação  nas  cortes  de  Coimbra,  nomeou  capitão  do  mar  (7).  A  carta 
desta  nomeação  não  aparece,  mas  consta  ela  de  vários  documentos  abaixo 


(i)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IV,  págs.  39  e  40. 

(2)  Ibidem, 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  IV,  liv.  4.°,  fl.  87  v. 

(4)  Frei  Francisco  Brandão,  Monarchia  lusitana,  part.  IV,  fl.  35  v. 

(5)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  Fernando,  cap.  142. 

(6)  Azurara,  Chronica  da  tomada  de  Ceuta,  ed.  Esteves  Pereira,  págs,  56  e  57. 

(7)  Fernão  Lopes,  Chronica  de  D.  João  I,  parte  II,  cap.  I, 


Furtados  de  Mendoça  171 

apontados  (i),  referindo-se  o  último  deles,  do  ano  de  1414,  ao  ofício  de  anadel 
mor,  outrosim  confiado  a  Afonso  Furtado.  Também  não  sei  quando  para 
êle  foi  nomeado,  mas  sei  que  lhe  pertencia  capitanear  os  besteiros  do  conto 
e  que  ainda  em  6  de  Abril  de  1 419  exercia  os  dois  ofícios  de  anadel  mor 
dos  besteiros  do  conto  e  apurador  dos  homens  do  mar  (2). 

Por  carta  de  23  de  Junho  de  1428,  datada  de  Sintra,,  nomeou  D.  João  I 
a  Álvaro  Vasques  de  Almada  «  capitão  mor  da  nossa  frota  polia  guisa  que  o 
era  Gonçalo  Tenreiro  em  tempo  delrei  D.  Fernando;  ...  e  per  a  guisa  que 
o  foi  Affonso  Furtado  em  nosso  tempo  »  (3).  Deste  documento  concluo,  que 
Afonso  Furtado  já  então  era  falecido  e  que  F^ernão  Lopes,  quando  na  Chro- 
nica  de  D.  Fernando  o  intitula  « capitam » (4),  cometeu  um  leve  anacro- 
nismo. 

No  ofício  de  anadel  mor  dos  besteiros  do  conto  sucedeu  a  Afonso  Furtado 
seu  filho  do  mesmo  nome  e  exercendo-o  me  aparece  em  21  de  Novembro  de 
1433(5),  posto  que  a  carta  do  ordenado  só  lhe  fosse  passada  a  14  de  Abril 
de  1444,  para  o  começar  a  receber  do  precedente  Janeiro  em  diante  (6).  Foi 
este  segundo  Afonso  Furtado,  como  acertadamente  declara  Frei  Francisco 
Brandão,  «o  primeiro  que  em  escritura  publica  vi  com  appellido  de  Men- 
doça» (7);  com  êle  Já  aparece  na  citada  carta  do  ordenado.  Em  1467  era 
do  conselho  (8),  e  já  era  falecido  em  Setembro  de  1475,  pois  já  então  seu 


(i)  Na  Chancelaria  de  D.  João  I  existem  registadas  as  seguintes  cartas  de  mercês  a 
Afonso  Furtado:  doação,  em  satisfação  de  seus  serviços,  de  duas  quintas  confiscadas  a  Gon- 
çalo Vasques  de  Azevedo  e  de  outra  no  Paço  do  Lumiar  que  fora  de  Vasco  Porcalho,  9  de 
Outubro  de  i384  (liv.  i.°,  fl.  53);  legitimação  de  três  filhos  de  Afonso  Furtado,  «  capitão  mor 
de  Portugal «,  havidos  de  várias  mulheres  durante  a  constância  do  matrimónio,  25  de  Outubro 
de  1390  (liv.  2.°,  fl.  5i);  doação  temporária  ao  «  seu  capitão  »  da  lezíria  de  Alfirmara,  8  de 
Agosto  de  1391  {ibidem,  fl.  60);  doação  perpétua  ao  «capitão  mor  da  nossa  frota»  de  umas 
casas  em  Lisboa  na  freguesia  da  Sé,  junto  doutras  suas,  8  de  Fevereiro  de  1402  (liv.  3.°, 
fl.  17);  e  em  3  de  Abril  da  era  de  1452  (1414)  doação  de  uma  lezíria  acerca  de  Santa  Maria 
de  Valada  ao  «seu  capitão  e  anadel  mor»  {ibidem,  fl.  169). 

(2)  Carta  de  privilégios  para  oito  lavradores  da  quinta  a  par  de  Sarilhos  pertencente  ao 
mosteiro  de  Santa  Clara  de  Lisboa.  —  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.%  fl.  34. 

(3)  Transcrita  na  de  confirmação,  datada  de  5  Janeiro  de  1434  e  escrito  pelo  futuro 
secretário  Rui  Galvão  (Liv.  de  Extras,  fl.  170  v.)» 

(4)  Cap.  65. 

(5)  Carta  de  privilégios  para  os  moradores  de  Vila  de  Rei,  herdade  no  termo  de  San- 
tarém possuída  por  Catarina  Fernandes  de  Bairros. — Chancelaria  deD. Duarte,  liv.  i.»,fl.  17. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  24.°,  fl.  39.— O  ordenado  era  de  2.571  reais  brancos, 
outro  tanto  como  houvera  seu  pai. 

(7)  Monarchia  lusitana,  parte  V,  fl.  35  v. 

(8)  Carta  de  17  de  Setembrp  de  20.000  reais  brancos  de  tença.  —  Chancelaria  de 
D.  Afonso  V,  liv.  28.°,  fl.  2. 


172  Brasões 

filho  Duarte  Furtado  de  Mendoça  exercia  o  cargo  de  anadel  mor  dos  besteiros 
do  conto (i). 

Conforme  os  nobiliários  casou  por  duas  vezes:  da  primeira  com  Cons- 
tança Nogueira,  filha  de  Afonso  Anes  Nogueira,  senhor  do  morgado  de 
S.  Lourenço  de  Lisboa  e  alcaide  mor  desta  cidade,  e  de  sua  mulher  Joana 
Vaz  de  Almada;  da  segunda  com  D.  Beatris  de  Vilarragut,  valenciana,  dama 
da  infanta  D.  Isabel,  mulher  do  infante  D.  Pedro  de  Alfarrobeira. 

Do  primeiro  matrimónio,  realizado  antes  de  1453(2),  nasceram: 

Nuno  Furtado  de  Mendoça,  ou  simplesmente  Nuno  Furtado,  fidalgo  da 
casa  de  D.  Afonso  V  e  seu  aposentador  mor,  cargo  que  já  exercia  em  1466(3), 
acompanhou-o  na  expedição  a  Castela  e  lá  morreu  em  serviço  antes  de  Ja- 
neiro de  1476(4).  Foi  progenitor  dos  Furtados  de  Mendoça  comendadores 
das  Entradas  e  Padrões,  dos  comendadores  de  Borba,  dos  comendadores  de 
Loulé,  conde  do  Rio  Grande  (5  de  Março  de  1689),  dos  senhores  da  quinta 
da  Marateca,  e  de  outros;  e  dos  Mendoças  condes  de  Vai  de  Reis  (16  de 
Agosto  de  1628),  marqueses  de  Loulé  (6  de  Julho  de  1799)  e  duques  de 
Loulé  (3  de  Outubro  de  1862),  e  ainda  dos  condes  da  Azambuja  (21  de  Maio 
de  1763),  ramos  daqueles  e  únicos  em  que  subsiste  a  varonia. 

Duarte  Furtado  de  Mendoça,  do  conselho  de  D.  João  II,  comendador  do 
Torrão  na  ordem  de  Cristo,  senhor  de  Vilalva  em  duas  vidas  por  carta  de 
7  de  Abril  de  1486,  anadel  mor  dos  besteiros  do  conto  em  sucessão  a  seu 
pai,  faleceu  em  1494(6)  e  foi  progenitor  de  um  breve  ramo  de  Mendoças, 
que  terminou  em  Manuel  de  Mendoça,  veador  do  duque  de  Aveiro. 

Violante  Nogueira  foi  donzela  da  infanta  D.  Catarina,  irmã  de  D.  Afonso  V, 
como  consta  da  carta  de  vinte  mil  reais  brancos  de  tença  concedida,  depois 
da  morte  da  infanta,  em  satisfação  e  contentamento  do  serviço  prestado  (6). 
Entrou  depois  para  o  mosteiro  de  Santos,  onde  professou  e  no  qual  veio  a 
ser  comendadeira  por  carta  de  16  de  Março  de  1486(7),  devendo  esta  no- 
meação ao  facto  de  ser  tia  da  gentil  D.  Ana  de  Mendoça,  mãe  de  D.  Jorge, 


(i)  Sepulturas  do  Espinheiro,  pàg.  6i. 

(2)  Liv.  2.°  dos  Brasões  de  Cintra,  pág.  53o. 

(3)  Carta  de  10  de  Março  de  1466  pela  qual  se  lhe  mandaram  pagar  os  dois  terços  das 
2.800  coroas  de  oiro  de  seu  casamento,  transcrita  na  de  24  de  Maio  de  1524  de  confirmação 
a  sua  filha  D.  Joana  de  Mendoça. — Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  37.»  de  Doações,  fl.  176  v. 

(4)  Carta  de  23  de  Janeiro  de  1476,  de  20.000  reais  brancos  de  tença  a  seu  filho  Jorge 
Furtado  {Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  6.»,  fl.  i)  e  epitáfio  no  mosteiro  de  Santos,  na  se- 
pultura lá  mandada  erigir  por  sua  filha  a  comendadeira  D.  Ana  de  Mendoça.  —  Critica  e 
historia,  pág.  i5i  nota. 

(5)  Sepulturas  do  Espinheiro,  pág.  61. 

(6)  Carta  de  29  de  Maio  de  1471.  —  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  16.»,  fl.  96  v. 

(7)  Liv.  3.»  do  Cartório  de  Santiago,  fl.  100  v. 


Furtados  de  Mendoça  lyS 

futuro  mestre  de  Santiago  e  duque  de  Coimbra,  filho  de  D.  João  II,  então 
ainda  governador  daquela  Ordem  à  qual  o  mosteiro  pertencia.  Faleceu  a 
comendadeira  D.  Violante  em  i5o8,  sucedendo-lhe  na  prelazia  sua  referida 
sobrinha  (i). 

Do  segundo  matrimónio  de  Afonso  Furtado  de  Mendoça  nasceram,  se- 
gundo os  nobiliários,  dois  filhos  do  sexo  masculino  dos  quais  proviesse  des- 
cendência. 

Diogo  de  Mendoça,  fidalgo  da  casa  do  príncipe  D.  João  que  o  nomeou 
alcaide  mor  de  Mourão  por  carta  de  22  de  Agosto  de  1476(2),  foi,  em  sucessão 
a  seu  irmão  Duarte,  anadel  mor  dos  besteiros  do  conto,  tendo  obtido,  em  i5 
de  Março  de  1494,  carta  da  tença  inerente  ao  ofício  (3).  Foi  este  suprimido 
em  seu  tempo  a  requerimento  dos  povos  nas  cortes  de  1499,  recebendo  Diogo 
de  Mendoça,  em  satisfação  dos  perdidos  proventos,  uma  tença  vitalícia  de 
oitenta  mil  reais  (4).  Diogo  de  Mendoça  era  já  morto  em  14  de  Julho  de 
i5i6,  data  da  carta  da  alcaidaria  mor  de  Mourão  a  seu  filho  Pêro  de  Men- 
doça (5).  Diogo  foi  o  progenitor  dos  Mendoças  alcaides  mores  de  Mourão, 
representados  pela  casa  de  Vila  Nova  de  Souto  de  el  Rei,  e  doutros  ramos 
com  a  varonia  extinta  ou  obscura.  A  formosa  D.  Joana  de  Mendoça,  duquesa 
de  Bragança,  segunda  mulher  do  duque  D.  Jaime,  com  quem  casou  já  depois 
da  morte  do  pai  dela,  era  filha  do  i.°  alcaide  mor  de  Mourão,  Diogo  de 
Mendoça. 

João  de  Mendoça,  o  Cação,  alcaide  mor  de  Chaves  e  o  mais  novo  dos 
filhos  de  Afonso  Furtado  de  Mendoça,  foi  progenitor  de  vários  ramos  de 
Mendoças  em  todos  os  quais  se  extinguiu  a  varonia,  creio. 


Existiram,  tudo  já  lá  vai !  várias  casas  de  Mendoças  derivadas  desta  por 
fêmea.  Neste  momento  recordo-me  das  dos  condes  de  Barbacena,  dos  vis- 
condes de  Azurara,  dos  Mendoças  de  Palma,  dos  Mendoças  Arrais,  etc. 


(i)  Critica  e  historia,  pág.  i5o. 

(2)  Liv.  I."  do  Cartório  de  Santiago,  fl.  67  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  33.°,  fl.  3o  v. 

(4)  Carta  de  11  de  Março  de  i5oo  de  92.000  rs,  de  tença,  sendo  80.000  pelo  ofício  e 
12.000  pelo  serviço  dos  expulsos  Judeus  de  Mourão. —  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i3.o, 
fl.  60. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  37.0,  fl.  64. 


XXIIl 


ALBERGARIAS 


xxai 


► 


Brasões  dá  Sala  de  Sintra,  VoI.  III. 


De  prata,  cruz  fíorida  de  vermelho  vazia  do  campo;  bordadura  cosida  do 
mesmo,  e  carregada  de  oito  escudetes  de  azul  sobrecarregados  cada  um  de 
cinco  besantes  também  de  prata.  Timbre:  dragão  de  vermelho  armado  de 
oiro. 

Apenas  com  variedade  no  número  dos  escudetes  da  bordadura  encon- 
tram-se  estas  armas  a  fl.  6o  do  Livro  do  armeiro  mor,  a  fl.  i2  do  Livro  da 
Torre  do  Tombo,  a  fl.  28  do  Thesouro  da  nobreza  de  Francisco  Coelho  e  no 
Thesouro  da  nobreza  de  Frei  Manuel  de  Santo  António,  A-i5. 

Nos  dois  Thesouros,  e  nalguns  outros  livros  de  armaria,  encontra-se  o 
dragão  do  timbre  carregado  de  uma  cruz  de  prata,  como  a  do  escudo;  não 
parece  porém  haver  razão  para  este  acrescentamento. 


Por  motivos  ignorados  rebentara  a  guerra  entre  Portugal  e  Leão  pelos 
anos  de  1167.  O  ataque  fora  dirigido  contra  Ciudad  Rodrigo  recentemente 
edificada,  e  as  tropas  portuguesas  acompanhava  o  único  filho  de  el  Rei,  o 
infante  D.  Sancho,  que  naquela  campanha  recebeu  as  primeiras  lições  da 
arte  da  guerra.  Não  fora  porém  bem  sucedida  a  expedição,  pois  que  O 
exército  português  padeceu  um  desbarato  em  Arganal  próximo  àquela 
cidade. 

Apesar  da  brandura  usada  por  Fernando  II,  que  concedera  a  liberdade 
aos  numerosos  portugueses  aprisionados  na  batalha,  irritou-se  Afonso  Hen- 
riques com  o  sucesso;  e  pondo-se  à  frente  de  um  corpo  de  tropas  invadiu 
por  um  lado  a  Galiza,  emquanto  por  outro  penetrava  um  segundo  exército 
português. 

A  conquista  de  Tuy  seguiu-se  brevemente  a  dos  distritos  de  Toroiío  e 
Limia,  e  D.  Afonso  mandou  edificar  junto  a  Celanova,  para  defesa  de  seus 
novos  domínios,  o  castelo  de  Cedofeita,  nome  derivado  da  rapidês  da  cons- 
trução. , 

Julgaudo  assegurada  por  esta  forma  a  posse  da  sua  nova  conquista  reco- 
Ihera-se  Afonso  Henriques  a  Portugal,  deixando  o  conde  Velasco  como  go- 
voL.  m  23 


178  Brasões 

vernador  daqueles  distritos,  os  quais  em  breve,  depois  da  entrega  de  Cedo- 
feita, voltaram  em  parte  à  posse  de  Fernando  II. 

Entretanto  tinha  Afonso  I  invadido  o  Gharb,  e  na  primavera  de  1169 
acometia  Badajoz,  de  que  se  apoderou  com  excepção  do  castelo,  onde  a 
guarnição  se  recolheu,  e  donde  se  defendeu  tenazmente. 

Ao  rei  de  Leão,  que  se  achava  na  Galiza  tratando  de  recuperar  os  terri- 
tórios conquistados  pelo  sogro,  foram  transmitidas  estas  noticias,  justamente 
por  ele  consideradas  ofensivas.  Efectivamente,  não  só  o  governador  de 
Badajoz  por  um  tratado  se  tinha  colocado  debaixo  da  protecção  de  Fer- 
nando II,  declarando-se  seu  vassalo,  como  também  pelas  convenções  de 
limites  celebradas  entre  os  dois  reis  tinha  ficado  assente,  pertencer  aquela 
cidade  às  conquistas  da  coroa  Jeonesa. 

Por  estas  razoes  se  pôs  D.  Fernando  II  a  caminho  de  Badajoz  seguido 
por  numeroso  exército,  com  o  qual  assediou  a  cidade,  metendo  o  sogro  entre 
dois  inimigos.  Acometidos  por  ambos  os  lados  foram  os  portugueses  desbara- 
tados, e  procurando  Afonso  I  a  salvação  na  fuga  bateu,  ao  sair  por  uma  das 
portas  da  cidade,  com  a  perna  direita  no  ferrolho  e  quebrou-a.  A  dôr  fez-lhe 
perder  os  sentidos,  atirando-o  do  cavalo  abaixo,  e  apesar  dos  seus  o  levanta- 
rem e  levarem  na  fuga,  foi  pouco  mais  adiante  aprisionado  pelos  leoneses. 

Prisioneiro  do  genro  experimentou  logo  Afonso  Henriques  os  efeitos  do 
carácter  generoso  de  el  Rei  de  Leão.  Este  apenas  o  reteve  cativo,  se  é 
que  o  foi,  dois  meses,  o  tempo  necessário  para  a  perna  se  compor;  e  por 
resgate  unicamente  lhe  exigiu  a  restituição  dos  territórios,  de  que  el  Rei  de 
Portugal  se  tinha  apoderado. 

O  valente  guerreiro  voltou  para  o  seu  reino,  mas  impossibilitado  de  con- 
tinuar a  vida  de  combates,  que  tão  gloriosa  lhe  fora. 

A  corte  do  amir  chegaram  as  notícias  das  rápidas  conquistas  de  Afonso 
Henriques,  e  o  cerco  de  Badajoz  obrigou  o  imperador  a  mandar  um  exército 
auxiliar  ao  Gharb,  a  atalhar  o  incremento  dos  cristãos. 

As  ordens  militares,  sobretudo  à  do  Templo  e  aos  adiantados  das  fron- 
teiras tinha  confiado  el  Rei  de  Portugal  a  defesa  dos  seus  estados  do  sul. 
Em  Beja  estava  por  então  capitaneando  o  esforçado  Gonçalo  Mendes  da 
Maia,  o  Lidador,  velho  guerreiro,  em  qpem  os  noventa  e  cinco  anos  não 
tinham  reduzido  o  valor. 

Uma  manhã  saíra  o  fronteiro  a  correr  campo  a  par  de  Beja,  e  topara 
com  um  troço  de  tropas  sarracenas,  caudilhado  por  Almoliamar(i).     Era 


(i)  Assim  é  ele  nomeado  no  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  onde  no  tít.  21,  §  2.°,  pág.  279 
dos  Portugália  monumenta  histórica.  Scriptores,  vem  referida  toda  esta  lenda,  que  tem 
fundo  de  verdade. 


Albergarias  179 

este  mouro  de  extraordinária  força  e  não  havia  armadura,  que  resistisse  ao 
embate  da  sua  lança. 

Ferida  a  peleja  enconiraram-se  os  dois  capitães,  e  do  choque  vieram 
ambos  a  terra.  Tratavam  os  homens  de  armas,  cada  um  pelo  seu  lado,  de 
livrar  o  seu  chefe,  e  estava  a  vitória  duvidosa,  quando  chegaram  D.  Egas 
Gomes  de  Sousa,  D.  Gomes  Mendes  Gedeão  e  os  quatro  filhos  de  Egas 
Moniz,  que  levantaram  o  velho  lidador,  e  o  puzeram  de  novo  a  cavalo.  Com 
este  reforço  cobraram  ânimo  os  cristãos  e  deram  tão  rijamente  nos  sarra- 
cenos, que  em  breve  os  desbarataram,  ficando  Almoliamar  e  muitos  outros 
mortos  no  campo. 

As  perdas  dos  cristãos  foram  consideráveis;  o  que  porém  mais  os  ago- 
niava, era  verem  muito  mal  ferido  o  seu  valente  caudilho.  Ainda  assim, 
transluzindo  em  todos  os  rostos  a  alegria  da  vitória,  vinham  seguindo  o  ca- 
minho de  Beja,  quando,  ao  alongarem  a  vista  por  uma  dilatada  charneca, 
enchergaram  numerosa  cavalgada  de  agarenos,  que  à  desfilada  os  deman- 
dava. 

Pararam  os  portugueses  à  ordem  de  Gonçalo  Mendes,  e  este,  tendo  em 
roda  de  si  os  mais  fidalgos,  lhes  disse: 

— Vós  bem  sabeis,  como  foi  vontade  de  Deus,  que  D.  Afonso  Henriques 
me  puzesse  comvosco  por  guarda  desta  fronteira;  não  pelo  eu  merecer,  mas 
porque  assim  foi  sua  vontade.  E,  ainda  que  cada  um  de  vós  isto  mais  me- 
recesse, peço-vos  por  mesura,  pois  que  os  mouros  vêm  tão  acerca  e  não 
posso  haver  conselho  alongado,  que  aprouveis,  que  eu  diga  em  isto,  o  que 
me  parecer. 

Anuíram  todos.    Ele  então,  sentindo-se  mortalmente  ferido,  continuou: 

—  Senhores,  peço-vos  um  dom,  e  espero  me  outorgareis,  o  que  vos  quer.ò 
pedir. 

—  Sim  —  clamaram  todos  —  sim!  Não  pode  haver  coisa,  que  vós  nos 
demandeis,  que  nós  vos  não  outorguemos;  cá  bem  certos  somos,  que  não 
demandareis,  senão  o  que  for  aguisado,  e  pêra  nossa  honra. 

—  Pois  bem,  senhores.  Peço-vos,  que,  se  eu  desperecer  nesta  lide,  fique 
D.  Egas  Gomes  de  Sousa  em  meu  lugar,  por  ser  de  boa  linhagem,  e  de 
grandes  bondades. 

—  Deus  vos  guardará,  senhor,  de  todo  o  cajão  e  de  todo  o  perigo  — 
responderam  eles  — ;  mas,  se  tal  coisa  acontecer,  faremos  como  no-lo  man- 
dais. 

E  D.  Afonso  Ermiges  de  Baião,  vendo  que  cada  vez  se  transtornava  mais 
o  rosto  do  Lidador  e  entendendo  o  seu  estado  de  fraqueza,  disse-lhe: 

—  Desarmai-vos,  senhor,  e  assentai-vos  no  campo,  cá  nós  todos  morre- 
remos ante  vós,  ou  venceremos. 


i8o  Brasões 

—  Não  queira  Deus  —  retorquiu  Gonçalo  Mendes  —  que  eu  esconda  a 
minha  força,  emquanto  ela  me  possa  durar,  entre  tais  amigos. 

No  entanto  avançavam  ou  mouros  capitaneados  por  Alboacem,  rei  de 
Tânger  (i),  que  passara  àquem  mar  para  cobrar  o  castelo  de  Mértola,  que 
um  seu  tio  lhe  forçara.  Não  poderá  el  Rei,  como  desejava,  acompanhar  na 
primeira  peleja  a  Almoliamar  por  este  ter  abalado  ao  romper  de  alva,  mas 
viera  no  seu  encalço,  e  agora  corria  a  desafrontar  as  armas  mahometanas. 

Vendo-os  próximos,  exclamou  Gonçalo  Mendes  da  Maia: 

—  Senhores,  estes  mouros  vêm  com  gran  loucura,  vamo-los  receber. 

Arremeteram  os  portugueses  com  denodo;  logo  porém  ao  primeiro  en- 
contro, caiu  do  cavalo  o  desfalecido  Lidador.  Não  perderam  contudo  o 
ânimo  os  mais  fidalgos;  antes  pelo  contrário,  vendo  o  seu  caudilho  naquele 
lastimoso  estado,  cresceram-lhes  as  forças,  e  pelejaram,  não  só  para  vencer, 
como  para  vingar  a  morte  do  seu  querido  chefe.  «  Alli  se  espedaçavam  ca- 
pellinas  e  bacinetes  e  talhavam  escudos  e  esmalhavam  fortes  lorigas,  e  feri- 
romsse  de  tam  dura  força  de  tamanhos  golpes  que  os  christãaos  da  Espanha 
e  os  mouros  que  desto  ouvirom  fallar  dos  talhos  das  espadas  que  naquel 
logar  forom  feitos  disserom  que  taaes  golpes  nom  podiam  seer  dados  por 
homeens.  E  esto  nom  foy  maravilha  por  assy  teerem,  ca  hi  ouve  golpes 
que  derom  per  cima  dos  ombros  que  femderom  meetade  dos  corpos  e  as 
sellas  em  que  hiam  e  gram  parte  dos  cavallos;  e  outros  talhavam  per  meyo 
que  as  meetades  se  partiam  cada  huuma  a  ssa  parte  »  (2). 

Não  admira,  que  em  seguida  o  autor  diga,  ter  havido  quem  pensasse, 
serem  tais  golpes  dados  pela  própria  mão  de  Santiago. 

Terminada  a  batalha  e  destroçados  os  sarracenos,  voltaram  os  cristãos 
para  o  pé  de  D.  Gonçalo  Mendes  da  Maia;  encontraram-no  porém  já  morto. 


Os  fidalgos,  que  acompanharam  o  Lidador  nas  duas  batalhas  do  campo 
de  Beja,  encontram-se  nomeados  no  Nobilario  do  Conde  D.  Pedro^  e  entre 
os  nomes  lê-se  o  de  Paio  Delgado. 

Tinha-se  ele  já  assinalado  vinte  anos  antes,  no  de  1 147,  no  cerco  e  tomada 
de  Lisboa,  onde  ficara  herdado,  isto  é,  com  bens;  e  por  um  pouco  não  posso 
afirmar  haver  servido  de  testemunha  no  foral  da  mesma  cidade.     Foi  este 


(i)  Veja-se  a  nota  precedente.  O  amir  era  então  Yusuf  Abu  Yacub;  o  general  das 
tropas  auxiliares  sarracenas,  que  nesse  ano  transpuzeram  o  estreito,  era  Abu  Hafss;  e  o 
fronteiro  mouro  de  Badajoz,  Ibrahim  Ibn  Humuchk.  —  Historia  de  Portugal  de  Herculano, 
liv.  2." 

(2)  Citado  Nobiliário,  pág.  280  dos  Portugalice  monumenta  histórica.    Scriptores. 


Albergarias  1 8 1 

feito  no  Maio  da  era  de  1217  (ii79)(i),  mas  o  facto  de  ter  sido  assinado  em 
Coimbra  e  do  nome  de  Pelagius  Delgado  vir  entre  as  testemunhas,  que  não 
costumavam  ser  fidalgos  de  nomeada,  faz-me  duvidar  da  identidade  dos  dois 
Paios  Delgados. 

Parece  porém  certo  ter  êle  ficado  por  Lisboa,  onde,  diz-se,  fundou  uma 
albergaria,  que  do  nome  de  seu  fundador  se  ficou  intitulando. 

Esta  albergaria  de  Paio  Delgado  afirma  Frei  António  Brandão  (2),  que 
fora  situada,  conforme  as  boas  conjecturas^  na  freguesia  de  S.  Bartolomeu 
de  Lisboa.  Por  estas  palavras  do  douto  cronista  vê-se,  que,  não  só  em  i632, 
quando  êle  escreveu,  já  não  existia  a  albergaria,  como  também  nem  ao  certo 
se  sabia,  onde  ela  fora  situada. 

Da  sua  existência  contudo  não  se  pode  duvidar,  pois  que  se  encontra  no- 
meada em  duas  escrituras  autênticas  dos  anos  de  iSgy  e  1404(3). 

Paio  Delgado,  o  fundador  da  albergaria,  teve  dois  filhos,  segundo  dizem. 
Do  segundogénito  fazem  proceder  a  família  dos  Rebêlos,  e  do  primogénito, 
Pedro  Pais,  e  por  uma  sua  filha,  a  estirpe  dos  senhores  da  albergaria  de 
Paio  Delgado. 

Oferece-se-me  bastante  matéria  para  reparo  nas  gerações  primeiras  desta 
família  na  forma,  como  as  escrevem  os  linhagistas;  mas,  como  não  posso 
esclarecer  as  dúvidas,  julgo  melhor  não  me  alongar  com  elas. 

Em  meado  do  século  xiv  era  senhor  da  albergaria  de  Paio  Delgado  Lopo 
Soares  de  Albergaria  (4),  que  possuía  também  o  hospital  de  Santo  Eutrópio 
na  mesma  freguesia  de  S.  Bartolomeu  de  Lisboa,  onde  estava  situada  a  alber- 
garia. 

Fora  este  hospital  e  capela  instituído,  por  instrumento  de  3i  de  Agosto 
de  i3o8(5),  por  D.  João,  bispo  de  Silves,  como  êle  se  nomeia  e  intitula 
nesta  escritura,  ou  D.  João  Soares  Alão,  como  lhe  chamam  os  historia- 
dores (6). 

Ordenou  a  capela  na  igreja  de  S.  Bartolomeu  sob  a  invocação  de  Santo 


(1)  Portugalice  monumenia  histórica,  leges  et  consuetudines,  pág.  411,  advertindo,  que 
na  tradução  portuguesa  do  foral  posta  ao  lado  escapou,  na  pág.  415,  o  nome  de  Paio  Del- 
gado. 

(2)  Monarchia  lusitana,  parte  III,  liv.  10,  cap.  29,  fl.  ijS. 

(3)  Provas  da  Historia  genealógica,  tomo  VI,  pág.  i5i,  n.°  6,  e  pág.  i52,  n,°  7. 

(4)  Sentença  de  17  de  Março  de  iSSg  impressa  a  pág.  148  do  tomo  VI  das  Provas  da 
Historia  genealógica. 

(5)  Impresso  na  íntegra  a  pág.  140  e  repetido  a  pág.  143  do  tomo  VI  das  Provas  da 
Historia  genealógica. 

(ô)  João  Baptista  da  Silva  Lopes,  Memorias  para  a  historia  ecclesiastica  do  bispado  do 
Algarve^  cap.  7."  do  liv.  2.» 


i82  Brasões 

Eutrópio,  e  o  hospital  nas  suas  casas  situadas  naquela  freguesia,  em  frente 
da  porta  travessa  da  igreja  (i).  A  esta  instituição  vinculou  todos  os  seus 
bens  móveis,  semoventes  e  de  raiz,  e  nomeou  para  a  administrar,  por  morte 
do  bispo  de  Lisboa  D.  Domingos  Jardo,  a  seu  neto  Gonçalo  Mendes,  e  depois 
deste  ao  clérigo  seu  parente  mais  próximo.  Na  falta  de  parente  cle'rigo 
então  sucederia  na  administração  aquele,  que  o  dito  seu  neto  nomear.  Os 
encargos  eram  a  manutenção  de  dois  clérigos,  para  celebrarem  os  ofícios 
divinos  na  capela,  e  a  de  quatro  pobres  envergonhados,  assim  homens  como 
mulheres. 

Manda  dar  diariamente  aos  dois  sacerdotes,  além  de  pão  e  vinho,  um 
arrátel  de  carne  cosida,  e  ao  domingo  e  quinta  feira  mais  um  assado.  Nos 
dias  de  jejum  terão  um  pescado,  e  às  quintas  e  domingos  dois.  Os  quatro 
pobres  terão  para  todos  a  mesma  ração,  de  carne,  ou  de  peixe,  dada  aos 
clérigos.  Todos  seis  receberão  os  remédios  e  tratamento  necessários,  quando 
enfermem,  e  cada  um  terá  o  seu  leito  com  « hum  colxão,  e  hum  chumasso 
com  pena,  dous  lençoes,  huma  colcha,  e  cobertor».  Haverá  um  dormitório 
e  refeitório  comum,  e  serão  servidos  pelas  pessoas  necessárias.  Receberão, 
além  disso,  e  para  vestuário:  os  clérigos,  «dezasseis  covados  de  sargia  com 
dous  pares  de  calças  de  estamenha,  hou  de  brugia,  e  coatro  livras  e  meia  a 
cada  hum  delles  pêra  pennas»,  e  mais  o  calçado;  os  pobres  terão  «  honze 
covados  de  estamenha,  ou  de  brugia,  dous  pares  de  camisas  e  de  çapatos, 
os  quaes  çapatos  se  sollem  quando  for  necessário». 

Lopo  Soares  de  Albergaria  herdara,  segundo  parece,  a  albergaria  de 
Paio  Delgado  por  sucessão  a  seus  maiores,  e  o  hospital  de  Santo  Eutrópio, 
por  ser  parente  de  Gonçalo  Mendes  (2),  o  neto  do  bispo  instituidor,  que  em 
Lopo  Soares,  ou  em  seu  pai,  nomeara  a  administração. 

Por  morte  de  Lopo  Soares,  ou  de  seu  filho  Afonso  Soares,  sucedeu  nestes 
bens  Diogo  Soares  de  Albergaria,  irmão  de  Lopo.  Foi  este  Diogo  Soares 
alcaide  mor  de  Arronches  por  carta  de  10  de  Outubro  de  1869  (3),  e  dele  se 
encontram  várias  memórias  na  Chancelaria  de  D.  Fernando  (4).  A  Diogo 
Soares  sucedeu  na  administração  dos  bens  sua  filha  Catarina  Dias,  a  quem, 
pelo  motivo  de  passar  para  Castela  com  sua  mãe  Urraca  Fernandes,  foram 
confiscados,  e  deles  feita  doação  a  Martim  Vasques  da  Cunha  por  cartas  de 
20  de  Setembro  e  de  14  de  Outubro  de  i386(5). 


(i)  Critica  e  historia,  pág.  SSg. 

(2)  Sentença  de  17  de  Março  de  iSSp  já  citada. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  46  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  i.»,  fls.  10 1  v.,  117  v.,  etc. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.",  fls.  177  e  i85. 


Albergarias  i83 

Era  com  efeito  Martim  Vasques  da  Cunha  o  representante  da  antiga  fa- 
mília dos  Albergarias  por  ser  filho  de  D.  Brites  Lopes  de  Albergaria;  e, 
como  tal,  lhe  foram  sentenciados  os  morgados  em  17  de  Março  de  1389(1). 

Martim  Vasques  da  Cunha,  além  de  ser  um  dos  maiores  senhores  de 
Portugal,  era  um  dos  mais  ricos,  não  só  pelos  seus  imensos  bens  próprios, 
como  pelos  de  sua  mulher  D.  Maria  Giron,  senhora  da  casa  de  Giron  e  das 
vilas  de  Tarouca  e  Valdigem.  A  todos  estes  bens,  havia-se  ainda  de  juntar 
a  grande  casa  de  seu  pai  Vasco  Martins  da  Cunha,  senhor  de  Táboa.  Era 
pois  para  apetecer  o  casamento  com  qualquer  de  suas  filhas,  não  só  pela  sua 
nobreza,  como  pelo  grande  dote,  que  poderia  haver.  Foi  pois  como  prémio 
de  seus  serviços,  que  D.  João  I  casou  em  Coimbra,  no  mês  de  Julho  de  1889, 
o  dr.  João  das  Regras  com  uma  das  filhas  do  futuro  conde  de  Valência 
de  Campos.  . 

Efectuado  o  casamento,  e  passando  Martim  Vasques  da  Cunha  para  Cas- 
tela, fez  o  mesmo  rei  doação  dos  hospitais  e  albergarias  de  Paio  Delgado, 
Santa  Bárbara  e  Santo  Eutrópio  ao  genro  do  conde,  o  dr.  João  das  Regras, 
por  carta  de  22  de  Julho  de  1897  (2).  Veio  pois  a  antiga  albergaria  de  Paio 
Delgado,  solar  da  família  dos  Albergarias,  a  pertencer  ao  célebre  juriscon- 
sulto, que  a  transmitiu  a  seus  descendentes. 

Os  bens  dos  hospitais  e  albergarias,  que  João  das  Regras  entrou  a  admi- 
nistrar, constituíam,  já  então,  um  todo,  do  qual  hoje  é  impossível  destrinçar 
as  partes  relativas  a  cada  um  dos  vínculos.  Uma  das  principais  propriedades 
deles  consistia  num  bairro  coutado  da  antiga  Lisboa,  do  qual  D.  Fernando 
pretendeu  extinguir  os  privilégios,  assim  como  os  dos  mais  coutos,  que  então 
havia  na  cidade.  Foram  porém  ineficazes  os  seus  decretos,  e  só  D.  João  I 
o  conseguiu  pela  carta  régia  de  10  de  Novembro  de  1392,  que  mandou  cum- 
prir o  já  precedentemente  decretado  (3).  Perderam-se  as  regalias;  mas  con- 
servou-se  ao  bairro  o  antigo  título  de  couto,  com  o  qual  ainda  era  conhecido 
em  27  de  Setembro  de  1754(4). 

Consistia  nesta  data  o  Couto  em  umas  casas  grandes  de  cinco  andares 
junto  ao  poço  do  Borratém,  as  quais  confrontavam  pelo  nascente  com  a  rua 
direita  que  vai  à  Mouraria,  para  a  qual  tinham  serventia,  assim  como  a 
tinham  para  a  rua  dos  Álamos.     Abrangia  a  propriedade,  hortas,  picadeiro, 


íi)  Provas  da  Historia  genealógica^  tomo  VI,  pág.  148. 

(2)  Ibidem,  tomo  VI,  pág.  i5i. 

(3)  Freire  de  Oliveira,  Elementos  para  a  historia  domunicipio  de  Lisboa,  vol.  I,  pág.  294. 

(4)  Escritura  de  27  de  Setembro  de  1754  pela  qual  os  marqueses  de  Louriçal  subroga- 
ram ao  hospital  de  Todos  os  Santos  esta  propriedade  por  certo  padrão  de  juro.  Cartório 
do  hospital  de  S.  José,  liv.  i.°  de  Escripturas  de  varias  propriedades  nos  annos  de  ij52  a 
1^54,  fl.  io3. 


184  Brasões 

e  vários  outros  logradoiros,  e  chegava  pelo  norte  até  à  rua  dos  Canos  junto 
ao  muro  de  S.  Domingos,  e  pelo  lado  do  sul  até  à  rua  das  Arcas  e  páteo 
das  Comédias,  para  cuja  ampliação  havia  cedido  o  marquês  de  Cascais, 
administrador  do  vínculo,  doze  palmos  de  chão.  Foi  este  contracto  feito 
por  escritura  de  4  de  Outubro  de  1699(1),  e  recebeu  o  marquês  em  troca 
outros  doze  palmos  de  chão,  mas  constituídos  em  dois  camarotes  da  ter- 
ceira ordem  do  dito  teatro.  Ficou  sendo  o  conde  de  Farrobo  daquele 
S.  Carlos. 

No  Couto  havia  uma  parte  mais  interessante,  que  o  resto.  Era  a  desi- 
gnada pelo  quarto  pequeno.  Nele  tinha  vivido  a  última  marquesa  de  Cas- 
cais, e  nele  estava  a  capela  de  S.  Mateus  e  Santo  Eutrópio  mesmo  defronte 
do  actual  beco  dos  Surradores(2);-e  no  lugar,  que  êle  ocupava,  edificou-se, 
depois  do  terremoto  de  1755,  a  igreja  dos  Camilos,  que  durou  até  í834, 
quando  se  extinguiram  as  ordens  religiosas  (3). 

Ao  tempo  porém  de  João  das  Regras  tomar  posse  da  administração  do 
hospital  de  Santo  Eutrópio,  não  era  êle  tão  importante,  como  depois  se 
tornou  pela  anexação,  que  o  privado  de  D.  João  I  lhe  fez,  do  morgado  de 
S.  Mateus  por  êle  instituído,  nem  era  situado  no  poço  do  Borratém,  como 
logo  mostrarei. 

O  hospital  de  Santo  Eutrópio  foi,  como  fica  dito,  instituído  pelo  bispo 
D.  João  Alão  com  obrigação  de  sustentar  dois  capelães  e  quatro  merceeiros. 
O  hospital  de  S.  Mateus,  instituído  por  João  das  Regras  e  por  êle  anexado 
ao  precedente,  teve  o  encargo  da  manutenção  de  um  capelão  e  de  dezaseis 
merceeiros  (4).  Ficaram  pois  os  dois  hospitais  obrigados  a  sustentar  três 
capelães  e  vinte  merceeiros. 

Para  acomodar  esta  gente  alcançou  D.  Luís  de  Castro,  administrador 
dos  hospitais,  uma  bula  passada  em  29  de  Abril  de  1541,  pela  qual  se  lhe 
facultou  a  acquisição  de  um  espaçoso  prédio  situado  nas  vizinhanças  do  poço 
do  Borratém,  e  foreiro  em  vidas  à  paróquia  de  S.  Nicolau.  Juntou  êle  este 
prédio  ao  seu  morgado,  e  para  lá  transferiu  o  hospital  (5).  Por  este  título 
se  vê,  que  até  então  permaneceu,  como  o  declaram  outros  documentos  (6),  o 
hospital  da  freguesia  de  S.  Bartolomeu,  onde  primitivamente  fora  instituído; 


(1)  Cartório  do  hospital  de  S.  José. 

(2)  Júlio  de  Castilho,  Lisboa  antiga,  parte  2.",  tomo  II,  pág.  264. 

(3)  Ibidem,  pág.  299. 

(4)  Cartório  do  hospital  de  S.  José,  Appenso  2."  aos  autos  do  processo  intentado  pelo  hos- 
pital contra  os  marqueses  de  Ni^a:  autos  designados  pelo  n.°  786  do  maço  gS,  n."  4. 

(5)  Tudo  isto  se  encontra  no  documento  citado  na  precedente  nota. 

(6)  Entre  outros  os  citados  documentos  da  Chancelaria  de  D.  João  I,  os  quais  são  do 
ano  de  i386. 


Albergarias  i85 

e  só  pelos  anos  de  i54i,  passando  para  o  poço  do  Borratém,  veio  a  pertencer 
à  freguesia  de  Santa  Justa. 

Parece  pois  poder-se  concluir  daqui,  que  João  das  Regras  não  morou 
nunca  ao  poço  do  Borratém,  como  alguns  autores  supuzeram.  Com  efeito 
ele  habitou  «huús  paaços  e  casas. . .  na  cidade  de  Lixboa  apar  de  sãta  ma- 
rinha», cuja  acquisição  lhe  foi  confirmada  por  D.  João  I  por  carta  de  25  de 
Setembro  de  1390(1);  e  neles  persistia  ainda  em  29  de  Junho  de  1403(2), 
isto  é,  dez  meses  antes  da  sua  morte. 

Também  alguns  autores  hesitam  em  declarar,  de  qual  dos  dois  maridos 
de  sua  mãe  Sentil  Esteves  foi  filho  o  famoso  chanceler;  parece-me  contudo 
poder-se  afirmar,  tê-lo  sido  do  primeiro.  Ignora-se  o  nome  deste,  mas 
sabe-se,  que  o  segundo  foi  o  bem  conhecido  Álvaro  Pais,  já  viúvo  quando 
contraiu  estas  núpcias.  Ora  em  uma  carta  de  certa  mercê  de  16  de  Novembro 
de  i388(3),  diz-se:  «E  esta  mercee  lhe  fazemos  {se.  a  João  das  Regras) 
nõ  enbargando  que  tenhamos  dado  em  prestemo  o  dito  reguego  de  valada  a 
diogo  aluarez  filho  de  alvaro  paaez  etc».  Se  João  das  Regras  fosse  também 
filho  de  Alvaro  Pais,  é  certo,  que  se  declararia  o  seu  parentesco  com  o  Diogo 
Alvares,  o  qual  seria  designado  por  seu  irmão,  ou  meio  irmão. 

Houve  já  quem  dissesse  tudo  isto?  Talvez;  mas  eu  ignoro-o;  e,  sej'a 
como  fôr,  na  averiguação  de  factos  históricos  nunca  há  perissologia. 

Voltando  ao  hospital  de  S.  Mateus  e  Santo  Eutrópio,  já  transferido  para 
o  Poço  do  Borratém,  direi,  que  dele  encontro  notícias  na  preciosa  Estatística 
de  Lisboa  do  anuo  de  i552  (4). 

Efectivamente,  na  íi.  Ç>Ç>  v.  faz-se  menção  do  hospital,  no  qual,  diz,  exis- 
tiam três  capelães  e  vinte  merceeiras,  dando-se  nesse  tempo  vinte  mil  reais 
por  ano  aos  capelães,  e  por  mês  às  merceeiras  três  alqueires  de  trigo  e 
duzentos  e  trinta  reais  em  dinheiro  para  conduto,  e  mais  quinhentos  e  quarenta 
reais  cada  seis  meses,  para  camisas  e  calçado.  Acrescenta,  que  os  capelães 
tinham  obrigação  de  dizer  três  missas  quotidianas,  às  quais  as  merceeiras 
haviam  de  assistir,  e  durante  elas  rezar  pelas  almas  dos  fundadores. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.»,  fl.  49  v. 

(2)  Instrumento  desta  data,  que  existia  no  armário  sétimo  do  cartório  de  S.  Vicente, 
onde  Gaspar  Alvares  de  Lousada  Machado  o  viu,  e  dele  tirou  a  ementa  lançada  no  tomo  2.° 
dos  seus  Summarios  da  Torre  do  Tombo,  ms.  da  Biblioteca  Nacional.  Em  que  elle  hora 
mora,  diz  este  documento. — Tenho  atribuído  a  compilação  daqueles  Summarios  a  Manuel 
Severim  de  Faria,  que  foi  apenas'  o  possuidor  da  obra.  Dei  com  o  erro  e  emendei-o  no 
Archivo  histórico  portuguez,  voI.  II,  pág.  484. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.°,  fl.  192. 

(4)  Ms.  da  Biblioteca  Nacional,  B.  11.  lo,  impresso,  com  o  título  mais  apropriado  de 
Majestade  e  grandezas  de  Lisboa,  no  vol.  XI  do  Archivo  histórico  portuguez,  prestes  a 
sair  do  prelo. 

VOL.  III  24 


i86  Brasões 

Num  processo  já  citado  vem  uma  lista  das  propriedades,  que  em  1840  e 
tantos  compunham  o  vínculo,  e  por  ela  se  vê,  quão  importante  ele  era(i). 

Neste  tempo  possuía-o  a  casa  de  Niza,  que  o  herdara  por  morte  da  mar- 
quesa de  Louriçal  D.  Maria  Josefa  da  Graça  de  Noronha,  senhora  da  casa 
de  Cascais  e  uma  das  vítimas  do  terramoto  do  primeiro  de  Novembro  de 
1755.  Com  respeito  a  esta  senhora  existe,  nos  autos  do  processo  do  padre 
Malagrida,  um  documento  curioso,  que  vem  a  ser  um  recibo  de  duzentos 
mil  réis  por  conta  dos  seiscentos  mil  prometidos  a  Nossa  Senhora  das  Mis- 
sões, se  a  mesma  Senhora  lhe  concedesse  ao  menos  uma  filha  !  Foi  o  recibo 
passado  em  26  de  Junho  de  1755,  e  está  assinado  pelo  padre  Gabriel  Mala- 
grida. 

A  data  do  recibo  mostra,  que  a  marquesa  fora  um  tanto  remissa  no  cum- 
primento da  promessa,  pois  que  a. filha  pedida  à  Virgem  das  Missões  lhe 
tinha  nascido  a  12  de  Abril  de  1762,  ao  cabo  de  perto  de  doze  anos  de  ca- 
sada. Mas  esta  demora  não  indica  falta  de  amor  pela  filha,  não;  a  marquesa 
estremecia-a  tanto,  que  foi  vítima  do  seu  amor  maternal,  e  da  sua  fé.  Pas- 
sado o  primeiro  choque  do  grande  terramoto,  prostrara-se  a  marquesa  em 
oração  dando  graças  a  Deus  por  lhe  ter  livrado  da  morte  a  sua  querida  filha, 
quando  abateram  as  paredes  da  sala  e  a  feriram  mortalmente. 

Volto  ao  hospital  de  S.  Mateus  e  Santo  Eutrópio  e  para  concluir. 

Em  1745  sucedera  nestes  bens  a  marquesa  de  Louriçal  ao  4.°  marquês 
de  Cascais  seu  irmão.  Nos  seus  ascendentes  em  linha  recta,  ainda  que  não 
na  varonia,  se  conservavam  estes  morgados  desde  o  casamento  de  D.  Álvaro 
de  Castro,  i.°  conde  de  Monsanto,  com  D.  Isabel  de  Cascais  (2).  Era  a 
condessa  filha  primogénita  e  herdeira  dç  D.  Afonso,  senhor  de  Cascais  (filho 
bastardo  do  infante  D.  João  e  neto  de  D.  Pedro  I),  e  de  sua  mulher  D.  Branca 
da  Cunha,  filha  única  e  herdeira  do  dr.  João  das  Regras,  que  foi  senhor  de 
Cascais  e  doutros  muitos  bens  e  entre  eles  da  albergaria  de  Paio  Delgado  e 
dos  hospitais  de  S.  Mateus  e  Santo  Eutrópio. 


Pelo  que  fica  dito  se  vê,  quão  ilustres  foram  e  são  os  representantes  do 
velho  Paio  Delgado,  cuja  descendência,  a  não  ser  na  linha  referida,  se  deve 
considerar  extinta:  pois  que  dificilmente  se  poderão  entroncar  nos  antigos 
senhores  da  albergaria  da  freguesia  de  S.  Bartolomeu  de  Lisboa  os  vários 
ramos  de  Albergarias,  quem  tem  existido. 


(1)  Cartório  do  hospital  de  S.  José,  Appenso  2°  aos  autos,  etc,  fl.  244  v, 

(2)  Assim  se  chamava,  como  se  pode  ver  em  certa  escritura  transcrita  a  pág.  164  do 
tomo  6.»  das  Provas  da  Historia  genealógica. 


XXIV 

ALMADAS(0 


(i)  [O  A.  não  chegou  a  tratar  do  brasão  dos  Almadas.  —  Nota  da  revisão]. 


XXV 


AZEVEDOS 


XXV 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  III. 


Esquartelado:  ao  I  e  IV  de  oiro  águia  de  negro;  ao  II  e  III  de  azul  cinco 
estrelas  de  oito  raios  de  prata,  bordadura  cosida  de  vermelho  e  carregada 
de  oito  aspas  de  oiro.     Timbre:  a  águia. 

Assim  se  encontram  estas  armas,  apenas  variando  no  número  dos  raios 
das  estrelas,  no  Livro  do  armeiro  mor,  a  fl.  61,  no  Livro  da  Torre  do 
Tombo,  a  fl.  12  v.,  na  fl.  28  do  Thesouro  da  nobre:{a  de  Francisco  Coelho, 
que  carrega  a  águia  do  timbre  com  uma  das  estrelas  do  escudo,  no  Thesouro 
da  nobreza  de  Frei  Manuel  de  Santo  António  a  pág.  Sy  da  cópia  da  Biblio- 
teca Nacional,  etc. 


Corriam  em  Portugal  tempos  calamitosos.  Uma  guerra  fratricida  devas- 
tava o  território  português,  entretanto  que  na  Andaluzia,  com  brilhantes 
feitos  e  rápidas  conquistas,  ia  Fernando  III  dilatando  os  domínios  da  coroa 
de  Castela  à  custa  dos  sarracenos. 

Já  várias  cidades  e  povoações  importantes  lhe  tinham  caído  nas  mãos, 
quando,  em  20  de  Agosto  de  1247,  fechou  o  rei  de  Castela  o  cerco  de  Se- 
vilha por  terra  e  pelo  rio. 

Muitos  cavaleiros  portugueses  engrossavam  as  fileiras  do  exército  sitiante. 
D.  Paio  Peres  Correia  o  famoso  mestre  de  Ucles;  D.  Martim  Fernandes,  o 
valoroso  mestre  de  Avis;  D.  Rodrigo  Froiaz,  o  destemido  senhor  de  Tras- 
tamara;  D.  Pedro  Mendes,  o  esforçado  senhor  de  Azevedo;  D.  Fernão  Pires 
de  Guimarães;  D.  Reimão  Viegas  de  Sequeira,  e  vários  outros  pelejaram 
naquele  memorável  e  prolongado  sítio. 

Um  dia,  durante  o  cerco,  convidou  o  prior  do  Hospital  a  jantar  na  sua 
tenda  a  D.  Rodrigo  Froiaz  e  a  D.  Pedro  Mendes  de  Azevedo,  que  pousavam 
com  as  suas  gentes  além  do  Guadalquivir,  sobre  o  arrabalde  de  Triana,  no 
sítio  em  que  capitaneava  o  nosso  D.  Paio  Correia. 

O  prior  descuidado  de  qualquer  correria  dos  sarracenos,  tinha  mandado 
parte  dos  seus  homens  de  armas  a  tomar  a  erva  necessária  para  as  caval- 
gaduras, e  só  pensava,  então,  em  festejar  os  seus  convivas.     Mas,  como  é 


192  Brasões 

bem  certo  que  os  trabalhos  acodem,  quando  menos  se  esperam,  foi  a  alegria 
do  convite  transtornada  pelo  aparecimento  de  quarenta  cavaleiros  mouros, 
que  vieram  à  próxima  veiga  apresar  as  vacas  do  prior,  que  aí  andavam  pas- 
tando. 

Ao  ver  tal  levantaram-se  os  três  cavaleiros,  e  exclamou  o  mestre  dos 
hospitaleiros: 

—  Que  é  isto  ?  pois  assim  havemos  de  perder  as  nossas  vacas  ? 

—  Mandai-nos  dar  armas  e  cavalos,  a  mim  e  a  D.  Pedro  Mendes  —  lhe 
respondeu  Rodrigo  Froiaz  —  e  vamos  após  eles :  cá  não  é  aguisado,  se  as 
vacas  podemos  haver,  de  as  perdermos. 

—  Mandai  pelas  vossas  companhas  —  disse  o  prior  —  e  assim  iremos 
apercebidos,  cá  não  sabemos  se  são  mais  mouros  que  os  que  parecem. 

—  Nós  os  nossos  têmo-los  além  da  vila  —  lhe  retorquiu  Rodrigo  Froiaz 
—  e,  se  por  eles  atendêssemos,  perder-se-iam  as  vacas:  màs  andai  adiante  e 
sigamo-los. 

Entretanto  lhes  iam  afivelando  os  escudeiros  as  armaduras.  Depois, 
cavalgando  e  empunhando  as  lanças  correm  os  três  fidalgos,  seguidos  pelos 
poucos  freires  do  Hospital  que  por  ali  estavam;  e,  em  breve,  depois  de  dis- 
persos os  sarracenos,  recobram  as  vacas  quási  todas. 

Vendo  isto  observou  o  prudente  prior: 

—  Tornemos,  pois  perdemos  pouco  do  nosso,  cá  poderá  isto  ser  cilada. 
A  que  o  temerário  D.  Rodrigo  Froiaz  logo  respondeu: 

—  Aqui  não  cumpre  siso,  pois  os  mouros  levamos  em  encalço,  e  eles 
nos  levam  no  rosto  às  vossas. 

Continuaram  pois  perseguindo  os  sarracenos,  e,  dentro  em  pouco,  vi- 
ram-se  realizados  os  receios  do  prior  do  Hospital,  pois  que  foram  cair  em 
uma  cilada  de  duzentos  e  sessenta  cavaleiros  agarenos,  que  encobertos  os 
esperavam  mais  adiante. 

Então  se  feriu  rija  peleja,  aguentando  os  cristãos  com  supremo  esforço  o 
ataque  dos  muito  mais  numerosos  infiéis.  ^ 

Aos  hospitaleiros  bradava  Rodrigo  Froiaz,  animando-os  com  o  exemplo 
e  com  a  voz: 

—  Senhores,  e  amigos,  para  isto  é  que  foi  estabelecida  a  vossa  ordem 
de  cavalaria,  para  exalçamento  da  cristandade  e  abaixamento  da  lei  de  Ma- 
famede.  Sofrêde,  e  acometei-os,  e  não  percais  as  bondades,  que  sempre 
houve  nos  hospitalários,  nem  as  vossas  vacas  que  vos  levam;  cá,  se  per- 
derdes, uma  que  seja,  ireis  com  vergonha  ao  arraial  ante  el  Rei  D.  Fer- 
nando. 

E,  emquanto  proferia  estas  palavras,  não  cessava  de  batalhar  ferindo  à 
direita  e  à  esquerda,  e  de  cada  golpe,  derribava  um  inimigo. 


A{epedos  i  g3 

No  arraial  da  parte  de  Triana  avistavam  os  sitiantes  a  peleja,  e  corriam 
pressurosos,  o  infante  D.  Afonso,  o  naestre  de  Ucles,  e  o  senhor -de  Biscaia, 
com  as  suas  gentes  a  acudir  aos  hospitaleiros.  Tinham,  pore'm,  de  atravessar 
o  Guadalquivir,  e  o  vau  apenas  permitia  a  passagem  a  um  de  fundo,  pelo 
que,  quando  puderam  chegar  ao  campo  da  lide,  já  ela  tinha  findado  com  o 
desbarate  dos  mouros. 

Destes  encontraram  mortos  sessenta  e  quatro,  e  dos  freires  treze.  E 
acharam  mqnalmente  ferido  a  D.  Pedro  Mendes  de  Azevedo,  «  que  fez  muy 
grandes  feitos  aquel  dia  per  sas  mãos,  ca  elle  era  de  muy  gram  coraçom  e 
aventuvrado  em  todos  mesteres  em  que  entraua»  (i). 


D.  Pedro  Mendes  de  Azevedo  era  filho  de  D.  Mundo  Bofino,  rico  homem 
importante  da  corte  da  rainha  D.  Teresa,  conforme  ao  Nobilario  do  Conde 
D.  Pedt^o,  que,  neste  ponto,  como  em  vários  outros,  erra.  Com  efeito  a 
D.  Mundo  Bofino  encontra-se  confirmando  uma  escritura  da  era  de  1 1.55,  ano 
de  Cristo  1117(2)  e  é  portanto  impossível  que,  cento  e  trinta  anos  depois, 
ainda  seu  filho  pudesse  dar  tão  rijas  cutiladas  em  infiéis. 

E  curiosa  a  referida  carta  em  que  D.  Mundo  Bofino  confirma.  Foi  feita 
ela  em  terra  Sancte  Marie  iibi  vocant  Feira  no  mês  de  Novembro  da  dita 
era,  e,  por  ela,  a  infanta  D.  Teresa  rainha  de  Portugal  fez  mercê  a  Gonçalo 
Eriz  de  lhe  coutar  a  sua  quinta  de  Osseloa  (Ossela  ?).  Na  carta  declara  a 
rainha,  que  lhe  fazia  esta  graça  por  Gonçalo  Eriz  haver  dado  açor  a  D.  Mundo 
Bofino,  um  rocim  ao  escudeiro  Artaldo,  e  um  gavião  a  Godinho  Viegas,  e 
por  êle  ir  fundar  juntamente  com  a  rainha,  uma  albergaria  à  beira  da  es- 
trada que  «  currit  de  Portugal  in  directo  de  Petra  de  Aguila». 

De  D.  Pedro  Mendes  dizem  que  procedeu  a  antiga  família  dos  Azevedos, 
que  derivaram  o  seu  apelido  duma  quinta  deste  nome,  situada  na  freguesia 
de  S.  Vicente  de  Pereira  de  Jusã. 


Nas  inquirições  de  1290,  as  primeiras  que  D.  Denis  ordenou,  foram  os 
inquiridores  ao  julgado  da  feira,  e,  na  freguesia  de  Pereira  de  Jusa,  apenas 
encontraram  uma  quinta  honrada,  que  então  pertencia  a  uma  D.  Joana  (3). 


(i )  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro^  tít.  21,  §  4.°,  pág.  282  e  283,  donde  extraí  toda  esta  his- 
tória, e  copiei  o  diálogo  quási  ipis  verbis. 

(2)  Documento  n."  XXXVl  do  apêndice  ao  tomo  i.°  das  Dissertações  chronologicas  de 
João  Pedro  Ribeiro. 

(3)  «Domingos  perez  de  Pereyra  Jurado  e  preguntado  sse  en  esta  freeguesia  (S.Vicente 

voL.  Hl  a5 


194  Brasões 

Não  nomeiam  a  quinta,  mas  pode  ser  fosse  essa  a  de  Azevedo,  e  que  D.  Joana 
fosse  viúva  de  algum  dos  senhores  da  casa.  Contudo,  pede  a  verdade,  se 
não  encontra  nos  Nobiliários  nenhum  Azevedo  de  quem,  a  esse  tempo,  pu- 
desse, com  bastante  probabilidade,  haver  uma  D.  Joana  viúva. 

D.  Joana  Vasques,  filha  de  Vasco  Martins  da  Cunha  e  mulher  de  Rui 
Vasques  de  Azevedo,  não  parece  fácil  ser  viúva  em  1290,  pois  que  seu  pai 
morreu  não  velho  pelos  anos  de  i3o8. 

Entretanto  dá-se  o  facto  singular  de  nas  inquirições  do  mesmo  ano  de 
1290,  na  freguesia  de  Santa  Marinha  de  Real  do  actual  concelho  de  Castelo 
de  Paiva,  tererft  encontrado  os  inquiridores  um  casal  de  Azevedo,  que  era 
honrado  e  pertencia  a  D.  Berengária  (i). 

Ora  D.  Joana  Vasques,  mulher  de  Rui  Vasques  de  Azevedo,  teve  uma 
irmã  chamada  D.  Berengária  Vasques,  que  foi  casada  com  Gonçalo  Vasques 
de  Azevedo  irmão  do  Rui  Vasques.  Seriam  estas  duas  irmãs  Já  então 
ambas  viúvas  ?  Seria  a  quinta  de  Azevedo  em  Pereira  de  Jusã,  que  as  in- 
quirições não  nomeiam,  o  primitivo  solar  desta  família,  ou  o  casal  de  Aze- 
vedo em  Real  ? 


Doutras  povoações  denominadas  Azevedos,  que  as  inquirições  nomeiam, 
se  vê,  pelo  teor  destas  que  não  constituiam,  a  esse  tempo  nem  honras,  nem 
mesmo  património  de  nobres  (2). 


de  Pereira  de  Jusã)  ha  casa  de  caualeyro  ou  de  dona  que.se  defenda  por  onrra  disse  que  no 
loguar  que  chama  de  Pereyra  ha  huã  quintaã  que  foy  de  fernã  perna  e  de  sseus  Irmaãos.  E  ora 
he  de  dona  Johana  e  disse  que  soia  sempre  trager  por  onrra  que  no  entra  hi  moordomo...  pre- 
guntado  se  esta  onrra  foy  feita  por  el-Rey  disse  que  nõ  que  o  el  soubesse,  preguntado  de  que 
tepo  disse  que  o  nõ  sabia  saluo  que  o  uiu  assy  hussar  bem  dês  quarenta  anos  » . . .  (Advertirei 
que  o  X  deste  quarenta  não  está  aspado,  porém,  pelo  a  que  tem  em  cima,  e  pelo  sentido, 
se  vê  que  o  devia  ter  sido).  Liv.  4.»  das  Inquirições  de  P.  Denis,  fl.  5.  Na  Gav,  8,  maç.  3, 
n.°  7  e  no  h'v.  das  Inquirições  da  Beira  e  Alem  Douro  a  fl.  1 3  v.  se  diz  o  «lesmo. 

(i)  «Item  na  aldeya  que  chamam  amoo  e  em  barreiros  e  em  Azevedo  e  em  penella  e 
no  logar  que  chamam  quintaa  e  hum  casal  de  carualho  e  em  hum  casal  em  fermill.  Em 
todos  estes  logares  he  provado  que  soya  entrar  o  moordomo  e  peitavam  Ihy  ende  vooz  e 
cooma.  ssalvo  en  huu  casal  de  aziuido  de  dona  beringueira.  E  des  tempo  dei  Rey  dõ  afonsso 
padre  deste  Rey  tolheu  ende  a  abadessa  dourouca  o  mordomo  e  ffez  ende  hõrra  e  nom 
entra  hy  porteiro  nem  moordomo  e  trage  hy  seu  chegador.  Todos  estes  logares  de  ssuso 
ditos  seiam  devassos  e  entre  hy  o  moordomo  dei  Rey  por  todoílos  seus  direitos  ssaluo  o 
casal  de  dona  beringueira  em  quanto  ffor  de  filhos  dalgo  ».  Inquirição  na  freguesia  de 
Santa  Maria  de  Real  do  julgado  de  Panho,  a  fl.  22  do  liv.  de  Inquirições  da  Beira  e  Alem 
Douro. 

(2)  «Item  no  julgado  de  veera  (Vieira)  achamos  em  esse  registo  (inquirições  d'Affonso  II 
da  era  de  izSg)  na  fryguesia  de  sa  Johanne  do  Moisteiro  de  Veera  do  logar  que  chamam 


A^evedos  195 

Extinta  a  varonia  dos  primeiros  Azevedos  e  passado  o  seu  solar  a  outros 
donos,  formou-se  a  nova  família  dos  Azevedos,  que  alguns  linhagistas  pre- 
tendem deduzir,  na  sua  varonia,  dos  antigos.  Não  encontro  citados  docu- 
mentos em  abono  desta  pretensão,  e,  a  dizer  a  verdade,  nenhum  dos  Nobi- 
liários antigos  meus  conhecidos  a  confirma  (i). 

Destes  segundos  Azevedos  o  certo,  é  que  procedem  de  Lopo  Dias  de 
Azevedo,  filho  de  Diogo  Gonçalves  de  Grasto,  senhor  da  quinta  de  Crasto 
na  freguesia  de  Carrazedo  concelho  de  Amares,  e  de  sua  mulher  Aldonça 
Coelha,  senhora  da  quinta  do  Souto  da  Ribeira  de  Homem  no  mesmo  con- 
celho. 

Lopo  Dias,  estando  em  Guimarães  a  6  de  Agosto  da  era  de  1429,  ano 
do  Senhor  de  iSgi,  tendo  procuração  de  Joana  Gomes  sua  mulher,  mandou 
fazer  por  Álvaro  Anes  tabelião  daquela  vila,  uma  escritura  da  troca  ajustada 
com  João  Rodrigues  Pereira. 

Por  esta  escritura  venderam  os  primeiros  outorgantes  ao  segundo  a  sua 
quinta  de  Pereira  no  julgado  de  Vermoim,  recebendo  em  troca  a  quinta  de 
Azevedo  no  julgado  do  Prado  com  todas  as  suas  pertenças,  coutos,  maladias, 
e  honras,  com  exclusão  do  casal  que  trazia  Gomes  Aranha,  etc.     A  pro- 


Azevedo  dam  a  El  Rey  três  quarteirões  de  castanhas  secas,  e  dizem  que  ora  nó  dam  saluo 
sex  talgas  »  (liv.  2."  de  Direitos  reaes,  fl.  2o3  v.),  instrumento  sem  data,  cujos  artigos  foram 
tirados  da  citada  inquirição  da  era  de  1259  (1221),  como  o  assevera  João  Pedro  Ribeiro  na 
nota  2  a  pág.  io3  das  Memorias  das  inquirições. 

«  Martinus  michaelis  prelatus  de  Real  iuratus  dixit  quod  de  villa  de  Carvalo  et  de  quin- 
tana  et  de  penela  et  de  Aziuido  et  de  Mola  et  de  barreyros  que  sunt  de  Monasterio  de  arouca 
nuUum  fórum  faciunt  Regi. . .  interrogatus  per  quod  sunt  iste  ville  sic  exepte.  dixerunt  quòd 
per  donam  famaldã  fsicj  Regina».  Inquirições  de  t258  a  fl.  99,  col.  2.*  do  liv.  3°  de  Inqui- 
rições de  D  Afonso  III. 

«Gonhoscam  todos  os  que  este  strometo  virem  que  en  presença  de  mi  Steuã  pirez  tabeliom 
no  termho  da  terra  de  sta  Maria  e  das  testemuyhas  en  fumdo  scritas  preguntou  Steuam 
lourenço  clérigo  del-Rey.  Pedro  steues  Juiz  de  ffeyra  que  el  dissesse  verdade  polo  iurameto 
que  fezera  se  ouvia  homees  das  aldeyas  de  Zagães  e  de  Carregosa  e  de  Paaços  e  de  vila  nova 
e  de  Azevedo  de  humha  con  os  mayordomos  e  com  os  prestameiros  sobre  la  mateyga  que  os 
homees  dos  ditos  logares  dizia  que  non  devia  a  dar  e  que  dissesse  ende  verdade  en  que  estado 
estava  o  preito  quando  ele  veo  da  terra,  etc».  Liv.  2.°  de  Inquirições  de  D.  Afonso  III, 
fl.  47  v.  Não  são  propriamente  inquirições,  mas  diligências  praticadas  por  certo  inquiridor 
no  ano  de  1284;  assim  o  diz  João  Pedro  Ribeiro  nos  seus  Aditamentos  e  retoques  ás  Memo- 
rias para  a  historia  das  inquirições,  etc,  pág.  14. 

(i)  O  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro,  tít.  33,  §  2.»,  pág.  3ii  diz  efectivamente,  que  Gon- 
çalo Vasques  de  Azevedo  teve  um  filho  chamado  Diogo  Gonçalves,  mas  não  acrescenta  mais 
nada.  Xisto  Tavares  no  seu  Nobiliário,  a  fl.  I2i  da  cópia  da  Biblioteca  Pública,  não  nomeia 
o  pai  de  Lopo  Dias  de  Azevedo.  O  mesmo  faz  Damião  de  Góis,  a  fl.  242  v.  da  cópia  do  seu 
Nobiliário,  que  existe  na  mesma  Biblioteca. 


I 


196  "  Brasões 

curação  de  Joana  Gomes  foi  passada  na  quinta  de  Crasto  em  12  de  Julho 
precedente  (i). 

Parece,  pois,  ter  sido  esta  quinta  o  solar  destes  Azevedos. 

Lopo  Dias  de  Azevedo  foi  senhor  de  S.  João  de  Rei  (2),  das  terras  de 
Bouro  (3),  Aguiar  de  Pena  e  Jales  (4),  todas  de  juro  e  herdade  e  das  terras 
de  Pereira,  Abitureiras,  Azoia,  Vila  Nova  de  Anços,  Reguengo  de  Santa  Leo- 
cádia  e  outras  (5),  e  do  reguengo  de  Alviela(6).  Entrou  na  batalha  de  Alju- 
barrota, casou  com  Joana  Gomes  da  Silva,  e  foi  progenitor  dos  senhores  de 
S.  João  de  Rei,  dos  da  quinta  de  Azevedo,  dos  da  Ponte  de  Sor,  etc. 


Rui  Gomes  de  Azevedo,  alcaide  mor  de  Alenquer  e  senhor  de  Salvaterra 
de  Magos  em  tempo  de  D.  João  1,  entendem  alguns  linhagistas  ter  sido  filho 
de  Gonçalo  Gomes  de  Azevedo,  alferes  mor  de  Afonso  IV  e  filho  segundo 
da  primitiva  casa  de  Azevedo.  Foi  Rui  Gomes,  progenitor  dos  Azevedos 
alcaides  mores  daquela  vila,  dos  almirantes  do  reino,  cuja  casa  passou  para 
os  Castros  de  Resende,  e  dos  Azevedos  de  Elvas  cuja  varonia  se  extinguiu. 


Teresa  Vasques  de  Azevedo,  fi.lha  de  Vasco  Gomes  de  Azevedo  e  sobrinha 
do  alferes  mor  Gonçalo  Gomes  de  Azevedo,  foi  monja  de  Lorvão  e  amante 
de  D.  Francisco  Pires  prior  de  Santa  Cruz  de  Coimbra!  Deste  frade  e  desta 
freira  nasceu  um  filho,  que  se  chamou  Gonçalo  Vasques  de  Azevedo,  e  que 
D.  Fernando  mandou  legitimar  por  carta  de  27  de  Fevereiro  de  1375(7). 
Era  senhor  da  Lourinhã  desde  i373,  e  cavaleiro,  e,  na  carta  de  legitimação, 
é  intitulado  privado;  facto  desconhecido  a  Francisco  Manuel  Trigoso  de 
Aragão  Morato  ao  tempo  em  que  escreveu  a  sua  Memoria  sobre  a  verda- 
deira significação  da  palavra  Privado,  no  tomo  1 1  das  Memorias  da  Aca- 
demia. 


(i)  Documentos  da  capela  de  D.  Briolanja  de  Castro  lançados  por  ementa  no  tomo  2.* 
da  Torre  do  Tombo,  de  Manuel  Severim  de  Faria,  ms.  da  Biblioteca  Pública. 

(2)  Consta  da  carta  de  14  de  Agosto  de  142 1  (i383)  em  que  D.  Fernando  manda  ao 
almoxarife  cie  Guimarães,  restitua  a  Lopo  Dias  a  posse  daquela  terra  {Chancelaria  de 
D.  Fernando,  liv.  3  ",  fl.  90). 

(3)  Carta  de  20  de  Maio  de  1422  (i384)  a  fl.  i3  do  liv.  i.»  da  Chancelaria  de  D.  João  I. 

(4)  Carta  de  i5  de  Setembro  de  1422  (1384)  (Ibidem,  fl.  Sy  v.).  Confirmada  esta  mesma 
e  as  precedentes  por  carta  de  24  de  Agosto  de  1423  (t385),  a  fl.  83  v.  do  mesmo  livro. 

(5)  Carta  de  14  de  Abril  de  1423  (i385)  (Ibidem,  fl.  ii3  v.). 

(6)  Carta  de  5  de  Dezembro  de  1425  (i387)  {Ibidem,  fl.  197). 

(7)  Chancelaria  de  D.  Fernando^  liv.  1.»,  fl.  178. 


Aj(evedos  1 97 

De  Gonçalo  Vasques  dizem,  que  procederam  os  Azevedos  de  Castela, 
que  naquele  reino  tiveram  a  grande  casa  dos  condes  de  Moniei*ey,  que 
usavam,  contudo  de  bem  diferentes  armas. 


Estes  são  os  principais  ramos  dos  Azevedos.  Há  muitas  casas  derivadas, 
mais  ou  menos  directamente,  desta  família,  que  se  tem  ramificado  muito,  e 
que  seria  fastidioso  relacionar. 


XXVI 


CASTELOS  BRANCOS 


XXVI 


Brasões  da  Sala  de  Sintra,  Vol.  III. 


De  azul  leão  de  oiro  linguado  e  armado  e  vermelho.  Timbre:  o  leão 
das  armas  andante. 

Sem  diferença  no  escudo  se  encontram  estas  armas  a  fl.  6i  v.  do  Livro 
do  armeiro  mor,  a  fl.  12  v.  do  Livro  da  Torre  do  Tombo,  a  fl.  28  do  The- 
soitro  da  nobre:{a,  de  Francisco  Coelho,  a  pág.  76  da  cópia  da  Biblioteca 
Nacional  do  Thesouro  da  nobreza,  de  Frei  Manuel  de  Santo  António,  etc; 
porém,  todos  lhe  assinam  como  timbre  o  leão  rompente. 


Na  quinta  feira  25  de  Julho  de  141 5  saiu  do  Tejo  a  esquadra  portuguesa. 
D.  João  I  a  comandava  e  nela  iam  seus  filhos  os  infantes  D.  Duarte,  D.  Pedro 
e  D.  Henrique  e  o  conde  de  Barcelos;  seus  sobrinhos  D.  Afonso  de  Cascais 
e  D.  Fernando  de  Bragança;  o  condestável  Nuno  Alvares  Pereira,  o  mestre 
de  Cristo  D.  Lopo  Dias  de  Sousa,  o  prior  do  Hospital  Álvaro  Gonçalves 
Camelo,  o  almirante  Lançarote  Pessanha,  o  marichal  Gonçalo  Vaz  Coutinho, 
o  capitão  do  mar  Afonso  Furtado,  o  alferes  mor  João  Gomes  da  Silva,  o 
conde  de  Viana  D.  Pedro  de  Meneses,  o  guarda  mor  Martim  Afonso  cje 
Melo,  o  escrivão  da  puridade  Gonçalo  Lourenço  de  Gomide,  o  mestre  sala 
Diogo  Alvares  Pais,  o  monteiro  mor  Lopo  Vasques  de  Castelo  Branco  com 
seus  seis  irmãos,  e  outros  oficiais  mores.  Dos  fidalgos  e  nobres  iam  Cas- 
tros, Noronhas,  Freires,  Mouras,  Silvas  Cunhas,  Sousas,  Távoras,  Nogueiras, 
Pereiras,  Sás,  Figueiredos,  Silveiras,  Santaréns,  Barretes,  Cerveiras,  Abreus, 
Coutinhos,  Lemos,  Brites,  Cabrais,  Ocens,  Almeidas,  Albergarias,  Masca- 
renhas, Alenqueres,  Azevedos,  Vasconcelos,  Monises,  Araújos,  Fogaças, 
Carvalhais,  Sequeiras,  Arcos,  Refóios,  Almadas,  Ataídes,  Malafaias  Ta- 
bordas  Curutelos,  Peixotos,  Lobatos,  Barbudas,  Ribuins,  Lobos,  Cernaches, 
Ferreiras  e  outros. 

Acompanhavam  a  esquadra  portuguesa  vários  estrangeiros  distinguindo-se 
entre  eles  um  inglês,  a  quem  Pisano  chama  Muncudo  e  Azurara  Mondo  (i),  e 


(i)  Pisano,  De  bello  Septensi,  pág.  36,  e  Azurara,  Chronica  de  D.  João  I,  pág.  iSy. 
estes  autores  sigo  na  minha  narrativa. 

VOL.  Ill  26 


202  Brasões 

que  veiu  com  quatro  ou  cinco  naus,  esquipadas  e  armadas  à  sua  custa,  a 
servir  nesta  empresa. 

Era  soberbo  o  aspecto  da  esquadra,  extraordinariamente  numerosa  para 
o  tempo.  Constava  ela  de  sessenta  e  três  naus,  vinte  e  sete  galés  triremes, 
trinta  e  duas  biremes,  e  cento  e  vinte  fustas  e  embarcações  pequenas.  Ao 
todo  duzentos  quarenta  e  dois  navios  (i). 

Pelos  muros  da  alcáçova,  por  todos  os  pontos  elevados  de  Lisboa,  e  pela 
praia,  se  apinhava  a  gente  a  ver  o  deslumbrante  espectáculo,  que  lhe  pro- 
porcionava a  saída  da  frota.  E  todos  lhe  desejavam  boa  sorte,  e  alguns,  os 
abelhudos,  que  nunca  minguam,  jactanciosos  desvelavam  o  segredo  que  igno- 
ravam. 

Porque  ainda  era  segredo,  quási  para  todos,  o  destino  da  expedição;  e, 
dos  que  ficavam  em  terra,  talvez  só  o  soubesse  o  mestre  de  Avis  Fernão 
Rodrigues  de  Sequeira,  a  quem  D.  João  1  confiara  o  regimento  do  reino 
durante  a  sua  ausência. 

O  vento  escasso  foi  empurrando  a  armada,  que,  só  no  sábado  à  tarde, 
começou  a  dobrar  o  cabo  de  S.  Vicente,  ante  o  qual  todas  as  velas  se  mesu- 
raram, em  sinal  de  veneração.  Continuando  a  sua  derrota  ainda  nessa  noite 
fundeou  a  esquadra  em  Lagos. 

No  dia  seguinte,  28  de  Julho,  pela  manhã,  desembarcou  el  Rei  a  ouvir 
missa  por  ser  domingo,  e  então  determinou  publicar  o  alvo  da  expedição. 
Antes  da  consagração  subiu  Frei  João  Xira  ao  púlpito,  e  de  lá  declarou,  que 
D.  João  I  se  puzera  a  caminho  a  fim  de  sujeitar  a  Seuta.  Depois  entrou  a 
a  persuadir  diligentemente  a  todos,  que  se  confessassem  e  comungassem, 
pois  que  de  Deus  é  que  dependia  a  vitória.  E,  por  último,  exibiu  as  cartas 
apostólicas  que  absolviam  aqueles,  que  contritos  morressem  nesta  guerra. 

Com  a  verdade  te  engano,  diz  o  adágio;  e,  se  esta  fosse  a  tenção  de 
D.  João  I,  tinha-a  completamente  conseguido,  pois  que  em  todos  continuou 
a  persuasão,  de  que  a  Sicília  era  o  fim  da  viagem. 

A  quarta  feira  partiu  a  armada  para  Faro,  onde,  pela  razão  da  calma 
que  sobreveiu,  teve  de  permanecer  até  7  de  Agosto;  oito  dias.  Levantan- 
do-se  então  o  vento  puderam  sair  do  porto;  e,  à  tardinha  do  dia  9,  avistaram 
terra  de  mouros  próximo  ao  estreito  de  Gibraltar.  Ordenou  logo  el  Rei  a 
toda  a  esquadra,  que  ficasse  pairando  a  distância  da  costa,  e  só  noite  cerrada 
se  meteram  à  foz  do  Mediterrâneo.  Ao  romper  da  manhã  passaram  em 
frente  de  Tarifa,  cujos  moradores  foram  acordados  pelo  som  das  trombetas 


( I )  Pisano,  De  bello  Septensi,  pág.  43.  — Çurita  no  liv.  1 2.»,  cap.  52  dos  Anales  de  Aragon, 
reduz  a  esquadra  portuguesa  a  duzentos  e  dois  navios,  diminuindo-lhe  trinta  naus.  A  este 
não  sei  se  com  bom  fundamento,  tem  seguido  a  maioria  dos  historiadores. 


Castelos  Brancos  2o3 

portuguesas;  e  à  tarde,  entre  Gibraltar  e  Tarifa,  em  frente  de  Algeciras, 
lançaram  as  âncoras  ao  mar. 

O  aparecimento  da  armada  portuguesa  causou  impressões  bem  diversas 
na  cidade  castelhana  e  na  sarracena.  Nesta  cerraram-se  as  portas,  guarne- 
ceram-se  as  muralhas,  e  o  susto  transluziu  em  todos  os  rostos;  naquela  tra- 
tou-se  de  aprontar  um  magnifico  presente  de  vitualhas  com  que  brindar  a 
D.  João  I  e  a  alegria  se  manifestou  ruidosamente.  De  Algeciras  mandaram 
embaixadores  ao  rei  de  Portugal  a  suplicar  a  paz.  De  Tarifa  o  alcaide  mor 
Martim  Fernandes  de  Portocarreiro,  fidalgo  português  que  ficara  ao  serviço 
de  Castela,  enviou  seu  filho  a  felicitar  a  D.  João,  e  fazer-lhe  oferecimento 
da  soberba  dádiva. 

No  dia  12  levantou  a  armada  ferro  e  aproou  a  Seuta;  porém  a  cerração 
que  sobreveíu,  e  a  força  das  correntes  lançaram  as  naus  caminho  de  Málaga 
menos  a  de  Estêvão  Soares  de  Melo,  que,  com  as  galés,  fustas  e  mais 
embarcações  pequenas,  ainda  nesse  dia  foi  surgir  ante  Seuta. 

Dois  dias  antes  tinham  os  moradores  da  cidade  visto  passar  ao  largo  a 
esquadra  portuguesa,  e  agora  viam-na  em  seu  posto.  Esta  aparição  confir- 
mou-lhes  as  suspeitas,  que  logo  ao  primeiro  dia  se  lhes  tinham  gerado,  de 
que  era  contra  eles  que  o  poder  do  rei  de  Portugal  se  dirigia.  Suspeitas 
que  levaram  o  alcaide  Saléh  ben  Saléh  a  convocar  todos  os  mouros  dos 
lugares  vizinhos  para,  com  suas  pessoas  e  armas,  virem  auxiliar  a  guarnição 
na  defesa  de  Seuta. 

Durante  o  tempo  que  as  galés  permaneceram  neste  porto  houve  algumas 
escaramuças  de  pouca  importância  entre  os  cristãos  e  os  infiéis. 

Entretanto  esperava  D.  João  I  pelas  naus  para  dar  o  assalto.  Gomo  elas 
tardassem,  mandou  no  dia  14  de  Agosto  ao  infante  D.  Henrique  na  sua 
galé  a  chamar  o  infante  D.  Pedro,  que  comandava  os  navios  de  alto  bordo. 
Em  seguida  ordenou  ao  resto  da  esquadra  que  levantasse  ferro,  e  foi  fun- 
dear da  outra  parle  de  Seuta  onde  chamavam  Barbaçote,  a  perto  de  mil 
passos  (i). 

Os  infantes  avistaram-se  e  apressaram  a  marcha  das  naus,  quando  caiu 
sobre  aquelas  paragens  uma  violenta  tempestade,  que  de  novo  as  dispersou 
a  todas,  e  obrigou  el  Rei  a  levantar-se  com  as  galés  e  fustas  donde  jazia,  e 
vir  procurar  abrigo  Junto  a  Algeciras. 

Folgaram  os  habitantes  de  Seuta  com  esta  partida,  que  julgaram  defini- 
tiva, e  aproveitaram  logo  para  despedir  as  tribus  do  deserto,  que  tinham 


(i)  Este  porto  de  Barbaçote  supõe  Major  que  será  a  Baía  do  Desnarigado  que  fica  situada 
depois  de  dobrada  a  ponte  de  Almina,um  pouco  mais  para  o  poente.  Life  of  prince  Henry 
of  Portugal,  pág.  32. 


204  Brasões 

acudido  em  sua  defesa,  e  cuja  permanência  na  cidade  se  tornava  pesada  e 
perigosa. 

As  naus  que  tinham  aturado  o  temporal  cruzando  no  alto  mar,  procura- 
ram, apenas  serenada  a  tormenta,  Juntar-se  às  galés  em  Algeciras;  porém 
de  novo  as  correntes  as  «levaram  para  Málaga.  Ainda  eram  inexperientes 
então  os  nossos  pilotos ! 

Outra  vez  foi  o  infante  D.  Henrique  na  sua  galé  chamar  as  naus,  e, 
afinai,  conseguiu  trazê-las  a  Algeciras. 

Reunida  a  frota,  achavam-se  todos  descorçoados,  e  só  pensavam  em 
voltar  para  Portugal;  porém  o  rei  e  os  infantes,  a  quem  os  transtornos  não 
desanimavam  conservavam  o  ânimo  firme  e  resoluto  de  levar  a  cabo  a 
empresa. 

Convocado  o  conselho  e  dividindo-se  os  votos,  manteve  D.  João  I  oculto 
o  seu  pensamento,  e,  não  mostrando  a  decisão,  ordenou,  contudo,  os  aprestes 
para  uma  próxima  partida. 

Tudo  a  postos,  saiu  el  Rei  em  terra  no  dia  20,  na  ponte  do  Carnero,  e 
juntando  em  roda  de  si  o  seu  conselho,  todos  sentados  no  chão,  declarou  a 
sua  tenção  positiva  de  acometer  a  Seuta,  e  expôs,  em  seguida  o  seu  plano 
de  ataque,  o  qual,  depois  de  animada  discussão,  veiu  a  prevalecer. 

Tinha  D.  João  I,  durante  o  tempo  que  permaneceu  no  porto  de  Seuta,  e 
depois  no  de  Barbaçote,  à  espera  das  naus,  examinado  as  fortificações  e  a 
posição  da  praça.  Deste  exame  lhe  resultou  a  convicção  de  que,  ocupadas 
as  alturas  da  Almina,  sobranceiras  pelo  nascente  a  Seuta,  poderia,  sem 
grande  trabalho  ser  a  cidade  entrada;  pois  que  por  esse  lado  não  havia 
fosso  que  transpor,  e,  se  havia  o  inconveniente  de  deixar  desembaraçadas 
aos  sarracenos  as  comunicações  pelo  poente,  os  reforços  que  viessem  da 
África,  não  iriam,  decerto,  atacar  o  arraial  português  no  alto  da  antiga 
Abyla(i). 

Os  contratempos,  que  embaraçaram  a  expedição,  foram  afinal  proveitosos, 
e  viu-se  que,  decididamente,  mais  uma  vez  a  fortuna  favorecia  a  D.  João  I. 
E  não  favorecia  a  quem  dela  se  não  soubesse  aproveitar,  em  que  pese  a 
certos  historiadores  modernos. 

A  demora  do  rei  sobre  a  cidade  permitiu-lhe  o  exame  das  fortificações. 
A  tempestade  obrigando-o  a  levantar  ferro  despersuadiu  do  perigo  os  sarra- 


(i)  No  mapa  de  Seuta  com  que  Major  ilustra  o  seu  texto  se  v8  designados  por  Almina 
os  outeiros  do  sul  da  cidade ;  mas  das  narrativas  de  Pisano  e  de  Azurara  combinadas  com 
a  descrição  de  alguns  geógrafos  modernos  parece  que  a  Almina  era  com  efeito  a  grande 
montanha  ao  nascente  de  Seuta,  também  designada  por  coluna  de  Hércules,  e  a  que  no 
mapa  de  Major  se  dá  o  nome  de  Acho. 


Castelos  Brancos  20 5 

cenos,  e  fê-los  despedir  os  auxiliares  numidas  talvez  em  número  de  dez  mil 
homens.  Destes  dois  factos,  a  escolha  do  ponto  para  o  assalto  e  ò  desguar- 
necimento  da  praça,  dependeu  a  sua  rápida  conquista. 

Dividiu  D.  João  I  a  armada  em  dois  corpos.  Com  o  maior  avançou  êle 
direito  a  Seuta,  e  com  o  menor  mandou  ao  infante  D.  Henrique  dobrar  a 
ponte  de  Almina.  Determinou-lhe  que  a  um  certo  sinal  desembarcasse  as 
suas  tropas,  e  tratasse  de  ocupar  a  praia  e  às  alturas  próximas  daquela 
parte,  que  os  mouros  decerto  teriam  menos  guarnecida,  pois  que  mais  re- 
ceariam ser  atacados  pelo  grosso  da  frota,  que  tinham  à  vista,  do  que  pelo 
lado  da  montanha. 


Em  frente  de  Gibraltar  em  terra  africana  está  a  segunda  coluna  de  Hér- 
cules, o  monte  de  Almina.  Forma  ele  a  extremidade  de  uma  pequena  penín- 
sula que  sai  da  costa  norte  de  Marrocos,  em  direcção  ao  oriente,  na  extensão 
de  aproximadamente  cinco  quilómetros. 

No  istmo  desta  península,  em  que  há  com  o  de  Almina  sete  montes,  está 
edificada  a  cidade  de  Seuta,  a  Septa  dos  Romanos,  a  Abyla  dos  antigos. 
Como  a  península  tem  uma  forma  aproximada  a  um  S  dá  em  resultado,  que 
dos  dois  lados  dela  há  portos  de  mar,  ambos  na  verdade  pouco  profundos  e 
pouco  abrigados. 

Os  nossos  cronistas  designam  o  porto  do  norte,  o  que  fica  fronteiro  à 
ponta  da  Europa  como  sendo  propriamente  o  de  Seuta,  e  ao  do  sul  aquele 
a  que  se  chega  depois  de  dobrada  a  ponte  de  Almina,  chamam  de  Barba- 
çote. 

Entre  estas  duas  baías,  e  ao  poente  de  Almina  a  que  se  encosta  é  que 
Seuta  está  edificada.  Era  a  cidade  defendida  por  fortes  muralhas  e  pro- 
fundos fossos  sobretudo  pelo  lado  do  continente,  pois  que  por  aí  havia  mais 
perigo  em  ser  atacada. 

Era  então  uma  das  cidades  mais  ricas  e  importantes  do  império  de  Mar- 
rocos, e  o  seu  porto  o  centro  do  comércio  do  Oriente  com  a  Europa  oci- 
dental. 

Dele  saíra  a  expedição  dos  primeiros  árabes  conquistadores  da  Espanha 
goda.  Agora,  decorridos  tantos  séculos,  iam  os  descendentes  dos  godos 
encetar  por  ela  as  suas  conquistas  africanas. 

Quási  ao  pôr  do  sol  de  terça  feira  20  de  Agosto  lançou  ferro  o  grosso 
da  armada  portuguesa  Junto  aos  recifes  em  frente  da  cidade  de  Seuta;  e  o 
resto  da  esquadra,  formada  pelos  navios  do  Porto  e  capitaneada  pelo  infante 
D.  Henrique,  surgiu  a  perto  de  mil  passos  ao  nascente/  fronteira  ao  monte 
Almina. 


Úó6  Brasões 

Os  sarracenos  alvoraçados  com  o  evidente  intento  dos  portugueses  dis- 
puzeram-se  nunnerosos,  por  ordem  de  Saléh  ben  Saléh,  pelas  muralhas  e 
pontos  da  cidade  visíveis  da  frota;  e,  em  escurecendo,  alumiaram  todas  as 
janelas,  que  para  a  mesma  banda  olhavam.  Por  esta  forma  esperavam  ca- 
pacitar os  inimigos,  de  que  a  praça  estava  bem  guarnecida,  e,  incutindo-lhes 
receio  pelo  êxito  do  assalto,  afastá-los  definitivamente  de  suas  passagens. 

Não  conseguiram  o  intento  e,  unicamente,  obtiveram  o  proporcionar  aos 
da  frota  o  deslumbrante  espectáculo  daquela  iluminação  reflectindo-se  por 
noite  serena  sobre  o  brando  mar. 

As  ordens  de  D.  João  I  estavam  dadas.  No  dia  seguinte  havia  de  ter 
lugar  a  investida  da  cidade,  começando  o  desembarque  os  da  armada  do 
Porto,  que  a  um  sinal  dado  pelo  rei,  arrumariam  os  batéis  à  praia,  e  desce- 
riam a  ela  após  o  seu  caudilho  o  infante  D.  Henrique,  a  quem  seu  pai  conce- 
dera, afinal,  a  apetecida  prerrogativa  de  ser  o  primeiro  a  pisar  terra  africana. 

Assim  que  ancoraram  começaram,  portanto,  os  portugueses  a  preparar-se 
para  a  peleja  do  dia  seguinte;  e,  ainda  que  depois  o  toque  de  recolher  os 
mandasse  descansar,  não  puderam  conciliar  o  sono.  Uns,  tristes,  acabru- 
nhados, pensavam  com  susto  no  que  lhes  traria  o  dia  seguinte;  outros,  ale- 
gres, certos  já  da  vitória,  calculavam  a  glória  e  os  despojos  que  adquiririam. 
A  um  lado  os  mais  crentes  segredavam  os  pecados  a  seus  confessores;  a 
outro  lado  os  fleugmáticos  partilhavam  com  os  amigos  as  suas  melhores 
viandas.  E  em  todos  a  cogitação  única,  perseverante,  era  a  luta  próxima  e 
os  seus  resultados. 

Amanheceu,  finalmente,  o  dia  21  de  Agosto  de  141 5.  Logo  ao  branquejar 
do  céu  foram  os  apitos  despertando  as  tripulações  dos  navios  do  infante 
D.  Henrique,  as  primeiras  que  haviam  de  entrar  na  peleja.  Passada  revista 
às  armaduras,  compostas  as  peças  que  aparentavam  menos  fortaleza  do  que 
deviam,  começaram  a  armar-se  os  soldados,  e  uns  com  rápidos  movimentos 
davam  docilidade  às  charneiras  das  juntas  das  armaduras,  em  quanto  outros 
brandindo  as  espadas  e  as  faxas  avigoravam  os  músculos.  Em  breve  tempo 
foram  prestes,  e  só  esperavam  pelo  sinal  combinado  para  começar  o  desem- 
b  arque. 

Na  armada  real  sucedeu  o  mesmo.  Todos  se  preparavam  para  a  peleja 
cada  um  consoante  a  sua  índole. 

Então  manda  D.  João  I  chamar  à  galé  os  capitães  da  sua  esquadra,  e 
reOnidos  lhes  dá  as  ordens  para  o  ataque,  prevenindo-os  de  que  ninguém 
havia  de  pôr  pé  em  terra  antes  de  seu  filho  D.  Henrique.  Não  contente  com 
isto,  veste  a  loriga,  enfia  o  capacete,  pega  na  espada,  e,  passando  para  uma 
galeota,  percorre  toda  a  armada  animando  os  soldados  com  a  voz  e  com  a 
presença. 


Castelos  Brancos  207 

Entretanto  os  mouros  mancebos  e  aguerridos  não  desanimavam  da  defeza 
da  sua  cidade,  apesar  de  verem  o  desalento  de  Saléh  ben  Saléh,.que  já  na 
noite  passada  quisera  fugir  abandonando  Seuta.  Com  efeito  a  fama  das 
grandes  obras  e  venturas  de  D.  João  I  passara  além  do  estreito,  e  o  alcaide, 
homem  idoso  e  experimentado,  achava  sobejas  razoes  para  se  reputar  per- 
dido em  presença  de  uma  expedição  ordenada  e  capitaneada  por  tal  rei. 
Procuraram  agora  de  novo  os  defensores  de  Seuta  ao  seu  senhor,  e  dizen- 
do-Ihe  que  o  aparente  intento  dos  cristãos  era  desembarcar,  lhe  suplicaram 
consentisse  que  eles,  saindo  à  praia,  lho  embargassem.  Concedeu-lhes  o 
velho  mouro  a  licença  desejada,  ordenando-lhes  que  a  miúdo  o  fossem  avi- 
sando dos  sucessos. 

Ligeiros  correm  os  sarracenos  pela  praia  direitos  à  Almina,  e,  parando 
em  frente  da  esquadra  do  infante,  começam  a  provocar  os  portugueses  com 
algazarras,  apupos  e  arremessos. 

Havia  já  umas  poucas  de  horas,  que  os  soldados  estavam  debaixo  das 
armas;  o  sol  aquecia,  o  sinal  tardava,  e  aqueles  mouros  defronte  com  seus 
trejeitos  irritavam.  As  ordens  eram  terminantes,  mas  João  Fogaça  veador 
do  conde  de  Barcelos  que  a  bordo  da  nau  5.  Cristóvão  {i)  capitaneava  as 
gentes  do  conde  não  pôde  por  mais  tempo  sofrear  a  sua  impaciência.  Lan- 
ça-se  com  alguns  companheiros  em  um  batel,  e  manda  remar  para  a  praia. 

Acodem  os  mouros  em  cardume  ao  ponto  para  onde  o  batel  aproava,  e 
com  pedras  e  dardos  atacam  os  tripulantes.  Chegada  a  embarcação  à  praia 
salta  em  terra  um  valente  e  esforçado  soldado,  Rodrigo  Gonçalves,  que, 
brandindo  com  vigor  a  facha  de  armas  em  torno  a  si,  faz,  em  breve  tempo, 
o  suficiente  terreiro  para  permitir  o  desembarque  aos  sócios. 

Vendo  o  infante  D.  Henrique  já  aqueles  em  terra,  mete-se  num  batel 
com  Estêvão  Soares  de  Melo  e  Mem  Rodrigues  de  Refoios  seu  alferes,  e  dá 
ordem  às  trombetas  para  tocarem  o  sinal  do  desembarque.  De  todas  as 
embarcações  começam  logo  a  despejar-se  os  batéis  carregados  de  homens  de 
armas.  Mas,  entretanto,  na  praia  o  esforçado  Rui  Gonçalves  acompanhado 
de  um  valoroso  cavaleiro  alemão,  fazia  grande  destroço  na  chusma  mourisca, 
e,  desde  que  conseguira  derribar  um  mouro  de  desmesurada  grandeza,  que 
à  frente  dos  seus  pelejava  com  esforço,  incutira  tal  terror  nos  mais,  que  os 
afastou  da  beira  mar  facilitando  grandemente  o  desembarque. 

O  infante  D.  Duarte  aprontara-se  como  os  mais  logo  ao  romper  do  dia, 
mas  tivera  a  infelicidade  de,  ao  armar-se,  ferir-se  em  uma  das  mãos.     Os 


(i)  O  nome  da  nau  em  que  ia  João  Fogaça  com  os  soldados  do  conde  de  Barcelos, 
consta  do  alvará  de  7  de  Março  de  1416,  registado  a  fl.  100  v.  do  liv.  5.»  da  Chancelaria  de 
D.  João  /,  pelo  qual  el  Rei  fez  dela  mercê  a  Gomes  Martins  de  Lemos  senhor  de  Góis. 


2o8  Brasões 

seus  criados  aconselharam-no  a  que,  por  esta  razão,  desistisse  do  combate, 
pois  que  a  ferida  com  o  exercício  facilmente  se  agravaria.  Não  llio  sofreu 
o  ânimo  brioso,  e,  mandando  aprontar  um  batel,  nele  se  mete  aproveitando 
o  ensejo  de  seu  pai  andar  ainda  visitando  a  armada.  Leva  comsigo  a  Fernão 
Gil  seu  tesoureiro,  a  Martim  Afonso  de  Melo  e  a  Vasco  Anes  Corte  Real,  e 
com  eles  salta  em  terra  próximo  ao  sítio  onde  seu  irmão  pelejava. 

Seriam  neste  tempo  já  na  praia  uns  cento  e  cinqíienta  portugueses,  que, 
animados  pelo  exemplo  dos  infantes,  iam  levando  adiante  de  si  os  sarracenos 
cada  vez  mais  numerosos,  pois  que  a  praça  constantemente  vomitava  novos 
defensores.  Chegados  à  falda  do  monte,  e  acrescentados  os  invasores  com 
os  soldados,  que  de  contínuo  desembarcavam,  puderam,  apertando  rijamente 
com  os  mouros,  ocupar  de  vez  a  montanha. 

Pouco  antes  havia  o  infante  D.  Henrique  reconhecido  seu  irmão  primo- 
génito, e,  no  meio  da  peleja,  mal  lhe  pudera  agradecer  a  sua  presença  e 
auxílio;  porém,  agora,  nos  momentos  de  repouso  que  lhes  proporcionava  a 
ocupação  da  Almina,  se  chegou  a  êle  e  lhe  quis  entregar  o  mando,  que 
D.  Duarte  não  aceitou.  Contudo  lhe  aconselhou  este,  que  não  esperasse 
pelo  desembarque  das  tropas  do  comando  do  rei,  e  que,  proseguindo  o  ataque, 
fosse  aproveitando  o  evidente  receio,  que  o  ardor  dos  cristãos,  agora  já  em 
niímero  de  trezentos,  incutira  no  ânimo  dos  íiéis. 

Assim  se  praticou. 

Guarnecida  Almina  e  reunidos  os  portugueses  avançam,  novamente,  após 
os  infantes  de  encontro  à  chusma  mourisca,  que  obrigam  a  recuar  até  um 
chafariz  de  alvenaria,  por  onde  escorriam  as  águas,  que  a  chuva  lançava 
sobre  a  montanha,  e  que  em  seguida  eram  recolhidas  em  duas  próximas  cis- 
ternas. Chegados  aqui  reanimaram-se  os  sarracenos,  e,  com  mais  vigor  do 
que  antes,  disputaram  a  passagem. 

Entre  eles  se  estremava  um  membrudo  negro  de  avultosa  estatura;  nu, 
coberto  de  carapinha,  com  grandes  dentes  alvos,  grossos  beiços  vermelhos  e 
revoltos,  e  olhos  injectados  de  sangue.  Sem  mais  armas  do  que  a  funda 
despedia,  com  a  força  e  a  certeza  de  um  trom,  enormes  pedras,  que  causa- 
vam grande  destroço  na  hoste  do  infante.  De  uma  vez  escolheu  aquele  para 
alvo  a  Vasco  Martins  de  Albergaria,  cujos  temerosos  golpes  pretendia  ata- 
lhar, e,  fazendo  sibilar  a  funda,  lhe  acerta  com  a  pedra  em  cheio  no  elmo, 
cuja  viseira  voa  em  estilhas.  Atordoado  no  primeiro  momento  com  a  força 
da  pancada,  recobra  contudo  sem  demora  o  ânimo  o  denodado  escudeiro,  e, 
arrojando- se  ao  meio  da  multidão,  chega-se  ao  agigantado  negro  e  o  traspassa 
com  a  lança,  sem  lhe  dar  tempo  de  segundar  o  tiro. 

A  queda  do  mouro  incutiu  tal  pavor  na  turba  circunstante,  que  a  obrigou 
logo  a  afrouxar  a  defeza,  e,  em  breve,  ante  um  novo  esforço  dos  assaltantes, 


Castelos  Brancos  209 

a  procurar  na  fuga  a  salvação.  De  envolta  com  os  fugitivos  sarracenos  cor- 
reram os  portugueses  direitos  à  porta  de  Almina,  pela  qual  de  tropel  entra- 
ram uns  e  outros,  sendo  o  primeiro  dos  nossos  a  penetrar  na  cidade  o  valente 
Vasco  Martins  de  Albergaria,  que,  ao  passar  da  porta,  clamou: 

—  Cá  vai  o  de  Albergaria  1 

Após  este  seguiram-se  todos  os  mais,  e  logo  se  viram  tremular,  Já  dentro 
da  cidade,  as  bandeiras  do  infante  D.  Henrique  e  de  Martim  Afonso  de  Melo, 
e  o  estandarte  de  Gil  Vasques  da  Cunha. 

Ocupada,  por  conselho  de  D.  Duarte,  uma  pequena  altura  formada  à 
parte  de  dentro  das  muralhas  pela  acumulação  dos  estercos,  que  de  longos 
anos  para  ali  se  deitavam.,  esperaram  os  infantes  que  crescessem  as  tropas, 
pois  que,  ainda  então,  não  passavam  de  quinhentos  homens,  os  que  com  eles 
se  achavam.  A  cidade  era  populosa,  os  seus  defensores  podiam  cobrar 
ânimo,  e,  cerrando  a  porta,  fazer  pagar  caro  o  arrojo  dos  invasores. 

Entretanto  alguns  sarracenos  correndo  para  a  alcáçova  anunciavam  a  Saléh 
ben  Sale'h,  que  a  parte  da  cidade  fronteira  ao  monte  Almina,  estava  já 
ocupada  pelos  cristãos.  Outros  procuravam  na  fuga  a  salvação  própria,  e 
a  dos  filhos  e  mulheres. 

Debulhado  em  lágrimas  saiu  o  velho  alcaide  com  a  guarnição  do  castelo, 
a  ver  se  impedia  nas  vielas  da  cidade  o  progresso  dos  invasores,  procurando, 
por  esta  forma,  alcançar  para  os  cidadãos  o  tempo  necessário  para  se  refu- 
giarem na  parte  ocidental  da  povoação,  que  era  separada  da  restante  por 
uma  muralha,  que  do  castelo  partia  em  direcção  ao  norte  até  encontrar  o 
muro  exterior.  Neste  bairro,  que  comunicava  com  o  sertão,  esperava  Saléh 
ben  Saléh  que  se  pudessem  defender,  até  que,  das  próximas  tribus,  lhes- 
viesse  socorro. 

Continuou  com  toda  a  actividade  o  desembarque,  e  a  pequena  tropa  de 
D.  Henrique  a  cada  passo  engrossava  com  os  numerosos  reforços,  vindos  da 
esquadra  do  seu  comando,  e  que  procuravam  a  bandeira  do  infante,  .hasteada 
naquele  outeiro. 

Vasco  Fernandes  de  Ataíde,  contudo,  achando  desprêso  entrar  na  cidade 
pela  porta,  chamou  alguns  dos  seus  e  outros  de  seu  tio  o  marechal,  e  se  di- 
rigiu com  eles  a  outra  porta,  que  ficava  um  pouco  mais  na  montanha.  Come- 
çaram a  arrómbá-la,  porém  os  mouros  de  cima  com  pedras  e  dardos  lho 
embargaram,  e,  tendo  ferido  gravemente  a  Vasco  Fernandes  e  morto  a  oito 
dos  seus  peões,  obrigaram  os  restantes  a  abandonar  a  empresa. 

Era  já  perto  do  meio  dia  e  o  infante  D.  Henrique,  vendo  que  a  maior 
parte  dos  seus  soldados  estavam  desembarcados,  e  que  o  tempo  ia  correndo, 
dividiu  a  sua  tropa  em  vários  corpos  para,  por  diferentes  partes,  continuar 
a  ocupação  da  cidade.     Mandou  por  uma  rua  ao  conde  de  Barcelos,  por 

YOL.  Ill  2J 


íio  Brasões 

outra  ao  alferes  do  conde,  e  ainda  por  uma  terceira  a  Martim  Afonso  de 
Melo,  cada  um  com  o  seu  troço  de  soldados.  E  ele  e  D.  Duarte  com  os 
restantes  homens  de  armas  e  peões  dirigiram-se  pelas  muralhas  fora  a  tomar 
todas  as  alturas. 

Como  o  calor  apertasse  muito,  foi  o  infante  D.  Duarte  largando  as  suas 
armas,  e,  mais  leve  que  o  irmão,  se  foi  adiantando  até  que  ocupou  a  mais 
alta  parte  da  cidade,  onde  chamavam  o  Cesto.  O  infante  D.  Henrique  per- 
dendo de  vista  o  irmão  tomou  a  sua  direita. 

Todos  eles  foram  sempre  pelejando  e  rijamente,  pois  que  os  mouros  eram 
muitos,  e  das  janelas,  e  na  rua,  com  dardos  e  pedras  e  outras  armas  se 
-defendiam  com  desesperação. 

Entretanto  terminava  D.  João  I  a  sua  demorada  visita  e  inspecção  aos 
navios  do  grosso  da  armada,  em  que  a  disciplina  se  ia  já  começando  a 
alterar  (i),  e  recolhendo-se  à  sua  galé  encontrou  já  o  infante  D.  Pedro  apa- 
relhado para  o  desembarque. 

Mandou  então  o  rei  dar  a  ordem  para  o  ataque  geral  da  praça,  e  pressu- 
rosos saltaram  todos  nos  batéis  ávidos  de  glória  e  não  menos  de  despojos. 

Por  diferentes  partes  entraram  na  cidade  os  diversos  corpos,  em  que  se 
dividiu  o  exército.  As  gentes  do  infante  D.  Duarte  com  a  sua  bandeira,  por 
um  lado,  por  outro  o  infante  D.  Pedro  com  os  seus,  e,  o  condestável,  o 
mestre  de  Cristo  e  os  mais  capitães,  cada  um  seguiu  pela  primeira  rua  que 
viram  desocupada  de  assaltantes. 

Rui  de  Sousa  primo  segundo  do  mestre  de  Cristo  e  não  seu  sobrinho, 
como  inadvertidamente  diz  Azurara,  entrou  sòsinho  por  uma  rua  fora  levando 


(i)  Era  natural  a  indisciplina  em  homens  pouco  afeitos  a  ela,  e  que,  demais,  havia 
tanto  tempo,  que  andavam  no  mar  sujeitos  a  contrariedades  e  incómodos,  e  que  na  grande 
maioria,  não  viam  com  gosto  o  ataque  de  Seuta.  A  indisciplina  nos  dá  a  conhecer  Azurara 
em  alguns  lugares  da  sua  narrativa  e  se  depreende  da  grande  demora  que  D.  João  I  teve  na 
inspecção  à  frota;  mas,  o  que  traz  mais  luz  a  este  facto,  são  algumas  palavras  da  carta  de 
confirmação  de  privilégios  e  de  regimento  passado  em  Estremôs  a  23  de  Junho  de  1416  a 
favor  de  João  de  Basto,  vassalo  criado  do  capitão  Afonso  Anes  Nogueira,  e  morador  em 
Lisboa.  Esta  carta  está  registada  a  fl.  99  do  liv.  5."  da  Chancelaria  de  D.  João  I,  e  diz  entre 
outras  coisas,  o  seguinte:  «...  E  outro  sy  nos  disse  o  dito  Joham  do  basto  que  quando 
agora  fomos  sobre  a  cidade  de  cepta  que  nós  lhe  demos  nossas  cartas  pêra  o  Infante  dom 
Henrique  meu  filho  e  pêra  o  conde  estabre  e  pêra  os  que  tinham  emcarrego  da  armaçon 
e  do  pagamento  do  soldo  que  lleixassem  escrepver  o  que  pertencese  a  dita  armaçon  e  ao 
pagamento  do  soldo  aaquelles  que  ell  dito  Joham  do  basto  possese  em  seu  logo  pêro  que  era 
ocupado  em  cousas  de  que  lhe  nos  demos  emcarrego  em  tall  guisa  que  per  sy  nõ  podia  seruyr 
-o  dito  oficio.  E  que  nÕ  embargando  esto  alguns  se  trumeteram  de  escrepver  na  sua  armaçon 
e  fazer  os  alvaraas  do  soldo  e  cousas  que  ao  dito  oficio  pertenciam  asy  escripuães  da  nossa 
fazenda  per  mandado  de  Joham  AflFonso  nosso  veedorcomo  outros  na  cidade  do  porto  eno 
-algarve  e  em  outros  lugares  honde  sse  o  dito  soldo  pagava. . .». 


Castelos  Brancos  2 1 1 

o  tropel  dos  mouros  adiante  de  si;  porém,  cresceram  eles  tanto  sobre  o  cava- 
leiro, que  o  fecharam  em  uma  torre,  onde  ele  se  defendeu  até  ser  socorrido. 
Deste  feito  se  derivou  o  nome  do  próximo  postigo,  qu€  os  cristãos  ficaram 
designando  pelo  de  Rui  de  Sousa. 

Um  alentado  fidalgo  evorense  Nuno  Martins  da  Silveira,  que  depois  foi 
escrivão  da  puridade  de  D.  Duarte,  em  cuja  casa  já  então  servia,  distinguiu-se 
neste  dia  entre  todos  os  homens  de  armas  do  dito  infante,  e  foi  um  dos  que 
mereceram  ser  armados  cavaleiros,  depois  da  conquista,  pelo  próprio  amo. 

O  marichal  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  o  herói  da  batalha  de  Trancoso, 
ainda  que  não  o  declarem  os  cronistas,  também  nesta  empresa  praticou  feitos 
dignos  da  sua  brilhante  fama(i). 

Com  outros  muitos  nomes  de  portugueses,  que  se  assinalaram  nesta  con- 
quista, poderia  eu  ilustrar  estes  apontamentos,  se  não  tivesse  sido  a  fatal  re- 
forma das  chancelarias  ordenada  por  D.  Afonso  V  a  requerimento  das  cortes 
de  1459,  e  executada  sem  critério  por  Gomes  Anes  de  Azurara. 

Para  se  calcular  o  destroço  feito  por  este  guarda  mor  bastará  dizer,  por 
exemplo,  que  no  alto  da  fl.  i53  v.  do  liv.  3.°  da  actual  Chancelaria  de 
D.  João  /,  se  diz,  que  as  cartas,  que  por  ementa  foram  lançadas  naquela 
página,  estavam  no  liv.  49,  da  chancelaria  original  do  mesmo  rei.  É  certo 
que  este  liv.  49  não  foi  o  último  da  chancelaria  daquele  reinado,  e  muitos 
mais  houve,  como  se  depreende  pelas  datas  das  cartas,  que  na  dita  página 
estão  lançadas;  pois  sabe  o  leitor  a  quantos  livros  reduziu  Azurara  os  cin- 
quenta e  tantos  da  Chancelaria  de  D.  João  I?  a  quatro!  E  nestes  quatro, 
em  que  quási  tudo  foi  lançado  por  ementa,  o  que  avulta  mais  são  legitima- 
ções (2). 

Quando  D.  João  I  foi  para  Seuta,  deixou  como  regente  do  reino  o  mestre 
de  Avis  D.  Frei  Fernão  Rodrigues;  pois  a  carta  desta  nomeação  entendeu 
Azurara,  que  era  escusada,  e  não  a  mandou  trasladar.  Quando  D.  João  I 
veiu  de  Seuta  criou  duques  os  infantes  D.  Pedro  e  D.  Henrique,  pois  o 
guarda  mor  também  não  julgou  estas  mercês  dignas  de  se  perpetuarem. 

Foi  preciso,  que  à  devastação  escapasse  truncado  um  livro  original  da 


(i)  El  Rei  estando  ainda  em  Seuta  lhe  confirmou  por  carta  de  24  de  Agosto  (liv.  3."  da 
Chancelaria  de  D.  João  /,  fl.  149  v.),  a  doação  de  várias  terras,  que  de  juro  e  herdade  lhe 
fizera  D.  Fernando  por  carta  de  23  de  Julho  de  i383;  e  manda  mais,  que  essas  terras  seen- 
corporem  no  couto  de  Leomil,  e  que  o  marichal  e  seus  descendentes  se  possam  intitular 
senhores  do  couto  de  Leomil.  É  esta  a  única  carta  que  er^^contrei  na  chancelaria  datada  de 
Seuta. 

(2)  [O  A.  em  outro  estudo  reabilitou  Azurara  da  acusação  de  haver  destruído  estes 
livros,  porquanto  há  notícia  da  existência  deles,  posteriormente  à  morte  do  guarda  mor. — 
Nota  da  revisão']. 


2 1 2  Brasões 

Chancelaria  de  D.  João  I,  para  nós  sabermos  alguma  coisa  da  forma  porque 
este  rei  deixou  ordenada  a  administração  do  reino  durante  a  sua  ausência. 
Efectivamente  neste  livro  que,  actualmente,  é  designado  pelo  número  5,  se 
encontram  a  fl.  98  as  duas  seguintes  cartas,  que  para  aqui  trasladarei  afim 
de  as  salvar  de  novos  vandalismos. 

«  Carta  do  poder  que  Elrey  deu  a  alvaro  gonçalvez  de  freiías. 

«  D.  Joham  pella  graça  de  deus  Rey  de  purtugal  e  do  algarve  a  todollos 
nossos  contadores  E  thesoureiros  E  almoxarifes  E  recebedores  E  escrivaães 
dos  ditos  ofícios  E  outros  quaes  quer  nossos  oficiaes  E  aos  Juizes  e  Justiças 
dos  nossos  Reynos  a  que  esta  carta  for  mostrada,  ou  o  tresllado  delia  em 
pubrica  forma  saúde  sabede  que  nos  entendendo  por  nosso  serviço  acordamos 
que  alvaro  gonçalves  de  freitas  veedor  da  nossa  fazenda  (1)  ficasse  com  a 
Ifante  Dona  isabel  E  Ifantes  Dom  Joham  e  Dom  fernãdo  meus  filhos  E  nom 
fosse  com  nosco  em  esta  armada  per  mujtas  coussas  que  ha  de  fazer  que  a 
seu  oficio  perteecem  E  por  mujtos  encarregos  que  lhe  leixamos  que  aia  de 
fazer  por  nosso  serviço  de  que  em  nenhua  guissa  o  nÕ  podemos  escusar  E 
porem  uos  mandamos  E  a  cada  hum  de  uos  que  quado  pelo  dito  alvaro  Gon- 
callvez  fordes  Requeridos  ou  per  suas  cartas  E  alvarás  que  façades  todo 
aquello  que  uos  elle  mandar  fazer  per  o  nosso  serviço  E  que  seiades  a  ello 
bem  diligentes  e  mandados  senom  seiã  certos  os  que  o  contrario  fezerem 
que  lho  estranharemos  como  a  aquelles  que  nom  fazem  mãdado  de  seu  Rey 
e  senhor.  Unde  ai  nom  façades.  Date  em  Restello  xxiiij  dias  de  Julho.  Elrei 
ho  mãdou  bertoUameu  goncallvez  a  fez  Era  de  mil  iiij*=  liij  anos.  Concertada 
esta  carta  per  mim  Joham  dominguez  escrivam». 

«  Carta  do  poder  que  El  ReJ  deu  a  bertolameu  Gomez  contador  da  casa 
de  El  Rej. 

« Dom  Joham  pella  graça  de  deus  Rej  de  portugal  e  do  algarve  A  uos 
nossos  contadores  E  ao  Recebedor  do  nosso  thesouro  E  aos  nossos  almoxa- 
rifes e  escrivaães  e  Rendeiros  e  Recebedores  das  nossas  sisas  e  Rendas  e 
direitos  ou  a  cada  hum  de  uos  E  a  outras  quaes  quer  pessoas  a  que  o  conhe- 
cimento desto  perteçer  per  qual  quer  guisa  que  seia  Saúde  sabede  que  nós 
fiando  de  bertolameu  gomez  contador  da  nossa  casa  Ihj  demos  ora  emcar- 
rego  de  el  per  ssj  arrendar  e  fazer  Recadar  todallas  nossas  sisas  e  Rendas 
e  direitos  Reaes  da  Cidade  de  Lixboa  e  comarca  delia  e  ífazer  outras  mujtas 
cousas  que  nos  co  elle  ffalamos  e  Ihj  demos  emcarrego  per  nosso  serviço 
assj  como  fazem  e  podem  ffazer  os  veedores  da  nossa  fazenda  E  porem 
mãdamos  a  uos  E  a  cada  hum  de  uos  que  lh'o  leixedes  assy  ffazer  e  ffaçades 


(i)  Esta  palavra  falta  no  original. 


Castelos  Brancos  2 1 3 

todo  aquello  que  uos  el  per  nosso  serviço  mandar  íFazer.  E  por  que  poderá 
seer  que  pêra  alguuas  cousas  do  que  Ihj  asy  leixamos  emcarrego  Ihj  seram 
•cõpridoiros  de  se  fazerem  alguuas  despesas  mandamos  a  uos  dito  Recebedor 
do  thesouro  E  a  cada  hum  de  uos  almoxarifes  ou  Recebedores  das  ditas 
Rendas  que  os  dinheiros  e  outras  cousas  que  uos  o  dito  bertolameu  gomez 
mãdar  dar  ou  despender  per  noso  serviço  que  os  dedes  e  despendades  per 
seus  mãdados  e  alvaraas  asynaados  per  el  honde  e  como  uos  el  mãdar 
•daquello  que  asy  per  nos  teverdes  rrecebido  ou  Receberdes  Ao  deante  E 
cobrade  trallado  desta  carta  e  os  dos  Alvaraas  e  stromentos  de  cõfisom  deses 
a  que  assy  os  ditos  dinheiros  e  cousas  derdes  E  mandamos  Aos  nossos  con- 
tadores que  uollo  Recebam  em  despesa  sem  outro  nenhum  enbargo  que  Ihj 
sob  ello  ponhades  E  porque  outrosy  Ihy  alguas  vezes  Ihy  serom  compri- 
doiros  alguus  Requeredores  dessas  Rendas  pêra  Ihy  mandar  ffazer  alguas 
cousas  per  nosso  serviço,  mandamos  uos  que  Ihj  dedes  aquelles  que  uos  el 
Requerer  pêra  ello  por  quãto  nos  Ihj  leixamos  o  Encarrego  e  logar  de  veedor 
da  nossa  ffazenda  asy  pêra  o  que  suso  dito  he  como  pêra  todalas  outras 
cousas  que  a  veedores  da  nossa  fazenda  pertencem  e  podem  e  devem  âazer 
per  nosso  serviço.  E  ssede  a  ello  todos  em  senbra  e  cada  huu  em  espicjal 
bem  diligentes  e  mandados  sem  outro  embargo  nem  duujda  nenhua  que  a 
ello  ponhades  E  nõ  o  fazendo  uos  assy  per  esta  carta  Ihj  damos  poder  que 
uos  possa  pêra  ello  prender  e  costranger  e  dar  todallas  outras  penas  e  es- 
trumemos que  el  vir  que  compre  e  entender  per  nosso  serviço.  E  por  esta 
carta  madamos  Aas  nosas  Justiças  que  o  ajudem  a  ello  e  façam  o  que  lhes 
sobrello  de  nosa  parte  mãdar  fazer  cada  que  por  el  sobrello  da  nossa  parte 
mandar  fazer  cada  o  que  pêra  ello  forem  requeridos.  Seno  seede  certos  que 
■qual  quer  que  o  contrairo  dello  fezer  que  nos  lho  estranharemos  gravemente 
como  a  quelles  que  nõ  fazem  mãdado  de  seu  Rey  e  senhor.  Umde  os  huus 
e  os  outros  ai  nõ  façades.  Date  em  Restello  xxiiij  dias  de  Julho  ElRey  o 
mãdou  affonso  gonçalves  a  fez  era  de  mil  iiij^  L  iij  anos. » 

São  notáveis  estas  duas  cartas  mandadas  passar  pelo  rei  já  a  bordo,  e 
na  véspera  da  sua  partida. 

Por  elas  se  vê,  que  não  ficaram  os  jovens  infantes  entregues  ao  mestre 
de  Avis,  como  dizem  os  historiadores;  mas  sim  ao  vedor  da  fazenda  Álvaro 
Gonçalves  de  Freitas.  Por  elas  se  vê  mais,  que,  se  a  D.  Frei  Fernão  Ro- 
drigues foi  entregue  o  governo  militar  do  reino,  deixou  D.  João  a  adminis- 
tração da  fazenda  e  da  justiça  com  latos  poderes  a  cargo  de  Álvaro  Gon- 
çalves de  Freitas,  seu  vedor  da  fazenda,  e  a  cobrança  dos  rendimentos 
públicos,  assim  como  parte  do  seu  dispêndio,  ao  contador  Bartolomeu  Gomes 
a  quem  foram  concedidas,  para  este  efeito,  as  atribuições  de  vedor  da  fazenda. 


214  Brasões 


Já  vai  longa  a  digressão;  é  tempo  de  lhe  pôr  ponto,  e  de  continuar  coní 
a  narrativa. 

D.  João  I,  durante  os  dias  que  permanecera  em  Barbaçote,  que  foram  de 
14  a  17  ou  18  de  Agosto,  ferira-se  numa  perna  ao  entrar  em  certa  ocasiaO" 
para  a  sua  galé,  ferimento  que  com  o  exercício,  produzira  a  inchação  de 
todo  o  membro  por  forma  a  impedir-lhe  o  uso  das  grevas  e  coxotes,  e  a 
obrigá-lo  a  manquejar. 

Foi  por  este  motivo,  e  por  saber  que  a  cidade  estava  em  parte  tomada^ 
que  êle,  ao  desembarcar,  se  foi  assentar  à  porta  por  onde  as  tropas  iam 
entrando,  resolvido  a,  só  na  ocasião  do  assalto  ao  castelo,  tomar  parte  activa 
na  peleja. 

Assentado  à  sombra  junto  à  muralha,  e  tendo  a  seu  lado  o  alferes  maior 
Diogo  de  Seabra  que  lhe  segurava  a  bandeira,  estava  o  rei  vendo  o  desfilar 
de  seus  valentes  soldados,  uns  que  entravam,  outros  que  saíam  já  carregados 
de  despojos,  quando  assomou  à  sua  presença  o  escrivão  da  puridade  Gon- 
çalo Lourenço  de  Gomide,  capitaneando  quatrocentos  homens  todos  da  sua 
libré,  e  a  maior  parte  da  sua  criação.  Ao  aproximar-se  do  rei  lhe  pediu  a 
fiel  servidor,  que  ali  naquela  ocasião,  o  armasse  cavaleiro,  ao  que  D.  João  I 
prontamente  anuiu. 

Concluída  a  breve  cerimónia,  mais  este  troço  de  gente  se  embrenhou 
pelas  tortuosas  ruas  de  Seuta,  onde  o  ruído  era  tão  grande,  que,  dizem,  se 
ouvia  em  Gibraltar  daU  a  cinco  léguas.  E  não  admira,  pois  que  a  solda- 
desca desenfreada  já  não  atendia  senão  ao  saque,  e,  entrando  em  todas  as 
casas,  passava  ao  fio  da  espada  os  moradores,  muitos  dos  quais,  com  o 
fatalismo  da  sua  raça,  preferiam  esperar  a  morte  nos  seus  lares,  a  procurar 
a  salvação  na  fuga. 

Mas,  entretanto,  o  infante  D.  Henrique  tendo  tomado,  como  disse  atrás, 
a  rua  Direita,  ia  por  ela  fora  em  direcção  ao  castelo,  quando  começaram  a 
passar  por  êle  muitos  portugueses,  que  fugiam  ante  um  supremo  esforço  de 
resistência  feito  pelos  da  cidade.  Abaixando  a  viseira  foi  o  infante  deixando 
passar  os  seus,  até  que  chegaram  os  sarracenos,  e  então,  como  um  leão  se 
lançou  a  eles,  e  com  o  seu  exemplo  fez  cobrar  ânimo  aos  fugitivos,  que  re- 
conhecendo-o  viraram  a  frente  aos  inimigos,  e  os  repeliram  até  à  porta  da 
aduana.  Aqui,  contudo,  cresceu  de  novo  sobre  os  cristãos  a  força  dos  infiéis, 
e  outra  vez  tornaram  a  fugir  os  portugueses  abandonando  o  infante,  que, 
sòsinho,  numa  estreita  rua,  onde  o  não  podiam  cercar,  aparou  os  golpes  da 
mourisma,  até  que,  chegando  reforço,  tornaram  a  levar  adiante  de  si  aos 
mouros. 


Castelos  Brancos  •  2 1 5 

Próximo  ao  alcaçar  entre  três  muros,  o  exterior  ou  de  Barbaçote,  o  do 
castelo,  e  o  que  reparte  os  dois  bairros  da  cidade,  se  viraram  de  novo  os 
sarracenos  contra  os  invasores.  O  ponto  era  azado  para  a  defeza,  pois  que, 
pela  estreiteza  da  rua,  poucos  portugueses  podiam  combater  à  frente,  e  os 
mouros  do  terreiro  eram  ajudados  pelos  que  estavam  sobre  as  três  muralhas, 
que  de  lá  arremessavam  com  dardos  e  pedras. 

A  este  tempo  eram  já  apenas  com  o  infante  dezasete  companheiros,  por 
que  os  mais,  a  uns  a  cobiça,  a  outros  a  sede  e  o  cansaço,  foi  afastando  para 
várias  partes. 

Com  estes  dezasete  sustentou  D.  Henrique  o  ataque  naquele  sítio,  durante 
mais  de  duas  horas,  debaixo  de  um  ardente  sol.  Apesar  de  terem  já  caído 
em  terra  alguns  dos  defensores,  não  recuavam,  é  conseguindo  derribar  com 
uma  grande  ferida  a  Fernão  Chamorro  escudeiro  do  infante,  sobre  seu  corpo 
se  encarniçou  a  peleja,  até  que  afinal  os  mouros  dispersaram,  e  pela  porta 
da  muralha  interior,  por  onde  fugiram,  entraram  de  envolta  com  eles  D.  Hen- 
rique e  mais  quatro  valentes  portugueses.  Eram  estes  Álvaro  Fernandes 
de  Mascarenhas  que  depois  foi  senhor  de  Carvalho,  Vasco  Esteves  Godinho, 
Gomes  Dias  de  Góis  depois  senhor  das  saboarias  de  Alenquer,  Arruda,  e 
outras,  e,  finalmente,  Fernão  Alvares.  Os  três  primeiros,  fidalgos  da  casa 
do  infante,  o  último  escudeiro  de  el  Rei. 

Era  a  muralha  tão  grossa,  que  na  sua  largura  havia  três  portas,  e  durante 
duas  horas,  junto  à  terceira,  pelejaram  aqueles  cinco  heróis,  sem  poderem 
Umpar  de  mouros  a  passagem  e,  fechando  a  última  porta,  impedir-lhes  a 
comunicação  com  o  bairro  oriental  de  Seuta. 

Aproximava-se  a  tarde  e  os  portugueses  começavam  a  procurar  os  res- 
pectivos capitães,  de  quem,  no  meio  da  confusão  da  jornada,  se  tinham  sepa- 
rado. Em  quanto  uns  procediam  a  estas  buscas,  indagavam  muitos  outros 
cheios  de  ansiedade  pelo  infante  D.  Henrique,  cujo  valor  e  galhardia  capti- 
vara  a  todos.  Ouviram,  que  êle  com  os  seus  soldados  penetrara  pela  re- 
ferida porta,  mas  que,  atrás  dela,  depois  de  combater  desesperadamente, 
encontrara  a  morte. 

Como  esta  triste  nova,  felizmente  falsa,  chegasse  aos  ouvidos  de  D.  João  I, 
disse  o  rei  para  os  circunstantes  sem  mudar  de  rosto  nem  aparentar  tristeza: 

Este  é  o  proveito  que  aos  soldados  valentes  costuma  cair  em  sorte. 

Porém  Garcia  Monis,  que  fora  guarda  do  infante  quando  moço,  e  que 
•era  homem  resoluto  e  muito  afeiçoado  a  D.  Henrique,  não  lhe  permitindo  o 
ânimo  a  incerteza  em  matéria,  que  a  todos  tanto  interessava,  lança^-se  ardido 
por  aquelas  portas  dentro,  por  onde  nenhum  dos  outros  se  atrevia  a  passar, 
■e  junto  à  última  com  seus  quatro  companheiros  encontra  o  infante. 

Conseguiu  Garcia  Moniz  convencê-lo  de  que  era  inútil  a  sua  permanência 


2i6  -»  Brasões 

naquele  ponto,  pois  que  outras  portas  havia,  por  onde  os  mouros  entravam 
e  saíam,  e  que,  ale'm  de  trazer  a  todos  inquietos  com  a  sua  ausência,  noutras- 
partes  poderia  aproveitar  melhor  o  seu  esforço. 

Assim  o  entendeu  D.  Henrique,  e  saiu  por  fim  daquela  porta.  No  re- 
trocesso encontrou  ao  seu  escudeiro  Fernão  Chamorro,  que  os  mouros  ainda 
agora  haviam  ferido  no  rosto,  já  alevantado,  ainda  que  muito  pisado. 

Então  chegou-se  ao  infante  Nuno  Antunes  de  Góis  a  participar-lhe,  que 
o  infante  D.  Pedro  com  as  suas  gentes  e  as  dele  D.  Henrique  se  dirigia  a 
forçar  a  porta  de  cima  do  muro  interior.  Para  lá  marchou  imediatamente 
o  infante,  e  de  novo  se  achou  quási  só  entre  a  multidão  dos  mouros. 

Aqui  foi  acirrada  a  peleja.  A  bandeira  de  D.  Henrique  teve  a  haste 
partida  nas  mãos  do  alferes  Mem  Rodrigues  de  Refóios,  e  o  bom  velho  Aires 
Gonçalves  de  Figueiredo  que  apesar  dos  seus  noventa  anos,  se  apresentara 
no  posto  a  servir  o  infante,  e  que,  neste  dia,  andou  sempre  debaixo  de  armas, 
foi  um  dos  poucos,  que  permaneceram  combatendo  ao  lado  de  D.  Henrique. 

Não  se  conseguindo  forçar  esta  porta  regressou  o  infante  a  outra,  aquela 
onde  Já  pelejava  durante  tanto  tempo. 

Junto  à  mesquita  maior  estavam  em  conselho  os  infantes  D.  Duarte  "e 
D.  Pedro,  e  outros  capitães,  discorrendo  os  meios  de  conquistar  a  alcáçova» 
Desejando  eles  conhecer  o  parecer  de  D.  Henrique  mandaram-lhe  recado, 
para  que  viesse  ali,  ao  que  o  infante  se  negou;  porém,  renovada  a  instância, 
compareceu  afinal  abandonando  a  porta. 

A  ela  chegou  então  Vasco  Fernandes  de  Ataíde,  fidalgo  da  casa  de 
D.  Henrique,  em  sua  procura;  porém,  em  hora  tão  aziaga  se  aproximou  da 
muralha,  que  atirando-lhe  os  mouros  de  cima  com  uma  grande  pedra  è  dan- 
do-lhe  com  ela  no  capacete,  o  prostraram  morto.  Foi  este  o  único  cavaleiro, 
que  nesta  empresa  teve  tal  sorte. 

Emquanto  os  infantes  e  os  mais  capitães  deliberavam  acerca  do  assalto 
do  castelo,  resolviam  os  sarracenos  desampará-lo,  pois  que  reputavam  a  sua 
defeza  impossível.  Consultado  Saléh  ben  Saléh  se  prepararam  todos,  e 
chorando  silenciosamente  saíram  carregados,  o  mais  que  podiam,  pela  porta 
fronteira  ao  ocidente,  e,  com  suas  mulheres  e  filhos,  caminharam  para  o 
continente,  procurando  abrigo  nas  vizinhas  aldeias  e  vilas. 

Penetrara,  entretanto,  D.  João  I  em  Seuta,  e  dirigira-se  a  uma  mesquita, 
onde  depois  se  edificou  o  mosteiro  de  S.  Jorge.  Aqui  lhe  chegaram  novas, 
de  como  os  infantes  e  os  mais,  que  estavam  reunidos  na  mesquita  maior, 
haviam  resolvido,  visto  ser  já  quasi  sol  posto,  colocar  aquela  noite  guardas 
em  torno  do  castelo,  e,  só  ao  romper  da  manhã  seguinte,  proceder  ao  seu 
assalto.  Porém,  vendo  alguns  um  grande  bando  de  pardais  pousado  sosse- 
gadamente sobre  o  castelo,  e  inferindo  daí  o  êle  estar  desabitado,  o  foram 


Castelos  Brancos  217 

participar  a  el  Rei.  Mandou  este  logo  chamar  a  João  Vaz  de  Almada, 
alferes  da  bandeira  de  S.  Vicente,  e  lhe  ordenou  a  fosse  arvorar  na  mais 
alta  torre  da  alcáçova. 

Para  lá  se  dirigiu  João  Vaz,  acompanhado  de  muitos  outros,  e  ao  chegar 
à  muralha,  que  divide  as  duas  cidades,  toparam  a  porta  fechada.  Come- 
çavam a  arrombá-la,  quando  entre  as  ameias  apareceram  dois  mouros, 
segundo  Pisano,  ou  um  biscainho  e  um  genovês,  segundo  Azurara,  e  lhes 
disseram,  se  não  cançassem,  que  eles  lhes  franqueariam  a  entrada.  Efecti- 
vamente assim  o  fizeram,  e,  pouco  depois,  na  mais  alta  torre  do  castelo  de 
Seuta  tremulava  a  bandeira  da  cidade  de  Lisboa. 

Tomada  a  alcáçova  restava  ainda  ocupar  a  vila  de  fora(i),  e  com  esse 
intento  mandou  lá  o  infante  D.  Duarte  ao  conde  de  Viana  seu  alferes,  com 
ordem  de  hastear  a  sua  bandeira  sobre  a  torre  de  Fez. 

Estava  ainda  esta  parte  da  cidade  ocupada  de  muitos  mouros,  e  não  foi 
portanto  fácil  a  empresa,  que  custou  a  vida  do  alferes  de  D.  Henrique  de 
Noronha,  que  morreu  Junto  à  porta,  que  depois  chamaram  de  Fernão  Afonso, 
não  sei  se  por  ser  esse  o  nome  do  escudeiro. 

Com  o  conde  de  Viana  entraram,  nesta  derradeira  peleja,  alguns  dos 
principais  fidalgos,  como  foi  D.  Henrique  e  D.  João  de  Noronha,  Pêro  Vaz 
de  Almada,  Álvaro  Mendes  e  Mem  Afonso  de  Cerveira,  Álvaro  Nogueira, 
Nuno  Martins  da  Silveira,  Vasco  Martins  do  Carvalhal,  um  valente  barão 
alemão  que  viera  com  a  sua  quadrilha  a  esta  empresa,  Nuno  Vaz  de  Cas- 
telo Branco  e  cinco  irmãos,  Diogo  Fernandes  de  Almeida  e  outros. 

Em  quanto  estes  penetravam  com  custo  até  à  torre  de  Fez,  e  nela  arvo- 
ravam a  bandeira  do  infante  D.  Duarte,  acabavam  D.  Fernando  e  D.  João 
de  Castro  de  lançar  fora  os  mouros  desta  parte  da  cidade  pela  porta,  que 
depois  se  chamou  de  Álvaro  Mendes. 

Passava  das  sete  horas  e  meia  da  tarde  deste  dia  21  de  Agosto  de  141 5, 
quando  a  cidade  de  Seuta  ficou  completamente  livre  de  mouros  (2). 


I 


(i)  Parece,  que  esta  parte  de  Seuta  se  chamava  Algezira,  talvez  por  ser  quási  uma  ilha, 
pelo  menos  é  o  que  se  pode  conjecturar  da  carta  de  20  de  Setembro  de  141 5,  registada  a 
fl.  148  V,  do  liv.  3.°  da  Chancelaria  de  D.  João  I.  Por  ela  fez  el  Rei  doação  a  seu  filho  na- 
tural o  conde  D.  Afonso  «dos  nossos  paaços  que  son  na  villa  daljazira  que  s^a  apar  da  nossa 
cidade  de  cepta  etc.» 

(2)  Diz  João  Pedro  Ribeiro  no  Apêndice  VI  à  Dissertação  VI  no  tomo  2°  das  suas  Dis- 
sertações chronologicas  e  criticas,  que  D.  João  I  até  à  conquista  de  Seuta  em  21  de  Agosto 
de  1415  usara  os  títulos  de  rei  de  Portugal  e  do  Algarve,  « accrescentando  desde  então;  e 
senhor  de  Cepta». 

Com  o  respeito  devido  ao  mestre  direi,  que  neste  ponto  me  parece  haver-se  êle  enga- 
nado. Com  efeito  na  chancelaria  vêem-se,  posteriores  àquela  conquista,  algumas  cartas  em 
voL.  m  28 


21 8  Brasões 

Muitos  feitos  notáveis  se  praticaram  durante  a  conquista  desta  cidade, 
porém  o  cronista,  quási  que  calou  os  de  todos  só  para  exaltar  os  do  infante 
D.  Henrique,  e  depois  deste  os  do  infante  D.  Duarte.  Do  infante  D.  Pedro, 
certamente  para  não  desagradar  a  Afonso  V  por  cujo  mandado  Azurara  es- 
crevia, pouco  mais  faz  do  que  nomeá-lo. 

Entre  os  fidalgos  da  casa  de  D.  Duarte,  que  pelejavam  a  seu  lado,  foi 
Nuno  Vasques  de  Castelo  Branco  um  dos  que  mereceram  ser  pelo  infante 
armado  cavaleiro  no  dia  seguinte  ao  da  conquista. 

Passara  este  fidalgo  a  Africa  juntamente  com  seu  irmão,  o  monteiro  mor 
Lopo  Vasques,  Paio  Rodrigues,  Pêro  Vasques  famoso  torneador,  Gil  Vasques, 
Diogo  Soares  e  João  Soares. 

Eram  eles  filhos  de  Gonçalo  Vasques  de  Castelo  Branco,  senhor  da 
honra  do  Sobrado  e  direitos  reais  de  Paiva  por  carta  de  i5  de  Abril  de 
i386(i),  e  sobrinhos  de  Álvaro  Vasques  de  Castelo  Branco,  alcaide  mor  da 
Covilhã  e  Monsanto,  que  morreu  assassinado  por  Vasco  Martins  de  Mon- 
santo (2),  de  Martim  Vasques  de  Castelo  Branco,  vassalo  de  el  Rei,  e  senhor 
dos  direitos  reais  dos  judeus  de  Penamacor  (3),  dos  direitos  e  rendas  reais 
e  dos  quintos  da  mesma  vila  e  seu  termo  (4),  e  de  Rui  Vasques  de  Castelo 
Branco,  senhor  do  primeiro  morgado  de  Castelo  Branco. 


que  o  rei  continua  a  intitular-se  como  precedentemente,  e  a  data  mais  antiga,  em  que  o 
encontrei  com  o  título  de  senhor  de  Seuta,  é  de  8  de  Fevereiro  de  1416  na  carta,  em  que 
manda  incluir  no  termo  de  Lisboa  as  terras  do  Alqueidão  e  Leirão,  carta  que  está  registada 
no  liv.  3."  a  fl.  187. 

É  verdade,  que  terfdo  sido  as  chancelarias  reformadas  depois  de  1459,  pode  atribuir-se 
a  omissão  daquele  título  nos  novos  registos  a  erro  do  copista.  Porém,  no  único  livro  ori- 
ginal das  mesmas  chancelarias,  que  ainda  se  conserva,  e  que  é  hoje  designado  pelo  n.°  5, 
existe,  registada  a  íl.  99,  uma  carta  de  23  de  Junho  de  1416,  em  que  o  rei  se  não  intitula 
senhor  de  Seuta. 

Nesta  também  faltará  o  título  por  omissão  ?  Não  parece  provável  havendo  na  carta, 
de  mais  a  mais,  referências  à  expedição,  referências,  que,  decerto,  avivariam  ao  escrivão  a 
lembrança  do  novo  título  que  el  Rei  adoptara. 

Mas  esta  carta  de  23  de  Junho  de  141 7,  em  que  não  vem  mencionado  o  título  de  senhor 
de  Seuta  é  posterior  à  de  8  de  Fevereiro,  em  que  já  encontrei  aquele  título  ?  É  verdade; 
mas  este  facto  parece-me  servir  para  provar,  que  o  título  de  senhor  de  Seuta  se  foi  adoptando 
a  pouco  e  pouco,  sem  ter  havido  lei  especial,  que  mandasse  alterar  o  ditado  até  então  usado 
pelo  rei  nos  seus  diplomas. 

(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.°,  fl.  174. 

(2)  Carta  de  29  de  Agosto  de  1369  de  doação  a  Rui  Castelo,  comendador  mor  de  Alcân- 
tara, de  todos  os  bens  de  Vasco  Martins  de  Monsanto,  porque  foi  culpado  na  morte  de  Ál- 
varo Vasques  de  Castelo  Branco.    {Chancelaria  de  D.  Fernando^  liv.  i.»,  fl.  43  v.). 

(3)  Carta  de  8  de  Agosto  de  1384.    {Chancelaria  de  D.  João  7,  liv.  i.»,  fl.  5o). 

(4)  Cartas  de  21  de  Agosto  e  3  de  Setembro  de  i385.  {Ibidem,  liv,  i.°,  fl.  114  v.  e  liv.  2.% 
fl.  26. 


Castelos  Brancos  2 1 9 


Da  origem  e  solar  da  família  de  Castelo  Branco,  ou  Gastei  Branco,  como 
antigamente  se  escrevia,  consta-me  o  seguinte. 

Nos  fins  do  xni  século,  ou  princípios  do  xiv,  fundou  Martim  Esteves, 
burguês  de  Castelo  Branco,  um  grande  morgado,-  a  que  anexou  muitos  bens 
obrigando-os  à  manutenção  de  uma  capela  e  hospital  naquela  vila.  Nomeou 
ele  para  primeiro  administrador  deste  vínculo  a  Vasco  Anes,  não  sei  se  seu 
parente.  A  Vasco  Anes  sucedeu  na  administração  seu  filho  Rui  Vasques,  e, 
a  este  seu  filho  Rui  Vasques  de  Castelo  Branco,  a  quem  o  morgado  foi  con- 
firmado por  carta  de  2  de  Abril  de  1 393(1). 

Vê-se  pois,  que,  por  este  morgado  ser  situado  na  actual  cidade  de  Cas- 
telo Branco,  é  que  seus  administradores,  tomaram  para  apelido  o  nome 
daquela  povoação,  e  não  por  terem  sido  senhores  de  couto,  honra,  ou  quinta 
denominada  de  Castelo  Branco  (2). 

Não  sei  a  quem  este  morgado  passasse  por  morte  do  mencionado  Rui 
Vasques  de  Castelo  Branco,  porém  consta-me  que  na  casa  Belas  não  há 
memória  da  sua  existência  (3). 

Nuno  Vasques  de  Castelo  Branco,  aquele  que  foi  a  Seuta  e  que  era  filho 
primogénito  de  Gonçalo  Vasques  de  Castelo  Branco,  irmão  de  Rui  Vasques, 
instituiu  em  3i  de  Outubro  de  1442,  juntamente  com  sua  mulher  Joana  Zu- 


(1)  É  desta  carta  de  confirmação,  que  está  registada  a  fl.  24  v.  do  liv.  3.°  da  Chancelaria 
de  D.  João  /,  que  consta  todo  o  referido.  Nela  se  lê:  «...  que  martim  stevez  morador  en 
outro  tepo  em  castell  branco  fez  hum  morgado  e  sobcesson  ao  qual  anexou  e  aplicou  mujtos 
bees  que  auja  e  mandou  manter  hua  capella  e  huu  spital  pollos  fructos  delles  o  qual  moor^ 
gado  leixara  a  vasco  anes  auoo  do  dito  Ruy  vaasquez  com  tal  condiçom  que  elle  dito  vasco 
anes  ouvese  o  dito  moorgado  e  bees  a  elle  anexos  em  dias  de  sua  vida  e  aa  sua  morte  que 
ficasse  a  huu  seu  filho  qual  elle  scolhese  que  pêra  esto  fosse  ydoneo  e  assy  a  outro  filho 
que  nom  fosse  sandeu  nem  desmomoreado  e  que  aquelle  que  assy  ouuesse  o  dito  moor- 
gado nom  pudesse  vender  os  bees  delle  nem  scambar  nem  emálhear.  E  per  a  rrenda  delles 
manteuesse  a  dita  capella  no  dito  lugar  de  castel  branco  e  o  dito  spital  con  certos  leitos. 
E  mandou  outrossy  que  nenhuu  bispo  nen  arcebispo  nom  tomasse  coto  nem  recado  dos 
ditos  bees  e  das  rendas  delles  ao  dito  vasco  anes  se  nom  tam  soomente  fique  todo  em  seu 
alujdro  e  desposiçam.. .».  Vasco  Anes  nomeou  o  morgado  em  seu  filho  Rui  Vasques,  e 
este  em  seu  filho  Rui  Vasques  de  Castelo  Branco. 

(2)  Nas  inquirições  encontra-se,  apenas  uma  vez,  referência  a  povoação  com  o  nome  de 
Castelo  Branco,  e  esta  é  a  actual  cidade. 

« Item  dizem  as  testemunhas  que  o  Rosmariar  e  saluaterra  e  Segura  e  Proença  e  hidanha 
A  velha  e  hidanha  a  nova  e  Castel  brãco  que  todo  he  da  orden  do  tenprre  e  todo  trage  per 
onrra  mais  nó  saben  per  que  razão  -\-  estem  comme  estão  ».  Inquirições  de  D.  Denis,  liv.  9.% 
fl.  33. 

(3)  Assim  mo  escreve  o  actual  marquês. 


220  Brasões 

zarte,  o  novo  morgado  de  Castelo  Branco.  A  este  morgado  vinculou  os 
seguintes  bens:  em  primeiro  lugar  como  cabeça  dele  a  quinta  e  assentamento 
de  Gastei  Branco  o  Novo  na  freguesia  de  Santa  Iria  termo  de  Lisboa,  os 
bens  do  Marmelar  termo  de  Torres  Vedras,  o  casal  do  Almarjem  em  Sintra, 
o  casal  da  Louriceira  na  serra  da  Arrábida,  e  o  casal  da  Torre  na  Cabeça 
de  Montachique  e  Casaínhas.  Chamou  em  primeiro  lugar  para  a  sua  admi- 
nistração  a  seu  irmão  Lopo  Vasques  de  Castelo  Branco  e  à  sua  descendência, 
e,  na  falta  deste  então  à  de  seu  outro  irmão  Paio  Rodrigues.  Impõe  o  uso 
do  apelido  e  armas  de  Castelo  Branco  sem  mistura  «  porquanto  este  morgado 
que  assim  ordenaram  é  começo  da  honra  da  dita  linhagem  dos  de  Castello 
Branco  »  (i). 

Foi  feito  este  instrumento  na  data  referida  e  no  lugar  de  Castelo  Branco 
o  Novo,  onde  existia  então  um  castelo,  de  que  hoje  se  vêem  as  ruínas,  e 
sobre  cuja  porta  vi,  há  anos,  o  escudo  com  o  leão  dos  Castelos  Brancos, 
que,  posteriormente,  foi  arrancado. 

De  Lopo  Vaz  de  Castelo  Branco,  i."  senhor  deste  morgado  e  alcaide 
mor  de  Moura,  procederam  os  demais  alcaides  mores  daquela  vila.  Destes 
o  último  foi  Lopo  Vaz  de  Castelo  Branco,  o  Torrão,  que  em  1478  se  levantou 
com  a  sua  vila  de  Moura  pelo  rei  de  Castela,  e  se  intitulou  conde  de  Moura; 
porém  pouco  depois  melhor  aconselhado  tornou  outra  vez  a  alçar  o  pendão 
de  Portugal.  D.  Afonso  V  queria  recompensá-lo,  mas  o  príncipe  D.  João, 
que  a  isto  se  opunha,  mandou-o  matar,  para  que  ele  não  tornasse  a  cometer 
traição.  A  Nuno  Vasques  de  Castelo  Branco  filho  primogénito  do  alcaide 
mor  foi-lhe  tirado  o  morgado  de  Castelo  Branco  por  seu  tio  D.  Pedro. 

De  Nuno  Vaz  procedeu  um  ramo  desta  família  senhores  do  morgado  da 
Roliça  perto  de  Óbidos,  que  passou  aos  Henriques. 

De  Lopo  Vaz  de  Castelo  Branco,  o  Torrão,  foi  irmão  D.  Pedro  de  Cas- 
telo Branco,  o  que  tirou  por  sentença  o  morgado  de  Castelo  Branco  ao  seu 
referido  sobrinho.  Foi  D.  Pedro  progenitor  dos  demais  senhores  de  Castelo 
Branco,  que  por  casamentos  houveram  os  morgados  de  Pombeiro  e  de  Belas, 
e  que,  em  25  de  Setembro  de  1649,  receberam  o  título  de  visconde  de  Cas- 
telo Branco  junto  a  Sacavém,  em  6  de  Abril  de  1662  o  de  conde  de  Pom- 
beiro, e,  em  17  de  Dezembro  de  1 801,  o  de  marquês  de  Belas.  Subsistem 
com  a  varonia  de  Vasconcelos,  e  deles  são  ramo  os  condes  da  Figueira. 

De  Gonçalo  Vaz  de  Castelo  Branco  filho  segundo  do  primeiro  Castelo 
Branco  alcaide  mor  de  Moura,  procederam  os  senhores  e  condes  de  Vila 
Nova  de  Portimão  cuja  casa  passou  aos  Silveiras  condes  de  Sortelha,  e 
depois  aos  Lencastres  condes  de  Vila  Nova  e  marqueses  de  Abrantes.    Pro- 


(i)  Cartório  do  hospital  de  S.  José,  Capellas  do  Carmo,  liv.  166.°,  fls,  257  e  seguintes. 


Castelos  Brancos  221 

cederam  igualmente  dos  condes  de  Vila  Nova,  os  condes  de  Sabugal  depois 
Mascarenhas,  os  condes  de  Redondo  depois  Sousas,  e  os  morgados  de  Vila 
Pouca,  cuja  varonia  também  se  extinguiu. 

Antes  de  passar  adiante  referirei  o  privilégio,  que  tinham  os  senhores  de 
casa  de  Vila  Nova  de  Portimão,  de  manterem,  exclusivamente,  o  alcouce 
daquela  vila,  e  de  gozarem  dos  seus  rendimentos.  Foi  feita  esta  mercê  ao 
i.°  conde  por  carta  dada  em  Almeirim  em  6  de  Maio  de  i5i6,  por  quanto 
« na  dita  villa  he  necesarya  huua  mancebia »  !  e  lhe  foi  confirmada  por 
alvará  de  24  de  Julho  de  1622  (i). 

De  D.  Afonso  Rodrigues  de  Castelo  Branco,  outro  filho  do  primeiro  Lopo 
Vasques  de  Castelo  Branco  procederam  os  destes  apelidos  em  Portalegre. 


Tem  havido  muitas  famílias  de  Castelo  Branco,  umas,  como  foram  os 
modernos  senhores  do  Guardão,  que  talvez  se  possam  entroncar  nos  verda- 
deiros, outras  que  procedem  destes  por  fêmea,  outras  enfim,  completamente 
destroncadas. 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  47.',  fl.  11 3. 


APÊNDICE 


CATALOGO  CRONOLÓGICO 
DE  TODOS  OS  títulos  HAVIDOS  EM  PORTUGAL 


i.o  PARTE 


ATE   À   OCUPAÇÃO   DOS   FELIPES 

Venho  cumprir  com  a  minha  promessa  da  nota  primeira  a  pág.  296,  do 
livro  segundo.  Não  adivinhava  então  a  tarefa  em  que  me  metia;  mas,  o  pro- 
metido é  devido. 

Este  catálogo  não  tem  presunções  a  ser  biográfico;  é  cronológico  apenas. 
Compreende  ainda  assim,  me  parece,  todos  os  indivíduos  que  legalmente 
possuíram  títulos  em  Portugal  no  período  indicado.  Além  dos  mencionados 
não  existiu  mais  nenhum,  julgo,  desde  a  criação  do  condado  de  Barcelos, 
em  8  de  Maio  de  1298,  ate'  à  posse  definitiva  do  reino  por  Felipe  II  em  Se- 
tembro de  i58o;  três  séculos.  Além  disto,  creio  também,  que  ministrará  o 
catálogo  muitas  notícias,  e  sobretudo  muitas  datas,  bem  convenientes  e 
necessárias  para  quem  quizer,  ou  tiver  de  estudar  as  vidas  dos  titulares  do 
reino,  que  naqueles  remotos  tempos  eram  não  só  homens  de  esfera  superior, 
mas  dos  quais  muitos  exerceram  influência  activa  na  governação  do  reino. 
Serão  aqueles  dados  o  único  merecimento  do  meu  trabalho. 

Para  os  alcançar  recorri  sempre  aos  monumentos  e  documentos  que 
directamente  busquei,  aproveitando,  só  na  impossibilidade  de  investigação 
directa,  as  indagações  alheias.  Cito-as  sempre,  quando  as  adopto;  e  indi- 
co-as  raramente  nas  muitas  vezes  que  as  corrijo.  Não  gosto  de  fazer  alardo 
do  meu  estudo;  e  nada  me  regosijo  em  deprimir  no  alheio. 

O  estudioso  encontrará  neste  catálogo  muitas  datas  pouco  precisas;  a 
culpa  é  da  ausência  de  documentos  por  mim  encontrados,  que  as  restrinjam 
mais.  Quiz  antes  deixar  determinados,  em  alguns  casos,  prazos  dilatados 
dentro  dos  quais  sucedeu  o  facto  a  que  me  refiro,  do  que  sobre  conjecturas 
encurtar  esses  prazos,  e  arriscar-me  a  que  a  existência  de  algum  documento, 
de  mim  ignorado,  venha  mostrar  que  errei.  Não  pretendo  apresentar  obra 
sem  erros;  isso  seria  estultícia;  mas  espero  que  eles  sejam  apenas  dos  ine- 
vitáveis em  todo  o  labor  humano.  O  que  desejo,  e  para  o  alcançar  procedi 
com  rigoroso  escrúpulo,  é  que  não  haja  correcções  importantes  que  fazer; 
voL.  ai  29 


226  Brasões 

muito  acrescentamento,  muito  mais  precisão  nas  datas,  é  evidente  que  docu- 
mentos de  mim  desconhecidos  hão  de  trazer;  mas  espero  que  mais  nada,  e 
para  melhor  ser  entendido  exemplificarei. 

Lá  adiante,  querendo  marcar  o  tempo  da  morte  do  2°  conde  de  Penela, 
digo  que  ela  havia  de  ter  sucedido  entre  o  dia  16  de  Dezembro  de  iSSg,  em 
que  ao  conde  na  qualidade  de  vedor  da  fazenda  foi  ordenado  que  efectuasse 
certo  pagamento,  e  o  dia  20  de  Abril  de  i543,  data  de  uma  carta  de  seu 
filho  a  el  Rei,  na  qual  êle  se  refere  à  morte  do  pai  já  sucedida.  Este  largo 
prazo,  é  evidente,  pode  ser  encurtado  pelo  aparecimento  de  algum  docu- 
mento; mas,  o  que  se  não  encontrará,  é  prova  que  assinale  a  morte  do 
conde  antes  ou  depois  das  referidas  datas.  Ainda  a  propósito  deste  caso: 
eu  poderia  restringir  o  período  dentro  do  qual  o  ponho,  visto  encontrar  refe- 
rência a  um  documento  que  dá  o  conde  vivo  em  1642(1);  mas  este  docu- 
mento, como  o  acho,  não  é  original,  é  cópia  de  cópia;  não  posso  portanto 
pôr  nele  grande  confiança,  e  prefiro  desprezá-lo  a  arriscar-me  a  errar,  ainda 
que  por  conta  alheia. 

Nos  volumes  seguintes  espero  ir  continuando,  já  que  o  comecei,  com 
este  catálogo,  dividindo-o  em  períodos  restritos  para  me  poupar  trabalho  de 
investigação.  No  livro  terceiro  irão  os  titulares  do  tempo  dos  Felipes;  no 
quarto  os  do  resto  do  xvii  século,  e  assim  sucessivamente.  Por  este  motivo 
encontrará  o  leitor  nos  últimos  artigos  desta  primeira  parte,  referências  a 
títulos  que  nela  não  vêm,  mas  que  deverão  aparecer  na  segunda.  Assim 
por  exemplo  no  5.°  conde  de  Alcoutim  mando  ver  os  artigos  do  6.°  marquês 
de  Vila  Real  e  do  1.°  duque  de  Caminha,  os  quais,  pela  ordem  cronológica 
que  continuarei  seguindo,  entrarão  nos  anos  de  ibgo  e  1620,  já  muito  depois 
do  período  que  estudei. 

Também  me  esforcei  por  averiguar  quais  as  mulheres  dos  diferentes 
titulares,  que  gozaram  dos  títulos  de  seus  maridos.  E  tanto  maior  cuidado 
pus  nisto,  quanto  é  certo  que  sobre  o  caso  enxameiam  os  erros. 


O  primeiro  título  que  houve  em  Portugal  foi  o  de  Conde. 

Teria  aqui  bom  cabimento  uma  erudita  dissertação  sobre  a  origem,  pri- 
vilégios, honras,  imunidades,  regalias,  dos  condes  antigos,  em  Portugal  e  lá 
fora,  donde  vieram  para  cá;  mas  nem  eu  a  saberia  fazer,  nem  é  esse  o  meu 
propósito,  e  até,  com  franqueza,  não  estou  para  te  massar,  amigo  leitor. 


(1)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  II,  fl.  447  v.,  extractos  de  um  papel  que  êle  en- 
controu no  cartório  da  casa  de  Penela,  e  no  qual  o  conde  fez  um  rol  da  fazenda  que  dei- 
xava para  pagamento  de  suas  dívidas. 


Apêndice  227 

Aqueles  condes  antigos  eram  temporários,  governadores  de  províncias, 
ou  senhores  de  grandes  estados,  como  dizem;  não  foram  pois  muita  vez  vita- 
lícios, e  hereditários  nunca.  Reíiro-me,  note-se,  exclusivamente  aos  portu- 
gueses depois  de  constituído  o  condado  de  Portugal.  Deles  se  encontra 
muita  relação  na  Monarchia  lusitana  nas  partas  compostas  pelos  dois  Bran- 
dões, que  ainda  hoje  são  os  melhores  autores  que  discorreram  sobre  esta 
matéria. 

O  primeiro  conde  vitalício  com  determinado  condado,  de  que  se  encontra 
memória  autêntica,  é  o  conde  de  Barcelos  D.  João  Afonso.  D.  Denis  fê-lo 
conde  em  Santarém,  e  depois  disso,  e  por  essa  razão,  lhe  doou  a  vila  de 
Barcelos,  e  seu  termo,  por  carta  de  8  de  Março  da  era  de  i336  (1298  A.  D.), 
a  qual  vai  integralmente  transcrita  na  nota(i).  Das  próprias  palavras  do 
documento  ficamos  sabendo,  que  à  feitura  de  um  conde  precedia  uma  ceri- 
mónia de  investidura:  «que  eu  per  serviço  que  me  D.  João  Afonso  fez,  e 
por  que  o  fi\  conde,  dou-lhe  a  minha  villa  de  Barcellos  etc».  ignoramos  no 
que  a  cerimónia  consistiu:  sabemos  contudo  que  se  realizou. 

Durante  o  reinado  do  mesmo  rei  por  duas  vezes  repetiu  ele  a  concessão 
do  condado  de  Barcelos,  único  então  existente,  e  de  ambas  elas,  como  se  vê 
das  respectivas  cartas  de  condado,  a  mercê  precedeu  a  investidura  no  título. 
No  reinado  de  D.  Afonso  IV  não  se  criou  nenhum  conde,  existindo  apenas 
durante  grande  parte  dele  (i325-i3Õ4)  o  conde  de  Barcelos  D.  Pedro,  meio 
irmão  do  rei. 

Subindo  o  infante  D.  Pedro  ao  trono  a  28  de  Maio  de  i357,  logo  no 
Outubro  seguinte  criou  conde  a  D.  João  Afonso,  seu  vassalo  e  alferes  mor; 
e,  «por  que  o  fizera  conde»,  lhe  doou  a  vila  de  Barcelos  por  carta  de  10  do 
referido  mês.  Fez  el  Rei  por  esta  ocasião  uma  festa  rija  à  sua  moda,  isto 
é,  popular;  mas  a  narração  do  cronista  pouco,  ou  nada,  nos  adianta,  e 
ficamos  ainda  ignorando  no  que  especialmente  consistia  a  cerimónia  da  inves- 
tidura do  condado.  Juntamente  com  o  título  recebeu  D.  João  Afonso  o  grau 
de  cavaleiro,  e  para  o  alcançar  velou  as  armas  em  Lisboa  no  mosteiro  de 
S.   Domingos,  havendo  nessa  noite,  desde  aqui  até  ao  paço  da  Alcáçova, 


(i)  Carta  per  que  ElRey  deu  ao  Conde  Joham  A.°  A  vila  de  barçelos.  Dom  denjspela 
graça  de  deus  Rey  de  Portugal  e  do  Algarue.  A  quantos  esta  carta  virem,  faço  saber  que 
eu  por  seruiço  que  me  dom  Joham  A.°  fez,  E  por  que  o  fiz  Conde,  doulhe  a  minha  vila  de 
barçelos  com  seu  termho,  que  el  que  a  aia  en  todolos  dias  de  sa  vjda  bem  e  compridamente 
com  todolos  meus  dereitos  que  eu  hj  ey  e  de  dereito  deuo  auer  e  mando  aos  moradores 
dessa  vila  que  o  tenham  no  logar  que  terriam  o  meu  corpo,  E  por  esta  cousa  seer  mais 
certa  e  nom  vijr  pois  en  douida,  dey  ende  ao  dito  dom  Joham  A.»  esta  minha  carta,  aberta 
e  seelada  do  meu  seelo  pendente.  Dada  em  Santarém,  oyto  dias  de  Mayo,  ElRey  o  mandou. 
A.°  raiz  a  fez.  E.M.CCG.xxxvj.  anos  {Chancelaria  de  D.  Dini^,  liv.  3.»,  fl.  3). 


228  Brasões 

cinco  mil  homens  postados  com  tochas  acesas  formando  alas  pelas  ruas. 
Por  entre  eles  andou  el  Rei,  com  seus  fidalgos  e  cortezaos,  bailando  e 
folgando  grande  parte  da  noite.  Ao  outro  dia  no  Rossio  havia  montes  de 
pão  e  lagos  de  vinho  dentro  em  grandes  tendas  para  o  efeito  armadas,  e 
fora  delas  pela  praça  assavam-se  vacas  inteiras  ao  espeto.  Toda  Lisboa 
tomou  uma  barrigada.  Nesta  festança  porém  foram  outros,  além  de  D.  João 
Afonso,  armados  cavaleiros,  e  por  isso  parece  ter  sido  ela  organizada  mais 
para  este  acto,  do  que  para  a  investidura  do  condado  (i). 

No  reinado  de  D.  Fernando  começaram  a  multiplicar-se  os  condados,  e 
os  condes.  Nos  três  reinados  precedentes  o  conde  era  sempre  um  só,  e  o 
condado  exclusivamente  o  de  Barcelos.  Agora,  além  deste,  criaram-se  de 
novo  os  de  Ourém,  Arraiolos,  Viana,  Neiva,  e  Seia;  e,  quando  el  Rei 
morreu,  existiam  na  corte  com  o  título  de  conde  as  seguintes  seis  pessoas: 
D.  Álvaro  Pires  de  Castro  conde  de  Arraiolos,  D.  João  Afonso  Telo  conde 
de  Viana,  D.  Gonçalo  Teles  conde  de  Neiva,  D.  Henrique  Manuel  de  Vilhena 
conde  de  Seia,  o  almirante  D.  João  Afonso  Telo  conde  de  Barcelos,  e 
D.  João  Fernandes  de  Andeiro  conde  de  Ourém. 

Alguns  destes  condes,  os  de  Arraiolos,  Neiva  e  Seia,  enfileiraram-se  de 
princípio  no  bando  do  mestre  de  Avis;  mas  o  seu  apego  a  este  partido  era 
pouco  seguro.  O  Arraiolos  não  teve  tempo  de  desertar,  porque  morreu  em 
1884  fechado  no  cerco  de  Lisboa;  o  Seia  em  i386  já  tinha  passado  para 
Castela;  o  Neiva  porém  prestou  alguns  bons  e  valiosos  serviços  a  D.  João  I, 
mas  ainda  assim  com  intermitências,  pois  que  el  Rei  o  teve  preso  os  anos 
de  i385,  86  e  parte  de  87,  e  depois  em  iSgi  por  novo  desserviço  lhe  con- 
fiscou as  terras. 

D.  João  I  logo  nos  princípios  do  seu  reinado  deu  os  condados  de  Ourém, 
Barcelos  e  Arraiolos  ao  seu  grande  condestável.  Conta-se  que  este  aceitara 
os  títulos  com  a  condição  de  em  sua  vida  não  criar  el  Rei  outros  condes. 
Não  pode  ser  exacto,  porque  a  7  de  Julho  de  1887,  cinco  meses  antes  de 
dar  o  último  condado  a  D.  Nuno  Alvares  Pereira,  confirmou  el  Rei  o  con- 
dado de  Neiva  a  D.  Gonçalo  Teles  (2);  em  3i  de  Outubro  de  iSgi  deu  este 
mesmo  condado  a  seu  filho  bastardo  D.  Afonso,  que  só  dez  anos  depois  foi 
genro  do  condestável;  e  em  princípios  de  1424  já  fizera  conde  de  Vila  Real 
a  D.  Pedro  de  Meneses.  Não  menciono  os  condados  de  Barcelos,  Ourém 
e  Arraiolos,  que  ainda  em  vida  do  condestável  passaram  a  outros  posstrt- 


(i)  Fernão  Lopes,  Chronica  d'el-rei  D.  Pedro,  pág.  36. 

(2)  Não  faço  aqui  citações,  porque  os  documentos,  que  indico,  irão  todos  citados  nos 
artigos  dos  diferentes  titulares  a  que  se  referem. 


Apêndice  22^ 

dores,  porque  foram  por  eles  doados  a  seu  genro  e  netos,  e  apenas  confir- 
mados por  el  Rei. 

Foi  também  D.  João  I  quem,  imitando  o  costume  inglês,  introduziu  em 
Portugal  o  titulo  de  duque,  criaado-o  em  141 5  nas  pessoas  de  seus  filhos  o 
infante  D.  Pedro,  que  "fez  duque  de  Coimbra,  e  o  infante  D.  Henrique,  a 
quem  nomeou  duque  de  Viseu. 

No  curto  reinado  de  D.  Duarte  apenas  se  encontram  os  títulos  de  conde 
de  Viana  dado  ao  conde  de  Vila  Real,  e  o  de  conde  de  Vila  Real  cedido 
pelo  novo  conde  de  Viana  a  seu  genro. 

Seguiu-se  D.  Afonso  V  em  cujo  reinado  se  prodigalizaram  os  títulos. 
Fez  êle  sete  duques,  criando  de  novo  os  ducados  de  Bragança,  Beja,  e  Gui- 
marães; e  trinta  e  nove  condes- para  os  quais  instituiu  dezanove  condados 
Hovos,  a  saber:  Marialva,  Odemira,  Atouguia,  Monsanto,  Guimarães,  Valença, 
Atalaia,  Faro,  Penela,  Loulé,  Santa  Comba,  Arganil,  Penamacor,  Aveiro, 
Abrantes,  Caminha,  Olivença,  Cantanhede,  e  Feira.  A  estes  ainda  acresce 
o  reconhecimento  do  condado  de  Avranches  dado  a  um  português  pelo  rei 
de  Inglaterra  na  Normandia. 

Aos  dois  títulos  de  duque  e  de  conde,  que  já  existiam,  acrescentou 
D.  Afonso  V,  em  1451  o  de  marquês,  em  1475  o  de  barão,  e  no  ano  se- 
guinte o  de  visconde  (i).     Marqueses  fez  quatro:  o  de  Valença,  dois  de  Vila 


(i)  Como  já  fiz  para  os  títulos  de  visconde  e  de  conde,  transcreverei  aqui  na  íntegra  as 
cartas  do  primeiro  marquês,  e  do  primeiro  barão: 

Dom  Affomso  etc.  A  quantos  esta  carta  virem  fazemos  saber  que  nos  vendo  e  consi- 
rando  os  muytos  e  grandes  serviços  que  nos  e  nossos  regnos  avemos  Recebidos  do  conde 
dourem  meu  muyto  prezado  e  amado  prymo  e  os  que  aodiante  delle  esperamos  que  nos 
faça  e  querendo  lhe  fazer  graça  e  mercee  do  nosso  Moto  propio  livre  vontade  poder  absso- 
luto  o  fazemos  Marques  da  Nossa  Villa  de  Vallença  e  lhe  damos  em  sua  vida  delle  dito 
conde  a  dita  villa  de  Vallença  com  todos  seus  termos  lemytes  Rendas  e  dereitos  foros  tra- 
butos  e  padroados  de  igreijas  delia  que  a  nos  e  aos  Reis  que  ante  nós  forom  na  dita  villa  e 
termo  pertenceram  e  pertencer  podem  e  com  toda  sua  jurdição  civell  e  crime  mero  misto 
ynperio  Resalvando  pêra  nos  a  curreiçõ  e  alçadas  e  que  elle  posa  tirar  e  poer  todollos  ofi- 
ciaaes  d'a  dita  villa  e  Termo  asy  os  que  pertencem  aa  Justiça  como  os  que  pertencem  aas 
Rendas  e  dereitos  que  elle  ouuer  e  lhe  pertencem  aver  em  a  dita  villa  e  termo  e  se  pêra 
eUe  Recadarem,  outro  sy  queremos  e  outorgamos  que  o  dito  conde  posa  poer  na  dita  villa 
taballiaes  asy  de  pubryco  como  judiçiaaes  quando  quer  que  se  vagarem  ou  os  posa  de  novo 
poer  ou  remouer  quando  quer  que  lhe  bem  parecer  os  quaes  taballiaes  queremos  que  se 
chamem  seus  e  em  seus  nomes  faço  todallas  scripturas  que  a  seus  ofícios  pertencerem  nó 
Embargando  a  hordenação  e  queremos  que  o  dito  conde  se  posa  chamar  Marques  da  dita 
villa  de  Vallença  e  per  esta  nosa  carta  lhe  damos  lecença  e  lugar  que  elle  posa  per  sy  ou 
per  outrem  tomar  a  posse  autoall  corporall  natural  civell  e  quasi  posse  da  dita  villa  e  seu 
termo  e  da  jurdiçõ  e  Senorio  delia  e  mandamos  a  todollos  cavalleiros  fidalgos  Regedores 
oficiaaes  e  Menistradores  da  dita  Villa  e  aos  scudeiros  e  povos  delia  que  recebam  na  dita 


23o  Brasões 

Viçosa,  e  o. de  Montemor;  barões  um  só,  o  i.°  de  Alvito;  viscondes  também 
um  só,  D  i."  de  Vila  Nova  da  Cerveira. 


villa  e  seu  termo  o  dito  conde  por  seu  senhor  em  dias  de  sua  vida  e  lhe  façam  feu  e  o  re- 
cebam por  seu  senhor  e  Marques  da  dita  villa  sem  outra  contradiçÕ  alghuã  por  quanto  asy 
he  nosa  mercê  nom  embargante  os  dereytos  canonycos  civys  hordenaçõ  do  Regno  façanhas 
grosas  openiõoes  de  doutores  que  em  contrairo  desto  fallarem  e  que  embarguem  esta  doaçõ 
a  nom  valler  ou  menos  valler  cá  nossa  mercê  he  de  seer  firme  e  valledoira  em  vida  do  dito 
conde  como  suso  dito  he  asy  em  noso  tempo  como  de  nossos  soçesores  que  depôs  nos 
vierem  aos  quaes  Rogamos  e  encomendamos  que  a  conpram  e  guardem  como  nella  he  con- 
teúdo e  nom  vaaõ  contra  ella  em  nenhuã  maneira  que  seja  e  mandamos  ao  nosso  contador 
da  dita  comarca  e  ao  nosso  almoxarife  de  ponte  de  lima  e  ao  scpriuam  do  dito  oficio  e  aos 
que  depôs  elles  vierem  por  nossos  contadores  almoxarifes  scripuaes  que  leixem  ao  dito 
conde  aver  e  pêra  sy  recadar  todallas  ditas  Rendas  e  dereitos  foros  e  trabutos  da  dita  villa 
e  termo  que  nos  em  ella  avemos  e  nos  de  dereito  perteencem  por  quanto  em  sua  vida  lhe 
fazemos  de  todo  mercê  como  dito  he  resalvando  pêra  nos  as  sisas  jeeraaes  panos  vinhos 
dízimos  novos  do  pescado  e  das  cousas  que  per  mar  vêem  a  nossos  Regnos  de  fora  delles  e 
em  testemunho  dello  lhe  mandamos  dar  esta  nosa  carta  asynada  per  nos  e  seellada  do  nosso 
seello  do  chumbo  per  a  qual  mandamos  ao  dito  contador  almoxarife  escripuam  que  a  faç5 
registar  no  livro  do  dito  almoxarifado  por  se  saber  de  como  esto  teemos  outorgado  ao  dito 
conde  e  elle  tenha  a  pêra  sua  guarda,  dada  em  Lixboa  xj  dias  doutubro.  Martim  Gill  a  fez 
anno  do  nacimento  de  Noso  Senhor  Jesus  xpo  de  mill  iiijc  e  cinquenta  hum.  {Chancelaria 
de  D.  Afonso  F,  liv.  ii.°,  fl.  140  v.). 

Dom  Afomso  etc.  fazemos  saber  que  comsiramdo  nos  como  o  doutor  Joham  fernamdez 
da  Silveira  do  nosso  comselho  e  escpriuam  que  ora  he  da  puridade  chamceler  moor  e 
veeador'  da  fazemda  do  príncipe  meu  sobre  todos  mujto  amado  e  preçado  filho  ao  quall  o 
nos  com  os  ditos  cargos  demos  por  o  conhecermos  por  tall  quaees  queriamos  que  fossem 
os  que  seus  oficios  ouuessem  de  teer  e  açerqua  delle  ouuessem  dandar.  Nos  teer  feitos 
mujtos  e  estremados  servjços  assy  em  continos  eixerçiçios  daamanjstraçam  Regimento  da 
justiça  da  nossa  casa  da  sopricaçam  de  que  per  mujtos  tempos  por  nos  foy  rrejedor  em  o 
quall  carrego  nos  sempre  serujo  bem  e  saãmente  que  numca  contra  elle  achamos  cousa  per 
que  delle  deuessemos  teer  alguu  queixume  nem  pessoa  alguuã  se  a  nos  delle  com  rrezam 
agrauou.  Gomo  em  mujtas  enbaixadas  em  que  o,  mandamos  per  desuairadas  partes  do 
mundo  aos  padres  samtos  Rex  princepes  e  senhores  das  quaees  e  de  todo  o  que  lhe  per  ellas 
cometemos  e  mandamos  nos  deu  senpre  muy  booa  comta  como  homem  de  mujta  descripçam 
e  que  tinha  voontade  e  sentido  de  nos  bem  e  lealmente  serujr  e  assy  meesmo  nos  serujo 
gramdemente  e  com  mujtos  homeens  e  despesa  em  a  tomada  da  nossa  cidade  de  tanger  e 
villa  darzilla.  E  queremdo  nos  por  os  ditos  servjços  e  outros  que  nos  teem  feitos  acrecentar 
sua  honrra  como  a  todo  virtuoso  princepe  perteence  fazer  a  aquelles  que  o  bem  seruem. 
Teemos  por  bem  e  nos  praz  que  todallas  terras  que  ora  elle  de  nos  traz  as  quaees  elle  ouue 
per  dote  e  casamento  de  dona  maria  de  sousa  sua  molher  a  que  a  eramça  delias  pertemcia, 
sejam  feitas  baronja,  daquy  em  diamte  pêra  sempre  em  vida  sua  delles  ambos  e  de  todos 
seus  erdeiros  descendentes  que  segundo  a  nossa  ley  mentall  ajam  derdar  as  ditas  terras.  E 
queremos  e  outorgamos  que  ele  se  intetulle  e  chame  baram  da  villa  dalujto  que  he  a  prim- 
cipall  villa  e  cabeça  das  ditas  suas  terras.  E  assy  mesmo  a  dita  sua  molher  acontecendo  do 
dito  baram  primeiro  fallecer  que  ella  se  chame  baronessa  da  ditta  villa,  depois  de  seu  falle- 


Apêndice  23 1 

Foram  pois  cinquenta  e  três  ao  todo  os  títulos  dados  por  D.  Afonso  V,  e 
recaíram,  por  isso  que  algumas  pessoas  gozaram  de  mais  de  um,  em  trinta 
€  seis  indivíduos. 

Nos  reinados  seguintes  continuaram  as  concessões  de  títulos,  com  menor 
prodigalidade  do  que  no  tempo  de  D.  Afonso  V,  mas  muito  mais  numerosas 
de  que  no  de  seus  predecessores. 

Pondo  de  parte  os  condes  de  Arganil,  e  os  títulos  anexos  ao  ducado  de 
Bragança  e  ao  marquesado  de  Vila  Real,  concederam  estes  títulos  os  reis 
seguintes:  D.  João  II  fez  um  duque,  um  marquês,  o  de  Vila  Real,  e  quatro 
condes,  dos  quais  os  novos  foram 'o  de  Borba  e  o  de  Guazava.  D.  Manuel 
fez  três  duques,  Bragança,  Coimbra  e  Beja;  dois  marqueses.  Vila  Real,  e 
Torres  Novas;  quinze  condes,  instituindo  de  novo  os  condados  de  Alcoutim, 
Portalegre,  Tarouca,  Valença,  Redondo,  Tentúgal,  Vila  Nova  de  Portimão, 
Vimioso  e  Vidigueira;  dois  viscondes;  e  um  barão.  D.  João  III  fez  seis 
duques,  Barcelos,  Guarda,  Bragança,  Aveiro  e  dois  de  Guimarães;  dois 
marqueses  de  Vila  Real  e  um  de  Ferreira;  quinze  condes,  sendo  os  criados 
de  novo  os  de  Linhares,  Prado,  Sortelha  e  Castanheira;  e  um  barão.  D.  Se- 
bastião fez  dois  duques  de  Barcelos,  um  de  Bragança  e  um  de  Aveiro;  um 
marquês  de  Torres  Novas  e  outro  de  Vila  Real;  sete  condes,  sendo  o  da 
Calheta  o  único  novo;  dois  viscondes;  e  um  barão.  No  reinado  do  cardial 
D.  Henrique  tomou  o  3.°  conde  do  Vimioso  o  seu  título  em  virtude  de  um 
alvará  do  precedente  rei;  foi  confirmado  o  título  ao  6."  conde  de  Odemira; 
e  dado  alvará  de  lembrança  para  haver  o  título,  com  o  qual  se  ficou  logo 
chamando,  ao  6.°  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira.  Também  o  mesmo 
rei  deu  o  assentamento  ao  5."  conde  de  Alcoutim,  o  que  no  caso  especial 
deste  correspondia  à  confirmação  do  título  que  nele  podia  ceder  o  marquês 
seu  pai  quando  quizesse;  mas  mandou-lhe  ter  a  mercê  em  segredo  durante 
um  ano,  e  por  isso  a  carta  só  foi  passada  pelos  governadores  do  reino. 


cimento  e  dy  em  djamte  todollos  ditos  seus  descendentes  que  pella  dita  gujsa  as  ditas  terras 
ouuerem  derdar.  Sem  mais  pêra  ello  nenhaú  delles  aver  de  rrequerer  outra  carta  nem  licemça 
nem  lhe  ser  feita  outra  cirimonja  nem  solepnjdade.  E  per  esta  damos  e  outorgamos  ao  dito 
baram  e  aos  ditos  seus  descendentes  que  assi  a  dita  baronja  herdar  que  ajam  todallas 
homrras  priuillegios  liberdades  e  priheminencias  que  a  baroões  de  baronja  p.erteemcem  e 
de  direito  deuem  de  perteencer  e  aveer  e  lhe  avemos  por  cortados  os  cabos  a  seus  stan- 
dartes  pêra  que  daquy  em  diamte  poderem  trazer  bandeiras  quadradas  e  que  feitas  todallas 
cerimonias  que  a  tall  auto  de  fazer  baram  se  rrequerem  e  de  costume  se  soõe  e  deuem  fazer 
e  por  certidam  e  lenbramça  de  todo  lhe  mandamos  dar  esta  nossa  carta  synada  per  nossa 
maão  e  seellada  do  nosso  seello  do  chumbo,  dada  em  portallegre  a  xxbij  dias  dabrill  xpouam 
de  bairros  a  fez  anno  de  Ixxb  annos.  E  esto  todo  outorgamos  e  fazemos  com  consenti- 
mento e  outorga  do  dito  meu  filho  a  que  dello  prouue.  ( Qiancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  3o.°, 
fl.  66). 


232  Brasões 

Estes  confirmaram  a  baronia  de  Alvito  ao  5."  barão  e  o  condado  da  Calheta 
ao  2."  conde. 

E  outros  títulos  não  houve  até  à  ocupação  dos  Felipes,  pois  que  errada- 
mente são  postas  anteriores  a  ela  a  criação  do  condado  de  Matosinhos  e  a 
terceira  renovação  do  de  Linhares. 


Não  houve  outros  títulos;  é  certo;  mas  houve  outros  condados.  Estes 
porém,  posto  que  doados  a  diferentes  pessoas,  não  lhes  davam  contudo  o 
título  de  condes. 

Citarei  alguns  exemplos:  por  carta  de  20  de  Dezembro  da  era  de  1410 
(1372)  fez  D.  Fernando  doação  em  préstamo,  e  em  vida,  da  renda  do  con- 
dado na  vila  de  Torres  Vedras  a  Guiomar  Fernandes  sua  cuvilheira(i).  Por 
carta  de  5  de  Fevereiro  da  era  de  1424  (i386)  fez  D.  João  I  mercê  do  con- 
dado da  pescaria  do  Douro  a  João  Gil  (2);  e  a  27  de  Outubro  da  era  de  1427 
(iSSg)  deu  ao  seu  eíscrivão  João  Gonçalves  as  rendas  e  direitos  do  condado 
de  Alverca  (3).  Existiu  também  o  condado  de  Massarelos,  que,  com  a  dízima 
de  Crestuma  e  das  outras  aldeias  de  redor  do  dito  lugar,  foi  doado  tempo- 
rariamente a  João  Rodrigues  de  Sá  por  carta  de  i5  de  Março  de  1469,  com 
a  condição  de  pagar  em  cada  ano  três  mil  reais  a  Branca  Denis  e  do  rendi- 
mento excedente  a  seis  mil  reais  ser  para  a  coroa  (4).  Aparece  em  leitura 
nova  outra  carta,  errada  talvez  na  data,  mas  ampliada,  pela  qual  el  Rei  doou, 
só  com  a  restrição  dos  três  mil  reais,  o  condado  de  Massarelos  e  S.  João 
da  Foz  ao  mesmo  João  Rodrigues  de  Sá,  neste  documento  declarado  alcaide 
mor  do  Porto  (5).  Aquele  fidalgo  foi  confirmada  a  precedente  doação  em  6 
de  Maio  de  i5oi  (6). 

Também  existiu  o  condado  de  Barcarena,  ou  Brequerena,  como  lhe 
chama  o  documento,  que  me  mostrou  o  meu  estudioso  amigo  Pedro  A.  de 
Azevedo.  Era  o  condado  no  lugar  que  chamavam  Valejos  a  par  de  Bra- 
gança da  parte  do  Mogo  (7),  e  nele  foi  João  Esteves,  vizinho  de  Lisboa  e 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.»,  fl.  no  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.»,  fl.  i52  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  2.°,  fl.  3y  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  28.°,  fl.  99. 

(5)  Alem  Douro,  liv.  2,°,  fl.  22.  Neste  a  carta  tem  a  data  de  29  de  Dezembro  de  1469, 
e  determina  que  o  agraciado  receba  as  rendas  do  primeiro  de  Janeiro  que  ora  passou  de 
1470. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  21.°,  fl.  17. 

(7)  Não  sei  se  no  caso  referido  a  palavra  Mogo  seria  nome  próprio  ou  serviria  apenas 
para  designar  algum  marco. 


Apêndice  233 

genro  de  D.  Afonso  Martins  Trigueiro,  autorizado  a  abrir  e  aproveitar  a 
lagoa,  no  condado  existente,  por  carta  de  12  de  Novembro  da  era  de  1370, 
ano  do  nascimento  de  i332(i). 

Serve  isto  em  parte  para  esclarecer  o  que  acima  disse  do  condado  de 
Barcelos  ser  em  tempos  romotos  o  único  existente.  Era  o  único  existente 
que  ao  seu  possuidor  dava  o  título  de  conde;  mas  outros  condados  havia, 
como  fica  provado  pelos  exemplos  apontados. 

Também  se  encontram  por  estes  tempos  alguns  portugueses  com  títulos 
estrangeiros,  além  do  conde  de  Avranches,  e  de  outros  que,  perdendo  a 
nacionalidade  portuguesa,  passaram  para  Castela,  onde  foram  agraciados 
com  títulos;  e  alguns  titulares  estrangeiros  mencionados  em  documentos 
portugueses.     De  ambos  os  casos  apresentarei  amostras. 

D.  Afonso  V  por  carta  de  29  de  Julho  de  1452  nomeou  presidente  da 
Casa  da  Suplicação  ao  dr.  Rui  Gomes  de  Alvarenga,  cavaleiro,  do  conselho 
de  el  Rei  e  conde  palatino  (2);  ao  mesmo,  declarando-o  doutor  em  leis, 
nomeia-o  el  Rei  chanceler  mor  por  carta  de  10  de  Agosto  de  1468(3).  Nos 
documentos  aparece  muita  vez  sem  o  nome,  e  apenas  intitulado  o  presidente 
conde  palatino.  Possuiu  bens  em  Santarém  e  Torres  Vedras,  donde  parece 
que  era  natural;  os  primeiros  foram-lhe  contados  por  duas  cartas  ambas  de 
8  de  Abril  de  1462  (4),  e  os  segundos  privilégios  por  outra  de  27  de  Abril 
de  1475  (5).  Rui  Gomes  de  Alvarenga  que  devia  ter  alcançado  o  título  de 
conde  palatino  nalguma  das  suas  embaixadas,  foi  sepultado  na  igreja  da 
Graça  de  Lisboa  (6),  e  deixou  filhos,  um  dos  quais  foi  Lopo  Soares  de  Alva- 
renga, governador  da  índia. 

O  dr.  Vasco  Fernandes  de  Lucena  numa  sentença  de  20  de  Abril  de 
1487  (7)  intitula-se  do  conselho  e  desembargo  de  el  Rei,  conde  palatino  e 
cronista  mor  do  reino  (8).     Conjectura  o  autor  citado,  que  o  título  teria  sido 

(i)  Livro  próprio  dos  Reis  e  Rainhas,  fl.  42  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.°,  fli.  85. 

(3)  Ibidem,  liv.  9.°,  fl.  146. 

(4)  Ibidem,  liv.  i.",  fl.  9  e  23  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  3o.°,  fl.  66. 

(6)  Frei  António  da  Purificação,  Chronica  da  ordem  dos  eremitas  de  S.  Agostinho ^ 
parte  2.*,  fl.  127,  onde  transcreve  o  epitáfio,  o  qual,  para  não  falhar  à  regra  geral,  tem  o  ano 
da  morte,  1415,  errado.  —  O  dr.  Rui  Gomes  de  Alvarenga  morreu  nas  proximidades  de  11 
de  Agosto  de  1475;  assim  o  declara  a  carta  daquela  data  de  mercê  a  D.  Álvaro  do  ofício  de 
chanceler  mor  do  reino,  que  «ora  vagou  por  morte  do  dr.  Rui  Gomes  de  Alvarenga»  {Extras, 
fl.  i5o  v.,  impresso  nas  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  pág.  475,  n."  2). 

(7)  J.  P.  Ribeiro,  Memorias  do  Real  Archivo,  pág.  59. 

(8)  Leitão  Ferreira,  Noticias  da  Universidade,  pág.  4o3 ;  Pereira  de  Figueiredo,  Portu- 
gueses nos  Concilios  Gerais,  pág.  56. 

[A  pág.  299  do  tomo  I  do  Elucidário,  de  Viterbo,  encontram-se  mais  notícias  a  respeito 
VOL.  ni  3o 


234  Brasões 

concedido  a  Vasco  Fernandes  pelo  papa  Inocêncio  VIII  em  1485,  quando  foi 
da  embaixada  de  obediência  de  D.  João  II  (1).  Também  foi  guarda  mor  da 
Torre  do  Tombo  e  livraria  de  el  Rei,  ofício  que  exerceu  nos  anos  de  1486 
a  1496,  recebendo  por  alvará  de  4  de  Julho  do  ano  seguinte  doze  mil  reais 
de  tença  em  compensação  do  lugar  de  cronista  mor,  e  sete  mil  reais  pelos 
emolumentos  de  guarda  mor  (2).  Ainda  vivia  a  dr.  Vasco  Fernandes  em 
1499(3).  Era  êle  natural  de  Castela,  donde  passara  para  Portugal  no 
reinado  de  D.  Duarte,  ao  que  parece,  trazendo  comsigo  seus  irmãos,  o 
dr.  mestre  Rodrigo,  físico  mor  que  foi  de  D.  João  II,  e  mestre  Afonso, 
que  suponho  ser  o  «dr.  de  Lucena»,  físico  da  infanta,  nomeado  por  Garcia  de 
Resende  (4). 

Doutro  conde  palatino  tenho  notícia.  Foi  êle  Pêro  Rodrigues  do  Amaral, 
a  quem  D.  Manuel  por  carta  de  3o  de  Agosto  de  i5o3  confirmou  outra  do 
imperador  Andreas  Paleologos,  déspota  dos  romanos,  pela  qual  íizera  fidalgos 
a  Pêro  Rodrigues,  seus  irmãos,  filhos  e  descendentes.  Na  carta  é  intitu- 
lado protonotário,  conde  palatino,  administrador  perpétuo  do  mosteiro  de 
S.  Pedro  das  Águias,  e  arcipreste  da  igreja  de  Santa  Maria  da  vila  de 
Almeida  (6). 

Ainda  me  consta  da  existência  por  estes  tempos  dum  quarto  conde  pala- 
tino (6),  pessoa  bem  modesta,  e  que  serve  para  mostrar  a  pequena  valia  do 


do  condado.  Gama  Barros  na  Historia  da  Administração,  III,  pág.  610,  escreve:  «Ligam-se 
varias  significações  á  palavra  condado...  Diremos  o  que  nos  parece,  em  relação  a  todos 
os  sentidos  que  se  davam  ao  vocábulo,  quando  tratarmo»  da  divisão  de  território».  Não 
chegou  a  cumprir  a  promessa.  Júlio  Puyol  nas  Origines  dei  reino  de  Leon,  1926,  trata  no 
cap.  IV  extensamente  das  origens  dos  condados.  —  Nota  da  revisão]. 
(i)  Leitão  Ferreira,  Noticias  da  Universidade,  pág.  418. 

(2)  J.  P.  Ribeiro,  Memorias  do  Real  Archivo,  págs.  58  e  60. 

(3)  Barbosa  Machado,  Bibliotheca  Lusitana,  vol.  3.°,  pág.  772. 

(4)  Resende,  Vida  de  D.  João  II,  fl.  122  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  21.°,  fl.  20  v. 

(6)  Ainda  com  outro  conde  palatino  fui  fazer  conhecimento  a  Évora,  e  por  sinal  que 
julgo  ter  êle  sido  personagem  pouco  respeitável : 

A  fl.  78  v.  do  liv.  1.°  do  Registo  da  Câmara  de  Évora,  códice  hoje  de  lá  desaparecido 
por  esquecimento,  segundo  parece,  de  restituição  da  pessoa  a  quem  foi  emprestado,  existia 
um  mandado  do  Corregedor  da  comarca,  o  qual  se  encontra  contudo  copiado  pelo  bene- 
mérito Rivara  no  4°  vol.  dos  Documentos  do  Archivo  municipal  eborense.  Extractá-lo  hei 
por  curioso : 

«O  licenciado  Pares  Dias  de  Araújo,  Corregedor  por  el  Rei  nesta  comarca  e  correição 
de  Entre  Tejo  e  Odiana  e  Alem  de  Odiana,  faço  saber  a  todolos  juizes,  etc,  que  vindo  a 
minha  noticia  como  nesta  villa  de  Montemor,  e  assim  por  outros  muitos  logares  desta 
comarca  e  fora  delia,  um  dr.  João  Rodrigues,  Conde  Palatino,  andava  com  uma  bulia  fazendo 
doutores,  licenciados,  e  bacharéis,  e  dava  os  taes  graus  a  pessoas  que  os  não  mereciam,  eu 
lhe  fui  a  ello  á  mão,  e  lhe  tomei  a  dita  bulia,  per  cuja  virtude  fazia  e  dava  os  ditos  graus,  e 


I 


Apêndice  235 

tal  título,  a  respeito  do  qual  se  pode  ver  o  que  diz  Leitão  Ferreira  nas 
Noticias  chronologicas  da  Universidade  de  Coimbra,  a  pág.  404  e  seguintes. 
Na  igreja  de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  à  mão  esquerda,  debaixo  do  coro, 
está,  ou  estava,  este  letreiro:  Sepultura  do  nobre  Fernand' Affonso^  man- 
tieiro{i)  que  foi  da  Imperatriz,  conde  palatino,  e  de  seus  herdeiros  {2). 

Acerca  de  títulos  estrangeiros  também  se  encontram  documentos  destes 
tempos.     Apresentarei  alguns. 

A  D.  Pedro  Ponce,  conde  de  Medellin,  que  depois  o  foi  de  Arcos,  deram 
os  tutores  de  D.  Afonso  V,  em  16  de  Março  de  1439,  uma  carta  de  seguro 
para  certo  carregamento  de  trigo  (3). 

Ao  duque  de  Medina  Sidónia  conde  de  Niebla,  e  ao  filho  primogénito  do 
duque  de  Arévalo,  se  lhes  concedeu  análogo  seguro  por  carta  de  6  de  Agosto 

de  1471(4)- 

Uma  ilustre  e  varonil  senhora  castelhana  de  família  originariamente  por- 
tuguesa, pois  que  era  filha  bastarda  de  D.  João  Pacheco,  i.*'  marquês  de  Vi- 
lhena, neto  de  Martim  Vasques  da  Cunha,  1°  conde  de  Valência  de  Campos, 
D.  Beatris  Pacheco,  condessa  de  Medellin  e  de  Cifuentes,  recebia  uma  tença 
anual  de  cento  e  setenta  e  oito  mil  trezentos  e  vinte  sete  reais  brancos  em 
prémio  de  ter  entregado,  para  serviço  de  D.  Afonso  V,  a  sua  cidade,  vila  e 
fortaleza  de  Mérida  ao  bispo  de  Évora  D.  Garcia  de  Meneses.  Foi-lhe  con- 
cedida a  pensão  por  carta  de  i  de  Maio  de  1480,  confirmada  em  i5  de 
Março   de   1486  (5).     D.  Beatris   era  viúva   de   D.   Rodrigo   Portocarrero, 


a  mandei  a  S.  A.,  e  S.  A.  me  enviou  uma  carta:  —  Corregedor  Pares  Dias. . .  vimos  a  letra 
que  tomastes  ao  dr.  João  Rodrigues  que  andava  por  essa  comarca  fazendo  bacharéis,  e 
porque  não  possa  delia  mais  usar,  havemos  por  bem  o  que  nisso  fizestes;  porque  aquelles 
que  fez  bacharéis  não  usem  do  dito  grau,  nem  se  chamem,  havereis  informação  de  todolos 
logares  por  onde  veiu  e  andou,  e  de  nossa  parte  mandareis  ao  juiz  por  vossa  carta,  que  noti- 
fique logo  a  todolos  aquelles  que  o  dito  grau  de  bacharel  tomaram,  não  usem  delie,  nem 
se  chamem  bacharéis,  por  ser  todo  o  que  fez  falso,  e  não  poder  fazer,  sob  pena  que  qualquer 
que  depois  da  notificação  fizer  o  contrario,  ser  preso  e  degradado  por  quatro  annos,  etc. 
Lisboa,  i3  de  Agosto  de  i5i8».  Continua  em  seguida  o  Corregedor  dirigindo-se  aos  juízes, 
mandando-lhes  executar  o  alvará,  e  data  a  ordem  de  Montemor  o  Novo  a  1 1  de  Setembro 
do  referido  ano.  Leitão  Ferreira  nas  Notas  ds  Noticias  da  Universidade  (vol.  XIV  do  Ins- 
tituto, pág.  259)  escreveu:  «Dizem-me  que  neste  anno  de  1732  se  acha  em  Portugal  com  o 
título  de  conde  Palatino  um  filho  do  desembargador  António  de  Freitas  Branco». 

(i)  Era  manteeiro  da  Imperatris  em  Novembro  de  1451  quando  se  passou  a  carta  de 
quitação  ao  responsável  pelo  enxoval  dela  (Archivo  histórico  portuguez,  vol.  VIII,  pág.  35). 

(2)  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  173  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  iS.*»,  fi.  23. 

(4)  Ibidem^  liv.  22.",  fl.  2. 

(5)  Ibidem,  liv.  32.",  fl.  16  v.,  e  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.',  fl.  189  v. 


236  Brasões 

i.**  conde  de  Medellin,  que  morrera  em  1464(1),  e  de  D.  Afonso  da  Silva, 
2.*  conde  de  Cifuentes  que  falecera  em  1469  (2). 

Mencionarei  mais  um  titular  estrangeiro,  e  bastará. 

Foi  ele  o  conde  de  Trevento,  italiano  provavelmente,  mas  meu  desconhe- 
cido, a  quem  foi  concedido  por  três  anos,  por  carta  (3),  dada  em  Setúbal  a 
3o  de  Setembro  de  1488,  o  poder  mandar  doze  barcos  de  seus  vassalos,  que 
êle  nomeará,  pescar  coral  aos  mares  dos  cabos  de  S.  Vicente  e  de  Espartel, 
pagando  somente  a  dízima  a  el  Rei  (4). 


Agora  tornarei  atrás,  à  cerimónia  da  investidura  do  condado. 

Continuou  ela  ainda  no  reinado  de  D.  Afonso  V.  Assim  nos  consta  pela 
Chronica  deste  rei,  e  por  um  documento  da  sua  Chancelaria,  Na  Chronica 
conta-se  que  el  Rei  teve  em  Miranda  do  Douro  a  festa  do  Corpo  de  Deus 
do  ano  de  1476,  e  que  durante  ela  «com  a  ceremonia  devida  fez  primeiro 
conde  de  Abrantes  a  Lopo  de  Almeida»  (5).  Na  carta  de  3  de  Junho  de 
1445  de  conde  de  Vila  Real  a  D.  Pedro  de  Meneses  diz-se,  que  o  agraciado 
se  poderá  « chamar  logo  conde  da  dita  villa,  posto  que  ainda  lhe  não  tivesse 
feito  aquella  ceremonia  que  se  costuma  aos  que  são  feitos  condes,  a  qual, 
prazendo  a  Deus,  lhe  fará  depois  que  a  elle  vier  «  (6).  Continuava  portanto 
a  haver  a  cerimónia  da  investidura;  mas  continuo  também  sem  saber  em 
que  ela  consistia. 

Chegámos  porém  ao  reinado  de  D.  João  II,  e  à  criação  do  marquesado 
de  Vila  Real,  e  então  sabemos  pelos  cronistas  como  el  Rei  fazia  um  mar- 
quês, e  por  analogia  pudemos  ficar  aproximadamente  entendendo  como  eram 
investidos  os  condados. 

Conta  o  cronista:  «E  no  anno  de  489,  estando  el  Rei  em  Beja,  no  pri- 
meiro dia  de  Março  com  muita  honra  e  grande  solenidade,  fez  marquez  de 
Vila  Real  e  conde  de  Ourem  a  D.  Pedro  de  Meneses,  que  era  conde  de  Vila 
Real,  nesta  maneira. 

o  El-rei  estava  ricamente  vestido  em  uma  sala  armada  de  rica  tapeçaria 
e  docel  de  brocado,  e  sua  cadeira  real  em  alto  estrado  muito  bem  alcatifado. 
El-rei  em  pé,  com  a  mão  posta  na  cadeira  encostado  ao  docel,  e  com  elle  o 


(i)  Haro,  Nobiliário  de  Espana,  vol.  I,  pág,  3o i. 

(2)  Salazar  y  Castro,  Casa  de  Silva,  vol.  I,  pág.  269. 

(3)  Impressa  no  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  I,  pág.  320. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  14.",  fl.  33. 

(5)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  566. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  25.°,  fl.  44  v. 


Apêndice  23  j 

príncipe,  e  o  duque  (de  Beja),  e  muitos  senhores,  e  nobre  gente,' todos  ves- 
tidos de  festa.  E  o  marquez  veio  de  suas  poisadas  a  pé,  acompanhado  de 
■muitos,  honrados  e  nobres  fidalgos,  e  com  trombetas,  tambores,  charamelas, 
e  sacabuxas,  e  muita  gente.  E  diante  d'elle,  homens  do  conselho  d'el-rei, 
fidalgos  de  muita  autoridade.  E  um  trazia  nas  mãos  o  estandarte  de  suas 
armas  com  pontas;  outro  uma  sua  espada  mui  rica,  metida  na  bainha,  com 
a  ponta  para  cima,  alta  na  mão  direita;  e  outro  uma  carapuça  de  seda  for- 
rada de  arminhos  posta  em  um  bacio  de  prata,  grande,  lavrado  de  bastiães. 
N'esta  ordem  entrou  na  sala,  e  foi  assim  até  chegar  ao  estrado,  onde  estava 
el-rei;  e  depois  de  feitas  suas  mesuras,  os  officiaes  fizeram  calar  a  casa.  E 
■calada,  o  chanceller  mór  João  Teixeira  fez  uma  arenga,  em  linguagem,  dos 
louvores  d'el-rei,  e  dos  grandes  merecimentos  do  marquez,  e  seus  muito 
assinalados  e  bons  serviços,  e  assim  dos  de  que  descendia;  e  declarou  que 
el-rei  o  fazia  novamente  marquez  de  Villa  Real  e  conde  de  Ourem. 

«  E  acabada  a  oração,  que  foi  muito  bem  dita,  el-rei  fez  chegar  o  mar- 
quez ante  si,  e  tomou  a  carapuça  do  bacio  e  poz-lh'a  na  cabeça;  e  tomou  a 
a  espada,  e  cingiu-lh'a  por  cima  dos  vestidos,  e  da  cinta  lh'a  tirou  nua,  e 
€om  ella  lhe  cortou  as  pontas  do  estandarte,  e  ficou  em  bandeira  quadrada 
como  de  príncipe ;  e  tomou  um  annel  de  um  rico  diamante  e  por  sua  mão 
lh'o  metteu  em  um  dedo  da  mão  esquerda.  Acabado  isto,  o  marquez  com 
os  joelhos  em  terra  beijou  a  mão  a  el-rei  e  ao  príncipe;  e  o  príncipe,  e  o 
duque,  beijaram  a  mão  a  el-rei,  e  assim  todos  os  outros,  e  pessoas  princi- 
paes  que  ahi  eram. 

a  E  o  marquez  foi  aquelle  dia  convidado  d'el-rei,  e  comeu  com  elle  a 
mesa,  que  assim  era  ordenada  em  a  sala»ricamente  armada  com  docel  de 
brocado  e  grande  baixella,  com  todos  os  officiaes  e  ministros,  e  muitas  igua- 
rias, tudo  em  muita  perfeição.  El-rei  estava  assentado  no  meio  do  docel,  o 
príncipe  á  mão  direita  e  alem  do  príncipe  o  marquez,  e  á  outra  parte  d'el-rei 
á  mão  esquerda  estava  o  duque;  e  assim  comeram  todos  com  grande  festa. 

« E  acabado  de  comer,  e  el-rei  recolhido,  o  marquez  com  muita  honra, 
e  muito  acompanhado  de  senhores  e  nobre  gente,  muitas  trombetas,  tambores, 
charamellas,  e  sacabuxas,  se  recolheu  a  suas  poisadas.  E  depois  houve  em 
casa  do  marquez  muitos  dias  festas  de  danças,  e  mui  "abastados  banquetes. 
E  como  nobre,  e  grande  senhor,  deu  algumas  dadivas  honradas  aos  officiaes 
-que  fizeram  seus  despachos»  (i). 


(i)  Resende,  Vida  de  D.  João  II,  cap.  LXXVIII.  O  mesmo  conta  Rui  de  Pina,  no 
-cap.  XXXVII  da  sua  Chronica  de  D.  João  11.  —  Quando  D.  Pedro  de  Meneses  foi  feito  mar- 
quês, na  cerimónia  da  investidura  do  título  apareceu,  conforme  conta  o  cronista,  «uma 
carapuça  de  seda  forrada  de  arminhos  posta  em  um  bacio  de  prata»;  e  el  Rei,  depois  da 


238  Brasões 


Pouco  mais  acrescentarei;  só  mencionarei  algumas  minúcias  relativas  aos 
títulos  por  estes  tempos. 

D.  Afonso  V  em  Agosto  de  1472  tomou  em  conselho  certas  determina- 
ções com  respeito  às  precedências  dos  titulares  (i).  D.  João  III  por  um^ 
alvará  de  29  de  Junho  de  i556  alterou  o  anterior  regulamento  sobre  as  prece- 
dências, e  modificou  os  assentamentos  (2).  Consistiam  estes  em  determinada 
quantia,  que  anualmente  se  dava  ao  titular,  e  que  variava  conforme  a  gra- 
duação do  título,  o  parentesco  com  o  rei,  e  o  arbítrio  deste.  Geralmente 
era  o  assentamento  de  setecentos  e  cinquenta  mil  reais  para  os  duques,  de 
trezentos  e  vinte  e  dois  mil  oitocentos  e  cinquenta  e  dois  reais  para  os  mar- 
queses, de  duzentos  e  setenta  mil  reais  para  os  condes  parentes,  de  cento  e 
dois  mil  oitocentos  e  sessenta  e  quatro  reais  para  os  outros  condes,  de  cin- 
quenta mil  reais  para  os  viscondes,  e  para  os  barões  não  sei  de  quanto, 
pois  que  não  encontro  clareza  nos  documentos. 

Na  concessão  dos  títulos  tambe'm  havia  grande  variedade.  Uns  erarn 
concedidos  por  carta  especial,  e  assim  sucedia  geralmente  com  os  que  eram 
feitos  de  novo.  Outros,  os  por  sucessão,  eram  às  vezes  publicados  por 
el  Rei,  que  só  muito  depois  assinava  as  cartas;  aconteceu  isto,  por  exemplo, 
ao  2.°  conde  de  Linhares,  a  quem  D,  João  III  declarou  conde  a  i5  de  Se- 
tembro de  i556,  mas  que  só  teve  carta  a  14  de  Agosto  de  i558.  Também 
sucedia  às  vezes  dar  el  Rei  um  alvará  de  lembrança  ao  titular,  ou  directa- 
mente ao  seu  filho  herdeiro,  para  este  por  morte  do  pai  lhe  suceder  na 
título;  e  assim  que  o  facto  se  dava,  logo  aquele  passava  a  chamar-se  com  o 


arenga  do  chanceler  mor,  chamando  para  junto  de  si  ao  marquês,  « tomou  a  carapuça  do- 
bacio  e  poz-lh'a  na  cabeça  ». 

Não  se  esqueceu  o  marquês  de  Vila  Real  deste  episódio,  e  recorda-o  numas  trovas  que 
dedicou  à  gangorra  (grande  carapuça)  de  Lopo  de  Sousa: 

£u  houve  outra  tal  tiara, 
quando  fui  feito  marquês; 
mas,  se  tão  caro  custara, 
marquezado  não  tomara, 
se  não  fora  em  que  me  pez. 
Ante  outra  vez  tomaria 

Tutuáo 
que  tomar  esta  na  mão  (•). 

(i)  Livro  vermelho^  pág.  474  do  vol.  III  da  Collecção  de  inéditos  da  historia  portugua^a^ 
(2)  Andrade,  Chronica  de  D.  João  III,  parte  IV,  cap.  119. 

(•)  Cancioneiro  de  Resende,  vol.  III,  pig.  127. 


Apêndice  289 

título  paterno.  Nos  títulos  de  Juro  e  herdade  alguns  havia,  em  que,  logo  à 
morte  do  possuidor,  seu  filho  herdeiro  sem  mais  carta  se  podia  começar  a 
tratar  pelo  título.-  Nas  casas  de  Bragança,  e  Aveiro,  os  primogénitos  eram 
logo,  uns,  duques  de  Barcelos,  os  outros,  marqueses  de  Torres  Novas.  Na 
casa  de  Vila  Real  existia  o  condado  de  Alcoutim,  do  qual  o  marquês  podia 
dispor,  quando  lhe  aprouvesse,  a  favo^  de  seu  filho  maior.  Tudo  verá  o 
leitor  no  catálogo. 

Os  duques  e  marqueses  eram  todos,  no  período  a  que  me  refiro,  parentes 
mais  ou  menos  próximos   do   rei,  e  outro  tanto  sucedia  a  muitos  condes 
Todos  estes  fidalgos  já  se  chamavam  de  dom,  antes  de  receberem  os  títulos 
O  mesmo  não  acontecia  a  alguns  dos  restantes  condes,  mas  todos  estes  inva 
riàvelmente,  ao  receberem  os  títulos,  tomavam  logo  o  dom;  e  não  era  só 
isto  que  faziam,  pois  que,  se  até  então  usavam  do  patronímico,  largavam-no; 
isto  os  do  tempo  de  D.  Afonso  V  por  diante. 

A  esta  regra  encontro  meia  excepção  logo  no  princípio,  e  uma  excepção 
inteira  no  fim.  Vasco  Fernandes  Coutinho,  criado  conde  de  Marialva  em 
1440,  passou  a  chamar  se  D.  Vasco,  mas  conservou  o  Fernandes;  Simão 
Gonçalves  da  Câmara,  feito  conde  da  Calheta  em  iSyõ,  nem  tomou  o  dom, 
nem  largou  o  patronímico.  Foi  esta  a  primeira  casa  em  que  o  dom  não 
entrou  com  o  título;  a  ela  seguiram-se  muitas  outras. 

Apresentadas  as  excepções,  darei  os  exemplos  da  regra. 

Álvaro  Vaz  de  Almada,  feito  conde  de  Avranches,  passou  a  chamar-se 
D.  Álvaro  de  Almada;  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  depois  de  conde  da 
Atouguia,  foi  D.  Álvaro  de  Ataíde;  Pêro  Vaz  de  Melo  foi  D.  Pedro  de  Melo 
conde  da  Atalaia;  Rodrigo  Afonso  de  Melo,  ou  Rui  de  Melo,  foi  D.  Rodrigo 
de  Melo  conde  de  Olivença;  Rui  Pereira,  foi  D.  Rodrigo  Pereira  conde  da 
Feira.  Os  primeiros  condes  de  Penamacor,  Abrantes,  Portalegre,  e  Sor- 
telha, tomaram  o  dom  que  não  tinham.  Os  filhos  primogénitos  do  i.°  conde 
de  Marialva,  e  do  i.°  conde  de  Abrantes,  e  que  se  chamavam  Gonçalo  Vas- 
ques  Coutinho  e  João  Lopes  de  Almeida,  passaram  a  nomear  se  D.  Gonçalo 
Coutinho  e  D.  João  de  Almeida  logo  que  os  pais  houveram  os  títulos. 

A  Leonel  de  Lima,  quando  foi  feito  visconde  de  Vila  Nova  da  Cerveira, 
deu-se  o  título  de  dom  para  ele  e  seu  filho  herdeiro  e  durante  algum  tempo 
nem  todos  os  outros  filhos  e  descendentes  dos  viscondes  se  chamaram  de 
dom,  depois  porém  generalizou-se,  sem  que  me  conste  de  concessão  espe- 
cial. 

O  dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  recebendo  em  1475  o  título  de  barão 
de  Alvito,  passou  a  chamar-se  D.  João  da  Silveira,  por  isso  que  «por  ser 
barão  se  pode  e  deve  chamar,  e  chama  dom,  e 'assim  seu  filho  que  sua 
baronia  espera  por  seu  fallecimento  herdar,  e  os  outros  seus  filhos  não  ». 


240  Brasões 

D.  João  II  porém,  por  carta  de  6  de  Outubro  de  1488,  concede  que  todos 
os  filhos  e  netos  legítimos  do  barão  se  chamem  de  dom. 


Agora  mais  duas  palavras  àcêrca  dos  condes  de  Arganil,  e  das  armas 
-que  atribuo  aos  diferentes  titulares,  e  acabarei. 

A  respeito  daqueles  condes  pouco,  ou  nada,  adianto  ao  que  já  se  sabe. 
Na  Torre  do  Tombo,  nas  colecções  que  têm  índices,  escassos  documentos 
se  referem  aos  bispos  de  Coimbra  e  desses  aproveitei  o  que  pude.  Existem 
contudo  umas  poucas  de  gavetas  cheias  de  pergaminhos,  que  vieram  de 
igrejas  daquele  bispado;  nestes  documentos  decerto  muita  coisa  haverá,  que 
precise  mais  algumas  datas  respeitantes  aos  condes  de  Arganil;  mas  aqueles 
diplomas  não  têm  índices,  não  estão  por  ordem,  são  um  inare  magnum. 
Consultá-los,  percorrê-los,  seria  minha  obrigação,  se  tratasse  exclusivamente 
dos  condes  de  Arganil,  ou  se  absolutamente  nenhuns  dados  sobre  eles  pos- 
suísse; mas  num  catálogo  geral  como  este  e',  e  com  as  notícias  que  posso 
apontar,  e  que  com  suficiente  precisão  marcam  o  tempo  da  posse  do  condado 
que  cada  um  dos  bispos  teve,  creio  que  se  me  não  deverá  levar  a  mal  o  dis- 
pensar-me  de  uma  busca  que  muito  demoraria  a  impressão  deste  volume. 

Quanto  às  armas  atribuídas  aos  titulares  devo  dar  uma  explicação  ao 
leitor,  pois  que  este  notará  certamente  a  falta  quási  constante  de  citações 
que  fundamentem  o  meu  dito. 

Sabe  o  leitor  porque  é  que  elas  faltam  ?  É  pela  dificuldade  de  as  fazer 
na  maioria  dos  casos. 

Tenho  a  certeza  dos  antigos  Meneses,  condes  de  Barcelos,  Ourém,  Neiva 
e  Viana,  terem  usado  do  escudo  de  oiro  liso.  Qual  é,  onde  está,  o  documento, 
ou  monumento,  que  eu  possa  citar  para  confirmar  o  meu  dito  ?  Do  conde 
de  Ourém,  Barcelos  e  Arraiolos,  D.  Nuno  Alvares  Pereira,  todos  nós  sabemos 
as  armas;  que  fonte  segura,  contemporânea,  temos  porém  que  no-lo  garanta? 
O  mesmo  que  sucede  com  estes,  acontece  com  outros.  Tenho  a  certeza  de 
quais  foram  as  armas  de  que  usaram  os  Marialvas,  os  Atouguias,  os  Mon- 
santos,  os  Vila  Reais,  os  Avranches,  os  Odemiras,  os  Abrantes,  os  Feiras, 
e  por  isso  as  apresento  sem  dúvida,  apesar  de  não  fundamentar  a  descrição 
que  delas  dou,  ainda  que  para  algumas  o  poderia  fazer.  Mas  não  o  farei, 
a  não  ser  quando  haja  variedade  grande,  ou  dúvida  que  convenha  esclarecer. 

E  mais  nada.     Segue  o  catálogo. 


2.»  PARTE 

CATÁLOGO 


i.°  Conde  de  BARCELOS— 1298,  Maio  8.  — D.   JOÃO  AFONSO, 

senhor  de  Alburquerque.  —  Doação  da  vila  de  Barcelos  e  seu  termo,  por  que 
o  fizera  conde;  carta  da  data  acima,  8  de  Maio  da  era  de  i336,  que  é  ano  do 
nascimento  de  1298(1).  D.  João  Afonso  de  Albuquerque  cfr.  (confirma)  em  g 
de  Dezembro  de  i333  (1296)  (2).  Em  Trancoso,  a  10  de  Novembro  de  1296(3). 
Donus  Johanes  Alfonsi  majordomus  curte  cfr.  em  Santarém  a  20  de  Abril 
de  i335(4).  Em  Santarém  a  3  de  Abril  de  i335  (1297)  (5).  Em  Santarém 
a  22  de  Abril  de  i335  (1297)  (6).  Em  Santarém  a  2  de  Maio  de  1355 
(1297)  (7).  Em  Coimbra  a  25  de  Maio  de  i355  (1297)  (8).  Conde  D.  João 
Afonso  cfr.  em  Portalegre,  a  22  de  Novembro  de  i337  (1299)  (9).  Em  Es- 
tremes a  9  de  Dezembro  de  i337  (1299)  (10).  Em  Lisboa  a  4  de  Julho  de 
i338  (i3oo)(ii).  Em  Coimbra  a  25  de  Abril  de  i339  (i3oi)(i2).  Em 
Santarém  a  18  de  Julho  de  1340  (i3o2)(i3).  Mordomo  dei  Rei,  cfr.  em 
Estremôs,  a  20  de  Março  de  1340  (i3o2)(i4).  Em  Santarém,  a  20  de  Feve- 
reiro de  1342  (i3o4)(i5).     Em  Lisboa,  a  18  de  Abril  de  1342  (i3o4)(i6). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  S.",  fl.  3. 

(2)  Ibidem,  liv,  2.°,  fls.  116  v.  e  117  v. 

(3)  Ibidem,  fl.  128  v. 

(4)  Ibidem,  fl.  1 34. 

(5)  Ibidem,  ú.  i34v. 
{6)  Ibidem,  fi.\35. 

(7)  Ibidem,  fl.  i36. 

(8)  Ibidem,  fl.  187  v. 

(9)  Ibidem,  liv.  3.»,  fls.  8  e  8  v. 

(10)  Ibidem,  fl.  9  v. 

(11)  Ibidem,  fl.  11. 

(12)  Ibidem,  fl.  i3  v. 
{i3)  Ibidem,  fl.  20  v. 
(14)  Ibidem,  fl.  23. 
(i5)  Ibidem,  fl.  3o  v. 
(16)  Ibidem,  d.  32. 

VOL.  m 


3i 


242  Brasões 

Morreu  logo  depois  de  5  de  Maio  de  1804  (1).  Foi  sepultado  em  Pom- 
beiro. 

Armas:  de  oiro,  castelo  de  vermelho  (2).     (Meiieses). 

Casou  com  D.  Teresa  Sanches,  condessa  de  Barcelos,  filha  bastarda  de 
D.  Sancho  IV  de  Castela,  a  qual  tornou  a  casar  com  D.  Rui  Gil  de  Vilalobos, 
rico  homem  (3). 

Tiveram  descendência. 

2.«  Conde  de  BARCELOS  — 1 804,  Outubro  iB.  —  D.  MARTIM  GIL, 

alferes  mor,  genro  do  precedente  (4).  —  Doação  da  vila  de  Barcelos  e  seu 
termo,  por  que  o  fizera  conde,  dada  em  i5  de  Outubro  da  era  de  1842  (5). 
Era  este  fidalgo  dos  de  Riba  de  Vizela,  e  também  é  nomeado  com  o  apelido 
de  Sousa,  casa  a  cuja  sucessão  se  opôs.  IVLartim  Gil  cfr.  em  19  de  Setembro 
de  i323  (1285)  (6).  A  11  de  Março  de  1324  (1286)  já  cfr.  na  qualidade  de 
signifer  (j).  Vai  confirmando  até  24  de  Junho  de  1342  (i3o4),  sempre  como 
alferes  (8).  Em  6  de  Dezembro  de  1342  (i3o4)  cfr.  como  conde  D.  Martim 
Gil  (9).  Cfr.  pela  última  vez  a  19  de  Outubro  de  134b  (i3o7)(io).  E  a  7 
de  Outubro  de  i353  (i3i5)  já  cfr.  como  alferes  o  conde  D.  Pedro  (11). 

Morreu  depois  de  23  de  Novembro  de  i3r2  (12).  Foi  sepultado  em  Santo 
Tirso  (1 3).     O  epitáfio  vem  na  Betiedictina,  II,  46. 

Armas:  não  sei. 

Casou  com  D.  Violante  Sanches,  condessa  de  Barcelos,  filha  do  i.°  conde 
D.  João  Afonso. 

Não  tiveram  descendência. 

3.°  Conde  de  BARCELOS  — i3i4,  Maio  i.  — D.  PEDRO  AFONSO, 
filho  bastardo  de  el  Rei  D.  Denis.  —  Doação  da  vila  de  Barcelos  e  seu  termo, 


(i)  Monarchia  Lusitana,  parte  6.»,  liv.  18.",  cap.  8.° 

(2)  Argote  deMolina  na  Noble^ia  diz  que  o  conde  trazia  por  armas  em  campo  de  oiro, 
uma  cadeia  de  azul  em  brando. 

(3)  Livro  j.°  dos  Brasões,  pág.  107. 

(4)  Monarchia  Lusitana,  VI,  367. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.°,  fl.  33  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  i.»,  fl.  149. 

(7)  Ibidem,  fl.  i63  v. 

(8)  Ibidem,  liv.  3.°,  fl.  33  v. 

(9)  Ibidem,  fl.  34  v. 

(10)  Ibidem,^.  58  v. 

(11)  Ibidem,  fl.  97  v.         ; 

(12)  Monarchia  Lusitana,  parte  6.%  liv.  18°,  cap.  43.° 
(i3)  Historia  seráfica,  parte  3.",  pág.  29,  §  49. 


Apêndice  248 

por  que  o  fizera  conde,  i  de  Maio  da  era  de  i352(i).  Morreu  em  i354(2), 
deixando  o  seu  nome  ao  famoso  Nobiliário.  Foi  sepultado  em  S.  João  de 
Tarouca. 

Armas:  não  sei. 

Casou  a  1/  vez  com  D.  Branca  Peres,  filha  de  D.  Pedro  Anes  de  Portel 
e  de  D.  Constança  Mendes  de  Sousa  (3).  Casou  a  2.*^  vez  com  D.  Maria 
Coronel,  condessa  de  BARCELOS,  dama  da  rainha  D.  Isabel  (4).  Eram 
casados  em  i322.  Viveram  separados:  a  condessa  não  sei  onde;  o  conde 
D.  Pedro  nos  seus  paços  de  Lalim  com  Teresa  Anes,  que  alguns  querem  que 
tivesse  sido  sua  terceira  mulher,  no  que  se  enganam.  A  condessa  é  nomeada 
pelo  marido  no  seu  testamento,  que  foi  lavrado  a  3o  de  Março  de  i35o  poucos 
meses  antes  da  morte  de  Teresa  Anes  (5). 

Não  tiveram  descendência. 

4.»  Conde  de  BARCELOS  —  135;,  Outubro  10.  — D.  JOÃO  AFONSO, 
vassalo  dei  Rei,  e  alferes  mor. —Doação  da  vila  de  Barcelos,  por  que  o 
fizera  conde;  carta  de  10  de  Outubro  da  era  de  1395  (6).  Foi  depois 
/.*  conde  de  Ourém. 

Vide  o  seguinte. 

«Ao  concelho  e  moradores  de  Barcelos,  a  rogo  de  D.  João  Afonso  Telo, 
conde  da  dita  vila,  lhes  dá  por  termo  os  julgados  de  Penafiel,  de  Bastos 
(Bastuço)  e  o  couto  de  Boigeão.  Coimbra,  5  de  Fevereiro  de  1410  (1372)  (7). 
—  Aos  moradores  da  Vila  do  Conde,  lugar  do  conde  D.  João  Afonso,  nosso 
vassalo  e  nosso  fiel  conselheiro,  e  a  sua  petição,  isenção  da  portagem,  cos- 
tumagem  e  passagem  de  nenhumas  mercadorias  suas  que  eles  levarem  ou 
trouxerem.     Coimbra,  5  de  Fevereiro  de  1410  (1372)»  (8). 

Ainda  o  encontro  conde  de  Barcelos,  já  depois  do  titulo  ter  sido  dado  ao 
filho,  na  carta  de  doação  do  julgado  de  Freitas  e  terra  de  Guimarães  feita 
em  Braga  a  i5  de  Agosto  de  1410  (1372),  no  mesmo  dia  em  que  foi  dado 
Gondomar  ao  conde  de  Barcelos  D.  Afonso  (9). 

<iD.  João  Afonso  Telo,  conde  de  Barcelos,  nosso  vassalo  e  nosso  mui 


(i)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.»,  fl.  86  v. 

(2)  Historia  genealógica,  vol.  1°,  pág.  263. 

(3)  Livro  i."  dos  Brasões,  pág.  262. 

(4)  Ibidem,  pág.  5i5. 

(5)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  i.°,  pág.  i33,  n."  20  e  pág.  i38,  n.»  22. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Pedro  I,  liv.  i.°,  fl.  i5. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i .°,  fl.  94. 

(8)  Ibidem. 

(9)  Ibidem,  fl.  110  v. 


244  Brasões 

fiel  conselheiro,  doação  da  jurisdição  da  honra  de  Britiande.  Coimbra,  5 
de  Julho  de  1405  (iSôy)  (i).  —  Doação  do  padroado  de  S.  Lourenço  do  Bairro 
para  si  e  sucessores.  Santarém,  12  de  Junho  de  1406  (i368)(2). — Doação 
para  si  e  sucessores  da  terra  de  Paus  em  terra  de  Nóbrega.  Lisboa,  5  de 
Outubro  de  1406  (i368)(3).  —  Doação  para  si  e  sucessores  do  quinhão  real 
e  direitos  da  aldeia  de  Ois  da  Ribeira.  Requeixo  de  Coimbra,  22  de  Se- 
tembro de  1407  (1369)  (4).  —  Doação  da  lezíria  do  Galego,  termo  de  San- 
tarém, para  si  e  sucessores.  Lisboa,  17  de  Julho  de  1409  (1371)  (5). — 
Doação  da  vila  do  Peral,  para  si  e  sucessores.  Lisboa,  17  de  Julho  de  1409 
(1371)  (6).  —  Doação  da  vila  do  Cadaval,  para  si  e  sucessores.  Tentúgal,  i 
de  Dezembro  de  1409  (i37i)(7).  —  Doação  pelos  muitos  serviços  a  el  Rei,  a 
seu  pai,  e  à  casa  de  Portugal,  da  vila  de  Ançã  para  si  e  sucessores.  Ten- 
túgal, i3  de  Dezembro  de  1409  (1371)  (8).  —  Conde  D.  João  Afonso,  doação 
da  lezíria  do  Galego  no  almoxarifado  de  Santarém,  1  de  Agosto  de  1405 
{1367)  (9).  Desta  lezíria  se  lhe  fez  nova  doação  para  si  e  sucessores  em  17 
de  Julho  de  1371,  acima  apontado.  —  D.  João  Afonso,  conde  de  Barcelos, 
doação  de  Torres  Novas  e  seu  termo.  Santarém,  25  de  Janeiro  de  1408 
(1370)  (10). 

i.°  Conde  de  OURÉM  —  Entre  5  de  Janeiro  de  1370  e  25  de  Dezembro 
de  1371.  — D.  JOÃO  AFONSO  TELO,  4.°  conde  de  Barcelos.  — Tqyq 
carta  de  doação  de  Ourém  em  pagamento  de  sua  quantia  em  5  de  Janeiro 
da  era  de  1408(11);  e  na  carta  de  doação  da  quinta  de  Vilarinho,  em  25  de 
Dezembro  da  era  de  1409,  já  é  intitulado  conde  de  Ourém  (12). 

Morreu  pelo  natal  de  i38i  (i3),  e  foi  sepultado  na  igreja  da  Graça  de 
Santarém  (14). 

Armas:  de  oiro  liso.     (Meneses). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  14  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  28. 

(3)  Ibidem,  fl.  33. 

(4)  Ibidem,  fl.  46. 

(5)  Ibidem,  fl.  70. 

(6)  Ibidem,  fl.  76. 

(7)  Ibidem,  fl.  89. 

(8)  Ibidem,  fl.  88  v. 

(9)  Ibidem,  fl.  i5  V. 

( 10)  Ibidem,  fl.  5o  v. 

(11)  Ibidem,  fl.  52. 
(i2)  Ibidem,^.  i55. 

(i3)  Livro  i."  dos  Brasões,  pág.  118. 

(14)  Ibidem,  pág.  119,  onde  se  transcreveu  o  epitáfio. 


Apêndice  245 

Casou  com  D.  Guiomar  de  Vilalobos,  como  é  nomeada  no  epitáfio;  foi 
também  chamada  D.  Guiomar  Lopes  e  D.  Guiomar  de  Ferreira;  nos 
documentos,  porém,  e'  tratada  geralmente  por  condessa  D.  Guiomar.  Em 
i382,  sendo  Já  viúva,  foram-lhe  doados  as  jugadas  do  Cadaval  (i);  ainda 
era  viva  a  22  de  Agosto  de  1404  (era  de  1442)  em  que  lhe  foi  dada  quitação 
do  resto  do  preço  da  compra  que  da  quinta  de  Palma  havia  feito  seu 
marido  (2).  Foi  filha  de  Lopo  Fernandes  Pacheco,  senhor  de  Ferreira,  e  de 
D.  Maria  de  Vilalobos;  e  foi  sepultada  ao  lado  do  marido,  e  no  túmulo  se 
puzeram  também  as  armas  da  condessa  (3). 

Tiveram  descendência. 

Conde  de  VIANA  DA  FOZ  DO  LIMA,  CAMINHA  DE  RIBA  DE 
MINHO,  e  ALDEIA  GALEGA  apar  de  Alenquer — iSyi,  Junho  i. — 
D.  ÁLVARO  PIRES  DE  CASTRO  a  quem  foram  doadas  aquelas  vilas 
e  seus  termos,  que  formariam  o  condado,  por  cana  de  i  de  Junho  da  era 
de  1409(4).  —  Foi  condestável  de  Portugal  e  i.°  conde  de  Arraiolos. 

Vide  o  seguinte. 

i.**  Conde  de  ARRAIOLOS  —  De  fins  de  1871  a  princípios  de  iSyS. — 
D.  ÁLVARO  PIRES  DE  CASTRO,  conde  de  Viana,  Caminha  e  Aldeia 
Galega.  —  Em  4  de  Novembro  de  iSyi  foi-lhe  feita  doação  de  Arraiolos  e 
Pavia  em  pagamento  de  sua  contia(5);  em  19  de  Março  de  1373  já  outro 
fidalgo  era  conde  de  Viana,  como  abaixo  direi.  Entre  estas  datas  se  há  de 
pôr  a  da  criação  do  condado  de  Arraiolos.  Da  existência  dele  há  a  certeza 
pela  carta  de  escambo  de  8  de  Julho  de  i375,  na  qual  se  declara  que  el  Rei 
havia  trocado  com  D.  Álvaro  as  vilas  de  Viana  e  Caminha  pela  de  Arraiolos 
com  o  seu  castelo,  e  por  Pavia,  Aldeia  Galega  e  reguengo  de  Campores  do 
Rabaçal,  o  que  tudo  ficara  constituindo  o  novo  condado,  que  tornou  agora  a 
5er  modificado,  substituindo-se  o  referido  reguengo  pela  vila  de  Odemira  e 
seu  termo,  tirado  ao  almirante  Lançarote  Pessanha  por  desserviço,  e  o  re- 
guengo de  Cantanhede  (6).  Depois,  por  carta  de  3  de  Maio  da  era  de  1422 
(1384),  foi  tirada  ao  conde  D.  Álvaro  Pires  a  jurisdição  da  vila  de  Arraiolos  (7). 
Foi  este  conde  o  primeiro  condestável  de  Portugal,  e  morreu  pouco  depois 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2.°,  fl.  93  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  5.°,  fl.  38  v. 

(3)  Livro  i.°  dos  Brasões,  pág.  1 19. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i .°,  fl.  73. 

(5)  Ibidem,  fl.  82  v. 

(6)  Ibidem,  fl.  171. 

<7)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.»,  fl.  18  v. 


246  Brasões 

de  II  de  Junho  de  1384(1),  e  antes  de  3o  de  Agosto  do  mesmo  ano (2).  Foí 
sepultado  na  igreja  de  S.  Domingos  de  Lisboa  (3),  conforme  dispôs  no  sea 
testamento  de  7  de  Junho  de  1 384  (4). 

Armas:  de  prata  seis  arruelas  de  azul.     (Castros). 

Casou  com  D.  Maria  Ponce,  condessa  de  Arraiolos,  que  lhe  sobreviveu  (5).. 
Era  filha  de  D.  Pedro  Ponce,  rico  homem,  senhor  de  Marchena,  e  de  D.  Bea- 
tris  de  Xerica.     Foi  a  condessa  sepultada  junto  ao  marido. 

Tiveram  descendência. 

5."  Conde  de  BARCELOS  — 1372,  Março  20.  — D.  AFONSO  TELO 
DE  MENESES,  filho  do  conde  de  Ourém.  —  Carta  de  20  de  Março  da  era 
de  1410  de  doação  em  sua  vida  da  vila  de  Barcelos,  de  que  o  fizera  conde  (6). 

Por  carta  da  mesma  data,  20  de  Março  de  1410  (1372),  e  também  dada 
em  Tentúgal,  lhe  foi  feita  doação  das  terras  e  julgados  de  Refóios,  Santo- 
Tirso,  Aguiar  de  Sousa,  Lousada,  Felgueiras,  Vila  Boa,  Roças,  Vieira,^ 
Lanhoso,  Entre  Romem  e  Cávado,  e  do  julgado  de  Regalados  (7). 

No  mesmo  dia,  i5  de  Agosto  de  1410  (1372),  passaram-se  em  Braga, 
duas  cartas:  uma  de  doação  do  julgado  de  Freitas,  e  terra  de  Guminhães,  a 
D.  João  Afonso  Teio,  conde  de  Barcelos,  nosso  vassalo;  e  outra  de  Gon- 
domar a  D.  Afonso,  conde  de  Barcelos.  Estão  ambas  na  fl.  iio  v.  do  liv.  i.*^ 
da  Chancelaria  de  D.  Fernando,  e  ficamos  sabendo  que  pai  e  filho  eram  ao- 
mesmo  tempo  intitulados  conde  de  Barcelos. 

Morreu  em  vida  do  pai  a  quem  regressou  o  condado  de  Barcelos. 

Armas:  de  oiro  liso. 

I."  Conde  de  VIANA  DO  ALENTEJO—  i373,  anterior  a  19  de  Março 
desse  ano.  — D.  JOÃO  AFONSO  TELO,  filho  do  conde  de  Ourém.— 
Declara  o  cronista  que  um  dos  reféns  das  pazes  de  19  de  Março  de  i373, 
firmadas  entre  os  reis  de  Castela  e  Portugal,  fora  o  conde  de  Viana  filho  da 
conde  de  Ourém  (8).  O  primeiro  documento  contudo  em  que  o  encontro 
intitulado  conde  de  Viana,  é  na  carta  de  10  de  Abril  da  era  de  1414  (1376) 


(i)  Chronica  de  D.  João  I,  parte  I,  cap.  117. 

(2)  Na  referida  data  foi  feita  doação  de  Arraiolos  e  Pavia  a  Fernão  Alvares  Pereira^ 
como  se  vê  na  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.°,  fl.  62. 

.  (3)  Livro  i.°  dos  Brasões,  pág.  69,  onde  se  transcreve  o  epitáfio. 

(4)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  6.°,  pág.  iSj,  n."  10. 

(5)  Chronica  de  D.  João  J,  parte  II,  pág.  iSg. 

(6)  Chancelaria  delD.  Fernando,  liv.  2.°,  fl.  28  v. 

(7)  Ibidem,  fl.  28. 

(8)  Chronica  de  D.  Fernando,  cap.  82. 


Apêndice  247 

<la  alcaidaria  de  Beja  em  pagamento  de  sua  contia  (i).  Em  i3S2  sucedeu 
em  parte  da  casa  de  seu  pai  (2),  mas  não  nos  condados  de  Barcelos  e  de 
Ourém,  que  foram  dados  a  outros. 

D.  João  conde  de  Viana,  mercê  dos  direitos  reais  da  vila  da  Lousa, 
empréstimo.  17  de  Fevereiro  de  141 5  (i377)(3).  —  Conde  de  Viana,  alcaide 
de  Beja  mercê  dos  direitos  reais  da  alcaidaria  da  dita  vila  em  preço  de  tre- 
zentas e  cinquenta  libras  que  tem  em  tença.  14  de  Janeiro  de  1419  (i38i)  (4). 
—  Conde  de  Viana,  filho  do  conde  de  Ourém  agora  falecido,  mercê  do  se- 
nhorio e  honra  de  Canaveses  e  Britiande,  para  o  qual  senhorio  foi  escolhido 
■pelos  habitantes.     Elvas,  16  de  Julho  de  1420  (i382)»  (5). 

Foi  morto  em  princípios  de  1384  pelos  seus  vassalos  de  Penela  por 
seguir  a  parte  do  rei  de  Castela  (6). 

Armas:  de  oiro  liso;  ou  cortado  de  um  traço  e  partido  de  dois,  que  faz 
seis  quartéis:  o  i.°,  3.°  e  õ.°  de  oiro,  dois  lobos  passantes,  sotopostos,  de 
púrpura;  o  2.°,  4."  e  6.°  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  e  sobre  o  todo 
de  oiro  liso  (7).     (Meneses.     1°  Vilalobos;  2.°  Limas.     Meneses). 

Casou  com  D.  Maior  de  Portocarreiro,  condessa  de  Viana,  que  sobreviveu 
■ao  marido,  e  era  filha  de  João  Rodrigues  de  Portocarreiro,  senhor  de  Vila 
Real. 

# 

Tiveram  descendência. 

i.«  Conde  de  NEIVA— 1373,  antes  de  16  de  Julho.  — D.  GONÇALO 
TELES.  —  Conde  de  Neiva  e  senhor  de  Faria  é  êle  intitulado  numa  carta 
de  doação  de  16  de  Julho  da  era  de  1411(8);  porém  só.  no  último  dia  do 
mesmo  mês  é  que  teve  carta  de  conde  de  Neiva  (9),  vila  de  que  era  senhor 
•€  alcaide  mor  por  duas  cartas  ambas  de  22  de  Outubro  do  ano  precedente  (10). 

Gonçalo  Teles,  nosso  vassalo,  por  muito  serviço,  doação  por  juro  de 
herdade   do   julgado  de  Faria,  pela  guisa  por  que   o  nós  ora   havíamos. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.*,  fl.  192. 

{2)  Ibidem,  liv.  2°,  fl.  gS,  ambas  de  1 5  de  Julho  de  i382  das  honras  de  Canaveses  e  Bri- 
tiande que  vagaram  por  morte  do  pai. 

(3)  Ibidem,  liv.  1.°,  fl.  200  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  2.»,  fl.  74  v. 

(5)  Ibidem,  fl.  gS. 

(6)  Chronica  de  D.  João  I,  parte  II,  pág.  5o,  confirmada  pela  carta  de  16  de  Maio  da 
•era  de  1422  (1384)  da  aprovação  da  eleição  que  para  seu  senhor,  por  morte  do  conde,  haviam, 
feito  os  da  behetria  de  Canaveses  {Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  i.",  fl.  71  v.). 

(7)  Livro  1°  dos  Brasões,  págs.  121,  t22,  124. 

(8)  Chancelaria  de  D,  Fernando,  liv.  i.»,  fl.  128. 

(9)  Ibidem,  fl.  143  V. 
(10)  Ibidem,  fl.  ii3  v. 


248  Brasões 

Quiaios,  i8  de  Novembro  de  1409  (i37i)(i).  —  Doação  a  Gonçalo  Telo  da 
terra  de  Aguiar  de  Pena  em  pagamento  de  sua  contia.  Leiria,  22  de 
Outubro  de  1410  (1872)  (2),  —  Doação  da  terra  de  Mirandela  do  almoxari- 
fado de  Torre  de  Moncorvo  em  pagamento  de  sua  contia.  Leiria,  22  de 
Outubro  de  1410  (1372)  (3).  —  Doação  do  castelo  de  Leiria.  Leiria,  12  de 
Novembro  de  1410  (1372)  (4).  —  Conde  D.  Gonçalo,  entrega  dos  castelos 
de  Valença  e  Lapela.  Santarém,  i  de  Julho  de  1413  (1875)  (5).  —  Doação  da 
terra  de  Vermoim  em  pagamento  de  sua  contia.  Santarém,  i  de  Julho  de 
1413  (1375)  (6).  —  Doação  de  Vermoim.  9  de  Setembro  de  1414  (1376)  (7), 
—  As  freiras  de  Vila  do  Conde  tinham  entregado  a  jurisdição  de  Vila  da 
Conde,  Póvoa  de  Varzim,  etc,  a  D.  João  Afonso  Teles  conde  de  Ourém  em 
sua  vida,  agora  depois  da  morte  deste  conde  fizeram  doação  da  jurisdição 
ao  conde  D.  Gonçalo  e  el  Rei  confirma-lha  em  12  de  Agosto  de  1420 
(i382)(8).  —  Sendo  alcaide  mor  de  Coimbra  recusou  abrir  as  portas  da, 
cidade  a  sua  irmã  a  rainha  D.  Leonor  e  ao  rei  de  Castela,  declarando-se 
pouco  depois,  em  Maio  de  i384,  com  a  cidade  pelo  mestre  de  Avis,  a  quem 
serviu,  capitaneando  a  armada  do  Porto,  e  combatendo  nos  cercos  de 
Alenquer  e  Torres  Vedras.  Aqui  por  desconfianças  do  mestre  foi  preso 
em  J^aneiro  de  i385,  e  remetido  para  Évora,  em  cujo  castelo  permaneceu 
sob  prisão  até  1887.  Em  quanto  durou  a  prisão  parece  não  ter  perdido  o 
título.  Encontra-se  uma  carta  porque  el  Rei  confirma  a  doação  que  o  conde 
D.  Gonçalo  fizera  do  reguengo  de  Arcos  em  terra  de  Faria  que  dera  em 
casamento  a  João  Afonso.  S.  Pedro  de  Gastei,  9  de  Janeiro  de  1424 
(i386)(9). 

Neste  ano  foi  restituído  à  liberdade  e  à  graça  de  el  Rei,  que  por  carta 
dada  nos  paços  do  Curvai  em  Castela,  a  7  de  Julho  da  era  de  1425  (1387), 
fez  doação  ao  conde  D.  Gonçalo  de  iodas  as  terras  e  lugares  que  ele  havia 
em  tempo  de  el  Rei  D.  Fernando,  posto  que  já  fossem  dados  a  algumas 
pessoas  de  juro  e  herdade,  não  embargando  cartas  nem  alvarás  que  sobre 
isso  tivessem  estas  pessoas  (10).     Pelos  muitos  serviços  de  João  Fernandes 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.»,  fl.  84. 

(2)  Ibidem,  fl.  114. 

(3)  Ibidem,  fl.  1 14. 

(4)  Ibidem,  fl.  1 1 5  V. 

(5)  Ibidem,  fl.  171. 

(6)  Ibidem,  fl.  170  v. 

(7)  Ibidem,  fl.  188. 

(8)  Ibidem,  liv.  2.°,  fl.  92  v. 

(9)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.",  fl.  i52  v. 
(10)  Ibidem,  liv.  2.°,  fl.  3. 

I 


[Apêndice  '     249 

Pacheco,  nosso  vassalo  e  guarda  mor,  doação  e  escambo  do  lugar  de  Faria 
com  toda  a  sua  terra  como  sempre  a  honraram  os  reis  nossos  antecessores, 
pela  terra  de  Lanhoso  que  lhe  havíamos  dado.  Chaves,  16  de  Janeiro  da 
era  de  1428  (i386)(i).  Restituído  à  liberdade  serviu  o  conde  a  el  Rei  no 
cerco  de  Melgaço  em  i388;  depois  porém  sobreveiu  novo  desacordo,  pois 
que  D.  João  I  em  carta  de  3i  de  Outubro  da  era  de  1429  (iSgi)  declara  ter 
confiscado  ao  conde  por  desserviço  as  suas  terras  (2). 

Morreu  o  conde  D.  Gonçalo  a  28  de  Junho  de  1408  (3). 

Armas:  de  oiro  liso.    (Meneses). 

Casou,  antes  de  23  de  Outubro  de  1372  (4),  com  D.  Maria  Afonso,  que 
foi  condessa  de  Neiva,  e  era  filha  legitimada  de  D.  João  Afonso,  senhor  de 
Alburquerque.  A  condessa  ainda  vivia  em  1429.  Consta  desta  carta:  a 
condessa  D.  Maria  tenha  de  nós  em  sua  vida  as  terras  de  Azurara  e  Fao  que 
ora  pediu  fize'ssemos  mercê  das  ditas  terras  a  D.  Beatris  de  Meneses  sua  neta, 
nossa  criada.  —  Carta  de  doação  a  D.  Beatris  das  ditas  terras  em  sua  vida. 
Lisboa,  17  de  Outubro  de  1429  (A.  D.)  (5). 

Tiveram  descendência. 

I.»  Conde  de  SEIA  — Erítre  1373  e  i38i.— D.  HENRIQUE  MANUEL 
DE  VILHENA,  senhor  de  Cascais.  —  Em  documento  de  9  de  Agosto  de 
1373  ainda  não  é  nomeado  conde;  em  12  de  Julho  de  i38i  já  é  intitulado 
conde  D.  Henrique  (7).  Foi  conde  de  Seia,  como  consta  do  que  fica  dito  no 
lugar  citado,  e  como  já  o  asseverara  Fernão  Lopes  (8).  Também  foi  senhor 
dos  paços  de  Sintra,  e  daí  virá  o  engano  de  alguns  o  declararem  conde  desta 
vila,  de  cujos  paços  lhe  fez  doação  D.  João  I  por  carta  de  4  de  Dezembro 
de  i38õ,  pelo  que  se  vê  que  ainda  seguiu  seu  partido  por  algum  tempo; 
porém  no  ano  seguinte  já  estava  em  Castela,  onde  o  fizeram  conde  de  Mon- 
talegre e  senhor  de  Meneses  (8). 

Ainda  vivia  em  141 2  (9). 

Armas:  esquartelado:  o  i.°  e  4.**  de  vermelho,  asa  de  oiro  terminada  por 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  1.»,  fl.  i5o. 

(2)  Ibidem,  fl.  46. 

(3)  Memorias  do  cartório  de  S.  Vicente  de  Fora  citadas  por  Lousada  na  Torre  do 
TombOt  vol.  2.°,  fl.  53i. 

(4)  Data  da  carta  de  legitimação  de  Maria  Afonso  na  Chancelaria  de  D.  Fernando, 
liv.  1.",  fl.  166  V. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  11.",  fl.  32  v. 

(6)  Vide  atrás  na  pág.  7. 

(7)  Chronica  de  D.  Fernando,  pág.  261.  '' 

(8)  Vide  atrás  na  pág.  8. 

(9)  Haro,  Nobiliário,  vol.  i.%  pág.  94. 

VOL.  III  3a 


25o  Brasões 

uma  mão  de  encarnação,  segurando  uma  espada  alçada  de  prata,  guarnecida 
de  oiro;  o  2.°  e  3."  de  prata,  leão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul,  e 
coroado  de  oiro.    (Manuel). 

Casou  em  Portugal  com  D.  Brites  de  Sousa,  condessa  de  Seia  (i),  filha 
de  D.  Pedro  Afonso  de  Sousa,  rico  homem,  e  de  D.  Elvira  Anes  da  Nóboa. 

Tiveram  descendência. 

6.°  Conde  de  BARCELOS —  1882,  anterior  a  27  de  Janeiro.  —  D.  JOÃO 
AFONSO  TELO,  almirante.  —  Ainda  não  é  intitulado  conde  na  carta  de 
privilégios  do  almirantado  passada  em  6  de  Julho  de  i38o(2),  porém  na 
doação  da  terra  da  Feira  e  outras,  em  27  de  Janeiro  de  i382,  já  é  nomeado 
conde  de  Barcelos  (3).  Conjecturo  ser-lhe-ia  dado  o  condado  em  seguida '  à 
morte  de  seu  tio  D.  João  Afonso  Telo,  conde  de  Ourém  e  de  Barcelos,  suce- 
dida pelo  natal  de  i38i.  Passou  para  Castela  onde  foi  feito  conde  de 
Major ga  em  Setembro  de  1384. 

João  Afonso  Telo  —  Doação  para  si  e  herdeiros  do  lugar  de  Jarmelo 
que  foi  de  João  Afonso  de  Albuquerque,  e  depois  de  D.  Martinho  seu  filho, 
e  ora  era  de  D.  Isabel,  mulher  que  foi  do  dito  D.  João  Afonso,  e  mãe  do 
dito  D.  Martinho,  o  qual  está  em  desserviço  de  el  Rei.  Santarém,  20  de 
Janeiro  de  1408  (1370)  (4).  —  Doação  do  castelo  de  Lisboa  a  João  Afonso 
Telo.  Leiria,  22  de  Outubro  de  1410  (1372)  (5). — João  Afonso  Telo,  almi- 
rante, nosso  vassalo,  doação  das  terras  de  Bemposta,  Penarroias,  etc.  San- 
tarém, i5  de  Abril  de  1414  (1376)  (6).  —  Doação  das  terras  de  Samodães, 
Ribeira  de  Gondim,  etc.  Santarém,  i5  de  Abril  de  1414  (1376)  (7).  —  En- 
trega do  castelo  de  Monsanto.  Alenquer,  17  de  Julho  de  1414  (1376)  (8). — 
Doação  das  terras  de  Poças,  Aragais,  e  Carregosa  no  julgado  da  Feira. 
Leiria,  19  de  Novembro  de  1415  (1377)  (9).  —  D.  João  Afonso  Telo,  almi- 
rante, doação  das  terras  de  Mossâmedes,  Laborim  e  Lavadores.  23  de  Maio 
de  1414  (1376)  (10).  —  Doação  de  terras  de  Vilasboas  e  Vilarelhos  em  paga- 
mento de  sua  contia.    Santarém,  19  de  Julho  de  1414  (1376)  (u).  —  D.  João 


(i)  Chronica  de  D.  João  I,  parte  I,  pág.  127. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2.",  fl.  66  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  3.°,  fl.  Sg  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  i.",  fl,  5i. 

(5)  Ibidem^  fl.  1 14. 

(6)  Ibidem,  fl.  192. 

(7)  Ibidem. 

(8)  Ibidem,  fl.  igS  v. 

(9)  Ibidem,  liv.  2.°,  fl.  23. 

(10)  Ibidem,  liv.  1.°,  fl.  172  v. 

(11)  Ibidem,  fl.  195  V. 


Apêndice  25 1 

Afonso,  almirante,  doação  das  rendas  da  alcaidaria  de  Lisboa.  Alenquer, 
20  de  Março  de  1417  (1379)  (i).  —  D.  João  Afonso  Telo,  conde  de  Barcelos 
nosso  vassalo,  doação  das  freguesias  de  RebordÕes,  S.  Martinho  do  Campo, 
Santa  Maria  de  Negrelos,  Santo  Isidro,  Virões,  Santiago,  S.  Salvador  que 
soiam  ser  do  julgado  de  Refóios,  e  freguesia  de  Sanguinhedo  que  soia  ser 
da  jurisdição  de  Aguiar  de  Pena  e  que  foram  dadas  ao  infante  D..  João, 
sendo  então  apartadas  das  ditas  jurisdições,  e  depois  foram  dadas  à  infanta 
D.  Beatris,  etc,  mando  que  tornem  à  jurisdição  antiga,  etc.  Almada,  26  de 
Junho  de  1421  (i383)(2).  —  Carta  para  Refóios,  Roriz,  S.  Martinho,  etc, 
serem  de  jurisdição  de  Refóios.  Almada,  26  de  Junho  de  142 1  (i383)(3). — 
Conde  de  Barcelos,  nosso  vassalo,  entrega  do  castelo  da  Feira.  Almada,  3o 
de  Junho  de  1421  (i383)(4). 

Morreu  na  batalha  de  Aljubarrota  a  14  de  Agosto  de  i385. 

Armas:  de  oiro  liso.     (Meneses). 

Casou  com  D.  Brites  de  Albuquerque,  condessa  de  Barcelos,  que  lhe 
sobreviveu  (5),  e  era  irmã  de  sua  cunhada  a  condessa  de  Neiva. 

Não  tiveram  geração. 

2.°  Conde  de  OURÉM — 1382,  nos  princípios  do  ano.  —  D.  JOÃO  FER- 
NANDES DE  ANDEIRO. — Teve  o  título  depois  da  morte  do  conde  de 
Ourém  e  de  Barcelos,  D.  João  Afonso  Telo,  sucedida  pelo  natal  de  i38i  (6). 
Ser-lhe-ia  dado  o  condado  pela  mesma  ocasião  em  que  se  deu  o  de  Barcelos 
ao  almirante  ?  E  certo  tê-lo  êle  possuído,  porque  claramente  o  diz  a  carta  de 
doação  (7)  do  mesmo  condado  a  Nuno  Alvares  Pereira;  mas  também  é  certo 
que  em  nenhum  documento  da  Chancelaria  de  D.  Fernando  há  referência 
alguma  a  semelhante  facto.  Parece  que  na  desgraçada  reforma  das  chance^ 
larias  daquele  rei,  de  caso  pensado,  se  suprimiram  todos  os  documentos 
respeitantes  ao  Andeiro.  Nelas  hoje  só  se  encontram  em  data  de  3i  de 
Julho  da  era  de  1407  (1369)  a  doação  dos  direitos  reais  da  Charneca,  termo 
de  Lisboa  (8);  e  em  3  de  Outubro  da  era  de  1419  (i38i)  a  doação  de  juro 


I 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2.",  fl.  41  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  io3  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  3.°,  fl.  72  v. 

(4)  i^íiem,  fl.  84. 

(5)  Chronica  de  D.  João  I,  parte  II,  pág.  iSg. 

(6)  Chronica  de  D.  Fernando,  pág.  417. 

(7)  Não  só  nesta  carta  de  doação,  mas  também  no  contracto  do  casamento  da  infanta 
D.  Beatris  com  D.  João  I  de  Castela  em  Abril  da  era  de  142 1  (i383),  se  nomeia  entre  os 
fidalgos  portugueses  que  juraram,  a  D.  João  Fernandez,  conde  de  Ourém  {Provas  da  His- 
toria genealógica,  I,  pág.  Sog). 

(8)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  43  v. 


2  52  Brasões 

e  herdade  por  muitos  serviços  dos  lugares  de  Alvaiázere  e  Rabaçal  com  as 
jurisdições,  e  do  julgado  e  terra  de  Figueiredo  de  Sequins  pela  guisa  que  o 
tinha  o  infante  D.  João(i). 

Morreu  o  conde  de  Ourém  a  6  de  Dezembro  de  1 383  (2).  Ainda  por 
estes  tempos  existiu  cá  por  Portugal  um  outro  Andeiro.  Foi  ele  Fernão 
Rodrigues  de  Andeiro,  a  quem  D.  Fernando  fez  doação  em  17  de  Outubro 
de  1412  (1374)  de  todas  as  herdades  de  pão  e  vinho,  que  na  Moita  havia 
Pêro  de  Capela,  tabelião  na  Atouguia(3). 

Armas:  não  sei. 

Casou  com  D,  Maior,  condessa  de  Ourém,  que  era  viúva  de  Fernão  Be- 
zerra, cavaleiro  muito  honrado  da  Galiza  (4). 

Tiveram  descendência. 

3.»  Conde  de  OURÉM— 1384,  Julho  i.-NUNO  ÁLVARES  PE- 
REIRA.—  A  êle  por  carta  de  i  de  Julho  da  era  de  1442  fez  o  mestre  de 
Avis,  defensor  e  regedor  do  reino,  doação  do  condado  de  Ourém  e  de  todas 
as  vilas  e  lugares,  que  ao  dito  condado  pertenciam,  de  todas  as  terras  que 
o  conde  D.  João  Fernandes  Andeiro  havia,  e  de  muitas  outras  mais  vilas  e 
lugares  (5).  Sendo  já  rei  ratificou  D.  João  I  a  referida  doação,  ainda, 
ampliada,  a  D.  Nuno  Álvares  Pereira,  condestável,  por  carta  de  20  de 
Agosto  do  ano  seguinte  (6).    Foi  também  conde  de  Barcelos  e  de  Arraiolos. 

Morreu  recolhido  no  convento  do  Carmo  de  Lisboa,  fundação  sua,  em  i 
de  Novembro  de  143 1,  e  lá  foi  sepultado. 

Armas:  de  vermelho,  cruz  florida  de  prata,  vazia  do  campo.     (Pereira). 

Casou  em  i5  de  Agosto  de  1376  com  D.  Leonor  de  Alvim,  condessa  de 
Ourém,  viúva  de  Vasco  Gonçalves  de  Barroso,  e  filha  de  João  Pires  de 
Alvim  e  de  D.  Branca  Pires  Coelho. 

Morreu  a  condessa  em  fins  de  1387,  ou  princípios  de  i388. 

Tiveram  geração. 

7.0  Conde  de  BARCELOS— 1385,  Outubro  8.— O  condestável  D.  NUNO 
ÁLVARES  PEREIRA,  conde  de  Ourém.     Carta  daquela  data  (7). 
Vide  acima. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  2.°,  fl.  87. 

(2)  Chronica  de  D.  João  1,  parte  I,  pág.  21. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.°,  fl.  154. 

(4)  Chronica  de  I).  Fernando,  pág.  418. 

(5)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  III,  pág.  5i5,  n.»  84. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.%  fl.  82  v. 
7)  Ibidem,  liv.  i.°,  fl.  76. 


Apêndice  253 

2.0  Conde  de  ARRAIOLOS  — 1 387,  Dezembro  16.  — O  condestável 
D.  NUNO  ÁLVARES  PEREIRA,  conde  de  Ourém  e  de  Barcelos.  — Por 
carta  de  16  de  Dezembro  da  era  de  1425  ratificou  el  Rei  um  contracto  de 
escambo,  que  fizera  com  o  condestável,  que  entre  outras  terras  e  rendas  re- 
cebeu o  condado  de  Arraiolos  (i).  Foi  também  em  virtude  desta  troca  que 
a  Vidigueira  entrou  para  a  casa  de  Bragança  da  qual  veiu  a  sair,  século  e 
meio  depois,  para  constituir  o  condado  de  Vasco  da  Gama. 

Para  o  conde  de  Arraiolos  vide  os  dois  precedentes  artigos. 

2.'^  Conde  de  NEIVA— iSgi,  Outubro  3i.  — D.  AFONSO,  «meu  filho 
que  se  ora  cria  em  Leiria». — Teve  doação,  por  carta  de  3 1  de  Outubro  da 
era  de  1429,  das  terras  de  Neiva,  Aguiar  de  Neiva,  Crelhal  (?),  Faria  e  Ver- 
moim,  que  haviam  pertencido  ao  conde  D.  Gonçalo,  e  que  foram  doadas  a 
D.  Afonso  para  as  ter  como  o  referido  conde  as  houvera  (2).  Constituía  isto 
o  condado  de  Neiva,  e  por  êle  é  que  decerto  era  dado  a  D.  Afonso  o  título 
de  conde,  com  o  qual  o  encontro  na  carta  de  legitimação  de  20  de  Outubro 
da  era  de  1439  (i4oi)(3),  quando  ainda  não  tinha  recebido  o  condado  de 
Barcelos.  Nesses  tempos  não  havia  conde  sem  condado;  e  ainda  que  não 
tenha  encontrado  nunca  a  D.  Afonso  chamando-se  conde  de  Neiva  (4),  é  certo 
que  seu  filho  D.  Fernando,  2.°  duque  de  Bragança,  aparece  com  o  titulo, 
como  abaixo  direi,  e  não  o  podia  ter  senão  por  sucessão  de  seu  pai.  As 
cartas  destas  doações  de  condados  eram  então  pouco  explícitas,  mas  parece 
que  juntamente  com  as  terras,  e  anexos  a  elas,  iam  os  títulos. 

O  condestável  D.  Nuno  Alvares  recebeu  os  três  condados  de  Ourém, 
Barcelos  e  Arraiolos,  sem  nunca  ter  carta  especial  para  usar  do  título  de 
conde  a  não  ser  de  Barcelos,  e  contudo  é  certo  que  o  logrou.  Depois  dispôs 
em  140 1  do  condado  de  Barcelos  para  seu  genro,  e  em  1422  dos  de  Ourém 
e  Arraiolos  para  seus  netos,  e  todos  estes  fidalgos  começaram  logo  a  usar 
dos  títulos,  que  aos  segundos,  os  netos,  só  lhe  foram  confirmados  por  el  Rei 
onze  anos  depois.  As  referidas  terras  de  Neiva,  Aguiar  de  Neiva,  Perelhal, 
Faria  e  Vermoim,  juntamente  com  as  de  Darque  e  Rates,  e  outrosim  a  de 


(1)  Rivara,  Memorias  da  villa  de  Arraiolos,  citando  o  cartório  da  casa  de  Bragança, 
Livro  dos  Contractos,  fl.  5i,  a  pág.  SgS  do  vol.  X  do  Panorama. 
(a)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.*,  fl.  46. 

(3)  Ibidem,  fl.  187. 

(4)  Já  encontrei.  Numa  procuração  passada  em  Chaves,  a  3  de  Janeiro  de  1446,  na 
qual  dá  poderes  a  Gonçalo  Pereira  para  o  representar  nas  cortes  de  Lisboa  desse  ano,  intitu- 
la-se  D.  Afonso,  «  filho  do  mui  nobre  e  sempre  virtuoso  Rei  D.  João  de  escrarecida  memoria. 
Duque  de  Bragança,  e  conde  de  Barcelos  e  de  Neiva,  e  senhor  de  Penafiel  {Chancelaria  de 
D.  Afonso  F,  liv.  5.°,  fl.  5). 


254  Brasões 

Penafiel  de  Bastuço,  e  o  couto  da  Várzea,  foram  confirmadas  umas,  e  doadas 
outras,  ao  referido  D.  Afonso,  já  então  conde  de  Barcelos,  por  carta  de  8 
de  Novembro  da  era  de  1439  (i4oi)(i). 
Vide  8.°  conde  de  Barcelos,  a  seguir. 

8.°  Conde  de  BARCELOS— 1401,  Novembro  8.—  Conde  D.  AFONSO, 
filho  legitimado  de  D.  João  I.  —  É  nomeado  conde  de  Barcelos  na  carta  de 
8  de  Novembro  da  era  de  1489  de  confirmação  da  doação  a  êle,  e  à  con- 
dessa D.  Brites  sua  mulher,  feita  pelo  condestável  D.  Nuno  (2).  A  con- 
firmação é  do  próprio  dia  do  casamento.  Foi  o  i.°  duque  de  Bragança 
em  1442. 

Casou  a  i.^  vez,  em  8  de  Novembro  de  140 1,  com  D.  Brites  Pereira, 
condessa  de  Barcelos,  que  morreu  em  1414  talvez.  Era  filha  herdeira  do 
condestável  D.  Nuno  Álvares  Pereira,  conde  de  Ourém,  Barcelos,  e  Arraiolos. 
Deste  casamento  ficou  geração. 

Casou  a  2.*  vez,  era  1420,  com  D.  Constança  de  Noronha,  condessa  de 
Barcelos,  e  depois  duquesa  de  Bragança. 

Vide  em  i.**  duque  de  Bragança  6  2."  conde  de  Neiva. 

i.''  Conde  de  PENAFIEL— 140 1,  Novembro  8.  — D.  AFONSO,  conde 
de  Barcelos.  —  Pela  mesma  carta  acima  citada  no  artigo  do  conde  de  Neiva 
foi  doada  a  D.  Afonso  a  terra  de  Penafiel  (3).  Na  procuração  de  3  de  Janeiro 
de  1446  na  nota  4  da  pág.  253  apontada  intitula-se  D.  Afonso  simplesmente 
senhor  de  Penafiel.  Esta  terra,  que  eu  saiba,  nunca  havia  até  então  consti- 
tuído condado  algum;  encontro  porém  repetidas  vezes  a  referência  a  terem 
os  duques  de  Bragança  sido  condes  de  Penafiel.  Tinha  contudo  resolvido 
não  incluir  tal  titulo  no  meu  catálogo,  por  supor  serem  apenas  ditos  vagos 
os  que  indicavam  a  existência  do  condado;  mas  aparece-me  o  duque  D.Teo- 
dósio II  em  uma  procuração  por  êle  passada  em  Vila  Viçosa  a  10  de  Se- 
tembro de  1595,  intitulando-se  duque  de  Bragança  e  de  Barcelos,  marquês 
de  Vila  Viçosa,  conde  de  Ourém,  conde  de  Arraiolos,  conde  de  Penafiel  (4). 
Apesar  disto  não  ter  grande  valia,  porque  pode  até  já  ser  resultado  dos  tais 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv,  5.°,  fl.  186,  onde  a  carta  vem  incompleta,  faltando- 
-Ihe  o  final  e  portanto  a  data;  mas  vem  inteira  com  a  data  e  tudo,  transcrita  na  de 
confirmação  a  D.  Fernando  duque  de  Bragança  na  Chancelaria  de  D.  João  III^  liv.  7.», 
fl.  211. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  III,  pág.  448,  n.»  3, 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  2.°,  fl.  186,  incompleta,  sem  a  data,  e  completa  na 
Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  7.°,  fl.  21 1. 

(4)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  V,  pág.  397. 


Apêndice  255 

ditos,  entendo  porém  dever,  pelo  menos  aqui  e  por  esta  só  vez,  mencionar 
tal  titulo,  cuja  existência  legal  não  garanto. 

Este  conde  de  Penafiel,  suposto  talvez,  é  o  que  foi  em  1442  i.°  duque  de 
Bragança. 

Vide. 

i.°  Duque  de  COIMBRA— 141 5,  Setembro.  —  Infante  D.  PEDRO.— 
Na  volta  da  empresa  de  Seuta  deu-lhe  el  Rei  seu  pai  em  Tavira  o  título  de 
duque  de  Coimbra  (i).  —  Doação  ao  infante  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra, 
seu  filho  em  quanto  for  sua  mercê  do  castelo  de  Coimbra.  Estremôs,  18 
de  Fevereiro  de  1434  (1416)  (2).  Foi  regente  do  reino  na  menoridade  de 
D.  Afonso  V  até  Maio  de  1447. 

Morreu  na  batalha  da  Alfarrobeira  a  20  do  mesmo  mês  de  1449. 

Armas:  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul,  apontados  em  cruz,  e  carre- 
gados cada  um  de  cinco  besantes  do  campo;  bordadura  de  vermelho  carre- 
gada de  dez  castelos  de  oiro,  e  entre  eles  as  quatro  pontas  de  uma  cruz 
florida,  cosida  de  verde.  Diferença:  banco  de  pinchar  de  três  pendentes  (de 
prata  ?),  cada  um  dos  pendentes  das  pontas  carregado  de  duas  peças,  que 
parecem  pintas  de  arminhos  postas  em  pala.  Empresa:  uma  balança  acom- 
panhando exteriormente  o  chefe  e  os  flancos  do  escudo. 

Divisa:  Desir  (3). 

Casou  em  1429  com  a  infanta  D.  Isabel  de  Aragão  duquesa  de  Coimbra, 
que  morreu  em  17  de  Setembro  de  1459(4),  e  era  filha  de  I).  Jaime  II,  conde 
de  Urgel.  Esta  última  data  está  errada.  O  testamento  da  infanta  D.  Isabel 
foi  feito  èm  Pombal,  a  16  de  Dezembro  de  1466(5). 

Tiveram  descendência  (6). 

i.°  Duque  de  VISEU— i4i5,  Setembro.  — Infante  D.  HENRIQUE.— 
Foi  criado  duque  de  Viseu  por  el  Rei  seu  pai  em  Tavira  na  volta  da  con- 


(i)  Chronica  de  D.  João  I,  parte  III,  pág.  376. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  3.",  fl.  179. 

(3)  Assim  estão  na  frente  do  túmulo  do  infante  na  Batalha,  vendo-se  mais  claras  as 
pintas  de  arminhos  nos  bocados,  que  se  guardam  no  refeitório,  da  pedra  antiga  do  mausoléu 
que  foi  substituída. 

(4)  Historia  Seraphica,  vol.  II,  pág.  49. 

(5)  Torre  do  Tombo,  Mosteiro  de  Odivelas,  tomo  S.»,  fl,  266. 

(6)  Na  Historia  genealógica,  na  pág.  88  do  vol.  2.°,  diz-se  que  D.  João,  filho  do  infante 
D.  Pedro,  fora  duque  de  Coimbra  depois  da  morte  de  seu  pai.  Em  nenhum  documento  se 
encontra  referência  a  este  título,  com  o  qual,  é  óbvio,  D.  Afonso  V  não  ia  agraciar  a  este 
seu  primo.  Lá  por  fora,  por  onde  ele  andou,  chamavam-lhe  D.  João  de  Coimbra;  mas  daí 
a  ter  sido  duque  vai  muito. 


I 


256  Brasões 

quista  de  Seuia,  na  mesma  ocasião  em  que  foi  dado  o  título  de  duque  de 
Coimbra  ao  infante  D.  Pedro  (i). 

Morreu  o  infante  D.  Henrique  solteiro  a  i3  de  Novembro  de  1460.  ' 

Armas:  de  prata  cinco  escudetes  de  azul  apontados  em  cruz,  e  carregados 
cada  um  de  cinco  besantes  do  campo;  bordadura  de  vermelho  carregada  de 
dez  castelos  de  oiro,  e  entre  eles  as  quatro  pontas  de  uma  cruz  florida,  cosida 
de  verde.     Diferença:  banco  de  pinchar  (de  prata?)  de  três  pendentes  (2). 

Divisa:  Talant  de  Bien  Fere. 

Não  deixou  geração,  mas  perfilhou  a  seu  sobrinho  o  infante  D.  Fernando, 
que  em  146 1  era  2.®  duque  de  Viseu. 

4.°  Conde  de  OURÉM—  1422,  Abril  4.  —D.  AFONSO,  filho  primogé- 
nito do  8.°  conde  de  Barcelos  ao  depois  i.°  duque  de  Bragança.  —  O  conde 
de  Ourém  era  nejo  materno  do  condestável  D.  Nuno  Alvares  Pereira,  que 
por  carta  daquela  data  lhe  fez  doação  de  muitos  bens,  e  entre  eles  do  con- 
dados de  Ourém,  carta  que  só  foi  confirmada  por  el  Rei  anos  depois,  a  24 
de  Novembro  de  1433  (3).  Advertirei  que  em  um  alvará  de  24  de  Agosto 
de  1422  encontro  a  D.  Afonso  intitulando-se  apenas  «neto  d'el-rei,  filho  do 
conde  de  Barcellos  »  (4). 

Foi  em  145 1  o  j."  marquês  de  Valença.    Vide. 

3."  Conde  de  ARRAIOLOS  —  1422,  Abril  4.  — D.  FERNANDO,  filho 
segundogénito  do  8.°  conde  de  Barcelos  e  i.°  duque  de  Bragança  posterior- 
mente.—  D.  Fernando  era  neto  materno  do  condestável  D.  Nuno  Alvares 
Pereira,  que  na  data  referida  lhe  fez  doação,  juntamente  com  muitos  outros 
bens,  do  condado  de  Arraiolos,  o  qual  só  lhe  foi  contudo  confirmado  por 
carta  régia  de  9  de  Dezembro  de  1433  (5).  Esta  carta  de  confirmação  tem 
efectivamente  esta  data  no  liv.  i.°  da  Chancelaria  de  D.  Duarte,  fl.  26  v.; 
encontro-a  porém  com  a  data  de  9  de  Outubro  no  liv.  6.°  das  ConJirmaçÕes 
Geraes,  fls.  5  e  102,  e  no  liv.  38.°  de  Doações  de  D.  João  III,  fl.  97.  Não 
parece  ter  D.  Fernando  começado  logo  a  intitular-se  conde  de  Arraiolos, 
pelo  menos  em  um  seu  alvará  de  22  de  Agosto  de  1422  aparece  declaran- 


(1)  Chronica  de  D.  João  /,  parte  llí,  pág.  276. 

(2)  Na  pedra  antiga  da  frente  do  túmulo  do  infante  na  Batalha,  pedra  que  se  guarda 
hoje  no  refeitório,  não  aparece,  como  naquela  que  a  substituía,  uma  sorte  de  brica  no  canto 
sinistro  da  ponta  de  cada  um  dos  pendentes  do  banco  de  pinchar. 

Prefiro  muito  o  desenho  da  pedra  antiga. 

(3)  Místicos,  liv.  4.»,  fl.  78  V. 

(4)  Livros  do  Carmo  de  Lisboa,  n.°  10,  Alvarás  antigos,  fl.  11. 

(5)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3.»,  pág.  5 18,  n.°  37. 


Apêndice  257 

do-se  «D.  Fernando,  neto  d'el-rei,  filho  do  conde  de  Barcellos  t  (i).  Contudo 
numa  carta  régia  de  i  de  Dezembro  de  1424,  portanto  muito  anterior  à  con- 
firmação do  título,  é  D.  Fernando  intitulado  conde  de  Arraiolos  (2).  Daqui 
se  deve  concluir  que  o  título  foi  reconhecido  a  D.  Fernando  em  virtude  da 
doação  do  avô,  e  por  isso  o  ponho  na  data  dela.  O  mesmo  havia  de  ter 
sucedido  com  D.  Afonso,  conde  de  Ourém,  irmão  do  conde  de  Arraiolos. 

Foi  este  em  1465  o  /."'marquês  de  Vila  Viçosa,  e  em  1461  o  2.°  duque 
de  Bragança.    Vide. 

Casou  em  1429  com  D.  Joana  de  Castro,  condessa  de  Arraiolos,  e 
tempos  depois  marquesa  de  Vila  Viçosa  e  duquesa  de  Bragança. 

i.°  Conde  de  VILA  REAL.  —  Existente  já  nos  princípios  de  1424. — 
D.  PEDRO  DE  MENESES,  capitão  e  governador  de  Seuta.  —  É  muito 
difícil  precisar  datas  quanto  ao  primitivo  condado  de  D.  Pedro.  «  E  pêro 
que  elle  fosse  conde  feito  em  Castella,  el-rei  (D.  João  I)  nunca  lhe  quiz  dar 
semelhante  autoridade,  nem  o  chamou  conde  senão  depois  que  por  algum 
tempo  regeo  aquella  capitania»  (3),  a  de  Seuta.  D.  Pedro  de  Meneses  era 
filho  do  i.""  conde  de  Viana  D.  João  Afonso  Telo,  que  morreu  em  princípios 
de  i384,  e  portanto,  se  D.  Pedro  foi  feito  conde  por  D.  João  I  de  Castela, 
devia  tê-lo  sido  logo  depois  da  morte  de  seu  pai,  que  por  partidário  daquele 
rei  fora  assassinado.  Não  lhe  foi  reconhecido  em  Portugal  o  título,  que  o 
cronista  diz  ter  sido  de  um  lugar  chamado  Ilhó,  o  que  não  obstou  contudo  a 
que  êle  fosse  tratado  por  conde  D.  Pedro;  e  até  num  documento  público  de 
I  de  Março  da  era  de  1445  (1407)  julgo  encontrá-lo  com  o  título  (4).  Não 
havia  nestes  tempos  condes  sem  condados,  nem  sem  reconhecimento  de  el  Rei, . 
e  portanto  não  devo  antecipar  neste  catálogo  cronológico  a  menção  do  conde 
D.  Pedro,  que  se  já  antes  de  o  ser  de  Vila  Real,  era  nomeado  conde,  repre- 
sentava isso  apenas  um  tratamento  de  cortesia. 

Tomada  Seuta  a  21  de  Agosto  de  1415,  ficou  lá  por  capitão  D.  Pedro  de 
Meneses,  que  só  em  1424  tornou  ao  reino  com  licença.  Foi  então  que 
D.  João  I  lhe  deu  Vila  Real  com  o  título  de  conde.  Confirmando  a  asserção 
do  cronista  (6)  direi  que  se  encontra  a  D.  Pedro  com  o  título  de  conde 
de  Vila  Real  em  duas  cartas  ambas  daquele  ano  de  1424.     Uma  de  14  de 


(i)  Livros  do  Carmo  de  Lisboa,  n.»  lo,  fl.  lo. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3.%  pág.  525,  n.»  Sg. 

(3)  Chronica  do  conde  D.  Pedro,  pág.  222,  repetido  por  outras  palavras  a  pág.  52 1. 

(4)  No  instrumento  da  compra  da  quinta  de  Pousafoles  que  está  a  fl.  87  v.  do  liv.  i."  da 
Chancelaria  de  D.  Duarte,  mas  em  resumo,  e  por  isso  não  posso  ter  a  certeza  de  no  docu- 
mento original  se  dar  o  título  de  conde  a  D.  Pedro, 

(5)  Chronica  do  conde  D.  Pedro,  pág,  52 1. 

VOL.  ni  ^  33 


258  Brasões 

Fevereiro  de  confirmação  da  lezíria  do  Galego  em  Santarém  (i);  a  outra  de 
19  de  Maio  de  licença  para  fazer  na  ribeira  do  Almonda  junto  a  Torres 
Novas,  desde  a  queda  de  água  que  saia  dos  seus  moinhos,  até  à  mãe  de 
água  da  ribeira,  os  artifícios  de  azeite  e  moendas  que  lhe  aprouver  (2).  Em 
princípios  de  1484  Já  D.  Pedro  de  Meneses  era  conde  de  Viana,  e  seu  genro 
D.  Fernando  de  Noronha  conde  de  Vila  Real,  a  quem  com  aprazimento  do 
sogro  foi  dado  o  senhorio  desta  vila  por  carta  de  7  de  Setembro  do  mesmo 
ano  (3). 

Para  as  restantes  modificações  acerca  do  conde  D.  Pedro  vide  o  artigo 
seguinte. 

CONDADOS   DE  VIANA  (4) 

Houve  dois.  O  primeiro  foi  o  de  Viana  de  Foz  do  Lima  ou  Viana  de 
Caminha;  o  segundo,  o  de  Viana  do  Alentejo,  ou  Viana  de  apar  de  Alvito. 

Do  primeiro  foram  condes  os  seguintes  fidalgos:  D.  Álvaro  Pires  de 
Castro  por  carta  de  i  de  Junho  de  iSyi,  e  que  conservou  o  condado  até 
proximidades  de  i375,  em  que  já  era  conde  de  Arraiolos;  D.  Duarte  de  Me- 
neses, por  carta  de  6  de  Julho  de  1460,  e  que  possuiu  o  condado  até  Janeiro 
de  1464  em  que  morreu;  e  D.  Henrique  de  Meneses,  filho  de  D.  Duarte, 
que  é  intitulado  conde  de  Viana  em  Março  e  Junho  de  1464,  e  que  foi  ainda 
conde  de  Valença  em  20  de  Julho  do  mesmo  ano. 

Do  segundo  foram  condes:  D.  João  Afonso  Telo,  que  já  possuía  o  con- 
dado em  10  de  Abril  de  iSyô,  não  havendo  a  certeza  de  quando  nele  fosse 
investido,  e  que  o  teve  até  morrer  em  Janeiro  de  1384;  e  D.  Pedro  de  Me- 
neses, filho  de  D.  João  Afonso,  que  Já  era  conde  de  Viana  em  20  de  Janeiro 
de  1434  apesar  de  só  ter  carta  do  condado  em  18  do  seguinte  Abril,  e  que, 
como  seu  pai,  o  disfrutou  até  à  morte,  que  foi  a  22  de  Setembro  de  1437. 

Quanto  ao  primeiro  condado,  e  os  de  Viana  do  Minho,  são  duas  as  cartas 
de  criação  dele  a  favor  de  D.  Álvaro  e  de  D.  Duarte,  sabendo-se  que 
D.  Henrique,  o  pouco  tempo  que  o  teve,  foi  por  sucessão  a  seu  pai.  Quanto 
ao  segundo,  o  de  Viana  do  Alentejo,  também  não  há  dúvida,  apesar  de  faltar 
a  carta  de  doação  dele  a  D.  João  Afonso  Telo,  porque  se  sabe  pela  carta 
de  doação  que  Viana  dada  em  condado  a  D.  Pedro  de  Meneses,  era  a  per- 
tencente às  capelas  de  D.  Afonso  IV,  e  a  mesma  de  que  seu  pai,  D.  João 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  /,  liv.  4  °,  fl.  66  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  83. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i»,  fl.  84. 

(4)  [O  A.  colocou  nesta  altura  esta  nota,  que  antecede  o  artigo  relativo  ao  2.°  conde  de 
Viana  do  Alentejo,  D.  Pedro  de  Meneses.  —  Nota  da  revisão]. 


Apêndice  259 

Afonso  Telo,  já  fora  conde,  como  também  expressamente  o  declara  o  refe- 
rido documento,  que  serve  de  prova,  e  bastante,  para  os  dois  condados. 

Viana  do  Alentejo  havia  pertencido  ao  2.°  conde  de  Barcelos,  D.  Martim 
Gil,  e  por  sua  morte,  em  fins  de  i3r2,  ou  pouco  depois,  regressara  para  a 
coroa.  Pouco  tempo  depois  D.  Denis,  por  carta  dada  em  Torres  Vedras 
a  9  de  Novembro  da  era  de  i35i  (i3i3),  criou  vila  a  Viana,  dando-lhe  por 
terras  Alvito,  Vila  Nova,  Vila  Ruiva,  Malcabrão,  Benalbergue  e  Oriola. 
Então  obrigaram-se,  o  concelho  e  moradores  da  nova  vila,  a  lhe  fazer  cerca 
de  muro,  em  que  seja  a  vila,  no  lugar  que  lhe  el  Rei  mandar,  e  que  recolha 
dentro  a  fonte  grande  de  que  então  se  servia  a  povoação.  Deverá  o  mesmo 
ter  quatrocentos  braças  de  circuito,  uma  de  ancho,  e  em  alto  ser  quanto 
puder  atingir  um  cavaleiro  em  cima  de  um  cavalo  com  uma  lança  de  nove 
côvados,  que  não  possa  ferir  nem  dar  com  ela  ao  que  estiver  entre  as  ameias. 
Terão  de  fazer  a  essa  cerca  três  portas  em  lugares  convinháveis,  e  a  cada 
porta  dois  cubelos  bons,  um  duma  parte  da  porta,  outro  da  outra.  Para  a 
obra  dá-lhe  el  Rei  prontamente  mil  libras  de  ajuda,  obrigando  o  concelho  a 
meter  logo  mãos  a  fazer  e  lavrar  o  mesmo,  e  a  não  alçar  dele  mão  até  que 
lhe  dê  cabo  (i). 

Menos  de  um  ano  depois  fez  D.  Denis  doação  das  vilas  de  Viana  e  de 
Terena,  que  haviam  sido  do  conde  D.  Martim  Gil,  e  que  eram  situados  no 
bispado  de  Évora,  a  seu  filho  primogénito  herdeiro,  o  infante  D.  Afonso.  A 
carta  foi  dada  em  Lisboa  a  16  de  Outubro  da  era  de  i352  (i3i4),  e  a  doação 
foi  feita  ao  infante  para  ele  e  sucessores,  com  a  condição  de  não  poderem 
dar  a  vila  a  ninguém,  salvo  a  sua  mulher  a  infanta  D.  Beatris  (2). 

Vinte  e  tantos  dias  antes  de  morrer,  em  Lisboa  a  4  de  Maio  de  iSSy,  fez 
D.  Afonso  IV  doação  a  sua  mulher  a  rainha  D.  Beatris,  para  a  sua  capela 
da  vila  de  Viana  em  Entre  Tejo  e  Guadiana,  com  suas  terras,  padroados  e 
jurisdição  cível  (3). 

Entrou  portanto  nesta  ocasião  a  vila  de  Viana  para  a  posse  das  capelas 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  ly.",  fl.  70,  Collecçao  de  diplomas  e  mais  documentos 
e  titulos  respectivos  á  instituição,  dotação,  privilégios  das  Capellas  e  Merciarias  instituidas 
por  o  Senhor  Rei  de  Portugal  D.  Afonso  JV,  e  de  sua  mulher  a  Senhora  Rainha  D.  Beatris, 
ms.  em  meu  poder,  fl.  119. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Denis,  liv.  3.»,  fl.  88  v.,  cit.  Colleção,  fl.  117  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  IJ,  liv.  17.»,  fl.  64  em  diante  onde  se  encontram  muitos 
documentos  respeitantes  às  capelas,  cit.  Collecçao,  fl.  23  v.  Um  dos  primeiros  actos  do  rei- 
nado de  D.  Pedro  I  foi  confirmar  em  Lisboa,  a  8  de  Junho  do  mesmo  ano  de  i357,  à  rainha 
sua  mãe  a  referida  doação  {Chancelaria  de  D.  João  II,  liv,  17.°,  fl.  88  v.,  e  cit.  Collecçao, 
fl.  24  v.).  Esta  senhora  no  ano  seguinte,  pousando  emFontelo  na  câmara  do  bispo  de  Viseu, 
fez,  em  1 1  de  Janeiro,  doação  entre  outros  bens  da  vila  de  Viana  à  capela  e  mesquital  que 
■com  seu  finado  marido,  havia  ordenado  de  fazer  em  Lisboa  {Ibidem,  e  cit.  Collecçao,  fl.  22). 


26o  Brasões 

de  D.  Afonso  IV  e  de  D.  Beatris;  mas  nem  sempre  nelas  persistiu,  apesar 
da  doação  ter  sido  feita  em  perpetuidade. 

Nas  capelas  se  conservava  ainda  a  vila  em  20  de  Abril  da  era  de  1402 
(i364)  data  de  uma  carta,  em  que  D.  Pedro  I  manda  que  as  apelações  dos 
feitos  civis  de  Viana  venham  ao  provedor  das  capelas  (1),  que  a  possuíram  até 
ao  ano  de  iSyS  ou  ainda  por  mais  alguns,  pois  que  certeza  só  tenho  da  vila 
constituir  já  o  condado  de  D.  João  Afonso  Telo  em  10  de  Abril  de  1376(2). 
Saiu  então  pela  primeira  vez  esta  rica  povoação  da  piedosa  instituição,  que 
vinculada,  para  ir  constituir  o  condado  de  um  protegido  e  parente  da  rainha 
D.  Leonor  Teles.  Pouco  tempo  porém  o  possuiu  ele,  pois  que  tragicamente 
perdeu  a  vida,  em  princípios  de  1884  assassinado  pelos  seus  vassalos  de 
Penela  por  seguir  o  partido  castelhano. 

Havia  Viana  sido  trocada  por  certos  bens,  não  sei  quais,  mas  de  muito 
menor  rendimento  do  que  a  vila,  como  se  infere  da  carta  de  2  de  Abril  da 
era  de  1424  (i386),  pela  qual  D.  João  I  no  arraial  de  sobre  Chaves  ordenou 
que  as  capelas  voltassem  e  fossem  restituídos  todos  os  prédios  delas  alheadas 
no  reinado  de  D.  Fernando  (3).  Já  então  era  morto,  como  fica  dito,  o 
i.°  conde  de  Viana  do  Alentejo,  e  no  senhorio  da  vila  parece  que  lhe  havia 
sucedido  sua  mãe,  a  condessa  D.  Guiomar,  com  quem  ainda  trazia  demanda 
em  1402  o  provedor  das  capelas  (4). 

Meio  século  certo  depois  da  morte  do  i."  conde  de  Viana  tornou  esta  vila 
a  ser  desmembrada  das  capelas,  e  a  formar  novamente  condado,  o  de 
D.  Pedro  de  Meneses,  que  foi  2.°  conde  desta  Viana,  que  era  filho  do  i.®,  e 
que  já  com  o  título  se  encontra  em  documento  de  20  de  Janeiro  de  1434(5). 
Também  por  pouco  tempo  possuiu  02.°  conde  a  vila,  por  isso  que  morreu  a 
22  de  Setembro  de  1437,  havendo,  durante  a  sua  posse,  sido  confirmados 
ao  concelho  e  homens  bons  de  Viana  de  Alvito  todos  os  seus  privilégios, 
foros,  liberdades,  e  bons  costumes,  por  carta  de  21  de  Dezembro  de  1434(6). 

Morto  o  conde  a  22  de  Setembro,  logo  a  9  do  mês  seguinte  mandou 
el  Rei  D.  Duarte  que  a  vila  de  Viana  com  seu  termo,  rendas  e  jurisdição 
fosse  retornada  às  capelas  de  D.  Afonso  IV  e  de  D.  Beatris  (7). 

Ainda  desta  vez  não  ficaram  eles  na  posse  da  sua  cobiçada  Viana,  por 
isso  que  D.  Afonso  V,  por  carta  dada  em  Lisboa  a  27  de  Janeiro  de  1460, 


(1)  Git.  Collecção,  n.  84. 

(2)  Livro  3."  dos  Brasões f  pág.  246. 

(3)  Git.  Collecção,  fi.  86, 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  17.°,  fi.  64,  e  cit.  Collecção,  fl.  21  v. 

(5)  Livro  3°  dos  Brasões,  pág.  263. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  1.°,  fl.  48  v. 

(7)  Git.  Collecção,  fl.  71  v. 


Apêndice  26  r. 

fez  doação  a  D.  João,  seu  sobrinho,  filho  do  marquês  de  Vila  Viçosa  seu 
primo,  da  vila  de  Viana  em  troca  da  renda  dos  tabeliães  de  Lisboa,  que  era 
de  1 17.500  reais  brancos,  e  de  metade  da  quinta  de  Ilhas  no  termo  de  Mafra, 
que  rendia  9.000  dos  mesmos  reais  (i). 

Pouco  mais  de  um  ano  pertenceria  a  vila  ao  seu  novo  e  último  senhor, 
■visto  que  D.  Afonso  V,  por  carta  de  4  de  Setembro  de  146 1,  mandou  ao  corre- 
gedor da  comarca  de  Entre  Tejo  e  Guadiana,  que  se  não  intrometa  na  eleição 
-de  juízes  que  em  Viana  fizera  nesse  ano  Pêro  de  Abreu,  cavaleiro  de  sua 
<:asa  e  alferes  mor  da  bandeira  de  S.  Jorge,  que  tinha  cargo  de  provedor 
das  capelas  (2). 

Algum  tempo  depois  mandou  D.  Afonso  V  uma  bem  notável  carta  régia, 
da  qual  transcreverei  o  substancial. 

Em  seguida  a  um  largo  preâmbulo,  diz  el  Rei  « a  nossa  noticia  veio, 
■que  sendo  a  instituição  das  capellas  assim  dotada  por  D.  Afonso  IV  e  D.  Bea- 
tris  de  algumas  terras,  e  possessões  para  seu  mantimento  e  governança. .., 
e  entre  ellas  assim  foi  a  villa  de  Viana  do  Alemtejo  com  toda  sua  jurisdição; 
a  qual  por  ser  muito  boa  e  de  frutos  avondosa,  de  muitos  fidalgos  e  nobres 
foi  sempre  desejada,  em  tanto  que  nos  tempos  passados  muitos  delles  reque- 
riam aos  reis  d'ante  nós  que  lhe  fizesem  d'ella  mercê.  E  pêro  alguns  por 
suas  importunidades  tal  mercê  fosse  feita,  e  a  dita  villa  de  Viana  por  vezes 
da  dita  instituição  individamente  foser  desmembrada  e  apartada  e  lhes  fosse 
outorgada,  vendo  Nosso  Senhor  Deus,  que  tal  desmembração  e  apartamento 
contra  serviço  seu  e  saúde  das  bemaventuradas  almas  do  dito  rei  e  rainha 
era  feita,  assim  como  aquelle  que  pode  ferir  e  dar  saúde,  e  de  cuja  mão 
nenhum  pode  escapar  querendo-os  da  sua  vara  ferir  por  seus  indébitos  re- 
querimentos, permitiu  serem  punidos  por  tal,  que,  os  que  depois  viessem, 
podessem  de  elle  tomar  o  exemplo;  o  que  não  só  por  uma  vez  mas  por 
muitas,  foi  visto  e  experimentado  em  aquelles  que  a  pediram  em  vida  de 
>el-rei  D.  Fernando,  e  assim  no  tempo  de  el-rei  D.  João  e  eí-rei  D.  Duarte. 
Pelas  quaes  causas  os  reis,  que,  assim  das  ditas  capellas  desmembraram 
«m  seus  tempos,  muito  eram  arrependidos.  E,  sendo  assim  a  dita  villa  vaga 
em  tempo  de  el-rei  meu  senhor  e  padre  por  morte  do  conde  D.  Pedro,  que 
o  proveu  e  pesuiu  e  não  sem  muita  e  grande  enfermidade,  o  dito  rei  meu 
padre  a  fez  logo  ás  ditas  capellas  restituir  com  tenção  de  nunca  mais  ser 
tirada  ás  ditas  capellas;  e  tendo  assim  as  capellas  delia  a  posse,  sendo  nós 
com  grande  instancia  requerido. . .» (3). 


(i)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  53. 

(2)  Cit.  Collecçâo,  fl.  139. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  17.»,  fl.  83,  e  cit.  Collecçâo,  fl.  140  v. 


202  Brasões 

Até  aqui  são  idênticos  nas  duas  fontes  citadas  os  dizeres  deste  documento; 
<laqui  em  diante  porém  diferem  muito,  e  a  razão  parece-me  ser  de  fácit 
alcance.  A  Chancelaria  era  um  registo  oficial ;  para  êle  não  convinha  neste 
caso  trazer  o  nome  de  um  próximo  parente  do  rei,  ao  qual  em  virtude  da 
sua  cobiça  a  ira  de  Deus  ferira.  Por  isso,  ao  trasladar-se  ali  o  documento 
passou  a  referência  a  ser  impessoal:  «requerido  depois  de  alguma  outra 
pessoa  etc. ».  Na  Colleção  dos  documentos  das  capellas  não  tinha  de  haver 
o  mesmo  resguardo,  até  convinha  não  o  haver  para  conservar  a  ameaça  do 
castigo  afugentando  outros  cobiçosos,  e  por  isso  se  transcreve  a  carta  na  ín- 
tegra e  como  fora  originariamente  escrita.  Adoptarei  pois  no  restante  da 
transcrição,  em  toda  a  parte  onde  difere  da  Chancelaria  a  cópia  da  ColleçãOy 
não  só  por  ser  mais  interessante,  mas  também  porque  me  parece  mais  verda- 
deiro e  conforme  com  os  documentos  lá  em  cima  citados. 

Continuo  pois:  «...  sendo  nós  com  grande  instancia  requerido  de  D.  João 
nosso  muito  amado  sobrinho,  que  lhe  desemos  a  dita  villa  de  Viana  em  es- 
cambo por  outra  tanta  renda  em  esta  cidade  de  Lisboa  para  a  dita  instituição 
apropriada  por  nos  parecer  coiza  honesta  e  fazedoira  lho  outorgamos,  e  con- 
sentindo no  dito  escambo,  prouve  ser  feito.  E,  não  embargando  que  em 
escambo,  por  autoridade  ordinária  e  do  prelado  a  que  pertencia,  e  apostólica 
do  Santo  Padre  Pio  sendo  que  ora  é  na  egreja  de  Deus  presidente  fosse  con-^ 
firmado,  não  é  de  duvidar  depois  da  posse  da  dita  villa  por  sua  parte  tomada,^ 
querendo  o  Nosso  Senhor  Deus  em  ello  mostrar  seu  milagre,  mui  doridas  e 
trabalhosas  enfermidades  padeceu,  sendo-lhe  dito  por  homens  de  boa  vida, 
que  não  leixando  a  dita  villa  não  poderia  d'elle  guarecer.  E,  havendo  o  dita 
D.  João  esta  noticia  das  coisas  que  aquelles,  que  a  dita  villa  pediram  no 
tempo  dos  reis  ante  nós  aconteceram,  e  sendo  em  verdadeiro  conhecimento 
que  suas  infermidades  e  dores  não  era  somente  a  admoestação  de  Noso 
Senhor  Deus  ao  qual  não  prazia  a  dita  villa  ser  tirada  ós  Gapellos...,  com 
a  carta  do  escambo  e  confirmação  do  Santo  Padre,  e  com  todalas  outras 
escrituras  que  sobre  ello  tinha,  por  [Fernão  de  Lemos,  seu  escudeiro,  que 
nós  todas  suas  infermidades  e  paixões  de  sua  parte  contou  em  a  nossa  villa 
de  Santarém  onde  emtão  estávamos,  em  nossas  mãos  mandou  renunciar 
enviando-nos  pedir  por  mercê,  que  pello  amor  de  Deus  lhe  outorgássemos 
que  este  logar  nunca  mais  em  nossos  dias  o  déssemos  a  alguma  pessoa,  e 
qye  asim  o  leixassemos  por  benção  a  nosos  filhos  e  herdeiros,  e  descendentes. 
Sendo  a  isto  presente  o  infante  D.  Fernando,  meu  muito  presado  e  amada 
irmão,  e  certos  do  nosso  conselho,  e  sendo  outrosi  presente  Pêro  de  Abreu, 
cavalleiro  da  nossa  casa  e  noso  alferes  mór  da  bandeira  de  S.  Jorge,  e  pro- 
vedor das  ditas  Capellas,  o  qual  sempre  nos  requereu  que  a  dita  villa  ás  ditas 
capellas  não  quizesemos  tirar,  e  que  a  ello  não  daria  nunca  seu  parecer  e 


Apêndice  26? 

consentimento.  E  nós  vendo  e  consirando  sobre  as  coizas  tão  maravilhozas 
-que  o  Nosso  Senhor  Deus  tão  milagrozamente  por  conservação  da  dita  insti- 
tuição quiz  obrar,  querendo-nos  conformar  com  sua  vontade  que  pellas  coisas 
susoditas  manifestamente  nos  declarou,  conhecendo  quanto  com  razão  nós 
nem  o  que  depois  de  nós  vierem  contra  ello  em  parte  alguma  não  devemos  ir, 
desejando  em  todo  e  por  todo  em  sua  posse  liberdade  e  jurisdição  o  manter, 
■como  somos  teudo  por  esta  presente  mandamos  e  defendemos  ao  principe 
D.  João,  meu  sobre  todos  presado  e  amado  filho,  e  ao  infante  D.  Fernando, 
"duque  de  Vizeu  e  de  Beja  e  senhor  de  Covilhã  e  de  Moura,  meu  muito  pre- 
sado e  amado  irmão,  e  a  todos  os  que  de  nós  descenderem,  sob  pena  de 
nossa  benção,  e  maldição,  se  o  contrario  fizerem,  que  depois  de  nossos  dias 
não  tentem,  nem  presumão  tentar  mais  o  Senhor  Deus  de  em  este  caso,  nem 
«m  coisa  alguma  contra  que  em  desfasimento,  apartamento,  nem  desmem- 
bração  das  rendas,  liberdades,  jurisdição  da  dita  instituição  seja;  nem  dêem, 
nem  consintam  dar,  trocar,  nem  alhear,  nem  escanlar  a  dita  villa  de  Viana, 
terras,  possessões,  nem  heranças  que  á  dita  instituição  pertençam,  a  nenhuma 
pessoa;  porque,  conhecendo  nós  verdadeiramente,  que  a  Deus  aprás  de  o 
conservar  manter,  nossa  ultima  vontade  de  o  conprir  assim  a  Elle  prometemos 
por  nossa  fé  real. . .» 

Foi  passado  este  interessante  documento,  que  atesta  bem  a  fé  viva  e  pura 
crença  daqueles  tempos,  em  Lisboa  a  2  de  Outubro  de  1461. 

2."  Conde  de  VIANA  [do  Alentejo]  —  Anterior  a  8  de  Maio  de  1433,  se- 
gundo consta  de  uma  carta  daquela  data  para  se  lhe  passar  uma  certidão  da 
Torre  do  Tom.bo(i),  e  a  12  de  Janeiro  de  1434.  —  D.  PEDRO  DE  MENE- 
SES, conde  de  Vila  Real,  almirante  do  reino,  capitão  e  governador  de  Seuta, 
e  alferes  mor.  —  Encontro  a  D.  Pedro  com  o  título  de  conde  de  Viana  na 
carta  de  nova  confirmação  da  lezíria  do  Galego  em  20  de  Janeiro  de  1434(2); 
porém  já  antes  o  era,  pois  que  numa  carta  de^i2  desse  mesmo  mês  nos 
aparece  seu  genro  intitulando-se  conde  de  Vila  Real  (3),  condado  que  o  sogro 
lhe  não  largaria  sem  ter  já  o  outro.  A  carta  de  conde  de  Viana  contudo  é 
só  de  18  de  Abril  (4).  Nela  diz  D.  Duarte  que  faz  esta  mercê  ao  conde 
D.  Pedro,  considerando  o  grande  desejo  que  D.  João  I  tinha  de  lhe  dar  e 
doar  a  vila  de  Viana  para  haver  por  ela  título  de  conde,  assim  como  já  em 
outro   tempo   teve   seu  pai;    mas   que   por   ela  pertencer    às   capelas    de 


(i)  Historia  genealógica,  vol.  IV,  pág.  Si-Sa. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Duarte^  liv.  i.°,  fl.  86. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.»,  fl.  63  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Duarte^  liv.  i.°,  fl.  88. 


264  Brasões 

D.  Afonso  IV  entendeu  não  poder  dispor  do  seu  senhorio  sem  autoridade  do 
papa,  que  só  agora  lha  deu,  etc. 

Encontro  referência  a  uma  carta  de  D.  João  I  de  8  de  Maio  de  1433,  em 
que  se  dão  a  D.  Pedro  os  títulos  de  conde  de  Viana  e  senhor  de  Vila  Real  (i); 
mas  o  autor  que  a  cita  engana-se  tão  frequentemente,  que  em  vista  do  que 
se  declara  na  carta  de  mercê  do  condado,  julgo  ter  havido  mais  uma  vez  má 
leitura. 

Morreu  o  conde  de  Viana  em  Seuta,  depois  de  vinte  e  dois  anos  de  ca- 
pitão desta  cidade,  a  22  de  Setembro  de  1437  (2),  e  foi  trasladado  para  o 
convento  da  Graça  de  Santarém. 

Armas:  cortado  de  um  traço,  partido  de  dois,  o  que  faz  seis  quartéis:  o 
i.°,  3.®  e  5."  de  oiro,  dois  lobos  passantes  e  sotopostos  de  púrpura;  o  2.",  4.** 
e  6."  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  e  sobre  o  todo  de  oiro,  liso. 
Timbre:  cabeça  e  pescoço  de  um  dos  lobos,  saindo  duma  cabeça  de  cervo 
com  sua  pele  que  reveste  o  elmo  à  moda  de  paquife.  (/."  Vilalobos;  2.^  Limas. 
Meneses).    Divisa:  Aleo. 

Casou  a  i.*  vez  com  D.  Margarida  de  Miranda,  que  jaz  no  mesmo  túmulo 
do  marido,  e  a  quem  o  epitáfio  chama  condessa.  Era  filha  de  D.  Martinho 
de  Miranda,  arcebispo  de  Braga.  Deste  casamento  ficou  descendência  em 
que  se  continuou  a  casa. 

Casou  a  2.*  vez  em  1420  com  D.  Felipa  Coutinho,  filha  do  marichal 
Gonçalo  Vasques  Coutinho  (3).  Parece,  pelo  que  diz  Azurara  no  lugar 
citado,  que  este  casamento  se  não  consumou,  porque  a  noiva,  vindo  ter  com 
o  marido  a  Seuta  morreu  no  mar  pouco  afastada  da  costa  do  Algarve.  O 
cronista  faz  algumas  confusões  com  os  casamentos  do  conde  D.  Pedro;  eles 
também  foram  tantos ! 

Casou  a  3.*  vez  a  17  de  Agosto  de  1426(4),  com  D.  Beatris  Coutinho, 
que  foi  condessa  de  Vila  Real  (5).  Assim  o  diz  o  cronista,  e  efectivamente 
numa  carta  de  26  de  Agosto  daquele  ano  fez  D.  João  I  mercê  a  D.  Beatris 
Coutinho,  que  herdara  a  terra  de  Aregos  por  falecimento  de  seu  pai  Fernão 
Martins  Coutinho,  de  por  morte  dela  passar  a  dita  terra  a  suas  filhas,  caso 
não  tivesse  filhos  do  conde  D.  Pedro,  com  quem  el  Rei  a  casava  (6).  Fernão 
Martins  Coutinho,  pai  da  condessa,  também  foi  senhor  de  Mafra  e  Ericeira,. 


(i)  Historia  genealógica,  vol.  4.°,  pág.  3i. 

(2)  Assim  o  declara  o  epitáfio  de  acordo  com  a  Chronica  do  conde  D.  Pedro,  no  capí» 
tulo  final. 

(3)  Ibidem,  pág,  496. 

(4)  Vide  no  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IV,  pág.  166. 

(5)  Chronica  do  conde  D.  Pedro,  pág.  568. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  !.•  fl.  87. 


Apêndice  265 

senhorios  que,  com  o  de  Aregos,  passaram  à  filha  que  deste  casamento  teve 
o  conde  de  Viana,  a  qual  os  levou  aos  Vasconcelos  condes  de  Panela  e 
senhores  de  Mafra,  que  por  esta  via  se  chamaram  de  Meneses.  Viveu  a 
condessa  D.  Beatris  pouco  tempo  depois  de  casada,  e  já  era  morta  em 
1430(1). 

Casou  pela  4."  vez,  antes  de  8  de  Maio  de  1433  (2),  com  D.  Genebra  que 
foi  condessa  de  Vila  Real  e  depois  de  Viana,  e  que  era  filha  do  almirante 
Carlos  Pessanha,  que  deu  em  dote  a  esta  sua  filha  o  almirantado,  ofício  que 
o  conde  D.  Pedro  exerceu,  mas  que  voltou  para  o  sogro  por  deste  casamento 
não  terem  vindo  filhos  (3). 

Do  2.°  conde  de  Viana  foi  filho  bastardo  o  3.° 

2.®  Conde  de  VILA  REAL.  —  Anterior  a  12  de  Janeiro  de  1434. — 
D.  FERNANDO  DE  NORONHA  (4),  sobrinho  de  el  Rei,  do  seu  conselho 
e  camareiro  mor  do  infante  D.  Duarte.  —  Numa  carta  de  confirmação  da 
referida  data  encontra-se  a  D.  Fernando  com  o  título  de  conde  de  Vila 
Real  (5);  por  estes  tempos  já  o  sogro,  o  i.°  conde,  era  conde  de  Viana,  e 
quando  recebeu  este  condado  pode-se  crer  que  largaria  o  outro  ao  genro. 
Esta  suposição  é  confirmada  pela  carta  de  7  de  Setembro  do  mesmo  ano  de 
1434,  pela  qual,  com  aprazimento  do  conde  D.  Pedro,  foi  feita  mercê  do 
senhorio  de  Vila  Real  ao  conde  D.  Fernando  (6).  Foi  este  o  2.°  capitão  de 
Seuta,  em  que  sucedeu  a  seu  sogro,  dizem  que  por  carta  de  18  de  Outubro 
de  1437(7).  Serviu  oito  anos  de  capitão  de  Seuta,  e  lá  morreu  (8)  pouco 
antes  de  3  de  Junho  de  1445  (9).    A  2  de  Junho  já  tinha  morrido  (10), 

Armas:  esquartelado:  a  i."  e  4.°  das  armas  do  reino  diferençadas  por 
um  filete  de  negro  sobreposto  em  barra;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  castelo  de 
oiro,  o  campo  mantelado  de  prata  com  dois  leões  batalhantes  de  púrpura, 
armados  de  vermelho,  e  bordadura  de  escaques  de  oiro  e  veiros. 


(i)  Chronica.  do  conde  D.  Pedro,  pág.  568. 

(2)  Historia  genealógica,  vol.  4.",  pág.  3i.    É  a  carta  a  que  já  no  texto  me  referi  com 
algumas  dúvidas  sobre  a  sua  leitura,  mas  não  sobre  a  data. 

(3)  Livro  de  Extras,  fl.  io5  v. 

(4)  Loronha  é  que  está  escrito  neste  documento,  e  noutros  desses  tempos. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.°,  fl.  63  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i .",  fl.  84. 

(7)  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  pág.  194,  que  ainda  não  encontrei  noutra  parte. 

(8)  Assim  o  diz  a  carta  de  6  de  Abril  de  1451  do  condado  de  juro  a  seu  filho,  nas  Con^ 
firmações  gcraes,  liv.  5.",  fl.  94  v. 

(9)  Data  da  carta  do  título  em  vida  ao  filho  por  morte  do  pai,  na  Chancelaria  de 
D.  Afonso  V,  liv.  25.°,  fl.  44  v. 

(10)  Carta  de  perdão  dessa  data,  nos  Documentos  das  Chancelarias  Reaes,  vol.  I,  pág.  577. 
VOL,  III  34 


^66  Brasões 

Casou  depois  de  i8  de  Outubro  de  1480  (data  da  carta  de  aprovação  do 
contracto  esponsalício  na  qual  se  declara  que  ele  «entende  ora  casar»)  com 
D.  Beatris  de  Meneses  (i),  condessa  de  Vila  Real,  filha  primogénita  do 
2.°  conde  de  Viana  e  i.°  de  Vila  Real.  A  condessa  ainda  vivia, a  28  de 
Maio  de  1435  (2). 

Tiveram  descendência. 

i.°  Conde  de  MARIALVA  —  1440,  em  Setembro. —VASCO  FER- 
NANDES COUTINHO,  marichal.  —  Em  3o  de  Julho  de  1440  expediu-se 
um  alvará  para  se  pagar  a  tença  e  moradia  ao  marichal (3);  e  pelo  mesmo 
documento  citado  consta,  que  a  29  de  Agosto  se  passou  carta,  dando  certa 
quantia  de  graça  a  Gonçalo  Vasques  Coutinho,  filho  do  marichal.  Vê-se 
pois  que  até  então  ainda  este  não  era  conde.  A  28  de  Setembro  porém 
desse  mesmo  ano  de  1440  foi  nomeado  procurador  dos  resíduos  no  almoxa- 
rifado da  Torre  de  Moncorvo  um  criado  do  conde  de  Marialva  (4).  A  juris- 
dição desta  vila  foi  dada  a  D.Vasco  Fernandes  Coutinho,  conde  de  Marialva, 
«uma  das  notáveis  pessoas  de  nossos  reinos»,  por  carta  de  2  de  Outubro 
de  1440  (5).  Foi  ele  encarregado  do  corregimento  do  castelo  da,  vila  de 
Trancoso,  de  que  era  alcaide  mor,  e  para  custeio  das  obras  lhe  foi  feita 
doação,  em  2  de  Outubro  de  1441,  da  colheita  da  mesma  vila  desde  o  i.°  de 
Janeiro  do  referido  ano  (6). 

Morreu  o  conde  em  1450,  e  foi  sepultado  no  mosteiro  de  Salzedas  (7). 

Armas:  de  oiro  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho.    (Coutinho). 

Casou,  sendo  ainda  vivo  seu  pai  o  marichal  Gonçalo  Vasques  Coutinho, 
e  precedendo  contracto  aprovado  por  el  Rei  em  12  de  Maio  da  era  de  1450 
(141 2),  com  D.  Maria  de  Sousa,  filha  de  D.  Lopo  Dias  de  Sousa,  mestre  de 
Cristo  (8).  Foi,  D.  Maria  condessa  de  Marialva,  e  havia  sido  legitimada  por 
carta  de  3  de  Janeiro  da  era  de  1436  (1398)  (9).  O  contracto  de  casamento 
foi  confirmado  em  3i  de  Março  de  1462  à  condessa  já  viúva  (10),  a  quem 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.°,  fl.  118. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  i5.°,  fl.  53. 

(3)  Carta  de  quitação  de  18  de  Maio  de  1442  a  João  Louvado,  almoxarife  de  Lamego 
(Ibidem,  liv.  27.»,  fl.  i33). 

(4)  Ibidem,  liv.  2.°,  tí.  63. 

(5)  Ibidem,  n.  63  \. 

(6)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  148  v. 

(7)  Chronica  de  Cister,  liv.  5.",  cap.  2.». 

(8)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv,  12°,  fl.  3o. 

(9)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  2.°,  fl.  167. 
(ro)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  i2.">,  fl.  3o. 


V  Apêndice  267 

por  carta  de  i5  de  Abril  seguinte  foram  concedidos  privilégios  cte  vassalo 
para  a  correição  da  Beira,  «por  quanto  é  dona  viuva  e  generosa»  (1). 

Morreu  a  condessa  em  1472,  e  foi  sepultada  junto  ao  marido  (2).  A  28- 
de  Julho  de  1466  ainda  vivia  (3).         ^ 

Tiveram  descendência. 

i.°  Duque  de  BRAGANÇA —  1442,  muito  antes  de  3o  de  Dezembro. — 
D.  AFONSO,  8."  conde  de  Barcelos,  filho  bastardo  e  legitimado  de  D.  João  I. 
—  A  28  de  Outubro  de  1442  ainda  D.  Afonso  assinava  ho  conde  numa  carta 
dirigida  ao  cabido  de  Guimarães  (4).  Ainda  se  pode  encurtar  mais  este 
período.  Efectivamente  aos  8  de  Novembro  de  1442  ainda  D.  Afonso  era 
simplesmente  conde  de  Barcelos;  consta  da  carta  daquela  data  de  nomeação 
de  capitão  e  coudel  mor  dos  besteiros  e  vassalos  de  cavalo  dado  a  Fernando 
Alvares  de  Sernache  a  pedido  do  conde  de  Barcelos  tio  de  el  Rei  (5).  Em 
Janeiro  de  1442  tiveram  lugar  as  cortes  de  Évora,  e  terminadas  elas  partiu 
D.  Afonso  V  com  o  regente  para  o  Porto.  Estando  eles  em  Évora  morreu 
D.  Duarte,  senhor  de  Bragança,  e  o  senhorio  desta  vila  foi  dado  ao  conde 
de  Barcelos,  que  logo  pelo  regente  foi  feito  e  intitulado  duque  de  Bragança  (6). 
Aparece  porém  uma  carta  datada  de  Sacavém  a  3  de  Março  de  1440,  pela 
qual  é  feita  certa  concessão  a  João  Veloso,  escudeiro  do  duque  de  Bra- 
gança (7).  Esta  carta  contudo  só  foi  registada  bastante  depois  de  ser  conce- 
dida, por  isso  que  se  encontra  transcrita  a  seguir  a  um  documento  de  1443. 
Neste  ano  já  o  conde  de  Barcelos  era  duque  de  Bragança,  e  o  escrivão  que 
trasladou  a  carta  de  1440  pôs  o  novo  título  em  lugar  do  antigo.  É  a  única 
explicação  plausível  do  facto,  porque  dúvida  nenhuma  pode  haver  de  que  em. 
1440  ainda  não  existia  o  ducado  de  Bragança.  Para  o  provar  bastará  citar 
a  carta  de  3i  de  Julho  de  1441  de  confirmação  do  senhorio  do  couto  e  honra 
de  Vila  Marim  ao  «  conde  de  Barcellos  meu  muito  amado  tio  »  (8).  Existe 
também  a  carta  dos  privilégios  dos  boticários,  que  foi  impetrada  pelo  duque 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  i5.»,  fl.  84  v. 
(a)  Chronica  de  Cister,  liv.  5.»,  cap.  2.". 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  38.»,  fl.  49. 

(4)  Documentos  da  collegiada  de  Guimarães,  maç.  12. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  23.",  fl.  112. 

(6)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  págs.  335,  33/  e  342. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  27.»,  fl.  17. 

(8)  Impressa  na  íntegra  por  J.  A.  de  Figueiredo  nas  Memorias  sobre  as  Behetrias,  do- 
cumento n.°  II  a  pág.  177  do  vol.  i.»  das  Memorias  de  litteratura  da  Academia,  Para  re- 
forço citarei  também  uma  carta  dirigida  pelo  infante  D.  Pedro  ao  conde.de  Barcelos  {Provas 
da  Historia  genealógica,  vol.  3.°,  pág.  493,  n.<*  17. 


268  Brasões 

de  Bragança,  e  que  J.  P.  Ribeiro  trás  com  a  data  de  17  de  Março  de  1442(1); 
mas  não  adianta  nada,  visto  que  a  referida  data  não  está  certa.  Alegra-se 
um  humilde  discípulo  vendo  o  grande  mestre  enganar-se,  porque  espera  com 
isso  alcançar  para  si  benevolência.  A  carta  dos  boticários  encontra-se  no 
lugar  citado  por  J.  P.  Ribeiro,  com  a  data  porém  de  22  de  Abril  de  1449(2), 
e  acrescentarei  que  é  documento  de  nenhuma  valia,  consistindo  apenas  numa 
cópia  tosca  sem  autenticidade.  O  certo  é  D.  Afonso  ser  já  nomeado  duque 
de  Bragança  na  carta  de  3o  de  Dezembro  de  1442,  na  qual  lhe  é  concedida 
autorização  régia  para  dar  a  terra  de  Castro  Daire  a  Fernão  Pereira  (3). 
Por  carta  de  4  de  Julho  de  1449  teve  o  duque  a  mercê  de,  logo  que  morra 
o  senhor  cia  casa,  se  poder  chamar  o  sucessor  duque  de  Bragança  e  conde 
de  Barcelos  (4). 

Morreu  D.  Afonso  em  Dezembro  de  1461,  e  foi  sepultado  na  igreja  ma- 
triz de  Chaves,  sendo  daí  trasladado  depois  para  a  capela  mor  do  convento 
de  S.  Francisco  da  mesma  vila. 

O  duque  de  Bragança  nunca  teve  o  título  de  infante,  como  alguns  desa- 
certadamente lhe  dão. 

Armas:  de  prata,  aspa  de  vermelho,  carregada  de  cinco  escudetes  de  azul 
sobrecarregado  cada  um  de  dez  besantes  de  prata.  Timbre:  cavalo  branco 
de  sua  cor,  nascente,  com  três  lançadas  em  sangue  no  pescoço,  bridado  de 
oiro,  e  com  a  cabeçada  e  rédeas  de  vermelho.     (Braganças,  primeiras). 

Casou  a  i.*^  vez,  a  8  de  Novembro  de  140 1,  com  D.  Brjtes  Pereira,  con- 
dessa de  Barcelos,  como  fica  dito,  de  quem  teve  geração. 

Casou  a  2.^  vez  em  1420  com  D.  Constança  de  Noronha,  condessa  de 
Barcelos,  e  duquesa  de  Bragança,  que  morreu  em  26  de  Janeiro  de  1480, 
tendo  depois  de  viúva  tomado  o  hábito  de  terceira  de  S.  Francisco,  e  dei- 
xando perfilhado  a  seu  sobrinho  o  3.°  conde  de  Vila  Real.  Era  filha  dos 
condes  de  Gijon  e  Noronha,  D.  Afonso  e  D.  Isabel.  Deste  segundo  casa- 
mento do  duque  não  houve  descendência. 

•3.«  Conde  de  VILA  REAL— 1446,  Junho  3.  — D.  PEDRO,  sobrinho 
de  el  Rei,  filho  de  D.  Fernando  de  Noronha,  «nosso  primo  que  Deus  haja». 
—  Por  carta  da  referida  data  mandou  el  Rei  que  D.  Pedro  de  Meneses  fosse 
conde  de  Vila  Real,  podendo-se  chamar  logo  conde  da  dita  vila,  posto  que 
ainda  lhe  não  tivesse  feito  aquela  cerinjiónia,  que  se  costuma,  aos  que  são 


(i)  Aditamentos  á  Synopse  Cronológica,  pág.  120. 

(2)  Corpo  Chronologico,  parte  i.*,  maç.  i.',  doe.  17. 

(3)  Misticos,  liv.  3.0,  fl.  162  V, 

(4)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3.°,  pág.  409,  n.»  25. 


Apêndice  269 

feitos  condes,  a  qual,  prazendo  a  Deus,  lhe  fará  depois  que  a  el  Rei  vier(i), 
O  título  foi-lhe  dado  em  vida;  por  carta  porém  de  6  de  Abril  de  1461  faz- 
Jhe  mercê  da  vila  de  Vila  Real  com  seu  termo  com  nome  e  título  de  con- 
<dado  de  juro  e  herdade;  isto  em  atenção  aos  serviços  de  seu  avô  D.  Pedro 
<le  Meneses  conde  de  Viana,  especialmente  em  requerer  e  ter  a  capitania  de 
Seuta  por  espaço  de  vinte  e  três  anos,  e  aos  de  seu  pai  D.  Fernando  de 
Noronha,  conde  de  Vila  Real,  que  depois  da  morte  do  sogro  teVe  a  dita  ca- 
pitania por  oito  anos,  morrendo  ambos  lá  (2).  Por  carta  de  3o  de  Junho  de 
1460  foi  nomeado  capitão  de  Seuta  pela  maneira  como  o  haviam  sido  seu 
avô  e  pai,  e  depois  deste  o  marquês  de  Vila  Viçosa  e  o  conde  de  Odemira, 
primos  de  el  Rei,  que  houve  por  levantada  a  homenagem  ao  último  (3).  Por 
outra  carta  de  12  de  Abril  de  1462  foi  ampHada  ao  conde  de  Vila  Real  a 
precedente  mercê,  sendo-lhe  dada  a  governança  da  cidade  de  Seuta  pelo 
modo  como  a  houveram  os  infantes  D.  Henrique  e  D.  Fernando,  isto  é, 
podendo  dar  todos  os  ofícios  da  cidade,  assim  de  vedor  da  fazenda  dela, 
tesoureiro  mor,  contadores,  escrivães  da  fazenda  e  contos,  e  recebedores, 
como  outros  quaisquer  que  pelos  infantes  eram  dados,  assim  na  cidade  como 
no  reino  (4).  Ainda  a  24  de  Agosto  de  1463  se  lhe  concedeu  a  faculdade  de 
poder  deixar,  ou  nomear,  a  capitania  a  qualquer  seu  filho  ou  irmão  (5);  o 
que  lhe  tornou  a  ser  confirmado  em  16  de  Janeiro  de  1467  (6).  Em  5  de 
Abril  de  1474  foi  por  Fernão  de  Magalhães,  fidalgo  da  casa,  e  Beatris  de 
Mesquita,  sua  mulher,  como  procuradores  da  duquesa  de  Bragança  D.  Cons- 
tança, que  lhes  dera  poderes  especiais  para  o  caso;  foi,  repito,  perfilhado  e 
instituído  herdeiro  da  dita  duquesa  o  conde  de  Vila  Real,  seu  sobrinho, 
5endo  o  instrumento  de  perfilhação,  aprovado  por  el  Rei  em  14  de  Setembro 
ÚQ  mesmo  ano  (7).  «  O  conde  D.  Pedro  de  Meneses,  do  nosso  conselho, 
por  cargo  e  mandado  foi  juiz  no  feito  em  que  D.  Fernando,  que  foi  duque 
■de  Bragança,  foi  julgado  á  morte»,  ordena  el  Rei,  por  carta  dada  em 
Abrantes  a  17  de  Junho  de  1483,  que  este  facto  não  possa  trazer  nenhum 
prejuízo  ao  conde  (8).  Finalmente  por  carta  de  27  de  Fevereino  de  1489  foi 
criado  conde  de  Ourém^  e  a  i  de  Março  seguinte  feito  marquês  de  Vila 
Real. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  25.°,  fl.  44  v. 

(2)  Confirmações  geraes,  liv.  5.°,  fl.  94  v. 

(3)  Místicos,  liv.  3.°,  fl.  57. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  i.»,  fl.  9  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  9.",  fl.  i32  v. 

(6)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  26  v. 

(7)  Ibidem,  fl.  i. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  Jly  liv.  26.°,  fl.  1 3o. 


27C>  Brasões 

Armas:  vide  em  marquês  de  Vila  Real. 

Casou  a  6  de  Agosto  de  1462  no  altar  da  igreja  de  Santo  Tirso  de  Riba 
de  Ave  com  D.  Beatris,  filha  do  2.'  duque  de  Bragança  D.  Fernando  (i). 
Para  este  casamento  havia  el  Rei  doado  ao  conde  vinte  mil  dobras  de  oiro 
por  carta  de  22  de  Dezembro  de  1461  (2).  Foi  condessa  e  depois  marquesa 
de  Vila  Real. 

Vide  j.°  marquês  de  Vila  Real. 

I.»  Conde  de  AVRANCHES  —  1446,  Agosto  4.  — D.  ÁLVARO  DE 
ALMADA,  cavaleiro  da  Jarreteira.  —  Por  carta  da  referida  data  criou  Hen- 
rique VI,  rei  de  Inglaterra  e  França,  a  D.  Álvaro  de  Almada,  já  eleito  por 
unanimidade  e  investido  na  ordem  da  Jarreteira,  conde  «Davarans»  (Avran- 
ches)  no  ducado  da  Normandia  (3);  e  por  outra  de  9  do  mesmo  mês  mandou 
pagar-lhe  em  toda  a  sua  vida,  em  duas  prestações  iguais,  cada  ano,  a  quantia 
de  cem  marcos  (4),  sendo  logo  por  outro  documento  do  dia  i3  entregues  ao 
conde  os  primeiros  cem  marcos  dentro  de  uma  taça  de  oiro  do  valor  de 
quarenta  marcos  (5).  Na  segunda  das  cartas  apontadas  se  diz  que  D.  Álvaro 
de  Almada  era  do  conselho  do  rei  de  Portugal,  capitão  mor  de  seus  reinos 
e  senhorios,  e  alcaide  mor  de  Lisboa.  Este  insigne  português  chamou-se 
antes  de  conde  Álvaro  Vasques  de  Almada,  como  é  nomeado  na  maioria 
dos  documentos,  ou  Álvaro  Vaz  de  Almada,  como  o  encontro  em  28  de 
Agosto  de  1444  numa  doação  de  bens  em  Abrantes  (6).  Depois  de  conde 
passou  a  chamar-se  D.  Álvaro  de  Almada,  fazendo  como  vários  outros 
condes,  que  depois  de  o  serem  largaram  o  patronímico,  os  que  o  tinham,  é 
claro.  Com  o  nome  de  D.  Álvaro  de  Almada,  conde  de  Abranches  (à  por- 
tuguesa) o  encontro  em  cartas  de  22  de  Junho  e  22  de  Julho  de  1449(7),  só 
com  o  título  em  documento  de  29  de  Maio  de  1450(8),  todos  posteriores  ao 
seu  falecimento.  Servem  estas  citações  não  só  para  provar  a  mudança  de 
nome,  mas  também  para  nos  certificar  de  que  o  título  estrangeiro  foi  reco- 
nhecido em  Portugal  ainda  que  se  não  encontre  carta  de  confirmação  dêie^ 
nem  mesmo  do  assentamento  que  como  conde  lhe  pertencia  (9). 


(1)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.",  fl.  94. 

(2)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  255. 

(3)  Carta  transcrita  no  Panorama,  vol.  13.»,  pág.  66. 

(4)  Ibidem,  pág.  67,  e  na  Historia  chronologica  de  Alcobaça,  Provas,  pág,  48. 

(5)  Panorama,  cit. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  25.°,  fl.  68. 

(7)  Misticos,  liv.  3.°,  fl.  1 14  e  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  i5.",  fl.  167. 

(8)  Ibidem,  \iy.  34.»,  fl.  i32. 

(9)  A  única  pensão,  que  encontro  registada  a  favor  de  Álvaro  Vásques  de  Almada,  é  a 


Apêndice  27  r 

Álvaro  Vasques  de  Almada,  cavaleiro  e  vassalo,  havia  sido. nomeado, 
por  carta  de  23  de  Junho  de  1423,  capitão  mor  da  frota,  pela  maneira  por 
que  o  era  Gonçalo  Tenreiro  em  tempo  de  el  Rei  D.  Fernando,  e  por  que  o 
havia  sido  Afonso  Furtado  em  tempo  de  D.  João  I  (i).  Depois,  por  carta  de 
9  de  Abril  de  1440,  a  Álvaro  Vasques  de  Almada,  capitão  mor,  rico  homem, 
€  do  conselho,  atendendo  aos  seus  serviços  aos  reis  D.  João  I  e  D.  Duarte, 
«  aos  muitos  trabalhos  e  perigos  em  que  foi  «  assim  fora  dos  nossos  reinos, 
•como  em  elles»,  por  honra  deles,  fá-lo  D.  Afonso  V  alcaide  mor  do  castelo 
de  Lisboa  (2).  Logo  um  mês  depois  a  12  de  Maio,  encontra-se  uma  carta 
de  D.  Afonso  V  declarando  à  Câmara  daquela  cidade,  que  não  tinha  permi- 
tido ao  alcaide  mor,  que  intentasse  acção  para  se  desagravar  do  que  contra 
ele  tinham  dito  e  feito  alguns  oficiais  da  cidade  e  a  estes  recomendou  que 
■usem  de  boa  maneira  e  civilidade.  Depois  de  conde,  voltou  D.  Álvaro 
de  Almada  para  Portugal,  onde  já  estava  em  Junho  de  1446(3).  A  sua 
estreita  amisade  com  o  infante  D.  Pedro  levou-o  a  acompanhá-lo  até  ao 
ífim,  mesmo  na  morte  nos  campos  da  Alfarrobeira  em  20  de  Maio  de  1449. 
Foi  trasladado  o  seu  corpo  para  a  capela  de  Santo  António,  ou  dos  Avran- 
ches,  no  convento  de  S.  Francisco  de  Lisboa,  onde  foi  sepultado  no  chão,  no 
meio  do  pavimento,  com  este  singelo  epitáfio:  Aqui  ja\  um  cristão  {^. 

Morto  o  conde  de  Avrançhes  foi-lhe  confiscada  a  casa,  e  os  bens  de  Ca- 
parica e  Almada,  doados  por  carta  de  25  de  Agosto  de  1449,  a  Álvaro  Pires 
<le  Távora  (5),  que  era  casado  com  uma  irmã  da  primeira  mulher  do  conde. 
E  muito  interessante  este  documento,  mas  não  posso  extractá-lo  aqui;  ficará 
para  ocasião  mais  oportuna,  se  Deus  me  der  vida,  visto  que  os  Almadas 
•constituem  o  XXIV  artigo  dos  Brasões  de  Sintra,  e  deverão  ir  no  livro  3.*. 
Da  confiscação  só  escaparam  os  bens  pertencentes  ao  espólio  da  primeira 
mulher,  e  um  morgado  instituído  por  Vasco  Lourenço,  avô  do  conde,  que 
tudo  passou  aos  filhos  do  primeiro  casamento  deste.  Dos  bens  da  coroa 
foram  muitos  confirmados  ao  filho  do  segundo  matrimónio,  como  depois 
direi.    Na  carta  de  confirmação  expressa-se  D.  Afonso  V  a  respeito  do 


de  um  conto  de  libras  de  tença  que  el  Rei  D.  Duarte  arbitrou  ao  capitão  mor  por  carta  de 
29  de  Dezembro  de  1437,  para  começar  no  próximo  primeiro  de  Janeiro,  e  que  foi  confir- 
mada no  reinado  seguinte,  a  9  de  Março  de  1439.  Está  na  Chancelaria  de  D.  Afonso  V, 
liv.  19."',  fl.  5i. 

(1)  Extras,  fl.  170. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  20.°,  fl.  85  v.,  e  Freire  de  Oliveira,  Elementos  pafa 
a  historia  do  município  de  Lisboa,  vol.  i.»,  pág.  822. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  5.°,  fl.  66  e  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  III, 
pág.  426. 

(4)  Historia  seráfica,  vol.  i.",  pág.  246. 

(5)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  186. 


372  Brasões 

morto  da  Alfarrobeira  por  esta  forma:  «D.  Álvaro  conde  de  Abranches^ 
capitão  mór  dos  nossos  reinos,  rico  homem,  e  do  nosso  conselho,  senda 
nosso  vassallo  e  nosso  natural,  recebendo,  em  cada  um  dia,  de  nós  muitas 
mercês,  veio  contra  nossa  pessoa  e  real  estado  na  batalha  que  comnosca 
houve  o  infante  D.  Pedro  á  Alfarrobeira,  termo  de  Alverca,  no  que  notoria- 
mente commeteu  traição  e  deslealdade.  Por  bem  do  qual  malefício,  assim 
por  leis  especiaes,  como  por  ordenações  de  nossos  reinos,  alem  da  pena 
corporal,  que  por  tal  erro,  traição,  e  maldade,  merecia,  seus  bens  todos  a 
nós,  e  á  coroa  dos  nossos  reinos,  foram  por  esse  mesmo  feito  confiscados, 
sem  se  outra  sentença  em  ello  mais  requerer.  E  por  assim  serem  nossos, 
e  a  nós  pertencem,  os  podemos  dar  etc. ». 

Armas:  de  oiro,  banda  de  azul,  carregada  de  duas  cruzes  floridas  do 
campo  e  vazias  da  banda,  que  é  acompanhada  de  duas  águias  de  vermelho, 
armadas  e  membradas  de  negro. 

Casou  a  i.*  vez,  antes  de  2  de  Janeiro  de  1436(1),  com  D.  Isabel  da 
Cunha,  que  ainda  vivia  em  Dezembro  de  1441  (2),  mas  que  não  chegou  a 
ser  condessa  de  Abranches,  pelo  menos  não  aparece  com  o  titulo  na  carta 
de  confiscação,  acima  citada.  Era  filha  de  Álvaro  da  Cunha,  3.°  senhor  de 
Pombeiro.  Deste  casamento  descenderam  os  Abranches,  cuja  varonia  legí- 
tima se  quebrou  nos  fins  do  xvi  século,  ou  princípios  do  xvii,  D.  Álvaro  de 
Abranches,  capitão  de  Sofala,  passando  a  casa  aos  Câmaras,  e  por  último 
aos  Noronhas,  condes  de  Valadares. 

Casou  a  2.*  vez  com  D.  Catarina  de  Castro,  condessa  de  Abranches,  e 
parece  que  se  efectuou  o  matrimónio  já  depois  de  D.  Álvaro  ser  conde,  pois 
<iue  na  carta  em  que  a  ela  se  mandam  entregar  para  pagamento  das  suas  arras 
as  casas  do  conde  que  estão  em  Lisboa,  se  declara  ter  a  condessa  apresen- 
tado uma  escritura  de  arras  assinada  ppr  D.  Álvaro  de  Almada,  conde  de 
Abranches,  seu  marido  (3).  O  casamento  havia  sido  tratado  por  el  Rei,  que 
prometeu  à  noiva  em  dote  quatro  mil  e  quinhentas  coroas  de  oiro,  e,  para 
lhas  pagar,  arbitrou-lhe  uma  tença  por  carta  de  29  de  Maio  de  1450  (4), 
Anteriormente  a  22  de  Julho  de  1449,  fizera  D.  Afonso  V  doação  à  condessa 
em  sua  vida,  e  por  sua  morte  a  seu  filho  maior,  dos  direitos  e  rendas  do 
sizão  dos  judeus,  de  que  houvera  feito  mercê  a  D.  Álvaro  de  Almada,  conde 
de  Abranches,  seu  marido,  «  que  ora  morreu  na  batalha,  onde  veio  com  o 


(i)  Chancelaria  de  D.  Duarte,  liv.  i.",  fl.  i3o  v. 

(2)  Escritura  de  escambo  extractada  por  Lousada  no  vol.  2.°  da  Torre  do  Tombo,. 
fi.  54  V. 

(3)  Místicos,  liv.  3.",  fl.  1 14. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  34.°,  fl.  i32. 


Apêndice  27$ 

infante  D.  Pedro  contra  nosso  serviço»  (i).  A  condessa  de  Abranches  era 
filha  de  D.  Fernando  de  Castro,  governador  da  casa  do  infante  D.  Henrique; 
foi  irmã  do  i."  conde  de  Monsanto,  e  em  145 1  já  tinha  tornado  a  casar  com 
D.  Martinho  de  Ataíde,  que  em  1462  foi  o  2.°  conde  da  Atouguia,  como  logo 
direi. 

Do  segundo  casamento  do  conde  de  Abranches  nasceu  um  filho,  que, 
apesar  de  lhe  não  ter  herdado  o  morgado,  lhe  sucedeu  no  título. 

i.°  Conde  de  ODEMIRA— 1446,  Outubro  9.  — D.  SANCHO  DE  NO- 
RONHA, primo  de  el  Rei  e  do  seu  conselho.  —  Foi-lhe  doada  para  ele  e 
todos  os  seus  herdeiros  lídimos  a  vila  de  Odemira,  e  seu  termo,  da  qual  o 
faz  conde  (2).  Foi  capitão  de  Seuta  por  carta  de  3o  de  Maio  de  146 1  (3), 
lugar  que  exerceu  até  3o  de  Junho  de  1460,  em  que  lhe  foi  levantada  a 
homenagem  (4).  Já  era  falecido  em  6  de  Maio  de  147 1,  como  declara  a 
carta  do  corregedor  de  Entre  Tejo  e  Odiana  e  Diogo  Varela,  como  haviam 
sido  os  outros  corregedores,  e  como  ele  o  tinha  em  ouvidoria  pelo  conde  de 
Odemira,  adiantado  na  dita  comarca,  que  se  ora  finou  (5).  Em  10  de  Janeiro 
de  1475,  sua  viúva  ajusta  as  contas  das  partilhas  de  certos  bens  do  marido 
com  os  testamenteiros  deste  (6). 

Armas:  as  do  2.°  conde  de  Vila  Real  seu  irmão. 

Casou  ainda  no  reinado  de  D.  João  I,  que  lhe  fez  o  casamento,  com 
D.  Mecia  de  Sousa,  filha  de  Gonçalo  Anes  de  Sousa,  senhor  de  Mortágua. 
Por  cartas  de  17  e  25  de  Janeiro  de  1434  foram  confirmados  a  D.  Sancho  e 
a  D.  Mecia  os  respectivos  dotes  (7),  e  por  outra  de  26  do  mesmo  mês  e  ano 
o  senhor  de  Mortágua  (8). 

Foi  D.  Mecia  condessa  de  Odemira,  e  sobreviveu  ao  marido,  mas  já  tinha 
falecido  a  10  de  Novembro  de  1497,  em  que  as  suas  tenças  foram  confir- 
madas a  sua  filha  a  condessa  de  Faro  (9). 

Tiveram  descendência. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  iS.",  fl.  167. 

(2)  Místicos,  liv.  3.°,  fl.  iSgTv.  No  mesmo  livro,  a  fl.  i25  v.,  está  outra  carta  de  criação 
do  condado  de  Odemira  passada  em  2  de  Julho  de  1449.  A  explicação  é  porque  na  primeira 
figurava  o  nome  do  infante  D.  Pedro,  que  foi  suprimido  na  segunda. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  ii.°,  fl.  69. 

(4)  Místicos^  liv.  3.»,  fl.  57. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  16.»,  fl.  89. 

(6)  Ibidem,  liv.  26.%  fl.  170  v. 

(7)  Ibidem,  liv.  34.°,  fl.  82  v. 

(8)  Misiicos,  liv.  3.°,  fl.  168  V. 

(9)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.»,  fl.  76. 

YOL.  ni  35 


274  '  Brasões 

i.°  Conde  da  ATOUGUIA  — 1448,  Dezembro  17.  — ÁLVARO  GON- 
ÇALVES DE  ATAÍDE,  do  conselho  de  el  Rei.  —  Por  carta  daquela  data 
fez-lhe  D.  Afonso  V  doação  da  vila  da  Atouguia,  com  seu  castelo,  têrmo, 
toda  a  jurisdição,  e  padroado,  e  o  fez  conde  da  mesma  vila(i). ,  Fora  aio 
daquele  rei,  e  depois  de  conde  passou  a  chamar-se  D.  Álvaro  de  Ataíde  (2). 

Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  do  conselho,  e  governador  da  casa  do  in- 
fante D.  Pedro,  e  alcaide  do  castelo  de  Monforte  de  Rio  Livre,  carta  para 
cinquenta  homisiados  poderem  viver  nessa  vila  para  a  povoarem.  Tentúgal, 
10  de  Outubro  da  era  de  1458  (i42o)'(3). 

Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  nosso  aio  e  do  infante  meu  irmão,  do  nosso 
conselho,  mostrou  privilégio  que  lhe  foi  dado  por  D.  João  L  —  Álvaro  Gon- 
çalves de  Ataíde,  do  nosso  conselho  e  regedor  da  casa  do  infante  D.  Pedro 
seu  íilho,  carta  de  privilégio  para  seus  caseiros,  lavradores,  amos  e  mor- 
domos. Lisboa,  8  de  Outubro  de  1425.  —  Confirmada  em  Santarém,  24  de 
Outubro  de  1440  (4). 

D.  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  conde  da  Atouguia,  mostrou  uma  carta 
de  D.  Duarte,  e  quatro  do  infante  D.  Pedro.  —  Infante  D.  Pedro,  duque  de 
Coimbra,  etc.  pêlos  serviços  de  Álvaro  Gonçalves,  meu  cavaleiro  e  do  con- 
selho de  el  Rei  meu  padre,  e  meu  governador  da  minha  casa,  doação  das 
casas  de  Chança  e  do  Carvalhal,  no  têrmo  da  minha  vila  de  Penela.  Lisboa, 
i5  de  Junho  ano  de  1425.  —  Infante  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra,  pelo  ser- 
viço de  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  governador  de  minha  casa,  doação  do 
lugar  de  Sernache  para  sempre.  Lisboa,  i5  de  Junho  da  era  de  1425. — 
D.  Duarte  o  infante  D.  Pedro  disse  que  D.  João  I  lhe  fez  mercê  do  lugar  de 
Sernache  com  a  jurisdição  e  padroado,  o  qual  foi  de  Gonçalo  Nunes  Barreto 
e  de  certos  direitos  e  casas  que  o  mesmo  tinha  no  têrmo  de  Alvaiázere  e  na 
Albergaria  Velha,  e  do  padroado  da  igreja  de  Pelmá  no  têrmo  de  Alvaiázere; 
os  quais  bens  D.  João  I  houvera  de  Gonçalo  Nunes  por  escambo  doutros  no 
Algarve;  e  outrosim  lhe  fez  mercê  das  casas  e  herdades  da  Chança  e  do 
Carvalhal,  têrmo  de  Penela,  confiscados  a  Gonçalo  Lourenço,  escrivão  que 
foi  da  puridade  de  D.  João  I.  E  considerado  os  muitos  serviços  de  Álvaro 
Gonçalves  de  Ataíde,  do  nosso  conselho,  e  governador  da  sua  casa,  lhe  fez 
doação  de  Sernache  e  de  todos  os  mais  bens  e  padroados;  mas  como  na 
doação  que  D.  João  I  dele  lhe  fizera  fora  sob  condição  de  os  não  poder 
doar  etc.    Confirma  as  doações  feitas.    Santarém,  3  de  Dezembro  de  1433. 


(i)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  no. 

(2)  Consta  da  carta  de  5  de  Março  de  1450  de  confirmação  do  contracto  de  casamento 
{Ibidem,  fl.  74),  e  doutras. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  1,  liv.  4.',  fl.  12  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  2.»,  fl.  84. 


Apêndice,  275 

—  InfaAte  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra,  tendo  feito  doação  a  Álvaro  Gon- 
çalves das  casas  de  Chança  e  do  Carvalhal,  e  sendo  ele  casado  longos  anos 
havia  com  D.  Guiomar  de  Castro,  e  não  o  tendo  declarado  na  carta,  « e  consi- 
rando  e  trazendo  à  memória  como  a  dita  D.  Guiomar  casou  com  o  dito  Álvaro 
Gonçalves  a  meu  requerimento  por  encomendamento  de  el  Rei  meu  padre 
e  da  rainha  minha  madre »  vem  expressamente  declarar  que  a  ela  tambe'm 
foi  feita  doação  etc.  Lisboa,  18  de  Fevereiro  de  1439.  —  D.  Pedro,  duque 
de  Coimbra,  outra  análogo  à  precedente  para  Sernache.  Lisboa,  17  de  Feve- 
reiro de  1439.     Cfr.  em  Évora,  26  de  Janeiro  de  1450(1). 

D.  Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  conde  da  Atouguia,  apresentou  carta.  — 
Álvaro  Gonçalves  de  Ataíde,  do  conselho,  regedor  e  governador  do  infante 
D.  Pedro  meu  irmão,  mostrou  carta  dada  à  condessa  D.  Guiomar  que  Deus 
perdoe.  —  A  condessa  D.  Guiomar  nos  disse  que  tem  uma  quinta  no  termo 
de  Benavente,  que  chamam  a  Foz,  que  parte  com  o  rio  Tejo,  etc.  Carta 
de  couto  para  a  dita  quinta.  Lisboa,  2  de  Junho  de  1431  (i393).  —  Apresen- 
tada a  carta  por  Álvaro  Gonçalves  ele  nos  disse  que  a  dita  quinta  era  ora 
sua,  etc.  Cfr.  Aviz,  28  de  Julho  de  1438.  —  Cfr.  Évora,  i  de  Dezembro 
de  1449(2). 

Morreu  antes  de  14  de  Fevereiro  de  1462  (3). 

Armas:  de  azul,  quatro  bandas  de  prata. 

Casou  em  Lisboa,  em  141 2,  com  D.  Guiomar  de  Castro,  condessa  da 
Atouguia  (4).  Era  filha  de  D.  Pedro  de  Castro,  senhor  do  Cadaval,  e  de 
D.  Leonor  de  Meneses.  Foi  a  condessa  a  fundadora  do  convento  de 
S.  Francisco  de  Xabregas,  edificado  nuns  antigos  paços  reais  com  sxm  torre, 
e  em  parte  do  laranjal  junto  aos  mesmos,  que  tudo  lhe  doou  D.  Afonso  V 
por  carta  de  17  de  Outubro  de  1455  (5).  Ainda  era  viva  a  i5  de  Julho  de 
1468  em  que  fez  certa  doação  a  seu  filho  o  conde  D.  Martinho  (6).  A  con- 
dessa da  Atouguia  parece  que  ainda  era  viva  a  16  de  Julho  de  1469,  pelo 
menos  na  carta  de  aprovação  de  el  Rei  de  uma  tpoca  feita  entre  os  filhos 
da  condessa,  o  2."  conde  e  D.  Álvaro  de  Ataíde  que  a  quinta  do  Judeu  que 
D.  Álvaro  houve  « que  ora  trás  sua  madre  » (7}. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  34.°,  fl.  104  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  io3. 

(3)  Consta  da  carta  de  título  ao  filho  que  é  da  data  referida,  e  na  qual  se  declara *que 
o  pai  se  ora  finou. 

(4)  Consta  das  confirmações  do  contracto  esponsalício  {Ibidem,  livs,  18.°,  fl.  44,  e  34.», 
fl.  74. 

(5)  Ibidem,  liv.  i5.»,  fl.  118. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5i.",  fl.  142. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  28.*,  fl.  91. 


276  Brasões 

Morreu  em  1473  (i). 
Tiveram  descendência. 

I.®  Marquês  de  VALENÇA— 1451,  Outubro  11.  —  O  conde  de  Ourém, 
«meu  muito  amado  e  presado  primo».  —  Carta  daquela  data  a  D.  Afonso, 
4.®  conde  de  Ourém,  filho  primogénito  do  i.°  duque  de  Bragança,  pela 
qual  foi  feito  marquês  daquela  vila,  cujo  senhorio  lhe  foi  dado  em  sua 
vida  (2). 

Morreu  solteiro  em  29  de  Agosto  de  1460(3),  deixando  um  filho  bas- 
tardo. 

Armas:  as  do  i.°  duque  de  Bragança,  tendo  por  diferença  em  chefe  um 
banco  de  pinchar  de  três  pendentes  (4). 

2."  Conde  da  ATOUGUIA— 1452,  Fevereiro  14.  — D.  MARTINHO 
DE  ATAÍDE,  «nosso  capitão  e  do  nosso  conselho».  —  Foi  feito  conde  e 
senhor  da  Atouguia  por  carta  da  referida  data,  em  sucessão  a  seu  pai 
D.  Álvaro  de  Ataíde,  i."  conde  da  Atouguia  (5).  Em  28  de  Dezembro  de 
1464  teve  D.  Martinho  alvará  de  mercê  da  vila  da  Atouguia  para  o  seu  filho 
primogénito  herdeiro  ao  tempo  do  seu  falecimento;  mercê  que  lhe  foi  confir- 
mada por  carta  de  25  de  Junho  de  1487  (6).  Por  alvará  de  27  de  Fevereiro 
de  1479  foi  ordenado  aos  juízes,  etc,  da  vila  de  Vinhais,  que  dessem  ao 
conde  da  Atouguia,  senhor  da  vila,  a  quem  el  Rei  mandava  acabar  o  castelo 
dela,  toda  a  serventia  de  que  houvesse  mister,  pagando  o  conde  os  mestres 
segundo  o  costume  nas  obras  que  el  Rei  mandava  fazer  (7).  Parece  que 
não  estava  ainda  acabado  o  castelo  em  21  de  Julho  de  1487,  em  que  ao 
conde  foi  confirmado  o  referido  alvará  (8).  O  condado  da  Atouguia  foi  con- 
firmado a  D.  Martinho  a  3i  de  Maio  de  1482  (9),  e  o  tornou  a  ser  a  11  de 
Maio  de  1487  (10).  Parece  que  o  conde  ainda  viveu  bastantes  anos,  pois  que 
só  a  24  de  Março  de  i5o4  é  que  foi  confirmada  a  seu  neto  pane  da  casa,  na 


(i)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IV,  pág.  63. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  11.",  fl.  140  v.,  impressa  na  íntegra  no  começo  da 
primeira  parte  deste  Catálogo. 

(3)  Historia  genealógica,  vol.  10.",  pág.  533. 

(4)  Selo  {Ibidem,  vol.  4.°,  estampa  M,  n.°  lviii). 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  2.»,  fl.  7. 

(6)  Misticos,  liv.  3.»,  fl.  187. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  18.°,  fl.  33. 

(8)  Ibidem. 

(9)  Ibidem,  liv.  7.»,  fl.  74. 

(10)  Ibidem,  e  liv.  3."  dos  Misticos,  fl.  243. 


Apêndice 


277 


qual  sucedera  directamente  ao  avô(i)  e  no  ano  de  i52i  não  havia  ainda 
23  anos  que  era  falecido  o  conde  D.  Martinho  seu  avô  (2). 

Morreu  portanto  o  2.°  conde  da  Atouguia  em  1498  ou  99. 

Armas:  de  a2ul,  quatro  bandas  de  prata. 

Casou  a  i.*  vez,  precedendo  contracto  de  22  de  Setembro  de  i4Í)i,  com 
D.  Catarina  de  Castro,  condessa  de  Avranches  (3).  Foi  condessa  da 
Atouguia,  e  era  viúva  de  D.  Álvaro  de  Almada,  i.°  conde  de  Avranches,  e 
filha  de  D.  Fernando  de  Castro,  governador  da  casa  do  infante  D.  Henrique. 
Durou  pouco  tempo  este  casamento,  do  qual  não  ficou  geração. 

Já  era  falecida  em  3  de  Dezembro  de  1453  (4)  e  parece  ter  morrido  a  i 
de  Novembro  desse  ano. 

Casou  a  2.*  vez  em  1457,  depois  de  18  de  Abril,  com  D.  Felipa  de  Aze- 
vedo, donzela  da  infanta  D.  Catarina,  e  filha  de  Luís  Gonçalves  tesoureiro 
de  el  Rei,  do  seu  conselho,  e  vedor  da  sua  fazenda  (5);  é  o  chamado  Luís 
Gonçalves  Malafaia. 

Foi  D.  Felipa  condessa  da  Atouguia,  e  ainda  era  viva  a  2  de  Agosto  de 
1474  (6). 

Tiveram  descendência. 


2.°  Conde  de  MARIALVA— Anterior  a  28  de  Junho  de  1452.— D.  GON- 
ÇALO COUTINHO,  do  conselho  de  el  Rei,  meirinho  mor. — Já  era  conde 
de  Marialva  em  21  de  Abril  de  1452.    Nesta  data  se  passou  uma  carta  régia 
I     ordenando  se  inquirisse  do  conde  D.  Gonçalo  se  ele  queria  pagar  as  dividas 
do  pai,  ou  desistir  da  herança,  e  no  caso  de  as  querer  pagar,  se  lhe  marcasse 
|l    prazo  para  o  cumprir.    Ele  a  3  de  Maio,  em  Lisboa,  no  castelo,  numa  torre 
onde  pousava  declarou  que  i^ão  só  queria  herdar,  como  Já  tinha  pago  a  maior 
t    parte  das  dividas  do  pai,  etc.  (7). 

Sucedeu  a  seu  pai  no  condado  de  Marialva  encontrando^se  já  com  o  título 
de  conde  na  data  apontada  numa  escritura  de  confirmação  do  seu  contracto 
I'  de  casamento  (8).     Chamou-se  ele,  antes  do  pai  ser  feito  conde,  Gonçalo 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  Si.",  fl.  142. 

(2)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IV,  pág.  61. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.»,  fl.  7. 

(4)  Ibidem,  liv.  4.»,  fl.  74,  e  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  III,  pág.  234. 

(5)  Consta  da  carta  da  tença  de  vinte  mil  reais  ao  conde  da  Atouguia  a  fl.  91  do  liv.  3i.** 
da  Chancelaria  de  D.  Afonso  V. 

(6)  Consta  de  uma  escritura  de  venda  transcrita  numa  carta  de  confirmação  a  fl.  21  do 
liv.  19."»  da  Chancelaria  de  D.  João  III. 

(7)  Corpo  Chronologico,  parte  2.*,  maç.  i,  doe.  24. 

(8)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.°,  fl.  62  v. 


278  Brasões 

Vasques  Coutinho,  e  com  êst^  nome  recebeu  certos  dinheiros  no  ano  de  1440» 
em  Janeiro  e  Agosto,  no  almoxarifado  de  Lamego  (i).  Ainda  então  não  era 
meirinho  mor.  Já  era  meirinho  mor  em  i3  de  Janeiro  de  144 1  (2),  mas 
havia  de  ter  sido  nomeado  por  esses  tempos,  pois  que,  se  a  data  da  nomeação 
me  não  é  conhecida,  consta-me  contudo  a  da  exoneração,  que  não  tardou,  e 
que  veio  por  carta  de  21  de  Abril  de  1445,  em  que  Martim  de  Távora  foi 
nomeado  meirinho  mor,  assim  como  era  D.  Gonçalo  Coutinho,  que  foi  exo- 
nerado « per  erros  e  coisas  que  fez  em  o  dito  oficio  per  que  mereceu  de  ser 
privado  d'elle » (3).  Tornou  contudo  a  ser  reintegrado,  e  já  com  a  designação 
de  ser  meirinho  mor  lhe  foi  mandada  pagar  certa  quantia  no  almoxarifado 
da  Guarda  por  carta  de  5  de  Julho  de  1449(4).  Continuou  exercendo  o 
ofício  nos  anos  seguintes,  ate  que  por  carta  de  12  de  Julho  de  1452,  sendo 
já  conde,  foi  dada  ordem  às  justiças  da  cidade  de  Lamego,  da  vila  de  Tran- 
coso, e  doutras  terras  na  Beira,  para  deixarem  ao  conde  de  Marialva  distri- 
buir a  todos  os  moradores  daquelas  povoações  e  seus  termos,  dumas  das 
quais  êle  era  alcaide  mor  e  das  outras  senhor,  lanças  e  dardos,  ou  escudos 
e  remessÔes,  o  que  êle  mais  vir  que  e'  do  serviço  de  el  Rei,  e  outrosim 
bestas  e  armas  (5).  Abusou  o  conde  desta  faculdade.  Rodeou-se  de  um 
bando  de  homens  armados,  alguns  deles  malfeitores  culpados  em  grandes 
crimes,  a  quem  a  complacência,  e  talvez  a  instigação  do  senhor,  dava 
ousadia  para  cometerem  toda  a  casta  de  malefícios  com  perfeito  desprêso 
pelas  justiças  reais.  Vieram  as  coisas  a  ponto  de  D.  Afonso  V  mandar 
prender  ao  conde  meirinho  mor;  privá-lo  de  todos  os  castelos  de  menagem, 
chegando  a  dar  a  alcaidaria  mor  de  Lamego  por  carta  de  24  de  Setembro 
de  1464  a  Vasco  Martins  da  Cunha  (6);  e  tirar-lhe  as  jurisdições  das  suas 
terras,  conservando-o  preso  até  que,  a  pedido  da  rainha  de  Castela,  irmã  de 
el  Rei,  perdoou  este  ao  conde  por  carta  de  28  de  Janeiro  de  1455  (7),  e  lhe 
restituiu  a  casa  por  outra  de  3  de  Maio  seguinte,  exceptuando  Lamego  (8). 
Não  se  emendou  porém  o  meirinho  mor,  e  continuou  praticando  excessos, 
tanto  que  em  1463,  para  se  eximir  ao  pagamento  de  certa  dívida,  apresentou 
uma  escritura  falsa  de  quitação.     O  credor,  aflito  por  ter  de   intentar  a 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  27.°,  fl.  i33  na  carta  de  quitação  a  João  Louvado 
alqpoxarife  de  Lamego. 

(2)  Vide  adiante  na  pág.  279. 
'      (3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  5.",  fl.  70. 

(4)  Ibidem^  liv.  11.",  fl.  47,  na  carta  de  quitação  ao  almoxarife  da  Guarda. 
(5) /éiiew,  liv.  12.0,  fl.  85  V. 

(6)  Ibidem,  liv.  i5.°,  fl.  83. 

(7)  Ibidem,  fl.  6  v. 
*  (8)  Ibidem,  fl.  17. 


Apêndice  279 

demanda  nas  terras  do  conde  perante  as  suas  Justiças,  recorre  ao  rei,  que 
em  3o  de  Janeiro  daquele  ano  manda  passar  uma  carta  de  perdão  para  o 
conde,  tabelião  e  testemunhas,  que  na  escritura  falsa  intervieram,  a  ver  se 
assim  se  apurava  a  verdade  (i).  Este  conde  de  Marialva  apresenta-se-nos 
como  uma  boa  amostra  do  que  era  a  alta  fidalguia  naqueles  tempos  do  bona- 
cheirão D.  Afonso  V,  e  quanto  era  precisa  a  mão  de  ferro  de  D.  João  II 
para  a  reduzir.  Note-se  que  o  conde  era  meirinho  mor;  isto  é,  um  dos 
chefes  da  Justiça. 

Morreu  02."  Marialva  no  escalamento  de  Tânger  em  20  de  Janeiro  de 
1464(2). 

Armas:  as  do  i.°  conde.     (Coutinho). 

Casou  com  D.  Beatris  de  Melo,  ainda  em  vida  de  seu  pai  pois  já  eram 
casados  em  i3  de  Janeiro  de  1441  data  de  um  instrumento  pela  qual  D.  Brio- 
lanja  de  Sousa,  viúva  de  Martim  Afonso  de  Melo,  confessa  dever  a  Gonçalo 
Vasques  Coutinho  meirinho  mor,  58o. 000  reais  brancos  que  lhe  prometeu  em 
dote  de  casamento  com  sua  filha  D.  Beatris  de  Sousa  (3).  Noutros  documentos 
é  chamada  D.  Beatris  de  Melo.  Portanto  muito  antes  de  28  de  Junho  de  1452, 
dia  em  que,  na  cidade  de  Lisboa  no  castelo  de  menagem,  onde  os  condes  pou- 
savam, celebraram  um  instrumento  pelo  qual  ele  confirmou  a  ela  o  contracto 
de  casamento  tratado  entre  o  conde  seu  pai  e  D.  Briolanja  de  Sousa  sua 
sogra  (4).  Foi  D.  Beatris  condessa  de  Marialva,  e  era  filha  de  Martim  Afonso 
de  Melo,  guarda  mor  de  D.  João  I.  Sobreviveu  a  condessa  a  seu  marido, 
pois  que  por  carta  de  22  de  Junho  de  1464  lhe  foi  confirmada  uma  tença  (5). 

Tiveram  descendência. 

i.°  Duque  de  BEJA  — 1453,  Fevereiro.— O  infante  D.  FERNANDO, 
filho  de  el  Rei  D.  Duarte,  e  posteriormente  duque  de  Viseu.  —  No  verão  de 
1462  partiu  o  infante  do  reino  em  busca  de  aventuras,  desgostoso  por  seu 
irmão  D.  Afonso  V  lhe  não  satisfazer  os  aumentos  que  pretendia.  Batido 
€m  Seuta  pelo  capitão  da  praça,  convenceu-se  a  voltar  à  corte,  avistando-se 
pela  primeira  vez  com  el  Rei  em  Beja,  na  primeira  sexta  feira  da  quaresma 
do  ano  de  1453.  Poucos  dias  depois  el  Rei  satisfez-lhe  os  desejos,  dando- 
Ihe  as  vilas  de  Beja,  Serpa  e  Moura  (6). 

Foi  duque  de  Viseu  em  1461.     Vide.  .    ' 


( 1 )  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  9.»,  fl.  33. 

(2)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  5o8. 

(3)  Corpo  Chronologico,  parte  2.»,  maç.  i,  doe.  20. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.»,  fl.  62  v. 

(5)  iWiem,  liv.  S.»,  fl.  118. 

(6)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  134.    Convém  advertir  que  o  cronista 


28o  '  Brasões 

i.°  Marquês  de  VILA  VIÇOSA —  1455,  Maio  25. —  O  conde  de  Arraiolos, 
primo  de  el  Rei.  —  Carta  daquela  data  a  D.  Fernando,  3.°  conde  de  Arraiolos, 
filho  segundo  do  i.°  duque  de  Bragança (i).  Sendo  Já  marquês,  o  que  se 
não  declara  no  documento,  foi-lhe  marcado  o  assentamento  de  cento  e  setenta 
mil  reais  brancos  a  começar  do  primeiro  de  Janeiro  de  1456,  como  diz  a 
respectiva  carta  que  é  de  29  de  Maio  do  mesmo  ano  (2). 

Foi  2.°  duque  de  Bragança  em  146 1. 

Armas  enquanto  marquês:  as  de  seu  irmão  o  marquês  de  Valença  com  a 
diferença  do  banco  de  pinchar  ser  só  de  dois  pendentes.  (Bragança^  pri- 
meiras). 

Casou  em  1429  com  D.  Joana  de  Castro,  marquesa  de- Vila  Viçosa  e 
depois  duquesa  de  Bragança. 

Vide  o  2.°  duque  de  Bragança. 

i.°  Conde  de  MONSANTO  — 1460,  Maio  21.  — D.  ÁLVARO  DE 
CASTRO,  senhor  de  Cascais,  camareiro  mor.  —  Por  carta  daquela  data  foi- 
-Ihe  dado  em  vida  o  senhorio  da  vila  e  castelo  de  Monsanto  com  o  termo,  a 
jurisdição  civil  e  crime,  e  os  padroados,  e  foi  feito  conde  da  mesma  vila  (3). 
Por  outra  de  20  de  Maio  de  1464  foi  ampliada  a  doação  do  senhorio  de 
Monsanto  a  juro  e  herdade  (4);  já  então  era  fronteiro  e  alcaide  mor  de 
Lisboa. 

Morreu  na  tomada  de  Arzila  a  24  de  Agosto  de  147 1. 

Armas:  de  prata,  seis  arruelas  de  azul  (5).     (Castro). 

Casou  entre  10  de  Junho  de  1436  e  20  de  Abril  de  1444(6)  com  D.  Isabel 
DE  Cascais  (7),  condessa  de  Monsanto,  senhora  de  Cascais,  filha  dos  senhores 


põe  a  primeira  sexta  feira  de  quaresma  do  ano  de  1453  no  dia  17  de  Fevereiro,  quando  ela 
foi  a  16.  Também  direi  que  de  Serpa  só  se  passou  carta  do  senhorio  ao  infante  em  18  de 
Fevereiro  de  1457,  e  que  por  sinal  é  o  primeiro  documento  em  que  o  encontro  intitulado 
duque  de  Beja  {Místicos,  liv.  4.°,  fl.  21  v.).  Aparece  intitulado  duque  de  Beja,  senhor  de 
Moura,  condestável  e  governador  da  ordem  de  Santiago  no  instrumento  de  25  de  Junho  de 
1455  do  juramento  do  príncipe  D.  João  (Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.",  pág.  86> 
n.»  19). 

(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  i5.°,  fl.  5o. 

(2)  Ibidem,  liv.  i3.°,  fl.  78  v. 

(3)  Místicos,  liv.  3.",  fl.  23o. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  11,  liv.  6.",  fl,  2. 

(5)  Vide  Livro  /.»  dos  Brasões,  I,  pág.  63. 

(6)  A  D.  Isabel  sendo  solteira,  foi-lhe  confirmado  o  senhorio  de  Cascais  na  primeira 
data  apontada,  e  na  segunda  já  D.  Álvaro  era  senhor  de  Cascais.  Coiista  do  liv.  i."  dos 
Místicos,  fl.  294  e  da  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  24.*,  fl.  58  v. 

(7)  Com  este  apelido  é  a  condessa  nomeada  no  contracto  de  casamento  de  sua  filha  o 
qual  está  nas  Provas  da  Historia  genealógica,  vol,  VI,  pág.  164,  n.»  12. 


Apêndice  281 

de  Cascais,  D.  Afonso  e  D.  Branca  da  Cunha.  « D.  Duarte,  quando  nós 
casámos  D.  Álvaro  nosso  cavaleiro,  com  D.  Isabel  minha  sobrinha,  filha  de 
D.  Afonso,  meu  primo  etQ.  Carta  garantindo-lhe  pelo  marido  2.000  dobras 
valedias  velhas  de  arras.  Montemor  o  Novo,  3i  de  Maio  de  1436.  Destas 
2.000  coroas  fez  a  condessa  D.  Isabel  doação  em  dote  e  casamento,  por  ins- 
trumento a  4  de  Fevereiro  de  1475  a  sua  criada  Inês  Cerveira,  moça  da  câmara 
da  infanta  D.  Joana,  a  quem  casara  com  Jorge  de  Sousa,  cavaleiro  da  casa 
de  el  Rei  e  comendador  de  Merles.  Carta  de  padrão  das  2.000  coroas  à  refe- 
rida Inês,  em  Évora  a  12  de  Março  de  1475  (i).  Sobreviveu  a  condessa  a 
seu  marido,  e  por  carta  de  8  de  Setembro  de  1478  teve  licença  régia  para 
comprar  bens  de  raiz  até  à  quantia  de  sessenta  mil  reais,  e  legá-los  ao  mos- 
teiro de  S.  Jerónimo  de  Peralonga  (2). 

Morreu  nas  proximidades  de  5  de  Janeiro  de  1482,  em  que  o  senhorio 
de  Cascais  foi  confirmado  a  seu  filho  o  2.°  conde  de  Monsanto  (3). 

Tiveram  descendência. 

2.°  Conde  de  VIANA  [DO  MINHO]  —14Õ0,  Julho  6.— D.  DUARTE  DE 

MENESES,  do  conselho,  alferes  mor,  capitão  e  governador  de  Alcácer. — 
Por  carta  daquela  data  foi  criado  conde  de  Viana  de  Caminha,  com  o  senhorio, 
jurisdição  e  alcaidaria  em  sua  vida  (4).  No  mês  de  Abril  de  1460  deixou 
D.  Duarte  por  capitão  de  Alcácer  a  seu  sobrinho  Afonso  Teles,  e  veiu  a 
Lisboa  ter  com  el  Rei,  e  dali  se  foi  el  Rei  a  Santarém,  onde  com  solene 
arenga  de  seus  serviços  e  merecimentos,  e  com  a  devida  cerimónia,  o  fez 
conde  de  Viana  de  Caminha  (5).  Era  filho  bastardo  de  D.  Pedro  de  Meneses, 
2.°  conde  (Je  Viana,  e  fora  legitimado  em  i5  de  Março  de  1424(6).  Por 
carta  de  6  de  Agosto  de  1444  havia  sido  nomeado  alferes  mor  (7);  e  por  outra 
de  16  de  Janeiro  de  1469  capitão  e  regedor  de  Alcácer  (8). 

Morreu  numa  batalha  na  serra  de  Benacofú,  em  Africa,  nos  princípios 
do  ano  de  1464,  defendendo  a  rectaguarda  do  exército  de  D.  Afonso  V  (9),  e 
pelas  razões  que  vou  expor  julgo  que  seria  nos  primeiros  dias  de  Fevereiro. 

A  morte  do  conde  D.  Duarte  anda  assinalada  modernamente  no  dia  20 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.",  fl.  149  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  33.»,  fl.  216. 

(3)  Estremadura,  liv.  12.°,  fl.  87. 

(4)  Místicos,  liv.  3.°,  fl.  57  V.,  impressa  no  fim  da  Chronica  do  conde  D.  Duarte. 

(5)  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  143,  pág.  484. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  4.%  fl.  74. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  25.°,  fl.  10. 

(8)  Ibidem,  liv.  36.»,  fl.  11. 

(9)  Chronica  do  conde  D.  Duarte,  cap.  154. 

voL.  ni  36 


,   -1 


282  Brasões 

de  Janeiro  de  1404,  mas  a  esse  dia  com  certeza  sobreviveu  o  conde.  O  in- 
fante D.  Fernando  partiu  de  Alcácer  para  ir  acometer  a  Tânger  em  19  de 
Janeiro  (i).  D.  Afonso  V  estava  então  em  Seuta  preparando-se  para  ir  a 
Gibraltar  avistar-se  com  os  reis  de  Castela.  Levaram-lhe  a  noticia  do  ma- 
logro da  expedição  do  irmão;  mas,  apesar  disso  partiu.  Avistou-se  com  os 
castelhanos,  tornou  a  Seuta,  donde  marchou  para  Alcácer  com  o  fito  de 
atacar  Arzila.  Por  causa  das  chuvas  não  prosseguiu,  e  voltou  para  Alcácer, 
donde  pretendeu  novamente  sair  em  incursão  no  «  dia  de  Santa  Maria  de 
Candeloz»,  2  de  Fevereiro  (2).  Já  por  aqui  se  vê  que  o  dia  20  de  Janeiro 
estava  passado  havia  muito.  De  Alcácer  regressou  el  Rei  a  Seuta,  onde  foi 
ter  com  êle  o  conde  D.  Duarte,  e  aí  lhe  ordenou  que  o  acompanhasse  à  serra 
de  Benacofú.  Partiram;  e  ao  terceiro  dia  da  expedição  é  que  morreu  o 
conde  (3). 

Encontro  el  Rei  em  Seuta  em  várias  cartas  de  Janeiro  até  o  dia  28; 
depois  há  um  intervalo,  torno  porém  a  encontrá-lo  em  todos  os  dias  do  mês 
de  Fevereiro,  mas  só  de  8  em  diante,  e  a  4,  6,  7,  10  e  i3  de  Março (4). 
Neste  dia  estava  certamente  o  conde  D.  Duarte  falecido,  pois  que  nele  foi 
nomeado  em  sua  sucessão  capitão  de  Alcácer  seu  filho  o  conde  D.  Hen- 
rique (5).  Será  pois  muito  inverosímil  supor  que  naquele  intervalo  do  prin- 
cípio de  Fevereiro  é  que  teve  lugar  a  expedição  à  serra  de  Benacofú,  e  a 
morte  do  conde  D.  Duarte  ? 

Por  muito  notáveis  transcreverei  em  seguida  as  palavras  da  carta  do 
título  de  conde  de  Valença  a  seu  filho:  Atendendo  aos  serviços  de  D.  Duarte 
de  Meneses,  que  Deus  haja,  conde  de  Viana,  que  foi  do  nosso  conselho  e 
nosso  alferes  mor,  e  capitão  por  nós  em  a  nossa  vila  de  Alcácer  em  África, 
e  vendo  como  êle  por  nosso  serviço  duas  vezes  foi  cercado,  em  a  dita  vila 
de  Alcácer,  de  el  Rei  de  Fez  em  espaço  de  dez  meses.  E  cento  e  sete  dias 
que  duraram  os  ditos  dois  cercos,  sendo  combatido  de  três  mil  e  duzentas 
pedras  de  bombarda,  e  doutra  muita  artilharia,  que  no  poderio  dos  ditos 
dois  cercos  traziam;  e  por  graça  do  Senhor  Deus  a  defendeu  como  valente 
e  esforçado  cavaleiro,  sendo  por  muitas  vezes  fora  da  dita  vila  a  pelejar  com 
os  mouros;  e  com  ajuda  do  Senhor  Deus  sempre  os  venceu,  sendo  no  pri- 


(i)  Chronica  do  conde  D.  Duarte,  pág.  354,  onde  se  designa  o  dia  por  véspera  de  S.  Se- 
bastião, e  na  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  5o5. 

(2)  Chronica  do  conde  D.  Duarte,  pág.  358. 

(3)  Ibidem,  cap.  154. 

(4)  Liv.  8."  da  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  onde  há  uns  poucos  de  cadernos  de  registos 
começados  em  Seuta,  por  exemplo  nas  fls.  47,  me  i83,  É  claro  que  poJem  existir  cartas 
com  outras  datas,  porque  eu  não  corri  a  Chancelaria  toda. 

Í5)  Ibidem,  fl.  108. 


Apêndice 


283 


meiro  cerco  ferido  no  rosto  por  nosso  serviço.  E  como  isso  mesmo  antes 
dos  ditos  cercos,  e  depois  deles,  com  desejo  de  nos  servir  fez  outras  muitas 
pelejas,  e  cavalgadas.  E  vendo  nós  isso  mesmo,  como  estando  ora  em  as 
partes  de  África,  conquistando  a  dita  terra,  aconteceu  os  mouros  dela  nos 
virem  buscar;  e,  pelejando  nós  e  a  nossa  gente  com  eles,  mandámos  ao  dito 
conde  D.  Duarte,  que  acudisse  por  si  àquelas  partes,  que  mais  sentimos  na 
dita  peleja  que  êle  era  necessário  a  nosso  serviço;  e  quis  Deus,  que  por  seu 
serviço  e  nossa  ventura,  o  dito  conde  falecesse  na  dita  peleja.  No  qual  feito 
outra  coisa  delo  não  pudemos  conhecer,  assim  pelo  que  vimos,  como  pelo 
que  nos  foi  dito  por  outros,  que  eram  no  dito  caso,  que  por  êle  olharam,  que 
morreu  como  cavaleiro  de  grande  coração,  que  êle  era.  No  qual  tempo,  e 
auto  de  peleja,  nós  notificámos  a  todos  que  êle  nos  serviu  tão  grandemente, 
que  por  muitos  louvores  que  lhe  de'ssemos  em  nossas  crónicas  de  seus  feitos 
e  mercês  que  mandássemos  fazer  a  sua  mulher  e  filhos  e  criados,  lhe  não 
galardoaríamos  seus  grandes  merecimentos,  etc.(i),  «...  estando  sua  Senhoria 
(D.  Afonso  V)  em  a  cidade  de  cepla  ao  tempo  que  faleceu  o  conde  D.  Duarte 
na  pelleja  de  Benycofuy. . .»  (2). 

Levantou-se-lhe  um  sumptuoso  mausoléu  no  cruzeiro  de  S.  Francisco  de 
Santarém,  hoje  no  museu  distrital,  porém  nele  apenas  se  guardou  um  dente 
do  herói. 

Armas:  cortado  de  um  traço,  partido  de  dois:  o  1.°,  3."  e  5.°  de  oiro, 
dois  lobos  passantes,  sotopostos,  de  púrpura,  armados  de  vermelho;  o  2.°, 
4.°  e  6.°  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  sobre  o  todo  de  oiro  liso. 
(j.°  Vilalobos,  2.°  Limas.    Meneses). 

Casou  a  i.*  vez  em  1438  com  D.  Isabel  de  Melo,  já  morta  em  1444, 
viúva  de  João  Rodrigues  Coutinho  (3),  meirinho  mor,  que  no  ano  antecedente 
morrera  em  Seuta  de  ferimentos.  Era  D.  Isabel  filha  de  Martim  Afonso  de 
Melo,  guarda  mor,  e  alcaide  mor  de  Évora.  D.  Duarte  de  Meneses,  do  nosso 
conselho,  e  nosso  alferes  mor,  e  D.  Isabel  de  Melo  sua  mulher,  mostraram 
cana.  —  Tratámos  e  firmámos  casamento  entre  D.  Duarte  de  Meneses,  do 
\nosso  conselho  e  alferes  mor,  e  D.  Isabel  de  Melo,  e  para  eles  terem  com 
que  se  melhor  manterem  lhe  pomos  a  tença  ao  dito  D.  Duarte  do  dia  que 
filhar  sua  casa  12.000  reais,  além  de  um  conto  que  era  ao  presente  de  nós 
a  tença  o  qual  queremos  que  tenham  hoje.  No  contracto  do  casamento 
é  contado"^me  D.  Isabel  hai^^.000  coroas,  falecendo  D.  Duarte  primeiro. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  8.°,  fl.  87. 

(2)  Carta  de  6  de  Novembro  de  148 1,  concedendo  brasão  de  armas  a  João  Garcês,  Mís- 
ticos, liv.  2.°,  fl.  J43. 

(3)  Chronica  do  conde  D.  Duarte,  pág.  82  e  Chronica  d'el-rei  D.  Duarte,  pág.  186, 


2184  Brasões 

praz-nos  pagar  por  ele  2.000  coroas  etc.  Avis,  5  de  Junho,  Rui  Galvão  a 
fez  era  do  nascimento  de  1438.  —  D.  Isabel  eu  vos  disse,  que  me  prazia 
D.  Duarte  haver  de  mim  em  sua  vida  sua  moradia  além  do  conto  e  dos 
12.000  reais  que  lhe  dou  de  tença,  e  pois  o  vosso  propósito  era  andar  mais 
tempo  em  minha  corte,  que,  ainda  por  cinco  ou  seis  anos  não  andásseis 
graciosamente  lhe  dava,  e  porque  disto  nos  demandáveis  certidão,  vos  dou 
esta.  Avis,  5  de  Junho  de  1438. — Confirmação  a  D.  Duarte  e  D.  Isabel 
em  Almada,  21  de  Março  de  1439(1).  Vimos  uma  carta  — a  precedente  — 
ora  nos  enviou  pedir  o  dito  D.  Duarte,  que  lhe  confirmasse  a  dita  carta  e 
escrito  etc.  Óbidos,  26  de  Agosto  de  1449(2).  D.  Duarte  de  Meneses  do 
conselho  e  alferes  mor,  disse  que  a  ele  era  dito  que  certos  bens  de  raiz  e 
casas  que  estão  na  vila  de  Santarém  e  seu  termo,  e  que  Martim  Afonso  de 
Melo,  e  alguns  seus  herdeiros  deram  assim  em  casamento,  como  em  paga- 
mento de  algumas  dividas  a  D.  Isabel  de  Melo,  filha  do  dito  Martim,  com 
João  Rodrigues  Coutinho,  e  deles  (bens)  lhes  (herdeiro)  ficam  de  haver 
depois  da  morte  de  João  Rodrigues,  os  bens  que  eram  da  coroa,  e  posto 
que  ele  (D.  Duarte)  estivesse  de  posse  deles  pelos  haver  em  casamento  com 
a  dita  D.  Isabel,  por  êle  morrer  sem  filho  macho,  que  os  ditos  bens  pudesse 
herdar,  se  teria  por  nossa  parte  etc.  Pede  que  se  os  ditos  bens  são  da  coroa 
lhes  façamos  deles  doação.  Carta  de  doação  deles  a  D.  Duarte  de  Meneses. 
Viseu,  i5  de  Fevereiro  de  1454(3). 

Deste  casamento  nasceu  unicamente  a  condessa  de  Monsanto,  mulher  do 
2.°  conde. 

Casou  a  2.*  vez  em  1449  com  D.  Isabel  de  Castro,  condessa  de  Viana, 
que  foi  irmã  do  i.°  conde  de  Monsanto.  Para  este  casamento  dotou  o  in- 
fante D.  Henrique  a  D.  Duarte  de  Meneses  com  certa  quantia,  e  el  Rei 
aprovou  o  instrumento  em  Santarém  a  20  de  Setembro  de  1449  (4).  Neste 
mesmo  ano  em  Óbidos,  a  25  de  Agosto,  havia  D.  Afonso  V  mandado  passar 
padrão  da  tença  que  dera  em  casamento  a  D.  Isabel  (5).  Já  estava  casado 
a  19  de  Abril  de  1449.  Consta  duma  verba  da  carta  de  quitação  de  Gonçalo 
Monteiro,  almoxarife  da  Guarda:  «deu  a  D.  Duarte  de  Meneses  45.000  reaes 
e  a  sua  mulher  D.  Isabel  da  sua  tença,  por  carta  de  19  de  Abril  de  1449...» 
Almeirim,  12  de  Maio  de  1452(6).     A  condessa  de  Viana  ainda  era  viva  a 


(1)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  18.",  fl.  47  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  34.»,  fl.  14. 

(3)  Ibidem,  liv.  io.°,  fl.  21  v. 

(4)  Místicos,  liv.  I.»,  fl.  64  V. 

(5)  Ibidem,  fl.  58. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  ii.»,  fl.  47. 


Apêndice  285 

i3  de  Maio  de  1497  em  que  se  lhe  confirmou  o  referido  casamento  (i);  porém 
já  tinha  morrido  a  i5  de  Junho  desse  mesmo  ano  em  que  se  confirmaram 
bens,  que  da  sua  partilha  ficaram,  a  sua  nora  a  condessa  de  Loulé  D.  Guio- 
mar (2). 

Tiveram  descendência.  * 

5.°  Conde  de  OURÉM— 1460,  depois  de  29  de  Agosto.  — D.  FER- 
NANDO,  i.°  marquês  de  Vila  Viçosa.  —  Sucedeu  no  condado  de  Ourém  por 
morte  de  seu  irmão  D.  Afonso,  4.°  conde,  e  numa  carta  de  dez  moios  de 
trigo  ao  convento  do  Carmo  de  Lisboa,  a  qual  foi  dada  em  Sacavém  a  25 
de  Setembro  de  14Õ0,  se^intitula  D.  Fernando,  neto  de  el  Rei  D.  João,  cuja 
alma  Deus  tenha,  marquês  de  Vila  Viçosa,  conde  de  Ourém  e  Arraiolos,  e 
senhor  de  Monforte  (3). 

Foi  o  2.°  duque  de  Bragança  em  146 1.    Vide. 

2.°  Duque  de  VISEU  —  Depois  de  7  de  Fevereiro  de  14Õ1.  —  O  infante 
D.  FERNANDO,  duque  de  Beja.  —  Havia  ele  sido  perfilhado  pelo  infante 
D.  Henrique  seu  tio  por  alvará  feito  em  Estremôs  a  7  de  Março  de  1436, 
confirmado  por  D.  Duarte  no  mesmo  dia,  e  por  D.  Afonso  V  a  23  de  No- 
vembro de  145 1  (4). 

Morreu  o  infante  D.  Henrique  i."  duque  de  Viseu,  a  i3  de  Novembro 
de  1460,  e  na  casa  lhe  sucedeu  o  infante  D.  Fernando,  a  quem  foi  feita 
mercê  das  ilhas  da  Madeira  e  outras,  que  haviam  sido  do  tio,  por  carta  de 
3  de  Dezembro  de  1460(5). 

Neste  documento  contudo  não  se  dá  título  nenhum  ao  infante,  e  na  carta 
da  alcaidaria  mor  de  Viseu  em  7  de  Fevereiro  de  1461  é  apenas  intitulado 
duque  de  Beja  e  senhor  de  Moura  (6);  porém  na  de  19  de  Setembro  de  1462, 
de  doação  de  certas  ilhas,  encontra-se  com  os  títulos  de  duque  de  Viseu  e 
de  Beja  (7). 

Morreu  o  infante  a  18  de  Setembro  de  1470(8). 

Armas:  as  do  reino  com  alguma  diferença,  mas  não  sei  qual. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  lII,  liv.  i5.»,  fl.  i25. 
(3)  Místicos f  liv.  1°,  fl.  66. 

(3)  Alvarás  antigos,  liv.  io.%  fl.  ii  v.,  Documentos  do  Carmo  de  Lisboa  na  Tôrre  do 
Tombo. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  6.°,  fl.  ii8  v. 

(5)  Místicos,  liv,  3.»,  fl.  58  v. 

(6)  Ibidem,  fl.  249  v. 

(7)  Alguns  documentos  da  Torre  do  Tombo  etc,  pág.  3 1. 

(8)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  521. 


286  Brasões 

Casou  em  1447  com  D.  Brites  que  foi  infanta  e  duquesa  de  Viseu  e  de 
Beja.  Era  filha  dos  infantes  D.  João  e  D.  Isabel,  e  morreu  a  3o  de  Setembro 
de  i5o6. 

Tiveram  descendência. 

2."  Duque  de  BRAGANÇA  — 1461,  Dezembro.  — D.  FERNANDO,  ?Jiar- 
quês  de  Vila  Viçosa,  e  conde  de  Ourém  e  de  Arraiolos.  —  Na  carta  de  fron- 
teiro mor  a  seu  filho  D.  Fernando,  a  qual  é  de  i5  de  Janeiro  de  1462,  já 
aparece  intitulado  duque  de  Bragança  (i).  Sucedeu  no  ducado  por  morte 
de  seu  pai  em  virtude  da  citada  carta  de  4  de  Julho  de  1449.  Senhor  da 
casa,  também  se  intitulou  cottde  de  Barcelos  e  Neiva,  senhor  de  Monforte  e 
Penafiel  (2). 

Morreu  a  i  de  Abril  de  1408,  e  foi  sepultado  no  convento  de  Santo  Agos- 
tinho de  Vila  Viçosa. 

Armas:  as  do  i.°  duque  de  Bragança. 

Casou  em  1429  com  D.  Joana  de  Castro,  duquesa  de  Bragança,  senhora 
do  Cadaval,  que  morreu  em  14  de  Fevereiro  de  1479.  Era  filha  herdeira 
de  D.  João  de  Castro,  senhor  do  Cadaval  e  Peral. 

Tiveram  descendência. 

^°  Conde  de  BARCELOS  — 146 1,  Dezembro.  — D.  FERNANDO,  mar- 
quês de  Vila  Viçosa.  —  Sucedeu  na  data  apontada  a  seu  pai  o  i."  duque  de 
Bragança  em  toda  a  casa,  na  qual  se  compreendia  o  condado  de  Barcelos, 
isto  em  virtude  de  uma  carta  de  4  de  Julho  de  1449  (3).  Com  o  titulo  de 
conde  de  Barcelos,  e  outros,  é  mencionado  no  contracto  de  casamento  da 
filha  D.  Brites  em  6  de  Agosto  de  1462  (4). 

Vide  2.°  duque  de  Bragança,  • 

3.°  Conde  de  NEIVA— 146 1,  Dezembro.  — D.  FERNANDO,  marquês 
de  Vila  Viçosa.  — Na  data  apontada  sucedeu  a  seu  pai  na  casa  de  Bragança, 
na  qual  se  compreendia  o  condado  de  Neiva,  e  com  o  título  de  conde  de 
Neiva  se  encontra  D.  Fernando  em  documento  de  6  de  Agosto  de  1462  (5). 
Também  se  encontra  com  o  título  de  conde  de  Neiva  no  instrumento  de  7  de 
Abril  de  1467  em  que  o  duque,  com  a  duquesa  e  seus  filhos  D.  Fernando 


(i)  Místicos,  liv.  4.",  fl.  5  V. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3.°,  pág.  58i,  n.»  69. 

(3)  Ibidem^  pág.  499,  n.«  25. 

(4)  Ibidem,  pág.  58 1,  n.»  69. 

(5)  Jbidem. 


Apêndice  287 

conde  de  Guimarães,  D.  Afonso  casado  com  D.  Maria  de  Noronha,  e  D.  Ál- 
varo fez  doação  a  seu  fillio  D.  João  de  certas  rendas  incluindo  as'  pensões 
dos  tabeliães  de  Lisboa  (i). 

i.**  Conde  de  GUIMARÃES  —  Entre  4  de  Fevereiro  de  1464  e  29  de 
Setembro  de  1463.  —  D.  Fernando  sobrinho  de  el  Rei,  filho  maior  do  2.°  duque 
de  Bragança.  Uma  escritura  de  22  de  Setembro  de  1463  foi  lavrada  por 
um  tabelião  de  Guimarães  «pelo  senhor  conde  D.  Fernando»  (2). 
—  Em  carta  de  21  de  Agosto  de  1462  intitula-se  D.  Fernando  «primogénito 
herdeiro  do  duque  de  Bragança  marquês  e  conde,  etc.  meu  senhor».  Não  era 
portanto  ainda  conde  de  Guimarães.  No  selo  vê-se  um  escudo  pendente 
com  uma  aspa  carregada  de  cinco  escudêtes,  elmo,  paquife,  e  timbre  uma 
cabeça  e  pescoço  de  cavalo  (3). 

Em  carta  de  4  de  Fevereiro  de  1462,  pela  qual  se  lhe  concedem  os 
mesmos  privilégios  que  seu  pai  tem,  ainda  não  é  intitulado  conde  (4);  em 
carta  porém  de  29  de  Setembro  de  1463  se  manda  pagar,  desde  o  primeiro 
de  Janeiro  que  passara,  a  D.  Fernando  conde  de  Guimarães  sobrinho  de 
el  Rei,  trezentos  mil  reais  brancos  de  seu  assentamento  (5).  DÍz-se  que 
D.  Fernando  fora  criado  conde  de  Guimarães  logo  depois  de  Junho  de  1460(6); 
mas  parece  engano.     Foi  o  1.°  duque  de  Guimarães  em  1470. 

Casou  a  i.*  vez  em  1447  com  D.  Leonor  de  Meneses,  que  morreu  a  7  de 
Maio  de  1452,  e  era  filha  do  2.°  conde  de  Viana.  Deste  casamento  não  ficou 
descendência. 

Casou  a  2.*  vez  sendo  Já  duque  de  Guimarães. 

Vide  i.°  duque  de  Guimarães. 

3.^  Conde  de  VIANA  [DO  MINHO]— 1464,  no  mês  de  Fevereiro.— 
D.  HENRIQUE  DE  MENESES,  capitão  de  Alcácer.  — Em  princípios  de 
Fevereiro  de  1464  morreu,  como  julgo,  o  3.°  conde  de  Viana  pai  do  4.°    Em 


(i)  Está  a  carta  no  liv.  26.°  da  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  fl.  178  v.,  e  copiada  de  lei- 
tura nova  a  fl.  27  v.  do  liv.  3."  de  Místicos  com  o  erro  de  fazer  a  D.  Fernando  conde  de  Viana, 
e  não  de  Neiva,  como  se  lê  no  original  e  com  o  mesmo  erro  nas  Provas  da  Historia  genealó- 
gica, vol.  5.*,  pág.  467,  n.*>  I.  Não  é  só  na  leitura  nova,  também  se  encontra  no  liv.  25.»  da 
Chancelaria  de  D.  Manuel,  fl.  36  na  transcrição  da  carta  de  20  de  Novembro  de  1478  da 
doação  das  terras  do  Cadaval  e  Peral  feita  pelo  duque  D.  Fernando  II  a  seu  irmão  D.  Álvaro. 

(2)  Catálogos  dos  pergaminhos  da  collegiada  de  Guimarães,  no  Archeologo  portugue!^^ 
vol.  XIII,  pág.  119,  n.»  3o2. 

(3)  Documentos  da  collegiada  de  Guimarães,  maç.  12. 

(4)  Místicos^  liv.  4.»,  fl.  1 1  V. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  8.°,  fl.  i53. 

(6)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  490. 


288  Brasões 

i3  de  Março  do  mesmo  ano  é  este  nomeado  capitão  e  regedor  de  Alcácer 
em  Africa  por  uma  carta  dada  em  Seuta,  e  na  qual  se  cliama  ao  agraciado 
D.  Henrique  de  Meneses  conde  de  Viana  (i).  Ainda  se  lhe  torna  a  dar  o 
título  em  outro  documento  de  i3  do  mês  de  Junho  seguinte  (2).  Por  aqui 
se  vê,  e  já  Azurara  o  disse  (3),  que  logo  em  seguida  à  morte  do  pai  renovou 
D.  Afonso  V  o  título  no  filho,  a  quem  contudo  por  carta  de  20  de  Julho 
ainda  de  1464  criou  conde  de  Valença. 
Vide  o  seguinte. 

i.°  Conde  de  VALENÇA  — 1464,  Julho  20.  — D.  HENRIQUE  DE  ME- 
NESES, capitão  de  Alcácer,  filho  de  D.  Duarte  de  Meneses,  conde  de  Viana, 
alferes  mor,  e  capitão  de  Alcácer.  —  Já  era  D.  Henrique  intitulado  conde  de 
Viana^  como  ficou  dito  no  precedente  artigo;  mas  por  carta  da  referida  data 
é  que  foi  feito  conde,  querendo  el  Rei  que  ele  dali  em  diante  se  chamasse 
conde  de  Valença  e  senhor  de  Caminha,  , vilas  de  cujo  senhorio  recebeu 
igualmente  doação  em  sua  vida  (4).  D.  Henrique  de  Meneses,  conde  de 
Valença  e  senhor  de  Caminha,  em  atenção  aos  seus  serviços,  faz-lhe  mercê 
de  por  seu  falecimento  seu  filho  herdeiro  haver  as  duas  vila«  de  Valença  e 
de  Caminha,  e  o  senhorio  delas,  se  chame  conde  e  senhor  delas,  como  o 
dito  seu  pai,  e  Juntamente  por  doação  aos  dois  dos  direitos  reais  que  Álvaro 
Pires  de  Távora,  do  conselho,  havia  em  Caminha  e  Vila  Nova  da  Cerveira, 
direitos  que  el  Rei  houvera  por  escambo  em  dinheiro.  Santarém,  3o  de 
Março  de  1466(5).  Por  carta  de  i3  de  Março  de  1464  havia  sido  nomeado 
capitão  de  Alcácer  (6),  e  depois  também  o  foi  de  Arzila  por  outra  de  27  de 
Agosto  de  147 1  (7). 

Foi  alferes  mor  em  sucessão  a  seu  pai  em  virtude  de  uma  carta,  que  este 
alcançara  em  20  de  Julho  de  1462  para  o  efeito  do  filho  lhe  herdar  os  cas- 
telos e  terras  da  coroa  e  o  ofício  de  alferes  mor  (8).  Por  carta  dada  em 
Sintra  a  12  de  Novembro  de  147 1  fez  com  el  Rei  troca  das  vilas  de  Valença, 
Caminha  e  Vila  Nova  da  Cerveira,  pela  de  Loulé,  e  D.  Afonso  V  dererminou 
que  dali  em  diante  se  ficasse  chamando  conde  de  Loulé  (9). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  8.°,  fl.  108. 

(2)  Alguns  documentos  da  Torre  do  Tombo  etc,  pág.  33. 

(3)  Chronica  do  conde  D.  Duarte,  capítulo  final. 
»4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  8.°,  fl.  87. 

(5)  Místicos,  liv.  3.",  fl.  276  V. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  8.°,  fl.  loS. 

(7)  Ibidem,  liv.  22.»,  fl.  17  v. 

(8)  Ibidem,  liv.  12.°,  fl.  34. 

(9)  Ibidem,  liv.  21.",  fl.  85  v. 


Apêndice  2  89 

Armas:  as  do  3.°  conde  de  Viana. 

Casou  com  D.  Guiomar,  filha  dos  2.°*  duques  de  Bragança. 

Foi  condessa  de  Valença  e  depois  de  Loulé. 

Vide  i."  conde  de  Loulé, 

3.»  Conde  de  MARIALVA—  1465,  Abril  8  ou  i3.  — D.  JOÃO  COU- 
TINHO. —  Foi  feito  conde  de  Marialva  por  carta  da  referida  data,  por  haver 
agora  morrido  em  Tânger,  em  serviço  de  el  Rei,  D.  Gonçalo  Coutinho, 
conde  de  Marialva,  seu  pai(i). 

Morreu  solteiro  na  tomada  de  Arzila  em  24  de  Agosto  de  147 1  (2).  Foi 
sepultado  no  mosteiro  das  Salzedas  da  ordem  de  Cister  junto  a  Lamego  (3). 

Armas:  de  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho.  (Coutinho). 

Estava  desposado  com  D.  Catarina,  filha  dos  2.°*  duques  de  Bragança, 
não  se  chegando  a  realizar  o  casamento  em  virtude  da  morte  do  conde.  Não 
obstou  isso  contudo  a  que  a  noiva  ficasse  sendo  intitulada  condessa,  pois  que 
encontro  em  12  de  Fevereiro  de  1494  uma  carta  régia  concedendo  licença  à 
condessa  D.  Catarina  para  comprar  bens  que  rendessem  anualmente  vinte 
moios  de  trigo,  cinco  tonéis  de  vinho  e  um  de  azeite,  para  despesa  e  provi- 
mento do  mosteiro  de  Santa  Ana,  que  então  se  estava  levantando  em  Leiria  (4). 
Foi  a  condessa  a  fundadora  do  referido  convento,  que  já  se  estava  edificando 
em  1494,  para  onde  entraram  freiras  em  1496,  começando  porém  a  clausura 
só  em  1498;  a  fundadora  e  a  bemfeitora,  pois  que  a  ele  deixou  todo  seu 
património  (5). 

i.°   Conde   da   ATALAIA— 1466,    Dezembro   21.  — PÊRO  VAZ    DE 

MELO,  do  conselho  do  el  Rei.  —  Foi  feito  conde  da  Atalaia  por  carta  da 
referida  data,  dando-se-lhe  em  vida  o  senhorio  da  mesma  vila  e  o  da  Assei- 
ceira (6).  Era  regedor  da  Casa  do  Cível  de  Lisboa,  senhor  da  Casta- 
nheira, Povos  e  Cheleiros,  e  depois  de  conde  passou  a  chamar-se  D.  Pedro 
de  Melo. 

Morreu  a  24  de  Agosto  de  1478,  sendo  sepultado  em  S.  Domingos  de 
Lisboa  (7). 


(i)  Místicos,  liv.  3.°,  fl.  2885  advertindo  que  no  liv.  1.°,  fl.  102  se  encontra  a  mesma  carta 
com  a  data  de  1 3  de  Abril. 

(2)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  i65, 

(3)  Chronica  de  Cister,  pág.  565. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  52.°,  fl.  21. 

(5)  Historia  de  S.  Domingos,  vol.  2.",  fl.  252. 

(6)  Místicos,  liv.  3.",  fl.  276. 

(7)  Livro  j.°  dos  Brasões,  pág.  417  onde  se  transcreve  o  epitáfio. 

VOL.  m  ,  37 


290  Brasões 

Armas:  de  vermelho,  seis  besanies  de  prata  entre  uma  dobre  cruz  e  bor- 
dadura de  oiro.    (Melo). 

Casou  com  D.  Maria  de  Noronha,  condessa  da  Atalaia,  filha  natural  de 
D.  Henrique  de  Noronha,  irmão  do  2.°  conde  de  Vila  Real  e  do  i,°  de 
Odemira.  '  Sobreviveu  ao  marido,  ficando  por  sua  morte  de  posse  de  todas 
as  terras  de  que  êle  havia  sido  senhor,  posse  que,  por  contracto  de  10  de 
Fevereiro  de  1481  feito  em  Lisboa  nas  casas  da  condessa,  ela  passou  a  seu 
genro  D.  Álvaro  de  Ataíde,  do  conselho  de  el  Rei,  que  confirmou  por  carta 
de  2  de  Março  seguinte  (i).  A  condessa  da  Atalaia  já  era  morta  em  21  de 
Janeiro  de  i5o2,  como  se  declara  numa  carta  de  26.000  reais  de  tença  a 
D.  Martinho  de  Castelo  Branco  (2). 

Sucedera  a  condessa  nas  terras  ao  marido  por  ser  idiota  o  filho  que  este 
deixou,  D.  Pedro  de  Melo,  de  quem  a  mãe  foi  nomeada  tutora  e  curadora, 
no  lugar  da  mulher  D.  Guiomar  de  Castro  que  renunciara  o  encargo,  por 
carta  de  28  de  Abril  de  148 1  (3). 

Tiveram  geração. 

1."  Conde  de  FARO  — 1469,  Maio  22.  — D.  AFONSO,  sobrinho  de 
el  Rei.  —  Por  carta  daquela  data  foi  feito  conde  da  vila  de  Farom  (Faro),  e 
senhor  dela  em  sua  vida  (4).  Depois,  por  carta  dada  em  Samora  a  23  de 
Outubro  de  1475,  foi  ampliada  a  doação  a  um  seu  filho  varão,  que  por  sua 
morte  ficar,  o  qual  logo  se  poderá  chamar  conde  de  Faro,  e  ter  o  senhorio 
da  vila  (5).  D.  Afonso,  conde  de  Farom,  nosso  primo,  lhe  cometemos  a  cor- 
reição da  vila  de  Lagos.  Lisboa,  i  de  Maio  de  1478(6).  Também  foi 
conde  de  Odemira  como  direi  nos  respectivos  títulos,  e  alcaide  mor  de  Es- 
tremes por  carta  de  2  de  Janeiro  de  1463  de  doação  do  duque  de  Bragança 
seu  pai  (7). 

Morreu  o  conde  de  Faro  em  1483  em  Sevilha,  fugindo  à  sanha  de 
D.  João  11(8).  Em  i  de  Junho  de  1485,  data  da  sentença  que  o  condenou 
como  cúmplice  pa  primeira  conspiração  contra  D.  João  II,  já  o  conde  de 
Faro  tinha  morrido  (9). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.°,  fl.  12  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  4.",  fl.  5. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.°,  fl.  Sg  v. 

(4)  Misticos,  liv.  2.%  fl.  40. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  7.°,  fl.  98. 

(6)  Cartório  de  Santiago,  liv,  i.",  fl.  134. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  49.",  fl.  14  v. 

(8)  Historia  genealógica,  vol.  9.»,  pág.  201. 

(9)  ArCHIVO  histórico  PORTUGUEZ,  vol.  II,  pág.  68. 


Apêndice  29 1 

Armas:  as  do  2.°  duque  de  Bragança,  as  quais  o  conde  traria  com  alguma 
diferença,  como  já  seu  pai  fizera  emquanto  marquês  de  Vila  Viçosa. 

Casou  em  Junho  de  1465,  precedendo  contracto  feito  em  Odemira  a  10 
daquele  mês,  e  confirmado  a  D.  Afonso  a  i5  (i),  com  D.  Maria  de  Noronha, 
filiia  herdeira  de  D.  Sancho  de  Noronha,  1.°  conde  de  Odemira,  senhor  de 
Aveiro,  e  da  condessa  D.  Mecia  de  Sousa,  senhora  de  Mortágua.  Foi 
D.  Maria  de  Noronha  condessa  de  Faro  e  senhora  de  Mortágua  e  do  Vi- 
mieiro, e  tambe'm  se  expatriou  para  Castela,  donde,  já  vitjva,  mandou  em 
1484  emissários  a  D.  João  II  (2)  com  quem  se  compôs,  e  que  dizem  lhe  res- 
tituíra a  casa  em  1488(3)  sendo  certo  ter  a  2  de  Outubro  de  1400  feito  com 
ele  troca  de  certos  bens  (4).  Por  carta  de  23  de  Março  de  i5i3  foi  confir- 
mado ao  barão  de  Alvito  uma  tença  de  i65o  reais  que  havia  comprado  a 
D.  Maria  de  Noronha  condessa  de  Faro  (5).  Sobreviveu  a  condessa  a  seu 
filho  o  3.°  conde  de  Odemira,  que  morreu  em  1620,  sucedendo  a  ela  direc- 
tamente, em  virtude  de  uma  sentença  de  i532,  no  senhorio  de  Mortágua, 
seu  bisneto  o  4°  conde,  e  no  do  Vimieiro,  seu  filho  D.  Fernando  de  Faro  (6). 
A  condessa  de  Faro  ainda  vivia  em  20  de  Maio  de  i523,  data  do  Somarjo 
de  Afonso  Mexia  (7). 

i.°  Duque  de  GUIMARÃES— Já  em  4  de  Julho  de  1470.  — D.  FER- 
NANDO, conde  de  Guimarães^  filho  primogénito  do  2.°  duque  de  Bragança. 
—  Na  procuração  para  o  contracto  do  seu  casamento,  passada  em  4  de  Julho 
de  1470,  já  D.  Fernando  se  intitula  duque  de  Guimarães  (8).  Por  carta  de 
18  de  Julho  de  1476  teve  mercê  de  por  sua  morte  logo  o  filho  maior  se 
poder  intitular  duque  de  Guimarães  (9).  Em  1478  veio  a  ser  o  3.°  ditque 
de  Bragança. 

Armas:  as  do  2.°  duque  de  Bragança  com  alguma  diferença,  não  sei  qual. 

Havia  casado  a  i.*  vez,  em  1447,  com  D.  Leonor  de  Meneses,  que  morreu 
a  7  de  Maio  de  1452,  e  era  filha  do  primeiro  casamento  de  D.  Pedro  de 
Meneses,  2.°  conde  de  Viana. 

Dela  não  ficou  descendência. 


(i)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  35. 
.  (2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  23.°,  fl.  i33. 

(3)  Historia  genealógica,  vol.  9.°,  pág.  201. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  9.»,  fl.  49  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  42.°,  fl.  39. 

(6)  Historia  genealógica,  vol.  9.°,  págs.  568  e  587. 

(7)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  II,  pág.  119. 

(8)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  III,  pg.  &07,  n.  70. 

(9)  Ibidem,  pág.  627,  n."  78. 


292  ^  Brasões 

Casou  a  2/  vez  em  1470  com  D.  Isabel,  que  foi  duquesa  de  Guimarães, 
e  depois  de  Bragança. 

Vide  3.°  duque  de  Bragança. 

3.°  Duque  dê  VISEU  e  2.°  de  BEJA —  1470,  depois  de  18  de  Setembro. 
—  D.  João,  sobrinho  de  el  Rei,  filho  do  infante  D.  Fernando,  duque  de  Viseu 
e  Beja.  —  Parece  ter  logo  sucedido  no  título  a  seu  pai,  que  morreu  na  data 
apontada.  E  D.  João  intitulado  duque  de  Viseu  e  de  Beja,  na  carta  de  fron- 
teiro de  entre  Tejo  e  Guadiana  e  reino  do  Algarve,  a  qual  é  de  23  de  Março 
de  147 1  (i).  Bem  assim  o  é  noutra  de  2  de  Julho  do  mesmo  ano  em  que  se 
lhe  concedem  os  privilégios  e  liberdades,  que  pela  ordenação  do  reino  são 
outorgados  aos  infantes  (2).  Ainda  no  mesmo  ano  a  4  de  Agosto,  determinou 
D.  Afonso  V  que,  morrendo  o  duque  seu  sobrinho  sem  deixar  filhos,  lhe 
suceda  seu  irmão  D.  Diogo  (3).  i 

Morreu  D.  João  moço  e  solteiro  entre  3  de  Julho  de  1472,  e  12  de  Janeiro 
de  1473  (4). 

Armas:  as  do  reino  com  alguma  diferença,  não  sei  qual. 

2.°  Conde  de  MONSANTO  — 1471,  Agosto  24.  — D.  JOÃO  DE  CAS- 
TRO, fidalgo  da  casa  e  do  conselho.  —  Sucedeu  no  título  por  morte  de  seu 
pai  em  virtude  de  uma  carta  de  8  de  Dezembro  de  1469,  para  lhe  poder 
logo  suceder  no  condado  por  seu  falecimento,  e  chamar-se  conde  de  Mon- 
santo sem  necessidade  de  outra  carta  (5) ;  o  que  lhe  foi  confirmado  já  conde 
em  22  de  Dezembro  de  148 1  (6).  Teve  o  tratamento  de  sobrinho,  e  foi 
alcaide  mor  de  Lisboa,  senhor  de  Cascais,  etc.  O  seu  .assentamento  foi 
acrescentado  a  cento  e  trinta  mil  reais  brancos  por  carta  de  21  de  Outubro 
de  1475  (7),  e  depois  por  outra  de  19  de  Abril  de  1487  subiu  ainda  mais 
vinte  mil  reais  (8).  Ainda  era  alcaide  mor  de  Lisboa  a  28  de  Outubro  de 
1495  como  declara  o  instrumento  de  menagem  pelo  levantamento  de  el  Rei 
D.  Manuel  (9).    Tinha  já  morrido  sem  deixar  filhos  em  19  de  Abril  de  1496, 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  16.",  fl.  i36;  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  pág.  56. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  16.",  fl.  i25  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  22.°,  fl.  21  v. 

(4)  Consta  pela  data  de  dois  documentos  a  pág,  Sj  de  Alguns  documentos  da  Torre  do 
Tombo,  etc. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  16.°,  fl.  118. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.°,  fl.  2  v. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.»,  fl.  43. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  20.%  fl.  i. 

(9)  Elementos  para  a  historia  do  município  de  Lisboa,  vol.  i.%  pág.  369. 


Apêndice 


293 


em  que  o  senhorio  de  Monsanto^ foi  confirmado  a  sua  irmã  D.  Joana  de 
Castro  (10). 

Armas:  de  prata,  seis  arruelas  de  azul.     (Castro). 

Casou  por  contracto,  aprovado  por  el  Rei  em  22  de  Outubro  de  1468, 
com  D.  Maria  de  Meneses,  donzela  da  casa  da  infanta  D.  Joana  (11).  Voi 
condessa  de  Monsanto,  e  era  filha  de  D.  Duarte  de  Meneses,  3."  conde  de 
Viana  e  de  sua  primeira  mulher  D.  Isabel  de  Melo.  A  condessa  ainda  vivia 
a  18  de  Maio  de  i5o2,  em  que  nas  suas  casas  de  Lisboa,  acerca  de  Santo 
Eloi,  fez  doação  a  seu  irmão  o  conde  de  Tarouca  de  certos  bens  no  termo 
de  Seia,  ficando  a  condessa  com  o  usufruto  deles  em  sua  vida  (i).  Este 
instrumento  de  doação  foi  confirmado  por  el  Rei  em  4  de  Julho  do  mesmo 
ano,  e  na  carta  de  confirmação  não  se  declara  ser  a  condessa  de  Monsanto 
já  falecida  (2). 

Não  tiveram  descendência. 


i.°  Conde  de  PENELA  — 1471,  Outubro  24.  — D.  AFONSO  DE  VAS- 
CONCELOS, «nosso  bem  amado  sobrinho».  —  Foi  feito  conde  de  Penela 
por  carta  da  referida  data,  com  todas  as  honras  e  preeminências  que  são  e 
devem  ser  outorgadas  aos  condes,  que  de  sangue  real  como  ele  descendem  (3).- 
Por  carta  de  Julho  de  1476  fez-lhe  el  Rei  mercê  da  sucessão  na  vila  de 
Penela  para  seu  filho  mais  velho  por  sua  morte  (4).  D.  Afonso  de  Vascon- 
celos, conde  de  Penela,  acrescenta-lhe  o  seu  assentamento  em  cada  um  ano 
55.000  reais  brancos  deste  Janeiro  que  vem  de  1476  em  diante,  e  com  estes 
que  ora  lhe  acrescenta  fazem  200.000.    Samora,  23  de  Novembro  de  1475(5). 

Faleceu  o  conde  a  i  de  Novembro  de  1480  (6). 

Armas:  esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul,  sobre- 
carregados cada  um  de  cinco  besantes  do  campo,  bordadura  de  vermelho 
carregada  de  oito  castelos  de  oiro;  o  II  e  III  terçados  em  pala:  o  i.°  de 
negro,  quatro  faxas  veiradas  de  prata  e  vermelho;  o  2."  e  3.°  reunidos,  for- 
mando um  só  quartel,  que  é  cortado  de  um  traço  e  partido  de  dois  que 
fazem  seis  novos  quartéis:  a,  c  e  e,  de  oiro,  dois  lobos  passantes,  sotopostos, 
de  púrpura,  armados  e  linguados  de  vermelho;  b,  d  Qf  de  oiro  quatro  palas 


( 1 )  Místicos,  liv.  I .°,  fl.  290  V. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3i.<»,  fl.  7. 

(3)  Beira,  liv.  2.»,  fl.  141  e  Misticos,  liv.  i.»,  fl.  217  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuei^  liv.  4.»,  fl.  23  v. 

(5)  Misticos,  liv.  3.°,  fl.  4. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  6.',  fl.  45  v. 

(7)  Misticos,  liv.  4.»,  fl.  26. 

(8)  Livro  j."  dos  Brasões,  pág.  36 1,  onde  vem  o  epitáfio. 


294  ^  Brasões 

de  vermelho,  e  sobre  o  todo  destes  seis  quartéis  de  oiro  liso  (i).  (I  do  reino; 
/.**  do  II,  Vasconcelos;  2.°  e  3."  do  II,  Meneses  do  conde  de  Viana). 

Casou  com  D.  Isabel  da  Silva,  condessa  de  Penela,  filha  dos  1.°^  condes 
de  Abrantes.  Já  era  casado  em  12  de  Outubro  de  1467  quando  foi  feita 
doação  do  reguengo  de  Campores  a  D.  Isabel  da  Silva  mulher  de  D.  Afonso 
de  Vasconcelos,  a  que  fora  doado,  quando  por  qualquer  forma  vagar  (2). 
Sobreviveu  a  seu  marido,  e  ainda  vivia  em ^17  de  Abril  de  1483,  em  que  lhe 
foi  confirmado  o  reguengo  de  Campores  (3);  era  porém  já  morta  a  20  de 
Outubro  de  1498,  em  que  o  sobredito  reguengo  foi  confirmado  a  seu  filho  (4). 

Morreu  a  12  de  Agosto  de  i522  (5). 

Tiveram  descendência. 

i.«  Conde  de  LOULÉ— 1471,  Novembro  12.— D.  HENRIQUE  DE 
MENESES,  conde  de  Valença,  senhor  de  Caminha,  capitão  e  governador 
de  Alcácer  e  Arzila  em  Africa,  e  alferes  mor.  —  Por  carta  da  referida  data 
trocou  o  i.°  conde  de  Valença  com  el  Rei  as  vilas  de  Valença,  Caminha,  e 
Vila  Nova  da  Cerveira,  pela  de  Loulé,  e  se  ficou  chamando  conde  de 
Loulc(6).  Por  duas  cartas,  ambas  de  27  de  Junho  de  1476,  lhe  foi  feita 
doação  do  senhorio  de  Loulé  de  juro  e  herdade  e  mercê  de  na  casa  poder 
suceder  uma  filha  na  falta  de  filho  varão  (7). 

Morreu  em  Africa,  sendo  capitão  de  Arzila,  numa  peleja  às  mãos  dos 
mouros  (8)  antes  de  17  de  Fevereiro  de  1480(9).  Por  carta  de  24  de  Abril 
de  1480  foi  nomeado  capitão  de  Alcácer  Rui  Vaz  Pereira,  pela  maneira  que 
o  era  o  conde  D.  Henrique  «que  ora  naquellas  partes  faleceu » (10). 

Armas:  as  do  3.°  conde  de  Viana. 

Casou  com  D.  Guiomar,  condessa  de  Valença  e  depois^  de  Loulé,  primav^ 


(j)  Livro  1.°  dos  Brasões,  págs.  36 1,  368.  ^ 

(2)  Místicos,  liv.  4.°,  fl.  10  V. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  21.°,  fl.  32. 

(4)  Ibidem. 

(5)  Torre  do  Tombo,  vol.  II,  fl.  445  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  21.'»,  fl.  85  v. 

(7)  Ibidem,  liv.  7.»,  fl.  36. 

(8)  Consta  de  uma  carta  de  D.  Manuel  ao  papa,  pejjindo  o  priorado  do  Grato  para  oj 
conde  de  Tarouca,  irmão  do  conde  de  Loulé.    Não  tinha  ela  data,  mas  era  de  i5o8,  desdí 
i3  de  Maio  a  princípios  de  Junho.    Existia  na  Torre  do  Tombo,  onde  hoje  se  não  encontra,^ 
mas  lá  a  viu  Lousada,  que  dela  fez  largo  extracto  a  fl.  901  v.  do  3.o  vol.  da  sua  Torre  do 
Tombo. 

(9)  Data  de  carta  de  confirmação  da  casa  à  filha  {Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  32.",| 
fl.  81. 

(10)  Ibidem,  fl.  19  v. 


Apêndice  295 

de  el  Rei,  e  filha  de  D.  Fernando,  2.°  duque  de  Bragança.  A  condessa  já 
viúva,  foi-lhe  confirmada  uma  tença  de  assentamento  de  cento  e  trinta  mil 
reais  em  23  de  Abril  de  1482  (i);  e  em  i5  de  Junho  de  1497  foram-Ihe  con- 
firmadas certas  rendas  que  lhe  ficaram  em  partilha  dos  bens  de  sua  sogra  a 
condessa  de  Viana  (2),  e  bem  assim  a  referida  tença  (3).  Por  este  último 
documento  sabe-se  que  D.  Afonso  V  dera  um  alvará  ao  duque  de  Bragança 
para  o  casamento  desta  filha. 

Era  a  condessa  Já  morta,  havia  muito  talvez,  em  19  de  Novembro  de 
i533,  em  que  sua  filha,  a  condessa  de  Marialva  e  Loulé,  se  compôs  com  os 
condes  de  Linhares  acerca  dum  legado  que  a  uma  filha  destes  deixara  sua 
mãe  (4). 

Efectivamente  era  já  morta  a  i3  de  Abril  de  iSiy,  data  de  uma  carta  de 

D.  António  (o  futuro  i.°  conde  de  Linhares),  escrita  de  Lisboa  a  Frei  Brás 

•  de  Góis,  guardião  de  S.  Francisco  de  Alenquer,  para  lhe  remeter  o  dinheiro, 

que  já  lhe  teria  dado  o  almoxarife,  de  um  desembargo  da  condessa  de  Loulé, 

sua  tia  já  falecida,  de  que  ele  é  testamenteiro  (5). 

Vide  1°  conde  de  Valença. 

Tiveram  descendência. 

Conde  de  SANTA  COMBA  —  Anterior  a  25  de  Novembro  de  1471. — 
D.  JOÃO  GALVÃO,  bispo  de  Coimbra.  —  Em  uma  sua  provisão  da  data 
acima  referida  intitula-se  D.  João  Galvão  conde  de  Santa  Comba  (6).  Anos 
antes,  em  Santarém  a  ib  de  Abril  de  1468,  mandara  D.  Afonso  V  que 
D.  João  Galvão  bispo  de  Coimbra  tivesse,  desde  o  primeiro  de  Janeiro  desse 
mesmo  ano  em  diante,  cento  e  cinquenta  mil  reais  brancos  de  assentamento 
por  ano,  sendo  cento  e  vinte  cinco  mil  do  seu  assentamento,  e  os  outros 
vinte  e  cinco  mil  pelo  que  havia  de  haver  do  seu  ofício  de  escrivão  da  puri- 
dade (7).  Pode  ser  que  já  então  êle  tivesse  o  titulo,  e  que  o  assentamento 
fosse  o  a  êle  pertencente.  Em  Coimbra  a  18  de  Agosto  de  1472  é  D.  João 
Galvão,  bispo  de  Coimbra,  conde  de  Santa  Comba,  do  conselho  de  el  Rei, 
escrivão  da  sua  puridade,  e  veador  mor  das  obras  e  resíduos  do  reino, 
nomeado  vedor  mor  das  obras  e  alcaide  mor  das  sacas  das  comarcas  da 
Beira  e  Riba  de  Côa,  que  até  então  tivera  Diogo  Soares  de  Albergaria, 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  2.«,  fl.  145  v. 

(2)  Místicos,  liv.  I.»,  fl.  66, 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  So.",  fl.  loa  v. 

(4)  Gaveta  g.*,  maç.  10,  n.°  16. 

(5)  Corpo  Chronologico,  parte  i  .*,  maç.  ai,  doe.  81,  apud  Saraiva,  Obras,  vol.  4.°,  pág.  28 1 . 

(6)  J.  P.  Ribeiro,  Reflexões  históricas,  vol.  i.»,  pág.  42. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  28.%  fl.  14  v. 


296  Brasões 

que  se  ora  finara  (i).  Quarenta  e  oito  dias  depois,  a  25  de  Setembro,  era 
D,  João  Galvão  criado  conde  de  Arganil. 

Armas:  partido:  o  i.°  de  prata,  águia  de  negro  carregada  de  um  crescente 
de  oiro  sobre  o  peito;  o  2."  de  vermelho,  seis  costas  de  prata,  postas  em 
faxa,  dispostas  em  duas  palas,  e  firmadas  nos  flancos  do  escudo.  (Galpão)  {2), 

As  armas  do  conde  de  Santa  Comba,  D.  João  Galvão,  bispo  de  Coimbra, 
não  seriam  talvez  as  que  eu  lhe  dou,  fundado  no  Livro  do  Armeiro  mor; 
mas  da  descrição  que  João  Pedro  Ribeiro  faz  de  um  selo  do  bispo,  não  se 
pode  contudo  inferir  que  fossem  diversas.  Diz  êle:  «Lugar  4o  sello  pen- 
dente, redondo,  de  cera  vermelha,  com  imagem  sentada  em  throno,  no 
fundo.  Armas  da  familia.  Leão  á  direita,  á  esquerda  chapeo  episcopal, 
ao  redor  legenda  —  S.  lohanis  Galvani  Episcopi  Colubr. »  (3).  O  leão  à 
direita,  e  o  chapéu  episcopal  à  esquerda,  haviam  de  estar  fora  do  escudo, 
como  insígnias,  ou  suportes;  dentro  no  escudo  não  se  metia  um  chapéu  de 
bispo;  a  pôr-se  lá  alguma  cousa  seria  uma  mitra,  o  que  é  bastante  vulgar 
em  escudos  de  armas  de  prelados. 

Era  preciso  ver  o  documento,  que  o  nosso  mestre  de  diplomática  encon- 
trou no  Cartório  da  Colegiada  do  Salvador  de  Coimbra,  e  que  eu  hoje  não 
sei  onde  para. 

Vide  i.**  conde  de  Arganil. 

4.°  Duque  de  VISEU  e  3.®  de  BEJA  —  Entre  3  de  Julho  de  1472  e  12 
de  Janeiro  de  1473.  —  D.  DIOGO,  sobrinho  de  el  Rei,  irmão  do  3.°  duque 
de  Viseu  e  2.°  de  Beja.  No  contracto  de  casamento  de  16  de  Outubro  de 
1473,  de  sua  irmã  D.  Leonor  com  o  príncipe  D.  João  é  D.  Diogo  intitulado 
duque  de  Viseu  (4).  —  A  seu  irmão,  que  morreu  sem  filhos,  sucedeu  D.  Diogo 
na  casa  em  virtude  de  uma  carta  de  4  de  Agosto  de  147 1  que  para  este 
efeito  lhe  outorgara  D.  Afonso  V(5).  Tinha  os  privilégios  e  liberdades  dos 
infantes,  que'lhe  haviam  sido  concedidos  por  carta  de  2  de  Julho  de  147 1  (6). 
Em  cartas  de  4  de  Março  e  12  e  20  de  Maio  de  1474,  sendo  menor  e  pupilo 
de  sua  mãe,  é  intitulado  duque  de  Viseu  (7).  Na  carta  de  7  de  Agosto  de 
1476,  em  que  se  permite  suceder-lhe  na  casa,  se  morrer  sem  filhos,  qualquer 
dos  seus  irmãos,  D.  Duarte  ou  D.  Manuel,  é  D.  Diogo  intitulado  duque  de 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  29.",  fl.  206. 

(2)  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  95. 

(3)  Dissertações,  vol,  2.°,  pág.  262,  doe.  XVIII. 

(4)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  II,  pág.  182,  n.*  3o. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  22.",  fl.  21  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  i6.°,  fl.  i25  v. 

(7)  Archivo  dos  Açores,  vol.  \.^,  pág.  io3,  i5  e  18, 


Apêndice  297 

Viseu  e  de  Beja(i).  A  carta  de  confirmação  de  Beja  e  ilha  da  Madeira  de 
juro  e  herdade  perdeu-se  e  passou  se-lhe  outra  a  10  de  Agosto  de  148 1  (2). 

Morreu  às  mãos  de  D.  JoÕo  II  em  Setúbal  a  28  de  Agosto  de  1484,  sol- 
teiro, mas  deixando  um  filho  que  foi  o  condestável  D.  Afonso.  A  data  da 
morte  do  duque  de  Viseu  vem  expressamente  declarada  na  sentença  a  Yoce 
Abravanel  (3).  Aí  lê-se:  «mandáramos  matar  em  nossa  presença  o  dita 
D.  Diogo  aos  28  dias  do  dito  mes  de  agosto,  e  tanto  que  o  dito  rréo  soubera 
que  o  dito  D.  Diogo  era  morto,  posto  que  sabbado  fosse,  elle  se  amorara 
logo  e  fugira  »  (4). 

Armas:  as  do  reino  com  alguma  diferença. 

i.°  Conde  de  ARGANIL— 1472,  Setembro  25.  — D.  JOÃO  GALVÃO, 
bispo  de  Coimbra,  do  conselho  de  el  Rei.  —  Por  carta  daquela  data,  pelos 
seus  serviços,  e  em  especial  pelos  que  prestara  na  filhada  de  Arzila  e 
Tânger,  «onde  nos  mui  grandemente  e  com  muita  diligencia  e  mui  bem 
serviu...  queremos,  assim  por  honra  e  memoria  sua  e  de  sua  linhagem,, 
como  por  maior  prerogativa  e  preeminência  de  sua  cathedral  egreja,  alem 
da  dignidade  pontifical,  haja  e  tenha  dignidade  de  condado,  e  que  elle  dito 
bispo  e  por  seu  respeito  e  memoria  todos  seus  sucessores  bispos  de  Coimbra, 
sejam  e  se  chamem  e  intitulem  condes  da  villa  de  ^rganil»  (5).  Já  era, 
como  fica  dito,  conde  de  Santa  Comba,  ainda  que  nesta  carta  nenhuma  refe- 
rência a  tal  título  se  faça.  O  assentamento  que  D.  João  Galvão  tinha  ficou 
mencionado  no  título  de  Santa  Comba.  Foi  escrivão  da  puridade,  prior  mor 
de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  vedor  mor  das  obras  e  resíduos  do  reino,  e  arce- 
bispo eleito  de  Braga  em  1482,  de  que  nunca  chegou  a  alcançar  as  bulas. 

Em  Novembro  de  1482  ainda  era  bispo  de  Coimbra,  mas  a  2  de  Junho- 
do  ano  seguinte  já  outro  prelado  ocupaVa  a  sede  conimbricense  (6);  e  a  23 
de  Julho  desse  mesmo  ano  de  1483  foi  Nuno  Martins  da  Silveira  nomeada 
vedor  mor  das  obras,  sacas  e  resíduos  do  reino  (7). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  7.°,  fl.  52  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  26.",  fl.  i36  v. 

(3)  Gaveta  2,  maç.  i.°,  n.°  i5.    Archivo  histórico  portuguez,  vol.  lí,  pág.  346. 

(4)  Rui  de  Pina,  pág.  59  da  Chronica  de  D.  João  II,  trás  a  data  certa;  aparece  porém 
errada  na  Vida  de  D.  João  II,  de  Garcia  de  Resende,  cap.  LII,  erro  de  impressão  provavel- 
mente pois  que  diz:  «sesta  feira  xxij»,  por  sexta  feira  xxvij,  faltando  o  v.  —  Na  Viaje  de 
Nicolas  de  Popiclovo,  já  estava  em  Portugal  em  1486,  na  pág.  36,  diz  ter  sido  a  morte  da 
duque  a  i3  de  Setembro;  mas  à  vista  do  declarado  pela  sentença  não  há  dúvida  de  se  ter 
enganado. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  29.",  fl.  187. 

(6)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  5.»,  pág.  i65. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  26.°,  fl.  121. 

VOL.  III  38 


ngS  Brasões 

Morreu  D.  João  entre  27  de  Julho  e  j  i  de  Agosto  de  1485(1).  Porque 
é  que  D.  João  Galvão,  transferido  para  a  Sé  de  Braga,  foi  logo  substituído 
na  de  Coimbra,  nunca  foi  confirmado  na  outra  e  morreu  pobre  e  obscura- 
mente ?  Nos  autores  encontro  isto:  «Sem  aguardar  as  letras  e  consenti- 
mento do  Summo  Pontifice. . .  começou  (D.  João  Galvão)  a  exercer  em  Braga 
os  actos  que  temos  referido. . .  o  papa  Xisto  IV. . .  o  sentiu  de  maneira  que 
lhe  não  quiz  passar  as  bulias,  pelo  que  nem  tomou  posse  d'esta  egreja  nem 
gosou  os  rendimentos  d'ella,  e. . .  ficou  sem  o  bispado  de  Coimbra. . .  e  era 
prior  de  S.  Cruz  D.  João  de  Noronha...  Assim  ficou  o  arcebispo  D.  João 
Galvão  pobre,  e  só  com  o  rendimento  de  uma  igreja  que  elle  mesmo  se 
tinha  annexado  (2).     O  mesmo  declaram  outros  historiadores  »  (3). 

Em  25  de  Maio  de  1488  já  estava  eleito  arcebispo  de  Braga,  como  se  lê 
num  breve  de  Xisto  IV  (4).  Este  papa,  por  uma  bula  de  6  de  Fevereiro  de 
1484,  citou  o  ex-bispo  de  Coimbra  perante  a  Santa  Sé,  por  ter  tomado 
conta  do  arcebispado  de  Braga  sem  esperar  as  letras  de  transladação,  e 
por  conspirar  com  os  ministros  de  D.  João  II  contra  as  imunidades  ecle- 
siásticas. Declara-lhe  também,  que  já  tinha  as  letras  prontas,  mas  que 
mandou  arrancar-lhes  os  selos,  reputando  o  bispo'  indigno  da  graça  que  lhe 
fazia  (5). 

Não  me  posso  convencer  de  que  o  motivo  fosse  só  aquele,  por  que  não 
foi  unicamente  o  papa  que  o  castigou;  el  Rei  também  o  privou  do  ofício  que 
exercia,  e  parece  que  também  do  assentamento,  se  é  verdade  ter-lhe  ficado 
para  sua  subsistência  apenas  o  rendimento  da  tal  igreja. 

Encontrei  um  documento  que  julgo  vir  esclarecer  muito  o  caso.  É  uma 
carta  de  perdão  passada  em  Viana  de  apar  de  Alvito  a  2  de  Outubro  de 
1490.  Diz  ela:  «Diogo  Gonçalves,  cavaleiro,  çreado  do  arcebispo  de  Braga 
D.  João  Galvão,  morador  em  Coimbra,  me  envia  dizer  que  a  elle  culparam 
na  tirada  de  um  Garcia  Gomes,  escudeiro  do  dito  arcebispo,  que  foi  na 
morte  de  um  João  de  Freitas,  dizendo  que  o  dito  arcebispo,  sendo  bispo  da 
dita  cidade,  o  mandara  matar  pelo  dito  Garcia  Gomes  e  outros,  e  que,  sendo 
assim  preso  em  poder  de  Fernando  Alvares  de  Freitas,  elle  suplicante  com 
outros  lho  tirava  do  poder.     Pela  qual  rasão  elle  suplicante  fora  preso,  e 


(i)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  5.°,  pág.  i65. 

(2)  D.  Rodrigo  da  Cunha,  Historia  de  Braga,  vol.  2.",  págs.  263  e  264. 

(3)  D.  Nicolau  de  Saata  Maria,  Chronica  dos  cónegos  regrantes,  vol.  a.",  pág.  a63;  Frei  Fer- 
nando da  Soledade,  Historia  Seraphica,  3."  parte,  pág.  166  mihi,  e  Leitão  Ferreira,  Catalogo 
Aos  bispos  de  Coimbra,  pág.  i5o. 

(4)  Visconde  de  Santarém,  Quadro  elementar,  vol.  lo.*,  pág.  99. 

(5)  Ibidem,  pág.  10 1. 


Apêndice  299. 

fora  dada  sentença  contra  elle  em  que  o  haviam  por  degredado  por  um  ana 
para  os  portos  de  àllem  em  Africa  eic. »  (i). 

Não  podia  ficar  em  Coimbra  um  bispo  que  mandava  matar  gente,  nem 
o  papa  depois  disto  o  podia  confirmar  num  arcebispado. 

Aquele  João  de  P^reitas  morava  em  1464  em  Coimbra,  na  rua  da  Calçada^ 
e  ante  as  portas  das  suas  casas  foi  apresentada,  em  22  de  Junho,  uma  pro- 
curação de  Diogo  de  Azambuja,  cavaleiro  de  Avis,  comendador  de  Alter 
Pedroso  e  de  Seda,  guarda  roupa  e  guarda  mor  de  D.  Pedro,  rei  de  Aragãa 
e  conde  de  Barcelona,  procuração  passada  ao  pai  de  Diogo,  Pêro  da  Azam- 
buja, na  referida  cidade  de  Barcelona,  a  8  de  Maio  do  mesmo  ano  (2). 

Armas:  vide  em  conde  de  Santa  Comba. 

Marquês  de  MONTEMOR  O  NOVO  — Entre  25  de  Abril  de  1478  e 
i5  de  Abril  de  1478.  —  D.  JOÃO,  sobrinho  de  el  Rei,  condestável,  filho  do 
2."  duque  de  Bragança.  Na  carta  de  17  de  Novembro  de  1476  de  doação 
em  vida  de  pensão  dos  tabeliães  de  Lisboa,  além  de  outra  que  o  duque  de 
Bragança  tinha,  e  que  já  este  seu  filho  arrecadara,  é  ele  nomeado  D.  João> 
condestável,  senhor  de  Montemor  o  Novo  (3).  Por  carta  de  3o  de  Outubros 
de  147 1  foi-lhe  dado  o  senhorio  de  Montemor  o  Novo  (4);  em  25  de  Abril 
de  1473  foi  feito  condestável,  como  havia  sido  seu  bisavô  D.  Nuno  Álvares- 
Pereira(5).  Em  nenhuma  destas  cartas  é  intitulado  marquês;  aparece  porém 
com  o  título  na  carta  de  i5  de  Abril  de  1478  em  que  é  nomeado  fronteiro- 
mor  da  comarca  de  Entre  Tejo  e  Guadiana  e  Além  do  Guadiana  (6).  Des- 
terrado de  Montemor  por  D.  João  II,  fugiu  depois  das  Alcáçovas  com  seu. 
irmão  o  conde  de  Faro,  e  acolheu-se  a  Castela.  Foi  sentenciado  à  morte,  e 
em  estátua  executada  a  sentença  em  Abrantes  a  12  de  Setembro  de  1483. 

El  Rei  nesta  carta  diz  o  seguinte:  «Fazemos  saber  que  por  nós  foi 
posta  defesa,  que  nenhuma  pessoa,  de  qualquer  estado  e  condição  que  fôsse^ 
se  não  partirá  destes  reinos  para  os  de  Castela  para  andar  com  D.  João, 
que  foi  marquês  de  Montemor,  sob  pena  de  perdimento  de  bens,  e  de  cair 
no  caso  maior,  visto  como  ele  era  fugido  e  lançado  em  os  ditos  reinos  de 
Castela  por  causa  da  traição  que  cometeu  contra  nossa  pessoa  real  e  em 
perdimento  de  nossos  reinos;  e  ora  a  nós  foi  dito  etc. »    Carta  de  confiscação- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  i6.",  fl.  90  v. 

(2)  João  de  Freitas  em  Coimbra,  vide  Documentos  de  Évora,  vol.  III,  pág.  i5,  n."  3. 
Ver  breves  de  1483  no  vol.  X  do  Quadro  elementar,  págs.  99  e  loi. 

(3)  Místicos,  liv.  3.°,  fl.  279  V. 

(4)  Provas  da  Historia  genealógica,  voI.  3.",  pág.  572,  n.»  64. 

(5)  Misticos,  liv.  3.»,  fl.  291  V. 

(6)  Extras,  fl.  159. 


Soo  Brasões 

de  bens  a  um  criado  do  marquês,  o  qual  se  fora  para  êle  haveria  um  mês, 
Abrantes,  22  de  Setembro  de  1488  (i). 

Morreu  em  Sevilha  a  3o  de  Abril  de  1484. 

Armas:  provavelmente  as  que  seu  pai  usara  emquanto  marquês  de  Vila 
Viçosa.     (Braganças,  primeiras). 

Casou  antes  de  25  de  Julho  de  1460;  comoconsta  da  carta  de  45.000  reais 
brancos  de  tença  a  sua  mulher  pelas  4.500  coroas  de  ouro  que  lhe  foram 
dadas  em  casamento  (2),  com  D.  Isabel  de  Noronha,  filha  do  arcebispo  de 
Lisboa,  D.  Pedro  de  Noronha,  legitimada  por  carta  de  i3  de  Agosto 
de  1444  (3).  Teve  a  marquesa  de  tença  desde  i  de  Janeiro  de  1480 
100.000  reais  brancos  (4),  e  de  assentamento  outros  100.000  reais  desde 
igual  dia  do  ano  seguinte  (5).  Parece  não  ter  ela  decaído  da  graça  de 
D.  João  II,  que  em  Abrantes,  onde  fora  a  execução  do  marido,  e  poucos 
dias  depois  dela,  a  23  de  Setembro,  lhe  deu  a  renda  das  pensões  dos  tabe- 
liães de  Lisboa,  que  havia  sido  do  marquês  (6).  A  sua  tença  dos  45.000  reais 
do  casamento  foi-lhe  confirmada  por  carta  de  1 1  de  Janeiro  de  i5oo,  para  a 
começar  a  receber  desde  o  i.°  desse  mês  (7),  pelo  que  parece  que  por 
ausência,  ou  outro  motivo,  houvera  interrução  no  pagamento.  Em  4  de 
Junho  de  i5ii  D.  Isabel  Henriques  (sic)^  marquesa  de  Montemaior  em  Por- 
tugal vivia  em  Sevilha  (8).  Em  i5i4  no  caderno  da  sisa  do  pescado  e 
madeira  de  Lisboa  se  incluiu  como  tença  de  100.000  reais  para  ser  pago  num 
ano  à  marquesa  de  Montemor  (9). 

Não  tiveram  descendência. 

i.°  Barão  de  ALVITO  — 1475,  Abril  27.  — DR.  JOÃO  FERNANDES 
DA  SILVEIRA,  do  conselho  de  el  Rei,  escrivão  da  puridade,  chanceler 
mor  e  vedor  da  fazenda  do  príncipe,  regedor  por  muitos  tempos  que  foi  da 
■casa  da  suplicação,  e  muitas  vezes  embaixador  por  desvairadas  partes  do 
mundo  aos  Padres  Santos,  reis,  príncipes  e  senhores.  —  Por  carta  da  referida 
<data  mandou  el  Rei  que  todas  as  terras  que  então  o  doutor  trazia  da  coroa, 
«  que  houvera  por  dote  e  casamento  de  D.  Maria  de  Sousa  sua  mulher, 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  26.°,  fl.  107  v. 

(2)  Místicos,  liv.  4.°,  fl.  101  V.  ' 

(3)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3»,  pág.  58o,  n."  68. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  32.°,  fl.  i58  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  26.°,  fl.  141. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  23.°,  fl.  5o  v. 
{7)  Misticos,  liv.  4.°,  fl.  101  v. 

{8)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3.°,  pág.  576,  n.»  67. 

(9)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  VIII,  pág.  72. 


Apêndice  3o  i 

sejam  feitas  baronia  de  então  em  diante  para  sempre  em  vida  deles  ambos, 
e  de  todos  seus  herdeiros  e  descendentes  segundo  a  lei  mental.  Determinou 
mais  que  ele  se  intitule  e  chame  barão  da  vila  de  Alvito,  que  é  a  principal 
vila  e  cabeça  das  ditas  terras,  e  assim  mesmo  sua  mulher,  acontecendo  o 
barão  falecer  primeiro  que  ela,  se  chame  baronesa  de  Alvito  depois  do  seu 
falecimento;  e  dai  em  diante  todos  os  seus  descendentes,  que  as  ditas  terras 
houverem  de  herdar,  sem  mais  nenhum  deles  haver  de  requerer  outra  carta, 
nem  licença,  nem  lhe  ser  feita  outra  cerimónia,  nem  solenidade,  se  chamem 
barões  de  Alvito.  Outrosim  houve  ao  barão  por  cortados  os  « cabos »  a 
seus  estandartes,  para  de  então  em  diante,  êle  e  seus  sucessores  poderem 
trazer  bandeiras  quadradas  (i).  Após  esta  data  passou  a  chamar-se  D.  João 
da  Silveira.  —  Por  carta  de  12  de  Setembro  de  1463  havia  sido  o  doutor  João 
Fernandes  nomeado  regedor  da  casa  da  suplicação  (2).  Pelo  seu  casamento 
era  senhor  de  Alvito,  Vila  Nova,  Aguiar  e  Oriola,  lugares  para  os  quais 
alcançou  carta  de  privilégios  em  8  de  Maio  de  147 1  (3),  no  mesmo  dia  em 
que  o  senhorio  fora  confirmado  a  sua  mulher.  A  ele  próprio  foram  os  re- 
feridos lugares  confirmados  por  carta  de  i  de  Abril  de  1482  (4).  No  último 
dia  deste  mesmo  mês  em  carta  régia  diz  D.  João  II,  que  o  sítio  da  vila  de 
Alvito,  que  então  pertencia  a  D.  João  da  Silveira,  barão  dela,  e  a  D.  Maria 
sua  mulher,  era  muito  disposto  a  se  fazer  lá,  acerca  da  fonte,  um  castelo,  e 
autoriza  o  barão  a  que  o  faça  (5).  Ainda  foi  feita  outra  mercê  ao  barão  por 
carta"  de  6  de  Outubro  de  1488,  pela  qual,  considerando  como  êle  por  ser 
barão  se  pode  e  deve  chamar  e  chama  dom,  e  assim  seu  filho  que  sua 
baronia  espera  por  seu  falecimento  herdar,  e  os  outros  seus  filhos  não,  con- 
cede el  Rei  o  título  de  dom  a  todos  os  filhos  e  netos  do  barão  por  linha 
direita  (6).  E  esta  a  última  notícia  que  tenho  do  barão  de  Alvito,  que  já  era 
falecido  a  9  de  Abril  do  ano  seguinte,  quando  foi  confirmada  a  seu  filho 
D.  Diogo  a  autorização  para  a  edificação  do  castelo  de  Alvito  (7). 

D.  João  da  Silveira,  i.°  barão  de  Alvito,  já  tinha  morrido  a  24  de  Março 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  3o.°,  fl.  66,  e  impressa  na  íntegra  a  pág.  23o  deste 
volume. 

(2)  Z^íiem,  liv.  9,°,  fl.  146. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  6.»,  fl.  126  v. 

(4)  /^'/íÍÉfm,  fl.  125  V. 

(5)  Ibidem,  liv.  3.»,  fl.  42  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  19.»,  fl.  46. 

(7)  Chancelaria  de  D  Manuel,  liv.  41.°,  fl.  gS.  Advertirei  que  neste  lugar  ao  transcre- 
"ver-se  a  primitiva  carta  de  D.  João  II  de  autorização  para  a  edificação  do  castelo  de  Alvito, 
se  lhe  errou  a  data,  pondo-a  no  ano  de  1489,  que  era  o  da  confirmação,  em  vez  de  1482. 
<Dom  a  data  certa  já  acima  ficou  citada. 


3o2  Brasões 

de  1489,  data  de  uma  carta  passada  em  Beja  a  favor  de  D.  Maria  de  Sousa,, 
baronesa  de  Alvito,  e  dirigida  a  Pedro  Álvares,  cavaleiro  da  casa  de  el  Rei, 
comendador  dos  Colos,  e  anadel  mor  dos  besteiros  do  monte.  Por  ela, 
querendo  fazer  mercê  a  baronesa,  determina-se  que  se  não  peçam  de  então 
em  diante  mais  de  dez  besteiros  nas  suas  terras,  sendo  quatro  em  Alvito, 
três  em  Vila  Nova,  dois  em  Oriola  e  ura  em  Aguiar  (i). 

A  referida  D.  Maria  de  Sousa  sucedera  a  seu  pai,  Diogo  Lopes  Lobo,, 
nas  terras  de  Alvito,  Vila  Nova  de  Alvito  e  ribeira  de  Nisa,  que  lhe  foram 
confirmados  por  carta  de  8  de  Maio  de  147 1,  como  deixei  dito.  Dele  também 
herdara  os  termos  de  Aguiar  e  Oriola,  que  já  lhe  haviam  sido  confirmados 
de  juro  e  herdade,  como  os  outros,  por  carta  de  11  de  Setembro  de  1470(2).. 

Dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  do  conselho,  carta  de  regedor  da  casa 
da  Suplicação.     12  de  Setembro  de  1463  (3). 

Fernão  da  Silveira  e  João  da  Silveira,  filhos  do  doutor  (?)  do  nosso  con-^ 
selho  e  regedor  da  Casa  da  Suplicação,  e  de  Violante  Pereira,  sua  primeira, 
mulher,  partiram  ora  com  êle  os  bens  que  por  morte  de  sua  mãe  ficaram, 
tendo  um  19  e  oufro  18  anos  etc.  Autorização  para  receberem  e  darem 
quitação  a  seu  pai  da  prata  e  dinheiros  da  legítima  materna.  3o  de  Agosto- 
de  1469(4). 

Considerando  el  Rei  D.  João  meu  avô,  os  muitos  e  grandes  serviços  que 
Diogo  Lopes  Lobo,  o  Velho,  cavaleiro  e  alcaide  mor  que  foi  da  cidade  de 
Évora,  já  tinha  feitos  a  êle  e  a  seus  reinos  nas  guerras  que  houve  com  el  Rei 
de  Castela,  lhe  fez  mercê  e  doação  para  filhos  e  netos  e  todos  seus  descen- 
dentes das  vilas  de  Alvito,  Vila  Nova  de  Alvito  e  da  Ribeira  de  Nisa  que  é 
em  termo  da  vila  de  Alcácer,  as  quais  eram  e  são  da  coroa;  e  êle  as  pos- 
suíam em  toda  a  sua  vida  continuando  sempre  no  serviço  do  dito  meu  avô; 
por  falecimento  da  qual  as  ditas  terras  e  ribeira  vieram  a  Rui  Dias  seu  filho,, 
que  isso  mesmo  em  sua  vida  serviu  sempre  o  dito  meu  avô,  e  as  possuiu  até 
fim  de  seus  dias,  e  por  sua  morte  ficaram  a  Diogo  Lopes  seu  filho,  do  nosso 
conselho,  que  ora  vive,  o  qual  fez  muitos  serviços  a  el  Rei  meu  pai  e  a  nós, 
como  bom  servidor  e  leal  vassalo,  a  quem  sempre  tivemos  e  temos  vontade 
de  fazermos  honra  e  mercê  segundo  seus  merecimentos;  ao  qual  Diogo 
Lopes  de  três  filhos  varões  que  houve  de  D.  Isabel  de  Sousa  filha  de  D.  Lopo 
Dias  de  Sousa,  que  foi  mestre  de  Cristo,  os  dois,  a  saber,  Rui  Dias  e  Pêro 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  17.°,  fl.  7,  transcrita  na  de  confirmação  à  mesma 
D.  Maria  de  Sousa,  dada  em  Torres  Vedras  a  5  de  Outubro  de  1496. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.°,  fl.  127. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  9.»,  fl.  146. 

(4)  Ibidem,  liv.  Si.»,  fl.  114. 


Apêndice  3o3 

Dias  morreram  por  serviço  de  Deus  e  nosso  em  guerra  de  moiros,  e  o  outro 
filho  se  veio  depois  a  finar  de  sua  morte,  e  assim  êle  ficou  sem  alguns  que 
as  ditas  terras  pudesse  suceder,  posto  que  filhas  tivesse,  e  de  algumas  delas 
netos  varões,  as  quais  por  serem  fêmeas  e  seus  filhos  virem  por  fêmeas 
segundo  as  nossas  ordenações  não  podiam  ser  as  sobreditas  coisas  herdar. 
Considerando  nós  emsembra  com  o  príncipe  D.  João,  de  cujo  prazer  e  consen- 
timento, fazemos  mercê  ao  dito  Diogo  Lopes,  como  entre  todas  suas  filhas 
D.  Maria  sua  filha  era  a  mais  velha  de  todos  os  filhos  e  filhas,  e  que  dela 
tenho  netos  varões  lídimos  filhos  seus  e  do  dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  do 
nosso  conselho  e  regedor  da  nossa  Casa  da  Suplicação.. .  queremos  que  fale- 
cendo o  dito  Diogo  Lopes  suceda  nas  sobreditas  coisas  sua  filha  D.  Maria  e  os 
filhos  e  netos  varões  que  ela  tiver  do  dito  seu  marido. . .  Portalegre,  22  de 
Julho  de  1470.  —  D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  conselho  e  escrivão 
da  puridade,  apresentou  esta  carta,  pedindo  em  seu  nome  e  da  dita  D.  Maria 
sua  mulher  que  lhe  fosse  confirmado,  o  que  &1  Rei  deferiu.  Viana  de  Alvito, 
3o  de  Março  de  1482(1).  —  Confirmado  a  D.  Maria  de  Sousa  em  Torres 
Vedras  a  6  de  Outubro  de  1496  (2). 

Fizemos  mercê  a  D.  Maria  de  Sousa,  filha  de  Diogo  Lopes  Lobo,  do 
nosso  conselho,  e  mulher  do  dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  do  nosso  con- 
selho e  regedor  da  Casa  da  Suplicação,  que  ela  pudesse  suceder  a  seu  pai, 
por  êle  não  ter  filho  varão,  nas  coisas  que  êle  tinha  da  coroa,  e  nos  foram 
mostradas  cartas  de  doação  a  Diogo  Lopes  Lobo,  o  velho,  das  vilas  de 
Alvito,  Vila  Nova  e  Ribeira  de  Nisa,  de  juro  e  herdade,  das  quais  lhe  man- 
dámos logo  dar  cartas,  e  das  terras  de  Aguiar  e  Oriola,  que  são  à  cerca  de 
Évora,  lhe  não  mandámos  então  dar  cartas,  posto  que  as  o  dito  seu  pai  de  nós 
tivesse,  por  nos  não  ser  mostrada  carta  alguma,  por  que  lhe  delas  tivéssemos 
feita  mercê,  a  qual  se  então  não  achara.  Nisto  se  veio  o  dito  Diogo  Lopes 
a  finar,  e  depois  de  ser  finado  nos  foi  mostrada  uma  nossa  carta  pela  qual 
lhe  fizemos  mercê  das  terras  de  Aguiar  e  Oriola  de  juro  e  herdade,  etc. 
Temos  por  bem  que  ela  haja  e  suceda  nas  ditas  terras  como  nas  outras  de 
Alvito  e  Vila  Nova.  Lisboa,  11  de  Setembro  de  1470.  —  Confirmada  a 
D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  conselho  e  escrivão  da  puridade, 
«m  Viana  a  4  de  Junho  de  1482  (3).  —  Confirmada  a  D.  Maria  em  Torres 
Vedras,  a  4  de  Outubro  de  1496(4). 

D.  Maria  de  Sousa,  mulher  do  dr.  João  Fernandes,  do  nosso  conselho  e 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.»,  fl.  126  v. 
(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  Sy."»,  fl.  4  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  11,  Hf.  6.",  fl.  127. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  37.»,  fl.  4. 


3  04  Brasões 

regedor  da  Casa  da  Suplicação,  tinha  de  juro  e  herdade  a  vila  de  Alvito,  e 
Vila  Nova,  e  os  moinhos  e  possessões  de  Viana  na  Ribeira  de  Nisa,  termo 
de  Alcácer,  de  que  estava  de  posse  por  morte  do  pai  Diogo  Lopes,  do  con- 
selho etc.  Confirma-lhos  em  Santarém,  8  de  Maio  de  147 1.  —  Confirmada 
a  D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,,  do  conselho  e  escrivão  da  puridade^ 
em  Viana  de  Alvito,  a  i  de  Abril  de  1482  (i). 

Dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  do  conselho,  regedor  da  Casa  da  Suplica- 
ção, disse  que  tínhamos  feita  mercê  de  Juro  e  herdade  a  D.  Maria  de  Sousa 
sua  mulher,  filha  de  Diogo  Lopes  Lobo  já  finado,  das  terras  de  Alvito,  Vila 
Nova,  Aguiar  e  Oriola,  lugares  em  que  havia  muitas  herdades  e  terras  que 
não  eram  lavradas  nem  coutadas,  e  muitas  vinhas  que  não  eram  adubadas 
nem  corregidas,  e  isso  mesmo  olivais  e  pomares,  que  outro  sim  não  eram 
adubados  nem  davam  frutos,  e  também  casas,  pardieiros  e  chãos  que  já 
foram  casas,  etc,  etc.  Possa  pôr  por  um  ano  em  pregão  as  ditas  terras 
para  seus  donos  as  lavrarem  e  adubarem,  e  não  o  fazendo  as  possa  dar  de 
sesmaria  etc.  Almeirim,  8  de  Maio  de  147 1.  —  Confirmada  a  D.  João  da 
Silveira,  barão  de  Alvito,  do  conselho  e  escrivão  da  puridade,  e  a  D.  Maria 
sua  mulher,  em  Viana  de  Alvito,  a  i5  de  Abril  de  1482(2).  —  Confirmada  a 
D.  Maria  em  Torres  Vedras,  4  de  Outubro  de  1496(3). 

Dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  do  conselho,  regedor  da  Casa  da  Supli- 
cação, carta  de  privilégio  para  os  rendeiros  das  suas  terras.  Coimbra,  4  de 
Setembro  de  1472.  —  Confirmada  a  D.  Maria  de  Sousa  em  Torres  Vedras, 
5  de  Outubro  de  1496(4). 

Dr.  João  Fernandes  da  Silveira,  do  conselho  de  el  Rei,  escrivão  da  puri- 
dade, chanceler  mor  e  vedor  da  fazenda  do  príncipe,  carta  de  barão  de  Alvito, 
dada  em  Portalegre,  27  de  Abril  de  1475(5).  —  Confirmada  a  D.  João  da 
Silveira,  do  conselho,  escrivão  da  puridade,  em  Viana  de  Alvito,  i  de  Abril 
de  1482.  —  Confirmada  a  D.  Maria  de  Sousa  em  Torres  Vedras,  6  de 
Outubro  de  1496(6).  ■< 

D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  nosso  conselho,  escrivão  da  puri- 
dade e  chanceler  mor  do  príncipe,  autorização  para  conhecer  por  sUa  própria 
pessoa  por  aução  nova  de  quaisquer  demandas,  contendas,  etc.  que  em  suas 
'  terras  agora  há,  ou  ao  diante  houver,  e  as  apelações  das  sentenças  que  êle 
der  queremos  que  logo  vão  directamente  a  cada  uma  das  nossas  casas  de  re- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv,  6.",  fl.  i25  v. 

(2)  Ibidem,  fl.  126  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  17.»,  fl.  7  v. 

(4)  Ibidem,  fl.  7. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  3o. ",  fl.  66. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  37.°,  fl.  3  v. 


Apêndice      s  3o  5 

lação,  qual  a  qualidade  da  causa  requerer  etc.  Torres  Novas,  3a  de  Abril 
de  1481  (i). 

D.  Maria  de  Sousa,  filha  de  Diogo  Lopes  Lobo,  do  nosso  conselho,  e 
mulher  que  ora  é  do  dr.  João  Fernandes,  nos  disse  que  tinha  de  juro  e  her- 
dade a  vila  de  Alvito,  e  que  em  termo  dela  havia  uma  coutada  antiga»  que 
era  do  senhorio,  a  qual  chamavam  Monte  do  Coelho,  no  qual  andavam  cervos 
coelhos  e  outras  alimárias...  mando  coutar  e  impor  coimas  aos  defrauda- 
dores  etc.  Lisboa,  20  de  Julho  de  148 1  (no  número  do  ano  há  engano  por 
força).  —  D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  conselho  e  escrivão  da 
puridade,  apresentou  a  precedente  carta,  que  lhe  foi  confirmada  a  ele  e  a 
sua  mulher  D.  Maria  em  Viana  de  Alvito  a  i5  de  Abril  de  1482  (2). 

D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  nosso  conselho  e  escrivão  da 
nossa  puridade,  haja  de  i  de  Janeiro  que  passou  de  1482  de  tença  12.000  reais 
brancos  em  satisfação  da  metade  de  todo  o  dinheiro  que  os  escrivães  da 
nossa  comarca  houvessem  do  feitio  de  toda.  a  escritura  que  fizéssemos,  que 
êle  alegava  pertencer-lhe  e  ser  foro  do  seu  ofício:  «Havendo  nós  respeito 
e  folgarmos  sempre  que  nossos  oficiaes  tenham  bem  com  que  possam  suportar 
seus  carregos  e  por  lhe  fazermos  graça  e  mercê».  Montemor  o  Novo,  25  de 
Fevereiro  de  1482  (3). 

D.  João  da  Silveira,  barrão  de  Alvito,  do  conselho  e  escrivão  da  puridade, 
por  ter  deixado  o  ofício  que  tinha  de  regedor  da  justiça  da  Casa  da  Suplica- 
ção em  tempo  de  el  Rei  meu  pai,  haja  desde  o  i.°  de  Janeiro  de  1482, 
3o.ooo  reais  brancos  como  os  até  aqui  houve.  Viana  de  Alvito,  17  de  Março 
de  1482  (4). 

D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  conselho  e  escrivão  da  puridade, 
por  respeito  de  certa  tença  que  havia  do  bispo  de  Coimbra  e  o  leixr  por 
nosso  mandado,  temos  por  bem  e  queremos  que  êle  haja  de.  nós  de  tença 
em  cada  ano,  emquanto  nossa  mercê  for,  do  i."  de  Janeiro  que  passou  de 
1482  em  diante  11.000  reais  brancos.  Viana  de  apar  de  Alvito,  18  de  Março 
de  1482(5). 

D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  conselho  e  escrivão  da  puridade 
apresentou  carta.  —  Diogo  Lopes  Lobo,  fidalgo  de  nossa  casa,  disse  que  em 
termo  da  vila  de  Alcácer  tem  uma  terra  e  ribeira  que  chamam  de  Nisa,  que 
é  da  coroa,  etc.     Carta  de  privilégios  para  10  homens  que  nela  quiserem. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  26.«>,  fl.  53  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  6.»,  fl.  126. 

(3)  Ibidem,  )iv.  3.°,  fl.  23.  . 

(4)  Ibidem,  liv.  6.»,  fl.  \i5. 

(5)  Ibidem,  fl.  125  V. 

voL.  in  39 


3o6  Brasões 

viver  e  povoar.  Sintra,  9  de  Outubro  de  1450.  —  Confirmada  ao  barão  em 
Viana  de  Alvito,  i  de  Abril  de  1482(1). 

Considerando  nós  o  sítio  da  vila  de  Alvito  que  ora  é  de  D.  João  da  Sil- 
veira, barão  dela,  e  de  D.  Maria  sua  mulher,  ser  muito  disposto  a  se  aí 
àcêrca  da  fonte,  fazer  um  castelo  etc.  Autoriza  o  barão  para  o  fazer.  Dado 
em  3o' de  Abril  de  1482  (2). 

D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  nosso  conselho,  e  nosso  escrivão 
da  puridade,  doação  desde  o  1.°  de  Janeiro  que  veni  de  1485  das  Jugadas 
de  Coimbra  e  seu  termo,  para  ele  em  toda  sua  vida,  e  para  um  seu  filho 
varão  lídimo,  qual  ele  quizer,  depois  do  seu  falecimento,  as  quais  jugadas 
lhe  damos  com  60.000  reais  em  parte  dos  Soo. 000  que  temos  ordenado  haver 
de  nós  etc.  Abrantes,  24  de  Setembro  de  1483.  E  logo  o  dito  barão 
declarou  que  o  filho  seu  que  queria  que  houvesse  as  jugadas  depois 
de  seu  falecimento  seria  Felipe  de  Sousa,  seu  filho  e  de  D.  Maria  sua 
mulher  (3). 

D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  conselho,  escrivão  da  puridade, 
lhe  damos  de  renda  em  cada  um  ano  para  bem  poder  suportar  sua  vida  e 
manter  sua  honra,  3oo.ooo  reais  brancos,  contando-lhe  a  moradia  que  de 
nós  há  por  esta  guisa,  60.000  reais  pela  sua  moradia,  60.000  reais  pelas 
jugadas  de  Coimbra,  108. i36  reais  pelas  rendas  de  Lagos,  e  os  71.844  reais 
se  lhe  assentaram  agora  por  esta  carta  de  padrão  nos  livros  da  fazenda,  e 
haja  desde  o  1.°  de  Janeiro  que  virá  de  1484.  Abrantes,  27  de  Setembro 
de  1483(4). 

D.  João  da  Silveira,  barão  de  Alvito,  do  nosso  conselho,  escrivão  da 
nossa  puridade,  sendo  como  ele  por  ser  barão  se  pode  e  deve  chamar  e 
chama  dom,  e  assim  o  seu  filho  que  sua  baronia  espera  pòr  seu  falecimento 
herdar,  e  por  outros  seus  filhos  não,  segundo  disto  tem  nossa  carta  etc. 
Concede  o  título  de  dom  a  todos  os  seus  filhos  e  netos  por  linha  direita. 
Abrantes,  6  de  Outubro  de  1488(5). 

A  vós  Pêro  Alvares,  cavaleiro  de  nossa  casa,  comendador  dos  Colos  e 
anadel  mor  dos  besteiros  do  monte,  sabede  que  querendo  fazer  mercê  a 
D.  Maria  de  Sousa,  baronesa  de  Alvito,  queremos  que  em  Alvito,  Vila  Nova, 
Aguiar  e  Oriola,  terra  da  dita  D.  Maria,  se  não  façam  daqui  em  diante  mais 
de  dez  besteiros,  quatro  em  Alvito,  três  em  Vila  Nova,  dois  em  Oriola,  e 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.»,  fl.  127  v. 
(2)  Ibidem^  liv,  3.",  fl.  42  v. 
{3).lbidemy  liv.  26,»,  fl.  91  v. 

(4)  Ibidem,  fl.  gS. 

(5)  Ibidem,  liv.  19.",  fl.  146, 


Apêndice  307 

um  em  Aguiar  etc.  Beja,  24  de  Março  de  1489.  —  Confirmada  a  D.  Maria 
de  Sousa  em  Torres  Vedras,  a  5  de  Outubro  de  1496(1). 

Armas:  não  sei. 

Casou  a  i.*  vez  com  Violante  Pereira,  viúva  de  Marlim  Afonso  Valente 
senhor  do  morgado  da  Póvoa,  e  filha  de  João  Mendes  Aguado,  corregedor 
da  corte.  Deste  casamento,  que  já  estava  dissolvido  em  3o  de  Agosto  de 
1469(2),  houve  descendência,  que  não  sucedeu  na  varonia  de  Alvito. 

Casou  a  2.*  vez,  antes  de  22  de  Julho  de  1470,  com  D.  Maria  de  Sousa, 
filha  herdeira  de  Diogo  Lopes  Lobo,  senhor  de  Alvito,  Vila  Nova  de  Alvito, 
e  ribeira  de  Nisa,  terras  em  que  D.  Maria,  por  carta  da  referida  data,  sendo 
já  casada,  foi  autorizada  a  suceder  por  morte  de  seu  pai.  D.  Maria  de 
Sousa  teve  carta  para  suceder  a  seu  pai  nas  outras  terras  da  casa  que  eram 
Aguiar  e  Oriola,  tudo  de  juro  e  herdade  em  11  de  Setembro  de  1470,  con- 
firmado ao  barão  em  4  de  Julho  de  1482  (3).  A  8  de  Maio  de  1471  já  essa 
sucessão  tinha  tido  lugar,  e  as  terras  foram  confirmadas  a  D.  Maria  (4). 
Como  acima  referi  foi  a  baronia  de  Alvito  criada  não  só  para  o  dr.  João 
Fernandes  da  Silveira,  mas  também  para  sua  mulher  D.  Maria  de  Sousa, 
que  enviuvando,  teve  confirmação  da  baronia  por  carta  de  6  de  Outubro  de 
1496  (5).  Deu  a  baronesa  em  sua  vida  a  seu  filho  D.  Diogo  a  renda  das 
judiarias  das  suas  vilas  de  Alvito,  Vila  Nova  e  Oriola,  e  quando  foi  da 
expulsão  dos  judeus,  mandou  D.  Manuel  dar  a  D.  Diogo,  em  satisfação  da 
perdida  renda,  certa  tença  de  que  se  lhe  passou  carta  de  padrão  em  18  de 
Janeiro  de  1498(6).  Ainda  então  vivia  a  baronesa,  e  creio  que  a  sua  morte 
teve  lugar  entre  12  de  Agosto  e  4  de  Setembro  de  1499,  pois  que,  como  no 
seu  lugar  mostrarei,  na  primeira  data  ainda  o  filho  não  era  barão,  e  na 
segunda  já  tinha  o  título,  no  qual  podia  suceder  sem  mais  carta  nem  licença, 
como  declara  a  mercê  da  criação  da  baronia.  O  testamento  de  D.  Maria 
de  Sousa  é  de  26  de  Julho  de  1489(7). 

Tiveram  descendência. 

i.«  Conde  de  PENAMACOR  —  1475,  Maio. -^  LOPO  DE  ALBU- 
QUERQUE, camareiro  mor.  —  Em  Placência  por  ocasião  do  desposório  de 
D.  Afonso  V  com  a  princesa  D.  Joana  criou  el  Rei  conde  de  Penamacor  ao 


(1)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  ly.»  fl.  7. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3r.»,  fl.  114. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.%  fl.  1 27. 

(4)  Ibidem,  fl.  125  V. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  37.«',  fl.  3  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  41.*,  fl.  67  v. 

(7)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  2.°,  fl.  69. 


3o8  ^       Brasões   - 

seu  camareiro  mor  Lopo  de  Albuquerque  (i).  Teve  lugar  a  cerimónia  em 
Maio  de  1476,  porque  a  proclamação  lançada  pelos  esposos  aos  reinos  de 
Castela,  logo  depois  das  bodas,  é  de  3o  do  referido  mês  (2).  Em  carta  de  8 
de  Agosto  de  1476  a  D.  Lopo  de  Albuquerque,  conde  de  Penamacor,  é  rati- 
ficada a  doação  que  já  por  outra  precedente  carta  lhe  havia  sido  feita,  a  êle 
e  a  seu  filho  maior  por  sua  morte,  da  vila  de  Penamacor  (3).  A  24  de 
Agosto  do  mesmo  ano,  por  duas  cartas  dessa  data,  foram-lhe  dadas  a  alcai- 
daria  mor  da  mesma  vila  (4),  e  mais  uma  vida  no  título  de  conde  para  o 
filho  (õ).  Era  Lopo  de  Albuquerque  camareiro  e  guarda  roupa  de  D.  Afonso  V 
desde  18  de  Outubro  de  1463,  em  que  fora  nomeado  por  consentimento  de 
seu  tio  o  camareiro  mor  conde  de  Monsanto  (6),  a  quem  sucedeu  no  ofício 
de  camareiro  mor  por  carta  de  22  de  Setembro  de  147 1  (7).  Recebia  o 
conde  de  Penamacor  de  assentamento  e  tenças  a  importante  verba  de 
674.800  reais,  sendo  200.000  reais  pela  regedoria  da  casa  do  cível  de  Lisboa, 
que  D.  Afonso  V  lhe  dera,  e  lhe  tirou  D.  João  II,  que  com  o  conde  fez 
contas,  confirmando-lhe  a  referida  quantia  por  carta  de  8  de  Janeiro  de 
1482  (8).  Implicado  em  1484  na  conspiração  do  duque  de  Viseu  e  mais 
fidalgos,  e  descoberta  ela,  fugiu,  vindo  meter-se  em  Penamacor,  de  onde 
com  um  seguro  real  veio  falar  a  D.  João  II  às  Cortiçadas  junto  ao  Tejo 
abaixo  de  Vila  Velha  de  Rodam.  Não  convindo  nas  condições  propostas, 
retirou-se  o  conde  para  Castela  com  sua  família.  Viajou  muito  em  seguida, 
e  passou  ultimamente  para  Inglaterra,  onde  com  o  nome  de  Sedro  Nunes 
comprava  mercadorias  para  o  trato  da  Guiné,  e  andava  desafiando  para  o 
mesmo  a  negociantes  e  armadores  ingleses.  D.  João  II,  desesperado,  mandou 
lá  para  prenderem  ou  matarem  secretamente  ao  conde;  mas  não  o  conse- 
guindo, solicitou  a  prisão  do  rebelde  directamente  do  rei  inglês,  que  ainda 
chegou  a  ter  o  conde  preso  uns  dias  na  torre  de  Londres.  Solto,  embarcou 
para  Barcelona,  onde  se  avistou  com  os  reis  de  Castela,  que  aí  estavam  por 
causa  da  entrega  de  Perpinhão,  que  se  realizou  em  1493.  Da  Catalunha 
passou  para  Sevilha,  onde  tinha  sua  mulher  e  filhos,  e  pouco  tempo  depois 
de  lá  estar  morreu.      >    ' 

Armas:  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  das  armas  do  reino  diferençadas  por 


(i)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  cap.  178.  . 

(2)  Anales  de  Aragon,  liv.  19.°,  cap.  27. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  7.°,  fl.  48. 

(4)  Místicos,  liv.  4.°,  fl.  20  V. 

(5)  Ibidem,  liv.  3.»,  fl.  219  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  9.»,  fl.  1 56  v. 

(7)  Ibidem,  liv.  22."»,  fl.  24  v. 

(8)  Chancelaria  4^  D.  João  II,  liv.  2.»,  fl.  2. 


I 


Apêndice  Sog 

um  filete  de  negro  em  barra;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  cinco  flores  de  Hz  de 
oiro.    (Albuquerque), 

Havia  casado  por  contracto  de  7  de  Março  de  1467  (i)  com  D.  Leonor 
DE  Noronha,  filha  do  arcebispo  de  Lisboa  D.  Pedro  de  Noronha.  Foi 
D.  Leonor  condessa  de  Penamacor,  e  parece  ter  passado  privações  depois 
da  morte  do  marido,  durante  o  reinado  de  D.  João  IL  Depois  veio  D.  Ma- 
nuel que  por  alvará  de  i5  de  Dezembro  de  1496,  por  ter  sabido  que  à  con- 
dessa lhe  não  ficara  tanta  fazenda  quanta  bastasse  para  o  pagamento  das 
suas  arras,  lhe  manda  dar  as  rendas  e  a  jurisdição  da  vila  de  Abiul,  rendas 
que  pelo  contracto  de  casamento  haviam  ficado  obrigadas  às  arras  (2).  Para 
mais  prova  da  penúria  em  que  se  encontrava  a  condessa,  transcreverei 
algumas  palavras  de  outro  documento:  A  condessa  de  Penamacor,  D.  Leonor 
de  Noronha,  foram  desembargadas  por  D.  Afonso  V,  4.500  coroas  de  120  reais 
do  motu  de  seu  casamento,  pelas  quais  houve,  emquanto  lhe  não  foram 
despachadas  a  tença  a  elas  ordenada,  e  a  seu  requerimento,  por  nos  dizer 
que  estava  em  necessidade,  nos  prouve  de  o  ano  trespassado  de  98  lhe 
mandarmos  despachar  180.000  reais  do  i.°  terço,  e  o  ano  passado  de  99 
lhe  despachamos  outro  terço,  do  qual  2.°  terço  ela  não  fçi  paga,  e  ora  ela 
nos  pediu  porquanto  estava  concertada  com  o  barão  de  Alvito  sobre  uma 
quinta  que  tem  em  termo  desta  cidad*  por  a  qual  lhe  dá  2.000  coroas,  nos 
aprouvesse  que  dos  sobreditos  36o. 000  reais  que  lhe  ainda  assim  são  por 
pagar,  lhas  apartássemos  e  mandássemos  por  eles  assentar  os  20.000  reais 
de  graça  ordenada  até  lhe  serem  pagos.  Temos  por  bem  que  do  1.°  de 
Janeiro  que  virá  de  i5oo  em  diante  o  dito  barão  tenha  de  tença  emquanto 
lhe  as  ditas  i.ooo  coroas  não  forem  pagas  aos  20.000  reais  por  elas  orde- 
nadas, e  dos  120.000  que  sobejam  foram  logo  despachadas,  por  desembargo 
apartado  à  dita  condessa  etc.  Lisboa,  3o  de  Dezembro  de  i5oo(3).  A  6 
de  Setembro  de  lõoi  já  a  condessa  tinha  vendido  estas  rendas  (4);  mas  el  Rei 
continuou  a  acudir-lhe,  mandando-lhe  dar  por  alvará  de  14  de  Setembro  de 
i5io  seis  moios  de  trigo  de  mercê  (5),  e  por  provisão  de  17  de  Setembro 
de  i5i8  mais  cinco  moios  de  tença  (6).  Era  já  falecida  a  9  de  Março  de  i52o, 
data  de  um  mandado  para  se  pagar  certa  quantia  ao  testamenteiro  da  con- 
dessa para  descargo  da  sua  alma  (7).     Parece  que  já  era  falecida  em  21  de 


(i)  Místicos,  liv,  3.°,  fl.  25.  , 

(2)  Ibidem,  liv.  5.",  fl.  45  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  4.»,  fl.  187,  e  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.*»,  fl.  1 19  v. 

(4)  Místicos,  liv.  5.»,  fl.  45  V. 

(5)  Corpo  Chronologico,  parte  i.*,  maç.  9,  doe.  68. 

(6)  Ibidem,  parte  2.%  maç.  161,  doe.  44. 

(7)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  2.°,  fl.  26  v. 


lio  Brasões 

Fevereiro  de  ibig.    Vide  carta  de  20.000  reais  de  tença  ao  filho  D.  Garcia 
de  Albuquerque. 

Tiveram  descendência. 

4.^  Conde  de  MARIALVA  — 1475,  entre  4  de  Outubro  e  5  de  Novembro^ 
—  D.  FRANCISCO  COUTINHO,  meirinho  mor.  — Em  carta  da  primeira 
daquelas  datas  foi  autorizado  a  apresentar  as  igrejas  de  Santiago  e  S.  Pedra 
de  Trancoso,  não  sendo  ainda  intitulado  conde  (i);  na  carta  porém  da 
segunda  data,  na  qual  lhe  foi  feita  doação  das  pensões  dos  tabeliães  da 
mesma  vila,  já  aparece  com  o  titulo  (2).  A  carta  de  assentamento  de 
102.864  reais  é  contudo  de  oito  dias  depois,  de  12  de  Novembro  de  1475(3). 
Sucedera  D.  Francisco  directamente  a  seu  pai,  o  2.°  conde,  no  ofício  de 
meirinho  mor,  que  lhe  foi  dado  por  carta  de  11  de  Junho  de  1464(4);  houve 
porém  a  casa  só  por  morte  de  seu  irmão  o  3."  conde,  e  em  1496  já  era 
também  conde  de  Loulé,  e  sempre  com  os  dois  títulos  se  encontra  mei^.cio- 
nado  de  então  em  diante,  pelo  que  continuarei  com  as  notas  a  seu  respeito 
no  arúgo  Marialva  e  Loulé.  D.  Francisco  Coutinho,  conde  de  Marialva  e 
Loulé,  só  em  5  de  Abril  de  1497  é  que  teve  confirmação  do  condado  de 
Marialva,  tendo  êle  então  apresentado  a  carta  de  i3  de  Abril  de  1465  da 
confirmação  do  mesmo  a  seu  irmão  o  3.°  conde  D.  João  Coutinho  (5). 

Armas:  de  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho.  Timbre: 
uma  figura  com  cara  humana.     Divisa:  Segui  Me  Pois  Qve  Sigo  To  Digo» 

Casou  o  conde  de  Marialva  a  i.^  vez  em  147Ó  com  D.  Maria  de  Ichoa,. 
condessa  de  Marialva,  filha  de  D.  João  de  Ichoa,  que  fora  do  conselho  e  já 
era  falecido,  e  de  sua  mulher  D.  Maria  Sarmiento.  Advertirei  que  os  cro- 
nistas, tanto  espanhóis  como  portugueses,  a  D.  João  chamam  de  Ulhoa  (6),  e 
não  de  Ichoa,  como  dizem  os  documentos.  Consta  o  casamento  do  conde 
de  uma  carta  dada  em  Toro  a  4  de  Junho  de  1476,  pela  qual  D.  Afonso  V, 
atendendo  ao  singular  cargo  que  tem  de  D.  Maria  Sarmiento,  mulher  de 
D.  João  de  Ichoa,  que  foi  do  conselho,  e  que  Deus  perdoe,  e  pelo  respeito 
dos  mui  grandes  e  assegurados  serviços,  que  em  sua  vida  dele  recebeu 
depois  que  entrou  no  reino  de  Castela  (refere-se  à  entrega  da  cidade  de 
Toro,  de  que  o  Ulhoa  era  capitão),  os  quais  o  obrigam  a  acrescentar  e  fazer 
honra  e  mercê  à  dita  D.  Maria  e  a  todas  suas  coisas;  por  estas  razões  tratou 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  9.°,  fl.  i3  v. 

(2)  Ibidem,  logo  a  seguir. 

(3)  Ibidem^  antes  das  outras. 

(4)  Ibidem,  liv.  8.°,  fl.  116  v. 
(3)  Misticos,  liv.  I.»,  fl.  102. 

(6)  Anales  de  Aragon,  vol,  4.»,  fl.  240  v.,  e  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  566. 


Apêndice  3 1 1 

o  casamento  de  sua  filha  D.  Maria  de  Ichoa  com  o  conde  de  Marialva 
D.  Francisco  Coutinho,  do  seu  conselho -e  seu  meirinho  mor.  Agora,  pelo 
casamento  se  achar  concluído,  faz  doação  ao  conde  e  a  D.  Maria  da  vila  de 
Castelo  Rodrigo  com  o  seu  castelo,  e  jurisdição  cível  e  crime,  assim  como  a 
havia  Vasco  Fernandes  de  Gouveia,  que  se  ora  finara,  e  com  reversão  para 
D.  Maria,  se  o  conde  falecer  primeiro  (i).  Deste  casamento,  se  nasceram 
filhos,  pouco  viveram. 

Em  1496  já  o  conde  estava  pela  2.*  vez  casado  com  D.  Beatris  de  Me- 
neses, 2.^  condessa  de  Loulé. 

Vide  Loulé,  e  Marialva  e  Loulé. 

2.°  Conde  de  ODEMIRA  —  Anterior  a  20  de  Outubro  de  1475. — 
D.  AFONSO,  sobrinho  de  el  Rei.  —  E  intitulando  conde  de  Faro,  Odemira  e 
Aveiro,  numa  carta  da  referida  data  de  isenção  dos  capítulos  de  cortes  que 
digam  respeito  a  suas  doações  (2).  Noutra  carta  da  mesma  data  pela  qual 
foi  nomeado  adiantado  da  comarca  de  Entre  Tejo  e  Guadiana,  como  o  foram 
D.  Sancho  de  Noronha  conde  de  Odemira  que  Deus  haja,  chama-se-lhe 
D.  Afonso  conde  de  Faaram  e  de  Odemira,  senhor  de  Aveiro  meu  muito 
amado  sobrinho.  Na  mesma  carta  mais  adiante,  é  o  conde  de  Odemira 
D.  Sancho  nomeado  pai  do  conde  de  Faro,  quando  êle  foi  seu  sogro  (3). — 
Era  casado  com  a  filha  herdeira  do  i."  conde  de  Odemira. 

Vide  conde  de  Faro. 

Conde  de  AVEIRO.  —  Este  condado  não  existiu  (4).  Anterior  a  20  de 
Outubro  de  1475.  —  D.  AFONSO,  sobrinho  de  el  Rei.  —  É  intitulado  conde 
de  Faro,  Odemira  e  Aveiro  numa  carta  da  referida  data  de  isenção  dos 
capítulos  de  cortes  a  respeito  de  suas  doações  (5).  A  i3  de  Junho  de  1449 
havia  sido  feita  doação  da  vila  de  Aveiro,  com  os  padroados  e  jurisdições,  a 
seu  sogro  o  i.°  conde  de  Odemira (6);  e  por  outra  de  20  de  Maio  de  1467 
foi  ampliada  a  doação  a  um  seu  neto  varão  que  nascer  dentre  D.  Afonso, 
sobrinho  de  el  Rei,  e  D.  Maria,  sua  mulher,  filha  do  conde  de  Odemira  (7). 


(t)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3g.',  fl.  91  v. 

(2)  Místicos,  liv.  3.°,  fl.  209. 

(3)  Gabriel  Pereira,  Documentos  de  Évora,  liv.  2.»,  pág.  128,  n,"  66,  advertindo  que  o 
conde  de  Faro  nunca  se  chamou  D.  Afonso  de  Noronha,  como  na  epígrafe  deste  documento 
se  escreveu. 

(4)  Vide  liv.  3.",  pág.  272. 

(5)  Místicos,  liv.  3.»,  fl.  209. 

(6)  Ibidem,  n.  n8. 

(7)  Ibidem,  liv.  2.»,  fl.  164  v. 


3 12  Brasões 

Este  já  era  morto  a  lo  de  Janeiro  de  1475,  como  disse  no  seu  lugar,  naa 
admira  pois  que  na  data  acima  apontada  seu  genro  tivesse  sucedido  no  se- 
nhorio de  Aveiro. 

Vide  co7ide  de  Faro. 

Apesar  de  o  ter  incluído  no  meu  catálogo,  hoje,  reflectindo  melhor,  nãa 
creio  que  ele  tivesse  já  mais  existido. 

O  documento  em  que  D.  Afonso  é  intitulado  conde  de  Faro  e  de  Odemira 
e  de  Aveiro,  a  carta  de  20  de  Outubro  de  1476  de  isenção  de  capítulos  de 
cortes,  além  de  ser  único  naquela  afirmação,  existe  apenas  em  cópia  na 
chamada  Leitura  nova  onde  os  erros  abundam.  E,  se  já  isto  leva  a  crer 
que  houve  engano  na  transcrição  da  carta,  dá-nos  a  certesa  do  erro  a  exis- 
tência de  outro  documento,  passado  exactamente  na  mesma  data  no  qual 
p.  Afonso  é  intitulado  conde  de  Faro  e  de  Odemira,  senhor  de  Aveiro  (1). 
E  pois  evidente  que  ao  copiar  a  primeira  carta  no  livro  dos  MisticoSy  onde 
ela  se  encontrava,  o  escrivão  saltou  a  palavra  senhor,  escrevendo  conde  de 
Faro,  de  Odemira  e  de  Aveiro,  quando  no  documento  original,  o  que  estava, 
era  conde  de  Faro,  de  Odemira  e  senhor  de  Aveiro,  como  se  encontra  em 
■vários  outros  diplomas  confirmando  a  minha  asserção. 

Não  foi  portanto  D.  Afonso  conde  de  Aveiro,  mas  possuiu  o  senhorio 
daquela  vila,  que  em  tempos  remotos  pertencera  à  rainha  D.  Leonor  Teles, 
a  quem  D.  Fernando  a  doara,  juntamente  com  outras  muitas  vilas,  terras  e 
lugares,  pela  famosa  carta  dada  em  Eixo  a  5  de  Janeiro  da  era  de  1410 
(1372),  na  qual  el  Rei  publicou  o  seu  casamento  (2). 

Sobrevindo  a  revolução  em  seguida  à  morte  de  D.  Fernando,  doou  o 
Mestre  de  Avis,  regedor  do  reino,  a  João  Rodrigues  Pereira,  por  carta  feita 
em  Lisboa  a  i3  de  Abril  de  1422  (i384),  todos  os  direitos  e  rendas  da  vila 
de  Aveiro,  assim  como  os  havia  a  rainha  D.  Leonor  (3).  Depois,  já  rei,  fez 
nova  doação  da  referida  vila  com  as  jurisdições  ao  mesmo  João  Rodrigues, 
seu  vassalo,  para  ele  e  todos  seus  filhos,  netos  e  descendentes  legítimos  por 
linha  direita.  Foi  a  carta  passada  no  arraial  de  sobre  Chaves,  a  5  de  Feve- 
reiro de  1424  (i386),  e  nela  se  declara,  que  só  no  caso  de  João  Rodrigues 
não  ter  filhos,  ou  de  se  extinguir  a  sua  descendência  legítima,  é  que  a  vila 
regressaria  à  coroa  (4). 

João  Rodrigues  Pereira,  que  em  iSgi  por  troca  feita  com  o  condestável 


(i)  Carta  de  20  de  Outubro  de  1475  de  nomeação  de  D.Afonso  para  adiantado  no  reino 
do  Algarve  {Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  3o.°,  fl.  170). 
(2}  Chancelaria  de  D.  Fernando,  liv.  i.»,  fl.  107. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  I,  liv.  i.°,  fl.  7  v. 

(4)  Ibidem,  fl.  169.  - 


Apêndice  3 1 3 

veio  a  ser  senhor  de  Cabeceiras  de  Basto  (i),  e  que  em  14  de  Novembro  de 
1423  já  era  falecido  (2),  deixou  descendência  varonil  legítima;  mas,  apesar 
disso  e  das  condições  da  doação,  a  vila  de  Aveiro  voltou  então,  ou  já  em 
vida  dele  linha  voltado,  para  a  coroa,  porque  ainda  por  D.  João  I  foi  ela 
doada  a  seu  filho  o  infante  D.  Pedro  em  sua  vida,  e  a  este  mesmo  confir- 
mada por  seu  irmão  el  Rei  D.  Duarte.  Consta  da  carta  lavrada  em  San- 
tare'm  a  12  de  Julho  de  1448,  pela  qual  D.  Afonso  V  doou  para  sempre  ao 
referido  infante  D.  Pedro,  duque  de  Coimbra  e  a  seus  descendentes,  a 
vila  de  Aveiro  (3). 

Morto  o  infante  na  batalha  da  Alfarrobeira  a  20  de  Maio  de  1449,  e  con- 
fiscada a  sua  casa,  fez  D.  Afonso  V  mercê  da  vila  de  Aveiro  ao  conde  de 
Odemira  em  sua  vida,  por  carta  dada  em  Lisboa  a  i3  de  Junho  do  mesmo 
ano  (4).  ■* 

Depois,  por  escritura  de  10  de  Junho  de  1465  deu  o  conde  de  Odemira 
em  dote  a  sua  filha  D.  Maria,  em  casamento  com  D.  Afonso,  filho  do  duque 
de  Bragança,  as  vilas  de  Odemira,  Aveiro,  Vimieiro  e  .outros  bens  que  trazia 
da  coroa,  reservando  para  si  o  usufruto  durante  a  sua  vida.  E  por  carta 
feita  em  Portalegre  a  i5  de  Junho  de  1465,  na  qual  se  transcreve  a  prece- 
dente escritura,  confirma  el  Rei  a  D.  Afonso  a  referida  doação,  na  qual  se 
compreendia  a  segunda  vida  na  vila  de  Aveiro  (5).  Mas  não  ficou  ainda  por 
aqui,  porque  dois  anos  depois,  por  carta  escrita  por  Pêro  da  Alcáçova  em 
Salvaterra  a  20  de  Maio  de  1467,  fez  D.  Afonso  V  mercê  ao  conde  de  Ode- 
mira de  lhe  dar  mais  em  terceira  vida  no  senhorio  de  Aveiro  para  o  neto 
varão,  que  nascesse  de  entre  sua  filha  D.  Maria  e  seu  marido  D.  Afonso, 
aquele  que  este  nomear,  e,  não  o  nomeando  sucederá  o  mais  velho  (6). 

Já  era  o  conde  de  Odemira  falecido  a  6  de  Maio  de  147 1,  como  deixei 
dito  a  pág.  273  deste  livro  e  portanto  já  então  lhe  tinha  sucedido  seu  genro 
nos  bens  doados  pela  escritura  acima  referida.  Não  admira  pois  que 
D.  Afonso,  que  já  era  conde  de  Faro  desde  22  de  Maio  de  1496,  apareça 
em  documentos  de  20  de  Outubro  de  1475  intitulado  conde  de  Faro  e  de 
Odemira  e  senhor  de  Aveiro. 

Implicado  na  conspiração  de  seus  irmãos  Montemor  e  Bragança,  expa- 
triou-se  o  conde  de  Faro,  e  foi  morrer  a  Sevilha  em  1483,  tendo-lhe  sido  a 


(i)  Instrumento  de  3o  de  Outubro  de  1429  (iSgi),  feito  em  Barcelos  {Chancelaria  de 
D.  João  III,  liv.  7.»,  fl.  197. 

(2)  Ibidem. 

(3)  Místicos,  liv.  2.*,  fl.  26  V. 

(4)  Ibidem,  liv.  3.°,  fl.  1 18. 

(5)  Ibidem,  fl.  35. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  28.0,  fl.  1 2  v. 

VOL.  m  40 


3 1 4  Brasões 

casa  confiscada  por  D.  João  II,  que  por  carta  dada  no  mosteiro  de  Alcobaça 
a  19  de  Agosto  de  1485,  e  escrita  por  António  Carneiro,  doou  a  vila  de 
Aveiro  a  sua  irmã  a  infanta  D.  Joana,  em  sua  vida  (i). 

Ao  conde  de  Faro  sobreviveu  porém  muitos  anos  sua  viúva,  que  se  con- 
graçou  com  D.  João  II,  que  dizem  ter-lhe  restituído  a  casa  em  1488,  sendo 
certo  ter  com  ela  feito  troca  de  certos  bens  por  carta  de  2  de  Outubro  de 
1490(2).  Na  restituição  da  casa  a  condessa  de  Faro  não  se  compreendeu 
contudo  o  senhorio  da  vila  de  Aveiro,  que  nunca  foi  dela,  que  a  infanta 
D.  Joana  possuiu  até  12  de*  Maio  de  1490  em  que  morreu,  e  que  D.  João  II 
no  seu  testamento  de  24  de  Setembro  de  1495  doou  a  seu  filho  o  Mestre 
D.  Jorge,  doação  que  não  teve  logo  efeito.  A  restituição  limitou-se  provavel- 
mente aos  bens  patrimoniais,  porque  mesmo  a  vila  de  Mortágua,  de  que  a 
condessa  foi  senhora,  só  a  houve  em  1497  P°^  sucessão  a  sua  mãe  a  con- 
dessa de  Odemira,  falecida  antes  de  10  de  Novembro  daquele  ano  (3),  e  que 
no  citado  contracto  de  casamento  da  filha  reservara  para  si,  no  caso  de 
enviuvar,  o  senhorio  da  referida  vila  em  todo  o  restante  da  sua  vida. 

Nem  mesmo  à  condessa  de  Faro  podia  pertencer  nunca  o  senhorio  da 
vila  de  Aveiro,  a  não  ser  por  mercê  nova,  porque  o  direito  a  êle  passara 
por  morte  do  conde  de  Faro  a  seu  filho  primogénito,  como  expressamente 
estipulou  a  carta  acima  citada  de  20  de  Maio  de  1467. 

Mas  isto  não  é  exacto.  A  condessa  de  Faro  foi  realmente  senhora  de 
Aveiro.  Encontra-se  uma  escritura  de  aforamento  feita  a  16  de  Março  de 
1496,  em  Montemor  o  Novo,  nas  casas  onde  pousava  D.  Maria  de  Noronha, 
condessa  de  Faro,  a  qual  disse  que  tinha  a  vila  de  Aveiro,  com  todo  o  seu 
termo  e  Jurisdição,  de  juro  e  herdade,  no  qual  termo  estava  uma  ilha,  que 
aforava  a  João  do  Porto  (4). 

Provavelmente  D.  Manuel,  no  empenho  de  restituir  todos  os  bens  aos 
Braganças,  fizera  nova  doação  da  vila  de  Aveiro  à  condessa,  por  carta  que 
se  não  encontra  hoje  registada  na  mutilada  Chancelaria.  É  possível  tercm-se 
passado  as  coisas  assim,  mas  não  se  entende  bem,  como  tendo  a  condessa 
sobrevivido  ao  filho,  02.°  conde  de  Faro,  aparece  este  em  documentos  de 
i5o4,  i5o9  ^  i5i3,  citados  adiante  quando  trato  do  3.°  conde  de  Odemira, 
intiiulando-se  senhor  de  Aveiro;  e  menos  se  compreende,  o  haver  logo  por 
morte  do  conde  transitado  o  senhorio  da  vila  para  o  duque  de  Coimbra,  con- 
servando-se  ainda  por  uns  poucos  de  anos  viva  a  condessa,  primitiva  dona- 


(i)  Místicos,  liv.  2.",  fl.  120  V. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  23.°,  fl.  i23. 

(3)  Livro  3°  dos  Brasões,  pág.  273. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III^  liv.  39  °,  fl.  71. 


Apêndice  3i5 

tária.  O  destroço  padecido  pelos  livros  de  registo,  quando  o  terremoto  de 
17Õ5  deitou  a  terra  a  Torre  do  Tombo,  torna  difíceis,  se  não  impossíveis, 
outras  averiguações. 

Morto  D.  João  II  a  25  de  Outubro  de  1495,  logo  no  ano  seguinte,  passada 
a  Páscoa,  que  fora  a  3  de  Abril,  chegaram  os  Braganças  a  Setúbal  chamados 
por  D.  Manuel,  e  entre  eles  veio  o  filho  da  condessa,  D.  Sancho  de  Noronha, 
a  quem  el  Rei  mudou  o  título  de  conde  de  Faro  em  conde  de  Odemira  (i). 

É  sabido,  e  está  provado  por  muitos  documentos,  citados  noutros  livros 
e  nestes,  e  apontados  por  outros  autores  e  por  mim,  que  D.  Manuel  tratou 
logo  de  restituir  a  todos  os  Braganças  tudo  quanto  lhes  havia  pertencido, 
bens  patrimoniais  e  da  coroa,  não  se  prendendo  com  as  indemnizações  a 
dar  em  resultado  das  doações  de  muitos  desses  bens  Já  feitas  a  diversos, 
provindo  deste  exagero  um  tal  desperdício  que  o  próprio  Damião  de  Góis 
ousou  censurá-lo  claramente  na  sua  Chrontca  (2).  Começaram  pois  a  pro- 
duzir logo  efeito  para  D.  Sancho  todas  as  mercês  outorgadas  a  seu  pai  e 
avô,  que  a  êle  podiam  aproveitar. 

Dera  D.  Afonso  V  em  Samora,  a  23  de  Outubro  de  1475,  uma  carta  ao 
conde  de  Faro,  na  qual  lhe  fazia  mercê  do  título  de  conde  e  do  senhorio 
daquela  vila  para  um  seu  filho  varão,  o  qual  logo  por  seu  falecimento  se 
poderia  chamar  conde  e  ter  o  senhorio  de  Faro  (3).  Em  virtude  desta  carta 
intitulava-se  D.  Sancho  conde  de  Faro  desde  a  morte  do  pai;  e  continuou 
sempre  a  fazê-lo,  como  se  vê,  por  exemplo,  num  alvará  passado  em  Ode- 
mira a  21  de  Julho  de  i5i2  em  nome  de  D.  Sancho  de  Noronha,  conde  de 
Faro  e  de  Odemira,  que  nele  se  assina  simplesmente  conde  de  Faro  (4). 

Ficamos  por  tanto  certos  de  que  D.  Sancho,  se  não  chegou  a  possuir  o 
condado  de  Faro,  foi  unicamente  porque  o  senhorio  daquela  outra  vila  estava 
doado  à  rainha  D.  Leonor  desde  1491;  mas  a  acima  citada  carta  de  23  de 
Outubro  de  1475,  pela  qual  havia  sido  concedida  a  D.  Afonso  mais  uma 
vida  no  condado,  dava  a  seu  filho  D.  Sancho  tal  direito  a  êle,  que  D.  Ma- 
nuel para  lho  tirar  definitivamente,  teve  de  lhe  dar  em  satisfação  o  condado 
de  Odemira  por  carta  de  10  de  Junho  de  lôog,  condado  em  que,  nem  ao 
pai  nem  ao  avô  de  D.  Sancho,  havia  sido  feita  mercê  de  mais  nenhuma  vida 
além  da  sua. 

O  mesmo  que  sucedeu  com  o  senhorio  de  Faro,  aconteceu  com  o  de 
Aveiro.  Restituídos  os  bens  a  D.  Sancho,  entrou  êle  na  posse  daquela  vila 
(então  devoluta  à  coroa)  em  virtude  da  acima  citada  carta  de  20  de  Maio  de 


(i)  Góis,  Chronica  de  D.  Manuel,  fl.  8. 

(2)  Parte  I,  cap.  XIII. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  7.»,  fl.  98. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  42.",  fl.  55  v. 


3 1 6  Brasões 

1467,  pela  qual  a  seu  avô  fora  feita  mercê  da  vila  de  Aveiro  para  o  neto, 
filho  de  seu  genro  D.  Afonso.  Não  existe  registada,  se  chegou  a  fazer-se, 
a  carta  de  confirmação  do  senhorio  de  Aveiro  ao  2.°  conde  de  Faro,  mas  isso 
não  impede  de  haver  a  certeza  dele  o  ter  possuído.  É  êle  intitulado  senhor 
de  Aveiro  numa  carta  de  3  de  Agosto  de  1604 (1);  na  de  23  de  Maio  de  1009 
de  confirmação  da  alcaidaria  mor  de  Estremôs  (2),  numa  procuração  de  19 
de  Março  de  i5i3(3),  e  ainda  noutros  documentos  que  é  inútil  apontar. 

Já  neste  tempo  havia  sido  doado  o  senhorio  de  Aveiro  ao  Mestre  D.  Jorge, 
duque  de  Coimbra,  a  quem  D.  Manuel  fez  mercê  da  casa,  na  qual  se  com- 
preendia aquele  senhorio,  por  carta  dada  em  Lisboa  a  27  de  Maio  de  i5oo, 
escrita  por  António  Carneiro. 

Nesta  carta  de  doação  declara  porém  el  Rei:  «E  porque  algumas  cousas 
das  sobreditas  são  dadas  a  algumas  pessoas  por  cartas  e  doações  dos  reis 
passados  e  nossas,  até  feitura  desta  carta,  pelos  merecimentos  das  pessoas 
que  as  houverem,  esta  queremos  que  se  guardem,  sejam  guardadas  inteira- 
mente, como  nas  ditas  cartas  e  doações  se  contem;  pêro  queremos,  que 
quando  quer  que  vagarem,  e  as  taes- cartas  e  doações  que  até  aqui  são  feitas 
expirarem,  que  logo  por  esse  mesmo  feito  fiquem  ao  dito  Duque,  segundo 
forma  desta  doação,  e  por  virtude  delia  possa  tomar,  e  tome  logo,  delas 
posse  D  (4). 

Eis  aqui  o  motivo  por  que  depois  de  i5oo  e  durante  vinte  anos,  houve 
um  senhor  efectivo  de  Aveiro,  o  conde  de  Odemira  e  outro  em  expectativa, 
o  duque  de  Coimbra. 

Conservou  portanto  o  conde  de  Odemira  o  senhorio  de  Aveiro  durante 
lodo  o  resto  da  sua  vida,  que  terminou  em  1620,  antes  de  25  de  Setembro  (5), 
e  foi  só  então  que  o  Mestre  D.  Jorge  tomou  posse  do  senhorio  da  vila,  da 
qual  continuaram  a  ser  donatários  até  1769  os  duques  de  Aveiro,  seus  des- 
cendentes. 

i.°  Visconde  de  VILA  NOVA  DA  CERVEIRA— 1476,  Maio  4.— 
LEONEL  DE  LIMA,  vassalo  de  el  Rei  e  do  seu  conselho.  —  Por  carta 
daquela  data  foi-lhe  feita  mercê  dos  títulos  de  dom  e  de  visconde  de  Vila  Nova 
da  Cerveira  (6).  Era  alcaide  mor  de  Ponte  de  Lima  por  carta  de  26  de  Abril 
de  1464,  e  senhor  de  Vila  Nova  da  Cerveira  desde  21  de  Outubro  de  147 1. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  IIJ,  liv.  7»,  fl.  27. 

(2)  Ibidem,  liv.  49.°,  fl.  14  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  42.",  fl.  55  v. 

(4)  Místicos,  liv.   I.",  fl.  252  V. 

(5)  Livro  3°  dos  Brasões,  adiante. 

(6)  Ibidem,  pág.  82,  onde  se  transcreve  a  carta. 


Apêndice  317 

Morreu  a  i3  de  Abril  de  1495(1). 

Armas:  terçado  em  pala:  o  i."  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  o  2.* 
cortado:  a  de  prata,  Leão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho,  b  de 
de  prata,  três  faxas  enxequetadas  de  vermelho  e  oiro  de  três  tiras;  O  3.°  cor- 
tado do  b  do  2.°  sobre  o  a  do  mesmo (2).  f/.°,  Aragão;  a  do  2.°  Silva\ 
b  do  2.°  Sotomaior). 

Casou  em  1432  com  D.  Felipa  da  Cunha,  viscondessa  de  Vila  Nova  da 
Cerveira,  que  morreu  a  7  de  Setembro  de  1486,  e  era  filha  de  Álvaro  da 
Cunha,  3.°  senhor  de  Pombeiro  (3).  ^ 

Tiveram  descendência. 

i.»  Conde  de  ABRANTES—  1476,  Junho  i3.  — LOPO  DE  ALMEIDA, 

mordomo  mor  da  chamada  rainha  de  Castela  D.  Joana,  a  Excelente  Senhora. 
—  Era  senhor  de  Abrantes  desde  8  de  Novembro  de  147 1,  e  alcaide  mor  do 
seu  castelo  por  sucessão  a  seu  pai,  e  havia  sido  vedor  da  fazenda.  Já  era 
vedor  da  fazenda  pelo  pai  em  3  de  Novembro  de  1446  (4).  Lopo  de  Al- 
meida, do  nosso  conselho  e  vedor  da  fazenda,  atendendo  à  grande  criação 
que  nêle  fizera  el  Rei  D.  Duarte,  e  aos  muitos  serviços  que  a  êle  e  a  nós 
fez,  lhe  entregamos  em  sua  vida,  e  depois  de  seu  falecimento  em  vida  de 
João  Lopes  de  Almeida  seu  filho,  a  lezíria  do  corte  de  Cavalos  em  termo 
da  Azambuja  que  ora  o  dito  Lopo  de  nós  tem  de  mercê.  Santarém,  17  de 
Novembro  de  1450.  Confirmado  a  D.  Lopo  de  Almeida  conde  de  Abrantes, 
e  o  seu  filho  D.  João  de  Almeida,  do  conselho  e  vedor  da  fazenda  em  San- 
tarém a  7  de  Abril  de  1484(5). 

Ao  tempo  que  o  infante  D.  Pedro  tratou  o  casamento  a  Lopo  de  Almeida, 
do  nosso  conselho  e  vedor  da  nossa  fazenda,  com  Beatris  da  Silva  sua 
mulher,  lhe  prometeu  todas  as  coisas  que  Diogo  Fernandes  seu  pai  de  nós 
trás  em  Abrantes  e  seu  termo  que  as  haja  por  seu  falecimento.  Pedindo-nos 
o  dito  Lopo  confirmação  daquele  prometimento,  nós  lho  confirmámos  por 
dois  alvarás,  um  antes  que  tomássemos  o  regimento,  o  outro  depois.  Ora 
pede    carta,   para    que  .tanto    que    o   pai    falecer   êle   possa   tomar    posse 


(i)  Livro  3."  dos  Brasões,  págs.  82  e  85. 

(2)  Na  Chronica  da  Conceição,  vol.  1.",  pág.  29,  §  48,  diz-se  que  o  visconde  dera  ao  con- 
vento de  Santo  António  de  Ponte  de  Lima  um  sinete  com  as  suas  armas,  as  quais  eram  es- 
quarteladas,  tendo  no  i."  umas  palas,  no  1."  um  leão,  no  3.»  flores  de  liz  em  aspa,  e  no  4.»  três 
faxas  enxequetadas. 

(3)  Livro  2  °  dos  Brasões,  págs.  80  e  85. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  5.">,  fl,  24,  e  Archivo  histórico  tortuguez,  vol.  III, 
pág.  407. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  22.»,  fl.  48. 


3i8  Brasões 

das  ditas  coisas.  El  Rei  outorga,  declarando  serem  elas  o  castelo  de 
Abrantes  e  todas  as  terras  e  direitos  que  o  pai  tem  na  vila  e  termo  etc 
Lisboa,  25  de  Junho  de  1401.  —  Confirmado  a  D.  Lopo  de  Almeida,  conde 
de  Abrantes,  do  conselho,  em  Montemor  o  Novo  a  ii  de  Fevereiro  de 
1481(1). 

Lopo  de  Almeida,  do  conselho  e  vedor  da  fazenda  mostrou  certas  cartas 
e  uma  sentença  dadas  a  Diogo  Fernandes  de  Almeida  seu  pai.  —  D.  Duarte, 
a  vós  João  de  Orneias,  nosso  contador  que  tendes  cargo  de  arrendar  as 
nossas  rendas  e  direitos  do  almoxarifado  de  Santarém  e  de  Abrantes... 
sabendo  que  Diogo  Fernandes  de  Almeida,  nosso  reposteiro  mor  disse  que 
trás  de  nós  dois  canais  de  pescaria  em  Abrantes  etc.  isenta-o  do  pagamento 
da  dízima  nova  do  pescado.  Santarém,  i3  de  Novembro  de  1433. — 
D.  Afonso,  fazemos  saber  que  Diogo  Fernandes  de  Almeida,  rico  homem, 
do  nosso  conselho,  mostrou  carta  de  D.  Duarte:  Diogo  Fernandes  de  Al- 
meida, cavaleiro  de  nossa  casa,  nosso  reposteiro  mor,  filho  de  Ferrando 
Alves  de  Almeida,  que  foi  nosso  aio  a  que  Deus  perdoe,  disse  que  houvera 
sentença  de  D.  João  I  para  que  ninguém  no  rio  Tejo,  desde  o  porto  de 
pedra  onde  chamam  a  Foz  do  Tejo,  até  Abrantes,  deite  redes  etc.  Confirmou 
el  Rei  nos  paços  de  Almeirim  a  7  de  Maio  de  145 1.— D.  Afonso,  sabei  que 
Lopo  Dias,  morador  em  Santarém,  escudeiro  do  infante  D.  Henrique,  veio 
a  nós  por  mandado  do  dito  infante,  dizendo  ter  cargo  de  receber  do  direito 
da  avarga  da  travessa  que  o  dito  meu  tio  tinha  na  Cardiga,  e  estando  ele 
Lopo  na  Cardiga,  que  Diogo  Fernandes  de  Almeida,  rico  homem,  do  nosso 
conselho,  viera  ao  dito  lugar  com  alguns  batéis  e  gente,  e  sem  dar  razão 
alguma  mandara  tomar  a  travessa  da  dita  avarga,  mandando  logo  tirar  a 
pedra  dela,  e  tomar  todo  o  pescado,  e  o  mandara  vender  logo  a  almocreves 
castelhanos,  recebendo  o  dinheiro,  e  lhe  mandara  tomar  isso  mesmo  a  barca 
da  dita  avarga,  fazendo  tudo  que  lhe  prouver...  Mandado  instruir  o  pro- 
cesso, mantem-se  a  Diogo  Fernandes  o  direito  de  ninguém  lançar  redes  no 
Tejo  etc.  Évora,  10  de  Março  de  1453.  —  Alvará  a  D.  Fernando  de  Almeida, 
nosso  reposteiro  mor,  ainda  sobre  o  caso  das  redes,  dado  em  Almeirim 
a  6  de  Janeiro  de  1434.  —  Confirmando  tudo  a  Lopo  de  Almeida,  em 
Évora,  25  de  Fevereiro  de  1460.  —  Confirmado  a  D.  Lopo  de  Almeida, 
conde  de  Abrantes,  do  conselho,  em  Montemor  o  Novo,  a  i5  de  Fevereiro 
de  1482  (2). 

Lopo  de  Almeida,  do  conselho  e  vedor  da  fazenda,  nós  lhe  quitámos  o 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  11,  liv.  6.»,  fl.  33  v. 
(a)  Ibidem,  fl.  109  v. 


Apêndice 


3i9 


juro  do  quarto  que  nos  havia  de  pagar  da  várzea  de  Abrantes,  e.ora  nos  re- 
quereu que  o  quitássemos  também  a  seu  filho  João  Lopes  que  lhe  há  de 
suceder  etc.     Évora,  3  de  Junho  de  1464(1). 

Lopo  de  Almeida,  do  conselho,  vedor  da  fazenda,  carta  de  privilégios 
para  três  lavradores  nas  suas  terras  de  Azambuja.  Avis,  29  de  Fevereiro  de 
i^(5c).  —  Confirmação  a  D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho, 
€m  Montemor  o  Novo  a  21  de  Fevereiro  de  1482  (2). 

Lopo  de  Almeida,  do  conselho  e  vedor  da  fazenda,  doação  em  vida  da 
vila  de  Abrantes  e  seu  termo,  jurisdição  cível  e  crime  ressalvado  a  correição 
€  alçada.  Sintra,  8  de  Novembro  de  147 1.  Confirmação  a  D.  Lopo  de 
Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho,  em  Montemor  o  Novo  a  16  de 
Fevereiro  de  1482  (3). 

Beatris  da  Silva,  mulher  de  Lopo  de  Almeida,  senhor  de  Abrantes,  do 
conselho  e  vedor  da  fazenda,  tença  e  moradia  57.1 53  reais  com  o  cargo  de 
aia  e  camareira  mor  da  rainha  de  Castela  D.  Joana.  Évora,  11  de  Abril 
de  1475.  —  Confirma  o  alvará  a  D.  Beatris  da  Silva,  condessa  de  Abrantes, 
€m  18  de  Abril  de  1482(4). 

Lopo  de  Almeida,  senhor  de  Abrantes,  do  conselho,  mordomo  mor  e 
contador  mor  da  rainha  D.  Joana,  minha  esposa,  e  seu  chanceler  mor,  gover- 
nador das  suas  terras  e  seu  escrivão  da  puridade,  tenha  em  todos  os  dias  de 
sua  vida  e  bem  assim  seus  criados,  amos  e  apaniguados,  e  todos  seus  com 
que  nos  serviu  e  serve,  os  provimentos  de  vedor  da  fazenda.  Arévalo,  5 
de  Outubro  de  1475.  —  Confirmação  a  D.  Lopo  conde  de  Abrantes,  em  Mon- 
temor a  21  de  Fevereiro  de  1482(6). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  mordomo  mor  da  rainha  minha 
esposa,  o  acrescento  de  2.562  reais  além  dos  72.000  reais  que  tinha  de 
moradia,  de  guisa  que  sejam  8.562  reais,  que  vem  por  ano  102.864  reais. 
Miranda,  16  de  Julho  de  1476.  —  Confirmação  ao  mesmo  em  Viana  de  Alvito, 
18  de  Abril  de  1482(6). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  queremos  que  ele  e  a  condessa 
D.  Beatris  da  Silva  sua  mulher,, tenham  ambos  e  cada  um  emquanto  nossa 
mercê  for,  os  lagares  de  azeite  e  azenhas  de  pão  que  havemos  em  a  vila 


(1)  Chancelaria  de  D.  João  JI,  liv.  2a.»,  fl.  48  v.,  e  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3o.% 
fl.  53  V.  '  • 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.»,  fl.  34. 

(3)  Ibidem,  fl.  34  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  6.»,  fl.  ii5  v. 
.  (5)  Ibidem,  fl.  34. 

(6)  Ibidem,  ú.  11 5. 


320  Brasões 

de  Torres  Novas  junto  com  os  moinhos  do  Caldeirão.  Montemor  o  NovOy 
22  de  Fevereiro  de  1482(1). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho,  fazêmo-lo  alcaide 
do  nosso  castelo  de  Torres  Novas  pela  guisa  que  o  era  por  carta  de 
D.  Afonso  V.     Mpntemor  o  Novo,  24  de  Fevereiro  de  1482  (2). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho,  tenha  de  nós 
emquanto  nossa  mercê  for,  o  serviço  novo  dos  judeus  da  dita  vila,  e  seu 
termo.    Montemor  o  Novo,  25  de  Fevereiro  de  1482  (3). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho,  tenha  de  nós 
emquanto  nossa  mercê  fôr,  a  lezíria  da  corte  dos  Cavalos  em  termo  da 
Azambuja,  pela  guisa  que  a  tinha  por  carta  de  D.  Afonso  V.  Montemor  o 
Novo,  20  de  Fevereiro  de  1482  (4). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  tenha  emquanto  nossa  mercê 
fôr  a  renda  do  mordomado  e  direitos  da  alcaidaria  de  Torres  Novas,  pela 
guisa  que  a  tinha  e  havia  em  vida  da  rainha  minha  mãe,  por  carta  de 
D.  Afonso  V.     Montemor  o  Novo,  25  de  Fevereiro  de  1482  (5). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho,  tenha  emquanto 
nossa  mercê  fôr,  a  renda  dos  moinhos  do  almoxarifado  de  Santarém,  con- 
tando em  eles  os  que  foram  do  bispo  de  Évora,  e  os  direitos  das  Chantas, 
e  o  serviço  novo  dos  judeus  de  Torres  Novas,  pela  guisa  que  já  o  tinha  do 
tempo  de  D.  Afonso  V.     Montemor  o  Novo,  25  de  Fevereiro  de  1482  (6). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho,  tenha  emquanto 
nossa  mercê  fôr,  o  quarto  das  novidades  da  várzea  que  c  acerca  da  dita  vila 
o  qual  quarto  lhe  tinha  quite  por  sua  carta  el  Rei  D.  Afonso  V. . .  mandamos 
que  não  constranjam  nem  mandem  constranger  o  dito  conde  pelo  dito  quarto, 
porque  nos  praz  de  lho  quitarmos,  porquanto  fomos  certos  que  Nuno  Fer- 
nandes de  Almeida  seu  tio  e  Diogo  Fernandes  de  Almeida  seu  pai,  a  que 
Deus  perdoe,  que  a  dita  várzea  trouveram,  nunca  dela  pagaram  o  quarto. 
Viana  de  Alvito,  1 1  de  Março  de  1482  (7). 

D.  Lopo  conde  de  Abrantes,  senhor  da  dita  vila,  damo-lo  por  sesmeiro 
da  vila  e  termo,  assim  como  o  foÍ  em  tempo  de  D.  Afonso  V.  Viana  de 
apar  de  Alvito,  26  de  Março  de  1482  (8). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  6.»,  fl.  33. 

(2)  Ibidem,  fl.  33  v. 

(3)  Ibidem,  fl.  33. 

(4)  Ibidem. 

(5)  Ibidem,  fl.  32  v. 

(6)  Ibidem,  a.  ii5  v. 

(7)  Ibidem,  fl.  33. 

(8)  Ibidem,  d.  ii5  v. 


Apêndice  3  2 1 

Nós  tínhamos  um  celeiro  em  Abrantes,  em  que  se  recolhia  o  pão  dos  re- 
guengos da  dita  vila,  o  qual  está  no  cabo  da  rua  da  Feira,  e  tínhamos  feito 
mercê  a  D.  Lopo  de  Almeida  conde  de  Abrantes,  e  ora  êle  nos  disse  que 
tinha  tenção  de  fazer  um  hospital  na  dita  vila,  e  nos  pedia  lhe  de'ssemos  por 
escambo  o  dito  celeiro  para  nele  o  fazer,  e  que  êle  ou  seus  herdeiros  fariam 
outro  tão  bom  celeiro  na  vila  quando  fosse  necessário  arrecadar  para  nós 
o  verde  dos  ditos  reguengos  etc.  Aceitou  el  Rei  o  escambo  em  Santarém 
a  3  de  Dezembro  de  1482  (i). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  tenha  desde  Janeiro  que  ora 
passou  de  1483  de  assentamento  102.864  reais,  outro  tanto  como  tinha  em 
casa  da  Excelente  Senhora.     Santarém,  23  de  Abril  de  1483  (2). 

D.  Beatris  da  Silva,  condessa  de  Abrantes,  que  deste  Janeiro  que  ora 
passou  de  1483,  tenha  dé  assentamento  81.142  reais  brancos,  outro  tanto 
como  havia  da  Excelente  Senhora  com  o  ofício  de  aia  e  camareira,  os  quais 
dinheiros  mandamos  do  assentamento  da  dita  senhora  etc.  Santarém,  23  de 
Abril  de  1483  (3). 

D.  Beatris  da  Silva,  condessa  de  Abrantes,  moradia  e  tença  de  iSy.  143  reais 
com  cargo  de  aia  da  Excelente  Senhora  e  mais  24.000  reais  com  o  cargo  de 
camareira  mor  da  mesma  senhora.     Santarém,  3o  de  Dezembro  de  1483  (4). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  queremos  que  os  102.864  reais 
que  tem  de  assentamento  que  os  haja  um  ano  depois  do  seu  falecimento 
aquele  logo  primeiro  seguinte.  E  porquanto  este  assentamento  lhe  é  pago 
no  dinheiro  do  assentamento  da  senhora  D.  Joana,  minha  prima,  queremos 
que  vindo  ela  a  falecer  primeiro  que  o  conde,  ou  êle  não  haja  de  haver  seu 
assentamento  por  qualquer  caso  que  a  vir  possa,  sempre  nós  queremos  qué 
o  conde  haja  os  ditos  dinheiros  por  descargo  de  sua  alma  etc.  Santarém, 
6  de  Março  de  1484(5). 

Condessa  D.  Beatris  tinha  uma  carta  de  D.  Afonso  V,  de  mercê  em  sua 
vida  dos  moinhos,  na  ribeira  de  Pernes  e  do  serviço  dos  judeus  de  Torres 
Novas,  confirma-lhes  a  26  de  Novembro  de  1489(6).  Confirmado  em  11  de 
Maio  de  1497  (7). 

D.  Beatris  da  Silva,  condessa  de  Abrantes,  enviou  dizer  que  tinha  de 
tença  40.000  reais,  emquanto  nossa  mercê  fosse,  e  pedia  que  o  trespassás- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  3.»,  fl.  loo. 

(2)  Ibidem,  liv.  24.»,  fl.  92. 

(3)  Ibidem. 

(4)  Ibidem,  liv.  26.*,  fl.  109  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  22.°,  fl.  86  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  26.°,  fl.  126. 

{7)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3o.*,  fl,  67  v. 
VOL.  ni  41 


\ 


322  .  Brasões 

semos  em  D.  João  de  Almeida,  conde  de  Abrantes  seu  filho  etc.  Este  o  haja 
desde  o  i.°  de  Janeiro  que  ora  passou  deste  ano  de  i5oo.  Lisboa,  3i  de 
Janeiro  de  lõoo(i). 

Morreu  com  70  anos  a  16  de  Setembro  de  1486(2). 

Armas:  de  vermelho,  seis  besantes  de  oiro  entre  uma  dobre  cruz  e  bor- 
dadura do  mesmo.     (Almeida). 

Casou  em  1442  com  D.  Brites  da  Silva,  condessa  de  Abrantes,  filha  de 
Pedro  Gonçalves  Malafaia,  rico  homem,  vedor  da  fazenda,  e  embaixador  a 
Castela  (3).  A  condessa  era  viva  a  1 1  de  Maio  de  1497  (4)  e  ainda  vivia  em  3 1 
de  Janeiro  de  i5oo,  data  de  uma  carta  em  a  qual  el  Rei  aprova  o  trespasse  que 
ela  fizera  em  seu  filho  o  conde  D.  João  de  uma  tença  de  40.000  reais  (5).  A 
condessa  já  tinha  morrido  em  14  de  Agosto  de  i5o2,  data  de  um  mandado 
para  se  dar  aos  herdeiros  da  condessa  de  Abrantes  10.000  reais  em  pane  dos 
40.000  reais  que  há  de  ter  de  graça  separada  (6).  Por  outro  documento 
sabe-se  que  já  tinha  morrido  a  17  de  Julho  de  i5o2,  data  de  uma  carta  a  sua 
neta  D.  Isabel,  mulher  de  D.  Francisco  de  Lima,  para  haver  uma  tença  de 
100.000  reais  por  falecimento  de  sua  avó  a  condessa  D.  Beatris  (7). 

Tiveram  descendência. 

Conde  de  CAMINHA—  1476,  anterior  ao  mês  de  Julho.  — D.  PEDRO 
ALVAREZ  DE  SOTOxMAlOR.  — Por  carta  'de  5  (?)  de  Julho  de  1476 
mandou  D.  Afonso  V  dar  ao  conde  de  Caminha  visconde  de,.,  (está  apa- 
gado, mas  deverá  ser  Tui)  100.000  reais  de  tença  a  contar  do  i.°  de  Janeiro 
do  referido  ano  (8).  Pedro  Alvarez  de  Sotomaior,  conde  de  Caminha,  entrou 
na  batalha  de  Toro,  em  i  de  Março  de  1476,  seguindo  a  parcialidade  de 
D.  Afonso  V(g).  Não  admira  ter  D.  Pedro  tomado  o  partido  português: 
convinha-lhe  a  desordem,  porque  dentro  dela  vivia  há  muitos  anos.  Era 
D.  Pedro  senhor  da  grande  casa  de  Sotomaior  na  Galiza,  e  um  fidalgo  in- 
quieto e  turbulento.     Apossara-se  ele  da  cidade  de  Tui  pelos  anos  de  1456, 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv..  13.°,  fl.  2  v. 

(2)  Livro  2."  dos  Brasões,  pág.  352,  mas  parece  que  o  ano  da  morte  do  conde  está 
errado  no  seu  epitáfio,  pois  que  o  filho  já  era  conde  de  Abrantes  em  6  de  Fevereiro  de  1486, 
como  adiante  direi. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3o.°,  fl.  67  v.,  na  confirmação  dos  moinhos  da  ribeira 
de  Pernes  e  do  serviço  dos  judeus  de  Torres  Novas. 

Í4)  Ibidem,  liv.  i3.°,  fl.  2  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  iS.",  fl.  2  v. 

(6)  Corpo  Chronologico,  parte  i.*,  maç.  G.»,  doe.  1 16. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  2.",  fl.  29  v. 

(8)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  38.°,  fl.,93. 

(9)  Chronica  de  D.  Afonso  F,  pág.  56o. 


Apêndice  323 

expulsando  o  bispo,  e  intitulando-se  visconde  de  Tui,  e  na  posse  da  cidade 
permaneceu  por  trinta  anos  ou  mais(i).  Além  disso,  aproveiíando-se  da 
guerra,  destruiu,  saqueou,  arrazou  na  sua  província  tudo  que  pôde  perten- 
cente a  inimigos  seus  (2).  Cliegou  o  excesso  ao  ponto  de  traiçoeiramente, 
nos  próprios  paços  do  bispo  D.  Diogo  de  Mures,  o  prender  e  trazer  para 
Portugal,  «  donde  estobimos  preso  quince  meses  en  jaula,  e  en  fierros  »  (3). 
Terminada  a  guerra,  voltou  o  conde  logo,  ou  pouco  depois,  para  a  Galiza, 
conservando  contudo  o  condado,  pois  que  em  1479  o  encontro  cedendo  o 
padroado  de  Cristelo  a  Fernão  Pereira  (4).  Em  1482  terminaram  emfim  as 
contendas  com  o  bispo  de  Tui,  a  quem  foi  entregue  tudo  que  lhe  pertencia, 
sendo  o  conde  de  Caminha  condenado  a  uma  pesada  indemnização.  A  con- 
córdia celebrada  entre  os  dois  magnates  foi  confirmada  pelos  reis  católicos 
a  6  de  Junho  daquele  ano  (5).  Em  1488  já  era  morto  o  conde  de  Caminha, 
pois  que  a  16  de  Outubro  seu  filho  e  sucessor  D.  Álvaro  de  Sotomaior 
outorgou  certas  coisas  ao  cabido  de  Tui  (6).  D.  Álvaro  parece  que  se  inti- 
tulava também  conde  de  Caminha;  este  título  contudo  não  o  posso  incluir 
no  meu  catálogo,  porque,  se  existiu,  foi  castelhano.  Este  D.  Álvaro  foi  o 
que  veio  a  Portugal  em  1486,  e  D.  João  II,  por  denúncia  que  dele  teve  de  o 
querer  matar,  mandou  prender  e  pôr  a  tormento,  e  depois  soltar  por  se  re- 
conhecer a  sua  inocência,  sendo  o  delator  por  justiça  degolado  e  esquartejado 
em  Santarém  (7).  Para  prova  de  que  D.  Álvaro  de  Sotomaior  se  intitulou 
conde  de  Caminha  e  por  ser  interessante  referir-me  hei  a  um  documento 
que  existe  na  gaveta  i5,  maç.  i3,  n."  7.  E  um  instrumento  feito  em  Salva- 
terra de  Galiza,  de  que  era  senhor  o  filho  de  D.  Álvaro,  no  domingo  2  de 
Maio  de  i5i8  (foi  realmente  domingo),  assinado  pelo  licenciado  Ronquilho, 
e  sobrescrito  pelo  escrivão  Francisco  de  Rosales  e  que  transcreve  o  que  cons- 
tava do  processo  acerca  da  morte  de  D.  Inês  Henriques  de  Sotomaior  e 
Monroi,  condessa  de  Caminha.  Parece  que  uns  criados  e  amigos  de  D.  Pedro 
de  Sotomaior,  filho  da  condessa  de  Caminha,  e  por  mandado  dele,  à  traição 
e  aleivosamente  e  sobre  «azechanças»,  em  um  dia  de  semana  Santa,  vindo  a 
condessa  salva  e  segura  em  um  caminho  real  da  sua  terra  que  é  junto  ao  rio 
Minho,  em  terra  de  San  Martin  no  reino  de  Galiza,  os  sobreditos  detrás  de 
umas  matas  atiraram  à  condessa  a  «  silvas  saetadas »,  das  quais  a  feriram  de 


(i)  Espana  Sagrada,  vol.  22.°,  pág.  227,  %  106  e  seg. 

(2)  Nobiliário  de  Galicia^  pág.  Sog. 

(3)  Espana  Sagrada,  cit.,  %  142. 

(4)  Livro  /.»  dos  Brasões,  pág.  439. 

(5)  EspaHa  Sagrada,  cit.,  §  i36. 

(6)  Jbidem,  vol.  23  •,  pág.  3,  §  3. 

(7)  Chronica  de  D.  João  II,  pág.  72. 


324  Brasões 

duas  setas,  e  não  contentes  com  isto  estando  a  condessa  em  uma  casa  de 
um  seu  lugar,  os  sobreditos,  tisnadas  as  caras,  entraram  onde  a  condessa 
estava  na  cama  acabando  de  curar,  e  lhe  deram  muitas  cutiladas  entre  as 
quais  lhe  «hendieron  a  cabeça,  e  cortaron  os  braços,  e  lhe  deram  outras 
setadas  pellos  peitos  «hasta  camino»,  que  morreu  sua  morte  natural.  E  os 
sobreditos  juntamente  com  o  dito  D.  Pedro  e  sua  mulher  se  foram  e  estão 
nos  Marcos  em  Portugal.  Aquela  pobre  senhora,  vítima  de  um  horrível 
matricídio  era  viúva  de  D.  Álvaro  de  Sotomaior,  e  por  tanto,  se  ela  em 
documento  público  era  intitulada  condessa  de  Caminha,  é  que  seu  marido 
usara  deste  título,  o  qual  contudo  nunca  foi  reconhecido  em  Portugal. 

Em  i3  de  Outubro  de  1490  foi  dada  carta  de  perdão  a  Lopo  Dias,  escu- 
deiro, criado  do  conde  de  Caminha,  que  Deus  haja(i). 

Armas:  de  prata,  três  faxas  enxequetadas  de  vermelho  e  oiro  de  quatro 
tiras,  cada  peça  carregada  de  uma  cotica  em  faxa  de  negro.    (Sotomaior)  {2), 

Casou  com  D.  Teresa  de  Távora,  condessa  de  Caminha,  filha  de  Álvaro 
Pires  de  Távora,  senhor  do  Mogadouro.  Vivia  a  condessa  em  1496  em 
Laredo  no  reino  de  Castela,  e  em  17  de  Agosto  lá  passou  uma  procuração 
para  se  vender  uma  tença  de  29.600  reais,  que  em  Portugal  recebia  pelas 
3.600  coroas,  a  120  reais  cada  uma,  que  lhe  haviam  sido  despachadas  de 
moto  de  seu  casamento  (3).  Do  documento  citado  consta  também  que  a  con- 
dessa havia  perdido  o  primitivo  padrão,  e  que  lhe  fora  passado  um  novo  em 
21  de  Novembro  de  1497. 

Tiveram  descendência  em  Espanha. 

Conde  de  OLIVENÇA— 1476,  Julho  21.  — RUI  DE  MELO,  do  con- 
selho,  guarda  mor,  e  capitão  de  Tânger.  —  Por  carta  da  referida  data  foi 
criado  conde  de  Olivença  (4),  de  que  já  era  alcaide  mor  desde  16  de  Feve- 
reiro de  1469(5).  Rui  de  Melo,  que  também  se  chamou  Rodrigo  Afonso  de 
Melo,  depois  de  conde  passou  a  ser  D.  Rodrigo  de  Melo.  Por  carta  de  17 
de  Janeiro  de  1487  foi  habilitada  a  suceder-lhe  na  casa  sua  neta  D.  Catarina, 
filha  de  D.  Álvaro,  genro  do  conde,  e  de  sua  filha  D.  Felipa,  apesar  destes 
estarem  expatriados  em  Castela  (6).  Esta  carta  não  surtiu  efeito  completo, 
pois  que,  voltando  para  Portugal  em  1496  os  expatriados,  quem  sucedeu  na 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  16.»,  fl.  loo  v. 

(2)  Nobiliário  de  Espana,  vol.  2.",  pág.  61,  e  Nobiliário  de  Galicia,  pág.  5 16. 

(3)  Chancelaria  de  D.João  III,  liv.  19.°;  fls.  3i  v.  e  44,  liv.  25.°,  fi.  142  e  liv.  38.%  fis.  77  v. 
e  107  V.  ' 

(4)  Chancelaria  de  D.  Afonso  F,  liv.  7.°,  fl.  46  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  35.°,  fl.  i. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  21.°,  fl.  6i  v. 


Apêndice  325 

casa  do  conde  de  OUvença  foi  sua  filha  D.  Felipa,  que  a  transmitiu  a  seu 
lilho  o  1.°  conde  de  Tentúgal  como  direi.  Nela  declara-se  ser  a  mercê  feita 
■ao  conde  de  Olivença  «por  não  ficar  d'elle  filho  nem  neto  varão». 

Morreu  o  conde  de  Olivença  a  25  de  Novembro  de  1487(1).  Vide  carta 
de  II  de  Fevereiro  de  1488  da  alcaidaria  de  Olivença  por  morte  do  conde 
a  Manuel  de  Moura. 

Armas:  de  vermelho,  seis  besantes  de  prata,  entre  uma  dobre  cruz  e 
bordadura  de  oiro.     (Melo). 

Casou,  precedendo  escritura  de  dote  de  19  de  Abril  de  1457(2)  com 
D.  Isabel  de  Meneses,  condessa  de  Olivença,  que  morreu  a  12  de  Agosto  de 
1482  (3).  Era  filha  de  Aires  Gomes  da  Silva,  2.°  senhor  de  Vagos,  e  de  sua 
mulher  D.  Beatris  de  Meneses. 

Tiveram  descendência. 

2.°  Conde  de  AVRANCHES  —  No  outono  de  1476,  ou  em  fins  de  1477. 
—  D.  FERNANDO  DE  ALMADA,  «do  nosso  conselho,  e  capitão  mór  em 
todos  os  nossos  reinos».  —  Em  Tours  fez  o  rei  de  França  conde  de  Avran- 
ches  a  D.  Fernando,  quando  lá  esteve  com  D.  Afonso  V  em  1476(4).  Pode 
ser  certo,  porque  nesse  tempo  já  a  Normandia  pertencia  à  coroa  de  F^rança. 
Encontro  porém  uma  carta  mandada  passar  por  D.  João,  por  graça  de  Deus 
príncipe  pnmoge'nito  herdeiro  dos  reinos  de  Portugal  e  dos  Algarves,  em  7 
de  Maio  de  1478,  pela  qual  declara  ter  mandado  ora  assentar  em  seus  livros 
a  D.  Fernando  de  Almada,  conde  de  Abranches,  e  quer  que  tenha  de  seu 
assentamento  em  cada  ano,  desde  o  i.°  de  Janeiro  passado  em  diante, 
102.864  reais  brancos  (5).  Era  D.  Fernando  filho  do  segundo  casamento  do. 
1.°  conde  de  Abranches,  D.  Álvaro  de  Almada,  a  quem  sucedera  no  ofício 
de  capitão  mor  do  reino  por  carta  de  28  de  Fevereiro  de  1456  (6). 

Morreu  o  2.°  conde  de  Abranches  nas  proximidades  de  29  de  Abril  de 
3496,  em  que  se  andava  confirmando  a  casa  a  seu  filho  (7). 

Armas:  as  do  i.°  conde  de  Avranches. 

Casou  em  1463,  antes  de  i3  de  Julho  (8),  mas  por  contracto  aprovado 

( 1 )  Ceo  aberto,  pág.  499. 

(2)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  3.",  fl.  i56. 

(3)  Brasões,  i.»  vol.,  pág.  433. 

{4)   Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  573. 

(5)  Místicos,  liv.  3.",  fl.  188.  A  carta  de  assentamento  de  7  de  Maio  de  1478,  encontra-se 
transcrita  na  de  confirmação  do  referido  assentamento  ao  mesmo  conde  em  18  de  Março 
de  1489;  está  registada  só  por  si  nç  liv.  i.°  do  Cartório  de  Santiago,  fl.  i35. 

(6)  Ibidetn,  fl.  18S  v.  " 

(7)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  34.'',  fl.  47  v. 

(8)  Ibidem,  liv.  2.",  fl.  196. 


320  Brasões 

por  el  Rei  só  em  24  de  Setembro,  com  D.  Constança  de  Noronha,  sobrinha 
de  el  Rei,  e  donzela  da  casa  da  infanta  D.  Joana  (i).  Foi  D.  Constança  con- 
dessa de  Abranches,  como  consta  de  uma  escritura  de  3  de  Dezembro  de 
1491  (2),  e  era  filha  de  Rui  Vaz  Pereira,  e  de  sua  mulher  D.  Beatris  de  No- 
ronha, bastarda  do  conde  de  Gijon. 
Tiveram  descendência. 

3.°  Duque  de  BRAGANÇA— 1478,  Abril.  — D.  FERNANDO,  duque 
de  Guimarães.  —  Sucedeu  por  morte  de  seu  pai  no  ducado  de  Bragança  em 
virtude  da  citada  carta  de  4  de  Julho  de  1449.  Também  foi  marquês  de 
Vila  Viçosa,  conde  de  Barcelos,  Arraiolos,  Ourém  e  Neiva. 

Morreu  degolado  em  Évora  a  20  de  Junho  de  1483. 

Armas:  as  dos  i.°*  duques,  seu  pai  e  avô.  As  armas  não  são  já  bem 
iguais  às  dos  1.°^  duques.  No  selo  de  uma  carta  missiva  do  duque  ao  cabido 
de  Guimarães,  datada  de  Vila  Viçosa  a  20  de  Fevereiro  de  1482,  os  cinco 
escudetes  sob  a  aspa  são  das  armas  do  reino  (3). 

Casou  a  i.*  vez  em  1447  com  D.  Leonor  de  Meneses,  que  morreu  em  7 
de  Maio  de  14Õ2,  antes  do  marido  ser  titular.  Era  filha  de  D.  Pedro  de 
Meneses,  2.°  conde  de  Viana. 

Casou  a  2.*  vez  em  1470  com  D.  Isabel,  filha  do  infante  D.  Fernando, 
duque  de  Viseu  e  de  Beja.  Foi  duquesa  de  Guimarães  e  de  Bragança,  e 
morreu  em  Abril  de  i52i.  «A  duquesa,  que  Santa  Groria  h^ja,  minha 
irmã,  tinha  em  cada  ano,  3o  arrobas  de  açúcar  pagas  no  almoxarifado  dos 
quintos  da  ilha  da  Madeira  da  parte  do  Funchal,  das  quaes  nos  ora  aprouve 
fazer  mercê  ao  Duque  de  Bragança  pelo  que  mando  ao  almoxarife  ou  Rece- 
bedor que  lhas  paguem  de  Janeiro  que  vem  de  1622  em  diante».  Lisboa, 
16  de  Outubro  de  i52i(4). 

Só  houve  descendência  do  segundo  casamento  (5). 

2.»  Marquês  de  VILA  VIÇOSA.  — 1478,  Abril.  í- D.  FERNANDO, 
3,°  duque  de  Bragança.  —  Sucedeu  no  marquesado  que  houve  junta- 
mente com  a  mais  casa,  e  aparece  com  o  título  de  marquês  em  vários 
documentos. 

Vide  3.°  duque  de  Bragança. 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  9.»,  fl.  i5o  v. 

(2)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  a.",  fl.  54  v. 

(3)  Documentos  da  collegiada  de  Guimarães,  maç.  12. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  18.»,  fl.  44. 

(5)  Historia  genealógica,  vol.  5.»,  liv.  6.",  cap.  7.» 


Apêndice  327 

IO.»  Conde  de  BARCELOS,  6.»  de  OURÉM,  4.»  de  ARRAIOLOS,  e 

4.»  de  NEIVA.— 1478,  Abril.  — D.  FERNANDO,  3."  duque  de  Bragança. 
—  Por  morte  de  seu  pai  o  2.°  duque  sucedeu  D.  Fernando  nestes  condados 
incluídos  na  mais  casa  de  Bragança  (i). 
Vide  3.°  duque  de  Bragança, 

i.°  Conde  de  CANTANHEDE— 1479,  Agosto  6.  — D.  PEDRO   DE 

MENESES,  do  conselho  de  el  Rei.  —  Na  referida  data  por  carta,  que  se 
não  acha  registada  na  Torre  do  Tombo,  foi  D.  Pedro  de  Meneses  criado 
conde  de  Cantanhede  (2).  A  i5  de  Julho  do  ano  seguinte  deu-se-lhe  carta 
de  assentamento  com  o  título  de  conde  de  102.000  reais  que  já  recebia  de 
tença  (3),  carta  que  lhe  foi  confirmada  em  1 1  de  Maio  de  1497(4).  Foi 
3.°  senhor  do  reguengo  de  Cantanhede  e  da  terra  de  Melres,  de  que  teve 
carta  de  confirmação  em  19  de  Agosto  de  1497(5),  tendo  a  posse  havia  já 
muito.  A  estes  bens  juntou  o  morgado  de  Cantanhede  e  o  padroado  de 
Melres,  que,  também  de  juro  e  herdade  como  o  restante,  lhe  foram  doados 
por  D.  Afonso  V  em  Toro  a  6  de  Março  de  1476,  e  confirmados  por  D.  Ma- 
nuel em  20  de  Agosto  de  1497  (6). 

Morreu  o  conde  de  Cantanhede  em  Novembro  de  i5i8,  pouco  antes  de 
22,  dia  em  que  a  Coimbra  chegou  a  notícia  da  sua  morte  (7)* 

Armas:  esquartelado:  o  1.°  e  4.°  das  do  reino  diferençadas  por  um  filete 
de  negro  em  banda;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  cinco  flores  de  lis  de  oiro. 
Sobre  o  todo  de  oiro  liso.     (Albuquerque,  Meneses). 

Casou  a  i.*  vez,  precedendo  contracto  de  10  de  Outubro  de  1466(8),  com 
D.  Leonor  de  Meneses,  que  julgo  não  ter  chegado  a  ser  condessa  de  Canta- 
nhede, e  que  era  filha  de  D.  Álvaro  de  Castro,  i.°  conde  de  Monsanto.     A 


(i)  Numa  pública  forma  de  19  de  Julho  de  1482,  tirada  pelo  tabelião  de  Vila  Viçosa,  apa- 
rece D.  Fernando  intitulado  duque  de  Bragança  e  de  Guimarães,  marquês  de  Vila  Viçosa, 
conde  de  Barcelos,  Ourém,  Arraiolos  e  Neiva,  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3.% 
pág.  63o,  n."  80. 

(2)  Teodósio  de  Santa  Marta,  Elogio  histórico  da  casa  de  Cantanhede,  pág.  263. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  Hv.  32.°,  fl.  i52, 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3o.»,  fl.  65. 

(5)  Ibidem,  liv.  28.°,  fl.  118  v. 

(6)  Ibidem,  fl.  99  v. 

(7)  Carta  do  contador  de  Coimbra  a  el  Rei  datada  de  27  de  Novembro  de  i5i8,  dando- 
-Ihe  parte  que  no  dia  22  chegara  àquela  cidade  a  nova  da  morte  do  conde,  e  que  se  apres- 
sara a  tomar  posse  de  certas  rendas  que  ele  tinha  era  vida.  Está  no  Corpo  Chronologico, 
parte  i.*,  maç.  23,  doe.  141. 

(8)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  21.»,  fl.  28.  ' 


328  Brasões 

D.  Leonor  foi  confirmado  o  contracto  de  casamento  em  3  de  Novembro  de 

147» (O- 

Casou  a  2.^  vez  depois  de  1475,  ano  da  morte  de  D.  Álvaro  Coutinho 

primeiro  marido  desta  mulher  do  conde  (2),  com  D.  Brites  Soares,  filha  de 

Rui  Gomes   de  Alvarenga,  presidente,  conde  palatino,   e   chanceler  mor. 

Foi  Ú.  Brites  condessa  de  Cantanhede,  e  jaz  sepultada  na  Graça  de  Lisboa 

sem  a  data  da  morte  no  epitáfio. 

Casou  o  conde  a  3.*  vez  antes  de  1 1  de  Maio  de  1492  (3)  com  D.  Guiomar 
Coutinho,  condessa  de  Cantanhede,  filha  de  D.  Tristão  Coutinho  Sobre- 
viveu a  condessa  a  seu  marido,  e  a  ela  foi  confirmada  em  9  de  Setembro 
de  1626  a  compra  que  fizera  de  um  paul  no  termo  de  Coimbra,  prédio  que 
em  23  de  Outubro  de  i632  foi  autorizada  a  deixar  a  seu  neto  (4).  Era  já 
morta  em  i558  (6). 

De  todos  estes  três  casamentos  houve  descendência. 

2.*  Condessa  de  LOULÉ— 1480,  Fevereiro  17.  — D.  BEATRIS,  filha 
do  conde  D.  Henrique  de  Meneses,  conde  de  Loulé.  —  Por  carta  daquela 
data  foi-lhe  confirmado  o  condado  de  Loulé  por  morte  do  pai,  e  no  final  do 
documento  já  D.  Beatris  de  Meneses  é  tratada  por  condessa  (6),  e  bem  assim 
o  é  noutra  carta  da  mesma  data  de  confirmação  do  paúl  de  Trava  (7).  Em 
1496  já  era  casada  e  condessa  de  Marialva  e  Loulé,  como  consta  de  uma 
carta  de  23  de  Julho,  pela  qual  seu  marido  lhe  obrigou  as  rendas  de  certas 
terras  às  20.000  coroas  que  lhe  prometera  de  arras  (8). 

Armas:  em  lisonja,  partido:  o  i."  das  do  4.°  conde  de  Marialva;  o  2.°  das 
do  i.°  conde  de  Loulé. 

Vide  4."  conde  de  Marialva  e  conde  de  Marialva  e  Loulé. 

2.*'  Conde  de  PENELA  — 148 1,  Abril  16.  — D.  JOÃO  DE  VASCON- 
CELOS, filho  primogénito  de  D.  Afonso  de  Vasconcelos,  conde  de  Penela, 
«pois  a  Nosso  Senhor  prouve 'de  o  tão  cedo  levar  para  si».  —  Foi  feito 


{i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,\\v. 'í\.'^,^.  1%. 

(2)  Chronica  de  D.  Afonso  V,  pág.  547. 

(3)  Consta  da  cana  de  2.000  coroas  que  o  duque  de  Beja  dera  então  a  D.  Guiomar  Cou- 
tinho, condessa  de  Cantanhede,  para  ajuda  do  seu  casamento.  Está  incorporada  na  de  con- 
firmação a  fl.  106  V.  do  liv.  42.°  da  Chancelaria  de  D.  Manuel. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II ly  liv.  19.»,  fl.  21. 

(5)  Da  tença  do  ano  de  i558  das  2.000  coroas  do  casamento  dispuzeram  os  herdeiros 
da  condessa  {Ibidem,  liv.  Si.",  fl.  167  v.). 

(6)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  32.»,  fl.  81. 

(7)  Ibidem,  fi.  80. 

(8)  Místicos,  liv.  I .",  fl.  4  V. 


{ 


f 


Apêndice  829 

conde  por  carta  da  referida  data,  na  qual  se  declara  que  D.  João  já  era 
senhor  de  Penela(i).  Este  senhorio  foi-Ihe  confirmado  em  22  de  Fevereiro 
de  1482,  chamando-lhe  a  carta  D.  João  de  Vasconcelos  e  de  Meneses,  conde 
de  Penela,  sobrinho;  e  o  tornou  a  ser  a  6  de  Novembro  de  1497,  e  a  24  de 
Setembro  de  i528(2).  Foi  vedor  da  fazenda,  por  carta  de  3o  de  Setembro 
de  1627  (3),  oficio  em  que  morreu  com  76  anos  de  idade,  depois  do  cerco 
de  Safim(4),  que  teve  lugar  no  verão  de  i534.  Não  há  dúvida  do  conde  ter 
morrido  depois  disto;  mas  que  não  foi  logo  a  seguir  também  é  certo,  por 
isso  que  em  i6  de  Dezembro  de  i539  exercia  ainda  o  cargo  de  vedor  da 
fazenda  (5).  O  positivo  é  estar  já  morto  a  20  de  Abril  de  1643(6).  Quando 
este  conde  de  Penela  morreu,  já  seu  irmão  D.  Fernando  de  Vasconcelos  e 
de  Mçneses  era  arcebispo  de  Lisboa.  Consta  de  uma  carta  sem  data  diri- 
gida pelo  marquês  de  Vila  Real,  D.  Pedro,  ao  arcebispo  dando-lhe  os  senti- 
mentos pela  morte  do  conde.  Está  na  Biblioteca  de  Évora  no  Cód.  ciii-2,  26, 
fl.  40;  e  no  mesmo  na  fl.  39  v.  se  encontram  outras  duas  cartas  do  marquês, 
também  de  jiésamçs  pelo  mesmo  sucesso  dirigidas  à  condessa  de  Penela,  e 
a  D.  Afonso  filho  do  conde.  —  D.  Fernando  teve  bula  do  arcebispado  de 
Lisboa  a  16  de  Setembro  de  1540,  e  tomou  posse  em  8  de  Novembro 
seguinte  (7).  Teve  portanto  lugar  a  morte  do  conde  de  Penela  desde  fins 
de  1640  e  princípios  de  i543.  O  conde  de  Penela  ainda  vivia  a  18  de 
Dezembro  de  i539(8);  e  6  de  Março  de  1640(9);  e  ainda  a  21  de  Outubro 
de  1640(10). 

Morreu  em  1643  antes  de  Abril  (11). 

Armas:  esquartelado:  o  I  e  IV  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul  em  cruz. 
carregados  cada  um  de  cinco  besantes  do  campo,  bordadura  de  vermelho 
carregada  de  dez  castelos  de  oiro;  o  II  de  negro,  três  faxas  de  veirado  de 
prata  e  vermelho;  o  III  cortado  de  um  e  partido  de  dois  traços,  que  faz  seis 
quartéisc  o  i.%  3.°  e  ô.*'  de  oiro,  dois  lobos  passantes,  sotopostos,  de  púr- 
pura; o  2.°,  4.°  e  6.°  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho,  e  sobre  o  todo 


(i)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.»,  fl.  73.  , 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  47.»,  fl.  22. 

(3)  Doações  de  D.  João  111,  liv.  3o.°,  fl.  160  v. 

(4)  Annaes  de  D.  João  III,  pág.  383. 

(5)  Corpo  Chronologico,  parte  3.%  maç.  14,  doe.  63. 

(6)  Ibidem,  parte  i.%  maç.  73,  doe.  76. 

(7)  J.  B.  da  Castro,  Mapa  de  Portugal,  vol.  S.",  pág.  139. 

(8)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  IX,  pág.  456. 

(9)  Ibidem,  pág.  457. 

(10)  Ibidem,  pág.  458. 

(11)  ièiiem,  vol.  X,  pág.  116. 

VOL.  m  42 


33o  Brasões 

deste  quartel,  de  oiro  liso(i).  (I  do  reino,  H  Vasconcelos,  III  Meneses  do 
conde  de  Viana). 

Casou  a  i.*  vez,  antes  de  5  de  Abril  de  1492(2),  com  D.  Maria  de 
Ataíde,  condessa  de  Penela  filha  de  João  de  Sousa,  capitão  dos  ginetes, 
e  sepultada  na  casa  do  capitulo  do  Seminário  do  Varatojo.  Por  carta  de  6 
de  Setembro  de  1496  foi  o  conde  autorizado  a  obrigar  certos  bens  às  arras 
que  à  condessa  havia  prometido  (3).  Vivia  ela  ainda  em  23  de  Setembro 
<ie  1528,  em  que  lhe  foram  confirmados  certos  privilégios  (4) ;  Já  tinha  porém 
morrido  em  21  de  Setembro  de  i53i,  em  que  ao  viúvo  foi  dada  uma  tença 
que  por  morte  da  condessa  vagara  (5). 

Casou  a  2.*  vez,  antes  de  5  de  Abril  de  i533(6),  com  D.  Joana  Henri- 
ques, condessa  de  Penela  viúva  de  Rui  de  Melo,  alcaide  mor  de  Alegrete,  e 
filha  de  D.  Carlos  Henriques,  comendador  de  Proença.  Encontra-se  uma 
carta  de  padrão  de  uma  tença  de  14.233  reais  dado  à  condessa  de  Penela 
D.  Joana  Henriques,  por  lhe  ter  cabido  em  partilhas  por  morte  de  Rui  de 
Melo  e  para  o  começar  a  receber  de  i  de  Janeiro  de  1542  em  diante.  Foi 
passada  a  carta  em  Lisboa  a  23  de  Março  de  1542(7).  E  preciso  reparar 
para  a  data  desta  carta  e  da  de  5  de  Abril  de  i533  citada  no  texto,  porque  é 
difícil  supor  que  as  partilhas  de  Rui  de  Melo  levassem  dez  anos,  ou  mais  a 
fazer.  Sendo  já  segunda  vez  viúva,  foi-lhe  confirmada  em  18  de  Outubro 
de  048  uma  tença  de  5o. 000  mil  reais,  e  por  uma  verba  posta  à  margem  desta 
confirmação  consta  ter  a  condessa  morrido  a  20  de  Abril  de  i556(8). 

Do  primeiro  casamento  ficou  descendência. 

i.°  Conde  da  FEIRA  —  Existia  em  16  de  Maio  de  148 1.— O  conde 
D.  RODRIGO  PEREIRA,  do  conselho  de  el  Rei,  teve,  por  alvará  da  data 
acima,  mercê  dos  bens  de  certos  moradores  de  terras  suas  (9).  Na  carta  de 
confirmação  da  casa  da  Feira  a  D.  Diogo  Pereira,  em  7  de  Dezembro  de 
1486,  se  declara  que  haja  ele  as  terras  como  as  houvera  o  dito  conde  seu 


(i)  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  47. 

(2)  Título  de  aforamento  de  águas  em  Condeixa  feito  ao  conde  e  à  condessa,  e  confir- 
mado por  el  Rei  a  11  de  Dezembro  de  1493  {Místicos,  liv.  2,°,  fl.  99  v.). 

(3)  Ibidem,  liv.  i.»,  fl.  i3. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  47.°,  fl.  20  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  9.»,  fl.  98  v. 

(6)  Data  do  padrão  de  uma  tença  de  5o  000  reais,  que  o  marido  então  nela  trespassara, 
como  se  diz  na  cartja  de  confirmação  da  mesma  no  liv.  60.»  da  Chancelaria  de  D.  João  111, 
fl.77. 

(7)  Ibidem,  liv.  38.°,  fl.  74  v. 

(8)  Ibidem. 

(9)  Chancelaria  de  D.  João  11,  liv.  3."»,  fl.  43  v.  , 


Apêndice  33 1 

pai,  D.  Rodrigo  Pereira  (i).  Por  estes  documentos  já  fica  certo  ter  ele  tido 
o  título  de  conde;  agora  vamos  a  ver  que  o  foi  da  Feira,  e  de  juro  é  herdade, 
advertindo  primeiro  que  êle  em  documentos,  antes  de  receber  o  título  se 
chamava  umas  vezes  Rui  Vaz  Pereira,  outras  Rui  Pereira.  Existe  uma  sen- 
tença de  D.  João  II,  da  qual  a  data  é  hoje  infelizmente  impossível  ler,  mas 
que  é  posterior  ao  ano  de  1485,  porque  nela  el  Rei  já  se  intitula  senhor  de 
Guiné,  sentença  em  que  se  nomeia  a  Rui  Vaz  Pereira  conde  da  Feira,  e, 
determinando  a  forma  de  sucessão  da  casa,  se  manda  que  seu  filho  D.  Diogo 
Pereira  lhe  suceda  nos  morgados  e  terras,  e  nas  rendas  vinculadas,  recebendo 
tudo  com  o  título  que  há  de  conde  da  Feira  de  juro  e  herdade  (2).  Encon- 
trei a  data  desta  sentença  no  Cód.  cix  2-5  da  Biblioteca  Eborense  num  tras- 
lado de  todo  o  processo  que  se  guarda  na  Torre  do  Tombo,  e  que  ou  foi 
copiado  deste  em  tempo  em  que  ainda  se  lia  a  data  ou  foi  tirado  doutra 
colecção  em  melhor  estado.  Foi  a  sentença  dada  em  Évora  a  21  de  Janeiro 
de  1493.  Esta  sentença  é  pore'm  falsa,  como  averiguei  agora.  Nota-se  grande 
confusão  nos  autores  que  se  referiram  ao  título  de  D.  Rodrigo  Pereira. 
Xisto  Tavares  e  Damião  de  Gois  nos  seus  Nobiliários  dizem  que  êle  fora  o 
primeiro  que  se  chamou  conde  da  P^ira  sem  vontade  de  el  Rei.  D.  António 
de  Lima  melhor  informado,  acrescenta  porém  que  D.  Afonso  V  lhe  dera 
depois  o  seu  consentimento.  Outros  mais  modernos  afirmam,  sem  grande 
fundamento,  que  aquele  rei  fizera  a  Rui  Pereira  conde  de  Moncorvo,  mas 
que  êle  não  quizera  usar  de  tal  título,  e  ordenara  a  seus  vassalos  que  lhe 
chamassem  conde  da  Feira (3).  Não  é  opinião  aceitável:  em  primeiro  lugar, 
porque  os  documentos  são  mudos  a  respeito  do  condado  de  Moncorvo,  ao 
passo  que  claramente  falam  no  da  Feira,  em  segundo  lugar,  porque  não 
creio  que  o  capricho  de  Rui  Pereira  fosse  tão  grande,  que  o  levasse  a  repu- 
diar as  rendas  da  vila  de  Moncorvo,  que  havia  de  receber  com  o  título.  E 
então  estes  senhores  da  Feira,  Rui  e  Diogo,  que  foram  grandes  opressores 
dos  seus  vassalos,  e,  sobretudo  o  primeiro,  apaixonado  agenciador  dos  pró- 
prios interesses  por  causa  dos  quais  teve  uma  bem  sabida  e  grave  contenda 
com  os  burgueses  do  Porto  (4).  —  Era  o  conde  D.  Rodrigo  o  4.°  senhor  das 
terras  de  Santa  Maria  da  Feira,  CabanÕes  de  Ovar,  Cambra  e  Refoios,  que 
lhe  haviam  sido  confirmadas  por  sucessão  em  21  de  Dezembro  de  1467(5); 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.%  fl.  226  v. 

(2)  Gaveta  2.\  maç.  9,  n.»  5. 

(3)  Historia  genealógica,  vol.  3.*,  pág.  28. 

(4)  [No  Boletim  da  Segunda  Classe  da  Academia  das  Sciências  de  Lisboa,  vol.  VII  (1919), 
publicou  o  autor  o  seguinte  artigo :  Condados  de  Moncorvo  e  da  Feira.  Ousada  falsificação 
de  documentos  desvendada  por  Anselmo  Braamcamp  Freire]. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.",  fl.  226  v. 


332  Brasões 

e  o  2."  senhor  do  castelo  da  Feira,  que  lhe  fora  confirmado  por  outra  carta 
da  mesma  data(i).  Já  tinha  morrido  o  conde  da  Feira,  em  7  de  Dezembro 
de  1486,  quando  foi  confirmada  a  casa  a  seu  filho  D.  Diogo  Pereira,  depois 
2.®  conde  da  Feira  (2).  O  conde  da  Feira  parece  ter  morrido  no  próprio 
ano  de  1486.  Numa  carta  de  6  de  Dezembro  desse  ano  manda-se  pagar,  do 
I."  de  Janeiro  de  1487  em  diante,  a  D.  Diogo  Pereira  uma  tença  de 
17.000  reais  brancos,  «os  quaes  havia  o  conde  D.  Rodrigo  seu  pai  pela 
jurisdição  da  terra  de  Refoios,  que  lhe  foi  dada  e  se  tornou  á  sé  da  cidade  do 
Porto»  (3).  Deverá  entender-se  que  a  tença  do  ano  de  1486  ainda  o  conde 
D.  Rodrigo  recebeu. 

Armas:  de  vermelho,  cruz  florida  de  prata,  vazia  do  campo.     (Pereira). 

Casou,  precedendo  contracto  de  20  de  Junho  de  1456,  em  que  el  Rei 
declara  ser  Rui  Pereira  pessoa  «de  que  mui  grande  carrego  temos»  por 
muito  serviço  de  sua  linhagem  e  dele  com-  D.  Leonor  de  Berredo,  donzela 
da  casa  da  falecida  rainha  D.  Isabel,  e  filha  de  Gonçalo  Pereira  (4).  Que- 
rendo fazer  mercê  a  D.  Maria  de  Berredo  e  a  D.  Leonor,  sua  irmã,  don- 
zelas da  casa  da  rainha  minha  mulher,  hajam  desde  o  i.°  de  Janeiro  que  foi 
de  1460  de  mantimentos  e  vestires,  82.172  reais  brancos,  a  saber:  9.943  reais 
de  seu  mantimento  a  cada  uma,  e  9.460  reais  a  cada  unxa  de'  seu  vestir  con- 
tando aí  i.Soo  reais  de  vestir  para  um  homem- e  uma  mulher  que  as  servem, 
e  de  sua  cevada  a  cada  uma  delas  por  ano  1.193  reais.  Évora,  i5  de  Março 
de  1460  (5).  D.  Leonor  casou  em  1456  com  Rui  Pereira,  e  D.  Maria  já  desde 
145 1  que  era  sua  madrasta  por  ser  a  segunda  mulher  de  seu  pai  Fernão 
Pereira  (6).  Este  Gonçalo  Pereira  é  o  dos  Armas,  senhor  de  Cabeceiras  de 
Basto,  nomeado  por  vezes  na  Chronica  de  D.  Afonso  V. 

Tiveram  descendência. 

2.°  Conde  de  ARGANIL  — Anterior  a  2  de  Junho  de  1483.  —  D.  JORGE 
DE  ALMEIDA,  bispo  de  Coimbra.  —  No  seu  epitáfio  diz-se  que  morrera 
em  1643,  e  que  fora  sessenta  e  dois  anos  bispo,  o  que  punha  a  sua  nomeação 
do  ano  de  148 1.  É  engano  porque  até  Novembro  de  1482  encontram-se 
documentos  de  seu  predecessor,  e  só  a  2  de  Junho  de  1483  é  que  aparece 
D.  Jorge  como  bispo  de  Coimbra  (7).     O  bispo  D.  Jorge  morreu  a  24  de 


(i)  Estremadura,  liv.  i.°,  fl.  81  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.°,  fl.  226  v. 

(3)  Ibidem,  fl.  122. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  44.°,  fl,  92. 

(5)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  12.»,  fl.  122  v. 

(6)  Livro  1°  dos  Brasões,  pág.  3 12. 

(7)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  5.»,  pág.  i65. 


1 


Apêndice 


333 


Julho  de  1548.  Consta  das  seguintes  palavras  do  Livro  dos  Acordos  do 
Cabido:  «A  24  dias  do  mez  de  Julho  de  mil  quinhentos  corenta  e  três  em 
3.*  feira  véspera  do  AposioUo  Santiago  faleceo  o  Bispo  de  Coimbra  D.  Jorge 
de  Almeida  que  Santa  Gloria  haja  amanhecendo  quasi  a  uma  hora  depois 
da  mea  noite  » (i).  Por  carta  de  25  de  Abril  de  1497  foram-lhe  confirmadas 
as  honras,  privilégios,  graças,  etc,  de  seus  predecessores  (2);  o  que  tudo  lhe 
tornou  a  ser  confirmado  em  26  de  Novembro  de  1527  (3)'.  Em  19  de  Outubro 
de  1602,  confirmado  a  19  de  Junho  de  i523,  alcançou  privilégios  para  a  co- 
brança das  rendas  do  bispado  (4).  Concedeu-lhe  o  papa  uma  bula  para 
poder  testar,  a  qual  D.  Manuel  aprovou  por  alvará  de  12  de  Abril  de  i5io, 
que  D.  João  III  confirmou  por  carta  de  5  de  Dezembro  de  i525  (5).  No  ano 
antecedente,  a  3  de  Junho,  obtivera  carta  de  couto  para  o  termo  da  sua  vila 
de  Côja(6).  Durante  o  seu  bispado,  a  12  de  Setembro  de  i5i4,  foram  dados 
os  forais  a  Arganil,  Barro,  Aguada,  etc.  (7). 

Morreu  D.  Jorge  em  i543,  a  21  de  Julho  (8),  e  não  a  25,  como  diz  o  epi- 
táfio na  Sé  Velha  de  Coimbra  (9). 

Armas:  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  de  vermelho,  seis  besantes  de  oiro  entre 
uma  dobre  cruz  e  bordadura  do  mesmo;  o  2.°  e  3.°  de  prata,  leão  de  púr- 
pura, armado  e  linguado  de  vermelho  (lo).  Divisa:  neqvid  nimis.  Consta  do 
frontispício  das  Constituições  do  bispado  de  Coimbra  ordenadas  por  este 
bispo,  e  disso  me  avisou  o  referido  Simões  de  Castro  na  citada  carta. 

As  palavras  da  divisa  tiradas  de  Terêncio  foram  interpretadas  pelos  fran- 
ceses num  destes  dois  versos: 

Faut  de  la  vertu,  pas  trop  n'en  faut, 
Uexcès  en  tout  est  un  défaut. 

Nò  que  D.  Jorge  de  Almeida  foi  excessivo,  foi  no  amor  e  culto  da  Afte. 
O  altar  mor  da  Sé  Velha  de  Coimbra,  a  custódia  no  Museu  Episcopal,  e 


(i)  Carta  de  Augusto  Mendes  Simões  de  Castro,  de  Coimbra,  a  i5  de  Abril  de  1901. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  27.°,  fi.  70. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  2°,  fl.  i23  v. 

(4)  Ibidem,  fl.  117  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  iS.»,  fl.  80  v. 

(6)  Privilegias  de  D.  Felipe  I,  liv.  i,°,  fl.  91  v. 

(7)  Originais  na  Torre  do  Tombo. 

(8)  Carta  de  João  III  a  Baltasar  de  Faria  impressa  a  pág.  229  do  vol.  5.®  do  Corpo  diplo- 
mático. 

(9)  Impresso  no  Instituto  a  pág.  261  do  vol.  42. 

(10)  Sinete  numa  carta  do  bispo  ao  secretário  António  Carneiro,  datada  de  i5  de  No- 
vembro {Cartas  missivas,  maç.  2.",  n."  239).  Nos  forais  citados  aparecem  as  armas  compostas 
só  com  o  1.°  quartel  das  descritas. 


334  Brasões 

tantas  outras  obras  artísticas  mandadas  fazer  por  aquele  ilustre  prelado,  a 
estão  ainda  hoje  atestando. 

4.°  Duque  de  BEJA  e  5.°  de  VISBU —  1484,  depois  de  28  de  Agosto. — 
D.  MANUEL,  irmão  do  4.°  duque  de  Viseu  e  3.°  de  Beja.  —  Contam  os  cro- 
nistas que  em  seguida  à  morte  do  duque  D.  Diogo  mandara  D.  João  II  chamar 
a  seu  irmão  D.  Manuel,  e  lhe  dera  a  sucessão,  havendo  por  melhor  que  ele 
se  intitulasse  duque  de  Beja  e  senhor  de  Viseu  (i).  Não  é  isto  perfeitamente 
exacto,  ou  não  se  cumpriu  à  risca,  pois  que  D.  Manuel  nalguns  diplomas, 
que  passava  como  regedor  e  governador  da  ordem  de  Cristo,  se  intitulava 
duque  de  Beja  e  de  Viseu,  senhor  da  Covilhã  e  de  Vila  Viçosa,  etc.  (2).  E 
não  era  só  êle  que  desta  maneira  se  intitulava  a  si  próprio.  O  mesmo 
D.  João  II  numa  carta  de  i  de  Junho  de  1489  doa  as  ilhas  Terceira  e  Gra- 
ciosa a  D.  Manuel  duque  de  Beja  e  de  Viseu,  senhor  da  Covilhã  e  de  Vila 
^  viçosa  (3).  Foi  portanto  D.  Manuel  também  duque  de  Viseu.  Noutras  cartas 
contudo  é  apenas  intitulado  duque  de  Beja,  senhor  de  Viseu,  Covilhã,  etc.  (4). 
Teve  carta  de  assentamento  a  28  de  Abril  de  1489(5).  D.  Manuel,  duque 
de  Beja,  senhor  de  Viseu,  etc,  doação  de  juro  e  herdade  do  castelo  e  renda 
da  Guarda  e  do  castelo  de  Portel  com  todos  seus  foros,  etc.  Beja,  5  de 
Junho  de  1489(6).  Com  os  mesmos  títulos  de  duque  de  Beja  e  de  Viseu  se 
encontra  D.  Manuel  nomeado  na  carta  de  28  de  Abril  de  1489  do  seu  assen- 
tamento de  um  milhão  de  reais  brancos  (7).  D.  Manuel,  meu  primo,  duque 
de  Beja  e  de  Viseu,  senhor  da  Covilhã  etc.  carta  de  doação  de  Vila  Viçosa, 
termo  e  castelo,  alcaidaria,  jurisdição  etc.  com  todas  as  rendas  actuais  «  e 
assi  por  vaga  do  que  na  vila  e  termo  tivermos  dado».  Beja,  24  de  Maio 
de  1489(8).  Foi  rei  de  Portugal  em  25  de  Outubro  de  1496. 
.  Armas  emquanto  duque:  as  do  reino  com  alguma  diferença,  que  ignoro. 
Armas  de  D.  Manuel  duque  de  Beja  e  de  Viseu:  de  prata  cinco  escudetes 
de  azul,  postos  em  cruz  e  carregados  cada  um  de  cinco  besantes  do  campo. 


(1)  Chronica  de  D.  João  II,  pág.  60  e  Vida  de  D.  João  II,  fi.  35  v. 

(2)  Por  exemplo  na  carta  de  12  de  Maio  "de  1495  atrás  citada  na  segunda  nota  de  pág.  29» 

(3)  Archivo  dos  Açores,  vol.  3.",  pág   16. 

(4)  Por  exemplo  na  carta  de  doação  de  Penalva  e  Gulfar  a  D.  João  de  Meneses,  a  qual 
incluída  noutra  vem  na  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  40.0,  fl.  i85,  com  a  data  errada,  pois 
que  não  podia  ter  sido  do  ano  de  1482,  como  lá  se  lê. 

(5)  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  pág.  5y. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  26.»,  fl.  7  v. 

(7)  Está  nas  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.",  pág.  208,  n."  39,  citando  o  liv.  2.* 
de  Místicos,  fl.  110. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  24.",  fl.  1 5  v. 


Apêndice  335 

bordadura  de  vermelho  carregada  de  nove  castelos  de  oiro,  e  por  diferença 
um  banco  de  pinchar  de  dois  pendentes  franchados,  sendo  os  campos  alto  e 
baixo  de  vermelho  com  três  palas  de  oiro,  e  os  dos  flancos,  de  prata  com 
águia  de  negro.  Por  cima  uma  cruz  da  ordem  de  Cristo.  Encontram-se 
estas  armas  no  Mestre  das  sentenças  de  Pedro  Lombardo,  ms.  que  se  guarda 
na  Torre  do  Tombo,  e  que  foi  acabado  nos  idos  de  Dezembro  do  ano  da 
Encarnação  de  1494.  Na  Bíblia  chamada  dos  Jerónimos,  que  está  no 
mesmo  arquivo,  o  1.°  vol.  foi  acabado  a  11  de  Dezembro  de  1495  da  Encar- 
nação e  os  outros  vols.  até  ao  5."  inclusive  são  todos  do  mesmo  ano. 
Foram  portanto  começados  ainda  em  vida  de  D.  João  II,  e  dados  por  findos 
depois  da  sua  morte.  Neles,  nas  portadas,  pintaram  as  mesmas  armas  com 
a  mesma  diferença,  pois  que  então  ainda  D.  Manuel  era  duque;  sucedeu 
depois  na  coroa,  e  apagaram  a  diferença,  que  contudo  ainda  se  distingue  em 
partes,  vendo-se  perfeitamente  o  travessão  do  banco  de  pinchar.  E  até  no 
i."  vol.  se  vê  ainda  na  portada  dentro  de  uma  concha,  pintada  a  claro  escuro, 
um  pequeno  escudo  com  o  banco  de  pinchar  e  os  dois  pendentes  franchados 
de  Aragão-Sicília,  como  estão  110  Mestre  das  sentetiças.  No  6.°  vol.  da  Biblia, 
no  alto  da  portada,  puseram  estas  letras  EMA.REX.  O  brasão  é  o  escudo 
das  armas  do  reino  com  os  nove  castelos,  sem  diferença  nenhuma,  nem  sinal 
de  o  ter  jamais  tido.  O  7.°  vol.  tem  a  data  de  Julho  de  1497  ^^  Encar- 
nação, e  o  brasão  é  igual  ao  do  6."  Em  ambos  estes,  a  coroa,  que  sobrepuja 
os  escudos,  tem  maior  número  de  florões,  e  é  mais  ornado  do  que  nos 
outros.  Todo  este  conjunto  de  circunstâncias  deixa  a  certeza  que  as  armas 
são  as  de  D.  Manuel,  antes  e  depois  de  rei,  porque  de  nenhuma  outra  pessoa 
podiam  ser  naqueles  tempos,  e  provam  que  os  ms.  foram  mandados  fazer 
por  êle,  ou  para  ele. 

Casou  por  três  vezes  depois  de  rei,  e  teve  descendência. 

Conde  de  BORBA— 1485,  Fevereiro  3.  — D.  VASCO  COUTINHO. 

—  A  investidura  foi  porém  alguns  dias  antes:  «El  Rei...  foi  com  toda  sua 
corte  a  Montemor  o  Novo,  em  que  esteve  até  ao  Janeiro  de  1485.  Em 
Montemor  o  Novo  fez  el-rei  novamente  conde  de  Borba  D.  Vasco  Coutinho 
pelo  assignalado  serviço  do  descobrimento  da  segunda  e  desleal  desaventura 
do  duque  de  Vizeu. . .»  (i).  Foi  criado  conde  de  Borba  por  carta  da  referida 
data  pelos  seus  muitos  serviços  «assim  nas  guerras  passadas  de  Castella, 
em  que  nos  elle  mui  bem  serviu,  sendo  comnosco  em  a  batalha  de  Touro, 
em  que  el-rei  meu  senhor  e  padre,  cuja  alma  Deus  haja,  venceu  el-rei  de 
Castella,  na  qual  elle  dito  conde  prendeu  D.  Henrique  Manrique,  conde  de 


(1)  Pina,  Chronica,  pág  63-64. 


336  -     .  Brasões 

Alva  de  Lista,  tio  do  dito  rei  de  Castella,  pessoa  de  grande  autoridade  e 
valia  nos  ditos  reinos,  e  no-lo  entregou  preso;  e  depois,  continuando-se  a 
dita  guerra,  nos  serviu  em  ella  como  extremado  cavalleiro,  sendo  ferido  e 
preso  por  nosso  serviço  em  defenssao  d'estes  reinos,  e  assim  nos  serviu 
sempre  depois  bem  e  lealmente  como  bom  vassado  e  criado  »(i).  Foi 
constituído  o  condado  para  ele,  e  todos  seus  herdeiros  e  sucessores,  pela 
vila  de  Borba,  e  alcaidaria  mor  de  Estremôs  com  as  rendas  da  portagem 
e  outras  desta  vila  e  mais  bens  no  seu  termo  e  fora;  porém  tendo  êle 
feito  uma  troca  pela  qual  adquirira  a  alcaidaria  e  direitos  do  Redondo  e 
Pavia,  foi  rota  a  primeira  carta,  fazendo-se-lhe  uma  segunda  com  estes 
bens  acrescentados  ao  condado,  em  i6  de  Março  de  1486(2).  Finalmente 
por  carta  de  2  de  Junho  de  i5oo  foi-lhe  tirada  a  vila  de  Borba  para 
ser  restituída  ao  duque  de  Bragança,  e  deram-se  ao  conde  em  troca  as  do 
Redondo  e  Pavia  para  com  outros  bens  formarem  o  condado  (3).  Foi  por- 
tanto o  i.°  conde  do  Redondo;  mas  continuou  quási  sempre  a  ser  tratado 
por  conde  de  Borba,  mesmo  em  documentos  régios,  pelo  que  direi  neste 
lugar  mais  alguma  coisa  a  seu  respeito.  A  9  de  Junho  de  1490  fôra-lhe 
feita  doação  da  capitania  de  Arzila  (4),  sendo  autorizado  por  carta  de  23  do 
mesmo  mês  a  obrigar  as  rendas  de  Borba  ao  dote  e  arras  da  condessa  (5); 
e  por  outra  de  29  do  mês  seguinte  a  entregar  a  el  Rei,  antes  de  partir  para 
Arzila,  as  suas  rendas  dos  três  anos  seguintes,  para  pagar  muitos  dinheiros 
que  devia (6).  D.Vasco  Coutinho,  conde  de  Borba,  capitão  de  Arzila,  disse 
como  estava  em  obrigação  de  muitos  dinheiros,  que  devia  a  algumas  pessoas, 
e  por  seu  descargo,  antes  que  partisse  para  Arzila  onde  ora  o  enviamos, 
queria  dar  forma  como  se  pagasse  o  que  devia;  e  por  quanto  esta  coisa  não 
se  podia  fazer  salvo  por  suas  rendas,  êle  nos  apresentava  para  isto  todalas 
que  tinha  em  Estremôs  e  seu  termo,  as  quais  nos  pedia  mandássemos  tomar 
em  nós  por  três  anos  que  vem  de  91,  92  e  93,  e  que  se  o  seu  rendimento 
em  estes  três  anos  não  bastasse  para  as  dívidas,  que  se  tomassem  por  mais 
até  acabar  assim  de  todo  de  pagar,  do  que  fazia  fundamento  que  poderia 
ser  i.3oo.ooo  reais  pouco  mais  ou  menos,  etc.  El  Rei  aceita  em  Évora  a  29 
de  Julho  de  1490(7). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  i.",  fl.  Sg. 

(2)  Ibidem. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  38.»,  fl.  88  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  11^  liv.  i6.°,  fl,  43,  e  Corpo  Chronologico,  parte  i.%  maç.  i, 
doe.  44. 

(5)  Ibidem,  fl.  43  v.,  e  Místicos,  liv.  2.°,  fl.  97. 

(6)  Chancelaria  de  D,  João  II,  liv.  16.%  fl.  43  v. 

(7)  Ibidem. 


Apêndice  ^     33  j 

D.  Vasco  Coutinho,  conde  ^e  Borba,  capitão  de  Arzila,  disse  como  era 
devedor  a  certas  pessoas  nestes  reinos  em  i.Soo.ooo  reais,  pouco  mais  ou 
menos,  e  porquanto  estava  para  partir  para  Arzila,  e  se  queria  primeiro  des- 
quitar das  ditas  dívidas,  para  que  nos  dava  as  rendas  e  direitos  que  ele  tinha 
em  Estremôs  e  seu  termo  por  tempo  de  três  anos,  que  se  começarão  no  ano 
que  vem  de  91,  e  acabarão  no  de  gS,  e  se  mais  anos  para  as  ditas  dívidas 
requeresse  para  todo  oferecia  as  ditas  rendas,  segundo  mais  cumpridamente 
é  conteúdo  em  uma  escritura  que  se  sobre  elo  fez,  que  há  em  nossa  fazenda 
entregue  ao  porteiro  dela.  Pede,  por  não  saber  quando  morrerá  e  por 
poder  ainda  então  não  ter  pago  suas  dívidas  fiquem  as  referidas  rendas  e 
direitos  obrigados  sempre  ao  dito  pagamento.  El  Rei  a  confirma  em  Évora 
29  de  Julho  de  1490(1)'. 

Morreu  o  conde  de  Borba  no  ano  de  i522,  consta  de  uma  declaração 
posta  em  seguida  à  carta  de  assentamento  de  seu  filho,  a  quem  se  pagáram- 
os anos  de  i523,  24  e  25(2).  No  livro  das  tenças  diz-se  ter  morrido  em 
i523(3). 

Armas:  de  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho.  (Coutinho). 

Casou  com  D.  Catarina  da  Silva,  condessa  de  Borba,  irmã  do  i.°  conde 
de  Cantanhede.  El  Rei  D.  Manuel,  por  carta  de  3o  de  Novembro  de  i5o5, 
havendo  respeito  aos  muitos  serviços  do  conde  de  Borba,  determinou  que, 
falecendo  ele  primeiro  do  que  a  condessa,  lhe  sucedesse  esta  numa  tença  de 
quarenta  moios  de  pão  terçado  que  o  conde  tinha  em  Pombal  (4).  Foi  a 
tença  confirmada  a  D.  Catarina,  que  em  todos  estes  documentos  é  sempre 
intitulada  condessa  de  Borba,  em  26  de  Novembro  de  1529  (5),  e  24  de 
Outubro  de  i532(6). 

Tiveram  descendência. 

2."  Conde  de  ABRANTES  —  Em  fins  de  1485,  ou  princípios  de  1486. — 
D.  JOÃO  DE  ALMEIDA,  vedor  da  fazenda.  —  Sucedeu  ao  pai  no  título  em 
virtude  da  carta  que  para  esse  efeito  alcançara  de  D.  Afonso  V  em  4  de 
Janeiro  de  1480,  e  que  D.  João  II  confirmara  em  8  de  Abril  de  1484.  Em 
6  de  Fevereiro  de  1486  era  já  conde  de  Abrantes,  como  consta  da  carta 
daquela  data  do  assentamento  de  102.864  reais  para  receber  desde  Janeiro 
desse  ano  em  diante. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  i6.",  fl.  44. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  36.°,  fl.  i52. 

(3)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  II,  pág.  i32. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  4 1 .",  fl.  gS  v. 

(5)  Ibidem. 

(6)  Ibidem,  liv.  16.°,  fl.  170. 

VOL.  III  .  43 


338  Brasões 

Morreu  a  9  de  Outubro  de  i5i2(i). 

Armas:  as  do  i."  conde  de  Abrantes.  Timbre:  hidra  de  sete  cabeças 
postas  de  frente  (2). 

Casou  em  1467  com  D.  Inês  de  Noronha,  condessa  de  Abrantes,  irmã 
-  da  marquesa  de  Montemor,  ambas  filhas  de  D.  Pedro  de  Noronha,   arce- 
bispo de  Lisboa  (3).     A  condessa  ainda  vivia  em  17  de  Janeiro  de  1494,  em 
•que  outorgou  no  contracto  de  casamento  de  seu  filho  D.  Lopo  (4);  era  porém 
Já  morta  em  14  de  Agosto  de  i5o2  (5).     Era  já  morta  em  11  de  Janeiro  de 
1496  data  da  carta  régia  em  que  ao  viúvo  é  concedida  licença  para  comprar 
bens  até  ao  valor  de  120.000  reais  para  a  capela  que  a  condessa,  já  falecida, 
instituíra   pelo   seu  testamento   na   igreja   de  Santa  Maria  do  Castelo   de' 
-Abrantes  (6). 

7.°  Conde  de  OURÉM— 1489,  Fevereiro  27.  — D.  PEDRO  DE  ME- 
NESES, cojide  de  Vila  Real,  senhor  de  Almeida,  capitão  e  governador  de 
Seuta,  primo  de  el  Rei.  —  Foi  por  carta  da  referida  data  feito  conde  de 
Ourém  (7),  vila  de  cujo  castelo  e  fortaleza  já  lhe  havia  sido  feita  mercê  em 
22  de  Outubro  de  1487  (8).  Conservou  o  condado  durante  todo  o  resto  da 
sua  vida,  pois  que,  quando  por  carta  de  i3  de  Julho  de  1496  D.  Manuel  con- 
firmou ao  duque  de  Bragança  D.  Jaime  a  doação,  em  que  se  compreendia  o 
condado  de  Ourém,  que  o  condestável  D.  Nuno  Alvares  Pereira  fizera  a  seu 
neto  D.  Afonso  depois  de  Conde  de  Ourém  e  marquês  de  Valença  exclue 
terminantemente  a  vila  de  Ourém  por  estas  palavras:  «tirando  somente  a 
villa  de  Ourem,  que  queremos  que  fique  fora  »  (9).  Por  morte  de  D.  Pedro 
de  Meneses,  conde  de  Ourém,  sucedeu-lhe  no  senhorio  desta  vila  seu  filho  o 
marquês  de  Vila  Real  D.  Fernando,  o  qual  contudo  ainda  não  encontrei  inti- 
tulado conde  de  Ourém,  posto  que  conservou  o  senhorio  até  ao  ano  de  i5io. 
Consta  da  carta  de  4  de  Dezembro  de  i5ro,  em  que  D.  Manuel  declara  ter- 
-Ihe  o  marquês  deixado  a  fortaleza  de  Ourém  e  as  rendas  da  vila,  que  tudo 
herdara  por  morte  de  seu  pai,  para  el  Rei  as  dar  ao  duque  de  Bragança, 


(i)  Livro  2."  dos  Brasões,  pág.  356.  v 

(2)  Ibidem. 

(3)  Ibidem^ 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  30.",  fl.  39  v. 

(5)  A  condessa  de  Abrantes  a  que  este  documento  se  refere,  é  a  viúva  do  i.»  conde 
■{Corpo  Chronologiço,  parte  2.",  maç.  6,  doe.  116). 

(6)  Extremadura,  liv.  2.»,  fl.  143. 

(7)  Misíicos,  liv.  2.°,  fl.  118. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  2i.">,  fl.  34  v. 

(9)  Místicos,  liv.  4.°,  fl.  78  y. 


Apêndice 


339 


pelo  que  faz  ao  marquês  mercê  em  duas  vidas  de  uma  tença  de  463.280 
reais  (i). 

Este  conde  de  Ourém  foi  dois  dias  depois  feito  marquês  de  Vila  Real, 

Vide. 

i.°  Marquês  de  VILA  REAL— 1489,  Março  i.  — D.  PEDRO  DE  ME- 
NESES, conde  de  Vila  Real  e  de  Ourém,  capitão  de  Seuta,  primo  de  el  Rei. 

—  Na  referida  data,  estando  D.  João  II  em  Beja,  criou  com  muita  soleni- 
dade marquês  de  Vila  Real  ao  conde  D.  Pedro  (2).  O  marquês  de  Vila  Real 
apresentou  alvará.  —  Marquês,  conde  de  Ourém,  senhor  de  Almeida,  primo, 
haja  de  seu  inteiro  assentamento  322.858  reais,  a  saber:  242.000  reais 
que  já  antes  tinha  do  seu  1."  assentamento  e  8o.858  reais  que  lhe  novamente 
acrescentámos  quando  o  fizemos  marquês,  etc.     Évora,  6  de  Abril  de  1490. 

—  E  porquanto  entre  nós  e  o  dito  marquês  foi  feito  um  concerto  quando  lhe 
dêmos  a  vila  de  Ourém  com  a  jurisdição,  rendas  e  direitos,  que  o  marquês 
nos  leixasse  1 3o. 000  reais  pela  portagem  de  Santarém  dos  322.858  do  assen- 
tamento, mandámos  romper  o  dito  alvará,  e  lhe  mandámos  dar  este  de 
192.858  reais.  Lisboa, -27  de  Janeiro  de  1494.  —  E  porquanto  este  desconto 
houvesse  de  ser  feito  em  começo  do  ano  de  89,  em  que  lhe  foi  dada  a  dita 
vila,  e  ficam  cinco  anos  atrás,  nós  lho  mandamos  fazer  dos  240.000  reais  de 
suas  tenças  que  tinha  em  Santarém,  de  que  lhe  foram  tirados  1 3o. 000  reais 
em  cada  ano  das  ditas  cinco,  e  ficaram  ao  marquês  1 10.000  em  cada  um 
daqueles  anos,  e  era  feito  no  assentamento  como  dito  é  (3).  Dele  fica  já 
referido  o  suficiente  nos  títulos  de  3.°  conde  de  Vila  Real  e  7.°  conde  de- 
Ourém,  restando-me  apenas  para  declarar  agora  que  o  marquês  acabou  os- 
seus  longos  dias  erri  Lisboa  no  ano  de  1499(4),  antes  de  12  de  Dezembro, 
com  certeza,  e,  talvez  antes  de  i  de  Setembro.  Tenho  esta  dúvida  porque 
encontro  o  filho  já  intitulado  marquês  numa  carta,  que  está  copiada  com  a 
data  de  i  de  Setembro  (5),  e  transcrita  noutra  de  confirmação  com  a  data 
de  12  de  Dezembro  (6).  Confio  mais  nesta,  mas  como  ambas  são  cópias 
não  posso  decidir.  Ainda  assistiu  ao  juramento  do  príncipe  D.  Miguel  no 
mosteiro  de  S.  Domingos  de  Lisboa  em  7  de  Março  de  1499  (7). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  8.»,  fl.  104  v. 

(2)  Chronica  de  D.  João  II,  pág.  95,  e  Vida  de  D.  João  II,  fl,  5 1  v. 

(3)  Misiicos,  liv.  2°,  fl.  239. 

(4)  Chronica  de  D.  Manuel,  fl.  20  v. 

(5)  Misticos,  liv.  4.",  fl.  102  V. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5o.°,  fl.  33. 

(7)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.',  pág.  394,  n.»  68. 


340  Brasões 


..MT^yÇ''^ 


Em  20  de  Maio  de  1499  ^^'^  confirmado  ao  marquês  a  mercê  de  poder 
pôr  juiz  nas  suas  terras  (i). 

Armas:  esquartelado:  o  i."  e  4.°  de  prata  (Noronha)^  cinco  escudetes  de 
azul  em  cruz,  carregados  cada  um  de  cinco  besantes  do  campo,  bordadura  de 
vermelho  carregada  de  oito  castelos  de  oiro,  e  por  diferença  um  filete  de 
negro  sobreposto  em  banda;  02.°  e  3.°  de  vermelho,  castelo  de  oiro,  o  campo 
mantelado  de  prata  com  dois  leões  afrontados  de  púrpura,  armados  e  lin- 
guados de  vermelho,  bordadura  de  escaques  de  oiro  e  veiros  de  dezoito 
peças.  Sobre  o  todo,  escudete  cortado  de  um  traço,  partido  de  dois,  o  que 
faz  seis  quartéis:  o  i."  de  azul  (Capitania  de  Ceuta,  Meneses  do  Conde  de 
Viana),  estoque  de  prata,  empunhado  de  oiro,  posto  em  pala;  o  2.°,  4.°  e  6.° 
de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  o  3.°  e  5.°  dé  oiro,  dois  lobos  passantes, 
sotopostos,  de  púrpura.  Sobre  o  todo  do  todo,  de  oiro  liso.  Timbre:  um 
dos  leões,  nascente  (2). 

Havia  casado  a  6  de  Agosto  de  1462,  como  fica  dito,  com  D.  Beatris, 
que  foi  condessa  e  marquesa  de  Vila  Real,  e  morreu  meado  maio  de  149 1  (3). 
Era  filha  dos  2.°*  duques  de  Bragança. 

Tiveram  descendência. 

Conde^de  GUAZAVA— 1493,  Agosto  11.  — D.  REINALDO  DE  XA- 
TEOBRIÃ,  do  nosso  ^conselho,  barão  de  Lomguy,  etc.  —  Por  carta  dada  em 
Torres  Vedras  na  data  apontada  fez  D.  João  II  conde  e  senhor  da  vila  e 
terra  de  Guazava  (Taza  ?),  nas  partes  de  Africa  e  reino  de  Fez  da  nossa 
conquista,  a  D.  Reinaldo  (René)  de  Chauteaubriand,  barão  de  Loigny,  senhor 
du  Lyon  d'Angers,  de  Chalain,  des  Roches-Buritaut,  de  Chavannes,  etc,  e 
visconde  de  Remalart;  «e  porquanto  ella  (a  vila  e  terra),  ao  presente  é  ocu- 
pada pelos  inimigos  de  nossa  Santa  Fé,  nos  praz  que  elle  haja  de  nós  de 
assentamento  em  cada  ano,  desde  o  primeiro  de  Janeiro  de  1494  em  diante 
duas  mil  coroas  de  cento  e  vinte  reaes  a  coroa»  (4).     Rui  Gil  é  o  xMagro, 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.»,  ti.  96  v. 

(2)  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  9,  acrescentando  conforme  o  Livro  do  Armeiro  mor, 
fl.  41,  os  dois  lobos  no  3.°  e  5."  quartel  do  escudete,  que  no  outro  livro  se  esqueceram  de  pintar. 

(3)  Chronica  de  D.  João  II,  pág.  i3o,  e  Vida  de  D.  João  II,  fl.  81  v. 

(4)  Ilhas,  fl.  102.  —  Por  curiosidade  porei  aqui  o  nome  e  todos  os  títulos  com  que  Rei- 
naldo de  Ghateaubriand  é  designado  nesta  carta  de  condado  in  partibus  infidelium,  e  na  de 
capitão.  Começarei  pelos  nomes  como  se  acham  na  primeira  carta,  em  seguida  porei  entre 
parênteses  as  variantes  da  segunda,  e  finalmente  em  itálico  os  correspondentes  franceses, 
aqueles  que  encontrei  na  Histoire  généalogique  do  Pére  Anselme,  vol.  8.%  pág.  706  D. 
Seguem:  Reinaldo,  René;  de  Xateobria  (Xateobriam),  Chaíeaubriand;  barão  de  Lomguy 
(Longuy),  Loigny;  de  Chullam  (Ghallam),  Chalain;  dos  Roches  (des  Roches),  des  Roches 


t 


I 


Apêndice  841 

como  se  diz  no  documento  42  do  mesmo  maço,  mandamos-vos .  que  deis  a 
João  de  Binf  (talvez  seja  João  de  Bui  f.,  abreviatura  de  francez,  vide  o  se- 
guinte), nosso  moço  fidalgo,  pagem  que  foi  de  mon  S*""  de  liam,  um  jubão 
de  selim  preto,  um  pelote  de  veludo  preto  dobrado,  uma  carapuça  do  mesmo 
veludo,  umas  calças  de  merim,  um 'gabão  de  contrai  frizado,  e  um  par  de 
camisas  de  holanda,  tudo  feito  e  tirado  da  costura,  e  assentai-o  em  vosso 
caderno.     Feito  em  Torres  Vedras  a  10  dias  de  Agosto,  João  Pais  o  fez, 

de  1493(0- 

Rui  Gil,  mandamos-vos  que  deis  a  João  Bui  francês,  um  capuz,  pelote, 
calças  de  merim,  Jubão  de  setim  com  meias  mangas  e  colar  de  veludo  preto 
dobrado,  e  um  barrete  preto  dobrado,  tudo  feito  e  tirado  de  costura,  e  assen- 
tai-o em  nosso  caderno  para  vo-lo  depois  assinarmos.  Feito  em  Torres 
Vedras  a  17  de  Novembro,  Pedro  da  Mota  o  fez,  de  1493(2). 

Este  francês  «MÕseor  de  lião»,  como  lhe  chama  Resende,  ou  como  lhe 
chama  Rui  de  Pina,  «Monseor  de  Liam  d'Amjos»  (seigneur  du  Lyon  d'An- 
gers)y  chegou  a  Torres  Vedras,  onde  então  estava  D.  João  II,  em  Junho  de 
1493  (3).  Vinha  acompanhado  de  muita  gente,  oferecer-se  para  ajudar  a  el  Rei 
na  guerra  de  Africa,  o  que  expôs  em  uma  fala  pública  que  lhe  fez,  e  a  que 
ele  respondeu.  Ainda  em  Torres  Vedras  o  criou  el  Rei  conde  de  Guazava(4), 
como  fica  dito,  e  no  mesmo  dia  mandou  outra  carta  na  qual  dirige  estas 
palavras  ao  recem-agraciado:  «  considerando  nós,  como,  por  serviço  de  nosso 
Senhor  Deus  e  zelo  de  acrescentamento  de  Sua  Santa  Fé,  nos  movestes  a 
nós  de  tão  longe  por  vossas  cartas,  e  mensageiros  enviardes  oferecer,  e  ora 
por  vós  oferecestes  para  com  vossa  pessoa,  casa,  e  gente,  e  com  outros  que 
para  ello  se  vos  tem  oferecido,  virdes  a  nos  servir  em  nossa  passagem,  e 
conquista  de  Africa  e  reino  de  Fez,  quando  com  ajuda  de  nosso  Senhor 
Deus  nós  em  pessoa  por  Seu  serviço,  acrescentamento  de  Sua  Santa  Fé, 
proseguimento  d'esta  tão  santa  guerra  e  nossa  conquista,   e  tão  honrada 


(— Baritant) ;  de  Ghamphroy;  senhor  Dullion,  du  Lyon  (d'Angers);  de  Ghancimes  (Cha- 
uannes),  Chavannes;  Verners  (Vernes);  Chãpargue;  Descorcres;  de  Sambris  (Samtbrijs) ;  de 
-Montisãbris  (Montisenbris) ;  de  Doguy  (Duguy) ;  e  visconde  de  Regmalares,  Remalart. 
(i)   Corpo  Chronologico,  parte  i,»,  maç.  2,  doe.  45. 

(2)  Ibidem,  doe.  60. 

(3)  Vida  de  D.  João  II,  fl.  io5,  e  Chronica  de  D.  João  II,  pág.  180. 

(4)  No  próprio  nome  da  terra,  de  que  o  fizeram  eonde,  não  estavam  bera  certçs.  Na 
carta  do  título  vem  Guazava;  na  de*eapitáo,  Gazava;  na  Chronica,  Gazana;  e  na  Vida, 
Gazaa.  O  eurioso  é  que,  assim  eomo  nós  estropiamos  e  ignoramos  o  estrangeiro,  paga-nos 
este  na  mesma  moeda  e  liberalmente.  O  Père  Anselmeno  lugar  já  eitado  diz  que  o  pai  do 
nosso  eonde,  um  Théaude  de  Ghateaubriand,  havia  sido  eonde  de  Gasan  no  reino  de  Nápoles. 
É  provável  ser  confusão  do  genealogista  francês,  e  o  condado  de  Gasan  no  reino  de  Nápoles 
5er  o  de  Guazava  no  de  Fez,  ou  melhor,  no  de  Portugal. 


342  Brasões 

empresa,  precisarmos;  a  nós  apraz  que  vós  sejaes  então  capitão  principal  de 
todas  as  pessoas  e  gentes,  que  trouxerdes  d'aquellas  partes  de  França  e  de 
Ailemanha,  e  terras  d'ella  comvosco  vierem,  que  serão  as  que  por  nosso  es- 
cripto  levaes;  e  elles  haverão  o  soldo;  e  os  navios  que  trouxerem,  e  em  que 
elles  vierem,  haverão  o  frete,  depois  que  em  Lisboa  fizeram  o  alardo  e 
mostra,  e  os  navios  sahirem  do  monte  espalmados  e  prestes,  segundo  levaes 
por  nosso  escripto;  e  a  paga  do  dito  soldo  e  fretes  se  fará  por  nossos  oficiaes 
segundo  costume  de  nossos  reinos;  e  antes  do  tempo  da  nossa  passagem 
vo-lo  faremos  saber  por  nossa  carta,  tanto  tempo  primeiro  em  que  vós,  e  os 
que  houverdes  de  trazer  e  comvosco  houverem  de  vir,  vos  possaes,  e  se 
possam,  bem  fazer  prestes»  (i).  —  Na  carta  do  condado  dissera  el  Rei,  que 
uma  das  razões  por  que  lhe  fazia  mercê,  era  «  por  algum  divido  que  com- 
nosco  tem ».  Onde  o  francês  foi  desencantar  este  parentesco,  não  sei. 
Mr.  du  Lyon  d'Angers  era  de  um  ramo  obscuro  e  modesto  da  casa  de  Cha- 
teaubriand,  e,  nem  pelas  suas  alianças  nem  pela  sua  origem,  entroncava  em 
parentes  da  casa  real.  Talvez  êle  quizesse  derivar  o  parentesco  das  flores 
de  liz  das  suas  armas,  e  D.  João  II  ignorasse  que  elas  haviam  sido  conce- 
didas por  S.  Luís  a  Godofredo,  barão  de  Chateaubriand,  pelos  serviços 
prestados  na  cruzada  de  1249,  e  não  por  nenhuma  consanguinidade.  —  Este 
«Monsior  de  Liam  d'Arajos))  faz-me  lembrar  o 

. ..  monsieur  de  tal 
Chimico  em  Pariz  formado 

do  nosso  Tolentino,  que 

Tira  pelo  amor  de  Deus  1 

Os  dentes  a  todo  o  mundo. 

D.  João  II  também  assim  o  entenderia,  e  tanto  que  lhe  deu  um  condado 
na  Outra  Banda,  lá  muito  além  de  Palmela,  arbitrando-lhe  a  boa  tença 
unicamente  para  ter  um  espião  na  corte  francesa  (2).  Em  todos  os  casos  o 
homem  nunca  mais  voltou,  ou  porque  fosse  servir  na  guerra  do  ano  seguinte, 
a  da  conquista  de  Nápoles,  ou  porque  se  aproveitasse  dela  como  desculpa, 
e  entretanto  morria  o  primo  D.  João  II.  —  Ignoro  quando  o  conde  faleceu, 
mas  já  não  era  criança  em  1498,  pois  que  três  anos  depois  lhe  nascia  um 
neto  (3),  que  não  sei  se  seria  o  primeiro. 


(i)  Ilhas,  fl.  102  V, 

(2)  Assim  se  infere  do  que  diz  Resende  no  fim  do  cap.  168  da  Vida  de  D  João  II. 

(3)  Felipe  de  Croy,  que  tinha  dezaseis  anos  em  i5i2,  segundo  diz  o  Père  Anselme  no 
vol.  5.°,  pág.  640, 


Apêndice  343 

Armas:  de  vermelho  semeado  de  flores  de  liz  de  oiro  (Chateaubriand). 
Casou  com  Helena  d'Estouteville,  senhora  du  Tronchay,  que  não  sei  se 
foi  condessa  de  Guazava. 
Só  tiveram  filhas. 

4."  Duque  de  BRAGANÇA  e  2.»  de  GUIMARÃES—  1496,  antes  de  26 
de  Abril.  —  D.  JAIME,  filho  do  3.*^  duque  de  Bragança  e  1."  de  Guimarães. 
—  Foi  também  marquês  de  Vila  Viçosa^  conde  de  Barcelos,  Ourém,  Neiva  e 
Arraiolos.  Tomou  posse  da  casa  quási  toda  em  1496,  independente  de  con- 
firmações posteriores;  e,  ainda  antes  disto  numa  carta  missiva,  da  data 
apontada,  já  D.  Manuel  trata  a  D.  Jaime  por  duque  (i).  Carta  de  confir- 
mação da  doação  de  condestável  ao  conde  de  Arraiolos,  em  Vila  Franca  a 
16  de  Agosto  de  1496  (2).  Confirmação  da  compra  da  Vila  Boim,  Torres 
Vedras,  22  de  Agosto  de  1496  (3).  Em  carta  de  18  de  Junho  de  1496  é 
intitulado  duque  de  Bragança  e  de  Guimarães  (4).  Por  esta  carta  lhe  foi  con- 
firmada a  de  18  de  Julho  de  1475,  acima  citada,  pela  qual  se  concedeu  a  seu 
pai,  que  o  filho  primogénito  se  intitule  logo  duque  de  Guimarães  à  morte  do 
pai.  Análoga  mercê  à  que  já  andava  na  casa  com  respeito  ao  ducado  de 
Bragança,  e  que  fora  concedida  ao  i."  duque,  como  ficou  dito.  Conta-se  que 
foi  jurado  herdeiro  da  coroa  em  particular  no  ano  de  1498,  e  que  desde 
então  mudou  o  escudo  das  armas  da  casa  (5).  Efectivamente  D.  Manuel, 
por  exemplo,  numa  carta  dirigida  ao  papa  em  i5o2  diz  que  «nam  temos 
outro  herdeiro  salvo  o  dito  duque  (de  Bragança)  meu  sobrinho  que  ha  sob- 
4:essam  destes  reinos  he  mães  chegado  e  a  que  direitamente  vêem  se  filhos 
Nosso  Senhor  nos  nam  der»  (6).  Em  3  de  Abril  de  1626  alcançou  um 
alvará  para  poder  dar  a  seu  filho  primogénito  qualquer  dos  seus  títulos  (7). 

Morreu  o  duque  D.  Jaime  a  22  de  Dezembro  de  i532  (8). 


(i)  Chronica  de  D.  Manuel,  fl.  8  e  8  v.,  onde  vem  transcrita  a  carta  de  26  de  Abril, que 
-el  Rei  de  seu  próprio  punho  escreveu  para  Castela. 

(2)  Confirmações  Geraes,  liv.  6."»,  fl.  102. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  7.»,  fl.  214. 

(4)  J.  A.  de  Figueiredo,  Memoria  das  behetrias,  prova  n."  i3.  »  , 

(5)  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  págs.  483  e  486. 

(6).  Corpo  diplomático portugue\,y o\.  ii.°,  pág.  18.  ■- 

(7)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  4.',  pág.  73,  n.»  120. 

(8)  Frei  Jerónimo  de  Belém,  Chronica  Seráfica,  vol.  4.*,  578.  Aí  se  emenda,  e  com 
^toda  a  razão,  o  erro  de  muitos  que  declaram  ter  o  duque  morrido  a  20  de  Setembro  do  dito 
ano  de  i523.  Ele  só  a  21  de  Dezembro  é  que  fez  o  seu  testamento,  e  ainda  nesse  dia» 
perante  o  duque,  se  obrigaram  a  duquesa  de  Bragança,  e  o  duque  de  Barcelos  a  dar  inteiro 
cumprimento  às  cláusulas  do  testamento  que  conheciam  {Provas  da  Historia  genealógica, 
TTol.  4.»,  pág.  83,  n.»  128  e  pág.  88.  n.»  i3o). 


344  Brasões 

Armas:  de  prata  cinco  escudetes  de  azul  em  cruz  carregados  cada  um  de 
cinco  besantes  do  campo,  bordadura  de  vermelho  carregada  de  oiro  castelos 
de  oiro;  e  por  diferença  um  banco  de  pinchar  de  três  pendentes  de  prata, 
posto  em  chefe,  sendo  cada  pendente,  que  tem  a  forma  quadrangular,  fran- 
chado  de  oiro,  com  quatro  palas  de  vermelho,  e  de  prata,  com  uma  águia 
de  negro  (i).  Encontram-se  as  armas  com  lo  castelos  na  bordadura,  e  um 
banco  de  pinchar  de  dois  pendentes  que  caiem  sobre  o  campo  de  prata,  não 
se  diferençando  o  que  neles  há,  em  carta  missiva  dirigida  à  colegiada  de 
Guimarães,  datada  de  Torres  Vedras  a  i6  de  Setembro  de  1496,  assinado 
ho  duque  {2)  (Bragança,  segundas). 

Casou  a  1/  vez  em  i5o2  com  D.  Leonor  de  Mendoça  (3),  duquesa  de 
Bragança,  que  êle  matou  em  2  de  Novembro  de  i5i2.  Era  filha  dos  3.°*  du- 
ques de  Medina  Sidónia,  e  deixou  geração.     Epitáfio  em  Belém  (4). 

Casou  a  2.*  vez  em  1620  com  D.  Joana  de  Mendoça,  duquesa  de  Bra- 
gança, que  morreu  em  1680.  Epitáfio  (5).  Era  filha  de  Diogo  de  Mendoça, 
alcaide  mor  de  Mourão,  e  de  D.  Brites  Soares,  sua  mulher.  Também  deixou 
geração. 

3.»  Marquês  de  VILA  VIÇOSA— 1496,  Abril  ou  Maio.  — D.  JAIME, 
4.°  duque  de  Bragança  e  2.°  de  Guwiarães.  —  Foi-lhe  restituída  a  casa 
por  D.  Manuel,  e  na  data  apontada  já  aparece  intitulado  duque.  Tam- 
bém usou  do  título  de  marquês  com  o  qual  se  encontra  em  alguns  do- 
cumentos. 

Vide  4.°  duque  de  Bragança. 

II.»    Conde    de    BARCELOS  — 1496,    Abril    ou    Maio.  — D.    JAIME, 

4.'*  duque  de  Bragança,  casa  que  já  lhe  havia  sido  restituída  na  data  apon- 
tada, e  na  qual  se  compreendia  o  condado  de  Barcelos,  com  que  se  encontra 
intitulado  numa  bula  de  i5i4.  Parece  ter  acabado  o  título  de  conde  de 
Barcelos  em  D.  Jaime,  tendo  passado  este  condado  a  formar  o  ducado  de 
Barcelos  com  que  foi  agi-aciado  o  filho  primogénito  de  D.  Jaime,  D.  Theo- 
dósio,  em  1527. 

Vide  4.°  duque  de  Bragança  e  i .°  duque  de  Barcelos. 


(i)  Livro  do  Armeiro  mor,  fl.  45. 

(2)  Documentos  de  Guimarães,  maç.  12. 

(3)  No  epitáfio  chama-se  a  duquesa  D.  Leonor  de  Gusmão  {Chronica  Seraphica,  vol.  4.", 
pág.  i65),  e  assim  deveria  ser,  porque  esse  era  o  apelido  de  sua  casa  de  que  era  herdeira  aa 
tempo  do  casamento. 

(4)  Ibidem,  pág.  i65. 

(5)  Ibidem,  pág.  562. 


Apêndice  3/^5 

5."  Conde  de  NEIVA—  1496,  Abril  oq  JMaio.  —  D.  JAIME,  4.°  duque  de 
Bragança.  —  Neste  ano  tomou  posse  de  toda  a  casa,  em  que  se  compreendia 
o  condado  de  Neiva. 

Vide  4.°  duque  de  Bragança. 

5."  Conde  de  ARRAIOLOS  —  1496,  Abril  ou  Maio.  — D.  JAIME,  que 
naquele -ano  tomou  posse  de  toda  a  casa  de  Bragança,  sendo-liie  confirmado 
o  condado  de  Arraiolos  a  16  de  Agosto  (1). 

Foi  4.*'  duque  de  Bragança.    Vide. 

3.°  Conde  de  ODEMIRA— 1496,  em  Abril  ou  Maio.  — D.  SANCHO, 
sobrinho  de  el  Rei,  filho  do  conde  de  Faro  e  neto  do  i.°  conde  de  Odemira. 
Também  se  intitulou  conde  de  Faro.  Num  alvará  de  21  de  Julho  de  i5i2, 
feito  em  Odemira,  intitula'-se  D.  Sancho  de  Noronha,  conde  de  Faro  e  de 
Odemira,  e  assina-se  conde  de  Faro.  Numa  procuração  de  igj  de  Março 
de  i5i3,  feita  em  Odemira  nos  paços  do  mui  ilustre  e  mui  magnífico  senhor 
D.  Sancho  de  Noronha,  conde  de  Faro  e  de  Odemira,  senhor  de  Aveiro  es- 
tando aí  D.  Angela  condessa  de  Faro,  sua  mulher,  etc.  Documentos  Juntos 
ao  contracto  de  casamento  de  seu  filho  D.  Afonso  de  Noronha  com  D.  Maria 
de  Ataíde  (2).  Chamados  por  D.  Manuel,  chegaram  a  Setúbal  depois  da 
Páscoa  de  1496,  que  havia  sido  a  3  de  Abril,  vários  membros  da  casa  de 
Bragança  que  andavam  expatriados,  e  entre  eles  D.  Sancho,  a  quem  el  Rei 
mudou  o  título  de  conde  de  Faro  em  conde  de  Odemira  (3).  O  dito  do 
cronista  vai  de  acordo  com  os  documentos.  D.  Afonso  V  dera  ao  conde  de 
Faro  em  23  de  Outubro  de  1475,  uma  carta  já  citada  para,  por  sua  morte, 
logo  seu  filho  maior  se  poder  chamar  conde  de  Faro.  Restituídos  os  Bra- 
ganças  todos  ao  favor  régio,  adquiriu  D.  Sancho  o  direito  de  se  intitular 
conde  de  Faro,  título  que  el  Rei  mudou  para  conde  de  Odemira.  O  con- 
dado só  lhe  foi  confirmado  por  carta  de  10  de  Junho  de  1509(4),  porém 
com  o  título  Já  me  aparece  D.  Sancho  na  carta  de  3  de  Agosto  de  1604  na 
qual  é  escusado  de  pagar  dízimo  de  todas  as  suas  coisas,  que  para  sua  casa 
vierem  por  mar  ou  por  terra  (5).  Nesta  carta  também  é  intitulado  senhor 
de  Aveiro,  e  não  se  lhe  dá  apelido.  Porém  na  carta  de  confirmação  da 
alcaidaria  mor  de  Estremôs,  de  23  de  Maio  de  1609,  e  em  vários  outros 


(1)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  4.°,  pág.  2,  n.»  gS. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  42.°,  fl.  55  v. 

(3)  Chronica  de  D.  Manuel,  fl.  8. 

(4)  Confirmações  geraes,  liv.  i2.«>,  fl,  3i'. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  i»,  fl.  27. 

VOL.  m  44 


346  Brasões 

documentos,  se  lhe  chama  D.  Sancho  de  Noronha  (1).  Por  carta  de  8  de 
Outubro  de  i5i6  foi-lhe  acrescentado  o  assentamento  que  Já  tinha  de 
77.678  reais,  a  270.000(2).  O  conde  de. Odemira  morreu  em  i520,  antes 
de  25  de  Setembro  (3). 

Armas:  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada  de  cinco  escudetes  das 
arnjas  do  reino  diferençadas  por  um  filete  de  negro  em  banda  (Norojihas  do 
conde  de  Odemira). 

Casou  a  i.*  vez  com  D.  Francisca  da  Silva,  filha  de  Diogo  Gil  Monis, 
vedor  da  fazenda  do  infante  D.  Fernando.  Foi  este  casamento  decerto 
de  inclinação,  e  D.  Francisca  não  sei  se  chegaria  a  ser  condessa  de 
Odemira. 

Casou  a  2.*  vez  "nas  proximidades  de  12  de  Abril  de  i5o2  com  D.  Angela 
Fabra,  aia  da  imperatriz  D.  Isabel,  filha  de  Gaspar  Fabra,  embaixador  de 
Espanha  em  Portugal.  Foi  D.  Angela  condessa  de  Odemira,  e,  sendo  já 
casada  recebeu  de  el  Rei  na  data  apontada,  doação  de  100.000  reais  de  tença 
como  arras  para  receber  por  morte  do  conde,  e  mais  outra  tença  de 
200.000  reais  para  o  filho  maior  que  do  seu  casamento  nascer  (4).  A  tença 
dos  100.000  reais  trespassou-a  a  condessa  a  seu  filho  D.  João  de  Faro,  apro- 
vando el  Rei  o  trespasse  em  12  de  Maio  de  i533  (5),  pelo  que  se  vê  ser  ela 
ainda  então  viva. 

De  ambos  os  casamentos  ficou  descendência. 

2.°  Visconde  de  VILA  NOVA  DA  CERVEIRA  —  1496,  Abril  27.— 
D.  JOÃO  DE  LIMA,  filho  do  i.°  visconde. —  Sucedeu  a  seu  pai  no  título 
de  que  teve  carta  na  data  apontada.  Já  era  falecido  nos  princípios  do  ano 
de  i5o8. 

Morreu  a  18  de  Janeiro  de  i5o8,  como  se  declara  num  mandado  dirigido 
ao  almoxarife  de  Ponte  de  Lima,  para  pagar  à  viúva  e  herdeiros  do  visconde 
as  suas  tenças  por  inteiro  do  dito  ano  (6). 

Armas:  as  do  pai. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  49.°,  fl.  14  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  25,°,  fl.  i56  v. 

(3)  Por  carta  de  12  de  Abril  de  i5o5  {Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  lo.",  fl.  92)  foi 
dada  uipa  tença  de  100.000  reais  à. condessa  para  a  receber  depois  da  morte  do  conde;  por 
carta  de  25  de  Setembro  de  i520  manda-se  pagar  à  condessa  a  referida  tença  do  primeiro 
de  Janeiro  de  i52i  em  diante,  recebendo  à  parte  o  que  tinha  a  haver  desde  o  dia  da  morte 
do  marido  até  ao  tal  primeiro  de  Janeiro  (Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  ig.»,  fl.  154). 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  lo.»,  fl.  9a. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III^  liv.  19.»,  fl.  154. 

(6)  Corpo  Chronologico,  parte  i.",  maç.  7,  doe.  98. 


1 


Apêndice  347 

Casou  a  i.*  vez  antes  de  9  de  Setembro  de  1472  com  D.  Catarina  de 
Ataíde,  donzela  da  casa  da  infanta  D.  Joana. 

Casou  a  2/  vez  antes  de  6  de  Julho  de  1494  com  D.  Isabel  de  Melo, 
viscondessa  de  Vila  Nova  da  Cerveira  que  morreu  a  2  de  Abril  de  i536,  e 
era  filha  de  Martim  Afonso  de  Melo,  7.°  senhor  de  Melo. 

Teve  geração  de  ambos  os  casamentos  (i). 

4.°  Conde  de  MARIALVA  e  2.°  de  LOULÉ  — Em  1496,  anterior  a  23 
de  Julho.  — D.  FRANCISCO  COUTINHO,  4.°  conde  de  Marialva,  meirinho  • 
mor.  —  Foi  conde  de  Loulé  pelo  seu  casamento,  e  na  data  apontada  foi  auto- 
rizado por  el  Rei  a  obrigar  a  sua  mulher  as  rendas  de  certas  terras  por 
20.000  coroas  que  lhe  tinha  prometido  de  arras  (2).  Neste  documento  já  é 
D.  Francisco  intitulado  conde  de  Marialva  e  Loulé,  títulos  de  que  ficou 
sempre  usando  até  à  morte.  O  condado  de  Loulé  contudo  só  lhe  veio  a  ser 
confirmado  em  24  de  Novembro  de  1497  (3).  Aos  condes  de  Marialva  e 
Loulé  concedeu  D.  Manuel,  por  carta  de  18  de  Junho  de  i5o4,  que  lhes 
pudesse  suceder  nos  condados,  terras,  e  ofício  de  meirinho  mor,  uma  filha, 
caso  não  deixassem  filho  varão  (4).  A  casa  dos  condes  era  enorme,  no 
Algarve,  no  Alentejo,  no  Minho,  mas  sobre  tudo  na  Beira,  onde  os  senhorios, 
padroados  e  castelos  eram  às  dúzias;  e  estava  eminente  vir  a  herança  toda 
a  cair  numa  menina.  Não  quiz  D.  Manuel  perder  a  ocasião  de  bem  dotar 
um  dos  seus  filhos,  tratou  o  casamento  com  o  conde  de  Marialva,  e  no  seu 
testamento  deixou  recomendado  que  casassem  ao  infante  D.  Fernando  com 
D.  Guiomar  Coutinho,  casamento  que  depois  de  várias  peripécias  se  veio  a 
realizar  em  princípios  de  i53o,  posteriormente  à  morte  do  conde  D.  Fran- 
cisco. Fez  este  o  seu  testamento  na  Azinhaga,  termo  de  Santarém,  em  i  de 
Outubro  de  1820  (5);  mas  ainda  viveu  uns  poucos  de  anos,  vindo  a  morrer 
a  19  de  Fevereiro  de  i53o(6). 

Armas:  as  descritas  em  conde  de  Marialva. 

Havia  D.  Francisco  casado  a  i.*  vez  em  1476,  como  já  fica  dito,  com 
D.  Maria  de  Ichoa,  condessa  de  Marialva. 

Casou  pela  2.*  vez,  antes  de  23  de  Julho  de  1496,  com  D.  Beatris  de 


(.1)  Livro  3°  dos  Brasões,  de  págs.  85  a  87;  e  para  a  data  da  morte  da  viscondessa 
D.  Isabel  vide  o  seu  epitáfio,  no  cruzeiro  do  Varatojo,  transcrito  a  fl.  i6o  das  Memorias 
sepulchraes,  de  Sousa.  , 

(2)  Misticos,  liv.  I.»,  fl.  4  V. 

(3)  Ibidem,  fl.  i65. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  Sg.",  fl.  gS  v. 

(5)  Gaveta  9,  maç.  2,  n.°  16. 

(6)  Gaveta  9,  maç.  10,  n.°  14. 


348  Brasões 

Mi-NESES,  2.*  condessa  de  Loulé,  como  em  seu  título  referi.  Pela  carta 
acima  citada  de  18  de  Junho  de  i5o4  foi  concedido  aos  condes  de  Marialva 
e  Loulé  que  nos  condados  lhes  pudesse  suceder  filha.  Deu-se  o  caso;  e  por 
carta  de  i  de  Novembro  de  i63o,  com  anuência  da  condessa  D.  Beatris,  foi 
confirmado  o  condado  de  Loulé  à  filha  a  infanta  D.  Guiomar,  duquesa  da 
Guarda (i).  Sobreviveu  a  condessa  de  Marialva  e  Loulé  à  extinção  completa 
da  sua  família,  tendo  a  desgraça  de  ver  em  pouco  mais  de  dois  meses,  3  de 
Outubro  a  9  de  Dezembro  de  i534,  morrer  sua  filha,  genro  e  neta  (2).  Fez 
o  seu  testamento  em  Santaréqi  a  17  de  Maio  de  i535,  achando-se  « orfan 
d'estas  esperanças,  e  viuva».  Deixou  por  seu  herdeiro  ao  infante  D.  Luís, 
e  contemplou  com  um  avultado  legado  ao  convento  de  Santo  António  de 
Ferreirim,  onde  foi  sepultada  junto  do  marido  (3).  Parece  que  a  condessa 
ainda  vivia  em  iSSy. 

i.°  Conde  de  ALCOUTIM— 1496,  Novembro  i5.  — D.  FERNANDO 
DE  MENESES,  primo  de  el  Rei,  e  filho  do  marquês  de  Vila  Real.  Nasceu 
em  1463  (4).  Por  carta  da  referida  data  foi-lhe  feita  doação  de  juro  e  her- 
dade da  vila  de  Alcoutim,  que  em  sua  vida  tinha  D.  Maria  Freire,  sua  • 
mulher,  e  o  fez  conde  da  referida  vila.  Determinou  mais  el  Rei,  que,  tanto 
que  D.  Fernando  herdar  e  suceder  na  casa  do  marquês  seu  pai,  seu  filho 
mais  velho  D.  Fernando  se  possa  logo  chamar,  e  chame,  conde  de  Alcoutim, 
sem  mais  outra  carta,  e  sem  embargo  de  D.  Fernando  ter  e  haver  a  dita 
vila  a  qual  êle  poderá  dar  e  deixar  ao  filho  quando  lhe  aprouver.  Mandou 
também  que  da  mesma  maneira  se  faça  em  todos  os  seus  descendentes,  os 
quais  logo  que  herdarem  e  sucederem  na  casa  de  Vila  Real,  o  filho  maior, 
varão,  legitimo,  que  ao  tempo  tiverem,  se  possa  chamar,  e  chame,  conde  de 
Alcoutim,  sendo  porém  obrigado,  o  que  possuir  a  casa,  a  deixar  o  senhorio 
da  vila  ao  dito  seu  filho,  tanto  que  êle  tiver  quinze  anos;  e,  morrendo  o  filho 
em  vida  do  pai,  deixando  neto,  sucederá  este  no  condado  de  Alcoutim  (5). 
Tinha  200.000  reais  de  assentamento  desde  8  dê  Maio  de  1483(6),  o  qual 
lhe  foi  confirmado  depois  de  conde  em  i3  de  Julho  de  1497(7).  Assim  que 
sucedeu,  em  1499,  ^^  ^^^^  ^^  ^^^^  Real,  deixou  de  se  intitular  conde  de 
Alcoutim,  passando  o  título  para  seu  filho  primogénito 'herdeiro  D.  Pedro  de 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3 9.",  fl.  88  v. 

1(2)  Annaes  de  D.  João  III,  pág.  37. 

(3)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  3.°,  fl.  456. 

(4)  Rui  de  Pina,  Chronica  de  D.  Afonso  F,  pág.  493. 

(5)  Místicos,  liv.  i.°,  fl.  286  e  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  So.»,  fl.  36  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv,  24.°,  fl.  90. 

(7)  Místicos,  liv.  I.*,  fl.  69  V. 


Apêndice  349 

Meneses.  Consta  de  documentos,  que  serão  citados  nos  lugares  competentes. 
Ainda  como  conde  de  Alcoutim  figura  no  Juramento  do  príncipe  D.  Miguel 
em  S.  Domingos  de  Lisboa  a  7  de  Março  de  1499(1).  Este  conde  de  Al- 
coutim D.  Fernando  foi  em  1499  °  2.°  marquês  de  Vila  Real. 

Armas:  (Meneses)  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  das  armas  do  reino  diferen- 
çadas por  um  filete  de  negro  sobreposto  em  banda;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho, 
castelo  de  oiro,  o  campo  mantelado  de  prata  com  dois  leões  afrontados  de 
púrpura  armados  e  linguados  de  vermelho,  bordadura  de  escaques  de  oira 
e  veiros  de  dezoito  peças.  Sobre  o  todo,  escudete  cortado  de  um  traço, 
partido  de  dois,  o  que  faz  seis  quartéis:  o  i.°,  3.°  e  5.°  de  oiro,  dois  lobos 
passantes,  sotopostos,  de  púrpura;  o  2.°,  4."  e  6.°  de  oiro,  quatro  palas  de 
vermelho.     Sobre  o  todo  do  todo,  de  oiro  liso. 

Casou  em  1496,  ou  pouco  antes,  com  D.  Maria  Freire,  senhora  e  con- 
dessa de  Alcoutim,  filha  herdeira  de  João  Freire  de  Andrada,  senhor  de 
Alcoutim  e  aposentador  mor,  e  de  sua  segunda  mulher  D.  Leonor  da  Silva. 
O  senhorio  de  Alcoutim  havia  sido  confirmado  a  D.  Maria  Freire  em  22  de 
Setembro  de  1474(2)  e  a  i3  de  Julho  de  1481  fez-lhe  D.  Afonso  V  doação 
da  dízima  de  todos  os  espelhos,  aguilhós,  pentes,  cofres,  arcas  e  de  todas  as 
outras  coisas  de  que  el  Rei  havia  dízima  na  alfândega  de  Alcoutim,  assim 
como  se  tinha  dado  à  infanta  D.  Joana  na  alfândega  de  Lisboa  (3).  Era  bem 
cabida  galantaria  que  os  direitos  sobre  espelhos,  aguilhós  e  pentes,  tudo 
coisas  para  toucados,  pertencessem  a  senhoras.  A  condessa  de  Alcoutim 
foi  posteriormente  marquesa  de  Vila  Real. 

Vide  2.°  marquês  de  Vila  Real. 

i.°  Conde  de  PORTALEGRE  —  1498,  Fevereiro  5.  — D.   DIOGO  DA 

SILVA  DE  MENESES,  escrivão  da  puridade,  senhor  de  Celorico.  —  Foi 
criado  conde  de  Portalegre  de  juro  e  herdade  por  carta  da  referida  data, 
dando-se-lhe  pela  jurisdição  da  mesma  vila,  de  que  foi  feito  alcaide  mor  bem 
como  do  Assumar,  i. 000.000  de  reais  de  renda  em  cada  ano (4).  Na  carta 
diz-se  que  êle  servira  nas  guerras  de  Castela  e  Africa  com  muito  perigo  de 
sua  pessoa,  ficando  cativo  na  cidade  de  Tânger,  quando  na  entrada  dela  se 
perderam  os  fidalgos.  E  assim  mesmo  na  conquista  das  ilhas  de  Canária, 
onde  foi  enviado  por  capitão  com  grande  frota  e  muita  gente;  onde  tomou 


(i)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  II,  pág.  394,  n,"  68. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.°,  fl.  1 32. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  40.°,  fl.  22. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel ,  liv.  31.»,  fl.  9  v.,  e  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  Sg.*^ 
fl.  I ;  esta  carta  em  livros  de  leitura  nova  aparece  com  a  data  de  6  de  Fevereiro. 


35o  Brasões 

duas  fortalezas  que  lá  havia;  e  prosseguiu  por  alguns  anos  com  muita  honra 
na  conquista  delas  para  estes  reinos,  até  que  foi  mandado  que  dela  cessasse. 
A  expedição  às  Canárias  parece  ter  sido  no  ano  de  1466(1).  E  também 
lhe  foi  feita  a  mercê,  considerando,  como  desde  o  tempo  da  mocidade  de 
el  Rei,  cm  que  por  sua  grande  linhagem  e  discreçao  lhe  fora  dado  como  aio, 
o  tem  muito  servido,  com  tanto  amor,  bom  conselho  e  lealdade,  quanto  em 
algum  muito  fiel  amigo  e  bom  servidor  se  possa  achar,  isto  não  só  nos  reinos 
de  Castela,  onde  el  Rei  andara  por  cumprir  à  paz  e  sossego  destes  reinos  de 
Portugal,  como  depois  que  a  eles  tornou  até  agora,  na  governança  da  sua 
casa  e  terras,  e  nas  coisas  que  neste  meio  tempo  vieram,  que  à  pessoa  e  es- 
tado de  D.  Manuel  tocavam.  Com  idênticas  expressões,  e  por  carta  do  dia 
seguinte,  6  de  Fevereiro  de  1498,  fez-lhe  el  Rei  doação  de  Juro  e  herdade 
das  vilas  de  Celorico,  Gouveia,  S.  Romão,  e  outras  (2).  Ainda  usando  das 
mesmas  expressões  fez-lhe  doação  também  de  juro  e  herdade  por  carta  d^ 
3o  de  Março  de  1498  da  dízima  nova  do  pescado  de  S.  João  da  Foz  e  Mato- 
sinhos (3).  Sendo -do  conselho  de  el  Rei  D.  João  II,  e  aio  do  duque  de  Beja 
e  seu  vedor  da  fazenda,  tivera  mercê  de  uma  tença  de  5o. 000  reais,  a  contar 
do  primeiro  de  Janeiro  de  1485,  por  carta  de  29  de  Abril  do  mesmo  ano  (4). 

Morreu  o  conde  a  20  de  Fevereiro  de  1604  (5). 

Armas:  de  prata,  leão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  vermelho 
(Silva). 

Casou  com  D.  Maria  dk  Aiala,  condessa  de  Portalegre,  que  lhe  sobre- 
viveu. O  casamento  efectuou-se  nas  Canárias  durando  a  conquista,  e  por 
tanto  pelos  anos  de  1466(6).  Em  17  de  Julho  de  i5o6  foi  feita  vizinha  de 
todas  as  ilhas  dos  Açores,  dando-se-lhe  carta  dos  privilégios,  franquezas  e 
liberdades  de  que  gozavam  os  moradores  das  referidas  ilhas  (7).  Por  outra 
de  28  do  mesmo  mês  foi  relevada  da  obrigação  em  que  puzera  a  sua  terça 
e  bens  à  segurança  do  contracto  de  casamento  de  seu  filho  (8).  Foi  a  con- 
dessa de  Portalegre  senhora  de  quatro  duodécimos  das  ilhas  de  Forteventura 
e  Lançarote,  e  era  filha  de  Diogo  Garcia  de  Herrera,  senhor  das  ilhas  Caná- 
rias. Das  ilhas  recebia  D.  João  da  Silva,  2.°  conde  de  Portalegre,  de  renda 
até  Soo. 000  reais,  «ao  presente». 


(i)  Sousa  Viterbo,  7>íi3íj//20S  >i<7W/ico5,  vol.  I,  pág.  254. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3i.<»,  fl.  9. 

(3)  Transcrita  a  carta  por  Sousa  Viterbo,  Trabalhos  náuticos,  vol.  I,  pág.  253. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  Sa.»,  fl.  24. 

(5)  Ceo  aberto,  pág.  445. 

(6)  Sousa  Viterbo,  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  I,  pág.  345. 

(7)  Ilhas,  fl.  174. 

(8)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  38.°,  fl.  9  v. 


Apêndice  3  5 1 

i.«  Conde  de  TAROUCA— 1499,  ^bril  24.— D.  JOÃO  DE  MENESES, 

do  conselho,  mordomo  mor.  —  Por  carta  da  referida  data  foi  feito  conde  da 
sua  vila  de  Tarouca  (i),  a  qual,  bem  como  as  de  Lalim  e  Lazarim,  e  as 
terras  de  Penalva  e  Gulfar,  que  todas  lhe  estavam  empenhadas  por  certos 
pagamentos,  lhe  foi  doada  em  vida  por  carta  de  3o  do  mesmo  mês  e  ano  (2). 
Fora  nomeado  capitão  de  Arzila  por  carta  de  27  de  Abril  de  148 1,  e  daí 
transferido  para  Tânger  por  outra  carta  de  6  de  Outubro  de  1486(3).  Desta 
vez  teve  a  capitania  daquela  cidade  até  9  de  Junho  de  1489.  Em  i5  de  Dezem- 
bro de  1489  era  capitão  e  governador  de  Tânger  e  Almirante  (4).  Tornou 
porém  a  ser  provido  nela  de  propriedade  por  carta  de  18  de  Janeiro  de  i5oi(5), 
quando  vagou  pela  exoneração  dada  ao  almirante  Lopo  Vaz  de  Azevedo.  Pela 
carta  acima  citada,  de  9  de  Junho  de  1489  foi  D.  João  nomeado  governador 
da  casa  do  príncipe,  servindo  também  junto  a  ele  os  ofícios  de  mordomo 
mor,  vedor  da  fazenda,  e  escrivão  da  puridade,  e  largando  a  capitania. 

Morreu  o  príncipe  a  12  de  Julho  de  1491,  e  pouco  depois  se  finou  D.  Pedro 
de  Noronha,  mordomo  mor  de  el  Rei,  ique  proveu  neste  ofício  a  D.  João  de 
Meneses  (6).  D.  Pedro  de  Noronha,  mordomo  mor,  ainda  vivia  em  7  de 
Setembro  de  149 1  (7).  Depois  de  viúvo  foi  ele  nomeado  prior  do  Crato  por 
bula  de  i5  de  Junho  de  i3o8,  que  só  chegou  a  Portugal  a  1 1  de  Dezembro  (8). 
Finalmente,  nos  últimos  tempos  da  sua  longa  vida,  foi  feito  alferes  mor,  por 
carta  de  3i  de  Maio  de  i52i  (9).  O  conde  prior  mordomo  mor,  como 
geralmente  é  nomeado,  ainda  tomou  parte  na  cerimónia  do  auto  de  levanta- 
mento de  D.  João  III  a  19  de  Dezembro  de  i52i  (10);  porém  no  ano  seguinte 
morreu.  Consta  ter  ainda  vivido  neste  ano  de  1622  de  um  mandado  para  se 
pagar  a  seus  herdeiros  a  parte  das  tenças  e  assentamento  do  referido  ano., 
que  o  conde  vencera  até  seu  falecimento  (11).  Era  já  morto  a  12  de  Julho 
de  15-22,  data  de  uma  carta  de  el  Rei  ao  papa,  em  que  lhe  pede  para  prover 
um  dos  infantes  no  priorado  do  Crato  vago  pela  morte  do  conde  (12). 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.°,  fl.  93. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  40.°,  fl.  85. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv.  26.°,  fl.  io3  v. 

(4)  Carta  de  escusado  de  vassalo  de  Afonso  Domingues,  lavrador,  morador  em  Estremôs, 
a  respeito  de  Almirante  (Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  i3.°,  fl.  45),  Místicos,  liv.  2.',  fl.  i  !8  v» 

(5)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  37.°,  fl.  2. 

(6)  Vida  de  D.  João  //,  cap.  141. 

(7)  Corpo  Chronologico,  parte  i.%  maç.  i.',  doe.  49. 

(8)  Nova  Malta,  vol.  3.°,  págs.  112  e  116. 

(9)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  51.°,  fl.  4  v. 

(10)  Annaes  de  D.  João  III,  pág.  21. 

(11)  Ementas,  \i\.  i.°,  fl.  66. 

(12)  Corpo  diplomático,  vol.  2.°,  pág.  83. 


352       .  Brasões 

Armas:  as  do  3."  conde  de  .Viana,  seu  pai  (Meneses). 

Casou  com  D.  Joana,  de  Vilhena,  e  teve  lugar  o  acto  depois  de  i8  de 
Maio  de  1478,  em  que  aos  noivos  foi  pelos  seus  parentes  prometido  certo 
dote  em  matrimónio,  e  antes  de  16  de  Junho  de  1480,  em  que  se  assentaram 
as  condições  com  que  se  efectuara  o  casamento  (i).  Era  D.  Joana  de  Vilhena 
filha  de  Fernão  Teles  de  Meneses,  mordomo  mor  da  princesa  D.  Leonor,  e 
de  D.  Maria  de  Vilhena,  camareira  mor  da  mesma  rainha.  Parece-me  que 
D.  Joana  não  chegou  a  ser  condessa  de  Tarouca,  não  só  porque  seu  marido 
èra  viúvo,  havia  muitos  anos,  quando  em  i5o8  foi  proposto  para  prior  do 
Crato,  mas  porque  no  epitáfio  de  seu  neto  o  4.°  conde  da  Feira  aparece-nos 
ela  sem  o  título  (2).  Entretanto  ainda  era  viva  a  16  de  Fevereiro  de  1498 
em  que  teve  licença  régia  para  trespassar  uma  tença  em  sua  filha  depois 
condessa  de  Abrantes  (3). 

Tiverlam  descendência. 

2.°  Barão  de  ALVITO  —  1499,  entre  12  de  Agosto  e  4  de  Setembro. — 
D.  DIOGO  LOBO,  do  conselho  de  el  Rei  e  vedor  da  fazenda.  —  Numa 
carta  de^i2  de  Agosto  de  1499,  de  doação  de  umas  casas  na  rua  de  Marvila 
em  Santarém,  é  apenas  chamado  D.  Diogo  Lobo,  sem  o  título  (4);  noutra 
porém  de  4  de  Setembro  do  mesmo  ano  de  certos  privilégios  nas  suas  terras, 
já  é  intitulado  barão  de  Alvito  (5).  Sucedeu  portanto  na  baronia,  não  a  seu 
pai,  mas  a  sua  mãe,  a  favor  de  quem  ela  também  fora  criada.  Nos  privilé- 
gios, que,  para  a  edificação  do  castelo  de  Alvito,  haviam  sido  concedidos  a 
seu  pai  o  i.°  barão,  sucedeu-lhe  directamente  D.  Diogo  por  carta  de  confir- 
mação de  9  de  Abril  de  1489.(6),  que  tornou  a  ser  confirmada  em  4  de 
Outubro  de  1497(7).  Inscrição  do  castelo  de  Alvito  copiada  em  24  de  Março 
de  1901,  letra  gótica  do  tempo. 

Esla  fortaleza  se  começou  a  xiij  da 

gosto  de  mil  cccc  l  R  iiij  per  mãdado 

delRey  dõ  Joam  o  segundo  noso  sõr 

e  acabouce  em  tf  o  dei  Rei  dom  Manoel 

o  permeiro  noso  Snr  feia  per  seus  mãdados  ' 

dom  diogo  lobo  baram  dalvito. 


(i)  Místicos,  Ws.  2.»,  fl.  128  V. 

(2)  Ceo  abçrto,  pág.  536. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3o.°,  fl.  134. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  41.°,  fl.  104. 

(5)  Ibidem,  fl.  no.  ^ 

(6)  Chancelaria  de  D  Manuel,  liv.  41.°,  fl.  93. 

(7)  Ibidem. 


Apêndice  353 

Por  cima  da  inscrição,  que  está  sobre  a  porta  da  entrada  principal  dó  castelo, 
vêem-se  as  armas  reais  esculpidas  em  outra  pedra,  tendo  dez  castelos  na 
bordadura,  e  estando  sobrepujadas  por  uma  coroa  de  quatro  (oito)  florões. 
Na  rampa  que  conduz  à  porta,  onde  tudo  isto  se  vê,  existe  uma  cortina  de 
alvenaria,  e  nela  ingerida  uma  pedra  com  as  armas  dos  barões,  escudo  car- 
regado de  cinco  lobos  o»  de  uma  bordadura  com  nove  aspas.  Existem  porém 
outras  duas  pedras  com  escudos  também  do  tempo  da  fundação,  nas  quais 
só  se  vêem  oito  aspas  na  bordadura.  Uma  das  pedras  está  na  escada  no 
corrimão  no  alto  do  primeiro  lanço,  e  a  outra  na  parede  sobre  a  porta  que 
no  fim  da  escada  dá  ingresso  ao  andar  nobre  do  castelo.  Continuou  com  as 
obras  do  castelo,  as  quais  parece  estarem  já  concluídas  em  20  de  Janeiro  de 
1Õ04,  data  em  que  o  barão  alcançou  para  os  moradores  das  suas  terras  de 
Alvito,  Vila  Nova,  Aguiar  e  Oriola  o  privilégio  de  não  serem  constrangidos 
a  trabalhar  em  nenhumas  outras  obras  de  castelos  ou  muros  por  isso  que 
sozinhos,  sem  ajuda  de  dinheiro  nem  de  serventia  de  ninguém  de  fora,  supor- 
taram com  muito' trabalho  e  despesa  a  obra  do  castelo  de  Alvito  (i).  Era  o 
barão  vedor  da  fazenda,  ofício  para  que  havia  sido  nomeado  por  carta  de  23 
de  Março  de  1496(2),  e  que  por  sua  morte  foi  dado  a  seu  filho  D.  Rodrigo 
Lobo  por  carta  de  4  de  Dezembro  de  i526  (3). 

Morreu  portanto  o  barão  D.  Diogo  por  estes  tempos  e  em  Janeiro  do  ano 
seguinte  se  fazia  em  Almeirim  o  inventário  da  sua  fazenda  (4).  Conta-se 
que  em  1622  havia  sido  feito  conde  de  Alvito  para  dali  a  certo  tempo,  mas 
que  a  mercê  nunca  chegara  a  pubhcar-se,  e  isto  é  certo. 

Armas:  de  prata,  cinco  lobos  passantes  de  negro,  armados  e  linguados 
de  vermelho,  bordadura  de  azul  carregada  de  oito  aspas  de  oiro  (5).    (Lobos). 

Numa  carta  de  D.  Diogo  Lobo  (ainda  não  era  barão)  a  el  Rei  datada  de 
Lisboa  a  20  de  Junho  de  1498,  o  selo  do  sinete  são  cinco  lobos  com  a  bor- 
dadura das  aspas  (6). 

Casou  a  i.f  vez,  precedendo  contracto  feito  em  Agosto  de  1483(7),  com 


(i)  Guadiana,  liv.  7.°,  fl.  3o. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  Mv.  26.°,  a.' io5  V. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  8.°,  fl.  144  v. 

(4)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  2.°,  fl.  237. 

(5)  Não  tenho  a  certeza  deste  barão  usar  já  no  escudo  a  bordadura  das  aspas;  tenho-a 
contudo  para  o  3."  barão  pelo  que  no  seu  lugar  citarei.  Usou,  porque  são  estas  as  armas 
que  ele  mandou  pôr  sobre  a  porta,  que  no  alto  da  escada  principal  dá  ingresso  ao  andar 
nobre  do  castelo  de  Alvito.  E  para  maior  prova,  são  também  aquelas  armas  as  que  se  dife- 
rençam no  selo  do  seu  sinete  numa  sua  carta  a  el  Rei  D.  Manuel,  datada  de  Lisboa  a  20  de 
Junho  de  1498  {Corpo  Chronologiço,  parte  i.",  maç.  2,  doe.  122). 

(6)  Ibidem,  doe.  22. 

(7)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  2.°,  fl.  237.     . 

VOL.  III  45 


354  Brasões 

D.  Joana  de  Noronha,  filha  dos  2."*  condes  de  Abrantes.  Devia  D.  Joana 
ter  sido  baronesa  de  Alvito,  ainda  que  nos  documentos  não  encontro  com  o 
titulo  nem  a  esta  senhora,  nem  à  mulher  do  i.°  barão,  nem  à  segunda  do  2.°, 
nem  à  do  3.°,  e  não  sei  explicar  o  caso.  Morreu  a  baronesa  em  i5o8,  entre 
10  de  Fevereiro  e  i  de  Agosto,  como  se  vê  das  cartas  de  confirmação  das 
rendas  de  certas  saboarias  (i).  Encontro  D.  Joana  de  Noronha  com  o  título 
de  baronesa  em  18  de  Janeiro  de  i5oi  no  instrumento  de  venda  que  a 
D.  Álvaro  e  sua  mulher  D.  Felipa  fizeram  o  barão  e  a  baronesa  de  Jurisdição 
nas  terras  e  quintas  de  Água  de  Peixes,  termo  de  Alvito.  Foi  confirmada 
por  el  Rei  a  12  de  Setembro  de  i5oi  (2). 

Casou  a  2."  vez  com  D.  Leonor  de  Vilhena,  irmã  do  i.°  conde  da  Sor- 
telha. Efectuou-se  este  casamento  em  i5i2  depois  de  14  de  Julho,  ou  em 
i5i3  antes  de  26  de  Fevereiro;  mas,  do  que  diz  o  documento  que  citarei, 
posto  que  não  seja  muito  claro,  parece  mais  provável  a  primeira  data  (3). 
Encontro  a  notícia  da  escritura  deste  casamento  ser  de  19  de  Outubro  de 
i5ii  (4),  mas  houve  engano  na  data,  ou  o  contracto  precedeu  muito  o  casa- 
mento. Devia  ter  sido  D.  Leonor  baronesa  de  Alvito,  ainda  que  a  não  en- 
contro mencionada  com  o  título,  e  sobreviveu  muito  ao  marido,  pois  que, 
segundo  parece,  só  morreu  no  ano  de  i56i  (5). 

Tiveram  descendência. 

2.°  Marquês  de  VILA  REAL — 1499,  antes  de  12  de  Dezembro. — 
D.  FERNANDO  DÈ  MENESES,  conde  de  Alcoutim,  primo  de  el  Rei.— 
O  i.°  marquês  morreu  naquele  ano,  e  na  data  apontada  já  seu  filho  é  intitu- 
lado marquês  na  carta  do  condado  de  Valença  (6).  O  marquês  D.  Fernando, 
além  de  conde  de  Alcoutim,  também  foi  conde  de  Vila  Real  e  de  Valença, 
demitindo  porém  logo  de  si  o  condado  de  Alcoutim,  ou  pelo  menos  o  título, 
para  o  seu  filho  primoge'nito,  como  no  seu  lugar  direi.  Por  esta  causa,  pelos 
serviços  do  marquês,  e  pela  afeição  que  D.  Manuel  lhe  tinha,  é  que  este  lhe 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i5.°,  fl.  18. 

(2)  Ibidem,  liv.  17.",  fl.  83. 

(3)  Guadiana,  liv.  7.°,  fl.  55. 

(4)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  2.°,  fl.  238. 

,  (5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  19.°,  fl.  106  na  verba  à  margem,  na  qual  se  declara 
que  ao  herdeiro  de  D.  Leonor  de  Vilhena  se  pagou  certa  tença  do  i.°  de  Janeiro  de  i566  em 
diante,  e  que  assim  há  de  haver  o  herdeiro,  os  quatro  anos  passados,  que  também  lhe  per- 
tenceram. 

(6)  Oiancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5o.»,  fl.  33  incluída  numa  carta  de  confirmação 
advertindo  que,  com  a  data  de  i  de  Setembro  do  mesmo  ano,  se  encontra  no  liv.  4.»  de. 

Místicos,  fl.    102  V. 


Apêndice  355 

daria  o  condado  de  Valença,  para  andar  unido  ao  marquesado  nos  senhores 
da  casa  logo  que  nela  sucedessem,  o  que  adiante  mencionarei.  Foi  o  mar- 
quês o  quarto  capitão  de  Seuta,  e  morreu  em  Almeirim  no  ano  de  i523  (i). 
Se  morreu  no  ano  de  i523,  foi  depois  de  i8  de  Julho  porque  nesta  data  se  lhe 
passou  carta  de  padrão  de  1 5o.  124  reais  resto  de  uma  tença  de  175.124  reais 
a  que  então  se  fez  abatimento  de  25. 000  reais  (2).  E  mais  provável  haver  só 
morrido  em  1224  (3). 

Armas:  as  do  marquês  seu  pai.     (Meneses). 

Havia  D.  Fernando  casado  antes  de  1496,  e  depois  de  1481,  com 
D.  Maria  Freire,  senhora  de  Alcoutim,  que  foi  condessa  desta  vila  e  mar- 
quesa de  Vila  Real.  Já  disse  que  a  D.  Maria  Freire  havia  sido  doada  em 
1481  a  dízima  dos  espelhos,  aguilhós,  pentes  e  outros  objectos  que  entrassem 
pela  alfândega  da  sua  vila,  isto  sendo  ainda  solteira;  e  lhe  foi  confirmado, 
já  depois  de  casada,  em  i3  de  Julho  de  1497(4).  Também  D.  Manuel  lhe 
fez  doação,  sendo  marquesa,  em  7  de  Janeiro  de  i5i6,  de  doze  arrobas 
de  açúcar  por  ano  (5).  Sobreviveu  a  seu  marido,  como  consta  da  carta 
de  confirmação  de  uma  tença  em  17  de  Abril  de  i526(6);  era  porém  já 
morta  a  3  de  Junho  de  i532,  em  que  seus  herdeiros  venderam  a  referida 
tença  (7). 

Vide  i.°  conde  de  Alcoutim,  4."  de  Vila  Real,  e  2."  í/e  Valença. 

Tiveram  descendência. 

4.°  Conde  de  VILA  REAL  — 1499,  ^ntes  de  12  de  Dezembro. — ^D.  FER- 
NANDO DE  MENESES,  co«£/e  de  Alcoutim.  —  Sucedeu  no  condado  de 
Vila  Real  ao  marquês  seu  pai,  a  quem  êle  havia  sido  doado  de  juro  e  her- 
dade, com  o  senhorio  da  vila,  por  carta  de  6  de  Abril  de  145 1  (8).  É  certo 
que  não  conheço,  passada  ao  marquês  D.  Fernando,  carta  de  confirmação 
do  condado;  mas  também  é  positivo,  que  êle  foi  confirmado  a  seu  filho  o 
marquês  D.  Pedro,  como  no  seu  lugar  direi,  e  isto  basta  para  provar  a  posse 
na  pessoa  de  D.  Fernando. 

Vide  2."  marquês  de  Vila  Real. 


(i)  Historia  genealógica,  voL  5.°,  pág.  202. 

(2)  Transcrito   com  outros  documentos  a  fl.  45  v.  do  liv.   i4.«  da  Chancelaria  de 
D.  João  III. 

(3)  Vide  adiante  no  3.°  marquês  de  Vila  Real. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  40°,  fl.  22. 

(5)  Ibidem,  liv.  25.»,  fl.  35. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  i6.°,  fl.  137. 

(7)  Ibidem. 

(8)  Confirmações  Geraes,  liv.  5.»,  fl.  94  v. 


356  Brasões 

2.»  Conde  de  VALENÇA..  —  1499,  Dezembro  12.  —  D.  FERNANDO  DE 
MENESES,  marquês  de  Vila  i?^a/,^ primo  de  el  Rei. —-Por  carta  da  refe- 
rida data  foi  feito  conde  e  senhor  de  Valença,  e  senhor  de  Caminha  e  terra 
de  Valadares,  «e  queremos  que  a  dita  villa  de  Valença  para  sempre  seja 
condado,  e  a  hajam  e  herdem  com  o  dito  titulo  todos  seus  herdeiros  e  suces- 
sores,. . .  e  tanto,  que  por  sucessão  vierem,  se  chamem  logo  condes. . .  sem 
mais  lhe  ser  para  isso  necessário  outra  nossa  autoridade »  (i). 

Era  o  2."  marquês  de  Vila  Real.    Vide. 

2.«  Conde  de  ALCOUTIM  — Em  fins  de  1499.  — D.  PEDRO  DE  ME- 
NESES, filho  primogénito  e  herdeiro  do  2."  marquês  de  Vila  Real  e 
i.°  conde  de  Alcoutim.  —  Foi  D.  Pedro,  logo  que  seu  pai  sucedeu  na  casa 
de  Vila  Real,  conde  de  Alcoutim,  em  virtude  do  determinado  na  carta,  já 
citada,  de  criação  do  condado.  E  certo  ter  o  marquês  largado  íogo  o  título 
de  conde  de  Alcoutim,  porque  sem  êle  o  encontro  em  todos  os  documentos 
posteriores  que  tenho  visto.  Nem  na  carta  de  conde  de  Valença,  que  é  de 
12  de  Dezembro  de  1499(2);  nem  na  de  confirmação  da  tença  arbitrada  pelas 
rendas  das  judiarias,  em  10  de  Dezembro  de  i5oo(3);  nem  na  de  outra  tença, 
em  6  de  Dezembro  de  i5oi  (4);  nem  em  nenhum  documento  torno  a  encon- 
trar ao  marquês  com  o  título  de  conde  de  Alcoutim.  E  pelo  co|;itrário  sei 
que  o  filho  já  em  1 5 12  é  intitulado  conde,  quando  foi  ^exercer  a  capitania  de 
Seuta  pelo  pai (5);  em  i5i7  numa  carta  deste  a  el  Rei (6);  e  em  1620  no  seu 
contracto  de  casamento.  E  preciso  que  isto  fique  marcaçio,  porque  como  a 
D.  Pedro  de  Meneses  só  foi  confirmado  o  condado  de  Alcoutim  em  i5  de 
Novembro  de  1524(7),  portanto  depois  da  morte  do  pai,  pode-se  supor  que 
em  sua  vida  não  havia  D.  Pedro  sido  conde.  Veio  a  ser  o  3."  marquês  de 
Vila  Real  era  i523. 
'  Armas:  as  do  i.°  conde  de  Alcoutim,  seu  pai. 

Casou  em  i52o,  procedendo  contracto  de  i5  de  Setembro  (8),  com 
D.  Beatris,  que  foi  condessa  de  Alcoutim,  e  depois  marquesa  de  Vila  Real. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  So.",  fl.  33,  e  liv.  4.»  dos  Místicos,  fl.  102  v.  com  a 
data  de  1  de  Setembro  do  mesmo  ano. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  50.",  fl.  33. 

(3)  Ibidem,  liv.  8.°,  fl.  io5. 

(4)  Ibidem,  liv.  16.»,  fl.  iSj.  '  - 

(5)  Chronica  de  Di  Manuel,  fl..  2o5. 

(6)  Corpo  Chronologico,  parte  i.*,  maç.  22,  doe.  8. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  So.»,  fl.  36  v. 

(8)  Ibidem,  \\y.  39.»,  fl.  41. 


Apêndice  357 

Era  filha  única  do  condestável  D.  Afonso,  e  da  condestablesa  D.  Joana  de 
>Joronha  (i). 

Vide  3.°  marquês  de  Vila  Real, 

2.°  Duque  de  COIMBRA— i5oo,  Maio  26.  — D.  JORGE,  mestre  de 
Santiago,  filho  bastardo  de  D.  João  II.  —  No  auto  do  juramento  do  príncipe 
D.  Miguel  em  S.  Domingos  de  Lisboa  a  7  de  Março  de  1499  ainda  D.  Jorge 
é  nomeado  sem  o  título  de  duque  e  só  com  os  mestrados  de  Avis  e  San- 
tiago (2).  Seu  pai  deixou-o  nomeado  duque  de  Coimbra  no  seu  testamento  (3), 
e  isto  se  encontrou  quando  ele  foi  aberto,  no  próprio  dia  da  morte,  a  25  de 
Outubro  de  1496  (4).  Não  foi  porém  o  título  logo  reconhecido  por  D.  Ma- 
nuel, que  só  ao  tempo  do  casamento  de  D.  Jorge  o  declarou  duque  na  data 
apontada  (5).  Na  carta  de  doação  da  casa,  depois  chamada  de  Aveiro,  em 
27  de  Maio  de  i5oo,  já  D.  Jorge  aparece  intitulado  duque  de  Coimbra  (6), 
apesar  da  carta  do  título  ser  só  de  16  de  Março  de  1509(7). 

Morreu  o  duque  de  Coimbra  a  22  de  Julho  de  i55o. 

Armas:  as  do  reino  com  oito  castelos  na  bordadura,  e  diferençadas  por 
uma  cotica  de  negro  sobreposta  em  barra  às  peças  do  escudo.  Timbre: 
pelicano  de  oiro  com  o  bico  tirando  do  peito  sangue  com  que  alimenta  os 
filhos,  tudo  posto  sobre  um  ninho  de  vermelho  (8). 

Casou  em  3i  de  Maio  de  i5oo  com  D.  Brites  de  Vilhena,  duquesa  de 
Coimbra,  que  morreu  em  Outubro  de  i535,  e  era  irmã  do  i.°  conde  de 
Tentúgal  (9). 

Tiveram  descendência  (10). 

E  sabido  que  o  mestre  D.  Jorge,  duque  de  Coimbra,  e  filho  bastardo  de 
D.  João  II,  veiu  a  apaixonar-se  aos  67  anos  por  uma  formosa  dama  da  rainha 
D.  Catarina,  D.  Maria  Manuel,  jovem  de  16  anos,  filha  de  D.  Fernando  de 


(i)  Gil  Vicente,  de  Teófilo  Braga,  pág.  21 5  e  seguintes. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.»,  pág.  894,  n.<*  68. 

(3)  Ibidem,  pág.  167,  n.»  28. 

(4)  Vida  de  D  João  II,  fl.  122  v. 

(5)  Chronica  de  D.  Manuel,  fls.  33  e  212. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  71."»,  fl.  Sog. 

(7)  Ibidem,  liv.  24.»,  fl,  73. 

(8)  Selo  na  Historia  genealógica,  vol.  4.",  estampa  N,  n.°  lxx,  e  Livro  da  Torre  do 
Tombo,  fl.  8  V. 

(9)  Historia  genealógica^  vol.  11.",  pág.  33  com  uma  rectificação  na  primeira  página  da 
Advertência. 

(10)  Para  o  projectado  2.»  casamento  vide  Anaes  de  D.  João  III,  pág.  421. 


358  Brasões 

Lima,  senhor  de  Castro  Daire;  e  com  ela  pretendeu  casar,  se  é  que  a  furto, 
como  então  diziam,  não  casou. 

Opôs-se  D.  João  III  ao  projectado  enlace,  que  na  realidade  era  dispara- 
tado, e  que  muito  contrariava  os  filhos  de  D.  Jorge,  que  viam  na  sua  reali- 
zação a  ruína  de  sua  casa.  Chegou  el  Rei  a  mandar  o  mestre  desterrada 
para  Setúbal  no  outono  de  1648,  e  pelos  seus  agentes  em  Roma  alcançou  a 
bula  de  9  de  Novembro  desse  ano,  anulando,  por  serem  ob  e  subreptícias, 
e  mandando  que  fiquem  sem  valor,  ainda  quando  já  executadas,  as  bulas  de 
dispensa  que  haviam  s'ido  expedidas  para  o  casamento  do  mestre  D.  Jorge 
com  D.  Maria  Manuel  (i).     Eram  parentes  em  quarto  grau  de  afinidade. 

Ainda  quando  já  executadas,  etiam  si  ad  illarum  exequutionem  jam  pro- 
cesseritis,  diz  a  referida  bula.  Consumara-se  pois  o  matrimónio  ?  O  mestre, 
num  papeJ  que  de  Setúbal  mandou  a  D.João  III  em  12  de  Outubro,  afirma 
que  sim:  «casei  em  janeiro»,  declara  ele  (2) ;  o  cronista  refere,  «que  se 
disse  que  um  dia  que  D.  Maria  houve  licença  para  ir  a  casa  de  sua  mãe,  a 
recebera  (o  mestre)  lá  por  mulher»  (3);  e  finalmente  D,  António  de  Lima, 
tio  de  D.  Maria  Manuel,  escreveu  isto  no  seu  Nobiliário:  «D.  Maria  Ma- 
nuel, que  andando  no  Paço  casou  com  ella  o  mestre  de  Santiago,  no  qual  casa- 
mento houve  tantas  contradições  por  el  rei  D.  João  o  3.°,  e  pela  Rainha, 
por  se  casar  no  Paço  contra  sua  vontade,  e  pelo  Duque  de  Aveiro,  seu  filho, 
e  mais  irmãos,  a  quem  Suas  Altezas  antes  quiseram  favorecer,  que  aguardar 
o  que  diz  a  Sagrada  Escritura:  quos  Deus  conjungit  liomo  non  separai;  e 
tendo  o  Núncio  despachado,  lhes  tomaram  a  dispensação  com  muito  rigor,  e 
o  mesmo  fizeram  em  Roma,  e  se  usaram  com  ela  tantas  exorbitâncias,  que, 
depois  que  el  Rei  faleceu,  á  maior  cautela,  se  houve  absolvição  de  Roma,  por 
dizerem  que  incorrera  em  excomunhão,  e  lhe  deram  (a  D.  Maria)  quinhentos 
ou  seiscentos  mil  reaes  de  renda;  e  ella  casou  segunda  vez  çom  Manuel  de 
Sousa,  aposentador  mor  dei  Rei  D.  Sebastião,  nosso  Senhor,  que  fora  primeiro 
casado  com  D.  Francisca  de  Vilhena,  sua  sobrinha  (de  D.  Maria  Manuel), 
aos  quaes  tinha  perfilhados,  e  por  isso  houve  tantos  trabalhos  na  dispensação; 
e  quando  chegou  a  achou  falecida».  Mais  atrás,  tratando  do  mestre  D.  Jorge, 
deixara  escrito:  «Casou  segunda  vez  no  Paço  contra  vontade  dei  Rei  com 
D.  Maria  Manuel,  . . .  pelo  qual  casamento  lhe  fez  el  Rei  D.  João  o  3.° 
tantas  avexaçÕes,  que  morreu  do  desgosto  sem  ter  efeito  o  casamento,  nem 
a  dispensação  que  duas  vezes  houve  do  Núncio,  e  uma  do  Papa,  por  ser 
D.  Maria  parenta  da  primeira  duquesa». 


(i)  Corpo  diplomático,  vol.  XI,  pág.  538. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  6.°,  pág.  21,  n."  6. 

(3)  Francisco  de  Andrada,  Chronica  de  D.  João  III,  parte  IV,  cap.  48,  fl.  5o. 


Apêndice  35g 

E  certo  porém,  que  o  casamento,  se  chegou  a  realizar-se,  como  se 
depreende  da  bula  de  revogação  de  dispensa  e  do  papel  mandado  pelo  mestre 
a  D.  João  III,  contudo  não  prevaleceu. 

Diz  uma  verba  do  testamento  do  mestre  D.  Jorge,  perto  de  dois  anos 
depois  de  passarem  os  casos  sobreditos:  «Deixo  a  D.  Mfiria  Manuel,  pela 
obrigação  que  lhe  tenho  em  lhe  prometer  de  casar  com  ela,  se  o  Santo  Padre 
dispensar,  mil  cruzados,  . . .  que  quero  que  haja  não  casando  ella  e  casando 
se  distribua  em  obras  pias»  (i). 


Apontamentos  que  o  mestre  de  Santiago  D.  Jorge 

enviou  a  el-rei  D.  João  o  3.°  por  lhe  estranhar  o  casamento, 

que  devia  ter  feito  com  D.  Maria  Manoel,  dama  da  rainha  D.  Catharina,  nossa  Senhora. 

Isto  é  o  que  vós,  Foão  haveis  de  dizer  a  el-rei,  meu  senhor: 

Que  S.  A.  me  mandou  degradar  de  sua  corte  pelo  dr.  Gaspar  de  Carvalho,  o  qual  me 
disse,  que  por  eu  dizer  que  era  casado  com  D.  Maria  Manoel,  tendo-lhe  prometido  de  o  não 
fazer;  no  que  recebi  muito  grande  agravo,  assim  no  degredo,  como  no  modo,  e  em  tempo 
que  por  seu  confessor  lhe  eu  descobria,  e  mandava  falar  no  negocio.  Porque,  ainda  que 
o  dr.  Gaspar  de  Carvalho  seja  do  seu  conselho  e  desembargador  do  paço,  em  ser  por  elle 
como  desembargador  é  agravo  no  modo,  porque  em  casos  maiores  e  mais  graves  não  se 
costumou  assim  nestes  reinos  a  pessoa  de  minhas  qualidades  em  tempo  algum;  e  S.  A.  o 
guardou  em  mim,  quando  pelo  casamento  do  Duque  (de  Aveiro)  com  a  filha  do  conde  de 
Marialva,  que  mais  importava  a  seu  serviço,  e  com  partes  que  o  requeriam,  me  mandou 
sohir  da  corte;  e  então  mo  mandou  dizer  pelo  secretario  António  Carneiro  com  muitas  pa- 
lavras boas  de  consolação  para  bem  do  mesmo  negocio,  e  sem  me  limitar  logares,  nem 
legoas,  somente  sahir  de  Lisboa  para  minhas  terras;  e  Gaspar  de  Carvalho  disse-me  que 
para  Setúbal,  ou  tão  longe,  mostrando-me  um  papel,  e  lendo-mo,  de  como  S.  A.  mo  assim 
mandava,  e  lhe  pedi  que  o  traslado  delle  me  desse  para  o  cumprir  na  forma  que  S.  A. 
mandava,  sem  mo  querer  dar,  dizendo  que  S.  A.  não  havia  por  bem  mo  desse.  Ora  como 
me  não  havia  de  dar  o  traslado  do,  por  onde  dizia,  que  mo  S.  A.  mandava.  E  por  isso  me 
mostrou  outro  papel,  que  trazia  escripto,  e  mo  leu,  dizendo-me  que  S.  A.  me  rogava  que 
assignasse,  cuja  substancia  era  o  contrario  do  que  lhe  tinha  mandado  dizer  por  seu  con- 
fessor; do  que  me  muito  espantei,  poder  S.  A.  cuidar  que  havia  de  passar  por  mim  tamanha 
vergonha,  que  havia  de  assignar  uma  coisa,  tendo  dito  outra. 

Dos  quaes  modos  recebi  tanto  agravo,  como  do  principal,  pois  para  mim  e  em  tal 
caso  fora  razão  terem-se  outros,  e  não  semelhantes  termos. 

No  mesmo  degredo  o  recebi  tamanho,  póJe  ser,  pprque  o  principal  intento  que  S.  A. 
mostra,  por  que  me  mandou  degradar  da  corte,  é  que  casei,  tendo-lhe  prometido  de  o  não 
fazer.  Se  V.  A.  se  afirma,  que  eu  lho  prometi,  tão  afirmadamente,  assim  será;  mas,  o  que 
me  lembra,  de  como  passou:  S.  A.  me  mandou  chamar  a  primeira  vez  aos  23,  ou  24,  de 
março;  o  que  então  colhi,  do  que  me  S.  A.  falou,  foi  querer-me  fazer  mercê  em  me  acon- 
selhar pelo  que  tocava  a  minha  pessoa,  e  a  esse  propósito  lhe  respondi;  o  mesmo  entendi 
da  segunda  vez  que  me  chamou  S.  A.  e  me  falou  nisso.    E  na  terceira  vez,  que  foi  aos  5  de 


(i)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  6.»,  pág.  29,  n.«  8. 


36o  ,  Brasões 

julho,  em  que  S.  A.  me  falou  mais  apertadamente  em  não -casar,  eu  lhe  disse,  que  de  ali  por 
diante  o  não  faria,  e  que  se  lembrasse  S.  A.  do  dia  em  que  mo  dizia.  E  bem  se  mostrava 
nestas  palavras  embuçadas  tel-o  feito ;  e  ainda  o  poderia  S.  A.  entender  mais  claro,  no  que 
lhe  disse  que  puzesse  a  D.  Maria  livre  em  casa  de  sua  mãe,,e  lhe  diria  a  verdade  do  que  era 
passado.  Não  posso  eu  entender  como  por  esta  via  se  possa  dizer,  que  passei  o  mandado  de 
S.  A.  pois  que  me  falava  era  por  meu  proveito  e  não  por  ai,  que  para  cumprir  seus  man- 
dados cuido  que  ninguém  me  pode  fazer  vantajem;  e,  se  o  não  descobri  a  S.  A.  em  todas 
estas  vezes  que  me  falou,  a  vergonha  me  fez  nisso  embaraçar,  e  confiando  nas  muitas  vir- 
tudes de  S.A.  que  pela  qualidade  do  negocio,  e  as  de  minha  pessoa,  mo  passaria  levemente. 
E  se  S.  A.  houve  por  aqui  que  eu  lhe  tinha  prometido  que  o  não  faria,  ainda  que  o  eu  pro- 
metera e  jurara  de  o  não  fazer,  visto  como  passava  do  modo  que  digo  não  era  em  caso  de 
prejuiso  de  seu  serviço,  nem  de  seus  reinos,  pois  não  era  com  pessoa  que  pudesse  ajuntar 
casas  nem  tinha  coisa  grande  nem  pequena  da  coroa  real.  Há  S.  A.  de  olhar  que  não  estava 
em  minha  mão  podel-o  cumprir,  pois  era  casar  com  quem  tinha  muita  afeição.  E  com  isto 
me  ha  S.  A.  de  levar  em  conta  o  erro  que  cometesse  eu  o  fazer  sem  sua  licença,  e  mais  pois 
foi  fora  do  paço,  quando  esteve  em  casa  de  sua  mãe  e  parentes  quanto  mais  que  foi  antes 
de  S.  A.  me  falar  coita  alguma,  e  alem  dos  assinados  que  disso  ha  passados  ante  mim  e  elle 
porque  se  pode  ver,  ha  também  testemunhas  per  que  S.  A.  pode  ser  certificado  que  foi  no 
tempo  que  digo,  e  se  o  por  elles  quizer  saber  segurem-as  e  haja  por  bem -haver  eu  minha 
mulher,  e  nomear-lhas  hei. 

Dizem  que  pedia  dispensação  para  casar  em  duas  maneiras,  a  i."  licença  para  o  poder 
fazer,  a  2.»  como  o  tinha  feito,  e  por  aqui  querem  inferir  que  o  não  tinha  feito  no  tempo 
que  digo. 

Respondo  que  a  primeira  informação  eu  a  fiz  d'uma  maneira  pelo  querer  ter  encoberto, 
e  o  poder  descobrir  quando  me  parecesse  tempo  conveniente,  e  que  S.  A.  me.  receberia 
melhor,  e  com  saber  que  assim  abastava  tanto  em  direito  a  tal  licença,  consentindo  elle  e 
eu  depois  de  vinda,  como  se  falava  de  o  ter  feito,  porque  muitos  que  casam  a  furto  no 
paço,  assim  o  tem  encoberto,  e  o  descobrem  quando  lhe  vem  bem,  assim  para  com  S.  AV 
como  para  com  as  partes  para  seus  concertos,  depois  que  vi  como  o  duque  e  seus  irmãos  o 
não  tomaram  bem,  e  me  eram  contrários,  e  o  favor  que  achavam  em  S.  A.,  e  que  já  não  era 
tempo  de  o  ter  encoberto,  mandei  pedir  a  dispensação  na  verdade  de  como  era  feito.  Nem 
se  pode  dar  por  razão  que  se  casei  em  janeiro,  como  não  procurei  logo  a  dispensação  a  que 
já  está  respondido  que  o  queria  ter  em  secreto,  que  um  ano  e  dois  tem  os  homens  que  casam 
desta  maneira  guardados  seus  negócios,  e  hão  que  estão  seguros  para  quando  vem  o  tempo 
disposto  o  descobrirem,  e  por  se  não  saber  primeiro  não  procurei  mais  cedo  a  dispensação. 
A  qual  eu  já  tivera  na  mão  pelo  núncio  ou  pelo  papa  se  S.  A.  mo  não  estorvara  pelos  capí- 
tulos que  meus  filhos  lhe  deram  de  mim,  e  exclamações  que  lhe  tepi  feito,  porque  as  coisas 
dispensáveis  e  tão  costumadas  como  esta,  não  pode  por  direito  o  papa  deixar  de  o  dar,  pois 
nao  é  contra  direito  divino  que  encarregaria  nisso  sua  consciência  e  o  mesmo  cargo  tem 
S.  A.  se  ma  contraria  em  fazer  por  si  e  não  deu.  E  por  mui  certo  tenho  que  S.  A.  me 
deixara  haver,  e  tivera  isto  acabado  a  meu  contentamento,  se  não  fora  a  muita  importância 
do  duque,  que  tem  d'isto  feito  tanto  caso,  como  se  fora  destruição  do  reino,  em  que  alem 
de  obediência  e  obrigação  de  filho  me  paga  bem  o  que  por  elle  tenho  feito,  assim  em  três 
contos  de  renda  ou  perto  delles  que  agora  come  de  mim,  como  nos  trabalhos  que  havia  por 
elle  em  seus  casamentos  passados,  tanto  tempo  tão  continuo  na  corte  e  essa  seria  donde  se 
seguia  mais  certo  a  destruição  de  minha  fazenda  do  que  elle  agora  diz  e  publica  que  o  será 
se  eu  estiver  casado,  e  alem  d'isso  está  muito  enganado  nesta  parte  da  fasenda  que  quanto 
mais  se  me  dilatar  tanto  mais  a  heide  destruir  em  apeitar  e  gastar  por  todas  as  vias  sobre 


Apêndice  36 1 

isto  que  até  a  morte  hei  de  durar  na  demanda.  Pois  pela  honra  quanto  mais  durar  a  dilação, 
mais  se  estende  e  sabe  pelo  mundo  e  menos  me  posso  desdizer,  e  fazendo-o  seria  maior 
deshonra  e  menoscabo  de  minha  pessoa  ^que  é  coisa  tão  estranhada  a  qualquer  homem 
negar  uma  mulher  com  que  casou,  quanto  mais  me  seria  a  mim  por  todas  minhas  qualidades 
peias  quaes  o  duque  quer  que  eu  a  negue,  e  porque  esta  desaventura  e  fadiga  vejo  claro 
que  me  vem  pelo  duque  e  por  S.  A.  lhe  querer  fazer  nisto  mais  mercê  e  contentamento  que 
a  mim  o  sofro  com  maior  pena,  e  encurta-me  o  duque  a  vida  com  paixão  e  dá  a  entender 
que  o  fez  por  me  ser  prejudicial  a  elle  o  que  quero  que  melhor  será  dizer-me  que  morri  eu 
por  casar  que  dizerem  que  me  matou  elle  por  me  perseguir  e  contrariar. 

Eu  nunca  Deus  queira  que  o  negue  pois  o  tenho  feito,  a  culpa  que  o  duque  quer  que  eu 
tenha  não  são  para  deixar  de  merecer  no  mesmo  caso  S.  A.  me  consolar  e  fazer  morto  pois 
não  pode  já  ter  outro  remédio,  e  S.  A.  perdoa  semelhantes  casos  e  mais  graves  aos  que  casam 
no  paço,  o  que  eu  não  fis,  e  dá-lhe  remédio  por  suas  grandes  virtudes,  e  é  mui  bem  e  as 
diferenças  que  ha  em  mim  são  por  mais  levemente  o  merecer.  Pelo  que  beijarei  as  mãos 
de  S.  A.  haver-se  por  satisfeito  de  qualquer  culpa  que  eu  nisto  possa  ter  com  a  pena  que  já 
tem  dada,  e  me  fazer  tanta  mercê  que  me  permita  haver  minha  dispensação  para  que  não 
viva  agastado  e  afadigado  como  ando  que  pois  S.  A.  he  que  me  faz  mercê  em  me  afastar 
deste  negocio  porque  me  hade  fazer  senão  do  que  lhe  peço,  que  nisto  me  fará,  e  no  ai  me 
matará,  e  saiba  certo  que  cada  vez  se  me  dobra  mais  a  vontade  e  afeição  e  que  em  toda  a 
minha  vida  hei  de  proseguir  este  negocio  até  acabar  n'elle  E  lhe  direi  o  mais  que  comvosco 
pratiquei  mais  largo.    A  22  de  outubro  de  Setúbal  1548  anos. 

E  se  por  cima  de  todas  minhas  razões  el-rei  meu  Senhor  houver  que  tenho  culpa  digo 
que  a  tenho,  e  não  quero  mais  estar  em  dar  razões  se  não  que  lhe  peço  perdão.  V.  A.  me  faça 
esta  mercê  que  me  perdoe  pois  não  consiste  o  caso  em  mais  que  ter  lho  prometido  e  depois 
o  fazer  sem  sua  licença  e  consentimento  que  para  as  culpas  é  o  pedir  perdão,  e  se  dão  cada 
hora  em  maiores  casos.  O  mestre  (i). 


Carta  do  Mestre  para  el-rei  quando  lhe  mandou  estes  apontamentos. 

Por  que  me  parece  que  a  pena  que  V.  A.  tem  dado  de  meu  degredo  da  corte  e  por  tal 
modo,  já  agora  bastava  para  maior  culpa  e  de  mais  qualidade,  e  que  se  haverá  por  servido 
do  passado,  e  por  me  fazer  mercê  terá  esquecido  o  desprazer  que  recebeu  do  meu  casamento, 
envio  Foão  falar  algumas  coisas  a  V.  A.  a  que  beijarei  as  mãos  querello  ouvir  e  crer  no  que 
de  minha  parte  lhe  disser  por  uns  apontamentos  meus  que  leva,  e  se  querer  lembrar  com 
quanta  vontade  e  amor  folguei  sempre  servi-lo  no  que  se  oferecem  que  foi  mui  pouco  para 
os  desejos  que  para  isso  tenho,  e  me  querer  fazer  mercê  em  me  consolar,  e  dar  algum  des- 
canço  para  que  seja  fora  de  tamanho  trabalho  em  que  estou,  o  qual  em  mim  não  tem  outro 
cabo  senão  com  o  da  vida,  em  quanto  esse  fôr  tão  mofino  que  V.  A.  não  use  comigo  de  sua 
clemência  e  muita  virtude  como  o  tem  usado  com  todos.  Nosso  Senhor  a  vida  e  real  estado 
de  V.  A.  guarde  e  acrescente  como  por  elle  é  desejado.  De  Setúbal  a  xxij  de  outubro 
de  1548(2). 


(i)  Biblioteca  de  Évora  God.  -^  fi.  17  v. 
(2)  Ibidem,  fl,  19  v. 
voL.  ni  46 


362  Brasões 


Outra  carta  do  Mestre  de  Santiago  para  a  rainha  sobre  o  mesmo  caso. 

« 

V.  A.  sabe  como  sempre  a  tomei  valedora  antre  el-rei  meu  senhor  para  meus  negócios 
passados  com  muita  confiança  de  me  nelles  valer,  e  fazer  toda  a  mercê  que  nelle  fosse,  por 
isso  no  menos  o  espero  neste  em  que  me  vae  a  vida  e  honra,  e  que  hei  por  muito  maior 
que  os  outros  inda  que  fossem  de  filhos,  pois  isto  é  de  minha  pessoa  e  em  que  se  trata  de 
poder  eu  viver  com  algum  descanso,  sendo  a  minha  vontade,  ou  com  muitos  trabalhos  e 
desgostos  em  quanto  se  me  não  permitir  e  juntamente  acabarem  com  a  vida,  e  creia  V.  A. 
por  certo  que  não  tem  em  mim  outro  termo,  por  tudo  isto  e  ver  que  o  castigo  que  el-rei 
meu  senhor  me  tem  dado  em  me  mandar  degredar  da  corte,  e  por  taes  modos  não  costu- 
mados nestes  reinos  a  pessoa  de  minhas  qualidades,  era  para  maior  culpa.  Envio  foão  falar 
a  el-rei  meu  senhor  pelo  que  beijarei  as  mãos  a  V.  A.  querer  ser  em  minha  ajuda  para  que 
minha  vida  não  seja  em  tantos  trabalhos  e  desconsolação,  e  lembrar-se  quanto  sempre  fol- 
guei de  a  servir,  e  que  fora  mais  rasão  procurar  V.  A.  o  castigo  que  me  é  dado  casando  eu 
com  uma  vossa  dama  (se  a  negara)  que  por  dizer  que  é  minha  mulher  e  o  pedir  que  nisso 
recebe  V.  A.  serviço  pois  neste  tempo  mostra  tanto  gosto  de  suas  damas  casarem  com  os 
herdeiros  e  homens  de  maiores  casamentos  que  ellas  podem  haver,  e  o  mesmo  em  casa  da 
Senhora  infiinte  que  tendo  os  pais  seus  filhos  herdeiros  para  com  suas  casas  agasalharem 
suas  filhas,  quando  ellas  casam  a  furto  no  paço  com  tanta  perda  e  desconsolação  dos  pais 
e  das  irmans  que  por  isso  ficam  por  casar,  V.  A.  recebe  contentamento  e  lhes  procura  o 
perdão,  e  as  honras  e  mercês.  Não  sei  por  que  eu  por  mim  desmereço  o  mesmo  não 
havendo  os  prejuizos  e  danificamentos  que  ha  nas  outras,  antes  quantas  mais  qualidades  ha 
em  minha  pessoa  devem  ser  para  V.  A,  se  haver  por  mais  servida  de  assim  agasalhar  uma 
dama  sua  e  eu  merecer  mercê  e  contentamento,  e  não  querer  V.  A  contentar  o  duque  e 
seus  irmãos  tanto  á  custa  de  minha  vida  com  tanto  meu  trabalho,  e  sem  elles  quererem 
olhar  a  obrigação  que  me  tem  de  o  procurar  pelo  contrario.  E  da  parte  de  D.  Maria  não 
sei  que  menos  ella  merece  a  V.  A.  que  as  outras  assim  como  D.  Isabel  de  Mendoça  a  que 
fez  tanta  mercê,  e  deixou  a  irman  do  capitão  por  casar  estando  elle  e  sua  irman  concertados 
com  os  filhos  do  conde  do  Redondo,  e  que  d'essa  troca  a  irman  do  capitão  foi  tão  desviada, 
ao  menos  pois  não  era  a  de  sua  vontade  e  querer  V.  A.  mostrar  que  este  trabalho  me  dá 
per  me  faser  mercê  e  pelo  amor  que  me  tem,  eu  o  não  sinto  por  tal,  pois  com  elle  me  dá 
tanta  paixão  e  encurtamento  da  vida,  nem- sei  como  se  possa  chamar  mercê  o  que  a  parte 
recebe  de  esta  maneira,  como  também  o  vi  nos  casamentos  do  duque  de  Bragança  com 
minha  filha  que  tinha  concertado  e  me  ficou  por  casar  em  um  mosteiro.  Certo  que  não 
vejo  razão  nem  na  ha  para  V.  A.  querer  antes  fazer  mercê  ao  duque  meu  filho  e  seus  irmãos 
tanto  em  meu  perjuizo  que  a  mim,  pois,  no  que  tenho  feito,  a  elles  não  vem  nenhum,  e  a 
mim,  de  se  me  não  permitir,  põem  em  tantos  trabalhos  e  perigos  da  vida.  E  se  receiam 
que  casado  terei  menos  fazenda,  muito  menos  heide  ter,  e  toda  heide  destruir  quanto  mais 
tardar  seu  impedimento,  porque  toda,  e  a  vida  em  cima,  heide  gastar  sobre  isto;  e  isto 
podem  ter  por  sem  duvida  e  não  o  que  cuidam,  e  V.  A.  assim  por  certo,  e  que  heide  fazer 
todos  os  extremos,  e  a  tudo  tomo  a  Deus  por  testemunha. 

E  alem  de  estas  e  de  outras  muitas  razões  que  poderia  dar,  olhe  V.  A.  o  muito  cargo 
de  sua  consciência  que  tem  em  quanto  m'o  impedir  porque  o  papa  por  direito  não  pode  deixar 
de  dispensar  naquellas  coisas  que  são  costumadas  a  fazer  e  não  são  defezas  por  direito 
divino.  E  esta  o  é  mais 'que  todas,  e  negando- o  Sua  Santidade  encarregaria  nisso  sua  cons- 
ciência. 


Apêndice  363 

Pelo  que  beijarei  as  mãos  de  V.  A.  haver  dó  de  mim  e  não  me  querer  chegar  a  extremo 
de  morrer  com  paixão  que  mais  certo  será  por  esta  via  que  por  onde  o  duque  mostra  que 
me  quer  estender  a  vida  com  não  se  me  dar  minha  mulher,  e  me  ajudar  com  el-rei  meu  senhor 
a  perder  o  desgosto  se  ainda  o  não  tiver  de  todo  gastado,  e  consentir  haver  por  bem  que 
haja  minha  dispensaçáo  no  que  V.  A.  fará  a  maior  mercê  que  neste  mundo  posso  delle  re- 
ceber, e  o  mais  que  foão  lhe  disser  á  cerca  de  isto  lhe  beijarei  as  mãos  o  querer.  Nosso 
Senhor  a  vida  e  real  estado  de  V.  A.  guarde  e  acrescente  como  por  elle  se  deseja. 

De  Setúbal  a  12  de  outubro  de  1548  (i). 


^  Resposta  d'el-rei  a  estes  apontamentos  do  mestre  de  Santiago. 

O  que  vós,  foão,  direis  ao  mestre,  meu  muito  amado  e  presado  primo,  em  resposta  de 
seus  apontamentos  que  me  destes,  é  o  seguinte : 

Primeiramente  lhe  direis  que  eu  não  posso  deixar  grande  espanto  tendo  ainda  muito 
presente  tudo  o  que  neste  negocio  é  passado,  de  como  nelle  está  cego  e  como  não  quer  ver 
nem  olhar  o  que  eu  faço,  e  quer  chamar  agravo  ás  mercês  que  lhe  eu  nisto  fis  e  faço. 

A  sustancia  dos  primeiros  apontamentos  do  papel  que  me  destes,  e  falar  no  agravo  que 
o  Mestre  diz  que  recebeu  em  o  mandar  de  aqui,  pondo-lhe  nome  de  degredo  com  outras 
coisas  que  não  são  de  esta  matéria  e  ha  muito  que  são  passadas,  eu  não  hei  que  tenha  feito 
agravo  ao  Mestre  em  lhe  mandar  dizer  que  se  fosse  d'aqui,  nem  se  pode  julgar  por  deshonra 
o  que  eu  fis,  lembrando-me  muito  de  sua  honra,  e  querendo  evitar  as  coisas  que  passavam, 
e  que  eu  mui  bem  sabia,  tão  contrarias  a  elle  e  á  sua  consciência  e  idade,  vida  e  descanso. 
Nem  da  pessoa  por  que  lho  mandei  dizer  se  pôde  isto  cuidar,  porque,  posto  que  lhe  chame 
desembargador  é  do  meu  paço  e  petições  do  meu  conselho,  pessoas  de  que  eu  confio  coisas  de 
grande  meu  ser.viço  e  importância  que  ante  mim  são  de  grande  autoridade,  pela  qualidade 
de  seus  cargos.  E  se  elle  entendia  que  era  deshonra  quem  o  obrigou  a  publica-lo,  antes, 
se  o  Mestre  não  está  esquecido  de  tudo  o  que  lhe  mandei  dizer  e  do  amor  e  boa  vontade 
com  que  o  fis,  lembrar-se  ha  que  assim  me  lembrou  sua  honra  que  logo  lhe  mandei  dizer, 
que  se  elle  para  se  ir  entendesse  que  era  melhor  tomar  algum  bom  achaque  por  se  não 
cuidar  que  eu  o  mandava  o  fizesse,  porque  o  encobriria.  Ora  quem  esta  lembrança  tinha 
nisto,  é  que^não  entendia  fazer  senão  o  que  era  melhor  para  sua  honra,  mas  que  hão  de  fazer 
amores  tão  impróprios,  senão  tomar  elle  por  agravo  o  em  que  lhe  eu  fis  mercê,  e  o  em 
que  me  eu  mostrei  mui  agradecido  de  sua  boa  vontade  e  serviços,  e  mui  lembrado  do  amor 
que  lhe  sempre  tive.  Nos  mais  apontamentos  cortou  diser-me  que  é  casado.  Isto  é  ainda 
de  maior  espanto,  porque  parece  que  esqueceu  qnantas  vezes  me  disse,  e  mandou  dizer  que 
o  não  era  nem  havia  de  ser,  e  quem  tanta  conta  fás  de  haver  por  deshonra  mandar-lhe 
4izer  que  se  fosse  d'aqui  da  maneira  de  que  passou,  como  se  não  lembra  que  não  é  honra 
ir  contra  o  que  comigo  passou,  nem  trabalhar  por  concordar  tempos  para  provar  que  o  que 
lhe  eu  dizia  em  uns  que  não  fizesse,  tinha  elle  já  feito  em  outros,  ao  que,  ?e  fosse  assim, 
em  que  ha  muito  que  dizer,  porque  me  não  disse  então  que  era  casado  ?  que  receio  podia 
ter  para  me  não  falar  nisso  claro  ?  se  entendia  que  cumpria  a  sua  consciência  e  a  seu  des- 
canso, mas  justo  é  que  o  arreciaria  por  o  casamento  não  entrar  por  estas  portas.  E  elle  será 
lembrado  que  me  disse  que  o  fazia  por  destruir  seus  filhos  que  era  boa  presumpção  para  eu 
nelle  vir.    Ha  nesta  matéria  tanto  que  dizer  que  quando  eu  a  estes  apontamentos  houvesse 


(i)  Biblioteca  de  Évora  God.  ^^  fi.  20. 


364  Brasões 

de  mandar  responder,  arredar-me-hia  do  caminho  que  até  agora  tenho  levado  com  elle  que 
é  de  muita  lembrança  de  sua  honra,  e  do  amor  que  lhe  tenho,  porque  seria  forçado  apontar 
muitas  coisas  que  seriam  muito  contra  ella.  Ora  chamar-se  casado  quem  não  tem  facul- 
dade para  o  fazer  em  grau  prohibido  pela  Santa  madre  egreja,  e  dizel-o  tão  determinada- 
mente parece  que  o  não  considerou  bem,  assim  quem  pois  o  não  é,  nem  o  pode  ser,  algum 
fiel  christão  sem  dispensação  onde  ella  é  necessária,  não  acerta  em  se  assim  chamar,  nem 
em  assim  o  cuidar. 

Já  no  que  diz  que  o  papa  não  pode  deixar  de  dispensar  as  coisas  dispensáveis  e  costu- 
madas a  dispensar  parece  que  não  deve  de  ter  bem  sabido  isto  por  letrados,  porque  alguns 
se  afirmam  tanto  no  contrario,  que  disem  que  se  o  papa  dispensasse  com  elle  neste  caso, 
sendo  informado  das  coisas  que  ha  para  o  não  fazer  que  pecaria  em  o  dispensar,  cjue  é  bem 
longe  de  dizer  que  não  pode  por  direito  deixar  de  o  fazer.  Dizem  letrados  a  isto,  que  o 
que  ha  mister  dispensação,  que  se  não  deve  ou  pode  dispensar  sem  causas,  e  dispensando 
sem  ellas  que  não  acerta  o  papa,  ou  que  por  ventura  não  vale  a  tal  dispensação  segundo 
alguns  doutores. 

Isto  quiz  aqui  apontar,  porque  assim  como  me  lembra  muito  a  honra  do  Mestre  tempo- 
ralmente, não  quero  deixar  de  dizer  o  que  cumpre  para  seguridade  de  sua  consciência  que 
é  mais  principal  que  tudo  e  também  porque  pode  ser  que  os  letrados  com  quem  elle  estas 
matérias  pratica,  se  tomem  tanto  das  afeições  que  lhe  aconselhem  o  menos  seguro  para  elle, 
e  nas  coisas  da  alma  não  se  devem  permitir  afeições  que  a  ponham  em  perigo. 

Direis  ao  mestre  que  eu  tenho  escripto  a  S.  S*  de  que  já  tenho  sua  resposta,  como  vos 
mandarei  mostrar  por  cartas  do  dr.  Baltasar  de  Faria  de  2  de  setembro,  e  que  alem  d'isto 
S.  S.*  me  mandou  dizer  por  seu  núncio  que  depois  lhe  fora  pedido  a  dispensação  por  parte 
do  mestre,  e  lha  não  concedera,  nem  o  faria  pelas  razões  que  lhe  eu  mandei  para  isso.  Assim 
que  nem  S.  S.*  tal  concedera,  nem  eu  consentirei  por  quão  feia  coisa  é,  e  por  quão  mal  lhe 
está  a  elle  fazel-o,  e  por  quão  extranho  seria  assim  do  mundo  e  mal  julgado  de  Nosso  Senhor 
consenti-lo,  e  elle  me  deu  conhecer  a  mercê  que  lhe  nisso  faço,  pois  o  respeito  por  que  o 
assim  o  faço,  não  é  requerimento  de  seus  filhos,  que  me  pouco  lembrariam,  e  mais  sendo 
injusto  quanto  mais  se  fosse  contra  elle,  por  cujo  respeito  seus  filhos  teem  o  logar  ante  mim, 
que  é  razão  que  tenham,  que  me  não  lembra  senão  só  o  seu  respeito,  e  o  que  toca  a  sua  alma 
e  á  minha,  e  assim  espero  que  o  elle  verá  como  fôr  fora  d'esta  paixão;  e  por  mui  grande 
mercê  devia  já  de  estimar  aparta-lo  d'el!e,  e  depois  vê  claro  que  o  é  e  não  se  desculpa  senão 
com  ser  feito,  o  que  não  é,  elle  mesmo  devia  folgar  de  se  apartar  d'isso,  e  buscar  os  meios 
para  o  fazer,  e  não  querer  deixar-se  estar,  no  que  lhe  é  tão  prejudicial,  e  crer  os  que  nisso 
estão  sem  paixão  e  lhe  tem  amor,  que  lhe  rogo  muito  que  não  cuide  mais  nisto  porque  toma 
petia  e  fadiga  sem  proveito,  e  que  eu  não  hei-de  consentir  tal  coisa,  pelo  que  pode  escusar 
de  me  mandar  mais  falar  sobre  isso,  nem  creia  o  que  lhe  nisso  disserem,  os  que  lhe  disserem 
que  me  falam,  se  lhe  não  falarem  este  propósito  e  que  nisto  não  ha  mais  que  dizer. 

De  Lisboa  a  6  dias  de  novem.bro  de  1548  annos  (i). 


I.»  Conde  do  REDONDO- i5oo,  Junho  2.  — D.  VASCO  COUTINHO, 
conde  de  Borba,  capitão  de  Arzila.  —  Por  carta  da  referida  data  deixou  o 
senhorio  de  Borba  a  el  Rei  que,  em  troca  o  fez  conde  do  Redondo  e  senhor 


(i)  Biblioteca  de  Évora  Gód.  -^^  fl.  20  v. 


2-30 


Apêndice  365 

de  Pavia  com  duzentos  e  ^noventa  mil  reais  de  renda  (i).  Apesar  disso  con- 
tinuou quási  sempre  a  ser  tratado  por  conde  de  Borba,  e  também  às  vezes 
por  conde  do  Redondo,  como  por  exemplo  na  carta  de  i3  de  Outubro  de 
i5i4  de  duzentos  mil  reais  de  tença  vitalícia  (2). 

Casou  com  D.  Catarina  da  Silva,  condessa  de  Borba,  que,  apesar  de 
ter  sobrevivido  bastante  ao  marido,  ainda  não  encontrei  intitulada  senão 
condessa  de  Borba  e  nunca  do  Redondo. 

Vide  conde  de  Borba. 

2.»  Conde  da  FEIRA  — Anterior  ao  ano  de  iSoi.  —  D.  DIOGO  PE- 
REIRA, do  conselho  de  el  Rei,  filho  do  i."  conde.  —  Existe  uma  sentença 
de  D.  João  II,  à  qual  já  me  referi,  e  que  foi  lavrada  em  Évora  a  21  de  Ja- 
neiro de  um  ano  impossível  de  se  ler  no  documento  (3).  Como  na  sentença 
el  Rei  no  ditado  se  intitula  senhor  de  Guiné,  adiantamos  o  saber  que  ela  foi 
feita  no  ano  de  1486,  ou  nos  nove  seguintes  (4),  mas  mais  nada.  Encontrei 
a  data  desta  sentença  no  Cód.  ~  da  Biblioteca  de  Évora,  numa  cópia  de  todo 
o  processo  que  se  guarda  na  Torre  do  Tombo;  é  pois  a  data  da  sentença,  21 
de  Janeiro  de  1498,  como  já  esccrevi  a  pág.  SSg.  Conforme  o  que  a  seguir  a 
ela  vem  transcrito  no  mesmo  Cód.,  foi  a  sentença  confirmada  a  D.  Álvaro  Pe- 
reira em  Setúbal  a  1 1  de  Maio  de  1496,  e  depois  a  seu  íilho,  D.  Miguel  Pereira 
Coutinho,  em  Lisboa  a  11  de  Dezembro  de  i522.  —  Esta  sentença  é  falsa, 
como  agora,  1920,  averiguei.  No  seu  arresto  faz  el  Rei  a  partilha  da  casa  da 
Feira  entre  D.  Diogo  Pereira,  filho  maior  legítimo  do  i.°  conde  da  Feira,  e 
D.  Álvaro  Pereira  Coutinho,  representado  por  sua  mãe  D.  Leonor  Coutinho, 
neto  do  i."  conde  por  seu  falecido  filho  D.  João  Pereira,  que  fora  havido 
antes  do  casamento,  e  legitimado.  O  despacho  foi  todo  favorável  a  D.  Diogo 
Pereira,  a  quem  el  Rei  mandou  entregar  os  morgados,  terras  e  rendas  vin- 
culadas, para  tudo  possuir  com  o  título  que  há  de  conde  da  F'eira  de  juro  e 
herdade.  Parecia  pois  que  o  título  de  conde  da  Feira  ficara  desde  então 
reconhecido  a  D.  Diogo  Pereira,  mas  não  sucedeu  comtudo  assim,  pelo  que 
se  vai  ver.  Nas  confirmações  da  casa  e  castelo  da  Feira  e  do  couto  da  Cas- 
tanheira, todas  de  7  de  Dezembro  de  1486,  não  é  D.  Diogo  Pereira  intitulado 
conde  (5);  noutra  sentença  de  D.  João  II,  de  29  de  Abril  de  1489,  é  D.  Diogo 
Pereira  intitulado  conde  da  Feira.  Aparentemente  está  tudo  bem:  as  cartas 
de  confirmação  são  anteriores  ao  decreto  que  deu  o  título  a  D.  Diogo;  a  se- 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  38.°,  fl.  88  v. 

(2)  Corpo  Chronologico,  parte  i.»,  maç.  16,  doe.  35. 

(3)  Gaveta  2.%  maç.  9,  n.»  5. 

(4)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  2.°,  pág.  240. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  //,  liv.  8.»,  fis.  ii5  e  226  v.,  e  Extremadura,  liv.  i."»,  fl.  81  v. 


366  Brasões 

gunda  sentença  e'  posterior  ao  mesmo  que  se  vê  ter  surtido  efeito  completo  (i). 
E  nesta  ocasião  surtiu-o;  mas  vem  depois  D.  Manuel,  e  nas  cartas  de  con- 
firmação da  casa  a  D.  Diogo  Pereira,  em  9  e  10  de  Março  de  1496,  não  lhe 
dá  outro  titulo  além  do  do  conselho  (2).  Em  i5oi,  porém,  a  ib  de  Janeiro, 
num  auto  do  corregedor  da  Estremadura  (3),  a  i  de  Setembro  numa  sen- 
tença (4),  e  a  23  de  Dezembro  noutra  (5),  é  D.  Diogo  Pereira  sempre  intitu- 
lado conde  da  Feira.  Bem  assim  o  é  em  cartas  régias  dos  anos  seguintes, 
a  26  de  Setembro  e  3  de  Dezembro  de  iõo3,  e  a  i5  e  23  de  Janeiro  de 
1 504(6).  —  Em  25  de  Outubro  de  i5o2  hospedava  o  conde  D.  Diogo  no  seu 
castelo  da  Feira  a  el  Rei  D.  Manuel,  ao  marquês  de  Vila  Real  e  seus  dois 
irmãos  D.  Diogo  e  D.  Henrique,  e  ao  conde  de  Cantanhede  (7).  N,os  prin- 
cípios de  i5ii  era  já  falecido,  pois  que  a  16  de  Abril  (a  10  já  o  fora  o  cas- 
telo) foi  confirmada  por  sucessão  a  casa  da  Feira  a  seu  filho  (8),  e  encontro 
a  notícia  de  que  morrera  a  17  de  Agosto  de  1509(9). 

Armas:  de  vermelho,  cruz  florida  de  prata,  vazia  de  campo.     (Pereira). 

Casou,  precedendo  contracto.  No  dia  5  de  Dezembro  de  1486  em  que 
el  Rei  a  requ-erimento  de  D.  Joana  de  Castro  aprovou  o  contracto  de  casa- 
mento de  sua  filha  D.  Beatris  de  Noronha  com  D.  Diogo  Pereira  fez  el  Rei 
mercê  a  este  de  poder  obrigar,  caso  morra  primeiro  que  sua  mulher,  as 
rendas  das  suas  terras  de  Cambres  e  de  Refóios  às  5.333  e  terço  de  coroa, 
das  de  120  reais  cada  uma,  das  ambas  que  lhe  arbitrou  correspondentes  ao 
terço  das  16.000  coroas  que  êle  houve  do  seu  dote  (10).  O  contracto  foi 
aprovado  por  el  Rei  em  5  de  Dezembro  de  1486,  como  já  disse  (11).  Neste 
documento  vem  D.  Branca  de  Noronha  (12).  D.  Beatris  era  filha  de  D.  João 
de  Noronha,  o  Dentes,  e  de  D.  Joana  de  Castro,  senhora  da  casa  de  Mon- 
santo; foi  condessa  da  Feira,  e  sobreviveu  a  seu  marido,  pois  que  a  27  de 
Agosto  de  i523  se  lhe  passou  provisão  para  certo  pagamento  (i 3). 

Tiveram  descendência. 

-: r  .     • 

(i)  Transcrita  noutra  que  se  guarda  na  Gaveta  10.",  maç.  12,  n.  16. 

(2)  Estremadura,  liv.  1°,  fls.  79  v.,  81  e  81  v. 

(3)  Corpo  ChroHologico,  parte  2.*,  maç.  3,  doe.  63. 

(4)  Gaveta  )0.®,  maç.  12,  n.°  i6. 

(5)  Gaveta  iS.",  maç.  6,  n.°  i3. 

{6)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  Wv,  21.",  íi.  2^. 
{7)  Gaveta  10.»,  maç.  12,  n.»  lõ. 

(8)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  iS.",  fl.  134. 

(9)  Figueiredo,  Nobiliário.. 

(10)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  8.»,  fl.  122. 

(u)  Ibidem,  fl.  11 5. 

(12)  Ibidem,  fl.  122. 

(i3)  Corpo  Chronologico,  parte  2.»,  maç.  101,  doe.  29. 


Apêndice  '  367 

2.°  Conde  de  PORTALEGRE  —  Depois  de  20  de  Fevereiro  de  i5o4.  — 
D.  JOÃO  DA  SILVA  DE  MENESES.  — Sucedeu  a  seu  pai  no  título,  do 
qual  contudo  só  teve  carta  de  confirmação  em  23  de  Dezembro  de  i5o6(i); 
mas  já  com  ele  se  encontra  a  11  de  Julho  de  i3o5(2).  De  26  de  Setembro 
desse  mesmo  ano  é  uma  carta  para,  do  primeiro  de  Janeiro  passado  em 
diante,  receber  uma  tença  de  i3o.o5o  reais,  que  fora  do  pai  (3).  Na  mesma 
data  foi  expedida  outra  carta  na  qual  se  lhe  chama  D.  João  de  Meneses,  conde 
de  Portalegre,  de  confirmação  de  So.ooo  reais  de  tença  que  tinha  o  conde 
seu  pai  (4).  Por  carta  de  i  de  Janeiro  de  i522  foi  feito  mordomo  mor  da 
casa  de  D.  João  111(5).  Deve  ter  morrido  em  fins  de  i55o,  princípios  de 
1 55 1(6). 

Morreu  a  3i  de  Maio  de  i55i.  Consta  da  confirmação  de  uma  tença  de 
10.000  reais  a  seu  filho  D.  Álvaro  da  Silva,  3.°  conde,  carta  de  confirmação 
que  se  encontra  trasladada  com  outras  (7).  D.  João  da  Silva  parece  ter  sido 
nomeado  mordomo  mor  do  príncipe  D.  João  por  carta  de  23  de  Setembro 
de  i5o2(8). 

Armas:  as  do  i.°  conde  seu  pai. 

Casou  com  D.  Maria  de  Meneses,  irmã  do  i.°  conde  de  Tentúgal.  Teve 
lugar  o  matrimónio  depois  de  i  í  de  Julho  de  i5o5,  em  que  se  firmou  o  con- 
tracto de  casamento  (9),  e  antes  de  28  do  mesmo  mês  do  ano  seguinte  (10). 
Foi  'D.  Maria  condessa  de  Portalegre. 

Tiveram  descendência. 

i.°  Conde  de  TENTÚGAL—  i5o4,  entre  4  e  10  de  Março. —D.  RO- 
DRIGO DE  MELO,  sobrinho  de  el  Rei.  —  D.  Rodrigo  ainda  não  era  nas- 
cido em  Janeiro  de  1487(11).  Não  encontro  a  carta  do  título.  A  10  de 
Março  de  j5o4,  porém,  foram  dados  a  D.  Rodrigo,  conde  de  Tentúgal,  pelos 
muitos  serviços  de  seu  pai  D.  Álvaro,  que  Deus  haja,  primo  de  el  Rei, 
259.241  reais  de  assentamento  (o  mesmo  que  o  pai  houvera),  a  começar  no 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III^  liv.  39.°,  fl.  i. 

(2)  Místicos,  liv.  5.°,  fl.  5i  V. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  Sg.",  fl.  i  v. 

(4)  ChiVKelaria  de  D.  Manuel,  liv.  20.",  fl.  25  v. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5i.°,  fl.  24  v. 

(6)  Veja-se  o  que  direi  cm  3.»  conde  de  Portalegre. 

(7)  Doações  de  Felipe  I,  liv.  14."*,  fl.  76  v. 

(8)  Corpo  Chronologico,  parte  3.%  maç.  2,  doe.  26.       ^ 

(9)  Místicos,  liv.  5.»,  fl.  5i  V. 

(10)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  39.*,  fl.  9  v. 

(11)  Veja-se  em  conde  de  Olivença,  pág.  325  deste  volume. 


368  Brasões 

primeiro  de  Janeiro  desse  ano(i);  assentamento  que  foi  elevado  a  mais 
loo.ooo  reais  por  outra  carta  de  25  de  Setembro  do  mesmo  ano  (2).  D.  Ál- 
varo havia  morrido  a  4  do  dito  mês  de  Março;  é  pois  plausível  supor  a 
criação  do  título,  ou  no  próprio  dia  10,  ou  pouco  antes.  Note-se  que  em  11 
de  Março  de  1604  foi  feita  doação  da  vila  de  Alvaiázere  a  D.  Rodrigo  de 
Melo,  meu  sobrinho,  filho  de  D:  Álvaro  etc.  (3).  Ainda  no  mesmo  ano  e 
mês,  a  lõ,  foram  confirmadas  a  D.  Rodrigo  as  terras  que  haviam  sido  de 
seu  pai,  salvo  certas  rendas  com  que  ficara  sua  mãe  (4),  que  por  instrumento 
de  28  de  Abril  de  i5i2,  aprovado  por  el  Rei  no  mesmo  dia,  lhe  cedeu  a 
alcaidaria  mor  de  Olivença  (5).  Neste  documento  é  o  conde  de  Tentúgal 
chamado  D.  Rodrigo  de  Portugal,  apelido  com  que  também  é  nomeado  seu 
pai.  Também  é  chamado  D.  Álvaro  de  Portugal  no  contracto  de  3o  de 
Novembro  de  1496  de  casamento  de  D,  Manuel  com  a  princesa  D.  Isabel  (6). 
Em  i5i6,  por  cartas  de  28  de  Fevereiro  e  3  de  Março,  são  confirmadas  ao 
conde,  por  morte  de  sua  mãe  D.  Felipa  de  Melo,  as  terras  de  Ferreira  de 
Aves,  Garapito,  Vila  Maior,  Cadaval  e  Peral,  e  a  alcaidaria  mor  de  Oli- 
vença (7).  Por  carta  de  18  de  Outubro  de  1619,  confirmada  a  14  de  Abril 
de  1624,  teve  o  conde  mercê  de  lhe  poder  suceder  o  filho  por  sua  morte  em 
todas  as  precedentes  terras  e  mais  a  vila  de  Tentúgal  (8).  Em  i533  era 
marquês  de  Ferreira. 

Armas:  esquartelado:  o  i."  e  4.°  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada 
de  cinco  escudetes  das  armas  do  reino;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  seis  besantes 
de  prata  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro.  (Bragança  de  Ten- 
túgal, Melo). 

Em  i5  de  Março  de  i5io  estava  o  conde  contractado  a  casar  com  D.  Maria 
de  Portocarrero^  filha  de  D.  Pedro  de  Portocarrero,  senhor  de  Moguer,  o 
que  consta  de  uma  carta  daquela  data  em  que  el  Rei  dá  licença  ao  conde 
para  empenhar  certas  rendas  à  segurança  do  dote  e  arras  (9).  Este  casa- 
mento não  se  chegou  a  efectuar. 

Ainda  neste  ano  de  i5io,  ou  nos  princípios  do  seguinte,  casou  o  conde 
de  Tentúgal  a  primeira  vez,  precedendo  contracto  de  20  de  Novembro  de 


[i)- Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  19.',  fl.  3o. 

(2)  Ibidem,  fl.  32. 

(3)  Ibidem,  liv.  20.",  fi.  26. 

(4)  Guadiana,  liv.  7.°,  fi.  14. 

(5)  Ibidem,  fl.  58. 

(6)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.°,  pág.  384,  n.»  66. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  25.°,  íls.  39  e  36. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  37.'»,  fi.  33, 

(9)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3.",  fi.  12. 


Apêndice  369 

i5io(i),  com  D.  Leonor  de  Almeidx\,  viúva  de  Francisco  de  Mendoça, 
alcaide  mor  de  Mourão,  e  filha  herdeira  de  D.  Francisco  de  Almeida,  vice 
rei  da  índia.  Foi  D.  Leonor  condessa  de  Tentúgal,  e,  por  instrumento  de 
18  de  Novembro  de  i5i4,  se  compuzeram  ela  e  seu  marido,  com  respeito  à 
herança  do  vice  rei,  com  seu  primo  o  conde  de  Penela,  que  ficara  por  tes- 
tamenteiro (2). 

Morreu  no  ano  de  i525(3).  Parece  que  não  chegou  a  ser  marquesa  de 
Ferreira  por  morrer  antes  de  i533. 

Casou  D.  Rodrigo  de  xVIelo  pela  2/  vez  com  D.  Brites  de  Meneses,  que 
foi  marquesa  de  Ferreira. 

Vide  I."  maluques  de  Ferreira. 

3.»  Visconde  de  VILA  NOVA  DA  CERVEIRA— i5o8,  Abril  7.— 
D.  FRANCISCO  DE  LIMA,  filho  do  2."  visconde.  —  Sucedeu  a  seu  pai  no 
título  de  que  teve  carta  na  referida  data. 

Morreu  a  24  de  Dezembro  de  i55o(4). 

Armas:  as  de  seu  pai.     (Lima). 

Casou  a  1.^  vez  antes  de  17  de  Julho  de  i5o2  com  D.  Isabel  de  Noronha, 
filha  dos  2.°*  condes  de  Abrantes  (5).  F^oi  D.  Isabel  viscondessa  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  e  morreu  antes  de  3o  de  Setembro  de  i523  (6). 

Casou  a  2.*  vez  com  D.  Felipa  da  Silveira,  viscondessa  de  Vila  Nova 
da  Cerveira,  filha  de  Henrique  da  Silveira.  D.  Felipa  da  Silveira,  viscon- 
dessa, recebeu  7.680  reais  de  tença  pelo  caderno  do  almoxarifado  de  Ponte 
de  Lima  de  i53i,  tença  que  se  não  encontra  no  de  1029(7).  No  caderno  da 
Casa  dos  Escravos  de  i53i  foi  pago  a  D.  Felipa  da  Silveira,  viscondessa,  a 
quantia  de  140.000  reais  do  segundo  terço  do  seu  casamento  (8). 

Houve  descendência  do  primeiro  matrimónio. 

8.°  Conde  de  OURÉM  — i5io.  — D.  JAIME,  4.°  duque  de  Bragança  e 
2.°  de  Guimarães.  —  Por  carta  de  i3  de  Julho  de  1496  havia  alcançado  o 


(i)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  pág.  509,  n."  11. 

(2)  Afonso  Mexia,  Livro  das  tenças  dei  rei,  fl.  120, 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  24.^,  fl.  25  v. 

(4)  Livro  3."  dos  Brasões,  pág.  88. 

(5)  Jbidem. 

(6)  Consta  de  uma  carta  de  certa  tença  a  sua  filha  D.  Catarina  de  Noronha,  documento 
citado  por  Lousada  a  fl.  214  do  vol.  3.°  da  Torre  do  Tombo,  e  que  à  mesma  foi  confirmado 
por  el  Rei  em  19  de  Outubro  de  1 53o,  como  se  vê  na  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  9.",  fl.  20. 

(7)  Archivo  histórico  portugueZj  vol.  X,  pág.  118. 

(8)  Ibidem,  pág.  128. 

VOL.  Ill  47 


370  Brasões 

duque  de  el  Rei  D.  Manuel  a  confirmação  da  doação,  que  o  condestável 
D.  Nuno  Álvares  Pereira  tinha  feito  em  4  de  Abril  de  1422  a  seu  neto 
D.  Afonso,  que  depois  foi  conde  de  Ourém  e  marquês  de  Valença,  « tirando 
somente  a  villa  de  Ourem,  que  queremos  que  fique  fóra))(i).  Era  então 
conde  de  Ourém  o  i.°  marquês  de  Vila  Real.  Recorreu  logo  o  duque  a 
el  Rei  pedindo-lhe  a  confirmação  completa  da  referida  doação  do  condestável 
incluindo  a  vila  de  Ourém,  e  D.  Manuel  lha  deferiu  imediatamente  por  carta 
de  19  do  mesmo  mês  (2).  Não  surtiu  contudo  efeito  esta  carta;  não  sei  o 
motivo,  mas  sei  que  o  marquês  conservou  a  posse  da  vila  de  Ourém,  e 
que  nela  lhe  sucedeu  seu  filho  o  marquês  D.  Fernando,  que  a  deixou  a 
el  Rei  para  este  a  dar  ao  duque  de  Bragança,  recebendo  em  troca  por  carta 
de  4  de  Dezembro  de  i5io,  em  que  tudo  isto  vem  declarado,  uma  avultada 
tença  era  duas  vidas  (3). 

Vide  4.°  duque  de  Bragança. 

3."  Conde  de  ABRANTES  —  i5i3,  Janeiro  7.  — D.  LOPO  DE  AL- 
MEIDA, filho  do  2.°  conde.  —  Por  carta  da  referida  data  foi  feito  conde  da 
sua  vila  de  Abrantes  (4),  senhorio  de  que  houvera  confirmação  por  sucessão 
a  seu  pai  em  19  de  Novembro  de  i5i2(5).  Ainda  vivia  a  14  de  Setembro 
de  1529,  em  que  lhe  foi  confirmada  a  alcaidaria  mor  e  rendas  de  Abrantes  (6); 
era  porém  já  morto  a  8  de  Dezembro  do  ano  seguinte,  em  que  ao  infante 
D.  Fernando  foi  doado  o  senhorio  de  Abrantes  que  vagara  por  falecimento 
do  conde  D.  Lopo  (7). 

Com  consentimento  do  príncipe  queremos  que  por  falta  de  D.  João  de 
Almeida  conde  de  Abrantes,  fiquem  a  D.  Lopo  seu  filho  maior,  o  castelo  e 
reguengo,  e  canais,  quarto  de  pãó,  e  todos  os  outros  direitos  nas  da  vila  de 
Abrantes  e  seu  termo  pela  guisa  que  o  temos  dado  ao  dito  conde.  Santarém, 
17  de  Outubro  de  1487  (8). 

O  conde  e  condessa  de  Abrantes,  e  D.  João  de  Meneses  do  nosso  con- 
selho e  mordomo  mor,  e  D.  Joana  de  Vilhena  sua  mulher,  tinham  tentado 
casarem   D.  Lopo  de  Almeida,  filho  maior  do  dito  conde  e  condessa,  com 


(i)  Místicos,  liv.  4.°,  fl.  78  V. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  4.°,  pág.  7,  n.°  96. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  8»,  fl.  104  v. 

(4)  Ibidem,  fl.  76  v. 

(5)  Ibidem,  fl.  75. 

(6)  Ibidem,  liv.  48.°,  fl.  76. 

(7)  Ibidem,  liv.  Sg.",  fl.  ii3  v. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  II,  liv.  16.",  fl.  27  v. 


Apêndice  3^1 

D.  Maria  de  Vilhena,  donzela  da  rainha  minha  mulher,  filha  dos  ditos  D.  João 
e  D.  Joana  etc.     Aprova  el  Rei  em  Lisboa  a  17  de  Janeiro  de  1494(1). 

O  conde  de  Abrantes  pede  para  trespassar  5o. 000  reais  de  uma  tença 
que  tinha  em  seu  filho  D.  Lopo,  porque  lhos  dá  em  casamento  etc.  S.  Bento, 
10  de  Março  de  1494.  —  Conf.  a  D.  Lopo  de  Almeida,  do  conselho,  em  22 
de  Abril  de  1497  (2). 

D.  Maria  de  Vilhena,  mulher  de  D.  Lopo  de  Almeida,  do  conselho,  mercê 
a  ela,  caso  sobreviva  ao  marido,  dos  100.000  reais  que  ora  o  dito  D.  Lopo 
de  nós  tem  e  houve  de  D.  Diogo  Lobo  pelo  ofício  da  vidoria  real  que  por 
eles  Khe  deixou.  14  de  Julho  de  1496.  —  Conf.  a  D.  Maria  de  Vilhena,  con- 
dessa de  Abrantes  em  i5  de  Fevereiro  de  1627 (3). 

^  Conde  de  Abrantes  tinha  de  tença,  emquanto  nossa  'mercê  fosse, 
100.000  reais  que  lhe  foram  dados  por  D.  João  II  em  86,  pediu  para  tres- 
passar deles  em  D.  Lopo  seu  filho  20.000  reais.  Padrão  dos  80.000  res- 
tantes.    Lisboa,  I  de  Fevereiro  de  1498  (4). 

D.  Joana  de  Vilhena,  mulher  de  D.  João  de  Meneses,  linha  de  nós  de 
tença  20.000  reais  em  pagamento  de  2.000  coroas  do  seu  casamento  que 
dera  o  infante  D.  Fernando  a  Fernão  Teles  seu  pai,  e  foram  depois  trespas- 
sadas nela  e  ora  pediu  ela  para  os  trespassarmos  em  D.  Maria  de  Vilhena 
sua  filha,  mulher  de  D.  Lopo  de  Almeida,  porquanto  lhos  dava  em  casa- 
mento etc.  16  de  Fevereiro  de  1498.  —  Conf.  a  D.  Maria  condessa  de 
Abrantes  em  7  de  Agosto  de  1527  (5). 

D.  Lopo  de  Almeida,  filho  de  D.  João  de  Almeida,  que  Deus  perdoe, 
conde  de  Abrantes,  carta  de  senhor  de  Abrantes.  19  de  Novembro  de 
i5i2.  —  Conf.  a  D.  Lopo  de  Almeida,  do  conselho,  conde  de  Abrantes,  em 
4  de  Maio  de  i525(6). 

D.  Lopo  de  Almeida,  do  conselho,  que  de  muito  pequena  idade  foi  criado 
de  D.  João  II  com  muito  amor,  e  connosco  de  moço  pequeno  em  muita  fami- 
lariedade  e  afeição,  e  que  a  êle  e  a  nós  sempre  serviu  com  muita  lealdade  e 
inteiro  amor  em  todalas  coisas  em  que  por  nós  foi  encarregado,  assim 
nestes  reinos,  como  fora  deles,  e  havendo  isso  mesmo  respeito  à  sua  antiga 
linhagem  e  a  seus  avós,  e  aqueles  de  que  descende  serem  pessoas  de  muitos 
merecimentos  e  que  sempre  grande  e  lealmente  serviram  aos  reis  deste  reino 
nossos  antecessores,  especialmente  ao  conde  D.  João  de  Almeida,  seu  padre. 


(O  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  3o.°,  fl.  3g  v. 
(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  3o.°,  fl,  54. 
(3^  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  So.",  fl.  Sg. 

(4)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  3i.°,  fl.  41. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  So.",  fl.  134. 
(ó)  Ibidem,  liv.  8.°,  fl.  75. 


372  Brasões 

e  D.  Lopo  de  Almeida,  seu  avô,  cujas  almas  Deus  haja,  serem  nestes  reinos 
pessoas  mui  principais  e  de  títulos,  que  por  seus  grandes  merecimentos  e 
serviços  foram  sempre  com  razão  estimados  e  havidos  em  grande  estima,  e 
que  aos  reis  passados  e  a  nós  e  a  nossos  reinos  tem  feitos^muito  e  assinados 
serviços,  assim  na  paz  como  na  guerra  de  Castela  e  contra  os  mouros  inimigos 
da  nossa  Santa  Fé  em  todalas  partes  onde  se  acharam,  e  foram  por  seus  ser- 
viços e  destes  reinos,  e  sendo  nós  em  verdadeiro  conhecimento. . .  o  fazemos 
conde  da  sua  vila  de  Abrantes,  como  o  foram  os  condes  seu  padre  e  avô,  e 
de  hoje  em  diante  se  possa  chamar  e  chame  conde  de  Abrantes  etc.  Évora 
7  de  Janeiro.de  i5i3  (i).  —  Conf.  a  D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes, 
do  conselho,  em  4  de  Maio  de  i525  (2). 

D.  Lopo  de  Almeida,  conde  de  Abrantes,  do  conselho,  mercê  de  ele 
dispor  as  pautas  das  eleições  dos  juizes,  vereadores,  procuradores,  oficiais 
de  Abrantes,  Pinhel,  Sardoal,  Mação  e  de  todos  os  outros  lugares  de  que 
lhe  temos  feito  doação,  etc.     Almeirim,  8  de  Janeiro  de  i5i4(3). 

D.  Maria  de  Vilhena,  condessa  de  Abrantes,  apresentou  a  carta  de  con- 
tracto do  seu  casamento,  e  foi-lhe  confirmado  em  Lisboa.  i5  de  Fevereiro 
de  1 527  (4). 

D.  Lopo  de  Almaida,  conde  de  Abrantes,  apresentou  carta.  —  D.  João  de 
Almeida,  conde  de  Abrantes,  apresentou  carta.  —  D.  João  de  Almeida,  conde 
de  Abrantes,  vedor  da  fazenda,  por  seu  falecimento  fique  a  D.  Lopo  seu  filho 
o  castelo,  reguengos  e  canais,  quarto  do  pão. . .  e  todos  os  outros  direitos 
nas  de  Abrantes  etc.  17  de  Outubro  de  1487.  —  Conf.  9  de  Novembro  de 
1497.  —  Conf.  14  de  Novembro  de  1629  (5). 

Ao  infante  D.  Fernando  mercê  em  vida  da  vila  de  Abrantes  com  as 
rendas  da  alcaidaria,  tirando  o  lugar  do  Sardoal,  com  todas  as  rendas  que 
tinha  o  conde  D.  Lopo  por  cujo  falecimento  a  dita  vila  vagou,  ao  qual  lugar 
do  Sardoal,  fazendo-o  vila,  darei  aquele  termo  que  fôr  bem  posto  que  seja 
do  termo  de  Abrantes  etc.     8  de  Dezembro  de  i53o(6). 

Os  100.000  reais  de  tença  que  a  condessa  de  Abrantes  que  Deus  perdoe, 
tiaha  para  serem  pagas  por  tempo  de  dois  anos  a  seus  testamenteiros  para 
ajuda  de  se  pagarem  suas  dívidas,  por  mercê  feita  por  D.  João  III  depois  do 
falecimento  da  condessa,  etc.     Dá  alvará  aos  testamenteiros  para  haverem 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv,  42.°,  fl.  2  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  8.°,  fl.  76  v. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  15.°,  fl.  6. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  So.",  fl.  3g  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  48.%  fl.  76. 

(6)  Ibidem,  liv.  39.°,  fl.  1 13  v. 


Apêndice      .  3  7? 

os  ditos  100.000  reais  por  dois  anos,  este  presente  de  SSy  e  o  que  vem  de  558, 
em  14  de  Setembro  de  i557  (i). 

Armas:  as  de  seu  pai. 

Casou,  precedendo  contracto  de  17  de  Janeiro  de  1494,  com  D.  Maria 
DE  Vilhena,  donzela  da  rainha  D.  Leonor,  filha  de  D.  João  de  Meneses, 
mordomo  mor,  e  depois  i."  conde  de  Tarouca  (2).  Foi  D.  Maria  condessa 
de  Abrantes,  e  o  contracto  de  casamento  lhe  foi  confirmado  a  i5  de  Janeiro 
de  i527(3).  Havia-lhe  el  Rei  concedido  por  carta  de  14  de  Julho  de  1496, 
confirmada  a  i5  de  Fevereiro  de  1527,  que  uma  tença  de  100.000  reais,  que 
o  marido  disfrutava  e  houvera  pelo  oficio  da  vèdoria  real  que  vendera,  pas- 
sasse a  ela  no  caso  de  ficar  viúva  (4).  Depois  por  outra  carta  de  14  de  Se- 
tembro de  1557,  em  que  esta  tença  é  confirmada  por  dois  anos,  para  paga- 
mento de  dívidas,  aos  testamenteiros  da  condessa,  se  pode  conjecturar  ter 
ela  morrido  no  decurso  daquele  ano  (5). 

Tiveram  descendência. 

i.°  Conde  de  VILA  NOVA  DE  P0RTL\1Ã0— i5i4,  Fevereiro  12.— 
D.  MARTLNHO  DE  CASTELBRANCO,  do  conselho  de  el  Rei  e  seu 
vedor  da  fazenda.  —  Este  título  tem  uma  história.  —  Em  Janeiro  de  1804  fez 
D.  Manuel  conde  de  Vila  Nova  de  Portimão  a  D.  Martinho  de  Castelbranco 
para  dali  a  quatro  anos  (6).  Desta  mercê  se  passou  a  carta,  que  não  encontro 
registada,  mas  da  qual  subsiste  a  memória  em  um  alvará  e  duas  minutas, 
uma  um  pouco  mais  extensa  do  que  a  outra  (7).  Dos  três  documentos  citados 
apura-se  o  seguinte:  A  mercê  foi  feita  a  D.  Martinho  atendendo  à  muita 
criação  que  dele  fizera  D.  Afonso  V,  a  quem  ainda  de  muito  pouca  idade  já 
serviu  nas  guerras  de  Castela  com  escudeiros,  cavalos  e  armas,  e  como 
homem  de  maior  idade,  aventurando  sua  pessoa  tanto,  que  foi  preso  na 
batalha  de  Toro.    Seguidamente  acompanhou  o  mesmo  rei  a  Franca,  persis- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  65.",  fl.  3-jo. 

(2)  Ibidem,  liv.  So.",  fl.  39  v. 

(3)  Jbidem. 

(4)  Ibidem,  fl.  39. 

(5)  Ibidem,  liv.  65.",  R.  Z-j3. 

(6)  Consta  de  um  alvará  de  i  de  Janeiro  de  i5i3  transcrito  na  carta  de  confirmação 
do  mesmo  em  18  de  Agosto  de  022  a  fl.  108  do  liv.  47.°  da  Chancelaria  de  D.  João  III. 

(7)  Corpo  Chronologico,  parte  2.",  maç.  8,  doe.  72;  Cartas  missivas,  maç.  3.»,  n."  iio. 
Na  primeira  colecção  encontra-se  o  documento  escrito  sobre  pergaminho  e  datado  de  Lisboa 
a  3  de  Maio  de  i5o4;  mas  pelas  emendas,  entrelinhas  e  notas  à  margem  que  tem,  se  conhece 
que  não  é  a  carta  definitiva.  Lê-se  lá  esta  resaWa:  «com  este  titulo  de  conde  não  haverá 
(D.  Martinho)  outro  mais  assentamento,  salvo  aquelle  que  agora  já  tem».  Por  este  motivo 
é  que  se  não  encontrará  carta  de  assentamento  deste  condado. 


374  Brasões 

tindo  no  seu  serviço  até  êle  morrer,  sendo  já  então  vedor  da  fazenda.  Neste 
cargo  ficou  com  D.  João  II,  que  sempre  confiou  os  conselhos  e  negócios  par- 
ticulares de  D.  Martinho,  que  com  muita  fidelidade,  verdade  e  lealdade  o 
serviu;  e  bem  assim  nas  « coisas  de  alem »,  que  no  seu  reinado  se  ofereceram, 
em  que  serviu  com  sua  pessoa  e  gasto  de  sua  fazenda.  Por  último  veio 
D.  Manuel  que,  julgando  o  serviço  de  D.  Martinho  muito  necessário,  o 
chamou  à  efectividade,  estando  êle  já  aposentado  com  o  ofício  de  governador 
da  Casa  do  Cível,  o  qual  a  el  Rei,  para  o  servir,  largou  incondicionalmente, 
deixando  à  sua  disposição  e  vontade  a  satisfação  que  por  isso  deveria  receber. 
Por  todos  estes  motivos  prometcu-lhe  el  Rei,  e  ficou  por  sua  fé  real,  de 
dentro  dos  primeiros  quatro  anos  seguintes,  que  começavam  a  correr  de  Ja- 
neiro de  i5o4  em  diante,  lhe  dar,  e  de  feito  lhe  dá,  o  título  de  conde  de  Vila 
Nova  de  Portimão.  Acrescenta  mais  que,  se  êle  morrer  antes  dos  quatro 
anos  decorridos,  todos  os  seus  filhos  e  filhas  que  ficarem,  gosarão  em  tudo, 
assim  nos  casamentos  como  nas  moradias,  das  honras,  privilégios,  graças  e 
liberdades,  como  filhos  de  conde.  Passados  os  quatro  anos  rogou  el  Rei  a 
D.  Martinho  por  alguns  respeitos  de  muito  seu  serviço  que  não  tomasse  o 
título,  ao  que  êle  anuiu.  Depois,  a  i  de  Janeiro  de  i5i3,  mandou-lhe  el  Rei 
passar  um  alvará  em  que  declara,  além  de  parte  do  já  referido,  que  nunca 
foi  sua  tenção  ir  contra  a  mercê  feita,  e  que  pelo  contrário  determina,  que, 
posto  faça  algumas  pessoas  condes  antes  de  D.  Martinho  tomar  o  título, 
quer  que  êle  preceda  a  todos  os  outros  que  tiverem  sido  feitos  condes,  assim 
como  o  fizera  se  no  fim  dos  ditos  quatro  anos  tomara  o  título,  como  o  podia 
fazer.  —  A  data  da  publicação  do  condado  é  marcada  precisamente  a  12  de 
Fevereiro  de  i5i4,  como  acima  deixei  declarado,  pelo  cronista  na  nota 
citada  (i)  e  não  está  ela  em  oposição  com  os  documentos  meus  conhecidos. 
Está  inteiramente  confirmado  pelos  .documentos.  Em  8  de  F^evereiro  de 
i5i4  foi  mandada  livrar  uma  carta  régia  por  D.  Martinho  de  Castelbranco, 
vedor  da  fazenda  (2);  em  12  de  Fevereiro  de  manhã,  lavra  o  escrivão  Diogo 
Vaz,  na  qual  ainda  declarou  que  el  Rei  a  mandara  passar  por  D.  Martinho 
de  Castelbranco  (3);  nesse  mesmo  dia  à  tarde,  o  próprio  Diogo  Vaz  ao  es- 
crever outra  declara  que  el  Rei  o  mandara  pelo  conde  de  Vila  Nova,  seu 
vedor  da  fazenda  (4).  A  i3  encontra-se  outra  também  sobscrita  pelo  conde 
de  Vila  Nova  (5),  e  de  então  por  diante  são  inúmeras. 


.(i)  Góis,  Chronka  de  D.  Manuel,  parte  3.«,  cap.  54. 
(a)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i5.o,  fl.  10. 

(3)  Ibidem,  fl.  9. 

(4)  Ibidem,  fl.  8. 

(5)  Ibidem. 


Apêndice  SyS 

Num  alvará  de  7  de  Dezembro  de  i5i3  ainda  D.  Martinho  aparece  sem 
o  título (i);  numa  carta  porém  de  12  de  Maio  de  i3i4  é  confirmada  certa 
tença  à  condessa  de  Vila  Nova  de  Portimão  (2).  Há  um  alvará  de  4  de 
Maio  de  i5i4  mandando  fazer  certo  pagamento  pelo  conde  de  Vila  Nova 
vedor  da  fazenda  (3).  Daqui  se  vê  que  por  então  é  que  foi  realmente  publi- 
cado o  título,  o  que  é  confirmado  também  por  uma  carta  do  marquês  de 
Vila  Real  a  el  Rei,  datada  do  convento  da  Insua  de  Caminha  a  7  de  Agosto 
desse  ano  de  i5i4,  na  qual  o  marquês  se  queixa  de  D.  Manuel  não  ter  feito 
conde  a  seu  irmão  D.  António,  e  principalmente  por  ter  dado  o  título  a 
D.  Martinho,  «  posto  que  seja  bom  e  honrado,  e  vos  mereça  honra  e  mercê » (4). 
A  explicação  de  tudo  isto  estava  em  D.  Maninho  não  ser  fidalgo  da  primeira 
plana.  Não  o  era;  mas  os  seus  serviços  )á  datavam  de  longe,  pois  que 
êle  exercia  o  espinhoso  cargo  de  vedor  da  fazenda  desde  23  de  Fevereiro  de 
1481  (5);  havia  trinta  e  quatro  anos.  Nesta  carta  de  vedor  da  fazenda  ainda 
êle  é  nomeado  Martim  Vaz  de  Castelbranco;  passou  porém  a  chamar-se 
D.  Martinho,  desde  que  o  pai  em  1485  recebeu  o  título  de  dom.  Por  duas 
cartas  de  3i  de  Dezembro  de  1497  foramlhe  confirmados  o  senhorio  de 
Vila  Nova  de  Portimão  com  a  Jurisdição,  os  direitos  reais  desta  vila  e  da  de 
Santarém,  e  o  reguengo  das  Chantas,  tudo  em  sucessão  a  seu  pai  (6).  Em 
i5i6  vendeu  o  conde  de  Vila  Nova  o  ofício  de  vedor  da  fazenda  ao  conde 
do  Vimioso,  a  quem  el  Rei  o  confirmou  a  28  de  Junho  (7),  e  a  4  de  Julho  do 
mesmo  ano  foi  feito  camareiro  mor  do  príncipe  (8),  ofício  em  que  o  continuou 
a  servir  depois  de  rei,  e  que  lhe  foi  confirmado  a  7  de  Agosto  de  1522(9). 
Poucos  dias  depois,  a  18  do  mesmo  mês,  foi-ihe  confirmado  o  condado  (10). 
Em  Lisboa  a  24  de  Julho  de  i322  foi  confirmada  a  carta  dada  em  Almeirim 
a  6  de  Maio  de  i5i6  para  o  conde  de  Vila  Nova  estabelecer  na  dita  vila  uma 
mancebia,  outorgado  a  pedido  do  conde  que  diz:  «per  quanto  na  dita  villa  é 
necessário  haver  mancebia...»  e  que  só  êle  o  possa  fazer  e  gosar  da  renda 
dela  etc.  (i  i).     Fez  o  conde  de  Vila  Nova  o  seu  testamento  a  26  de  Novembro 


(i)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  io.°,  fl.  16  v. 

(2)  Ibidem. 

(3)  Corpo  Chronologico,  parte  2.%  maç.  46,  doe.  208. 

(4)  Gaveta  i8.*,  maç.  5,  n.°  i, 

(5;  Chancelaria  de  D.  Afonso  V,  liv,  26.°,  fl.  16. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  47.»,  fls.  107  e  102  v, 

(7)  Chancelaria  de  D  Manuel,  liv.  25.°,  fl.  i33  v., 

(8)  Ibidem,  liv.  10»,  fl.  7  v. 

(9)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  47.°,  fl.  104  v. 

(10)  Ibidem,  fl.  108. 

(11)  7^/í/em,  liv.  47.»,  fl.  n3. 


376  Brasões 

de  i526(i),  e  morreu  no  ano  seguinte  (2)  antes  de  14  de  Novembro  (3). 
Já  era  falecido  a  28  de  Outubro  desse  ano,  como  se  vê  da  carta  desta  data, 
de  confirmação  à  condessa  de  certas  lezírias  na  Azambuja,  que  eram  do 
marido  e  ficaram  a  ela  (4).  Existiram  dois  epitáfios  de  D.  Martinho:  um, 
que  não  trás  datas  nem  individuações,  era  relativamente  moderno,  pois 
que  nele  se  cometia  o  erro  de  intitular  conde  ao  filho  (5);  o  outro,  trás 
algumas  particularidades,  mas  infelizmente  erróneas  como  muita  vez  sucede. 
Dizia  êle  que  D.  Martinho  de  quinze  anos  servira  em  Toro,  de  sessenta  e 
dois  levara  a  infanta  a  Sabóia,  e  de  setenta  e  um  morrera  (6).  Quem  tinha 
quinze  anos  em  1476,  não  podia  ter  sessenta  e  dois  em  i52i,  e  para  qual- 
quer destas  datas,  que  estivessa  certa,  vinha  a  ser  o  falecimento  do  conde, 
aos  setenta  e  dois  anos,  em  i533  ou  i53i,  e  já  lá  acima  ficou  dito  que  êle 
morreu  em  1527(7). 

Armas:  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  de  azul,  leão  de  oiro,  armado  e  linguado 
de  vermelho;  o  2.''  e  3.°  de  vermelho,  leão  de  oiro,  armado  e  linguado  de 
azul,  e  carregado  de  três  faxas  do  mesmo,  amaniihadas  do  segundo.  Timbre: 
o  leão  do  i.°     (Castelo  Branco,  Valente). 

Casou  com  D.  Mecia  de  Noronha,  filha  de  João  Gonçalves  da  Câmara, 
2.°  capitão  do  Funchal.  Foi  D.  Mecia  condessa  de  Vila  Nova  de  Portimão; 
já  era  casada  em  3o  de  Maio  de  1488,  quando  comprou  uma  tença;  e  ainda 
vivia  a  14  de  Agosto  de  1622,  quando  ela  lhe  foi  confirmada  (8),  a  23  de 
Outubro  de  1627  (vide  acima)  mas  parece  que  já  era  morta  a  25  de  Novembro 


(i)  Original  no  cartório  da  casa  de  Abrantes.  Não  posso  deixar  de  agradecer  aqui  ao  meu 
amigo  e  vizinho  D.  João  de  Lancastre  e  Távora,  actual  representante  dos  marqueses  de 
Abrantes,  dos  condes  de  Vila  Nova  de  Portimão,  Sortelha,  Penaguião  e  outros,  a  amabili- 
dade com  que  hontem^  18  de  Outubro  de  1900,  me  permitiu  examinar  alguns  documentos 
do  precioso  arquivo  que  guarda  na  sua  bela  casa  da  quinta  da  Piedade  (antigo  morgado  dos 
Valentes  na  Póvoa  de  Santa  Iria),  onde  também  vi  uma  das  mais  belas,  senão  a  melhor, 
colecção  de  retratos  de  pessoas  da  alta  fidalguia  portuguesa  do  século  de  quinhentos,  e  daí 
para  baixo.    L  um  tesouro  ! 

(2)  De  um  mandado  que  constitui  o  doe.  6.»  do  maç.  i56  da  2.»  parte  do  Corpo  Chro- 
i}ologico,  consta  ter  D.  João  III  ordenado  que  se  desse  para  descargo  da  alma  do  conde  nos 
dois  anos  seguintes  ao  do  seu  falecimento  certa  quantia  em  cada  um,  e  que  Gsses  dois  anos 
haviam  sido  os  de  i528  e  1529. 

(3)  Data  da  carta  de  camareiro  mor  a  D.  Francisco  de  Castelbranco  em  sucessão  a 
seu  pai  o  conde  D.  Martinho,  que  Deus  haja  (Chancelaria  de  D.  João  IIJ,  liv.  3o,  fl.  iSó. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  30.",  fl.  2o3. 

(5)  Castilho,  Lisboa  antiga,  parte  2.%  vol.  5.»,  pág.  264. 

(6)  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  83.  ^ 

(7)  Epitáfio  na  Lisboa  antiga,  parte  2.*,  vol.  5.»,  pág.  264. 

(8)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  47.°,  fl.  106  v. 


Apêndice  377 

de  i52g,  em  que  ao  filho  D.  Francisco  de  Castelbranco,  camareiro  mor,  foram 
doadas  as  três  lezírias  que  haviam  sido  do  pai  e  depois  da  mãe(i). ' 
Tiveram  descendência. 

3.°  Conde  da  FEIRA— i5i5,  Janeiro  2.  — D.  MANUEL  PEREIRA, 
senhor  da  terra  da  Feira  e  de  Santa  Maria,  e  filho  de  D.  Diogo  Pereira, 
conde  da  Feira.  —  Por  carta  da  referida  data  foi  criado  conde  da  Feira  (2), 
terra  de  que  era  6.°  senhor  por  carta  de  confirmação  de  16  de  Abril  de  ' 
i5ii  (3),  e  bem  assim  4.°  senhor  do  seu  castelo  por  outra  de  10  do  mesmo 
mês  (4),  que  foi  confirmada  a  29  de  Agosto  de  i532  (5). 

Morreu  o  conde  da  Feira  a  4  de  Outubro  de  i552.     (Pereira)  {Çi). 

Armas:  de  vermelho,  cruz  florida  de  prata,  vazia  do  campo. 

Casou  a  1  .*  vez  com  D.  Isabel  de  Castro,  filha  de  D.  João  de  Meneses, 
i.°  conde  de  Tarouca.  Parece  não  ter  chegado  D.  Isabel  a  ser  condessa  da 
Feira,  pois  que  sem  o  título  se  encontra  nomeada  no  epitáfio  de  seu  filho 
04.°  conde  (7),  o  que  não  é  confirmado  pelo  epitáfio  do  seu  marido  abaixo 
publicado  (8). 

Casou  a  2.*  vez  em  fins  de  i524,  ou  princípios  de  i525  (9),  com  D.  Fran- 
cisca Henriques,  condessa  da  Feira,  filha  de  António  de  Miranda,  monteiro 
mor  do  infante  D.  Luís,  e  viúva  de  copeiro  mor  Artur  de  Brito. 

Morreu  a  condessa  da  Feira  a  24  de  Dezembro  de  1 585  (10). 

Houve  descendência  de  ambos  os  casamentos. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III^  11^.  42.",  fl.  19.  - 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  24.",  fl.  8. 

(3)  Ibidem,  liv.  i5.°,  fl.  134. 

(4)  Ibidem,  fl.  i33. 

(5)  Confirmações  geraes,  liv.  3.°,  fl,  45. 

(6)  A  data  da  morte  do  conde  vem  declarada  na  confirmação  de  certa  tença  a  seu  filho 
D.  Diogo  na  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  59.°,  fl.  77. 

(7)  Ceo  aberto,  pág.  536. 

(8)  «Aqui  jaz  o  muito  Illustre  Senhor  D.  Manoel  Pereira  Conde  da  Feira,  filho  do  conde 
D.  Diogo  Pereira  e  da  condessa  D.  Brites  de  Meneses,  f.  a  4  de  outubro  de  i55o,  e  a  con- 
dessa D.  Isabel  de  Castro  sua  primeira  mulher,  filha  do  Conde  de  Tarouca  e  Prior  do  Crato, 
f.  no  castello  da  Feira  em  Julho  de  1 522  anos  »  (Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  169).  O  ano 
da  morte  do  conde  está  errado,  mas  o  da  condessa  pode  estar  certo,  e  não  se  lhe  daria  o  título 
se  o  não  tivesse  chegado  a  lograr.  Vide  outro  epitáfio  muito  diferente  no  Archeologo  por- 
tuguês^, vol.  IV,  pág.  247. 

(9)  Por  carta  de  20  de  Dezembro  de  1 524  foi  o  conde  autorizado  a  obrigar  a  terra  de 
Refoios  às  arras  que  tinha  prometido  a  D.  Francisca  para  casar  com  ela  {Chancelaria  de 
D.  João  III,  liv.  8.",  fl.  37). 

(10)  Consta  esta  data  de  uma  verba  posta  à  margem  de  certa  carta  de  padrão  de  tença 
nas  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  14.°,  fl.  147. 

VOL.  ui  48 


3  78  Brasões 

i.°  Conde  do  VIMIOSO  — i5i5,  Fevereiro  2.  — D.  FRANCISCO,  filho 
do  bispo  de  Évora,  D.  Afonso,  primo  de  el  Rei.  D.  Francisco  filho  de 
D.  Afonso  bispo  de  Évora,  meu  primo,  apresentou  um  instrumento  feito  em 
6  de  Fevereiro  de  i5o6,  em  Évora,  nos  paços  de  D.  Afonso  bispo  da  dita 
cidade,  pelo  qual  instrumento  ele  bispo  fazia  saber  a  el  Rei  que  tinha  um 
filho  chamado  D.  Francisco,  havido,  quando  ele  era  secular,  de  mulher  sol- 
teira ao  tempo  do  nascimento,  e  pedia  a  el  Rei  que  o  legitimasse.  Confirma 
D.  Manuel  a  legitimação  em  Lisboa  a  i5  de  Fevereiro  de  i5o3(i).  Se  é  ver- 
dadeira a  declaração,  que  foi  havido  sendo  secular  seu  pai,  como  se  lê  na 
carta  de  legitimação,  nasceu  D.  Francisco  pelos  anos  de  1483,  porque  depois 
da  morte  do  duque  de  Bragança  (21  de  Junho  de  1483)  obrigou  D.  João  II 
D.  Afonso  a  receber  ordens  sacras  e  nomeia-o  bispo  de  Évora  em  1485. 
Se  D.  Francisco  foi  o  primogénito,  porque  teve  mais  dois  irmãos,  nasceu 
ainda  antes  de  1483.  Pela  carta  de  2  de  Fevereiro  de  i5i5,  pelos  seus  ser- 
viços e  grande  parentesco  que  com  o  pai  e  êle  tinha,  fê-lo  el  Rei  conde  do 
Vimioso  (2),  vila  de  que  lhe  deu  o  senhorio  em  vida  por  carta  de  i3  do 
mesmo  mês  (5).  Esta  vila  tinha  alcançado  de  el  Rei,  por  carta  de  9  de 
Março  de  i5io,  a  concessão  de  ser  sempre  realenga  e  da  coroa,  prometendo 
de  a  não  dar  a  ninguém,  pelo  que  ela  reclamou  contra  a  doação  ao  conde  em 
requerimento  de  17  de  Fevereiro  de  i5i5(4).  Por  carta  de  17  de  Agosto 
de  i53o  teve  D.  Francisco  de  assentamento  de  conde  270.000  reais  (5).  Ao 
conde  de  Vila  Nova  havia  êle  comprado  o  ofício  de  vedor  da  fazenda  o 
qual  el  Rei  confirmou  ao  conde  do  Vimioso  em  28  de  Junho  de  i5i6(6).  Em 
i534,  a  27  de  Março,  na  caria  em  que  lhe  é  dado  o  apelido  de  Portugal,  sem 
o  qual  é  geralmente  nomeado  nos  mais  documentos,  foi-lhe  feita  doação  de 
Aguiar  da  Beira  em  sua  vida  (7);  e  a  24  de  Abril  teve  a  mercê  de  por  sua 
morte  lhe  poder  suceder  seu  filho  no  condado  do  Vimioso,  no  senhorio  da 
mesma  vila  e  da  de  Aguiar  da  Beira,  na  alcaidaria  mor  de  Tomar,  no  ofício 
de  vedor  da  fazenda,  em  todas  as  tenças  dele  e  da  condessa,  e  nas  saboarias 
do  Porto  (8). 


(i)  Legitimações  de  leitura  nova,  liv.  3.»,  fl.  187;  impressa  nas  Provas  da  Historia 
genealógica,  vol.  5.*,  pág.  63o. 

(2)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  24.«>,  fl.  12  v.  e  liv.  25.»,  fl,  i33. 

(3)  Jbidem,  liv.  24.°,  fl.  12  v. 

(4)  Corpo  Chronologíco,  parte  i.",  maç.  17,  doe.  82.  ' 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  43.%  fl.  107  v. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel^  liv.  25.»,  fl.  i33. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  21.°,  fl.  10. 

(8)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D,  Henrique,  liv.  6.»,  fl.  297  v.  ' 


Apêndice  3yg 

Faleceu  o  conde  em  1549(1),  a  8  de  Dezembro  (2). 

Armas:  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada  de  cinco  escudetes  das 
armas  do  reino  diferençadas  por  um  filete  de  negro  sobreposto  em  barra  .e 
de  quatro  cruzes  floridas  de  prata,  vazias  de  vermelho,  alternando  com  os 
escudetes.     (Portiigais). 

O  epitáfio  da  sua  sepultura  é  o  seguinte: 

AQVI  lAZ  DOM 
FRANCISCO  DE 
PORTVGAL  CÕDE 
DO  VIMIOSO  .  POR 
AMOR  DE  DEOS  HV  PATER 
NOSTER  .  E  HVA  .  AVE 
MARIA.  POR  SVA-ALMA 

FALECEO  .  A  .  VIII  DIAS 
DO  MES  DE  DESEM 
DRO  .  NO  .  ANNO  DE 
M  .  D  .  XL  .  I.X. 

Na  pedra  encontram-se  estas  armas:  escudo  pendido  com  uma  aspa  car- 
regada de  cinco  escudetes  das  armas  do  reino  com  sete  castelos  na  borda- 
dura, e  de  quatro  cruzes  floridas,  alternando  com  os  escudetes.  Timbre: 
pescoço  de  cavalo  bridado.  A  1 1  de  Dezembro  de  1549  enterrou  a  irman- 
dade da  Misericórdia  de  Évora,  o  conde  do  Vimioso,  e  deram  10.000  reais 
de  esmola  (3). 

Casou  a  i.*  vez  com  D.  Brites  de  Vilhena,  filha  de  Rui  Teles  de  Meneses, 
senhor  de  Unhão,  mordomo  mor  das  rainhas  D.  Maria  e  D.  Leonor.  Não 
chegou  D.  Brites  a  ser  condessa  do  Vimioso,  e  teve  só  uma  filha. 

Casou  a  2.*  vez  em  i5i5  com  D.  Joana  de  Vilhena,  irmã  do  i."  conde 
de  Tontúgal.  Por  alvará  de  i  de  Fevereiro  de  i5i5,  dado  em  Almeirim,  foi 
concedida  licença  a  António  Carneiro,  secretário  de  el  Rei,  e  notário  geral, 
para  poder  fazer  a  escritura  do  casamento  entre  D.  Fra,ncisco  e  D.  Joana  de 
Vilhena,  com  juramento,  sem  embargo  da  Ordenação  (4).    Foi  D.  Joana 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  57°,  fl.  20a 

(2)  Ckronica  da  Graça,  vol.  2.°,  fl.  258. 

(3)  Livro  dos  de/untos  de  i54j  a  i550,  fl.  98  v. 

(4)  Corpo  Chronologico,  parte  i.»,  maç.  117,  doe.  68,  apud  Saraiva,  Obras,  vol.  4.% 
pág.  224. 


38o  Brasões 

condessa  do  Vimioso,  e  no  seu  epitáfio  se  diz  ter  ela  morrido  a  24  de  Julho 
de  1559(1),  mas  não  pode  ser,  porque  a  9  de  Março  desse  mesmo  ano  se 
passou  um  alvará  a  seus  herdeiros  para  pagamento  das  suas  tenças  (2).  Não 
há  dúvida  nenhuma  da  condessa  do  Vimioso  haver  morrido  a  29  de  Julho 
de  1559,  porque  assim  o  declara  terminantemente  o  termo  de  óbito  lançado 
a  íi.  ii3  V.  do  liv.  4.°  da  freguesia  de  Santo  Antão  de  Évora,  hoje  no  car- 
tório do  Seminário;  errada  está  por  tanto  a  data  do  alvará  referido  transcrita 
na  carta  de  confirmação  citada. 

O  epitáfio  a  que  me  refiro,  a  meio  do  qual  figuram  as  armas  da  condessa 
iguais  às  do  marido,  com  a  única  diferença  do  escudo  ser  em  lisonja,  é  o 
seguinte:  >  * 

AQVI  JAZ  DONA 

JOANA  DE  VI  LHA 

NA  CONDESSA 

DO  VIMIOSO  POR 

AMOR  DE  DEOS  HV  PATER 

NOSTER  E  HVA  .  AVE 

MARIA  .  POR  SVA  ALMA 

FALECEO  .  A  XXIIII  DE 
JULHO  DE  M  .  D  .  L  .  IX  . 
E  ACABOV  NA  .  ORDÊ 
DE  .  SANTO  AGOSTINHO 

Ambas  estas  inscrições  estão  numa  enorme  lápida  de  muito  boa  pedra, 
estando  o  epitáfio  do  conde  à  esquerda,  e  o  da  condessa  à  direita  do  espec- 
tador. Guarda-se  no  museu  da  Biblioteca  de  Évora,  onde  copiei  os  letreiros 
no  dia  22  de  Março  de  1901. 

Tiveram  descendência. 

i.«  Conde  da  VIDIGUEIRA— i5 19,  Dezembro  29.  — D.  VASCO  DA 

GAMA,  almirante  das  índias,  e  do  conselho.  —  Por  carta  da  referida  data 
foi  criado  conde  da  Vidigueira  (3),  vila  de  que  Já  era  senhor  por  compra 
feita  ao  duque  de  Bragança  em  escritura  de  7  de  Novembro  de  i5i9,  con- 
firmada de  Juro  e  herdade  por  el  Rei  a  17  de  Dezembro  seguinte  (4).     Por 


(i)  Chronica  da  Graça,  vol.  2.°,  fl,  259  v. 

(2)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  11.»,  fl.  56  na  carta  de  confirmação  de 
tenças  ao  conde  do  Vimioso  D.  Afonso. 

(3)  Teixeira  de  Aragão,  Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  pág.  258,  doe.  24. 

(4)  Ibidem,  págs.  261  e  267,  doe.  n.°'  26  e  27. 


Apêndice  38 1 

carta  de  lo  de  Janeiro  de  lõoo  havia  Vasco  da  Gama,  fidalgo  da  casa  de 
el  Rei,  sido  feito  almirante  da  índia  com  as  preeminências  do  almirante  do 
reino,  e  lhe  havia  sido  dado  o  título  de  dom(i).  Em  20  de  Janeiro  de  i52o 
teve  carta  de  assentamento  de  conde  de  102.864  reais  (2). 

Vasco  da  Gama  foi  nomeado  almirante  da  índia  por  carta  de  ip  de  Ja- 
neiro de  i5oo  e  não  de  i5o2  como  disse  na  i.*  edição;  e  pela  mesma  lhe 
foi  dado  o  título  de  dom  e  Soo.ooo  reais  de  renda,  de  juro  e  herdade. 

Rectificando  aquele  erro,  já  tive  ocasião  de  escrever  um  artigo  (3)  que 
para  aqui  trasladarei. 

Por  carta  de  10  de  Janeiro  de  i5oo,  e  não  de  i5o2  como  se  tem  dito,  foi 
Vasco  da  Gama,  fidalgo  da  casa  de  el  Rei,  e  descobridor  do  caminho  marí- 
timo para  a  índia,  nomeado  «Almirante  da  dita  índia  com  todalas  honras, 
preeminências,  liberdades,  poder,  jurisdição,  rendas,  foros  e  direitos,  que, 
com  o  dito  almirantado,  per  direito  deve  haver  e  os  tem  o  nosso  almirante 
destes  nossos  reinos  »  (4).  ^ 

Qual  é  a  razão  por  que,  sendo  este  documento  de  10  de  Janeiro  de  i5oo, 
se  tem  sempre  posto  a  data  da  nomeação  de  Vasco  da  Gama  para  almirante 
em  10  de  Janeiro  de  i5o2,  erro  em  que  tambe'm  já  incorri?  Porque  a  carta 
foi  trancada,  e  riscada  se  encontra  no  respectivo  registo  de  chancelaria,  e 
«porque  se  fez  outra  que  se  corregeu»,  e  esta  tem  data  de  10  de  Janeiro  de 
i5o3  (5).  Mas,  se  a  primitiva  carta  de  doação  foi  trancada,  não  deixou  por 
isso  de  ter  desde  logo  inteiro  efeito. 

Será  isto  que,  fírmando-me  em  documentos,  tratarei  de  provar,  depois  de 
declarar  a  causa  que  motivou  a  substituição  da  primeira  carta  pela  segunda. 

Naquela,  além  do  almirantado  e  do  título  de  dom,  doou  D.  Manuel  a 
Vasco  da  Gama,  para  êle  e  todos  os  seus  descendentes,  de  juro  e  herdade, 
Soo.ooo  reais  de  renda  anual.  Para  pagamento  deles  arbitrou-lhe  a  dízima 
nova  do  pescado  de  Sines  e  de  Vila  Real  de  Mil  Fontes,  computada  em 
60.000   reais;    e  consignou-lhe   100.000  reais  nas  sisas   de  Sines,   e   mais 


(1)  Teixeira  de  Aragão,  Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  pág.  224,  doe.  n."  14. 

(2)  Brito  Rebelo,  Navegadores  e  exploradores  poríugue:^es,  doe.  n.°  lxxix. 

(3)  O  Almirantado  da  Índia,  data  da  sua  criação,  no  vol.  I  do  Archivo  histórico  por- 

TUGUEZ,  pág.  2  5. 

(4)  Carta  de  10  de  Janeiro  de  i5oo  registada  a  fl.  3  do  liv.  2.°  da  Chancelaria  de  D.  Ma- 
miei,  e  impressa  na  íntegra  a  pág  28  do  eitado  Archivo  histórico  portuguez. 

(5)  Imprimiram-na  por  extenso:  Teixeira  de  Aragão  sob  o  n.°  14  a  pág.  224  do  seu 
livro  Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  copiando-a  do  liv.  i,"  de  Misticos,  fl.  204;  e  o  General 
Brito  Rebelo  sob  n.»  xxxv  dos  seus  Navegadores  e  descobridores  portugueses,  a  pág.  148  do 
vol.  XIII  da  Revista  de  educação  e  ensino,  trasladou-a  do  liv.  3.»  das  Doações  de  D.  João  III, 
fl.  16Õ  v. 


382  Brasões 

40.000  nas  de  Santiago  de  Cacém;  ao  todo,  23o.ooo  reais.  E  depois  diz: 
«  e  quanto  é  aos  setenta  mil  reaes  que  faliecem  pêra  comprimento  dos  ditos 
trezentos  mil  reaes,  nós  liios  daremos  despois  em  outras  Rendas»  (i). 

Na  segunda  carta,  a  de  i5o2,  que  é  em  todo  o  restante  idêntica  à  pri- 
meira, depois  de  ter  D.  Manuel  consignado  as  mesmas  referidas  rendas  no 
valor  de  280.000  reais  para  pagamento  de  parte  dos  Soo.ooo  a  Vasco  da 
Gama,  declara:  «e  quanto  é  aos  setenta  mil  reaes  que  faliecem  pêra  com- 
primento dos  ditos  trezentos  mil  reaes,  lhe  mandámos  logo  dar,  e  assentar, 
assim  de  juro  e  herdade,  em  casa  do  Paço  da  Madeira  desta  cidade  de 
Lisboa,  e  houve  dello  nossa  carta  patente  »  (2). 

Existiria  neste  período  uma  falsa  asserção,  se  fosse  verdadeira  a  data  de 
ló  dé  Janeiro  de  i5o2  posta  no  documento;  mas  julgo,  que,  propositada  ou 
inadvertidamente,  ela  está  errada.  Assevera  a  carta  que  dos  70.000  reais 
que  faltavam,  já  Vasco  da  Gama  houvera  carta  patente  para  ser  pago  no 
Paço  da  Madeira;  ora  esta  carta  é  com  efeito  do  ano  de  i5o2,  mas  de  2  de 
Maio  (3),  e  portanto  não  estava  passada  em  10  de  Janeiro. 

Provavelmente  João  Fernandes  (escrivão  de  Pêro  Borges,  que  o  era  da 
chancelaria),  que  no  final  do  registo  da  primeira  carta  declara  ter  ela  sido 
com  êle  concertada  (4),  isto  é,  conferida,  tinha  ordem  para  inteiramente  a 
trasladar,  a  fim  de  por  ela  se  fazer  a  segunda,  com  a  única  alteração  da 
parte  relativa  aos  70.000  reais,  e  levou  o  servilismo  na  cópia  ao  ponto  de 
conservar  o  dia  e  o  mês  da  data,  mudando  nesta  apenas  o  ano. 

Em  todos  os  casos,  o  certo,  porque  assim  o  declara  a  verba  posta  à 
margem  da  primeira  carta,  é  que  esta,  a  da  primitiva  doação  feita  a  D.  Vasco 
da  Gama,  «  se  riscou,  por  quanto  se  fez  outra  que  se  corregeu  no  pagamento 
dos  setenta  mil  reaes  para  comprimento  dos  trezentos  mil  aqui  conteúdos, 
que  nesta  (a  primeira)  dizia  que  lhe  seriam  dados  em  outras  rendas  sem 
declarar  onde,  e  na  outra  que  se  fez  (a  segunda),  vai  declarado  onde  ha  de 


(i)  Citada  carta  de  10  de  Janeiro  de  i5oo.  —  As  palavras  que  no  texto  vão  em  itálico, 
foram  substituídas  na  segunda  carta  pelas  seguintes:  lhe  mandamos  logo  dar  e  ascntar  asy 
de  juro  e  derdade  em  a  casa  do  paaço  da  madeira  desta  cidade  de  Lixboa,  e  ouve  dello  nossa 
carta  patente  (Liv.  1°  de  Místicos,  fl.  204).  É  pois  esta  a  única  diferença  que  existe  entre 
as  duas  cartas  de  10  de  Janeiro  de  i5oo,  e  10  de  Janeiro  de  i5o2,  no  resto  absolutamente 
iguais.  Esta  quási  perfeita  conformidade  em  documentos  tão  extensos  desculpa  um  tudo 
nada  a  inadvertência  com  que  procederam,  confundindo,  ou  antes,  não  destrinçando  as  duas 
.cartas,  todos  que  especialmente  trataram  do  caso  mais  ou  menos  directamente.  Desculpa 
um  tudo  nada,  repito,  e,  como  já  me  incluí  no  rol,  ninguém  se  pode  melindrar. 

(2)  Místicos,  liv.  i.»,  fl.  204. — Vide  nota  3  de  pág.  294. 

(3)  Brito  Rebelo,  Navegadores  e  exploradores  poríuguei;es,  doe.  xxxvi. 

(4)  Citada  carta  de  10  de  Janeiro  de  i5oo. 


Apêndice  381 

haver  o  pagamento  dos  ditos  setenta  mil  reaes.  A  qual  doação,  que  assim 
se  corregeu,  é  registada  no  livro  das  doações  deste  anno  de  5o2  »(i). 

Foi  pois  a  segunda  carta  passada  unicamente  para  nela  declarar  o  sitio 
onde  Vasco  da  Gama  havia  de  reber  os  70.000  reais,  resto  da  sua  renda  de 
Soo. 000.  Foi  só  por  este  motivo,  e  não  porque  a  primeira  carta  não  tivesse 
ficado  desde  logo  produzindo  todo  o  seu  efeito. 

Sabe-se  isto  com  certeza,  porque  entre  10  de  Janeiro  de  i5oo  e  igual  dia 
de  i5o2  encontram-se  pelo  menos  oito  documentos,  em  todos  os  quais  é 
dado  a  Vasco  da  Gama  o  título  de  dom,  o  qual  lhe  havia  sido  conferido  pela 
mesma  carta  em  que  lhe  fora  doado  o  almirantado  da  índia. 

Os  oito  documentos  são  os  seguintes  por  ordem  cronológica: 

I  —  Carta  de  7  de  Fevereiro  de  i5oo,  pela  qual  foi  concedida  a  D.  Mar- 
tinho de  Castelbranco  a  satisfação  devida  pela  dizima  nova  do  pescado  de 
Sines  e  Mil  Fontes,  que  cedera  a  el  Rei  «pêra  o  darmos  a  Dom  Vasco  da 
Gama  »  (2). 

II  —  Carta  de  23  de  Fevereiro  de  i5oo,  de  4.000  reais  de  tença  a  Afonso 
Gonçalves,  piloto,  pelo  serviço  feito  na  Guiné  e  no  descobrimento  das  índias,^ 
«  onde  o  enviámos  com  Dom  Vasco  da  Gama  » (3). 

III  —  Carta  de  24  de  Fevereiro  de  i5oo,  de  5o. 000  reais  de  tença  a  Ni- 
colau Coelho,  fidalgo  da  casa  de  el  Rei,  pelo  serviço  feito  na  viagem  e  des- 
cobrimento da  índia,  «  onde  enviamos  Dom  Vasco  da  Gama  por  capitão 
mór ))  (4). 

IV  —  Carta  de  i  de  Fevereiro  de  i5oi,  de  privilégios  a  Álvaro  de  Braga, 
escudeiro  da  casa  de  el  Rei,  pelos  seus  serviços,  «  especialmente  no  desco- 
brimento da  Índia,  em  que  elle  foi  com  Dom  Vasco  da  Gama,  fidalgo  da 
nossa  casa  e  do  nosso  conselho  »  (5). 

V  —  Alvará  de  22  de  Fevereiro  de  i5oi,  de  mercê  «a  Dom  Vasco  da 
Gama,  do  n"osso  conselho,  de  mil  cruzados"  de  oiro  em  cada  anno,  alem  dos 
trezentos  mil  reaes  de  renda  que  lhe  temos  dado  »  (õ). 


(i)  Vide  verba  à  margem  da  citada  carta  de  lo  de  Janeiro  de  i5oo.  E  advertirei  que 
todo  o  livro  da  chancelaria,  onde  a  segunda  carta  foi  registada,  ou  pelo  menos  a  parte  dele 
onde  o  registo  ficou,  desapareceu.  Existe  contudo  copiada  no  liv.  i.»  de  Místicos,  a  fl.  204, 
e  trasladada  no  liv.  3."  da  Chancelaria  de  D.  João  III  (como  ficou  já  dito)  e  ainda  noutras 
partes. 

(2)  Esta  carta  encontra-se  registada  a  fl.  11  v.  do  liv.  i3.»  da  Chancelaria  de  D.  Manuel, 
e  impressa  na  íntegra  a  pág.  3o  do  vol.  I  do  Archivo  histórico  portuguez. 

(3)  Brito  Rebelo,  Navegadores  e  exploradores  portugueses,  doe.  xiv. 

(4)  Ibidem,  doe.  n."  xxvi. 

(5)  Ibidem,  doe.  xv,  e  Teixeira  de  Aragão,  Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  doe.  n.»  i5, 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  38.»,  fl.  90;  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  I, 
pág.  3i,  onde  vem  impresso  na  íntegra. 


384  Brasões 

VI — Carta  de  29  de  Março  de  i5oi,  de  perdão  a  Álvaro  Afonso,  que 
entrara  num  «  arruido  que  sobre  razões  houveram  uns  criados  de  Dom  Vasco 
da  Gama  » (i).  .     . 

VII  —  Carta  de  25  de  Setembro  de"i5oi,  de  padrão  de  cruzados  de  oiro 
-de  tença  pela  vila  de  Sines  a  «Dom  Vasco  da  Gama  do  nosso  conselho»  (2). 

VIII  —  Carta  de  5  de  Outubro  de  i5oi,  de  5o. 000  reais  de  tença  a 
D.  Catarina  de  Ataíde,  « mulher  de  Dom  Vasco  da  Gama,  do  nosso  con- 
selho »  (3). 

Parece-me  por  tanto  não  poderem  restar  dúvidas,  de  que  a  carta  de  10 
de  Janeiro  de  i5oo  teve  logo  todo  o  seu  efeito,  e  que  desde  então  passou  o 
descobridor  da  índia,  de  simples  fidalgo  da  casa  de  el  Rei,  a  ser  D.  Vasco 
da  Gama,  almirante  da  índia. 

E  é  preciso  também  fazer  neste  ponto  justiça  a  D.  Manuel,  mostrando 
que  ele  não  foi  tão  remisso,  como  se  tem  dito,  em  dar  ao  intrépido  nave- 
gador o  justo  prémio  da  sua  arrojada  façanha.  Menos  de  meio  ano  depois 
do  seu  regresso  a  Lisboa,  recebia  Vasco  da  Gama  generosa  paga  do  seu  ser- 
viço. 

Morreu  em  Cochim,  sendo  vice  rei  da  índia  e  com  mais  de  setenta  anos, 
na  noite  de  24  para  25  de  Dezembro  de  1524(4). 

Armas:  enchequetado  de  oiro  e  vermelho  de  três  peças  em  faxa  e  cinco 
em  pala,  sendo  as  vermelhas  carregadas  cada  uma  de  duas  faxas  de  prata; 
e  no  ponto  de  honra  do  escudo  um  escudete  de  prata  carregado  de  cinco  es- 
cudetes  de  azul  postos  em  cruz,  e  sobrecarregados  cada  um  de  cinco  besantes 
de  prata.  Timbre:  naire  nascente,  vestido  ricamente  ao  modo  da  índia,  de 
brocado  com  alamares  de  pedraria,  na  cabeça  trunfa  e  bolante,  que  cai  pelas 
costas,  tudo  do  mesmo  brocado  guarnecido  de  pedraria,  os  braços  nús,  segu- 
rando com  a  dextra  um  escudete  das  armas,  e  com  a  sinistra  um  ramo  de 
canela  da  sua  cor.     (Gama)  (5). 

Casou  depois  de  Setembro  de  1499,  na  volta  do  descobrimento  da  índia, 
por  isso  que  quando  partiu  era  solteiro  (6j,  e  antes  de  5  de  Outubro  de  i5oi, 
com  D.  Catarina  DE  Ataíde,  filha  de  Álvaro  de  Ataíde  e  irmã  de  Nuno 
Fernandes  de  Ataíde,  que  nela,  sendo  já  casada,  trespassou  uma  tença  de 
5o. 000  reais,  o  que  el  Rei  aprovou  por  carta  da  referida  data,  5  de  Outubro 


(i)  Brito  Rebelo,  Navegadores  e  exploradores  portugueses,  doe.  xvii. 

(2)  Teixeira  de  Aragão,  Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  doe.  n."»  i3,    É  a  carta  de  con- 
firmação do  alvará  acima  citado  na  nota. 

(3)  Brito  Rebelo,  Navegadores  e  exploradores  portugueses,  doe.  lxxi. 

(4)  Teixeira  de  Aragão,  Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  pág.  141. 

(5)  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  18  v.    O  T.  é  um  gamo.    Vide  Armaria. 

(6)  Chronica  de  D.  Mamiel,  parte  i/,  cap.  aS. 


Apêndice  385 

de  i5oi  (i).  Foi  D.  Catarina  condessa  da  Vidigueira,  e  sobreviveu  a  seu 
marido,  tanto  que  por  escritura  de  i5  de  Julho  de  1529  comprou  para  si  e 
seus  filhos  ^menores  um  juro  de  Soo.ooo  reais,  do  qual  se  lhe  deu  carta  de 
padrão  em  4  de  Outubro  de  i53o(2).  Era  a  condessa  já  falecida  a  26  de 
Junho  de  i536,  e  parece  ter  morrido  no  ano  antecedente  (3).  Já  era  falecido 
a  3  de  Fevereiro  de  i532  data  da  carta  de  certa  mercê  a  Paulo  Nunes  Es- 
taco, a  qual  lhe  foi  feita  por  respeito  da  condessa  da  Vidigueira  que  Deus 
perdoe  (4). 

i.°  Marquês  de  TORRES  NOVAS— 1620,  Março  27.  — D.  JOÃO, 
sobrinho  de  el  Rei,  filho  maior  e  herdeiro  de  D.  Jorge,  mestre  de  Avis  e 
Santiago,  e  duque  de  Coimbra.  —  Por  carta  dá  referida  data  foi  feito  mar- 
quês de  Torres  Novas  D.  João  de  Lancastre  (5),  a  quem,  por  outra  de  29 
de  Maio  do  mesmo  ano,  foram  dados  400.000  reais  de  assentamento  com  o 
titulo  de  marquês  (6). 

Era  o  i.°  duque  de  Aveiro  em  i535.    Vide. 

5.°  Duque  de  BEJA  —  Anterior  a  i3  de  Dezembro  de  i52i.  —  Infante 
D.  LUÍS,  filho  do  4.°  duque,  el  Rei  D.  Manuel,  que  morreu  na  data  apon- 
tada, tendo  criado  a  seu  filho  duque  de  Beja',  título  de  que  só  se  lhe  passou 
carta  em  5  de  Agosto  de  1527(7). 

Morreu  o  duque  sem  geração  legítima  á  27  de  Novembro  de  i555. 

Armas:  as  do  reino  com  oito  castelos  na  bordadura,  e  diferençadas 
por  um  banco  de  pinchar  de  prata  de  três  pés,  tendo  sobre  o  primeiro 
um  quadrilongo  em  ar  de  brica,  o  qual  é  esquartelado"  de  vermelho  e 
prata,  no  vermelho  castelo  de  oiro,  e  na  prata  leão  de  púrpura  coroado  de 
oiro  (8). 


(i)  Brito  Rebelo,  Navegadores  e  exploradores  portuguei^es,  doe.  n.°  lxxi. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  41.°,  fl.  97. 

(3)  Ibidem,  liv.  21.°,  fl.  i55,  onde  se  encontra  uma  carta  de  i3  de  Julho  de  i536  de  con- 
firmação de  certa  tença  a  uma  filha  da  condessa.  Neste  documento  está  transcrita  uma 
certidão  de  26  de  Junho  do  mesmo  ano  com  o  teor  de  uma  verba  da  partilha  que  se  havia 
feito  por  morte  da  condessa;  e  da  confirmação  consta  que  a  filha  já  recebera  toda  a  tença 
do  ano  de  i536. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  16.°,  fl.  54  v. 

(5)  Místicos,  liv.  6.»,  fl.  5i.  Notarei  que  D.João  foi  o  primeiro  de  sua  família  que  usou 
do  apelido  de  Lancastre,  com  o  qual  alguns  autores  já  nomeiam  a  seu  pai.  É  engano;  este 
nunca  usou  de  apelido,  e  nomeou-se  sempre  D.  Jorge,  somente. 

(6)  Ibidem,  fl.  53  v. 

(7)  Historia  genealógica^  vol.  III,  pág.  358  e  Provas,  vol.  5.°,  pág.  2:. 

(8)  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  7  v. 

VOL.  in  49 


386  Brasões 

2°  Corfde  do  REDONDO  — Antes  de  4  de  Setembro  de  i523.— D.  JOÃO 
COUTINHO,  do  conselho  de  el  Rei,  capitão  de  Arzila.  —  Por  uma  carta 
de  10  daquele  mês  lhe  foi  confirmado  o  condado  do  Redondo  em  sucessão 
a  seu  pai(i),  e  por  outra  do  mesmo  dia  a  capitania  de  Arzila  (2).  Com  os 
títulos  de  conde  e  de  capitão  já  seis  dias  antes  lhe  havia  sido  feita  uma  con- 
firmação de  privilégios  nas  vilas  do  Redondo  e  Pavia  (3).  A  carta  de  assen- 
tamento de  102.864  reais  foi-lhe  passada  em  6  de  Julho  de  i526,  e  no  fim 
dela  se  declara,  que  os  três  anos  de  i523,  24  e  26,  que  lhe  eram  devidos 
lhe  foram  pagos  por  um  alvará  (4).  Por  aqui  parece  que  D.  João  Coutinho 
fora  conde  do  Redondo  já  durante  todo  o  ano  de  i523,  o  que  pÕe  a  morte 
do  conde  de  Borba  seu  pai,  em  princípios  dêsrte  ano,  ou  fins  do  precedente. 
O  conde  do  Redondo  era  falecido  em  i  de  Janeiro  de  1Õ49,  pois  que  desde 
esse  dia  se  começou  a  contar  o  assentamento  de  conde  p^ra  seu  filho  (5). 
Morreu  a  27  de  Setembro  de  1548(6).  ' 

Armas:  de  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho.    (Coutinho). 

Casou  com  D.  Isabel  Henriques,  filha  de  D.  Fernão  Martins  Mascare- 
nhas, capitão  dos  ginetes.  «  A  nós  enviou  ora  dizer  D.Vasco  Coutinho,  conde 
do  Redondo,  que  elle  tiilha  concertado  de  casar  seu  filho  D.  João  Coutinho 
com  D.  Isabel  Henriques,  filha  de  D.  Fernando  Mascarenhas,  capitão  que 
foi  dos  ginetes,  e  entre  as  condições  de  seus  contractos  assim  era  que  falle- 
cendo  D.  João,  primeiro  que  ella  D.  Isabel,  em  tal  caso  houvesse  de  arras 
5.000  coroas,  pedindo-nos  que  para  segurança  lhe  queria  obrigar  os 
108.000  reaes  de  tença  que  tem  assentados  em  Estremoz  por  carta  geral,  etc. 
Carta  de  licença,  com  tal  entendimento,  que  só  no  caso  de  pelos  bens  mo- 
veis de  D.  João  não  pudesse  ella  ser  paga  das  arras,  etc.  Lisboa,  10  de 
Março  de  i5o3  »  (7).  Por  carta  de  9  de  Março  de  i5o3  foram  seguradas  as 
arras  de  D.  Isabel  (8),  que  foi  condessa  do  Redondo,  como  consta  de  uma 
carta  de  seu  marido  a  el  Rei,  datada  de  Santarém  em  6  de  Dezembro  do 
ano  de  1541  (é  o  que  parece),  na  qual  se  refere  a  sua  mulher  e  filhos,  e  em 
que  agradece  a  el  Rei  o  tê-lo  mandado  visitar  e  curar  por  Leonardo  Nunes  (9). 

Tiveram  descendência. 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  36.»,  fl.  i53. 

(2)  Ibidem,  liv.  3.°^  fl.  174. 

(3)  Ibidem. 

(4)  Ibidem,  liv.  36.",  fl.  1^2. 

(5)  Ibidem,  liv.  61.°,  fl.  100  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  i5.°,  fl.  129  v.,  verba  à  margem. 

(7)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  2i.°,  fl.  9. 

(8)  Ibidem. 

(9)  Corpo  Chronotogico,  parte  i.",  maç.  71,  doe.  27. 


Apêndice  387 

S.»  Marquês  de  ViLA  REAL  — Em  i523,  ou  24.  — D.  PEDRO  DE 
MENESES,  conde  de  Alcoutim^  filho  do  2.°  Marquês.  —  Sucedeu  D.  Pedro 
a  seu  pai,  que  dizem  ter  morrido  em  i623;  contudo  a  carta  mais  antiga,  em 
que  o  encontro  com  o  titulo  de  marquês,  é  na  de  5  de  Novembro  de  1624 
de  confirmação  das  rendas  de  Tavira  (i);  numa  apostila  porém  que  se  pôs 
em  seguida  a  esta  carta,  e  que  se  refere  não  só  a  ela,  mas  também  às  pre- 
cedentes de  outras  confirmações  ao  mesmo  D.  Pedro,  se  lhe  mandam  pagar 
as  tenças,  em  que  sucedeu  a  seu  pai,  só  do  ano  de  ibib  em  diante,  pelo  que 
parece  que  a  morte  teria  tido  lugar  em  i524.  Frei  Luís  de  Sousa,  repor- 
tando-se  decerto  a  um  documento,  que  com  tudo  ainda  não  encontrei,  diz  que 
em  6  de  Março  de  1624  já  o  conde  de  Alcoutim  D.  Pedro  era  marquês  de 
Vila  Real  (2).  Foi  o  5.°  capitão  de  Seuia,  que  exercitou  em  vida  de  seu 
pai  nos  anos  de  i5i2  a  i5i7,  e  de  que  teve  depois  a  posse.  Foi  também 
5.°  conde  de  Vila  Real,  e  3.°  de  Valença. 

Morreu  o  marquês  em  fins  de  Junho  de  1643  (3). 

Armas;  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  as  do  reino  diferençadas  por  um  filete 
de  negro  sobreposto  em  banda;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  castelo  de  oiro,  o 
campo  mantelado  de  prata  com  dois  leÕes  afrontados  de  púrpura,  armados 
e  linguados  de  vermelho,  bordadura  de  escaques  de  oiro  e  veiros  de  dezoito 
peças.  Sobre  o  todo,  escudete  cortado  de  um  traço,  partido  de  dois,-o  que 
faz  seis  quartéis:  o  i.°  de  azul,  estoque  de  prata,  empunhado  de  oiro,  posto 
em  pala;  o  2.°,  4.°  e  6.°  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  o  3.°  e  5.°  de 
oiro,  dois  lobos  passantes,  sotopostos,  de  púrpura.  Sobre  o  todo  e  do  todo, 
de  oiro  liso.    Timbre:  um  dos  lobos  nascentes.    (Meneses). 

Casou  em  i52o,  precedendo  contracto  de  i5  de  Setembro  (4),  com 
D.  Beatris,  filha  única  do  condestável  D.  Afonso  e  da  condestableza  D.  Joana 
de  Noronha.  Numa  carta  de  10  de  Agosto  de  i5i5  escrita  pelo  2.°  marquês 
de  Vila  Real  a  sua  irmã  D.  Joana  de  Noronha,  se  fez  já  referência  ao  casa- 
mento do  filho  do  marquês  com  a  filha  de  D.  Joana  (5). 

Foi  D.  Beatris  condessa  de  Alcoutim  e  marquesa  de  Vila  Real,  e  ainda 
vivia  em  17  de  Novembro  de  1541  (6),  e  em  3i  de  Agosto  de  1540(7). 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  5o.°,  fl.  35  v. 

(2)  Annaes  de  D.  João  III,  pág.  114. 

(3)  Consta  da  carta  de  assentamento  de  marquês  a  seu  filho,  a  qilal  está  a  fl,  1Z2  v.  do 
liv.  55.0  da  Chancelaria  de  D.  João  III. 

(4)  Ibidem,  liv.  39.°,  fl.  41. 

(5)  Corpo  Chronologico,  parte  i.",  maç.  18,  doe  43,  apud  Saraiva,  Obras,  vol.  4.°,  pág.  235, 

(6)  Livro  i."  dos  Brasões,  pág.  225. 

(7)  Numa  escritura  de  venda  feita  pelo  mui  ilustre  príncipe  e  muito  ilustre  princesa,  o 
marquês  e  a  marquesa  {Chancelaria  d ;  D.  João  III,  liv.  40.°,  fl.  241). 


388  Brasões 

Vide  2.°  conde  de  Alcoutim  e  os  dois  seguintes  artigos. 
Tiveram  descendência. 

5.»  Conde  de  VILA  REAL  — Em  i523,  ou  1624.— D.  PEDRO  DE 
MENESES,  conde  de  Alcoutim.  —  Sucedeu  ao  marquês  seu  pai  no  condado 
de  Vila  Real,  do  qual  teve  carta  de  confirmação  em  6  de  Agosto  de  i534(i). 
Pelo  teor  desta  carta  parece  ter  D.  Pedro  sucedido  no  condado  directamente 
a  seu  avô,  mas  não,  porque  nela  própria  se  diz  que  D.  Pedro  haverá  o  condado 
tirando  a  renda  da  judiaria,  que  o  marquês  seu  pai  tivera  na  vila,  o  que  prova 
que  este  houvera  a  posse  do  senhorio  ao  qual  andava  anexo  o  condado. 

Vide  3."  marquês  de  Vila  Real. 

3.°  Conde  de  VALENÇA  — Eni  i523,  ou  1524.  — D.  PEDRO  DE  ME- 
NESES, marquês  de  Vila  Real,  conde  de  Alcoutim.  —  Por  carta  de  6  de 
Novembro  de  1624,  na  qual  já  é  intitulado  conde  de  Valença,  foi-lhe  confir- 
mado este  condado  em  que  sucedera  logo  por  morte  de  seu  pai  na  confor- 
midade da  carta  de  12  de  Dezembro  de  1499(2),  já  citada. 

Foi  3.°  marquês  de  Vila  Real.    Vide. 

i.°  Conde  de  LINHARES  — Em  i525,  Outubro  20.  — D.  ANTÓNIO, 
primo  de  el  Rei,  e  seu  escrivão  da  puridade.  —  Na  referida  data,  por  uma 
carta  passada  em  Torres  Novas,  foi  D.  António  de  Noronha  feito  conde  de 
Linhares,  revogando  el  Rei  o  privilégio  que  a  vila  tinh^  de  não  ser  dada  em 
senhorio  e  ser  realenga  (3);  por  outra  lhe  foi  feita  doação  da  jurisdição  da 
mesma  vila,  de  que  ora  lhe  fora  dado  o  titulo  de  conde  (4);  e  finalmente  por 
um  alvará  de  lembrança  lhe  foi  feita  a  mercê  de  por  sua  morte  lhe  suceder 
no  título  e  jurisdição  da  vila  seu  filho  maior  ao  tempo  de  seu  falecimento  (5). 
Antes  de  ser  conde  tinha  já,  desde  o  primeiro  de  Janeiro  de  i5i8,  160.000  reais 
de  assentamento  (6),  a  que  el  Rei  acrescentou  mais  1 10.000,  elevando-Ihe  a 
pensão  a  270.000  reais  por  carta  de  26  de  Agosto  de  1527(7).  A  7  de 
Agosto  de  1614  havia  escrito,  do  convento  de  Nossa  Senhora  da  ínsua  da 
vila  de  Caminha,  o  marquês  de  Vila  Real  uma  carta  a  el  Rei  reprochando-lhe 


(i)  Confirmações  Geraes,  liv.  5.",  fl.  94  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  II J,  liv.  5o.°,  fl,  33. 

(3)  Gaveta  2,  maç.  4,  n.°  28.   Vide  um  documento  era  Saraiva,  Obras,  vol.  4.»,  pág.  23o, 
n.»  3,  pág.  234,  n.°  40,  e  pág.  236,  n.»  68. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  36.°,  fl.  40  v. 

(5)  Gaveta  2,  maç.  4,  n.°  28. 

(6)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  i8.°,  fl.  ai.  ^ 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.»,  fl.  193  r. 


Apêndice  389 

com  bastante  inteireza,  não  ter  ainda  feitg  conde  a  seu  irmão  D.  António 
«com  os  dentes  britados,  e  os  narizes  cortados,  por  serviço  de  Deus  e  vosso», 
e  que  era  escrivão  da  puridade  e  oficial  mui  familiar  de  S.  A.  E  tanto  mais 
lho  exprobrava,  por  quanto  el  Rei  fizera  então  conde  de  Vila  Nova  ao  seu 
camareiro  mor(i).  A  resposta  de  D.  Manuel  a  eista  carta  do  marquês  está 
na  Biblioteca  de  Évora  (2).  D.  Manuel,  a  quem  a  linguagem  do  marquês 
devia  ter  desagradado,  não  se  convenceu,  e  nunca  em  sua  vida  teve  D.  An- 
tónio o  título;  foi  porém  seu  escrivão  da  puridade,  e  parece  que  nomeado 
no  ano  de  i5o3,  pois  que  por  carta  de  28  de  Abril  lhe  foi  mandada  pagar, 
desde  o  primeiro  de  Janeiro  precedente,  certa  tença  com  o  referido  ofício  (3). 
Na  3.*  parte  do  Corpo  chronologico,  maç.  2.°,  doe.  26,  existe  a  minuta  da 
carta  de  nomeação  de  D.  António  para  escrivão  da  puridade,  declarando-se 
em  letra  do  tempo,  que  a  carta  foi  passada  em  Sintra  a  22  de  Setembro  de 
i5o2.  Continuou  com  êle  no  reinado  de  D.  João  III,  que  em  i52i  nomeou  a 
D.  António  provedor  mor  da  rendição  dos  cativos  (4).  Por  carta  de  16  de  No- 
vembro de  i525  foi  D.  Miguel  da  Silva  nomeado  escrivão  da  puridade  «como 
todo  tinha  e  de  todo  usava  dom  António  que  foi  escrivão  da  puridade  etc. ». 
Morreu  o  conde  de  Linhares  a  10  de  Março  de  i65i(5)  com  oitenta  e 
sete  anos  (6). 


(i)  Gaveta  i8,  maç.  5,  n.<»  i. 

(2)  A  resposta  de  el  Rei  D.  Manuel  a  esta  carta  de  agravos  do  marquês  de  7  de  Agosto 
de  i5i4  acima  indicada,  é  a  seguinte:  «Honrado  Marquez, primo,  amigo, nós  el-rei  vos  en- 
viamos muito  a  saudar,  como  aquelle  que  muito  presamos.  Vimos  a  carta  que  nos  escrevestes 
sobre  o  que  toca  a  D.  António  vosso  irmão,  e  certo  que  todas  as  coisas,  que  por  ella  ngs 
lembrais,  assim  largamente  como  por  ella  o  fizestes,  nós  não  somos  esquecidos,  ante,s  muito 
lembrado;  nem  os  grandes  merecimentos  do  Marquez  vosso  pai  que  Deus  haja,  que  nos  lem- 
braes,  e  os  vossos  té  os  de  D.  António,  e  a  boa  vontade  que  sempre  vos  tivemos  e  temos,  nos 
poderão  dar  para  outra  coisa  logar.  E  neste  caso  de  D.  António  temos  feito  tudo  aquillo,  que 
nos  pareceu  que  deviamos  pelo  que  a  nós  toca,  pelo  que  é  razão  que  acerca  de  vós  e  de  vossos 
irmãos  façamos;  e  tanto,  como  alguma  hora  podereis  saber,  e  como  por  nenhuma  outra 
pessoa  fizéramos,  nem  vos  pareça  que  até  aqui  houve  outro  maior  impedimento,  para  todo 
o  que  toca  ao  bem  e  descansso  de  D.  Antonio,^que  sua  grande  e  desarrazoada  paixão.  Pêro 
comtudo  não  nos  abastava  o  que  temos  feito,  mas  pelo  vosso,  e  pela  boa  vontade  que  a  vós 
e  a  elle  temos,  ainda  folgaremos  de  fazer  mais  todo  o  que  com.  razão  devemos,  e  tanto  que 
o  não  faríamos  pela  ventura  por  nem  huma  outra  pessoa,  nem  nos  parece  agora  que  a  esta 
carta  vossa  convém  outra  mais  resposta.  Escripto  em  Lisboa  a  3o  de  agosto  Ag.°  (síc)  o 
secretario  o  fez.  El  Rey».  Bibliotheca  de  Évora,  Cód.  ^^,  fl.  i33.  Vide  Catalogo,  vol.  2.% 
j)ág.  178. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  22.°,  fl.  73  v. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  47.°,  fl.  i5o. 

(5)  Gaveta  2.%  maç.  4,  n.  28. 

(6)  Ceo  aberto,  pág.  484. 


3  90  Brasões 

Armas:  esquartelado:  o  i.**  e  4.°  as  do  reino  diferençadas  por  um  filete 
de  negro  sobreposto  em  banda;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  castelo  de  oiro,  o 
campo  mantelado  de  prata  com  dois  leões  afrontados  de  púrpura,  armados 
e  linguados  de  vermelho^  bordadura  de  escaques  de  oiro  e  veiros  de  dezoito 
peças.    Timbre:  um  dos  leÕes,  nascente.    (Noronha). 

Casou  com  D.  Joana  da  Silva,  filha  dos  1.°*  condes  de  Portalegre.  Por 
este  documento  também  consta  que  por  aqueles  tempos  se  celebrara  o  casa- 
mento de  D.  António,  por  isso  que  o  ofício  de  escrivão  da  puridade  lhe  fora 
dado  em  dote  pelo  sogro.  Foi  D.  Joana  condessa  de  Linhares,  e  morreu 
com  setenta  anos  em  Outubro  de  i554(i).  ' 

Tiveram  descendência. 

i.°  Conde  do  PRADO—  i525,  Novembro  22.  — D.  PEDRO  DE  SOUSA, 

do  conselho  de  el  Rei.  —  Por  duas  cartas  daquela  data  foi-lhe  dado  em  sua 
vida  o  senhorio  da  vila  e  terra  do  Prado,  e  foi  feito  conde  da  mesma  vila  (2); 
e  por  uma  terceira  de  17  de  Dezembro  de  i526  se  lhe  concedeu  o  assenta- 
mento de  102.864  reais  (3).  Era  senhor  de  Beringel,  que  lhe  foi  confirmado 
por  sucessão  a  seu  pai  em  22  de  Abril  de  1499  (4).  E  este  o  mais  antigo 
documento  em  que  o  tenho  encontrado  com  o  título  de  dom,  do  qual 
me  não  consta  a  data  da  concessão,  e  nem  mesmo  sei  se  não  seria 
tomado  por  arbítrio  próprio.  Já  apareceu  com  o  título  de  dom  na  carta 
de  26  de  Março  de  1494  de  40.000  reais  de  tença  (5).  Foi  capitão  de 
Azamor  e  Alcácer  Seguer.  A  27  de  Fevereiro  de  1622  foi-lhe  confirmada 
a  carta  da  alcaidaria  mor  de  Beja,  em  que  lhe  sucedeu  seu  neto  por  sua 
morte,  que  foi  anterior  a  16  de  Setembro  de  i555,  data  da  carta  de  confir- 
mação da  sucessão  (6). 

Morreu  a  i3  de  Março  de  i555;  assim  o  declara  a  carta  de  padrão  de 
i3o.ooo  reais  de  tença  ao  neto  D.  Diogo  de  Sousa,  carta  que  fai  passada  a 
2  de  Agosto  de  i555  (7). 

Armas:  esquartelado:  o  1.°  e  4.**  de  prata,  cinco  escudetes  de  azul  postos 
em  cruz  e  carregados  cada  um  de  cinco  besantes  do  campo;  o  2.°  e  3.°  de 
prata,  leão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul.     (Sousa). 


(i)  Ceo  aberto,  pág.  484. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  36.°,  fls.  187  e  188  v. 

(3 )  Ibidem,  fl.  1 79. 

(4)  Confirmações  geraes,  liv.  3.°,  fl.  i85  v. 
(4)  Livro  i.°  dos  Brasões,  pág.  ai 3. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  54.°,  fl.  1 17  v. 

(7)  Ibidem,  n.  81. 


Apêndice  39 1 

Casou  a  i.*  vez  antes  de  Abril  de  1487(1)  com  D.  Mecia  Henriques, 
filha  do  coudel  mor  Fernão  da  Silveira.     D.  Mecia  não  foi  condessa. 

Casou  a  2.*  vez  antes  de  25  de  Setembro  de  i5o5(2)  com  D.  Margarida 
DE  Brito,  filha  herdeira  de  Estêvão  de  Brito,  alcaide  mor  de  Beja,  alcaidaria 
que  D.  Pedro  de  Sousa  por  este  casamento  veio  a  possuir.  Não  sei  se 
D.  Margarida  chegou  a  ser  condessa,  mas  sei  que  por  adúltera  morreu  às 
mãos  do  marido  depois  de  6  de  Janeiro  de  i5o8(3). 

Casou  a  3.*  vez  com  D.  Joana  de  Melo,  filha  do  dr.  João  Afonso  de 
Aguiar,  provedor  de  Évora.  Não  sei  se  foi  condessa.  Num  documento  de 
i56i  há  referência  a  uma  condessa  do  Prado,  que  não  pode  ser  outra  senão 
esta  (4). 

AQVI .  JAZ .  A  MVI .  MANIFÍC-^ .  SRA  .  DONA .  JOANa'.  DE .  MELLO 

COMDESA  .  DE  PRADO .  MOLHER .  QVE  .  FOI .  DO .  MVI .  MA  - 

NIFICO .  SÓR .  DOM .  PEDRO  .  DE .  SOVS A .  COMDE .  DE  .  PRADO  - 

Q .  DEI XOV .  ESTA .  CASA .  HVA  •  ERD ADE .  EM .  MACHEDE .  CÓ  .  OBRIGVACÃO 

DE  .  HVA  .  MIS  A  .  COTI  DIANA  .  E  HV  .  NOTVRNO  .  DFINADOS  .  ACABA 

DAS  .  AS  .  MATINAS  .  DAS ,.  FESTAS  .  FA  LECEO  .  II .  D  .  NOVEBRO  .  DE .  1 53  I . 

Estava  no  demolido  convento  de  S.  Domingos  de  Évora,  e  guarda-se 
hoje  no  museu  do  passeio  da  mesma  cidade.  Não  tem  armas  nem  ornatos 
nenhuns.  Copiado  a  3  de  Abril  de  1901.  Passou  depois  para  o  museu  da 
Biblioteca  Eborense. 

Só  do  i-.°  casamento  hoave  descendência. 

3."  conde  de  ALCOUTIM  —  De  fins  de  i525  a  princípios  de  i528. — 
D.  MIGUEL  DE  MENESES,  filho  sucessor  do  3.»  marquês  de  Vila  Real. 
—  O  marquês  a  12  de  Setembro  de  i525  ainda  se  intitulava  conde  de  Alcou- 
tim (5);  a  28  de  Abril  de  i528  já  largara  o  título  (6). 

Armas:  as  do  i.°  conde  de  Alcoutim.     (Meneses). 

O  conde  de  Alcoutim  foi  4.°  marquês  de  Vila  Real  em  i543. 

Vide. 


(i)  Nota  na  pág.  21 5  do  Livro  /.•  dos  Brasões. 

(2)  Data  da  carta  de  alcaide  mor  de  Beja^  em  que  sucedeu  ao  finado  sogro  (Chancelaria 
de  D.  João  III,  liv.  54.»,  fl.  1 17  v). 

(3)  Data  da  carta  de  padrão  de  certa  tença  a  D.  Margarida  {Ibidem,  liv.  3.",  fl.  101). 

(4)  Documentos  de  Évora,  vol.  2°,  pág.  191,  n."  63. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  8.°,  fl.  1 17  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  14.»,  fl.  gS. 


392  Brasões 

2.»  Conde  da  VIDIGUEIRA  —  1 626,  antes  de  4  de  Maio.—. D.  FRAN- 
CISGO  DA  GAMA,  filho  do  i."  conde.  —  Por  carta  do  referido  dia,  na 
qual  Já  é  intitulado  conde,  foi-lhe  confirmado  o  oficio  de  almirante  do  mar  da 
índia  (i).  Foi  este  conde  que  começou  a  edificação  do  palácio  no  largo  de 
S.  Roque,  para"  o  que  D.  João  III  lhe  fizera  mercê  em  15^3  do  uso  e  ser- 
ventia do  muro  e  das  duas  torres,  que  estavam  ao  postigo  de  S.  Roque, 
para  poder  nelas  edificar  casas  ou  fazer  outras  quaisquer  bemfeitorias  o  que 
foi  confirmado,  por  se  haver  perdido  a  primitiva,  por  outra  carta  de  5  de 
Março  de  i563  (2).  Por  então  começaram  as  obras,  por  isso  que,  por  alvará 
de  3  de  Maio  de  i565,  foi  aprovado  por  el  Rei  o  contracto  celebrado  entre 
os  oficiais  da  câmara  de  Lisboa,  o  prior  e  frades  da  Trindade,  e  o  conde 
Almirante,  com  a  declaração  de  que  a  torre,  que  estava  no  centro  do  muro 
defronte  do  mosteiro  de  S.  Roque,  esteja  sempre  tapada,  de  maneira  que 
por  ela  se  não  sirva  o  conde,  para  de  lá  não  descobrir  os  mosteiros  de 
S.  Roque,  e  dá  Trindade  (3). 

Morreu  o  conde  a  8  de  Janeiro  de  1567(4). 

Armasi  as  do  i.°  conde  seu  pai.     (Gama). 

Casou  com  D.  Guiomar  de  Vilhena,  condessa  da  Vidigueira,  filha  do 
i.°  conde  do  Vimioso.  Em  3  de  Janeiro  de  i53o  fez  el  Rei  mercê  à  con- 
dessa da  Vidigueira,  pelos  serviços  de  seu  pai  o  conde  do  Vimioso,  de  uma 
.tença  de  100.000  reais  (5).  Escreveu  um  livro  místico,  que  dizem  ter  sido 
impresso.  Dizem  taníbém  que  morreu  a  condessa  em  i585;  o  certo  porém 
é  ser  já  falecida  em  16  de  Junho  de  lôgo,  data  da  verba  em  que  se  declara 
ter  ela  disposto  da  referida  tença  em  seu  testamento  (6). 

Tiveram  descendência. 

i.«  Duque  de  BARCELOS  —  1627,  Fevereiro.  —  D.  TEODÓSIO,  filho 
primogénito  do  4.°  duque  de  Bragança.  — Seu  pai  foi,  como  fica  dito,  auto- 
rizado por  alvará  de  3  de  Abril  de  i526  a  dar,  do  mês  de  Fevereiro  do  ano 
seguinte  em  diante,  qualquer  dos  seus  títulos  ao  seu  primogénito  (7).  Ainda 
que  na  casa  houvesse  só  o  título  de  conde  de  Barcelos,  e  não  o  de  duque, 
foi  contudo  deste  que  o  presuntivo  sucessor  usou,  pois  que  com  êle  se  en- 


(i)  Doações  de  D.  Sebastião  é D.  Henrique,  liv.  28.°,  fl.  7. 

(2)  Ibidem,  liv.  12.°,  fl.  i25. 

(3)  Ibidem,  liv.  16.»,  fl.  290. 

(4)  Ibidem,  liv.  23.",  fl.  7. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  43.°,  fl.  1 18  v. 

(6)  Ibidem. 

(7)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  4.»,  pág.  78,  n.»  120. 


Apêndice  SgS 

contra  nomeado  no  já  citado  instrumento  de  concerto  celebrado  em  21  de 
Dezembro  de  i532  com  a  madrasta,  perante  o  moribundo  pai. 
Foi  o  5.°  duque  de  Bragança  em  i532.    Vide. 

3.°  Conde  de  MONSANTO  —  1 628,  Agosto  19.  — D.  PEDRO  DE 
CASTRO,  do  conselho  de  el  Rei.  —  Foi  feito  conde  de  Monsanto  por  carta 
da  referida  data(i).  Sucedera  na  casa  a  sua  mãe  D.  Joana  de  Castro,  a 
quem  foram  confirmados  os  senhorios  de  Cascais  a  18,  e  de  Monsanto  a  19 
de  Abril  de  1496(2),  em  sucessão  a  seu  irmão  o  2.°  conde  de  Monsanto. 
A  D.  Pedro  foram  confirmadas  as  referidas  vilas  em  18  de  Abril  de  i5i9(3). 
Foi  do  conselho,  vedor  da  fazenda,  caçador  mor,  fronteiro  mor  e  alcaide 
mor  de  Lisboa,  e  morreu  a  6  de  Fevereiro  de  1529(4),  ano  em  que,  a  22  de 
Abril,  já  era  confirmado  o  senhorio  de  Monsanto  a  seu  filho  D.  Luís  de 
Castro  (5). 

Armas:  de  prata,  seis  arruelas  de  azul.     (Castro). 

Casou  a  i.*  vez  com  D.  Joana  de  Meneses,  filha  de  D.  Fernando  de  Me- 
neses, o  Nari\eSj  degolado  em  Setúbal  em  1484.  Este  primeiro  casamento 
já  estava  feito  em  22  de  Março  de  1492,  data  de  uma  carta  em  que  el  Rei 
houve  por  bem  em  emancipar  os  irmãos  de  D.  Joana,  todos  menores,  afim 
de  poderem  dar  seu  consentimento  ao  contracto  do  casamento,  já  efectuado, 
de  sua  irmã  com  D.  Pedro  de  Castro  (6).  D.  Joana  era  já  falecida  em  14 
de  Maio  de  1497  como  consta  de  uma  carta  de  padrão  daquela  data  a  sua 
mãe  D.  Isabel,  por  quanto  a  dita  D.  Joana  sua  filha  era  falecida  e  fora  sua 
herdeira  (7).     Também  se  vê  que  não  ficaram  filhos  deste  casamento. 

Casou  a  2.*  vez  com  D.  Inês  de  Aiaia,  condessa  de  Monsanto,  filha  dos 
i."^  condes  de  Portalegre.  Sobreviveu  a  condessa  a  seu  marido,  como  consta 
do  epitáfio  em  Penhalonga. 

Do  segundo  casamento  houve  descendência. 

5."*  Condes  de  MARIALVA  e  3."  de  LOULÉ—  i53o,  em  Março,  antes 
de  23.  — D.  GUIOMAR  COUTINHO,  filha  do  4.°  conde  de  Marialva  e 
2.*  de  Loulé,  e  mulher  do  infante  D.  Fernando,  duque  da  Guarda,  conde 
de  Marialva  e  Loulé.  —  Numa  procuração  passada  por  D.  Guiomar  na  data 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  14.°,  fl.  i85. 

(2)  Místicos,  liv.  8.»,  fls.  294  e  290  v. 

(3)  Beira,  liv.  3.»,  fl.  140  v.,  e  Exíremadura,  liv.  12.°,  fl.  87. 

(4)  Sousa,  Memorias  sepulchraes,  fl.  140. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  16.",  fl.  177  v. 

(6)  Místicos,  liv.  2.°,  fl.  293  v. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3.°,  fl.  120  v. 

VOL.  III  5o 


5^4  Brasões 

referida  já  ela  se  intitulava  infanta,  duquesa  e  condessa  (i).  O  condado  de 
Marialva  foi-lhe  porém  confirmado  só  por  carta  de  4  de  Setembro  de  i53o(2), 
e  o  de  Loulé,  ainda  em  vida  de  sua  mãe,  e  com  sua  anuência,  em  i  de 
Novembro  do  mesmo  ano  (3).  Foi  infanta  e  duquesa  da  Guarda  pelo  seu 
casamento. 

Armas:  em  lisonja,  partido:  ao  i.°  as  do  duque  da  Guarda;  ao  2.°  de 
oiro  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho.     (2.°  Coutinho). 

Gasou  em  Março  de  i53o  com  o  Infante  D.  Fernando,  duque  da 
Guarda. 

Vide  duque  da  Guarda. 

Duque  da  GUARDA—  i53o,  Março.  —  Infante  D.  FERNANDO,  conde 
de  Marialva  e  Loulé.  —  Numa  sua  procuração  de  i3  do  mês  e  ano  referidos 
ainda  se  não  intitula  duque  nem  conde,  porém  sua  mulher  a  23  do  mesmo 
mês  já  era  duquesa  e  condessa  (4).  A  carta  de  duque  da  Guarda  de  juro  e 
herdade  só  lhe  foi  passada  a  5  de  Outubro  daquele  ano,  porém  nela  se 
declara,  que  no  contracto  do  seu  matrimónio  ficara  determinado  fazê-lo  duque 
da  Guarda  logo  que  o  casamento  se  efectuasse  (5),  Foi  pois  o  infante  duque 
da  Guarda  desde  este  acto.  No  mesmo  ano  foi  feito  senhor  das  vilas  de 
Trancoso,  Sabugal,  Alfaiates  e  Abrantes  (6),  alcaide  mor  da  cidade  de 
Lamego,  e  das  vilas  de  Trancoso  e  Marialva  (7),  além  de  várias  outras  mercês, 
incluindo  as  confirmações  a  sua  mulher  de  toda  a  grande  casa  dos  sogros. 
A  3  de  Outubro  de  i534,  em  Abrantes,  morreu-lhe,  criança  ainda,  o  último 
filho;  a  7  de  Novembro,  na  mesma  vila,  faleceu  o  duque;  e  a  9  de  Dezembro 
finou-se  a  duquesa.  Em  dois  meses,  na  mesma  terra,  extinguiu-se  completa- 
mente esta  casa. 

Armas:  as  do  reino  diferençadas  por  um  banco  de  pinchar  de  prata  de 
três  pés,  tendo  no  primeiro  um  quadrilongo  esquartelado  de  vermelho  com 
um  castelo  de  oiro,  e  de  prata  com  um  leão  de  púrpura  coroado  de  oiro;  o 
no  terceiro  noutro  quadrilongo  em  campo  de  oiro  quatro  palas  de  ver- 
melho (8). 

Casou  em  princípios  de  Março  de  i53o  com  D.  Guiomar  Coutinho,  con- 


(i)  Gaveta  9.*,  maç.  5,  n.»  28. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  Sg.»,  fl.  108  v. 

(3)  Ibidem,  fl.  88  v. 

(4)  Gaveta  9.*,  maç.  5,  n.°  a8. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  39.°,  fl.  108  v. 

(6)  Ibidem,  fls.  106  e  ii3  v. 

(7)  Ibidem,  fl.  io3. 

(8)  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  8. 


Apêndice  3g5 

dessa  de  Marialva  e  Loulé,  e  pelo  seu  casamento  infanta  e  duquesa  da 
Guarda.  Em  fins  de  Fevereiro  ainda  D.  Guiomar  era  solteira  (i);  a  i6  de 
Março  Já  o  infante  passava  uma  procuração  para  tomar  posse  das  igrejas 
que  haviam  sido  do  sogro  (2). 

Morreu  a  infanta  como  fica  dito,  a  9  de  Dezembro  de  i534. 

Vide  5.°*  condes  de  Marialva  e  3.°*  de  Loulé. 

i."  Conde  da  CASTANHEIRA  —  1 532,  Maio  i.  — D.  ANTÓNIO  DE 
ATAÍDE,  senhor  da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros,  do  conselho,  vedor  da 
fazenda.  —  Foi  feito  conde  da  Castanheira  por  carta  da  referida  data  (3),  e 
por  outra  de  12  do  mesmo  mês  se  lhe  deram  de  assentamento  102.864  reais  (4). 
Era  senhor  das  terras  da  Castanheira,  Povos  e  Cheleiros,  que  de  juro  e 
herdade  haviam  sido  confirmadas  em  sucessão  a  seu  pai  por  carta  de  19  de 
Junho  de  1622  (5).  Apesar  da  carta  o  não  declarar,  não  foi  em  sucessão  a 
seu  pai  que  ele  houve  as  terras.  Sucedeu  nelas  a  seu  sobrinho  D.  Fernando, 
filho  de  seu  meio  irmão  D.  Pedro.  A  D.  Fernando  havia  sido  confirmada 
em  3o  de  Abril  de  1609  a  jurisdição  daquelas  terras,  como  legitimo  sucessor 
por  ser  neto  de  D.  Álvaro  de  Ataíde  (pai  do  conde).  E  na  confirmação  das 
mesmas  jurisdições  a  D.  António  de  Ataíde,  em  i  de  Janeiro  de  i526,  se 
declara  que  por  falecimento  do  dito  D.  Fernando,  a  ele  D.  António  vieram 
as  ditas  vilas  pela  doação  e  mercê  que  el  Rei  delas  lhe  fizera  (6).  Foi  muito 
aceito  a  D.  João  III,  que  por  carta  de  11  de  Abril  de  i53o  o  havia  nomeado 
vedor  da  fazenda  (7). 

Morreu  o  conde  da  Castanheira  a  7  de  Outubro  de  i563  (8). 

Armas:  de  azul,  quatro  bandas  de  prata. 

Casou  com  D.  Ana  de  Távora,  filha  de  Álvaro  Pires  de  Távora,  senhor 
do  Mogadouro.  Já  estava  casado  em  i  de  Outubro  dè  1 554,  quando  D.  An- 
tónio de  Ataíde,  conde  da  Castanheira,  vedor  da  fazenda,  e  a  condessa 
D.  Ana  de  Távora,  apresentaram  o  compromisso  de  morgado  feito  por 
D.  Violante  de  Távora,  mãe  de  D.  António,  e  na  data  apontada  obtiveram 
confirmação  e  aprovação  régia.     O  morgado  era  da  quinta  da  Foz  de  Bena- 


(i)  Gaveta  9.%  maç.  10,  n.»  14. 

(2)  Gaveta  g.%  maç.  5,  n.»  28. 

(3)  Chancelaria  de  D.  João  III,  Iím.  16°,  fl.  53. 

(4)  Ibidem,  fl.  61. 

(5)  Ibidem,  liv.  36.°,  fl,  i,  e  liv.  72.»,  fl.  86  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  6.»,  fl.  36  v. 

(7)  Ibidem,  liv.  42.°,  fl.  94. 

(8)  Escola  de  penitencia,  pág.  i35,  e  Chronica  Seraphica,  parte  4.*,  pág.  166. 


396  Brasões 

vente  (i).     Foi  condessa  da  Castanheira,  e  morreu  a  2  de  Dezembro  de 
1590(2). 

Tiveram  descendência. 

i.«  Conde  da  SORTELHA  — Antes  de  8  de  Junho  de  1 532.  — Nos 
Anaes  de  D.  João  III  transcreveu  Frei  Luís  de  Sousa  na  pág.  875  uma  carta 
de  Carlos  V  ao  seu  embaixador  em  Lisboa  dando-Ihe  ordem  para  declarar 
a  D.  João  III  que  folgara  muito  com  a  mercê  que  este  fizera  a  Luís  da  Sil- 
veira do  título  de  conde  de  Sortelha,  e  para  dar  ao  novo  conde  os  parabéns. 
A  carta  é  datada  de  Bruxelas,  22  de  Outubro  de  i53i.  —  Luís  da  Silveira, 
do  conselho  de  el  Rei  e  seu  guarda  mor. — Este  título,  como  o  de  conde  de 
Vila  Nova  de  Portimão,  também  tem  uma  história.  —  Por  carta  de  1 1  de 
Novembro  de  i5ii  foi  Luís  da  Silveira  nomeado  guarda  mor  do  príncipe 
D.  João  (3).  No  seu  ânimo  se  insinuou  Luís  da  Silveira  por  forma  tal,  e 
tão  seu  aceito  foi,  que  conseguiu  alcançar  dele,  para  quando  fosse  rei,  um 
alvará  de  promessa  nestes  termos:  «Sabendo  nós  o  que  devemos  a  Luiz 
da  Silveira,  nosso  guarda  mór,  e  querendo-lhe  em  parte  galardoar,  como  a 
todo  o  virtuoso  rei  pertence,  lhe  fazemos  mercê  da  nossa  villa  de  Penamacor 
d*este  dia  para  todo  o  sempre  para  elle,  e  para  todos  os  que  d'elle  descen- 
derem, de  juro  e  herdade,  a  qual  villa  lhe  damos  com  todos  seus  termos 
etc,  e  assim  nos  praz  de  o  fazermos,  como  de  feito  por  este  fazemos,  conde 
da  dita  villa  de  Penamacor,  e  lhe  damos  o  titulo  d'ella  e  queremos  que,  da 
feitura  d'este  nosso  alvará  em  diante,  o  dito  Luiz  da  Silveira  seja  conde  da 
dita  villa,  como  acima  é  dito,  e  gose  de  todolos  privilégios  etc,  \  haja  o 
ordenado  e  assentamento  por  razão  do  dito  titulo,  e  isto  posto  que  logo  se 
se  não  chame  conde,  porque,  sem  embargo  d'isso,  queremos  que  da  feitura 
d'este  alvará  em  diante  elle  o  seja  tão  inteiramente,  como  se  logo  se  cha- 
masse, o  que  deixamos  n'elle  chamar-se  quando  quizer,  e  queremos  que  este 
nosso  alvará  valha...  sem  outra  duvida  nem  embargo».  Seguem-se  de 
outra  mão  estas  palavras:  «para  sua  segurança  assignamos  aqui  -a  7  de  fe- 
vereiro de  i52i»;  às  quais  pÕe  remate  uma  assinatura,  que  não  pude  ler 
beíTi,  mas  que  me  pareceu  dizer  «Príncipe»  (4).  Alguns  meses  depois,  a  i3 
de  Dezembro,  subiu  este  ao  trono;  e  em  2  de  Outubro  de  i522  confirmou  o 
ofício  de  guarda  mor  a  Luís  da  Silveira  (5),  que  por  esses  tempos,  na  quali- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  53.»,  fl,  i33. 

(2)  Escola  de  penitencia,  pág.  i35,  e  Chronica  Seraphica,  parte  4.*,  pág.  170. 

(3)  Chancelaria  de  D.  Manuel,  liv.  8.°,  fl,  io3  v. 

(4)  Original  no  cartório  da  casa  de  Abrantes,  maç.  4.°  de  Silveiras. 

(5)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  36.",  fl.  129  v. 


Apêndice  3gj 

dade  de  embaixador  a  Carlos  V,  partiu  para  Espanha  muito  contra  o  parecer 
de  seu  velho  e  astuto  pai,  Nuno  Martins  da  Silveira,  senhor  de  Góis,  que 
lhe  dizia  ser  temeridade  alongar-se  de  el  Rei,  pois  que  os  príncipes  são 
vários  e  mudáveis  ao  perto  quanto  mais  ao  longe  (i).  O  facto  é  que,  nem 
então,  nem  depois,  confirmou  D.  João  III  ao  que  fora  seu  muito  dilecto 
criado  o  alvará  de  conde  de  Penamacor,  parecendo  que  em  satisfação  lhe 
fez  logo,  a  3  de  Outubro,  mercê  em  duas  vidas  da  alcaidaria  mor  da  Sor- 
telha com  os  direitos  reais  e  reguengo  da  rnesma  vila  (2).  —  Finalmente  em 
carta  de  22  de  Julho  de  1627  declarou  D.  João  III  que,  «considerando  o 
muito  amor  e  fieldade  com  que  sempre  me  serviu  Luiz  da  Silveira,  do  meu 
conselho  e  meu  guarda  mór,  e  como  em  todas  as  coisas  que  se  ofereceram 
de  meu  serviço,  des  que  me  começou  a  servir,  sempre  o  fez  como  quem 
mui  verdadeiramente  amava  meu  serviço  e  pelas  obras  e  serviços  sempre 
assim  m'o  mostrou  com  muito  trabalho  de  sua  pessoa,  e  gasto  de  sua 
fazenda;  e  havendo  respeito  assim  mesmo  aos  muitos  serviços  que  fez  a 
el-rei  meu  senhor  e 'padre  que  santa  gloria  haja,  assim,  na  corte  como  fora 
do  reino,  onde  o  enviou,  e  em  Africa  na  guerra  dos  moiros,  assim  no  socorro 
da  entrada  que  elles  fizeram  em  Arzilla,  como  na  tomada  da  cidade  de 
Azamor,  onde  elle  o  foi  servir  com  homens  e  cavallos,  em  que  muito  do  seu 
gastou,  e  em  que  deu  de  si  aquella  conta  que  devia;  e  esguardando  isso 
mesmo  os  grandes  merecimentos  de  seus  avós,  e  d'aquelles  de  que  elle  des- 
cende, e  como  sempre  serviram  os  reis  d'estes  reinos  mui  leal  e  verdadeira- 
mente, e  alguns  morreram  em  seu  serviço...  por  esta  presente  carta  lhe  dou 
titulo  de  conde  da  villa  da  Sortelha,  e  o  faço  conde  d'ella. . .;  porem  por  alguns 
respeitos  que  me  movem,  e  porque  assim  o  hei  por  muito  meu  serviço,  elle 
não  tomará  o  dito  titulo  de  conde,  nem  se  chamará  conde,  salvo  depois  de 
passados  cinco  anos  cumpridos,  que  se  começarão  a  correr  da  feitura  d'esta 
carta  em  diante;  e,  acabados  os  ditos  cinco  anos,  me  praz  que  elle  se  possa 
chamar  conde  da  dita  villa  da  Sortelha,  e  tomar  o  dito  titulo  sem  ser  obri- 
gado a  m'o  fazer  saber,  nem  para  ello  haver  meu  consentimento,  nem  outro 
mandado,  porque  hei  por  bem  que  não  espere  para  isso  por  nenhum  meu 
recado  ou  mandado »  (3).  Não  se  chegou  contudo  a  completar  o  praso  de 
■cinco  anos  de  espera,  pois  que  na  carta  de  8  de  Junho  de  i632,  de  mercê 
dos  foros  de  umas  casas  à  porta  do  Mar  em  Lisboa,  já  o  guarda  mor  nos 


(i)  Annaes  de  D.  João  JII,  pág.  41. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  3.°,  fl.  jS  v. 

(3)  Original  no  citado  cartório  da  casa  de  Abrantes,  maç.  4.°  de  Silveiras.  Desta  carta 
^  do  alvará  fiz  largos  extractos  por  serem  documentos  que  se  não  encontram  registados  na 
Torre  do  Tombo. 


SgS  Brasões 

aparece  intitulado  D.  Luís  da  Silveira,  conde  da  Sortelha (i).  Pouco  tempo- 
gosou  ele  do  seu  título,  por  isso  que  a  i6  de  Julho  de  i533  já  era  morto  (2). 
Na  carta  de  guarda  mor  dada  a  10  de  Junho  de  i533  a  D.  Diogo  da  Silveira 
já  se  declara  que  seu  pai,  o  conde  da  Sortelha  era  morto  (3).  O  seu  testa- 
mento é  muito  anterior;  foi  feito  a  12  de  Março  de  1629,  e  aprovado  a  22  do 
mesmo  mês,  não  se  lhe  tendo  juntado  o  termo  de  abertura  (4),  motivo  por 
que  não  posso  precisar  a  data  da  morte  do  conde. 

Armas:  esquarielado:  o  i.°  e  4.°  de  azul,  seis  cadernas  de  crescentes  de 
prata;  o  2."  e  3.°  de  prata,  três  faxas  de  vermelho. 

Timbre:  dragão  de  verde,  armado  e  linguado  de  vermelho,  e  carregado 
de  um  minguante  de  prata  sobre  o  peito. 

Casou  antes  de  6  de  Novembro  de  i5i4(5)  com  D.  Beatris  de  Noronha, 
filha  do  marichal  D.  Fernando  Coutinho.  Não  chegou  D.  Beatris  a  ser  con- 
dessa da  Sortelha,  porque  morreu  a  26  de  Fevereiro  de  i526(6). 

Tiveram  descendência. 

5.°  Duque  de  BRAGANÇA  e  3."  de  GUIMARÃES  — 1 532,  Dezembro 
23.  —  D.  TEODÓSIO,  i.°  duque  de  Barcelos.  —  Era  filho  do  4.°  duque  de 
Bragança  e  2.°  de  Guimarães,  em  cuja  casa  e  estados  sucedeu  por  sua 
morte,  intitulando-se  já  duque  de  Bragança  em  documento  de  5  de  Feve- 
reiro de  i533(7).  Foi  também  marquês  de  Vila  Viçosa^  conde  de  Ourém  e 
de  Arraiolos  (S).  Tirou  cartas  de  confirmação  de  casa  em  1542(9).  Confir- 
mação da  compra  de  Vila  Boim,  Évora,  22  de  Novembro  de  i533(io). 
Deu  a  sua  irmã  D.  Isabel  por  escritura  de  23  de  Agosto  de  i536,  para  casar 
com  o  infante  D.  Duarte,  o  ducado  de  Guimarães  com  reversão  para  a 
casa  de  Bragança,  se  não  houvesse  descendência  (11);  o  que  se  veio  a  rea- 
lizar muito  depois  na  pessoa  do   seu  bisneto,  D.  João,  8.°  duque  de  Bra- 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  16.",  fl.  80  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  17..*,  fl.  172. 

(3)  Ibidem,  liv.  19.°,  fl.  119  v. 

(4)  Original  no  cartório  da  casa  de  Abrantes. 

(5)  Carta  daquela  data  em  que  são  confirmadas  a  Luís  da  Silveira  as  terras  de  Segadães 
e  Recardães,  para  pelas  suas  rendas,  ser  D.  Beatris  de  Noronha  paga  do  que  se  lhe  prome- 
tera em  casamento.    Cartório  da  casa  de  Abrantes,  maç.  4.°  de  Silveiras. 

(6)  Padre  António  Franco,  Imagem  da  virtude  no  noviciado  de  Coimbra^  vol.  2.»,  pág.  2» 

(7)  Provas  da  Historia  genealógica,  yo\.  4.°,  pág.  89,  n.°  i3i. 

(8)  Ibidem,  pág.  i33,  n.»  141. 

(9)  Confirmações  geraes,  liv.  6.»,  fls.  5  e  102. 

(10)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  7.",  fl.  214. 

(11)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.°,  pág.  599,  n."  106. 


Apêndice  399 

gança,  que  teve  o  título  de  duque  de  Guimarães  por  alvará  de  4  de  Junho 
de  i638(i). 

Morreu  o  duque  D.  Teodósio  em  20  de  Setembro  de  i563  (2). 

Armas:  as  do  reino  com  onze  castelos  na  bordadura  e  um  banco  de 
pinchar  de  dois  pendentes  de  prata  sobreposto  no  chefe  da  bordadura,  e  no 
chefe  do  campo  duas  bricas,  cada  uma  partida:  a  de  oiro,  com  quatro  palas 
de  vermelho;  b  franchado  de  oiro  e  prata,  tendo  no  oiro  quatro  palas  de 
vermelho,  e  na  prata  águia  de  negro  (3). 

Casou  a  i.*  vez  em  26  de  Junho  de  ib^b  com  D.  Isabel  dd  Lancastre, 
duquesa  de  Bragança,  sua  prima  com  irmã,  que  morreu  em  24  de  Agosto 
de  i558.  Faleceu  em  Lisboa  no  ano  de  1668  diz  o  seu  epitáfio  (4).  Era 
filha  de  D.  Denis  de  Portugal,  e  de  sua  mulher  D.  Brites  de  Castro,  3."  con- 
dessa de  Lemos,  em  Castela. 

Casou  a  2.*  vez  em  4  de  Setembro  de  lôõg  com  D.  Brites  de  Lancastre, 
duquesa  de  Bragança,  que  morreu  em  5  de  Junho  de  i623,  e  era  filha  de 
D.  Luís  de  Lancastre,  comendador  mor  de  Avis,  e  de  sua  mulher  D.  Mada- 
lena de  Granada. 

De  ambos  os  casamentos  houve  geração. 

4.°  Marquês  de  VILA  VIÇOSA  — 1 532,  Dezembro  23.  — D.  TEO- 
DÓSIO, 5.°  duque  de  Bragança,  3.°  de  Guimarães  e  i.°  de  Barcelos. — 
Sucedeu  na  casa  e  no  marquesado  a  seu  pai. 

Vide  5.°  duque  de  Bragança. 

9.°    Conde    de    OURÉM— i532,    Dezembro    23.  —  D.    TEODÓSIO, 

5.°  duque  de  Bragança,  3.°  de  Guimarães  e  1.°  de  Barcelos.  —  Veio-lhe  o 
conda-do  em  sucessão  da  casa. 

õ.»  Conde  de  ARRAIOLOS— i532,  Dezembro  23.  — D.  TEODÓSIO, 
duque  de  Barcelos.  —  Na  data  apontada  sucedeu  por  morte  de  seu  pai  na 
casa  de  Bragança,  na  qual  se  comprendia  o  condado  de  Arraiolos. 

Foi  5.°  duque  de  Bragança.    Vide. 

6.»  Conde  de  NEIVA  — 1532,  Dezembro  23.  — D.  TEODÓSIO,  5.»  duque 


(i)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.°,  pág.  607,  n."  109. 

(2)  A  data  da  morte  consta  positivamente  pela  da  abertura  do  testamento,  a  qual  se 
vê  nas  Provas,  vol.  4.»,  no  alto  da  pág.  245. 

(3)  Selo  na  Historia  genealógica,  vol.  4.°,  estampa  M,  n.°  lvi. 

(4)  Belém,  Chronica  seráfica,  vol.  IV,  pág.  166. 


400  Brasões 

de  Bragança.  —  Sucedeu  no  condado,  bem  como  na  mais  casa,  na  data 
apontada.     Advertirei  porém  que  no  auto  de  posse  de  Guimarães,   acima 
citado,  entre  os  mais  títulos  se  não  dá  a  D.  Teodósio  o  de  conde  de  Neiva» 
Contudo  mencioná-lo  hei  ainda  neste  catálogo. 
Vide  5."  duque  de  Bragança. 

i.°  Marquês  de  FERREIRA— 1 533,  antes  de  6  de  Março.  — D.  RO- 
DRIGO DE  MELO,  conde  de  Tentúgal^  primo  de  el  Rei.  —  Em  6  de  Março 
de  i532  obrigou-se  o  conde  de  Tentúgal,  a  não  declarar  dentro  de  um  ano 
a  mercê  que  el  Rei  por  um  alvará  lhe  fizera,  do  título  de  marquês  (i).  Com 
êle  o  encontro  numa  carta  de  privilégios  de'i2  de  Fevereiro  de  i534(2). 

Morreu  o  marquês  a  17  de  Agosto  de  1645  (3). 

Armas:  esquartelado:  o  i.°  e  4.°  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada 
de  cinco  escudetes  das  armas  do  reino;  o  2.°  e  3.°  de  vermelho,  seis^besantes 
de  prata  entre  uma  dobre  cruz  e  bordadura  de  oiro. 

Casou  a  i.*  vez  em  i5io,  como  fica  dito  em  conde  de  Tentúgal,  com 
D.  Leonor  de  Almeida,  condessa  de  Tentúgal,  filha  herdeira  de  D.  Francisco 
de  Almeida,  vice  rei  da  índia. 

Casou  a  2.*  vez  com  D.  Brites  de  Meneses,  marquesa  de  Ferreira,  filha 
de  D.  Antão  de  Almada,  capitão  mor  do  reino. 

Morreu  a  marquesa  a  10  de  Abril  de  i585(4). 

Tiveram  descendência. 

Vide  i.'*  conde  de  Tentúgal. 

i.°  Duque  de  AVEIRO  — Anterior  a  i535.  — D.  JOÃO  DE  LANCAS- 
TRE,  i.°  marquês  de  Torres  Novas,  sobrinho  de  el  Rei,  filho  de  D.  Jorge, 
duque  de  Coimbra.  —  Acerca  do  título  de  duque  de  Aveiro  consta  o  seguinte: 
D.  João  III  deu  ao  duque  de  Coimbra  um  alvará  pelo  qual  fazia  mercê  do 
título  de  duque,  para  dali  a  certo  tempo,  a  seu  filho  primogénito;  passado 
esse  tempo  aprouve  a  el  Rei  que  o  agraciado  tomasse  o  título  de  duque  de 
Aveiro,  o  que  comunicou  ao  pai  por  uma  carta  missiva;  finalmente,  em  3o 
de  Agosto  de  i557,  mandou  D.  Sebastião  passar  a  D.  João  de  Lancastre 
carta  de  duque  de  Aveiro,  na  qual  consta  todo  o  referido,  mas  sem  datas  (5). 
El  Rei  D.  Manuel  morreu  a  i3  de  Dezembro  de  1621,  deixando  no  seu  tes- 


(i)  Corpo  Chronologico,  parte  i.*,  maç.  48,  doe.  66. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  20.",  fi.  33. 

(3)  Ceo  aberto,  pág.  Soo. 

(4)  Ibidem. 

(5)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  6.",  pág.  84,  n.»  9. 


Apêndice  401 

tamento  tratado  o  casamento  do  infante  D.  Fernando  seu  filho  com  D.  Guiomar 
Coutinho,  herdeira  dos  condados  de  Marialva  e  Loulé.  Logo  depois  da 
morte  de  el  Rei  começou  o  escândalo  provocado  pelo  marquês  de  Torres 
Novas,  que  se  opunha  ao  projectado  matrimónio,  alegando  ser  já  recebido 
em  segredo  com  D.  Guiomar.  Foi  o  caso  entregue  a  juízes  e  durou  o  pleito 
até  i529,  sendo  certo  que  durante  ele  não  daria  D.  João  III  o  título  de  duque 
ao  marquês,  contra  quem  devia  estar  irritado.  Em  i53o  casou  D.  Guiomar 
com  o  infante  D.  Fernando,  duque  da  Guarda,  e  por  esse  tempo,  como  uma 
sorte  de  prémio  de  consolação,  seria  dado  o  título  de  duque  ao  marquês 
ainda  assim  só  para  se  verificar  dali  a  determinado  praso,  pois  que  a  17  de 
Outubro  de  i633  ainda  se  passou  um  mandado  ao  marquês  de  Torres 
Novas  (i).  Em  i535,  quando  foi  da  expedição  de  Tunes,  tanto  Góis  como 
Andrada  nas  suas  Chronicas  já  nomeiam  a  D.  João  com  o  título  de  duque 
de  Aveiro.  A  carta  de  assentamento  de  760.000  reais,  em  que  se  com- 
preendiam 400.000  que  já  tinha,  só  foi  passada  a  D.  João  duque  de  Aveiro  a 
26  de  Julho  de  1647  (2);  e  a  confirmação  da  chamada  casa  de  Aveiro,  isto  é, 
das  doações  feitas  ao  duque  de  Coimbra,  essa  só  foi  concedida  a  D.  João  em 
2  de  Maio  de  i556(3).  Pela  citada  carta  de  D.  Sebastião  foi  feita  mercê  ao 
duque  de  Aveiro  de  por  seu  falecimento  logo  seu  sucessor  se  poder  intitular 
duque  daquela  vila;  e  seu  herdeiro,  assim  que  nasça  se  poder  chamar  mar- 
quês de  Torres  Novas. 

Morreu  o  duque  de  Aveiro  a  22  de  Agosto  de  1571  (4). 

Armas:  as  do  2.°  duque  de  Coimbra  seu  pai. 

Casou  a  22  de  Fevereiro  de  1547  (5),  tendo  precedido  contracto  do  pri- 
meiro do  mesmo  mês  (6),  com  D.  Juliana  de  Lara,  filha  dos  3.°'  marqueses 
de  Vila  Real.  Foi  D.  Juhana  duquesa  de  Aveiro  e  morreu  a  i  de  Agosto 
de  1570(7).  «Do  dia  i.°  do  mez  de  Agosto  do  anno  passado  de  1670  em 
diante,  que  foi  o  tempo  em  que  falleceu  a  duqueza». 

Tiveram  descendência. 

4."  Duque  de  GUIMARÃES  —  1 537,  Abril  23.  — Infante  D.  DUARTE. 


(i)  Lousada,  Torre  do  Tombo,  vol.  3.»,  fl.  887  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  llí,  liv.  i5.°,  fl.  97  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  yi.',  fl.  Sog. 

(4)  Historia  genealógica,  vol.  11.",  pág.  58. 

(5)  Ibidem,  pág.  52. 

(6)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  60.°,  fl.  i83. 

(7)  Consta  de  uma  carta  de  19  de  Junho  de  1571  de  mercê  de  vinte  arrobas  de  açúcar 
por  ano  à  marquesa  de  Torres  Novas,  carta  que  está  a  fl.  217  v.  do  liv.  28.°  das  Doações  de 
D.  Sebastião  e  D.  Henrique. 

VOL.  ai  5i 


402  Brasões 

—  Teve  o  ducado  por  casar  na  data  referida  com  D.  Isabel,  a  quem  seu 
irmão  o  5.°  duque  de  Bragança,  no  contracto  de  casamento  de  21  de  Agosto 
de  i536,  dera  em  dote  este  ducado  de  Guimarães  (i). 

Foi  o  infante  filho  de  el  Rei  D.  Manuel,  e  morreu  a  20  de  Outubro  de 
1540. 

Armas:  as  do  reino  com  oito  castelos  na  bordadura,  diferençadas  por  um 
banco  de  pinchar  de  prata  de  três  pendentes,  cada  um  deles  de  forma  qua- 
drangular, sendo  o  i.°  de  oiro  com  quatro  palas  de  vermelho;  o  2."  partido 
de  prata  com  uma  cruz  de  oiro,  e  defaxado  de  prata  e  vermelho  de  dez  peças; 
e  o  3.°  franxado  de  oiro  com  quatro  palas  de  vermelho,  e  de  prata  com 
águia  de  negro  (2). 

Casou  em  23  de  Abril  de  i537  com  D.  Isabel,  infante  duquesa  de  Gui- 
marães, que  morreu  em  16  de  Setembro  de  1676,  e  era  filha  dos  4.°*  duques 
de  Bragança.     Epitáfio  no  mosteiro  das  Chagas  de  Vila  Viçosa  (3). 

Tiveram  geração. 

3.r Barão  de  ALVITO  — 1541,  Junho  26.  — D.  RODRIGO  LOBO,  do 
conselho  e  vedor  da  fazenda.  —  Por  carta  da  referida  data  foi-lhe  confirmada 
a  baronia,  por  ele  ser  o  filho  mais  velho  que  ficara  por  falecimento  de 
D.  Diogo  Lobo,  2.°  barão  de  Alvito,  visto  que  a  esse  tempo  seu  filho  primo- 
génito já  era  morto;  isto  na  conformidade  da  sentença  havida  por  D.  Rodrigo 
contra  seu  sobrinho  D.  Diogo  Lobo,  fidalgo  da  casa  de  el  Rei  (4).  Era  vedor 
da  fazenda,  ofício  em  que  sucedeu  a  seu  pai  por  carta  de  4  de  Dezembro  de 
i525(5),  e  que  serviu  até  ao  fim  da  vida.  Em  1546  sucedeu  ao  barão  um 
caso,  que  para  mim  ainda  não  está  completamente  claro.  Nesse  ano,  a  6  de 
Dezembro,  estava  o  barão  preso  no  castelo  de  Soure,  donde  dirigiu  uma 
extensa  carta  a  el  Rei,  queixando-se  de  aos  cinquenta  e  dois  anos  se  encon- 
trar, sem  grande  culpa,  em  tal  situação.  A  carta,  que  por  sinal  é  de  dificí- 
lima leitura,  apesar  de  muito  comprida,  é  tão  confusa,  que  pouco  se  pode 
dela  averiguar  acerca  do  que  dera  causa  ao  castigo.  Vê-se  que  a  parte 
queixosa  era  o  marquês  de  Vila  Real;  percebe-se  que  D.  João  Lobo,  filho 
do  barão,  namorava  D.  Juliana  irmã  do  marquês,  e  que  este  não  achava 
aquele  fidalgo  bastante  para  aspirar  à  mão  da  sua  irmã  (6).  Isto  é  quási 
somente  o  que  se  apura  da  carta,  onde  também  há  incidentemente  referência 


(1)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.%  pág.  599,  n.»  106. 

(2)  Livro  da  Torre  do  Tombo,  fl.  8. 

(3)  Frei  Jerónimo  de  Belém,  Chronica  seráfica,  yo\.  IV,  pág.  562. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  Si.»,  fl.  73. 

(5)  Ibidem,  liv.  8.»,  fl.  144  v. 

(6)  Corpo  Chronologico,  parte  2,*,  maç.  241,  doe.  25. 


Apêndice  40  3 

a  D.  Guiomar  mulher  do  barão,  e  a  uma  estada  de  el  Rei  no  castelo  de 
Alvito.  Os  nobiliários  nada  adiantam,  e  só  se  sabe  que  D.  Juliana  veio 
depois  a  casar,  em  1647,  com  o  i.°  duque  de  Aveiro,  que  também  tivera 
uma  história  muito  comprida  com  um  seu  projectado  casamento.  O  encar- 
ceramento do  barão  não  sei  se  foi  dilatado;  mas  é  certo  ter  ele  tornado  a 
alcançar  a  régia  benevolência. 

Morreu  o  barão  de  Alvito  nas  proximidades  de  i  de  Abril  de  i56o,  data 
do  alvará  de  nomeação  do  filho  para  vedor  da  fazenda  d),  e  talvez  a  24  de 
Dezembro  de  1559(2).  Já  tinha  morrido  a  14  de  Fevereiro  de  i56o,  e  pouco 
antes  desta  data  teve  lugar  o  seu  falecimento  (3).  É  pois  provável  estar 
certa  a  data  da  morte  a  24  de  Dezembro  de  1559. 

Armas:  de  prata,  cinco  lobos  passantes  de  negro,  armados  e  linguados 
de  vermelho;  bordadura  de  azul  carregada  de  oito  aspas  de  oiro  (4). 

Casou,  antes  de  20  de  Novembro  de  i52i  (5),  com  D.  Guiomar  de  Castro, 
filha  do  regedor  João  da  Silva.  Devia  D.  Guiomar  ter  sido  baronesa  de 
Alvito,  apesar  de  com  o  título  não  a  encontrar  nomeada;  mas  devia  tê-lo  sido, 
porque  vivia  em  i552,  ano  em  que,  a  28  de  D-ezembro,  assinou  a  escritura 
do  dote  de  uma  sua  filha  (6). 

Tiveram  descendência. 


CASO  DO  BARÃO  DE  ALVITO 


Resposta  de  D.  Jufíana,  filha  do  marquez  de  Villa  Real, 

que  den  por  escripto  aos  desembargadores,  que  por  mandado  d'el-rei  D.  João  o  3.° 

lhe  foram  fazer  perguntas  sobre  um  escripto, 

que  se  achou,  em  que  se  disia  ella  ser  casada  com  o  filho  do  Barão. 

O  que  neste  caso,  a  que  el-rei  nosso  senhor  os  mandou  cá  digo  que  lhe  peço  que  digam 
a  S.  A.  de  minha  parte,  que  lhe  beijarei  as  mãos  lembrar-se  de  minha  orfandade  e  desam- 
paro, e  que  perdi  meu  pai  (havia  morrido  em  Junho  de  1S43)  em  seu  serviço,  e  ás  suas 


(i)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  6.°,  fl.  66  v. 

(2)  Figueiredo,  Nobiliário. 

(3)  Carta  de  Lourenço  Pires  de  Távora  a  el  Rei,  datada  de  Roma  (Corpo  diplomático, 
vol.  8.0,  pág.  353. 

(4)  Assim  se  encontram,  sem  os  esmaltes  é  claro,  no  selo  de  uma  carta  do  barão  a 
el  Rei,  datada  de  Góis  a  i  de  Julho  de  i55o,  a  qual  está  no  Corpo  Chronologico,  parte  i.", 
maç.  84,  doe.  81. 

(5)  Data  de  um  mandado  de  pagamento  de  certa  quantia  de  mota  de  seu  casamento, 
documento  extractado  por  Lousada  na  sua  Torre  do  Tombo,  vol.  i.",  fl.  5o6. 

(6)  Ibidem,  fl.  187  v. 


404  Brasões 

obras;  que,  se  eu  o  tivera,  nisso  não  se  houvera  este  rapas  de  atrever  a  falar  em  mim^  ainda 
que,  tendo  eu  a  S.  A.  nenhuma  coisa  me  falta.  E  que  pois  em  toda  a  parte  do  mundo  se  há 
de  saber  este  falso  testemunho,  que  me  alevantaram,  se  queira  S.  A.  lembrar,  que  sou  bis- 
neta do  duque  D.  Diogo  seu  tio,  e  filha  e  neta  dos  mais  leaes  vasallos  que  S.  A.  tem,  para 
neste  caso  dar  o  castigo,  que  tão  grave  caso  merece,  para  que  também  se  saiba  e  soe  a  jus- 
tiça que  por  isso  S.  A.  mandou  fazer.  E  para  que  nisto  sejaes  mais  certos,  a  vós,  senhores» 
como  a  justiças  de  S.  A.  juro  nesta  Vera  Cruz  que  tenho  ao  pescoço,  que  lhes  amostro,  e 
a  estes  Santos  Evanjelhos  em  que  ponho  as  mãos,  que  isto  foi  o  mór  falso  testemunho  que 
se  nunca  alevantou;  e  que  neste  caso  nunca  me  passou  pelo  pensamento,  que  este  homem 
isto  cuidara,  nem  nunca  por  nenhuma  pessoa,  mulher  nem  homem,  nem  moço  nem  menino, 
me  foi  dado  recado  seu,  nem  carta  sua,  nem  nunca  vi  letra  sua,  nem  nunca  pelo  pensamento 
me  passou,  que  com  outro  homem  podia  casar  senão  com  o  duque  de  Aveiro;  e  isto  porque 
me  parecia,  que  Suas  Altezas  me  queriam  fazer  esta  mercê  por  suas  muitas  virtudes,  e  pelos 
merecimentos  de  meu  pai.  E  lhe  peço,  porquanto  assim  ha  cartas  falsas  feitas  em  meu  nome, 
queira  que  perante  elle  escreva;  e  porque  eu  fazia  outro  signal  antes  de  agora,  e  por  fazer 
má  letra  me  enssinava  a  escrever  o  dr.  Manoel  Vaz  mestre  do  marquez  meu  irmão,  e  porque 
dantes  eu  fazia  um  y  grego  no  signal,  e  agora  faço  um  grande,  e  porei  aqui  ambos  os  signaes. 
E  razão  porque  o  mudei,  eu  vol-a  disse,  e  vós  o  podeis  dizer  a  S.  A.  E  outra  vez  vos  torno 
a  jurar  nestes  evanjelhos,  em  que  ponho  outra  vez  as  mãos,  que  tudo  o  que  vos  digo  é  ver- 
dade (1). 

Carta  do  Barão  de  Alvito  a  el-rei. 

Senhor  —  Este  só  triumfo  em  minha  pessoa,  casa,  mulher  e  filhos  ficava  por  ver  a  meus 
inimigos  sem  culpa  minha  pêra  seu  contentamento,  e  á  casa  de  Villa  Real  pêra  sua  honra 
que  eu  tanto  sempre  trabalhei  guardar  e  acrescentar.  Mandar  vossa  alteza  prender  o  barão 
dalvito  de  cincoenta  e  dois  anos  todos  de  serviço  e  preso  o  mandar  a  um  castello  desoito 
léguas  de  sua  corte  pola  estrada  de  Coimbra  e  em  ano  de  jubileu,  podendo-o  mandar  por 
outras  porque  eu  ha  tão  pouco  tempo  que  passei  muitas  vezes  por  seu  serviço  doutra  ma- 
neira, e  isto  sem  me  ouvir  nem  a  pessoa  alguma  por  minha  parte,  ouvindo  tantas  pela  outra, 
cousa  que  se  té  agora  não  fez  nem  fás  neste  reino,  nem  fará,  mandando  juntamente  dona 
Guiomar  de  sua  corte  onde  lhe  eu  não  sei  ter  feito  outro  nenhum  deserviço  senão  enco- 
mendar sua  vida  e  estado  e  da  Rainha  nossa  senhora  e  do  principe  Nosso  Senhor  continuada- 
mente com  suas  filhas,  que  lhe  o  seu  desfavor  fez  envelhecer  em  casa  em  tempo  que  o  favor 
doutros  que  o  não  servem  melhor  que  eu,  lhe  casou  as  suas  no  berço  e  se  se  isto  fizera 
por  caso  algum  ainda  que  fora  de  traição  que  em  seus  avós  nem  meus  nunca  houve  em 
tempos  passados  ou  neste  presente  e  alguma  mulher  de  sua  qualidade  não  me  doera  tanto, 
jnas  castigo  novo  e  sem  culpa  faz  nova  dor  e  novo  agravo,  remirem-se  os  do  duque  de 
Aveiro  em  que  eu  tão  pouca  tive  com  os  meus  não  sei  direito  divino  nem  humano  que  o 
permita,  sei  porem  que  a  i.*  mercê  que  me  vossa  alteza  fez  a  cabo  de  tantos  e  taes  serviços 
não  devera  ser  pagar  tantos  anos  imocencios  de  tão  poucos  e  pêra  se  melhor  ver  a  minha 
quiz  Nosso  Senhor  que  determinasse  minhas  coisas  com  três  homens  suspeitos,  dois  julgados 
perante  elle  per  sentença,  o  outro  per  obras.    Gulpam-me  que  dei  um  oficio  a  um  criado  de 


(i)  Biblioteca  de  Évora  Cod.  ^^  fl.  53  v.  Parece  que  depois  disto  é  que  seria  escrita 
a  carta  do  barão  datada  do  castelo  de  Soure,  onde  estava  preso,  a  6  de  Dezembro  de  1546, 
à  qual  me  refiro  no  texto,  e  que  está  no  Corpo  Chronologico,  parte  2.',  maç.  241,  doe.  25. 


Apêndice  40  5 

dona  Leonor (1),  o  que  não  é  em  minha  lembrança ;  que  fizeram  se  os  vendera.  A  isto  digo  que 
mande  vossa  alteza  saber  em  sua  corte  e  em  seu  reino  se  em  vinte  um  anos,  que  fez  este 
novembro  passado,  que  ha  que  o  sirvo  de  vedor  da  fazenda  me  foi  pedido  algum  que  negasse 
a  pessoa  alguma  e  achandose  ser  assim  confesso  tudo  o  que  lhe  contra  mim  dizem  ou  também 
àe  aos  meus  dei  em  todo  este  tempo  de  cinco  ou  seis  pêra  cima  e  nisto  verá  V.  A.  os  fun- 
damentos de  meus  inimigos  quaes  são:  que  me  culpam  de  dar  coisa  que  fez  o  nome  de  Ale- 
xandre imortal.  Com  estes  me  afirmam  que  fazem  outro  que  é  virem  moços  de  casa  da 
marqueza  comer  a  minha,  se  isto  for  prova  ou  indicio  vossa  alteza  o  julgue  que  eu  não  tenho 
a  isso  que  dizer  porque  casa  tão  abastada  ajudar-se  doutra  tão  sua  e  tão  necessitada  não 
se  pode  dizer  nada  por  sua  parte  e  esta  só  razão  dou  pola  minha  ainda  que  não  tivera  filhos 
nem  a  obrigação  que  tenho  a  não  fazer  dos  meus  se  não  o  que  vossa  alteza  mandar.  Pêra 
guardar  dom  João  desta  culpa  tanto  com  ella  dona  Juliana  ora  aquerir  lianca,  qual  tinha 
mais  aquerida  nem  mais  certa  neste  reino,  fidalguia  eu  sou  contente  da  que  meus  filhos  e 
eu  temos,  e  foi  a  seu  serviço  e  a  seu  gosto  que  andei  eu  fasendo  des  que  nasci  senão  o  con- 
trario e  fasem-lhe  elles,  como  o  avisa  de  querer  nem  consentir  pois  nem  folgava  coelles 
quando  os  sua  mãe  paria  senão  pêra  servirem  vossa  alteza.  Fica  contra  mim  poder-se  dizer 
que  me  mandou  vossa  alteza  que  olhasse  por  meu  filho  neste  caso,  eu  o  fiz  por  mim,  por 
dom  Francisco  meu  irmão,  por  um  religioso  seu  amigo,  e  todos  o  amoestamos  e  defendemos 
mandando-lhe  e  aconselhando-lhe  o  que  devia  fazer,  e  lembrando-lhe  as  obrigações  que  elle 
e  eu  tínhamos  a  esta  casa  e  primeiramente  ao  serviço  de  vossa  alteza  e  ao  tempo  em  que 
cometia  esta  culpa.  Fes-se  nos  de  todo  sem  ella.  O  mais  que  alem  disto  era  necessário  eu 
o  fiz  e  lhe  disse  logo  que  eu  tinha  provido  no  que  me  mandaua  tanto  quanto  um  pai  tão 
occupado  como  eu  podia  fazer,  cortar-lhe  a  cabeça  ?  Vossa  alteza  não  mo  mandou.  Tira-lo 
de  sua  corte  ?  Muito  menos,  que  se  me  ambas  estas  mandara,  ambas  fizera.  Neste  estado 
de  culpa  de  inocência  estou  não  me  esquecendo  que  quando  o  Gaspar  de  Carvalho  começou 
servir  de  procurador  de  seus  feitos,  o  servia  eu  de  juiz  delles  e  que  está  elle  agora  assentado 
ante  elle  numa  cadeira  julgando  vivos  e  mortos  e  eu  julgado  por  elle  no  castello  de  Soure 
donde  faço  preito  e  menajem  a  Deus  e  a  vossa  alteza  que  se  me  dom  Nunoalvares  (2)  pedira 
meu  filho  pêra  sua  sobrinha  que  lho  não  dera,  e  que  se  lhe  a  elle  pedirem  seu  sobrinho  pêra 
a  filha  do  conde  de  Castanheira,  que  lho  hade  dar.  Do  Castello  de  Soure  onde  se  sou  cuí: 
pado  fico  como  mereço  e  se  não  como  de  vossa  alteza  nunca  pudera  esperar,  nelle  recebo  de 
João  da  Silva  mais  e  melhor  gasalhado  do  que  vossa  alteza  recebeo  serviço  no  de  Alvito  de 
dona  Guiomar.  Nosso  Senhor  a  vida  real  estado  de  vossa  alteza  guarde  e  acrescente,  a 
bj  de  dezembro  de  46.    Feitura  de  vossa  alteza  que  suas  reaes  mãos  beija.  —  ho  barão  (3). 


(i)  Refere-se  a  D.  Leonor  de  Noronha,  irmã  do  3.°  marquês  de  Vila  Real,  e  por  tanto 
tia  de  D.  Juliana,  a  heroína  desta  aventura.  D.  Leonor  é  bem  conhecida  dos  bibliófilos  pelas 
suas  traduções  do  latim  impressas  em  Coimbra  e  Lisboa  nos  anos  de  i55o,  52,  53  e  54.  São 
livros  que  ninguém  lerá,  mas  que  constituem  verdadeiras  raridades  bibliográficas.  Morreu 
solteira  a  17  de  Fevereiro  de  i563. 

(2)  É  D.  Nuno  Álvares  Pereira  também  tio  de  D.  Juliana,  irmão  de  seu  pai.  Os  genea- 
logistas «rradamente  chamam-lhe  D.  Nuno  Álvares  de  Noronha;  mas  o  seu  verdadeiro  nome 
consta  de  muitos  documentos,  e  entre  eles  de  uma  carta  registada  a  fl.  76  v.  do  liv.  42.°  das 
Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  na  qual  se  declara,  por  sinal,  que  a  mulher  de 
D.  Nuno,  D.  Maria  de  Noronha,  morreu  a  5  de  Fevereiro  de  1578. 

(3)  Corpo  Chronologico,  parte  2.»,  maç.  241,  doe.  25. 


406  '  Brasões 


Carta  Regia. 

D.  João  etc.  Faço  saber  a  quantos  esta  minha  carta  virem,  que  a  mim  foi  dado  um 
escripto  aberto,  que  se  mostrava  que  nunca  fora  cerrado,  e  sem  ter  sobescripto,  que  se  dizia 
ser  escripto  e  assignado  per  D.  Jurliana,  minha  muito  presada  sobrinha,  filha  do  marquez  de 
Villa  Real,  que  Deus  perdoe,  meu  muito  presado  primo,  no  qual  dizia  a  dita  D.  Jurliana  ser 
casada.  E  depois  de  me  ser  dado  o  dito  escripto  fui  informado,  que  se  dizia  em  minha 
corte  como  me  assim  me  fora  dado  o  dito  escripto,  em  que  se  dizia  a  dita  D.  Jurliana  ser 
casada.  E  por  logo  me  ser  dito  e  afirmado,  por  parte  da  dita  D.  Jurliana,  que  o  dito  escripto, 
e  o  que  nelle  se  continha,  era  falso,  pedindo-me  que  mandasse  fazer  todas  as  diligencias  que 
fossem  necessárias  pêra  se  saber  como  o  dito  escripto,  e  o  que  nelle  se  dizia,  era  tudo  falso; 
pelo  que  mandei,  por  dois  meus  desembargadores  do  paço  e  do  meu  conselho,  e  corregedor 
de  minha  corte,  fazer  todas  as  diligencias  e  exames,  inquirições,  per  que  se  a  verdade  do 
dito  caso  pudesse  bem  saber.  As  quaes  foram  por  elles  mui  inteiramente  feitas;  e  vistas 
per  mim  me  constou  claramente  o  dito  escripto,  que  me  assim  foi  dado  e  tudo  o  que  nelle 
dizia  ser  falso;  e  a  dita  D.  Jurliana  ser  d'isso,  e  de  todo  isso,  innocente.  E  por  me  assim 
constar,  o  declaro  e  pronuncio  por  tal  pêra  que  a  todos  seja  notório,  e  em  todo  o  tempo  se 
saber  a  verdade  do  dito  caso,  e  como  assim  per  mim  foi  declarado  e  pronunciado,  e  mandei 
disso  passar  esta  minha  carta  assignada  por  mim,  e  assellada  com  o  meu  sello  pendente, 
a  qual  mando  que  se  registe  em  minha  chancellaria.  Dada  em  Almeirim  a  i6  de  dezembro 
da  1546(1). 

Sentença  sobre  a  prisão  do  barão  de  Alvito,  pai  de  D.  João  Lobo, 
que  lhe  foi  feita  por  se  dizer  o  dito  seu  filho  ser  casado  com  a  dita  Juliana. 

AcordSo  os  do  desembargo  d'el-rei  nosso  senhor,  que  vistos  estes  autos,  que  se  fizeram 
sobre  a  prisão  do  barão  de  Alvito,  e  devaça,  e  os  mais  autos  que  se  a  elle  ajuntaram,  e  o 
que  por  elles  se  mostra,  mandam  que  ao  dito  barão  seja  alevantada  a  menagem  sob  que  está 
preso  no  castello  da  villa  de  Soure,  e  se  poderá  ir  pêra  ^ua  casa,  e  não  entrará  na  côrtè  sem 
licença  de  S.  A.;  e  pelo  contheudo  no  dito  caso  se  não  proceda  contra  elle. 

El-rei,  nosso  senhor,  ha  por  bem  que  o  barão  de  Alvito  se  possa  vir  para  a  corte,  e 
servir  seu  oficio,  sem  embargo  do  despacho,  que  atrás  está  posto  nestes  autos,  por  que  lhe 
foi  defeso  que  não  entrasse  nella.    Em  Lisboa  a  23  de  julho  de  1548  anos  (2). 


Sentença  contra  D.  João  Lobo,  filho  do  Barão,  sobre  o  mesmo  caso. 

Manda  el-rei  nosso  senhor,  vistos  estes  autos  e  o  libello  que  por  parte  da  justiça  foi  dad& 
contra  D.  João  Lobo,  filho  do  barão  de  Alvito,  e  visto  as  diligencias  e  inquirições  que  se 
fizeram  sobre  o  caso,  por  que  é  acusado,  porque  se  mostra,  estando  S.  A,  na  villa  de  San- 
tarém, o  dito  D.  João  entrar  de  noite  por  uma  janella  em  uma  das  casas  do  marquez  de  Vila 
Real  na  dita  villa  de  Santarém,  lançando  as  portas  da  dita  janella  que  estavam  fechadas, 
fora  do  coice;  e  levar  da  dita  casa  certas  peças  e  vestidos,  que  na  dita  casa  estavam,  estando 


(i)  Biblioteca  Eborense,  Cód.  — -,  fl.  83  v.,  e  Gód.  — g,  fl.  54. 
{2)  Ibidem,  ^^{l.5^Y._ 


Apêndice  407 

a  dita  marqueza  a  este  tempo  com  seus  filhos  e  filha  na  dita  casa;  e  dizer  elle  D.  João  Lobo 
e  afirmar,  assim  por  palavras  como  por  certos  escriptos,  ser  casado  com  D.  Juliana,  filha 
da  dita  marqueza,  não  sendo  assim  verdade;  havendo  porem  respeito  a  sua  menor  idade, que 
elle  vá  degredado  por  dez  anos  para  o  Brasil,  e  que,  depois  de  cumprir  o  dito  degredo  de 
dez  anos,  elle  D.  João  não  entre  nem  este  na  corte,  nem  a  quinze  legoas  d'ella,  nem  na  villa 
de  Santarém,  emquanto  viver.  E  manda  S.  A.  ás  justiças,  que  o  prendam  ao  dito  D.  João,  e 
tanto  que  fôr  preso,  seja  levado  a  cumprir  o  dito  degredo  (i). 

5.»  Duque  de  GUIMARÃES  —  1 541.  — D.  DUARTE,  filho  do  4.°  duque. 
—  Nasceu  póstumo  em  Março  de  1541,  e  nesse  mesmo  ano  foi  duque  (2). 
Isto  é  o  que  se  diz;  porém  pela  carta  de  doação,  que  a  mãe  lhe  fez  da  vila 
de  Guimarães  em  27  de  Maio  de  i558,  apenas  se  sabe  que  D.  Duarte  havia 
sido  criado  duque  por  D.  João  III,  e,  portanto  antes  de  1 1  de  Junho  de  iSôy, 
e  o  mesmo  se  diz  na  carta  de  confirmação  da  precedente,  e  noutras  (3).  Na 
carta  de  mercê  do  ofício  de  condestável,  a  qual  é  de  12  de  Maio  de  iSSy, 
apenas  é  chamado  D.  Duarte  filho  do  infante  D.  Duarte  (4).  É  verdade  que 
na  carta  de  confirmação  da  precedente  em  i3  de  Agosto  de  1673  também 
se  lhe  não  dá  o  titulo  de  duque  de  Guimarães  (5).  Dá-se-lhe  porém  na  de 
confirmação  da  doação  de  Guimarães  em  12  de  Novembro  de  i558(6). 

Morreu  solteiro  e  sem  geração  a  28  de  Novembro  de  1576,  vagando  então 
o  ducado  para  a  coroa,  e  só  tornou  a  voltar  para  a  casa  de  Bragança  em  4 
de  Junho  de  i638,  como  lá  acima  ficou  apontado. 


(i)  Biblioteca  Eborense,  Gód.  ^  fl.  55.  D.João  Lobo  arrombaria  a  janela  da  casada 
marquesa  de  Vila  Real  sem  ter  aliado  dentro  da  praça  ?  E  sobretudo  iria  lá  roubar  cousas  ? 
Não  é  crível. 

D.  Joana  depois  de  aceitar  os  galanteios  do  rapaz,  que  se  vê  não  ter  sido  peco,  arrepen- 
deu-se,  seduzida  pelo  título  de  duquesa  de  Aveiro,  e  repudiou  o  seu  amante.  É  o  que  se 
me  afigura,  e  a  sua  memória  que  me  perdoe  o  falso  testemunho,  se  lho  levanto. 

O  certo,  é  que  menos  de  dois  meses  depois  da  sentença  de  i  de  Fevereiro  de  1547,  ^^ 
Almeirim,  na  pousada  do  duque  de  Aveiro,  que  estava  presente,  compareceram  D.  Nuno 
Alvares  Pereira  e  seu  irmão  D.  Francisco  de  Noronha,  ambos  sobrinhos  de  el  Rei.  O  pri- 
meiro vinha  na  qualidade  de  procurador  de  sua  cunhada  a  marquesa  de  Vila  Real  D.  Bea- 
tris,  tutora  de  seu  filho  o  marquês  D.  Miguel  de  Meneses;  e  o  outro  como  procurador  de 
sua  sobrinha  D.  Juliana.  Perante  todos  três  lavrou-se  então  o  contracto  de  casamento  do 
duque  e  de  D.  Juliana  (Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  60.°,  fl.  i83).  Quanto  a  D.  João 
Lobo  não  sei  se  chegou  a  cumprir  o  degredo  a  que  foi  condenado,  mas  é  positivo  que 
readquiriu  a  régia  benevolência,  porque,  por  carta  de  10  de  Abril  de  i56o,  sendo  já  barão- 
de  Alvito,  foi  nomeado  vedor  da  fazenda  em  sucessão  a  seu  pai,  que  falecera  poucos  meses 
-antes  {Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  6.°,  fl.  66  v.). 

(2)  Annaes  de  D.  João  III,  pág.  307,  e  Historia  genealógica^  vol.  5.°,  pág.  54. 

(3)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  2.",  pág.  642,  n.*  ii3. 

(4)  Ibidem^  pág.  619,  n.»  iii. 

(5)  Ibidem. 

(6)  Ibidem,  pág.  642,  n."  n  3. 


4o8  Brasões 

Armas:  as  do  reino  com  sete  castelos  na  bordadura,  e  por  diferença  um 
banco  de  pinhar  de  prata  (?)  de  três  pendentes  posto  em  chefe  (i). 

4."  Marquês  de  VILA  REAL—  i543,  Julho  i.  — D.  MIGUEL  DE  ME- 
NESES, conde  de  Alcoutim.  —  Consta,  aquela  data,  da  carta  do  assenta- 
mento de  marquês  de  3i2.858  reais,  a  qual  lhe  foi  passada  a  2  de  Novembro 
de  1548,  mandando-se-lhe  pagar  1.775.7 19  reais  dos  atrazados  desde  o  pri- 
meiro de  Julho  de  i543,  por  ter  seu  f)ai,  o  marquês  D.  Pedro,  morrido  em 
fins  de  Junho  daquele  ano  (2).  Também  foi  6.°  conde  de  Vila  Real  e  4.°  de 
Valença.  Por  carta  de  12  de  Julho  de  i557  foi-lhe  dado  o  título  de  marquês 
de  Vila  Real  de  Juro,  pela  mesma  forma  porque  havia  sido  concedido  o  de 
conde  a  seu  bisavô,  isto  é,  de  maneira  que,  tanto  que  os  sucessores  herdarem 
a  casa,  se  possam  logo  chamar  e  chamem  marqueses  de  Vila  Real.  Consta 
que  disto  tivera  promessa  de  D.  João  III  para  logo  que  o  marquês  casasse, 
e  que  el  Rei  não  assinara  a  carta  pelo  pouco  que  sobreviveu  ao  casamento  (3). 
Foi  o  6.°  capitão  de  Seuta,  de  que  teve  carta  em  12  de  Julho  de  i557,  também 
para  cumprimento  de  idêntica  promessa  feita  antes  do  seu  casamento  (4). 
Foi  o  primeiro  da  família  que  nunca  passou  a  Seuta,  exercendo  a  capitania 
por  outros,  que  em  seu  nome  governavam.  No  ano  de  i563  alcançou  carta 
para  lhe  poder  suceder  na  casa,  por  falta  de  filhos,  seu  irmão  D.  Manuel  (5). 

Morreu  do  coice  de  um  cavalo  (6)  em  i564,  no  mês  de  Março,  a  3i  (7), 
ou  a  23  (8). 

Armas:  as  do  3.°  marquês,  seu  pai. 

Casou  nos  princípios  de  1 567,  antes  da  morte  de  D.  João  III,  com 
D.  Felipa  de  Lancastre,  rnarquesa  de  Vila  Real,  filha  de  D.  Afonso  de  Lan- 
castre,  comendador  mor  da  ordem  de  Cristo  (9).  Sobreviveu  a  marquesa  ao 
marido,  e  ainda  era  viva  em  6  de  Dezembro  de  i583,  em  que  se  lhe  passou 
mandado  para  certo  pagamento  a  ela  devido  (10). 

Nãe  tiveram  descendência. 

Vide  3.°  conde  de  Alcoutim. 


(i)  Selo,  na  iy/s/or/íT  ^encíí/o^zca,  vol.  4.°,  estampa  O,  n.»  Lxxvm. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  55.»,  fl.  i32  v. 

(3)  Ibidem,  li\.  ji.'',^.  2gg. 

(4)  Ibidem,  liv.  54.°,  fl.  3i5  v. 

(5)  Gama,  Decisionuvi,  pág.  93. 

(6)  Figueiredo,  Nobiliário. 

(7)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  19.°,  fl.  218. 

(8)  Gama,  Decisionum,  pág.  93. 

(9)  A  data  aproximada  do  casamento  consta  da  carta  de  marquês  de  juro,  a  qual  está 
a  fl.  299  do  liv.  71."  da  Chancelaria  de  D.  João  HL 

(10)  Ementas,  liv.  4.°,  fl.  11  v. 


Apêndice  409 

6.°  Conde  de  VILA  REAL— 1 548,  Julho  i.  — D.  MIGUEL  DE  ME- 
NESES,  conde  de  Alcoutim.  —  Sucedeu  no  condado  de  Vila  Real  logo  por 
morte  de  seu  pai.  Não  me  consta  a  existência  de  carta  de  confirmação  da 
sucessão;  devo  porém  acreditar  nela,  não  só  pelo  que  dizem  os  documentos 
citados  nos  artigos  dos  precedentes  condes  da  Vila  Real,  mas  sobretudo, 
porque,  por  carta  de  4  de  Dezembro  de  1677  foi  confirmado  o  condado  a 
seu  irmão,  e  sucessor  na  casa  (i),  e  este  não  podia  suceder  no  que  o  outro 
não  tivesse  possuído. 

Vide  4."  marquês  de  Vila  Real. 

4.°  Conde  de  VALENÇA  ^  1 543,  Julho  i.  — D.  MIGUEL  DE  ME- 
NESES, conde  de  Alcoutim.  —  Sucedeu  na  casa  de  Vila  Real  na  data  apon- 
tada, e  por  esse  facto  foi  conde  de  Valença,  sem  necessidade  de  carta, 
como  ficara  determinado  na  de  12  de  Dezembro  de  1499  de  criação  do  con- 
dado (2). 

Vide  4.°  marquês  de  Vila  Real. 

3.°  Conde  de  ARGANIL — i545,  entre  16  de  Fevereiro  e  14  de  Julho. 
—  D.  JOÃO  SOARES,  bispo  de  Coimbra.  —  D.  João  III,  em  carta  da  pri- 
meira data  apontada,  dirigida  ao  seu  enviado  em  Roma,  declara  eleger  para 
bispo  de  Coimbra  a  Frei  João  Soares,  seu  confessor,  mestre  em  teologia, 
frade  da  ordem  dos  eremitas  de  Santo  Agostinho  (3);  e  nesse  dia,  ao  que 
parece,  comunicou  ao  papa  a  eleição  que  fizera  (4).  A  22  de  Maio  do  mesmo 
ano  foi  expedida  uma  bula  recomendando  a  el  Rei  o  novo  bispo  de  Coimbra  (5); 
e  a  14  de  Julho  notificava  el  Rei  à  câmara  de  Coimbra  a  nomeação  do  bispo 
D.  João  (6).  Logo  pouco  depois  de  tomar  posse  do  bispado  dirigiu  o  pre- 
lado uma  carta  a  el  Rei,  a  18  de  Julho  de  1646,  em  que  lhe  recorda  a  pro- 
messa de,  vindo  a  Coimbra,  poisar  nas  suas  casas,  « pelas  casas  de  Santa 
Cruz  serem  poucas  e  pequenas,  e  o  sitio  enfermo  d'onde  não  sahem  névoas 
até  ás  dez  horas;  as  escolas  mui  longe,  que  para  a  saúde  de  V.  A.  não 
cumpre;  as  calçadas  más;  e  sem  nenhuma  vista.  N'estas  casas  (as  do  bispo) 
ha  nove,  com  dois  oratórios,  que  se  correm  umas  pelas  outras;  ha  vista 
boa;  as  escolas,  quando  V.  A.  quizer  ir  a  pé,  pode  sem  trabalho,  etc. »  (7). 


(i)  Confirmações  geraes,  liv.  5.°,  fl.  94  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  So.",  ti.  33. 

(3)  Corpo  diplomático,  vol.  5.°,  pág.  3bg. 

(4)  Ibidem,  pág.  379.  . 

(5)  Ibidem,  pág.  414, 

(6)  J.  G.  Aires  de  Campos,  Documentos  da  camará  de  Coimbra,  2.»  parte,  pág.  4. 

(7)  Corpo  Chronologico,  parte  i.",  maç.  78,  doe.  38. 

VOL.  Ul  52 


41  o  Brasões 

A  9  de  Fevereiro  de  1647  teve  alvará  de  confirmação  do  couto  de  Co}a(i); 
a  i3  de  Julho  de  1548,  carta  de  privilégios  para  as  terras  e  coutos  de  seu 
bispado  (2);  em  3i  de  Julho  de  i565,  licença  para  ter  açouge  em  Coimbra  (3); 
e  em  9  de  Julho  de  1567,  privilégios  para  execução  dos  seus  devedores  (4). 
Esteve  no  Concílio  de  Trento  de  onde  escreveu  uma  carta  a  el  Rei  em  i5 
de  Fevereiro  de  i562(5). 

Faleceu  em  1572  no  mês  de  Novembro,  conforme  ainda  se  pode  ler  no 
epitáfio  (6),  a  26  ou  27  do  próprio  mês,  como  dizem  (7). 

Armas:  não  as  posso  brasonar,  porque  só  do  2.°  e  3.°  quartéis  é  que  sei 
a  que  família  pertenciam;  vou  pois  descrevê-las  como  as  encontro.  Esquar- 
telado:  no  i.°  três  jarras  com  flores,  que  aparecem  em  roquete  e  também 
em  contra  roquete;  o  2.°  e  3.°  de  prata,  cruz  florida  de  vermelho,  vazia  do 
campo,  bordadura  do  mesmo  carregada  de  sete  ou  oito  escudetes  de  azul, 
cada  um  carregado  de  cinco  besantes  de  prata;  no  4.°  dois  castelos  a  par, 
cada  um  sobrepujado  por  uma  águia,  a  de  sinistra  volvida,  e  tudo  disposto 
sobre  uma  ponta  com  quatro  palas  (8).  — Ainda  usou  de  outras  armas,  assim: 
uma  cruz  florida  acompanhada  por  três  jarras  cada  uma  carregada  de  uma 
flor  de  lis;  bordadura  com  cinco  escudetes  carregados  de  cinco  besantes 
cada  um,  e  entre  eles  a  divisa  SOLI  DEO  HONOR  ET  GLORIA  (9). 

3.»  Conde  do  REDONDO— 1549,  antes  de  18  de  Abril.  — D.  FRAN- 
CISCO COUTINHO,  do  conselho  de  el  Rei,  capitão  de  Arzila.  —  Na  data 
referida  já  era  conde  e  exercia  a  capitania  de  Arzila  (10),  e  por  carta  de  23 
de  Novembro  do  mesmo  ano  foi-lhe  dado  o  assentamento  de  conde,  de 
102.864  reais,  desde  o  primeiro  de  Janeiro  do  mesmo  ano  (11).     O  condado 


(i)  Privilégios  de  D.  Felipe  I,  liv.  i.°,  fl.  91  v. 

(2)  Privilégios  de  D.  João  III,  liv.  2.°,  fl.  124  v. 

(3)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  4.0,  fl.  292. 

(4)  Ibidem,  liv.  5.»,  fl.  i38. 

(5)  Gaveta  2.%  maç.  3,  n.»  11. 

(6)  Instituto,  vol.  42.°,  pág.  268. 

(7)  Leitão  Ferreira,  Catalogo  dos  bispos  de  Coimbra,  pág.  i56.  AS  de  Fevereiro  do 
ano  de  1572,  em  que  alguns  lhe  põem  a  morte,  ainda  o  bispo  conde  vivia,  pois  que  naquela 
data  esteve  presente  a  uma  escritura  de  aforamento,  que  está  a  fl.  225  v.  do  liv.  2."  dos 
Prasos  da  Mitra. 

(8)  Nos  sinetes  duma  carta  de  Trento,  já  citada,  e  doutra  sem  data  a  el  Rei,  que  está 
nas  Cartas  missivas,  maç.  2.°,  n.°  200,  e  no  frontespício  das  Constituições  de  Coimbra  da 
edição  de  1548. 

(9)  Nas  Constituições  extravagantes,  edição  de  i566. 

(10)  Chronica  de  D.  João  III,  parte  /[.*,  fl.  46  v. 

(11)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  61.",  fl.  100  v. 


t     l 


Apêndice  411 

do  Redondo  porém,  só  lhe  foi  confirmado  em  i3  de  Dezembro  de  i552(i). 
Foi  o  último  capitão  de  Arzila,  e  posteriormente  vice  rei  da  índia  nomeado 
por  carta  de  27  de  Janeiro  de  i56i  (2).  Lá  morreu  a  19  de  Fevereiro  de 
1564  (3). 

Armas:  de  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho. 

Casou  pelos  anos  de  1542(4)  com  D.  Maria  de  Blaesvelt,  dama  da 
infanta  D.  Maria,  filha  de  Francisco  de  Gusmão,  mordomo  mor  da  mesma 
senhora.  Foi  D.  Maria  de  Blaesvelt  condessa  do  Redondo,  e  eslava  com 
seu  marido  em  Arzila,  quando  em  Agosto  de  1649  a  praça  foi  evacuada  (5). 

2."  Conde  do  VIMIOSO—  i55o,  nos  princípios  do  ano.  — D.  AFONSO 
DE  PORTUGAL,  sobrinho  de  el  Rei.  —  Em  8  de  Dezembro  de  1549  morreu 
o  i."  conde  do  Vimioso,  e  da  carta  de  confirmação  do  condado  ao  filho, 
apesar  dela  ser  de  12  de  Outubro  de  i56o,  consta  ter  êle  começado  logo  a 
intitular-se  conde,  por  isso  que  nela  se  declara  que  havia  de  produzir  efeito 
desde  a  morte  do  pai  (6).  Advertirei  contudo,  que  num  documento  de  29 
de  Dezembro  de  1649  ainda  D.  Afonso  nos  aparece  sem  o  título  (7).  Suce- 
dera nele  em  virtude  do  alvará  de  24  de  Abril  de  i524,  acima  citado,  de 
mercê  ao  i.°  conde  para  seu  filho,  da  sucessão  em  todos  os  títulos,  senho- 
rios, ofícios  e  tenças  (8).  Foi  o  2.°  conde  vedor  da  fazenda  de  que  teve 
carta  de  confirmação  em  14  de  Outubro  de  i56o(9).  Por  carta  de  28  de 
Maio  de  1548,  D.  João  III  manda  que  seu  sobrinho,  D.  Afonso  de  Portugal, 
sirva  de  vedor  da  fazenda,  ainda  em  vida  de  seu  pai,  naquela  parte  que  o 
conde  de  Penela  servia  (10).  Em  1672,  a  20  de  Julho,  foi-lhe  dado  o  assen- 
tamento de  270.000  reais  (11),  e  a  i5  de  Outubro  foram-lhe  confirmados  o 
senhorio  e  a  alcaidaria  mor  do  Vimioso  (12).     Em  1675,  a  i5  de  Setembro, 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  6i.»,  fl.  86.  , 

(3)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  7.%  fl.  122. 

(3)  Década  sétima,  fl.  243  v. 

(4)  Consta  duma  carta  de  24  de  Setembro  de  1542  do  imperador  a  D.  João  III,  que  este 
então  tratava  de  casar  o  filho  maior  do  conde  do  Redondo  com  uma  das  filhas  de  Francisco 
de  Gusmão  {Corpo  Chronologico,  parte  2.*,  maç.  237,  doe.  i3o). 

(5)  Chronica  de  D.  João  III,  parte  4.*,  fl.  55  v. 

(6)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  6.»,  fl.  296  v. 

(7)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  pág.  666,  n.»  28. 

(8)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  6.%  fl.  296  v. 

(9)  Ibidem,  fl.  297  v. 

(10)  Doações  de  D.  João  III,  liv.  6.»,  fl.  88  v. 

(11)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  32.»,  fl.  82  v. 

(12)  Ibidem,  liv.  33.»,  fls.  233  v.  e  236  v. 


413  Brasões 

foi-Ihe  confirmado  o  senhorio  de  Aguiar  da  Beira  (i).  Havia  alcançado  o 
conde,  em  22  de  Dezembro  de  i562,  um  alvará  para  lhe  suceder  por  sua 
morte  no  título  e  casa  seu  filho  mais  velho  (2). 

Morreu  o  conde  do  Vimioso  na  batalha  de  Alcácerquibir  a  4  de  Agosto 
de  1578  (3).  Por  sua  morte  sucedeu  no  título  e  bens  seu  filho  maior  D.  Fran- 
cisco, que  foi  3.°  conde  e  morreu  a  27  de  Junho  de  i582,  como  logo  direi, 
vagando  então  a  casa  para  a  coroa.  A  isto  quis  acudir  D.  Luís  de  Portugal, 
filho  segundo,  e  veiu  com  um  processo  contra  o  procurador  da  coroa,  alcan- 
çando fazer  prova  testemunhal  bastante  para  em  sentença  se  declarar  que  o 
conde  D.  Afonso  não  morrera  na  batalha,  e  até  havia  sobrevivido  a  seu  filho 
primogénito.  Em  virtude  disto  restituiu-se  parte  da  casa,  e  concedeu-se  o 
título  de  conde  do  Vimioso  a  D.  Luís  por  carta  de  6  de  Março  de  1604, 
como  na  segunda  parte  deste  catálogo  se  referirá  (4). 

Armas:  as  de  seu  pai  o  i.°  conde. 

Casou,  depois  de  17  de  Dezembro  de  1548,  e  antes  de  2  de  Fevereiro 
de  1649  (5),  com  D.  Luísa  de  Gusmão,  que  teve  em  dote  a  capitania  de 
Machico,  e  era  filha  de  Francisco  de  Gusmão,  mordomo  mor  da  infanta 
D.  Maria.  Foi  D.  Luísa  condessa  do  Vimioso;  sobreviveu  a  seu  marido,  e 
padeceu  perseguição,  desterro  para  Castela,  e  lá  prisão,  tudo  em  resultado 
de  seu  filho  D.  Francisco  ter  seguido  o  partido  de  D.  António. 

Morreu  a  condessa  depois  de  27  de  Junho  de  i582j  já  restituída  à  liber- 
dade e  à  pátria  (6). 

Tiveram  descendência. 

3.°  Conde  de  PORTALEGRE  -i55i,  depois  de  3i  de  Maio.  — D.  ÁL- 
VARO DA  SILVA,  filho  do  2,"  conde.  —  Morreu  este  na  data  apontada  (7), 
e  consta  ter  D.  Álvaro  sido  publicado  conde  naquele  tempo,  do  que  declara 
D.  Inácio  de  Noronha  na  sua  renunciação  ao  título  de  conde  de  Linhares, 
dirigida  a  D.  João  III  em  carta  de  Dezembro  de  i555.  Diz  ele  que,  tendo 
morrido  seu  pai,  o  i."  conde  de  Linhares,  em  10  de  Março  de  i55i,  logo 
em  Abril  foi  pedido  a  el  Rei  em  Almeirim  para  se  efectuar  a  mercê  do 
título  em  D.  Inácio,  e  S.  A.  respondeu  que  viesse  D.  Inácio  à  corte.    Não 


(i)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  37.»,  fl.  187. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  pág.  677,  n.»  3y. 

(3)  Chronica  de  D.  Sebastião,  pág.  287,  e  Jornada  de  Africa,  pág.  53. 
(4>  Provas  dã  Historia  genealógica,  pág.  682,  n."  40. 

(5)  Ibidem,  pág.  õSg,  n°  27. 

(6)  Historia  genealógica,  vol.  io,°,  pág.  730. 

(7)  Doações  de  D.  Felipe  1,  liv.  14.",  fl.  76  v. 


Apêndice  413 

quis  este  comparecer,  por  julgar  não  convir  à  sua  honra  fazer  el  Rei  mais 
experiência  nêie,  quando,  havia  poucos  dias,  com  os  condes  do  Vimioso  e 
de  Portalegre  houvera  por  bem,  sem  outro  exame,  se  chamassem  condes 
por  suas  provisões  (i).  Não  repugna  a  isto  o  facto  do  conde  do  Vimioso  ter 
começado  a  chamar-se  conde  logo  depois  da  morte  do  pai,  em  princípios  de 
i55o,  porque  fá-lo-hia  de  seu  moto  próprio  sem  ter  reconhecimento  oficial 
de  el  Rei  senão  algum  tempo  depois.  —  Foi  o  condado  confirmado  a  D.  Álvaro 
da  Silva  por  carta  de  9  de  Setembro  de  i553,  pela  qual  se  sabe  que  também 
já  então  era  mordomo  mor  (2),  ofício  que  houvera  por  falecimento  de  seu 
pai.  A  1 1  de  Maio  do  ano  seguinte  foi-lhe  dada  carta  de  assentamento  de 
102.800  reais  (3),  elevados  a  270.000  reais  em  20  de  Outubro  de  1572,  mas 
de  que  só  se  lhe  passou  carta  a  6  de  Julho  de  1574(4).  Nesta  chama-lhe 
el  Rei  sobrinho,  e  por  este  facto  é  que  foi  aumentado  o  assentamento,  que 
ficou  sendo  igual  ao  dos  outros  condes  parentes.  Em  8  de  Julho  de  1577 
passou-se  um  alvará  no  qual  se  declara  que,  atendendo  aos  serviços  do  conde 
de  Portalegre,  e  por  ele  o  haver  pedido,  houve  el  Rei  por  bem  que  D.  Felipa, 
neta  do  conde,  casasse  com  D,  João  da  Silva,  embaixador  do  rei  de  Castela, 
que  foi  intercessor  neste  negócio.  Agora,  pelo  dito  alvará,  faz  el  Rei  mercê 
a  D.  Felipa  de.,  por  morte  do  avô,  lhe  suceder  nas  vilas  de  Gouveia,  Celorico, 
S.  Romão,  Valezim  e  Vila  Cova  na  comarca  da  Beira,  no  gado  das  ilhas  de 
S.  Nicolau  e  S.  Vicente  de  Cabo  Verde,  nas  alcaidarias  mores  de  Portalegre 
e  Assumar,  na  dízima  nova  do  pescado  de  S.  João  e  Matozinhos,  eic.  (5)* 
Em  20  de  Julho  de  iSSg  obteve  o  conde  ainda  outro  alvará  para  sua  referida 
neta  lhe  suceder  também  no  título  de  conde  (6). 

Morreu  o  conde  em  Almeirim  em  1579(7),  ^  havia  de  ter  sido  antes  de 
II  de  Nov>:mbro,  data  da  nomeação  de  outro  mordomo  mor  por  seu  faleci- 
mento (8).  D.  João  Mascarenhas,  do  conselho  de  Estado  mercê  do  ofício 
de  mordomo  mor  que  vagou  por  falecimento  de  D.  Álvaro  da  Silva  conde 
de  Portalegre.     Almeirim,  11  de  Novembro  de  1579(9). 

Armas;  as  de  seu  pai  e  avô. 


(i)  Gaveta  a.*,  maç.  4,  n.»  28, 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  63.°,  fl.  i85. 

(3)  iWiffm,  liv.  71.»,  fl.  33. 

(4)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  35.»,  íi.  10  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  46.°,  fl.  358. 

(6)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  14.»,  fl.  80  v, 

(7)  Figueiredo,  Nobiliário. 

(8)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  44.»,  fl.  299  v. 

(9)  Ibidem. 


414  Brasões 

Casou  a  1.*  vez,  antes  de  2  de  Janeiro  de  1540(1),  com  sua  prima 
D.  Felipa  de  Vilhena,  filha  dos  1.°^  condes  de  Tentúgal. 

Não  sei  se  D.  Felipa  chegou  a  ser  condessa  de  Portalegre. 

Casou  a  2.*  vez  antes  de  11  de  Novembro  de  i556(2),  com  D.  Maria  da 
Cunha,  condessa  de  Portalegre,  filha  de  Nuno  da  Cunha,  governador  da 
índia.     Morreu  a  condessa  em  1680  (3),  antes  de  27  de  Outubro  (4). 

Houve  descendência  do  primeiro  casamento. 

2.°  Conde  de  TENTÚGAL  -  1 556,  Junho  6.  — D.  FRANCISCO  DE 

MELO,  sobrinho  de  el  Rei.  —  Por  carta  da  referida  data  foi  feito  conde  de 
Tentúgal  (5).  Era  D.  Francisco  o  filho  varão  maior,  que  vivia,  quando 
marquês  de  Ferreira  seu  pai  faleceu;  não  lhe  sucedeu  porém  logo  na  casa, 
porque  sobre  a  sucessão  lhe  moveu  demanda  seu  sobrinho,  filho  mais  velho 
de  seu  irmão  primogénito.  Compozeram-se  os  litigantes,  por  instrumento 
de  17  de  Novembro  de  i553(6)  mas  D.  Francisco  só  sucedeu  em  parte  da 
casa,  sendo  então  feito  conde.  A  16  de  Julho  de  1572  alcançou  o  conde  um 
alvará  de  lembrança,  para  se  lhe  darem  de  assentamento  260.241  reais  (o 
mesmo  que  seu  pai  houvera  emquanto  conde)  logo  que  se  efectuasse  o  casa- 
mento de  seu  filho  e  sucessor,  D.  Rodrigo  de  Melo,  com  D.  Catarina  de 
Eça,  dama  da  rainha  D.  Catarina.  Realizado  o  matrimónio  foi-lhe  passada 
carta  em  forma  do  referido  assentamento  a  28  de  Maio  de  1575  (7).  Foi 
este  conde  de  Tentúgal  o  2.°  marquês  de  Ferreira  por  carta  de  20  de  Junho 
de  1575(8),  e  morreu  em  i588(9). 

Armas:  de  prata,  aspa  de  vermelho  carregada  de  cinco  escudetes  das 
armas  do  reino. 

Casou  em  1549  precedendo  contrato  de  14  de  Agosto  (10)  com  D.  Eugenia, 
condessa  de  Tentúgal,  filha  de  D.  Jaime,  4.°  duque  de  Bragança,  e  da 
duqueza  D.  Joana  de  Mendonça. 


(i)  Data  de  um  mandado  para  o  conde  receber  certa  quantia  de  seu  sogro  o  marquês 
de  Ferreira  {Corpo  Chronologico,  parte  !.•,  maç.  66,  doe.  65). 

(2)  Data  de  uma  carta  de  padrão  de  juro  à  condessa  {Chancelaria  de  D.  João  III^ 
liv.  71.°,  fl.  i5o  V.). 

(3)  Ceo  aberto,  pág.  446. 

(4)  Doações  de  D,  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  i5.»,  fl.  189,  verba  à  margem. 

(5)  Doações  de  D.  Felipe  i,  liv.  i.»,  fl.  168. 

(6)  Provas  da  Historia  genealógica^  vol.  5.°,  pág,  53 1. 

{7)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  33.»,  fl.  244  v. 

(8)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  12.»,  fl.  33  v. 

(9)  Ceo  aberto,  pág.  5oo. 

(10)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  5.°,  pág.  546. 


Apêndice  41 5 

Morreu  a  condessa  a  12  de  Agosto  de  i559(i). 
Vide  2. '*' marquês  de  Ferreira. 

4."  Conde  de  ODEMIRA— 1 556,  Agosto  i.  — D.  SANCHO  DE  NO- 
RONHA, sobrinho  de  el  Rei,  senhor  de  Odemira.  —  Por  carta  daquela  data 
foi  feito  conde  da  sua  vila  de  Odemira  com  102.864  reais  de  assentamento  (2), 
o  qual  foi  elevado,  por  carta  de  9  de  Junho  de  iSyS,  a  270.000  reais,  a 
cx)meçar  de  i5  de  Outubro  precedente,  e  que  era  o  mesmo  que  seu  avô 
lograra  (3).  Dá-se  a  circunstância  notável  de  aparecer  um  alvará  de  18  de 
Abril  do  referido  ano  de  i556,  no  qual  D.  Sancho  ainda  não  é  intitulado 
conde,  mas  apesar  disso,  faz-se-lhe  a  mercê  do  título  de  conde  da  sua  vila 
de  Odemira  para  o  filho  mais  velho  que  ficar  por  seu  falecimento  (4).  Este 
conde  de  Odemira,  por  seu  pai  ser  já  falecido,  sucedeu  na  casa  a  seu  avô  o 
3.°  conde  em  virtude  de  uma  sentença  do  desembargo  do  paço  de  27  de 
Setembro  de  i532(5);  e  sucedeu  directamente  a  sua  bisavó,  a  condessa  de 
Faro,  em  parte  de  sua  casa  com  excepção  da  vila  do  Vimieiro,  que  uma  sen- 
tença de  21  de  Agosto  do  mesmo  ano  lhe  tirou  (6).  Teve  também  o  senhorio 
da  vila  de  Penacova,  e  a  alcaidaria  mor  da  de  Alvor,  que  herdou  de  sua 
mãe,  filha  de  Nuno  Fernandes  de  Ataíde,  o  famoso  capitão  de  Safim  (7). 
Foi  o  conde  de  Odemira  mordomo  mor  da  rainha  D.  Catarina,  que  o  deixou 
por  um  dos  seus  testamenteiros,  o  que  ele  não  chegou  a  ser  por  morrer 
antes  dela.  Ainda  vivia  o  conde  a  29  de  Março  de  1576,  em  que  lhe  foi 
confirmado  o  alvará  de  lembrança  para  lhe  suceder  no  título  (8);  estava 
porém  já  morto  a  2  de  Outubro  de  1577(9). 

O  4."  conde  de  Odemira,  D.  Sancho  de  Noronha,  ainda  vivia  em  28  de 
Julho  de  1576  em  que  lhe  foram  confirmados  certos  direitos  reais  da  vila  de, 
Alvor  (10).  Estes  direitos  haviam  sido  do  infante  D.  Henrique,  e  alguns  dona- 
tários os  tiveram  depois  dele  por  doação  particular.     No  documento  vem 


(i)  Historia  genealógica,  vol.  10.°,  pág.  197. 

(2)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  g.»,  fl.  aS. 

(3)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  29.°,  fl.  253  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  40.»,  fl.  289  v.  Nas  Confirmações  geraes,  liv.  3.°,  fl.  188,  está  o  alvará 
com  a  data  de  18  de  Abril  de  1546,  mas  deve  ter  sido  engano  ao  trasladá-lo. 

(5)  Gama,  Decisionum,  pág.  SgS. 

(6)  Historia  genealógica,  vol.  9.°,  pág.  587. 

(7)  Alvará  de  2  de  Dezembro  de  i566  para  o  conde  poder  usar  por  dois  anos  das  doa-, 
ções  que  sua  mãe  tinha  de  juro  dos  referidos  senhorio  e  alcaidaria  mor  {Privilégios  de 
D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  6°,  fl.  2i3. 

(8)  Confirmações  geraes,  liv.  3."^  fl.  188.  \ 

(9)  Carta  do  título  ao  filho,  nas  Doações  de  D.  Sebastiã  e  D.  Henrique,  liv.  40.*,  fl.  289  v. 
(10)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  9.»,  fl.  23. 


41 6  Brasões 

transcrita  a  carta  de  12  de  Fevereiro  de  i5i7  pela  qual  D.  Manuel  fez  doação 
dos  tais  direitos  a  D.  Maria  de  Ataíde,  mulher  que  fora  de  D.  Afonso,  filho 
maior  do  3.®  conde  de  Odemira,  e  filha  de  Nuno  Fernandes  de  Ataíde, 
capitão  e  governador  de  Safim,  que  morrera  em  Africa  em  batalha  contra 
os  inimigos  na  mesma  em  que  também  pereceu  seu  genro  D.  Afonso.  A 
D.  Maria  foi  esta  carta  confirmada  em  27  de  Julho  de  i528. 

Armas:  as  de  seu  avô  o  3.°  conde  de  Odemira. 

Casou  com  D.  Margarida  de  Vilhena,  condessa  de  Odemira,  filha  dos 
2.°*  condes  de  Portalegre  (i). 

Tiveram  descendência. 

2.*'  Conde  de  LINHARES  —  i556,  Setembro  lõ.  — D.  FRANCISCO 
DE  NORONHA,  sobrinho  de  el  Rei. —  Ao  i.°  conde  de  Linhares,  seu  pai, 
havia  sido  dado  um  alvará  de  lembrança  em  20  de  Outubro  de  i525  como 
fica  dito,  para  por  sua  morte  lhe  suceder  no  título  o  seu  filho  maior. 
Quando  ela  teve  lugar,  a  10  de  Março  de  i55i,  o  filho  maior  era  D.  Inácio 
de  Noronha,  indigno  de  na  sua  pessoa  se  cumprir  a  promessa;  ele  finalmente 
o  reconheceu,  e  por  carta  de  Dezembro  de  i555,  entregue  ao  duque  de  Aveiro 
para  a  apresentar  a  el  Rei  renunciou  todo  seu  direito  a  favor  de  seu  irmão 
D.  Francisco..  Meses  depois,  em  i5  de  Setembro  de  i556,  mandou  D.  João  III 
chamar  a  D.  Francisco  de  Noronha,  e  diante  da  rainha  lhe  declarou  que  o 
fazia  conde  de  Linhares,  e  lhe  dava  a  Jurisdição  da  vila,  tendo  ele,  quanto  a 
assentamento  e  precedência,  de  se  entender  com  o  secretário.  Havia,  pouco 
antes,  a  29  de  Junho,  assinado  el  Rei  um  alvará,  pelo  qual  determinava  que 
o  assentamento  dos  condes  dali  em  diante  fosse  sempre  de  102.864  reais, 
posto  que  a  alguns  chame  parentes,  ou  eles  aleguem  sê-lo;  e  que  as  prece- 
dências se  regulariam  pela  antiguidade  das  respectivas  cartas.  Protestou 
logo  o  novo  conde  de  Linhares  contra  as  disposições  do  referido  alvará, 
mostrando  ser  de  direito  o  seu  título  mais  antigo,  assim  lho  despachou  a 
rainha  regente  em  20  de  Maio  de  i558(2).  Teve  porém  carta  de  conde  só 
a  14  de  Agosto  desse  ano  (3),  e  de  confirmação  da  jurisdição  de  Linhares 
ainda  mais  tarde,  a  11  de  Agosto  de  i56o(4).  Foi  mordomo  mor  da  casa 
da  rainha  D.  Catarina.  No  seu  epitáfio,  como  o  encontro  impresso  (5), 
declara-se  ter  o  conde  de  Linhares  morrido  a  i3  de  Junho  de  1574;  mas 
não  pode  ser,  e  há  engano,  ou  no  mês  ou  no  ano.     Se  êle  morreu  em  1574 


(i)  Historia  genealógica,  vol.  9.°,  pág.  570. 

(2)  Consta  tudo  o  aié  aqui  referido  nos  documentos  juntos  no  n."  28  do  maç.  4  da  gaveta  2' 

(3)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  6.»,  11.  191  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  3i.",  fl.  323. 

(5)  Agiologio,  vol.  3.»,  pág.  682  e  Ceo  aberto,  pág.  484. 


Apêndice  417 

foi  em  Janeiro,  porque  a  8  de  Fevereiro,  pelo  conde  D.  Francisco  ser  ora 
falecido,  foram  confirmadas  a  seu  filho  em  duas  cartas  a  jurisdição  e  a  alcai- 
daria  mor  de  Linhares  (i). 

Armas:  as  do  i.*  conde  de  Linhares,  seu  pai. 

Casou  em  i535  com  D.  Violante  de  Andrada,  donzela  da  imperatriz, 
filha  de  Fernand' Alvares  de  Andrada,  tesoureiro  mor  de  el  Rei  e  seu  escrivão 
da  fazenda.  O  contrato  de  casamento  é  de  7  de  Novembro  de  i53o,  porém, 
como  a  noiva  estava  então  apenas  de  oito  para  nove  anos  de  idade,  ajustou-se 
adiar  a  consumação  para  daí  a  três  anos,  instituindo-se  então  um  morgado 
com  os  dotes  dos  noivos.  Assim  se  realizou  por  escritura  de  5  de  Fevereiro 
de  i535(2).  Foi  D.  Violante  condessa  de  Linhares,  e  morreu  a  17  de  De- 
zembro de  i6o5  (3),  pertencendo  uma  tença  de  200.000  reais,  que  era  do 
dote  da  condessa,  a  seu  filho  D.  Fernando  conde  de  Linhares  por  uma  sen- 
tença de  2  de  Dezembro  de  1606(4). 

Tiveram  descendência. 

4.°  Conde  da  FEIRA— 1 556,  Outubro  17.  — D.  DIOGO  PEREIRA, 
do  conselho  de  el  Rei.  —  Foi  feito  conde  da  sua  vila  da  Feira  por  carta  da 
referida  data,  e  com  o  título  se  lhe  deu  logo  no  mesmo  documento  102.854  reais 
de  assentamento  (5).  Foi  7."  senhor  da  casa  da  Feira  e  5.°  do  seu  castelo, 
de  que  estava  já  de  posse  em  10  de  Agosto  de  i553,  quando  el  Rei  lhe  fez 
mercê  de  certos  privilégios  para  os  recebedores  das  suas  terras  (6).  Nesta 
carta,  bem  como  em  quási  todos  os  documentos  anteriores  a  ser  feito  conde, 
é  D.  Diogo  apenas  nomeado  com  o  apelido  de  Pereira;  exceptua-se,  que  eu 
saiba,  a  carta  de  11  de  Novembro  de  i555  de  confirmação  de  certa  tença  (7). 
Neste  documento,  e  em  todos  os  mais  posteriores  à  concessão  do  título, 
chama-se-lhe  D.  Diogo  Forjaz  Pereira.  Com  sua  mulher  foi  o  fundador  do 
convento  do  Espírito  Santo  da  Feira,  ao  qual  lançaram  a  primeira  pedra  em 
i56o(8).  O  conde  ainda  vivia  a  26  de  Novembro  de  1578(9),  porém  era  já 
morto  a  10  de  Junho  de  1579,  em  que  se  manda  pagar  uma  tença  a  seu  neto(io). 


(i)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  3i.<»,  fl.  323,  e  liv.  33.»,  fl.  34  v. 

(2)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  3.°,  pág.  584,  n."  70. 

(3)  Ceo  aberto,  pág.  484. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  6.°,  fl.  2,  verba  à  margem. 

(5)  Ibidem,  liv.  Sg.»,  fl.  i3i  v. 

(6)  Confirmações  gèraes,  liv.  4.°,  fl.  120. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  59.",  fl.  77. 

(8)  Ceo  aberto,  pág.  536. 

(9)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  12.»,  fl.  54. 
(10)  Ementas,  liv.  3.°,  fl.  68  v. 

voL.  ai  53 


41 8  '  Brasões 

Este  chamou-se  D.  Diogo  Forjaz  Pereira  de  Meneses,  e  em  i3  de  Novembro 
de  i58i  era  senhor  do  condado  da  Feira,  mas  sem  o  título  (i).  Nunca  foi 
conde.  Em  apostila  de  5  de  Setembro  de  i582  transpozeram-se  loo.ooo  reais 
de  juro  por  falta  do  conde  D.  Diogo  Forjaz  Pereira  era  seu  neto  D.  Diogo 
Forjaz  Pereira  (2).  No  verbo  parte  a  esta  apostila  a  21  de  Agosto  de  1601 
declara-se  ter  o  juro  passado  por  falta  de  D.  Diogo  Forjaz  Pereira  a  seu 
irmão  o  conde  da  Feira  D.  João  Forjaz  Pereira  (3). 

Armas:  de  vermelho,  cruz  florida  de  prata,  vazia  do  campo. 

Casou  a  8  de  Julho  de  j  536  (4)  com  D.  Ana  de  Meneses,  donzela  da 
rainha  D.  Catarina,  e  filha  de  João  da  Silva,  regedor  da  Casa  da  Suplicação. 
Foi  D.  Ana  condessa  da  Feira,  e  ainda  vivia  em  i56o  quando  se  lançou  a 
primeira  pedra  no  referido  convento. 

Tiveram  descendência. 

2.°  Marquês  de  TORRES  NOVAS  — 1 557,  Agosto  3o.  — D.  JORGE 
DE  LANCASTRE,  filho  herdeiro  do  i.°  duque  de  Aveiro.  —  D.  Sebastião 
por  carta  da  referida  data  fez  mercê  ao  duque  de  Aveiro  de  por  seu  faleci- 
mento logo  seu  sucessor  se  intitular  duque  de  Aveiro,  e  do  herdeiro  da  casa, 
assim  que  nasça,  se  chamar  marquês  de  Torres  Novas  (5).  Portanto,  ou 
D.  Jorge  já  era  marquês  a  este  tempo,  ou  foi-o  então.  Foi  2.°  duque  de 
Aveiro  em  167 1. 

Armas:  as  do  reino  diferençadas  por  uma  cótica  de  negro  sobreposta  em 
barra. 

Casou  emquanto  marquês,  antes  de  19  de  Junho  de  1571  (6),  com  D.  Ma- 
dalena GiRON,  filha  de  D.  João  Teles  Giron,  2.°  conde  de  Ureíía.  Foi 
D.  Madalena  marquesa  de  Torres  Novas,  e  depois  duquesa  de  Aveiro. 

Tiveram  descendência. 

Vide  2.°  duque  de  Aveiro. 

4.°  Barão  de  ALVITO— lõSg,  Dezembro  25.  — D.  JOÃO  LOBO,  filho 
maior  do  3.°  barão.  —  Sucedeu  no  título  logo  por  morte  de  seu  pai  em  con- 


(i)  Verba  à  margem  nas  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  3i.Vfl.  161  v. 

(2)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  6.°,  fl.  147. 

(3)  Ibidem. 

(4)  Consta  a  data  do  casamento  da  carta  de  i5  de  Julho  de  i536  de  mercê  de  uma 
tença  de  100.000  reais  {Confirmações  geraes,  liv.  2.°,  fl.  38). 

(5)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  6.",  pág.  34,  n."  9. 

(d)  Carta  de  19  de  Junho  de  iSyi  mandando  dar  em  cada  ano  à  marquesa  de  Torres 
Novas  vinte  arrobas  de  açúcar,  que  era  outro  tanto  como  tivera  a  falecida  duquesa  de 
Areiro.    Está  no  liv.  28.'  das  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  a  fl.  217  v. 


Apêndice  41^^ 

formidade  com  o  disposto  na  carta  de  criação  da  baronia.  Foi-lhe  êle  porém 
confirmado  só  a  19  de  Fevereiro  de  i563  (1);  mas  no  alvará  em  que  foi 
nomeado  vedor  da  fazenda,  e  que  é  de  10  de  Abril  de  i56o,  Já  aparece  inti- 
tulado barão  de  Alvito  (2).  O  ordenado  de  vedor  da  fazenda,  io8.333  reais, 
fora  os  emolumentos,  foi-lhe  marcado  por  carta  de  9  de  Setembro  de  i56o, 
para  o  começar  a  receber  de  5  de  Abril  do  mesmo  ano  em  que  lhe  havia 
sido  dada  a  posse  (3). 

Morreu  na  batalha  de  Alcácerquibir  em  4  de  Agosto  de  1578(4). 

Armas:  as  do  3."  barão  seu  pai. 

Casou  com  D.  Leonor  Mascarenhas,  filha  de  D.  João  Mascarenhas, 
capitão  dos  ginetes.  Foi  D.  Leonor  baronesa  de  Alvito,  e  em  i5  de  Dezembro 
de  1578  teve  um  alvará  para  governar  e  ter  administração  da  baronia  das 
suas  terras,  emquanto  el  Rei  o  houvesse  por  bem  como  o  barão  seu  marido 
o  podia  fazer  (5). 

Tiveram  descendência. 

2.°  Duque  de  BARCELOS  —  i562,  Agosto  4.  — D.  JOÃO,  filho  primo- 
génito do  5.°  duque  de  Bragança.  —  Por  carta  passada  na  data  referida  foi 
feito  duque  de  Barcelos,  e  pela  mesma  lhe  foi  concedido  que  o  filho  varão 
legítimo  primogénito  do  possuidor  da  casa  de  Bragança  se  chame  duque  de 
Barcelos,  logo  depois  de  baptisado  (6). 

Foi  06.°  duque  de  Bragança,    Vide. 

6.°  Duque  de  BRAGANÇA  — 1 563,  Setembro  20.  — D.  JOÃO,  2."  duque 
de  Barcelos.  —  Foi  duque  de  Bragança  por  morte  de  seu  pai  em  virtude  da 
carta  de  4  de  Julho  de  1499,  acima  citada  no  i."  duque.  Também  se  inti- 
tulou marquês  de  Vila  Viçosa,  conde  de  Ourém  e  de  Arraiolos  (7).  Não 
tiveram  canas  de  confirmação  dos  bens  da  coroa  (8).  ' 

Morreu  a  22  de  Fevereiro  de  i583. 

Armas:  as  mesmas  de  seu  pai,  o  5."  duque,  com  a  única  diferença  de 
ter  só  oito  castelos  na  bordadura  (9). 

Casou  em  8  de  Dezembro  de  i563  com  a  senhora  D.  Catarina,  duqueza 


( 1 )  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  o.»,  fl.  208  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  6.»,  fl.  66  v. 

(3)  Ibidem,  liv.  5»,  fl.  iii. 

(4)  Ibidem,  liv.  46."»,  fl.  126. 

(5)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  12.»,  fl.  5y  v. 

(6)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  4.»,  pág.  246,  n."  177. 

(7)  Num  requerimento  do  ano  de  i568  dirigido  ao  secretário  de  estado,  documento 
citado  na  Historia  genealógica,  vol.  6.°,  pág.  iSy. 

(8)  Confirmações  geraes,  liv.  6.»,  fls.  5  e  102. 

(9)  Selo,  na  Historia  genealógica,  vol.  4.*,  estampa  M,  n."'  l,  u  e  lu. 


420  Brasões 

de  Bragança,  sua  prima  com  irmã,  que  morreu  em  i5  de  Novembro  de  1614^ 
e  era  filha  dos  infantes  D.  Duarte  e  D.  Isabel,  duques  de  Guimarães. 
Tiveram  geração. 

5.°  Marquês  de  VILA  VIÇOSA  — 1563,  Setembro  20.— D.  JOÃO, 
6.°  duque  de  Bragança  e  2.°  de  Barcelos.  —  Foi  marquês  de  Vila  Viçosa  em 
sucessão  a  seu  pai. 

Vide  6.°  duque  de  Bragança, 

10.»  Conde  de  OURÉM  e  7.°  de  ARRAIOLOS  — 1 563,  Setembro  20. 
—  D.  JOÃO,  6.°  duque  de  Bragança  e  2."  duque  de  Barcelos.  —  Sucedeu 
nestes  condados  por  morte  de  seu  pai,  e  a  êles  se  refere  numa  relação  dos 
títulos  da  casa(i). 

Vide  6.°  duque  de  Bragança. 

'].''  Conde  de  NEIVA— i563,  Setembro  20.  — D.  "JOÃO,  6.°  duque  de 
BragatiçOt.  —  Foi  conde  de  Neiva  em  sucessão  a  seu  pai.  Advertirei  contudo 
que  o  duque,  apresentando  a  el  Rei  uma  relação  dos  títulos  da  sua  casa, 
não  nomeia  o  de  conde  de  Neiva  (2). 

Vide  6."  duque  de  Bragança. 

2.»  Conde  da  CASTANHEIRA— 1 563,  Outubro  8.  — D.  ANTÓNIO  DE 
ATAÍDE,  filho  maior  e  herdeiro  do  1.°  conde.  —  Sucedeu  no  título  logo  por 
morte  do  pai,  pois  que  no  dia  seguinte  ao  do  seu  falecimento,  na  data  acima 
apontada,  se  lhe  passou  carta  de  102.864  reais  de  assentamento  de  conde, 
dando-se-lhe  já  nela  o  título  (3).  Foi  senhor  da  Castanheira,  Povos  e  Che- 
leiros,  e  alcaide  mor  de  Colares  que  lhe  foi  confirmado  a  20  de  Março  de 
i564(4). 

Morreu  a  20  de  Janeiro  de  i6o3  (5). 

Armas:  de  azul,  quatro  bandas  de  prata. 

Casou  a  i.*  vez  com  D.  Maria  de  Vilhena,  filha  dos  2."'  condes  da  Vidi- 
gueira.    Morreu  D. .Maria  a  18  de  Agosto  de  i553(6). 

Casou  a  2.*  vez,  aí  por  i555,  com  D.  Bárbara  de  Lara,  condessa  da. 
Castanheira,  filha  dos  3.°*  marqueses  de  Vila  Real.     A  4  de  Abril  de  i555 
vendeu  o  marquês  D.  Miguel  a  D.  António  certos  bens  para  pagamento  do 


(i)  Historia  genealógica,  vol.  6.",  pág.  iSj. 

(2)  Ibidem. 

(3)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  iS.*»,  fl.  35. 

(4)  Ibidem,  fl.  139. 

(5)  Escola  de  penitencia,  pág.  149. 

(6)  Ibidem. 


Apêndice  421 

dote  que  prometera  em  casamento  a  sua  irmã  D.  Bárbara,  e  el  Rei  aprovou 
o  contraio  em  20  de  Agosto  (i). 

Casou  a  3.*  vez,  depois  de  9  de  Julho  de  1674  (2),  com  D.  Maria  de  Vi- 
lhena, condessa  da  Castanheira,  filha  de  D.  Luís  Fernandes  de  Vasconcelos, 
governador  do  Brasil  de  que  não  chegou  a  tomar  posse  por  morrer  na  viagem. 

Tiveram  descendência. 

5.°  Marquês  de  YILA  REAL— 16G4,  Abril  i.  — D.  MANUEL  DE 
MENESES,  sobrinho  de  el  Rei,  irmão  do  4.°  marquês. — Antes  de  herdar 
a  casa  chamou-se  D.  Manuel  de  Noronha.  Sucedeu  nela  e  no  título  a  seu 
irmão  em  virtude  de  um  alvará  que  lhe  fora  dado  em  i563  para  esse  efeito  (3). 
Sabe-se  positivamente,  que  foi  logo  marquês  em  seguida  ao  irmão,  pela 
carta  de  assentamento  de  322.852  reais,  que  lhe  foi  passada  em  20  de  Feve- 
reiro de  i566,  e  na  qual  se  declara  haver  el  Rei  mandado  pagar  ao  marquês 
D.  Manuel  o  seu  assentamento  desde  o  fim  de  Março  de  i564  em  que  o 
marquês  D.  Miguel  seu  irmão  morrera  (4).  Também  por  sucessão  foi 
7.°  conde  de  Vila  Real,  4.°  de  Alcoutim  e  5."  de  Valença,  em  virtude  das 
disposições  das  cartas  por  que  foram  criados  estes  condados,  como  nos  seus 
lugares  ficou  dito.  O  titulo  de  marquês  de  Vila  Real  foi-lhe  confirmado  de 
juro  e  herdade  por  carta  de  4  de  Dezembro  de  1677  juntamente  com  o  con- 
dado e  senhorio  da  mesma  vila  (5).  Foi  o  i.°  duque  de  Vila  Real  por  carta 
de  19  de  Fevereiro  de  i585(6). 

Morreu  a  2  de  Setembro  de  1590(7). 

Armas:  as  do  3.°  marquês,  seu  pai. 

Casou  em  vida  de  seu  irmão  com  D.  Maria  da  Silva,  dama  da  rainha 
D.  Catarina,  e  depois  marquesa  de  Vila  Real.  Era  filha  de  D.  Álvaro  Cou- 
tinho, comendador  de  Almourol.  De  uma  carta  de  padrão  de  21  de  Abril 
de  1573,  consta  ter  ela  sido  marquesa  (8). 

Tiveram  descendência. 

Vide  duque  de  Vila  Real. 

7.°  Conde  de  VILA  REAL— i564,  Abril  i.  — D.  MANUEL  DE  ME- 
NESES, sobrinho  de  el  Rei.  —  Sucedeu  a  seu  irmão  o  4.*  marquês  de  Vila 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  59.»,  fl.  242. 

(a)  Privilegias  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  9.°,  fl.  232. 

(3)  Gama,  Decisionum,  pág.  gS. 

(4)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  19.",  fl.  218. 

(5)  Confirmações  geraes,  liv.  5.°,  fl.  94.  v. 

(6)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  i5.",  fl.  69. 
(j)  Doações  de  D.  Felipe  II,  liv.  i.»,  fl.  i5. 

(8)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  3i.»,  fl.  a36  v. 


422  Brasões 

Real  em  toda  a  casa,  e  por  carta  de  4  de  Dezembro  de  1677  foram-lhe  con- 
firmados o  marquezado  e  o  condado  de  Vila  Real  (i). 
Vide  5.°  marquês  de  Vila  Real. 

4.°  Conde  de  ALCOUTIM— 1 664,  Abril  i,  — D.  MANUEL  DE  ME- 
NESES, sobrinho  de  el  Rei.  —  Sucedeu  na  data  referida  a  seu  irmão  o 
4,°  marquês  de  Vila  Real,  não  só  no  marquesado  e  condado  de  Vila  Real, 
mas  também  nos  condados  de  Alcoutim  e  de  Valença,  que  eram  igualmente 
de  juro  e  herdade  pelas  suas  cartas  de  criação. 

Armas:  as  suas  como  marquês  de  Vila  Real. 

Vide  5.°  marquês  de  Vila  Real. 

5.»  Conde  de  VALENÇA— 1Õ64,  Abril  i.-D.  MANUEL  DE  ME- 
NESES, sobrinho  de  el  Rei.  —  Houve  o  condado  de  Valença  juntamente 
com  o  marquesado  de  Vila  Real  ao  qual  ele  era  anexo,  como  ficara  determi- 
nado na  carta  de  12  de  Dezembro  de  1499  da  sua  criação  (2). 

Vide  5.°  marquês  de  Vila  Real. 

4.°  Conde  do  REDONDO- 1564,  Outubro  28. -D.  LUÍS  COUTINHO, 

filho  maior  de  D.  Francisco  Coutinho,  que  foi  conde  do  Redondo,  e  faleceu 
na  índia  sendo  vice  rei  dela.  —  Por  alvará  da  referida  data  foi  D.  Luís  auto- 
rizado a  poder  dali  em  diante  usar  do  titulo  de  conde  do  Redondo  de  juro  (3). 
A  sua  carta  de  assentamento,  de  102.854  reais,  é  de  12  de  Janeiro  de  i56õ  (4). 
Em  5  de  Maio  de  1578,  por  estar  concertado  a  casar  com  a  senhora  com  quem 
casou,  teve  mercê  de  lhe  ser  tirada  a  casa  uma  vez  fora  da  lei  mental  (5). 

Morreu  a  4  de  Agosto  de  1678  na  batalha  de  Alcácerquibir  (6). 

Armas:  de  oiro,  cinco  estrelas  de  cinco  pontas  de  vermelho. 

Casou,  depois  de  4  de  Fevereiro  de  1574(7),  com  D.  Mecia  de  Meneses^ 
donzela  da  casa  da  rainha  D.  Catarina,  e  filha  de  D.  Aleixo  de  Meneses, 
aio  de  D.  Sebastião.  Foi  D.  Mecia  condessa  do  Redondo,  e  já  era  falecida 
em  28  de  Setembro  de  1598(8),  e  talvez  morresse  a  3  de  Junho  desse  ano(9)^ 

Não  tiveram  descendência. 


(i)  Confirmações  geraes,  liv.  5.",  fl.  94  v. 

(2)  Chancelaria  de  D.  João  111,  liv.  5o.°,  fl.  33. 

(3)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  4.",  fl.  i3o  v. 

(4)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  16.",  fl.  23o  v. 

(5)  Doações  de  D.  Felipe  1,  liv.  i5.°,  fl.  i38. 

(6)  Ibidem. 

(7)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  33.»,  fl.  iSg  v. 

(8)  Ibidem,  liv.  27.»,  fl.  72  v.,  na  verba  à  margem. 

(9)  Na  Historia  genealógica,  vol.  12.°,  pág.  379,  põe-se  a  morte  deste  conde  do  Redonda 
a  3  de  Junho  de  iSgS;  não  pode  ser,  mas  talvez  fosse  aquela  a  data  da  morte  da  condessa 
{Ibidem,  pág.  741). 


Apêndice  423 

4.°  Visconde  de  VILA  NOVA  DA  CERVEIRA—  i566,  anterior  a  9  de 
Julho.  —  D.  JOÃO  DE  LIMA,  filho  do  3.°  visconde.  —  Sucedeu  na  casa  a 
seu  pai,  mas  só  teve  carta  de  assentamento  de  visconde  na  data  apontada, 
declarando-se  que  o  começaria  a  receber  do  i.°  de  Janeiro  do  ano  seguinte 
em  diante. 

Morreu  nas  proximidades  de  Agosto  de  i573. 

Armas:  as  de  seu  pai. 

Casou  em  ibib  com  D.  Inês  de  Noronha,  filha  de  João  Rodrigues  de  Sá, 
alcaide  mor  do  Porto,  e  não  sei  se  ela  chegou  a  ser  viscondessa. 

Tiveram  geração  (i). 

3.°  Conde  da  VIDIGUEIRA— 1667,  Fevereiro  12.  — D.  VASCO  DA 
GAMA,  filho  do  2.°  conde.  —  Por  carta  da  referida  data  foi  feito  conde  da 
Vidigueira  em  sucessão  a  seu  pai,  e  em  verificação  da  promessa  que  lhe 
havia  sido  dada  em  um  alvará  de  8  de  Março  de  1547(2).  Por  carta  de 
12  de  Agosto  de  i567  se  lhe  deu  o  assentamento  de  102. 8Ó4  reais  (3).  Foi 
o  3."  almirante  do  mar  da  índia,  oficio  que  lhe  foi  confirmado  por  carta  de 
20  de  Janeiro  de  i568(4). 

Morreu  na  batalha  de  Alcácerquibir  a  4  de  Agosto  de  1578(5). 

Armas;  as  do  1.°  conde  seu  avô. 

Casou  depois  de  8  de  Maio  de  1547,  em  que  estava  concertado  o  casa- 
mento (6),  com  D.  Maria  de  Ataíde,  dama  da  rainha  D.  Catarina,  e  filha 
dos  i.°*  condes  da  Castanheira.  Foi  D.  Maria  condessa  da  Vidigueira,  e 
sobreviveu  a  seu  marido,  pois  em  Outubro  de  i58i  vendeu  parte  de  uma 
tença  à  Misericórdia  de  Lisboa  (7). 

Tiveram  descendência. 

3.°  Duque  de  BARCELOS  —  1 568,  em  Abril  ou  Maio.  — TEODÓSIO, 
filho  primogénito  do  ^).°  Duque  de  Bragança.  —  Nasceu  a  28  de  Abril  de  i568, 
porém  não  nasceu  duque  de  Barcelos,  como  dizem,  porquanto,  pela  carta 
citada  de  4  de  Agosto  de  i562,  só  o  foi  depois  de  baptisado.  Foi  o  7.**  duque 
de  Bragança  em  i583.     Tirou  cartas  de  confirmação  em  1592(8). 


( 1 )  Livro  2  "  dos  Brasões,  págs.  289  e  290. 

(2)  Privilegias  de  D.  Sebastião  e  D..  Henrique,  liv.  6.»,  fl.  223. 

(3)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  17.°,  fl.  5o4  v. 

(4)  Ibidem,  liv.  23.»,  fl.  7. 

(5)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  4.»,  fl.  56. 

(6)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  23.°,  fl.  7. 

(7)  Verba  na  margem  da  fl.  1 19  v.  do  liv.  22.»  das  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique. 

(8)  Confirmações  geraes,  liv.  6.»,  fls.  5  e  102. 


424  Brasões 

Armas:  emquanto  duque  de  Barcelos  não  sei  quais  fossem;  depois  de 
duque  de  Bragança  usou  das  de  seu  pai,  porém  já  só  com  sete  castelos  na 
bordadura  (i). 

Vide  7.°  duque  de  Bragança. 

2.»  Conde  da  SORTELHA— 1 670,  Maio  5.  — D.  DIOGO  DA  SIL- 
VEIRA, do  conselho  de  el  Rei,  seu  guarda  mor,  e  filho  do  i.°  conde. — 
Por  carta  da  referida  data  foi  feito  conde  da  Sortelha  (2),  marcando-se-lhe 
por  outra  de  10  do  mesmo  mês  o  assentamento  de  102.864  reais  (3).  Foi 
guarda  mor  dos  reis  D.  João  III,  D.  Sebastião  e  D.  Henrique.  Junto  ao 
primeiro  sucedeu  no  ofício  a  seu  pai,  e  com  o  título  de  guarda  mor  se  en- 
contra na  carta  de  confirmação  da  alcaidaria  mor  da  Sortelha  em  16  de 
Julho  de  i533  (4);  de  D.  Sebastião  foi  nomeado  guarda  mor  por  carta  de  i 
de  Abril  de  i559(5),  e  de  D.  Henrique  por  outra  de  i5  de  Novembro  de 
1578(6).  Também  foi  conselheiro  de  Estado.  Em  19  de  Fevereiro  de  i58o 
ainda  se  lhe  passou  uma  carta  de  privilégios  para  os  seus  lavradores  do 
termo  de  Évora  (7);  tinha  porém  já  morrido  bastante  antes  de  Fevereiro  de 
i588(8). 

Armas:  as  do  i.°  conde  seu  pai. 

Casou  com  D.  Maria  de  Meneses,  filha  de  João  Rodrigues  de  Sá,  alcaide 
mor  do  Porto.  Foi  D.  Maria  condessa  da  Sortelha  como  consta  de  um 
padrão  de  certa  tença  passada  a  i5  de  Abril  de  1578(9). 

Tiveram  descendência. 

2.»  Duque  de  AVEIRO  — 1571,  Agosto  22.  — D.  JORGE  DE  LAN- 
CASTRE,  2.°  marquês  de  Torres  Novas.  —  Sucedeu  no  ducado  por  morte 
de  seu  pai  01."  duque  de  Aveiro,  como  ficara  determinado  na  carta  de  3o 
de  Agosto  de  1 557  (10). 


(i)  Selo,  na  Historia  genealógica,  vol.  4»,  estampa  M,  n.»  lvii. 

(2)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  27.°,  fl.  83  v. 

(3)  Ibidem. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  19.°,  fl.  172. 

(5)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  3.»,  fl.  3oo  v. 

(6)  Ibidem,  liv.  42.°,  fl.  i58  v. 

(7)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  11.»,  fl.  236  v. 

(8)  Por  um  alvará  de  i  de  Setembro  de  i58g  consta,  que  ano  e  meio  antes  se  dera  sen- 
tença no  pleito  movido  sobre  a  herança  do  conde  da  Sortelha  {Doações  de  D.  Felipe  I, 
liv.  17.°,  fl.  3i3. 

(9)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  42.»,  fl.  76  v. 
(10)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  6.°,  pág.  34,  n."*  9. 


Apêndice  425 

Morreu  na  batalha  de  Alcácerquibir  em  4  de  Agosto  de  1578,  deixando 
uma  filha  herdeira,  a  quem  só  em  1688  se  deram  os  títulos  da  casa. 

Armas:  as  de  seu  pai. 

Havia  casado  com  D.  Madalena  Giron,  marquesa  de  Torres  Novas  e 
duquesa  de  Aveiro,  que  lhe  sobreviveu,  e  era  irmã  do  i.°  duque  de  Ossuna, 
castelhano. 

Tiveram  descendência. 

5.»  Visconde  de  VILA  NOVA  DA  CERVEIRA— 1 573,  Agosto  11.— 
D.  FRANCISCO  DE  LIMA,'  filho  do  4.°  visconde.  —  Sucedeu  a  seu  pai  no 
título,  de  que  teve  carta  na  data  apontada. 

Era  já  falecido  em  6  de  Abril  de  1578. 

Armas:  as  do  seu  pai  e  avós. 

Casou,  e  já  era  casado  em  1546,  com  D.  Brites  de  Alcáçova,  viscon- 
dessa de  Vila  Nova  da  Cerveira,  filha  do  secretário  Pedro  da  Alcáçova  Car- 
neiro, que  depois  foi  i.°  conde  da  Idanha. 

Tiveram  geração  (i). 

4.'*  Conde  de  ARGANIL  —  Anterior  a  5  de  Maio  de  1674.  —  D.  MA- 
NUEL DE  MENESES,  bispo  de  Coimbra.  — D.  Manuel  de  Meneses,  filho 
do  capitão  D.  Antão,  moço  fidalgo  com  100.000  reais  por  mês  no  Livro  dos 
confessados  de  loSg,  1540  e  1541  (2).  Era  bispo  de  Lamego,  e  diz-se  que 
em  1573  passara  para  a  mitra  de  Coimbra  (3).  O  primeiro  documento 
contudo,  em  que  o  encontro  neste  bispado,  é  num  alvará  da  data  acima  no 
qual  lhe  são  confirmadas  as  doações,  privilégios  e  jurisdições  de  seus  pre- 
decessores (4).  A  7  e  8  do  mesmo  mês  de  Maio  de  1574  se  lhe  passaram 
quatro  cartas  de  vários  privilégios  para  a  cobrança  das  suas  rendas  (5);  a  7 
de  Junho  mais  três  cartas,  uma  para  ter  açougue  próprio,  outra  para  prover 
os  juízes  e  escrivães  dos  órfãos  das  suas  terras,  e  a  liltima  para  nelas  não 
entrarem  os  corregedores,  e  lá  poder  também  pôr  os  tabeliães  (6).  A  16  de 
Junho,  ainda  do  mesmo  ano,  foi-lhe  confirmado  o  couto  de  Coja  (7),  e  a  3o 
teve  carta  para  ter  tabelião  privativo,  e  alvará  para  os  seus  presos  se  reco- 


( 1 )  Livro  2.»  dos  Brasões,  pág.  290. 

(2)  Lousada,  Cartapasios,  liv.  i.°,  fl.  778  v. 

(3)  Leitão  Ferreira,  Catalogo  dos  bispos  de  Coimbra,  pág.  157. 

(4)  J.  C.  Aires  de  Campos,  Documentos  da  Camará  de  Coimbra,  parte  2.",  pág.  166. 

(5)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  io.°,  fl.  32,  e  liv.  9.°,  fls.  35,  35  v. 
e  224. 

(6)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  36.°,  fls.  5  e  5  v. 

(7)  Privilégios  de  D.  Felipe  I,  liv.  i.*»,  fl.  91  v. 

voL.  lii  54 


426  Brasões 

Iherem  nas  cadeias  civis  da  cidade  (i).  Por  breve  de  24  de  Fevereiro  de 
1578  foi  nomeado  coadjutor  e  futuro  sucessor  do  cardial  infante  D.  Henrique 
no  cargo  de  inquisidor  geral  de  Portugal  (2),  nomeação  que  o  bispo  conde 
aceitou  em  i3  de  Junho  seguinte  (3). 

Morreu  na  batalha  de  Alcácerquibir  a  4  de  Agosto  de  1578(4). 

Armas:  não  sei  ao  certo;  suponho  contudo  que  seriam  estas:  de  oiro, 
banda  de  azul,  carregada  de  duas  cruzes  floridas  do  campo  e  vazias  do 
segundo,  e  acompanhada  de  duas  águias  de  vermelho,  armadas  e  membradas 
de  negro  (5). 

i.°  Conde  da  CALHETA— 1576,  Agosto  20. —  SIMÃO  GONÇALVES 
DA  CÂMARA,  do  conselho  de  el  Rei,  capitão  da  ilha  da  Madeira  na  parte 
e  jurisdição  da  cidade  do  Funchal.  —  Por  carta  da  referida  data  foi  criado 
conde  de  Vila  Nova  da  Calheta  que  era  na  jurisdição  da  sua  capitania  (6) ; 
e  por  um  alvará  do  mesmo  dia  foi-lhe  feita  a  mercê  de  lhe  poder  suceder 
no  título  seu  filho  maior  João  Gonçalves  da  Câmara (7).  Palavras  da  carta: 
«  Sendo-me  tão  presentes,  como  é  razão,  o  amor,  vontade,  trabalhos,  e  conti- 
nuação, com  que  o  padre  Luiz  Gonçalves  da  Gamara,  que  Deus  haja,  que 
foi  meu  mestre  e  confessor,  sempre  me  serviu,  e  seus  muitos  merecimentos 
e  grandes  virtudes  dignas  de  memoria  e  da  lembrança  que  d'ellas  tenho,  e 
do  particular  contentamento  e  satisfação  que  sempre  tive  de  sua  pessoa;  e 
havendo  também  respeito  aos  serviços  e  merecimentos  de  Simão  Gonçalves 
da  Gamara,  seu  irmão  mais  velho,  do  meu  conselho,  capitão  da  ilha  da 
Madeira  na  parte  e  jurisdição  da  cidade  do  Funchal,  e  aos  muitos  mereci- 
mentos d'aquelles  de  que  elle  descende,  e  em  especial  aos  muitos  serviços 
que  o  capitão  Simão  Gonçalves  da  Gamara,  seu  avô,  e  o  capitão  João  Gon- 
çalves da  Gamara,  seu  pai,  e  elle,  fizeram  á  coroa  d'estes  reinos  nos  logares 
de  Africa,  assim  em  socorros  de  cercos  d'elles,  a  que  o  dito  seu  avô  e  elle 
acudiram  muito  honradamente  com  muita  despeza,  como  na  tomada  de 
Azamor,  onde  o  dito  seu  pai  se  achou,  e  foi  com  grande  gasto;  e  vendo 
quanta  razão  é,  etc. ».     Por  carta  de  7  de  Junho  de  1577  foi-lhe  dado  o 


(i)  Privilégios  de  D.  Felipe  /,  liv.  5."»,  fls.  109  v.  e  no. 

(2)  Corpo  diplomático,  vol.  X,  pág.  537. 

(3)  Leitão  Ferreira,  Catalogo  dos  bispos  de  Coimbra,  pág.  iSy. 

(4)  Mendoça,  Jornada  de  Africa,  pág.  58, 

(5)  São  as  armas  dos  Almadas  de  que  usou  o  2.»  conde  de  Abrantes,  avô  paterno  do 
bispo  D.  Manuel  de  Meneses.  Este  porém,  se  trouxe  as  armas  do  seu  apelido,  haviam  de 
ser  as  do  i.**  conde  de  Cantanhede  seu  tio  materno. 

(6)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  40,»,  fl.  93. 

(7)  Ibidem,  liv.  45."»,  fl.  61. 


Apêndice  427 

assentamento  de  102.864  reais  (1).  Foi  o  5.°  capitão  donatário  do  Funchal, 
confirmado  em  iSSy.  Desprezou  o  título  de  dom,  que  el  Rei  lhe  dava  sempre 
nas  cartas  depois  de  conde;  e  morreu  naquela  cidade  a  4  de  Março  de  i58o 
com  sessenta  e  oito  anos  (2). 

Armas:  de  negro,  torre  de  prata  entre  dois  lobos  assaltantes  de  oiro, 
tudo  disposto  sobre  um  cabeço  cosido  de  verde  em  ponta. 

Casou  a  4  de  Outubro  de  i538  com  D.  Isabel  de  Mendoça(3),  donzela 
da  rainha  D.  Catarina,  com  quem  viera  para  Portugal  em  ibib.  Era  filha 
de  Rui  Dias  de  Mendoza,  senhor  de  Moron,  mestre  sala  dos  reis  católicos; 
e  não  chegou  a  ser  condessa  da  Calheta,  porque  morreu  a  i3  de  Setembro 
de  i56i  (4). 

Tiveram  descendência. 

3.°  Conde  da  ATOUGUIA  — 1577,  Setembro  4.  —  D.  LUÍS  DE 
ATAÍDE,  do  conselho  de  estado,  vice  rei  que  fora  da  índia,  e  já  pela 
segunda  vez  nomeado  para  o  mesmo  cargo.  —  Por  carta  da  referida  data  foi 
feito  conde  da  vila  da  Atouguia  da  Baleia  (5);  e  por  outra  de  11  do  mesmo 
mês  se  lhe  deu  o  assentamento  de  102.864  reais  (6).  Era  senhor  da  dita 
vila  de  juro  e  herdade  por  carta  de  21  de  Abril  de  i555(7).  Havia  sido 
nomeado  a  primeira  vez  vice  rei  da  índia  por  carta  de  2  de  Março  de  i5õ8(8); 
e  tornou  a  sê-lo  por  outra  de  26  de  Agosto  de  1377,  na  qual  já  é  intitulado 
conde  da  Atouguia  (9). 

Morreu  governando  a  índia  em  princípios  de  Março  de  i58i  (lo).  Teve 
a  promessa  do  título  de  marquês  de  Santarém,  já  depois  de  falecido  ? 

Armas:  de  azul,  quatro  bandas  de  prata. 

Casou  a  1.^  vez  com  D.  Joana  de  Távora,  que  faleceu  em  Janeiro  dè 
i5o7  (11),  e  era  filha  de  Luís  Alvares  de  Távora,  senhor  do  Mogadoiro. 


(1)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  38.",  fl.  loi  v. 

(2)  Historia  insulana,  liv.  3.",  cap.  14. 

(3)  Frutuoso,  Saudades  da  terra,  pág.  219.  Advertirei  que  Severim  de  Faria  a  fl.  C07 
do  vol.  3°  da  sua  Torre  do  Tombo  diz  ter  visto  em  certo  cartório  o  contrato  deste  casa- 
mento, e  que  fora  lavrado  a  3o  de  Setembro  de  iSSg. 

(4)  Saudades  da  terra,  pág.  296. 

(5)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  Sj.»,  fl.  3oi. 

(6)  Ibidem^  liv.  40.°,  fl.  220  v. 

(7)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  54.°,  fl.  91. 

(8)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  22.»,  fl.  56. 

(9)  Ibidem,  liv.  38.°,  fl.  144  v. 
(10)  Década  lO.*,  liv.  i.",  cap.  i. 

(i  1)  Chronica  seraphica  do  Algarve.^  vol.  2.°,  pág.  69. 


428  Brasões 

Casou  a  2/  vez  com  D.  Maria  de  Vilhena,  filha  dos  4.°*  condes  de 
Odemira. 

Casou  a  3.*  vez  com  D.  Isabel  da  Cunha,  condessa  da  Atouguia,  filha 
de  Tristão  da  Cunha,  comendador  de  S.  Pedro  de  Torres  Vedraá. 

Não  ficou  geração  que  persistisse. 

5.»  Conde  de  ODEMIRA— 1877,  Outubro  2.  — D.  AFONSO  DE  NO- 
RONHA, sobrinho  de  el  Rei,  filho  mais  velho  de  D.  Sancho  de  Noronha, 
conde  de  Odemira,  que  Deus  perdoe.  —  Por  duas  cartas  da  referida  data 
foi-lhe  confirmado  o  título  de  conde  de  Odemira  (i),  e  o  assentamento  de 
270.000  reais  que  já  seu  pai  tivera  (2). 

Morreu  a  4  de  Agosto  de  1678  na  batalha  de  Alcácerquibir  (3). 

Armas:  as  do  3."  conde  de  Odemira. 

Casou  a  i.*  vez  com  D.  Joana  de  Vilhena,  filha  de  Manuel  Teles  de 
Meneses,  senhor  de  Unhão. 

Casou  a  2.^  vez  com  D.  Joana  de  Gusmão,  filha  de  D.  Pedro  de  Meneses, 
governador  de  Seuta. 

Casou  a  3.*  vez  em  fins  de  1677,  ou  princípios  de  1678  com  D.Violante 
de  Castro,  que  foi  condessa  de  Odemira,  e  era  filha  de  D.  Álvaro  de 
Castro,  conselheiro  de  estado  e  vedor  da  fazenda.  Em  2  de  Outubro  de 
1577  estavam  os  condes  contratados  a  casar  (4);  e  a  condessa,  sendo  já 
viúva,  teve  carta  de  segurança  do  seu  dote  e  arras  em  24  de  Novembro  de 
1578(5). 

Morreu  a  condessa  a  18  de  Junho  de  1646(6). 

Nasceu  póstumo  um  filho  ao  conde  havido  deste  terceiro  casamento. 

3."  Conde  do  VIMIOSO  — 1579,  no  princípio  do  ano.  —  D.  FRANCISCO 
DE  PORTUGAL,  filho  mais  velho  do  2.°  conde.  —  Ficara  prisioneiro  em 
Marrocos  depois  da  batalha  de  Alcácerquibir,  onde  seu  pai  morrera.  Foi 
dos  primeiros  resgatados,  vindo  para  o  reino  com  o  duque  de  Barcelos,  e, 
chegando  cá,  tomou  o  título  de  conde  do  Vimioso  em  virtude  do  alvará  de 
22  de  Dezembro  de  i562,  em  que  fora  feita  mercê  ao  2.°  conde  para  por 
sua  morte  lhe  suceder  na  casa  e  título  seu  filho  mais  velho  (7).    Não  chegou 


( 1 )  Doações  de  D,  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  40.",  fl.  289  v. 

(2)  Ibidem,  liv.  38.",  fl.  200  v. 

(3)  Confirmações  geraes,  liv.  11.»,  fl.  69  v. 

(4)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  38.»,  fl.  200  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  /{6.*,  fl.  224. 

(6)  Historia  de  S.  Domingos,  2.»  parte,  fl.  104  v. 

(7)  Provas  da  Historia  genealógica,  vol.  5.»,  pág.  677,  n."  37. 


Apêndice  429 

a  ter  a  carta  de  confirmação  do  título,  nem  admira,  não  só  pela  agitação  e 
perturbação  política  daquele  tempo,  mas  também  por  ter  o  conde  seguido 
logo  a  parcialidade  de  D.  António,  prior  do  Crato,  tornando-se  por  esse 
facto  ainda  em  especial  mais  antipático  ao  cardial  rei,  do  que  já  o  eram  os 
outros  membros  da  família  Vimioso.  Não  impediu  isto  contudo  que  D.  Fran- 
cisco fosse  conde  do  Vimioso  para  todos,  e  ate'  para  o  próprio  rei  de  Cas- 
tela, já  de  Portugal  também,  que,  publicando  em  Tomar  a  18  de  Abril  de 
i58i  um  indulto  geral,  dele  exceptua  entre  outras  pessoas  a  «D.  Francisco 
conde  do  Vimioso»  (1).  Depois  da  morte  do  conde  pretendeu  seu  irmão 
D.  Luís,  para  se  aproveitar  do  benefício  do  referido  alvará,  que  seu  pai  não 
morrera  na  batalha,  e  que  até  sobrevivera  a  seu  irmão  D.  Francisco,  que 
portanto  não  fora  conde  nem  senhor  da  casa;  mas  os  factos  são  o  que  são, 
e  contra  eles  não  há  argúcias. 

Morreu  o  conde  D.  Francisco  a  27  de  Junho  de  i582  das  feridas  rece- 
bidas na  véspera,  na  batalha  naval  de  Vila  Franca.  Isto  é  o  que  concordes, 
afirmam  as  relações  e  histórias  do  tempo;  encontro  porém,  mas  deve  ser 
engano,  a  data  da  sua  morte,  posta  no  próprio  dia  16,  em  um  Memorial,  que 
seu  referido  irmão  D.  Luís,  mandou  imprimir  (2). 

Armas:  as  do  i."  conde  do  Vimioso,  seu  avô. 

Não  deixou  geração,  que  se  encontre  nomeada. 

4.°*  Condes  de  PORTALEGRE  — 1^79,  nos  fins  do  ano,  antes  de  11  de 
Novembro.  — D.  FELIPA  DA  SILVA  e  seu  marido  D.  JOÃO  DA  SILVA. 
—  O  titulo  de  conde  de  Portalegre  foi  dado  de  juro  e  herdade  para  sempre 
a  D.  Diogo  da  Silva  de  Meneses  por  carta  de  õ  de  Fevereiro  de  1498.  A 
D.  Diogo  sucedeu  seu  filho  D.  João,  e  a  este  seu  filho  D.  Álvaro,  que 
alcançou  em  8  de  Julho  de  1377,  e  20  de  Julho  de  1679,  dois  alvarás  dis- 
pensando a  lei  mental,  e  permitindo  a  sucessão  na  sua  casa  e  título  a  sua 
neta  D.  Felipa  da  Silva,  mulher  de  D.  João  da  Silva. 

Morreu  o  conde  D.  Álvaro  em  1679,  antes  de  11  de  Novembro  (3);  e  em 
virtude  dos  referidos  alvarás  se  chamaram  logo,  D.  Felipa  e  o  marido, 
condes  de  Portalegre.  Por  despacho  de  10  de  Novembro  de  i58i  se  pôs 
verba  a  uma  tença  que  havia  pertencido  a  D.  Margarida  da  Silva,  que  a 
dera  em  dote  a  sua  filha  D.  Felipa  da  Silva,  condessa  de  Portalegre  (4). 
Por  despacho  de  16  de  Outubro  do  mesmo  ano  se  pôs  outra  verba  a  outra 


(i)  Leis,  liv.  i.%  fl.  25. 

(3)  Provas  da  Historia  genealógica,  pág.  684,  n."  42. 

(3)  Veja-se  o  artigo  relativo  ao  3.»  conde  de  Portalegre  a  pág.  46J. 

(4)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  i6.»,  fl.  147  v. 


43  o  Brasões 

tença  que  pertenceu  à  condessa  de  Portalegre,  neta  do  conde  D.  Álvaro 
e  mulher  de  D.  João  da  Silva  conde  de  Portalegre  (i).  Em  Março  de  1684, 
a  12,  14,  i5  e  16,  foram  confirmadas  à  condessa  as  alcaidarias  mores  de 
Portalegre  e  Assumar,  as  vilas  de  Celorico,  S.  Romão,  Gouveia,  as  datas 
dos  ofícios  das  suas  terras,  as  tenças,  etc,  em  suma,  toda  a  casa  de  seu 
avô  (2). 

Morreu  a  condessa  D.  Felipa  a  8  de  Outubro  de  1690  (3). 

Armas:  da  condessa:  em  lisonja,  partido:  o  i.°  das  do  conde;  2.°  de 
prata,  leão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul. 

Havia  casado  a  primeira  vez  com  D.  Pedro  Denis,  sobrinho  de  el  Rei, 
filho  do  duque  de  Aveiro.  Foi  D.  Pedro  senhor  da  capitania  do  Porto  Se- 
guro, de  que  seu  pai  em  testamento  lhe  fizera  doação,  da  qual  teve  licença 
para  usar  por  três  anos  por  alvará  de  3 1  de  Março  de  1572  (4). 

Morreu  sem  deixar  geração,  que  persistisse,  em  23  de  Setembro  de 
1575  (5). 

Casou  a  segunda  vez  em  1677,  antes  de  8  de  Julho  (6),  com  D.  João  da 
Silva,  embaixador  de  Felipe  II  em  Portugal.  Foi  D.  João  4.°  conde  de 
Portalegre,  título  de  que  começou  a  usar  logo  depois  da  morte  do  sogro, 
apesar  de  só  ter  carta  em  19  de  Outubro  de  1584;  mas  já  muito  antes  era 
intitulado  conde  em  documentos  régios,  como  por  exemplo,  na  carta  dada 
em  Tomar  a  i5  de  Abril  de  i58i,  pela  qual  foi  nomeado  mordomo  mor  (7). 
O  título  de  conde  foi-lhe  confirmado  de  juro  e  herdade  com  um  conto  de  réis 
de  renda  cada  ano,  e  as  alcaidarias  mores  da  cidade  de  Portalegre  e  do 
lugar  de  Assumar.  Além  daquela  renda,  teve  o  assentamento  de  conde,  de 
102.800  réis,  por  carta  de  21  de  Agosto  de  i585(8).  É  este  documento  o 
mais  antigo  em  que  encontro  o  conde  de  Portalegre  com  a  declaração  de  ser 
do  conselho  de  estado.  O  cargo  de  mordomo  mor  exerceu-o  desde  o  prin- 
cípio do  ano  de  1 58 1(9),  até  à  morte.  Foi  um  dos  cinco  governadores  do 
reino  desde  3i  de  Agosto  de  1593,  até  18  de  Abril  de  1600(10).     Deixado 


(i)  Chancelaria  de  D.  João  III,  liv.  Sg",  fl.  2  v. 

(2)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  i3.°,  fls.  8  v.,  9  v.,  10  v.  e  11  v.,  e  liv.  14.",  fl.  76  v. 

(3)  Vem  a  data  da  morte  da  condessa  precisamente  declarada  na  carta  de  assentamento 
de  conde  a  seu  filho  D.  Diogo,  a  fl.  357  v.  do  liv.  6.°  das  Doações  de  D.  Felipe  II. 

(4)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  32.°,  fl.  43. 

(5)  Ementas,  liv.  2.°,  fl.  162  v. 

(6)  Data  de  um  alvará,  já  por  vezes  citado,  e  que  se  encontra  a  fl.  358  do  liv.  46."»  das 
Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique. 

(7)  Doações  de  D.  Felipe  I,  liv.  4.»,  fl.  32 1. 

(8)  Ibidem,  liv.  12  ",  fl.  62  v. 

(9)  Ibidem,  liv.  4.°,  fl.  32 1  na  verba  à  margem. 

(10)  J.  P.  Ribeiro,  Dissertações,  vol.  3.°,  págs.  210  e  211. 


Apêndice  43 1 

o  governo,  regressou  para  Madrid,  onde  dizem  que  morreu  em  princípios  do 
ano  de  1601  (();  creio  porém  que  teve  mais  longa  vida,  e  que  só  veioa  falecer 
nas  proximidades  de  17  de  Fevereiro  de  1602,  data  da  carta  de  mordomo 
mor  a  seu  filho  sucessor,  o  5."  conde  de  Portalegre  D.  Diogo  daSilva  (2). 

Armas  do  conde:  de  prata,  leão  de  púrpura,  armado  e  linguado  de  azul. 

Tiveram  descendência. 

S.»  Conde  de  ARGANIL— 1579.  — D.  FREI  GASPAR  DO  CASAL, 
bispo  de  Coimbra.  —  Em  27  de  Novembro  de  1579  foi  expedida  a  bula  trans- 
ferindo a  D.  Frei  Gaspar  do  Casal  do  bispado  de  Leiria  em  que  estava  pro- 
vido havia  mais  de  vinte  anos  para  o  de  Coimbra  (3).  Havia  sido  primeira- 
mente bispo  do  Funchal.  No  ano  de  i58i  teve  carta  em  5  de  Maio,  para 
possuir  açougue  seu  em  Coimbra  (4),  e  em  12  de  Outubro  alvará  a  seu 
pedido  para  o  corregedor  da  cidade,  ou  o  conservador  da  Universidade, 
tomarem  contas  ao  recebedor  geral  do  dinheiro  das  rendas  do  bispado  (5). 
Não  lhe  chegaram  nunca,  ao  que  parece,  a  ser  confirmados  os  privilégios  dos 
seus  predecessores,  pois  que  apenas  encontro  um  alvará,  de  3i  de  Março  de 
i583,  permilindo-Ihe  usar  por  dois  anos  das  provisões  de  que  eles  haviam 
estado  de  posse  (6).  Antes  de  terminar  aquele  praso  tinha  o  bispo  conde 
morrido.  Sobre  a  data  da  morte  há  dúvidas,  por  isso  que  ela  está  errada 
no  epitáfio.  Fui  a  Leiria  no  dia  3  de  Agosto  passado,  e  na  quási  abando- 
nada igreja  de  Santo  Agostinho,  fundação  de  D.  Frei  Gaspar,  lá  encontrei  a 
sua  sepultura  no  chão  da  capela  mor  da  parte  do  evangelho,  e  no  epitáfio 
pude  ler  que  falecera  em  Agosto  de  i585  (7).  Em  carta  de  26  de  Abril  de 
190 1  do  senhor  Augusto  Mendes  Simões  de  Castro  transcreve  este  senhor  o 
« letreiro  que  ainda  existe  no  colégio  de  Nossa  Senhora  da  Graça  desta  Santa 
(Coimbra) » : 

D  .  F  .  GASPAR  CASA  Li'   S.  THE(l)   . 
IN  HAC  ACAD  PRlMARl'  lOAN   . 

3  .  cofessar'i.  et  cõncionator  .  SE 

NAt'  CO  SCIET  .  PRIM'  p'sES  .  ARCHIE 
p'  FVH  .  EP'  LEIR  .  CONIB  .  ADRIDÉT  . 
LE  GAT'  PLEN'  DIER  OBIIT  .  8  .  AVG.    l585. 


(i)  Salazar  y  Castro,  Historia  de  la  casa  de  Silva,  vol.  I,  pág.  256. 

(2)  Doações  de  D.  Felipe  II,  liv.  7.°,  fl.  247. 

(3)  Corpo  diplomático  portugue^,  vol.  10.»,  pág.  564. 

{4)  Privilégios  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  12.°,  fl.  118  v. 

(5)  Ibidem,  liv.  i3.»,  fl.  254. 

(6)  Privilégios  de  D.  Felipe  1,  liv.  5.»,  fl.  29  v. 

(7)  Trarando-se  de  um  homem  notável,  e  tendo  sido  o  seu  epitáfio  apenas  impresso. 


4^2  '  Brasões 

O  número  do  ano  está  evidentemente  errado,  como  já  o  notou  o  douto  aca- 
démico (i),  e  de  reforço  às  suas  considerações,  razoáveis,  mas  sem  prova 
documental,  citarei  três  documentos  que  tiram  todas  as  dúvidas.  São  eles 
três  cartas  régias  de  9  de  Setembro  de  i585  confirmando  e  concedendo  certos 
privilégios  ao  sucessor  de  D.  Frei  Gaspar,  D.  Afonso  Castelbranco,  já  então 
empossado  no  bispado  de  Coimbra  e  condado  de  Arganil  (2).  É  evidente 
que  naqueles  tempos  não  se  podia  dar  num  mês  a  morte  de  um  bispo,  e  a 
posse  do  sucessor.  Morreu  pois  provavelmente  D.  Frei  Gaspar  do  Casal, 
como  diz  o  autor  do  Catálogo  citado,  a  9  de  Agosto  de  1584. 

Armas:  uma  águia  de  duas  cabeças,  tendo  sobre  o  peito  uma  pequena 
tábua  segurando  um  coração  abrazado,  sobrepujado  por  um  listão  pendente 
dos  dois  bicos  da  águia,  que  está  poisada  sobre  uma  ponta  que  parece  de 
nuvens,  e  está  sobreposta  a  um  báculo  e  uma  palma  passada  em  aspa;  por 
cima  da  águia,  no  ponto  do  chefe,  uma  mitra  (3). 

6.°  Visconde  de  VILA  NOVA  DA  CERVEIRA— 1579,  Dezembro  i3. 
—  LOURENÇO  DE  BRITO  DE  LIMA,  neto  materno  do  5.°  visconde.— 
Na  data  apontada  teve  alvará  de  lembrança  para  suceder  a  seu  ayô  no  titulo, 
e  logo  com  êle  se  ficou  chamando.  Só  teve  porém  carta  de  confirmação  em 
7  de  Janeiro  de  i583  com  a  condição  de  casar  com  mulher  que  ao  rei 
agrade;  e  só  teve  carta  do  título,  depois  de  casado,  em  i3  de  Setembro  de 
1591,  tendo-lhe  el  Rei  ordenado,  por  uma  apostila  de  4  do  mesmo  mês,  que 
se  chamasse  D.  Lourenço  de  Lima  e  Brito.  Finalmente,  por  carta  de  i5  de 
Dezembro  de  1623,  foram-lhe  dadas  as  honras  de  conde  no  seu  próprio 
título  (4). 

Armas:  partido:  o  i."  de  oiro,  quatro  palas  de  vermelho;  o  2.°  cortado: 
a  de  vermelho,  nove  lisonjas  de  prata,  apontadas,  moventes  do  chefe,  da 
ponta  e  dos  flancos  do  escudo,  e  cada  uma  carregada  de  um  leão  de  púrpura; 


que  eu  saiba,  uma  vez,  e  com  erros  numa  vasta  colecção  de  disparates  e  patranhas,  trans- 
crevê-lo hei,  conforme  o  pude  ler,  desenvolvendo  algumas  abreviaturas :  « Sepultura  de 
D.  Fr.  Gaspar  do  Casal,  religioso  de  Nosso  Padre  Santo  Agostinho,  Gathedratico  que  foi  da 
Universidade  de  Goimbra,  pregador  e  confessor  dei  rei  D.  João  III,  presidente  da  mesa  da 
consciência,  duas  vezes  assistente  (?)  no  concilio  de  Trento,  embaixador  a  el-rei  de  Hes- 
panha,  bispo  do  Funchal,  e  desta  cidade  cuja  Sé  fundou  e  acabou. . .  e  depois  de  Coimbra 
onde  falleceu  aos  . . .  agosto  de  i585. . .  foi  tresladado. . .  capella  a  ...  de  16. . .». 
(i)  Leitão  Ferreira,  Catalogo  dos  bispos  de  Coimbra,  pág.  160. 

(2)  Privilegias  de  D.  Felipe  I,  liv.  i.°,  fl.  91  v.,  e  liv.  2.°,  fls.  i3  v.  e  14. 

(3)  Armas  adoptadas,  e  das  quais  apenas  encontrei  o  desenho  nos  Retratos  e  elogios 
de  varões  e  donas. 

(4)  Livro  2."  dos  Brasões,  págs.  291  e  292. 


Apêndice  433 

b  de  oiro,  banda  enchequetada  de  verde  e  prata  de  cinco  tiras,  carregadas 
de  uma  cótica  de  vermelho  que  cobre  a  tira  do  meio. 

Casou  antes  de  4  de  Setembro  de  1691,  com  D.  Luísa  de  Távora,  viscon- 
dessa de  Vila  Nova  da  Cerveira,  neta  do  conde  da  Idanha(i). 

Na  2.*  parte  deste  catálogo  tornarei  a  referir-me  ao  visconde  no  ano  de 
1623. 

6.°  Conde  de  ODEMIRA  — Antes  de  27  de  Janeiro  de  1680.  — D.  SAN- 
CHO DE  NORONHA,  sobrinho  de  el  Rei,  filho  póstumo  do  6."  conde.— 
Por  carta  da  referida  data,  sendo  Já  intitulado  conde  de  Odemira,  foi-lhe 
confirmada  a  alcaidaria  mor  de  Alvor,  pela  maneira  por  que  seu  pai  a  tivera, 
mas  com  a  condição  de  todos  os  rendimentos  dela  serem  para  a  condessa 
sua  mãe,  durante  toda  a  sua  vida  (2).  Foi-lhe  confirmado  o  condado  e 
senhorio  de  Odemira  a  4  de  Julho  de  iSgS,  e  25  de  Agosto  de  1626(3). 
Por  carta  de  18  de  Outubro  de  1609,  confirmada  a  16  de  Agosto  de  1625, 
foi  feito  conde  de  Odemira  de  juro  e  herdade  (4).  Teve  o  assentamento, 
que  já  seu  pai  houvera,  de  270.000  reais,  por  carta  de  9  de  Dezembro  de 
1609,  confirmada  a  i3  de  Agosto  de  1625  (5). 

Morreu  o  conde,  sendo  mordomo  mor  da  rainha  D.  Luísa  de  Gusmão, 
em  12  de  Dezembro  de  1641  (6). 

Armas:  as  do  3."  conde  de  Odemira. 

Casou  em  1698  com  D.  Juliana  de  Lara,  condessa  de  Odemira,  filha  dos 
1.®'  duques  de  Vila  Real  (7). 

Não  deixaram  descendência. 

5.°  Conde  de  ALCOUTIM  —  Anterior  a  i5  de  Fevereiro  de  i58o. — 
D.  MIGUEL  DE  MENESES,  filho  primogénito  e  herdeiro  do  5.®  marquês 
de  Vila  Real.  —  Por  uma  carta  de  Felipe  II,  datada  de  Elvas  a  20  de  Feve- 
reiro de  i58i,  consta  ter  el  Rei  D.  Henrique  feito  mercê  a  D.  Miguel,  conde 
de  Alcoutim,  de  270.000  reais  de  assentamento  de  conde  sobrinho,  com  a 
condição  de  ter  esta  mercê  em  segredo  por  tempo  de  um  ano.  Consta  mais 
não  ter  chegado  aquele  rei  a  assinar  a  carta  desta  mercê,  mas  haverem  passado 
os  governadores  do  reino  uma  ao  conde,  na  qual  declaravam  que  êle  havia 


(i)  Livro  3.'*  dos  Brasões,  pág.  90. 

(2)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  46.»,  fl.  28. 

(3)  Confirmações  geraes,  liv.  12."»,  fl.  3i. 

(4)  Ibidem,  liv.  1 1 .",  fl.  69  v. 
<5)  Ibidem,  fl.  67. 

(6)  Historia  genealógica,  vol.  9.»,  pág.  5-j5. 
{7)  Ibidem. 
VOL.  m  55 


434  Brasões 

de  começar  a  receber  o  referido  assentamento  de  i5  de  Fevereiro  de  1 58o 
em  diante.  Confirmou  D.  Felipe  o  assentamento  de  conde  sobrinho  a 
D.  Miguel,  e  mandou-lho  pagar  desde  o  referido  dia  i5  de  Fevereiro  (i). 
Vê-se  pois  que  antes  de  i5  de  Fevereiro  de  i58o  tinha  já  o  marquês  de  Vila 
Real,  usando  da  faculdade  concedida  na  carta  de  25  de  Novembro  de  1496 
de  criação  do  condado  de  Alcoutim,  largado  o  senhorio  e  título  a  seu  filho. 
0  5.°  conde  de  Alcoutim  veio  a  ser  o  6.°  marquês  de  Vila  Real  em  2  de 
Setembro  de  1590,  dia  em  que  morreu  o  duque  de  Vila  Real,  seu  pai  (2),  e 
por  último  o  i.°  duque  de  Caminha  por  carta  de  14  de  Dezembro  de  1620 (3). 

Armas:  as  do  i.°  conde  de  Alcoutim. 

Vide  6.°  marquês  de  Vila  Real  e  i.°  duque  de  Caminha, 

2.°  Conde  da  CALHETA— i58o,  Abril  12.  — JOÃO  GONÇALVES 
DA  CÂMARA,  do  conselho  de  el  Rei,  filho  maior  e  herdeiro  do  i.**  conde. 
—  Por  carta  da  referida  data  sucedeu  a  seu  pai  no  título,  em  virtude  de  um 
alvará  de  lembrança  de  20  de  Agosto  de  iSyô  que  D.  Sebastião  lhe  dera  (4). 
Foi  6.°  capitão  donatário  da  ilha  da  Madeira  da  parte  do  Funchal,  e  morreu 
de  peste  em  Almeirim  a  4  de  Junho  de  i58o(5).  Numa  carta  desta  data  os 
governadores  do  reino  se  referem  já  à  morte  do  conde  da  Calheta  (6);  teria 
tido  lugar  nesse  mesmo  dia  ? 

Armas:  as  do  i.°  conde. 

Casou  com  D.  Maria  de  Lancastre,  filha  de  D.  Luís  de  Lancastre,  comen- 
dador mor  de  Avis.  Foi  D.  Maria  condessa  da  Calheta;  sobreviveu  a  seu 
marido,  e  encontra-se  comprando  várias  tenças  de  juro  nos  anos  de  i584, 
85,  86(7),  sendo  a  última  notícia,  que  dela  acho,  do  ano  de  1591,  em  que,  a 
2  de  Agosto,  escreveu  o  arquiduque  governador  do  reino  a  Felipe  II  sobre 
o  despacho  do  filho  dela  (8). 

Tiveram  descendência. 

5.»  Barão  de  ALVITO  —Antes  de  i3  de  Maio  de  i58o.  —  D.  RODRIGO 
LOBO,  filho  maior  do  4.°  barão.  —  Na  data  acima  foi-lhe  confirmada  a 


(i)  Doações  de  D.  Felipe  J,  liv.  i5.%  fl.  365. 

(2)  Doações  de  D.  Felipe  II,  liv.  1.",  fl.  i5. 

(3)  Doações  de  D.  Felipe  11  J,  liv.  i.»,  fl.  i83  v. 

(4)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  ^5.",  fl.  61. 

(5)  Frutuoso,  Saudades  da  terra,  pág.  3o5. 

(6)  Archivo  histórico  portuguez,  vol.  I,  pág.  216. 

(7)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  14.»,  fl.  326  v.,  liv.  40.»,  fl.  45,  e  liv.  33.% 
fl.  23l. 

(8)  Corpo  Chronologico,  parte  i.",  maç.  112,  doe.  92. 


Apêndice  435 

baronia  pelos  governadores  do  reino  (i).  Antes  disso  já  se  intitulava  barão, 
como  da  própria  referida  carta  consta.  De  direito,  em  virtude  da  concessão 
na  carta  de  criação  do  título,  era  D.  Rodrigo  barão  de  Alvito  desde  a  morte 
do  pai,  que  foi  na  batalha  de  Alcácerquibir  a  4  de  Agosto  de  1678;  de  facto 
porém,  não  sei  quando  a  posse  se  realizou.  Ele  ficou  cativo  na  mesma 
batalha;  foi  contudo  dos  fidalgos  que  se  disfarçaram,  e  ignoro  a  data  do  seu 
resgate.  A  i5  de  Dezembro  de  iSjS  ainda  D.  Rodrigo  não  tinha  voltado 
ao  reino,  pois  que  então  se  passou  um  alvará  a  sua  mãe  para  governar  e 
administrar  a  baronia  das  suas  terras,  como  seu  marido  poderia  fazer  (2). 
A  i3  de  Agosto  efe  1693  teve  de  Felipe  II  confirmação  da  baronia  (3).  Era 
já  falecido  a  29  de  Novembro  de  1597,  em  que  foi  confirmada  a  baronia  ao 
filho  (4). 

Armas:  as  do  3.*  barão  de  Alvito,  seu  avô. 

Casou  com  D.  Bárbara  Quaresma,  baronesa  de  Alvito,  filha  herdeira  de 
Manuel  Quaresma,  vedor  da  fazenda  de  D.  Sebastião. 

Tiveram  descendência. 


(i)  Doações  de  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  lív.  46.»,  fl.  126. 
(a)  Privilégios  D.  Sebastião  e  D.  Henrique,  liv.  12.%  fl.  5y  v. 

(3)  Confirmações  geraes,  liv.  8.»,  fl.  120. 

(4)  Ibidem,  liv.  i3.«,  fl.  271. 


ÍNDICE  DOS  PRECEDENTES  TÍTULOS 


Duques 

Pág. 

Aveiro — i.',  Lancastre 400 

»   —  2.0,    »    424 

Barcelos  — i.°,  Bragança Sga 

»        — 2.»,         »          .......  419 

»        —  3.%         »          423 

Beja — i.°,  Infante 279 

»    — 2.°,  Senhor 292 

»    —  3.»,       »      296 

»    — 4-',       » 334 

.    —5.»,  Infante 385 

Bragança  —  i .",  Bastardia  real  ....  267 

»        — 2.**,  Bragança 280 

»        —  3.°,         »        326 

»        — 4°,        »        343 

»        —5.0,        •        398 

»            — D.%            »           419 

Coimbra — i.»,  Infante 255 

»       —  2.0,  Bastardia  real 337 

Guarda  —  i  .<•,  Infante 394 

Guimarães — !.<>,  Bragança .291 

»         —  2. o,         •         343 

»         —3.°,         .         398 

»         — 4.<',  Infante 401 

»         —  5.",  Senhor 407 

Viseu —  i.%  Infante 255 

»     — 2.%       »       285 

»      — 3.",  Senhor 292 

»     — 4.",       »       2q6 

»      —  5.»,       »       3^4 

Marqueses 

Ferreira—  i.°,  Melo 400 

Montemor  o  Novo  — 1.°,  Bragança.  .  .  299 

Torres  Novas  —  1 .",  Lancastre 3b5 

»           —  2.%         »        418 

Valença — i.",  Bragança 276 

Vila  Real — 1.»,  Meneses 3^9 

»        —  2.»,        »        354 

»        —3.»,        »        387 

»        —  4.*,        »        408 

»         — 5.%         »         421 


Pig. 

Vila  Viçosa— i.%  Bragança 280 

»          —2.»,        »       326 

»         —  3.«,        »       344 

»         —4-°,        »       399. 

»         —  5.%        »        420 

Condes 

Abrantes — i.»,  Almeida 317 

—  2.»,       »      337 

»       —  3.»,        »      370 

Alcoutim— I.*,  Meneses 348 

»        —  2.»,       » 356 

»       —3.%       »       391 

»       — 4.',       »       422 

»       —  5.0,        »       433 

Arganil —  i.",  Galvão 207 

»      —  2.",  Almeida 332 

o       —  3,°,  Soares 409 

»      —  4.»,  Meneses 425 

»       — 5.»,  Casal 431 

Arraiolos — i.»,- Castro 245 

»        —  2.»,  Pereira 233 

»        —  3.",  Bragança 256 

»        — 4.",         »        327 

»         —5.»,         .         345 

»        — 6.°,        »        399 

»        — 7.»,        »        420 

Atalaia—  i.»,  Melo 289 

Atouguia— I.»,  Ataíde 274 

»       — 2.»,      »     276 

»        —3.»,      »     427 

Aveiro — i.",  Bragança 3m 

Avranches  —  i.»,  Almada 270 

»         —2.»,       »        325 

Barcelos—    i.",  Albuqueraue 241 

»        —   2.»,  Riba  de  Vizela.  .  .  .  242 

»        —   3.«,  Bastardial  real ....  » 

»        —  4.%  Telo 243 

»        ■—   5.»,     »     246 

»        —  6.%    »     25a 

«        —   7.»j  Pereira 252 

,       _  8.%  Bastardia  real  ....  254 


440 


Brasões 


Pág. 

Barcelos—  9.%  Bragança.  ......  286 

»        — 10.",        »       327 

»        —  II.»,         »        344 

Borba— I.»,  Coutinho ;  .  .  335 

Calheta —  i.°,  Câmara 426 

»      — 2.»,       »      4,34 

Caminha — i.»,  Sotomaior 322 

Cantanhede—  i.",  Meneses 327 

Castanheira — 1.°,  Ataíde 395 

»          —  2.°,      »      420 

Faro- i.°,  Bragança 290 

Feira — 1.°,  Pereira 33o 

»     — 2.0,       »       365 

»     —  3.",       »       377 

»     —  4°5       »       417 

Guazava — i.»,  Chateaubriand 340 

Guimarães — 1.°,  Bragança 287 

Linhares—  i.°,  Noronha 388 

»        — 2.°,        "       416 

Loulé  —  i.»,  Meneses 294 

»     —  2.°,  Meneses-Coutinho      328  e  347 

»     — 3.0,  Coutinho-Infante 393 

Marialva — 1.°,  Coutinho 266 

»        —  2°,        »        277 

»        —  3.°,        »        289 

»        —  4.°.        »>         ....     3 10  e  347 

»        —  5.0,  Coutinho-Infante  ...  Sqí 

Monsanto —  i.°,  Castro 280 

»        —  2.°,      »       292 

»        —3.°,      »       393 

Neiva —  i-.°,  Teles 247 

i>     —  2.°,  Bastardia  real 253 

»      —3,°,  Bragança 286 

»      — 4.°,         »        327 

>.      —  5.»,         »         345 

»      — 6.0,         » 399 

»      — 7.».,         »        420 

Odemira — i.°,  Noronha.. 273 

»        —  2.°,  Bragança 3 1 1 

»        — 3.»,  Noronha 345 

»        — 4.°,        >' .  415 

»        —  5.">,        »       428 

»        —  6 »,        »       433 

Olivença— i.°,  Melo 324 

Ourém  —    i .°,  Telo 244 

»      —   2.»,  Andeiro 25 1 

•    »      —    3.°,  Pereira 252 

»      —   4.»,  Bragança 256 

»      —   5.°,         »        285 

»      —   6.»,         »        327 

»      —  7.%  Meneses 338 

»      —  8.",  Bragança 369 

»      —   9.",         »        399 

»      — 10.»,         »        420 

Penafiel — i."»,  Bastardia  real 254 

Penamacor  —  i  .*•,  Albuquerque  ....  3o7 

Penela— 1.°,  Vasconcelos 293 

»      — 2.»,           »          .......  328 

Portalegre — i.»,  Silva 349 


Portalegre  —  2.°,    »    367 

»         — 3.",    » 412 

»         —  4-°>     » 429 

Prado  —  I.*,  Sousa 390 

Redondo — i.°,  Coutinho 364 

»       —2.»,         »        385 

I)       — 3.»,         »         410 

»        — 4.°,         »        422 

Santa  Comba —  1.",  Galvão  ......  295 

Seia —  i.°,  Manuel  de  Vilhena  ....  249 

Sortelha — i.°,  Silveira 396 

»       — 2.°,       »        424 

Tarouca —  1.°,  Meneses 35i 

Tentúgal — i.°,  Melo 367 

»        — 2.°,     » 414 

Valença — i.°,  Meneses 288 

»       — 2.°,  Meneses-Noronha .  .  . 

»       —3.%  »  ... 

»       —4.0,  »  ... 

»  — 5.»,  B  ... 

Viana,  do  Alentejo  —  i.°,  Telo  .... 

»      do       »       — 2.°,  Meneses  .  . 

do  Minho —  i.»,  Castro.     245 

»      do      »      — 2.»,  Meneses  .  .  . 

»      do       »      —  3.**,        »        ... 

Viana,  Caminha  e  Aldeia  Galega  — 

Castro 245 

Vidigueira— i.°,  Gama 38o 

»         — 2.»,     a     392 

»         —  3.»,     »     423 

Vila  Nova  de  Portimão  — i.">,  Castel- 

branco 373 

Vila  Real — i.°,  Meneses 257 

»        — 2.0,  Noronha .  265 

»        — 3.»,  Meneses-Noronha.  .  .  268 

»        — 4°,               j>              ...  355 

»        -5.»,               »              ...  388 

»        — 6.",               »              ...  409 

a             — 7.°,                       »                      ...  421 

Vimioso — I. o,  Portugal 378 


356 
388 
409 
422 
246 
263 
258 
281 
287 


» 
» 

-3.0, 

» 
» 

4'' 

428 

Viscondes 

Vila  Nova  da  Cerveira 

»            »         »              » 

—  i.»,  Lima  .  . 

—  2.»,     »      .  . 
-3.»,     .      .  . 

3 16 
346 

425 

M                » 

»               » 
U                » 

» 

» 

• 
» 

—  4.»,      »      .  . 

—  5.».      »      .  . 

—  6.»,  Lima  Bri- 

to.  . 

.    . 

.  .  •  . 

432 

Barões 

Alvito — !.•,  Silveira  Lobo 3oo 

»      — 2.',  Lobo 352 

»     — 3.',     »     402 

»     — 4.",     »     418 

»      —5.»,     »     434 


ÍNDICE  DE  MATÉRIAS 


VOL.  Ui 


56 


ABREVIATURAS  USADAS. —  Ar.,  arma»;  b.,  bastardo;  com.,  comendador;  f.  filho  cu  filha;  gov.,  governador 
ra.,  mulher;  sr.,  senhor;  v.,  veja,  etc. 


Abade  de  Alcobaça,  17. 

Abadim  e  Negrelos,  sr.  dos  coutos,  160. 

Abitureiras,  sr.,  190. 

Abiul,  sr.  das  rendas,  Sog. 

Aboim  (D.  João  de),  75,  76. 

Abranches,  descendência,  272;  varonia,  272. 

Abranches  (D.  Álvaro  de),  capitão  de  Sofala, 
272. 

Abranches  (Conde  de),  1.°,  v.  Almada  (D.  Ál- 
varo de). 

Abranches  (Condessa  de),  v.  Castro  (D.  Ca- 
tarina de). 

Abranches  (Condessa  de),  v.  Cunha  (D.  Isa- 
bel da). 

Abranches  (Condessa  de),  v.  Noronha  (D. 
Constança  de). 

Abranches,'  v.  Avranches. 

Abrantes,  240, 3 18, 319, 872. —  Almoxarifado, 
3 18,  —  Carta  de  quitação  ali  passada  a 
D.  Fr.  João,  20.  —  Casa:  o  representante 
dela  usa  do  apelido  e  das  armas  dos  Tá- 
voras  sem  ter  o  direito  de  o  fazer,  109; 
cartório  da  casa,  376;  Silveiras,  no  cartório 
da  mesma,  39Ó,  398.  —  Canais  da  pescaria, 
3 1 8.  —  Castelo,  3 1 8 ;  alcaide  mor  dele,  3 1 7, 
370.  —  Celeiro  onde  se  recolhia  o  pão,  32 1. 

—  Condado,  229. —  Data  de  carta,  269,  3oo, 
3o6,  371.  —  Executado  em  estátua,  229. — 
Falecidos  aqui,  394. — Hospital,  32. — Igreja 
de  Santa  Maria  do  Castelo,  capela  consti- 
tuída aqui  pela  condessa  de  Abrantes,  338. 

—  Quinta  no  termo,  22.  —  Rua  da  Feira, 
321.  —  Sr.,  270,  3 17,  319, 320,  370,  371,  372, 
394;  do  serviço  novo  dos  judeus,  320.  — 
Sesmeiro,  32o. 

Abrantes  (Conde  de),  i.o,  v.  Almeida  (Lopo 
de). 


Abrantes  (Conde  de),  2.»,  v.  Almeida  (D.  João 

de).  —  V.  Almeida  (João  Lopes  de). 
Abrantes  (Conde  de),  3.°,  v.  Almeida  (D.  Lopo 

de). 
Abrantes  (Condessa  de),  352. 
Abrantes  (Condessa  de),  v.  Noronha  (D.  Inês 

de), 
Abrantes  (Condessa  de),  v.  Silva  (D.  Beatris 

da). 
Abrantes  (Condessa  de),  v.  Vilhena  (D.  Maria 

de). 
Abrantes  (Marquesa  de),   116,  220;  actual 

representante,  376. 
Abrantes,  v.  Abranches  e  Avranches. 
Abravanel  (Yoce),  sentença,  297. 
Abreu  (Fernão  de),  sr.  da  renda  da  portagem 

de  Évora  e  da  quinta  da  Sempre  Noiva, 

148. 
Abreu  (D.  Isabel  de),  m.  de  Vasco  Martins 

de  Melo,  i3o. 
Abreu  (Leonel  de),  sr.  de  Regalados,  100, 

lOI. 

Abreu  (Lopo  Gomes  de),  sr.  de  Regalados, 

85. 
Abreu  (Pêro  de),  sr.  da  renda  da  portagem  de 

Évora  e  da  quinta  da  Sempre  Noiva,  148; 

alferes  mor  da  bandeira  de  S.  Jorge,  261, 

262;  provedor  das  capelas  de  D.  Afonso  V, 

261. 
Abreu  (Rui  de),  alcaide  mor  de  Elvas,  i58. 
Abreus,  201. 

Abreus  de  Lima,  do  Minho,  85. 
AbuHafss,  general  das  tropas  serracenas,  180. 
Abul  {Processo  de  Vasco),  v.  Processo,  etc, 

26. 
Abyla,  era  assim  que  os  antigos  chamavam 

a  Seuta,  204,  2o5. 


444 


Brasões 


Acho  (Montanha  de),  coluna  de  Hércules  ou 
ainda  de  Almina,  em  Seuta,  204. 

Adiantados:  de  Entre  Tejo  e  Guadiana,  3ii; 
das  fronteiras,  178. 

Aditamento  à  Synopse  Cronológica,  v,  Sy- 
nopse  Cronológica. 

Advertências  feitas  ao  livro  intitulado,  Nobi- 
1.1ARCHIA  Portuguesa,  etc,  v.  Coelho 
(Francisco). 

Afonso  (D.),  bispo  de  Évora,  148,  378. 

Afonjio  (D.),  cardial  infante,  5y. 

Afonso  (D.),  casado  com  D.  Maria  de  Noro- 
nha, 287. 

Afonso  (D,),  i."  conde  de  Faro,  290,  291,311 
a  3i5.  —  Conde  de  Aveiro  nao  foi,  mas 
sim,  sr.,  3n,3i2.  —  2.°  Conde  de  Odemira, 
290,  3ii,  3i2,  3i3,  3i5,  3i6.  —  Adiantado 
do  Algarve,  3 12;  e  de  Entre  Tejo  e  Gua- 
diana, 3ii.  —  Alcaide  mor  de  Éstremôs, 
290.  —  Confiscação  da  sua  casa,  314. — 
Conspira  contra  D.  João  II,.2qo,  3 1 3.  —  Seu 
falecimento  em  Sevilha,  290,  í  1 3. — Ar.,  29 1 . 

Afonso  (D.),  conde  de  Gijon  e  Noronha,  268. 

Afonso  (D.J,  conde  de  Ourém,  sr.  da  quinta 
de  Morfacém,  no  termo  de  Almada,  5i,  52. 

Afonso  (D.),  i.°  conde  de  Penafiel  e  de  Bar- 
celos, 254. 

Afonso  (D.),  4.»  conde  de  Ourém  e  1.°  mar- 
quês de  Valença,  84,  229,  256, 257,  276, 280, 
285,  338,  370.  —  Data  da  sua  morte,  276. 

—  Ar.,  276. 

Afonso  (D.),  condestável,  297,  357,  387. 
Afonso  (D.),  duque  de  Bragança,  54,  253. 
Afonso  (D.),  i.o  duque  de  Bragança,  253,255, 

256,  267,  268,  276,  280,  206,  343,  419. — 
8.»  conde  de  Barcelos,  17,  253,  254,  256, 

257,  267,  268.  —  2.»  conde  de  Neiva,  253, 
254.  —  Data  da  sua  morte  e  sepultura,  268. 

—  Genro  do  Condestável,  228.  —  Sr.  dos 
paços  de  Algezira,  em  Seuta,  217, 228, 253, 
267;  de  Cascais  e  Penafiel,  253,281.  —  Ar., 
268. 

Afonso  (D.),  infante,  193. 

Afonso  (D.),  infante,  f.  de  D.  Denis,  3,  4;  sr. 
das  vilas  de  Viana  do  Alentejo  e  Terena, 
259.  —  V.  Afonso  IV,  rei  de  Portugal. 

Afonso  (D.),  mestre  de  Calatrava,  f.  b.  de 
D.  João  II,  rei  de  Aragão,  28. 

Afonso  (D.),  príncipe  de  Portugal,  46. 

Afonso  (D.),  príncipe  de  Portugal,  f.  de 
D.  João  II,  120;  seu  aio  e  mordomo  mor, 
143;  sua  mortal  queda  de  cavalo  em  San- 
tarém, 143. 

Afonso  XI  (D.),  rei  de  Castela,  5,  6. 

Afonso  I  (D.),  rei  de  Portugal.  V.  Afonso 
Henriques  (D). 

Afonso  II  (D.),  rei  de  Portugal,  inquirições 
mandadas  fazer  por  este  rei,  194. 

Afonso  III  (D.),  rei  de  Portugal,  168,  194; 
inquirições  gerais  que  mandou  fazer,  168. 


Afonso  IV  (D.),  rei  de  Portugal,  3,  6,  5i,  139, 
169,  170,  227,  260, 264.  —  Antipático  como 
homem,  bom  como  rei  e  marido  e  péssimo 
como  filho,  irmão  e  pai,  4.  —  Caçando  no 
termo  de  Sintra  perto  de  um  mes,  é  cha- 
mado à  ordem  pelos  do  conselho,  4. — 
Convoca  cortes  em  Évora  e  nelas  é  jurado 
rei,  5.  —  Data  da  sua  morte  em  Lisboa, 
259.  —  Manda  executar  seu  meio  irmão 
João  Afonso,  5.  —  Quando  começou  a 
reinar,  4.  —  Seu  alferes  mor,  196.  —  V.  Ca- 
pelas de  D.  Afonso  IV.  —  V.  Afonso  (D.), 
mfante,  f.  de  Denis. 

Afonso  V  (D.),  rei  de  Portugal,  21,  52  a  55, 
74,  80,  82,  84,  87,  93,  95,  98,  120,  i36,  143, 
i52,  i53,  i55,  i38,  172,  218,  220,  23i,  233, 
235,  236,  238,  239,  255,  260,  261,  267,  271, 
272,  274,  275,  278,  285,  288,  292,  295,  296, 
309,  3io,  3i3,  3i5,  3i8,  320.  32i,  322,  325, 
327,  33i,  337,  345,  349,  373.  —  Carta  de 
perdão,  279.  —  Manda  levantar  o  castelo 
de  Ponte  de  Lima,  81 ;  e  reformar  as  chan- 
celarias, 211. —  Partidas:  deste  rei:  para 
Alcácer  e  Gibraltar,  282;  para  o  Porto 
com  o  regente,  267.  —  Pretende  atacar 
Arzila,  282.  —  Pródigo  em  títulos  vários, 
229. — Sua  estada:  em  Seuta,  282,  283;  em 
Óbidos,  284;  em  Toro,  327.  —  Seu  aio, 
274;  seu  capelão  mor,  i3,  17,  148;  seu 
guarda  roupa,  3o8 ;  seus  desposórios  com 
a  princesa  D.  Joana,  a  Excelente  Senhora, 
307. 

Afonso  VI  (D.),  rei  de  Portugal,  84. 

Afonso  (D.),  sr.  de  Cascais,  f.  b.  do  infante 
D.  João  e  neto  de  D.  Pedro  I,  186.  — V. 
Cascais  (D.  Afonso  de). 

Afonso  (Mestre),  v.  Mestre  Afonso,  234. 

Afonso  Domingues,  lavrador  e  morador  em 
Éstremôs,  35 1. 

Afonso  Gonçalves,  escrivão,  21 3. 

Afonso  Gonçalves,  piloto,  383. 

Afonso  Henriques  (D.),  rei  de  Portugal,  179; 
encarrega  à  Ordem  do  Templo  a  defesa 
dos  seus  estados  do  sul,  178;  invade  Ba- 
dajoz, sendo  nesta  empresa  aprisionado, 
devido  em  parte  a  ter  partido  uma  perna 
quando  fugia,  porém  logo  foi  solto,  178; 
invade  a  Galiza  e  conquista:  Tui, Torofío 
e  Limia,  177;  invade  o  Gharb,  178. 

Afonso  Mexia,  v.  Somaryo. 

Afonso  Sanches,  f.  b.  de  D.  Denis,  irmão  de 
João  Afonso,  5. 

Africa,  47,  204,  283,  288,  340.  —  Degradado 
para  lá,  229.  —  Guerras,  341,  349.  —  Ida  lá 
do  infante  D.  João,  93.  —  Mortos  lá,  i56, 
294,416.  —  Partida  de  Frei  João  para  aqui, 
17.  —  Primas,  20.  —  Serviços  prestados  lá, 
82,  83,  90,  143,  i54,  218,  246. 

Agiológio  lusitano,  v.  Cardoso  (George). 

Agua  de  Peixes,  no  termo  de  Alvito,  ins- 


índice  de  matérias 


445 


trumento  de  vendas  de  terras  e  quintas, 
354. 

Aguada,  quando  lhe  foi  dado  foral,  333. 

Aguado  (João),  6r. 

Aguado  (João  Mendes),  corregedor  da  corte, 
307. 

Aguiar,  3o2;  sr.,  3oi,  3o2,  3o3,  3o6,  307,  353. 

Aguiar  (D.  Frei  Esteves  de),  abade  de  Alco- 
baça, 17. 

Aguiar  (Dr.  João  Afonso  de),  provedor  de 
Évora,  391. 

Aguiar  da  Beira,  sr.,  378,  412. 

Aguiar  de  Neiva  (Terras  de),  escambo,  77; 
sr.,  253. 

Aguiar  de  Pena,  sr.,  95,  196,  248,  aSi. 

Aguiar  de  Sousa,  sr.,  246. 

Águias  (Vila  das),  no  Alentejo,  sr.  da  Torre, 
29,  3o,  40. 

Aia  e  camareira  mor  da  rainha  de  Castela 
D.Joana,  3i9,  32i ;  da  imperatrisD.  Isabel, 
346. 

Aiala  (D.  Inês  de),  condessa  de  Monsanto, 
393;  seu  epitáfio  em  Penhalonga,  393. 

Aiala  (D.  Maria  de),  condessa  de  Portalegre, 
35o. 

Aio,  3 18;  do  duque  de  Beja,  35o;  de 
D.  Afonso  V,  247;  de  D.  Manuel,  15?;  de 
D.  Sebastião,  422;  do  príncipe  D.  Afonso, 
.143. 

Airão  (Morgado  de),  97;  igreja,  io3;  insti- 
tuidor, 98. 

Aires  (Gil),  escrivão  da  puridade  do  condes- 
tável,  5o,  5i,  52;  sr.  da  quinta  de  Mor- 
facém,  no  termo  de  Almada,  5o;  sua 
morte  e  sepultura,  5i. 

Aires  (Pedro  de),  fidalgo  castelhano,  146. 

Aires  de  Campos  (J.  C.J,  Documentos  da  Câ- 
mara de  Coimbra,  409,  425. 

Aires  de  Miranda,  121,  i53,  i58;  almotacé 
mor,  [55. 

Aires  Monis  (Gil),  54. 

Aires  Pires  de  Camões,  v.  Camões. 

Aires  da  Silva,  5."  sr.  de  Vagos,  143. 

Aires  Vasques,  capitão  de  galé,  164. 

Ajuda  (Palácio  da),  v.  em  Lisboa. 

Alão  (D.  João  Soares),  v.  João  (D.),  bispo  de 
Silves. 

Alardo  (Fernão  Rodrigues  de),  cavaleiro,  53. 

Alava,  nas  Vascongadas,  natural  de  lá,  168. 

Albayda  (Conde  de),  v.  Milá  (D.  Jaime  de). 

Albayda  (Condessa  de),  v.  Aragão  (D.  Leo- 
nor de). 

Albergaria  (Afonso  Soares  de),  f.  de  Lopo 
Soares  de  Albergaria,  182. 

Albergaria  (D.  Brites  Lopes  de),  i83. 

Albergaria  (Diogo  Soares  de),  administrador 
da  albergaria  de  Paio  Delgado  e  do  hos- 
pital e  capela  de  Santo  Eutrópio  de  Lis- 
boa, 182;  alcaide  mor  de  Arronches,  182; 
e  das  sacas  da  Beira  e  Riba  de  Côa,  295. 


Albergaria  (Lopo  Soares  de),  181 ;  sr,  da  al- 
bergaria de  Paio  Delgado  e  do  .hospital  de 
Santo  Eutrópio,  182. 

Albergaria  (Vasco  Martins  de),  escudeiro, 
208,  209. 

Albergarias:  na  expedição  a  Seuta,  201, 209; 
sr.  dos  morgados,  i83;  seus  representantes, 
i83,  186;  solar,  t83;  vários  ramos,  186; 
ar,  177. 

Albergaria  Velha,  casas,  274. 

Albizzi  (Cardial),  prefeito  da  suprema  e 
geral  inquisição  de  Roma,  carta  sua,  37. 

Alboacem,  rei  de  Tânger,  capitaneando  as 
suas  tropas  para  cobrar  o  castelo  de  Mér- 
tola,  180. 

Albuquerque,  sr.,  241,  249. 

Albuquerque  (D.  Brites  de),  condessa  de 
Barcelos,  25 1. 

Albuquerque  (João  Afonso  de),  sr.  de  Jar- 
melo,  25o. 

Albuquerque  (D.  João  Afonso  de),  v.  João 
Afonso  (D.),  I.»  conde  de  Barcelos,  241. 

Albuquerque  (D.  Garcia  de),  f.  de  D.  Leonor 
de  Albuquerque,  condessa  de  Penamacor, 
3 10. 

Albuquerque  (D.  Lopo  de),  i.°  conde  de 
Penamacor,  85,  3o7, 3o8. —  Camareiro  mor, 
307.  —  Implicado  na  conspiração  do  Duque 
de  Viseu,  3o8.  —  Em  Inglaterra  passa  a 
usar  o  nome  de  Pedro  Nunes,  3o8. — Guarda 
roupa  de  D.  Afonso  V,  3o8.  —  Morre  em 
Sevilha,  3o8.  —  Regedor  da  Casa  do  Cível 
de  Lisboa,  3o8.  —  Retira  para  Castela  com 
sua  família,  3o8.  —  Ar.,  3o8. 

Albuquerque  (D.  Teresa  de),  m.  de  Luís  Al- 
vares, 143. 

Alcácer  (Vila  de),  doação  do  termo,  3o2, 
3o4,  3o5. 

Alcácer,  em  Africa:  capitão,  287,  288;  ca- 
pitão e  gov.,  281,  282;  estada  de  Afonso  V 
lá,  282;  partida  do  infante  D.  Fernando 
para  acometer  Tânger,  282 ;  regedor, 
288. 

Alcácer  do  Sal,  i25;  sr.  das  rendas  dos  la- 
gares, i55. 

Alcácerquibir,  batalha,  52,  428;  cativos,  90; 
mortos,  102,  412,  419,  422,  423,  425,  426, 
428,  435. 

Alcácer  Seguer,  390. 

Alcáçova  (D.  Brites  da),  viscondessa  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  89,  425. 

Alcáçova  (Pêro  da),  escrivão  da  fazenda,  28, 

3i3. 
Alcáçova  Carneiro  (Luís  da),  f.  do  conde  de 

Idanha,  90. 
Alcáçova  Carneiro  (Pedro  da),  i.»  conde  da 
Idanha,  90,  433,  425 ;  secretário  de  D.  João 
III,  89,  425. 
Alcáçovas,   125;  direitos  e  rendas  dos  re- 
guengos, i53  a  i56;  fugidos  de  lá,  229; 


/ 


446 


Brasões 


morador,  154;  srs.,  i36,  146,  i52,  i54, 
iSfi. 

Alcáçovas  (Condes  das),  i56. 

Alcáçovas  (Condes  das),  v.  Henriques  (D,  Fer- 
nando). 

Alcáçovas  (Condessa  das),  v.  Melo  (D.  Isabel 
de). 

Alcáçovas  (D,  Fernando  das),  cavaleiro,  121, 
\5'6. 

Alcáçovas  (D.  Fernando  das),  outro,  154; 
daia  da  sua  morte,  154;  sr.  das  Alcáçovas 
e  Barbacena,  i53,  154,  ify. 

Alcaides:  de  Abrantes,  870;  do  castelo,  817; 
de  Alegrete,  33o;  de  Alenquer,  196;  de 
Almeirim,  35;  de  Alvor,  148,  415,  433;  de 
Arraiolos,  64,  66;  de  Arronches,  182;  de 
Assumar,  349,  41 3,  43o;  de  Azevedo,  196; 
de  Barcelos,  100;  de  Beja,  247,  390,  391; 
de  Borba,  157;  de  Bragança  (Casa  de),  149; 
de  Campo  Maior,  28;  de  Castelo  Branco, 
144;  de  Geleiro,  43o;  de  Chaves.  173;  de 
Coimbra,  i65,  428;  de  Colares,  420;  da 
Covilhã,  218;  de  Elvas,  i58;  de  Évora, 86, 
i3o,  i53,  i56,  283,  3o2;  de  Estremôs,  290, 
3 16,  336,  445;  de  Faro,  144;  da  Fronteira, 
i58;  da  Golegã,  35;  de  Gouveia,  43o;  da 
Guarda,  29;  do  castelo,  7;  de  Guimarães, 
85,  92,  98,  99,  102,  io3,  104;  de  Lamego, 
278,394;  de  Linhares,  417;  de  Lisboa,  80, 
172,  270,  280,  292;  do  castelo,  271 ;  de  Ma- 
rialva, 394;  de  Marvão,  3o;  de  Melgaço, 
78;  de  Monforte  de  Rio  Livre,  castelo,  274; 
de  Monsanto,  218;  de  Monsarás,  i3o,  164; 
de  Moura,  220;  de  Mourão,  149,  173,  344, 
369;  de  Neiva  247;  de  Olivença,  i53,  324, 
325,  368;  de  Ouguela,  28;  de  Pavia,  336; 
de  Penamacor,  3o8;  de  Ponte  de  Lima,  87, 
3i6;  do  castelo,  8 1,85;  de  Portalegre,  ó?, 
349,  4i3,  43o;  do  Porto,  89,  loi,  282,  42$, 
424;  do  Redondo,  336;  de  S.  Romão,  43o; 
das  sacas  da  Beira  e  Riba  de  Côa,  295 ;  das 
sacas  de  Entre  Douro  e  Minho,  96;  de 
Santarém,  35,  87;  de  Seuta,  2o3,  207;  de 
Silves,  49;  de  Sintra,  7,  53;  da  Sortelha, 
424;  de  Tarifa,  2o3;  de  Tomar,  378;  da 
Torre  de  Moncorvo,  53;  de  Torres  Novas, 
149;  do  castelo,  32o;  de  Trancoso,  266, 
394;  de  Vimioso,  41 1 ;  de  Viseu,  285. 

Alcanede,  sr.  da  renda  do  jantar,  145. 

Alcanices  (Tratado  de),  data  da  sua  assina- 
tura, 76. 

Alçaria  Ruiva,  no  termo  de  Mértola,  sepul- 
turas na  igreja,  57. 

Alcobaça,  abade,  17;  carta  escrita  no  mos- 
teiro, 314. 

Alcobaça  ilustrada,  v.  Santos  (Frei  Manuel 
dos). 

Alcoforado  (António),  pagem,  65. 

Alcoforados,  linhagem,  169. 

Alcoutim:  alfândega,  349,  355.  —  Condado, 


23i,  239,  348,  354,  356,  421,  422,  434. — 
Paz,  78;  sr.,  146,  348,  349,  355,  434 

Alcoutim  (Conde  de), !.°,  v.  Meneses  (D.  Fer- 
nando de). 

Alcoutim  (Conde  de),  2»,  v.  Meneses  (D. Pe- 
dro de). 

Alcoutim  (Conde  de),  3.»,  v.  Meneses  (D.Mi- 
guel de). 

Alcoutim  (Conde  de),  4.",  v.  Meneses  (D.  Ma- 
nuel de). 

Alcoutim  (Conde  de),  5.°,  v.  Meneses  (D.  Mi- 
guel de). 

Alcoutim  (Condessa  de),  v.  Beatris  (D.). 

Alda  Martins,  169. 

Aldeia  Galega,  bens  adquiridos  no  seu  limite 
no  sítio  da  Lançada  por  Frei  João,  bispo 
da  Guarda,  22;  morador,  22. 

Aldeia  Galega  apar  de  Alenquer,  sr.,  245. 

Aldeia  Galega  (Conde  de),  apar  de  Alenquer, 
V.  Castro  (D.  Álvaro  Pires  de). 

Alegre  (Mossem),  fidalgo  castelhano,  i52. 

Alegrete,  5o;  alcaide  mor,  33o;  sr.  da  alcai- 
daria  mor,  9. 

Alemanha,  342;  importações  de  lá,  i25. 

Alenquer,  245;  alcaide  mor,  196;  cerco,  248; 
data  de  carta,  25o,  25i ;  morador,  53;  mo- 
rador no  termo,  28;  sr.  das  saboarias,  21 5. 

Alenqueres,  201. 

Alentejo,  347 ;  sr.  da  torre  da  vila  das  Águias, 
V.  Águias  (Vila  das). 

Alexandre,  4o5. 

Alexandre  VII  (Papa),  breve  seu,  37. 

Alfaiates,  sr.,  394. 

Alfarrobeira,  batalha,  20,  52,  53,  255 ;  mortos 
nela  e  entre  eles,  a  do  infante  D.  Pedro, 
regente  do  reino,  271,  272,  3i3. 

Alferes,  217;  da  bandeira  de  S.  Vicente,  217, 
262. 

Alferes  maior,  214. 

Alferes  mor,  201,  227,242,  243,263,  281,282, 
283,  284,  288,  294,  35 1 ;  do  conde  de  Bar- 
celos, 210;  do  infante  D.  Henrique,  207, 
216;  de  D.  Afonso  IV,  196,  261. 

Alfirmara  (Lezíria  de),  171. 

Algarve,  210,  264,  274,  325,  347;  adiantado 
do  reino,  3 12;  fronteiro  mor,  80,  292; 
mouros  e  judeus  principais,  i3i. 

Algeciras,  devido  à  tempestade  D.  João  I 
abriga  a  sua  armada  no  seu  porto,  2o3,  204. 
—  Encerra  esta  cidade  as  suas  portas  com 
receio  da  armada  portuguesa  e  envia 
embaixadores  a  D.  João  I  suplicando-lhe 
a  paz,  2o3. 

Algezira,  uma  parte  de  Seuta  que  tinha  este 
nome,  217;  sr.  dos  paços  dela,  217. 

Alguns  documentos  da  Torre  do  Tombo,  285, 
288,  292. 

Aljubarrota,  batalha,  8,  i3o,  196;  morto  nela, 

25  I. 

Almada,  confiscação  de  bens  lá,  271,  284; 


índice  de  matérias 


447 


data  de  carta,  25 1 ;  p^ços  de  O.  Nuno  Al- 
vares Pereira,  5i;  quinta  de  Morfacém, no 
tirmo,  V.  Morfacém,  sr.,  77. 

Almada  (D.  Álvaro  de),  i."  conde  de  Abran- 
ches, 81,  239,  270,  271,  277,325.  —  Alcaide 
mor  de  Lisboa,  270,  271.  —  Confiscação  da 
sua  casa,  271.  —  Capitão  mor  do  reino, 
270,  272.  —  Morto  na  batalha  da  Alfarro- 
beira, 271,  272.  —  Rico  homem,  271,  272. 
—  Sepultura  e  epitáfio,  271.  —  Ar.,  272. — 
V.  Almada  (Álvaro  Vaz  de),  ou  ainaa  Al- 
mada (Álvaro  Vasques  de). 

Almada  (Álvaro  Vaz  de),  v.  Almada  (D.  Ál- 
varo de),  i.»  conde  de  Abranches. 

Almada  (Álvaro  Vasques  de),  alcaide  mor  do 
castelo  de  Lisboa,  271.  —  Capitão  mor  da 
frota,  171,  271.  —  Sr.  de  Abrantes,  270.— 
V.  Almada  (D.  Álvaro  de),  i.»  conde  de 
Abranches. 

Almada  (D.  Antão  de),  capitão  mor  do  reino, 
400. 

Almada  (D.  Felipa  de),  m.  de  Rui  Monis,  53, 
54. 

Almada  (D.  Fernando  de),  2.<*  conde  de 
Avranches,  325;  capitão  mor  do  reino, 
325;  data  da  sua  morte,  325. —  Ar.,  325. 

Aknada  (Joana  Vaz  de),  m.  de  Afonso  Anes 
Nogueira,  172. 

Almada  (João  Vaz  de),  alferes  da  bandeira 
de  S.  Vicente,  217;  rico  homem,  22. 

Almada  (Pêro  Vaz  de),  na  tomada  de  Seuta, 
217. 

Almadas,  201.  —  Não  chegou  o  Sr.  Braam- 
camp Freire  a  tratar  da  linhagem  desta 
família,  187,  271.  —  Ar.,  426. 

Almarjem  (Casal  do),  em  Sintra,  220. 

Almeida  (Vila  de),  arcipreste  da  igreja  de 
Santa  Maria,  234;  sr.,  338,  339. 

Almeida  (António  de),  Erros  histórico  crono- 
lógicos de  Frei  Bernardo  de  Brito  na 
Chronica  de  Cister  correctos  em  i834, 
impresso  nas  Memorias  da  Academia, 
tomo  12.°,  parte  I,  pág,  45. 

Almeida  (D.  Branca  de),  m.  de  Rui  Gomes 
da  Silva,  52. 

Almeida  (Diogo  de),  v.  Almeida  (D.  Diogo 
Fernandes  de). 

Almeida  (Diogo  Fernandes  de),  5i ;  prior  do 
Crato,  142. 

Almeida  (Diogo  Fernandes  de),  reposteiro 
mor,  3 18;  rico  homem,  3 18,  320. 

Almeida  (Diogo  Fernandes  de),  na  tomada 
de  Seuta,  217. 

Almeida  (Fernando  Alves  de),  aio,  3 18. 

Almeida  (D.  Francisco  de),  vice  rei  da  índia, 
369,  400;  testamento,  369. 

Almeida  (D.  João  de),  2.»  conde  de  Abrantes, 
88,  146,  239,  317,  319,  322,  354,  369,  370; 
data  do  seu  passamento,  338;  usou  das 
armas  dos  Almadas,  426;  vedor  da  fazenda, 


127,  t46,  337.  — Ar.,  338.  — V.  Almeida 
(João  Lopes  de). 

Almeida  (João  Lopes  de),  v.  Almeida  (D.  João 
de),  2.»  conde  de  Abrantes. 

Almeida  (D.  Jorge  de),  2.»  conde  de  Arganil, 
332,  333;  bispo  de  Coimbra,  332,  333; 
grande  cultor  das  artes,  333;  sr.  da  vila  de 
Côja,  333;  sua  morte,  332,  333;  seu  epi- 
táfio na  Sé  velha  de  Coimbra,  333.  — Ar., 
333;  divisa:  Neqvid  nimis,  333. 

Almeida  (D.  Leonor  de),  condessa  de  Ten- 
túgal, 369,  400;  data  da  sua  morte,  369. 

Almeida  (D.  Lopo  de),  i.»  conde  de  Abrantes, 
85,  236,  239,  294,317,  3i8,  319,  320,  321 ; 
alcaide  do  castelo  de  Torres  Novas,  320; 
contador  mor,  chanceler  mor,  gov.  e  es- 
crivão da  puridade  da  rainha  D.  Joana, 
319;  data  do  seu  falecimento,  322;  mor- 
domo mor  da  Excelente  Senhora,  817, 3 19; 
sr.  da  lezíria  do  corte  de  Cavalos,  317, 32o; 
vedor  da  fazenda,  317,  3 18,  819.  —  Ar., 

322. 

Almeida  (D.  Lopo  de),  3.»  conde  de  Abran- 
tes, 370,  371,  372;  alcaide  mor  de  Abran- 
tes, 370;  data  da  sua  morte,  370;  sr.  do 
castelo  de  Abrantes,  370,  371;  vedor  da 
fazenda,  371,  372.  —  Ar.,  373. 

Almeida  (Nuno  Fernandes  de),  320. 

Almeida  e  Brito  (Sebastião  de),  advogado, 
I II. 

iílmeidas,  201 ;  apelido,  47. 

Almeirim,  alcaide  mor,  35 ;  alvará  lá  passado, 
379;  data  de  carta,  80,  221,  284,  304,  3 18, 
372,  375,  406,  41 3;  estadas:  de  D.  João  I, 
80;  de  D.João  II,  95;  de  D.João  111,412; 
inventário  aqui  feito  do  2."  barão  de  Al- 
vito, 353;  manda  D.  Manuel  dar  partilhas 
aos  herdeiros  de  Afonso  Teles  de  Meneses, 
28;  morre  o  2.»  marquês  de  Vila  Real, 
355;  e  de  peste  o  2.°  conde  de  Calheta, 
434;  paços,  3 18;  pousada  do  duque  de 
Aveiro,  407;  Procurador  de  Lisboa  às 
cortes,  67. 

Almina  (Montanha  de),  ou  coluna  de  Hér- 
cules, em  Seuta,  204. 

Almina  (Ponte  de),  em  Seuta,  2o3,  204,  2o5, 
207;  porta,  209;  tomada  pelos  infantes, 
208,  209. 

Almirantado  (O)  da  índia  data  da  sua  cria- 
ção, V.  Braancamp  Freire  (Anselmo). 

Almirante,  62,  80,  201,  228,  245,  25o,  25 1, 
265,  35 1 ;  das  índias,  38o,  38i,  383, 384;  do 
mar  da  índia,  392, 423  ;  do  reino,  196, 263, 
38i. 

Almirantes  das  índias  Ocidentais,  v.  Colombo 
(Cristóvão)  e  Cólon  (D.  Diogo). 

Almodóvar,  com.,  146. 

Almoliamar,  capitão  das  tropas  sarracenas, 
morto  pelos  portugueses  nos  campos  apar 
de  Beja,  178,  179,  180. 


448 


Brasões 


Almonda  (Ribeira  do),  junto  a  Torres  Novas, 
258. 

Almotacé  de  Évora,  j55. 

Almotacé  mor,  i5o;  de  D.  Manuel,  29. 

Almourol.  com.,  421. 

Almoxarifado  de  Santarém,  3 18,  320. 

Almoxarife,  de  Benavente,  94;  da  Guarda, 
284;  de  Guimarães,  196;  de  Lamego,  266; 
de  Ponte  de  Lima,  80,  346. 

Alorna  (Marquês  de),  1 10. 

Alorna  (Marquesa  de),  116. 

Alpedrinha,  sr.%  9. 

Alpedrinha  (Conde  de),  v.  Saldanha  Oliveira 
e  Daun  (José  Sebastião  de),  9. 

Alpedrinha  (Condessa  de),  v.  Manuel  de  Vi- 
lhena da  Costa  Freire  Martins  da  Fonseca 
(D.  Maria  Leonor  Carolina  da  Concei- 
ção). 

Alqueidão,  terras  no  termo  de  Lisboa,  218. 

Alter  Pedroso,  com.,  299. 

Alva  de  Liita  (Conde  de),  v.  Manrique 
(Conde  de). 

Alvaiázere,  casas,  274;  igreja  de  Pelmá,  no' 
termo,  274;  sr.,  252,  368. 

Alvalade  (Antão  Vasques  de),  capitão  de 
galé,  164. 

Alvalade,  com.  na  Ordem  de  Santiago,  142- 
.143. 

Alvarenga  (Lopo  Soares  de),  gov,  da  índia, 
233. 

Alvarenga  (Dr.  Rui  Gomes),  81 ;  chanceler 
mor,  160,  233,  328;  conde  Palatino,  233, 
328;  sua  sepultura  e  epitáfio,  233;  presi- 
dente da  Casa  da  Suplicação,  233,  328. 

Álvaro  (D.),  chanceler  mor,  233. 

Álvaro  (D.),  irmão  de  D.  Fernando  II,  duque, 
287. 

Álvaro  (D.),  e  sua  m.  D.  Felipa,  354. 

Álvaro  (D.),  primo  de  el  Rei,  36;;  data  da 
sua  morte,  368. 

Álvaro  Afonso,  carta  de  perdão,  3S4. 

Álvaro  Anes,  tabelião,  195. 

Álvaro  Mendes,  na  tomada  de  Seuta,  217; 
porta  com  o  seu  nome  nesta  cidade,  217. 

Alverca,  no  termo,  se  deu  a  batalha  da  Al- 
farrobeira, 271,  272;  sr.  das  rendas  e  di- 

•    reitos  do  condado,  232. 

Alves  de  Almeida  (Fernando),  v.  Almeida 
(Fernando  Alves  de). 

Alviela,  reguengo,  196. 

Alvim  (João  Pires  de),  252. 

Alvim  (D.  Leonor  de),  condessa  de  Ourém, 

252. 

Alvito,  125,  259,  3o2.  —  Agua  de  Peixes,  no 
termo,  354.  —  Baronia,  85, 23o,  232.  —  Cas- 
telo, 3oi,  3o6,  35z,  353,  404;  estada  de 
D.  João  III  nele,  403,  404;  inscrição  no 
mesmo,  352;  armas  gue  tem  do  i.°  barão, 
353.  —  Sr.  da  vila,  230,  3oo  a  307,  353. — 
Varonia,  307. 


Alvito  (Barão  de),  291,  309;  criação  deste 

título,  84,  23o. 
Alvito  (Barão  de),  i.»,352,  v.  Silveira  (D.  João 

Fernandes  da). 
Alvito  (Barão  de),  2.°,  v.  Lobo  (D.  Diogo  de). 
Alvito  (Barão  de),  3.°,  v.  Lobo  (D,  Rodrigo 

de). 
Alvito  (Barão  de),  4.»,  v.  Lobo  (D.  João). 
Alvito  (Barão  de),  5.°,  v.  Lobo  (D.  Rodrigo). 
Alvito  (Baronesa  de),  147. 
Alvito  (Baronesa  dej,  v.  Castro  (D.  Guiomar 

de). 
Alvito  (Baronesa  de),  v.  Mascarenhas  (D. 

Leonor). 
Alvito  (Baronesa  de),  v.  Noronha  (D.  Joana 

de). 
Alvito  (Baronesa  de),  v.  Quaresma  (D.  Bár- 
bara) 
Alvito  (Baronesa  de),  v.  Sousa  (D.  Maria  de). 
Alvito  (Baronesa  de),  v.  Vilhena  (D.  Leonor 

de). 
Alvito  (Marqueses  de),  criação  deste  título, 

84. 
Alvor,  angustiosos   dias  que   aqui   passou 

D  João  II,  depois  do  seu  envenenamento, 

94;  alvará  que  assinou  nas  vésperas  da  sua 

morte,  96;  sr.  da  vila,  415. 
Alvor  (Condes  de),  casa,  1 16.  —  Ar.,  109. 
Amadis  de  Gaula,  i35. 
Amares,  concelho,  195. 
Amaro  (D.),  bispo  de  Seuta,  20. 
Ama  dei  Rei  D.  Manuel,  22. 
America,  seu  descobridor,  60.  — V.  Colombo 

(Cristóvão). 
Amoo  (Aldeia),  194. 
Amor  de  Deus  (Frei  Martinho  do),  Escola 

de  penitência,  58,  396,  420. 
Anadel  mor,  167,  1711 

Anadel  mor  dos  besteiros,  172,  173,  3o2,  3o6. 
Anales  de  la  corona  de  Aragon,  v.  Çurita 

(Jerónymo). 
Anais  da  ilha  Terceira,  v.  Drumond  (Fran- 
cisco Ferreira). 
Anais  de  D.  João  III,  y.  Sousa  (Frei  Luís  de). 
Ançã  (Vila  de),  sr.,  244. 
Ancona,  35. 
Andaluzia,  191 ;  cerco  que  os  cristãos  lhe 

fizeram  e  capitão  das  tropas,  73. 
Andeiro  (Fernão  Rodrigues  de),  252. 
Andeiro  (João  Fernandes  de),  2".  conde  de 

Ourém,  228,  25i,  252;  sua  morte,  252. — 

Ar.,  252. 
Andrada  ("Francisco  de),  Chronica  de  D. 

João  III,  238,  358,  401,  41 1. 
Andrada  (Fernand'Alvares  de),   tesoureiro 

mor,  417;  escrivão  da  fazenda,  417. 
Andrada  (D.  Violante  de),  condessa  de  Li- 
nhares, 417;  donzela  da  imperatris,  417; 

data  da  sua  morte,  417. 
Anel  (O)  dos  Limas  e  a  sua  lenda,  72, 74, 79. 


índice  de  matérias 


449 


Angeja,  progenitor,  49;  srs.,  49. 

Antão  (D.),  capitão,  425. 

Antilhas,  vice-raínha,  58. 

Antioquia,  casa,  45;  príncipes,  5o. 

Antónia  (D.),  m.  de  Francisco  de  Sousa,  28. 

António  (D.),  1."»  conde  de  Linhares,  295, 388, 
412,  416;  data  da  sua  morte,  389;  escrivão 
da  puridade,  388,  390;  provedor  mor  da 
rendição  dos  cativos,  389.  —  Ar.,  390. 

António  (D.),  irmão  do  marquês  de  Vila 
Real,  375. 

António  (D.),  prior  do  Crato,  412,  429. 

Aparato  da  Historia  genealógica^  V.  Sousa 
(D.  António  Caetano  de). 

Apontamentos  que  o  mestre  de  Santiago 
D.  Jorge  enviou  a  el  Rei  D.  João  III  por 
lhe  estranhar  o  casamento  que  devia  ter 
feito  com  D.  Maria  Manuel,  "iS^. 

Aposentador  mor,  349;  de  D.  Afonso  V,  172; 
do  infante  D.  Pedro,  53 ;  de  D.  João,  quando 
príncipe  e  depois  de  rei,  154,  i55. 

Aragais,  sr.,  25o. 

Aragão,  ar.,  71,  72,  128;  casamento  lá  reali- 
zado, 53;  dama  que  a  rainha  D.  Leonor 
trouxe  de  lá,  12;  direito  à  herança  das 
coroas  de  Castela  e  Aragão,  48;  embai- 
xador lá,  120;  levantamento,  35. —  Rainha, 
139.—  Reis,  V.  D.  João  II  e  D.  Pedro. 

Aragão  (D.  Isabel  de),  infanta,  duquesa  de 
Coimbra,  m.  do  infante  D.  Pedro,  53,  255; 
seu  testamento  feito  em  Pombal,  255. 

Aragão  (D.  Isabel  de),  condessa  de  Albayda, 
29. 

Aragão-Sicília,  335. 

Arana  (Pedro  de),  5ò. 

Aranha  (Gomes),  seu  casal,  195. 

Aranha  de  Oliveira  (Francisco),  criado  do 
conde  de  Vila  Franca,  denunciante  na  in- 
quisição, 3i. 

Araújo  (Pares  Dias  de),  corregedor  de  Entre 
Tejo  e  Guadiana  e  de  Alem  de  Odiana, 
234,  235. 

Araújo  Correia  (R.  P.  Pre^entado,  Frei  Ma- 
teus de),  Tombo  das  escrituras  que  tratão 
das  Capellas  deste  Real  Convento  do 
Carmo  de  Lisboa.  Feito  depois  do  Terra- 
moto . . .  escripío  pelo  — ,  Escrivão  do  dito 
Convento;  guarda-se  na  Torre  do  Tombo, 
i5. 

Araújos,  201. 

Arcebispo  de  Braga,  v.  Braga;  de  Santiago, 
V.  Ordem;  de  Lisboa,  v.  em  Lisboa. 

Archivo  histórico  portugue{,  v.  Arquivo  his- 
tórico português. 

Arcos,  201 ;  sr.  do  reguengo,  248. 

Arcos  (Conde  dos),  v.  Ponce  (D.  Pedro). 

Arcos  (Conde  dos),  i.»,  v.  Lima  (D.  Luís 
de). 

Arcos  (Conde  dos),  2.»,  Lima  (D.  Lourenço 
de). 

VOL.  ni 


Arcos  (Conde  dos),  3.°,  v.  Noronha  (D.  To- 
más de). 

Arcos  (Condessa  dos),  3.*,  v.  Bourbon  (D.  Ma- 
dalena de). 

Arcos  (Condessa  dos),  v.  Cardaillac  e  Bour- 
bon (D.  Vitória). 

Arcos  de  Vai  de  Vez,  sr.,  78-79,  80,  11 5. 

Arcos  de  Vai  de  Vez  (Condes  de),  v.  Arcos 
(Condes  dos). 

Ardila  (Várzea),  no  termo  de  Moura,  sr.,76. 

Aregos,  sr.,  264,  265. 

Arelhano  (João  Ramirez  de),  fidalgo  caste- 
lhano, 149. 

Arévalo,  data  de  carta,  Sig. 

Arévalo  (Duque  de),  235. 

Arganil,  é  aqui  desbaratado  o  exército  por- 
tuguês depois  de  ter  atacado  Ciudad  Ro- 
drigo, 177. 

Arganil,  condado,  229,  482;  quando  lhe  foi 
dado  foral,  333. 

Arganil  (Conde  de),  1.°,  v.  Galvão  (D.  João). 

Arganil  (Conde  de),  2.°,  v.  Almeida  (D.  Jorge 
de). 

Arganil  (Conde  de),  3.",  v.  Soares  (D.  João). 

Arganil  (Conde  de),  4.°,  v.  Meneses  (D.  Ma- 
nuel de). 

Arganil  (Conde  de),  5.°,  v.  Casal  (D.  Frei  Gas- 
par do). 

Arganil  (Conde  de),  6.°,  v.  Castelo  Branco 
(D.  Afonso  de). 

Arganil  (Condes  de),  23 1,  240,  297. 

Argenson  (Marquês  de),  Journal  ou  Mémoi- 
res  75. 

Argote  de  Molina,  Noble^a  de  Andaluza, 
12,  i63,  242. 

Armamat"  (Condessa  de),  v.  Meneses  (D. 
Joana  de). 

Armaria  Portuguesa,  v.  Braancamp  Freire 
(Anselmo). 

Armas:  Abranches  (Condes  de),  Abrantes 
(Condes  de),  Alcoutim  (Condes  de).  Al- 
bergaria, Albuquerque,  Almadas,  Alvito 
(Barões  de),  Alvor  (Conde  de),  Andeiro 
(D.  João  Fernandes  de),  Aragão,  Arganil 
(Condes  de),  Arménia,  Arraiolos  (Condes 
de).  Atalaia  (Condes  da),  Atouguia  (Con- 
des da),  Aveiro  (Duques  de),  Avranches 
(Condes  de),  Azevedos,  Barcelos  (Condes 
de),  Barcelos  (Duques  de),  Beja  (Duques 
de),  Borba  (Conde  de),  Bragança  (Duques 
de),  Bragança  de  Tentúgal,  Calheta  (Con- 
des da),  Caminha  (Condes  de),  Cantanhede 
(Condes  de),  Capitania  de  Seuta,  (Meneses 
do  conde  de  Viana),  Carreira  (Casa  da), 
Castanheira  (Conde  da),  Castelo  Branco, 
Castros,  Chateaubriand  (D.  Reinaldo  de), 
Chipre  (Dos  reis  de),  Coimbra  (Duque  de), 
Coutinhos,  Gama.  Guarda  (Duque  da), 
Guimarães  (Duque  de).  Faro  (Condes  de), 
Fxirtados  Mendoças,  Feira  (Condes  da), 

57 


45o 


Brasões 


Ferreira  (Marqueses  de),  Jerusalém,  Limas, 
Linhares  (Condes  de),  Lobos,  Lusignan, 
Luxembourg,  Manuel,  Manuel  (Duque  de 
Beja  e  de  Viseu),  Manuel  de  Vilhena 
(D.  Henrique),  Manuéis,  Manuéis  de  Cas- 
tela, Marialvas  (Condes  de),  Melo,  Men- 
doza,  Meneses,  Meneses  do  Conde  de 
Viana,  Moliarts,  Monis  (Febos),  Monis 
(D.  Frei  Cristóvão),  Monises,  Monsanto, 
(Condes  de),  Montemor  o  Novo  (Marquês 
de),  Monterey  (Condes  de),  Noronhas, 
Odemira  (Condes  de),  Olivença  (Conde 
de),  Ourém  (Conde  de),  Pedro  (D.),  in- 
fante, \.°  duque  de  Coimbra,  Penela 
(Conde  de),  Pereira,  Pereira  (D.  Nuno  Al- 
vares), Portalegre  (Condes  de),  Portalegre 
(Condessa  de),  Portuga),  reino,  Portugal 
e  Castela,  Prado  (Conde  do).  Redondo 
(Condes  do),  San  Vicente  (Condes  de). 
Santa  Comba  (Condes  de),  Silva,  Soto- 
maior,  Sortelha  (Condes  da),  Sousa,  Ta- 
rouca (Condes  de),  Távoras,  Távoras 
(Marqueses  de),  Teixeiras,  Teles  (D.  Gon- 
çalo), Tentúgal  (Condes  de).  Torres  Novas 
(Mai  queses  de),  Valença  (Condes  de),  Va- 
lença (Marqueses  de),  Vasconcelos,  Viana 
(Condes  de),  Vidigueira  (Condes  da),  Vila 
Nova  da  Cerveira  (Viscondes  de).  Vila 
Nova  de  Portimão  (Conde  de),  Vila  Real 
(Conde  de).  Vila  Real  (Marqueses  de).  Vila 
Viçosa  (Marqueses  de),  Vilalobos,  Vimioso 
(Condes  de),  Vimioso  (Condessa  de),  Viseu 
(Duque  de). 

Arménia,  ar.,  45. 

Arouca,  abadessa,  194;  mosteiro,  194,  195. 

Arqueólogo  Português,  287,  377. 

Arquiduque,  gov.  do  reino,  434. 

Arquivo  dos  Açores^  296,  334. 

Arquivo  histórico  português,  ii,  12,  104,  149, 
i58,  i65,  168,  169,  170,  i85,  235,  236,  264, 
271,  276,  277,  290,  291,  297,  3oo,  317,  329, 
337,  35o,  369,  35i,  383,  434. 

Arqutvo  pitoresco,  1 52. 

Ârtaldo,  escudeiro,  193. 

Arraiolos,  i25,  148;  alcaides  mores,  64,  66; 
castelo,  245;  condado,  228,  245,  253,  256, 
327,  345,  399,  420;  doação  de  casas,  64; 
•sr.,  245,  246. 

Arraiolos  (Conde  de),  240,  252,  254,  257. 

Arraiolos  (Conde  de),  i.",  v.  Castro  (D.  Ál- 
varo Pires  de). 

Arraiolos  (Conde  de),  2.",  v.  Pereira  (D.  Nuno 
Alvares). 

Arraiolos  (Conde  de),  3,",  v.  Fernando  (D.), 
2.»  duque  de  Bragança. 

Arraiolos  (Conde  de),  4.°,  v.  Fernando  (D.), 
3.°  duque  de  Bragança. 

Arraiolos  (Conde  de),  5.%  v.  Jaime  (D.). 

Arraiolos  (Conde  de),  6°,  v.  Teodósio  (D.). 

Arraiolos  (Conde  de),  7.»,  v.  João  (D.). 


Arraiolos  (Conde  de),  8.0,  v.  Teodósio  II  (D.). 

Arraiolos  (Condessa  de),  v.  Castro  (D.  Joana 
de). 

Arraiolos  (Condessa  de),  v.  Ponce  (D.  Maria). 

Arronches,  157;  alcaide  mor,  182. 

Arruda,  sr.  das  saboarias,  21 5. 

Artes  e  indústrias,  Minas  e  minérios,  v.  Sousa 
Viterbo. 

Arvores  do  conde  de  Vila  Nova,  v.  Vila  Nova 
(Conde  de). 

Arzila,  capitão,  147,  288,  336,  337,  35 1,  364, 
386,410,411.  —  D  Afonso  V  pretende  ata- 
cá-la, 282;  evaquação  da  praça,  411;  fale- 
cidos lá,  41 1 ;  tomada,  23o,  280 ;  mortos  na 
tomada,  289;  serviços  lá  prestados,  297. 

Asseiceira,  sr.,  289. 

Assis  (D.  Francisco  de),  marquês  de  Távora, 
no,  116;  vice  rei  da  índia,  ii3. 

Associação  dos  advogados  de  Lisboa,  v.  em 
Lisboa. 

Assumar,  alcaide  mor,  349,  413,  43o. 

Ataide  (D.  Álvaro  de),  290. 

Ataide  (D.  Álvaro  de),  i."  conde  de  Atou- 
guia,  V.  Ataide  (D.  Álvaro  Gonçalves  de). 

Ataide  (Álvaro  de),  pai  de  D,  Catarina  de 
Ataíde,  conde  da  Vidigueira,  384. 

Ataide  (D.  Álvaro  de),  pai  do  i.°  conde  da 
Castanheira,  395. 

Ataíde  (D.  Álvaro  Gonçalves  de),  i.°  conde 
de  Atouguia,  22,  239,^275,  276;  alcaide  do 
castelo  de  Monforte  de  Rio  Livre,  274; 
data  da  sua  morte,  275;  gov.  da  casa  do 
infante  D.Pedro,  274;  sr.  de  várias  terras, 
274,  275;  ar.,  275.—  V.  Ataíde  (D.  Álvaro 
de). 

Ataíde  (D.  António  de),  i.°  conde  da  Casta- 
nheira, 895,  420,  423;  data  da  sua  morte, 
395;  sr.  de  várias  terras,  oq5;  vedor  da 
fazenda,  395;  ar.,  SgS. 

Ataíde  (D.  António  dê),  2.°  conde  da  Casta- 
nheira, 420,  421;  alcaide  mor  de  Colares, 
420;  data  da  sua  morte,  420;  sr.  de  Povos 
e  Cheleiros,  420;  ar.,  420. 

Ataide  (D.  António  de),  i.»  conde  de  Castro 
Daire,  io3,  104,  io5;  5.»  conde  da  Casta- 
nheira, 104;  denunciado  na  Inquisição,  104; 
gov.  do  reino,  104;  sepultura  e  epitáfio, 
104. 

Ataíde  (D.  Catarina  de),  condessa  da  Vidi- 

fueira,  884,  385:  data  do  seu  falecimento, 
85. 

Ataide  (D.  Catarina  de),  donzela  da  infanta 
D.  Joana,  86,  87,  347;  m,  i.*  do  2."  vis- 
conde de  Vila  Nova  da  Cerveira,  847;  sr.» 
do  morgado  de  Gaião,  86. 

Ataíde  (D.  Jerónimo  de),  conde  de  Atouguia, 
mo. 

Ataide  (Gil  Eanes  de),  chamado  de  Vilela,  169. 

Ataide  (Gonçalo  de),  86;  sr.  do  morgado  de 
Gaião,  em  Santarém,  87. 


índice  de  matérias 


45i 


Ataíde  (D.  Luís  de),  iio,  iii. 

Ataíde  (D.  Luís  de),  3."  conde  da  Atouguia, 
42j;  lugar  e  data  da  sua  morte,  427;  vice 
rei  da  índia,  427;  ar.,  427. 

Ataíde  (D.  Maria  de),  condessa  de  Penela, 
329,  33o;  data  do  seu  falecimento,  33o;  m. 
I.*  do  2.°  conde  de  Penela,  33o;  sua  sepul- 
tura na  casa  do  capítulo  do  Seminário  do 
Varatojo,  33o. 

Ataíde  (D.  Maria  de),  condessa  da  Vidigueira, 
423 ;  dama  da  rainha  D.  Catarina,  423. 

Ataíde  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  Afonso  de 
Noronha,  345,  346, 

Ataíde  (D.  Maria  de),  m.  do  1."  conde  da 
Atalaia,  3o. 

Ataíde  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  Fradique  Ma- 
nuel e  viúva  de  D.  Afonso  de  Noronha,  3o. 

Ataíde  (D.  Martinho  de),  2."  conde  da  Atou- 
guia, 273,  275,  276,  277;  capitão,  276;  data 
da  sua  morte,  277;  ar.,  276. 

Ataíde  (Nuno  Fernandes  de),  irmão  de  D.  Ca- 
tarina de  Ataíde,  condessa  da  Vidigueira, 
384. 

Ataíde  (Nuno  Fernandes  de),  sr.  de  Penacova, 
3o,  148;  alcaide  mor  de  Alvor,  148;  capitão 
de  Safim,  148,  415. 

Ataíde  (Nuno  Gonçalves  de),  sr.  do  morgado 
de  Gaião,  87. 

Ataíde  (Pedro  de),  o  armador  ou  o  corsário, 
sr.  do  morgado  de  Gaião,  87. 

Ataíde  (Vasco  Fernandes  de),  209,  216. 

Ataídes,  201. 

Atalaia,  32;  condado,  229;  ramos  desta  casa, 
40;  sr.,  3o,  3 1, 32,  33,  289;  varonia  perdida 
de  D.  Manuel,  40. 

Atalaia  (Conde  da),  37,  143. 

Atalaia  (Conde  da),  1.°,  v.  Manuel  (D.Fran- 
cisco).—  Além  deste,  outro  i.°  conde  da 
Atalaia  houve,  foi  ele  D.  Pedro  de  Melo, 
289. 

Atalaia  (Conde  da),  1.°,  v.  Melo  (D.  Pedro 
de).  —  Houve  ainda  outro  i.'  conde  da 
Atalaia,  que  foi  D.  Francisco  Manuel,  3o. 

Atalaia  (Conde  da);  2.°,  v.  Manuel  (D.  Pedro). 

Atalaia  (Conde  da),  3.°,  v.  Manuel  (D.  An- 
tónio). 

Atalaia  (Conde  da),  4.°,  v.  Manuel  de  Távora 
(D.  Luís). 

Atalaia  (Conde  da),  ii.°  e  último,  40. 

Atalaia  (Condes  da),  marqueses  de  Tancos, 
40. 

Atalaia  (Condessa  da),  V.Ataíde  (D.  Maria  de). 

Atouguia,  condado,  229,  276;  sr.,  274,  276, 
427;  sr.  do  castelo,  274,  276;  tabelião,  252. 

Atouguia  (Conde  da),  i.»,  v.  Ataíde  (D.  Ál- 
varo Gonçalves  de). 

Atouguia  (Conde  da),  2.°,  v.  Ataíde  (D.  Mar- 
tinho de). 

Atouguia  (Conde  da),  3.°,  v.  Ataíde  (D.  Luís 
de). 


Atouguia  (Conde  da),  v.  Ataíde  (D.  Jerónimo 

de). 

Atouguia  (Condes.sa  da),  v.  Azevedo  (D.  Fe- 
lipa  de). 

Atouguia  (Condessa  da),  v.  Castro  (D.  Cata- 
rina de).  — V.  Abranches  (Condessa  de). 

Atouguia  (Condessa  da),  v.  Castro  (D.  Guio- 
mar de). 

Atouguia  (Condessa  da),  v.  Cunha  (D.  Isabel 
da;. 

Atouguias,  240. 

Atouguia  da  Baleia  (Vila  de),  v.  Atouguia. 

Autógrafos  de  Cristóbal  Colón  y  papeies  de 
América,  v.  Berwick  e  de  Alba  (Duquesa 
de). 

Autos  da  conta  da  Capella  do  Bispo  da 
Guarda  D.  João  Manuel  (sic)  na  egreja 
de  Nossa  Senhora  do  Monte  do  CarmOj 
Cartório  das  capellas,  1 5,  23. 

Autos  de  fé,  v.  Santo  Ofício. 

Aveiro,  86;  casa,  239,418;  confirmação  dela, 
401 ;  condado,  229;  não  existiu  este  con- 
dado, 3ii;  epitáfio  de  um  neto  de  Justa 
Rodrigues  no  mosteiro,  27;  mosteiro  de 
Jesus,  25;  morte  nele  da  infanta  D.Joana, 
122;  sr.,  291,  3ii  a  3i6,  345. 

Aveiro  (Conde  de),  v.  Afonso  (D.),  i.°  conde 
de  Faro. 

Aveiro  (Duque  de),  23 1,  3 16,  36i,  362,  363, 
404,  416,  43o;  f.  do  mestre  D.  Jorge,  358; 
seu  casamento,  359;  sua  pousada,  407 ;  seu 
veador,  172;  título,  400,  401. 

Aveiro  (Duque  de),  i.»,  v.  João  (D.),  i."  mar- 
quês de  Torres  Novas. 

Aveiro  (Duque  de), 2.»,  v.Lancastre  (D.Jorge 
de),  2."  marquês  de  Torres  Novas. 

Aveiro  (Duquesa  de),  v.  Gíron  (D.  Madalena). 

Aveiro  (Duquesa  de),  v.  Lara  (D.  Juliana  de). 

Avis,  79,  299;  chegada  de  D.  João  II  com 
sua  nora  a  princesa  D.  Isabel  de  Castela, 
129;  confirmações,  275;  data  de  carta,  283, 
319;  porta  de  Santa  Maria  do  Espinheiro, 
129. — V.  Mestre  de  Avis. 

Avranches,  condado,  229. 

Avranches  (Conde  de),  233. 

Avranches  (Conde  de),  v.  Almada  (Álvaro 
Vaz  de). 

Avranches  (Conde  de),  2.»,  v.  Almada  (D.  Fer- 
nando de). 

Avranches,  v.  Abranches. 

Ayala  (D.  Pedro  Lópe^  de),  Crónica  dei  Rey 
don  Juan  elprimero  de  Castilla  e  de  Leon, 
8.  —  Crónicas  de  los  Reys  de  Castilla, 
edição  de  Sancha,  i53. 

Azambuja,  carta  de  privilégio  para  três  la- 
vradores, 319;  confirmações  de  certas 
lezírias,  376;  lezíria  do  corte,  no  termo, 
317,  820. 

Azambuja  (Condes  da),  172. 

Azambuja  (Diogo  da),  conde  de  Barcelona, 


452 


Brasões 


299 ;  guarda  mor  e  guarda  roupa  de  D,  Pe- 
dro, rei  de  Aragão,  299;  com.  de  Alter  Pe- 
droso e  de  Seda,  299. 

Azambuja  (João  da),  combatente  na  batalha 
da  Alfarrobeira,  52. 

Azambuja  (Pêro  da),  299;  combatente  na 
batalha  da  Alfarrobeira,  52, 

Azamor,  capitão,  890;  tomada  da  praça,  159, 
426. 

Azevedo  (Aldeia  de),  igS;  casa.  196;  casal 
honrado,  pertença  de  D.  Berengária  Vas- 
ques,  194. 

Azevedo  (António  de),  sr.  de  S.  João  de  Rei 
e  Bouro,  101. 

Azevedo  (D.  Constança  de),  m.  de  Fernão 
de  Lima,  95. 

Azevedo  (Diogo  Lopes  de),  sr.  de  Aguiar  de 
Pena  e  S.  João  de  Rei,  95. 

Azevedo  (D.  Felipa  de),  condessa  da  Atou- 
guia,  donzela  da  infanta  D.  Catarina,  277. 

Azevedo  (Gonçalo  Gomes  de),  alferes  mor 
de  D.  Afonso  V,  196. 

Azevedo  (Gonçalo  Vasques  de),  171, 194, 195. 

Azevedo  (Gonçalo  Vasques  de),  outro,  sr.  da 
Lourinhã,  196,  197. 

Azevedo  (Lopo  Dias  de),  sr.  de  muitas  terras, 
196;  f.  de  Diogo  Gonçalves  deCrasto,  195. 

Azevedo  (Lopo  Vaz  de),  almirante,  35i. 

Azevedo  (D.  Manuel  de),  10 1. 

A^jevedo  (Pedro  de),  Documentos  das  Chan- 
celarias Reaes  anteriores  a  i53i  relativos 
a  Marrocos,  18,  i54,  265. 

Azevedo  (Pedro  de),  grande  amigo  de  Braam- 
camp, 232. 

Azevedo  (D.  Pedro  Mendes  de),  sr.  de  Aze- 
vedo e  sitiante  no  cerco  de  Sevilha,  191, 192; 
morto  numa  peleja  com  os  sarracenos,  193. 

Azevedo  (Rui  Gomes  de),  alcaide  mor  de 
Alenquer,  196;  sr.  de  Salvaterra  de  Magos, 
196. 

Azevedo  (Rui  Vasques  de),  194. 

Azevedo  (Teresa  Vasques  de),  amante  de 
D.  Francisco  Pires,  prior  de  Santa  Cruz  de 
Coimbra,  196;  monja  de  Lorvão,  196. 

Azevedo  (Vasco  Gomes  de),  196. 

Azevedos,  alcaides  mores  de  Azevedo,  196; 
apelido,  193;  casa,  194,  ig5;  expedicioná- 
jios  a  Seuta,  201 ;  extinção  da  varonia, 
195;  segunda  geração,  195;  seus  principais 
ramos,  197;  sua  procedência,  193;  solar, 
194,  196;  ar.,  191. 

Azevedos,  povoação  assim  denominada,  194. 

Azevedos,  de  Castela,  197, 

Azevedos,  de  Elvas,  casa  e  varonia  extinta, 
196. 

Azinhaga,  lêrmo  de  Santarém,  047. 

Azinhal,  quinta,  sr.  dela,  157. 

Azivido  (Vila),  195. 

Azoia,  sr.,  196. 

Azurara,  sr.»,  249. 


Azurara  (Gomes  Eanes  de),  204,  210,  211, 
217,  218,  264;  guarda  mor,  211. 

Alourara  (Gomes  Eanes  de),  Chronica  do 
conde  D.  Duarte,  282,  283,  288;  Chronica 
de  D.  Fernando,  246,  249,  25i,  252,  256; 
Chronica  de  D.  João  /,  201,  25o,  25 1,  252, 
255;  Chronica  da  tomada  de  Ceuta,  edição 
Esteves  Pereira,  170. 

Azurara  (Visconde  de),  casa,  173. 

Badajoz,  fronteiro  mouro  de  lá,  180;  gov., 
178;  invadida  por  D.  Afonso  Henriques,  178. 

Baía  do  Desnarigado,  2o3. 

Baião  (D.  Afonso  Ermigos  de),  179. 

Bairros  (Catarina  Fernandes  de),  171. 

Baltazar,  35. 

Balzac,  escritor  francês,  65. 

Barão,  título  criado  por  D.  Afonso  V,  229. 

Barata  (A.  F.J,  Évora  antiga,  i36;  Évora  e 
seus  arredores,  148. 

Barbacena,  srs.,  i54,  157,  i58. 

Barbacena  (Condes  de),  i58;  casas,  173. 

Barbacena  (Visconde  de),  i58. 

Barbacena  ou  Brequerena,  condado,  232. 

Barbaçote,  no  seu  porto  fundeia  a  armada 
de  D.  João  I,  2o3,  204,  2o5,  214,  21 5. 

Barbadào,  de  Veiros,  98. 

Bárbara  (D.),  irmã  do  4.»  marquês  de  Vila 
Real,  421. 

Barbaria,  cera  importada  de  lá,  i25. 

Barbosa  Canais  de  Figueiredo  Castelo  Bran- 
co (José),  Henriques  de  Portugal,  i53. 

Barbosa  Machado  (Diogo),  Biblioteca  lusi- 
tana, 26,  234. 

Barbudas,  apelido,  201. 

Barcelona,  3o8;  procuração  lá  passada,  2^9. 

Barcelona  (Conde  de),  v.  Azambuja  (D.Dio- 
go da). 

Barcelos,  loi ;  alcaide  mor,  100;  condado, 
225,  227,  22S,  233,  246,  25o,  25l.  253,  286, 
327,  344;  data  de  carta,  64;  instrumento 
aqui  feito,  3 13 ;  sr.  da  vila  e  seu  termo,  227, 
241,  242,  243,  246 

Barcelos  (Conde  de),  240.  252,  253,  254,  392. 

Barcelos  (Conde  de),  D.  Afonso,  17. 

Barcelos  (Conde  de),  capitão  da  nau  S.  Cris- 
tóvão, na  expedição  de  Seuta,  201,  207,  209. 

Barcelos  (Conde  de),  i.°,  v.  João  Afonso  (D.). 

Barcelos  (Conde  de),  2.",  v.  Martim  Gil  (D.). 

Barcelos  (Conde  de),  3.°,  v.  Pedro  Afonso  (D.). 

Barcelos  (Conde  de),  4.°,  v.  João  Afonso  (D). 

Barcelos  (Conde  de),  5.°,  v.  Telo  de  Meneses 
(D.  Afonso). 

Barcelos  (Conde  de),  6.»,  v.  Telo  (D.  João 
Afonso). 

Barcelos  (Conde  de),  7.°,  v.  Pereira  (D.  Nuno 
Alvares). 

Barcelos  (Conde  de),  8.°,  v.  Afonso  (D.), 
i."  duque  de  Bragança. 

Barcelos  (Conde  de),  9.°,  v.  Fernando  (D.), 
2.0  Duque  de  Bragança. 


índice  de  matérias 


453 


Barcelos  (Conde  de),  io.°,  v.  Fernando  (D.), 
3."  duque  de  Bragança. 

Barcelos  (Conde  de),  ii.°,  v.  Jaime  (D.). 

Barcelos  (Condessa  de),  v.  Albuquerque 
(D.  Brites  de). 

Barcelos  (Condessa  de),  v.  Coronel  (D.  Ma- 
ria). 

Barcelos  (Condessa  de),  v.  Noronha  (D.  Cons- 
tança de). 

Barcelos  (Condessa  de),  v.  Pereira  (D.  Brites). 

Barcelos  (Condessa  de),  v.  Sanches  (D.  Te- 
resa). 

Barcelos  (Condessa  de),  v.  Sanches  (D.  Vio- 
lante). 

Barcelos  (Condessa  de),  v.  Vilalobos  (D.  Guio- 
mar de). 

Barcelos  (Duque  de),  \.°,  v.  Teodósio  (D.), 

Barcelos  1  Duque  de),  2.",  v.  João  (D.). 

Barcelos  (Duque  de),  3.°,  v.  Teodósio  II  (D.). 

Barcelos  (Duques  de),  23 1,  239,  254, 392,428. 

Barões:  Alvito,  Chalain, Chateaubriand, Ilha 
Grande  de  Joanes,  Loigny. 

Baronesa:  de  Alvito. 

Barreiros  (Aldeia),  194,  igS. 

Barreiros  (Gaspar),  genealogistas,  carta  que 
dirigiu  de  Santarém  a  Damião  de  Góis,  i3, 

14- 

Barreiros  (Gaspar),  Corographia,  i3.  —  Li- 
nhagens de  Portugal  e  Castella,  i3. 

Barreto  (Francisco),  inquisidor,  36  a  40. 

Barreto  (Gonçalves  Nunes),  sr.  de  Sernache, 
274;  suas  casas  no  termo  de  Alvaiázere  e 
na  Albergaria  a  Velha,  274. 

Barreto  (Rui),  alcaide  mor  de  Faro  e  sr.  da 
Quarteira,  143. 

Barretes,  201. 

Barro,  quando  lhe  foi  dado  foral,  333. 

Barros  (Cristóvão  de),  escrivão,  23 1. 

Barroso  (Vasco  Gonçalves  de),  252. 

Bartolomeu  Gomes,  contador,  carta  de  poder 
dada  por  D.  João  I  quando  foi  conquistar 
Seuta,  212,  2[3. 

Bartolomeu  Gonçalves,  escrivão,  212. 

Basto  (Frutuoso  Lourenço  de),  Relação  do 
recebimento  e  festas  que  se  fi^erão  na 
Augusta  cidade  de  Braga,  á  entrada  do 
lllustrissimo  &  Reverendíssimo  Senhor 
D.  Rodrigo  da  Cunha,  etc,  etc,  137. 

Basto  (João),  210. 

Basto.s  ou  Bastuço,  sr.  dos  julgados,  243. 

Bastuço,  V.  Bastos. 

Batalha  (Mosteiro  da),  sepulturas  nele:  do 
infante  D.  Henrique,  255,  256 j  de  el  Rei 
D.  Duarte,  16. 

Batalhas :  de  Alcàcerquibir,  da  Alfarrobeira, 
Aljubarrota,  Benacofú,  em  Africa  ;  dos 
campos  de  Beja;  Diu;  de  Toro;  de  Tran- 
coso. 

Baticela,  v.  Batissela. 

Batissela  (Castelo  de),  sr.,  75. 


Batisselas,  linhagens,  75,  77.  _V,  Limas. 

Batissela  (Afonso  Rodrigues),  escudeiro  dos 
alcaides,  78. 

Batissela  (D.  Diogo  Nunez  de),  sr.  do  Cas- 
telo de  Batissela. 

Batissela  (D.  Fernando  Árias),  75. 

Batissela  (D.  João  Fernandez),  el  Bueno  de 
Limiar,  75,  7G;  também  lhe  chamavam  o 
Pão  Centeio,  76 ;  sr.  de  Mafra,  77. 

Batissela  (D.  Jonan  Ferrandez),  rico  homem 
de  Leão,  75. 

Beatris  (D.),  infanta,  25i.  — V.  Beatris  (D.), 
rainha  de  Castela,  25 1. 

Beatris  (D.),  infanta  de  Portugal,  m.  do  in- 
fante D.  Afonso,  259.  —  V.  Beatris  (D.), 
rainha  de  Portugal. 

Beatris  (D.),  marquesa  e  condessa  de  Vila 
Real,  270;  data  da  sua  morte,  270;  f.  do 
2.°  Duque  de  Bragança  D.  P^ernando,  270. 

Beatris  (D.),  marquesa  de  Vila  Real,  356, 387, 
407.  —  Condessa  de  Alcoutim,  356,  387; 
f.  do  condestável  D.  Afonso,  356,  387. 

Beatris  (D.),  rainha  de  Castela,  25 1. — V.  Bea- 
tris (D.),  infanta. 

Beatris  (D.),  rainha  de  Portugal,  139. 

Beatris  (D.),  rainha  de  Portugalj  m.  de 
D.  Afonso  IV,  259,  260,  261.  —  V.  Beatris 
(D.),  infanta  de  Portugal. 

Beatris,  v.  Brites. 

Beatris  Fernandes,  i53. 

Ben-a,  278,  347;  comarca,  413 ;  privilégios  da 
correição,  267. 

Beja,  125;  alcaidaria,  247;  alcaide  mor,  247, 
390,  391;  capitão,  178;  data  de  carta,  3o2, 
307,  334;  ducado,  229;  estada  de  D.  Afon- 
so V,  279;  de  D.  João  II,  236,  339;  gov.  34; 
guarda  dos  igrejários  reais,  49;  mercê  dos 
direitos  reais,  247;  morgados  de  Santo  Es- 
têvão, 90;  nos  seus  campos  perde  a  vida 
D.  Gonçalo  Mendes  da  Maia,  o  Lidador^ 
num  combate  com  os  sarracenos,  17S,  179, 
180;  sr.,  279,  297. 

Beja  (Duque  de),  26,  29,  45,  46,  48;  rao,  121, 
126,  i3i,  i32,  i39,  144,  i45,-23i,  236,  328, 
35o.  —  V.  Manuel  (D.),  réi  de  Portugal. 

Beja  (Duque  de),  i.%infante  D.  Fernando,  279, 
v.  Fernando  (D.).— V.  Viseu  (Duque  de). 

Beja  (Duque  de),  2.°,  v.  João  (D.),  3."  duque 
de  Viseu. 

Beja  (Duque  de),  3.°,  v.  Diogo  (D.),  4.°  duque 
de  Viseu. 

Beja  (Duque  de),  4.°,  v.  Manuel  (D.),  rei  de 
Portugal. 

Beja  (Duque  de),  5.«,  infante,  v.  Luis  (D.). 

Beja  (Duquesa  de),  infanta,  v.  Brites  (D.). 

Belas,  casa,  219;  srs.  do  morgado,  220. 

Belas  (Marquês  de),  220. 

Belém:  cadafalso  dos  Távoras,  112;  desafio 
que  se  deu  entre  D.  Manuel  de  Lima  e 
Pantaleão  de  Sá,  io3;  epitáfio  de  D.  Leonor 


454 


Brasões 


de  Mendoça,  duquesa  de  Bragança,  844; 
ilheta  do  Restelo,  166;  data  de  carta,  212, 
2i3;  páteo  dos  Bichos  no  paço  real,  112. 

Belém  (Frei  Jerónimo  de),  Chronica  seráfica, 
24,  343,  3^4,  395,  396,  399,  402,  427. 

Bemposta,  sr.,  25o. 

Benacofú  (Serra  de),  em  Africa,  expedição, 
282;  mortos  na  batalha,  281,  282,  283. 

Benagazil  (Casal  de),  no  termo  de  Alcácer 
do  Sal,  sr.  das  rendas  dos  lagares,  i55. 

Benalbergue,  259. 

Benavente,  almoxarife,  94;  sr.  de  uma  quinta 
no  termo  que  chamam  a  Foz,  275,  395. 

Benedictina  Lusitana,  v.  Santo  Tomás  (Frei 
Leão  de). 

Berengária  Vasques  (D.),  m.  de  Gonçalo 
Vasques  de  Azevedo,  194. 

Beringel,  sr.,  390. 

Beringueira  Anes,  m.  de  Fernão  Vasques 
Peixoto,  169. 

Berredo  (D.  Leonor  de),  m.  de  D.  Afonso 
Henriques,  i58, 

Berredo  (D.  Leonor  de),  m.  do  i.°  conde  da 
Feira,  332;  donzela  da  casa  da  rainha 
D.  Isabel,  332. 

Berredo  (D.  Maria  de),  irmã  de  D.  Leonor 
de  Berredo,  332;  donzela  da  rainha  D.  Isa- 
bel e  m.  de  Fernão  Pereira,  332. 

Berwick  e  de  Alba  (Duquesa  de),  Autógrafos 
de  Cristóbal  Colón  y  papeies  de  America, 
56,  59,  60,  62. 

Besteiros,  do  conto,  22,'  isenção,  154. 

Bezerra  (Fernão),  cavaleiro  honrado  da  Ga- 
liza, 252. 

Bezerra  de  Lima  (João  António),  24. 

Biblia  dos  Jerónimos,  na  Torre  do  Tombo, 
335. 

Biblioteca  de  Évora,  329,  33 1,  36i,  363,  364, 
365,  389,  404,  406,  407. 

Biblioteca  lusitana,  v.  Barbosa  Machado 
(Diogo). 

Biblioteca  Municipal  de  Setúbal,  v.  Setúbal. 

Biblioteca  Nacional  de  Lisboa,  v.  Lisboa. 

Biblioteca  Pública,  1 95,  v.  Biblioteca  Nacional 
de  Lisboa. 

Bichos  (Páteo  dos),  v.  Belém. 

Binf  (João  de),  moço  fidalgo,  341.  —  V.  Bui 

.    (João  de). 

Biscaia,  sr.,  193. 

Bispo  de  anel,  57. 

Bispo  conde,  420,  43 1. 

Bispos,  23;  de  Seuta,  10,  11,  17,  19,  20,  21; 
de  Chiapa,  57;  de  Coimbra,  240,  295,296, 
332,  333,  409,425,  431,432;  de  Évora,  148, 
235,  320,  37§;  de  Lamego,  425;  de  Leiria, 
43i;  do  Funchal,  99,  100,  43i,  432;  da 
Guarda,  10,  11,  i3,  14,  i5, 16, 18, 19, 21, 22, 
24,  26,  29,  144;  de  Guimarães,  D,  Prior, 
99;  de  Lisboa,  182;  de  Reona,  57,  58,  59; 

-  de  Silves,  181;  de  Tiberíades,  10. 


Blaesveit  (D.  Maria  de),  condessa  do  Re- 
dondo, 411;  dama  da  infanta  D.  Maria. 

Boa  Esperança  (Gabo  da),  i38. 

Bofino  (D.  Mundo),  rico  homem,  193. 

Boigeão,  sr.  do  couto,  243. 

Boitaca  (Mestre),  v.  Mestre. 

Boletim  da  Segunda  Classe  da  Academia 
das  Scièncias  de  Lisboa,  artigo  de  A. 
Braamcamp  Freire:  Condados  de  Mon- 
corvo e  da  Feira.  Ousada  falsificação  de 
documentos,  etc.  O  A.  tirou  uma  separata 
deste  artigo. 

Bombarral,  159. 

Borba,  com.,  172;  condado,  336;  capitão, 
1 57 ;  sr.,  364. 

Borba  (Conde  de),  v.  Coutinho  (D.  Vasco). 

Borba  (Condessa  de),  i.%  v.  Silva  (D.  Cata- 
rina). 

Borgonha  (Duque  de),  19. 

Borgonha  (Duque  de),  v.  Borgonha  (Felipe 
de). 

Borgonha  (Duquesa  de),  v.  Portugal  (D.  Isa- 
bel de). 

Borgonha  (Felipe  de),  duque  de  Borgonha, 
139, 

Botelha  (D.  Alda  Martins),  m.  de  João  Pires 
Tenro,  169. 

Bocas,  doação  do  préstimo,  6. 

Bourbon  (D.  Isabel  de),  princesa,  91. 

Bourbon  (D.  Madalena  de),  3.»  condessa  dos 
Arcos,  91. 

Bouro,  sr.,  loi,  196. 

Braamcamp  Freire  (Anselmo),  Almirantado 
(O)  da  Índia,  data  da  sua  criação,  no  Ar- 
QUiv  o  HISTÓRICO  PORTUGUÊS,  38 1 . — Annaria 
Portuguesa,  384.  —  Brasões  da  Sala  de 
Sintra,  yb,  iio,  172,  242  a  247,  260,  271, 
280,  289,  293,  294,  3 14,  3i6,  317,  322,  323, 

325,  332,  338,  347,  369,  387,  390,  391,  423, 
425,  432.  —  Condados  de  Moncorvo  e  da 
Feira.  Ousada  falsificação  de  documentos, 
33i. —  Critica  e história,  i52, 172, 1^3, 182. 
—  Dois  Portuenses  poetas  do  Cancioneiro, 
no  vol.  I  do  Tripeiro,  i3o.  —  Sepulturas 
do  Espinheiro,  i3o,  149,  172. 

Braga,  100,  io3,  243;  arcebispado,  298;  arce- 
bispo, 99,  loi,  127,  i3i,  i32,  164,  264, 
297,  298;  data  de  carta,  246;  doação  feita 
aqui,  243;  entrada  das  tropas  comandadas 
pelo  bispo  de  Santiago,  i65;  mercê  das 
carnes,  dinheiros  e  rendas,  96;  Sé,  298; 
nela  está  o  corpo  incorrupto  do  arcebispo 
D.  Lourenço,  herói  de  Aljubarrota,  164. 

Braga  (Álvaro  de),  escudeiro  dei  Rei,  383. 

Braga  (Teófilo),  Gil  Vicente,  35j. 

Bragança,  data  de  carta,  66. 

Bragança  (Ducado  de),  229,  23 1,  267,  286, 

326,  343. 

Bragança  (Duque  de),  17,  65,  66,  81,  84,  98, 
100,  i3o,  23 1,  a53,  254,  290,  295,  3i3,  370, 


índice  de  matérias 


455 


38o,  SoS,  407;  bens  confiscados,  iSy; 
condesde Penafiel,  254;  conspiração,  i55; 
morte,  378;  sr.  de  Borba,  336;  casamento, 
362. 

Bragança  (Duque  de),  i.»,  v.  Afonso  (D.). 

Bragança  (Duque  de),  7.°,  v.  Fernando  (D). 

Bragança  (Duque  de),  3.°,  v.  Fernando  (D.). 

Bragança  (Duque  de),  4.°,  v.  Jaime  (D.). 

Bragança  (Duque  de),  5.»,  v.  Teodósio  (D.). 

Bragança  (Duque  de),  6.»,  v.  João  (D.). 

Bragança  (Duque  de),  7."»,  v.  Teodósio  II  (D). 

Bragança  (Duque  de),  8.»,  v.  João  (D.), 

Bragança  (Duquesa  de),  343. 

Bragança  (Duquesa  de),  v.  Castro  (D.  Joana 
de). 

Bragança  (Duquesa  de),  v.  Catarina  ÍD.). 

Bragança  (Duquesa  de),  v.  Isabel  (D.). 

Bragança  (Duquesa  de),  v.  Lancastro  (D.  Bri- 
tes de). 

Bragança  (Duquesa  de),  v.  Lancastre  (D.  Isa- 
bel de). 

Bragança  (Duquesa  de),  v.  Mendoça  (D.  Joana 
de). 

Bragança  (Duquesa  de),  v,  Mendoça  (D.  Leo- 
nor de). 

Bragança  (Duquesa  de),v.Noronha  (D.  Cons- 
tança de). 

Bragança  (D.  Fernando  de),  expedicionário 
a  Seuta,  201. 

Braganças,  232,  314.  —  Casa,  8,  17,  63,  66, 
239,  253,  326,  327,  345,  399,  419;  alcaide 
delas,  149.  —  Cartório,  Livro  dos  contrac- 
tos, 253.  —  Restituição  dos  seus  bens,  157, 
3i5;  sr.  267;  sr.  da  casa,  286. 

Branca  (D.),  f.  do  infante  D.  Pedro  de  Cas- 
tela, suas  bodas  com  o  infante  D.  Pedro 
de  Portugal,  5. 

Branca  Denis,  232. 

Branca  Lourenço;  m.  de  Martim  Fagundes, 

4Q. 

Branca  Peres  (D.),  m.  de  D.  Pedro  Afonso, 
3."  conde  de  Barcelos,  243. 

Brandão  (Frei  António),  Monarchia  Lusi- 
tana, 72,  76,  109,  ii5,  181,  226. 

Brandão  (Diogo  "Lopes),  juiz  de  Évora  e 
chefe  da  família  dos  Brandões,  i3o. 

Brandão  (Fernão),  regedor  de  Évora,  129, 
i3o. 

Brandão  (Fernão),  outro,  poeta  do  Cancio- 
neiro, i3o. 

Brandão  (Fernão  Martins),  i3o. 

Brandão  (Frei  Francisco),  Monarchia  Lusi- 
tana, 76,  77,  i3o,  170,  171,  226,  242. 

Brandão  de  Lima  (Estêvão),  sr.  do  morgado 
de  Niza,  88. 

Brandoa  (Joana),  f.  de  Fernão  Brandão,  i3o. 

Brandoa  (Maria),  m.  de  Diogo  de  Góis,  i3o. 

Brandões,  de  Évora,  chefe  da  família,  i3o. 

Brasil,  degredado  para  lá,  407;  gov.,  421; 
gov.  geral,  102. 


Brequerena  (Condado  de),  v.  Barcarena. 

Brites  (D.),  f.  de  D,  Fernando,  9.»  conde  de 
Barcelos,  286. 

Brites  (D.),  infanta,  contrato  de  casamento, 
7- 

Brites  (D.),  infanta  e  duquesa  de  Viseu  e  de 
Beja,  m.  do  infante  D.  Fernando,  286; 
quando  morreu,  286. 

Brites  (D.),  princesa  infanta,  5i. 

Brites,  V.  Beatris. 

Britiande,  mercê  do  senhorio  e  honra,  247; 
sr.  da  honra,  244. 

Brito,  apelido,  90. 

Brito  (António  de),  caçador  mor,  1 55. 

Brito  (António  de),  sr.  da  renda  do  jantar 
de  Alcanede,  145. 

Brito  (Artur  de),  copeiro  mor,  377. 

Brito  (Frei  Bernardo  de),  Chronica  de  Cis- 
ter, II 5,  266,  267,  289. 

Brito  (Estêvão  de),  alcaide  mor  de  Beja,  391. 

Brito  (Gabriel  de),  28. 

Brito  (Isabel  de),  m.  de  Gonçalo  de  Ataíde, 
86. 

Brito  (Jorge  de),  i58. 

Brito  (Lourenço  de),  copeiro  mor  de  D.  Ma- 
nuel, 145;  com.  de  Castelo  Novo,  145. 

Brito  (Luís  de),  89;  sr.  dos  morgados  de 
S.  Lourenço  de  Lisboa  e  Santo  Estêvão 
de  Beja,  90. 

Brito  (D.  Margarida  de),  m.  2.'  do  i.»  conde 
do  Prado  e  por  este  assassinada,  391. 

Brito  de  Lima  (Lourenço),  v.  Lima  de  Brito 
(D.  Lourenço). 

Brito  Nogueira  (Luís  de),  v.  Brito  (Luis  de). 

Brito  Rebelo  (General),  24.  —  Convento  de 
Jesus  de  Setúbal,  artigos  no  Occidente, 
vol.  IV,  24,  25, 26. — Navegadores  e  explo- 
radores portugueses,  38 1,  384,  385. 

Britos,  a  varonia  desta  família  substitui  a 
dos  Limas,  92;  e  depois  a  dos  Silvas,  92. 

Bruges,  18,  20. 

Bruxelas,  data  de  carta,  396. 

Bui  (João  de),  francês,  341. — V.  Binf  (João 
de). 

Bula  da  Cruzada,  18. 

Burgos,  data  de  carta,  59,  76. 

Burral  de  Lima,  sr.  da  terra,  82,  87. 

Cabanões  de  Ovar,  sr.,  33 1. 

Cabeça  de  Montachique  e  Casaínhos  (Casal 
da  Torre  na),  220. 

Cabeceiras  de  Basto,  data  de  carta,  5i;  sr., 
loi,  3i3,  332. 

Cabo  Verde,  sr.,  29, 

Cabrais,  201. 

Cabral  (Álvaro  Gil),  alcaide  do  castelo  da 
Guarda,  7. 

Caçadores  mores,  i55,  3g3]  sua  procedência, 
156. 

Cadaval  (Vila  do),  sr.,  244, 245, 275,  286,  ^87, 
368. 


456 


Brasões 


Cadiz,  19,  20.  —  V.  Calez. 

Çáfara,  v.  Safara. 

Caia  (Rio),  126. 

Caiais,  19. 

Calatrava,  v.  Mestre  de  Calatrava. 

Caldeirão,  sr.  dos  moinhos,  320. 

Calecut,  capitão,  96,  102;  cerco,  102. 

Calez,  V.  Cadiz. 

Calheta  (Condado  da),  232. 

Calheta  (Conde  da),  23 1. 

Calheta  (Conde  da),  i.°,  v.  Câmara  (Simão 
Gonçalves  da). 

Calheta  (Conde  da),  2.°,  v.  Câmara  (João 
Gonçalves  da), 

Calheta  (Condessa  da),  v.  Lancastre  (D.  Ma- 
ria de). 

Câmara  (João  Gonçalves  da),  capitão  do 
Funchal,  426. 

Câmara  (João  Gonçalves  da),  2."  capitão  do 
Funchal,  i56,  376;  poeta  do  Cancioneiro^ 
i56. 

Câmara  (João  Gonçalves  da),  2.°  conde  da 
Calheta,  232,426,484;  capitão  donatário 
da  ilha  da  Madeira,  434;  morreu  de  peste 
em  Almeirim,  data  da  sua  morte,  434. 

Câmara  (Padre  Luís  Gonçalves  da),  mestre 
e  confessor  de  D.  Sebastião,  426. 

Câmara  (D.  Rodrigo  da),  conde  de  Vila 
Franca,  v.  Vila  Franca  (Conde  de). 

Câmara  (Simão  Gonçalves  da),  i."  conde  da 
Calheta,  289,  426,  434;  capitão  donatário 
do  Funchal,  426,  427;  da  ilha  da  Madeira, 
426;  data  e  lugar  da  sua  morte,  427;  des- 
preza o  título  de  dom,  427;  ar.,  427. 

Câmara  de  Lisboa,  80, 

Câmaras,  srs.  da  casa  de  Abranches,  272, 

Camareiro  mor,  i3,  40,  143,  307,  3o8,  377, 

■  389;  do  infante  D,  Duarte,  265;  do  infante 

D.  Henrique,  97;   do   príncipe,  3j5',  da 

rainha   de   Castela  D,  Joana,   3 19,   32 1; 

dei  rei  D,  Manuel,  28,  144, 

Cambaia  (Guerra  de),  102, 

Cambra,  sr ,  33 1. 

Cambres,  sr.  das  terras,  366. 

Camelo  (Álvaro  Gonçalves),  prior  do  hos- 
pital, expedicionário  a  Seuta,  201. 

Caminha,  alcaide,  281;  condado,  229;  con- 
vento da  Insua,  carta  de  lá  datada,  875; 
carta  que  daqui  escreveu  o  marquês  de 
Vila  Real  ao  rei,  388;  sr.,  281,288,  294; 
troca  da  vila,  294, 

Caminha  (Conde  de),  v,  Sotomaior  (D.  Pedro 
Alvarez  de). 

Caminha  (Condessa  de),  v.  Sotomaior  e  Mon- 
roi  (D,  Inês  Henriques  de). 

Caminha  (Condessa  de),  v.  Távora  (D.  Te- 
resa de). 

Caminha  (Duque  de),  i.">,  v.  Meneses  (D.  Mi- 
guel de). 

Caminha  de  Riba  de  Minho,  sr.,  245. 


Caminha  de  Riba  de  Minho  (Conde  de),  v. 
Castro  (D.  Álvaro  Pires  de). 

Camões  (Aires  Pires  de),  capitão  de  nau,  164. 

Campo  Maior,  alcaide  mor,  28;  morador,  28, 

Campores  do  Rabaçal  (Reguengo)  doação 
dele,  294. 

Canárias  (Ilhas  das),  v.  Ilhas. 

Canaveses,  241 ;  mercê  do  senhorio  e  honra, 
247. 

Cancioneiro  geral,  26,  28,  120, 142,  149,  i56, 
i5?,  iSg,  160,  238;  poetas  nele,  5o,  89, 122, 
j3o,  143,  144,  i53,  i55,  157,  i58,  159. — 
Trovas  d  morte  do  príncipe  D.  Afonso,  i  Sq. 
—  Trovas  ao  duque  de  Bragança  quando 
tomou  Aijfamor,  1 59. 

Cancioneiro  general  Castelhano,  28. 

Canelas  (Morgado  de),  no  termo  de  Viseu, 
97;  quinta,  97. 

Cantanhede,  condado,  229;  morgado,  827; 
sr.  do  reguengo,  245,  327. 

Cantanhede  (Conde  de),  143,  366. 

Cantanhede  (Conde  de),  1.°,  v.  Meneses  (D. 
Pedro  de). 

Cantanhede  (Condessa  de),  v.  Coutinho  (D. 
Guiomar). 

Cantanhede  (Condessa  de),  v.  Soares  (D.  Bri- 
tes). 

Caparica,  casa,  1 16;  confiscação  de  bens,  271. 

Capela  (Pêro  de),  tabelião  na  Atouguia,  252. 

Capelão  do  bispo  D.  João,  23. 

Capelão  mor,  i3,  20  a  23,  i3i ;  de  Tiberíades, 
10;  de  D.  Afonso  V,  i3,  17. 

Capelas  de  D.  Afonso  IV  e  rainha  D.  Beatris, 
258  a  262;  provedor  delas,  260,  261. 

Capelas  do  Carmo,  livro  que  se  guarda  no 
cartório  do  hospital  de  S.  José,  i5. 

Capelas  do  convento  do  Carmo,  v.  em  Lis- 
boa. 

Capelas  dos  reis,  v.  Lisboa. 

Capeli  (Camilo),  nome  suposto,  84,  35. 

Capitão,  267,  425:  de  Alcácer,  281,  282,287, 
288,  294;  de  Alcácer  Seguer,  090;  de  Ar- 
zila, 147,  288,  294,  336,  337,  35 1,  364,  386, 
410,  41 1 ;  de  Azamor,  390;  da  Calecut,  96; 
do  Funchal,  i56,  376;  de  Seuta,  25/,  263, 
264,  265,  273,  279,  338,  339,  355,  356,  387, 
408 ;  capitão  donatário  do  Funchal,  427, 484; 
de  Guimarães,  95;  da  hoste  castelhana,  78;' 
da  ilha  da  Madeira,  426;  da  ilha  do  Porto 
Santo,  52,  62;  donatário  da  mesma  ilha, 
55;  na  índia,  88;  de  Ormuz,  102;  de  Saíim, 
148,415,416;  gov.,416;  de  Sofala,  272;  de 
Tânger,  824,  35 1 ;  de  Toro,  3 10. 

Capitão  dos  ginetes,  146,  33o,  386,  419;  do 
infante  D.  Fernando,  148. 

Capitão  mor:  de  D.  Afonso  V,  148;  das  ar- 
madas, 102,  104;  de  Beja,  178;  da  frota, 
164,  171,  271;  dos  ginetes,  148;  da  índia, 
883;  do  mar,  168,  201;  do  reino,  270,  272, 
825,  400. 


índice  de  matérias 


457 


Carapito,  sr.,  368, 

Cardaillac  e  Bourbon  (D.  Vitória),  condessa 
dos  Arcos  de  Vai  de  Vez,  gi;  dama  da 
princesa  D.  Isabel  de  Bourbon,  91, 

Cardial  infante,  57,  v.  Afonso  (D.). 

Gardial  rei,  90,  i3õ.  —  V.  Cardial  infante. — 
V.  Henrigne  (D.),  rei  de  Portugal. 

Cardial  Saraiva,  v.  San  Luís  (Frei  Fran- 
cisco de). 

Cardiga,  3i8. 

Cardoso  (George),  Agiologio  lusitano,  416. 

Cardoso  (José),  notário  da  inquisição,  39. 

Caria,  ferrarias,  21. 

Carlos  (D.),  pretendente,  91. 

Carlos  V,  imperador,  carta  sua  ao  seu  embai- 
xador em  Lisboa,  396. 

Carmo  (Convento  do),  v.  em  Lisboa. 

Carneiro  (António),  notário  geral,  379;  se- 
cretário, 3 14,  3 16,  333,  359,  3-9. 

Carnero  (Ponte  do),  204. 

Carnide  (Quinta  de),  doação,  5i. 

Carrazado,  freguesia,  195. 

Carregosa  (Aldeia  de),  igS. 

Carregosa,  no  julgado  da  Feira,  sr.,  25o. 

Carreira  (Casa  da),  ar.,  109. 

Cartas:  de  brasão,  71,  283;  de  legitimação, 
23,  24;  de  perdão,  298. 

Cartas  missivas,  duas  que  se  guardam  na 
Torre  do  Tombo,  65,  373. 

Cartório  da  casa  de  Bragança,  v.  Bragança 
(Casa  de). 

Cartório  da  Colegiada  do  Salvador  de  Coim- 
bra, 296. 

Cartório  do  conde  de  Sampaio,  66. 

Cartório  de  Santiago,  154,  i55,  i56,  172,  173, 
290,  325. 

Carvalhais,  201. 

Carvídhal,  sr.  da  casa,  274,  275. 

Carvalhal  (Vasco  Martins  do),  na  tomada  de 
Seuta,  217. 

Carvalho  (Casal  do),  194,  195 ;  sr.,  21 5. 

Carvalho  (Gaspar  de),  procurador  dos  feitos, 
4o5. 

Carvalho  (Dr.  Gaspar  de),  desembargador 
do  paço,  359. 

Carvalho  (Lourenço  Mendes  de),  com.  e 
capitão  da  galé  S.  Jorge,  164. 

«  Carvalhos  (Os),  eram  árvores  de  que  em 
Portugal  se  não  fazia  caso  ».  Isto  disse  a 
infeliz  marquesa  de  Távora,  D.  Leonor, 
junto  do  cadafalso,  11 3. 

Casa  de  Bragança,  v.  Bragança. 

Casa  Branca  (Herdade  de),  sr.,  88. 

Casa  do  Cível  de  Lisboa,  seu  gov.,  374;  seu 
regedor,  289. 

Casa  dos  Escravos,  caderno,  369. 

Casa  da  Suplicação,  presidente,  233 ;  regedor, 
23o,  3oo  a  3o5,  418;  regimento  da  justiça, 
23o. 

Casa  de  Vila  Flor,  v.  Vila  Flor. 
voL.  ni 


Casainhos,  220. 

Casal  (D.  Frei  Gaspar  do),  5.»  conde  de  Ar- 
ganil, 4.3 1 ,  432 ;  bispo  de  Coimbra,  Funchal 
e  Leiria,  43 1;  data  da  sua  morte,  431,432; 
embaixador  de  Espanha,  432 ;  fundador  da 
igreja  de  Santo  Agostinho  em  Coimbra, 
43i ;  seu  epitáfio  e  sepultura,  43i,  432. 

Casan  (Conde  de),  v.  Chateaubriand  (Théan- 
de). 

Cascais,  carta  de  confirmação,  8;  chegada 
da  esquadra  portuguesa  para  dar  combate 
à  castelhana,  i65;  doação,  6;  privilégios 
aos  moradores,  7;  sr.,  7, 186, 280,  292,  J93. 

Cascais  (Casa  de),  srs.  da  casa  de  Castro 
Daire,  io5. 

Cascais  (D.  Afonso  de),  expedicionário  a 
Seuta,  201.  —  V.  Afonso  (D.),  sr.  de  Cas- 
cais. 

Cascais  (D.  Fernando  de),  77. 

Cascais  (D.  Isabel  de),  condessa  de  Mon- 
santo, )8G,  280;  sr.»  de  Cascais,  280,  281. 

Cascais  (Marquês  de),  184. 

Cascais  (Marquês  de),  4.",  186. 

Cascais  (Marquesa  de),  184. 

Cascos,  apelido  abandonado  pelos  Vascon- 
celos, do  morgado  de  Machede,  41. 

Castaííeda  (D.  Inês  de),  concubina  de  D.  João 
Manuel,  6. 

Castanheira,  confirmação  do  couto,  365;  sr., 
289,  395,  420. 

Castanheira  (Conde  da),  23i,4o5. 

Castanheira  (Conde  da),  i.°,  v.  Ataíde  (D.  An- 
tónio de). 

Castanheira  (Conde  da),  2.",  v.  Ataíde  (D.  An- 
tónio de). 

Castanheira  (Conde  da),  5.°,  v.  Ataíde  (D.  An- 
tónio de). 

Castanheira  (Conde  da),  loi;  extinção  da 
varonia,  io5. 

Castanheira  (Condessa  da),  v.  Lara  (D.  Bár- 
bara de). 

Castanheira  (Condessa  da),  v.  Távora  (D, 
Ana  de). 

Castanheira  (Condessa  da),  v.  Vilhena  (D. 
Maria  de). 

Castela,  55, 75,  78, 79,  i35,  220, 249,  257,  35o, 
399. —  Bodas  aqui  realizadas  de  D.  Afonso  V 
com  a  princesa  D.  Joana,  a  Excelente  Se- 
nhora, 3o8. —  Carta  que  D.  Manuel  escreveu 
daqui,  343.  —  Casamento  em  Cheias,  41. 

—  Desterrado  para  lá,  412.  —  Dilata  os 
seus  domínios  à  custa  dos  sarracenos,  191. 

—  Embaixador  de  lá,  i32,  i5o,  41 3.  —  Ex- 
patriados, 324.  —  Expedição,  82,  172,  247. 

—  Fecha  o  rei  de  Castela  o  cerco  de  Se- 
vilha por  terra  e  rio,  191.  —  Guerras,  83, 
3o2,  335,  349,  372,  373.  — Importações  de 
lá,  195.  —  Infantes,  v.  Manuel,  Pedro.-— 
Invasão,  1 55.  —  Juramento,"  1 58.  —  Manuéis 
de  lá,  234.  —  Passados  para  lá,  182,  i83, 

58 


458 


Brasões 


228,  233, 25o,  291,  299, 308.  —  Pazes,  6, 246, 
35o.  —  Põe  o  rei  cerco  a  Lisboa,  i63  a  167. 
—  Princesas,  v.  Isabel,  Joana  e  Maria. — 
Priorado,  142.  —  Prior  mor  da  Ordem  de 
S.  João,  142.  —  Serviços  prestados  lá,  83, 
91,  2o3.  —  Socorro  que  de  lá  veio  a  D.  San- 
cho ÍI,  73. — Rainhas,  278;  v.  Beatris,  Joana, 
Portugal  (D.  Maria  de).  —  Reis,  248,  282, 
3o8,  336,  429;  V.  Afonso  XI,  Fernando  III, 
Henriques,  João  I,  Sancho,  Sancho  IV, 
Rico  homem,  76.  —  Tronco,  6.  —  Vinda  do 
infante  D.  João,  93.  —  V.  Espanha. 

Castela  e  Aragão,  direito  à  herança  das  co- 
roas, 48;  ida  dos  reis  de  Portugal  para 
serem  jurados  príncipes,  48,  49,  64. 

Castelo,  doação  do  préstimo,  6. 

Gastei  Branco,  v.  Castelo  Branco. 

Castelo  (Rui),  com.  mor  de  Alcântara,  218. 

Castelo  Branco,  alcaide  mor,  144.  —  Burguês, 
219. — Capela  e  hospital,  seu  administrador, 
219.  —  Morador,  219. 

Castelo  Branco,  linhagem,  201,  220;  origem 
e  solar,  219;  progenitor,  220;  sr.  do  mor- 
gado novo,  218,  219-220;  srs.  do  couto  e 
honra  de  quinta,  219;  sjs.  do  morgado  de 
Pombeiro  e  Belas,  220;  ar.,  201. 

Castelo  Branco  (D.  Afonso  de),  6.»  conde  de 
Arganil,  432;  bispo  de  Coimbra,  432, 

Castelo  Branco  (D.  Afonso  Rodrigues  de), 
f.  de  Lopo  Vasques  de  Castelo  Branco,  221. 

Castelo  Branco  (Álvaro  Vasques  de),  alcaide 
mor  da  Covilhã  e  Monsanto,  assassinado, 
218. 

Castelo  Branco  (D.  Francisco  de),  camareiro 
mor,  376, 377 ;  sr.  das  três  lezírias  de  Azam- 
buja, 377. 

Castelo  Branco  (Gonçalo  Vasques  de),  sr.  da 
honra  de  sobrado  e  direitos  reais  de  Paiva, 
218,  219,  220. 

Castelo  Branco  (Lopo  Vaz  de),  o  Torrão, 
alcaide  mor  de  Moura,  220;  intitula-se 
conde  de  Moura,  220;  levanta-se  com  sua 
vila  a  favor  de  Castela  e  por  este  feito  é 
morto  por  ordem  do  príncipe  D.  João,  220. 

Castelo  Branco  (Lopo  Vasques  de),  221; 
monteiro  mor  e  expedicionário  a  Seuta, 
201;  administrador  do  morgado  de  Cas- 
telo Branco  o  Novo,  220;  alcaide  mor  de 
Moura,  220. 

Castelo  Branco  (Martim  Vaz  de),  v.  Castelo 
Branco  (D.  Martinho  de). 

Castelo  Branco  (Martim  Vasques  de),  sr.  dos 
direitos  reais  dos  judeus  de  Penamacor, 
218. 

Castelo  Branco  (D.  Martinho  de),  i."  conde 
de  Vila  Nova  de  Portimão,  147,  221,  373, 
374,  375,  383 ;  camareiro  mor  do  príncipe, 
375;  data  da  sua  morte,  376;  gov.  da  Casa 
do  Cível,  374;  preso  na  batalha  de  Toro, 
373;  seu  epitáfio,  Syó;  seu  testamento,  375; 


sr.  de  várias  terras,  375 ;  vedor  da  fazenda, 
122,  125,  127,  147,  373,  374,  375;  ar.,  376. 
—  V.  Castelo  Branco  (Martim  Vaz  de). 

Castelo  Branco  (Nuno  Vasques  de),  na  to- 
mada de  Seuta,  217,  218;  é-lhe  tirado  o 
morgado  por  seu  tio  D.  Pedro,  220;  insti- 
tuidor do  novo  morgado  de  Castelo  Branco, 
219-220. 

Castelo  Branco  (D,  Pedro  de),  visconde  de 
Castelo  Branco  e  i.»  conde  de  Pombeiro, 
84,  220. 

Castelo  Branco  (Rui  Vasques  de),  sr.  do  mor- 
gado de  Castelo  Branco  e  administrador 
da  capela  e  hospital  da  mesma  cidade,  219. 

Castelo  Branco  (Visconde  de),  junto  a  Saca- 
vém, 84,  220. 

Castelo  Branco  (Visconde  de),  v.  Castelo 
Branco  (D.  Pedro  de),  i.°  conde  de  Pom- 
beiro. 

Castelo  Branco  o  Novo,  morgado  e  castelo, 
84;  no  castelo:  as  armas  dos  Castelos 
Brancos,  220;  quinta  e  assentamento  do 
morgado  e  seu  administrador,  220. 

Castelo  Melhor,  casa,  116. 

Castelo  Melhor  (Marquesa  de),  92;  represen- 
tante dos  Limas,  io5. 

Castelo  Novo,  com  ,  145. 

Castelo  de  Paiva,  inquisição  lá,  194. 

Castelo  Rodrigo,  sr.,  3 1 1*,  sr.  do  castelo,  3 11. 

Castelo  de  Vide,  estada  de  D.  Manuel,  com 
sua  i."  m.  D.  Isabel  de  Castela,  48. 

Castelos:  de  Chaves,  7;  da  Guarda,  7;  de 
Guimarães,  95;  de  Ponte  de  Lima,  81,  85. 

Castelos  Brancos  de  Portalegre,  221. 

Castilho  (Júlio  de),  Lisboa  antiga,  184,  376. 

Castilho  (Pedro  de),  inquisidor,  33,  36. 

Castro,  V.  Crasto. 

Castro  (D.  Álvaro  de),  gov.  66;  testamenteiro 
de  P'ebos  Monis,  66. 

Castro  (D.  Álvaro  de),  i."  conde  de  Mon- 
santo, 147,  186,  273,  280,  284,  327;  cama- 
reiro mor,  280;  fronteiro  e  alcaide  morde 
Lisboa,  280;  morto  na  tomada  de  Arzila, 
280;  sr.  de  Cascais,  280,  281;  sua  morte, 
281.  —  Ar.,  280. 

Castro  (D.  Álvaro  de),  vedor  da  fazenda,  428. 

■Castro  (D.  Álvaro  Pires  de),  conde  de  Viana, 
Caminha  e  Aldeia  Galega.  245. —  i  "  condq 
de  Arraiolos,  228,  245,  258. —  1 "  condes- 
tável  de  Portugal,  245.  —  Ar.,  246. 

Castro  (D.  Álvaro  Pires  de),  i."  conde  de 
Viana  da  Foz  do  Lima,  258;  conde  de 
Viana,  do  Minho,  258. 

Castro  (D.  Briolanja  de),  196. 

Castro  (D.  Brites  de),  3.»  condessa  de  Lemos, 
em  Castela,  399. 

Castro  (D.  Catarina  de),  condessa  de  Abran- 
ches, 272,  273,  277;  e  da  Atouguia,  277; 
sua  morte,  277.  —  V.  Atouguia  (Condessa 
de). 


índice  de  matérias 


459 


Castro  (D.  Felipa  de),  m.  de  D.  João  de  No- 
ronha, 22. 

Castro  (D.  Fernando  de),  gov.  da  casa  do  in- 
fante D.  Henrique,  273,  277. 

Castro  (D.  PVancisco  de),  bispo  inquisidor 
geral,  33,  38. 

Castro  (D.  Guiomar  de),  baronesa  de  Alvito, 
4o3,  404,  405. 

Castro  (D.  Guiomar  de),  condessa  da  Atou- 
guia,  22 ;  fundadora  do  convento  de  S.  Fran- 
cisco de  Xabregas,  2/5;  sua  morte,  276. 

Castro  (D.  Guiomar  de),  m.  de  D.  Pedro  de 
Melo,  290. 

Castro  (D.  Inês  de),  rainha  de  Portugal,  55. 

Castro  (D.  Isabel  de),  condessa  de  Viana,  284. 

Castro  (D.  Isabel  de),  rfi.  i.»  do  3.°  conde  da 
Feira,  37^. 

Castro  (D.  Isabel  de),  3.*  sr.»  de  Castro  Daire, 
97, 98, 101, 102.— V.  Castro  Pereira  (D.  Isa- 
bel de). 

Castro  (D.  Joana  de),  condessa  de  Arraiolos, 
257.  —  Duquesa  de  Bragança,  257,280,286. 
—  Marquesa  de  Vila  Viçosa,  257,  280; 
quando  morreu,  286;  sr."  do  Cadaval,  286. 

Castro  (D.  Joana  de),  sr.^  de  Monsanto,  293, 
366,  393 ;  sr.  de  Cascais,  393. 

Castro  (D.  João  de),  2.»  conde  de  Monsanto, 
23,  281,  284,  292,  293;  alcaide  mor  de  Lis- 
boa, 292;  sr.  de  Cascais,  292.  —  Ar.,  293. 

Castro  (t).  João  de),  sr.  do  Cadaval  e  Peral, 
286    ' 

Castro  (D.  João  de),  vice  rei  da  índia,  102; 
limpa  dos  mouros  a  cidade  de  Seuta,  217. 

Castro  (Padre  João  Bautista  de),  Mappa  de 
Portugal,  24,  27,  329. 

Castro  (D.  Jorge  de),  gentil  homem,  141. 

Castro  (D.  Luís  de),  administrador  dos  hos- 
pitais de  Santo  Eutrópio  de  Lisboa  e 
S  Mateus,  184. 

Castro  (D.  Luís  de),  sr.  de  Monsanto,  393. 

Castro  (D.  Maria  de),  sr."  de  Castro  Daire, 
98;  sua  sepultura  e  epitáfio,  98. 

Castro  (D.  Pedro  de),  3."  conde  de  Monsanto, 
141,  393;  alcaide  mor  de  Lisboa,  393;  ca- 
çador mor,  393;  data  da  sua  morte,  393; 
fronteiro  mor,  393;  sr.  de  Cascais  e  Mon- 
santo, 393;  vedor  da  fazenda,  393.  —  Ar., 
393. 

Castro  (D.  Pedro  de),  sr.  do  Cadaval,  275. 

Castro  (D.  Pedro  Bernardez  de),  loi. 

Castro  (D.  Rodrigo  de),  147,  v.  Monsanto 
(D.  Rodrigo  de). 

Castro  (D.  Violante  de),  condessa  de  Ode- 
mira, 428;  data  da  sua  morte,  428. 

Castro  (D.  Violante  de),  ra.  de  Diogo  de  Mi- 
randa, 97. 

Castro  Daire,  igreja,  io3;  privilégios  conce- 
didos por  D.  Denis,  qS;  srs.,  92,  97,  98, 99, 
loi,  102,  io3, 104, 268, 358;  tronco  da  casa, 
85. 


Castro  Daire  (Conde  de),  i.*»,  v.  Ataide  (D. 

António  de). 
Castro  Daire  (Condes  de),  extinção  da  va- 

ronia,  io5. 
Castro  Daire  (Condessa  de),  i.*,  v.  Lima  Pe- 
reira (D.  Ana  de). 
Castro  Marim,  19,  20. 
Castro  Pereira  (D.  Isabel  de),  v.  Castro  (D. 

Isabel  de). 
Castros,  201. 

Castros  de  Resende,  casa,  196. 
Castros  do  Rio  (Viscondes  e  condes  deSar- 

bacena),  i58. 
Cataldo  Siculo,  professor  da  Universidade 

de  Lisboa,  129. 
Catálogo  dos  abades  de  Guimarães,  v.  Serra 

Crasbeck  (Francisco  Xavier  de). 
Catálogo  cronológico-critico  dos  bispos  de 

Coimbra,  v.  Leitão  Ferreira  (Francisco). 
Catálogo   cronológico   de   todos   os   títulos 

havidos  em  Portugal  até  à  ocupação  dos 

Felipes,  223,  22  5. 
Catálogos  dos  pergaminhos  da  colegiada  de 

Guimarães    no    Arqueólogo    português, 

287. 
Catalunha,  3o8. 

Catarina  (D.),  condessa  de  Marialva,  289. 
Catarina   (D),  duquesa  de  Bragança,  420; 

data  da  sua  morte,  420. 
Catarina  (D.),  infanta,  172. 
Catarina  (D.),  neta  do  conde  de  Olivença, 

324- 

Catarina  (D.),  rainha  de  Portugal,  357;  sua 
dama,  357,  359,  4Hi  421,423;  suas  don- 
zelas, 418,  422,  427;  seu  mordomo  mor, 
4i5,  416. 

Catarina  Fernandes,  i.*  m.  de  Vasco  Gil 
Monis,  53. 

Católicos  (Reis).v.  Fernando  e  IsabeL 

Cavaleiro  do  Cisne  (Lenda  do),  139. 

Cavalos  (Lezíria  do  corte  de),  no  termo  da 
Azambuja,  sr.,  317,  320. 

Cedavim,  sr.,  1 15. 

Cedofeita  (Castelo  de),  mandado  fazer  por 
D.  Afonso  Henriques,  177;  sua  entrega,  178. 

Celanova,  177. 

Celorico,  alcaide  mor,  43o;  sr.,  349,  35o,  4i3. 

Celorico  de  Basto,  conselho,  6;  doação  da 
terra  e  julgado,  7;  sr.,  loi. 

Ceo  aberto,  v.  Santa  Maria  (Padre  Fran- 
cisco de). 

Cerco  de  Torres  Vedras,  7. 

Cemaches,  201. 

Cerveira  (Inês),  moça  da  câmara  da  infanta 
D.  Joana,  m.  de  Jorge  de  Sousa,  281. 

Cerveira  (Mem  Afonso  de),  na  tomada  de 
Seuta,  217. 

Cerveiras,  201. 

Cesto,  a  parte  mais  alta  da  cidade  de  Seuta, 
v.  Ceuta. 


46o 


Brasões 


Ceuta,  bispo,  lo,  1 1,  17, 19,  20  e  21 ;  caderno 
de  registos  lá  começados,  282;  capitania, 
de  Meneses  do  conde  de  Viana,  340;  ca- 
pitão, 257,  263,  264,  265,269,  ^7^»  279,338, 
3  39,  355,  356,  3S7,  408 ;  capitão  e  gov.,  257, 
263,  264,  26q,  338;  castelo,  214  a  2 17;  ban- 
deira de  Lisboa  nele  hasteada,  217;  e  na 
torre  de  Fez  foi  içada  a  do  infante  D.  Duarte, 
217;  Cesto  a  parte  mais  alta  desta  cidade, 
ocupcida  por  D.  Duarte,  210;  contadores, 
2G9;  data  de  carta,  288;  escrivão  da  fazenda 
e  contos,  269;  estada  de  D.  Afonso  V, 
282,  283;  expedição  de  D.  João  I  lá,  202; 
chegada  da  mesma  expedição,  2o3;  D.  Fer- 
nando, f.  de  D.  João  I,  batido  pelo  capitão 
da  praça,  279;  falecidos  la,  264,  265;  gov., 
428;  mapa,  204;  morto  no  caminho,  204; 
mortos  na  tomada,  217,  283;  mosteiro  de 
S.  Jorge,  216;  parte  aesta  cidade  que  se 
chamava  Algezira,  217;  portas:  de  Fernão 
Afonso,  217;  de  Álvaro  Mendes,  217;  rua 
Direita,  214;  recebedores,  269;  sr.,  218; 
servindo  lá,  154,  170;  tesoureiro  mor,  269; 
tomada,  2o5,  207,  211,  214,  2i5,  218,  256, 
257;  vedor  da  fazenda,  269;  volta  da  em- 
presa. —  V.  Abyla. 

Chalain,  sr.,  340. 

Chamarra  (Ponte  do),  128. 

Chamorro  (Fernão),  escudeiro  do  infante 
D.  Henrique,  21:;,  216.      ..; 

Chamusca,  sr.,  52. 

Chança,  sr.  da  casa,  274,  275. 

Chanceler,  i85;  da  rainha  de  Castela,  5. 

Chanceler  mor,  160,  23o,  233,  237,  238,  3oo, 
304,  328;  da  rainha  D.  Joana,  319. 

Ghantas,  sr.  dos  direitos,  32o;  sr.  do  reguengo, 
375.  . 

Charneca,  no  termo  de  Lisboa,  sr.  dos  direi- 
tos reais,  25i, 

Chateaubriand  (Barão  de),  v.  Godofredo. 

Chateaubriand  (Casa  de),  342. 

Chateaubriand  (René  de),  v.  Chateaubriand 
(D.  Reinaldo  de). 

Chateaubriand  (D.  Reinaldo  de),  i."  conde 
de  Guazava,  340-341;  barão  de  Loigny, 
340;  capitão,  340,  342;  sr.  du  Lyon  d'An- 
gers,  de  Chalain,  des  Roches-Buritaut,  de 
Ghavannes,  etc ,  340,  341 ;  visconde  de 
Remalart,  341.  —  Ar.,  343. 

Chateaubriand  (Théaude  de),  conde  de  Ca- 
san,  341. 

Ghavannes,  sr.,  340. 

Chaves,  260;  alcaide  mor,  173;  convento  de 
S.  Francisco,  sepultura  lá,  268;  data  de 
carta,  3 12,  349;  procuração  lá  passada  a 
Gonçalo  Pereira  para  representar  o  duque 
de  Bragança  nas  cortes  de  Lisboa,  253; 
sr.  do  castelo,  7;  sepultura  na  igreja  ma- 
triz, de  D.  Afonso  2.°  duque  de  Bragança, 
depois  trasladada  para  a  capela  mor  do 


convento  de  S.  Francisco  da  mesma  vila, 

268. 
Cheleiros  (Renda  de),  77;  sr.,  289,  395,  420. 
Cheles,  em  Castela,  casamento  lá,  41 ;  sr ,  8. 
Chiapa,  bispo,  57. 
Chichorro   (Vasco  Martins),   148,  v.  Sousa 

Chichorro  (Vasco  Martins  de). 
Chipre,  v.  Chypre. 
Chypre  (Reis  de),  da  casa  de  Antioquia,  45, 

5o,  53;  casamento  da  herdeira  do  trono, 

52;  regente,  53.  —  Ar.,  45. 
Cifuentes  (Conde  de),  v.  Silva  (D.  Afonso 

da). 
Cifuentes  (Condessa  de),  v.  Pacheco  (D.  Bea- 

tris), 
Ginceira,  sr.,  3o. 
Ciudad  Rodrigo,  atacada  pelos  portugueses, 

^77- 

Gochim,  morre  o  descobridor  do  caminho 
marítimo  para  a  índia  em  1524,  384. 

Coelha  (Aldonça),  m.  de  Diogo  Gonçalves 
de  Grasto,  195;  sr "  da  quinta  do  Souto 
da  Ribeira  de  Homem,  195. 

Coelho  (D.  Branca  Pires),  252. 

Coelho  (Egas),  mestre  sala  de  D.  João  I  e 
i."  sr  de  Montalvo,  em  Castela,  79. 

Coelho  (Francisco),  Advertências  feitas  ao 
Livro  intitulado  Nobiliarchia  Portuguesa 
no  que  toca  ás  armas  das  Familias^  72. 

Coelho  (Francisco),  Thesouro  da  nobre^a^  3, 
45,  72,  109,  119,  i63,  177,  191,  201. 

Coelho  (D.  Margarida),  m.  de  João  Gomes 
da  Silva,  79. 

Coelho  (Nicolau),  383. 

Coelho  (Frei  Simão),  Compendio  das  chro- 
ntcas  do  Carmo,  n,  12. 

Coimbra,  327.  —  Açougue,  431 ;  licença  para 
o  ter,  410.  —  Alcaide  mor,  i65,  248.  —  Bis- 
pado, 298.  —  Bispos,  240,  295  a  299.  332, 
333,  409,  425,  431,  432.  —  Câmara,  409.  — 
Cartório  da  Colegiada  do  Salvador,  296. 

—  Casamento  do  dr.  João  das  Reuras,  i83. 

—  Casa  de  Santa  Cruz,  409.  —  Colégio  de 
Nossa  Senhora  da  Graça,  letreiro  lá,  43 1. 

—  Compra  de  um  paul  no  termo,  3c8.  — 
Concrmação,  241. —  Contador,  327. —  Cor- 
regedor da  cidade,  43 1.  —  Data  de  carta, 
243,  244,  304.  —  Estada  de  D.  Afonso  V, 
86. —  Estrada, 404.  -Foral  de  Lisboa  aqui 
assinado,  180.—  Igrejas:  na  de  Santa  Cruz, 
a  sepultura  do  nobre  Fernand'Afonso,  235; 
na  de  Santo  Agostinho,  sepultura  e  epi- 
táfio do  seu  fundador  o  5."  conde  de  Ar- 
ganil, 43i.  —  Inquisição,  v.  Inquisição  de 
Coimbra.  —  Morador,  298,  299.  —  Museu 
Episcopal,  custódia  lá,  333.  —  Nas  cortes 
foi  aclamado  D.  João  I,  168,  170.  —  Prior 
de  Santa  Cruz,  196,  297,  298.  —  Rua  da 
Calçada,  299.  —  Sé,  298;  Sé  Velha,  epi- 
táfio lá  de  D.  Jorge  de  Almeida,  bispo  de 


índice  de  matérias 


461 


Coimbra,  333.  —  Sr.  do  castelo,  255;  sr. 
dos  julgados,  3o6. — Traduções  em  latim 
aqui  impressas,  405.  —  Universidade,  432; 
conservador  dela,  43i.  ' 

Coimbra  (Duque  de),  23i,  401;  mercê  do 
título,  400;  sr.  de  Aveiro,  314. 

Coimbra  (Duque  de),  i.°,  v.  Pedro  (D.),  in- 
fante. 

Coimbra  (Duque  de),  2.°,  v.  Jorge  (D). 

Coimbra  (Duquesa  de),  v.  Aragão  (D.  Isabel 
de),  infanta,  255. 

Coimbrã  (Duquesa  de),  v.  Vilhena  (D.  Brites 
de). 

Coimbra  (D.  João  de),  regente  de  Ghypre, 
52;  seu  casamento,  52. 

Coimbra  (D.  João  de),  v.  João  (D.),  f.  do  in- 
fante D.  Pedro, 

Gôja  (Vila  de),  carta  de  couto  para  o  termo, 
333;  confirmação  do  mesmo,  410;  sr.  dele, 
425. 

Colares,  alcaide  mor,  420. 

Colecção  dos  Diplomas  e  mais  documentos  e 
titulas  respectivos  á  instituição,  dotação, 
privilégios  das  Capelas  e  Merciarias  ins- 
tituídas por  o  Senhor  Rey  de  Portugal 
D.  Afonso  IV;  E  sua  mulher  a  Senhora 
Raynha  D  Beatri^,  ms.  existente  na  Bi- 
blioteca Braamcamp  Freire,  em  Santarém, 
359  a  262, 

Colecção  de  epitáfios,  letreiros  e  dísticos,  v. 
San  Luís  (D.  Frei  Francisco  de). 

Colecção  de  inéditos  da  historia  portuguesa, 
238. 

Colecção  de  inscripções,  v.  Moreira  (António 
Joaquim  de). 

Colecção  Pombalina  da  Biblioteca  Nacional 
de  Sisboa,  148. 

Coieccion  de  los  Viajes  e  Descobrimentos,  v. 
Navarrete  (D.  Martim  Fernande^  de). 

Colegiada  de  Guimarães,  18. 

Colombo  (Cristóvão),  descobridor  da  Amé- 
rica, 55  a  63. 

Colón,  fartiília,  56,  60. 

Colón  (D.  Diego),  v.  Cólon  (D.  Diogo). 

Colón  (D.  Diogo),  2.°  almirante  e  vice  rei 
das  índias  Ocidentais,  55  a  62;  seu  testa- 
mento, 5q,  60. 

Colón  (D.  Diogo),  outro,  irmão  do  Grande 
Almirante,  59,  60. 

Colos  (Com.  de),  na  Ordem  de  Santiago,  v. 
Ordem. 

Comenda  de  Moreiras,  v.  Ordem  de  Cristo. 

Compendio  de  algunas  historias  de  Espana, 
etc,  etc,  V.  Gudiel  (Geronymo). 

Compendio  das  chronicas  do  Carmo,  v.  Coe' 
lho  (Frei  Simão). 

Conceição  (Frei  Cláudio  da).  Gabinete  his- 
tórico, 1 13. 

Conchas  (Quinta  das),  no  Lumiar,  adminis- 
trador do  morgado,  53. 


Concílio  de  Trento,  410. 

Condado  de  Portugal,  227.    • 

Conde  (Título  de),  foi  o  primeiro  que  houve 
em  Portugal,  226,  229;  vitalício,  227. 

Conde  Palatino,  233,  23^,  235,  828. 

Condeixa,  bens  lá,  20 ;  aforamento  de  águas, 
33o. 

Condes :  Abranches,  Abrantes,  Albayda,  Al- 
cáçovas, Alcoutim,  Alpedrinha,  Alva  de 
Lista,  Alvor,  Arcos,  Arganil,  Arraiolos, 
Atalaia,  Atouguia,  Avranches,  Azambuja, 
Barbacena,  Barcelona,  Barcelos,  Borba, 
Calheta,  Caminha,  Cantanhede.  Casan, 
Castanheira,  Castro  Daire,  Dion-le-Mont, 
Farrobo,  Feira,  Figueira,  Figueiró,  Gijon, 
Guimarães,  Guazava,  Idanha,  Linhares, 
Marialva,  Matosinhos,  Mayorga,  Medellin, 
Monterey,  Moura,  Monsanto,  Niebla,  No- 
ronha, Odemira,  Olivença,  Ourém,  Pena- 
fiel, Penamacor,  Penela.Pombeiro,  Porta- 
legre, Prado,  Rio  Grande,  Rio  Maior, 
Sabugal,  Sampaio,  San  João  da  Pesqueira» 
San  Vicente,  Santa  Comba,  Sarzedas,  Seia, 
Sintra,  Sortelha,  Tarouca,  Tentúgal,  Tras- 
tamara,  Trevento,  Ubefía,  Vai  de  Reis, 
Valadares,  Valença,  Valência  de  Campos, 
Velasco,  Viana,  Viana  do  Alentejo,  Viana 
de  Caminha,  Viana  da  Foz  do  Lima,  Viana 
do  Minho,  Vidigueira,  Vila  Flor,  Vila 
Franca,  Vila  Nova,  Vila  Nova  de  Portimão, 
Vila  Real,  Vimioso. 

Condes  antigos,  226,  227. 

Condessas,  Albayda,  v.  Abranches,  Abrantes, 
Aiaia,  Alcáçova,  Alcoutim,  Alpedrinha, 
Arcos,  Armamar,  Atalaia,  Atouguia,  Bar- 
celos, Blaesvelt,  Borba,  Calheta,  Caminha, 
Cantanhede,  Cascais,  Castanheira,  Castro 
Daire,  Cifuentes,  Crescente,  Faro,  Feira, 
Gijon,  Lemos,  em  Castela,  Linhares,  Loulé, 
Marialva,  Medellin,  Monsanto,  Neiva,  No- 
ronha, Odemira,  Olivença,  Ourém,  Pena- 
macor, Penela,  Portalegre,  Prado,  Redondo, 
Sortelha,  Tarouca,  Tentúgal,  Valença,  Vila 
Nova  de  Portimão,  Vila  Real,  Vimioso. 

Condestablesa,  v.  Noronha  (D.  Joana  de). 

Ccndestável  de  Portugal,  16,  17,  29,  5o,  5i, 
52,  201,  210,  228,  245,  3 12,  357,  407.  —  V. 
Afonso  (D.);  Castro  (D.  Álvaro  Pires  de); 
Duarte  (D.),  5.°  duque  de  Guimarães; 
João  (D.),  marquês  de  Montemor  o  Novo ; 
Pereira  (D.  Nuno  Alvares). 

Confirmações  gerais  (Livro  das),  na  Torre 
do  Tombo,  89,  343,  345,355,  398,  417,419, 
423,  428.  433,  435. 

Conselho  (Do),  11,  21,  22,  28,  29,  35,  36,  5o, 
67,  81,  86,  87,  8q,  97,  99, 102,  io3,  104, 142, 
143,  146,  147,  149,  i54,  i55,  157,  171,  172, 
23o,  233,  262,  265,  270  a  277,  281  a  284, 
288,  280,  290, 292,  '295,  297,  3oo,  3o2  a  3o6, 
3io,  3ii,  3'i6  a  320,  324,  325, 327, 33o, 340, 


-■^lObmA 


462 


Brasões 


35o,  35i,  352,  35q,  363,  365,  366,  370,  371, 
372,  373,  38o,  38'J,  384,  386,  3qo,  SgS,  SgS, 
396,  402,  410,  417,  424,  426,  484. 

Conselho  de  Estado,  4,  35,  90,  41 3,  424,427, 
428,  43o. 

Conselho  das  índias,  56. 

Constança  (D.),  duquesa  de  Bragança,  269. 

Constantinopla,  imperador,  7. 

Constituições  do  bispado  de  Coimbra,  333, 
410. 

Constituições  extravagantes,  410. 

Contador  de  Coimbra,  327;  de  Évora,  54; 
da  rainha  D.  Joana,  Sigj  dei  rei,  212,  21 3. 

Copeiro  menor,  93. 

Copeiro  mor,  8,  79,  95,  377;  do  infante 
D.  Duarte,  41;  de  D.  João,  quando  prín- 
cipe e  depois  de  rei,  94, 95;  de  D.  Manuel, 
145. 

Cordeiro  (Padre  António),  Historia  Insulana, 
427. 

Córdova,  56;  conquista,  74. 

Córdova  (D.  Gonçalo  Hernandez  de),  el  Gran 
Capitan,  59. — V.  Crónica  dei  Gran  Capitan 
Gonçalo  Fernande!^  de  Cordovay  Aguilar, 
etc,  59. 

Coronel  (D.  Maria),  condessa  de  Barcelos, 
243;  dama  da  rainha  D.  Isabel,  243. 

Corpo  diplomático  portugue^,  64,  65,  343, 
35i,  358,  426,  43i. 

Corregedor  da  Câmara  de  Évora,  284;  da 

~  corte,  307;  do  crime  e  da  corte,  ii3;  de 
Entre  Tejo  e  Guadiana,  273;  e  Além 
Odiana,  284;  da  Estremadura,  366. 

Correia  (Gonçalo),  4.°  sr.  de  Farelães,  63. 

Correia  (D.  Paio  Pires),  mestre  de  Ucles,  si- 
tiante do  cerco  posto  a  Sevilha,  191,  193. 

Correia  (Pêro),  sr.  de  Salvaterra  de  Magos, 
29. 

Correia  de  Lacerda  (Fernão),  38. 

Corte  Real  (Vasco  Anes),  expedicionário  a 
Seuta,  208. 

Cortes:  de  D.  Afonso  V,  211;  de  Almeirim 
(Procurador  de  Lisboa  às  cortes  de),  67; 
de  Coimbra,  é  nelas  aclamado  rei  D.  João  I, 
170;  de  Évora,  267;  aqui  reunidas  por 
D.  Afonso  IV  e  nelas  jurado  rei,  5;  de 
Lisboa,  49,  81,  253;  de  Santarém,  5. 

Cortiçadas,  junto  ao  Tejo:  aqui  tem  o  1° 
conde  de  Penamacor  uma  entrevista  com 
D.  João  II  por  contra  ele  conspirar,  3o8. 

Costa  (D.  Jorge  da),  arcebispo  de  Braga,  127, 

l32. 

Costa  Cabral  (António  Bernardo  da),  ministro 
do  reino,  1 10,  1 1 1. 

Costas,  geração,  27. 

Coudel  mor  do  reino,  147,  391. 

Coudel  mor  dos  besteiros  e  vassalos  de  ca- 
valo, 267. 

Coura  (Vila),  sr.,  79,  87. 

Coutinho  (D.  Álvaro),  328. 


Coutinho  (D.  Álvaro),  com.  de  Almourol, 
4-íi. 

Coutinho  (D.  Beatris),  condessa  de  Vila  Real, 
m.  3.»  do  conde  de  Viana  D.  Pedro  de  Me- 
neses, 264. 

Coutinho  (D.  Felipa),  m.  de  Febo  Monis  de 
Lusinhano  e  Torres,  53. 

Coutinho  (D.  Felipa),  2."  m.  de  D.  Pedro  de 
Meneses,  2°  conde  de  Viana,  264. 

Coutinho  (D.  Fernando),  marichal  do  reino, 
22,  398. 

Coutinho  (Fernão  Martins),  264. 

Coutinho  (Fernão  Martins),  sr.  de  Mafra,  77. 

Coutinho  (D.  Francisco),  4.°  conde  de  Ma- 
rialva, 3io,  3ii;  e  2.°  de  Loulé,  347,  393; 
data  do  seu  falecimento,  347;  meirinho 
mor,  3 10,  3 II,  347;  sr.  d«  vila  de  Castelo 
Rodrigo,  3ii;  seu  testamento,  847;  sua 
sepultura,  348 ;  ar.,  3 10,  347;  divisa  :  Segui 
Me  Pois  Qye  Sigo  lo  Digo. 

Coutinho  (D.  Francisco),  "ò."  conde  do  Re- 
dondo, 410,  422;  capitão  de  Arzila,  410; 
data  e  lugar  da  sua  morte,  410,  422;  vice 
rei  da  índia,  410,  422;  ar.,  410. 

Coutinho  (D.  Gonçalo),  2.°  conde  de  Marialva, 
23g,  277,  279,  289,  3 10;  alcaidaria  mor  de 
Lamego,  278;  meirinho  mor,  277,278,  279, 
3 10;  preso  pelos  seus  desmandos,  278;  sr. 
de  várias  terras,  278;  carta  de  perdão,  279; 
sua  morte  no  escalamento  de  Tânger,  279; 
ar.,  279. — V.  Coutinho  (Gonçalo  Vasques). 

Coutinho  (Gonçalo  Vaz),  marichal  e  expedi- 
cionário a  Seuta,  201. 

Coutinho  (Gonçalo  Vasques),  marichal,  herói 
da  batalha  de  Trancoso,  211,  264,  266. 

Coutinho  (D.  Guiomar),  infanta  duquesa  da 
Guarda,  348,  395;  3.»  condessa  de  Loulé  e 
5.»  de  Marialva,  847, 393,  894, 395,401 ;  data 
da  sua  morte,  394;  seu  casamento  com  o 
infante  D.  Fernando,  401 ;  ar.,  394. 

Coutinho  (D.  Guiomar),  condessa  de  Can- 
tanhede, 328;  m.  3.*  de  D.  Pedro  de  Me- 
neses, i.°  conde  de  Cantanhede,  328;  data 
da  sua  morte,  328. 

Coutinho  (D.  Isabel),  sr.«  de  Mafra,  m.  de 
D.  Fernando  de  Cascais,  77. 

Coutinho  (D.  João),  3."  conde  de  Marialva, 
289,  3 10;  morto  na  tomada  de  Arzila,  289; 
sua  sepultura,  289;  ar.,  289. 

Coutinho  (D.  João),  2."  conde  do  Redondo, 
386;  capitão  de  Arzila,  386;  data  da  sua 
morte,  386 ;  ar.,  386. 

Coutinho  (D.  Leonor),  365. 

Coutinho  (D.  Luís),  4.»  conde  do  Redondo, 
422;  data  da  sua  morte,  422;  ar.,  42a. 

Coutinho  (D.  Tristão),  328. 

Coutinho  (D.  Vasco),  conde  de  Borba,  23 1, 
335,  336,  337,  364,  365,  386.  — 1.°  conde  do 
Redondo,  336, 364, 365, 386.— Alcaide  mor 
de  Estremoz,  Redondo  e  Pavia,  336. — 


índice  de  matérias 


463 


Capitão  de  Arzila,  336,  337,  364.  —  Data 
do  seu  falecimento,  337.  —  Sr.  de  Borba  e 
Pavia,  364,  365.  —  Ar.,  337. 

Coutinho  (D.  Vasco  Fernandes),  i.°  conde 
de  Marialva,  239,  266.  —  Alcaide  mor  de 
Trancoso,  266.  —  Data  da  sua  morte  e  se- 
pultura, 266.  —  Marechal,  266.  —  Ar.,  266. 

Goutinbos,  201.  —  Ar.,  58. 

Coulo  (Diogo  doj,  Décadas,  102,  411,  427. 

Couto  (Diogo  do),  Vida  de  D.  Paulo  de  Lima 
Pereira,  capitão  mor  das  armadas,  104. 

Covilhã,  334;  alcaide  mor,  218;  sr.,  29,  263. 

Crasto,  sr.  da  quinta,  195,  196. 

Grasto  (Diogo  Gonçalves  de),  sr.  da  quinta 
de  Crasto,  igS. 

Crato,  priorado,  294,  35i;  prior,  142,  35i. 

Crelhal,  sr.,  253. 

Crescente  (Condessa  de),  4.%  v.  Souto  Maior 
(D.  Francisca  Luísa  de). 

Crestuma  (Dízima  dei,  232. 

Cristelo,  padroado,  323. 

Cristoforo  Colombo  e  la  sua  famiglia,  v.  Pe- 
ragallo  (Prospero). 

Cristophe  Colomb,  v.  Harrisse  (Henry). 

Crónica  de  D.  Afonso  V,  v.  Pma  (Rui  de). 

Crónica  dos  Carmelitas,  v.  Pereira  de  Santa 
Ana  (Frei  José). 

Crónica  de  Cister,  v.  Brito  (Frei  Bernardo 
de). 

Crónica  da  Companhia  de  Jesus,  v.  Teles 
(Padre  Baltasar). 

Crónica  da  Conceição,  v.  Jesus  Maria  José 
(Frei  Pedro  de). 

Crónica  de  D.  Duarte,  v.  Pina  (Rui  de). 

Crónica  do  conde  D.  Duarte,  281,  282,  283, 
2S8.  —  V.  Azurara  (Gomes  Eanes  de). 

Crónica  do  conde  D.  Pedro,  iS-j,  264,  265. 

Cronice  de  D.  Fernando,  170,  v.  Azurara 
(Gomes  Eanes  de). 

Crónica  dos  cónegos  regrantes,  v.  Santa 
Maria  íD.  Nicolau  de). 

Crónica  da  Graça,  v.  Purificação  (Frei  An- 
tónio da). 

Crónica  dei  Gran  Capitan  Gonçalo  Fer- 
nandes de  Córdova y  Aguilar,  etc,  59. 

Crónica  de  D.  João  1,  v.  Azurara  (Gomes 
Eanes  de). 

Crónica  de  D.  João  /,  v.  Lopes  (Fernão). 

Crónica  de  D.  João  II,  v.  Pina  (Rui  de). 

Crónica  de  D.  João  II,  v.  Resende  (Garcia 
de). 

Crónica  de  João  III,  v.  Andrade  (Francisco 
de). 

Crónica  de  D.  Manuel,  v.  Gois  (Damião  de). 

Crónica  da  ordem  dos  eremitas  de  S.  Agos- 
tinho, V.  Purificação  (Frei  António  da). 

Crónica  dei  Rey  dom  Juan  el  primero  de 
Castilla  e  de  Leon,  v.  Ayala  (D.  Pedro 
Lópe^  de). 

Crónica  dei  rei  D.  Pedro,  v.  Lopes  (Fernão). 


Crónica  de  los  Reys  Catholicos,  v.  Pulgar 
(Hernando  de). 

Crónica  de  D.  Sebastião,  v.  Cruf  (Frei  Ber^ 
nardo  da). 

Crónica  serafica,\.  Belém  (Frei  Jerónimo  de). 

Crónica  de  los  Reys  de  Castilla,  v.  Ayala 
(D.  Pedro  Lópe^  de). 

Cronistas,  de  D.  Afonso  IV,  4;  cronista  mor 
do  reino,  233,  234. 

Croy  (Felipe  de),  342. 

CrMf  (Frei  Bernardo  da),  Crónica  de  D.  Se- 
bastião,  412. 

Cuba  (Monte  de),  v.  em  Lisboa. 

Cubo  (Moinho  do),  no  termo  de  Santiago  do 
Cacém,  sr.  da  renda,  i55. 

Cunha  (Álvaro  da),  estribeiro  mor,  143. 

Cunha  (Álvaro  da),  3.»  sr.  de  Pombeiro,  80, 
272,  3t7. 

Cunha  (D.  Branca  da),  sr.*  de  Cascais,  i86, 
281. 

Cunha  (D.  Felipa  da),  m.  de  Leonel  de  Lima, 
80;  sua  morte,  85. 

Cunha  (D.  Felipa  da),  viscondessa  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  317. 

Cunha  (Gil  Vasques  da),  capitão  de  nau,  166, 
209. 

Cunha  (D.  Isabel  da),  condessa  de  Abranches, 
8o-8i,  272. 

Cunha  (D.  Isabel  da),  condessa  da  Atouguia, 
428. 

Cunha  (D.  Leonor  da),  m.  de  Álvaro  Pires 
de  Távora,  80. 

Cunha  (D.  Maria  da),  condessa  de  Portale- 
gre, 414;  data  do  seu  passamento,  414. 

Cunha  (D.  Maria  da),  m.  de  Febos  Monis,  63. 

Cunha  (D.  Mariana  Josefa  da),  m.  de  Estêvão 
Brandão  de  Lima,  88. 

Cunha  (Martins  Vasques  da),  182;  represen- 
tante da  antiga  família  dos  Albergarias, 
i83;  sr.  dos  morgados,  i83. 

Cunha  (Martins  Vasques  da),  doação  da 
terra  de  Lafões,  7. 

Cunha  (Martins  Vasques  da),  i."  conde  de 
Valência  de  Campos,  235. 

Cunha  (Nuno  da),  cunhado  de  Justa  Rodri- 
gues, 25. 

Cunha  (Nuno  da),  gov.  da  índia,  414. 

Cunha  (Pêro  da),  sr.  de  Celorico  de  Basto  e 
Lamegal,  101. 

Cunha  (D.  Rodrigo  da),  Historia  eclesiás- 
tica dos  Arcebispados  de  Braga,  164,  298. 

Cunha  (Rui  da),  prior  de  Guimarães,  18. 

Cunha  (Tristão  da),  com.  de  S.  Pedro  de 
Torres  Vedras,  428. 

Cunha  (Vasco  Martins  da),  sr.  de  Táboa,  i83, 
IQ4;  alcaide  mor  de  Lamego,  278. 

Cunha  Coutinho  (Pêro  da),  101. 

Cunha  Uivara  (J.  H.  da).  Documentos  do 
Archivo  Municipal  eborense,  234. —  Memo- 
rias da  vila  de  Arraiolos,  253. 


464 


Brasões 


Çuriia  (Jerónimo),  Historia  dei  Rey  don 
Hernando,  26,  47. —  Anales  de  la  corona 
de  Aragon,  202,  3o8,  3 10. 

Curvai,  em  Castela,  carta  dada  no  paço,  248. 

Dalva  (Duque  de),  58. 

Damas :  das  infantas :  D.  Isabel,  1 72 ;  D.  Isabel 
de  Aragão,  53;  D.  Mana,'4ii;  da  princesa 
D.  Isabel  de  Bourbon,  91;  das  rainhas: 
D.  Catarina,  357,  359,414,421,  423 ;  D. Fe- 
lipa,  1 3 ;  D.  Isabel,  243 ;  D.  Leonor,  1 2, 1 3, 86, 

Dantas  (João  Inácio),  corregedor  do  crime, 
ii3. 

Darque,  sr.  da  terra,  253. 

Davarans  (Conde  de),  v.  Avranches. 

Décadas  de  Diogo  do  Couto,  v.  Couto  (Diogo 
do). 

Decisionum  supremi  senatus  Ltisitanaice,  v. 
Gama  (António  da). 

Delgado  (Paio),  sr.  de  Albergaria,  181,  182, 
186. 

Delgado  (Paio),  companheiro  de  Gonçalo 
Mendes  da  Maia,  o  Lidador,  nas  batalhas 
dos  campos  de  Beja,  180;  fundador  da  Al- 
bergaria de  Paio  Delgado,  em  Lisboa,  181, 
186;  toma  parte  no  cerco  e  tomada  de 
Lisboa.  180. 

Delgado  (Pelagius),  181. 

Denis  (D.),  infante,  £  de  D.  Afonso  III,  168, 
—  V.  Denis  (D.),  rei  de  Portugal. 

Denis  (D.),  rei  de  Portugal,  76,  77,  98,  n5, 
169,  227,  242;  carta  dada  em  Torres  Ve- 
dras, 259;  inquirições  mandadas  fazer  por 
este  rei,  1 69, 1 70, 1  g3 ;  sua  estada  na  Guarda, 
98. — V.  Denis  (D.),  infante. 

Denis  (D.  Pedro),  sr.  da  capitania  de  Porto 
Seguro,  43o. 

Dentes  (O),  v.  Noronha  (D.  João  de). 

Desembargador,  235;  do  paço,  359,  363. 

Diálogos  de  varia  historia,  v.  Mari^  (Pedro 
de). 

Diário  Ilustrado  e  os  Brasões  da  Sala  de 
Sintra,  por  A.  Braamcamp  Freire,  71,  iio. 

Dias  (Catarina),  f.  de  Diogo  Soares  de  Alber- 
garia, foram-lhe  confiscados  os  bens  de 
seu  pai  por  ter  passado  para  Castela,  182. 

Dias  (Lopo),  morador  em  Santarém,  escu- 
deiro do  infante  D.  Henrique,  3 18. 

Días  (Pêro),  f.  de  Diogo  Lopes,  3o2-3o3. 

Dias  (Rui),  f.  de  Diogo  Lopes,  3o2. 

Dias  de  Sousa  (D.  Lopo),  mestre  de  Cristo, 
3o2. 

Dicionário  bibliographico,  v.  Silva  (Inocêncio 
Francisco  da). 

Dicionário  de  Morais,  i35. 

Diogo  (D.),  duque,  23,  5i,  147,  292, 

Diogo  (D.),  4.°  duque  de  Viseu  e  3.°  de  Beja, 
296,  297,  334;  morto  por  D.  João  II,  297, 
3o8 ;  sr.  da  ilha  da  Madeira,  297. — Ar.,  296. 

Diogo  (D.),  irmão  do  marquês  de  Vila  Real, 
V.  Noronha  (D.  Diogo  de). 


Diogo  Alvares,  f.  de  Álvaro  Pais,  i85.  —  Sr. 
do  reguengo  de  Valada,  i85. 

Diogo  Fernandes,  317,  v.  Almeida  (Diogo 
Fernandes  de). 

Diogo  Gil,  V.  Monis  (Diogo  Gil). 

Diogo  Gonçalves,  criado  do  arcebispo  de 
Braga,  298. 

Diogo  Vaz,  escrivão,  374. 

Oion-le-Mont  (Conde  de),  v.  Galo  (Francisco 
de). 

Dion-le-Mont  (Conde  de),  v.  Galo  Salamanca 
(João  de). 

Dissertações  Chronologicas,  v.  Ribeiro  (João 
Pedro). 

Documentos  da  Câmara  de  Coimbra,  v.  Aires 
de  Campos  (J.  C). 

Documentos  do  Carmo  de  Lisboa,  na  Torre 
do  Tombo,  285. 

Documentos  das  chancelarias  reaes  anterio- 
res a  i53i  relativos  a  Marrocos,  v.  Aze- 
vedo (Pedro  de). 

Documentos  da  colegiada  de  Guimarães,  267, 
287,  326,  344. 

Documentos  de  Évora,  v.  Pereira  (Gabriel). 

Dois  Portuenses  poetas  do  Cancioneiro,  v. 
Braamcamp  Freire  (Anselmo). 

Dom  (Título  de),  23,  82,  i52,  239,  240,  3oi, 
3o6,  3 16,  375,  38 1,  383,  390,  427. 

Donzelas:  das  casas  das  infantas:  D.  Cata- 
rina, 172,  277;  D.  Joana,  86,  293,  326,347; 
D.  Leonor,  53,  —  Da  duquesa  "D.  Isabel  de 
Bragança,  63, — Da  casa  da  princesa  D  Leo- 
nor, i56.  —  D.  imperatriz,  417,  —  Das  casas 
das  rainhas:  D.  Catarina,  418,  422,  427; 
de  D.  Isabel,  332;  de  D.  Leonor,  88,  371, 
373. 

Douro  (Rio),  chegada  da  esquadra  portu- 
guesa, 164;  sua  saída,  i65;  mercê  do  con- 
dado da  pescaria,  232. 

Droulemont  (Conde  de),  v.  Dian-le-Mont 
(Conde  de), 

Drnmond  (Francisco  Ferreira),  Annaes  da 
ilha  Terceira.,  1 10. 

Duarte  (D.),  conde,  v.  Meneses  (D.  Duarte 
de). 

Duarte  (D.),  duque  de  Guimarães,  io3. 

Duarte  (D.),  5.°  duque  de  Guimarães,  407; 
condestável,  407;  f.  do  infante  D.  Duarte, 
407 ;  sr.  de  Guimarães,  407 ;  ar.,  408, 

Duarte  (D,),  infante,  4."  duque  de  Guimarães, 
io3,  398,  401,  407;  f.  de  D.  Manuel,  402; 
data  da  sua  morte,  402;  ar,  402. 

Duarte  (D.),  infante  de  Portugal,  f.  de  D. 
João  I,  i3,  14,  79,  80,  201,  265,  420;  na 
expedição  e  tomada  de  Seuta,  201,  207, 
208,  209,  210,  216,  217,  218;  seu  camareiro 
mor,  205;  seu  copeiro  mor,  41 ;  seu  escri- 
vão da  puridade,  211;  sua  bandeira  içada 
na  Torre  de  Fez,  217.  —  V.  Duarte  (D.), 
rei  de  Portugal, 


índice  de  matérias 


465 


Duarte  (D.),  irmão  do  duque  de  Viseu,  296. 

Duarte  (D),  Leal  conselheiro,  o  qual  fe^ 
D.  Duarte,  etc,  14. 

Duarte  (D.),  rei  de  Portugal,  10,  ia,  17,  18, 
19,  27,  53,  80,  i()0,  229,  284,  260,  261,  263, 
271,  274,  279,  281,  285,  3i3,  317,  3i8; 
quando  nasceu  e  casou,  14;  sua  sepultura 
na  Batalha,  16. — V.  Duarte  (D.),  infante 

•  de  Portugal. 

Duarte  (D.),  sr.  de  Bragança,  267. 

Duenas,  sr ,  i53. 

Duque  (Título  de),  quando  e  por  quem  foi 
intsoduzido  em  Portugal,  229. 

Duques,  v.  Arévalo,  Aveiro,  Barcelos,  Beja, 
Borgonha,  Bragança,  Coimbra,  Dalva, 
Guarda,  Guimarães,  Loulé,  Medina  Si- 
dónia, Terceira,  Vila  Hermosa  e  Viseu. 

Duquesa,  camareira  mor,  40. 

Duquesas,  v.  Beja,  Berwick,  Borgonha,  Bra- 
gança, Guarda,  Guimarães,  Tancos,  Viseu. 

Eça  (D.  Catarma  de),  m.  de  D.  Rodrigo  de 
Melo,  414;  dama  da  rainha  D.  Catarina, 
414. 

Egas  Moniz,  179. 

Eixo,  data  de  carta,  3 12. 

Elementos  para  a  historia  do  municipio  de 
Lisboa,  V.  Freire  de  Oliveira. 

Elogio  histórico  da  casa  de  Cantanhede,  v. 
Santa  Marta  (Teodósio  de). 

Elvas,  alcaide  mor,  i58;  bispo  eleito,  37; 
data  de  carta,  82,433;  estada  da  princesa 
D.  Isabel  de  Castela,  126. 

Elvira  Ânes  (D ),  m.  de  Gil  Eanes  de  Ataíde, 
169 

Embaixadores:  3oo;  Aragão,  120;  de  Car- 
los V,  396 ;  a  Castela,  26,  8 1 , 1 20,  1 52,  322 ; 
de  Castela,  i32,  i5o,  4i3;  embaixada  que 
Algeciras  manda  a  D.  João  I"  suplicando- 
-Ihe  a  paz,  2o3;  de  Espanha,  346,  412;  de 
Felipe  II  em  Portugal,  430;  em  Franca,  6, 
35;  na  Holanda,  35;  em  Roma,  10,  11,  14, 
t5,  17  a  20;  na  Suécia,  35. 

Ementas,  v.  Livro  das  Ementas. 

Entradas  e  Padrões  (Comendador  das),  172. 

Entre  Douro  e  IVlinho,  79;  alcaide  mor  das 
sacas,  96. 

Entre  Homem  e  Cávado,  sr.,  246. 

Entre  Tejo  e  Guadiana,  259;  adiantado,  3ii ; 
corregedor  da  comarca,  261,  274;  fron- 
teiro, 292,  299, 

Entre  Tejo  e  Guadiana  e  Além  Odiana,  cor- 
regedor, 234. 

Envenenado  (O),  v.  João  II  (D.). 

Epitáfios:  9,  26,  27,  67,  91, 102, 104,  i3o,  14 3, 
172,  242,  244,  264,  271,  289,  332,  333,  334, 
347,  352,  376,  377,  379,  38o,  391,  393,  399, 
402,  410,  416,  43i. 

Ericeira,  sr.,  77,  264. 

Eriz  (Gonçalo),  sr.  da  quinta  de  Osseloa  ou 
Ossela  .^,  193. 

VOL.  01 


Erra  (Vila  da),  sr,,  29. 

Ervedal  (Herdade  do),  sr.,  88.  . 

Escola  de  penitencia,  v.  Amor  de  Deus  (Frei 
Martinho  do). 

Escrivão  :  100,  267-,  da  câmara  do  duque,  23; 
da  câmara  e  fazenda  de  além  mar,  5i;  da 
fazenda,  28,  122,  417;  da  puridade,  157, 
201,  211,  214,  23o,  274,  2q5,  297,  3oo,  3o3 
a  3o6,  349,  35 1,  388,  3í*9,  ?9o;  da  puridade 
do  condestável,  5o,  5i;  da  puridade  da 
rainha  D.  Joana,  319. 

Escudeiros:  81,  loo;  dos  alcaides,  78;  do 
arcebispo  de  Braga,  298;  da  casa  do  prín- 
cipe, 93;  do  conde  de  Ourém,  52;  do 
duque  de  Bragança,  267 ;  do  infante  D.  Hen- 
rique, 2i5,  3i8;  do  dr.  Rui  Gomes  de  Al- 
varenga, iGo. 

Espana  sagradd,  v.  Flore^  (Frei  Henrique). 

Espanha,  65,  loi,  124;  conquistada  pelos 
árabes,  2o5;  cristãos  de  lá,  180;  embai- 
xador lá,  432;  embaixador  de  lá,  346;  ex- 
pulsão dos  judeus,  36;  marquês  de  Lau- 
rencin,  55,  bb;  pedem  os  reis  católicos  aos 
de  Portugal  a  sua  vinda  afim  de  serem 
jurados  pi  íncipes  de  Castela  e  Aragão,  48; 
príncipe,  v.  João  (D.);  rei,  v.  Felipe  II;  re- 
sidentes lá,  60,  62. 

Espartel  (Cabo),  pesca  do  coral,  236. 

Espinheiro,  estada  do  príncipe  D.  Afonso 
com  sua  mulher,  i52;  epitáfios  na  igreja, 
i3o;  mosteiro,  121,  127,  128. 

Esporão  (Casa  do),  Vasconcelos,  srs.  dela,  1 3o. 

Esporão,  no  termo  de  Monsarás,  sr.  do  mor- 
gado, i3o. 

Esporão  (Álvaro -Mendes  do),  regedor  de 
Évora,  129;  sr.  do  morgado  do  Esporão, 
i3o. 

Esprandiam  (Fábula  de),  ou  á^Amadis,  i35. 

Estaco  (Paulo  Nunes),  385. 

Estaus  (Paço  dos),  v.  em  Paço. 

Estêvão  Lourenço,  clérigo,  195. 

Estêvão  Pires,  tabelião,  195. 

Estêvão  Vasques  Felipe,  capitão  da  galé 
San  João,  164. 

Esteves  Pereira  (Francisco  Maria),  intro- 
trodução  às  Trovas  de  Luiif  Anrique^  a 
hua  moça,  159. 

Estonteville  (Helena  d'),  sr.»  du  Tronchay, 
343. 

Estremadura,  corregedor,  366. 

Estremôs,  alcaide  mor,  290,  3 16,  336,  337» 
345;  confirmações  lá,  210,  241,  385;  data 
de  carta,  21,  28,  5i,  255;  D.  João  II  vem 
aqui  ao  encontro  da  sua  nora  a  princesa 
D.  Isabel  de  Castela,  126;  morador,  41, 
35 1;  tença,  386. 

Estribeiro  mor  de  D.  João  II,  i53;  de  D.  Ma- 
nuel, 144. 

Eugenia  (D.),  condessa  de  Tentúgal,  414; 
data  da  sua  morte,  41 3. 

.59 


466 


Brasões 


Europa,  2o5. 

Évora,  49,  76,  121,  126,  127,  129,  24^,  267, 
3o3;  alcaide  mor,  86,  i53,  i56,  283,  3o2; 
almotacé,  i53;  alvará  aqui  dado,  95-,  Ar- 
quivo Municipal  Eborense,  documentos, 
i52;  bispado,  259;  bispo,  i32,  148,  235, 
320,  378;  bispo  coadjutor,  5j;  Brandões 
daqui,  i3o;  canalização  das  águas  da  Prata 

fiara  a  cidade  mandadas  fazer  por  D.  João 
II,  137;  cartório  do  Seminário,  38o;  casa 
da  Câmara,  i36,  137;  casa  dos  Henriques, 
i52;  casas,  i3G;  castelo,  170;  conde  pala- 
tino, 234;  confirmações  aqui,  275;  con- 
tador, 54;  cortes  convocadas  por  D.  Afon- 
so IV  c  nelas  jurado  rei,  5;  corregedor  da 
Câmara,  234;  convento  de  S.  Domingos, 
391;  data  de  carta,  21,  29,  275,  281,  3i8, 
3 19,  332,  336,  337,  339,  372,  398;  estadas: 
de  D.  Afonso  V  com  o  regente.  267;  de 
D.  João  II,  120;  de  D.  Manuel,  64;  do 
mesmo  rei  com  sua  i."  m.  D.  Isabel  de 
Castela,  48;  festas  e  torneio  ou  justas, 
por  ocasião  dos  desposórios  do  príncipe 
D.  Afonso  com  a  princesa  D.  Isabel  de 
Castela,  i23  a  i52;  freguesia  de  Santo 
Antão,  180;  igreja  de  Santo  Antão,  i35, 
i36;  instrumento  aqui  feito,  38o;  irman- 
dade da  Misericórdia,  379;  justiçado  aqui 
D.  Fernando  3.°  duque  de  Bragança,  326; 
moiros  e  judeus  principais,  i3i;  morgado 
de  Machede,  seu  administrador,  41 ;  Museu 
da  iBiblioteca,  38o;  nele  se  guarda  o  epi- 
táfio da  sepultura  da  condessa  do  Prado, 
D.  Joana  de  Melo,  3q  i ;  mosteiro  de  S.  Fran- 
cisco, 122,  i36;  obras  nó  paço  real,  121, 
1 22 ;  paços :  do  bispo,  1 3o,  38o ;  dos  Estaus, 
i36;  paços  novos  de  S.  Francisco,  i36; 
reais  antigos,  i52;  pelourinho,  i36,  102; 
porta  nova,  i32;  praça,  i35,  i36,  137,  i52; 
preso  no  castelo,  248;  privilégio  para  os 
lavradores  do  termo,  424;  provedor,  391 ; 
regedores  principais,  129;  registo  da  Câ- 
mara, 234;  renda  da  portagem,  148;  ruas: 
da  Cadeia,  i36;  das  Estalagens,  i36;  dos 
Mercadores,  i36,  137;  do  Paço,  i36,  137; 
do  Raimundo,  i36;  da  Selaria,  i3i,  i3G; 
dos  Toiros,  i36,   i52;  Sé,  i3i;  sentença 

.  aqui  dada,  33i,  365;  torre  do  rei Sisebuto, 
i36, 

Évora  mitiga,  v.  Barata  (A.  F.J. 

Évora  Monte,  i25;  escambo,  77. 

Excelente  Senhora,  88,  142,  3i7,  32i.  —  V. 
Joana  (D.),  princesa  de  Castela. 

Expedição  a  Tânger,  17. 

Fabra  (D.  Angela  de),  condessa  de  Odemira, 
345,  346;  aia  da  impera tris  D,  Isabel,  346. 

Fabra  (Gaspar),  embaixador  de  Espanha  em 
Portugal,.346. 

Fagundes  (Martim),  guarda  dos  igrejairos 
reais  de  várias  terras,  49. 


Fão,  sr.*,  49, 

Farelães,  sr.,  63. 

Faria,  sr.,  247,  249,  253;  terra,  248. 

Faria  (Baltasar  de),  333,  364. 

Fariseu  (Gil  Esteves),  capitão  de  galé,  164, 

Faro,  alcaide  mor,  143;  condado,  229,  3i5, 
345;  permanência  da  expedição  de  D.  João  I 
em  Seuta,  202;  sr.,  290,  3i5. 

Faro  (Conde  de),  229, '3i2,  345. 

Faro  (Conde  de),  i.°,  v.  Afonso  (D.). 

Faro  (Conde  de),  2.%  v.  Noronha  (D.  Sancho 
de). 

Faro  (Condessa  de),  273  41 5. 

Faro  (Condessa  de),  v,  Noronha  (D.  Maria 
de). 

Faro  (D.  Fernando  de),  sr.  do  Vimieiro,  291. 

Faro  (D.  Francisco  de),  41. 

Faro  (D.  João  de),  f.  de  D.  Angela  Fabra, 
condessa  de  Odemira,  3-')ô. 

Farom,  v.  Faro. 

Farrobo  (Conde  de),  184. 

Febos  juntamente  com  o  apelido  de  Lusi- 
snan,  5o. 

Febos  Monis,  v.  Monis  (Febos). 

Feire,  casa,  33o;  partilhas  de  lá,  365 ;  sr.  dela, 
417;  condado,  229;  sr.  dele,  418;  confir- 
mação da  casa  e  castelo,  365,  366;  entrega 
do  castelo,  25i;  e  sr.  dele,  332,  417;  fun- 
dador do  convento  do  Espírito  Santo,  417; 
inquirições  no  julgado,  193;  juiz,  195 ;  sr. 
da  vila,  247,  25o,  33 1,  377. 

Feira  (Conde  da),  i.°,  v.  Pereira  (D.  Rodrigo). 

Feira  (Conde  da),  2.°,  v.  Pereira  (13.  Diogo). 

Feira  (Conde  da),  3.",  v.  Pereira  (D.  Manuel), 

Feira  (Conde  da),  4.°,  v.  Pereira  (D.  Diogo). 

Feira  (Conde  da),  5.°,  v.  Forjaz  Pereira  (D. 
João). 

Feira  (Condessa  da),  v.  Henriques  (D.  Fran- 
cisca). 

Feira  (Condessa  da),  v.  Meneses  (D.  Ana  de). 

Feira  (Condessa  da),  v.  Meneses  ^D.  Brites 
de). 

Feira  (Condessa  da),  v.  Noronha  (D.  Beatris 
de). 

Feiras,  ar.,  240. 

Felgueiras,  sr.,  246. 

Felipa  (D.),  e  seu  marido  D.  Álvaro,  354;  v. 
Melo  (D.  Felipa  de). 

Felipa  (D.),  f.  do  conde  de  Olivença,  v.  Melo 
(D.  Felipa  de),  sr.*  da  casa  de  Olivença. 

Felipa  (D.),  m.  de  D.  João  de  Noronha,  v. 
Castro  (D.  Felipa  de). 

Felipa  (D.),  m.  de  D.  João  da  Silva  e  neta  do 
conde  de  Portalegre,  4i3;  sr.»  de  muitas 
terras,  do  gado  das  ilhas  de  S.  Nicolau, 
.S.Vicente  de  Cabo  Verde,  das  alcaidarias 
mores  de  Portalegre  e  Assuma r,  e  da  dí- 
zima nova  do  pescado  de  S.  João  de  Ma- 
tozinhos,  413. 

Felipa    (D.)>   rainha   de   Portugal,   ra.   de 


índice  de  matérias 


467 


.  D.  João  I,  i3;  data  da  sua  morte  14. — V. 

Lancastre  (D.  Felipe  de). 
Felipe  II,  rei  de  Espanha  e  I  de  Portugal, 

225. 

Felipe  IV,  rei  de  Espanha,  90;  seu  gentil- 

-homem  da  câmara,  91. 
Felipe  I,  rei  de  Portugal, 429. — V.Felipe II, 

rei  de  Espanha. 
Felipe  II,  rei  de  Portugal,  90,  102,  io3,  iSG, 

43o,  433,  434,  435. 
Felipes  (Ocupação  dos),  282, 
Feo  C.ardoso  de  Castelo  Branco  e  Torres 

(João  Carlos),  Memorias  historico-genea- 

logicas  dos  Duques  portugueses,  9. 
Fermil  (Casal  em),  194. 
Fernando  (D.),  2.°  duque  de  Bragança,  f.  do 

conde  de  Neiva,  D.  Afonso,  98,  253,  254, 

•  257,  269,  280,  285,  286,  287,  289,  291,  294, 
327,  34Õ.  —  I ."  marquês  de  Vila  Viçosa,  257, 
280,  2S5,  286.  —  3°  conde  de  Arraiolos, 
256,  257,  280,  285,  286;  9.°  de  Barcelos,  286; 
5."  de  Ourém,  285,  286';  3.»  de  Neiva,  28G. 

—  Data  da  sua  morte  e  sepultura,  2S6. — 
Sr.  de  Monforte  e  Penafiel,  285,  286. — 
Ar.,  280,  2S6. 

Fernando  (D.),  3."  duque  de  Bragança,  291, 
292,  326,  327,  343. —  1.°  duque  de  Guima- 
rães, 287,  291,  326,  343.  —  1°  marquês  de 

.  Vila  Viçosa,  326.  —  4.°  conde  de  Arraiolos, 
i.»deBarcelos,4.''deNeivae  6.°  de  Ourém, 

.  326;  e  i.°  de  Guimarães,  287,  291.  —Mor- 
reu degolado  em  Évora,  326.  —  Ar.,  291, 
326. 

Fernando  (D.),  infante,  2.»  duque  de  Viseu, 
f.  de  D.  Duarte,  i3,  22,  5i,  52,  2:6,  262, 
263,  279,  285,  292,  326,  346. —  I."  duque  de 
Beja,  263,  279,  280,  285,  292,  326.  —  Con- 
destável,  280.  —  Dispensação  do  seu  casa- 
mento, 19.  —  Gov.  da  Ordem  de  Santiago, 
280.  —  Partidas :  de  Alcácer  para  acometer 
Tânger,  282;  do  reino  em  busca  de  aven- 
turas é  batido  em  Seuta  D.  Fernando,  f. 
de  D.  João  I,  -pelo  capitão  da  praça,  279. 

—  Sr.  da  Covilhã  e  de  Moura,  263,  279, 
280,  285;  da  Ilha  da  Madeira,  285;  de 
Serpa  279. —  Seu  capitão  dos  ginetes,  143. 

—  Sua  morte,  285.  —  Ar.,  285. 
Fernando  (D.),  infante,  f.  de  D,  João  I,  212, 

269,  279;  limpando  dos  mouros  a  );idade 
de  Seuta,  217. 
Fernando  (D.),  infante,  f.  de  D.  Manuel,  duque 
da  Guarda,  393,  394,  401.  —  5.°  conde  de 
Marialva  e  3."  de  Loulé,  347,  370,  371,  372, 

•  393.  —  Data  da  sua  morte,  394.  —  Sr.  e 
alcaide  mor  de  várias  terras,  394.  —  Seu 
casamento,  401.  —  Ar.  394. 

Fernando  (D.),  i53,  v.  Alcáçovas  (D.  Fer- 
nando das). 

Fernando  (D.),  rei  de  Portugal,  6,  7,  8,  1 14, 
ii5,  i3o,  04,  170,  171,  i8j,  196,  211,  228, 


232,  248,  25i,  260,  2Ó1,  271,  3.12;  invade  a 

Galiza,  78. 
Fernando  (D.),  sr.  de  metade  de  Duenas,  f.  b. 

de  D.  Henrique  II,  rei  de  Castela,  i53. 
Fernando  (D.),  sobrinho  do    i.»  conde  da 

Castanheira,  393. 
Fernando  ll  (D.),  duque,  doações  que  fêz,  287. 
Fernando  II  (D.),  rei  de  Leão,  75,  178;  exige 

de  D.  Afonso  Henriques,  mediante  a  sua 

liberdade,  a  entrega  das  suas   terras  por 

êle  conquistadas,  178;   liberta   os  prisio- 
neiros portugueses  da  batalha  de  Arganal, 

177. 
Fernando  III  (D.),  rei  de  Castela  e  Leão,  o 

Santo,  72,  74;  dilata  os  seus  domínios  à 

custa  dos  sarracenos,  191,  192. 
Fernando  V  (D.),  rei  de  Castela,  o  Rei  Cató- 

lice,  61 ;  assiste  em  Salamanca  à  morte  do 

filho,  o  príncipe  D.  João,  47. 
Fernand'Afonso,   mantieiro    da   imperatriz, 

conde  palatino,  235. 
Fernão  Afonso  posta  em  Seuta  com  o  seu 

nome,  217. 
Fernão  Alvares,  escudeiro  de  D.  João  I,  2i5. 
Fernão  Gil,  tesoureiro  do  infante  D.Duarte, 

208. 
Ferreira,  com.  na  Ordem  de  Santiago,  142- 

-143;  na  igreja,  epitáfio  de  João  de  Sousa, 

143;  sr.,  245. 
Ferreira  (Gomes),  porteiro  mor,  127,  141, 
Ferreira  (Frei  Gonçalo),  alcaide  de  Alcobaça, 

'7- 

Ferreira  (D.  Guiomar  de),  245. — V.  Vila- 
lobos  (D.  Guiomar  de),  ou  ainda  Lopes 
(D.  Guiomar  de). 

Ferreira  (Marquês  de),  23 r. 

Ferreira  (Marqnês  de),  i.°,  v.  Melo  (D.  Ro- 
drigo de). 

Ferreira  (Marquês  de),  2.°,  v.  Melo  (D.  Fran- 
cisco de). 

Ferreira  (Marquesa  de),  36q. 

Ferreira  (Marquesa  de),  v. 'Meneses  (D.  Bri- 
tes de). 

Ferreira  de  Aves,  srs.,  144,  368. 

Ferreira  Drumond  (Francisco  de),  v.  Dru- 
mond  Ferreiras,  201. 

Ferreirim,  sepultura  no  convento  de  Santo 
António  da  2.*  condessa  de  Loulé,  348. 

Fez,  340,  341 ;  cerco  do  rei,  282. 

Fidalgo  (Afonso),  homem  da  copa  de  D. 
João  II  que  também  morreu  envenenado, 
almoxarife  de  Benavente,  94. 

Figueira  (Condes  da),  seu  ramo,  220. 

Figueiredo  (Aires  Gonçalves  de),  216. 

Figueiredo  (Álvaro  Pires  de),  capitão  da  nau 
Estrela,  166. 

Figueiredo  (Diogo  Gomes  de).  Nobiliário, 
io3,  366,  4o3,  408,  41 3. 

Figueiredo  (Henrique  de),  escrivão  da  fa- 
zenda e  poeta  do  Cancioneiro,  122. 


468 


Brasões 


Figueiredo  (José  Anastácio  de),  Memorias 
sobre  as  Beheirias,  267,  343.  —  Nova  his- 
toria da  militar  ordem  de  Malta,  76,  142, 
35i. 

Figueiredo  de  Sequins,  sr,  do  julgado  e  terra, 

252. 

Figueiredos,  201. 

Figueiró,  sr.,  77. 

Figueiró  (Conde  de),  i3o. 

Físicos  (Drs.),  mestre  Josepe,  7;  mestre  João, 
5í ;  mestre  Rodrigo,  234. 

Flandres,  18;  casamento,  91;  importações, 
125,  i3i. 

Florença,  importações  de  brocados,  sedas  e 
pedrarias,  i25;  mangas,  19. 

Floreai  (P.  Henrique) t  Espana  sagrada,  j5, 
323,  324. 

Foão,  emissário  que  o  mestre  D.  Jorge 
mandou  a  D.  João  III,  359,  36i,  362,  363. 

Fogaça  (João),  veador  do  conde  de  Barcelos, 
207. 

Fogaça  (Lourenço  Anes),  sr,  da  quinta  de 
Morfacém,  no  termo  de  Almada,  5o. 

Fogaças,  201. 

Fonseca  (Simão  da),  criado  de  D.  Álvaro 
Manuel  de  Noronha,  3i. 

Fonte  Coberta  (Herdade  da),  próximo  de 
Évora,  com  a  água  desta  fonte  envene- 
naram D.  João  II,  e  a  gente  da  sua  copa, 
94,  l52. 

Fontelo,  estada  da  rainha  D.  Beatris  m.  de 
D.  Afonso  IV,  259 

Fontes,  doação  dos  direitos,  7 ;  alcaide  mor,  8. 

Forais :  quando  foram  dados  a  Aguada,  Ar- 
ganil e  Barro,  333. 

Forjaz  Pereira  (D.  Diogo),  v.  Pereira  (D.  Dio- 
go), 4.°  conde  da  Feira. 

Forjaz  Pereira  (D,  João),  5.°  conde  da  Feira, 
418. 

Forjaz  Pereira  de  Meneses  (D.  Diogo),  sr.  do 
condado  da  Feira,  418. 

Fortcventura  (Ilhas  de),  v.  Ilhas. 

Foz  (Quinta  da),  no  termo  de  Benavente,  sr. 
dela,  275. 

Fraiáo,  sr.  das  terras,  79,  81,  87. 

França,  325,  342.  —  Coroas  do  cunho  do  rei 
de  França,  80.  —  Embaixador,  6,  35.  —  Ida 
do  rei  lá, 373.  —  Noailles  dela,  75.  —  Reis, 
325. —  V.  Henrique  VI  (D.),  270. —Tor- 
neio, i5i. 

Francisco  (D.),  1."  conde  do  Vimioso,  378, 
392;  alcaide  mor  de  Tomar,  378;  data  da 
sua  morte,  379, 411;  sr.  de  Aguiar  da  Beira, 
377;  sr.  das  saborias  do  Porto,  378;  seu 
epitáfio,  379;  vedor  da  fazenda,  378. — Ar., 
379.  —  V.  Portugal  (D.  Francisco  de). 

Franco  (Padre  António),  Imagem  da  vir- 
tude no  noviciado  de  Coimbra,  398. 

Freire  (D.  Guiomar),  m.  de  D.  Rodrigo  de 
Sande,  i52. 


Freire  (D.  Maria),  marquesa  de  Vila  Real, 
146,  348, 3.^9, 355. — Condessa  de  Alcoutim, 
349,  355.  —  Data  da  sua  morte,  355.  —  Sr.» 
de  Alcoutim,  349,  355. 

Freire  de  Andrade  (João),  sr.  de  Alcoutim  e 
aposentador  mor,  146,  ÍJ49. 

Freire  de  Oliveira,  Elementos  para  a  historia 
do  muuicipio  de  Lisboa,  i83,  271,  292. 

Freires,  201. 

Freitas,  sr.  do  julgado,  243,  246. 

Freitas  (Álvaro  Gonçalves  de),  vedor  da 
fazenda,  2i3;  carta  de  poder  que  lhe  foi 
dada  por  D.  João  I,  quando  foi  conquistar 
Seuta,  212,  2i3. 

Freitas  (Fernando  Alvares  de),  298. 

Freitas  (João  de),  mandado  assassinar  por 
um  bispo,  298,  299 

Freitas  Branco  (António  de),  desembarga- 
dor, 235. 

Fronteira,  alcaide  mor,  i58;  Távoras  repre- 
sentantes da  casa,  116. 

Fronteiro  de  Entre  Tejo  e  Guadiana  e  reino 
do  Algarve,  292,  299. 

Fronteiro  mor,  286,  393;  do  Algarve,  80;  de 
Guimarães,  95;  de  Lisboa,  280, 

Frutuoso  (Gaspar),  As  saudades  da  terra. 
Historia  das  ilhas  de  Porto  Santo,  Ma- 
deira, etc,  427,  434. 

Funchal,  326,  426;  bispo,  99,  loo,  43 1,  432; 
capitão,  i56,  376,  426,  434. 

Furtada  (Leonor),  sr.*  da  honra  de  Loredo, 
f.  de  Afonso  Furtado,  170. 

Furtada  (Senhorinha),  f.  de  Afonso  Furtado, 
170. 

Furtado  (Afonso),  168,  169,  170;  capitão  da 
galé  Santa  Clara,  164,  167;  anadel  mor, 
167,  171;  capitão  dos  besteiros  do  couto, 
171;  capitão  mor  do  mar,  ió8,  171,  201, 
271 ;  expedicionário  a  Seuta,  201. — V.  Fur- 
tado (Afonso  Fernandes). 

Furtado  (Afonso),  outro,  173;  anadel  mor 
dos  besteiros  do  couto,  171.  —  V.  Furtado 
de  Mendoça  (Afonso). 

Furtado  (Afonso  Fernandes),  v.  Furtado 
(Afonso). 

Furtado  (Fernão),  escudeiro,  f.  de  Rui  Fur- 
tado, 169;  sr.  da  honra  de  Pedrosêlo,  169, 
170. 

Furtado  (Fernão),  f.  de  D.  Diogo  Lopez  de 
Mendoza,  168;  suposta  descendência,  168. 
—  V.  Mendoza  (Fernão  Iniguez). 

Furtado  (D.  Fernão  Peres),  168. 

Furtado  (Jorge),  f.  de  Nuno  Furtado  de  Men- 
doça, 172. 

Furtado  (D.  Leonor),  sr.*  de  Mendibil,  168. 

Furtado  (Nuno),  v.  Furtado  de  Mendoça 
(Nuno). 

Furtado  ( Rui),  V. Furtado  (Rui  Fernandes  de). 

Furtado  (Rui  Fernandes),  escudeiro,  168, 
169. 


índice  de  matérias 


469 


Furtado  de  Mendoça  (Afonso),  v.  Furtado 
(Afonso),  outro. 

Fartado  de  Mendoça  (Duarte),  anadel  mor 
dos  besteiros  do  conto,  14Ç1,  172;  com.  do 
Torrão  na  ordem  de  Cristo,  172;  sua 
morte,  172;  sr.  de  Vilalva,  172. 

Fartado  de  Mendoça  (Jorge),  com.  de  Loulé, 

34. 

Fartado  de  Mendoça  (Nuno),  aposentador 
mor,  172;  sua  sepultura  e  epitáfio,  172. — 
V.  Furtado  (Nuno). 

Furtados  de  Mendoça,  com.  das  Entradas  e 
Padrões;  de  Borba,  de  Loulé,  etc,  172; 
progenitor,  172;  ar.,  i63. 

Furtados  portugueses,  sua  procedência,  168. 

Gabinete  histórico,  v.  Conceição  (Frei  Cláu- 
dio da).  ■ 

Gades,  19. 

Gaião,  em  Santarém,  capela  ou  hospital  que 
fora  fundado  junto  à  porta  da  Atamarma, 
87;  entrada  deste  morgado  na  casa  dos 
Limas,  87 ;  sr.*  do  morgado  86,  87. 

Gaião  (D.),  alcaide  de  Santarém,  87. 

Galego  (Lezíria  do),  no  termo  de  Santarém, 
sr.  dela,  244,  258,  2'i3. 

Galés;  Bemaventurada,  Santa  Ana,  Santa 
Clara,  Santa  Maria  de  Cacela,  S.  João, 
S.  Jorge,  Vitória,  164. 

Galileia,  príncipe,  5o. 

Galiza,  77,  i65,  178,  252,  323;  castelo  de 
Batissela,  75;  gente  que  de  lá  veiu,  101; 
invadida  por  D.  Afonso  Henriques,  177;  e 
por  D.  Fernando  e  várias  doações  que  féz 
das  terras  deste  reino,  78;  srs.  das  casas: 
de  Límia,  73;  de  Sotomaior,  322;  sr.  de 
Salvaterra,  323;  terra  de  S.  Martin,  323. 

Galo  (Francisca  de),  m.  de  D.  Leonel  de 
Lima,  91. 

Galo  (Francisco  de),  conde  de  Dion-le-Mont, 
91. 

Galo  Salamanca  (António  de),  91. 

Galo  Salamanca  (João  de),  conde  de  Dion- 
-le-Mont,  91 ;  sua  morte,  91. 

Galvão  (D.  João),  1.°  conde  de  Santa  Comba, 

295,  297.  —  1.°  conde  de  Arganil,  29G,  297; 
arcebispo  eleito  de  Braga,  297,298;  bispo 
de  Coimbra,  295,  297;  castigado  pelo  papa 
e  pelo  rei,  298;  data  da  sua  morte,  298; 
escrivão  da  puridade,  295,  297 ;  prior  mor 
•de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  297;  veador 
mor  das  obras  e  resíduos  do  reino,  297; 
vedor  mor  das  obras  e  alcaide  mor  das 
sacas  da  Beira  e  Riba  de  Côa,  295.  —  Ar., 

296,  299;  sua  divisa,  296. 
Galvão  (Rui),  secretário,  171,  283. 

Gama  (António  da),  Decisionum  supremi  ie- 
natus  Lusitanice,  408,  415,  421. 

Gama  (D.  Vasco  da),  i."  conde  da  Vidigueira, 
38o,  38 1, 383, 384, 392 ;  almirante  das  índias, 
38o,  38i,  383,  384;  almirante  do  reino,  38i ; 


capitão  mor  da  índia,  383;  data  do  seu 
falecimento  em  Cochim,  384;  descobridor 
do  caminho  marítimo  para  a  índia,  38i, 
383,  384;  sr.  de  várias  terras,  38o,  38 1, 382; 
ar.,  084. 

Gama  (D.  Francisco  da),  2.»  conde  da  Vi- 
digueira, 392,420,  423;  almirante  do  mar 
da  índia,  392;  data  da  sua  morte,  392; 
edifica  o  seu  palácio  no  largo  de  S.  Roque, 
392. 

Gama  (D.  Vasco  da),  3.»  conde  da  Vidigueira, 
423;  3."  almirante  do  mar  da  índia,  423; 
data  e  lugar  da  sua  morte,  423;  ar.,  423. 

Gama  Barros,  História  da  administração 
pública  em  Portugal,  234. 

Gandara  (Frei  Felipe  de  la),  Nobiliário, 
armas  y  triunfos  de  Galicia,  jS,  323,  324. 

Gandia,  daqui  vieram  as  freiras  da  regra  de 
Santa  Clara  das  reformadas  capuchas  de 
Santa  Colecta,  trazidas  por  Justa  Rodri- 
gues para  noviças  do  convento  de  Jesus 
de  Setúbal,  26. 

Garcès  (João),  escrivão  da  câmara  e  da  fa- 
zenda de  além  mar,  5 1 ;  sua  carta  de  brasão. 
283. 

Garcia  Gomes,  escudeiro  do  arcebispo  de 
Braga,  culpado  na  morte  de  João  de  Frei- 
tas, 298. 

Gaspar  de  Figueiredo,  99,  v.  Gaspar  de  Fi- 
gueiroa,  100. 

Gaveta  de  Lisboa,  Suplemento,  92. 

Gaveta  dos  Tribunaes,  1 1 1 . 

Gedeão  (D.  Gomes  Mendes  de),  179. 

Genebra  (D.),  condessa  de  Vila  Real  e  de 
Viana,  265. 

Génova,  56;  importações  de  lá,  de  brocados, 
sedas  e  pedrarias,  i25. 

Gentilhomem,  141;  da  câmara  de  D.  Fe- 
lipe IV.  91. 

Gharb,  invadida  por  D.  Afonso  Henriques, 
177,  178. 

Gibraltar  (Estreito  de),  202,  2o3,  2o5,  214. 

Giela  (Casa  de),  sr.,  78,  87. 

Gijon  (Conde  de),  D.  Afonso,  v.  Afonso  (D.). 

Gijon  (Condessa  de),  v  Isabel  (D.). 

Gil  Vasques,  218. 

Gil  Vicente,  v.  Braga  (Teófilo). 

Gil  Vicente,  Processo  de  Vasco  Abul,  réplica 
de  Henrique  da  Mota  26. 

Gil  Vicente,  Velho  da  horta,  149. 

Giron  (Casa  de),  sr.  dela,  i83. 

Giron  (D.  João  Teles),  2.«  conde  de  Urena, 
418. 

Giron  (D.  Madalena),  duquesa  de  Aveiro  e 
marquesa  de  Torres  Novas,  418,  425. 

Giron  (D.  Maria),  m.  de  Martins  Vasques  da 
Cunha,  sr.*  da  casa  de  Giron  e  das  vilas 
de  Tarouca  e  Valdigem,  i83. 

Gloria  de  la  Casa  Farne^e,  v.  Salazar  y 
Castro  (D.  Lui^  de). 


470 


Brasões 


Godinho  (Vasco  Esteves),  2í5. 

Godofredo,  barão  de  Chateaubriand/342. 

Góis,  data  de  carta,  408;  sr.,  207. 

Góis  (Frei  Brás  de),  guardião  de  S.  Fran- 
cisco de  Alenquer,  2g5. 

Góis  (Damião  de),  Nobiliário,  11,  i3, 24,  igS, 
33 1.  —  Chronica  de  D.  Manuel,  i3,  24,  25, 
46,  47,  49,  64,  3i5,  339,  343,  356,  357,  374, 
384,  401. 

Góis  (Damião  de),  Novos  estudos,  v.  Vascon- 
celos (Joaquim  de). 

Góis  (Diogo  de),  i3o;  regedor  de  Évora,  129. 

Góis  (Gomes  Dias  de),  sr.  das  saboarias  de 
Alenquer,  Arruda  e  outras,  21 5. 

Góis  (Nuno  Antunes  de),  216. 

Golegã,  alcaide  mor,  35;  sr.  da  quinta  da 
Labruja,  54. 

Gomes  Garcia  (D.),  abade  de  Valhadolide,  76. 

Gomide  (Gonçalo  Lourenço  de),  escrivão  da 
puridade  e  expedicionário  a  Seuta,  201, 
214. 

Gonçalo  Afonso,  besteiro  do  conto,  22. 

Gonçalo  Lourenço,  confiscação  dos  seus  bens, 
274;  escrivão  da  puridade,  274. 

Gonçalo  Mendes,  administrador  da  capela  do 
hospital  de  Santo  Eutrópio,  182. 

Gonçalves  (João),  criado  do  bispo  D.  João, 

23. 

Gondomar,  sr.,  .243,  246. 

Govicio  (Frei  Gaspar),  escrivão,  60. 

Gouveia,  alcaide  mor,  43o;  sr.,  ioi,35o, 4i3. 

Gouveia  (Vasco  Fernandes),  sr.  do  castelo  e 
da  vila  de  Castelo  Rodrigo,  3i  i. 

Governadores,  66;  de  Alcácer,  281,  2Q4;  de 
Arzila,  294;  de  Badajoz,  178;  do  Brasil, 
421 ;  geral  do  Brasil,  102;  da  Casa  do  Cível, 
V,  Casa  do  Cível;  da  casa  do  infante 
D.  Henrique,  273,  277 ;  da  casa  do  infante 
D.  Pedro,  274;  da  casa  do  príncipe,  35 1; 
da  índia,  233,  414;  de  Limia,  177;  militar 
do  reino,  2i3;  da  Ordem  de  Cristo,  v.  Or- 
dem; da  Ordem  de  Santiago,  v.  Ordem; 
de  Setúbal,  160;  de  Seuta,  257,  263,  264, 
269, 338, 428 ;  das  terras  da  rainha  D.  Joana, 
319;  de  'lorono,  177;  de  Tui,  177. 

Governador  do  reino,  104,  43o,  433,  434. 

Granada,  52, 

Granada  (D.  Madalena  de),  m.  de  D.  Luís  de 
Lancastre,  399. 

Grândola,  88;  com.,  146. 

Grão  Mestre  da  Ordem  de  Malta,  8.  — V.  Or- 
dem. 

Guadalquibir,  rio,  191,  193, 

Guaday  (João  Rodrigues  de),  capitão  da  galé 
Santa  Maria  de  Cacela,  164. 

Guadiana,  v.  Livro  do  Guadiana. 

Guarda,  alcaide  mor,  20;  almoxarifado,  278; 
almoxarife,  284;  bispo,  10, 1 1,  i3, 14,  i5, 16, 
18,  19,  21,  22,  24,  26,  29,  144;  carta  de  en- 
trega do  castelo  e  seu  alcaide,  7;  estada  de 


D.  Denis,  99 ;  natural  do  bispado,  24 ;  paços, 
23;  sr.  do  castelo  e  renda,  334, 

Guarda  (Duque  da),  23 1;  v.  Fernando  (D.). 

Guarda  (Duquesa  da),  v.  Coutinho  (D.  Guio- 
mar), infanta  duquesa,  Sgs. 

Guarda  maior  do  príncipe  D.  João,  83. 

Guarda  mor,  201,  21 1,  249,  283,  324,  3c)8;  de 
D.  Henrique,  424;  de  D.  João  I,  i53,  270; 
de  D.  João  11,  87;  de  D.  João  111,  29,  396, 
424;  da  livraria  de  el  rei,  234;  de  D.  Ma- 
nuel, 29;  de  P.  Pedro  rei  de  Aragão,  299; 
do  príncipe,  146 ;  do  príncipe  D.  João,  396 ; 
de  D.  Sebastião,  424:  da  Torre  do  Tombo, 
234. 

Guarda  roupa  de  D.  Pedro,  rei  de  Aragão,  299. 

Guardão,  srs.,  221. 

Guazava  (Taza  ?),  em  Africa,  341 ;  condado, 
342;  sr.  da  vila  e  terra,  340. 

Guazava  (Conde  de),  1.°,  23 1;  v.  Chatean- 
briand  (D.  Reinaldo  de). 

Gudiel  (Geronymo),  Compendio  de  algunas 
historias  de  Espana,  donde  se  tratan  mu- 
chas  antiguedades  dignas  de  memoria:  y 
especialmente  se  dá  noticia  de  la  antigua 
família  de  los  girones. 

Gueldria  (Ducado  de),  62. 

Guerra  (D.  Luís  da),  bispo  da  Guarda,  21. 

Guerras:  Cambaia,  102;  com  Castela, v. Cas- 
tela ;  fratricida  que  devastava  o  território 
português,  191;  da  fronteira  portuguesa, 
32;  entre  Portugal  e  Leão,  177;  da  Repú- 
blica de  Veneza  com  os  Turcos,  36. 

Guimarães,  195;  alcaide  mor,  85,  92,  98,  99, 
100,  102,  io3, 104;  almoxarife,  196;  cabido, 
99,  267,  326;  castelo,  o5;  colegiada,  i8, 
267,  287,  326, 344;  condado,  229;  convento 
de  S.  Domingos,  sepultura  lá  de  D.  Maria 
de  Castro,  98;  direitos  e  rendas  da  por- 
tagem, 96;  moradora,  20;  prior,  18,  99, 
100;  questão  por  causa  da  conezia  da 
igreja,  99,  100;  rua  Escura,  casas  lá,  07; 
siza  pudenga,  97;  sr.,  407;  sr.  da  terra  do 
julgado,  2^3,  246;  tabelião,  287. 

Guimarães  (Conde  de),  i.°,  v.  Fernando  (D.). 

Guimarães  (Ducado  de),  229,  398,  402,  407. 

Guimarães  (Duque  de),  i.»,  v.  Fernando  (D.). 

Guimarães  (Duque  de),  2.»,  v.  Jaime  (D.). 

Guimarães  (Duque  de),  3.°,  v.  Teodósio  (D.). 

Guimarães  (Duque  de),  4°,  v.  Duarte  (D.), 
infante. 

Guimarães  (Duque  de),  5.°,  v.  Duarte  (D.). 

Guimarães  (Duque  de),  6.»,  v.  João  (D.),  8.* 
duque  de  Bragança. 

Guimarães  (Duques* de),  23  r,  420 

Guimarães  (Duquesa  de),  v.  Isabel  (D,),  in- 
fanta duquesa. 

Guimarães  (D.  Fernão  Pires  de),  sitiante  no 
cerco  de  Sevilha,  iqi. 

Guiné,  i33;  sr.,  33i,365;  serviço  lá  prestado, 
383 ;  trato,  3o8. 


índice  de  matérias 


Ali 


Guiomar  íD.),  condessa  de  Loulé,  285,  294. 
—  Condessa  de  Valença,  28Q. 

Guiomar  (D.),  condessa  de  Viana  do  Alen- 
tejo, 2G0. 

Guiomar  (D.),- condessa,  245,  v.  Vilalobos 
(D.  Guiomar  de). 

Guiomar  Afonso,  m.  de  P'ernão  Furtado,  168. 

Guiomar  Fernandes,  sr.»  da  renda  do  con- 
dado de  Torres  Vedras,  232. 

Guiomar  Gil,  m.  de  Lopo  Dias  de  Lemos,  54. 

Gulfar,  sr.,  334,  35i. 

Gusman  (Remir  Nunez  de),  loi. 

Gusmão  (Francisco  de),  mordomo  mor,  411, 
412. 

Gusmão  (D.  Joana  de),  m.  2.'  do  5.»  conde 
de  Odemira,  428. 

Gusmão  (D.  Leonor  de),  v.  Mendoça  (D.  Leo- 
nor de). 

Gusmão  (D.  Luísa  de),  condessa  do  Vimioso, 
412;  data  da  sua  morte,  412;  desterrada 
para  Castela  e  lá  presa,  412;  sr.^  da  capi- 
tania de  Machico,  412. 

Gusmão  (D.  Luísa  de)  rainha  de  Portugal, 
433. 

Haiti,  V.  Ilha  Hispaniola,  55. 

Haro  (Alonso  Lope^  de),  Nobiliário  genea- 
lógico de  los  Reys  y  titulos  de  Espana,  8, 
i63,  236,  249. 

Barrisse  (Heíiry),  Cristophe  Colomb,  56, 57, 
59,  Go. 

Henrique  (D),  conde,  sr.  de  Cascàis,7. — V. 
Manuel  de  Vilhena  (D,  Henrique). 

Henrique  (D.),  f.  do  marques  de  Vila  Real, 
159. 

Henrique  (D.),  infante  e  cardial,  426. — V. 
Henrique  (D  ),  rei  de  Portugal,  o  Cardial 
Rei. 

Henrique  (D.),  infante  de  Portugal,  17, 52, 55, 
97,  269,415. 

Henrique  (D.),  infante  de  Portugal,  f.  de 
D.  João  I,  1 ."  duque  de  Viseu,  211,  229,  255, 
273,  277,  "284,285;  data  da  sua  morte,  256; 
na  expedição  e  tomada  de  Seuta,  201,  2o3, 
204  a  210,  214,  2i5,  216,  218;  seu  alferes, 
207;  seu  escudeiro,  3 18;  seu  túmulo  na 
Batalha,  255,256.  —  Ar.  e  divisa,  256.  —  V. 
Viseu  (Duque  de),  i.» 

Henrique  (H.),  irmão  do  marquês  de  Vila 
Real,  V.  Noronha  (D  Henrique  de). 

Henrique  II  ( D.),  rei  de  Castela,  1 53, 1 54 ;  seu 
testamento,  i53. 

Henrique  VI  (D.),  rei  de  Inglaterra  e  França, 
270. 

Henrique  (D.),  rei  de  Portugal,  o  Cardial  Rei, 
io3,  231,424,429,433.  —  V.  Henrique  (D.), 
infante  e  Cardial. 

Henrique  Henriques,  alcaide  mor  da  Fron- 
teira, i58. 

Henrique  Henriques  (D.),  2.*  sr.  das  Alcá- 
çovas, com.  de  Colos  e  apontador  mor, 


146,  i52,  154,  i55,  i56;  almotacé,  i55;  ca-r 
çador  mor,  i55 ;  poeta  do  Cancioneiro,  1 52. 

Henriques,  linhagem,  119,  154;  apelido,  i58; 
origem,  i53;  perda  da  varonia,  i56;  srs. 
do  morgado  de  Rodiça,  220;  srs.  das  Alcá- 
çovas, i36, i52;  ar,  119. 

Henriques  (D.  Afonso),  154;  alcaide  mor  e 
capitão  de  Borba,  157;  alcaide  mor  de 
Portalegre,  1 57 ;  poeta  do  Cancioneiro, 
i53;  sr.  de  Barbacena,  157. 

Henriques  (D.  Beairis),  m.  de  Nuno  Pereira 
e  por  ele  morta,  i55. 

Henriques  (D.  Briolanja),  m.  de  Aires  de 
Miranda,  121,  i53,  i58. 

Henriques  (D.  Carlos),  com.  de  Proença,  33a 

Henriques  (D.  Catarina),  poetisa  do  Cancio- 
neiro, i53. 

Henriques  (Diogo),  juiz  das  sisas  de  Óbidos, 
160. 

Henriques  (D.  Felipa),  poetisa  do  Cancio- 
neiro, i53. 

Henriques  (D.  Fernando),  conde  das  Alcá- 
çovas, sr.  das  mesmas,  i55,  i56. 

Henriques  (D.  Francisca),  condessa  da  Feira, 
377;  data  da  sua  morte,  377. 

Henriques  (Gomes),  coudel  e  juiz  das  sisas 
de  Óbidos,  160;  escudeiro  do  dr.  Rui  Go- 
mes de  Alvarenga,  160. 

Henriques  (D.  Isabel),  condessa  do  Redondo, 
386. 

Henriques  (D.  Isabel),  marquesa  de  Monte- 
maior,  v.  Noronha  (D.  Isabel  de). 

Henriques  (D.  Joana),  poetisa  do  Cancio- 
neiro, i53. 

Henriques  (D.  Joana),  condessa  de  Penela, 
m.  2.»  do  2.»  conde  de  Penela,  e  viúva  de 
Rui  de  Melo,  33o;  data  do  seu  passamento, 
33o. 

Henriques  (João),  f.  de  D.  Afonso  Henriques, 
157. 

Henriques  (Luís),  poeta  do  Cancioneiro^  i58; 
trovas  suas  no  mesmo  Cancioneiro    159. 

Henriques  (D.  Margarida),  poetisa  do  Can- 
cioneiro, i53. 

Henriques  (D.  Marik),  m.  de  Jorge  de  Brito, 
i58. 

Henriques  (D.  Mécia),  m.  i.'  do  i."  conde  do 
Prado,  391. 

Henriques,  do  Bombarral,  iSg;  perda  da  sua 
varonia,  160;  ramo  principal,  160. 

Henriques,  da  índia,  origem  do  seu  ramo, 
i56. 

Henriques,  da  Madeira,  origem  do  seu  ramo, 
i56. 

Henriques  de  Miranda,  alcaide  mor  da  Fron- 
teira, i58;  srs.  de  Murça,  f58. 

Henriques  de  Melo  (D.  Maria  do  Carmo),  m. 
de  D.  Rodrigo  de  Lancastre,  160. 

Henriques  de  Portugal,  v.  Barbosa  Canais  de 
Figueiredo  Castelo  Branco  (José). 


472 


Brasões 


Henriques  de  Sotomaior  e  Monroi  (D.  Inês), 
V.  Sotomaior  e  Monroi  (D.  Inês  Henriques 
de). 

Herculano  (Alexandre),  Historia  de  Portu- 
gal, i8o. 

Hercules  (Coluna  de),  ou  Montanha  de  Al- 
mina,  em  Seuta,  204,  2o5. 

Herrera  (Diogo  Garcia  de),  sr.  das  ilhas  Ca- 
nárias, 35o. 

Hispaniola  (Ilha),  v.  San  Domingos  (Cidade). 

Histoire  gènélogique  de  la  Maison  Royale 
de  France,  etc,  v.  Père  Anselme. 

Historia  da  Administração  pública  em  Por- 
tugal, V.  Gama  Barros. 

Historia  chronologica  de  Alcobaça,  Provas, 
V.   San  Boaventura  (Frei  Fortunato  de). 

Historia  eclesiástica  dos  arcebispados  de 
Braga,  v.  Cunha  (D.  Rodrigo  da)'. 

Historia  genealógica,  v.  Sousa  (António 
Caetano  de). 

Historia  genealógica  de  la  Casa  de  Lara,  v. 
Salazar  y  Castro  (D.  Luís  de). 

Historia  general  de  Espana,  v.  Lafuente 
(D.  Modesto). 

Historia  geral  da  Ethiopia,  v.  Teles  (Padre 
Baltasar). 

Historia  de  las  índias,  v.  Las  Casas  (Frei 
Bartolomeu  de). 

Historia  insulana,  v.  Cordeiro  (P.  António). 

Historia  de  Portugal,  v.  Herculano  (Ale- 
xandre). 

Historia  dei  Rey  don  Hernando,  v.  Çuriia 
(Geronymo). 

Historia  do  reinado  dei  rei  D.  José,  v.  Li/f 
Soriano  (Simão  José  da). 

Historia  de  S.  Domingos,  v.  Sousa  (Frei 
Luís  de). 

Historia  Seráfica,  v.  Soledade  (Frei  Fer- 
nando da). 

Holanda,  embaixador  lá,  35. 

Holtreman,  advogado,  iii. 

Homem  (Pedro),  poeta  do  Cancioneiro  e  es- 
tribeiro  mor  d».;  D.  Manuel,  144. 

Hospital  de  S.  José,  v.  em  Lisboa. 

Hospital  de  Santo  Eutrópio,  v.  em  Lisboa. 

Hospital  de  S.  Mateus,  v.  em  Lisboa. 

Huelva,  residentes,  62. 

Hungria,  embaixador  lá,  10,  18. 

Ibrahim  Ibn  Humuchk,  fronteiro  mouro  de 
Badajoz,  180. 

Ichoa  (D.  João  de),  i3o. 

Ichoa  (D.  Maria  de),  condessa  de  Marialva, 
m,  !.■  do  4°  conde,  3io,  3ii,  347. 

Idanha  (Conde  de),  i.",  v.  Alcáçova  Gameiro 
(Pedro  da). 

Idanha  a  Velha,  219. 

Idanha  a  Nova,  219. 

Ilha  dos  Açores,  sr.,  29. 

Ilha  de  Chipre,  v.  Chypre. 

Ilha  Graciosa,  sr.,  334. 


Ilha  Grande  de  Joanes  (Barão  da),  v.  Sousa 
de  Macedo  (Luís  de). 

Ilha  Hispaniola,  hoje  Haiti,  55,  56;  ouvidor 
da  ilha,  56. 

Ilha  de  Lançarote,  35o. 

Ilha  da  Madeira,  1 10;  almoxarifado  dos  quin- 
tos da  ilha  326;  capitão,  426;  capitão  do- 
natário, 434;  sr.,  29,  285,  296.  —  V.  Hen- 
riques, da  Madeira. 

Ilha  do  Porto  Santo,  57,  59;  capitão,  52,  62; 
capitão  donatário,  55. 

Ilha  de  S.  Miguel,  proclamação  de  D.  João  IV, 

32. 

Ilha  de  S.  Nicolau,  sr.'  do  gado,  413. 

Ilha  de  S.  Vicente  de  Cabo  Verde,  sr.*  do 
gado,  413. 

Ilha  Terceira,  Távoras  daqui  que  nada  têm 
com  os  verdadeiros,  109-110;  quinta  da 
Salga,  1 10;  sr.,  334- 

Ilhas  (Livro  das),  na  Torre  do  Tombo,  342, 

Ilhas  (Quinta  de),  no  termo  de  Mafra,  261. 

Ilhas  dos  Açores,  35o. 

Ilhas  das  Canárias :  capitão,  349;  casamento, 
35o;  conquista,  349;  expedição,  35o;  sr., 
35o. 

Ilhas  de  Forteventura  e  Lançarote,  35o. 

Ilhó  (Conde  de),  257. 

Ima  (Aldeia),  23. 

Imagem  da  virtude  no  noviciado  de  Coimbra, 
V.  Franco  (Padre  António). 

Imperadores:  Andreas  Paleologos,  234;  de 
Constantinopla,  6. 

Imperatris,  235.  417,  v  Isabel  (D.). 

índia,  104;  almirante,  38o,  38i,  383,  384;  al- 
mirante do  mar,  392,  42^^;  capitão  lá,  88, 
383;  combatentes  lá,  85,  96,"  102;  desco- 
bridor do  caminho  marítimo,  38i,  383,  384; 
falecidos,  410,  422;  governador,  233,  414, 
427;  marqueses  de  lávora  lá,  ii3;  vice 
rei,  II 3,  369,  384,  400,  411,  422,  427. 

índia,  V.  Henriques,  da  índia. 

índias  Ocidentais,  vice  rei,  55,  56,  61,  102. 

Inês  Pires,  comendadeira,  mãe  do  duque 
D.  Afonso,  54. 

Infantas  e  infantes,  v.  Portugal. 

Inglaterra,  estada  do  i.°  conde  de  Penama- 
cor, que,  com  o  nome  de  Pedro  Nunes  se 
faz  negociante,  e  sua  prisão  na  torre  a  pe- 
dido de  D.  João  II,  3o8;  importações,  i25, 
i3i ;  rei,  22. 

Inglaterra,  rei.  v.  Henrique  VI,  270. 

Inocêncio  VIII  (Papa),  234. 

Inquirições:  de  D.  Afonso  II,  194;  da  i.*  al- 
çada de  D.  Denis,  169, 170, 193, 194;  gerais 
de  Afonso  III,  lóg. 

Inquiridor  na  Relação  do  Porto,  v.  Porto. 

Inquisição  de  Coimbra,  apresentado  lá,  32, 

Inquisição  de  Lisboa,  v.  Santo  Ofício. 

Inquisição  de  Roma,  v.  Roma. 

Inquisidor  geral,  v.  Santo  Ofício. 


índice  de  matérias 


473 


Instituto  (O),  124,  235,  333,  410. 

Islanda,  importações,  11b. 

Isabel  (D.),  condessa  de  Gijon  e  Noronha, 
2Ó8. 

Isabel  (D.),  duquesa  de  Bragança,  63;  mãe 
de  D.  Jaime,  65. 

Isabel  (D.),  duquesa  de  Guimarães,  292  ede 
Bragança,  292,  326;  data  do  seu  faleci- 
mento, 326;  era  f.  do  infante  D.  Fernando, 
326;  m.  2.*  do  3."  duque  de  Bragança, 
326. 

Isabel  (D.),  infanta,  286. 

Isabel  (D.), 'infanta  duquesa  de  Guimarães, 
398,  402,420;  data  da  sua  morte,  402;  seu 
epitáfio,  402. 

Isabel  (D.),  infanta,  f.  de  D.  João  I,  212. 

Isabel  (D.),  infanta,  m.  do  infante  D.  Pedro 
da  Alfarrobeira,  172. 

Isabel  (D.),  mãe  de  D.  Joana  de  Meneses,  m. 
do  3  »  conde  de  Monsanto,  393. 

Isabel  (D.),  m.  de  PVancisco  de  Lima,  322. 

Isabel  (D.),  m.  de  D.  JoãoAfonse  Telo,  25o. 

Isabel  (D.),  princesa  de  Castela,  126,  i3i, 
i32,  137,  139;  m.  i.»  de  D.  Manuel,  140, 
36S. — V.  Isabel  (D.),  rainha  de  Portugal. 

Isabel  (D.),  princesa  de  Castela,  viúva  do 
nosso  príncipe  D.  Afonso,  46,  48. 

Isabel  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de  D.  Afon- 
so V,  120;  donzelas  de  sua  casa,  332. 

Isabel  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de  D.  De- 
nis,  243;  sua  dama,  243. 

Isabel  (U.),  rainha  de  Portugal,  m.  de  D.  Ma- 
nuel, 48, 49,  64,  140. — V.  Isabel  (D.),  prin- 
cesa de  Castela. 

Isabel  Fernandes,  moradora  em  Guimarães, 
20. 

Isabel  Nunez  (D.),  neta  de  D.  Diogo  Nunez 
de  Batissela,  75. 

Itália,  35,  36;  guerra  com  a  Turquia,  36;  re- 
sidentes em  Veneza,  3o. 

Jaime  (D.),  4.°  duque  de  Bragança,  149,  173, 
338,  344,  345,  370,  3q2,  398,  402,  414;  2." 
duque  de  Guimarães,  343,  398;  3.°  marquês 
de  Vila  Viçosa,  343,  344;  5.°  conde  de 
Arraiolos,  1 1."  de  Barcelos,  8.»  de  Ourém, 
e  5."  de  Neiva,  343,  344,  345;  data  da  sua 
morte,  043;  condestável,  343;  sua  fuga, 
64;  súplica  que  faz  ao  Papa  para  professar, 
65.  —  Ar.,  344. 

Jaime  II  (D.),  conde  de  Urgel,  255. 

Jales,  sr.,  106. 

Jaraz,  sr.,  79,  87. 

Jardo  (D.  Domingos),  bispo  de  Lisboa,  182. 

Jarmelo,  sr.,  25o. 

Jerusalém,  lugares  Santos,  36;  reis  titulares, 
5o;  ar.,  4.5,  5o. 

Jesus  Maria  José  (Frei  Pedro  de),  Chronica 
da  Conceição,  85,  92,  317. 

Joana  (D.),  infanta,  a  de  Aveiro,  314;  data 
da  sua  morte,  314;  donzela  da  sua  casa, 
voL.  ni 


86, 293, 326,  347,  349;  sua  moça  da  câmara, 
281 ;  sua  morte,  122. 

Joana  (D.),  m.  de  Afonso  Teles  de  Meneses. 
28.  * 

Joana  (D.),  princesa  de  Castela,  307,  317.— 
V.  Excelente  Senhora. 

Joana  (D.),  rainha  de  Castela,  319. 

Joana  (D.)^  sr."  duma  quinta  honrada  no  jul- 
gado da  Feira,  193,  194. 

Joana  Gomes,  m.  de  Lopo  Dias  de  Azevedo, 
195,  196. 

Joana  Vasques  (D.),  m.  de  Rui  Vasques  de 
Azevedo,  194. 

João  (D.),  bispo  de  Silves,  instituidor  da  ca- 
pela e  hospital  de  Santo  Eutrópio  de  Lis- 
boa, 181,  182,  184. —V.  Alão  (D.  João 
Soares). 

João  (D.),  de  Castela,  7,  8 

João  (D.),  conde  de  Monsanto,  23,  v.  Castro 
(D.  João  de). 

João  (D.),  2.°  duque  de  Barcelos,  419;  6." 
duque  de  Bragança,  419,  423;  5.»  marquês 
de  Vila  Viçosa,  419,  420;  7.»  conde  de 
Arraiolos,  io.°  de  Ourém  e  7.°  de  Neiva, 
419,  420;  data  da  sua  morte, 419;  ar.,4t9. 

João  (D.),  8."  duque  de  Bragança,  e  6»  de 
Guimarães,  398,  399. 

João  (D.),  3."  duque  de  Viseu,  e  2.°  de  Beja, 
292,  296;  data  da  sua  morte,  292;  fron- 
teiro de  entre  Tejo  e  Guadiana  e  reino 
do  Algarve,  292;  ar.,  292. 

João  (D.),  f.  de  D.  Álvaro,  287. 

João  (D.j,  f.  do  infante  D.  Pedro,  parece  que 
foi  duque  de  Coimbra,  255. —V.  Coimbra 
(D.  João  de). 

João  (D.),  infante,  286. 

João  (D.),  infante,  f.  de  D.  João  I,  186,  212, 

25  I,  252. 

João  (D.),  1."  marquês  de  Montemor  o  Novo, 
i54,  i55,  299;  condestável,  299;  fronteiro 
mor  de  Entre  Tejo  e  Guadiana,  299 ; 
morto  em  Sevilha,  3oo;  sua  condenação 
à  morte  como  traidor,  154,  i55;  ar.,  3oo. 

João  (D.),  i."  duque  de  Aveiro,  385,400,401, 
403,418,424;  1.°  marquês  de  Torres  Novas, 
385,  400,  401 ;  data  da  sua  morte,  401 ;  es- 
cândalo que  provocou,  401 ;  ar.,  401.  —  V. 
Lancastre  (D.  João  de). 

João  (D.),  mestre  de  Avis,  7,  i63  a  167,  170, 
228,  248,  252,  3i2;  f.  de  D.  Pedro  I,  170; 
regedor  e  defensor  do  reino,  i63,  3i2. — 
V.  João  I  (D.),  rei  de  Portugal. 

João  (D.),  príncipe,  f.  de  D.  Afonso  V,  83, 
i56, 173, 263,  280, 296,  3o3 ;  gov.  da  Ordem 
de  Santiago,  154;  manda  matar  por  trai- 
dor a  Lopo  Vaz  de  Castelo  Branco,  o 
Torrão,  220;  suas  jornadas  a  Africa  e  Cas- 
tela, 93. 

João  (D.),  príncipe,  f.  de  D.  Afonso  V,  325; 
seu  aposentador  mor,  154;  seu  casamento, 

60 


474 


Brasões 


q3  ;  seu  copeiro  mor,  gS ;  seu  guarda  maior, 
83.— V.  João  II  (D.),  rei  de  Portugal. 

João  (D.),  príncipe  de  Espanha,  sua  morte 
em  Salamanca,  47. 

João  (D.  Frei),  provincial  da  Ordem  do 
Carmo,  bispo  da  Guarda  e  de  Seuta,  10, 
II,  i3,  14  a  22,  24;  f.  que  teve,  26;  insti- 
tuição da  sua  capela  neste  convento,  i5; 
instituição  do  seu  morgado,  21 ;  parte  para 
Africa,  17;  seu  nascimento  em  Lisboa,  16, 
25;  sua  sepultura  na  capela  dos  reis  do 
mesmo  convento,  24.  — V.  San  Lourenço 
(Frei  João  de). 

João  (Dr.  Mestre),  físico,  5i. 

João  (D.),  Senhor,  53. 

João  (D.),  sobrinho  de  D.  Afonso  V,  sr.  de 
Viana,  260-2G1,  262. 

João  I  (D),  rei  de  Castela,  257. 

João  II  (D.),  rei  de  Aragão,  28. 

João  1  (D.)  e  a  aliança  inglês; a,  v.  Vila 
Franca  (Conde  de). 

João  I  (D.),  rei  de  Portugal,  7,  8,  27,  49,  5o, 
74,  77,  79,  80,  87,  1 14,  i53,  157,  i63  a  168, 
170,  171,  i83,  184,  i85,  196,  202,  2o3,  2o5, 

206,  207,  210,  214,  228,  232,   249,   252,  253, 

257,  260,  263,  264,  267,  271,  273,  274,  285, 
3o2,  3 1 3,  3 18. — Cartas  de  poder  que  deixou 
a  vários  para  bem  administrarem  o  reino 
na  sua  ausência,  212,  21 3.  —  Cerco  que 
pôs  a  Tui,  78.  —  Extingue  os  privilégios 
dos  coutos  de  Lisboa,  i83.  —  Introduzem 
Portugal  o  título  de  duque,  229.  —  O  que 
disse  este  rei  quando  correu  o  boato  da 
morte  de  seu  f.  Henrique,  21 5.  —  Regente 
que  nomeou  quando  foi  para  a  conquista 
de  Seuta,  211.  —  Seu  alferes  maior,  214. 

—  Seu  guarda  mor,  i53,  211,  279.  —  Seu 
mestre  sala,  79.  —  Seu  salvador  na  batalha 
de  Aljubarrota,  i3o.  —  Sua  aclamação  em 
Coimbra,  168. —  Sua  expedição  a  Seuta  em 
141 5,  201,  204,  216,  — V.  Joáo  (D.),  mestre 
de  Avis. 

João  II  (D.),  rei  de  Portugal,  46,  48,  52,  63, 
86,93,95,96,  98,  119,  121,  122  a  i3i,  i33 
a  139,  i5i,  i52,  i55,  157,  i58,  160  a  172, 
173,  23i,  234,  236,  240,  279,  290,  291,  297 
a  3oi,  3o8,  309,  33 1,  334,  335,  337,  ^40, 341, 
342,  35o,  352,  357,  365,  371,  374,  378. — 
Envia  uma  embaixada  a  Castela  e  Aragão, 
120.  —  Data  da  sua  morte,  357.  —  Sr.  de 
Guiné,  33 1,  365.  —  Seu  copeiro  mor,  93. 

—  Seu  envenenamento  e  da  gente  da  sua 
copa  com  água  da  Fonte  Coberta,  94.  — 
V.  artigos  publicados  por  A.  Braamcamp 
Freire  no  Jornal  do  Commercio  ou  melhor, 
na  sua  Critica  e  historia,  editada  em  19:0, 
1 22.  —  Seus  conspiradores,  3c8,  3 1 3.  —  Seu 
estribeiro  mor,  143.  —  Seu  físico  mor,  234. 

—  Seu  f.  bastardo,  46, 173,  357. — Seu  tes- 
tamento, 142,  357.  —  Sua  estada  em  Beja 


e  Setúbal,  26,  339.  —  Sua  morte,  ^,  3i5. 

—  Títulos  que  criou,  23i.  —  V.  João  (D.), 
príncipe,  f.  de  Afonso  V. 

João  III  (D.),  rei  de  Portugal,  29,  89,  97,  99, 
loi,  102,  i3i,  137,  238,  333,  359,  372,  376, 
389,  392,  395,  390,  400,  4o3,  406,  407,  408, 
409,  411,  412,  416,  432.  —  Opõe-se  ao  ca- 
samento do  mestre  D.  Jorge,  358.  —  Tí- 
tulos que  criou,  23 1. 

João  IV  (D.),  rei  de  Portugal,  32,  90.  —  Cria 
o  viscondado  em  Portugal,  84. 

João  Afonso  (D.),  1.°  conde  de  Barcelos  e  de 
Santarém,  227,  228,  241,  242 ;  "alferes  mor, 
227;  sr.  de  Albuquerque,  241,  249;  sr.  de 
Barcelos,  227;  sua  morte  e  sepultura,  242. 

—  Ar.,  241,  242. 

João  Afonso  (D.),  4.»  conde  de  Barcelos,  243, 
244 ;  I ."  conde  de  Ourém,  245 ;  alferes  mor, 
24Í;  seu  epitáfio,  244;  sr.  de  muitas  terras, 
243,  244;  sua  morte  e  sepultura,  244. — 
Ar.,  244. — V.  Telo  (D.  João  Afonso),  conde 
de  Barcelos. 

João  Afonso,  contador  de  Évora,  54. 

João  Afonso,  irmão  de  Afonso  Sanches,  meio 
irmão  de  D.  Afonso  IV  e  por  este  mandado 
executar,  5, 

João  Afonso,  vedor,  210. 

João  Domingues,  escrivão,  212. 

João  Esteves,  232. 

João  Esteves,  aposentador  do  infante  D.  Pe- 
dro, 53. 

João  Fernandes,  escrivão  de  Pêro  Borges, 
que  o  era  taupbém  da  chancelaria,  382. 

João  Gil,  mercê  do  condado  da  pescaria,  232. 

João  Gomes,  corretor  das  bestas  de  Lisboa, 

52. 

João  Gonçalves,  escrivão  de  D.  João  I,  sr. 

das  rendas  e  direitos  do  condado  de  Al- 
verca, 232. 

Jorge  (Frei),  61. 

Jorge  (D.),  2.»  duque  de  Coimbra,  i3i,  i32, 
148,  173,  3i6,  357,  385,  400,  401;  apaixo- 
na-se  aos  67  anos  por  uma  jovem  de  16, 
357;  e  com  ela  casa,  359;  seu  desterro  por 
este  facto,  359,  36 1,  362;  apontamentos 
que  manda  a  D.  João  III  por  lhe  estranhar 
o  casamento  com  D.  Maria  Manuel,  359; 
resposta  que  teve,  363,  364;  cartas  que 
acompanhavam  estes  apontamentos,  36 1, 
362;  data  da  sua  morte,  357;  f.  bastardo 
de  D.  João  II,  46, 173,  357;  mestre  de  Avis, 
357,  385;  e  de  Santiago,  173,314,  3i6,  357, 
385;  seu  testamento,  359;  sr.  de  Aveiro, 
3i4,  357,  358.  —  Ar.,  357.  —V.  Jorge  (D  ), 
mestre. 

Jorge  (D),  mestre,  v.  Jorge  (D.),  2.'  duque 
de  Coimbra. 

Jorge  Henriques  (D.),  154. 

Jornada  de  Africa,  v.  Mendoça  (Jerónimo). 

Jornal  do  Commercio,  artigos  publicados  por 


índice  de  matérias 


475 


A.  B.  F. :  A  Rainha  D.  Leonor  e  o  Enve- 
nenado. —  O  A.  prometeu  reunir  em  vo- 
lume estes  artigos  e  outros  e  fê-lo,  pois 
encontram-se  na  sua  Critica  e  historia,  edi- 
tada em  1910,  94. 

José  (D.),  rei  dePgrtugal,  atentado  contra 
a  sua  vida  1 10,  112. 

Josepe  (Mestre),  v.  Mestre  Josepe. 

Journal  ou  Mémoires,  v.  Argenson  (Marquês 
d'). 

Judeu  (Quinta  do),  275. 

Judeus  expulsos  de  Espanha,  v.  Espanha. 

Judeus  expulsos  de  Portugal,  v.  Portugal. 

Judeus  de  Portugal,  iSg. 

Junot  (General),  em  Lisboa,  iio. 

Laborim,  sr.,  25o. 

Labruja  (O  da),  v.  Sonsa  (Fernão  de). 

Lacroix  (Paul),  Vie  militaire  et  religieuse  au 
nioyen  Age,  i38. 

Ladário  (Feira  do),  rendas  e  direitos,  80. 

Lafões,  confiscação  da  terra  a  D.  Henrique 
Manuel  de  Vilhena,  7;  doação,  7. 

Lafuente  (D.  Modesto),  Historia  general  de 
Espana,  59. 

Lagos,  fundeia  a  expedição  a  Seuta,  202; 
correição  da  vila,  290;  rendas,  3o6. 

Lalim,  sr.,  35 1. 

Lalim  (Paços  de),  estada  nele  do  3."  conde 
de  Barcelos,  243. 

Lamas  de  Orelhão  (Vila),  doação,  6. 

Lamegal,  loi. 

Lamego,  278,  289;  alcaide  mor,  278,  394; 
almoxarifado,  278;  almoxarife,  206,  278; 
bispo,  425;  sr.,  1 15. 

Lançada  (Quinta  da),  no  limite  da  Aldeia 
Galega,  22. 

Lançarote  (Ilha  de),  v.  Ilha. 

Lancastre,  apelido,  385. 

Lancastre  (D.  Afonso  de),  com.  mor  da  Ordem 
de  Cristo,  408. 

Lancastre  (D.  Brites  de),  duquesa  de  Bra- 
gança, 399-,  data  da  sua  morte,  399. 

LancastFe  (U.  Felipa  de),  marquesa  de  Vila 
Real,  408. 

Lancastre  (D. Felipa  de),  v.  Felipa  (D.),  rainha 
de  Portugal. 

Lancastre  (D.  Isabel  de),  duquesa  de  Bra- 
gança, 399;  seu  epitáfio,  399;  seu  faleci- 
mento, 399. 

Lancastre  (D.  João  de),  v.  João  (D.),  i.°  mar- 
quês de  Torres  Novas. 

Lancastre  (D.  Jorge  de),  2.»  marquês  de 
Torres  Novas,  418,  424.  —  2.°  duque  de 
Aveiro,  418,  424.  —  Data  da  sua  morte  e 
lugar,  425.  —  Ar.,  418,  425. 

Lancastre  (D.  Luís  de),  com.  mor  de  Avis, 
399,  434. 

Lancastre  (D.  Maria  de),  condessa  da  Ca- 
lheta, 434. 

Lancastre  (D.  Rodrigo  de),  sr.  dos  coutos  de 


Abadim  e  Negrelos,  160;  tenente  general 
do  exército  e  gov.  de  Setúbal,  160. 

Lancastre  (D.  Veríssimo  de),  deputado  do 
conselho  geral  do  Santo  Ofício,  38. 

Lancastre  e  Távora  (D.  João  de),  represen- 
tante dos  marqueses  de  Abrantes,  dos 
condes  de  Vila  Nova  de  Portimão,  Sor- 
telha, Penaguião  e  outros,  376. 

Lanhoso,  sr.,  24G,  249. 

La  pátria  de  Colón  segun  tos  documentos  de 
las  ordenes  militares,  v.  Uhagon  (D.  Fran- 
cisco R.  de). 

Lapela,  doação  do  préstimo,  6;  entrega  do 
castelo,  248. 

Lara  (D.  Álvaro  Perez  de),  conde,  168. 

Lara  (D.  Barbara  de),  condessa  da  Casta- 
nheira, 104,420-421. 

Lara  (D.  Juliana  de),  duquesa  de  Aveiro,  401, 
402,  4o3,  407 ;  marquesa  de  Torres  Novas, 
401;  causadora  da  prisão  do  3."  barão  de 
Alvito  e  do  seu  f.  D.  João  Lobo,  4o3  a  407 ; 
data  da  sua  morte,  401. 

Lara  (D.  Juliana  de),  condessa  de  Odemira, 
433. 

Lara  (D.  Manrique  de),  conde,  168. 

Lara  (D.  Nuno  Perez  de),  conde,  168. 

Laredo,  em  Castela,  residente  lá,  324. 

Las  Casas  (Frei  Bartolomeu  de).  Historia 
de  las  índias,  56-57. 

Laurencin  (Marquês  de),  v.  Uhagon  (D. 
Francisco  R.  de),  La  pátria  de  Colón,  etc, 
55. 

Lavadores,  sr.,  25o. 

Lavradio  (Marquês  do\  47. 

Lavrador  (O),  v.  Sousa  (Gonçalo  de). 

Lazarim,  sr.,  35 1. 

Leal  conselheiro,  o  qual  fe\  D.  Luarte,  v. 
Duarte  (D.), 

Leão,  loi ;  guerra,  83;  em  guerra  com  Por- 
tugal, 177  —  Reis:  V.  Fernando,  II  e  III  e 
Sancho. 

Leão  (Golfo  de),  19 

Leão  (Duarte  Nunes  de),  cronista  de  D.Afon- 
so IV,  4. 

Leão  (Duarte  Nunes  de).  Primeira  parte  das 
Chronicas  dos  Reis  de  Portugal,  5. 

Lei  Mental,  23o. 

Leiria  (Terras  de),  no  termo  de  Lisboa,  218. 

Leiria,  76;  bispo,  43i;  data  de  carta,  248, 
25o;  estada  de  D.  Afonso,  f.  natural  de 
D.  João  I,  253 ;  ida  do  A.  desta  obra  lá, 
43 1 ;  mosteiro  de  Santa  Ana,  sua  funda- 
dora, 289;  sr.  do  castelo,  248. 

Leitão  Ferreira  (Francisco),  Catalogo  cro- 
nologico-critico  dos  bispos  de  Coimbra, 
298,  410,  425, 426, 432.  —  Noticias  chrono- 
logicas  da  Universidade  de  Coimbra,  233, 
234,  235. 

Leitura  Nova,  3 12. 

Lemos,  201. 


476 


Brasões 


Lemos  (Condessa  de),  3.»,  em  Castela,  v. 
Castro  (D.  Brites  de). 

Lemps  (Fernão  de),  262. 

Lemos  (Gomes  Martins  de),  sr.  de  Góis,  207. 

Lemos  (Lopo  Dias  de),  54. 

Lemos  Marques  (Cristóvão),  administrador 
das  capelas  do  Carmo,  29. 

Lencastre,  v.  Lancastre. 

Lencastres,  condes  de  Vila  Nova  e  marqueses 
de  Abrantes,  srs.  da  casa  dos  condes  de 
Vila  Nova  de  Portimão,  220, 

Leomil,  srs.  do  couto,  211. 

Leonardo  Nunes,  físico,  386. 

Leonor  (D.),  infanta  de  Portugal,  53. 

Leonor  (D.),  irmã  de  D.  Fernando,  f.  bas- 
tarda de  D.  Henrique  II,  rei  de  Castela, 
sr.  de  metade  de  Duenas,  i53. 

Leonor  (D.),  princesa,  86,  i56,  352;  m.  do 
príncipe  D.  João,  296. — V.  Leonor  (D.), 
rainha  de  Portugal,  m.  de  D.  João  II,  296. 

Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
D.  Duarte,  12,  i3,  26,  i53. 

Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
D.  João  II,  46,  86,  88,  352;  seu  mordomo 
mor,  379;  sua  donzela,  371,  373.  —  V.  Ar- 
tigos publicados  por  A.  Braamcamp  Freire 
no  Jornal  do  Commercio,  94. — V.  Leonor 
(D.),  princesa. 

Leonor  (D.),  rainha  de  Portugal,  v.  Teles 
(D,  Leonor). 

Leonor  Martins,  m.  de  Rui  Fernandes  Fur- 
tado, 169. 

Leonor  Pires,  m.  de  Pedro  Anes,  f6. 

Liam  d'Anjos  (Monseor  de),  v.  Lyon  d'An- 
gers. 

Liào  (Mõseor  de),  v.  Lyon  d'Angers  (Mr.  du). 

Lidador  (O),  v.  Maia  (Gonçalo  Mendes  da). 

Life  (The)  of  prince  Henry  of  Portugal,  v. 
Major  (Richard  Henry). 

Lile,  banquete,  139. 

Lima  (Álvaro  Rodrigues  de),  sr.  de  Fraião, 

7^.  79- 
Lima  (D.  Ana  de),  io3,  v.  Lima  Pereira  (D. 

Ana  de). 
Lima  (D.  António  de).  Nobiliário,  52,  74,  86, 

87,  93,  100,  33 1,  358.— V.  Lima  Pereira 

(D.  António  de). 
Lima   (D.  Beatris   de),  donzela   da  rainha 

D.  Leonor  e  depois  freira  no  mosteiro  da 

Madre  de  Deus,  88. 
Lima  (Carolina  de),  m.  de  António  de  Galo 

Salamanca,  91. 
Lima  (D.  Diogo  de),  capitão  na  índia,  88. 
Lima  (Dr.  D.  Diogo  de),  7.°  visconde  de  Vila 

Nova  da  Cerveira  e  sr.  da  casa  de  Mafra,  92. 
Lima   (Diogo   Lopes  de),   alcaide   mor  de 

Guimarães,  96,  97,  99,  100,  10 1. 
Lima  (D.  Diogo  Lopes  de),  5.**  sr.  de  Castro 

Daire,  102;  mono  na  batalha  de  Alcácer- 

quibir,  102,  io3. 


Lima  (D.  Fernando  de),  f.  de  Diogo  Lopes 
de  Lima,  97,  101,  357,  358;  capitão  de 
Ormuz,  102;  sr.  de  Castro  Daire,  loi. 

Lima  (Fernand'Anes  de),  74;  sr.  da  casa  de 
Giela  e  de  várias  terras,  78,  79. 

Lima  (Fernand'Anes  de), ^2,  v.  Lima  (Fernão 
de). 

Lima  (Fernão  de),  alcaide  mor  de  Guima- 
rães, 85:  alcaide  mor  de  Vila  Nova  da 
Cerveira,  95;  copeiro  mor  de  D.  João  II, 
93,  95,  96,  97;  foi  envenenado  quando 
D.  João  II,  com  água  da  Fonte  Coberta,  94. 

Lima  (D.  Francisco  de),  322. 

Lima  (D.  Francisco  de),  o  Velho,  visconde 
de  Vila  Nova  da  Cerveira,  74. 

Lima  (D.  Francisco  de),  3.°  visconde  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  88,  90,  396,  423;  data 
do  seu  falecimento,  369.  —  An,  369. 

Lima  (D.  Francisco  de),  5.»  visconde  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  89,  90,  100,  425,  432; 
data  da  sua  morte,  8(),  425.  —  Ar.,  425. 

Lima  (D.  Inês  de),  m.  de  Luís  de  Brito,  89. 

Lima  (D.  Isabel  de),  f.  de  D.  António  Pereira 
de  Lima,  104. 

Lima  (D.  Jerónimo  de),  soldado  na  índia,  96. 

Lima  (D.  João  de),  capitão  de  Calecut,  96. 

Lima  (D.  João  de),  2°  visconde  de  Vila  Nova 
da  Cerveira,  85,  86,  87,  346,  3Õ9;  alcaide 
de  Ponte  de  Lima,  87;  guarda  maior  do 
príncipe  D.  João,  83;  sua  morte,  88,  346; 
ar.,  346. 

Lima  (D.  João  de),  4.°  visconde  de  Vila  Nova 
da  Cerveira,  74,  89,  423,  425;  sua  morte, 
89,  423;  ar.,  423. 

Lima  (D.  João  de),  v.  Sotomayor  y  Lima 
(D.  João  Fernandez  de). 

Lima  (D.  Leonel  de),  f.  dos  6.°'  condes  de 
Vila  Nova  da  Cerveira,  91. 

Lima  (D.  Leonel  de),  1."  visconde  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  o  i  °  visconde  de  Por- 
tugal, 74,  75,  82,  82,  83,  84,  85,  93, 95,  23o, 
239,  3 16,  346;  alcaide  mor  do  castelo  de 
Ponte  de  Lima,  81 ;  data  da  sua  morte,  85, 
317;  embaixador  a  Castela,  81;  sr.  de 
muitas  terras,  79,  80,  81 ;  ar.,  317. 

Lima  (D.  Leonor  de),  abadessa  de  Vitorino, 

74- 

Lima  (D.  Lourenço  de),  2."  conde  dos  Arcos, 
91 ;  sua  morte  e  seu  epitáfio,  91. 

Lima  (D.  Luís  de),  i.»  conde  dos  Arcos  de 
Vai  de  Vez,  90;  sua  morte,  91. 

Lima  (D.  Manuel  de),  alcaide  mor  de  Gui- 
marães, 102;  capitão  da  índia,  102;  f.  de 
D.  Diogo  Lopes  de  Lima,  100;  sr.  de  Cas- 
tro Daire,  102,  io5;  seus  feitos  guerreiros 
em  Calecut,  Cambaia  e  Diu,  102;  sua  se- 
pultura e  epitáfio,  102. 

Lima  de  Brito  (D.  Lourenço  de),  6."  visconde 
de  Vila  Nova  da  Cerveira,  90,  23 1,  482; 
ar.,  432. 


índice  de  matérias 


477 


Lima  e  Hohenlohe  (D.  Maria  Xavier  de),  12.* 
viscondessa  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  92. 

Lima  Pereira,  apelidos,  98. 

Lima  Pereira  (D.  Ana  dê),  condessa  de  Cas- 
tro Daire,  104;  sr.»  de  Castro  Daire,  io3, 
104,  io5;  sr.'  da  alcaidaria  mor  de  Guima- 
rães, 104. 

Lima  Pereira  (D.  António  de),  genealogista, 
102,  104;  alcaide  mor  de  Guimarães,  io3; 
sr.  de  Castro  Daire,  io3 ;  tinha  por  alcunha 
o  Riscas,  io3 ;  sua  sepultura  e  epitáfio, 
io3. 

Lima  Pereira  (D.  Paulo  de),  capitão  mor  das 
armadas,  104. 

Lima  y  Sotomaior  (D.  Fernando  Yanez  de), 
i.°  duque  de  Sotomaior,  2.°  marquês  de 
Tenório,  91. 

Lima  e  Vasconcelos  (D.  Tomás  de),  ii.°  vis- 
conde de  Vila  Nova  da  Cerveira,  92. 

Limas,  linhagem,  71,  78,  85;  1.»  aliança  por- 
tuguesa, 79,  80;  apelido,  90;  entrada  do 
morgado  de  Gaião  na  casa,  87;  extinção 
delas,  92 ;  extinção  da  varonia  em  Portugal, 
io5;  a  lenda  do  anel,  nesta  família,  72, 73 ; 
parentes,  101 ;  por  quem  é  representada, 
Q2 ;  outro  ramo  notável  produzido  por  esta 
família  foi  o  dos  alcaides  mores  de  Guima- 
rães, 92;  ramos  principais  em  Portugal, 
io5;  seus  ramos  provieram  dos  viscondes 
de  Vila  Nova  da  Cerveira,  92 ;  a  varonia 
desta  família  é  substituída  pela  dos  Britos 
e  ultimamente  pela  dos  Silvas,  92;  ar.,  71, 

72,  78.  79- 
Limas,  antigos,  75,  77. 
Limas  Batisselas,  j5. 
Limas,  viscondes  de  Vila  Nova  da  Cerveira, 

72,  75;  descendência,  77;  extinção  da  va- 
ronia, 89. 
Límia,  conquistada  por  D.  Afonso  I,  177; 

gov.,  177. 
Límia  (Álvaro  Rodrigues  de),  sr.  de  várias 

terras  na.  Galiza  das  quais  pouco  gozou, 

78;  alcaide  de  Melgaço,  78. 
Limia   (D.   Fernando   Fernandes  de),   rico 

homem,  76. 
Limia  (D.  Fernando  Yanez  de),  rico  homem 

e  sr.  da  casa  de  Límia  na  Galiza,  73,  74. 

— V.  Anel  (O;  dos  Límias  e  sua  lenda,  74. 
Límia  (D.  João  Fernandez  de),  v.  Batissela, 

el  Bueno  de  Limia. 
Limia  (D.  João  Fernandez  de),  outro,  rico 

homem,  76,  77. 
Límia  (Rio),  75. 

Limias,  galegos,  75,  76;  casa,  73,  74. 
Limias,  portugueses,.  77;  progenitor,  78. 
Linhages  de  Portugal  e  Castela,  v.  Barreiros 

(Gaspar). 
Linhares  (Condado  de),  3.»  renovação,  233; 

alcaide  mor,  417;  confirmação  da  juris- 
dição, 416,  417;  senhorio,  388. 


Linhares  (Conde  de),  23 1;  renunciação  do 
título,  412. 

Linhares  (Conde  de),  i.»,  v.  António  (D). 

Linhares  (Conde  de),  2.°,  238,  v.  Noronha 
(D.  Francisco  de). 

Linhares  (Conde  de),  3.»,  v.  Noronha  (D.  Fer- 
nando de). 

Linhares  (Condes  de),  295. 

Linhares  (Condessa  de),  v.  Andrada  (D.  Vio- 
lante de). 

Linhares  (Condessa  de),  v.  Silva  (D.  Joana 
da). 

Liorne,  35. 

Lisboa,  263,  281,  342,  359.— Afonso  IV  (D.) 
parte  para  o  termo  de  Sintra  à  caça,  4.  — 
Albergaria  de  Paio  Delgado,  181,  182, 186, 
—  Alcaidaiia,  sr.  das  rendas,  25 1.  —  Al- 
caide mor,  80,  172,  280,  292;  do  castelo, 
270,  271  —Alfândega,  20,  349.  —  Arce- 
bispo, 26,  3co,  3o9,  329,  338.  -A  Asso- 
ciação dos  Advogados  e  a  sentença  dos 
Távoras,  iii,  112, —  Autos  de  fé  nò  Ter- 
reiro do  Paço,  3 1 .  —  Beco  dos  Surradores, 
184.  —  Biblioteca  Nacional,  191,  195,  196, 
201.  —  Bispo,  182;  Colecção  Pombalina, 
148.  —  Caderno  da  sisa  do  pescado  e  ma- 
deira, 3oo.  —  Câmara,  carta  que  lhe  man- 
dou D.  Afonso  V,  271.  —  Capela  de  S.  Ma- 
teus e  Santo  Eutrópio,  184.  —  Carta,  21, 
295.  —  Casas :  272,  293 ;  do  Cível,  v.  Casa 
do  Cível;  de  el  Rei,  54;  dos  Estaus,  v. 
Paço  dos  Estaus;  na  freguesia  da  Sé,  171 ; 
junto  ao  Poço  do  Borratem,  i83  ;  junto  a 
S.  Martinho,  5i;  nas  ruas:  da  Comenda- 
deira,  54;  de  Monsarraz,  52.  — Castelo, 
277,  279;  sr.  dele,  25o.  —  Cerco,  i65,  180; 
morto  nele,  228.  —  Confirmação,  241,  259, 
372.  —  Conventos:  do  Carmo,  285;  Ca- 
pelas do  Carmo,  livro  que  se  guarda  no 
cartório  do  hospital  de  S.  José,  i5,  220; 
Capelas  dos  Reis  no  mesmo  convento,  16; 
instituidor  da  capela  do  bispo  da  Guarda, 
D.  Frei  João,  i5;  Autos  da  conta  da  Ca- 
pela do  mesmo,  existentes  no  cartório  do 
hospital  de  S.José,  i5,  23;  no  mesmo  car- 
tório :  o  testamento  do  bispo  D.  Frei  Cris- 
tóvão Monis,  58 ;  Documentos  do  Carmo^ 
na  Torre  do  Tombo,  285;  fundador  do 
convento.  5i,  252;  Livros  do  Carmo  de 
Lisboa,  Alvarás  antigos,  256,  257;  papéis 
deste  convento,  14,  20 ;  provincial  da  ordem, 
10,  14,  17,  18,  57;  provincial  e  vigário,  11 ; 
religioso,  i3;  rendas,  16;  sepulturas  na 
capela  de  Nossa  Senhora  do  Pranto,  de- 
pois da  Piedade,  5i,  57,  66,  67;  seu  admi- 
nistrador, 53,  53;  oposição  para  que  se 
não  enterrassem  pessoas  estranhas  ali,  54; 
Traslados  de  escritoras  antigas,  10;  Tom- 
do  Carmo,  16;  Conventos:  de  Jesus,  fun- 
dador da  capela  mor,  27;  de  San  Fran- 


478 


Brasões 


cisco,  sepulturas  lá:  de  D.  Álvaro  de  Al- 
meida, na  capela  de  Santo  António  ou  dos 
Avranches,  271 ;  de  D.  António  de  Ataíde, 
104;  de  António  de  Lima  Pereira,  io3;  de 
D.  Manuel  de  Lima,  102.  —  Cordoaria 
Velha  54.  —  Cortes  reunidas,  49,81,253. 

—  Corretor  das  bestas,  52 . —  Data  de  carta, 
79,  23o,  234,  244,  259,  260,  274,  275,  290, 
3o3,  3o5,  309,  3 12,  3i3,  3 16,  3 18,  322,  326, 
330j  339,  353,  364,  371,  373,  375,  386,  389, 
406.  —  Doação  das  pensões  dos  tabeliães, 
287.  —  Doação  de  umas  casas  na  rua  Nova, 
7,  8.  —  Embaixador  de  Carlos  V  aqui,  396. 

—  Entrada  de  Constança  Manuel,  6.  — 
Entrada  de  D.  Manuel  com  sua  i.*  m. 
D.  Isabel,  de  Castela,  48.  —  Escrituração 
dos  privilégios  dos  coutos,  i83.  —  Compra 
Frei  João  um  assentamento  de  casas,  22. 

—  Falecidos,  57,  399. — í^lamengos  nego- 
ciantes aqui,  62.  —  Foral,  180-181. —  Fre- 
guesias: de  San  Bartolomeu,  181,  184;  de 
San  Mamede,  compra  de  casas,  22;  de 
San  Nicolau,  seus  foros,  i8/|,  186;  de  Santa 
Justa,  i85.  —  Hospitais:  de  Santa  Bárbara, 
i83;  hospital  e  capela  de  Santo  Eutrópio : 
sua  instituição,  181, 184;  seu  administrador, 
182,  186;  sua  doação,  «83;  sua  transfe- 
rência para  o  Poço  do  Borratem,  i85;  de 
S.  José:  Cartório,  184;  Escrituras  de  vá- 
rias propriedades  nos  anos  de  jy52  a  Jy54, 
iB3;  Apenso  2°  aos  autos  do  processo  in- 
tentado pelo  hospital  contra  os  marqueses 
de  Niifa,  184,  186;  neste  cartório  do  hos- 
pital de  S.  José  se  guarda  o  livro  das  Ca- 
pelas do  Carmo,  1 5 ;  Cartório  das  capelas 
do  mesmo  hospital,  29;  hospital  de  Todos 
os  Santos,  i83;  hospital  de  S.  Mateus,  seu 
instituidor,  184;  sua  transferência  para  o 
Poço  do  Borratem,  i85,  186.  —  Igrejas: 
dos  Camilos,  184;  da  Graça:  sepulturas-: 
da  condessa  de  Cantanhede,  328;  de  D.  Frei 
João  na  capela  dos  Reis,  24;  dos  Monises, 
na  mesma  igreja,  53;  de  Rui  Gomes  de 
Alvarenga,  233 ;  igreja  de  Jesus,  epitáfio  na 
capela  mor,  de  D.  Nuno  Manuel,  27 ;  igreja 
de  Nossa  Senhora  do  Monte  do  Carmo, 
i5,  52,  57;  igreja  de  San  Bartolomeu,  í8i; 
de  San  Domingos,  sepultura,  245,  289;  de 
San  Lourenço,  epitáfio,  9t.  —  Inquisição, 
v.  Santo  Ofício.  —  Intenta  o  rei  de  Castela 
apoderar-se  da  cidade,  i63.  —  Judiaria, 
52.  —  Legitimação,  378.  —  Largo  de  S.  Ro- 
que, 392.  —  Mercador  genovês  aqui,  18. — 
Mercês  feitas  em  Lisboa,  82.  —  Miseri- 
córdia, 423. —  Moiros  e  judeus  principais, 
i3i.  —  Moradores,  28,  210. —  Monte  de 
Cuba,  ^  será  o  de  Santa  Catarina?,  167. 

—  Morgados:  de  San  Lourenço,  90,  172; 
de  San  Mateus,  184.  —  Mosteiros:  do 
Carmo,  v.  em  Lisboa.  —  Conventos:  da 


Madre  de  Deus,  freira,  88;  da  Trindade, 
392  ;  de  San  Domingos,  227;  nele  faz  jura- 
mento o  príncipe  D.  Miguel,  339,  349,357; 
de  San  Roque,  392;  de  Santa  Clara,  171; 
de  Santos,  sepultura  e  epitáfio  de  Nuno 
Furtado  de  Mendoça,  172,  173.  —  Muro  de 
San  Domingos,  184.  —  Nascimentos,  30. — 
Natural,  56.  —  Oficiais   da    Câmara,  392. 

—  Paços:  da  Alcáçova, 227;  de  el  Rei,  5o; 
da  Madeira,  382;  dos  Tabeliães,  169. — 
Palácios:  da  Ajuda,  nele  reiine  a  suprema 
junta  da  inconfidência  e  lavra  a  sentença 
dos  Távoras,  112;  Palácio  da  Inquisição, 
V.  Santo  Ofício;  Palácio  de  San  Roque» 
392.  —  Partida  dos  reis  a  caminho  de  To- 
ledo, 49.  —  Pátio  das  Comédias,  184. — 
Poço  do  Borratem,  i83,  184,  i85.  —  Pos- 
tigo de  S.  Roque,  392.  —  Procurador  da 
cidade  às  cortes  de  Almeirim,  67.  —  Pro- 
vincial e  prepósito  da  Casa  de  S.  Roque, 
36. —  Regresso  da  índia  de  Vasco  da  Gama, 
384.  —  Renda  dos  tabeliães,  261,  299,  3oo; 
rendas,  262. —  Rossio,  47;  degolado  aqui, 
41 ;  festas  que  se  fizeram  no  reinado  de 
D.  Pedro  I,  228.  —  Ruas:  dos  Alamos,  i83; 
dos  Arcos,  184;  das  Canas,  184;  da  Co- 
mendadeira,  54;  Inês  Pires,  :4;  de  Morraz, 
52;  da  Mouraria,  i83;  Nova,  7;  das  Portas 
de  Santo  Antão,  3o;  da  Ribeira,  166,  167; 
da  Sapataria,  52.  —  Saída  da  expedição 
para  Seuta,  202.  —  San  Vicente,  cartório, 
i85.  —  Santo  Elói,  293.  —  Sé  cónego,  32; 
cabido,  54.  —  Sentença  aqui  confirmada, 
365. — Termo,  220, 25i. — Terras  de  Leirão 
e  Alqueidão,  no  termo,  218.  —  Terreiro  do 
Paço,  32;  festas  aqui  realizadas  por  oca- 
sião das  bodas  do  príncipe  D.Afonso,  121. 

—  Tesoureiro  da  Moeda,  54.  —  Tomada, 
180.  —  Traduções  em  latim  aqui  impres- 
sas, 405.  —  Universidade,  129.  —  Vizinhos, 

232, 

Lisboa  antiga,  v.  Castilho  (Júlio  de). 

Livro  dos  Accordos  do  Cabido  de  Coimbra, 
333. 

Livro  do  Armeiro  mor,  3,  45,  71,  109,  119, 
i63,  177,  191,  201,  296,  33o,  340,  334. 

Livro  dos  confessados,  425. 

Livro  das  Confiscações  Gerais,  v.  Confirma- 
ções Gerais. 

Livro  dos  Contractos  do  cartório  da  Casa 
de  Bragança,  253. 

Livro  dos  defuntos,  379. 

Livro  dos  defuntos  da  Misericórdia  de  Évora 
dos  ai:os  de  i54j  a  i556,  i58. 

Livro  das  Ementas,  na  Torre  do  Tombo, 
35i,  417,  43o. 

Livro  das  famílias,  v.  Portocarrero  (Antó- 
nio). 

Livro  das  Ilhas,  v.  Ilhas. 

Livro  dos  Prasos  da  Mitra,  410. 


índice  de  matérias 


479 


lÀvro  próprio  dos  Reis  e  Rainhas»  registo 
que^se  guarda  na  Torre  do  Tombo,  233. 

Livro  das  tenças,  no  Arquivo  Histórico  Por- 
tugue^,  149. 

Livro  das  tenças,  v.  Mexia  (Afonso). 

Livro  da  Torre  do  Tombo,  3,  45,  71,  109, 
119,  i6^,  177,  191,  aoi,  340,  357,  384,  385, 
304,  402. 

Livro  velho  das  linhagens,  yS. 

Livro  Vermelho  do  Senhor  Rei  D  Afonso  V, 
no  vol.  III  da  GoLLECÇÃo  de  livros  iné- 
ditos DE  HISTORIA  PORIUGUESA,  238. 

Livros  do  Carmo  de  Lisboa,  Alvarás  antigos^ 
236. 

Livro  do  Guadiana,  na  Torre  do  Tombo, 
353,  354. 

Lobatos,  201. 

Lobo  (António),  alcaide  mor  de  Monsarás, 
i3o;  genro  de  Diogo  de  Góis,  i3o. 

Lobo  (D.  Diogo),  2."  barão  de  Alvito,  147, 
3oi,  352,  354,402;  data  do  seu  falecimento, 
353;  sr.  do  castelo  de  Alvito,  352,  353;  sr. 
de  várias  terras,  353;  vedor  da  fazenda, 
352,  353,  371:  ar.,  353. 

Lobo  (Diogo  Lopes),  o  Velho,  sr.  de  Alvito 
e  doutras  terras,  3o2,  3o3,  3o4,  3o5,  307; 
alcaide  mor  de  Évora,  3o2. 

Lobo  (D.  João),  4.»  barão  de  Alvito,  402,407, 
434;  data  da  sua  morte  na  batalha  de  Al- 
cácerquibir,  419;  sua  prisão  e  desterro, 
402  a  407;  vedor  da  fazenda,  4o3,  407, 419; 
ar,  419. 

Lobo  (D,  Rodrigo),  3."  barão  de  Alvito,  353, 
402,  418;  data  da  sua  morte,  4o3;  sua 
prisão  no  castelo  de  Soure,  e  causa  a  que 
deu  motivo.  402,  4o3  a  407;  vedor  da  fa- 
zenda, 354,  402;  ar.,  4o3. 

Lobo  (D.  Rodrigo),  5.°  barão  de  Alvito,  232, 
434,435;  ar.,  435. 

Lobo  (Rui),  veador  da  casa  dei  Rei,  127. 

Lobos,  201. 

Loigny  (Barão  de),  v.  Chateaubriand  (D.  Rei- 
naldo). 

Loja  (Gidade  de),  doação,  5q. 

Lombardo  (Pedro),  A.estre  das  sentenças, 
precioso  ms.  iluminado  que  se  guarda  na 
Torre  do  Tombo,  335. 

Lomguy  (Barão  de),  v.  Loigny. 

Lopes  (Diogo),  sr.  de  Alvito  e  outras  terras, 
302,  3o3,  3o },  3o7 

Lopes  (Fernão),  Chronica  de  D.  Fernando, 
170,  171. —  Chronica  de  D.  João  /,  7,  78, 
i3o,  164,  i65, 167, 246, 247,249.  — CAromca 
dei  rei  D.  Pedro,  228. 

Lopes  (D.  Guiomar),  245. —V.  Vilalobos 
(D.  Guiomar  de)  ou  ainda  Ferreira  (D. 
Guiomar  de). 

Lopes  Pacheco  (Diogo),  sr.  do  Minhocal,  1 15. 

Lopes  Rodrigues,  almoxarife  em  Ponte  de 
Lima,  80. 


Lopes  de  Sequeira  (João),  trinchante  de 
D.  Manuel  e  fundador  da  vila  de  Santa 
Cruz  do  cabo  de  Guiné,  145. 

Lopo  Vasques,  monteiro  mor,  218. 

Lorena,  deste  apelido  passam  a  usar  os  Tá> 
voras,  109. 

Loronha  (D.  Fernando  de),  v.  Noronha. 

Lorvão,  mosteiro,  monja,  196. 

Loulé,  comendador,  84,  172;  condado,  229, 
328,  347,  348,  349,401;  sr.,  288,  294;  troca 
da  vila,  294. 

Loulé  (Conde  de),  i.°,  Meneses  (D.  Henrique 
de). 

Loulé  (Conde  de(,  2.»,  v.  Coutinho  (D.  Fran- 
cisco de). 

Loulé  (Conde  de),  3.»,  v.  Fernando  (D.),  in- 
fante, f.  de  D.  Manuel,  347. 

Loulé  (Condes  de),  3.»',  393,  395. 

Loulé  (Condessa  de),  295. 

Loulé  (Condessa  de),  v.  Guiomar  (D.), 

Loulé  (Condessa  de),  v.  Coutinho  (D.  Guio- 
mar de). 

Loulé  (Condessa  de),  2.%  v.  Meneses  (D.  Bea- 
tris  de).  —  V.  Marialva  (Condessa  de),  m. 
2.*  do  4.°  conde  de  Marialva. 

Loulé  (Duquesa  d^),  172. 

Loulé  (Marquesa  de),  172. 

Louredo,  sr.  da  honra,  170. 

Lourenço  (D.),  arcebispo  de  Braga,  é  encar- 
regado pelo  mestre  de  Avis  para  organizar 
uma  esquadra  para  se  opor  às  forças  de 
Castela,  164;  herói  na  batalha  de  Aljubar- 
rota, 164;  seu  corpo  incorrupto,  na  Sé  de 
Braga,  164. 

Lourenço  Pires,  11 5. 

Loures  (Casais  de),  doação,  5i. 

Louriçaí  (Marquesa  de),  v.  Noronha  (D.  Maria 
Josefa  da  Graça,  186. 

Louriçal  (Marqueses  de),  i83. 

Lounceira  (Casal  da),  na  serra  da  Arrábida, 
220. 

Lourinhã,  sr.,  196. 

Louzã,  bens  lá,  20;  mercê  dos  direitos  reais, 
247. 

Louzã  (Conde  da),  i.°,  160. 

Lousada,  sr.,  246. 

Lousada  (Gaspar  Alvares  de),  249.  —  Carta- 
pacio,  28,  425.  —  Summario  da  Torre  do 
Tombo,  i85,  226.  —  Torre  do  Tombo^ij-Xy 
294,  307,  309,  325,  326,  348,  353,  354,  369, 
40 1 ,  4o3 . 

Lousada  Machado  (Gaspar  Alvares  de),  i85, 
V.  Lousada  (Gaspar  Alvares  de). 

Lousada  (João),  almoxarife  de  Lamego,  366, 
278. 

Lucena  (Dr.  Vasco  Fernandes  de),  conde 
palatino,  233,  234;  cronista  mor  do  reino, 
233,  234;  físico  da  infanta,  234;  guarda 
mor  da  Torre  do  Tombo,  234. 

Lugares  Santos,  v.  Jerusalém. 


48o 


Brasões 


Luís  (D.),  infante,  5."  duque  de  Beja,  385; 
data  da  sua  morte,  385;  f.  de  D.  Manuel, 
385 ;  ar.,  385. 

Luís  (D.),  infante,  f.  do  infante  D.  Fernando, 
f.  de  D.  Manuel,  348,  377. 

Luís  Alvares,  mestre  sala,  143. 

Luís  Gonçalves,  tesoureiro  dei  rei,  277. — 
V.  Malafaia  (Luís  Gonçalves). 

Lumiar,  doação  dos  quartos  do  Paço,  5i; 
paço,  171. 

Luna  (Felipe  de  la),  18. 

Lusignan,  5o;  apelido  que  se  juntou  com  o 
nome  de  Febos,  5o ;  sr.  da  casa,  53 ;  ar.,  45. 

Lusignan  (Febos  de),  5o. 

Lusignan,  de  Chypre,  família  extinta  à  qual 
lhe  sucede  os  príncipes  de  Antioquia,  5o. 

Lusinhano  (D.  Leonor  de),  m.  de  Vasco  Gil 
Monis,  5o,  53,  63. 

Lusinhão,  v.  Lusinhano. 

Luxembourg,  ar.,  45. 

Lu^  Soriano  (Simão  José  da),  Historia  do 
reinado  dei  rei  D.  José,  1 14. 

Lyon  d'Angers  (Du),  sr.,  340. 

Lyon  d'Angers  (Mr.  du),  341, 342 ;  era  de  um 
ramo  obscuro  e  modesto  da  casa  de  Gha- 
teaubriand,  342. 

Mação,  sr.,  372. 

Macedo  (Diogo  Gortçalves  de),  i3o. 

Macedo  (Henrique  dê),  i3i,  i33;  regedor  de 
Évora,  129. 

Macedo  (Martim  Gonçalves  de),  i3o. 

Machede  (Morgado  de),  em  Évora,  seu  admi- 
nistrador, 41 ;  herdade,  Sgi. 

Machico,  sr.«  da  capitania,  412. 

Madrid,  56;  falece  aqui  o  4.°  conde  de  Por- 
talegre, 43 1. 

Mafalda  (D.),  rainha  de  Portugal,  195. 

Mafra  (Vila  de),  escambo,  77;  foral  conce- 
dido, 77;  srs.,  77,  92,  264,  263;  sua  venda, 
77;  termo,  261. 

Magalhães  (Fernão  de),  procurador  do  duque 
de  Bragança,  269. 

Magalhães  (Frei  Pedro  de),  deputado  do  con- 
selho geral  do  Santo  Ofício,  38. 

Magalhães  de  Meneses  (Manuel  de),  inqui- 
sidor, 36. 

Magestades  e  grandezas  de  Lisboa,  no  Ar- 
quivo HISTÓRICO  PORTUGUEZ,  l85. 

Maia  (Gonçalo  Mendes  da),  o  Lidador,  ca- 
pitão de  Beja,  178,  179;  fala  que  fez  nos 
derradeiros  momentos  da  sua  vida  aos 
seus  companheiros  de  armas  para  os  enco- 
rajar a  combater  os  sarracenos  nos  campos 
de  Beja,  179,  180;  sua  morte  nesta  peleja, 
180. 

Maior  (D.),  condessa  de  Ourém,  252. 

Major  (Richard  Henry),  The  Life  of  prince 
Henry  of  Portugal^  2o3,  204. 

Malafaia  (Luís  Gonçalves),  v.  Luis  Gonçalves. 

Malafaia  (Pedro  Gonçalves),  rico  homem, 


322;  embaixador  a  Castela,  322;  vedor  da 
fazenda,  322. 

Malafaias  Tabordas  Curutelos,  301. 

Málaga,  a  caminho  desta  cidade  são  levadas 
pela  corrente  algumas  das  naus  de  D.  João  I, 
2o3,  204. 

Malagrida  (Padre  Gabriel),  autor  do  pro- 
cesso, i86. 

Malcabrão  (Terras  de),  259. 

Mancelos  (Convento  de),  rações  dadas,  170. 

Manrique  (D.  Henrique),  conde  de  Alva  de 
Lista,  335-336. 

Mantieiro,  da  imperatris,  235. 

Manuéis,  geração  banida  do  reino  pela  trai- 
ção do  conde  D.  Henrique,  i3;  progenitor, 
II,  i3;  ar.,  3,  25,  27. 

Manuéis,  de  Castela,  6,  10;  linhagem,  12, 1 3, 
41 ;  extinção  da  varonia  em  Portugal,  10, 
40.  —  Ar.,  27. 

Manuéis,  de  Portugal,  linhagem,  24;  extin- 
ção da  varonia,  40;  geração,  27;  não  des- 
cendem dei  rei  D.  Duarte,  10. 

Manuéis  de  Vilhena,  extinção  da  i.*  linha 
da  sua  geração,  9. 

Manuel,  apelido,  6, 10;  patronimo,  6;  varonia 
perdida,  40. 

Manuel  (D),  4.»  duque  de  Beja,  385.  —V.  Ma- 
nuel (O.),  rei  de  Portugal. 

Manuel  (D.),  5.°  duque  de  Viseu,  v.  Manuel 
(D.),  rei  de  Portugal. 

Manuel  (D.),  irmão  do  duque  de  Viseu,  296. 

Manuel  (D.),  infante  de  Castela,  5,  6. 

Manuel  (D.),  rei  de  Portugal,  22,  24,  27,  28, 
29,  4Ó,  48,  49, 63, 64, 65,  87, 88,  97,  98, 102, 
i52,  i53,  i56,  157,  234,  292,  294,  3c7,  309, 
3 14,  3 16,  327,  333,  335,  337,  338,  343,  347, 
35o,  352,  353,  354,  355,  357,  366,  368,  370, 
373,  374,  375,  378,  38i,  382,  384,  385,  389, 
400,416. — Assiste  às  festas  da  inauguração 
do  convento  de  Jesus  em  Setúbal,  26.  — 
Cartas  suas  que  Vnanda  ao  papa  pedindo 
o  priorado  do  Crato,  294;  outra  sobre  a 
fuga  do  duque  de  Bragança,  64;  ainda 
outra  falando  no  herdeiro  da  coroa,  343; 
mais  outra  em  resposta  à  carta  que  lhe 
mandou  o  marquês  de  Vila  Real,  389.  — 
Data  do  seu  nascimento,  25 ;  e  da  sua 
morte,  385.  —  Expulsa  os  judeus,  46,  47. 

—  Hóspede  do  -i."  conde  da  Feira,  366. — 
Sua  aclamação  em  Alcácer  do  Sal,  45.  — 
Sua  entrada  em  Lisboa,  48.  —  Sua  estada 
em  Castelo  de  Vide  e  Évora,  com  sua  i.* 
m,  D.  Isabel  de  Castela,  48, 140.  —  Sua  ida 
a  Espanha  para  ser  jurado  príncipe  de 
Castela  e  Aragão,  48,  49,  64.  —  Seu  aio, 
157.  —  Seu  i."  casamento,  45.  —  Seu  co- 
peiro mor,  145.  —  Seu  estribeiro  mor,  144. 

—  Seu  mestre  sala,  64.  —  Seu  testamente, 
401-402.  —  Seu  trinchante,  145.  —  Regedor 
e  gov.  da  Ordem  de  Cristo,  334.  —  Títulos 


índice  de  matérias 


481 


que  criou,  23 1.  —  V.  Beja  (Duque  de),  4.% 
e  b."  de  Viseu. 

Manuel  (D.  António),  3.°  conde  da  Atalaia, 
Jo. 

Manuel  (D.  António),  neto  de  Justa  Rodri< 
Í4ues.  seu  epitáfio,  27. 

Manuel  (D.  Bernardo),  camareiro  mor,  f.  de 
D.  João  Manuel,  28. 

Manuel  (D.  Constança),  f.  de  D.  João  Manuel 
e  neta  do  infante  D.  Manuel  de  Castela, 
5.  6. 

Manuel  (D.  Constança),  2.*  marquesa  de 
Tancos,  duquesa  camareira  mor,  40 

Manuel  (D.  Fradique),  f.  de  D.  Nuno  Manuel, 
alcaide  mor  de  Marvão,  3o;  sr.  de  Salva- 
terra de  Magos,  Águias,  Erra,  Tancos, 
Atalaia  e  Cinceira,  29,  3o;  sua  morte,  29; 
sua  mulher,  3o. 

Manuel  (D.  Francisco),  i.»  conde  da  Atalaia, 
3o. — V.  Atalaia  (Conde  de),  1." 

Manuel  (P  Francisco),  autor  da  carta  de  re- 
comendação de  D.  Álvaro  Manuel  de  No- 
ronha, 37. 

Manuel  (Henrique),  v.  Manuel  de  Vilhena 
(Henrique). 

Manuel  (L).  Joana),  dama  da  rainha  D.  Leo- 
nor, 12. 

Manuel  (D.  João),  arcebispo  de  Lisboa  e 
fundador  da  capela  mor  do  convento  de 
Jesus  de  Lisboa,  27. 

Manuel  (D.João),  camareiro  mor,  i3,  21,22, 
23,  26,  144;  guarda  mor,  29;  poeta,  28, 
144;  sua  morte,  28;  sua  mulher,  28. 

Manuel  (D.  João),  sr.  de  Vilhena,  5,  6. 

Manuel  (D.  João),  v,  João  (D.  Frei),  provin- 
cial da  Ordem  do  Carmo,  bispo  de  Seuta 
e  da  Guarda,  10,  11,  i5,  16. 

Manuel  (D.  Leonor),  m.  de  D.  Francisco  de 
Faro,  4í. 

Manuel  {D.  Maria),  desposada  do  mestre 
D.  Jorge,  357,  358,  35q,  36o,  362;  m.  i.*  de 
Manuel  de  Sousa,  358. 

Manuel  (D  Nuno),  irmão  de  João  Manuel, 
f.  de  Frei  João  bispo  da  Guarda,  16,  22, 
23,  26,  27.  —  Alcaide  mor  da  Guarda,  29; 
almotacé  mor,  29;  sr.  de  Salvaterra  de 
Magos  e  Erra,  e  das  Águias  29;  sua  morte, 
29;  sua  mulher  28;  seu  epitáfio  na  capela 
mor  da  igreja  de  Jesus  de  Lisboa,  27. 

Manuel  (D.  Pedro),  2.°  conde  da  Atalaia,  3o. 

Manuel  de  Faro  (D.  Maria),  m.  de  D.  Diogo 
de  Melo,  41. 

Manuel  de  Melo  (D.Francisco),  escritor, 41. 

Manuel  de  Meneses  Severim  de  Noronha 
(António  José  de  Sousa),  duque  da  Ter- 
ceira e  7.°  conde  de  Vila  Flor,  8. 

Manuel  de  Noronha  (D.  Álvaro),  debulhado 
em  lágrimas  lança-se  aos  pés  do  inquisidor 
pedindo  misericórdia,  39;  disfarçado  vem 
a  Portugal  com  um  breve  do  Papa,  36; 

VOL.  Hl 


lugar  da  sua  morte,  40;  na  Inquisição,  3o 
a  40;  sr.  da  Atalaia,  3o. 

Manuel  de  Noronha  (D.  Duarte),  represen- 
tante da  casa  da  Atalaia,  40. 

Manuel  de  Távora  (D.  Luís),  4.»  conde  da 
Atalaia,  40. 

Manuel  de  Vasconcelos  (D.  Agostinho),  es- 
critor, deaolado  no  Rossio,  41, 

Manuel  de  Vilhena  (D.  António),  cavaleiro  e 
grão  mestre  da  Ordem  de  Malta,  sua  se- 
pultura e  epitáfio,  89. 

Manuel  de  Vilhena  (D.  Cristóvão),  2.»  conde 
de  Vila  Flor,  8;  com.  de  Moreiras  na 
Ordem  de  Cristo  e  alcaide  mor  de  Fontes, 
8;  progenitor  da  casa  de  Vila  Flor,  8. 

Manuel  de  Vilhena  (D.  Fernando),  i3. 

Manuel  de  Vilhena  (D.  Henrique),  i.»  conde 
de  Seia,  7,  i3,  228,  2-19.  —  Conde  de  Mon- 
talegre, 8,  249  —  iJoação  de  suas  casas  na 
rua  Nova  de  Lisboa,  7.  —  E'-lhe  confis- 
cada a  terra  de  Lafões  por  ter  seguido  o 
partido  de  Castela,  7.  —  Era  f.  de  D.  João 
iManuel,  6.  —  Filhos  ilegítimos  que  teve, 
8.  —  Sr.  de  muitas  terras,  6,  7,  249. —  Seu 
casamento,  8.  —  Seu  título  de  dom,  7. — 
Traidor,  i3. — Ar.,  249. — V.  Manuel  (Hen- 
rique). 

Manuel  de  Vilhena  (D.  João),  i.»  sr.  de 
Cheles,  8. 

Manuel  de  Vilhena  da  Costa  Freire  Martins 
da  Fonseca  (D.  Maria  Leonor  Carolina  da 
Conceição),  condessa  de  Alpedrinha,  9, 40. 

Mappa  de  Portugal,  v.  Castro  (Padre  João 
Bautista  de). 

Marateca  (Quinta  da),  172. 

Maravide,  mercê  das  carnes,  dinheiros  e 
rendas,  9G. 

Marchena,  sr.,  246. 

Marcos  em  Portugal,  324 

Margarida  (D.),  f.  b.  de  Henrique  II,  rei  de 
Castela,  i53. 

Maria  (D.),  infanta  411,412. 

Maria  (D.),  infanta  portuguesa,  bodas  por 
ocasião  do  seu  casamento  com  D.  Afonso 
XI  de  Castela,  5,  ò. 

Maria  (D.),  rainha  de  Portugal, seu  mordomo 
mor,  379 

Maria  I  (D.),  rainha  de  Portugal,  1 10, 1 1 1. 

Maria  Afonso  (D.),  condessa  de  Neiva,  249. 

Maria  Afonso,  m.  de  D.  João  de  Alvim,  76. 

Maria  Anes  (D.),  m.  de  D.  João  Fernandez 
de  Batissela,  75,  77. 

Maria  Garcia,  m.  de  D.  João  Fernandes  de 
Li  mia,  76. 

Maria  Gonçalves,  m.  de  Afonso  Furtado, 
170. 

Marialva,  condado,  277,401 ;  ducado  229, 394. 

Marialva  (Conde  de),  359,  393,  395. 

Marialva  (Conde  de),  i .°,  v.  Coutinho  (D.  Vas- 
co Fernandes). 

61 


4^2 


Brasões 


Marialva  (Conde  de),  2.°,  v.  Coutinho  (D. 

Gonçalo). 
Marialva  (Conde  de),  3.°,  v.  Coutinho  (D. 

João). 
Marialva  (Conde  de),  3 10,  328,  SgS,  4.°,  v. 

Coutinho  (D.  Francisco). 
Marialva  (Conde  de),  5.",  v.  Fernando  (D.), 

infante  f.  de  D.  Manuel,  327,  BgS,  SgS. 
Marialva  (Condessa  de),  295. 
Marialva  (Condessa  de),  v.  Catarina  (D.). 


de),   5. 


Coutinho 


Ichoa  (D.  Maria 
Melo  (D.  Beatris 


Marialva  (Condessa 
(D.  Guiomar). 

Marialva  (Condessa  de),  v. 
de). 

Marialva  (Condessa  de),  v. 
de). 

Marialva  (Condessa  de),  v.  Meneses  (D.  Bea- 
tris de).  —  V.  Loulé  (Condessa  de),  m.  2.* 
do  4.°  conde  de  Marialva. 

Marialva  (Condessa  de),  v.  Sousa  (D.  Maria 
de). 

Marialva  e  Loulé  (Condes  de),  348;  casa, 

347. 

Marialvas,  240.     , 

Marichal,  201,  209,  21 1,  264,  266,  398;  do 
reino,  22. 

Mari^  (Pedro  de),  Diálogos  de  varia  his- 
toria,  12,  i3,  14. 

Marmelar,  no  termo  de  Torres  Vedras,  bens 
aqui,  220. 

Marquês,  carta  de  título  criada  por  D.  Afon- 
so V,  229. 

Marquesas:  de  Alorna,  Cascais,  Ferreira, 
Montemaior,  Montemor  o  Novo,  Tancos, 
Vila  Real. 

Marqueses :  Abrantes,  Alvito,  Belas,  Cascais, 
Ferreira,  Lavradio.  Loulé,  Louriçal,  Minas, 
Montemor,  Montemor  o  Novo,'Ponte  de 
Lima,  Sampaio,  Tancos,  Tenório,  Torres 
Novas,  Valença,  Viana,  Vila  Real,  Vila 
Vila  Viçosa,  Vilhena. 

Marrocos  (Costa  de),  2o5;  prisioneiro,  428. 

Martim  Esteves,  burguês  de  Castelo  Branco, 
219. 

Martim  Fernandes  (D.),  mestre  de  Avis,  si- 
tiante no  cerco  de  Sevilha,  191. 

Martim  Gil,  escrivão,  23o. 

Martim  Gil,  (D.),  2."  conde  de  Barcelos,  242, 
259;  alferes  mor,  242;  epitáfio,  243;  morte 
e  sepultura,  242;  sr.  de  Viana  do  Alentejo, 
259;  também  usou  do  apelido  de  Sousa, 
242. 

Martinho  (D.),  arcebispo  de  Braga,  insti- 
tuidor do  morgado  de  Oliveira,  no  termo 
de  Évora,  i3o. 

Martinho  (D.),  f.  de  João  Afonso  de  Albu- 
querque, sr.  de  Jarmelo,  aSo. 

Martins  (Alda),  v.  Alda. 

Martins  de  Carvalho  (Joaquim),  carta  ao 
redactor  das  Novidades,  no,  112. 


Marvão,  alcaide  mor,  3o. 

Mascarenhas,  201,  221. 

Mascarenhas  (.\lvaro  Fernandes  de),  sr.  de 
Carvalho,  2t5. 

Mascarenhas  (D.  Fernando),  v.  Mascarenhas 
(D.  F'ernão  Martins). 

Mascarenhas  (Fernão  Martins),  capitão  dos 
ginetes,  386;  com.  de  Mértola  e  Almo- 
dovar,  146.  —  V.  Mascarenhas  (D.  Fer- 
nando). 

Mascarenhas  (D.  João),  capitão  dos  ginetes, 
419. 

Mascarenhas  (D.  João  de) ,  mordomo  mor,  4 1 3. 

Mascarenhas  (D.  Leonor),  baronesa  de  Al- 
vito, 419. 

Mascarenhas  (Condado  de),  232. 

Matosinhos  (Condado  de),  sua  criação,  232; 
sr.  da  dízima  do  pescado,  35o. 

Matosinhos  (Conde  de),  v.  Sá  de  Meneses 
(Francisco  de). 

Mayorga  (Conde  de),  v.  Telo  (D.  João 
Afonso). 

Medellin  (Conde  de),  v.  Ponce  (D.  Pedro). 

Medellin  (Conde  de),  v.  Portocarrero  (D.  Ro- 
drigo). 

Medellin  (Condessa  de),  v.  Pacheco  (D.  Bea- 
tris). 

Medina  Sidónia  (Duque  de),  235. 

Medina  Sidónia  (Duques  de),  3.°%  344. 

Mediterrâneo  (Foz  do),  202. 

Meirinho  das  cadeias,  1 13. 

Meirinho  mor,  277,  278,  283,  3 10,  3n. 

Melgaço,  alcaide,  78;  cerco,  249. 

Melo,  sr.  de  vila,  80,  87,  347. 

Melo  (Aires  de),  f.  de  João  Mendes  de  Oli- 
veira, i3o. 

Melo  (D.  Beatris  de),  condessa  de  Marialva, 
279.  —V.  Sousa  (D.  Beatris  de). 

Melo  (D.  Beatris  de),  m.  de  João  Mendes  de 
Oliveira,  129. 

Melo  (D.  Branca  de),  m.  de  Fernando  das 
Alcáçovas,  i53, 154, 157;  sr."de  Barbacena, 
154. 

Melo  (D.  Brites  de),  m.  de  Álvaro  da  Cunha, 
80. 

Melo  (D.  Catarina  de),  dama  da  rainha 
D.  Leonor,  86. 

Melo  (Cristóvão  de),  alcaide  mor  de  Évora ^ 
i56. 

Melo  (D.  Diogo  de),  41. 

Melo  (Estêvão  Soares  de),  capitão  de  uma 
das  naus  que  foi  a  Seuta,  2o3,  207. 

Melo  (D.  Felipa  de),  sr.»  da  casa  de  Olivença, 
324,  325,  354,  368. 

Melo  (D.  FYancisco  de),  2.°  conde  de  Ten- 
túgal, 414;  2.»  marquês  de  Ferreira,  414, 
4i5;  data  da  sua  morte  414;  ar.,  414. 

Melo  (Garcia  Afonso  de),  alcaide  mor  de 
Castelo  Branco  e  com.  da  Ordem  de  Cristo, 
144;  poeta  do  Cancioneiro,  144. 


índice  de  matérias 


483 


Melo  (D.  Gomes  de),  copeiro  mor  do  infante 
D.  Duarte,  41. 

Melo  (Gonçalo  Vasques  de),  capitão  da  galé 
Santa  Ana,  164. 

Melo  (D.  Isabel  de),  condessa  das  Alcáçovas, 
i56. 

Melo  (D.  Isabel  de),  m.  i.«  de  D.  Duarte  de 
Meneses,  conde  de  Viana  e  viúva  de  João 
Rodrigues  Coutinho,  283,  284,  29). 

Melo  (D.  Isabel  de),  viscondessa  de  Vila  Nova 
da  Cerveira,  88,  347;  m.  2.*  de  D.  João  de 
Lima,  87;  data  da  sua  morte,  347;  seu 
epitáfio  no  cruzeiro  do  Varatojo,  347. 

Melo  (D.  Joana  de),  condessa  do  Prado,  391 ; 
seu  epitáfio,  391. 

Melo  (Jorge  de),  porteiro  mor,  65;  parte 
também  por  ordem  de  D  Manuel  no 
alcance  da  fuga  de  D.  Jaime,  duque  de 
Bragança,  65. 

Melo  (Martim  Afonso  de),  alcaide  mor  de 
Evjora  e  Olivença,  1 33, 283;  expedicionário 
a  Seuta,2oi,  20S,  209,210;  guarda  morde 
D.  João  I,  i53,  07,  279,  283,  284;  sr.  de 
Barbacena,  154. 

Melo  (Martim  Afonso  de),  5.°  sr.  de  Melo, 
80,  87. 

Meio  (Martim  Afonso  de),  7.»  sr.  de  Melo,  347. 

Melo  (D.  Pedro  de),  i.°  conde  da  Atalaia, 
239,  289,  290;  regedor  da  Casa  do  Cível 
de  Lisboa,  289;  sr,  de  várias  terras,  289; 
sua  sepultura  e  epitáfio,  280;  ar.,  290  — 
V.  Melo  (Pêro  Vaz  de).  —  V."também  Ata- 
laia (Conde  da),  i.°. 

Melo  (D.  Pedro  da),  herdeiro  da  casa  da  Ata- 
laia, 290. 

Melo  (Pêro  Vaz  de),  v.  Melo  (D.  Pedro  de), 
1."  conde  da  Atalaia,  239. 

Melo  (D.  Rodrigo  de),  conde  de  Odemira, 
239. — V.  Melo  (Rui  de),  ou  ainda  Melo 
(Rodrigo  Afonso  de). 

Melo  (D.  Rodrigo  de),  i.°  conde  de  Tentúgal, 
325,  357,  367,370,  400,414. —  i.°  marquês 
de  Ferreira,  368,  400.  —  Alcaide  mor  de 
Olivença,  368.  —  Data  da  sua  morte,  400. 

—  Sr.  de  Alvaiázere  e  outras  terras,  368. 

—  Ar.,  368, 400.— V.  Portugal  (D.  Rodrigo 
de),  ou  ainda  Portugal  (D.  Álvaro  de). 

Melo  (D.  Rodrigo  de),  herdeiro  do  condado 
de  Tentúgal,  414. 

Melo  (Rodrigo  Afonso  de),  23q. — V.  Melo 
(Rui  de),  ou  ainda  Melo  (D.  Rodrigo  de). 

Melo  (Rui  de),  alcaide  mor  de  Alegrete,  33o 

Melo  (Rui  de),  almirante  e  fronteiro  mordo 
Algarve,  80. 

Melo  (Rui  de),  239;  conde  de  Olivença,  85, 
324,  325;  alcaide  mor,  324;  data  da  sua 
morte,  325 ;  guarda  mor  e  capitão  de 
Tânger,  324;  ar.,  325. —V.  Melo  (D.Ro- 
drigo de),  ou  ainda  Melo  (Rodrigo  Afonso 
de). 


Melo  (Vasco  Martins  de),  alcaide  mor  de 

Evofa,  86,  i3o. 
Melo  (Vasco  Martins  de),  o  A/ofo,  capitão 

da  galé  Bemaventurada,  164. 
Melo  de  Santiago  (João  de),  abade  de  Pom- 

beiro,  101. 
Meios,  srs.  de  Ferreira  de  Aves,  seus  ramos, 

144. 
Melres,  padroado,  327;  sr.,  327. 
Mem  Peres,  i.°  administrador  do  morgado 

da  Oliveira,  no  termo  de  Évora,  i3o. 
Mémoires  sur  1'ancienne  chevalerie,  v.  Sainte 

Palaye  (La  Ciirne  de). 
Memoria  sobre  a  verdadeira  signijicação  da 

palavra  privado,  v.    Trigoso  de  Aragão 

Moralo  (Francisco  Manuel),  196. 
Memorias  da  Academia,  11 5,  196. 
Memorias  do  cartório  de  S.  Vicente  de  Fora, 

V.  Torre  do  Tombo. 
Memorias  históricas  do  Carmo,  v.  Sá  (Frei 

Manuel  de). 
Memorias  histórico- genealógicas  dos  Duques 

portugueses,  v.  teo  Cardoso  de  Castelo 

Branco  e  Torres,  (João  Carlos). 
Memorias    históricas    e   genealógicas   dos 

grandes  de  Portugal^  v.  Sousa  (D.  António 

Caetano  de). 
Memorias  das  inquirições,  v.  Ribeiro  (João 

Pedro). 
Memorias  de  literatura  da  Academia,  267. 
Memorias  para  a  vida  dei  Rey  D.  João  I, 

V.  Soares  da  Silva. 
Memorias  do  Real  Archivo,  v.  Ribeiro  (João 

Pedro). 
Memorias   Sepulchraes,  v.  Montês  Matoso 

(Padre  Luis). 
Memorias   Sepidchraes,  que  para  beneficio 

da  Historia  de  Portugal  offereceo  á  Aca- 
demia Real  D.  António  Caetano  de  Sousa, 

v.  Sousa  (D.  Antoíiio  Caetano  de). 
Memorias  sobre  as  Behetrias,  v.  Figueiredo 

(José  Anastácio  de). 
Mendes  Simões  &e  Castro  (Augusto),  escritor, 

333,431. 
Mendez  (Diego),  companheiro  de  navegação 

de   Cristóvão  Colombo,   55,  56,  59,  61; 

aguazil  mor  da  cidade  de  S.  Domingos  da 

ilha  Hispaniola,  56. 
Mendibil,  sr.»,  168. 
Mendoça,  v.  Mendozas. 
Mendoça  (D.  Ana  de),  172. 
Mendoça  (Diogo  de),  alcaide  mor  de  Mourão, 

149,  173,  344;  anadel  mor  dos  besteiros, 

149,  173;  sua  morte,  173. 
Mendoça  (Duarte  de),  anadel  mor  dos  bes- 
teiros, 173. 
Mendoça  (Francisco   de),  alcaide  mor  de 

Mourão,  369. 
Mendoça  (D.  Isabel  de),  362. 
Mendoça  (D.  Isabel  de),  m.  do  t.»  conde  da 


484 


.    Brasões 


Calheta,  427;  data  da  sua  morte,  427;  don- 
zela da  rainha  D.  Catarina,  427. 

Mendoça  (Jerónimo),  Jornada  de  Africa,  412, 
426. 

Mendoça  (D.  Joana  de),  duquesa  de  Bra- 
gança, 149,  172,  173,  344,414;  data  do  seu 
falecimento.  344;  seu  epitáfio,  ^44. 

Mendoça  (João  de),  o  Cação,  alcaide  mor  de 
Chaves,  173. 

Mendoça  (D.  Leonor  de),  duquesa  de  Bra- 
gança, 64,  65;  morta  pelo  duque  D.  Jaime, 
seu  marido,  344;  seu  epitáfio  em  Belém, 
344.  —V.  Gusmão  (D.  Leonor  de). 

Mendoça  (Manuel  de),  veador  do  duque  de 
Aveiro,  172. 

Mendoça  (Pêro  de),  alcaide  mor  de  Mourão, 
140,  173. 

Mendoças,  progenitor,  172, 173;  varias  casas, 
173.- 

Mendoças,  alcaides  mores  de  Mourão,  seu 
progenitor,  173. 

Mendoças,  conde  de  Vai  de  Reis,  172. 

Mendoças  Arraiais,  casa,  173. 

Mendoças  de  Palma,  casa,  173. 

Mendonça  (D.  Joana  de),  v.  Mendoça  (D. 
Joana  de). 

Mendonça  da  Mala  (Padre  João),  queimado 
pela  inquisição,  32. 

Mendoza  (D.  Diogo  Lopez  de),  sr.  da  casa 
de  Furtado,  160. 

Mendoza  (Fernão  Inigez  de),  168,  v.  Furtado 
(Fernão). 

Mendoza  (Rui  Dias  de),  sr.  de  Moron,  247; 
mestre  sala  dos  reis  católicos,  427. 

Mendoza  (Dr.  Salazar  de),  v.  Salazar  de 
Mendoza  (Dr.),  Origen  de  las  dignidades 
seglares,  etc. 

Mendozas,  apelido,  168;  sr.  da  casa,  168;  ar. 
e  divisa,  loS.  —V.  Mendoça. 

Meneses,  265. 

Meneses,  antigos,  240. 

Meneses  (D.  Aleixo  de),  aio  de  D.  Sebastião, 
422. 

Meneses  (D.  Ana  de),  condessa  da  Feira,  418; 
donzela  da  rainha  D.  Catarina,  418. 

Meneses  (D.  Beatris  de),  condessa  de  Ma- 
rialva e  2."  de  Loulé,  3 1 1,  328,  347-348;  sr. 
do  paul  de  Trava,  328;  sua  sepultura,  348; 
seu  testamento,  348;  ar.,  328. 

Meneses  {D.  Beatris  de),  condessa  de  Vila 
Real,  266. 

Meneses  (D.  Beatris  de),  m.  de  Aires  Gomes 
da  Silva,  325. 

Meneses  (D.  Beatris  de),  sr.«  de  Azurara  e 
Fão,  249. 

Meneses  (D.  Brites  de),  condessa  da  Feira, 
373. 

Meneses  (D.  Brites  de),  marquesa  de  Fer- 
reira, 369,  400;  data  da  sua  morte,  400. 

Meneses  (D.  Duarte  de),  conde,  23. 


Meneses  (D.  Duarte  de),  2.»  conde  de  Viana 
da  Foz  do  Lima,  258,  288;  2°  conde  de 
Viana,  do  Minho,  258,  281,  287;  alferes- 
mor,  281,  283,  284,  288;  capitão  e  gov.  de 
Alcácer,  28  ,  288;  morto  em  Africa  na 
batalha  de  Benacofú,  281,  282,  284;  sua 
Crónica,  281;  seu  mausuleu  no  cruzeiro 
de  S.  FYancisco  de  Santarém,  hoje  depo- 
sitado no  museu  distrital,  283.  —  Ar  .  283. 

Meneses  (D.  Duarte  de),  3.°  conde  de  Viana, 
2q3,  352. 

Meneses  (D.  Fernando  de),  f.  do  i."  conde 
de  Alcoutim,  348. 

Meneses  (D.  Fernando  de),  2°  marquês  de 
Vila  Real,  146,  338,339,  ^48,  349,354,355, 
356,  370,  387,  388;  t.»  conde  de  .Alcoutim, 
2."  de  Valença  e  4.°  de  Vila  Real,  145,  348, 
349,  354,  355,  356;  capitão  de  Seuta,  355; 
data  da  sua  morte,  355,  387;  sr.  de  várias 
terras,  338,  356;  ar.,  349,  355. 

Meneses  (D.  Fernando  de;,  o  Narizes,  dego- 
lado em  Setúbal,  393. 

Meneses  (D.  Garcia  de),  235. 

Meneses  (D.  Henrique  de),  4.°  conde  de 
Viana,  i."  de  Loulé  e  Valença,  282,  288, 
289,  204,  32S;  alferes  mor,  288,  294;  ca- 
pitão de  Alcácer  e  Arzila,  282,  288,  294; 
sr.  de  várias  terras,  288,  294;  sua  morte^ 
294;  ar,  289.  294. 

Meneses  (D.  Henrique  de),  3.°  conde  de 
Viana  da  F^oz  do  Lima,  258,  2S7,  288;  ca- 
pitão de  Alcácer,  287;  sua  morte,  287. 

Meneses  (D.  Isabel  de),  condessa  de  Oli- 
vença, 325;  seu  falecimento,  325. 

Meneses  (D.  Isabel  de),  m.  de  D.  João  Ma- 
nuel, f.  de  Afonso  Teles  de  Meneses,  28. 

Meneses  (D.  Joana  de),  condessa  de  Arma- 
mamar,  viscondessa  de  Vila  Nova  da  Cer- 
veira, 92 ;  sr.«  da  casa  de  Mafra,  92 ;  sua 
morte  e  sepultura,  92. 

Meneses  (D.  Joana  de),  m.  i.»  de  D.  Pedro 
de  Castro,  3."  conde  de  Monsanto,  393; 
data  da  sua  morte,  393. 

Meneses  (D.  João  de),  i.°  conde  de  Tarouca, 
35i,  373,  377;  alferes  mor,  35i;  capitão  de 
Arzila,  36 1;  capitão,  gov.  e  almirante  de 
Tânger,  35 1 ;  data  da  sua  morte,  35i ;  es- 
crivão da  puridade,  35 1 ;  gov.  casa  do  prín- 
cipe, 35i;  mordomo  mor,  12S,  146,  35i,^ 
370,  371 ;  prior  do  Crato,  35 r,  352,  377;  sr. 
de  várias  terras,  35i;  vedor  da  fazenda,. 
35 1 ;  ar.,  352. 

Meneses  (D.  João  de),  o  Pica- Sinos,  aio  e 
mordomo  mor  do  príncipe  D.  Afonso,  143  ; 
poeta  do  Cancioneiro,  143. 

Meneses  (D.  João  de),  sr.  de  Penalva  e  Galfar, 
334. 

Meneses  (D.  Leonor  de),  m.  i.*  de  D.  Fer- 
nando, I  •  duque  dé  Guimarães,  387,  291, 
326. 


índice  de  matérias 


485 


Meneses  (D.  Leonor  de),  m.  de  D.  Pedro  de 
Castro,  275. 

Meneses  (D.  Leonor  de),  m.  i/  de  D.  Pedro 
de  Meneses,  i."  conde  de  Cantanhede, 327, 
32S. 

Meneses  (D.  Manuel  de),  4."  conde  de  Arga- 
nil, 425;  bispo  de  Coimbra  e  Lamego,  425; 
data  e  lugar  da  sua  morte, 426;  inquisidor 
geral,  425;  sr.  do  couto  de  Coja,  425;  ar., 
426. 

Meneses  (D.  Manuel  de),  1.°  duque  de  Vila 
Real,  421,  433,  434;  5°  marquês  de  Vila 
Real,  408,  409,  421,  422,  433;  4.°  conde  de 
Alcoutim,  5.»  de  Valença  e  7°  de  Vila 
Real,  421,  422;  data  da  sua  morte,  421; 
ar,  421.  — V.  Noronha  fD.  Manuel  de). 

Meneses  (D,  Maria  de),  condessa  de  Mon- 
santo, 23,  2q3;  donzela  da  casa  da  infanta 
D.  Joana,  293. 

Meneses  (D.  Maria  de),  condessa  de  Porta- 
legre, 367. 

Meneses  (D.  Maria  de),  condessa  da  Sorte- 
lha, 424. 

Meneses  (D.  Mécia  de),  condessa  do  Re- 
dondo, 422;  data  do  seu  falecimento,  422. 

Meneses  (D.  Miguel  de),  4.°  Marquês  de  Vila 
Real,  391,407,408.409,421,422;  3.°  conde 
de  Alcoutim,  6.»  de  Vila  Real  e  4.°  de  Va- 
lença, 391,40^,409;  capitão  deSeuta,4o8; 
data  da  sua  morte  por  desastre,  408;  ar., 
39 1 ,  408. 

Meneses  (D.  Miguel  de),  i."  duque  de  Cami- 
nha, 226,  434;  6.°  marquês  de  Vila  Real, 
226,  433,  434;  5.°  conde  de  Alcoutim,  226, 
23 1,  433,  434;  ar.,  434. 

Meneses  (D.  Pedro  de),  i.°  conde  de  Can- 
tanhede, 327,  337,426;  data  do  seu  faleci- 
mento, 327;  3.°  sr.  do  reguengo  de  Can- 
tanhede e  da  terra  de  Melres,  327;  ar., 
327,  426. 

Meneses  (D.  Pedro  de),  2.»  conde  de  Viana 
do  Alentejo  e  i.»  de  Vila  Real  258,  260, 
261,  263,  264,  205,  266,  269,  28  r,  287,  291, 
396;  alferes  mor,  263;  almirante  do  reino, 
263;  expedicionário  a  Seuta,  201,  258  e 
morto  lá,  263;  sua  sepultura  na  praça  de 
Santarém,  264;  ar.  e  divisa,  264. 

Meneses  (D.  Pedro  de),  i.°  marquês  de  Vila 
Real,  236,  237,  269, 339,  348,  354,  ^35,  370; 
7.°  conde  de  Ourem,  236,  237,  260.  339,  ^ 
3."  de  Vila  Real,  228,  236,  268,  269,  338, 
339,  428;  data  do  seu  falecimento,  339; 
sr.  de  Almeida,  338,  339;  ar.,  270,  340. 
Meneses  (D.  Pedro  de),  marquês  de  Vila 

Real,  10Í4,  329. 
Meneses  (D.  Pedro  de),  3.»  marquês  de  Vila 
Real,  355,  356,  357,  38?,  388,391,  401,405, 
408,  421;  2.»  conde  de  Alcoutim,  3.»  de 
Valença  e  5.»  de  Vila  Real,  349-35o,  356, 
387,  388;  capitão  de  Seuta,  356,  387;  data 


da  sua  morte,  387;  sr.de  Tavira,  387:  ar. 

356,387.  '      />     •» 

Meneses  (D.  Rodrigo  de),  mordomo  mor  da 

rainha,  guarda  mor  do  príncipe,  146. 
Meneses,  do  conde  de  Viana,  capitão  de 

Seuta,  ar.,  340. 
Meneses  (Vila  de),  sr.,  8,  249. 
Merceana,  moradores,  28. 
Mercês  de  D.  Maria  /,  40. 
Mérida,  entrega  da  cidade,  vila  e  fortaleza, 

235. 
Merles  (Comendador  de),  281. 
Mértola,  57;  castelo,  180;  com.,  146. 
Mesão  Frio,  doação  dos  direitos,  7. 
Mesquita  (D.  Beatris  de),  m.  de  Fernão  de 

Magalhães,  269. 
Mestre  Afonso,  234. 
Mestre  Boitaca,  26. 

Mestre  João  (Dr.),  físico,  v.  João  (Dr.  Mes- 
tre). 
Mestre  Frei  João  Sobrinho,  v.  Sobrinho  (Frei 

João) 
Mestre  Josepe,  físico,  7. 
Mestre  da  Ordem  de  Avis,  v.  Ordem. 
Mestre  da  Ordem  de  Galatrava,  v.  Ordem. 
Mestre  da  Ordem  de  Cristo,  v.  Ordem. 
Mestre  da  Ordem  de  Santiago,  v.  Ordem. 
Mestre  Rodrigues  (Dr.),  físico  mor  de  D.  João 

II,  234. 
Mestre  sala,  127,  128,  141,  143,  201;  de  D. 
João  I,  79;  de  D.  Manuel,  64;  dos  reis  ca- 
tólicos, 428.  ♦ 
Mestre  de  D.  Sebastião,  420. 
Mestre  das  sentenças,  v.  Lombardo  (Pedro). 
Mestre  de  Ucles,  v.  Correia  (D.  Paio  Peres). 
Mestres,  v.  Martim  Fernandes  (D.),  Rodri- 
gues (D.  Frei  Fernão),  Sequeira  (Fernão 
Rodrigues  de). 
Mexia  (Afonso),  Livro  das  tenças,  369. 
Hicaêlis  (Martins),  prelado,  195. 
Miguel  (D.),  príncipe,   seu  juramento   em 

Lisboa,  33o,  349,  357. 
Milá,  ou  dei  Milà  (D.  Leonor),  m.  de  D.  Nuno 
Manuel,  28, 29.  — V.  Milão  (D.  Leonor  de). 
Milá  (D.  Jaime  de),  conde  de  Albayda,  29. 
Milão,  28. 
Milão  (D.  Leonor  de),  v.  Milá  (D.  Leonor 

de). 
Milmandas,  sr.  da  vila,  78. 
Mina,  159. 

Minas  (Marqueses  de),  116. 
Minho,  8r,  347;  assolado  e  roubado  pelo 

bispo  de  Santiago,  i65;  rio,  323. 
Minhocal,  sr.,  11 5. 
Ministro  do  reino,  1 10. 
Miranda,  data  de  carta,  319. 
Miranda  (António  de),  monteiro  mor  do  in- 
fante D.  Luís,  377. 
Miranda  (D.  Beatris  de),  m.  de  Garcia  de 
Sousa,  149. 


486 


Brasões 


Miranda  (Diogo  de),  camareiro  mor  do  in- 
fante D.  Henrique,  97. 

Miranda  (Gomes  de),  alcaide  mor  de  Torres 
Vedras,  149. 

Miranda  (D,  Ileonor  de),  m.  de  João  Ramirez 
de  Arelhano,  Í49. 

Miranda  (D.  Margarida  de),  i.»  m.  de  D.Pe- 
dro de  Meneses,  2.»  conde  de  Viana,  264; 
sua  sepultura  no  convento  da  Graça  de 
Santarém,  264. 
♦  Miranda  (D.  Martinho  de),  arcebispo  de 
Braga,  264. 

Miranda  do  Douro,  festa  do  Corpo  de  Deus, 
236. 

Mirandas,  i5S. 

Mirandela,  doação  das  rendas,  6;  sr.,  248. 

Miscelânea  de  Garcia  de  Resende,  v.  Resende 
(Garcia  de). 

Moça  da  câmara  da  infanta  D.  Joana,  281. 

Mogadouro,  sr.,  80,  824,  SgS,  427. 

Mogo,  232'. 

Moguer,  sr.,  368. 

Moita,  sr.  do  pão  e  do  vinho,  252. 

Mola  (Vila  de),  195. 

Molares,  doação  do  préstimo,  6. 

Moliaert,  62,  V.  Moliart. 

Moliart  (Miguel),  59,  60,  62;  carta,  61. 

Molyart  (Miguel),  v.  Moliart  (Miguel). 

Monarchia  Lusitana,  v.  Brandão  (Frei  An- 
tónio) e  Brandão  (Frei  Francisco). 

Moncorvo  (Condado  de) ;  rendas  da  vila,  33(. 

Moncorvo  (Conde  de),  33 1. 

Mondo,  V.  Moncudo. 

Monforte,  sr.,  285,  286. 

Monforte  de  Rio  Lima,  alcaide  do  castelo, 
274. 

Monis,  5o;  apelido,  60;  patronímico  de  Mu- 
nio,  4% 

Monis  (Briolanja),  55,  59,  60,  61, 

Monis  (D.  Frei  Cristóvão),  bispo  de  anel,  57, 
58,  59,  60;  seu  testamento,  58;  ar.,  62. 

Monis  (Diogo),  alcaide  mor  de  Silves,  49. 

Monis  (Diogo  Gil),  sr.  de  várias  terras  e  re- 
posteiro e  vedor  da  fazenda  do  infante 
D.  Fernando,  5o,  5i,  52,  55,  66,  346;  seu 
falecimento,  52. 

Monis  (Febos),  49,  66;  alcaide  mor  de 
Arraiolos,  64;  carta  que  escreveu  à  du- 
quesa de  Bragança,  D.  Isabel,  mãe  de 
D.  Jaime,  65;  é  encarregado  por  D.  Manuel 
de  ir  no  alcance  da  fuga  de  D.  Jaime, 
duque  de  Bragança,  65;  reposteiro  mor 
dei  rei  D.  Manuel,  66,  67;  sua  sepultura, 
66;  seu  epitáfio,  67;  seu  testamento,  66; 
seu  pai,  5o;  sua  varonia,  45;  ar.,  45,  63. 

Monis  (Febos),  outro,  procurador  de  Lisboa 
às  cortes  de  Almeirim,  67. 

Monis  (D.  Felipa),  m.  de  Cristóvão  Colombo, 
55,  56,  59,  60;  seu  falecimento  em  Lisboa, 
57. — V.  Monyz  Perestrêlo  (D.  Felipa). 


Monis  (Garcia),  tesoureiro  da  casa  da  moeda, 
54;  corre  em  Seuta  à  procura  do  seu 
grande  amigo  o  infante  D.  Henrique,  21 5. 

Monis  (Isabel),  52,  5^. 

Monis  (Isabel),  m.  2.*  de  Bartolomeu  Peres- 
trêlo, 55. 

Monis  (Jerónimo),  reposteiro  mor,  66,  67. 

Monis  (D.  Leonor),  m.  2.»  de  Fernão  de 
Sousa,  o  da  Labruja,  54. 

Monis  (D.  Luísa),  v.  Monis  Torres  (D.  Luísa). 

Monis  (Pedro  Alvares),  f-  de  Vasco  Gil  Mo- 
nis, 52. 

Monis  Pêro),  reposteiro  mor,  66. 

Monis  (Rui),  irmão  de  Vasco  Gil  Monis,  52, 
53;  tesoureiro  da  moeda,  54. 

Monis  (Vasco  Gil),  veador  da  casa  do  infante 
D.  Pedro,  52;  seu  casamento,  53. 

Monis  (Vasco  Gil),  pai  de  Febos  Mo«is,  5o, 
63. 

Monis  (Vasco  Martins),  alcaide  de  Silves, 
49. 

Monis  (Violante),  55,  59;  m.  de  Miguel  Mo- 
liart, 60,  62. 

Monis  de  Lusinhano  e  Torres  (Febos),  admi- 
nistrador do  morgado  da  quinta  das  Con- 
chas no  Lumiar,  53. 

Monis  Torres  (D.  Luísa),  f.  de  Febos  Monis 
de  Lusinhano  e  Torres,  sua  sepultura,  53; 
m.  de  Francisco  de  Sampaio,  9.°  sr.  de 
Vila  Flor,  53. 

Monises,  52,  201 ;  aliança  ilustre,  54;  antiga 
sepultura  na  igreja  do  Carmo,  53;  f,  de 
Munios,  49;  ramos,  58;  vários,  49;  ar., 49, 
5o,  57,  58. 

Monises  de  Febos  Monis,  outros,  5o. 

MuBises  de  Lusinhano,  linhagem,  53;  en- 
trada desta  casa  na  dos  Sampaios,  53; 
extinção  da  varonia,  53. 

Monises  de  Lusinhano  (Sampaio),  5o,  53. 

Monises  Perestrèlos,  55;  linhagem,  57. 

Monises  da  Silva,  ramo  e  representação,  52. 

Monsanto,  22;  alcaide  mor,  218;  condado, 
229;  entrega  do  castelo,  25o;  sr.,  293,393; 
sr.  da  casa,  366;  sr.  de  vila  e  castelo,  280. 

Monsanto  (Conde  de),  camarista  mor  de 
D.  Afonso  V,  3o8. 

Monsanto  (Conde  de),  i.",  v.  Castro  (D.  Ál- 
varo de). 

Monsanto  (Conde  de;,  2.°,  v.  Castro  (D.  João 
de). 

Monsanto  (Conde  de),  3.',  v.  Castro  (D,  Pe- 
dro de). 

Monsanto  (Condessa  de),  m.  do  2.®  conde, 
284. 

Monsanto  (Condessa  de),  v.  Âiala  (D.  Inês 
de). 

Monsanto  (Condessa  de),  v.  Cascais  (D.  Isa- 
bel de). 

Monsanto  (Condessa  de),  v.  Meneses  (D.  Ma- 
ria de). 


índice  de  matérias 


487 


Monsanto  (D.  Rodrigo  de),  capitão  de  Arzila, 
147. 

Monsanto  (Vasco  Martins  de),  matador  de 
Álvaro  Vasques  de  Castelo  Branco,  218. 

Monsantos,  240. 

Monsarás,  i3o;  alcaide  mor,  i3o,  164. 

Montalvo,  em  Castela,  sr.,  79. 

Monte  do  Coelho,  coutada  no  termo  de  Al- 
vito, 3o5. 

Montealegre  (Vila  de),  sr.,  8. 

Montealegre  (Conde  de),  v.  Manuel  de  Vi- 
lhena (D.  Henrique). 

Monteiro  (Gonçalo),  almoxarife  da  Guarda, 
284. 

Monteiro  mor,  201,  218;  do  infante  D.  Luís, 
377. 

Montemaior  (Marquesa  de),  v.  Henriques 
(D.  Isabel  de),  ou  ainda  Noronha  (D.  Isabel 
de). 

Montemor  (Vila  de),  234. 

Montemor  (Marquês  de),  aSo,  3i3. 

Montemor  o  Novo,  i25;  data  de  carta,  235, 
281,  3o5,  3 18,  3 19,  320;  escritura  lá  feita, 
314;  estada  dei  rei  D.  João  II,  335;  estada 
dei  rei  D.  Manuel,  28,  96;  sr.,  299. 

Montemor  o  Novo  (Marquês  de),  1.°,  v.  João 
(D.). 

Montemor  o  Novo  (Marquesa  de),  v.  Noronha 
(D.  Isabel  de). 

Montemor  o  Velho,  moradores,  52. 

Monterey  (Conde  de),  casa,  197. 

Montês  Maloso  (Padre  Luís),  Memorias  se- 
pulchraes,  102,  104,  io5. 

Monyz  Perestrèlo  (D,  Felipa),  v.  Monis  (D. 
Felipa). 

Mor  Anes  (D.),  m.  de  Vasco  Gonçalves  Pei- 
xoto, 1G9. 

Mordomo,  194,  241. 

Mordomo  mor,  127,  141,  35i,  370,  SyS,  411, 
4i3,  43o,  43i;  da  infanta  D.  Maria,  412;  de 
D.  João  III,  367:  da  princesa  D.  Leonor, 
352;  do  príncipe  D.  Afonso,  143;  do  prín- 
cipe D.  João,  367;  das  rainhas:  i56;  de 
D.  Joana,  a  Excelente  Senhora,  3  c  7,  319; 
de  D.  Leonor,  379;  de  D.  Luísa  de  Gusmão, 

.  433;  de  D.  Maria,  379. 

Moreira  (António  Joaquim),  CoUecção  de 
inscripções,  91. 

Moreiras  (Comenda),  v.  Ordem  de  Cristo. 

Morfacém  (Quinta  de),  no  termo  de  Almada, 
sr.  dela,  427. 

Moron,  sr.,  427. 

Mortágua,  sr.,  273,  291,  314. 

Mossâmedes,  sr.,  25o. 

Mota  (Henrique  da),  i5g. 

Mota  (Henrique  da),  replica  ao  parecer  de 
Gil  Vicente  no  Processo  de  Vasco  Abul,  26. 

Moura,  125;  alcaide  mor,  220;  guarda  dos 
igrejairos  reais,  49;  sr.,  263,  279,  280, 285; 
termo,  76. 


Moura  (Conde  de),  v.  Castelo  Branco  (Lopes 
Vaz  de). 

Moura  (Manuel  de),  alcaide  mor  de  Olivença. 
3a5.  ^  ' 

Mourão,  alcaide  mor,  149,  173,  344,  369; 
expulsão  dos  judeus,  173;  guarda  dos  igre- 
jairos reais,  49. 

Mouras,  201. 

Mourenensy,  19. 

Muliar,  V.  Moliart. 

Muliart,  V.  Moliart. 

Huncudo,  ou  Mondo,  inglês  que  foi  na  expe- 
dição a  Seuta,  201. 

Munio,  patronímico,  49. 

Muniz  (Violante),  v.  Monis  (Violante). 

Murça,  srs ,  i58. 

Mures  (D.  Diogo  de),  bispo  de  Tui,  sua  prisão 
nos  seus  paços,  323. 

Nápoles,  341 ;  conquista,  342. 

Narizes  (O),  v.  Meneses  (D.  Fernando  de). 

Naus:  Estrela  e  Milbeira,  166;   San  Cris- 
tóvão, 207. 
'  Navarrete  (D.  Martin  Fernande:^  de),  Cole- 
cion  de  los  Viages  y  Descobrimentos,  56. 

Navegadores  e  exploradores  portugueses^ 
v.  Brito  Rebelo  (General). 

Nebrixa  (António),  v.  Pulgar  (Hernando  de). 

Negrelos,  sr.  dos  coutos,  160. 

Neiva,  sr.,  247,  253;  sr.  da  casa,  400. 

Neiva  (Condado  de),  228,  253,  286,  327,  345, 
400. 

Neiva  (Conde  de),  240;  alcaide  mor,  247. 

Neiva  (Conde  de),  1.°,  v.  Teles  (D.  Gonçalo). 

Neiva  (Conde  de),  2.°,  v.  Afonso  (D.),  f.  na- 
tural de  D.  João  I. 

Neiva  (Conde  de),  3.»,  v.  Fernando  (D.). 

Neiva  (Conde  de),  4.",  v.  Fernando  (D.),  3.» 
duque  de  Bragança. 

Neiva  (Conde  de),  5.°,  v.  Jaime  (D.). 

Neiva  (Conde  de),  6.°,  v.  Teodósio  (D.). 

Neiva  (Conde  de),  7.»,  v.  João  (D.). 

Neiva  (Condessa  de),  25 1. 

Neiva  (Condessa  de),  v.  Maria  Afonso  (D.). 

Niebla  (Conde  de),  235. 

Niza  (Casa  de),  186. 

Niza  (Marqueses  de),  srs.  da  casa  de  Castro 
Daire,  io5. 

Niza  (Morgado  de),  no  termo  de  Grândola, 
seu  instituidor,  88. 

Noailles  (Família  de),  75. 

Nobiliarchia  Portuguesa,  v.Vilasboas  e  Sam- 
paio (António). 

Nobiliário,  v.  Góis  (Damião  de). 

Nobiliário,  v,  Tavares  (Xisto). 

Nobiliário  de  D.  António  de  Lima,  v.  Lima 
(D.  António  de). 

Nobiliário  do  conde  D.  Pedro,  75.  76,  168, 
169,  170,  178,  180,  iq3,  195,  243. 

Nobiliário  de  Diogo  Gomes  de  Figueiredo, 
V.  Figueiredo  (Diogo  Gomes  de). 


488 


Brasões 


Nobiliário  de  Galicia,  v.  Gandara  (Frei  Fe- 
lipe  de  la). 

Nobiliário  genealógico  de  los  Reysy  titulos 
de  Espafia,  v.  Haro  (Alonso  Lopea;  de). 

Nobleijfa  dei  Andalupa,  v.  Argole  de  Molina. 

Nóboa  (D.  Elvira  Anes  da),  m.  de  D.  Pedro 
Afonso  de  Sousa,  25o. 

Nobre  de  Magalhães  (Manuel),  denunciante 
na  inquisição,  3i. 

Nóbrega  (Terra  de),  244. 

Nogueira  (Afonso  Anes),  capitão,  210. 

Negueira  (Afonso  Anes),  sr.  do  morgado  de 
S.  Lourenço  de  Lisboa,  e  alcaide  mor  de 
Lisboa,  172. 

Nogueira  (Álvaro),  na  tomada  de  Seuta,  217. 

Nogueira  (Constança),  m.  1.*  de  Afonso  P^ur- 
tado,  outro,  172. 

Nogueira  (Violante),  comendadeira  do  mos- 
teiro de  Santos,  172,  173;  donzela  da  in- 
fanta D.  Catarina,  172. 

Nogueiras,  201. 

Normandia,  229,  335;  ducado,  270. 

Noronha,  varohia,  40. 

Noronha  (D.  Afonso  de),  4.°  conde  de  Ode- 
mira, 3o,  291,  345,  416. 

Noronha  (D.  Afonso  de),  5."  conde  de  Ode- 
mira, 428,433;  data  e  lugar  da  sua  morte, 
428;  ar.,  428. 

Noronha  (D.  Ana  de),  m.  de  Rui  Mendes  de 
Vasconcelos,  41. 

Noronha  (D.  António  de),  v.  António  (D.), 
I.»  conde  de  Linhares. 

Noronha  (D.  Beatris  de),  condessa  da  Feira, 
366. 

Noronha  (D.  Beatris  de),  m.  do  i.°  conde  da 
Sortelha,  398. 

Noronha  (D.  Beatris  de),  m.  de  Rui  Vaz  Pe- 
reira, 326. 

Noronha  (D.  Branca  de),  v.  Noronha  (D.  Bea- 
tris de). 

Noronha  (D.  Catarina  de),  f.  de  D.  Isabel  de 
Noronha,  viscondessa  de  Vila  Nova  da 
Cerveira,  369. 

Noronha  (D.  Constança  de),  condessa  de 
Abranches,  326;  donzela  da  casa  da  in- 
fanta D.  Joana,  326. 

Noronha  (D.  Constança  de),  condessa  de 
Barcelos  e  duquesa  de  Bragança,  254,  268; 
toma  o  hábito  da  Terceira  e  S  Francisco, 
268. 

Noronha  (D.  Diogo  de),  irmão  do  marquês 
de  Vila  Real,  366. 

Noronha  (D.  Felipa  de),  i."  m.  de  D.  Henrique 
Henriques,  i55,  i56;  donzela  da  casa  da 
princesa  D.  Leonor,  i56. 

Noronha  (D.  Fernando  de),  3.»  conde  de  Li- 
nhares, 417. 

Noronha  (D.  Fernando  de),  2.°  conde  de  Vila 
Real,  258,  265,  268,  269,  273,  290;  cama- 
reiro mor  do  infante  D.  Duarte,  265 ;  2."  ca- 


pitão de  Seuta  e  aqui  falecido,  265,  269; 
ar.,  265. 

Noronha  (D.  Francisco  de),  irmão  de  D.  Nuno 
Alvares  Pereira,  4o5,  407. 

Noronha  (D.  Francisco  de),  2.°  conde  de  Li- 
nhares, 238,  416;  data  da  sua  morte,  416, 
417;  mordomo  mor  da  rainha  D.  Catarina, 
41D  ;  seu  epitáfio,  416;  ar.,  417. 

Noronha  (D.  Henrique  de),  alferes,  morto 
na  tomada  de  Seuta,  217. 

Noronha  ( D.  Henrique  de), irmão  do  2.°  conde 
de  Vila  Real,  290,  366. 

Noronha  (D.  Inácio  de;,  f.  maior  do  i .»  conde 
de  Linhares,  renuncia  ao  título  de  conde 
de  Linhares,  412,  416. 

Noronha  (D.  Inês  de),  condessa  de  Abrantes, 
data  da  sua  morte,  338. 

Noronha  (D.  Inês  de),  viscondessa  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  89,  423. 

Noronha  (D.  Isabel  de),  marquesa  de  Mon- 
temor o  Novo,  3oo,  338. — V.  Henriques 
(D.  Isabel). 

Noronha  (D.  Isabel  de),  viscondessa  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  88;  data  do  seu  passa- 
mento, 369 

Noronha  (D.  Joana  de),  baronesa  de  Alvito, 
m.  I .»  do  2."  barão,  data  da  sua  morte,  354. 

Noronha  (D.  Joana  de),  condestablesa,  357, 
387. 

Noronha  (D.  João  de),  22;  prior  de  Santa 
Cruz,  298;  na  tomada  de  Seuta,  217. 

Noronha  (D.  João  de),  o  Dentes,  366. 

Noronha  (D  Leonor  de),  irmã  do  3°  marquês 
de  Vila  Real,  tradutora  de  latim,  4o5. 

Noronha  (D.  Leonor  de),  condessa  de  Pena- 
macor, 3o9 

Noronha  (D.  Lopo  de),  f.  de  D.  Inês  de  No- 
ronha, condessa  de  Abrantes,  338. 

Noronha  (D.  Manuel  de),  v.  Meneses  (D.  Ma- 
nuel de),  i.°  duque  de  Vila  Real. 

Noronha  (D.  Maria  de),  condessa  da  Atalaia, 
290. 

Noronha  (D.  Maria  de),  condessa  de  Faro, 
291,  314;  é-lhe  restituída  a  sua  casa  por 
D.  João  II,  3 14 ;  sr.^  de  Mortágua,  de  Aveiro 
e  do  Vimieiro,  291,  314. 

Noronha  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  Afonso, 
287,  3i3. 

Noronha  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  Nuno  Al- 
vares Pereira,  data  da  sua  morte,  405. 

Noronha  (D.  Maria  Josefa  da  Graça  de), 
marquesa  de  Louriçal,  sr.*  da  casa  de  Cas- 
cais, vítima  do  terremoto  de  1755,  186. 

Noronha  (D.  Mécia  de),  condessa  de  Vila 
Nova  de  Portimão,  375,  876;  data  da  sua 
morte,  376. 

Noronha  (D.  Nuno  Alvares  de),  v.  Pereira 
(D.  Nuno  Alvares). 

Noronha  (D.  Pedro  de),  arcebispo  de  Lisboa, 
3oo,  309,  338. 


índice  de  matérias 


489 


Noronha  (D.  Pedro  de),  mordomo  mor,  127, 
141,351. 

Noronha  (D.  Sancho  de),  i.°  conde  de  Ode- 
mira e  2.°  de  FarOj  27!^,  290,  291,  3i  i,  3 14, 
3 1 5,  3 1 6,  345 ;  capitão  de  Seuta,  273 ;  sr.  de 
Aveiro,  291;  sua  morte,  273,  3i3;  ar.,  273. 

Noronha  (D.  Sancho  de),  3."  conde  de  Ode- 
mira, 291,  345,  415,416;  conde  de  Faro, 
345;  alcaide  mor  de  Estremôs,  345;  data 
da  sua  morte,  346;  sr.  de  Aveiro,  3i4, 3i  5; 
sua  ida  a  Setúbal  por  mandado  de  D.  Ma- 
nuel para  lhe  ser  mudado  o  título  de 
conde  de  Faro  em  Odemira,  3 1 5,  345;  ar., 
346. 

Noronha  (D.  Sancho  de),  4."  conde  de  Ode- 
mira, 291,  415,  428;  alcaide  mor  de  Alvor, 
4i5;  data  da  sua  morte,  4i5;  mordomo 
mor  da  rainha  D.  Catarina,  415 ;  sr.  de 
Penacova,  4i5;  ar.,  416. 

Noronha  (D.  Sancho  de),.  6.»  conde  de  Ode- 
mira, alcaide  mor  de  Alvor,  433;  confir- 
mação do  testamento,  23 1;  data  da  sua 
morte,  433;  mordomo  mor,  433;  ar.,  433. 

Noronha  (D.  Tomás  de),  3.»  conde  dos  Arcos, 
91. 

Noronhas,  201. 

Noronhas,  condes  dos  Arcos,  91. 

Noronhas,  condes  de  Valadares,  srs.  da  casa 
de  Abranches,  272. 

Nossa  Senhora  das  Missões  (A'),  pede  a  mar- 
quesa do  Louriçal  ao  menos  uma  filha,  186. 

Notário  geral,  379. 

Noticias  chronologicas  da  Universidade  de 
Coimbra,  v.  Leitão  Ferreira  (Francisco 
de),  233. 

Nova  historia  da  militar  ordem  de  Malta,  v. 
Figueiredo  (José  Anastácio  de). 

Nova  Malta,  v.  Figueiredo  (José  Anastácio 
de). 

Novidades,  jornal  de  Lisboa,  e  os  Brasões 
da  Sala  de  Sintra,  por  A.  B.  F.,  no. 

Numão,  sr.,  1 15. 

Óbidos,  220;  coudel,  160;  data  de  carta,  284; 
juiz  das  sisas,  160;  mercê  de  bens,  160; 
aqui  pára  o  rei  de  Castela  aguardando  re-  • 
forço  para  pôr  cerco  a  Lisboa,  163-164. 

Obras  completas  do  Cardial  Saraiva,  v.  San 
Luís  (Frei  Francisco  de). 

Ocens,  201. 

Ocidente  (O),  jornal,  24,  i36. 

Odemira,  240,  245;  alvará  lá  passado,  3i5, 
345;  condado,  229,  273,  3i5,  433;  data  de 
carta,  5i;  carta  de  contrato,  291;  pro- 
curação lá  feita,  345 ;  sr.,  273, 3 1 3, 41 5, 433. 

Odemira  (Conde  de),  3o,  269. 

Odemira  (Conde  de),  1.°,  v.  Noronha  (D.  San- 
cho de). 

Odemira  (Conde  de),  .2.°,  v.  Afonso  (D.). 

Odemira  (Conde  de),  3.°,  v.  Noronha  (D.  San- 
cho de). 


Odemira  (Conde  de),  4.°,  v.  Noronha  (D.  San- 
cho de). 

Odemira  (Conde  de),  5.°,  v.  Noronha  (D. 
Afonso  de). 

Odemira  (Conde  de),  6.»,  v,  Noronha  (D.  San- 
cho de). 

Odemira  (Condessa  de),  314. 

Odemira  (Condessa  de),  v.  Castro  (D.  Vio- 
lante de). 

Odemira  (Condessa  de),  v.  Fabra  (D.Angela 
de). 

Odemira  (Condessa  de),  v.  Lara  (D.  Juliana 
de). 

Odemira  (Condessa  de),  v.  Vilhena  (D.  Mar- 
garida de). 

Odivelas  (Mosteiro  de),  255. 

Oeiras,  doação  do  reguengo,  6;  carta  de 
confirmação,  8. 

Ois  da  Ribeira  (Aldeia  de),  sr,  da  quinta  real 
e  direitos,  244. 

Oliveira  (Quinta  da),  no  termo  de  Évora, 
administrador  do  morgado,  129. 

Oliveira  (João  Mendes  de),  foi  D.  João  II 
seu  hóspede,  121;  administrador  do  mor- 
gado da  quinta  de  Oliveira,  no  termo  de 
Évora,  129;  regedor  de  Évora,  129;  sua 
morte,  i3o. 

Oliveira  (Martim  de),  administrador  do  mor- 
gado da  Oliveira,  no  termo  de  Évora,  129. 

Oliveira  (Morgado  da),  3 1, 34;  seu  instituidor, 
i3o;  ramo  desta  família,  i3o. 

Oliveira  e  Miranda  (Luís  Francisco  de),  mor- 
gado da  Oliveira,  delatado  na  inquisição, 
3i,  34. 

Olivença,  alcaide  mor,  i53,  324,  325,  368; 
condado,  229;  data  de  carta  da  alcaidaria, 
325;  guarda  dos  igrejários  reais,  49. 

Olivença  (Conde  de),  325,  367. 

Olivença  (Conde  de),  v.  Melo  (Rui  de). 

Olivença  (Condessa  de),  v.  Meneses  (D.  Isa- 
bel de). 

Ordea,  sr.,  11 5. 

Ordem  de  Alcântara,  com.  mor,  218. 

Ordem  de  Avis,  com.  mor,  399,434;  mestre, 
7,  i63  a  167,  170,  191,  202,  211,  2i3,  357, 
385.— V.João  (D.). 

Ordem  de  Calatrava,  mestre,  28. 

Ordem  de  Cister,  seu  mosteiro  das  Salzedas, 
289. 

Ordem  de  Cristo,  63;  comenda  deMoreiras, 
8;  com.,  34,  144;  com.  mor,  408;  com.  de 
Torrão,  172;  cruz,  335;  hábito,  149;  mes- 
tre, 201,  210,  266,  3o2;  provincial,  i3;  re- 
gedor e  gov.,  29,  334. 

Ordem  do  Hospital,  prior,  191, 192, 201 ;  prior 
eleito,  142. 

Ordem  da  Jarreteira,  i3i;  cavaleiro, 81, 270. 

Ordem  de  Malta,  cavaleiro  e  grão  mestre,  8. 

Ordem  da  Piedade,  v.  Piedade. 

Ordem  de  S.  João  de  Castela,  prior  mor,  142. 

62 


490 


Brasões 


Ordem  de  S.  Francisco,  65. 

Ordem  de  Santiago,  comenda  de  Golos,  146, 

i54,  3o2,  3o6;  com,  de  Ferreira,  Alvalade 

e  Represa,  142-143;  gov.,  154,  173,  280; 

mercês,  i55;  mestrado,  19;  mestre,   i58, 

173,  3i4,  3i6,  357,  385. 
Ordem  de  SantoAgostinho,409;  falecido,  38o. 
Ordem  do  Templo,  a  esta  Ordem  encarrega 

D.  Afonso  Henriques  a  defesa  dos  seus 

estados  do  sul,  178;  terras  suas,  219. 
Ordem  Terceira  de  S.  Francisco,  os  que 

tomaram  o  hábito,  2G8. 
Oriente,  2o5. 
Origen  de  las  dignidades  seglares  de  Cas- 

tulay  Leon,  v.  Salajar  de  Mendo^a  (Dr.J. 
Origines  dei  reino  de  Leon,  v.  Puyol  (Jú- 
lio). 
Orióla,  259,  3o2;  sr.,  3oi,  3o2,  3o3,  3o6,  307, 

353. 
Ormuz,  capitão,  102. 
Orneias  (João  de),  contador,  3 18. 
Osseloa  ou  Ossela?  (Quinta  de),  sr.,  193. 
Ossuma  (Duque  de),  1.°,  425. 
Ouguela,  alcaide  mor,  28. 
Ourém,  370;  sr.  da  casa,  244,  338, 339;  sr.  do 

castelo  e  fortaleza,  338. 
Ourém  228,  247;  condado,  5i,  25 1,  252,  253, 

256,  285,  327,  338,  399,  420. 
Ourém  (Conde  de),  17,  84,  229, 246,  247, 254, 

370. 
Ourém  (Conde  de),  i.",  v.  João-Afonso  (D.). 

—  V.  Telo  (D.  João  Afonso),  conde  de  Bar- 
celos. 
Ourém  (Conde  de),  2.",  v.  Andeiro  (D.  João 

Fernandes  de). 
Ourém  (Conde  de),  3.°,  v.  Pereira  (D.  Nuno 

Alvares),  condestável. 
Ourém  (Conde  de),  4.°,  v.  Afonso  (D.). 
Ourém  (Conde  de;,  5.°,  v.  Fernando  (D.),  2.° 

duque  de  Bragança. 
Ourém  (Conde  de),  6.'*,  v.  Fernando  (D.),  3.° 

duque  de  Bragança. 
Ourém  (Conde  de),  7.°,  v.  Meneses  (D.  Pedro 

de),  3."  conde  de  Vila  Real. 
Ourém  (Conde  de),  8.°,  v.  Jaime  (D.),  4.» 

duque  de  Bragança. 
Ourém  (Conde  de),  9,°,  v.  Teodósio  (D.),  i.° 

duque  de  Barcelos. 
Ourém  (Conde  de),  io.°,v.  João  (D.),  2.»  duque 

de  Barcelos. 
Ourém  (Conde  de),  11.",  v.  Teodósio  II  (D.), 

7.°  duque  de  Bragança. 
Ourém  (Condes  de),  240. 
Ourém  (Condessa  de),  v.  Alvim  (D.  Leonor 

de). 
Ourém  (Condessa  de),  v.  Maior  (D.). 
Ourilhe,  doação  do  préstimo,  6. 
Outra  Banda,  em  Lisboa,  166,  342, 
Ouvidor  da  ilha  Hispaniola,  56. 
Faces  (António  de),  banqueiro,  19. 


Pacheco  (D.  Beatris),  condessa  de  Medellin 
e  de  Cifuentes,  235. 

Pacheco  (D.  João),  i.°  marquês  de  Vilhena, 
235. 

Pacheco  (João  Fernandes),  5i,  248,  249; 
guarda  mor,  249. 

Pacheco  (Lopo  Fernandes),  sr.  de  Ferreira, 
245. 

Paço  Vedro,  sr.  da  casa,  85. 

Paços :  em  Almada,  de  D.  Nuno  Alvares  Pe- 
reira, 5i;  de  Almeirim,  3i8;  em  Castela, 
do  Curvai,  248;  em  Évora:  do  bispo,  i3o; 
do  bispo  de  Tui  D.  Diogo  de  Mures,  323; 
reais,  obras  lá,  121;  na  Guarda,  23;  de 
Lalim,  243 ;  em  Lisboa :  da  Alcáçova,  227 ; 
de  el  Rei,  5o;  dos  Estaus,  no  Rossio,  3i, 
33;  neste  paço  estiveram  albergados  mais 
de  20.C00  judeus  a  quando  da  sua  expulsão 
do  reino,  47;  da  Madeira,  382;  reais  de 
Xabregas,  nele  foi  edificado  o  convento 
de  S.  Francisco,  275;  do  Lumiar,  5i;  em 
Odemira,  de  D.  Sancho  de  Noronha,  345; 
em  Seuta,  de  Algezira,  217;  de  Sintra,  249; 
de  Valada,  28. 

Paços  (Aldeia  de),  ig5. 

Paços  de  Ferreira,  data  de  carta,  5i. 

Paços  Reais  de  Évora,  v.  Simões  (A.  Fe- 
lipe). 

Paio  Delgado,  v.  Delgado  (Paio  de). 

Paio  Rodrigues,  v.  Rodrigues  (Paio). 

Pais  (Álvaro),  i85. 

Pais  (Diogo  Alvares),  mestre  sala,  expedi- 
cionário a  Seuta,  201. 

Pais  (João),  341. 

Pais  (Pedro),  f.  de  Paio  Delgado,  181. 

Paiva,  sr.  dos  direitos  reais,  218. 

Paiva  (Rio  da  ribeira  de),  Paço  dos  Monges, 
io3. 

Palácio  da  Inquisição,  v.  Santo  Ofício. 

Paleologos  ( Andreas),  imperador  déspota  dos 
romanos,  234. 

Palma  (Quinta  de),  quitação  dada  à  con- 
dessa de  Barcelos,  D.  Guiomar  de  Vila- 
lobos,  245. 

Palmela,  342. 

Pancas,  sr.%  40;  sr.«  dos  morgados,  9;  se- 
nhorio, 9. 

Panóias  (Julgado),  170. 

Panorama,  270;  cartório  da  Casa  de  Bra- 
gança, Livro  dos  Contractos,  no  mesmo 
jornal,  253. 

Pão  Centeio,  v.  Batissela  (D.  João  Fernandez), 
el  Bueno  de  Límia. 

Papas,  38,  64,  294,  358.  —  Carta  que  D.  Ma- 
nuel mandou  ao  papa  relativa  à  fugida  do 
duque  de  Bragança,  D.  Jaime,  65;  outra 
em  que  fala  no  herdeiro  da  coroa,  343. 

Papas:  v.  Alexandre  VII,  Inocêncio  VIII, 
Xisto  IV. 

Paredes,  sr.,  11 5. 


índice  de  matérias 


491 


Pascali  (Alexandre),  nome  suposto  de  D.  Ál- 
varo Manuel  de  Noronha,  34. 

Paus  (Sr.  da  terra  de),  em  terra  de  Nóbrega, 
244. 

Pavia,  alcaide  mor,  336;  privilégios,  38G;  sr., 
245,  246,  365. 

Paz  de  Alcoutim,  78;  paz  entre  o  rei  de  Cas- 
tela e  Portugal,  246. 

Pedro  (D.),  conde  de  Barcelos,  227,242,  243. 
—  V.  Pedro  Afonso  (D.). 

Pedro  (D.),  infante  de  Castela,  5. 

Pedro  (D.),  infante,  herdeiro  do  trono  de 
Portugal,  5;  f.  de  D.  Afonso  IV,  227.  —V. 
Pedro  I  (D.),  rei  de  Portugal. 

Pedro  (D.),  infante  de  Portugal,  f.  de  D.  João  I, 
267,  271 ;  i.o  duque  de  Coimbra,  229,  255, 
256,  274,  275,  3i3;  na  expedição  e  tomada 
de  Seuta,  201,  2o3,  210,  216,  218;  morto 
na  batalha  da  Alfarrobeira,  255,  271,  272, 
3i3;  regente  do  reino,  17,  18,  20,  52,  53, 
81,  86,  255,  273,  317;  sr.  de  Aveiro,  3i3; 
ar.,  255,  —  V.  Coimbra  (Duque  de). 

Pedro  (D.),  meio  irmão  do  i.°  conde  da  Cas- 
tanheira, 395. 

Pedro  (D.),  rei  de  Aragão,  219. 

Pedro  (D.),  rei  de  Chypre,  53. 

Pedro  I  (D.),  rei  de  Portugal,  6, 1 14,  iSg,  170, 
186,  259,  260;  bailando  nas  ruas  de  Lis- 
boa, 228.  —V.  Pedro  (D.),  infante  de  Por- 
tugal. 

Pedro  II  (D.),  rei  de  Portugal,  i63. 

Pedro  Afonso  (D.),  3.»  conde  de  Barcelos, 
227,  242;  f.  b.  dei  rei  D.  Denis,  242;  sua 
morte  e  sepultura,  242. 

Pedro  Alvares,  com.  dos  Colos,  3o2,  3o6-, 
anadel  mor  dos  besteiros,  3o6. 

Pedro  Anes,  escudeiro,  lõ. 

Pedro  Esteves,  juiz  da  Feira,  195. 

Pedro  Nunes,  nome  suposto  usado  em  In- 
glaterra por  D.  Lopo  de  Albuquerque,  i.° 
conde  de  Penamacor,  3o8. 

Pedrógão,  sr.,  77. 

Pedrosêlo,  sr.  da  honra,  169,  170. 

Pegas  (Manuel  Alvares),  Tractatus  de  exclu- 
sione,  inclusione  successione  et  erectione 
inaioratus,  88,  i3o. 

Peixoto  (Fernão  Vasques),  169. 

Peixoto  (Vasco  Gonçalves),  169. 

Peixotos,  201. 

Pelmá  (Igreja  de),  no  termo  de  Alvaiázere, 
274. 

Penacova,  sr.,  3o,  148,  415. 

Penafiel,  sr.  dos  julgados,  243,  253,  254,  286. 

Penafiel  (Conde  de;,  i.°,  v.  Afonso  (D.),  254, 
255. 

Penafiel  (Conde  de),  v.  Teodósio  II  (D.). 

Penafiel  (Condes  de),  254. 

Penafiel  de  Bastuço,  sr.,  254. 

Penafiel  de  Sousa,  julgado,  169. 

Penaguião,  confiscação,  96. 


Penaguião   (Condes   de),   actual  represen-. 

tante,  376. 
Penalva,  sr.,  334,  35i. 
Penamacor, alcaide  mor, 3o8;  condado,  229; 

sr.,  3o8,  396;  sr.  dos  direitos  reais  dos 

judeus,  218. 
Penamacor  (Conde  de),  i.»,  v.  Albuquerque 

(D.  Lopo  de). 
Penamacor  (Conde  de),  título   prometido 

mas  não  confirmado,  396. 
Penamacor  (Condes  de),  239. 
Penamacor  (Condessa  de),  v.  Noronha  (D. 

Leonor  de). 
Penarroias,  sr.,  25o. 
Penela  (Aldeia),  247,  260,  274;  cartório  da 

casa,  226;  condado,  229;  sr.,  11 5, 194,  195, 

293,  329. 
Penela  (Conde  de),  265,  41 1 ;  testamenteiro 

de  D.  Francisco  de  Almeida,  vice  rei  da 

índia,  369. 
Penela  (Conde  de),  i.»,  v.  Vasconcelos  (D. 

Afonso  de). 
Penela  (Conde  de),  i.»,  v.  Vasconcelos  (D. 

Afonso  de). 
Penela  (Condes  de),  seu  representante,  92. 
Penela  (Condessa  de),  v.  Ataide  (D.  Maria 

de). 
Penela  (Condessa  de),  v.  Henriques  (D.  Joa- 
na). 
Penhalonga,  epitáfio  da  condessa  de  Mon- 
santo, D.  Inês  de  Aiaias,  398. 
Peragallo  (Próspero),  Cristoforo  Colombo  e 

la  sua  famiglia,  62;  Cristoforo  Colombo  in 

Portugália,  55;  Disquisijioni  Colombine. 

N.»  5, 1  —  Pallastrelli  di  Placenta  in  Por- 

togallo  e  la  moglie  di  Cristoforo  Colombo, 

60. 
Peral  (Vila  do),  sr.,  244,  286,  287,  368. 
Peralonga,  mosteiro  de  S.  Jerónimo,  281. 
Père  Anselme,  Histoire  généalogique  de  la 

Maison  Royale  de  France,  etc,  45,  340, 

341,  342. 
Pereira  (Lugar  de),   194;    sr.,   196;  sr.  da 

quinta,  195. 
Pereira  (António),  5i;  sr.  de  Cabeceiras  de 

Bastos,  loi. 
Pereira  (D.  Brites),  condessa  de  Barcelos^ 

254,  268. 
Pereira  (Brites),  m.  de  Vasco  Martins  Mo- 

nis,  49. 
Pereira  (Diogo),  98. 
Pereira  (D,  Diogo),  2."  conde  da  Feira,  147, 

33o,  33 1,  332,  365,  366,  377;  data  da  sua 

morte,  366;  sr.  da  casa  da  Feira,  366;  sr. 

das  terras  de  Cambres  e  de  Refoios,  366; 

tem  como  hóspede  el  Rei  D.  Manuel  no 

seu  castelo,  366;  ar.,  366. 
Pereira  (D.  Diogo),  4.°  conde  da  Feira,  352, 

417,418;  data  da  sua  morte,  417;  fundador 

do  convento  do  Espírito  Santo  da  Feira, 


492 


Brasões 


417;  ar., 418, — V.  Forjaz  Pereira  (D.Dio- 
go). 

Pereira  (Fernão),  i.°  sr.  de  Castro  Daire,  08, 
268. 

Pereira  (Fernão),  sr.  do  padroado  de  Cris- 
telo,  323. 

Pereira  (Fernão  Alvares),  sr.  de  Arraiolos  e 
Pavia,  246. 

Pereira  (Gabriel),  Documentos  de  Évora, 
i3o,  i3i,  148,  299,  3ii,  391. 

Pereira  (Gonçalo),  o  das  Armas,  sr.  de  Ca- 
beceiras de  Basto,  332. 

Pereira  (Gonçalo),  representando  o  duque 
de  Bragança  nas  cortes  de  Lisboa,  253. 

Pereira  (João),  fidalgo  do  Porto,  11. 

Pereira  (D.  João),  f.  b.  do  conde  da  Feira, 
365.      . 

Pereira  (João),  2.°  sr.  de  Castro  Daire,  97- 
-98. 

Pereira  (João  Rodrigues),  sr.  de  Aveiro,  3 1 2 ; 
e  de  Cabeceiras  de  Basto,  3i3. 

Pereira  (Justa  Rodrigues),  v.  Rodrigues 
(Justa). 

Pereira  (D.  Manuel),  3.°  conde  da  Feira,  377; 
data  da  sua  morte,  877 ;  sr.  das  terras :  da 
Feira  e  castelo,  377,  e  de  Santa  Maria,  877 ; 
seu  epitáfio,  877;  ar.,  377. 

Pereira  (Nuno),  poeta  do  Cancioneiro,  i55, 
157. 

Pereira  (D.  Nuno  Alvares),  condestável,  i65, 
252,  254, 256, 299, 370;  2."  conde  de  Arraio- 
los, 7."  de  Barcelos  e  3.°  de  Ourém,  228, 
240,  25 1,252,  253,  254,338;  data  do  seu 
falecimento,  16,  252;  é  encarregado  pelo 
mestre  de  Avis  de  tomar  conta  do  co- 
mando da  esquadra  que  se  encontrava  no 
Porto,  quando  havia  de  já  estar  em  Lisboa 
para  acudir  ao  cerco  posto  pelo  rei  de 
Castela,  i65;  na  expedição  a  Seuta,  201; 
seu  genro,  228;  seus  paços  em  Palmela, 
5i ;  sua  sepultura  no  Convento  do  Carmo 
de  Lisboa,  fundação  sua,  252.  —  V,  Con- 
destável de  Portugal. 

Pereira  (D.  Nuno  Alvares),  tio  de  D.  Juliana 
de  Lara,  405, 407.  — V.  Noronha  (D.  Nuno 
Alvares  de). 

Pereira  (D.  Rodrigo),  i.»  conde  da  Feira,  147, 
289,  326,  33o,  33 1,  332,  365;  contenda  que 
teve  com  os  burgueses  do  Porto,  33 1 ;  data 
da  sua  morte,  332 ;  não  foi  conde  de  Mon- 
corvo, 33 1;  sr.  de  várias  terras,  33 1;  ar., 
332.  — V.  Pereira  (Rui),  ou  ainda  Pereira 
(Rui  Vaz). 

Pereira  (Rui),  289,  i.°  conde  da  Feira. — V. 
Pereira  (D.  Rodrigo),  ou  ainda  Pereira 
(Rui  Vaz). 

Pereira  (Rui),  capitão  da  nau  Milheira,  166; 
morto  no  combate  naval  quando  do  cerco 
a  Lisboa  posto  por  Castela,  167. 

Pereira  (Rui  Vaz),  326,  33o.— V.  Pereira 


(D.  Rodrigo),  i.°  conde  da  Feira,  ou  ainda 
Pereira  (Rui). 

Pereira  (Rui  Vaz),  capitão  de  Alcácer,  294. 

Pereira  (Violante),  m.  i.»  do  i.°  barão,  de 
Alvito  e  viúva  de  Martim  Afonso  Valente, 
3o2,  307. 

Pereira  Coutinho  (D.  Miguel),  f.  de  D.  Álvaro 
Pereira,  365. 

Pereira  de  Figueiredo  (António),  Portu- 
gueses nos  Concílios  Gerais,  233. 

Pereira  Jurado  (Domingos  Pérez  de),  igS. 

Pereira  Ramos  (João),  procurador  da  coroa, 
embarga  a  revogação  da  sentença  dos  Tá- 
voras,  1 10. 

Pereira  de  Santa  Ana  (Frei  José),  Crónica 
dos  Carmelitas,  16,  17,  20,  24,  b\,  54. 

Pereiras,  201. 

Pereiras,  de  Castro  Daire,  parentes  dos  du- 
ques de  Bragança,  98. 

Parelhal,  sr ,  253. 

Perestrèlo  (Bartolomeu),  1°  capitão  dona- 
tário da  ilha  do  Porto  Santo,  52,  35,  62, 

Perestrèlo  (Bartolomeu),2.°  capitão  donatário 
da  ilha  do  Porto  Santo,  55,  56,  58,  59,  62. 

Perna  (Fernão),  194. 

Pernes,  sr."  dos  moinhos  na  ribeira,  32 1,  322. 

Pêro  Alvares,  v.  Pedro  Alvares. 

Pêro  Borges,  escrivão  da  chancelaria,  382, 

Pêro  Vasques,  famoso  torneador,  218. 

Perpinhão,  entrega,  3o8. 

Pessanha,  herdeira,  80. 

Pessanha  (Carlos),  almirante,  265. 

Pessanha  (Lançarote),  almirante  245;  expe- 
dicionário a  Seuta,  2O1. 

Pessanha  (Manuel),  capitão  da  galé  Vitória, 
164. 

Pessoa  (Álvaro  Pires),  sobrinho  do  bispo  da 
Guarda  D.  Frei  João,  16. 

Pestana  de  Brito  Casco  de  Mesquita  (Garcia), 
parente  afastado  dos  Vasconcelos,  do  mor- 
gado de  Machede,  sr.  do  vínculo  desta 
casa,  4t. 

Petra  de  Aguila,  igò. 

Pica-Sinos  (O),  v.  Meneses  (D.  João  de). 

Piedade  (Ordem  da),  carta  que  D.  Manuel 
mandou  ao  geral  da  Ordem,  relativa  às 
disposições  em  que  estava  o  duque  de 
Bragança  D.  Jaime  para  professar,  65. 

Pimentel  (Pedro  Alvares),  cunhado  de  Justa 
Rodrigues,  2  3,  25. 

Pina  (Rui  de),  cronista,  14,  145;  Crónica  de 
D.  Afonso  V,  17,  18,  81,  86,  236,  267,  279, 
281,  282,  285,289,  3c8,  3 10, 332,  348;  Cró- 
nica de  D.  Duarte,  17,  18;  Crónica  de 
D.  João  II,  94,  120,  121,  127,287,  297,  323, 
334,  335,  339,  340,  341. 

Pinheiro  (D.  Diogo),  bispo  do  Funchal,  prior 
de  Guimarães  e  Barcelos,  100. 

Pinheiro  (Henrique),  alcaide  mor  de  Bar- 
celos, 100. 


índice  de  matérias 


493 


Pinhel,  sr.,  372. 

Pisa,  37. 

Pisano  (Mateus  de),  Gesta  Regis  Joannisde 
bello  Septensi,  201,  202,  204,  217. 

Placência,  desposórios  de  D.  Afonso  V  com 
a  princesa  D.  Joana,  307. 

Poças,  sr.  da  terra,  25o. 

Poço  dos  Monges,  no  rio  da  ribeira  de  Paiva, 
io3. 

Poetas,  V.  João  Manuel  (D.). 

Pombal,  337;  aqui  fez  o  seu  testamento  a 
infanta  D.  Isabel  de  Aragão,  255. 

Pombeiro,  abade,  lOi ;  srs.,  80,  220,  272;  se- 
pultura, 242. 

Pombeiro  (Conde  de),  84,  220. 

Pombeiro  (Conde  de),  i.°,  v.  Castelo  Branco 
(D.  Pedro  de),  visconde  de  Castelo  Branco. 

Ponce  (D.  Maria),  condessa  de  Arraiolos, 
246;  sua  sepultura,  246. 

Ponce  (D.  Pedro),  rico  homem,  sr.  de  Mar- 
chena,  246. 

Ponce  (D.  Pedro),  conde  de  Medellin  e  dos 
Arcos,  235. 

Ponte  de  Lima,  88;  alcaide  mor,  85, 87,  3i6 
almoxarife,  346;  almoxarifado,  80,  'SGg 
convento  de  Santo  António,  317;  seu  cas 
talo  mandado  levantar  por  D.  Afonso  V, 
81;  sepulturas  dos  viscondes  na  capela  de 
Nossa  Senhora  da  Piedade  do  convento 
de  Santo  António,  fundação  sua,  85,  92. 

Ponte  de  Lima  (Casa  de),  varonia  de  Silva, 
92. 

Ponte  de  Lima  (Marquês  de),  ministro  do 
reino,  no. 

Ponte  de  Lima  (Marquês  de),  1.°,  92. 

Ponte  de  Lima  (Marqueses  de),  77. 

Ponte  de  Lima  (Viscondes  de),  85. 

Ponte  de  Sor,  progenitor  dos  senhores,  196. 

Paphicovo  (Nicolas  de),  Viaje,  297. 

Porcalho  (Vasco),  171. 

Porquês  de  Setúbal,  no  Cancioneiro  geral, 
i56. 

Portalegre,  alcaide  mor,  157,  349,  41 3,  43o; 
carta  de  barão  de  Alvito,  304;  confirmação, 
241 ;  condado,  23 1,41 3;  data  de  carta,  23 1, 
3o3,  3o4,  3i3;  doação  dos  direitos  reais  e 
rendas,  157;  família  dos  Castelos  Brancos, 
sua  procedência,  221. 

Portalegre  (Conde  de),  26,  239. 

Portalegre  (Conde  de),  i.",  v.  Silva  de  Me- 
neses (D.  Diogo  da). 

Portalegre  (Conde  de),  2.°,  v.  Silva  (D.  João 
da). 

Portalegre  (Conde  de),  3.°,  v.  Silva  (D.  Ál- 
varo da). 

Portalegre  (Conde  de),  4.0,  v.  Silva  (D.  João 
da). 

Portalegre  (Conde  de),  5.°,  v.  Silva  (D.  Diogo 
da). 

Portalegre  (Condes  de),  413. 


Portalegre  Condessa  de),  v.  Âiala  (D.  Maria 

de). 

Portalegre  (Condessa  de),  v.  Cunha  (D.  Maria 
da). 

Portalegre  (Condessa  de),  v.  Meneses  (D.Ma- 
ria de). 

Portalegre  (Condessa  de),  4.",  v.  Silva  (D.  Fe- 
lipa  da). 

Porteiro  mor,  65,  127,  141. 

Portel,  125;  escambo,  77;  estada  do  duque 
de  Bragança  D.  Jaime,  65;  sr.,  76;  sr.  da 
castelo,  334. 

Portel  (D.  Pedro  Anes  de),  243. 

Porto,  i65,  2o5,  206,  210.  —  Alcaide  mor,  89» 
loi,  423,  424,  —  Armada  lá,  24.8.  —  Con- 
tenda do  i.°  conde  da  Feira  com  os  bur- 
gueses, 33i.  —  Data  de  carta,  100. —  En- 
trada das  tropas  comandadas  pelo  bispo 
de  Santiago,  i65.  —  Estadas:  de  D.  Afon- 
so V  e  do  regente,  267;  de  D.  Denis,  99; 
de  D.  João  I,  79.  —  Fidalgo  de  lá,  11, — 
Inquisidor  da  Relação,  32.  —  Residente, 
169.  —  Rico  mercador,  166. — Sé,  332. — 
Sr.  das  saboarias,  378.  —  Torneiro,  i65. 

Porto  (João  do),  314. 

Portocarreiro  (João  Rodrigues),  sr.  de  Vila 
Real,  247. 

Portocarreiro  (D.  Maria  de),  condessa  de 
Viana,  247. 

Portocarreiro  (Martim  Fernandes  de), alcaide 
mor,  2o3. 

Portocarrero  (António),  Livro  de  famílias 
escrito  por  que  o  trasladou  dos  livros  de 
D.  Francisco  de  Meneses,  na  Torre  da 
Tombo,  io3. 

Portocarrero  (D.  Maria  de),  desposada  da 
i."  conde  de  Tentúgal,  368. 

Portocarrero  (D.  Pedro  de),  sr.  de  Moguer, 
368. 

Portocarrero  (D.  Rodrigo),  \.°  conde  de  Me- 
dellin, 236. 

Porto  Santo  (Ilha  de),  v.  Ilha. 

Porto  Seguro,  sr.  da  capitania,  43o. 

Portugal,  reino:  19,  28,  78,  79,  91,  92,  99, 
114,  234,  235,  25o,  252,  270,  27r,  3oo,  324, 
325,  341,351,427.  — Casa,  244.  — CondadOy 
227.  —  Condes  antigos,  226,  227.  —  Con- 
destável,  v.  Condestável  de  Portugal. — 
Conveniência  de  uma  aliança  política  com 
D.  Afonso  XI  de  Castela,  5.  —  Criação  de 
títulos:  de  barão,  84;  viscondes,  74, 83,84; 
primeiro  título  que  houve  em  Portugal  foi 
o  de  conde,  226;  introdução  do  título  de 
duque  por  D.  João  I,  229;'  indivíduos  que 
legalmente  possuíram  títulos  em  Portugal,. 
225.  —  Embaixador  de  Felipe  IL  430. — 
Entrada  dos  judeus  expulsos  de  Espanha, 
46;  sua  expulsão  e  suicídio  de  muitos 
deles,  40,47;  preferem  estes  matar  os  seus. 
filhos  a  entregá-los,  46.  —  Entrega  do  es- 


494 


Brasões 


tandarte  das  armas,  i65.  —  Gov.  do  reino, 
21 3.  —  Guerras:  fratricida  que  o  desvas- 
tava,  191;  com  Leão,  177.  —  Herdeiro  do 
trono,  5.  —  Ida  dos  reis  a  Espanha  para 
serem  jurados  príncipes  de  Castela  e  Ara- 
gão, 48.  —  Infantas,  v.  Beatris,  Brites,  Ca- 
tarina, Isabel,  Isabel  de  Aragão,  Joana, 
Leonor,  Maria,  Teresa.  —  Infantes,  v. 
Afonso,  Duarte,  Fernando,  Henrique,  João, 
Luís,  Pedro,  da  Alfarrobeira,  Sancho. — 
Princesas,  v.  Brites,  Isabel  de  Bourbon, 
Leonor.  —  Príncipes,  v.  João,  Miguel. — 
Pazes  com  Castela,  246,  35o.  —  Priorado, 
142.  —  Prisão  do  bispo  de  Tui  e  sua  vinda 
para  o  reino,  323.  —Socorro  castelhano 
prestado  a  D.  Sancho  II,  73.  —  Rainhas,  v. 
Beatris,  Catarina,  Felipa,  Inês  de  Castro, 
Isabel,  Leonor,  Leonor  Teles,  Luísa  de 
Gusmão,  Mafalda,  Maria  I,  Teresa,  Re- 
gente do  reino.  —  Reis,  v.  Afonso  I,  II,  III, 
IV,  V,  VI,  Denis,  Duarte,  Felipe  II,  Fer- 
nando, Henrique,  o  Cardial  Rei,  João  I,  II, 
III  e  IV,  José,  Manuel,  Pedro  I  e  II,  San- 
cho II,  Sebastião. 
Portugal  (D.  Afonso  de),  bispo  de  Évora, 

l32. 

Portugal  (D.  Afonso  de),  2.°  conde  do  Vi- 
mioso, 380,411,428;  alcaide  mor  do  Vi- 
mioso, 41 1 ;  data  da  sua  morte  na  batalha 
Alcácerquibir,4i2;  sr.  de  Aguiar  da  Beira, 
412;  vedor  da  fazenda,  411 ;  ar.,  412. 

Portugal  (D.  Álvaro  de),  v.  Melo  (D.  Rodrigo 
de). 

Portugal  (D.  António  de),  aliás  Portugal 
(D.  Afonso  de),  f.  do  2.°  conde  do  Vimioso. 

Portugal  (D.  Denis  de),  399. 

Portugal  (D.  Francisco  de),  v.  Francisco  (D.), 
I.»  conde  do  Vimioso. 

Portugal  (D.  Francisco  de),  3."  conde  do  Vi- 
mioso. 412,429;  data  e  lugar  da  sua  morte, 
429;  prisioneiro  em  Marrocos,  428;  ar., 
429. 

Portugal  (D,  Isabel  de),  duquesa  de  Borgonha, 
139. 

Portugal  (D.  Luís  de),  4.»  conde  do  Vimioso, 
412,429. 

Portugal  (D.  Maria  de),  rainha  de  Castela,  5. 

Portugal  (D.  Rodrigo  de),  v.  Melo  (D.  Ro- 
drigo de),  i.°  conde  de  Tentúgal. 

Portugália'  momimenta  histórica:  Leges  et 
consuetudiues,iBi\Scriptores,  168, 178, 180. 

Portugueses  nos  Concilios  Gerais,  v.  Pereira 
de  Figueiredo  (António). 

Pousafoles,  compra  da  quinta,  257. 

Póvoa,  sr.  do  morgado,  307. 

Póvoa  de  Sanhados  (Lugar  da),  jurisdição  e 
padroado,  22. 

Póvoa  de  Santa  Iria,  precioso  arquivo  da 
casa  da  quinta  da  Piedade,  antigo  morgado 
dos  Valentes,  376. 


Póvoa  de  Varzim,  entrega  da  jurisdição,  348. 

Povos,  sr.,  77,  289,  395,  420. 

Prado,  julgado,  igS;  sr.  da  vila  e  terra,  390. 

Prado  (Conde  do),  23 1. 

Prado  (Conde  do),  detentor  dos  bens  de 
D.  Álvaro  Manuel  de  Noronha,  39. 

Prado  (Conde  do),  i.°,  v.  Sousa  \t).  Pedro 
de). 

Prado  (Condessa  do),  v.  Melo  (D.  Joana  de). 

Prado  (Margarida  do),  m.  de  Gonçalo  Cor- 
reia, 63. 

Prasos  da  Mitra,  v.  Livro. 

Presidente  da  Mesa  da  Consciência,  104,432. 

Primeira  parte  das  crónicas  dos  reis  de  Por- 
tugal, V.  Leão  (Duarte  Nunes  de). 

Princesas  e  príncipes,  v.  Portugal. 

Prior  do  Crato,  35i,  377,  429. 

Prior  da  Ordem  do  Hospital,  v.  Ordem  do 
Hospital. 

Prior  de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  196,  297. 

Prior  e  frade  da  Trindade  de  Lisboa,  392. 

Processo  de  Vasco  Abul,  réplica  de  Henrique 
da  Mota  ao  parecer  de  Gil  Vicente,  26. 

Procurador:  da  coroa.  110;  de  Lisboa  às 
cortes  de  Almeirim.  67;  dos  resíduos  no 
almoxarifado  da  Torre  de  Moncorvo,  266. 

Proença,  com.,  33o. 

Protonotário,  234. 

Provas  da  Historia  genealógica,  v.  Sousa 
(D.  António  Caetano  de). 

Provedor  de  Évora,  391. 

Provedor  mor  darendiçãos  dos  cativos,  389. 

Provincial  do  Carmo,  V.  Lisboa,  em  Con- 
vento). 

Pulgar  (Hernando  dei),  é  o  verdadeiro  autor 
da  Chronica  de  los.  ■ .  reys  Catholicos. . . 
Compuesta  por  el  Maestro  António  de  Ne- 
brixa,  i35. 

Purificação  (Frei  António  da),  Chronica  da 
Ordem  dos  eremitas  de  Santo  Agostinho, 
233.  —  Chronica  da  Graça,  379,  38o. 

Puyol  (Júlio),  Origines  dei  reino  de  Leon, 
234. 

Quadro  elementar,  v.  Santarém  (Visconde 
de). 

Quaresma  (D.  Bárbara),  baronesa  de  Alvito, 
435. 

Quaresma  (Manuel),  vedor  da  fazenda,  435. 

Quarteira,  sr.,  143. 

Quiaios,  data  de  carta,  248. 

Quintana  (Vila  de),  195. 

Quintana  (D.  Manuel  José),  Vidas  de  los  Es- 
panoles  célebres,  59. 

Rainha  de  Pedra,  alcunha,  v.  Melo  (D.  Cata- 
rina de). 

Rabaçal,  sr.,  252. 

Ramalho  (João),  rico  mercador  do  Porto, 
16G. 

Ramires  (D.  João),  11 5. 

Ramires  (D.  Pedro),  n5. 


índice  de  matérias 


495 


Ranhados,  sr.,  11 5. 

Rates,  sr.  da  terra,  253. 

Real  (Vila  de),  doação  do  préstimo,  6. 

Rebêlos,  origem,  181. 

Rebordões,  doação  da  freguesia,  25 1. 


Recardães,  sr.,  SqS 
' ;  alça 
386. 


Redondo,  i25;  alcaide  mor,  336;  privilégios, 


Redondo  (Condado  do),  23 1,  386,411. 

Redondo  (Conde  do),  362,411. 

Redondo  (Conde  do),  i.°,  v.  Coutinho  (D. 
Vasco). 

Redondo  (Conde  do),  2.°,  v.  Coutinho  (D- 
João). 

Redondo  (Conde  do),  3.»,  v.  Coutinho  (D. 
Francisco). 

Redondo  (Conde  do),  4.°,  v.  Coutinho  (D. 
Luís). 

Redondo  (Condes  do),  221. 

Redondo  (Condessa  do),  v.  Blaesvelt  (D.  Ma- 
ria de). 

Redondo  (Condessa  do),  v.  Henriques  (D. 
Isabel). 

Redondo  (Condessa  do),  v.  Meneses  (D.Ma- 
ria de). 

Refóios,  201,  25i;  carta  de  jurisdição,  25i; 
jurisdição  da  terra,  332;  sr.,  246,  33 1;  sr. 
das  terras,  366,  377. 

Regalados,  100;  sr.,  246;  sr.  da  casa,  85,  loi. 

Regedor:  de  Alcácer,  288;  da  Casa  do  Cível 
de  Lisboa,  289,  3o8;  da  Casa  do  infante 
D.  Pedro,  274,  275 ;  da  casa  da  Suplicação, 
V.  Casa  da  Suplicação;  regedor  e  defensor 
do  reino,  i63,  1 65, 252,  3 12;  regedor  e  gov. 
da  Ordem  e  Cavalaria  de  Nosso  Senhor 
Jesus  Cristo,  v.  Ordem  de  Cristo  ;  das  jus- 
tiças, 143 ;  regedores  principais  de  Évora, 
129. 

Regente  do  reino,  17,  18,  20,  52,  53,  81,  86, 
21 1,  255,  267,  273. 

Regimento  que  el  Rei  D.  João  II  mandou  à 
Câmara  ae  Évora  para  se  fazerem  nesta 
cidade  as  festas  do  casamento  do  príncipe, 
transcrito  por  Felipe  Simões  n'0  Insti- 
tuto, 124,  125,  129,  i3i,  i32. 

Registo  de  Santa  Cruz  do  Castelo,  29,  3o. 

Regras  (Dr.  João  das),  sr.  dos  hospitais  e 
albergarias  de  Paio  Delgado,  Santa  Bár- 
bara e  Santo  Eutrópio,  i83, 184, 186;  chan- 
celer, i85;  nunca  residiu  no  Poço  do  Bor- 
rarem, em  Lisboa,  i85;  sr.  de  Cascais,  186. 

Reguengo  de  Almeida,  no  termo  de  Santa- 
rém, doação,  5i. 

Reguengo  de  Santa  Leocádia,  sr.,  196. 

Rei  de  armas, 72,  127, 139;  da  índia,  109;  de 
Castela,  128. 

Reis  católicos,  61,  V.  Fernando  e  Isahel. 

Reis  e  Rainhas,  v.  Castela,  Portugal,  etc. 

Relação  do  Porto,  v.  Porto. 

Relação   do  recebimento...   na  cidade  de 


Braga...  de  D.  Rodrigo  da  Cunha,  v. 
Basto  (D.  Rodrigo  Lourenço  de). 

Remalart  (Visconde  de),  v.  Chateaubriand 
(D.  Reinaldo  de). 

Reposteiro  mor,  3 18;  do  infante  D.  Fer- 
nando, 52;  de  el  Rei  D.  Manuel,  66,  67; 
sua  casa,  1 16. 

Reona  (Bispo  de),  57,  58,  59. 

Represa  (Com.  de),  na  Ordem  de  Santiago, 
143. 

Requeixo,  de  Coimbra,  data  de  carta,  244. 

Resende,  sr.  da  honra,  168. 

Resende  (Garcia  de),  i35,  141,  143,  145,  i52, 
i53.  —  Cancioneiro  geral,  v.  Cancioneiro 
geral.  —  Crónica  de  D.  João  II,  121,  127, 
142.  —  Entrada  dei  rey  dom  iVJanuel  em 
Castela,  1 58.  —  Livro  das  obras . . .  Vida 
de  D.  João  II,  94,  1F9,  120,  122,  234,  237, 
297,  334,  339,  34c,  341,  342,  35i,  357.— 
Miscelânea,  27.  —  Sr.  da  escrivaninha  de 
D.  João  II,  i52. 

Resende  (Geraldo  Afonso  de),  168, 

Resende  (Martim  Afonso  de),  sr.  da  honra 
de  Resende,  168. 

Restelo  (Ilhota  do),  v.  Belém. 

Retratos  e  elogios  dos  varões  e  donas  que 
ilustraram  a  nação  portuguesa,  <\Ò2. 

Revista  de  educação  e  ensino,  38 1. 

Revista  de  Historia,  102. 

Riba  de  Vizela,  242. 

Ribafria  (André  Gonçalves  de),  alcaide  mor 
de  Sintra,  53. 

Ribeira  (Maria),  m.  de  Fernão  Pereira,  98. 

Ribeira  de  Gondim,  sr.,  25o. 

Ribeira  de  Niza,  sr.,  3o2  a  3o5,  3o7. 

Ribeiro  (João  Pedro),  268,  296.  —  Adita- 
mentos e  retoques  às  Memorias  para  a  his- 
toria drs  inquirições,  195. —  Dissertações 
Chronologicas,  20,  104,  ii5,  193,  217,  218, 
296,  297,  298,  332,  365,  43o.  —  Memorias 
das  inquirições,  195.—  Memorias  do  Real 
Archivo,  233,  234.  —  Reflexões  históricas, 
295. 

Ribuins,  apelido,  201, 

Rico  homem,  242,  246,  25o,  3 18,  322 ;  de  Cas- 
tela, 73,  74,  76,  271,  272;  de  Portugal,  22^ 
76,  77,  ig3;  de  Leão,  75. 

Rietstap  (J.  P.J,  Armoriai  general,  62. 

Rilha  foles,  padres,  ii3,  114. 

Rio  Grande  (Conde  do),  172. 

Rio  Maior  (Conde  de),  i.°,  9. 

Rio  de  Moinhos,  quinta  sita  neste  lugar,  22. 

Riscado  (Alcunha),  v.  Lima  Pereira  (D.  An- 
tónio de). 

Rivara  (J.  H.  da  Cunha),  v.  Cunha  Rivara 
(J.H.). 

Roças,  sr.,  246. 

Rocha  (Luís  Alvares  da),  inquisidor,  3i,  33, 
34;  deputado  do  conselho  geral  do  Santo 
Ofício,  38. 


496 


Brasões 


Roches-Buritaut  (Des),  sr.,  340. 

Rodrigo  (Dr.  Mestre),  v.   Mestre   Rodrigo 

(Dr.),  físico,  etc,  234 
Rodrigo  Afonso,  sr.  de  Salvaterra  de  Magos, 

^9-  .... 

Rodrigo  Gonçalves,  foi  o  primeiro  que  pos 

pé  em  terra  quando  da  tomada  de  Seuta, 

207. 

Rodrigues  (Beatris),  irmã  de  Justa  Rodrigues 
e  m.  de  Nuno  da  Cunha,  25. 

Rodrigues  (D.  Frei  Fernão),  mestre  de  Avis, 
211;  gov.  militar  do  reino,  2i3. 

Rodrigues  (Fernão),  criado  do  duque  de  Bra- 
gança, 65. 

Rodrigues  (Fernão),  v.  Âlardo  (Fernão  Ro- 
drigues de). 

Rodrigues  (D.  Inês),  f.  de  Rui  Furtado,  169. 

Rodrigues  (Isabel),  m.  de  Pedro  Alvares  Pi- 
mentel, 24. 

Rodrigues  (Dr,  João),  conde  Palatino,  284, 
235. 

Rodrigues  (João),  escrivão  da  câmara  do 
duque,  23. 

Rodrigues  (João),  outro,  capelão  do  bispo 
D.  João,  23. 

Rodrigues  (Justa),  ama  de  el  Rei  D.  Manuel, 
22;  concubina  de  Frei  João,  10, 11,  23,25; 
f.  que  teve,  26;  fundadora  do  convento  de 
Jesus,  em  Setúbal,  25, 26;  seu  epitáfio,  26; 
seu  retrato  no  mosteiro  de  Jesus  de  Aveiro, 
25. — V.  Pereira  (Justa  Rodrigues). 

Rodrigues  (Leonor),  m.  de  Gil  Aires,  5i. 

Rodrigues  (Paio),  218;  administrador  do 
morgado  de  Castelo  Branco  o  Novo,  220. 

Rodrigues  do  Amaral  (Pêro),  conde  Palatino, 
234;  protonotário  e  administrador  do  mos- 
teiro de  S.  Pedro  de  Aguiar  e  arcipreste 
da  igreja  de  Santa  Maria  da  vila  de  Al- 
meida, 234. 

Rodrigues  de  Andeiro  (Fernão  de),  v.  An- 
deiro  (Fernão  Rodrigues  de),  outro. 

Rodrigues  Coutinho  (João),  meirinhor  mor, 
morto  em  Seuta,  283,  284. 

Rodrigues  Pacheco  (Pantaleão),  bispo  eleito 
de  Elvas  e  deputado  do  conselho  geral  do 
Santo  Ofício,  37,  38. 

Rodrigues  Pereira  (João),  195, 

Rodrigues  Pereira  (João),  capitão  de  nau, 
166, 

Rodrigues  Portocarreiro  (João),  v.  Portocar- 
reiro  (João  Rodrigues). 

Rodrigues  Refóios  (Mem),  alferes  do  infante 
D.  Henrique,  207,  216. 

Rodrigues  Rendamor  (D.  Afonso),  sr.  da 
honra  de  Resende,  168,  169. 

Rodrigues  de  Sá  (João),  alcaide  mor  do 
Porto,  423,  424. 

Rodrigues  de  Sá  (João),  sr.  do  condado  de 
Massarelos  e  S.  João  da  Foz,  23 1;  sr.  de 
Sever  e  alcaide  mor  do  Porto,  89,  loi,  232; 


trovas  suas  no  Cancioneiro  geral  de  Gar- 
cia de  Resende,  5o. 

Roliça  (Morgados  da),  i58;  srs.,  220. 

Roma,  34,  35,  36;  agentes,  358;  e  os  dois 
casamentos  de  D.João  de  Lima, 86;  carta 
de  lá  datada,  403 ;  embaixador  lá,  10,  11, 
14,  i5j  17  a  20;  enviado  13,400;  prefeito 
da  suprema  e  geral  inquisição,  37;  súplica 
que  ao  Papa  faz  para  professar,  D.  Jaime, 
duque  de  Bragança,  65. 

Ronquilho  (Licenciado),  323. 

Roriz,  carta  de  jurisdição,  25 1. 

Rosales  (Francisco  de),  escrivão,  323. 

Rosmariar,  219. 

Rui  Fernandes,  170. 

Rui  Gil,  o  Magro,  340. 

Rui  Vasques,  administrador  da  capela  e  hos- 
pital de  Castelo  Branco,  219. 

Sá  (Aires  de),  Frei  Gonçalo  Velho,  7,  87. 

Sá  (Álvaro  Gonçalves  de),  capitão  de  nau, 
167. 

5<í  (Frei  Manuel  de),  Memorias  históricas 
do  Carmo,  i3,  16,  57. 

Sá  (Pantaleão  de),  102. 

Sá  de  Meneses  (Francisco  de),  conde  de  Ma- 
tosinhos, 89. 

Sabóia,  ida  da  infanta,  376. 

Sabugal,  sr.,  394. 

Sabugal  (Condes  de),  221. 

Sacaria  (Reino  de),  levantamento,  35. 

Sacavém,  84, 220;  doação  da  barca,  5i ;  data 
de  carta,  267,  285. 

Safara  (Herdades  de),  sr.,  76. 

Safim,  capitão,  148,415,416;  cerco,  3 29;  gov., 
416. 

Sagona,  19. 

Sagrada  Escritura,  358. 

Sainte  Palaye  (La  Cume  de),  Mémoires  sur 
l'ancienne  chevalerie,  i5o. 

Salamanca,  morre  o  príncipe  D.  João,  de 
Espanha,  47. 

Salazar  y  Castro  (D.  Luís  de),  genealogista 
espanhol,  i63. —  Glorias  de  la  Casa  Far- 
ne^e,  168.  —  Historia  genealógica  de  la 
Casa  de  Lara,  168. — Historia  genealógica 
de  la  Casa  de  Silva,  236,  43», 

Salai^ar  de  Mendoi^a  (Dr.),  Origen  de  las 
dignidades  seglares  de  Castilla  y  Leon, 

Ql. 

Saldanha,  varonia,  9. 

Saldanha  Oliveira  e  Daun  (José  Sebastião 

de),  conde  de  Alpedrinha,  9, 
Saléh  ben  Saléh,  alcaide  de  Seuta,  reforça  a 

sua  guarnição  quando  viu  chegar  a  armada 

de  D,  João  I,  2o3,  206,  209,  216;  pretende 

fugir,  207, 
Salga  (Quinta  da),  na  ilha  Terceira,  iio. 
Salvaterra,  219;  data  de  carta,  3i3. 
Salvaterra  de  Galiza,  instrumento  lá  feito, 

323;  sr.,  323. 


índice  de  matérias 


497 


Salvaterra  de  Magos,  alcaidaria  mor  da  vila, 
29;  carta  de  confirmação,  29;  sr.,  29,  3o, 
196. 

Salvatierra  (Vila  de),  de  Galiza,  morador,  77 ; 
sr.,  loi. 

Salzedas,  junto  a  Lamego,  sepultura  no  mos- 
teiro, 266,  289, 

Samodães,  sr.,  25o. 

Samora,  data  de  carta,  95,  i55,  290,293,315; 
entrada  de  D.  Afonso  V,  82,  98. 

Sampaio  (Conde  de),  no  seu  cartório  encon- 
tra-se  o  testamento  de  F"ebos  Monis,  66. 

Sampaio  (Condes  de),  título,  53. 

Sampaio  (Francisco  de),  90;  sr.  de  Vila  Flor 
e  outras  terras,  53. 

Sampaio  (Marqueses  de),  título,  53. 

Sampaios,  entrada  nesta  casa  dos  Monises 
de  Lusinhano,  53 ;  títulos  de  condes  e  mar- 
queses de  Sampaio,  53. 

San  Bento,  data  de  carta.  371. 

San  Boaventura  (Frei  Fortunato  de),  His- . 
toria  chronologica  de  Alcobaça,  Provas, 
270. 

San  Ceriz,  doação  da  terra,  95. 

San  Domingos  (Cidade  de),  na  ilha  Hispa- 
niola  (hoje  Haiti),  b5,  56,  59. 

San  Francisco  de  Alenquer,  guardião,  295. 

San  Gião,  166. 

San  João,  01. 

San  João  (Madre  Soror  Leonor  de),  Tratado 
da  antiga  e  curiosa  fundação  do  convento 
de  Jesus  de  Setúbal,  etc,  26. 

San  João  da  Foz,  sr.,  232;  sr.  da  dizima  do 
pescado,  35o. 

San  João  de  Malta  (Igreja  de),  sepultura  e 
epitáfio  de  D.  António  Manuel  de  Vilhena, 
grão  mestre  da  Ordem  de  Malta,  8. 

San  João  de  Matosinhos,  sr.*  da  dízima  nova 
do  pescado,  41 3. 

San  João  do  Mosteiro  de  Vieira  (Freguesia), 
194. 

San  João  da  Pesqueira  (Condes  de),  116. 

San  João  da  Pesqueira,  sr.,  ii5,  116. 

San  João  de  Rei,  progenitor  dos  senhores, 
196;  sr.,  95,  loi,  196, 

San  João  de  Tarouca,  sepultura,  243. 

San  Jorge,  alferes  mor  da  bandeira,  261,  262. 

San  Lourenço  (D.  Frei  João  de),  v.  João  (Frei) . 

San  Lourenço  do  Bairro,  sr.  do  padroado, 
244. 

San  Lourenço,  de  Lisboa  (Morgado  de),  sr,, 
90,  172. 

San  Luís,  342. 

San  Luís  (D.  Frei  Francisco  de),  Collecção 

de  epitáfios,  letreiros  e  dísticos^  etc,  9. 
San  Luís  (Frei  Francisco  de).  Obras  com- 
pletas, 25,  54,  99,  295,  379,  387,  388. 

San  Martin,  no  reino  de  Galiza,  323. 

San  Martinho,  sr.,  79, 87;  carta  de  jurisdição, 

25l. 

VOL.  III 


San  Martinho  do  Campo,  sr.  da  freguesia, 

25l. 

San  Martinho  de  Moiros,  doação  dos  direitos, 
7- 

San  Mateus  (Morgado  de),  184. 

San  Nicolau  (Ilhas  de),  v.  Ilhas. 

San  Pedro  das  Águias,  frades,  1 15;  adminis- 
trador perpétuo  do  mosteiro,  234. 

San  Pedro  de  Gastei,  data  de  carta,  248. 

San  Pedro  de  Torres  Vedras,  v.  Torres  Ve- 
dras. 

San  Pedro  de  Trancoso,  doação  das  pensões 
dos  tabeliães,  3 10;  igreja,  3 10. 

San  Romão,  alcaide  mor,  430;  sr.,  35o,  413. 

San  Romão,  no  Porto,  aqui  assenta  o  arraial 
das  tropas  comandadas  pelo  bispo  de  San- 
tiago, i65. 

San  Roque  (Casa  de),  provincial  e  prepósito 
dela,  36,  37,  39. 

San  Salvador,  sr.  da  freguesia,  25 1. 

San  Vicente,  alferes  da  bandeira,  217. 

San  Vicente  (Cabo  de),  passagem  da  expe- 
dição para  Seuta,  202;  pesca  do  coral,  236. 

San  Vicente  de  Cabo  Verde  (Ilha  de),  v. 
Ilhas. 

San  Vicente  (Condes  de),  ar.,  109;  varonia, 
ii6. 

San  Vicente  de  Pereira  de  Jusâ  (Freguesia 
de),  193,  194. 

Sanches  (Pêro),  bispo,  23. 

Sanches  (D.  Teresa),  condessa  de  Barcelos, 
242. 

Sanches  (D.  Violante),  condessa  de  Barcelos, 
242. 

Sanches  de  Baena  (Luís),  cónego  na  Sé  de 
Lisboa,  apresenta-se  na  inquisição,  32. 

Sancho  (D.),  3.»  conde  de  Odemira,  v.  No- 
ronha (D.  Sancho  de). 

Sancho  (D.),  infante,  f.  de  D.  Afonso,  no 
ataque  contra  a  Ciudad  Rodrigo,  177. 

Sancho  (D.),  rei  de  Castela,  76. . 

Sancho  IV  (D.),  rei  de  Castela,  242. 

Sancho  II  (D.),  rei  de  Portugal,  73. 

Sande,  sr.  da  terra,  78. 

Sande  (D.  Rodrigo  de),  embaixador  em  Cas- 
tela, 1 52 ;  proprietário  da  casa  dos  Henri- 
ques em  Évora,  i52. 

Sande  (Rui  de),  v.  Sande  (D.  Rodrigo  de). 

Sanguinhedo,  sr.  da  freguesia,  25 1. 

Santa  Catarina  (Monte  de),  v.  em  Lisboa. 

Santa  Clara  (Regra  de),  26. 

Santa  Colecta  (Reformados  Capuchos  de),  26. 

Santa  Comba  (Condado  de),  229. 

Santa  Comba  (Conde  de),  i.»,  v.  Galvão 
(D.  João). 

Santa  Cruz  do  cabo  de  Gué  (Vila  de),  seu 
fundador,  145. 

Santa  Iria  da  Azóia,  84. 

Santa  Iria,  no  termo  de  Lisboa  (Freguesia 
de),  220. 

63 


498 


Brasões 


Santa  Margarida,  i3o. 
Santa  Mana,  sr.,  377. 
Santa  Maria  (Padre  Francisco  de),   Ceo 

aberto,  'Ó25,  35o,  352,  377,  389,  Sgo,  400, 

414,416,417. 
Santa  Maria  (D.  Nicolau  de),  Crónica  dos 

cónegos  regrantes,  298. 
Santa  Maria  de  Candeloz  (Dia  de),  pretende 

novamente  D.  Afonso  V  atacar  Arzila,  282. 
Santa  Maria  da  Feira,  sr.  das  terras,  193,  33i. 
Santa  Maria  de  Louredo  (Freguesia  de),  do 

julgado  de  Panóias,  170. 
Santa  Maria  de  Negrelos,  sr.  da  freguesia, 

25l. 

Santa  Maria  de  Pedrosêlo  (Freguesia  de), 
169, 

Santa  Maria  da  Piedade  (Capela  de),  no 
Carmo. — V.  em  Lisboa,  66. 

Santa  Maria  de  Real,  do  julgado  de  Panho, 
194,  195. 

Santa  Maria  de  Távora,  11 5. 

Santa  Maria  de  Valada,  171. 

Santa  Marinha  de  Real,  no  concelho  de  Cas- 
telo de  Paiva,  freguesia,  194. 

Santa  Marta  (Casal  de),  no  termo  de  San- 
tarém, 3o. 

Santa  Marta  (Teodósio  de),  Elogio  histórico 
da  casa  de  Cantanhede,  327. 

Santa  Rosa  de  Viterbo  (Frei  Joaquim  de). 
Elucidário,  233. 

Santa  Sé,  298. 

Santarém,  88, 262. — Alcaide,  87;  alcaide  mor, 
35.  —  Assiste  o  conde  de  Seia  D.  Henrique 
Manuel  a  D.  João,  de  Castela,  7.  —  Azi- 
nhaga, no  lêrmo,  347.  —  Casas,  284,  352. 

—  Confirmações,  241,  274,  304.  —  Cortes, 
5.  —  Convento  de  S.  Francisco,  data  de 
carta,  r3;  no  cruzeiro  deste  convento  es- 
teve o  mausuleu  do  conde  de  Viana, 
D.  Duarte  de  Meneses,  hoje  no  museu  dis- 
trital, 283.—  Data  de  carta,  5i,j8,  80,227, 
244,  248,  25o,  274,  284,  288,  293,  3i3,  3 17, 
3i8,  321,  370,  386.  —  Desta  cidade  sai  el  Rei 
de  Castela  com  um  numeroso  exército 
direito  a  Lisboa,  i63. —  Estada  de  D.  Afon- 
so V  e  D.  João  III,  93,  281,  406.  -Fale- 
cidos, 91.  —  Igreja  da  Graça,  sepultura, 
244. — Justiçado,  323.  —  Lezíria  do  Galego, 
no  termo,  244,  258.  —  Morador,  159,  3 18. 

—  Morre  o  príncipe  D.  Afonso  da  queda 
de  um  cavalo,  143.  —  Museu,  283.  —  I^or- 
tagem,  339. —  Possuidor  de  bens  aqui,  233. 

—  Proibição  daqui  entrar  ao  f.  do  3."  barão 
de  Alvito,  407.  —  Reguengo  de  Almeida, 
no  termo,  sua  doação,  5i.  —  Rua  de  Mar- 
vila, 352.  —  Sepultura  de  D.  Pedro  de  Me- 
neses no  convento  da  Graça,  264.  —  Srs. : 
do  casal  de  Santa  Marta,  no  termo,  3o; 
dos  direitos  reais,  375;  do  morgado  de 
Gaião,  87;  das  rendas  dos  moinhos  do 


almoxarifado,  320.  —  Testamento  da  2.» 
condessa  de  Loulé  aqui  feito,  348. — Vila 
de  Rei,  no  termo,  171. 

Santarém  (Conde  de),  D.  João  Afonso,  227. 

Santarém  (Marquês  de),  promessa  do  título, 
427. 

Santarém  (Visconde  de).  Quadro  elementar^ 
298,  299. 

Santaréns,  201. 

Santiago,  arcebispo,  i65;  igreja,  3io;  mes- 
trado, v.  Ordem  de  Santiago-,  patrono  dos 
espanhóis,  180;  pertigueiro  mor,  76;  sr.  da 
freguesia,  25 1. 

Santiago  do  Cacém,  i55;  sisas,  382. 

Santo  António  (Frei  Manuel  de),  Thesouro 
da  nobreijfa,  3,  119,  i63,  177,  191,  201. 

Santo  Estêvão,  sr.,  79,  80,  87. 

Santo  Estêvão,  de  Beja  (Morgado  de),  sr.,  90. 

Santo  Isidro,  sr.  da  freguesia,  25i. 

Santo  Ofício,  auto  público  de  fé,  3i;  bispo 
inquisidor  geral,  3i,  33,  34,  38,  426;  con- 
selho geral,  33,  37,  38,  39,  40;  é  denun- 
ciado D.  António  de  Ataíde,  104;  deputado 
do  conselho  geral,  37,  38;  inquisidor,  3i, 
33,  36,  38,  39,  .íjo;  notário,  39;  palácio  da 
inquisição,  3o;  processos,  33;  promotor, 
33;  queimados  e  açoitados  por  ela,  32. 

Santo  Padre  Pio,  262. 

Santo  Tirso,  sr.,  246;  sepultura,  24a. 

Santo  Tirso  de  Riba  de  Ave,  igreja,  casa- 
mento, 270. 

Santo  Tomás  (Frei  Leão  de),  Benedictina 
Lusitana,  109,  242. 

Santos  (Frei  Manuel  dos),  Alcobaça  ilus- 
trada, 17. 

Saona,  56. 

Saraiva  (Cardial),  v.  San  Luis  (Frei  Fran- 
cisco de). 

Sardoal,  sr.,  372. 

Sarilhos,  171. 

Sarmiento  (D.  João),  sr.  de  Salvatierra,  loi. 

Sarmiento  (D.  Leonor),  m.  de  D.  Fernando, 
f.  b.  de  D.  Henrique  II  de  Castela,  i53. 

Sarmiento  (D.  Maria),  m.  de  D.João  de  Ichoa, 
3io. 

Sarzedas,  sr.,  148. 

Sarzedas  (Condes  das),  modernos,  ramos 
destes,  116. 

Sás,  201. 

Saudades  (As)  da  terra,  Historia  das  ilhas 
de  Porto  Santo  e  Madeira,  etc,  v.  Fru- 
tuoso (Gaspar). 

Savona,  19. 

Sé  de  Lisboa,  v.  em  Lisboa. 

Seabra  (Diogo  de),  alferes  maior  de  D.  João  I, 
214. 

Sebastião  (D.),  rei  de  Portugal,  103,400,401, 
418,  424,  434;  seu  aio,  422;  seu  vedor  da 
fazenda,  435;  seu  aposentador  mor,  358; 
títulos  que  criou,  23 1. 


índice  de  matérias 


499 


Secília  (Reis  de),  guerras  contra  eles,  83. 

Secretário,  3 14,  3 16,  333,  389,  425;  de 
D.  João  III,  89. 

Secretário  de  Estado,  419. 

Seda  (Comendador),  299, 

Segadães,  sr.,  398. 

Segura,  219. 

Seia,  condado,  228;  doação  de  certos  bens 
no  termo,  293. 

Seia  (Conde  de),  v.  Manuel  de  Vilhena  (D. 
Henrique). 

Seia  (Condes  de),  40. 

Seia  (Condessa  de),  v.  Sousa  (D.  Brites  de). 

Sempre  Noiva,  junto  de  Arraiolos,  sr.,  148; 
instituidor  do  morgado,  148. 

Sentença  da  revista  concedida  às  casas  Tá- 
vora e  Atouguia,  iii. 

Sentil  Esteves,  mãe  do  dr.  João  das  Regras, 
i85. 

Septa  dos  Romanos,  v.  Seuta. 

Sepulturas  do  Espinheiro^  v.  Braamcamp 
Freire  (Anselmo). 

Sepulturas:  de  D.  Afonso,  i.°  duque  de  Bra- 
gança, 268,  286;  de  D.  António  de  Lima 
Pereira,  io3;  de  António  Manuel  de  Vi- 
Ihena,  8-9;  Atalaia  (Conde  de),  i.°,  289; 
de  el  Rei  D.  Duarte,  16;  de  D.  Fernando, 
2.°  duque  de  Bragança,  285  ;  de  Fer- 
nand'Afonso,  235;  de  Joana  de  Meneses, 
de  D.  Frei  João,  bispo,  24;  de  D.  João 
Afonso,  242;  de  D.  Maria  de  Castro,  98; 
de  D.  Maria  de  Sousa,  condessa  de  Ma- 
rialva, 267;  Marialva  (Conde  de),  3.°,  289; 
de  D.  Martim  Gil;  de  D.  Pedro  de  Meneses, 
2.°  conde  de  Viana,  264;  de  D.  Nuno  Al- 
vares Pereira,  252;  de  D.  Vasco  Fernandes 
Coutinho,  i."  conde  de  Marialva,  266. 

Sequeira  (Estêvão  de),  copeiro  menor  de 
D.  João  II,  outra  vítima  do  envenena- 
mento, 94. 

Sequeira  (Fernão  Rodrigues  de),  mestre  de 
Avis,  202. 

Sequeira  (D.  Reimão  Viegas  de),  sitiante  no 
cerco  de  Sevilha,  191. 

Sequeiras,  201. 

Sernache,  sr.,  274,  275. 

Sernache  (Fernando  Alvares  de),  capitão  e 
coudel  mor  dos  besteiros  e  vassalos  de 
cavalo,  267. 

Serpa,  i25;  guarda  dos  igrejairos  reais,  49; 
sr.,  279,  280. 

Serpa  (João  de),  escudeiro  do  infante  D.  Pe- 
dro, 53. 

Serra  da  Arrábida,  casal  da  Louriceira,  220. 

Serra  Craesbeck  (Francisco  Xavier  da),  Ca- 
talogo dos. ..  D. D.  Abbades. . .  de  S.  Ma- 
ria de  Guimarães,  18. 

Setúbal,  Biblioteca  Municipal,  26.  —  Carta 
de  um  advogado  concernente  à  sentença 
dos  Távoras,  iii.  —  Convento  de  Jesus, 


24;  lançamento  da  primeira  pedra  para  a 
suafundação,  26.  — Data  de  carta,  96, 236, 
36i,  363.  —  Desterro  do  Mestre  D.  Jorge 
por  mandado  de  D.  João  III,  358,  359. — 
Doação  de  uns  pardieiros,  28.  —  Duque  de 
Viseu  morto  às  mãos  de  D.  João  II,  297. 

—  Estadas:  de  D.  João  lí,  26;  de  D.  ma- 
nuel,  3i5.  —  Execução  de  D.  Fernando  de 
Meneses,  o  Narizes,  393.  —  Gov.,  166. — 
Moiros  e  judeus  principais,  i3i.  —  Porquês 
de  Setúbal,  no  Cancioneiro  geral,  i5o. — 
Sentença  aqui  confirmada,  365. 

Seuta,  V.  Ceuta. 

Sever,  sr.,  89, 

Severim  de  Faria  (Manuel  de),  não  foi  o 
compilador,  mas  sim  o  possuidor  dos  Su- 
mários da  Torre  do  Tombo;  o  A.  desta 
compilação  foi  Lousada  (Gaspar  Alvares 
de),  i85. 

Soverim  de  Faria  (Manuel),  Torre  do  Tombo, 
58,  63,  66,  196,  427. 

Sevilha,  3o8.  —  Bodas,  por  procuração,  do 
infante  D.  Afonso  com  a  princesa  D.  Isabel 
de  Castela,  120, 127. —  Cerco  e  portugueses 
que  nele  tomaram  parte,  191.  —  Conquista, 
72, 74. — Morre  o  conde  de  Faro,  D.  Afonso, 
290.  —  Morador,  62,  76,  Soo.  —  Mortos,  Soo. 

—  Vizinho,  60. 
Sicília,  128,  202. 

Silva  (D.  Afonso  da),  i."  conde  de  Cifuentes, 
236. 

Silva  (Afonso  Gomes  da),  sr.  da  terra  e  jul- 
gado de  Celorico  de  Basto,  7. 

Silva  (Aires  Gomes  da),  2."  sr.  de  Vagos,  325. 

Silva  (D.  Álvaro  da),  3.»  conde  de  Portalegre, 
367,  412,  413,429,430;  data  da  sua  morte, 
4i3;  mordomo  mor,  4i3;  ar.,  4i3. 

Silva  (Beatris  da),  condessa  de  Abrantes, 
319, 321 ;  m.  de  Lopo  de  Almeida,  i.°  conde 
de  Abrantes,  317,  319;  aia  e  camareira 
mor  da  rainha  de  Castela  D.  Joana,  319, 
321 ;  data  do  seu  falecimento,  322. 

Silva  (D.  Brites  da),  v.  Silva  (D.  Beatris  da), 
condessa  de  Abrantes. 

Silva  (D.  Catarina  da),  i.«  condessa  de  Borba, 
336,  337,  365. 

Silva  (D.  Diogo  da),  5.»  conde  de  Portalegre 
e  mordomo  mor,  430,  43 1. 

Silva  (D.  Felipa  da),  4.*  condessa  de  Porta- 
legre, 429,  43o;  data  da  sua  morte.  43o; 
primeira  m.  de  D.  Pedro  Denis,  430;  sr.« 
de  várias  alcaidarias  mores,  43o;  ar.,  43o. 

Silva  (D.  Francisca  da),  m.  i.*  do  3."  conde 
de  Odemira,  346. 

Silva  (Inocêncio  Francisco  da),  Dicionário 
bibliográfico,  24,  i53. 

Silva  (D.  Isabel  da),  condessa  de  Penela, 
294;  sr.  do  reguengo  de  Campores,  294. 

Silva  (D.  Joana  da),  condessa  de  Linhares, 
data  da  sua  morte,  Sgo. 


5  00 


Brasões 


Silva  (Joana  Gomes  da),  m.  de  Lopo  Dias 
de  Azevedo,  ig6. 

Silva  (João  da),  regedor,  4o3,  4o5,  418. 

Silva  (D,  João  da),  2°  conde  de  Portalegre, 
35o,  SgS,  412,416,429;  data  da  sua  morte, 
367;  mordomo  mor,  367;  sr.  de  várias 
terras,  4i3 ;  ar.,  367.  —  V.  Silva  de  Meneses 
(D.  João  da). 

Silva  (D.  João  da),  4.»  conde  de  Portalegre, 
429,  43o;  alcaide  mor  de  Portalegre  e  As- 
sumar,  43o;  data  e  lugar  da  sua  morte, 
43o;  embaixador  de  Felipe  II  em  Portugal, 
43o;  gov.  do  reino,  43o;  mordomo  mor, 
43 1 ;  ar.,  431. 

Silva  (D.  João  da),  embaixador  do  rei  de 
Castela,  413. 

Silva  (João  Gomes  da),  alferes  mor  e  expe- 
dicionário a  Seuta,  aoi. 

Silva  (João  Gomes  da),  i."  sr.  de  Vagos  e 
copeiro  mor,  79. 

Silva  (D.  Leonor  da),  m.  de  Diogo  Gil  Monis, 

52. 

Silva  (D.  Leonor  da),  m.  2.»  de  João  Freire 
de  Andrada,  349. 

Silva  (D.  Leonor  da),  viúva  de  Cristóvão  de 
Melo  e  2.*  m.  de  Henrique  Henriques,  i56. 

Silva  (D.  Margarida  da),  mãe  da  4.*  condessa 
de  Portalegre,  429. 

Silva  (D.  Maria  da),  marquesa  de  Vila  Real, 
e  dama  da  rainha  D.  Catarina,  421. 

Silva  (D.  Miguel  da),  escrivão  da  puridade, 
389. 

Silva  (Rui  Gomes  da),  79. 

Silva  (fiui  Gomes  da),  sr.  da  Chamusca,  52. 

Silva  (D.  Teresa  da),  m.  de  Fernand'Anes 
de  Lima,  79. 

Silva  (Tristão  da),  28. 

Silva  Lopes  (João  Baptista  da),  Memorias 
para  a  historia  eclesiástica  do  bispado  do 
Algarve,  181. 

Silva  de  Meneses  (D.  Diogo  da),  i.»  conde  de 
Portalegre,  349, 390, 429 ;  aio  de  D.  Manuel, 
duque  de  Beja,  157,  35o;  alcaide  mor  de 
Assumar  e  Portalegre,  349^;  capitão  das 
ilhas  das  Canárias,  349;  cativo  em  Tânger, 
349;  data  da  sua  morte,  35o-,  escrivão  da 
puridade,  349;  sr.  de  Celorico,  Gouveia  e 
S.  Romão,  35o;  vedor  da  fazenda,  157  35o; 
ar.,  35o. 

Silva  de  Meneses  (D.  João  da),  v.  Silva  (D. 
João  da),  2.°  conde  de  Portalegre. 

Silva  Teles  (Tomás  da),  12.°  visconde  de 
Vila  Nova  da  Cerveira,  92. 

Silva  Cunhas,  201. 

Silvas,  ar.,  71,  72,  79;  varonia,  92. 

Silveira  (D.  António  da),  com.  da  Sortelha, 
34. 

Silveira  (D.  Diogo  da),  1."  conde  da  Sortelha, 
alcaide  mor  da  Sortelha  e  guarda  mor,  398, 
424;  data  do  seu  falecimento,  424;  ar.,  424. 


Silveira  (Diogo  da),  veador  da  casa  do  sr. 
D.  Jorge,  duque  de  Coimbra,  148,  i52. 

Silveira  (D.  Felipa  da),  viscondessa  de  Vila 
Nov.í  da  Cerveira,  369. 

Silveira  (Fernão  da),  embaixador  em  Castela, 
120. 

Silveira  (Fernão  da),  f.  do  i.»  barão  de  Al- 
vito, 3o2. 

Silveira  (Fernão  da),  regedor  das  justiças  e 
3."  coudel  mor  do  reino,  147,  i5o,  391. 

Silveira  (Francisco  da),  sr.  das  Sarzedas,  148 ; 
coudel  mor,  147. 

Silveira  (Henrique  da),  369. 

Silveira  (João  da),  f.  do  i."  barão  de  Alvito, 
3o2. 

Silveira  (D.  João  da),  v.  Silveira  (D.  João 
Fernandes  da). 

Silveira  (João  Fernandes  da),  54. 

Silveira  (Dr.  João  Fernandes  da),  v.  o  se- 
guinte. 

Silveira  (Dr.  D.  João  Fernandes  da),  i.°  barão 
de  Alvito,  85,  23o,  239, 3oo,  3oi,  354;  chan- 
celer mor,  23o,  Soo,  304;  escrivão  da  puri- 
dade, 23o,  Soo,  3o3,  304,  3o5,  3o6;  regedor 
da  Casa  da  Suplicação,  23o,  Soo,  3oi,3o2, 
3o4,  3o5 ;  na  tomada  de  Arzila  e  Tânger, 
23o;  veador  da  fazenda,  23o,  Soo,  304;  ar., 
S07,  353. 

Silveira  (Jorge  da),  veador  da  fazenda  do 
duque  D.  Diogo,  147,  148. 

Silveira  (D.  Luís  da),  i.»  conde  da  Sortelha, 
354,  S96, 398,424;  alcaide  mor  da  Sortelha, 
397;  combatente  em  Africa,  397;  data  da 
sua  morte,  398;  embaixador  a  Carlos  V, 
397;  guarda  mor  do  príncipe  D.  João,  e 
depois  de  rei,  396,  397;  sr.  de  Penamacor, 
Segadães  e  Recardães,  396,  398;  seu  tes- 
tamento, 398;  ar.,  398. 

Silveira  (Nuno  Martins  da),  escrivão  da  pu- 
ridade, 211;  na  tomada  de  Seuta,  217; 
vedor  mor  das  obras,  sacas  e  resíduos  do 
reino,  297. 

Silveiras,  iot;  original  no  cartório  da  Casa 
de  Abrantes,  maç.  4.°  de  Silveiras,  396; 
varonia,  1 16. 

Silveiras,  condes  da  Sortelha,  srs.  da  casa 
dos  condes  de  Vila  Nova  de  Portimão,  220. 

Silves,  aforamento,  49;  bispo,  181;  proge- 
nitor dos  alcaides  mores  de  Silves,  49. 

Simões  (Felipe),  v.  Paços  Reais  de  Évora, 
no  Archivo  piTTOREsco,  i52. — Regimento 
que  el  rei  D.  João  II,  etc,  124. 

Sines,  384;  dízima  nova  do  pescado,  38i, 
383;  sisas,  38i. 

Sinopse  Cronológica  (Aditamentos  à),  268. 

Sintra :  alcaide  do  castelo,  7,  53.  —  Ar.  de 
Febos  Monis  na  Sala  do  Paço,  63.  —  Casal 
do  Almarjem,  220.  —  Data  de  carta,  171, 
288,  3o5,  3o6,  319,  389. — Desenhos  dos 
brasões  da  Sala  do  Paço,  71.  —  Doação  do 


índice  de  matérias 


5oi 


Paço,  8.  —  Entrega  do  castelo,  8.  —  Es- 
tada de  D.  Afonso  V,  98;  e  do  infante  re- 
gente D.  Pedro,  18.  —  Sr.  dos  paços,  249. 
—  No  seu  termo,  caçando  D.  Afonso  IV, 
4. 

Sintra  (Conde  de),  7. 

Soares  (D.  Brites),  m.  de  Diogo  de  Mendoça, 
344. 

Soares  (D.  Brites),  condessa  de  Cantanhede, 
328;  m.  2.*  de  D.  Pedro  de  Meneses,  i.° 
'conde  de  Cantanhede  e  viúva  de  D.  Álvaro 
Coutinho,  388;  sua  sepultura  e  epitáfio  na 
Graça  de  Lisboa,  328. 

Soares  (Diogo),  218. 

Soares  (João),  218. 

Soares  (Frei  João),  v.  Soares  (D.  João),  3.° 
conde  de  Arganil. 

Soares  (D.João),  3."  conde  de  Arganil,  bispo 
de  Coimbra  e  confessor  de  D.  João  III, 
409;  data  da  sua  morte,  410;  frade  da 
Ordem  de  Santo  Agostinho  e  mestre  em 
teologia,  409;  sr.  do  couto  de  Coja,  410; 
ar.  e  divisa,  410. — V.  Soares  (Frei  João). 

Soares  de  Albergaria  (António),  Tropheos 
Lusitanos,  109. 

Soares  da  Silva,  Memorias  para  a  vida 
dei  Rey  D.  João  I,  i53. 

Soares  Soldar  (D.  Tareja),  m.  de  Geraldo 
Afonso  de  Rèsande,  168. 

Sobrado,  sr.  da  honra,  218, 

Sobrinho  (Frei  João),  mestre,  10, 11,  i3;  car- 
melita, 1 1 ;  provincial  e  vigário  da  pro- 
víncia do  Carmo,  1 1. 

Sofala,  capitão,  272. 

Soledade  (Frei  Fernando  da),  Historia  Se- 
ráfica, 24,  85,  242,  255,  271,  298. 

Somaryo  de  Afonso  Mexia,  no  Arquivo  his- 
tórico PORTUGUEZ,  291. 

Sortelha,  alcaide  mor,  424;  com.,  34. 

Sortelha  (Conde  da),  i.°,  v.  Silveira  (Luís 
da). 

Sortelha  (Conde  da),  2.°,  v.  Silveira  (D.  Diogo 
da). 

Sortelha  (Condes  da),  220,  23 1,  239;  actual 
representante,  376. 

Sortelha  (Condessa  da),  v.  Meneses  (D.  Ma- 
ria de). 

Sotomaior,  sr.  de  sua  casa  na  Galiza,  322; 
ar.,  7'»  72,  78- 

Sotomaior  (D.  Afonso  Garcia  de),  76. 

Sotomaior  (D.  Álvaro  de),  intitula-se  conde 
Caminha,  era  f.  de  D.  Pedro  Alvarez  de 
Sotomaior,  conde  de  Caminha,  323,  324; 
é  posto  a  tormento  por  denúncia  falsa  e 
por  mandado  de  D.  João  II,  323. 

Sotomaior  (Diogo  Alvarez  de),  loi. 

Sotomaior  (Duque  de),  i.»,  v.  Lima  e  Soto- 
maior (D.  Fernando  Yanez  de). 

Sotomaior  (Inês  de),  m.  de  Álvaro  Rodrigues 
de  Límia,  78. 


Sotomaior  (D.  Inês  de),  m.  de  Lopo  Gomes 

de  Abreu,  85, 

Sotomaior  (D.  Pedro  Alvarez  de),  conde  de 
Caminha,  322, 323 ;  apossa-se  desta  cidade, 
intitula-se  visconde  de  Tui  e  prende  o 
bispo  D.  Diogo  de  Mures,  sendo  por  este 
facto  condenado,  323;  combatente  na  ba- 
talha de  Toro,  322;  data  da  sua  morte, 
323;  sr.  da  grande  casa  de  Sotomaior,  na 
Galiza,  322;  ar.,  324. 

Sotomaior  e  Monroi  (D.  Inês  Henrique  de), 
condesa  de  Caminha,  vítima  de  um  matri- 
cídio,  323,  324. 

Sotomaior  (D,  Pedro  de),  f.  da  condessa  de 
Caminha  D.  Inês  Henriques  de  Sotomaior 
e  Monroi,  manda  matar  a  sua  própria  mãe, 
323,  324. 

Sotomayor  (D.  Pedro  de),  loi. 

Sotomayor  e  Lima  (D.  João  Fernandes  de), 
\.°  marquês  de  Tenório,  91. 

Soure  (Castelo  de),  prisão  do  3.°  barão  de 
Alvito,  402  a  407. 

Sousa,  apelido,  242. 

Sousa  (Aleixo  de),  f.  de  Garcia  de  Sousa,  149. 

Sousa  (Álvaro  Dias  de),  sr.  de  Mafra,  77. 

Sousa  (Álvaro  Dias  de),  outro,  sr.  de  Mafra, 

77- 

Sousa  (D.  António  Caetano  de),  Historia 
genealógica,  10,  1 3, 16, 17,  19,  20,  27  a  3o, 
40,  64,  84,  87,  91,  98,  104,  243,  255,  263, 
264,  265,  276,  290,  291,  292,  326,  33 1,  334, 
399,  343,  355,  385,  398,  399,  401,  407,  408, 
412,  4i5,  416,  419,  420,  422,  424,  433. — 
Aparato  da  Historia  genealógica,  11.  — 
Memorias  históricas  e  genealógicas  dos 
grandes  de  Portugal,  109. — Memorias  Se- 
pulchraes,  que  para  beneficio  da  Historia 
de  Portugal,  etc,  67, 72, 102, 235,  347,  376, 
377,  293.  —  Provas  da  Historia  genealó- 
gica, 7,  29,  5i,  63,  64,  93,  97,  98,  181,  i83, 
i8(),  233,  243,  246,  25i,  252,  254,  256,  257, 
2C7,  268,  280,  286,  287,  291,  296,  299,  3oo, 
327,  334,  343,  345,  349,  35/,  338,  359,  368, 
369,  370,  378,  392,  398,  399,  400,  402,  407, 
411,  412,  414,  417,  418,  419,  424,  42«,  429. 

Sousa  (D.  Beatris  de),  279. —V.  Melo  (D. 
Beatris  de). 

Sousa  (D.  Briolanjade),m.  de  Martím  Afonso 
de  Melo,  279. 

Sousa  (D.  Brites  de),  condessa  de  Seia,  m. 
de  D.  Henrique  Manuel  de  Vilhena  !.• 
conde  de  Seia,  8,  25o. 

Sousa  (D.  Constança  Mendes  de),  m.  de 
D.  Pedro  Anes  de  Portel,  243. 

Sousa  (Diogo  de),  deputado  do  conselho 
geral  do  Santo  Ofício,  38. 

Sousa  (D.  Diogo  de),  neto  do  i.»  conde  do 
Prado,  390. 

Sousa  (Diogo  Afonso  de),  sr.  de  Mafrs^e  Eri- 
ceira, 77. 


502 


Brasões 


Sousa  (D.  Egas  Gomes  de),  179. 

Sousa  (Felipe  de),  f.  do  i."  barão  de  Alvito, 
3o6. 

Sousa  (Fernão  de),  o  da  Labruja,  54, 

Sousa  (Fernão  de),  sr.  de  Gouveia,  loi. 

Sousa  (Francisco  de),  28. 

Sousa  (Garcia  de),  alcaide  das  casas  de  Bra- 
gança, 148-149. 

Sousa  (Gonçalo  de),  o  Lavrador,  i3o;  re- 
gedor de  Évora,  129;  seu  epitáfio,  i3o. 

Sousa  (Gonçalo  Anes  de),  sr.  de  Mortágua, 
273. 

Sousa  (Gonçalo  Rodrigues  de),  alcaide  mor 
de  Monsarás,  capitão  da  frota  e  traidor  à 
causa  nacional,  164. 

Sousa  (D.  Helena  de),  m.  de  Diogo  Lopes  de 
Lima,  102. 

Sousa  (Isabel  de),  m.  de  Diogo  Lopes,  3o2. 

Sousa  (João  de),  capitão  dos  ginetes,  33o. 

Sousa  (João  de),  com.  de  Ferreira,  Alvalade 
e  Represa  na  Ordem  de  Santiago  e  capitão 
dos  ginetes  do  infante  D.  Fernando,  142- 
143;  seu  epitáfio,  143. 

Sousa  (Jorge  de),  com.  de  Merles,  281. 

Sousa  (D.  Leonor  de),  m.  de  Diogo  Gil  Mo- 
rais, 5o,  5i. 

Sousa  (Lopo  de),  i58, 

Sousa  (D.  Lopo  Dias  de),  mestre  de  Cristo, 
201,  226;  expedicionário  a  Seuta,  201. 

Sousa  (Frei  Luís  de),  388.—  Historia  de 
S.  Domingos,  289,  428.  —  Anais  de  D. 
João  III,  329,  348,  35 1,  357,  387,  396,  407. 

Sousa  (Manuel  dej,  aposentador  mor  de 
D.  Sebastião,  358. 

Sousa  (D.  Maria  de),  baronesa  de  Alvito,  23o, 
3oo  a  307. 

Sousa  (D.  Maria  de),  condessa  de  Marialva, 
266;  data  da  sua  morte  e  sepultura,  267. 

Sousa  (D.  Maria  de),  m.  de  Henrique  Henri- 
ques, i58. 

Sousa  (D.  Martim  Gil  de),  v.  Martim  Gil  (D.), 
242. 

Sousa  (D.  Mecia  de),  condessa  de  Odemira, 
m.  de  D.  Sancho  de  Noronha,  273;  sr.*  de 
Mortágua,  291. 

Sousa  (D.  Pedro  de),  i.°  conde  do  Prado, 
147,  390,  391;  alcaide  mor  de  Beja,  390, 
391 ;  capitão  de  Alcácer  Seguer  e  de  Aza- 
mor,  390;  data  da  sua  morte,  390;  sr.  de 
Beringel  e  do  Prado,  390;  ar.,  390. 

Sousa  (D.  Pedro  Afonso  de),  rico  homem, 
25o. 

Sousa  (Rui  de),  210;  postigo,  211. 

Sousa  (Rui  de),  almotacé  mor,  i5o. 

Sousa  (Tomé  de),  i.»  gov.  geral  do  Brasil, 
102. 

Sousa  Chichorro  (Vasco  Martins  de),  capitão 
mor  dos  ginetes  de  D.  Afonso  V,  148. 

Sonsa  Goutínho  (Francisco  de),  embaixador 
na  Suécia,  Holanda  e  França,  35. 


Sousa  Freire  (Alexandre  de),  com.  de  Cristo, 
34;  gov.  de  Beja,  34. 

Sousa  de  Macedo  (Luís  de),  barão  da  Ilha 
Grande  de  Joanes,  84. 

Sousa  Matos  (José  Maria  de),  i36. 

Sousa  Pinto  (Manuel  de),  inquiridor  na  Re- 
lação do  Porto  e  delator  na  inquisição,  32. 

Sousa  e  Vasconcelos  (D,  Diogo  de),  arcebispo 
de  Braga,  loi. 

Sousa  Viterbo,  Aries  e  industrias.  Minas  e 
mineiros,  21.  —  Trabalhos  náuticos,  no  Ar- 

CHIVO  HISTÓRICO  PORTUGUEZ,  35o. 

Sousas,  201,  221. 

Sousas,  copeiros  mores,  herdeiros  da  casa  e 
título  dos  condes  de  Vila  Flor,  8. 

Souto  Maior  (D.  Francisca  Luísa  de),  4.»  con- 
dessa de  Crescente,  91, 

Souto  da  Ribeira  de  Homem,  sr.»  da  quinta, 
195. 

Suécia,  embaixador  lá,  35. 

Sumários  da  Torre  do  Tombo,  v.  Lousada 
(Gaspar  Alvares  de). 

Suplemento  à  Gaveta  de  Lisboa,  v.  Ga^^eta 
de  Lisboa. 

Táboa,  sr.,  i83. 

Tancos,  sr.,  3o. 

Tancos  (Duquesa  de),  v.  Gonstança  Manuel 
(D.). 

Tancos  (Marquês  de),  administrador  das  ca-- 
pelas  do  Carmo,  29. 

Tancos  (Marquesa  de),  2.%  v.  Manuel  (D. 
Constança). 

Tancos  (Marqueses  de),  condes  da  Atalaia, 
40. 

Tânger :  acometida  pelo  infante  D.  Fernando, 
282.  —  Capitão  e  gov.,  324, 35i. —  Cativos, 
349.  —  Combatentes  no  arraial,  14.  —  Ex- 
pedição, 17,  154.  —  Mortos,  289;  mortos 
no  escalamento,  279.  —  Serviços  prestados 
lá,  297.  —  Tomada,  23o.  —  Rei,  v.  Alboa- 
cem. 

Tapada  da  Cubeira,  sr.%  9. 

Tarifa,  202 ;  alcaide  mor,  2o3 ;  brinde  e  feli- 
citações que  aqui  recebeu  D.  João  I,  2o3. 

Tarouca,  condado,  23i;  sr.*',  i83. 

Tarouca  (Conde  de),  294;  sr.  de  certos  bens 
no  termo  de  Seia,  293. 

Tarouca  (Conde  de),  i.°,  v.  Meneses  (D.  João 
de). 

Tarouca  (Condessa  de),  352. 

Tavares  (Xisto),  Nobiliário,  195,  33 1. 

Tavira,  a  que  e  dado  o  título  de  duque  de 
Coimbra  ao  infante  D.  Pedro,  255;  sr.,  387. 

Távora  (Álvaro  Pires  de),  sr.  dos  direitos 
reais  de  Caminha  e  Vila  Nova  da  Cerveira, 
288;  de  Caparica  e  Almada,  271 ;  do  mo- 
gadouro  e  da  casa  de  Távora,  80,  324, 
395. 

Távora  (D.  Ana  de),  condessa  da  Castanheira, 
395,  396;  data  da  sua  morte,  393. 


índice  de  matérias 


5o3 


Távora  (D.  Joana  de),  m.  !.•  do  3."»  conde  da 
Atouguia,  427;  data  da  sua  morte,  427. 

Távora  (José  Maria  de),  f.  dos  marqueses  de 
Távora,  iio;  sua  execução,  114. 

Távora  (D.  Leonor  de),  marquesa  de  Távora, 
iio;  seus  descendentes,  116;  sua  estada 
na  índia,  ii3;  sua  execução,  iii  a  114. 

Távora  (Lourenço  Pires  de),  carta  que  de 
Roma  envia  a  el  Rei,  4o3. 

Távora  (Lourenço  Pires  de),  sr.  de  várias 
terras,  11 5. 

Távora  (Luís  Alvares  de),  sr.  do  mogadouro, 
427. 

Távora  (Luís  Bernardo  de),  f.  dos  marqueses 
de  Távora,  1 10, 

Távora  (D.  Luísa  de),  6.*  viscondessa  de  Vila 
Nova  da  Cerveira,  90,  433. 

Távora  (Marquês  de),  v.  Assis  (Francisco  de). 

Távora  (Martim  de),  meirinho  mor,  278. 

Távora  (Pedro  Lourenço  de),  capitão  de 
nau,  166. 

Távora  (Pedro  Lourenço  de),  sr.  de  S.  João 
da  Pesqueira,  ii5. 

Távora  (Rio),  diz-se  que  foi  este  rio  que  deu 
origem  ao  apelido  Távora,  11 5. 

Távora  (Rui  Lourenço  de),  sr.  de  S.  João  da 
Pesqueira,  1 13. 

Távora  (D.  Teresa  de),  condessa  de  Cami- 
nha, 324. 

Távora  (D.  Violante  de),  mãe  do  i."  conde 
da  Castanheira  e  sr.»  do  morgado  da  quinta 
da  Foz  de  Benavente,  SgS. 

Távoras,  201 ;  ninguém  tem  o  direito  de  usar 
nem  do  apelido  nem  das  armas,  109,  iio, 
111,  114;  no  palácio  da  Ajuda  lavra-se  a 
sua  sentença,  112;  origem,  114;  represen- 
tação da  casa,  1 14,  1 16;  ramos  antigos,  ar., 
109;  ramos  modernos,  proibição  das  suas 
armas,  109;  srs,  da  casa,  80,  109,  114;  seus 
i.os  ascendentes  verosímeis,  ii5;  substi- 
tuição deste  apelido  pelo  de  Lorena,  109; 
ar.  e  divisa,  109,  1 15. 

Távoras  (Marqueses  de),  n6;  ar.,  109. 

Távoras,  da  Ilha  Terceira,  nada  têm  com  os 
verdadeiros  Távoras,  109-110. 

Távora  (outros)  (Beairis  de),  m.  de  LuísVa- 
ladão,  1 10. 

Távora  (outros)  (Francisco  Gonçalves  de), 
110. 

Teixeira  (Guiomar),  58. 

Teixeira  (João),  chanceler  mor,  237. 

Teixeira  de  Aragão  (A.  C),  Vasco  da  Gama 
e  a  Vidigueira,  65,  38o,  38 1,  383,  384. 

Teixeiras,  ar.,  58. 

Tejo  (Rio),  275,  3o8,  3i8;  dele  sai  a  expe- 
dição a  Seuta  em  141 5,  201;  porto  de  pe- 
dra onde  chamam  a  Foz  do  Tejo,  3 18. 

Teles  (Afonso),  capitão  de  Alcácer,  281. 

Teles  (Padre  Baltasar),  prepósito  da  casa 
de  S.  Roque,  36, 37,  39.—  Crónica  da  Com- 


panhia de  Jesus,  3.  — Historia  geral  da 
Ethiopia,  36. 

Teles  (Fernão),  371. 

Teles  (D.  Gonçalo),  i.»  conde  de  Neiva, 228, 
247,  253;  alcaide  mor  de  Coimbra  e  de 
Neiva,  165,247;  capitão  da  frota  mandada 
organizar  pelo  Mestre  de  Avis  para  fazer 
frente  à  castelhana,  164;  preso  no  castelo 
de  Évora,  248;  sr.  de  muitas  terras,  247, 
248;  sua  morte,  249;  ar.,  249. 

Teles  (D.  João  Afonso),  concfe  de  Ourém, 
248.— V.  Telo  (D.  João  Afonso). 

Teles  (D.  Leonor),  rainha  de  Portugal,  m.  de 
D.  Fernanda,  80,  81,  248,  260,  3i2,  3i5. 

Teles  (D.  Maria),  m.  de  Álvaro  Dias  de  Sousa, 

77- 

Teles  Giron  (D.  João),  v.  Giron  (D.  João  Te- 
les). 

Teles  de  Meneses  (Afonso),  alcaide  mor  de 
Campo  Maior  e  Ouguela,  28. 

Teles  de  Meneses  (Fernão),  mordomo  mor 
da  princesa  D.  Leonor,  352. 

Teles  de  Meneses  (Manuel),  sr.  de  Unhão, 
428. 

Teles  de  Meneses  (Rui),  sr.  de  Unhão,  379; 
mordomo  mor  das  rainhas  D.  Maria  e 
D.  Leonor,  379. 

Telo  (D.  João  Afonso),  4  »  conde  de  Barcelos 
e  i."  de  Ourém,  17,  228,  243,  244,  25o. — 
V.  João  Afonso  (D.),  4."  conde  de  Barcelos. 

Telo  (D.  João  Afonso),  6.°  conde  de  Barcelos 
e  i.°  de  Mayorga,  25o;  morto  na  batalha 
de  Aljubarrota,  25 1;  sr.  de  muitas  terras, 
25o;  ar.,  25i. 

Telo  (D.  João  Afonso),  i.°  conde  de  Viana 
do  Alentejo,  228,  246,  247,  257,  258,  260; 
morto  pelos  seus  vassalos  de  Penela,  247, 
260. 

Telo  de  Meneses  (D.  Afonso),  5.°  conde  de 
Barcelos,  246;  sr.  de  muitas  terras,  246; 
sua  morte,  246;  ar.,  246. 

Tenório  (Marquês  de),  i.',  v.  Sotomayor  y 
Lima  (D.  João  Fernandes  de). 

Tenório  (Marquês  de),  2.»,  v.  Lima  y  Soto- 
mayor (D.  Fernando  Yanez  de). 

Tenreiro  (Gonçalo),  capitão  mor  da  frota, 
171,  271. 

Tenro  (João),  169,  v.  Tenro  (João  Pires). 

Tentúgal,  data  de  carta,  244,  374;  sr.,  246, 
368. 

Tentúgal  (Condado  de),  23 1 ;  criação  do  tí- 
tulo, 368, 

Tentúgal  (Conde  de),  i.°,  v.  Melo  (D.  Rodrigo 
de). 

Tentúgal  (Conde  de),  2.°,  v.  Melo  (D.  Fran- 
cisco de). 

Tentúgal  (Condessa  de),  v.  Almeida  (D.  Leo- 
nor de). 

Tentúgal  (Condessa  de),  v.  Eugenia  (D.). 

Teodósio  (D.),  i."  duque  de  Barcelos,  5.»  de 


5  04 


Brasões 


Bragança  e  3."*  de  Guimarães,  844,  892, 
393,  398,  399,400, 402, 419;  4.°  marquês  de 
vila  Viçosa,  398,  399;  6.»  conde  de  Arraio- 
los, 6.°  de  Neiva  e  9.°  de  Ourém,  398,  399, 
400;  data  da  sua  morte,  399;  sr.  de  Vila 
Boim,  3o8;  seu  testamento,  399;  ar.,  399. 

Teodósio  ÍI  (D.),  7.°  duque  de  Bragança  e 
3.°  de  Barcelos,  254,423,  424;  marquês  de 
Vila  Viçosa,  254;  11. °  conde  de  Ourém, 
8.°  de  Arraiolos  e  Penafiel,  254;  ar.,  424. 

Terceira  (Duque  da),  v.  Manuel  de  Meneses 
Severim  de  Faria  (António  José  de). 

Terena  (Vila  de),  sr.,  259. 

Teresa  (D.),  infanta,  193,  v.  Teresa  (D.), 
rainha  de  Portugal. 

Teresa  (D.),  rainha  de  Portugal,  193. — V.  Te- 
resa (D.),  infanta. 

Teresa  Anes,  concubina  do  3.®  conde  de  Bar- 
celos, 243. 

Terramoto  de  lySS,  186;  estragos  que  fêz  na 
Torre  do  Tombo  nos.  livros  de  registo,  3 1 5. 

Tesoureiro  dei  Rei,  277,  417;  do  infante 
D.  Duarte,  208;  da  moeda,  54. 

Tesouro  da  Nobresa,  v.  Coelho  (Francisco 
de). 

Tesouro  da  nobresa,  v.  Santo  António  (Frei 
Manuel  de). 

Testamentos:  dei  Rey  Don  Enrique  Se- 
gundo, 1 53 ;  da  infanta  D.  Isabel  de  Aragão, 
255. 

Tiberíades,  bispo  e  capelão  mor,  10. 

Toledo,  partem  a  caminho  de  lá  os  reis  de 
Portugal,  49. 

Toledo  (D.  Fernando  de),  irmão  do  duque 
Dalva,  58. 

Toledo  (D.  Maria  de),  56;  vice-raínha  das 
Antilhas,  58. 

Tolentino,  342. 

Tomar,  alcaide  mor,  378;  data  de  carta,  29, 
43o;  publicação  de  um  indulto  geral,  429; 
vigário,  100. 

Tombo  do  Carmo,  16. 

Tombo  das  escripturas  que  tratao  das  capei- 
las  deste  Real  Convento  do  Carmo  de 
Lisboa,  etc,  v.  Araújo  Correia  (R.  P.  Pre- 
!j[entado  Frei  Matheus  de). 

Toro:  batalha,  373,  376.  —  Capitão,  3io. — 
Combatentes  na  batalha,  322,  335. — Data 
de  carta,  3io.  —  Entrega  da  cidade,  3io. 
—  Estada  de  D.  Afonso  V,  82,  84,  327. 

Torono,  conquistada  por  D.  Afonso  I,  177; 
gov.,  177. 

Torrão,  i25. 

Torrão  (O),  Castelo  Branco  (Lopo  Vaz  de). 

Torrão  (Com.  do),  v.  Ordem  de  Cristo.       * 

Torre  (Casal  da),  na  Cabeça  de  Montachique 
e  Casainhas,  220. 

Torre  de  Moncorvo,  248;  alcaide  mor,  53; 
procurador  dos  resíduos  no  almoxarifado, 
266. 


Torre  do  Tombo,  11,  16,  20,  21,  24,  54,  57, 
58,  65,  io3,  i3o,  i58,  196,  226,  240,  263, 
272,  294,  325,  326,  327,  33 f,  333,  342,  343, 
365,  397,  427.  —  Cartapacio,  28,  425.  — 
Cartas  missivas,  65,  373.  —  Documentos  do 
Carmo  de  Lisboa,  285. — Estragos  sofridos 
quando  do  terremoto  de  lySS.  —  Livros 
das  Confirmações  gerais,  343.  —  Livro  do 
Guadiana.,  353.  —  Livro  das  Ilhas,  342.  — 
Memorias  do  cartório  de  S.  Vicente  de 
Fora,  249.  —  Mosteiro  de  Odivelas^  255. 
—  Summarios  da  Torre  do  Tombo,  v.  Lou- 
sada (Gaspar  Alvares  de). 

Torres,  srs.  dos  morgados  da  quinta  das 
Conchas  no  Lumiar,  53. 

Torres  Novas  e  seu  termo :  alcaide  do  cas- 
telo, 320;  data  de  carta,  3o5,  388;  ribeira 
do  Almonde,  258;  srs.,  244;  dos  lagares  de 
azeite  e  azenhas  do  pão  junto  com  os  moi- 
nhos de  Caldeirão,  32c;  da  renda  do  mor- 
domado e  direitos,  32o;  dos  serviços  dos 
judeus,  321,  322. 

Torres  Novas  CMarquês  de),  i.°,  v.  João  (D.). 

Torres  Novas  (Marquês  de),  2.°,  v.  Lancastre 
(D.  Jorge  de). 

Torres  Novas  (Marquesa  de),  v.  Giron  (D. 
Madalena). 

Torres  Novas  (Marquesa  de),  v.  Lara  (D.  Ju- 
liana de). 

Torres  Novas  (Marqueses  de),  23 1,  239,401. 

Torres  Vedras,  341 ;  alcaide  mor,  149;  carta 
aqui  passada  por  D.  Denis,  259;  cerco,  7, 
248;  confirmações,  304;  com.  de  S.  Pedro, 
428;  data  de  carta,  3o3,  307,  340,  343,  344; 
doação  da  renda  do  condado,  232;  estada 
de  D.  João  11,  341 ;  possuidor  de  bens  aqui, 
233;  no  termo,  doação  dos  bens  do  Mar- 
melar,  220. 

Touro  (Batalha  de),  v.,Toro. 

Trabalhos  náuticos,  v.  Sousa  Viterbo. 

Trabuca  (Maria),  m.  de  Gil  Aires,  5o. 

Tractatus  de  exclusione,  inclusione,  succes- 
sione  et  erectione  maioratus,  v.  Pegas  (Ma- 
nuel Alvares). 

Trancoso,  278;  alcaide  mor,  266;  batalha,  78, 
211;  confirmação,  241;  corregimento  do 
castelo  da  vila,  266;  sr.,  394. 

Traz-os-Montes,  sr.  de  parte  das  saboarias 
brancas  e  pretas,  29. 

Traslados  de  escripturas  antigas  do  Carmo 
de  Lisboa,  11,  20,  ai. 

Trastamara,  sr.,  191. 

Trastamara  (Conde  de),  i65. 

Trastamara  (D.  Pedro  Froiaz  de),  sr.  de  Tras- 
tamara, sitiante  do  cerco  de  Sevilha,  191, 
192 

Tratado  de  Alcanices,  v.  Alcanices. 

Tratado  da  antiga  e  curiosa  fundação  do 
convento  de  Jesus  de  Setúbal...  v.  San 
João  (Madre  Soror  Leonor  de). 


índice  de  matérias 


5o5 


Trava,  sr.»  do  paul,  328. 

Trento  (Concílio  de),  assistência,  432. 

Trevento  (Conde  de),  236. 

Triana  (Arrabalde  de),  191;  arraial,  193. 

Trigoso  de  Aragão  Morato  (Francisco  Ma- 
nuel  de),  Memoria  sob  a  significação  da 
palavra  Privado,  no  tomo  II  das  Memó- 
rias DA  Academia,  196. 

Trigueiro  (D.  Afonso  Martins),  233. 

Trinchante  de  D.  Manuel,  145. 

Trinité  (Luís  Carlos  Leão),  arquivista  do 
cartório  do  hospital  de  S.  José,  i5. 

Tripeiro  (O),  i3o. 

Trofeus  Lusitanos,  v.  Soares  de  Albergaria 
(António). 

Tronchay  (Senhora  du),  343. 

Trapell,  mercador  genovês,  estante  em  Lis- 
boa, 18. 

Trovas  de  Lui^  Anriquej  a  hua  moça,  v.  Es- 
teves Pereira  (Francisco  Maria). 

Trovas  por  Luís  Henriques  no  Cancioneiro 
GERAL :  a  hua  moça  com  que  andava 
d' amores. — Ao  Duque  de  Bragança  quando 
tomou  Ajamor.  —  Trovas  á  morte  do  prín- 
cipe D.  Afonso,  iSg. 

Tui,  cabido,  323;  cerco  posto  por  I>.  João  I, 
78;  conquistada  por  D.  Afonso  I,  177; 
expulsão  do  bispo  e  sua  prisão  nos  seus 
paços,  323;  gov.,  117;  sr.,  322. 

Tui  (Visconde  de),  v.  Sotomaior  (D.  Pedro 
Alvarez  de). 

Tunes,  expedição,  401. 

Turquia  em  guerra  com  Itália,  36. 

Turs,  aqui  faz  o  rei  de  França,  conde  de 
Avranches  a  D.  Fernando  de  Almada,  325. 

Uhagon  (D.  Francisco  R.  de),  La  pátria  de 
Ck>lón  segun  los  documentos  de  las  ordenes 
militares,  55,  56. 

Ulhoa  (D.  João  de),  v.  Ichoa  (D.  João  de). 

Ulhoa  (D.  Rodrigo  de),  embaixador  de  Cas- 
tela, i32,  i5o. 

Ungria,  i5. 

Unhão,  sr.,  379,  428. 

Universidade  de  Lisboa,  v.  em  Lisboa. 

Ureíía  (Conde  de),  v.  Giron  (D.  João  Teles). 

Urgel  (Conde  de),  v.  Jaime  II  (D.). 

Urraca  (D),  28. 

Urraca  Fernandes,  mãe  de  Catarina  Dias,  f. 
de  Diogo  Soares  de  Albergaria,  182. 

Vagos,  sr.,  79,  143,  325. 

Valada,  casa,  116;  sr.  do  reguengo,  i85. 

Vai  do  Bairro,  doação  do  préstimo,  6. 

Vai  de  Reis  (Conde  de),  104,  172. 

Vai  de  Vez,  v.  Arcos  de  Vai  de  Vez. 

Vai  de  Vez,  de  Entre  Douro  e  Minho,  sr.,79, 
87. 

Valada  (Paços  de),  doação,  28. 

Yaladão  (Luís),  sr.  da  quinta  da  Salga,  no. 

Valadares  (Condes  de),  Noronhas,  srs.  da 
casa  de  Abranches,  272. 


Valdigem,  sr.,  i83. 

Valejos  a-par  de  Bragança,  da  parte  do 
Mogo,  232. 

Valença,  condado,  229,  23 1,  354,  355,  356, 
421,  422;  entrega  do  castelo,  248;  sr.,  229, 
288,  355;  troca  da  vila,  204. 

Valença  (Conde  de),  1.°,  v.  Meneses  (D.  Hen- 
rique de),  4.»  conde  de  Viana. 

Valença  (Conde  de),  2.°,  v.  Meneses  (D.  Fer- 
nando de),  2."  marquês  de  Vila  Real,  354. 

Valença  (Conde  de),  3.»,  v.  Meneses  (D.  Pe- 
dro de),  3.0  marquês  de  Vila  Real. 

Valença  (Conde  de),  4.»,  v.  Meneses  (D.  Mi- 
guel de). 

Valença  (Conde  de),  5.»,  v.  Meneses  (D.  Ma- 
nuel de). 

Valença  (Condessa  de),  v.  Guiomar  (D.). 

Valença  (Marquês  de),  i.*>,  v.. Afonso  (D.), 
4.°  conde  de  Ourém. 

Valença  (Marquesado  de),  355. 

Valência  de  Alcântara,  encontro  dos  reis 
Católicos  de  Espanha  com  o  de  Portugal, 
D.  Manuel,  47. 

Valência  de  Campos  (Conde  de),  i83. 

Valência  de  Campos  (Conde  de),  i.',  v.  Cu- 
nha (D.  Martim  Vasques  da). 

Valente  (Martim  Afonso),  sr.  do  morgado 
da  Póvoa,  307. 

Valentes  (Morgados  dos),  na  Póvoa  de  Santa 
Iria,  376. 

Valenzuela  (D.  João  de),  prior  mor  da  Or- 
dem de  S.  João  de  Costela,  142. 

Valezim,  sr.*,  41 3. 

Valhadolid,  abade,  76 ;  testamento  de  Diego 
Mendez  aqui  feito,  56. 

Valverde,  morador  lá,  16. 

Walter  Scott,  1 5o. 

Varatojo  (Seminário  do),  sepultura,  na  casa 
do  capítulo,  da  condessa  de  Penela,  33o; 
epitáfio  de  D.  Isabel  de  Melo,  viscondessa 
de  Vila  Nova  de  Cerveira,  347. 

Varela  (Diogo),  273. 

Várzea,  sr.  do  couto,  254. 

Vasco  Ânes,  administrador  da  capela  e  hos- 
pital de  Castelo  Branco,  219. 

Vasco  da  Gama  (Condado  de),  253. 

Vasco  da  Gama  e  a  Vidigueira,  v.  Teixeira 
de  Aragão  (A.  C.J. 

Vasco  Gil,  54. 

Vasco  Lourenço,  271;  ar.,  71;  varonia,  220. 

Vasconcelos,  da  casa  do  Esporão,  condes 
de  Figueiró,  seu  progenitor,  i3o. 

Vasconcelos,  condes  de  Penela,  srs.  de  Are- 
gos,  Ericeira  e  Mafra,  265. 

Vasconcelos,  do  morgado  de  Machede,  eram 
Cascos,  extintos,  41. 

Vasconcelos  (D.  Afonso  de),  !.•  conde  de 
Penela,  77,  293,  294,  328;  ar.,  293. 

Vasconcelos  (D.  Afonso  de),  f.  do  2.»  conde 
de  Penela,  D.  João  de  Vasconcelos,  329. 


5o6 


Brasões 


Vasconcelos  {Joaquim  de),  Damião  de  Góis. 
Novos  estudos,  1 3. 

Vasconcelos  (D.  João  de),  2°  conde  de  Pe- 
nela,  828,  329;  data  da  sua  morte,  226, 
329;  ar.,  329. — V.  Vasconcelos  e  de  Me- 
neses (D.  João  de). 

Vasconcelos  (Lopo  Mendes  de),  f.  b.  do 
mestre  de  Santiago,  i58. 

Vasconcelos  (D.  Luís  Fernandes  de),  gov.  do 
Brasil,  421. 

Vasconcelos  (D.  Mem  Rodrigues  de),  mestre 
da  Ordem  de  Santiago,  i58. 

Vasconcelos  (Rui  Mendes  de),  41. 

Vasconcelos  e  de  Meneses  (D.  Fernando 
de),  arcebispo  de  Lisboa,  329. 

Vasconcelos  e  de  Meneses  (D.  João  de),  2.° 
conde  de  Penela,  v.  Vasconcelos  (D.  João 
de). 

Vascôngadas,  168. 

Vaz  (Dr.  Manuel),  mestre  do  marquês  de 
Vila  Real,  404. 

Veador:  da  casa  do  sr.  D.  Jorge,  148;  do 
conde  de  Barcelos,  207;  da  fazenda  do 
duqua  D.  Diogo,  147 ;  do  infante  D.  Pedro, 
52;  mor  das  obras  e  resíduos  do  reino, 
295,  297;  do  príncipe,  23o,  804. 

Vedor,  210,  371 ;  da  casa  do  rei,  22,  127;  do 
duque  de  Aveiro,  172;  do  duque  de  Bra- 
gança, 65;  da  fazenda,  5 1,90,  122,  127, 146, 
147,  157,  212,  21 3,  226,  227,  3oo,  317,  3 19, 
322,  329,  337,  35o,  35i,  352,  353,  372,  37b, 
374,  375,  378,  393,  395,  402,  4o3,  41 1,  419, 
428;  da  fazenda  do  infante  D,  Fernando, 
5i,  346,  407;  de  D.  Sebastião,  435;  mor 
das  obras,  295;  de  Seuta,  5i,  260. 

Velasco  (Conde),  gov.  de  Tui,  Torono  e 
Límia,  177. 

Velho  (Francisco),  34. 

Velho  (Frei  Gonçalo),  v.  Sá  (Aires  de). 

Velho  da  horta,  v.  Gil  Vicente. 

Veloso  (João),  escudeiro  do  duque  de  Bra- 
gança, 267. 

Veneza,  19;  importações  de  lá  de  brocados, 
sedas  e  pedrarias,  i25;  em  guerra  com  a 
Turquia,  36;  residentes  aqui,  3o,  35. 

Vénus,  14. 

Veopargas  (Monsieur  de),  143. 

Verdugal,  padroado  e  casas  no  termo,  23. 

Vermoin  (Julgado  de),  195;  sr.  da  terra,  248, 
253. 

Viaje  de  Nicolas  de  Popiclovo,  297. 

Viana,  i25;  carta  de  doação,  258;  condado, 
228,  258,  260;  data  de  carta,  3o3;  sr.,  261, 
263;  no  termo,  260. 

Viana  (Conde  de),  229. 

Viana  (Conde  de),  1.°,  v,  Telo  (D.  João 
Afonso),  i.°  conde  de  Viana  do  Alentejo. 

Viana  (Conde  de),  2.",  287, 326. — V.  Meneses 
(D.  Pedro  de),  2."  conde  de  Viana  do  Alen- 
tejo. 


Viana  (Conde  de),  4.°,  v.  Meneses  (D.  Duarte 
de). 

Viana  (Conde  de),  alferes  do  infante  D. Duar- 
te, na  tomada  de  Seuta,  217. 

Viana  (Condes  de),  240. 

Viana  (Condessa  de),  295. 

Viana  (Condessa  de),  v.  Castro  (D.  Isabel 
de). 

Viana  (Condessa  de),  v.  Portocarreiro  (D, 
Maria  de). 

Viana  (Marqueses  de),  40. 

Viana,  do  Alentejo,  apelações  dos  feitos  civis, 
25o;  data  da  sua  criação  de  vila  e  terras 
que  lhe  deu,  259;  sr.,  259,  260,  261,  263. 

Viária,  do  Alentejo  (Condado  de),  ou  Viana 
de  a-par  de  Alvito,  258,  260. 

Viana,  do  Alentejo  (Conde  de),  i.°,  v.  Telo 
(D.  João  Afonso). 

Viana,  do  Alentejo  (Conde  de),  2.°,  v.  Me- 
neses (D.  Pedro  de). 

Viana,  do  Alentejo  (Condessa  de),  v.  Guiomar 
(D.). 

Viana  de  a-par  de  Alvito  ou  Viano  do  Alen- 
tejo, 258,  260;  carta  de  perdão  passada 
aqui,  298;  data  de  carta,  3o3  a  3o6, 319,820. 

Viana  de  Caminha  (Conde  de),  v.  Meneses 
(D.  Duarte  de). 

Viana  em  Entre  Tejo  e  Guadiana,  doação, 
259. 

Viana  da  Foz  do  Lima  (Condado  de),  258. 

Viana  da  Foz  do  Lima,  sr.,  245. 

Viana  da  Foz  do  Lima  (Conde  de),  i.",  245, 
v.  Castro  (D.  Álvaro  Pires  de). 

Viana  da  Foz  do  Lima  (Conde  de),  2.°,  v, 
neses  (D.  Duarte  de). 

Viana  da  Foz  do  Lima  (Conde  de),  3 
Meneses  (D.  Henrique  de). 

Viana  da  Foz  do  Lima,  Caminha  de  Riba 
de  Minho  e  Aldeia  Galega  a-par  de  Alen- 
quer (Condado  de),  245. 

Viana,  do  Minho  (Condado  de),  258. 

Viana,  do  Minho  (Conde  de),  v.  Castro  (D. 
Álvaro  de). 

Viana,  do  Minho  (Conde  de),  2.°  v.  Meneses 
(D.  Duarte  de). 

Viana  na  Ribeira  de  Nisa,  v.  Ribeira  de  Nisa, 

Vice-rei  da  índia,  1 13,  Sôq,  884,  400, 41 1, 422, 
427.  — V.  Almada  (D.  Francisco  de). 

Vice-rei  das  índias  Ocidentais,  D.  Diogo 
Colón,  55,  56. 

Vice-raínha  das  Antilhas,  58. 

Vida  de  D.  João  II,  v.  Resende  (Garcia  de). 

Vida  de  D.  Paulo  de  Lima  Pereira,  capitam 
mor  das  armadas,  v.  Couto  (Diogo  do). 

Vida  de  los  Espanoles  célebres,  v.  Quintana 
(D.  Manuel  José).  5g. 

Vidigueira,  i25;  condado,  23 1;  sua  entrada 
na  Casa  de  Bragança,  253 ;  sr.,  38o. 

Vidigueira  (Conde  da),  representante  dos 
Limas,  io5. 


Me- 


v. 


índice  de  matérias 


507 


Vidigueira  (Conde  da),  i.°,  v.  Gama  (D,  Vas- 
co da). 

Vidigueira  (Conde  da),  2.»,  v.  Gama  (D.  Fran- 
cisco da). 

Vidigueira  (Conde  da),  3.°,  v.  Gama  (D.  Vas- 
co da). 

Vidigueira  (Condessa  da),  v.  Âtaide  (D.  Ca- 
tarina de). 

Vidigueira  (Condessa  da),  v.  Âtaide  (D.  Ma- 
ria de). 

Vidigueira  (Condessa  da),  v.  Vilhena  (D. 
Guiomar  de). 

Vie  militaire  et  religieuse  ou  Moyen  Age, 
V.  Lacroix  (Paul). 

Viegas  (Godinho),  193. 

Vieira  (Julgado  de),  194;  mosteiro,  194;  sr., 
2  )6. 

Vila  Boa,  sr.,  246. 

Vila  Boim,  sr.,  76,  77,  348,  398. 

Vila  do  Conde,  lugar  do  conde  D.  João 
Afonso,  243 ;  as  freiras  entregam  a  juris- 
dição da  Vila,  248. 

Vila  Flor  (Casa  de),  o  progenitor  dela  e  sua 
descendência  masculina,  8;  passagem  desta 
casa  e  titulos  para  a  dos  Sousas,  copeiros 
mores,  8. 

Vila  Flor  (Conde  de),  2.°,  v.  Manuel  de  Vi- 
lhena (D.  Cristóvão),  sr.  de  Pancas. 

Vila  Flor  (Conde  de),  7.»,  v.  [Manuel  de  Me- 
neses Severim  de  Noronha  (António  José 
de  Sousa|. 

Vila  Flor  (Senhor),  9.»,  53. 

Vila  Frnnca,  data  de  carta,  343 ;  mortos  na 
batalha  naval,  429. 

Vila  Franca  (Conde  de),  D.  João  I  e  a 
aliança  inglesa,  i32,  iSg. 

Vila  Franca  (Conde  de),  D.  Rodrigo  da  Câ- 
mara, 3i;  penitenciado,  38;  preso  pela 
inquisição,  32;  proclamador  de  D.  João  IV, 
na  ilha  de  S.  Miguel,  32. 

Vila  Hermosa  (Duque  de),  29. 

Vilalobos  (D.  Guiomar  de),  condessa  de  Bar- 
celos, 245;  sua  sepultura,  243. — V.  Fer- 
reira (D.  Guiomar  de),  ou  ainda,  Lopes 
(D.  Guiomar). 

Vilalobos  (D.  Maria  de),  m.  de  Lopo  Fer- 
nandes Pacheco,  245;  ar.,  245. 

Vilalobos  (D.  Rui  Gil  de),  rico  homem,  242. 

Vilalva,  sr.,  172. 

Vila  IVIaior,  sr.,  368. 

Vila  iMarim,  confirmação  do  senhorio  do 
couto  e  honra,  267. 

Vila  Nova,  259,  3o2;  sr.,  3oi,  3o3,  3o4,  3o6, 
353,  41 3.  —  V,  Vila  Nova  de  Alvito. 

Vila  Nova  (Aldeia  de),  ig5. 

Vila  Nova  (Conde  de),  v.  Vila  Nova  de  Por- 
timão (Conde  de). 

Vila  Nova  (Conde  de).  Arvores:  Colecção 
sem  frontespício  de  39  árvores  de  costado, 
com  seus  brasões  gravados,  impressas  em 


1625,  ou  pelo  menos  compostas  as  últimas 

neste  ano,  sendo  as  outras  datadas  de  i58ó 

e   1623,  etc,   109.  —  Exemplar  existente 

na  Biblioteca  Braamcamp  Freire,   San- 
tarém. 
Vila  Nova  de  Alvito,  sr.,  3o2,  307.  —V.  Vila 

Nova  de  Anços,  sr.,  íq6. 
Vila  Nova  da  Calheta  (Conde  de),  v.  Calheta 

(Conde  da). 
Vila  Nova  da  Cerveira,  alcaide  mor,  95,  96; 

sr.,  82,  83, 87, 88,  90,  3 16 ;  sr.  da  casa,  433 ; 

dos  direitos  reais  da  vila,  288;  troca  da 

vila,  294. 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Conde  de),  91,' 92. 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  100. 
Vila  Nova  da   Cerveira   (Visconde  de),  v. 

Lima  (D.  Francisco  de),  o  Velho. 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  i.»,  v. 

Lima  (Leonel  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  a.»,  v. 

Lima  (D.  João  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  3.»,  v. 

Lima  (D.  PVancisco  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  d€),4.«,  v. 

Lima  (D.  João  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  5.»,  v. 

Lima  (D.  Francisco  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  6.»,  v. 

Lima  de  Brito  (D.  Lourenço  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  7.°,  v. 

Lima  (Dr.  D.  Diogo  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),8.'',9.» 

e  10.»,  92. 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  1 1.»  v. 

Lima  e  Vasconcelos  (D.  Tomás  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Visconde  de),  ia.">,  v. 

Silva  Teles  (Tomás  da). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondes  de)j  71, 

77;  destes  viscondes  saíram  os  principais 

ramos  dos  Limas,  92. 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  v. 

Alcáçova  (D.  Brites  da). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  v. 

Cunha  (D.  Felipa  da). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  i2.«, 

V.  Lima  e  Hohenlohe  (D.  Maria  Xavier  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  v. 

Meneses  (D.  Joana  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  v. 

Noronha  (D.  Inês  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  v. 

Noronha  (D.  Isabel  de). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  v. 

Silveira  (D.  Felipa  da). 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de),  v. 

Távora  (D.  Luísa  de). 
Vila  Nova  de  Portimão,  condado,  23 1,  374, 

375 ;  estabelecimento  duma  mancebia  aqui, 

375;  sr.,  147,  220,  221,  375. 
Vila  Nova  de  Portimão  (Conde  de),  396. 


\ 


5o8 


Brasões 


Vila  Nova  de  Portimão  (Conde  de),  i.",  v. 

Castelo  Branco  (D.  Martinho  de). 
Vila  Nova  de  Portimão  (Condes  de),  actual 
representante,  Syõ;  sua  procedência,  220. 

Vila  Nova  de  Portimão  (Condessa  dej,  v.  No- 
ronha (D.  Mécia  de). 

Vila  Nova  de  Souto  de  el  Rei  (Casa  de), 
173. 

Vila  Pouca,  morgados,  221;  varonia  extinta, 
221. 

Vila  Real,  condado,  263,  269,  355,  388,  409, 
421,  422;  morgado,  23 1,  236;  sr.,  23q,  247, 
258,  264,  269,  348,  355,  356,  404,  408,  409, 
421;  tabelião,  170. 

Vila  Real  (Conde  de),  i.",  v.  Meneses  (D.  Pe- 
dro de). 

Vila  Real  (Conde  de),  2.°,  v,  Noronha  (D.  Fer- 
nando de). 

Vila  Real  (Conde  de),  3.",  v.  Meneses  (D.  Pe- 
dro de). 

Vila  Real  (Conde  de), 4.°,  v.  Meneses  (D.  Fer- 
nando de),  2.°  marquês  de  Vila  Real. 

Vila  Real  (Conde  de),  5.°,  v.  Meneses  (D.  Pe- 
dro de),  3."  marquês  de  Vila  Real. 

Vila  Real  (Conde  de),  6.»,  v.  Meneses  (D.  Mi- 
guei de). 

Vila  Real  (Conde  de),  7.",  v.  Meneses  (D.  Ma- 
nuel de). 

Vila  Real  (Condes  de),  229,  409. 

Vila  Real  (Condessa  de),  v.  Coutinho  (D.  Bea- 
tris). 

Vila  Real  (Condessa  de),  v.  Genebra  (D.). 

Vila  Real  (^Condessa  de),  v,  Meneses  (D.  Bea- 
tris  de). 

Vila  Real  (Duque  de),  i.",  v.  Meneses  (D.Ma- 
nuel de). 

Vila  Real  (Marquês  de),  i32,  145,  i5q,  23i, 
237,  366,  375,  388,  389,  402,  4o3,  400,  407; 
marquesado,  422. 

Vila  Real  (Marquês  de),  i.°,  v.  Meneses  D. 
Pedro  de). 

Vila  Real  (Marquês  de),  2.°,  v.  Meneses  (D. 
Fernando  de). 

Vila  Real  (Marquês  de),  3.»,  v.  Meneses  (D. 
Pedro  de). 

Vila  Real  (Marquês  de),  4.°,  v.  Meneses  (D. 
Miguel  de). 

Vila  Real  (Marquês  de),  5.»,  v.  Meneses  (D. 
Manuel  de). 

Vila  Real  (Marquês  de),  6.",  v.  Meneses  (D. 
Miguel  de). 

Vila  Real  (Marquesa  de),  v.  Beatris  (D.). 

Vila  Real  (Marquesa  de), V.  Freire  (D.Maria). 

Vila  Real  (Marquesa  de),  v.  Lancastre  (D.  Fe- 
lipa  de). 

Vila  Real  (Marquesa  de),  v.  Silva  (D.  Maria 
de). 

Vila  Real  (Marqueses  de),  401,  408. 

Vila  Real  de  Mil  Fontes,  dízima  do  pescado,. 
38i,  383. 


Vila  de  Rei,  no  termo  de  Santarém,  carta  de 
privilégios  para  os  moradores,  171. 

Vila  Ruiva,  259. 

Vila  Velha  de  Rodam,  3o8. 

Vila  Viçosa,  convento  de  Santo  Agostinho, 
sepultura  nele  do  2."  duque  de  Bragança, 
286;  data  de  carta,  326;  no  mosteiro  das 
Chagas,  o  epitáfio  de  D.  Isabel,  infanta 
duquesa  de  Guimarães,  402;  procuração 
aqui  passada,  254;  sr.,  29, 334;  sr.  de  casa, 
399;  tabelião,  327. 

Vila  Viçosa  (Marquês  de),  229, 33o,  254, 257, 
261,  269,  291,  3oo. 

Vila  Viçosa  (Marquês  de),  i.»,  v.  Fernando 
(D.),  2.°  duque  de  Bragança,  257. 

Vila  Viçosa  (Marquês  de),  2.°,  v.  Fernando 
(D.),  3.»  duque  de  Bragança. 

Vila  Viçosa  (Marquês  de),  3.'",  v.  Jaime  (D.). 

Vila  Viçosa  (Marquês  de),  4.°,  v.  Teodósio 
(D). 

Vila  Viçosa  (Marquês  de),  5.°,  v.  João  (D.). 

Vila  Viçosa  (Marquês  de  1,6.»,  v.  Teodósio  II 
(D.). 

Vila  Viçosa  (Marquesa  de),  v.  Castro  (D.  Joa- 
na de). 

Vilarelhos,  sr.,  25o. 

Vilarinho  (Quinta  de),  sr.,  244. 

Vilasboas,  srs.,  25o. 

Vilasboas  e  Sampaio  (António  de),  Nobiliar- 
chia  Portuguesa,  72. 

Vilas  Reais,  ar.,  240. 

Vilarragut  (D.  Beatris  de),  m.  i.*  de  Afonso 
Furtado,  outro,  172 ;  dama  da  infanta 
D.  Isabel,  172. 

Vilela,  v.  Âtaide  (Gil  Eanes  de),  169. 

Vilela  (Martim  Gil),  169. 

Vilhena,  extinção  da  varonia,  8;  sr.,  5,  6. 

Vilhena  (D.  Brites  de),  duquesa  de  Coimbra, 
357;  data  da  sua  morte,  357. 

Vilhena  (D.  Brites  de),  m.  i.«  do  i.°  conde 
do  Vimioso,  379. 

Vilhena  (D.  Felipa  de),  m.  i.*  do  3."  conde 
de  Portalegre,  414. 

Vilhena  (D.  Francisca  de),  m.  i.»  de  Manuel 
de  Sousa,  358. 

Vilhena  (D.  Guiomar  de),  condessa  da  Vidi- 
gueira, 392;  data  da  sua  morte,  392;  tes- 
tamento, 392. 

Vilhena  (D.  Joana  de),  condessa  do  Vimioso, 
379,  38o;  seu  epitáfio,  38o;  ar.,  38o. 

Vilhena  (D.  Joana  de),  m.  i.*  do  5.»  conde 
de  Odemira,  428. 

Vilhena  (D.  Joana  de),  m.  do  i.°  conde  de 
Tarouca,  352. 

Vilhena  (D.  Joana  de),  m.  de  D.  João  de  Me- 
neses, mordomo  mor,  370,  371. 

Vilhena  (D.  Leonor  de),  baronesa  de  Alvito, 
354;  data  da  sua  morte,  354. 

Vilhena  (D.  Margarida  de),  condessa  de  Ode- 
mira, 416. 


índice  de  matérias 


5o9 


Vilhena  (D.  Maria  de),  condessa  de  Abrantes, 

370, 371,  373;  data  da  sua  morte,  87 3;  don- 
zela da  rainha  D.  Leonor,  371,  373. 
Vilhena  (D.  Maria  de),  condessa  aa  Casta- 
nheira, 421. 
Vilhena  (D.  Maria  de),  m.  i.»  de  D.  António 

de  Ataíde,  2.°  conde  da  Castanheira,  420; 

data  da  sua  morte,  420. 
Vilhena  (D.  Maria  de),  m.  de  D.  António 

Pereira  de  Lima,  104. 
Vilhena  (D.  Maria  de),  m.  2.»  do  3.»  conde 

da  Atouguia,  428. 
Vilhena  (D.  Maria  de),  m.  de  Fernão  Teles 

de  Meneses,  352 ;  camareira  mor  da  rainha 

D.  Leonor,  352. 
Vilhena  (Marquês  de),  v.  Pacheco  (D.  João). 
Vimieiro,  i25;  condado,  378;  sr.,  77, 291,  3 1 3, 

4i5. 
Vimioso,  alcaide  mor,  411;  casa,  412,429; 

condado,  378,  411. 
Vimioso  (Conde  d)o,  esta  família  não  era  da 

simpatia  do  cardial  Rei,  D.  Henrique,  429; 

toma  o  seu  título,  23 1 ;  vedor  da  fazenda, 

375. 
Vimioso  (Conde  do),  i.°,  v.  Francisco  (D.). 
Vimioso   (Conde  do),  2.°,  v.  Portugal  (D. 

Afonso  de). 
Vimioso  (Conde  do), 

Francisco  de). 
Vimioso  (Conde  do),  4 

de). 

Vimioso  (Condes  do),  413. 
Vimioso  (Condessa  do),  v.  Gusmão  (D.  Luísa 

de). 
Vimioso  (Condessa  do),  v.  Vilhena  (D.  Joana 

de). 
Vinhais   (Vila  de),  ordens    dei   Rei   aqui, 

276. 


.0,  V.  Portugal  (D. 
V.  Portugal  (D.  Luís 


Virões,  sr.  da  freguesia,  25 1.  . 

Visconde  (Título  de),  o  primeiro  que  houve 
em  Portugal,  74, 83 ;  foi  criado  por  D.  Afon- 
so V,  229. 

Viscondes:  Barbacena,  Castelo  Branco,  Re- 
malart,  Tui,  Vila  Nova  da  Cerveira. 

Viscondessa  de  Vila  Nova  da  Cerveira,  v. 
Vila  Nova  da  Cerveira  (Viscondessa  de). 

Viseu,  97;  alcaide  mor,  285;  na  câmara  do 
bispo  pousou  a  rainha  D.  Beatris,  259; 
data  de  carta,  81,  284;  sr.,  334. 

Viseu  (Duque  de),  29.— V.  Manuel  (D.),  rei 
de  Portugal. 

Viseu  (Duque  de),  i.°,  v,  Henrique  (D.),  in- 
fante. 

Viseu  (Duque  de),  2.°,  v.  Fernando  (D.),  in- 
fante. 

Viseu  (Duque  de),  3.°,  v.  João  (D). 

Viseu  (Duque  de),  4.»,  v.  Diogo  (D.). 

Viseu  (Duque  de),  v.  Manuel  (D.),  rei  de 
Portugal. 

Viseu  (Duquesa  de),  v.  Brites  (D.),  infanta. 

Vitorino,  abadessa,  74. 

Xabregas  (Convento  de  S.  Francisco),  edifi- 
cado nuns  antigos  paços  reais,  sua  funda- 
dora, 275. 

Xateobriã  (D.  Reinaldo  de),  v.  Chateau- 
briand. 

Xerica  (D.  Beatris  de),  m.  de  D.  Pedro 
Ponce,  246. 

Xira  (Frei  João),  declara  em  Lagos  a  inten- 
ção de  D.  João  I  para  tomar  Seuta,  202. 

Xisto  IV,  papa,  298. 

Yusuf  Abu  Yacub  (Amir),  180. 

Zagões  (Aldeia  de),  195. 

Zibreira,  sr.*,  9. 

Zuzarte  (Joane),  m.  de  Nuno  Vasques  de 
Castelo  Branco,  219. 


FIM  DO  III  VOL. 


ÍNDICE   GERAL 


pág. 

Ao  leitor v 

Prólogo  do  volume  3.°  da  i.*  edição n 

XVII  -  MANUÉIS I 

I  — D.  Afonso  IV 3 

II  —  Os  Manuéis  de  Castela 6 

III  —  Manuéis  de  Portugal lo 

IV  —  D.  Álvaro  Manuel  de  Noronha  na  Inquisição 3o 

V  —  Os  dois  escritores  da  família  Manuel 40 

XVIII  — MONISES  (Febos  Monis) 43 

I  —  O  primeiro  casamento  de  el  Rei  D.  Manuel 45 

II  —  Senhores  de  Angeja 49 

III  —  Monises  de  Lusinhano  (Sampaio) 5o 

IV  —  Monises  Perestrêlos 55 

V  —  Febos  Monis » 63 

XIX  — LIMAS 69 

I  —  O  anel  dos  Limas 72 

II  —  Os  Limas  Batisselas 75 

III  —  Os  Marqueses  de  Ponte  de  Lima 77 

IV  —  Senhores  de  Castro  Daire 92 

XX  — TÁVORAS 107 

I  —  A  execução  da  marquesa  de  Távora 1 1 1 

II  —  A  origem  e  representação  dos  Távoras 1 14 

XXI  — HENRIQUES "7 

XXII  —  FURTADOS  DE  MENDOÇA 161 

XXIII  — ALBERGARIAS í?^ 

XXIV  — ALMADAS '^7 


5 1 2  Brasões 

Pág. 

XXV  — AZEVEDOS 189 

XXVI  — CASTELOS  BRANCOS I 199 

APÊNDICE 223 

».    Catálogo  cronológico  de  todos  os  títulos  havidos  em  Portugal —  i.»  parte  —  Até  à 

ocupação  dos  Felipes , 225 

2."  parte  deste  Catálogo 241 

ÍNDICE  DOS  PRECEDENTES  TÍTULOS 437 


índice  de  matérias. 


441 


CORRECÇÕES 


Pãg. 

lin. 

leia-se 

7 

5 

alguus 

alguns 

>7 

I 

apasar 

apesar 

59 

3o 

escrevo 

escreve 

80 

3 

cantentou 

contentou 

» 

24 

casa 

da  casa 

84 

2 

antonomaria 

antonomásia 

u 

9 

e 

0 

91 

40 

Droulelemont 

Droulemont 

94 

17 

esquecau 

esqueceu 

u 

26 

volume 

volume.   Nota  à  nota  n."  /.  —  Efectivamente,  cumpriu  0  A.  com 
0  que  prometeu,  pois  reiiniu-os,  com  outros,  na  sua  Crítica 
e  História,  publicada  em  1910.  —  Nota  da  revisão. 

i3o 

II 

parte  VII 

parte  VI 

177 

28 

Julgaudo 

Julgando 

i8o 

3 

ou 

os 

193 

12 

Nobilario 

Nobiliário 

201 

21 

Brites 

Britos 

204 

9 

descorçoados 

descoroçoados 

234 

6 

a 

0 

249 

39 

pág.  8 

pág.  7 

293 

2 

Castro  ( lo). 

Castro  (i). 

M 

5 

D.  Joana  (11). 

D.  Joana  (2). 

3.7 

22 

e  0 

e  a 

363 

33 

qnantes 

quantas 

373 

27 

Franca 

França 

376 

II 

estivessa 

estivesse 

385 

5 

falecido 

falecida 

393 

24 

Aiaia 

Aiala 

407 

25 

D.  Joana 

D.  JuliaiM 

432 

26 

a 

a 

VOL.  lU 


65 


I 


i-^K^i^Ç^íS 


Braamcamp  Freire,  Anselmo 

Brasões  da  sala  de  Sintra 
2.  ed. 


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