Skip to main content

Full text of "Cancioneiro da Ajuda"

See other formats


I 


':so)  11^"^ 


I 


n 


5X    ^  *"  •»» 


^H    ;^^ 


12 


^ 


^r  •*  í5  «^    '- 


MM 


1^^.. 


ANCIONEIRO  DA  AJUDA 


EDIÇÃO  CRITICA  E  COMMENTADA 


POR 


CAROLINA  MICHAELIS  DE  VASCONCELLOS 

DOUTORA  EM  PHILOSOPHIA  (Hoa.  caus.). 


VOLUME  I 


TEXTO,  COM  RESUMOS  EM  ALEMÃO,  NOTAS   E 
ESCHEMAS  MÉTRICOS. 


\ 


kA 


O 


V 


<h 


\ 


HALLE  A.  S. 
MAX  NIEMEYER 

1904. 


SUA  MAJESTADE 


A  RAINHA  DE  PORTUGAL, 


SENHORA 


D.  MARIA  AMÉLIA 


COMO  PROVA  DO  MAIS  PROFUNDO 
RESPEITO  E  GRATIDÃO 


A  AUTORA. 


Advertência  Preliminar. 

Da  determinação  que  Uns  tomada 
Não  voltes  por  detrás ,  pois  o  fraquexa 
Desistir -se  da  cousa  começada. 

(Camões,  Lusiadcisl,  40.) 

A  obra  que  —  finalmente  —  vou  dar  a  lume  foi  planeada  e 
iniciada  ha  mais  de  um  quarto  de  século  no  próprio  dia  em  que, 
hóspeda  ainda  em  tudo  quanto  se  refere  á  língua,  á  literatura  e  á 
civilização  do  Portugal  antigo,  abri  pela  primeira  vez,  na  Biblioteca 
da  Ajuda,  o  códice  vetusto  e  venerando  que  encerra  os  monumentos 
primevos  da  arte  lírica  peninsular. 

Meses  felizes  e  saudosos  (de  Maio  a  Setembro  de  1877)  gastei 
na  empresa  de  decifrar  e  copiar,  com  paixão  e  paciência,  essas 
pájinas   seis  vezes  seculares. 

A  ideia  tomou  corpo  quando,  por  ocasião  do  Centenário  de 
Camões,  o  mais  vasto  dos  Cancioneiros  galego -portugueses  começou 
a  espalhar  luz  sobre  as  cantigas  anónimas  do  fragmento  membra- 
náceo.  Então  permutei  cartas  e  troquei  impressões  com  o  ilustre 
sábio  ao  qual  devemos  as  edições  diplomáticas  fundamentaes  dos 
dois  apógrafos  que  se  conservam  na  Itália.  No  prefácio  que  acom- 
panha o  Cancioneiro  Colocci-Brancuti,  Ernesto  Mónaci  enunciava  a 
resolução  de  publicar  as  variantes  das  partes  importantíssimas  que 
essa  colecção  tem  em  comum  com  o  Códice  do  Vaticano.  Além  d'isso 
formulava  —  em  meu  nome  e  no  do  benemérito  editor  Max  Nie- 
meyer  —  a  promessa  que  o  Códice  da  Ajuda  havia  de  sair  breve, 
como  Parte  Terceira  da  colecção  (Communieazione  delle  Biblioteche 
di  Roma  e  da  altre  Biblioteche)^  em  edição  crítica,  por  haver  apenas 
sessenta  e  quatro  poesias  privativas  do  códice  português. 

Pela  minha  parte,  confirmei  e  desenvolvi  o  prometimento  num 
Prospecto,  distribuído  pelo  mesmo  ensejo  nesta  pequeria  casa  lusitana. 

Anos  decorreram  —  muito  além  dos  clássicos  nove  do  poeta  — 
sem  que  podesse  realizá-lo,  dando  por  concluídos  os  indispensáveis 
trabalhos  preparatórios,  tanto  no  campo  linguístico  e  literário  como 
no  da  história  política  e  da  civilização   neo- latina.     Quanto   maior 


—       VI      — 

número  de  factos  apurava,  tantos  mais  problemas  surjiam,  recla- 
mando soluções.  Yersos,  á  primeira  vista  muito  sinjelos,  revela- 
dores de  verdades  desconhecidas,  exijiam  comentários  extensos. 
Nomes  próprios,  aparentemente  sem  grande  significação,  referiam - 
se  a  personajens  de  vulto,  obrigando  a  indagar  a  sua  vida  e  os 
seus  feitos.  Obras  novas,  de  nacionaes  e  estranjeiros,  fizeram  mudar 
de  aspecto  mais  de  uma  vez  fenómenos  galego -portugueses,  sobre 
os  quaes  derramavam  luz. 

Para  apresentar  a  primeira  época  da  literatura  portuguesa  com 
cores  vivas,  na  plenitude  das  suas  manifestações  artísticas,  deter- 
minando as  orijens  da  canção  de  amor,  dos  dizeres  de  escarnho  e  dos 
lindos  cantares  de  amigo,  e  deslindando  com  acerto  o  influcso  da 
civilização  francesa,  tive  de  restituir  o  texto,  em  parte  deturpadís- 
simo,  não  só  das  310  composições,  de  que  consta  o  códice  mem- 
branáceo,  mas  o  de  todas  as  mil  e  tantas,  de  cento  e  tautos 
autores  de  diversas  nacionalidades,  que  constituem  o  Cancioneiro 
Jeral  Peninsular  da  idade -média. 

Compreende-se  que  não  pudesse  terminar  rapidamente  a  empresa. 

De  lonje  em  lonje  algumas  notícias,  insertas  em  obras  minhas 
e  alheias,  vieram  todavia  provar  que  de  modo  algum  a  abando- 
nava, conquanto  o  plano  se  fosse  modificando,  e  não  coubesse  já 
nos  limites  ficsados  a  princípio.  Teófilo  Braga  e  o  Marquês  de 
Valmar  anunciaram -na  antes  de  tempo.  O  primeiro  na  Theoria 
(1881),  o  illtimo  na  Introdução  que  acompanha  a  não  menos 
longamente  esperada  edição  dos  Cantares  de  S.  Maria,  de  Alfonso, 
o  Sábio  (1889).  Um  lustro  depois,  eu  condensava  num  Capítulo 
da  História  da  Literatura  Portuguesa,  redijida  em  alemão  para  a 
Enciclopédia  românica  de  Groeber,  os  resultados  em  parte  seguros, 
em  parte  duvidosos  a  que  então  havia  chegado  (1894).  Pouco  depois 
ocupava -me,  em  artigos  de  revista,  do  Cancioneiro  dei  Bei 
D.  Denis,  publicado  por  H.  R.  Lang  (1895).  De  1896  em  diante 
uma  série  de  ensaios  exej éticos  —  Randglossen  zuni  altportugiesischen 
Liederbuch, —  relativos  a  cantigas  escuras,  restituídas,  veio  patentear 
a  acumulação  crescente  dos  meus  materiaes  que  iam  tomando  pro- 
porções desmesuradas,  obrigando -me  a  desobstruir  o  caminho,  afim 
de  aproveitar  nas  partes  ilustrativas  do  Cancioneiro  apenas  resul- 
tados jeraes,  sem  entrar  em  minúcias  excessivas. 

A  impressão  dos  Textos  principiou  em  fins  de  1895,   depois 
de  eu  ter  colacionado    mais  uma  vez   a  lição    criticamente   resta- 


VII       

belecida  com  o  orijinal.  A  das  Investigações  literárias ,  em  1900.^) 
São  os  dois  Volumes  que  saem  agora. 

Para  o  Vol.  I  faltam  Notas  relativas  ás  Trovas  e  um 
Glossário  completo.  Para  o  Vol.  II,  investigações  sobre  as  poesias 
(conteúdo  e  forma,  metrificação  e  linguajem)  com  um  elenco  grama- 
tical. Como  é  de  prever  que  estes  complementos  não  saiam  muito 
volumosos,  penso  em  reuni-los  num  Vol.  III,  bipartido  de  modo  que 
cada  leitor  possa  juntar  as  metades,  querendo,  aos  tomos  I  e  II. 

Jidguei  dever  terminar  primeiramente  os  estudos  literários  que 
interessam  a  um  público  maior,  divulgando  neles  noções  tanto  sobre 
os  trovadores  pátrios  como  a  respeito  dos  trovadores  provençaes, 
pouco  conhecidos  em  Portugal. 

E  achei  inconveniente  dar  a  última  mão  ás  Notas  e  á  matéria 
Iccsicográfica,  sem  ter  realizado  a  síntese  prosódica  e  gramatical. 

Se  hoje  recomeçasse,  seguia  outro  rumo.  Há  muito  que 
reconheci  quanto  melhor  teria  sido  dar  logo  em  1880  a  edição 
paleográfica  para  fazer  corpo  com  os  outros  dois  Cancioneiros; 
levar  a  eito  numa  Quarta  Parte  a  restituição  integral  dos  textos  todos, 
logo  que  Ernesto  Mónaci  nos  tivesse  revelado  as  variantes  do  Cancio- 
neiro Colocci-Brancuti  e  o  estudo  prometido.  —  Outros  dois  volumes 
independentes,  um  com  o  Dicionário  e  a  Gi'amática,  outro  com  Investi- 
gações Histórico -Literárias  teriam  completado  a  obra,  quer  fosse 
como  Quinta  e  Sexta  Parte  da  publicação  Hallense,  se  o  editor  não 
estivesse  demasiadamente  desiludido,  quer  fosse  em  Portugal,  por 
determinação  da  Academia  Real  das  Ciências.  Assim,  saía  melhor 
ordenada  e  completa.      Custaria,  porém,  ainda  mais  anos  de  vida! 

Incompleta  e  defeituosa  como  a  dou  agora,  creio  que  sempre 
prestará  serviços. 

Das  insuficiências,  inerentes  a  obras  de  largo  fôlego  por  causa 
da  evolução  progressiva  de  ideias  e  opiniões,  não  está  isenta. 2) 
Outras  deficiências  tem,  provenientes  da  falta  de  livros,  antigos  e 
modernos,  com  que  necessariamente  luta  quem,  lonje  dos  grandes 
centros  científicos,  dispõe  apenas  da  sua  biblioteca  caseira  e  da 
de  alguns  amigos. 


1)  Na  fó  que  elas  haviam  de  sair  nesse  mesmo  ano,  falei  do  século 
XIX  como  d' es  te  século. 

2)  Guiado  pelo  índice  do  Vol.  11,  o  leitor  poderá  seguir  a  marcha 
das  ideias,  e  o  apuramento  sucessivo  dos  factos. 


—       VIII       — 

É-rae  grato  dever  rejistar  os  nomes  de  pessoas  do  meu  afecto 
e  da  minha  amizade  que  me  prestaram  serviços  valiosos, 

É  inapreciável  o  que  devo  ao  coração  ardente  de  meu  marido. 
Quantas  vezes  teve  de  combater  o  meu  desalento,  recorrendo  ao 
nosso  lema  comum:  tanaz  serei,  enigmática  inscrição  manue- 
lina das  Capelas  Imperfeitas,  a  qual  um  dia  interpretei  assim,  á  por- 
tuguesa, como  promessa  e  voto  de  tenacidade  do  monarca  feliz  que 
levou  a  cabo  a  gloriosa  empresa  dos  antecessores. 

Nos  últimos  tempos  foi -me  estímulo  bemfazejo  o  vivo  interesse 
que  S.  M.  a  Rainha  manifestou  pelo  Cancioneiro,  guardado  na 
Biblioteca  do  paço  real,  ávida  de  conhecer  os  versos  mais  antigos 
em  linguajem  vernácula,  compostos  e  cantados  por  monarcas  e  fidal- 
gos portugueses. 

Não  devo  esquecer  os  manes  de  Alexandre  Herculano,  que 
jentilmente  nos  cedeu  em  1877  durante  o  verão  a  sua  casa  contígua 
á  Biblioteca;  nem  tão  pouco  um  austero  e  digno  oficial,  já  falecido, 
do  mesmo  estabelecimento,  de  não  vulgar  ilustração,  realçada  pela 
maior  modéstia:  Rodrigo  Vicente  de  Almeida,  o  qual  com  a 
permissão  do  seu  chefe,  me  facilitou  de  todas  as  maneiras  a  consulta 
do  códice  e  respondeu  durante  a  impressão  a  quantas  preguntas 
sobre  minúcias  paleográficas  tive  de  dirijir-lhe. 

Nem  deixarei  de  mencionar  letrados  como  oConde  de  Fie  alho 
(que  tanto  desejara  popularizar  as  minhas  Biografias  de  Trovadores), 
o  jeneral  Brito  Rebello,  Aires  de  Sá,  A.  Braamcamp  Freire, 
H.  R.  Lang,  os  quaes  concorreram  para  a  publicação  d'este  trabalho  com 
subsídios  vários,  notas  e  cópias  de  documentos  do  Arquivo  Nacional 
e  de  cartórios  de  província.  Tenho  de  especializar  a  boa  vontade  e  o 
excelente  critério  com  que  o  Dr.  Leite  do  Vasconcellos  me  ajudou 
na  revisão  das  provas  dos  dois  volumes  (menos  na  das  folhas  1  a  12 
das  Investigações). 

Ao  professor  Mónaci  agradeço  a  prontidão  com  que  logo  em 
1880  me  prestou  todos  os  esclarecimentos  precisos  a  respeito  do 
Cancioneiro  Colocci-Brancuti,  então  temporariamente  em  seu  poder. 

Finalmente  consigno  neste  lugar  o  testemunho  do  meu  sincero 
reconhecimento  ao  Dr.  Max  Niemeyer,  editor  intelijente  e  de- 
sinteressado, por  ter  admitido,  com  paciência  e  indulgência  admi- 
rável, que  a  impressão  corresse  á  medida  das  minhas  forças,  e 
consentindo  que  assim  prosiga. 


IX       — 

o  chefe  das  oficinas  tipográficas  pertencentes  á  notável  Casa 

dos  Órfãos  de  Halle,  com  todo  o  seu  pessoal  admiravelmente  bem 

dirijido,   merece  altos  louvores  pelo  desvelo  com  que  acompanhou 

a  difícil  composição  da  obra. 

*  * 

Do  valor  ou  desvalor  das  antigas  Trovas  hão  de  ser  juizes  a 
Galiza  e  Portugal.  É  costume  falar  d' elas  em  tom  depreciativo, 
concedendo -lhes  apenas  um  certo  interesse  histórico  e  filolójico. 
O  que  penso  a  este  respeito,  está  largamente  exposto  no  Volume  11. 
Aqui  só  posso  fazer  breves  considerações. 

Quanto  a  estranjeiros  que  abranjeni  de  alto  não  só  toda  a 
vasta  poesia  neo -latina,  mas  também  as  manifestações  líricas  an- 
tigas e  modernas  das  outras  nações  cultas,  acostumados  por  isso 
a  avaliarem  em  pouco,  mesmo  as  poesias  muito  menos  lhanas  e 
elegantes,  mas  muitíssimo  mais  variadas  e  de  estilo  mais  culto 
e  altisonante  dos  mestres  provençaes  e  dos  seus  sucessores  italia- 
nos, compreende -se  que  achem  aborrecidissima  a  monotonia  plá- 
cida e  cortesã  das  imitações  conjeneres  galego -portuguesas.  Pura 
noja  continuata.  Para  os  leitores  peninsulares,  que  abstraem  de 
confrontos,  essas  poesias  são  todavia  monumentos  nacionaes,  de 
importância  psicolójica.  Tanto  nas  adaptações  artificiosas  de  modelos 
estranjeiros  como  na  de  jéneros  populares,  o  jénio  pátrio  se  mani- 
festa. O  sentimento  da  saudado  já  era  familiar  aos  coevos  de 
D.  Denis.  Em  1200  „morrer  de  amor"  já  era  costume  dos  mimosos 
de  alma  atormentada.  Já  então  os  grandes  olhos  de  criança  das 
damas  portuguesas  inspiravam  pela  sua  meiga  e  dorida  expressão, 
ao  mesmo  tempo  sensual  e  soberanamente  espiritual  e  casta,  amores 
apaixonados,  mais  vezes  de  perdição  do  que  de  salvação.  Sob  a 
fraseolojia  convencional  dos  cortesãos  mesurados  escondem -se  fre- 
quentemente sentimentos  fervorosos.  Na  injenuidade  audaciosa  de 
certas  heresias,  proferidas  sem  sobrecenho  pelos  que  julgavam  fazer 
obra  meritória,  erijindo  altares  e  sacrificando  ao  Deus  do  Amor,  ha 
muita  candura,  mas  também  alguma  malícia.  Mesmo  a  monotonia  ou 
uniformidade  dos  protestos  e  queixumes  de  amor  é  significativa  e 
atraente.  Os  aristocratas  do  talento,  e  que  o  eram  em  jeral  tam- 
bém de  sangue,  pretendiam  actuar  pela  arte  na  rudeza  bárbara  e  na 
intemperança  habitual  da  vida  mediévica.  Haviam  de  repetir  por- 
tanto, forçosamente,  e  com  insistência,  o  novo  dogma  do  poder 
humanizante  dos  afectos  ternos.    Compreende -se  igualmente  que  o 


—      X      — 

temperamento  apaixonado  do  i)ovo,  amigo  de  sons  estrídulos,  cores 
garridas,  gargalhadas  destemperadas,  estúrdias  barulhentas,  chalaças 
picantes,  levasse  esses  que  pela  posição  social  e  pela  cultura 
estavam  acima  do  nível  comum,  a  ligarem  importância  preponde- 
rante á  expressão  moderada  de  sentimentos  delicados,  Jwnesfos, 
recatados.  Assim  é  que  explico  a  escolha  escrupulosa  de  termos, 
cheios  de  cortesania,  esse  falar  em  surdina,  essa  tristeza  pesarosa 
de  tanto  Amadis.  De  mais  a  mais,  essa  terminolojia  e  fraseolojia 
necessariamente  muito  restricta  que  empregam,  hoje  sòdiça  e  vulgar, 
era  novidade  no  século  XIII, 

Se  atender  a  tudo  isso,  creio  que  o  leitor  galego -português 
ficará  agradavelmente  surpreendido  não  só  da  metrificação  refi- 
nada, a  tal  ponto  que  assombra,  e  da  pureza  da  linguajem 
unitária  (que  tanto  destoa  da  grotesca  barbárie  das  canções  apócrifas 
e  da  falta  de  polidez  das  prosas  coevas) ,  mas  também  da  delicadeza 
do  pensar  e  sentir  de  rudes  homens  de  armas  e  da  sua  expressão 
apropriada,  ás  vezes  verdadeiramente  poética. 

De  resto,  o  Caticioneiro  da  Ajuda,  propriamente  Cancioneiro 
de  Amor,  é  sem  dúvida  o  menos  curioso  dos  três,  que  constituem 
o  Cancioneiro  Jeral  trovadoresco.  No  Cancioneiro  das  Donas,  que 
conto  publicar,  ha  iim  estilo  popular,  cheio  de  graça  despretencio - 
sa,  que  encanta.  O  Cancioneiro  de  Burlas,  ás  vezes  escabrosíssimo, 
ou  mesmo  de  rudeza  inequívoca,  que  faria  hoje  corar  um  carrejão, 
deve  ainda  assim  ao  realismo  dos  assuntos  uma  fraseolojia  mais 
familiar  e  um  colorido  vivo  e  intenso  que  agradam,  e  provam 
que  já  então  a  língua  dispunha  de  um  considerável  pecúlio  de 
anexins  e  prolóquios. 

Nos  Textos,  nos  Apêndices  e  no  decurso  das  Investigações,  ha 
algumas  poucas  amostras  do  jénero  alegre  e  satírico. 


Posto  que  siga  na  edição  crítica  processos  jeralmente  aceitos, 
e  os  explique  por  miúdo  nas  Investigações,  6  dever  meu  jirestar 
contas,  também  neste  lugar,  das  modificações  que  introduzi  no  texto. 

Publico  as  poesias  integralmente,  na  mesma  ordem  em  que 
estão  no  Códice  da  Ajuda,  numerando -as  e  apontando  o  lugar  que 
ocupam  na  edição  baralhada  de  Varnhagen.  Rejisto  todas  as 
lacunas.  Tento  determinar  as  suas  dimensões,  assim  como  o  con- 
teúdo provável  das  folhas  arrancadas.     Preencho -as  pelo  confronto 


—       XI       — 

crítico  com  os  apógrafos  italianos  (em  XVIII  Secções  do  Apêndice). 
D' essas  fontes  tirei  também  os  nomes  dos  autores. 

Para  i\y\Q  o  leitor  veja  o  tipo  das  letras  e  o  estado  actual  dos 
orijinaes  ofereço  o  fac- símile  de  uma  pájina  (a  face  de  f.  4,  com 
as  canções  14  e  15).  Assim  o  habilito  a  fiscalizar  as  alterações 
gráficas.  Com  o  mesmo  intuito  indico,  em  notas  marjiuaes,  não 
só  o  caderno  e  a  seriação  das  folhas  de  cada  um 

1«,     2«,     3",     4«  4/^,     3/^,     2/^,     1/* 

I  ' '^ ■  I  I 


nos  que  estão  completos,  mas  também  a  ordem  jeral  das  folhas 
(de  1  a  88),  e  ainda  a  coluna  [a  b  na  face,  c  d  no  inverso)  em 
que  cada  trova  principia. 

Todas  vão  acompanhadas,  no  fundo  das  pájinas,  de  quatro 
categorias  de  anotações.  Na  I'  {Texto)  há  notas  paleográficas, 
relativas  ás  indispensáveis  correcções  admitidas  no  texto,  e  pro- 
postas de  outras,  em  casos  duvidosos.  Em  segundo  lugar  vão  as 
Variantes  dos  apógrafos  italianos,  em  lição  crítica.  Em  ambos  os 
casos  poderia  ter  sido  muito  mais  minuciosa.  Mas  sem  utilidade. 
Deixando  exposto  no  Cap.  III  das  Investigações  quantas  vezes  o 
escrevente  emendou  erros,  raspando  letras,  quantas  vezes  o  revisor 
riscou  letras  supérfluas,  e  quantas  vezes  em  lugar  de  maiúsculas 
(coloridas  e  historiadas)  estão  apenas  esboçadas,  para  governo  do 
pintor,  minúsculas  microscópicas,  não  aponto  no  Vol.  I  cada  exemplo 
d' essas  alterações  jeraes  e  sistemáticas.  Sendo  em  regra  satis- 
fatória a  lição  do  Códice  da  Ajuda,  também  não  havia  vantajem 
em  fazer  estendal  das  inúmeras  deturpações  posteriores  com  que 
08  copistas  italianos  crivaram  os  seus  treslados,  deturpações  de  mais 
a  mais  emendadas,  em  grande  parte,  por  E.  Mónaci  em  Tabelas 
e  em  Notas.  Examinando  os  textos  com  o  máximo  cuidado,  apro- 
veitei cada  escrita  que  realmente  representa  lição  diverjente,  quer 
no  sentido,  quer  só  na  forma.  Kejisto  todas,  mesmo  as  freqiientes 
trocas  de  mi  por  7nin,  lhe  por  Ihi,  foy  por  fui,  omen  por  07ne, 
quer'  eu  por  quero  eu  etc. ')  —  O  caso  muda  de  figura  nas  canções 
privativas  dos  apógrafos  ambos,  ou  de  um  só  d'  eles.    Nos  Apêndices 


1)  Lições  diverjentes  que  creio  inaceitáveis,  e  que  tenho  em  conta  de 
lapsos,  vSo  incluídas  em  parênteses  curvilíneos. 


—       XII       — 

vão  por  isso  todas  as  grafias  deturpadas,  tal  qual  se  acham  nas 
edições  de  Monaci  e  Molteni. 

Na  11°^  categoria  {Forma)  dou  a  análise  métrica  da  canção.  Aí  digo 
muita  coisa  que  já  hoje  não  defenderia.  Empreguei  indevidamente  uma 
terminolojia  em  parte  erudita,  falando  de  Octonários  jámbicos  e  Noná- 
rios  trocáicos,  em  parte  trovadoresca,  como  rimas  longas  por  agudas, 
breves  por  graves.  Melhor  teria  sido  falar  apenas  de  versos  de  8. 
9.  10  sílabas,  contando -as  aritmèticamente,  e  não  segundo  o  sistema 
francês,  i.  é,  só  até  a  iiltima  sílaba  acentuada.  Nas  Investigações 
Linguísticas  hei  de  sanar  esses  defeitos. 

Na  III*  [Bazoamentó)  dou  em  alemão  resumos  das  ideias  ex- 
pendidas pelo  trovador.  Como  não  os  destino  de  modo  algum  aos 
estudantes,  mas  sim  aos  estranjeiros  que  se  ocupam  da  história  das  ideias 
estéticas,  substituo  esses  elencos  por  versões  quási  literaes  só  em  casos 
de  construção  muito  complicada,  p.  ex.  no  jénero  das  cantigas  de 
atafiinda  que  entrelaçam  todas  as  proposições,  desde  a  primeira  até 
a  ultima,  por  meio  de  conjunções  e  pronomes  relativos. 

Na  IV*  (Varia)  comunico  as  notas  escritas  nos  séculos  XV 
e  XVI  por  leitores  diversos  nas  marjens  do  códice  e  aponto  ou 
treslado  algumas  traduções  de  Diez  e  de  Storck. 


As  modificações  ortográficas  a  que  submeti  o  texto,  tendem 
a  aiissiliar  a  compreensão  sem  todavia  desfigurarem  o  seu  carácter 
arcaico.  Sem  isso,  poucos  portugueses  o  haviam  de  lêr.  E 
falharia  então  uma  das  minhas  principaes  ambições.  Não  conse- 
guiria vulgarizar  a  noção  exacta  do  que  foi  na  realidade  a  poesia 
dos  antepassados.  Nem  extirpava  a  falsíssima  fé  nas  pretenciosas 
e  artificiosas  canções  apócrifas  de  Egas  Moniz,  Gonçalo  Ermíguez, 
e  Mem  Vasquez  de  Briteiro  a  Violante,  Ouroana  e  Ximena.  Não 
chegaria  a  substituir  no  ensino  das  jerações  novas  aqueles  mons- 
truosos aleijões  que  dizem  Tinherabos  —  Fincarades  bos  embora  — 
Ajuso  da  querida  Mendo  jases  —  e  falam  de  um  coraçom  morto  ós 
cocos ^  pelas  trovas  sinjelas  em  português  perfeitamente  orgânico 
e  elegante,  metrificadas  e  assonadas  por  D.  Sancho  I,  cantadas  pro- 
vavelmente antes  do  ano  1200  em  Coimbra  e  Vila  do  Conde  pela 
Eibeirinha  ou  pelo  coro  das  donzelas  d'essa  quási- rainha. 

Felizmente  o  Códice  da  Ajuda  —  de  importância  capital  por 
ser  escrito  com  desvelo  na  própria  era  trovadoresca,  quer  fosse  no 


—       XIII 


illtimo  quartel  do  século  XIII,  quer  no  primeiro  do  século  XIV,  á 
vista  de  orijinaes  muito  mais  antigos  —  presta -se  admiravelmente 
a  essa  empresa.  Conquanto  de  modo  algum  esteja  isento  de  de- 
feitos, nem  satisfaça  um  crítico  moderno,  não  conheço  nas  litera- 
turas medievaes  monumento  algum  neo- latino  que  se  lhe  possa 
comparar,  quanto  á  simplicidade  lójica  e  parcimónia  sistemática  da 
ortografia,  e  que  portanto  exija  menos  alterações  para  se  tornar 
lejível.  Se  toda  a  lírica  galego -portuguesa  se  distingue  pela  uni- 
formidade da  linguajem  —  ainda  mais  convencional  e  conservadora 
do  que  costumam  ser  as  linguajens  literárias,  a  simbolização  dos 
sons  nesse  códice  é  de  um  raro  apuro.  Nos  apógrafos  italianos 
(treslados,  segundo  as  aparências,  de  cancioneiros  do  tempo  do  Conde 
de  Barcelos)  já  vigora  a  ortografia  muito  menos  coerente  e  correcta 
dos  diplomas  da  chancelaria  réjia,  superior  apenas  num  ponto:  na 
simbolização  nacional  de  n,  l,  m,  v,  h,  iotizados  (palatizados) ,  por 
meio  de  h.  Mesmo  nos  Cantares  de  S.  Maria  —  caligrafados  antes 
do  Códice  da  Ajuda,  embora  a  sua  composição  seja  posterior  á  de 
muitas  das  nossas  cantigas  de  amor  —  a  grafia,  quási  igual  á  do 
Códice  da  Ajuda,  tem  incoerências  em  maior  número,  especialmente 
:no  emprego  de  letras  nulas  como  h. 

Não  hesito  em  considerar  a  escrita  do  Códice  da  Ajuda  como 
a  primitiva  portuguesa.  Ignoramos,  quando  e  onde  se  ficsaram  as 
suas  regras.  Apenas  posso  conjecturar  que  seriam  estabelecidas 
logo  ao  despontar  da  poesia  palaciana,  pouco  depois  da  introdução 
da  letra  francesa,  e  em  imitação  d' ela  (embora  nem  o  francês  nem 
o  provençal  pudesse  dar  todas  as  directivas  necessárias  para  os 
romanços  peninsulares) ,  em  algum  dos  escritórios  ou  mais  provavel- 
mente na  escola  principal  onde  clérigos -jograes  cultivavam  e  en- 
sinavam artes  e  letras.  Em  Santiago  de  Compostela,  em  Leão 
ou  porventura  na  corte  de  Castela,  cuja  linguajem  lírica  era  o 
galego -português.  Não  ê  crível  que  fosse  organizada  tarde,  pelo 
artista  incumbido  da  coleccionação  das  Trovas.  Repito  que  êle 
parece  ter -se  esmerado  em  copiar  com  toda  a  exacção  cada  rol 
membranáceo  em  que  ia  o  trabalho  orijinal  dos  trovadores  primevos. 
As  emendas  provam  uma  meticulosidade  extrema.  Mesmo  certas 
desigualdades  —  alguns  hispanismos,  raros,  que  distinguiam  o  falar 
dos  galegos  do  dos  portugueses  e  alguns  latinismos,  mais  raros 
ainda  —  parecem  ser  antes  particularidades  de  orijinaes  do  que 
culpas  do    amanuense,   cujo  trabalho   foi  rigorosamente  fiscalizado. 


—      XIV      — 

Poetas  cultos,  que  empregavam  ergo,  vel,  bem  podem  ter -se  lem- 
brado de  utilizar  et  e  est  j)ara  distinguir  a  conjunção  do  verbo 
e  da  interjeição  [eh).  Pelo  outro  lado,  o  revisor  que  rectificava 
cada  mi  por  min,  não  deixaria  escapar  sam^ta,  Samitaren,  cuncto 
(lapso  por  conto),  se  assim  não  estivesse  nas  laudas  primitivas. 

*  * 

* 

Caracterizemos  rapidamente  as  notáveis  qualidades  e  as  insu- 
ficiências da  escrita  arcaica  galego -portuguesa,  tal  qual  foi  ideada 
na  aurorada  literatura  por  clérigos -jograes.  Deixei  dito  que  nos  mais 
antigos  documentos  em  prosa,  também  de  fins  do  sec.  XII,  e  nos 
do  sec.  XIII,  ela  se  apresenta  muitíssimo  menos  correcta,  simples, 
unitária  —  tão  bárbara  como  a  linguajem  aí  empregada  ora  por 
tabeliães  pseudo -eruditos,  ora  por  escrivães  ignorantíssimos  que 
entremeavam  a  língua  popular  com  formas  e  fórmulas,  estropiadas, 
de  textos  em  latim,  i) 

Naturalmente,  os  trovadores  utilizaram  as  letras  simples  do 
alfabeto  herdado  dos  latinos  (menos  k)  e  as  jeminadas  ss  e  rr, 
quási  sempre  com  as  mesmas  funções;  em  alguns  casos  como 
X,  X,  qu,  c,  antes  de  e,  i  com  o  valor  diverso  a  que  haviam  che- 
gado. Mas  como  esses  sinaes,  já  insuficientes  em  Eoma,  não  che- 
gassem para  representação  dos  sons  novos  do  romanço,  aceitaram 
símbolos  subsidiários,  inventados  em  França,  onde  duas  literaturas, 
a  do  Norte  e  a  do  Sul,  se  haviam  desenvolvido  mais  cedo  e  serviam 
de  modelo  aos  peninsulares,  a  todos  os  respeitos  {eh,  com  valor  de  tx;  ç 
com  valor  de  ts;  gu  gutural).  Ao  til  é  que  deram  em  Portugal  o 
destino  peculiar  de  indicar  a  nasalidade  de  vogaes,  no  meio  do 
vocábulo,  reservando  a  consoante  nasal  n  para  a  designar  em  fim 
de  vocábulos. 

Lonje  de  se  cinjirem  servilmente  aos  étimos  latinos,  os  poetas 
escreviam  apenas  letras  realmente  proferidas,  2)  mostrando  o  empenho 
evidente  de  diferençar  também  no  pergaminho  palavras  distintas 
pela  pronúncia,  pelo  sentido  e  pela  orijem,  e  de  empregar  para 
cada  som  um  único  símbolo  inconfundível.  Não  admitiram  nulas, 
nem  jeminadas  com  valor  de  sinjelas.      H,  mudo  desde  que  per- 

1)  Além  de  empregarem  letras  nulas,  confundem  de  maneira  de- 
sastrosa os  símbolos  novos  com  os  velhos,  trocando  c  e  ç;  g  e  gu;  eh  e  x; 
s,  ss,  ç,  X,  sem  determinarem  as  suas  funções  diversas,  conforme  as  vogaes 
com  que  formam  sílaba. 

2)  Só  nos  símbolos  compostos  gu,  qu  ha  letras  mudas. 


XV       — 

lera  o  valor  antigo  de  aspirata,  foi  banido.  Graças  ao  desprezo 
absoluto  de  termos  eruditos,  nenhum  mn,  gn,  pt,  et,  cç,  ph,  ih, 
rh  fere  a  vista,  i)  Nem  ha  confusão  entre  os  sinaes  s  q  %\  ss  e  p; 
eh  Q  X]  s  e  ss.  2) 

A  pesar  d' isso,  a  não  quererem  inventar  sinaes  novos,  faltavam - 
lhes  os  meios  de  atinjir  o  ideal  de  simplicidade  e  clareza  a  que 
visavam.  Nalguns  pontos  até  foram  bem  infelizes.  Principalmente 
na  escolha  dos  sinaes  representativos  de  n,  l  palataes.  Conquanto 
conhecessem  várias  grafias,  tentadas  pelos  outros  povos  neo-latinos, 
e  empregadas  também  durante  o  século  XIII  nas  chancelarias  e  nos 
escritórios  de  Portugal, 3)  a  saber  ni,  ny,  in,  yn,  n,  "n,  nn,  nh  e  /*', 
ly,  il,  yl,  11,  Ih,  deram  a  preferência  não  ao  nh,  Ih,  que  se  vul- 
garizou ainda  na  época  trovadoresca*),  nem  a  ny,  ly,  mas  antes  aos 
sÍQibolos  muito  menos  apropriados  nn,  11,  provavelmente  por  os 
verem  utilizados  em  Castela  e  Leão.  5)  Não  repararam  que,  se  lá  eram 
verdadeiramente  etimolójicos,  não  tinham  razão  de  ser  no  ocidente.*') 

Outras  imperfeições  há,  comuns  em  parte  a  todos  os  textos 
medievaes,  em  parte  mesmo  á  ortografia  latina.  E  são:  a  falta  de 
distinção  tanto  entre  u  vogal  e  u  consoante, '')  como  entre  i  vogal 


1)  Já  mencionei  as  únicas  excepções:  sancta  (ao  par  de  santa)  e  cuneto 
(lapso  por  conto).  Sc  em  sciente,  nasci,  conhoscer,  escaescer  etc.  pronun- 
ciava-se  s-ts,  a  meu  ver,  embora  na  boca  do  vulgo  a  evolução  para  ts 
(de  lá  para  p,  e  em  seguida  para  ss)  já  tivesse  principiado,  como  o  provam 
as  variantes  conhocer,  escaeçer,  aeaecer. 

2)  Facer,  plaeer^  feceron,  faxo  devem  ser  formas  dialectaes  (galegas). 

3)  Tanto  no  Códice  da  Ajuda  como  nos  Catitares  de  S.  Maria  -«,  -«, 
-7iy  ocorrem  esporadicamente.  Temos  Una  no  verso  1555,  por  lapso; 
cõnoscer  1283,  1396;  veno  5632;  sehor  5953;  estranyar  3097;  stranyasse 
6639;  estrayaria  (sem  til)  6639. 

4)  Parece  que  foi  na  chancelaria  de  D.  AffonsoIV  ou  na  de  D.  Denis,  refor- 
mada por  escrivães  franceses  (entre  1270  e  1280),  que  as  gi-afias  provençaes 
nh,  Ih  se  vulgarizaram,  seguidas  desde  logo  de  mh,  vh^  bh,  em  substituição 
da  grafia  anterior  mi,  vi,  bi. 

5)  Não  se  pôde  duvidar  de  que  a  escolha  de  nn,  11  fosse  devida  á  in- 
fluencia de  Castela  na  Galiza.  —  O  emprego  d'esses  símbolos  não  basta  todavia, 
de  modo  algum,  para  prova  de  que  o  Códice  da  Ajuda  fosse  escrito  por  um 
artista  espanhol.  —  Repito  que  o  Códice  é  do  último  quartel  do  sec.  XIII 
ou  do  primeiro  do  sec.  XIV,  época  em  que  nh^  Ih,  já  iam  substituindo  a 
escrita  arcaica,  mas  que  muitas  cantigas  tem  perto  de  cem  anos  a  mais. 

6)  Se  lá  gallus  annum  deram  galho  anho,   cá  produziram  galo  ano. 

7)  Para  evitar  confusão  entre  viv',  dev'  e  viu,  deu  os  poetas  dupli- 
cavam w- consoante,  tornado  final  (ou  antes,  medial  e  intervocáhco ,  por 
elisão  de  átonas  e,  a,  o),  escrevendo  portanto  uiuueu,  deutieu  catiuue  {viv' 


—       XVI       — 

(ia  =  ibam),  i  consoante  com  valor  novo  {já  =jam),  e  i  semi -vogal 
(sábia  =  sapiajA)  Acresce  o  emprego  arbitrário  e  supérfluo  de  y  grego 
como  equivalente  de  i,  nas  suas  aplicações  de  vogal  2)  e  de  semi- vogal, 
quando  poderiam  tê-lo  aproveitado  em  pró  da  clareza,  exclusiva- 
mente como  semi -vogal,  tendo  seu  lugar  ora  entre  vogaes,  ora  como 
subjuntiva  de  ditongo  final  decrescente,  ora  como  elemento  iotizante 
nas  ligações  palataes  ny ,  ly .  my  etc.  3)  Não  menos  grave  é  a 
existência  de  apenas  cinco  vogaes  para  uma  dúzia  de  sons  diversos  e 
a  falta  de  todos  os  sinaes  diacríticos,  incluindo  os  pontos  sobre  os  uA) 
Está  claro  que  acontece  haver  infracções  das  regras  esta- 
belecidas com  tanta  felicidade.  A  proscrição  das  jeminadas,  único 
bem  que  resultou  da  escolha  de  nn,  11  para  símbolo  de  sons  pala- 
taes, não  foi  sustentada  com  rigor.  Mesmo  nn  surje  esporadicamente, 
sem  esse  valor.  E  verdade  que  em  casos  muito  especiaes.  Não 
como  representante  de  nn  latino,  i.  é  com  valor  de  n  sinjelo;  mas 
em  ligações  de  palavras  que  terminam  em  nasal  com  outras  que 
principiam  em  l,  contacto  de  que  em  português  resulta  protracção 
ou  antes  assimilação,  i.  é  ~-n,   p.  ex.  em  perderon-no  (v.  2667). 5) 

CM,  dev'  eu,  cativ'  e).    Nem  sempre,  porém.  —  Entre  leu  2727  {leve,  adj.) 
e  leu  {leve,  verbo  2056  e  2472)  não  ha  diferença  gráfica. 

1)  I  longo  surje  de  vez  em  quando,  mas  como  mera  variante  gráfica, 
sem  função  determinada.  No  CA  apenas  maiúsculo,  em  princípio  de  can- 
tigas; tanto  em  Ir  como  em  Joana.  O  mesmo  vale  de  u.  Nos  Cantares  de 
S.  Maria  j  e  v  são  mais  freqiientes.  Ha  p.  ex.  joyx  juigar  judeu  Jherusalem 
prijon;  varões  va  mvito  jodeos  sev  ovtra  nacev  etc. 

2)  No  Códice  da  Ajuda  nunca  se  emprega  y  com  valor  de  j.  Talvez 
fosse  o  pequeníssimo  corpo  do  advérbio  *  {ibi)  —  um  só  traço  vertical  — 
muito  usado  em  expressões  como  des  i,  â  i  —  o  que  levou  os  escribas  a 
conservarem  o  y  grego.  Em  todo  o  códice  evitaram  representar  esse  ad- 
vérbio por  i,  utilizando  sempre  y,  (uma  vez  hy,  conforme  já  disse).  A 
única  excepção  no  verso  4631  confirma  a  regra. 

3)  Assim  distinguiriam  de  modo  claro  e  simples  ôy  {hodié)  de  oí 
(audivi);  dôya,  sôya,  sáya  {doleat,  soleat,  saliat)  de  doía,  soía,  saía 
(dolebat,  solebat,  salibat);  sábya  de  sabia  etc. 

A)  O  y  grego  é  a  única  letra  que  costuma  ir  encimada  de  um  ponto 
(quadrado).  Além  d' esse  sinal  diacrítico,  inútil,  há  apenas  um  traço  fino 
por  cima  da  primeira  haste  vertical  de  i,  u,  n,  m,  em  palavras  onde  se 
encontram  em  contacto  directo  duas  ou  três  d' essas  letras,  tao  facilmente 
confundidas.  P.  ex.  em  mú,  úiúú,  niún,  min,  íúrar,  úírar,  ainda, 
aiúda  etc. 

5)  Lo  é  artigo  no  exemplo  citado  e  em  sen-7io  (2075).  Em  geral  é 
pronome:  2039  quen-no;  2876  non-no;  2844,  2865  qtten-na;  546  ben- 
no  etc.  Os  trovadores  escreviam,  contudo,  quasi  sempre  beno,  nono,  queno. 
O  mais  acertado,  então  e  hoje,  teria  sido  pôr:  bê -no,  que -no,  nò-no.  A 
escrita  mallo  (3096)  está  por  malllo  i.  e  mal -lho;  nollo  pornõllo  i.é  non  Ih' o. 


—       XVII       — 

Com  maior  freqilencia  encontramos  tt,  mm  (aitender;  commigo  ss,  rr), 
e  especialmente  ff  {soffrer,  affan)]  mesmo  em  princípio  de  vocá- 
bulo {ffe,  ssi,  rren).  Também  o  h  reaparece,  embora  só  de  lonje 
em  lonje.  Nunca  por  escrúpulos  etimolójicos,  nem  tão  pouco  para 
diferençar  palavras  que  começam  com  i,  u  vogal,  de  outras  que 
principiam  com  j,  v  {Ma  ==  ihmn  de  ia  ==  já) ,  mas  somente  afim 
de  dar  mais  corpo  a  alguns  monossílabos,  i)  Contra  a  regra,  o  iil 
figura  em  fim  de  vocábulo;  n  final  é  ás  vezes  substituído  por  m, 
especialmente  nos  monossílabos  rem,  iam,  quam,  quem,  onde 
corresponde  a  -m  latino;  e  por  analojia  em  mim,  niwn,  ieem, 
vêem  etc.  2)  Quanto  ao  símbolo  representativo  das  consoantes  nasaes 
que  se  ouvem  enti'e  vogaes  nasaladas  e  consoantes  explosivas,  não 
admira  terem  também  hesitado  entre  m  e  n  [sempre,  senpre),  favore- 
cendo mesmo  ôste  último  sinal.  Há  indecisões  a  respeito  ãe  f  e  s,^) 
ç  e  c  antes  de  e,  i,  e  a  respeito  de  três  rr,  diversos,  mas  sem 
aplicação  determinada.^)  Finalmente,  a  escrita  foi  e  a  leitura  é 
dificultada  pelas  abreviaturas  e  pelo  costume,  até  certo  ponto  con- 
veniente, de  em  harmonia  com  a  acentuação  frásica  e  o  sentido 
gi'amatical,  se  juntarem  em  um  só  corpo  grupos  sónicos,  com- 
postos de  dois  ou  três  vocábulos,  só  casualmente  fundidos,  quer 
por  simples  composição  sem  alterações  de  som,  quer  por  meio  de 
sinérese,  crase   ou   elisão,  quer  por  assimilação  de  -r  -s  ao  /  de 

I,  la,  los,  las,  artigo  ou  pronome,  ou  d' esse  mesmo  artigo  ou 
pronome  á  nasal  de  palavras  tónicas  precedentes.^) 


1)  Por  junto  apenas  dez  vezes.  Mesmo  nas  formas  ha  {hahet  4198) 
e  hey  (6072),  escritas  centenas  de  vezes  sem  h,  nSto  foram,  certamente, 
razões  etimolójicas  que  levaram  algum  poeta  a  traçá-lo.  Temos  ainda  hy 
4196;  he  {est)  6095;  heu  {ego)  5969,  5975,  6001;  hua  6024,  3339,   3875 

Johan  3375. 

2)  Ao  todo  conto  catorze  excepções  á  regra.   Nos  Cantares  de  S.  Maria, 
til  ó  ás  vezes  símbolo  do  m  entre  vogaes;  mas  somente  onde  o  escrivão 

inha  do  economizar  espaço  para  não  sair  fora  das  linhas  marcadas  (p.  ex. 
No  130  eostit  ã  =  costum'  an). 

3)  í]m  jeral  o  sinal  f  ó  empregado  em  princípio  de  vocábulo  (com 
valor  de  surda)  e  no  meio  (com  valor  do  sonora),  e  s  no  fim.  Inúmeras 
vezes  s  6  todavia  substituído  por  f,  não  só  quando,  no  encadeamento  da 
frase,  muda  de  posição,  passando  de  final  a  intervocálica,  directamente  como 
em  ofamigos,  ou  por  elisão,  como  cm  fifejirol,  mas  também  em  pausa: 
quantofomef  etc. 

4)  li,  r,  X  são  empregados  indistintamente. 

5)  Exemplos  do  primeiro  tipo  são  malpecado,  bonsen,  senraxon;  do 
segundo  miauen,  miagora,  mia  {mihi  habet  ou  mihi  illam);  do  terceiro 

b 


—       XVIII       — 

Taes  ligações,  características  do  galego -português,  obrigavam 
os  escribas  muita  vez  a  permutarem  c  (com  valor  de  A:)  e  qu; 
g  (também  gutural)  e  gu\  g  palatal  e  *  (=i)-  Na  realização 
d' esta  empresa,  i.  é,  na  substituição  da  ortografia  vocabular  pela  frá- 
sica  deu- se,  porém,  mais  de  um  engano.  Especialmente  na  escolha 
da  palatal  fri cativa,  representada  segundo  a  regra  por  g  antes  de 
e,  i;  e  por  i  (j),  antes  de  a,  o,  w.  ^) 

Com  relação  a  palavras  existentes  em  duplas -formas,  a  ten- 
dência unitária  e  conservadora  dos  poetas  levou -os  quási  sempre  a 
darem  a  preferência  á  mais  arcaica,  rejeitando  como  vulgarismos 
evoluções  progressivas  que  se  iam  realizando  na  boca  do  povo. 
Assim  preferiam  em  regra  7ni,  assi,  mais,  ve&r,  seer,  sol,  sal, 
dol,  pon,  quer,  faz,  j)es,  ampar,  orne,  muito, ^)  mia,  coita,  coidar, 
oir,  toar  a  min,  assin,  mas  (conj.),  ver,  ser,  soe,  soe,  doe,  põe, 
quere,  faze,  pese,  ampare,  omeyi,  muinto  (ou  moito),  minha, 
cuita,  cuidar,  ouvir  e  louvar.  Mas  de  vez  em  quando  as  formas 
populares  escapavam -lhes,    até  em   lugar  impróprio,    como  p.  ex. 

min  em  rima  com  vi  aqui.^) 

*  * 

* 

Com  essas  poucas  duplas -formas  já  entramos  na  fala.  A 
linguajem  dos  trovadores  é  um  português  ilustre,   selecto,  conven- 


quanteti,  sempreu,  mentrcu,  ogeu,  quereu,  queroge;  do  quarto  amalo 
{amare  illum  ou  amas  illwn),  volo,  Deulo,  poilo,  mailo;  do  quinto:  queno, 
beno,  nono.  Há  todavia  outras  conglomerações  muito  maiores:  aueleí, 
quemiauen,  contaruoloei. 

1)  Em  regra  os  antigos  escreviam  nSo  só  fica,  fique;  cavalgo,  cavalgue; 
mas  também  deseio,  desege,  passando  lòjicamente  na  escrita  frásica  ou  foné- 
tica a  vegeste,  oiom.  Bastantes  vezes  esqueceram  -  se  todavia  de  proceder 
ú  permutação,  ou  fizeram -na  mal;  não  só  a  desnecessária  de  i  em  g  (tão 
pouco  importante  como  a  de  ^  cm  c  antes  de  e  i)  p.  ex.  em  veie  (571), 
?;eim(2541,  3872),  deseiei  (870),  deseieu  (2797),  o^e^í  (3464),  mas  também 
a  de  g  em  gu  (3185  digeu,  3334  logeu;  4477  digi  =  digu'i);  a  de  c  em  qu 
(3132  vosce,  6429  fíceu);  e  a  ãe  g  em  *  (2941  oga;  217  ogo;  4416  vegas; 
4940  ogom;  4934  ogamin;  5792  ogoutra).  D' aí  e  que  passaram  para  o  Eluci- 
dário, e  outros  trabalhos  lecsicográficos,  formas  erróneas  como  cugo,  perco. 

2)  Outras  duplas -formas  liá  em  que  não  se  nota  essa  tendência  p.  ex. 
cofonder  e  eonfonder,  cofonda,  confonda,  confunda;  ifante,  infante;  vengar 
e  vingar;  pêra  e  porá;  vosco,  vusco;  preguntar  o  perguntar;  guaanhar, 
gaanhar,  outri,  outre,  outren. 

3)  Min  está  correctamente  nos  versos  2733,  7896,  7903,  em  rima  com 
fin,  vin,  mas  incorrectamente  em  3723,  3736,  3802,  4524,  em  rima  com 
assi,  vivi,  sofri,  perdi,  morri,  servi.  Em  vista  da  notável  pureza  das 
consonáncias  nas  canções  trovadorescas,  deveria  tê-las  emendado  sempre, 
como  fiz  nos  versos  2102,  2157,  2304,  2310,  2330. 


—       XIX       — 

cioimlmente  unitário  e  arcaico,  mas  perfeitamente  orgânico  e  coerente, 
claramente  determinado  nas  suas  formas  e  tendências,  caracterizado 
por  todas  as  feições  peculiares  que  o  distinguem  do  castelhano. 
Português  ou  galego -português  ilustre^  pois  havia  identidade  quási 
completa  entre  a  língua  da  província  do  Noroeste  da  Hespanha  c 
a  do  reino  de  Portugal.  Mas  português  que  naturalmente  era  o 
da  província  de  Entre  Doiro  e  Minho,  e  não  o  de  Lisboa,  é  bom 
não  esquecer  isso.  As  alterações  sucessivas  que  a  língua  experi- 
mentou em  sete  séculos  de  vida  histórica,  distançam  bastante  a  que 
lioje  ê  normal  em  Lisboa  e  toda  a  sociedade  culta  do  país,  da  que 
se  fala  na  Galiza,  e  ambas  da  que  foi  usada  em  tempos  do 
D.  Sancho  I.  Creio  que  já  no  reinado  do  D.  Denis,  que  residia  a 
miiido  na  capital,  muitas  formas  e  pronúncias  galego -portuguesas 
seriam  pouco  usadas  entre  os  cortesãos  e  desconsideradas  pela  jeração 
nova  como  arcaísmos  e  galeguismos.  Tal  evolução  ajuda  a  explicar 
a  rápida  decadência  da  arte  depois  da  morte  do  rei- trovador  e  o 
longo  interregno  líiico,  até  ao  advento  de  um  novo  gosto  e  estilo 
no  século  XV. 

Repito  que  a  linguajem  trovadoresca  se  compõe  quási  por  in- 
teiro de  vocábulos  saídos  do  latim  vulgar  evolutivamente.  Mesmo 
os  estranjeirismos  que  nela  se  notam,  vindos  de  França,  pertencem 
á  mesma  camada  linguística.  Muitas  formas  tinham  atinjido  já  então 
o  seu  estado  definitivo.^)  Categorias  inteiras  achavam -se,  porém, 
num  estádio  intermédio  entre  o  latim  vulgar  e  o  português  clássico. 

Na  conjugação  dos  verbos  são  notáveis  certos  tipos  isolados, 
posteriormente  modificados  por  influência  da  analojia.  Na  primeu-a 
pessoa  do  singular  do  presente  temos  (além  de  ouço,  tenho,  venho 
que  perduram)  senço,  menço;  arco,  perco;  dor  mio,  sérvio,  comio; 
moiro;  paresco ,  gradesco,  nasço,  conhosco;  na  3  sg.  cal,  fal,  sal, 
dol,  sol,  j)on,  quer;  na  3  do  conj.  pes,  perdon,  ampar;  no  fut. 
terrei,  verrei,  querrei,  p)orrei,  guarrei,  morrei.  Na  1  sg.  perf.  ha 
várias  formas  em  i  átono^  que  já  citei,  ouvi,  soúbi,  púdi ,  tivi,  estivi, 
dixi,  quigi,  piígi;  na  3*  as  correspondentes,  em  -o:  ouvo,  soubo, 
disso,  quiso,  puso,  tevo,  estevo ,  prougo ,  frouxo,  podo  e  mais  algumas 
em  ~e:  axve,  valve,  adusse  etc.  —  Na  2'  pi.  de  todos  os  tempos 
vorbaes  (menos  no  perf.,  que  tem  ~sies)  subsiste  o  -d-  representativo 
de  -t-  [ainades  e  não  amaes,  amais). 

1)  No  Glossário  o  leitor  poderá  verificar  facilmente  quantas  palavias 
não  sofreram  alteração  alguma  desde  1200. 

b* 


—       XX       

Muitos  nomes,  reduzidos  i^or  contracção,  ainda  não  haviam 
chegado  ao  seu  volume  mínimo :  ^)  vogaes ,  postas  em  contacto  pela 
síncope  de  consoantes  latinas  sonoras  (/,  n,  h,  d,  g,  v)  contavam -se 
por  duas  sílabas  métricas, 2)  quer  fossem  diversas,  quer  do  mesmo 
tipo,  3)  i.  é  tanto  em  casos  onde  a  contracção  por  crase  era  pos- 
sível e  se  realizou  posteriomente,*)  como  naqueles  em  que  os  dois 
sons  podiam  fundir- se  o  se  fundiram  efectivamente  em  ditongo,  oral 
ou  nasal.  De  n  sincopado,  ainda  lá  estava  vestíjio  bem  reconhe- 
cível, muito  característico,  que  desapareceu  depois:  a  nasalidade 
da  vogal  precedente.  5)  Dizia -se  e  contava -se  portanto  7nâ-a,  pá- a, 
U-e,  vê-c,  lo{u)-o,^)  só-o,  cé-o,  fè-o,  cru- o,  cre-er,  ri- ir,  co-ôr, 
su-ôr ,  e  sem  excepção  alguma'')  /ã-a,  cè-a,  vi-o,  sõ-o,  u-a, 
mã-o,  hõ-a,  fl-ir,  põ-er,  tè-er,  vi- ir,  fl-í-da.  Está  claro  que  as 
diversas  terminações  em  que  havia  nasal  (posteriormente  confundidas, 
na  época  dos  ditongos  nasaes),  também  se  conservavam  fiéis  aos 
tipos  latinos.  Nunca  ha  permutaçlío  entre  -on,  -an,  ão,  ãa,  quer 
no  sing. ,  quer  no  i)lur. ,  nem  com  as  formas  de  -l-  intervocálico. 
Dizia-se  varou,  va-rõ-es;  x>an,  pã-es;  cer-iã-o,  cer-tã-os;  mã-o, 


1)  Fazem  excepção  várias  formas  muito  usadas,  reduzidas  cedo  a 
uma  linica  sílaba,  composta  só  do  vogal  ou  de  consoante  o  vogal,  quer 
símpleSj  quer  ditongo.  Além  de  o,  a,  e,  dos  advérbios  i,  u,  dos  pronomes  mi, 
ti,  si,  eit,  meu,  teti,  seu,  (é,  ou,  son  etc.  correspondem  a  monossílabos 
latinos),  dos  verbos  a,  ás,  d,  sei,  dei,  vou,  vai,  fui,  foi,  trei,  e 
dos  provençalismos  leu,  greu^  já  surjem  oi,  boi,  fé,  pé,  sé.  Veer,  seer, 
veedes  com  a  segunda  tónica,  também  contam  ás  vezes  por  uma  só  sílaba  — 
pelo  menos  nas  obras  de  D.  Denis. 

2)  Por  isso  mesmo  os  trovadores  nunca  dobravam  vogaes  para  distinguir 
tónicas  de  átonas,  processo  adoptado  nos  séculos  posteriores  (daa,  laa,  caa 
por  dá,  lá,  cá)  e  que  foi  consequência  natural  do  costume  de  escreverem, 
á  moda  antiga,  vee,  pee,  door,  soo,  quando  já  todas  as  classes,  cultas  ou 
incultas,  diziam  vê,  pé,  dor,  só. 

3)  De  propósito  não  digo  idênticas  porque  entre  tónicas  o  átonas  há 
apenas  identidade  gráfica. 

4)  A  prep.  a  e  o  artigo  o,  a,  os,  as  ainda  não  estavam  fundidos:  ô,  ós, 
á,  ás  seriam  vulgarismos,  na  opinião  dos  cortesãos,  se  bom  que  essas  formas 
ocorrem  algumas  vezes. 

5)  Desapareceu  por  não  encontrar  consoante  em  que  se  apoiasse.  Onde 
a  encontrava  conservou-se,  embora  tivesse  do  mudar  de  lugar,  como  p.  ox. 
em  finda,  vinda  de  fiinda,  viinda,  metátese  antiga  de  fí-i-da,  vt-i-da. 

6)  Os  antigos  ortografavam  loar  e  não  louar,  certamente  para  evitar 
a  pronúncia  lôvar,  já  então  usada  pelo  vulgo.  No  Cancioneiro  de  D.  Denis 
ha  louvar  (ao  par  de  ouvir)  .^  mas  muito  poucas  vezes. 

7)  A  omissão  do  til,  frequente  nos  apógrafos  italianos,  não  prova  nada 
em  contrário,  tão  esmagadora  é  a  maioria  das  formas  com  til. 


—       XXI      

mã-os;  louçã-a,  louçã-as,  qual,  qua-es.  Nem  aqui,  nem  em 
outras  combinações,  e,  o  eram  subjuntivas  de  ditongos.^)  Ainda 
conservavam  o  seu  valor  natural.  Os  únicos  ditongos  usados  eram  ái,  éi, 
èi,  ói,  ôi,  úi,  áu,  éu,  tu,  iu,  ou.^)  Ditongos  nasaes  não  exis- 
tiam. ^) 

Se  o  encontro  directo  de  vogaes  dentro  do  mesmo  vocábulo 
nunca  era  desfeito  nem  por  inserção  da  semi -vogal  i,  entre  e-a, 
e-o,^)  nem  por  meio  da  palatização  de  7,'^)  nem  tão  pouco  por 
condensação  de  ú  até  redimdar  em  m,  o  hiato  de  vocábulo  a  vocá- 
bulo também  era  iisadíssimo,  muito  embora  os  poetas  utilizassem 
as  diferentes  sinalefas^)  —  mais  vezes  elisão  do  que  sinérese  e 
crase.'')  Note- se  a  eufónica  junção  do  pronome  proclítico  me, 
com  o,  a,  os,  as,   ou   com   outros  vocábulos  que  principiam  com 


1)  A  abreviatura  9  representa  -os  e  -us.  Ainda  assim  resolvi  de^, 
te<),  me^,  se-)  sempre  em  Dctis,  teus,  meus,  seus,  porque  entre  os  nume- 
rosos casos  em  que  essas  palavras  aparecem  com  todas  as  letras ,  não  há  um 
só  deos,  teos,  meos,  seos.  Somente  em  u<)  é  que  ficam  dúvidas,  visto  que 
a  átona  vus  é  ás  vezes  substituída  pela  forma  absoluta  vós. 

2)  As  terminações  dos  perfeitos  eram  ~  oM,  -eu,  -iu.  Esporadicamente 
é  que  surje  a  escrita  ~io,  -eo  nos  Cantares  de  S.Maria  {rio,  briu,  naviu; 
cfr.  ceo,  veo,  ehreo)  e  nos  apógrafos  italianos  {guario,  via).    Vid.  CA  v.  7821. 

3)  O  único  de  que  conheço  exemplo  é  ui  em  muinto,  vulgarismo  que 
escapou  uma  só  vez. 

4)  A  linguajem  ai'cáica  conhece  apenas  feo,  creo  etc.  As  formas  ceia, 
feia  não  podiam,  de  resto,  sair  directamente  de  cea,  vèa.  Tiveram  de  passar 
por  cea,  vea.  E  essas  formas  secundárias  eram  inteiramente  desconhe- 
cidas aos  trovadores  antigos,  ainda  raras  mesmo  no  tempo  de  D.  Denis. 
Peyor  (de  pejor)  encontra- se  do  lonje  em  lonje,  não  no  Códice  da  Ajuda, 
mas  nos  apógrafos  italianos  (vid.  CA  9019)  e  nos  Cantares  de  S.  Maria,  em 
lugar  da  forma  mais  usada  ^^^or;  creio  que  por  analojia  com  maior,  muito 
usado  ao  lado  de  moor  (por  maor).  Ambos,  sempre  com  o  fechado.  A 
pronúncia  mor,  resultante  da  contracção  dos  dois  00,  actuou  depois  nos 
outros  comparativos  fortes:  menor  (na  ling.  arcaica  meôr),  tnelhór,  pior. 

5)  Ainda  assim,  as  hesitações  na  escrita  de  ~í~,  ií-  mostram  que 
a  nasalidade  era  em  ambos  os  sons  diversa  da  do  ã,  5,  ê,  não  tão  pura- 
mente vocálica,  e  já  se  aprossimava  do  resultado  final  -inh-,  um-  p.  ex. 
em  vinho,  uma  que  tanto  contrasta  com  coroa,  ceia  e  mesmo  com  lã.  Já 
falei  da  escrita  una,  hiia.  Ajuntem  hunha  do  Cancioneiro  da  Vaticana.  Quanto  a 
-t-,  muito  raro  no  Códice  da  Ajuda,  basta  dizer  que  nos  apógrafos  italianos 
ocorrem  sobrmo  (CV  1201),  meninha  (CV  336,  CD  v.  2586),  divinho 
(CB  391),  detreminhou  (CB  383). 

6)  As  regras  serão  estabelecidas  nas  Investigações  Linguísticas. 

7)  Vogaes,  que  o  poeta  quis  elidir  na  economia  do  verso,  eram  supri- 
midas na  escrita. 


—      XXII      — 

o,  a,  de  onde  resultou  uma  espécie  de  ditongo  secundário, 
crescente,  mi- o,  mi -a  A) 

A  tendência  característica  do  português  de  atenuar  conside- 
ravelmente as  vogaes  átonas,  especialmente  as  postónicas,  já  havia 
principiado.  Conquanto  na  corte  se  condenasse  o  costume  de 
substituir  o  não  acentuado  por  ií,  o  ensurdecimento  era  notório  e 
ia- se  jeneralizando.  2) 

Com  relação  ás  tónicas  ê  certo  que,  sem  saberem  distinguir 
na  escrita  ó,  é  aberto  de  ô;,  ê  fechado  (e  ambas,  das  atonas  õ,  e), 
os  trovadores  nunc<i  os  confundiam.  Separavam -n'os,  pelo  con- 
trário, nas  rimas  com  um  rigor  e  uma  escrupulosidade  muito 
superior  á  das  gerações  futuras.  Os  infinitivos  em  cr  p.  ex.  nunca 
rimam  com  os  conj.  fut.  dos  verbos  irregulares  {quiser,  j)oclér, 
souber,  prouguér  etc.  nem  com  molhér,  mester,  quér).^) 

Quanto  a  influência  metafónica  de  vogaes  postónicas  nas 
acentuadas,  também  havia  principiado:  i  postónico  influía  em  o,  e 
tónico,  fechando- o,  não  só  quando  em  contacto  com  consoantes 
nasaes^)  (como  em  iêmio,  temes;  cômio ,  comes;  dôrmio,  dormes)^ 
mas  também  em  devo,  deves;  moiro ,  morres  etc.  Parece  que  não 
havia  passado,  contudo,  por  analojia,  a  adjectivos,  nomes  e  pronomes.^) 

O  que  disse  da  pureza  das  vogaes  na  rima,  também  tem 
aplicação  ás   consoantes  ss  e  ç,    z   e    s,    eh  e   x^).      Nem    deve 

1)  Te-\-o,  te-\-a  deram  cho,  cha,  formas  galegas  que  não  eram  do  agrado 
dos  trovadores,  posto  que  eles  não  desprezassem  o  simples  che,  nem  xe,  xi, 
variante  galega  de  se,  si,  nem  tão  pouco  a  composição  x'o,  x' a.  Pior 
criar  etc.  não  se  acham  no  CA,  mas  já  nos  apógrafos. 

2)  Essa  tendência  manifesta- so  logo  nos  primeiros  documentos  em 
prosa.  No  CA,  ~u  por  ~o  é  todavia  raro  e  prevalece  apenas  no  pronome 
enclítico  vus  (cfr.  vasco,  nusco).  Em  jeral  o  corresponde  a  ?/  e  o  uão- 
acentuado  latino.  Notemos  comprir,  cofoion,  costume,  dormir,  encobrir,  fogir, 
Joan,  joix,  joixo,  joujar,  jostiça,  justiceiro,  jodeu  logar,  molJier,  mongcr, 
noxir,  onger,  onguento,  ordir,  poder',  jjoser',  paridade,  rogir,  resorgir, 
sobir.  Em  todos  estes  vocábulos  a  mudança  do  o  em  u,  que  em  vários  tem 
aparência  do  regressão,  é  muito  posterior  (do  sec.  XVI).  O  antetóuioo  ainda 
hoje  é  o  no  Brasil. 

3)  Do  mesmo  modo  distinguem  sempre  entro  prex,  vex,  fex  e  vês, 
mês,  três,  medes,  pês;  entre  eu,  teu,  seu,  meu,  greu,  deu  e  ceo,  veo, 
creo,  rcceo;  como  entre  é  fé  o  quê  (logo  falhiroi  do  dé,  dê)  etc. 

4)  Aparentemente,  as  vogaes  nasaes  eram  sempre  fechadas.  Mesmo 
antes  de  consoante  nasal,  em  palavras  como  j^equctio,  fumo,  havia  uma 
nasalização,  lijeira.    Eimas  como  bè-no  pequeno  levam  a  esta  convicção. 

5)  Veja-se  p.  ex.  ele,  ela,  eles,  elas  —  eso,  aquelo,  aquesto. 

6)  Já  disse  que  prex,  fex,  vex  (e  também  sandex  etc.)  nunca  rimam 
com  mês,  três,  medes,  pês  (penset).    Nem  tão  pouco  assax,  fax,  prax. 


—    xxin    — 

cansar  admiração,    visto  que  essas    letras   simbolizavam   sons  bem 

diversos,  conforme  indiquei.      Ch,    hoje  reduzido    não    só    no   sul 

de  Portugal,  mas  também  entre  a  gente  culta  do  Norte,    ao  valor 

de  X,    era   explosivo,    com  o   valor    de   tx,    comum    ao   galego    e 

castelhano;  x  tinha  o  valor  único  de  x  (inicial  xadrez)^  e  nunca  o 

de  CS  ou  ss;  ç  o  de  tss;  %  o  de  ds.    Quanto  a  g,  j,  a  permutação 

constante  entre  os  dois  símbolos  parece  testemunhar  que  já  soava 

como  lioje,  tendo  perdido  nos  derivados  de  dj  {hodie,  video,  invidia, 

disidio  =  oje,   vejo,    enveja,    desejo)    aquele    seu    valor    primitivo. 

Quanto  ao  s  em  fim  de  vocábulo  ou  de  sílaba,  a  sua  assimilação 

quási  constante  a  l  mostra  que  nessa  posição  o  som  era  fraco.  A  escrita 

Lixboa,  seix,  laix  (cf.  dex  por  dex  de  decetJi),  posto  que  só  a  possa 

apontar  em  documentos   em   prosa  e  nos  apógrafos  italianos,   leva 

a  supor  que  já  então  se  havia  começado  a  palatizar  o   seu   som, 

brandamente  antes  de  consoantes  sonoras,  e  mais  fortemente  antes 

de  surdas.    Também  neste  fenómeno,  o  uso  vulgar  seria  repudiado 

na  corte    pelos  homens    de   saber,    que    por  ofício   cultivavam   no 

bel -canto  a  recta  pronúncia. 

Em    suma,  julgo    dever  concluir  que  a   pronúncia    palaciana 

de  1200  a  1350  era  mais  clara,  pausada  e  enfática  do  que  a  de 

hoje,^)  o  que  combinaria  perfeitamente  com  o  conteúdo  e  carácter 

grave  e  mesurado  das  canções  de  amor. 

*  * 

Resta -me  indicar  as  modificações  a  que  submeti  a  escrita. 
Cifram -se  no  seguinte. 

Desenvolvo  as  abreviaturas,  pelo  modo  exposto  no  Capitulo  III 
das  Investigações.  Imprimo  sempre  por  extenso  o  refrã,  mesmo 
onde  nas  repetições  o  copista  escreveu  apenas  as  primeiras  palavras, 
ou  meras  iniciaes.  Emprego  maiúsculas  não  só  depois  de  ponto, 
mas  também  nos  nomes  próprios,  incluindo  o  Amor,  onde  me 
parece  estar  personificado,  assim  como  Deus,  e  Senhor,  com 
aplicação  a  Deus. 2)  Junto  sílabas  de  palavras,  onde  os  poetas  as 
haviam   retalhado    para    informar    os   cantores   da  sua  distribuição 

solax  com  darás  atrás  Satanás  etc,  ou  dix,  fi%,  raiz,  ftix  (feliee)  com 
quis,  fis  (fidus),  Denis,  lis,  Paris;  franqueza  riqueza  com  presa  (i.  é 
-itia  com  ~ensa). 

1)  No  futuro  e  condicional  o  acento  recaía  ora  no  infinitivo,  ora  no 
aussiliar,  conformo  as  exijcncias  do  ritmo  e  suas  pausas. 

2)  Algumas  vezes  pode  haver  dúvida  sobre  se  senhor  designa  Deus 
ou  a  dama  do  trovador.    Vejam -se  os  versos  4100,  5248,  8108. 


—      XXIV      — - 

musical.  ^)  Separo  conforme  as  exijéncias  da  gramática  e  do 
sentido,  vocábulos  conglomerados,  quer  por  falta  de  espaço,  quer 
propositadamente  para  indicar  a  acentuação  frásica.  Nestes  casos 
deixo -os  todavia  conjugados  por  meio  de  sinaes  diacríticos,  de  que 
logo  falarei.'^)  Letras  que  julgo  devermos  acrescentar,  vão  entre 
parênteses  rectangulares,  jeralmente  em  grifo]^)  as  que  na  minha 
opinião  podiam  ser  suprimidas  para  que  o  verso  tivesse  maior 
correcção  prosódica,  vão  enti-e  parênteses  curvilíneos.'*) 

Pontuei  com  abundância,  por  condescendência  com  o  gosto 
português,  e  também  porque  creio  que  realmente  uma  boa  dis- 
posição das  partes  do  discurso  equivale  a  um  comentário,  e  dá 
mais  vida  e  cor  a  versos  pálidos  e  monótonos,  de  construções  tão 
complicadas  como  o  são  ás  vezes  os  dos  poetas  áulicos  do  sec.  XIII. 
Emprego  mesmo  o  sinal  de  interrogação  e  exclamação,  invertido, 
em  princípio  de  frase. 

Com  acentos  e  tremas,  apóstrofos  e  hífens  não  fui  tão  pró- 
diga, pelo  menos  na  primeira  metade  do  volume.  Preguntas  e  ob- 
servações do  amigo  que  leu  as  provas,  levaram -me  então  a  empregar 
mais  alguns  (a  contar  do  verso  2316). 

Ponho  acentos  —  com  os  valores  jeneralizados  de  há  muito, 
i.  é  agudo  para  vogaes  abertas,  circunflecso  para  fechadas  — 
apenas  com  o  fim  de  diferençar  palavras  tónicas  das  átonas,  grafica- 
mente iguaes.     Os  principaes  casos  são: 

á  (habet),  distinto  de    a  (art.  e  prep.) 

dá  (dat)  da  (prep.  fundida  com  o  art.) 

de^)  (det)  de  (prep.) 

é  (est)  e  (conj.  e  interj.) 

este  (stet)  êsie  (pron.  dem.) 

én  (inde)  en  (prep.  in) 

1)  Na  1*  estropho  de  algumas  cantigas.  P.  ex.  en  tte  ia  no  verso  22°; 
re  ce  ey  no  v.  372. 

2)  Ex.  contaruoloei  (=  contar -vo'- lo -ei);  quitarmendia  (=:  quitar - 
m'  end'-ia). 

3)  Éx.  V.  2382 :  porque  [me]  traf  amor  tan  en  dcsden. 

4)  Ex.  V.  2399:  coid(o)  escrever. 

5)  O  estudo  das  rimas  ensina  que  os  trovadores  conheciam  a  pronúncia 
etimolójica  c?é,  mas  também  a  analójica  dê  {=dee,  por  influcso  de  vee, 
lee,  cree,  see).  Vid.  CD  1642  e  2247  contra  CV  479  e  1036,  e  Cantares  de 
S.  Maria  177  (onde  ha  mais  exemplos.  Nos  primeiros  dois  casos,  de  é  con- 
soante de  que;  nos  outros  de  é,  fé.  Ainda  ha  outro  dê,  i.  é  dês  com 
assimilação  do  s  a  l  {dê' -lo  dia  etc). 


XJXV       — 

fora  (vb.)  fora  (adv.) 

lá  (adv.)  la  (art.  e  pron.) 

quê  (interr.)  que  (conj.) 

'podêr  (inf.)  poder'  (conj.  fut.) 

cuidá-lo  (inf.)  etc.         cuida -lo  (2  sg.) 
amará  (fut.)  etc.  amara  (mais  que  perf.) 

Em  /e  o  acento  é,  na  verdade,  desnecessário,  i)  Como  i  final 
existe  na  linguajem  moderna  apenas  em  palavras  ocsí tonas  {aqui, 
ali,  venci)  ponho  acento  grave  em  proparocsítonos  arcaicos  como 
oitvi  {habiii),'^)  púdi  (potui),  soiíbi  (sapui),  púsi,  púgi  (posui)^ 
quigi  iquaesi).^)  Trema  em  oi,  sai,  cai  serve  para  separar  vogaes 
que  sem  isso  formavam  hoje,  ditingo,  e  de  facto  o  formam 
também  no  arcaico  ói  (hodie).  O  hífen,  indispensável  na  boa 
escrita  portuguesa,  segundo  opinião  de  todos,  utilizei -o  para  dividir 
nos  seus  elementos  constitutivos  as  diversas  espécies  de  grupos 
frásicos,  compostos  de  vocábulos  só  casualmente  unidos,  mas  escritos 
como  se  formassem  sempre  uma  só  palavra,  ás  quaes  de  resto  já 
me  referi.  Assim  conjugados  aparecem,  sem  alteração  sónica 
alguma,  a  não  ser  a  perda  da  acentuação  própria,  expressões  como 
mal-dia,  mal-pecado,  mal-sen,  mao-pecado,  mao-grado,  sen-raxon, 
al-ren,  que- quer,  ja-quê,  ja- quanto  etc;*)  ligações  de  verbos 
com  pronomes  enclíticos  {digas-me,  doede-vus,  direi-vus,  dir-vus-ei, 
ir-m'ei,  quitar -m'end' ia,  graci-Wo  ei);  aquelas  cujo  primeiro  ele- 
mento é  o  pronome  pessoal  me  em  próclise,  com  mutação  do  e 
surdo  em  *  para  formar  com  a  imediata  vogal  a  ou  o  uma  espécie 
de  ditongo  crescente  {mi-aven^  mi-agora,  mi-á,  mi-ora);  as  nume- 


1)  Não  verifiquei  ainda,  quantas  palavras  esdrúxulas  entraram  no 
vocabulário  dos  trovadores.  Em  todo  o  caso  devem  ser  poucas ,  se  abstrairmos 
dos  tipos  com  semivogal  *  (sâbya,  rãvya,  câmbyo;  na  ortografia  do  sec.  XIV 
sabha,  ravha,  cambho,  e  posteriormente  saiba,  raiva,  caimbo;  este  último 
regressou  a  câmbio)  que  eu  contaria  á  maneira  espanhola,  entre  os  parocsítonos. 
Alguns  parónimos  ficaram  sem  acentuação  gráfica,  p.  ex.  este  {=est)  e  este  (iste) ; 
sen  (prep.  sine)  e  sen  (sbst.  =  Sitin  jerm.) ,  ambos  com  ê  fechado,  a  meu  ver. 

2)  O  leitor  moderno  podia  confundir  este  òtcvi  com  ouvi  (audivi), 
forma  que  os  trovadores  não  empregaram,  conquanto  no  reinado  de  D.  Denis 
já  fosse  utilizada  em  diplomas  réjios,  particularmente  na  fórmula  sabham- 
quantos  este  estromento  virem  ou  ouvirem,  respectivamente  leer  ouvirem. 

3)  O  acento  em  rubi  (4493)  é  supérfluo. 

4)  Estas  mesmas  aparecem  ás  vezes  sem  ligação.  Outras  costumam 
andar  sempre  soltas  p.  ex.  ja  mais,  des  i,  dês  que,  des  quando,  des  oge  mais. 
Até  agora  não  houve  nem  há,  de  resto,  regras  jeralmente  seguidas  acerca 
da  grafia  de  fórmulas  compostas. 


—      XXVI      — 

rosas  e  importantes  em  que  ~r,  ~s  finaes^)  são  assimiladas  ao  l 
de  lo,  los,  la,  las,  quer  na  função  de  pronome,  quer  na  de  artigo 
definido  (todo-los,  dê-lo,  poi-lo,  mai-lo,  Deu-lo;  tèê-lo,  matá-lo).^) 
Finalmente  aquelas  em  que  o  /  inicial  de  lo,  los,  la,  las,  tanto 
numa  como  na  outra  função,  é  convertido  em  n,  i.  ô  assimilado  á 
nasal  da  palavra  precedente  (quen-no,  hê-no  etc.)^) 

Em  algumas  ligações,  tão  Intimamente  fundidas  que  já  no 
século  XIII  nunca  se  efeituava  a  separação,  não  ponho  sinal  algum. 
Escrevo  sempre  do,  dos,  da,  das;  dei,  ai  (antes  de  m);  eno,  enos, 
ena,  enas^)  (respectivamente  no,  iia),  e  também  nutn,  noutro,  neste, 
naquel,  assim  como  polo,  pola,  piolos,  polas.^) 

O  apóstrofo,  emprego -o  em  ligações  em  que  houve  perda 
casual,  quer  de  vogaes  [tod'ome,  mentr'eu,  og'eu,  cuita'n,  á'migó)^^) 
quer  de  consoante  {poi'-lo.  Deu' -lo,  mata'- lo). '^)  Num  ponto 
dei -lhe  outra  aplicação,  abusivamente.  Ponho  amar',  viver'  (resp. 
viver'),  dever''  (resp.  dever'),  j)oder',  {poder')  para  distinguir  o  conj. 
fut.,  do  infinitivo,  sem  de  modo  algum  querer  afirmar  que  os  poetas 
suprimiram  a  bel -prazer,  por  licença  poética,  e  surdo  que  costu- 
mava ser  pronunciado  na  prosa  familiar,  s) 

Quanto  ao  resto  da  escrita,  não  a  uniformizei  em  absoluto. 
Regularizei -a   apenas,    cinjindo-me    ás   tendências    preponderantes, 

1)  Na  primeira  época  da  língua  —  enquanto  x,  conservando  o  seu 
som  próprio  de  ds,  nunca  era  confundido  com  s  —  essa  letra  não  era  sujeita 
á  assimilação.  Em  tra-lo  no  Canc,  de  D.  Denis  v.  848  tra  não  equivale 
a  traz  (imp.  de  traxer,  que  ainda  não  havia  substituido  por  analojia  a 
forma  trager),  mas  antes,  a  trás  (prep.). 

2)  Lhe,  Ih' o.  Ih' a  exercem  a  mesma  influência. 

3)  Já  rejistei  exemplos  numa  das  notas  antecedentes. 

4)  E  assim  que  os  trovadores  escreveram ,  exclusivamente.  Nem  uma 
só  vez  ocorre  enno  ou  eno.  Ainda  assim  creio  que  o  e  inicial  seria  branda- 
mente nasalado,  conforme  deixei  dito. 

5)  Também  esta  é  a  única  forma  empregada  no  Códice  da  Ajuda. 
Embora  per  fosse  muito  usado,  a  contracção  pelo  não  o  era. 

6)  O  emprego  de  de  ou  d'  antes  de  vogal  era  facultativo.  Mas  ainda 
assim,  talvez  deveria  ter  contado  d' ela,  d' este  etc.  entre  as  ligações  constantes. 

7)  Nestes  casos  acumulei  ás  vezes  os  dois  sinaes,  sem  vantajem. 

8)  Muito  pelo  contrário,  as  leis  das  finaes  admitiam  em  fim  de  palavra 
as  consoantes  -r,  -l,  -n,  -s,  -x,  mesmo  na  conjugação  dos  verbos,  em 
formas  onde  hoje  é  costume  juntar -lhes  por  analojia  um  ~e  paragójico. 
Além  de  cal,  sal,  vai,  dol,  sol,  pon,  quer,  perdon,  pes,  ampar,  que  já  citei, 
e  do  conj.  fut.  quiser,  poder,  souber  etc,  fax,  fex,  prax,  dix  eram  formas 
normaes,  conquanto  a  par  d'elas apareçam /a«e  (2286), /e«e(1869)pm«e(3771), 
ampare  (1906),  desampare  (6423),  pese  (6530);  soe,  doe  no  Cancioneiro  da 
Vaticana. 


—    xxvn    — 

simplificadoras,  dos  trovadores,  tanto  na  proscrição  do  h  mudo  e 
de  letras  jeminadas  em  princípio  de  dição,  como  na  escolha  de  n 
para  a  nasalidade,  em  fim  de  vocábulos,  e  m  no  interior,  antes 
das  explosivas  p,h',e  ainda  no  emprego  de  um  só  s  e  r.i)  Deixei 
subsistir  as  indecisões  a  respeito  de  i  vocálico  e  y  grego,  e  das 
jeminadas  no  meio  de  vocábulos,  por  serem  muito  frequentes  e 
não  causarem  confusão. 

Modificações  incisivas  são  apenas  a  introdução  áe  j  e  v,  que 
não  precisa  de  justificação, 2)  e  a  substituição  de  nn,  11  por  wfe,  Ih. 
Bani  os  símbolos  nn,  11  por  serem  estranjeirismos  anti-etimolójicos, 
não  somente  inúteis,  mas  enganadores.  Escolhi  nh,  Ih  porque 
vingaram  ainda  na  época  trovadoresca,  e  arraigaram  tão  profunda- 
mente que  hoje  constituem  um  dos  traços  mais  característicos  da 
escrita  portuguesa.  Assim  foram  ortografados  os  diplomas  réjios 
já  no  sec.  XIII.  Assim  também  —  no  tempo  do  rei -trovador  e 
seu  filho,  o  conde  de  Barcelos,  —  os  Cancioneiros  jeraes  de  que 
os  apógrafos  italianos  foram  tresladados.  Há  vantajem,  evidente- 
mente, em  empregarmos  a  mesma  grafia  para  todos  os  textos 
coevos.  ^) 

O  resultado  difere  pouco  do  que  Lang  conseguiu  no  Cancio- 
neiro de  D.  Denis. 

Creio  que,  pelo  menos,  os  beneméritos  reformadores  das  orto- 
grafias portuguesas  verão  com  prazer,  até  que  ponto  os  primeiros 
autores  galego -portugueses  que  se  serviram  do  idioma  pátrio, 
criando  obras  de  arte,  se  aprossimaram  do  ideal  de  simplicidade 
e  de  clareza,  a  favor  do  qual  vão  lutando  indefessos*)  —  ideal 
de  que  infelizmente  os  representantes  do  saber  escolástico,  —  pri- 
meiro os  escrivães  em  chancelarias  réjias,  conventos  e  cabidos, 
posteriormente  na  época  do  Renascimento ,  poetas  e  eruditos  huma- 
nistas, e  nos  últimos  séculos  os  sócios  das  Academias  —  se  afasta- 


1)  No  Glossário,  o  leitor  há  de  encontrar  todas  as  variantes  gráficas 
com  indicação  dos  lugares  onde  estão.  As  duplas -formas,  essas  estão  tanto 
no  texto,  como  no  Olossário. 

2)  Em  pouquissimos  casos  poderia  haver  dúvidas.  Nem  mesmo  em 
ualuer,  ualuera  (v.  815,  2504),  saluasse  (4955),  salue  (4955),  sanetauaya 
(1565). 

3)  Neste  sentido  melhor  fora  substituir  também  mia,  sábia ^  Pavia 
por  mha,  sabha,  Pavha. 

4)  Claro  está  que  o  estado  diverso  da  linguajem  arcaica  não  admite 
que  a  grafia  de  então  se  iguale  á  de  hoje. 


—      XXVIII      — 

ram,  empenhados  em  regular  artificialmente  a  fala  e  a  escrita  por 
modelos  latinos. 

Nada  direi  da  ortografia  que  empreguei  nas  Notas  e  nas 
Investigações.  Escritas  e  impressas,  exactamente  num  período  de 
transição,  em  que  diversas  reformas  foram  tentadas,  de  modo  algum 
podem  servir  de  modelo,  i)  Só  nesta  Advertência  Preliminar  posso 
pôr  em  prática  as  correcções  sistemáticas,  ultimamente  propostas 
por  Gonçálvez  Viana  2),  salvo  algumas  lijeiras  diverjéncias  que  o 
estudo  dos  monumentos  antigos  me  sujeriu. 

Concluo  pedindo  vénia  dos  meus  erros.  Como  o  grande  jénio 
florentino  que  fez  „tão  rico  ordume"  das  criações  trovadorescas ,  direi 
aos  juizes  benévolos: 

Vaglia-mi  il  lungo  studio  è'1  grande  amore! 

Porto,  Fevereiro  de  1904. 

Carolina  Micliai^lis  de  Vascoiicellos. 


1)  Entre  os  numerosos  dislates  que  a  deturpam,  mencionarei  só  um. 
Como  na  escrita  comum  portuguesa  do  sec.  XIX  s  final  denotasse  ser  tónica 
a  vogal  antecedente,  sem  atenção  áorijem,  ao  passo  que  s  se  empregava  sendo 
ela  átona,  servi -me  d' este  modo  de  escrever  para  distinguir  os  Rodrigues, 
Ootiçâlres,  Alvares  de  Portugal  dos  de  Castela  (exactamente  como  diference, 
os  Alfonsos  de  lá  dos  Affonsos  de  cá).  Melhor  fora  escrever  todos  os  pa- 
tronímicos d' esse  tipo  com  ~*;,  a  pesar  de  no  Códice  da  Ajuda  ocorrer  um 
único  {Paay  Moni%)\  e  de  nos  apógrafos  italianos  se  lêr  mais  de  uma  vez 
Eodrígices  Gonçalves  (além  de  Osoyreanes,  Soayres,  Nuneanes,  Affonseanes 
em  que  o  s  é  justificado).  Em  documentos  galegos  e  portugueses  do  soe.  XIIi. 
e  XIV  também  não  é  rara  a  confusão  entre  uns  e  outros.  Vid.  Diss. 
Chron.  I,  p.  285,  287,  296  e  Hist.  Oen.,  Provas  I,  p.  3.  —  A  orijem  também  é 
incerta.  Os  bons  escritores  latinos  da  idade  -  média  indicam  a  filiação  ora  pelo 
jenetivo  em  ~í',  do  nome  paterno  (p.  ex.  Johannes  Martini;  Oomes  Fernandi)\ 
ás  vezes  pelo  suficso  peninsular  {Johannes  Fernandix)\  outras  vezes  pelo 
jenetivo  latino  d' este  derivado  (Jb/íamzes  í^2n^an(/^c^).  Quanto  á  antiga  pro- 
núncia de  -e^x,,  -ix.,  não  pôde  todavia  haver  discussão,  visto  que  navarros, 
provençaes  e  catalães  a  transcreviam  por  ~í^,  -fo,  e  os  castelhanos  com  %,. 
Portanto  quer  seja  ibérica,  quer  jermánica,  quer  latina  a  sua  orijem,  a 
continuidade  histórica  do  português  exije  Rodriguex,   Gonçálvez,  Pérex  etc. 

2)  Ortografia  Nacional:  Simplificação  e  Uniformização  Sistemática 
das  Ortografias  Portuguesas  (Lisboa  1904). 


LACUNA  1'. 

FALTA  UM   CADERNO,  PELO -MENOS;   E  TALVEZ   MAIS. 


(VEJâ-SE   A  SECÇÃO   l^^   DO   APPENDICE.) 


•m 


CANTIGAS 


1  —  13 


DE 


VAASCO  PRAGA  DE  SANDIN. 


1. 

(Tr.  65). 

[Deus,  meu  senhor,  se  vus  prou]\\g\ieY\ 

vos  me  tolhed(e)  este  poder 

que  eu  ei  de  muito  viver; 

ca,  mentr'eu  tal  poder  ouver' 

de  viver,  nunca  perderei 

esta  coita  que  og'  eu  ei 

d'amor  eno  meu  coraçon. 

Ca  mi -a  faz  aver  tal  molher 
que  nunca  mi-á  ren  de  fazer 
per  que  eu  ja  poss'  a  perder; 
que,  enquant'  eu  viver  poder', 
por  esto  a  non  poderei 
perder  per  ren,  mais  averei 
d'ela  mais,  con  mui  gran  razon. 


10 


I  Texto:  As  sette  primeiras  syllabas  faltam  no  CA,  certamente  por 
iterem  tido  seu  lugar  no  fim  da  pagina  antecedente.  Mesmo  se  nos  faltasse 
^;o  Clí  para  confronto,  a  restituição  de  Varnliagen  Meu  senhor  se  vos  i^rouguer 
|«ra  inaceitável,  por  peccar  contra  o  metro.    As  cantigas  No.  54  e  122,  assim 

)mo  CV  6S7  e  1050,   poderiam  ter -lhe  ministrado  o  material  para  recon- 
|lrucção  segura. 

Variantes:  CB  91  (65)  —  1  Deus  meu  senhor  se  vus  prouguer  — 

mi  tolhcd'  este  —  4  oer  —  6  ei  falta  —  8  fais  —  10  eu  possa  ja  perder 

15  e  quant'  esta  coita  —  16 — 17   iia  a  que  orne  falar  ven  ||  seit  amor 

nxa  s.  s.  h.  —  18  mort'  —  20  a  [quenj  teu  esta  coita  t.  —  21  xe  —  Ihi. 

II  Forma:  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios  jam- 
íicos.  —  As  primeiras  duas  estrophes  estão  ligadas  pelas  consoantes.  A 
Itima  estíí  desirmanada.  Talvez  lhe  falte  o  par  (como  o  sentido  pouco 
laro  faz  suppor).  Se  existisse,  teríamos  coplas  pareadas,  com  uma  pa- 
IV r a  perduda  no  fim  de  cada  estrophe.  Ordem  das  rimas:  abbaccd.  — 
timas  breves.  O  grupo  I"  termina  em  érW  e/-('>)  e/Cc)  o?i(«i);  a  estrophe 
Bolada  em  ôrW  én{^>)  ali^)  «x(<').     Cfr.  os  Nos.  31.  36.  84. 


_     6     — 

15  Ca  non  este  ciiita  d'amor  15 

lia  que  orne  filhar  ven, 

se  orne  leixa  sen  seu  ben, 

ou  sen  mort(e),  ou  se  faz  melhor; 

mais  semelha  muit'  outro  mal. 
20     E  quen,  á  esta  cuita  tal,  20 

maçar  se  morre,  non  lhe  praz! 

III  Eazoamento:  Lieber  Gott,  schenk  mir  kein  langes  Leben,  doon 
solaQge  ich  Icbe,  habe  ich  Liebespein  zii  ertragen  (1). 

Meine  Herrin  wird  nie  etwas  thun  uni  mich  jenes  Leidens  zu  ent- 
heben;  vielmebr  wird  selbiges  bestãndig  wachsen  (2). 

Die  ist  keine  wahre  Liebespein,  welche  nacblasst  (besser  wird  =  se 
fax  melhor)  oder  ganzlich  scbwindet  (den  Menschen  verlâsst  =  orne  leixa) 
aus  anderen  Griindeu  ais  nach  erwiesener  Gunst  {ben)  oder  durch  den  Tod. 
Wer  an  solclier  (unecbter)  Liebespein  leidet,  dem  gefãllt  es  nicht  zu  sterben 
(wie  bei  mir  der  Fali  ist)  (3). 

lY  Varia:  O  verso  21  vem  accompanhado  no  CA  da  nota  marginal 
di%,  tidade,  i.  é:  diz  verdadel  —  Colocci  assignalou  a  cantiga  no  seu  ma- 
nuscripto  com  uma  cruz  (-f-). 


2. 

(Tr.  66). 

Senhor  fremosa,  grancF  envoja  ei 
eu  a  tod'  ome  que  vejo  morrer; 
e,  segund'  ora  o  meu  conhecer 
f.i{^=4i)b  enquant'  ||  est'  6,  faço  mui  gran  razon,  25 

5      ca  ei  por  vos  eno  meu  coraçon 

taii  gran  cuita,  que  mil  vezes  me  ten, 
senhor,  sen  fala  e  sen  todo  sen: 
e  non  vus  queredes  de  min  doer! 

Pêro,  senhor,  iia  ren  vus  direi:  30 

con  tod'  est'  ora  non  ei  eu  poder, 
per  bõa  fé,  de  nulh'  enveja  aver 
a  nulh'  ome  de  quantos  vivos  son, 
mais  faç'  eu  esto  porque  sei  ca  non 
vive  nulh'  ome  que  de  vos  mais  ben  35 

aja  de  mi  (que  non  ei  de  vos  ren 
se  non  quant'  ora  m(e)  oistes  dizer), 

I  CB  92  (66)  —  1  mtiigrand'  —  2  O  CA  traz  segud.    Falta -lhe  o  tU. 

—  4  0  c,  desligado  das  letras  este  do  CA,  falta  no  CB,  que  traz  apeuas 
.est  —  6  coita  —  7  CA  tem  falia  (i.  é  falha),  o  que  não  dá  sentido  que 
; satisfaça.  —  8  mi  —  11  nulha  —  15  miu' —  16  m' oistes  d.  —  21  Falta 

no  CB.  —  22  oer  —  24  pod'  en  ai  —  25  coita  —  26  dixi  —  Ambos  os 
códices  escrevem  o  por  ou,  á  maneira  hespanhola  —  29  e  falta  no  CB  • — 
30  min  —  32  xi  —  peior  —  O  CA  offerece  penso,  á  hespanhola. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x8.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  pareadas  com  uma  palavra  perduda  no  principio:  abbccddb. 

—  Rimas  breves.  —  O  grupo  P  termina  em:  e^■(a)  erC»)  owW  éw(d); 
soll"  em:  éW  orO)  ar{f^)  ér(<>).  —  A  rima  melhor  for  seria  hoje  imperfeita, 

,  visto  que  todos  os  comparativos  latinos  se  pronunciam  desde  o  século  XVI 
'com  d  abeiio,  influenciados  por  mor  =  moor  por  maor  (maior). 

Colocci  annotou:  le  due  cõ  le  due  accod  qt  strophe  et  antistrophe. 


E  porque  sei  tan  ben,  per  bõa  fé, 
que  non  sei  cousa  no  mundo  melhor 
que  ja,  entanto  cora'  eu  vivo  for',  40 

20     nulha  cousa  non  me  pode  guardar 
d'aquesta  cuita  que  levo  levar, 
se  eu  de  vos  algun  ben  non  ouver'; 
e  o  que  m'ende  guardar  non  poder', 
ja  me  non  pod(e)  en  ai  prestar,  senhor.  45 

25  Ca  esta  cuita,  senhor,  tan  grand'  é 

com'  eu  vus  dixe  ja,  o[u\  é  major, 
e  ben  creede  que  non  é  meor. 
E  ora,  por  Deus,  que  vus  fez  falar 
mui  ben,  senhor,  e  mui  ben  semelhar,  50 

30     doede-vus  de  mi,  se  vus  prouguer'; 
e  se  o  fezerdes,  ja  foi  niolher 
que  xe  pensou  de  sa  alma  peor. 

III  Ich  beneide  jedweden,  der  stirbt;  und  thue  recht  daran ,  denn  die 
Liebe  zu  Euch,  Herrin,  peinigt  mich  oft  bis  zur  Sprach-  und  Sinnlosig- 
keit  (1). 

Doch  beneide  ich  keinen  Lebenden,  denn  keinem  seid  Ihr  gniidiger 
ais  mil-  (2). 

Solange  ich  lebe,  kann  nichts  niir  helfen,  es  sei  denn  Ihr  erwieset 
mir  Gunst  (3). 

So  gross  wie  ich  schon  gesagt  habo,  odor  noch  grõsser,  aber  nicht 
kleiner  ist  meine  Pein.  Um  Gottes  wiilen,  der  Euch  so  schõne  Rede  und 
so  schõnes  Aussehen  gab,  solltet  Ihr  Euch  meiner  erbarmen.  Thut  Ihr  es, 
so  ist  es  zu  Eurem  Seelenheil  (4). 

IV  O  verso  2  inspirou  a  um  leitor  desconhecido  do  Noiie  de  Portugal 
a  reflexão:  este  ahia  èbeia  aos  que  bia  morrer  i.  c,  tirada  a  pronuncia 
gallega:  este  havia  enveja  aos  que  via  morrer.  No  fim  da  pagina  ha  outra 
nota:  estat  ijnha  sua  alma  mal  empregada  (ou  mal  enipensada?  v.  vei'SO  32). 
Os  caracteres  estão  muito  apagados. 


3. 

(Tr.  67). 

f.i{=4i)c    II  Senhor  fremosa,  par  Deus,  gran  razon 
seria  ja  agora  se  en  prazer 
vus  caesse  de  quererdes  prender 
doo  de  min;  ca  ben  dê-la  sazon 
que  vus  eu  vi  e  que  vusco  falei, 
Deu -lo  sabe,  ca  nunca  desejei 
ben  d'este  mundo  se  o  vosso  non. 


mi 


15 


55 


60 


Nen  desejarei  no  meu  coraçon 
enquant'  eu  ja  eno  mundo  viver', 
ca,  de  pran,  vus  ei  mayor  ben- querer 
de  quantas  cousas  eno  mundo  son. 
E  de  mais,  ua  cousa  vus  direi: 
non  me  quitará  ren,  eu  ben -no  sei, 
de  vus  querer  assi,  se  morte  non. 

Ca,  de  pran,  se  m'end'  ouvess(e)  a  quitar 
nulha  cousa  sen  morte,  mia  senhor, 
quitar- m'end'-ia  o  mui  gran  sabor 
que  vus  vejo  aver  de  m'alongar 
de  vos  mui  mais  ca  outr'ome  por  én; 
mais,  mia  senhor,  direi-vus  ua  ren: 
non  vus  am'  eu  por  vus  ar  desamar, 


65 


70 


I  €15  93  (67)  —  1  Ambos  os  códices  escrevem  erradamente  saxon  — 

CA  traz  Ben.     O  illuminador  da  maiúscula  enganou -se,  e  pintou  um  5, 

lugar  do  N.  —   21  CA  apresenta  dess  amar.,  separando  o   prefixo  do 

irerbo.  —  amei.,  em  substituição  de  am'eii  faria  melhor  sentido.  —  33  CA 

Bcrevo  com  deficiência:  e  este  mund  orne. 

Variantes:   2  ora  —    3   (queredes)   —  4  mi  —  5  vosco  —  6  que 
9  (no)  —  10  sei  —  15  oess'  —  18  (vef  aver)  —  19  outr'otnen  —  20 
íalta  ren  —  22  enquanto  vivo  for  —  30  mi  —  31  (d' aver  vos)  —  32  mi 
33  mund'  a. 


—     10     — 

Ben-no  creede,  mais  por  viis  buscar  75 

muito  serviç'  enquant'  eu  vivo  for', 
e  porque  vus  fez  parecer  melhor 
25      Deus  d'outra  dona,  e  melhor  falar. 
f.i{=4i)d    II E  el  que  vus  tal  fez,  se  m'algun  ben 

non  der'  de  vos,  senhor,  non  me  dê  sen         80 
nen  poder  de  vus  por  ón  desamar. 

Ca  sei  eu  ben,  u  outra  ren  non  jaz, 
30      ca  me  será,  mia  senhor,  mais  mester 
de  veer  vos,  se  end'  a  vos  prouguer', 
ca  me  será  o  mayor  ben  que  faz  85 

en-neste  mund'  [a]  om(e)  outra  molher. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  5.  —  Éa  única  vez  que  uma 
fiinda  se  compõe  de  cinco  versos,  e  tem  rimas  independentes.  —  Deca- 
syllabos  jambicos.  —  Coplas  pareadas:  albbacca,  com  uma  fiinda: 
deede.  —  Rimas  breves.  —  O  grupo  1°  termina  em:  on(a)  éX'')  e«(c); 
o  IP  em:  ar(a)  on'>)  éw(c);  a  fiinda  em  a*  ér  ér  ax  er,  sem  ligação  alguma 
com  as  estrophes  antecedentes. 

Colocci  anota:  le  due  cõ  le  due  et  qt  congedo  qi  epodo. 

III  Es  ist  Zeit,  Herrin,  dass  Ihr  Euch  meiner  erbarmt:  seit  ich  Euch 
gesehen  und  gesprochen,  erstrebtc  ich  niclits  ais  Eure  Huld  (1). 

Solange  ich  lebe,  werde  ich  nichts  anderes  auf  Erden  begehren;  nur 
der  Tod  wird  mich  davon  abwenden  (2). 

Wâre  es  mõglich,  dass  irgend  etwas  anderes  mich  davon  abwendete, 
so  wâre  es  Euer  "Wunsch,  mich  von  Euch  fern  zu  halten  (3). 

Doch  babe  ich  Euch  uicht  bis  zur  Stunde  geliebt,  um  Euch  nun 
Unliebo  entgegenzubringen.  Davor  mõge  Gott  mich  schútzen,  der  Euch 
schõneres  Aussehen  und  schõnere  AYorte  gab  ais  anderen  Frauen  (4). 

Mehr  not  thut  mir  Euer  Anblick  ais  die  hõchste  Gunst,  von  anderen 
gespendet  (I). 

IV  Uma  nota  marginal  classifica  esta  poesia  de:  boa. 


10 


15 


4. 
(Tr.  68). 

Quen  oge  mayor  cuita  ten 
d'amor  eno  seu  coraçon 
de  quantos  d'el  cuitados  son, 
Nostro  Senhor  lhe  ponha  i 
conselho,  se  a  el  prouguer' 
atai  per  que  lh'a  tolha  6n. 

E  creed'  ora  na  ren: 
ca  non  6  outre  se  eu  non, 
que  mi -a  tive  dê-la  sazon 
que  eu  primeiramente  vi, 
per  bõa  fé,  atai  molher 
que  dá  mui  pouc(o)  ora  por  én. 

Mais  pêro,  enquant'  eu  viver', 
sempre  a  ja  mais  amarei 
d'outra  cousa,  e  rogarei, 
o  mais  que  eu  poder'  rogar, 
a  Dens  que  el  mi -a  leix(e)  oír 
falar  e  mi -a  leixe  veer; 


90 


95 


100 


I  CB  94  (68)  —  1  coita  —  2  (e  nõ)  —  4  Ihi  —  O  per  falta  no  €B 

—  7  cst  oiitren  — •  8  tivi  —  11  a  tal  m.  —  12  pouc'  ora  —  14  mais 
falta  no  CB  —  17  Uix'  oir  —  19  A  maiúscula  vermelha  E  que  serve  de 
inicial  á  ultima  estrophe,  foi  por  engano  pintada  pelo  illuminador  do  CA  junto 
ao  verso  20.  CB  escrevo  E  esso  el  —  20  O  non  falta  no  CA.  CB  escreve 
log'  eu.   —   21  (caa  uida  tig  mais  . . .  ==  i.  ó  ca  ainda)   —   22  m'avcrei 

—  23  coita  —  24  eu  falta  no  CB. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6.    —    Octonarios  jambicos.   — 
Coplas  pareadas  com  duas  palavras  perdudas  nos  versos  õ  e  6:  abbcda. 

—  Rimas  breves.  —  O  grupo  P  termina:  6?^(a)  owC»)  *(c)  eVW;  o  IP 
em:  er<a)  e*('»)  a?"(c)  *V(<1). 


—     12     — 

E  se  o  el(e)  quiser'  fazer  105 

20      log(o)  eu  coita  [non\  sentirei; 
ca  inda  vus  \eii\  mais  direi: 
logo  mi-averei  a  quitar 
de  nunca  ja  cuita  sentir 
enos  dias  que  eu  viver'.  110 

Colocci  caracteriza  a  metrificação  pelas  formulas:  8  syll.  —  le  due  cõ 
le  due  —  senxa  ejwdo. 

III  Dem ,  welcher  die  grõsste  Liebespein  im  Herzen  trâgt,  mõge  unser 
Herrgott  Hilfe  schaffen  (1). 

Und  das  bia  ich  (Ilir  líõnnt  es  mir  glauben)  und  zwar  seit  ich  die 
Frau  zum  ersten  Male  sali,  die  sicli  wenig  aus  mir  macht  (2). 

Trotzdem  werde  ich  sie  meia  Lobelang  liobou  und  zu  Gott  beten,  er 
mõge  bewirken,  dass  ich  sie  sehe  und  hõre  (3). 

Thut  er  es,  so  fiihlo  ich  meine  Qual  nicht,  noch  werde  ich  sie  fiir  alio 
Zukunft  je  wieder  fiihlen  (4). 


G.  I:  2  a 

f.  2  (=  42)a 


10 


15 


20 


5. 

(Tr.  72). 

II  Orne  que  gran  ben  quer  molher 
gran  dereit'  á  de  trisfandar; 
ca  se  lh'ela  non  quer  prestar, 
ai  do  mundo  non  lli'  á  mester. 
Mais  (3  que  mester  lhe  pod'  aver 
o  que  lhe  non  pode  tolher 
tal  cuita  como  sigo  ten? 

E  se  est  om',  a  que  Deus  quer 
per  algfia  ventura  dar 
d'el(a)  algun  ben,  log'  a  cuidar 
dev'  esto  (se  scient'  ouver') 
ca  inda  o  á  de  perder, 
e  creo  que  dev'  a  morrer, 
se  o  cuidar,  con  pesar  én. 

E  tod'  ome  que  se  poder' 
per  algua  guisa  guardar 
de  nunca  molher  muit'  amar, 
fará  bon  sen,  se  o  fezer'; 
que,  enos  dias  que  viver', 
(jque  pesar  pode  já  prender 
eno  mundo  per  outra  ren? 


115 


120 


125 


130 


I  CB  95  (69)  —  1  omen  —  {a  molher)  —  5  Ihi  —  6  Ihi  —  7  coita 

—  9  A  lição  do  CA  mentira  (mêtira)  é  inaceitável  —  11  {se  rccient)  oer 

—  12  {eriídãdoa  de  j9.)   —   13  hen  creo  —   15  (codome)   —   19  ca  —   20 
poderá  —  23  d'ir  —  27  logo  —  28  coita  s.  nenhum. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes  com  uma  palavra  perduda  no  fim  das  estrophes: 
abbaccd.  —  Rimas  breves:  ér(a)  arW  êr(c)  énW. 

Colocci  caracteriza  a  construcção  métrica  pela  formula  sei  dissi. 


„     14     — 

Mais  quen  s'6n  ben  guardar  quiser', 
guarde -se  ben  d(e)  ir  a  logar 
II  veja  o  bon  semelhar 
25      da  mia  senhor,  se  lhe  Deus  der',  135 

que  a  tal  fez,  end'  o  poder; 
ca  se  o  vir',  log'  á  d'aver 
mui  gran  cuita  sen  neun  ben. 

III  Wer  eine  Frau  liebt,  muss  traurig  sein,  da  ihm  nichts  auf  Erden 
niitzt,  so  sie  ihm  nicht  hold  ist.  Denn  wie  kõnnte  ihm  frommeo,  was  ihm 
diese  Qual  nicht  nimmt?  (1). 

Giebt  os  aber  einen  Mann,  dem  Gott  die  Gunst  seiner  Dame  schenkt, 
so  muss  er  (falis  er  Verstand  hat)  sogleich  daran  denken,  dass  er  sie  einmal 
verlieren  wird.     Und  das  ist  Todespein  (2). 

Wer  sich  vor  Frauenliobe  húten  kann,  thut  wohl  daran.  Nichts  kann 
ihn  bekiimmern  (3). 

Doch  hiite  er  sich,  an  die  Stiitte  zu  gohen,  wo  meine  Horrin  weilt. 
Sonst  fiihlt  er  sofort  Liebespein  (4). 


6. 

(Tr.  73). 

f.2(=42)b  II  Como  vos  sodes,  raia  senhor, 
mui  quite  de  me  ben  fazer, 
assi  m'ar  quit'  eu  de  querer 
ai  ben,  enquant'  eu  vivo  for', 
5     se  non  vos.     E  sei  fia  ren: 
se  me  vos  non  fazedes  ben, 
nen  eu  non  vus  faço  prazer. 

E  per  boa  fé,  mia  senhor, 
por  quite  me  tenh'  eu  d'aver 
vosso  ben,  enquant'  eu  viver', 
nen  ai  en  que  aja  sabor. 
Mais  vos  en  preito  sodes  én, 
ca  me  vus  non  quit'  eu  por  én 
de  vosso  vassalo  seer; 


10 


140 


145 


150 


I  CB  96  (70)  —  2  0  CÁ  escreve  separadamente  quit  e  —  2  CB  mi 
—  3  (quitou)  —  6  mi  —  13  que  —  17  coita  —  19  m,i  falta. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  efj^uiconsoantes:  atobaccb.  — ■  Rimas  breves:  Ôr(a)  êrC»)  éni^). 
O  primeiro  verso  de  cada  estrophe  termina  em  m,ia  senhor.  As  rimas 
senhor  for  sabor  melhor  seriam  hoje  imperfeitas.    Cfr.  No.  2. 

Colocci ,  reconhecendo  na  repetição  de  mia  senhor  o  artificio ,  chamado 
em  provençal  replicado,  escreveu:  seldissif;]  et  hdtfimja  parola  dei 
p[rim]o  verso  replica. 

III  Wie  Ihr,  Herrin,  davor  sicher  seid,  mir  je  Gutes  zu  thun,  so 
bin  ich  sicher,  nur  Euch  mein  Lebtag  zu  lieben  (1). 

Unser  Vertrag  ist  nicht  gelõst,  ich  bin  und  bleibe  Euer  Vasall  (2). 
AVas  ich  von  Euch  empfange,  ist  eitel  Leid.     Wâre  ich  da  nicht  ein 
Narr,  so  ich  nicht  darnach  strebte,  Euch  zu  sehen  (3)? 


—     16     — 

15  E  quant'  eu  prendo,  mia  senhor, 

de  vos,  quero  vo-lo  dizer: 

ei  mui  gran  cuita  de  soffrer  155 

ca  non  prendo  de  vos  melhor. 

E  pois  mi-assi  de  vos  aven, 
20     ome  seria  eu  de'  mal -sen, 

se  non  punhass'  en  vus  veer. 


f.2  [= 


42)c 

5 


10 


7. 
(Tr.  74). 

Vos  que  nii-assi  cuitacles,  mia  senhor,  160 

que  eu  me  quite  de  vus  ben  querer, 

de  pran  (Jcuidades  que  algun  poder 

ei  eu,  II  senhor,  de  me  vus  én  quitar? 

ca  vos  por  ai  non  o  ides  fazer. 

Mais  a  verdad[e]  vus  quer'  eu  dizer:  165 

este  poder  nunca  mi -o  Deus  quis  dar. 

Mais  se  mi -o  Deus  dess(e)  ora,  mia  senhor, 
ainda  me  poderia  valer, 
ca  log[o]  m'eu  quitaria  d'aver 
gran  cuita  e  de  vus  fazer  pesar;  170 

mais  o  vosso  fremoso  parecer, 
que  eu  por  mi  non  ouver'  a  veer, 
me  quitou  ja  de  mi -o  Deus  nunca  dar. 


15 


20 


E  quitou -me  por  sempre,  mia  senhor, 
per  bõa  fé,  de  nunca  eu  saber 
sen  veer- vus,  senhor,  que  x'é  prazer; 
e,  senhor,  non  vo-lo  quer'  eu  negar: 
se  vus  de  mi  non  quiserdes  doer, 
veer-m'edes  cedo  por  vos  morrer, 
ca  ja  m'end'eu  vejo  de  guis'  andar. 


175 


180 


I  CB  97  (71)  —  6  CA  tem  erradamente  verdad  —  9  CA  tem  e  imla 

—  10  Em  CA  falta  a  ultima  letra  de  logo. 

Variantes:    ÇB   —   1   m'assi  coitades    —    8  dess'ora  ma   senhor 

—  9  ainda  —  10  logo  —  11  coita  —  13  ouvera  a  veer  —  17  vos  —  21 
guisa  —  24  pudi  —  25  eoita  —  foi  —  26  nen  m'en  —  28  eoita  —  vef 
andar. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abbcbbc.  —  Rimas  breves:  or(^)  er(b)  ari«)' 

2 


~     18     — 

E  se  vus  digo  pesar,  mia  senhor, 
non  me  devedes  én  culpa  põer, 
ca  entanto  com'  eu  pude  soífrer 
25     mia  cuita,  non  vus  fui  d'ela  falar, 

nen  me  soub'ende  soo  trameter,  185 

mais  non  sei  ora  conselho  prender 
a  esta  cuita  'n  que  me  vej(o)  andar. 

—    O  primeiro  verso   de   cada  estrophe   acaba    em   mia  senhor^   como  na 
cantiga  antecedente. 

E  por  isso  que  Colocci  diz  simplesmente:  seldiffi  simil  ut"^. 

III  Ihr,  die  Ihr  mich  so  quàlt,  dass  ich  micli  davon  lossagen  will, 
Euch  zu  lieben,  wáhnt  Ihr  etwa,  Herrin,  ich  hatte  die  Macht  es  zu  thxin? 
deun  nichts  andores  bezweckt  Ihr.  Die  Wahrheit  aber  ist,  dass  Gott  mir 
nicht  die  Macht  dazu  gegeben  hat  (1). 

Gabe  er  sie  mir  aber  jetzt,  so  kõunte  er  mir  noch  helfeu,  denn  gleich 
wiirde  ich  von  der  grossen  Sorge  frei  sein,  und  auch  davon,  Euch  Kummer 
zu  bereiten.  Eure  Schõnheit  aber,  (die  ich  nie  híitte  sehen  soUen)  ist  Ur- 
sache,  dass  Gott  sie  mir  nicht  geben  kann  (2). 

Und  daran  Schuld,  dass  icli  die  Freude  nicht  kenne.     Habt  Ihr  nicht 
Erbarmen  mit  mir,  so  muss  ich  sterben  (3). 

Macht  Euch  diese  meine  Eede  Kummer,  so  beschuldigt  mich  nicht. 
Solange  ich  schweigen  konnte,  that  ich  es.     Jetzt  aber  bin  ich  ratios  (4). 


I 


f.2{== 


'i2)d 
5 


15 


20 


8. 

(Tr.  75). 

Se  Deus  me  valha,  mia  senhor, 

de  grado  querria  saber 

se  avedes  algun  ||  sabor 

en  quanto  mal  m'ides  fazer; 

ca  se  sabor  avedes  i, 

gran  ben  per  est'  ó  porá  mi. 

Mais  poi-Teu  non  sei  <jque  me  vai? 

E  seed(e)  ora  sabedor 
do  que  vus  eu  quero  dizer: 
ca  me  seria  mui  melhor 
de  sempre  de  vos  mal  prender 
(se  sabor  ouvessedes  i) 
ca  de  prender  ja  sempr(e)  assi 
de  vos  ben,  se  vus  foss'én  mal. 

E  quen  mi -a  mi  por  de  mal -sen, 
mia  senhor,  por  esto  tever', 
flirei-lh'eu  que  faça;  porén 
non  faç'  assi,  se  non  quiser'! 
Ca  ja  eu  sempre  guardar-m'ei 
d'aver  mais  ben  do  que  og'ei, 
se  per  vosso  mandado  non. 


190 


195 


200 


205 


I  Emendei  no  verso  24  nen  por  non^  em  conformidade  com  o  CB. 
Imprimi  também  compõer  por  cõpoer  no  verso  28. 

Variantes:  CB  98  (72)  —  1  mi  —  6  esf  pêra  mi.  —  O  ê  falta, 
por  engano.  —  7  pois  lh'eti  —  mi  —  8  seed'ora  —  10  mi  —  13  sempffy 

—  15  E  quen  a  min  —  17  por  én  —  18  faça  —   22  nenhtm  —  23  én 

—  25  anfeu  —  27  coita. 

II  Cantiga    de  meestria:    4x7.    —    Octonarios  jambicos.    — 
Coplas    pareadas    com    uma  palavra  porduda    no    fim:    ababccd.   — 

2* 


—     20     — 

E  Deus  nunca  me  neun  ben 
dê,  se  end(e)  a  vos  non  prouguer',  210 

ca  non  fará  per  nulha  ren, 
25      se  o  ant(e)  eu  saber  poder'. 

Ca  de  tal  ben  eu  guardar-m'ei; 

e  con  mia  cuita  me  querrei 

compõer  con  meu  coraçon.  215 

Rimas  breves:  no  grupo  1°:  ôr(a)  cr(h)  *(c)  aZ(<i);  no  11"  m(a)  erCJ)  eí(c)  oni^). 
A  rima  sabedor  melhor  seria  hoje  considerada  como  imperfeita. 

Colocci  resume  o  seu  parecer  na  formula:  simile  —  le  diie  alie  due. 

ni  Ich  mõchte  wissen,  Herrin,  ob  das  Leid,  welches  Ihr  mir  bereitet, 
Euch  Freude  macht,  denn  in  diesem  Falle  ist  es  auch  fiir  mich  etwas  Gutes  (1). 

Lieber  -wâhle  ich  fúr  mich  Leid,  das  Euch  Freude  macht,  ais  Lust 
fúr  mich,  die  Euer  Schade  ist  (2). 

"Wer  mich  darob  fiir  einen  Narren  hâlt,  thue  also  nach  Belieben,  oder 
unterlasse  es.  Ich  werde  mich  hiiten,  ohne  Euron  Befehl  nach  mehr  Gunst 
zu  streben  ais  ich  heute  geniesse  (3). 

Gott  môge  mir  kein  Gutes  schenken ,  das  Euch  nicht  genehni  ist.  Und 
er  wird  es  nicht  vermõgen ,  so  ich  zur  rechten  Zeit  davon  erfahre ,  denn 
dann  werde  ich  mich  zu  schiitzen  wissen.  Mit  meiner  Herzenspein  werde 
ich  mich  abfinden  (4). 


G.  I:  3a 
f.  3  (=  43)a 


lõ 


9. 

(Tr.  76). 


De  ciiita  grand(e)  e  de  pesar 

non  á  og'  o  meu  coraçon 

milha  mingua,  ||  si  Deus  m'ampar. 

E  yedes,  senhor,  por  que  non: 

Porque  vus  vej(o)  en  mi  perder 

mesura,  que  tanto  valer 

sol  sempr(e)  a  quen-na  Deus  quer  dar. 

E,  senhor,  mais  vus  direi  ón: 
esso  pouco  que  eu  poder' 
viver  no  mundo  (se  quiser' 
Deus)  assi  viverei  por  ón. 
E  tan  mal -dia  eu  naci, 
porque  vos  fazedes  per  mi 
cousa  que  vus  non  está  ben. 


220 


225 


E  creo  que  fará  mal -sen 
quen  nunca  gran  fiuz'  ou  ver' 
f    en  mesura  d'outra  molher; 
e  direi- vus  por  que  mi  aven: 
porque  me  leixades  assi 
20     morrer,  e  non  catades  i 

mesura,  nen  Deus,  nen  ai  ren. 


230 


235 


I  O  illurainador  desenhou  um  S  em  lugar  do  D  inicial.     No  verso  13 
lendei  vos  por  vus^  e  no  24  substitui   o  hespanholismo  fuesse  por  fosse. 

Variantes:  CB  99  (73)  —  1  coita  —  e  de  falta  —  5  vi  {eu  mi)  — 
i8empr'a  —  qtien  a  —  13  por  tni  —    16  (que)  —  feuza  —   17  molher 
18  m'aven  —  24  m'assi  f.  matar  —  25  {ca)  —  28  podess'  estar. 

II  Cantiga  do  meestria:   4x7.    —    Octonarios  jambicos.   — 
toplas  pareadas,  das  quaes  um  par  (estr.  1  e  4),  com  rimas  na  ordem 


—     22     — 

E,  mia  senhor,  a  meu  cuidar, 
cousa  faria  sen  razon 
eu,  se  mi-assi  fosse  cuitar 
25      con  mia  mort'  en  esta  sazon,  240 

que  me  vos  fazedes  morrer, 
se  podess'  en  guisa  seer, 
que  mal  non  vus  podess(e)  estar. 

ababcca  abraça  o  outro  (2  e  3)  que  tem  as  rimas  abbacca.  —  O  gmpo  exterior 
acaba  em:  ari^i)  oni^)  cXc);  o  interior  em:  enW  éri^*)  í(c). 

Colocci  indica  a  ordem  desusada  das  estro phes  pela  formula:  la  prima 
et  luU[im]a  et  le  dice  di  mexo. 

III  Ich  bin  gramerfiillt,  weil  Ihr,  Herrin,  die  Grenzen  im  Quàlen 
úberschreitet  (1). 

Und  solange  ich  lebe,  werde  ich  darob  gramerfiillt  bleiben  (2). 

Wer  je  auf  Masshalten  bei  anderen  Frauon  rechnet,  ist  ein  Narr,  da 
Ihr  mich  zu  Tode  peinigt  (3). 

Wollte  ich  iiber  dies  mein  Sterben  aus  anderem  Gruude  klagen,  ais 
weil  es  Euch  iibel  steht,  ich  tbâte  Unrecht  (4). 

IV  As  estrophes  3  e  4  poderiam  ser  invertidas,  sem  que  isso  preju- 
dicasse o  sentido;  antes  pelo  contrario,  o  nexo  lógico  das  ideias  ficaria  assim 
restabelecido. 


10. 

(Tr.  77). 

f.  3  (=-  43)b  II  Que  soo  conselho  que  vos,  mia  senhor, 

m(e)  en  este  mundo  fazedes  viver!  245 

E  non  atend'eu,  raao-pecado, 
de  nunca  i  mais  de  conselh'  aver, 
5      ca  me  non  sei,  senhor,  sen  vosso  ben 
niun  conselh',  e  viv'  assi  por  én 
sen  conselho  o  dei  desasperado.  250 

E  ora,  por  Deus,  que  vus  fez  melhor 
falar  e  mais  fremoso  parecer 
d'outra  dona,  e  mui  mais  loado 
o  vosso  prez  pelo  mundo  seer, 
pois  a  mi  contra  vos  mester  non  ten  255 

nulha  cousa,  dizede-me  fia  ren: 
(jque  farei  eu,  desaconselhado? 

E  ja  m'end'eu  ben  sõo  sabedor, 
maçar  mi -o  vos  non  queirades  dizer: 
morrer  cativo,  desamparado!  260 

E  mia  senhor,  non  vus  dev'  a  prazer, 
ca,  pois  eu  morrer',  logo  dirá  'Iguen, 
senhor  fremosa,  por  quê  e  por  qu.en 
eu  fui  assi  a  mort'  achegado, 

I  Vos  (por  vus)  no  primeiro  verso  é  restituição  minha. 
Variantes:  CB  100  (74)  —  1  m'en  —  6  {nenhufnj  conselhenuyaffé) 

7  conselh'  —  9  {falhar)  —  12  min  —  13  niilla  —  mi  —  15  hen  falta 
17  cativ'e,  lição  preferível.  —  19  dirá  alguen  —  22  (etanto)  —  23  teer 
24  omen  —  muim  —  28  por. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x:  7.   —   Versos  de  dez  syllabos: 
•  ecasyllabos  jambicos,   misturados  com   nonarios   trochaicos    (nos 


20 


_     24     — 

E  ja,  entanto  com'eu  vivo  for',  265 

per  bõa  fé,  ben  me  dev'a  tSer 
por  orne  mui  desaventurado, 
25      senhor,  porque  me  vus  Deus  fez  veer, 
e  non  por  esto  que  me  por  vos  ven, 
mais  porque  vejo  que  é  vosso  sen  270 

per  meu  preito  mal  embaratado. 

versos  3  e  7).  —  Coplas  equiconsoantes  com  uma  palavra  perduda  no 
principio  abcbddc.  —  Rimas  breves  e  longas:  Ôr(a)  er('>)  adoi^)  éwW. 

Colocci  não  atendeu  bem  á  stmctura  da  poesia  quando  lançou  a  nota: 
addue. 

III  Ratios  lebe  ich  durch  Eure  Schuld,  Herrin,  und  ohne  Hoffnung 
auf  Besserung  (1). 

Bei  Gott,  der  Euch  schõner  und  redebegabter  und  angesehener  ais 
andere  Frauen  schuf,  sagt  an:  ^was  thue  ich,  Ratloser?  (2). 

Sterben !  das  weiss  ich  schon ,  ob  Ihr  es  auch  nicht  aussprecht.  Doch 
soUtet  Ihr  damit  nicht  einverstanden  sein,  denn  sobald  ich  tot  bin,  wird 
nian  erfahren,  weshalb  und  um  wen  ich  starb  (3). 

AVeil  ich  Euch  geschaut,  bin  ich  lebensláuglich  unglúcklich,  solange 
ich  lebe.  Doch  nicht  um  dessentwillen,  was  mir  durch  Euch  widerfáhrt, 
sondern  weil  durch  Euer  Verhalten  zu  mir  Euer  [gesunder]  Verstaad  in  die 
Briiche  gegangen  ist.  (4) 

IV  Uma  nota  marginal  (ao  pé  do  verso  10)  sentenceia  que  esta  can- 
tiga é:  boa. 


11. 

(Tr.  78  e  p.  392). 

Tanto  me  senç'  ora  ja  cuitado 
/.  3  (=  43}c    que  II  eu  ben  cuido  que  poder 
non  aja  ren  de  me  valer; 

ca  esta  cuita,  mao- pecado,  275 

5     tal  me  ten  ja  que  non  ei  sen 
de  me  temer  de  neun  mal, 
nen  ar  desejar  neun  ben! 

E  pêro  nunca  foi  em  pensado 
que  podess(e)  eu  per  ren  veor  280 

o  que  me  faz  tal  cuit(a)  aver, 
por  que  en  esto  soo  chegado. 
E  inda  vus  mais  direi  én: 
nunca  dei  prix,  por  quanto  mal 
eu  por  el  prendo,  neun  ben.  285 

Ca  nunca  eu  vi,  des  que  fui  nado, 
amor,  nen  prendi  dei  prazer, 
nen -no  cuido  nunca  prender 
dei  nen  d'al,  ca  non  ó  ja  guisado. 
Camor,  de  pran,  m'en  guisa  ten  290 

que  me  non  pode  nuzer  mal 
d'este  mundo,  nen  prestar  ben. 


I  A  palavra  ueim  do  verso  6  está  no  CA  com  m  final;  nen -o  do 
verso  17  vinha  escripto  como  uma  só  palavra;  o  ja  do  verso  18  apparece 
riscado;  a  inicial  da  ultima  estrophe  tanto  pode  ser  c  como  e.  Ambos  os 
códices  escrevem  (no  verso  26)  de  mia  senhor^  formula  que  não  caberia  nas 
oito  syllabas  do  metro. 

Variantes:  CB  101  (75)  —  1  coitado  —  coita  —  b  cu  depois  de  ei 
deturpa  o  metro.  —  7  nenhun  —  8  pensado.     D'este  modo  o  verso  ficava 


—     26     — 

Ca  [a]ssi  faz  mi  desamparado 
amor  eno  mundo  viver 

de  quanto  ben  Deus  quis  fazer;  295 

25      e  per  boa  fé,  ja  pelo  grado 

da  senhor,  por  que  m'est'  aven, 
seu  amor  non  faria  mal 
a  nulh'  ome  nado,  nen  ben. 

sendo  curto.  —  9  podess'  eu  —  10  coita  —  12  ainda  —  14  nenhun  — 
19  ca  amor  de  prani  ja  tn'en  guisa  ten.  O  copista  repetiu,  por  engano,  o 
ja  do  verso  anterior.  —  22  ca  assi  fax,  min  dese?nparado  —  25  polo  — 
26  {de  mia  senhor)  per  —  27  (sen)  —  palavra  que  não  tem  aqui  sentido 
apropriado.  —  28  molh'  omen. 

II  Cantiga  de  nieestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos  mistu- 
rados com  nona  ri  os  trochaicos  (nos  versos  1  e  4  de  cada  estrophe). 
—  Coplas  equiconsoantes  com  uma  palavra  perduda  (no  verso  6): 
abbacdc.  —  Rimas  breves  e  longas:  adoW  cr('>)  énW  a/W.  O  pen- 
último verso  de  todas  as  estrophes  acaba  em  mal^  o  ultimo  em  ben:  ha  pois 
uma  espécie  de  replicação. 

Colocci  dá  apenas  a  formula:  seldiffi. 

III  So  elend  bin  ich,  dass  nichts  mir  helfen  kann;  so  sehr  hat  dies 
Leid  mich  herabgedriickt,  dass  ich  weder  Boses  fiirchte,  noch  Gutes 
wíinsche  (1). 

Und  dennoch  war  es  mir  niemals  in  deu  Sinn  gekommen,  ich  kõnnte 
irgendwie  das  sehen,  was  mir  das  Leid  anthut,  durch  welches  ich  soweit 
gekommen  bin;  und  noch  dazu  hat  es  fiir  alies  Leid,  das  ich  um  seinet- 
willen  trage,  mir  niemals  Lust  gebracht  (2). 

Durcli  Liebe  babe  ich  mein  Lebtag  keine  Lust  gehabt,  noch  werdo 
ich  sie  jemals  haben.  —  Liebe  hat  mich  so  zugerichtet,  dass  kein  Leid  auf 
Erden  mir  schadcn  und  keine  Lust  mir  niitzen  kann  (3). 

Dass  ich  so  verlassen  biu  von  aliem  Guten,  was  Gott  auf  Erden  schuf, 
ist  Amors  Schuld.  —  Deun  ginge  es  nach  meiner  Herrin  Willen,  um  derent- 
willen  mir  solches  gescbieht,  so  thiite  Liebe  (zu  ihr)  niemandem  wohl 
noch  wehe  (4). 


12. 

(Tr.  79). 

Quero -vus  eu,  senhor,  gran  ben, 
e  non  ei  ai  de  vos  se  noii 
f.3{=43)d  muito  mal,  ||  si  Deus  me  perdon. 
Pêro  direi- vus  iia  ren: 
5  Todo  vo-Teu  cuid'a  soffrer, 

se  m'end'  a  morte  non  toJher'. 

E  creede  que  a  min  ('• 
este  mal,  que  me  vos  levar 
fazedes,  de  mia  morte  par. 
10      Fero,  senhor,  per  bõa  fé. 

Todo  vo-Teu  cuid'a  soffrer, 
se  m'end'  a  morte  non  tollier'. 

E  pois  por  ben,  que  vus  eu  sei 
querer,  me  fazedes  assi 
15      viver  (tan  mal- dia  vus  vi), 
pêro  verdade  vus  direi: 

Todo  vo-Teu  cuid'a  soffrer, 
se  m'end'a  morte  non  tolher'. 


300 


305 


310 


315 


I  CB  102  (76)  —  3  yrii  —  %  da  f/iia  {pte  por  morte). 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -[-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abba  ||  CC  —  Rimas  breves:  c»(a)  owC');  eí»)  arW; 
ei(a)  «(t>)  nas  coplas;  êr  no  refram. 

m  Ich  habe  Euch  lieb,  und  Ihr  thut  mir  Leides  an:  Trotzdem  werde 
ich  es  erdiúden,  wenn  der  Tod  mich  nicht  daran  hindert. 


Fim  da 


13. 

(Tr.  j,  a  p.  308). 

Par  Deus,  senhor,  sei  eu  mui  ben 

ca  vus  faço  mui  gran  pesar 

de  que  vus  sei  tan  muit'  amar.  320 

Mais  se  o  sei,  non  ar  sei  ren 

Per  que  end'  ai  possa  fazer 

enquant'  eu  no  mundo  viver'. 

E  pesa- vus  porque  non  ei 
eu  poder  no  meu  coraçon  325 

d'amar,  mia  senhor,  se  vos  non, 
(=43)   10     Mais  pêro  vus  pesa,  non  sei  || 

[Per  que  e?id'  ai  possa  fazer 
enquant'  eu  no  inundo  viver' . 

Forque  vus  quer^  eu  [mui]  melhor  330 

d' outra  ren,  viv'  en  grand'  affan 
15      e  sei  que  faço -vus,  de  praii, 
pesar,  pêro  non  sei,  senhor, 

Por  que  end'  ai  possa  fazer 

enquant'  eu  no  mundo  viver'.  335 

I  CB  103  (77)   —  5  x)or  qtie.     O  mesmo  nos  versos   11.   17   e   23. 

—  9  CA  escreve  vus  —  13  Introduzi  mui^  porque  o  metro  carecia  de  uma 
syllaba.  —  As  ultimas  duas  estrophes  foram  tiradas  do  CB. 

II  Cantiga  de  refram:  4x(4  +  2).   —    Octonarios  jambicos. 

—  Coplas  singulares:  alt)ba||CC.  —  Rimas  breves:  ew(a)  arW;  e«(a) 
on(h);  ôri^)  an^)\  ér(a)  *>(!>)  nas  coplas;  er  no  refram. 

Colocci  chama  o  refram:  tornel\  indica  pelas  siglas  -  que  reparou  na 
structura  da  cantiga  anterior;  e  romette  ainda  ás  cantigas  104  e  129. 

III  Bei  Gott,  ich  weiss  es,  Herrin,  es  ist  Eucb  unlieb,  dass  ich  Euch 
so  innig  liebe.  Eins  abor  weiss  icb  nicbt:  wie  ich  es  hienieden  anders 
machen  soU. 


20 


29 


E  mia  se?ihor,  se  vus  protiguer', 
ben  TYie  devedes  a  parcir 
ben  que  vus  queira  consentir, 
pois  que  mi  Deus  guisar  non  quer 
Por  que  end'  ai  possa  fazer 
enquanf  eu  no  mundo  viver'.] 


340 


IV   O  annotador  lançou    ú  margem   a    exclamação:   faxia-lhe  pesar 
este  è-na  mio  amar! 


LACUNA  2\ 

FALTA  UMA  MEIA-FOLHA:  No.  4"  DO  CADERNO  I. 


Podia  ser  que,  por  trazer  unicamente  o  resto  da  Cantiga  13*, 
a  meia-folha,  quasi  branca,  despertasse  a  cobiça  de  qualquer 
furta -pergaminhos.  Coratudo,  ó  possivel  também  que  contivesse 
ainda  mais  três  poesias:  as  immediatas  do  CB  que  não  appa- 
recem  no  CÁ,  no  seu  estado  actual.  Dada  esta  hypothese,  toriamos 
de  assignalar  uma  divergência  importante  entre  os  dous  códices : 
o  CA,  que  inicia  um  novo  cyclo  de  poesias  na  folha  seguinte, 
teria  attribuido  ao  auctor  do  primeiro  grupo  Vaasco  Praga 
de  Sandin,  os  três  números,  attribuidos  por  Colocci,  tanto  no 
texto  como  no  índice,  ao  trovador  das  cantigas  seguintes: 
Joan  Soaires  Somesso. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO   2»  DO   APPENDICE. 


II 


CANTIGAS 


14  —  30 


DE 


JOAN   SOAIRES    SOMESSO. 


f.  4  (=  120)a 


10 


f.4{. 


15 

120)h 

20 


14. 

(Tr.  255). 

Quero -vus  eu  ora  rogar, 

por  Deus,  que  vus  fez,  mia  senhor, 

non  catedes  o  desamor 

que  m'avedes,  nen  o  pesar 

que  vus  eu  faç(o)  en  vus  querer 

ben;  e  devede-lo  soífrer 

por  Deus  e  por  me  non  matar. 

Ca  nunca  vus  eu  rogarei 
por  outra  ren,  mentr'  eu  viver', 
se  non  que  vus  jaç'  en  prazer, 
por  Deus,  senhor,  esto  que  sei 
que  vus  agora  é  pesar; 
ca  vus  pesa  de  vus  amar 
e  eu  non  poss(o)  end'  ai  fazer. 

Ca  se  eu  ouvesse  poder 
de  qual  dona  quisess'  amar, 
atai  senhor  fora  filhar 
II  onde  cuidasse  ben  aver; 
mais  de  vos  nunca  o  cuidei 
aver,  senhor,  mais  avê-P-ei, 
mentr'  eu  viver',  a  desejar. 


345 


350 


355 


360 


I  Lo  por  la  no  verso  6  é  emenda  minha.  No  10  o  original  apre- 
senta praçer,  em  opposição  á  orthographia  normal  do  códice.  Etn  jaç' 
Itava  a  cedilha.  —  No  verso  15  o  calligrapho  omittiu,  por  descuido,  o  e 
inal  de  ouvesse^  falta  que  o  revisor  emendou  á  margem.  O  erro  encobrir 
f(por  encobri^  no  verso  25)  ó  commum  a  ambos  os  códices. 

Variantes:  CB  107  (81)  —  4  mi  avedes  {=mhauedes)  —  5  fae  en 
IV.  q.  —  10  caia  en  praxer  —  14  ca  eu  non  poss'  end  a.  f.  —  15  {ca  s'eu 
louvess'  o  poder)  —  20  avê-lo-ei  —  21  (weer)  —  25  vo-lo  {encobrir)  — 
[27  per. 

3 


_     34     — 

E  sabedes,  des  que  vus  vi, 
mia  senhor,  sempr'  eu  desejei 
o  vosso  ben,  e  vus  neguei  365 

25     meu  cor  d'est',  e  vo-Pencobri. 
Mais  agora  ja  por  morrer, 
se  vus  pesa,  ou  por  viver, 
se  vus  prouguer',  vo-lo  direi. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jarabicos.  — 
Coplas  muito  irregulares:  abbacca  na  1*  estrophe;  abbaccí)  nas  restantes. 
■ — Eimas  breves:  ar  (a)  ôri^^)  er(c)  na  l*"  estrophe;  e*(")  êrO^)  ar(c)  na  2"; 
êr(a)  ar  9")  eii^)  na  3";  *'(»)  eiW  er(c)  na  4*.  —  Apesar  de  todas  as  estro- 
phes  diíferirem,  como  se  vê,  ha  apenas  cinco  consonancias  diversas:  ás  três 
que  a  1"  estrophe  apresenta,  accresce  uma  nova  na  2*^;  e  mais  outra  na  ultima 
estrophe.     O  schema  total  é:  abbacca  1  dcedaac  |  caacdda  |  eddeccd. 

III  Um  Gottes  willen  bitte  ich  Euch,  Herrin,  keinen  Anstoss  zu  nehmen 
an  Eurer  Unliebe  zu  mir,  noch  an  meiner  Liebe  zu  Euch  (1). 

Solange  ich  lebe,  werde  ich  nichts  anderes  von  Euch  erbitten,  ais  dass 
Ihr  Euch  meine  Liebe  gefallen  lasset,  und  Euren  Unmut  dariiber  in  Wohl- 
woUeii  umkehrt,  in  Anbetracht  dessen,  dass  ich  nicht  anders  handeln  kann  (2). 

Kõnnte  ich  es,  so  wiirde  ich  eine  Frau  zur  Horrin  wãhlen,  von  der 
ich  Gunst  erwarten  diirfte.  Von  Euch  aber  habe  ich  sie  nie  erwartet;  doch 
ersehne  ich  sie  bis  an  mein  Ende  (3). 

Das  that  ich ,  seit  ich  Euch  geschaut ,  obwohl  ich  mein  Herz  vor  Euch 
versteckte.  Nun  aber  musste  ich  es  blosslegen:  umzusterben,  so  es  Euch 
leid  ist;  um  zu  leben,  so  es  Euch  gefâllt  (4). 


i 


10 


15. 

(Tr.  256). 

De  quant'  eu  sempre  desejei 
de  mia  senhor,  non  end'  ei  ren; 
e  o  que  muito  receei 
de  mi-aviir,  todo  mi-aven: 
ca  sempr'  eu  desejei  mais  d'al 
[de  viver  con  ela  e,  mal] 
que  me  pes,  a  partir -m'ei  6n. 

E  ja  que  m'end'  a  partir  ei, 
esto  pod'  ela  veer  ben, 
que  muita  guerra  lhe  farei, 
porque  me  faz  partir  d'aquen, 
ond'  eu  sõo  mui  natural: 
e  sei  lh'eu  un  seu  ome  atai 


370 


375 


380 


\  » 

t[U£ii    avexn   iiiuiiei    pui    «ii. 

E  non  0  pode  defender 

de  morte,  se  mi  mal  fezer', 

385 

ca  ua  morte  ei  eu  d'  aver; 

e  pois  eu  a  morrer  ouver'. 

todavia  penhor  querrei 

20 

filhar  por  mi,  e  tolher-lh'-ei 

est'  ome  por  que  me  mal  quer. 

390 

I  o  verso  6  faltava  no  CA. 

Variantes:  CB  108  (82)  —  4  m'aven  —  10  Ihi  —  13  e  se[i]  Ihi 
un  s.  o.  a.  —  14  que  Ih'  aja  a  m.  p.  e.  —  15  E  falta;  non- o  apparece 
na  forma  ligada  nono  —  17  mort'  —  18  Falta  o  e  —  de  morrer  oer  — 
20  por  mi  filhar  e  tolherei  —  21  mi  —  21  e  22  omen  —  24  nono  —  27 
nona  —  28  desque  Ih'  este  penhor  preser  (pfer). 

II  Cantiga  de  maestria  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas    pareadas:    ababccl).    —    Rimas   breves:    ei(^)    é/íW   alie)    no 

3* 


—     36     — 

E  pois  lh'eu  est'  orne  tolher', 
f.4{=i20)G  [|  faça  m'ela  mal,  se  poder', 
e  non  o  poderá  fazer; 
25     mais  pod'  entender,  se  quiser', 

que  logu'  eu  guardado  serei  395 

d'ela,  e  non  a  temerei 

des  que  lh'eu  esto  feit'  ouver'. 

gnxpo  1°;  er(a)  ér(l>)  e^'(c)  no  IP,  de  sorte  que  uma  das  três  rimas  se  repete 
em  todas  as  estrophes. 
Colocci  diz:  addue. 

m  Mchts  von  dem,  was  ich  von  meiner  Herrin  wúnschte,  gesehieht; 
und  alies,  was  ich  fiirchtete,  trifft  ein:  denn  úber  alies  begehrte  ich,  in 
ihrer  Nãhe  zu  weilen-,  und,  so  schwer  es  mir  wird,  ich  muss  von  Ihr 
scheiden  (1). 

Eins  wird  sie ,  nun  ich  scheiden  muss ,  zu  sehen  hekommen :  dass  ich 
sie  arg  bekriegen  werde,  da  sie  mich  aus  der  Heimat  weist.  Einen  ihrer 
Mannen  weiss  ich,  der  darum  (oder:  daran?)  sterben  wird  (2). 

Davor  schútzt  ihn  nicht,  so  sie  (oder:  er?)  mir  Bõses  thut,  dass  ich 
den  Tod  erleiden  muss.  Wenn  ich  sterben  muss,  so  werde  ich  ein  Pfand 
verlangen  und  ihr  den  von  ihren  Mannen  nehmen,  um  dessentwillen  sie 
mir  gram  ist  (3). 

Und  wenn  ich  ihr  diesen  Mann  genommen  habe,  mõge  sie  mir  Bõses 
anthuu,  wenn  sie  es  kann;  doch  sie  wird  es  nicht  kõnnen.  Geschutzt 
werde  ich  vor  ihr  sein  und  sie  nicht  fiirchten,  sobald  ich  das  gethan  haben 
werde  (4). 

IV  O  annotador,  impacientado,  rematou  estas  ameaças  com  a  phrase: 
ora  pois  faxe-lho! 


i 


16. 

(Tr.  257). 

Muitas  vezes  en  meu  cuidar 
ei  eu  gran  ben  de  mia  senhor; 
et  quant'  ali  ei  de  sabor,  400 

se  mi -ar  torna  pois  en  pesar, 
5      des  que  m'eu  part';  e  nulha  ren 
me  non  fica  d'aquel  gran  ben, 
e  non  me  sei  conselh'  achar, 

Nen  acharei  ergu'  en  cuidar  405 

conselh',  enquant'  eu  vivo  for', 
10     c'  assi  me  ten  forçad'  amor 
que  me  faz  atai  don'  amar 
que  me  quer  mui  gran  mal  por  én, 
e  porque  non  sab'  amar,  ten  410 

que  non  pod'  om'  amor  forçar. 

15  Mais  amor  á  tan  gran  poder 

que  forçar  pode  quen  quiser'; 

e  pois  que  mia  senhor  non  quer 

esto  d'amor  per  ren  creer,  415 

jamais  seu  ben  non  averei; 
20      se  non  assi  como  mi -o  ei: 

sempr'  en  cuidá-lo  poss'  aver! 

I  O  origiual  escreve:  consel  lachar  (7). 

•^  Variantes:  CB  109  (83)  —  4  torna  se  m'én  —  5  parto  n.  r.  — 
7  {rome  ser  conselhadjar)  —  8  n.  a.  eu  en  cuidar  —  10  {ca  se  me)  — 
11  que  me  fax,  tal  dona  amar  —  12  mi  —  20  como  m'eu  ei  —  22  mi 
—  23  me  g.  p. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —    Octonarios  jambicos.   — 
Coplas    pareadas:    abbacca.    —    Eimas    breves:    ari»)  õrQ»)  éni^)  no 


—     38     — 

Ca  Deus  me  deu  tan  gran  poder 
que,  mentre  m'eu  guardar  poder'  420 

f.  4  (=  i20)d  II  de  fala  d'om'  ou  de  molher, 
2õ      que  non  poss'  este  ben  perder: 
ca  sempr'  en  ela  cuidarei, 
e  sempr'  en  ela  ja  terrei 
o  coraçon,  mentr'  eu  viver'.  425 


grupo  1°;  e  er(a)  erC»)  e*(c)  no  11°.  —  O  primeiro  verso  das  estrophes  1  e  2 
termina  em  cuidar^  o  das  estrophes  3  e  4  em  poder. 

Eis  porque  Colocci  ajunta  á  formula  addue  a  nota:  et  replica  le  parole. 
Diez,  Kunst-  und  Hofpoesie  p.  61  conta  esta  poesia  no  numero  das  cap- 
finidas,  por  causa  da  repetição  de  achar  acharei-^  forçad'  forçar;  posso 
poder.  —  Cfr.  Lang  p.  CXXX. 

m  Im  Traumdenken  geschieht  es  mir  oft,  dass  meine  Herrin  mir 
Huld  erweist;  so  wohl  mir  das  thut,  so  wehe  aber  wird  mir,  wenn  ich 
da  vou  ablasseu  muss,  und  mir  nichts  davon  úbrig  bleibt,  so  dass  ich  ratios 
dastehe  (1). 

Solange  ich  lebe,  wird  mir  nur  im  Traume  Hilfe  werden;  denn  die 
Minne  zwingt  mich,  einer  Frau  zu  dienen,  die  mir  gram  darum  ist,  und 
weil  sie  selbst  nicht  liebt,  vermeint,  es  gabo  keinen  Liebeszwang  (2)', 

Obwohl  die  Liebe  doch  zwingt,  wen  sie  will.  Da  meine  Herrin  aber 
nicht  daran  glaubt,  werde  ich  Gutes  von  ihr  nur  in  der  angegebenen  Weise 
erfahren:  im  Traumdenken  (3). 

Dies  Gut  wenigstens  kann  ich,  Gott  sei  Dank,  nicht  verlieren ,  solange 
ich  mich  vor  Mânner-  wie  Frauengerede  húte  (4). 

IV  Ao  pé  do  verso  4  ha  uma  nota  marginal,  que  não  sei  decifrar.  As 
letras  parecem  dizer:  bebes  [ou:  beber]  sobre  o  cheno.  —  As  reflexões  sobre 
a  omnipotência  do  amor  mereceram  ao  glosador  um  apoiado:  muito  pode 
alia  fé! 


17. 

(Tr.  258). 

Non  me  poss'  eu,  senhor,  salvar 
que  muito  ben  non  desejei 
aver  de  vos;  mais  salvar-m'ei 
que  non  cuidei  end'  acabar 
õ      mais  do  que  vus  quero  dizer : 
cuidei:  vos,  senhor,  a  veer. 
Tanto  ben  ouv'  eu  en  cuidar! 

E  digu'  esto  por  me  guardar 
d'ua  cousa  que  vus  direi: 
10     nen  cuidedes  que  ai  cuidei 
de  vos,  mia  senhor,  a  gãar 
se  non  que  podesse  viver 
na  terra  vosqu',  e  deus  poder 
me  leix'  aver  d'i  sempr'  estar; 

15  E  dê-me  poder  de  negar 

sempr'  a  mui  gran  cuita  que  ei 
por  vos  aas  gentes  que  sei 
que  punhan  en  adevinhar 
fazenda  d'om'  e  'n'a  saber. 

20     E  os  que  esto  van  fazer, 

Deu-los  leix'  end[e]  mal  achar. 


430 


435 


440 


445 


I  O  original  dá  vos  no  verso  5  e  este  no  8. 

Variantes:  CB  110  (84)  —  6  cuidei  vus  —  7  atanto  ben,  seguido  de 
{o  non  c.)  que  representa  talvez:  ouv'  en  c. ?  —  8  {salvar)  —  10  non  c.  — 
16  co*to  —  18  adevlar  —  21  deus  los  —  22  deu-l  falta  —  25  (convosqu'). 

n  Cantiga  de  meestria:   4  x  7.   —    Octonarios  jambicos.   — 
Coplas  equiconsoantes:  abbacca.  —  Rimas  breves:  arW  eii^)  êri^). 
Colocci  classifica  esta  cantiga  como  feita  pelo  typo:  sei  dissi. 


_     40     — 

E  Deu -los  leix'  assi  ficar 
com'  eu,  senhor,  sen  vos  fiquei, 
u  vos  vi  ir,  e  non  ousei 
25     ir  con  vusco,  e  de  pesar  450 

ouvera  por  end'  a  morrer: 
tan  grave  me  foi  de  sofFrer 
de  m'aver  de  vos  a  quitar! 

III  Rechtfertigen  kann  ich  mich  nicM  daruber,  dass  ich  Gunst  von 
Euch  ersehnt  habe.  Nach.  einer  Eichtung  liin  kanu  ich  mich  jedoch  rein 
waschen:  weiter  ist  mir  nichts  in  den  Sinn  gekommen  ais  Euch  zu  sehen. 
Das  war  die  Wonne,  derer  ich  mich  im  Traumdenkea  freute  (1). 

TJnd  ich  sage  es,  um  mich  vor  einem  zu  hiiten,  Ihr  soUt  nicht  glauben, 
dass  ich  mehr  von  Euch  begehiie ,  ais  an  demselben  Ort  mit  Euch  zu  weilen. 
Mõchte  Gott  mir  das  gewahren!  (2). 

TJnd  feraer,  dass  es  mir  gelingt,  meine  Liebespein  zu  verbergen  vor 
gewissen  Leuten,  die  darauf  aus  sind,  fremde  Angelegenheiten  zu  erraten, 
oder  genau  zu  kennen.  Derartige  Menschen  strafe  Gott  mit  solchem  Leide, 
wie  es  mich  traf,  ais  ich  Euch  von  hinnen  gehen  sah  und  mich  von  Euch 
trennen  musste. 

IV  Esta  cantiga  é  continuação  da  anterior.  Os  maldizentes,  cuja  „fala" 
o  trovador  receava,  motejaram  dos  seus  sonhos.  Eis  porque  se  defende 
agora,  dando  a  chave  dos  enigmas  propostos  na  cantiga  16.  —  Uma  nota 
relativa  ao  verso  7  é  illegivel.  Principia:  estás  bem,  e  continua  com  mais 
duas  palavras.     A  estrophe  final  provocou  a  exclamação:  ho  fé! 


Cl:  2(i 
f.  õ  (=  ■Í4)a 


20 


18. 

(Tr.  80). 

II  Agora  m'ei  eu  a  partir 

de  mia  senhor,  e  d'aver  ben 

me  partirei  poi-la  non  vir'. 

Mais  per  qiien  m'aqueste  mal  ven 

en  tamanha  cuita  será 

por  én  migo  que  morrerá, 

e  non  se  pode  guardar  én. 

E  pois  me  d 'ela  faz  partir, 
non  lhe  quero  ja  soífrer  ren, 
nen  quer'  eu  ela  consentir 
quanto  mal  me  faz.     E  por  én 
un  vassalo  soo  que  á, 
de  pran,  de  morte  perde -F-á 
por  esta  cuita  en  que  me  ten. 

Pêro  sei  eu  ca  ren  non  dá 
ela  por  est'  ome  perder, 
mais  per  sa  morte  saberá! 
E  se  lh'eu  podess(e)  ai  fazer, 
por  aqueste  mal  que  me  faz, 
ai  lhe  faria;  mais  non  praz 
a  Deus  de  m'én  dar  o  poder. 


455 


460 


465 


470 


I  Emendei  e  d'aver  por  et  aver  no  verso  2.  No  4  o  original  traz 
me.  Por  baixo  do  e  ha  porém  um  ponto,  signal  de  aviso  para  o  revisor 
raspar  a  desnecessária  letra.  —  Ambos  os  códices  tem  que.,  em  lugar  de 
quen.  —  No  verso  6  o  escrevente  metteu  comigo.,  riscando  em  seguida  a 
primeira  syllaba. 

Variantes:  CB  111  (85)  —  2  e  d'aver  —  4  mi  aqueste  —  5  coita 
—  9  Ihi —  10  eela\  talvez  por  en  ela?  —   12  vassalo  —   13  perderá  — 


_     42     — 

E  pois  me  Deus  poder  non  dá  475 

de  me  per  al-ren  defender, 
est'  averei  a  fazer  ja; 
25      e  ela  ben  pod'  entender 
que  esta  morte  ben  me  jaz, 
ca  non  poss'eu  viver  en  paz  480 

enquanto  lh'est'  ome  viver'! 

14  coita'  n  —  15  que  —  17  por  —  18  podess'  —  20  Ihi  —  21  de  mi  dar 
—  22  mi  —  24  esto  —  25  pode  —  26  mi. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababccb.  —  Eimas  breves:  «>(«)  éwíi»)  á(c)  no 
gnipo  I";  a  (a)  êr^)  azi^)  no  IP.  —  Temos  partir  ao  fim  do  1°  verso  das 
estrophes  1  e  2;  e  non  dá  nas  ultimas  duas,  no  mesmo  lugar. 

Ad  due  é  a  descripção,  dada  por  Colocci,  que  não  fez  caso  da  re- 
plicação. 

III  Ich  muss  scheiden  von  meiner  Herrin  und  von  aller  Fraude,  die- 
weil  ich  sie  nicht  mehr  sehen  werde.  Der  aber,  welcber  Schuld  ist  an 
dieser  Not,  soll  Todesqual  dadurch  erleiden  (1). 

Lànger  will  ich  nicht  durch  ihn  noch  durch  sie  Schlimmes  leiden: 
der  einzige  Vasall,  den  sie  hat,  den  soll  sie  einbiissen  (2). 

Zwar  kiiramert  es  sie  wenig,  ihren  Vasallen  zu  verlieren,  doch  soll  sie 
dran  glauben  miissen.  Kõnnte  ich  mehr  ausrichten,  ich  thãte  es;  doch  hat 
mir  Gott  die  Macht  dazu  versagt  (3). 

Da  ich  sie  nicht  habe,  thue  ich,  was  ich  gesagt  habe.  Und  sie  muss 
einsehen,  dass  dieser  Tod  mein  Recht  ist:  denn  solange  jener  Mann  lebt, 
habe  ich  keinen  Prieden  (4). 

IV  Se  o  leitor  me  perguntar,  quem  é  o  homem  ameaçado  de  morte, 
se  o  próprio  poeta,  ou  um  seu  rival,  direi,  lealmente,  que  não  sei. 

O  jovial  annotador  do  códice ,  que  leu  com  especial  attenção  este  cyclo 
de  poesias,  lançou  á  margem  do  verso  17,  o  grito:  mas  mto !  e  no  fim 
da  cantiga  o  enérgico  conselho:  matallo! 


19. 

(Tr.  81). 

f.  5  ( =  44)b  II  Muitos  dizen  que  perderan 
coita  d'amor  sol  per  morrer. 
E  s'é  verdade,  ben  estan. 

Mais  eu  non  o  posso  creer  485 

5      que  orne  perderá  per  ren 
coita  d'amor,  sen  aver  ben 
da  dona  que  lh'a  faz  aver! 

E  os  que  esto  creud'  an, 
jDeus!  e  que  queren  mais  viver  490 

10     pois  que  d'ali  ben  non  estan 
onde  querrian  ben  prender, 
en  sobejo  fazen  mal -sen. 
Ou,  de  pran,  amor  non  os  ten 
en  qual  coita  min  faz  soffrer.  495 

15  Ca  se  eles  ouvessen  tal 

coita  qual  og'  eu  ei  d'araor, 

ou  soffiressen  tan  muito  mal 

com'  eu  soffro  por  mia  senhor, 

log'  averian  a  querer  500 

20     mui  mais  sa  morte  c'atender 

de  viveren  tan  sen  sabor 


I  No  verso  17  emendei,  em  conformidade  com  o  uso  constante  do 
CÁ,  soffressen  por  soffresen\  e  no  26  ouço  por  ouxo.  —  No  3  a  graphia 
se  u'dade  pode  significar  s'é  verdade,  mas  também  se  verdad'é.  —  No  28 
a  lição  do  CB  nen  por  non  parece -me  preferivel. 

Variantes:  CB  112  (86)  —  2  por  —  3  no7io  —  5  omen  —  9  ou 
q.  q.  —  13  nomes  —  14  mi  —  17  e  sofressen  —  24  mund'  e  —  28  Já 
indiquei  que  o  CA  tem  non  onde  o  CB  traz  nen. 


_     44     — 

Com'  og'  eu  viv',  e  non  por  ai. 
E  por  esto  sofFro  a  mayor 
coita  do  mundo  e  mayor  mal,  505 

25     porque  non  sõo  sabedor 
d'aquesto  que  ouço  dizer. 
E  esto  mó  faz  defender 
de  morte  nen  d 'outro  pavor. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababccb.  —  Rimas  breves:  a«(a)  erí^)  e?^(c)  no 
grupo  1°;  ali^)  ôr('>)  eríc)  no  IP,  que  repete,  portanto,  uma  das  consonan- 
cias  do  1°. 

Ad  due,  como  Colocci  assenta. 

III  Viele  behaupten,  ihre  Liebespein  fânde  durcb  blossen  Tod  ihr 
Ende.  Ist  es  wabr,  wolil  ihnen!  Ich  aber  glaube,  durch  nichts  anderes 
ais  durch  Gunstbezeugung  der  Geliebten  kõnne  der  Qual  ein  Ende  gemacht 
werden  (1). 

Wer  jenes  glaubt  und  doch  weiter  leben  will,  (obwohl  er  nichts  Gutes 
empfângt,  von  wannen  er  es  empfangen  mõchte)  ist  ein  heillosor  Narr. 
Oder  aber,  seine  Liebespein  ist  geringer  ais  die  meine  (2). 

Liebte  und  litte  er,  wie  ich  liebe  und  leide,  er  wiirde  den  Tod  vor- 
ziehen  so  freudelosem  Leben  wie  das  meine  ist  (3). 

Mein  Leben  aber  ist  darum  so  qualvoU,  weil  ich  nicht  (gewiss)  weiss 
jenes,  was  ich  sagen  hõre.  Darum  wehre  ich  mich  auch  gegen  den  Tod 
und  gegen  andere  Schrecken  (4)  (?) 

IV  A  interpretação  das  ultimas  palavras  é  duvidosa.  Para  encontrar  o 
sentido  é  preciso  olhar  para  a  poesia  seguinte,  que  continua  a  desenvolver 
as  mesmas  ideias. 


20. 

(Tr.  82). 

Non  tenh'  eu  que  coitados  son 

d'amor  (atai  est  o  meu  sen) 
aqueles  que  non  an  seu  ben 
e  que  tSen  atai  razon 
5      que  poden  sa  coita  perder 

qual  d'eles  quer,  quando  morrer'; 
por  que  non  morre  logu'  enton? 

Mais,  de  pran,  algua  sazon 
au  esses  sabor  d'outra  ren 
10     e  queren  xe  viver  por  én. 

Ca  por  ai  ben  tenh'  eu  que  non 
querrian  ja  sempre  viver 
por  tamanha  cuita  soífrer 
qual  soffr'eu  no  meu  coraçon. 

15  E  Deu-lo  sabe!  con  pavor 

viv'  e  soífr'  esta  cuita  tal, 
que  ei  de  soífrer  pois  gran  mal. 
E  tenh'  aquesto  por  melhor 
d'eu  soffrer  cuita,  e  veer 

20      a  mia  senhor,  e  atender 
de  poder  ir  u  ela  for'. 


510 


515 


520 


525 


530 


I  CB  113  (87)  —  1  cuitados  —  A  e  hi  que  tem  —  7  moire(?)  — 
9  esse  (?)  —  12  coita  —  13  sofro  eu  —  16  coita  —  17  qtce  é  de  s.  — 
23  por  ai  —  24  coita  —  27  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  janibicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  breves:  owi^a)  éwW  êri*^)  no 
grupo  P;  ôr(a)  ali^)  er(c)  no  11".  —  Em  todas  as  quatro  estrophes  as  rimas 
ec  terminam  em  er. 

Colocci  regista:  ad  due. 


__     46     — 

Ca  non  sõo  eu  sabedor 
de  per  mia  morte  nen  per  ai 
perder  cuita,  se  me  non  vai 
25      a  mui  fremosa  mia  senhor. 

E  Deus,  se  me  quiser'  valer  535 

por  min,  poi-la  ten  en  poder, 
fará  lh'aver  coita  d'amor. 

m  Ich  glaube  nicht,  dass  dlejonigen  -wirklich  von  Liebe  gepeinigt 
werden ,  welche  keine  Gunst  erfahren  und  doch  wahnen ,  ihre  Not  habe  ein 
Ende,  sobald  sie  nur  sterben.  Denn  ist  es  also,  warum  sterben  sie  dann 
nicht  sofort?  (1) 

Sicherlich  erfahren  sie  zu  irgend  einer  Zeit  wo  anders  her  Gutes,  und 
begehren  darum  zu  leben.  Litten  sie  Qual  wie  die,  welche  ich  im  Herzen 
trage,  so  wiirden  sie  nicht  leben  wollen  (2). 

Gott  weiss,  wie  schrecklich  ich  leide.  Dennoch  halte  ich  es  fiir  besser, 
zu  leben,  um  meine  Herrin  sehen  und  da  weilen  zu  kõnnen,  wo  sie  ist  (3). 

Denn  ob  mit  dem  Tode  meine  Qual  zu  Ende  ist,  das  weiss  ich  ja 
nicht;  und  weiss  auch  nicht,  ob  mir  gewâhrt  werden  wird,  was  bestimmt 
meiner  Qual  ein  Ende  macht  (der  Herrin  Gunst).  "Will  Gott  mir  helfen,  so 
mõge  er  Liebe  in  ihr  Herz  legen  (4). 

IV  Uma  nota  marginal  põe  á  cantiga  um  remate  que  não  se  pôde  ler 
por  inteiro.  E  diz :  este  leixa  os  ....  a  deus.  —  Talvez  os  seus  cuidados  ? 
ou  os  seus  amores? 


'4á)d 


10 


15 


20 


21. 

(Tr.  83). 

Punhei  eu  muit'  en  me  giiar||dar, 
quanfeu  pude,  de  mia  senhor 
de  nunca  'n  seu  poder  entrar; 
pêro  forçou -mi  o  seu  amor 
e  seu  fremoso  parecer, 
e  meteron-m'en  seu  poder 
en  que  estou,  a  gran  pavor 

De  morte,  com'  en  desejar 
(ben-no  sabe  Deus)  la  melhor 
dona  do  mund'  e  non  ousar 
falar  con  ela.     E  maior 
coita  nunca  vi  de  soffrer, 
ca  esta  nunca  dá  lezer, 
mais  faz  cada  dia  peor. 

Ca  todavia  creç'  o  mal 
a  quen  amor  en  poder  ten, 
se  non  é  sa  senhor  atai 
que  lhe  queira  valer  por  én. 
Mais  atai  senhor  eu  non  ei, 
nen  atai  dona  nunc'  amei 
onde  gãar  podesse  ren. 


540 


545 


550 


555 


I  CB  114  (88)  —  2  pudi  —  3  nunca  en  —  4  sen  por  seu  é  erro  evi- 
dente —  8  guê  (=  conven)  d.  deve  ser  erro  —  9  deu  -  lo  sabe  de  la  melhor 
— -15  quer  esso  mal  (qressomal)  não  dá  sentido  que  satisfaça.  —  18  Ihi 
—  20  nunca  amei. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababccb. —  Rimas  breves:  arW  ÔrW  er(«)  no  grupo  1°; 
alia)  énW  eí(c)  no  11". 

Colocci  escreveu  mais  uma  vez  a  formula:  ad  due. 


—     48     — 

Se  non  gran  coita,  e  non  ai. 
E  por  esto  perdi  o  sen  560 

por  tal  dona  que  me  non  vai! 
25     E  pêro  non  direi  por  qiien; 
mais  per  muitas  terras  irei 
servir  outra,  se  poderei 
negar  esta  que  quero  ben.  565 

III  Haxi:  mõglichst  habe  ich  gekâmpft,  um  mich  davor  zu  híiten,  in 
die  Gewalt  meiuer  Herrin  zu  kommen;  doch  hat  die  Liebe  zu  ihr  und  ihre 
Schõnheit  mir  Gewalt  angethan,  so  dass  ich  nun  in  ihrer  Macht  Mn,  in 
Todesfurcht  (1); 

Denn  der  Todesfurcht  kommt  es  gleich,  weiss  Gott!  sich  nach  der 
besten  Frau  auf  Erden  zu  sehnen,  und  nicht  mit  ihr  zu  sprechen  zu  wagen. 
Niemals  sah  ich  ein  Leid,  das  schwerer  zu  tragen  war,  ais  dieses,  das 
nimmer  Rast  gewáhrt  und  taglich  wâchst  (2). 

Denn  immer  wâchst  dessen  Qual,  der  in  Amors  Banden  liegt,  falis 
seine  Herrin  ihm  nichts  Liebes  anthut.  Solch  eine  Herrin  aber  hab  ich 
nicht;  und  liebte  niemals  eine,  von  der  ich  anderes  gewonnen  hâtte  (3) 

Ais  arge  Pein.  Und  darum  habe  ich  den  Verstand  verloren.  Doch 
will  ich  die  Herrin,  die  erbarmungslos  ist,  nicht  nennen.  Viele  Lande 
aber  will  ich  durchwandern  und  einer  anderen  dienen,  so  ich  im  Stande 
bin,  diejenige  zu  verleugnen,  welche  ich  liebe  (4). 

IV  O  annotador  aconselha,  rindo,  ao  amador  que  não  ousa  falar,  que 
se  cale.  Callar!  é  a  ordem  que  dá,  chegado  ao  verso  11.  Ha  outra  nota, 
illegivel  em  frente  do  22. 


C.  I:  2t] 

f.  6  (=  45)a 


10 


15 


20 


22. 

(Tr.  84). 

Ja  ni'eu,  senhor,  ouve  sazon 
que  pode  II  ra  sen  vos  viver 
u  vus  non  viss',  e  ora  non 
ei  eu  ja  d'aquesto  poder, 
pois  outro  ben,  senhor,  non  ei 
se  non  quando  vus  vej',  e  sei 
que  mi- o  queredes  ja  tolher. 

E  se  vos  avedes  razon, 
senhor,  de  m'este  mal  fazer, 
mandado -m'ir,  e  logu'  enton 
poderedes  dereit'  aver 
de  min  qual  vus  ora  direi: 
ir-m'ei  d^aquend'  e  morrerei, 
senhor,  pois  vus  praz  d'eu  morrer. 

E  se  quisessedes  soffrer 
este  pesar  (por  Deus,  senhor) 
que  vus  eu  faç'  en  vus  veer, 
cuid'eu  fariades  melhor 
que  fazedes,  de  m^alongar 
d'u  vos  sodes  e  me  matar. 
De  pran,  morrerei,  se  m'ón  for'. 


570 


575 


580 


585 


I  Meu  por  meu  no  verso  1  é  interpretação  minha.   Emendei  quisessedes 
^por  quisesedes  15)  e  faça  (por  fax,  27),  apesar  de  o  erro  apparecer  em  ambos 
os  códices. 

Variantes:  CB  115  (89)  —  6  se  non  quanto  vosso  ei  —  9  d'este 
por  de  m'este.  É  inadmissível:  faltaria  uma  syllaba  ao  metro.  —  12  disser  não 
serve,  porque  precisamos  de  uma  rima  em  ei  —  17  daqui  ende  morrerei 
—  21  se  me  for  —  25  por  non  por  per  min  não  dá  sentido.  —  saber  por 
sabor  é  lapso  de  copista  —  26  convosco  —  27  ascoitar  —  28  mi  —  Em 
colha  por  tolha  ha  simples  troca  de  e  por  t. 


—     50     — 

Non-no  queredes  vos  creer, 
ca  nunca  soubestes  d'amor; 
mais  Deus  vo-lo  leixe  saber 
25      per  min,  senhor.     E  qual  sabor  590 

eu  ei  de  convusco  falar, 
vus  faç'  aver  de  m'ascuitar, 
e  tolh'a  min  de  vos  pavor. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababccb.  —  Rimas  lougas:  oni»-)  êrW  eii^)  no  grupo  1°, 
e  e>-(a)  ôríb)  ari*^)  no  II",  que  repete  uma  das  rimas  do  I". 

Ha  nota  de  Colocci  addue. 

III  Es  gab  eine  Zeit,  wo  ich  leben  konnte  ohne  Eucb,  Herrin,  zu 
schauen;  jetzt  kann  ich  es  nicht.  Nur  eine  Frende  giebt  es  hienieden  fiir 
mich:  Euch  zu  seben.     Und  diese  wollt  Ihr  mir  rauben  (1). 

Habt  Ihr  Grund  und  Fug,  mir  solches  Leid  anzathun,  nun  so  beisst 
mich  gehen.  Dann  habt  Ihr  auch  gleich  den  Rechtsspruch  iiber  mich  ge- 
sprochen.  Denn  gehe  ich,  so  sterbe  ich  (da  es  Euer  Wunsch  ist,  dass  ich 
sterbe)  (2). 

Kõnntet  Ihr,  um  Gottes  willen,  die  Qual  ertragen,  die  ich  Euch  be- 
reite,  so  oft  ich  Euch  sehe,  Ihr  thâtet  (glaub  ich)  besser  daran,  ais  mich 
von  Euch  zu  entfernen  und  zu  tõten  (3). 

Das  aber  glaubt  Ihr  nicht,  denn  Ihr  wisst  nichts  von  Liebe.  Gott 
jedoch  mõge  es  Euch  lehren  imd  macheu,  dass  Ihr  so  grosse  Lust  habt 
mich  anzuhõren,  wie  ich  habe  zu  Euch  zu  sprechen.  Mir  aber  benehme 
er  die  Furcht  vor  Euch!  (4) 

IV  O  annotador  consola  ironicamente  o  pobre  trovador,  promettendo  -  lhe 
que  outro  dia  te  bera! 


23. 

(Tr.  85). 

Se  eu  a  mia  senhor  ousasse 
por  algtia  cousa  rogar, 
r.6i=45)b   rogar -Tia  que  ||  me  leixasse 
u  ela  vivesse  morar; 
5      e  rogar-Tia  outi'a  ren: 

que  o  pesar,  que  ouvess(e)  ón, 
que  todavia  mi -o  negasse 


595 


600 


t 

10 


15 


20 


Por  Deus,  e  que  de  min  pensasse 
(de  que  nunca  quiso  pensar!) 
e  de  mia  cuita  se  nembrasse, 
de  que  se  mmca  quis  nembrar, 
nen  Deus,  que  mi -a  fez  tan  gran  ben 
querer  per  que  perdi  o  sen, 
e  nunca  quis  que  o  cobrasse. 

E  se  m'ela  por  Deus  mandasse 
o  que  me  nunca  quis  njandar 
—  que  me  non  foss(e),  e  que  ficasse 
ali  u  ela  ouvess'  estar,  — 
a  mui  gran  coita  'n  que  me  ten, 
lhe  perdoasse  Deus  por  én! 
e  mais,  se  lh'ela  mais  rogasse! 


605 


610 


I  No  verso  24  corrigi  quant\  mudando -o  em  quand\  em  conformi- 
dade com  €B,  por  aquella  lição  não  dar  sentido  que  satisfizesse. 

Variantes:  CB  116  (90)  —  2  algunha  —  3  rogar  Ih'  ia  —  5  rogar 
ia  —  6  ouvess'  —  9  d'u  (em  vez  de:  de  que)  não  preenche  a  medida 
|o  verso,  e  é  pouco  usado  —  quise  —  10  coita  —  11  nunca  se  quis  — 
|3  por  —  16  mi  —  17  foss'  e  que  f.  —  19  falta  o  '«,  ou  antes  um  til 
obre  a  final  do  coita  —  20  Ihi  —  22  cuid'  —  Ihi  —  Nos  versos  20  e 
Í3  não  ha  til  sobre  perdoasse  e  perdoar  —  25  figi. 


—     52     — 

E  coid'eu  que  lhe  perdoasse,  615 

se  quisess'  ela  perdoar 
a  min,  e  non  quand'  ai  achasse 
25      que  lh'eu  figa,  se  non  cuidar. 
E  se  Ih 'esto  disser'  alguen, 

que  est'  é  mal,  diga -lhe  quen  620 

quis  Deus  fazer  que  non  cuidasse. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  equicousoantes:  ababcca.  —  Rimas  breves  e  longas: 
asse(.'>')  arW  éni^).  —  Nas  replicações  (pensasse  pensar ,  nembrasse  nembrar ; 
mandasse  mandar;  perdoasse  perdoar)  ha  o  enfeite,  chamado  dos  tempos, 
que  não  se  distanceia  muito  do  artificio  das  rimas  de  macho  e  fêmea. 

Colocci  classifica  a  cantiga  como  pertencente  ao  grupo:  sei  dis. 

III  "Wagte  ich  es,  meine  Herrin  úberhaupt  um  etwas  zu  bitten,  so 
wiirde  ich  sie  ersuchen,  mich  da  weilen  zu  lassen,  \vo  sie  lebt;  und  ferner, 
ihren  Zorn  dariiber  —  um  Gottes  willen  —  zu  verhehlen,  und  meiner 
[milde]  zu  gedenken,  sowie  meines  Leids,  an  das  weder  sie  bisher  gedacht 
hat  noch  Gott,  der  mir  doch  die  Liebe  zu  ihr  ins  Herz  gelegt  hat:  zu  ihr, 
um  derentwillen  ich  den  Verstand  verloren,  den  er  mich  nie  wieder  ge- 
winnen  liess  (2). 

Befôhle  sie  mir  (was  sie  nimmer  wollte),  nicht  fortzugehen,  sondern 
da  zu  bleiben,  wo  sie  weilen  muss,  so  mõchte  Gott  ihr  die  Pein  vergeben, 
die  sie  mir  bereitet;  und  mehr,  so  sie  um  mehr  bate  (3). 

Das  glaube  ich,  dass  er  ihr  verzeihen  wiirde,  so  sie  mir  verziehe; 
nicht  aber,  so  sie  irgend  etwas  anderes  ausfindig  machte,  das  ich  ihr  an- 
gethan,  ais  dass  ich  ihrer  in  Schmerzen  gedacht  habe.  Sagt  ihr  aber  irgend 
jemand,  dies  Gedenken  sei  Siinde,  so  mõge  er  ihr  auch  sagen,  wen  Gott 
geschaífen  hat,  der  nicht  solche  çchmerzlichen  Gedanken  hegte  (4). 

IV  O  velho  Cicerone  do  Cancioneiro  opina  que  a  dama  do  trovador 
procederia  melhor,  se  não  lhe  encobrisse  a  sua  antipathia.  Ao  pé  do  verso  7 
está  a  nota:  Melhor  he  (=  e)  muito  dixe -lho  logo. 


f.6  (= 


24. 

(Tr.  86). 

Senhor  fremosa,  fui  buscar 
conselh',  e  non-no  pud'  aver 
contra  vos,  nen  me  quis  valer 
45)c   Deus,  a  que  fui  por  ||  ón  rogar. 
5      E  pois  conselho  non  achei 
e  en  vosso  poder  fiquei, 
non  vus  pes  ja  de  vus  amar, 

Por  Deus;  e  se  vus  én  pesar', 
I      non  mi- o  façades  entender, 
10      e  poder -m'  edes  defender 

de  gran  cuita  por  mi -o  negar, 
E  mia  fazenda  vus  direi: 
por  ben  pagado  me  terrei, 
se  me  quiserdes  enganar. 

15  Tan  vil  vus  serei  de  pagar, 

se  o  vos  quiserdes  fazer, 
por  Deus,  que  vus  ten  en  poder; 
ou  se  me  quiserdes  matar, 
poderedes,  ca  me  non  sei 

20     conselh'  aver,  nen  viverei 
per  bõa  fé,  se  vus  pesar'. 


625 


630 


635 


640 


I  Emendei  o  hespanholismo  enganhar  no  verso  14,   e  pessar  no  21. 
Variantes:  CB  117  (91)  —   11  da  gran  coita  —   14  enganar  — 

15  seerei  —   22  a  gran  coita  —  25  nunca  —  26  coita  —  28  m'ante. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  >í  7.   —   Octonarios  jambicos.   — 
íCoplas  oquiconsoantes:  abbacca.  —  Rimas  longas:  arW  êrW  e*(c). 

Sei  dis,  segundo  a  classificação  do  Colocci. 


—     54     — 

E  gran  coita  me  faz  jurar 
d'amor,  que  non  posso  soffrer; 
e  faz  mi -a  verdade  dizer  645 

25      (de  que  eu  nunc'  ousei  falar) 
da  gran  cuita  que  por  vos  ei ; 
mais  vejo  ja  que  morrerei, 
e  quero  m'ant'  aventurar. 

in  Schõne  Herrin,  vergeblich  habe  ich  Hilfe  gesucht;  selbst  Gott, 
deu  ich  darum  gebeten  babe,  bat  mich  nicbt  gescbiitzt.  Icb  bleibe  íq  Eurer 
Macht.     So  lasst  es  Eucb  nicbt  langer  betriiben,  dass  icb  Eacb  liebc  (1); 

Oder  wenigstens :  zeigt  es  niir  nicbt!  Dadurcb,  dass  Ibr  es  niir  ver- 
heblt,  kõnnt  Ibr  micb  vor  grosser  Qual  scbútzen.  Wollt  Ibr  micb  tâuscben, 
so  bin  ich  es  "wobl  zufrieden  (2). 

So  leicbt  kõnnt  Ibr  micb  befriedigen.  Wollt  Ibr  micb  aber  toten,  so 
kõnnt  Ibr  auch  das  (3). 

Grosse  Liebespein,  die  icb  nicbt  tragen  kann,  bringt  mich  dazu,  (dies?) 
zu  schwõren  und  die  Wabrheit  zu  sagen,  von  der  icb  nie  zu  reden  wagte, 
betreffs  der  grossen  Pein,  die  ich  um  Euretwillen  duldo.  Da  icb  aber  doch 
sterben  muss,    will   icb  vorber  dieses  grosse  Wagnis  begeben  (4). 

IV  O  critico  antigo  trata  esta  cantiga  de  „5oa". 


(^  45)  d 


25. 

(Tr.  87). 

Con  vossa  coita,  mia  senhor, 

ja  de  tod'al  cuita  perdi; 

ca  todo  mi  aven  assi, 

d'esto  seede  sabedor; 

que  non  ||  pod'  orne  coit(a)  aver 

que  non  aja  log'  a  perder 

des  que  lh'outra  chega  mayor. 

E  por  aquesto,  mia  senhor, 
des  aquel  dia  que  vus  vi, 
d'outra  gran  coita  me  parti. 
Assi  me  coitou  voss'  amor 
que  me  fez  tod'  escaecer: 
atan  muit'  ouve  que  veer 
na  vossa,  que  me  faz  peor! 


650 


6Õ5 


660 


I  Emendei  no  verso  3  mi  (dativo)  por  we,  em  conformidade  com  o 
uso  constantemente  seguido  no  CA;  apesar  de  ambos  os  códices  apresen- 
tarem a  mesma  forma.  —  No  €B  esta  cantiga  vem  escripta  depois  do 
No.  119  (92). 

Variantes:  €B  118  (93)  —  2  coita  —  õ  cuit'  aver  —  12  todo  'scaecer 
—  14  peyor. 

II  Cantiga  de  meestria:  2x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  longas:  or(a)  iW  cV(c).  —  O 
primeiro  verso  das  estrophes  íinda  com  a  formula:  mia  senhor. 

Colocci  com  a  indicação:  strophe  sola  quis  dizer  que  a  segunda  me- 
tade, que  elle  costuma  chamar,  classicamente,  antistrophe  (cfr.  No.  1)  falta 
n'esta  poesia.  Parece  incompleta,  como  todas  as  cantigas  de  que  nos  restam 
apenas  duas  estrophes.  No  CA  ha  espaço  em  branco,  em  que  caberiam 
perfeitamente. 

III  Der  Gram,  don  Ihr  mir  bereitet,  hat  jeden  anderen  (alteren)  Gram 
vernichtet;  dess  soid  gewiss.  Es  giebt  úberhaupt  keinen  Gram,  iiber  den 
nicht  ein  hinzukommender  grõsserer  die  Oberhand  gewõnne  (1). 

Seit  ich  Euch  gesehen,  war  es  mit  einem  anderen   grosseu  Kummer 
i  aus:  die  Liebe  zu  Euch  brachte  Vergessen  jedes  librigen.    So  viel  sclilimmer 
ist  der,  welchen  Ihr  bereitet. 


26. 

(Tr.  88). 

Muito  per  dev'  a  gradecer, 

(segund'  agora  meu  cuidar)  665 

a  Deus,  a  quen  faz  ben  querer 

senhor,  con  que  pode  falar 
^j^7^     5     en  lhe  sa  coita  des|| cobrir. 
(=  46)a  M-Slís  este  ben,  por  non  mentir, 

non  vo-lo  quis  el  a  min  dar;  6' 70 

Mais  fez  m'  atai  senhor  aver 
de  que  m'  ouve  sempr(e)  a  guardar, 
10      des  que  a  vi,  de  m'entender 

qual  ben  lhe  quer(o),  e  de  provar 

se  me  queria  consentir  67õ 

quan  pouco  quer,  sol  de  mi-oir 

a  cuita  que  me  faz  levar. 

15  Ca  ja  toda  per  nulha  ren 

non -na  poderia  saber 

per  min;  nen  ar  sei  og'  eu  quen  680 

mi -a  toda  podesse  creer, 

mentre  me  viss'  assi  andar 
20     viv'  ontr'  as  gentes,  e  falar, 

e  d'atal  coita  non  morrer, 

I  Devagradeeer  no  primeiro  verso  tanto  pode  ser  dev'  agradecer  como 
dev'  a  gradecer.  —  No  segundo,  CÁ  traz,  por  engano,  a  meu  cuidar. 

Variantes:  CB  119  (92)  —  2  agora  meu  c.  —  5  Ihi  —  1  mi  — 
8  veer  —  9  cie  que  m'  ouvi  se?npr'  a  guardar  [semp  guardar]  —  11  Ihi 
quer'  e  —  13  ?norir  por  mi  oir  é  erro  manifesto  —  14  coita  —  lõ 
nulla  —  20  vivo  antr'as  g.  —  21  datai  —  24  meor  (sem  til)  — ja  alguen 
—  2õ  mi  —  27  que  —  28  quanto  no  m. 


r 


25 


57 


De  qual,  desejando  seu  ben, 
me  faz  o  seu  amor  soífrer, 
ca  de  mgor  morreu  ja  'Iguen; 
mais  Deus  me  faz  assi  viver 
en  tan  gran  coita,  por  mostrar 
per  min  ca  xe  pod'  acabar 
quant'  el  no  mundo  quer  fazer. 


685 


690 


II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
C  o  p  hl  s  j)  a  r  c  a  d  a  s :  ababccb.  —  Rimas  1  o  n  g  a  s :  e/-  (a)  ar  W  ir  («)  n  o  grupo  1°, 
m(tt)  êrW  arifi)  uo  IP.  As  rimas  êr  e  ar  são  portanto,  communs  a  todas 
as  estrophes. 

Ad  due,  no  dizer  de  Colocci. 

III  Gott  zu  Dank  verpílichtet  ist  der,  welchem  er  Zuneigung  zu  einer 
Herrin  schenkt,  mit  der  er  reden  darf,  ihr  seine  Qual  gestehcnd.  Mir 
ward  dies  Gut  nicM  bescheert  (1). 

Vielmehr  ist  ineine  Herrin  so  geartet,  dass  ich  niich,  seit  ich  sie  ge- 
sehen,  davor  húten  muss,  sie  mõge  meino  Liebe  merken,  und  erst  recht 
vor  jedem  Veisuch,  ihr  von  niciuem  Gram,  mit  ihrer  Einwilligung,  ein  weniges 
zu  gestehen.  (2). 

Ganz  wúrde  sie  ihu  docli  nie  durcli  micli  erfahron ;  úberhaupt  wird  nie- 
mand  ihn  mir  glaubeu,  solange  ich  untor  deu  Lcbeudeu  weiio  und  nicht 
vor  Schmerz  sterbe  (3) 

Aus  sehnsiichtiger  Liebe  zu  ihr;  denn  an  geringerem  Weli  ist  ja  schon 
mancher  gestorben.  Gott  aber  erhiilt  mich  am  Leben,  um  zu  zeigen,  dass 
er  auf  unsererErde  thun  kann,  was  er  will. 


27. 
(Tr.  89). 

Desejand'  eu  vos,  raia  senhor, 
seguramente  morrerei; 
e  do  que  end'  estou  peor, 

é  d'  lia  ren  que  vus  direi:  695 

5      que  sei,  de  pran,.que,  pois  morrer', 
f.7{=46)b    ave  II  rei  gran  coit'  a  soffrer 
por  vos,  como  mi -agora  ei. 

E  por  én  e  por  voss'  amor 
ja  sempr'eu  gran  coit'  averei  700 

10      aqui,  enquant'  eu  vivo  for'; 

ca  des  quand'  eu  morrer',  ben  sei 

que  non  a  ei  nunc'  a  perder, 

pois  vosso  ben  non  poss'  aver; 

ca  por  ai  non  a  perderei.  705 

15  Por  quantas  outras  cousas  son 

que  Deus  no  mundo  fez  de  ben, 

polas  aver  eu  todas,  non 

perderia  coita  por  én. 

E  podê-la-ia  perder,  710 

20     mia  senhor,  sol  por  vus  veer, 

en- tal -que  a  vos  prouguess'  én. 

I  CB  120  (94)  —  1  en  por  ew,  é  erro  manifesto  —  12  non -na  ei 
nunca  a.  p.  —   19  e  podê-la-ia  ben  perder  —  20  sol  falta  —  27  nono. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jarabicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababccb.  —  Eimas  longas:  or(a)  eiO")  êric)  no  grupo  I" 
e  o«(a)  ewO)  er(c)  no  IP.  Os  versos  5  e  6  de  todas  as  estrophes  terminam, 
equiconsoantes,  em  er. 

Ad  due,  no  dizer  de  Colocci. 


25 


õ9 


Ora  vus  digu'  eu  a  razon 
de  como  me  de  vos  aven, 
ca,  Deu -lo  sab',  á  gran  sazon 
que  desejei  mais  d'outra  ren, 
senhor,  de  vus  esto  dizer; 
pêro  non  o  ousei  fazer 
erg'  ora,  pois  me  vou  d'aquen. 


715 


III  Kein  Zwcifel,  dass  icli  aus  Sehnsucht  nacli  Euch  sterbe.  Das 
Schlimmste  aber  ist,  dass  ich  auch  nach  dem  Tode  zu  leiden  habcn  werde  (1). 

Niir  Eure  Gunst  kõnnte  mich  von  diesen  Leiden  befreien  (2). 

Nichts  Scliõncs  auf  Erdon  hat  diese  Macht:  nur  Euer  Anblick  und 
,Eure  Huld  (3). 

Seit  langem  mOclite  ich  Euch  dies  Gestiindnis  machen;  doch  habe 
ich  es  nicht  gowagt.    Erst  jotzt,  wo  ich  von  Euch  gehe,  thue  ich  es  (4). 

IV  A  palavra  ergo,  rj^uo  não  occorre  aqui  pela  primeira  vez,  suri)re- 
hendeu  o  antigo  leitor,  que  a  repetiu  á  margem  do  CA. 


28. 
(Tr.  90). 

Ja  foi  sazon  que  eu  cuidei  720 

que  me  non  poderi'  amor 
per  nulha  ren  fazer  peor 
ca  me  fazi'  enton,  e  sei 
5      agora  ja  dei  iia  ren, 
f.  7  (=  46)c  ca  ja  m'en  mayor  ||  coita  ten  725 

por  tal  dona  que  non  direi, 

Mentr'eu  viver',  mais  guardar -m'ei 
que  mi- o  non  sábia  mia  senhor; 
10      c'assi  (e)starei  d'ela  melhor, 

e  d'ela  tant'  end'  averei:  730 

enquanto  non  souberen  quen 
est  a  dona  que  quero  ben, 
algiia  vez  a  veerei! 

15  Mais  grau  med'  ei  de  me  forçar 

o  seu  amor,  quando  a  vir',  735 

de  non  poder  d'ela  partir 

os  meus  olhos,  nen  me  nembrar 

de  quantos  m(e)  enton  veeran, 
20      que  sei  ca  todos  punharan 

en-na  saber,  a  meu  pesar.  740 

I  CB  121  (95)  —  2  poderia  —  3  nulla  —  4  fex  i  —  10  ca  assi 
—  19  m' enton  —  20  ca  sei  que  t.  p.  —  22  ca  averei  nmito  a  j.  — 
26  ca  sei. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  longas:  e«(a)  ôrW  m(c)  no  grupo  I" 
e  ar  (a)  «VC»)  fm(c)  uo  II". 

Ad  2,  no  formulário  de  Colocci. 


25 


61 


E  averei  muit'  a  jurar 
pola  negar  e  a  mentir, 
e  punharei  de  me  partir 
de  quen  me  quiser'  preguntar 
por  mia  senhor;  que  sei,  de  pran, 
ca  dos  que  me  preguntaran 
e  dos  outros  m'ei  a  guardar. 


745 


III  Es  gab  cine  Zoit,  wo  ich  glaubte,  die  Liebo  kõnnte  miv  nicht 
iibler  mitspielen,  und  jetzt  ist  es  doch  gescheben  durcb  eine  Frau,  die  icb 
nicht  nenjien  werde  (1) 

Solange  ich  lebe.  Húten  werde  ich  mich  davor,  dass  sie  selbst  es 
erfahre,  denn  solange  es  unbekannt  ist,  won  ich  liebe,  werde  ich  sie  dann 
und  wann  sehon  konnen  (2). 

Freilich  babe  ich  grosse  Fu]"cht,  die  Liebe  werde  mich  úberwiiitigen, 
wenn  ich  sie  schaue,  so  dass  ich  die  Augen  nicht  werde  von  ihr  wendon 
konnen,  uneingedenk  der  vielen,  die  mich  dabei  ei^tappen  wiirden  und  darauf 
aus  sind,  meine  Dame  zu  kennen  (3). 

Viel  werde  ich  schwõren  und  liigen  miissen,  um  sie  zu  verleugnen; 
und  fem  werde  ich  mich  halten  miissen  von  Fragern  (4). 

rV  Quar-te  e  cala -te!  eis  a  phrase,  em  que  o  annotador  resumiu 
d'esta  vez  as  suas  impressões,  chegado  ao  verso  17. 


29. 

(Tr.  91). 

Ben-no  faria,  se  nembrar 
se  quisesse  ja  mia  senhor 

como  mi  a  tort'  á  desamor,  750 

e  me  quisesse  perdoar, 
5      ca  nunca  lli'eu  mal  mereci; 

mais  fez  mi -a  Deus  des  que  a  vi 
f.  7  (=  4G)d  sen  o  meu  ||  grado  muit'  amar. 

Pêro  lhe  nunca  mal  busquei,  755 

ei  lh'ora  de  buscar  perdon, 
10      ca  me  quer  mal  de  coraçon. 
E  non  osm'  og'  eu,  nen  o  sei 
per  que  me  lhe  possa  salvar, 
que  lhe  nunca  fize  pesar,  '  760 

mais  non  quer  oir  mia  razon. 

15  E  maçar  me  quisess(e)  oír, 

non  Ih'  ousaria  i  falar; 

e  por  esto  non  poss'  osmar 

ren  per  que  eu  possa  guarir.  765 

Ca  non  ei  d'outra  ren  sabor 
20      ergu'  en  viver  u  ela  for': 

e  d'esto  m'ei  sempr(e)  a  guardar, 

I  Nos  versos  27  e  28  a  lição  do  texto  provém  do  CB.  A  do  original 
parece -me  deturpada.  E  diz:  deulo  sabe  me  mui  tnester  oymais  mia 
morte  ca  viver. 

Variantes:  CIÍ  122  (96)  —  1  beno  —  4  e  26  perdoar  (sem  til)  —  7 
seno  —  8  Ih' eu  —  10 — 12  O  copista  deu  aqui  ura  salto  Aq  mal  aXé  possa. 
13  Ihi  —  figi  —  15  E  se  m'ela  quisess'  oir  —  16  i  a  falar  —  24  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas    singulares:    abbacca.    —    Rimas   longas:    ar(a)  ôrW  «(c)  na 


—     6B     — 


E  guardar -m'ei  de  a  veer, 
pêro  non  desejo  muit'  ai. 
Mais  se  me  Deus  cedo  non  vai, 
muit'  ei  gran  coita  de  soífrer: 
pois  m'ela  perdoar  non  quer, 
Deu -lo  sabe,  que  m'é  mester 
mui  mais  mia  morte  ca  viver. 


170 


775 


la  estrophe;  e*(a)  onO>)  ar(c)  na  2*;  iri»)  arC»)  or(e)  na  3";  cr(a)  arW  e/-(e)  na 
ultima.  Vê -se,  portanto,  que  ar  reapparece  em  todas  as  estrophes  (em 
1  como  a;  em  2  como  c;  em  3  e  4  como  b),  e  que  or,  depois  de  occupar 
na  1*  estrophe  o  lugar  do  meio  ('>) ,  occupa  o  ultimo  (c)  na  3*. 

Da  mão  de  Colocci  temos  apenas  o  mesmo  signal  da  cruz  que  ac- 
companhava  a  primeira  cantiga.  Não  adivinho  qual  o  pormenor,  que  o 
grande  humanista  queria  assignalar  d'este  modo. 

III  "Wohl  thâte  meine  Herrin  daran,  woUte  sie  einsehen,  dass  sie 
mich  zu  Unrecht  meidet,  und  mir  verzeihen,  da  ich  ihr  doch  niemals 
Leides  angethan  habe;  vielmehr  brachte  Gott  mich  dahin,  sie  ohne  meinen 
Willen  zu  lieben,  sobald  ich  sie  sah  (1). 

Obwohl  ich  keine  Schuld  gegen  sie  habe,  muss  ich  sie  um  Verzeihung 
bitten,  da  sie  mir  groUt.  Doch  weiss  ich  nichts  ausfindig  zu  machen,  wo- 
durch  ich  mich  rechtfertigen  (und  beweisen)  kõnnte,  dass  ich  ihr  nichts 
Schlimmes  zugefiigt  Iiabe  —  denn  sie  will  meine  Grúnde  nicht  anhõren  (2). 

Und  woUte  sie  es  auch,  ich  wúrde  nicht  zu  reden  wagen.  Deswegen 
weiss  ich  nicht,  wie  ich  mich  retten  soU.  Denn  nichts  anderes  ist  fiir  mich 
Wonne,  ais  da  zu  leben,  wo  sie  weilt.   Davor  aber  werde  ich  mich  hiiten  (3); 

Und  werde  mich  hiiten,  sie  zu  sehen,  obwohl  ich  nichts  ais  das  wiinsche. 
So  mir  Gott  nicht  hilft,  droht  mir  grosses  Leid.  Da  sie  mir  nicht  verzeilien 
will,  ware  es  mir  —  weiss  Gott!  —  besser  zu  sterben  ais  zu  leben  (4). 

IV  O  vocábulo  ergo  do  verso  20  chamou  aqui  novamente  a  attenção 
do  annotador,  que  o  tratou  de:  latim! 


30. 

(Tr.  q,  a  p.  313). 

Quen  bõa  dona  gran  ben  quer, 
de  pran,  todo  dev'  a  soífrer 
quanto  Ih'  ela  quiser'  fazer; 
e  se  Ih'  algun  pesar  fezer', 
5     ben -no  dev'  a  sofErer  en  paz  780 

e  mostrar  sempre  que  lhe  praz 

Fim  da  f.  7      -3  ,  i       ii    r  ? 

(=  46)      de  quanto  a  ela  ||  {pi'ouguer . 

E  2J0ÍS  que  Ih'  esto  feif  ouver', 
outro  conselho  á  i  dfaver:. 
10     guardai' -se  ben  de  Ih'  o  saber  785 

por  ren  nulh'  orne  7ien  molher. 
Ca  tod'  esf  en  dereito  jaz, 
e  se  Ih'  om'  aquesto  non  faz, 
de  mais  viver  non  lh'é  mester. 

15  Mais  pêro  quen  a  servirá  790 

quanto  a  7nais  poder'  servir, 

pola  7ion  poder  encobrir, 

Qpor  esto,  por  que  morrerá? 

Non  o  dev'  a  leixar  morrer, 
20      ca  non  est  om'  en  seu  poder  795 

pois  que  gran  coita  d' amor  á. 

I  O  CB  forneceu  as  três  estroph.es  que  faltavam  no  CA. 
Variantes:  CB  123  (97)  —   1  boa  (sem  til)  —   6  Ihi  —  8  oer  — 

forma  que  o  CA  desconhece  absolutamente.  —  10  e  guardar -se.  A  con- 
junoção  estragava  o  metro.  —  11  null  ornen  —  13  e  20  om  traz  o  signal 
da  abreviatura.  Mas  se  o  dissolvêssemos  de  sorte  a  dar  omen,  cresceria 
uma  syllaba.  —  18  morrer  é  erro  evidente  por  morrerá. 

II  Cantiga  de  maestria:  4x7.  —    Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  longas:  érit^)  êrW  axi*»  no  grupo  P; 


25 


65 


Mais  gpor  qual  guisa  poderá 
os  seus  olhos  d'ela  partir 
ame  coitado,  poi-la  vir'? 
Ca  todo  o  sen  perderá 
con  gran  sabor  de  a  veer! 
Ca  (ajssi  o  fax  a  min  perder 
amor:  tan  gran  coita  me  dá!] 


8Ò0 


á(a)  tr(h)  (!r(c)  no  IP;  a  rima  b  das  primeiras  estrophes  reapparece  como  c 
nas  ultimas. 

III  "VVer  eine  edle  Frau  innig  liebt,  muss  alies,  was  sie  ihm  anthut, 
still  erdulden,  auch  wenn  es  etwas  Leides  ist;  und  stets  zeigen,  dass  ihm 
behagt,  was  ihr  gefãllt  (1). 

Ausserdem  muss  er  noch  darauf  bedacht  sein,  dass  niemand  von  seiuor 
Liebe  erfahre.  Das  gehõrt  zu  den  Liebespílichten ;  und  wer  ihr  nicht  nach- 
kommt,  braucht  nicht  weiter  zu  leben  (2). 

Dient  er  aber  wie  er  muss,  so  sollte  die  Geliebte  ihn  darum  nicht 
tõten,  weil  er  (seine  Gefiihle)  nicht  verbergen  kann;  denn  der  ist  seiner 
nicht  machtig,  den  grosse  Liebe  plagt  (3). 

"Wie  soU  er  die  Augen  fortwenden,  wenn  er  sie  erblickt?  Sein  ganzer 
Verstand  ist  in  solchen  Augenblicken  dahin.  Wenigstens  ergeht  es  mir 
also:  so  sehr  plagt  mich  die  Liebe  (4). 


LACUNA  3". 

FALTA   UM    CADERNO    INTEIRO. 


As  22  Cantigas,  que  figuram  no  CB,  entre  os  Nos.  cor- 
respondentes a  30  e  31  do  CÁ,  talvez  formassem  o  conteúdo 
do  Caderno  roubado.  —  E  são :  mais  5  de  Joan  Soaires  Somesso, 
9  de  Nuneannes  Cerzeo,  3  de  Pêro  Yelho  de  Taveiroos,  2  de 
Martini  Soares,  e  ainda  o  principio  da  primeira  poesia,  perten- 
cente a  Paay  Soares  de  Taveiroos. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO  3"^  DO  AFFENDICE. 


m 


CANTIGAS 


31—39 


DE 


PAAY   SOARES   DE  TAVEIROOS. 


31. 

(Tr.  V,  a  p.  317). 

[Entend'  eu  ben,  senhor,  que  fax  mal -sen 
quen  vay  grau  ben  querer  quen  lh'o  non  quer,      805 
e  quen  deseja  muW  ata[l]  molher 
de  qtie  non  cuida  jamais  aver  ben, 
5      e  mia  senhor,  tod'  esf  a  mi  aven 
f.8{=47)ade  vos;  e  non  entendfoj  a]  ||  folia 

que  faç'  i,  quand[o]  entendê-la-ia  810 

se  a  fezess'  outr(e),  e  non  ei  ventura 
de  saber -me  guardar  de  gran  loucura. 

10  E  mia  senhor,  sei  eu  guardar  outren, 

e  a  min,  que  mi -avia  mais  mester, 

non  sei  guardar;  e  se  me  non  vai  ver'  815 

escontra  vos,  mia  senhor,  outra  ren, 

non  mi-á  min  prol,  quando  me  prol  non  ten 
15     cousimento,  que  me  valer  devia, 

e  mia  senhor.     Vel,  por  sancta  Maria, 

pois  Deus  non  quer  que  eu  faça  cordura,  820 

fazed'i  vos  cousiment'  e  mesura! 

I  Os  primeiros  seis  versos  pertencem  ao  texto  cio  CB.  —  No  3  emendei 
atai  por  a  ta\  no  Q  entendo  por  entend' \  no  7  quando  por  quand' \  no  10 
substitui  seu  eu  por  sei  en\  no  19  cocemos  por  conhocer;  no  23  agradecer 
por  gradecer. 

Variantes:  CB  146  (119)  —  10  outre  ben  —  12  non  me  sei  guardar 
se  m.  n.  v.  —  14  mi  prol  —  15  valer  me  devia  —  18  faxede  vos  —  19 
segund'  è  m.  c.  —  24  falta  sol  —  25  falta  eu  —  26  deus  nunca  me  dê 
grado  —  27  se  ei  (talvez  por  se  eu  ei). 

II  Cantiga  de  meestria:  3x9.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
As  primeiras  duas  estrophes  estão  ligadas  pelas  rimas;  a  restante  apresenta 
rimas  divergentes.    Não  é  impossivel  faltar  mais  uma  que  irmanasse  com 


—     70     — 

E,  de  pran,  segundo  meu  conhocer, 
20     en  vus  querer  mui  gran  ben,  mia  senhor, 
eu  que  non  cuido,  mentre  vivo  for^, 
senhor  fremosa,  de  vos  ben  aver,  825 

mais  mi -o  deviades  vos  gradecer 
ca  se  vus  eu,  mia  senhor,  sol  amasse 
25      por  algun  ben,  que  eu  de  vos  cuidasse 

aver.     Mais  Deus  non  me  dê  de  vos  grado, 

se  eu,  senhor,  ei  ren  d'este  cuidado!  830 

ella,  de  modo  que  tivéssemos  coplas  pareadas:  abbaaecdd.  O  confronto 
com  as  poesias  No.  1.  36.  84.  93,  e  outras,  construidas  pelo  mesmo  systema,  in- 
valida, comtudo,  esta  conjectura.  —  Rimas  longas  e  breves:  étiW  éri^) 
iai*^)  uraW  no  grupo  P;  tV(a)  ôrO*)  asseia)  adoW  na  estrophe  desirmanada. 
Colocoi  resume  as  suas  observações  a  respeito  da  metrificação  d'esta 
cantiga  nas  palavras:  y,strophe  due  et  congedo  —  la  2*-  pro  aniistrophe.'-'- 
2"  talvez  seja  erro  por  3''?  —  Os  vocábulos  mal- sen,  folia  e  gradecer 
despertaram,  além  d'isso,  a  sua  attenção. 

III  Ein  Thor  ist,  wer  da  liebt,  wo  er  nicht  Gegenliebe  findet,  und 
sich  nach  einem  "Weibe  sehnt,  von  dem  er  doch  keine  Gunst  erwartet.  So 
thue  ich.  Und  erkenne  es  nicht  ais  Narrheit  an,  vi^ahrend  ich  es  dafiir 
halten  wúrde,  thãte  es  ein  anderer.  Das  Gliick,  micli  vor  (so)  grossem 
Wahnsinn  zu  hiiteu,  habe  ich  nicht  (1). 

Andere  weiss  ich  zu  schiitzen;  mich  selber  nicht,  so  mir  gegen  Euch 
nichts  anderes  hilft  ais  Vernunft.  Ihr,  Herrin,  miisstet  mir  beistehen.  Da 
Gott  nicht  will,  dass  ich  weise  handle ,  soUtet  Ihr,  bei  der  heiligen  Jungfrau, 
mit  Vernunft  und  rechtem  Masse  verfahren  (2). 

Denn  da  ich  Euch  ohne  Hoffnung  auf  Vergiinstigung  so  innig  liebe, 
soUtet  Ihr  es  mir  hõher  anrechnen,  ais  wenn  ich  Euch  in  Erwartung  auf 
Lohn  huldigte.  Denke  ich  auch  nur  im  mindesten  daran,  so  mõge  Gott 
mir  nichts  Liebes  von  Euch  zu  Teil  werden  lassen  (3). 


(r=:   47)b  y 


10 


32. 

(Tr.  151). 

A  ren  do  mundo,  que  melhor  queria, 
nunca  m'én  ben  quis  dar  sancta  Maria; 
mais  quant'  end'  eu  no  coraçon  temia, 
ei!  ei!  ei! 
Senhor,  senhor,  agora  ||  vi 
de  vos  quant'  eu  sempre  temi! 

A  ren  do  mundo,  que  eu  mais  amava 
e  mais  servia,  nen  mais  desejava, 
Nostro  Senhor,  quant'  end'  eu  receava, 
ei!  ei!  ei! 
Senhor,  senhor,  agora  vi 
de  vos  quant'  eu  sempre  temi! 


835 


840 


I  €B  147  (120)  —  3  end'  enno  c.  t.  —  6  de  vos  quant'  eu  sempre 
ian  muito  temi.  Se  riscássemos  tan^  o  verso  seria  um  decasyllabo.  —  14 
desem-parado  —  15  coita. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (3  +  3).  —  O  corpo  da  cantiga,  ou  seja 
a  sua  frente,  compõe-se  de  três  decasyllabos  jambicos  com  rimas  femi- 
ninas; o  ]'efram,  cujo  primeiro  verso  acaba,  tanto  grammatical  como  logi- 
camente o  antecedente,  é  formado  de  um  trinario  (de  3  tempos  fortes)  e 
de  dous  octonarios  jambicos  com  rimas  masculinas.  —  Coplas  singu- 
lares: aaaj|BCC. —  Rimas  breves  e  longas,  conforme  as  estrellas  indicam. 
As  três  breves  rimam  em  ia  na  1"  estrophe,  em  avana,  2",  e  em  ado  na  3". 
As  longas  são  ei  i  i.     Entre  os  versos  1  e  3  da  estrophe  inicial  e  os  da 

seguinte  ha  notável  parallelismo. 

a 
Colocci  diz:  eõforme  rima  —  eõ  tornello  —  'Wí  y  —  ma  versi piceoli. 

•O  supra  entende-se    das  cantigas   139.   138.   136.   129.    104  e   103   (resp. 

também  102),  onde  o  erudito  italiano  já  indicara,  em  nota  marginal,  a  existência 

de  um  tornello. 

III  "Was  ich  auf  Erden  am  liebsten  hatte  (am  heissesten  wiinschte) 
hat  die  Jungfrau  (hat  unser  Herrgott)  mir  nicht  geben  wollen.    AVas  ich 


—     72     — 

E  (jque  farei  eu,  cativ'  e  cuitado? 
Que  eu  assi  fiquei  desamparado 
15     de  vos,  por  que  ouita  grand'  e  coidado  845 

ei!  ei!  ei! 
Senhor,  senhor,  agora  vi 
de,  vos  quant'  eu  sempre  temi ! 

aber  am  meiston  fiirchtete  (besorgte)  ||  Das  habe  ich.     Herr!   Herr!   (oder: 
Herrin!  Herrin!)  was  ich  stets  befúrchtete ,  habe  ich  zu  sehen  bekommen. 

IV  Cfr.  Lang,  Liederbuch  des  Kõnigs  Denis  p.  CXL. 


10 


15 


33. 

(Tr.  152,  e  p.  351). 

Quantos  aqui  d'  Espanha  son, 
todos  perderon  o  dormir 
con  gran  sabor  que  an  de  s'ir; 
mais  eu  nunca  sono  perdi, 
des  quando  d'Espanha  saí; 
ca  mi- o  perdera  ja  enton. 

E  eles,  si  Deus  me  perdon, 
desejan  sas  terras  assi 
que  non  dormiron  muit'  aí. 
Mais  pois  i  foren,  dormiran, 
ca  non  desejan  ai,  nen  an 
outra  coita  se  esta  non. 

E  estou  end'  eu  mui  peor, 
que  coid'i  a  perder  o  sen, 
desejando  sempr'  aquel  ben 
do  mundo  mais  grave  d'aver, 
como  desejar  ben -fazer 
da  mui  fremosa  mia  senhor. 


850 


855 


860 


865 


I  No  verso  3  ambos  os  códices  escrevem  dessir. 

Variantes:  €B  148  (121)  —  2  perderan  —  7  se  deus  mi  p.  —  14 
cuid'i  —  15  setnpre  qual  ben  —  16  grave  deve  ser  resolvido  em  grav'é^ 
logo  que  se  aceite  a  boa  variante  do  verso  anterior.  —  19  é  est'  o  m.  — 
21  que  me  fex  —   23  cuidava.     Não  serve,  por  causa  do  metro. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbcca.  A  rima  a  liga,  todavia,  a  estrophe  1"-  com 
a  2";  assim  como  a  3"  com  a  4=^.  Além  d'isso  a  rima  c  da  1"  e  3*  estrophe 
volta  na  2^  e  4"  em  segundo  lugar  (nos  versos  2  e  3).  —  Eimas  longas- 
on(a)  ír(b)  «(c)  na  P  estancia;  on(^)  ii^)  ani^)  na  2*;  ôrW  éw(b)  erW  na  3"; 
òr(a)  êri^)  ar(.<:)  na  4»-. 

Colocci  chama  a  attenção  apenas  para  os  vocábulos  desejar  e  eambhar. 


—     74     — 

E,  de  pran,  est'  est  o  mayor 
20     ben  que  og'  eu  posso  saber; 

e  Deus  que  mi -a  fez  ben  querer, 
se  m'este  ben  quisesse  dar,  870 

f.  8  (=  47)c  II  non  me  cuidaria  cambiar 
por  rei  nen  por  emperador! 

III  Alie  Spanier,  die  sich  hier  aufhalten,  haben  den  Schlaf  verloren 
vor  lauter  Lust  heimzukehren.  Ich  aber  verlor  den  Schlaf  nicht,  ais  ich 
Spanien  verliess;  denn  ich  hatte  ihn  bereits  verloren  (1). 

Sie  sehnen  sich  zuriick,  weil  sie  wenig  geschlafen  haben;  sind  sie 
jedoch  zu  Hause,  so  werden  sie  schlafen,  denn  keine  andere  Sorge  bekúm- 
mert  sie  (2). 

Schlimmer  bin  ich  daran:  ich  fiirchte,  den  Verstand  zu  verlieren  vor 
Sehnsucht  nach  dem  Gute,  das  auf  Erden  am  schwersten  zu  erreichen  ist: 
nàmlich  nach  der  Huld  nieiner  scliõnen  Herrin  (3). 

Und  oífenbar  ist  dies  das  hochste  Gut,  welches  ich  kenne.  "Will  Gott, 
der  mich  dahin  gebracht  hat,  sie  zu  lieben,  es  niir  schenken ,  so  tausche  ich 
niit  keinem  Kõnige  noch  Kaiser  (4). 


34 

(Tr.  153). 

Meus  olhos,  quer  vus  Deus  fazer 

ora  veer  tan  gran  pesar 

onde  me  non  poss'  eu  quitar  875 

sen  mort',  e  non  poss'  eu  saber 
por  que  vus  faz  agora  Deus 
tan  muito  mal,  ay  olhos  meus! 

Ca  vus  faran  cedo  veer 
a,  por  que  eu  moiro,  casar,  880 

e  nunca  me  d'ela  quis  dar 
10     ben,  e  non  poss'  or'  entender 

por  que  vus  faz  agora  Deus 
tan  muito  mal,  ay  olhos  meus! 

E  de  quen  vus  esto  mostrar',  885 

nunca  vus  mostrará  prazer, 
lõ      ca  logu'  eu  i  cuid'  a  morrer, 
olhos,  e  non  poss'  eu  osmar 

por  que  vus  faz  agora  Deus 

tan  muito  mal,  ay  olhos  meus!  890 

I  CB  149  (122)  —  4  e  non  poss'  én  saber  —  9  mi  —  10  ora.  As 
letras  ent  ir  ss,  que  ficam  entro  ot-a  e  èera,  estão  adulteradas.  —  16  e  non 
ous'  osmar.  Falta  uma  syllaba.  Quem  aceitar  oms',  terá  de  por  ouso  ou 
ous'  eu.  —  O  CA  traz  os  olhos. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -j- 2). —  Octonarios  jambicos. — 
Coplas  equiconsoantes,  levemente  differenciadas :  nas  primeiras  duas 
estrophes  temos  osystema:  abba||CC;  na  ultima  lbaalb||CC.  —  Eimas  longas: 
ér(a)  ar{^)  eusiC). 

Colocci  diz  apenas:  cõ  tornei. 

III  Ihr  meine  Augen,  Gott  will  Euch  jetzt  ein  schweres  Leid  anthun, 
von  dem  nur  der  Todmich.  befreien  kann;  doch  weiss  ich  nicht,  ||  warum 
Euch  Gott  solclien  Gram  bereitet  (1). 

Denn  Ihr  sollt  bald  sehen,  wie  die,  in  welclie  ich  sterblich  verliebt 
bin  und  die  mir  nie  eine  Gunst  gewáhrt  hat,  sich  vermâhlt  etc.  (2). 

Wer  Euch  aber  das  zeigt,  kann  Euch  nimmermehr  Lust  schenken; 
denn  gleich  besorge  ich,  daran  sterben  zu  mússen  etc.  (3). 


35. 

(Tr.  154). 

Como  morreu  quen  nunca  ben 
ouve  da  ren  que  mais  amou, 
e  quen  viu  quanto  receou 
d'ela,  e  foi  morto  por  én: 
(l'47)d     5  I  Ay  mia  senhor,  assi  moir'  eu!  895 

Como  morreu  quen  foi  amar 
quen  lhe  nunca  quis  ben  fazer, 
e  de  que[7i]  lhe  fez  Deus  veer 
de  que  foi  morto  con  pesar: 
10  Ay  mia  senhor,  assi  moir'  eu!  900 

Com'  ome  que  ensandeceu, 
senhor,  con  gran  pesar  que  viu, 
e  non  foi  ledo  nen  dormiu 
depois,  mia  senhor,  e  morreu: 
15  Ay  mia  senhor,  assi  moir'  eu!  905 

I  O  escrevente  do  CA  poz  no  verso  1,  erradamente,  moyreu;  no  6 
e  11,  porém ,  morreu. 

Variantes:  CB  150  (123)  —  3  que  —  7  Ihi  —  8  Ihi  —  11  como 
omen  —  18  vir  —  19  nena. 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -|-  1).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbalJC.  —  Rimas  longas:  mW  omC»)  no  corpo  da 
1*  estrophe;  ar  êr  na  2*;  eu  iu  na  3";  ai  én  na  4%  que  portanto  volta  á 
1*  rima;  e  eu  no  refram  (c  =  a^). 

A  indicação  de  Colocci  sobre  a  paridade  d'esta  cantiga  e  da  anterior, 
marcada  com  o  termo  simile,  não  é  bem  exacta,  visto  que  o  refram,  que 
n'aquella  contava  dous  versos,  se  compõe  n'esta  de  um  só.  —  Ha  certo 
parallelismo  no  começo  das  estrophes. 


20 


77     — 


Como  morreu  quen  amou  tal 
dona  que  lhe  nunca  fez  ben, 
e  quen  a  viu  levar  a  quen 
a  non  valia,  nen  a  vai: 

Ay  mia  senhor,  assi  moir'  eu! 


910 


TTT  "Wie  derjenige  starb,  der  nie  Gunst  erfuhr  von  dem  "Wesen,  das 
er  am  innigsten  liebte,  wohl  aber,  was  er  von  ihr  fúrchtete,  und  darum 
getõtet  ward  —  so  sterbe  ich,  ach  meine  Herrin!  (1). 

"Wie  deijenige  starb,  der  ein  "Wesen  lieb  gewann,  das  ihm  nimmer 
Liebes  anthun  wollte,  und  von  dem  ihm  Gott  Dinge  geschehen  liess,  an 
denen  er  vor  Kummer  hinsiechte  —  so  sterbe  ich,  ach  meine  Herrin!  (2). 

Wie  einer,  der  vor  Kummer  nárrisch  und  heruach  niemals  wieder 
froh  ward  noch  schlief,  sondem  dahin  starb  —  so  sterbe  ich,  ach  meine 
Herrin!  (3). 

"Wie  einer,  der  eine  Dame  liebt,  die  ihm  keine  Gunst  gewáhrt,  und 
sie  von  einem  anderen  heimgefiihrt  sieht,  der  ihrer  nicht  wert  war,  noch 
ist  —  so  sterbe  ich,  ach  meine  Herrin!  (4). 


36. 

(Tr.  155). 

Senhor,  os  que  me  queren  mal, 
sei  eu  ben  quê  vus  van  dizer 
todos,  senhor  (por  me  fazer 
perder  convusc',  e  non  por  ai) : 
5      dizen-vus  ca  vus  quero  ben,  915 

senhor,  e  non  devo  por  én 
eu  escontra  vos  a  perder. 

E  ja  d'[açzí]esta  mezcra  tal 
de  me  guardar  non  ei  poder, 
10      ca  vus  ei  mui  gran  ben -querer,  920 

f%^l=  48)a  II  P^^*^  ^®  contra  vos  non  vai. 
E  vos  por  tolherdes  mi- o  sen, 
nunca  lhes  queredes  per  ren 
esta  mezcra  de  min  creer. 


I  Emendei  no  verso  7  d'aquesta  por  desta;  no  17  o  hespanholismo  dtré, 
6  no  verso  20  ant'  por  antre  (anf).     Esta  Cantiga  não  figura  no  CB. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
As  primeiras  duas  estrophes  são  pareadas;  a  3"  está  desirmanada,  como 
nos  Nos.  1.  31.  84  e  93.  Ordem  das  rimas:  abbaecb.  —  Rimas  longas: 
a/ (a)  er(*»)  m(c)  no  grupo  P;  ar(a)  or<(i»)  ani*^)  na  ultima  estrophe. 

ni  Meine  Feinde  sagen  es  Euch,  Herrin,  dass  ich  Euoli  liebe,  um 
mich  bei  Euch  in  Verruf  zu  bringen  (1). 

Zu  schiitzen  vermag  ich  mich  nicht  gegen  ihre  Ranke;  denn  es  ist 
wahr,  dass  ich  Euch  herzlich  liebe,  obschon  mir  das  nichts  niitzt.  —  Um 
mir  den  Verstand  zu  benehmen,  schenkt  Ihr  ihren  Rãnken  keinen  Glauben  (2). 

Bemúhen  werde  ich  mich,  mich  zu  rechtfertigen ,  indem  ich  behaupte, 
sie  kõnnten  nichts  gegen  mich  beweisen.  Was  sie  thun  werden,  weiss  ich: 
sie  werden  mich  Euch  gegenúberstellen.  .  . .  (3). 


79     — 


15  E,  mia  senhor,  quer'eu  punhar 

se  me  posso  salvar,  se  non. 
E  direi -lhes  a  quantos  son 
que  mi -o  non  poderan  provar. 
Mais  eles  sei  eu  que  faran: 

20     log'  ante  vos  mi-afrontaran, 
que  vus  amo  de  coraçon. 


925 


930 


[Ia  Eurer  Gegenwart  aber  werden  meine  Blicke  an  mir  zu  Verrâtem 
werden.] 

E  o  que  presumo  que  uma  estrophe  final  diria. 


37. 

(Tr.  156). 

Eu  sõo  tan  muit'  amador 
do  meu  linhagen,  que  non  sei 
ai  no  mundo  querer  melhor 
d 'lia  mia  parenta  que  ei.  935 

5  E  quen  sa  linhagen  quer  ben, 
tenh'  eu  que  faz  dereif  e  sen; 
e  eu  sempr'  o  meu  amarei. 

E  sempre  serviç'  e  amor 
eu  a  meu  linhagen  farei,  940 

10     entanto  com'  eu  vivo  for': 
esta  parenta  servirei, 
que  quero  melhor  d'outra  ren, 
e  muito  serviç'  en  mi  ten, 
se  eu  poder'  —  e  poderei  —  945 

15  Pêro  nunca  vistes  molher 

nunca  chus  pouc(o)  algo  fazer 

a  seu  linhagen,  ca  non  quer 

en  meu  preito  mentes  meter: 
f.9(=4S)h  II  e  poderia-me  prestar,  950 

20     par  Deus,  muit',  e  non  lhe  custar 

a  ela  ren  de  seu  aver! 

I  Corrigi  sõo  por  soon  no  verso  1,  e  preçar  por  preear  no  27.  —  A 
Cantiga  não  se  acha  no  CB. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababccb.  —  Rimas  longas:  ôrW  ei(^)  éw(c)  no 
grupo  1°;  ér(a)  êrC»)  ar(<i)  no  11°. 

III  Meiner  Sippe  bin  ich  so  zugethan,  dass  ich  auf  Erden  nichts 
inniger  liebe  ais  eine  Verwandte  von  mir.  Wer  seiner  Sippe  woblwill ,  thut 
Eecht  und  Pflicht:  ich  aber  werde  stets  die  meine  lieben  (1). 


—     81 


E  veede,  se  mi-á  mester 
d'atal  parenta  ben  querer: 
que  m'ei  a  queixar,  se  quiser' 
lhe  pedir  algo,  u  a  veer'. 
Pêro  se  me  quisesse  dar 
algo,  faria -me  preçar 
atai  parenta  e  valer. 


955 


Solange  ich  lebe,  werde  ich  meiner  Sippe  dienen:  die  Verwandte, 
welche  ich  iiber  alies  verehre,  werde  ich  feiern;  und  ihr  dienen,  so  ich 
kann  —  und  ich  werde  es  kõnnen  (2). 

Trotzdem  sah  icb  nie  eine  Frau  ihrem  Geschlecht  weniger  Vorteil 
verschaífea,  denn  sie  will  mein  Dienstverhâltnis  nicht  beachten,  und  kõnnte 
mir  doch,  bei  Gott,  so  viel  niitzen  —  ohne  dass  es  sie  von  ihrem  eigenen 
Hab  und  Gut  etwas  kosten  wiirde  (3). 

Ob  es  mir  da  wohl  niitzt,  solch  eine  Verwandte  zu  haben?  Klagen 
muss  ich,  will  ich  sie  um  etwas  bitten,  wenn  ich  sie  schaue.  Wollto  sie 
mir  Habe  schenken,  wiirde  die  Verwandte  mich  zu  Ansehn  und  Macht 
bringen. 


38. 
(Tr.  g,  a  p.  305). 

Xo  mundo  non  me  sei  parelha,  960 

mentre  me  for'  como  me  vay, 
ca  ja  moiro  por  vos  —  e  jay 
mia  senhor  branca  e  vermelha, 
5      queredes  que  vos  retraya 

quando  vus  eu  vi  en  saya!  965 

jMao  dia  me  levantei, 
que  vus  enton  non  vi  fea! 

E,  mia  senhor,  des  aquel  di'  ;ay! 
10     me  foi  a  mi  muyn  mal, 

e  vos,  íilha  de  don  Paay  970 

Moniz,  e  ben  vus  semelha 

d'aver  eu  por  vos  guarvaya, 

pois  eu,  mia  senhor,  d'alfaya 
15     nunca  de  vos  ouve  nen  ei  975 

valia  d'ãa  correa. 

I  Esta  cantiga  singular  parece -me  cheia  de  desigualdades.  —  Não 
existe  no  CB.  No  CÁ  ha  no  fim  espaço  branco  para  mais  uma  estrophe. 
—  O  principio  da  2*  está  evidentemente  viciado  nos  versos  1 — 4.  A  resti- 
tuição é  todavia  difficil.  Transpondo  o  /ay!  final  do  verso  9  para  o  10, 
de  soi"te  que  ganhemos  para  esta  a  syllaba  e  a  rima  que  lhe  faltam,  fica  ainda 
aquella  sem  a  consoante  precisa,  em  elha,  e  sem  o  numero  devido  de  syllabas. 

n  Cantiga  de  me  estria:  2x8.  —  Octonarios  jambicos  graves 
(1.  4.  9?)  e  agudos  (2.  3.  7.  11.  15),  misturados  de  Septenarios  tro- 
chaicos  femininos  (5.  6.  8.  12.  13.  14.  16)  e,  no  estado  actual,  de  um 
Senario  (10).  —  Coplas  pareadas,  com  duas  palavras  perdudas  no  fim: 
albbaccde  ou,  talvez  abbaccde.  —  Rimas  breves  e  longas:  elhaW  ayi^) 
ayai.^)  eiW  ea(e). 

m  Auf  Erden  weiss  ich  mir  keines  Gleichen ,  solang  es  mir  geht  wie 
augenblicklich :  denn  ich  sterbe  um  Euch,  und  Ihr,  ach  weisse  und  rosige 
Herrin,  verlangt,  dass  ich  Euch  schildere,  wie  ich  Euch  ohne  Mantel  ge- 
schaut.  Ein  Ungliickstag  war  es:  denn  allzuschõn  [nicht  hâsslich]  sah 
ich  Euch  da  (1). 

tJbel  erging  es  mir  seit  jenem  Tag.  Ihr  aber,  Tochter  des  Paay 
Moniz,  Euch  scheint  es  gut,  dass  ich  durch  Euch  noch  ein  Purpurgewand 
erhalten  soU  —  wãhrend  ich  bis  heute  durch  Euch  nicht  einmal  ein  Geschenk 
im  Werte  eines  Eiemens  erhalten  habe  (2). 


f.  9  (==  48)c 


39. 
(Tr.  1,  a  p.  309). 

Meus  olhos,  gran  cuita  d'amor 
me  dades  vos,  que  sempr'  assi 
chorados;  mais  ja  des  aqui, 
meus  olhos,  por  Nostro  Senhor, 
non  choredes,  que  vejades 
a  dona  por  que  chorados! 


980 


I  Falta  no  CB.  —  No  CA  ha  espaço  era  branco,  que  chegaria  para 
três  estrophes,  ou  mais.  Mal  se  pode  duvidar  de  que  a  cantiga  esteja  in- 
completa. 

II  Cantiga  de  refram:  lx(4-|-2).  —  Octonarios  jambicos 
com  Rimas  longas  no  corpo  da  cantiga,  e  septenarios  trochaicos 
com  rimas  breves  no  refram:  abbalCC  =  ÔrW  *(*>)  adesi^). 

m  Ihr,  meine  Augen,  die  Ihr  ohne  TJnterlass  weint,  bereitet  mir 
grosse  Liebespein.  ||  So  lasst  nun  ab  vom  Weinen,  damit  Ihr  die  Frau 
schauet,  um  die  Ihr  weint. 


6* 


LACUNA  4». 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  3«  DO  CADERNO  IL 


No  apographo  CB  parece  haver,  no  lugar  correspondente, 
também  uma  lacuna,  maior  ainda  do  que  a  do  CA,  visto  que 
n'aquelle  nem  mesmo  apparecem  as  ultimas  quatro  cantigas  de 
Paay  Soares  de  Taveiroos.  O  verso  do  foi.  38  está  em  branco, 
e  umas  rebarbas  de  papel,  que  sobraram  das  três  folhas  imme- 
diatas,  apparentemente  também  brancas,  talvez  indiquem  que 
o  escrivão,  notando  falha  no  original  que  copiava,  quiz  reservar 
aquellas  laudas,  na  esperança  de  poder  enchê-las,  recorrendo  a 
outro  Cancioneiro.  O  índice  não  accusa  a  lacuna.  —  Cfr.  CB 
p.  60. 


A  LACUNA  FICA  POR  PREENCHER. 


IV 

CANTIGAS 

40  —  61 
DE 

MARTIN   SOARES. 


C.  II:  f.  4a 
f.  10  (=  49)a 


40. 

(Tr.  t,  a  p.  315). 

[Ay  mia  Senhor,  se  eu  non  merecesse 
a  Deus  quan  7nuito  mal  lh'eu  mereci, 
dfoutra  guisa  pensara  el  de  mi 
ca  non  que  m'en  vosso  poder  metesse.  985 

5      Mais  soube -Ih' eu  muito  mal  merecer 
e  meteu -7n'el  en  o  vosso  poder 
u  eu  jamais  nunca  coita  perdesse. 

E  mia  senhor,  se  m'eu  d' esto  temesse, 
u  primeiro  de  vos  falar  oí  990 

10     guardara  -  m' en  de  vos  vlirdes  i\ 

II  mais  non  quis  Deus  que  meu  mal  entendesse, 

e  mostrou- mi -o  vosso  bon  parecer 

por  mal  de  min,  e  non  m'ar  quis  valer 

el  contra  vos,  nen  quis  que  ra'al  valesse.  995 


I  CB  152  (125)  —  Al''  metade  da  cantiga  (verso  1 — 10)  provém  do  CB. 
—  Emendei  o  verso  6,  interpretando  as  letras  eme  tenuiel]  no  8  puz  se 
m'etí  d' esto  (por  sémen  destó) ;  no  9  m  (por  o)  e  vos  (por  ug) ;  no  10  vlirdes 
por  vijrães.  —  14  {mor  valesse)  —  19  min  —  20  morte  —  fui  —  21 
O  CA  tem  o  hespanholismo :  conosciesse. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abbacca.  —  Rimas  breves  nos  versos  1.  4 
e  7  de  cada  estrophe,  e  longas  nas  restantes:  esseW  «(b)  er(c).  —  O  prin- 
cipio das  três  estrophes  é  igual,  ou  quasi  igual.  —  As  rimas  derivativas: 
merecesse  II,  mereci  2,  merecer  5;  valer  116,  valesse  7;  prendesse  III  1, 
prender  5  estão  arbitrariamente  distribuídas. 

Colocci  conta  esta  cantiga  no  numero  das  que  perfazem  o  grupo 
sei  dissi. 

III  Hâtte  ich  es  verdient,  so  wiirde  unser  Herrgott  freundlicher  fúr 
mich  gesorgt  und  mich  nicht  unter  Eure  Obmacht  gestellt  haben.  Weil  ich 
es  aber  nicht  besser  verdiene,  hat  er  mich  Euch  unterthan  gemacht,  so 
dass  ich  dauernd  Pein  leide  (1). 


15  E  mia  senhor,  se  eu  morte  prendesse 

aquel  primeiro  dia  (e)n  que  vus  vi, 
fora  meu  ben;  mais  non  quis  Deus  assi, 
ante  me  fez  por  meu  mal  que  vivesse, 
ca  me  valver(a)  a  mi  mais  de  prender  1000 

20      mort'  aquel  dia  que  vus  foy  veer 
que  vus  eu  visse  nen  vus  conhecesse. 

Hâtte  ich  ahnliches  befúrchtet,  ais  ich  zuerst  voa  Euch  spreclien 
hõrte,  so  hâtte  ich  mich  fern  gehalten.  Gott  aber  wollte  nicht,  dass  ich 
meia  Leid  begriffe,  und  zeigte  mir  Eure  Schõnheit,  mir  zum  Schaden,  ohno 
mir  hernach  beistehen  zu  woUen  (2). 

An  jenem  ersten  Tag,  wo  ich  Euch  sah,  zu  sterben,  ware  Gewinu 
gewesen.     Gott  aber  hat  mich  am  Leben  erhalten  (3). 


41. 

(Tr.  49). 

Qual  senhor  devia  filhar 

quen  a  ben  soubess(e)  escolher, 

essa  faz  a  min  Deus  amar, 

e  essa  me  ten  en  poder, 

e  essa  est  a  mia  senhor, 

e  essa  me  faz  o  mayor 

ben  d'este  mundo  desejar: 

O  seu  ben,  que  non  á  i  par. 
Tan  muito  a  faz  Deus  valer 
10     por  ben -prez  e  por  ben-falar, 
per  bon-sen  e  per  parecer! 
E  d'atal  dona  o  seu  ben 
non  sei  og'  eu  no  mundo  quen 
o  podesse  saber  osmar, 

15  Nen  a  mia  coit',  a  meu  coidar, 

en  que  m'  og'  eu  vejo  viver, 
ca  m'ei  d'atal  don'  a  guardar 
(de  qual  mi-or'  oístes  dizer) 
de  a  veer,  ca,  se  a  vir', 

20     fará  m'ela  de  si  partir 

mui  trist'  e  muit'  a  meu  pesar. 


lOOõ 


1010 


1015 


1020 


I  CB  153  (126)  —  2  soubess'  escolher  —   3  mi  —   4  falta  no  CB 

—  6  mi  —  10  bon  prex  —  per  bon  falar   —   12  e  de  tal  —    15  {eoyta 
euydar)  —   17  de  tal  dona  —   18  ora  —   22  aquistar,  talvez  aqui  'star 

—  23  por  seus  olhos  —  27  por  tal  coita  aver  come  min  —  28  ante-sse 
devia  a  matar. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes,  differenciadas  apenas  pela  rima  dos  versos  5  e  6: 
ababcca.  —  Rimas  longas:  ar(a)  er(bi  ôr(c)  na  1''  estrophe;  én  na  2"; 
ir  na  3";  i  na  4''. 


—     90     — 

Por  én  non  devia  quitar 
f.  10  (=  49)h  1  OS  seus  olhos  de  a  veer  102õ 

a  quen  Deus  quisesse  guisar 
25      de  lh'o  querer  ela  soffrer. 
Porque  os  quitaria  d'i 
por  tal  cuifaver  come  mi. 
Ante  se  devi'  a  matar!  1030 

Colocci  resume  as  suas  observações  a  respeito  da  versificação  na 
fórmula :  qi  simil  [,]  tna  varia. 

III  Eine  Herrin  zu  lieben,  wie  derjenige  sie  erkiesen  sollte,  der  freie 
Wahl  hâtte ,  hat  Gott  micli  getrieben.  Diese  hat  mich  ia  ihrer  Gewalt  und 
bewirkt,  dass  ich  das  hõchste  Gut  auf  Erden  begehre  (1): 

Ihre  unvergleichliche  Huld.  So  sehr  zeichnet  sie  sich  durch.  Wert 
und  Eede,  Verstand  und  Schõuheit  aus,  dass  niemand  auf  Erden  es  sich 
ausdenken  kann  (2), 

Noch  aucb  mein  Leid,  da  ich.  mich  davor  huten  muss,  eine  solche 
Frau  zu  erblicken.  Denn  sehe  ich  sie,  so  muss  ich  traurig  und  gramvoll 
von  ihr  scheiden  (3). 

Wem  Gott  es  erlaubte,  sie  mit  ihrer  Genehmigung  zu  schauen,  der 
sollte  seino  Augen  nimmer  von  ihr  wendea  —  denn  sie  nicht  mehr  sehen, 
hiesse  leiden ,  wie  ich  leide.    Darum  wâre  es  ihm  besser,  sich  zu  tõten  (4). 


10 


15 


42. 

(Tr.  50,  e  p.  392). 

liravilho-m'eu,  raia  senhor, 
de  min,  como  posso  soffrer 
quanta  cuita  me  faz  aver, 
des  que  vus  vi,  o  voss(o)  amor; 
e  maravilho -me  logu'  i 
de  vos,  por  leixardes  assi 
voss'  om'  en  tal  cuita  viver. 

Aquesto  digu'eu,  mia  senhor, 
por  quanto  vus  quero  dizer: 
porque  vus  fez  Deus  entender 
de  todo  ben  sempr'  o  melhor. 
E  a  quen  Deus  tanto  ben  deu, 
devia -s'a  nembrar  do  seu 
omen  cuitad',  e  a  doer 

De  tan  cuitado,  mia  senhor, 
com'  og'  eu  vivo,  que  poder 
non  ei  de  gran  cuita  perder 
per  ai  ja,  se  per  vos  non  for'. 
B  se  quiserdes,  perderei 
cuita  per  vos,  ou  morrerei, 
ca  tod'  é  en  vosso  prazer. 


1035 


1040 


1045 


1050 


I  Ambos  os  códices  têm :  de  quen  a  seu  ome[n]  non  vai  (verso  27) ; 
[e  oiredes  (31).  A  maiúscula  colorida,  destinada  a  iniciar  a  3''  estrophe, 
ai,  por  engano,  pintada  antes  do  verso  21  no  CA.  Mas  o  erro  ainda  não 
Baba  aqui:  om  lugar  de  traçar  um  -E,  o  illuminador  traçou  um  C. 

Variantes:  CB  154  (127)  —  2  m»  —  3  coita  —  Ao  voss'  amor  — 
e  maravilhei -me  —   7  coita  —   14  hom  coitado  —   15  coitado  —  17 
oita  —  20  coita  —  21  todo  —  22  E  a  m.  coita  —  23  ouvera  —  28  Ihi 
29  vos. 


—     92     — 

E  ja  raia  cuita,  mia  senhor,, 
non  vo-la  ouver'  a  dizer; 
ante  me  leixara  morrer, 
25      se  non  por  vos,  que  ei  pavor  1055 

de  que  tèen  senhor  por  mal 
que  a[o]  seu  ome  non  vai, 
f.  10  (=  49)c  II  pois  poder  á  de  lhe  valer. 

E  pois  vus  outro  ben  non  fal, 
30      por  Deus,  non  façades  atai  1060 

torto  qual  oídes  dizer! 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7 -p  3.  —  Octonarios  jambicos. 
Coplas  equiconsoantes:  abbaccl),  differenciadas  pela  rima  dos  versos 
5  e  6.  A  fiinda  está  ligada  aos  últimos  versos  da  4*^  estrophe  (ccb).  — 
Rimas  longas:  ôr(a)  erC»)  «'(<•)  na  l**  estrophe;  ewW  na  2-'';  e^W  na  3";  e 
aZ(c)  na  ultima;  ai  ai  êr  na  fiinda.  A  fórmula  mia  senhor  vem  repetida 
ao  fim  do  primeiro  verso  de  todas  as  estroplies. 

Colocci  classifica  a  fiinda  de  congedo. 

m  Es  v?undert  mich,  wie  ich  die  Qual  ertragen  kann,  die  ich  aus 
Liebe  zu  Euch  leide ,  seit  ich  Euch  sah.  Noch  mehr  aber  wundre  ich  mich 
úber  Euch,  dass  Ihr  Euren  Lehnsmann  in  solcher  Qual  belasst  (1). 

Solches  sage  ich  Euch,  weil  ich  hinzufiigen  will,  Gott  liabe  Euch  so 
geschaffen,  dass  Ilir  stets  das  Richtige  begreift.  Wem  Gott  aber  solche 
Gunst  erwies,  der  soUte  seines  bekiimmerten  Vasallen  gedenken,  und  Mit- 
leid  haben  (2) 

Mit  einem,  der  so  elend  ist  wie  ich,  der  ich  die  Macht  nicht  babe, 
meine  Qual  loszuwerden.  Nur  so  Ihr  es  wollt,  werde  ich  frei  davon,  odor 
sterbe,  ganz  wie  es  Euch  gefãllt  (3). 

Diese  Pein  hâtte  ich  freilich  nicht  verraten,  und  lieber  sterben  soUen; 
nur  um  Euretwillen  thue  ich  das  letztere  nicht  —  aus  Furcht,  man  wiirde 
Euch  fiir  eine  schlechte  Herrin  halten,  weil  Ihr  Eurem  Lehnsmann  nicht 
helft,  obwohl  Ihr  die  Macht  habt,  ihn  zu  retten  (4). 

Da  kein  andores  Gut  Euch  fehlt,  so  begeht,  um  Gottes  willen,  das 
Unrecht  nicht,  von  dem  ich  rede  (I). 


15 


20 


43. 

(Tr.  51). 

fostro  Senhor,  como  jaço  coitado, 
morrend'  assi  en  tal  poder  d' Amor 
que  me  tolheu  o  sen,  e  [mal -pecado! 
ai  me  tolhe  de  que  me  faz  peor.  1065 

Tolhe -me -vos  a  que  non  sei  rogar 
por  mia  cuita,  nen  vo-la  sei  mostrar: 
assi  me  ten  end'  Amor  obridado. 

E  grave  dia  con  amor  foi  nado, 
que  me  de  coita  sempre  soffredor  1070 

fez,  e  m'ar  faz  viver  tan  alongado 
d'u  eu  os  olhos  vi  da  mia  senhor, 
e  d'u  eu  vi  o  seu  bon  parecer. 
Se  m'est'  a  mi  podess'  escaescer, 
logu'  eu  seria  guarid'  e  cobrado.  ,  1075 

E  saberia  d'algun  ben- mandado 
de  que  og'  eu  non  sõo  sabedor; 
mais  sei  que  esfó  desej'  e  cuidado. 
E  como  morre  quen  jaz  na  mayor 
coita  d'amor  das  que  eu  nunca  vi,  1080 

e  i  mal -pecado!  moir'  og'  eu  assi, 
de  mia  senhor  long(e)  e  desamparado. 


I  CB  155  (128)  —  1  jazco  —  3  mi  —  4  a/  mi  tolh'  el  de  que  mi 
f.  p.  —  6  pola  mia  coita  nen  vo-la  mostrar  —  10  e  m'ar  fe^i  —  11 — 12 
O  copista  deu  um  salto  do  primeiro:  d'u  eu  ao  áegundo  —  13  a  min 
podesse  'scaecer  —  18  assi  como  quen  iaz  [ejna  mayor  —  21  longe  de- 
semparado  —  23  Ihi  —  24  O  CA  escreve :  sen  mett  grado ;  o  CB  sen  grado 
—  25  qtie  Ihi  fugi  —  26  ouvi  ^  27  O  copista  saltou  da  l''  syllaba  d'este 
verso  {ca)  para  a  ultima  (rew),  pondo  ea  ren  —  28  outren. 


—     94     — 

f.io{=49)d        II  E  dereit'  é,  ca  fui  mal  conselhado, 
que  lhe  falei,  pêro  m'ouv'  én  sabor, 
ca  entendi  que  foi  tan  sen  seu  grado  JOS4 

25      que  lhe  fogí  da  terra  con  pavor 
que  ouve  d'ela;  e  fiz  mui  mal -sen 
ca  non  mi-avi'  a  dizer  nulha  ren 
ond'  eu  nen  outre  fosse  despagado. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes,  differen ciadas  apenas  pela  rima  dos  versos  5  e 
6  (e),  como  nas  cantigas  41  e  42:  ababcca.  —  Rimas  breves  e  longas: 
adoi^)  ôr{^)  e  ar(cl);  er(c2);  «(eS);  m(c4). 

Colocci  coiloca  mais  esta  poesia  no  grupo  das  construídas  sobre  e 
typo:  seldiss. 

in  Elend  liege  ich  dai'nieder  und  sterbe  in  Amor's  Bann,  der  mir 
den  Verstand  geraubt  hat,  und  jleider!  mir  jetzund  noch  etwas  anderes 
raubt  (woran  er  schliminer  thut):  Er  raubt  mir  die,  welche  icb  zu  meinem 
Leide  weder  zu  bitten  vermag,  noch  auch  Euch,  Herrgott,  zeigen  kann.  So 
vergesslicb  hat  mich  die  Liebe  gemacht(?)  (1) 

Ein  Unheilstag  war  es,  ais  ich  zur  Liebe  erwachte  [geboren  wurde], 
die  mich  zum  Mârtyrer  macht,  und  mich  fern  von  der  Stâtte  leben  lâsst, 
von  welcher  aus  ich  meiner  Herrin  Augen  und  ihre  Schõnheit  sah.  Kõnnte 
ich  das  nur  vergessen,  ich  wâro  heil  und  gesund  (2). 

Und  wússte  eine  gute  Botschaft,  die  ich  heute  nicht  weiss  —  doch 
das  ist  eitel  Wunsch  und  Traumdenken.  In  "VVahrheit  liege  ich  in  der 
ãrgsten  Liebespein,  die  ich  je  gesehen,  und  sterbe,  meiner  Herrin  fern, 
und  von  ihr  verlasSen  (3). 

Und  so  isfs  recht:  ich  war  schlecht  beraten,  ais  ich  zu  ihr  sprach; 
denn,  hatte  ich  auch  Frende  daran,  so  gesehah  es  so  gânzlich  ohne  ihren 
Willen  (wie  ich  wohl  merkte) ,  dass  ich  aus  Furcht  vor  ihr  den  Ort  verliess. 
Auch  das  war  aber  Unsinn,  denn  sie  hatte  mir  nichts  sagen  kônnen,  das 
mir  oder  etwelchem  unerfreulich  gewesen  wâre  (4). 


15 


C.  II:  f.  48 
f.  11  (=  50)  a 

20 


44. 

(Tl-.  52). 

Nunca  bon  grad'  Amor  aja  de  mi  1090 

nen  d'al,  porque  me  mais  leixa  viver. 

E  direi -vus  por  que  o  dig'  assi 

e  a  gran  cuita  que  mi- o  faz  dizer: 

ei  gran  pavor  de  me  fazer  levar 

coit'  alongadament'  e  m'ar  matar,  1095 

por  me  fazer  peor  morte  prender. 

Por  én  me  leixa  viver  des  aqui 
Amor.     E  ben-no  pod'  om(e)  entender, 
ca  muit'  a  que  Ih 'eu  morte  mereci, 
se  dev'  ome  per  amar  a  morrer.  1100 

Mais  non  me  mata,  nen  me  quer  guarir, 
pêro  non  m'  ei  dei,  pois  viv',  a  partir, 
\7nais\  non  me  quer  matar  a  meu  prazer. 

E  d'Amor  nunca  un  prazer  prendi 
por  mil  pesares  que  m'el  faz  soffrer;  1105 

e  a  senhor  que  eu  por  meu  mal  vi 
non  me  quer  el  contra  ela  valer, 
II  nen  dar  m'esforço  que  m'era  mester. 
Pois  m'esto  faz,  e  matar  non  me  quer, 
^por  quê  Ih'  ei  eu  tal  vid'  a  gradecer?  1110 


I  Ambos  os  códices  têm  min  (mí)  no  1  verso. 

Variantes:  CB  156  (129)  —  4  coita  —  5  mi  —  9  pod'  om'  en- 
tender —  11  omen  —  14  m,ais  falta  no  CÁ  —  18  el  falta  —  23  podess' 
aver  —  26  mais  amor  —  mi  —  28  O  CA  tem  o  hespanholismo  o  por  ou. 

II  Cantiga  de  maestria:  4x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes,  differenciadas  apenas  pelas  rimas  dos  versos  5 
e  6,  como  nas  cantigas  41.  42  e  43:  ababccb.  —  Rimas  longas:  «W  êrO») 
ar  (cl);  *V(c2);  ér(c3)-,  a/(c4). 


—     96     — 

Ca  des  que  m'eu  en  seu  poder  meti, 
nou  desegei  ben  que  podess(e)  aver; 
sequer  mia  morte  desegei  des  i 
25      que  ant'  eu  muito  soía  temer. 

E  Amor  non  me  mata,  nen  me  vai,  1U5 

mais  matar-m'-ía,  se  fosse  meu  mal, 
d[ú\  eu  cuidass'  en  mia  mort'  a  perder. 

Seldiss,  no  dizer  de  Colocci. 

m  Dafúr,  dass  Amor  mich  leben  lâsst,  weiss  ich  ihm  keinen  Dank. 
Waram?  Weil  ich  fúrchte,  ich  werde  meine  Qual  lange  tragen,  und  her- 
nach  einen  noch  schlimmeren  Tod  erleiden  mussen  (1). 

Und  doch  habe  ich  den  Tod  verdient,  falis  zu  lieben  eine  todeswiirdige 
Missethat  ist.  Amor  aber  tõtet  weder,  noch  heilt  er.  Trotzdem  werde  ich 
nicht  von  ihm  lassen,  obschon  er  mir  nicht  die  Liebe  aathut,  mich  zu 
tõten  (2). 

Úberhaupt  hat  Amor  mir  nie  Liebes  bereitet,  wohl  aber  tausend 
Schmerzen:  Gegen  die  Frau,  die  ich  zu  meinem  Leide  sah,  will  er  mir 
nicht  behilflich  sein,  noch  mir  die  Kraft  geben,  derer  ich  bediirfte.  —  Wie 
soUte  ich  ihm  da  fiir  mein  Lebeu  danken?  (3). 

Seit  ich  in  seiner  Gewalt  biu,  habe  ich  mich  nach  keinem  erreich- 
baren  Gute  gesehnt;  sogar  meinen  Tod  habe  ich  herbeigewiinscht,  vor  dem 
ich  mich  friiher  fiirchtete.  Amor  hilft  weder,  noch  tõtet  er  mich.  Thâte 
er  mir  Leides  damit  an,  oder  glaubte  ich,  Schaden  dadurch  zu  haben,  so 
wiirde  er  mich  tõten  (4). 


10 


15 


45. 

(Tr.  53). 

Ja,  mia  senhor,  niun  prazer 
non  me  fará  mui  gran  prazer 
sen  vosso  ben;  ca  outro  ben 
non  me  fará  cuita  perder, 
mentr'  eu  viver';  e  quen  viver', 
aver-mi-á  pois  est'  a  creer. 

E  que  mal  conseliio  filei 
aquel  dia  en  que  filei 
vos  por  senhor!     Ca,  mia  senhor, 
sempr'  eu  mia  morte  desegei! 
Meu  mal  cuidei,  porque  cuidei 
d'amar-vus.     ^iJa  mais  que  farei? 

(jQue  farei  eu  con  tanto  mal, 
pois  vosso  ben  tod'  é  meu  mal? 
Pois  est  assi,  morrer  assi 
com'  om'  a  que,  senhor,  non  vai 
a  cuita  tal  que  nunca  tal 
ouv'  outro  orne,  d'amor  nen  d'al! 


1120 


1125 


1130 


1135 


I  A  ultima  estrophe,  que  é  pouco  clara,  oão  se  encontra  senão  no 
CB.  O  CA  nem  mesmo  tem  espaço  branco  no  fim  da  Cantiga,  que  de- 
nuncie a  falta. 

Variantes:  CB  157  (130)  —  1  7ieun  —  2  e  4  w*  —  4  coita  — 
5  e  6  filhei  ■ —  12  d'amar-vos  —  16  com'  omen  —  17  coita  —  18  outr' 
omen  —  23  andar  por  cuidar  (simples  erro  de  leitura  ou  escripta).  — 
O  ultimo  verso  não  tem  rima.  Sendo  preciso  substituir  prender  por  um 
verbo  da  1"  conjugação,  proponho  o  synonymo:  filhar. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares,  na  ordem  aabaaa.  —  Não  é  licito  chamar  pa- 
lavras perdudas  aos  versos  terceiros,  visto  que  têm  rimas  idênticas  no 
meio,  a  responderem  ao  seu   remate.     O  mesmo  artificio   do  Binnenreim 

7 


—     98     — 

[Como  que  me  faz  desejar 
20     Deus  vosso  he7i,  'por  desejar 
a  mia  morV  eu,  pêro  sei  eu, 
pois  que  me  Deus  no7i  quer  quitar 
d'e7i  vos  cuidar,  c(a),  a  meu  miidar,  1140 

7ion  m'  averá  mort'  a  prender?^ 

distingue  os  quintos  versos  de  todas  as  estropies.  Além  d'isso  temos  con- 
soantes idênticas  no  primeiro  distico  de  cada  estroplie.  Estas  multiplices 
e  monótonas  repetições  ja  foram  notadas  por  Diez.  —  V.  p.  56  e  62  da  „Kunst- 
und  Hofpoesie".  —  Rimas  longas:  er(a)  m(b)  na  1''  estrophe;  e*(a)  orC») 
na  2*;  aW)  i'^)  na  Z"";  ar(^)  êuQ>)  na  4\ 

m  Keine  Frende  macht  mir  Frende,  so  ich  nicht  Eure  Gunst,  o 
Herrin,  besitze;  denn  keine  andere  Gunst  enthebt  micli  des  Grams,  so  lang 
ich  lebe;  wer  lebt,  wird  daran  glauben  mússen  (1). 

Schlecht  beraten  war  ich,  ais  ich  Euch  zur  Herrin  nahm;  denn, 
Herrin,  von  da  ab  sehnte  ich  den  Tod  herbei.  Leiden  begann,  ais  ich 
begann,  Euch  zu  lieben.     AVas  thu  ich  nun?  (2) 

"Was  thun  in  solcher  Not?  Denn  Eure  Schõnheit  ist  meine  Qual. 
Sterben,  gleich  einem,  dem  ungeheures  Leid,  wie  nie  ein  anderer  Mann  es 
erlitten  (gleichviel  ob  durch  Liebe  oder  durch  etwas  andores)  rein  gar  nichts 
hilft  (3). 

Gott  zwingt  mich  gleichsam,  Eure  Huld  zu  ersehnen,  damit  ich  (in 
Folge  davon)  den  Tod  ersehne,  obwohl  ich  weiss,  dass,  da  Gott  mich  nicht 
davon  befreien  will,  an  Euch  zu  denken,  der  Tod  mich,  meiner  Meinung 
nach,  nicht  ereilen  wird  (4). 


46. 

(Tr.  54). 

f.ii{=50)b  Senhor  fremosa,  pois  me  non  que||redes 
creer  a  cuita  'n  que  me  ten  amor, 
por  meu  mal  é  que  tau  ben  parecedes! 
E  por  meu  mal  vus  filhei  por  senhor! 
5      E  por  meu  mal  tan  muito  ben  oí 

dizer  de  vos!     E  por  meu  mal  vus  vi, 
pois  meu  mal  é  quanto  ben  vos  avedes! 

E  pois  vus  vos  da  cuita  non  nembrades, 
nen  do  aífan  que  m'  amor  faz  prender, 
10     por  meu  mal  vivo  mais  ca  vus  cuidades! 
E  por  meu  mal  me  fezo  Deus  nacer! 
E  por  meu  mal  non  morri  u  cuidei 
como  vus  viss':  e  por  meu  mal  fiquei 
vivo,  pois  vos  por  meu  mal  ren  non  dades! 


15 


E  d'esta  cuita  'n  que  me  vos  tèedes, 
en  que  og'  eu  vivo  tan  sen  sabor, 
(jque  farei  eu,  pois  mi -a  vos  non  creedes? 
(jque  farei  eu,  cativo  pecador? 
^que  farei  eu,  vivendo  sempr(e)  assi? 
(ique  farei  eu,  que  mal- dia  naci? 
iqne  farei  eu,  pois  me  vos  non  valedes? 


1145 


1150 


1155 


1160 


I  No  verso  7  emendei  vos  por  vus. 

Variantes:  €B  158  (131)  —  2  coita  —  8  coita  —  9  que  mi -o 
mho)  amor  fax  sofrer  —  10  vos  —  15  falta  E  —  coita  —  teedes 
sem  til)  —  17  falta  —  23  me  falta  —  27  que  conselh'  i  non  ei  —  28 
esemjjarades. 

n  Cantiga  de  maestria:  4x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
/oplas  pareadas,  cruzadas:  ababcca.   —  Rimas  breves  e  longas: 


—     100     — 

E  pois  que  Deus  nou  quer  que  me  valhades, 
nen  me  queirades  mia   coita  creer, 


(ique  farei 


2õ      (ique  farei  eu,  se  logo  nou  morrer'? 


çique  farei 


eu?  por  Deus,  que  mi -o  digades!  1165 


eu,  se  mais  a  viver  ei? 


^que  farei  eu,  que  conselho  non  sei? 


^que  farei 


eu,  que  vos  desamparades? 


No  grupo,  composto  das  estrophes  ímpares  temos  edes(.^)  Ôr(^)  *(c);  no  grupo 
composto  das  estrophes  pares:  adesi^)  êrW  e  e*(c).  —  As  duas  estancias 
primeiras  distinguem -se  pela  repetição  da  fórmula:  {por)  meu  mal,  inserta 
nos  últimos  cinco  versos  de  ambas.  As  duas  restantes  substituem  -  na  pela 
phrase:  g^que  farei  eu?  —  Diez  (na  Kuust-  und  Hofpoesie)  p.  29  (seguido -de 
Lang  em  »Modern  Language  Notes*  X,  4  p.  214  —  215)  crê  reconhecer  no 
emprego  do  ultimo  modismo  uma  imitação  de  alguns  versos  de  Uc  de  S.  Gire 
[Rayn.  III 330];  e,  a  p.  58,  no  agrupamento  das  estrophes,  uma  reminiscência 
de  Bertolomeu  Zorgi  [Rayn.  IV  459]. 

Colocci  diz :  interxata  p<^  et  ulto^,  incorrectamente ,  se  a  nota  se  referir 
ás  estrophes,  visto  que  a  l-""  vem  enlaçada  com  a  3%  e  a  2^  com  a  4% 
conforme  ja  deixei  indicado;  correctamente,  se  fallar  dos  versos. 

III  Da  Ihr,  Herrin  ,'^  nicht2an  mein  Liebesleid  glaubt,  so  ist  es  ein 
Ungliick  fiir  mi  eh,  dass  Ihr  so  schõn  seid;  ein  Ungliick,  dass  ich  Euch 
zur  Herrin  wáhlte;  ein  Ungliick,  dass  ich  so  viel  Gutes  von  Euch  erzâhlen 
hõiie;  ein  Unglúck,  dass  ich  Euch  sah;  em  Ungliick  jedes  Gute,  das  Ihr 
besitzt  (1). 

Und  da  Ihr  Euch  um  meine  Liebesnot  und  Pein  nicht  kiimmert, 
lebe  ich  ungliickselig,  mehr  noch  ais  Ihr  vermutet;  zu  meinem  Ungliick 
ward  ich  geboren;  zum  Ungliick  starb  ich  nicht,  ais  ich  zu  sterben  meinte, 
da  ich  Euch  sah;  und  blieb  zum  Ungliick  am  Leben,  da  mein  Ungliick 
Euch  gleichgiltig  ist  (2). 

Was  soll  ich  da  mit  der  Qual  anfangen,  in  der  ich  lustlos  lebe,  weil 
Ihr  nicht  daran  glaubt.  Was  fang  ich  elender  Siinder  an?  Was  fang  ich 
an  mit  solchem  Leben?  Was  fang  ich  an,  der  ich  an  einem  Ungiiickstag 
geboren  ward?     Was  fang  ich  an,  da  Ihr  mir  nicht  beisteht?  (3) 

Da  Gott  nicht  wiU,  dass  Ihr  mir  beisteht,  noch  meiner  Liebesqual 
Glauben  schenkt,  was  fang  ich  an?  sagt  es  mir,  bei  Gott!  Was  fang  ich 
an,  so  ich  nicht  bald  sterbe?  Was  fang  ich  an,  wenn  ich  noch  langer 
lebe?  Was  fange  ich  Ratloser  an?    Was,  ich  Verlassener?  (4). 


47. 
(Tr.  55). 

f.  11(^50)0  II  Quando  me  nembra  de  vos,  mia  senhor,  1170 

en  qual  aífan  me  fazedes  viver, 
e  de  qual  guisa  leixades  Amor 
fazer  en  mi  quanto  x'el  quer  fazer, 
5      enton  me  cuid'  eu  de  vos  a  quitar. 

Mais,  pois  vus  veg'  e  vus  ouço  falar,  1175 

outro  cuidad'  ar  ei  log'  a  prender. 

Porque  vus  vejo  falar  mui  melhor 
de  quantas  donas  sei,  e  parecer, 
10     e  cuid'  en  como  sodes  sabedor 

de  quanto  ben  dona  dev'  a  saber.  1180 

Este  cuidado  me  faz  destorvar 

de  quant'  ai  cuid',  e  non  me  quer  leixar 

partir  de  vos,  nen  de  vus  ben  querer. 

15  E  quand'  ar  sovo  cuidar  no  pavor 

que  me  fazedes,  mia  senhor,  soffrer,  1185 

enton  cuid'  eu,  enquant'  eu  vivo  for', 
que  nunca  venh'  ao  vosso  poder. 
Mais  tolhe -m'6n  log'  aqueste  cuidar 

20     vosso  bon  prez  e  vosso  semelhar, 

e  quanto  ben  de  vos  ouço  dizer.  1190 


I  CB  159  (132)  —  10  e  cuid'  eu  como  s.  s.  —  12  estorvar  —  14 
vos  —  15  er  —  18  venha  a  vosso  poder  —  20  Está  falto  de  uma  syllaba, 
visto  dizer:  mais  tolhe  m'end'  aqueste  cuidar  —  25  d' ai. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7  +  2x3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  equiconsoantes:  ababccb,  seguidas  de  duas  fiindas 
em  bbc.   —  Rimas  longas:  ÔrW  êrW  ar^*^). 

Colocoi,  com  as  fórmulas  seldis  cõ  tornello,  coUoca  a  cantiga  ao  par  dos 
Nos.  5.  6.  7.  11  etc.  —  A  margem,  próximo  ás  fiindas,  dá -lhes  mais 
uma  vez  o  nome  clássico  de  epodos. 


—     102     — 

Mais  quen  vus  ousa,  mia  senhor,  catar. 
Deus!  como  pod'  o  coraçon  quitar 
de  vos,  nen  os  olhos  de  vus  veer? 

25  Nen  como  pode  ai  ben  desejar 

f.  11  (=  50)d  II  se  non  de  vos ,  quen  sol  oir'  falar  1195 

en  quanto  ben  Deus  en  vos  faz  aver? 

III  Bedenke  ich,  welche  Liebespein  ich  durch.  Euch,  Herrin,  erleide, 
so  mõchte  ich  mich  von  Euch  losreissen.  Sobald  ich  Euch  aber  sehe  und 
hõre,  bemâchtigt  sich  meiner  ein  anderes  Denken  (1). 

Weil  Ihr  schõner  redet  und  schõner  ausseht  ais  alie  andren  Frauen, 
darum  dente  ich  daran,  wie  Ihr  alies  versteht,  was  eine  Frau  wissen  muss. 
Und  dieser  Gedanke  lenkt  mich  von  aliem  Úbrigen  ab,  und  macht  es  mir 
unmõglich,  mich  von  Euch  zu  trennen,  und  Euch  nicht  mehr  zu  lieben  (2). 

Denke  ich  aber  dann  wieder  an  die  Furcht,  die  ich  um  Euch  erdulde, 
so  bin  ich  Sinnes,  mich  nie  wieder  in  meinem  Leben  in  Eure  Macht  zu 
begeben.  Euer  Wert  und  Antlitz  und  was  ich  Gutes  von  Euch  reden 
hõre,  macht  mich  jedoch  immer  wieder  jenem  Beginnen  abspenstig  (3). 

~Wie  kõnnte,  wer  Euch  schaut,  sein  Herz  und  seine  Augen  von  Euch 
wenden?  (I) 

Und  wie  kõnnte  nicht  von  Euch  kommende  Gunst  ersehnen,  wer 
auch  nur  davon  reden  hõrt,  welche  Vorziige  Gott  Euch  verliehen  hat?  (II) 

IV  Cfr.  Diez  p.  86. 


15 


20 


48. 

(Tr.  56). 

Muitos  me  veen  preguntar, 
mia  senhor  ^a  quen  quero  ben? 
e  non  lhes  quer'  end'  eu  falar 
con  medo  de  vos  pesar  én; 
nen  quer'  a  verdade  dizer, 
mais  jur'  e  faço -lhes  creer 
mentira  por  vo-lhes  negar, 

E  porque  me  veen  coitar 
do  que  lhes  non  direi  per  ren: 
ca  m'atrev'  eu  en  vus  amar. 
E  mentr'  eu  non  perder'  o  sen, 
non  vus  devedes  a  temer. 
Ca  o  non  pod'  orne  saber 
por  min,  se  non  adevinhar'. 

Nen  será  tan  preguntador 
nulh'  orne  que  sábia  de  mi 
ren,  por  que  seja  sqjDedor 
do  ben  que  vus  quix,  pois  vus  vi. 
E  pois  vos  praz,  nega- lo -ei, 
mentr'  o  sen  non  perder',  mais  sei 
que  mi -o  tolherá  voss'  amor. 


1200 


1205 


1210 


1215 


I  Substitui  no  verso  16  min  por  m«;  no  18  a  ben  por  do  ben,  e 
supprimi  no  verso  12  o  pronome  adverbial  én  entre  vus  e  devedes,  apesar 
de  ambos  os  códices  oíferecerem  os  mesmos  erros. 

Variantes:  CB  160  (133)  —  2  a  qu'eu  —  3  Ihis  —  4  vus  —  6 
Ihis  —  7  vo-lhis  —  9  Ihis —  14  per  min  —  16  nuW  ome  —  min  —  17 
per  —  18  o  ben  que  vus  quis  —  19  vus  —  22  ventura  assi  —  23  que  m'er 
pregunten  —  25  qu^  am'  e  que  sempre  servi  —  26  Ihis  —  27  Ihis. 


—     104     — 

E  se  per  ventur'  assi  for' 
que  m'ar  pregunten  des  aqui, 
se  sodes  vos  a  mia  senhor  1220 

25      que  amei  sempre  e  servi, 
vedes  como  lhes  mentirei: 
d 'outra  senhor  me  lhes  farei 
f.  12  (=  5i)a  \\  ond'  aja  mais  pouco  pavor. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababcca.  —  Rimas  longas:  ar(a)  énW  êr(c)  nas 
duas  primeiras  estrophes-,  ÔrW  «C»)  e*(c)  nas  ultimas. 

Addue,  no  dizer  de  Colocci. 

III  Viele  fragen  mich,  wen  ich  Hebe;  doch  verrate  ich  mich  nicht 
aus  Furcht  vor  Eurem  Zorne,  Herrin.  Vielmehr  liige  ich  den  Fragern 
etwas  vor,  um  Euch  zu  verleugnen  (1) 

Und  weil  sie  mich  bedrãngen,  nach  dem  fragend,  was  ich  doch  um 
keinen  Preis  sage  (nâmlich  dass  ich  es  wage,  Euch  zu  lieben).  Ihr  habt 
aiso  nichts  zu  fiirchten,  solange  ich  bei  Sinnen  bleibe.  Niemand  wird  es 
durch  mich  wissen,  es  sei  denn,  er  erriete  es  (2). 

Niemand  wird  so  gut  zu  fragen  verstehen ,  dass  er  durch  mich  erfáhrt, 
wie  lieb  ich  Euch  habe,  seit  ich  Euch  gesehen.  Da  Ihr  es  so  wollt,  ver- 
schweige  ich  es ,  solange  ich  den  Verstand  nicht  verloren  habe ;  doch  f iirchte 
ich,  Eure  Liebe  wird  ihn  mir  rauben  (3). 

Sollte  jemand  mich  fragen,  ob  Ihr  die  Herrin  seid,  der  ich  stets  ge- 
huldigt  und  gedient  habe,  so  werdo  ich  liigen  und  eine  andere  nennen,  vor 
der  ich  weniger  Furcht  und  Scheu  habe  (4). 

IV  V.  Diez  p.  94,  e  CV  677. 


15 


49. 

(Tr.  57). 

O  que  conselh'  a  min  de  m'eu  quitar  1225 

de  mia  senhor,  porque  me  non  faz  ben, 

e  me  por  tan  podefos(o)  ora  ten 

de  m'én  partir,  nunca  el  ouv'amor 

qual  og'  eu  ei,  nen  viu  esta  senhor 

con  que  amor  fez  a  min  començar.  1230 

Mais  non  a  viu!  e  vay-mi-agora  dar 
tal  conselho  en  que  perde  seu  sen! 
Ca  se  a  vir',  ou  lh'a  mostrar'  alguen, 
ben  me  faç'  én  d'atanto  sabedor 
que  me  terra  mia  morte  por  melhor  1235 

ca  me  partir  de  seu  ben  desejar. 

Ca  se  el  vir'  o  seu  bon  semelhar 
d'esta  senhor,  por  que  mi -a  min  mal  ven, 
non  m'ar  terra  que  m'eu  possa  per  ren 
d'ela  partir,  enquant'  eu  vivo  for',  1240 

nen  que  m'end'  eu  tenha  por  devedor, 
nen  outr'  ome  que  tal  senhor  amar'. 


I  CB  161  (134)  —  1  (eousselh  a  mi)  —  3  poderos'  —  6  mi  começar 
—  7  mf agora  —  8  ew  que  perdess'  o  sen  —  10  O  CA  escreve  faxen  — 
13  do  seu  b.  d.  —  14  d'esta  dona  por  que  mi  a  mi  m.  v.  —  15  non  me 
terra  —  possa  falta  —  19  e  poi-la  —  20  O  CÁ  escreve  de  a  veer^  o  CB 
delha  vijr  (i.  é  de  Ih'  aviir)  —  21  escapa,  com  falta  do  signal  de  abre- 
viatura no  p  —  24  cosselhar,  provavelmente  com  falta  de  til  sobre  o  o. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abbcca.    —  Eimas  longas:  arW  mW  ôr(c). 

Pertence  ao  grupo  seldis,  segundo  Colocci. 


—     106     — 

E  pois  la  vir',  se  poder'  si  guardar 
20      de  lh'avíir  com'  end'  a  min  aven, 

ben  terrei  eu  que  escapara  én.  1245 

Mais  d'iia  ren  ei  ora  gran  pavor: 

des  que  a  vir'  este  conselhador 

de  non  poder  min  nen  si  conselhar. 

in  "Wer  mir  rât,  mich  von  meiner  Herrin  loszusagen,  weil  sie  mir 
nichts  Liebes  anthut,  uad  mir  die  Kraft  zutraut,  sie  zu  verlassen,  hat  nie 
geliebt,  wie  ich  heute  liebe,  noch  hat  er  die  Frau  erschaut,  durch  welche 
die  Liebe  mich  zum  ersten  Male  gefangen  nimmt  (1); 

Vielmehr  hat  er  sie  nicht  gesehen,  und  giebt  mir  deshalb  sinnlosen 
Eat.  Denn  erblickt  er  sie  nur,  oder  zeigt  ein  anderer  sie  ih m,  so  wird  er 
(das  verbiirg  ich)  meinen  Tod  fúr  besser  halten  ais  Aufgeben  der  Sehnsucht 
nach  ihr  (2). 

Schaut  er  ihre  Schõnheit,  so  wird  es  ihm  nicht  mõglich  scheinen, 
je  wieder  von  ihr  zu  scheiden;  und  er  wird  begreifen,  dass  ich  oder  jeder 
andere,  der  sie  Hebt,  ihr  verpflichtet  ist  (3). 

Und  vermag  er  es  hernach,  sich  davor  zu  hiiten,  dass  ihm  geschehe, 
wie  mir  geschehen  ist,  so  werde  ich  ihn  fúr  einen  gliicklich  Entronnenen 
halten.  Doch  fúrchte  ich,  mein  Eatgeber  wird  ratios  sein,  sobald  er  sie 
gesehen  (4). 


õO. 

(Tr.  58). 

f.i2{==5i)b  II  En  tal  poder,  fremosa  mia  senhor, 

soo  de  vos  qual  vus  ora  direi:  1250 

que  ben  ou  mal,  enquant'  eu  vivo  for', 

qual  vus  prouguer',  de  vos  atende -F-ei. 

Ca  se  me  vos,  senhor,  fezerdes  ben, 

ben  me  verrá  de  Deus  e  d'outra  ren. 

E  se  me  vos  quiserdes  fazer  ai,  1255 

amor  e  Deus  log[o]  me  faran  mal. 

Que  entend'eu,  fremosa  mia  senhor, 
mentr'  eu  vus  vir'  que  nunca  perderei 
gran  ben  de  Deus,  nen  de  vos,  nen  d'amor. 
Ga  pois  vus  vejo,  de  tod'eu  ben  ei;  1260 

e  direi -vus,  mia  senhor,  que  mi  aven: 
amor  de  Deus  prend',  e  esforç'  e  sen, 
mentre  vus  vejo;  mais,  pois  vus  non  vir', 
esforç'  e  sen  e  Deus  an  mi -a  falir. 

I  Emendei  no  verso  2  sõo  (por  soo);  no  8  logo  por  log  mal  (com  l 
traçado);  e  no  29  ai  por  log  me  al^  como  o  copista  escrevera  por  engano, 
lembrado  talvez  do  erro  que  commettêra  no  verso  8,  e  que  tencionava 
emendar.  Além  d'isso  completei  o  verso  32,  coUocando  a  diante  do  verbo 
perder^   em  harmonia  com  o  CB. 

Variantes:  CB  162  (135)  —  2  soon  —  4  atenderbi  —  6  mi  —  de 
nos  e  d' o.  r.  é  erro  manifesto  —  7  mi  —  8  mi  —  9  E  entend  —  10  vos 

—  18  min  —  20  guisa  —  23  vos  —  24  min  —  26  quan  pe7-dudo  serei 

—  29  er  —  30  mi  —  mi  —  32  per  —  a  perder  —  34  o  sen. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x8  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  --  Coplas  equiconsoantes,  difforenciadas  todavia  nos  últimos 
versos  de  cada  estro phe:  ababccdd.  —  Rimas  longas:  ôrW  e^C»)  éni^) 
alW  ou  «V(<12)  *(d3)  èXd*),  e  ar  na  fiinda,  que  portanto,  tem  rima  inde- 
pendente: ee.  —  O  verso  inicial  de  todas  as  estancias  acaba  com  a  fórmula 
fremosa  mia  senhor.  E  senhor  torna  a  apparecer  no  verso  5  (1.2.  4),  ou  no  4. 

Eis  por  que  Colocci  assentou:  replica  y^sigo^"-  p  tutto,  accrescentando 
epodo  para  estabelecer  que  ainda  aqui  ha  uma  fiinda. 


—     108     — 

E  des  enton,  fremosa  mia  senhor,  1265 

nunca  de  Deus,  nen  de  mi  prenderei 
prazer,  nen  ben  de  que  aja  sabor; 
20     ca,  mia  senhor  ^Jde  qual  guis'  averei 
ben  deste  mundo,  pois  me  for'  d'aquen? 
Ca  perderei  quanto  prazer  me  ven,  1270 

pois  vus  non  vir',  e  perderei  des  i 
f.  12  {=51)0  II  Deus,  mia  senhor,  e  o  seu  ben  e  mi. 

25  E  direi -vus,  fremosa  mia  senhor, 

pois  vus  non  vir'  quan  perdud'  eu  serei: 
perderei  sen  e  esforç(o)  e  pavor,  1275 

e  des  i  ben  nen  mal  non  sentirei. 
E,  mia  senhor,  ai  vus  ar  direi  én: 

30     non  me  terra  conselho,  que  me  den, 
dano,  nen  prol,  nen  pesar,  nen  prazer. 
(JE  por  qual  guisa  m'ei  mais  [a\  perder?  1280 

Ca  perdud'  é,  senhor,  a  meu  cuidar, 
quen  perde  sen  e  prazer  e  pesar! 

m  Ia  Eurer  Macht,  Herrin,  bin  ich  so  ganz  und  gar,  dass  alies 
Gute  und  Bõse  mir  solang  ich  lebe  von  Euch  kommt.  Thut  Ihr  mir  Liebes 
an,  so  kommt  mir  Gutes  von  Gott  und  anderswoher.  Thut  Ihr  das  Gegen- 
teil,  so  geschieht  mir  Úbles  von  Gott  und  der  Liebe  (1). 

Solange  ich  Euch  sehen  darf,  fehlt  es  mir  nicht  an  Gunst  von  Gott 
und  Euch  und  der  Liebe;  seho  ich  Euch,  so  ist  alies  úbrige  eitel  Lust. 
Liebe  zu  Gott,  Mut  und  Verstand  úberkommen  mich.  Sehe  ich  Euch  aber 
nicht,  so  gebricht  es  mir  an  Liebe  zu  Gott,  Mut  und  Verstand  (2). 

Von  dem  Augenblick  an  kann  weder  Gott  noch  kann  ich  selber  mir 
Gutes  anthun.  Scheide  ich  von  hier  und  von  Eurem  Anblick,  so  bin  ich 
allor  Frende  bar  und  bleibe  ohne  Gott,  meine  Herrin,  seine  Liebe  und  mich 
selbst  (3). 

So  verloren  und  verdorben  bin  ich  dann,  dass  ich  Verstand,  Mut  und 
Gottesfurcht  verliere,  und  weder  Gutes  noch  Bõses  empíinde;  kein  Eatschlag 
wird  mir  dann  niitzen  noch  schaden,  noch  mich  erfreuen  oder  betrúben. 
"Wie  kõnnto  ich  noch  mehr  verlieren?  (4) 

Denn  verloren  ist,  meines  Erachtens,  wer  den  Verstand  und  Schmerz- 
wie  Lust-Empfindungen  verliert  (I). 

IV  Segundo  Diez  (p.  59),  o  schema  métrico  é  imitado  de  uma  poesia 
provençal  de  Peyrol  (Eayn.  III,  268). 


I 


51. 

(Tr.  59). 

íMal  conselhado  que  fui,  mia  senhor, 
quando  vus  fui  primeiro  conhoscer, 
ca  nunc'  ar  pudi  gran  coita  perder,  1285 

nen  perderei  ja,  mentr'  eu  vivo  for'! 
5      Nen  viss'  eu  vos,  nen  quen  mi -o  conselhou! 
Nen  viss'  aquel  que  me  vus  amostrou! 
Nen  viss'  o  dia  'n  que  vus  fui  veer! 

Ca  des  enton  me  fez  o  voss'  amor  1290 

na  mui  gran  cuita,  'n  que  vivo,  viver. 
10     E  por  mi -a  non  leixar  escaescer 
e  mi- a  fazer  cada  dia  mayor, 
faz -me,  senhor,  en  vos  sempre  cuidar, 
e  faz -mi -a  Deus  por  mia  morte  rogar,  1295 

e  faz  a  vos  a  min  gran  mal  fazer. 

(=5%  ^^  li  ^  ^^^'^  ^®  ^^^  ^®  "^^  conselhador 

que  viss'  o  vosso  mui  bon  parecer, 
aquant'  eu  posso  de  vos  entender, 
de  mia  mort'  ouv'  e  de  meu  mal  sabor.  1300 

E  ;  mal -pecado!  non  moir'  eu  por  én, 
20     nen  moiro,  porque  seria  meu  ben, 
nen  moiro,  porque  queria  morrer, 

I  Emendei  vos  (por  vus)  no  verso  14. 

Variantes:  CB  163  (136)  —  2  conhocer  —  3  ca  nunca  ptidi  —  4 
mentr e  vivo  for  —  9  coita  —  10  escaecer  —  15  min  —  16  que  eu  viss' 
o  vosso  bon  parecer  —  18  morte  ouve  —  22  min  —  26  mi  —  28  mi  — 
nen  me  poss'  eu  valer. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7  -f  3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  equiconsoantes,  differenciadas  apenas  pela  iiltima  das 
três  rimas  que  varia  de  estrophe  para  estrophe,  e  seguidas  de  uma  fiinda, 


—     110     — 

E  porque  me  seria  mui  melhor 
morte  ca  mais  esta  coita  soffrer;  1305 

pois  non  mi-á  prol  de  vo-la  eu  dizer, 
25     nen  vus  faz  outren  por  min  sabedor, 
nen  me  vai  ren  de  queixar  m"end'  assi, 
nen  me  vai  coita  que  por  vos  soffri, 
nen  me  vai  Deus,  nen  min  poss'eu  valer.  1310 

Pêro,  entanto  com'  eu  vivo  for', 
30      queixar-m'-ei  sempre  de  vos  e  d'amor, 
pois  conselh'  outro  non  poss'  i  prender. 

cujos  versos  tornam  ás  rimas  primeiras:  albbaccb :  aab.  —  Rimas  longas: 

or(a)  erlb)  om(c1);  ar{c2);  én{^^)\  *(«4). 

Com  o  intuito  de  estabelecer  que  a  construcção  da  cantiga  é  semelhante 
á  da  anterior,  Colocci  escreveu:  símile  ma  nõ  replica.  De  facto  existe, 
porém,  outra  espécie  de  replicacion.  Os  últimos  três  versos  de  cada 
estrophe  distinguem -se  por  empregar  três  vezes  uma  fórmula,  diversa  em 
cada  estancia.  Temos:  nenviss'  na  1*;  fax  na  2*^;  non  moir'  ou  nen  moir' 
na  3**;  e  nen  me  vai  na  ultima. 

m  Wie  schlecht  beraten  war  ich,  ais  ich  Euch  gegeniibertrat,  denn 
seither  bin  ich  grosse  Not  nicht  losgeworden ,  noch  werde  ich  frei  davon, 
solang  ich  lebe.  Hâtte  ich  Euch  und  den,  welcher  mich  beriet,  doch  nie 
gesehen!  Noch  den,  welcher  mir  Euch  zeigte!  Noch  jenen  Tag,  an  dem 
ich  Euch  erschaute  (1). 

Von  da  ab  machte  die  Liebe  zu  Euch  mein  Leben  zur  Plage.  Damit 
ich  nicht  vergesse,  sondern  taglich  an  Leid  zunehme,  zwingt  die  Liebes- 
pein  mich,  fortwàhrend  an  Euch  zu  denken;  zwingt  mich,  zu  Gott  um 
meinen  Tod  zu  beten;  zwingt  Euch,  mir  Leides  anzuthun  (2). 

Der,  welcher  mir  riet,  Euer  holdes  Angesicht  zu  schauen,  wiinschte 
(soweit  ich  sehen  kann)  meinen  Tod  und  mein  Ungliick.  Leider  aber  sterbe 
ich  nicht;  sterbe  nicht,  da  zu  sterbeu  meine  Lust  wàre;  sterbe  nicht,  weil 
ich  es  gerne  mõchte  (3); 

Und  weil  zu  sterben  mir  besser  wâre,  ais  solche  Qual  zu  dulden, 
da  es  mir  nicht  niitzt,  Euch  davon  zu  reden,  kein  anderer  aber  statt 
meiner  zu  Euch  davon  spricht.  Auch  hilft  mir  dies  Klagen  nichts;  noch  hilft 
mir  das  ertragene  Leid;  noch  hilft  mir  Gott;  und  auch  ich  selber  kann  mir 
nicht  helfen  (4). 

Trotzdem  werde  ich  mein  Lebelang  Euch  und  die  Liebe  anklagen,  da 
ich  mir  keinen  anderen  Eat  weiss  (I). 


C.  II:  2B 
f.l3{=  52)a 


10 


52. 

(Tr.  60). 

Senhor,  pois  Deus  non  quer  que  min  queirades 

creer  la  coita  que  me  por  vos  ven,  1315 

por  Deus,  creede  ca  vus  quero  ben! 

E  ja  mais  nunca  m'outro  ben  façades! 

E  se  mi-aquesto  queredes  creer, 

poderei  eu  mui  gran  coita  perder, 

e  vos,  senhor,  non  sei  que  i  perçades  1S20 

En  guarirdes  voss'  ome  que  matades 
e  que  vus  ama  mais  que  outra  ren: 
por  min  vus  digo,  que  non  acho  quen 
me  dê  conselho,  nen  vos  non  mi- o  dades. 
Pêro  Deus  sabe  quan  de  coraçon  1825 

og'  eu  vus  am(o)  e  jsi  el  me  perdon! 
desamo  min  porque  me  desamades. 


I  Emendei  vos  por  vus  no  verso  7. 

Variantes:  CB  164  (137)  —  1  mi  —  2  creer  a  coita  que  ini  p. 
V.  V.  —  7  perçades  —  8  omen  —  10  vos  ■ —  11  mi  —  13  se  el  mi  perdon 
—   16  per  —  17  diga  alguen  —  20  seja  assi. 

n  Cantiga  de  maestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes  na  ordem  abbacca,  diíferenciadas  apenas  pela 
rima  c,  que  varia  em  todas  as  estrophes.  —  Rimas  breves  e  longas: 
adesivo  én(^)  er{«)  na  1*  estrophe;  on  na  2*;  e  *'  na  3*. 

in  Herrin,  da  Gott  nicht  zulâsst,  dass  Ihr  an  die  Not  glaubt,  die  ich 
um  Euch  erdulde,  so  glaubt  wenigstens,  dass  ich  Euch  liebe;  und  thut  mir 
nimmer  eine  weitere  Liebe  an.  Denn  glaubt  Ihr  daran,  so  kann  ich  meine 
Not  loswerden.     Ihr  aber  verliert  nichts,  dass  ich  wiisste  (1), 

So  Ihr  Euren  Vasall,  den  Ihr  zu  tõten  bereit  waret  und  der  Euch 
iiber  alie  Dinge  liebt,  errettet.  Von  mir  spreche  ich,  dem  niemand  zu 
helfen  weiss;  und  Ihr  (die  Ihr  es  kõnntet)  thut  es  nicht.  Gott  aber  weiss, 
wie  sehr  ich  im  Herzen  Liebe  zu  Euch  hege,  und  (er  verzeih  mirs)  Unliebe 
zu  mir,  weil  Ihr  sie  gegen  mich  hegt  (2). 


—     112     — 

15  Per  bõa  fé,  mia  senhor,  e  sabiádes 

ca  por  aquest'  ei  perdiid'  o  meu  sen; 
mais  se  Deus  quiser'  que  vus  dig'  alguen         1330 
qual  ben  vus  quer(o),  e  que  o  vos  creades, 
poderei  eu  meu  sen  cobrar  des  i; 

20     e  se  a  vos  prouguer'  que  seja  'ssi, 
sempre  por  én  bõa  ventur(a)  ajades! 

Und,  meiner  Treu,  Herrin  wisset,  dass  ich  darúber  den  Verstand 
verloren  babe.  "Will  es  Gott  aber,  dass  jemand  Eucb  sagt,  wie  lieb  icb 
Eucb  babe  und  dass  Ibr  daran  glaubt,  so  kann  ich  wieder  gesunden.  Gefâllt 
Eucb  das,  so  mõget  Ibr  immerdar  dafúr  gesegnet  sein  (3)! 


53. 

(Tr.  61). 

De  tal  guisa  me  ven  gran  mal  1335 

que  nunca  de  tal  guisa  vi 
vTir  a  outro,  pois  nasci. 
E  direi -vus  ora  de  qual 
5      guisa,  se  vus  prouguer',  me  ven: 

ven -me  mal,  porque  quero  ben  1340 

mia  senhor  e  mia  natural, 

Que  am'eu  mais  ca  min.  nen  ai, 
e  tenho  que  ei  dereit'  i 
10      d 'amar  tal  senhor  mais  ca  mi. 

E  seu  torto  x'é,  se  me  fal,  1345 

ca  eu  non  devi'  a  perder 
por  mui  gran  dereito  fazer; 
mais  a  min  dereito  non  vai. 

^'lí)h  ^^  i  -^  P^^^  dereito  nen  senhor 

non  me  vai'  i,  ^le  que  farei?  1350 

Quen  me  conselho  der',  terrei 
que  muit'  é  bon  conselhador. 
Ca  ela  non  mi -o  quer  i  dar, 
20      nen  mi -ar  poss'eu  d'ela  quitar. 

(JE  qual  conselh'  é  'qui  melhor?  1355 

I  Emendei  mi  por  min  no  verso  10. 

Variantes:    CB  165  (138)    —    1  mi   —    3  viir  a  orne  pois  naei 

6  mi  —  IG  falta  i  —  20  nen  m'ar  —  21  aqui  —   22  esforçar -me  e 

<  rder  pavor,  variante  que  me  parece  preferível  á  do  CA.  —  24  esto  e  lhe 

dizer  etc.  —  27  ou  de  me  guarir,  lição  inaceitável,  porque   vicia  o  metro 

—  28  ca  averei. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.   —    Octonarios  jambicos.   — 
''o pias  p areadas:  abbacca,  que  se  afastam  do  typo  ooramum,  por  apre- 


—     114     — 

Esforçar -m'eii  soffrer  pavor 
o  melhor  conselh'  é  que  sei, 
e  en  lhe  dizer  qual  tort'  ei 
25      e  non  ]h'o  negar,  pois  i  for'. 

E  ela  faça  como  vir',  1360 

de  me  matar  ou  me  guarir: 
e  averei  de  qual  quer  sabor. 

sentarem    rimas  independentes  nos  versos  õ  e  6  (c).   —   Rimas  longas: 
aZ(a)  «Ob)  m(cl),  er(c2)  no  grupo  1°;  óXa)  eiW  arieS)^  irid)  no  11". 

III  Ich  leide,  wie  niemals  ein  anderer  vor  mir  gelitten  hat.  Und 
zwar  leide  ich ,  weil  ich  meine  natiirliche  Herrin  und  Gaugenossiu  liebe  (1), 

Der  ich  iiber  alies  zugethan  bin,  uberzeugt  davon,  dass  ich  Recht 
handle  ,  solche  Herrin  mehr  ais  mich  selbst  zu  lieben;  dass  sie  aber  Unrecht 
daran  thut,  sich  nicht  zu  mir  zu  neigen.  Weil  ich  Recht  thue,  sollte  ich 
zwar  nicht  zu  Schaden  kommen,  doch  hilft  mein  gutes  Recht  mir  nicht  (2). 

Was  soU  ich  da  thun,  da  weder  mein  Recht  noch  meine  Herrin  mir 
beistehen?  Wer  mir  zu  raten  weiss,  den  werde  ich  fúr  einen  guten  Rat- 
geber  halten,  da  sie  mir  nun  einmal  nicht  raten  noch  helfen  will,  und 
ich  von  ihr  nicht  lassen  kann.     Welcher  Ausweg  ist  da  der  beste  (3)? 

Der  beste,  um  den  ich  weiss,  ist:  mein  Ungemach  zu  ertragen  [ou, 
segundo  o  CB:  Mut  zu  fassen,  die  Furcht  zu  verheren],  mein  Unrecht  zu 
bekennen  und  es  nicht  geheim  zu  halten,  wenn  ich  vor  sie  trete.  Sie 
aber  thue,  wie  Ihr  recht  scheint:  sie  tõte  oder  heile  mich.  Was  sie  will, 
wird  mir  genehm  sein  (4). 


54. 
(Tr.  62). 

Meu  Senhor  Deus,  se  vus  prouguer', 

tollied'  amor  de  sobre  mi, 

e  non  me  leixedes  assi 

en  tamanha  coita  viver! 

Ca  vos  devedes  a  valer 

a  tod'  ome  que  coit(a)  ouver'. 

Ca  me  seria  mais  mester. 
Ca  me  ten  og'  el  na  mayor 
cuita  'n  que  ome  ten  amor. 
E  Deus,  se  vus  for'  en  prazer, 
sacade-me  de  seu  poder, 
e  pois  fazed[e]  mi -ai  que -quer! 


1365 


1370 


I  Emendei  faxede  (por  fazed)  no  verso  12.  No  13  rejeitei  E  des  que 
mia  senhor  non  fexer\  por  peccar  contra  o  metro  e  não  dar  sentido  que 
satisfaça,  introduzindo  a  lição  do  CB. 

Variantes:  CB  166  (140)  —  O  editor  passou  por  descuido  de  No.  138 
a  No.  140.  —  6  oer  —  7  mi  —  9  coita  —  12  faxede  mal  —  13  í/  des 
que  mi  amor  n.  f.  —  17  cuido  —  18  min. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abbcca,  differenciadas,  porém,  pela  rima  b, 
que  varia  nas  três  estrophes.  —  Rimas  longas:  érW  erW  iW  na  1" 
estrophe;  ôr{í>2);  arC^S). 

m  Lieber  Herrgott,  gefâllt  es  Euch,  so  nehmt  die  Liebeslast  von 
mir  und  lasst  mich  nicht  lânger  in  solcher  Pein  leben.  Ihr  miisst  ja  doch 
jedwedem  bedrângten  Menschen  helfen  (1) 

Und  mir  thut  Hilfe  am  meisten  Not.  Denn  mich  hâlt  sie  {el  =  o  amor) 
beute  in  der  ârgsten  Not,  in  der  Liebe  den  Menschen  gefangen  hâlt.  Darum, 
lieber  Gott,  so  es  Euch  beliebt,  befreit  mich  aus  seiner  Gewalt,  hernach 
aber  thut  mit  mir,  was  anderes  Ihr  wollt  (2). 

8* 


—     116     — 

E  des  que  mi -amor  non  fezer'  1S75 

a  coita,  que  levo,  levar, 
15      jDeus!  nunca  por  outro  pesar 
averei  sabor  de  morrer, 
o  que  eu  non  coido  perder, 
mentr'  amor  sobre  mi  poder'.  1380 

Sobald  die  Liebe  [segundo  o  CB;  ou  meine  Horrin,  segundo  o  CA] 
mich  nicht  weiter  peinigt,  will  ich  um  keines  Kummers  willen  die  Lust 
hegen,  zu  sterben,  die  ich  nicht  loswerde,  solange  die  Liebe  Gewalt  iiber 
mich  hat  (3). 


55. 

(Tr.  63). 

f.  13  (=  52)G  II  Quantos  entenden ,  mia  senhor, 
a  coita  que  me  por  vos  ven 
e  quan  pouco  dades  por  én, 
todos  maravilhados  son 
5      de  non  poder  meu  coraçon 
per  algua  guisa  quitar, 
por  tod'  esto,  de  vus  amar. 

Maravilhan-se,  mia  senhor, 
(e  eu  d'eles)  por  niun  ben 
10      desejar  eu  de  nulha  ren 
eno  mundo,  se  de  vos  non, 
se  lhes  Deus  algúa  sazon 
aguisou  de  vo-lhes  mostrar, 
ou  d'  oiren  de  vos  falar. 

15  Ca  se  vus  viron,  mia  senhor, 

ou  vus  souberon  conhoscer, 
jDeus!  çjcom'  ar  poderon  viver 
eno  mundo  ja  mais  des  i 
se  non  coitados,  come  mi, 

20      de  tal  coita  qual  og'  eu  ei 
per  vos,  qual  nunca  perderei? 


1385 


1390 


1395 


1400 


I  CB  167  (141)  —  2  mi  —  6  algunha  —  9  nenhun  —  10  desejaren. 
Também  no  CA  a  ultima  lettra,  tanto  pode  ser  n  como  u.  Adoptei  ew, 
porque  me  parece  dar  melhor  sentido.  —  12  Ihis  —  13  vo-lhis  —  16 
conhocer  —  17  com'  er  —  19  min  —  21  por  vos  —  24  Ihi  —  28  min 
que  —  29  creer. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  7  -|-  3.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas,  com  uma  palavra  perduda  no  principio,  e  uma  fiinda 
que  repete  duas  vezes  a  rima  d  das  l""^  estrophes,  e  uma  vez  a  das  ultimas: 


—     118     — 

Nen  a  perderá,  mia  senhor, 
quen  vir'  vosso  bon  parecer, 
mais  converrá-lh'én  a  sofFrer 
25      com'  eu  fiz,  des  quando  vus  vi.  1405 

E  o  que  non  fezer'  assi, 
se  disser'  ca  vus  viu,  ben  sei 
de  mi  ca  lh'o  non  creerei. 

Mais  cree-lh'-ei  a  quen  leixar 
{=  iljá  30     II  tod'  outro  ben  por  desejar  1410 

vos  que  sempre  desejarei. 

abbccdd :  dd'd-.  —  Rimas  longas:  orW  é?*(i»)  o?í(c)  «rW  no  grupo  1°, 
e  ôr(a)  eríb)  *(c)  eí(d)  no  IP.  —  A  palavra  perduda  de  todas  as  estrophes 
acaba  em  mia  senhor.  —  Cfr.  os  Nos.  6.  7.  42  e  õO. 

Colocai  resume  as  suas  observações  sobre  a  metrificação  na  fórmula 
ad  2  (com  relação  ás  estrophes)  e  eotigedo  para  significar  que  ha  tornada 
ou  envoi  (fiinda,  no  idioma  dos  trovadores  portuguezes). 

III  Alie,  welche  mein  Leid  kennen  und  damm  wissen,  wie  wenig 
Eindnick  esaufEuch,  Herrin,  macht,  wundern  sich  dariiber,  dass  icli  mein 
fíerz  nicht  von  Euch  abwende  (1). 

Sie  wundern  sich.  darúber,  dass  ich  auf  Erden  kein  ander  Gut  ais 
Euch  ersehne;  und  ich  wundere  mich  iiber  sie,  falis  Gott  ihnen  je  die 
Gunst  bereitet  hat,  Euch  zu  sehen  und  von  Euch  reden  zu  hõren  (2). 

Denn  hâtten  sie  Euch  gesehen,  wie  kõnnten  sie  anders  ais  in  der 
selben  Peiu  leben,  die  ich  um  Euch  erdulde  und  nie  loswerden  werde  (3). 

Auch  wird  kein  anderer  frei  davon,  der  Eure  Schõnheit  geschaut. 
Vielmehr  wird  er  leiden  miissen  wie  ich,  seit  ich  Euch  erblickte.  Wem 
es  anders  ergeht,  dem  glaube  ich  nicht,  dass  er  Euch  geschaut  hat,  ob  er 
es  auch  behauptet  (4). 

Glauben  werde  ich  es  nur  dem,  der  alies  andere  verschmaht  und  sich 
gleich  mir  nach  Euch  allein  sehnt  (I). 


10 


15 


56. 

(Tr.  64). 

Non  ouso  dizer  milha  ren 
a  mia  senhor;  e  sen  seu  ben 
non  ei  mui  gran  coit(a)  a  perder: 
Yedes  que  coita  de  soffrer! 

D'amar  a  quen  non  ousarei 
falar,  pêro  non  perderei 
gran  coita  sen  seu  ben -fazer: 

Yedes  que  coita  de  soffrer! 

Por  gran  coita  per  tenli'  atai 
d'amar  a  quen  nunca  meu  mal 
nen  mia  coita  ei  a  dizer: 

Yedes  que  coita  de  soffrer! 

E  vejo  que  moiro  d'amor, 
e  pêro  vej'  a  mia  senhor, 
nunca  o  per  min  a  saber: 

Yedes  que  coita  de  soffrer! 


1415 


1420 


1425 


I  CB  167''''  (142)  —  No  original  do  CB  a  cantiga  estava  sem  numero 
de  ordem  —  3  coit'  a  p.  —  9  per  tenho  tal  —  15  á  a  — -O  CA  tem 
um  único  a  (que  deve  representar  os  dous:  habet  e  arf),  tal  e  qual  como 
nos  versos  1562  e  1775. 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (3  +  !)•  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  aab  ||  B.  —  Rimas  longas:. éw(ai);  e^■(a2)•  a/(a3); 
ôr(a4);  e  er(toB). 

Colocci  annota:  tornell. 

III  Ich  wage  nicht,  zu  meiner  Herrin  zu  spreohon;  und  doch  kann 
ich  mein  sehr  grosses  Leid  ohne  Gunst  von  ihr  nicht  ertragen.  ||  Seliet, 
welche  Pein  ich  zu  dulden  habe  (1). 

Zu  lieben,  und  nicht  zu  wagen,  diese  Liebe  zu  offenbaren,  obwohl 
ich  ohne  ihre  Mildthâtigkeit  mein  grosses  Leid  nicht  loswerde  (2). 

Die  Pein,  jemand  zu  lieben,  dem  man  seine  Schmerzen  nicht  gestehet, 
halte  ich  fúr  eine  úbergrosse  (3). 

Ich  sterbe  vor  Liebe,  doch  ob  ich  auch  meine  Herrin  sehe,  wird  sie 
niemals  davon  durch  mich  erfahren  (4). 


57. 
(Tr.  k,  a  p.  309). 

Meu  coraçon  me  faz  amar 
senhor  atai,  de  que  eu  ei 

todo  quant'  eu  aver  coidei  1430 

des  aquel  dia  en  que  a  vi: 
5  ca  sempr'  eu  d'e]a  atendi 

deseg'  e  coita,  ca  non  ai.  \ 

I  CB  168  (143)  —  A  cantiga  ficou  incompleta  em  ambos  os  códices. 
O  copista  do  CA  reservou,  porém,  espaço  era  branco  para  mais  duas  estrophes. 
—  3  cuidei. 

II  Fica  portanto  indeciso,  se  se  trata  de  uma  Cantiga  de  maestria, 
se  de  refram,  como  presumo,  i.  é  de  1  x  6  ou  1  x  (4-)-  2).  —  Octona- 
rios  jambicos.  —  Rimas  longas  (al)bcca):  ar(a)  ei^)  *(c)  aZW  ou 
albbc  II  CD.  A  rima  amar  e  ai  seria,  porém,  excepcionalmente  impura 
(toante^  em  lugar  de  consoante). 

Colocci  diz:  nõ  ha  stroph. 

m  Mein  Herz  zwingt  mich,  eine  solche  Herrin  zu  lieben,  von  der 
ich  alies  erhalte,  was  ich  je  von  ihr  zu  erhalten  wâhute,  seit  ich  sie  ge- 
sehen.  ||  Denn  eitel  Sehnsucht  und  Pein ,  nichts  andares  habe  ich  von  ihr  er- 
wartet. 


C.  II:  18 

f.  14  (==-.  53)a 


T5?^ 


10 

=  53)h 


15 


20 


58. 
(Tr.  69). 

Por  Deus  vus  rogo,  mia  senhor, 
que  me  non  leixedes  matar, 
se  vus  prouguer',  a  voss'  amor; 
e  se  me  quiserdes  guardar 
de  morte,  guardaredes  i 
voss'  ome,  se  guardardes  mi, 
e  que  vus  nunca  fez  pesar. 

E  se  quiserdes,  mia  senhor, 
min  en  poder  d'amor  leixar, 
matar -m'-á  el,  pois  esto  for'; 
ca  quen  vus  vir  desamparar' 
II  min  que  fui  vosso,  pois  vus  vi, 
terra  que  faredes  assi 
depois  a  quen  s'  a  vos  tornar'. 

E  se  me  contra  vos  gran  ben, 
que  vus  quero,  prol  non  to  ver', 
matar-mi-á  voss'  amor  por  én, 
e  a  min  será  mui  mester, 
ca  logu'eu  coita  perderei. 
Mas  de  qual  mort'  eu  morrerei 
se  guarde  quen  vus  ben  quiser'. 


1435 


1440 


1445 


1450 


I  No  verso  15  substitui  v^is  por  vos. 

Variantes:  CB  169  (144)  —  3  e  voss'  amor  —  11  a  quen  vus 
vir  desenparar  —  15  mi  —  16  tever  —  17  matar-m'-á  —  20  Aqui 
ambos  os  códices  tém :  mas. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  al)al)ccb.  —  Rimas  longas:  ôr(a)  ari^)  «(c)  no  grupo  P; 
m(a)  érW  e*(«")  no  H".  No  verso  inicial  das  primeiras  estancias  temos  a 
formula:  mia  senhor.,  substituída  no  grupo  IP  por  ben. 

Typo  ad  2,  segundo  Colocci. 


—     122     — 

E  querrá-se  guardar  mui  ben  1455 

de  vos  quen  mia  morte  souber', 
e  tenho  que  fará  bon-sen. 
25     E  se  se  guardar  non  poder', 
averá  de  vos  quant'  eu  ei: 
atai  coita  de  que  ben  sei  1460 

que  morrerá  quen -na  ouver'. 

III  Bei  Gott  beschwôre  ich  Euch,  Herrin,  Ihr  mõchtet  nicht  zugeben, 
dass  die  Liebe  zu  Euch  mich  tôtet;  woUt  Ihr  mich  aber  retten,  so  rettet 
Ihr  Euren  Vasallen,  der  Euch  nimmer  Leides  angethau  (1). 

Lasst  Ihr  mich  hingegen  in  der  Gewalt  der  Liebe,  so  tõtet  sie  mich. 
Wer  immer  aber  sieht,  dass  Ihr  mich  aufgebt,  der  ich  der  Eure  war,  seit 
ich  Euch  sah,  wird  davon  uberzeugt  sein,  dass  Ihr  an  jedem,  der  sich  zu 
Euch  neigt,  in  gleicher  "Weise  úble  Vergeltung  iibt  (2). 

Niitzt  mir  die  Liebe  zu  Euch  nicht,  so  tõtet  sie  mich;  und  das  ware 
gut  fiir  mich,  denn  dann  bin  ich  sofort  aus  aller  Not.  Doch  hiite  sich  vor 
gleichem  Tode,  wer  Euch  zugethan  ist  (3). 

Hõrt  er  von  meinem  Sterben ,  so  wird  or  sich  schon  hiiten ,  und  han- 
delt  vemiinftig.  Kann  er  es  nicht,  so  empíangt  er  von  Euch  den  selbon 
Lohn  wie  ich:  quâlende  Pein,  an  der  er  wird  sterben  miissen  (4). 


59. 

(Tr.  70). 

Por  Deus,  senhor,  non  me  desamparedes 
a  voss'  amor  que  m'assi  quer  matar! 
E  valha-m'i  bon-sen  que  vos  avedes, 
e  Deus  por  que  vo-T-eu  venho  rogar!  1465 

5     E  valha -me,  fremosa  mia  senhor, 
coita  que  levo  por  vos  e  pavor! 
E  valha-me  quan  muito  vos  valedes! 

f.i4{,=  53)c        ||E  valha-mi  por  que  non  saberedes 

que  vus  eu  nunca  mereci  pesar  1470 

10     de  que  me  vus  con  dereito  queixedes  .  .  . 
ergo,  se  vus  pesa  de  vus  amar! 
E  non  tenh'  eu  que  é  torto  nen  mal 
d'amar  ome  sa  senhor  natural; 
ant'  é  dereit',  e  vos  vo-l'  entendedes.  1475 

15  E,  mia  senhor,  pgr  Deus,  non  me  leixedes, 

se  vus  prouguer',  a  voss'  amor  forçar; 

ca  non  poss'  eu  con  el,  mais  poder- m'-edes 

vos,  se  quiserdes,  de  força  guardar, 

de  tal  guisa  como  vus  eu  disser':  1480 

20      senhor  fremosa,  se  vus  aprouguer', 

pois  m'  el  por  vos  força,  que  o  forcedes! 


I  CB  170  (145)  —  1  desemparedes  —   3  e  valha  ini  bon  sen  —  5 

mi  —  7  mi  —   14  dereito  e  vos  volo  entendedes  —   22  E  pois  vos  a.  e, 
p.  teedes  —  29  dev'  a  ficar. 

II  Cantigademeestria:4x7-|-3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  equiconsoantes:  ababcca,  differenciadas  apenas  pela  rima  e, 
que  varia  de  estrophe  em  estrophe,  com  fiinda  que  respondo  ás  rimas  bba: 
ar  ar  edes.  —  Eimas  breves  e  longas:  edes(^)  arW  or(cl);  a/(c2); 
ér(e3);  ei(c4). 

Colocci  põe:  cõ  epodo. 


—     124     — 

E  pois  nos  ambos  en  poder  teedes, 
non  me  leixedes  dei  forçad'  andar, 
ca  somos  ambos  vossos,  e  devedes  1485 

2õ      a  creer  quen  vus  melhor  conselhar'! 
E  mia  senhor,  cuido  que  eu  serei, 
ca  sempre  vus  por  conselho  darei 
que  o  voss'  ome  de  morte  guardedes. 

E  fie'  amor  como  deve  ficar  1490 

30      quando  vus  non  quiser'  avergonhar 
de  vus  matar  un  ome  que  avedes! 

III  Um  Gottes  willen,  úberlasst  mich  doch  uicht  der  Liebe  zu  Euch, 
die  mich  tõten  will,  Herria:  Euer  gesunder  Verstand  und  Gott,  bei  dem 
ich  Euch  beschwõre,  mõgen  mir  beistehea;  sowie  die  Pein  und  Fuvcht,  die 
ich  um  Euch  erdulde,  und  Euer  hoher  Wert  (1). 

Auch  helfe  mir,  dass  ich  nie  Eurea  Zorn  verdient  habe,  so  dass  Ihr 
mit  Recht  klagen  kõnntet,  es  sei  denn,  es  sei  Euch  leid,  dass  ich  Euch 
liebe.  Mir  aber  will  es  nicht  Unrecht  scheinen,  dass  ein  Vasall  seine  natiir- 
liche  Herrin  liebe;  vielmehr  ist  es  recht  so,  und  das  wisst  Ihr  auch  (2). 

Gebt  doch  nicht  zu,  dass  die  Liebe  mir  Gewalt  anthut;  ich  kann 
gegen  sie  nicht  aufkommen,  wohl  aber  Ihr.  Da  sie  mich  vergewaltigt,  so 
bândiget  sie  doch  (3). 

Beide  sind  wir  Euer:  so  lasst  es  nicht  zu,  dass  ich  in  ihrer  Macht 
stehe.  Vielmehr  glaabt  dem,  welcher  Euch  den  besten  Rat  erteilt,  und 
das  bin  ich,  und  werde  ich  sein,  d^n  ich  werde  Each  raten,  Euren  Va- 
sallen  vom  Tode  zu  erretteu  (4). 

Dio  Liebe  aber  sehe  zu,  wie  sie  fertig  wird,  falis  sie  Euch  nicht  be- 
schâmen  will,  indem  sie  Euch  einen  Eurer  Vasallen  tõtet  (I). 

IV  Uma  nota  marginal  classifica  esta  cantiga  pouco  vulgar  de:  fina. 
Não  sei  se  interpretei  bem  a  ideia  da  fiinda. 


f.  14  (= 


60. 

(Tr.  71). 

Tal  om'  ó  coitado  d'amor 
que  se  non  dol  ergo  de  si; 
mais  d'outra  giiis'  aven  a  mi, 
jse  me  valha  Nostro  Senhor! 
Por  gran  coita  que  d'amor  ei, 
ja  sempre  doo  averei 
õ3)d  de  quen  d'ele  coi||tado  for'. 

E  de  quen  filhar'  tal  senhor 
que  lhe  non  queira  valer  i, 
qual  eu  filhei,  que  poi-la  vi 
sempre  me  teve  na  mayor 
coita  das  que  no  mundo  sei. 
^E  come  me  non  doerei 
de  quen  d 'atai  vir'  soffredor? 

[Ca  de  tal  coita  sabedor 
soo  por  quanto  mal  soffri 

Pamand',  e  nunca  m'én  parti, 
e  cada  vez  me  foi  peor; 
e  por  esto,  per  que  passei, 
20     de  me  doer  gran  dereif  ei 
de  quen  assi  for"  amador?^ 


15 


U95 


1500 


1505 


1510 


I  O  CA  reservou  espaço  em  branco  para  mais  uma  estancia;  talvez 
para  a  mesma  que   o  CB  fornece.     No  verso  2  o  CA  repete  o  que  inicial. 

Variantes:  CB  171  (146)  —  1  cuitado  —  4  mi  —  9  Ihi  —  13 
como  —  18  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  equicousoantes:   abbaeca.   —    Rimas  longas:   ôri^^)  iW  eii«). 

III  Grar  mancher  ist  voU  Liebesgram  und  bedauert  nur  sich  selber.  Ich 
aber  verfahre  anders,  so  wahr  mir  Gott  helfe:  so  grosses  Liebesweh  ich 
auch  selber  leide,  bemitleide  ich  doch  jedweden,  der  davon  geplagt  wird  (1), 

Und  einer  unbarmherzigen  Herrin  dient  wie  ich ,  der  ich  die  schwerste 
aller  Erdenplagen  trage,  seit  ich  sie  gesehen.  Wie  sollte  ich  daher  nicht 
beklagen,  wen  ich  àhnliches  fiihlen  sehe  (2)? 

Kenne  ich  doch  sein  Leid,  da  ich  das  gleiche  liebend  durchgekostet 
habe,  ohne  mich  davon  abzuwenden,  ob  es  auch  stets  zum  Schlimmeren 
ging.  Um  dessentwillen ,  was  ich  durchgemacht,  habe  ich  ein  Recht,  gleich- 
gesinnte  Liebende  zu  beklagen  (3). 


61. 

(Tr.  p,  a  p.  312). 

Pero  que  punh^  en  me  guardar 
eu,  mia  senhor,  de  vus  veer,  1515 

per  ren  non  mi -o  queren  soffrer 
estes  que  non  poss'  eu  forçar, 
5      meus  olhos,  e  meu  coraçon, 
e  amor:  todos  estes  son 
Fim  da  f.  14  OS  quo  me  non  ||  \leixan  quitar.  1520 

Ca  os  meus  olhos  van  catar 
esse  vosso  bon  parecer; 
10      e  non  os  poss''  end'  eu  tolher 
nen  o  coraçon  de  cuidar 

e7i  vos;  e  a  toda  saxoji  1525  . 

ten  con  eles  amor;  e  non 
poss'eu  con  tantos  guerrear. 

15  Calhz  non  poderei  guarir 

nelhur,  se  o  provar  quiser'  ; 

e  por  esto  non  nii-á  mester  1530 

de  t?'abalhar  en  vus  fogir. 

Ca  eu  ^como  vus  fogirei, 
20     pois  estes,  de  que  tal  med'  ei, 

me  non  leixan  de  vos  partir? 

I  As  ultimas  palavras  da  1"  estro phe  e  todo  o  resto,  provém  do 
CB  161  (124).  No  verso  14  emendei  guerrear  por  guerrar\  no  19  fogirei 
por  fugirei. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  longas:  ari»)  êrW  ow(c)  no 
grupo  1°;  *>(a)  er(^)  ei(c)  no  IP. 

ni  Obschon  ich  danach  trachte,  mich  vor  Eurem  Anblick  zu  hiiten, 
wollen,  oh  Herrin,  doch  meine  Augen  sich  durchaus  nicht  zwingen  lassen, 
noch  auch  mein  Herz,  oder  meine  Liebe.  Sie  sind  es,  die  mich  nicht  frei- 
geben  (1). 


2õ 


127 


E  pois  m'alhur  non  leixan  ir, 
estar  -  Ihis  -  ei  menir'  eu  poder' 
■II  vus  vejan,  se  vus  prouguer' ; 
e  aver-lhis-ei  a  comprir 
esto  que  Ihis  praz,  eu  o  sei; 
e  outro  prazer  Ihis  farei: 
morrer  -  Ihis  -  ei ,  pois  vus  non  vir'.] 


1535 


1540 


Die  Augen  schauen  nach  Eurer  Schõne  ixnd  ich  kann  sie  nicht  von 
Euch  wonden;  das  Herz  denkt  an  Euch  zu  jeder  Zeit  und  mit  ihnen  einig 
ist  die  Liebe:  So  viele  aber  kann  ich  niclit  bekriegen  (2). 

Dort  (wo  Ihr ,  seid)  kann  ich  nicht  gesunden;  und  nirgends  anders 
mõchte  ich  es  auch  nur  versuchen;  darum  ist  es  nicht  der  Múhe  wert, 
Euch  versuchsweise  zu  fliehen.  Denn  wie  soUte  ich  es  vermõgen,  da  jene, 
vor  denen  ich  mich  fúrchte,  mich  nicht  von  Euch  gehen  lassen  (3)? 

Weil  sie  aber  nicht  gestatten,  dass  ich  mich  anderswohiu  wende,  will 
ich  solange  ich  kann  verbleiben,  wo  ich  Euch  schaue,  ihnen  den  Willen 
thuend.  Doch  noch  in  anderem  will  ich  ihnen  gehorsam  sein:  indem  ich 
sterbe,  sobald  ich  Euch  nicht  sehe  (4). 


LACUNA  5". 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  1«  DO  CADEENO  IIL 


É  possível  que  a  folha  arrancada  incluísse,  além  do 
resto  da  Cantiga  61%  o  No.  142  do  CB.  —  Duvido,  todavia, 
porque  entre  as  partes  que  nos  restam  do  CÁ,  não  ha  poesias 
de  »escarnho«. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO  4»  DO  APPENDICE. 


Y 


CANTIGAS 


62  —  63 


DE 


UM   DESCONHECIDO   (I). 


C.  III:  L'a: 

Vinhe.ta 

f.  15  (=  54)a 


62. 
(Tr.  h,  a  p.  306). 

Pois  non  ei  de  dona  'Ivira 

seu  amor  e  ei  sa  ira, 

esto  farei,  sen  mentira: 

pois  me  vou  de  Sancta-Vaya, 
morarei  cabo  da  Maya, 
en  Doir',  entr'  o  Port'  e  Gaya! 


1545 


10 


Se  crevess'  eu  Martin  Sira, 

nunca  m'  eu  d'ali  partira, 

d'u  m'el  disse  que  a  vira 

en  Santoane  .  .  .  en  saya! 

Morarei  cabo  da  Maya, 

en  Doir',  entr'  o  Port'  e  Gaya! 


IVa»^^ 


\H. 


íy^ 


K^U^ 


1550 


I CB 173  (148)  —  Vem  altribuida  aMartimSoares.  —  1  dona  Elvira 

—  6  en  Doyro  antr'  o  Porto  e  Oaya  —  1  se  crevess'  én  —  8  m'én  — 
10  e«  Sanhoane  e  en  saya. 

II  Cantiga  de  ref  rani:  2  x  (4  -)-  2).  —  Septeuarios  trochaícos. 

—  Coplas  equiconsoantes:  aaubBB.  —  Rimas  breves:  *>«(»)  ayai^^). 

Colocci  junta  á  nota  marginal  due  stãxe  a  fórmula  ad  5,  que  teria 
razão  de  ser  unicamente ,  se  outro  par  de  estancias,  com  rimas  divergentes, 
se  seguisse  ao  primeiro. 

III  Was  ich  thun  werde,  sintemal  Dona  Elvira  mich  statt  mit  Liebe 
mit  Grimm  bedenkt,  ist  Folgendes.  Von  Sancta-Vaya  werde  ich  fortgehen. 
In  der  Nãhe  von  A  Maya  werde  ich  meinen  Wohnsitz  aufschlagen,  in 
Doiro  zwischen  O  Porto  und  Gaya  (1). 

Híitte  ich  Martin  Sira  Gehõr  geschenkt,  so  wâre  ich  nimmer  hinfort- 
gezogen  von  der  Stelle,  wo  er  sagte,  dass  er  sie  in  Santoane  ohne  Mantel 
erblickt  hat  (2). 


63. 

(Tr.  148,  e  p.  393). 

/.  15  (=  54)h  Nunca  tan  coitad'  orne  por  molher 

foi  com'  eu  por  úa  que  me  non  quer  1555 

fazer  ben,  pêro,  se  mi -o  non  fezer', 
é  cousa  guisada 
5  de  non  viver  nada.  — 

Se  me  Deus  non  der' 
ben  [da  6en]- talhada,  1560 

nen  vida  longada 
non  mi -a  min  mester! 

10  Melhor  me  seri(a)  a  min  de  morrer 

ca  sempr'  assi,  como  vivo,  viver 
coitado,  pola  que  non  quis  dizer  1565 

a  min  'n  outro  dia 
o  per  que  guarria. 
lõ  Porque  gran  prazer 

ela  me  faria, 

par  santa  Maria,  1570 

non  mi- o  quis  fazer! 

I  CB  174  (149)  —  2  fui  —  O  CA  tem  una\  o  CB  h^mha  —  6  e 
10  mi  —  7  As  duas  syllabas  que  faltam  no  CA,  foram  tiradas  do  CB  — 
10  Ambos  os  códices  têm:  E  melhor,  com  uma  syllaba  a  mais.  —  11  fen 
pffi^  que  tanto  pôde  ser  sempre  ssi  como  sempr'  assi.  —  14  guariria  — 
15  per  que  —  17  saneia  (sca)  —  25  fugisse  —  27  O  CA  tem:  por  me 
me  matar  \  o  CB  por  me  matar. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x3  +  6.  A  primeira  metade  da  estrophe 
consta  de  três  decasyllabos  jambicos  masculinos;  a  segunda  de  Qui- 
narios  trochaicos,  quatro  femininos,  e  dous  masculinos.  —  Coplas 
singulares:  aaabbabba.  —  Eimas  longas  e  breves:  ér(al)  ac?a('»l); 
er(a2)  m(b2);  ar(a3)  *sse(»>3). 

Colocci  não  deixou  passar  despercebida  a  construcção  muito  peculiar 
d'esta  poesia,  que  trata  de  nova  textura. 


25 


133 


E  poi-la  eu  vi,  sempr(e)  a  vi  punhar 
en  me  de  seu  preit(o)  e  de  si  quitar, 
mais  agora  ja,  por  me  mais  coitar, 

por  ende  me  disse  1575 

que  a  nunca  visse 

en  logar  estar 

que  Ih'  eu  non  fogisse, 

e  que  a  non  visse, 

por  [én\  me  matar.  1580 


III  Niemals  ward  ein  Mann  von  einer  Frau  so  gequalt  wie  ich  von 
ciner,  die  mir  nichts  Liebes  erweisen  will,  obschon  ich  sicher  sterbe,  wenn 
tíie  es  nicht  thut.  —  Verhilft  mir  Gott  nicht  zur  Gunst  der  Schõngebauten, 
so  ist  freilich  ein  langes  Leben  mir  auch  zu  nichts  niitze  (1). 

Besser  wâre  es  zu  sterben,  ais  zu  leben  wie  ich  lebe,  grambelastet 
um  derentwillen ,  die  mir  unlángst  das  nicht  sagen  wollte,  wodurch  ich  ge- 
nesen  konute.  Bei  der  Jungfrau!  gerade  weil  grosse  Freude  sie  mir  dadurch 
beroitet  hâtte,  wollte  sie  es  nicht  thun  (2). 

Seit  ich  sie  kenne,  trachtet  sie  darnach,  mich  von  sich  und  aus  dem 
Dienstverhãltnis  zu  ihr  loszulõsen;  jetzt  aber  hat  sie,  um  mich  noch  mehr 
zu  bedriicken,  mich  geheissen,  sie  nie  zu  sehen,  ohne  zu  fliehen,  um  mich 
auf  diese  Weise  zu  tõten  (3). 

IV  Cfr.  Diez  p.  38  e  141;  assim  como  Lang  p.  CXXXV. 


LACUNA  6». 

FALTA   UMA  MEIA -FOLHA:  No.  3«  DO  CADERNO  IIL 


A  lauda  antecedente  tem  o  verso  em  branco,  signal  de 
que  ahi  acabavam  as  obras  de  um  trovador.  Na  immediata 
começa  um  cyclo  novo  com  vinheta  e  lettra  historiada.  E  pois 
justo  suppôr  que  a  meia-folha  arrancada  encerrasse  poesias  de 
outro  auctor.  No  CB,  que  diverge  aqui  bastante  do  CA,  não 
ha,  todavia,  cyclo  algum  independente  que  corresponda  ás  con- 
dições impostas  pelos  limites  de  uma  folha. 

O  que  tem  a  mais,  6  apenas  uma  cantiga,  attribuida,  tanto 
no  texto  como  no  índice,  ao  trovador  que  assigna  as  quatro 
immediatas:  Airas  Corpancho. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO   5-^  DO   APPENDICE. 


VI 


CANTIGAS 


64  —  67 


DE 


AIRAS   CORPANCHO. 


64. 

(Tr.  249). 

CHI:  4a: 

f  leT-uDa  Qiúsera-m'ir;  tal  conselho  prendi; 
e  fui,  coitad',  e  tornei -me  por  ón! 
E  tod'  orne  que  me  conselhar'  ben, 
conselhar-m'á  que  more  sempr'  aqui. 
5      Por  un  dia  que  mia  senhor  non  vi, 
d'atant'  ouver'  a  morrer  con  pesar. 

Quen  me  quiser',  venha  m'aqui  buscar! 


1585 


{=117)0  iU 


20 


Tod'  ome  que  souber'  meu  coraçon, 
nulha  culpa  non  me  dev'  a  põer 
II  por  eu  morar  u  podesse  veer 
a  mia  senhor,  por  que  moiro;  ca  non 
m'ei  a  partir  d'aqui  nulha  sazon, 
aguardando  que  lhe  possa  falar. 

Quen  me  quiser',  venha  m'aqui  buscar! 

jNostro  Senhor!  ^e  quen  me  cousirá 
d'aqui  morar?  ca  ja  ir-rae  cuidei, 
e  fui,  coitado,  como  vus  direi: 
que  nunca  ja  tan  coitado  será 
ome  no  mund';  e  mais  vus  direi  ja: 
d'outra  tal  coita  me  quer'  eu  guardar: 

Quen  me  quiser',  venha  m'aqui  buscar! 


1590 


1595 


1600 


I  CB  176  (151)  —  1  e  foy 

porque  o  sentido  não  quadra  aqui 
non  mi  dev'  a  poer  —  12  nulla  - 
—  25  o  faltava  no  CA. 


toruey  i.  é  torvey;  não  é  aceitável, 
-  4  conselhar- mi -â  —  10  nulla  c. 
13  l/li  —  17  e  foy  —  19  no  mundo 


n  Cantiga  de  refram:  4  x  (6  -f- 1).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abbaac  1|  C.  —  Rimas  longas:  *'(»)  é«(l>)  na 
estrophe  l'';  oni«ò  êrW  na  2'';  áW  eiO")  na  3*;  «>(«)  eiO>)  na  4";  arícC). 
Como  se  vê,  ha  igualdade  fortuita  na  rima  b  das  ultimas  estrophes. 

Cõ  tornello,  segundo  Colocci. 


—     138     — 

Deu-lo  sabe  que  me  quisera  ir 
de  coraçon  morar  a  cas  dei  rei. 
Mais  direi -vus  [o]  por  que  o  leixei: 
25     por  amor  que  mi -o  non  quis  consentir.  1605 

E  pois  amor  non  me  leixa  partir 
da  mia  senhor,  nen  d'aqueste  logar, 

Quen  me  quiser',  venha  m'aqui  buscar! 

TTT  Ich  woUte  fort,  wie  man  mir  geraten  hatte-,  und  ich  ging;  doch 
kehrte  ich  Ãrmster  wieder  um!  Und  wer  immer  mir  verniinftig  raten  will, 
der  rede  mir  zu,  hier  zu  verbléiben.  Der  eine  Tag,  an  dem  ich  meine 
Herrin  nicht  sah,  hâtte  mir  beinahe  Tod  vor  Liebesgram  gebracht.  ||  "Wer 
meiner  bedarf,  mõge  mich  hier  aufsuchen!  (1) 

Jeder  der  mein  Herz  kennt,  wird  es  mir  nicht  ais  Schuld  anrechnen, 
dass  ich  "wohne,  wo  ich  die  Herrin  sehen  kann,  in  die  ich  sterblieh  verliebt 
bin,  und  dass  ich  nimmer  von  hier  zu  scheiden  gedenke,  des  Zeitpunktes 
harrend,  wo  ich  sie  sprechen  kann.  etc.  (2). 

Himmel!  wer  kõnnte  es  mir  verargen,  dass  ich  hier  bleibe?  Habe 
ich  es  doch  schon  versucht,  f ortzugehen ,  und  bin  gegangon.  Doch  Avie? 
so  elend  wie  noch  nie  ein  Mensch  auf  Erden  war.  Vor  einem  zweiten 
Kummer  gleich  diesem  will  ich  mich  hiiten.  etc.  (3). 

Gott  weiss  es,   dass  ich  gern  an  Kõnigs  Hofe  ginge,   doch  unterliess 
ich  es:  aus  Liebe,  die  es  nicht  gestatten  will.     Da  abar  die  Liebe  nicht  er- 
laubt,  dass  ich  mich  von  meiner  Herrin  und  diesem  Orte  trenne, 
Mõge  mich  hier  aufsuchen,  wer  meiner  bedarf!  (4) 

rV  Uma  nota  marginal  classifica  esta  desempenada  poesia  de  muito 
boa!    Entendo  que  com  razão. 


10 


15 


65. 

(Tr.  250). 

)eseg'  eu  muit'  a  veer  mia  senhor, 
e  pêro  sei  que,  pois  ant'  ela  for',  1610 

non  lh'ei  a  dizer  ren 
de  com'  og'  eu  averia  sabor 

e  lh(e)  estaria  ben! 

Pola  veer  moir(o)  e  pola  servir, 
e  pêro  sei  que,  pois  m'arLt'  ela  vir',  1615 

non  lh'ei  a  dizer  ren 
de  com'  og'  eu  poderia  guarir 

e  lh(e)  estaria  ben! 

Se  lli'al  disser',  non  me  dirá  de  non. 
Mais  da  gran  coita  do  meu  coraçon  1620 

non  lh'ei  a  dizer  ren 
que  lh'eu  diria  en  bõa  razon 
e  lh(e)  estaria  ben! 


I  CB  177  (152)  —  2  d'ant'  ela  —  6  moir'e  —  12  mais  de  g.  c.  — 
5.  IQ  Q  lõ  E  lh'estaria  ben  —  17  O  CB  não  traz  a  ultima  estancia. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (2  -|-  3),  ou  antes  4  x  (4  -f- 1),  ou  ainda 
4  (x  2  4-1  +  1  +  1)-  —  Seria  licito  e  razoável  darmos  como  corpo  da  can- 
tiga apenas  o  distico  inicial,  considerando  o  resto  como  refram,  uma  vez 
que  o  verso  3,  idêntico  em  todas  as  estrophes,  concorda  quanto  á  medida, 
com  o  5.  Parece,  comtudo,  que  os  códices  originaes  faziam  consistir  o  refram 
apenas  do  ultimo  verso.     E  ahi  que  está  no  CA  a  maiúscula  de  cor,  que 

;•  costuma  andar  á  frente  do  refram;  e  ahi  mesmo  é  que  o  CB  põe  as  aspas 
Idestinadas  a  marcá-lo.  —  Decasyllabos  jambicos  nos  versos  1.  2  e  4; 
le  Senarios  jambicos  nos  versos  3  e  5.  —  Coplas  singulares:  aa1)a{|B 
[ou:  aa||BAB,  ou  ainda:  aa||BaB.  —  Rimas  longas:  or(ai)-,  íV(a2);  ow(a3); 
'-ar(a4)  nos  Decasyllabos,  e  énW  nos  Senarios  {ren  ben). 
Cõ  tornei,  no  dizer  de  Colocci. 


—     140     — 

Pêro  ei  gran  sabor  de  lhe  falar, 
f.i6{=nrjc  II  quando  a  vejo,  por  lhe  non  pesar,  1625 

non  lh'ei  a  dizer  ren 
de  com'  eu  poderia  led'  andar, 
20  e  lhe  estaria  ben! 

III  Ich  sehne  mich  sehr  danach,  meine  Herrin  zu  sehen,  obgleicli 
ich  weiss,  dass  ich  in  ihrer  Gegenwart  nicht  wagen  werde,  auszusprechen, 
was  mir  Lust  bereiten  wúrde  und  ihr  so  wohl  anstaude!  (1) 

Inbriinstig  wúnsche  ich,  sie  zu  sehen  und  ihr  zu  dienen,  obwohl, 
wenn  ich  sie  schaue,  ich  es  freilich  nicht  wage,  ihr  zu  sagen,  wodurch  ich 
gesunden  kõnnte,  und  was  ihr  wohl  anstânde!  (2) 

Sage  ich  etwas  anderes,  so  weist  sie  mich  nicht  ab.  Von  meinem 
Herzeleid  aber  rede  ich  nicht,  was  ich  von  rechtswegen  sprechen  soUte 
und  ihr  so  gut  stande!  (3) 

So  grosse  Lust  ich  habe,  zu  ihr  zu  sprechen,  erblicke  ich  sie,  so  sage 
ich,  um  ihr  Kummer  zu  ersparen,  doch  nicht,  wodurch  ich  froh  werden 
kõnnte,  und  was  ihr  so  wohl  anstânde!  (4) 

IV  Cfr.  CV  139,  188  e  198.  —  Diez  (p.  70)  considera  o  primeiro 
Senario  como  refram  intercalado. 


66. 

(Tr.  251). 

jAy  Deus!  que  coita  de  soífrer 

por  aver  gran  ben  a  querer  1680 

a  quen  non  ousarei  dizer 

da  mui  gran  cuita  'n  que  me  ten! 
Non  lh'ouso  dizer  nulha  ren 
da  mui  gran  coita  'n  que  me  ten! 

Ja  sempr'  en  coita  viverei.  1635 

Amo  qual  dona  vus  direi: 
a  quen  dizer  non  ousarei 
10      da  mui  gran  coita  'n  que  me  ten: 
Non  Ih 'ouso  dizer  nulha  ren 
da  mui  gran  coita  'n  que  me  ten!  1640 

Se  lhe  d'al  quiser'  ementar, 
sol  non  lh'6n  crecerá  pesar. 
15      Pêro  non  lh'ousarei  falar 

da  mui  gran  coita  'n  que  me  ten: 

Non  lh'ouso  dizer  nulha  ren  1645 

da  mui  gran  coita  'n  que  me  ten! 

I  CB  178  (153)  —  9  a  que  —  13  Ihi  —  enmentar. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -j-  2)  ou  talvez  3  x  (3  -|-  3).  —  Octo- 
iiarios  jambicos.  —  Coplas  singulares,  se  abstrahirmos  do  ultimo  verso 
do  corpo  da  cantiga,  ao  qual  responde  o  refram:  aaab|{BB.  (Cfr.  CY  190.) 
Rimas  longas:  êr(al)  e^(a2)  ar(a3)  éni^).  —  Segundo  a  graphia  do  CB  o 
refram  abrange  na  1"  estrophe  apenas  o  ultimo  verso,  emquanto  que  nas 
restantes  começa  no  verso  4. 

Colocci,  ao  escrever  a  classificação  „sm«7e",  comparava,  provavelmente, 
us  estribilhos  dos  Nos.  177  e  178,  julgando  que  ambos  se  compunham  do 
um  só  verso. 

rn  Ach  Gott,  welche  Pein  ist  es,  jemand  zu  lieben,  dem  man  sein 
Leid  nicht  zu  klagen  wagt  (1). 

In  solcher  Pein  werde  ich  bis  an  meia  Ende  leben,  denn  ich  liebe 
cine  Frau,  zu  der  ich  mich  nicht  zu  reden  getraue  (2). 

Spreche  ich  von  anderen  Dingen,  so  lâsst  sie  es  sich  gefallen.  Von 
meiner  Liebespein  aber  darf  ich  nicht  reden  (3). 


67. 
(Tr.  252). 

iAy  Deus!  como  ando  coitado  d'amor! 
E  se  o  for'  dizer  a  mia  senhor, 

logo  dirá  que  lhe  digo  pesar: 
f.i6{=n7)d  e  quero  mi-a||nte  mia  coita  'ndurar  1650 

5  ca  lhe  dizer,  quando  a  vir',  pesar! 

Pêro  m'eu  moiro,  querendo -lhe  ben, 
se  lhe  disser'  a  coita  'n  que  me  ten, 
logo  dirá  ca  lhe  digo  pesar: 
e  quero  mi -ante  mia  coita  'ndurar  1655 

10  ca  lhe  dizer,  quando  a  vir',  pesar! 

Ben  moira  [ew],  se  ai  dizer  quiser'; 
.  mais,  se  lhe  ren  de  mia  coita  disser', 
logo  dirá  ca  lhe  digo  pesar: 
e  quero  mi -ante  mia  coita  'ndurar  1660 

15  ca  lhe  dizer,  quando  a  vir',  pesar! 

I  CB  179  (154)  —  1  cuitado  —  d'amor  falta  —  3  (e  em  todos  os 
mais  casos)  Ihi —  11  eu  faltava  em  ambos  os  códices,  que,  portanto,  apre- 
sentavam um  verso  demasiadamente  curto. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (2  +  3).  —  Cfr.  No.  185.  —  Deca- 
syllabos  jambicos.  —  O  corpo  das  estrophes  compõe-se  de  dous  versos 
emparelhados,  com  rimas  singulares:  o  refram  consta  de  três  versos  que  rimam 
entre  si:  aa||BBB.  —  Eimas  longas:  ôr(al)  éw(a3)  ér(a3)  ar(B). 

O  relativamente  ^longo  tornello"-  deu  na  vista  de  Colocci.  —  Cfr.  Diez 
(p.  69). 

A  julgar  pelo  pergaminho  da  Ajuda,  os  quattro  primeiros  versos  das 
estrophes  formavam  musicalmente  um  conjuncto,  do  qual  só  o  verso  final 
se  destacava,  com  melodia  independente.  N'este  caso  o  schema  seria  3  x  (4  ■-}-  2). 

III  Ach  Gott!  wie  doch  der  Liebesgram  mich  peinigt.  Spreche  ich 
aber  davon  zu  meiner  Herrin,  so  sagt  sie  gleich,  icli  thãte  ihr  Leides  an; 
und  lieber  will  ich  meinen  Gram  ertragen  ais  ihr,  so  ich  sie  sehe,  Leides 
bereiten  (1). 

Obzwar  ich  vor  Liebe  zu  ihr  ersterbe ,  so  wird  meine  Herrin,  falis  ich 
ihr  davon  spreche  etc.  (2). 

Tod  treffe  mich,  so  ich  etwas  anderes  sagen  mõchte!  Sobald  ich  aber 
von  meinem  Grame  rede  etc.  (3). 


■I 


VII 


CANTIGAS 


68  e  69 


DE 


UNO  RODRIGUES  DE  CANDAREY. 


C.  III:  4^: 

Vinheta 
f.l7{=  118)a 


10 


15 


20 


68. 

(Tr.  253). 

En  gran  coita  vivo,  senhor, 
a  que  me  Deus  nunca  quis  dar 
conselh(o);  e  quer -se  me  matar, 
e  a  min  seria  melhor. 
E  por  meu  mal  se  me  deten, 
por  vingar -vus,  mia  senhor,  ben 
de  min,  se  vus  faço  pesar. 

[E  assi  ?ne  tro?ne?if  amor 
de  tal  coita  que  7iunca  par 
ouv'  outr''  orne,  a  meu  cuidar. 
Assi  morrerei,  pecador! 
E  senhor,  muito  me  jjraz  én! 
Se  prazer  tomades  por  én, 
non  o  dev'  eu  a  ?'ecear.] 

E  assi  ei  eu  a  morrer, 
veendo  mia  mort'  ante  mi, 
e  nunca  poder  filhar  i 
conselho,  nen  o  atender 
de  parte  do  mund';  e  ben  sei, 
senhor,  que  assi  morrerei, 
pois  assi  é  vosso  prazer, 


1665 


1670 


1675 


1680 


I  CB  ISl'''"  (157)  e  CV  1061,  com  attribuição  a  Joan  de  Gaya.  — 
A  2''  estrophe  não  se  encontra  senão  no  CV.  —  O  CA  tem,  comtudo,  no 
fim  da  cantiga,  espaço  reservado  para  mais  uma  estancia,  que  talvez  fosse 
a  que  introduzi  no  lugar  indicado  pelo  systoma  estropliico.  —  8  CB  conselh' 
e  quer  xi  me  —  CV  conselho  e  quer  me  matar  —  4  CB  mi  —  6  CV 
seeria  —  CB  e  CV  vos  —  7  CB  e  CV  mi  —  13  Emendei  se  por  que  e 
tomades,  por  domades  —  1(3  CB  morte  ante  min  —  19  CB  tnundo,  ben 
sei  —  21  CV  si  assi  —  25  CV  todo. 

10 


—     146     — 

E  ben  o  podedes  fazer, 
se  vus  eu  morte  mereci; 
mais,  por  Deus,  guardade-vus  i,  1685 

(~ii8)b  ^^      ^^  ^^^'  ®  ^^  vosso  poder. 

E  senhor,  preguntar-vus-ei: 
por  serviço  que  vus  busquei 
^se  ei  por  én  mort'  a  prender? 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  longas:  ôrW  ar(^)  éni^)  no 
grupo  1°;  er(«)  tW  ei(c)  no  11°. 

m  In  grosser  Not  lebe  ich,  in  der  mir  Gott  nie  hat  raten  nocli  helfen 
wollen.  Vielmehr  will  er  mich  tõten;  und  das  wâre  aucb  das  beste  fiir 
mich.  Zu  meinem  Schaden  zõgert  er  jedoch,  und  zwar  um  Rache  an  mir  zu 
nehmen,  weil  ich  Euch  Kummer  bereite  (1). 

Mit  solcher  Qual  peinigt  mich  die  Liebe,  dass  niemals  ein  anderer 
Mensch  ihies  gleichen  ertragen  hat  (vermeine  ich).  Ich,  Súnder,  werde 
also  sterben,  und  bin  damit  zufrieden:  wenn  Ihr  Gefallen  daran  findet,  dai*f 
ich  mich  davor  nicht  fúrchten  (2). 

Dahinsiechen  werde  ich  somit,  den  Tod  vor  Augen  sehend,  und  mir 
keinen  Rat  wissen,  noch  ihn  irgendwoher  aus  dieser  Welt  erwarten.  Viel- 
mehr weiss  ich  es,  dass  ich  sterben  muss,  weil  es  Euch,  Herrin,  beliebt  (3). 

Und  thun  dúrft  Ihr  solches  auch,  falis  ich  den  Tod  verdient  habe. 
Dennoch  seid,  um  Gottes  willon,  vorsichtig,  da  Eure  Macht  iibergross  ist. 
Und  befragen  will  ich  Euch,  Herrin,  ob  ich  darum  den  Tod  leiden  muss, 
weil  ich  gesucht  habe,  Euch  dienstbar  zu  sein  (4). 


69. 

(Tr.  254). 

(Nostro  Senhor!  en  que  vus  mereci  1690 

por  que  me  fostes  tal  senhor  mostrar, 
a  mais  fremosa  que  eu  nunca  vi, 
a  que  non  ouso  nulha  ren  falar? 
5      Pêro  a  vejo,  non  lh'ouso  dizer 

a  mui  gran  coita  que  me  faz  aver:  1695 

ei-mi  assi  mia  coit'  a  endurar! 

I  CB  182  (158)  —  Ambos  os  códices  conservaram  unicamente  esta 
estrophe.  O  espaço  branco,  que  o  copista  do  CA  reservou  também  aqui, 
ficou  por  encher.  —  2  mi  —  7  e  ei  m'assi. 

II  Cantiga  de  meestria:  1x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Eimas  longas:  ababcelt)  =  «'(")  ar(*>)  er(c). 

Colooci  assenta,  como  de  costume,  que  não  ha  mais  do  que:  una  stãxa. 

m  AVomit  habe  ich,  o  Gott,  es  verdient,  dass  Ihr  mir  solche  Herrin 
gebt,  die  zwar  die  schõnste  ist,  die  ich  je  gesehen,  zu  der  ich  aber  nicht 
zu  sprechen  wage?  Obwohl  ich  sie  sehe,  vermag  ich  nicht  zu  ihr  von  dem 
grossen  Leide  zu  reden,  das  ich  um  ihretwillen  trage:  so  muss  ich  denn 
mein  Leid  erdulden. 


10" 


LACUNA  7». 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  3/^  DO  CADEENO  HL 


É  impossível  calcular  ao  certo  o  que  a  folha  arrancada 
conteria.  Podemos  apenas  suppôr  que  nella  estava  iucluido  um 
cyclo  restricto  de  poesias  (de  1  a  5),  pertencentes  a  um  auctor 
que  não  podia  ser  o  das  cantigas  68  e  69,  nem  tampouco  o 
das  seguintes. 

Talvez  fossem  as  cantigas  180  e  181  do  CB,  com  attribuição 
ao  trovador  Nuno  Porco,  cujo  nome  apparece  no  índice? 


VEJA  -  SE  A  SECÇÃO  ô''  DO  APPENDICE. 


VIII 


CANTIGAS 


70  —  81 


DE 


NUNO   FERNANDES   TORNEOL. 


C.  III:  2/9; 

Vinlwtn 

f.  18  (=  Õ5)a 


70. 

(Tr.  149). 

Ir-vus  queredes,  mia  senhor, 
e  fiqii'  end'  eu  con  gran  pesar, 
que  nunca  soube  ren  amar 
ergo  vós,  des  quando  vus  vi. 
E  pois  que  vus  ides  d'aqui, 

senhor  fremosa  d  que  farei? 

E  que  farei  eu,  pois  non  vir' 
o  vosso  mui  bon  parecer? 
Non  poderei  eu  mais  viver, 
se  me  Deus  contra  vos  non  vai. 
Mais  ar  dizede-me  vos  ai: 

senhor  fremosa  (ique  farei? 

E  rogu'  eu  a  Nostro  Senhor 
que,  se  vos  vus  fordes  d'aquen, 
que  me  dê  mia  morte  por  én, 
ca  muito  me  será  mester. 
f.i8(=õ5)b  II  E  se  mi -a  el  dar  non  quiser': 
senhor  fremosa  (jque  farei? 


10 


15 


1700 


1705 


1710 


I  CB  183  (159)  —  3  sòubi  —  10  mi  —  11  mi  —  14  vos  falta  — 
15  que  mi  el  dê  morte  p.  e.  —  19  m'assi  —  20  vosco. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (5 -|- !)•  —  Octonarios  jambicos. 
; — Coplas  singulares,  com  uma  palavra  perduda  no  principio  de  cada 
lestrophe,  e  outra  no  refram:  al)l)cc||D.  —  Rimas  longas,  cuja  ordem  é 
^bastante  „ desigual":  ÔrW  arW  *'(«)  na  1"  estancia;  «>(«)  ér(b)  a/(c)  na  2"'; 
iôrW  mW  ér(c)  na  3*;  ôri«)  iri^)  êr{«)  na  4*;  ei  no  refram.  —  O  poeta 
?  afasta -se  do  costume,  por  empregar  três  vezes  ôr  (nos  versos  1.  7  e  19), 
Lduas  vezes  ir  (no  7.  20  e  21)  e  duas  vezes  êr  (no  8 — 9  e  21 — 22).  —  No 
|verso  12  o  copista  do  CB  escreveu,  por  engano  sarei  por  farei. 

Eis  por  que  Colocci  repetiu  na  margem  farei  sarei. 


—     152     -- 

Pois  mi-assi  força  voss'  amor  1715 

20      e  non  ouso  vusco  guarir, 

des  quando  me  de  vos  partir', 
eu  que  non  sei  ai  ben  querer, 
querria-me  de  vos  saber: 

senhor  fremosa  (jque  farei?  1720 

III  Ihr  woUt  von  hinnen  gehen,  Herria,  und  ich  bleibe  kummervoll 
ziirúck,  denn  seit  ich  Euch  geseben,  liebe  ich  kein  anderes  Wesen  ais 
Euch.  Da  Ihr  Euch  nun  von  hiunen  wendet:  was  thu  ich  da,  schõne 
Herria  (1)? 

Was  fange  ich  aa,  ohue  Euer  holdos  Angesicht  zii  schauen?  Zii  leben 
werde  ich  nicht  vcrmôgen,  so  Gott  mir  nicht  beisteht  etc.  (2). 

Ihn  bitte  ich,  mir  den  Tod  zu  schenken,  sobald  Ihr  scheidet;  uichts 
anderes  ist  mir  nútze.     Will  er  ihn  mir  aber  nicht  gebeu,  etc.  (3). 

Da  die  Liebe  zu  Euch  mich  so  sehr  úberwaltigt  und  ich  nicht  wage, 
in  Eurer  Náhe  zu  wohnen,  so  mõchte  ich  von  Euch  erfragen,  was  ich 
thue,  schõne  Herrin,  wenn  ich,  der  ich  keine  andere  zu  verehren  weiss, 
von  Euch  Abschied  genommen  haben  werde?  (4) 


10 


15 


71. 

(Tr.  150). 

AMi'eu  tan  muito  mia  sonhor, 

que  sol  non  me  sei  conselhar! 

E  ela  non  se  quer  nembrar 

de  miu  .  .  .  e  moiro -me  d'amor! 

E  assi  morrerei  por  quen  1725 

nen  quer  meu  mal,  nen  quer  meu  ben! 

E  quando  lh'eu  quero  dizer 
o  muito  mal  que  mi -amor  faz, 
sol  non  lhe  pesa,  nen  lhe  praz, 
nen  quer  en  min  mentes  meter.  1730 

E  assi  morrerei  por  quen 

nen  quer  meu  mal,  nen  quer  meu  ben! 

Que  ventura  que  me  Deus  deu, 
que  me  fez  amar  tal  molher 

que  meu  serviço  non  me  quer!  1735 

E  moir',  e  non  me  ten  por  seu! 

E  assi  morrerei  por  quen 

nen  quer  meu  mal,  nen  quer  meu  ben! 


I  CB  184  (160)  —  A  de  mi  e  moiro  mi  d'am,or  —  9  Ihi  —  Ihi  — 
IO  e  13  mi  —  15  non  mi -o  quer  —  1%  E  vede  ora  que  coita  tal  — 
20  sempr'a  ei  a  servir  —  22  O  CA  tem  guarir  por  gracir. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -|-  2).   —  Octonarios  jambicos. 
Joplas  singulares:  al)ba||CC.  —  Rimas  longas:  no  corpo  das  estrophes 

•(ai)  ar (»»');  é>(»2)  «^^(ba);   êui^^)  ér('>3l;  a/(a4)  zV(b4)  o  én  no  refram  (C). 
lornel^  diz  a  nota  de  Colocci. 

III  So  sehr  liebe  ich  meiae  Herrin,  dass  ich  mir  ganz  und  gar  nicht 
raten  nocli  zn  helfen  weiss;  sie  abor  will  meiner  nicht  gedenken,  und 
vergehe  ich  denn  vor  Liebe.  ||  Sterben  werde  ich  um  jemand,  der  mir 

reder  Liebes  noch  Leides  anthut  (1). 


—     154     — 

E  veede  que  cuita  tal, 
20      que  eu  ja  sempr'  ei  a  servir  1740 

molher  que  mi -o  non  quer  gracir, 
nen  mi -o  ten  por  ben,  nen  por  mal! 
E  assi  morrerei  por  quen 
nen  quer  meu  mal,  nen  quer  meu  ben! 

Spreche  ich  von  meiner  Liebesnot,  so  ist  es  ihr  weder  lieb  noch  leid; 
und  sie  beachtet  es  nicht  etc.  (2). 

Wahrlicli,  Gott  hat  mir  eine  Gnade  erwiesen,  da  er  mir  eine  hart- 
herzige,  mein  Dienen  verachtende  Herrin  gab!  Um  ihretwillen  sterbe  ich; 
sie  aber  erkennt  mich  nicht  ais  den  Ihren  an  etc.  (3). 

Seht  welch  eine  Qual,  iinmerdar  einer  Frau  zu  dienen,  die  mir  keinen 
Dank  dafiir  weiss  und  mir  darob  weder  wohlwill,  noch  iibel  (4). 


72. 

(Tr.  102). 

f.i8{--=õ5)c  Por  Deus,  senhor,  en  gran  coita  serei  1745 

agora  quando  m'eu  de  vos  quitar', 
ca  me  non  ei  d 'ai  no  mund(o)  a  pagar; 
e,  mia  senhor,  gran  dereito  farei, 

pois  eu  de  vos  os  meus  olhos  partir', 

e  os  vossos  mui  freraosos  non  vir'.  1750 

E  ben  mi- o  per  devedes  a  creer 
que  me  será  mia  morte  [mui]  mester 
des  quando  vus  eu  veer  non  poder'; 
10     nen  Deus,  senhor,  non  me  leixe  viver, 

pois  eu  de  vos  os  meus  olhos  partir',       1755 
e  os  vossos  mui  fremosos  non  vir'. 

Pêro  sei  m'eu  que  me  faço  mal- sen, 
de  vus  amar,  ca  des  quando  vus  vi, 
15      en  mui  gran  coita  fui,  senhor,  des  i; 

mais  (jque  farei,  ay  meu  lum'  e  meu  ben,        1760 
pois  eu  de  vos  os  meus  olhos  partir', 
e  os  vossos  mui  fremosos  non  vir'? 

I  CB  185  (161)  —  1  Par  —  3  ca  me  nem  ei  ja  no  mund'  a  pagar 

—  8  mi.     Em  ambos  os  códices  o  verso  está  viciado.     O  CA  tem:   que 
me  será  m,ia  morte  me  mester,   CB  traz   que  mi  será  mha  morte  mester 

—  13  mi  —  Ib  de  mui  g.  c.  f.  —  19  No  CB  falta  a  ultima  estancia. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -f-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
Coplas  singulares:  abba||CO.  —  Eimas  longas:  eí(a)  «/-(b)  na  1*  copla; 
e>(a)  er(b)  na  2»;  é«(a)  «(b)  na  3'"^;  ôrl»)  on'^)  na  4";  ir  no  refram  (C). 

III  Beim  Himmel,  Herrin,  muss  ich  jetzt  von  Euch  scheiden,  so  ge- 
rate  ich  in  arge  Pein,  da  nichts  andares  auf  Erden  mir  gefallen  kann;  und 
wie  kõnnte  es  anders  sein,  ||  wenn  ich  die  Augen  von  Euch  wenden  muss 
und  Euer  holdes  Angesicht  nicht  lánger  schaue?  (1) 


—     156     — 

E  pois  vus  Deus  fez  parecer  melhor 
20      de  quantas  outras  eno  mundo  son, 

por  mal  de  min  o  do  meu  coraçon,  1765 

(jcom'  averei  ja  do  mundo  sabor, 

pois  eu  de  vos  os  meus  olhos  partir', 
e  os  vossos  mui  fremosos  non  vir'? 

Glauben  dúrft  Ihr  es  wahiiich,  dass  ich  nach  dem  Tode  verlangen 
werde ,  sobald  ich  Euch  nicht  erblicke ;  und  Gott  der  Herr  mõge  mich  nicht 
am  Leben  erhalten,  wenn  icli  etc.  (2). 

"Wohl  weiss  icli,  dass  es  Thorheit  von  mir  ist,  Euch.  zu  lieben,  denn 
seit  ich  Euch  gesehen,  habe  ich  in  eitel  Not  und  Pein  gelebt.  Doch  was 
soll  ich  beginnen,  ach  meine  Sonne  und  raein  hõchstes  Gut,  wenn  ich  etc.  (3)  ? 

Und  da  Gott  Euch  liebreizendcr  geschaíTen  hat  ais  alie  ubrigen  auf 
Erden,  zu  meiner  und  meines  Herzens  Pein,  wie  kõnnte  ich  da  Freude 
ompfinden  úber  irgeud  etwas,  wenn  ich  die  Augen  von  Euch  wenden  muss 
und  Euer  holdes  Angesicht  nicht  langor  schauo?  (4) 


73. 

(Tr.  103). 

Ora  veg'  eu  que  me  non  fará  ben 
f.i8(=55)d  a  mia  senhor,  pois  me  mandou  di||zer  1770 

que  me  partisse  de  a  ben  querer. 
Pêro  sei  eu  que  lhe  farei  por  én: 
5  mentr'eu  viver',  sempre  lhe  ben  querrei, 

e  sempre  a  ja  "senhor"  chamarei. 

I  CB  186  (162)  —  1  e  2  w*  —  3  rfe  Ihi  ben  querer  —   4  e  5  Ihi. 

—  No  CA  ha  espavo  em  branco  para  mais  duas  estrophes.     Mas  o  CB  tão 
pouco  foiíicce  material  para  completar  este  fragmento. 

II  Cantiga  de  refram:  1  x  (4  -j-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Rimas  longas:  abl)a||CC,  o  qiie  são  énW  êrW  cii^). 

Una  stanxa,  segundo  Colocci. 

in  Nun  weiss  ich  es,  dass  meine  Herrin  mir  keine  Liebe  anthun 
wird.  Sie  hat  mir  sagen  lasseu,  ich  soUe  abstehen  von  meinem  Werben. 
Ich  aber  werde  sie  minnen,  solange  ich  lebe,  und  sie,  solange  ich  lebe, 
»meino  Herrin «  nennen. 


74. 

(Tr.  104). 

Que  prol  vus  á  vos,  mia  senhor,  1775 

de  me  tan  muito  mal  fazer, 
pois  eu  non  sei  ai  ben  querer 
no  mundo,  nen  ei  d'al  sabor? 
5  Dizede-me  (ique  prol  vus  á? 

f.%"(=^Âa  W^    ^^®    P^^^    ^^^    ^1    ^^    ^^^®^  ^'^^^ 

tan  muito  mal  a  quen  voss'  é? 
Non  vus  á  prol,  per  bõa  fé! 
E  mia  senhor,  se  eu  morrer', 
10  Dizede-me  (jque  prol  vus  á? 

Que  prol  vus  á  de  eu  estar  1785 

sempre  por  vos  en  grand'  aífan? 
e  est'  é  mui  grande,  de  pran; 
e  pois  mi -o  voss'  amor  matar', 
15  dizede-me  ^que  prol.  vus  á? 

I  CB  187  (163)  —  2  d'a  mi  —  4  non  —  5.  10  e  15  mi  -  13  este 
ei  mui  grande,  de  pran  —   17  vos   —  18  mi  —   19  por  amor  de  Deus. 

II  Cantiga  de  refram:  4x(4-|-l).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  a]t)ba||C.  —  Rimas  longas:  Ôr  erna  l*  estancia; 
êr  é  na  2*;  ar  an  na  3*;  eus  er  na  4*;  e  á  no  refram.  —  Como  se  vê,  o 
poeta  empregou  a  mesma  rima  nos  versos  2e3,6e9,  17el8,  contra 
a  regra. 

Colocci  annotou:  tornello^  marcando  também  a  fórmula  dizete  mi  (sic) 
para  explicar  o  que  a  syllaba  mi  representava:  mi  gposto. 

III  Was  frommt  es  Euch,  Geliebte,  mir  so  wehe  zu  thun,  da  ich 
Euch  allein  liebe  und  nur  an  Eucli  Gefallen  finde?  ||  Sagt  an,  was  frommt 
es  Euch?  (1) 


20 


—     159     — 

E  vos,  lume  dos  olhos  meus, 
õir-vus-edes  maldizer 
por  min,  se  eu  por  vos  morrer'. 
E  senhor,  por  Tamor  de  Deus, 

dizede-me  ^que  prol  vus  á? 


1790 


Was  frommt  es  Euch,  dem,  welcher  der  Eure  ist,  so  úbel  mitzu- 
spielen?  Beim  Himmel,  es  frommt  Euch  nicht.  Und  muss  ich  sterben, 
sagt  an,  was  frommt  es  Euch?  (2) 

"Was  frommt  es  Euch,  dass  ich  dauernd  ia  grosser  Pein  lebe?  Und 
die,  welche  ich  leide,  ist  wirkiich  gross.  Totet  mich  aber  die  Liebe  zu 
Euch,  sagt  an,  was  frommt  es  Euch?  (3) 

Ihr  aber,  meiuer  Augen  Licht,  werdet  Verwiinschungen  zu  hõren  be- 
kommen,  falis  ich  durchEuch  den  Tod  erleide.  Was  aber,  um  des  Himmels 
willen,  frommt  Euch  das?  (4) 

IV   Ha  uma  linda  traducção  em  verso,   de  Diez,   Hof-  und  Kunst- 

poesie  p.  77. 


75. 
(Tr.  105). 

Quer'  eu  a  Deus  rogar  de  coraçon,  179í 

com'  ome  que  é  cuitado  d'amor, 
que  el  me  leixe  veer  mia  senhor 
mui  ced';  e  se  m'el  non  quiser'  oir,  fl 

5      logo  lh'eu  querrei  outra  ren  pedir: 

que  me  non  leixe  mais  eno  mundo  viver!    1800 

E  se  m'el  á  de  fazer  algun  ben, 
oír-mi-á  'questo  que  lh'eu  rogarei, 
e  mostrar- mi-á  quanto  ben  no  mund'  ei. 
10      E  se  mi-o  el  non  quiser'  amostrar, 

logo  lh'eu  outra  ren  querrei  rogar:  1805 

que  me  non  leixe  mais  eno  mundo  viver! 

E  se  m'el  amostrar'  a  mia  senhor, 
f.  19  (=  56)b  II  que  am'  eu  mais  ca  o  meu  coraçon, 
15      vedes,  o  que  lhe  rogarei  enton: 

que  me  dê  seu  ben,  que  m'é  mui  mester;         1810 
e  roga- Ih'- ei  que,  se  o  non  fezer', 

que  me  non  leixe  mais  eno  mundo  viver! 

I  O  refram  apparece  no  CA  só  uma  vez  completo  (na  estrophe  l*"). 
As  mais  vezes  o  escrevente  copiou  apenas  a  primeira  metade.     No  CB  temos 
a  mesma  lição  do  CA  em  duas  ostrophes   (1   e  2)  e  nas  outras  duas  a  va- 
riante :  que  me  non  leixe  no  mundo  viver ^  a  qual  transforma  o  dodecasyllabo    ^ 
em  decasyllabo.  —  Talvez  que  a  forma  mais  curta  seja  a  verdadeira.  9 

Variantes:  CB  188  (164)  —  2  eome  omen  —  8-  oir-m'-á  aquesto 

—  9  no  mundo  ei  —  13  O  e  inicial  falta,  como  muitissimas   outras  vezes, 
provavelmente  porque  o  oiiginal  andava  desguarnecido  das  maiúsculas  de  cor. 

—  15  Ihi  —  16  m,i  —  que  m,'ei  mui  tnester  —  17  e  rogar  -Ih'  ei  —  19  ^ 
rogar- Ih' ei  se  ini  ben  á  de  faxer  —  22  por  quantas  coitas  —  23  Ihi. 


■I^BRt         E  ro 


161     — 


E  roga' -  111 '-ei,  se  me  ben  á  fazer, 
20     que  el  me  leixe  viver  en  Jogar 

u  a  veja  e  lhe  possa  falar,  1815 

por  quanta  coita  me  por  ela  deu; 
se  non,  vedes  que  lhe  rogarei  eu: 

que  me  non  leixe  mais  eno  mundo  viver! 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (5  +  !)•  —  Decasyllabos  jambicos 
no  corpo  da  cantiga,  accompanhados  de  um  dodecasyllabo  no  refram  (V.  a 
nota  I).  —  Coplas  singulares,  com  uma  palavra  perduda  no  principio, 
que  poderíamos  classificar  de  verso  solto,  visto  não  ter  rima,  a  não  ser 
que  o  trovador,  caprichosamente,  repetisse  fora  do  lugar  correspondente,  as 
syllabas  rimantes.  —  Eimas  longas  que  são:  on  ôr  ir  na  1*  estancia; 
en  ei  ar  na  2";  ôr  on  ér  na  3";  êr  ar  eu  na  4"^;  e  êr  no  refram.  Como 
se  vê,  a  rima  dos  versos  2  —  3  (or)  reapparece  como  palavra  perduda 
na  3*  estancia  (13);  a  palavra  perduda  on  (1)  figura  como  rima  dos  versos 
14  e  15;  a  consoante  ar  dos  versos  10  o  11  vem  repetida  nos  versos  20 
e  21;  o  a  do  refram  (çr)  torna  ainda  no  principio  da  ultima  estrophe, 
de  sorte  que  somente  o  verso  7  (em  ben)  vem  a  ser  realmente  um  solto. 
—  O  schema  é  portanto:  al)bce||D  (e  resp.  xaa]bb|{D). 

Colocci  põe  simplesmente  a  nota:  tornell. 

m  Von  Herzen  will  ich  zu  Gott  bitten,  wie  ein  Liebeskranker,  er 
mõge  mir  recht  bald  meine  Herrin  zeigen.  Will  er  jedoch  diese  Bitte  nicht 
erhõren,  so  babe  ich  sogleich  oine  andere  auszusprechen :  ||  er  mõge  mich 
nicht  lânger  auf  Erden  lebend  erhalten!  (1) 

Will  er  mir  eine  Wohithat  erweisen,  so  wird  er  gewâhreu,  um  was 
ich  fleho,  und  wird  mir  zeigen,  was  mir  hienieden  das  Liebste  ist.  Will 
er  sie  mir  aber  nicht  zeigen,  so  habe  ich  eine  andere  Bitto  vorzu- 
tragen  etc.  (2). 

Zeigt  er  mir  hingegen  die  Herrin,  welche  ich  mehr  ais  mein  eigenes 
Herz  Hebe,  so  werde  ich  ihn,  traun,  noch  um  etwas  anderos  ersuchen: 
mir  ihro  Gunst  zuzuwenden ,  die  ich  so  sehr  nõtig  habe.  Und  geht  er  nicht 
darauf  ein,  so  muss  ich  ihn  bitten  etc.  (3). 

Und  bitten  muss  ich,  so  er  mir  gnádig  ist,  mich  an  einer  Stelle 
wohnen  zu  lassen,  von  der  aus  ich  sie  sehen  und  zu  ihr  sprechen  kann, 
ais  Entgelt  fíir  alio  Qual,  die  er  mir  durch  jone  zugefiigt  hat.  Geschieht 
es  aber  nicht,  so  muss  ich,  traun,  erbitten,  ||  er  mõge  mich  nicht  lánger 
auf  Erden  lebend  erhalten!  (4) 

IV  Cfr.  Diez  p.  56  (e  115,  onde  ha  uma  observação  sobre  o  vocábulo 
questo,  de  que  fallarei  no  Glossário).  —  Penso  que  temos  aqui  uma  das 
obras  imperfeitas  que  os  trovadores  classificavam  de  cantares  desiguaes. 
Nuno  Fernandes  Torneol  peccou  contra  a  regra  ainda  nas  Cantigas 
No.  70  e  71. 


11 


76. 

(Tr.  106). 

Quando  mi -agora  for'  e  mi  alongar' 
de  vos,  senhor,  e  non  poder'  veer  1820 

esse  vosso  fremoso  parecer, 
quero -vus  ora  por  Deus  preguntar: 
5  Senhor  fremosa  d  que  farei  enton? 

Dized'  jay  coita  do  meu  coraçon! 

E  dizede-m(e):  en  que  vus  fiz  pesar,  1825 

por  que  mi-assi  mandades  ir  morrer? 
Ca  me  mandades  ir  alhur  viver! 
10     E  pois  m'eu  for'  e  me  sen  vos  achar'. 
Senhor  fremosa  çique  farei  enton? 
Dized'  jay  coita  do  meu  coraçon!  1830 

E  non  sei  eu  como  possa  morar 
u  non  vir'  vos,  que  me  fez  Deus  querer 
15      ben,  por  meu' mal;  por  6n  quero  saber: 
e  quando  vus  non  vir',  nen  vus  falar', 

Senhor  fremosa  (ique  farei  enton?  1835 

Dized'  jay  coita  do  meu  coraçon! 

I  CB  189  (165)  —  1  Quando  m' agora  for'  e  m,' alongar'  —  7  e  di- 
xede  m'en  q.  v.  f.  p.  —  8  por  me  que  mandades  assi  moirer.  Será  erro  por : 
por  que  me  mandades  assi  morrer?  —  13  posso  —  14  mi  —  16  quatido 
vus  eu  non  vir  n.  v.  f. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4-[-  2).  —  Decasyllabos  jambicos_ 
—  Coplas  equiconsoantes:  abba||CC.  —  Eimas  longas:  arí»)  erC>)ow(C). 

Sei  dis  e  tornell^  segundo  Colocci. 

in  Wenn  ich  nun  gehe  und  mich  von  Euch  ontferne,  und  Euer 
holdes  Angesicht  nicht  lânger  orblicke,  was,  Herrin  —  bei  Gott  befrage  ich 
Euch  darnach  —  ||  was,  schõne  Herrin,  soll  ich  dann  beginnen?  Sagt  an, 
ach  Herzeleide!  (1) 

Und  sagt  es  mir,  wodurch  habe  ich  Euch  erziirnt,  dass  Ihr  mich 
also  in  den  Tod  schickt?  Deun  das  thut  Ihr,  da  Ihr  mich  an  einen  fremden 
Ort  verweist.  Und  gehe  ich  nun,  und  fiihle  mich  verlassen  ohne  Euch,  || 
was  schõne  Herrin  etc.  (2). 

Ich  weiss  es  nicht,  wie  ich  es  vermõgen  soll,  zu  weilen,  wo  ich  Euch 
nicht  sehe,  fur  die  zu  meinem  Leide  der  Himmel  mir  Liebe  eingeflõsst  hat. 
Deshalb  begehre  ich  zu  wissen,  was,  wenn  ich  Euch  nicht  schaue,  noch  zu 
Euch  rede,  ||  schõne  Herrin,  ich  beginnen  soll?    Sagt  an,  ach  Herzeleide!  (3) 


77. 
(Tr.  107). 

f.  19  {^■=  r,6)c  Que  ben  que  m'eu  sei  encobrir 
con  mia  coita  e  con  meu  mal, 
ca  mi -o  nunca  pod'  om(e)  oír. 
Mais  que  pouco  que  mi -a  min  vai! 
Ca  non  quer'  eu  ben  tal  senhor 
que  se  tenha  por  devedor 
algiia  vez  de  mi -o  gracir. 

Pêro  faça  como  quiser', 
ca  sempre  a  eu  servirei, 
e  quando  a  negar  poder', 
V     todavia  negá-la-ei; 

ca  eu  ^por  quê  ei  a  dizer 
o  por  que  m'ajan  de  saber 
quan  gran  sandece  comecei. 


10 


15 


1840 


1845 


1850 


E  de  quo  me  non  á  quitar 
nulha  cousa,  se  morte  non? 
pois  Deus,  que  mi -a  fez  muit'  amar, 
non  quer,  nen  o  meu  coraçon. 
Mais  a  Deus  rogarei  por  én 
que  me  dê  cedo  d'ela  ben, 
ou  morte,  se  m'est'  á  durar. 


185i 


I  (IB  180*''"  (166)   —   3  07n'  oir   —   4  mi- a  mi  —    10  quanto   — 

13  o  por  que  m,ais  an  de  saber   —    14  sandice   —    16  nulla  —   20  que 

>iii  dê  d'ela  cedo  ben  —  22  O  E  inicial  falta  mais  uma  vez.  —  23  que  — 
26  que  me  desama  mais  de  ren. 

n  Cantiga  do  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  ababcca. —  Eimas  longas:  ^V  a/ ôr  na  1"  estancia; 
ér  ei  êr  na  2*^;  ar  on  én  na  3";  er  i  én  na  4''.  —  O  poeta  não  soube  diffe- 
renciar  as  suas  doze  rimas,  visto  que  êr  e  én  vêem  repetidos.  Cfr.  No.  70. 
74  e  76. 

11* 


-      164     — 

E  ben  dev'  eu  ant'  a  querer 
mia  morte  ca  viver  assi, 

pois  me  non  quer  Amor  valer,  1860 

25      e  a  que  eu  sempre  servi 

me  desama  mais  d'outra  ren. 
Pêro  fui  ome  de  mal -sen 
porque,  d'u  ela  é,  saí! 

III  Wie  gut  ich  mich  zu  verstellen  weiss,  so  dass  niemand  meiíi 
Leid  noch  mein  "Wehe  erriit!  Doch  fromnit  es  mir  weiiig;  denn  meine 
Herrin  wúrdigt  mich  keines  Dankes  (1). 

Trotzdem  werde  ich  ihr  weiter  dienen  und  sie,  wo  es  irgend  angeht, 
verleugnen.  "Wozu  sollte  ich  auch  meine  grosse  Narvheit  oiíenkundig 
machen,  (2) 

Da  weder  Gott,  der  doch  an  meinor  Liebe  Schiild  ist,  noch  mein  Herz 
mich  davon  erlõsen  kann?  Nur  der  Tod  vermag  es.  Ilm  erilehe  ich, 
oder  . .  .  Gunstbezeugungen  meiner  Herrin  (3). 

Besser  sterben  ais  so  weiter  zu  leben,  da  mir  Amor  nicht  helfeu  will 
und  die,  welcher  ich  in  Treue  gedient  habe,  mir  zúrnt  (mehr  ais  irgend 
jemandem  sonst)!  —  Dennoch  war  es  unklug,  dass  ich  fortging  von  der 
Stâtte,  wo  sie  weilt  (4).        ' 


78. 
(Tr.  108). 

f.i9{=f>6)d  II  Ay  eu!  de  min  e  que  será? 
Que  fui  tal  dona  querer  ben 
a  que  non  ouso  dizer  ren 
de  quanto  mal  me  faz  aver! 
E  feze-a  Deus  parecer 
melhor  de  quantas  no  mund'  á! 

Mais  en  grave  dia  naci, 
se  Deus  conselho  non  m'i  der'; 
ca  d 'estas  coitas  qual -xe- quer 
m'é  min  mui  grave  d'endurar, 
como  non  lh'ousar  a  falar, 
e  ela  parecer  assi, 


10 


186Õ 


1870 


1875 


I  €lí  181  ""'^  (167)  —  JS[o  verso  13  ambos  os  códices  tèem  E  a  que 
deus  fex  por  meu  mal,  lição  que  não  dá  sentido.  —  1  Ay  eu  e  de  mi 
que  será  —  2  —  4  qtie  fui  atai  dona  querer  \  hen  a  que  non  ouso  dizer  \ 
ren  do  mal  que  mi  fax  aver.  Esta  variante  ó  inadmissivel.  O  schenia 
métrico  exige,  nos  versos  2  e  3,  rimas  que  não  respondam  ás  terminações 
dos  versos  1  e  4  —  8  non  mi  der  —  10  é  a  7ni  g.  d'endurar  —  11  como 
)ion  Ih' ousarei  falar  [litteralmente :  como  nõlhou  farei  /".]  —  13  J5  a  que  Deus 
—  16  c.  q.  folgue  m.  c.  —  17  á  mui  gran  saxon  —  18  que  n.  p.  a. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbcca.  —  Rimas  longas:  d  en  cr  na  l'' estancia; 
i  ér  ar  na  2*^;  ai  ei  on  na  3". 

Colocci  assentou,  para  sou  uso,  a  observação  que  ao  termo  portuguez 
será  corresponde  o  italiano  sara:  [será  nõ  sara]. 

III  Web  mir,  was  soll  aus  mir  werden?  Denn  ich  liebe  eine  bobe 
Frau,  zu  der  icb  von  dem  Leide,  das  sie  mir  bereitet,  nicbt  zu  reden 
wago.     Gott  bat  sie  so  scbõn  wie  keine  andre  auf  Erden  gescbaífen  (1). 

So  Gott  mir  nicbt  bilft,  ward  ich  zur  TJngliicks  -  Stunde  geboren;  denn 
jedes  einzeine  meiner  Leiden  ist  scbwer  zu  ei-tragen,  wie  z.  B.  dass  icb 
nicbt  zu  ibr  zu  reden  weiss,  und  dass  sie  so  scbon  ist  (2), 


—     166     — 

Ela,  que  Deus  fez  por  meu  mal! 
Ca  ja  Ih'eu  sempre  ben  querrei, 
15      e  nunca  end'  atenderei 

con  que  folgu'  o  meu  coraçon,  1880 

que  foi  trist',  á  i  gran  sazon, 
polo  seu  ben,  ca  non  por  ai. 

Sie,  die  Gott  zu  meiner  Qual  geschaffen  hat.  Deun  immer  werde  icb 
sie  lieben,  ob  aucb  ohne  irgend  welcben  Trost  von  ihr  zu  orwarten  fiir 
mein  Herz,  das  seit  langem  traurig  ist,  einzig  und  alloin  aus  Sebnsucbt 
nacb  ihrer  Huld  (3). 

IV  O  annotador  do  €A  classifica  esta  poesia  de  C[antiga]  boa. 


79. 
(Tr.  109). 

jAy  mia  senhor,  u  non  jaz  ai, 
averei  mui  ced'  a  morrer, 

pois  vosso  ben  non  poss(o)  aver;  1885 

f.20{^~57)a  ^'^^^^  direi -vus  II  do  que  ra'6  mal: 
5  de  que  seredes,  mia  senhor 

fremosa,  de  min  pecador! 

E  praz -me  jsi  Deus  me  perdon! 
de  morrer,  pois  ensandeci  1890 

por  vos,  que  eu  por  meu  mal  vi; 
10     mais  pesa -me  de  coraçon 

de  que  seredes,  mia  senhor 
fremosa,  de  min  pecador! 

E  de  morrer  m'ó  mui  gran  ben,  1895 

ca  non  poss'  eu  mais  endurar 
15      o  mal,  que  mi -amor  faz  levar, 
mais  pesa -me  mais  d'outra  ren 
de  que  seredes,  mia  senhor 
fremosa,  de  min  pecador!  1900 

I  (^B  182'''^  (168)  —  3  poss'  aver  —   7  mi,  se  deus  mi  perdon  — 

10  mi  —  15  m'amor  —  IG  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  al)ba|lC€.  —  Rimas  longas:  ai  êr  ua  copla  1"; 

011  i  na  'i'';  én  ar  na  3"';  e  òr  no  rofram. 

A  nota  de  Colocci  diz  apenas:  tornei. 

III  Acli  Herrin,  bald  muss  ich  sterben,  da  Ihr  mir  Eure  Huld  ver- 
sagt.  Eins  aber  thut  mir  leid  ||  dass  Ihr,  schõne  Herrin,  an  mir  zur  Siin- 
derin  werdet  (1). 

Gern  sterbe  ich,  da  Euer  Anblick  mich  zum  Narren  gemacht  hat. 
Doch  liegt  es  mir  schwer  auf  dem  Herzen  |)  dass  Ihr  etc.  ('J). 

Eine  Wohlthat  ist  es  fiir  mich  zu  sterben,  da  ich  mein  Liebesleid 
nicht  lânger  ertragen  kann.  Doch  mehr  ais  alies  íibrige  schmerzt  mich  || 
dass  Ihr  etc.  (3). 

IV  Também  esta  poesia  é  taxada  de  G[antiga]  boa  pelo  annotador  do  CA. 


80. 
(Tr.  110). 

Pois  naci  nunca  vi  Amor, 
e  ouço  d'e]  sempre  falar. 
Pêro  sei  que  me  quer  matar, 
mais  rogarei  a  mia  senhor 
5  que  me  mostr'  aquel  matador,  1905 

ou  que  m 'ampare  d'el  melhor. 

Pêro  nunca  lh'eu  íige  ren 
por  que  m'el  aja  de  matar, 
mais  quer'  eu  mia  senhor  rogar, 
10      polo  gran  med'  en  que  me  ten,  Wio 

que  me  mostr'  aquel  matador, 
ou  que  m'ampare  d'el  melhor! 

Nunca  me  lh'eu  ampararei, 
se  m'ela  d'el  non  amparar'; 
í=57)b  ^^      ii  ™^^®  quer'  eu  mia  senhor  rogar,  rjlí) 

polo  gran  medo  que  d'el  ei, 

que  mi-amostr'  aquel  matador, 
ou  que  mi  ampare  d'el  melhor. 

I  CB  183"''  (169)  —  No  verso  19  o  CA  traz  mm;  debaixo  do  n 
ha,  porém,  o  ponto  que  o  escrevente  costuma  pôr  como  signal  por  baixo  das 
letras  destinadas  a  serem  supprimidas.  —  2  e  oí  sempre  d'el  falar  —  6 
m'empare  —  7  fix[i]  —  10  pola  gran  coit'  en  que  ine  ten^  lição  in- 
dubitavelmente preferível  á  do  (^A,  visto  qiio  esta  ultima  é  idêntica  á  do 
verso  16.  —  11.  17  e  23  m,i  —  11  e  23  mostr'  —  13  empararei  —  14 
non  m' emparar  —  16  por  o  g.  tn.  q.  d'ela  ei. 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (4 -{- 2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||OC.  —  Rimas  longas:  or  ar  na  1"  copla; 
én  ar  na  2*;  ei  ar  na  3";   i  êr  na  4";   e  ôr  no  refram.     A  repetição   da 


—     169     — 

E  pois  Amor  á  sobre  mi 
20     de  me  matar  tan  gran  poder, 
e  eu  non  o  posso  veer, 
rogarei  mia  senhor  assi 

que  mi-amostr'  aquel  matador, 
ou  que  m 'ampare  d'el  melhor. 


1920 


rima  arW  em  três  estrophes,  e  de  ór,  fora  do  refram,  na  P,  é  uma  das 
muitas  liberdades  de  que  o  trovador  Nuno  Fernandes  Torneol  faz  uso. 
Cfr.  No.  70.  74.  76  e  77. 

Tornei,  é  a  nota  que  Colocci  lançou  aqui  á  margem. 

III  Mein  Lebtag  habe  ich  Amor  niclit  gesehen ;  docli  hõre  icli  von  ihm 
reden.  Und  obwohl  ich  weiss,  dass  er  micli  tõten  will,  will  ich  dennoch 
meine  Herrin  bitten ,  ||  sie  mõge  mir  jenen  Totschlâger  (Amor  =  Liebe)  zeigen, 
oder  micb  wirkungsvoller  gegen  ihn  beschirmen  (1). 

lob  babe  ibm  nie  etwas  zu  leide  getban,  um  dessentwillen  er  mir 
nacb  dem  Leben  stellen  kõnnte.  Doch  wegen  der  grossen  Furobt  [bezw. 
Not],  in  der  er  micb  hãlt,  will  icb  meine  Herrin  bitten  etc.  (2). 

Nimmer  kann  ich  micb  vor  ihm  schiitzen,  so  sie  micb  nicht  schiitzt; 
vielmehr  will  ich  wegen  meiner  grossen  Furcht  vor  ibm  meine  Herrin 
bitten  etc.  (3). 

Und  da  Amor  solcbo  Gewalt  iiber  micb  hat,  dass  er  micb  tõten,  ich 
ihn  aber  nicht  sehcn  kann,  werde  ich  meine  Herrin  bitten  etc.  (4). 

IV  Também  este  cantar  agradou  ao  leitor  do  CA,  que  repete  em  nota 
marginal  a  exclamavão:   C [mitiga]  boa! 


81. 

(Tr.  111). 

Preguntan-me  por  quê  ando  sandeu,  1925 

e  non  lhe -lo  quer'  eu  jamais  negar; 
e  pois  me  d'eles  non  poss'  amparar, 
nen  me  leixan  encobrir  con  meu  mal, 
õ      direi-lhes  eu  a  verdad(e)  e  non  ai: 

direi -lhes  ca  ensandeci  1930 

pola  melhor  dona  que  vi, 

Nen  mais  fremosa,  (lhes  direi,  de  pran, 
ca  lhes  non  quero  negar  nulha  ren 
10     de  mia  fazenda  --  ca  lhes  quero  ben,) 

nen  pola  que  og'  eu  sei  mais  de  prez.  19:í5 

E  se  m'ar  preguntaren  outra  ve^;, 
direi-lhes  ca  ensandeci 
pola  melhor  dona  que  vi. 

15  E  Deu -lo  sabe,  quan  grav'  a  mi  é 

de  lhes  dizer  o  que  sempre  neguei;  1940 

mais  pois  me  coitan,  dizer-lhe-la  ei 
a  meus  amigos,  e  a  outros  non. 
Mui  gran  verdad'  é  jsi  Deus  mi  perdon! 
/•f^,    20  II  direi-lhes  ca  ensandeci 

(=  57)c  II 

pola  melhor  dona  que  vi.  1945 

I  CB  184**'^  (170)  —  No  segundo  verso  o  escrevente  do  CA  en- 
ganou-se,  mettendo  entre  lhe- lo  e  quer  eu  as  palavras  ouso  dixer.  Côn- 
scio do  erro,  marcou,  comtudo,  as  quattro  syllabas  sobejas  com  pontos, 
pondo  á  margem  uma  cruz,  para  chamar  a  atteução  do  revisor,  a  cujo 
cargo  ficavam  as  emendas. 

Variantes:  3  amparar  —  4  nen  me  poss' eu  encobrir  c.  m.  m.  ■ — 
5  Ihis  —  verdad'e  n.  a.  —  6.  8.  9.  13.  16.  20  e  27  Ihis  —  7  que  nunca 


—     171     — 

B  se  a  eles  viren,  creeran 
ca  Jhes  digu'  eu  verdad(e),  u  ai  non  á, 
e  leixar-in'an  de  me  preguntar  ja; 
25      e  se  o  non  ar  quiseien  fazer, 

querê'- lhes-ei  a  verdade  dizer:  1950 

direi -lhes  ca  ensandeci 
pola  melhor  dona  que  vi. 

oi  —  8  Z)e  mais  (?)  —  10  da  mia  f.  que  Ihis  q.  b.  —  15  grave  a  min 
6  —  17  dizer -lhe- lo -ei  —  19  se  deus  m.  p.  —  22  e  se  eles  viren  min 
'■reeranf?)  —  26  querrei-lhis  eu. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (5  -f-  2).  —  Decasyllabos  jambicos 
no  corpo  da  cantiga  e  Octonarios  no  refram.  —  Coplas  singulares, 
com  uma  palavra  perduda,  ou  antes  um  verso  solto,  no  principio  de 
cada  estroplie:  xaalbb||CC.  —  Rimas  longas:  ewW  ar(a)  a/C»)  na  l''  estancia; 
a>^(x)  é«(a)  e^t-C»)  na  2»;  é(x)  e*(a)  ow(»>)  na  3"^;  awW  «(«)  «rW  na  4'';  e 
i  no  refram.  —  Temos  an  em  duas  palavras  perdudas,  contra  a  regra. 
Cfr.  Nos.  70.  74.  76.  77  e  80. 

Colocci  repete  ainda  aqui  a  nota:  Tornei. 

III  Sio  fragen  mich,  wer  mir  den  Verstand  geraubt  hat;  da  ich  mich 
der  Neugierigen  nicht  melir  erwehren  kann  und  sie  mich  nicht  mein  Leid 
vorbergen  lassen ,  so  mõgen  sie  denn  die  voUe  Wahrheit  erfahron :  ||  die  herr- 
lichste  auf  Erden  hat  mich  zum  Narren  gemacht  (2). 

Die  schõnste  und  vortrefflichste  von  allen,  die  ich  kenne  (das  ver- 
rate  ich  ihnen,  da  ich  ihnen,  die  ichgemhabe,  meinen  Zustand  nicht  ver- 
hehlen  kann).  Und  fragen  sie  noch  einmal,  so  geb  ich  ihnen  abermals 
zu  wissen  etc.  (2). 

Gott  weiss,  wie  sauor  es  mich  ankommt,  den  Freunden  (und  diesen 
ailein)  zu  offenbaren,  was  ich  bis  heute  verschwiegen  habe.  Doch  da  sie 
mich  bedrãngen,  mõgen  sie  die  "Wahrheit  vernehmen:  etc.  (3). 

Glauben  wiirden  sie  mir,  dass  ich  die  reino  "Wahrheit  rede,  falis  sie 
jtíue  schauten,  und  wúrden  mich  nicht  noch  einmal  fragen.  IJnd  wollen 
sie  os  nicht  vs^ieder  thuu,  so  will  ich  ihnen  die  "Wahrheit  gestehen :  etc.  (4). 

IV  Cfr.  Diez  p.  56.  —  G[antiga]  boa.,  segundo  o  velho  explorador 
do  VA. 


LACUNA  8". 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  2«  DO  CADERNO  IV. 


O  verso  da  lauda  antecedente  ficou  em  branco,  quasi  in- 
teiramente.    A  folha  seguinte  principia  com  vinheta. 

A  folha  arrancada,  ou  antes  cortada  á  tesoura,  continlia 
portanto,  segundo  todas  as  probabilidades,  um  pequeno  grupo  de 
cantigas,  com  attribuição  a  um  trovador  novo,  que  não  deve  ser 
o  auctor  dos  Nos.  70  —  81,  nem  tampouco  o  dos  Nos.  82 — 110. 

E  pouco  convincente  a  conjectura,  que  a  cantiga  No.  185'"' 
do  CB  (a  única  que  o  apographo  italiano  tem  n'este  sitio  a 
maior)  preencha  cabalmente  a  lacuna,  apesar  de  apparecer 
como  propriedade  de  Nuno  Fernandes  Torneol. 

Seja  como  for,  em  todo  o  caso  teremos  de  consignar  aqui 
mais  outra  divergência  entre  os  dous  códices. 


VEJA -SE  A   SECÇÃO   7"   DO   APPENDICE. 


IX 


CANTIGAS 


^2  —  110 


DE 


IL 


FERO   GARCIA,   BURGALÊS. 


G.IV:  3a: 

Vinheta 

f.  21  (=  r)8)a 


10 


f.  21  (=  5S)b 

15 


20 


82. 
(Tr.  190). 

II  De  quantos  mui  coitados  son, 
a  que  Deus  coita  faz  aver, 
min  faz  mais  coitado  viver. 
E  direi -vus  per  qual  razon: 
faz -me  querer  ben  tal  senhor, 
a  mais  fremosa  nen  rrielhor 
do  mund',  e  non  mi -a  faz  veer. 

E  dá -me  tal  coita  que  non 
sei  de  min  conselho  prender; 
e  fez -me  ja  pavor  perder 
de  mia  mort',  á  i  gran  sazon, 
ond'  ant'  avia  gran  pavor: 
jVeed'  ora  se  á  mayor 
II  coita  no  mundo  de  soífrer! 

[E]  nunca  me  Deus  quis  guisar 
en  quanto  cuidado  prendi, 
u  cuidei  ai,  en  cuidar  i 
en  como  podess'  acabar 
do  que  querria  nulha  ren. 
Mais  cuid'  en  quanto  mal  mi  ven! 
CativM  e  mal -dia  naci! 


7.955 


1960 


Í96Í 


1970 


I  €B  ISe*»'»  (172)  —  3.  5.  8.  10  e  15  mi  —  4:  por  —  15  Esta  vez 
a  maiúscula  E  faltava  no  CA.  —  CB  tem  E  nunca  mi  deus  q.  g.  —  20 
O  CA  traz  min  —  22  cuidar  —  24  Ambos  os  códices  tecm  das.  O  sentido 
exige,  todavia,  a  emenda  da  —  27  cuidass'. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbacclb.  —  Rimas  longas:  oni^)  êrW  or(c)  no 
grupo  1°;  ar  i  én  no  11°. 

Colocci  marca  ad  2,  como  de  costume. 


—     176     — 

E  quant'  og'  est,  a  meu  coidar, 
ben  per  sei  eu  ca  non  á  i  1975 

coita  mayor  da  que  a  mi 
25     faz  mia  mort'  ora  desejar. 
Pêro  non  querria  por  én 
morrer,  se  coidass'  aver  ben 
da  que  por  meu  mal  dia  vi.  1980 

É  impossível  decidir,  se  a  repetição  de  coita  ou  coitado  nos  versos  1. 
2.  3  (e  ainda  no  8.  14  e  24)  e  de  cuid'  no  15.  16.  17  (e  ainda  de  coid' 
no  22  e  27)  é  accideutal,  ou  intencional,  representando  n'este  caso  um  exemplo 
do  artificio  chamado  dobre. 

III  Von  allen  TJnglúcklichen ,  denen  Gott  Qualen  auferlegt,  bin  icli 
der  Ungliicklichste ,  denn  ich  schaue  nicht  die,  welche  ich  liebe.  Sie  ist 
die  schõnste  und  trefflicbste  auf  Erden  (1). 

Doch  bereitet  sie  mir  so  grosses  Herzeleid,  dass  ich  mir  keinen  Rat 
weiss  und  den  frúher  so  gefiirchteten  Tod  nicht  mehr  scheue  (2). 

Gott  lâsst  nicht  zu,  dass  ich  in  ali  meinem  Harmen  und  Griibeln  und 
Sinnen  einen  Ausweg  aus  meinem  Leide  ersinne.  Nur  iiber  moine  Not 
sinne  ich  nach,  ich  zum  Elend  an  einem  Ungliickstage  Geboroner  (3). 

Heute  giebt  es  hienieden,  meiner  Ansicht  nach,  kein  berberes  Leid 
ais  das  meine,  das  mich  den  Tod  zu  ersehnen  zwingt.  Dennoch  mòchte  ich 
nicht  sterben,  kõnnte  ich  hoffen  auf  Gunst  von  der,  die  ich  zu  meinem 
Schaden  an  einem  Ungliickstage  erblickte  (4). 


83. 

(Tr.  191). 

Pois  contra  vos  non  me  vai,  mia  senhor, 

de  vus  servir,  nen  de  vus  querer  ben 

mayor  ca  min,  senhor,  nen  outra  ren, 

i  valha -me  ja  contra  vos  a  major 

coita  que  soffro  por  vos,  das  que  Deus  1985 

fezo  no  mund',  ay  lume  destes  meus 

olhos  e  coita  do  meu  coraçon! 

E  se  me  contra  vos  non  vai,  senhor, 
a  mui  gran  coita,  que  me  por  vos  ven, 
10     per  que  perdi  o  dormir  e  o  sen,  1990 

f.2i  {=  58)c  II  ivalha-me  ja  contra  vos  o  pavor 

que  de  vos  ei,  que  nunc(a)  ousei  dizer 

a  coita  que  me  fazedes  aver, 

que  neguei  sempr',  á  i  mui  gran  sazon! 

I  CB  187"'=  (173)    —    1.  4.  8  e  11  mi  —   12  nunc'   ousei  —   17 
!■  que  mi  valha  que  en  poder  me  ten  —   21  valrrâ  —  O  CA  tem  mort. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos. — 
Coplas  equiconsoantes,  differenciadas  apenas  nos  versos  5  e  6,  e  com 
uma  palavra  perduda  no  fim  de  cada  estrophe:  abbaccd.  —  Rimas 
longas:  órW,  é«">),  eMs(cl),  onW;  er{<'2);  er(e3).  Como  se  vê,  a  differen- 
ciação  dos  versos  õ  e  6  não  é  completa;  a  terminação  êr  da  2*  estrophe 
reapparece  na  3*.  —  A  formula  mia  senhor  vem  repetida  como  nos  Nos.  6. 
7.  25.  42.  50.  55  (cfr.  58). 

III  Da  es  mir  nichts  hilft,  dass  ich  Euch  treu  diene  und  iiber  alies 
liebe,  mehr  denn  mich  selber,  so  mõge  mir  gegen  Euch  mein  Gram  helfen, 
Ibr  meiner  Augen  Licht  und  meines  Herzens  Leide  (1). 

Und  gilt  auch  dieser  nichts,  der  mir  den  Schlaf  und  den  Verstand 
geraubt  hat,  so  gelte  die  grosse  Furcht,  die  ich  vor  Euch  hege,  so  dass 
ich  nimmer  gewagt,  die  Qual,  die  Ihr  mir  verursacht,  zu  gestehen,  sondern 
sie  seit  langem  verborgen  gehalten  habe  (2). 

12 


—     178     — 

15  E  se  m'esto  contra  vós,  mia  senhor,  1995 

non  vai,  quer'  eu  a  Deus  rogar  por  én 
que  me  valha,  que  vus  en  poder  ten, 
e  que  vus  fez  das  do  mundo  melhor 
falar,  senhor,  e  melhor  parecer. 

20     E  se  m'esto  contra  vos  non  valer',  2000 

non  me  valrá  logu'  i  se  mort[e]  non! 

Eichtet  auch  sie  nichts  aus,  so  werde  ich  zu  Gott  um  Hilfe  ílehen, 
in  dessen  Macht  Ilir  steht  und  der  Euch  mit  so  holdem  Áussehen  und  so 
treffiiclier  Eedegabe  ausgestattet  hat.  Mein  letztor  Helfer,  vermag  das  alies 
uiclits,  ist  dann  der  Tod  (3). 


10 


84. 
(Tr.  192). 

Cuidava- m'eu  que  amigos  avia 
muitos  no  mundo,  mais  ;mao- pecado! 
non  ei  amigos;  ca  pois  tau  coitado 
jaço  morrend',  alguen  se  doeria 
de  min  que  molr'  e  non  ouso  dizer 
o  de  que  moir';  e  quen  me  faz  morrer, 
non -o  digu'  eu,  nen  por  min  orne  nado. 

E  os  amigos  en  que  m'atrevia, 
de  que  me  tenh'  en  ai  por  ajudado, 
non  lho  dizen.     Mais  se  tan  acordado 
foss'  algun  d'eles,  ben  mi -ajudaria 
se  Ih'  o  dissess(e),  e  nunca  i  perder 
podia  ren,  e  poderi(a)  aver 
mi  por  esto  tolheito  d'un  coidado. 


2005 


2010 


2015 


I  CB  188''''  (174)  —  4  jasco  —  5  mi  —  7  non  lho  digu'  cu  nen 
por  mi  homen  nado  —  11  m' ajudaria  —  12  dissess'  e  nunca  —  13 
poderia  veer  —  14  cuidado  —  17  Ihi  —  18  poi-la  vi  —  21  e  dizer  ante 

—  22  e  hen  cuido  quant'  é  m.  c.  —  23  foss'  m  —  O  CA  tem  no  verso  20 
escaeçer  (com  cedilha)  e  no  22  connoçer. 

n  Cantiga  do  meestria:  3x7-1-3.  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  As  primeiras  duas  estrophes  formam  um  par;  a  3*  está  desirmanada.  — 
Ordem  das  rimas:  abbaccb.  —  Rimas  breves  e  longas:  iaW  adoQ»)  cr{<í) 
no  grupo  1°;  arfa  (a)  esseC»)  er(c)  na  ultima  estrophe,  a  qual  tem,  portanto, 
de  commum  com  as  outras  a  rima  c  A  fiinda  responde  aos  derradeiros 
três  versos  da  cantiga  (ccb),  conforme  o  costume. 

A  rubrica  eongedo,  que  Colocci  dá  á  fiinda,  não  ó  bem  adequada. 

m  Ich  wâlinte  zahlreiche  Freunde  auf  Erden  zu  besitzen.  Leider 
aber  habe  ich  keinen.  Sonst  wiirde  docb  irgend  jemand  sich  meiner  er- 
barmen,  der  ich  im  Sterben  liege  und  nicht  zu  sagen  wage,  worau  und  um 
wen  ich  das  Leben  lasse.     Kein  andrer  aber  sagt  es  an  meiner  Statt  (1). 

12* 


—     180     — 

(-l'58)d  ^^  II  ^^^^  aquest'  é  cousa  mui  desguisada, 

ca  non  sei  eu  quen  tal  poder  ouvesse, 
pois  mia  senhor  visse,  que  lhe  soubesse 
dizer  qual  coita,  pois  la  vi,  mi-á  dada; 
ca  pois  que  viss'  o  seu  bon  parecer,  2020 

20     aver-lh'-ia  logu'  eu  d'escaecer 
e  dizer  x'ante  por  si,  se  podesse! 

E  ben  coid',  aquant'  ó  meu  conhocer, 
que,  pois  fosse  u  a  podesse  veer, 
que  ren  do  meu  nen  do  seu  non  dissesse!        2025 

Die  Freunde,  auf  die  icli  mich  verliess,  und  die  mir  in  anderen  Lagen 
behilflich  gewesen  sind,  sagen  es  ihr  nicht.  Wâre  einer  von  ihnen  so  ge- 
witzt  tind  thâte  es,  es  wáre  sein  Schade  nicht;  mir  aber  niitzte  er,  denn 
er  enthúbe  mich  grosser  Sorge  und  Pein  (2). 

Doch  ist  es  eine  nnsicliere  Sache  damit.  Wer  hâtte  Kraft  geniig, 
meine  Herrin  zii  schauen  und  ihr  von  meiner  Not  zu  reden?  "Wer  immer 
ihr  holdes  Angesicht  erblickt,  vergisst  meines  Anliegens  und  spricht,  wenn 
er  iiberhaupt  spricht,  in  seinem  eigenen  Namen  (3). 

In  Wahrheit  glaube  ich  freilich,  soweit  meine  Einsicht  reicht,  dass  er 
weder  von  mir  noch  von  sich  selber  redet,  steht  er  ihr  gegeniiber!  (I). 


85. 
(Tr.  193). 

Qual  dona  Deus  fez  melhor  parecer 
e  que  fezo  de  quantas  outras  son 
falar  melhor,  e  en  melhor  razon, 
e  con  tod'esto  melhor  prez  aver, 
5      e  mais  mansa  das  qué  eu  nunca  vi:  2030 

aquesta  fez[o]  desejar  a  mi 
Deus,  por  jamais  nunca  coita  perder. 

Non  me  fez  Deus  tal  dona  ben  querer, 
nen  mi- a  mostrou,  se  por  aquesto  non: 
10      por  aver  eu  eno  meu  coraçon  2035 

mui  grande  coita  ja,  mentr'eu  viver'. 
Por  én,  cativo,  mal- dia  naci, 
que  viverei,  mentr'eu  viver',  assi 
por  quen-no  nunca  per  min  á  saber! 

Nen  ja  per  outre  non  o  saberá,  2040 

II  ca  eu  a  outre  nunca  o  direi, 
per  bõa  fé;  mais  atanto  farei: 
negá-lh'-ei  sempr'  ata  que  moira  ja. 
E  se  mi- o  om'  adevin[h]ar  poder', 
20      e  pois  a  vir',  e  tal  esforç'  ouver'  2045 

que  lh'ouse  ren  dizer,  por  si  dirá! 

I  CB  ISO*""  (175)  —  2  e  qtie  a  fex,  d.  q.  o.  s.  —  6  fezo  —  9  mi  — 

11  mui  grave  coita  —  15  nono  —  15  e  16  outren  —  18  negá-l-ei  fenpta 

anto  pôde  representar  sempre  ta  como  sempr'   ata  —   20  homa  deuiãr 

talvez  represente:  om'  a  deviar  —  21  e  a  pois  vir  —   22  E  ben  s.  e.  — 

25  que  Ihi  dixer  —  26  Ihi  —  28  escaecerâ. 

n  Cantiga  de  meestria:  4  x  7  -{-  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—    Coplas   pareadas:   abbacca.   —  Eimas  longas:  êrW  onW  *(c)  no 


15 

C.  IV:  4a 
f.  22  (=  5,9)a 


—     182     — 

Ca  ben  sei  eu,  u  outra  ren  non  á, 
que  tal  esforç'  averá  qual  eu  ei 
quando  a  vejo,  que  per  ren  non  sei 
25      que  Ihi  dizer:  e  el  assi  fará!  2050 

Se  per  ventura  lhe  dizer  quiser' 
algua  ren,  ali  u  estever' 
anfela,  todo  lh'escaescerá! 

Ca  pois  vir'  —  jassi  Deus  a  mi  perdon!  — 
30      o  seu  fremoso  parecer,  enton  2055 

demo  x'o  lev'  o  que  lh'al  nembrará! 

grupo  1°\  á  ei  ér  no  IP;  on  á  na  fiinda,  que  responde  portanto  a  uma 
das  rimas  do  grupo  I"  e  a  outra  do  11°. 

A  nota  de  Colocci  diz:  aã  2  e  congedo. 

III  Diejenige  Frau,  welche  Gott  vor  allen  andereu  schõn,  redegewandt, 
verstãndig  und  trefflich  gesclxaffen  hat  und  sanfter  ais  die  úbrigen,  welche 
ich  gesehen,  liebe  ich  nach  seinem  Willen  so  sehnsuchtsvoll ,  dass  ich 
dadurch  in  steter  Pein  bin  (1). 

Nur  zu  einem  Zwecke  zeigte  mir  Gott  eine  solche  Frau  und  flõsste 
mir  Liebe  zu  ihr  ein:  damit  ich  meia  Lebtag  die  bitterste  Qual  im  Herzen 
tiáigc.  Zum  Ungiúck  geboren  ward  ich  Elender,  der  ich  bis  an  mein  Ende 
also  lebou  werde  um  eiuer  willen,  die  nie  durch  mich  davon  erfahren  wird  (2). 

jSTocli  auch  durch  sonst  jemand.  Denn  auch  anderen  gegeuiiber  ver- 
ratc  ich  mich  nicht.  Erràt  es  jedoch  irgend  wer  und  erblickt  sie  hernach 
und  hat  Mut  zu  reden ,  so  wird  er  in  seinem  eigenen  Interesse  sprechen  (3). 

Fúr  gewiss  und  sonder  Zweifel  halte  ich  es,  dass  er  genau  so  viol 
Fassung  zeigen  wird,  wie  ich  besitze,  wenn  ich  sie  erblicke,  der  ich  naui- 
lich  durchaus  nicht  weiss,  was  ich  in  solchem  Fallo  sagen  soU.  Ebeuso 
wird  es  ihm  ergehen.  Will  er  ihr  wirklich  etwas  mitteilen,  gleich  entfállt 
es  ihm,  sobald  er  vor  ihr  steht  (4). 

So  wahr  Gott  mir  verzeihen  mõge,  der  Teufel  soll  ihn  holen,  so  ihm 
beim  Anblick  ihres  holden  Angesichts  etwas  andores  in  den  Sinn  kommt  (I). 

IV  O  que  Diez  propôs  (p.  140)  para  emenda  da  1.  6  é  inconsistente, 
assim  como  uma  observação  d'elle  (a  p.  53)  sobre  a  medição  inusitada  da 
palavra  boa  no  verso  18. 


f-  ^2       10 

(=  59)b    ^ 


86. 
(Tr.  194). 

Senhor,  por  vos  sõo  maravilhado   " 

por  que  vus  pesa  de  vus  ben  querer; 

e  a  Deus  devo  muit'  a  gradecer 

porque  mi-á  esto,  senhor,  achegado  2060 

que  vus  vejo,  por  vus  preguntar  én, 

e  por  vus  ar  dizer  log'  outra  ren: 

ca  vus  non  quero  ben  pelo  meu  grado!  *- 

Mais  mia  senhor,  fui  desaventurado 
u  me  vus  Deus  fez  prime[*]ro  veer  2065 

II  que  me  non  fez  logu'i  morte  prender; 
ca  per  aquesto  fora  eu  guardado 
ou  por  perder,  senhor,  enton  o  sen, 
ca  non  temera  vos  despois,  nen  quen 
ei  a  temer  por  vos  jmao -pecado!  2070 


I  CB  190  (176)  —  1  per  (— -^)  —  4  As  palavras:  jjor  quema  esto 
se?ihr  a  chegado  talvez  representem:  porque  'm'a  esto  senhor  á  chegado^í  — 
6  er  dizer  —  9  0  €A  traz  primero,  á  hespanhola.  —  10  mi  —  12  per  (p) 
—  13  depois  —  14  e*  atender  parece -me  erro  de  escripta  —  15  J.  mia 
senhor  —  17  vos  —  20  mi  —  21  foi  —  24  affan  e  eoidado. 

n  Cantiga  de  meest ria:  3x74-3.  —  Decasyllabosjambicos. 
Coplas  equioonsoantes:  abbacca  e  cca  na  fiinda.  —  Rimas  breves 
e  longas:  aáo(a)  êrC»)  m(c). 

Não  adivinlio  por  que  é  que.Colocci  chama  uniforme  a  este  congedo. 

III  Ich  wundre  niich  úber  Euch,  Herrin,  weshalb  es  Euch  erziirnen 
kaun,  dass  man  Eucli  hiúdigt.  Gott  aber  danke  ich  dafiir,  dass  er  mir  die 
Gelegenheit  verschaíft  hat,  Euch  zu  sehen,  um  Euch  danach  zu  fragen  und 
auch  um  Euch  kund  zu  thun,  dass  ich  Euch  wider  meinen  Willen  liebe  (1). 

Es  war  ein  Unheil,  dass  ich  nicht  sofort  starb,  Herrin,  ais  ich  Euch 
erblickte,  oder  aber  den  Verstand  verlor,  denn  dann  wúrde  ich  Euch  nicht 
fúrchten,  noch  den,  welchen  ich  um  Euretwillen  leider  fiirchten  muss  (2). 


—     184     — 

15  E  mia  senhor,  por  Deus  que  mais  loado 

fez  vosso  prez  pelo  mundo  seer 

e  vus  das  outras  donas  mais  valer, 

pois  eu  i cativo,  desaconselhado! 

sen  o  meu  grado  vus  quero  gran  ben,  2075 

20     dizede-me,  por  que  vus  pesa  én 

quand'eu,  senhor,  —  que  mal -dia  fui  nado  — 

Non  atendo  de  vos,  por  que  me  ven 
muito  de  mal,  mentr'eu  viver',  por  én  ' 
se  non  deseg'  e  afam  e  coidado!  2080 

Bei  dem  Gotte,  der  Euch  hervorragend  iiber  alie  Frauen  geschaffen 
hat  und  Euer  Lob  durch  die  Welt  hin  erschallea  lãsst,  beschwõre  icli  Euch, 
niir  zu  sagen,  warum  es  Eucli  erziirnt,  dass  ich  Elender,  Eatloser,  an 
einem  Unglúckstag  Geborener  (3) 

Von  Euch,  die  Ihr  mir  Ungliick  bringt,  mein  Lebtag  nichts  anderes 
erwarte  ais  Sehnsucht,  Qual  und  Pein  (I). 

IV  C[antiga]  boa,  segundo  a  nota  marginal  do  critico  que  anuotou  o  CA. 


10 


15 


-  f.  22  (=  59)a 

20 


87. 
(Tr.  195). 

\Ã.j  eu  coitad'!  e  por  que  vi 
a  dona  que  por  meu  mal  vi! 
Ca  Deus  lo  sabe,  poi-la  vi, 
nunca  ja  mais  prazer  ar  vi, 
per  bõa  fé,  u  a  non  vi; 
ca  de  quantas  donas  eu  vi, 
tan  bõa  dona  nunca  vi, 

Tan  comprida  de  todo  ben, 
per  bõa  fé,  esto  sei  ben, 
ise  Nostro  Senhor  me  dê  ben 
d'ela  que  eu  quero  gran  ben, 
per  bõa  fé,  non  por  meu  ben! 
Ca  pêro  que  lli'eu  quero  ben, 
non  sabe  ca  lhe  quero  ben. 

Ca  lh'o  nego  pola  veer, 
pêro  non  a  posso  veer! 
Mais  Deus,  que  mi -a  fezo  veer, 
rogu'eu  que  mi -a  faça  veer; 
II  e  se  mi- a  non  fezer'  veer, 
sei  ben  que  non  posso  veer 
prazer  nunca  sen  a  veer. 


2085 


2090 


2095 


2100 


I  CB  191  (177)  —  Emendei  mi  (por  min)  nos  versos  22.  23  e  24  — 
\fiuitad'  —  3  deu-lo  —  í  er  vi  —  9  per  bõa  fé,  esto  sei  eu  ben  —  10 
n.  s.  mi  dê  ben  —   14  w.  saben  que  Ih' eu  q.  b.  —  16  nona  —  22  Ihi 
23  nono  —  25  outren. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7-|-3x3.  —  Octonarios  j.ambicos. 
Coplas  singulares,  não  só  monorimas  mas  até  com  vocábulos  idên- 
ticos nos  sette  versos  de  cada  estrophe.  Os  da  1*  terminam  em  vi^  os  da 
2*  em  bem,  os  da  3*  em  veer.     A  cada  estrophe  corresponde  uma  fiinda 


-     186     — 

Ca  lhe  quero  melhor  ca  mi, 
pêro  non  o  sabe  per  mi 
a  que  eu  vi  por  mal  de  mi, 

25  Nen  outre  ja,  mentr'eu  o  sen  2105 

ouver';  mais  se  perder'  o  sen, 
dire[*]-o  con  mingua  de  sen; 

Ca  vedes  que  ouço  dizer 
que  mingua  de  sen  faz  dizer 
30     a  om(e)  o  que  non  quer  dizer!  2110 

com  rima  sua,  que  é  mi  na  1%  sen  na  2°',  dizer  na  3^  —  Rimas  longas, 
portanto. 

Colocci  caracteriza  este  género  dizendo :  ogni  statiza  tutta  uniconsona 
—  et  tre  stanxe  —  ha  tre  congedi  —  singula  singule. 

III  Ach  ich  Ãrmster!  warum  ich  nur  die  Frau  sah,  die  ich  zu  meinem 
Leide  sah?  Gott  weiss,  dass,  seit  ich  sie  sah,  ich  nimmer  Frende  sah,  wo 
ich  sie  nicht  sah.  Denn  unter  allen  Frauen,  die  ich  sah,  niemals  ich  eine 
gleiche  sah  (1), 

So  reich  an  aliem  Guten,  das  weiss  ich  nur  zu  gut,  und  ist  es  Liige, 
so  verleihe  der  Herr  mir  nichts  Gutes  von  ihr,  fúr  die  ich  alies  Gute  lierbei- 
wiinsche,  doch  nicht  um  des  Guten  willen,  das  mir  dadurch  ervviichse. 
Zwar  bin  ich  ihr  gut,  doch  weiss  sie  es  nicht,  wie  innig  gut  (2). 

Ich  verheimliche  es,  um  sie  zu  sehen,  obwohl  es  mir  selten  gegeben 
wird,  sie  zu  sehen;  zu  Gott  aber,  nach  dessen  Willen  ich  sie  gesehen,  bete 
ich  ílehend,  sie  wieder  zu  sehen.  Gestattet  er  mir  nicht,  sie  zu  sehen,  so 
bekomme  ich  iiberhaupt  nichts  Erfreuliches  zu  sehen,  denn  das  giebt  es 
fiir  mich  nicht,  ohne  sie  zu  sehen  (3). 

Ich  liebe  sie  mehr  ais  mich ;   doch  weiss  es   nicht  durch  mich  die-  ^ 
jenigo,  welche  ich  erschaut  habe  zum  TJngUick  fiir  mich  (I).  fl 

Noch  weiss  es  oder  wird  es  ein  anderer  wissen ,  solange  ich  verbleibe 
bei  Sinnen;  verliere  ich  jedoch  Verstand  und  Sinn,  so  kann  es  geschehcn, 
dass  ich  es  verrate  ais  Sinnloser  (II).  | 

Denn  gar  oft  hõre  ich  sagen,  Mangel  an  Sinn  und  Verstand  veran- 
lasse  zu  sagen,  was  einer  in  "Wahrheit  nicht  wiinscht  zu  sagen  (IH). 

IV  O  annotador  do  CA  acha  a  C [antiga]  hoa.  —  Diez,  pelo  contrario, 
(que  se  refere  a  p.  71  á  triplice  fiinda)  ve  na  repetição  reiterada  da  mesma 
palavra,  um  artificio  pouco  melodioso  (p.  56). 


10 


(Tr.  196). 

Se  eu  soubess(e),  u  ou  primeiro  vi 
a  mia  senhor  e  meu  lum'  e  meu  ben, 
que  tanto  mal  me  verria  por  én 
como  me  ven,  guardara -me  logu'  i 
de  a  veer,  amigos,  pêro  sei 
ca  nunca  vira,  nen  vi,  nen  verei 
tan  fremosa  dona  com'  ela  vi. 

Mais  amigos,  mal -dia  fui  por  mi, 
pois  me  por  ela  tan  gran  cuita  ven 
que  ben  mil  vezes  no  dia  me  ten, 
meus  amigos,  desviingad'  assi 
que  niun  sen  nen  sentido  non  ei; 
e  quand'  acordo,  amigos,  non  sei 
niun  conselho  pois  aver  de  mi. 


15 


En  tal  coita  qual  mi-oídes  dizer, 
me  tem,  amigos  jsi  Deus  me  perdon! 
des  que  a  vi  (que  non  visse!)  ca  non 
[/".  22  (=  ò9)d  II  vi  nunca  dona  tan  ben  parecer, 

nen  tan  fremoso,  nen  tan  ben  falar. 
20     Por  tal  dona  qual  m'oides  contar 
moir'  eu,  e  non  lhe  posso  ren  dizer. 


2115 


2120 


2125 


2130 


I  CB  192  (178)  —  1  soubess'  ii  a  eu  p.  v.  —  4  mi  —  6  veerei  — 
Meus  amigos  —  foi  —  9  mi  —  coita  —  O  editor  do  CB,  leu  no  apo- 
grapho  italiano  desmygad^  talvez  sob  a  influencia  de  Varnhagen,  que  ja 
imprimira  as  mesmas  lettras  nas  Trovas.  —  12  nenhun  —  14  nenhun  — 
15  Tal  coita  qual  m,i  oiredes  dixer  —  16  se  deus  mi  j^erdon  —  19  fre- 
mosa; cfr.  verso  26  —  21  Ihi  —  24  qtte  Ihi  —  29  JS"  se  deics  mi  q.  — 
31  Onde  o  CB  traz  parays',  o  CA  tem  algumas  letras  raspadas. 


—     188     — 

Ca  se  a  poss(o)  algiia  vez  veer 
quanto  cuid'ante  no  meu  coraçon 
ca  lhe  direi,  escaece-m'  enton, 
25      ca  mi -o  faz  ela  tod'  esca[e]cer!  2135 

Tanto  a.  vejo  fi-emoso  falar 
e  parecer,  amigos,  que  nembrar 
non  me  posso  se  non  de  a  veer. 

E  se  me  Deus  quisesse  dar  seu  ben 
30      d'ela,  ja  Ih'  eu  quitaria  por  én  2140 

seu  [parais']  e  outro  ben  fazer. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7-1-3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
Coplas  pareadas,  e  ao  mesmo  tempo  redondas,  visto  as  rimas  do  pri- 
meiro e  do  ultimo  verso  de  cada  estrophe  serem  idênticas:  al)lbacca.  — 
Rimas  longas:  *'(»)  énW  eii^)  no  grupo  P;  er(a)  o^^(•>)  ar(c)  no  IP.  A 
fiinda  emprega  a  rima  b  do  grupo  P  e  a  do  IP,  afastando -se  do  costume. 

Colocci  põe:  congedo. 

in  Hatte  icli  gewusst,  ais  ich  zum  erstenmal  die  Herrín  erblickte, 
die  meiner  Augen  Licht  und  mein  hõchstes  Gut  ist,  wie  viel  des  tJbels 
daraus  folgen  wúrde,  ich  hiitte  mich.  davor  gehútet  sie  zu  sehen,  obwohl, 
o  Freunde,  ich  recht  gut  weiss,  dass  ich  nimmer  eine  so  schõne  Edelfrau 
gesehen  hatte,  noch  habe,  noch  je  sehen  werde  (1). 

Ja,  meine  Freunde,  es  war  ein  Ungiúckstag,  denn  jetzt  bin  ich  in 
solcher  Not,  dass  wohl  tausendmal  am  Tage  sie  mich  also  straft,  dass  ich 
ohne  Sinn  und  Verstand  mich  selbst  vergasse  und,  wenn  ich  zu  mir  komme, 
mir  keinen  Eat  weiss  (2). 

Gott  mõge  mir  verzeihen!  doch  wirklich  hat  mich,  o  Freunde,  in 
solche  Not  gestiirzt  die,  welche  ich  sah  (und  nimmer  hatte  sehen  soileu), 
um  die  ich  nun  sterbe,  doch  ohne  meine  Liebe  zu  verraten  (3). 

Denn  erblicke  ich  sie  nur,  so  ist  alies  vergessen,  was  ich  vorher  im 
Herzen  ausgedacht  und  ihr  zu  sagen  beschlossen:  sie  ist  so  schõn  und 
redet  so  lieblich,  o  Freunde,  dass  ich  an  nichts  anderes  zu  denken  vermag, 
ais  daran ,  sie  zu  sehen  (4). 

Und  woUte  Gott  mir  ihre  Gunst  verleihen ,  ich  wiirde  ihm  daf iir  iiber 
sein  Paradies  und  alies  andere  Gute  und  Schõne  quittieren  (I). 

IV  G [antiga]  boa^  na  opinião  do  desconhecido  que  annotou  o  €A.  — 
Diez  sublinha  (a  p.  103)  o  artificio  rhetorico  chamado  dos  tempos  que 
o  poeta  empregou  no  verso  6. 


C.IV. 
f.  23  {= 


89. 
(Tr.  197). 

Qiio  alongad'  eu  ando  d'u  iria 
se  eu  ouvess(e)  aguisado  d'ir  i 
que  viss'  a  dona  que  veer  querria, 
(ique  non  visse,  ca  por  meu  mal  a  vi!)       2145 
5      de  que  m'eu  mui  seu  meu  grado  parti 
e  mui  coitad'!  e  fui-s'  ela  sa  via, 
e  fiquei  eu,  que  mal- dia  naci! 

E  que  preto  que  mi -a  min  d'ir  seria 
u  ela  é,  (pêro  long'  é  d'aqui),  2150 

10      se  soubesse  que  veer  poderia 

ela,  que  eu  por  meu  mal  dia  vi! 
Ca  dê-lo  dia  (e)n  que  a  conhoci, 
sempre  lhe  quige  melhor  todavia, 
e  nunca  d'ela  niun  ben  prendi.  2155 

Non  lh'ousei  sol  dizer  como  morria 
II  por  ela,  nen  lh'o  diz  outre  por  min; 
e  con  mia  mort[e]  ja  me  prazeria, 
pois  non  veg'  ela  que  por  meu  mal  vi. 
Ca  mais  vai  morte  ca  viver  assi  2160 

20     com'  og'  eu  vivo,  e  Deus,  que  mi -a  podia 
dar,  non  mi -a  dá,  nen  ai  que  lh'eu  pedi. 


15 

--60)a 


I  CB  193  (179)  —  2  guisado  —  6  foi  —  10  se  soubess'  eu  —   13 
|,  Ihi  quis  mui  m.  t.  —  14  netihun  —  15  nen  Ihi  o.  —  O  CA  tem  morreia 

16  outren  por  mi  —  17  m,i  —  19  que  v.  a.  —  20  com'  age  viv'  e  d. 
26  e  direi  o  q.  j.  e.  —  27  Joana  est  e  Sancha  e  Maria  —  28  a  por 
eu  moir'  e  a  por  que  perdi  —  28  vus  —  30  Johan  Coelho  sabe  que 
assi. 

II  Cantiga    de    meestria:    4x7-1-2.    —   Decasyllabos   jam- 
licos.  —  Coplas  equiconsoantes,  com  palavra  idêntica  {vi)  no  meio 


—     190     — 

E  por  qualquer  d'estas  me  quitaria 
de  mui  gran  coita  que  soffr'  e  soífri      , 
por  ela,  que  eu  vi  por  meu  mal  dia,  2165 

25      mais  fremosa  de  quantas  donas  vi. 
Direi- a  ja  .  .  ca  ja  ensandeci  .  .  .: 
Joana  èst  .  .  .  ou  Sancha  ...  ou  Maria 
a"por  que  eu  moir{o)  e  por  que  perdi 

O  sen;  e  mais  vos  end'  ora  diria:  2170 

30     Joan  Coelho  sabe  que  é  'ssi! 

de  todas  as  estropies:  ababbab :  ab.  —  Eimas  breves  e  longas:  *a(a) 
*0>),  tanto  nas  estancias  como  na  fiinda. 
Sei  dis.  cõ  cõgedo,  segundo  Colocci. 

III  Wie  abseits  icb  von  dem  Platze  bin,  an  dem  ich  weilen  wiirde, 
kõnnte  ich  es  nur,  um  eine  edle  Dame  zu  sehen  (die  ich  nie  gesehen 
haben  músste,  da  ich  sie  zu  meinem  Unheil  sah).  Wider  Willen  und  sehr 
bekiimmert  ging  ich  fort,  und  sie  schritt  ihre  Strasse  (1). 

Obwohl  sie  so  entfernt  ist,  wâre  es  nahe  fiir  mich,  kõnnte  ich  nur 
dorthin,  wo  sie  weilt,  und  wiisste,  dass  ich  sie  schauen  diirfte,  die  ich  zu 
meinem  Leide  erblickt  habe.  Denn  seit  ich  sie  kenne,  wâchst  meine  Liebe 
immerdar,  obschon  ich  keine  Gunst  von  ihr  empfangen  habe  (2). 

Nicht  einmal  ihr  zu  bekennen  habe  ich  gewagt,  dass  ich  um  ihret- 
willen  sterbe;  noch  redet  jemand  an  meiner  Statt.  Den  Tod  ersehne  ich, 
da  ich  sie  nicht  sehe,  die  ich  zu  meinem  Unheil  sah.  Besser  sterben  ais 
so  zu  leben;  Gott  aber  giebt  mir  weder  den  Tod  noch  das  andere,  um  was 
ich  ihn  gebeten  (3).  i 

Durch  jedes  von  beiden  wiirde  er  mich  einer  grossen  Pein  entheben, 
die  ich  erleide  um  die  schõnste  aller  Frauen,  die  ich  zu  meinem  Unheil 
sah.  Jctzt  aber  wíll  ich  sie  nennen,  da  ich  zum  Narren  geworden  bin: 
Johanna  nennt  man  . . .  oder  Sancha  . . .  oder  Maria  (4) 

Diejenige,  um  welche  ich  sterbe  und  den  Vorstand  verloren  habe. 
Und  noch  eines  will  Euch  verraten:  Joan  Coelho  weiss,  dass  dem  so  ist  (I). 

IV  Cfr.  No.  104. 


10 


15 


90. 

(Tr.  198). 


Senhor,  queixo -me  con  pesar 

grande  que  ei  de[s]  que  vus  vi; 

e  gran  dereito  per  faç'  i; 

e  mais  me  devia  queixar  2175 

eu  d'esse  vosso  parecer 

que  tanto  mal  me  faz  aver! 

E  queixo -me  dos  olhos  meus 
por  end'  ;assi  Deus  me  dê  ben! 
con  medo  non  se  vus  queix(e)  én(?)  2180 

mia  senhor;  nen  me  queix(o)  a  Deus 

eu  d 'esse  vosso  parecer 

que  tanto  mal  me  faz  aver! 

\E  queixo -m'en  meu  coraçon 
'porque  mi  faz  gran  he»i  querer  2185 

vos  de  que  nunca  pud'  aver 
ben;  e  queixo -me  con  raxon 

eu  d' esse  vosso  parecer 

que  tanto  mal  me  fax  averi] 


I  CB  194  (180)  —  13  No  €A  ha  espaço  em  branco,  onde  caberiam 
mais  duas  estrophes.     O  CB,  porém,  ministra  apenas  uma. 

Variantes:   2  Ambos  os  códices  tèem  deque  —  6.  7  e  8  mi  —  9 

^    con  medo  non  xe  vus  queixen(?)  —  10  non  me  queixe  (?)  —  11  de  esse 

V.  p.  —  13  qixóm  meu  coracon.     Talvez:  e  queixo -m'  [do]  meu  coraçon"? 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  all)l)a||CC.  —  Rimas  longas:  ar  «  na  1"  estancia; 
eus  én  na  2*;  on  er  na  3'';  er  também  no  refram. 

Colocci  diz:  tornei. 

III  Der  bittere  Kummer,  den  icli  trage,  seit  icli  Euch,  Herrin,  er- 
blickte,  zwingt  mich  zur  Klage.  Gewisslich  nicht  ohne  Grund.  Vielmehr 
Bollte  ich  hart  anklagen  ||  Euer  Angesicht,  \im  dessentwillen  ich  so  schweres 
Leid  erdulde  (1). 

Doch  klage  ich  meine  eigenen  Augen  darob  an,  so  wahr  mir  Gott 
Bife!  aus  Furcht,  sie  mõchten  sonst  vor  Euch,  Herrin,  Klage  erheben. 
)enn  vor  Gott  mag  ich  nicht  anklagen  ||  Euer  Angesicht  etc.  (2). 

Ferner  klage  ich  mein  Herz  an  (?)  das  mich  dazu  tiieb,  Euch  zu  lieben, 
í'on  der  mir  keine  Gunst  gewàhrt  worden  ist.  Mit  Recht  beklage  ich  mich 
iaher  iiber  |1  Euer  Angesicht  etc.  (3). 


91. 

(Tr.  199). 

f.23{=60)b  II  Moir'  eu  e  praz -me  jsi  Deus  me  perdon!       2190 
E  de  mia  mort'  ei  eu  mui  gran  sabor 
por  non  soffrer  mui  gran  coita  d'amor 
que  soífri  sempre  no  meu  coraçon. 
5      Ca  log'  aquesta  coita  perderei! 

E  amigos,  direi -vus  outra  ren:  2195 

pesa -me  muito  que  non^  veerei, 

ante  que  moira,  meu  lum'  e  meu  ben! 

Soía-m'eu  mia  morte  recear 
10     e  avia  gran  sabor  de  viver, 

e  ora  moir',  e  praz -me  de  morrer,  2200 

e  non  querria  ja  mais  viv'  andar, 
e  do  que  moiro  gran  prazer  end'  ei. 
E  amigos,  direi -vus  outra  ren: 
15  pesa -me  muito  que  non  veerei, 

ante  que  moira,  meu  lum'  e  meu  ben!    2205 

I  CB  195  (181)  —  1  mi,  se  d.  mi  p.  —  4t  qual  —  7.  15  e  23  mi 
—  11  m,i  —  17  De  mi  p.  —  18  faço  rnui  —  19  ca  sei  mui  ben  —  21 
por  en  m,i  prax  por  aquesto  que  sei  —  28  Substitui  no  principio  do  verso 
e  por  a. 

Os  últimos  oito  versos  são  peculiares  do  CB,  que  apresenta,  além 
d'isso,  as  estrophes  em  ordem  diversa  (1.  3.  4.  2),  dando  o  ultimo  logar 
á  que  é  2*  no  CÁ;  com  razão,  se  o  systema  escolhido  pelo  trovador  foi 
o  de  coplas  dispostas  em  pares.  Accrescentar  simplesmente  no  fim  da 
cantiga  a  estrophe  de  que  o  CA  carecia,  como  eu  fiz,  dá  em  resultado 
coplas  pareadas  cruzadas,  variedade  pouco  vulgar,  e  de  mais  a  mais 
sendo  ellas  de  refram.  (Cfr.  a  cantiga  de  meestria  No.  9,  onde  um  par 
abraça  outro).  Deixando,  pelo  contrario,  permanecer  intacta  a  cantiga,  no 
estado  em  que  o  velho  pergaminho  a  conservou,  sem  reservar  espaço  para 
mais  estrophes,  teríamos  outra  variedade  do  mesmo  typo,  parecida  com  a 
que  ficou  analyzada  nas  notas  aos  Nos.  1.  31.  36  e  84,  mas  ainda  assim  diffo- 
rente,  visto  que  entre  três  estrophes  a  desirmanada  occuparia  o  lugar  do 
meio,  ficando  abraçada  pelas  duas  que  formam  par. 


I 


—     193     — 

En  me  prazer  con  mia  morte,  razon 
faç'  eu  mui  grande,  par  Nostro  Senhor; 
ca  sei  de  pran  que,  pois  eu  morto  for', 
20     logu'  esta  coita  perderei  enton, 

e  quen  ora  temo,  non  temerei.  2210 

E  amigos,  direi -vus  outra  ren: 
pesa -me  muito  que  non  veerei, 
ante  que  moira,  meu  lum'  e  meu  ben. 

[E  quero -vus  ora  dese7iganar 
qual  est  o  ben  que  eu  quer í  (a)  aver:  2215 

é  mia  senhor,  do  mui  hon  'parecer, 
a  que  mi  fa^i  mia  7norte  desejar 
e  que  nunca  mais  vee7\  poderei. 
30  E  amigos,  direi -vus  outra  ren: 

pesa -me  'muito  que  non  veerei,  2220 

ante  que  moira,  meu  lum'  e  meu  ben.] 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (õ  +  3).  Considero  o  6  verso  como 
fazendo  parte  do  refram,  apesar  de  elle,  em  ambos  os  códices,  consistir 
apenas  do  distico  final.  O  erro,  se  erro  foi,  como  penso,  provém  de  o  escre- 
vente têr  colorido  por  descuido  a  maiúscula  P,  em  lugar  do  E  que  inicia 
o  verso  anterior.  —  Decasyllabos  jambicos.  —  Coplas  pareadas(?): 
abbac||DCD.  —  Rimas  longas:  ani^)  ôrW  e«(cC)  én(0)  no  grupo  1°  (estr.  1 
e  3;  ou,  no  CB,  1  e  2);  ar  (a)  êrW  eii^C)  m(»)  no  IP  (3  e  4  do  €B;  e  2  do  €A). 

Colocci  assentou:  ad  2.  Tornei]  e,  quanto  a  vocábulos,  nota  que 
pesami  é  um  composto. 

m  Ich  sterbe  und  bin  damit  zufrieden,  mõge  Gott  es  mir  verzeihen ! 
Grosse  Frende  am  Tode  habe  ich,  weil  mein  Leben  eine  Qual  ist,  der  nur 
der  Tod  ein  Ende  bereitet.  ||  Zum  andern  aber  gestehe  ich  Euch,  meine 
Freunde,  dass  es  mich  schmerzt,  vor  dem  Sterben  nicht  mein  Licht  und 
hõchstes  Gut  zu  schauen  (1). 

Ich  pflegte  den  Tod  zu  fiirchten  und  liebte  das  Leben;  jetzt  aber 
finde  ich  Gefallen  am  Sterben  und  raõchte  nicht  langer  leben  etc.  (2). 

Daran,  dass  ich  den  Tod  ersehne,  thue  ich"  wahrlich  recht,  denn  ich 
weiss,  er  befreit  mich  von  meiner  Not;  und  wen  ich  jetzt  fiirchte,  den 
werde  ich  hernach  nicht  mehr  fiirchten  etc.  (3). 

Bekennen  will  ich  Euch  noch,  welches  das  Gut  ist,  das  ich  besitzen 
mõchte:  meine  Herrin  mit  dem  holden  Angesicht,  die  mich  veranlasst,  den 
Tod  herbeizuwiinschen,  und  die  ich  nicht  wieder  sehen  werde  etc.  (4). 

IV  Diez,  a  p.  69,  refere -se  ao  refram,  chamando -o  de  três  versos. 


13 


92. 

(Tr.  200). 

Se  Deus  me  valha,  mia  senhor, 
f.  23  (=  60)c  de  11  grado  querria  seer 

sandeu,  por  quant'  ouço  dizer 
que  o  sandeu  non  sabe  ren  2225 

5      d'amor,  nen  que  x'é  mal  nen  ben, 
nen  sabe  sa  morte  temer: 
por  én  querria  'nsandecer, 

E  por  non  soffrer  a  major 
coita  das  que  Deus  quis  fazer,  2230 

10      qual  [/Jh'a  eu  sempr'  ei  a  soffrer 
por  vos;  e  rog'  a  Deus  por  én 
que  me  faça  perder  o  sen 
e  pavor  que  ei  de  morrer, 
ou  me  non  leixe  mais  viver.  2235 

15  E  Deus  non  me  leixe  viver, 

se  eu  a  'nsandecer  non  ei; 

ca  se  viver',  sempr(e)  averei 

coita  d'amor,  direi -vus  qual: 

gran  coita,  se  me  Deus  non  vai;  2240 

20     e  se  for'  sandeu,  perderei 

a  gran  coita  que  d'amor  ei. 

I  CB  196  (182)  —  \  mi  —  9>  E  por  én  vivo  na  mayor  —  10 
qlha  que  deve  representar:  qual  Ih' a.  O  CA  tem  a  graphia  qualla.  —  12 
tni  —  IQ  se  eu  ensandecer  n.  e.  —  19  mi  —  26  non  saberei  —  28  des- 
quand'  eu  [en] sandecerei. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas,  com  uma  palavra  perduda  no  principio  das  estrophes: 
abbccbb.  —  Rimas  longas:  ôr(a)  erC»)  éw(c)  no  grupo  P-,  er(a)  eiO>)  ali^) 
no  11".    A  repetição  da  consoante  êr,  que  funcciona  primeiro  como  rima  fl»), 


25 


—     195     — 

Ca  des  quand'  eu  ensandecer', 
verdad[e]  dizen,  ben  sei 
ca  nunca  pesar  prenderei, 
nen  gran  coita  d'amor,  nen  d'al! 
Nen  saberei  que  x'é  'ste  mal, 
nen  mia  morte  non  temerei! 
jDeus!  (je  quand'  ensandecerei? 


2245 


e  depois  como  palavra  perduda  (a);  a  identidade  da  palavra  rimante  nos 
versos  14  e  15  {viver) ^  assim  como  no  7  e  22  {ensandecer),  talvez  não  sejam 
intencionaes ,  mas  antes  desigualdades  qne  provocariam  n'aqnella  época  a 
censura  dos  juizes. 

Ad  5,  segundo  Colocci. 

III  Geliebte,  ich  niõchte  zum  Narren  weiden,  so  vvahr  mir  Gott  helfe! 
Denn  NaiTen  leiden  nicht  vor  Liebe,  noch  wissen  sie  gut  und  schlecht 
zu  unterscheiden ,  noch  furchten  sie  den  Tod,  wie  man  mir  sagt  (1). 

Darum,  um  das  grosse  Leid  los  zu  werden,  das  Ihr,  Herrin,  mir 
bereitet,  flelie  ich  zu  Gott,  mir  den  Verstand  und  mit  dem  Verstand  die 
Todesfurcht  oder  das  Leben  zu  i'auben  (2). 

Anders  ais  des  Verstandes  beraubt  mõchte  ich  nicht  weiter  leben, 
denn  lebend  muss  ich  Qualon  leiden,  und  zwar  sehr  grosse,  wie  ich  Euch 
verraten  will;  ais  Narr  aber  bin  ich  meine  Liebespein  los  (3). 

Ais  Narr  leide  ich  nicht  liinger  mehr,  noch  fúrchte  ich  den  Tod! 
Wann,  Gott,  wann  machst  Du  mich  zum  Narren  (4). 

rV  Ao  pé  do  1°  verso  ha  uma  nota  illegivel.  Outra,  ao  pé  do  8°  verso, 
'  que  diz  e  altuxo,  por  ventura  fosse  dirigida  ao  illuminador,  marcando -lhe 
as  dimensões  do  E,  com  que  havia  de  principiar  a  2"  estrophe. 


13^ 


93. 

(Tr.  201). 

Pola  verdade  que  digo,  senhor,  2250 

me  queren  mal  os  mais  dos  que  eu  sei, 
f.  23  (=  60)d  por  II  que  digo  que  sodes  a  melhor 
dona  do  mund';  e  verdade  direi! 
5     Ja  m'eles  sempre  mal  poden  querer 

por  aquesto;  mais  enquant'  eu  viver',  2255 

nunca  lhes.  tal  verdade  negarei, 

E  mia  senhor,  enquant'  eu  vivo  for', 
se  non  perder'  aqueste  sen  que  ei, 
10      ;mal-pecado!  de  que  non  ei  pavor 

de -o  non  perder,  e  o  non  perderei,  2260 

ca  perderia  pelo  sen  perder 
gran  coita  que  me  fazedes  aver, 
senhor  fremosa,  des  que  vus  amei. 


I  CB  197  (183)  —  2  rui  —  4  Em  vez  de  c  verdade  direi  o  €A 
tem,  erradamente,  e  verdad  vos  direi;  (cfr.  Diez  p.  113)  —  7  n.  Ihis  eu 
verdade  negarei  —  8  O  í/  falta  no  €B  —  lie  non  perderei^  lição  que  me 
parece  preferível.  —  Vá  mi  —  A  ultima  estrophe  falta  no  CA.  Ha,  porém, 
espaço  em  branco,  reservado,  om  que  caberiam  duas.  —  Ib  E  mha  seno''' 
quê  UQ  nunca  vyu  —  Iti  uos  lo  eu  tenq  uos  lo  eu  por  ug  praxentear  — - 
17  eds  seno'^  nõ  me  deug  ben  —  19  loon  Seug  —  [seno'"')  —  20  sodes  ug 
amilhor. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
As  primeiras  duas  estrophes  formam  um  par;  a  ultima  está  desirmanada, 
como  nas  cantigas  1.  31.  36  e  84:  ababccl).  —  Rimas  longas:  Ôr(a)  eiO») 
er(c)  no  grupo;  éni^)  «/•(•>)  ôri^)  na  estrophe  isolada,  que  acolheu,  como  se 
vê,  uma  das  rimas,  mudando -lhe  o  lugar.     Cfr.  No.  84. 

Colocci  descreve  o  eschema  constructivo  com  as  palavras:  due  cõsone 
—  et  uno  epodo,  designando  com  o  termo  clássico  epodo,  que  costuma  em- 
pregar para  a  fiinda,  o  ultimo  terço  da  canção  tripartida,  o  qual  geralmente 
denomina,  não  menos  classicamente,  antistrophe  (cfr.  No.  31). 


20 


—     197     — 


[E  mia  senhor,  quen  vus  nunca  viu,  ten 


que  vus  hei  por  vus  praxentear ;  2265 

e  Deus  senhor  no7i  me  [dê]  de  vos  ben, 

nen  outro  ben  que  me  podia  dar, 

se  vus  loei  sobr'  aquesto,  senhor; 

mais  por  quanto  sodes  vos  a  milhor 

dona  do  miind',  esto  vus  faz  loarl]  2270 


III  Weil  ich  Wahrheit  rede,  d.  h.  weil  ich  behaupte,  Ihr,  Herrin, 
seiet  die  vortrefflichste  Frau  hieoicden,  ist  mir  gar  manchar  gram.  Docli 
sage  ich  die  Wahrheit;  und  ob  sio  mir  auch  ziiriien,  werde  ich  trotzdem, 
solang  ich  lebe,  diese  Wahrheit  nicht  verleugnen  (1), 

Ach  meine  Herrin,  es  sei  denn,  ich  verlore  den  Verstand;  doch 
graut  mir  nicht  davor,  ihn  zii  verlieren,  und  werde  ich  ihn  auch  nicht  ver- 
lieren,  denn  mit  dem  Verstande  ginge  das  grosse  Leid  dahin,  das  ich  um 
Euretwillen  trage,  seit  ich  Euch  gesehen  (2). 

Nur  wer  Euch,  ach  Herrin,  nie  gesehen,  vermeint,  ich  lobte  Euch, 
um  Euch  zu  schmeicheln.  Gott  abar  mõge  mich  strafen,  wenn  ich  Euch  zu 
solchem  Zwecke  lobte;  vielmehr  zwingt  Euch  zu  loben,  dass  Ihr  thatsâchlich 
die  beste  auf  Erden  seid  (3). 

rV  O  CA  tem  a  nota  marginal:  boa! 


94. 

(Tr.  202,  verso  1—3). 

-Senhor  fremosa,  pois  vus  vi, 
ouve  tan  gran  coita  d 'amor 
que  non  ||  [fui  ledo,  nen  dormi, 
nen  ouvi  d'outra  ren  sabor, 
5      sempre  cuidando,  mia  senhor,  2275 

en  vos,  que  fez  Deus  a  melhor 
dona  de  quantas  donas  vi. 

Per  bõa  fé,   entendo  hen, 
(aquesto  posso  hen  jurar, 
10     senhor,  e  non  mentir  por  én)  2280 

ca  non  vus  [vou]  praxentear. 
Mais  quero -vus  desenganar: 
sobre  todas  vus  quis  Deus  dar, 
senhor,  bondad'  e  todo  ben. 

I  CB  198  (184)  —  O  CA  offerece  apenas  dous  versos  e  meio;  todo 
o  resto,  que  seguia,  sem  duvida  alguma,  na  folha  immediata,  tirada  ás  te- 
soiradas, pertence  ao  CB.  —  2  ouvi  —  6  fezo  cleg  —  A  emenda  que  fexo 
deus  melhor  seria  igualmente  aceitável.  —  11  p%,eniêar  —  IA  en  todo  ben 
—  21  notia  faria. 

n  Cantiga  de  nieestria:  3x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares,  e  redondas,  isto  é  com  rimas  idênticas  no  primeiro 
e  ultimo  verso  da  estrophe  (cfr.  No.  88):  ababbba.  —  Rimas  longas: 
iia.)  dr9>)  na  1="  estancia;  én  ar  na  2^;  â  êr  na  3". 

Colocci  diz  acertadamente:  la  parola  p^^  (=  l'')  con  lult(^  ~t  ogni  stãza; 
accrescentando  nõ  equivoca.,  o  que  talvez  seja  erro  por  rima  equivoca. 

m  Schõne  Herrin,  seit  ich  Euch  gesehen,  habe  icli  solche  Liebes- 
pein  gelitten,  dass  ich  Trobsinn  und  Scblaf  verlor,  und  an  nichts  mehr 
Grefallen  fand,  immer  an  Eucli  denkend,  die  Gott  der  Herr  vor  allen  an- 
deren  ausgezeichnet  bat  (1). 


I 


—     199     — 

15  E  pois  que  assi  est,  [e]  ja 

que  vus  Deus  feze  mais  valer 
de  quantas  outras  no  mwid'  á, 
verdade  vus  quero  dizer: 
jpero  Deus  meta  seu  poder 

20     por  outra  tan  bõa  fazer 
come  vos,  non-na  fará  ja.] 


2285 


2290 


Das  weiss  ich,  traun,  und  kann  es  beschwõren,  und  ohne  zu  liigen 
beteuern,  dass  ich  Euch  damit  keine  Schmeichelei  sage,  sondern  die  Wahr- 
heit  verkiinde:  vor  allen  úbrigen  hat  der  Himmel  Euch,  Herrin,  Tugend 
und  Eeize  verliehen  (2). 

Da  dem  aber  so  ist  und  Gott  Euch  vor  allen  anderen  auf  Erden  Wert 
verliehen  hat,  will  ich  die  "Wahrheit  melden:  bote  der  Schõpfer  auch  seine 
ganze  Kraft  auf,  um  eine  zweite  -so  vollendete  zu  schaffen,  wie  Ihr  seid, 
es  wiirde  ihm  nicht  gelingen!  (3) 


LACUNA  9». 

FALTA  UMA  MEIA  -  FOLHA :  No.  3/^  DO  CADERNO  IV. 


A  folha  cortada  á  tesoira  deve  ter  contido,  além  do  resto 
da  Cantiga  No.  94,  o  principio  da  Cantiga  No.  95  e,  entre 
ambas,  mais  algumas  poesias  do  mesmo  trovador:  provavelmente 
as  três  que  apparecem  no  CB  entre  uma  e  outra  (CB  199 — 301); 
ou  então  as  quattro  ultimas  da  serie. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO  8'^  DO  APPENDICE. 


95. 
'(Tr.  202,  verso  3—31,  e  p.  394). 


C.  IV:  2/3 
f.  24  (:=  6I)a 


[Por  mui  coitado  per  tenh'eu 
quen]  \\  vai  querer  ben  tal  molher 
que  seu  serviço  non  lhe  quer 
per  nulha  guisa  gradecer. 
5      jE  mal-pecad',  assi  viv'  eu 
cuitad'!     E  que  demo  mi  deu 
cuita  pola  nunca  perder? 

Non  por  ai,  se  non  polo  seu 
bon  parecer  da  mia  senhor, 
10      que  nunca  orne  [viu]  melhor, 
[nen]  tal,  ise  Deus  me  leix'  aver 
d'ela  ben  e  me  mostr'  o  seu 
bon  parecer,  que  lhe  Deus  deu 
por  ja  sempr'  a  min  mal  fazer! 

Ca  Deu'- la  fez  por  mal  de  mi 
^    mais  fremosa  de  quantas  son 
no  mundo  jsi  Deus  me  perdon! 
E  vedes  que  mi-a[r]  fez  por  én: 
fez  mi -a  veer  por  mal  de  mi, 
20     ca  non  por  ai;  ca  poi'-la  vi, 
nunca  m'ar  paguei  d'outra  ren 


2295 


2300 


2305 


2310 


I  CB  202  (188)  —  As  primeiras  nove  syllabas  com  que,  segundo 
todas  as  probabilidades,  findava  a  folha  que  falta  no  CA,  provém  do  CB.  — 
No  verso  10  ha  um  pequeno  vácuo  por  preencher.  O  copista  enganou -se, 
e  raspou  as  lettras  erradas ,  mas  não  indicou  a  emenda  á  margem.  É  o  €B 
que  a  ministra,  assim  como  a  syllaba  que  falta  ao  verso  11.  —  Emendei 
mi  por  min  nos  versos  15  e  19,  e  ar  (por  a)  no  18. 

Variantes:  3  Ihi  —  7  coita  —  10  vio  —  11  mi  —  12  mi  —  13  IM 
—  n  no  mund'   e  sse  deus  mi  perdon  —   18  m'ar  fex  por  ren  —  27 


—     202     — 

Se  non  (i'ela,  de  que  assi 
estou  como  vus  eu  direi: 

que  todo  quant'  aver  cuidei  2315 

25      d'ela,  poi'-la  vi,  ei-o  én. 
Yedes  por  quê  o  dig'  assi: 
coidei  d'ela,  des  que  a  vi, 
aver  gran  coita,  sen  seu  ben. 

Ja  nunca  d'ela  cuidei  ai  2320 

30      aver,  par  Deus  que  pod'  e  vai, 
ergu'  esta  coita  que  me  ven! 

cuidei  —  28  a  veer  g.  c.  —  29  Ca  nunca ,  lição  que  me  parece  preferível 

—  31  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7 -j- 3.   —   Octonarios  jambicos. 

—  Coplas  pareadas,  differenciadas  por  uma  das  rimas  (nos  versos  2  e  3): 
abbcaac.  —  Eimas  longas:  e^C»)  éríM)  (orH>2))  er{^)  no  grupo  1°;  «(a) 
on(^^)  (eiC»*))  éw(c)  no  grupo  11°.  A  fiinda,  que  está  ligada  á  ultima  estancia 
pela  rima  én,  apresenta  nova  rima  (ai)  nos  seus  primeiros  versos  (dde^j. 

Quem  conferir  a  descripção  de  Colocci  com  a  minha,  perceberá  o  que 
eUe  quiz  dizer  com  as  palavras:  le  2  prime  et  anche  la  3  et  4  varia.  — 
Congedo  con  rime. 

in  Bedauernswert  ist,  wer  eine  Frau  liebt,  die  seine  Dienste  nicht 
bolohnt.  So  aber  ergebt  es  mir  Ãrmsten !  "Welch  Dâmon  gab  mir  nimmer 
ondeude  Pein?  (1) 

[Und  zwar]  nur  durch  den  holden  Anblick  meiner  Herrin,  welche  die 
schõnste  auf  Erden  ist,  so  wahr  mir  Gott  ihre  Huld  schenken  und  mir  das 
liolde  Angesicht  zeigen  mõge,  das  er  ihr  zu  meinem  Leide  gegeben  hat  (2)! 

Zu  meinem  Leide  schuf  er  sie  schõn  iiber  alie  und  zeigte  sie  mir 
dann.     Seit  ich  sie  sah,  gefàUt  mir  nicbts  andores  (3). 

Von  ihr  aber  empíiug  ich,  was  ich  vom  ersten  Augenblicke  an  erwar- 
tete:  eitel  Pein  und  keinerlei  Gunst  (4). 

Beim  AUmâchtigen,  anderes  habe  ich  nie  erhofft  (I). 

rV"  Á  margem ,  ao  lado  do  verso  29 ,  ó  que  o  CÁ  tem ,  pela  primeira 
vez  a  nota  fij  da,  da  mão  e  lettra  do  escrevente,  e  não  do  annotador.  Porquê? 
Porque  é  a  primeira  vez  que  a  fiinda  apparecia  no  original  com  musica 
própria.  No  nosso  códice  subsiste  apenas  a  pauta  para  a  notação;  e,  como 
sempre  na  estrophe  primeira,  as  palavras  vêem  recortadas  em  syllabas,  sem 
signal  que  indique  o  fim  dos  versos.  Eis  porquê  Varnhagen  não  as  soube 
distribuir.     (Cfr.  Diez  p.  141.) 


96. 

(Tr.  203). 


f.24(=6i)b  jAy  eu!  que  mal -dia  naci 

con  tanto  mal  quanto  me  ven, 
querend'  iia  dona  gran  ben 
que  me  fez  mal,  des  que  a  vi, 
5      e  faz,  e  non  s'én  quer  quitar, 
e  ora  faz -[me]  desejar 
mia  mort'  e  alongar  de  si! 


jE  mal -pecado!  viv'assi 
coitad(o)!  e  sol  non  acho  quen 
se  doya  de  min!  e  por  én 
mia  senhor  non  se  dol  de  mi! 
E  ai  me  faz:  se  lhe  pesar 
faz  outr',  a  min  se  ven  queixar 
por  én,  que  culpa  non  ei  i. 


10 


15 


20 


E  por  gran  coita  tenh'  atai 
eu  que  sol  non  lh'ouso  dizer 
o  gran  mal  que  me  faz  aver; 
e  desejo  sempre  mais  d'al 
de  lh'o  dizer;  mais  ei  pavor 
de  pesar  muit'  a  mia  senhor; 
e  calo-m'  ante  con  meu  mal. 


2325 


2330 


2335 


2340 


I  CB  203  (189)  —  2  mi-aven  —  4  mi  —  9  coitad'  e  s.  —  10  per 
í,  lição  que  julgo  preferível  —  11  min  —  12  mi  —  13  {fax  oyr)  — 
for  ren  —  17  mi  —  A  ultima  estrophe  falta  no  CB. 

II  Cantiga  de  meestria:   4  x  7.   —   Octonarios  jambicos.   — 
'oplas    pareadas:    abbacca.     —    Eimas    longas:    ^■(a)   én9>)  ari^)  no 

ipo  1°;  a/ (a)  erC»)  ôr(e)  no  11°. 


—     204     — 

Mais  rog'  a  Deus,  que  sab'  o  mal 
que  me  mia  senhor  faz  soffrer,  2345 

que  el  me  faç'  ensandecer, 
25      pois  que  m'  outro  ben  todo  fal, 
ou  morrer,  se  sandeu  non  for'; 
ca  esto  me  será  melhor, 
pois  que  m'ela  nen  Deus  non  vai.  2350 


Colocci,  que  tinha  diante  de  si  uma  Cantiga  tripartida,  no  género  dos 
Nos.  1.  31.  36.  84.  93,  i.  é  composta  de  duas  estancias  irmanadas  e  outra 
impar,  caracterizou  -  a  com  a  formula:  due  cu  forme,  una  nõ. 

m  Weh  mir!  zum  Ungliick  ward  ich  geboren!  Die  Dame,  die  icli 
liebe,  thut  mir  Leides  an,  unablassig.  Nun  aber  bewirkt  sie  gar,  indem 
sie  mich  von  sich  entfernt,  dass  ich  den  Tod  herbeiwúnsche  (1). 

Niemand  erbarmt  sich  meiner;  am  wenigsten  meine  Herrin.  Sie  thut 
sogar  noch  ein  úbriges.  Erzúrnt  ein  anderer  sie,  so  lâsst  sie  es  mich  ent- 
gelten,  der  ich  doch  schuldlos  daran  bin  (2). 

Darin  besteht  mein  grosses  Leid,  dass  ich  ihr  meine  Qual  nicht  zu 
gestehen  wage,  so  gern  ich  es  mõchte,  aus  Angst  sie  zu  erzúrnen.  Schwei- 
gend  trage  ich  also  meine  Pein  (3). 

Docb  bete  ich  zu  Gott,  der  mein  Dulden  kennt,  mir  den  Verstand 
zu  nebmen  oder  mich  zu  tõten  (4). 


97. 

(Tr.  204). 

Senhor  fremosa,  venho -vus  dizer 
f.  24  (=  6i)c  II  de  quanto  mal  a  min  faz  voss'  amor, 
que  me  digades  vos,  ay  mia  senlior! 
Por  Deus,  que  vus  deu  tan  bon  parecer, 
5  mia  senhor  fremosa,  ^qne  prol  vus  ten    2355 

a  vos  de  quanto  mal  me  por  vos  ven? 

E  pois  vus  eu  amei  des  que  vus  vi, 
e  amo  mais  de  quantas  cousas  son, 
dizede-mi-ora  jsi  Deus  vus  perdon! 
10     pois  vus  eu  outro  mal  non  mereci,  2360 

mia  senhor  fremosa,  iqne  prol  vus  ten 
a  vos  de  quanto  mal  me  por  vos  ven? 

Fero,  senhor,  nunca  vus  eu  ousei 
de  mia  coita  nulha  ren  ementar 
15      que  mi -a  min  fez  o  voss'  amor  levar;  2365 

mais  pois  per  vos  tan  muito  de  mal  ei, 

mia  senhor  fremosa,  ç^que  prol  vus  ten 
a  vos  de  quanto  mal  me  por  vos  ven? 


I  €B  204  (190)  —  3  mi  —   G  mi  —  9  se  d.  v.  p.   —   11  ma  -- 

14  {ren  dizer). 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -}-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  al)ba||C€.  —  Rimas  longas:  er(a)  ôr(}i)  na 
1*  estancia;  t(a)  ow('>)  na  2";  eii^)  ar(i>)  na  S";  én  no  refram. 

Colocci  apenas  reparou  no  vocábulo  venho ,  memorando  que  não  se  diz 
vengo  (como  em  castelhano),  e  que  venho  vus  equivale  a  vengovi. 

III  Schõne  Herrin,  nach  ali  dem  Leid,  welches  die  Liebe  zu  Euch 
mir  zuíugt,  mõchte  ich  Euch  befrageu.     Bei  Gott,  der  Euch  ein  so  holdes 

I  Angesicht  gegeben  hat,  sagt  mir,  ach  meine  Herrin,  ||  was  niitzt  Euch.  ali 
das  Leid,  das  ich  um  Euretwillen  trage?  (1) 

Da  ich  Euch  geliebt  habe,  seit  ich  Euch  gesehen,  und  Euch  iiber  alie 
Dinge  liebe,  sagt  an,  so  wahr  mir  Gott  verzeihen  mõge:  da  ich  doch  nichts 
gegen  Euch  verschuldet  habe,  etc.  (2). 

Habe  ich  doch  nimmer  gewagt,  Euch  etwas  von  der  Pein  zu  ver- 
raten,  welche  die  Liebe  zu  Euch  mir  bereitet!  da  ich  aber  trotzdem  so 
viel  Leid  trage,  sagt,  schône  Herrin,  was  niitzt  es  Euch  etc.  (3). 


98. 
(Tr.  205). 

Par  Deus,  senhor,  ja  eu  non  ei  poder 
de  non  dizer  de  quanto  mal  me  ven  2370 

por  vos  qae  quero  melhor  d'outra  ren, 
que  me  fez  Deus,  por  meu  mal,  ben  querer; 
(^  qÍ^    5      II  ca  me  fazedes  ja  perder  o  sen 

e  o  dormir,  senhor,  e  praz-vus  én, 
e  trage-m'en  gran  coita  voss'  amor:  2375 

Tod'  este  mal  me  por  vos  ven,  senhor! 

Amor  me  faz  viver  en  coita  tal 
10     por  vos  senhor  jsi  Deus  de  mal  m'ampar! 
qual  eu  ja  nunca  poderei  mostrar, 
mentre  viver',  pêro  non  punh'  en  ai.  2380 

E  a  vos  praz  de  coraçon  por  én 
porque  [me]  traj'  amor  tau  en  desden, 
15      e  faz  mi-aver  de  mia  morte  sabor: 

Tod'  este  mal  me  por  vos  ven,  senhor! 

I  CB  205  (191)  —  2  mi  —  4  mi  —  10  se  —  14  me  trai  amor, 
o  que  representa  me  traj'   amor.     O  CA  tem,  erradamente:  forque  trae. 

—  No  CÁ  ha  espaço  em  branco  para  mais  uma  estrophe. 

n  Cantiga  de  refram:  2  x  (7  +  1)-  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  As  estrophes  divergem;  ha  rimas  discordantes  nas  1"*  quadras  e  concor- 
dantes na  2*  metade,  irregularidade  pouco  vulgar:  {ibbabbc||C  e  deedbbcfC. 

—  Rimas  longas:  erW  én^)  ôr(cf);  a/W  ar(e). 

Colocci  colloca  este  cantar  no  grupo  selais  \  ignoro  porquê.  —  Tornei. 

—  Além  d'isso  copiou  a  formula:  trageme. 

TTT  Bei  Gott,  Herrin,  die  Kraft  versagt  mir,  noch  lânger  ali  die  Qual 
zu  verschweigen ,  welche  die  Liebe  zu  Euch,  die  ich  úber  alies  verehre, 
mir  bereitet:  durch  Euch  sind  mir  Verstand  und  Schlaf  abhanden  gekommen. 
Und  Ihr  f rohlockt  darúber !  Die  Liebe  zu  Euch  bringt  mich  in  grosse  Not.  || 
Um  Euch,  Herrin,  widerfáhrt  mir  ali  dies  Leid!  (1) 

Obwohl  ich  nichts  anderes  begehre,  kann  ich  mein  Lebelang  nicht 
aussprechen,  wie  grosse  Qual  die  Liebe  mir  bereitet.  Von  Herzen  aber 
gefallt  es  Euch,  dass  sie  mich  dermassen  missachtet  und  mich  zwing-t,  den 
Tod  zu  ersehnen.  ||  Um  Euch  etc.  (2). 


99. 

(Tr.  206). 

Mais  de  mil  vezes  coid'eu  eno  dia,  2385 

quando  non  posso  mia  senhor  veer, 
ca  lhe  direi,  se  a  vir',  todavia 
<•  ^-JT'  l^^    a  mui  ffran  11  coita  que  me  faz  soffrer. 

f.  25  (=  b<i)a  CM  j. 

5     E  poi'-la  vejo,  vedes  que  mi-aven: 

non  lhe  digo  de  quanto  coido  ren  2390 

ant'  o  seu  mui  fremoso  parecer 
que  me  faz  quanto  coid(o)  escaecer! 

Ca  poi'-la  vejo,  non  lhe  digo  nada 
10      de  quanto  coid'  ante  que  lhe  direi, 

u  a  non  veg';  e,  par  Deus,  mui  coitada-  2395 

mente  vivo!  e,  por  Deus,  ç^que  farei? 

Ca  poi'-la  vejo,  coido  sempr'  enton 

no  seu  fremoso  parecer,  e  non 
15      me  nembra  nada;  ca  todo  me  fal 

quanto  lhe  coid'  a  dizer,  e  dig'  ai!  2400 

I  Cli  206  (192)  —  1  cuid'   —   2  quand'  eu  —   3  Ihi  —   6  Ihi  — 

cuido  —   7  0  copista  do  Olí  saltou  da  palavra  mui  do  7°  verso  a  fax  do 
seguinte,   omittindo  portanto  fremoso  parecer  que  me  —   8  cioid'  escaecer 

—  9  Ihi  —  10  cuid'  —  Ihi  —  12  mentre  {ment')  —  13  cuido  —  16  Ihi 

—  cuid'  e  digu  ai  —  No  €Á  ha  espaço  em  branco  para  mais  vana  estrophe. 

II  Cantiga  de  meestria:  2x8.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  singulares,  com  alguma  divergência  entre  o  eschema  das  duas 
que  nos  restam:  ababccbb  na  1*;  e  ababccdd  na  2^  —  Rimas  breves 
e  longas:  m(a)  êrm  énif)  na  1";  adai^)  ei^)  oni*^)  ai  (A)  na  2^  —  Irre- 
gulaiidade  pouco  vulgar. 

m  Melir  ais  tausendmal  am  Tage ,  wenn  ich  meine  Herrin  nicht  sehen 
kaim,  ersinne  ich,  wie  ich  ihr  vortragen  mõchte,  sahe  ich  sie,  das  grosse 
Loid,  das  mir  von  ihr  widerfâhrt.  Sehe  ich  sie  aber,  so  steht  es  also  mit 
niir:  rein  gar  nichts  von  dem,  was  ich  ersonnen,  spreche  ich  aus!  Bei  ihrem 
holden  Anblick:  vergesse  ich  alies  Ersonnene  (1). 

Schaue  ich  sie,  so  sage  ich  nicht  ein  Wort  von  aliem,  was  ich  aus- 
gedacht,  ais  ich  ihr  nicht  gegeniiberstand.  Bei  Gott,  es  ist  eine  harte  Pein! 
Was  thu  ich  da?  An  ihre  Schõnheit  allein  denke  ich  in  ihrer  Gegenwart 
und  rede  ganz  andores,  ais  ich  zu  sprechen  beabsichtigte. 

IV  O  leitor  encontrará  em  Diez  (p.  93)  uma  bella  traducção  em  verso. 
A  p.  55  dá  uma  nota  sobre  a  rima  quebrada  coitada  mente  (ou  mentre, 
segundo  a  leitura  de  Varnhagen). 


100. 

(Tr.  207). 

Se  eu  a  Deus  algun  mal  mereci, 
gran  vingança  soub'  el  de  min  prender, 
ca  me  fez  mui  bõa  dona  veer 
f.2õ{=G2)h  e  mui  fremos',  ||  e  ar  fez -me  des  i 

5      que  lhe  quis  sempre  d'outra  ren  melhor;  2405 

e  pois  mi-aquesto  fez  Nostro  Senhor, 
ar  fez  ela  morrer,  e  leixou  mi 

Yiver  no  mund'!     E  mal- dia  naci 
por  eu  assi  eno  mundo  viver, 
10     u  Deus  sobre  min  á  tan  gran  poder  2410 

que  m'  eno  mundo  faz  viver  assi 
sen  ela!     Ca  ben  sõo  sabedor 
d'aver  gran  coita,  mentre  vivo  for', 
pois  non  vir'  ela  que  por  meu  mal  vi! 

15        .  E  por  meu  mal,  amigos,  non  morri  2415 

u  eu  primeir'  oí  d'ela  dizer 
que  morrera;  ca  poderá  perder 
vedes  qual  coita  per  morrer  logu'  i: 
a  coita  de  quantas  Deus  fez  mayor, 

20     en  que  eu  vivo  polo  seu  amor,  2420 

pêro  que  nunca  ben  d'ela  prendi. 

I  CB  207  (193)  —  2  mi  —  i  fax  —  b  Ihi  —  No  CA  ha  espaço 
em  branco  para  mais  uma  estrophe. 

II  Cantiga  de  maestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equioonsoantes:  abbacca.  —  Eimas  longas:  *(a^  eríb)  ór(c). 

Sei  dissi,  segundo  Colocci. 

IH  Habe  ich  den  Himmel  erzúrnt,  so  hat  er  mich  weidlich  gestraft: 
eine  vortreffliche  und  Uebreizende  Frau  hat  er  mir  gezeigt  und  bewirkt, 
dass  ich  sie  liber  alies  liebe,  und  nun  hat  er  sie  sterben  lassen,  mich  aber 
lâsst  er  (1) 

Auf  Erden  weiter  leben.  Zum  Unglúck  ward  ich  geboren,  da  ich  in 
einer  Welt  leben  muss,  wo  Gott  die  Macht  hat,  mich  ohne  sie  leben  zu 
lassen;  denn  eitel  Qual  muss  ich  nun  leiden,  da  ich  nicht  lânger  schauen 
kann,  die  ich  zu  meinem  Leide  sah  (2). 

Ein  Unglúck  war  es,  Freunde,  dass  ich  nicht  starb,  sobald  ich  von 
ihrem  Tode  vernahm;  denn  dadurch  wâre  ich  erlõst  gewesen  voa  der 
grõssten  aller  Qualen,  welche  Gott  sendet  und  in  der  ich  lebe,  obschon  jene 
mir  nimmer  Gunst  geschenkt  hat  (3). 


101. 

(Tr.  208). 

;Ay  mia  senhor  e  meu  lum'  e  meu  ben, 
per  bõa  fé,  verdade  vus  direi! 
E  senhor,  nunca  vus  eu  mentirei, 
f.25i=c2)c  ca  VUS  quero  mui  ||  melhor  d'outra  ren!  2425 

5     Non  me  dê  Deus  de  vos  ben,  nen  de  si, 
se  nunca  tan  fremosa  dona  vi 
come  vos,  e  confonda-me  por  6n! 

E  mia  senhor  e  meu  lura'  e  meu  ben, 
pêro  que  m'eu  muitas  terras  andei,  24.30 

nunca  i  tan  fremosa  don(a)  achei 
come  vos,  por  que  me  muito  mal  ven; 
e  fez-vus  Deus  nacer  por  mal  do  mi, 
senhor  fremosa,  ca  per  vos  perdi 
Deus  e  amigos  e  esforç'  e  sen.  2435 

15  Ca  nunca  eno  mundo  pud'  achar, 

des  quando  me  vus  Deus  fez[o]  veer, 
dona  que  me  fezess'  escaecer 
vos,  a  que  Deus  no  mundo  non  fez  par, 
ca  vus  fez  de  todo  ben  sabedor;  2440 

20     e  se  non.  Deus  non  me  dê  voss'  amor, 
nen  vosso  ben  que  me  faz  desejar. 

I  CB  208  (194)  —  1  lume  —  5  mi  —  cofonda  mi  —  11  per  mi  — 

15  eu  no  m.  —  16  mi.     Ambos  os  códices  andam  falhos  do  uma  syllaba. 

—  17.  20  e  21  mi  —  22  que  non  quero  i  achar  —   23  se  vo-lo  eu  vin 
d.  —  24  euid'  aver  —  31  guisa. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  pareadas:  abbacca.   —   Rimas  longas:  m(a)   ei^)  ii*^)  no 
grupo  P;  ar(a)  er(*»)  ôr(c)  no  IP.  —  A  fiinda,  que  teve  outr'  ora  musica 

14 


—     210     — 

E  mal  m'ach'eu  (que  non  querri'  achar) 
de  toda  ren,  se  vo-T-eu  vin  dizer 
por  ben  que  nunca  de  vos  coid'  aver,  2445 

25     nen  ar  digo  por  vus  prazentear, 
mais  porque  dig'  a  verdade,  senhor, 
ca  vus  vejo  parecer  mui  melhor 
das  outras  donas  e  melhor  falar. 

E  tod'  aquesto  por  mal  de  min  6,  2450 

30     ca  morrerei  cedo,  per  bõa  fé, 

por  vos,  ca  me  veg'  én  de  guis'  andar.  |[ 

própria,    tem  as  rimas  é  é  ar,  i.  é  uma   nova,    e  outra  que  responde   á 
estrophe  final  (diía2).    Qs  versos  iniciaes  do  primeiro  par  toem  rima  idêntica: 
meu  lum'  e  meu  bem;  bem  assim  como  as  do  2"  (achar). 
Ad  2  e  congedo,  segundo  Colocai. 

in  Ach  Herrín,  meine  Sonne  und  mein  hõchstes  Gut,  ich  will  Euch, 
traun,  die  Wahrheit  bekennen  und  Euch.  nimmer  verhehlen,  dass  ich  Euch 
úber  alies  liebe:  wenn  Ihr  nicht  die  Schõnste  seid,  die  ich  je  gesehen,  so 
strafe  mich  Gott  und  sei  mir  nimmer  gnâdig  (1). 

Ja  Herrin,  meine  Sonne  und  mein  hõchstes  Gut,  obwohl  ich  viele 
Lande  durchwandert  habe,  sah  ich  niemals  eine  so  schõne  Frau,  wie  Ihr 
seid,  die  Ihr  mir  soviel  Schmerz  bereitet.  Zu  meinem  Leide  schuf  Euch 
der  Himmel,  denn  um  Euretwillen  verlor  ich  Gott,  Freundo,  Kraft  und 
Besinnung  (2). 

Denn  auf  der  ganzen  "Welt  fand  ich  keine,  um  die  ich  Euer  ver- 
gessen  hâtte ,  da  Ihr  ohne  Gleichen  seid.  So  Ihr  nicht  aller  Giite  Inbegriff 
seid,  mõge  mir  der  Herr  Eure  Liebe  und  Eure  Gunst,  nach  der  ich  mich 
sehne,  versagen  (3). 

Ubel  aber  ergehe  es  mir  (dem  es  nicht  so  ergehen  sollte)  in  allen 
Dingen,  so  ich  davon  rede,  weil  ich  Euch  etwa  dadurch  erweichen  mõchte, 
oder  aus  Schmeichelei.  Wahrheit  rede  ich,  weil  ich  sehe,  dass  Ihr  in  Wahr- 
heit  holder  ausseht  und  holder  sprecht  ais  alie  iibrigen  (4). 

Das  alies  aber  gereicht  zu  meinem  Schaden :  denn  in  kurzem  werde  ich 
sterben;  und  schon  jetzt  sehe  ich  danach  aus  (I). 

IV  A  nota  marginal  fiinda,  da  mão  e  lettra  do  copista,  accompanha, 
como  em  o  No.  95,  o  remate  que  teve  outr'  ora  musica  nova. 


f.   25    (: 


102. 

(Tr.  209). 

y  eu  coitad(o)!  e  qiiand'  acharei  quen 
me  dê  conselho  como  possa  ir 
a  iin  logar  ii  eu  querria  ir?  2455 

E  non  posso!  nen  ar  poss'  achar  quen 
me  dê  conselho  como  possa  ir 
veê-la  dona  que  por  meu  mal  vi 
mais  fremosa  de  quantas  donas  vi, 

E  por  que  moiro,  querendo -lhe  ben;  2460 

ca  tan  fremosa  dona  nunca  fez 
10     Nostro  Senhor  de  quantas  donas  fez, 
nen  tan  comprida  de  tod'  outro  ben! 
Por  esta  moiro,  que  Deus  atai  fez, 
e  non  lh'o  disse,  se  me  valha  Deus!  2465 

Ca  non  ousei,  assi  me  valha  Deus! 

15  Ca  me  quis  ante  mia  coita  'ndurar 

ca  me  perder  con  tan  bõa  senhor 

a  que  deu  tanto  ben  Nostro  Senhor, 

e  quero  m'ante  mia  coita  'ndurar!  2470 

Mais  rogarei  tanto  Nostro  Senhor 
20     que  el  me  lev'  u  a  possa  veer; 

ca  muit'  á  ja  que  non  pude  veer 


I  €B  209  (195)  e  210  (196)  —  2  e  õ  mi  —  3  queria  —  8  l/d  — 
13  dixi  —  14  mi  —  15  Ca  tni  quig'  ante  mia  coita  endiirar  —  18  mi 
ante  m.  coita  endurar  —  20  leve  —  ca  non  ous'  ir  u  a  possa  veer  — 
22  nenhun  —  27  veerei  —  29  no?i  mi  dê  d'ela  deus  —  33  Se  os  viren 
veeran  g.  p. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  4x2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  p areadas  de  um  feitio  muito  especial:  em  lugar  de 
consoantes  ha  rimas  idênticas;  entre  as  três  palavras  rimantes  da  estrophe  1" 
(resp.  da  3*)  apenas  uma  encontra  correspondência  na  2"-  (resp.  á  4"');  e  só 
nas  quattro  fiindas,  que  estão  ligadas  ao  ultimo  verso  das  diíferentes  coplas, 
é  que  o  eco  da  rima  se  faz  ouvir:  abbabcc  :  ce.  —  Rimas  longas: 
quenW  irW  vii*^)  na  1*  estancia,  á  qual  a  1"  fiinda  responde  duas  vezes 
com  (as)si\  ôew(»)  /ex.C')  deusi^)  na  2%  com  a  resposta  seus\  endurar  (i^) 
senhoria)  veeri*^)  na  3%  com  a  resposta  praxer;  logar i»)  non^)  mali^)  na 
4*,  com  a  resposta  vai. 

III  Wann  vverdo  ich  Ãrmster  denjenigen  finden,  dermirriit,  wie  ich 
an  die  Stâtte  gelange,   wo  ich  weilen  mõchto  und  doch  nicht  sein  kann? 

14* 


—     212    — 

Niun  prazer,  ca  non  fui  a  logar 
u  a  eu  viss',  e  por  aquesto  non  2475 

vi  nunca  mais  prazer,  nen  ja  mais  non 
25      mi -ar  veerei,  se  non  for'  a  logar 
u  veja  ela;  ca  sei  eu  que  non 
verei  prazer  e  sempr'  averei  mal, 
se  non  vir'  ela  que  vi  por  meu  mal!  2480 

f  2élL6%a       i -^  meus  amigos,  se  non  est  assi, 
30     non  me  dê  Deus  d'e]a  ben,  nen'de  si! 

E  se  non,  leve  Deus  u  son  os  seus 
estes  meus  olhos,  que  vejan  os  seus! 

E  se  os  viren,  veran  gran  prazer,  2485 

ca  muit'  á  que  non  viron  gran  prazer! 

35  Leve -os  Deus  cedo,  que  pod'  e  vai, 

u  veeran  ela  que  tan  muito  vai! 

Ich  finde  ihn  nicht,  der  mich  lehrte,  wie  ich  dazu  gelangen  kann,  die  Danie 
zu  sehen,  jene  schiinste  aller  Frauen,  die  ich  zu  meinem  Leide  erblickte  (1) 

Und  um  derentwillen  ich  vor  Liebe  sterbe,  da  keine  liebreizendere 
Tind  keine  zu  aliem  Guten  willigere  lebt.  Um  ihretwillen  sterbe  ich;  doch 
sage  ich  es  nicht,  so  wahr  mir  Gott  helfe,  weil  ich  es  nicht  wage,  so  wahr 
mir  Gott  helfe  (2). 

Lieber  will  ich  meine  Qual  ertragen,  ais  bei  einer  so  guten  Herrin, 
die  der  Herr  so  herrlich  ausgestattet  hat,  in  Ungnade  fallen.  Zu  Gott  dem 
Herrn  wili  ich  beten,  dass  er  mich  dahin  fuhrt,  wo  ich  sie  schauen  kann, 
da  ich  solange  nicht  geschaut  habe  (3) 

Irgend  welche  Lust,  weil  ich  nicht  an  dem  Platze  weilte,  wo  ich  jene 
hatte  sehen  kõnnen.  Deshalb  sah  ich  nichts  Liebliches ,  und  werde  es  auch 
nicht  sehen,  falis  ich  nicht  an  den  Platz  gehe,  wo  ich  sie  erblicken 
kann,  die  ich  zu  meinem  Leide  erblickt  habe  (4). 

Ist  es  nicht  also,  Freunde,  so  strafe  mich  der  Herr  (I). 

Anderenfalls  aber  fiihre  er  meine  Augen  dahin,  wo  sie  sich  in  den 
ihren  spiegeLn  kõnnen  (II). 

Dann  werden  sie  Holdes  schauen ,  das  sie  solange  nicht  geschaut  (III). 

Der  Allmâchtige  mõge  sie  bald  dorthin  fúhren,  wo  sie  die  Vielmach- 
tige  sehen  werden  (IV). 

IV  As  quattro  fiindas  tiveram  outr'  ora  som  próprio.  Á  margem 
do  CÁ  ha  quattro  chamadas  relativas  a  esta  particularidade.  —  Colocci  (ou 
o  seu  amanuense)  juntou  as  fiindas  em  uma  estancia  de  oito  versos,  nu- 
merando-a,  e  aanotando-a  depois,  como  so  fosse  cantiga  independente  de  una 
stanxa.  —  Cfr.  Diez  p.  71. 


103. 

(Tr.  210). 

'.Que  muit'  á  ja  que  a  terra  non  vi 
ju  est  a  mui  fremosa  mia  senhor,  2490 

de  que  m'eu  trist'  e  chorando  parti 
f.  26  (==  G3)b  e  muit'  II  anvídos  e  mui  sen  sabor, 
õ     porque  me  disse  que  me  partiss'  én 
a  mia  senhor  e  meu  lum'  e  meu  ben, 
mais  fremosa  das  donas  que  eu  vi!  2495 

E  meus  amigos,  por  meu  mal  a  vi 
das  outras  donas  parecer  melhor, 
e  fez  mi -a  Deus  veer  por  mal  de  mi, 
meus  amigos;  ca,  de  pran,  na  mayor 
coita  do  mundo  viv'  oge  por  cn,  2500 

como  querer-lhe  melhor  d'outra  ren, 
e  non  a  vej',  amigos,  u  a  vi. 


10 


I  €B  211  (197)  —  5  mi  —  partisse  —  6  0  CA  traz  erradamente  ay 
mia  senhor  —  11 — 12  a  mayor  coita  do  mundo  vi  oje  porên  —  13  Ihi  — 

14  Ambos  os  códices  tèem  vef.  —  Parece -me  todavia  que  ver  seria  melhor  — 

15  primeiro  —  16  valera  —  18  se  deus  mi  perdon  —  20  m,i. 

Ainda  aqui,  como  em  tantas  outras  occasiões,  ha  espaço  em  branco 
para  mais  uma  estrophe. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabosjam bicos.  — 
As  primeiras  duas  estrophes  formam  par;  a  3*  está  desirmanada.  Cfr.  os 
Nos.  1.  31.  36.  84.  93.  —  Todas  as  três  são  redondas,  por  fecharem  com 
a  mesma  rima,  pela  qual  principiaram:  ababcca.  —  Rimas  longas:  iW 
orC»)  éw(c)  nas  duas  pareadas;  cr  (a)  ôn(b)  e*(«)  na  última  copla. 

Colocci  empregou  esta  vez  as  palavras  due  simile  et  una  no  para 
caracterizar  o  género.. 

III  "Wie  lange  schon  habe  ich  den  Ort  nicht  betreten,  wo  meine  holdo 
Herriu  weilt,  von  der  ich  mich  triibe  und  weinend,  gegen  meinen  Willen, 
und  ohno  Lust  trennte,  woil  sie,  meine  Sonne  und  meiu  hôchstes  Gut,  es 
mir  anbefahl  (1). 


—     214     — 

15  Mais  u  mi -a  Deus  prime[^]t*o  fez  veer 

mais  me  valvera  de  morrer  entoii, 

pois  que  mi- a  Deus  tan  gran  ben  fez  querer   2505 

que  ben  mil  vezes  —  jsi  Deus  me  perdon!  — 

esmoresco  no  dia,  que  non  sei 
20     que  me  faço,  nen  que  digo:  tant'  ei, 

amigos,  gran  coita  pola  veer! 

Merkt,  Freunde,  dass  ich  sie  zu  meinem  Leide  schõner  sah  ais  alie 
úbrjgen  Frauen;  zu  meinem  Leide  zeigte  Gott  sie  mir;  iii  hõchster  Not  lebe 
icli  seither,  denn  hõchste  Not  ist  es,  sie  íiber  alies  lieb  zu  haben  und  sie 
doc^i  nicht  zu  sehen  (2). 

Besser  wâre  es  gewesen,  ich  wàre  gestorben,  ais  ich  sie  erblickte. 
Denu  so  furchtbar  ist  meiae  Qual,  dass  mir  an  die  tausondraal  tâglich  die 
Besjnnung  schwindet,  so  wahr  mir  Gott  helfe!  (3) 

IV  A  palavra  ^^outra'-\  lançada  á  margem  do  CA,  servia  de  marco 
diviporio  entre  a  musica  dos  oito  versos  finaes  da  cantiga  antecedente,  e 
a  d'esta  poesia. 


104. 

(Tr.  211). 

rõâna,  dix'eu,  Sancha  e  Maria  2510 

en  meu  cantar  con  gran  coita  d'amor, 
f.  26  (=  G3)c  e  pêro  ||  non  dixe  por  qual  morria 

de  todas  três,  nen  qual  quero  melhor, 
5     nen  qual  me  faz  por  si  o  sen  perder, 

nen  qual  me  faz  ora  por  si  morrer,  2515 

de  Joana,  de  Sancha,  de  Maria. 

Tant'  ouve  medo  que  lhe  pesaria 
que  non  dixe  qual  era  mia  senhor 
10     de  todas  três,  nen  a  por  que  morria, 

nen  a  que  eu  vi  parecer  melhor  2520 

:de  quantas  donas  vi,  e  mais  valer 
en  todo  ben!  Non -a  quige  dizer: 
tant'  ouve  medo  que  lhe  pesaria! 

15  E  pêro  mais  tolher  non  me  podia 

do  que  me  tolhe,  pêro  m'ei  pavor!  2525 

Tolhe -mi -o  corpo  que  ja  nunca  dia 

este,  nen  noite,  que  aja  sabor 

de  min,  nen  d'al  que  mi-á  mais  tolher; 

20     nen  veg'  ela  que  moiro  por  veer, 

que  est  o  mais  que  me  tolher  podia.  2530 

I  €B  212  (198)  —  3  dixi  —  4  {nen  a  qual)  —  5  falta  —  6  mi 

—  1  e  de  Maria  —  8  ouvi  —  Ihi  —  9  dixi  —  13  nona  quigi  —  14  ouvi 

—  Ihi  —  17  tolhe  m'o  corpo  —  18  est  —  19  que  mi-á  mais  a  tolher  — 
20  non  vef  ela  (que  moira  p.  v.)  —  21  queria  —  24  coita  do  mundo  ben 
des  aquel  dia  —  25  ouvi  —  28  confonda  —  29  mi  —  30  de  rogar  a 
deus  e  fez  mi  perder  —  31  que  anfeu  avia. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  equiconsoantes  e  redondas:  ababcca.  —  Rimas  breves 
e  longas:  «a(»)  ôrO>}  eríc).    A  fiinda  tem:  cca. 


—     216     ~ 

E  por  aquest'  eu  viver  non  querria, 
per  boa  fó,  ca  vivo  na  mayor 
coita  do  mundo  des  aquele  dia 
25      que  a  non  vi,  ca  non  ouve  sabor 

de  min  nen  d'al,  nen  vi  nunca  prazer.  2535 

E  pois  me  veg'  en  tal  coita  viver, 
[Deus  me  cofonda,  se  viver  querria! 

Ca  esta  dona  me  tolheu  poder 
(J:63)d  ^^     ^^  ro ligar  Deus,  e  fezo-me  perder 

pavor  de  morte  que  ante  avia.  2540 

Quanto  ao  assumpto,  Colocci  resumiu -o  na  formula:  tripliei  corectus 
(sic.  correptus?)  amore^  com  relação  á  linguagem  memorou  que  todas  três 
equivale  a  tutte  et  tre;  e  quanto  á  forma,  temos  primeiro  a  nota  sei  dis.  o 
cõgedo  e  depois,  ao  pé  da  fiinda:  spiccato  da  lult. 

III  AVohl  habe  ich  Joana,  Sancha  und  Maria  aus  Liebesnot  in  meinem 
Liede  bei  Namen  genannt,  doch  habe  ich  nicht  verraten,  um  welcho  von 
den  dreien  ich  sterbe,  noch  welche  ich  am  heissesten  liebe,  noch  welche 
mir  die  Besinnung  raubt,  ob  Joana,  ob  Sancha,  oder  Maria  (1). 

So  sehr  fúrchtete  ich ,  sie  zu  erziirnen ,  dass  ich  nicht  verraten  mochte, 
welche  von  den  dreien  die  Herrin  ist,  um  derentwillen  ich  sterbe,  die 
schônste  von  allen  Frauen  und  die  tugendhaf teste.  Nein,  ich  wollte  sie 
nicht  nennen,  so  sehr  fúrchtete  ich,  sie  zu  erzúrnen  (2). 

Furcht  hegte  ich,  obgleich  sie  mir  nicht  mehr  rauben  kann,  ais  sie 
mir  geraubt:  des  Leibes  "Wohlbehagen,  so  dass  ich  weder  bei  Tago  noch  bei 
Nacht  an  mir  selbst  oder  an  anderem  Gefallen  finde.  Was  mehr  kõnnte  sie 
mir  rauben,  da  sie  mir  ihren  Anblick  nicht  gewâhrt,  der  das  kõstlichste 
wâre,  das  sie  mir  rauben  kõnnte  (3)? 

Darum  mochte  ich,  traun,  nicht  langer  leben,  weil  ich  in  arger  Pein 
lebe,  seit  ich  sie  nicht  mehr  sehe;  denn  von  da  an  babo  ich  keine  Lust 
mehr  empfunden,  weder  an  mir,  noch  an  anderem.  Gott  verdamme  mich, 
so  ich  in  solcher  Not  noch  weiter  leben  mochte!  (4) 

Um  ihretwillen  habe  ich  sogar  das  Beten  verlernt  und  die  Todesfurcht 
eingebiisst,  die  ich  friiher  empfand  (I). 

lY  O  commentador  do  CÁ  achou  esta  cantiga  muito  boa;  não  sem  razão. 
—  O  escrevente  pôs  á  margem  a  chamada  fijda,  que  costuma  accompanhar 
aquellas  que  tinham  melodia  sua  no  oiúginal. 


10 


15 


20 


105. 

(Tr.  212). 

Ora  vej'eu  que  fiz  mui  gran  folia 
e  que  perdi  ali  todo  meu  sen, 
iporquo  dixe  ca  queria  gran  ben 

Joan'  ou  Sancha,  que  dix',  ou  Maria. 
Ca  por  aquesto  que  eu  dix(e)  ali, 
me  soube  log'  úa  dona  des  i 
d'aquestas  três,  que  por  ela  dizia. 

E  por  quant'  eu  esto  dixe,  devia 
mort'  a  prender,  per  bõa  fó,  por  én 
porque  dixe  ca  queria  gran  ben 

Joan'  ou  Sancha,  que  dix',  ou  Maria. 
Ca  por  aquesto  que  eu  fui  dizer 
mi-ouv'  o  gran  ben  que  lhe  quer(o)  a  saber 
esta  dona  que  ante  non  sabia. 

Ca  non  soubera  que  lhe  ben  queria 
esta  dona,  se  non  por  meu  mal- sen, 
porque  dixe  que  queria  gran  ben 

Joan'  ou  Sancha,  que  dix',  ou  Maria: 
e  des  que  soub'  esta  dona  por  mi 
ca  lhe  queria  ben,  sempre  des  i 
me  quis  gran  mal,  mayor  non  poderia. 


2545 


2550 


2555 


2560 


I  CB  213  (199)  —  2  falta  —  3  dixi  —  4.  11.  18  e  25  Joana  — 
4.  8.  10.  17  e  24  dixi  —  5  dix'ali  —  6  mi-o  soube  —  13  m'ouve  o  g. 
b.  q.  lh'eu  quer'a  s.   —   15.  20  e  22  Ihi. 

II  Cantiga  do  meestria:  4x7.—  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equicousoantes:  âbbticca,  com  um  verso  idêntico  no  meio  de 
todas  as  estrophes.  —  Rimas  breves  e  longas:  *»(«)  en^)  «ic). 


—     218     — 

f  %^(L%'é)a       i  ^^^  ^^^  ^^^^  ^^^  ^^®  ^^^  ^^^^  todavia, 
des  que  a  vi,  que  me  soube  por  én 
porque  dixe  ca  queria  gran  ben 
25  Joan'  ou  Sancha,  que  dix',  ou  Maria.  2565 

E  des  que  ouv'  esta  dona  poder 
do  mui  gran  ben  que  ]h'eu  quero  saber, 
nunca  mi -ar  quis  veer  des  aquel  dia. 

Colocci  annotou:  simile  (i.  é  quanto  á  construcção  métrica)  et  simil 
materia\  sêxa  tornei. 

III  Nunmehr  erkenne  ich,  dass  ich  eine  arge  Thorheit  beging  und 
alies  Verstandes  bar  war,  ais  ich  aussprach,  ich  liebte  Joana,  Sancha  oder 
Maria.  Denn  aus  dem,  was  ich  gesagt,  hat  eine  der  drei  Frauen  entnom- 
men,  dass  ich  sie  meinte  (1). 

Um  jenor  meiner  "Worte  willen,  weil  ich  gesagt,  ich  liebte  Joana, 
Sancha  oder  Maria,  verdiene  ich,  traun,  den  Tod.  Denn  dadurch  erfuhr 
sie,  was  sie  friiher  nicht  gewusst,  nâmlich  dass  ich  sie  herzlich  liebe  (2). 

Ohne  meine  Narrheit,  wenn  ich  nicht  verraten  hatte,  ich  liebte  Joana, 
Sancha  oder  Maria,  so  hâtte  jene  nicht  erfahren,  dass  ich  ihr  gut  bin. 
Nun  sie  aber  darum  weiss,  zíirnt  sie  iiber  alie  Massen  (3) 

AVeil  ich  ihr  so  zugethan  bin  immerdar,  seit  ich  sie  kenne,  wovon 
sie  erfahren  dadurch,  dass  ich  bekannte,  ich  liebte  Joana,  Sancha  oder 
Maria.  Seit  sie  dia  Mõglichkeit  hatte,  darum  zu  wissen,  dass  ich  sie  liebte, 
hat  sie  mich  nimmer  wieder  sehen  woUen  (4). 

IV  E  continuação  da  Cantiga  anterior. 


106. 

(Tr.  213). 

Que  muitos  que  mi  andan  preguntando 
qual  est  a  dona  que  quero  gran  b*en!  2570 

(iSe  ó  Joana?  se  Sancha?  se  quen? 
se  Maria?  mais  eu  tan  coitad'  ando, 
5      cuidand(o)  en  iia  d'estas  três  que  vi 
polo  meu  mal,  que  sol  non  lhes  tom'  i 
nen  lhes  falo,  se  non  de  quand'en  quando.       2575 

E  vou-me  d'ontr'  as  gentes  alongando 
por  tal  que  me  non  pregunten  por  én, 
10     per  bõa  fé,  ca  non  por  outra  ren; 
e  van-m'  elas  a  meu  pesar  chamando 
e  preguntando -m',  a  pesar  de  mi,  2580 

qual  est  a  dona  que  me  faz  assi 
por  si  andar  en  gran  coita  'n  que  ando. 

E  faço -me  d'elas  maravilhado, 
^pois  m'i  non  an  conselho  de  põer 
por  quê  morren  tan  muito  por  saber  2585 

a  dona  por  que  eu  ando  coitado? 
II  Non  lhe'- la  digo  por  esta  razon: 
ca  por  dizer-la  ;si  Deus  me  perdon! 
non  me  porran  conselho,  mal-pecado! 

I  CB  214  (200)  e  215  (200"^)  —  4  O  CA  tem  coitand'  ando,  por 
lapso  de  penna  —  6  e  7  Ihis  —  8  d'outras  —  Também  no  CA  o  escrevente 
metteu  primeiro  m,  emendando -o  em  seguida  para  n  —  12  me  a  pesar  de 
min  —  15  As  estroplies  3  e  4  estão  invertidas  no  CB  —  e  faço  m'eu 
d' eles  ineravilhado  —  16  2>o^s  me  non  —  20  dixer-lh'a,  se  d.  me  p.  — 
25  por  —  26  Ambos  os  códices  têem  castigar ssen,  lição  que  não  compre- 
hendo.  Talvez:  Castiyassen  pêro  s.  c.  —  29  As  fiindas  apparecem  repe- 
tidas no  CB;  ambas  as  vezes  em  forma  de  estrophe  de  seis  versos:  a  1*^ 
vez  como  fazendo  parte  da  cantiga  200;  a  segunda  como  se  fosse  um 
cantar  independente.  —  29**  Os  que  me  van  mui  g.  p.  d.  —  30'^  lliis  — 
31*  e  ''  mi  —  33*  deus  lo   —  34"  d'outren  —  34^  perguntado. 


15 


'.  27  (=  64)h 

20 


—     220     — 

Porón  tod'  ome  devi(a)  acordado,  2590 

que  sen  ouvesse,  d'aquest'  a  seer, 
de  nunca  ir  tal  pregunta  fazer; 
25      ca  per  pouqu'  én  seria  castigado. 
Castigado  pelo  seu  coraçon, 

qual  pêra  si  non  quisesse,  que  non  2595 

dissess(e)  a  outre  nunca  per  seu  grado. 

E  elas  van  me  gran  pesar  dizer, 
30     no  que  lhes  nunca  prol  non  á  d'aver, 
por  que  destorvan  min  de  meu  coidado; 

Mai'-lo  que  vai  tal  pregunta  fazer,  2600 

iDeu'-lo  leixe  mollier  gran  ben  querer 
e  que  ar  seja  d'outre  preguntado! 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  2x3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  breves  o  longas: 
andoi^)  é?iW  *(c)  no  grupo  P;  adoi»)  êri^)  oni*^)  no  grupo  11°.  Ambas  as 
fiindas  estão  ligadas  ao  ultimo  grupo  pelas  rimas  ado  o  êr:  bba. 

Colocci  repete :  simel  matéria  e  símile^  pensando  no  assumpto  e  na  forma. 

III  Gar  viele  fragen  mich,  wer  die  Dame  ist,  die  ich  liebe?  ob  Joana, 
Sancha  odor  Maria?  So  sehr  bin  ich  jedoch  in  Bekummernis  versunken, 
einer  jener  drei  gedenkend,  dass  ich  garnichts  darauf  erwidere  oder  hõchst 
selten  zu  anderen  rede  (1). 

Von  Menschen  halte  ich  mich  fern,  traun,  einzig  und  allein,  damit 
sie  mein  Geheimnis  nicht  auskundschaften ;  doch  vorfolgen  sie  mich,  zu 
meinem  Leide,  mit  ihrem  Gefrage  nach  der  Geliebten,  die  mich  in  solche 
Pein  versetzt  (2). 

Ich  aber  thue,  ais  verstande  ich  nicht,  warum  sie  so  lebhaft  wiin- 
schen,  die  Dame  zu  kennen,  um  die  ich  so  bekiimmert  bin ,  da  keiner  von 
hnen  mir  Eat  schaífen  kann.  Zu  schweigen  wiihle  ich,  da,  leider  Gottes, 
niemand  mir  raten  kann,  nenne  ich  sie  ihm  (3). 

Jeder  Verstândige  aber  soUfce  es  sich  wohl  úberlegen ,  ohe  er  derartige 
Tragen  thut;  dann  wiirde  sein  Gewissen  ihn  leichtlich  davon  abbringen,  ihm 
zuraunend,  er  solle  anderen  niemals  freiwillig  anthun,  was  or  fíir  sich  selbst 
nicht  mochte  (4). 

Die  Menschen  ârgern  mich  mit  ihren  Eeden,  die  ihnen  nichts  niitzen. 
Mich  aber  stõren  sie  in  meinem  Schmerze  (I). 

Jedem  Frager  aber  lege  Gott,  ais  Strafe,  Liebe  ins  Herz  und  schicke 
ihm  dann  Fragende  auf  don  Hals  (11). 

IV  Ha  novamente  a  chamada  fiida  para  cada  uma  das  tornadas,  visto 
que  ellas  tinham  novo  som. 


107. 
(Tr.  214). 

Ora  veg'  eu  que  xe  pode  fazer 
Nostro  Senhor  quanto  xe  fazer  quer, 
pois  me  tan  bõa  dona  fez  morrer 
f.27  i=Gi)c  II  e  mi -ora  fez  veer  outra  molher, 
5     per  bõa  fó,  que  amo  mais  ca  mi! 
E  nunca  me  Deus  valha,  poi'-la  vi, 
se  me  non  fez  tod'  ai  escaecer! 

Tanto  a  vi  fremoso  parecer 
e  fremoso  falar  que  sol  mester 
10     non  m'ouvera  per  ren  de  a  veer; 
e  se  vus  eu  verdade  non  disser', 
non  me  dê  Deus  d'ela  ben  nen  de  si, 
ca  nunca  tan  fremosa  dona  vi 
de  quantas  donas  pude  conhecer. 

15  E  por  a  tal  coido  sempr'  a  viver 

en  grave  coita,  mentr'eu  vivo  for'; 
ca  me  fez  ela  mui  gran  coit'  aver, 
de  que  jamais  non.  será  sabedor 
nunca  per  min-,  ca  eu  non  lh'a  direi, 

20     jmal-pecado!  nen  amigo  non  ei 

que  lh'a  nunca  por  min  queira  dizer. 


2605 


2610 


2615 


2620 


I 


I  €B  216  (201)  —  2  £c*  —  5  min  —  1  mi  —   12  mi  —   14  pudi 

—  15  ÍJ  por  tal  cuido  sempre  [a]  viver  —  11  me  fax  ela  mui  gran 
coita  aver  —  19  mi  —  Ih' o  —  21  Ih' o  —  29  dissess'  algticn  —  30  cuido. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  pareadas,  com  uma  rima  em  commum  a  todas  as  estrophes 
e  á  fiinda:  ababcca :  dda.  —  Rimas  breves:  crW  erO*)  i(c)  no  grupo  P; 
er(»)  ôr(^)  e«(c)  no  IP;  ew(<í)  êr  no  remate. 

Ad  2.  —  congedo^  observa  Colocci. 


—     222     — 

Ca  me  non  poss(o)  oj'  amigo  saber 
(nen  mi- o  quis  nunca  dar  Nostro  Senhor)         2625 
tal  que  por  min  lhe  fezess'  entender 
25      com'  oge  moiro  polo  seu  amor; 
e  pois  que  eu  tal  amigo  non  ei, 
morrer  poss'eu,  mais  nunca  lh'o  direi, 
pêro  me  vejo  por  ela  morrer.  2630 

Pêro  se  lh'o  por  min  disse[ss']  alguen, 
30     ben  coido  d'ela  que  non  desse  ren 
nen  por  mia  morte,  nen  por  eu  viver. 

III  Jetzt  weiss  ich  es,  dass  Gott  der  Herr  vermag,  was  er  will:  die 
Geliebte  hat  er  mir  getõtet  und  mir  dann  Neigung  zu  einer  anderen  ein- 
geflõsst,  die  ich  mehr  ais  mich  selbst  liebe  und  iiber  die  ich  alies  úbrige 
vergesse,  so  wahr  mir  der  Himmel  helfe  (1). 

Sie  blickt  so  hold  und  spricht  so  schõn,  dass  man  sie  garnicht  zu 
sehen  braucht,  um  sie  zu  lieben:  ich  schwõre  es,  dass  ich  von  keiner  herr- 
licheren  weiss  (2). 

Um  sie  werde  ich  mein  Lebelang  in  Not  und  Bekummernis  verbleiben. 
Doch  wird  sie  es  durch  mich  nie  erfahren,  und  leider  habe  ich  keinen 
Freund,  der  in  meinem  Namen  zu  ihr  spriiche  (3). 

Keinen  Freund  weiss  ich  mir,  und  keinen  hat  mir  Gott  der  Herr 
geben  woUen,  durch  den  ich  ihr  zu  wissen  geben  kõnnte,  wie  ich  aus  Liebe 
zu  ihr  ersterbe.  Und  da  ich  ihn  nicht  besitze,  so  werde  ich  denn  wohl 
sterben,  ohne  dass  sie  von  meinem  Leiden  hõre  (4). 

Offenbarte  es  ihr  aber  auch  jemand,  es  wiirde  ihr  wohl  gleiohgiltig 
sein,  ob  ich  lebe  oder  sterbe  (I). 

IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  o  seu  som  próprio.  A  nota  respectiva 
marginal  falta,  comtudo. 


108. 

(Tr.  215). 

f.  27  (=  64)d  II  Non  mo  poss'  eu,  mia  senhor,  defender 

que  me  non  mate  ced'  o  vosso  amor,  2635 

se  m'eu  de  vos  partir',  ay  mia  senhor, 
pois  mi -aqui  ven  ante  vos  cometer:    ^' 
5  Ca  pois  mi -Amor  ante  vos  quer  matar, 

matar-xe-mi-á,  se  me  sen  vos  achar'. 

E  mia  senhor,  ai  vus  quero  dizer  2640 

de  que  sejades  ende  sabedor: 
non  provarei  eu,  mentr'eu  vivo  for', 
10      de  lhe  fogir,  ca  non  ei  6n  poder: 

Ca  pois  mi-Amor  ante  vos  quer  matar, 
matar-xe-mi-á,  se  me  sen  vos  achar'.     2645 

Pois  mi -ante  vos  en  tan  gran  coita  ten, 
e  me  tolheu,  mia  senhor,  o  dormir, 
15      non  quer'  eu  ja  provar  de  me  partir 
d'u  fordes  vos,  ca  faria  mal -sen: 

Ca  pois  mi-Amor  ante  vos  quer  matar,   2650 
matar-xe-mi-á,  se  me  sen  vos  achar'. 


I  CB  217  (202)  —  2  cedo  v.  a.  —  4  m'aqui  —  6  matar -xe-m'á  — 
9  mentre  vivo  for  —  10  Ihi  —  {encV  o  poder)  —  14  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  As  primeiras  duas  coplas  formam  par;  a  S*"  está  desirmanada :  al)ba||CC. 

—  Rimas   breves:    ería)  ôríh)    no    grupo;  é«(a)  irO»)   na  ultima  copla; 
or(C)  no  refram. 

Colocci  diz  tornei..,  e  regista  o  vocábulo  ca  =  che. 

III  Dagegen,  dass  die  Liebe  zu  Euch  mich.  binnen  kurzem  tõte,  kann 
ich  mich  nicht  wehren,  falis  ich  von  Euch,  Goliebte,  scheiden  muss.  Da 
Amor  mich  in  Eurer  Gegenwart  anzugreifen  wagt  ||  und  mich  in  Eurer 
Gegenwart  zu  tõten  unternimmt,  wird  er  mich  sicherlich  tõten,  sobald  ich 
fern  von  Euch  weile  (1). 

Und  weiter  will  ich  Euch,  Herrin,  berichten,  damit  Ihr  darum  wisset: 
mein  Lebtag  werde  ich  es  nicht  versuchen,  ihm  zu  entfliehen;  dazu  fehlt 
es  mir  an  Macht,  1|  denn  da  Amor  mich  in  Eurer  Gegenwart  etc.  (2). 

Da  er  mich  in  Eurer  Gegenwart  plagt,  und  mir  den  Schlaf  geraubt 
hat,  will  ich  es  lieber  nicht  versuchen,  von  Euch  zu  scheiden;  eine  Thor- 
heit  wâre  es;  ||  denn  da  Amor  etc.  (3). 


109. 
(Tr.  216). 

Quantos  og'eu  con  amor  sandeus  sei, 
dizen  jsi  Deus  me  leixe  ben  aver! 
que  a  dona  lhes  fez  o  sen  perder 
r  ÍL  r  ^^r,^    melhor  de  quantas  11  oge  no  mund'  á.  2655 

f.  28  (=  6o)a  ,         ^  MO 

5     Se  verdad'  ó,  sei  eu  a  dona  ja: 

Ca  tal  dona  jsi  Deus  a  mi  perdon! 
non  á  no  mundo,  se  mia  senhor  non! 

Ainda  vus  outra  cousa  direi: 
a  todos  estes  eu  ouço  dizer  2660 

10     que  a  melho'-los  fez  ensandecer 
dona  do  mundo;  mais  se  verdad'  é, 
logu'eu  a  dona  sei,  per  boa  fé: 

Ca  tal  dona  ;si  Deus  a  mi  perdon! 

non  á  no  mundo,  se  mia  senhor  non!      2665 

15  Se  verdad'  é  que  eles,  por  atai 

dona  qual  dizen,  perderon-no  sen, 
pola  melhor  do  mund(o)  e  son  por  6n 
sandeus  e  non  an  d'outra  ren  sabor, 
non  son  sandeus  se  non  por  mia  senhor:  2670 

20  Ca  tal  dona  jsi  Deus  a  mi  perdon! 

non  á  no  mundo,  se  mia  senhor  non! 

I  CB  218  (203)  —  2.  13  e  20  se  d.  —  ^  Ihis  —  %  se  d.  —  10 
melhor  lhes  f.  e.  —  19  nen  son  sandeus. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (5  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  As  primeiras  duas  estrophes  representam  uma  espécie  nova  de  coplas 
pareadas;  a  3*  está  desirmanada.  Na  parelha  ha  duas  rimas  em  commum, 
e  outra  peculiar  a  cada  estrophe.  Em  todas  as  três  a  1*  é  uma  palavra 
perduda,  a  qual  na  desirmanada  equivale  a  um  verdadeiro  verso  solto: 
abbcc||DD.  —  Rimas  longas:  e«(al)  êrW  á(ci);  e*(a2)  èV(b2)  é(c2); 
a/(a3)  éw(»»3)  3r(c3);  oniC). 

Tornei,  conforme  Colocci. 

m  Alie  mir  Bekannten,  die  vor  Liebe  nârrisch  geworden  sind,  be- 
teuern,  so  wahr  mir  Gott  gnâdig  sei,  die  Dame,  welche  ihnen  den  Verstand 
geraubt  hat,  sei  die  herrlichste  auf  Erden.  Ist  das  aber  wahr,  so  kenne 
ich  ihre  Herzensdame.  ||  Denn  die  Herrlichste  auf  Erden  ist,  so  wahr  mir 
Gott  helfe,  einzig  und  allein  meine  Herrin!  (1.  2  e  3). 


110. 

(Tr.  217). 

Mentre  non  soube  por  min  mia  senhor, 
amigos,  ca  lhe  queria  gran  ben, 
de  a  veer  non  lhe  pesava  én;  2675 

nen  lhe  pesava  dizer-lhe  »senhor«; 
õ     mais  alguen  foi  que  lhe  disse  por  mi 
f.28(=G5)h  ca  lhe  queria  gran  ben,  ||  e  des  i 

me  quis  gran  mal,  e  non  mi -ar  quis  veer. 
jConfonda  Deu'- lo  que  lh'o  foi  dizer!  2680 

De  me  matar  fezera  mui  melhor 
10     quen  lhe  disse  ca  lh'eu  queria  ben; 

e  de  meu  mal  non  lhe  pesava  én; 

e  fezera  de  me  matar  melhor; 

ca,  meus  amigos,  des  que  a  non  vi,  2685 

desejo  morte,  que  sempre  temi, 
15      e  ei  tan  gran  coita  pola  veer 

qual  non  poss(o),  amigos,  nen  sei  dizer. 

I  CB  219  (204)  —  No  verso  5  substitui  min  por  mi^  e  no  21  a 
graphia  veg'  u  por  vef  u.  —  1  mi  —  2  Ih' eu  —  3  Ihi  pesaria  én  —  4. 
5  e  6  ZÃ*  —  5  mi  —  7  mfar  —  8  cofonda  deus  a  quen  lho  f.  d.  —  10 
quen  lho  disso  (?)  —  11  e  do  meu  mal  non  se  doía  én  —  16  poss' 
amigos  —  17  {E  esta)  —  18  morte  é  —  19  mui  ben  —  22  ous'  ir 
veé-la^  lição  que  me  parece  preferível.  Cfr.  verso  29.  —  se  deus  mi perdon 
—  2.Õ  —  26  Pêro  mi -as  casas  vef  e  o  logar  E  vef  as  terras  —  30 
muito  mia  morte  (ou:  mia  morfe)  mui  de  coraçon. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x8.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbaccdd,  com  a  peculiaridade  que  o  verso  4  repete 
a  palavra  rimante  da  l^  —  Rimas  longas:  ôr(a)  mC>)  *(c)  êrW  no 
grupo  1°;  e  ar(^)  eC»)  «?«(«)  «VW  no  IP. 

Ad  2,  segundo  Colocci,  que  lançou  á  margem  o  vocábulo  mentre. 

in  Solange,  o  Freunde,  meine  Herrin  durch  mich  nicht  erfahren 
hattc,  dass  ich  sie  licbe,  nahm  sie  koinon  Anstoss  daran,  dass  ich  sie  sah, 

15 


—     226     — 

A  esta  coita  nunca  eu  vi  par, 
ca  esta  coita  peor  ca  mort'  é;  2690 

e  por  én  sei  eu  ben,  per  bõa  fé, 
20      que  non  fez  Deus  a  esta  coita  par; 
ca  pêro  vej'  u  é  mia  senhor,  non 
ousei  veê'-la  jsi  Deus  me  perdon! 
e  non  poss'end'  o  coraçon  partir,  2695 

nen  os  olhos,  mais  non  ous'  alá  ir. 

25  E  quand'  a  terra  veg'  e  o  logar 

e  vej'  as  casas  u  mia  senhor  é, 

vedes  que  faç'  enton,  per  bõa  fé: 

pêro  mi -as  casas  veg'  e  o  logar,  2700 

non  ous'  ir  i,  e  peç'  a  Deus  enton 
30     mia  morte  muit'  e  mui  de  coraçon! 

e  choro  muit'!  e  ei  m'end  a  partir! 

e  non  vou  i,  nen  sei  pêra  u  ir! 

noch  zurnte  sie  dariiber,  dass  ich.  sie  „Herrin"  nannte.  Nun  aber  hat 
jemand  statt  meiner  verraten,  wie  ich  sie  Hebe,  und  sie  will  micb  nicht 
mehr  sehen.     Verdammt  sei  der  Verrãter  (1)! 

Viel  besser  wâre  es  gewesea,  getõtet  hátte  mich,  wer  iiir  gesagt  hat, 
ich  liebte  sie.  An  meinem  Schmerze  war  ihm  wenig  gelegen.  Wahrlich, 
er  hâtte  besser  daran  gethan,  mich  zu  tõten;  denn,  Freunde,  seit  ich  jene 
nicht  sehe,  ersehne  ich  den  Tod,  vor  dem  niir  friiher  graute;  sehe  ich  sie 
aber,  so  folgt  daraus  unsagbares  Leid  fiir  mich  (2). 

Niemals  sah  ich  ein  âhnliches  Leid ,  denn  es  ist  schlimmer  ais  der  Tod ; 
darum  weiss  ich  es,  traun,  dass  Gott  nie  ein  gleiches  geschaffen  hat.  Denn 
ist  mir  auch  bekannt,  wo  meine  Herrin  weilt,  so  wage  ich  doch  nicht, 
dorthin  zu  gehen,  kann  aber,  so  wahr  Gott  mir  verzeihen  mõge,  Herz  und 
Augen  nicht  von  der  Stàtte  fortwenden,  die  ich  mich  nicht  zu  betreten  er- 
kiihne  (3). 

Schaue  ich  den  Ort,  den  Platz  und  das  Haus,  in  dem  sie  sich  befindet, 
seht,  was  ich  dann  beginne!  Traun,  sehe  ich  das  Haus  und  den  Platz,  so 
wage  ich  nicht,  meine  Schritte  dorthin  zu  lenken.  Vielmehr  ílehe  ich  dann 
zu  Gott  so  recht  von  Herzen  um  meinen  Tod,  weine  und  wende  mich  von 
dannen,  ohne  zu  wissen  wohin  (4). 


X 


CANTIGAS 


111—113 


DE 


N   NUNES,   CAMANES. 


15* 


111. 

(Tr.  259). 

f  2p(=%7)a       ^^  ^^^1  senlior,  querria  eu  saber,  2705 

(pois  desejades  mia  mort'  a  veer, 
e  eu  non  rnoir^  e  querria  morrer) 

que  me  digades:  ^que  farei  eu  i? 

Con  mia  morte  me  seria  grau  ben, 
porque  sei  ca  vus  prazeria  én;  2710 

e  pois  non  moiro,  venh'  a  vos  por  én 
que  me  digades:  (^que  farei  eu  i? 

Por  mia  morte,  que  vus  vi  desejar, 
10     rogu'eu  a  Deus  sempr',  e  non  mi -a  quer  dar; 

e  venho  vus,  mia  senhor,  preguntar  2715 

que  me  digades:  (jque  farei  eu  i? 

Por  mia  morte  roguei  Deus  e  Amor, 
e  non  mi -a  dan,  por  me  fazer  peor 
15      estar  convosqu',  e  venh'a  vos,  senhor, 

que  me  digades:  (ique  farei  eu  i?  2720 

I  CB  224  (209)  —  3  queria  —  4.  8.  12.  e  16  mi  —  5  mi  —  11  e 
venh'  a  vos  —  14  deu  —  mi. 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (3  -)-  1).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  aaa{{B.  —  Rimas  longas:  êrW  na  1*^  copla; 
mW  na  2^";  arW  na  3*^;  ôr(a)  na  4*;  *  no  refram. 

A  nota  de  Colocci:  un  verso  ttercalar.,  não  é  bem  adequada  á  métrica. 

ni  Von  Euch.  mõclite  ich.  etwas  erfahren,  Herrin.  Da  Ihr  meinen  Tod 
'begehrt  und  ich  zu  sterben  wiinsclie  und  doch  nicht  sterbe,  ||  sagt  an,  was 
^thu  ich  da?  (1) 

Mir  wâre  mein  Tod  lieb  und  Euch  kâme  er  erwunscht.  Und  den- 
|och  sterbe  ich  nicht:  was  thu  ich  da?  (2) 

Ihr  ruft  ihn  herbei  und  ich  bete  zu  Gott  darum,  doch  will  er  ihn  mir 
icht  geben  etc.  (3). 

Gott  imd  Frau  Minne  habe  ich  angerufen;  sie  aber  hõren  nicht,  da 
ie  raich  ganz  mit  Euch  verfeinden  woUen.    Darum  komme  ich  und  fraga 
ich  etc.  (4). 


112. 

(Tr.  260). 

f.29{=i27)h       Non  me  queredes,  mia  senhor, 
fazer  ben,  enquant'  eu  viver'; 
e  pois  eu  por  vos  morto  for', 
non  mi -o  poderedes  fazer: 
5  Ca  non  vi  eu  quen  fezosse  2725 

nunca  ben,  se  non  podesse! 

Podedes-vus  nembrar  ben  leu 
de  min  que  soífro  muito  mal 
por  vos;  e  digo  vo-l'  ant'  eu 
10      que,  pois,  me  non  faredes  ai:  2730 

Ca  non  vi  eu  quen  fezesse 
nunca  ben,  se  non  podesse! 

Podedes-vus  nembrar  de  min 
depois  mia  morte,  sen  al-ren; 
15      e,  se  eu  faça  bõa  íin,  2735 

non  me  faredes  outro  ben: 

Ca  non  vi  eu  quen  fezesse 
nunca  ben,  se  non  podesse! 

I  CIÍ  225  (210)  —  1  w«  —  6  Iheu  —  1  vos  —  14  Tanto  podemos 
ler  morte  como  morf  e  —  15  assi  eu  f.  b.  f.  —  16  ini  —   19  vo-lo-ei. 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  +  2).  —  Ootonarios  jambicos 
no  corpo  da  cantiga,  e  Septenarios  trochaicos  no  refram.  —  Coplas  sin- 
gulares: abablICC.  —  Rimas  longas  e  breves:  ôr(a)  eirí»»)  na  1"  copla; 
eM(a)  aZC>)  na  2^;  w(a)  &n^)  na  3";  e*(a>  owi'>)na4'';  e  esse(C)  no  refram. 

Colocci  annota:  tornei. 

III  Wâhrend  ich  lebe  woUt  Ihr,  Herrin,  mir  nichts  Liebes  anthun; 
habt  Ihr  mich  aber  erst  getõtet,  so  kônnt  Ihr  es  nicht.  ||  Wenigstens  sah 
ich  niemals  einen,  der  Gutes  that,  ohne  es  zu  kõnnen  (1). 


231     — 


Fazede-mi  (e  gracir  vo-l'  ei) 
20     ben,  mentr'  ando  vivo;  ca  non 
mi -o  faredes,  eu  ben  o  sei, 
pois  eu  morrer',  por  tal  razon: 
Ca  non  vi  eu  quen  fezesse 
nunca  ben,  se  non  podesse! 


2740 


Jetzt  wãre  es  Euch  leicht,  meiner  zu  gedenken,  der  ich  so  hart  leide. 
Im  Voraus  sage  ich  os  Euch,  dass  es  hernach  nicht  in  Eurer  Macht  stehen 
wird  etc.  (2). 

Denkea  kõnnt  Ihr  an  mich  nach  meinem  Tode;  mehr  aber  nicht. 
Liebes  kiiniit  Ihr  mir  nicht  erweisen,  so  wahr  ich  ein  seliges  Ende  habon 
mõge  etc.  (3)! 

Darum  thut  mir  wohl,  solango  ich  lebe,  so  will  ich  es  Euch 
danken;  denn  nach  meinem  Tode  vormõgt  Ihr  es  nicht,  das  weiss  ich 
gewiss  etc.  (4). 


113. 

(Tr.  261). 

Eogaria  eu  mia  senhor  2745 

por  Deus  que  me  fezesse  ben; 
mais  ei  d'ela  tan  gran  pavor 
que  Ihi  non  ouso  falar  ren, 
5  con  medo  de  se  m'assanhar 

f.  29  {=127)0  e  me  non  quefrer  pois  falar.  2750 

Diria -lli'eu  de  coraçon 
como  me  faz  perder  o  sen 
o  seu  bon  parecer;  mais  non 
10     ous'  e  tod'  aquesto  mi-aven 

con  medo  de  se  mi -assanhar  2755 

e  me  non  querer  pois  falar. 


I  CB  226  (211)  —  2  mi  —  h  xi  —  6  mi  —  {depois)  —  8  come  mi 
fax  perde-lo  sen  —  10  {ousei,  tod'  aquest'  a  min  aven)  —  15  amor  ja 
sempre  serei  seu.     O  CA  tem:  amor  ja  setnpr'  eu  Ja  serei  seu. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  4-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  ababUCC.  A  rima  1)  liga,  todavia,  todas  as  estroplies. 
—  Rimas  longas:  or(al)  ow(a2)  ew(a3)  éw(*);  ar(C)  no  refram. 

Colocci  diz  tornei;  e  lançou  á  margem  para  o  seu  uso  os  vocábulos 
ouso  {=  audeo)  e  falar  (==  parlar). 

UL  Der  Sinn  stebt  mir  danach,  von  meiner  Herrin  zu  erbitten,  sie 
mõchte  mir  um  Gottes  willen  gnadig  sein;  doch  habe  icli  so  grosse  FurcM 
vor  ihr,  dass  ich  nicht  zu  ihr  zu  sprecben  wage,  ||  aus  Angst,  sie  so  zu  er- 
zúrnen,  dass  sie  hernach  nicht  wieder  zu  mir  spricht  (1). 

Sagen  wiirde  ich  ihr  aus  meines  Herzens  FúUe ,  wie  ihr  Liebreiz  mir 
die  Sinne  beriickt,  doch  getraue  ich  mich  nicht,  1|  und  zwar  aus  Angst  etc.  (2). 


233 


Pois  me  Deus  tal  ventura  deu 
que  m'en  tamanha  coita  ten 
15     Amor,  ja  sempr'  eu  serei  seu; 
mais  non  a  rogarei  por  én, 

con  medo  de  se  mi -assanhar 
e  me  non  querer  pois  falar! 


2760 


Da  Gott  mir  solch  Geschick  beschieden,  dass  Amor  mich  ia  solcher 
Qual  erhâlt,  werde  ich  ihr  treu  sein,  doch  nahe  ich  ihr  nicht  init  Bitten  ||  aus 
Angst  etc.  (3). 


LACUNA  10\ 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  4/'  DO  CADERNO  V. 


A  folha  antecedente  tem  quasi  todo  o  verso  em  branco. 
A  iramediata  começa  no  meio  de  uma  cantiga,  attribuida  no 
CB  a  Fernan  Garcia,  Esgaravunha. 

É,  pois,  quasi  certo  que  na  lauda  cortada  principiasse 
(com  Yinheta  e  lettra  historiada)  um  novo  grupo  de  poesias 
d'esse  auctor,  cujas  primeiras  espécies  seriam  as  três  que  o 
CB  oíferece  a  mais  no  lugar  correspondente  (entre  os  nossos 
Nos.  113  e  114). 


YE  JA  -  SE  A  SECÇÃO  9--^  DO  APPENDICE. 


XI 

CANTIGAS 

114—128 
DE 


DON  FERNAN  GARCIA,  ESGARAVUNHA. 


114. 

(Tr.  u,  a  p.  316). 

[Que  grave  cousa,  senhor,  d'endurar 
(pêra  quen  á  sabor  de  vus  veer) 
per  nulha  ren  de  non  aver  poder,  2765 

se  non  mui  pouco,  de  vosco  morar! 
5      e  esso  pouco  que  vosqu'  estever' , 
r  ^nV  ^^^   entender  hen,  senhor,  se  vus]  11  disser' 

/.  isu  (=  boja  '  '  -'  " 

algua  ren,  ca  vus  dirá  pesar! 

A  min  aven,  a  que  quis  Deus  guisar      2770 
d'aver  gran  coita  ja,  mentr'eu  viver', 
10     pois  a  vos  pesa' de  vus  eu  dizer 

qual  ben  vus  quero;  mais  a  Deus  rogar 
quer'  eu  assi,  (ca  assi  m'é  mester) 
que  el  me  dê  mia  morte,  se  non  der'  2775 

tal  coraçon  a  vos,  d'én  non  pesar! 


I  CB  230  (215)  —  Os  primeiros  6  versos  foram  tirados  do  CB.  — 
14 — 15  (j  mi  de  mfre  se  auos  nõ  der  \\  tal  coraçõ  auos  deug  ê  non  pesar). 
A  lição  originaria  talvez  fosse: 

que  7ni  de  morte,  se  a  vos  non  der' 

tal  coraçon  de  vus  m  non  pesar. 
18  por  tod'  este  ben  que  vus  el  foy  dar  —  19  vus. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes,  com  rima  idêntica  no  fim  das  estrophes  (2?esar) : 
abbacca.  —  Rimas  longas:  ari»)  erW  ér(e). 

Typo  sei  dis,  segundo  Colocai. 

m  Fiir  einen,  der  Freude  daran  hat,  Each  zu  schauen,  ist  es  hart, 
auf  keine  "W"eise  anders  ais  fiir  eine  kurze  Frist  in  Eurer  Nãhe  weilen  zu 
diirfen  und  noch  dazu  stets  darauf  bedacht,  dass  er  nichts  âussere,  was 
Euch  verletzen  kõnnte  (1). 


—     238     — 

15  E  mia  senhor,  por  Deus  que  vus  falar 

fez  mui  melhor  e  melhor  parecer 

de  quantas  outras  donas  quis  fazer, 

por  tod'  aqueste  ben  que  vus  fui  dar,  2780 

vos  rog'  og'  eu  por  el  que,  pois  el  quer 
20     que  vus  eu  ame  mais  d'outra  molher, 

que  vus  non  caya  senhor  en  pesar! 

So  geht  es  niir,  dem  Gott  Liebespein  fúr  sein  ganzes  Leben  beschieden 
hat,  da  Ihr  ergrimmt,  wenn  ich  Euch  von  meiner  grossen  Liebe  rede. 
Desbalb  werde  ich.  (meiner  Not  entsprechend)  um  meinen  Tod  beten,  falis 
der  Himmel  Euch  nicht  das  Herz  wendet,  so  dass  Ihr  nicht  lânger  dariiber 
ziirnt  (2). 

Bei  der  Schõnheit  und  Eedegabe,  die  Euch  vor  allen  anderen  von  Gott 
gegeben  ward,  beschwõre  ich  Euch,  dass  Ihr  es  nicht  fúr  unlieb  nehmt, 
dass  ich,  ach  Herrin,  nach  hõherem  Beschluss  Euch  úber  alie  Frauen  liebe  (3). 


115. 

(Tr.  129). 

Qiien  vus  foi  dizer,  mia  senhor, 
que  eu  desejava  mais  ai  2785 

ca  vos,  mentiu -vus.     Se  non,  mal 
me  venha  de  vos  e  de  Deus! 
5     e  se  non,  nunca  estes  meus 
olhos  vejan  niun  prazer 
de  quant'  ai  desejan  veer!  2790 

E  veja  eu  de  vos,  senhor, 
e  de  quant'  ai  amo,  pesar, 
10     se  nunca  no  vosso  logar 
tive  ren  no  meu  coraçon. 
/.  30  (=  G6)b  II  Atanto  Deus  non  me  perdon,  2795 

nen  me  dê  nunca  de  vos  ben 
que  desej'  eu  mais  d'outra  ren! 

I  CB  231  (216)   —   6  nenhun  —   12  e   13  mi   —   16  min  —    17 

fexess'  assi  —  20  amass'  outra  molher  —  24  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  7 -|- 3-   —   Octonarios  jambicos. 

—  Coplas  singulares,    encadeadas  (no  1"  verso  de  cada  estroplie)  por 
uma   palavra    perduda  que  termina  identicamente  em  senhor:   abbccdd. 

—  Rimas  longas:  or(a)  a/C»)  ezísW  er(<i)  na  l'' estancia;  ôr(a)  ar^)  oni^) 
m(d)  na  2";  (3r(a)  iW  iri*^)  érW  na  3*^,  á  qual  a  fiinda  responde  em  ôr  ôr  ér. 

Colocci  nota  o  emprego  do  congedo. 

III  Gelogen  hat,  Herrin,  wer  Euch  gosagt,  dass  ich  mich  nach  an- 
derem  ais  Euch  sehnte,  so  wahr  mir  Gott  helfe  und  meine  Augen  Wonne 
sehen  mõgen  (1). 

Mõge  ich  Leid  statt  Lust  von  Euch  erfahren,  wenn  ich  statt  Euer 
andares  im  Herzen  trug.  Mõge  der  Himmel  nicbt  verzeihen,  noch  mir 
Eure  Gunst  erwirken,  die  ich  iiber  alies  ersehne  (2). 

Mehr  ais  mich  selber  Hebe  ich  Euch.  "Wozu  soUte  ich  Euch  etwas 
vorliigen?  Und  wozu  wiirde  ich  sonst  vom  Orte  scheiden,  wenn  ich 
•  jemand  andores  daselbst  liebte?    Da  aber  Gott  will  (3) 


—     240     — 

15  E  per  bõa  fé,  mia  senhor, 

amei-vus  muito  mais  ca  mi, 

e  se  o  non  fezess(e)  assi,  2800 

de  dur  verria  'qui  mentir 

a  vos,  nen  m'iria  partir 
20     d'u  eu  amass(e)  outra  molher 

mais  ca  vos;  mais  pois  que  Deus  quer 

Que  eu  a  vos  queira  melhor,  2805 

valha-m'el  contra  vos,  senhor, 
ca  muito  me  per  6  mester! 

Dass  ich.  Euch  iiber  alies  liebe,  helfe  er  mir  gegen  Euch,  denn  sehr 
bedarf  ich  dessen  (I). 

rv  A  fiinda  teve  outr'  ora  som  próprio.    A  margem  ha  a  chamada 
correspondente  (fijda). 


116. 

(Tr.  130). 

Senhor  fremosa,  conven-mi  a  rogar 
por  vosso  mal,  enquant'  eu  vivo  for', 
a  Deus,  ca  faz -me  tanto  mal  amor  2810 

que  eu  ja  sempr'  assi  lli'ei  de  rogar 
5      que  el  cofonda  vos  e  vosso  sen, 

e  min,  senhor,  [porjque  vus  quero  ben, 
f.  30  (=  G6)c  e  o  amor  ||  que.  me  vus  faz  amar. 

E  vosso  sen,  que  por  en  mi  errar  2815 

vus  faz  tan  muito,  serei  rogador 
10     a  Deus  assi  que  confonda,  senhor, 
el  muit',  e  vos,  e  min,  en  que  errar 
vus  el  faz  tanto.     E  ai  mi -ar  conven 
de  lhe  rogar:  que  ar  cofonda  quen  2820 

me  non  leixa  convusco  mais  morar. 

I  CB  232  (217)  —  Estou  disposta  a  substituir  no  verso  8  a  prep.  por 
pelo  adv.  per.  —  3  ca  mi  fax  t.  —  5  cofunda  —  6  mi  —  porque  —  8 
Tnin  —  10  cofonda  —  11  el  muito  vos  —  12  vus  (texto  ng)  fax  tan  muito 
e  ai  m'ar  conven  —  13  Ihi  —  14  [con]  vasco  —  17  coita  do  mundfo] 
e  non  ei  sabor  —  18  vo-lhis  —  19  confonda  mi  —  21  mixcrar. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abbacca.  —  Rimas  longas:  arW  ôr(b)  ew(c). 
Typo  sei  dif.,  segundo  Colocci. 

in  Gegen  Eucb,  Herrin,  werde  ich  mein  Lebelang  zu  Gott  Gebete 
schicken  mússen.  So  sehr  bedrângt  mich  die  Liebe  zu  Euch,  dass  ich 
nichts  anderes  sagen  kann  ais  Flucb  Euch  und  Eurem  Verstande,  Fluch 
mir,  der  ich  Euch  lieb  habe,  und  der  Liebe,  die  nair  Gewalt  anthut  (1). 

Wider  Euren  Verstand,  welcher  Schuld  daran  ist,  dass  Ihr  gegen  mich 
fehlt,  muss  ich  Gott  anruien  und  wider  Euch  und  mich,  gegen  den  Ihr 
Euch  so  arg  vergeht;  und  ferner  wider  den,  welcher  es  hindert,  dass  ich 
in  Eurer  Nâhe  weile  (3). 

16 


—     242     — 

15  E  os  meus  olhos,  a  que  vus  mostrar 

fui  eu,  por  que  viv'  oge  na  mayor 
coita  do  mundo,  ca  non  ei  sabor 
de  nulha  ren,  u  vo'-lhes  eu  mostrar  2825 

non  poss'  je  Deus  cofonda  min  por  cn, 

20      e  vos,  senhor,  e  eles,  e  quen  ten 
en  coraçon  de  me  vosco  mezcrar! 

Auch  gegen  meine  Augen ,  die  mir  Euch  gezeigt,  um  derentwillen  ich 
in  der  grõssten  Not  lebe,  da  mir  nichts  Lust  und  Freude  bereitet,  wenn 
sie  Euch  nicht  schauen.  Fluch  mir  und  Euch,  meinen  Augen  und  dem, 
welcher  im  Sinne  hat,  mich  mit  Euch  zu  veruneinen  (3). 


117. 

(Tr.  131). 

Senhor  freraosa,  qiiand'  eu  cofondi 
o  vosso  sen  e  vos  e  voss'  amor,  28S0 

con  sanha  [foi]  que  ouve,  mia  senhor, 
e  con  gran  coita  que  me  fez  assi, 
5      senhor,  perder  de  tal  guisa  meu  sen 
'  que  cofondi  vos,  en  que  tanto  ben 

á  quanto  nunca  d'outra  don'  oí.  2835 

f.30{=66)d       II  Mais  valha -me  contra  vos,  por  Deus,  i 
vossa  mesura,  e  quan  gran  pavor 
10     eu  ei  de  vos,  que  sode'-la  melhor 
dona  de  quantas  eno  mundo  vi; 
e  se  mi-aquesto  contra  vos  non  vai,  2840 

senhor  fremosa,  non  sei  og'  eu  ai 
con  que  vus  eu  ouse  rogar  por  mi. 

I  CB  233  (218)  —  1  Ambos  os  códices  teem  quant'  —  3  con  sanha 
foi  que  ouvi  m.-  s.  —  No  verso  4  o  CA  tem  fax,  —  7  dona  vi  —  8  mais 
valha -mi  j^or  deus  contra  vos  i  —  10  sodes  a  melhor  —  11  d.  d.  q. 
eu  no  m.  vi  —  14  ousa  que  deve  representar  ous'  a  —  15  Mais  a  —  20 
faç'  e  Ihi  —  23  m'assi. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7-1-3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  As  estrophes  do  principio  formam  um  par,  estando  ligadas  por  duas  rimas 

(«— b),  mas  differenciadas  pela  terceira  (c).    A  estrophe  do  fim  está  desirmanada 
i(oomo  nos  Nos.  1.  31.  36.  84.  93.  103).     Partilha,  comtudo,  uma  consoante 

e)  com  a  primeira.     A  fiinda,   em  harmonia  com   a  regra,  responde  pelo 

Nrso  final  á  ultima  rima  da  cantiga  e  repete  outra  peculiar  á  2^  estrophe: 
"abbacca.  —  Rimas  longas:  «(a)  ôr^}^)  m(c)  na  P  estancia;  *(a)  orW  ali*^) 

na  2"-;  er(a)  arW  m(c)  na  3''-,  ai  ai  cr  na  fiinda. 

A  nota  de  Colocci  não  descreve  bom  este  eschema,  porque  diz  apenas: 

due  p'me  et  congedo. 

III  Holde  Herrin,  ais  ich  Euch,  Eurem  Verstand  und  meiner  Liebe 
zu  Euch  fluchte,  geschah  es  im  Grimme,  ais  allzu  grosses  Leid  mir  dio 
Besinming  geraubt  hatte  (1). 

16* 


—     244     —        ~ 

15  Mai'-la  mesura  que  tanto  valer, 

senhor,  sol  sempr'  a  quen-na  Deus  quer  dar, 

me  valha  contra  vos,  e  o  pesar  2845 

que  ei,  senhor,  de  quanto  fui  dizer; 

ca,  mia  senhor,  quen  mui  gran  coita  ten 

20     no  coraçon,  faz -lhe  dizer  tal  ren 
a  que  non  sabe  pois  conselh'  aver. 

Com'  og'  eu  faço,  e  muit'  estou  mal,  2850 

ca  se  mi-assi  vossa  mesura  fal, 
non  á  i  ai,  senhor,  se  non  morrer! 

Euer  Geradsinn  und  die  Furcht,  die  ich  vor  Euch  hege,  die  Ihr  dic 
Vortrefflichste  auf  Erden  seid,  mõgen  Fiirsprecher  fúr  mich  sein.  Helfen 
sie  mir  nicht,  so  giebt  es  nichts  hienieden,  bei  dem  ich  Euch  beschwõren 
kõnnte  (2). 

Besonders  aber  mõge  mir  beistehen  das  massvoU  gerechte  Empfinden, 
das  allen,  denen  Gott  es  verleiht,  so  hohen  Wert  giebt,  und  nieine  Eeue 
■iiber  das,  was  ich  gesprochen.  Denn,  Herrin,  denjenigen,  welcher  harte 
Pein  im  Herzen  trâgt,  zwingt  sie  oft  zu  sagen,  was  er  nachher  nicht  wieder 
gut  machen  kann  (3). 

So  ist  mir  geschehen.  Und  úbel  bin  ich  daran.  Denn  hilft  mir  Euer 
Gerechtigkeitssinn  nicht,  so  bleibt  mir  nichts  úbrig  ais  zu  sterben  (I). 

rV  É  continuação  da  Cantiga  anterior.  —  A  fiinda  teve  outr'  ora 
musica  própria.    Á  margem  falta  a  chamada  usual. 


118. 
(Tr.  132). 

A  melhor  dona  que  eu  nunca  vi, 
per  bõa  fó,  nen  que  oí  dizer, 
e  a  que  Deus  fez  melhor  parecer,  28Õ5 

mia  senhor  est,  e  senhor  das  que  vi, 
5      de  mui  bon  preço  e  de  mui  bon  sen, 

f  %i\L%)a  P®^'  ^^^  ^^'  ^  ^^  ^^^'  o^^^o  II  ben 

de  quant'  eu  nunca  d'outra  don'  oí. 

E  ben  creede,  de  pran,  que  é  si,  2860 

e  será  ja,  enquant'  ela  viver', 
10     e  quen  a  vir'  e  a  ben  conhocer', 
sei  eu,  de  pran,  que  dirá  que  é  'si. 
Ainda  vus  de  seu  ben  mais  direi: 
é  muit'  amada;  pêro  que  non  sei  2865 

quen -na  tan  muito  ame  come  mi. 

I  CB  231  (220)  —  Substitui  mÍ7i  por  mi  no  verso  14.  —  7  aquant' 

—  8  as  si  —  11  assi  —  12  {de  sen)  —  16  porque  Ihi  soube  —  tan  gran 
h.  q.  —  19  Ihi  —  20  mi  —  com'  alg.  v.  —  21  {ced'  e  u)  —  22  min. 

II  Cantiga  de  maestria:  3  x  7  -]-  1-  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  equiconsoantes,    com  rimas  idênticas  nos  versos  1  e  4  de 
cada  uma,  diíferenciadas  porém  pela  lima  c  dos  versos  5  e  6:  abbaeca||a. 

—  Rimas  longas:  *(a)  erC>)  mCd);  e*(c2);  e;^(c3). 

Segundo  Colocci:  sei.  dif.  con  imo  verso  per  congedo. 

III  Meine  Hemn  ist  die  beste  Frau,  die  ich  je  gesehen  oder  von  der 
ich  reden  hõite;  diejenige  auch,  welcher  Gott  das  lieblichste  Aussehen  ver- 
liehen  hat;  Herrin,  traun,  zugleich  úber  alie  auf  Erden;  preisenswert,  ver- 
stândig  und  reicli  an  allen  guten  Gaben,  die  ich  je  an  anderen  Frauen  sah  (1). 

Glaubt  mir,  sie  ist  es  und  wird  es  sein,  solange  sie  lebt.  Jeder,  der 
sie  erblickt,  und  jeder,  der  sie  genauer  kennt,  wird  es  bezeugen,  dess  bin 
ich  gewiss.  Und  weiter  will  ich  Euch  noch  sagen,  dass  sie  innig  geliebt 
wird;  doch  liebt  keiner  sie  wie  ich  (2). 


—     246     — 

15  E  por  tod'  esto  mal- dia  naci, 

porque  lhe  sei  tamanho  ben  querer 
como  lh'eu  quer',  e  vejo -me  morrer! 
e  non-na  veg'!  e  mal -dia  naci!  2870 

Mais  rog'  a  Deus,  que  lhe  tanto  ben  fez, 

20      que  el  me  guise  com(o)  algfia  vez 
a  veja  ced',  u  m'eu  d'ela  parti, 

Con  melhor  coraçon  escontra  mi. 

Trotzdem  Mn  icli  zum  Ungluck  geboren:  denn  ich.  sterbe  vor  Liobe 
und  selie  sie  nicht.  Zu  Gott  aber  bete  ich,  sie  mir  bald  einmal  wieder  zu 
zeigen  an  der  Stelle,  ^yo  ich  von  ihr  Abschied  iiahm  (3) 

Und  zwar  voU  milderer  Gesinnung  gegen  mich  (I). 

IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  som  próprio. 


119. 

(Tr.  133). 

Qium  muit'  eu  am'  úa  raolher 
non-iio  sabe  Nostro  Senhor; 
nen  ar  sabe  qiian  gran  pavor 
ei  og'  eu  cFela,  cuido -m'eu; 
5     ca  se  o  soubesse,  sei  eu 
ca  se  doeria  de  mi, 
e  non  me  faria  assi 
f.  31  (=  G7)b  querer  ben  a  que  me  ||  mal  quer. 

Pêro  que  dizen  que  negar 
10     non  xe  lhe  podo  nulha  ren 
que  el  non  sábia,  sei  eu  ben 
que  aind'  el  non  sabe  qual 
ben  lh'eu  quero,  nen  sab'  o  mal 
que  m'ela  por  si  faz  aver; 
15      ca  se  o  soubesse,  doer- 
s'-ia  de  mi,  a  meu  cuidar. 


2S7Õ 


2880 


2885 


2890 


I  CB  235  (220)  —  Emendei  mi  por  min  no  verso  6.  —  7  mi  —  8 
a  quen  mi  mal  quer  —  10  Ihi  —  12  ainda  —  16  min  —  19  cuit'  — 
20  Ihi  c.  j).  —   22  O  CA  tem:  sabe  la  coita. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x8.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbccdda.  —  Eimas  longas:  é/-(a)  ÔrW  euifi)  «W 
na  1''  estancia;  ar  (a)  mW  aZ(c)  er(d)  na  2*;  é(a)  én^)  onic)  eiW  na  3*. 
Uma  das  rimas  0>^)  vem  repetida  ('»3),  como  se  ve. 

A  classificação  de  Colocci  afasta -se  aqui  da  que  usualmente  emprega, 
se  eu  interpreto  bem  as  abreviaturas  stroph.  ant.  cõg.:  sírop/je  =  copla  1"; 
antistropJ/e  =  copla  2*;  e  congedo  =  copla  3*^. 

III  Gott  im  Himmel  weiss  nicht,  wie  heiss  ich  meine  Herrin  liebe; 
noch  weiss  er,  wie  sehr  ich  sie  fui-chte.    Denn  wússte  er  es,  so  wiii'de  er 


—     248     — 

Ca  Deus  de  tal  coraçon  é 
que,  tanto  que  sabe  que  ten 
eno  seu  mui  gran  coit(a)  alguen, 
20      que  logo  Ih'  i  conselho  pon. 

E  por  esto  sei  eu  que  non  2895 

sab'  el  a  coita  que  eu  ei; 
nen  eu  nunca  o  creerei 
por  aquesto,  per  bõa  fé. 

Erbarmen  mit  mir  haben  und  nicht  zulassen,  dass  ich.  da  liebte,  \vo  ich 
nicht  geliebt  werde  (1). 

Obzwar  mau  sagt,  ihni  bliebe  nichts  verborgen,  so  zweifle  ich  doch. 
daran,  dass  er  um  meine  Liebe  und  mein  Leid  weiss,  sonst  -wiirde  er  etc.  (2). 

Denn  er  hat  ein  so  gutes  Herz,  dass  er  Rat  schaíft,  sobald  er  hõrt, 
dass  jemand  in  seiner  Brust  Not  und  Ãngste  birgt.  Danim  bin  ich  úber- 
zeugt,  dass  er  meine  Pein  nicht  keant,  und  werde,  traun,  darum  stetig 
der  gleichen  Ansicht  bleiben  (3). 


10 


f.  31  (=  G7)c 


15 


120. 

(Tr.  134). 

Om',  a  que  Deus  ben  quer  fazer, 
non  lhe  faz  tal  senhor  amar  2900 

a  que  non  ouse  ren  dizer, 
con  gran  pavor  de  lhe  pesar; 
nen  o  ar  faz  longe  morar 
d'  u  ela  é,  sen  seu  prazer. 

Com'  agora  min  faz  viver,  2905 

que  me  non  sei  conselh'  achar 
con  tan  gran  coita  de  soffrer, 
en  qual  m'eu  ora  vej'  andar, 
com'  aver  sempr'  a  desejar 
mais  d'outra  ren  de  a  veer.  2910 

II  Mais  non  pod'  aquesto  saber 
se  non  a  quen  Deus  quiser'  dar 
a  coita  que  el  fez  aver 
a  min,  des  que  me  foi  mostrar 
a  que  el  fez  melhor  falar  2915 

do  mund(o),  e  melhor  parecer. 


I  €IÍ  236  (221)  —  2  Ihi  —  4  Ihi  —  5  fex  longi  —  14  (se  non  a  quen 
o  deus  quer  dar). 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes :  a]t)ab1)a.  —  Rimas  longas:  cr(a)  ar^). 

Typo  sei  dif..,  segundo  Colocci. 

III  Wem  Gott  will  eine  Gunst  ervveisen,  den  verliebt  er  nicht  in  eine 
Ilerrin,  zu  der  er  (der  Liebende)  nicht  zu  reden  wagt,  aus  Furcht  ihr  Mis- 
behagen  zu  erregen;  noch  hâlt  er  ihn  fern  von  der  Stâtte,  wo  sie  weilt  (1). 

So  aber  vorfàhrt  er  jetzt  mit  mir,  der  ich  mir  in  der  grossen  Not, 
die  ich  empfinde,  nicht  zu  helfen  weiss,  weil  ich  raich  unaufhõrlich  danach 
sehne,  sie  zu  sehen  (2). 

Das  versteht  nur  der,  welchem  Gott  Qualen  auferlegt,  denen  gleich, 
die  ich  trage,  seit  er  mir  die  liobreizendste ,  holdest-redende  unter  allon 
Frauen  gezeigt  hat  (3). 


121. 

(Tr.  135). 

Senhor  fremosa,  que  sempre  servi, 
—  jse  Deus  me  leixe  de  vos  ben  avor!   — 
pêro  mi- o  vos  non  queredes  creer, 
des  aquel  dia,  senhor,  que  vus  vi,  2920 

5  sen  vosso  grado  me  vos  faz  Amor, 

e  sen  o  meu,  querer  gran  ben,  s^enhor. 

E  mia  senhor  —  jassi  Deus  me  perdon 
e  me  de  cedo,  senhor,  do  vos  ben 
que  eu  desejo  mais  que  outra  ren!  —  2925 

10      des  que  vus  vi,  mia  senhor,  des  enton 
sen  vosso  grado  me  vos  faz  Amor 
e  sen  o  meu,  querer  gran  ben,  senhor. 

E  mia  senhor  —  jassi  m'ajude  Deus 
escontra  vos,  que  me  faz  tant'  amar  2930 

15      que  non  sei  i  conselho  que  filhar!  — 
des  que  vus  viron  estes  olhos  meus, 

sen  vosso  grado  me  vos  faz  Amor, 
e  sen  o  meu,  querer  gran  ben,  senhor. 

I  CB  237  (222)  —  õ  vus  fcTi,  —  6  mi  —  7  mi  —  9  ca. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -}-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abl>a||CC.  —  Eimas  longas:  «(«)  erC»)  na 
1''  estancia;  o?^(a)  c>i('>)  na  2=';  eusi»)  arW  na  3";  or(C)  no  refram. 

Ainda  aqui  Colocci  designa  as  três  coplas  separadamente  com  os  termos 
technicos  stroph.  antist.  cuy.  ■ —  Cfr.  No.  119. 

III  So  wahr  Gott  mir  Eure  Huld  schenken  mõge,  und  obwohl  Ihr, 
Herrin,  der  ich  oline  Untorlass  diene,  es  mir  niclit  glauben  wollt:  gleicb 
an  dem  Tage,  ais  ich  Euch  zum  erstenmal  erblickte,  ||  hat  Amor  mich  ohne 
Euren  "Willen  und  ohne  den  meinen  dazu  gezwungen,  Euch  lieb  zu  haben. 


122. 

(Tr.  136). 

f.3i{.=  67jd        Meu  senhor  Deus,  venho- vus  eu  rogar, 
con  a  mayor  coita  que  nunca  vi 
aver  a  orne,  avede  de  mi 
doo,  senhor,  e  nunca  tal  pesar 
5  me  façades,  meu  senhor  Deus,  veer 

per  que  eu  aja  o  corp'  a  perder! 

Ca  estou  eu  og'  a  mui  gran  pavor 
de  o  veer;  e  meu  sen  est  atai 
de  vus  rogar  por  est',  e  non  por  ai, 
10      que  nunca  tal  pesar  de  mia  senhor 

me  façades,  meu  senhor  Deus,  veer 
per  que  eu  aja  o  corp'  a  perder! 


II 


E  ben  sei  eu,  de  pran,  ca  se  fezer' 
mia  senhor  o  que  ten  no  coraçon, 
15      ca  perderei  eu  o  corpo;  mais  non 

tan  gran  pesar  nunca,  se  vus  prouguer', 
me  façades,  meu  senhor  Deus,  veer 
per  que  eu  aja  o  corp'  a  perder! 


2935 


2940 


2945 


2950 


I  €lí  238  (223)  —  5  mi  —  8  de  a  veer  —  O  CA  tem  façedes  no 
verso  5;  mas  não  no  11,  nem  no  17.  —  14  senho -lo. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singirlares:  abbai|CC.  —  Rimas  longas:  ar(a)  *■(!>)  na  1"^  copla; 
or(a)  a/C»)  na  2'';  ér(a)  omC»)  na  S"";  er  no  refram. 

Colocci  coUigiu  apenas  a  formula:  venho  mis  rogar,  traduzindo- a  para 
italiano. 

in  Erbarme  dioh  meiner,  Herrgott,  so  bitto  ich  in  hõchster  Not,  wie 
ich  sie  nio  einen  anderen  leiden  sab;  ||  und  fúge  mir  nimmer  ein  Leid  zu, 
durch  das  mir  Leib  und  Leben  gefabrdet  worden. 


123. 

(Tr.  137). 

Se  vus  eu  amo  mais  que  outra  ren, 
senhor  fremosa  que  sempre  servi, 
rogu'eu  a  Deus  que  ten  en  poder  mi  2955 

e  vos,  senhor,  que  me  dê  vosso  ben! 
^'f^32^'    5  E  se  assi  ||  non  est'  é,  mia  senhor, 

^=^^>  non  me  dê  vosso  ben,  nen  voss'  amor! 

Se  vus  eu  amo  mais  d'outra  molher, 
nen  ca  outr'  orne,  mais  ca  min  nen  ai,  2960 

rogu^eu  a  Deus,  que  muito  pod'  e  vai, 
10     que  el  me  dê  vosso  ben,  se  quiser'! 

E  se  assi  non  est'  é,  mia  senhor, 
non  me  dê  vosso  ben,  nen  voss'  amor! 

1  CB  238^'^  (224)  —  No  CA  ha  espaço  em  branco  para  mais  duas 
estrophes.  —  1  ca  —  4  mi  —  5  {effe  affi  no  hee  e  nõ  õ  no  verso  11)  — 
6  e  10  mi. 

n  Cantiga  de  refram:  2  x.  (4 -j- 2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  albll)a||CC.  —  Rimas  longas:  éwW  iW  na 
1"  estrophe;  érW  ali^)  na  2"^;  ôr(C)  no  refram. 

2  stanxe  sine  cõged.  cõ  tornei,  no  dizer  de  Colocci. 

III  "Wenn  ich  Euch  úber  alies  Hebe,  schõne  Herrin,  der  ich  stets 
treu  gedient  habe,  so  mõge  Gott,  in  dessen  Macht  wir  beide  stehen,  mir 
Eure  Huld  gewâhren.  ||  Ist  dem  aber  nicht  so,  so  mõge  der  AUmâchtige 
mir  weder  Eure  Liebe  noch  Eure  Gunst  zuwenden!  (1) 

Wenn  icb  Euch  mehr  ais  jedwede  andere  Erau  liebe,  iiber  alie  Men- 
schen,  und  mehr  ais  mich  selbst,  so  bete  ich  zu  Gott,  der  so  vieles  kann 
und  vermag,  er  mõge  mir  Eure  Gunst  verleihen.  ||  Ist  dem  etc.  (2). 


124. 

(Tr.  138). 

)eus  me  leixe  de  vos  ben  aver,  2965 

senhor  fremosa,  nunca  vi  prazer 

des  quando  m'eu  de  vos  parti. 

íBr      E  fez  mi- o  voss'  amor  tan  muito  mal 
5      que  nunca  vi  prazer  de  min,  nen  d'al, 

des  quando  m'eu  de  vos  parti.  2970 

Ouv'eu  tal  coita  no  meu  coraçon 
que  nunca  vi  prazer,  se  ora  non, 
des  quando  m'eu  de  vos  parti. 

I  CB  239  (225)  —  1  {E  ouv'eu). 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (2  +  1).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Versos  pareados,  com  rima  nova  em  cada  par:  aa{{B.  —  Rimas 
longas:  êr  no  1®  distico;  ai  no  2°;  on  no  3°;  *  no  refram. 

Dui  versi  et  imo  tornei,  como  diz  o  Italiano. 

m  So  wahr  mir  Gott  helfe,  ich.  habe  nichts  Angenehmes  gesehen, 
scbõne  Herrin ,  ||  seit  ich  von  Euch  Abschied  nahm  (1). 

So  tief  schmerzte  die  Liebe  zu  Euch,  dass  ich  weder  durch  mich  noch 
durch  die  Aussenwelt  Fraude  empfand  etc.  (2). 

Und  so  bekiimmert  war  das  Herz,  dass  jetzt  erst  (namlich:  wo  ich 
vor  Euch  stehe)  Lustempfindungen  wiederkehren  (3). 

IV  Ha  uma  bella  traducção  nos  „Hundert  altportugiesische  Lieder" 
de  W.  Storck  (No.  37). 


125. 

(Tr.  139). 

Des  oge  mais  ja  sempr'eu  rogarei 
f.32(=G8)b  Deus  por  mia  morte,  se  mi- a  dar  ||  quiser',       2975 
que  mi -a  dê  cedo;  ca  m'ó  mui  mester, 
senhor  fremosa,  pois  eu  per  vos  sei 
5  ca  non  á  Deus  sobre  vos  tal  poder 

per  que  me  faça  vosso  ben  aver. 

E  ja  eu  sempre  serei  rogador  2980 

des  oge  mais  pola  mia  mort'  a  Deus, 
chorando  muito  d'estes  olhos  meus, 
10     pois  per  vos  sei,  fremosa  mia  senhor, 

ca  non  á  Deus  sobre  vos  tal  poder 

per  que  me  faça  vosso  ben  aver.  29S5 

Ca  enquant'  eu  coidei  o[u]  entendi 
ca  me  podia  Deus  vosso  ben  dar, 
15      nunca  lh'eu  quis  por  mia  morte  rogar; 
mais,  mia  senhor,  ja  per  vos  sei  assi 

ca  non  a  Deus  sobre  vos  tal  poder  2990 

per  que  me  faça  vosso  ben  aver. 

I  CB  240  (226)  —  2  (a  detcs)  —  6  mi  —  13  cuidei  ou  —  O  CA  tem 
o  hespauholismo  o,  por  ou.     Cfr.  47  e  1117.  —  15  {quigi). 

II  Cantiga.de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  e«(a)  érO»)  na 
1*  estancia;  or(a)  eusO>)  na  2*;  *(»)  arO*)  na  3*;  er  no  refram. 

m  Yon  nun  ab  werde  ich  bestandig  zu  Gott  beten,  er  mõge  mir  den 
Tod  rasch  senden;  denn  ihn  braucbe  ich  gar  sehr,  da  ich  durch  Euch, 
schõne  Herrin,  weiss,  ||  dass  Gott  der  Herr  die  Macht  nicht  besitzt,  Euch  zur 
Liebe  zu  mir  zu  zwingen. 


f.  32  (=  68)c 


10 


\  15 


126. 

(Tr.  140). 

Punliei  eu  muit'  en  me  quitar 
de  vos,  fremosa  mia  senhor, 
e  non  quis  Deus,  nen  voss'  amor; 
e  poi'-lo  non  pudi- acabar,  2995 

dizer-vus  quer'eu  iia  ren, 

senlior  ||  que  sempre  ben  quige: 

„or  sachiez  veroyamen 

que  je  soy  votr'  ome-lige." 

De  querer  ben  outra  molher  3000 

punliei  eu,  á  i  gran  sazon, 
e  non  quis  o  meu  coraçon; 
e  pois  que  el  nen  Deus  non  quer, 

dizer-vus  quer 'eu  iia  ren, 

senhor  que  sempre  ben  quige:  3005 

„or  sachiez  veroyamen 

que  je  soy  votr'  ome-lige." 


I  CB  241  (227)  —  4  0  CA  tem  podi  que  não  pode  representar 
podia.  —  6  quigi  —  7  {ar  sachex).  O  CA  tem  sachax  —  8  {omen)  — 
9  (a  outra  m.)  —  20  mais  non  pude. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -{- 4).  —  Octonarios  jambicos, 
misturados  no  refram  com  dous  septenarios  trochaicos.  —  Coplas 
singulares:  abba||CDCl).  —  Rimas  longas  e  breves:  ar(a)  orW  na 
P  estancia;  éri^)  on(W  na  2";  éU)  érí'»)  na  3";  c;z(C)  ige^)  no  refram. 

Colocci  chama  a  attenção  para  o  logo  tornei. 

in  Tapfer  habe  ich  gerungen,  um  mich  von  Euch,  meine  holde 
Herrin,  loszureissen.  Gott  und  dic  Liebe  aber  haben  nicht  gewoUt.  Da 
ich  es  nicht  vermocht,  ||  will  ich  Euch  eines  gestehen,  Herrin,  die  ich  stets 
geliebt:  ich  bin  und  bleibe  Euer  Vasall  und  Diener  (1). 

Versucht  habe  ich,  eine  andere  Frau  lieb  zu  gewinnen;  mcin  Herz 
aber  hat  es  nicht  vermocht;  und  da  auch  Gott  es  nicht  will  etc.  (2). 

Was  man  Euch  hinterbracht  hat,  habe  ich  wirklich  zu  thun  versucht; 
doch  gelang  es  mir  nicht.    Deshalb  will  ich  etc.  (3). 


—     256     — 

E  mia  senhor,  per  boa  fé, 
punhei  eu  muito  de  fazer 

o  que  a  vos  foron  dizer,  3010 

20     e  non  pud';  e  pois  assi  é, 

dizer- vus  quer'eu  iia  ren, 

senhor  que  sempre  ben  quige: 

„or  sachiez  veroyamen 

que  je  soy  votr'  ome-lige."  8015 

IV  Cfr.  Diez  p.  29;  e  Zeitschrift  I  p.  459. 


127. 

(Tl-.  141). 

Ora  veg'  eu  o  que  nunca  coidava, 
mentr'eu  vivesse,  no  mundo  veer: 
vi  ua  dona  melhor  parecer 
de  quantas  outras  eno  mundo  vi, 
5      e  por  aquela  logo  me  parti  3020 

de  quant'  eu  ai  no  mundo  desejava! 

E  se  eu  ant'  en  mui  gran  coit'  andava, 
ja  ni'esta  dona  faz  mayor  aver, 
ca  me  fez  Deus  por  meu  mal  entender 
10     todo  seu  ben;  e  poi'-lo  entendi;  3025 

f.32(=-^68)d  II  mais  en  tan  grave  dia  foi  por  mi 
ca  mais  coitad'  ando  ca  ant'  andava. 

E  u  eu  vi  quan  fremoso  falava, 
e  lh'oí  quanto  ben  disse  dizer, 
15      tod'  outra  ren  me  fez  escaescer.  3030 

Per  bõa  fé,  pois  lh'eu  tod'  est'  oí, 
nunca  lh'ar  pude  rogar  des  ali 
por  nulha  ren  do  que  Ih 'ante  rogava! 

I  CB  242  (228)  —  1  cuidava  —  7  coita  —  9  Ambos  os  códices 
tèem  fax  —  15  mi  fex  escaecer  —  17  pudi. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abbcca.  —  Rimas  breves  e  longas:  avai^) 
rrC>)  «(c).  —  Na  segunda  estropbe  o  verso  inicial  e  o  final  têem  rima  idêntica. 

ni  Was  ich  nie  im  Leben  zu  schauen  wahnte,  babe  ich  jetzt  ge- 
schaut:  die  allerschõnste  Frau  auf  Erden.  —  Deshalb  babe  icb  nun  aliem 
anderen,  was  icb  wiinscbte,  Valet  gesagt  (1). 

War  icb  vordem  arg  bekiimmert,  so  ist  meine  Bekiimmernis  jetzt  nur 
grõsser  geworden,  denn  zu  meinem  Leide  zeigte  Gott  mir  alie  ibre  Vorziige, 
und  ich  erkannte  ihren  Wert,  leider  aber  an  solcbem  Ungliickstage,  dass 
ich  seither  noch  ungliickseliger  bin  (2). 

Alies  úbrige  vergass  ich,  sobald  ich  ihro  Schõnheit  sab  und  ihre  siisse 
Rede  vernabm.  Nicht  lânger  mehr  vermochte  icb  von  ihr  zu  erbitten,  was 
ich  friiher  zu  erbitten  pflegte  (3). 


17 


128. 
(Tr.  142). 

Niun  conselho,  senhor,  non  me  sei 
a  esta  coita  que  me  faz  aver  3035 

esse  vosso  fremoso  parecer; 
e  pois  aqui  tamanha  coita  ei, 
5  u  vus  vejo,  fremosa  mia  senhor, 

(ique  farei  ja,  des  que  m'eu  d'aqui  for? 

E  perdud'  ei  o  dormir,  e  o  sen  3040 

perderei  ced',  aquant'  é  meu  coidar, 
que  non  sei  i  conselho  que  filhar, 
10      e  pois  mi -aqui  tamanha  coita  ven, 

u  vus  vejo,  fremosa  mia  senhor, 

^que  farei  ja,  des  que  m'eu  d'aqui  for'?   3045 

E  nunca  eu  tamanha  coita  vi 
aver  a  ome  jsi  Deus  me  perdon! 
15      a  qual  og'  eu  ei  no  meu  coraçon 
por  vos;  e  pois  tal  coita  ei  aqui, 

u  vus  vejo,  fremosa  mia  senhor,  3050 

(ique  farei  ja,  des  que  m'eu  d'aqui  for'? 

I  CB  243  (229)  —  1  nenhun  —  7  O  CA  tem:  e  perdiid'ei  eu  —  S 
p.  ced'  e  quant'  ê  m.  cuidar  —  10  m'  aqui  —  A  ultima  copla  falta  no  CB. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  eiW  eri'»)  na 
1"  copla;  m(a)  arW  na  2'';  «(a)  onW  na  3";  Ôr  no  refram. 

A  nota  de  Colocci  „signor  feminino'-''  quasi  parece  attestar  que  foi  por 
esta  cantiga  que  o  gi-ande  humanista  começou  a  leitura  do  Cancioneiro. 

m  Mittel  und  Wege,  mich  aus  der  Not  zu  befreien,  in  welche  Eure 
Schônheit  micli  gestiirzt,  kenne  ich  nicht.  Und  da  ich  sie  so  bitter 
empfinde,  |1  selbst  wo  icb  Euch  sebe,  was  thu  ich  da,  sobald  ich  von 
hinnen  gegangen  bin?  (l) 

Den  Schlaf  babe  ich  verloren;  des  Verstandes  werde  ich  bald  bar 
sein,  wenn  meine  Vermutungen  richtige  sind,  denn  ich  weiss  mir  nicht  zu 
raten.     Und  da  mir  solch  Unheil  droht,  |1  selbst  etc.  (2). 

Keinen  auderen  sah  ich  in  solcher  Herzenspein  (3). 


I 


XII 


CANTIGAS 


129  —  143 


DE 


ROY    QUEIMADO. 


n 


17' 


129. 

(Tr.  170). 

Nostro  Senhor  Deus  ^e  por  que  neguei 
a  mia  senhor,  quando  a  eu  veer 
podia  e  lhe  poderá  dizer 

muitas  coitas  que  por  ela  levei?  3055 

5     Ca  ja  eu  tal  temp'  ouv'!  e  attendi 
outro  melhor!  e  aquele  perdi! 
E  outro  tal  nunca  ja  cobrarei! 

Ca  ja  eu  tal  temp'  ouve  que  morei 
u  a  podia  eu  mui  ben  veer,  3060 

10     e  u  a  vi  mui  melhor  parecer 
de  quantas  donas  vi  nen  veerei! 
E  pêro  nunca  Ih'  ousei  dizer  ren 
de  quantas  coitas  levei,  por  gran  ben 
que  lh'eu  queria  e  quer'  e  quen-ei,  3065 

(L  G9)b  ^^  i  M^ntr'  eu  viver' !     Mais  ja  non  viverei 

se  non  mui  pouco,  pois  que  a  veer 
eu  non  poder',  ca  ja  niun  prazer 
de  nulha  cousa  nunca  prenderei; 
ca  nunca  Deus  quer  que  eu  cuid'  en  ai  3070 

20     se  non  porque  lhe  non  diss'  o  gran  mal 
e  a  gran  coita  que  por  ela  ei. 

I  CB  2f50  (236)  —  Emendei  qtceria  (por  querria)  no  verso  14.  E 
acrescentei  a  fiinda  que  faltava  no  €A. 

Variantes:  3  Ihi  —  5  ouvi  —  8  òmn  —  12  j^^i^o  nunca  Ihi  ousei 
a  dixer  ren  —  14  qv^ro  —  17  nenhun  —  20  Ihi  non  dixi  —  24  nen 
quando  i  non  posso  conselh'  aver  —  28  d' ela,  do  que  qj'  estou,  ben  o  sei 

—  lição,  certamente,  preferível  á  do  €A.  —  29  peor  a  estar. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  o  quicou  soantes,  differenciadas  apenas  pela  lima  («)  dos  versos 


—     262     — 

Mais  á  que  sazon  que  m'eu  acordei, 
quando  a  non  posso  per  ren  veer, 
nen  quando  non  poss'  i  conselh'  aver!  3075 

25      jMais  eu  cativo,  e  que  receei? 
ca  non  mi -avia  por  end'  a  matar, 
nen  ar  avia  peor  a  estar 
d'ela  do  que  m'  og'  estou,  e  o  sei. 

[gMais  de  que  podia  peor  estar,  3080 

30     pois  eu  non  vef  aquella  que  amar 

sei  mais  de  min  nen  qua?itas  cousas  sei?] 

5  e  6:  abbacca.  —  Rimas  longas:  eí(a)  ê/-(>>)  *(cl);  m(c2);  «/(cS);  ar(c4) 
e  na  fiinda  que  está  ligada  aos  últimos  versos  da  cantiga:  cca. 
A  nota  de  Colocci  regista  apenas  a  existência  do  congedo. 

III  Herrgott,  warum  habe  ich  nur  meiner  Herriu  die  vielen  Qualen, 
die  ich  um  sie  leide,  verheimliclit?  Gab  es  doch  eiue  Zeit,  wo  ich  zu  ihr 
reden  konnte !  und  ich  wartete  auf  eine  bessere !  und  nun  kelirt  die  gunstige 
Gelegenheit  nicht  wieder!  (1) 

Habe  ich  doch  iu  ihrer  Nàhe  gewohnt  und  sie  geschaut,  ohne  deu 
Mut  zu  haben ,  ihr  zu  bekennen ,  wie  ich  sie  geliebt  hatte ,  liebte  und  stets 
lieben  werde  (2) 

Solang  ich  lebe!  Das  freilich  wird  nicht  mehr  lange  wáhren.  Schon 
ist  mir  alie  Lust  vergâllt;  an  nichts  anderes  denke  ich,  ais  wie  ich  Thor 
die  rechte  Stunde  verpasst  habe  (3). 

Freilich  ist  es  schon  lange  her,  dass  ich  zur  Eiusicht  gekommon  bin; 
doch  geschah  es  zu  einer  Zeit,  wo  ich  sie  nicht  mehr  sehen  uoch  Rat 
schaffen  kann.  Was  habe  ich  damals  nur  gefiirchtet?  GetÕtet  hàtte  sie  mich 
doch  nicht,  und  schlimmer  ais  es  houte  mit  mir  steht,  hiitte  es  auch  nicht 
werden  kõnnen  (4). 

"Was  giebt  es  iiberhaupt  Schlimmeres,  ais  sie  nicht  zu  sehen?  (I) 

IV  Muyto  boa!  proclama  o  annotador  em  nota  marginal. 


130. 

(Tr.  171). 

Ceste  mund(o)  outro  ben  non  querria 
—  por  quantas  coitas  me  Deus  faz  soffrer  — 
que  mia  senhor  do  mui  bon  parecer  3085 

que  soubess'  eu  ben  que  entendia 
õ      como  og'  eu  moir',  e  non  lho  dizer  eu, 
nen  outre  por  min,  mais  ela  de  seu 
[sen]  o  entender  como  seria. 

E  se  eu  est'  ouvess(e),  averia  3090 

o  mais  do  ben  que  eu  querri'  aver: 
10     sabe'- lo  ela  ben,  sen  ]h'o  dizer 
f.  33  (=  69)c  II  eu !     E  non  attendess'  aquel  dia 

que  eu  attend',  ond  ei  mui  gran  pavor, 

de  lhe  dizer:   «por  vos  moiro,  senhor»,  3095 

ca  sei  que  por  meu  mal  lh'o  diria. 

I  CB  251  (237)  —  O  €A  apresenta -nos  aqui,  em  nota  marginal,  de 
mão  e  lettra  bastante  moderna,  talvez  do  sec.  XVI,  infelizmente  quasi  apagada, 
uma  variante  da  primeira  estrophe.     E  diz,  salvo  erro: 

Outro  ben  d'cste  mundo  non  querria 

polfas]  coitas  qu'  amor  me  fax  sofrer 

que  mia  senfhjor  meu  mal  todo  sabia 

e  que  soubess'  eu  sempre  atender. 

Se  esse  ben  ouvesse,  averia 

o  mais  do  ben  qvs  ja  querri'  aver 

ella  o  sabe  ben  sen  lho  dixer 
(riscado  e  substituido  pelo  verso  seguinte: 

soubera  o  ela  ben  sen  lho  dixer) 

e  o  sen  posera  en  min  como  d .  .  . 

nunca  lho  ous     ....     dixer. 
Talvez  a  tentativa,   de  resto  mal  sucedida,   de  um  leitor  quinhentista,   que 
desejava  melhorar  i.  é  modernizar  a  velha  poesia,  substituindo  os  nonarios 
graves  por  decasyllabos. 


—     264     — 

15  Ca  senhor  ei  que  m 'estranharia 

tanto  que  nunc'  averia  poder 

de  lh'ar  falar,  nen  sol  de  a  veer. 

E  mal  me  vai,  mais  peor  m'iria.  3100 

E  por  esto  querria  eu  assi 
20      que  o  soubess(e)  ela,  mais  non  per  mi, 

e  soubess'  eu  ben  que  o  sabia. 

E  rog'  a  Deus  e  sancta  Maria, 
que  lhe  fezeron  muito  ben  a  ver,  3105 

que  ben  assi  Ih 'o  façan  entender. 
25      E  con  tod  est'  ainda  seria 

en  gran  pavor  de  m'estranhar  por  én. 

E  par  Deus,  ar  jurar-lh'-ia  mui  ben 

que  nulha  culpa  i  non  avia  3110 

No  verso  14  a  graphia  mallo  não  admitte  outra  interpretação  que  não 
seja  mal  [l]ho. 

Variantes  do  €B:  1  mund'  —  qtieria  —  2  cousas,  emendado  para 
coitas  —  mi  —  5  com'  of  —  6  outren  por  mi  —  7  o  entender  mais 
como  seeria  —  8  E  se  eu  esto  ouvesse  avia  —  d  do  ben  que  eu  queria 
aver  —  110  CA  tem:  e  attenderia,  lição  que  não  serve,  por  causa  do  metro. 

—  12  qtie  eu  atendo  —  13  Ihi  —  15   Ca  senhor  é  —    16  t.  q.  non  a.  p. 

—  n  de  Ihi  falar  —  18  mi  —  19  queria  —  20  soubess'  ela  —  min  — 
21  que  o  ela  sabia  —  22  e  a  sancta  Maria,  de  sorte  que  o  verso  ficava 
com  uma  syllaba  de  mais.  —  23  q.  Ihi  s.  tanto  ben  faxer  —  28  nulla  — 
29  mi  —  30  qusr'  enton. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  3.  —  Versos  de  dez  syllabas: 
Decasyllabos  jambicos,  misturados  com  13  Nonarios  trochaicos 
graves  (como  na  cantiga  10).  —  Coplas  equiconsoantes:  abbacca :  dda. 
A  fiinda,  ligada  ás  estrophes  pela  ultima  consoante,  introduz  uma  rima  nova. 

—  Rimas  breves  e  longas:  m(a)  êrW  m(c);  e  on  no  desfecho. 

Colocci  marca  apenas  a  existência  do  cõgedo. 

TTT  Ais  Entgelt  fvir  alie  Qualen,  die  ich  leide,  wúusche  ich  mir  hie- 
nieden  nur  zu  wissen,  dass  meine  Herrin  ohne  Bekenntnisse  meinerseits 
und  auch  nicht  durch  andere,  sondem  aus  sich  selbst  heraus  eingesehen 
hat,  dass  sie  mich  tôtet  (1). 

Kein  anderes  Gut  begehre  ich.  So  brauchte  ich  doch  nicht  in  Bangen 
des  Tages  zu  harren,  wo  ich  ihr  sagen  miisste:  „Um  Euch  sterbe  ich, 
Herrin",  denn  ich  weiss,  das  geschâhe  zu  meinem  Leide  (2). 

So  hart  wiirde  sie  es  ahnden,  dass  ich  nimmer  wieder  Gelegenheit 
fânde,  sie  zu  sehen  und  zu  ihr  zu  sprechen.     Jetzt  geht  es  mir  schlimm. 


265 


De  m'eiitender  jassi  Deus  mi  perdon! 
30     nen  o  gran  ben  que  lh'eu  quer':  e  enton 
con  dereito  non  se  queixaria. 


Dann  ginge  es  mir  sclilimmer.  Daruni  mõchte  ich ,  sie  wússte  darum ,  doch 
nicht  durch  mich;  ich  aber  wusste,  dass  sie  es  wiisste  (3)! 

Dass  es  geschehe,  erbitte  ich  von  Gott  und  der  Jungfrau.  Selbst  so 
wiirde  ich  aber  noch  zagend  besorgen,  sie  mõchte  mich  dafúr  strafen,  ob- 
wohl  ich  ihr  beim  Himmel  schworen  wiirde,  ich  sei  schuldlos  (4) 

Darão,  dass  sie  von  meiner  Qual  und  meiner  Liebe  Kenntnis  hâtte. 
Mit  Recht  kõnnte  sie  also  nicht  iiber  mich  klagen  (1). 

IV  A  fiinda  tinha  originariamente  melodia  própria. 


131. 

(Tr.  172). 

Senhor,  que  Deus  mui  melhor  parecer 
fez  de  quantas  outras  donas  eu  vi,  3115 

ora  soubessedes  quant'  eu  temi 
serapr(e)  o  que  ora  quero  cometer: 
/•  f nw    5      de  II  vus  dizer,  senhor,  o  mui  ffran  ben 
que  vus  quero,  e  quanto  mal  me  ven, 
senhor,  por  vos,  que  eu  por  meu  mal  vi.         3120 

E  sabe  Deus  que  adur  eu  vin  i 
dizer -vus  como  me  vejo  morrer 
10     por  vos,  senhor;  mais  non  poss'  ai  fazer! 
E  vel  por  Deus,  doede-vus  de  mi, 
ca  por  vos  moir',  esto  sabede  ben;  3125 

e  se  quiserdes,  mia  senhor,  por  én 
non  me  deviades  leixar  morrer. 

15  E  ja  que  vus  comecei  a  dizer 

ben  que  vus  quero,  se  vus  non  pesar', 

senhor  fremosa,  quero- vus  rogar  3130 

que  vus  non  pes,  por  Deus,  de  vus  veer, 

nen  de  falar  vosqu';  e  faredes  ben 

20     e  gran  mesura,  e,  quant'  é  meu  sen, 
tenho  que  non  á  por  que  vus  pesar. 

I  €B  252  (238)  —  3  sempr'  o  —  6  mi  —  11  e  ar  por  deus  d.  v. 
de  min  —  12  moiro  —  13  e  se  quisessedes ,  senhor,  por  én  —  29  Ambos 
os  códices  tèem:  avcdes.  A  liç3.o  sabedes  completa,  comtudo,  melhor  o  sen- 
tido da  poesia.  —  30  come. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7  -{-  3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  que  podiamos  dizer  variantes  das  pareadas  ou,  com 
igual  direito,  variantes  das  oquiconsoantes,  ou  ainda  singulares,  visto 
que  nem  uma   das   estrophes  concorda   completamente   com   as   restantes. 


p    ^Ê 


25 


30 

C.  VI:  2a 
f.  34  (=  70)a 


267     — 


E  mia  senhor,  por  eu  vosco  falar 
niinca  vos  i  ren  podedes  perder, 
e  guarredes  min;  e  se  o  fazer 
quiserdes  (quero -vus  desenganar, 
senhor),  todos  vo'-lo  terran  por  ben. 
E  mia  senhor,  mais  vus  direi  eu  én: 
muito  perdedes  vos  en  me  perder. 

Ca,  mia  senhor,  sabedes  vos  mui  ben 
como  que  vus  non  ei  a  custar  ren, 
II  e  servir- vus -ei  ja,  mentr'  eu  viver'. 


3135 


3140 


Das  três  consoantes,  duas  (a  e  c)  são  communs  a  todas  as  estrophes;  a 
restante  varia  nas  ultimas,  e  a  ordem  apparece  invertida  na  2"  e  4*.  Além 
d'isso  ha  nos  versos  2  e  7  rimas  idênticas  (vi  na  1"  estancia;  morrer  na  2"; 
pesar  na  3'';  perder  na  4").  Temos  portanto  o  eschema  abbaccl);  baabcca; 
addaccd;  dsiadcca  e  cca  na  fiinda.  —  Rimas  longas:  êri.»)  «V('»J  e«(«")  arW. 
Colooci  verifica  primeiro  que  o  congedo  lá  está;  e  depois  dá- lhe  o  epi- 
theto  spiecato. 

III  Wússtet  Ihr  es  doch,  Herrin,  der  vor  allen  anderen  Schõnheit  von 
Gott  verlichen  ward,  wie  sehr  mir  stets  gebangt  hat  vor  dom  Schritt,  den 
ich  nun  wagen  will,  Euch  namlich  nieiue  Liebe  zu  gestehon  und  die  Not, 
dio  mir  daraus  erwiichst  (1)! 

Hart  ist  es  mir  angekommen,  vor  Euch  zu  treton  und  es  zu  sagen, 
dass  ich  um  Euretwillen  sterhe.  Doch  ich  kann  uicht  anders  und  bitte: 
«habt  Erbarmen  mit  mir».  Wollt  Ihr  es,  so  konntet  Ihr  mein  Sterben  ver- 
hindern  (2). 

Und  da  ich  einmal  begonnen  babe  zu  reden,  so  mochte  ich  Euch, 
schõne  Henin,  ersuchen,  um  Gottes  Willen  nicht  zu  zúrneu,  sondorn  es 
Euch  gefallon  zu  lassen,  dass  ich  Euch  sehe  und  zu  Euch  rede.  Recht 
thátet  Ihr  daran  und  zeigtet  Billigkeit  (3). 

Zur  Unzicr  kann  es  Euch  nicht  gcreichen,  dass  ich  zu  Euch  rede. 
Vielmehr  werdet  Ihr  mich  retten  und  alio  werden  Euch  dafiir  loben.  Úbel 
steht  es  Euch  hingegen,  mich  zu  verderben  (4). 

Ihr  wisst  recht  gut,  dass  ich  Euch  nicht  teuer  zu  stohen  komme  und 
dass  ich  Euch  mein  Lebelang  dienen  werde  (I). 

IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  melodia  própria. 


132. 

(Tr.  218). 

Fiz  meu  cantar  e  loei  mia  senhor  3145 

mais  de  quantas  outras  donas  eu  vi; 
e  se  por  est'  an  que[i]xume  de  mi 
as  outras  donas,  ou  mi-an  desamor, 
5      ajan  de  seu  quen  d'elas  diga  ben 

e  a  quen  façan  muito  mal  por  én:  3150 

ca  ben  assi  faz  a  min  mia  senhor, 

A  mais  fremosa  dona  nen  melhor 
de  quantas  og'  eu  sei,  per  bõa  fé. 
10     E  vejan  que  faran,  ca  ja  'si  é. 

E  se  me  por  aquest'  an  desamor,  3155 

ajan  de  seu  quen -as  loe  enton! 
Nunca  lhes  por  én  façan  se  mal  non, 
ca  non  faz  a  min  a  minha  melhor! 


I  CB  253  (239)  —  Substitui  min  por  mi  no  verso  3.  —  7  mi  — 
10  ea  ja  assi  é  —  11  e  se  mi  por  aquesto  a.  d.  —  12  quenas  —  13  O  CA 
tem  les  —  16  por  que  xi  m'assanhar  —  20  No  CB  falta  ben  —  21  nenhun 
—  24  Ambos  os  códices  tèem  desquant' .  Desquand'  parece -me  todavia 
preferível.  —  No  verso  9  o  til  sobre  boa  falta  no  CÁ. 

n  Cantiga  de  meestria:  3  x  7  -f-  3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares,  encadeadas  todavia  por  uma  das  con- 
soantes (a)  que  apparece  três  vezes  em  cada  ostrophe,  com  palavra  idêntica 
no  meio  de  todas  {desamor)  e  repetição  de  outra  no  principio  e  fim  de 
cada  uma  {senhor  na  r\  melhor  na  2*,  sabor  na  3"^),  de  sorte  que  as 
coplas  singulares  são  ao  mesmo  tempo  redondas:  abl}acca.  —  Rimas 
longas:  ôrW  *(»»)  é?í(c)  na  l"  estancia;  Ôr(»)  éi^)  oni*-'^  na  2*;  or(a)  arC») 
á(c)  na  3"*.  A  fiinda,  que  acaba  em  ôr,  segundo  a  regra,  introduz  uma  rima 
nova:  êr  (dda). 

III  In  meinem  Liede  liabe  ich  meine  Herrin  iiber  alie  Frauen  ge- 
priesen.  Beklagen  sicb  darob  dio  anderen  und  sind  mir  grani,  so  mõgen 
sie  ihrerseits  ihren  „Frauenlob"  habon  und  ihm  dafiir  mit  Unliebe  und 
Undank  lohnen,  geradeso  wie  meine  Herrin  mir  thut  (1). 


269 


15  E  se  m'eu  ei  de  mi -a  loar  sabor, 

non  an  por  én  por  quê  se  mi -assanhar;  3160 

mais  ar  ajan  de  seu  quen-nas  loar' 
e  a  quen  ajan  por  én  desamor, 
com'  a  min  faz  aquela  que  eu  ja 

20      loarei  sempr',  e  sei  ben  que  non  á 

de  fazer  a  min  ben  niun  sabor.  3165 

f.  34  (=  70)b       II  Ca  se  m'algun  ben  quisesse  fazer, 
ja  quequer  ni'én  fezera  entender 
des  quand'  á  que  a  filhei  por  senhor. 

Die  schônste  und  beste,  traun,  von  allen,  die  ich  kenne.  Und  zu- 
sehen  mõgeh  sie,  was  ihre  Dichter  anstellen.  Ziiraen  sie  mir  darob,  so 
môgen  sie  ihren  eigenen  Lobredner  haben,  ihm  aber  stets  Unliebe  erweisen, 
denn  nicht  besser  verfáhrt  meine  Herrin  (2). 

Darúber,  dass  ich  sie  lobe,  diirfen  jene  sich  nicht  eibosen.  Mõgen 
sie  ihren  eigenen  Dichter  haben  und  ihm  Unliebe  zeigen,  wie  mir  diejenige, 
welche  ich  immer  loben  werde ,  obwohl  sie  mir  nimmer  Dank  dafiir  wissen 
■wird  (3). 

Denn  woUte  sie  es,  so  hâtte  sie  mir  llingst,  seit  ich  sie  zur  Herrin 
wâhlte,  ein  wenig  davon  bemerklich  machen  konnen  (I). 

IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  musica  própria.  A  respectiva  chamada 
está  á  margem. 


133. 

(Tl*.  219 ,  do  verso  4  por  diante). 

Agora  viv'  eu  como  qiierria 
veer  viver  quantos  me  queren  mal,  317 O 

que  non  vissen  prazer  de  si  nen  d'al, 
com'  eu  fiz  sempre  des  aquel  dia 
5      que  eu  mia  senhor  non  pudi  veer. 
[Ca\  se  nunca  depois  ar  vi  prazer, 
Deus  no '-me  valha,  que  poderia!  3175 

E  quen  vivess'  assi,  viveria, 
per  bõa  fé,  en  gran  coita  mortal, 
10     c'assi  viv'  eu  por  ua  dona  qual 
sab'  oge  Deus  e  sancta  Maria, 
que  a  fezeron  melhor  parecer  3180 

de  quantas  donas  vi  e  mais  valer 
f.34{=70)c  II  en  todo  ben;  e  ben  veeria 

I  CB  264  (240)  —  1  queria  —  2  mi  —  6  ca  faltava  no  CA  — 
7  non  mi  —   10  ca  assi  —   16  Ambos  os  códices  têem:  tal  —  17  digu' 

—  m,i  —  18  m'a  mostre. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7  +  2x2.  —  Versos  de  dez 
syllabas:  Decasyllabos  jambicos  misturados  com  Nonarios  trochaiicos 
(como  nas  cantigas  10  e  130).  —  Coplas  equiconsoantes:  abbacea||ca  :  ca. 

—  Rimas  breves  e  longas:  *«(»)  aZW  êr(c). 

Colocci  coUoca  esta  cantiga  no  grupo  sei  diffi  e  nota  as  duas  fiindas, 
dizendo  dui  congedi  spiceati. 

TSI  Jetzt  lebe  ich  so,  wie  ich  es  auf  solche  herabwunscben  mõchte, 
die  mir  nicht  wohlwoUen:  ohne  Frende  an  mir  selbst  und  aliem  iibrigen, 
nnd  zwar  seit  ich  meine  Herrin  nicht  mehr  sehe.  Gott  sei  mir  nicht 
gnâdig,  habe  ich  seither  je  Freude  empfunden  (1). 

Wer  so  lebt,  lebt  aber  in  Todespein,  wie  ich  um  eine  Frau,  welche 
Gottvater  und  die  heilige  Jungfrau  kennen ,  da  sie  ihr  solch  holdes  Aussehen 


—     271     — 


15  Quen  visse  mia  senhor,  e  diria: 

«eu  sei  ben»  por  ela  que  é  [a]tal 
como  vus  eu  dig[z*]';  e  se  me  non  vai 
Deus  (que  mi-a  mostre!),  ja  non  guarria 
eu  mais  no  mundo,  ca  non  ei  poder 

20     de  ja  mais  aquesta  coita  soffrer 
do  que  soífri;  e  desejaria 

Muito  mia  mort'  e  querria  morrer 
por  mia  senhor,  a  que  prazeria, 

E  por  grau  coita,  en  que  me  viver 
25      vejo  por  ela,  que  perderia. 


3185 


3190 


gaben  und  sie  trefflich  in  allein  Guten  machten ,  mehr  ais  die  ganze  úbrige 
Frauenwelt.     Liebes  und  Holdes  wiirde  sehen  (2), 

Wer  sie  erblickt,  und  sprechen  „ja  sie  ist  es"  [„ich  weiss  wohl"], 
denn  sie  ist  ia  der  That  so ,  wie  ich  saga.  Und  hilft  mir  der  Himmel  nieht 
und  zeigt  sie  mir,  so  werde  ich  nimmer  wieder  gosunden  auf  dieser  Welt, 
da  ich  nicht  Kraft  habe,  diese  Pein  lânger  zu  tragen  und  herbeisehnen 
niuss  (3) 

Den  Tod.  Denn  sterben  mõchte  ich  sowohl  um  ihretwegen,  der  es 
gefallen  wiirde  (I), 

Ais  auch  wegen  der  grossen  Pein,  ia  der  ich  lebe,  und  die  ich  dann 
los  wâre  (IT). 

IV  As  duas  fiindas  tiveram  outr'  ora  melodia  sua.  Á  margem  do  CA 
ha  uma  chamada. 


134. 

(Tr.  220). 

Sempr'  ando  coidando  era  meu  coraçon 
com'  eu  iria  mia  senhor  veer  3195 

e  en  como  lh'ousaria  dizer 
o  ben  que  lh'eu  quero;  e  sei  que  non 
5     lh'ousarei  end'  eu  dizer  nulha  ren, 
f.34{=70)d  mais  veê'-la-ei  1  pouco,  e  irei  én 

con  mui  grau  coita  no  meu  coraçon,  3200 

Tal  que,  se  a  vir',  quantas  cousas  son 
eno  mundo  non  mi-an  de  guarecer 
10      de  morte,  pois  lhe  non  ousar'  dizer 
o  ben  que  lh'eu  quero.     E  por  én  non 
me  sei  conselho,  nen  sei  ora  ben  3205 

se  prove  d'ir  i,  se  non;  e  meu  sen 
e  meus  conselhos  todos  aqui  son. 

I  CB  255  (241)  —  1  Semprãdo  cuydado  de  nilcha  tençõ.  Talvez: 
sempr'  ando  euidmulo  em  úa  tençon?  ou:  em,  minha  tençon?  A  lição  do 
CA  é,  porém,  preferível,  visto  que  a  canção  é  redonda:  o  1"  verso  das 
estrophes  tem  por  rima  a  mesma  palavra  com  que  o  ultimo  remata.  —  4 
quer'  e  sei  q.  n.  —  5  IK ousaria  a  d.  n.  r.  —  6  mais  vee-la  mui  pouq'e 
ir  m'ei  én.  —  10  Ihi  —  13  {prouve)  —  15  guareseo  —  16  cuidando  — 
17  Ihi  —  20  —  23  {eq  \  sofreu  tantas  coitas  tã,  gram  sazon  \  Eu  e  nõ 
ouTm  pf  que  mho  nõ  tê  \  pf  sen  e  moiro  se  Ss  mi  pdon)  =  E  quen  \  sofreu 
tantas  coitas  tan  gran  sazon?  \  Eu,  e  non  outren,  porque  mi  non  ten  \  por 
seu  e  moiro,  se  deus  mi  perdon! 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7  +  2.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  equiconsoantes  e  redondas,  que  repetem,  além  d'isso,  a 
mesma  consoante  {^lon)  no  meio  de  todas  as  estrophes :  abbacca :  ca.  — 
Rimas  longas:  oni»)  cri*)  m(c). 

Colocci  signalizou  o  cõged..,  chamando -o  mais  uma  vez  spicc.  —  Também 
lançou  á  margem  a  palavra  Tenxõ  e  a  formula  per  mio  mal  vidi. 


15 


20 


273     — 


E  assi  guaresc',  á  mui  gran  sazon, 
coidando  muit',  e  non  sei  que  fazer; 
mais  pêro,  pois  lhe  non  ei  a  dizer  3210 

o  ben  que  lh'eu  quero,  tenho  que  non 
é  mia  prol  d'ir  i;  mais  sei  ai  por  6n: 
que  morrerei,  se  a  non  vir'  e  qu'én 
soífr'eu  tantas  coitas  tan  gran  sazon. 

E  veo  outre,  por  quen  me  non  ten  3215 

por  seu!  e  moir',  assi  Deus  me  perdon! 


III  Ich  stelle  mir  fortwâhrend  im  Geiste  vor,  wie  ich  zu  meiner 
Herrin  gehe  und  mich  soweit  ermanne,  dass  ich  ihr  meiue  Liebe  gestehe, 
obwohl  ich  weiss,  dass  ich  nicht  zu  redon  wagen  werde,  sie  iiberhaupt  nur 
fiir  ein  Kleines  sclien  und  tiefbetriibt  von  daanea  gehen  werde  (1). 

Denn  nichts  auf  Erden  kann  mich  vora  Tode  erretten,  wenn  ich  nicht 
einmal  wage,  ihr  zu  sagen,  wie  lieb  ich  sie  habe.  Darum  weiss  ich  mir 
keinen  Rat  uud  weiss  auch  nicht  einmal,  ob  ich  es  versuchen  und  mich 
ihr  naheu  soll,  oder  nicht:  das  ist  mein  ganzes  Wissen  und  Raten  (2), 

Meine  gauze  Heilung  und  mein  Sinnen  seit  langer  Zeit.  Ich  weiss 
nicht,  was  ich  thun  soll.  Doch  wenn  ich  nun  einmal  nicht  Manns  genug 
bin,  ihr  meine  Liebe  zu  gestehen,  so,  denke  ich,  niitzt  es  mir  nichts,  zu 
ihr  zu  gehen.  Freilich  weiss  ich  auch,  dass  ich  sterben  werde,  so  ich 
nicht  gehe,  und  dass  ich  darob  seit  langem  so  viele  Schmerzen  erleide  (3). 

Ein  anderer  ist  gekommen,  um  dessentwillen  sie  mich  nicht  mehr  in 
ihrem  Dienste  haben  will.  Darum  sterbe  ich,  so  wahr  mir  Gott  verzeihen 
mõge  (I). 


IV  O  desfecho  teve  outr'  ora  melodia  própria, 
temos  a  nota:  fijda. 


Á  margem  do  CÁ 


18 


135. 

(Tr.  221). 

Nostro  Senhor  ^o,  ora  que  será 
de  min,  que  moiro,  porque  me  parti 
de  mia  senhor  mui  fremosa,  que  vi 
polo  meu  mal?  e  de  mi  que  será,  3220 

f.àõ'^  5      Nostro  Senhor?  II  ou  ora  que  farei? 
(=  7i)a  Q^^  ^^  pran,  niun  conselho  non  ei, 

nen  sei  que  faça,  nen  que  xe  será 

De  min,  que  moiro?  e  non  me  sei  ja 
niun  conselh'  outro  se  non  morrer!  3225 

10      B  tan  bon  conselho  non  poss'  aver, 
pois  que  non  coido  nunca  veer  ja 
esta  senhor,  que  por  meu  mal  amei, 
des  que  a  vi,  e  am'  e  amarei 
mentr'eu  viver';  mais  non  viverei  ja  3230 

I  CB  256  (24-2)  —   3  de  7n.  s.  fremosa  qiie  eu  vi  —   4  min  —   6 

nenhun  —  7  nen  o  que  será  —  9  nenhun  —  11  cuido  —  15 — 16  Mais 
por  ela  e  non  por  outra  ren  \  ando  cuidando  no  meu  coraçon  —  18  cuidar 

—  19  cuidar  —  20  cuida  —  22  E  poi-la  vef  e  cuid'  e.  q.  b.  —  23  Ihi 
vos  fexestes  em  tod'ar  cuid' ai  —  26  O  CA  tem  fazerdes  —  28  mi  —  30 
verei  —  ben^  lição  que  julgo  preferível. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7-1-2.  —  Decasyllabos  jambicos, 

—  Coplas  p areadas,  diiferenciadas,  porém,  por  uma  das  rimas  (b)  que 
varia  de  estrophc  em  estrophe;  e  arredondadas  por  meio  da  consoante  a, 
que  é  idêntica  dentro  dos  limites  da  mesma  estrophe:  abbacca.  —  Rimas 
longas:  ri  (a)  «(•»)  e^■(e)  na  1*"  estrophe;  a(a)  erC»)  e^■(c)  na  2*;  m(a)  o«('>) 
ar{^)  na  3'";  én(»)  alW  ari*-)  na  4'';  a(aíe2)  éji(a;íe4)  na  fiinda,  que 
poiianto  responde  por  meio  de  uma  das  rimas  ao  1"  grupo,  e  com  outra 
ao  IP. 

Colocci  só  reparou  na  existência  do  cõgedo. 

m  Was  soU,  o  Gott,  aus  mir  werden,  der  ich  sterbe,  weil  ich  von 
nieiner  Herrin  getrennt  bin,  die  ich  zu  meinem  Unglúck  sah?  Hen'gott, 
was  soll  aus  mir  werden?  Und  was  soll  ich  thun,  da  ich  mir  keinen  Rat 
weiss?  (1) 


—     275     — 

15  Mais  des  aqui,  de  pran,  per  nulha  ren, 

coidando  sempre  no  meu  coraçon 

no  mui  gran  ben  que  Ih'  og'  eu  quer',  e  non 

na  veer,  nen  a  coidar  ja  per  ren 

a  veer.     E  con  aqueste  coidar  3235 

20     coid'  a  morrer;  ca  non  poss'  og'  osmar 

com'eu  possa  viver  per  nulha  ren, 

Poi'-la  non  veg',  e  coid'  en  quanto  ben 
lhe  vos  fezestes;  e  tod'ar  coid'  ai: 
en  com'  a  min  fezestes  muito  mal,  3240 

25      pois  ja  quisestes  que  lh'eu  tan  gran  ben 
quisess'  e  non  mi- o  fazer  alongar 
de  a  veer,  e  tan  a  meu  pesar! 
Nostro  Senhor,  u  me  faredes  ben? 

A  la  fé,  nenlhur!  aquesto  sei  ja,  3245 

30     ca,  se  a  non  vir',  nunc'  a  verei  ren. 

Keinen  andereii  wenigstens,  ais  eben  zu  sterben?*  Doch  taugt  er 
nichts,  da  ich  nie  inehr  zu  sehen  gedenke  die,  welche  ich  geliebt  habe, 
liebe  ixnd  liebea  werde,  solange  ich  lebe  (2). 

Doch  leben  worde  ich  nicht  mehr  lange,  da  ich  unaufhõrlich  ihrer  und 
meiner  Liebe  zu  ihr  gedenke  und  der  Not,  die  es  mir  bereitet,  sie  nicht 
zu  sehen.  Dies  Gedenken  aber  wird  mich  zu  Grunde  richten,  denn  ich 
kann  es  mir  nicht  einmal  vorstellen,  wie  ich  leben  soll  (3), 

Ohne  sie  zu  schauen.  Daran  denke  ich,  wie  Du  ihr  Liebes  erwiesen. 
Und  dann  denke  ich  wieder  an  etvvas  anderes:  daran,  wie  Du  mir  Unrecht 
gethan,  da  Du  mich  zwaugst,  sie  zu  lieben,  und  mich,  zu  meinem  Leide, 
nicht  davon  fernhieltest,  sie  zu  erblicken.  Wann  und  wo  wirst  Du  mir 
Gutes  und  Schõnes  crweisen?  (4) 

Gowisslich  nie  und  nirgeuds,  das  weiss  ich  schon;  denn  sehe  ich  sie 
nicht,  so  giebt  es  nichts,  was  fiir  mich  den  Namen  gut  und  schõn  ver- 
diente  (I). 

*)  Se  o  poeta  dissesse  aqui  viver,  em  lugar  de  morrer,  o  sentido  sahia  mais  comprehen- 
sivel ,  na  minha  opinifo ,  pelo  menos. 

IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  melodia  própria.  —  A  margem  temos  a 
chamada  do  costume. 

Espécimen  das  cantigas  de  atafiinda. 


18' 


136. 

(Tr.  222). 

f.  35  (=  7i)b       Por  mia  senhor  fremosa  quer'  ||  eu  ben 
a  quantas  donas  veg';  e  gran  sabor 
ei  eu  de  as  servir  por  mia  senhor 
que  amo  muit'.     E  farei  iia  ren:  3250. 

5      porque  son  donas,  querrei-lhes  fazer 
serviço  sempr',  e  querrei-as  veer 
sempr'  u  poder',  e  dizer  d'elas  ben: 

Por  mia  senhor,  que  quero  mui  gran  ben, 
que  servirei  ja,  mentr'  eu  vivo  for'.  3255 

10     Mais  enquant'  ora  non  vir'  mia  senhor, 
servirei  as  outras  donas  por  én, 
porque  nunca  vejo  tan  gran  prazer 
com'  en  veê'-las,  pois  non  ei  poder 
de  veer  mia  senhor  que  quero  ben.  3260 

I  CB  257  (24-3)  —  2  vejo  e.  g.  s.  —  8  a  que  quero  g.  h.  —  15 
est  é  or'  o  mais  de  ben. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7  +  2.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  equiconsoantes,  e  ao  mesmo  tempo  redondas,  com  pa- 
lavm  idêntica  no  principio  e  fim  de  todas  as  estrophes  e  repetição  da  for- 
mula mia  senhor  nos  3°^  versos:  abbacca :  ca.  —  Rimas  longas:  éw(a) 
ôr(b)  er(e). 

Sei  difs.  e  cõged.  spie.,  segundo  Colocai. 

ITT  Um  meiner  holden  Herrin  willen  liebe  ich  das  ganze  Geschlecht; 
um  ihretwillen  macht  es  mir  grosse  Freude,  den  Frauen  zu  huldigen.  "Weil 
sie  Frauen  sind,  werde  ich  ihnen  immerdar  dienen  und  Gutes  von  ihnen 
reden  (1). 

Um  meiner  holden  Herrin  willen,  die  ich  so  lieb  babe,  und  der  ich 
mein  Lebtag  lang  dienen  will,  werde  ich,  solange  ich  sie  nicht  sehe,  der 
anderen  Frauen  Diener  sein;  denn  solange  es  nicht  in  meiner  Macht  steht, 
die  Geliebte  zu  schauen,  macht  sonst  nichts  mir  gleiches  Vergniigen,  wie 
unter  anderen  Frauen  zu  sein  (2). 


—     277     — 

15  Ca,  de  pran,  est'  é  oge  mais  de  ben 

que  ei,  pêro  que  sõo  sabedor 
que  assi  morrerei  por  mia  senhor, 
veend'  as  outras,  perdendo  meu  sen, 
por  veer  ela,  que  Deus  quis  fazer  3265 

20     senhor  das  outras  en  ben  parecer, 
e  en  falar,  e  en  tod'outro  ben. 

E  por  aquesta  coid'  eu  a  morrer 
a  que  Deus  fez,  por  meu  mal,  tanto  ben. 

Das  ist  jetzt  mein  Bestes;  doch  weiss  ich  fiir  gewiss,  dass  ich  trotz- 
dein,  um  meiner  Ilerrin  willen,  ob  ich  auch  die  anderen  sehe,  sterbeu  uod 
dou  Vcrstand  verlieren  werde  aus  Sehnsuoht,  die  z\\  schauen,  welche  er- 
habou  ist  úber  die  iibrigen  durcli  Scbõuheit,  Redegabe  und  andere  Treff- 
lichkeiten  (3). 

Sie,  der  Gott  zu  meiuem  Leide  so  viele  Vorziige  verliehen,  ist  es, 
um  die  ich  zu  sterben  wâhne  (I). 

IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  musica  própria. 


137. 

(Tr.  223). 

f.  35  (=  7i)c       II  Nunca  fiz  cousa  de  que  ine  tau  ben  3270 

achasse  come  de  quanto  servi 
sempr'  fia  dona,  des  quando  a  vi, 
que  amei  sempre  mais  ca  outra  ren; 
5      ca,  de  pran,  quanto  no  mundo  durei, 

os  dias  que  a  servi,  gaanhei,  3275 

e  tantos  ouv'  end'  a  prazer  de  mi. 

E  tenho  que  me  fez  Deus  mui  gran  ben 
en  me  fazer  tau  bõa  don'  amar, 
10      e  de  a  servir  e  non  m 'enfadar, 

nen  teê'-lh'  o  mal,  que  me  faz,  en  ren;  3280 

e  de  me  dar  coraçon  de  tSer 

por  ben  quanto  m'ela  quiser'  fazer, 

e  atender  temp',  e  no'-me  queixar. 

I  CB  258  (2áá)  —  6  guaanhei  —  8  mi  —  11  (n.  teê'-lo  mal  que 
m'ela  fax  en  ren)  —  12  mi  —  16  min  —  17  cuidei  que  veria  s.  —  25 
se  m'ar  q.  —  31  (en  prazer). 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7  -]-  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares,  encadeadas  todavia  por  uma  rima  (a)  que  se  repete 
com  palavras  idênticas  (bem  e  rem)  no  l''  e  4"  verso  de  todas  as  estrophes: 
abbaccl).  —  Rimas  longas:  én  i  ei  na  l'""  estancia;  én  ar  êr  na  2";  én 
on  ou  na  3*;  én  á  or  na  4*;  ér  er  én  na  fiinda  que,  introduzindo  poiianto 
uma  consoante  nova,  remata  com  a  do  i)rincipio  da  cantiga. 

Colocci  achou  notável  só  a  existência  do  eõged.,  o  a  formula  fará 
meglior  (vereo  26). 

ni  Von  aliem,  was  ich  gethan,  hat  niclits  mir  solch  Behagen  bereitet, 
wie  meine  Handlungen  im  Dienste  der  iiber  alies  in  der  Welt  Geliobten. 
Von  meiner  Lebenszeit  rechne  ich  fur  gewonnene  die  Tage,  die  ich  ihr 
gedient,  und  ebensoviele  zàhle  ich  ais  Freudentage  (1). 

.    Auch  vermeine  ich,  Gott  habe  rair  Liebes  erwiesen ,  indem  er  mir  eine 
so  vorzugliche  Dame  zeigte;  und  ich  bin  ihm  dankbar  dafúr,  dass  ich  sie 


f.  35  {- 


—     279     — 

15  E,  de  pran,  sempre  des  que  lh'eii  quis  ben 

mayor  ca  mi  e  con  mayor  razon,  3285 

sempre  eu  coidei  que  verria  sazon 

que  lli'ousaria  eu  algtia  ren 

dizer  do  ben  que  lli'eu  quer'!  e  estou 

20     atendend'  aquel  terap'!  e  non  chegou! 

Pêro  estou  led'  en  meu  ooraçon,  3290 

Porque  quero  tan  bõa  dona  ben, 

de  que  sei  ca  nunca  me  mal  verrá; 

ca  se  morrer'  por  ela,  prazer- mi- á! 
25      Se  mi -ar  quiser'  fazer  algua  ren 
=  7i)d  II  como  non  moira,  fará  mui  melhor;  3295 

e  ben- o  pode  fazer  mia  senhor, 

ca  tod'  aqueste  poder  ben  o  á: 

E  en  fazer  en  min  quanto  quiser', 
30     e  en  valer  mui  mais  d'outra  molher 

en  parecer  e  en  tod'  outro  ben.  3300 


lioben  darf;  in  ilireni  Dieuste  nicht  erlaliiue;  das  Bõse,  das  sie  mir  antluit, 
fúr  iiichts  erachte;  alies,  was  voa  ihr  ausgeht,  fúr  giit  halte;  geduldig 
warte  und  nicht  klage  (2). 

Seit  ich  sie  verehre,  inehr  ais  mich  selbst  und  auch  mit  grõsserem 
Recht,  hoffte  ich,  die  Stimde  wiirde  kommcn,  wo  ich  es  wagen  wúrde,  ihr 
davou  zu  reden;  doch  noch  ist  sie  nicht  gokommen;  noch  immer  bin  icli 
oiu  llarrender,  ob  auch  heiteren  Herzens  (3). 

Die  Dame,  die  ich  liebe,  ist  so  gut,  dass  mir  von  ihr  nichts  Úbles 
koniinen  kann.  Selbst  wenn  ich  um  sie  sterbe,  soll  es  mir  genehm  sein. 
Bcsser  aber  thut  sie  daran,  so  sie  etwas  thut,  das  mich  ain  Loben  erhâlt. 
Und  dazu  hat  sie  die  Macht  in  Handen  (4). 

Und  auch  dazu,  mit  mir  zu  tbun,  wie  sie  will.  Ihr  Wert  ist  hõhor 
ais  der  jedei  anderen  Frau.     Ebenso  ihro  Schõnheit  (I). 

IV  Fijda  ú  margem  do  €A,  em  signal  de  que  ainda  aqui  a  cantiga 
rematava  com  nova  melodia. 


138. 

(Tr.  224,  do  verso  4  por  diante). 

Senhor  fremosa,  vejo-vus  queixar 
porque  vus  am'  e  amei,  pois  vus  vi; 
e  pois  vos  d'esto  queixados  de  mi, 
se  én  dereito  queredes  filhar, 
5  aque-m'aqui  eno  vosso  poder!  3305 

Pois  vos  de  min  non  queixados  por  ai, 
se  non  porque  vus  qu^ero  mui  gran  ben, 
e  vejo  que  vos  queixados  por  én, 
senhor  de  min,  e  meu  ben  e  meu  mal, 
10  aque-m'aqui  eno  vosso  poder!  3310 

Senhor,  se  vos  têedes  por  razon 
d'eu  por  aquesto  ja  morte  prender, 
non  ei  eu  quen  me  de  vos  defender'; 
e  por  én,  coita  do  meu  coraçon, 
15  aque-m'aqui  eno  vosso  poder,  3315 

G    VI-    4<í        \\  e    ■  ■>  •      •  1 

f.  36  (=  n9}a  \\  en  que  toi  sempr    e  ei  ja  de  seer. 

I  CB  259  (245)  —  2  (pois  qtie  vus  vi)  —  3.  6  e  8  vus  —  IG  fui  sempre. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4:  ■-{- 1) -{- 1 .  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbaU C :  c.  —  Rimas  longas:  ar  i  na 
1*  estancia;  ai  én  na  2";  on  èr  na  3";  êr  no  refram  e  na  fiinda.  —  A 
repetição  de  êr  na  3"  estancia  devia  ser  uma  „ desigualdade"  censurável,  na 
opinião  dos  juizes  da  arte  trovadoresca. 

Tornei.     Gõgedo  du  verso  spice.,  segundo  Colocci. 

m  Ihr  fúhrt  Klage,  schõne  Herrin,  weil  ich  Euch  liebe  und  geliebt 
habe,  seit  ich  Euch  zum  erstenmal  sah.  WoUt  Ihr  mich  dafúr  strafen:  ||  seht, 
hier  stehe  ich  und  begebe  ich  mich  in  Eure  Gewalt  (1). 

Da  Ihr  nur  aus  einem  Grunde  iiber  mich  klagt,  nãmlich  weil  ich  Euch 
innig  liebe,  Ihr  meine  Herrin,  mein  Leid  und  meine  Lust,  ||  seht  etc.  (2). 

Wenn  Ihr  es  fiir  recht  haltet,  dass  ich  dar  um  deu  Tod  erleide,  so 
weiss  ich  niemand,  der  mich  bescliútzen  kõnnte.  Darum,  meines  Herzens 
Leide,  ||  seht,  hier  stehe  ich  in  Eurer  Gewalt  (3). 

In  der  ich  immer  war  und  bleiben  werde  (I). 

IV  Fijda  (com  melodia  própria),  segundo  a  aunotação  do  velho 
escrevente. 


10 


139. 

(Tr.  143). 

De  mia  senhor  direi -vus  que  mi-aven: 
porque  a  vejo  mui  ben  parecer, 
tal  ben  lhe  quer'  onde  coid'  a  morrer. 
E  pêro  que  lhe  quero  tan  gran  ben, 

ainda  Ih 'eu  mui  melhor  querria  ,  .  . 
se  podesse  .  .  .  mais  non  poderia! 

Ca  lhe  quero  tan  gran  ben  que  perdi 
ja  o  dormir;  e,  de  pran,  perderei 
o  sen  mui  cedo  con  coita  que  ei. 
E  pêro  que  tod'  aquesto  perç'  i, 

ainda  lh'eu  mui  melhor  querria  .  .  . 

se  podesse  .  .  .  mais  non  poderia! 


3320 


3325 


I  CB  260  (246)  —  3.  4.  7  e  13  Ihi  —  3  cuid'    —    o  queria  — 
10  peroque  tod'  aquesto  padeci  —  16  se  deus  nii  perdon. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -j- 2) -|- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos  no  corpo  da  cantiga;  Nonarios  trochaicos  no  refram  e  na  f  iinda. 
—  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas  e  breves:  éni») 
êrW  na  l"-  copla;  «(»)  e*('>)  na  2'^;  on  ai  na  3*^;  ia  no  refram  e  na  f  iinda. 

Colocci  marcou  aqui  a  formula  do  verso  16:   m[ij  perdoni  =  a  me. 

III  Also  ergeht  es  mir  mit  meiner  Herrin:  weil  ich  sie  so  reizend 
sehe,  liebe  ich  siesosehr,  dass  ich  daran  sterben  muss.  Trotz  der  Grõsse 
meiner  Liebe  ||  mõchte  ich  sie  aber  noch  viel  viel  mehr  liebeu,  wâre  es  nur 
mõglich.     Doch  ist  es  unmiiglich  (1). 

Habe  ich  doch  bereits  den  Schlaf  vorloren ,  uud  werde  bald  vor  Gram 
den  Verstand  verlieren.  Trotzdem  ich  aber  sclion  so  viel  verlor,  |1  mõchte 
ich  ato.  (2). 

Denn  so  herzlich  bin  ich  ihr  zugethan,  dass  ich  ohne  jeden  Zweifel 
l)ald  sterben  muss,  so  sie  mir  nicht  hilft.  So  wahr  mir  aber  Gott  helfen 
mõge,  II  bei  alledem  mõchte  ich  sie  noch  viel  viel  mehr  lieben,  wâre  es  mu* 
mõglich.     Doch  ist  es  unmõglich!  (3) 


—     282     — 

Ca  lhe  quero  ben  tan  de  coraçon 
que  sei  mui  ben  que,  se  m'ela  non  vai,  3330 

15      que  morrerei  cedo,  non  á  i  ai. 

E  con  tod'  esto  jsi  Deus  me  perdon! 
ainda  lh'eu  mui  melhor  querria, 
se  podesse;  mais  non  poderia! 

Per  nulha  ren,  par  sancta  Maria!  333ô 

20     Ca  se  podesse,  log[w]'  eu  querria! 

VõUig  unmõglich,  bei  der  heiligeu  JuDgfrau.    Denn  vormõchto  ich  es, 
so  wúrde  ich  es  sogleich  woUen  (I). 

IV  Fijda  com  melodia  própria  (segundo  a  nota  marginal  do  CA). 


\ 


140. 

(Tr.  144). 

f.36{=ii9)b       Cuidades  vos,  mia  senhor,  que  mui  mal 
estou  de  vos,  e  cuid'  eu  que  mui  ben 
estou  de  vos,  senhor,  por  úa  ren 
que  vus  ora  direi,  ca  non  por  ai:  3340 

5  Se  morrer',  morrerei  por  vos,  senhor; 

se  m'i-ar  fezerdes  ben,  aque  melhor! 

Tan  mansa  vus  quis  Deus  Senhor  fazer 
e  tan  fremosa,  e  tan  ben  falar 
que  non  poderia  eu  mal  estar  3345 

10      de  vos,  por  quanto  vus  quero  dizer: 

Se  morrer',  morrerei  por  vos,  senhor; 
se  m'i-ar  fezerdes  ben,  aque  melhor! 

Amo -vus  tant'  e  con  tau  gran  razon, 
pêro  que  nunca  de  vos  ben  prendi,  3350 

15      que  coid'  eu  est',  e  vos  que  non  é  'si; 
mais  tant  esforç'  ei  no  meu  coraçon. 

Se  morrer',  morrerei  por  vos,  senhor; 
se  m'i-ar  fezerdes  ben,  aque  melhor! 

I  CB  261  (247)  —  2  e  cuid'  én  que  m.  b.  —  (}  se  niar  f.  —  13 
tanto  c.  —  15  assi  —  10  esforcei. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -j- 2). —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||(JC.  —  Rimas  longas:  aH^)  énW  na 
1='  copla;  er(a)  arW  na  2";  o?i^»)  *'('»)  na  3*;  ôr  no  refram. 

Colocci  diz:  tornei. 

III  Jhr  meint,  es  gehe  mir  schlecht;  ich  meine,  es  gehe  mir  gut, 
und  zwar,  Herrin,  aus  folgendem  Griínde:  ||  sterbe  ich,  so  sterbe  ich  fiir 
Euch;  thut,  Ihr  mir  aber  Liebes  an,  um  so  besser  (1). 

So  sanft  und  hold  schuf  Euch  der  Herr  und  so  lieblich  redet  Ihr,  dass 
es  mir  durch  Buch  nie  iibel  ergehen  kanu  etc.  (2). 

So  innig  Hebe  ich  Euch  und  mit  solchem  Recht  (obwohl  Ihr  mir  kei- 
nerlei  Gunst  gewáhrt  habt),  dass  ich  davon  iiberzeugt  bin,  Ihr  abor  vom 
Gogcnteil.  In  meinem  Herzen  habe  ich  die  trõsteude  Gewisshoit:  ||  sterbe  ich, 
so  sterbe  ich  fiir  Euch  etc.  (3). 


141. 

(Tr.  145). 

Direi -vus  que  rai-aveo,  mia  senhor,  3355 

f.  36(^119)0  1  logo  quando  m'eu  de  vos  qui||tei: 
ouve  por  vos,  fremosa  mia  senhor, 
a  morrer;  e  morrera  .  .  .  mais  cuidei 
5  que  nunca  vus  veeria  des  i, 

se  morress'  .  .  .  e  por  esto  non  morri.       3360 

Cuidand(o)  en  quanto  vus  Deus  fez  de  ben 
en  parecer  e  en  mui  ben  falar, 
morrera  eu;  mais  polo  mui  gran  ben 
10      que  vus  quero,  mais  me  fez  Deus  coidar 

que  nunca  vus  veeria  des  i,  3365 

se  morress'  .  .  .  e  por  esto  non  morri. 


I  CB  262  (248)  —  3  ouv'eu  —  6.  12  e  18  esso  —  7  cuidand'  en  q. 

—  10  que  mi  vus  quero,  me  fex  Deus  cuidar  —  13  cuidando  novosso  bon 
parecer  —  14  ouvi -a  morrer  e,  se  deus  mi  perdon  —  Kj  acordei  — 
19  cuidand'  en  vos  ouvi -a  m.  assi  —  20  non  morri. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  aball)||€€  :  cc.  —  Rimas  longas:  òri^) 
eíW  na  1*  copla;  á?i(»)  ar'^)  na  2";  cr  on  na  S**;  í  no  refram  e  na  fiinda. 

—  O  1°  e  o  3"  verso  de  cada  estrophe  tèem  rimas  idênticas  {senhor  ben 
parecer). 

Colocci  assenta  torneio  e  cõgedo. 

III  Bekenneu  will  ich,  wie  es  mir  ergangen  ist,  ais  ich  von  Euch 
Abschied  genommen  hatte:  beinahe  ware  ich  gestorben.  Doch  fiel  mir  bei,|| 
dass  ich  Euch  nicht  wiedersehen  konnte,  falis  ich  stiirbe.  Darum  starb 
ich  nicht  (1). 

Im  Gedanken  an  Euer  Aussehen  und  Sprechen  wãre  ich  fast  gestorben. 
Durch  Gottes  Gnade  aber  kani  mir  aus  Láebe  zu  Euch  der  andere  Gedanke, 
dass  etc.  (2  e  3). 


—     285     — 

Cuidand'  en  vosso  mui  bon  parecer 
buv'  a  morrer  jassi  Deus  me  perdon! 
15      e  polo  vosso  mui  bon  parecer 

morrera  eu;  mais  acorde[^]-m'entoD 
que  nunca  vus  veeria  des  i, 
se  morress'  .  .  .  e  por  esto  non  morri. 

Coidand'  en  vos  ouv'  a  morrer  assi! 
20     e  cuidand'  en  vos,  senhor,  guareci! 


3370 


Iin  Gedanken  an  Euer  holdes  Antlitz  erstavb  ich. 
an  Euch  ward  ich  gesiind  (I). 

IV  A  fiinda  teve  oiitr'  ora  melodia  própria. 


Und  im  Gedanken 


142. 

(Tr.  146). 

Pregimtou  Johan  Garcia  3375 

da  morte  de  que  morria; 
e  dixe-lh'eu  todavia: 

„A  morte  d'esto  se  mata: 
{=n9)d    5  Guiomar  Aífonso  ||  Gata 

est  a  dona  que  me  mata."  3380 

Pois  que  m'ouve  preguntado 
de  que  era  tan  coitado, 
dixe-lli'eu  este  recado: 
10  „A  morte  d'esto  xe  mata: 

Guiomar  Affonso  Gata  3385 

est  a  dona  que  me  mata." 

Dixe-lh'eu  «ja  vus  digo 
a  coita  que  ei  comigo 
15      per  bõa  fé,  meu  amigo: 

A  morte  d'esto  se  mata:  3390 

Guiomar  Affonso  Gata 
est  a  dona  que  me  mata.» 

I  CB  263  (249)  —  10  CA  tem,  por  engano:  pregotitou  —  3  e  9 
dixi  —  4.  10  e  16  xe  m.  —  13  e  dixe  Ih' eu  boõ  v.  á. ,  certamente  erro  por 
ben  vus  digo. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (3  +  3).  —  Septenarios  trochaícos. 
—  Coplas  singulares:  àââ||BBB.  —  Rimas  breves:  ia  na  l''  copla; 
ado  na  2^;  igo  na  3'";  ata  no  refram. 

Colocci  descreve  o  eschema  métrico,  dizendo:  3  versi  consoni;  et  tmo 
tornei.    Além  d'isso,  iemos  preguta  na  margem  e  ouve  traduzido  para  ebbe. 

niJohan  Garcia  hat  (mich?)  gefrag-t,  „welchen  Todes  der  Tod  stiirbe". 
Worauf  ich  erwidert  habe:  ||  Daran  stirbt  der  Tod,  dass  Frau  Guiomar 
Affonso  Gata  es  ist,  welche  mich  tõtet.  (?) 


143. 

(Tr.  147). 

Pois  [que]  eu  ora  morto  for', 
sei  ben  ca  dirá  mia  senhor: 

«Eu  soo  Guiomar  Aífonso!) 


3395 


^^BiP 


Pois  souber'  mui  ben  ca  morri 
por  ela,  sei  ca  dirá  (a)ssi: 

«Eu  sõo  Guiomar  Affonso!» 


Pois  que  eu  morrer',  filhará 
enton  o  seu  queix'  e  dirá: 

«Eu  sõo  Guiomar  Aífonso  !í 


3400 


I  CB  264  (250)  —  1  que  falta  no  CA.  —  3.  6  e  9  soo  —  5  que  — 
7  E  pois  eu  m.  f.  —  8  enton  o  soqueixo  e  d. 

II  Cantiga  de  refram:  3  X  (2  +  1).  —  Octonarios  jambicos 
no  corpo  da  cantiga;  e  Septenario  trochaioo  no  refram.  —  Versos 
pareados:  aa|lB.  —  Rimas  longas  nos  disticos:  ôr  no  1"  par;  i  no  2"; 
á  no  3";  a  breve  onso  no  refram. 

Colocci  assenta:  qi  resposta  tornei. 

III  líin  ich  tot,  so  wird  meine  Herriíi  sprechen,  das  weiss  icb  gewiss:  || 
«Ich  bin  Guiomar  Affonso!»  (1) 

Sobald  sie  es  erfabren  hat,  dass  icli  um  sie  gestorben  bin,  wird  sie 
;ge\visslich  sprechen:  ||  «Ich  bin  Guiomar  Affonso!»  (2) 

Ihr  Kinn  wird  sie  fassen,  wenn  ich  tot  bin,  und  sagen:  ||  «Ich  bin 
[Guiomar  Affonso!»  (3) 


LACUNA  11». 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  4.^   DO  CADERNO  VI 


No  verso  da  folha  antecedente  ficou"  algum  espaço  era 
branco,  mas  pouco.  Na  immediata  principia  um  novo  grupo 
de  poesias  com  Vinheta  e  lettra  historiada.  A  folha  cortada 
deve  têr  contido  portanto  um  pequeno  grupo  de  cantigas,  attri- 
buidas  a  um  trovador,  que  não  era  o  auctor  dos  nossos  números 
144  a  156,  nem  tampouco  o  dos  Nos.  129 — 143;  ou  então 
deve  têr  contido  mais  alguns  versos  de  Koy  Queimado. 

A  segunda  hypothese  torna -se  mais  provável,  se  olharmos 
para  o  CB,  que  offerece  no  lugar  correspondente  mais  duas  can- 
tigas d'esse  trovador. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO  10''  DO  APPENDICE. 


I 


XIII 

CANTIGAS 

144—156 


m 


DE 


VA  AS  CO    GIL. 


n 


19 


144. 

(Tr.  157). 

C.  VI:  3fi: 

Vinheta  Miiit'  affuisadío)  ei  de  morrer, 

f.  37  (=  72)a  O  V   /  1 

e  non  tenho  mia  mort'  en  ren; 
ante  me  prazeria  én, 

pois  sen  meu  grad'  ei  a  fazer  3405 

5  a  mia  senhor  mui  gran  pesar, 

ca  ][h]G  pesa  de  a  amar. 

A  mia  senhor  gran  pesar  á 
de  que  lhe  quer'eu  mui  gran  ben, 
e  a  min  gran  coita  m'én  ven;  3410 

10     mais  pêro  de  fazer  ei  ja 

a  mia  senhor  mui  gran  pesar, 
ca  l[/*]e  pesa  de  a  amar. 

E  grave  dia  eu  naci 
con  quanto  mal  me  faz  Amor,  3415 

15      ca  por  el,  mentr'eu  vivo  for', 
ei  ja  sempr'  a  fazer  assi 

a  mia  senhor  mui  gran  pesar, 
ca  \[h]G  pesa  de  a  amar. 

I  CB  267  (253)  —  le  nos  versos  6.  12  e  18  talvez  seja  hespanho- 
lisrao.  —  1  muif  aguisad'  —  3  mi  —  6  ca  Ihi  pesara  d.  a  a.  —  1  E 
m.  s.  —  8  Ihi  —  9  mi  —  14  pois  tanto  mal  m,i  fax  am,or  —  16  semp^ 
abreviatura  que  tanto  pode  resolver -se  em  sempre  como  em  sempr'  a  — 
21  caffimet  p.  lição  que  talvez  represente  e  assi  m'el  perdon  —  26  Ihi. 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (4 -|-  2)  +  2.  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abl)a||CC.  —  Rimas  longas:  er(a)  én(V)  na 
1*  copla;  á(ft)  cwW  na  2'';  *(»)  rXb)  na  8"-;  e*(a)  oííC))  na  4»;  arno  refram 
e  na  fiinda.  —  A  repetição  da  riina  m('>io2)  seria  considerada  como  de- 
sigualdade censui'avel. 

Colocci  assenta  cõgedo  spicc.  dal  tornei;  e  traduz  ante  cotn  o  latim  imo. 

19* 


—     292     — 

f.  37  (=  72)b        II  E  nunca  m'encl'  eu  partirei,  3420 

20      ca  non  quer  o  meu  coraçon, 

nen  Deus;  e  ;si  Deus  me  perdon! 
a  meu  pesar  a  fazer- lh'ei 

a  mia  senhor  mui  gran  pesar, 

ca  \[h\Q  pesa  de  a  amar.  3425 

25  E  non  me  poss'  end'  eu  quitar 

de  lhe  fazer  este  pesar! 

m  Zu  sterben  steht  mir  bevor,  und  mir  liegt  gar  wenig  an  meinem 
Tode.  Violmehr  wiirde  ich  Gefallen  daran  finden,  da  ich  ganz  gegen  meineu 
"Wunsch  II  meiner  Herrin  Kumrner  bereite,  denn  bekúmraert  ist  sic  und 
erziirnt,  weil  ich  sie  liebe  (1). 

Bekúmniert  und  erzúrnt  ist  sie,  weil  ich  sie  so  sehr  liebe,  und  mir 
erwâchst  daraus  Leid;  dennoch  muss  ich  ||  meiner  Herrin  immerdar  Kummer 
bereiten  etc.  (2). 

An  einem  XJnglúckstage  ward  ich  geboren,  da  die  Liebe  mir  so  iibel 
niitspielt;  denn  solange  ich  lebe,  muss  ich  ||  meiner  Herrin  aus  Liebe  Kummer 
bereiten  etc.  (3). 

Niemals  werde  ich  von  ihr  lassen,  da  mein  Herz  und  Gott  es  nicht 
gestatten.  Zu  meinem  Leidwesen  werde  ich  also  fortfahren,  so  wahr  mir 
Gott  helfe,  ||  meiner  Herrin  Kummer  zu  bereiten  etc.  (4). 

Freimachen  kanu  ich  mich  nicht  davon,  ihr  solches  Leid  zuzufiigen  (1). 


145. 

(Tr.  158). 

Que  partid'  eu  serei,  senlior, 
de  nunca  ja  veer  prazer, 

des  quand'  ora  partido  for'  34S0 

de  vus  falar  e  vus  veer! 
5  E  partido  serei  logu'  i 

d'aver  sabor  d'al  nen  do  mi! 

E  partir- s'-an  os  olhos  meus 
de  non  veer  de  nulha  ren  3435 

prazer,  pois  que  os  partir'  Deus 
10      de  vos,  senhor,  que  quero  ben. 
E  partido  serei  logu'  i 
d'aver  sabor  d'al  nen  de  mi! 

E  partir- s'-á  meu  coraçon  3440 

de  nunca  d 'ai -ren  se  pagar; 
15      e  partir- s'-á  6n  con  razon, 
des  quando  vus  eu  non  falar'. 
E  partido  serei  logu'  i 
d'aver  sabor  d'al  nen  de  mi!  3445 

I  CB  268  (2&4)  —  6.  12  e  18  mi,  oade  o  CA  traz  min. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-|-2).  —  Octonarios  jambicos. — 
Coplas  singulares:  abíib||C€. —  Rimas  longas:  ôrW  érW  na  1"  estan- 
cia; ce<s(a)  éwC»)  na  2*;  owW  aríb)  na  3*;  *  no  refram. 

Tornei:  no  dizer  de  Colocci. 

III  AVio  forn  ich  davon  sein  werde,  je  wioder  Lust  zu  ompíinden,  bin 
icli  orst  fera  von  Euch,  Herrin,  ohne  Euoh  zu  schauen  oder  zu  spreclien!  || 
Forn  bin  ich  dann  sogleich  von  aller  Freudigkeit  (1). 

AUcr  Freude  bar  werden  meine  Augen  sein,  sobald  Gott  sie  vou  Euch 
feruhãlt,  geUebte  Herrin  etc.  (2). 

Meia  Herz  wird  nimmer  vvieder  an  irgend  etwas  Gefallen  finden;  mit 
Recht  wird  es  der  Freude  entsagen,  sobald  ich  zu  Euch  nicht  rédea  darf 
etc.  (3). 


146. 
(Tr.  159). 

Que  sen -mesura  Deus  6  contra  mi! 
Pois  que  me  faz  sempre  pesar  veer, 
f.37{=72)c  II  (jpor  quê  me  leixa  no  mundo  viver? 
Mais  pois  me  vejo  que  x'ei  quer  assi, 
5  quant'  eu  oimais  no  coraçon  tever',  3450 

negar- lo -ei  e  direi -lh'al  que -quer! 

E  quant'  el  sabe  que  me  pesará, 
poi'-lo  el  faz  por  xe  me  mal  fazer, 
e  por  ai  non,  quero -vus  eu  dizer, 
10      se  eu  poder',  o  que  lh'end'  averrá:  3455 

quant'  eu  oimais  no  coraçon  tever', 
negar-lo-ei  e  direi -lh'al  que -quer! 

E  des  oimais  non  pod'  el  saber  ren 
de  mia  fazenda,  se  non  devinhar', 
15      pois  el  assi  quer  migo  guerrejar!  3460 

Mais  vedes  que  vo'-lh'eu  farei  por  6n; 
,  quant'  eu  oimais  no  coraçon  tever', 
negar-lo-ei  e  direi -lh'al  que -quer. 

I  CB  269  (255)  —  1  O  €A  tem  min  no  verso  1.  —  4  mi  —  G 
nega' -lo -ei  —  7  mi  —  8  mi  —  15  pois  s'el. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -f-  2).  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abll)a||CC.  —  Rimas  longas:  *(»)  tT('>} 
na  1"  estancia;  á(«)  'crO>)  ua  2'';  énW  ari^)  na  3'"-;  ér  no  refram.  —  Ainda 
n'esto  caso  a  repetição  da  mesma  rima  em  duas  estancias  ('>l  e  2)  parece  ser 
uma  das  desigualdades,  censuradas  pelos  mestres  da  arte  de  trovar. 

Tornei,  segundo  Colocci. 

III  Masslos  und  ungerecht  verfâlirt  Gott  mir  gegeniiber.  "Wcnn  er 
mir  nichts  ais  Bekummernisse  zeigen  wiU,  wozu  lásst  cr  mich  danu  aiif 
Erden  leben?  Da  er  es  aber  also  will,  |1  werde  ich  ihm  uuumobr  verlieim- 
lichen,  was  in  meinem  Herzen  vorgeht,  und  werde  ihm  nach  Belieben  an- 
dares sagen  (1). 

Da  er  mir  anthut,  was  mir  wohe  tliut  (wie  ihm  nicht  unbekannt  ist), 
bloss  um  mir  Leides  zuzufiigen,  werde  ich,  weuu  ich  irgend  kaun,  nun  fol- 
gendermassen  handeln:  ||  verheimlichen  werde  ich  ihm,  was  etc.   (2). 

Von  meinen  Angelegenheiten  wird  er  fortan  nichts  mehr  erfahreu,  — 
so  er  sie  nicht  zu  erraten  versteht,  —  da  er  mich  also  zu  bekriegen  unter- 
nommen  hat.  Denn  also  werde  ich  handeln:  ||  was  in  meinem  Herzen  vor- 
geht, werde  ich  ihm  nunmehr  verheimlichen  etc.  (3). 


147. 

(Tr.  160). 

Senhor  fremosa,  non  ei  og'  eii  qiien 
viis  por  min  queira  mia  coita  mostrar;  3465 

nen  eu,  senhor,  non  vus  ous'  i  falar; 
pêro  quero -vus  rogar  d'iia  ren: 
5  que  vus  prenda  doo  de  mi 

f.  37  (=  72)d  por  quant'  affan  ||  por  vos  soífri! 

Por  quanta  coita,  ben  dê'-la  sazon  3470 

que  vus  eu  vi,  sempre  por  vos  levei, 
se  vus  prouguer',  ora  rogar- vus -ei, 
10     senhor,  por  Deus,  por  est'  e  por  ai  non: 
que  vus  prenda  doo  de  mi 
por  quant'  affan  por  vos  soffri!  3475 


I  CB  270  (256)  —  2  trd  —  7  per  —  13  E  mia  s.  —  14  olhos 
que  eu  sernpi'e  vi  p.  m.  in.  —  lõ  mi  —  19  min. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|-  2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos  110  corpo  da  cantiga,  Octonarios  no  refram  o  na  fiinda.  — 
Coplas  singulares:  all)l)al|CC :  cc.  —  Rimas  longas:  c«(a)  «rC»)  na 
l"'  estancia;  otoí")  e^(•')  na  2";  eusifi)  al^^)  na  S";  i  no  refram  e  na  fiinda. 

Cuged.  spiec.  áal  tornei.,  no  dizer  de  Colocci. 

III  Schõne  Herrin,  ich  kenne  niemaud,  der  Euch  jetzo  moine  Not 
klageu  kõnnte;  ich  selbst  aber  wage  nicbt,  zu  Euch  zu  reden.  Trotzdem 
bitte  ich:  ||  habt  Mitleid  mit  mir,  der  um  Euch  so  viele  Peiu  aussteht  (1). 

Um  des  Leides  willen,  das  ich  ohne  Uhterlass  ertragen  habe  seit  der 
Stunde,  wo  ich  Euch  erblickte,  mochte  ich  Euch,  Horrin,  so  Ihr  es  ge- 
stattet,  um  Gottes  willen  beschworen  etc.  (2). 

Ach  Herrin,  Ihr  moiner  Augen  Licht,  die  ich  zu  moinem  Ungliick 
erblickte,  um  weiteres  wage  ich  nicht  zu  ílehen.  Doch  bitte  ich  Euch,  bei 
Gott  etc.  (3). 

Um  des  Leides  willen,  das  ich  dulde  und  geduldct  habe,  erbarmt 
Euch  nieiner  (I). 


~     296     — 

Ay  mia  senhor!  lume  d'aqiiestes  meus 
olhos,  que  eu  vi  sempre  por  meu  mal, 
15     non  vus  ous'  eu  por  min  falar  en  ai; 
mais,  mia  senhor,  rogo -vus  eu  por  Deus 

que  vus  prenda  doo  de  mi  3480 

por  quant'  affan  por  vos  soífri! 

Avede  vos  doo  de  mi 
20     por  quant'  aífan  soffr'  e  sofPri! 

IV  O   €A  tem  mais  uma  vez  a  nota  marginal  fijda,   cm  signal  de 
que  o  desfecho  tinha  melodia  própria.  —  Cfr.  Diez  \).  69. 


148. 
(Tr.  161). 

Se  viis  eu  ousasse,  senhor, 
no  mal,  que  por  vos  ei,  falar, 
des  que  vus  vi:  a  meu  coidar, 
pois  fossedes  6n  sabedor, 
5  doer- vus -iades  de  mi. 

E  porque  nunca  estes  meus 
olhos  fazen  se  non  chorar, 
u  vus  non  veen,  con  pesar: 
se  o  soubessedes,  por  Deus, 
10  doer-vus-iades  de  mi. 


3485 


8490 


I  CB  271  (257)  —  1  {a  falar)  —  3  cuidar  ~  10—11  Eutre  a  2" 
e  S*"  ustrophe  o  CB  apresenta  mais  uma,  que  diz 

Com'  e  quanto  meu  coraçon 
se  non  en  vos  den  [=^  te7i?J  ai  cuidar 
se  vo'-l'-eu  atesasse  mostrar, 
por  mesura  e  por  ai  non 

doer-vus-iades  de  mi. 
10  o  15  min  ■ —  12  mi —  15  [façen  sabedor).     O  CA  teu:  faceu  saber  — 
10  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-|-l);  ou,  no  CB  4  x  (4 -f  1)-  — 
Octonarios  jambicos.  —  Coplas  singulares:  abl)a||C.  —  Rimas 
longas:  Ôr(a)  arW  na  l*"  copla;  e?ís(a)  arO»)  na  2*;  tV(a)  òrW  na  H";  [ow(a) 
arW  na  intercalada]  e  *  no  refram.  —  Temos  repetição  da  mesma  con- 
soante na  copla  1"  e  3»  (»1  o  bS)^  e  ainda  na  estrophe  interposta  do  CB  (»»l  o  3). 

Colocci  assenta  Tornei. 

m  Hâtte  ich  den  Mut,  Euch  von  den  Schmerzen  zu  reden,  die  llir 
mir  bereitet,  seit  ich  Euch  kenne,  ich  glaube,  sobald  Ihr  darum  wússtet,  || 
erbarmtet  Ihr  Euch  meiner  (1). 

Da  meine  Augen  nichts  thun  ais  weinen,  sobald  sie  Euch  nicht  schauen, 
so  wiirdet  Ihr,  wiisstet  Ihr  es,  ||  Euch  meiner  erbarmen  (2). 


—     298     — 

Mais  non  vus  faç[o]  eu  saber 
de  quanto  mal  me  faz  amor  3405 

por  vos,  ca  m'ei  de  vos  pavor; 
f^38[L73)a  1  ca  SG  vo'-rousasse  dizer, 
15  doer-vus-iades  de  mi. 

"Wie  und  ia  welchom  Masse  mein  Herz  sich  nur  nach  Euch  zu  sehnon 
vermag,  wagte  ich  es  Euch  zu  zeigen,  so  wúidet  Ihr  aus  Gerechtigkoits- 
gefúhl  II  Erbarmen  haben  (3'^). 

Doch  wage  ich  nicht,  davon  zu  reden,  wie  vicl  Leides  mir  dio  Liebe 
anthut  um  Euretwilleu ,  weil  ich  Euch  fúrchte;  denu  hatte  ich  den  Mut,  zu 
redcn,  ||  Ihr  wúrdet  Mitleid  mit  mir  empíinden  (3"^). 


10 


149. 

(Tl-.  162). 

Estes  olhos  meus  ei  mui  gran  razon 
de  querer  mal,  enquant'  eu  ja  viver', 
porque  vus  foron,  mia  senhor,  veer, 
ca  depois  nunca  \ú  Deus  me  perdon! 
piid'  eu  en  outra  ren  aver  sabor 
ergu'  en  coidar  en  vos,  ay  mia  senhor! 


3500 


3505 


D 'esses  vossos  olhos  e  d'estes  meus 
me  [a]vSo  sempre  coit'  e  pesar 
poi'-los  meus  foron  os  vossos  catar; 
ca  des  i  nunca  jsi  me  valha  Deus! 

púd'  eu  en  outra  ren  aver  sabor 

ergu'  en  coidar  en  vos,  ay  mia  senhor!    3510 


I  CB  272  (258)  —  1  ei  eu  gran  raxon.  O  CA  tem,  por  engano,  ei 
eu  mui  g.  r.  —  4  se  deus  mi  perdon  —  G  cuidar  —  8  mi  veo  —  10 
se  mi  V.  d. 

No  CA  ha  espaço  em  branco  para  mais  duas  estrophes.  O  CB  não 
as  contém:  depois  do  verso  10  faltam  quattro  folhas  no  apographo  italiano. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (4  -f-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  ablt)a||CC.  —  Rimas  longas:  o/^(a)  èr^^)  na 
1"  estancia;  eusi^)  ar^*)  na  2'';  òr  no  refram. 

III  Mit  Fug  und  Eecht  darf  ich  meinen  Augen  mein  Lebelang  zúrnen, 
weil  sio  Euch,  Herrin,  angeblickt  haben,  denn  soither,  so  wahr  mir  Gott 
helfo,  II  habe  ich  an  nichts  andercm  mehr  Gefallen  finden  kõnneu,  ais  an 
Euch  zu  denken,  ach  Geliebte  (1). 

Von  Euren  und  von  meinen  Augen  stammt  meine  stete  Not  und  Plage, 
seitdem  die  meinen  die  Euren  ge-sucht  babon;  denn  seither  [j  habe  ich  an 
nichts  anderem  mehr  Gefallen  finden  konnen,  ais  daran,  an  Euch  zu  denken, 
ach  Geliebte  (2). 


150. 

(Tr.  163). 

f.  38  (=  73)b       jl  Muito  pimhei  de  vus  negar, 
senhor  fremosa,  o  gran  ben 
que  vus  quero;  mais  ja  per  ren 
no\ri\  ei  poder  de  me  guardar 
5  que  vus  non  aja  de  fazer  3515 

do  ben  que  vus  quero  saber. 

Quisera- m'eu  que  foss'  assi 
que  podesse  meu  coraçou 
encobrir,  mais  no'-me  perdon 
10     Deus,  so  ja  poss'  ai  fazer  i  3520 

que  vus  non  aja  de  fazer 
do  ben  que  vus  quero  saber. 

Ca  entend'  i  eu  por  meu  mal 
que  vos  parecedes  melhor 
15      de  quantas  eu  vi,  mia  senhor;  S525 

pêro  non  poss'  i  fazer  ai 

que  vus  non  aja  de  fazer 
do  ben  que  vus  quero  saber: 

I  No  verso  1  o  CA  tem  punci;  no  21  ez<,  em  lugav  de  en.  —  No  13 
o  copista,  tendo  duvida  sobre  a  significavão  das  lottras  entend  «',  escreveu 
«';  depois  emendou -o  para  y,  lançando  em  seguida  á  margem  um  y,  talvez 
para  nova  rectificação.  Sendo  assim,  deveriamos  ler:  entendi.  —  Entre  os 
versos  24  e  25  ba  espaço  em  branco,  em  que  caberia  uma  estropbe.  Julgo 
que  a  parte  omissa  se  compunba  de  duas  fiindas:  a  l"' responderia  em  ir 
á  ultima  copla;  e  a  2*  em  ôr  á  ])enul tinia. 

II  Cantiga  de  rofram:  4x(4-j-2)  +  2x2  (originariamente  talvez 
4-4x2).  —  Octonarios  jambicos.  —  Coplas  singulares:  alt)l)a||CC. 
—  Rimas  longas:  arW  énW  na  1"-  copla;  «'(«)  o?i('>)  na  2^;  a/ (a)  ôrCO 
na  3";  ej(a)  í>(b)  na  4".  —  Das  fiindas  existentes  a  1%  que  rima  em  m('>i) 
está  ligada  á  1^  copla;  a  2"-  em  o?í(''2)  Ijga  com  a  2'.  —  É  possível  que 
faltem  mais  dous  pareados,  conforme  ja  ficou  indicado. 


301 


Tal  ben  vus  quero  que  ben  sei 
20     per  ren  que  non  posso  guarir; 
pêro  non  me  poss'  6n  partir, 
mais  6  'si  que  poder  non  ei 

que  vus  non  a;ja  de  fazer 
do  ben  que  vus  quero  saber. 

2õ  Ca  todo  non  sei  og'  eu  quon 

f. 38  (=73)0  o  podes II se  dizer  per  ren. 

E  negara -vo'-reu,  mais  non 
quis  Deus,  ne'-no  meu  coraçon. 


3530 


3535 


III  Ehrlich  habe  ich  darnach  getrachtet,  Eucli,  holde  Herrin,  meiae 
Liebe  zu  verheimlichen;  jetzt  aber  líann  ich  mich  nicht  láager  davor  húten,  || 
Euch  etwas  davon  zu  oífenbaren,  wie  heiss  ich  Euch  liebe  (1). 

Gern  mõchte  ich  meines  Herzens  Triebe  verbergen,  aber,  so  wahr 
Gott  mich  nicht  selig  macheu  mõge,  ich  kana  nunmehr  nicht  auders,  ||  ais 
Euch  etwas  davon  zu  verraten  etc.  (2). 

Zu  meinem  Leide  habe  ich  es  erkannt,  wie  viel  schõnerlhr,  Herrin, 
seid  ais  alie  úbrigen.  Trotzdem  aber  kann  ich  nicht  umhin,  [|  Euch  etwas 
davon  zu  offenbaren  etc.  (3). 

So  gross  ist  meine  Liebe,  dass  ich  nimmer  davon  genesen  kann:  ich 
kann  nicht  von  ihr  lassen;  vielmehr  ist  ihre  Gewalt  eine  solche,  dass  ich 
nicht  umhin  kann,  ||  Euch  etwas  davon  zu  oífenbaren  etc.  (4). 

Denn  niemand  kenne  ich,  der  es  ihr  ganz  entdecken  kõnnte  (I). 

Und  auch  ich  wúrde  es  verschweigen.  Gott  und  mein  Herz  aber 
lassen  es  nicht  zu  (II). 

IV  Ambas  as  fiindas  tem  pauta  para  notação  musical. 


151. 
(Tr.  164). 

Senhor  fremosa,  pois  pesar  avedes 
de  que  vus  amo  mais  ca  min  nen  ai,  S540 

direi- vus  gran  verdad';  e  se  non,  mal 
me  venha  de  vos  que  me  mal  queredes: 
5     non  vus  quer'eu  pelo  meu  grado  ben! 
E  mia  senhor,  pois  que  vus  pesa  én, 
dizer -vus  quer'  eu  a  quen  vus  tornedes.  S545 

A  vos,  senhor,  que  tan  ben  parecedes, 
e  a  quen  vus  fez  parecer  assi 
(^■^f.rf  10     II  que  quantas  donas  eno  mundo  vi 
de  parecer  todas  las  vos  vencedes, 
e  de  bon  prez  e  de  falar  melhor.  S550 

E  pois  Deus  tanto  ben  vus  fez,  senhor, 
de  vus  amar  non  me  vus  én  queixedes. 

15  Ca  non  6  en  min,  mao  meu  pecado, 

nen  quer  Amor  que  m'én  possa  quitar,  . 

nen  Deus  Senhor,  nen  vosso  semelhar,  S555 

ca  me  tSen  de  tal  guisa  forçado 

que  me  vus  fazen  mui  de  coraçon 
20      querer  gran  ben;  e  jsi  Deus  me  perdon! 

non  vus  faç'  i  pesar  pelo  meu  grado. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7  -}-  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares,  e  ao  mesmo  tempo  pareadas:  as  duas  primeiras 
estão  enlaçadas  por  uma  das  rimas,  e  as  ultimas  por  outra  no  mesmo 
lugar:  abbacca.  —  Rimas  breves  e  longas:  edesi'>)  alW  éni^)  na 
1°  estrophe;  edesi»)  iW  ôr(*i)  na  2*;  adoi^)  arW  on(^)  na  3";  adoi»)  erC>) 
ewsCc)  na  4°^.  A  fiinda  apresenta  uma  rima  nova  {ei)  no  primeiro  dístico, 
emquanto  a  restante  responde  ao  ultimo  verso  da  cantiga. 


3560 


3565 


303 


E  mia  senhor,  se  Deus  fosse  pagado 
(Feu  de  gran  coita  guardado  seer, 
non  me  mostrara  vosso  parecer, 
25      nen  vos,  senhor,  que  eu,  mal -dia  nado, 
por  meu  mal  vi  e  d'estes  olhos  meus! 
E  pois  vus  vi,  nunca  despois  quis  Deus 
que  perdess'  eu  gran  coita  nen  coidado! 

E  gran  coita,  ^como  a  perderei? 
30     Pois  que  vus  pesa  porque  vus  amei, 
sei,  se  viver',  que  viverei  coitado. 


III  Da  Ihr,  schõne  Herrin,  darúber  zurnt,  dass  ich  Euch  úber  alies 
liebe,  mehr  ais  mich  selbst,  will  ich  Euch  eine  Wahrheit  sagen  (liige  ich, 
so  mõge  Euer  Zora  mich  verfolgen) :  ich  liebe  Euch  nicht  aus  freien  Stiicken. 
Und  fevner  will  ich  Euch  sagen,  wem  Ihr,  da  Ihr  ziirnt,  Vorwiirfe  machen 
soUtet  (1): 

Euch  selber,  weil  Ihr  so  liebreizend  seid,  und  deni,  der  Euch  also 
geschaffen  hat,  dass  Ihr  alie  úbrigen  an  Aussehen,  Wert  und  Zauber  be- 
siegt.     Nicht  aber  úber  mich  fúhrt  Klage  (2). 

Denn  leider  liegt  es  nicht  in  memer  Hand,  und  weder  Amor,  noch 
Gott,  noch  Euer  Angesicht  lâsst  zu,  dass  ich  mich  von  Euch  wende.  Viel- 
mehr  zwingen  sie  mich,  Euch  herzlich  lieb  zu  haben.  Bei  Gott,  uicht  frei- 
willig  erziirne  ich  Euch  (3). 

Hâttc  der  Himmel  mich  vor  Ungemach  behiiten  wollen,  er  hâtte  meineu 
Augen  Euer  Angesicht  nicht  gezeigt,  das  ich,  zum  Ungluck  Geborener,  zu 
moinem  und  meiner  Augen  Harme  sah.  Denn  seit  ich  Euch  erblickt,  hat 
Gott  nicht  mehr  gestattet,  dass  ich  Sorge  und  Pein  loswiirde  (4). 

AVie  soU  ich  nun  mein  Leid  loswerden?  In  Kúmmernis  muss  ich 
leben,  da  es  Euch  erzúrnt,  dass  ich  Euch  liebe  (I). 


^•m 


152. 

(Tr.  165). 

Senhor  fremosa,  quero -vus  rogar  S570 

por  aquel  Deus  que  vus  feze  nacer 
e  mui  melhor  das  outras  parecer 
donas  que  el  en  este  mundo  fez, 
5      e  mui  mansa  e  de  mui  melhor  prez, 

que  vus  non  pes  de  vos  eu  muit'  amar!  .?57J 

f%JlLjf4)a       II  -Po^  vosso  prez  e  por  Deus,  mia  senhor, 
e  por  mesura  e  por  quanto  ben 
vus  el  foi  dar,  rogo -vus  eu  por  én, 
10     que,  se  vus  og'  eu  faço  pesar  i 

en  vus  amar,  mia  senhor,  mais  ca  mi,  3580 

que  me  non  façades  én  sabedor. 

E  se.  me  vos  quiserdes  consentir 
que  vus  am'  eu,  direi -vus  úa  ren: 
15     i  me  faredes  aquel  mayor  ben 

d'aqueste  mund'  e  que  mais  desejei  3585 

des  que  vus  vi;  e  mais  vus  én  direi: 
sol  por  atanto  vus  quer'  eu  servir! 

n  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbcca.  —  Rimas  longas:  «/•(*)  êrW  ezi^)  na 
1*"  estrophe;  ôr(a)  éwW  «(c)  na  2**;  *>(a)  éni^)  eiW  na  3*  que  repete  uma 
das  rimas  da  estrophe  anterior. 

m  Bei  dem  Gotte,  der  Euch  das  Leben  und  Sanftmut,  Tugend  und 
Schõnheit  úber  alie  Frauen  auf  Erden  gab,  mõchte  ich  Euch.  bitten,  nicht 
iiber  meine  Liebe  zu  zúrnen  (1). 

Thut  Ihr  es  aber,  so  beschwõre  ich  Euch,  bei  Gott,  bei  Eurem  Werte 
und  Eurer  Gerechtigkeit,  es  mich  nicht  wissen  zu  lassen  (2). 

"WoUt  Ihr  darein  willigen,  dass  ich  Euch  liebe,  so  erweist  Ihr  mir 
(das  melde  ich  Euch)  die  grõsste  Gunst  auf  Erden,  nach  der  ich  mich  sehne, 
seit  ich  der  Eure  bin.  Und  weiter  melde  ich,  dass  schon  fúr  solchen  Lohn 
ich  Euch  zu  dienen  bereit  bin  (3). 


Iõ3. 
(Tr.  166). 

enhor  fremosa,  pois  m'  og'  eu  morrer 
vejo,  assi  que  contra  vos  gran  ben, 
que  vus  quero,  non  me  vai  milha  ren,  S590 

nen  mui  gran  coita  que  por  vos  levei, 
5      des  que  vus  vi,  atanto  vus  direi: 
e  vedes  que  coita  ei  de  soíírer! 

E  mia  senhor,  non  devia  perder 
eu  contra  vos  por  vus  querer  melhor  S595 

ca  min  nen  ai,  nen  aver  d'al  sabor 
10     se  non  de  vos,  e  de  poder  guarir 
u  vus  vejo,  e  aver-m'  a  'ncobrir 
de  vos  e  d'outre  de  mi- o  entender! 

E  mia  senhor,  como  vus  eu  disser'  S600 

esto  de  vos,  des  quando  vus  amei, 
15      todo  sabor  do  mundo  perdud'  ei, 
e  non  mi-ar  pude  d'outra  ren  pagar 
f.30{=74)b  II  se  non  de  vos,  e  conven  mi-a  guardar 

de  mi- o  saberdes,  quanfeu  mais  poder'.  3605 

I  O  6°  verso  acha -se,  por  engano  do  copista,  no  CA,  depois  do  12°. 
—  Cfr.  Diez  p.  141.  —  A  lição  Vedes  que  [grave]  coita  ei  de  sofrer  figura - 
se-me  preferível. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbcca.  —  Rimas  longas:  cri»)  éw(b)  e?;(c)  na  1*; 
cr(a)  ôrW  t>(c)  na  2%  que  repete  a  1*  rima  da  estrophe  anterior;  érW  e*(b) 
ar(c)  na  3",  que  torna  a  empregar  uma  consoante  da  1*. 

TTT  Da  ich  mich  sterben  sehe  und  weder  Liebe  noch  Leid  mir  bei 
Euch  niitzen,  so  solltet  Ihr,  schõne  Herrin,  wenigsteus  einen  Blick  auf 
meine  Pein  werfen  (1). 

Schaden  sollte  es  mir  nicht  bei  Euch,  dass  ich  Euch  iiber  alies  liebe, 
ni;r  an  Euch  Gefallen  finde,  nur  da  weilen  kann,  wo  ich  Euch  sehe,  und 
mich  zu  verbergen  habe  vor  Euch  und  einem  anderen  (2). 

Denn,  Herrin,  wie  ich  Euch  gesagt,  seit  ich  Euch  lieb  habe,  hat  aJles 
iibrigo  in  der  Welt  seinen  Reiz  verloren.  Ihr  allein  behagt  mir;  doch  muss 
ioli  mich  hiiten,  dass  Ihr  mich  nicht  durchschaut  (3). 

20 


154. 

(Tr.  167). 

Ay  mia  senhor!  quero -vus  preguntar, 
pois  que  vus  ides  e  eu  non  poss'  ir 
vosco  per  ren,  e  sen  grad'  a  partir- 
ni'-ei  eu  de  vos  e  de  vosco  morar, 
5  Ay  eu  cativo!  por  Deus  c,^}^^  farei?  S610 

Ay  eu  cativo,  que  non  poderei 
prender  conselho,  pois  sen  vos  ficar'! 

Non  sei  og'  eu  tan  bon  conselhador 
que  me  podesse  bon  conselho  dar 
10      na  mui  gran  coita  que  ei  d'endurar,  S615 

u  vus  non  vir',  fremosa  raia  senhor. 

Ay  eu  cativo!  de  mi  que  será? 
Ay  eu  cativo,  que  ei  por  vos  ja 
viver  en  cuita,  mentr'  eu  vivo  for'! 

15  E  os  meus  olhos  non  poden  veer  3620 

prazer,  en  mentr'  eu  vivo  for',  per  ren, 
pois  vus  non  viren,  meu  lum'  e  meu  ben; 
e  por  aquesto  quorria  saber 

Ay,  eu  cativ',  e  que  será  de  mi? 

20     Ay  eu  cativ',  e  mal -dia  uaci  3625 

pois  ei  de  vos  alongad'  a  viver! 


II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbacca.  —  Kimas  longas:  ar  ir  ei  na  1"  estropho; 
ôr  ar  á  na  2"-  que  repete  portanto,  indevidamente,  uma  dae  limas  da  1"; 
êr  ên  i  na  ultima. 

O  parailelismo  dos  últimos  três  versos,  marcado  no  CA  pelo  mesmo 
modo  que  adoptamos,  ainda  assim  não  nos  dá  o  direito  de  os  classificai'  de 
refram. 

III  Ach  Geliebte,  ich  frage  Euch,  da  Ihr  von  hinnen  geht  und  ich 
Euch  auf  keine  Weise  begleiten  darf  und  also  fern  von  Euch  leben  muss, 
was  soll  ich  Ãrmster  da  anfangen,  der  ich  ohne  Euch  ratios  und  elend  bin  (1)  ? 

Auch  nicht  der  beste  Ratgeber  wiirde  mir  Ãrmsten  in  dem  grossen 
Leide  zu  helfen  wissen,  das  ich  erdulden  muss,  da  ich  Euch,  meine  holde 
Herrin,  nicht  lânger  schauen  soll  (2). 

Auch  meine  Augen  werden  nun  mein  Lobtag  nichts  Holdes  mehr  selien, 
da  sieEuch,  meine  Sonne  und  mein  hõchstes  Gut,  nicht  schaiien  werden.  Darum 
mõchte  ich  wissen,  was  aus  niir  Ãrmstem  werden  soll,  der  ich  ohne  Euch 
ratios  und  elend  bin  (3). 


!         f.  39 


155. 

(Tr.  168). 

=  74)c       1  ííon  soube  que  x'era  pesar, 
—  ;si  me  valha  ISíostro  Senhor! 
quen  Deus  non  fez,  a  seu  pesar, 
longe  viver  de  sa  senhor, 
5      u  lhe  non  possa  ren  dizer 
da  coita  que  o  faz  viver 
mui  trisf,  e  mui  coitad'  andar! 

Nen  ar  soube  parte  d'affan, 
nen  de  gran  coita  nulha  ren, 
10      o  que  non  soffreu  est'  aífan 
de  non  poder  per  nulha  ren 
veer  la  senhor  que  ben  quer! 
E  quen  tal  coita  non  ouver', 
o  ai  non  lh'e  coita,  de  pran! 


36S0 


3685 


3640 


I  Emendei  no  verso  8  non  em  nen\  no  17  ptidy  em  pod'  y\  no  20 
pur  em  por\  e  no  23  per  que  em  porque.  —  Nos  restos  de  papel,  que 
sobraram  da  penúltima  das  4  folhas  arrancadas  ao  CB,  encontra -se  a  cha- 

?  mada  ei  nõ  soub,  talvez  variante  do  nosso  verso  8. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  7 -|- 3.  —  Ootonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  ababcca.  —  Eimas  longas:  arW  õrW  êr(^)  na 
1"-  estancia;  ««(«)  énW  érW  na  2°-;  ÔrW  arfl»)  er(c)  na  3",  que  volta  por- 
tanto ás  rimas  da  1%  empregando -as  em  outra  ordem;  êr  êr  ôr  na  fiinda 
(ccbl).  As  palavras  rimantes  nos  versos  1  e  3  de  cada  estrophe  são  idên- 
ticas; igualmente  as  dos  versos  2  e  4. 

III  Der  hat  nie  gewusst,  was  Gram  ist,  den  Gott  nicht  von  seiner 
Herrin  getrennt  leben  lásst,  so  dass  er  ihr  nichts  von  seiner  Not  und  Trauer 
sagen  kann  (1). 

Noch  hat  je  Harm  empfunden  oder  Sorge,  wor  niemals  den  Schmerz 
empfand,  die  Frau,  wolche  er  liebt,  nicht  sehen  zu  diirfen.  "Wem  solche 
Sorge  fern  bleibt,  der  erleidet  offenbar  keino  Sorge  (2). 

20* 


—     308     — 

15  Esta  tenli''eu  por  la  mayor 

coita  do  mund(o),  a  meu  coidar, 

e  non  pod'i  aver  mayor; 

e  no'-no  quer'  eu  ón  coidar 

esto  per  nulha  ren  meter,  'i645 

20      mais  por  verdade  o  dizer, 

como  quen  end'  ó  sabedor. 

Ca  me  fez  Deus  coitas  saber, 
f.39  (=  74)d  porque  ||  mi -as  fez  todas  sofFrer, 

e  tenh'  end'  esta  por  mayor.  3650 

In  meinen  Augen  ist  das  die  grõsste  Qual;  eine  grõssere  kann  es  nicht 
geben.  Und  nicht,  um  etwas  zuerfinden,  sondem  ais  Wirklichkeit  sage  ich 
es,  wie  einer,  dor  aus  Erfahrung  darum  weiss  (3). 

Denn  Gott  hat  mich  zum  Schmerzenskenner  gemacht,  da  er  mir  alio 
Schmerzen  auferlegt  hat:   diesen  aber  halte  ich  fiir  den  schlimmsten  (I). 


10 


156. 
(Tr.  169). 

Panhar  quer'  ora  do  fazer 
a  nioiis  olhos  mui  gran  prazer 
que  lhes  non  fiz,  á  gran  sazon, 
ca  lhes  quero  fazer  veer 
a  senhor  do  meu  coraçon. 

Pêro  sei  ben,  u  non  jaz  ai, 
que  lhes  verrá  én  muito  mal, 
que  os  non  pod'  én  guardar  ren; 
mais  de  tod'  esto  ren  m'enchal, 
ca  eles  x'o  buscaron  ben! 


S655 


3660 


Quand'  eles  viron  mia  senhor, 
muit'  ouveron  ón  gran  sabor, 
mais  non  os  quise  Deus  quitar 
de  grand'  aífan  e  de  pavor 
Jõ      que  pois  ouveron  d'endurar. 


366Õ 


■  I  No  fim  da  cantiga  ha  algum  espaço  em  branco. 

II  Cantiga  de  meestria:  .3x5.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  aabab.  —  Rimas  longas:  êri»-)  oni^)  na  l""  estancia; 
'(/A^)  évíC»)  na  2"'-,  Ôr(.&)  arW  na  3''. 

III  Bonmhon  will  ich  mich  jctzo,  meinen  Augen  orne  Freudo  zu  be- 
reiton,  die  icli  ihuen  lauge  niclit  gewahrt  liabo:  donn  moine  Herzensdame  will 
ich  ihnen  zeigen  (1). 

AVohl  weiss  ich,  dass  ihnen  sonder  Zweifel  Ubles  daraus  erwachsen 
wird,  vor  dem  nichts  sie  retten  kann,  doch  ficht  mich  das  nicht  an:  gar 
scbr  haben  sie  danach  verlangt  (2). 

Ais  sie  moine  Herrin  schauton,  behagte  es  ihnen  gar  gut.  Gott  aber 
liat  sie  nicht  behiiten  wollen  vor  Angst  und  Harm,  die  sie  hernach  erdulden 
mussten  (3). 

IV  Ao  íim  da  pagina  encontra -se  no  pergaminho  da  Ajuda  o  registo  xj. 


LACUNA  13'. 


FALTA  UM  CADERNO  INTEIRO,  E  MAIS  UMA  MEIA-FOLHA; 
No.  1«  DO  CADERNO  YII. 


No  CB  ha  também  lacuna  no  lugar  correspondente,  maior 
ainda  do  que  a  do  CA.  Apparentemente  abrange  quattro  folhas, 
ou  mais,  com  escripta,  arrancadas,  antes  da  70",  e  outras  quattro 
e  meia,  reservadas  em  branco  pelo  copista,  talvez  porque  o  ori- 
ginal ja  era  defeituoso. 

Só  pelo  índice  nos  é  dado  determinar  o  que  por  ventura 
todas  estas  folhas  incluiriam.  Segundo  elle,  faltam  44  poesias 
(45  a  contarmos  por  omissa  a  3 16"',  de  que  resta  apenas  uma 
lin.ha) : 

1°)  7  de  Yaasco  Gil  (Nos.  273  —  279). 
2°)  15  de  Gonçaleannes  do  Yinhal  (Nos.  280  —  294). 
3")  17  de  Joan  de  Aboin  (Nos.  295  —  311). 
r)  5  de  Joan  Coelho  (Nos.  312  — 315). 
As  primeiras  sette  e  as  cinco  ultimas,  assim  como  a  derra- 
deira de  Joan  de  Aboin,  acham -se  no  pergaminho  da  Ajuda, 
e  vêem   representadas    n.'esta    edição    pelos    Nos.  150 — 156,    e 
157—162. 

Perderam-se,  portanto,  as  series  2  e  3,  com  31  cantigas. 


A  LACUNA  FICA  POR  PREENCHER. 


^ 


K 


XIV 

CANTIGA 

157 
DE 

JOAN   D'ABOIN. 


I 


C.  VII:  2a 
f.  40  (===  121)n 


157. 

(Tr.  1). 

Nostro  Senhor,  que  mi -a  min  faz  amar 
a  melhor  dona  de  quantas  el  fez, 
e  mais  fremosa  e  de  melhor  prez, 
e  a  que  fez  mais  fremoso  falar, 
5      el  me  dê  d'ela  ben,  se  lhe  prouguer';  3670 

ou  mia  morte  (se  m'aquesto  non  der') 
me  dê,  por  me  de  gran  coita  quitar. 

E  se  m'el  aquesto  non  quiser'  dar 
que  Ih'  og'  eu  rogo,  rogar- Ih'- ei  assi 
10      que  lhe  possa  com'  ela  quer  a  mi  S675 

querer,  ca  esto  me  pode  guardar 
da  mui  gran  coita  que  eu  ei  d'amor. 
E  se  m'esto  non  der'  Nostro  Senhor, 
(ipor  quê  me  fez  el  tal  senhor  filhar? 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares,  enlaçadas  por  uma  das  rimas,  que  occupa  o 
primeiro  lugar,  assim  como  o  ultimo  e  ainda  o  do  meio,  em  todas  as  estrophes: 
abbacea.  —  Rimas  longas:  ar(»)  c%,{^)  erW  na  1^  estrophe;  ar(a)  *('>)  ôrW 
na  2";  ar  (a)  én^)  er(c)  na  3"-. 

III  Der  Himmel,  der  mich  die  beste,  scbõnste,  tugendbaftesto  und 
liebreich  redendste  von  allen  Fraueu  lieben  hiess,  er  verschaífe  mir  ihre 
Guust,  so  es  ihm  genehm  ist;  oder  den  Tod,  damit  ich  diese  Qual  los- 
werde  (1). 

Erfúllt  er  mir  aber  diesen  AVunsch  nicht,  so  mõclite  ich  erbitten,  dass 
ich  sie  genau  so  liebo,  wie  sie  mich  liebt,  denn  dann  wáre  ich  von  nieiner 
Liebespein  befreit.  Gewâhrt  er  es  nicht,  wozu  trieb  er  mich  dann,  eino 
Holche  Herrin  zu  wahlen  (2)? 

Ich  weiss  weshalb!  Eíichen  wollte  er  sich  an  mir,  fiir  Verschulden, 
das  ich  auf  mich  geladen.  Darum  hat  er  mich  verlassen  und  hilft  mir 
nicht  gegen  dio  Geliebte.  Damit  mein  Leid  ein  recht  grossos  sei,  thut  er 
mir  solches  an  und  tõtet  mich  nicht  (3). 


—     314     — 

15  Be'- no  sei  eu,  fez  mi- o  por  se  vengar         3680 

de  mi,  per  est(o)  e  non  per  outra  ren; 

se  Ih'  algun  tempo  fiz  pesar,  por  ón 

me  leix'  assi  desemparad'  andar 

e  non  me  quer  contra  ela  valer. 
20     Por  me  fazer  mayor  coita  soífrer  3685 

me  faz  tod'  est',  e  non  me  quer  matar. 


IV  A  columna  b  ficou  em  branco. 


1 


« 


XV 


CANTIGAS 


158  —  179 


DE 


JOAN   COELHO. 


158. 

(Tr.  2). 


Vinheta 
f.  40  (=  131)G 


En  grave  dia,  senhor,  que  viis  vi, 
por  mi  e  por  quantos  me  qiieren  ben! 
E  por  Deus  Senhor,  que  vos  non  pes  én! 
E  direi -vus  quanto  per  vos  perdi:  3690 

5      perdi  o  mund',  e  perdi-me  con  Deus, 
e  perdi-me  con  estes  olhos  meus; 
f.40{=i2i)d  e  meus  amigos  perdeu,  senh||or,  mi. 

E  mia  senhor,  mal -dia  eu  naci 
por  tod'  este  mal  que  me  por  vos  ven!  3695 

10      Ca  per  vos  perdi  tod'  est'  e  o  sen, 
o  quisera  morrer  e  non  morri; 
ca  me  non  quiso  Deus  leixar  morrer 
por  me  fazer  mayor  coita  soffrer 
por  muito  mal  que  me  ih'eu  mereci.  3700 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  pareadas,  differenciadas  todavia  pela  rima  (e)  dos 
versos  .5  e  6,  que  varia  de  estrophe  em  estrophe:  abbaeca.  —  Rimas 
longas:  *(a)  m('>)  eusi'^^)  e  er(c2)  no  grupo  P;  ar  (a)  ei(^)  «/(«"S)  e  ôr(<''4) 
no  IP.  A  fiinda  está  ligada  por  um  distico  em  eus  ao  grupo  I",  e  pelo 
verso  final  em  ar  ao  grupo  IP  (ccl/2  a3/4). 

III  Ein  verhiingnisschwerer  Tag  fúr  mich  und  alie,  die  mich  gern  liabon, 
war  es,  ais  ich  Euch,  Herrin,  erblickte.  Ziirnt  mir  nicht,  wenn  ich  Euch 
sage,  was  ich  dadurch  verloren  habe:  die  Welt,  meinen  Gott  und  diese 
meine  Augen;  meine  Freunde  aber  verlieren  mich  (1). 

Um  dieser  Úbel  willen  nenne  ich  den  Tag,  ais  ich  geboren  ward, 
einen  bõsen.  Denn  iiberdies  vorlor  ich  noch  den  Verstand  und  wiinschte 
zu  sterbeu,  starb  aber  freilich  nicht.  Denn  Gott  woUte  es  nicht  zugeben,  damit 
ich  Schwereres  litte,  zur  Siihne  fiir  meine  Vergehen  (2). 

Von  meinem  Jammer  will  ich  ein  wenig  zu  Euch  reden,  Herrin,  (ob 
Ihr  auch  darob  ergrimmt),  da  ich  nicht  weiss,  ob  ich  Euch  noch  ferner 
sehen  werde:  so  gross  ist  er,  dass  ich  sonder  Zweifel  storben  muss  um  Euch. 
Und  das  ist  sehr  schlimm  fiir  Euch.    Nicht  um  meinetwillen  sage  ich  es  (3). 


—     318     — 

15  Essa  mia  coita,  pêro   vus  pesar 

seja,  senhor,  ja-qiiê  vus  falarei, 
ca  non  sei  se  me  vus  ar  veerei: 
tanto  me  vej'  en  mui  gran  coit'  andar 
que  morrerei  por  vos,  u  non  jaz  ai.  B705 

20      Catade,  senhor,  per  vos  est'  6  mal, 
ca  polo  meu  non  vus  venh'  eu  rogar. 

E  ar  quero -vus  ora  conselhar, 
per  bõa  fó,  o  melhor  que  eu  sei. 
Metede  mentes  no  que  vos  direi:  3710 

25      Quen  me  vus  assi  vir'  desamparar 
e  morrer  por  vos,  pois  eu  morto  for', 
tan  ben  vus  dirá  por  mi  «traedor» 
come  a  min  por  vos,  se  vus  matar'. 

E  de  tal  preço  vos  guarde -vus  Deus,  S715 

30     senhor  e  lume  d'estes  olhos  meus, 

se  vus  vos  én  non  quiserdes  guardar! 


Raten  will  ich  Euch,  so  giit  ich  vermag.  Gebt  wohl  acht  auf  meino 
"Worte:  Wer  da  sieht,  wie  ich  verlassen  bin  iind  sterbe,  wird  Euch,  bin 
ich  erst  tot,  des  Verrates  zeihen,  so  gut  wie  mich,  falis  ich  Euch  tõtete  (4). 

Vor  solch  iiblem  Leumund  aber  behúte  Euch  Gott,  Herrin,  Ihr  meiner 
Augen  Licht,  so  Ihr  Euch  selber  nicht  hiitet  (I). 

IV  A  fiinda  teve  oiitr'  ora  melodia  própria. 


159. 
(Tr.  3). 

amigos,  que  sabor  averia 
i  grau  coita,  'n  que  vivo,  dizer 
/■^'/í-jf")(Ji  ^"^  un  cantar  que  querria  fazer:  S720 

e  pêro  direi  vos,  como  querria, 
5      se  Deus  quisesse,  dizê'-lo:  assi 
que  ouvessen  todos  doo  de  min 
e  non  soubessen  por  quen  me  dizia! 

E  por  esto  rogo  sancta  Maria  S725 

que  m'ajud'  i,  e  que  me  do  poder 
10     per  que  eu  torne  na  terra  viver, 
u  raia  senhor  vi  en  tan  grave  dia 
sen  outras  coitas  que  depois  soffri. 
Ca  non  vivera  ren  do  que  vivi,  37 SO 

se  non  cuidando  com'  i  tornaria! 


I  O  CA  tem  que  querria  ora  faxer.  Para  acertar  a  medida  pode  -  se 
riscar  ora^  como  fiz  no  texto,  ou  então  substituir  querria  por  queira. 

II  Cantiga  do  meestria:  3  x  7  +  !•  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  equiconsoantes:  abbacca :  a.   —  Rimas  breves  e 

longas:  «a(a)  erW  «W. 

III  Freunde,  es  gereicMe  mir  zum  Genusse,  kõnnte  ich  in  dem  Liede, 
was  ich  zu  dichten  unternohme,  die  Qual  aussprechen,  in  der  ich.  lebe. 
Doch  miisste  es  aiso  geschehen,  dass  alie  Mitleid  mit  mir  empfánden,  nie- 
mand  aber  wússte,  von  wem  ich  rede  (1). 

Zur  Jungfrau  flehe  ich  um  Hilfe.  Sie  mõge  mich  an  den  Ort  fúhren, 
wo  ich  meine  Herrin  an  einem  verhângnisvollen  Tage,  doch  ohne  jene  Qualen 
sáh,  die  ich  hernach  erleiden  musste.  Ohne  die  Hoffnung,  dorthin  zurúck- 
zukehren,  hâtte  ich  úberhaupt  nicht  weiter  leben  kõnnen  (2). 

Ich  Ãrmster,  was  kõnnte  ich  Besseres  begehren,  ais  an  der  Stíitte 
wohnen  zu  dúríen,  wo  ich  gewârtig  seiu  kõnnte,  sie  alie  tausend  Tage  einmal 
zu  sehen?     Solch  Gliick  aber  habe  ich  besessen  und  durcli   eigene  Schuld 


—     320     — 

15  Mais  cativ'  eu!  de  melhor  que  querria? 

de  poder  eu  na  terra  guarecer, 

u  a  cuidass'  eu  a  poder  veer 

dos  mil  dias  úa  vez  en  un  dia?  .'í735 

Ja  est'  eu  ouv',  e  perdi -o  per  min! 
20      Mais  tan  mal- dia  ante  non  perdi 

os  olhos,  e  quant'  ai  no  mund'  avia! 

Ca,  por  Deus,  meor  mingua  me  faria! 

verloren.    "Warum  veiior  ich  an  jenem  Unglúckstage  nicht  lieber  das  Augen- 
licht  und  was  ich  hienieden  besass  (3)? 

Bei  Gott,  es  hâtte  mir  weniger  gefehlt  (I). 

IV  A  fiinda  teve  oiitr'  ora  som  próprio.     A  nota  marginal  tem  a 
chamada  antiga  (fijda). 


I 


160. 

(Tr.  4). 

Pero  m'eii  ei  amigos,  non  ei  niun  amigo  3740 

(=i22)b^^^  que  falar  ousasse  a  ||  coita  que  comigo 

ei,  nen  ar  ei  a  quen  ous'  6n  mais  dizer,  e  digo: 
De  mui  bon  grado  querria  a  un  logar  ir 
5  e  nunca  m'end'  ar  víir! 

Yi  eu  viver  coitados,  mas  nunca  tan  coitado         3745 
viveu  cora'  og'  eu  vivo,  nen  o  viu  ome  nado 
des  quando  fui  u  fui.     E  aque  vo'-lo  recado: 
De  mui  bon  grado  querria  a  un  logar  ir 
10  e  nunca  m'end'  ar  víir. 

A  coita  que  eu  prendo,  non  sei  quen  atai  prenda,  3750 
que  me  faz  fazer  sempre  dano  de  mia  fazenda. 
Tod'  aquest'  eu  entend(o),  e  quen  mais  quiser',  entenda: 
De  mui  bon  grado  querria  a  un  logar  ir 
15  e  nunca  m'end'  ar  viir. 


I  No  verso  3  o  CA  tem  ouffen. 

H  Cantiga  de  refram:  4  x  (3  +  2).  —  Senarios  jambicos 
duplos,  de  14  syllabas  grammaticaes.  —  Coplas  singulares:  aaii|{BB. 
—  Rimas  breves  no  corpo  da  cantiga  (igo  na  1°-  copla;  ado  na  2*; 
enda  na  3";  ia  na  4')  e  longas  no  refram:  ir. 

Temos  replicação,  não  somente  no  1°  verso  de  todas  as  estrophes. 
Além  de  amigos  amigo;  coitados  coitado;  prendo  prenda;  guardo  guardar ., 
temos  ainda:  dizer  digo,  viver  viveu  vivo,  faz  fazer  fazendo,  entendo 
entenda. 

ni  Obwohl  ich  Freunde  habe,  ist  keiner  darunter,  dem  icb  mein 
Herzensleid  zu  klageu  wagte.  Úberbaupt  ist  niemand  da,  dem  ich  mebr 
davon  sage  ais:  ||  «gern  ginge  ich  an  einen  bestimmten  Ort  und  verliesse  ihn 
nimmer  wieder»  (1). 

So  manchen  Bekúmmerten  habe  ich  gesehen,  doch  keiner  war  be- 
kiimmert  wie  ich,  seitdem  ich  war,  wo  ich  gewesen.  Hier  ist  nun  mein 
Bekonntnis:  \\  «gem  etc.  (2). 

21 


—     322     — 

De  cousas  me  non  guardo,  mais  pêro  guardar- m'ia  3755 
de  soffrer  a  gran  coita  que  soífri,  dê'- lo  dia 
des  que  vi  o  que  vi,  e  mais  non  vus  én  diria. 
De  mui  bon  grado  querria  a  un  logar  ir 
20  E  nunca. m'end'  ar  vTir! 

Meiner  Not  ist  keine  andere  gleich:  sie  macht,  dass  ich  in  allen 
meinen  Angelegenheiten  geschâdigt  werde.  Wer  mehr  wissen  mõchte,  der 
verQehme:  |1  «gern  etc.  (3). 

Ich  hute  mich  nicht  vor  gewissen  Dingen.  Doch  hâtte  ich  mich 
húten  mússen,  das  Leid  auf  mich  zu  laden,  das  ich  dulde,  seit  ich  sah, 
was  ich  gesehen.    Mehr  aber  sage  ich  nicht  als:||«geni  etc.  (4). 

IVUmrefram,  composto  de  p areados,  de  medida  desigual,  parece- 
me  pouco  commum  e  um  tanto  irregular  (cfr.  No.  169).  Creio  que  na  pri- 
mitiva os  dous  versos  seriam  iguaes,  quer  fossem  octonarios,  quer  decasyl- 
labos.     Talvez  dissessem: 

de  mui  bon  grado  me  querria  ir 
a  um  logar  e  nunca  m'ar  viir 
ou:  e  nimc'  ar  m'én  viir? 
Em  uma  importante  cantiga  de  centões  d'El  Rei  D.  Aifonso  de  Leon  (CB  469), 
que  aproveita,  entre  outros  versos,  os  dous  d'esto  refram,  o  texto  está  todavia 
infelizmente,  não  menos  deturpado,  pois  diz: 

de  muy  bon  grado  queria  hir 
logo  e  nunca  vijr. 
Cfr.  No.  175. 


161. 

(Tr.  5  e  6). 

Eu  me  coidei,  ii  me  Deus  fez  veer  8760 

esta  senhor ,  contra  que  me  non  vai, 
que  nunca  me  d'ela  vçrria  mal: 
f.4i{=i22)c  tanto  a  vi  fremo||so  parecer, 

5      e  falar  mans',  e  fremos'  e  tan  ben, 

e  tan  de  bon  prez,  e  tan  de  bon  sen  3765 

que  nunca  d'ela  mal  cuidei  prender. 

Esto  tiv'  eu  que  m'avia  valer 
contra  ela,  e  todo  mi -ora  fal, 
10      e  de  mais  Deus;  e  viv'  en  coita  tal 

qual  poderedes  mui  ced'  entender  3770 

per  mia  morte,  ca  moir'  e  praze-m'én. 
E  d'al  me  praz:  que  non  saben  por  quen! 
ne'-no  poden  jamais  per  mi  saber! 

I  No  verso  24  o  CA  tem:  narnas. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7-j-2x3.  —  Decasyllabos  jam- 
|bicos.  —  Coplas  equiconsoantes:  abbacca,  com  as  fiindas:  dda  eea. 
[ —  Rimas  longas:  êrW  al^)  é»(c);  érW  eusis^). 

III  Ais  ich  nach  Gottes  Ratschluss  die  Herrin,  gegen  die  er  mir 
Inun  nicht  beisteht,  zum  ersten  Male  sah,  wahnte  ich,  nimmer  tõnnte  mir 
|Schlimnios  von  ihr  kommen:  sie  sah  so  lieblich  aus,  sprach  so  sanft  vmd 
Igut,  so  tugendhaft  und  verstândig,  dass  ich  keiner  bõsen  That  von  ihr 
l^gewârtig  war  (1). 

Hilfe  erwartete  ich,  und  nun  wendet  sie  sich  gegen  mich;  iind  so 
l.thut  Gott.  Ich  aber  bin  in  so  grosser  Qual,  wie  Ihr  bald  durch  meinen 
fTod  erfahren  werdet,  denn  ich  sterbe,  und  bin  es  zufrieden.  Zufrieden 
[auch  damit,  dass  man  nicht  weiss,  um  wen,  und  dass  niemand  es  je  durcli 
:mich  orfahren  wird  (2). 

Obwohl  ich  Euch  von  Ihren  ^orzúgen  rede,  sie  zu  erschõpfen  ver- 
;mag  ich  nicht,  ob  ich  auch  niemals  von  anderem  spreche.     Gott  hat  sie  so 

21* 


—     824     — 

15  Pero  vus  eu  seu  ben  queira  dizer, 

todo  non  sei,  pero  convusqu'  en  ai  :i775 

nunca  falei.     Mais  fezo-a  Deus  qual 
el  melhor  soube  no  mundo  fazer. 
Ainda  vus  ai  direi  que  lh'aven: 

20      todas  as  outras  donas  non  son  ren 

contra  ela,  nen  an  ja  de  seer.  8780 

E  esta  dona,  poi'-lo  non  souber', 
non  lhe  poden,  se  torto  non  ouver', 
Deus  nen  ar  as  gentes  culpa  põer. 

(~i22)d  ^^  Mai'-la  mia  ventur(a)  e  aquestes  ||  meus 

olhos  an  i  grande  culpa  e  Deus  3785 

que  me  fezeron  tal  dona  veer. 

vorziiglich  geschaffen,  wie  es  ihm  irgend  môglich  war.  Alie  anderen  Frauen 
sind  nichts,  mit  ihr  verglichen,  und  werden  es  nie  sein  (3). 

TJnd  da  sie  (iim  mein  Leid)  nicht  weiss,  kann  weder  Gott  noch  dic 
Welt  sie  eines  Unrechts  zeihen  (I). 

Mein  Geschick  und  diese  meine  Augen  sind  die  einzigen  Schuldigen, 
und  Gott,  der  mir  solche  Frau  gezeigt  (II). 

IV  As  fiindas  tèem  pauta  para  musica. 


C.  VII:  4,( 

f.  42  (=  123)a 


10 


162. 

(Tr.  7). 

Ora  non  sei  no  mundo  que  fazer, 
nen  ei  conselho,  nen  mi -o  quis  Deus  dar, 
ca  non  quis  el,  u  me  non  quis  guardar, 
e  non  ouv'  eu  de  me  guardar  poder.  3790 

Ca  dix'  eu  ca  morria  por  alguen, 
e  dereit'  ei  de  lazerar  por  én. 

II  Ca  non  fora  tan  gran  cousa  dizer, 
se  se  mi -a  min  ben  ouvess'  a  parar 
a  mia  fazenda;  mas  quen  Deus  guardar  3795 

non  quer,  non  pode  guardado  seer: 

Ca  dix'  eu  ca  morria  por  alguen, 
•         e  dereit'  ei  de  lazerar  por  én. 

E  mal- dia  eu  enton  non  morri 
quand(o)  esto  dix'  e  quando  vi  os  seus  3800 

15      olhos;  pêro  non  dixi  mais,  par  Deus, 
e  esto  dixi  en  mal -dia  por  min. 

Ca  dix'  eu  ca  morria  por  alguen, 
e  dereit'  ei  de  lazerar  por  én. 

I  Talvez  o  3°  vereo  esteja  deturpado.  Pôde  ser  que  fosse  originaria- 
mente: ca  non  quis  el  u  me  pode  gtuirdar. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4 -}- 2). —  Decasyllabos  jambioos. 
—  Coplas  pareadas:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  êr(a)  ar  (>>)  no  grupo  1° ; 
*(a)  eus(^)  no  11°  e  én  no  refram. 

III  Ratios  stehe  ich  da.  Ich  kann  mir  nicht  helfen  und  Gott  hat 
niich  nicht  hiiten  woUen.  ||  Denn  ausgesprochen  habe  ich,  dass  ich  um  jemand 
sterbe  und  mein  gutes  Recht  ist  es,  nun  dariiber  zu  jammern  (1). 

Nichts  Arges  wáre  es  gewesen,  zu  sprechen,  wâre  es  mir  nur  vor- 
ausbestimmt,  in  meinen  Angelegenheiten  glúcklich  zu  sein.  Doch  „hilflos 
bleibt,  wem  Gott  nicht  helfen  will".  ||  Denn  etc.  (2). 


—     326     — 

Ca  des  aquel  dia  'n  que  a  eu  vi  3805 

20      (que  non  visse)  d'aquestes  olhos  meus, 
non  perdi  coita,  ca  non  quiso  Deus, 
nen  perderei,  ca  eu  mi-o  mereci: 

Ca  dix'  eu  ca  morria  por  alguen, 

e  dereit'  ei  de  lazerar  por  én.  3810 

Ein  TJngliick  war  es,  dass  ich  nicht  starb  am  Tage,  ais  ich  das  sagte, 
und  ihre  Augen  sah.  Melir  sprach  ich  freilich,  bei  Gott,  nicht  imd  was 
ich  sprach,  geriet  zu  meinem  Leide.  ||  Denn  etc.  (3). 

Seit  ich  sie  gesehen  (die  ich  nicht  hâtte  sehen  sollen),  werde  ich  mein 
Leid  nicht  los,  nach  Gottes  Eatschluss,  und  werde  weiter  leiden,  und  nicht 
ohne  Grund.  ||  Denn  ausgesprochen  etc.  (4). 


163. 

(Tr.  8). 

Pelos  meus  olhos  ouv'  eu  muito  mal 
e  pesar  tant',  e  tan  pouco  prazer, 
que  me  valvera  mais  non  os  aver, 
nen  veer  nunca  mia  senhor,  nen  ai. 
5  E  non  mi-á  prol  de  queixar  m'end'  assi;  3815 

^^^■j^K  mais  mal- dia  eu  dos  meus  olhos  vi. 

f.  Er^imb       1  Ca  per  eles  ouv'  eu  mui  pouco  ben. 
E  o  pesar  que  me  fazen  soffrer 
e  a  gran  coita  non  é  de  dizer. 
10     E  queixar- m'- ia,  mais  non  ei  a  quen.  .3820 

E  non  mi-á  prol  de  queixar  m'end'  assi; 
mais  mal -dia  eu  dos  meus  olhos  vi 

B  a  senhor  que  me  foron  mostrar 
de  quantas  donas  Deus  quiso  fazer 
15"  de  falar  ben  e  de  ben  parecer,  3825 

e  por  que  moir'  e  non  Ih 'ouso  falar, 

E  non  mi-á  prol  de  queixar  m'end'  assi; 
mais  mal -dia  eu  dos  meus  olhos  vi. 

I  CB  316  (259)  —  Só  o  16°  verso  é  que  se  acha  no  apographo  ita- 
liano, com  a  variante  e  por  que  moir'  e  non  lh'oiis'  a  falar.  —  O  CA 
tem  moiro  non. 

II  Cantiga  de  ref  ram:  3  x  (4  -}-  2).  —  Decasyllabos  jarabicos. 
—  Coplas  singulares:  abl)a|lC€,  enlaçadas  pela  rima  b.  —  Rimas  longas: 
al(»)  pr<b)  na  1*  copla,  énW  erC»)  na  2";  «rW  erC»)  na  3*;   *  no  refram. 

III  Leid,  Kummer  und  so  viel  Grain  und  gar  so  wenig  Freude  bereiton 
mir  meine  Augen,  dass  es  besser  fiir  mich  ware,  ich  besasse  sie  nicht  und 
hátte  niemals  meine  Herrin  erblickt.  ||  Zu  klagen  frommt  mir  nicbt,  ob  ich 
auch  zu  meinem  Unglúck  Augen  zum  Sehen  habe  (1). 

Denn  wenig  Gutes  bereiten  sie  mir.  Der  Kummer  und  die  Sorge 
aber,  die  ich  leide,  sind  unaussprechlich.  Klagen  mõchte  ich,  doch  weiss 
ich  nicht,  wem.  ||  Zu  klagen  nútzt  mir  nicht.  Zu  meinem  Ungliick  saben 
meine  Augen  das  Licht  des  Tages  (2) 

Und  (sahen)  die  Herrin,  die  Gott  unter  allen  holdest - redend  und  hol- 
dest-blickend  geschaffen  hat,  ura  die  ich  sterbe,  obne  ihr  die  Wahrheit  zu 
gesteheu.  |1  Zu  klagen  etc.  (3). 


164. 
(Tr.  9). 

Non  me  soub'  eu  dos  meus  olhos  melhor 
per  nulha  ren  vingar  ca  me  vinguei.  3830 

E  direi -viis  que  mal  que  os  matei: 
levei -os  d'u  veían  sa  senhor. 
5  E  fiz  seu  mal  e  do  meu  coraçon 

por  me  vengar  d'eles,  e  por  ai  non! 

Ca  me  non  podian  per  nulha  ren,  3835 

sen  veê'-lo  mui  bon  parecer  seu, 
fazer  gran  mal.     Mais  (jque  lhes  ar  fiz  eu? 
10      Levei- os  d'u  a  viian  por  6n! 

E  fiz  seu  mal  e  do  meu  coraçon 

por  me  vengar  d'eles,  e  por  ai  non.         3840 

I  CB  317  (260)  —  A  a  sa  senhor  —  6  vingar  —  13  lliis  —  19 
vingança  —  No  verso  16  o  CA  tem,  por  engano:  levei  os  de  ali.  —  20 
Ambos  os  códices  tSem  min. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2) -j- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbaUCC  —  Rimas  longas:  or(a^  eiW 
na  1''  estancia;  m(a)  euW  na  2";  *'(»)  í>f>)  na  3";  «"  na  fiinda,  que  responde 
portanto  á  primeira  rima  da  ultima  copla,  e  não  ao  refram. 

Colocci  apontou:  tornei,  coged.  spice.  da  la  stanxa. 

III  Besser  habe  ich  mich  an  meinen  Augen  nicht  rjichen  kõnnen  ais 
ich  gethan:  Ich  setzte  sie  matt,  iudem  ich  sie  dahin  fúhrte,  von  wo  aus 
sie  ihre  Herrin  erblicken  konnten.  ||  Ihnen  und  meinem  Herzen  that  ich 
Leides  an,  nur  um  mich  zu  râchen  (1). 

Ohne  ihr  holdes  Angesicht  zu  schauen,  konnten  sie  mir  nicht 
schaden.  "VVas  that  ich  aber?  Ich  fúhrte  sie  dahin,  wo  sie  jene  erblicken 
mussten  etc.  (2). 

Zur  Zeit,  ais  ich  merkte,  dass  sie  sich  nach  ihr  sehnten,  fúhrte  ich 
sie,  so  schwer  es  mir  ward,  dahin  etc.  (3). 

Diese  Racho  kommt  ihnen  und  mir  teuer  zu  steben  (I). 


—     329     — 

E  na  sazon  que  lhes  eu  entendi 
que  eles  avian  de  a  veer 
15      mayor  sabor,  pêro  me  de  fazer  || 
f.42{==i23)c  mui  grave  foi,  levei -os  eu  ali. 

E  fiz  seu  mal  e  do  meu  coraçon 
por  me  vengar  d 'eles,  e  por  ai  non. 


3845 


E  na  vengança  que  d'eles  prendi, 
20     gran  mal  per  fiz  a  eles  e  a  mi. 

IV  A  fiinda  tem  pauta  para  musica. 


165. 

(Tr.  10). 

Nunca  coitas  de  tantas  guisas  vi 
como  me  fazedes,  senhor,  soffrer;  S850 

e  non  vus  queredes  de  min  doer! 
E,  vel  por  Deus,  doede-vus  de  mi! 
5  Ca,  senhor,  moir',  e  vedes  que  mi-avon: 

se  vus  alguen  mal  quer,  quero -lh'eu  mal, 
e  quero  mal  quantos  vus  queren  ben.       ii855 

E  os  meus  olhos,  con  que  vus  eu  vi, 
mal  quer',  e  Deus  que  me  vus  fez  veer, 
10      e  a  morte  que  me  leixa  viver, 
e  mal  o  mundo  por  quant'  i  naci. 
f.42  (=i23)d  II  Ca,  senhor,  moir',  e  vedes  que  mi-aven:  3860 

se  vus  alguen  mal  quer,  quero-lh'eu  mal, 
e  quero  mal  quantos  vus  queren  ben. 

I  CB317'"^  (261)  —  No  verso  6  o  CA  tem,  com  erro  manifesto,  se 
vus  alguen  ben  quer  —  9  Mal  quer  Deus,  lição  que  exigiria  a  alterarão 
Pelos  meus  olhos  no  verso  antecedente.  —  11  {E  mal  o  mundo)  —  15  CB: 
e  mia  ventura  quer'  eu  por  én  mal  —  18  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  3)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  As  primeiras  duas  coplas  formam  um  par;  a  terceira  está  desir- 
manada, como  nos  Nos.  1.  31.  36  etc. ,  com  a  differença  que  d'esta  vez  o 
verso  medial  do  refram,  até  então  palavra  perduda,  está  ligado  pela  rima 
á  ultima  consoante  do  corpo  da  cantiga:  abbaUCDC  :  cc  —  Rimas  longas: 
«■(a)  er(b)  nas  estancias  pareadas;  aZ(a)  07iW  na  desirmanada:  éw(C)  a/ (D)  no 
refram;  én  na  fiinda. 

Colocci  reparou  mais  uma  vez  no  eonged.  spicc.  dal  tornei. 

m  So  vielfâltiges  Leid  wie  das,  welclies  ich  um  Euch,  Herrin,  er- 
dulde,  ohne  dass  Ihr  mir  helfen  woUt,  habe  ich  nie  gesehen.  So  erbarmt 
Euch  doch,  um  Gottes  willen,  meiner:  ||  denn,  Geliebte,  ich  sterbe.  Und 
mir  widerfáhrt  folgendes:  hasst  Euch  jemand,  so  hasse  ich  ihn,  und  hasse 
auch  alie,  so  Euch  lieben  (1). 


—     331     — 

15  A  mia  ventura  quer'  eu  mui  gran  mal, 

e  quero  mal  ao  meu  coraçon, 

e  tod'  aquesto,  senhor,  coitas  son;  3865 

e  quero  mal  Deus  porque  me  non  vai. 

Ca,  senhor,  moir',  e  vedes  que  mi-aven: 
20  se  vus  alguen  mal  quer,  quero-lh'eu  mal, 

e  quero  mal  quantos  vus  queren  ben. 

p]  tenho  que  faço  dereit'  e  sen  3870 

en  querer  mal  quen  vus  quer  mal  e  ben. 

Den  Augen  bin  ich  grain,  die  Euch  geschaut,  uad  Gott,  der  sie  dazu 
veraulassí  hat,  und  dem  Tod,  weil  er  mich  nicht  von  hinnen  nimnit,  und 
der  Welt,  weil  ich  iii  ihr  geboren  ward.  ||  Deun  etc.  (2). 

Meinem  Schicksal  zúrne  ich  sehr  uud  ineinem  Herzen  (und  das  ist 
kein  kleines  Leid),  und  Gott  dem  Herrn,  weil  er  mir  nicht  hilft.  ||  Denn  etc.  (3). 

Und  bin  des  Sinnes,  dass  ich  richtig  und  vernúnftig  handle,  indem 
mir  verhasst  ist  sowohl,  wer  Euch  basst  ais  wer  Euch  liebt  (I). 

lY  A  fiinda  teve  outr'  ora  melodia  própria,  como  attesta  a  pauta  para 
a  notação,  no  CA. 

Á  margem  do  velho  pergaminho  o  annotador  lançou  a  exclamação: 
[Este  quer]  mal  a  quen  quer  ben  a  sua  amiga  [e  nijal  a  quen  mal 
a  quer.    As  palavras  entre  parénthesis  faltam ,  porque  a  margem  foi  aparada. 


166. 

(Tr.  11). 

Atai  vej'eu  aqui  ama  chamada 
que,  dê'-lo  dia  en  que  eu  naci, 
nunca  tan  desguisada  cousa  vi, 
se  por  lia  d'estas  duas  non  ó:  3875 

5      por  aver  nom'  assi,  per  bõa  fé, 

ou  se  lli'o  dizen  porque  est  amada, 

Ou  por  fremosa,  ou  por  ben- talhada. 
Se  por  aquest'  ama  dev'  a  seer, 
é  o  ela,  podede'-lo  creer,  3880 

10      ou  se  o  é  pola  eu  muit'  amar, 

ca  ben  lhe  quer'  e  posso  ben  jurar: 
poi'-la  eu  vi,  nunca  vi  tan  amada. 

I  CB  318  (262)  —  8  aquesto  —  11  íã*  —  15  O  CA  tem  pastor ie 
se  —  18  O  CA  tem  o  —  19  Ambos  os  códices  tèem:  E  o  de,  em  lugar 
de  E  oide  —  21  7ni. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6  +  3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares,  enlaçadas  todavia  pela  rima  a,  que 
distingue  o  primeiro  e  o  ultimo  verso  da  cantiga  inteira  e  de  cada  uma 
das  estrophes:  abbcca :  bba.  —  Eimas  breves  e  longas:  arfaW  «'(•>)  e(c) 
na  1*^  estancia;  adai^)  êri^)  ar^fi)  na  2*;  ada^^)  ér(»>)  éw(c)  na  3";  ér  ér  ada 
na  fiinda,  que  se  cinge,  portanto,  á  regra. 

Colocci  diz  apenas:  cõgedo  spic. 

III  Eine  solche  sehe  ich  hier,  Ama  {=  Amme)  geheissen,  dass  ich 
mein  Lebtag  nichts  Thõrich teres  erlebt;  es  sei  denn,  es  geschehe  aus  zwei 
Grrúnden,  entweder  weil  ihr  Name  Ama  ist;  oder  wenn  mau  ihn  ihr  bei- 
legt,  weil  sie  geliebt  wird  (amada  ist)  (1) 

(Geliebt)  um  ihrer  Schõnheit  oder  um  ihres  Wuchses  willen.  Soll  sie 
darum  Ama  sein,  so  ist  sie  es;  oder  aucli  weil  ich  sie  liebe  und  ihr  so  wohl 
will,  dass  ich  schwõren  kann,  seit  ich  sie  geschaut  keine  Geliebtere  (amada) 
geseben  zu  haben  (2). 


—     333     — 


E  nunca  vi  cousa  tan  desguisada 
de  chamar  orne  ama  tal  molher  S885 

f^4líLiÍ4)a\\^^^  pastorinh',  e  se  lb'o  non  disser' 
por  tod'  esto  que  eu  sei  que  lh'aven: 
porque  a  vej'  a  todos  querer  ben, 
o[u\  porque  do  mund'  é  a  mais  amada, 

E  o[*jde  como  vus  eu  disser',  3890 

20     que,  pêro  me  Deus  ben  fazer  quiser', 
sen  ela  non  me  pode  fazer  nada! 

Ganz  verkehrt  ist  es,  dass  man  eine  solche  und  so  jugendliche,  mad- 
cheuhafte  Frau  »Ama«  nennt,  es  geschehe  denn,  weil  sie  allen  freundlich 
gesinnt  ist,  oder  weil  sie  auf  Erden  die  Geliebteste  ist  (amada)  (3). 

Vernehmt,  was  ich  sagen  will:  Gott  kann  mir  ohne  sie  nichts  Liebes 
anthun,  woUte  er  es  selbst  (I). 

IV  Cfr.  No.  171.  CV  786.  CB  511  (384)  e  Zschr.  XX  p.  148. 


167  e  168. 
•       (Tr.  12  e  13). 

As  graves  coitas,  a  qiien  as  Deus  dar 
quer  e  o  mal  d 'amor,  gran  ben  faria 
se  lhe  desse  (pêro  non  lhe  daria)  3895 

con  quen  ousass(e)  en  sas  coitas  falar, 
5      en  tal  guisa  que  lh'o  non  entendesse 
con  quen  o  falass(e),  e  que  se  doesse 
d'el;  mais  non  sei  de  Deus,  se  poderia? 

Fero  sei  ben,  aquant'  6  meu  coidar,  3900 

a  quen  esto  desse,  ca  lhe  daria 
10      mais  longa  vida,  e  que  Ih'  i  faria 
d'aquelas  coitas  aver  mais  vagar. 
E  non  sei  ai  per  que  sen  non  perdesse 
que[?i]  mais  ouvess(e),  e  cedo  non  morresse;     3905 
e  per  esto  cuido  que  viveria. 

I  CB  319  (263)  —  3  Ihi  —  Iki  —  4  ousasse  s.  c.  f.  —  6  con  quen 
as  falass'  e  que  s.  d.  —  8  cuidar  —  9  Ihi  —  10  Ihi  faria  —  12  se  non 
perdesse  —  13  se  as  ouvesse  —  14  0  CÁ  tem  viviria  —  17  mi  valrria  — 
18  pode  —  19  e  non  s'esforç'  en  s.  —  21  peyor  Ihi  faria  —  24  d' esta 
—  26  Ihi  —  28  ca  dizer -lho  cuidei  o[u]  ja  morrer  —  Ambos  os  códices 
tèem  o  —  29  e  poi'-la  —  30  ca  por  mia  prol  mais  tenho  de  morrer. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  7 -}- (4  x  2  +  1).  —  Decasyllabos 
jambicos.  —  Coplas  equiconsoantes:  abl)accb,  seguidas  de  quattro 
fiindas  em  pareados,  com  rimas  completamente  novas,  e  rematadas  por  nm 
verso  final  que  responde,  rimando,  á  ultima  das  fiindas:  dd  ee  ff  gg  g.  — 
Rimas  longas  e  breves:  arW  ««('))  esseW;  e^(<l)  ôr(e)  m(f)  êris). 

Colocci  diz:  sei  dif.  qHro  cõgedi. 

Como  demonstram  os  dous  números  de  ordem,  que  dei  a  esta  cantiga, 
duvidei,  se  realmente  os  pareados  constituiriam  o  remate  da  cantiga,  ou  uma 
poesia  nova.  O  que  me  levou  a  adoptar  por  fim  a  primeira  opinião  foi  o 
achar  ua  cantiga  No.  134  do  CB  outra  constnicção  parecida,  e  não  encontrar 
nem  uma  só  cantiga  que  constasse  de  simples  pareados,  sem  ligação,  quer 


335     — 


15  D'estas  coitas  eu  podia  falar 

come  quen  as  padece  cada  dia; 

mais  non  é  tempo  ja,  nen  me  valria. 

Mais  guarde -se  quen  se  poder'  guardar,  3910 

f.  43  (=  i24)b  II  e  non  s'esforc(e)  eu  senhor  que  prendesse, 
20     a  melhor,  nen  que  melhor  parecesse 

d'este  mundo,  ca  peor  Ih'  i  faria! 

En  tan  grave  dia  senhor  filhei 
a  que  nunca  «senhor»  chamar  ousei.  3915 

fosse  interior,  expressa  por  meio  do  parallelismo  das  ideias,  quer  exterior, 
por  meio  de  consoantes. 

Duvidei  1°)  porque  a  construcção  briga  com  a  praxe  seguida  pelos 
trovadores  quanto  ao  numero  das  fiindas  (que  não  costuma  exceder  o 
das  estrophes),  e  com  as  regras  da  vellaa  Poética,  que  estabelece  que  a 
fiinda  ^deve  rimar  com  a  postumeira  cobra."" 

2°)  porque  o  nexo  entre  a  „razão''  da  cantiga  e  a  das  fiindas  é 
pouco  saliente. 

3°)  porque  a  maiúscula,  com  que  o  verso  22  principia  no  pergaminho 
da  Ajuda,  tem  tamanho  e  feitio  igual  ao  d'aquellas,  que  é  costume  desenhar 
á  frente  de  poesias  novas. 

Entre  a  cantiga  e  as  fiindas  ha,  todavia,  espaço  em  branco  na  extensão 
de  três  versos,  como  se  usa  quando  seguem  fiindas  com  melodia  própria; 
e  as  nossas  tèem  no  CA  effectivamente  pauta  para  a  notação.  —  No  CB 
apparecem  também  com  numeração  romana  (I.  II.  III.  IV). 

TTT  Wem  Gott  schvreres  Leid  und  Liebespein  giebt,  dem  erwiese  er 
eine  Gunst,  gabe  er  ihm  jemand,  zu  dem  er  von  seinen  Schmerzen  also 
zu  redenwagte,  dass  jener  zwar  nicht  merkte,  von  wem  die  Rede  sei,  doch 
aber  Mitleid  mit  ihm  hâtte:  doch  weiss  ich  nicht,  ob  Gott  das  vermochte  (1). 

Wohl  aber  bin  ich  sicher,  dass  er  ihm  damit  das  Leben  verlángerte 
und  ihm  Beruhigung  verschaífte.  Ein  andores  Heilmittel,  das  ihm  den  Ver- 
stand  crhielte,  so  gross  er  auch  ware,  und  ihn  vor  schnellem  Tode  schiitzle, 
kenne  ich  aber  nicht.     Durch  dieses  aber  wiirde  er  leben  (2). 

Vou  solchem  Leid  kõnnte  ich  sprechen  wie  einer,  der  es  tíiglich  er- 
duldet.  Fiir  mich  aber  ist  es  zu  spat.  Es  wiirde  nicht  mehr  helfen.  Es 
hiite  sich  daher,  wer  es  noch  vermag,  und  strebe  nicht  danach,  zur  Herrin 
zu  erkiesen  die  beste  und  holdestblickende  von  der  Welt,  denn  um  so  ârger 
erginge  es  ihm  (3). 

An  solchem  Ungliickstag  erwiihlte  ich  zur  Herrin  die ,  welche  ich  nie- 
mals  ais  Herrin  anzureden  wagte  (I). 

Keiu  grosseres  Leid  kenne  ich,  ais  zu  sterben,  und  nicht  zu  wagen, 
sie  Herrin  zu  nennen  (II). 


—     336     — 

D(e)  esta  coita  nunca  eu  vi  mayor: 
25      morrer,  e  non  Ih'  ousar  dizer:   «senhor»! 

Ca,  de  pran,  moiro,  querendo -lhe  ben, 
pêro  non  Ih'  ous'  6n  dizer  nulha  ren. 

Ca  dizê'-lo  cuidei  ou  a  morrer,  3920 

e  pois  la  vi  non  Ih'  ousei  ren  dizer, 

30  Ca  por  mais  mia  prol  tenho  de  morrer! 

Denn,  wirklich,  ich  sterbe  aus  Liebe  zu  ihr,  und  getraue  inich  trotz- 
dem  nicht,  irgend  etwas  da  voa  zu  sagen  (III). 

Ich  glaiibte  sprechea  zu  miissen,  oder  zu  sterben:  und  ais  ich  vor 
ihi-  stand,  vermochte  ich  nicht  die  Lippeu  zu  õffnen  (IV). 

Mehr  zu  meinem  Frommen  scheint  es  mir  zu  sein,  zu  sterben  (V). 


f.  43  (=  n 


10 


169. 

(Tr.  14). 

Senhor,  por  Deus  que  vus  fez  parecer, 

per  bõa  fó,  mui  ben  e  ben  falar, 

que  vus  non  pes  de  vus  én  preguntar  3925 

d'esto  que  querria  de  vos  saber: 

iSe  me  fazedes  por  ai,  senhor,  mal, 

se  non  porque  vus  amo  mais  ca  min  nen  ai, 

4)c  II  Per  bõa  fó,  nen  ca  os  olhos  meus? 

E  se  vus  menço.  Deus  non  me  perdon!  S930 

Senhor  de  min  e  do  meu  eoraçon, 

dizede-m'esto,  se  vos  valha  Deus! 

^Se  me  fazedes  por  ai,  senhor,  mal, 

se  non  porque  vus  amo  mais  ca  min  nen  ai, 

Nen  ca  outr'  omen  nunc(a)  amou  molher?         3935 
E  se  por  est'  ó,  mal -dia  naci! 
15      Mas  empero,  senhor,  que  seja  'ssi, 

saber  mi -o  quer'  eu  de  vos,  se  poder', 
(iSe  me  fazedes  por  ai,  senhor,  mal, 
se  non  porque  vus  amo  mais  ca  min  nen  ai?    3940 

I  CB  320  (264)  —  O  texto  está  incompleto ,  visto  que  só  tem  os  pri- 
meiros 9  versos.  —  4  queria  —  5  mi  —  6  que  —  8  mi  —  9  mi. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -(- 2). —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||€C.  —  Rimas  longas:  er(a)  ari^)  na 
1"  estancia;  eusW  on(^)  na  2*;  ér^o.)  «(b)  na  3*;  e  ai  no  refram.  —  O  ultimo 
verso  do  refram  é  um  dodecasyllabo;  talvez,  porque  o  escrevente  o  de- 
turpasse (cfr.  Nos.  75  e  160). 

Colocci,  á  vista  de  apenas  9  versos,  não  reconheceu  o  eschema  esti'o- 
phico.  Tendo  os  primeiros  6  versos  em  conta  de  uma  estrophe  de  meestria, 
o  considerando  os  três  immediatos  como  fiinda,  assentou:  mia  stãxa  et  cõged. 

III  Herrin ,  beim  Himmel ,  der  Eucli  Schõnheit  und  Redekunst  ge- 
schenkt  hat,  grollt  nicht,  wenn  icli  Euch  nach  dem  frage,  was  ich  wissen 
mochte:  ||  Ob  Ihr  mir  Leides  anthut  aus  anderen  Grvinden  oder  woil  ich  Euch 
uber  alies  liebo,  mehr  ais  mich  selbst  (1) 

und  ais  moine  Augen?  Liige  ich,  so  mõge  Gott  mir  nicht  verzeihen. 
Sagt  an,  Ihr  meine  und  meines  Herzens  Herrin,  |j  ob  etc.  (2) 

und  mehr  ais  irgend  ein  anderer  Maun  je  eine  Frau  geliobt  hat? 
Geschieht  es  darum,  so  ward  ich  an  einem  Ungluckstage  geboren.  Ist  dem 
aber  so,  so  mochte  ich  deunoch  vou  Euch  erfahron,  ||  ob  etc.  (3). 

22 


170. 
(Tr.  15). 

Com'  og'  eu  vivo  no  mundo  coitado 
nas  graves  coitas  que  ei  de  soífrer, 
non  poderia  outr(o)  ome  viver, 
nen  eu  fezera,  temp'  á  i  passado; 
5      mais  quando  cuid'  en  qual  mia  senhor  vi,         3945 
entanto  viv',  e  entanto  vivi, 
e  tenho  m'end'  as  coitas  por  pagado. 

f.  43  [=  i24)d      II  Empero  quand'  eu  en[o]  meu  cuidado 
cuido  nas  coitas  que  me  faz  aver, 
10      coido  mia  mort'  e  querria  morrer,  3950 

e  coid'  en  como  fui  mal- dia  nado; 
mais  quand'  ar  cuid'  en  qual  mia  senhor  vi, 
de  quantas  coitas  por  ela  soffri, 
muito  m'én  tenho  por  ave[n]turado. 

I  CB  321  (265)  —  3  outr'  ome  —  4  temp'  á  ja  passado  —  8  em- 
pero quando  eu  eno  m.  c.  —  9  vti  —   10  e  cuido  na  mort'  e  queria  m. 

—  11  cuid'  —  12  quando  —   1Ç>  de  o  en  mais  dixer  —   11  ca  Deu' -la 

—  18  soube  no  mundo  e  maravilhado  ■ —  20  7nin. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7-1-3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  equiconsoantes:  abbacca :  cca.  —  Rimas  breves  e 
longas:  adoi»)  êrW  *(c). 

III  So  bekiimmert  wie  ich  heute  in  der  Welt  lebe,  konnte  niemand 
bestehen,  und  auch  ich  wúrde  es  seit  langem  nicht  gekonnt  haben.  Nur 
im  Gedanken  daran,  wie  ich  meine  Herrin  erblickt  habe,  lebe  ich  und  habe 
ich  gelebt  und  bin  dadurch  fiir  alie  meine  Qualen  belohnt  (1). 

Griible  ich  sinnead  úber  die  Qualen  nach,  dio  ich  durch  sie  erdulde, 
so  denke  ich  an  den  Tod,  nach  dem  ich  mich  sehne,  und  an  den  Unstern 
meiner  Geburt.  Erinnere  ich  mich  aber  daran,  wie  ich  sie  geschaut,  so  biu, 
ich  froh  und  gliicklich  úber  meine  Qualen  (2). 


—     339     — 

E  en  seu  ben  per  mi  seor  loado  3955 

no[?i]  á  mester  de  ende  ma[?']s  dizer, 
ca  Deus  la  fezo  qual  melhor  fazer 
soab'  eno  mund':  e  ben  maravilhado 
será  quen  vir'  a  senhor  que  eu  vi 
20     pelo  seu  ben;  e  ben  dirá  per  mi  3960 

que  ben  dev'  end'  a  Deus  a  dar  bon  grado 

De  quantas  coitas  por  ela  soffri, 
;se  Deus  mi -a  mostre  como  a  ja  vi 
seendo  con  sa  madr(e)  en  un  estrado! 

Ihre  Vorziige  zu  preisen  ist  nicht  mehr  nõtig:  Gott  hat  sie  so  herr- 
licli  geschafl"en  wie  er  vermochte;  staunen  wird  jeder,  der  sie  erblickt,  und 
wird,  traun,  sagen,  ich  miisse  Gott  danken  (3) 

Fiir  alie  Qualen,  die  ich  um  sie  erdulde  jso  wahr  raii*  Gott  sie  zeigen 
mõge,  wie  ich  sie  schon  einmal  erblickt  habe,  mit  ihrer  Mutter  aiif  einer 
Empore  sitzend  (I)! 


22^ 


171. 

(Tr.  16). 

Desmentido  m'  á  'qui  im  trobador  3965 

do  que  dixi  da  ama  sen  razon, 
de  cousas  pêro,  e  de  cousas  non. 
Mais  u  menti,  quero -mi -o  eu  dizer: 
5      u  non  dixi  o  meo  do  parecer 

que  llii  mui  bõo  deu  Nostro  Senhor,  3070 

f%^fl!i2o)a       W^^i  ^^  pran,  a  fez  parecer  melhor 
de  quantas  outras  eno  mundo  son, 
e  mui  mais  mansa,  e  mais  con  razon 
10     falar  e  riir,  e  tod'  ai  fazer; 

e  fezo-lhe  tau  muito  ben  saber  3975 

que  en  todo  ben  é  mui  sabedor. 

I  CB  322  (266)  —  1  d.  mi -d  aqui  —  2  disse  —  5  dix'o  meyo  d.  p. 

—  9  e  mui  7nais  m^ans'  e  mui  mais  cr.  —  11  e  fer^-lhi  —  13  rog'  a 
n.  s.  —  14  Ihi  —  15  mi  —  16  ous'  a  rogar  —  17  non  queria  seer. 

n  Cantiga  de  me  estria:  3  x  6 -|-  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  eqiiiconsoantes:  abbcea :  cca.  —  Rimas  longas:  ôrW  otiW 
êr(c).  —  A  repetição  de  senhor  (no  verso  6.  13  e  21)  parece-me  fortuita 
e  censurável. 

A  nota  de  Colocoi  site  talvez  seja  erro  por  s*7e,  abbreviado  de  si?mle^ 
referindo -se  n'este  caso  ás  palavras  que  accompanliam  a  cantiga  anterior: 
sei  dif.  e  cõged.  spic? 

m  Liigen  gestraft  hat  mich  hier  ein  Troubadour  betreffs  dessen ,  was 
ich  von  der  Ama  zu  Unrecht  gesagt  haben  soU.  In  einigem  (sage  ich)  ja, 
in  anderem  nein.  Gelogen  habe  ich,  ais  ich  nicht  die  Hálfte  ihrer  Reize 
beschrieb,  die  Gott  ihr  so  reichlich  gab  (1). 

Denn  sie  ist  lieblicher  ais  alie  iibrigen,  sanfter,  verstandiger  im  Reden, 
im  Lachen  und  in  allen  sonstigen  Bewegungen;  zu  aliem  Guten  geschickt  (2). 

Darum  bete  ich  zu  Gott,  er  mõge  ihr  die  Absicht,  mir  Liebes  anzu- 
thun,  ins  Herz  legen,  da  ich  sie  selbst  nicht  darum  zu  bitten  wage.  Geschieht 
es,  so  wiirde  ich  mit  keineni  Kõnig,  Kõuigssohn  oder  Kaiser  tauschen  (3). 


í 


15 


W 


—     341     — 


E  por  esto  rogo  Nostro  Senhor 
que  lhe  meta  eno  seu  coraçon 
que  me  faça  ben,  poi'-lo  a  ela  non 
ouso  rogar;  e  se  m'  ela  fazer 
quisesse  ben,  non  querria  seer 
rey,  nen  seu  filho,  nen  emperador, 

■  Se  per  i  seu  ben  ouvess'  a  perder; 
ca  sen  ela  non  poss'  eu  ben  aver 
eno  mundo,  nen  de  Nostro  Senhor. 


3980 


3985 


Falis  micli  das  um  ihre  Gunst  bráchte:  ohue  sie  kana  mir  hienieden 
niclits  Gutes  widerfahren ,  uicht  einmal  von  Gott  dem  Herm  (I). 

IV  Cfr.  No.  166  e  Zschr.  XX  p.  152. 


172. 

(Tr.  17). 

Senhor  e  lume  d'estes  olhos  meus, 
per  bõa  [/is],  direi -vus  na  ren; 
e  se  vus  mentir',  non  me  venha  ben 
nunca  de  vos,  nen  d'o[«<]tri,  nen  de  Deus: 
5  dê'- lo  dia  'n  que  vus  non  vi,  3990 

mia  senhor,  nunca  despois  vi  || 

f.44{=i25)b       Prazer  nen  ben,  nen- o  ar  veerei, 

se  non  vir'  vos  —  enquant'  en  vivo  for'  — 
ou  mia  morte,  fremosa  mia  senhor; 
10      ca  (e)stou  de  vos  como  vus  eu  direi:  3995 

dê'-lo  dia  'n  que  vus  non  vi, 
mia  senhor,  nunca  despois  vi 

I  CB  323  (267)  —  3  mi  —  4  d'outren  —  5  dia  en  q.  —  6  depois 
—  9  ferrnosa  —  10  e  lõ  mi  soubi. 

II  Cantiga  de  refrara:  3  x  (4 -f-  2)  +  '2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos  no  corpo  da  cantiga,  e  Octonarios  no  refram.  —  Coplas  sin- 
gulares: abba||CC :  dd.  • —  Eimas  longas:  e^^s(»)  én^)  na  1*  estancia; 
e*(a)  oríb)  na  2";  o?i(a)  arW  na  3'';  *  no  refram  e  na  fiinda. 

Tornei  et  congedo  non  spic,  segundo  Colocci. 

III  Herrin,  Ihr  meiner  Augen  Licht,  icli  will  Euch  etwas  sagen.  Lúge 
ich,  so  mõge  mir  niemals  Liebes  geschehen  von  Euch  oder  dem  Himmel:  || 
Seit  ich  Euch  nicht  sehe,  Geliebte,  sah  ich  nimmer  (1) 

Freude  noch  Lust;  noch  werde  ich  sie  sehen,  sehe  ich  nicht  Euch 
oder  den  Tod,  schõne  Herrin,  denn  Euch  gegenúber  ergeht  es  mir  also:|| 
Seit  ich  Euch  nicht  sehe,  sah  ich  nichts  (2) 

Ais  nur  Bekiimmernisse.  Alies,  was  ich  erblickte,  war  mir  zuwider 
und  ich  wusste  mir  nicht  zu  helfen.  Vernehtnt  seit  wann:  ||  seit  ich  Euch 
nicht  sah,  habe  ich  weder  gesehen  (3) 

Noch  werde  ich  mein  Lebtag,  falis  ich  nicht  Euch  oder  den  Tod 
schaue,  etwas  Begliickendes  sehen  (I). 


343 


Per  bõa  fé,  se  mui  gran  pesar  non; 
ca  todo  quanto  vi  me  foi  pesar, 
15      e  non  me  soube  conselho  filhar.  4000 

E  direi- vus,  senhor,  des  qual  sazon: 
dê'-lo  dia  'n  que  vus  non  vi, 
mia  senhor,  nunca  despois  vi, 

Nen  veerei,  senhor,  mentr'  eu  viver', 
20     se  non  vir'  vos  —  ou  mia  morte  —  prazer!    4005 


IV  Espécimen  das  cantigas  de  atafiinda. 


173. 

(Tr.  18> 

Senhor,  o  gran  mal  e  o  gran  pesar 
e  a  gran  coita  e  o  grand'  affan 

—  pois  que  vus  vos  non  doedes  de  mi,  — 
que  por  vos  soífro,  morte  m'é,  de  pran, 

5      e  morte  m'é  de  m'end'  assi  queixar!  4010 

Tan  grave  dia,  senhor,  que  vus  vi! 

Pois  estas  coitas  eu  ei  a  soffrer 
que  vus  ja  dixe,  mais  ca  morte  m'é, 

—  pois  qae  vus  vos  non  doedes  de  mi.  — 

10     E  morte  m'6,  senhor,  per  bõa  fé,  4015 

(=125)0  i  ^^^®  ^^s  ^^  ®i  ^aquesV^  a  dizer! 

Tan  grave  dia,  senhor,  que  vus  vi! 

I  CB  324  (268)  —  O  CÁ  tem  min  nos  versos  3.  9  e  15;  o  CB  em 
o  9  e  15.  —  8  dixi  —  11  No  CA  este  verso  está  quasi  apagado:  ainda 
assim  cheguei  a  distinguir  todas  as  letras,  menos  as  que  estão  entre  ei  e 
a.  —  O  CB  tem:  de  que  vus  ar  ei  aqiiest'  a  dÍ7íer.  Melhor  que  ambas 
as  lições  talvez  fosse  a  phrase:  que  vus  ar  ei  aquest[o\  a  dizer  —  15  doedes 
—  16  mi  —  \1  a  dixe'- lo -ei. 

No  CB  ha  espaço  em  branco  para  mais  uma  estrophe. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(2-j-l-}-2-l-l)-  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abCbaC.  —  Rimas  longas:  ari^)  anW 
na  !"•  estancia;  êr(a)  e(b)  na  2";  ei(a)  ya(i>)  na  3";  e  i  no  refram.  O  refram 
vem  repartido  em  duas  metades,  das  quaes  a  1"^  tem  o  seu  lugar  no  meio 
da  estancia,  emquanto  a  2"  apparece  no  fim,  como  de  costume. 

Colocci  diz  acertadamente ,  com  relação  a  esta  interrupção :  intercalar 
o  acclamatio. 

III  Herrin,  das  grosse  Wehe,  der  Kummer,  die  Peiu  und  grosse 
Not,  die  ich  um  Euch  erdulde,  ist,  da  Ihr  kein  Erbarmen  mit  rair  habt, 
Todesqual;  und  Todesqual  ist  es,  mich  darob  zu  beklagen.  ||  An  solchem 
Unglúckstago  sah  ich  Euch!  (1) 


15 


345 


Porque  vejo  que  cedo  morrerei 
d'aquestas  coitas  que  vus  dixi  ja, 

—  pois  que  vus  vos  non  doestes  de  min  —  4020 
vedes,  senhor,  mui  grave  me  será 
de  o  dizer,  pêro  a  dizê'-r-ei! 

Tan  grave  dia,  senhor,  que  vus  vi! 


Dass  icli  solche  Not  ertragen  muss,  ist  scblimmer  ais  der  Tod;  und 
dom  Tode  gleich  erachte  ich  es,  dass  ich  Eueh  so  etwas  sagen  muss  (2). 

Da  ich  einsehe,  dass  ich  bald  sterben  werde  an  den  Schmerzen,  von 
denen  ich  rede,  ist  es  mir,  Herrin,  (wie  Ihr  seht)  schwer,  davon  zu  reden, 
doch  muss  ich  es  thun.  ||  An  einem  Ungliickstage  sah  ich  Euch !  (3). 


174. 
(Tr.  19). 

Nouti-0  dia,  quando  m'eu  espedi 
de  mia  senhor,  e  quando  mi-ouv'  a  ir,  4025 

e  me  non  falou,  nen  me  quis  oir, 
tan  sen  ventura  foi  que  non  morri! 
5  Que,  se  mil  vezes  podesse  morrer, 

mSor  coita  me  fora  de  soffrer! 

f.44i=i25)d       II  U  Ih' eu  dixi:   «con  graça,  mia  senhor»!     4030 
catou-me  un  pouqu'  e  teve-mi  en  desden; 
e  porque  me  non  disso  mal  nen  ben, 
10     fiquei  coitad(o),  e  con  tan  gran  pavor 
que,  se  mil  vezes  podesse  morrer, 
mSor  coita  me  fora  de  soffrer!  4035 

E  sei  mui  ben,  u  me  d 'ela  quitei, 
e  m'end'  eu  fui,  e  non  me  quis  falar, 
15      ca,  pois  ali  non  morri  con  pesar, 
nunca  jamais  con  pesar  morrerei: 

que,  se  mil  vezes  podesse  morrer,  4040 

mgor  coita  me  fora  de  soffrer! 

I  CB  325  (269)  —  2  m'  ouvi -a  ir  —  6  mi  —  meor  coita  —  7 
O  CA  tem  Que  eu  dixi  —  8  e.  m'zm  pouco  e  teve  mi -o  e.  d.  —  9  m*  7ion 
disse  —  10  coitad'  e  c.  t.  g.  p.  —  IS  u  m'eu  —  14  foi  —  mi  —  16  ja  mais. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-l-2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  alt)ba||C€.  —  Rimas  longas:  iW  irO>)  na 
1*  estancia;  ôri^)  én(^)  na  2*;  eiW  ar^  na  3*;  e  êr  no  reíram. 

Tornei,  diz  Colocci. 

III  Uulángst,  ais  ich  von  meiner  Herrin  Abschied  nahm,  und  voa 
hinnen  musste,  sie  aber  nicht  zu  mir  sprach  und  mich  nicht  anhõrte,  war 
ich  so  ungliicklich ,  dass  ich  nicht  starb,  ||  denn  tausendmal  zu  sterben  wâre 
geringere  Qual,  ais  so  zu  leideu  (1). 

Ais  ich  sprach  „mit  Verlaub,  liebe  Herrin",  da  blickte  sie  mich  ein 
wenig  an  und  verschmáhte  es,  zu  antworten;  weil  sie  mir  aber  nichts  Liebes 
noch  Leides  sagte,  ward  ich  so  bekiimmert  und  verângstigt,  ||  dass  tausendmal 
zu  sterben  etc.  (2). 

Eins  weiss  ich,  da  ich  bei  der  Trennung  nicht  Kummers  starb,  ais 
sie  nicht  zu  mir  reden  woUte,  sterbe  ich  nie  vor  Kummer;  denn  etc.  (3). 


o.  VJI: 

f.  4õ  (=  12'6)i 


175. 
(Tr.  20). 

Deus  que  mi-oj'  aguisou  de  vus  veer 
e  que  é  da  mia  coita  sabedor, 
el  sab'  oge  que  con  mui  gran  pavor 
vus  digu'  eu  est',  e  ja  ei  de  dizer:  4045 

„Moir'  eu,  e  moiro  por  alguen! 
E  nunca  vus  mais  direi  én." 

E  mentr'  eu  vi  que  podia  viver 
na  mui  gran  coita  'n  que  vivo  d'amor, 
non  vus  dizer  ren  tive  por  melhor;  4050 

mais  digu'  esto,  pois  me  vejo  morrer: 
„Moir'  eu  e  moiro  por  alguen! 
E  nunca  vus  mais  direi  én." 

E  non  á  no  mundo  filha  de  rei 
a  que  d'  atanto  devess'  a  pesar  4055 

15     nen  estrãidade  d'  om'  a  filhar,  || 
^  por  quant'  ist'  ó,  que  vus  ora  direi: 
„Moir'  eu  e  moiro  por  alguen! 
E  nunca  vus  mais  direi  én." 

I  €B  326  (270)  —  1  m'  of  aguisou  de  vu^  v.  —  2  de  mia  coita 
—  4  esto,  ja  —  10  digu'  eu  esto  —  14  de  tanto  —  15  estrayadade  — 
16  por  quant'  est'  [é]. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2).  —  Decasyllabos  jambicos 
no  corpo  da  cantiga,  e  Octonarios  no  refram.  —  As  primeiras  duas 
coplas  formam  um  par;  a  terceira  está  desirmanada  (como  nos  Nos.  1.  31. 
36  etc):  abba||CC.  —  Rimas  longas:  eV(a)  ôrC»)  no  grupo;  e^W  arC»!  na 
ultima  copla;  én  no  refram. 

Colocci  diz  apenas:  Tornei. 

TTT  Gott,  der  meine  Leiden  kennt  und  Ursache  ist,  dass  ich  Euch 
heute  sah,  weiss,  dass  ich  Euch  sagen  muss  und  mit  welcher  Bangigkeit 
ich  heute  zu  Euch  sage:  ||  »Sterbe  ich,  so  sterbe  ich  um  jemanden;  mehr  aber 
verrate  ich  nicht«  (1). 

Solange  ich  moine  Liebospein  ertragon  konnte,  hielt  ich  es  fiir  besser, 
zu  schweigen;  nun  ich  aber  sterbe,  verrate  ich  es:  ||  «Sterbe  ich,  so  sterbe 
ich  um  jemanden  etc.  (2). 

Keine  Kõnigstochter  auf  Erden  kann  Anstoss  daran  nehmen,  noch 
Befremdung  úber  ihren  Lehensmann  hegen,  falis  er  mit  mir  sagt:  ||  «Sterbe 
ich,  etc.  (3). 

IV  O  refram  d'osta  cantiga  reapparece  na  cantiga  de  centões  d'El  Rei 
D.  Affonso  de  Leon  (CB  469).  —  Cfr.  No.  160. 


176. 

(Tr.  21). 

Da  mia  senhor,  que  tan  mal -dia  vi  4060 

como  Deus  sabe,  mais  non  direi  6n 
ora  d'aquesto,  ca  me  non  conven. 
Nen  me  dê  Deus  ben  d'ela,  nen  de  si, 
5  s[e]  og'  eu  mais  de  ben  querria  'ver 

de  saber  o  mal,  e  de  me  tSer  4065 

Pos-seii,  que  mi  faz,  ca  doo  de  mi 
averia  e  saberia  ben 
qual  ó  gran  coita  ou  quen  perde  sen. 
10      E  no'- me  valha  per  quen  o  perdi, 

s[e]  og'  eu  mais  de  ben  querria  'ver        4070 
de  saber  o  mal,  e  de  me  teer 

I  CB  327  (271)  —  2  0  CA  tem  sabe  e  mais  —  3  mi  —  4  mi  — 
5  se  of  —  7  Por  seu  que  m,e  fax  ca  doo  de  min  —  9  a  quen  perd'  o 
sen  —  10  -E*  non  mi  valha  por  q.  non  p.  —  13  Por  seu  que  mi  fax  — 
14  {E  pêro  non  me  valha  quen  tni  á  d' ajudar)  —  15  Falta  no  CB  — 
19  e  no'-m'o  —  20  min. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x(44-2)4-2.  —  Decasyllabos 
jam bicos.  —  As  primeiras  duas  coplas  formam  um  par,  emquanto  a  ultima 
ostá  desirmanada:  abba||CC.  —  Kimas  longas:  *(»)  m(b)  no  gmpo;  áW 
ani^)  na  derradeira  estrophe;  êr  no  refram  e  na  fiinda. 

Gõged.  spic.  da  tornei,  diz  a  nota  de  Colocci. 

III  Von  meiner  Herrin  (die  ich  zu  meinem  Leide  sah,  wie  Gott  weiss) 
werde  ich  nichts  weiter  sagen ,  da  es  sich  nicht  ziemt.  Doch  mõge  mir  Gott 
nichts  Gutes  geben,  weder  von  sich  aus  noch  von  ihr,  ||  wenn  ich  mehr 
begehre,  ais  dass  sie  um  den  Jammer  wússte,  den  sie  mir  bereitet,  und 
mich  anerkennen  mõchte  (1) 

Ais  den  Ihren;  denn  Mitleid  wúrde  sie  dann  empfinden  und  begreifen, 
was  Qualen  sind  und  wer  den  Yerstand  verliert.  Doch  mõge  die,  um  welche 
ich  ihu  verloren,  mir  nicht  beistehen,  ||  wenn  ich  mehr  begehre,  ais  dass  sie 
um  den  Jammer  vviisste,  den  sie  mir  bereitet,  und  mich  anerkennen  mõchte  (2) 


349     — 


Pos-seu,  que  me  faz,  que  tan  pret'  está 
de  mi  mia  morte  como  veeran 
15      muitos  que  pois  mia  coita  creeran. 
E  pêro  jnon  me  valha  quen  mi -a  dá, 

s[e]  og'  eu  mais  de  ben  querria  'ver 
de  saber  o  mal,  e  de  me  teer 

Pos-seu,  que  me  faz,  e  no '-no  saber 
20     nunca  per  mi,  nen  pelo  eu  dizer! 


4075 


Ais  den  Ihreu ;  deun  sehr  nahe  bin  ich  dejn  Tode ,  wie  hernach  vielo 
sehen  werden,  dio  dann  an  meioe  Not  glauben  werden.  Trotzdem  mõge 
mir  nicht  gnâdig  sein  jene,  welcher  ich  sie  verdanke,  wenu  ich  mehr  be- 
gehre,  ais  dass  sie  um  den  Jammer  wiisste.  den  sie  mir  bereitet,  und  mich 
anerkennen  mõchte  (3) 

Ais  den  Ihren;  und  ferner,  dass  sie  nicht  durch  mich  noch  durch  meine 
"Worte  davon  erfahrt  (I). 


177. 

(Tr.  22). 

f.  45  (=r^  i2G)b       Meus  amigos,  quero -viis  eu  ||  mostrar  4080 

com'  eu  querria  ben  da  mia  senhor; 
;e  non  [mi]  valha  ela,  nen  Amor, 
nen  Deus,  se  vus  verdade  non  jurar': 
5  Ben  querria  que  me  fezesse  ben  .  , . 

pêro  non  ben  u  perdess(e)  ela  ren!  4085 

E  mais  vus  direi:  o  que  pod'  e  vai' 
me  non  valha,  se  querria  viver 
eno  mundo,  nen  niun  ben  aver 
10      d'ela,  nen  d'o[ií]tri,  se  fosse  seu  mal: 

Ben  querria  que  me  fezesse  ben  .  .  .         4090 
pêro  non  ben  u  perdess(e)  ela  ren! 

E  a  mi  semelha  cousa  sen  razon, 
pois  algun  ome  mais  ama  molher 
15      ca  si  nen  ai,  se  ben  por  seu  mal  quer; 

e  por  aquest'  o  'ssi  meu  coraçon:  4095 

Ben  querria  que  me  fezesse  ben  .  .  . 
pêro  non  ben  u  perdess(e)  ela  ren! 

I  CB  328  (272)  —  3  e  non  mi  valha  —  5  mi  —  6  perdess'  ela  — 
9  nenhun  —  10  d'outren  —  11  mi  —  13  Ca  m.  s.  —  15  Ambos  os 
códices  têem:  ea  si  nen  ai  seu  beti  por  seu  mal  quer. 

No  CA  ha  espaço  em  branco  para  mais  uma  estrophe. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abl)a||CC.  —  Kimas  longas:  arW  ôrW  na 
1"  estancia;  ali»)  er('>)  na  2";  on(»)  ér9>)  na  3";  e  én  no  refram. 

Tornei,  segundo  Colocci. 

III  Ich  will  Euch,  Freunde,  zeigen,  wie  ich  Liebesbeweise  von  meiner 
Herrin  erhalten  mõchte;  und  schwõre  ich  nicht  Wahrheit,  so  mõge  weder 
sie,  noch  Gott,  noch  die  Liebe  mir  gnâdig  sein:  ||  Gunst  mõchte  ich  von  ihr 
erfahren,  doch  Gunst,  die  nicht  zu  ihrem  Schaden  gereichte  (1). 

Und  weiter  sage  ich:  der  AUmâchtige  moge  mir  nicht  beistehen,  so 
ich  auf  Erden  leben  oder  Liebes  von  ihr  erfahren  mõchte ,  falis  es  ihr  Leides 
bereitete:  II  Gunst  etc.  (2). 

"Widersinnig  scheint  es  mir,  wenn  ein  Mann,  welcher  eine  Frau  iiber 
alies  liebt,  Liebes  von  ihr  zu  ihrem  Leide  wiinscht.  Und  darum  ist  meines 
Herzens  Meinung  die  folgende:  ||  Gunst  etc.  (3). 


178. 
(Tr.  23). 

/.  45  (=  i26}c       Dizen  que  digo  que  vus  quero  ben, 
senhor,  e  buscan-me  couvusco  mal; 
mais  rog'  a  Deus,  senhor,  que  pod'  e  vai 
e  que  o  mund'  e  vos  en  poder  ten: 
5  Se  o  dixe,  raaJ  me  leixe  morrer, 

se  non,  senhor,  quen  vo'-lo  foi  dizer! 

E  venh'  a  vos,  chorando  d'estes  meus 
olhos  con  vergonha  e  con  pavor, 
e  con  coita  que  ei  d'esto,  senhor, 
que  vus  disseron,  e  rog'  assi  Deus: 
Se  o  dixe,  mal  me  leixe  morrer, 
se  non,  senhor,  quen  vo'-lo  foi  dizer! 


10 


4100 


4105 


I  CB  329  (273)  —  1—2  O  CÁ  repete,  por  engauo,  as  syllabas:  -ro 
ben  e  buscan  me  convusco;  traz  no  verso  10  a  deus]  e  no  20  ouso  d.  — 
1  rus  —  2  mi  con  vosco  —  5.  16  e  17  dixi  —  13  non  me  sei  —  15 
min  —  Ihi  —  19  Ihi  —  20  e  non  o  ous'  a  dizer. 

n  Cantiga  de  refram:  3x(4  +  2)-|-2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||€C:cc.  —  Rimas  longas:  m(») 
alO>)  na  1"  estancia;  ewsW  òrCJ)  na  2";  ar(a)  ér(^)  na  3*;  ér(C)  no  refram 
e  na  fiinda. 

Conged.  spic.  dal  tornei,  diz  a  nota  de  Colocci. 

in  Man  sagt,  ich  plauderte  von  meiner  Liebe  zu  Euch,  Herrin,  und 
dadurch  will  man  mich  bei  Euch  anschwârzen;  docli  bete  ich  zum  Ailmach- 
tigen,  der  die  ganze  Welt  und  Euch  in  seiner  Gewait  hat:  ||  babe  ich  es  gethan, 
so  mõge  er  mich  sterben  und  verderben  lassen.  "Wenn  aber  nicht,  so  den, 
der  mich  verleumdet  hat  (1). 

Weinenden  Auges,  voll  Scham  und  Furcht  und  Sorge  úber  das,  was 
man  Euch  berichtet  hat,  trate  ich  vor  Euch,  und  bete  zu  Gott  etc.  (2). 

Auf  keine  andre  "Weise  weiss  ich  mich  vom  Verdacht  zu  reinigen. 
Niemals  hat  Mann  oder  Weib  durch  mich  da  von  vernommen;  noch  Ihr. 
Und  so  innig  ich  beten  kann,  bitte  ich  Gott:  ||  hab  ichs  gethan,  so  mõge  er 


—     352     — 

No'- me  sei  ón  d'  outra  guisa  salvar,  4110 

mais  nunca  o  soub'  ome  nen  molher 
15     per  mi,  nen  vos,  e  Deus,  se  lhe  prouguer', 
rogu'eu  assi  quanto  posso  rogar: 

Se  o  dixe,  mal  me  leixe  morrer, 

se  non,  senhor,  quen  vo'-lo  foi  dizer!       4115 

E  lhe  faça  atai  coita  soffrer 
20      qual  faz  a  min  e  non  ous'  a  dizer! 

niich  sterben  und  verderben  lassea;  wenn  aber  nicht,  so  den,  welcber  mich 
verleumdet  hat  (3). 

Und  strafe  ihn    mit    dei"solben    Pein,   in   die    er  micb    versetzt  bat; 
und  die  ieh  nicbt  auszusprecben  wage  (I). 


179. 
(Tr.  24). 

WPoY  Deus  Senhor,  que  vos  tanto  ben  fez 
que  vus  fezo '  parecer  e  falar 

melhor,  senhor,  e  melhor  semelhar  4120 

f.  45  {=  i26)d  i  das  outras  donas,  e  de  melhor  prez: 
õ  avede  vos  oge  doo  de  min! 

E  porque  son  mui  ben  quitos  os  meus 
olhos  de  nunca  veeren  prazer, 
u  vos,  senhor,  non  poderen  veer,  4125 

ay  mia  senhor!  por  tod'  est'  e  por  Deus: 
10  avede  vos  oge  doo  de  min! 

E  porque  non  á  no  mund'  outra  ren 
que  esta  coita  ouvess'  a  soffrer, 
que  eu  soffro,  que  podesse  viver,  4130 

e  porque  sodes  meu  mal  e  meu  ben: 
15  avede  vos  oge  doo  de  min! 


I  CB  330  (274)  —  5  e  10  mi  —  6  quites  —  8  vus. 

nCantiga  de  refram:  3x(4-|-l).  —  Decasyllabosjambicos. 
Coplas  singulares:  ablt)aj|C.  —  Eimas  longas:  ex,{«^)  ar(^'>)  na 
1*  estancia;  eiisi^)  erC»)  na  2*^;  é?z(a)  erC»)  na  3%  que  repete  indevidamente 
miia  consoante  da  anterior;  i(n)iC)  no  refram. 

Não  percebo  porquê  Colocci  denomina  este  refram  intercalar. 

ni  Um  Gottes  Willen,  der  Euch  so  gnâdig  bedacht,  dass  er  Euch 
schõner,  wohlredender  und  trefflicher  ais  die  anderen  Frauen  schuf,  jj  habt, 
Herrin,  Mitleid  mit  mir  (1). 

Weil  meine  Augen  sicher  davor  sind,  irgendwo  Erfreuliches  zu  scbauen, 
wo  sie  Exicli  nicht  sehen,  ||  erbarmt  Euch  meiner  (2). 

Und  weil  auf  Erden  kein  "VVesen  lebt,  das  diese  Qual  ertragen  kõnnte, 
Ihr  aber  meine  Qual  und  Lust  seid,  ||  habt  Mitleid  mit  mir  (3). 

IV  O  resto  da  folha  ficoii  em  branco. 


23 


LACUNA  13% 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  1/^  DO  CADERNO  YII, 
E  TALYEZ  MAIS. 


A  folha  perdida  começava,  provavelmente,  com  Yinheta, 
visto  que  o  cyclo  das  cantigas,  attribuidas  aJoan  Coelho,  ficou 
terminado  na  antecedente,  que  tem  no  fim  algum  espaço  em 
branco. 

O  CB  (em  harmonia  com  o  índice)  faz  também  seguir  uma 
serie  independente:  cinco  cantigas  de  um  novo  trovador:  (Ro- 
drigueannes  Redondo). 

Pela  extensão  da  serie  calculo,  todavia,  que  tantas  não 
teriam  cabimento  nas  quattro  columnas  de  que  apparentemente 
constava  a  Lacima  13*. 

Teremos,  por  isso,  de  suppôr  que  o  Caderno  YII  se  com- 
punha de  cinco  folhas,  ou  de  quattro  e  meia;  ou  então  que 
ha  aqui  novas  divergências  entre  os  dous  Códices. 

Fortalece  esta  ultima  supposição  o  seguinte  facto :  na  meia- 
folha  immediata  do  CA  (que  está  solta,  e  não  principia  com 
Yinheta,  introduzindo -nos  no  meio  de  uma  serie),  ha  poesias  sem 
correspondência  no  CB;  e  na  seguinte,  se  encontra  outra  com- 
posição isolada,  que  falta  igualmente  no  apographo  italiano. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO  ll"^  DO  APPENDICE. 


XVI 


CANTIGAS 


180—184 


DE 


RODRIGUEANNES   REDONDO(?) 


23* 


180. 

(Tr.  267). 


Folha  solta 
f.  46  (  =  75)  a 


que  me  vos  nunca  quisestes  fazer 
en  que  me  vistes  de  me  mal  querer. 

jPor  Deus  e  por  mesura,  e  por  mi,  4135 

dizede-m'esto  que  vus  vin  rogar! 
E  tal  rogo  non  vus  dev'  a  pesar, 
e  terrei  que  me  fazedes  ben  i. 
Por  aquesto  que  vus  rogo,  senhor, 
dizede  mi-o,  ca  vos  non  jaz  i  mal,  4140 

nen  vus  rogu'  eu  que  me  digades  ai: 
10      e  terrei  que  me  fazedes  amor. 

E  vedes  por  que  o  quero  saber: 
por  me  guardar  de  vos  pesar  fazer. 

II  Abstenho -me  de  fixar  peremptoriamente  o  eschema  strophico  d'este 
fragmento.  A  única  estancia  completa  que  subsiste,  compõe -se  de  oito 
decasyllabos  jambicos  com  rimas  longas  na  ordem  abbacddc,  e  que 
são:  «W»  arC»)  ôrW  ali^).  Precedem -a  dous  versos  finaes  de  outra  estancia, 
emparelhados  e,  portanto,  divergentes,  aos  quaes  responde  o  distico  que 
forma  a  fiinda  (er).  —  Posto  que  a  maiúscula,  com  que  o  fragmento  prin- 
cipia (Q),  faça  suppor  que  começava  ahi  um  refram,  deve  haver  engano 
nisso.  —  Pode  ser  que  a  cantiga  constasse  de  duas  estancias  pareadas, 
seguidas  por  outra,  desirmanada,  e  diversa  quanto  á  ordem  das  consoantes. 

III  Eis  a  „razão"  do  fragmento,  abstrahindo  dos  primeiros  dous 
versos,  que  não  se  comprehendem  bem,  por  estarem  isolados: 

Um  Gottes  und  der  Gerechtigkeit  willen,  und  auch  um  meinetwegen 
gebt  Antwort  auf  das,  was  ich  erbeten  habe,  ohne  iiber  nieine  Bitte  zu 
grollen,  sicher,  dass  Ihr  mir  dadurch  eine  Wohlthat  erweist.  Sagt  es  doch, 
denn  es  schadet  Euch  nicht,  noch  verlange  ich  weitere  Aussprache,  und 
betrachte   es,  ais  hãttot  Ihr  mir  Liebes  angethan. 

Warum  ich  es  zu  wissen  wiinsche?  Weil  ich  mich  davor  húten  will, 
Euch  zu  erzúrnen. 


181. 
(Tr.  268). 

Que  sen  meu  grado  m'og'  eu  partirei  4145 

de  vos,  senhor,  u  me  vus  espedir'! 
(iComo  partir-me  de  quanto  ben  ei, 
e  saber  ben,  ca,  des  que  vos  non  vir', 
5  ca  nunca  ja  poderei  gran  prazer, 

f.  46  (=  75)b  11  VOS  non  vir',  de  nulha  |  ren  veer?         4150 

Porque  entendo  que  vos  prazerá, 
m'averei  ora  de  vos  a  quitar; 
mais  nunca  om'  en  tal  coita  será 
10     com'  eu  serei,  mentre  sen  vos  morar': 

ca  nunca  ja  poderei  gran  prazer,  4155 

u  vos  non  vir',  de  nulha  ren  veer! 

E  rogu'  eu  Deus  que  tan  de  coraçon 
me  vos  fez  amar,  des  quando  vos  vi, 
15      que  el  me  torn'  en  algua  sazon 

u  vus  eu  veja;  ca  ben  sei  de  mi  4160 

ca  nunca  ja  poderei  gran  prazer, 
u  vos  non  vir',  de  nulha  ren  veer! 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abab||CC.  —  Rimas  longas:  eii»)  ^V('».> 
na  1*  estancia;  «(»)  ar(b)  na  2'';  oni»)  «(>>)  na  3";  e  er(C)  no  refram. 

III  Ganz  gegen  mein  Begehr  muss  ich  heute  von  Euch  scheiden  und 
Abschied  nehmen,  Herrin.  AVie  aber  soll  ich  lassen  von  dem,  was  mir 
das  Liebste  ist?  ||  Weiss  ich  doch,  dass,  so  ich  Euch  nicht  sehe,  ich  nimmer 
wieder  Erfreuliches  schauen  werde  (1). 

Weil  ich  einsehe,  dass  Ihr  es  wiinscht,  entferne  ich  mich;  doch  war 
keiner  vor  mir  in  solcherPein,  wie  ich  ertrageu  muss,  abseits  von  Euch.  || 
Denn  nichts  Erfreuliches  schaue  ich  etc.  (2). 

Zu  Gott  bete  ich,  der  mir  die  Liebe  zu  Euch  ins  Herz  gelegt,  dass 
er  mich  einmal  zuriickfiihre  zu  Euch;  ||  donn  etc.  (3). 


46      10 

75)c    ^ 


15 


182. 

(Tr.  269). 

Per  mi  sei  eu  o  poder  que  Amor 

á  sobr'  aqueles  que  ten  en  poder, 

ca  me  faz  el  tan  coitado  viver  4165 

que  muit  á  i  que  ouvera  sabor 

que  me  matasse;  mais  por  me  leixar 
viver  en  coita,  non  me  quer  matar. 

Porque  sei  eu  que  faz  el  outrosi 
aos  outros  que  en  seu  poder  ten,  4170 

com'  a  mi  faz,  por  én  me  fora  ben, 
II  per  bõa  fé,  des  que  o  entendi, 

que  me  matasse;  mais  por  me  leixar 
viver  en  coita,  non  me  quer  matar. 

Porque  sei  ben  que  nunca  prenderei  4175 

d'ela  prazer  per  el  nulha  sazon, 

por  6n  querria  jsi  Deus  me  perdon! 

o  que  vus  digo,  por  esto  que  sei, 

que  me  matasse;  mais  por  me  leixar 

viver  en  coita,  non  me  quer  matar.  4180 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2)-  —  Decasyllabos  jambicos. 
Coplas   singulares:    all)ba|j€C.    —    Eimas    longas:    órW  <;/•(»>)    na 

estancia;  «<")  é/íC»)  na  2'^;  e^(a)  onW  na  S^\  e  ar  no  refram. 

III  Griindlich  kenne   ich  die  Macht,    welche  Amor   iiber  diejenigen 
losúbt,  die  ihm  unterthan  sind;  denn  so  elend  macht  er  mich,  dass  es 

lich  begliicken  wiirde,  |1  tõteto  or  mich;  er  aber  will  mich  lieber  in  Kummer 
md  Gram  weiter  leben  lassen  (1). 

Da  ich  weiss,  dass  er  in  gleicher  Weise  mit  aUeu  deneu  verfâhrt,  die 
im  unterthan  sind,  wâre  es  besser  fúr  mich  gewesen,  er  hátte  mich,  sobald 
^ch  es  einsah,  getõtet;  etc.  (2). 

Da  ich  weiss,   dass  um  seiaetwillen  ich  nie  Liobes  von  ihr  erfahren 
werdc,  darum  mõchto  ich,  er  tõtete  mich  etc.  (3). 


183.  \ 

(Tr.  270). 

Dizen  mi- as  gentes  por  quê  iion  trobei, 
á  grau  sazon,  e  niaravilhan-s'én; 
mais  non  saben  de  mia  fazenda  ren;  :^ 

ca  se  ben  soubessen  o  que  eu  sei,  ; 

5      maravilhar -s'-ían  logo  per  mi  4185 

de  como  viv'  e  de  como  vivi, 
e,  se  mais  viver',  como  viverei! 

Mais  no'- no  saben,  nen  lhe'-lo  direi, 
enquant'  eu  viva,  ja  per  neun  sen; 
10     mais  calar -m'-ei  con  quanto  mal  me  ven,  4100 

e  sempr'  assi  mia  coita  soffrerei; 
ca  eu  non  quero  mia  coita  dizer 
a  quen  sei  ben  ca  non  mi-á  de  põer 
conselho  mais  do  que  m'eu  i  porrei. 


I  No  verso  13  emendei  põer  (por  poer). 


n  Cantiga  de  meestria:  3x7  +  3.  —  Decasyllabos  jani- 
bicos.  —  Coplas  equiconsoantes  diíferenciadas  por  uma  das  rimas: 
abbacca :  bba.  —  Rimas  longas:  e*(a)  ew(l»)  *(cl);  er(c2);  á(c3). 

m  Die  Leute  fragen.  wanim  ich  seit  so  langer  Zeit  nicht  mehr 
dichte,  und  wundern  sicli;  doch  wissen  sie  von  meinen  Angelegenheiten 
nichts.  Wússten  sie,  was  ich  weiss,  sie  wiirden  sicli  dariiber  wundern,  wie 
ich  lebe  und  gelebt  habe  und  ieben  werde,  (falis  ich  lebe)  (1). 

Aber  sie  wissen  es  eben  nicht,  noch  werde  ich  os  meia  Lebtag  ver- 
raten;  vielmehr  werde  ich  schweigen,  welches  Leid  mir  auch  widerfãhit, 
und  meine  Qual  ertragen.  Denn  wozu  davon  sprechen  zu  solchen ,  die  mir 
doch  nicht  besser  zu  raten  wissen,  ais  ich  mir  selber?  (2) 

Den  Weg  aber,  dea  ich  einschlagen  werde,  da  es  sein  muss,  habe 
ich  schon  erwâhlt:  elend  wie  ein  Eatloser  zu  sterben.  Denn  besser  ist  es, 
zu  sterben,  ais  jn  hõchster,  nie  erreichter  Qual  weiter  zu  Ieben  (3). 


—     361     — 

lõ  E  o  conselho  ja  o  eu  filhei  4195 

que  eu  i  porrei  —  ca  'ssi  me  conven  — : 
morrer  coitado,  como  morre  quen 
non  á  conselho,  com'  og'  eu  non  ei. 
f.  46  (=  45)d  1  E  esta  morte  melhor  me  será 

20      ca  de  viver  na  coita  que  non  á  4200 

MKaHK    par,  ne'-na  ouve  nunca,  eu  o  sei. 

E  melhor  est,  e  mais  será  meu  ben, 
de  morrer  ced(o),  e  non  saberen  quen 
ó  por  quen  moir'  e  que  sempre  neguei. 

Je  eher  ich  sterbe,  um  so  besser  ist  es  fiir  mich.  wie  auch  dass  man 
nicht  wisse,  wer  es  ist,  um  den  ich  sterbe  und  den  ich  immer  verleugnet 
habe  (I). 

IV  Diez  (a  p.  71)  estabelece,  menos  exactamente,  que  a  fiinda  d'esta 
cantiga  repete  as  rimas  interioi"es  da  estrophe,  i.  é  as  dos  versos  2.  3  e  4. 
Como  se  vê,  na  realidade  a  consoante  da  ultima  linha  responde  á  rima 
exterior  (a),  em  harmonia  com  a  praxe.  Só  a  rima  dos  primeiros  dous 
veraos  responde  a  b,  em  lugar  de  responder  a  c''. 


184. 

(Tr.  271). 

Muitos  veg'  eu  que  se  fazen  de  mi  4205 

sabedores  que  o  non  son,  de  pran, 
ne'-no  foron  nunca,  ne'-no  seran; 
e  pois  que  eu  d'eles  estou  assi, 
5  non  saben  tanto  que  possan  saber 

qual  est  a  dona  que  me  faz  morrer.  4210 

Ca  sempre  m'eu  de  tal  guisa  guardei 
que  non  soubessen  meu  mal  nen  meu  ben, 
e  fazen-s'ora  sabedores  én; 
10      mais,  pêro  cuidan  saber  quant'  eu  sei, 

non  saben  tanto  que  possan  saber  4215 

qual  est  a  dona  que  me  faz  morrer. 

Diga-x'andando  quis  o  que  quiser', 
ca  me  sei  eu  como  d'eles  estou; 
lõ     ben  grad'  a  Deus,  que  m'end'  assi  guardou 

que,  se  s'aquesto  per  mi  non  souber',  4220 

non  saben  tanto  que  possan  saber 
qual  est  a  dona  que  me  faz  morrer. 

E  muito  saben,  se  nunca  saber 
20     o  per  mi  poden,  nen  per  l[Ã]'eu  dizer! 

I  CV  279  (=677),  onde  vem  attribuido  a  D.  Joan  d'Aboin.  —  13 
digan  —  14  mi  —  20  o  per  min  poden  e  per  lh'eu  dizer. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  al)ba||€C  :  cc.  —  Rimas  longas:  «'(»)  an^) 
na  1"  estancia-,  eíX»)  é?í('>)  na  2";  6r(a)  o^<(^')  na  3"';  cr  no  refram  e  na  fiinda. 

III  Viele  thun,  ais  wâren  sie  Kenner  meiner  Angelegenheiten,  obwohl 
sie  es  in  Wahrheit  nicht  sind ,  noch  waren ,  noch  sein  werden.  ||  Nicht  einmal 
das  wissen  sie,  wer  die  Dame  ist,  um  die  ich  sterbe  (1). 

Gehiitefc  babe  ich  mich  von  jeher,  dass  sie  weder  um  meine  Freuden 
noch  um  meine  Schmerzeu  wiissten,  und  nun  stellen  sie  sich,  ais  wiiren 
sie  Mitwisser;  ||  doch  nicht  einmal  etc.  (2). 

Ein  jeglicher  gehe  und  schwatze,  was  ihm  beliebt!  Ich  weiss,  wie 
es  mit  ihnen  steht.  Denn  wie  anders  ais  durch  mich  kõnnten  sie  wissen, 
wer  die  Dame  ist,  etc.  (3). 

In  "Wahrheit,  vieles  werden  sie  wissen,  da  sie  nicbts  durch  mich  er- 
fahren  (I). 


I 


c 


XVII 

ANTIGA 

185 


DE 


UM   DESCONHECIDO  (II). 


C.  VIII:  la : 

Vinheta 
f,  47  (=  76)a 


10 


15 


185. 
(Tr.  36). 

Pois  ra'en  tal  coita  ten  Amor 
por  vos,  dizede-me,  senhor, 

que  vus  non  doedes  de  rai, 
len  que  grave  dia  vus  vi 
que  vus  non  doedes  de  mi? 

E  pois  m'el  en  tal  coita  ten 
por  vos,  ay  meu  lum'  e  meu  ben, 
que  vus  non  doedes  de  mi, 
(jen  que  grave  dia  vus  vi 
que  vus  non  doedes  de  mi? 

jAy  coita  do  meu  coraçon! 
dizede,  se  Deus  vus  perdon, 

que  vus  non  doedes  de  mi, 
len  que  grave  dia  vus  vi 
que  vus  non  doedes  de  mi? 


4225 


4230 


4235 


I  No  verso  12  o  CA  tem:  dizede-me;  no  3.  8  e  13  min. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (2  +  3)  oa  3  x  (3  +  2).  —  Octonarios 
jambicos.  —  Coplas  singulares,  compostas  de  dous  versos  pareados; 
e  de  um  refram  redondo,  visto  que  o  seu  primeiro  verso  é  igual  ao 
ultimo:  aajjBBB.  —  Rimas  longas:  i  no  refram;  ôr  no  1"  pareado;  én 
uo  2";  on  no  3°;  eus  no  4°. 

Cfr.  os  Nos.  66  e  67. 

III  Da  Amor  mir  solche  Qual  auferlegt  um  Euretwillen,  sagt,  Herrin, 
dio  Ihr  Euch  meiner  nicht  erbarmt,  war  es  nicht  ein  Ungliickstag ,  ais 
ich  Euch  sah.  die  Ihr  Euch  meiner  nicht  orbarmt?  (1) 

Da  er  mich  um  Euretwillen  also  peinigt,  so  sagt,  Ihr  meine  Sonne 
und  mein  hôchstes  Gut,  die  Ihr  Euch  meiner  nicht  erbarmt,  war  es  etwa 
nicht  etc    (2). 


—     366     — 

Ay  lume  d'estes  olhos  meus,  4240 

dizede- mi- agora,  por  Deus, 

que  vus  non  doedes  de  min, 
^en  que  grave  dia  vus  vi 
20  que  vus  non  doedes  de  mi? 

Ach  sprecht,  so  wabr  Euch  Gott  gnadig  sei,  Ihr  meines  Herzens  Leid, 
die  Ihr  Euch  moiner  nicht  erbarmt  etc.  (3). 

Bei  Gott,  sagt  an,  Ihr  meiner  Augen  Licht,  die  Ihr  Euch  meiner  nicht 
erbarmt,  war  es  etwa  nicht  etc.  (4). 

IV  Diez  traduziu  (a  p.  80)  estes  versos;  tratando  o  que  do  refram 
como  equivalente  a  porque. 

O  resto  da  folha  ficou  em  branco. 


I 


' 


XVIII 


CANTIGAS 


186—198 


DE 


RUY   PAES,   DE   RIBELA. 


186. 
(Tr.  37). 

f^'48^(L77)a       ^^^  Deus  vus  quero  rogar,  mia  senhor,         4245 
que  vus  fezo  de  quantas  donas  fez 
a  mais  fremosa,  nen  de  melhor  prez: 
pois  todo  ben  entendedes,  senhor, 
5  entendede  en  qual  coita  me  ten 

o  voss'  amor,  porque  vus  quero  ben!       4250 

f.  48  (=  77)b       II  E  se  o  vos,  mia  senhor,  entender 
esto  quiserdes,  averedes  i, 
a  meu  cuidar,  algun  doo  de  mi. 
10     Pois  vus  Deus  fez  tanto  ben  entender, 

entendede  en  qual  coita  me  ten  4255 

o  voss'  amor,  porque  vus  quero  ben! 


E  mia  senhor,  tempo  seria  ja 
de  vus  nembrardes  de  me  non  leixar 
15      en  tan  gran  coita,  com'  eu  viv',  andar! 

E  mia  senhor,  vel  por  mesura  ja,  4260 

entendede  en  qual  coita  me  ten 
o  voss'  amor,  porque  vus  quero  ben! 

I  CB  337  (281)  --  1  Por  deus  vus  venho  —  5.  11  o  17  Entencled' 
or'  en  q.  c.  m.  t.  —  15  en  gran  coita  com'  og'  eu  v.  a.  —  No  verso  9 
substitui  min  por  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares  e  redondas,  visto  que  o  primeiro  e  o  ultimo 
verso  de  cada  uma  tem  consoante  idêntica:  abll)a||CC.  —  Eimas  longas: 
or(a)  exW  na  1"  estancia;  er(a)  «'(•>)  na  2*;  «(")  arC»)  na  3*";  éw  no  refram. 

Colocci  marcou  em  nota  apenas  a  existência  do  tornei. 

III  Um  Gottes  willen,  der  Euch,  Hemu,  sohõner  und  trefflicher  ais 
alie  Frauen  geschaffen  hat,  da  Ihr  in  aliem  Guten  erfahren  seid,  ||  erfahrt 
jiun,  in  welche  Pein  die  Liebo  zu  Euch  mich  versetzt  (1). 

Habt  Ihr  ein  Einsehen,  so  werdet  Ihr,  meiner  Meinung  nach,  etwas 
Mitleid  mit  mir  empfinden.  Da  Gott  Euch  soviel  Verstand  gegeben,  ||  er- 
fahrt etc.  (2) 

Hoch  an  der  Zeit  ist  es,  Herrin,  dass  Ihr  daran  gedenkt,  mich  nicht 
langer  in  solcher  Qual  schmachten  zu  lassen;  aus  Billigkeit  wenigstens  ||  habt 
ia  Einsehen  in  die  Pein  etc.  (3). 

24 


187. 
(Tr.  38). 

Nimc'  assi  orne  de  senhor 
esteve  com  og'  eu  estou! 

Ei  d'ir,  11  ela  é,  sabor  4265 

mais  d'outra  ren;  e  pois  i  vou, 
5  non  lh'ouso  dizer  milha  ren, 

pêro  lhe  quero  mui  grau  ben! 

E  cuido -lh'eu  sempr'  a  dizer, 
quando  a  vir',  per  bõa  fé,  4270 

a  coita  que  me  faz  aver! 
10     E  pois  que  vou  u  ela  é, 

non  lh'ouso  dizer  nulha  ren, 
pêro  lhe  quero  mui  gran  ben! 

Quanta  coita  e  quant'  affan  4275 

m'ela  no  mundo  faz  levar 

15      bem  lhe  cuid'  eu  dizer,  de  pran!- 

Mais  pois  m'ant'  ela  veg'  estar, 

non  lh'ouso  dizer  nulha  ren, 

pêro  lhe  quero  mui  gran  ben!  4280 

I  CB  338  (282)  —  5  Ihi  —  15  Ihi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abab||CC.  —  Rimas  longas:  o/-(a)  om(»>)  na 
l''  estancia;  erW  éW  na  2*;  «wW  arC»)  na  3*^-,  m  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

m  Nie  war  ein  Mann  einer  Damo  gegcniiber  in  gleicher  Lage  wio 
ich:  dahin  zu  gohen,  \vo  sie  weilt,  ist  mir  die  hõchste  Lnst.  Docli  stehe 
ich  vor  ihr,  ||  so  vermag  ich  nichts  zu  sagen,  und  habe  sie  doch  so  lieb!  (1) 

Stets  vermeine  ich,  sobald  ich  sie  schaue,  von  der  Qual  zu  redeu, 
die  sie  mir  auferlegt.     Doch  gehe  ich  dahin,  wo  sie  weilt,  ||  so  etc.  (2). 

Ali  die  Pein  und  ali  die  Not,  die  ich  um  ihrctwillen  trage,  gedenke 
ich  ihr,  traun,  mitzuteilen.     Sehe  ich  mich  aber  vor  ihr,  ||  so  etc.  (3). 


188. 
(Tr.  39). 

48  (=  77)0       De  mia  senhor  entend'  eu  ua  ||  ren, 
ca  me  quer  mal  jassi  Deus  me  perdon! 
Mais  pêro  sei  eno  meu  coraçon 
ca  mi-o  non  quer  porque  lhe  quero  ben: 
5  ca  me  non  quis  nunca,  nen  quer,  creer  4285 

per  nulha  ren  que  lhe  sei  ben  querer. 

Mais  quer -me  mal  polo  que  vus  direi: 

p(5rque  me  diz  ca  lhe  faço  pesar 

de  a  veer  nunca,  nen  lhe  falar; 

ca  mi-o  non  quer  por  ai,  eu  be'-no  sei: 

ca  me  non  quis  nunca,  nen  quer,  creer 
per  nulha  ren  que  lhe  sei  ben  querer. 

E  des  quand'  ela  fosse  sabedor 
do  mui  grau  ben  que  lh'eu  quis,  poi'-la  vi, 
pêro  me  mal  ar  quisesse,  des  i 
,terria-m'eu  que  estava  melhor: 
p         ca  me  non  quis  nunca,  nen  quer,  creer 
per  nulha  ren  que  lhe  sei  ben  querer. 


10 


1.5 


4290 


4295 


I  OIÍ  339  (283)  —  2  mi  —  mi  —  á  Ihi  —  6  Ihi  —  7  m*  —  8 
•porque  m,i  dix  que  Ihi  f.  p.  —  9  Falta  no  CB. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  all)ba||CC.  —  Rimas  longas:  m{»)  o«0>)  na 
1*  estancia;  e*(a)  ar('>)  na  2";  or(a)  »('>)  na  3";  èr  no  refram. 

Nota  do  Colocci:  Tornei. 

III  Eins  habe  ich  dentlieh  geraerkt:  meine  Herrin  ist  mir  unhold  ge- 
sinnt,  so  wahr  mir  Gott  helfe.  Doch  sagt  mir  mein  Herz,  dass  es  nicht 
geschieht,  weil  ich  sie  Hebe,  ||  denn  niemals  hat  sie  mir  glauben  wollen, 
dass  ich  sie  liebe  (1). 

Unhold  gesinnt  ist  sie  mir  nur,  weil  es  ihren  Groll  erregt,  dass  ich 
sie  úberhaupt  sehen  und  zu  ihr  sprechea  kann,  aus  keinem  anderen  Grunde; 
denn  etc.  (2). 

Wollte  sie  daran  glauben,  wie  innig  ich  sie  liebe,  seit  ich  sie  gesehen, 
ich  hielte  es  fúr  cin  grosses  Gliick,  auch  wenn  sie  dariiber  ziirnte;  denn  etc.  (3). 

24* 


189. 

(Tr.  40). 

Quando  vus  vi,  fremosa  mia  senhor, 
logo  vus  soube  tan  gran  ben  querer  4300 

f.48(=77)d  que  non  cuidei  que  ouves||se  poder 

per  nullia  ren  de  vus  querer  melhor,  ' 
5  e  ora  ja  direi- vus  que  mi-aven: 

cada  dia  vus  quero  mayor  ben! 

E  porque  vus  vi  fremoso  falar  4305 

e  parecer,  logo  vus  tant'  amei, 
senhor  fremosa,  que  assi  coidei 
10      que  nunca  vus  podesse  mais  amar, 

e  ora  ja  direi -vus  que  mi-aven: 

cada  dia  vus  quero  mayor  ben!  -4310 

Amei -vus  tant'  u  vus  primeiro  vi, 
que  nunca  ome  tan  de  coraçon 
15      amou  molher;  e  coidei  eu  enton 
que  mayor  ben  non  avia  ja  i, 

e  ora  ja  direi -vus  que  mi-aven:  4315 

cada  dia  vus  quero  mayor  ben! 

I  €B  340  (284)  —  2  soubi  —  5  vos  —  9  cuidei  —  13  Amei -vus 
quando  vus  p.  v. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-|-2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Eimas  longas:  ori»)  erO>)  na 
1*  copla;  ar(a)  eiW  na  2";  i(a)  owW  na  3*;  e  én  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

III  Gleich,  ais  ich  Euch  erblickte,  ward  ich  dermassen  in  Euch  ver- 
liebt,  dass  ich  -wâhnte,  meine  Liebe  kõnnte  nicht  wachsen,  ||  und  nun  wird 
sie  alie  Tage  grõsser. 


C.VIII:  3a 

f.49        5 
(=  78)a 


10 


15 


190. 
(Tr.  41). 

Tan  muit'  á  ja  que  non  vi  mia  senhor, 
e  tan  coitado  fui,  poi'-Ia  non  vi, 
que  úa  ren  sei  eu  mui  ben  de  mi: 
pêro  me  faz  muito  mal  seu  amor,  4320 

a  mayor  coita  de  quantas  ||  og'  ei, 

perderia,  se  a  visse  u  sei. 

Pêro  que  m'ela  nunca  fezo  ben 
nen  mi -o  fará  ja,  enquant'  eu  viver', 
tan  gran  sabor  ei  eu  de  a  veer  4325 

que,  se  a  visse,  sei  eu  úa  ren: 

a  mayor  coita  de  quantas  og'  ei, 

perderia,  se  a  visse  u  sei. 

E  vej'  a  muitos  aqui  razoar 
qu'  é  a  mais  grave  coita  de  soffrer  4330 

veê'-la  om(e)  e  ren  no[n]  lhe  dizer. 
Mais  pêro  Ih 'eu  non  ousasse  falar, 

a  mayor  coita  de  quantas  og'  ei, 

perderia,  se  a  visse  u  sei. 


I  CB  341  (285)  —  No  verso  13  o  CA  tem  vega\  e  nolle  (sem  til) 
no  15.  —  4  mi  —  8  {faça)  —  15  non  Ihi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4-{-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba|{CC.  —  Rimas  longas:  ôrí»)  i^)  na 
1*  estancia;  énW  erC»)  na  2*;  ar(a)  érW  na  3%  que  repete  portanto,  inde- 
vidamente, uma  das  consoantes  da  copla  anterior;  ei  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

III  Solange  ist  es  her,  dass  ich  meine  Herrin  nicht  gesehen  habe, 
und  so  bekúmmert  bin  ich  darob,  dass,  so  scbmerzhaft  aucb  die  Liebe  zu 
ihr  ist,  II  ich  doch  die  grõsste  meiner  Qualen  los  wâre,  sahe  ich  sie,  ich  weiss 
wohl  wo  (1). 

Obwohl  sie  mir  nieraals  Liebes  erwiesen  hat,  noch  es  mir  ervveisen 
wird,  solange  ich  lebe,  sehne  ich  mich  dennoch  so  heftig  nach  ihr,  dass 
ich  etc.  (2). 

Viole  hõro  ich  urteilen,  die  schwerst  zu  ertragende  Pein  sei  es,  die 
Geliebte  zu  sehen  und  doch  nicht  mit  ihr  zu  sprechen;  ich  aber,  redete 
ich  auch  nicht  zu  ihr,  ||  wâre  die  grõsste  meiner  Qualen  los,  sabe  ich  sie, 
wohl  weiss  ich  wo  (3). 


191. 

(Tr.  42). 

Un  (lia  que  vi  mia  senhor,  4335 

quis -lhe  dizer  lo  mui  gran  ben 
que  lh'eu  quer',  e  como  me  teu 
forçad'  e  prés'  o  seu  amor, 
5  e  vi-a  tan  ben  parecer 

que  lhe  non  pude  ren  dizer!  4340 

Quant'  eu  puge  no  coraçon, 
me  fez  ela  desacordar; 
ca  se  lh'eu  podesse  falar, 
10      quisera -lhe  dizer  enton, 

e  vi-a  tan  ben  parecer  4345 

que  lhe  non  pude  ren  dizer! 

•  Seu  medo,  poi'-la  vi  atai, 

que  ouve,  me  tolheu  assi; 
lõ      ca  lhe  quisera  falar  i 

de  como  me  faz  muito  mal,  4350 

e  vi-a  tan  ben  parecer 
que  lhe  non  pude  ren  dizer! 

r  CB  342  (286)  —  2  quis  Ihi  dizer  o  m.  g.  h.  —  4  preso  seu  a.  — 
6  IJli  —  pudi  —   7  2jt<^i  —  8  mi  —  10  Ihi  —  14  ouvi  —  15  Ihi. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4 -f- 2)-  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abbaj|CC.  —  Rimas  longas:  ôrW  énW  na 
1"  estancia;  oni»)  arC»)  na  2";  aZW  «(b)  na  3";  eiiio-^i  eiO*)  na  4'';  e  èr 
no  refram. 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

III  Eines  Tages,  ais  ich  meine  Herrin  erblickte,  wollte  ich  ihr  ge- 
stehen,  wie  die  Liebe  zu  ihr  mich  in  Haft  und  Banden  hàlt,  ||  doch  sah  ich 
sie  so  hold  und  schõn,  dass  mir  die  Sprache  verging  (1). 


375 


Pêro  m'ela  uon  ten  por  seu, 
20      (mui  gran  verdade  vus  direi)  || 
f.  49  (=  78)b  meu  mal  est  e  quanto  ben  ei ; 
e  fora  polo  dizer  eu, 

e  vi -a  tan  ben  parecer 
que  lhe  non  pude  ren  dizer! 


4355 


Alies,  was  ich  inir  ausgesonnen,  war  vorgesseii.  Hiitte  ich  aber  zu 
ihr  sprechen  kõunen,  so  wollte  ich  oífen  reden.  ||  Docli  etc.  (2). 

Die  Furcht  vor  ihr,  ais  ich  sie  so  liebreizend  sah,  lâhmte  mich  der- 
gestalt!  Ich  hatte  ihr  verraten  woUen,  wieviel  Leides  sie  mir  anthut.  || 
Doch  etc.  (3). 

Betrachtet  sie  mich  auch  nicht  ais  don  Ihieii,  so  ist  sie  ia  Wahrlieit 
doch  nieine  Frende  und  nieine  Qual.  Ausgegaiigen  war  ich,  um  ihr  das 
zu  sagen,  !|  doch  sah  ich  sie  so  hold  uud  schou,  dass  mir  die  Sprache 
vergiug  (4). 


192. 

(Tr.  43). 

f.  49  (=  78)c       Tanto  faz  Deus  a  mia  senhor  de  ben 

sobre  quantas  no  mundo  quis  fazer  4360 

que  vus  direi  eu  ora  que  mi-aven: 
pêro  m'eu  vejo  por  ela  morrer, 
5  non  querria  das  outras  a  melhor 

eu  querer  ben  por  aver  seu  amor, 

E  non  amar  mia  senhor,  que  eu  vi  4365 

tan  fremosa,  e  que  tan  muito  vai, 
e  en  que  eu  tanto  ben  entendi, 
10     pêro  que  punha  de  me  fazer  mal: 

non  querria  das  outras  a  melhor 

eu  querer  ben  por  aver  seu  amor.  4370 

Pêro  que  d 'ela  niun  ben  non  ei, 
e  assi  moir',  e  me  non  ten  pos-seu, 
15     tan  muito  vai  sobre  quantas  eu  sei 

que,  pois  me  Deus  tan  bõa  senhor  deu, 

non  querria  das  outras  a  melhor  4375 

eu  querer  ben  por  aver  seu  amor. 

I  CB  343  (287)  —  1  fez  (lição  que  me  parece  preferível)  —  3  que 
vus  direi  ora  — ■  6  (en)  —  10  mi  —  13  nenhun  —  14  por  seu  —  16  mi 
—  19  ca  mi  fax  Deus  tan  ho(n)a  dona  amar  —  20  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -}-  2).  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abab||CC.  —  Eimas  longas:  é«(»)  eX*) 
na  1*  copla;  *(a)  a/(i))  na  2*;  ei(a)  eu^)  na  3"-,  arW  e;í-(b)  na  4*;  e  or 
no  refram. 

Tornei  (Colocci). 

m  So  viel  vorziiglicher  ais  alie  auf  Erden  hat  Gott  meine  Herrin 
geschaffeu,  dass  ich  lieber  durch  sie  sterben  mõchte,  ais  die  beste  unter 
allen  iibrigen  zu  lieben  und  von  ihr  irgend  eine  Liebesgunst  zu  erhalten  (1), 


—     377     — 

Ca  me  fez  Deus  tan  bõa  don'  amar 
20     que  me  vai  mais  veê'-la  fia  vez 
que  quanto  ben  m'outra  podia  dar. 
E  poi'-la  Deus  tan  bõa  dona  fez, 

non  querria  das  outras  a  melhor, 
eu  querer  ben  por  aver  seu  amor. 


4380 


Meine  Hevrin  aber  nicht  zu  verehren,  die  so  liebreizend  und  so 
treíflich  ist,  und  deren  Wert  ich  erkannt  habe,  ob  sie  auch  danach  trachtet, 
mir  Leides  anzuthun.  ||  Nicht  die  beste  unter  den  úbrigen  mõchte  icli 
liebeu  etc.  (2). 

Trotzdera  sie  mir  nichts  Freundliches  erweist,  noch  mich  fiir  den  Ihren 
anerkennt,  wenn  ich  auch  fiir  sie  sterbe,  steht  sie  doch  so  hoch  iiber  allen 
an deren,  ||  dass  ich  nicht  die  beste  darunter  lieben  und  ihre  Gunst  gewinnen 
mõchte  (3). 

Mehr  wert  ist,  jene  einmal  zu  sehen,  ais  alies  Gute,  das  eiue  an- 
dere  mir  erweisen  kann.  "Weil  aber  Gott  sie  so  herrlich  geschaffen  hat,  || 
mõchte  ich  nicht  etc.  (4). 


193. 

(Tr.  44). 

A  mia  senhor,  a  que  eu  sei  querer 
melhor  ca  nunca  quis  om'  a  molher, 
poi'-la  tant'  am(o)  e  mi -o  creer  non  quer,        4385 
Nostro  Senhor,  que  á  mui  gran  poder, 
5  me  dê  seu  ben,  se  lh'eu  quero  melhor 

ca  nunca  quis  no  mund'  om'  a  senhor! 

E  se  non  é,  no'- me  leixe  prender 
por  ela  morte,  ca  non  m'6  mester  4390 

d'eu  viver  mais,  se  seu  ben  non  ouver'; 
10      mais  Deus,  que  pod'  a  verdade  saber, 

me  dê  seu  ben,  se  lh'eu  quero  melhor 
ca  nunca  quis  no  mund'  om'  a  senhor. 

Porque  lhe  fez  as  do  mundo  vencer  4395 

de  mui  bon  prez  e  do  que  vus  disser': 
15     de  parecer  mui  ben,  u  estever', 

Deus,  que  lhe  fez  tan  muito  ben  aver, 

me  dê  seu  ben,  se  lh'eu  quero  melhor 

ca  nunca  quis  no  mund'  om'  a  senhor.    4400 

I  CB  344  (288)  —  5  mi  —  O  verso  7,  que  falta  no  CB ,  parece  estai" 
deturpado  no  CA:  o  sentido  exige  que  desappareça  a  segunda  negação  e  que 
se  leia:  E  se  no7i  est'  é  leixe -me  prender,  ou  cousa  parecida.  Também  no 
verso  11  houve  engano,  visto  que  diz:  me  dê  seu  ben  se  ll'a  imguer.  —  7 
Falta  no  CB  —  11  mi  —  13  llii  —  IG  Ihi  —  17  mi. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  equiconsoantes:  al)ba||CC.  —  Rimas  longas:  er(a)  érW  uriC). 

Colocci,  desattendendo  á  diferença  entre  êr  (fechado)  e  ér  (aberto), 
diz  unisonof;)  tornei. 

TTT  Da  meine  Herrin,  die  ich  inniger  Hebe  ais  je  irgend  ein  Maun 
auf  Erden  eine  Frau  geliebt  hat,  nicht  daran  glauben  will,  so  mõge  mir 
der  AUmâchtige  ||  ihre  Gunst  verschaffen,  falis  ich  sie  wirklich  herzlicher 
Hebe,  ais  je  geliebt  worden  ist  (1). 

Wenn  dem  aber  nicht  so  ist,  so  mõge  er  mir  den  Tod  geben,  denn 
das  Leben  ist  mir  zu  nichts  nútzo,  so  sie  mir  nicht  hold  ist.  Gott  aber, 
der  die  Wahrheit  kennt,  ||  mõge  mir  ihre  Gunst  verschaffen  etc.  (2). 

Da  er  ihr  den  Vorrang  úber  alie  gegeben,  kraft  ihres  Wertes  uud 
ihrer  Schõnheit,  wo  immer  sie  weilt,  mõge  er  mir  auch  ||  ihre  Gunst  ver- 
schaffen etc.  (3). 


194. 

(Tr.  45). 

Qiiant'  eu  mais  donas  mui  ben  parecer 
vej'  u  eu  and',  e  entendo  ca  son 
f.  49  {=  78)d  mui  boas  donas  |j  jse  Deus  mo  perdon! 
e  quantas  donas  mais  posso  veer, 
5  atant'  eu  mais  desejo  mia  senhor  4405 

e  atant'  entendo  mais  qu(e)  ó  melhor! 

E  raia  senhor,  a  que'-na  Deus  mostrar', 
u  vir'  das  outras  as  que  an  mais  ben, 
bon  verá  que  cab'  ela  non  son  ren! 
10     E  quant'  eu  ouç'  as  outras  ma[^]s  loar,  4410 

atant'  eu  mais  desejo  mia  senhor 
e  atant'  entendo  mais  qu(e)  6  melhor! 

E  Deus  Senhor  que  lhe  tanto  ben  fez, 
u  a  juntar'  con  quantas  no  mund'  á 
15      das  melhores,  tant'  ela  mais  valrrá.  4415 

E  quant'  eu  vej'  as  outras  ma[^]s  de  prez, 
atant'  eu  mais  desejo  mia  senhor 
e  atant'  entendo  mais  qu(e)  é  melhor! 

I  €B  345  (289)  —  2  {veio  eu  e  and'  e  e.  c.  s.)  —   3  tni  —   9  ben 

veerá  —  10  ouço  —  13  Ihi  —  14  a  quantas  n.  in.  â. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  (4 -j- 2).  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  íibba[|€C.  —  Rimas  longas:  èV(a)  o?i('») 
na  1*  copla;  arW  é«('')  na  2*;  ezW  ái^)  na  3";  e  õr  no  refram,  como  nos 
Nos.  192  e  193. 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

III  Je  mehr  edie  und  schõne  Damen  ich  auf  meiuen  AVaudeniugen 
.selie  und  ihren  Wert  erkenne,  ||  um  so  mehv  sehne  ich  mich  nach  meiner 
Ilerrin,  und  sehe  oiu,  dass  sie  die  beste  von  allen  ist  (1). 

Und  jeder  andere,  dem  Gott  giebt  sie  zu  schauen,  und  der  die  besten 
ihres  Geschlechtes  kennt,  wird  zugeben,  dass  sie  neben  ihr  nichts  sind. 
Je  mehr  ich  die  úbrigen  preisen  hõre,  |1  um  so  mehr  sehne  ich  mich  nach 
ihr  etc.  (2). 

Wenn  Gott  der  Herr,  der  sie  so  treífiich  geschaffen,  sie  an  die  Seite 
der  ganzen  Frauenwelt  stellt,  wird  sie  am  meisten  gelten.  Und  je  preisens- 
werter  ich  die  andereu  sehe ,  ||  um  so  mehr  sehne  ich  mich  nach  ihr. 


195. 

(Tr.  46). 

A  raia  senhor  que  mui  de  coraçon 
eu  amei  sempre  des  quando  a  vi,  4420 

pêro  me  ven  por  ela  mal  des  i, 
é  tan  bõa  que  Deus  non  me  perdon, 
f'5o'{J='79)a  ^  ^®  ®^  querria  no  mundo  ||  viver 

por  lhe  non  querer  ben,  ne'-na  veer! 

Pêro  d'ela  non  atend'  outro  ben  4425 

ergo  veê'-la,  mentr'  eu  vivo  for'; 
mais  porque  amo  tan  bõa  senhor, 
10     Deus  non  mi -a  mostre  que  a  'n  poder  ten, 
se  eu  querria  no  mundo  viver 
por  lhe  non  querer  ben,  ne'-na  veer!       4430 

Porque  desejo  de  veê'-los  seus 
olhos  tan  muito  que  non  guarrei  ja, 
15      e  porque  ontre  quantas  no  mund'  á, 
vai  tan  muito  que  jnon  me  valha  Deus, 

se  eu  querria  no  mundo  viver  4435 

por  lhe  non  querer  ben,  ne'-na  veer! 


I  CB  346  (290)  —  3  pêro  mi  ven  por  ela  mal  de  si  —  4  mi  —  6 

Ihi  —  7  atendo  —  10  má  m.  q.  a  en  p.  t.  —  15  aníre  —  16  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  onW  i(*>)  na 
1*  estancia;  mW  ôrW  na  2";  eusi»)  »(•>)  na  3*;  êr  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

III  Meine  Herrin,  der  ich,  seit  ich  sie  zum  erstenmal  erblickte,  von 
Herzen  zugethan  bin,  ist  so  gut,  ob  ich  auch  von  ihr  nur  Bõses  erfahre, 
dass  Gott  mir  nicht  verzeihen  mõge ,  ||  so  ich  auf  Erden  leben  mõchte ,  ohne 
sie  zu  lieben  und  zu  sehen  (1). 

Trotzdem  erwarte  ich  mein  Lebtag  von  ihr  nicht  mehr,  ais  sie  zu  sehen. 
Der  AUmâchtige  mõge  sie  mir  nicht  wieder  zeigen,  ||  falis  ich  etc.  (2). 

Denn  nach  ihren  Augen  sehne  ich  mich  so  heil-  und  hilflos  und  unter 
allen  auf  Erden  ist  sie  so  sehr  die  vorzúglichste ,  dass  Gott  mir  nicht  bei- 
stehen  mõge,  ||  falis  ich  etc.  (3). 


f.  50  (=  79é 


10 


15 


20 


196. 

(Tr.  47). 

Us  que  mui  gran  pesar  viron,  assi 

^com'  eu  vejo  da  que  quero  grau  ben, 

porque  sei  eu  ca  morreron  por  én, 

maravilhado  me  faço  per  mi,  4440 

pois  todo  vejo  quanto  receei, 
como  non  moiro,  se  de  morrer  ei? 

II  Da  mia  senhor  e  do  meu  coraçon, 

porque  me  Deus  ja  todo  fez  veer 

per  quant'  eu  logo  dever'  a  morrer,  4445 

maravilho -m(e),  e  faço  gran  razon, 
pois  todo  vejo  quanto  receei, 
como  non  moiro,  se  de  morrer  ei? 

Porque  cuidava  se  viss(e)  un  pesar 

de  quantos  vej'  ora  de. mia  senhor,  4450 

que  morreria  én  pelo  meor, 

dereito  faç'  en  me  maravilhar, 

pois  todo  vejo  quanto  receei, 
como  non  moiro,  se  de  morrer  ei? 

E  pois  me  non  pod'  a  coita  que  ei  4455 

nen  Deus  matar,  ja  mais  non  morrerei! 


I  CB  347  (291)  —  G  por  vus  a  m.  ei  —  8  fax  —  9  por  quant'  eu 
logo  devera  morrer  —  10  {Maravilhado  me  faço  gr.  r.)  —  13  cuidara  — 
15  polo  tneor. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -J- 2) -|- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  al)ll)a||CC :  cc.  —  Rimas  longas:  *(a) 
mífc)  na  1*  estancia;  ow(a)  erC»)  na  2"-,  ar  (a)  ôrW  na  3";  e«(c)  no  refram 
e  na  fiinda. 

Nota  de  Colocci:  tornei  et  cõgedo  dei  po  tornei. 

III  Da  ich  weiss,  dass  viele,  die  einen  grossen  Kummer  trugen,  wie 
ich  ihn  um  der  Vielgeliebten  willen  trage,  daran  gestorben  sind,  frago  ich 
mich  verwundeii,  ||  warura  ich  nicht  sterbe,  da  ich  doch  alies  erfahre,  was 
ich  gefiirchtet  (1). 


197. 

(Tr.  48). 

A  guarir  non  ei  per  ren, 
se  non  vir'  a  que  gran  ben 
quero,  ca  perco  o  sen! 

poi'-la  non  vejo,  me  ven  4460 

5      tanto  mal  que  non  sei  quen 
mi -o  tolha,  pêro  mi -ai  den: 
mais  Deus  mi -a  mostre  por  én 
cedo,  que  a  en  poder  ten. 

E  se  eu  mia  senhor  vir',  4465 

10      a  que  me  tolh'  o  dormir, 
se  eu  ousasse,  pedir - 
Ih'- ia  logo  que  guarir 
f.  50  (=  79)c  II  me  leixass'  u  a  servir 

podess'  eu;  mais  consentir  4470 

15      non  mi- o  querrá,  nen  oír; 
mais  leixar-m'-á  morrer  ir! 


I  CB  348  (292)  —  3  (perco)  —  6  m'al  (=  mal)  —  8  [que  en 
poder  ten)  —  10  mi  —  15  {qtierria). 

II  Cantiga  de  meestria:  2x8.  —  Septenarios  trochaícos. 
—  Coplas  singulares,  das  quaes  cada  uma  tem  rima  continuada: 
aaaaaaaa.   —  Rimas  longas:  én  na  1''  estancia;  ir  na  2". 

Nota  de  Colocci:  unisono. 

III  Genesen  kann  ich  nicht,  sebe  ich  nicht  die,  welche  ich  so  sehr 
liebe,  dass  ich  den  Verstand  dariiber  verliere.  Sebe  icb  sie  nicbt,  so  iiberfallt 
micb  so  grosses  Leid,  dass  icb  nicbt  weiss,  wer  es  mir  abnimmt  (oder  durcli 
ein  andores  ersetzt).     Der  Allmacbtige  mõge  sie  mir  bald  zeigen  (1). 

Erblickte  icb  dieílerrin,  die  mir  den  Scblaf  i^aubt,  so  mõebte  icb  sie 
bitten,  so  icb  es  wagte,  micb  da  weilen  zu  lassen,  wo  icli  ibr  dienen  kõnnte; 
docb  wird  sie  nicbt  darein  willigen  uud  nicbt  einmal  meine  Bitte  anbõren, 
sondern  micb  vielmehr  dabin  zieben  lassen,  wo  icb  sterben  muss  (2). 

IV  Diez  p.  57  remette  o  leitor  á  canção  de  Aimeric  de  Peguilhan  que 
principia  Bomna  per  vos  estaue  en  gran  tormen  (Eayn.  III  425). 


10 


15 


20 


198. 
(Tr.  i,  a  p.  30G). 

Par  Deus,  ay  dona  Leonor, 
gran  ben  vus  fez  Nostro  Senhor! 

Senhor,  parecedes  assi  4475 

tan  ben  que  nunca  tan  ben  vi; 
e  gi'an  verdade  vus  digu'  i, 
que  non  poderia  mayor. 

Par  Deus,  ay  dona  Leonor, 

gran  ben  vus  fez  Nostro  Senhor!  4480 

E  Deus  que  vus  en  poder  ten, 

tan  muito  vus  fezo  de  ben 

que  non  soub'  el  no  mundo  ren 

per  que  vus  fezesse  melhor. 

Par  Deus,  ay  dona  Leonor,  4485 

gran  ben  vus  fez  Nostro  Senhor! 

En  vos  mosti'ou  el  seu  poder 

qual  dona  sabia  fazer; 

de  bon  prez  e  de  parecer 

e  de  falar,  fez  vos  senhor.  4490 

Par  Deus,  ay  dona  Leonor, 
gran  ben  vus  fez  Nostro  Senhor! 


I  CB  349  (293)  —  1  Por  Deus  —  11  sob'  el  —  12  por  —  15  monstrou 
(moustrou)  —  18  fez  vus  —  21  roby  —  23  e  24  JE"  Deus  vus  fe%,  por 
mal  de  mi  Que  á  commigo  desamor. 

II  Cantiga  de  refram:  2-|-4x(4  +  2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares,  se  abstrahirmos  do  ultimo  verso,  que  tem  a  con- 
soante do  refram:  aaab{{BB.  —  Rimas  longas:  *  na  1"  estancia;  én 
na  2"-;  er  na  3";  *  na  4%  que,  portanto,  volta  á  da  P,  talvez  intencional- 
mente; ôr  no  4°  verso  de  todas  as  coplas  e  no  refram,  que  encabeça  a  cantiga. 

Nota  de  Colocci:  Tornei  da  capo  la  stanza  et  da  pe. 


—     384     — 

Com'  antr'  as  pedras  bon  rubi 
sodes  antre  quantas  eu  vi; 

e  Deus  vus  fez  por  ben  de  mi,  4495 

que  ten  comigo  gran  amor! 
25  Par  Deus,  ay  dona  Leonor, 

gran  ben  vus  fez  Nostro  Senhor! 

III  Beim  Himmel,  Dona  Leonor,  grosse  Gnade  hat  Euch  der  Herr 
erwiesen  (R). 

So  schõn  seid  Ihr,  wie  ich  nie  Ãhnliches  geselien  habe.  In  "Wahr- 
heit,  schõner  zn  sein  wâre  unmôglich.     Beim  Himmel  etc.  (1). 

Auf  der  Welt  gab  es  nichts ,  wodurch  Gott  Euch  noch  beniicher  liiitto 
machen  kõnnen.     etc.  (2). 

Seine  Macht  hat  er  an  Euch  gezeigt.  An  Euch  hat  er  gezeigt,  was 
fiir  eine  Frau  er  schaffen  kann.  Herrin  seid  Ihr  an  "Wert,  Gestalt  und 
Rede.    etc.  (3). 

Wie  unter  den  Steinen  der  gute  Rubin,  so  seid  Ihr  unter  allen,  die 
ich  gesehen.  Zu  meiner  Freude  schuf  er  Euch,  dena  sehr  freundlicli  ist 
er  gegen  mich.     etc.  (4). 

IV  A  columna  d  ficou  em  branco,  assim  como  a  face  da  folha  im- 
mediata. 


XIX 


CANTIGAS 


199  —  209 


DE 


JOAN   LOPES,   D'ULHOA. 


^ 


25 


I 


199. 

(Tr.  173). 

P'/i^lÍL8Í]c       ^  ^^^  senhor,  que  me  foi  amostrar 

Deus  por  meu  mal,  (por  vus  eu  non  mentir),  4500 
é[n\  que  sempr'  eu  punhei  de  a  servir, 
muit'  ouve  gran  sabor  de  m 'enganar. 
Ca  me  falou  primeir',  u  a  vi,  ben; 
pois  [que\  viu  que  perdia  o  sen 

f.  61  (="sõ)T  por  ela,  nunca  m'er  quiso  ||  falar.  4505 

E  se  m'eu  d'ela  soubesse  guardar, 
quando  a  vi,  punhara  de  -giiarir; 
10     mais  foi  m(e)  ela  ben  falar  e  riir, 
e  falei-lh'eu;  e  non  a  vi  queixar. 
Nen  se  queixou  que  a  chamei  «senhor»!  4510 

E  pois  me  viu  mui  coitado  d'amor, 
prougo-lhe  muit'.     E  non  m'er  quis  catar! 

I  CB  350  (294)  —  3  que  sempr' eu  muito  punhei  de  servir  —  5  mi 
—  primeiro  u  —  6  Entre  pois  e  que  perdia  ha  um  vácuo  no  CA.  O 
copista  tinha -se  enganado;  elle,  ou  o  revisor,  raspou  em  seguida  as  letras 
erradas  e  lançou  á  margem  a  palavra  viu  (sem  que) ,  comettendo  assim  novo 
engano.  O  metro  exige  e  pois  que  mu\  e  assim  é  que  escreve  o  CB,  met- 
tendo  todavia  veio  por  viu.  Cfr.  verso  13  e  20.  —  7  m'ar  —  8  soubera  — 
10  m'ela  —  11  no'-na  —  12  porque  a  eh.  s.  —  13  (e  pois  que  me  viu  m. 
c.  d' a)  —  14  prougue-lhi  —  m'ar  —  1.5  querria  —  18  Ihi  —  19  tam, 
ben  —  21  desamparad'  —  22  ende  filhar  —  25  como  —  26  como  eu  —  27 
ca  Warerria  —  28  O  CA  repete  ao  fim  da  4''  estrophe  a  phrase  com  que 
termina  a  3":  leiooou-m'assi  desemparad'  andar.,  certamente  por  engano, 
visto  que  o  final  da  1''  não  é  idêntico  ao  da  2". 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes,  differenciadas  apenas  pela  rima  c  dos  versos  5 
e  6:  abbacca.  —  Rimas  longas:  ar{o.)  irW  ére(ci);  íJr(c2)-,  om(c3);  iic4). 

III  Moine  Herrin  (die  Gott  mir  zu  meinem  Unglúck  gezeigt  hat)  ist, 
die  Wahrheit  zu  hekennen,   falsch  gegen  mich  gewesen,  obwohl  ich  stets 

25* 


—     388     — 

15  E  pois  me  queria  desemparar, 

quando  a  vi,  mandasse  me  partir 
logo  de  si!  e  mandasse-m'end  ir!  4515 

Mais  non  lhe  vi  de  nulha  ren  pesar 
que  lh'eu  dissess' !  e  tamben  me  catou ! 

20     E  pois  viu  que  seu  amor  me  forçou, 
leixou-m'assi  desemparad'  andar. 

E  deferença  dev'  end'  a  filhar  4520 

tod'  ome,  que  dona  fremosa  vir', 
de  min;  e  guarde-se  ben  de  non  ir 
25     com'  eu  fui  logu'  en  seu  poder  entrar, 
ca  Ih'  averrá  com'  avSo  a  min: 
servi -a  muit',  e  pois  que  a  servi,  4525 

fez  mi-aquesto  quant'  oídes  contar! 

beeifert  war,  ihr  zu  dienen.  Erst  sprach  sie  in  Huld  und  Gúte  zu  mir, 
aber  ais  sie  sah,  wie  ich  durch  sie  vou  Sinnen  geriet,  liess  sie  davon  ab, 
zu  mir  zu  reden  (1). 

Hâtte  ich  mich  vor  ilirem  Anblick  zu  húten  verstanden,  so  hâtte  ich 
getrachtet  zu  genesen.  Sie  aber  sprach  freuadlich  und  lâchelte,  darum 
redete  ich  zu  ihr  und  sio  beklagte  sich  nicht,  sondern  liess  zu,  dass  ich 
sie  Herrin  nannte.  Ais  sie  mich  aber  in  Liebespoin  wusste,  hatte  sie  ihre 
Lust  daran,  und  blickte  mich  nicht  mehr  an  (2). 

Wollte  sie  mich  verlassen,  so  hâtte  sie  mich  gleich  von  sich  weisen 
und  verbannen  soUen,  ais  ich  sie  sah.  Sie  aber  zeigte  keinen  Groll  iiber 
meine  "Worte  und  sah  mir  ins  Auge.  Ais  aber  die  Liebe  mich  úberwàltigt 
hatte,  wandte  sie  sich  ab  und  liess  mich  allein  (3). 

Ein  warnendes  Beispiel  sei  es  fiir  jeden ,  der  cine  schõne  Frau  erblickt. 
Hiiten  mõge  er  sich  und  sich  nicht  in  ihre  Gewalt  begeben:  sonst  geschieht 
ihm,  wie  mir  geschehen  ist.  Denn  lange  und  treulich  habe  ich  ihr  gedient: 
sie  aber  verfuhr  mit  mir,  wie  ich  berichtet  habe  (4). 


C.  VIU:  3/3 
f.  52  (=  81)a 


200. 

(Tr.  174). 

Qiiancl'  eu  podia  mia  senhor 
veer,  ben  desejav(a)  enton 
d'ela  eno  meu  coraçon; 
e  non  queria  ja  melhor 

de  lhe  falar  e  a  veer 
e  nunca  outro  11  ben  aver. 


4530 


Chorand'  enton  dos  olhos  meus, 
ft  con  tanto  ben  desejav(a)  ai! 
E  soffr(o)  agora  muito  mal; 
!()_   e  non  querria  mais  a  Deus 
de  lhe  falar  e  a  veer 
e  nunca  outro  ben  aver. 


4535 


I  CB  351  (295)  —  4  querria  —  5.  11  e  17  /Ã^■  —  8  A  pesar  de 
ambos  os  códices  terem:  desejand'  al^  proponho  a  emenádi.  desajav(a)  ai  — 
9  O  €A  tem  e  soffra  agora  ^  o  CB  e  sofrer  agora  —  14  Ih' eu  —  16  fax, 
Deus  que  me  fex,  este  ben.  A  lição  do  CÁ  parece  deturpada.  Talvez  dis- 
sesse originariamente  fez  Deus;  mais  fexess(e)  este  ben.,  ou:  e  fexess'  este 
ben.     A  variante  do  CB  dá  sentido,  mas  com  menos  propriedade,  a  meu  ver. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  alt)ba]|CC.  —  Rimas  longas:  or(a)  onO»)  na 
1*  copla;  eusW  «/(*»)  na  2'';  énW  arW  na  3*;  êr  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  tornei. 

III  Ais  ich  meino  Herrin  seben  konnte,  verlaugte  icb  im  Herzen  wei- 
tere  Guust;  jetzt  aber  wiinscbte  icb  mir  nicbts  Besseres,  1|  ais  zu  ibr  zu 
sprechen  und  sie  zu  sehen,  und  beanspruche  nicht  mebr  (1). 

Bitterlicb  weinend  verlangte  icb  damals,  bei  soviel  Gliick,  noch  an- 
deres.  Nun  aber  leide  ich  hart,  und  erbitte  von  Gott  nur,  ||  dass  ich  sie 
sehen  und  sprechen  kann  etc.  (2). 

Damals  kam  ich  von  Sinnen,  wenn  ich  zu  ibr  sprechen  durftc,  aus 
Verlangen  nach  ibr,    zu  der  mir  der  Himmel   Sehnsucbt  einflõsste;  doch 


—     390     — 

Eu  perdia  enton  o  sen 
quando  lhe  podia  falar,  4540 

15     por  seu  ben,  que  me  desejar 
faz  Deus,  me  fezess(e)  este  ben 
de  lhe  falar  e  a  veer 
e  nunca  outro  ben  aver. 

wúnschte  ichjetzt,  er  vergõnnte  mir,  ||  sie  zu  sehen  und  anzureden,  nichts 
■weiteres  aber  zu  beanspnachen  (3). 

IV  A  nota  marginal  do  CÁ:  D  refram^  servia,  certamente,  para  indicar 
ao  illurainador  o  tamanho  do  D  que  lhe  incumbia  pintar. 


"V 


201. 

(Tr.  175). 


Ando  coitado  por  veer  4545 

un  orne  que  aqui  chegou, 
que  dizen  que  viu  mia  senhor; 
e  dirá-me,  se  lhe  falou. 
5  E  falarei  con  el  muit'  i 

en  quan  muit'  á  que  a  non  vi.  4550 

Por  amor  de  Deus,  que'- no  vir', 
diga -lhe  que  sa  prol  será 
de  me  veer.     E  veê'-r-ei 
10     porque  a  viu,  e  falar  -  mi -á. 

E  falarei  con  el  muit'  i  4555 

en  quan  nuiit'  á  que  a  non  vi. 

Ca  muito  per  á  gran  sabor 
quen  senhor  ama,  de  falar 
15     en  ela,  se  acha  con  quen. 
f.52(=8i)b   II  E  por  én  vou  aquel  buscar!  4560 

E  falarei  con  el  muit'  i 
en  quan  muit'  á  que  a  non  vi. 

I  CB  352  (296)  —  1  euitado  {por  aver)  —  4t  mi  —  Ihi  —  7  Ambos 
os  códices  têem:  E  por.  —  No  CA  o  revisor  emendou  comtudo  o  erro,  in- 
dicando á  margen  P  como  letra  que  havia  de  sor  pintada  a  vermelho  ou 
azul.  —  9)  Ihi  —  9  e  veer  lh'ei  —  19  JS"  pêro  sei  d' ela  de  pran  —  21  mais. 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -{-  2)  -)-  2.  —  Octonarios  jambicos. 

—  Coplas  singulares,  cujos  versos  impares  são  soltos:  xaxa{|BB  :  1)b. 

—  Rimas  longas:    ou  na  1*  copla-,  á  na  2*;  ar  na  3*;  êr  na  4";  i  no 
refram.    A  fiinda  repete  em  ambos  os  versos  a  ultima  palavra  do  refram. 

Nota  de  Colocai:  eõgedo  dal  tornei. 

III  Sorgenvoll  suche  ich  nach  einem  Mann,  der  hier  angekommen  ist 
und  von  dem  es  heisst,  er  habe  meine  Herrin  gesehen.     Er  soll  mir  sagen, 


—     392     — 

Pêro  sei  eu  d'ela,  de  pran, 
20     ca  non  m'enviou  ren  dizer, 

mas  do  om'  ei  eu  grau  sabor,  4565 

porque  a  viu,  de  o  veer, 

E  falarei  con  ei  muit'  i 

en  quan  muit'  á  que  a  non  vi, 

25  Ca  nunca  vi,  des  que  a  vi, 

outro  prazer,  se  a  non  vi.  4570 

ob  er  sie  gesprochen.  ||  Dann  werde  ich  mit  ihm  dariiber  reden,  wie  lange 
ich  sie  nicht  geschaut  habe  (1). 

Wer  ihm  begegnet,  sage  ihm,  um  Gottes  willeu,  dass  es  ihm  frommen 
wird,  mich  aufzusuchen.  Sehen  mõchte  ich  ihn,  weil  er  sie  gesehen;  denn 
er  soll  mir  berichten  ||  und  ich  werde  mit  ihm  etc.  (2). 

Jedwedem  Liebenden  gefállt  es,  iiber  seine  Herria  zu  reden,  so  er 
íindet  mit  wem.    Darum  will  ich  jenen  besuchen  ||  und  werde  mit  ihm  etc.  (3). 

Obschon  ich  sicher  weiss,  dass  sie  mir  keine  Botschaft  sendet,  freue 
ich  mich  doch,  den  Mann  zu  sehen,  der  sie  gesehen  ||  etc.  (4). 

Denn  seit  ich  sie  kenne,  sah  ich  nichts  Erfreuliches,  ausser  wenn 
ich  sie  sah  (I). 

IV  Cfr.  Diez  (p.  43),  que  considera  os  soltos  como  hemistichios; 
e  Lang  p.  CXX. 


202. 

(Tr.  176). 

Quand'  og'  eu  vi  per  u  podia  ir 
a  essa  terra  u  é  mia  senhor, 
e  u  eu  d'ir  avia  grau  sabor 
e  me  d'ali  non  podia  partir, 
5  chorei  tan  muito  d'estes  olhos  meus  4575 

que  non  vi  ren  e  chamei  muito  Deus! 

Preto  fui  én,  que  poderá  chegar, 
se  eu  ousasse,  ced'  u  ela  ó; 
mais  ouvi  gran  coita,  per  bõa  fé, 
10     e  pois  d'ali  me  non  ousei  quitar,  4580 

chorei  tan  muito  d 'estes  olhos  meus 
que  non  vi  ren  e  chamei  muito  Deus! 

I  CB  353  (297)  —  4  d'aqui  —  7  (pêro  foi  en  que  a  p.  eh.)  —  8 
(dixer  ela  é),  talvez  erro  por  d' ir  u  ela  é  —  9  ouve  —  10  d'alhi  non  vi[e] 
o.  q.  —  lõ  pe7'a  u  iria  se  ousass'  alá  —  16  catand'  ala  —  17  O  CA 
tem  tanto  (por  tan  muito)  —  19  que  mi  —  20  mi  —  Ihi. 

II  Cantiga  de  refram:   3  x  (4  +  2)  +  2.  —  Decasy-llabos  jam- 
ibicos.  —  Coplas  singulares:  ablt)a|lCC.  —  Rimas  longas:  «>(»)  ôr(\») 

na  1"  estancia;  arW  é(i>)  na  2*;  *"(»)  áC')  na  3";  eus  no  refram.    A  fiinda 
responde  á  1*  rima  da  ultima  copla. 

Nota  de  Colocci  tornei,  non  spie.  el  cõgedo. 

III  Ais  ioh  heute  die  Stelle  sah,  von  der  aus  man  an  den  Platz 
gelaugt,  \vo  meine  Herrin  weilt  und  wohin  ich  so  unendlich  gerne  ginge, 
ohne  doch  von  binnen  zu  kõnnen,  ||  da  weinte  ich  bitterlich  und  schrie  zu 
Gott  dem  Herrn  (1). 

Nahe  war  ich  dem  Fleck,  so  dass  ich  schnell   da  sein  konnte,  \vo 
|'8ie  weilt,  hiitte  ich  es  gevvagt;  doch  sehr  bekiimmert  riihrte  ich  mieh  nicht 
von  der  Stelle  ||  und  weinte  bitterlich  etc.  (2). 

Zu  meinem  Leide  sah  ich  heute  den  Weg,  den  ich  hâtte  einschlagen 
miissen,  hâtte  ich  es  nur  gewagt;  doch  obwohl  sio  mir  njchts  Liebes  an- 


—     394     — 

Por  mal  de  min  og'  eu  o  logar  vi 
per  u  ira,  se  ousasse,  alá; 
15      pêro  m'  ela  non  fez  ben,  nen  fará,  4585 

catando -la  direi -vus  que  fiz  i: 
f.  52  (=  8i)c  II  chorei  tan  [mui]to  d'estes  olhos  meus 

que  non  vi  ren  e  chamei  muito  Deus 

Que  me  valess';  e  non  quis  el  assi, 
20     nen  me  deu  ren  de  quanto  lhe  pedi!  4590 

gethan   hat  noch    anthun   wird,  ||  weinte  ich  dennocli  bitterlich  und  schiie 
zu  Gott  (3), 

Er  mõchte  mir  helfen;  doch.  hat  er  es  nicht  gewoUt,  noch   uiir  ge- 
■wàhrt,  was  ich  erbat  (I). 

IV  Fijda  á  margem  do  CA,  em  sigoal  de  que  o  remate  tinha  musica 
própria. 


203. 

(Tr.  177). 


Nostro  Senhor  que  me  fez  tanto  mal, 
ainda  me  poderá  fazer  ben, 
se  mia  senhor,  per  quen  este  mal  ven, 
eu  visse  ced';  e  non  lhe  peço  ai: 
5  ca  se  eu  fosse  fis  de  a  veer,  4595 

non  querria  do  mundo  mais  aver! 

f.  52  (=  8i)d        II  Por  quanto  lh'eu  roguei  e  lhe  pedi, 
quand'  eu  podia  veer  mia  senhor, 
nen  lh'o  peço,  nen  querria  melhor 
10      de  mi -a  mostrar  u  m'eu  d'ela  parti:  4600 

ca  se  eu  fosse  fis  de  a  veer, 
non  querria  do  mundo  mais  aver! 

Ca  muit'  á  ja  que  lh'eu  sempre  roguei 
por  outro  ben,  e  non  mi- o  quis  el  dar 
lõ      de  mia  senhor;  e  fui  mi -ora  rogar  4605 

que  a  non  veg',  e  no'- na  veerei: 
ca  se  eu  fosse  fis  de  a  veer 
non  querria  do  mundo  mais  aver! 


I  CB  354  (298)  —  1  mi  —  2  Ambos  os  códices  tèera:  poderia.  Á 
emenda  inda  me  poderia  seria  igualmente  boa.  —  3  per  que  tn'este  m.  v. 

4  e  non  Ihi  peç'  eu  ai  —  9  non  Ihi  peço  —   10  de  mi  m.  —  15  da 
i.  s.  e  fui  mi-o  eu  guisar.    A  boa  lição  talvez  seja:  e  foi  mi -o  aguisar 
l—  19  E  roguei -Ihi  —  20  mostra -mi -a  ced'  enquanto  mal  me  fez  —  22 
\se  m'oi  el  esta  vex. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4 -|-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
I —  Coplas  singulares:  abl)aj|CC.  —  Rimas  longas:  aí(a)  énW  na 
^1*  estancia;  *'(«)  oríb)  na  2';  e*(a)  ar(»>)  na  3'';  érW  e^i^)  na  4*;  ér  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  tornei. 


—     396     — 

E  rogo-lh'eu  que,  se  lh'a  el  prouguer', 
20      mostre  mi -a  ced';  e  quanto  mal  me  fez,  4610 

non  será  ren,  se  m'oir'  esta  vez 
meu  Senhor  Deus,  e  mi -a  mostrar  quiser'. 
Ca  se  eu  fosse  fis  de  a  veer, 
non  querria  do  mundo  mais  aver! 

III  Gott  der  Herr,  der  inir  soviel  Bõses  angethan,  kônnte  mir  nocli 
Gutes  aiithuu,  zeigte  er  mir  bald  meine  Herrin,  durcb  die  er  mir  Leid 
zugefiigt;  auch  bitte  ich  ihn  ura  nichts  andares.  ||  Und  wíire  ich  sicher,  sie 
zu  sehen,  so  verlangte  ich  nichts  weiteres  mehr  auf  Erden  (1). 

"Was  ich  frúher  erbetete  und  erbat,  ais  ich  sie  sehen  duifte,  das 
erbitte  ich  nicht  lânger,  noch  mõchte  ich  anderes,  ais  sie  da  erblicken,  wo 
ich  von  ihr  Abschied  nahm.  ||  Und  \vâi'e  ich  etc.  (2). 

Lauge  ist  es  her,  seit  ich  um  anderes  bat,  das  er  mir  doch  nicht 
gewâhrt  hat;  jetzt  aber  hat  er  inir  zueiieilt,  sie  nicht  sehen  zu  diirfen. 
Und  ich  werde  sie  nicht  sehen!  ||  und  verlangte  doch  nichts  weiteres  mehr 
auf  Erden,  wâre  ich  sicher,  sie  zu  sehen  (3). 

Gerállt  es  Gott  dem  Herrn,  so  mõge  er  sie  mir  bald  zeigen.  Erhõrt 
er  mich  diesmal,  so  rechne  ich  alie  erlitteue  Unbill  fiir  nichts.  ||  Denn  ware 
ich  etc.  (4). 


C.  VIU:  2/5 

f.  53  (=  82)a 


10 


204. 
(Tr.  178). 

Juro-vus  eu,  fremosa  mia  senhor,  4615 

—  jse  Deus  me  leixe  de  vos  ben  aver! 
e  se  non,  leixe- me  por  vos  morrer!  — 
se,  pois  fui  nado,  nunca  dona  vi 
tan  fremosa  come  vos,  nen  de  mi 
tan  amada  com'  eu  vus  sei  amar.  4620 

II  E  pois  vus  amo  tanto,  mia  senhor, 
se  vos  quiserdes,  quero -vus  dizer 
qual  coita  me  vos  fazedes  soffrer! 
E  non  queredes  que  vus  eu  fal'  i! 
E  non  poss'  eu  muito  viver  assi  4625 

que  non  moira  mui  ced'  én  con  pesar. 


I  CB  355  (299)  —  Ambos  os  códices  principiam  o  4°  verso  com  se; 
a  lição  primordial  talvez  dissesse  que.  No  8°  emendei  vos  (por  vus).  — 
4  do?ia  nunca  vi  —  5  como  —  6  vos  —  12  mui  cedo  con  pesar  —  17 
atanto  perdi  —  18  e  empero  non  m'én  posso  quitar.    O  CÁ  tem  e  eu  pêro. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6-1-2.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  equiconsoantes  com  replicação  da  formula  mia  senhor  no 
1°  verso  e  uma  palavra  perduda  no  fim  das  estrophes:  abbecd :  ad.  — 
Rimas  longas:  or(a)  eríb)  «(«)  arW.  A  fiinda  responde  á  !"■  e  á  ultima 
das  rimas. 

Nota  de  Colocci :  sei  dif —  cõgedo,  parte  spic.  da  dm.,  parte  in  fondo. 

m  Ich  schwõre  es,  und  der  Himmel  schenke  mir  Eure  Gunst,  so  ich 
die  Wahrheit  rede!  wo  nicht,  so  schenke  ermirdenTod!  Ich  schwõre  es, 
dass  ich  mein  Lebtag  keine  schõnere  Frau  gesohen  ais  Euch,  und  keine  so 
heissgeliebte,  wie  ich  Euch  zu  lieben  weiss  (1). 

Aus  Liebe  aber  will  ich  Euch,  Herrin,  so  Ihr  es  erlaubt,  sagen, 
welche  Qual  Ihr  mir  auferlegt:  dass  Ihr  mir  uámlich  nicht  erlaubt,  zu 
Euch  zu  sprechen,  und  dass  ich  bald  vor  Kummer  dariiber  sterben  werde  (2). 


—     398     — 

Que  ei  mui  grande  d'esto,  mia  senhor: 
de  que  me  non  queredes  gradecer 
15      de  vus  servir,  nen  de  vus  ben  querer. 

E  dizedes  de  quanto  vus  servi  4630 

que  fiz  mal- sen,  que  atant'  i  perdi; 
e  empero  non  me  poss'  6n  quitar, 

Nen  quitarei,  enquant'  eu  vivo  for', 
20     de  vus  servir,  senhor,  e  vus  amar. 

Und  vor  Kummer  darúber,  dass  Ihr  mir  nicht  Dank  wisst  fiir  meino 
Liebesdienste  und  fúr  meine  Treue.  Vielmehr  sagt  Ihr,  es  sei  Thorheit, 
dass  ich  soviel  dabei  verloren  habe.  Dennoch  werde  ich  mich,  solange  ich 
lebe,  nicht  von  Euch  wenden  (3), 

Noch  aufhõren,  Euch  zu  liebea  und  zu  dienen  (I). 


f.  53  (=  82)b 


10 


205. 

(Tr.  179). 

En  que  affan  que  oge  viv'!  e  sei  4635 

que,  enquant'  eu  eno  mundo  viver', 
affan  e  coita  ei  sempre  d'  aver! 
Yedes  por  quê:  por  quanto  vus  direi: 
por  úa  dona  que  eu  quero  ben 
atai  per  que  ei  perdudo  meu  sen  4640 

e  por  que  ei  mui  cedo  de  morrer! 

II  Ca  me  dá  coita  que,  de  pran,  ben  sei 
que  non  poss'  eu  muit'  assi  guarecer, 
ca  ela  ja  non  m'  a  ben  de  fazer, 
ne'-no  atendo,  ne'-no  averei.  4645 

Nen  rog'  a  Deus  eu  ja  por  outra  ren 
se  non  por  morte  que  me  dê  por  én  .  .  . 
se  perderei  coita,  pois  que  morrer'. 


I  CB  356  (300)  —  1  og'  eu  —  8  Ca  mi  dá  coita  que  de  pran,  me 
sei  —  10  mi  á  —  11  atend'  eu  —  12  Nen  rog'  a  Deus  por  énjap.  o.  r. 

—  20  mi  —  21  Falta  no  CB  —   22  por  —  23  min. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x74-2.  —  Decasyllabos  jambicos 

—  Coplas  equiconsoantes:  abbaccb  :  ab.  —  Rimas  longas:  eiW  êri^) 
éni^).  Em  todas  as  estrophes,  e  também  na  fiinda,  o  primeiro  verso  acaba 
em  se»,  assim  como  o  ultimo  em  morrer. 

Nota  de  Colocci:  site.  —  Talvez:  s^7e,  abreviatui-a  de  simile?  com 
referencia  á  construcção  da  cantiga  anterior?  sei  dif.,  cõgedo,  parte  spic.  da 
cim.,  parte  in  fondo?  —  Cfr.  No.  171. 

ni  In  welchem  Jammer  leb  ich  heute  und  werde  ich  fortan  leben! 
"Warum?  Um  eine  Dame,  die  ich  so  heiss  liebe,  dass  ich  bereits  den 
Verstand  verioren  babe  und  bald  sterben  wcrde  (1). 

So  gross  ist  meine  Pein ,  dass  ich  nimmer  gesunden  kann.  Denn  jene 
thut  mir  nichts  Liebes  an,  noch  wird  sie  es  thun,  nicht  einmal  zu  hoffen 


—     400     — 

15  Ca  por  ai,  ja  eu  esto  be'-no  sei, 

(ca  mi -o  faz  Deus  e  mia  senhor  saber  4G50 

que  me  fazen  atai  coita  sofFrer 

qual  vus  eu  digo)  que  non  poderei 

aquesta  coita,  que  m'en  coita  ten, 
20     perder  por  ai,  se  me  cedo  non  ven 

mia  mort';  e  por  én  querria  morrer,  4655 

Ca  per  quant'  eu  de  mia  fazenda  sei, 
o  melhor  o  pêra  mi  de  morrer. 

wage  ich,  noch  bete  ich  zu  Gott  um  anderes  ais  um  den  Tod,  den  er  mir 
schenken  mõge ,  falis  mit  dem  Tode  alies  Leid  ein  Ende  hat  (2). 

Denn  auf  andere  AVeise  ais  durch  den  raschen  Tod,  dess  bin  ich 
sicher,  da  Gott  iind  meine  Herrin  es  mir  zu  wissen  gegebea  haben,  hõrt 
meine  Qual  nicht  auf  (3). 

Deshalb  ist  zu.  sterben  das  Beste  fiir  mich  (I). 


206. 

(Tr.  180). 

Nostro  Senhor!  que  non  fui  guardado 
d'eu  en  tal  tempo  com'  este  viver, 
que  o  que  soían  por  ben  têer  4660 

ora  o  teen  por  desguisado! 
5      Que  este  mund'  é  ja  tornad'  en  ai, 
que  todo  prez  tèen  ora  por  mal! 
f.53t-=82)cA  que  mal- II tempo  eu  sõo  chegado! 

Que  mal  fui  eu  desaventurado  4665 

que  en  tal  tempo  fui  ben  querer 
10     atai  dona,  de  que  non  poss'  aver 
ben,  e  por  que  ando  mui  coitado! 
E  as  gentes,  que  me  veen  andar 
assi  coitado,  van  én  posfaçar  4670 

e  dizen:  „muit'  an[íí]a  namorado." 


I  CB  357  (301)  —  O  verso  9  anda  falto  de  iima  syllaba.  Talvez: 
fite/?     No  13  o  CA  tem  zcay^  no  14  aua;   no  17  deuuã. 

Variantes:  2  como  est  —  4  desaguisado  —  5  tornado  —  7  en  son 
achegado  —  14  muií'  anda  namorado  —  15  Que  de  min.  Ambos  os  có- 
dices tèem  muito  .1  estragando  a  medida  do  verso.  —  16  que  Ihi  —  17 
Talvez:  e  me  deviati?  —  18  6  por  én  son  mais  pouco  preçado.  O  €A 
diz:  e  por  en  sõo  mais  pouco  preçado  —  19  {Eu  meti  coita)  —  23  j)or 
—  20  e  moiro  pois  da  morte  pret'  estoti  —  27  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  >í  7.  —  Versos  de  dez  syllabas  gram- 
maticaes:  Nonarios  trochaícos  e  Decasyllabos  jambicos.  —  As 
estrophes  partilham  das  qualidades  das  pareadas,  das  singulares  e  das 
equiconsoantes.  A  rima  predominante,  feminina  (<*)  enlaça  todas  as 
estrophes,  occupando  o  primeiro  e  ultimo  verso  e  ainda  o  lugar  do  meio; 
outra  {•>)  c  commum  a  duas  estrophes,  emquanto  a  3"  W  varia  em  todas: 
jibbáecíi.  —  Rimas  breves  e  longas:  arfo'»)  íVW  rt/(fl)  arfc^)  no  grupo  I"; 
culoi'^)  c?í(h)  *(«S)  «?,<(«*)  no  IP. 

26 


—     402     — 

lõ  E  de  min  an  ja  mui  posfaçado 

porque  saben  ca  \[h]e  quero  gran  ben, 

que  me  devian  a  preçar  por  6n, 

e  por  én  sõo  mais  pouco  preçado;  4675 

e  viv'  en  coita,  nunca  mayor  vi, 
20      e  mia  senhor  non  me  quer  valer  i, 

e  assi  fiquei  desamparado. 

[E]  esta  coita  ten-me  chegado 
a  mort',  e  non  guarrei  per  niun  sen,  46S0 

pois  mia  senhor  non  quer  por  mi  dar  ren, 
25      de  que  eu  sempr(e)  andei  enganado. 
E  moir'!  e  pois  preto  da  mort'  estou, 
muito  me  praz;  que  enfadado  vou 
d'este  mundo  que  é  mal  parado.  4685 

III  Himmel,  warum  ward  ich  nicht  davor  bewahii,  in  solcher  Zeit 
zu  leben,  wo  fiir  thõricht  gilt,  was  man  fúr  gut  zu  halten  pflegte!  Alies 
hat  sich  gewandelt:  was  Wert  hatte,  ist  wertlos  geworden.  Himmel,  in 
welch  bôser  Zeit  ward  ich  geboren!  (1) 

Ein  arges  Geschick  ist  es,  in  solcher  Zeit  eine  Frau  zu  lieben,  die 
mir  nichts  Liebes  orweist,  sondem  Leides.  Und  die  Leute,  welche  mich 
so  bekúmmert  sehen,  lâstem  dariiber  und  sagen:  «wie  verliebt  er  ist»  (2)! 

Was  sie  wertschâtzen  mússten,  missachten  sie  an  mir:  dass  ich  so 
heiss  liebe  und  aus  Liebe  so  schwcr  bekiimmert  bin,  weil  meine  Herrin 
mir  nicht  beisteht,  sondem  mich  verlassen  hat  (3). 

Dem  Todo  nahe  bin  ich  und  kann  auf  keine  Weise  mehr  genesen ,  da 
meine  Herrin  sich  nichts  aus  mir  macht,  woriiber  ich  bis  jetzt  in  Tâuschung 
war.  So  sterbe  ich  denn,  und  dass  ich  dem  Tode  so  nahe  bin,  freutmich; 
denn  unwirsch  geh  ich  aus  dieser  schlecht  bestellton  Welt  (4). 


207. 

(Tr.  181). 

Coit'  averia,  se  de  mia  senhor, 
quando  a  visse,  coidass(e)  aver  ben, 
e  non  poder'  eu  veê'-la  per  ren! 
f.  53  (=  8^}d  Pois  end'  agora  tan  gran  ||  coita  ei, 

5  como  se  d'ela  ben  cuidass'  aver,  4690 

non  morreria  mais  pola  veer, 

O  que  non  cuido  mentr'  eu  vivo  for'; 
ne'-no  cuidei  nunca,  des  que  a  vi, 
d'aver  seu  ben;  e  pêro  est'  assi, 
10     ei  tan  gran  coita  d'ir  u  ela  6, 

como  se  d'ela  ben  cuidass'  aver, 
non  morreria  mais  pola  veer. 

Non  andaria  mais  ledo,  de  pran, 
do  que  eu  ando  porque  cuid(o)  a  ir 
15     u  ela  6,  que  moiro  por  servir. 
E  assi  moiro  pola  veer  ja, 

como  se  d'ela  ben  cuidass'  aver, 
non  morreria  mais  pola  veer. 

Pêro  entendo  que  faço  mal -sen 
20     en  desejar  meu  mal  come  meu  ben.  4705 


4695 


4700 


I  CB  358  (302)  —  1  coita  averia  (litteralmente:  aueiria)  —  2  cuidass' 
a  veer  ben  —  5  come  —  7  E  que.  A  lição  Porque  seria  preferível  —  9 
e  pêro  qu'est  assi  (litteralmente:  epi^ a  questassy)  —  11  come  se  d' ela  ben 
cuidasse  veer  —  12  e  17  Nen  daria  melhor  sentido  —  13  Nen^  lição  quo 
julgo  preferível  —  14  cuid'  a  ir. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -{- 2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares,  compostas  de  dous  versos  emparelhados 
dous  soltos  que  os  abraçam:  xaax||BB.  —  Rimas  longas:  mW  na 
fl*  copla;  *  na  2*;  ir  na  3";  ér  no  refram;  én  na  fiinda  que,  portanto, 
volta  á  1*  consoante  da  cantiga,  afastando- se  da  regra.  Entre  os  soltos 
[occorrem,  indevidamente,  dous  em  ôr  (verso  1  e  7).  Cfr.  No.  70. 
Nota  de  Colocci:  conged.  tornei. 

m  Confesso  não  perceber  claramente  nem  a  textura  grammatical ,  nem 
o  sentido  d'esta  cantiga.  —  A  ideia  principal,  que  apparece  resumida  na 
[:fiinda,  talvez  seja  a  seguinte: 

Der  Dichter  wiinscht  die  Geliobte  zu  sehen,  obgleich  ihm  Schmerz 
Idaraus  erwâchst.  Er  sagt  sich:  ich  handle  wie  ein  Thor,  indem  ich  sie  zu 
|«chauen  wiinsche,  ais  wâre  ein  Glúck,  was  doch  mein  Ungliick  ist. 

26* 


208. 
(Tr.  182). 

Se  eu  moiro,  be'-no  busquei! 
porque  eu  tal  senhor  filhei,  — 
lia  dona  de  que  ja  sei 
que  nunca  posso  ben  aver! 
5      E  sempre  ]h'eu  gran  ben  qu errei:  4710 

^'ôVlÍL  8Í)a  ^  dereit'  é  ||  d'assi  morrer. 

De  que  m'eu  poderá  quitar, 
se  m'ende  soubesse  guardar. 
Mais  avia  de  lhe  falar 
10     gran  sabor,  e  de  a  veer!  47ir) 

E  torno u- se -m'en  gran  pesar: 
e  dereit'  6  d'assi  morrer. 

U  a  primeiramente  vi 
mui  fremosa,  se  eu  d'ali 
15      fogiss(e)  e  non  ar  tornass(e)  i,  4720 

assi  poderá  mais  viver! 
Mas  non  cuidei  que  foss'  assi: 
e  dereit'  ó  d 'assi  morrer. 

I  CB  359  (303)  —  8  soubera  —  9  Un  —  11  E  tornou -s' eu  [mui] 
gran  pesar  —  15  fugiss'  e  non  ar  tornass'  i  —  12.  18  o  24  dereit'  ei 
—  17  mais  —  19  ^  quando  —  20  mi. 

II  Cantiga  de  refrani:  4  x  (5 -j- 1)  +  2.  —  Octonarios  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares,  se  abstrahirmos  da  rima  b  que  liga  o 
refram  ao  corpo  da  cantiga:  aaab<a||6  :  bb.  —  Einias  longas:  e?'(a)  na 
1''  copla;  ar(a)  na  2";  *"(»)  na  S'';  ôrU»)  na  4=^;  er  nos  4°**  versos,  no  refram 
e  na  fiinda. 

Nota  de  Colocci:  tornei  eõgedo. 

III  Sterbe  icb,  so  babe  icb  mir  das  selbst  zugezogon.  Denn  ich  erkor 
zur  Herrin   eine   Dame,    von    der   ich   sicber  bin,    nie    eine  Gunst  zu   er- 


—     405     — 

Quando  a  filhei  por  senhor, 
20      non  me  mostrava  desamor,  4725 

e  ora  muit'  á  gran  sabor 
de  mia  morte  cedo  saber, 
porque  fui  seu  entendedor: 

e  dereit'  6  d'assi  morrer. 

25  E  veerá  mui  grau  prazer,  4730 

quando  m'agora  vir'  morrer. 

reichen.  Trotzdem  werde  ich  sie  aber  immer  lieb  haben.  ||  Es  ist  unab- 
wendbar,  dass  ich  sterbe  (1), 

"Wovoa  ich  mich  wohl  hâtte  freihalten  kõnnen,  hâtte  ich  mich  vor- 
gesehen.  Doch  machte  es  inir  so  innige  Freude,  zu  ihr  zu  reden  und  sie 
zu  schauen.  Daraus  aber  ward  ein  schwerer  Kummer:  ||  So  ist  es  denn  un- 
abwendbar,  dass  ich  sterbe  (2). 

Wâre  ich  geflohen  und  ninimer  aa  dia  Stãtte  zuriickgekehrt,  wo  ich 
sie  zum  ersteninal  sah,  so  hâtte  ich  lãnger  leben  kõunen;  doch  ahnte  ich 
nicht,  dass  dem  so  wâre.  ||  Und  nun  ist  es  unabwondbar,  dass  ich  sterbe  (3). 

Ais  ich  sie  zur  Herrin  ausersah,  zeigte  sie  mir  keine  Unliebe;  nun 
aber  hat  sie  den  Wunsch,  bald  meinen  Tod  zu  erfahren,  weil  ich  ihr  Ge- 
liebter  gewesen  bin.  ||  So  ist  es  denn  gut,  dass  ich  sterbe  (4). 

Freude  wird  sie  bald  schauen,  da  sie  mich  sterben  sehen  wird  (I). 


209. 

(Tr.  183). 

Sempr'  eu,  senhor,  roguei  a  Deus  por  mi 
que  me  desse  de  vos  ben;  e  non  quer! 
Mais  quero -Ih'  ai  rogar;  e  pois  souber' 
que  Ih'  ai  rogo,  ai  me  dará  log[z<']  i.  4735 

(Lsm    ^  II  ^^  ^^^^  rogu'  eu  que  nunca  me  dê  ben 

de  vos,  e  cuido  que  mi -o  dê  por  én! 

E  per  aquesto  quero  eu  provar 
Deus,  ca  muit'  á  que  lhe  por  ai  roguei 
de  vos,  senhor;  mais  ora  veerei  4740 

10      se  me  ten  prol  de  o  assi  rogar. 

Ca  lhe  rogu'  eu  que  nunca  me  dê  ben 
de  vos,  e  cuido  que  mi -o  dê  por  én! 

I  CB  360  (304)  —  No  fim  da  Cantiga  seguem ,  no  CA ,  mais  quattro 

palavras :  Eu  desejo  meu  mal Possivel  é  que  fizessem  parte  de  uma 

fiinda,  que  poderíamos  completar,  accrescentando :  por  têer  be?i  ou  come 
meu  ben.  Avaliando  porém  que  entre  ellas  e  o  remate  da  cantiga  No.  207 
ha  grande  semelhança,  sou  de  opinião  que  o  copista  só  por  engano  come- 
çaria a  repetir  aquella  fiinda,  interrompendo  seu  trabalho  ao  reconhecer 
o  erro.  Por  isso  deixei  de  lado  o  pequeno  fragmento,  de  que  não  ha 
vestígio  no  CB,  não  o  contando  por  verso. 

Variantes:  2  mi  —  5.  11  e  17  Ihi  —  mi  —  7  por  —  8  lh'eu  — 
10  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-l-2),  e  talvez  +1.  —  Decasyl- 
labos  jambicos.  —  Coplas  singulares:  abbaj|CC  (:  e).  —  Rimas 
longas:  «(»)  êrW  na  1**  copla;  ar  (a)  eiW  na  2^\  alW  onW  na  3";  én  no 
refram  (e,  por  ventura,  na  fiinda). 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

in  Stets  habe  ich  zu  Gott  gebetet,  er  mõge  mir  Eure  Gunst  schenken, 
Herrin;  und  er  erhõrt  mich  nicht.  Nun  aber  will  ich  ihn  um  etwas  andores 
bitten,  und  das  gewâhrt  er  mir  vielleicht;  ||  denn  meine  Bitte  lautet,  er  mõge 


407 


Pois  assi  é  quo  m'el  sempre  deu  ai, 
e  ai  deseg'  eu  no  meu  coraçon, 
15     rogar  -  Ih '-ei  est',  e  cuidará  que  non 
será  meu  ben,  e  dará  mi -o  por  mal. 

Ca  lhe  rogu'  eu  que  nunca  me  dê  ben 
de  vos,  e  cuido  que  mi- o  dê  por  éu! 


4745 


rair  nichts  Liebes  von  Euch  zugestehen;  und  gerade  darum  erfúllt  er  sie 
vielleicht  (1). 

Auf  die  Probe  stellen  will  ich  ihn:  seit  langem  bat  ich  ilm  um  etwas 
anderes;  nun  aber  will  ich  sehen,  ob  meine  verânderte  Bitte  mir  etwa 
ffommt,  II  denn  etc.  (2). 

Da  er  mir  immer  das  Gegenteil  von  dem  giebt,  was  ich  ersehne,  bitte 
ich  fiirder  um  das,  was  ich  in  Wahrheit  nicht  will;  und  er,  denkend,  es 
sei  nicht  zu  meinem  Besten,  wird  es  bowilligen  (3). 

(Leides  wúnsche  ich  mir  also,  um  Liebes  zu  empfangen  (I)). 


LACUNA  14'. 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  1"  DO  CADERNO  IX. 


A  folha  antecedente  tem  o  verso  em  branco,  signal  de 
que  estava  terminada  a  serie  das  cantigas  pertencentes  a  Joan 
Lopes  d'Ulhoa. 

A  immediata  tem  a  face  em  branco  e  principia  no  verso 
com  Yinheta. 

A  que  foi  arrancada  continha,  portanto,  segundo  todas  as 
probabilidades,  um  pequeno  cyclo  de  poesias,  attribuidas  a  outro 
trovador,  difterente  do  auctor  dos  Nos.  199 — 209,  e  também  do 
dos  seguintes  (210  —  221). 

No  lugar  correspondente  o  CB  tem,  comtudo,  divergências. 
Apresenta  cinco  series  novas,  de  que  o  CA  carece,  assim  como 
três  cantigas  de  Fernan  Gonçalves,  de  Seabra,  o  que  junto 
encheria  bem  seis  folhas.  Anda  falto,  pelo  contrario,  das  pri- 
meiras sette  poesias  d'esse  trovador,  que  seguem  no  pergaminho 
da  Ajuda. 


A  LACUNA  FICA,  PORTANTO,  POR  PREENCHER. 
VEJA -SE,  AINDA  ASSIM,   A  SECÇÃO   12'^  DO   APPENDICE. 


XX 

fCANTIGAS 

210  —  221 

DE 


FERNAN   GONÇALVES,  DE  SEABRA. 


C.  IX:  2u 

f.  55  (=  84)e 


f.  55  (=  84)d 


10 


210. 

(Tr.  184). 

Graii  coita  soífr'  e  vo[M]-a  negando;  4750 

ca  non  quis  Deus  que  coita  soífresse 
que  eu  ousasse,  mentre  vivesse, 
nunca  dizer;  e  por  aquist'  ando 
maravilhado  de  como  vivo 
en  tan  gran  coita  com'  og'  eu  vivo!         4755 

II  E  esta  coita,  de  que  eu  jaço 

cuidando  sempre,  des  que  me  deito, 

pois  me  levo,  sol  non  é  en  preito, 

que  cuid'  en  ai;  e  por  én  me  faço 

maravilhado  de  como  vivo  4760 

en  tan  gran  coita  com'  og'  eu  vivo! 


I  Emendei  vou  por  vo;  e  transcrevi  uiuu  ipov  viv\  em  harmonia  com 
o  uso  do  CA,  ficando,  porém,  em  duvida  se  nSo  seria  melhor  ler  aqui  í^íVo. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2) -|- 2.  —  Versos  de  dez  syllabas, 
com  acento  na  4*  e  pausa  depois  da  5^  —  Coplas  singulares: 
âÍ)bíi||CC  :  cc.  —  Rimas  breves:  andoW  esse (•»)  na  1*  copla;  açoi»-)  eitoW 
na  2*;  ewcíeW  aíZoC»)  na  3%  e  a  palavra  vivo  nos  dous  versos  do  refram, 
ao  qual  responde  a  fiinda. 

m  Schweres  Leid  erdulde  ich  und  verschweige  es,  da  Gott  nicht 
gewollt  hat,  dass  ich  ein  Leid  triige,  welches  ich  bei  Lebzeiten  aufdecken 
dúrfte:  ||  Verwundert  bin  ich  nur  dariiber,  vi^ie  man  bei  soviel  Qual  weiter- 
leben  kann  (1). 

Und  dieses  Wehe,  iiber  das  ich  sorgenvoll  nachsinne  von  dem  Augen- 
blicke  an,  wo  ich  mich  niederlege . . .  dass  ich  an  etwas  anderes  denken 
lõnnte,  nachdem  ich  aufgestanden ,  kommt  nicht  einmal  in  Frage.  ||  Darum 
bin  ich  verwundert  dariiber  etc.  (2). 

Wohl  weiss  ich,  dass  kein  Mensch  lebt,  der  meine  Pein  fasst  und 
mein  bekiimmertes  Leben  versteht,  ||  ohne  dariiber  verwundert  zu  sein,  wie 
man  etc.  (3). 


—     412     — 

Ben  sei  que  orne  sol  non  m'enten(ie 
qual  coita  soffr^  e  como  coitado 
15      eu  viv'  oge,  nen  est  orne  nado 

que  o  soubesse,  que  non  íbss(e)  ende  4765 

maravilhado  de  como  vivo 
en  tan  grau  coita  com'  og'  eu  vivo! 

E  no'- no  ouso  dizer,  cativo! 
20     De  mais  desejo  mia  mort^,  e  vivo! 

Doch  wage  ich  Elender  nichts   zu  gestehen.     Gar  selir  ersehne  ich 
den  Tod,  und  lebe  dennoch  (I). 


^m 


10 

C.  IX:  3a 

f.  56  {=  85)a 


15 


211. 

(Tr.  185). 

Neguei  mia  coita  des  úa  sazon;  4770 

mas  con  gran  coita  que  ouv(e)  e  que  ei, 
ouvi -a  falar  i  como  vus  direi: 
enos  cantares  que  fiz  des  enton 

en  guisa  soube  mia  coita  dizer 

que  nunca  mi -a  poderon  entender!  4775 

E  sabe  Deus,  quen  mui  gran  coita  ten, 

com'  eu  tenho,  non  á  poder  d'estar 

que  non  aja  i  ja-quant'  a  falar: 

enos  cantares  que  eu  fiz  por  ón 

II  en  guisa  soube  mia  coita  dizer  4780 

que  nunca  rai-a  poderon  entender! 

Algun  sabor  prend'  orne  quando  diz 

ja-quê  da  coita  que  soífr'  e  do  mal, 

com'  eu  soffro;  mais  ei  a  temer  ai: 

enos  cantares  que  des  enton  fiz  4785 

en  guisa  soube  mia  coita  dizer 
que  nunca  mi- a  poderon  entender! 


II  Cantiga  de  rofram:  3  x  (4+  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares;  abba||C€.  —  Rimas  longas:  onW  eiW  na 
!■■*  copla;  énW  ar(b^  na  2*;  izW  al'}>)  na  3";  er  no  refram. 

III  Seit  einer  (bostimmten)  Zoit  verscliwiog  ich  meinen  Gram:  doch 
ist  er  so  heftig,  dass  ich  davon  auf  andere  Art  geredet  liabo:  in  den  Lie- 
dern  niimlich,  welcbe  ich  seithor  gedlchtet,  j]  doch  so,  dass  niemand  niich 
verstanden  hat  (1). 

Weiss  Gott,  wer  da  leidct  vvio  icli,  hat  es  nimmer  in  seiner  Gewalt, 
niclit  wenigsteus  ein  klein  wenig  davon  zu  redon:  in  den  Liodern,  welciíe 
ich  seither  gedichtct,  ||  habo  ich  von  nieiner  Not  so  gosprochen,  dass  nie- 
mand ctc.  (2). 

Etwas  fiihlt  sich  der  Menscli  erleiehtert,  wenn  cr  von  seinem  Lcid 
und  Gi-am  ein  wenigos  mittoilt.  Doch  habe  ich  andoi'OS  zu  fiirchten:  in 
don  Liodern  ctc.  (3). 


212. 

(Tr.  186). 

Por  non  saberen  qual  ben  desegei 
e  desejo  eno  meu  coraçon, 

ne'-no  meu  mal  jassi  Deus  me  perdon!  4790 

digu'  eu  aquest'  e  aquesto  direi: 
5  que  desejo  ben  por  que  non  dou  ren, 

e  que  me  ven  o  mal  que  me  non  ven! 

Por  nunca  ja  ren  saberen  per  mi 
os  que  me  vèen  por  én  preguntar  4795 

de  que  me  veen  en  gran  coit'  andar, 
10     juro-lhes  eu  e  digo-lhes  assi: 

que  desejo  ben  por  que  non  dou  ren, 
e  que  me  ven  o  mal  que  me  non  ven! 

I  No  verso  9  emendei  veen  (por  ueen). 

II  Cantiga  de  meestria:  3x(4-f-2)-4-2.  —  Decasyllabosjam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba[lCC:ce.  —  Eimas  longas:  ei  on 
na  1*  copla;  *  ar  na  2";  êr  ér  na  3";  én  no  refram,  que  parece  ter  rima 
interior,  e  na  fiinda. 

m  Damit  man  nicht  merke,  nach  welchem  Gute  ich.  in  Wahrheit 
gestrebt  habe  und  noch  strebe,  nocli  was  ich  Bõses  erdulde,  saga  ich  und 
werde  ich  sagen:  ||  dass  ich  ein  Gut  erstrebe,  mn  das  ich  niich  im  Ernste 
nicht  kiimmere,  und  dass  mir  ein  tJbel  geschieht,  das  mir  in  Wirklichkeit 
gar  nicht  geschieht  (1). 

Damit  die  Frager,  die  mich  in  Not  und  Pein  sehen,  nichts  diu'ch 
mich  erfahren,  schwõre  ich  und  sage  ihnen,  ||  dass  ich  etc.  (2). 

Darum  werden  sie  durch  mich  nichts  erfahren,  solange  ich  an  mich 
zu  halten  vermag;  und  das  wird  mir  gelingen,  solange  ich  den  Leuten  bei- 
zubringen  weiss,  ||  dass  ich  etc.  (3). 

Gott  aber  weiss,  welch  grosses  Leid  mir  geschieht,  ob  auch  nicht  von 
der  Seite,  voa  der  mancher  glaubt  (I). 


415     — 


15 


4800 


E  por  esto  non  poderan  saber 
nunca  meu  mal  per  min,  mentr'  eu  poder'; 
e  poderei  sempre,  se  Deus  quiser', 
mentr'eu  fezer'  as  gentes  entender 

que  desejo  ben  por  que  non  dou  ren, 

Pe  que  me  ven  o  mal  que  me  non  ven!   4805 

f.  56  (=  85)h       II  E  sabe  Deus  que  muito  mal  me  ven 
20     mais  non  d'ali  donde  se  cuid'  alguen. 


IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  melodia  própria.  —  Á  margem  ha  as  letras: 
iV<a.     Talvez  nota.     Mas  qual?     Um  nota  bene  para  o  copista  da  musica? 


213. 
(Tr.  187). 

A  dona  que  eu  vi  por  meu 
mal,  e  que  me  gran  coita  deu 
e  dá,  poi'-la  vi,  e  pos-seu  4810 

non  me  ten,  nen  me  quer  valer, 
5  no'- na  vej[o]  e  non  veg'  eu 

no  mund(o)  ond'  eu  veja  prazer! 

A  que  me  faz  viver  en  tal 
affan,  e  soífrer  tanto  mal  4815 

que^norrerei,  se  me  non  vai, 
10     e  non  quer  mia  coita  creer, 

no '-na  veg'  e  non  veg'  eu  ai 
no  mund'  ond'  eu  veja  prazer! 

A  que  eu  quero  mui  gran  ben  4820 

e  que  mi-assi  coitado  ten, 
15      que  non  poss'  eu,  per  niun  sen,  || 
f.56(=85)c  partir-me  de  lhe  ben  querer, 

no'- na  veg'  e  non  vejo  ren 

no  mund'  ond'  eu  veja  prazer!  482.5 

I  O  CÁ  tem  erradamente  no  verso  1 :  Â  dona  que  eu  vi  sempre  por 
mal  E  que  ...  e  no  5  No  mundo  dond'  eu  veja  prazer. 

CV  55  (=  443  no  original,  ao  qual  o  índice  se  refere)  com  attribuição 
a  Airas  Veaz.  —  3  por  seu  —  5  nen-na  vejo  nen  vejo  eu  —  6  no  7nmid' 
07id'  eu  aja  (litt.  rf«a,  com  d  por  a)  praxer  —  9  e  morrerei  —  10  pois 
n.  q.  —  11  nen-na  vejo  nen  veg'  eu  ai  —  14  forçado  —  15  q.  n.  posso 
p.  nenhun  s.  —  16  parar  é  erro  de  leitura,  ou  de  escripta,  por  partir  — 
17  nen-na  vejo. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -(- 2). —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  aaal){{AB.  —  Rimas  longas:  cu  na  1"  copla;  ai 
na  2";  én  na  3";  êr  no  refram  e  no  ultimo  verso  de  todas  as  coplas. 

III  Die  Dame,  die  ich  zu  moinem  Leido  sah,  und  die  mir  schweren 
Harm  bereitet,  da  sie  mich  nicht  fiir  deu  Ihren  anerkennt  und  mir  nicht 
beisteheu  will,  ||  ich  sehe  sie  nicht,  und  darnm  sehe  ich  auf  der  ganzen 
Welt  nichts  Erfrouliches  (1). 

Die,  welche  mein  Leben  so  qualvoll  gestaltet,  dass  ich  bald  stei-ben 
muss,  wenn  sie  mir  nicht  hilft;  die,  welche  an  raeine  Pein  nicht  glauben  will,  || 
ich  sehe  sie  nicht  etc.  (2). 

Die,  welche  ich  so  herzlich  lieb  habe,  dass  ich  mich  auf  keine  Weise 
von  ihr  abwenden  kann,  ||  ich  sehe  sie  nicht  etc.  (3). 


10 


214. 

(Tr.  188). 

Se  ei  coita,  muito  a  nego  ben, 
pêro  que  m'ei  a  do  mundo  mayor 
por  vos;  mais  ei  de  vos  tan  gran  pavor 
que  vus  direi,  mia  senhor,  que  mi-aven: 

Ei  gran  coita;  de  mais  ei  a  jurar  4830 

que  non  ei  coit'  a  quen  m(e)  én  preguntar'. 

A  vos  non  ous'  a  gran  coita  dizer 
que  ei  por  vos  eno  meu  coraçon; 
e  con  pavor  (;assi  Deus  me  perdon!) 
que  ei,  senhor,  de  vus  pesar  fazer,  4835 

ei  gran  coita;  de  mais  ei  a  jurar 
que  non  ei  coit'  a  quen  m(e)  én  preguntar'. 


II  Cantiga  de  refrani:  2  x  (4 -{- 2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abl)a||€C.  —  Rimas  longas:  m(a)  orQ»)  na 
1*  copla;  êr(a)  o»('J)  na  2";  ar  no  refram. 

m  Obgleich  das  Leid ,  welches  ich  trage ,  das  grõsste  auf  Erden  ist, 
verheimliche  ich  es  gut,  und  zwar  um  Euretwillen;  doch  fiirchte  ich  Euch 
so  sehr,  dass  ich  Euch  sagen  muss,  was  mir  vvideifâhrt.  ||  Ich  leide,  schwõre 
aber,  dass  ich  nicht  leide,  so  jemand  mich  ausfragen  will  (1). 

Ich  wage  Euch  nicht  das  grosse  Leid  zu  verraten ,  das  ich  um  Euret- 
willen im  Herzen  trage,  aus  Furcht,  so  wahr  mir  Gott  helfe,  Euch  zu  er- 
zuraen.  ||  Ich  leide  etc.  (2). 


27 


215. 
(Tr.  189). 

t.56{=85)d        Des  que  vus  eu  vi,  mia  senhor,  me  ven 
o  mui  grand'  aífan  e  o  muito  mal 
que  ei  por  vos;  pêro  direi -vus  ai:  4840 

ante  que  vus  eu  visse,  d'outra  ren 
5  sei  que  non  vira  tamanho  prazer 

como  vej'  or',  a  vus  veer! 

Des  que  vus  vi,  sei  que  é  \a\  mayor 
coita  do  mund'  esta  que  por  vos  ei;  4845 

pêro  aven  mi- o  que  vus  ar  direi: 
10      ante  que  vus  eu  visse,  mia  senhor, 

sei  que  non  vira  tamanho  prazer 
como  vej'  or',  a  vus  veer. 

Des  que  vus  eu  vi,  mia  senhor,  me  deu      4850 
gran  coita  De[ií]s,  cada  que  vus  non  vi, 
15      e  gran  pesar;  mas  pêro  que  mi-assi 
de  vos  aven,  ante  que  vus  viss'  eu, 
sei  que  non  vira  tamanho  prazer 
como  vej'  or',  a  vus  veer.  4855 

E  desejand'  eu  aqueste  prazer, 
20      des  que  vus  non  vir',  me  fará  morrer! 

I  No  verso  14  o  CA  tem  def\  no  7  introduzi  a,  para  encher  a  medida. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  al)ba|jCC :  cc.  —  Rimas  longas:  é«(a) 
alW  na  l''  copla;  ôr(a)  e*C>)  na  2*;  ewía)  *(»>)  na  3*;  êr  no  refram  e  na 
fiinda. 

III  Zwar  habe  ich  Leid  und  Pein  zu  tragen,  seit  ich  Euch  kenne, 
doch  will  ich  Euch  noch  ein  zweites  sagen:  ehe  ich  Euch  kannte,  ||  hatte 
ich  keine  solche  Lust  gekostet,  wie  die  es  ist,  Euch  zu  sehen  (1). 

Seit  ich  Euch  kenne,  weiss  ich,  wie  die  grôsste  Qual  auf  Erden 
schmeckt;  doch  will  ich  Euch  noch  ein  andores  sagen:  ehe  ich  Euch 
kannte  ||  etc.  (2). 

Seit  ich  Euch  kenne,  hat  Gott  mir  arge  Pein  und  grosse  Not  auferlegt, 
fúr  jedes  Mal,  wo  ich  Euch  nicht  sehe;  aber  trotzdem  mir  so  um  Euch  ge- 
schieht,  hatte  ich,  ehe  ich  Euch  kannte,  ||  etc.  (3). 

Und  die  Sehnsucht  nach  dieser  Freude  wird  mich  tõten,  sobald  ich 
Euch  nicht  sehe  (I). 


216. 

(Tr.  225). 

f  %^'fl  IgC       Demort'  é  o  mal  que  me  ven 
muit'  e  tan  grave  de  soffrer 

que  ja  mais,  enquant'  eu  viver',  4860 

se  de  mia  senhor  non  ei  ben, 
5  nunca  me  pode  tolher  ai 

mal  nen  gran  coita,  se  non  mal 

De  mort';  e  pois  que  eu  sei  ben 
que  de  mia  senhor  muit'  amar  4865 

non  ei  poder  de  me  quitar, 
10     por  én,  se  d'ela  non  ei  ben, 
nunca  me  pode  tolher  ai 
mal  nen  gran  coita,  se  non  mal 

De  morte,  ca,  enquant'  eu  for'  4870 

vivo,  desejarei  o  seu 
15     ben;  e  por  aquesto  sei  eu, 
se  ben  non  ei  de  mia  senhor, 
nunca  me  pode  tolher  ai 
mal  nen  gran  coita,  se  non  mal  4875 


De  morte,  ca  tod'  outro  mal 
20      d'amor  sei  eu  ca  me  non  fal. 


I  No  verso  10  emendei  non  ei  ben  por  ben  non  ei. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2) -[- 2.  —  Octouarios  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbaUCC :  cc.  —  Rimas  longas:  énW 
c/-(b)  na  1"  copla;  é/?(a)  ar{^)  na  2*",  que  repete  portanto  uma  das  consoantes; 
ír(a)  eu^y»)  na  3";  ai  no  refram  e  na  fiinda.     O  refram  parece  ter  rima 

nterior  {ai  mal). 

III  Dio  mir  drohende  Pein  ist  Todespein ,  so  schwer  zu  tragen,  dass, 
wenn  meine  Herrin  mir  niclit  goàdig  ist,  ||  kein  anderes  Leid  mich  darúber 
hinfortheben  kann,  es  sei  denn  (1) 

Der  Tod.  Denn  darum,  weil  ich  sicher  bin,  dass  icli  nicht  davon 
lassen  kann,  meine  Herrin  innig  zu  lieben,  kann,  so  sie  mir  nicht  gnâdig 
ist,  II  kein  anderes  Leid  etc.  (2). 

Solange  ich  lebe,  werde  ich  mich  nach  Gunst  von  ihr  sehnen. 
Darum,  so  sie  mir  nichts  Liebes  erweist,  ||  kann  etc.  (3). 

Jedes  andere  Leid  ausser  dem  Tode  muss  ich  jetzt  schon  erdulden  (I). 

IV  A  fiinda  teve  outr'  ora  melodia  própria. 


27* 


217. 
(Tr.  226). 

f.57{=86)h       A  mia  senhor  atanto  lhe  farei: 

Quero -lh'eu  ja  soífrer  tod'  outro  mal 
que  me  faça;  pêro  direi -vus  ai,  4880 

de  pran:  aquesto  lhe  non  soffrerei 
5  d'eu  estar  muito  que  a  non  veja! 

Soífrer  quero  de  nunca  lhe  dizer 
qual  ben  lhe  quero  no  meu  coraçon, 
pêro  m'6  grave  ;se  Deus  me  perdon!  4885 

Mais,  de  pran,  esto  non.  posso  soffrer 
10  d'eu  estar  muito  que  a  non  veja! 

E  soffrer- Ih'- ei  quanta  coita  me  dá, 
e  quant'  affan.  outro  mi-aver  fezer'; 
e  ela  faça  i  como  quiser';  4890 

mas,  de  pran,  esto  non  soffrerei  ja 
lõ  d'eu  estar  muito  que  a  non  veja! 

Ca  non  posso  que  morto  non  seja. 

I  €B  384  (330)  —  No  verso  12  o  CA  tem  mi  auer  faxcr\  e  o  €B 
mhau'  fexer. 

Variantes:  1  Ihi  —  3  mi  —  4  Ihi  —  6  Ihi  —  7  qtie  ben  Ihi  — 
8  mi  —  9  e  14  maix  —  12  outren  —  13  faxa  —  16  Ga  7ion  falta  no  CB. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -j- 1)  +  1-  —  Decasyllabos  jara- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||C:c.  —  Rimas  longas  e  breves: 
e^(a)  «/(!))  na  1''  copla;  e;-(a)  owC»)  na  2*";  «(»)  erC»)  na  3";  eja  no  refram 
e  na  fiiuda. 

Nota  de  Colocci:  Cõged  tomei,  talvez  para  significar  que  refram  e 
fiinda  rimam  entre  si. 

III  So  will  ich  meiner  Herrin  gegeniiber  verfahren:  jedes  Leid,  das 
sie  mir  zufiigt,  will  ich  geduldig  tragen.  Eins  aber  werde  ich  nicht  er- 
tragen:  ||  sie  fiir  lange  Zeit  nicht  zu  sehen  (1). 

Aushalten  will  ich  es,  ihr  nie  zu  sagen,  wie  herzlich  lieb  ich  sie  babe, 
so  schwer  es  mir,  bei  Gott,  auch  wird.     Eins  aber  etc.  (2). 

Jedes  Leid,  das  sie  mir  anthut,  oder  das  sie  mir  durch  andere  zu- 
fúgen  lâsst,  werde  ich  ertragen.  Eins  aber  werde  ich  nicht  ertragen:  ||  sie 
fiir  lange  Zeit  nicht  zu  sehen  (3). 

Denn  das  vermag  ich  nicht,  ohne  zu  sterben  (I). 

TV  Uma  nota  marginal  do  CA  diz  D.  refram,  certamente  para  chamar 
a  attenção  do  illuminador  para  o  tamanho  do  D ,  como  em  o  No.  200. 


218. 

(Tr.  227). 

Sazon  sei  ora,  fremosa  mia  senhor, 
f.  57  (=  86)c  que  eu  avia  ||  de  viver  gran  sabor;  4895 

mais  sõo  por  vos  tan  coitado  d'amor, 

que  me  faz  ora  mia  morte  desejar. 

5  Pois  neun  doo  non  avedes  de  mi, 

senhor  fremosa,  grave  dia  vus  vi; 
ca  sõo  por  vos  tan  coitado  des  i  4900 

que  me  faz  ora  mia  morte  desejar. 

I  CB  385  (331)  —  4  e  8  m*  —  5  nenhun  —  7  son  —  O  €A  tem 

espaço  em  branco  para  mais  xima  estroplie. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (3 -f- !)•  —  Versos  de  onze  syllabas 
grammaticaes,  com  íicento  principal  na  4"'  e  pausa  depois  da  5":  talvez  De- 
casyllabos  jambicos,  com  cesura  épica.  —  Coplas  singulares:  aaa{{B. 
—  Rimas  longas:  Ôr  na  1"  copla;  i  na  2*;  ar  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  Tornei. 

III  Es  gab  eino  Zeit,  Herrin,  in  der  ich  grosse  Frende  am  Leben 
hatte;  nun  aber  bin  ich  um  Euch  so  liebeskrank ,  ||  dass  ich  den  Tod  herbei- 
wúnsche  (1). 

Da  Ihr  kein  Erbarmen  mit  mir  habt,  war  es  ein  JJngluckstag,  ais  ich 
Euch  sali;  deun  seitdem  bin  ich  so  liebeskrank  ||  etc.  (2). 

IV  Cfr.  Diez  (p.  46)  que  está  disposto  a  considerar  os  versos  d'esta 
cantiga  como  de  arte  mayor. 


219. 
(Tr.  228). 

Gradesc'  a  Deus  que  me  vejo  morrer 
ante  que  ma[z]s  me  soubessen  meu  mal; 
f.õ7{=86)d  ca  receei  saberen  mi -o  mais  ||  d'al. 

E  os  que  cuidan  mais  end'  a  saber,  4005 

5  praz -me  muito  porque  non  saben  ren 

de  que  moiro,  nen  como,  nen  por  quen. 

De  m'  entenderen  avia  pavor 
o  que  m'eu  sei  eno  meu  coraçon. 
Mas  ja  que  moir',  (jassi  Deus  me  perdon'!)      4910 
10     os  que  viveren,  pois  eu  morto  for', 

praz -me  muito  porque  non  saben  ren 
de  que  moiro,  nen  como,  nen  por  quen. 

I  CB  386  (332)  —  2  mais  —  4  e  os  que  cuidan  én  mais  a  saber 
—  5  praz -mi  m.  de  que  n-  s.  r.  —  6  [de  com'  eu  moiro  nen  como  nen 
por  que)  —  8  (o  que  én  sei  no  ?n.  c.)  —  9  mais  ja  que  moira,  se  Deus 
mi  perdon  —  10  {os  que  Ihi  vivem  p.  e.  m.  f.)  —  11  e  17  mi  —  13 
(ehoran)  —  14  m'eu  calei  —  16  que  o  aia  c.  d.  —  19  tenh'  eu  q.  mi  — 
20  o  sen. 

II  Cantiga  dê  refram:  3  x  (4 -f- 2) -[- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||CC:cc.  —  Rimas  longas:  êri») 
aZC>)  na  l''  copla;  ôr(a)  oni^)  na  2*;  eusW  ei9>)  na  3'';  én  no  refram  e 
na  fiinda. 

Nota  de  Colocci:  cõged  dal  tornei.  —  Além  d'isso  notou  a  formula 
gradesc'  a  (traduzindo  -  a  erradamente  por  graãisca)  e  o  vocábulo  ante. 

ni  Ich  danke  dem  Himmel  dafiir,  dass  ich  sterbe,  ehe  man  Nâheres 
úbor  mein  Leid  weiss;  denn  iiber  alies  fiirchtete  ich,  dass  man  davon  er- 
fahren  kõnnte.  Und  am  meisten  gefâllt  mir,  dass  die,  welche  am  begie- 
rigsten  sind,  darum  zu  wissen,  |)  nicht  wissen,  weshalb,  wie  und  um  wen 
ich  sterbe  (1). 


423     — 


Pêro  choravaii  estes  olhos  meus 
con  mui  gran  coita,  sempre  me  calei,  4915 

15      que  nunca  dix'  úa  cousa  que  sei. 

Mais  como  quer  que  mi- o  aja  con  Deus, 
praz -me  muito  porque  non  saben  ren 
de  que  moiro,  nen  como,  nen  por  quen. 

E  ben  tenho  que  me  fez  Deus  i  ben  4920 

porque  mi- a  coita  non  forçou  meu  sen. 


Ich  fiirchtete,  man  verstiinde,  was  icli  im  Herzen  hege.  Da  icli  nun 
aber  sterbe,  gefállt  es  mir,  so  wahr  mir  Gott  helfe,  dass  die  Úbeiiebenden 
nach  meinera  Tode  nicht  wissen  ||  etc.  (2). 

Obwohl  diese  meine  Augen  vor  Triibsal  weinten,  schwieg  ich  stets 
und  sagte  niuimer,  was  ich  doch  weiss;  wio  immer  aber  Gott  mit  mir  ver- 
fahre,  ||  es  gefallt  mir  sehr,  dass  etc.  (3). 

Ia  eiaem  ist  Gott  mir  gnãdig  gewesen,  darin,  dass  mir  die  Liebespein 
nicht  den  Verstand  geraubt  hat  (I). 


220. 

(Tr.  229). 

Pois  O  vivo  mal  qii(e)  eu  soffro,  punhei 
de  o  negar  jassi  Deus  me  perdon! 
f  %^fl  87)a  ^  qi^^ren  devinhar  ||  meu  coraçon, 

e  non  poden,  mai'-lo  mal  que  eu  ei,  4925 

5  pois  que  eu  punho  semprfe)  e'-no  negar, 

maldito  seja  quen  mi- o  devinhar'! 

E  non  pode  per  mi  saber  meu  mal 
sen  de  vinha'- lo,  nen  ei  6n  pavor, 
nen  ja  per  outr',  enquant'  eu  vivo  for',  4930 

10     o  que  eu  cuid',  e  digo  que  cuid'  ai, 

pois  que  eu  punho  sempr(e)  e'-no  negar, 
maldito  seja  quen  mi -o  devinhar'! 

I  CB  387  (333)  —  2  mi  —  ^  O  CA  tem  devinar  —  5  sempr'  eno 
negar  —  9  por  outren  mentr  eu  v.  f.  —  No  CA  ha  espaço  em  branco  para 
mais  uma  estrophe. 

II  Cantiga  de  refram:  2x(4-|-2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba|lCC.  —  Rimas  longas:  eA»)  onW  na 
!"•  copla;  ali^)  ôrW  na  2*;  ar  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  Tornei.  —  Ao  pé  do  verso  1°  ha  uma  cruz  (-[-). 

ni  Da  ich  stets  bestrebt  war,  mein  heisses  "Wehe  zu  verbergen,  so 
wahr  mir  Gott  verzeihe,  und  man  doch  mein  Herz  zu  durchschauen  und 
mein  Leid  zu  erkennen  versucht,  naturlich  ohne  Erfolg,  ||  verwiinsche  ich 
jedweden,  der  es  errât,  trotzdem  ich  stetig  darnach  trachte,  es  zu  ver- 
bergen (1). 

Durch  mich  erfâhrt  niemand  mein  Leid;  noch  fúrchte  ich,  er  erfahre 
mein  Lebtag  durch  jemand  anders,  was  ich  in  "Wahrheit  denke,  ob  ich  auch 
vorgebe,  au  andores  zu  denken.  Und  da  ich  immer  darnach  trachte,  es 
zu  verbergen,  ||  verwiinsche  ich  jedweden,  der  es  errât  etc.  (2). 


221. 

(Tr.  230). 

Nostro  Senhor,  quen  m'  oj'  a  min  guisasse 
o  que  eu  nunca  guisad'  averei,  4935 

a  meu  cuidar,  per  quanto  poder  ei, 
f.  õ8  (=  87)b  ca  non  ||  sei  og'  eu  quen  s'aventurasse 
5     ao  que  m'eu  non  ous'  aventurar, 
pêro  me  veg'  en  mayor  coit'  andar 
ca  outra  coita  que  oj'  om'  achasse!  4940 


i 


10 


Algun  amigo  meu,  se  s'acordasse, 
e  acordado  foss'  en  me  partir 
ante  da  terra,  e  leixasse-m'ir! 
E  pois  eu  ido  fosse,  el  chegasse 
u  de  chegar  eu  ei  mui  gran  sabor 
(u  est  a  mui  fremosa  mia  senhor), 
e  Ih'  o  gran  ben,  que  lh'eu  quero,  contasse! 


4945 


I  CB  389  (335)  —  1  mi  —  6  coita  andar  —  8  algun  meu  amigo 

—  10  e  II  Eutre  estes  dous  versos  o  €B  traz,  por  engano  do  copista, 
quattro  versos  e  meio,  que  perfazem  a  2"  estrophe  da  cantiga  seguinte 
CB  390  (=  336)  —  12  ouve  m.  g.  s.  —  13  ou  est  —  U  e  o  g.  b.  —  lõ 
mi  —  Ihi  —  1(5  mi  a  min  —  17  mi  —  mais  —  18  quando  Ihi  jurasse 

—  19  qual  mayor  jura  podesse  fazer  —  20  Ihi  —  21  por  estranhasse.  O 
CA  tem  a  graphia  stranyaffe.  —  30  xi  —  33  nen  sei  que  s'en  osmasse. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7  +  1-  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares,  encadeadas  comtudo  pela  rima  predomi- 
nante («)  que  occupa  o  primeiro  e  o  ultimo  verso  de  todas  as  estrophes,  e  ainda 
os  lugares  do  meio:  abbacca :  a.  —  Rimas  breves  e  longas:  assei»-) 
ei(í»)  arí*)  na  1*  estrophe;  ir(^)  ôr(e)  na  2*;  énO»)  erW  na  3";  etíW  áW  na  4». 

III  Lieber  Gott,  wer  mir  dooh  heute  bereitete,  was  mir  nimmer  be- 
reitet  werden  wird,  so  gross  auch  meine  Macht  ist!  Denn  ich  weiss  keinen, 
der  wagen  woUte,  was  ich  nicht  wage,  obgleich  ich  ia  so  schlimmer  Not 
lebe,  wie  kein  anderer  Mensch  sie  trâgt  (1). 


—     426     — 

15  E  me  dissesse  pois,  se  lhe  pesasse, 

pêro  m'a  min  pesaria  muit'  ón, 

jse  Deus  me  valha!     Mas  faria  ben  4950 

quand'  eu  viss'  ela  pois,  que  lhe  jurasse 

qual  mayor  jura  soubesse  fazer 
20     que  nunca  lhe  soubera  ben -querer 

en  tal  razon  per  que  m'ela  'stranhasse! 

E  des  i  pois,  que  m'eu  assi  salvasse,  4955 

jse  Deus  me  salve!  que  nunca  o  meu 
mal  mais  diria  de  mia  coita  eu 
25      a  mia  senhor,  pêro  que  me  matasse 
o  seu  amor  —  que  xe  me  matará, 
b[u\  o  sei,  ced',  u  ai  non  averá  —  4960 

ca  nunca  foi  quen  tal  coita  levasse 

Com'  eu  levo;  nen  foi  quen  s'end'  osmasse. 

Fiole  es  doch  einem  meiner  Freunde  bei,  mich  erst  vom  Orte  zu  ent- 
fernen,  und  hernach  dorthin  zu  gehen,  \vo  ich  so  gerne  weilte  und  meine 
schõne  Herrin  wohnt,  um  ihr  dann  zu  erzâhlen,  wie  teuer  sie  inir  ist  (2). 

Hernach  aber  berichtete  er  mir,  ob  sie  mir  gram  geworden,  so  sehr 
mich  das  wahrlich  auch  bekiimmern  wiirde.  Und  sãhe  ich  sie  dann,  so  thâte 
ich  gut,  ihr  die  hõchsten  Eide  zu  schwõren,  dass  ich  sie  nie  geliebt  habe 
auf  eine  Weise,  die  sie  zu  ahnden  hàtte  (3). 

Spâter  jedoch  trate  ich  den  "VVahrheitsbeweis  an  dadurch ,  dass  ich ,  so 
wahr  mich  Gott  retten  mõge,  nie  wieder  von  meiner  Liebesqual  redete,  ob 
sio  mich  auch  tõtete.  Und  das  wiirde  bald  geschehen,  denn  nimmer  hat 
gelebt,  wer  soviel  litt  (4), 

Wie  ich  leide;  noch  hat  jemand  sich  âhnliches  aussinnen  kõnnen  (I). 

IV  O  verso  da  folha  está  em  branco. 


XXI 


CANTIGAS 


222  —  223 


DE 


PÊRO   BARROSO. 


i 


222. 

(Tr.  231). 

C  IX'  3É""" '"^^"^^'^"** 

Vinheta  Quand'  eu,  mia  senhor,  convusco  falei 

f.B9{==88)a  '  .     ' 

e  vus  dixe  ca  vus  queria  ben, 
senhor  ;se  Deus  me  valha!  fiz  mal-sen.  4965 

E  per  como  m'  end'  eu  depois  achei, 
5  ben  entendi,  freraosa  mia  senhor, 

ca  vus  nunca  poderia  mayor 

f.õ9{=^88)b        II  Pesar  dizer;  mas  non  pud'  eU' i  ai, 

mia  senhor  ;se  Deus  me  valha!  fazer;  4970 

e  fui  vo'-lo  con  gran  coita  dizer; 
10     mas  per  com'  eu  depois  m'  end^  achei  mal, 
ben  entendi,  fremosa  mia  senhor, 
ca  vus  nunca  poderia  mayor 

Pesar  dizer;  e  mal -dia  naci,  4975 

porque  vus  fui  dizer  tan  gran  pesar, 
15      e  porque  m'end'  eu  non  pude  guardar; 
ca  por  quant'  eu  depois  por  én  perdi, 
ben  entendi,  fremosa  mia  senhor, 
ca  vus  nunca  poderia  mayor  4980 

Pesar  dizer  do  que  vus  dix'  enton. 
20     Mais  se  menti,  ja  Deus  non  me  perdon! 

I  CV  2  (=  392)  —  1  con  vosco  —  2  dixi  —  3  mi  ~  fix  —  7  e  10 
mais  —  10  m'én  —  15  pudi  —  16  ca  p.  quanto  —  20  mi. 

II  Cantiga  de  ref  ram:  3  x  (4  +  2)  -}-  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||€C:dd.  —  Rimas  longas:  e^(a) 
mC»)  na  1"  copla;  al(«ò  êrW  na  2";  «'(«)  arW  na  3*;  ar  no  refram;  ow  na 
fiinda  que  portanto  está  desprendida,  quanto  ás  consoantes,  tanto  do 
refram  como  da  cantiga. 

III  Eine  Thorheit  beging  ich  wahrlich,  ais  icli  zu  Euch,  Herrin,  von 
meiner  Liebe  sprach;  denn  aus  den  Folgen  ||  erkannte  ich  nur  zu  gut,  dass 
ich  Euch  kein  grõsseres  Herzeleid  hiitte  bereiten  kõnnen  (1). 

Aber  ich  konnte  nicht  anders,  so  wahr  mir  Gott  helfe.  Im  Harme 
sprach  ich;  aus  den  Folgen  aber  ||  erkannte  ich  etc.  (2). 

Ein  Ungliicksmensch  bin  ich,  da  ich  Euch  Herzeleid  anthun  konnte, 
uud  mich  nicht  davor  zu  húten  vermochte.  Aus  den  Folgen  aber  ||  erkannte 
ich  etc.  (3). 

Gelogen  aber  habe  ich  nicht,  so  wahr  mir  Gott  helfe  (I). 

IV  Ao  pé  do  5"  verso  ha  no  CÁ  uma  nota  marginal  que  diz :  B  reffram, 
—  A  fiinda  teve  outr'  ora  musica  própria. 


t 


223. 

(Tr.  232). 

Por  Deus,  senhor,  tan  gran  sazon 
non  cuidei  eu  a  desejar 

vosso  ben,  a  vosso  pesar.  4985 

E  vedes,  senhor,  por  quê  non: 
5  Ca  non  cuidei  sen  vos[s]o  ben 

tanto  viver,  per  nulha  ren! 

f.59{r=88)c       II  Ne[w]  ar  cuidei,  des  que  vus  vi, 

o  que  vus  agora  direi:  4990 

mui  gran  coita  que  per  vos  ei 
10     soífrê'-la  quanto  a  sofíri. 

Ca  non  cuidei  sen  vosso  ben 
tanto  viver  per  nulha  ren! 

Nen  ar  cuidei  depois  d' Amor  4995 

a  soffrer  seu  ben  nen  seu  mal, 
15     nen  de  vos,  nen  de  Deus,  nen  d'al. 
E  direi -vus  por  quê,  senhor: 

Ca  non  cuidei  sen  vosso  ben 

tanto  viver  per  nulha  ren.  5000 

I  CV  3  (=  393)  -  1  Par  deus  —  9  por. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4-|-  2).  —  Octonarios  jam bicos.  — 
Coplas  singulares:  al)lt)a|lCC.  —  Eimas  longas:  onW  a/-(i>)  na  1*  copla; 
*(a)  eiíW  na  2°-;  ôr(a)  a/W  na  3*;  ew(C)  no  refram. 

m  Beim  Himmel,  Herrin,  ich  hâtte  nicht  geglaubt,  solange  Zeit  zu 
Eurera  Schmerze  nach  Eurer  Gunst  trachten  zu  mússen.  Warum?  ||  Weil 
ich  es  fiir  unmõglich  hielt,  ohne  dieselbe  solange  zu  leben  (1). 

Noch  glaubte  ich,  nachdem  ich  Euch  geschaut,  moin  Leid  solange 
ertragen  zu  kõnnen  (2). 

Noch  hâtte  ich  geglaubt,  Liebeslast  oder  Liebesleid  durch  Euch,  durch 
Amor,  durch  Gott,  oder  andere  Mâchte  solange  zu  dulden.  "Warum?  ||  Weil 
ich  etc.  (3). 

IV  O  resto  da  folha  está  em  branco. 


XXII 


CANTIGAS 


224  —  225 


DE 


DON  AFFONSO  LOPES,  DE  BAIAN. 


^ 


224. 

(Tr.  233). 

a  IX:  2/S  ,      .,  .    , 

viniieta  Senhor,  que  grav    oj    a  mi  e 


f.  60  (=  89)a 


de  m(e)  aver  de  vos  a  partir! 

Ca  sei,  de  pran,  pois  m'eu  partir', 

que  mi-averrá,  per  bõa  fé: 

averei  jse  Deus  me  perdon!  5005 

gran  coita  uo  meu  coraçon. 


^^ 


E  pois  partir'  os  olhos  meus 
de  vos,  que  eu  quero  gran  ben, 
e  vos  non  viren,  sei  eu  ben 
10      que  m'  averrá,  senhor,  par  Deus:  5010 

f.  60  (=  89)b.  II  averei  ;  se  Deus  me  perdon ! 

gran  coita  no  meu  coraçon. 

E  se  Deus  m'  algun  ben  non  der' 
de  vos,  que  eu  por  meu  mal  vi, 
lõ      tau  grave  dia  vos  eu  vi!  5015 

Se  de  vos  grado  non  ouver', 
i^^H^         averei  jse  Deus  me  perdon! 
f^^B^         gran  coita  no  meu  coraçon. 

I  CT  5  (395)  —  2  m'aver  —  5.  11  e  17  w*  —  8  Falta  gran  —  9 
vtis  —  10  q2ie  mi  averrá,  senhor,  j)or  deus  —  13  tni  —  15  vus  —  16  oer'. 

II  Cantiga  de  rofram:  3  x  (4  -|-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abba||€€.  —  Rimas  longas:  é(a)  «VC»)  na  1"  copla; 
eusi^)  én(^)  na  2";  éri^)  íC>)  na  3*;  on  no  refram.  —  A  rima  dos  versos 
2  e  3  é  idêntica. 

III  Schwer  fállt  es  mir,  hente  vou  Euch  zu  scheiden,  Herrin;  denn 
ich  weiss  mit  Gewissheit,  ||  dass  ich  hernach,  so  wahr  mir  Gott  helfe,  schweres 
Herzeleid  wordo  erduldon  miissen  (1). 

Sobald  moine  Augen  Euch,  dio  ich  innig  Hebe,  nicht  mehr  sehen,  er- 
geht  es  mir  schlimm.     Mit  Gewissheit  weiss  ich,  ||  dass  ich  otc.  (2). 

Falis  Gott  mir  nicht  Gunst  von  Euch  schenkt,  die  ich  zu  meinem 
Ijeide  sah,  war  es  ein  verhángnisvoUer  Tag,  an  dem  ich  Euch  erblickte. 
Wenn  ich  Eure  Huld  nicht  crfahre,  ||  so  werde  ich,  so  wahr  mir  Gott  helfe, 
hernach  schweres  Herzeleid  ei-dulden  miissen  (3). 

IV  Uma  nota  marginal  do  CA,  ao  pó  do  5"  verso,  diz:  A  reffram. 


28 


225. 

(Tr.  234). 

O  meu  senhor  [Deus]  me  guisou 
de  sempr'  eu  ja  coita  sofPrer,  5020 

enquanto  no  mundo  viver', 
u  m'el  atai  dona  mostrou 
õ  que  me  fez  filhar  por  senhor; 

e  non  lh'ouso  dizer:  „senhor"! 

E  se  Deus  ouv'  o  gran  prazer  5025 

de  me  fazer  coita  levar, 
que  ben  s'end'  el  soube  guisar 
10      u  me  fez  tal  dona  veer, 

que  me  fez  filhar  por  senhor! 

e  non  lh'ouso  dizer:  „senhor"!  5030 

I  CV  6  (396)  —  10  1°  verso  anda  falho  de  uma  syllaba  em  ambos 
os  códices.  Poder- se -hia  emendar  também:  mi-aguisou  —  7  ouve  g.  p. 
—  8  mi  —  10  ii  'm'el  f.  t.  d.  v.  —  16  min. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -}-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abba||C€.  —  Rimas  longas:  ozíW  êrC»)  na  1* copla; 
ár(a)  aríb)  na  2%  que  repete,  portanto,  uma  das  consoantes  da  anterior;  «'(») 
aríb)  na  3"^  que  emprega,  pelo  seu  lado,  uma  rima  da  copla  2*,  talvez  in- 
tencionalmente, apesar  de  não  haver  regularidade  na  repetição;  or  no  refram, 
com  a  palavra  idêntica  senhor  em  ambos  os  versos. 

III  Gott  der  Herr  hat  es  also  angeordnet,  dass  ich  stets  Triibsal  er- 
dulden  soU,  solange  ich  auf  Erden  lebe,  und  zwar  dadurch,  dass  er  mir 
eine  Frau  zeigte,  ||  die  ich  zur  Herrin  erkor,  obwohl  ich  nicht  wage,  sie  ais 
Herrin  anzureden  (1). 

War  es  sein  Wille,  mich  in  Miihen  zu  stiirzen,  so  ist  es  ihm  gut 
gelungen  dadurch,  dass  or  mir  eine  Frau  zeigte  ||  etc.  (2). 

Hatte  ich  Strafe  verdient,  so  hat  er  nicht  lange  mit  seiner  Rache 
zõgern  wollen  (3). 


435     — 


Se  m'eu  a  Deus  mal  mereci, 
non  vus  quis  el  muito  tardar, 
que  se  non  quises[s]e  vingar 
de  mi,  u  eu  tal  dona  vi 

que  me  fez  íilhar  por  senhor; 

e  non  lh'ouso  dizer:   „senhor"! 


5035 


28* 


LACUNA  15». 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  1^   DO  CADEKNO  IX. 


A  folha  antecedente  tem  o  verso  em  branco.  A  imme- 
diata  começa  no  meio  de  uma  cantiga.  A  que  falta,  trazia  por- 
tanto, provavelmente,  o  principio  da  serie  que  segue.  E  eífecti- 
vamente  o  CV  tem  entre  as  nossas  cantigas  Nos.  225  e  226 
quattro  poesias  sob  o  nome  do  mesmo  auctor  ao  qual  vem 
attribuidas  os  Nos.  226  e  227. 

Á  cerca  do  seu  nome  pode  haver  alguma  duvida  porque 
existem  aqui  divergências  entre  o  índice  e  os  Cancioneiros. 
Parece,  comtudo,  que  o  nome  Meen  Rodrigues  Tenoiro  é 
o  verdadeiro. 


VEJA -SE   A  SECÇÃO  13=^  DO  APPENDICE. 


XXIII 


CANTIGAS 


226—227 


DE 


MEEN   RODKIGUES,   TENOIRO. 


C.  X:  la 

f.  61  (=  90)a 


226. 

(Tr.  235). 

[Senhor  fremosa,  creede  per  mi 
que  vus  amo  ja  mui  de  coraçon,] 
e  gran  dereito  faç'  e  gran  razon, 
senhor,  ca  nunca  outra  dona  vi  5040 

tan  mansa,  nen  tan  aposto  catar, 
nen  tan  fremosa,  nen  tan  ben  falar 

Come  vos,  senhor;  e  pois  assi  é, 
mui  gran  dereito  faç'  en  vus  querer 
Bdiuí  gran  ben,  ca  nunca  pude  veer  5045 

10     outra  dona,  senhor,  per  boa  fó, 

tan  mansa,  nen  tan  aposto  catar, 
nen  tan  fremosa,  nen  tan  ben  falar 

Come  vos,  por  que  cedo  morrerei. 
Fero  direi-vus  ante  úa  ren:  5050 

dereito  faç'  en  vus  querer  gran  ben, 
^a  nunca  dona  vi  nen  veerei 
V         tan  mansa,  nen  tan  aposto  catar, 

nen  tan  fremosa,  nen  tan  ben  falar! 


15 


I  CV  11  (401)  —  Os  dous  primeiros  versos,  de  que  o  CA  andava  falto, 
foram  tirados  do  €V.  —  3  0  (-A  tem  e  mui  gran  raxon.  —  8  {fax  anuç) 
Cfr.  15  —  9  pudi  —  10  (outra  dona  fremosa  per  bona  fé)  —  15  fax. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2).  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  íil>ba]|€€.  —  Rimas  longas:  *'(»)  owO') 
na  1*  copla;  é(«)  êrW  na  2'';  //  '•;  mC»  na  3"*;  ar  no  refram. 

III  Glaubt  es  mir,  scbõue  lierrin,  dass  ich  Eucli  von  Herzen  liebe; 
xmd  recht  und  richtig  handle  ich  darin,  da  koine  andere  Euch  ||  an  Sanftmut, 
Holdseligkeit  und  Kedo  gleicht. 


227. 

(Tr.  236). 

Quando  m'eu  mui  triste  de  mia  senhor         5055 
mui  fremosa  sen  meu  grado  quitei, 
e  s'ela  foi,  mesquinh',  e  eu  fiquei, 
f.6i(=90)b  II  i  nunca  me  valh'  a  min  Nostro  Senhor, 
5  se  eu  cuidasse  que  tanto  vivera 

se'- na  veer,  se  ante  non  morrera  5060 

Ali,  u  eu  d'ela  quitei  os  meus 
olhos  e  me  d'ela  triste  parti! 
Se  cuidasse  viver  quanto  vivi 
10     se'-na  veer  j  nunca  me  valha  Deus, 

se  eu  cuidasse  que  tanto  vivera  5065 

se'-na  veer,  se  ante  non  morrera 


I  CV  12  (=  402)  - 

mi  —  10  9ni  —  16  mi. 


3  e  eu  mexqtiinho  fiquei  —  4  n.  mi  valha  a 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -|-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  alt)ba||CC.  —  Rimas  longas  e  breves:  ô/-(a; 
eiW  na  1*  copla;  eusW  ii^)  na  2";  o?iW  erW  na  3'';  era  no  refram. 

III  Ais  ich  traurig  von  der  Geliebten  Abschied  nahm,  und  sie  von 
hinnen  ging,  mich  aber  elend  zuriickliess ....  Gott  niõge  mir  nicht  lielfen, 
wenn,  |1  falis  ich  geglaubt,  solange  ohne  ihren  Anblick  leben  zu  mússen,  ich 
nicht  vorgezogen  hâtte,  zu  sterben  (1) 

Gleich  damals,  ais  ich  die  Augen  von  ihr  wandte  und  traurig  meines 
"Weges  zog.  Hâtte  ich  geahnt,  wie  laoge  ich  leben  wiirde,  ohne  sie  zu 
sehen .  ...  Gott  moge  mir  nicht  helfen,  wenn,  ||  falis  ich  geglaubt,  solange 
ohne  ihren  Anbliok  leben  zu  miisscn,  ich  nicht  vorgezogen  hâtte,  zu  sterben  (2) 

Gleich  damals,  ais  ich  von  ihr  schied.  Doch  ahnte  ich  nicht,  dass 
ich  solange  wiirde  leben  kõnnen,  ohne  sie  zu  sehen.  Denn  Gott  der  Herr 
mõge  mir  nicht  verzeihen,  wenn,  ||  falis  ich  geglaubt,  solange  ohne  ihren  An- 
blick leben  zu  miissen,  ich  nicht  vorgezogen  hatte,  zu  sterben  (3). 


15 


—     441     — 


Ali,  u  m'eu  cl'ela  quitei!     Mais  non 
cuidei  que  tanto  podesse  viver, 
como  vivi,  se'-na  poder  veer; 
ca  iNostro  Senhor  nunca  me  perdon, 
se  eu  cuidasse  que  tanto  vivera 

Ése'-na  veer,  se  ante  non  morrera! 


5070 


LACUNA  16". 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  2«  DO  CADERNO  X. 


A  folha  antecedente  tem  o  verso  em  branco.  A  imme- 
diata  começa  no  meio  de  uma  cantiga.  Devemos  calcular, 
portanto,  que  a  meia-folha  arrancada  continha  o  principio  da 
serie  que  segue  e  vem  attribuida  nos  apographos  italianos  a 
Joan  de  Guilhade. 

Abstrahindo  dos  primeiros  versos  do  nosso  No.  226,  as 
obras  d'este  auctor,  que  o  CV  oíferece  a  maior,  são  uma  can- 
tiga collocada  no  principio  e  uma  no  fim  do  grupo,  ás  quaes 
accresce  mais  outra  no  CB  (No.  39).  Juntas  talvez  enchessem 
as  duas  paginas  que  faltam  no  CA. 

As  divergências  que  existem  no  lugar  correspondente  nos 
cancioneiros  italianos,  c  a  falta  de  correspondência  entre  elles 
e  o  índice  (que  interpõe  entre  os  nossos  Nos.  227  e  228  um 
grupo  de  cantigas  de  Affonso  Fernandes  Cobolilha  e  ainda 
outro  de  D.  Affonso  Sanches,  carecendo  de  cinco  das  can- 
tigas de  Guilhade,  contidas  no  pergaminho  da  Ajuda)  não 
deixam  decidir  a  questão. 


VEJA- SE  A  SECÇÃO   14»  DO  APPENDICE. 


XXIV 


CANTIGAS 


228  —  239 


DE 


JOAN   DE   GUILHADE. 


228. 
(Tr.  y  a  p.  318;  e  novamente  a  p.  389). 

[Que  muitos  me  preguntaran, 
quando  m'ora  viren  morrer, 
por  quê  moir' !  e  quer'  eu  dixer 
quanto  x'ende  pois  saberan: 

Moir'  eu  porque  non  vef  aqui 
a  dona  que  non  vef  aqui. 

E  preg untar -m'-an,  eu  o  sei, 
da  dona  que  diga  qual  é; 
e  juro-vus,  per  bõa  fé, 
que  nunca  Ihis  eu  ínaís  direi: 

Moir'  eu  porque  non  vef  aqui 
a  dona  que  non  vef  aqui. 

E  diran-me  que  parecer 
viron  aqui  donas  mui  be?i:] 

C  X  ■  3a 

f.  62     15     i  e  direi-vo'-lhes  eu  por  én 

{=91)a  "  ^ 

quanto  mi-or(a)  oistes  dizer: 

Moir'  eu  porque  non  vej'  aqui 
a  dona  que  non  vej'  aqui. 


5075 


5080 


5085 


5090 


I  €V  29  (418)  e  38  (426).  É  onde  o  texto  está  melhor  conservado. 
—  Os  primeiros  14  versos  são  tirados  do  CV.  —  1  Falta  no  No.  29.  —  3 
moiro  e  qtier'  ora  (29)  —  13  mi  (29)  —  1.5  vo'-lhis  (38)  —  16  m'ora 
(29  e  38)  —  21  mais  (29  e  38)  —  22  digti  est'  e  n.  d.  ai  (29)  —  digo 
esto  nunca  d.  a.  (38). 

II  Cantiga  de  ref  ram:  4  x  (4  -j-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbaj|€C.  —  Rimas  longas:  ««(«)  eVC»)  na  1*  copla; 
ei(a)  é"»)  na  2";  êr(^)  énW  na  3%  que  repete  portanto  uma  das  consoantes 
dal";  al(^)  iW  na  4";  i  também,  contra  o  costume,  no  refram,  que  em- 
prega em  ambos  os  versos  a  formula  que  non  vef  aqui. 


—     446     — 

E  non  digii'  eu  das  outras  mal, 
20     nen  ben,  nen  sol  non  falo  i; 
mas  pois  vejo  que  moir'  assi, 
dig[?í]'  est(o)  e  nunca  direi  ai: 

Moir'  eu  porque  non  vej'  aqui  5095 

a  dona  que  non  vej'  aqui. 

III  Viele  von  douen,  welche  mich  am  Stevben  sehen,  werden  fragen, 
warum  ich  sterbe,  und  schon  jetzt  antworte  ich  darauf:  ||  um  eine  Dame, 
die  ich  hier  niclit  sehe  (1). 

Und  weiter  werden  sie  fragen,  welclie  es  ist.  Ich  abar  schwore,  dass 
ich  weiter  nichts  verraten  werde:  ||  ich  sterbe  um  eine  Dame  etc.  (2). 

Sie  werden  entgegnen,  dass  viele  schone  Frauen  hier  sind.  Ich  aber 
bleibe  dabei:  1|  ich  sterbe  etc.  (3). 

Von  den  úbrigen  rede  ich  weder  im  Guten  noch  im  Bõsen,  sondern 
schweige  von  ihnen.     Nur  das  eine  wiederhole  ich:  ||  ich  sterbe  etc.  (4). 


10 


15 


229. 

(Tr.  237). 

Amigos,  non  poss'  eu  negar 
a  gran  coita  que  d'amor  ei, 
ca  me  vejo  sandeu  andar, 
e  con  sandece  o  direi: 

Os  olhos  verdes  que  eu  vi 
me  fazen  or(a)  andar  assi. 

Pêro  quen-quer  x'entenderá 

aquestes  ollios  quaes  son; 

e  d'est'  alguen  se  queixará; 

mais  eu,  ja  quer  moira,  quer  non: 
Os  olhos  verdes  que  eu  vi 
me  fazen  or(a)  andar  assi. 

Pêro  non  devi'  a  perder 
ome,  que  ja  o  sen  non  á, 
de  con  sandece  ren  dizer; 
e  con  sandece  digu'  eu  ja: 

»0s  olhos  verdes  que  eu  vi 
me  fazen  or(a)  andar  assi. 


5100 


5105 


5110 


I  CV30  (419)   —   1  Amigo 
omen  —  lõ  e  IG  sandice. 


4  sandice  —   13  devia  a  p.  —    14 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -}-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abab||€€.  —  Rimas  longas:  ar(»)  ei(^)  na  1"  copla; 

áW  ow('>)  na  2";  er^»)  «(•»)  na  3";  *  no  refram. 

IH  Fníunde,  ich  kann  meine  Liebespein  nicht  verheimlichen ,  denn 
zum  Thoren  hat  sie  mich  bereits  gemacht  und  aus  Thorlieit  bekenne  ich  es:  || 
die  griinen  Augen,  in  die  ich  geschaut,  haben  mich  zum  Thoren  gemacht  (1). 

Jedweder  wird  vorstehen,  wem  diese  Augen  gehõren;  und  jemand 
wird  sich  darob  beklagen ;  ich  aber  (bekenne) ,  gleichviel  ob  ich  sterbe  oder 
lebe:  ||  die  grúnen  Augen  etc.  (2). 

Angerechnet  dúrfte  es  dem  nicht  werden,  der  aus  Thorlieit  etwas 
gestoht.  Und  nur  aus  Thorheit  sago  ich  es,  ||  dass  es  die  grúneu  Augen 
sind,  in  die  ich  geschaut,  welche  mich  zum  Thoren  machen  (3). 

IV  Cfr.  Diez  p.  89  e  Storck  No.  21.  Na  linda  versão  poética  d'este 
ultimo,  ha  apenas  um  pequeno  ^senão".  O  „alguem"  que  se  queixará,  não  é 
^Mancher",  mas  antes,  a  meu  ver,  uma  certa  e  distincta  pessoa:  a  dona  dos 
olhos  verdes. 


230. 

(Tr.  238). 

f.62{=9i)b       «Senhor,  veedes-me  morrer,  5115 

desejando  o  vosso  ben; 
^e  vos  non  dades  por  én  ren, 
nen  vus  qiieredes  én  doer?» 
5  «Meu  araigu',  enquant'  eu  viver', 

nunca  vus  eu  farei  amor  5120 

per  que  faça  o  meu  peor.» 

«Mia  senhor,  por  Deus  que  vus  fez, 
que  me  non  le[^]xedes  assi 
10      morrer!  e  vos  faredes  i 

gran  mesura  con  mui  bon  prez!»  5125 

« Direi- vo'-!',  amig',  outra  vez: 
nunca  vus  eu  farei  amor 
per  que  faça  o  meu  peor.» 

I  CV  31  o  32  (420)  —  Emendei  no  verso  9  leixedes  (por  lexedes)  e 
no  10  vos  (por  vus)  —  3  ren  por  én  —  7  peyor  —  12  direi-vo'-lo, 
amiga  o.  v.  —  18  efforçad'  —  A  emenda  esforçad'  parece  offerecer-se 
muito  naturalmente.  —  Depois  do  verso  12,  ambos  os  códices  repetem  o  que 
figura  como  principio  do  refram  na  P  estrophe;  o  CV  repete  o  mesmo 
erro  ainda  depois  do  19°. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -]- 3).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||AC€.  —  Rimas  longas:  erW  é%(>»)  na 
1"  copla;  e*(a)  it'>)  na  2"";  on^^)  eiO»)  na  3";  ôr  no  refram,  abstrahindo-se 
do  1°  verso  que  responde  á  rima  a  do  corpo  da  cantiga. 

III  ^Herrin,  seht  mich  sterben  aus  Sehnsucht  nach  Eurer  Gunst. 
Ihr  aber  kúmmert  Euch  nicbt  darum  und  habt  kein  Mitleid  mit  mir?"  |j 
„Mein  Freund,  solang  ich  lebe,  werde  ich  Eiicb  nichts  Liebes  antbun,  das 
fiir  mich  Leides  wáre."  (1) 

„Liebe  Herrin,  um  des  Schõpfers  willen,  lasst  mich  nicht  so  ver- 
derben;    so  werdet  Ihr  ein  Werk   der  Gerechtigkeit   und   edler  Gesinnung 


20 


449     — 


«Mia  senhor,  que  Deus  viis  perdon, 
nembre-vus  qiiant'  affan  levei 
por  vos,  ca  por  vos  morrerei! 
E  forçad'  esse  coraçon!» 

«Meu  amig',  ar  direi  que  non: 
nunca  vus  eu  farei  amor 
per  que  faça  o  meu  peor.» 


5130 


5135 


thuD."  II  „Noch  einmal  wiederhole  icli  es,   Freund,   dass  icli  Euch  nimmer 
Liebes  antlmn  werde,  das  fiir  mich  Leides  wJlre."  (2) 

„Gedenkt,  o  Herrin,  beim  Hinimel  der  argen  langen  Pein,  dio  ich 
um  Euch  erduldet,  und  dia  mich  ins  Giab  bringt.  So  starkt  doch  dieses 
Herz."  II  „Abermals  entgegne  icli  „neia'',  mein  Freund:  niemals  werde  ich 
Euch  Liebes  anthun,  díis  fiir  mich  Leides  werden  kõnnte."  (3) 

IV  Uma  nota  marginal  do  CA,  junta  ao  verso  5",  diz:  respondeo-lhe. 


29 


231. 

(Tr.  239). 

U  m'eu  parti  d'ii  m'eu  parti, 
f.  62  (=  9i)c  II  logu'  eu  parti  aqnestes  meus 
olhos  de  veer;  e  par  Deus, 
quanto  ben  avia,  perdi, 
5      ca  meu  ben  tod'  era  veer.  5140 

E  mais  vos  ar  quero  dizer: 
pêro  vejo,  nunca  ar  vi! 

Ca  non  vej'  eu,  pêro  vej'  eu, 
quanto  vej'  eu,  non  me  vai  ren, 
10      ca  perdi  o  limie  por  én  5145 

porque  non  vej'  a  quen  me  deu 
esta  coita  que  og'  eu  ei, 
que  jamais  nunca  veerei, 
se  non  vir'  o  parecer  seu. 

I  CV  33  (421)  —  1  Quand'  eu  p.  —  5  era  en  veer  —  6  viis  —  8 
(epero)  —  9  mi.  Talvez:  quanto  vef  e  non  7ne  vai  ren?  ou:  vef  eu,  nen 
me  V.  r.?  —  11  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbacca.  —  Rimas  longas:  i(^)  eusW  êrW  na 
1*  estancia;  euW  énW  ei(c)  na  2'^;  e*(a)  onW  ar(c)  na  3%  que  portanto 
emprega,  indevidamente,  uma  das  rimas  da  2^  —  Diez  (a  p.  62)  considera 
o  aí'tiflcio  do  dobre,  peculiar  aos  primeiros  dous  versos  e  ao  ultimo  das 
estrophes,  como  rima  interior,  idêntica. 

III  Ais  ich  schied,  von  wo  ich  schied,  schied  ich  sofort  diese  meine 
Augen  vom  Sehen  und  verlor  beim  Himmel  alies,  was  ich  Liebes  mein 
nannte;  denn  alies  Liebste  war  mir:  zu  sehen.  Und  ob  ich  jetzt  auch 
sehe,  babe  ich  doch  nichts  gesehen  (1). 

Nichts  sehe  ich,  ob  ich  auch  sehe;  denn  was  ich  auch  sehe,  hat  keinen 
"Wert  fiir  mich;  das  Licht  ist  fiir  mich  nicht  mehr  da,  seit  ich  die  nicht 
sehe,  die  mir  dies  Leid  bereitet  hat;  und  nimmer  wieder  werde  ich  sehen, 
falis  ich  nicht  ihr  boldes  Antlitz  sehe  (2). 


i 


451     — 


15  Ca  ja  ceguei,  quando  ceguei, 

de  pran,  ceguei  eu  logu'  enton, 
jo  ja  Deus  nunca  me  perdon 
se  ben  vejo,  nen  se  ben  ei! 
Pêro,  se  me  Deus  ajudar', 

20      e  me  cedo  quiser'  tornar 
u  eu  ben  vi,  ben  veerei! 


5150 


Erblindet  bin  ich,  seit  ich  erblindete;  gleich  damals  ward  ich  giinz- 
lich  blind.  Gott  sei  mir  riicht  gniidig,  wenn  ich  sonst  noch  Gutes  sehe 
oder  besitzc.  Ililft  er  mir  hingegen  und  fiihvt  mich  von  neuem  dahin,  \vo 
ich  Liebes  geschaut  habe,  so  werde  ich  wiederum  Liebes  schauen  (3). 

IV  Junto  ao  8"  verso  ha  uma  nota  quasi  apagada,  de  uma  palavra 
só,  qne  parece  dizer:  fina! 


29'* 


232. 

(Tr.  240). 

A  bõa  dona,  por  que  eu  trobava 
f.  62  (=  9i)d  e  que  non  dava  nulha  ren  ||  por  mi, 
pêro  s'ela  de  min  ren  non  pagava, 
soffrendo  coita,  sempre  a  servi.  5160 

5     E  ora  ja  por  ela  'nsandeci! 

E  dá  por  mi  ben  quanto  x'ante  dava! 

E  pêro  x'ela  con  bon  prez  estava 
e  con  [mui]  bon  parecer  que  lh'eu  vi, 
e  lhe  sempre  con  meu  trobar  pesava,  5165 

10  trobei  eu  tant(o),  e  tanto  a  servi 
que  ja  por  ela  lum'  e  sen  perdi! 
E  anda  x'ela  por  qual  x'ant'  andava: 

I  CV  34  (422)  —  3  m,i  —  5  por  el'  ensandeci  —  6  {quanf  ante 
dava)  —  8  mui  falta  em  ambos  os  códices  —  9  llii  —  10  taiit'  e  tanto 
—  12  por  qual  ant'  andava  —  13  (pgava)  —  19  sandic'  e  morte  — 
20  mi. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.   —  Coplas  equiconsoantes:   ababba :  ba.  —   Rimas  breves  e 

longas:  avai^)  *('>). 

III  Der  edlen  Dame,  fiir  die  ich  meine  Lieder  gedichtet  habe,  ohne 
dass  sie  mir  Dank  dafiir  wusste,  liabe  ich  iumitten  baoger  Qiialon  gedient, 
ob  sie  mich  auch  gar  nicht  beachtete.  Nun  aber  bia  ich  um  sie  zum 
Narren  geworden:  sie  aber  verandert  die  gewohnte  Haltung  nicht  (1). 

Obwohl  sie  sich  ihres  hohen  "Wertes  und  ihrer  Schõnheit  bewusst  ist 
iind  immer  iiber  meia  Dichten  ziirnte,  habe  ich  solange  weiter  gedichtet 
und  gedient,  dass  ich  Augenlicht  und  Verstaud  um  sie  verloren  habe:  sie 
aber  verandert  die  gewohnte  Haltung  nicht  (2). 

Sie  bleibt  ihres  hohen  "VVertes  sich  wohl  bewusst,  und  das  mit  Recht; 
denn  wenn  jemand  ihr  vou  meiner  Trauer  sprach,  so  hõrte  sie  ihn  gar  nicht 
an,  noch  wendete  sie  sich  ihm  zu.  Schliesslich  aber  habe  ich  durch  mein 
grosses  Leid  doch  etwas  erreicht:  (3) 


—     453 


Por  de  bon  prez;  e  muito  se  prezava; 
e  dereit'  é  de  sempr'  andar  assi,  5170 

15      ca  se  Ih'  alguen  na  mia  coita  falava, 
sol  non  oia,  nen  tornava  i; 
pêro  por  coita  grande  que  soffri 
oimais  ei  d'ela  quant'  aver  coidava: 

B^^  Sandec(e)  e  morte  que  busquei  sempr(e)  i!    5175 
20     E  seu  amor  me  deu  quant'  eu  buscava! 


Nanheit  und  don  Tod,  nach  dem  ich  mich  gesehnt  habe.  So  gab  niir 
ihre  Liebe  alies,  was  ich  ersehnte  (I). 

IV  A  fiinda  tem  pauta  para  musica.  —  No  CA  ha  três  notas  margi- 
naes,  differentes,  quasi  apagadas.  A  primeira,  relativa  ao  verso  2",  diz:  e  deste 
aprendeo  joam  de  niena\  a  segunda,  ao  pé  do  verso  9",  exclama:  trobasses 
tu  ben  e  nõ  lhe  pesara!  emquanto  o  teor  da  ultima,  jocosa  como  a  anterior, 
é:  gabar -ssc- me  quer! 


233. 

(Tr.  241). 

Amigos,  quero -vus  dizer 
^  ?o^'  i%    i  a  liiui  ffian  coita  'n  que  mo  ten 
lia  dona  que  quero  ben 

e  que  me  faz  ensandecer.  5180 

5      E  catando  po'-la  veer, 

assi  and'eu,  assi  and'ea, 
assi  and'eu,  assi  and'eu! 

E  ja  m'eu  consellio  non  sei, 
ca  ja  o  meu  adubad'  é;  5185 

10  e  sei  mui  ben,  per  boa  fé, 
que  ja  sempr'  assi  andarei. 
Catando,  se  a  veerei, 

assi  and'eu,  assi  and'eu, 

assi  and'eu,  assi  and'eu!  5190 

I  CV  35  (423)  —  1  vus  —  6  0  CV  repete  oito  vezes  a  exclamação : 
assi  and' eu.  —  8  E  ja  eu  conselho  non  sei  —  1 1  sempre  'ssi  a. 

II  Cantiga  do  refram:  3  x  (5  -[-  2)  --1-  2.  —  Octonarios  jainbicos. 
—  Coplas  singulares:  abbaa || CC :  a^a^  —  Rimas  longas:  er(«)  6'y^^'>) 
na  1"  copla;  ei(a)  e('>)  na  2'';  arW  *'(•>)  na  3*;  eu  no  refram;  ar  na  fiinda, 
que  responde  á  rima  a  da  ultima  copla. 

III  Freunde,  icli  will  Euch  Kunde  geben  von  der  grossen  Not,  iu 
welclie  niich  die  geliebte  Frau  gebracht:  zum  Narren  hat  sie  mich  gemacht. 
Und  danach  ausscbaueud,  ob  icli  sie  erblicke,  ||  so  lebe  ich,  so  lebe  ich  (1). 

Ich  weiss  mir  keinen  Rat;  mein  Schicksal  ist  voraus  bestimmt;  fúr 
gewiss  halte  ich  es,  dass  ich.  dauernd  so  leben  werde.  Danach  ausschauend, 
ob  ich.  sie  erblicke,  |1  so  lebe  ich  etc.  (2). 

Weinen  kann  ich  nicht  mehr.  Das  viele  AVeinen  hat  mich  schon 
nârrisch.  gemacht.  Die  Liebe  ist  es,  die  mich  mitnimmt,  wie  Ihr  seht. 
Ausschauend,  ob  ich  sie  erblicke,  ||  so  lebe  ich  etc.  (3). 

Verheimlichen  kann  ich  es  nicht  lánger,  dass  es  jemand  ist,  der 
mich  so  zugerichtet  hat  (I). 


—     455 


15  E  ja  eu  non  posso  chorar, 

ca  ja  chorand'  ensandeci; 
e  faz  mi-Anior  andar  assi 
como  me  veedes  andar: 
catando  per  cada  logar, 

20  assi  and'eu,  assi  and'eu, 

assi  and'eu,  assi  and'eu. 

E  ja  o  non  posso  negar: 
alguen  me  faz  assi  andar! 


5195 


IV  A  fiinda  tem  pauta  para  musica,  —  Em  uma  nota,  quasi  tão  gasta 
como  as  anteriores,  o  antigo  annotador  do  CA  manda  o  poeta  „á  breca". 
As  letras  parecem  dizer:  andaê  era  maa  o  vades!  (=  Andai  era-máa  u 
vades!)  ou:  atida  em  era  maa  u  vades! (?) 


234. 

(Tr.  242). 

f.  63  (=  92)b       II  Quantos  an  gran  coita  d'amor  5200 

eno  mundo,  qual  og'  eu  ei, 
querrian  morrer,  eu  o  sei, 
e  averian  6n  sabor, 
5      Mais  montr'  eu  vos  vir',  mia  senhor, 

sempre  m'eu  querria  viver,  5205 

e  atender  e  atender! 

Pêro  ja  non  posso  guarir, 
ca  ja  cegan  os  olhos  meus 
10     por  vos,  e  non  me  vai  i  Deus 

nen  vos;  mais  por  vos  non  mentir,  5210 

enquant'  eu  vos,  mia  senhor,  vir', 
sempre  m'eu  querria  viver, 
e  atender  e  atender! 

15  E  tenho  que  fazen  mal-sen 

quantos  d 'amor  coitados  son  5215 

de  querer  sa  morte,  se  non 

ouveron  nunca  d'amor  ben, 

com'  eu  faç'.     E,  senhor,  por  én 
20  sempre  m'eu  quer[/'|ia  viver, 

e  atender  e  atender!  5220 

I  CV  36  (424)  —  10  mi  —  vus  —  \Q  cuitados. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5 -]- 2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abll)aa||CC.  —  Rimas  longas:  o/-(a)  ei(i>)  na 
l""  copla;  «VW  ewsC»)  na  2»;  c?í(a)  owC>)  na  3'';  êr  no  refram. 

m  Alie,  welche  hienieden  leiden,  wie  ich  leide,  mõchten  sterben, 
das  weiss  ich  wohl,  uiid  wareu  gliicklich,  geschâhe  es.  Ich  aber,  solange 
ich  Euch,  o  Herrin,  sehe,  ||  will  leben  und  warten,  ja  warten  (1)! 

Zwar  kann  ich  nicht  genesen,  denn  die  Augen  sind  blind  geworden 
um  Euch,  ohne  dass  Gott,  oder  Ihr,  Erbarmen  mit  mir  híittet;  aber  die 
Wahrheit  ist,  dass,  wenn  ich  Euch  nur  sehe,  Herrin,  |]  ich  leben  will  und 
warten,  ja  warten  (2). 

Mir  scheint,  es  thun  Unrecht  die,  welche  aus  Liebe  bokiimmert  sind 
und  den  Tod  herbeiwiinschen,  weil  sie,  wie  ich,  durch  die  Liebe  nichts 
Liebes  erfuhren.  |]  Ich  aber  will  leben  und  warten,  ja  warten  (3). 


235. 
(Tr.  243). 


f.63{,=  92)c        II  Gran  sazon  á  que  eu  morrera  ja 
por  mia  senhor,  desejando  seu  ben; 
mais  ar  direi -vus  o  que  me  deten 
que  non  per  moir',  e  direi -vo'- lo  ja: 
5  falan-me  d'ela,  e  ar  vou -a  yeer! 

ja-quant'  esto  me  fozia  viver! 

E  esta  coita,  'u  que  eu  viv'  assi, 
nunca  ón  parte  soube  mia  senhor; 
e  vou  vivend'  a  gran  pesar  d'Amor. 
10     E  direi  ja  por  quanto  viv'  assi: 

falan-me  d'ela,  e  ar  vou -a  veer! 
ja-quant'  esto  me  fazia  viver! 


5225 


)230 


II  Cantiga  de  refram:  3x  (4  4- 2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
i-bicos.   —   Coplas  singulares:    abbal|€C:cc.   —  Rimas  longas:  «(«) 

(•>)  na  1*  copla;   «(«)  Ôr(b)   na  2*;  oni»)  ari'>)  na  3'';   êr  no  refram  e  na 
inda.  —  Palavras  idênticas  no  1"  e  ultimo  verso  de  cada  estrophe. 

III  Seit  langeni  wáre  ich  beinahe  gestorben  aus  Liebessehnsucht  nach 
meiner  Herriu;  eines  aber  híilt  niich  davon  zuruck,  dass  ich  nicht  ganz  und 
gar  sterbe:  ||  nian  spricht  mii-  von  ihr  und  ich  werde  sic  wiedersehen.  Ein 
wenig  hâlt  mich  das  am  Leben  (1). 

Von  der  Qual,  in  welchor  ich  um  sie  Icbe,  weiss  meine  Henin  auch 
licht  den  kleinsten  Teil.  Der  Liebo  zuni  Trotz  aber  lebe  ich  weiter:||man 
spricht  etc.  (2). 

Nur  auf  diese  Weise  lebe  ich.  Ich  horo  dio  Leute  von  ihrcn  Vor- 
zijgen  reden.  Dann  komrat  die  Liebe  und  will  mich  tõtcn.  Aus  einera 
Grande  aber  génese  ich:  ||  man  spricht  etc.  (3). 

Solango  ich  kann,  werde  ich  mein  Leben  erhalten.  Denn  hernach 
muss  ich  doch  um  sie  sterben  (I). 


—     458     — 

Non  viv'  eu  ja  se  per  aquesto  non: 
ouç'  eu  as  gentes  no  seu  ben  falar. 
15      E  ven  Amor  logo  por  me  matar,  5235 

e  non  guaresco  se  per  esto  non: 

falan-me  d'ela,  e  ar  vou- a  veer! 
ja-quant'  esto  me  fazia  viver! 

E  viverei,  mentre  poder'  viver, 
20     ca  pois  por  ela  me  ei  a  morrer!  5240 


IV  Junto  ao  verso  5*^  lia  uina  chamada  para  o   illuminador  que   diz: 
ff  reffrmn. 


236. 

(Tr.  244). 

f.  63  (=  93)d       Se  m'ora  Deus  gran  ben  fazer  ||  quisesse, 
non  m'avia  mais  de  tant'  a  fazer: 
lei xar-m 'aqui,  u  m'ora  'stou,  viver. 
E  do  seu  ben  nunca  ni'el  outro  desse! 
5      Ca  ja  serapr'  eu  veer  ia  d'aqui 
aquelas  casas  u  mia  senhor  vi, 
e  cata'- la  ben,  quanto  m'eu  quisesse. 

Par  Deus,  senhor,  viçoso  viver  ia 
e  en  gran  ben,  e  on  mui  gran  sabor 
veê'-las  casas  u  vi  mia  senhor! 
E  catara-la  quant'  eu  cataria! 
Mentr'  eu  d'aquesto  ouvess'  o  poder 
d'aquelas  casas  que  vejo,  veer, 
nunca  én  ja  os  olhos  partiria! 


10 


5245 


5250 


II  Cantiga  demeestria:  3x7-[-3.  —  Decasyllabosjambicos. 
—  Coplas  singulares:  abbacca.  —  Rimas  breves  e  longas:  essei») 
êr(^)  *'(«)  lia  1*  estancia;  ioC»)  or(b)  ér(c)  na  2%  que  repete  portanto  uma 
das  consoantes  da  anterior;  m(»)  «»(•>)  ôz-W  na  3",  enlaçada  com  a  do  meio 
pela  consoante  a;  êr  êr  ia  na  fiinda,  que  parece  regressar  á  rima  b  da 
1"  estrophe  e  a  das  restantes,  a  não  ser  quo  as  ultimas  estejam  invertidas, 
como  ja  suspeitara  Diez  (a  p.  71).  Ha  ainda  outra  irregularidade  na  con- 
strucção  d'esta  cantiga:  a  !•''  estrophe  é  redonda;  e  as  outras  não. 

III  WoUte  Gott  mir  jetzund  eine  Wohlthat  erweisen,  so  brauchte  er 
mir  nichts  anderes  zu  gewâhren:  ais  dass  er  mich  liier,  wo  ich  wcile, 
wohnen  liesse.  Weitere  Gaben  vorlangte  icli  dann  nicht.  Denn  stets  wúrde 
ich  dann  von  hier  aus  jcne  Gebâude  erblicken,  in  denen  ich  meine  Herria 
gesohen  babe;  und  scliauen  diirfte  ich  sie  nach  Herzens  Lust  (1). 

Beim  Himmol!  wonnig,  ia  Froude  und  Lust  wúrde  ich  leben,  die 
Gebâude  sehen,  wo  ich  sie  erblickt  babe,  und  sie  schauen,  soviel  ich  woUte! 


—     460     — 

15  D'aqui  vej'  eu  Barcelos  e  Faria,  5255 

e  vej'  as  casas  u  ja  vi  algiien, 

per  bõa  fé,  que  me  nunca  fez  ben! 

Yedes  por  quê:  por  que  x'o  non  queria. 

E  pêro  sei  que  me  matará  'mor, 
20      enquant'  eu  fosse  d'aqui  morador,  5260 

nunca  eu  ja  d'el  morte  temeria. 

E  esse  pouco  que  ei  de  viver, 
vive'- lo -ia  a  mui  gran  prazer, 
ca  mia  senhor  nunca  mi -o  saberia! 

Solange  es  ia  meiner  Macht  bliebe,  jeues  Haus  zu  sehen,  wiirde  ich  die 
Augen  nicht  hiaweg  wenden  (2). 

Von  liier  aus  selie  ich  Barcelos  und  Faria  und  das  Haus,  iii  dem  ich 
ein  Wesen  erblickte,  das  niir  nie  Liebes  aiigethan.  Warum?  weil  es  nicht 
wollte.  Und  obwohl  ich  wciss,  dass  die  Liebe  mich  tõteu  wird,  wiirde  ich 
den  Tod  doch  nicht  fúrchten,  solange  ich  hier  weilte  (3). 

Den  kleinen  Lebensrest  wiirde  ich  in  Seligkeit  verbriugen :  denn  moine 
Herrin  wiirde  nicht  darum  wissen  (I). 


237. 

(Tr.  245). 

f  H:,'^,'  ^no^         Estes  meus  olhos  nunca  perllderan,  526^5 

senhor,  gran  coita,  mentr'  eu  vivo  for'. 
E  direi -vus,  fremosa  mia  senhor, 
d'estes  meus  olhos  a  coita  que  an. 
õ  Choran  e  cegan  quand'  alguen  non  veen, 

e  ora  cegan  por  alguen  que  veen.  5270 

Gruisado  teen  de  nunca  perder 
meus  olhos  coita  e  meu  coraçon. 
E  estas  coitas,  senhor,  minhas  son; 
10     mais  los  meus  olhos,  per  alguen  veer, 

choran  e  cegan  quand'  alguen  non  veen,  5275 
e  ora  cegan  por  alguen  que  veen. 

IP  E  nunca  ja  poderei  aver  ben, 
poia  que  Amor  ja  non  quer,  nen  quer  Deus. 
15      Mais  os  cativos  d'estes  olhos  meus 

morreran  sempre  por  veer  alguen:  5280 

choran  e  cegan  quand'  alguen  non  veen, 
e  ora  cegan  por  alguen  que  veen. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2).  —  Docasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||€C.  —  Rimas  longas:  a«(a)  orC»)  na 
1"  copla;  (■r(a)  on(^)  na  2";  éw(«)  e?<.çíh)  na  3*;  o  m,  ou  een,  no  refram. 
Impossível  decidir,  se  o  trovador  pronunciava  vè-en^  ou  »en,  empregando 
a  contracção,  que  é  tão  vulgar  no  interior  dos  versos.  —  No  1"  caso 
teríamos  rima  breve  (C).  Ha  identidade  nas  consoantes  do  refram,  como 
em  o  No.  228. 

III  Meine  armen  Augen  werden  mein  Lebtag  ihre  grosse  Triibsal  nicht 
los.  Hõrt  nun,  schõno  Herrin,  worin  ihre  grosse  Ti-iibsal  besteht:  ||  sie  weinen, 
bis  sie  blind  werden,  wenn  sie  jemand  nicht  schauen;  und  werden  blind 
(=  geblendet),  sobald  sie  jemand  schauen. 


238. 
(Tr.  246). 

Cuidou -s' Amor  que  logo  me  faria 
per  sa  coita  o  sen  que  ei  perder. 
E  pêro  nunca  o  podo  fazer;  528r) 

f.64i=93)b  mais  aprend||eu  outra  sabedoria: 

5      quer- me  matar  mui  cedo  por  alguen. 
E  aquesto  pod'  el  fazer  mui  ben, 
ca  mia  senlior  esto  quer  todavia. 

E  ten-s'Amor  que  demandei  folia  5200 

en  demandar  o  que  non  poss'  avor. 
10     E  aquesto  non  poss'  eu  escolher, 
ca  logo  m'eu  6n  ai  escolheria: 
escolheria,  montr'  ouvesse  sen, 
de  nunca  ja  morrer  por  nulha  ren,  5295 

ca  esta  morte  non  ó  jograria. 

II  Cantiga  do  meostria:  3  x  7  -)-  «^-  —  Decasyllabos  janibicos. 
—  Coplas  equiconsoantes:  abbacca :  dda.  —  Rimas  breves  c  longas: 
«a (a)  erW  éni*").  —  Ha,  cointudo,  duas  irregularidades  a  notar:  na  3"  estropiíe 
a  consoante  c  vem  substituida  por  b  (abbabba),  eniquanto  a  fiiiida  introduz 
a  novarrima:  ar  (ar  ar  ia). 

III  Amor  wilhnte,  mich  durch  die  mir  zugefiigten  Leiden  gleicb  um 
den  Verstand  zu  bringen;  doch  ist  es  ihm  nicht  gelungen.  Da  hat  er  eine 
andere  Ai-glist  ergriffen:  toten  lassen  will  er  micli  bald  durcli  jemand;  und 
das  wird  ihm  leichtlich  gelingen,  da  auch  meine  Herrin  das  gleiche  will  (1). 

Er  ist  úborzeugt,  dass  ich  Aberwitziges,  Unerreichbares  verlange.  Die 
Wahl  aber  steht  nicht  bei  mir;  sonst  wúrde  ich  wahrlich  etwas  anderes 
aussuchen.  Bei  gesundem  Verstande  wiirde  ich  den  Tod  nicht  erwiihlen: 
denn  der  Tod  ist  kein  Liederspiel  (2). 

Ach!  welcher  Jammer  ist  mir  in  Faria  -widerfahren!  Hier  ia  Segóvia 
aber  biu  ich  gar  dem  Tode  nahe,  da  ich  nicht  schaue,  wen  ich  wenigstens 
dann  und  wann  zu  sehen  pflegte,  dadurch  genesend.     Nun  ich  aber  nicht 


—     463     — 

15  Ay!  que  de  coita  levei  en  Faria! 

e  vin  aqui  a  Segobia  morrer, 

ca  non  veg'  i  quen  soía  veer 

m'eu  pouqu'  e  pouqu',  e  por  esso  guaria!         5300 

Mais  pois  que  ja  non  posso  guarecer, 
20     a  por  que  moiro  vus  quero  dizer: 

diz  alguen  «esf  é  filha  de  Maria.» 

E  o  que  sempre  neguei  en  trobar, 
ora  o  dix'!  e  pes  a  quen  pesar',  5305 

pois  que  alguen  acabou  sa  perfia! 

mehr  genesen  kann,  will  ich  sie  bei  Namea  nennen,   die,   um  welche  icli 
sterbe.    ^Marias  Tocliter  ist  es",  hõre  ich  schon  jemand  sagen  (3). 

Was  ich  bisher  ia  meinen  Liodern  nicht  oífenbart  hatte,  nun  ist  es 
ausgesprochen ,  es  schmerze,  wen  es  schmerze,  da  jemand  seine  bõse, 
trotzige  Absicht  durchgesetzt  hat  (I). 

IV  As  observações  de  Diez  (p.  22  —  23)  sobre  a  «razão»  d'esta  can- 
tiga são  infundadas. 


239. 
(Tr.  247). 

Esso  mui  pouco  que  og'  eu  falei 
con  mia  senhor,  gradeei- o  a  Deus; 
e  gran  prazer  viron  os  olhos  meus. 
Mais  do  que  dixe  gran  pavor  per  ei,  5310 

(l'93)c     ^^  II  c^  ^^^  tremia  'ssi  o  coraçon 

que  non  sei,  se  lh'o  dixe,  [ou]  se  non. 

Tau  gran  sabor  ouv'  eu  de  lhe  dizer 
a  mui  gran  coita  que  soffr'  e  soffri 
por  ela!  mais  tan  mal-dia  naci,  5315 

10      se  lh'o  og'  eu  ben  non  fiz  entender! 
Ca  me  tremia  'ssi  o  coraçon 
que  non  sei,  se  lh'o  dixe,  ou  se  non. 

n  Cantiga  de  refrani:  3  x  (4 -}- 2) -}- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  al)ba||C€ :  cc.  —  Rimas  longas:  e?(a) 
eusi}*)  na  l"  copla;  ?;•(»)  *'(•>)  na  2*;  orC»)  a/C»)  na  .3";  on  no  refram  e  na 
fiinda. 

m  Fiir  das  kleine  Wenig,  das  ich  heuto  mit  meiner  Herriu  geredet, 
babe  ich  Gott  gedankt.  Auch  ineine  Augen  haben  ihve  Frende  daran  gehabt, 
Doch  bin  ich  bange  úber  das,  was  ich  gesprochen:  ||  denn  also  zitterte  mir 
das  Herz,  dass  ich  nicht  weiss.  was  ich  gesagt  habe  (1). 

Hohe  Bofriedigung  gewiihrte  es  mir,  ihr  von  den  Schmerzen  zu  reden, 
die  ich  fiir  sie  golitten  habe  und  leide;  doch  muss  ich  den  Tag,  an  dem 
ich  geboren,  ais  Ungliickstag  verwiinschen,  wenn  ich  ihr  jene  heute  nicht 
begreiflich  gemacht;  ||  denn  etc.  (2). 

Sonst  niemals  liabe  ich  hinreichend  mit  ihr  reden  konnen.  Nun  aber 
bin  ich  im  Ungewissen,  ob  ich  gnt  oder  schlecht  gesprochen,  und  in  grosser 
Furcht  úber  das,  was  ich  geredet;  ||  denn  also  zitterte  mir  das  Herz,  dass  ich 
nicht  weiss,  was  ich  gesagt  habe  (3). 


^     465     — 

a  nunca  eu  falei  con  mia  senhor, 
se  non  mui  pouc'  og';  e  direi -vus  ai: 
lõ     non  sei,  se  me  lh'o  dixe  ben,  se  mal. 
Mais  do  que  dix(e),  estou  a  gran  pavor, 
ca  me  tremia  'ssi  o  coraçon 
que  non  sei,  se  lh'o  dixe,  ou  se  non. 


E  a  quen  muito  trem'  o  coraçon, 
20     nunca  ben  pod'  acabar  sa  razon! 


5320 


5325 


Und  wem  das  Herz  heftig  zittert,  der  veriiiag  niinmer  seine  Meinung 
deutlich  zu  raacheu  (I). 


30 


LACUNA  l^H?) 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  5^  DO  CADERNO  X. 


A  folha  antecedente  tem  quasi  todo  o  verso  em  branco. 
A  immediata  começa  com  espaço  para  uma  Vinheta,  apresen- 
tando um  cyclo  de  poesias  de  novo  trovador. 

A  que  falta,  e  foi  brutalmente  arrancada,  deve  portanto  ter 
contido  outra  serie,  restricta,  mas  completa  (de  duas  a  cinco 
cantigas),  com  attribuição  a  um  poeta  diverso,  a  não  ser  que 
estivesse  totalmente  em  branco. 

Os  apographos  italianos  nada  fornecem  a  maior  no  lugar 
correspondente. 


A  LACUNA  (CASO  EXISTA)  FICA,  PORTANTO,  POR  PREENCHER. 


V 


xxv 


ANTIGAS 


240  —  241 


DE 


ESTEVAN   FAIAN. 


30^ 


240. 

(Tr.  248). 

C.  X:  4ft 

Vinheta  «Vedes,  senhor,  quero -vus  eu  tal  ben 

f.  65  (=  04)a  '  '    ^ 

qual  mayor  posso  no  meu  coraçon. 
(lE  non  diredes  vos  por  én  de  non?» 
«Non,  amigo,  mais  direi -m(e)  outra  ren:  5330 

5  non  me  queredes  vos  a  mi  melhor 

do  que  vus  eu  quer',  amig[«í]'  e  senhor.» 

f.6õ(=94)b       II  «U  vus  non  vejo,  [non  vejo  praxer,] 
se  Deus  me  valha,  de  ren,  nen  de  mi. 
^E  non  diredes  que  non  est  assi?»  5335 

10      «Non,  amigo,  mas  quero  mi-al  dizer: 

non  me  queredes  vos  a  mi  melhor 

do  que  vus  eu  quer',  amigu'  e  senhor.» 

Amo -vus  tanto  que  eu  [mui]  ben  sei 
que  non  podia  mais,  per  boa  fé.  5340 

15      ^E  non  diredes  que  assi  non  é?» 
«Non,  amigo,  mais  ai  me  vus  direi: 

non  me  queredes  vos  a  mi  melhor 

do  que  vus  eu  quer',  amigu'  e  senhor.» 


'IB? 


I  CV  40  (428)  —  7  A  seguada  metade  d'este  verso  está  raspada  no 
CA ,  ceiiamente  por  causa  de  qualquer  engano  do  copista.  A  margem  falta 
a  emenda.  —  Foi  o  €V  que  forneceu  as  cinco  syllabas  complementares. 

Variantes:  4  m'outra  r.  —  8  se  des  mi  valha  —  10  mais  quero 
m'al  —  11  tnin  —  13  Também  a  syllaba  mui,  do  que  o  CÁ  carece,  provém 
do  CV  —  14  (poderia). 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas    singulares:    abba||CC.    —    Eimas   longas:    énW  onW  na 
1"  copla;  er(a)  «(•»  na  2*;  eiW  éW  na  3";  ôr  no  refram. 

III  „Seht,  Herrin,  icli  babe  Euch  so  von  Herzen  lieb,  dass  mehr 
nlcbt  mõglich  ware.  Darauf  werdet  Ihr  mir  doch  nicht  nein  sagen?"  — 
„Nein,  Freund;  statt  dessen  aber  will  ich  sagen:  ||  Ihr  liebt  mich  nicht 
inniger,  ais  ich  Euch  liobe."  (1) 

„"Wo  ich  Euch  nicht  schaue,  schaue  ich  keine  Freude,  weder  an  den 
Dingen,  noch  an  mir  selbst.     Dagegon  werdet  Ihr  doch  nichts  einvvenden?" 

—  „Nein,  Freund,  doch  werde  ich  entgegnen:  ||  Ihr  liebt  etc."  (2) 

„So  gross  ist  moine  Neigung,  dass  sie  nioht  grõssor  werden  kann. 
Ihr  aber  werdet  nicht  erwidern,  dem  sei  nicht  so?"  —  „Nein,  Freund, 
doch  ich  werde  hinzufiigen:  ||  Ihr  liebt  etc."  (3) 

IV  Cfr.  o  dialogo  No.  230. 


241. 
(Tr.  r»  a  p.  313). 

Por  muitas  cousas  eu  que  sei 


5345 


O  copista  interrompeu  o  seu  trabalho,  talvez  ao  reconhecer  que  tinha 
comniettido  um  erro.  —  O  resto  da  pagina  e  todo  o  verso  ficou  em  branco. 
—  O  €V  e  o  Clí  apresentam  em  lugar  d'este  fragmento  uma  cantiga  que  prin- 
cipia de  modo  diverso.  —  O  leitor  encontra -a  na  secção  15"-  do  Ap  pendi  ce. 


XXVI 

CANTIGAS 

242  —  245 


DE 


JOAN   VAASQUES. 


C.  X.  3fi 

Vinheta 

f.  66  (=  9õ)a 


f.  66      10 


242. 

(Tr.  272). 

Mait(o)  ando  triste  no  meu  coraçon 
porque  sei  que  m'ei  mui  ced'  a  quitar 
de  vos,  senhor,  e  ir  al[^]ur  morar; 
e  pesar-mi-á  én  ;si  Deus  me  perdon! 

de  me  partir  de  vos  per  nullia  ren  5350 

e  ir  morar  alliur  sen  vosso  ben. 

Porque  sei  que  ei  tal  coit'  a  softrer 

qual  soífri  ja  outra  vez,  mia  senhor, 

e  non  averá  i  ai,  pois  eu  for', 

1  que  non  aja  gran  pesar  a  prender  53õ5 

de  me  partir  de  vos  per  nulha  ren 
e  ir  morar  alhur  sen  vosso  ben. 

Ca  mi-aveo  assi  outra  vez  ja, 
mia  senhor  fremosa,  que  me  quitei 
de  vos,  e  sen  meu  grad'  alhur  morei;  5360 

mais  este  mui  gran  pesar  me  será 

de  me  partir  de  vos  per  nulha  ren 
K         e  ir  morar  alhur  sen  vosso  ben! 

E  quando  m'eu  de  vos  partir',  por  ón 
20     ou  morrerei,  ou  perderei  o  sen!  5365 


15 


I  CV  42  (430) 
—  16  mi. 


1  MuW  anão  —  3  alhur  —  4  se  Deus  mi  perdon 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abll)a||€C :  cc.  —  Rimas  longas:  onW 
arW  na  1*  copla;  cr(a)  ôrO)  na  2";  «(«)  eii^)  na  3";  m(C)  no  refram  e 
na  fiinda. 

III  Gar  betriibten  Herzens  gehe  ich  einher,  da  ich  weiss,  dass  icli 
binnen  kurzem  von  Euch,  Herrin,  scheiden  und  anderwiirts  wohnen  muss. 
Das  wird  mir  hart  ankommen,  so  wahr  mir  Gott  lielfe,  |1  durchaus  vou  Euch 
scheiden  und  anderwarts  ohne  Eure  Huld  leben  zu  músson  (1). 

Denn  im  voraus  weiss  ich,  dass  ich  dieselbo  Qual  werde  zu  leideu 
haben,  die  ich  schon  einmal  erduldet.  Unvermeidlich  ist,  dass  nach  meinem 
Abschied  Kummer  mich  befalle,  ||  weil  ich  durchaus  von  Euch  gehen  und 
anderwarts  ohne  Eure  Huld  leben  muss  (2). 

Schon  einmal  habe  ich  es  erfaliron,  ais  ich  mich  von  Euch,  schõue 
Tlerrin ,  trennte  und  gegen  meinen  Wunsch  anderwarts  weilen  mussto.  Jetzt 
auch  wird  es  ein  grosser  Kummer  fúr  mich  sein ,  ||  dass  ich  durchaus  etc.  (3) 

Denn  bin  ich  fort,  so  werde  ich  sterben  oder  den  Vorstand  verlieren  (I). 


243. 

(Tr.  273,  u  p.  385). 

Parti -m'eu  de  vos,  mia  senhor, 
sen  meu  grad'  fia  vez  aqui; 
e  na  terra  u  eu  vivi, 
andei  sempre  tan  sen  sabor 
5  que  nunca  eu  pude  veer  5370 

de  ren,  u  vus  non  vi,  prazer! 

Na  terra  u  me  fez  morar 
muito  sen  vos,  mia  senhor.  Deus, 
fez -me  chorar  dos  olhos  meus; 
10      o  fez -me  tan  coitad'  andar  .JòTJ 

que  nunca  eu  pude  veer 
de  ren,  u  vus  non  vi,  prazer! 

[E]  des  que  m'eu  de  vos  quitei, 
fezo-me  sempr'  aver,  de  pran, 
15      Nostro  Senhor  mui  grand'  affan;  5380 

e  sempre  tan  coitad'  andei 

que  nunca  eu  pude  veer 

de  ren,  u  vus  non  vi,  prazer! 

E  non  poderia  prazer, 
20      u  eu  vus  non  visse,  veer.  5385 

I  CV  43  (431)  ■ —  No  (T  faltam  as  duas  ultimas  coibias  e  a  fiiuda.  O 
CB  traz  toda  a  cautiga.  Devo  uma  copia  ;i  generosidade  de  Ernesto  Mo naci. 

Variantes:  5  pudi  (CV  e  €B)  —  CB  10  euitad'  a.  —  14  fex  me 
semjyre  aver  d.  p.  —  16  tnui  euitad'  a. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -j- 2) -(- 2.  —  Octonarios  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbaJICC :  cc.  —  Rimas  longas:  Ôr(^) 
*'(•>)  na  1"-  copla;  ffr(»)  eus^y^)  na  2*^;  e«(a)  a'«0»)  na  S"*;  é>(C)  no  refram  e 
na  fiinda. 

III  Abschied  genommen  habe  icli  schon  einmal  hier,  gegen  meinen 
"Wunscli  und  Willen,  von  Euch,  Herrin.  An  der  Statte  aber,  wo  ich  leben 
niusste,  giug  ich  stets  freudlos  einher:  j]  denn  nimmer  sali  ich  Erfreuliches, 
wo  ich  Euch  nicht  sah  (1). 

Am  Orte,  wohin  der  Himmel  mich  ohne  Euch  verwiesen,  zwang  er 
meine  Augen  zum  Weinen  und  mich  zur  Triibsal:  ||  denn  nimmer  etc.  (2). 

Seit  ich  von  Euch  ging,  gab  der  Herr  mir  dauernd  grosse  Not:|| 
denn  etc.  (3). 

Erfreuliches  hatte  ich  nicht  erblicken  kõnnen,  wo  ich  Euch  nicht  sah  (I). 


244. 
(Tr.  274). 

f.66{=95)c       Meus  amigos,  muit'  estava  eu  ben 
quand'  a  mia  senhor  podia  falar 
na  mui  gran  coita  que  me  fez  levar 
Nostro  Senhor,  que  mi -a  mostrou;  por  6n 
5  me  faz  a  min  sen  meu  grado  viver 

longe  d'ela  e  sen  seu  ben -fazer. 

Deus,  que  lhe  mui  bon  parecer  foi  dar, 
(por  mal  de  min  e  doestes  olhos  meus) 
me  guisou  ora  que  non  viss'  os  seus. 
10      Por  mi -a  fazer  sempre  mais  desejar 

me  faz  a  min  sen  meu  grado  viver 
longe  d'ela,  e  sen  seu  ben-fazer, 


5890 


5395 


I  CV  41  (432)  —  No  CV  falta  a  primeira  ostrophe.  Ernesto  Monaui 
teve  a  bondade  de  a  copiar  para  mim  do  CB.  —  3  fav  (CB)  —  6  longi 
(CB)  —  7  Nostro  senhor  que  Ihi  bon  pre-^í  foi  dar  (CV  e  CB).  Cfi\  o 
verso  13".  —  7  mi  (CV)  —  13  Ihi  (CV  o  CB)  —  16  porque  a  ela  t.  e. 
b.  f.  (CV  e  CB)  —  20  senhor  (CV  e  CB). 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -]- 2) -f- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  al)ba||CC :  cc  —  Rimas  longas:  é«(a) 
ar9i)  na  1*  copla;  arW  eus^)  na  2"';  <?*(»)  *'(•>)  na  3*-,  êr  no  refram  o  na 
f  linda. 

III  Meine  Freunde,  gar  gut  erging  es  mir,  ais  ich  zu  meiner  Hcrrin 
von  der  grosscn  Qual  reden  konnte,  die  mir  der  Herr  auferlegt,  der  sie 
mir  gezeigt  hat  ||  und  mich  nun ,  gegen  mein  Gef alleu ,  fern  von  ihr  und 
ihron  Wohlthaten  leben  lasst  (1). 

Gott,  der  ihr  so  grosse  Schõnlieit  zu  meinem  Leide  und  dem  meiner 
Augeu  gegeben  hat,  bestimmte  jotzt,  dass  ich  die  ihren  nicht  sehen  sollte. 
Damit  ich  mich  um  so  mehr  uach  ihr  sehnte,  |1  lâsst  er  mich,  gegen  mein 
Gefailen,  fern  von  ihr  und  ihren  "Wohlthaten  leben  (2). 


—     476     — 

Nostro  Senhor  que  lhe  deu  mui  bon  prez, 
melhor  de  quantas  outras  donas  vi 
15      viver  no  mund';  e,  de  pran,  est  assi:  5400 

Deus  que  lh'a  ela  tod'  este  ben  fez, 

me  faz  a  min  sen  meu  grado  viver 
longe  d'ela  e  sen  seu  ben -fazer! 

E  faz  mi- a  força  de  min  ben  querer 
20      dona  a  que  non  ouso  ren  dizer.  5405 


Er,  der  sie  so  viel  treffliclier  ais  alie  andercn  Frauen  auf  Erden  ge- 
schaffen  hat,  Gott  der  Herr,  der  ihr  soviel  Gnado  orwics,  ]|  lásst  mich  etc.  (3). 

Gewaltsam  zwiugt  er  mich,  eine  Dame  zu  lieben,  zu  der  ich  niclit 
zu  sprecben  wagtí  (I). 

lY  Uma  nota  marginal  do  CA,  ao  pé  do  verso  5",  diz:  M  reffmm. 


245. 
(Tr.  275). 

f.  66  (=95)5       Estes  que  ora  dizen ,  mia  senhor, 

que  saben  ca  vus  quer'  eu  mui  grau  ben, 
pois  ón  nunca  per  mi  souberon  ren, 
querri'  agora  seer  sabedor 
5  (jper  quen  o  poderon  eles  saber,  5410 

pois  mi- o  vos  nunca  quisestes  creer? 

Ca,  mia  senhor,  sempre  o  eu  neguei 
quant'  eu  mais  pud(e)  jassi  Deus  me  perdon! 
e  dizen  ora  quantos  aqui  son 
10      que  o  saben.     Mais  (Jcomo  saberei  5415 

per  quen  o  poderon  eles  saber, 
pois  mi -o  vos  nunca  quisestes  creer? 

I  €V  45  (433)  —  3  por  mi  —  O  CÁ  tem,  por  engano,  souber en  —  8 
pud'  assi  Deus  mi  2}6rdon  —  9  {quantas). 

No  €A  ha  espaço  para  mais  duas  estrophos. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (4  +  2). —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  al)ba|l€C.  —  Kimas  longas:  òr(a)  én^^)  na 
l""  copla;  e*(a)  on^)  na  2";  èr  no  refraui. 

III  Wohl  mõchte  ich  ergriinden,  durch  wen  diejenigen,  welche  jetzt 
sagen,  sie  wiissten  um  meine  grosso  Liebo  zu  Euch,  Kenntnis  davon  er- 
halten  haben,  da  sie  durch.  mich  nie  und  nimmer  davon  erfuhren,  Ihr  aber 
niemals  habt  daran  glauben  woUen?  (1) 

Denn  stets  habo  ich  sie  verheimlicht,  soviel  ich  konnte,  so  wahr  mir 
Gott  helfe,  und  nuii  bohauptun  alie,  dio  hier  zugegen  sind,  sie  wiissten 
darura.  "Wie  aber  kann  ich  ergriinden,  ||  durch  wen  sie  es  erfahren,  da  Ihr 
niemals  liabt  daran  glauben  woUenV  (2) 

IV  Uma  nota  marginal  no  CA,  ao  pó  do  verso  5",  diz:  P  reffram. 


LACUNA  18-(?) 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  2^  DO  CADERNO  X. 


A  lacuna,  se  é  que  existe,  é  anterior  ao  tempo  era  que  se 
procedeu  á  encadernação.  Não  ha  signal  algum,  exterior,  de 
violência  feita  n'esse  lugar,  ao  volume.  Tampouco  ba  cantigas 
interrompidas,  visto  que  na  folha  antecedente  ainda  ficou  espaço 
era  branco  e  que  na  imraediata  principia  unia  serie  nova.  E 
pois  acertado  conjecturarmos  que  o  Caderno  X  abrangia  não 
cinco  folhas,  mas  antes  só  quattro  e  meia. 

Se,  porém,  realmente  faltar  meia -folha,  deveria  haver  n'ella 
um  grupo  pequeno  de  versos,  pertencentes  a  um  trovador, 
diverso  do  auctor  dos  Nos.  242  a  245,  e  também  do  da  cantiga 
246  e  seguintes. 

Os  apographos  italianos,  que  se  aftastam  mais  uma  vez  da 
ordem  do  CA,  em  nada  elucidam  o  problema. 


A  LACUNA  (SE  EXISTIR)  FICA  POR  PREENCHER. 


XXVII 


CANTIGAS 


246  —  256 


DE 


PAAY   GOMES   CHARINHO. 


n 


246. 
(Tr.  276). 

Vinheta  A  dona  que  orne  ..senhor"  devia 

f.67{=96}a  .        .,     \  ,~       n, 

con  dereito  chamar,  per  boaje^ 
meus  amigos,  direi -vus  eu  qual  é^  5420 

úa  dona  que  eu  vi  noutro  dia, 
5      e  non  Ih'  ousei  mais  d'aquesto  dizer. 
Mais  que'- na  viss'  e  podess'  entender 
f.67{==96)b  todo  seu  II  ben,  „senhor"  la  chamaria! 

Ca  senhor  é  de  muito  ben.     E  vi-a  5425 

eu  por  meu  mal,  sei- o,  per  bõa  féi_ 
10     e  se  morrer'  por  én,  gran  dereit'  éj^ 
ca  ben  soub'eu  quanto  m'end'  averria: 
morrer  assi  com'eu  moir',  e  perder, 
meus  amigos,  o  corp',  e  non  poder  5430 

veer  ela,  quando  veer  querria! 

I  CV  395  (811)  —  2  con  dereit'  a  chamar  —  3  qtien  é  —  5  d'atanto 
dizer  —  7  senhor  a  chamaria  —  8  polo  meu  mal,  sei- o,  per  bõa  fé  — 
10  e  de  morrer  por  ela  dereit'  é  —  11  soub'en  —  14  veer  ela  que  eu  veer 
querria  —  16  mais  tanto  oí  falar  —  17  de  seu  ben  —  sòubi  —  18  nen 
én  cuidei  —  20  mais  quand'eu  vi  —   22  A  ultima  estrophe  falta  no  CV. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos  jambicos. — 
Coplas  equiconsoantes:  abbacca,  com  uma  particularidade  nos  versos 
2  e  3,  que  é  terem  rimas  idênticas  nas  primeiras  duas  estrophes  {fé  é),  sub- 
stituidas  por  outras  (falar  guardar)  nas  duas  ultimas.  —  Rimas  breves 
e  longas:  ía(a);  éC>le2);  arC>3e4);  er(c). 

ni  Diejenige  Frau,  welclie  unter  allen  den  Titel  „Herrin"  am  meisten 
verdient,  werde  ich  Euch  nonnen,  meine  Freunde.  Neulich  babe  icli  sie 
gesehen  und  nichts  ais  jencs  eine  Wõrtchen  zu  sprechen  gewagt.  "Wer 
immer  sie  sieht  und  ein  Einsehen  in  ihre  Treíflichkeit  hat,  wird  sie  „Hen'in'' 
zu  nennen  verlangen  (1). 

31 


—     482     — 

lõ  E  tod'  aquesto  m'ant'eu  entendia 

que  a  visse;  mais  tant'  oí  falar 
no  seu  ben  que  me  non  soube  guardar; 
nen  cuidava  que  tan  ben  pareciáT"  5435 

que  log[?^]'  eu  fosse  por  ela  morrer! 

20     Mais  u  eu  vi  o  seu  bon  parecer, 
vi,  amigos,  que  mia  morte  seria. 

É  por  esto  que  ben  conselharia 
quantos  oíren  no  seu  ben  falar,  5440 

no'- na  vejan;  e  poden-se  guardar 
25      melhor  ca  m'end'eu  guardei,  que  morria, 
e  dixe  mal;  mais  fez -me  Deus  aver 
tal  ventura,  quando  a  fui  veer, 
que  nunca  dix'  o  que  dizer  querria.  5445 

Denn  sie  ist  Herrin  líber  vieles  Gute.  Doch  war  es  fúr  mich  ein 
Unheil,  dass  ich.  sie  sah.  Und  sterbe  ich,  so  geschieht  mir  recht,  denn 
ich  habe  im  Voraus  gewusst,  was  mir  geschehen  wúrde:  dass  ich  sterben, 
und  Leib  und  Leben  einbiissen,  jene  aber  nicht  nach  Herzenslust  sehen 
wiirde  (2). 

Ehe  ich  ihr  nahetrat,  wusste  ich  das  alies;  doch  hõrte  ich  soviel 
von  ihrer  Treffiichkeit  reden,  dass  ich  mich  nicht  zu  húten  wusste;  noch 
■wahnte  ich,  sie  wâre  so  schõn,  dass  ich  gleich  ans  Sterben  kâme.  Ais  ich 
jedoch  ihr  holdes  Antlitz  gewahr  ward,  erkannte  ich,  es  sei  mein  Tod  (3). 

Daram  mõchte  ich  allen,  die  von  ihrem  Zauber  hõren,  anraten,  sie  nicht 
aufzusuchen;  dann  konnen  sie  sich  besser  húten,  ais  ich  mich  gehútet  habe, 
der  ich  ins  Sterben  kam  und  Verwiinschungen  ausgestossen  habe.  Dennoch 
war  es  eine  mir  von  Gott  gevvãhrte  Gunst,  dass  ich  bei  ihrem  Anblick  nicht 
aussprach,  was  ich  auszusprechen  wiinschte  (4). 

rV  Ao  pé  do  verso  21  ha  no  CA  uma  apostilla  do  velho  annotador. 
Está,  porém,  incompleta,  por  a  margem  estar  aparada.  O  que  leio,  diz:  se 
a  nõ  visse ....  perdia  o  ffem  . .  .  e  gor  (?)....  amigos  ai  e  dix .  . . 


f.  67 
(=  96)e 


10 


247. 

(Tr.  277). 

Que  mui  de  grad'  eu  querria  fazer 
úa  tal  cantiga  por  mia  senhor 
qual  a  devia  fazer  trobador 
que  atai  senhor  fosse  ben  querer 
qual  eu  ben  quer'!     E  fazer  no'-na||sei! 
E  cuid'  i  muit'!     E  empero  non  ei 
de  fazê'-la,  qual  merece,  poder. 

Tan  muit'  avia  mester  de  saber 
trobar  mui  ben  quen  por  atai  ^senhor  | 
trobar  quisesse!     A  mi,  pecador, 
nunca  Deus  quiso  dar  a  entender 
atai  razon  qual  og'  eu  mester  ei 
pêra  falar  no  que  sempre  cuidei: 
nó  seu  ben  e  no  seu  bon  parecer! 


5450 


5455 


II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
. —  Coplas  pareadas:    abbacca.  —   Eimas  longas:    erW  Õri^)  e^(c)  no 

grupo  1" ;  on  ^a)  én  ('>)  ar  W  no  IP. 

III  "Wie  -wúrde  es  mich  freuen,  verstiinde  ich  ein  solches  Lied  fiir 
meine  Herrin  zu  machen,  wie  ein  Minnesâager  sie  fúr  eine  so  herrlicbe 
Frau  erfinden  músste,  wie  die  ist,  welche  ich  innig  liebe.  Doch  ich  ver- 
stehe  es  nicht.  Und  sinne  viel  dariiber  nach.  Trotzdem  babe  ich  nicht  die 
Gabe,  es  so  zu  formen,  wie  sie  es  verdient  (1). 

In  der  Dichtkunst  bewandeii  zu  sein,  thate  dem  gar  not,  der  fiir 
solche  Herrin  dichten  will.  Mir  armem  Siinder  aber  hat  der  Herr  nicht 
soviel  Verstand  geben  wollen,  wie  ich  brauche,  um  das  auszumalen, 
woran  ich  immer  denke:  ihre  Tugend  und  ihr  holdes  Angesicht  (2). 

"Wie  aber  kann  ein  kummervoller  Mensch,  der  wie  ich  den  Verstand 
verlor,  und  wenn  er  reden  will,  keine  Worte  findet,  einen  húbschen 
Gegenstand  fiir  ein  Lied  ausdenken?  Bei  grossem  Leid  vermag  der  Mensch 
nicht  zu  dichten.  Ich  finde  nur  am  Wcinen  Gefallen.  Und  woinend  erdenkt 
man  nimmer  eine  feine  Melodie!  (3) 

31* 


—     484     ~ 

15  Mas  como  pod'  achar  bõa  razon  5460 

ome  coitado  que  perdeu  o  sen, 
com'  eu  perdi?  e  quando  falo,  ren 
ja  non  sei  que  me  digo,  nen  que  non! 
E  con  gran  mal  non  pod'  ome  trobar! 
20     E  prazer  non  ei  se  non  en  chorar!  5465 

E  chorando  nunca  farei  bon  son! 

E  por  aquesto  ben  vej'  eu  que  non 
posso  fazer  a  cantiga  tan  ben, 
porque  ja  sõo  fora  de  meu  sen, 
25      chorando,  cativ'!  e  meu  coraçon  5470 

ja  non  sab'  ai  fazer  se  non  cuidar 
en  mia  senhor!  e  se  quero  cantar, 
choro:  ca  ela  me  nembra  enton! 

Darum,  icli  sehe  es  ein,  kann  ich  das  Lied  nicht  geschmackvoll  voll- 
enden,  -weil  ich  Unglúckseliger  von  Sinnen  bin  uud  weiue,  und  weil  mein 
Herz  nicMs  anderes  versteht,  ais  aa  meine  Herrin  zu  denken.  So  oft  ich 
singen  will,  weine  ich.     Dena  ihrer  muss  ich  dann  gedfenken  (4). 


f.  67 
(=  96)d 


248. 
(Tr.  278  e  p.  385). 

Oí  eu  sempre,  mia  senhor,  dizer 
que  peor  é  de  soffrer  o  gran  ben  5475 

ca  o  gran  mal;  e  maravilho-m'én, 
e  no'- no  pude  nen  posso  creer. 
II  Ca  soífr'  eu  mal  por  vos  . .  .  qual  mal,  senhor, 
me  quer  matar;  e  guaria  melhor, 
se  me  vos  ben  quises[s]edes  fazer!  5480 

E  se  eu  ben  de  vos  podess'  aver, 
ficass'  o  mal  que  por  vos  ei  a  quen 
10     aquesto  diz!    E  o  que  assi  ten 
o  mal  en  pouco,  faça -o  viver 
Deus  con  mal  sempr'  e  con  coita  d'amor;         5485 
e  pod'  assi  veer  qual  é  peor  — 
do  gran  ben  ou  do  gran  mal  —  de  soffrer! 

15  E  o  que  esto  diz,  non  sab'  amar 

neiía  cousa  tan  de  coraçon 

com'  eu,  senhor,  amo  vos.     De  mais  non  5490 

creo  que  sabe  que  x'é  desejar 

tal  ben  qual  eu  desegei,  des  que  vi 
20     o  vosso  bon  parecer,  que  des  i 

me  faz  por  vos  muitas  coitas  levar, 


I  No  CA  esta  cantiga  apparece  repetida,  depois  do  No.  253,  a  fl.  98, 
com  leves  variantes. 

CV  400  (816)  —  2  peyor  (€V)  —  3  que  (€V)  —  4  pudi  (CA"'"  e  CV) 
—  5  soffro  (CA)  sofr'eu  (CV)  —  6  Falta  no  CV  —  gualrria  por  guarria 
(CA)  —  7  mi  (CV)  —  13  e  podesse  veer  qual  é  peyor  (CV)  —  14  do 
mui  gran  ben  ou  do  gran  mal  sofrer  (CV)  —  15  As  ultimas  duas  estrophes 
faltam  no  CV  —  17  como  (CA)  —  22  cuntar  (CA)  —  Não  comprehendo 
bem  o  sentido  da  phrase.  Talvez  se  deva  ler  quãleu  (i.  é  quan  leu)  em 
lugar  de  çMa/ew  (i.  ?,Qna.  qual  eu)?  'N  este  caso  deveriamos  entender:  e  de 
quan  leu  que  o  ben  est,  ouço  contar,  senhor.  —  23  Em  ambas  as  copias 
do  CA  e  no  CV  ha  o  hespanholismo:  trayçion. 


—     486     — 

E  de  qual  eu  senhor  ouço  contar  5495 

que  o  ben  est;  e  faz  graii  traicion 
o  que  ben  á,  se  o  seu  coraçon 
25      en  ai  pon  nunca  se  non  en  guardar 

sempr'  aquel  ben.     Mais  eu,  que  mal  soífri 
sempre  por  vos  —  e  non  ben  —  des  aqui      5500 
terriades  por  ben  de  vos  nerabrar. 

Se  o  fezerdes,  faredes  ben  i; 
30     se  non,  sen  ben  viverei  sempr'  assi, 
ca  non  ei  eu  outro  ben  de  buscar! 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7  -|-  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Eimas  longas:  c/-(a)  éwtb)  or(e)  no 
grupo  1°;  ar{^)  onW  *(c)  no  IP,  a  cujas  rimas  a  e  c  a  fiinda  responde. 

III  Stets  habe  ich,  o  Herrin,  sagen  hõren,  dass  etwas  Gutes  (bem) 
schwerer  zu  ertragen  sei  ais  etwas  Bõses  (mal).  Das  setzt  mich  in  Staunen, 
undich  glaubte  es  frúher  nicht,  noch  glaube  ich  jetzt  darau.  Denn,  Herrin, 
die  Liebe  zu  Eueh  liat  mich  in  etwas  Bõses  {mal)  gebracht;  und  dies  Bõse 
will  mich  tõten;  genesen  aber  kann  ich  nur,  so  Ihr  mir  Gutes  (bem)  thut  (1). 

Seid  Ihr  mir  jedoch  gut,  so  mõge  alies  Bõse,  das  ich  um  Euch  erdulde, 
dem  iibeiiassen  bleiben,  von  dem  das  Sprichwort  redet!  Den,  welcher  das 
Bõse  so  gering  veranschlagt,  lasse  Gott  im  Bõsen  und  in  Liebespein  leben: 
dann  wird  er  erkennen,  was  schwerer  zu  ertragen  ist,  ob  Gutes  oder 
Bõses  (2). 

Wer  so  spricht,  weiss  nicht  so  recht  von  Herzeu  zu  lieben,  wie  ich 
Euch;  noch  weiss  er  sich  nach  dem  Guten  zu  sehnen,  wie  ich  mich  nach 
Eurem  holden  Antlitz  sehne,  seit  ich  Euch  gesehen  und  um  Euretwillen 
Qualen  leide  (3). 

Was  (oder:  wie  leicht  zu  tragen)  Gutes  ist,  weiss  ich  nur  vom  Hõren- 
sagen.  Wer  solch  Gut  aber  besitzt,  ist  ein  Verrâter,  so  er  seinen  Sinn 
auf  irgond  etwas  an deres  setzt  ais  darauf,  jenes  Gut  zu  bewahren.  Ich 
aber,  der  durch  Euch  stets  Bõses  und  nie  Gutes  erfahren  ....  meiner  solltet 
Ihr  nun  endlich  in  Giite  gedenken  (4). 

Thãtet  Ihr  das,  so  thâtet  Ihr  das  Gute.  Wo  nicht,  muss  ich  bis  an 
meines  Lebens  Ende  ohne  Gutes  leben.  Denn  ein  Verschiedenes  zu  erstreben 
vermag  ich  nicht  (I). 

IV  Um  leitor  muito  mais  moderno  que  o  annotador  do  costume  pôs 
á  margem  da  cantiga  No.  253'',  em  caracteres  que  parecem  datar  do  sec.  XVI, 
a  palavra  Vacat,  para  marcar  a  repetição. 

No  ultimo  recanto  da  folha  se  distinguem  restos  da  antiga  registratura 
dos  Cadernos:  j;inj. 


249. 

(Tr.  279). 

/•es^ÍLgzjíi       —   «Dizen,  senhor,  ca  dissestes  por  mi 
que  foi  ja  temp'  e  que  foi  ja  sazon 
que  vus  prazia  cl'oírdes  enton 
en  mi  falar,  e  que  non  é  ja  'ssi.»  — 
5      —  «Dizen  verdad',  amigo,  porque  non 
entendia  o  que  pois  entendi.» 

—  «E  senhor,  dizen,  pêro  vus  tal  ben 
quero  que  moiro,  que  ren  non  me  vai, 
ca  vos  dizedes  d'est'  amor  atai 

10      que  nunca  vus  en.de  se  non  mal  ven.»  — 

—  «Dizen  verdad',  amigu',  e  pois  é  mal, 
non  i  faledes,  ca  prol  non  vus  ten!» 

—  «Pêro  cuid'eu,  fremosa  mia  senhor, 
des  que  vus  vi,  que  sempre  me  guardei 

lõ      de  vus  fazer  pesar.     Mais  ique  farei? 

Ca  por  vos  moir'  e  non  ei  d'al  sabor.»  — 

—  «Non  vus  á  prol',  amigo,  ca  ja  sei 
o  por  quê  era  tod'  o  voss'  amor.» 


5505 


5510 


5515 


5520 


I  No  texto  está  effectivamente  distes^  conforme  Varnhagen  affirmou 
fa  p.  3õõ).  —  A  margem  acha -se,  comtiido,  a  emenda  dissestes^  da  mão 
do  próprio  copista. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abbaba.  —  Eimas  longas:  *(»)  owW  na  1"  estancia; 
én(»)  alW  na  2»;  ôr(a)  eiW  na  3^ 

III  „Man  sagt,  Ihr,  Herrin,  sagtet  in  Bezug  auf  mich,  es  habe  eine 
Zeit  und  Gelegenheit  gegeben,  \vo  es  Euch  gofiel,  von  mir  sprechen  zu 
hõren,  nun  aber  sei  dem  nicht  mehr  so."  —  „Die  Wahrheit  sagt  man, 
mein  Freund,  denn  damals  wusste  ich  nicht,  was  ich  hernach  erfuhr."  (1) 

„Und  weiter  spricht  man:  obwobi  ich  in  Euch  zum  Sterben  verliebt 
bin,  nútze  es  mir  nichts;  aus  meiner  Liebe  sei  Euch  nur  Leides  erwachsen, 
nach  Eurer  eigenen  Aussage."  —  „I)ie  Wahrheit  sagt  man,  mein  Freund; 
und  da  es  Euch  nicht  frommt,  so  redet  nicht  weiter  davon."  (2) 

„Dennoch  habe  ich  mich,  seit  ich  Euch  kenne,  stets  gehútet,  Euch 
[ummer  zu  boreiten.     Was  aber  soll  ich  nun  thun?    Ich  sterbe  um  Euch; 
ind  nichts  erfreut  mich."  —   „Umsonst,  mein  Freund!  denn  ich  habe  ein- 
'gesehen,  weshalb  Ihr  mir  huldigtet."  (3) 

IV  Cfr.  os  diálogos  No.  230  e  240. 


250. 

(Tr.  280). 

Coidava-m'eu,  quand'  amor  non  avia, 
que  non  pode[s]s'  el  comigo  poder; 
f.68{,=  97)b  mais  pois  lo  ei,  ja  ||  o  non  coidaria,  5525 

ca  me  non  sei  nen  posso  deífender; 
5      e  porque  soub'  esto  de  mi  Amor, 
fezo-m'el  que  amasse  tal  senhor 
en  que  me  ben  mostrass'  o  seu  poder. 

E  de  guisa  mi- o  mostrou,  que  queria  5530 

ante  mia  mort'  ogemais  ca  viver, 
10      ca  soífro  coita  qual  non  soffreria. 

Mais  ei-a,  mal  que  me  pes,  de  soffrer, 

ca  de  guisa  me  ten  vençud'  ^mor 

que,  se  Deus  ou  gran  mesura  non  for'  5535 

de  mia  senhor,  po[s]s'  en  coita  viver. 


I  No  segundo  verso  podess'  talvez  seja  lapso  por  tevess'.  No  sétimo 
verso  temos  no  texto  que  mele ,  e  á  margem  a  emenda  que  ben ;  no  décimo, 
alguém  (que  não  era  o  copista)  accrescentou ,  posteriormente,  um  s  a  coita, 
mudando  também  o  a  do  verso  imraediata  em  as.  —  Entre  a  2"  e  S'' 
estrophe  ha  outra  intercalada,  lançada  apparentemente  pelo  próprio  escre- 
vente. Faltam  todavia  as  ultimas  letras  de  alguns  versos,  por  o  enca- 
dernador ter  aparado  as  margens.     E  diz  litteralmente : 

Maif  aq  a  me  [ter  fabedor    i.  é     Mais  aqui  a  mester  sabedor\i3í\ 

m,aif  ca  efforç  e  pufiar  d  Tnais  ca  esforç'  e  punhar  d[e]  [fazer] 

a  mia  senor  fuiço  todauia  a  m,ia  senhor  serviço  todavia, 

7  defeiar  feu  bê  7  atêder  e  desejar  seu  ben  e  atender 

fenp  feu  bê  7  semeia  dam  sempre  seu  ben;  e  se  m'ela  d'am[ox\ 

qr  deffender  por  faxer  a  quer  deffender  por  fazer  desamor/'?^ 

tã  gram  mefura  nõ  pode  tan  gran  mesura  non  pode  [fazerj. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7  (ou:  4x7).  —  Decasyllabos 
jambicos.  —  Coplas  equiconsoantes:  abbaccl).  —  Eimas  breves  e 
longas:  w(»)  êrW  òr(c).  —  As  rimas  dos  versos  2  e  7  são  iguaes  entre  si. 


489     — 


15  Mais  esta  mesura  (jcomo  seria 

de  mia  senhor?  ca  non  lh'ouso  dizer 
que  me  valha,  ca  sei  ca  me  diria 

■l^que  me  quitasse  ben  de  a  veer; 
™e  por  aquesto  ben  sei  que  ■  Amorj 
20     me  faria  cada  dia  peor, 

se  lh'o  dissess';  e  no'-n'  ouso  djzgji! 


5540 


III  Ais  ich  frei  von  Liebe  lebte,  glaubte  ich  nicht,  dass  sie  mir 
Gewalt  anthun  kõnnte.  Seit  ich  sie  kenne,  denke  ich  jedoch  nicht  lânger  so; 
denn  ich  weiss  nicht  noch  vermag  ich  mich  ihrer  zu  erwehreu.  Und  da 
Amor  das  erkanute,  flõsste  er  mir  Leidenschaft  zu  einer  Herrin  ein,  durch 
welche  er  mir  seine  Macht  so  recht  beweisen  kõnnto  (1). 

Und  solcher  Weise  beweist  er  sie  thatsãchlich ,  dass  ich  den  Tod  dem 
Leben  vorziehen  wúrde ,  um  frei  von  Leid  zu  sein.  Doch  muss  ich  es  tragen, 
so  schwer  es  ist:  dergestalt  hat  Amor  mich  úberwáltigt,  dass,  wenn  Gott 
oder  der  Gerechtigkeitssinn  meiner  Herrin  mir  nicht  hilft,  ich  in  Oram 
verharre  (2). 

Wie  aber  kõnnte  sie  mir  helfen ,  da  ich  mich  nicht  erkiihne ,  sie  darum 
anzugehen?  "Weiss  ich  doch,  dass  sie  mir  erwidern  wiirde,  ich  dúrfe  sie 
nicht  wiedersehen.  Tâglich  schlimmeren  Liebesschmerz  wúrde  ich  also  er- 
leiden,  so  ich  sprâche.     Darum  wage  ich  nicht,  zu  sprechen  (3,  ou  4). 

[Hier  ist  Klugkeit  mehr  von  Noten  ais  Kraft:  bestrebt  sein  muss  ich, 
meiner  Herrin  weiter  zu  dienen,  mich  nach  ihrer  Gunst  zu  sehnen  und 
auszuharren.  Will  sie  mich  aber  gegen  die  Liebe  schútzen  durch  Unliebe, 
so  wird  sie  solchen  Gerechtigkeitsakt  nicht  durchfiihren  kõnnen]  (3). 

IV  C[antiga]  muyto  boa,  na  opinião  do  velho  annotador. 


251. 
(Tr.  281). 

Quantos  oj'  andan  eno  mar  aqui 
cuidan  que  coita  no  mundo  non  á  õ54õ 

f.  68  (=97)0  se  non  do  mar,  ne[n]  an  ||  outro  mal  ja; 
mais  d'outra  guisa  contec(e)  og(e)  a  mi: 
5  coita  d 'amor  me  faz  escaecer 

a  mui  gran  coita  do  mar,  e  tSer 

Pola  mayor  coita  de  quaiitas  spn,  5550 

coita  d'amor,  a  que'- na  Deus  quer  dar. 
E  ó  gran  coita  de  mort'  a  do  mar. 
10      mais  non  é  tal;  e  por  esta  razon 
coita  d 'amor  me  faz  escaecer 
a  mui  gran  coita  do  mar,  e  teer  5555 

I  No  verso  8  o  copista  escreveu  quis.  Pessoa  estranha  traçou  mais 
tarde  esta  palavra,  pondo  encima,  em  cursivo,  a  emenda  quer.  No  verso  19 
o  texto  original  diz:  por  gran  coita  tenn'  {=  tenh')  a  q.  f.  p.  Alguém  ac- 
crescentou  depois  maior.,  sem  riscar  as  syllabas  gran  e  tenh'.,  destinadas 
necessariamente  a  serem  eliminadas. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2) -|- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||CC:cc.  —  Eimas  longas:  iW 
á(T>)  na  P  copla;  o«(a)  arii>)  ua  2*;  é(a)  an(^)  na  S'';  erW  no  refram  o 
na  fiinda. 

III  Copio  a  traducção  em  verso,  de  Diez  (p.  82),  modificando  apenas 
a  disposição  typographica,  em  harmonia  com  o  velho  pergaminho. 

Wie  viele  jetzt  das  Meer  durchwailen  hier, 
die  wãhnen,  Meer  sei  doch  die  grõsste  Not 
der  Welt,  nicht  wissend,  was  uns  sonst  bedroht. 
Doch  andrer  "Weise  grad  ergeht  es  mir: 

So  wirkt  die  Not  der  Liebe,  dass  ich  jiih 
die  grosse  Meéresnot  vergess  und  seh 


—     491 


Eola^niayor  coita,  per  bõa  fé, 
de  quantas  foron,  nen  son,  nen  seran. 
15     E  estes  outros  que  amor  non  an, 

dizen  que  non;  mais  eu  direi  qual  é: 
coita  d'amor  me  faz  escaecer 
a  mui  gran  coita  do  mar,  e  tèer 

Por  mayor  coita  a  que  faz  perder 
coita  do  mar,  que  faz  muitos  morrer! 


5560 


t 


Die  allergrõsste  Not,  mit  der  man  ringt, 
in  der  der  Liebe,  wem  sie  fiel  zuni  Los. 
Des  Todes  und  des  Meeres  Not  ist  gross, 
,jdoch  der  Art  nicht.     Drum  sag  ich  unbedingt: 
So  wirkt  die  Not  der  Liebe,  dass  ich  jàh 
die  grosse  Meeresnot  vergess  und  seh 

Die  grõssre  Not  in  jener,  meiner  Treu, 
von  allen,  die  da  werden,  waren,  sind. 
er  nicht  verliebt  und  anders  ist  gesinnt, 
agt  nein  dazu.     Doch  ich  sag  ohne  Scheu: 

So  wirkt  die  Not  der  Liebe,  dass  ich  jãh 
die  grosse  Meeresnot  vergess  und  seh 

In  der  die  grõssre  Not,  die  jene  Not 
des  Meers  verscheucht,  das  vielen  bringt  den  Tod. 


252. 

(Tr.  282). 

Senhor  fremosa,  pois  que  Deus  non  quer, 
nen  mia  ventura,  que  vus  eu  veer  5565 

possa,  conven-ni'  ogemais  a  sofírer 
f.  68  (=  97}d  1  todas  las  coitas  que  soífrer  poder' 
5      por  vos;  e  quero  ja  sejnpre  coidar 
en  qual  vus  vi,  e  tal  vus  desejar 
todo'-los  dias  en  que  eu  viver'.  5570 

jE  mort'  assi  venha  quando  veer'! 
ca  desejos  non  ei  eu  de  perder 
10      da  mansedum(e)  e  do  bon  parecer 
e  da  bondade,  se  eu  ben  fezer', 
que  en  vos  á;  mais  quer'  a  Deus  rogar  5575 

que  me  leixe  meu  terap'  assi  passar, 
desejando  qual  vus  vi,  e  soffrer. 

15  Ca  en  desejos  é  todo  meu  ben. 

E  dizen  outros  que  an  mal,  senhor, 
desejando;  mais  eu  filh'  i  sabor,  5580 

ca  desejo  qual  vus  vi,  e  por  6n 
vivo,  ca  sempre  cuid'  en  qual  vus  vi, 

20      e  atai  vus  desejei  des  ali, 

e  desejar  ei,  mentr'  eu  vivo  for'. 

I  No  verso  17  o  escrevente  pôs  fill  tà  sennor;  depois,  reconhecendo 
o  erro,  riscou  ^<^,  substituindo  -  o  por  hy. 

II  Cantiga  demeestria:  4x7-|-3.  —  Decasyllabosjambicos. 
—  Coplas  pareadas:  abbacca.  —  Rimas  longas:  ér(a)  êr(*)  ari*^)  no 
grupo  P;  én(a)  ôrW  «(c)  no  IP,  ao  qual  responde  a  fiinda  em  «  i  Ôr. 

III  Schõne  Herrin,  da  Gott  und  mein  Schicksal  nicht  gestatten,  dass 
icli  Euch  sohe ,  muss  ich  nunmehr  um  Euch  die  herbsten  Leiden  eitragen : 
doeh  will  ich  stets  daran  g-^denken,  wie  ich  Euch  gesehen,  und  mir  Euch 
mein  Lebtag  in  gleicher  Lage  sehnsúchtig  vorstellen  (I). 


2õ 


4 


493      — 


Ca  sen  desejos  nunca  eu  vi  quen 
podess'  aver  tan  verdadeir'  amor 
com(o)  og'  eu  ei,  nen  fosse  sofredor 
do  que  eu  soffr'.     E  esto  me  manten: 
grandes  desejos  que  ei;  e  assi 
quero  viver;  e  o  que  for'  de  mi, 
eja,  ca  esto  tenli'  eu  por  melhor: 


5Õ85 


5590 


Desejar  sempre;  ca  des  que  non  vi 
30      vos,  non  vivera  ren  do  que  vivi 

se  non  coidand(o)  en  qual  vus  vi,  senhor. 

Der  Tod  komme,  wann  erkomme:  das  sehnsiichtige  Erinnern  an  Eure 
Milde,  Euer  holdes  Angesicht  und  Eure  Gúte,  so  oft  ich  Gutes  that,  werde 
ich  nicht  verlieren.  Zu  Gott  will  ich  beten,  er  mõge  mich  meine  Lebenszeit 
in  dieser  Weise  verbringen  lassen ,  leidend  und  Euch  im  Geiste  sehnsúchtig 
schauend  (2). 

Denn  ali  meine  Freude  besteht  in  diesem  sehnsúchtigen  Erinnern. 
Andere  sagen  zwar,  es  sei  ihnen  schmerzhaft,  wenn  sie  sich  sebnen;  ich 
aber  finde  Freude  daran.  Denn  ich  stelle  mir  vor,  wie  ich  Euch  sah;  und 
dadurch  lebe  ich,  dass  ich  immer  daran  denke,  wie  ich  Euch  sah  und  wie  ich 
Euch  seither  ersehne  und  ersehnen  werde,  solango  ich  lebe  (3). 

Nie  sah  ich  jemand,  der  sich  nicht  gesehnt  und  doch  so  wahre  Liebe 
empfunden  hâtte,  wie  ich  sie  empfinde,  noch  jemand,  der  solitte,  wie  ich 
leide.  Was  mich  erhâlt,  ist  meine  grosse  Sehnsucht.  Mit  ihr  will  ich 
leben,  geschehe  mit  mir,  was  da  will.     Es  ist  das  bessere  (4) 

Stets  sich  sehnend  zu  erinnern.  Denn  seit  ich  Euch  nicht  gesehen, 
hâtte  ich  nicht  gelebt,  wenn  ich  mich  nicht  sehnsuchtsvoll  daran  erianert 
hâtte,  wie  ich  Euch,  Herrin,  geschaut  (I). 


*<■ 


253. 

(Tr.  283). 

f%'^i^98)a       ^^^^  ^^^  ventura  tal  6  j pecador!  .'7.7.9.7 

que  eu  ei  por  molher  mort'  a  prender, 
muito  per  dev(o)  a  Deus  a  gradecer  O 
e  a  servir,  enquant'  eu  vivo  for',  O' 
5      porque  moiro,  u  mentira  non  á,    ^ 

por  tal  molher  que  que'- na  vir',  dirá   ^  5600 

que  moir'  eu  ben- morrer  por  tal  senhor;  o^ 

Ca  pois  eu  ei  tan  gran  coita  d'amor 
de  que  ja  muito  non  posso  viver, 
10     muit'  é  ben  saberen,  pois  eu  morrer', 

que  moiro  con  dereit';  e  gran  sabor  5605 

'v  ei  eu  d'esto;  mais  mal  baratará, 
Mpois  eu  morrer',  quen  mia  senhor  verá,  ( 
!ca  morrerá  com(o)  eu  moir',  ou  peor! 

15  Ca  non  á  no  mundo  tan  soffredor 

que  a  veja,  que  se  possa  sofPrer  5610 

que  lhe  non  aja  gran  ben  de  querer. 

E  por  esto  baratará  melhor 

no '-na  veer,  ca  ren  non  lhe  valrá,  '-' 

20    /'e  per  força  ben  assi  morrerá         *- 

5om'  eu  moiro,  de  ben  desejador.     ..  5615 

I  O  copista  escreveu  no  verso  28  se  ende  a  sabor.  Outra  mão  lançou 
posteriormente  á  margem  a  emenda  se  end'  é  sabedor.  —  No  24  temos  a 
graphia:  forú.  —  No  29  o  liespanholismo :  plaxerâ. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7-1-3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—   Coplas    equiconsoantes:    abbacca :  cca.    —    Rimas   longas:   ôrW 

er(l>)  «(c). 

in  Da  mein  Schicksal  mir  armem  Sunder  bestimmt  bat,  icb  solle  um 
eine  Frau  dem  Tode  verfallen,  muss  icb  Gott  innig  dafiir  danken  und  ihm 
mein  Lebtag  dienen;  denn  icb  sterbe  in  "VVabrbeit  um  eine  so  edle  Frau, 
dass,  wer  sie  siebt,  bekennen  wird,  icb  sturbe  recbtens  fiir  sie  (1). 


495     — 


f.  69  (=  98)b       Mais  eu  que  me  faço  conselhador 
d'outros,  devera  pêra  min  prender 
tal  conselho!  mais  foron  mi -o  tolher 
25     meus  pecados!  porque  vi  a  melhor 

molher  que  nunca  nasceu  nen  será!  C  5620 

E  moiro  por  ela!     Pêro  (ique  á? 
t  Moiro  mui  ben,  se  end'  ó  sabedor   ^ 


Ela,  pêro  sei  que  lhe  prazerá 
30      de  mia  morte;  ca  non  quis,  nen  querrá,  '^ 

nen  quer  que  eu  seja  seu  servidor,  o^  5625 

Weil  meine  Liebespein  so  gross  ist,  dass  ich  sclion  lange  nicàt  mehr 
lebea  kann,  ist  es  gut,  man  wisse  nach  meinem  Tode,  dass  ich  rait  Fug 
und  Eecht  sterbe.  Und  Freude  habe  ich  daran.  Doch  wird  schlecht  daran 
seio,  wer  nach  meinem  Tode  meiner  Herrin  nâlier  tritt:  sterben  wird  er 
wie  ich  oder  in  noch  schlimmerer  Weise  (2). 

Denn  es  giebt  auf  Erden  keinen  Dulder,  der,  sie  erblickend,  sich 
dazu  bringen  kônnte,  sie  nicht  zu  lieben.  Darum  wird  er  besser  rechnen, 
sieht  er  sie  liberhaupt  nicht;  denn  nichts  wird  ihm  (in  diesem  Falle)  helfen; 
und  unter  allen  Umstánden  wird  er  sterben,  wie  ich  sterbe,  nach  ihrer  Gunst 
sehnsuchtsvoU  (3). 

Ich,  der  ich  anderen  raten  will,  sollte  mir  selber  zu  raten  wissen; 
doch  hindern  mich  meine  Súnden  daran.  Geschaut  habe  ich  die  beste 
aller  Frauen,  die  je  geboren  ward  oder  werden  wird.  Und  ich  sterbe  um 
sie.     Doch  was  thut  das?     Gut  ist  es,  falis  sie  nur  darum  weiss  (4). 

Obwohl  ich  gewiss  bin,  sie  wird  es  zufrieden  sein.  Denn  sie  will 
mich  nicht,  noch  wollte  sie  mich  oder  wird  mich  je  zu  ihrem  Diener  haben 
wollen  (1). 

IV  O  resto  da  coluna  b  e  o  principio  do  verso  estão  preenchidos 
pela  cantiga  No.  248  a  qual,  conforme  já  se  disse,  vem  repetida. 


254. 

(Tr.  284). 

f.  69  (=  98)0        Senhor  fremosa,  por  Nostro  Senhor, 
e  por  mesura,  e  porque  non  á 
en  min  se  non  mort'  (e  cedo  será), 
e  porque  sõo  vosso  servidor, 
5  e  polo  ben  que  vos  quer'  outrossi,  5630 

jay  meu  lume,  doede-vus  de  mi! 

f.69{=98)d       II  Por  mercê  é  que  vus  venho  pedir 
e  porque  sõo  voss(o),  e  porque  non 
cato  por  ai,  nen  seria  razon, 
10     e  porque  sempre  vus  ei  a  servir,  5635 

e  polo  ben  que  vus  quer'  outrossi, 
jay  meu  lume,  doede-vus  de  mi! 

Porque  vus  nunca  podedes  perder 
en  aver  doo  de  min,  e  por  qual 
15      vos  fezo  Nostro  Senhor,  e  por  ai:  5640 

porque  soub'  eu  qual  sodes,  conhocer, 
e  polo  ben  que  vus  quer'  outrossi, 
jay  meu  lume,  doede-vus  de  mi! 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  afebafCC.  —  Rimas  longas:  ô/*(»)  áW 
na  1"  copla;  «VW  owW  na  2*;  êrW  ai  O»)  na  3^;  e*(a)  arW  na  4*;  *  no 
refram. 

ni  Schõne  Herrin,  ura  des  Himmels  und  der  Gerechtigkeit  willen, 
weil  ich  (bald)  dem  Tode  verfalle  und  weil  ich  Euer  Diener  bin,  ||  und  auch 
weil  ich  Euch  so  lieb  habe,  erbarmt  Euch  meiner,  Ihr  meine  Sonne  (1). 

Um  Gnade  bitte  ich  Euch,  weil  ich  der  Eure  bin,  nichts  andares  be- 
gehre  (woran  ich  auch  Unrecht  thâte),  und  Euch  auch  in  Zukunft  dienen 
werde;  ||  und  auch  weil  ich  Euch  so  lieb  habe,  erbarmt  Euch  meiner,  Ihr 
meine  Sonne  (2). 


497     — 


Por  quan  mansa  e  por  quan  de  bon  prez, 


20     e  por  quan  aposto  viis  fez  falar 
Nostro  Senhor,  e  porque  vus  catar 
fez  mais  fremoso  de  quantas  el  fez, 

e  polo  ben  que  vus  quer  outrossi, 
jay  meu  lume,  doéde-vus  de  mi! 


5645 


Weil  es  Eiich  nichts  schadet,  so  Ihr  Mitleid  mit  mir  habt;  weil  Euch 
Gott  der  Herr  so  (heriiich)  geschaffen  und  ferner,  weil  ich  erkanat  habe, 
was  Ihr  wert  seid;  ||  und  auch  weil  ich  Euch  so  lieb  babe,  erbarmt  Euch 
meiner,  Ihr  meine  Sonne  (3). 

Weil  Ihr  sanft,  tugendhaft,  vou  verstândiger  Eede  und  holdem  Ântlitz, 
mehr  ais  alie  andereu,  geschaffen  seid;  ||  und  auch  weil  ich  Euch  so  lieb 
habe,  erbarmt  Euch  meiner,  Ihr  meine  Sonne  (4). 


32 


.      255. 
(Tr.  285). 

A  mia  senhor,  que  por  mal  d'estes  meus      5650 
olhos  eu  vi,  fui -lhe  gran  ben  querer; 
e  o  melhor  que  d'ela  poid'  aver, 
des  que  a  vi,  direi-vo'-lo,  par  Deus: 
5  disso -m'oge  ca  me  queria  ben, 

pêro  que  nunca  me  faria  ben.  5655 

E  por  esto  que  me  disso,  cuidou 
min  a  guarir  (que  ja  moiro);  mais  non 
perdi  por  én  coita  do  coraçon; 
/.  70    10      I  pêro  ben  foi  mais  do  que  me  matou: 

disso -m'oge  ca  me  queria  ben,  5660 

pêro  que  nunca  me  faria  ben. 

I  CV  428  (842)  —  No  verso  3  o  CA  tem  pod  poyd]  e  no  5  ea  me 
que  ca  me  queria.  —  No  CV,  onde  falta  a  fiinda,  as  duas  ultimas  estrophes 
appareceni  invertidas. 

Variantes:  2  a  vi  —  3  pud'  —  5.  11  e  17  disse  m'oge  que  —  7 
disse  —  8  mi  ■ —  11  disse  —  15  muito  falta  —  16  m,ai'-[l]o  melhor. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2) -f- 2-  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbaj|CC.  —  Rimas  longas:  eiisi^)  êrW 
na  1*  copla;  o?/(a)  onO»)  na  2'^;  exi^)  ôr(b)  na  3*;  én  (ou  antes  a  rima  idên- 
tica ben)  no  refram,  ao  qual  a  fiinda  responde  com  ben  ren.  E  possivel 
qxie  no  texto  primordial  a  fiinda  apresentasse  as  mesmas  duas  rimas  do 
refram. 

III  Meine  Herrin,  die  ich  zum  Leide  meiner  Augen  geselien,  habe 
ich  von  Herzen  lieb;  das  Beste  aber,  was  ich  bis  jetzt  von  ihr  erreicht, 
will  ich  Eucb,  meiner  Treu,  bekennen:  ||  sie  hat  mir  heute  gestanden,  dass 
sie  mich  liebt,  mir  aber  niemals  Liebes  anthun  wird  (1). 

Damit  vermeinte  sie  mich  zu  heilen,  der  ich  am  Sterben  bin;  doeh 
bin  ich  meine  Herzensnot  nicht  losgeworden,  obgleich,  was  sie  mir  anthat, 
besser  ist  ais  das,  womit  sie  mich  tõtete  etc.  (2). 

Und  dadurch  glaubt  sie  ihren  Wert  eingebiisst  zu  haben!  Seht,  solch 
eine  Herrin  gaben  mir  Gott  und  die  Liebe:  das  Beste,  was  sie  mir  angethan. 


—     499     — 

por  aquesto  cuida  que  seu  prez 
tod'  á  perdud';  e  vedes  qual  senhor 
15      me  faz  amar  muito  Deus  e  Amor. 
E  o  melhor  que  m'ela  nunca  fez: 
disso -m'oge  ca  me  queria  ben, 
pêro  que  nunca  me  faria  ben. 

^Bf^F  E  entend'  eu  ca  me  quer  atai  ben 
20      en  que  non  perde,  nen  gaan'  eu  ren. 


5665 


war  folgendes:  ]|  sie  gestand  mir  heute,  sie  Hebe  mich,  -werde  mir  aber  nie- 
mals  Liebes  anthun  (3). 

Mir  scheint  demnach,  die  Liebe,  die  sie  fiir  mich  begt,   schadet  ihr 

nicht,  bringt  mir  aber  auch  keinen  Gewinn  (I). 


32^ 


256. 

(Tr.  286). 

De  quantas  cousas  eno  mundo  son,  5670 

non  vej(o)  eu  ben  qual  poden  semelhar 
ai  rei  de  Castela  e  de  Leon 
se  [non]  iia  qual  vus  direi:  o  mar! 
5      O  mar  semelha  muit'  aqueste  Kei; 

e  d 'aqui  en  deante  vos  direi  5675 

en  quaes  cousas,  segundo  razon: 

O  mar  dá  muit',  e  creede  que  non 
se  pod'  o  mundo  sen  el  governar, 
10      e  pode  muit',  e  á  tal  coraçon 

que  o  non  pode  ren  apoderar.  5680 

Des  i  ar  é  temudo,  que  non  sei 
que'- no  non  tema;  e  contar- vus -ei 
ainda  mais,  e  judga[c?e]-m'enton. 

15  Eno  mar  cabe  quant'  i  quer  caber; 

e  manten  muitos;  e  outros  i  á  5685 

f.  70  (=  99)b  II  que  x'ar  quebranta  e  que  faz  morrer 
enxerdados;  e  outros  á  que  dá 
grandes  erdades  e  muit'  outro  ben. 
20      E  tod'  esto  que  vus  conto,  aven 

ai  rei,  se  o  souberdes  conhocer.  5690 


I  Modifiquei  o  verso  4,  intercalando  non\  o  14,  mudando  judga  para 
judgade-^  o  20,  trocando  a  graphia,  erroneamente  latinizada  cundo  contra  conto-, 
o  29,  accrescentando  o  verbo  e.  Do  22,  que  tem  uma  syllaba  a  mais, 
podemos  eliminar  a  conjuucção  e,  ou  então  o  pronome  vos.  No  24,  secr 
figura -se -me  preferível. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x74-3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  pareadas:  ababeca.  —  Rimas  longas:  oni»)  arW  ei(*-) 
no  grupo  P;  êr(a)  áW  éni*^)  no  11",  ao  qual  a  fiinda  responde  com  én 
én  êr  (cea). 


—     501     — 

(E)  da  mansedume  vos  quero  dizer 
do  mar:  non  á  cont',  e  nunca  será 
bravo  nen  sanhudo,  se  lh'o  fazer 
25      outro  non  fezer';  e  soffrer-vus-á 

toda'-las  cousas;  mais,  s'é  en  desden,  õ69õ 

ou  per  ventura  algun  louco  ten, 
con  gran  tormenta  o  fará  morrer. 

Estas  manhas,  segundo  [é]  meu  sen, 
30      que  o  mar  á,  á  el  rei.     E  por  én 

se  semelhan,  que'-no  ben  entender'.  5700 


III  Ich  sehe  nicht  recht,  mit  welchem  Dinge  auf  Erden  man  den 
Kõnig  voa  Kastilien  und  Leon  vergleichen  kõnnte:  es  wâre  dena  mit  dem 
Meere.  Dem  Meere  ist  dieser  Kõnig  àhnlich.  In  welchen  Eigenschaften, 
werde  ich  Euch  nun  vernunftgemâss  auseinandersetzen  (1). 

Der  Ozean  giebt  vielerlei  und  ohne  denselben  wâre  es  schleoht  um  die 
Erde  bestellt.  Auch.  vermag  er  vieles  und  sein  Sinu  ist  so  gewaltig,  dass 
nichts  ihn  bândigen  Icann.  Ausserdem  ist  er  so  gefiirchtet,  dass  keiner 
lebt,  dem  nicht  vor  ihm  bangte.     Doch  hõrt  noch  mehr,  ebe  Ihr  urteilt  (2). 

Im  Ozean  hat  alies  Platz;  viele  erhâlt  er;  viele  riehtet  er  zu  Grunde 
und  bereitet  ihnen  Arraut  undTod;  wieder  anderen  giebt  er  grossen  Lânder- 
besitz  und  andere  Gúter.  Und  alies  dies,  vvas  ich  anfúhre,  geschieht  ebenso 
mit  dem  Kõnige,  wenn  Ihr  ihn  recht  beurteilt  (3). 

Doch  auch  von  des  Meeres  Mildo  will  ich  sprechen:  sie  ist  endlos; 
sanft  bleibt  es  solange,  bis  eiae  andere  Macht  es  wild  und  jâhzornig  macht; 
ertriigt  alies  von  Euch;  doch  ist  es  erst  gereizt  oder  hat  mit  einem 
Tollkúhnen  zu  schaffen,  so  giebt  es  ihm  den  Tod  in  heftigem  Ungewitter  (4). 

Diese  Tiicken,  die  das  Meer  hat,  besitzt,  nach  meinem  Sinne,  auch 
;  der  Kõnig.  Dai^um  vergleiche  ich  sie  miteinander.  Die  Einsichtigeu  werden 
mich  verstehen  (1). 


•m 


LACUNA  19"(?) 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No.  4«  DO  CADERNO  X. 


A  lacuna  já  existia  ao  tempo  em  que  se  procedeu  á  enca- 
dernação do  códice.  Não  ha  signal  algum  exterior  de  violência 
feita  aqui  ao  volume.  Tampouco  ha  cantigas  incompletas.  A 
folha  antecedente  tem  metade  da  coluna  b  e  todo  o  verso  em 
branco;  na  immediata  principia  uma  serie  nova  com  espaço 
para  uma  Vinheta. 

A  meia-folha  que  falta,  pôde  portanto  têr  incluído  um  grupo 
pequeno,  mas  completo,  de  poesias  de  um  trovador  diverso. 
Todavia  não  é  impossível  que  o  próprio  copista,  depois  de 
estragar  uma  lauda,  a  cortasse  cuidadosamente. 

Os  apographos  italianos  não  esclarecem,  de  modo  algum, 
esta  questão. 


A  LACUNA  (CASO  EXISTA)  FICA  PORTANTO  POR  PREENCHER. 


XXVIII 


CANTIGAS 

257—264 
DE 

FERNAN   VELHO. 


257. 
(Tr.  92). 

C.  XI:  4/?;  -r.    .      -Ti 

Vinheta  Pois  Dgus  non  Quei  que  eu  ren  poss    aver 

f.  71  (=  100]a  ,  «. 

de  vos,  senhor,  se  non  mal  e  aiian, 
e  os  meus  olhos  gran  coita  que  an 
por  vos,  senhor  ;se  eu  veja  prazer! 
5  ir-m'ei  d'aqui;  pêro  úa  ren  sei  5705 

de  min,  senhor:  ca  ensandecerei. 

f.  71  (=  ioo)b      Ij  E  mia  senhor  fremosa  de  bon  prez, 
pêro  vus  amo  mais  ca  min  nen  ai, 
pois  Deus  non  quer  que  aja  se  non  mal 
10     de  vos  ipar  Deus  que  vus  muito  ben  fez!         5710 
ir-m'ei  d'aqui;  pêro  úa  ren  sei 
de  min,  senhor:  ca  ensandecerei. 

E  pêro  vus  amo  mais  d'outra  ren, 
senhor  de  mi  e  do  meu  coraçon, 
15      pois  Deus  non  quer  que  aja  se  mal  non  5715 

de  vos,  senhor  jassi  Deus  me  dê  ben! 
ir-m'ei  d'aqui;  pêro  úa  ren  sei 
de  min,  senhor:  ca  ensandecerei 

Por  vos,  que  eu  muit'  am'  e  amarei 
20      mais  de  quant'  ai  vejo  nen  veerei.  5720 

I  CV  46  (134)  —  1  possa  a.  —  6  mi  —  8  No  CA  ha,  á  margem, 
as  palavras  peroque,  que  nada  rectificam,  mas  antes  estragariam  a  medida 
do  verso.  —  CV  mi  —  14  min  —  16  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-|-2)-}-2.  —  Decasyllabosjam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  cr(a)  atiW 
na  1"  copla;  ezW  aU^)  na  2*;  m(»)  onW  na  3";  ei  no  refram  e  na  fiinda. 

III  Da  Gott  nicht  will,  dass  ich  von  Euch  andores  ais  eitel  Kummer 
und  Not  habe,  und  Schmerz  fur  meine  Augen  jso  wahr  ich  Frende  sehen 
mõge!  II  so  will  ich  fort  von  hier,  obwohl  ich,  Herrin,  mit  Bestimmtheit  weiss, 
dass  es  mich  den  Verstand  kosten  wird. 


258. 
(Tr.  93). 

Quant'  eu  de  vos,  mia  senhor,  receei 
aver  dê'- lo  dia  en  que  vos  vi, 
dizen-mi-ora  que  mi -o  aguisa  'ssi 
Nostro  Senhor  como  m'eu  receei: 
5  de  vos  casaren!     Mais  sei  ua  ren:  5725 

se  assi  for',  que  morrerei  por  6n. 

E  serapr'  eu,  mia  senhor,  esto  temi 
que  m'ora  dizen  de  vos  avSer. 
Des  que  vos  soube  mui  gran  ben  querer, 
10     per  bõa  fé,  sempr'  eu  esto  temi:  5730 

de  vos  casaren.     Mais  sei  úa  ren: 
se  assi  for',  que  morrerei  por  én. 

E  sempr'  end'  eu,  senhor,  ouvi  pavor, 
des  que  vus  vi  e  convusco  falei 
15      e  vos  dix'  o  grand'  amor  que  vus  ei.  5735 

f.  71  {-=ioo)c  II  E  mia  senhor,  d'aquest'  ei  eu  pavor: 
de  vos  casaren!     Mais  sei  ua  ren: 
se  assi  for',  que  morrerei  por  én. 

I  CV  47  (435)  —  1   Quant'  cu,  mia  senhor,  de  vos  receei  —  2  vus 

—  3  aguisa  assi  —  5  e  11  vus  —  8  g'.  mi -ora  dizen  de  vus  a  veer 
(litteralmente  só  au')  —  9  vus  sòubi  —  14  con  vosco  —  15  e  vus  dix'  o 
mui  grand'  amor  que  ei. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -j-  2).  —  Decasy  Ilabos  jambicos. 

—  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  e*(a)  ii^)  na  1*  copla; 
*(a)  êrC')  na  2*  que  portanto  repete  uma  das  consoantes  da  anterior  (*) ,  tal- 
vez intencionalmente,  emquanto  a  outra  W  reapparece  na  ultima  copla:  ôr(«) 
e*(i>);  én  no  refram.  —  O  1"  e  o  ultimo  verso  de  cada  copla  tèem  rima 
idêntica. 

III  "Was  ich  befiirchtet  seit  dem  ersten  Tag,  an  dem  ich  Euch, 
Herrin,  gesehen,  das  verhângt  jetzt  der  Himmel  iiber  mich,  wie  man  mir 
sagt:  II  Man  vermahlt  Euch.  Doch  ist  dem  also,  so  muss  ich  sterben,  das 
weiss  ich  gewiss. 

IV  Nota  marginal  do  copista:  D.  refram. 


10 


259. 

(Tr.  94). 

Senhor  que  eu  por  meu  mal  vi, 
pois  m'eu  de  vos  a  partir  ei, 
creede  que  non  á  en  mi 
se  non  mort'  ou  ensandecer, 

pois  m'eu  de  vos  a  partir  ei 
e  ir  alhur  sen  vos  viver. 

Pois  vos  eu  quero  mui  gran  ben 
e  me  de  vos  ei  a  quitar, 
dizer -vus  quer'  eu  iia  ren, 
e  que  sei  no  meu  coraçon: 

pois  me  de  vos  ei  a  quitar, 
[de  pran,  morrerei  logu'  enton.] 


5740 


5745 


<750 


I  CV  48  (436)  —  3  O  CA  tem  min  —  7  vtis  —  10  O  CA  tem:  o 
que  sei  —  12  Falta  em  ambos  os  códices.  —  A  restituição  é  minha.  — 
Th,  Braga  propõe  (na  edição  restaurada  do  CV  enaZeitschriftl  p.  181): 
e  ir  alhur  sen  vos  enton.  Parece -me,  comtudo,  que  para  completar  a 
^phrase  precisamos  de  um  verbo  no  modo  finito.  —  18  No  CA  falta  ainda 
leste  verso.  No  CV  acham -se  aqui  repetidas  as  palavras  poys  me  de  vos 
]ei,  que  são  parte  do  refram  da  1*  estrophe,  ou  do  da  2*.  —  19  e  20  faltam 
í também.  O  copista  escreveu  por  engano  a  fiinda  da  cantiga  seguinte; 
( raspou -a  em  seguida  grosseiramente,  deixando  o  aperfeiçoamento  d'este 
;  trabalho  manual  para  mais  tarde,  e  reservando  10  linhas  em  branco.  Talvez 
'para  accrescentar  mais  uma  estancia  (que  hoje  falta  de  resto),  seguida  do 
^.verdadeiro  remate,  que  o  CV  nos  fornece? 

n  Cantiga  de  refram:  3x(4-|-2)-f  2  ou  antes  3  x  (1 -[- 1» -|- 2 
-|-  IR  -f- 1)  +  2,  visto  que  os  dous  versos  do  refram,  que  são  idênticos,  vêem 
intercalados  no  corpo  da  cantiga.  —  Octonariosjambicos.  —  Coplas 
singulares:  abac :  BC  ou  antes:  aBacBc.  —  Rimas  longas:  *'(*)  e«(B) 
erfc)  na  1*  copla;  é/iW  ar^J^)  on(*>)  na  2»;  ôr(.<i)  om(B)  aZ(c)  na  S^;  ir  ai  na, 
fiinda,  que,  vindo  ligada  á  ultima  estancia  por  só  uma  das  rimas,  apre- 
senta outra  nova  (d«3).  —  O  refram  varia  de  teor  e  de  rima,  de  estrophe 
para  estrophe. 


—     508     — 

E  mal -dia  naci,  senhor, 

pois  que  m'eu,  d'u  vos  sodes,  vou; 
15     ca  mui  ben  sõo  sabedor 
que  morrerei,  u  non  jaz  ai, 

pois  que  m'eu,  d'u  vos  sodes,  vou,  5755 

[senhor  que  eu  vi  por  meu  mal] 

E  log(o)  u  m'eu  de  vos  partir', 
20     morrerei,  se  mi  Deus  non  vai. 

III  Herrin,  die  ichzu  meinem  Unglúck  sah,  da  ich  von  Euch  scheiden 
muss,  so  glaubt  mir  wenigstens,  dass  ich  stei'ben  muss  oder  nârrisch  werden, 
da  ich  von  Euch  scheiden  und  anderwârts  wohnen  muss. 

IV  A  meu  vêr,  não  foi  a  „razão"  d'esta  cantiga,  mas  antes  a  novidade 
da  estructura  que  arrancou  ao  velho  annotador  a  apostilla :  mui  mujto  boa ! 


260. 

(Tr.  95). 

f.  71  (=  ioo)d       A  mayor  coita  que  eu  vi  soífrer 

d 'amor  a  nulh'  orne,  des  que  naci,  5760 

eu  nii-a  soífro;  e  ja  que  est  assi, 
meus  amigos,  assi  veja  prazer, 
5  gradesc'  a  Deus  que  me  faz  a  mayor 

coita  do  mund'  aver,  por  mia  senhor. 

E  ben  tenh'  eu  que  faço  gran  razon  5765 

da  mayor  coita  muit'  a  Deus  gracir, 
que  m'el  dá  por  mia  senhor,  que  servir 
10      ei,  raentr'  eu  viver':  mui  de  coraçon 

gradesc'  a  Deus  que  me  faz  a  mayor 

coita  do  mund'  aver  por  mia  senhor.        5770 

E  por  mayor  ei  eu,  per  bõa  fé, 
aquesta  coita  de  quantas  fará 
15      Nostro  Senhor,  e  por  mayor  mi- a  dá 
de  quantas  fez;  e  pois  que  assi  é, 

■1^,        gradesc'  a  Deus  que  me  faz  a  mayor       5775 
B         coita  do  mund'  aver  por  mia  senhor. 

Pois  que  mi -a  fez  aver  pola  melhor 
20      dona  de  quantas  fez  Nostro  Senhor. 

I  CV  49  (437)  —  2  null'  orne  —  5  e  17  mi  —  6  mundo  —  19  fax. 

II  Cantiga  de  refrani:  3  x  (4 -f- 2) -]- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba |j €(.' :  cc.  —  Rimas  longas:  êrW 
«'(*>)  na  1"  copla;  owW  «>(•»)  na  2'^;  é(a)  ai*»)  na  3";  ôr  no  refram  e  na 
fiinda. 

III  Die  grõssto  Liebespein,  die  ich  jornais  einen  Mann  babe  leiden 
seheu,  ich  eixluldc  sie,  |1  und  danlíe  Gott  dafiir,  da  ich  sie  fiir  die  beste  uiiter 
allen  Frauen  trage. 

IV  A  fiinda  tem  pauta  para  musica. 


261. 
(Tr.  96). 

/  72^i:  /A«       Nostro  Senhor  que  eu  sempre  roguei 

pola  coita  que  m'  Amor  faz  soffrer,  5780 

que  mi -a  tolhesse,  e  non  quis  tolher, 
e  me  leixou  en  seu  poder  d' Amor, 
5      des  ogemais  sempre  Ih'  eu  rogarei, 

pois  ei  gran  coita,  que  me  dê  mayor, 

Con  que  moira;  ca  mui  gran  sabor  ei  5785 

per  bõa  fé,  de  mais  non  guarecer, 
pois  s'el  nunca  de  min  quiso  doer 
10      e  me  faz  viver  sempr'  a  gran  pavor 
de  perde'- lo  sen;  mais  ja  grací'-lh'-ei, 

pois  ei  gran  coita,  que  me  dê  mayor,      5790 

I  CV  60  (438)  —  2  que  mi -Amor  f.  s.  —  3  que  mi -a  tolhess'  e 
non  mi- a  quis  t.  —  6  mi  —  W  de  perder  o  sen  —  gracir-lh'o  ei  — 
14  of  (eu)  outra  ren  con  qu(e)  eu  v.  p.  —  17  sempr'  o  eu  servirei.  Talvez 
a  boa  lição  seja:  pedirei  (seguido  de  virgula).  —  20  mi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5  -]-  1)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  equiconsoantes:  abbcaUC :  ae.  —  Rimas  longas: 
e«(a)  êr(P)  ôr(C).  —  A  fiinda  repete  palavras  que  ja  serviram  de  rima  no 
corpo  da  cantiga  (verso  13  e  4). 

III  Den  Himmel,  zu  dem  ich  bis  heute  gebetet  habe,  er  mõcbte  mich 
aus  meiner  Liebespein  erretten,  und  der  mich  nicht  erhõrt  hat,  werde  ich 
von  nun  an  bitten,  da  ich  nun  einmal  Pein  trage,  ||  mir  noch  grõssere  Pein 
aufzuerlegen  (1), 

An  der  ich  sterben  muss;  denn  ich  mag  nicht  am  Leben  erhalten 
werden,  da  Gott  kein  Erbarmen  mit  mir  hat  und  mich  dauernd  io  der  Angst 
erhâlt,  den  Verstand  zu  verlieren:  In  diesem  Sinne  werde  ich  es  ihm 
danken,  gefâllt  es  ihm,  ||  mir  immer  grõssere  Pein  aufzuerlegen  (2) 

So  rasch  ais  mõglich.  Denn  es  giebt  nichts,  was  mir  Vergniigen  be- 
reiten  kõnnte,  da  er  mich  weder  schiitzen  will,  noch  wollte,  sondern  an 
meinem  Leide  Freude  hatte.  Solange  ich  lebe,  werde  ich  ihn  daher  bitten,  || 
mir  grõssere  Pein  zu  geben  (3), 


—     511     — 

Se  Ih'  aprougiier',  mui  cedo;  ca  non  sei 
oj'  outra  ren  con  que  visse  prazer, 
15     pois  in'el  non  quis  nen  quer  d'el  defender 
e  de  meu  mal  ouve  tan  gran  sabor, 
mentr'  eu  viver',  sempre  o  servirei, 

Pois  ei  gran  coita,  que  me  dê  mayor, 

■I    Con  que  moira!  ca,  de  pran,  ai  non  sei 
~2Õ  '  que  me  possa  tolher  coita  d'amor. 


5795 


An  der  ich  sterbe.    Denn  nichts  anderes  kann  niich  vou  meiner  Liebes- 
pein  befreien  (I). 

IV  Tíota  marginal  do  copista:  D.  reffram.  —  A  chamada  está  todavia 
errada:  o  refram  não  principia  com  o  5°  verso,  mas  antes  com  o  6". 


262. 

(Tr.  97). 

f.  72  {=ioi)b       Muitos  veg'  eu  per  mi  maravi||lhar 

por  quê  eu  pedi  a  Nostro  Senhor  5800 

das  coitas  do  mundo  sempr'  a  mayor; 
mais  se  soubessen  o  meu  coraçon, 
5     non  me  cuid'eu  que  o  fossen  provar; 
ante  terrian  que  faço  razon. 

Mais  por  que  non  saben  meu  coraçon,  5805 

se  van  eles  maravilhar  per  mi, 
por  quê  das  coitas  a  mayor  pedi 
10     a  Deus  que  á  de  mi- a  dar  gran  poder. 
Mais  eu  pedí'-lh'a-ei  toda  sazon 
ata  que  me  dê,  enquant'  eu  viver'.  5810 

I  CV  51  (439)  —  8  min  em  ambos  os  códices.  —  11  pedir -Ih' a -ei 
—  12  ata  que  mi- a  rfê,  lição  que  parece  preferível  —  18  {quiser  faxer)  — 
19  ni'é  mui  mester  —  20  se  Ihi  prouguer. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  6 -[- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbcac,  com  a  particularidade  que  a  ultima 
das  rimas  da  estancia  inicial  serve  de  1''  na  do  meio,  cuja  derradeira  con- 
sonância passa,  por  sua  vez,  para  o  1°  lugar  na  terceira  estrophe.  —  Rimas 
longas:  ar(*)  ÔrW  o?i(c)  na  l*''  estancia;  o«(a)  *(b)  erW  na  2";  êr(a)  énW 
ér(c)  na  3%  á  qual  responde  a  fiinda  em  éríi-íaS).  O  verdadeiro  systema  de 
concatenação  das  consoantes  é  portanto :  abbcac  —  eddece  —  effgeg:  —  g'?. 

m  Ich  sehe ,  dass  viele  dariiber  staunen ,  weshalb  ich  Gott  den  Herrn 
gebeten  babe,  mir  die  grõsste  irdische  Pein  aufzuerlegen ;  kõnnten  sie  jedoch 
in  mein  Herz  blicken ,  so ,  glaube  ich ,  wúrden  sie  mich  nicht  zu  tadeln  ver- 
suchen;  vielmehr  wiirden  sie  íinden,  ich  habe  recht  (1). 

Da  sie  aber  mein  Herz  nicht  durchschauen ,  staunen  sie  iiber  mich, 
der  ich  zu  Gott  dem  AUmachtigen  um  die  grõsste  Erdenpein  gebetet  habe. 
Allezeit  aber  werde  ich  damit  fortfahren  bis  an  mein  Lebensende  oder  bis 
er  sie  mir  gewâhrt  (2). 


513 


El  que  á  de  mi -a  dar  mui  gran  poder, 
mi -a  dê,  pêro  se  maraviltian  én 
15     os  que  non  saben  meu  coraçon  ben, 
por  quê  a  peço;  ca  m'é  mui  mester 
de  mi -a  dar  el  que  o  pode  fazer,  5815 

per  bõa  fé,  se  o  fazer  quiser'. 

^    E  se  el  sabe  que  m'é  [mui]  mester 
20      de  mi -a  dar,  el  mi -a  dê,  se  ih'  aprouguer'! 


Ob  auch  die,  welche  mein  Herz  nicht  kennen ,  staunend  fragen,  wes- 
halb  ich  den  AUmâchtigen  darum  bitte,  mõge  er  mich  dennocli  erhoren.  Denn 
mir  thut  es  not,  dass  er,  der,  wenn  er  nur  will,  sie  mir  geben  kann,  sie 
mir  auch  wirklich  gebe  (3). 

Und  da  er  es  weiss,  dass  ich  dessen  bedarf,  mõge  er  geruhon,  es  zu 
gewãhren  (I). 

IV  E  continuação  da  cantiga  anterior. 


33 


263. 
(Tr.  98). 

Senhor,  o  mal  que  ra'a  min  faz  Amor 
f.  72  (=  ioi)c  e  a  gran  coita  que  me  ||  faz  soífrer,  5820 

a  vo'-lo  devo  muit'  a  gradecer 
e  a  Deus  que  me  vus  deu  por  senhor; 
5      ca  be'-no  faço  d'esto  sabedor 
que  por  ai  non  mi -o  podia  fazer 

Se  non  per  vos,  que  avedes  sabor  5825 

do  mui  gran  mal,  que  mi -a  min  faz,  aver. 
E  pois  vus  praz,  vos  lhe  dades  poder 
10      de  me  fazer,  fremosa  mia  senhor, 

o  que  quiser',  enquant'  eu  vosso  for', 

e  vus  de  min  non  quiserdes  doer.  5830 

E  da  gran  coita,  de  que  soffredor 
foi,  e  do  mal,  muit'  á,  sen  meu  prazer, 
15      a  vos  dev'  én  mui  \bon  grad']  a  põer; 
ca  non  me  dê  Deus  de  vos  ben,  senhor, 
que  me  pod'  amparar  de  seu  pavor,  5835 

se  og'  eu  sei  ai  por  que  o  temer. 

I  CV  52  (440)  —  1  mi-a  mi  —  2  mi  —  4  mi  —  7  por  —  9  e- 
Ihi  dades  j9. ,  lição  que  talvez  seja  preferível.  —  10  mi  —  11  enquant' 
eu  vivo  for'  —  12  mi  —  14  fui  —  15  Ambos  os  códices  tèem  errada- 
mente: mui  grand-a  põer.  Alguém  quis  corrigir  o  erro  no  CA,  e  pôs  á 
margem  a  palavra  bon  (6õ),  esquecendo,  porém,  de  substituir  gr  and'  por 
grad  —  16  mi  —  17  empar  ar  de  seu  amor  —  22  e  non  me  Ihi  defen- 
derdes, senhor.     Se  e  não  for  erro  por  ew,  talvez  defendades  seja  melhor? 

—  23  ca  ben  cuydo  de  como  é  t.  —  24  O  copista  do  CA  escreveu:  me 
made.  A  emenda  mate  está  á  margem.  —  25  eu  só  apparece  á  margem  do 
CA  —  26  fez  Deus  —  27  guardade-vus. 

II  Cantiga  demeestria:  4x6-f-3.  —  Decasyllabosjambicos. 

—  Coplas  equiconsoantes:  abbaalt) :  aal).  —  Rimas  longas:  ór(a)  êrW. 

—  O  verso  4°  de  todas  as  estrophes,  e  o  2°  da  fiinda,  acaba  em  senhor. 


—     515     — 


Mais,  por  Deus,  que  vus  foi  dar  o  mayor 
20     ben  que  eu  d'outra  don(a)  oí  dizer, 
que  me  non  leixedes  escaecer 
en  me  lhe  non  deffenderdes,  senhor!  5840 

Ca  ben  coido,  de  com'  é  traedor, 
que  me  mate  ced',  e  pois  non  querer 

25  Gracir-vo'-lo,  pois  que  eu  morto  for'. 

E  por  quanto  ben  vus  Deus  fez,  senhor, 
guardado -vus  de  tal  erro  prender.  5845 

m  Herrin,  das  Leid,  das  mir  durch.  Amor  widerfáhrt,  und  die  grosse 
Pein,  welche  ich  erleide,  Euch  danke  ich  beides  und  dem  Allmâchtigen ,  der 
mir  Euch  zur  Herrin  gab.  Denn  ihm  verhehle  ich  es  nicht,  dass  er  es 
mir  anthun  konnte  nur  durch  Euch,  die  Ihr  so  grosse  Lust  ob  meinem 
Leide  habt  (1). 

Und  da  es  Euch  so  gefâllt  und  Ihr  Amor  die  Befugnis  gebt,  mit  mir 
nach  seinem  Belieben  zu  verfahren ,  solange  ich  der  Eure  bin  (ou ,  segundo 
o  CV:  solange  ich  lebend  bin),  und  da  Ihr  ferner  kein  Mitleid  mit  mir 
empfindet  (2), 

Noch  mit  den  Schmerzen  und  dem  Leide,  das  ich  solange  schon,  ganz 
ohne  meinen  Willen  erdulde,  so  bin  ich  Euch  dafúr  zu  Dank  verpílichtet. 
Denn  Gott  moge  mir  Eure  Liebe  nicht  schenken ,  die  mich  gegen  die  Furcht 
vor  ihm  zu  schirmen  vermag,  so  ich  heute  einen  anderen  Grund,  ihn  zu 
fúrchten,  kenne  (3). 

Beim  Himmel  aber,  der  Euch  die  grõssten  Vorziige  vor  allen  anderen 
Frauen  gegeben,  vergesst  es  nicht,  mich  vor  ihm  zu  schiitzen;  denn  ich 
fiirchte,  dass  er,  ais  der  Verrator,  der  er  nun  einmal  ist,  mich  bald  tõten 
will,  hernach  Euch  aber  (4) 

Nicht  fúr  meinen  Tod  belohnen  wird.  Bei  aliem  Guten,  das  Gott 
Euch  gab,  hutet  Euch  daher,  solchen  Fehler  zu  begehen  (I). 


33^ 


264. 

(Tr.  99). 

Meus  amigos,  muito  me  praz  d' Amor 
que  entend'  ora  que  me  quer  matar, 
f.72(=ioi}d  II  pois  mi -a  min  Deus  non  quis,  uen  mia  senhor, 
a  que  roguei  de  me  d'el  amparar. 
5      E  por  én  quanto  m'el  quiser'  matar  5850 

mais  cedo,  tanto  lh'o  mais  gracirei. 

Ca  ben  me  pode  partir  da  mayor 
coita  de  quantas  eu  oí  falar 
de  que  eu  foi,  muit'  i  á,  soffredor. 
10     Esto  sabe  Deus  que  me  fui  mostrar  5855 

lia  dona  que  eu  vi  ben  falar 
e  parecer,  por  meu  mal,  e  o  sei. 

Ca  muit'  i  á  que  vivi  a  pavor 
de  perder  o  sen,  con  mui  gran  pesar 
15      que  vi  depois;  e  por  én  gran  sabor  5860 

ei  de  mia  morte  (se  mi -a  quiser'  dar 
Amor  e  a  que  me  fez  gran  pesar) 
veer  d'aquela  ren  que  mais  amei. 

I  CV  53  (441)  —  1  mi  —  2  mi  —  3  mi -a  mi  —  4  a  que  o  rogtiei 
de  me  d'el  emparar  —  10 — 11  Ambos  os  códices  fazem  um  salto  de  10  syl- 
labas  e  dizem:  e  sabe  Deus  u  a  vi  ben  falar  e  parecer  por  meu  mal  eu 
o  sey.  No  CA  o  erro  foi,  todavia,  corrigido  á  margem,  em  cursivo.  —  13 
vivo  —  15  despois  —  16  da  mia  morte  —  18  O  CA  tem:  d'aquelha  — 
20  non  me  q.  q.  —  23  quefn]  me  d'el  empare.  O  CA  tem  ampare.  — 
27  As  ultimas  nove  syllabas,  que  faltam  no  CA,  formariam  o  principio  da 
folha  immediata,  que  foi  arrancada  e  estraviada.  Tirei -as  do  CV,  mudando 
outrem  para  outre,  por  causa  da  medida  do  verso;  e  emparado  para  am- 
parado. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6  +  3.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  equiconsoantes,  com  uma  palavra  perduda  no  fim  das 
estrophes:  ababbc :  bibe.  —  Eimas  longas:  ÔrW  arv^)  e«(«).  —  Palavras 
idênticas  no  fim  dos  versos  2  e  5  de  cada  uma  das  estrophes. 


517     — 


Mais  esso  pouco  que  eu  vivo  for', 
20     pois  assi  é,  no'- me  queiro  queixar 
cFeles;  mais  el  seja  seu  traedor, 
se  me  iion  mata,  pois  non  poss'  achar 
que[^^]  me  lh'ampar,  e  se  me  d'el  queixar. 
Deus  non -me  valha!  que  eu  mester  ei. 

25  Ca  pois  m'eles  non  queren  amparar 

e  me  no  seu  poder  queren  leixar, 
auii||ca  per  oiitrfe)  amparado  serei. 


5865 


5870 


m  Freimde,  ich  lobpreise  Amor,  weil  ich  merke,  dass  er  mich  tõten 
will,  da  weder  Gott  noch  meine  Herrin,  die  ich  darum  bat,  mich  vor  ihm 
zu  schiitzen,  solches  gewoUt  hat.  Darum  je  schneller  Amor  mich  tõtet,"  um 
so  dankbarer  werde  ich  ihm  sein  (1). 

Denn  er  kann  mich  von  der  ârgsten  aller  Qualen  bef reien ,  von  denen 
ich  je  gehõrt  und  die  ich  seit  langem  erdulde.  Gott  weiss  es,  der  mir  die 
holde  Frau  gezeigt,  die  ich  zu  meinem  Unglúck  sah  und  hõrte  (2). 

Lebe  ich  doch  seither  in  steter  Furcht,  den  Verstand  aus  Gram  zu 
verlieren!  Deshalb  habe  ich,  so  Amor  und  die,  welche  mir  Gram  bereitet, 
mir  den  Tod  geben  will,  so  grosse  Lust  daran,  ihn  durch  das  AVesen  zu 
erleiden,  das  ich  am  meisteu  geliebt  (3)! 

Wáhrend  des  kleinen  Lebensrestes ,  der  mir  bleibt,  will  ich  jedoch 
nicht  úber  jene  beiden  klagen.  Verràter  aber  nenne  ich  ihn,  falis  er  mich 
nicht  tõtet,  da  ich  niemand  finde,  der  mich  gegen  ihn  beschútzt.  Beklage 
ich  mich  aber  iiber  ihn,  so  mõge  mir  Gott  seine  Gnade  vorenthalten ,  deren 
ich  so  sehr  bedarf  (4). 

Denn  da  jene  zwei  mir  nicht  helfen,  sondern  mich  in  seiner  Macht 
lasson,  werde  ich  nimmer  bei  jemand  anders  Beistand  finden  (I). 

IV  É  continuação  da  cantiga  anterior. 


i 


LACUNA  30". 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:  No  2Í^   DO  CADERNO  XL 


A  folha  antecedente  acaba  no  meio  da  fiinda  de  uma  can- 
tiga. A  immediata  inicia  serie  nova.  A  lauda  que  falta,  e  foi 
brutalmente  cortada  á  tesoira,  talvez  por  têr  muito  pergaminho 
em  branco,  deve  têr  incluído  o  fim  do  cyclo  attribuido  a 
Fernam  Yelho,  (composto,  nos  apographos  italianos,  de  uma 
só  poesia  a  maior),  a  não  ser  que  no  verso  outro  auctor,  des- 
conhecido, figurasse,  com  duas  ou  três  poesias,  adornadas  de 
Vinheta  e  lettra  historiada. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO  16'^  DO  APPENDICE. 


XXIX 


CANTIGAS 


265  —  266 


DE 


FACIO   DE   GENUA. 


^ 


I 


265. 
(Tr.  100). 


C.  XI:  í/9 
/•.  73  (=  I02)a 


Mui  gran  poder  á  sobre  min  Amor, 
pois  que  me  faz  amar  de  coraçon 
a  ren  do  mundo  que  me  faz  mayor  5875 

coita  soffrer;  e  por  tod'  esto  non 
5      ouso  pensar  sol  de  me  queixar  én: 
atan  gran  pavor  ei  que  mui  gran  ben 
f.  73  (=io2)b  me  lhe  fezesse,  ||  por  meu  mal,  querer! 

E  no'-mi-á  prol  este  pavor  aver,  5880 

pois  cada  dia  mi -a  faz  mui  melhor 
10      querer,  por  mal  de  min,  e  por  fazer 
me  prender  mort'  en  cab';  e  pois  sabor 
á  de  mia  morte,  roga'- Ih'- ei  que  non 
mi -a  tarde  muito;  ca  mui  gran  sazon  5885 

á  que  a  quis  e  desejei  por  én. 


I  CB  449  (341)  —  1  mi  —  2  mi  —  7  Ihi  —  8  non  —  11  morte 
en  cabo,  pois  s.  —  12  rogar -Ih' ei  —  13  {qtie  é  g.  s.)  —  18  mi  —  19  cuitad' 
—  21  t.  e.  com'  ei  no  m.  c.  —  22  mi  —  25  mi  —  27  e  mi  conven  atai 
affan  sofrer. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes,  com  as  mesmas  quattro  rimas  em  todas  as 
estrophes.  Estão,  todavia,  tão  artificiosamente  invertidas  que  o  efeito,  um 
tanto  surprohendente ,  é  de  coplas  singulares  com  três  pares  de  rimas 
(das  quaes  duas  se  cruzam)  e  no  fim  uma  palavra  perduda:  ababccd.  — 
Rimas  longas,  pela  ordem  ôrW  onW  m(«)  erW  na  1*  estancia;  er(a)  ôrW 
ow(c)  é»(d)  na  2*;  m(»)  êrC>)  ôr(e^)  onW  na  3*;  e  o«(»)  énQ>)  eV(c)  Sr  (d)  na 
ultima,  de  sorte  que  o  eschema  completo  é:  ababccd  dadabbc  cdcdaab 
bcbcdda.  —  Se  as  palavras  rimantes  fossem  iguaes  em  todas  as  estrophes, 
teríamos  uma  espécie  deSeptuor,  variante  e  imitação  evidente  da  Sextina 
provençal. 


—     522     — 

15  Pois  ja  entendo  que  guisada  ten 

Amor  mia  mort',  e  non  pode  seer 

que  me  non  mate,  sei  eu  ua  ren: 

que  me  vai  mais  log•[^í|'  i  morte  prender  5890 

que  viver  coitad'  en  mui  gran  pavor; 
20      ca  non  averei,  pois  eu  morto  for', 

tal  coita  qual  ei  no  meu  coraçon. 

E  quen  soubesse  como  me  vai,  non 
terria  que  eu  sõo  de  bon  sen  5895 

en  me  leixar  viver;  ca  sen  razon 
25      me  dá  tal  coit(a)  Amor  que  me  conven 
a  viver  trist'  e  sen  todo  prazer. 
E  me  conven  tal  afFan  a  soífrer 
que  major  non  fezo  Nostro  Senhor.  5900 

III  Grosse  Macbt  hat  Amor  úber  mich,  da  er  mich  zwingt.  von 
Herzen  gerade  dasjenige  Erden-Wesen  zu  lieben,  welches  mir  die  grõssten 
Schmerzen  bereitet,  und  úber  das  ich  trotz  alledem  nicht  zu  tlagen  mich 
erkúbne,  aus  arger  Furcbt,  Amor  kõnnte  darob,  zu  meinem  Leide,  meine 
Liebe  zu  ibr  noch  mehren  (1). 

Selbst  diese  Furcht  frommt  mir  aber  nicht:  trotz  alledem  mehrt  sich 
meine  Liebe,  zu  meinem  Leide,  vou  Tag  zu  Tage,  so  dass  das  Ende  der  Tod 
sein  muss.  Und  da  er  also  meinen  Tod  will,  sei  die  Bitte  ausgesprochen, 
er  mõge  nicht  lange  damit  zõgern,  da  ich  mich  schon  seit  geraumer  Zeit 
danach  gesehnt  babe  (2). 

Da  ich  sicher  weiss,  der  Tod  sei  iiber  mich  verhàngt,  und  unabwend- 
bar,  dass  Amor  ihn  vollstrecke,  so  ist  auch  daran  kein  Zweifel,  dass  es 
besser  fúr  mich  wâre,  sofort  zu  sterben,  ais  weiter  in  Kiimmernis  und 
grosser  Angst  zu  leben.  Denn  nach  dem  Tode  werde  ich  wenigstens  meine 
Herzenspein  los  sein  (3). 

Wer  ura  meinen  Seelenzustand  wiisste,  der  wiirde  nicht  der  Ansicht 
sein,  es  wãre  verstãndig,  weiter  zu  leben,  da  ohne  Fug  und  Recht  Amor 
mich  so  bedrângt,  dass  ich  ein  triibseliges  und  freudloses  Dasein  friste,  die 
grõsste  aller  Qualeu  leidend,  die  Gott  der  Herr  den  Menschen  auferlegen 
kann  (4). 

IV  Cfr.  Diez,  p.  60. 


(=  102)c 


10 


15 


266. 

(Tr.  101). 

Ora  non  moiro,  nen  vivo,  nen  sei 

como  me  vai,  nen  ren  de  mi,  se  non 

atanto  que  ei  no  meu  coraçon 

coita  d'anior  qual  vus  ora  direi: 

tan  grande  que  ||  me  faz  perder  o  sen,      5905 
e  mia  senhor  sol  non  sab'  ende  ren. 

Non  sei  que  faço,  nen  ei  de  fazer, 
nen  en  que  ando,  nen  sei  ren  de  mi, 
se  non  atanto  que  soffr'  e  soffri 
coita  d'amor  qual  vus  quero  dizer:  5910 

tan  grande  que  me  faz  perder  o  sen, 
e  mia  senhor  sol  non  sab'  ende  ren. 

Non  sei  que  é  de  min,  nen  que  será, 

meus  amigos,  nen  sei  de  mi  ren  ai 

se  non  atanto  que  eu  softr'  atai  5915 

coita  d'amor  qual  vus  eu  direi  ja: 

tan  grande  que  me  faz  perder  o  sen, 
e  mia  senhor  sol  non  sab'  ende  ren. 


5.  11  e  17  m*  —  7  faça  —   14  {non 


I  CB  450  (342)  —   2  7ni 

sei)  de  min  —  15  sofra  atai. 

II  Cantiga  de  ref  ram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  al)lba||C€.  —  Rimas  longas:  ei(&)  onW  na 
1"  copla;  er(a)  «fl»)  na  2*-,  «(»)  alW  na  3*;  én  no  refrara. 

III  Ich  sterbe  nicht,  noch.  lebo  ich,  noch.  weiss  ich,  wie  es  mir  er- 
geht  und  um  mich  stebt.  Nur  eines  weiss  ich,  dass  ich  tief  im  Herzen 
grosse  Liebespein  trage,  ||  die  mir  den  Verstand  raubt,  und  dass  meine  Herrin 
nicht  einmal  davon  Kunde  hat. 

IV  O  resto  da  folha  ficou  em  branco. 


n 


XXX 


CANTIGAS 


267—276 


DE 


UM   DESCONHECIDO  (III). 


C.  XII:  la 

Vinheta 

f.  74  (=  102bis)a 


267. 
(Tr.  25). 

[Que  mal  Amor]  me  guisou  de  viver 
na  mui  gran  coita,  mentr'  eu  vivo  for', 
quando  [me  fez]  querer  ben  tal  senhor 
que  me  non  quer  sol  dos  olhos  catar! 
Quando  a  vejo,  non  lh'ouso  dizer 
que  lhe  fiz,  ou  por  quê  me  quer  matar. 


5920 


5925 


E  non  me  poss'  eu  queixar  con  razon 
f. 74 i=  i02bis)b\\  d' Amor ^  nen  d'outre  \se  me  venha  ben! 
se  non  de  Deus  que  me  tolhe  o  sen 
10      en  me  fazer  tal  senhor  muit'  amar 

que  me  non  diz  en  algfia  sazon 

que  lhe  fiz,  ou  por  quê  me  quer  matar.    5930 

110  copista  enganou -se  ao  traçar  as  primeiras  quattro  syllabas. 
Reconhecendo  o  erro  raspou  as  respectivas  lettras ,  sem ,  comtudo ,  lançar  á 
margem  a  emenda.  —  Vejo  apenas  um  q^  como  chamada  para  o  illumi- 
nador.  D'este  q  parti  na  minha  tentativa  de  restauração.  Dou -a  todavia 
por  imperfeita,  inclinando -me  a  suppôr  que  aquella  inicial  pertenceria  ás 
palavras  não -validas,  já  destruidas.  O  resto  da  cantiga  parece  exigir  como 
sujeito  da  l''  phrase,  não  Amor,  mas  antes  a  formula  tantas  vezes  empre- 
gada, e  metricamento  aceitável:  Nostro  Senhor,  que  o  leitor  fará  bem  em 
substituir  ao  hypothetico  Que  mal  Amor.  —  3  Ainda  aqui  houve  engano, 
e  ha  hoje  uma  rasura.  —  16  Este  verso  está  também  visivelmente  detur- 
pado. O  copista,  errando  mais  uma  vez,  interrompeu  o  seu  trabalho.  O 
espaço  que  reservou  em  branco,  e  abrange  quattro  linhas  além  das  que 
costumam  mediar  entre  duas  cantigas,  faz  conjecturar  que  carecemos  apenas 
do  verso  final  da  3*  e  ultima  copla  (em  ar).,  do  refram  (com  rima  em  ei  e 
matar)  e,  além  d'isso,  de  uma  fiinda  de  dous  versos. 

II  Cantiga  de  refram  (incompleta):  2x(4-}-2)  +  4.  —  Decasyl- 
labos  jambicos.  —  Coplas  singulares:  abl)e|{ÂC. —  Rimas  longas: 
êr(a)  ôr^)  na  1"  copla;  ó«Ci    én^'^  na  2";  ei(a)  érC»)  na  3*;  ar  no  refram 


á 


~     528     — 

E  por  aquesto  nunca  perderei 
ja  mui  gran  coita,  pois  assi  Deus  quer 
15      que  eu  queira  mui  gran  ben  tal  molher 
(e  me  dizer  ja  que  me  morrerei  ....). 

e  no  verso  final  de  todas  as  coplas,  ao  qual  responde,  pelo  seu  ultimo,  em- 
quanto  a  sua  primeira  rima  varia  de  estroplie  para  estrophe ,  respondendo 
sempre  ao  1°  verso  da  copla.  • 

ni  Dass  ich  in  sehr  grossem  Leide  lebe,  verhângte  der  Himmel  (ou: 
Amor)  iiber  mich,  ais  er  mich  zur  Liebe  zu  einer  Herrin  zwang,  die  mich 
nicht  einmal  anblickt.  ||  Sebe  ich  sie ,  so  wage  ich  nicht  zu  fragen ,  was  ich 
ihr  gethan,  oder  weshalb  sie  mich  tõten  will  (1). 

Eia  Recht  habe  ich  nicht,  úber  Amor  noch  sonst  jemand  zu  klagen, 
so  wahr  es  mir  gut  ergehen  mõge,  wohl  aber  úber  Gott,  der  mir  den  Ver- 
stand  raubt,  indem  er  mich  eine  Herrin  zu  lie  ben  zwiugt,  ||  die  mir  niemals 
gesteht,  was  ich  ihr  gethan,  oder  warum  sie  mich  tõten  will  (2). 

Daram,  weil  Gott  will,  dass  ich  eine  solche  Frau  liebe,  werde  ich 
die  grosse  Pein  nicht  los  (3). 


26g. 
(Tr.  26). 

Ora  poss'  eu  con  verdade  dizer,  5935 

senhor  freraosa,  que  faço  mal -sen 
en  vus  amar,  pois  de  vos  non  ei  ben, 
nen  attendo  d'al  (mentr'  eu  vivo  for', 
5      se  non  ouver'  de  vos  ben)  gran  prazer, 

o  que  non  poss'  aver  de  vos,  senhor.  5940 

Pois  se  non  dol  Deus  de  mi,  nen  Amor, 
nen  vos,  senhor,  que  eu  sempre  servi, 
dê'- lo  dia  que  vus  primeiro  vi, 
10     meu  mal  fiz  e  faço  de  vos  amar; 

ca  de  morrer  por  vos  ei  gran  pavor  5945 

.74{=i02bis)c\  da  coita  que  me  fazedes  levar. 

I  No  18°  verso,  o  CA  ti*az:  que  mui  mal  seso  f.  Risquei  mui^  ficando 
todavia  a  duvidar,  se  o  poeta  não  diria  por  ventura  que  mui  mal  sen  f. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x6-|-2.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares  com  três  rimas,  das  quaes  a  ultima  passa  a  ser  a 
primeira  da  copla  seguinte,  como  em  o  No.  262,  de  sorte  que  o  eschema 
completo  seria:  abbcae  ceefcf  fgglif h  hli.  —  Rimas  longas:  è>(a)  mO) 
Ôr(c)  na  1*  estancia;  or(a)  *(•>)  arW  na  2";  ar(a)  07^{•»)  «r(«)  na  3%  a  cuja 
rima  final  a  fiinda  responde. 

III  In  Wahrheit  muss  ich  zugeben,  dass  icli,  schone  Herrin,  wie  ein 
Thor  handle,  indem  ich  Euch  liebe,  da  ich  von  Euch  nichts  Gutes  habe, 
noch  anderswoher  mein  Lebtag  Lust  erwarte,  es  sei  denn,  Ibr  gewáhrtet 
mir  Gunst,  was  kaum  geschehen  kann  (1). 

Da  weder  Gott,  noch  Amor,  noch  Ihr,  Hen-in,  der  ich  stets  gedient 
seit  dem  ersten  Tage,  \\o  ich  Euch  sah,  Erbarmen  mit  mir  habt,  that  ich 
und  thue  ich  Unrecht  daran,  Euch  zu  minnen;  denn  ich  fiirchte,  an  den 
Schmerzen  zu  sterben,  die  Ihr  mir  zufíigt  (2). 

Sehr  Recht  thue  ich  daran,  mich  still  im  Herzen  uberEuch,  Henin, 
zu  beklagen,  wcil  Ihr  mich  sterben  lasst,  obwohl  Ihr  mich  retten  kònntet. 
Daran  mògt  Ihr  abschâtzen,  welche  Thorheit  ich  begehe,  indem  ich  Euch 
trotzdem  liebe  (3). 

34 


—     530     — 

Mui  gran  dereito  faç'  en  me  queixar 
de  vos,  senhor,  eno  meu  coraçon, 
15      que  me  leixades  morrer  sen  razon 

por  vos,  pêro  me  podedes  guarir;  5950 

e  por  aquesto  podedes  osmar  ■ 

que  mal-seso  faço  de  vus  servir. 

Mais  non  me  poss'  ende,  senhor,  partir 
20      quant'  ei  poder  de  mia  morte  fogir. 


Doch  kann  ich  ebensowenig  davon  ablassen,  wie  ich  die  Macht  habe, 
meinem  Tode  zii  entfliehen  (I). 


1^ 


269. 

(Tr.  27). 


Penhor  fremosa,  ja  perdi  o  sen  5955 

por  vos,  e  cuido  mui  ced'  a  morrer, 
ca  vus  sei  melhor  d'outra  ren  querer; 
e,  per  bõa  fé,  se  est'  assi  for', 
5  quantos  saben  que  vos  eu  quero  ben 

diran  que  vos  me  matastes,  senhor.  5960 

E  de  morrer  por  vos,  senhor,  ben  sei 
que  me  non  posso  ja  per  ren  partir, 
pois  que  me  vos  non  queredes  guarir; 
10      mais  direi  vo'-lo  de  que  ei  pavor: 

quantos  saben  qual  amor  vos  eu  ei  5965 

diran  que  vos  me  matastes,  senhor. 

E  d'  atai  pleito  punhad'  en  guardar, 
f. 7 4 (=io2bis)d senhor  fremosa,  o  vosso  bon  prez;  || 
lõ     ca  se  eu  moiro  por  vos  esta  vez, 

vedes  de  que  vos  faço  sabedor:  5970 

quantos  saben  que  vos  sei  muit'  amar 
diran  que  vos  me  matastes,  senhor. 

n  Cantiga  de  refram:  3x(4-f-2).  —  Decasyllabosjam bicos. 
—  Coplas  singulares:  abbc||ÁC  (como  em  o  No. 267).  —  Rimas  longas: 
én(a)  èrC»)  na  1"  copla;  e^(»)  irW  na  2";  ar(a)  exC»)  na  3'^;  ôr  tanto  na 
segunda  parte  do  refram,   como  no  ultimo  verso  de  todas  as  coplas. 

m  Schõne  Heiíin,  den  Verstand  habe  ich  schon  um  Euretwillen  ver- 
loren,  und  denke  bald  zu  sterben,  weil  ich  Euch  úber  alies  liebe.  Eins 
aber  kõnnte  geschehen:  II  alie,  die  dawissen,  dass  ich  Euch  minne,  werden 
sagen,  Ihr  hãttet  mich  getõtet  (1). 

Wohl  weiss  ich,  dass  nichts  mich  vom  Tode  erretten  kann,  da  Ihr 
mir  nicht  beistehen  wollt.     Eines  aber  befúrchte  ich:  etc.  (2). 

Strebt  doch  danach,  Euren  guten  Euf  vor  solcher  Anklage  zu  be- 
wahren.     Denn  sterbo  ich  jetzt,  seht,  so  wird  folgendes  geschehen:  etc.  (3). 


I 


34' 


270. 

(Tr.  28). 

Senhor  fremosa,  ja  nunca  será 
orne  no  mundo  que  tenha  por  ben, 
se  eu  por  vos  moiro,  por  que  o  sen  .0/>r.; 

perdi,  cuidando  no  bon  parecer 
5      que  vos  Deus  deu;  por  ón  vos  estará 
mal,  se  me  ben  non  quiserdes  fazer. 

E  vos,  senhor,  podedes  entender 
que  est  assi:  que  nunca  me  perdon  5980 

Nostro  Senhor,  se  mais  de  coraçon 
10     vos  pud'  amar  do  que  vos  semprfe)  amei, 
des  que  vus  vi,  e  amo!     Mais  morrer 
cuido  por  vos,  se  de  vos  ben  non  ei. 

I  Tive  que  accrescentar  uma  syllaba  ao  verso  18.  —  Melhor  seria, 
talvez,  imaginarmos  um  til  sobre  que  no  terceiro  verso,  lendo  qtcem. 

nCantiga  de  meestria:3x6-f-2.  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares  com  três  rimas,  das  quaes  a  ultima  passa  a  ser  a 
primeira  da  copla  seguinte,  servindo  de  elo  entre  ambas,  como  em  os 
Nos.  262  e  268:  abbcac.  —  Rimas  longas:  aí»)  énO>)  er(c)  na  1*  copla;  erC») 
owCb)  e«(e)  na  2*;  e*(a)  alW  m(c)  na  3%  á  qual  responde  a  fiinda  (c3c3). 

ni  Âuf  Erden  wird  niemand  es  je  billigen,  wenn  ich  um  Euch,  schõne 
Herrin,  sterbe,  um  die  ich  bereits  den  Verstand  verloren  habe,  im  Gedanken 
an  das  holde  Antlitz ,  welches  Gott  Euch  gab ;  iibel  steht  es  Euch  vielmehr, 
dass  Ihr  mir  nichts  Liebes  erweisen  woilt  (1). 

Dass  dem  so  ist,  iõnnt  Ihr  mir  glauben!  Mehr  und  herzlicher,  ais  ich 
Euch  liebte  und  liebe,  seit  ich  Euch  kenne,  habe  ich  Euch  nicht  lieben 
kõnnen;  doch  denke  ich  zu  sterben,  so  Ihr  mir  nicht  gnâdig  seid  (2). 

Bin  ich  aber  tot,  so  wird  es  Euch  zum  Schaden  gereichen:  darum  wfire 
es  besser,  Ihr  rettetet  mich  vom  Tode;  und  das  vermõgt  Ihr  allein,  da  Gott 
Euch  solche  Macht  iiber  mich  gegeben  hat  (3). 


-     533     — 

E  se  eu  moiro  por  vos,  mui  ben  sei  5985 

que  vus  achar  edes  ende  pois  mal.  || 
r  xn:2aiT^     ||  E  por  aquesto,  mia  senhor,  mais  vai 
io3)a         (jg  mg  guarirdes  de  mort',  ao  meu 
cuidar,  ca  per  ai  non  guarecerei, 
pois  Deus  sobre  mi  tal  poder  \vus\  deu.  5990 

E  non  tenhades  que  vo'-lo  digu'  eu 
20     por  ai,  se  non  por  ben  voss'  e  por  meu! 

Seid  úberzeugt,  dass  meine  Worte  nur  zu  Eurem  und  meinem  Besten 
sind  (I). 


271. 

(Tr.  29). 

Des  ogemais  me  quer'  eu,  mia  senhor, 
quitar  de  vus  mia  fazenda  dizer, 
per  bõa  fé,  se  o  poder'  fazer,  5905 

pois  vejo  que  avedes  grau  sabor 
5      que  vos  non  diga  quanto  mal  me  ven 
por  vos;  pêro  non  poderei  per  ren 
soífrer  a  coita  (e)n  que  me  ten  Amor 

Por  vos,  mia  senhor;  ca  muit'  á,  de  pran,  6000 
que  vos  eu  dixe  toda  mia  razon, 
10      e  quanto  mal  soffri,  á  gran  sazon, 
e  qual  pavor  de  mort',  e  quant'  affan 
/•.  75  (=i03)b  II  por  vos;  e  nunca  fezestes  por  mi 

ren;  mais  non  poss'  eu  soffrer  des  aqui  6005 

quantas  coitas  meus  cuidados  me  dan. 

I  No  vei-so  22  faltava  uma  syllaba,  que  tentei  restituir. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  7 -|- 3.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbacca.  —  Rimas  longas:  ôr(a)  ê/-(b) 
m(c)  na  1''  estancia;  an{&)  oni^)  *(«)  na  2*^;  eii^)  alW  a(c)  na  3%  á  qual 
responde  a  fiinda  (c3c3a3). 

III  Von  nun  an  werde  ich  es  unterlasseu,  Euch,  Herrin,  meine 
Angelegenheiten  darzulegen,  falis  ich  dazu  im  Stande  bin.  Sehe  ich  doch, 
dass  es  Euch  besser  behagt,  wenn  ich  nicht  ausspreche,  wieviel  Leides 
Ihr  mir  anthut,  obwohl  ich  die  Qual  kaura  tragen  kann,  die  mir  Amor  auf- 
erlegt  (1), 

Und  zwar  durch  Euch,  Herrin.  Denn  lange  schon  habe  ich  Euch 
alies  gestanden:  wie  ich  leide  und  den  Tod  fiirchte  und  mich  um  Euch 
hãrme.  Ihr  aber  habt  nichts  fiir  mich  thun  wollen.  Nun  aber  vermag  ich 
die  Schmerzen  nicht  lánger  auszuhalten,  die  raeine  Gedanken  mir  anthuu  (2). 

Um  Euch,  Herrin,  die  ich  lieben  werde,  solange  ich  lebe,  mehr  ais 
mich  selbst  oder  sonst  etwas ,  habe  ich  den  Verstand  verloren  und  viel  Leid 
erfahren.    Von  heute  ab  werde  ich,   da  Ihr  es  wiinscht,  auch  das  noch 


535 


15  Por  vós,  mia  senhor,  que  sempr'  amarei, 

mentr'  eu  for'  vivo,  mais  ca  min  nen  ai, 
perdi  o  sen  e  soífri  muito  mal. 
E,  pois  vos  praz,  ogemais  soffrerei  6010 

de  vos  non  dizer  ren,  pois  prol  non  mi-á 

20      que  vo'-lo  diga,  pêro  ben  sei  ja 
que  d'esta  coita  mortè"~  prenderei. 

Por  vos,  [miá\  senhor,  que  servi,  muit'  á, 
prenderei  morte,  pois  que  Deus  non  á  6015 

doo  de  min,  nen  vos  que  sempr'  amei. 

ertragen,  Euch  nichts  zu  sagen,  da  Reden  doch  nicht  frommt,  obwohl  ich 
voraussehe,  dass  ich  daran  sterben  werde  (3). 

Um  Euch,  Herrin,  der  ich  solange  gedient,  sterbe  ich,  da  weder  Gott 
sich  meiner  erbarint,  noch  Ihr,  die  ich  immer  geliebt  habe  (I). 


I 


"m 


272. 

(Tr.  30). 

Senhor  fremosa,  queria  saber 
de  vos  que  sempre  punhei  de  servir: 
pois  vos  eu  sei  mais  d'outra  ren  amar, 
(jque  diredes  a  quen  vus  preguntar', 
5  pois  me  podedes  de  morte  guarir, 

senhor,  por  quê  me  leixades  morrer? 

f.  75  (=  io3)c       1  Pois  que  m'assi  teedes  en  poder, 
senhor  fremosa,  dized'  fia  ren: 
^que  diredes,  se  vos  alguen  disser' 
10      que  lhe  digades,  se  vos  aprouguer', 

pois  me  podedes  guarecer  mui  ben, 
senhor,  por  quê  me  leixades  morrer? 

Pois  m'en  tal  coita  podedes  valer 
come  de  morte  ise  Deus  vos  perdon! 
15      ique  diredes,  fremosa  mia  senhor, 
u  vos  aquesto  preguntado  for': 

pois  vos  eu  amo  mui  de  coraçon, 
senhor,  por  quê  me  leixades  morrer? 

Pois  vos  Deus  fez  muito  ben  entender, 
20     senhor  fremosa  que  sempre  servi, 
se  vos  alguen  preguntar'  esta  vez, 
(jque  lhe  diredes,  por  Deus  que  vos  fez, 
pois  vos  eu  amo  muito  mais  ca  mi, 
senhor,  por  quê  me  leixades  morrer? 


6020 


6025 


6030 


6035 


6040 


II  Cantiga  de  refram:  4x(4-]-2).  —  Decasyllabosjambicos. 
—  Coplas  singulares,  encadeadas,  porém,  por  uma  das  rimas,  que 
oocupa  o  primeiro  e  ultimo  lugar  (incluindo  o  refram)  em  todas  as  estrophes: 
albcc||BA.  —  Eimas  longas:  erí»)  irW  ari^)  na  1'^  copla;  e/-(«)  e«('») 
ér(«5)  na  2*;  er(a)  ow(b)  óV(c)  na  3*;  êr(»)  «(»»)  ez(e)  na  ultima. 

III  Wisseu  mõclite  ich,  schõne  Herrin,  von  Eucli,  der  ich  immer 
gedient  und  die  ich  immer  úber  alies  geliebt  babe,  was  gedenkt  Ibr  dem 
zu  antwoiien,  der  Eucb  zu  fragen  unterniihme,  ||  warum  Ibr  mich  sterben 
lasst,  da  Ibr  mich  docb  vom  Tode  retten  kônnt? 


273. 

(Tr.  31). 


Dizedes  vos,  senhor,  que  vosso  mal 
seria,  se  me  fezessedes  ben, 
e  non  tenh'  eu  que  fazedes  bon  sen 
en  me  leixardes  en  poder  d'Amor 
5  morrer,  pois  eu  non  quero  min  nen  ai    6045 

atan  gran  ben  come  vos,  mia  senhor. 

f.  75  (=  i03)d      II  Ben  me  podedes  vos  leixar  morrer, 
se  quiserdes,  come  senhor  que  á 
end'  o  [poder^^  mais  sabed'  ora  ja 
10      que  seria  de  me  guarir  melhor,  6050 

pois  eu  non  sei  eno  mund'  ai  querer 
atan  gran  ben  come  vos,  mia  senhor. 


I 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2) -f- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abbe||AC:ac,  como  em  os  Nos.  267.  269. 
—  Rimas  longas:  alW  mW  na  1*  copla;  erW  aí^)  na  2*;  e*(a)  «V(b)  na 
3";  d/-(e)  na  ultima  metade  do  refram  e  no  quarto  verso  de  todas  as  coplas 
que  lhe  responde,  emquanto  a  primeira  varia  de  copla  para  copla,  respon- 
dendo ao  verso  inicial.     A  fiinda  consoa  com  o  ultimo  refram. 

III  Ihr  behauptet,  Herrin,  es  sei  Leides  fúr  Euch,  so  Ihr  mir  Liebes 
anthut.  Mir  abar  will  scheinen,  Ihr  handelt  nicht  verstândig,  indem  Ihr 
mich  in  der  Gewalt  Amors  ||  sterben  lasst,  da  ich  Euch  doch  iiber  alies  und 
mehr  ais  mich  selbst  geliebt  babe  (1). 

Die  Macht  habt  ihr  ja,  es  zu  thun;  doch  thatet  Ihr  besser,  Ihi'  ret- 
tetet  mich,  da  ich  nichts  auf  Erden  so  Hebe  Avie  Euch  (2). 

Ich  rate  Euch ,  mir  Liebes  anzuthun ,  um  mich  vom  Tode  zu  erretten ; 
und  Ihr  solltet  mir  dafúr  danken;  denn  es  gereicht  zu  Eurem  Nachteil, 
mich  zu  tõten,  da  ich  nichts  hienieden  so  Hebe  noch  lioben  werde  wie  Euch  (3). 

8eid  Ihr  doch  die  Treffiichste ,  die  ich  je  gesehen  oder  sehen  werde  (I). 


—     538     — 

Sempre  vos  eu,  senhor,  conselharei 
que  me  façades  ben  por  me  guarir 
15      de  mort';  e  vos  devedes  mi- o  gracir,  6055 

ca  mal  será  se  por  vos  morto  for', 

pois  eu  non  quis  no  mund'  ai,  nen  querrei 
atan  gran  ben  come  vos,  mia  senhor. 

Ca  nunca  dona  vi  nen  veerei 
20     con  tanto  ben  come  vos,  mia  senhor.  6060 


274. 
(Tr.  32). 

Tan  muito  mal  me  ven  d 'amar 
a  mia  senhor,  per  bõa  fé, 
meus  amigos,  que  assi  é 
que  ei  a  dizer  con  pesar: 
5  ao  demo  comend'  Amor  6065 

e  min,  se  d 'amar  ei  sabor! 

Quando  me  nembra,  quanto  mal, 
meus  amigos,  me  d'Amor  ven 
porqu'  eu  quero  mia  senhor  ben, 
10      con  pesar  digo,  non  con  ai:  ||  6070 

^  '^riJ^F'  /^'ií^  II  ao  demo  comend'  Amor 

e  min,  se  d'amar  ei  sabor! 

Quando  me  nembra  o  prazer, 
amigos,  que  ouv(e)  e  perdi 
15      per  Amor,  pois  mia  senhor  vi,  6075 

con  gran  pesar  ei  a  dizer: 

ao  dem(o)  acomend'  Amor 
e  min,  se  d'amar  ei  sabor! 

Paro  quero  ben  mia  senhor, 
20     e  querrei,  raentr'  eu  vivo  for'.  6080 

I  No  verso  9  o  original  tem  por  qtcei  quero. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2)  +  2.  —  Octonarios  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||C€:cc.  —  Rimas  longas:  ari^) 
e(i>)  na  1"  copla;  alW  énW  na  2";  êrW  «C»)  na  3'';  ôr  no  refram  e  na 
fiinda. 

III  So  arge  Pein  muss  ich,  ach  Freunde,  dulden,  weil  icli  meine 
Ilerriíi  Hebe,  dass  ich,  meiner  Treu,  vor  Kummer  rufe:  Zum  Teufel  mit 
Amor  und  mit  mir,  falis  ich  zu  lieben  begehre! 

Trotzdera  liebe  ich  meine  Herrin  und  worde  sie  weiter  lieben,  solange 
ich  lebe. 


275. 

(Tr.  33). 

Mia  senhor,  quantos  eno  mundo  son 
que  saben  como  vos  quero  gran  bem 
e  saben  o  mal  que  me  per  vos  ven, 

todos  dizen  que  filh'  outra  senhor, 
5      e  punh'  en  partir  o  [meu]  coraçon  6085 

de  vos  amar,  pois  non  ei  voss'  amor. 

E  mia  senhor,  por  vos  eu  non  mentir, 
sen  vosso  ben  non  poss'  eu  guarecer, 
f.76(=i04)be  pois  lo  non  ei  jse  veja  prazer!  || 

10  todos  dizen  que  filh'  outra  senhor  6090 

e  que  me  punhe  mui  ben  de  partir 

de  vos  amar,  pois  non  ei  voss'  amor. 

I  Completei  o  quinto  verso  que  andava  falho  de  uma  syllaba.  —  E 
também  o  17.  —  No  original,  o  ref  ram  principia  com  o  penúltimo  verso. 
Mas  como  o  4"  é  idêntico  em  todas  as  estrophes,  e  rima  com  o  remate,  em- 
quanto  o  immediato  varia  de  estrophe  para  estrophe,  pode  ser  muito  bem 
que  houvesse  engano  da  parte  do  copista,  e  que  realmente  o  quinto  pertença 
ao  corpo  da  cantiga  e  o  quarto  ao  refram,  parcialmente  intercalar. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (3  +  IR  +  1  +  IR)  +  2;  ou  talvez  3  x 
(4-|-2)-l-2.  —  Decasyllabos  jambicos.  —  Coplas  singulares:  abbCaC 
(ou  por  ventura:  al>bcA€) :  cc.  —  Rimas  longas:  on{»ò  énW  na  l*"  estrophe; 
iria.)  èV(b)  na  2*;  arW  «(*>)  na  3*^;  ôr  no  refram  e  na  fiinda. 

m  Alie  Welt,  die  um  meine  grosse  Liebe  zu  Euch,  Geliebte,  und 
um  die  Priifungen  weiss,  die  ich  um  Euretwillen  erdulde,  rãt  mir,  eine 
andere  Herrin  zu  wâhlen  und  Euch  mein  Herz  zu  entfremden,  da  Ihr 
meine  Liebe  nicht  erwidert  (1). 

Doch,  Herrin,  die  Wahrheit  zu  gestehen,  ich  kann  ohne  Eure  Liebe 
nicht  gesunden;  und  so  wahr  ich  Erfreuliches  erleben  mõchte,  alie  Welt 
empíiehlt  mir,  eine  andere  Herrin  zu  wahlen  und  mich  vou  Euch  zu  wenden, 
da  Ihr  meine  Liebe  nicht  erwidert  (2). 


—     541     — 

Este  conselho  non  poss'  eu  filhar, 
pêro  m'assi  vejo,  per  boa  fé, 
15     morrer  por  vos;  e  pêro  assi  é,  6095 

todos  dizen  que  filh'  outra  senhor, 
e  que  me  punhe  ben  de  [me\  quitar 

de  vos  amar,  pois  non  ei  voss'  amor. 

Mais  esto  non  quer'  eu  provar,  senhor, 
20     de  me  quitar  d'atender  voss'  amor.  6100 


Diesen  Rat  aber  kann  ich  nicht  befolgen ,  obwohl  icli  um  Euch  sterbe. 
Doch  weil  dem  also  ist,  raten  mir  die  úbrigen,  eine  andere  Herrin  zu 
wâhlen  und  Euch  Lebewohl  zu  sagen,  da  Ihr  meine  Liebe  nicht  envidert  (3). 

Doch  ich  mag  es  nicht  erproben,  Herrin,  meinem  Hoffen  und  Harren 
ein  Ende  zu  machen  (I). 


276. 
(Tr.  34). 

A  Deus  gradesco,  mia  senhor 
fremosa,  que  me  vos  mostrou; 
e  pois  vejo  que  se  nembrou 
de  min,  enquant'  eu  vivo  for', 
5  non  quer'  outra  senhor  filhar  6105 

se  non  vos,  se  vos  non  pesar'. 

Se  tanto  de  vos  poss'  aver 
que  vos  non  pes,  sempr'  andarei 
por  voss'  om',  e  servir- vos-ei; 
10      ca  mentr'  eu  no  mundo  viver',  ||  6110 

f.  76  (=3  i04)c  II  non  quer'  outra  senhor  filhar 

se  non  vos,  se  vos  non  pesar'. 

Tan  muito  vos  fez  Deus  de  ben 
que,  se  vos  prouguer',  des  aqui 
15      serei  voss'  om',  e  vos  de  mi  6115 

seredes  senhor;  e  por  én 

non  quer'  outra  senhor  filhar 
se  non  vos,  se  vos  non  pesar'. 

Ca  non  poss'  eu  d'esto  forçar 
20      Deus,  que  me  vos  faz  muit'  amar.  6120 

II  Cantiga  de  refram:  S  x  {é -\- 2)  -\- 2.  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||CC:cc.  —  Eimas  longas:  or(a)  oum  na 
l""  copla;  êr(.&)  ei(^)  ua  2*-,  é»^(a)  *C>)  na  3";  ar  no  refram  o  na  fiinda. 

III  Gott  danke  icli  dafúr,  meine  sclione  Herrin,  dass  er  mir  Euch  ge- 
zeigt  hat.  Da  ich  sehe,  dass  er  meiner  gedacht,  will  ich,  solange  icli  lebe,  || 
keine  andere  zur  Herrin  nehmen  ais  Euch,  wenn  Ihr  es  zufrieden  seid  (1). 

Erreiche  ich  von  Euch  nur  das  Eine,  dass  Ihr  darob  nicht  ziirnt,  so 
rechne  ich  mich  zu  Euren  Mannen  und  diene  Euch;  und  solange  ich  lebe,  || 
will  ich  keine  andere  etc.  (2). 

So  treíflich  hat  der  Himmel  Euch  ausgestattet,  dass  ich  mich  zu 
Eurem  VasaUen  und  Euch  zu  meiner  Herrin  machen  mõchte ,  wenn  es  Euch 
beliebt  (3). 

Denn  Gott  kann  ich  dazu  nicht  zwingen,  der  mich  zwing-t,  Euch  zu 
lieben  (I). 

IV  O  resto  da  folha  ficou  em  branco,  assim  como  o  rosto  da  immediata. 


XXXI 

CANTIGA 

277 
DE 

UM   DESCONHECIDO  (IV). 


277. 
(Tr.  35). 


C.  XII:  4a 

Vinheta 

f.  77  (=  10õ)c 


«Senhor  fremosa,  pois  me  vej'  aqui, 
gradesc'  a  Deus  que  vos  posso  dizer 
a  coita  que  me  fazedes  soffrer, 
e  Deus  nen  vos  non  me  valedes  i.» 
5  «Amigo,  por  meu  amor  e  por  mi 

soffred'  a  coita  que  vos  por  mi  ven, 
ca  soffrendo  coita  se  serv'  o  ben.» 

f.77(=i05)d      II  «Senhor  fremosa,  muito  mal  levei, 
sofírendo  temp(o),  e  atendi  melhor; 
10     e  Deus  e  vos  fazedes -me  peor, 
e  peor  m'é  que  quando  comecei.» 

«Amigo  [meu]^  por  min  que  vo'-la  dei 
soffred'  a  coita  que  vos  por  mi  ven, 
ca  soffrendo  coita  se  serv'  o  ben.» 


6125 


6130 


II  Cantiga  de  refram:  2x(4-j-3). —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  ablba||ACC.  —  Rimas  longas:  iW  êrW  na 
1*  copla;  e^(")  ôrW  na  2*;  é«(c")  nos  últimos  dous  versos  do  refram. 

m  „Schõne  Hen-in,  dem  Himmel  sei  Dank  dafiir,  dass  ich  hier  sein 
und  Euch  die  Qual  gestelien  darf,  die  ich  um  Euch  erdulde,  ohne  dass 
Ihr  oder  Gott  mir  hiilfet."  |1  «Freund,  aus  Liebe  zu  mir  ertragt  diese  Qual, 
die  Euch  auferlegt  ist;  denn  duldend  dient  man  gut."  (1) 

„Schõne  Herrin,  arg  gelitten  habe  ich  schon  seit  langor  Zeit,  auf  Bes- 
serung  hoffend.  Gott  und  Ihr  aber  habt  mir  immer  schlimmer  mitgespielt 
und  schlimmer  steht  es  jetzt  um  mich  denn  anfangs."  ||  Freund,  aus  Liebe 
zu  mir,  die  sie  Euch  bereitet,  ertragt  die  Pein,  die  Euch  auferlegt  ward; 
denn  duldend  dient  man  gut  (2). 


35 


LACUNA  21% 

FALTAM  DUAS  MEIAS  -  FOLHAS :  No.  4^  E  3^ 
DO  CADEENO  XII. 


As  duas  folhas  cortadas  continham,  provavelmente,  dous 
cyclos  restrictos,  mas  completos  de  poesias;  ou  então  um  só, 
um  pouco  maior,  visto  que  a  lauda  antecedente  acaba  com 
espaço  em  branco  e  que  na  immediata  principia  serie  nova. 

Os  apographos  italianos  divergem. 


A  LACUNA  FICA,  PORTANTO,  POR  PREENCHER. 


xxxn 
CANTIGAS 

278  —  280 
DE 

UM   DESCONHECIDO  (V). 


^ 


35* 


278. 
(Tr.  119). 

C.  XII:  2S  .       „  ■,  ,  . 

Vinheta  A  HiRis  fremosa  QG  quantas  tgjo  6135 


f.  78  (=  106)a 


en  Santaren,  e  que  mais  desejo, 
e  en  que  sempre  cuidando  sejo, 
non  ch'a  direi,  mais  direi-ch',  amigo: 

ay  Sentirigo!  ay  Sentirigo! 

ai  é  Alfanx'  e  ai  Seserigo!  6140 


Ela  e  outra,  amigo,  vi -as 
jse  Deus  me  valha!  non  á  dous  dias! 
Non  ch'a  direi  eu,  ca  o  dirias 
10     e  perder- t'-ias  por  én  comigo! 

ay  Sentirigo!  ay  Sentirigo!  6145 

ai  é  Alfanx'  e  ai  Seserigo! 

f.  78  (=  i06)b       Cuidand'  [en\  ela  ja  ei  perdudo 
o  sen,  amigo,  e  ando  mudo; 
15     e  non  sei  orne  tan  entendudo 

que  m'  og'  entenda  o  por  que  digo:  6150 

ay  Sentirigo!  ay  Sentirigo! 
ai  é  Alfanx'  e  ai  Seserigo! 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2).  —  Versos  de  rhytmo  jambico 
(material  ou  arithmeticamente  de  dez  syllabas),  compostos  de  dous  hemisti- 
chios  femininos  com  acento  na  quarta  syllaba  e  pausa  depois  da  quinta.  — 
Coplas  singulares:  aaa'l)||BB.  —  Rimas  breves:  ejo  na  1*  copla;  ias 
na  2*;  udo  na  3*;  iyo  no  refram. 

m  Die  Schõnste  von  allen,  die  ich  in  Santaren  erblicke,  nach  der 
ich  mich  am  innigsten  sehne,  und  an  die  ich  ohne  Unterlass  denke:  ich 
werde  sie  dir  nicht  nennen,  meiu  Freund;  doch  werde  ich  ausrufen:  ||  Ach 
Sentirigo!  ach  Sentirigo!     AVie  anders  ist  Alfanx!  wie  anders  Seserigo!  (1) 

Sie  und  eine  zweite  habe  ich  vor  noch  nicht  zwei  Tagen  gesehen ,  so 
wahr  mir  Gott  helfe!  Doch  nenae  ich  sie  Dir  nicht,  denn  Du  wiirdest  es 
weiter  sagen  und  mich  und  Dich  ins  Verderben  stiirzen  {ou:  und  wúrdest 
iladurch  hei  mir  in  Verruf  kommen).  ||  Ach  Sentirigo!  etc.  (2). 

Immer  von  ihr  tráumend,  habe  ich  bereits  den  Verstand  verloren  und 
bin  stumm  geworden.  Darum  ist  kein  noch  so  Verstândiger  da,  der  da 
orriete,  warum  ich  rufe:  ||  Ach  Sentirigo!  etc.  (3). 

IV  Cfr.  Diez  p.  49  — 50. 


279. 

(Tr.  120). 

Pêro  eu  vejo  aqui  trobadores, 
senhor  e  lume  d'estes  olhos  meus, 
que  troban  d'amor  por  sas  senhores  6155 

non  vej'  eu  aqui  trobador,  par  Deus, 
5  que  m'  og'  entenda  o  por  que  digo: 

ai  é  Alfanx'  e  ai  Seserigo! 

Senhor,  fremosa  mais  de  quantas  son 
en  Sanctaren,  e  que  mais  desejo,  6160 

dizer- vus  quero  jse  Deus  me  perdon! 
10     non  vej'  \eú\  orne  de  quantos  vejo 

que  m'  og'  entenda  o  por  que  digo: 
ai  é  Alfanx'  e  ai  Seserigo! 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4-|-  2).  —  Decasyllabos  jarabicos, 
misturados  de  Nonarios  trochaicos,  alguns  dos  quaes,  com  acento  na 
quarta  syllaba  e  pausa  depois  da  quinta,  se  decompõem  em  dous  hemisticUos 
iguaes  (como  em  o  No.  278).  —  Coplas  singulares:  al)ab||CÓ  na  1*  copla, 
e  abai) II CC  nas  restantes,  com  infracção  de  uma  das  regras  mais  seguidas 
da  Poética  antiga  que  prescrevia  ao  trovador,  com  relação  á  mistura  de 
graves  e  agudos,  o  seguinte:  „por  qual  guisa  as  meter  en  ua  cobra, 
que  por  tal  guisa  as  meta  nas  outras."  —  Eimas  breves  e  longas: 
ores  (a)  eusW  na  1*  copla;  owW  ejoW  na  2*;  owW  udo(^)  na  3%  que  repete, 
portanto,  uma  das  consoantes  da  2*;  igo  no  refram  que  em  parte  é  igual 
ao  da  cantiga  anterior. 

m  Obgleich  ich  hier  Dicbter  sebe,  v^elcbe  fiir  ibre  Damen  Minne- 
lieder  ersinnen,  so  sebe  icb  docb,  o  meine  Herrin  und  meiner  Augen  Licht, 
nicht  einen  darunter,  ||  der  verstúnde,  warum  icb  rufe:  Wie  anders  ist  Alfanx 
ais  Seserigo!  (1) 

Scbõnste  aller  Frauen,  die  in  Sanctaren  sind,  Euch,  nach  der  ich 
micb  am  meisten  sebne,  sage  ich  es,  dass  ich,  so  wabr  mir  Gott  verzeihe, 
koinen  darunter  erblicke,  ||  der  verstiinde,  wanim  ich  rufe  etc.  (2). 


—     551     — 


Amo  vos  tant'  e  tan  de  coraçon  6165 

que  o  dormir  ja  o  ei  perdudo, 
15      senhor  de  mi  e  do  meu  coraçon; 
non  vej'  eu  ome  tan  entendudo 

que  m'  og'  entenda  o  por  que  digo: 

ai  é  Alfanx'  e  ai  Seserigo!  6170 

So  innig  und  herzlich  liebe  ich  Euch,  dass  ich  den  Schlaf  schon  ver- 
loren  habe,  ach  meine  Herrin  und  meines  Herzens  Herrin.  Einen  so  Ver- 
stándigen  sehe  ich  nicht,  ||  der  da  verstúnde,  waiTira  ich  sage  etc.  (3). 

IV  Cfr.  Diez  p.  48;  Mussafia  p.  11;  e  Litteraturblatt  1896  p.  308 
a  318. 


280. 
(Tr.  121). 

f.78{=i06)c       Amigos,  des  que  me  parti 
de  mia  senhor  e  a  non  vi, 
nunca  fui  ledo,  nen  dormi, 
nen  me  paguei  de  nulha  ren. 
5  Tod'  este  mal  soífr'  e  soffri  6175 

des  que  me  vin  de  Santaren. 

Assi  me  ten  forçad'  Amor, 
par  Deus,  por  ela,  que  sabor 
non  ei  de  min;  e  se  non  for' 
10     veê'-la,  perdud'  ei  o  sen.  6180 

Tod'  este  mal  sofPr',  e  raayor, 
des  que  me  vin  de  Santaren. 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2)  +  2.  —  Octonarios  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  aaabUÁB  :  Ibb.  —  Eimas  longas:  *(a) 
na  1*  copla;  Ôrt»)  na  2*;  er(a)  na  3";  én9>)  no  refram  e  no  ultimo  verso 
de  todas  as  estrophes,  ao  qual  responde. 

III  Freunde,  seit  ich  von  meiner  Herrin  Abschied  nahm  und  sie 
nicht  gesehen,  bin  ich  nicht  wieder  froh  geworden,  nocli  habe  ich  geschlafen 
oder  Freude  an  irgend  etwas  gefunden.  ||  Ali  dies  Leid  dulde  ich  und  habe 
ich  geduldet,  seit  ich  von  Santaren  gekommen  bin  (2). 

Also  zwingt  mich  Amor,  beim  Himmel,  durch  jene,  dass  ich  mir  selber 
zur  Last  bin;  und  wenn  ich  sie  nicht  sehe,  verliere  ich  den  Verstand.  || 
AU  dies  Leid  und  noch  Schlimmeres  dulde  ich,  seit  ich  von  Santaren  ge- 
kommen bin  (2). 

Ihr  holdes  Antlitz  versetzt  mich  in  solche  Pein,  wie  ich  sie  nicht  zu 
sagen  verraag.  Aus  Liebe  zu  ilir  sterbe  ich.  ||  So  sehr  bedrãngt  Amor 
mich,  seit  ich  aus  Santaren  gekommen  bin  (3). 

Nach  ihr  und  ihrer  Gunst  mich  sehnend,  verliere  ich  den  Verstand  (I). 


553 


O  seu  fremoso  parecer 
me  faz  en  tal  cuita  viver 
15      qual  non  posso  nen  sei  dizer; 
e  moiro,  querendo -lhe  ben. 

Esto  me  faz  Amor  soffrer 
des  que  me  viu  de  Santaren. 


6185 


20 


E  \á\  ela  e  o  seu  ben 
desejando,  perco  meu  sen. 


6190 


rV  o  resto  da  folha  ficou  em  branco. 


LACUNA  32\ 

FALTA   UMA  MEIA -FOLHA:   No.  l/^   DO   CADERNO  XIL 


Não  ha  meio  de  calcular  o  que  conteria.  Apenas  pode 
dizer -se  que  ainda  aqui  se  tratava,  provavelmente,  de  um  cyclo 
muito  restricto,  mas  completo,  de  poesias  attribuidas  a  um  só 
trovador,  visto  que  a  folha  antecedente  tem  espaço  em  branco 
e  a  immediata  começa  com  Vinheta. 

A  lacuna,  de  resto,  ja  existia  quando  o  volume  foi  enca- 
dernado. 


A  LACUNA  FICA  POR  PREENCHER. 


XXXIII 

CANTIGAS 

281—284 


DE 


DRANNES   SOLAZ. 


n 


281. 

^^^^  (Tr.  122). 

'vinheta  Eu  sgí  la  dona  velida 

que  a  torto  loi  lerida .... 
ca  non  ama. 

Eu  sei  la  dona  loada 
5      que  a  torto  foi  malhada  ....  6195 

ca  non  ama; 

Ca  se  oj'  amig''  amasse, 
mal  aja  que'- na  malhasse, 
ca  non  ama. 

10  Se  se  d'amigo  sentisse,  6200 

mal  aja  que '-na  ferisse, 
ca  non  ama. 

II  Cantiga  de  refram,  de  contextura  parallelistica:  6x(2-|-l). 
Septenarios  trochaicos,  accompanhados  de  um  trinario,  também  tr  o - 
chaíco.  —  Estrophes  de  dous  versos  emparelhados:  aa{|B.  — 
Rimas  (ou  talvez  toaantes)  breves:  ida  no  1"  e  5"  distico  e  isse  no 
4°;  ada  no  2°  e  6"  e  asse  no  3°;  ou  talvez  i-(a)  (resp.  í-e)  nos  dísticos 
jo^  40  g  50.  Q  fi.g^  (resp.  á-e)  no  2°,  S"  e  6°. 

Cada  serie  por  si,  tanto  a  primaria  em  í-a  como  a  secundaria  em 
á-a,  formam  uma  poesia  completa,  sendo  ambas  quasi  idênticas  (com  leves 
divergências  nos  versos  7  e  10),  se  abstrahirmos  das  consonancias  que  per- 
fazem o  único  distinctivo  de  ambas. 

De  mais  a  mais  estas  poesias,  de  parelhas  alternantes,  s3.o  theorica- 
mente  uma  espécie  de  leixapren:  o  ultimo  verso  do  primeiro  distico 
impar  passa  a  ser  a  primeira  linha  da  segunda  parelha  (3) ,  assim  como 
o  ultimo  verso  do  primeiro  distico  par  vem  repetido  como  inicial  do  se- 
gundo (4). 

No  exemplo  No.  281  ha  porém  irregularidades  que  talvez  provenham 
da  inexperiência  do  copista  em  decifrar  abreviaturas  relativas  á  concatenaçSo 
estrophica,  que  viriam  empregadas  nos  autographos  dos  Trovadores. 


—     558     — 

Que  a  torto  foi  ferida! 
nunca  én  seja  guarida! 
15  ca  non  ama!  6205 

Que  a  torto  foi  malhada! 
nunca  én  seja  vingada! 
Ca  non  ama! 

Parece- me  quasi  certo  que  houve  inversão,  não  somente  entre  os 
dísticos  3°  e  4°,  mas  ainda  entre  o  5°  e  6°,  devendo  ainda  estes  últimos 
dois  preceder  os  antecedentes.  Também  presumo  que  entre  ambos  falte 
outro  grupo. 

Sendo  assim,  a  poesia  diria  talvez: 
1.     Eu  sei  la  dona  velida  2.     Eu  sei  la  dona  loada 

que  a  torto  foi  ferida,  que  a  torto  foi  malhada, 

ca  non  ama!  ca  non  ama! 

3.     Que  a  torto  foi  ferida!  4.     Que  a  torto  foi  malhada! 

nunca  én  seja  guarida!  nunca  én  seja  vingada! 

ca  non  ama!  ca  non  ama! 

5.     Ntmca  én  seja  guarida,  6.     Nunca  én  seja  vingada, 

se  d'amigo  non  sentia,  se  amigo  non  amava^ 

pois  non  ama!  pois  non  ama! 

7.     Se  d'amigo  se  sentia^  8.     Se  oge  amig'  amava, 

mal  aja  que' -na  feria!  mal  aja  que' -na  malhava, 

mais  non  ama!  mais  non  ama! 

in  Ich  weiss  von  einer  liebreizenden  Edeldame,  welche  zu  Unrecht 
geschlagen  ward,  ||  denn  sie  liebt  nicht  (1). 

Ich  weiss  von  einer  preisenswerten  Edeldame,  welche  zu  Unrecht 
geziichtigt  ward,  ||  denn  sie  liebt  nicht  (2). 

Welche  zu  Unrecht  geschlagen  ward,  wovon  sie  nimmer  genesen 
mõge,  II  denn  sie  liebt  nicht  (5). 

Welche  zu  Unrecht  geziichtigt  ward,  wofúr  sie  niemals  gerácht 
werde,  ||  denn  sie  liebt  nicht  (6). 

[Wovon  sie  nimmer  genesen  mõge,  hatte   sie  kein  Mitleid  mit 

dem  Freunde,  ||  denn  sie  liebt  nicht.] 

[Wofiir  sie  niemals  gerâcht  werde,  hatte  sie  [keine]  Liebe  zu  ihrem 
Freunde,  ||  denn  sie  liebt  nicht.] 

Híitte  sie  Mitleid  mit  dem  Freunde,  wehe  dann  dem,  welcher  sie 
schliige;  ||  doch  sie  liebt  nicht  (3). 

Hatte  sie  Liebe  zu  ihrem  Freunde,  wehe  dann  dem,  welcher  sie 
ziichtigte;  ||  doch  sie  hebt  nicht  (4). 


6210 


6215 


282. 
(Tr.  123). 

JSÍoii  est  a  de  Nogueira 
a  freira  que  m'  e[^]  poder  ten; 
f.  79  (=  i07)b  mais  é  x'  outr'  a  ||  fremosa 

a  que  me  quer'  eu  mayor  ben. 
5  E  moiro -m'eu  pola  freira,  . 

mais  non  pola  de  Nogueira. 

!^Hy   Non  est  a  de  Nogueira 
a  freira  ond'  eu  ei  amor; 
mais  é  x'  outra  fremosa 
10      a  que  me  quer'  eu  mui  melhor. 
E  moiro-m'eu  pola  fi-eira,  . 
J|H|H|        mais  non  pola  de  Nogueira. 

Se  eu  a  freira  visse 
o  dia  que  eu  quisesse, 
15     non  á  coita  no  mundo 
nen  mingua  que  ouvesse. 

E  moiro- m'eu  pola  freira,  . 
mais  non  pola  de  Nogueira. 


6220 


6225 


I  CV  824  (1219)  —  1  {E  non)  —  2  a  freira  que  eu  quero  ben  — 
3  mais  outra  mais  fremosa  —  4  é  a  que  min  en  poder  ten  —  5  —  6  0 
CV  traz  o  verso  5  duas  vezes,  repetindo -o  ainda  depois  do  6,  de  sorte  que 
o  refram  fica  composto  de  quattro  linhas.  —  9  mais  outra  mais  fremosa 
—  10  mi  —  \Z  E  se  eu  aquela  freira  —  14  un  dia  veer  podesse  —  16 
iien  pesar  que  eu  ouvesse  —  19 — 22  E  se  eti  aquela  freira  \\  veer  podess' 
un  dia  ||  nenhúa  coita  do  mundo  ||  nen  pesar  non  averia. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -j-  2).  —  Poesia  com  divergências 
importantes  nos  dois  códices,  estranhamente  «desigual"  quanto  á  medida, 
(quer  consideremos  os  impares,  que  são  soltos,  como  hemistichios ,  quer  como 
versos  independentes)  e  também  quanto  ás  rimas  que  estão  em  opposiçao 


—     560     — 

Se  m'ela  min  amasse 
20     mui  gran  dereito  faria, 

ca  lhe  quer'  eu  mui  gran  ben 
e  punh'  i  mais  cada  dia.  6230 

E  m  oiro -m 'eu  pola  freira 
mais  non  pola  de  Nogueira. 

aberta  com  a  lei  allegada  com  relação  ao  No.  279.  —  Temos  versos  que 
material  ou  arithmeticamente  contam  sette  e  oito  syllabas.  Senarios  jam- 
bicos  femininos  alternam  com  regularidade  com  Octonarios  jambicos 
masculinos  nas  primeiras  duas  coplas;  ha  exclusivamente  Senarios  fem. 
na  3";  os  mesmos,  misturados  com  Septenarios  fem.  e  um  único  mascu- 
lino na  4*;  Septen.  fem.  também  no  refram.  —  Coplas  singulares,  das 
quaes  as  duas  primeiras  tèem  teor  parallelistico  em  ambos  os  códices  (em- 
quanto  as  outras  duas  só  o  tèem  no  €V):  xaxa||CC  no  primeiro  grupo; 
xaxa  na  3*  copla;  xaxa  na  4^  —  Rimas  longas  no  giiipo  P:  én  na 
1*  copla;  or  na  2'';  breves  no  IP  grupo:  esse  na  3*  copla;  ia  na  4*;  e  eira 
no  refram. 

III  Nicht  die  Nonne  aus  Nogueira  ist  es,  die  mich  gefangen  hált; 
vielmehr  ist  eine  andre,  noch  schonere,  diejenige,  welche  ich  am  meisten 
liebe :  ||  Ich  stcrbe  um  einer  Nonne  willen,  doch  nicht  um  die  aus  Nogueira  (1). 

Nicht  die  Nonne  aus  Nogueira  ist  es,  die  ich  verehre;  sondern  eine 
andre,  noch  schonere,  ist  diejenige,  welcher  ich  am  meisten  zugethan 
bin:  etc.  (2). 

Sâhe  ich  die  Nonne  am  Tage,  den  ich  wahlte,  so  gabe  es  fiir  mich 
keine  Pein  auf  Erden,  noch  irgend  ein  Elend  (3). 

(Liebte  sie  mich,  so  thate  sie  ganz  recht;  denn  ich  liebe  sie  sehr 
herzlich  und  tâglich  mit  grõsserem  Eifer.) 

ou  na  lição  de  CV,  que  eu  preferiria: 

Sâhe  ich  jene  Nonne  an  einem  bestimmten  Tage,  so  gabe  es  auf  der 
ganzen  Welt  keinen  Kummer  und  kein  Leid  fúr  mich. 


283. 

(Tr.  124). 

A  que  vi  ontr'  as  amenas 
jDeus!  como  parece  ben! 
E  mirei-la  das  arenas; 
des  i  penado  me  ten! 
5  Eu  das  arenas  la  mirei, 

e  des  enton  sempre  penei! 

f.  79  (=  i07)c       II  A  que  vi  ontr'  as  amenas 
jDeus!  com'  á  bon  semelhar! 
E  mirei-la  das  arenas; 
des  enton  me  faz  penar! 

Eu  das  arenas  la  mirei, 
e  des  enton  sempre  penei! 


10 


I 


15 


Se  a  non  viss'  aquel  dia 

^que  se  fezera  de  mi? 

Mais  quis  Deus  enton,  e  vi -a! 

Nunca  tan  fremosa  vi! 

Eu  das  arenas  la  mirei, 
e  des  enton  sempre  penei! 


6235 


6240 


6245 


6250 


I  CV  825  (1220)  —  1  antr'  as  a.  —  3  eu  mirei-la  —  6  Aqui,  como 
na  cantiga  anterior,  o  CV  repete  o  1°  verso  do  refram.  —  7  antr'  as  a.  — 
8  eomi-á  (graphia:  comha)  —  9  eu  mirei-la  —  10  fez —  13  As  ultimas 
estro phes  estão  invertidas  no  CV  —  14  min  —  15  e  21  mais  quis  Des 
entonc'  e  vi -a. 

n  Cantiga  de  refram:  4x(44-2).  — Septenarios  trochaícos 
no  corpo  da  cantiga;  Octonarios  jambicos  no  refram.  —  Dous  pares  de 
coplas,  de  contextura  parallelistica.  Cada  parelha  tem  dous  versos  idênticos 
(1  e  3)  e  os  outros  dous  semelhantes,  mas  com  rima  diversa:  alt)al)||CC.  — 
Rimas  breves  e  longas:  enas  {amenas,  arenas)W,  mC»)  na  primeira 
copla;  enasfP')  ar  O*)  na  segunda;  ia  {dia,  vi-a)W,  iO)  na  terceira;  iaW 
ôr(»>)  na  quarta;  ei  no  refram. 

36 


—     562     — 

Se  a  non  viss'  aquel  dia, 
20      muito  me  fora  melhor. 

Mais  quis  Deus  enton,  e  vi  a 
mui  fremosa  mia  senhor. 

Eu  das  arenas  la  mirei,  6255 

e  des  enton  sempre  penei! 

m  Die,  welche  ich  zwischen  den  Zinnen  sah,  Gott,  wie  herrlich 
sah  sie  aus!  Ich  erblickte  sie  vom  Meeresstraode  aus;  und  seither  bin  ich 
in  Betrúbnis.  ||  Yom  Meeresstrande  aus  erblickte  ich  sie;  und  seitdem  erhâlt 
sie  mich  betriibt  (1). 

Die ,  welche  ich  zwischen  den  Ziunen  sah ,  Gott  welch  liebliches  Antlitz 
hat  sie!  ||  Ich  erblickte  sie  vom  Meeresstrande  aus;  und  seitdem  erhâlt  sie 
mich  betriibt  (2). 

Hãtte  ich  sie  an  jenem  Tage  nicht  geschaut,  was  wâre  aus  mir  ge- 
worden?  Gott  aber  hat  gewoUt,  dass  ich  sie  erblicken  soUte.  Darum  sah 
ich  sie.     Und  sah  niemals  etwas  Schõneres.  ||  Vom  Meeresstrande  aus  etc.  (3). 

Hâtte  ich  sie  damals  nicht  geschaut,  es  wáre  zu  meinem  Heil  gewesen! 
Gott  aber  hat  gewoUt,  dass  ich  meine  wunderschõne  Herriu  erblicken  sollte.  || 
Vom  Meeresstrande  aus  erblickte  ich  sie;  und  seither  erhâlt  sie  mich  be- 
triibt (4). 

IV  Herculano  intercalou  esta  poesia  no  seu  Romance  histórico:  O 
Monasticon,  vol.  11.,  cap.  X. 


i 


284. 
(Tr.  125). 

Vou-m'eu,  fremosa,  pêra  '1  rei: 
por  vos,  u  for',  penad'  irei 

d'amor,  d'amor,  d'amor,  d'amor, 

por  vos,  senhor,  d'amor,  [d' amor].  6260 

Vou-m'eu  a  la  corte  morar: 
por  vos,  u  for',  ei  a  penar 

d'amor,  d'amor,  d'amor,  d'amor, 
por  vos,  senhor,  d'amor,  \d'amor\. 


E  se  vos  non  vir'  (jque  farei?  6265 

10      Cuidand'  en  vos,  morrer -vos-ei 

d'amor,  d'amor,  d'amor,  d'amor, 
por  vos,  senhor,  d'amor,  [d' amor].  \\ 

I  No  original  faltam  as  ultimas  syllabas  do  refram.  No  verso  9  sup- 
primi  uma  syllaba  que  sobejava  (e  se  vos  eu  n.  v.) 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (2 -)- 1).  —  Octonarios  jambicos. 
—  "Versos  pareados:  aa{|BB.  —  Rimas  longas:  ei  no  l**  distico;  ar 
no  2°;  ei  no  3°  que  volta  portanto  á  1*  consoante;  or  (ou  antes  a  formula 
d' amor)  no  refram.  —  É  bem  possível  que  falte  um  4°  distioo,  que  vol- 
tasse á  rima  ou  á  toante  do  2°,  tornando  completo  o  parallelismo.  —  Talvez: 
E  se  vos  non  vir'  ^qite  seerá?     Ouidand'  en  vos,  morte  verrá. 

m  Schõnste,  ich  gehe  zum  Kõnig:  Wo  immer  ich  weile,  werde  ich. 
elend  und  krank  sein:  ||  VorLiebe,  Liebe,  Liebe,  Liebe;  vor  Liebe,  Herrin, 
zu  Euch;  vor  Liebe  (1)! 

An  den  Hof  gehe  ich:  "Wo  immer  ich  weile,  werde  ich  ein  Elender 
und  Kranker  sein  etc.  (2). 

"Was  soU  ich  thun,  so  ich  Euch  nicht  sehe?  An  Euch  denkend,  werde 
ich  sterben:  ||  Vor  liebe,  Liebe,  Liebe  etc.  (3). 

[Was  wird  geschehen,  so  ich  Euch  nicht  sehe?  "Wáhrend  ich  an 
Euch  denke,  wird  der  Tod  mich  ereilen:  ||  Vor  Liebe,  Liebe,  Liebe  etc.  (4).] 


36* 


LACUNA  33». 

FALTAM   TRÊS   MEIAS  -  FOLHAS :   Nos.  2«,  3«  E  4° 
DO   CADERNO  XIIL 


Na  primeira  folha  que  falta,  começava  provavelmente  um 
cyclo  novo,  visto  que  a  antecedente  acabava  com  uma  coluna 
em  branco. 

Na  ultima  findava  um  cyclo,  visto  na  immediata  existir 
uma  Yinheta. 

É,  todavia,  impossível  decidir,  se  ao  todo  faltam  três  series, 
ou  duas,  ou  uma  só. 


A  LACUNA  FICA  POR  PREENCHER. 


XXXIV 

CAÍÍTIGAS 

285  —  287 
DE 

FERNAN   PADRON. 


C.  XIII:  4p 

Vinheta 

f.  80  (=  108, a 


285. 
(Tr.  126). 


Se  vos  prouguess',  Amor,  ben  me  devia 
cousimento  contra  vos  a  valer,  6270 

qae  mig'  avedes  filhada  perfia 
tal  que  noii  sei  como  possa  viver 
sen  vos,  que  me  têedes  en  poder 
e  non  me  leixades  noite  nen  dia. 


Por  esto  faz  mal-sen  quen  s'en  vos  fia,        6275 
com'  eu,  que  ouvera  end'  a  morrer 
por  vos.  Amor,  en  que  m'eu  atrevia 
10      muit',  e  cuidava  convosc'  a  vencer  || 
{=i08)b  a  que  me  vos  fezestes  ben  querer; 

e  falistes -m(e)  u  vos  mester  avia.  6280 

E  por  aquest'.  Amor,  gran  ben  seria, 
se  eu  per  vos  podesse  ben  aver 
15      de  mia  senhor,  ond'  eu  ben  averia 
sol  que  vos  end'  ouvessedes  prazer; 
mais  vos.  Amor,  non  queredes  fazer  6285 

nulha  ren  de  quant'  eu  por  ben  terria. 


I  CV  563  (976)  —  1  viis  —  mi  —  8  {com'  eu  ond'  ouvera  a  morrer). 
Talvez:  com'  eu  que  end'  ouvera  a  morrer?  —  9  por  voss'  amor  —  10 
con  vose'  a  veer  —  11  mi  —  (e  filhastes  m'u  vus  mester  avia)  —  13 
(e  por  aquesto  gran  ben  seria) .,  com  ommissão  da  palavra  Amor  que  é 
necessária  para  completar  a  medida.  —   15  da  m.  s.  —   20  de  voss'  amor 

—  21  acho -vus  —  22  (vus). 

II  Cantiga   de  nicestria:  4x6.    —    Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  equicousoantes:  ababba.   —   Rimas  breves    e    longas: 
ia  (a)  êrW. 


—     568     — 

E  de  bon  grado  ja  m'eu  partiria 
20      de  vos,  Amor,  se  ouvess'  én  lezer, 
mais  acho-vus  comigo  todavia 
cada  u  vou  por  me  vos  asconder.  6290 

E  pois  sen  vos  non  posso  guarecer, 
se  me  matassodes  ja,  prazer -m'- ia. 

in  Gefiele  es  Euch,  Amor,  so  kõnntet  Ihr  wohl,  wegea  meines  ver- 
stândigen  Verfahrens ,  Eucksicht  aufmich  nehmen.  [Statt  dessen]  habt  Ihr 
hartnãckigen  Streit  mit  mir,  so  dass  ich  nicht  gegen  Euren  Willen  leben 
kann,  der  Ihr  mich  in  Eurer  Gewalt  habt  und  mich  weder  bei  Tage  uoch 
bei  Nacht  in  Frieden  lasst  (1). 

Schlecht  beraten  ist  der,  welcher  auf  Euch  baut,  wie  ich  gethan,  der 
ich  dem  Tode  nahe  bin  durch  Eure  Schuld,  Amor,  auf  den  er  doch  ge- 
rechnet  und  vertraut  und  mit  dessen  Hilfe  er  diejenige  zu  besiegen  ver- 
meinte,  zu  ■welcher  Ihr  ihm  Liebe  eingeflõsst.  Ihr  aber  verliesset  mich 
gerade,  ais  ich  Euch  brauchte  (2). 

Deshalb  soUtet  Ihr,  Amor,  mir  nun  doch  zu  Liebesgunst  von  Seiten 
meiner  Herrin  verhelfen,  die  sie  mir  gewãhren  wiirde,  so  Ihr  nur  woUtet. 
Ihr  aber,  Amor,  woUt  nichts  von  alledem  thun,  was  ich  fúr  gut  hielt  (3). 

Gern  wiirde  ich  Euch  Valet  sagen,  stânde  es  in  meiner  Macht;  doch 
wohin  ich  auch  gehe,  um  mich  vor  Euch  zu  verbergen,  Ihr  begleitet  mich 
immerdar  úberall  hin.  Da  ich  ohne  Eure  Hilfe  nicht  genesen  kann,  wâre  es 
das  Beste  fiir  mich,  wenn  Ihr  mich  tõten  woUtet  (4). 


286. 
(Tr.  127). 

'  orne  non  pode  saber 
mia  fazenda  per  neiín  sen, 
ca  non  ous'  eu  per  ren  dizer 
a  que  m'en  grave  coita  ten. 
5      E  non  me  sei  conselho  dar, 
ca  a  mia  coita  non  a  par 
que  me  faz  seu  amor  soffrer. 

Con  tal  senhor  fui  emprender 
a  que  non  ouso  dizer  ren 
10      de  quanto  mal  me  faz  aver, 
que  me  sempre  por  ela  ven. 
(=  i08)c  II  E  mal  per  foi  de  min  pensar 
Amor,  que  me  seu  fez  tornar, 
ca  por  ela  cuid'  a  morrer. 

15  E  nunca  meus  olhos  veran 

con  que  folgu'  o  meu  coraçon. 
Mentr'  esteveren,  com'  estan, 
alongados  d'ela,  e  non 
foren  u  a  vejan,  ben  sei 

20      que  nunca  lhes  ren  mostrarei 
que  lhes  possa  prazer,  de  pran. 


6295 


6300 


6305 


6310 


I  CV  564  (977)  —  2  nenlmn  —  7  mi  —  8 — 9  {eu  prenda  o  que  etc.) 
—  10  mi  —  11  vii  —  16  con  que  folgue  meu  coraçon  —  19  foran  — 
20  Ihis  —  21  Ihis  —  27  Ihi. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  ababcca.  —  Rimas  longas:  êrí»)  én9>)  ari^)  no 
grupo  P;  «?*(«)  on<y>)  e^(c)  no  II". 

III  Kein  Mensch  kann  irgendwie  um  meinen  Zustand  wissen;  denn 
ich  wage  es  nicht,  diejenige  zu  nennen,   welche  mir  solche  Pein  bereitet, 


—     570     — 

E  ben  sei  ca  non  dormiran, 
mentr'  assi  for';  nen  é  razon,  6315 

nen  eu  non  perderei  aífan, 
25      jmal-pecado!  nulha  sazon. 
Mais  se  eu  non  morrer',  irei 
ced'  u  lhe  mia  coita  direi! 
E  por  ela  me  mataran.  6320 

und  ich  weiss  mir  nicht  zu  raten  noch  zu  helfen:  so  beispiellos  ist  die  Qual, 
in  welche  die  Liebe  zu  ihr  mich  gebracht  (1). 

Mit  einer  solchen  Herriu  habe  ich  angekniipft,  zu  der  ich  von  dem 
Leide  nicht  zu  sprechen  mich  erkiihne,  das  mir  durch  sie  widerfâhrt.  Und 
iibel  hat  Amor  mir  mitgespielt,  ais  er  mich  zum  Ihren  machte,  denn  um 
sie  fiirchte  ich  zu  sterben  (2). 

Auch  werden  meine  Augen  und  mein  Herz  nimmermehr  etwas  Er- 
freuliches  sehen;  solange  sie  fern  von  ihr  sind,  vverde  ich  ihnen  gewisslich 
nie  etwas  Lustbringendes  zeigen  kõnuen  (3). 

Noch  werden  sie  in  der  Zwischenzeit  schlafen  (und  dúrfen  es  auch 
nicht);  auch  werde  ich  leider  nimmer  meinen  Kummer  los.  Sterbe  ich 
nicht,  so  werde  ich  daher  bald  an  die  Státte  gehen,  wo  ich  ihr  mein  Leid 
klagen  kann,  ob  man  mich  freilich  auch  darum  tõten  wird  (4). 


287. 
(Tr.  128). 

Os  meus  olhos,  que  mia  senhor 
foron  veer,  a  seu  pesar, 
mal  per  foron  de  si  pensar, 
que  non  poderian  peor, 
5  pois  ora  en  logar  estan 

que  a  veer  non  poderan. 

Sei  ca  non  poderan  dormir, 
ca  viron  o  bon  semelhar 
da  que  os  faz  por  si  chorar 
10      e  avê'-lo-an  a  sentir, 

pois  ora  en  logar  estan 
que  a  veer  non  poderan. 

Quanto  prazer  viron  enton 
semelha  que  foi  por  seu  mal; 
15     ca  se  lhes  Deus  ora  non  vai,  || 
V-  80  =  [i08)d  non  jaz  i  [ai]  se  morte  non, 
pois  ora  en  logar  estan 
que  a  veer  non  poderan. 


6325 


6330 


6335 


I  CV  565  (978)  —  8  que  —  15  Ihis 
ambos  os  códices  —  21  vos. 


(agora)  —   IG  ai  falta  em 


II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -j-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  ôrW  aríb)  na  1"  copla; 
irW  arC»)  na  2",  que  repete  uma  consoante  da  anterior;  owW  alW  na  3*; 
êri^)  ow(b)  na  4%  que  também  emprega  uma  rima  da  antecedente,  mas  com 
inversão;  an  no  refram. 

III  Meine  Augen,  die  zu  ilirem  Schaden  meino  Herrin  geschaut,  haben 
gar  schiecht  fúr  sich  selber  gesorgt ,  so  schiecht  wie  irgend  mõglicli :  ||  denn 
sie  weilen  jetzt  an  einem  Orte,  wo  sie  jene  nicht  sehen  kõnnen  (1). 


—     572     — 

Quando  a  viron,  gran  prazer 
20     oiiv'  ende  o  meu  coraçon,  6340 

mais  direi -vus  iia  razon: 
Lon  lh'o  devia  gradecer, 

pois  ora  en  logar  estan 
que  a  veer  non  poderan. 

Ich  weiss,  dass  sie  nicht  schlafen  kõnnen,  weil  sie  das  holde  Antlitz 
derer  sahen,  die  sie  nun  zuin  Weinen  zwingt,  und  dass  sie  es  bitter 
empíinden  werden;  ||  denn  sie  weilen  etc.  (2). 

So  viel  Lust  sie  damals  sahen,  gereicht  nun  zu  ihrem  Leide.  Und 
so  ihnen  Gott  nicht  hilft,  ist  ihnen  der  Tod  gewiss  etc.  (3). 

Ais  sie  jene  sahen,  frohiockte  mein  Herz:  jetzt  aber  muss  ich  gestehen, 
ich  sollte  ihnen  nicht  dafiir  dankbar  sein;  ||  denn  sie  weilen  jetzt  an  einem 
Orte,  wo  sie  jene  nicht  zu  sehen  vermõgen  (4). 


LACUNA  24°. 

FALTA  UMA  MEIA -FOLHA:   No.  3/^  DO  CADERNO  XIIL 


É  provável  que  contivesse,  como  tantas  outras,  um  cyclo 
pequeno,  mas  completo,  de  cantigas  de  um  auctor  diverso  do 
das  cantigas  antecedentes,  e  também  do  das  seguintes. 

Nos  apographos  italianos  segue,  immediatamente,  a  cantiga 
correspondente  ao  nosso  No.  288. 


A  LACUNA  FICA  POR  PREENCHER. 


XXXV 


CANTIGAS 


288  —  292 


DE 


PÊRO   DA   PONTE. 


288. 
(Tr.  112). 

C.  XIII:  2/?  ^  .  , 

Vinheta  ian  muito  vus  am    eu,  senhor,  6345 

f.8H^109)c  \ 

que  nunca  tant    amou  senhor 
orne  que  fosse  nado; 
pêro  des  que  fui  nado, 
5      non  pud'  aver  de  vos,  senhor, 

por  que  dissess':   «ay,  mia  senhor,  6350 

en  bon  pont'  eu  fui  nado!» 
Mais  quen  de  vos  fosse  senhor, 
bon  dia  fora  nado! 

(=109)d   -^^  II  -^    ^    ^^^    1^®    ^^^    ^^    ^^5 

senhor,  en  tal  ora  vus  vi  6355 

que  nunca  dormi  nada, 
nen  desejei  ai  nada 
se  non  vosso  ben,  pois  vos  vi! 
15      E  dig'  a  mi:   «por  quê  vos  vi, 

pois  que  me  non  vai  nada»?  6360 

Mal -dia  nad'  eu  que  vos  vi! 
e  vos  bon  dia  nada! 


I  CV  566  (979)  —   16  mi  —   19  que  —  20  vus  —  O  CÁ  tem,  por 
ngano:  poderiades  —  22  {mais  ai  nunca  foy  guarda)  —  23  da  m.  g.  c. 

26  q.  Des  g.  que  d.  e. 

II  Cantiga  de  meostria:  3x9.  —  Octonarios  e  senarios 
jam bicos.  —  Coplas  singulares,  de  só  duas  terminações  cada  uma: 
aabbaat>ab.  —  Rimas  breves  (1))  e  longas  (a):  ôrW  ado(^>)  na  1"  estan- 
cia; *(a)  ada(}>)  na  2*;  onit^)  adoQ>)  na  3*. 

Todas  as  estancias  se  decompõem  em  duas  partes,  desiguaes,  mas 
symmetricas:  uma  de  6  versos,  e  outra  de  3.  Na,  1*  parte,  quattro  octo- 
narios agudos,  dois  de  cada  lado,  com  rima  sempre  idêntica  (que  é  senhor 
na  1"  estrophe,  z;*na2',  e  enton  na  3*)  abraçam  dous  senarios  graves,  em- 
parelhados, com  nova  consonância  {nado  na  1*  estrophe,  nada  na  2%  e 
guardudo  na  3").  —  Na  segunda  parte,  pelo  contrario,  dous  senarios  graves 

37 


—     578     — 

Ca  se  vus  eu  non  viss'  enton 
20      quando  vos  vi,  poder(a)  enton 

seer  d'afan  guardado;  6365 

mais  nunc'  ar  fui  guardado 

de  mui  gran  coita  des  enton; 

e  entendi- m'eu  des  enton 
25      que  aquel  é  guardado 

que  Deus  guarda;  ca  des  enton  6370 

ó  tod'  orne  guardado. 

(com  a  mesma  rima  que  caracteriza  os  da  primeira  parte)  abraçam  um 
octonario  agudo,  que  também  repete  a  consoante  dos  precedentes.  Ou  por 
outra:  os  versos  com  a  rima  a  são  octonarios,  os  com  a  rima  b  senarios. 
Pôde  ser  que  falte  uma  4*  estancia,  cuja  rima  longa  tivesse  a  vogal 
*,  e  cuja  breve  fosse  guardada. 

in  So  innig  liebe  ich  Euch,  Herrin,  wie  niemals  ein  Mann  vor  mir 
seine  Herrin  geliebt  hat,  obwohl  ich  mein  Lebtag  von  Euch  auch  nicht  so 
viel  Liebes  erfahren  habe,  dass  ich  hãtte  ausrufen  kõnnen:  „Ach  Herrin, 
ich  ward  zu  guter  Stunde  geboren".  "VVer  aber  Euer  Herr  wâre,  der  wâre 
ein  Gliickskind  (1). 

Ais  ich  Euch  sah,  geschah  es  zu  solch  unheilvollem  Zeitpunkt,  dass 
ich  seither  nicht  mehr  schlafen  konnte,  noch  einen  anderen  "Wunsch  hegte 
ais  den,  Euch  zu  sehen.  Zu  mir  aber  spreche  ich:  „wozu  sah  ich  Euch, 
wenn  es  mir  doch  nichts  niitzt  ? "  TJnter  einem  Unstern  ward  ich  geboren 
und  Ihr  unter  einem  freundlichen  Gestirn  (2). 

Hãtte  ich  Euch  damals  nicht  erblickt,  ich  hâtte  von  Kummer  frei 
bleiben  kõnnen.  Seither  aber  weicht  grosser  Kummer  nicht  von  mir.  Zur 
Stunde  aber  sah  ich  ein,  dass  nur  der  recht  behiitet  ist,  den  Gott  hiitet. 
In  diesem  Falle  aber  ist  jedermann  gut  gehiitet  (3). 

IV  O  annotador,  lembrado  de  um  adagio,  que  já  devia  ser  vulgar  no 
seu  tempo,  lançou  á  margem  a  nota:  guardado  he  que  (=  quem)  deos guarda. 


289. 

(Tr.  113). 

Se  eu  podesse  desamar 
a  que[n]  me  sempre  desamou, 
e  podess'  algun  mal  buscar 
a  quen  me  sempre  mal  buscou! 
5     Assi  me  vingaria  eu, 

se  eu  podesse  coita  dar 

a  quen  me  sempre  coita  deu. 

Mais  [sol]  non  poss'  eu  enganar 
meu  coraçon,  que  m'enganou, 
10     por  quanto  me  fez  desejar 
a  quen  me  nunca  desejou.  || 

f%f\=ifo)a  ^  P°^'  ®^^^  ^^'^  dôrmio  eu 

porque  non  posso  coita  dar 
a  quen  me  sempre  coita  deu. 


6375 


6380 


6385 


I  €V  567  (980)  —  No  verso  2  o  CA  tem  que,  emquanto  o  CV  traz 
queu.  Cfr.  os  versos  4,  7  e  11.  —  4  mi  —  7  a  que  a  mi  s.  o.  d.  —  8 
ml  falta  no  CA  —  fosso  no  CV  —  10  mi  fax  —  13  e  27  forque  non 
poss'  eu  coita  dar  —  15  que  desempar  —  16  a  q.  mi- assi  desamparou 
—  17  ou  q.  podess'  eu  estorvar  (estornar)  —  22  ousass'  eu  —  25  min  — 
26  (laser o). 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (5  -f-  2).  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abal)c||AC.  —  Rimas  longas:  arW  ouO»)  eui^). 

O  poeta,  repetindo  em  cada  estancia  três  vezes  o  mesmo  verbo,  em 
derivação  variada,  empregou  o  artificio  a  que  os  trovadores  chamaram  mor- 

dobre:  ^dobre  é  dizer  úa  palavra  cada  cobra  duas  vexes  ou  mais 

mor -dobre  é  tanto  come  dobre  . .  .  mais  as  palavras  desvairan  -  se ,  porque 
mudan  os  tempos."' 

III  Kõnnte  ich  doch  Unliebe  hegen  fiir  dia,  welche  stets  Unliebe 
gegen  mich  gehegt  hat!  Und  kõnnte  ich  doch  Bõses  anthun  der,  dio  mir 
immer  Bõses  angethan  hati  Es  ware  Vergeltung,  ||  kõnnte  ich  in  Harm  ver- 
setzen  die,  welche  mir  immer  Harm  bereitet  hat  (1). 

37* 


—     580     — 

15  Mais  rog'  a  Deus  que  desampar 

a  quen  m^assi  desamparou, 

vel  que  podess'  eu  destorvar 

a  quen  me  sempre  destorvou. 

E  logo  dormiria  eu,  6390 

20  se  eu  podesse  coita  dar 

a  quen  me  sempre  coita  deu. 

Yel  que  ousass'  én  preguntar 
a  quen  me  nunca  preguntou, 

por  quê  me  fez  en  si  cuidar,  6395 

25      pois  ela  nunc'  en  mi  cuidou. 
E  por  esto  lazeiro  eu: 

porque  non  posso  coita  dar 
a  quen  me  sempre  coita  deu. 

Doch  vermag  ich  nicht  mein  Herz  irrezuleiten,  das  micli  irregeleitet 
hat,  indem  es  mir  Sehnsucht  nach  der  eingab,  dia  sich  niemals  nach  mir 
gesehnt  hat.  Sehlafen  kann  ich  nicht,  ||  weil  ich  nicht  in  Harm  bringen 
kana  die,  welche  mir  immer  Harm  bereitet  hat  (2). 

Vom  Himmel  erbitte  ich,  er  mõchte  diejenige  verlassen,  die  mich  so 
verlassen  hat,  oder  dass  ich  iu  Unriihe  stiirzen  kõnnte  die,  welche  mich 
immer  beunruhigt  hat.  Dann  wiirde  ich  wieder  sehlafen,  ||  wenn  ich  in  Harm 
versetzen  kõnnte  die,  welche  mir  dauernd  Harm  bereitet  (3). 

Oder  vermõchte  ich  wenigstens  zu  erfragen  von  der,  welche  mich  nie 
gefragt  hat,  warum  ich  an  sie  denken  muss,  die  nimmer  an  mich  gedacht 
hat.  Das  isfs,  was  mich  zum  Lazaras  macht,  ||  dass  ich  nicht  in  Harm  ver- 
setzen kann  die,  welche  mir  dauernd  Harm  bereitet  (4). 


290. 

(Tr.  114). 

Agora  me  part'  eu  mui  sen  meu  grado 
de  quanto  ben  oge  no  mund'  avia, 
|ca  'ssi  quer  Deus  e  mao  meu  pecado! 
jAy  eu! 

5  De  mais,  se  me  non  vai  Santa  Maria, 

d'aver  coita  muito  tenh'  eu  guisado, 
e  rog'  a  Deus  que  mais  d'og'  este  dia 
f.82{=no)b  non  viva  eu,  se  m'el  ||  i  non  dá  conselho. 

Non  viva  eu,  se  m'el  i  non  dá  conselho; 
10     nen  viverei,  nen  é  cousa  guisada, 

ca  pois  non  vir'  meu  lum'  e  meu  espelho, 
iay  eu! 
ja  por  mia  vida  non  daria  nada, 
mia  senhor;  e  digo-vus  en  concelho 
15      que,  se  eu  moir'  assi  d 'esta  vegada, 
que  a  vo'-lo  demande  meu  linliage! 


6400 


6405 


6410 


6415 

Que  a  vo'-lo  demande  meu  linhage, 
senhor  íremosa,  ca  vos  me  matados! 
Pois  voss'  amor  en  tal  coita  me  trage, 
20  jay  eu! 

e  sol  non  quer  Deus  que  mi- o  vos  creades,    6420 
e  non  me  vai  i  preito  nen  menage, 
e  ides-vus  e  me  desamparados, 
desampare  vos  Deus,  a  que  o  eu  digo! 

I  CV  568  (981)  —  2  og'  eu  —  5  mi  —  7  mais  rog'  a  D.  —  8  e 
9  O  CA  tem  em  ambos  os  versos:  non  viva  eu  se  m'el  y  non  dá  c.  O 
í/  é  da  primitiva;  eu  e  dá  foram  intercalados  mais  tarde.  No  CV  o  y 
não  apparece  no  verso  8,  mas  sim  no  immediato.  —  Sem  elle  o  verso  pa- 
rece-me  mais  harmonioso.  —  22  mi  —  23  desemparades  —  24  e  25 
desempare-vus  —  26  desempatado. 

II  Cantiga  que  eu  chamaria  de  meestria,  se  nSo  fosse  o  refram 
intercalado:  Ay  eu!:  4x(3  +  l^  +  4).  —  Decasyllabos  jambicos.  — 
Coplas  singulares,  com  uma  palavra  perduda  no  fim,  que  se  repete 


—     582     — 

25  Desampare  vos  Deus  a  que  o  eu  digo, 

ca  mal  per  fie'  og'  eu  desamparado!  6425 

De  mais  non  oi  parente  nen  amigo 
jay  eu! 
que  m'aconselh'!  e  desaconselhado 
30     fiqu'  eu  sen  vos,  e  non  ar  fica  migo, 

senhor,  se  non  gran  coita  e  cuidado.  6430 

\Ãj  Dens!  valed'  a  orne  que  d'amor  morre! 

textualmente  no  principio  da  immediata,  de  modo  a  estabelecer  o  artificio 
do  leixa-pren:  abaxbabc.  —  Rin>«,s  breves  —  abstrahindo  -  se  do 
refram  intercalar  — ;  ado^'')  ia^)  elhoi*>)  na  1*  estancia;  elhoi«^)  adaW  age(^) 
na  2";  agei^)  ades9>)  igoi*^)  na  S'';  igoi^)  adoW  orreic)  na  4%  a  qual  como  se 
vê,  torna  a  empregar  a  !"•  consoante  da  cantiga,  e  vem  a  rematar  necessa- 
riamente com  um  verso  solto. 

m  Nun  inuss  icli  ganz  wider  meinen  "Wunsch  und  Willen  Abschied 
nehmen  vom  eiuzigen  und  liõchsten  Gute,  das  ich  auf  Erdeu  besass;  denn 
so  bestimmt  es  Gott  und  meine  Súndenschuld.  — Wehe  rair!  —  So  mir  die 
heilige  Jungfrau  nicht  beisteht,  ist  es  mir  verliângt,  viel  Leids  zu  erfahren. 
Darum  bete  ich  zu  Gott,  wenn  er  nicht  Hilfe  schaffen  will,  moge  er  mich 
dieseu  Tag  nicht  úberleben  lassen  (1). 

Wenn  er  nicht  Hilfe  schaffen  will,  mõge  er  mich  diesen  Tag  nicht 
úberleben  lassen!  Und  ich  werde  ihn  nicht  iiberleben,  noch  wâre  es  in  der 
Ordnung;  denn  sobaid  ich  mein  Licht  und  meinen  Spiegel  nicht  sehe  — 
wehe  mir!  —  mochte  ich  keinen  Strohhalm  fúr  mein  Lebcn  geben.  Doch, 
Herrin,  offen  sage  ich  es  hier:  sterbe  ich  jetzt,  so  soll  meine  Lippe  Klage 
gegen  Euch  erheben  (2). 

Es  soll  meine  Lippe  Klage  gegen  Eiich  erheben!  Denn,  schõne  Herrin, 
Ihr  tõtet  mich.  Da  die  Liebe  zu  Euch  mich  also  peinigt,  —  wehe  mir!  — 
und  der  Himmel  nicht  einmal  das  erlaubt,  dass  Ihr  mir  Glauben  schenkt, 
und  kein  Schwur  noch  Treueid  mir  nútzt  und  Ihr  von  hinnen  geht  und 
mich  verlasst,   so  mõge  auch  Gott,  dem  ich   es  klage,  Euch  verlassen  (3)1 

So  mõge  auch  Gott,  dem  ich  es  klage,  Euch  verlassen!  Denn  gar 
iibel  ergeht  es  heute  mir  Verlassnem.  Nicht  einmal  Verwandte  noch  Freunde 
habe  ich  —  wehe  mir !  — ,  die  mir  raten  kõnnten.  Ratios  bleibe  ich  daher 
zuriick;  und  bei  mir  verbleiben  allein  Kummer  und  Sorge.  Ach  Gott,  hilf 
einem,  der  vor  Liebe  stirbt  (4)1 

IV  Cfr.  Diez  (p.  61),  que  remette  o  leitor  ás  canções  capcaudadas 
dos  Provençaes,  e  Lang  (p.  CXXX)  que  combate  a  opinião  do  mestre, 
comparando  esta  cantiga,  acertadamente,  com  as  capfinidas. 


f.  82 
(=  110)c 


10 


t 


291. 

(Tr.  115). 

A  mia  senhor,  que  eu  mais  d'outra  ren 
desejei  sempr'  e  amei  e  servi, 
que  non  soía  dar  nada  por  mi, 
preito  me  trage  de  me  fazer  ben: 

ca  meu  ben  ó  d'eu  por  ela  ||  morrer 
ante  ca  sempr'  en  tal  coita  viver, 

En  qual  coita  me  seus  desejos  dan 
toda  sazon;  mais  des  agora  ja, 
por  quanto  mal  me  faz,  ben  me  fará, 
ca  morrerei  e  perderei  afan: 

ca  meu  ben  é  d'eu  por  ela  morrer 
ante  ca  sempr'  en  tal  coita  viver. 


E  quanto  mal  eu  por  ela  levei, 
ora  mi -o  cobrarei,  se  Deus  quiser'; 
15     ca  pois  eu  por  ela  morte  preser', 
pon  me  diran  que  d'ela  ben  non  ei: 

ca  meu  ben  é  d'eu  por  ela  morrer 
ante  ca  sempr'  en  tal  coita  viver. 


15      ( 

11 


6435 


6440 


6445 


I  CV  569  (982)  e  repetido,  em  parte,  como  obra  de  Sancho  Sanches, 
sob  No.  á  (394).   —  4  mi  trage  de  mi  f.  b.  (á)   —  me  trage  de  mi  (569) 

—  7  A  2*  e  3*  estrophe  faltam  na  cantiga  No.  4  —  9  mi  —  m,i  —  16  non  mi 
dirá  —  19  Sazon  foi  ja  q.  (4)  —  21  ja  que  pes  (4)  —  22  mi  (4  e  569). 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -f-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 

—  Coplas  singulares:  abl)a||CC.  —  Eimas  longas:  énW  iW  na  1*  copla; 
aw(a)  á(b)  na  2*;  e*(a)  ér(b)  na  3*;  m(«)  ÔrO>)  na  4",  que  repete  uma  das 
rimas  da  1";  êr  no  refram. 

m  Meine  Herrin,  der  ich  úber  alies  in  Liebe,  Sehnsucht  und  Treue 
zugethan  war,  die  aber  gar  nichts  auf  mich  zu  geben  pfiegte,  vereinbart 
jetzt  mit  mir,  mir  Gutes  anzuthun:  ||  das  Gute  aber,  das  sie  mir  giebt,  ist, 
dass  ich  sterben  soU,  statt  immerdar  in  solcher  Pein  zu  leben  (1), 


—     584     — 

Tal  sazon  foi  que  me  tev'  en  desden,  6450 

20      quando  me  mais  forçava  seu  amor; 
e  ora,  mal  que  pes  a  mia  senhor, 
ben  me  fará,  e  mal-grad'  aja  én, 

ca,  meu  ben  é  d'eu  por  ela  morrer 

ante  ca  sempr'  en  tal  coita  viver.  6455 

Wie  die  ist,  welche  die  Sehnsuclit  nach  ihr  allezeit  in  mir  erweckt. 
Von  nun  an  aber  wird  sie  mir,  zum  Entgelt  fiir  soviel  Leides,  Liebes 
antliun,  denn  mit  dem  Tode  bin  ich  ja  alie  Qualen  los;  |1  das  Gute  aber,  das 
sie  mir  giebt,  ist  etc.  (2). 

Den  Ersatz  fúr  alies,  was  ich  um  sie  gelitton,  erhalte  ich  nun,  so 
Gott  will,  heimgezahlt.  Denn  giebt  sie  mir  den  Tod,  so  kann  niemand 
mehr  sagen,  dass  ich  keine  Wohlthat  von  ihr  empfangen  habe,  |1  denn  etwas 
Gutes  ist  es  fúr  mich ,  um  ihretwillen  zu  sterben ,  statt  immerdar  in  solcher 
Pein  zu  leben  (3). 

Es  gab  eine  Zeit,  wo  sie  mich  verschmãhte,  ais  die  Liebe  zu  ihr  am 
gewaltsamsten  Herr  iiber  mich  war.  Nun  aber,  so  leid  es  ihr  thun  mag, 
wird  sie  mir  eine  Gunst  erweisen,  fiir  die  ich  ihr  freilich  keinen  Dank 
weiss :  II  denn  besser  ist  es  fiir  mich ,  um  ihretwillen  zu  sterben ,  ais  immerdar 
in  solcher  Pein  zu  leben  (4). 


292. 

(Tr.  116). 

Senhor  do  corpo  delgado, 
am        en  forte  pont'  eu  fui  nado! 
que  nunca  perdi  cuidado 
nen  afan,  des  que  vos  vi. 
5  En  forte  pont'  eu  fui  nado, 

senhor,  por  vos  e  por  mi!  || 


6460 


f.  82  (=  110)d 


10 


II  Con  est'  afan  tan  longado 
en  forte  pont'  eu  fui  nado! 

que  vus  amo  sen  meu  grado 

e  faço  a  vos  pesar  i. 

En  forte  pont'  eu  fui  nado, 
senhor,  por  vos  e  por  mi! 


6465 


y  eu,  cativ'  e  coitado! 
en  forte  pont'  eu  fui  nado! 
15      que  servi  sempr'  endõado 
ond'  un  ben  nunca  prendi. 

En  forte  pont'  eu  fui  nado, 
senhor  por  vos  e  por  mi! 


6470 


I  CV  570  (983)  —  3  eoidado  —  4  vus  —  6  min  —  10  e  faç'  a  vos. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2)  ou  3  x  (1  +  1R  + 2  +  2B).  — 
Septenarios  trochaícos.  —  Coplas  oquiconsoantes:  aaabÁB  ou 
áÂâbÀB.  —  Rimas  breves  e  longas:  ado{«^)  iQ>). 

III  Herrin,  schlank  gewachsene:  unter  schlimmem  Gestim  ward  icb 
geboren,  denn  Sorge  und  Harm  werde  ich  nicht  los,  seit  ich  Eucb  kenne.  || 
Eine  Unglúcksstunde  war  es  fúr  mich  und  Euch,  ais  ich  geboren  ward  (1). 

Eine  Unglúcksstunde,  da  icb  Eucb  in  so  langem  Harme  gegen  meinen 
Willen  liebe  uud  Eucb  dadurch  erzúrne.  ||  Eine  Ungliicksstunde  etc.  (2). 

Eine  Unglúcksstunde,  da  icb  Ãrmster  und  Bekúmmerter  Eucb  obne 
Lobn  gedient  und  nie  einen  Gnadenbeweis  erbalten  babe.  ||  Eine  Unglúcks- 
stunde etc.  (3). 

IV  Herculano  intercalou  mais  esta  cantiga  no  seu  «Monasticon^^ 
cap.  X,  substituindo  o  arcbaico  senhor  por  dama. 

Cfr.  Diez  (p.  69 — 70),  que  compara  esta  estropbe  com  o  triolet 
francez. 


LACUNA  35»(?) 


Na  folha  antecedente,  que  acaba,  como  de  costume,  com 
algum  espaço  em  branco,  posto  que  pouco,  termina  um  cyclo, 
e  ao  mesmo  tempo  um  Caderno.  Com  a  immediata  começa 
outro  cyclo  e  outro  Caderno.  Materialmente,  não  ha  hoje  ligação 
entre  os  dous:  os  cordões  na  lombada  do  volume  estão  cortados. 
Fica,  portanto,  indeciso  se  ha  lacuna,  ou  não. 

Se  existir,  deve  abranger  um  Caderno  inteiro,  a  não  ser 
que  seguissem  somente  folhas  soltas. 

Nos  apographos  italianos,  as  poesias  que  figuram  entre  o 
nosso  No.  292  e  293,  são  oito,  e  pertencem  ao  auctor  da  serie 
XXXV. 


VEJA -SE  A  SECÇÃO  l?''  DO  APPENDICE. 


XXXVI 


CANTIGAS 


293  —  302 


DE 


VA  ASCO  RODRIGUES,  DE  CALVELO. 


^ 


^ 


IV:  Jal^m^^HT. 
nhda  VIVO    COl 


293. 

(Tr.  117). 


a  XIV 

Vinheta 
f.  83  (=  lll)a 


10 

f.  83  (=  lll)b 


IVO  coitad'  en  tal  coita  d'amor 

que  sol  non  dormen  estes  olhos  meus;  6475 

e  rogo  muito  por  mia  mort'  a  Deus. 

E  lia  ren  sei  eu  de  mia  senhor: 

Non  sab'  o  mal  que  m'ela  faz  aver, 
nen  a  gran  coit'  en  que  me  faz  viver. 

Vivo  coitad'  e  sol  non  dôrmio  ren,  6480 

e  cuido  muit',  e  choro  con  pesar, 

porque  me  vejo  mui  coitad'  andar. 

Mais  mia  senhor  que  todo  sabe  ben, 

II  non  sab'  o  mal  que  m'ela  faz  aver, 

nen  a  gran  coit'  en  que  me  faz  viver.     6485 


I  CV  582  (994''")  —  Se  rogo  sempre  —  4  mais  úa  ren  —  G  coita 
'n  —  9  cuitad'  a  —  10  que  sabe  todo  ben,  lição  que  julgo  preferível.  — 
14  qtce  sempre  levei  —  19  eu  falta  no  CA  —  20  coita. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4-f-  2)  +  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||CC:cc.  —  Eimas  longas:  Ôr(a) 
eusW  na  1*  copla;  éwW  ari^)  na  2^\  »'(«)  e*(i>)  na  S"-;  er  no  refram  e 
na  fiinda. 

III  Bekuramort  lebe  ich  in  solcher  Liebesnot,  dass  diese  meine 
Augen  sich  nimmer  zum  Scblafe  schliessen  uud  ich  zum  Himmel  bete  ura 
baldigen  Tod.  Von  meiner  Herrin  aber  weiss  ich  eines:  ||  sie  kennt  das 
Leid  nicht,  das  sie  mir  zufiigt,  noch  die  Pein,  in  der  ich  lebe  (1). 

Bekúmmert  lebe  ich  und  schlafe  gar  nicht,  und  griible  viel  und  weine 
vor  Kummer,  weil  ich  mich  gar  so  elend  sehe.  Meine  Herrin  aber,  die  in 
aliem  Guten  erfahren  ist,  |j  weiss  nicht,  welches  Leid  sie  mir  zufiigt  etc.  (2). 

Und,  Freunde,  an  einem  Ungliickstage  ward  ich  geboren,  da  ich 
immer  Leid  trage  und  so  lange  auf  Erden  lebe.  Denn  meine  Herrin,  die 
ich  zu  meinem  Verderben  gesehen,  ||  weiss  nicht,  welches  Leid  sie  mir  zu- 
fiigt etc.  (3). 


—     590     — 

E,  meus  amigos,  mal -dia  naci 
con  tanta  coita  que  sempr'  eu  levei, 
15      e  porque  mais  no  mundo  viverei, 

pois  mia  senhor,  que  eu  por  meu  mal  vi, 

non  sab'  o  mal  que  m'ela  faz  aver,  6490 

nen  a  gran  coit'  en  que  me  faz  viver. 

E  meus  amigos,  non  ei  [eu]  poder 
20      da  mui  gran  coit',  en  que  vivo,  sofrer. 

An  Kraft  aber,  meia  Leid  noch  lânger  zu   ertragen,  fehlt  es  mir,  o 
Freunde  (I). 


294. 

(Tr.  118). 

Des  quand'  eu  a  mia  senhor  entendi 
que  lhe  pesava  de  lhe  querer  ben, 
ou  de  morar  u  lhe  dissesse  ren, 
veed',  amigos,  como  m'én  parti: 

Leixei-lh'a  terra,  por  lhe  non  fazer 
pesar,  e  viv'  u  non  posso  viver 


6495 


10 


15 


Se  non  coitad'.     E  mais  vos  6n  direi: 
pêro  m'eu  viv'  en  gran  coita  d'amor, 
de  non  fazer  pesar  a  mia  senhor, 
veed',  amigos,  que  ben  ra'ón  guardei: 
leixei-lh'a  terra,  por  lhe  non  fazer 
K        pesar,  e  viv'  u  non  posso  viver 

Se  non  coitado  no  meu  coraçon; 
ca  me  guardei  de  lhe  fazer  pesar. 
E  amigos,  non  me  soub'  én  guardar 
per  outra  ren  se  per  aquesta  non: 

leixei-lh'a  terra,  por  lhe  non  fazer 
pesar,  e  viv'  u  non  posso  viver! 


6500 


6505 


6510 


I  CV  583  (995) 

6  e  vivo  —  9  Ihi 


2  Ihi  —  Ihi  —  3  Ihi  —  5  leixei  la  t.  —  Ihi 
o  CA  tem,  por  engano,  que  mui  ben  —  14  Ihi. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -f-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
Coplas    singulares:    abba||CC.    —    Eimas    longas:    *(»)    mC»)    na 
copla;  e*(*)  ôri^)  na  2*;  onW  arC»)  na  3';  êr  no  refram. 

ni  Seitdem  ich  eingesehen,  dass  meine  Herrin  daruber  ziirnte,  dass 
|ch  sie  liebte  und  da  wolinte,  \vo  ich  zu  ihr  sprechen  konnte,  babe  ich. 
lich  von  ihr  gewandt:  ||  ich  habe  den  Ort  verlassen,  um  sie  nicht  lânger 
iu  erziirnen,  und  lebe  da,  wo  ich  nicht  anders  (1) 

Ais  bekúmmert  leben  kann.  Und  ferner,  so  schlimm  es  auch  um 
lich  steht,  habe  ich  mich  doch  davor  bewahrt,  meine  Herrin  zu  reizen:|| 
ienn  ich  habe  den  Ort  verlassen  und  lebe,  wo  ich  nicht  anders  leben  kann  (2) 

Ais  im  Herzensgrunde  betrúbt.  Hiiten  vi^ollte  ich  mich  davor,  ihren 
Sorn  zu  wecken,  und  fand  kein  anderes  Mittel:  ||  den  Ort  verliess  ich  und 
abe,  wo  ich  doch  nicht  leben  kann  (3). 


295. 

(Tr.  262). 

f.  83  (=  iii)c       II  Por  vos  veer  vin  eu ,  senhor 
et  lume  d'estes  olhos  meus. 
E  valha -me  contra  vos  Deus, 

ca  o  fiz  con  coita  d'amor!  6515 

5  Ca,  senhor,  non  ei  eu  poder 

de  viver  mais  sen  vos  veer. 

Aventurei -m',  e  vin  aqui 
por  vos  veer  e  vos  falar; 

55  mia  senhor,  se  vos  pesar',  6520 

10     fazod'  o  que  quiserdes  i, 

ca,  senhor,  non  ei  eu  poder 
de  viver  mais  sen  vos  veer. 

Como  vos  quiserdes  será 
de  me  fazerdes  mal  e  ben;  6525 

15      e  pois  é  tod'  en  vosso  sen, 
fazed'  o  que  quiserdes  ja, 

ca,  senhor,  non  ei  eu  poder 
de  viver  mais  sen  vos  veer. 

I  CV  584  (996)  —  2  E  valha  mi  —  3  m.i  —  5  non  ei  en  poder  — 
6  vus  —  8  _p.  vus  V.  e  vus  f.  —  9  vus  —  13  No  CV  falta  a  ultima  copla. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba]|CC.  —  Rimas  longas:  ôrW  eusi^)  na 
1*  copla;  *(a)  ari^)  na  2°';  á(a)  énW  na  3";  er  no  refram. 

m  Euch  zu  sehauen  bin  ich  gekommen,  ach  Herrin  und  meiner  Augen 
Licht.  Nun  schiitze  mich  Gott!  denn  ich  that  es  im  Drang  derLiebe:  ||  es 
steht  nicht  lânger  in  meiner  Macht,  zu  leben,  ohne  Euch  zu  sehen  (1). 

Ich  habe  das  Wagnis  unternommen  und  bin  gekommen,  Euch  zu 
sehen  und  zu  sprechen;  missfâllt  es  Euch,  so  handelt,  wie  Ihr  wollt:  ||  es 
steht  etc.  (2). 

Thut  mir  Leides  oder  Liebes  an,  wie  Ihr  mõgt;  von  Eurer  Gesinnung 
hângt  alies  ab.     Thut,  wie  Euch  beliebt:  ||  es  steht  etc.  (3). 

IT  Herculano  escolheu  para  lemma  do  cap.  XXI  do  «Monge  de 
Cister»  os  versos  7  e  8  d'esta  cantiga. 


296. 

(Tr.  263). 

Meus  amigos,  pese-vus  do  meu  mal  G5FQ 

et  da  gran  coita  que  me  faz  aver 
ua  dona  que  me  ten  en  poder 
f.  83  (=  iiDd  e  por  que  moir'.     E  pois  m'ela  ||  non  vai,  • 
5  morrerei  eu,  meus  amigos,  por  én, 

ca  ja  perdi  o  dormir  e  o  sen  65S5 

Polo  seu  ben!     E  Deus  non  mi -o  quer  dar, 
se  non  gran  coit'  en  que  sempre  vivi, 
des  que  vi  ela,  que  por  meu  mal  vi. 
10      E  pois  eu  tanto  viv'  a  meu  pesar, 

morrerei  eu,  meus  amigos,  por  én,  6540 

ca  ja  perdi  o  dormir  e  o  sen 


I  CV  585  (997)  —  1  rfe  meu  mal  —  2  e  da  gran  coita  que  mi  fax 
aver  —  8  coita  'n  —  13  que  desejo  —  Ambos  os  códices  tèem  sei^  mas 
o  sentido  e  a  rima  exigem  ei  —  15  e  se  m,.  v.  m.  m.  mi  fará  —  19  mi 
—  20  quer'  a  m.  b.  s.  b. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2) -(- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
Iticos.  —  Coplas  singulares:  abba||CC:cc.  —  Rimas  longas:  ali»') 
'7-(i>)  na  1*  copla;  arW  *'»>)  na  2«;  e*'a)  «(•>)  na  3";  én  no  refram. 

III  Freunde,  habt  Mitgefiihl  mit  dem  Leid  und  den  Qualen,  die  mir 
liine  Dame  bereitet,  die  mich  gefangen  hãlt  und  um  die  ich  sterbe.  Da  sie 
mich  nicht  errettet,  ||  ist  mir  der  Tod  gewiss,  und  babe  icb  bereits  den  Schlaf 
und  den  Verstand  verloren  (1) 

Um  ihrer  holden  Reize  willen.  Gott  will  mir  nichts  Gutes  geben, 
sondem  nur  die  Pein,  in  der  ich  lebe,  seit  ich  sie  geschaut,  die  ich  zu 
meinem  Leide  sah.  Da  ich  so  ganz  zu  moiner  Qual  lebe,  ||  muss  ich  sterben, 
und  habe  bereits  Verstand  und  Schlaf  verloren  (2) 

Wegen  ihrer  holden  Reize,  nach  denen  ich  begehre.  Ich  empfange 
nichts  ais  die  Qualen,  die  sie  mir  schon  gegeben,  und  von  denen  sie  mir  je 

38 


—     594     — 

Polo  seu  ben  que  desej',  e  non  ei 
se  non  gran  coita  que  m'ela  deu  ja. 
15      Et  se  mais  vivo,  mais  mal  me  fará; 

e  pois  eu  tanto  mia  fazenda  sei,  G545 

morrerei  eu,  meus  amigos,  por  én, 
ca  ja  perdi  o  dormir  e  o  sen. 

E  coitad'  eu,  que  muito  mal  me  ven 
20     porque  quero  mui  bõa  senhor  ben! 

langer  ich  lebe,  um  so  mehr  geben  wird.     Da  mein  Zustand  ein  solcher 
ist,  II  muss  ich  sterben  etc.  (3) 

Ich  Ãrmster!     Mir  geschieht  Leides,  weil  ich   eine  selir  edle  Dame 
lieb  habe  (I). 


C.  XIV:  2u 
f.  84  (=  n2)a 


10 


297. 

(Tr.  264). 


Porque  non  ous'  a  mia  senhor  dizer  6550 

a  mui  gran  coita  do  meu  coraçon 
que  ei  por  ela  jse  Deus  me  perdon! 
veed'  a  coit'  en  que  ei  a  viver: 

ond'  eu  atendo  ben,  me  ven  gran  mai, 

e  quen  me  devi'  a  valer,  non  me  vai.      6555 

1  Non  me  vai  ela  que  eu  sempr'  amei, 
nen  seu  amor  que  me  forçado  ten, 
que  me  tolheu  o  dormir  e  o  sen. 
Ura  veed'  a  coita  que  eu  ei: 

ond'  eu  atendo  ben,  me  ven  gran  mal,    6560 
e  quen  me  devi'  a  valer,  non  me  vai. 

Nen  me  vai  Deus,  nen  me  vai  mia  senhor, 
nen  qual  ben  lh'eu  quero,  des  que  a  vi, 
15     nen  meus  amigos  non  me  valen  i! 

Ay  eu  cativo!  coitado  d 'amor!  6565 

ond'  eu  atendo  ben,  me  ven  gran  mal, 
e  quen  me  devi'  a  valer,  non  me  vai. 

I  CV  686  (998)  —  3  m*  —  4  a  eoita  'n  —  5  mi  —  6  e  quen  mi 
dev'  a  valer  non  mi  vai  —  7  mi  —  9  mi  —  13  non  m,i  vai  —  mi  — 
15  mi —  O  CA  tem:  nen  m.  v.  y  —  16  eativ'  e  coita[A.o]. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (44-  2).  —  Decasyllabos  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  èV(a)  on{*>)  na 
1'  copla;  eí(a)  én9>)  na  2*;  or^a)  *(•»)  na  3*;  ai  no  refram. 

in  Da  ich  es  nicht  wage,  meiner  Herrin  von  der  grossen  Herzensnot 
zu  reden,  die  ich  um  sie  erdulde,  lebe  ich  in  arger  Bedrãngnis:  ||  woher  ich 
Lust  erwartete,  kommt  rair  I^eid,  und  wer  mir  beistehen  sollte,  steht  mir 
nicht  bei  (1). 

Sie  hilft  mir  nicht,  die  ich  treu  geliebt,  noch  die  Liebe  zu  ihr,  die 
mich  gefesselt  hâlt  und  mir  Schlaf  und  Verstand  raubt.  Denkt  Euch,  in 
welcher  Bedrãngnis  ich  da  lebe!  ||  woher  ich  etc.  (2). 

Weder  Gott  hilft  mir,  noch  meine  Herrin,  noch  die  innige  Liebe  zu 
ihr,  noch  auch  die  Freunde.  Ach  ich  Ãrmster,  Beklagenswerter!  ||  woher 
ich  etc.  (3). 

38* 


298. 
(Tr.  265). 

Non  perç'  eu  coita  do  meu  coraçon, 
cuidando  sempr'  en  quanto  mal  me  ven 
por  úa  dona  que  quero  gran  ben.  0570 

E  sei  ja  esto  jse  Deus  me  perdon! 
5  que  nunca  Deus  gran  coita  quiso  dar 

se  non  a  quen  el  fez  molher  amar, 

Com'  a  min  fez.     Ca  des  que  eu  naci, 
nunca  vi  om'  en  tal  coita  viver,  6575 

com'  eu  vivo,  per  molher  ben  querer. 
10     E  sei  ja  esto  que  passa  per  mi: 

que  nunca  Deus  gran  coita  quiso  dar 
se  non  a  quen  el  fez  molher  amar, 

I  CV  580  (992)  —  2  mi  —  3  No  CV  faltam  as  ciaco  primeiras  syl- 
labas  —  4  mi  —  5  que  nunca  Deus  mui  gran  coita  quis  dar  —  7  cotno 
a  min  fax  que  des  quando  naci  —  8  nunca  vi  orne  tal  coita  sofrer  — 
9  com'  eu  sofro  por  m.  b.  q.  —  10  min  —  13  com'  el  fax  min  —  14 
coitas  muita[s]  —  O  CA  tem  sei^  lição  que  se  tornaria  preferível  logo  que 
substituíssemos  no  verso  immediato  sei  por  ei.  —  19  — 20  A  fiinda  falta 
no  CV. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -j-  2)  -|-  2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abba||CC:ec.  —  Rimas  longas:  o»(a' 
én^)  na  1*  copla;  *'{»)  er(*»)  na  2"^;  òriM)  ei^)  na  3^;  ar  no  refram  e  na 
fiinda. 

III  Ich  werde  meine  Herzenspein  nicht  los,  da  ich  immer  daran 
denken  muss,  wie  viel  Leides  mir  durcb  eine  Frau  geschieht,  die  ich  liebe. 
Eins  aber  weiss  ich,  ||  dass  Gott  harte  Pein  nur  dem  auferlegt,  den  er  zwingt, 
eine  Frau  zu  lieben  (1) 

Wie  er  mit  mir  gethan.  Denn  seit  ich  geboren ,  sah  ich  niemals  einen 
Mann  in  ahnlicher  Not,  wie  ich  sie  dulde,  weil  ich  eine  Frau  innig  liebe. 
Aus  eigener  Erfahrung  aber  weiss  ich,  ||  dass  Gott  harte  Peia  nur  dem  auf- 
erlegt, den  er  zwingt,  eine  Frau  zu  lieben  (2), 


597     — 


Cora'  a  min  fez,  mui  coitado  d'amor  6580 

e  d'outras  coitas  grandes  que  eu  ei. 
15      E  pois  eu  ja  toda -las  coitas  sei, 
d'  úa  cousa  sõo  ben  sabedor: 

que  nunca  Deus  gran  coita  quiso  dar 

se  non  a  quen  el  fez  molher  amar,  6585 

Com'  a  min  fez;  e  nunca  me  quis  dar 
20     ben  d'essa  dona  que  me  fez  amar. 


Wie  er  mit  inir  gethan  hat,  der  ich  von  Liebe  arg  bedrangt  bin  und 
vou  audereu  grossen  Qualen,  die  ich  kenne.  Und  da  ich  sie  alie  durch- 
gekostet  habe,  weiss  ich  besonders  eiaes:  ||  dass  Gott  haiie  Pein  nur  dem 
auferlegt,  den  er  zwingt,  eine  Frau  so  zu  lieben  (3), 

Wie  er  mit  mir  gethan  hat.  Denu  niemals  hat  er  mir  Gunst  gewãhrt 
von  der  Frau,  die  er  mich  zu  lieben  zwang  (I). 


"m 


299. 

(Tr.  266). 

f.84(^ii2)b       Senhor,  eu  vivo  mviit'  a  meu  pesar 
e  mui  coitado  jse  Deus  me  perdon! 
por  vos  que  amo  mui  de  coraçon,  6590 

que  me  fez  Deus,  por  maJ  de  mi,  amar. 
õ      E  por  meu  mal  me  vos  foi  amostrar, 

ca  dê'- lo  dia,  senhor,  que  vus  vi, 
per  bõa  fé,  nunca  coita  perdi 

Por  vos,  que  eu  por  mal  de  mi  amei,  6595 

des  que  vos  vi,  per  bõa  fé,  senhor; 
10      ca  des  enton  me  fez  o  voss'  amor 
na  mui  gran  coita  viver  que  og'  ei! 
E  por  meu  mal  vos  vi  e  vos  falei, 

ca  dê'- lo  dia,  senhor,  que  vus  vi,  6600 

per  bõa  fé,  nunca  coita  perdi 

I  Emendei  o  2"  verso  que  diz  no  original:  e  tnui  coitad  a  se  d.  in.  p. 
—  Talvez:  e  7nui  coitad'  ;a[s\si  Deus  me  perdon! 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5  +  2) -f- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bioos.  —  Coplas  singulares:  ablbaa||CC :  cc  —  Rimas  longas:  arí») 
onW  na  1*  copla;  eiW  dr(^)  na  2";  énW  êrW  na  3*;  i  no  refram  e  na 
fiinda. 

m  Betrúbt  und  arg  bekiimmert  lebe  ich,  Herrin,  so  wahr  mir  Gott 
helfe,  um  Euch,  die  ich  von  Herzen  Hebe,  und  die  der  Himmel  mir  zu 
meinem  Leide  entgegengefiihrt  hat;  ||  denn  seit  dem  Tage,  wo  ich  Euch  ge- 
schaut,  bin  ich  den  Kumraer  nicht  wieder  los  geworden  (1) 

Um  Euretwillen,  die  ich,  zu  meinem  Leide,  von  dem  AugenbHck  an 
geliebt  habe,  wo  ich  Euch  sah;  denn  von  jenem  Augenblick  an  hat  die  Liebe 
zu  Euch  mich  in  grossen  Kummer  gebracht.  Zu  meinem  Leide  sah  und 
sprach  ich  Euch,  ||  denn  etc.  (2) 

Um  Euretwillen,  die  ich  iiber  alies  liebe,  und  die  der  Himmel  mir  zu 
meinem  Leide  entgegengefiihrt  hat;  denn  dermassen  bin  ich  vergrâmt,  dass 


599 


15  Por  vos,  que  quero  melhor  d'outra  ren, 

que  me  fez  Deus,  por  meu  mal,  ben  querer 
ca  en  tal  coita  me  vejo  viver 

que  ja  perdi  o  dormir  e  o  sen.  6605 

E  por  meu  mal  vos  quero  tan  gran  ben, 

20  ca  dê'- lo  dia,  senhor,  que  vos  vi, 

per  bõa  fé,  nunca  coita  perdi 

Por  vos,  que  amo  muito  mais  ca  mi: 
ben  me  creede,  senhor,  que  é  'ssi.  6610 

ich  bereits  Schlaf  uud  Verstand  verloien  habe:  zu  meinem  Leide  liebe  ich 
Euch,  il  denn  seit  dem  Tage,  wo  ich  Euch  geschaut,  biu  ich  den  Kummer 
nicht  wieder  los  geworden  (3). 

Um  Euch ,  die  ich  mehr  ais  mich  selbst  Uebe.    Glaubt  mir  wenigstens, 
Herrin,  dass  dem  so  ist  (I). 


300. 

(Tr.  a,  a  p.  297). 

Pouco  vos  nembra,  mia  senhor, 
/■.  84  (=  ir^)c  1  quant'  afan  eu  por  vos  levei, 
e  quanta  coita  por  vos  ei, 
e  quanto  mal  me  faz  Amor 
5  por  vos;  e  non  me  creedes  hhiõ 

mia  coita,  nen  me  valedes! 

E  senhor,  ja  perdi  o  sen, 
cuidand'  en  vos,  et  o  dormir, 
con  gran  coita  de  vos  servir! 
10      Et  outro  mal  muito  me  ven  6620 

por  vos;  e  non  me  creedes 
mia  coita,  nen  me  valedes! 

Por  vos  me  veo  muito  mal 
des  aquel  di'  en  que  vos  vi 
15      e  vos  amei  e  vos  servi,  6(i2õ 

vivend'  en  gran  coita  mortal 

por  vos;  e  non  me  creedes 
mia  coita,  nen  me  valedes, 

E  desmesura  fazedes, 
20      que  vos  de  mi  non  doedes.  6630 

I  CV  579  (991)  —  1  vus  —  4  mi  —   5  mi  —  6  m,i  —  9  vus  — 

10  mi  —  11  mi  —  13  w^  —  14  des  aquel  dia  que  vus  vi  —  15  vus  — 
vus  —  20  min. 

II  Cantiga  de  refram:  3-f  (4x2)4-2.  —  Octoiíarios  jambicos 
no  corpo  da  cantiga,  Septenarios  no  refram  e  na  fiinda.  —  Coplas 
singulares:  abba||CC:ec.  —  Rimas  breves  e  longas:  or(a)  eiO>)  na 
1"  copla;  éw(a)  ^V(^>)  na  2";  a/(a)  «W  na  3";  êdes  no  refram  e  na  fiinda. 

III  Wenig  eingedenk  seid  Ihr,  o  Herrin,  der  Not,  die  ich  um  Euch 
trage,  der  Qual,  die  ich  um  Euch  erdulde,  des  Leides,  das  Amor  mir  an- 
thut  um  Euch:  ||  auch  glaubt  Ihr  weder  an  mein  Leid,  noch  helft  Ihr  mir  (1). 

Den  Verstand  habe  ich  im  Harme  um  Euch  verloren,  und  den  Schlaf 
in  der  Sorge  Euch  zu  dienen;  und  vieles  andere  Leid  widerfãhrt  mir  um 
Euch:  II  Ihr  abar  glaubt  weder  etc.  (2). 

Um  Euch  widerfãhrt  mir  vieles  Leid  seit  dera  Tage,  wo  ich  Euch 
sah  und  Euch  zu  lieben  und  zu  dienen  anfing,  in  arger  Todespein  lebend 
um  Euch:  ||  Ihr  aber  glaubt  weder  etc.  (3). 

Unbilligkeit  úbt  Ihr,  indem  Ihr  Euch  meiner  nicht  erbarmt  (I). 


HOl. 
(Tr.  b,  a  p.  298). 

Se  eu  ousass'  a  Mayor  Gil  dizer 
como  lh'eu  quero  ben,  des  que  a  vi, 
meu  ben  seria  dizer- Ih 'o  assi; 
f.  84  {=  ii2)d  nmis  non  lh'o  digo,  ca  non  ei  ||  poder 

5  de  lhe  falar  en  quanto  mal  me  ven, 

e  quantas  coitas,  querendo -lhe  ben. 

Como  lh'eu  quero  ben  de  coraçon, 
se  lh'o  dissesse,  ben  seria  ja; 
mais  porque  sei  que  mi -o  estranhará, 
10     sol  non  lh'o  digo,  ca  non  ei  sazon 

de  lhe  falar  en  quanto  mal  me  ven, 
e  quantas  coitas,  querendo -lhe  ben. 


6Õ8Õ 


6640 


I  CV  581  (993)  —  õ.  11  Q  11  Ihi  —  mi  —  6  e  quanta  coita  que- 
rendo-Ihi  ben  —  7  As  ultimas  duas  estrophes  estão  invertidas  no  CV.  — 
Ihi  eu  —  8  se  lh'o  disser,  meu  ben  s.  j.  —  13  í/  se  soubess'  —  14  vivo 

—  eu  falta  no  €A  —   15  seeria  —    16  per  nulha  guisa  pêro  m'ei  sabor 

—  17  Ihi  —  7ni  —  19  A  fiinda  falta  no  CV. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2)  +  2.  ~  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  abl)a||CC :  cc.  —  Rimas  longas:  eV(") 
*(•»)  na  1"  copla;  o«(a)  «(b)  na  2^\  or(a)  eíi(i>)  na  3*;  én  no  refram  e  na 
fiinda. 

in  "VVagte  ich  es,  Mayor  Gil  zu  gestehen,  wie  sehr  ich  sie  liebe,  seit 
ich  sie  gesehen,  so  wiirde  mir  das  zur  Freude  gereichen;  doch  thue  ich 
es  nicht,  da  mir  die  Kraft  fehlt,  zu  ihr  davon  zu  sprechen,  ||  wie  viel  Leid 
und  wie  viel  Pein  mir  aus  der  Liebe  zu  ihr  erwâchst  (1). 

Da  ich  sie  gar  so  innig  liebe,  so  wâre  es  gut,  sagte  ich  es  ihr;  da 
ich  jodoch  sicher  bin,  dass  sie  es  ahnden  wiirde,  rede  ich  kein  Sterbens- 
wõrtchen,  und  finde  auch  nicht  Gelegenheit,  zu  ihr  davoa  zu  sprechen,  ||  wie 
viel  Leid  míd  wie  viel  Pein  mir  aus  der  Liebe  zu  ihr  erwâchst  (2). 


—     602     — 

Se  lh'eu  dissess',  en  qual  coita  d'amor 
por  ela  viv'  e  quant'  afan  [eu]  ei, 
15     meu  ben  seria;  mais  non  lh'o  direi  6645 

per  nulha  guisa,  ca  ei  gran  pavor 

de  lhe  falar  en  quanto  mal  me  ven 
e  quantas  coitas,  querendo -lhe  ben. 

Mais  de  tod'  esto  non  lhe  digu'  eu  ren, 
20     nen  lh'o  direi,  ca  lhe  pesará  én.  6650 

Sagte  ich  ihr,  in  welcher  Liebesnot  ich  um  sie  lebe  und  welche  Qual 
ich  trage,  so  wâre  es  gut  fúr  mich;  doch  thue  ioh  es  unter  keinen  Um- 
standen,  denn  ich  furchte  mich  davor,  zu  ihr  davon  zu  leden,  ||  wie  viel  Leid 
und  wio  viel  Peiu  mir  aus  der  Liebe  zu  ihr  erwachst  (3). 

Von  alledem  sage  ich  kein  AVõrtchen,  noch  werde  ich  es  sagen,  denn 
sie  wúi*de  dariiber  zúrnen  (I). 


802. 

(Tr.  s,  a  p.  314). 

Ja  eu,  senhor,  muitas  coitas  passei, 
sempr'  atendendo  ben,  que  non  prendi, 
de  vos,  que  eu  en  mal  dia  servi. 
E  non  vos  pes,  et  pregiintar-vus-ei, 
5     senhor  de  mi  e  de  quanto  ||  .     .     .     .  6655 


Fragmento  em  decasyllabos  jambicos  cora  rimas  longas:  abba 
(ou  e*'(a)  *■(>>)). 


LACUNA  26". 

É  impossível  calcular  o  que  falta. 


A  lacuna  ja  existia  quando  o  encadernador  procedeu  ao 
seu  trabalho.  Falta,  com  certeza,  meia  folha,  em  que  conti- 
nuavam as  poesias  de  Vaasco  Rodrigues  de  Calvelo  (e 
entre  ellas,  por  ventura,  a  que  o  CV  tem  a  maior).  Além  d'isso 
deve  faltar  meia  folha,  em  que  principiavam  as  obras  do  des- 
conhecido auctor  dos  nossos  Nos.  303  —  307,  a  não  ser  que 
essas  obras  começassem  no  verso  da  mesma  lauda  que  incluia 
o  resto  das  cantigas  de  Calvelo,  porque  encheriam  apenas 
coluna  e  meia. 


VEJA-8E  A  SECÇÃO   IS*^  DO   APPENDICE. 


XXXVII 

CANTIGAS 

803  —  307 
DE 


M   DESCONHECIDO   (VI). 


303. 
(Tr.  z,  a  p.  319). 


C  XIV:  4a  (?) 
f.  H5  (=  llS)a 


Mais  ambos  i  taredes  o  melhor, 

ca  pois  omen  ben  serv'  a  bon  senhor, 

bon  galardon  deve  d'  ess'  a  levar. 


Este  fragmento  em  decasyllabos  jambicos    com  rimas  longas 
(Ôr  ôr  ar)  pertenceu,  provavelmente,  a  uma  cantiga  de  meestria. 


304. 
(Tr.  e,  a  p.  299). 

Cativo!  mal  conselhado! 
que  rae  non  sei  conselhar!  6fí60 

e  sempre  viv'  en  cuidado! 
Pêro  non  posso  cuidar 
5      cousa  que  me  proe  tenha 
contra  quen  m'en  coita  ten; 
ante  cuid'  eu  que  me  venha  6fí(}5 

peor  do  que  m'  ora  ven. 

Cuid'  est',  e  cuido  guisado, 
10     ca  me  quis  Deus  aguisar 

que  serapr'  amei  desamado, 

e  faz -me  senhor  amar  6670 

tan  de  prez  e  que  parece 

tan  ben  que  per  parecer 
15      e  per  prez  outre  merece 

que  a  possa  merecer. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x8.  —  Septenarios  trochaícos.  — 
Coplas  equiconsoantes  na  1"  quadra  de  todas  as  estrophes,  e  singu- 
lares na  2*:  albabcdcd.  —  Rimas  breves  alternam  regularmente  com 
longas:  adoW  ar(b)  em  todas  as  estancias;  enhai*^)  énW  na  P;  eceí*") 
ecerW  na  2";  ade(.f}  aU^)  na  3*;  esse(c)  azW  na  4*. 

O  poeta  empregou  o  artificio  do  mor-dobre,  seguindo  com  todo  o 
rigor  os  preceitos  da  Poética  (cfr.  No.  289).  Produziu  d'esta  sorte  uma 
riqueza  de  consonancias ,  que  nenhum  outro  trovador  alcançou ,  sem  todavia 
se  descuidar  das  obrigatórias  repetições,  que  são  a  alma  tanto  do  dobre 
como  de  todas  estas  poesias  palacianas.  —  Temos  dez  rimas  diversas!  e  ao 
mesmo  tempo  dez  repetições!    Cfr.  No.  307. 

m  leh  Ãrmster  und  Schlechtberatener !  der  ich  mir  nicht  Rats  weiss 
und  immer  triibe  sinnend  lebe !  Trotzdem  weiss  ich  nicht  auszusinnen ,  was 
mir  von  Nutzen  wâre  gegen  die,  welche  meine  Sorge  war.  Vielmehr  ersinne 
ich,  es  werde  mir  noch  schliramer  ergehen,  ais  es  mir  jetzt  ergeht  (1). 


—     609 


f.  85      OK 
{=113)b  ^^ 


Mais  non  am'  eu  per  meu  grado,  6675 

nen  ar  cuid'  a  gradear 
d'amor  que  me  ten  forçado; 
20     pêro  quero  m'esforçar 
con  sen  e  con  lealdade 

d'amar  e  seer  leal.  6680 

E  senhor  tan  sen  maldade 
non  me  fará  sempre  mal, 

II  Ca  sempr'  eu  serei  pagado 
de  quanto  s'ela  pagar', 
e  de  fazer  seu  mandado,  6685 

se  m'ela  quiser'  mandar, 
como  se  me  ben  fezesse, 
30      assi  como  me  mal  faz, 

ou  lh'o  meu  amor  prouguesse, 

assi  como  lhe  despraz.  6690 


Das  ersinne  ich,  und  ersinne  damit  das  uber  niich  Verhãngte,  denn 
Gott  hat  úbor  mich  verhangt,  dass  ich  ungeliebt  lieben  soUte.  Zu  einer 
Herrin  gab  er  mir  Liebe  ein,  voa  so  hohem  Wert  und  so  holdem  Aus- 
sehen,  dass  sie  wegen  dieses  liohen  AVertes  und  holden  Aussehens  einen 
Verebrer  verdiente  von  gleicb  grossem  Verdienste  (2). 

Docb  liebe  ich  nicht  nach  meinem  Gefallen,  noch  denke  ich  GefâlHges 
von  Amor  zu  erleben,  der  mir  Gewalt  anthut.  Trotzdem  will  ich  mir  selbst 
Gewalt  anthun,  um  mit  Úberlegung  und  Treue  zu  lieben  und  treu  zu  sein, 
denn  eine  Herrin  so  ohne  Bosheit  kann  mir  doch  nicht  auf  die  Dauer  Bõses 
anthun  (3). 

Immerdar  wird  mich  erfreuen,  was  sie  erfreut,  und  die  Gebote  werde 
ich  erfúllen,  die  sie  mir  gebietet,  gleich  ais  thâte  sie  mir  Liebes,  Wíihrend 
sie  mir  nur  Ijeides  thut,  oder  ais  bebage  ihr  meine  Liebe,  die  ihr  nur  Miss- 
behagen  en-egt  (4). 


39 


305. 
(Tr.  (1,  a  )).  300). 

Quen  viu  o  mundo  qual  o  eu  ja  vi, 
e  viu  as  gentes  que  eran  enton, 
e  viu  aquestas  que  agora  son, 
jDeus!  quand'  i  cuida,  que  pode  cuidar? 
ò      ca  me  sin'  eu  per  min  quando  cuid'  i,  6695 

fipor  quê  me  non  vou  algur  esterrar, 
se  poderia  melhor  mund'  achar? 

Mundo  toemos  fals'  e  sen  sabor, 
mundo  sen  Deus  e  en  que  ben  non  á, 
10      e  mundo  tal  que  non  corregerá;  6700 

ante  o  vejo  sempr'  empeorar. 
f.  85  (=113)0  II  Quand'  est'  eu  caf,  e  vej'  end'  o  melhor, 
(ipor  quê  me  non  vou  algur  esterrar, 
se  poderia  melhor  mund'  achar? 

15  U  foi  mesur'  ou  grãadez?  u  jaz  6705 

verdad'?  u  é  quen  á  'migo  leal? 

que  fui  d 'amor  ou  trobar?  por  quê  sal 

a  gente  trist',  e  sol  non  quer  cantar? 

Quand'  est'  eu  caf,  e  quanto  mal  s'i  faz, 
20  ^por  quê  me  non  vou  algur  esterrar,        6710 

se  poderia  melhor  mund'  achar? 

n  Cantiga  de  refram:  4  x  (5  +  2) -f- 2.  —  Decasyllabos  jam- 
bicos.  —  Coplas  singulares:  al)lbca||CC :  ce.  —  Rimas  longas:  *'(») 
owC»)  na  1"  copla;  (>(«)  áW  na  2";  az(^)  aZC»)  na  3"-;  tVW  m(l>)  na  4*;  ar 
no  refram  e  na  fiinda. 

III  Wer  die  "Welt  gesehen  hat,  wie  ich  sio  friiher  sali,  und  die  Men- 
sclien  von  damals  und  die  Leute  sieht,  wie  sie  jetzt  sind,  und  dariiber 
nachdenkt,  was  mag  er  wohl  denken?  Ich  meinerseits  bekreuze  mich,  wenn 
ich  nachsinne,  ||  warum  ich  nicht  aus  dieser  Welt  gehe,  eine  andere,  bessere, 
zu  suchen?  (1) 


611 


Viv'  eu  en  tal  mund',  e  faz  m'i  viver 
fia  dona  que  quero  mui  gran  ben; 
e  muit'  á  ja  que  m'en  seu  poder  ten, 
25     ben  dê'- lo  temp'  u  soían  amar.  6715 

Oimais  de  min  pode  quen-quer  saber 

por  quê  me  non  vou  algur  esterrar, 
se  poderia  melhor  mund'  achar! 

Mais  en  tal  mundo  (jpor  quê  vai  morar 
30      ome  de  prez  que  s'én  pod'  alongar?  6720 


Die  "Welt  ist  falsch  und  schal,  gottlos  und  alies  Guten  bar;  eine  un- 
verbesserliche  Welt,  die  ich  ímmer  schlimmer  werden  sehe.  "Wenn  icli  das 
betraclite  uud  im  Guten  ilbeiiege,  ||  warum  gehe  ich  da  nicht  anderswohin, 
ob  ich  vielleicht  eine  bessero  Walt  fãnde?  (2) 

Wo  sind  Gerechtigkeit  und  Edelsinn  geblieben?  Wo  ruht  die  AVahr- 
haftigkeit  begrabéu?  Wo  ist  jemand,  der  noch  einen  treuen  Freund  sein 
eigen  nennt?  Was  ist  aus  Minne  und  Dichtkunst  geworden?  Warum 
werden  die  Leute  triibsinnig  und  wollen  nicht  einmal  raehr  singen?  Betrachte 
icli  das  und  úberlege,  wie  so  viel  Bõses  geschieht,  ||  warum  gehe  ich  da  niclit 
anderswohin,  ob  ich  vielleicht  eine  bessere  Welt  fiinde?  (3) 

Ich  lebe  in  dieser,  dazu  gezwungen  vou  einer  Frau,  die  ich  voa 
Herzen  liebe  und  die  mich  seit  langem  in  ihrer  Gewalt  hat,  schon  seit  der 
Zeit  her,  wo  nian  noch  zu  lieben  pflegte.  Nun  weiss  jedweder,  der  es 
wissen  will,  ||  warum  ich  mich  nicht  anderwíirts  liin  verbanne,  ob  ich  wohl 
eine  bessere  AVelt  fãnde  (4). 

Warum  aber  venveilt  sich  in  solcher  Welt  ein  Mann  von  Wert,  dem 
es  freisteht,  sich  daraus  zu  entfernen  (I)? 


39^ 


306. 

(Tr.  e,  a  p.  302). 

Algua  vez  dix'  eu  en  meu  cantar 
que  non  querria  viver  sen  senhor. 
E  porque  m'  ora  quitei  de  trobar, 
muitos  me  tèen  por  quite  d'amor 
5      e  cousecen-me  do  que  fui  dizer:  6725 

«que  non  queria  sen  senhor  viver», 
com'  or"  assi  me  foi  d'amor  quitar? 

f.85i=ii3)d       II  Ja  m'eu  quisera  con  meu  mal  calar; 
mais  que  farei  con  tanto  cousidor? 
10      Aver- lhes-ei  mia  fazend'  a  mostrar  6730 

que  non  tenhan  que  viv'  eu  sen  amor; 
ca  senhor  ei  que  me  ten  en  poder 
e  que  sabe  que  lhe  sei  ben  querer; 
mais  eu  ben  sei  ca  lhe  faç'  i  pesar. 

15  E  se  trobar',  sei  ca  lhe  pesará,  6735 

pois  que  lhe  pesa  de  lhe  querer  ben; 

e  se  m'alguen  desamar',  prazer-lh'-á  ón 

d'oír  o  mal  que  me  per  amor  ven. 

E  ar  pesar'  a  quen  me  ben  quiser', 
20      por  én  non  trobo,  ca  non  m'6  mester!  6740 

Mais  que  non  am',  esto  nunca  será! 

II  Cantiga  demeestria:  4x7-|-3.  —  Decasyllabosjambicos. 
—  Coplas  pareadas:  ababcca.  —  Rimas  longas:  ar(a)  ôrW  er(c)  no 
grupo  P;  áW  m(h)  cr(c)  no  11°;  ér  â  na  fiinda,  que  responde  ás  ultimas 
rimas,  segundo  a  regra  (cca). 

m  Irgend  einmal  habe  ich  in  meinen  Liedern  gesagt,  ich  woUe  nicht 
ohne  Hcn-in  leben;  und  da  ich  jetzt  zu  dichten  unterlassen,  glauben  viele, 
ich  habe  der  Liebe  entsagt,  und  tadeln  mich,  wie  ich  nun  doch  zu  lieben 
aufgehõrt,  nachdem  ich  gesagt,  ich  woUe  nicht  ohne  Herrin  leben  (1). 


—     613     — 

E  meu  trobar,  aquesto  sei  eu  ja, 
que  non  mi-á  prol  se  non  por  úa  ren: 
per  queixar  om'  a  gran  coita  que  á, 
25     ja  que  lezer  semelha  que  Ih'  én  ven.  6745 

Mais  se  mia  coit'  eu  mostrar'  e  disser', 
pois  i  pesar  a  mia  senhor  fezer', 
coit'  averei  que  par  non  averá. 

E  de  tal  coita,  enquant'  eu  poder', 
30     guardar -m'-ei  sempr';  e  o  que  sen  ouver',        6750 
pois  lo  souber',  nunca  m'én  cousirá. 

Am  liebsten  wúrde  ich  mein  Leid  verschweigen ;  was  soll  ich  aber  so 
zahh'eichen  Tadlern  gegeniiber  thun?  Ich  muss  ihnen  meinea  Zustand  dar- 
legen,  damit  sie  nicht  wâhnen,  ich  lebte  ohne  Liebe;  denn  ich  bin  in  AVahr- 
heit  in  der  Gewalt  eiuer  Herrin,  die  da  weiss,  dass  ich  sie  lieb  habe,  von 
der  ich  aber  weiss,  dass  sie  dariiber  ziirnt  (2). 

Und  dichtete  ich  davon,  so  wúrde  auch  das  sie  erzúrnen,  da  sie  es 
nicht  zufrieden  ist,  dass  ich  sie  liebe.  Und  hegt  irgend  jemand  Unliebe 
gegen  mich,  so  wird  sie  ihre  Lust  daran  haben,  von  dem  Leide  zu  hõren, 
das  mir  dic  Liebe  bringt.  Doch  es  ârgere,  wen  es  wolle,  die  Wahrheit  ist, 
dass  ich  nicht  dichte,  weil  es  mir  nicht  frommt.  Dass  ich  aber  nicht  liebte, 
wird  nie  geschehen  (3). 

Mein  Dichten,  das  weiss  ich  lângst,  niitzt  mir  nur  in  einem  einzigen 
Siune:  wenn  der  Mensch  ausspricht,  was  er  leidet,  so  scheint  dadurch  Er- 
leichterung  zu  entstehen.  Wenn  ich  jedoch  meine  Not  zeigte  und  davon 
redete,  trotzdem  es  meiner  Herrin  Zorn  erregt,  so  wúrde  mir  daraus  Not 
ohne  Gleichen  entstelien  (4). 

Solange  ich  kann,  werde  ich  mich  vor  solcher  Not  húten.  Und  jeder 
Verstandige  wird,  sobald  er  das  erfahren,  mich  zu  tadelu  unterlassen  (I). 


307. 
(Tr.  f,  a  p.  303). 

Amor,  non  qued'  ou  amando, 
nen  quedo  d'andar  puuhando 
como  podesse  fazer 

per  que  vossa  graç'  ouvesse,  6' 755 

5      ou  a  raia  senhor  prouguesse. 
Mais  pêro  faça  poder, 
9-£^T-  f,"i\,)  contra  mia  11  desaventura 

f.  ao  (=  llája  II 

non  vai  amar,  nen  servir; 
nen  vai  razon,  nen  mesura;  6760 

10  nen  vai  calar,  nen  pedir. 

Am'  e  sirvo  quanto  posso, 
e  praz -me  de  seer  vosso; 
e  sol  que  a  mia  senhor 

non  pesasse  meu  serviço,  6765 

15      Deus  non  me  dess'  outro  viço! 
Mais  fazend'  eu  o  melhor, 
contra  mia  desaventura 
non  vai  amar,  nen  servir; 
nen  vai  razon,  nen  mesura;  6770 

20  nen  vai  calar,  nen  pedir. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (6 -(- 4)  +  4.  —  Septenarios  tro- 
chaicos.  —  Coplas  singulares:  aabceb||Í)EDE  :  dcde.  —  Rimas 
breves  e  longas:  andoi'»)  êrQ>)  esse(c)  na  1^  copla;  ossoí»')  ôrW  içoi*") 
na  2^;  ido(»)  alW  mW  na  3*;  entei^)  ar(^)  endei*^)  na  4**;  iiraW  ?r(e)  no 
refram  e  na  fiinda,  que  emprega  como  consoantes  as  mesmas  palavras 
do  refram,  modificando  apenas  a  ultima. 

III  Amor,  ich  liõre  nicht  auf  zu  lieben,  noch  lasse  icli  darin  nach, 
Eure  Gunst  und  das  Wolilgefallen  meiner  Herrin  zu  erstreben.  Aber  so 
viel  ich  mich  auch  bemiihe,  ||  gegen  mein  Missgeschick  hilft  weder  Liebe  noch 
treues  Dienen,  weder  Recht  noch  Billigkeit,  weder  Schweigen  noch  Bitten  (1). 

Ich  liebe  und  diene ,  so  viel  ich  vermag.  Es  gefâllt  mir,  der  Eure  zu 
sein.     Und  woUte  nur  mein  Dienen   meiner  Herrin  genehm  sein,  so  ver- 


-     615     — 

Que -quer  que  mi -a  min  gracido 
fosse  de  quant'  ei  servido, 
que  mi -a  min  nada  non  vai, 

mia  coita  viço  seria,  6775 

25     ca  servind'  atenderia 

gran  ben;  mais  est'  é  meu  mal: 
^  contra  mia  desaventura 

j^'         non  vai  amar,  nen  servir; 

nen  vai  razon,  nen  mesura;  6780 

30  nen  vai  calar,  nen  pedir. 

Porque  sol  dizer  a  gente 

§do  que  ama  lealmente: 
«se  s'én  non  quer  enfadar, 

na  cima  gualardon  prende,»  6785 

35      am'  eu  e  sirvo  por  ende; 
mais  vedes  ond'  ei  pesar: 
|H  contra  mia  desaventura 

non  vai  amar,  nen  servir; 
nen  vai  razon,  nen  mesura;  6790 

40  nen  vai  calar,  nen  pedir. 

f.  86  {=  ii4)b       II  Mais  pois  me  Deus  deu  ventura 
d'en  tan  bon  logar  servir, 
atender  quero  mesura, 
ca  me  non  á  de  falir.  ||  6*795 

langte  ich  kein  anderes  Wohlleben  von  Gott  dem  Herrn.  Aber,  ob  ich  auch 
mein  Bestes  tliue,  ||  gegen  meia  Missgeschick  hilft  nicht  etc.  (2). 

Wúrde  niir  nur  fiir  ali  mein  Dieneu  eiu  noch  so  geringer  Loim  (wie 
ich  ihn  bis  heute  nicht  erhalten  babe),  meine  Not  wúrde  zur  Woune,  deun 
weiter  dienend  wiivde  ich  grõssere  Gunst  erwarteu.  Mein  Ungliick  aber 
ist  es,  dass  ||  gegen  mein  Missgeschick  weder  Liebe  noch  treues  Dienen 
hilft  etc.  (3). 

Die  Leute  pflegen  zu  sagen  mit  Bczug  auf  Treuverliebto :  „wei'  aus- 
harrt,  wird  selig".  Darum  liebe  ich  und  diene  ich  weiter:  doch  betriibt  es 
mich ,  dass  ||  gegen  mein  Missgeschick  kein  Lieben  noch  Dienen  hilft  etc.  (4). 

Trotzdem,  da  Gott  mir  das  Gliick  beschieden,  so  guten  Ortes  zu  dienen, 
will  ich  auf  Gerechtigkeit  warten,  die  mir  zuguterletzt  nicht  fehlen  wird  (I). 


LACUNA  37% 

FALTAM  TRÊS  MEIAS  -  FOLHAS  :  Nos.  5/^- 
DO  CADERNO  XIV. 


Ficaram  apenas  as  rebarbas  de  três  folhas  (5^,  á^  e  2/^), 
cortadas,  apparen  tem  ente,  ainda  antes  da  encadernação. 

Na  landa  antecedente  ha  mnito  espaço  em  branco.  A  im- 
mediata,  1^  (f.  87  =  115),  coUada  contra  a  guarda  de  madeira, 
está  vazia.  —  Impossível  calcular  quantas  folhas  mais  haviam 
de  seguir  e  o  que  conteriam. 


A  LACUNA  FICA  POR  PREENCHER. 


XXXVIII 


CANTIGAS 


308  —  810 


DE 


ROY  FERNANDES,  DE  SANTIAGO. 


II 


Vinheta 

BMha  solla 

f.  88  (=  116)a 


308. 

(Tr.  m,  a  p.  310,  356  e  386). 

Se  om'  onvesse  de  morrer, 
senhor,  veenclo  gran  pesar 
da  ren  que  mais  soubess'  amar 
de  quantas  Deus  quiso  fazer, 
5      eu  non  poderá  mais  viver  6S00 

u  vus  foron  d'aqui  filhar, 
a  força  de  vos  elevar, 
e  vos  non  puid'  eu  i  valer! 

/■.  88  {=  iJSjò       II  \Non  me  sòuhi  conselh'  aver 

10     2^<3;-  como  podess'  endura?']  ■  6805 

a  coita  'n  que  me  vi  andar, 

pola  força  que  vos  prender 

vi;  o  quiser(a)  ante  soífrer 

mort'  ua  vez  ja  ca  ficar 
15      vivo,  por  aver  a  estar  6810 

a  tan  grave  pesar  veer, 

E  nunca  no  mundo  prazer 
des  aqui  ja  mais  aguardar; 
e  sempre  m'  aver  a  queixar 
20     a  Deus  por  el  esto  querer.  6815 

Mais  ua  ren  posso  creer 
que  Deus,  que  m'  esto  foi  mostrar, 
por  én  me  leixa  de  matar 
que  aja  sempre  que  doer, 


I  Li  toda  a  cantiga,  parte  na  própria  folha  solta,  parte,  com  auxilio 
d'um  espelho,  iia  guarda  de  madeira,  contra  a  qual  o  pergaminho  fora  col- 
lado.  Apenas  dois  versos  ficam  indescifraveis,  por  estarem  repintados  sobre 
o  bezerro  muito  escuro  da  capa,  o  qual  vira  sobro  a  face  interior  da  guarda, 
na  largura  de  três  dedos.  São  os  versos  9  e  10,  no  alto  da  coluna  9. 
Tirei -os  do  CV. 

Variantes  do  CV  485  (900):  —  8  e  12  vus  —  16  a  veer  —  22  Des 
—  23  leixe. 


—     620     — 

25  E  que  nunca  possa  tolher  6820 

estes  meus  olhos  de  chorar, 

e  que  sempr'  aj(a)  a  desejar 

vos  e  o  vosso  parecer 

(que  nunca  mi-á  d'  escaecer), 
30      e  no  meu  mal  sempre  cuidar.  6825 

Ben  me  posso  maravilhar 

por  mi -a  morte  non  aduzer. 

E  nunc'  a  Deus  queira  prazer, 
que  nunca  el  queira  mostrar 
35      a  nulh'  ome  tanto  pesar  6830 

quant'  el  poderia  sofrer. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x8  +  4.  —  Octonarios  jambicos. 
—    Coplas   equiconsoantes;    abbaabba  :  abba.    —    Rimas    longas: 

ê/-(a)  arW. 

III  Mússten  wir  sterben,  wenn  wir  grossos  Leid  von  demjeuigen 
AVesen  erfahren ,  welches  wir  unter  allen,  die  Gott  geschaffen,  am  meisten 
liebeu,  so  hátte  ich  nicht  mehr  von  dem  Augenblicke  an  gelebt,  ais  man 
Euch.  von  hinnen  fiihrte,  um  Euch  mit  Gewalt  zu  erhõhen,  wâhrend  ich 
Eucb  nicht  zu  helfen  vermochte  (1). 

Ich  habe  mir  keinen  Rat  gewusst,  wie  ich  die  Qual  aushalten  sollte, 
die  mich  iiberfiel,  ais  ich  Euch  Gewalt  erleiden  sah;  und  lieber  hatte  ich 
den  Tod  mit  eins  erlitten,  ais  so  grosses  Leid  mit  anzusehen  (2), 

Und  von  da  an  auf  Erden  keine  Lust  mehr  zu  erwarten,  sondern  zu 
stândiger  Klage  gegen  Gott  genõtigt  zu  sein,  weil  er  solches  zugelassen 
hat.  Ich  muss  wohl  glauben,  er  uuterlasse  es,  mich  zu  tõten,  einzig  und 
allein,  damit  ich  immer  Schmerzliches  zu  bejammern  habe  (3), 

Und  damit  meine  Augen  nicht  aufhõren  zu  woiuen,  und  ich  mich 
weiter  nach  Euch.  und  Eurem  holden  Angesicht  sehne  (das  ich.  nimmer  ver- 
gessen  kann),  immer  an  meine  Qual  denkend.  Webl  kann  ich  mich  dariiber 
wundern,  dass  er  mir  nicht  den  Tod  giebt  (4). 

Nie  mõge  es  Gott  gefallen,  einem  Menschen  soviel  Kummer  zu  geben, 
als.er  ertragen  kõnnte  (I)! 

IV  A  folha  116,  solta  já  quando  se  procedeu  á  encadernação,  foi 
então  coUada  contra  a  guarda  do  principio,  e  descollada,  modernamente, 
por  Varnhagen. 


309. 

(Tr.  n,  a  p.  311.  358  e  388). 

Ora  começa  o  meu  mal 

de  que  ja  non,  temia  ren, 

e  cuidava  que  m'  ia  ben. 

E  todo  se  tornou  en  mal: 

5  ca  o  dem'  agora  d 'amor 

{-^116)0  me  II  fez  filhar  outra  senhor! 

E  ja  dormia  todo  meu 
sono,  e  ja  non  era  foi, 
e  podia  fazer  mia  prol. 
10      Mais  lo  poder  ja  non  é  meu: 
ca  o  dem'  agora  d'amor 
me  fez  filhar  outra  senhor! 

Que  ledo  me  fezera  ja, 
quando  s'  Amor  de  min  quitou 
15      un  pouco,  que  mi -a  min  leixou. 
Mais  d'outra  guisa  me  vai  ja: 
ca  o  dem'  agora  d'amor 
me  fez  filhar  outra  senhor! 


6835 


6840 


6845 


I  CV  486  (901)  —  10  mai'-lo  —  14  mi  —  15  mi  a  mi  —  16  mi 

—  19  orne  —  20  possa  aver  —  21  quigi  —  25  J.  dem'  ac.  —  A  lição: 
ao  dem'  acomend'  amor  seria  preferível.  —  26  {teenga\  a  ler:  beenga). 

n  Cantiga  de  refram:  4x(4-|-2)-f-4.  —  Octonarios  jambicos. 

—  Coplas  singulares,  com  rima  idêntica  no  1°  e  ultimo  verso  de 
cada  uma:  al)ba||C€  :  ccec.  —  Rimas  longas:  aí  (a)  én9>)  na  1*^;  e2<(a)  o/C») 
na  2";  «(»)  ozíC»)  na  3*;  ar(«)  erC»)  na  4";  õr  no  refram  e  na  fiinda. 

III  Meiu  Leid,  das  icli  schon  aufgehôrt  hatte  zu  fiirchten,  beginnt 
von  neuem.  Ich  wâhnte,  es  ginge  mir  gut,  und  nun  hat  sich  alies  zum 
Schlimnien  gewendet,  ||  denn  der  Damon  der  Liebe  hat  mich  getrieben,  eine 
noue  llerrin  zu  wáhlen  (1). 


—     622     — 

E  non  se  dev'  om'  alegrar  6850 

20     muito  de  ren  que  poss'  aver, 
ca  eu,  que  o  quige  fazer, 
non  ei  ja  de  que  m'  alegrar: 
ca  o  dem'  agora  d'amor 
me  fez  filhar  outra  senhor!  6855 

25  Ao  dem'  acomend'  eu  amor; 

e  bSeiga  Deus  a  senhor 
de  que  non  será  sabedor 
nulh'  om',  enquant'  eu  vjvo  for'. 

Schon  schlief  ich  meinen  ruhigen  Schlaf  uiid  war  nicht  mehr  ein 
Narr  und  verstand  das  mir  Frommende  zu  tlmn:  jetzt  aber  habe  ich  diese 
Fáhigkeit  wieder  verloren,  ||  donn  der  Dâinon  etc.  (2). 

Froli  war  ich  geworden ,  ais  die  Liebe  mich  ein  wenig  frei  gab.  Jetzt 
aber  ist  es  wieder  anders,  ||  denn  der  Dámon  etc.  (3). 

Der  Mensch  darf  sich  also  iiber  nichts  freuen  von  aliem,  was  geschielit. 
Ich  wollte  es  thun,  doch  ist  es  schon  wieder  aus  mit  der  Frendo,  ||  denn 
der  Dílmon  etc.  (4). 

Zuni  Teufel  also  jnit  der  Liebe!  Gott  aber  empfehle  ich  die  Dame, 
die  ich  nicht  nennen  werde,  solange  ich  lebe  (I). 

IV  Ao  lado  do  verso  25  ha  uma  nota  marginal,  quasi  apagada,  que 
talvez  diga:  ao  demo  o  demo  do  amor! 


310. 

(Tr.  o,  a  p.  312,  358  e  388). 

Que  mui  gran  prazer  og'  eu  vi 
u  me  vos  Deus  mostrou,  senhor! 
E  ben  vos  faço  sabedor 
que,  pois  que  m'eu  de  vos  parti, 
5  non  cuidara  tant'  a  viver 

f.  88  (=  n6}d  como  II  vevi  seu  vus  veer. 

Que  milito  que  eu  desejei 
de  vus  veer  e  vus  falar! 
E  foi  7ni-o  Deus  ora  guisar, 
10      senhor,  e  mais  vus  én  direi: 

non  cuidaria  tant'  a  viver 
como  vevi  sen  vus  veer. 

E  Defujs,  que  mi  fez  este  ben, 
ainda  m'  outro  hen  fará, 
15     ])ois  el  quis  que  vus  visse  ja, 
mia  senhor;  ca  per  nenhun  sen, 
non  cuidara  tant'  a  viver 
como  vevi  sen  vus  veer. 


6860 


6865 


6870 


6875 


I  CV  487  (902)  —  2  Q  ^  vus  —  1  O  copista  do  CA  interrompeu 
aqui  o  seu  trabalho,  deixando  uma  coluna  inteira  om  branco.  —  As  ultimas 
duas  estropbes  provêem  do  CV.  —  Emendei  ora  (por  agora)  no  verso  9. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abbaUCC  —  Eimas  longas:  «(«)  or('»l  na 
1''  copla;  eí(a)  ari^)  na  2*;  ewW  a('>)  na  3";  er  no  refram. 

III  "Welche  Freude,  ais  Gott  Euch  mir  heute  zeigte!  Glaubt  mir, 
ais  ich  von  Euch  Abscliied  nahm,  ||  dachte  ich  nicht,  solange  zu  leben,  wie 
ich  gelebt,  ohne  Euch  zu  sehen  (1). 

Wie  sehr  hatte  ich  gewúnscht,  Euch  zu  sohen  und  zu  sprechen!  Und 
nun  hat  Gott  es  mir  beschieden.  Denn,  Herrin,  glaubt  mir,  ||  ich  dachte 
nicht  etc.  (2). 

Er,  der  mir  diese  "Wohlthat  angethan,  wird  mir  noch  eine  andere  ge- 
wahren,  da  er  gewollt  hat,  dass  ich  Euch  siihe;  donn  ganz  und  gar  nicht  || 
híitte  ich  geglaubt,  solange  zu  leben,  wie  ich  gelebt,  ohne  Euch  zu  sehen  (3). 


APPENDICES 


CONTENDO  POESIAS  TIRADAS 


CANCIONEIEOS 
COLOCCI-BIUT^CUTI  E  DA  VATICAINA 


E  QUE  PREENCHEM  PROVAVELMENTE  LACUNAS  DO 


CANCIONEmO  DA  AJUDA. 


n 


i 


40 


SECÇÃO  I 

CANTIGAS 

811—874 
QUE  PREENCHEM  PROVAVELMENTE  A  LACUNA  l^ 

1.  LAIS,  DICTOS  DE  TRISTAN  E  LANÇAROTE  .  (311-315) 

2.  CANTIGAS  DE  AIRAS  MONIZ,  D'ASME       .     .  (316-317) 

3.  DIEGO  MONIZ (318-819) 

4.  OSOIREANNES (320-327) 

5.  NUNO  FERNANDES,  DE  MIRAPEIXE      .     .     .  (328-329) 

6.  FERNAN  FIGUEIRA,  DE  LEMOS (330-331) 

7.  D.  GIL  SANCHES (332) 

8.  RUY  GOMES,  O  FREIRE (333-334) 

9.  FERNAN  RODRIGUES,  DE  CALHEIROS       .     .  (335-356) 

10.  PÊRO  GARCIA,  D'AMBROA (357) 

11.  D.  FERNAN  PAES,  DE  TAMALANCOS    .     .     .  (358-362) 

12.  VAASCO  PRAGA,  DE  SANDIN (363-374). 


40" 


10 


15 


311. 


Amor,  des  que  m'  a  vos  cheguei, 
ben  me  pos[s]o  de  vos  loar, 

ca  mui  pouc',  ant',  a  meu  cuidar,  6880 

valia;  mais  pois  emmendei 

Tan  muit'  en  mi  que,  com'  ant'  eu 
era  de  pobre  coraçon, 
assi  que  nenhun  ben  enton 
non  cuidava  que  era  meu,  6885 

E  sol  non  me  preçavan  ren, 
ante  me  tinhan  tan  en  vil 
que,  se  de  mi  falavan  mil, 
nunca  dezian  nenhun  ben  .... 

E  des  que  m'eu  a  vos  cheguei,  6890 

Amor,  e  tod'  ai  fui  quitar 
se  non  de  vos  servir  punhar  .... 
logu'  ou  des  i  en  prez  entrei! 


I  CB  1  (1)  —  Este  lais  fex  Elis  o  Baço  que  foi  Duc  de  Sansonha, 
([uando  pas[s]oií(i)  aa  yran  Bretanha,  que  ora  clmmaii  Ingraterra.  E 
;;rt.s[s]o?í  lá  no  tempo  de  Rei  lirtur,  pera&)  se  combater  con  Tristan, 
porque  lhe  matara  o  padre  en  úa  batalha.  E  andando  un  dia  en  sa 
busca,  foi  pela  Joyosa- Guarda  u  era  a  Rainha  Iseu  de  Cornoalha.  E 
viu -a  tan  fremosa  que  adur  lhe  poderia  omen  no  mundo  achar  &)  par. 
Enamorou -se  enton  d' ela  e  fexW  por  ela  este  laix.  Este  lais  posemos 
a  [a]  cintai^')  porquei^)  era  o  melhor  que  foi  fefiJtoU). 

Teor  litteral  dos  trechos  que  considero  adulterados  e  que  tentei  restau- 
rar: (1)  pafou  —  (2)  ta  —  (3)  ath'  (com  t  por  c)  —  (4)  efeh  —  (5)  a^ 
—  (0)  jã  5'  —  (7)  feto  —  2  pofo  deuos  —  3  pou  camota  meu  euydar  — 
Tam  muy  tam  ml  q  comam  teu  —  9  preçauã  em  rem  —  10  tzjnhã  ram 
en  uil  —  13  Edef  qm  cu  auos  chcyney  —  14  Amor  de  todal  f.  q.  —  17 
daus  —  19 — 20  Afy  q  duus  boõs  fon  Mais  lo  omeu  pex,  cao  fetc  —  21 
Amor  pois  —  22  saton  —  29  nogeu^  corrigido  por  Colocci  para  rrogeu  — 


—     630     — 

Que  mi -ante  de  vos  era  greu, 
e  per  vo'-l'  ei,  e  per  ai  non,  awjíj 

assi  que,  ii  os  bõos  son, 
20     mais  loo  meu  prez  ca  o  seu. 

Amor!  [e]  pois  eu  ai  non  ei, 
nen  averei  nulha  sazon, 

se  non  vos,  e  meu  coraçon  ,  híjdo 

non  será  se  non  da  que  sei 

25  Mui  fremosa  e  de  gran  prez, 

e  que  polo  meu  gran  mal  vi, 
o  de  que  sempre  atendi 
mal  (ca  ben  nunca  m'ela  fez):  6'.)(}5 

E  por  ón  vus  rogu'  eu,  Amor, 
30      que  me  façades  d 'ela  (a)  ver 
algun  ben,  pois  vo'-lo  poder 
avedes.     E  mentr'  eu  ja  for' 

Yivo,  cuido  vo'-lo  servir.  tiUKi 

E  ar  direi,  se  Deus  quiser', 
3õ      ben  de  vos,  pois  que  me  veer' 
per  vos,  de  que  mi-á  de  vTir. 

32  emêrreu  —  3õ  ueer  —  36  deuir  —   37  E  fe  mefto  nõ  faz  des  —  40 

í}n  feu  poder como  se  as  quattro  syllabas  que  faltam,   tivessem   o 

seu  logar  no  fim  do  verso. 

II  Este  nlais",  que  não  é  cantiga  de  rcfram,  mas  tampouco  podo 
sev  classificado  como  cantiga  de  meestria,  compõe- se  de  dez  coplas 
singulares,  de  quattro  versos  cada  uma,  accompanhados  de  uma  f linda, 
de  três  Senarios:  10  x  4 -}- 3.  —  Quanto  á  estructura  e  ordem  das  rimas 
(al)ba),  são  iguaes  ás  quadras  populares,  modernas.  O  metro  é  todavia  diffe- 
rente:  Octonarios  jambicos.  —  Eimas  longas,  entre  as  quaes  lia  muitas 
repetições,  sem  ordem  nem  propósito.  Temos  eii^)  ari^)  na  1"  quadra;  cíí 
on  na  2";  ên  il  na  3*;  ei  ar  na  4";  eu  on  na  5";  ei  on  na  C'';  ex,  i  na  7''; 
ôr  êr  na  S^',  ir  ér  na  9'^;  eus  én  na  10". 

III  Euch  zu  preiseu,  Amor,  habe  ich  Gruud,  seit  icli  mich  Eucli 
geniihert  liabe;  denn  vorher  war  mein  Wert  geríng,  ward  aber  hernach 
erhõht  (1) 

Sc  sehr,  dass,  gleichwie  icli  sonst  mattherzig  war,  so  dass  ich  mir 
selber  keinerlei  Vorzug  zuerkannte  (2) 


40 


—     631 


E  se  non  m'est(o)  ides  fazer 
(que  sei  que  será  vos[5]o  ben), 
cofonda-vus  por  én  quen  ten 
[o  7nund'  e  vos\  en  seu  poder! 

Anien!  Amen!  Amen! 
Amen!  Amen!  Amen! 
Amen!  Amen!  Amen! 


6915 


6920 


Und  gieichwie  auch  die  anderen  micli  missachteteu ,  weil,  ob  auch 
Tausend  vori  mir  redeten,  doch  keiner  Gutes  von  mir  sagte  ...  (3) 

Also  stieg  ich  sogleich  im  Preise,  seit  ich  mich  Euch  nâherte  und 
mich  von  aliem  "VVeiteren  lossagte  ais  von  dem  Bestreben,  Euch,  Amor,  zu 
dienen  (4). 

Was  mir  vorher  schwer  ward,  habe  ich  durch  Euch,  durch  Euch 
allein.  Und  wo  immer  ich  unter  Guten  bin,  lobpreise  ich  jetzt  meinen 
eigfinen  "Wert  mehr  ais  den  ihren  (5). 

Weil  ich  aber  fortan  nichts  ais  Euch  habe,  noch  haben  werde,  o  Amor, 
und  weil  mein  Herz  ihr  allein  gehõrt  (6), 

Der  Holden  und  Preisenswerten ,  die  ich  zu  meinem  Verderben  sah, 
und  von  der  ich  nur  Leides  erwarte  (da  sie  mir  nie  Liebes  erweist)  (7): 

Deshalb  bitte  ich  Euch,  Amor,  mir  ihro  Gunst  zu  verschaffen,  da 
Ihr  die  Macht  dazu  in  Hànden  habt.     Solange  ich  lebe  (8) 

Werde  ich  Euch  dienstbar  sein  und,  so  Gott  will,  Gutes  von  Euch 
leden,  falis  mir  G^tes  vou  Euch  geschieht,  von  dem  allein  es  kommen 
kann  (9). 

Gewãhrt  Ihr  mir  das  aber  nicht,  was  in  meinen  Augen  auch  zu  Eurem 
Heile  gereichen  wiirde,  so  mõge  Euch  der  verderben  und  verdammen,  in 
dessen  Gewalt  unser  aller  Leben  ist  (10). 

Amen!  Amen!  etc. 

IV  Cfr.  Th.  Braga,    Questões  de  Litteratura,    p.  88  —  89.   —   Não 
estou,  do  modo  algum,   persuadida  de  ter  restaurado  e  interpretado  a  con- 
tento de  todos  esta  difficil  poesia.     Cingi -me  na  minha  reconstrucção  con- 
jectural com  todo  o  rigor  possível  aos  signaes  graphicos,  transmittidos  pelo 
CB.     Julgo  todavia   que  no  verso  23  seria  melhor  corrigirmos  com  mais 
lalguma  liberdade,  lendo:  o  meti  coraçon^   assim  como  nosso  (por  vosso) 
rno  38;   e  mais  vale  meu  prez  ou  mais  vai  o  meu  prez  ca  o  seu  no  20. 
Devo  reconhecimento  ao  meu  amigo,  o  Ex""  Sar  professor  Henry  Lang 
j^por  me  ter  auxilidado  com  valiosos  conselhos,  relativos,  principalmente,  á 
pultima  quadra.    É  d'elle  ainda  a  emenda  achar  par  (3),  que  já  fora  achada 
por  Braga;  aa  cima  (5),  e,  no  verso  19,  u  por  du  (erro  por  hu). 


312. 

O  Marot  aja  mal -grado, 
porquo  nos  aqui  cantando 
andamos  tan  segurado, 
a  tan  gran  sabor  andando! 
5  Mal-grad'  aja!  que  cantamos  0925 

e  que  tan  en  paz  dançamos! 

Mal-grad'  aja,  pois  cantando 
nos  aqui  danças  fazemos, 
a  tan  gran  sabor  andando, 
10     que  pouco  lh'o  gradecemos!  6u:í0 

Mal-grad'  aja!  que  cantamos 
e  que  tan  en  paz  dançamos! 

E  venha-lhe  maa  gaança, 
porque  nos  tan  seguradas 
15      andamos  fazendo  dança,  0',)35 

cantando  nossas  bailadas! 

Mal-grad'  aja!  que  cantamos 
e  que  tan  en  paz  dançamos! 

I  CB  2  (2)  —  Esta  cantiga  fezeron  quatro  donzelas  a  Marot  (i) 
d' Irlanda,  en  tempo  de  Rei  Artur,  porque  Marot  i"^)  filhava  toda-las  don- 
zelas que  achava  en  guarda  dos  cavaleiros ,  se  as  podia  conquerer  d'eles. 
E  enviara -as  pêra  Irlanda  ()^)  pêra  seerenii)  sempre  en  ser  vidou  da  terra. 
E  esto  fazia  el,  porque  fora  morto^^)  seu  padre  por  razon  de  iia  donzela 
que  levava  en  guarda. 

Texto   (1)   Amarõot   —   (2)  Maaroõt   —    (3)   Ifllanda   —  (4)  sceren 

—  (õ)  i/lto  —  2  Omaroot  —  5  tancainos  —  G  dandalmos .,  corrigido  por 
Colocci  para  dançamos  —  7  cantado  —  8  danças  —  11  mal  aia  —  18 
guaãca  —  15  dança  —  16  nofas  —  18  enpas  —  dançamos. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2).  —  Septenarios  trocliaícos. 

—  Coplas  singulares:  abab||CC.  —  Rimas  breves:  adoi»)  andoW 
na  1"  estancia;  andoW  etnosW  na  2%  que  repete,  portanto,  uma  das  conso- 
nancias  da  l*";  ançaW  adasW  na  3*;  amos(C)  no  refram. 

Colocci  põe  a  nota:  mixta,  e  no  fim  da  pagina  o  vocábulo:  ballata. 

III  Ergrimmen  mõge  Marot,  weil  wir  hier  in  aller  Sicberheit  und 
grosser  Frõhlichkeit  singend  einberschreiten :  ergrimmen  mõge  er,  weil  wir 
singen  und  so  friedlich  tanzen! 

IV  Cfr.  Braga,  Questões,  p.  90. 


313. 


Mui  gran  tenip'  á,  par  Deus,  que  eu  non  vi 
quen  de  beldade  vence  toda  ren!  6940 

E  se  xe  m'  ela  queixasse  por  én, 
gran  dereit'  6,  ca  eu  o  mereci. 
5      E  ben  me  pode  chamar  desleal 

de  querer  eu,  nen  por  ben  nen  por  mal, 

viver  com'  ora  sen  ela  vivi.  6045 

E  pois  que  me  de  viver  atrevi, 
sen  a  veer  (en  que  fiz  mui  mal -sen) 
10      dereito  faz,  se  me  mal-talan  ten, 
por  tal  sandice  qual  eu  cometi. 
E  con  tal  coit'  e  tan  descomunal,  6950 

B  se  me  Deus  ou  sa  mesura  non  vai, 
deffenson  outra  non  tenli'  eu  por  mi! 


I  CIí  3  (3)  —  Don  Tristan  o  Namorado  fex  \õ\sta  (1)  cantiga. 

(1)  sia  —  14  ml  —  15  cadaql:  abreviatura  que  poderíamos  também 
resolver  em  cada  qual  —  21  eror  q  iiaçy. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos  jambicos. — 
Coplas  equiconsoantes:   abbueca.  —  Rimas  longas:  ii^)  énW  ali*'). 

Coloeci  classificou  esta  poesia  como  pertencente  ao  grupo  seldifsi.  — 
Além  d'isso  lançou  em  nota  o  vocábulo  desleal  e  a  forma  portugueza  do 
artigo,  considerando  -  a,  apparentemente ,  como  derivada  do  grego  [o  i.  lo, 
alia  greca\. 

III  Lango  ist  es  her,  dass  ich  diejeuige  nicht  gcselien,  deren  Schon- 
beit  alies  úbeitrifft.  Itecht  tbiite  sie,  wollto  sio  dariiber  klagen.  Ja  icb 
bátte  es  sogar  verdient,  treulos  gescbolten  zuwerden,  da  ich,  gleichviol  ob 
im  Guten  oder  Schlimmen,  iiberhaupt  vermocht  habe,  ohno  sie  zu  leben 
(wie  jetzt  gescheben  ist)  (1). 

"Weii  ich  es  mir  zugetraut  habe,  ohne  iiiren  Anblick  zu  leben  (woran 
ich  sehr  Unrecht  that),  ist  sie  im  Rechte,  falis  sio  úber  die  Thorhcit  zúrnt, 
die  ich  begangen.  Und  so  mir  Gott  oder  ihr  Gerechtigkeitsgefúhl  nicht  in 
so  ungcwohnter  Pein  beistcht,  kann  ich  keino  Rottung  fmdon  (2). 


—     634     — 

15  Ca  d'aquel  dia,  en  que  m'eu  parti 

da  mia  senhor  e  meu  lum(e)  e  meu  ben, 
porque  o  fiz,  a  morrer  me  conven,  6905 

pois  vivi  tanto,  sen  tornar  ali 
u  ela  é.     Se  por  én  sanha  tal 

20     filhou  de  min,  e  me  sa  mercee  fal, 
jai  eu  cativo!  ^le  por  quô  naci? 

"Wegen  des  Tages,  an  welchem  ich  von  meiner.  Herrin  —  meinom 
Licht  und  hõchsten  Gute  —  schied,  muss  ich  sterben,  weil  ich  solange 
gelebt,  ohne  sie  zu  sehen.  Ergrimmt  sie  dariiber  uud  versagt  inir  ihre 
Gnade,  ich  Ãrmster,  wozu  ward  ich  dann  geboren?  (3) 

IV  Cfr.  Braga,  Questões  p.  90. 


10 


314. 


Don  Amor,  eu  cant'  e  choro, 
e  todo  me  ven  cVali: 
da  por  que  eu  cant'  e  choro 
e  por  meu  mal -dia  vi. 

E  pêro,  se  a  eu  oro, 
mui  gran  dereito  faç'  i, 
[c]a  ali  u  [a]  eu  oro, 
sempre  lhe  peç'  e  pedi 

Ela.     E  pois  eu  demoro 
on  seu  amor,  por  Deus,  de  mi 
aja  mercee,  ca,  s'eu  demoro 
en  tal  coita,  perder-m'-ei  i. 


fJUfJO 


6965 


6IJ70 


I  Clí  4  (4)  —  1  eatechoro  —  4  J?  que  por  etc.  —  5  ^  pêro  —  7 
a  aly  hu  eu  do  oro  —  10  en  feu  amor  por  deg  de  mi  —  11  m'ceê  ca  ff 
eu  d. 

Os  versos  4,  10  e  12  parecem  ter  uma  syllaba  a  maior,  que  somente 
desappareceria,  se,  tratando  as  linhas  impares  como  primeiros  hemistichios 
de  uma  Langzeile,  fezessemos  elisão  da  ultima  vogal  metatonica  áe  choro 
e  demoro,  —  procedimento  muito  singular,  porque  destruiria  a  rima,  mas 
de  que,  ainda  assim,  ha  exemplos,  nas  Cantigas  de  Maria  e  em  textos 
do  sec.  XVI  (Crisfal). 

O  sentido  é  pouco  claro.  No  7°  verso  o  texto  u  eu  dõ  oro  (i.  ó  doíi 
oro  =  dadiva  peço?  ou  don'  oro  =  dominam  oro?)  seria  aceitável,  se 
não  fosse  preciso  estabelecermos  identidade  da  formula  rimante  com  a  do 
l)rimeiro  verao  da  copla. 

II  Este  lais,  de  caracter  semi -popular,  parecido  ao  primeiro  da  serie, 
i;umpue-se  de  três  quadras:  3x4.  —  Septenarios  trochaícos.  — 
Coplas  equiconsoantes:  abab.  —  Rimas  breves  e  longas,  com  pa- 
lavras idênticas  dentro  dos  limites  de  cada  copla:  óroi^)  iO>). 

III  Herr  Amor,  ich  singe  und  weine  dabei:  und  Schuld  an  meiíiem 
Singen  wie  an  meinem  Weinen  ist  diejenige,  v^elche  ich  zu  meinem  Ungliick 
(=  an  einem  Ungliickstage)  sah  (1). 

Daher  thue  ich  recht  daran,  wenn  ich  sio  anílelio;  denn  das,  was  ich 
erflehe  {ou:  denn  da,  wo  ich  flehe),  erbitte  und  erbat  ich  immer:  (2) 

Sie  selber  namlich,  Und  da  ich  in  ihrer  Liebe  verbleibe,  inoge  sic, 
um  Gottes  willen,  Mitleid  mit  mir  haben;  denn  verbleibe  ich  in  meiner 
Qual,  so  bin  ich  verloren  (3). 

IV  Cfr.  Braga,  Questões,  p.  91. 


k 


315. 

Ledas  sejamos  ogemais! 
E  dancemos!     Pois  nos  chegou 
e  o  Deus  con  nosco  juntou, 
cantemos- lhe  aqueste  lais!  6975 

5  «Ca  est(e)  escud(o)  é  do  melhor 

omen  que  fez  Nostro  Senhor!» 

Con  [e]st(e)  escudo  gran  prazer 
ajamos!  e  cantemos  ben! 

E  dancemos  a  nosso  sen,  6080 

10      pois  lo  avemos  en  poder! 

«Ca  est(e)  escud(o)  ó  do  melhor 
omen  que  fez  Nostro  Senhor!» 

Oy  nus  devemos  [ajlegrar, 
e  est.(e)  escudo,  que  Deus  aqui  6985 

15      trouxe,  façamo'-lo  assi: 

Puinhemos  muit(o)  e'-no  onrar! 

«Ca  est(e)  escud(o)  é  do  melhor 
omen  que  fez  Nostro  Senhor!» 

I  CB  5  (5)  —  Este  laix  fexeron  donxelas  a  dou  AnçarothW  quando  {^) 
estava  na  Insoa  da  Lidiçai^)  qicandoW  a  rainha (p)  Qenevra  achou  con 
a  filha  de  rei  Peles  e  lld  defendeo  que  non  fareces[s]e  ant'  ela(fi). 

(1)  ancaroth  —  (2)  quado  —  (3)  dalidica  —  (4)  quado  —  (5)  Kayã 
geneu  —  (6)  pareçefe  anccla  —  1  Ledas  seiaimis  oy  mays  —  2  dan- 
cemiis  —  4  lha  aqste  —  eantevig  lha  a.  l.  —  9  dantemg  anofo  —  14 
Veste  effcudo  q  ds  aq  (q  ds  a  q"^)  —  15  facamolo  afy  —  16  poynhemg 
moyto  cnno  honrrar  —  17  escado. 

II  Cantiga  de  refrani:  8  x  (4  4- 2) .  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  }ibbíi||C€.  —  Rimas  longas:  aisi^)  o?íl'»)  na 
1*  estancia;  er(a)  cwC»)  na  2'';  arW  /('»)  na  3";  ôr  no  refram. 

III  Lasst  uns  frolilich  soin  und  tanzcu!  Gekommen  ist  ei-,  von  Gott 
zu  uns  gescbickt.  Lasst  uns  folgeudos  Lied  singeu:  ||  „Denu  dieser  Schild 
gehõrt  deni  besten  Maune,  den  Gott  der  Horr  gescliaffon."  (1) 

Jubeln  wir  úber  dieson  Schild;  lasst  uns  scliõn  siugen  und  nacli  un- 
serem  Sinne  tanzen,  da  er  in  unserer  Mitte  ist:  ||  Denn- dieser  etc.  (2). 

Heute  sollen  wir  frohlocken.  Und  mit  dem  Schilde,  den  uns  Gott 
gesandt,  sollen  wir  aiso  verfahren,  dass  wir  uns  recht  bemuhen,  ihn  zu 
ehren:  ||  Denn  etc.  (3). 

IV  Cfr.  Braga,  Questões,  p.  91. 


,AIRAS   MONIZ,   D'ASME. 


316. 

Pois  mi  non  vai  d'eu  muit'  amar 
a  mia  senhor,  nen  a  servir, 
nen  quan  apost'  eu  sei  negar 
o  amor,  que  Ih'  ei,  [e]  a  'ncobrir 
5      a  ela  que  me  faz  perder, 

que  mi- o  non  pode[?i]  entender,  — 
ja  eu  chus  no'- na  negarei; 
vel  saberan  de  quen  tort'  ei: 

Da  que  á  melhor  semelhar 
10     de  quanta[5]  no  mund'  ome  vir', 

e  mais  [mansa  sabe  falar] 

das  que  ome  falar  oir'; 

non  vo'-la  ei  chus  a  dizer  .  .  . 

quen -quer  x'a  pode  entender; 
15     ja  chus  seu  nome  non  direi; 

c(a)  a  feito  [ja]  mi-a  nomeei! 


6990 


0995 


7000 


7005 


I  €B  6  (6)  —  5  Eela  —  G  jwdc  —  10  I)c  quanta  e  no  mundome 
atr  —  11 — 12  E  mays  das  que  home  falar  oyr,  com  ommissão,  entro  mais 
e  í/fl.9,  das  seis  syllabas,  que  introduzi,  ou  do  outras,  semelhantes.  —  18  |> 
fedeo  mundeferir  —  19  xha  —  24  J.  chalaam  —  25  Or  —  26  Failhes  — 
32  aueij  guey. 

II  Cantiga  do  meestria:  4x8.  —  Octonavios  jambicos.  — 
Copias  equiconsoantes:  íibsil>cedd.  —  Rimas  longas:  ar(«)  «•(•») 
er(«)  eiià). 

Colocci  resumiu  as  suas  observações  acerca  da  versificação,  na  for- 
mula sei  difsi^  o  copiou  os  vocábulos:  vii  nõ  uai  =  nõ  mi  uai  (1); 
ijiifirir  (28). 


—     688     — 

E  quen  ben  quiser'  trastornnr 
per  tod(o)  o  mundo,  e  ferir, 
mui  festinho  xi-a  pod'  achar; 
20      ca,  por  vus  ome  non  mentir, 

non  á  ela  tal  parecer  7010 

con  que  s'assi  poss(a)  asconder. 
Per  como  a  eu  dessinei, 
achá'-la-an,  cousa  que  sei! 

25  Os  que  me  soían  coitar 

foi -lhes  mia  senhor  descobrir.  Tiiir, 

Ja  mi -ora  leixaran  folgar, 

ta  Ihis  non  podia  guarir, 

ca  ben  lhe'-la  fiz  conhocer, 
30     porque  me  non  quis  ben  fazer! 

E  tenho  que  ben  me  vinguei,  7020 

pois  l(a)  en  concelh(o)  averigiiei! 

III  Da  es  mir  nichts  niitzt,  meine  Herrin  zu  verehren,  ihr  zu  dienen. 
iu  geschickter  Weise  meine  Liebe  zu  verhehlen  und  sie  nicht  bloss  zu  stclleu, 
die  micli  ins  Unglúck  bringt,  der  Art,  dass  man  sie  nicht  erkennen  kann, 
so  will  ich  sie  nun  nicht  lânger  verleugnen;  vielmehr  soll  man  erfahren, 
von  wem  mir  Unrecht  geschieht  (1): 

Von  der,  welche  das  holdeste  Antlitz  hat  von  allen,  die  man  in  dor 
Welt  sieht,  und  die  holdeste  Eedeweise,  die  man  hõren  kann.  Nâher  werdo 
ich  sie  nicht  kennzeichnen.  Jedweder  muss  sie  an  diesen  Zeichen  erkennen. 
Ihren  Namen  werde  ich  nicht  ausfiihrlicher  nennen,  denn  thatsâchlich  hahe 
ich  ihn  ja  schon  genannt  (2). 

Und  wer  eifrig  die  Welt  durchsuchen  und  durchstreifen  will,  wird  sio 
schnell  genug  fmden,  denn  in  "Wahrheit  hat  sie  kein  Gesicht,  mit  dem  sie 
sich  verstecken  kõnnte.  Nach  der  Art.  wie  ich  sie  gezeichnet  habe,  muss 
man  sie  ausfindig  machen,  dess  bin  ich  sicher  (3). 

Denen,  die  mich  mit  Fragen  peinigten,  habe  ich  nunmehr  die  Herrin 
entdeckt.  Jetzt  werden  mich  zufrieden  lassen  diejenigen,  vor  denen  ich  micli 
nicht  zu  retten  vermochte.  Blossgestellt  habe  ich  sie,  weil  sie  mir  nicht 
wohlthun  woUte,  und  vermeine,  mich  ordentlich  geracht  zu  haben,  da  icli 
sie  ofPentlich  gemacht  habe  (4). 


317. 


10 


«Mia  senhor,  vin-vus  rogar 
por  Deus  que  ar  pensedes 
de  mi,  que  en  tau  grau  vagar 
trouxestes  e  tragedes. 
E  cuido -ra'eu  avergonhar! 
Se  vus  prouguer',  devedes 
oj'  a  mia  barba  a  onrar, 
que  sempr'  ourada  sol  andar. 
E  vos  non  mi -a  viltedes!» 

«Cavaleiro,  ja  aviltar 
nunca  m'[a]  oíredes, 
mais  leixemos  ja  ela  estar 
ed  esso  que  dizedes. 


'025 


'OHO 


15 


I 


Sol  non  penso  de  vus  amar; 
nen  pensarei,  a  meu  cuidar, 
mais  d'esto  que  veedes.» 


7035 


I  CB  7  (7)  —  7  oio  mha  barua  e  ouirar  —  8  ouirada  {=  onrrada) 

—  10  ia  uiltar  —  11  nunca  moyredes  —  14  e  15  Emquanto  não  forem 
apresentadas  conjecturas  mais  felizes,  proponho  que  se  leia:  non  me  devedes 
a  leixar,  \  ou  j)esar  me  faredes  —  17  amen  cuydar  —  22  ^yor  pem  —  24 
Semoy  —  26  Eda  de  mali  e  irmey  —  32  Que  —  44  plaxer. 

II  Cantiga  de  maestria:  5x9.  —  Senarios  jambicos  femini- 
nos, nos  versos  pares,  e  Octonarios  masculinos,  irregularmente  entre- 
meados de  Septenarios,  nos  versos  impares.  —  Dois  pares  de  coplas 
p areadas  e  uma  desirmanada,  á  qual  falta  o  par,  que  deveria  contor  a 
resposta  da  dona  ao  avaleiro.  —  Eimas  breves  e  longas:  aWbabaab. 

—  No  grupo  I"  temos:  í/r(al  eríe.sC»);  eifa)  adesW  no  IP;  h-<»)  ia(^>)  no  III". 


—     640     — 

«Mia  senhor,  eu  vus  direi 
20      de  mi  como  façades: 

O  por  que  vus  sempr'  amei,  7040 

per  ren  non  mi -o  tenhades; 

e  sempre  .  vus  servirei, 

se  m'  oj'  avorgonliades. 
25      Fazede  como  sabor  ei, 

e  dade  mal,  e  ir-m'-ei,  7045 

e  non  me  detenhades!» 

«Cavaleiro,  non  [o]  darei; 

pêro,  se  vus  queixados, 
30      mui  ben  vus  conselharei : 

«Ide -vus,  que  tardados.»  7050 

Ca  ^;por  qut)  vus  deterrei 

u  ren  non  adubados? 

Pêro  desejos  averei 
35      de  vos,  e  endurar-mi-os  ei 

ata  quand(o)  ar  venliades.»  7055 


Colocci  chamou  a  attenção  jiara  a  textura  pouco  vuli^ai'  (roste  dialogo 
d'amor. 

III  „Hemn,  ich  bin  gekommen,  Euch  zu  bitten,  meiner  zu  gcdcnkon, 
den  ihr  in  solcher  Mussigtliuorei  liieltet  und  haltet,  weshalb  ich  mich 
schãmen  muss.  Beliebte  es  Euch,  so  kõniitet  Ihr  heute  meineu  Bart  wieder 
zu  Ehren  bringen,  der  so  geehrt  zu  sein  pflegte.  Nicht  herahsetzen  solltet 
Ihr  ihn."  (1) 

„Ritter,  niemals  werdet  Ihr  mich  ihn  herabsctzen  liõren docli 

lassen  wir  das  ....  [Mich  verlassen  aber  solltet  Ihr  nieht,  oder  Ihr  tverdet 
mich  erxurnen].  Nicht  im  mindesten  denke  ich  jedoch  daran,  Euch  zu 
lieben,  und  werde  Euch  auch,  soviel  ich  denke,  niemals  mehr  ais  heute 
lieben."  (2) 

„Wie  Ihi-,  Ilerrin,  mir  gegonubor  verfahrcn  solltet,  will  ich  Eucli  sagen. 
Dass  ich  Euch  immer  geliebt  habe,  solltet  Ihr  fiir  nichts  achten.  Dennoch 
werde  ich  Euch  stets  dienen,  selbst  wonn  Ihr  mich  heute  in  Schande 
bringt.  Thut  Ihr  aber,  wie  ich  mõchte  und  misshandelt  mich,  dann  geho 
ich.     Ihr  aber  haltet  mich  nicht  zurúck."  (3) 

„Misshandeln  werde  icli  Euch  nicht.  Beklagt  Ihr  Euch  jedoch,  so 
rate  ich  Euch:  «Gehet  und  zõgert  nicht».  Wozu  sollte  ich  Euch  festhalten, 
wo  Ihr  doch  nichts  ausrichtet?  Ob  ich  auch  Sehnsucht  nach  Euch  empfinden 
werde,  so  muss  ich  sie  eben  ertragen,  bis  Ihr  zuriickkehrt."  (4) 


40 


4õ 


641     — 


«Mia  senhor,  a  meu  saber, 
mais  aposto  seeria 
quererdes  por  min  fazer 
com(o)  eu  por  vos  faria; 
ca  eu  por  tanto  d'  aver 
nunca  vus  deterria; 
mais  non  poss'  eu  dona  veer 
que  assi  and'  a  meu  prazer 
como  lh'eu  andaria.» 


7060 


„Herrin,  so  viel  ich  .weiss,  wâre  es  freundlicher,  wolltet  Ihr  an  mir 
handeln,  wie  ich  an  Euch  handeln  wiirde.  Denn  um  keineu  Preis  wiirde  ich 
Euch  zurúckhalten.  Aber  freilich,  keiue  Frau  kenne  ich,  dio  mir  so  zu 
Willen  wâre,  wie  ich  ihr  zu  "Willen  sein  wiirde."  (5) 


41 


DIEGO   MONIZ. 


318. 

jDeus!  que  pouco  que  sabia  7065 

eu,  en  qual  viço  vivia, 
quand'  era  [cjon  mia  senhor, 
e  que  muito  me  queixava 
5      d'ela  (porque  non  pensava 

de  min),  e  non  gradecia  7070 

a  Deus  qual  ben  me  fazia 
en  sol  me  deixar  veer 
o  seu  mui  bon  parecer! 

10  Mais  en  gran  sandez  andava 

eu,  quando  me  non  pagava  7075 

de  con  tal  senhor  viver, 

e  que  melhor  ben  querria! 

E  m'end'  ora  pagaria! 
15      Mais  est(o)  a  min  quen  mi -o  dava, 

este  ben,  que  non  m'  entrava?  7080 

Non  ouvess'  oj'  eu  melhor, 

e  ouvess'  eu  tal  sabor! 

I  CB  8  (8)  —  2  Eu  eu  —  3  o?^  —  4  muy  tome  —  7  heunii  —  13 
qrriã  —  14  Amendora  —  15  ann  —  16  queno  nu  —  17  nono  ouueffo  ieu 
n.  —  18  Eu  meffental  s.  —  21  eonpride  damor  —  32  ^  ela  nõ  podia 
uiuer  —  33  quãdalkur  morava. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x9.  —  Septenarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas,  mas  cruzadas  com  uma  palavra  perduda:  aabccaadd. 
—  Rimas  breves  e  longas:  m(a)  orW  avai^^ò  êrW  no  grupo  composto  das 
estrophes  1  e  3;  avai«-)  êr(P)  iai^)  ôr(d)  no  grupo  formado  pelas  estroph.es 
pares,  que  portanto  repetem  as  mesmas  consoantes,  em  ordem  diíferente. 

Seldissi^  segundo  Colocai. 


—     643     — 

Mais  logo  m'ar  mataria 
20     un  cor,  que  ai,  de  folia 

mui  comprid[o]  e  d'amor,  7085 

que  per  poucas  m'ar  matava! 

Quand'  eu  mia  senlior  catava, 

en  tal  coita  me  metia 
25      que  conselho  non  sabia 

eu  de  min,  como  fazer  7090 

por  d'ela  mais  ben  aver! 

Mais,  se  eu  nunca  cobrava 

o  viç'  en  que  ant'  estava, 
30     saber- Ih'- ia  ben  sofrer 

seu  amor!  e  nembrar-m'-ia  7095 

que  eu  viver  non  podia, 

quand(o)  ela  alhur  morava: 

tan  muito  a  desejava! 
35     Mais  eu  con  este  pavor 

seria  bon  sofredor!  7100 

ni  Gott,  wie  wenig  verstand  ich  es,  dass  ich  in  "VVonne  lebte,  ais 
ich  weilte,  wo  meine  Herrin  lebt.  Damals  klagte  icli  iiber  sie,  -vveil  sie 
sich  wenig  um  mich  kúmmerte,  und  war  dem  Himmel  nicht  dankbar,  der 
mir  ihr  boldes  Angesicht  zeigte  (1). 

Ein  Narr  war  ich,  ais  ich  nicht  damit  zufrieden  war,  in  ihrer  Nâhe 
zu  sein,  sondem  hõhere  Gunst  begehrte.  Und  jetzt  ware  ich  damit  zu- 
frieden. Gabe  man  mir  jetzt  das  Gute,  das  ich  verachtete,  ich  begehrte 
kein  besseres  und  hâtte  "Wohlgefallen  daran  (2). 

Doch  wiirde  mein  narrisches  verliebtes  Herz,  das  mich  schon  beinahe 
getotet  hâtte,  mir  gleich  wieder  iibel  mitspielen.  Sobald  ich  meine  Herrin 
sâhe,  versetzte  es  mich  in  solche  Pein,  dass  ich  mir  keinen  Eat  wusste, 
wie  ich  zu  verfahren  hatte,  um  von  ihr  hõhere  Gunst  zu  erreichen  (3). 

Gewõnne  ich  je  die  Lust  zuriick,  in  der  ich  friiher  lebte,  so  wúrde 
eh  sein  Begehren  schon  zúgeln,  eingedenk,  dass  ich  nicht  anderswo  leben 
konnte,  vor  lauter  Sehnsucht  nach  ihr;  und  diese  furchtbare  Erinnerung  wiirde 
mich  duldsam  machen  Í4). 


41' 


319. 

Se  soubess'  a  mia  senhor 
como  m'a  mi  prazeria 
d'eu  morrer,  pois  la  non  ei, 
logo  eu  non  morreria; 
5     ca,  pêro  me  ben  non  quer,  7105 

amor  me  monstraria  ... 

Por  me  fazer  a  meu  pesar  viver, 
quand'  eu  sabor  ouvesse  de  morrer. 

E  se  Ihi  fossen  dizer 
10     com'  eu  esto  dizia,  71 10 

logo  sei  que  mia  senhor 
por  min  demandaria; 
ca,  pêro  me  ben  non  quer, 
amor  me  fnotistraria  .  .  . 
15  .Por  me  fazer  a  meu  pesar  viver,  7115 

quand'  eu  sabor  ouvesse  de  morrer. 


I  CB  8''''*  (9)  —  2  plaxeria  —  3  e  8  moirer  —  4  Logueu  non  moreria 

—  7  Lnr  me  faxer  amen  p.  u.  — ■  11  sei/  —  13 — 16  faltam. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (6  -|-  2);  ou  (4  --}-  4,  caso  os  versos  5  e  6, 
que  julgo  idênticos  em  ambas  as  estrophes,  se  devam  considerar  como  per- 
tencentes ao  refram,  apesar  da  desigualdade  métrica).  —  O  corpo  da  can- 
tiga consta,  a  meu  ver,  de  Septenarios,  o  refram  de  decasyllabos. 

—  Coplas  equiconsoantes:  xaxaxa||BB.  —  Eimas  longas  e  breves, 
alternadas  com  versos  soltos:  mW  er(B).  —  Cfr.  Nos.  201  e  282. 

A  Cantiga  parece -me  incompleta.  Devo  advertir  que  o  apograplio  ita- 
liano dá  aos  versos  5 — 6  e  9 — 10  a  distribuição  que  adoptei,  juntando  porém 
cada  par  dos  restantes,  como  se  fossem  Langzeilen  de  treze  syllabas, 
ou  seja  Septenarios  duplos,  graves,  de  hemistichio  agudo. 

III  Wússte  meine  Herrin,  wie  gern  ich  sterben  mõchte,  weil  sie  nicht 
die  meine  ist,  so  wúrde  sie  mich  vom  Tode  erretten.  Denn.  obwohl  sie 
mir  nicht  wohl  will,  wiirde  sie  mir  dann  Gunst  erweisen,  ||  um  mich  gegen 
meinen  Wunsch  am  Leben  zu  erhalten,  gerade  weil  ich  Lust  habe,  zu 
sterben  (1). 

Und  teilte  man  ihr  mit,  was  ich  hier  sage,  so  wúrde  sie  sofort  nach 
mir  verlangen.  Denn,  obwohl  sie  mir  nicht  wohl  will,  wiirde  sie  mir  dann 
Gunst  erweisen,  ||  um  mich  gegen  meinen  Wunsch  am  Leben  zu  erhalten, 
gerade  weil  ich  Lust  habe,  zu  sterben  (2). 


10 


15 


OSOIR'   EANNES. 


320. 

Min  prés  forçadament'  Amor, 
e  fez  mi -amar  quen  niinc'  amou; 
e  fez -mi  tort'  e  desamor 
quen  mi-a  tal  senhor  [ar]  tornou. 
E  vejo  que  mal  baratei 
que  mi-a  tal  senhor  [ar]  tornei 
que  non  sabe  que  é  amar, 
e  sab(e)  a  omen  penas  dar. 

Que  forçad'  og(e)  e  sen  sabor 
eno  mundo  vivendo  vou, 
ca  nunca  píidi  aver  sabor 
de  min  nen  d'al,  des  que  foi  sou, 
se  non  d'ela.     (JE  que  farei? 
(jPor  quê  pregunto?     Ca  eu  sei: 
viver  ei,  se  de  min  pensar', 
ou  morrer,  se  min  non  amar'! 


7120 


7125 


7130 


I  CB  37  (10)  —  1  Mm  prés  forcadamentamor  —  2  que  —  10  en  no 

—   14  pgunto  —   18  uidouer  —  20  dna  —  22  uedora  —  25  son  —  26 
Tiffendal  —  28  semends  en  p.  n.  d.  —  29  p  —  30  nn  —  32  ergiiela. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x8.  —  Octoiaarios.  —  Coplas 
pareadas.  —  Rimas  longas:  or(a)  ou^)  eiis)  ari^)  no  grupo  i";  êr(a) 
ér(i>)  «(e)  aU^)  no  11°. 

Sei  dif.^  segundo  Colocci. 

ni  Gewaltsam  hat  Amor  sich  meiner  bemâchtigt  und  mir  Liebe  zu 
einer  Li^blosen  eingeflõsst;  und  Unrecht  und  Leides  that  mir  an,  wer  mein 
Sinnen  auf  sie  zurúckwandte.  Auch  ich  handelte  verkehrt,  ais  ich  zu  einer 
Hen-in  zuriickkehrte ,  die  nicht  zu  lieben,  wohl  aber  Schmerzen  zu  be- 
reiten  weiss  (]). 


—     646     — 

Quen-quer  x'esto  pode  veer, 
e  mais  quen  mego  vid'  oii[y]er', 
que  non  ei  ja  sen,  nen  poder  7135 

20      de  m'  emparar  d'úa  molher, 
a  mais  mansa  que  nunca  vi, 
nen  mais  sen  sanha,  pois  naci. 
Veed'  ora,  se  estou  mal, 
que  m'  emparar  non  sei  de  tal!  7140 

25  Ca  sõo  tan  en  seu  poder 

que,  s[e]  end'  ai  fazer  quiser', 

no'- no  poderei  eu  fazer, 

se  m'ende  Deus  poder  non  der' 

(contra  ela  que  eu  servi)  7145 

30      qual  dou  a  ela  sobre  mi. 

Que  nunca  eu  soub'  amar  ai, 

ergo  ela  que  mi  faz  mal. 

Gezwungen  uud  freudlos  lebe  ich  jetzt  auf  Erden,  denn  seit  icli  der 
ihre  bin,  habe  ich  an  nichts  anderem  ais  an  ihr  Freude  gehabt.  Was  aber 
thue  ich  nun?  Und  wozu  frage  ich?  da  ich  doch  weiss,  dass  ich  leben 
werde,  so  sie  meiner  gedenkt,  und  sterben  muss,  liebt  sie  mich  nicht  (2) 

Jedweder  kann  es  sehen  (besonders  aber,  wer  in  meiner  Nãhe  weilt) 
dass  ich  weder  Verstand  noch  Macht  habe,  mich  vor  einer  Frau  zu  schiitzen 
die  doch  die  sanfteste  und  zornloseste  von  allen  ist,  die  ich  je  gesehen 
seit  ich  lebe.  So  saget  an,  ob  ich  nicht  wirklich  ein  Beklagenswerter  bin 
da  ich  mich  nicht  einmal  vor  einer  solchen  zu  schiitzen  weiss  (3). 

So  ganz  stehe  ich  in  ihrer  Macht,  dass  ich  nicht  anders  handeln  kann, 
ob  ich  es  auch  wollte,  so  Gott  mir  nicht  Macht  dazu  giebt  (gegen  die  Fiau, 
der  ich  gedient  habe,  gleich  derjenigen,  die  ich  ihr  úber  mich  verleihe,  ou: 
gleich  der,  welche  er  ihr  úber  mich  verliehen):  denn  nimmer  habe  ich  an- 
deres  ais  sie  geliebt,  die  mir  Leides  anthut  (4). 


321. 

Sazon  é  ja  de  me  partir 
de  mia  senhor,  ca  ja  temp'  ei  7150 

Ique  a  servi,  ca  perdud'  ei 
o  seu  amor,  e  quero -m'  ir; 
5      mais  pêro  direi-lh'  ant'  assi; 
«Senhor  iq  que  vus  mereci? 
Ca  non  foi  eu  depois  peor,  7155 

des  quando  guaanhei  voss'  amor?» 

E  [ajveredes  a  sentir 
10     camanha  mingua  vus  farei; 

e  ve[e]redes,  eu  o  sei, 

como  poss'  eu  sen  vos  guarir!  7160 

E  diredes  depois  por  mi: 

«Mesela!  (ipor  quê  o  perdi? 
15      (JE  que  farei  quando  s'  el  for' 

alhur  servir  outra  senhor?» 

I  CB  38  (11)  —  9  Bhieredes  —  10  rmg  —  11  eueredes  —  13  mj  — 
17  meg  —  20  racurado  solhira  —  21  etjrãmho  —  28  qmeu  —  25  assa%ar 

—  26  osmolhj  —  27  semha  —  28  omha  suffacar  —  29  maõ  uexio  igfera 

—  32  qjrey. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x8.  —  Octonarios.  —  As  primeiras 
(luas  coplas  formam  um  par  (1  e  2);  as  outras  duas  s3,o  singulares: 
abbaccdd.  —  Rimas  longas:  «VW  eiO»)  ii*^)  ôr'^^)  no  grupo;  a(a)  arW 
é«(c)  er(d)  na  3*  estancia;  ar  (a)  érí^)  a(c)  eu(^)  na  á"',  que  repete,  portanto, 
duas  das  consoantes  da  anterior,  de  sorte  a  fazer  suppôr  que  o  poeta  ten- 
cionava escrever  outro  par,  sem  conseguir  o  seu  intento,  deixando  subsistir 
as  desigualdades  do  primeiro  esboço. 

A  nota  de  Colocci  seldif  não  me  parece  apropriada  á  construcção 
métrica.  —  Cfr.  No.  320. 

m  Zeit  wird  es,  dass  ich  mich  von  meiner  Herrin  lossage;  denn 
lange  habe  ich  ihr  gedient,  und  doch  ihre  Liebe  verloren.  Deshalb  gehe 
ich  von  hinnen.  Vorher  aber  will  ich  uoch  zu  ihr  sprechen:  „Herrin,  habe 
ich  das  verdient?  Und  erging  es  mir  nicht  schlimmer  ais  vorher,  wâhrend 
ich  Eure  Liebe  besass?"  (1) 


—     648     — 

«Estranha  mengua  mi  fará,  7165 

tal  que  per  ren  non  poss'  osmar 
como  sen  el  possa  estar! 
20     De  min  rancurado  salrrá; 
e  terran-mi-o  por  pouco  sen 
que  a  tal  omen  non  fiz  ben!  7170 

A  dona,  que  mi-o  receber', 
con  migo  se  pode  perder. 

25  Cada  que  me  Ih'  eu  assanhar', 

a  meu  osm',  e  Ihi  mal  disser', 

se  mi-o  logo  acolher  oer'  7175 

mia  vezinh{a),  e  mi-o  sussacar', 

mao  vezinho  per  será! 
30      Mais  non  xi  vo'-lo  sentirá, 

ca  non  quer'  eu  filhar  o  seu, 

nen  Ih'  ar  querrei  leixar  o  meu.»  7180 

Ihr  werdet  schon  erkennen,  wie  sehr  icli  Eucli  felile;  danebon  aber 
werdet  Ihr  einsehen,  wie  gut  ich  ohne  Euch  fertig  werde.  Und  dann 
werdet  Ihr,  um  raich  klagend,  sprechen:  „Ich  Ãrmste,  waruni  gab  ich  ihn 
verloren?    Was  fange  ich  an,  so  er  anderwarts  einev  neuen  Horriíi  dient?"  (2) 

«So  arg  werde  ich  sein  Fehlen  empfinden,  dáss  ich  es  nicht  auszudenken 
vermag,  wie  ich  ohne  ihn  werde  leben  kõnnen.  Zornig  wird  er  auf  und  davon 
gegangen  sein ;  des  TJnverstands  aber  wird  man  mich  zeihen ,  weil  ich  solchem 
Manne  nicht  gnãdig  war.  Die  Dame,  die  ihn  aufnimmt,  mõchte  dadurch 
mit  mir  zerfallen  (3). 

«So  oft  ich  iiber  ihn  ergrimnien  und  ihn  schmâhen  werde,  wird  nieiue 
Nachbarin,  falis  sie  ihm  Schutz  gewâhrt  und  ihn  mir  absponstig  raacht, 
merken,  dass  sie  einen  schlimmen  Nachbar  zu  sich  genouinion  hat.  Doch 
wird  sie  nichts  derartiges  fúhlen,  denn  ich  werde  nicht  nehmen,  was  ihr 
gehõrt,  noch  werde  ich  ihr  úberlassen,  was  mein  war.»  (4) 

IV  As  ultimas  estrophes  não  são  bem  claras. 


10 


322. 

Eu,  que  nova  senhor  íilhei, 
mal  me  soube  d'affan  guardar. 
Pois  ela  nunca  soub'  amar, 
a  tíd  senhor  que  vus  direi! 

Mais  pêro  direi-lh'  iia  vez: 
que  faça  o  que  nunca  fez! 

Quen  omen  sabe  ben  querer 
ja  mais  servid[a]  én  será; 
ca  bõa  dona  vi  eu  ja, 
por  amar,  mil  tanto  valer. 

Por  én  Ihi  direi  iia  vez: 
que  faça  o  que  nnnca  fez! 


7185 


7190 


I  CB  39  (12)  —  8  ca  mays  fiticle  s.  —  9  boa  —  11  hua. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (4  +  2).  —  Octonarios  jambicos. 
—  Coplas  singulares:  abba||C€.  —  Rimas  longas:  e*(»)  arf>)  na 
1-'  estancia;  eX»)  áO»)  na  2*;  ez  no  refram. 

Colocci ,  sem  reconhecer  que  a  cantiga  segue  o  typo  commum  das  can- 
tigas de  refram,  assentou:  le  due  stãxe  aeõda  clfin. 

III  Ais  ich  eine  neue  Herrin  wâhlte,  hiitete  ich  mich  schlecht  vor 
Unheil;  denn  jene  Heriin,  von  der  ich  jetzo  reden  will,  hat  nie  gewusst, 
was  Liebe  heisst.  IJ  Trotzdem  will  ich  ihr  sagen,  sie  mõge  nunmehr  thun, 
was  sie  nie  gethan  (1). 

Wer  einen  Mann  zu  schâtzen  weiss,  wird  stets  und  um  so  besser 
bodient  werden;  ich  habe  schon  edle  Frauen  das  Tausendfache  gelten  sehen, 
weil  sie  liebten.  ||  Deshalb  will  ich  ihr  sagon ,  sie  mõge  nunmehr  thun ,  was 
sie  nie  gethan  (2). 


323. 

Cuidei  eu  de  meu  coraçon 
que  me  non  podesse  forçar 
(pois  me  sacara  de  prison)  7195 

de  ir  comego  i  tornar! 
5      E  forçou -m'  ora  nov'  amor, 
e  forçou -me  nova  senhor; 
e  cuido  ca  me  quer  matar. 

E  pois  m(e)  assi  desemparar  7200 

lia  senhor  foi,  des  enton 
10     Çí[u\  cuidei  ben  per  ren  que  non 
podesse  mais  outra  cobrar. 
Mais  forçaron-mi  os  olhos  meus 
e  o  bon  parecer  dos  seus,  7205 

e  o  seu  preç',  e  un  cantar, 

15  Que  Ih'  oí,  u  a  vi  estar 

en  cabelos,  dizend'  un  son. 

;  Mal -dia  non  morri  enton, 

ante  que  tal  coita  levar,  7210 

qual  levo!  que  non  vi  mayor 
20     nunca,  ond'  estou  a  pavor 

de  mort[e],  ou  de  lh'o  mostrar. 

I  CB  39^"  (13)  —  3  edit  —  16  dixe  dum  [oy  —  19—20  ~ql  Um  q 
nuca  uj  mayor  \  ql  leuo  ondeftou  a  pauor  —  21  mortoií. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios  —  Coplas  equi- 
consoantes,  differenciadas  todavia  por  uma  das  rimas,  e  por  inversão  das 
outras.  Temos  ababccl)  na  1*  estancia;  baalbddb  na  2^;  e  baabccb  na  3*".  — 
Rimas  longas:  ow(a)  arW  ôr(clecS);  eusi*^'^). 

in  Von  meinem  Herzen  glaubte  ich,  da  es  mich  aus  Banden  gelõst, 
wiirde  es  mich  nicht  wieder  in  dieselben  zurúckzwingen  kõnnen.  Und  nun 
hat  neue  Liebe  und  eine  neue  Herrin  mich  hineingedrãngt  und  ich  glaube, 
diese  wird  mich  tõten  (1). 

Ais  eine  Herrin  mich  so  verliess,  glaubte  ich,  nichts  kõnnte  bewirken, 
dass  ich  um  eine  andere  wiirbe:  nun  aber  haben  mir  dennoch  Gewalt  an- 
gethan  meine  eigenen  Augen,  der  Reiz  der  ihren,  sowie  ihr  Wert  und  ein 
Gesang  (2), 

Den  ich  von  ihr  vernahm,  ais  ich  sie  „in  loosen  Haaren",  ein  Lied 
anstimmend,  erblickte.  Ein  Ungliick  war  es,  dass  ich  damals  nicht  lieber 
erstarb,  statt  solch  iibergrosse  Pein  zu  ertragen,  wie  ich  nun  trage,  fúrch- 
tend  zu  sterben  oder  mich  zu  verraten  (3). 


10 


15 


324. 


(JE  por  quê  me  desamades, 
ay!  melhor  das  que  eu  sei? 
Cuid'  eu,  ren  i  non  gãades 
eno  mal  que  por  vos  ei! 
Pola  ira  (e)n  que  mi- andados, 
tan  graves  dias  levei: 

Dereit'  ei, 
que  da  ren  que  mais  amei, 
d'aquela  me  segurados: 

De  vos!     E,  certas,  sabiádes 
ver  amor  non  desejei; 
e  se  vos  end'  ai  cuidados, 
ben  leu  tort'  én  prenderei! 
E  por  Deus,  no'-no  façades, 
ca  por  vos  me  perderei! 

Conort'  ei, 
en  que  pouco  durarei, 
se  mais  de  min  non  pensades! 


7215 


7220 


7225 


7230 


I  CB  áO  (14)  —  2  mlhor  —  3  gaades  —  9  segudides  —  11  ouir 
—  19  scon  —  26  delts  raeurar  —  27  (7)  andar  y  com  e  nêbdõ  —  30 
scõm  —  52—54  a  iialf  me  diuxria^  com  oramissão  de  dez  syllabas. 

II  Cantiga  de  meestria:  G  x  9.  —  Septenarios  trochaícos,  com 
um  Trinario  no  7"  verso.  —  Coplas  pareadas:  abababbba.  —  Rimas 
breves  e  longas:  adesW  e^C»)  no  grupo  P;  adoido  ar(b)  no  IP;  iaW 
er(b)  no  IIP. 

Seldif^  segundo  Colocci. 

III  Ach,  Beste  unter  allen,  die  ich  kenne,  warum  wollt  Ihr  mich 
nicht  lieben?  Ich  meine  doch,  Ihr  hattet  keinen  Gewinn  von  dem  Leide, 
das  ich  um  Euretwillen  trage.  Um  des  Zornes  willen ,  den  Ihr  gegen  mich 
hegt,  habe  ich  bõse  Tage  durchgemacht.  Eecht  wâre  es,  so  Ihr  mich 
schiitztet  gegen  diejenige,  welche  ich  iiber  alies  geliebt  habe  (1). 


—     652     — 

De  muitos  son  preguntado 
20     (Jde  que  ei  este  pensar? 

E  a  min  pes(a)  aficado 

de  quen  me  vai  demandar.  7235 

Ei  log'  a  buscar,  sen  grado, 

razon  por  me  lhe  salvar. 
25  E  a  guardar 

m'  ei  d'eles,  e  rancurar, 

e  andar  i  come  nembrado.  7240 

Ali  me  ven  gran  cuidado, 
depois  que  me  vou  deitar; 
30     pêro  sõo  mais  folgado, 
que  Ihi  non  ei  de  falar. 

Jasco  d'eles  alongado  7245 

que  me  non  ouçan  queixar. 
Tal  amar 
35      podedes  mui  ben  jurar 

que  nunca  foi  d'  omen  nado. 

Ua  ren  vus  juraria,  7 250 

e  devede'-lo  creer, 
que  jamais  non  amaria, 
40     se  d'esta  posso  viver. 

Quando  vos,  que  ben  queria, 

tan  sen  razon  fui  perder,  7255 

(jque  prazer 
avedes  de  me  tolher 
45      meu  corpo,  que  vus  servia? 

Das  heisst:  gegen  Euch  selber!  Doch  wisset  fúr  gewiss,  dass  ich 
keineswegs  Gegenliebe  erheischt  habe.  Denkt  Ihr  jedoch  aiiders,  so  werde 
ich  das  ais  Unrecht  ansehen.  Thut  es  um  Gottes  willen  niclit!  Sonst  ge- 
rate  ich  ins  Verderheu  durch  Euch.  Mein  Trost  ist  es,  dass  ich  nicht 
lange  dauern  kann,  falis  Ihr  nicht  ernstlich  meiner  gedenket  (2). 

Von  gar  vielen  werde  ich  gefragt,  woher  mein  Griibela  stamrae.  Und 
in  mir  ist  arger  GroU  iiber  die,  welche  mich  zur  Rede  stellen.  Denn  ich 
muss  dann  gegen  meinen  "Willen  nach  Erklãrungsgriinden  suchen,  um  mich 
zu  rechtfertigen.  Und  muss  mich  vor  ihnen  húteu,  und  schmollen,  und 
so  thun,  ais  schenkte  ich  ihnen  Aufmerksamkeit  (3). 


50 


—     653     — 


Ca  me  non  receberia 
aquel  que  me  fez  nacer. 
Nen  eu  non  vus  poderia 
a  tal  coita  padecer, 
ca  per  ren  non  poderia, 
pois  me  deit',  adormecer. 

A  valer, 
[dona,  vosso  ben- querer 
amparar]-me  deveria. 


7260 


7265 


Dann  besonders  uberfàllt  raich  bitteres  Wehe,  wenn  ich  mich  zur 
Ruhe  niederlege.  Trotzdem  aber  fiihle  ich  mich  dann  wenigstens  wie  befreit, 
weil  ich  nicht  zu  reden  brauche.  Und  liege  fern  von  ihnen,  so  dass  sie 
mein  Klagen  nicht  hõren.  Solche  Liebe,  das  kõnnt  Ihr  beschwõren,  hat 
niemals  ein  anderer  Sterblicher  gefiihlt  (4). 

Eins  schwõre  ich  und  Ihr  miisst  es  glauben,  dass  ich  niemals  wieder 
lieben  werde,  wenn  ich  dieses  Mal  davonkomme.  Wenn  ich  Euch,  die  ich 
so  innig  liebte,  so  ohne  Grund  verlieren  miisste,  welche  Frende  hâttet  Ilir 
daran,  mir  auch  noch  den  Leib  zu  nehmen,  der  Euch  diente  (5). 

Denn  dann  wiirde  mein  Schopfer  mich  nicht  aafnehmen.  Und  ich 
wiirde  solche  Qual  nicht  tragen  kõnnen,  da  ich,  wenn  ich  mich  niederlege, 
durchaus  nicht  wiirde  einschlafen  kõnnen.  Nachdriicklich  sollte  Euer  Wohl- 
wollen,  o  Herrin,  mir  zu  Hilfe  kommen  (6). 


325. 

Yos,  mia  senhor,  que  non  avedes  cura 
de  m'ascoitar,  nen  de  me  ben  fazer, 
—  (ca  non  quis  Deus,  nen  vos,  nen  mia  ventura  7270 
a  que  m'eu  nunca  piidi  defender)  — 
5      quero -vus  eu  de  mia  coita  dizer: 
mal  ei  por  vos  mui  mayor  ca  morrer. 
Se  me  non  vai  Deus,  ou  vossa  mesura, 
perder -m'-ei  eu.     E  vos,  en  me  perder,  7275 

Perder- vus -ei!  que  vus  tan  muito  dura 
10     de  mal,  com'  eu  por  vos  ei  a  sofrer, 

e  que  non  sei  de  vos  aver  rancura, 

pêro  m'  en  coita  fazedes  viver, 

e  que  vus  ei  por  amor  a  têer  7280 

quanto  de  mal  me  fazedes  sofrer. 
15      Tod'  est'  eu  faç(o),  e  non  faço  cordura, 

pois  me  vos  non  queredes  gradecer. 

I  CB  41  (16)  —  5  qite  rouç  —  6  moirer  —  9  Perdauç  ey  —  13 
a  teer. 

II  Cantiga  de  meestria:  2x8.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoantes:  ababbbab.  —  Rimas  breves  e  lougas:  urai^)  er(i»). 

Colocci,  que  deixou  a  cantiga  3*  sem  nota  relativa  ao  metro,  caracte- 
rizou este  primeiro  exemplo  de  decasyllabos  com  rimas  femininas ,  como  rerso 
undenario  puro^  lançando  á  margem  ainda  a  sigla:  qt  sieula. 

m  Euch,  Herrin,  die  Ihr  Euch  nicht  darum  kiimmert,  mich  anzu- 
hôren  noch  mir  wohlzuthun  (da  Gott  und  Ihr  und  mein  Schicksal,  gegen 
das  ich  wehrlos  bin,  es  nicht  gewoUt),  Euch  will  ich  mein  Leid  klagen: 
schlimmer  ais  zu  sterben  ist  mein  Loos.  So  Gott  und  Euer  GerecMigkeits- 
gefiihl  mir  nicht  hilft,  bin  ich  verloren  und  Ihr  seid  es  mit  mir  imd  durch 
mich  (1), 

Der  so  viel  Leid  um  Euch  ertrâgt  und  gegen  Euch  nicht  Zorn  zu 
hegen  weiss,  obwohl  Ihr  ihn  in  Pein  leben  lasst;  und  der  Euch  ais  Liebe 
anrechnet,  was  Ihr  ihm  Leides  anthut.  Das  aUes  thue  ich,  doch  thue  ich 
nicht  wohl  daran,  da  Ihr  mir  keinen  Dank  dafiir  wisst  (2). 


326. 


Ei  eu  tan  gran  medo  de  mia  senlior 
que  nunca  Ih'  ouso  nulha  ren  dizer. 
E  veed'  ora  de  qual  ei  pavor: 
de  quen  non  sabe  matar,  nen  prender, 
nen  dèostar,  nen  bravo  responder, 
nen  catar 


7285 


I  CB  "43  (16)  —  b  de  ostar. 

n  Fragmento ,  composto  de  ciuco  decasyllabos,  e  tanto,  com  rimas 
longas  em  ôrW  er(*),  os  quaes,  apparentemente,  pertencem  a  uma  can- 
tiga de  meestria. 

Colocci  assignalou-a  com  uma  cruz. 

in  So  grosse  Furcht  habe  ich  vor  meiner  Herrin,  dass  ich  niclit  zu 
ihr  zu  reden  weiss.  So  hõret  denn,  wer  mir  solchen  Schrecken  einflõsst; 
eine,  die  nicht  zu  tõten  noch  in  Bande  zu  schlagen,  nicht  zu  verunglimpfen 
noch  hart  zu  antworten,  noch  [unfreundlich]  zu  blicken  weiss  .... 


327. 

Par  Deus,  fremosa  mia  senhor,  7290 

maçar  me  fazedes  pesar, 
ei  vus  ja  sempr'  a  desejar 
nos  dias  en  que  vivo  for'; 
5      ca  m'  ar  poderedes  fazer, 

quando  ar  quiserdes,  p[ra%er].  7295 

I  CB  '^42  (17)  —  4  enos  —  6  pi. 

n  Fragmento,  composto  de  seis  Octonarios  com  rimas  longas: 
abbacc,  ou  talvez  CC  (=  Ôr(a)  ari^)  er(c)),  caso  se  trate  de  uma  cantiga 
de  refram,  como  supponho. 

III  Bei  Gott,  schiine  Herrin,  obwolil  Ihr  mir  Kummer  verursacht, 
werde  ich  mich  doch  stets  nach  Euch  sehnen ,  solango  ich  lebe :  denn  sobald 
Ihr  nur  woUtet,  kõnntet  Ihr  mir  Freude  bereiten. 


MONIO  (ou  NUNO)  FERNANDES,  DE  MIRAPEIXE. 


328. 

Pois  me  fazedes,  mia  senhor, 
de  quantas  cousas  no  mund'  á 
desejos  perder,  e  sabor, 
se  non  de  vos,  de  que  eu  ja 
nunca  desejos  perderei,  7S00 

nen  ai  nunca  desejarei 
no  mundo,  se  non  vos,  senhor, 

|B    Ou  mia  morte,  poix  me  vos  ben 
senhor,  non  queredes  fazer, 
10     ca  non  á  no  mund'  outra  ren  7305 

por  que  eu  ja  possa  perder 
a  coita  que  eu  por  vos  ei 
se  non  por  morrer,  eu  o  sei, 
ou  por  min  fazerdes  vos  ben, 

I  CB  44  (18)  —  18  pm-a  —  21  Talvez:  mtii  mal  fosse  preferível. 
—  22  E  faça  ia  pois  ds  quer  —  24  cato  —  27  defcial  —  28  pois  ds 
//uiser. 

II  Cantiga  de  meostria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas  sin- 
gulares (enlaçadas  pelas  consoantes  dos  versos  5  e  6  de  todas  as  estancias) 
lí  ao  mesmo  tempo  redondas,  visto  as  rimas  do  primeiro  e  ultimo  verso 
serem  idênticas:  abalxíca.  —  Rimas  longas:  or{«)  á(b)  e»'(c)  na  1"  estancia; 
rii(a)  rr(^)  ei{c)  na  2-';  «/(a)  '/(»»)  eii*-)  na  3";  cr  (a)  fflr('>)  e*(c)  na  4^ 

III  Da  Ihr,  Herrin,  mir  das  Wiinschen  benehmt  und  die  Frende  an 
alleu  Dingen  auf  p]rden  ausser  Euch,  nacli  der  ich  mich  stets  solinen  werde 
und  die  allein  ich  hieniedeu  begehre  (1), 

Es  sei  denn,  ich  begehrte  den  Tod,  da  Ihr  mir  nichts  Liebes  erweisen 
wollt  und  ich  auf  keine  andero  Weise  die  Pein  loswerde,  die  ich  um  Euch 
trage,  ais  sterbend,  oder  wenn  Ihr  mir  Gunst  erweist  (2), 

42 


—     658     -^ 

15  Ca  me  fazedes  muito  mal  7310 

des  aquel  dia  'n  que  vus  vi; 

pêro,  senhor,  ren  non  vus  vai, 

que  nunca  eu  de  vos  parti 

meu  coraçon,  pois  vus  amei; 
20     nen  ja  nunca  o  partirei  7315 

d'  amar  vos,  e  farei  meu  mal; 

E  faç'  o  ja,  pois  Deus  [o]  quer, 
qu(e)  eu  sempr(e)  ei  ja  a  desejar 
(tanto  com'  eu  viver  poder') 
25      mia  mort',  e  vosso  semelhar:  7320 

ca  nunca  tanto  viverei 
que  desej'  ai;  nen  sairei 
por  ai  de  coita,  pois  Deus  quer. 

Denn  seit  ich  Eucb  geschaut,  fiigt  Ihr  mir  Bõses  zu,  ohne  jeden 
Nutzen,  da  icli  mein  Herz  nimmer  von  Euch  gewendet  babe  noch  abwenden 
werde,  und  daran  Unrecbt  thun  werde  (3), 

Wie  icb  schon  jetzt  tbue,  weil  Gott  will,  icb  solle  meia  Lebelang 
Sebnsucbt  nacb  dem  Tode  und  nacb  Eurem  Antlitz  empfinden,  da  icb  nicbt 
lange  genug  leben  kann,  um  etwas  anderes  fúr  begebrenswert  zu  balten, 
meia  Leid  aber  auf  aadere  Weise  nicbt  loswerde,  nacb  Gottes  "Willea  (4). 

IV  Cantiga  de  atafiinda,  parecida  a  um  beco  sem  sabida. 


329. 

Dizer -vus  quer'  eu,  mia  senhor, 
de  qual  guisa  vus  quer'  eu  ben;  7325 

e  Deus  non  me  [dê\  de  vos  ben, 
se  vus  de  nulha  ren  mentir': 
5      Quantos  oge  no  mundo  son, 
nen  foran,  nen  jamais  seran, 
nunca  quiseron,  nen  querran,  7330 

nen  queren  tan  gran  ben  molher 
com'  eu  vus  quer';  e  non  me  vai 
10     contra  vos  nen  esto,  nen  ai. 

I  CB  45  (19)  —  3  dê  falta  —  8  nen  que  tam  gram  ben  a  molher 
—  9  comenuauos  —  10  non  esto. 

II  Cantiga  de  meestria,  talvez  truncada:  1  x  10.  —  Octona- 
rios.  —  Rimas  longas:  xaaxxbbxec;  e  entre  ellas  duas  idênticas: 
heni^)  anW  alí^). 

III  Ich  will  Euch,  Herrin,  bericliten,  wie  ich  Euch  liebe,  ohne  Euch 
in  irgend  etwas  die  Wahrheit  zu  verhehlen ,  so  wahr  niir  Gott  Eure  Liebe 
gewâhren  môge:  So  viele  heute  auf  Erden  sind,  oder  friiher  waren,  und 
spiiter  sein  werden,  liebten  nie  eine  Frau  heisser,  noch  lieben  sie  oder 
werden  sie  heisser  lieben,  ais  ich  Euch  liebe;  und  doch  nútzt  mir  weder 
das,  (noch  sonst  etwas)  Euch  gegenúber. 


42' 


FERNAN  FIGUEIRA  (ou  FIGUEIR(')),  DE  LEMOS. 


330. 

Ay  mia  senhor!  sempr'  eu  esto  temi, 
des  que  vus  vi,  que  m'  oy  de  vos  aven:  r.';.v.> 

Irdes -vus  vos,  e  ficar  eu  aqui, 
u  nunca  mais  acharei  outra  rou 
5      de  que  eu  possa  gasalhad'  aver, 
nen  me  de  vos  faça  coita  perder. 

Coita,  de  pran,  ja  eu  non  perderei!  7340 

e  non  m'  atrevo  sen  vos  a  guarir! 
E  sei  de  fix  que  ensandecerei! 
10      Pois  eu  de  vos  os  meus  olhos  partir', 
e  vus  non  vir'  u  vus  soía  veer, 
nunca  me  Deus  leixe  i  mais  viver!  7345 

Ca  vus  vi  eu  por  meu  mal,  mia  senhor, 
por  vos  aver  ja  sempr'  a  desejar; 
15      o  perdud'  ei  gasalhad'  e  sabor 
de  quanto  á  no  mundo,  sen  amar. 
Tod'  esto  mi  vos  fezestes  perder!  7350 

Fez -me  vus  Deus,  por  meu  mal,  ben- querer! 


I  CB  46  (20)  —  9  e  see  —  12  ds  hcjleixehi  ^14  sc7np  defciar  —  IG 
de  qto  ai  no.  —  20  no  m.  c.  —  22  pd'en  —  Talvez:  perder  én?  —  23  plaxer. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  (5.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  ababce,  enlaçadas  por  uma  das  cousoantes.  —  Rimas  longas: 
.«ia)  é«(b)  na  l"'  copla;  eii«ò  *>(•»  na  2";  ôrW  ar(»>)  na  3";  eu(^)  otii**)  na 
4».  f>f~{e)  em  todas. 

III  Ach,  Herrin,  seit  ich  Euch  sah,  habe  ich  stets  gefúrchtet,  was 
mir  heute  widerfáhrt:  Ihr  geht  von  hinnen  und  ich  bleibe  hier  zuriick,  wo 
ich  nimmer  ein  anderes  Wesen  finden  werde,  das  mich  hegt  uud  pflegt  und 
mich  vom  Grani  um  Euch  befreit  (1). 


—     661     — 

r  meu  mal  foi,  pois  que  viis  ja  sempr'  eu 
20     averei  ja  [t']no  meu  coraçon 

a  desejar;  e  nunca  mais  do  meu 

cor  perderei  mui  gran  coita,  que  non  7355 

veerei  ren  que  mi  possa  prazer, 

ergo  ...  se  vir'  a  min  por  vos  morrer. 


Diesea  Grani  werde  ich  wahiiicli  nicht  loswerden  uud  traue  es  mir 
nicht  zu,  ohne  Euch  zu  geuesen;  weiss  vielmehr  fiir  gewiss,  dass  ioli  den 
Vei'.stand  verlieren  werde,  sobald  ieh  die  Augen  vou  Euch  weuden  niuss 
und  Euch  nicht  mehr  schaue,  wo  ich  Euch  zu  schauen  pflegtc.  Gott  mõgo 
mich  daselbst  nicht  líinger  leben  lasseu  (2)! 

Zu  meineni  Ungliick  sah  ich  Euch,  Herrin,  da  ich  Euch  uun  dauerud 
herbeisehnen  muss  und  Gefallen  und  Freude  an  aliem  verloren  habe,  was 
die  Welt  ohue  Eure  Liebe  birgt.  Verloren  ist  es!  Zu  meinem  Ungliick  gab 
inir  Gott  diese  Liebe  (3). 

Zu  moinem  Ungliick,  da  ich  Euch  stets  im  Herzeu»tragen  muss  und 
nie  der  Peia  ledig  werde;  denn  nichts  werde  ich  schauen,  das  mir  Lust  be- 
reitet,  es  sei  denn,  ich  siihc  mich  um  Euch  sterben  (4). 


331. 

Diz  meu  amigo  que  lhe  faça  ben; 
e  digo -111'  eu  sempre  que  Ih 'o  farei, 
e  que  m'  atenda,  e  guisa'- Ih'- o -ei.  7360 

E,  amiga,  direi -vus  que  mi-aven: 
tantas  vezes  o  mandei  atender 
que  lh'o  non  posso  mais  vezes  dizer. 


I  CB  47  (2i). 

II  Cantiga,  truncada,  de  amigo,  que  talvez  seja  de  maestria, 
e  talvez  não:  1  x  6  ou  1  x  (4  -|-  2).  —  Decasyllabos.  —  Rimas  longas: 
abbacc  (ou  CC):  m(a)  eii^)  cr(couC). 

III  Mein  Freund  verlangt,  ich  soUe  ihm  Liebes  anthun;  und  ich  ver- 
trõste  ihn  immer  auf  den  koramenden  Tag,  und  heisse  ihn  warten  und 
meiner  Thaten  harren.  Doch  verbalt  es  sich  so,  Freundin,  dass  ich  ihn 
schon  so  viele  Male  warten  hiess,  dass  ich  es  nicht  mehr  õfter  veilangen 
tann. 


DON   GIL   SANCHES. 


332. 


10 


Tu,  que  ora  vèes  de  Monte -mayor, 
Tu,  que  ora  vges  de  Monte -mayor,  7365 

digas -me  mandado  de  mia  senhor; 
digas- me  mandado  de  mia  senhor, 

ca  se  eu  seu  mandado 

non  vir',  trist'  e  coitado 

serei;  e  gran  pecado  7370 

fará,  se  me  non  vai. 

Ca  en  tal  ora  nado 

foi  que  jmao-pecado! 

amo -a  endõado, 

e  nunca  end'  ouvi  ai!  7375 


I  CB  48  (22) 


2  e  3  vees  —  10  endoado. 


II  Cantiga  de  refram  e  parallelistica,  composta  de  dois  dísticos,  á 
moda  popular,  (embora  cada  verso  se  repita),  e  de  um  longo  refram 
palaciano:  2  x  (2  x  2 -}- 8).  —  Decasyllabos  anapesticos,  e  Senarios 
jambicos.  —  Coplas  singulares:  aa(aa)||lJBIÍCBBB€.  —  Eimas 
longas  e  breves:  ôrí»)  no  1"  dístico;  eus  no  2°;  ado(^)  e  a/(C)  no  refram. 

III  Du,  der  Du  eben  jetzt  aus  Montemayor  koramst,  melde  mir  Bot- 
schaft  von  meiner  Herrin ,  ||  denn  ohno  Nachricht  von  íhr  bin  ich  bejam- 
mernswort;  und  sie  thut  Unrecht,  so  sie  mir  nicht  hilft.  Denn  mein  Un- 
stern  wíll,  dass  ich.  sie,  leider,  erfolglos  líebe  und  nimmer  Lohn  von  íhr  er- 
halte  (1). 

Du,  der  Du  soeben  ihre  Augen  schautest,  sage  mir  Botschaft  von 
íhr,  um  Gottes  willen;  ||  denn  etc.  (2). 

♦)  Por  engano  deixei  de  repetir  no  meu  ms.  os  versos  1  o  13,  saltando  na  contagem 
por  cima  de  dois  erro  que  já  não  posso  emendar. 


—     664     — 

Tu,  que  ora  viste  os  olhos  seus, 
Tu,  que  ora  viste  os  olhos  seus, 
lõ      digas- me  mandado  d'ela,  por  Deus; 
digas -me  mandado  d'cla,  por  Deus, 

ca  se  eu  seu  mandado  738u 

non  vir',  trist'  e  coitado 
serei;  e  gran  pecado 
20  fará,  se  mo  non  vai. 

Ca  en  tal  ora  nado 

foi  que  jmao- pecado!  iSSú 

amo -a  endõado, 
e  nunca  end'  ouvi  ai! 

IV  Cfr.  ZeitschriftXlX  p.  595;  e  GrundrisHlI  p.  176. 


KUY   GOMES,   O   FREIRE. 


333. 

Pois  eu  d'atal  ventura,  raia  senhor, 
contra  vos  soo  que  non  ei  poder 
de  falar  con  vosqu',  e  vos  entender 
non  queredes  que  vus  quer'  eu  melfior 
5      de  quantas  cousas  [e]no  mundo  son:  7390 

senhor  fremosa,  mui  de  coraçon 
me  prazeria  morrer;  o  pois  ei 
sen  vosso  ben,  que  sempre  desejei, 
des  que  vus  vi,  en  tal  coit'  a  viver, 

10  En  qual  eu  vivo  por  vos,  que  mayor  7395 

sabor  avedes  de  me  non  fazer 
ben,  raia  senhor,  e  de  me  mal  querer 
ca  se  vus  eu  oesse  desamor, 
mia  senhor  fremosa,  (que  vus  eu  non 

15      averei  nunca  nenhfia  sazon),  7400 

e  quant'  eu  mais  viver',  tant'  averei 
mayor  amor  de  vus  servir,  ca  sei 
que  ja  por  ai  non  ei  coit'  a  perder, 

I  CB  49  (23)  —  2  son  —  3  vus  —  4  creedes  —  b  no  —  G  coracon 
—  7  moirer  —  14  nion  —  19  senhor  minha  —  20  vos  —  22  querer  — 
27  tanto  mal  —  28  Qiiandeu  —  33  comoieu  ey  m  .  .  .  or  teuer  —  35  nõ 
....  (jreu  —  36  e  ^jjyí*'  nua  mays  en  —  3!)  nêbraqug  abcn  Iheu  —  40 
(tffy  demuj. 

II  Cantiga  do  meestria:  4x9-1-5.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
|i areadas,  (;om  uma  fiinda  que  responde  ás  rimas  do  ultimo  grupo:  abba 
ceddb  :  ccddb.  —  Rimas  longas:  òr  («)  èr  (•>)  on  (c)  ei  (*')  no  grupo  I" ;  ar  (a) 
í'«('»)  c/*(«)  e?íW  no  IP,  e  na  fiinda. 

III  Da  nioiíi  (icscliick  es  nicht  gestattet,  dass  ich  zu  Eiicli  rede,  imd 
Ihr  mir  nicht  glaubcu  wollt,  dass  ich  Euch  úber  alies  auf  Erdeii  liebe, 
wiire  mir  das  Erwúnschteste ,  ich  stíirbe,  da  ich  ohue  Eure  stets  ersebnte 
(iiinst  immerdar  in  solcher  Peia  lebou  muss  (1), 

Wie  die  ist,  welche  ich  um  Eucli  erdulde,  die  Ihr  mehr  darauf  aus 
scid,  mir  uichts  Liebes  anzuthun  (sondorn  Bõses),  ais  in  dem  Falle,  dass 
ich  Euch,  schônste  Herrin,  Unliebo  entgegen  bringen  kõnnto,  die  ich  niemals 
fur  Euch  em[iíinden  werde;  viehnehr  werde  ich  Euch  um  so  verliebter  dieuen, 
jo  líinger  ich  lobe;  denn  ich  weiss,  dass  ich  mcin  Leid  nicht  loswerde  (2), 


—     666     — 

Se  non  por  vos,  mia  senhor,  se  nembrar 
20     vus  quiserdes  de  min,  que  outra  ren  7405 

non  sei  no  mundo  querer  tan  gran  ben 
com'  a  vos  quer';  e  par  Deus,  se  me  dar 
quiser'  mia  morte  que  m'  ei  mui  mester, 
pois  me  de  vos,  mia  senhor,  dar  non  quer 
25     ben,  a  que  Deus  tan  muito  de  ben  deu,  7410 

non  por  meu  ben,  mia  senhor,  mais  por  meu 
mal,  pois  por  vos  tanto  [clé\  mal  me  ven 

Quant'  eu  non  ei  ja  poder  d'endurar, 
mia  senhor  fremosa,  per  nenhun  sen, 

30     se  vosso  desamor,  que  m'  ora  ten  7415 

forçado,  non  fezerdes  obridar; 
ca  mentr'  eu  vosso  desamor  oer', 
com'  og'  eu  ei,  [e  poi'  a]mor  tever' 
vosco  tan  mal  mia  fazenda,  com'  eu 

35     tenho  con  vosco,  [non  me  será]  greu  7420 

de  morrer,  e  prazer-mi-á  mais  6n 

Ca  de  viver,  pois  ia  vos  fazer 
prazer,  e  min  de  gran  coita  poder 
guardar,  e  vos  nembrar  (o  qu(e)  ó  ben  Iheu) 
40     assi  de  min,  como  se  sol  do  seu  7425 

omen  nembrar,  depois  sa  mort',  alguen. 

Es  sei  denn  durch  Euch,  so  Ihr  meiner  gedenken  wollt,  der  ich  nichts 
hienieden  zu  lieben  weiss,  wie  ich  Euch  liebe,  oder  durch  Gott,  falis  er 
mir  deu  Tod  schenkt,  dessen  ich  so  sehr  bedarf,  da  er  mir  nichts  Holdes 
von  Euch  gewâhrt,  die  er  mit  soviel  Herrlichem  ausgestattet  hat,  nicht  mir 
zu  Liebe ,  sondern  mir  zuni  Leide ,  da  mir  von  Eurer  Seite  soviel  Schlimmes 
widerfâhrt  (3), 

Dass  ich  es  auf  keine  Weise  mehr  ertragen  kann,  so  Ihr  nicht  Euro 
TJnliebe,  die  mir  Gcwalt  anthut,  vergessen  woUt;  denn,  so  lange  sie  dauert 
und  es  um  meiner  Liebe  willon  so  iibel  um  mich  bestellt  ist,  wird  es  mir 
nicht  hart  ankommen,  zu  sterben;  sondern  es  wird  mir  mehr  gefallen  (4), 

Ais  zu  leben ,  da  ich  Euch  dadurch  Freude  bereiten ,  mich  selber  aber 
aus  Qual  befreien  (leichtlichst)  und  Euch  Erinnerung  an  mich  aufzwingen 
wiirde,  gleich  derjenigen,  mit  welcher  die  Menschen  an  Verstorbene  zuriick 
denken  (I). 

IV  Como  se  vê  —  uma  cantiga  de  atafiinda  —  exemplar  genuino. 


10 


15 


334. 

Oimais  non  sei  eu,  mia  senhor, 
ren  per  que  eu  possa  perder 
coita,  nos  dias  que  viver', 
pois  vos  non  avedes  sabor 
que  vus  eu  diga  nulha  ren 
de  quanto  mal  me  por  vos  ven. 
E  pesa -vus  de  vus  amar 
eu,  e  non  m'  ei  end'  a  quitar, 

Entanto  com'  eu  vivo  for', 
ca  non  ei  poder  d'al  fazer. 
Ca  se  d'al  ouvesse  poder, 
aver-vus-ia  desamor 
assi  como  vus  ei  gran  ben 
a  querer,  sen  grad',  e  por  ón 
me  pesa,  porque  começar 
foi  con  vosc',  a  vosso  pesar. 


7430 


7435 


7440 


I  CB  50  (24)  —  lõ  me  peffa  p^  q  comçar  —  18  comoçey  —  22  p 
27  poder  —  30  uStura  ey  eu  muy  mester. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x8.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas:  abbaccdd.  —  Rimas  longas:  ôr(a)  erW  éw(c)  arW 
no  grupo  P;  an{«^)  eiO>)  ali^)  érW  no  IP. 

III  Von  nun  an  giebt  es  fiir  mich,  o  Herrin,  auf  Erden  nichts,  was 
mich,  mein  Lebtag,  meiner  Pein  entheben  kõnnte,  da  Ihr  durchaus  nicht 
zulasst,  dass  ich  Euch  von  dem  Leido  rede,  das  Ihr  mir  bereitet,  sondcrn 
es  libei  aufnehmt,  dass  ich  in  Euch  verliebt  bin  und  nicht  davon  ablassen 
werde  (1), 

Solange  ich  lebe,  weil  es  mir  an  Macht  dazu  fehlt;  denn  kõnnte  ich 
es,  ich  hegte  Unliebe  gegen  Euch,  wie  ich  jetzo,  ohne  mein  WoUen, 
Liebe  fiir  Euch  empíinde,  woriiber  ich  mich  grame,  da  Ihr  dariibcr  ziirnt  (2). 

Und  weil  Ihr  offenbar  dariibcr  zúrnt,  dass  ich  mit  Euch  angebunden 
habe,  ist  os  bestimmt  und  gewiss,  dass  ich  erst  sterbend  meiner  Qual  und 


—     668     — 

E  pois  a  vos  pesa,  do  pran, 
de  que  con  vosco  comecei, 
guisad'  ó  quo  non  perderei,  7445 

20      sen  morrer,  coita  nen  affan 

por  vos,  senhor,  pois  me  non  vai 

contra  vos  serviyo,  nen  ai 

que  vus  faça,  pêro  que -quer 

vus  soffrerei,  mentr'  ou  poder'  . /.;^y 

25  Viver.     Mais  non  me  leixaran 

os  desejos  que  de  vos  ei, 

que  eu,  senhor,  non  poder[e/] 

sofrer:  assi  mo  coitaran 

por  vos,  que  me  queredes  mal  745.5 

30      porque  vus  am(o);  e  pois  atai 

ventura  ei,  ei  mui  mester 

de  morrer,  pois  a  vos  prouguer'. 

Peia  ledig  werde,  da  weder  Dieneu,  uoch  sonst  etwas,  niir  Euch  gegenúber 
niitzt,  obgleich  ich,  was  iminer  Ihr  wollt,  leidcu  werde,  solange  ich  es 
vermag  (3) 

Zu  leben;  doch  wird  die  Sehusucht  iiach  Euch  os  nicht  lango  zulassen, 
so  arg  wird  sie  niich  peinigen  um  Eurethalben ,  die  IJir  mir  grani  seid, 
weil  ich  Euch  liebe;  und  da  moiu  Geschick  so  gestaltet  ist,  luuss  ich  sterbeii, 
weil  Euch  das  gefalleu  wird  (4). 


FEKNAN  RODRIGUES,  DE  CALHEIROS. 


335. 


ón  Yus  façan  creer,  senhor, 
que  eu  [íZ']alIiur  querer  viver,  7460 

se  non  con  vosqu',  aja  poder. 
Non  vus  menti,  ca,  de  pran,  ó 
a  poder;  e,  per  bõa  fé, 

maçar  m'end'  eu  quisess(e)  ai,  non 

queria  o  meu  coraçon,  7465 


Nen  os  meus  olhos,  mia  senhor, 
"nen  o  vosso  bon  parecer 
10     que  me  vus  faran  ben- querer, 
mentr'  eu  viver',  u  ai  non  á. 

E,  senhor,  mais  vus  direi  já:  7470 

maçar  m'end'  eu  quisess(e)  ai,  non 
queria  o  meu  coraçon! 

15  Des  quando  vus  eu  vi,  senhor. 

Deus  lo  sabe,  nunca  cuidei 

en  me  partir  de  vos;  nen  ei  7475 

sabor  se  non  de  vus  servir; 

e  ja  mais,  por  vus  non  mentir, 
20  maçar  m'end'  eu  quisess(e)  ai,  non 

queria  o  meu  coraçon! 

I  €B  51  (25)  —  Para  que  os  versos  1  a  5  dessem  sentido,  escrevi 
jaçan  (em  logar  de  façam) ^  (Valliur  querer  (por  alhur  qttero);  aja  (por  e 
ia);  bõa  (por  bona). 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (5 -]- 2).  —  Octonarios.  —  Coplas 
pareadas,    differenciadas   por  uma  das  consoantes,    com    a  formula  mia 

rnhor  no  primeiro  verso  de  todas  as  coplas:  xaabb||(l€.  —  Rimas  longas: 
sPMhúrW  êr(ii)  éJ**)  no  gniim  I":  '/""  /r''»)  no  IP;  ()//<*'^  no  refram. 


—     670     — 

E  per  bõa  fé,  mia  senhor,  7480 

mui  gran  verdade  vus  direi: 
sempre  vus  eu  ja  servirei, 
25     mentr'  eu  viver',  e  querrei  ben. 
E  senhor,  mais  vus  direi  ón: 

maçar  ni'end'  eu  quisess(e)  ai,  non  7485 

queria  o  meu  coraçon! 

III  Lasst  Eucli  nicht  einreden,  Herrin,  dass  ich  anderwârts  ais  m 
Eurer  Nâhe  leben  zu  wollen  vermõchte.  Ich  habe  nicht  gelogen;  denn, 
wahrlich,  um  es  zu  kõnnen,  miisste  man  es  wollen,  und,  bei  meiner  Treu,  || 
woUte  ich  auch  etwas  anderes,  mein  Herz  wúrde  es  nicht  zulassen  (1), 

Noch  meine  Augen,  noch  Eure  Schõnheit,  die  mich  Euch  zu  liebeu 
zwingen,  solange  ich  lebe,  souder  Zweifel.  Noch  einmal  sage  ich  drmn:  |1 
wolite  ich  etc.  (2). 

Seit  ich  Euch  erblickt,  habe  ich  nimmer  daran  gedacht,  von  Euch  zu 
scheiden;  und  —  Gott  weiss  es  —  nur  Each  zu  dienen  war  mir  Lust. 
Sonder  Lúge  wiederhole  ich:  ||  wolite  ich  etc.  (3). 

Die  Wahrheit,  die  ich  Euch  bekennen  will,  ist,  dass  ich  Euch  mein 
Lebelang  dienen  und  Euch  lieben  werde.  Zum  anderen  sage  ich  daher:  || 
wolite  ich  etc.  (4). 


336. 


Assaz  entendedes  vos,  mia  senhor, 
ca  viis  eu  amo  mais  ca  nuUia  ren; 
pêro  non  me  fazedes  vos  por  én 
mayor  ben  ca  se  vus  eu  o  peyor 
5  quisesse  que  vus  podesse  querer, 

o  que  non  á  nunca  mais  a  seer. 

Mentr'  eu  ja  vivo  for',  amar-vus-ei, 
e  pêro  sei  que  sempr'  én  me  verrá 
mal,  e  valera-me  mais  muito  ja 
10      que  vus  quisesse  (o  que  non  querrei) 

gran  mal,  se  vo'-lo  podesse  querer, 
o  que  non  á  nunca  mais  a  seer. 

Como -quer  que  eu  i  aja  razon, 
amar-vus-ei,  enquant(o)  eu  viva  ja, 
15      pêro  sei  que  mais  non  me  valerá 
ca  se  vus  quisesse  de  coraçon 

gran  mal,  se  vo'-lo  podesse  querer, 
o  que  non  á  nunca  mais  a  seer. 


7490 


7495 


7500 


I  CB  52  (26)  —  2  catig  ameu  m.  —  8  senprenmê  —  Tanto  vai  a 
emenda  sempr'  én  me  como  sempre  m'én.  —  9  mais'jnoytoi  a  —  \Q  oq 
non  que  nõ  querer  —  11  prodeffe  —  15  ualrra. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -j-  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  alt)ba||C€.  —  Rimas  longas:  ôrW  é«(b)  na  1"- estancia;  eii») 
«'(•»)  na  2'^\  onW  áW  na  3%  que  portanto  repete  uma  consoante  da  ante- 
rior; er(t)  no  refram. 

O  apographo  italiano  não  marca  graphicamente  o  refram. 

III  Nur  zu  gut  wisst  Ihr,  o  Herrin,  dass  ich  Euch  iiber  alies  Hebe; 
trotzdem  aber  woUt  Ihr  mir  nicht  mehr  Liebes  anthun,  ais  wenn  ich  Euch 
Unliebe  ||  soviel  ais  mõglich  entgegenbrâchte  (was  doch  niemals  gescbehen 
vvird)  (1). 

Solange  ich  lebo,  werde  ich  Euch  lieben,  obschon  ich  gewiss  bin, 
dass  mir  nur  Leides  darum  widerfiihrt,  und  dass  es  weit  besser  fiir  mich 
wâre,  ich  bráchte  Euch  ||  Unliebe  entgegen,  kõnnte  ich  es  nur  (was  doch 
niemals  geschehen  wird)  (2). 

Obwohl  ich  recht  daran  thate ,  (ou:  solange  ich  Verstand  habe),  werde 
ich  Euch  mein  Lebelang  lieben ,  ob  ich  auch  weiss ,  dass  es  mir  nicht  mehr 
niitzt,  ais  wenn  ich  Euch  von  Herzen  ||  gram  wáre,  kõnnte  ich  es  nur 
(was  niemals  geschehen  wird)  (3). 


337. 

Min  fez  meter  meu  coraçon  7r,i)r, 

en  amar  tal  senhor  que  non 
sei  osmar  guisa  nen  razon 

por  que  Ih'  oimais  possa  guarir, 
5  pois  ora  non  ei  poder  d'ir 

i,  nen  poss'  én  meu  cor  partir.  7510- 

Gran  sandece  me  fez  fazer 
por  tal  dona  ir  ben- querer, 
pois  non  ei  ja  sen  nen  saber 
10  per  que  lli'  oimais  possa  guarir, 

pois  ora  non  ei  poder  d'ir  7515 

i,  nen  poss'  ôn  meu  cor  partir. 

Muito  tenho  que  estou  mal, 
se  me  contra  ela  non  vai 
\h      Deus;  nen  ar  ei  eu  sen  atai  ' 

per  que  lli'  oimais  possa  guarir,  7520 

pois  ora  non  ei  poder  d'ir 

i,  nen  poss^  én  meu  cor  partir. 

I  €B53  (27)  —  4  qiielhi  mays.     Cfr.  verso  10  e  15. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (3 -]- 3).  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares:  aaafBBB.  —  Rimas  longas:  on  na  1"  copla;  er  na  2"; 
ai  na  3'^;  e  ir  no  refram. 

O  apographo  italiano  marca,  erroneamente,  o  11"  verso  como  piin- 
cipio  do  refram. 

III  Mein  Herz  hat  mich  gezwungcn,  einer  Herrin  so  innige  Liebe  zn 
widmen,  ||  dass  ich  nimmer  genesen  kann,  weil  es  nicht  in  meiner  Macbt 
steht,  zii  ihr  zu  gelien,  und  ich  mein  Dicliten  und  Trachten  nicht  von  ihr 
wendcn  kann  (1). 

Eine  grosse  Thorheit  beging  es,  ais  es  mir  solclie  Liebe  eiuflosste,  || 
dass  ich  nicht  wieder  genesen  kann  etc.  (2). 

Sehr  úbel  steht  es  um  mich,  so  mir  Gott  nicht  hilft,  da  es  mir  an 
notigem  Verstand  fehlt,  ||  um  zu  genesen  etc.  (3). 


338. 


Quero -vus  eu  dizer,  senhor, 
por  que  me  leixei,  miiit'  á  [^J, 
de  vus  veer:  porque  temi  7525 

serapr[c]  o  que  m'  ora  dará 
5      a  coitas,  pois  vus  vejo  ja, 
por  vus  aver  a  querer  ben 
e  non  dardes  vos  por  mi  ren. 

E  sabede  ben,  mia  senhor,  7 530 

leixei- vus  por  én  {de\  veer 
10      até  agora,  que  poder 

non  ouve  de  fazer  end'  ai. 

E  vejo  que  figi  meu  mal 

de  vus  veer,  ca  ja  eu  sei  7535 

a  coita  'n  que  por  vos  serei. 

15  Pêro  que  punhei,  mia  senhor, 

en  me  guardar,  nen  me  prestou, 

quando  j(a)  agor(a)  aqui  estou, 

u  vus  non  poderei  guarir,  7540 

nen  ei  poder  de  vus  fogir! 
20     Nen  á  de  se  guardar  mester, 

senhor,  quen  Deus  guardar  non  quer. 

I  ('B  54  (28)  —  2  muijta  —  4  sempro  —  .5  acoftas  —  25  enõ  cousa 
muj  sê  raxon. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas  sin- 
-íulares,  com  a  palavra  perduda  senhor  no  1"  verso  de  cada  estrophe: 
.'ibbeedd.  —  Rimas  longas:  senhoria)  em  todas;  iW  «(«)  énW  na  l-''  estrophe-, 
rrih)  aí(e)  eiW  na  2";  omC»  íV(c)  érW  na  3";  euO>)  on(«ò  arW  na  4^ 

III  Bekennen  will  ich  Euch,  o  Herrin,  waram  ich  fiir  so  lange  Zeit 
intcrlassen  hatte,  Euch  zu  sehen:  weil  ich  imnicr  dio  Qualen  fiirclitete, 
velche,  nun  ich  Euch  sehe,  mir  gewiss  sind,  da  ich  Euch  ohne  Zweifcl 
lieben  werde,  Ihr  aher  Eucli  nichts  daraus  macht  (1). 

43 


—     674     — 

E  pois  me  vus  Deus,  mia  senhor 
fremosa,  tan  en  poder  deu,  7545 

por  el  que  vus  fez,  vus  rogu'  eu 
25      (e  non  [e]  cousa  sen  razon) 

que  por  vus  eu  muit'  amar,  non 

vus  caya,  senhor,  en  pesar, 

ca  non  me  poderei  guardar.  7550 

Ich  unteiiiess  es,  Euch  zu  sehen,  bis  zu  der  Stunde,  wo  es  nicht 
mohr  in  meiner  Macht  stand ,  anders  zu  verfahren.  Und  schon  fúhle  ich, 
dass  ich  Unrecht  that,  Euch  zu  sehen,  denn  ich  enipfinde  bereits  die  Qual, 
die  Ihr  mir  bereitet  (2). 

Obwohl  ich  bestrebt  wav,  mich  zu  húten,  hat  es  mir  nichts  geniitzt; 
denn  nun  stehe  ich  hier,  und  nichts  kann  mich  retteu,  noch  vermag  ich 
selber  zu  fliehen.  Dem,  welchen  Gott  nicht  schútzen  will ,  frommt  es  eben 
nichts,  sich  schiitzen  zu  woUen  (3). 

Und  da  Gott  mich  nun  einmal  so  ganz  in  Eure  Gewalt,  ach  schõne 
Herrin,  gegeben  hat,  so  bitte  ich  Euch,  um  Euves  Schõpfers  willen  (und 
wahrlich  nicht  ohne  guten  Grund),  es  mõge  Euch  nicht  missfallen,  dass  ich 
Euch  liebe,  da  ich  doch  wehrlos  bin  (4). 


10 


15 


339. 


Dê'- lo  dia  (e)n  que  eu  amei 
mia  senhor,  e  Ihi  quis  graii  ben, 
mayor  que  mi,  nen  outra  ren, 
sempr'  eu  punliei  en  Ihi  buscar 
quant'  eu  sòubi  mayor  pesar. 
Mais  ora  non  me  saberei 
conselhar,  quando  Ih'  averei, 
sen  meu  grad',  a  buscar  prazer. 

E  o  pesar  vus  mostrarei 
(que  nada  non  negarei  én) 
que  Ihi  fiz,  que  non  pud'  ai  ben 
querer,  poi'-la  vi,  nen  amar: 
atanto  Ihi  fiz  de  pesar. 
Mais  gran  prazer  Ihi  per  farei 
ora,  quando  m'  alongarei 
d'u  a  eu  soí(a)  a  veer. 


7555 


7560 


7565 


I  CB  56  (29)  —  3  tien  o.  r.  —  5  quanten  —  12  poyla  uir  —  22  nulla. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x8.  —  Octonarios.  —  As  duas  coplas 
primeiras  formam  par;  a  ultima  está  desirmanada.  O  derradeiro  verso 
das  estrophes  ó  uma  palavra  perduda:  abbccaad.  —  Rimas  longas: 
e*(a)  mC»)  ar(e)  er(d)  no  grupo;  er(ft)  ér9>)  a(c)  e*(d)  na  estrophe  desirmanada. 

III  Seit  ich  meine  Herrin  liebe  und  verehre,  mehr  ais  ich  raich  selbst 
oder  irgend  ein  anderes  Wesen  liebe,  habe  ich  eifrig  daran  gearbeitet,  ihr 
Leides  zuzufíigen,  soviel  icii  vermochte:  nua  abar  weiss  ich  mir  keinen 
•Rat,  da  ich  ihr,  ohne  Wissen  und  Wollen,  Freude  bereiten  werde  (1). 

Wahrheitsgemiiss,  ohne  irgend  ctwas  zu  verhehlen,  gestehe  ich,  wo- 

iui'ch  ich  ihr  Leides  gethan:  dadurch,  dass  ich  nur  sie  geliebt  und  verehrt, 

Beit  ich  sie  gesehen.     So  grosses  Leid  bereitete  ich   ihr!    Jetzt  aber  werde 

'ich  ihr  sehr  grosse  Lust  bereiten,  indem  ich  mich  entferne  von  der  Stâtte, 

wo  ich  sie  zu  schauen  pflegte  (2). 

43* 


^     676     — 

E  pod'  fia  cousa  creer 
ben  mia  senhor,  se  Ihi  prouguer': 
que  pois  eu  esto  feit(o)  oer', 
20      aquela  reu  nunca  será  7570 

que  a  min  grave  seja  ja 
por  nulha  ren  de  cometer, 
s'  eu  esto  posso  [per]  fazer. 
Mais  cuido  que  non  poderei! 

Daran  glauben  daif  meine  Herrin,  so  es  ihr  beliebt,  dass,  wenn  ich 
solches  vollbracht,  mir  nichts  auf  Erden  schwer  zu  unternehmen  sein  wird. 
Docli,  denke  ich,  ich  werde  es  nicht  vollbringen  kõnueii  (3). 


10 


15 


340. 

Ora  teiih'  eu  que  ei  razon  7,575 

de  me  queixar  a  mia  senhor! 
Pois  sabe  ja  quan  grand'  amor 
111'  ei  (jpor  quê  non  á  coraçon 
de  me  fazer  mellior  por  ón 
de  quand'  ón  non  sabia  ren?  7580 

Mais  pêro  (fque  prol  me  terra, 
se  m'  eu  per  ventura  queixar' 
a  quen  non  á  por  ón  de  dar 
nada  ....  quanto  x'  agora  dá? 
Ca  jmal-peccad!  en  tanto  ten  7585 

ela  meu  mal  como  meu  ben! 

Fero  tod'  aquesto  ^^que  vai? 
que  nunca  me  Ih'  eu  queixarei, 
mentre  for'  viv',  e  sofrerei 

quanto  me  fezer',  ben  e  mal.  7590 

Mais  queira  Deus  que  mais  de  ben 
me  faça  ca  en  seu  cor  ten! 


I  CB  50  (30)  —  1  cenheii  —  6  qucmdeii  —  13  codaqfto  —  15  sofre 
—  KJ  5  tome  —  19  Seme  mays  b.  n.  f.  —  21  o  q  eu  dela  cmj  dau'  — 
23  nõ  ceko. 

II  Cantiga  do  mcestria:  4x6.  —  Octonarios.  —  Coplas  sin- 
gulares, enlaçadas  pela  ultima  das  riinas:  abbacc.    —  Rimas  longas: 

n{»)  õr(b)  na  Pestrophe;  «(»)  arO>)  na  2*;  a/í»)  ei(^)  na  3*;  érW  er(»>)  na 
i';  e  m(«)  em  todas. 

III  Jetzo  glaube  ich  ein  Recht  zu  haben,  vor  meiner  Heniu  Klage 
zu  fiihren.  Da  sic  nunmehr  weiss,  wie  gross  meiuo  Liebe  zu  ihr  ist,  warum 
zcigt  sie  sich  da  nicht  freundlicher  zu  mir,  ais  solange  sie  nicht  darum 
wusste?  (1) 

Docb  frcilicb:  was  frommt  mir  das  Klagen  vor  einer,  die  sich  rein 
gar  nicbts  daraus  machen  wird  . . .,  genau  soviel,  wie  sio  sich  jetzt  daraus 
macht.   Denn,  leider  kiimmert  mein  Leid  und  meine  Lust  sie  gleich  wenig  (2). 


—     678     — 

Se  m(e)  [ela]  mais  ben  non  fezer' 
20      que  en  cor  á  de  me  fazer, 

o[u]  que  eu  d'ela  cuid'  aver,  7595 

per  com'  eu  sei  que  m'ela  quer, 
non  tenho  começado  ren. 
Pêro  de  soífrer  mi  conven! 


Was  nutzt  es  úberhaupt?  da  ich  doch  meine  Klage,  solange  ich  lebe, 
nicht  aussprechen,  sondern  dulden  werde,  was  iniiner  sie  mir  Liebes  uiid 
Schlimmes  authut.  Wollte  Gott,  sie  erwiese  mir  melir  Huld,  ais  jetzt  ihr 
Dichten  und  Trachten  ist  (3). 

Erweist  sie  mir  nicht  melir  davou,  ais  sie  jetat  dichtet  uiid  trachtet, 
oder  ais  ich  zu  erreichon  denlce  (mit  Riicksicht  auf  das,  was  ich  von  Ihrer 
Liebe  zu  mir  kenne),  so  habe  ich  rcin  gar  nichts  ausgerichtot.  Deunoch 
werde  ich  mich  gedulden  miissen  (4). 


10 


15 


341. 


Vedes,  fremosa  mia  senhor, 
segui'ament(e)  o  que  farei: 
En  tanto  com'  eu  vivo  for', 
nunca  vus  mia  coita  direi; 

ca  non  ni'avedes  a  creer, 
maçar  me  vejades  morrer. 

(iPor  quê  vus  ei  eu,  mia  seuhor, 
a  dizer  nada  do  meu  mal, 
pois  d'esto  sõo  sabedor, 
segurament',  u  non  jaz  ai, 

que  non  [w']avedes  a  creer, 
maçar  me  vejades  morrer? 


t 


Servir- vus-ei  [ew],  mia  senhor, 
quant'  eu  poder',  mentre  viver'; 
mais  pois  de  coita  sofredor 
sõo,  non  vo'-l(o)  ei  a  dizer, 

ca  non  [m']avedes  a  creer, 
maçar  me  vejades  morrer. 


^600 


'605 


7610 


7615 


I  CB  57  (31)  —  6  machar  —  moirer  —  9  .sõ  —  10  segrametu  — 
11.  n  e  23  q  nõ  aiiedes  —  13  Suyrug  ey  niha  senhor  —  16  soo  nõ  tiolo 
ejadiz  —   19  i7ia  s.  —  20  falar  en. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4 -f- 2).  —  Octonarios.  —  Coplas 
differen ciadas  por  uma  das  rimas  (•>),  e  enlaçadas  pela  outra  (>»):  ab{il)||CC. 
O  1°  verso  de  todas  termina  inha  senhor.  —  Einias  longas:  ôrí^ò  eii^) 
na  1*  copla;  ôri»)  ali^)  na  2*;  ôrí»)  êrW  na  3*;  ôrW  m(»>)  na  4";  êr(c)  no 
refram.  —  Na  3*  copla  a  consonância  do  refram  apparece  também  no 
corpo  da  cantiga. 

III  Schõnste  Ilerrin,  hõret,  wie  ich  zu  verfahren  gedenko:  solange 
ich  lebe,  werde  ich  Euch  mein  Leid  nicht  verraten;  |j  denn  stiirbe  ich  selbst, 
Ihr  glaubtet  niir  dennoch  nicht  (1). 


—     680     — 

Pois  eu  entendo,  mia  senhor, 
20      quan  pouco  proveito  rae  ten 
de  vus  dizer  quan  giand'  amor 
vus  ei,  non  vus  falar[e^]  én.  7620 

Ca  non  m'avedes  a  creer, 
maçar  me  vejades  morrer, 

Wozu  soll  ich  Euch,  Herrin,  von  meinen  Schmerzen  reden,  da  ich  es 
doch  fúr  gewiss  weiss,  iind  sonder  Zweifel  1|  dass,  stiirbe  ich  auch  etc.  (2). 

Dienen  werde  ich  Euch  immerdar,  soviel  ich  vermag;  mein  Leid  aber 
werde  ich  verschvveigen ,  ||  denn  etc.  (3). 

Da  ich  einsehe,  wie  wenig  es  mir  frommcu  wiiide,  Euch  meiue  grosso 
Liebo  zu  bekennen,  will  ich  nicht  davon  sprcchen;  ||  denn  etc.  (4). 

IV  Cfr.  No.  356. 


10 


15 


d' 


342. 


Ora  faz  a  min  mia  senhor, 
como  senhor  pode  fazer 
a  vassalo,  que  defender 
non  se  pode,  nen  á  u  Ih'  ir. 
E  faz  mi -a  mercee  vTir 
d'Amor,  com'  ome  preso  ven. 
jNostro  Senhor  mi-o  sabe  ben! 

Muit'  [e?i  estar]  a  gran  pavor 
i  dereit'  e  en  me  temer 
d' Amor,  on[de]   cuid'  a  dizer 
mal,  e  onde  quero  partir, 
e  averei  coit'  a  sentir; 
e  non  concerto  nulha  ren, 
ca  eu  mi-o  mereci  mui  ben. 

Se  me  mal  ou  coita  vèer', 
con  guisado  eu  mi-o  busquei 
muit'  end(e)  e  mi-o  lazerarei. 
pMais  mia  senhor  faz  seu  prazer 
(pois  que  me  ten  en  seu  poder), 
que  [me]  faz  entrar  en  prison, 
me  non  jaz  se  morte  non. 


7625 


7630 


7635 


7640 


I  CB  58  (32)  —  4  nen  a  hulhyr  —  5  uijr  —  7  rnho  saca  ben  — 
8  Mtiytibqu.  Cfr.  v"  27  e  28  —  10  dainor  õn  euidadiz'  —  11 — 12  mal  e  on 
me  qr  ptir.  A  minha  reconstrucçiío  da  2°  estrophe,  que  se  achava  cm  lasti- 
moso estado  de  corrupção,  ainda  não  satisfaz.  —  13  e  nõ  cõ  corto  nulha 
rem  —  15  ueher  —  10  bufq  —  17  inuytej  eu  mho  la%'arey  —  18  façcu px,' 
—  19  ^  fax  enfr  en  2>rifon  —  27  cabo  coraçõ. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
pareadas,  com  palavra  porduda  nos  1"'  versos:  abbccdd.  —  Rimas 
longas:  ôr<«^)  êr(b)  tri*:)  ènW  no  grupo  1°;  ér(a)  eiW  cr(«)  oni^)  no  IP, 
que  repete  uma  das  rimas  do  I",  transpondo -a. 


—     682     — 

Tod'  eu  farei,  quanto  quiser' 
mia  senhor,  que  de  fazê'-r-ei.  7645 

Fero  (ícon  que  olhos  irei 
25      ant'  Amor,  e  a  seu  poder? 
Tan  grave  m'  é  de  cometer 
que  mi- o  non  sab'  o  coraçon, 
nen  mi -o  sab'  outren,  se  Deus  non!  7650 

III  Meine  Herrin  verfãhrt  niit  mir  wie  mit  einem  Vasallen,  der  sich 
nicht  wehren  darf  noch  entfliehen  kann:  auf  Gnade  oder  Ungnade  soll  ich 
micli  Amor  ergeben,  wie  ein  Gefangener.     Das  weiss  Gott!  (1) 

Grund  und  Anlass  liabe  ich,  mich  gewaltig  zu  fúrchten  vor  Amor 
(von  dem  ich  Úbles  zu  sagen  gedenke  und  von  dem  ich  mich  lossagen  will), 

denn  Not  und  Pein  soll  ich  jetzt  fiihlen und  bringe  nichts  zu  gutem 

Abschluss,   denn   ich   liabe  es  also  verdient  (2). 

Kommt  Leid  oder  Gram,  so  habe  ich  es  heraufbeschworen ;  sehr 
werde  ich  es  biissen  miissen;  meiner  Herrin  abor  gefâllt  es,  da  sie  mich 
in  ihrer  Gewalt  hat  und  mich  in  Haft  und  Banden  thut,  wo  mich  nichts 
ais  der  Tod  erwartet  (3). 

Alies,  was  meine  Herrin  verlaugt,  werde  ich  tlnin,  weil  es  sein  muss. 
Doch  mit  welchen  Augen  soll  ich  vor  Amor  treten  xmd  mich  in  seino  Macht 
begeben?  So  schwer  wird  mir  das  Wagnis,  wie  nur  mein  Herz  es  weiss 
und  Gott  allein  (4). 


■] 


343. 

*Par  Deus,  senhor,  ora  tenh'  eu  guisado 
de  viver  mal,  quant'  ouver'  a  viver, 
ca  uon  quer  Deus,  nen  vos,  nen  meu  pecado 
que  [me]  queirades  per  ren  entender 

com'  eu  estou  mui  preto  de  morrer,  7655 

e  mui  lòngi  d'  oír  vosso  mandado! 

IHpero  sempre  vus  eu  servi  de  grado, 

o  melhor  que  eu  sòubi  [de]  fazer; 

e  de  tod(o)  ai  do  mundo  foi  leixado. 
10     E  vos  non  queredes  mentes  meter  7660 

cora'  eu  estou  mui  preto  de  morrer, 
e  mui  lòngi  d'  oir  vosso  mandado! 


I 


Ja  foi  sazon  que  eu  foi  acordado, 
se  vus  visse,  por  vos  ja-quê  dizer. 
15      E  ora,  mia  senhor,  non  é  pensado,  7665 

pois  que  nunca  o  quisestes  saber 

com'  eu  estou  mui  preto  de  morrer, 
e  mui  lòngi  d'  oir  vosso  mandado! 

I  CB  59  (33)  —  4  que  querades  —  5  preço  de  motrer  —  8  soubi 
/ir.er  —  9  codo. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4 -j- 2).  —  Decasyllabos.  — Coplas 
equiconsoantes:   abab||BA.  —  Rimas  breves  e  longas:  adoi»)  êrW. 

III  Wahrlich,  es  ist  bestimmt,  Herrin,  dass  ich  unglúcklich  leben 
soU,  solange  ich  auf  Erden  bin,  da  Gott,  Ihr  und  meine  Sunde  nicht  ge- 
statten,  dass  Ihr  begreift,  ||  wie  nabe  ich  dom  Tode  und  wie  feru  ich  davon 
bin,  Botschaft  von  Euch  zu  vernehmen  (1). 

Trotzdem  habe  ich  Euch  stets  freudig  gcdient,  so  gut  ich  vermochte, 
und  mich  aliem  andereu  auf  Erden  entfremdet.  Ihr  aber  woUt  nicht 
beachten,  ||  wie  etc.  (2). 

Es  gab  eino  Zeit,  in  der  ich  entschlossen  wai',  etwas  zu  sagen,  so 
ich  Euch  sabe;  jetzt  aber  ist  gar  nicht  daran  zu  denken,  da  Ihr  es  niemals 
habt  wissen  woUen,  ||  wie  etc.  (3). 


344. 

O  gran  cuidad'  e  o  aífaii  sobejo 
que  mi-a-nii  faz  a  mia  senlior  levar,  7670 

se  a  eu  ora  mui  cedo  non  vejo, 
ja  o  eu  non  poderei  endurar. 
5      E  no'- no  digo  por  me  Ihi  queixar, 

mais  por[í/Me]  cuid'  a  morrer  con  desejo! 

Por  [ejsto,  ca  por  ai  soffre'-lo-ia  7675 

quanto  xe  m'  ela  quisesse  fazer, 
mentr'  eu  vivesse;  mais  non  poderia, 
10      se  a  non  visse  mui  cedo,  viver. 

Nen  a  min  non  me  devi(a)  a  prazer, 

ca  sen  veê'-la  (jque  prol  mi  terria?  7680 

Por  eu  viver  como  vivo,  coitado, 
des  quando  m'  eu  parti  de  mia  senhor, 
]õ      de  tal  vida  non  poss'  eu  aver  grado 
da  que  me  faz  viver  tan  sen  sabor 
como  quen  ten  a  morte  por  melhor,  7685 

e  seria  d'ela  mui  mais  pagado. 

^ 

I  CB  60  (34)  —  6  por  euydamoirer  —  7  Por  sto  —  22  morer. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  ababba.  —  Rimas  breves  e  longas:  ejoi^)  arW  na 
1"^  estancia;  *«(")  eí-('>)  na  2=^;  adoi»)  órC»)  na  3'';  essei^)  ér(b)  na  ultima, 
que  emprega,  portanto,  uma  rima  da  2'\ 

III  Die  grosse  Sorge  und  das  iiberiiiiissige  Loid,  welches  ich  um 
meine  Herrin  trage,  werde  ich  nicht  lange  mehr  auslialten  konneu,  ohno 
sie  zu  seben.  Nicht  etwa  um  zu  klagen  sage  ich  es,  sondem  weil  ich  vor 
Sehnsucht  zu  sterbeu  wâhne  (1). 

Daruni  allein;  sonst  wiirde  ich  erduldeu,  was  immer  sie  mir  auferlegen 
mõchte,  solange  ich  lebte;  doch  wiirde  ich,  ohne  sie  zu  schauen,  nicht 
lebeu  konneu,  und  mõchte  es  auch  niclit,  denn  was  frommt  ein  Leben 
ohne  sie?  (2) 


685 


Pêro  ben  vos  digo  que,  se  podesse 
20     d'  algãa  guisa  mia  senhor  veer, 

u  Ih'  eu  meu  mal  e  mia  coita  dissesse, 
non  á  ren  per  que  quisesse  morrer, 
sol  que  eu  viss'  o  seu  bon  parecer; 
nen  á  no  mundo  coita  que  ouvesse! 


7690 


Obwohl  ich  Ãrmster  so  bekiiinmert  lebe,  seit  ich  von  meiner  Heirin 
Abschied  nabni,  weiss  mir  fiir  mein  Leid  keinen  Dank  diejenige,  welche 
Schuld  an  meinem  so  iibergrossen  Oiame  ist.,  dass  mir  der  Tod  bevorsteht 
uud  ich  ilin  sogar  lierbeiwiinsche  (3). 

KõDute  icl)  liingegen  auf  irgend  eine  Weise  meiae  Herriíi  sehen,  \vo 
icli  ihr  meiu  Leid  klageu  dúrfte,  so  bogehiie  icli  nicht  zn  sterben;  iind  sâhe 
icb  ihr  holdes  Antlitz,  so  gabe  es  keine  Qual  fiir  mich!  (4) 


345. 

Par  Deus,  senhor,  mui  mal  me  por  matou, 
quando  vus  eu  primeiramente  vi, 
o  que  vus  agora  guarda  de  mi,  7G05 

porque  vus  enton  de  mi  non  guardou 
5      que  vus  non  visse,  pois  ora  non  quer 
que  vus  veja,  quando  m'  é  mais  mester, 
mia  senhor  fremosa,  de  vus  veer. 

Assi  me  poderá  de  mal  quitar,  7700 

(se  el  ouvera  de  meu  ben  sabor): 
10     non  me  vus  ir  enton  mostrar,  senhor, 

e,  pois  me  vus  mostrou,  non  vus  guardar! 
Mais  foi  me  vus  el  a  mostrar  enton, 
e  guarda-me  vus  ora,  quando  non  7705 

me  sei,  sen  vos,  conselh',  ergo  morrer! 

I  CB  61  (35)  —  9  be  —  10  nostrar  —  lõ  Seu  vos. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x74-3.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares,  com  uma  palavra  perduda  no  fim  que  enlaça  todas  as 
estrophes:  abbaccd :  ecd.  —  Eimas  longas:  o?<(a)  *(•>)  ér(.o)  êr(<')  na 
l*"  estancia;  ar(^)  ôr(b)  ore(c)  êrWnã2^;  éni^)  eiW  ali^)  erW  na  3%  á  qual 
responde  a  fiinda. 

III  Gar  úbel  hat  rair  mitgespielt,  ais  ich  Euch  zum  ersten  Male 
schaute,  der,  welcher  Euch.  jetzt  vor  mir  liiitet,  Euch  damals  aber  nicht 
hiitete  vor  meinen  Biicken ,  da  er  nun  nicht  zulâsst,  dass  ich  Eucb,  schõne 
Herrin,  fúrder  schaue,  wo  es  mir  so  nõtig  wâre  (1). 

Yor  Unheil  hâtte  er  mich  bewahreu  konnen  (so  mir  wohlzuthun  ihm 
genehm  gewesen  wiire),  indem  er  Euch  mii-  nicht  gezeigt  oder  Euch  nicht 
gehiitet  hatte,  nachdem  er  Euch  gezeigt.  Er  aber  versteckte  Euch  damals 
nicht,  und  versteckt  Euch  jetzt,  wo  ohne  Euch  mir  nichts  úbrig  bleibt,  ais 
zu  sterben  (2). 

Ohne  Euch  weiss  ich  mir  keineu  Rat;  mit  Euch  vermag  ich  nicht  zu 
reden;  auch  weiss  ich,   dass  der,  welcher  Euch  mir  gezeigt,   es  nicht  zu 


'í     — 


15  Sen  vos,  senhor,  non  me  sei  eii  per  ren 

conselh'  aver;  e  convosco  non  ei 

poder  de  falar,  mia  senhor;  e  sei 

que  me  vus  non  amostrou  por  meu  ben  7710 

o  que  me  vus  mostrou,  mais  por  meu  mal; 
20     ca  non  poss'  eu  sabor  aver  en  ai 

ergu'  en  cuidar  no  vosso  parecer! 

E  mia  senhor,  se  eu  ja  mais  en  qual 
coita  vivo,  viver',  e  me  non  vai  7715 

morte,  mais  me  valvera  non  nacer! 


nieinem   Heile,    sondem   zum  Unheil  that;    denn  einzig   im   Gedenken  aa 
Euer  Antlitz  finde  ich  Trost  (3). 

Und,  Herrin,  muss  ich  in  solchem  Harme  weiter  leben  iind  hilft  mir 
nicht  der  Tod,  so  wâre  es  besser,  ich  wâre  nie  geboren  (1). 


346. 

Pêro  que  mia  senlior  non  quer 
que  por  ela  trobe  per  ren, 
nen  que  llii  diga  quan  gran  ben 
Ihi  quero,  vel  en  meu  cantar,  7720 

5      no'- na  leixarei  a  loar. 

E  pois,  quando  a  vir',  rogar 

Ih'  ei  por  Deus  que  Ihi  non  pes  én. 

E  non  Ihi  devi'  a  pesar, 
ante  Ihi  devi'  a  prazer,  7725 

10      cuido -m'  eu;  por  oníen  dizer 
d'  ela  ben  e  po'-la  servir, 
mais  devia  Ih^  o  a  gracir. 
E  a  mi,  por  mi -o  consentir, 
me  pode  por  jamais  aver.  7730 

I  CB  62  (36)  —  13 — 14  O  verso  21  apparece  aqui  intercalado,  fora 
do  seu  logar.  —  15  consencir  —  17  fua  =  serra.  A  fornia  corrente  nos 
sec.  XIII  e  XIV  era,  todavia,  servha  =  sérvia  —  18  eluto  —  19  qreylhdgn 
—  22  ca  coydomeu  deviandade  —  23  podia  mais  seer. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas  sin- 
gulares, com  uma  palavra  perduda  nos  1°''  versos.  O  primeiro  da 
estropbe  inicial  rima  com  o  da  3";  o  o  da  2*,  que  repete  uma  rima  da  pri- 
meira copla,  rima  com  o  da  ultima:  abbeccl).  —  Rimas  longas:  er(») 
éwC»)  ar(*i)  na  l''  estancia;  arW  er(b)  ?>(«)  na  2"';  er(a)  eiW  ôr(f)  na  3'';  ar  (a) 
êr(b)  a/(c)  na  4**. 

III  Obwolil  moine  ÍTeri-in  durcliaus  nicht  will,  dass  ich  sie  besinge 
noch  dass  ich  in  meinem  Gedichte  von  meiner  Liebe  rede,  so  hore  ich 
dennoch  nicht  auf,  sie  zu  preisen,  und  werde  sio  spiiter,  wenn  ich  sie 
sehe,  um  Gottes  willen  um  Verzeihung  bitten  (1). 

Missfallen  diirfte  os  ihr  nicht,  vielmehr  miisste  es  sie  erfreuen,  meine 
ich,  wenn  ein  Mann  Gutes  von  ihr  redet  und  ihr  dieut,  und  danken  sollte 
sie  es  ihm.  Mioh  wiirde  sie  sich  fiir  immer  verpflichten ,  erlaubte  sie 
es  mir  (2). 


—     689     — 

15  Se  m'  ela  consentir  quiser' 

aquesto  que  Ih'  eu  rogarei, 
que  a  sérvia,  gracir-lh'-o-ei, 
entanto  com'  eu  vivo  for'; 
e  querrei-lh[e]  a  grand'  amor. 

20     E  po'-la  aver  eu  melhor, 
nunca  Ihi  ren  demandarei. 

Ca,  coido  m'  eu,  [de]  demandar 
que  non  pode  ja  mais  seer 
o  por  que  om(e)  a  seu  poder 
25     serv'  e  se  non  trabalha  d'al.  — 
Se  ali  cousimento  vai, 
ou  i  conhocença  non  fal, 
(jque  a  i  pedir  que  fazer? 


7735 


7740 


Erlaubte  sie  mir  das,  warum  ich.  bitte,  nâmlich  ihr  huldigen  zu  dúrfen, 
SQ  wúrde  ich  ihr  dafiir  daiiken,  solange  ich  lebe,  und  sie  lieben,  ohne  etwas 
zu  verlangen,  damit  sie  mir  gewogener  wúrde  (3). 

Denn  etwas  zu  vei-langen  kann ,  so  denke  ich ,  niemals  der  Grund  sein, 
weshalb  eia  Mana  nach  Krâften  dient,  und  nichts  andares  erstrebt.  Ist 
aber  [diese]  Einsicht  vorhanden  und  fehlt  es  nicht  an  [dieser]  Erkenntnis, 
wozu  ist  dann  Bitten  von  Nõten?  (4) 


44 


347. 

Non  á  orne  que  m'  entenda  7745 

com'  0^'  eu  vivo  coitado, 
nen  que  do  min  doo  prenda, 
ca  non  6  cousa  guisada. 
5      Ca  non  ous'  ou  dizer  nada 

a  orne  que  seja  nado  7760 

de  com'  og'  é  mia  fazenda! 

Nen  á,  per  quant'  eu  atenda, 
conselho  —  jmao  peccado! 
10      tanto  Deus  non  me  defenda!  — 

po[^']-]a  que  non  fosse  nada  7755 

por  mi  6  tan  alongada 

de  min,  que  non  sei  mandado 

d'ela,  nen  de  mia  fazenda! 

I  CB  63  (37)  —  2  eoytato  —  5  difer  —  7  dceomo  ic  m.  f.  —  17 
gcEda  —  20  e  coytada  —  21  eparcçe  m.  f.  —  27  nõ  q  rau'  ouf^gado. 

A  3''  estrophe  ó  bem  obscura,  grammaticalmento,  e  também  quanto  ao 
sentido. 

II  Cantiga  de  meostria:  4x7.  —  Septenarios  trochaícos.  — 
Coplas  equiconsoantos,  com  rima  idêntica  no  íim  das  coplas,  o  ainda  nos 
versos  5  e  11:  abuccbíi.  —  Rimas  breves:  emlai»^)  adoW  adai^). 

III  Koin  Menscli  lebt,  der  verstiinde,  wie  elend  ich  lebe,  odor  sich 
ineiner  erbarmte;  denii  es  passt  sich  nicht,  dass  ich  irgend  einem  auf  Erdon 
onthúlle,  wie  os  um  mich  bestellt  ist  (1). 

Noch  giebt  es  jemand  jso  wahr  der  Himniel  mich  schiitzen  mõge!  von 
dem  ich  Eat  erwarten  kõnnto,  leider  Gottes,  ...  da  diejonige,  die  lieber  nicht 
liíitte  geboren  werden  soUen,  um  meinetwillen  so  fcrn  von  mir  ist,  dass  ich 
wederBotschaft  von  ilir  noch  Nachricht  úber  moine  Angelegenheit  empfange  (2). 

Noch  auch  geziemt  es  sich,  dass  ich  mit  einem  anderen  Streit  an- 
fange,  denn  auch  ohne  Kampf  erfahre  ich  von  derjenigen,  die  mich  so  in 
der  Ferne  oin  elendes  Leben  hinbringen  lâsst,  dass  sie  es  mir  nicht  dankt, 
und  Hab  und  Gut  zu  Grunde  gehen  liisst  (.3). 


lõ 


20 


091     - 


Nen  m'  ar  conven  que  eniprcnda 
coii  outre,  nen  é  guisado, 
pêro  sei  ben,  sen  contenda, 
da  que  me  faz  tan  longada 
mente  viver  en  coitada 
vida,  e  non  mi  dá  grado, 
e  perece  mia  fazenda. 

Mais  se  m'  ela  non  emenda 
o  aífan  que  ei  levado, 
ben  cuid'  eu  que  morte  prenda 
con  atan  longa  espada, 
poi'-la  mia  senhor  nembrada 
non  quer  aver  outrogado 
que  melhore  mia  fazenda! 


7760 


'65 


Vergilt  sie  mir  aber  nicht  dic  Pein,  wclcho  ich  erduldet  Jiabo,  so 
wordo  ich  wohl  deu  Tod  wahlcn  niit  dicsom  langcu  Scliwertc,  da  mcino 
preisonsworto  Herrin  nicht  gostatten  will,  dass  ineino  Sache  sicli  zum  lícs- 


sorou  wonde  (4). 


1b 


44' 


848. 

Que  cousiment'  ora  fez  mia  senhor 
que  me  non  quis  leixar  morrer  d'amor! 
Ca  ja,  entanto  com'  eu  vivo  for',  7775 

averei  sempre  que  Ihi  gradecer; 
5  ca  me  mostrou  o  seu  bon  parecer, 

e  non  me  quis  leixar  d'amor  morrer! 

Sempr'  eu  a  Deus  por  mia  morte  roguei, 
gran  sazon;  e  mais  nunca  o  farei,  7780 

mentr'  eu  oer'  esta  senhor  qu(e)  og'  ei. 
10      Nen  ja  Deus  nunca  m'  outra  leix'  aver! 
Ca  me  mostrou  o  seu  bon  parecer, 
e  non  me  quis  leixar  d'amor  morrer! 

I  CB  6á:  (38)  —  6  lexar  —  2  e  6  moirer  —  9  ogev  —  11  moustrou 
e  s.  h.  p.  —  Talvez  monstrou?  —  Cfr.  7816  e  7817. 

n  Cantiga  de  refram:  2  x  (4  +  2).  —  Decasy  llabos.  —  Coplas 
singulares,  enlaçadas  pela  rima  1),  á  qual  responde  o  refram:  aaabjjBB. 
—  Rimas  longas:  orW  na  1"  copla;  ei  na  2*;  er(cC)  em  ambas. 

III  Wie  einsichtsvoll  verfuhr  meine  Herrin,  ais  sie  mich  nicht  vor 
Liebe  sterben  liess.  Solange  ich  lebe,  babe  ich  ihr  dafiir  zu  danken.  ||  Denu 
sie  zeigte  mir  ihr  holdes  Antlitz  und  liess  mich  nicht  sterben  vor  Liebe  (1). 

Oft  hatte  ich  zu  Gott  um  meinen  Tod  gebetet;  nun  aber  thue  ich  es 
nicht  wieder,  solange  mir  diese  Herrin  lebt.  Und  nimmer  mõge  ei-  mir 
eine  andere  geben!  ||  Denn  etc.  (2). 


349. 

Des  quando  me  mandastes,  mia  senhor,         7785 
que  vus  nunca  dissesse  milha  ren, 
teve-m'  en  tan  gran  coita  voss'  amor 
que  peç'  a  Deus  mia  mort(e),  e  non  mi  ven: 
ca  vus  non  ouso  mia  coita  mostrar, 
nen  vus  queredes  vos  de  mi  nembrar.      7790 

IP     Porque  vus  non  nembrastes  vos  de  mi, 
que  vus  amo,  senhor,  mais  d'outra  ren, 
faz -me  viver  o  voss'  amor  assi 
10      que  mi  seria  con  mia  morte  ben: 

ca  vus  non  ouso  mia  coita  mostrar,  7795 

nen  vus  queredes  vos  de  mi  nembrar. 

E  pois  vus  Deus  atan  nembrada  fez 
que  non  falecedes,  senhor,  en  ren, 
lõ      senhor,  ar  nembre-vus  algfia  vez 

en  que  gran  coi[ía]  mi -o  voss'  amor  ten:         7800 
ca  vus  non  ous'  eu  mia  coita  mostrar, 
nen  vus  queredes  vos  de  mi  nembrar. 

I  CB  65  (39)  —  7  rnj  —  16  coy. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|-  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas, 
difforenciadas  por  uma  das  rimas  e  enlaçadas  pela  outra:  al)ab||CC.  — 
Rimas  longas:  ôri^)  énO»)  na  !"•  copla;  *'(»)  énW  na  2*;  ea; (a)  m (•>)  na  3" ; 
aí-(C)  em  todas. 

III  Seit  Ihr  mir  befahlet  zu  schweigen,  hat  mich  die  Liebe  zu  Euch 
in  solche  Pein  versetzt,  dass  ioh  Gott  um  meinen  Tod  anflehe  (ob  auch  ver- 
gebens);  II  denn  ich  wage  nicht  Euch  mein  Leid  zu  zeigen,  Ilir  aber  wollt 
meiner  nicht  gedenken  (1). 

Weil  Ihr  meiner  nicht  gedacht  habt,  der  ich  Euch  úber  alies  liebe, 
quâlt  die  Liebe  zu  Euch  mich  so,  dass  der  Tod  mir  erwiinscht  wáre:  || 
denn  etc.  (2). 

Und  da  der  Himmel  Euch  so  vortrcfflich  schuf,  dass  Ihr  in  nichts 
irrt.  so  eriunert  Euch  einmal  meiner  grossen  Liobesqual:  ||  denn  etc.  (3). 


350. 

Quando  ni'  agora  mandou  mia  senhor 
quo  non  vivess',  u  a  visse,  por  ren, 
sab'  ora  Deus  que  me  fora  grau  ben  780;') 

con  a  mia  mort'!  e  ouvor(a)  i  sabor! 
5  Sabor  ouvera  de  morrer  logu'  i 

por  non  viver  com'  eu  depois  vivi! 

Poderá- m'  eu  de  graud'  affan  guardar 
e  de  gran  coita,  que  depois  levei,  7810 

se  eu  morress(e)  u  mia  senhor  leixei  — 
10      ;assi  Deus  me  leixe  cedo  tornar! 

Sabor  ouvera  de  morrer  logu'  i 
por  non  viver  com'  eu  depois  vivi! 

I  (^B  66  (40)  —  4  con  a  co  a  morte  —  10  tomar. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (4 -f- 2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abll)a||CC.  —  Rimas  longas:  o/-(a)  éwC»)  na  T'  estancia;  ar('>í 
e^('')  na  2";  *(C)  no  refram. 

III  Ais  meine  Herrin  mir  vor  kurzeni  durcliaus  vei-bot ,  zu  leben ,  \vo 
ich  sio  seben  konnte,  da  wâre  es,  weiss  Gott,  eine  Wobltliat  íur  niicli  gewesoii 
und  hâtte  mir  gefallen,  zu  sterben.  ||  Gefallen  bjitte  es  mir,  sogloich  zu 
storben,  um  uicht  zu  leben,  wie  ich  hernach  gclobt  (1). 

Vor  grosser  Qual  und  Peiu,  dio  ich  hernach  emitfaiid.  wiire  ich  be- 
wahrt  geblieben,  wâre  ich  gostorbeu,  ais  ich  sie  vorliess,  so  wahr  nnch 
Gott  bald  heimkehren  lasse.  ||  Gefallen  ctc.  (2). 


351. 


O  grand'  amor,  que  eu  cuidei  prender  7815 

da  mia  senhor,  quando  m'  ela  monstrou 
(que  non  raonstrass'!)  o  seu  bon  parecer, 
todo  xe  me  d 'outra  guisa  guisou. 
5  E  o  seu  bon  parecer,  que  Ih'  eu  vi, 

por  meu  mal  foi,  maçar  lh'o  gradeei.        7820 

Eu  me  cuidei,  quando  m'  ela  guario, 
que  nunca  m'  ende  mais  veesse  mal; 
e  vej'  ora  ca  por  meu  mal  me  vio 
10      jmao- pecado!  ca  non  foi  por  ai. 

E  o  seu  bon  parecer,  que  ih'  eu  vi,         7825 
por  meu  mal  foi,  maçar  lh'o  gradeei. 

Tod'  aquel  ben  que  m'  ela  fez  enton 
o  de  que  m'  eu  depois  muito  loei, 
15      por  meu  mal  foi,  ca  polo  meu  ben  non, 

ca  do  fera  guisa  lh'o  lazerei.  7830 

E  o  seu  bon  parecer,  que  Ih'  eu  vi, 
por  meu  mal  foi,  maçar  lh'o  gradeei. 

I  CB  67  (41)  —  6  yradecu  —  8  ueheffe. 

II  Cantiga  de  refiiun:  3  x  (4 -f  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abab||C€.  —  Rimas  longas:  tV(a)  o?<('»)  na  T'  estancia; 
«o(a)  «/('')  na  2'^-,  on(a)  eil>»)  na  3";  i  no  refrani. 

III  Die  innige  Liebe  nieiner  Herriu ,  von  der  ich  Giosses  gohofft,  ais 
sie  niir  ihr  holdes  Antlitz  zeigte  (das  sie  lieber  nicht  hattc  zeigcu  soUen), 
hat  andere  Friicbte  gebracht,  ais  icb  geglaubt.  ||  Zu  meiuom  Leide  sah  icb 
ihr  schones  Angesicht,  obwobl  ich  ihr  dafiir  dankbar  bin  (1). 

Ais  sie  micb  rettete,  wiihnte  icb,  nuu  gilbe  es  kein  Unheil  mehr  fiir 
mich;  nun  aber  sehe  ich,  dass  sie  mir  zu  meinem  Leide  erschienen  ist.  ||  Zu 
meineni  Ijeide  etc.  (2). 

Alies  Gute,  das  sie  mir  damals  anthat,  und  um  dessentwillen  ich  micb 
hernach  glúcklich  prics,  geschab  zu  meinem  Leide,  und  nicht  zu  meinem 
Besten:  gar  bitter  babo  ich  es  biisscn  miissen.  ||  Zu  meinem  Leide  etc.  (3). 


É, 


352. 

Ja  m'  eu  quisera  leixar  de  trobar, 
se  me  leixass'  a  que  mi -o  faz  fazer, 
mais  non  me  quer  leixar  ergo  morrer.  7835 

E  quer  leixar -m'  en  seu  poder  d'Amor 
5      atan  falso  nen  atan  traedor 

que  nunca  punha  ergu'  en  destroir 
o  que  é  seu,  e  que  non  á  u  Ih'  ir. 

Eu  que  non  ei  u  Ih'  ir,  que  a  tornar  7840 

non  aja  a  el  e  ao  seu  poder, 
10     nunca  d'el  píidi  nenhun  ben  aver, 

ca  non  quis  Deus,  nen  el,  nen  mia  senhor! 
Ante  me  faz  cada  dia  peor, 

e  non  atendo  de  m'  cn  ben  vTir:  7845 

con  tod'  esto  non  Ihi  posso  fugir. 

I  CB  68  (42)  —   3  motrer  —  4  como  leixar  meu  feu  —  5  de  tan 

—  13  uijr  —  14  cõ  codesto  —  lõ  quifeffc  poder  —  18  de f leal  uj  —  20 
edamor  nuca  hom  desleal  uj  —  O  verso  18  reflectiu -se  sobre  o  20°,  le- 
vando o  copista  a  introduzir  n'aquelle  uma  palavra  d'este  {vi) ,  e  n'este  uma 
palavra  d'aquelle  {desleal).  —  27  digo  e  q  padeci  —  28  pdy  =  perdi  não 
dá  sentido. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
pareadas,  com  uma  palavra  perduda  que  liga  todas :  íibbccdd.  —  Rimas 
longas:  arW   er(b)  ôr(c)   irW  no  grupo  P;  ar(»)  éni^)  ali^)  *(d)  no  IP. 

III  Wohl  mõchte  ich  zu  dichten  unterlassen,  liesse  es  diejenige  zu, 
die  mich  dazu  veranlasst;  sie  aber  will  nichts  weiter,  ais  mich  zuni  Sterben 
bringen ,  und  mich  in  der  Gewalt  des  falschen  und  verrâterischen  Amor  fest- 
halten,  der  einzig  und  allein  darauf  aus  ist,  zu  zerstõren,  was  sein  ist 
und  ihm  nicht  zu  entfliehen  vermag  (1). 

Ich,  der  nicht  zu  entfliehen  vermag  oder  doch  in  seine  Banda  zurúck- 
kehren  muss,  habe  niemals  Liebes  von  ihm  erfahren:  das  hat  weder  Gott 
zugegeben,  noch  Amor,  noch  meine  Herrin;  vielmehr  geht  es  mir  taglich 
schlimmer  und  ich  erwarto  nichts  Heilsames,  kann  mich  aber  trotzdem  nicht 
freimachen  (2). 


15 


20 


—     697     ~ 

A  qiien  Deus  quisesse  [o]  poder  dar 
de  Ihi  fogir,  muit'  estaria  ben, 
ca  de  mil  coitas,  en  que  omen  ten, 
se  guardaria,  d'aquel  desleal  7850 

ond'  omen  non  pod(e)  aver  ergo  mal. 
Ed  Amor  nunc'  a  ome  leal  vi, 
e  vejo  eu  muitos  queixar  con  mi. 

&     Por  quantos  eu  vejo  d' Amor  queixar, 

^e  ar  visse  quen  se  loasse  én,  7855 

ben  mi- o  podia  desdizer  alguen 

do  que  d'el  digo;  mais  non  á  i  tal 

a  que[?2]  eu  veja  d'Amor  dizer  ai 

se  non  quant'  eu  digo  que  padeci, 

sen  ben  d'amor  que  nunca  eu  prendi.  7860 


Wem  Gott  die  Mõglichkeit  gabe,  sich  freizumaohen,  dem  ware  ge- 
liolfen:  vor  tauscnd  Qualen  von  Seiten  jenes  Treulosen,  vou  dem  nur  Leides 
kommt,  wãie  er  sicher;  denn  nieraals  sah  ich  Amor  treu  gegeu  irgend 
jemand,  sehe  aber  viele  sich  gleicli  mir  beklagen  (3). 

Wenn  im  Gegensatz  zu  den  vielen,  die  ich  úber  Amor  klagen  hõre, 
cin  Einziger  erschiene,  der  ihn  lobte,  daun  kõnnte  man  mich  Liigon  strafen 
mit  Bezug  auf  das,  was  ich  von  ihm  aussage;  doch  ist  dieser  Einzige  nicht 
vorhanden,  den  ich  anders  urteilen  sâhe,  ais  ich  selbst  thue,  der  ich  gelitten 
habe,  ohne  je  Gutes  durch  die  Liebe  zu  empfangen  (4). 


853. 

Senhor  Dons,  que  coita  quo  ei 
110  coraçon!  e  que  pesar! 
E  noii  me  dev'  end'  a  queixar 
erg'  a  mi,  ca  eu  mi-o  busquei. 
5  Eu  me  busquei  este  mal,  e  mayor,  78G5 

II  eu  dixi  pesar  a  mia  senhor. 

Pesar  Ihi  dix(i),  e  non  me  sei 
110  mundo  conselho  filhar; 
mais  s(e)  ela  me  non  perdoar', 
10      bon  calar  perdi  u  falei!  7870 

Eu  me  busquei  este  mal,  e  mayor, 
u  eu  dixi  pesar  a  mia  senhor. 

Nunca  ome  pesar  dirá, 
non  prazer,  que  Ihi  tan  gian  ben 
15      queira  com(e)  eu,  per  nullia  ren.  7875 

Mais  se  m'  ela  desamará, 

eu  me  busquei  este  mal,  o  mayor, 
11  eu  dixi  pesar  a  mia  senhor. 

I  CB  69  (43)  —  9  ^dar. 

II  Cantiga  do  refram:  4  x  (4 -j- í^)-  —  Octonarios  no  corpo  da 
cantiga,  o  decasyllabos  no  refram.  —  Coplas,  das  quaos  duas  são 
parcadas,  e  duas  singulares:  abbaUCC  —  Rimas  longas:  e<(«)  «/•('>) 
no  grupo;  a(»)  énW  na  3"  estancia;  e?i(")  eX'»)  na  4-^  que  repete,  portanto, 
uma  das  consonancias  da  copla  anterior;  Ôrí^)  no  refram. 

III  Lieber  Gott,  mein  llerz  ist  voller  Gram  und  Kummer;  doch  darf 
ich  daríiber  niemand  anders  anklagen  ais  mich  selbst,  denn  ich  bin  schuld 
davan.  ||  Diesos  Leid  und  grõsseres  habe  ich  selbst  dadurch  verschuldet, 
dass  ich  meiner  Herrin  Unliobsames  sagte  (1). 

Uuliebsames  sprach  ich  und  weiss  mir  keinen  Kat.  So  sie  mir  aber 
nicht  verzeiht,  habe  ich  das  goldne  Schweigen  verpasst,  dieweil  ich  redeto.  || 
Dieses  Leid  etc.  (2). 


20 


—     699     — 

Ben  me  forçou  ali  mal -sen 
o  dia  'n  que  lh(i)  eu  foi  dizer  7880 

ca  ben  mi  faz  Amor  querer. 
E  se  m'  ela  desamor  ten, 

eu  me  busquei  este  mal,  e  mayor, 
u  eu  díxi  pesar  a  mia  senhor. 


Liebsames  nocli  Unliebsames  liann  ihr  nimnier  jemand  sagen,  der  sio 
liebte  wie  ich.  Ist  sio  mir  aber  unhoid,  ||  so  vorschuldeto  ich  selber  dieses 
Leid  dadurcb  etc.  (3). 

Uaverstand  úberwàltigte  inicb  am  Tage,  ais  icb  es  ausspracb,  dass 
Amor  niich  zwiiigt,  Holdes  zu  lieben.  Ilegt  sio  abcr  Uuliobc  gcgen  niicb,  || 
so  verscbuldete  etc.  (4). 


354. 

Muito  per  á  ja  gran  sazon  7885 

que  raia  senlior  mui  gran  pesar 
non  oiu,  pois  me  fez  quitar 
d'  u  ela  6,  ca  des  enton 
5  nulli'  omen  non  lii'ar  disse  ren 

senon  con  que  Ihi  fosse  ben.  7890 

Eu  Ihi  dixi  quan  grand'  afan 
me  faz  o  seu  amor  soffrer, 
e  pesou -lh(e)  [o  que]  foi  dizer; 
10      mais  pois  m'  eu  d'ela  vin,  de  pran, 

nulh'  ome[fi]  non  lli'ar  disse  ren  7893 

senon  con  que  Ihi  fosse  ben. 

Eu,  que  [a]  amo  mais  ca  min, 
fig'  est'  atreviment'  atai 
15      u  Ihi  dixi  [este]  meu  mal; 

mais  pêro,  pois  me  d'ela  vin,  7900 

nulh'  omen  non  lh'ar  disse  ren 
senon  con  que  Ihi  fosse  ben. 

I  €B  70  (44)  —  9  epefoulhe  foy  di%,'  —  11  orne  —  13  Eu  q  amo 
—  14  figeste  afuime  tatal  —  15  dixi  meu  m.  —  16  uj. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-|-2).  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares:  ablba|[CC.  —  Rimas  longas:  onifi)  arOi)  na  l'' copla;  ««(«) 
êríb)  na  2*^;  inW  ali^)  na  3'';  en(C)  no  refram. 

III  Sebr  lange  Zeit  ist  verstrichen,  seit  meine  Herrin  niclits  TJnlieb- 
sames  gehõrt:  seitdem  sie  mich  aus  ihrer  Nàhe  yerwies;  ||  denn  seither  liat 
niemand  ihr  gesagt,  was  ihr  nicht  genehm  gewesen  ware  (1). 

Ich  hatte  ihr  gesagt,  in  wie  arge  Not  die  Liebe  zu  ihr  mich  gebracht, 
und  das  hat  ihr  missfallen;  seit  ich.  aber  von  binnen  ging,  ||  hat  offenbai- 
niemand  etc.  (2). 

Ich,  der  ich  sie  úber  alies  liebe,  beging  solche  kecke  That,  ais  ich 
ihr  mein  Leid  klagte;  seit  ich  aber  von  ihr  gegangen,  ||  hat  niemand  etc.  (3). 


10 


15 


355. 

Que  mal  matei  os  meus  olhos  e  min, 
que  non  tornei  a  mia  senhor  veer! 
E  Ihi  menti  de  quanto  Ih'  aconvin!  7905 

Nunca  per  mi  ja  mais  dev'  a  creer! 
Pêro  (ique  vai?  ca  nunca  eu  lezer 
ar  pud'  aver,  des  que  m'  eu  d'alá  vin. 

E  (jque  me  vai  quand'  eu  i  non  tornei? 
U  Ihi  convin,  oera  de  tornar,  7910 

sen  ousar  veer.     E  ^que  Ihi  direi? 
Porque  o  fiz,  non  me  poss'  én  salvar. 
Mais  Deus  senhor  a  leixe  perdoar 
a  min!     Se  non,  conselho  non  me  sei. 

Que  coita  tal,  por  eu  buscar  perdon  7915 

ou  outro  ben,  devi'  a  demandar; 
ca  assi  faz  quen  erra  sen  razon, 
com'  eu  errei,  que  me  non  poss'  achar 
nenhun  conselho  bõo  que  filhar, 
porque  non  fiz  seu  mandad[o]  enton.  7920 


I  €B  71  (45) 

mãdadêtõ. 


1  emj  —   3  lha  co  um 


8  coiiè  ftiar 


18 


II  Cantiga  de  meestria:  3x6.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  a]l)abba.  —  Rimas  longas:  inW  erC»)  na  1"  estancia;  eiW 
ari^*)  na  2^;  onW  arW  na  3"  que,  portanto,  repete  uma  das  consonancias 
da  estancia  anterior. 

III  Wie  úbel  habe  ich  meinen  Augen  und  mir  selber  mitgespielt,  ais 
ich  meine  Herrin  nicht  aufsuclite.  Nicht  erfiillt  habe  ich  unsere  tjberein- 
Ivunft!  Niemals  wieder  wird  sie  mirgiauben!  Doch  was  hilft  es?  Seit  ich 
von  dort  kam,  fand  ich  keine  Euho  noch  Musse  (1). 

Was  frommt  mir  úberhaupt,  da  ich  nicht  zu  ihr  zuriickgekehrt  bin? 
"Wo  ich  es  mit  ihr  vereinbart  hatte ,  hatte  ich  hingehen  miissen ,  selbst  wenn 
ich  nicht  gewagt  hatte,  sie  anzublicken.  Was  soll  ich  nun  sagen?  Rein- 
waschen  kann  ich  mich  nicht  voa  dem,  was  ich  gethan.  Gott  der  Herr 
gebe,  dass  sio  mir  verzeiht!     Sonst  weiss  ich  mir  keinen  Eat  (2). 

Solche  Pein  miisste  ich  verlangen,  um  Verzeihung  oder  irgend  ein 
andores  Gut  zu  erroichen.  Denn  also  thut,  wer  ohno  Grund  fehlt,  wie  ich 
gofehlt,   der  ich  mir  keinen   guten  Rat  weiss,   weil  ich  damals  nicht  ihr 


Geheiss  erfiillt  habe  (3). 


356. 

(iPor  quê  vus  ei  eu,  mia  senhor, 
a  dizer  nada  do  meu  mal, 
pois  d'esto  [sõo]  sabedor 
segurament',  u  non  á  ai, 
5  que  non  rai-avedes  a  creer,  792') 

raacar  me  vejades  morrer? 

Vedes,  fremosa  mia  senhor, 
segurament'  o  que  farei: 
nos  dias,  en  que  vivo  for', 
10      nunca  vos  mia  coita  direi:  TíJ.^W 

ca  non  mi-avedes  a  creer, 
maçar  me  vejades  morrer! 

I  €B  72  (46)  —  3  poys  defto  Sabedor  —  6  mear  —  8  e  qtie  farei. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (4 -|- 2).  —  Octonarios.  —  Coplas, 
ligadas  por  nina  das  rimas,  e  diíferenciadas  pela  outra:  abablJCC  —  Rimas 
longas:  orW  alO^)  na  l""  copla;  ôr(a)  e*i'»)  na  2";  êr  no  refram. 

III  Wozu  soU  icli  Euch,  Hcrrin,  von  meinem  Leidc  erziiiilen,  da  ioli 
fur  gewiss  und  sicbor  weiss,  ||  dass  Ihr  mir  selbst  dann  nicht  glaubt,  wcnn 
Ihr  mich  sterben  sebt  (1). 

Seht,  was  ich  thua  vverde,  schõnste  Herrin.  Mein  Lebtag  wordc  ich 
moine  Not  nicbt  verraten:  ||  denn  selbst  dann  glaubt  Ihr  mir  nicht,  woiin 
Ihr  mich  sterben  seht  (2). 

IV  Temos  aqui,  invertidas,  as  duas  primeiras  ostrophcs  da  Cantiga 
No.  341. 


FERO  GAKCIA,  D'AMBKOA. 


10 


357. 

Grave  dia  iiaceu,  senhor, 
quen  se  de  tos  oiiv'  a  partir, 
e  se  teve  por  devedor 
[de  se  a  outra  tetTa  ir], 
como  m'  eu  de  vos  partirei. 
Ora,  quando  m'  alongarei 
de  vos,  viverei  sen  sabor. 

En  tal  coita  me  vi,  senhor, 
que  sol  non  vus  ousei  falar; 
e  vos,  on  lezer  e  sabor 
avíades  de  me  matar: 
ca  me  non  quisestes  catar 
dos  olhos,  nen  [me]  preguntar 
por  quê  avia  tal  pavor. 


793Õ 


'940 


7945 


I  CB  73  (47)  —  4  falta  —  9  êuos  —  11  auedycs  —  12  nê  pgucar 
—  21  tnoiri  —  23 — 24  senh'^  de  q  deu  deuos  ocr  \  defanior  uoffeceuer  — 
25  este  ioguete  cerrey  —  26  giiofrjuoffo  ferey  —  27  Mnetiu  —  29  cnfug, 
com  falta  da  inicial.  —  30  attey  —  33  ê  ptir. 

II  Esta  cantiga  nos  foi  transmittida  em  ostado  defeituoso.  Das  nu- 
merosas desigualdades  que  apr(;sonta,  algumas  são,  de  corto,  filhas  do 
desleixo  do  copistas,  omquanto  outras  parecem  provir  do  i)roprio  trovador. 
Este  affastou-se  voluntariosamente  dos  systemas  usuaes,  de  sorte  que  não 
soi,  se  estabeleci  bem  o  eschema  da  estructura  métrica.  Nem  tampouco  sei 
dar  conta  exacta  do  conteúdo. 

Na  1"  ostropho  falta  um  verso,  cujo  lugar  fixei  entro  o  3"  e  4°,  porque 
a  rima,  de  que  se  carece,  é  b.  A  ideia,  a  que  ahi  se  dava  expressão,  mal 
pode  ser  diversa  da  que  introduzi.  Quanto  ás  palavras,  muitas  variantes 
podem  ser  piopostas,  como  p.  cx.  de  se  a  outro  lagar  ir  ou  de  s'  apartar 
e  allmr  ir.  Na  4"  cstrophc  os  versos  2  e  3  não  davam  sentido  (mesmo 
depois  de  parcialmente  restaurados  para:  senhor  de  quen  de  vos  oer  Desamor 
.  .  .  .  e  tci^er),   nem  i-im;ivam   com  o  7",   que  ficava  sendo   solto.     Por  isso 


—     704     — 

15  Que  sol  non  vus  ousei  dizer 

o  por  que  eu  fora  ali 

u  vus  achei.     E  mais  tenii 

de  vus  pesar  én  ca  morrer,  7950 

com(o)  ora  por  vos  morrerei. 
20     E  vejo  que  mal-baratei 

que  ante  non  morri  logu'  i! 

Ca  mui  mayor  coit(a)  averei 
senhor,  \des  quand(o)  eu  de  vos  for'  7905 

e  tever'  vosso  desamo7^\ 
25      Este  joguete  cerr[ar]ei: 
convosco  e  vosso  serei, 
mentr'  eu  viver';  e  guisarei 
com(o)  aja  vosso  desamor.  7960 

retoquei  -  os ,  invertendo  as  palavras  de  modo  a  darejn  rimas  em  ôr.  O  33" 
verso  também  exigia  emenda,  por  falta  de  consonância  com  o  seguinte.  E  os 
dizeres  do  25°  ainda  agora  não  ligara  (quanto  ao  sentido)  com  os  antece- 
dentes, nem  com  as  phrases  immediatas:  reclamam,  portanto,  nova  revisão. 
Cantiga  de  meestria:  5x7. —  Octonarios.  —  Coplas  singu- 
lares. —  Ordem  das  rimas:  ababcca  na  1*  copla;  ababbba  na  2";  abbacca 
na  3";  abbaaab  na  4*;  ababecb  na  5^  —  Rimas  longas:  or(a)  «VW  eí(«) 
na  l'""  copla;  Ôr(a)  arC»)  (ar(c))  na  2'';  erí»)  «iW  eí(c)  na  3*;  e«(a)  ôriV)  (eiieò) 
na  4^";  «V(a)  eiW  ari^)  na  5''(?)  —  Abstrahindo  de  repetições  como  partir 
partirei,  morrer  morrerei,  que  podem  ser  intencionaes ,  as  consonancias 
d'estas  cinco  estrophes,  individualizadas  pela  ordem  das  rimas,  são  poucas: 
ôr  serve  de  rima  a^  e  a^;  ei  de  a*  c^  c^  e  e*;  ar  de  b^  e  c^;  senhor  vem 
empregado  nos  versos  1  e  8;  sabor  em  7  e  10;  partir  em  2  e  33;  matar 
em  11  e  34;  averei  em  22  e  30.  Tal  parcimonia  de  consonancias  parece 
estrauhavel,  quer  seja  involuntária,  quer  não. 

m  Unter  einem  Unstern  ward  geboren,  wer  von  Eucli  scheiden  musste 
und  sicli  fiir  verpílichtet  hielt,  von  hinnen  zu  gehen,  wie  ich  that,  der  ich 
mich  von  Euch  lossagen  musste.  Bin  ich  aber  erst  von  Euch  fern ,  so  werde 
ich  unlustig  leben  (1). 

So  bekiimmert  war  ich  [am  Abschiedstage] ,  dass  ich  nicht  einmal  zu 
Euch  zu  reden  wagte.  Ihr  aber  hattet  Freude  daran,  mich  zu  tõten,  da 
Ihr  mir  nicht  einmal  einen  Blick  gõnntet,  noch  danach  fnigt,  wovor  mir 
so  sehr  bangte  (2). 

Nicht  einmal  den  Grund,  weshalb  ich  gekommen,  wagte  ich  zu  sagen. 
Und  fiirchtete  es  mehr,  Euch  zu  missfallen  ais  zu  sterben,  wie  mm  ge- 
schehen  wird.  Daran,  dass  ich  damals  nicht  lieber  sofort  starb,  that  ich 
Unrecht  (3). 


—     705     — 

entre  vus  eu  poder'  servir, 
30      vosso  desamor  averei, 

ca  non  ei  eu  a  vos  fogir; 

nen  outra  senhor  filharei 

que  me  de  vos  poss(a)  apartar; 

mais  leixar-me  vus  ei  matar, 
35      pois  m'  outro  conselho  non  sei. 


7965 


Denn  grõssere  Pein  werde  icli  nun  dulden,  wenn  ich  fero  von  Euch 
und  ohne  Eure  Gunst  lebe.  Zum  Schlusse  des  Liedes  aber  will  ich  sagen : 
der  Eure  bin  und  bleibe  icb,  solange  ich  lebe,  ob  ich  auch  Eurer  TJngunst 
gewiss  bin  (4). 

Solange  ich  Euch  zu  dionen  vermag,  werdet  Ihr  mir  Unliebe  ent- 
gegenbringen,  weil  ich  nicht  von  Euch  fliehen  noch  auch  eine  andere  Herrin 
wahlen  werde,  die  mich  von  Euch  losmacheu  kõnnte.  Vielmehr  werde  ich 
mich  von  Euch  toten  lassen,  da  ich  mir  keinen  anderen  Rat  weiss  (5). 


45 


DON  FERNÁN  PAES,  DE  TAMALANCOB. 


358. 

Con  vossa  graça,  mia  senhor 
fremosa!  ca  me  quer'  eu  ir, 
e  venho -me  vus  espedir,  7970 

porque  mi  fostes  traedor; 
5      c(a)  avendo-mi  vos  desamor, 
u  vus  amei  sempr'  a  servir, 
des  que  vus  vi,  e  des  enton 
m'  ouvestes  mal  no  coraçon.  7975 

Pêro  de  vos  é  a  min  peor 
10     porque  vus  vej'  assi  falir; 

que  eu  ben  poderei  guarir 

oymais  sen  vos;  ca  mui  milhor 

dona  ca  vos  ei  por  senhor  7980 

e  que  non  sab(e)  assi  mentir, 
15      e  fará  adur  tal  traiçon 

sobre  seu  orne,  sen  razon. 

I  CB  74  (48)  —  3  meiies  —  6  nos  —  7  ues  uj  —  10  podey  gauarir 
—  13  caues  —  15  g  farã  —  20  duU  —  23  cinta  porê  enõ. 

No  5°  verso  a  lição  ca  avedes  ou  ca  ouvestes  offerece  -  se  naturalmente 
para  emenda  do  texto  viciado. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x8.  —  Octonarios.  —  Gorilas  equi- 
consoantes:  abbaabcc.  —  Rimas  longas:  ôrW  iri^)  otiic).  —  Senhor 
repete -se  no  verso  1  e  13. 

III  Mit  Verlaub,  schõne  Herrin!  denn  ich  will  fort  und  komme,  um 
Abschied  von  Euch  zu  nehmen,  weil  Ihr  Verrat  geiibt  habt.  Denn  obgleich 
ich  Eucli  gelicbt  und  gedient  habe,  seit  ich  Euch  erblickte,  seid  Ihr  niir 
grani  inEurem  Herzen  (1). 

Was  mir  am  meisten  leid  daran  thut  (um  Euretwillen) ,  ist,  dass  Uir 
solchermassen  fehlt.    Was  mich  betrifft,  so  werde  ich  schon  ohne  Euch  fertig 


707     — 


E  veeredes  qual  amor 
vos  eu  fazia,  pois  partir 
me  vin  de  vos.     E  descobrir 
20      vus  éi  d'un  voss'  entendedor 
vilão,  de  quen  vos  sabor 
avedes,  e  a  quen  pedir 
foste'- la  cint(a):  e  por  én  non 
vus  amarei  nulha  sazon. 


7985 


7990 


werden;  denn  eine  Bessore,  ais  Ihr  seid,  habo  ich  von  heute  an  zur  Herrin, 
die  nicht  so  zu  lúgen  noch  an  ihrem  Vasallen  Verrat  zu  iiben  weiss  (2). 

Nun  ich  von  Euch  gehe,  werdet  Ihr  einsehen,  was  meine  Liebe  zu 
Euch  war.  Blosstellen  werde  ich  Euch  mit  Eurem  unedelen  Liebsten,  an 
dem  Ihr  Gefallen  findet  und  den  Ihr  um  den  Giirtel  gebeten  habt.  Doch 
werde  ich  Euch  nimmer  wieder  lieb  haben  (3). 

IV  Confira -se  a  cantiga  seguinte,  e  CV  94-3. 


45* 


359. 


10 


Non  sei  dona  que  podasse 
vale'- la  que  eu  amei, 
nen  que  eu  tanto  quisesse 
por  senhor,  das  que  eu  sei, 
se  a  cinta  non  presesse, 
de  que  m[e]  eu  despaguei! 
E  por  esto  a  cambiei. 

Pêro  m'  ora  dar  quisesse 
quant'  eu  d'ela  desegei, 
e  mi  aquel  amor  fezesse 
por  que  a  sempr'  aguardei, 
cuido  que  lh'o  non  quisesse! 
Tan  muito  me  despaguei 
d'ela,  pois  la  cint'  achei. 


'.9.95 


8000 


8005 


I  CB  75  (49)  —  3  neu  —    4  setfo    —    5  2)i'xesse   —   6  defpagney 
—  13  muto  —  15  Neu  —   22   Ga  muyto  per  ey  anieffe  —   23  comeUior. 


II  Cantiga  de  lueestria:  3  x  7  -|-  3.  - 
—  Coplas  equicousoantes:  abababb  :  abb. 

esseW  eiW. 


Septenarios  trochaícos. 
-  Rimas  breves  e  longas: 


III  Icli  kenne  keine  Dame,  die  der  meinen  an  "Wert  gleichkâme  und 
die  ich  SC  innig  lieben  kõnnte,  hâtte  sie  den  Giirtel  uicht  genommen,  was 
mich  unwirsch  gemacht  und  veranlasst  hat,  sie  mit  einer  anderen  zu  ver- 
tauschen  (1). 

Wollte  sie  mir  jetzt  alie  Huld  schenken,  die  ich  von  ihr  ersehnt  iiabe, 
und  jene  Liebe,  um  die  ich  mich  beworben,  ich  glaube,  ich  wollte  sie  nicht: 
so  sehr  erziirnt  bin  ich,  seit  ich  den  Gúrtel  fand  (2). 

Nunmehr  wâre  ihre  Gunst  ohne  Nutzen  fúr  mich.  Hâtte  ich  sie  fiir 
eine  solche  gehalten,  ais  ich  mich  ihr  zuwendete,  bei  Gott,  ich  hatte  es 
unterlassen.     Gut  handelte  ich  vielmehr,  ais  ich  sie  fahren  liess  (3). 

Und  sehr  gern  bliebo  ich  nunmehr  bei  meiner  besseren  Herrin;  und 
weiss,  dass  ich  ihr  gut  dienen  werde  (I). 


709 


15  Nen  ar  sei  prol  que  m'  ouvesse 

seu  ben.     E  ai  vus  direi: 

se  a  per  atai  tevesse, 

quando  m'  a  ela  tornei, 

juro  que  o  non  fezesse! 
20     Ca  tenho  que  baratei 

ben,  pois  me  d'ela  quitei. 

Ca  muito  per  estivesse 
con  melhor  senhor!  e  sei 
de  min  que  a  servirei. 


SOIO 


8015 


360. 

Vedes,  senhor,  u  m'  eu  parti 
de  vos,  .e  vus  depoi[s]  non  vi, 
ali  tenh'  eu  o  coraçon: 
En  vos,  senhor,  e  [eti]  ai  non! 

5  U  vus  eu  vi  fremosa  (e)star,  8020 

e  m'  ouvi  de  vos  a  quitar, 
ali  tenh'  eu  o  coraçon: 
En  vos,  senhor,  e  [e?i]  ai  non! 

U  vus  eu  vi  fremosa  ir, 
10      e  m'  ouvi  de  vos  a  partir,  8025 

ali  tenh'  eu  o  coraçon: 
En  vos,  senhor,  e  en  ai  non! 

I  CB  76  (50)  —  2  depotj  —  4^  e  ai  non. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (2 -|- 2).  —  Octonarios.  —  Dísticos 
singulares:  aa||BB.  —  Rimas  longas:  *  no  1"  dístico;  ar  no  2°;  ir 
no  3";  e  oti  no  refram. 

III  AVo  icli  von  Euch  scheiden  musste  und  Eucb  nicht  wieder  sah. 
da  blieb  mein  Herz:  ||  in  Euch,  in  Euch  allein. 


I 


10 


i 


361. 

Yedes,  senhor,  pêro  me  mal  fazedes, 
raentr'  eu  viver',  ja  vos  sempre  seredes, 
senhor  fremosa, 
de  mi  poderosa. 

Pêro  me  mal  fazedes  cada  dia, 
mentr'  eu  viver',  seredes  todavia, 
senhor  fremosa, 
de  mi  poderosa. 

Per  como -quer  que  vos  de  mi  façades, 
mentr'  eu  viver',  vos  quer'  eu  que  sejades, 
senhor  fremosa, 
de  mi  poderosa. 


8030 


8035 


I  €B  77  (51) 


6  coda  uia. 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (2 -]- 2). —  Decasyllabos  jauibicos 
no  corpo  da  cantiga,  um  verso  de  4  e  um  de  5  syllabas  métricas  no 
refram.  —  Dísticos  singulares:  aa{{BB.  —  Rimas  breves:  edes  no 
1°  distico;  ia  no  2'^;  ades  no  3°;  osa  no  refram. 

III  Ob  Ilir  mir  auch  Boses  erwcist,  werdet  Ihr  dennoch  verbleiben, 
solauge  ich  lebe,  ||  sehõne  Herrin,  mâchtig  iiber  mich. 


362. 

Gran  mal  me  faz  agora  '1  rei  8040 

que  sempre  servi  e  amei, 
porque  me  parte  d'  u  eu  ei 
prazer  e  sabor  de  guarlr. 
5  Se  m'eu  da  Marinha  partir', 

noii  poderei  aJhur  guarir.  8045 

Muit'  o  contra  mi,  pecador, 
el  rei,  forte  [é\  sen  amor, 
porque  me  quita  do  sabor 
10      e  grande  prazer  de  guarir. 

Se  m'eu  da  Marinha  partir',  8050 

non  poderei  alhur  guarir. 

I  CB  78  (52)  —  3  parce  hu  —  5  Marmha  —  7  pecador  —  8  force 
—  10  fabor  —  11  Maria. 

II  Cantiga  de  meestria:  2  x  (4  -(-  2)-  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares:  aaall)|{BB.  —  Rimas  longas:  e^(al);  ó>(a2);  ír('>B). 

III  Grossas  Unreclit  thut  mir  der  Kõnig,  dem  ich  immer  Liebe  und 
Dienst  erwiesen,  da  er  mich  von  der  Statte  entfernt,  wo  ich  stets  nnt  Lust 

•und  Freude  weile:  ||  muss  ich  von  Marinha  fort,  so  finde  ich  nii'gends  sonst 
Heil  und  Gliick  (1). 

Gegen  mich  armen  Súnder  ist  der  Kõnig  hart  und  lieblos,   denn  er 
nimmt  mir  die  Lust  und  die  hohe  Freude   zu  genesen:  ||  muss  ich  etc.  (2). 


VA  ASCO  PRAGA,  DE  SANDIN/^^ 


lÊ 


363. 


Par  Deus,  senhor,  ja  eu  ben  sei 
ca,  entanto  com'  eu  viver', 
ca  nunca  de  vos  ei  d'  aver 
jinal-pecado!  se  coita  non. 
5      Mais  por  end'  ^ora  que  farei? 
Que  non  sei  eu  esta  sazon 
de  por  6n  conselh'  i  põer. 

Que  nunca  eu  ja  poderei 
por  vos  tanta  coita  prender 
10      que  m'  eu  por  én  [non]  possa  creer 
sempre  voss'  oraen'  e  ai  non; 
e  poi'-lo  eu  d'esta  guis(a)  ei, 
por  Deus,  nieted'  o  coraçon, 
se  poderdes,  en  vos  prazer. 

15  E  mia  senhor,  ai  vos  direi 

que  mi  de  vedes  a  creer; 

se  o  non  quiserdes  fazer, 

non  tenh'  eu  i  se  morte  non. 

E  senhor,  preguntar-vus-ei: 
20     dizede  ;se  Deus  vus  perdon! 

^será  ben  d'  eu  assi  morrer? 


8055 


8060 


8065 


8070 


I  CB  79  (53)  —  (1)  de  senditi  —  6  eften  faxon  —   11   /èp»*  uoffom 
qi'  ce  nõ  —  13  mecedo  —  18  semorce  no  —  19  j?'gucaru9  ei  —  25  bona. 

II  Cantiga  domeestria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas  oqui- 
consoantos:  abbeacb.  —  Eimas  longas:  e^(a)  crC»)  ow(c). 


—     714      - 

E  nunca  vus  eu  ja  irei 
de  mia  fazenda  mais  dizer. 
Mais  aque-m'en  vosso  poder,  -  8075 

25      per  bõa  fé,  que  d'outra  non. 
E  per  mi  non  vus  falarei, 
ca  se  vus  ren  fiz  sen  razon, 
dereit'  é  de  m'  eu  padecer. 

III  Wahrlich,  ich  weiss  es  nunmehr,  o  Herrin,  dass  Ihr  mir  meia 
Lebtag,  leider  Gottes,  nichts  ais  Leid  widerfahreu  lasset.  Was  abar  soll 
ich  dagegen  thun?     Ich  weiss  mir  jetzo  keinen  Rat  (1). 

Soviel  Leid  aber  werde  ich  niemals  durch  Euch  erfahren,  dass  ich 
dadurch  aufhõrte,  Euer  Vasall  zu  sein.  Da  dem  nun  aber  einmal  so  ist, 
so  lenket  doch,  um  Gottes  willen,  Euer  Herz  so,  dass  Ihr  damit  einver- 
standen  seid  (2). 

Denn,  glaubt  mir,  was  ich  jetzo  sagen  worde.  Thut  Ihr  es  nicht,  so 
bleibt  mir  nur  eins:  der  Tod.  Und  sagt  an:  ware  das  gut,  dass  ich  also 
stiirbe?  (3) 

Mehr  spreche  ich  nicht  von  mir  selber.  Hier  stehe  ich ,  ia  Eurer  (und 
keiner  auderen)  Macht.  Um  Gnade  bitte  ich  nicht.  Habe  ich  Unreclit 
gethan,  so  ist  es  recht,  dass  ich  dafiir  leide  (4). 


364. 

Per  bõa  fé,  freniosa  mia  senhor,  8080 

sei  eu  ca  mais  fremoso  parecer 
vus  fez  Deus,  e  mais  fremoso  falar 
de  quantas  outras  donas  quis  fazer, 
õ      E  ai  vus  fez  que  vus  ora  direi: 

fez -vus  mais  mansa  e  de  mui  melhor  8085 

dõair'  e  melhor  talhada  seer. 

E  por  esto,  fremosa  mia  senhor, 
non  me  devedes  vos  culp'  a  põer 
10      porque  non  sei  eu  ren  no  mund'  amar 

se  non  vos.     E  mais  vus  quero  dizer:  8090 

senhor,  nunca  eu  já  culp(a)  averei 
de  non  amar,  enquant'  eu  vivo  for', 
se  non  vos,  pois  me  vus  Deus  fez  veer. 

15  E  rogo -vus,  fremosa  mia  senhor, 

por  aquel  que  vus  fez  [tan  beu]  nacer,  8095 

que,  maçar  vus  og'  eu  tanto  pesar 
digo,  que  vos  me  leixedes  viver 
u  vus  veja;  que,  de  pran,  morrerei, 

20     se  vus  non  vir';  e  ei  mui  gran  pavor 

d'  averdes^-vos  en  mia  mort'  a  perder  8100 

I  CB  80  (54)  —  4  douas  —  7  doaiyre  —  16  /e*  naçer  —  20  uir 
ou  muy  g.  p.  —  21  eu  —  24  loguar. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoantes,  com  uma  palavra  perduda  nos  5"' versos  e  a  formula 
mia  senhor  nos  vei-sos  iniciaes:  abcMal).  —  Rimas  longas:  ôr(a)  êr9>) 
ar(^)  eiW. 

III  Ich  weiss  es,  traun,  dass  Gott  der  Herr  Euch,  Horrin,  unter 
allen  Fraucn  das  schonste  Angesicht  und  die  liebreizendste  Redekunst  gegeben 
hat.     Doch  noch  mehr  gab  er  Euch:  Sauftmut,  Goist  und  odlen  Wuchs  (1). 


* 


—     716     — 

Gran  mesura,  freiíiosa  mia  senhor, 
per  boa  fó,  que  vus  Deus  fez  aver; 
oa  non  poss'  eu  i  per  nenhun  logar 
25      a  min  nen  a  vos  mais  perd(a)  entender 

de  quanta  coita  eu  de  viver  ei,  8105 

polo  vosso,  que  non  ja  con  sabor 
que  eu  aja,  senhor,  de  non  morrer. 

Darum  abcr  diiift  Ihr  es  mir  nioht  ais  Scliuld  anrechneu,  wenn  icli 
auf  Erdcn  nichts  ais  Euch  iiebe.  Und  weiter  will  icli  sageu:  dio  Schuld, 
Euch  (und  nichts  ais  Euch)  nicht  zu  lieben,  werde  ich  meiu  Lebtag  nicht 
auf  mich  laden  (2). 

Bei  deni,  welcher  Euch  also  geschaífen,  beschwõre  ich  Euch,  mich 
leben  zu  lassen,  wo  ich  Euch  sehen  kann,  trotzdem  ich  Euch  jetzt  soviel 
Leides  sage;  denn  sehe  ich  Euch  uicht,  so  muss  ich  sterben,  uud  ich  be- 
fúrchte,  meia  Sterben  kõnnte  Euch  Eintrag  thun  (3) 

Au  jenem  Gleichmut  und  jenem  Ebenmass,  das  Gott  Euch  verliehen; 
denn  grõsseren  Veiiust  ais  dicsen  kann  ich  mir  nicht  vorstellen,  so  gross 
auch  die  Qual  ist,  zu  leben:  um  Euretwilien,  und  nicht  etwa,  weil  es  mir 
Fraude  bereiten  wiirde,  nicht  zu  sterben  (4). 


365. 

Por  Deus  Senhor  ^e  ora  que  farei, 
pois  que  me  vos  non  leixades  Tiver 
u  vus  eu  possa,  mia  senhor,  veer? 
Mais,  pêro  vus  pregunt',  eu  be'-no  sei! 
5      Per  bõa  fó,  moir'  eu  con  pesar  én, 
ca  oje  perco  por  vos  quanto  ben 
mi  Deus  d'este  mundo  quisera  dar. 

E  pois  vus  eu  mais  a  ve[e]r  non  ei, 
quant'  eu  mais  cedo  podesse  morrer, 
10      tanto  m'  a  mi  mais  devi(a)  a  prazer! 
Mais  prazer  é  que  eu  nunca  verei, 
ca  por  mia  morte  sei  [eu]  que  alguen, 
senhor  fremosa,  querrá  vosso  ben 
e  vossa  mesura  mSospreçar. 

lõ  E  vedes,  gran  verdade  vus  direi: 

se  vos  a  min  fezessedes  perder 
quanto  ben  Deus  no  mundo  quis  fazer 
—  que  ja  eu  nunca  por  vos  perderei  - 
por  tod'  esto  non  daria  eu  ren, 

20     se  visse  vos.     Ca  mal  veess'  a  quen 
se  d'outra  cousa  podesse  nembrar! 


8110 


8115 


8120 


8125 


I  CB  81  (55)  —  5  boa  —  moirer  —  6  freco  —  8  auer  —   10  tato 

—  \\  ey  —  12  sey  q  alguen  —  14  meç  preçar  —   21  couffa  —  22  E duã 

—  23  p  q. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
oquiconsoantes,  com  uma  palavra  perduda  no  fim  das  ostrophes: 
aW)accd.  —  Rimas  longas:  eiW  êr9»)  m(c)  ar(d). 

m  Beim  Himmel,  was  beginne  ich  nua,  da  Ihr  micli  nicht  leben 
lasst,  wo  ich  Euch,  o  Heirin,  sehen  konnte?  Doch,  ob  ich  auch  frage, 
kenne  ich  schon  die  Antwort.  Vor  Gram  muss  ich,  traun,  sterben,  denn 
durch  Euch  verliere  ich  alies,  was  es  auf  Erden  Gutes  fiir  mich  gab  (1). 


—     718     ^ 

Ed  fia  cousa  vus  pregiintarei: 
por  Deus  ^iper  que[/^]  podestes  vos  saber  8130 

aqueste  ben  que  vus  eu  sei  querer? 
25      Ca,  mia  senhor,  sempre  vo'-lo  eu  neguei, 
por  me  guardar  d'esto  que  m'  oj'  aven. 
Mais  non  quis  [Deus]  que  m'  eu  por  ón 
d'aquesta  perda  podesse  guardar.  •  8135 

Da  ieh  Euch  uiclit  melir  sehen  soll,  wâvc  das  Beste  fúrmich.  sobald 
ais  mõglich  zu  sterben.  Doch  werdo  icli  diese  Frendo  nicht  erieben.  In- 
folge  meines  Todes  ívber  niochte  jemand  Eiire  Gúte  und  Exire  Gerechtigkeit 
gering  veranschlagen  (2). 

"VVahr  ist  es,  brâchtet  Ihr  mich  auch  um  alies  Gute,  das  Gott  auf 
Erden  geschaffen  hat,  so  thâte  das  nichts,  wenn  ich  Euch  nur  sahe.  Denii 
wehe  dem,  der  dann  au  anderes  zu  denken  vermõchte  (3). 

Fragen  will  ich  Euch  nach  einer  Sache:  durch  wen  habt  Ihr  erfahrcn, 
wie  sehr  ich  Euch  liebe,  da  ich  es  stets  verheimlicht  habe,  aus  Furcht 
vor  dem,  was  uiir  heute  geschieht?  Gott  aber  hat  nicht  gewollt,  dass  ich 
mich  vor  diesem  Verluste  hiiten  kõnnte  (4). 


366. 


Se  vus  prougiiesse,  mia  senhor, 
rogar -vus- ia  fia  ren 
que,  pois  me  non  fazedes  ben, 
que  me  non  fezessedes  mal. 
5     E  mia  senhor,  a  meu  cuidar, 
nunca  vus  devi'  a  pesar 
de  vus  quen-quer  rogar  assi. 

E  pêro  sõo  sabedor, 
mia  senhor,  que  fbz[i]  mal-sen 
10     porque  vus  ora  falei  én. 
Ca  ben  creede  que  por  ai 
non  ousaria  eu  provar, 
mia  senhor,  de  vosco  falar, 
como  vus  fezestes  en  mi. 

15  Ca  sei  eu  ben,  u  ai  non  jaz, 

ca  Deus  vus  fez  tanto  valer 
que  nunca  devedes  fazer 
en  nulha  cousa  se  ben  non. 
Mais  eu  tan  grave  coita  ei 

20      por  vos,  senhor,  que  sol  non  sei 
que  me  dig'  [ou  façM]  que- quer. 


8140 


8145 


8150 


8155 


I  CB  82  (56)  —  8  /o  —  9  /e*  —  14  mj  —  17  devedes  a  fazer  — 
—  19  entã  —  21  digne  o  q  quer  —  22  mefta  —  25    q,  come  —  26  q  feray. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
paieadas,  com  palavras  perdudas  no  principio,  no  meio  e  no  fim: 
abbcdde.  —  Rimas  longas:  or(«^)  énW  ali*^)  arW  «(e)  no  giiipo  1°;  azi^) 
rrC)  oni*'}  eiW  ér(e)  no  11°. 

Colocci  annota:  due  stãtie. 

III  Gefiele  es  Euch,  Herrin,  so  mõchte  ich  um  eines  bitten:  da  Ihr 
iiiir  nichts  Liebes  orwoison  wollt,  erweist  mir  wonigstens  niclits  Leides. 
I  ii'l  solche  Bitte  diirfte  Eucli,  nieincs  Erachtens,  nicht  erziirnen  (1). 


—     720     — 

E  pois  m[e]  esta  coita  faz 
agor(a)  aqui  o  sen  perder, 
u  vus  vej(o),  [e]  mi  faz  dizer 
25      quanto  me  ven  a  coraçon,  8160 

por  Deus,  mia  senhor,  ^que  farei? 
Ou  que  conselho  prenderei 
u  vus  eu  veer  non  poder'? 

Trotzdem  weiss  ich,  dass  es  thõricht  von  mir  war,  davon  zu  reden. 
Auch  wúrde  ich  es  unter  anderen  Umstânden  nicht  unterneliineii,  Euch, 
Herrin,  von  dera  zu  sprechen,  was  Ihr  mir  angethan  habt  (2). 

Denn  ich  weiss  recht  gut  und  sonder  Zweifel ,  dass  Gott  Euch  so  vor- 
trefflich  geschaffen  hat,  dass  Ihr  nur  Gutes  thun  kõnnt.  Das  Leid  aber, 
das  Ihr  mir  bereitet,  ist  so  gross,  dass  ich  uicht  weiss,  was  ich  thue  oder 
rede  (3). 

Habe  ich  aber  hier  ia  Eurer  Gegenwart  den  Verstand  verloren ,  so  dass 
ich  sage,  was  mir  in  den  Sinn  kommt,  ach  Herrin,  was  soll  ich  da  be- 
ginnen  und  wie  mir  raten,  wenn  ich  Euch  nicht  mehr  erblicke?  (4) 


367. 


Senhor,  eu  vus  quer'  iia  ren  dizer, 
e  pêro  sei  que  vus  direi  pesar:  8165 

vedes,  quando  vus  eu  venho  veer 
e  cuid'  en  vos,  quant'  i  posso  cuidar, 
5      senhor,  eu  sõo  maravilhado 
porque  pod'  orne  seer  guardado, 
pois  vus  ja  vee,  de  vus  tan  muit'  amar?  8170 

Ca,  senhor,  por  quanto  Deus  quis  fazer 
no  mund'  a  om'  en  molher  muit'  amar, 
10     vedes,  tod'  esto  vus  eu  ei  a  veer, 
pêro  punhades  vos  de  o  negar. 
Mais  Deus!  que  preito  tan  desguisado  8175 

de  poderdes  vos  tSer  negado 
tan  muito  ben  como  vus  quis  Deus  dar! 

15  E  senhor,  se  vus  caess'  en  prazer, 

de  pran,  non  vus  deviades  queixar 

a  min,  porque  non  sei  sen  vos  viver,  8180 

nen  sei  ai  d'este  mundo  desejar 

se  non  vos,  e  muit',  e  sen  meu  grado, 
20     E  demais  sabedes  ;  mal -pecado! 

ca  vus  non  ei  ren  do  voss'  a  custar. 


I  CB  83  (57)  —  2  epero  —  5  fon  marauilhador  —  1  ta  —  9  honn 
—  12  defaguifado  —  13  teer  —  14  §»  fe  —  18  wõ  —  19  §  muyce  — 
24:  e  q  —  25  cm  deuos. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  — Versos  de  dez  syllabas :  Deca- 
syllabos,  misturados  com  Nonarios  trochaícos.  —  Coplas  equicon- 
soantes:  ababccb.  —  Rimas  longas  e  breves:  êrW  arW  adoi«\ 

Seldiffi^  segundo  Colocci.  —  Todas  as  coplas  principiam  com  uma 
foimula  em  que  entra  a  palavra  senhor. 

46 


^     722     — 

E  senhor,  por  Deus  que  vus  fez  nacer,         SlSí) 
pois  vus  eu  ja  ren  non  ei  a  custar, 
^;en  que  perdedes  d'  eu  vosso  seer, 
25     e  de  vus  do  meu  ja-quê  ementar? 
Ca  sei  que  o  meu  ei  ementado, 
ca  saben  que  fui  mal -dia  nado,  SJ90 

porque  vus  vi  e  vus  oí  falar. 

III  Herrin ,  ich  niõchte  Euch  etwas  gestehen ,  obwohl  ich  voraussehe, 
dass  es  Euch  àrgern  wird:  so  oft  ich  Euch  erblicke  oder  an  Euch  denke, 
wundere  ich  mich,  wie  irgeud  jemand  sich  davor  schútzen  kann,  sich  in 
Euch  zu  verlieben,  wenn  er  Euch  sieht  (1)? 

Denn,  Herrin,  seht  an:  alies  Reizende,  was  Gott  geschaíTen  hat,  das 
der  Mann  an  einer  Prau  liaben  kann,  das  erblicke  ich  an  Euch,  obwoh! 
Ihr  es  zu  verstecken  bemúht  seid.  Doch  welch  ein  thorichtes  Unterfangen, 
das  viele  Gute,  was  Gott  Euch  gab,  zu  verhehlen  (2). 

Beliebte  es  Euch.  so  solltet  Ihr  nicht  darúber  klagen,  dass  ich  nicht 
ohne  Euch  leben  noch  mich  nach  jemand  anderem  sehnen  kann,  ais  nach 
Euch.  Und  wie  sehr!  gegen  meinen  "VVillen.  Ausserdem  wisst  Ihr  auch, 
dass  ich,  leider  Gottes,  Euch  nichts  kosten  werde  (3). 

Da  ich  Euch  aber,  bei  Gott  dem  Schõpfer,  niclits  kosten  werde.  was 
verliert  Ihr  da,  so  ich  der  Eure  bin,  und  ein  klein  wenig  von  meinem  (Er- 
gehen)  verrate?  Denn  ich  habe  von  meinem  (Ergehen)  wirklich  etwas  ver- 
raten:  man  weiss,  dass  ich  an  einem  Ungliickstage  geboren  bin,  da  ich 
Euch  zu  sehen  und  zu  hòren  bekam  (4). 


10 


15 


20 


368. 

Par  Deus,  mia  senhor,  enquant'  eu  viver', 
ja  vus  eu  sempre  por  Deus  rogarei 
que  mi  valhades;  mais  eu  vus  direi 
log'  ai  que  vus  nunca  cuidei  dizer: 
eu  cuido  que  me  non  possades 
valer  ia,  maçar  vus  queUlrades. 

que  vos  mi-avedes  metud'  en  atai 
coita  por  vos  que,  maçar  vus  gran  mal 
seja  de  mi,  tremosa  mia  senhor, 

eu  cuido  que  me  non  possades 
valer  ja,  maçar  vus  que[^]rades. 

E  mia  senhor,  direi -vus  én  com'  é 
o  meu;  e  por  Deus  que  vus  non  pes  én! 
Vedes,  maçar  m'  og'  eu  por  vosso  ben 
assi  perco,  senhor,  per  bõa  fé, 

eu  cuido  que  me  non  possades 
valer  ja,  maçar  vus  que[^]rades. 

E  maçar  vus  eu  mui  de  coraçon 
amo,  senhor,  muit'  a  vosso  pesar, 
e  vus  venho  cada  dia  rogar 
que  me  valhades  \se  Deus  mi  perdon! 
eu  cuido  que  me  non  possades 
valer  ja,  maçar  vus  que[^]rades. 


8195 


8200 


8205 


8210 


8215 


I  CB  84  (58)  —  4  logual  —  21  roguar. 

II  Cantiga  de  refrani:  4  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos  no  corpo 
da  cantiga  e  Octonarios  jambicos,  graves,  no  refram.  —  Coplas  sin- 
gulares: abba||C€.  —  Rimas  longas  e  breves:  rri^)  eiW  na  1*  copla; 
w-(«)  al^)  na  2*;  é(«)  éwW  na  3*;  owU)  arW  na  4%  e  ades  no  refram. 

Intercalar^  no  dizer  de  Colocai. 

III  So  wahr  mir  Gott  helfe,  solange  ich  lebe,  werde  ich  Euch  um 
Hilfe  anrufen,  obwohl  ich  weiss,  dass  mir  nicht  mehr  zu  helfen  ist,  selbst 
wonn  Ihr  -wolltet. 


46^ 


369. 


10 


15 


O  mui  fremoso  parecer 
que  vos  avedes,  mia  senhor, 
esse  faz  oj'  a  mi  saber 
qual  coita  Deus  fezo  mayor 
de  quantas  coitas  quis  fazer, 
e  faz  mi- a  toda  padecer! 

TJ  vus  eu  non  posso  veer, 
mi -a  faz  padecer,  mia  senhor; 
mais  sei  m'end'  eu  pouco  doer, 
pois,  u  vus  vejo,  tal  sabor 
ei  que  me  faz  escaecer 
quanta  coita  soí  prender. 

E  ai  vus  ar  quero  dizer 
que  m'  aven  de  vos,  mia  senhor: 
ben  cuido  que  ja  [eu]  poder 
nunc(a)  averei  de  vos  melhor 
do  que  vus  eu  quero,  querer. 
Ben  i  mi -o  ei  logo  d'  aver. 


8220 


8225 


8230 


I  CB  85  (59)  —  10  ueio  q  tal  fabor  —  12  e  quanta  coita  soia 
prender  —  15  ctiydo  q  —  18  ben  himho.  —  Não  sei  que  fazer  d'este  verso. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Octonarios.  —  Coplas 
equiconsoantes,  com  a  formula  mia  senhor  no  2°  verso  de  todas:  ababaa. 
—  Rimas  longas:  êr(a)  ôr9>). 

Seldifs,  segundo  Colocci. 

III  Euer  holdes  Angesicht  lehrt  mich  die  grõsste  Qual  kennen,  die 
Gott  geschaffen  hat,  und  zwar  muss  ich  sie  ganz  auskosten  (1). 

Ich  koste  sie,  sobald  ich  Euch  nicht  sehe;  doch  pflege  ich  dariiber 
nicht  zu  klagen,  denn  sobald  ich  Euch  erblicke,  empfinde  ich  solche  Preude, 
dass  ich  alies  Leid  vergesse  (2). 


725 


E  ides-m'  ora  defender 
20     que  vus  non  veja,  mia  senhor; 
e  se  m'  og'  eu  visse  morrer, 
non  me  seria  én  peor, 
ca  mi  queredes  i  tolher 
quant'  og'  eu  ei  en  que  viver! 


8235 


Und  wôiter  sage  ich  Euch,  wie  es  mit  meinem  Verhâltnis  zu  Euch 
bestellt  ist:  ich  glaube  Euch  niemaJs  inuiger  lieben  zu  kõnnen,  ais  ich  Euch 
jetzt  liebe  (3). 

Nun  aber  verbietet  Ihr  mir,  Euch  zu  sehen.  Und  stiirbe  ich  noch 
diesen  Tag,  so  wâre  das  nicht  schlimmer  fúr  mich,  da  Ihr  mir  nehmen  wollt, 
was  mir  das  Leben  lebenswert  macht  (4). 


370. 


Per  boa  fé,  meu  coraçon, 
mal  me  per  fostes  conselhar 
aquel  dia  'n  que  vos  filhar 
me  fezestes  esta  senhor; 
5      ca  cedo  mi  per  fez  saber, 
quejandas  noites  faz  aver 
Amor,  a  quen  el  preso  ten! 

E  ;mao  meu  pecado!  non 
foi  nunca  soo  en  pensar 
10      que  s^  ela  quisesse  pagar 
de  saber  eu,  qual  ben  Amor 
a[oJ  seu  preso  faz  prender, 
quando  se  d'ele  sol  doer, 
ca  nunca  lhe  per  ai  faz  ben! 

15  Mais  pêro  non  ei  eu  razon 

de  me  por  én  a  vos  queixar, 
mais  a  min  que  mi -a  foi  buscar. 
B  alguen  foi  ja  de  melhor 
sen  que  eu  i  sòubi  seer; 

20      ca,  de  pran,  mi -a  cuidei  veer 
e  non  lazerar  pois  por  én! 


8240 


8245 


8250 


8255 


8260 


I  CB  86  (60)  —   1  boa  —   men  c.   —  6  qiieiandcs  —   8  pccdo  nê 

—  19  SC  —  23  720  —  24  éqna  —  25  far  —  26  7^  sen  aia  aiier  a  entender 

—  27  ca  nõ  deuia  eu  a  fax'  —  28  cuydo. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octouarios.  —  Coplas  eqiii- 
consoantes  com  palavras  perdudas  no  principio,  meio  e  fim  das 
estancias:  abbcdde.  —   Eimas  longas:  oni»')  «/•(.•»)  or(c)  erW  éni^). 

Seldif,  segundo  Colocci. 

III  Gar  úbel  hast  Du,  o  Herz,  mich  beraten  an  jenem  Tage,  ais 
Du  mich  diese  Herrin  wáhlen  hiessest,  denn  gar  bald  lehrte  sie  mich 
grundlich  begreifen,  was  fiir  Nachte  Amor  seinem  Gefangenen  bereitet  (1). 


25 


—     727     — 

E  se  eu  sen  ouvess'  enton, 
non  fora  tal,  cuido,  cuidar; 
e  quen  a  oje  vir'  falar 
e  parecer,  se  omen  for' 
que  sen  aja,  á  [d']  entender 
ca  non  devia  eu  fazer 
o  que  ali  cuidei,  per  ren. 


826Õ 


Und,  loider  Gottes,  ist  es  ihr  gar  nicht  iu  den  Sinn  gekommen,  sich 
darum  zu  kúmmern,  welclie  Freuden  Amor  seiíiem  Gefangenen  bereitefc,  wenn 
er  sich  seiner  erbarint,  denn  andere  Gunst  erweist  er  nicht  (2). 

Trotzdem  aber  habe  ich  keinen  Grund,  dariiber  bei  Dir  Klage  zu 
fiihren.  Bei  mir  muss  ich  sie  fiihren,  der  ich  jene  Frau  gesucht  habe. 
Und  wahiiich,  andere  sind  kliigeren  Sinnes  gewesen  ais  ich,  der  ich 
wãhnte,  sie  schauen  zu  kõnnen,  ohne  elend  zu  werden  (3). 

Hátte  ich  danials  Verstand  gehabt,  ich  hâtte  (denke  ich)  nicht  so  ver- 
kehrt  denken  soUen.  Wer  sie  heute  erblickt  und  reden  sieht,  rauss,  falis 
er  ein  Manu  von  Verstand  ist,  begreifen,  dass  ich  durchaus  nicht  hatte 
tbun  diirfen  {faxer  per  ren),  was  ich  dort  ersann  (4). 


"V 


371. 


Por  Deus,  que  vus  fez,  mia  senhor, 
mui  ben  falar  e  parecer, 

pois  a  mi  non  pode  valer  8270 

ren  contra  vos  ^le  que  farei? 
5      que  eu  conselho  non  me  sei, 
nen  atendo  de  me  leixar 
esta  cuita,  'n  que  m'  eu  andar 
vejo  por  vos,  nunca  saber?  8275 

E  de  tal  coita,  mia  senhor, 
10     non  é  sen  guisa  d'  eu  morrer. 

Pêro  nunca  mi- a  Deus  perder 

leix'  ar  per  vos  per  quen  a  ei, 

se  vus  eu  nunca  mais  amei  8280 

de  quanto  vus  devia  amar 
15      omen  que  vivess'  en  logar 

en  que  vus  podesse  veer! 

E  se  quiserdes,  mia  senhor, 
algiia  vez  mentes  meter  8285 

en  qual  vus  Deus  quis[o]  fazer, 
20     ja  vus  eu  sempre  gracirei, 
ca  úa  cousa  vus  direi: 
ben  poderedes  log'  osmar 

ca  me  non  fazedes  levar  8290 

coita  que  eu  possa  sofFrer. 


I  CB  87  (61)  —  4  e  que  f ar  —  12  eleixr  —  13  /è  huug  —  19  qis 
—  27  uos  deuedes  mha  creer  (q). 

II  Cantiga  de  meestria:  4x8.  —  Octonarios.  —  Coplas 
equiconsoantes  com  uma  palavra  perduda  nas  1*^  linhas,  que  vem  a 
ser  a  formula  mia  senhor:  abbccddb.  —  Eimas  longas:  drW  êrW 
e«(c)  arW. 


729     — 


25  E  mais  vus  quero,  mia  senhor, 

da  mia  fazenda  ja  dizer; 
e  vos  devedes  mi -a  creer 
(que  nunca  vus  eu  mentirei): 
vedes,  nunca  vus  poderei 

30     tan  muit'  en  mia  coita  falar 
que  vus  per  ren  possa  mostrar 
quan  grave  m'  é  de  padecer. 


8295 


III  Beim  Himmel,  der  Euch,  Herrin,  so  redegewandt  und  hold- 
blickend  schuf,  da  nichts  mir  gegen  Euch  hilft,  was  beginne  ich,  da  ich 
mir  keinen  Rat  weiss  noch  je  zu  wissen  envarte,  weil  die  Qual,  ia  der 
ich  um  Euretwillea  lebe,  es  nicht  zulâsst  (1)? 

Dass  ich  an  dieser  Qual  sterbe,  ist  nichts  Erstaunliches,  o  Herrin. 
Gott  aber  mõge  dieselbe  nicht  wieder  voa  mir  nehmen  durch  Euch ,  um  die 
ich  sie  fúhle,  wenn  ich  Euch  je  mehr  geliebt  habe,  ais  Euch  lieben  muss 
jedermann,  der  an  einer  Stãtte  lebt,  von  der  aus  er  Euch  schauen  kanu  (2)! 

Wolltet  Ihr  jedoch,  Herrin,  einmal  Gottes  Werk  an  Euch  beachten, 
so  wúrde  ich  es  Euch  immerdar  danken ,  denn  ich  versichere  es  Euch ,  Ihr 
wúrdet  allsogleich  erkennen,  dass  Ihr  mir  eine  Pein  auferlegt,  die  ich  nicht 
zu  tragen  im  Stande  bin  (3). 

Noch  eines  aber  will  ich  aussprechen  betreífs  moines  Zustandes,  und 
Ihr  miisst  mir  glauben,  dass  ich  Euch  nicht  beliige:  seht,  so  viel  ich  auch 
von  meiner  Peia  redete,  dennoch  kõnnte  ich  Euch  auf  keine  Weise  zeigen, 
wie  schwer  sie  zu  ertragen  ist  (4). 


372. 

Muitos  tgen  oje  por  meu  trobar  8300 

ca  mi-o  non  faz  nulha  dona  fazer; 
e  be'-no  poden  porá  si  tõer! 
Pêro  a  dona,  que  eu  vi  falar 
5      nunca  melhor  nen  melhor  semelhar, 

mi-o  faz  a  mi,  per  bõa  fé,  fazer.  8305 

Pêro  Deus  sab(e)  (a  que  se  ren  negar 
non  pode)  que,  maçar  mi-o  faz  fazer, 
que  o  non  sabe,  nen  ar  á  poder 
10      de  o  saber;  nen  sei  og'  eu  osmar 

quen  lhe  podesse  dizer  o  pesar,  8310 

maçar  o  muito  quisesse  fazer. 

Ca  m'én  soub'  eu  sempre  mui  ben  guardar, 
ja  Deus  loado!  de  omen  fazer, 
15      nen  a  molher,  a  verdad'  6n  saber; 

je  nunca  m'én  Deus  leixe  ben  achar,  83lõ 

se  m'  ant'  og'  eu  non  quisesse  matar 
que  mais  d'aquesto  end'  ela  fazer! 

I  CB  88  (62)  —  1  teen  —  3  por  affy  teer  —  Q  boa  —  faxeir  — 
%  q  o  110  sabhã  nen  ar  a  o  poder  —  11  ^  Iheu  p.  —  12  maeareo  —  13 
com  foubeu  —  14  demomen  —  16  enueameuds  l,  b.  a.  —  17  femã  oieu 
—  21  auer  —  24  que  faz  f. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoantes:  abbaal).  —  Kimas  longas:  ar(a)  èVí»»).  —  Os  vereos 
2  e  6  de  todas  as  estancias  acabam  em  faxerl 

III  Viele  sind  der  Meinung,  ich  dichtete  nicht  fiir  eine  Dame.  Das 
mõgen  sie  meinethalben  (bei  und  fiir  sich)  denkeu.  In  Wahrheit^aber^ist 
die,  welche  mein  Dichten  veranlasst,  eine  Frau,  ais  welche  ich  nie  eine 
bessere  oder  schõnere  sah  (1). 

Doch  Gott  weiss  es,  deni  wir  nichts  verbeimlichen  kõnnen,  dass,  ob- 
gleich  sie  mein  Dichten  veranlasst,   sie  dennoch  nicht  darum  weiss,   noch 


731 


E  vedes  qne  me  faz  assi  quitar 
20     de  mais  d'aquesto  end'  ela  fazer: 
porque  o  faço,  posso  a  veer, 
e  ena  terra  con  ela  morar; 
e  est'  eu  non  poderi'  acabar 
se  non  per  esto  que  [me]  faz  fazer. 


8320 


es  je  erfahren  kann;  noch  kenne  ich  irgend  jemand,  der  ihr  dies  Ãrgernis 
zu  melden  vermochte,  so  sehr  er  es  auch  wiinschte  (2). 

Denn  sehr  vorsichtig  habe  ich  mich ,  gottlob,  davor  gehútet,  es  irgend 
einem  Maone  oder  einer  Frau  kund  zu  geben.  Auch  mõge  mir  Gott  nimmer 
ihre  Huld  gewáhren,  wenu  ich  mir  nicht  lieber  den  Tod  giibe,  ais  dass  sie 
mir  noch  mehr  davon  bereitete  (3). 

Was  mich  aber  davor  schiitzt,  dass  sie  mir  nicht  noch  mehr  davon  be- 
reitet,  ist  folgendes:  weil  ich  solches  thue  (d.  h.  weil  ich  mich  davor  húte, 
mein  Geheimnis  zu  verraten),  darf  ich  sie  sehen  und  an  demselben  Orte  wie 
sie  wohnen.  Und  das  kõnnte  ich  durch  uichts  anderes  erreichen  ais  durch 
das,  wozu  sie  mich  zwingt  (durch  das  Geheimhalten  nãmlich)  (4). 


378. 

A  Deus  grad'  oje,  mia  senhor, 
porque  vus  eu  posso  veer!  8325 

Ca  nunca  eu  vira  prazer 
no  mundo  ja  per  outra  ren. 
5     Quand'  averei  eu  nunca  ben, 
se  mi -o  Deus  i  de  vos  non  der'! 

Sei-m'  eu  est',  e  sei,  mia  senhor  8330 

fremosa,  ca  d'este  poder 
que  mi  Deus  faz  atai  aver 
10      que  vus  veja,  fará-xe-m'  6n 
perda  do  corpo  e  do  sen, 
u  vus  eu  veer  non  poder'.  8335 

Mais,  mentr'  eu  vos  veer  poder' 
e  poder'  con  vosco  falar, 
15     por  Deus  a  min  non  querer  dar 
de  vos  mais  ben  ca  mi  og'  ei, 
en  atanto  non  rogarei  8340 

Deus  por  mia  morte,  mia  senhor. 

I  CB  89  (63)  —  3  plaxer  —  O  verso  7  vem  repetido  (e  marcado 
com  cruz  -]-)•  ^  primeira  vez  diz  esto,  a  segunda  est.  —  10  ueio  —  11 
corpor  do  fen  —  15  querer. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Octonarios  jambicos.  — 
Coplas  pareadas,  com  duas  palavras  perdudas,  coUocadas  no  primeiro 
e  ultimo  verso  das  estrophes,  e  que,  de  mais  a  mais,  ligam  os  dois  grupos: 
abbccd.  —  Rimas  longas:  ÔrW  êr(b)  mW  érW  no  grupo  P;  érW  ar^) 
ei(c)  ôrW  no  IP,  em  que  portanto  as  palavras  perdudas  foram  inver- 
tidas. Temos  mha  senhor  nos  1°*  versos  do  grupo  1°  e  nos  últimos  do  11°; 
der'  no  fim  da  1*  estancia  e  principio  da  4*;  e  poder'  no  fim  da  2*  e  prin- 
cipio da  3*. 

Colocci,  ao  traçar  as  palavras  due  stãxe  T  fine.,  tinha  em  mira,  de  certo, 
somente  a  formula  mha  senhor. 


—     733     — 

E  se  me  Deus  vosso  ben  der', 
20     e  me  non  ar  quiser'  guisar 
vosco  que  me  possa  durar, 

non  mi  averá  mester;  ca  sei  8345 

ca  log(o)  a  rogar  averei 
Deus  por  mia  morte,  mia  senhor. 

in  Gott  sei  gedankt!  ich  darf  Euch  sehen.  Denn  andere  Lust  ais 
die,  Euch  zu  sehen,  giebt  es  nimmer  auf  Erden  fur  niich.  Wie  soUte  ich 
noch  Freude  haben,  kommt  sie  mir  nicht  durch  Euch  von  Gott  (1). 

Das  weiss  ich;  und  weiss  feruer,  schõnste  Herrin,  dass  aus  dieser 
Mõglichkeit,  Euch  zu  sehen,  die  mir  Gott  giebt,  mir  Verderben  Leibes  und 
Geistes  kommen  wird,  sobald  ich  Euch  nicht  sehen  kann  (2). 

Solange  ich  Euch  aber  sehen  und  mit  Euch  sprechen  kann,  (weil  mir 
der  Himmel  doch  nicht  mehr  Gunst  von  Euch  geben  will,  ais  ich  heute 
besitze):  solange  werde  ich  nicht  um  den  Tod  beten  (3). 

Will  mir  Gott  aber  Eure  Gunst  schenken,  jedoch  nicht  in  solcher  Weise, 
dass  sie  dauern  kann ,  so  werde  ich  ihn  gleich  um  den  Tod  bitten  mussen  (4). 


374. 

Deu' -lo  sab'  oge,  mia  senhor, 
(a  quen  se  non  absconde  ren, 

de  pran),  ca  vus  quer'  eu  melhor  8350 

d'outra  cousa;  mais  non  por  ben 
5      que  de  vus  atenda,  ca  sei 
ca  ja  per  vos  non  perderei 

«gran  coita  do  meu  coraçon.» 

Que  eu  i  tenho,  mia  senhor,  8355 

por  vos  que  me  fazedes  mal, 
10     porque  desejo  voss'  amor, 
e  eu  non  poss'  i  fazer  ai; 
mais  sõo  quite  de  perder 

per  nulha  guisa,  sen  morrer,  8360 

«gran  coita  do  meu  coraçon.» 

1.5  Ca  jmal  peccado!  mia  senhor, 

ben  per  sei  eu  ca  ja  'ssi  é 

que  mi  non  faredes  mayor 

ben  ja  nunca  jper  bõa  fé!  8365 

ca  me  fezestes,  pois  vus  vi; 
20     e  non  perderei  eu  per  i 

«gran  coita  do  meu  coraçon.» 

I  CB  90  (64)  —  2  aqueffe  —  12  foõ  —   27  morer  eu  e  tolherffa. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (6  +  1).  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares,  ligadas  por  uma  das  rimas  (a):  abal)CCJ|D.  —  Rimas  longas: 
ôr(a)  é«(í>)  e*(c)  na  1"  estancia;  òr(a)  aíC»)  er(e)  na  2*^;  orW  éC»)  *(c)  na  S""; 
Ôr(")  arW)  á(f)  na  á'';  on  no  refram.  —  Todos  os  primeiros  versos  findam 
em  mha  senhor. 

Colocci  diz:  l  ulto  ttercal.,  e  accrescenta,  menos  acertadamente:  e  di 
9  syllah. 


735     ~ 


Mais  se  Deus  quiser',  mia  senhor, 
agora  quando  m'  eu  quitar' 
aqui  de  vos,  e  sen  vos  for' 
u  vus  non  vir',  nen  vus  falar', 
ben  per  sei  eu  como  será: 
morrerei  eu,  e  tolher- s'-á 

«gran  coita  do  meu  coraçon.» 


8R70 


8375 


TTT  Gott,  dem  nichts  verborgen  bleibt,  weiss,  dass  ich  Euch  iiber 
alies  liebe,  doch  nicht,  weil  ich  Liebes  von  Euch  envartete,  denn  ich  vveiss, 
dass  Ihr  mir  nicht  abnehmt  |1  die  grosse  Herzenspein  (1), 

Die  ich  um  Euch  erdulde,  da  Ihr  mir  iibelwollt,  weil  ich  Eure  Liebe 
begehre;  uud  ich  kann  doch  nicht  anders  verfahren;  und  werdc  durch  nichts 
anderes  ais  durch  den  Tod  befreit  von  meiner  ||  grossen  Herzenspein  (2). 

Denn  leider  Gottes  werdet  Ihr  mir,  traun,  niemals  mehr  Liebe  anthun, 
ais  Ihr  mir  bisher  angethan,  seit  ich  Euch  kenne;  folglich  werde  ich  nicht 
verlieren  ||  die  grosse  Herzenspein  (3). 

So  Gott  will,  wird  nun  aber  folgendes  geschehen:  wenn  ich  nun  von 
Euch  gehe  und  da  bin,  wo  ich  Euch  nicht  sehen  noch  sprechen  kann, 
werde  ich  sterben  und  dann  ist  von  mir  genommen  ||  meine  grosse  Her- 
zenspein (4). 


SECÇÃO  II 


CANTIGAS 


375  —  377 


DE 


JOAN   SOAIRES,  SOMESSO. 


PREENCHEM  A  2^  LACUNA. 


47 


375. 

Ogan'  en  Mui  menta 
disse  don  Martin  Gil: 
«Viv'  en  mui  gran  tormenta 
dona  Orrac'  Abril, 
5  «Per  como  a  quer  casar  [o]  seu  pai.         8380 

E  a  quen  lh'o  enmciita, 
cedo  o  mate  un  [vil]^ 
e  a  ela,  se  se  con  Chora  vai!» 

E  diss(e)  en  Mfii menta 
10      como  vus  [eu\  direi:  .  8385 

«Ela  viv'  en  tormenta, 
segundo  o  eu  sei: 

«Per  como  a  quer  casar  [o]  seu  pai. 
E  a  quen  [Uio]  enmenta, 
15  cedo  o  mate  el  rei,  8390 

e  a  ela,  se  se  con  Chora  vai!» 


I  CB  104  (78)  —  ]  muy  menta  —  2  dife  —  4  oraea  bril  —  5 
caffar  feu  pay  —  7  cedo  moyra  noffa  —  9  MuymSta  —  10  comouos  direi 
—  13  aqi  (=  a  q?-)  cafar  feu  pay  —  14  e  aTifi  meta  -  16  e  24  cõ  thora 
uay  ■ —  23  cedo  moyra  p'em. 

Introduzi  no  3"  verso  do  refram,  tanto  na  1"  estrophe  como  na  3% 
modificações  bastante  incisivas,  a  fim  de  substituir  o  modismo  m,orrer  a 
alguém,^  que  desconheço,  por  outro,  de  teor  e  construcção  parecida  á  for- 
mula empregada  na  2"  estrophe.  Tenho  todavia  certeza  de  que  o  texto 
precisa  de  revisão.  —  Pode  haver  quem  pense  que  seria  melhor  retocarmos 
o  ultimo  verso  do  refram,  separando-o  grammaticalmente  do  anterior,  e 
escrevendo:  E a[y]  d' ela,  se  se  con  Chora  vai!  porque  n'este  caso  poderia- 
mos  conservar  em  ambas  as  estrophes  o  verbo  morrer  do  texto ,  lendo  pri- 
meiro: cedo  moira  o  vil!  e  depois:  cedo  moira  por  én!  Ficava  comtudo 
inexplicado  e  sem  nexo  lógico  a  phrase:  E  a  quen  Ih' o  enmenta.  Só  se 
entendêssemos:  E  afyj  quen  Ih' o  etimenta!  considerando  também  este  a 
como  interjecção? 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-|-4).  —  Senarios  trochaicos, 
misturados,  apparentemente,  no  refram  com  dois  Decasyllabos  jambicos 


—     739     — 


20 


EJ  diss(e)  en  Miiimenta 
(jassi  me  venha  ben!): 
«Viv'  ea  tan  gran  tormenta 
que  quer  perder  o  sen 

[«Per  corno  a  quer  casar  o  seu  pai. 

E  a  quen  lh'o  enmenta, 

ced'  o  maten  por  én, 

e  a  ela,  se  se  con  Chora  vai!» 


8395 


(verso  5  e  8).  —  Todas  as  coplas  têem  nos  versos  1 ,  3  e  6  as  rimas  Múi- 
menta  tormenta  enmenta  e  do  5"  e  8'^  ■pai  vai.,  sendo  portanto  diíferen- 
ciadas  apenas  pela  rima  b:  abab||CABC.  —  Rimas  breves  e  longas: 
e«ía(a)  il^)  ai{^)  na  1"  copla;  entai»)  eii^)  ai{<i)  na  2*;  enta(<^)  é«('J)  az(«) 
na  3*.  —  O  copista  não  marcou,  graphicamente,  o  refram. 

Colocci  pôs  uma  cruz  junto  ao  verso  1  e  7;  escreveu  ao  pé  do 
segundo  a  indicação:  Tornell,  e  no  fim  da  pagina  o  nome  Martin  Oil, 
caracterizando  ainda  a  cantiga  com  o  epitheto  Jocosa. 

III  Heuer  spracli  in  Miiimenta  Herr  Martin  Gil :  „In  grosser  Not  lobt 
Damo  Urraca  Abril,  |j  weil  ihr  Vater  sie  vermáhlen  will.  Den  aber,  welcher 
zu  ilir  davon  spricht,  mõge  ein  Unedler  tõteti;  und  dazu  sie  selber,  falis 
sie  wirkiich  mit  Chora  auf  und  davongeht."  (1) 

Ou  então,  para  quem  aceitar  as  modificaçues  propostas  em  nota: 

Doch  wehe  dem,  welcher  zu  ihr  davon  spricht!  Der  Unedle  mõge 
einen  raschen  Tod  finden!  Und  auch  sie  selber,  falis  sie  wirkiich  mit  Chora 
auf  imd  davongeht! 

Gleichwie  ich  Euch  vermelden  will,  sprach  er  in  Míiimonta:  „In  grosser 
Not  lebt  sie,  wie  ich  fiir  sicher  weiss,  ||  weil  ihr  Vater  sie  vermáhlen  will. 
Und  den,  welcher  zu  ihr  davon  spricht,  moge  der  Kõnig  tõten,  und  dazu 
eto.  (2). 

Er  sprach  in  Miíimenta:  „so  wahr  es  mir  gut  ergehen  moge,  lebt  sie 
ia  so  grosser  Not,  dass  sie  den  Verstand  verliert,  ||  weil  ihr  Vater  sie  ver- 
máhlen will.  Und  der,  welcher  zu  ihr  davon  spricht,  mõge  darum  gewalt- 
samen  Tod  erleiden,  und  auch  sie  selber,  falis  sie  wirkiich  mit  Chora  auf 
und  davongeht  (3). 


Al' 


376. 

jAy  eu  coitad'!  en  que  coita  mortal  8400 

que  m'  oge  faz  iia  dona  viver! 
Pêro  non  moir',  e  moiro  por  morrer, 
pois  non  veg'  ela,  que  vi  por  meu  mal 
5      mais  fremosa  de  quantas  nunca  vi 

donas  do  mund';  e  se  non  est  assi,  8405 

nunca  me  Deus  de  ben  d'  ela,  nen  d'  ai! 

E  esta  x'é  gran  coita,  direi  qual: 
ca  esta  coita  non  me  dá  lezer; 
10     ante  mi- a  faz  cada  dia  crecer. 

E  chamo  muito  Deus,  e  non  mi  vai,  8410 

nen  me  vai  ela,  por  que  ja  perdi 

o  sen,  pois  por  ela  ensandeci. 

A  esta  coita  ^jquen  viu  nunca  tal? 

I  CB  105  (79)  —  6  efta  affy  —  10  ceer. 

n  Cantiga  de  meestria,  talvez  truncada:  2x7.  —  Decasyl- 
labos.  —  Coplas  equiconsoantes:  abbacca.   —  Rimas  longas:  «/(.a) 

eríb)  *(c). 

III  Ach  ich  Ãrmster,  in  welcher  Todesqual  lãsst  mich  eine  Dame 
schmachten!  Ich  sterbe  nicht  und  sehne  mich  doch  sterblich  zu  sterben, 
weil  ich  sie  nicht  sehe,  die  ich  zu  meinem  Ungliick  ais  die  schõnste  aller 
irdischen  Frauen  erblickfc  habe!  Und  ist  es  nicht  also,  so  gebe  mir  Gott 
nichts  Gutes,  weder  von  ihv  noch  anderswie  (1). 

Das  abar  ist  grosser  Jammer.  Man  hõre  au,  wie  sehr:  er  gõnnt  mir 
keine  Ruhe,  vielmehr  vermehrt  ihn  jeder  Tag.  Und  ich  rufe  zu  Gott;  aber 
er  hilft  mir  nicht.  Noch  hilft  mir  die,  um  derentwilien  ich  den  Verstand 
verlor  und  nârriscli  ward.     Wer  hat  je  grõssere  Pein  gesehen?  (2) 


377. 


10 


fa  donzela  quig'  eu  mui  gran  ben, 
meus  amigos  ;assi  Deus  me  perdon!  8415 

E  ora  ja  este  meu  coraçon 
anda  perdudo  e  fora  de  sen 
por  lia  dona  ;se  me  valha  Deus! 
que  depois  viron  estes  olhos  meus, 
que  mi -a  semelha  mui  mais  d'outra  ren.  8420 

Porque  a  donzela  nunca  verei, 
meus  amigos,  enquant(o)  eu  ja  viver', 
por  esso  quer'  eu  mui  gran  ben  querer 
a  esta  dona,  en  que  vus  falei, 
que  me  semelh(a)  a  donzela  que  vi.  8425 

E  a  dona  servirei  des  aqui, 
pola  donzela  que  eu  nmit(o)  amei! 


I  CB  106  (80)  —  6  iiiro  —  7  tre  —  9  virt    —  \õ  fê  eu  f. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abbacca.  —  Rimas  longas:  é«(a)  ow('>)  eusic)  na  1"  estancia; 
e«(a)  êr\^)  «(c)  na  2*;  (5r(a)  eVW  «/(••)  na  3",  que,  portanto,  re])ete  uma  das 
consonancias  da  anterior. 

III  Ein  Fráulein  liebte  ich  von  Herzen,  o  Freunde,  so  wahr  Gott 
mir  verzeihen  moge;  jetzt  aber  bin  ich  sinnlos  verliebt  in  eine  Frau,  die 
meine  Augen  spáter  erblickten,  die  jenem  Frãuleiu  aber  ixber  die  Massen 
âhnlich  sieht  (1). 

Da  ich,  o  Freunde,  jenes  Fráulein  mein  Lebtag  nicht  wieder  sehen 
kann,  deshalb  liebe  ich  die  Frau,  welche  ihr  gleicht,  úber  alies;  und  werde 
ihr  von  nun  an  dienen,  des  Frâuleins  wegen,  das  ich  so  innig  verehrt 
habe  (2). 

Und  weil  ich,  o  Freunde,  von  der  Frau  sicher  weiss,  so  walir  mir 
Gott   helfe,  dass  sie  in   ihrer  Erscheinung  deui  Fráulein   gleicht,   deshalb 


—     742     — 

15  Porque  da  dona  son  eu  sabedor, 

meus  amigos  jassi  veja  prazer! 

que  a  donzela  en  seu  parecer  8430 

semelha  muit',  e  por  end'  ei  sabor 

de  a  servir,  pêro  que  é  meu  mal. 
20     Servi '- la -ei,  e  non  servirei  ai, 

por  a  donzela,  que  foi  mia  senhor. 

macht  es  mir  Freude ,  ihr  zu  Imldigen.  Und  obwohl  das  mein  TJnglúck  ist, 
werde  ich  ihr,  und  ihr  allein,  dienen,  jenes  Friiuleins  wegea,  das  meine 
Herrin  geweseu  ist  (3). 


SECÇÃO  III 

CANTIGAS 

378  —  382 
DE 

JOAN  SOAIRES,  SOMESSO; 

383  —  391 
DE 

NUNEANNES  CERZEO; 

392  —  397 
DE 

PÊRO  VELHO,  DE  TAVEIROOS. 


PREENCHEM  A  3»  LACUNA. 


JOAN  SOAIRES,  SOMESSO. 


378. 

Ora  non  poss'  eu  ja  creer 
que  omen  per  coita  d'  amor 
morreu  nunca,  pois  na  mayor 
viv'  eu  que  pod'  Amor  fazer 
5      aver  a  nulli'  omen  per  ren; 
e  pois  eu  vivo,  non  sei  quen 
podesse  nunca  d'  el  morrer! 

E  gran  medo  soí(a)  aver 
de  morrer  eu  por  mia  senhor; 
10      mais,  Deu'-lo  sab',  este  pavor 
todo  m'  ela  fez[o]  perder; 
ca  por  ela  conhosqu'  eu  ben 
que,  se  Amor  matass'  alguen, 
non  leixaria  min  viver. 

15  Pêro  faz  m'  el  tanto  de  mal 

quanto  Ih'  eu  nunca  poderei 
contar,  enquanto  viverei, 
pêro  me  nunca  punh'  en  al 
se  non  'n  a  mia  coita  dizer. 

20      (E)  quen -quer  poderá  entender 
que  gran  coita  per  est  atai. 


8435 


8440 


844Õ 


84Õ0 


8455 


I  CB  124  (98)  —  3  moreu  —  7  e  9  moirer  —  11  /e*  —  13  motaff- 
algue  —  18  punha  en  al  —  21  esta  tal  —  26  nõlhi  faz,  fabor. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
pareadas:  abbacca.  —  Rimas  longas:  er(»)  ôrW  ew(c)  no  grupo  1°;  a/ (a) 
ei(^)  er(«)  no  IP,  (jue  repete,  portanto,  uma  das  coosonancias  do  outro. 


745 


2õ 


E  mia  senhor  non  sabe  qual 
x'  é  esta  coita  qii{e)  eu  levei 
por  ela,  des  que  a  amei; 
ca  non  est'  antre  nos  igual 
est'  amor,  nen  Ihi  faz  saber 
com'  el  6  grave  de  soffrer. 
E  por  aquesto  me  non  vai! 


8460 


ni  Ich  kann  es  iiicht  langer  mehr  glauben ,  dass  jeinals  eia  Mann  aus 
Liebesgrani  gestorbeii  ist,  denn  in  der  grõssten  Pein,  welclie  die  Liebe 
einem  Meuschen  úberhaupt  bereiten  kann,  lebe  ich  ja.  Da  ich  aber  lebe, 
(;wer  kõnnte  da  jemals  aus  Liebe  gestorben  sein?  (t) 

Gott  weiss  es,  dass  ich  friiher  Bange  davor  hatte,  um  meine  Herrin 
zu  sterben.  Sie  aber  hat  bewirkt,  dass  ich  dieses  Bangen  verlor;  denn 
durch  sie  erkenne  ich  klar,  dass,  wenn  Liebe  iiberhaupt  jemand  tõtete, 
ich  nicht  mehr  am  Leben  sein  wiirde  (2). 

Obwohl  Liebe  mir  soviel  Leides  zufiigt,  wie  ich  mein  Lebtag  gar 
nicht  erzâhien  kann,  trieb  sie  mich  trotzdem  stets  nur  dazu,  mein  Leid 
auszusprechen.  Und  jederniann  wird  einsehen  konnen,  was  das  fúr  eine 
Qual  ist  (3). 

Meiíie  Herrin  aber  sieht  nicht  ein,  was  fúr  eine  Qual  das  ist,  die  ich 
fíir  sie  ertragen  habe,  seit  ich  sie  liebe;  denn  unsere  Liebe  zu  einacder  ist 
eben  nicht  die  gleiche,  noch  erfâhrt  sie  durch  ihr  Lieben,  wie  schwer  das 
meine  zu  ertragen  ist.     Und  darum  kommt  sie  mir  nicht  zu  Hilfe  (4). 


379. 

Quand'  eu  estou  sen  mia  senhor, 
sempre  cuido  que  ihi  direi, 

quando  a  vir',  o  mal  que  ei  8465 

por  ela  e  por  seu  amor. 
5      E  poi'-Ia  vi,  assi  mi-aven 
que  nunca  Ih'  ouso  dizer  ren, 

Ca  ei  pavor  de  Ihi  pesar, 
se  lh'o  disser'.     (JE  que  farei?  8470 

Se  me  calar',  podê'-la-ei 
10      veer,  enquanto  Ihi  negar' 
ca  a  non  vejo  con  pavor 
que  Ih'  aja,  nen  ei  6n  sabor. 

E  mentre  o  negar  poder',  8475 

algúa  vez  \ben\  averei. 
15      Pêro  (ique  vai?  ca  perder-m'-ei, 
pois,  se  m'  ela  ben  non  fezer'. 
E  non  sei  én,  qual  escolher, 
de  me  calar  ou  ]h'o  dizer.  8480 

I  CB  125  (99)  —  5  affmihauen  —  Eu  escolheria  antes  a  emenda: 
E  poi'-la  vejo  —  14  alguã  iiex  au' ey  —  15  calcar  —  24  motrer. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Octonarios.  —  A  poesia  consta 
de  dois  grupos  de  estrophes.  A  rima  b  da  primeira  reapparece  em  todas 
no  segundo  logar.  O  ultimo  grupo  está  ligado  por  êr,  o  outro  por  ôr  que 
occupa  o  logar  a  na  l^^estrophe,  sendo  c  |na  2".  O  eschema  bastante  irre- 
gular é  portanto:  abbacc;  dbbdaa;  ebbeff;  dbbdff.  —  Rimas  longas: 
Ôr(a)  eíC»)  m(«)  na  1*  estancia;  ar(a)  eíO)  or(c)  na  2%  que  introduz  portanto 
uma  nova,  deslocando  outra;  ér(a)  e^('>)  erW  na  3*;  ar(a)  e^C»)  erW  na  4*^, 
que  não  entra  com  mais  nenhuma. 

III  Bin  ich  meiner  Herrin  fern,^so  denke  ich  stets,  ich  wiirde  ihr, 
sobald  ich  sie  sãhe,  das  Leid  gestehen,  das  jçh  durch  sie  und  aus  Liebe 


20 


747 


Se  lh'o  disser',  e  me  mandar' 
que  a  non  veja,  morrerei! 
E  se  lh'o  non  dig',  averei 
gran  coita  ja,  mentre  durar'!- 

Ante  que  en  coita  viver,  8485 

sempre  direi -lii'o  ....  por  morrer! 


zu  ihr  erdulde.  Sobald  icli  sie  jedoch.  erblickt  habe,  so  geschieht  es,  dass 
ich  nicht  zu  reden  wage  (1). 

Denn  ich  fiirchte,  sprâche  ich,  so  wiirde  sie  ergriímneu.  AVas  fango 
ich  da  anV  Schweige  ich,  so  werde  ich  sie  sehen  diirfen,  solange  ich  es 
verheiínliche,  dass  ich  unterlasse,  sie  õfter  zix  sehen,  aus  Furcht  vor  ihr, 
nicht  aber,  weil  ich  Gefallen  daran  fánde  (2). 

■Wâhrend  es  mir  geliugt,  zu  verstummen,  kann  ich  Liebes  erfahren. 
Was  aber  nútzt  das,  da  ich  hernach  doch  zu  Grunde  gehe,  so  sie  mir  nichts 
Liebes  anthut?  Nicht  weiss  ich,  was  ich  wâhlen  soU,  oh  zu  schweigen 
oder  zu  reden  (3). 

Kede  ich  und  sie  befiehlt  mir,  sie  nicht  wieder  zu  sehen,  so  sterbe 
ich.  Und  rede  ich  nicht,  so  muss  ich  leiden,  bis  an  mein  Ende.  Lieber 
ais  dieses  Leiden  wàhle  ich  daher  gleichwohl  zu  reden, ....  um  ebeu  zu 
sterben  (4). 


380. 


10 


Coii  vosso  medo,  mia  senhor, 
quer'  eu  agora  começar 
úa  tal  reu  que  acabar, 

se  Deus  quiser',  non  poderei:  8490 

ca  provarei  d'  alhur  viver. 
jE  Deus  non  m'  én  dê  o  poder, 
des  que  m'  eu  de  vos  alongar'! 

Mais  dê  mi- a  morte,  mia  senhor. 
Deus!  e  nunca  me  leix'  estar  8495 

assi  no  mund'  a  meu  pesar, 
come  ja  sen  vos  estarei, 
(aquesto  sei)  des  que  viver 
non  poder'  vosco,  nen  veer 
o  vosso  mui  bon  semelhar!  8500 


I  CB  126  (100)  —  2  começar  —  8  Mais  damha  m.  —  15  C  nuca 
ds  mha  s.  —  16  eno  mudo  qifo  faxer  par.  —  17  qs  —  20  tnoirer. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
equicousoautes,  com  duas  palavras  perdudas  e  a  replicação  mia 
senhor  no  1"  verso  de  todas:  abbcddb.  —  Rimas  lougas:  ôrW  arW 
eiic)  er(d). 

Colocci  assenta:  sei  diff.  et  replica  la  parola  sig^. 

III  Aus  Furcht  vor  Euch ,  Herrin ,  will  ich  eine  Sache  beginnen ,  die 
ich,  so  Gott  will,  nicht  zu  Ende  fúhren  werde:  versuchen  will  ich  es,  forn 
von  Euch  zu  leben.  Gott  aber  mõge  mir  nicht  die  Kraft  verleihen,  inich 
von  Euch  zu  wenden  (1). 

Vielinehr  mõge  er  mir  den  Tod  geben,  und  micli  nicht  so  vergràmt 
in  der  "Welt  bestehen  lassen ,  wie  ich  ohno  Euch  (das  weiss  ich  gewiss) 
verbleibeu  wiirde,  sobald  ich  nicht  in  Eurer  Nâhe  weilen,  noch  Euer  holdes 
Antlitz  schauen  diirfte  (2). 

Denn  niemals  hat  Gott  auf  Erden  eine  Frau  schaffen  wollen,  die  Euch, 
Herrin,  gleichstiinde ,   noch  eine  Qual,   die  der  meinen  gliche,   wie  ich  sic 


—     749 


15  Ca  nunca  Deus  [vos],  mia  senhor, 

eno  mundo  quis  fazer  par; 

nen  outrosi  non  [o]  quis  dar 

a  esta  coita  que  eu  ei, 

e  averei,  des  que  viver 
20     non  poder'  vosqu'.     E  Deus  morrer 

me  leix',  u  m'  eu  de  vos  quitar'! 


8505 


nãmlich  empfinden  werde,  sobald  ich  weilen  werde,  wo  ich  Euch  nicht 
sehen  kann.  Und  darutn  mõge  er  mich  sterben  lassen  in  dem  Augenblick, 
wo  ich  von  Euch  Abschied  nehmen  muss  (3). 


i 


381. 

jSe  Deus  me  leixe  ben  aver 
de  vos,  senhor,  e  gradoar! 

muito  mi  pesa  de  viver  8510 

porque  viv'  a  vosso  pesar! 
5      Fero  non  poss'  i  ai  fazer. 
Mais  prazer- m'- ia  de  morrer, 
se  mi -o  quisesse  Deus  guisar! 

Ca  non  poss'  eu  coita  sofrer  8515 

por  ai,  senhor,  pois  m'  alongar 
10     queredes  vos  de  vus  veer 
e  viver  vosqu'  e  vus  falar. 
Nen  Deus  non  me  pode  tolher 
coita,  sen  ante  \eii\  morrer,  8520 

pois  me  non  quer  vosso  ben  dar. 

I  CB  127  (101)  —  6  prazer  mha^  i.  é.  prazer -mi- á^  lição  que  me 
parece  inaceitável,  por  causa  do  rhythmo,  e  principalmente  do  tempo  verbal, 
empregado  na  proposição  subordinada.  —  S  Ca  ia  n.  poffeu  c.  s.  —  13 
ante  moirer. 

II  Cantiga  de  meestria:  2x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
equiconsoantes:  abalbaal).  Talvez  lhe  faltem  mais  duas  estrophes.  — 
Rimas  longas:  erW  arW. 

Colocci,  pondo  á  margem  distrophe^  e  por  cima  da  cantiga  a  palavra 
stropke,  por  ventura  quereria  enunciar  laconicamente  a  opinião  que  a  poesia 
carece  das  antistrophes. 

III  So  wahr  mir  Gott  Eure  Gunst,  o  Herrin,  sclienken  und  mich 
bescMitzen  mõge,  es  wird  mir  sehr  schwer,  zu  leben,  da  ich  Euch  zum 
Leide  lebe;  doch  kann  ich  es  nicht  andern.  Gefalleu  aber  wiirde  es  mir, 
zu  storben,  so  Gott  mir  dies  Geschick  zuerteilte  (1). 

Denn  ich  kann  auf  aadere  Weise  meine  Qual  nicht  mehr  ertragen, 
da  Ihr  mich  von  Euch  trennen  wollt,  so  dass  ich  nicht  bei  Euch  weilen 
noch  Euch  sehen  oder  sprechen  werde.  Selbst  Gott  kann  mich ,  ohne  dass 
ich  tot  bin,  vom  Leide  nicht  erlõsen,  da  er  mir  Eure  Gunst  nicht  geben 
will  (2). 


I 


382. 

Per  com'  Amor  leixa  viver 
mi,  non  sei;  neii  vai  revelar 
omea  contra  el,  nen  cuidar 

que  non  faz  quanto  quer  fazer. 
Ca  tod'  el  faz  come  senhor. 
E  por  fazer  a  mi  peor, 
por  én  me  non  leixa  morrer. 


8525 


I  CB  128  (102)  —  2  mj  nõ  fey  deuida  e  far  cear.  —  A  emende 
devi'  arrecear  ou  devi'  a  recear  não  dá  sentido ,  apesar  de  ella  se  offerecer 
em  primeiro  logar  a  quem  attender  apenas  na  graphia  do  ms. ,  da  qual 
a  minha  conjectura  se  afasta  demasiadamente.  Convém ,  portanto ,  procurar 
emenda  mais  satisfactoria. 

II  Cantiga  de  maestria:  1x7.  —  Octonarios.  —  Rimas 
longas:  abbacca,  e  que  são  êrW  ar  O)  Ôr(c). 

Monostrophe,  segundo  Colocci.  É  comtudo  provável,  que  a  cantiga 
esteja  incompleta. 

m  "Wie  Amor  mich  leben  lâsst,  V4'eiss  ich  nicht.  Noch  niitzt  es, 
gegen  ihn  zu  lõcken  odor  zu  wâhnen,  er  thâte  nicht,  was  immer  ihm  beliebt. 
Denn  in  aliem  verfahrt  er  ais  Herr;  und  nur  um  mir  noch  schlimmer  mit- 
zuspielen,  lasst  er  mich  nicht  sterben. 


V 


NUNEANNES  CERZEO. 


383. 

Senhor,  esta  coita,  que  ei, 
non  vo'-la  poss'  eu  mais  dizer;  S530 

e  pois  vos  queredes  assi, 
quero -a  eu  toda  sofrer. 
5  jE  Deus  mi  valha,  se  quiser', 

ca  eu  ja  non  lh'o  rogarei, 
pois  vejo  que  non  mi-á  mester!  8õ3õ 

Ca  muitas  vezes  lh'o  roguei, 
e  nunca  me  quiso  valer; 
10      [e]  pois  non  poss'  ai  fazer  i, 
faça  de  min  o  seu  prazer! 

jE  Deus  mi  valha,  se  quiser',  8540 

ca  eu  ja  non  lh'o  rogarei, 
pois  vejo  que  non  mi-á  mester! 

15  E  pêro  m'  eu  vejo  meu  mal 

e  mia  mort',  ond'  ei  gran  pavor, 
amar-vus-ei  mui  mais  ca  mi,  8545 

entanto  com'  eu  vivo  for'! 

jE  Deus  mi  valha,  se  quiser', 
20  ca  eu  ja  non  lh'o  rogarei, 

pois  vejo  que  non  mi-á  mester! 

I  CB  129  (103)  —  Nun  e  ans  Cerzeo  q  fex  eftas  cantigas  danier 
(=  d'amor)  —  SE  —  10  poys  nõ  pofal  fazer  hy  —  11  plazr  —  15  7? 
po  —  16  e  mha  mor"  toude  ^m  pauor. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  +  3)  ou  4  x  (5  +  2).  —  Octonarios. 
—  Coplas  pareadas,  com  uma  palavra  perdiida  nos  3°''  versos,  a  qual 
liga  todas  as  estancias:  abcb||DAD  ou  abcMUAD.  —  Rimas  longas:  ei<''») 
erí*)  «(c)  no  grupo  P;  e  aZ(a)  Ôr(b)  «W  no  11°;  e  eiW  ér  (D)  no  refram. 


—     758     — 

E  pois  me  contra  vos  non  vai  8550 

Deus,  nen  mesura,  nen  amor 

que  vus  eu  ei,  cies  que  vus  vi, 

amar-vus-ei  sempre,  senhor. 

;E  Deus  me  valha,  se  quiser', 

ca  eu  ja  non  lh'o  rogarei,  8555 

pois  vejo  que  non  mi-á  mester! 


O  copista  marcou  o  refram  no  sexto  verso,  apesar  da  absoluta  igual- 
dade do  quinto  de  cada  estrophe  e  da  ordem  das  rimas.  —  Talvez  com 
razão. 

Colocci  põe:  ad  2.  cõ  tornei-,  e  ao  lado  do  refram  novamente  Tornei 
j  103.    Na  cantiga  103%  porém,  (a  nossa  13*)  o  refram  é  um  simples  distico. 

II[  Herrin,  diese  meine  Qual  ist  unaussprechlich  geworden;  und  da 
Ihr  es  also  wollt,  werde  ich  sie  still  ertragen.  ||  Gott  aber  mõge  mir  helfon, 
so  er  will;  darum  bitten  aber  werde  ich  ihn  nicht,  da  ich  eingesehen  habo, 
dass  es  mir  doch  nichts  niitzt  (1). 

Denn  oft  schon  habe  ich  ihn  darum  gobeten,  ohne  dass  er  mir  ge- 
holfen  hâtte.  Und  da  ich  weiter  nichts  zu  thun  vermag,  verfahre  er  mit 
mir  nach  seinem  Belieben.  |1  Gott  also  mõge  etc.  (2). 

Ob  ich  auch  Ungliick  und  Tod  sehe  (wovor  ich  Furcht  habe),  werde 
ich  Euch  doch  mehr  ais  mich  selber  lieben,  solange  ich  lebe.  ||  Gott  aber 
moge  etc.  (3). 

Trotzdem  mir  weder  Gott,  noch  Gerechtigkeit  hilft,  noch  die  Liebe, 
die  ich  fiir  Euch  empfinde,  seit  ich  Euch  gesehen,  werde  ich  Euch  stets 
verehren.  ||  Gott  aber  mõge  etc.  (4). 


48 


384. 

Toda'- las  gentes  mi -a  mi  estranhas  son, 
e  as  terras,  senhor,  per  u  eu  ando 
sen  vos;  e  nunca  d'al  i  vou  pensando 
se  non  no  vosso  fremoso  parecer;  85G0 

5      e  cuid'  en  vos,  como  vus  soyo  veer 
e  quant'  ei  de  ben  eno  meu  coraçon. 

En  nenhiia  ora  non  poss'  eu  achar 
sabor  sen  vos,  se  non  u  vou  cuidando 
en  vos,  pêro  van-nie  rauit'  estorvando  8565 

10      os  que  mi  van  falando,  senhor,  en  ai; 
e  eles  non  saben,  se  me  fazen  mal 
en  me  fazeren  perder  tan  bon  cuidar. 

Estranho  and'  eu  dos  que  me  queren  ben, 
e  dos  que  viven  migo,  todavia;  8570 

15     ben  como  se  os  viss'  eu  aquel  dia 
primeiramente,  punho  de  Ihis  fogir; 
e  moir'  eu,  senhor,  por  me  d'  eles  partir 
por  en  vos  cuidar,  ca  non  por  outra  ren. 

I  CB  130  (104)  —  1  estranas  —  3  nou  —  6  earant  ei  —  7  arã 
—  8  feu  uos  —  9  uai  —  12  ata  —  13  Estrahõ  —  14  edg  q  miic  migo 
tdomta  —  16  pnho  —  22  ouuoeffo. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x6.  —  Versos  de  onze  syllabas: 
Undenarios  masculinos,  misturados  de  decasyllabos  femininos.  — 
Coplas  diíferenciadas  por  duas  rimas  (a),  e  repartidas  pela  ultjmaW  em  dois 
grupos  de  pareadas:  abbeca.  —  Rimas  longas  e  breves:  o«(a)  anão^}*) 
er(c)  na  1*  estancia;  ar{«^)  andoQi)  a/(c)  na  2*;  é«(a)  mC>)  iric)  na  3"; 
ôr(a)  ia(*>)  e^(c)  na  4*. 

Colocci  quis  reconhecer  nestes  versos:  dodecasyl. 


—     755     — 

õs  me  fazedes  estranhar,  mia  senhor,  8575 

20     todo  de  quanto  ni'  eu  pagar  soía; 
ca  pois  eu  cuid'  en  qual  ben  averia, 
se  eu  ouvess'  o  voss'  amor,  et  ar  sei 
logu'  i  que  nunca  este  ben  averei, 
de  tod'  ai  do  niund'  ei  (eu)  perdudo  sabor.       8580 


III  Alie  Leute  sind  Fremde  fiir  mich;  iind  fremd  sind  mir  dio  Ort- 
schaften,  Herrin,  durch  welche  ich  ohne  Euch  wandere.  Und  niemals  denko 
"ich  darinnen  an  anderes,  ais  an  Euer  holdes  Antlitz.  Und  stelle  mir  Euch  vor, 
wie  ich  Euch  zu  schauen  pflege  und  was  ich  Angenehmes  im  Herzen  trage  (1). 

Zu  keiner  Stunde  kann  ich  ohne  Euch  Lust  empfinden,  es  sei  denn, 
ich  trâumte  von  Euch,  ohwohl  mich  daran  sehr  diejenigen  hindern,  die 
mir  von  andarem  reden,  ohne  zu  wissen,  dass  sie  mir  Leides  anthun,  indem 
sie  mich  um  so  schõnes  Traumen  bringen  (2). 

Entfremdet  biu  ich  denen,  welche  mich  gern  haben;  und  denen,  welche 
mich  besuchen,  suche  ich  zu  entfliehen,  gerade  ais  ob  ich  sie  an  jenem 
[age  zum  ersten  Male  erblickte;  und  ersehne  es,  von  ihnen  zu»  scheiden 
^us  keinem  anderen  Grunde,  ais  um  an  Euch  denken  zu  kõnneu  (3). 

Ihr  bewirkt,  o  Herrin,  dass  ich  aliem  fremd  werde,  was  mir  angenehm 
6u  sein  pflegte.  Denn  sobald  ich  daran  denke,  welche  Lust  ich  empfinden 
^õnnte,  falis  ich  Euch  lieb  wàre,  und  mir  gleich  darauf  zum  Bewusstsein 
tommt,  dass  ich  dies  Gut  nie  besitzen  werde,  so  ist  es  aus  mit  meiner 
Frende  an  aliem  iibrigen  auf  Erden  (4). 


^ 


48* 


385. 


Quer'  eu  agora  ja  dizer 
o  que  nunca  dizer  cuidei, 
con  sanha  porque  moir'  assi, 
.   e  porque  me  vejo  perder. 
5      E  (jque  mi  vai  d'  assi  morrer? 
Nulh'  omen  non  se  dol  de  mi, 
nen  sab'  a  coita  que  eu  ei; 
nen  a  digu'  eu  a  mia  senhor! 

Provar  quer'  eu  de  lh'o  dizer 
10      a  mia  senhor  aqueste  ben 

que  Ihi  quer'  e  que  non  á  par, 
camanho  [W  o]  posso  querer. 
Pêro  (jque  sen  cuid'  a  fazer 
por  en  tan  gran  vergonh(a)  entrar, 
15      de  Ih'  averen  a  dizer  ón, 

quand'  eu  ant'  os  seus  olhos  for'? 

En  mui  gran  coita  per  serei, 
se  Ih'  eu  ma  fazenda  disser' 
e  m'  ela  dos  olhos  catar'. 
20     Nostro  Senhor  ^e  que  farei? 
Conselho  non  me  saberei 
con  medo  de  xi  m'  assanhar; 
pêro  faça  como  quiser'  .  .  . 
ca  mais  non  ous'  assi  viver! 


8585 


8590 


8595 


8600 


I  CB  131  (105)  —  12  Camanho  poffo  qrer  —  17  E  mui  —  18  He 

ulhcu  m.  f.  d.  —  21  nome  faberer  —  24  offaffy. 

No  verso  12  talvez  a  eineuda  tamanho  posso  ben  querer  fosse  pre- 
ferível. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x8  +  3-  —  Octonarios.  —  Coplas 
pareadas,  com  iiiiia  palavra  perduda  no  fun;  ligadas  por  meio  de  duas 
rimas  («■  e  «•),  das  quaes  a  1"  é  idêntica,  mas  differenciadas  por  outras 
duas  (•»  e  <*).  Ainda  assim  os  dois  grupos  estão  enlaçados,  porque  a  rima  a 
do  grupo  I  reapparece  no  segundo  como  d;  H)^  como  a^  e  a*;  c^  como  e'' 
e  b*:  abcaacM.  —  Rimas  longas:  erW  eii^)  «W  (>(<')  na  l"'  estancia; 
ê/-(a)  én(l>)  ar(c)  ôrW  na  2*;  e*(a)  er(b)  ar(«)  êri*^)  na  3";  eiW  arO»)  í;-(c) 
êrW  na  4*.     A  fiinda  repete  ei  e  ar,  pondo  no  meio  a  nova  consonância  nl. 


—     757     — 

25  Mui  sen  ventura  per  serei, 

se  lh'o  agora  ja  negar', 
pois  vejo -que  moiro  d'amor. 
E  mais  ^.por  quê  Ili'o  negarei? 
ou  que  é  o  que  temerei? 

30     ca  ja  me  non  pode  mayor 

mal  fazer  —  nen  se  me  matar' 
d'aqueste  que  me  faz  aver. 

^    Todo  o  mund'  eu  leixarei, 
e  perder-m'-ei  (u  non  á  ai), 
35      se  m'  ela  de  si  alongar'. 


8605 


8610 


8615 


Temos  pois  uma  vez  ai  (34);  duaS  vezes  i  (3.  C),  cn  (10.  15),  ér  (18. 
23);  quattro  vezes  ôr  (8.  16.  27.  30);  sette  vezes  ar  (11.  14.  19.  22.  26. 
31.  35);  oito  vezes  êr  (1.  4.  5.  9.  12.  13.  24.  32)  e  novo  vezes  ci  (2.  7. 
17.  20.  21.  25.  28.  29.  33). 

Colocci  assentou:  ad  2;  replic;  e  cõ  epod. 

III  Nunmehr  will  ich  aussprechen ,  was  ich  nie  aussprechon  zu  kõnnen 
glaubte,  und  zwar  aus  Grimm  daríiber,  dass  ich  [se.:  auch  wenn  ich  nicht 
rede]  sterbe  und  verderbe.  Was  aber  uútzt  es  mir,  so  zu  sterben  [se:  ohuo 
gesprochen  zu  haben]?  Niemand  bemitleidot  mich  [se.:  in  dieseni  Falle],  oder 
weiss  auch  uur  um  meiíi  Leid,  das  ich  nicht  einmal  meiner  Heirin  sage  (1). 

Versuchen  will  ich  es  darum,  meiner  Herriu  dieso  Liebe  zu  gestehen, 
die  ich  fiir  sie  empfmde,  und  die  nicht  ihres  Gleichen  hat  (so  innig  ver- 
stehe  ich  zu  lieben).  Doch,  ob  ich  wohl  Verniinftiges  thue,  indem  ich  mich 
der  Schmach  aussetze,  dass  man  dariiber  reden  wird,  erscheiue  ich  vor 
ihreu  Âugen  (2)? 

In  gar  arge  Not  werde  ich  zwar  geraten,  so  ich  ihr  meinon  Zustand 
erklíire  und  sie  mir  ins  Angesicht  schaut.  Herr  Gott,  was  bcgiuno  ich? 
Ich  finde  keinen  Ausweg,  aus  Furcht,  sie  mõchto  darúber  ergrimmen.  Doch, 
sie  thue,  wie  ihr  beliebt!  ...  so,  wie  ich  jetzt  lebe,  vormag  ich  nicht  lãnger 
zu  leben!  (3) 

Und  verheimliche  ich  meinen  Zustand  selbst  jetzt  noch,  wo  ich  dem 
Tode  vor  Liebe  nahe  bin,  so  bin  ich  eben  auch  oin  võUig  Ungliicklicher. 
Wozu  solltc  ich  also  schwoigen?  Und  was  habe  ich  eigentlich  noch  zu 
fUrchteu,  da  sie  mif  doch  grõsseres  Leid  ais  dies,  welches  mir  widorfâhrt, 
niclit  anthua  kann,  nicht  einmal,  wenn  sie  mich  tõtet  (4)? 

Der  Welt  muss  ich  ja  entsagon  und  werde  (sicherlich)  zu  Grunde 
gehen,  wenn  sie  mich  von  sicli  weist  (I). 


386. 

Mia  senhor  fremosa,  direi- vus  tia  ren: 
vos  sodes  mia  morte,  e  meu  mal,  e  meu  ben! 

E  mais  . . .  (ipor  que  vo'-lo  ei  eu  ja  mais  a  dizer?  . . . 
Mia  morte  sodes,  que  me  fazedes  morrer! 

5  Yos  sodes  mia  mort'  e  meu  mal,  mia  senhor,       8620 

e  quant'  eu  no  mund'  ei  de  ben  e  de  sabor! 

E  mais  . . .  ^por  quê  vo'-lo  ei  eu  ja  mais  a  dizer? 
Mia  morte  sodes,  que  me  fazedes  morrer! 

Mia  mort'  e  mia  coita  sodes,  non  á  i  ai, 
10      e  os  vossos  olhos  mi  fazen  ben  e  mal.  8625 

E  mais  . . .  (jpor  que  vo'-lo  ei  eu  ja  mais  a  dizer? 
Mia  morte  sodes,  que  me  fazedes  morrer! 

Senhor,  ben  me  fazen  soo  de  me  catar, 
pêro  m'  6n  ven  coita  grand';  e  vus  direi  ar: 
15  E  mais  . . .  ^por  quê  vo'-lo  ei  eu  ja  mais  a  dizer?  8630 

Mia  morte  sodes,  que  me  fazedes  morrer. 

I  CB  132  (106)  —  1  hunha  em  —  4  vioirer  —  5  mha  morte  meu 
mal  —  14  4?o  ^lê  mê  coita  grãdeii  ug. 

II  Cantiga  de  rofrani:  4  x  (2 -]- 2).  —  Dodecasyllabos.  — 
Dísticos  singulares:  aajjBB.  —  Rimas  longas:  én  no  1"  dístico;  ôr 
no  2°;  ai  no  3°;  ar  no  4";  èr  no  refrani. 

Colocci  assentou:  stanxa  di  dui  rerfi  et  tornei. 

III  Schõne  HeiTÍn,  ich  raõchte  Euch  etwas  eingestehen :  Ihv  soíd  mein 
Tod,  mein  Leid  und  mein  Gliick.  ||  Und  weiter  . .  .  Docli  wozu  soil  ich  es 
noch  eínmal  sagen?     Ihr  seid  mein  Tod,  denn  Ihr  bowirkt  mein  Sterben  (1). 

Mein  Tod  und  mein  Leid  seid  Ihr,  meine  Herrin,  und  was  ich  auf 
Erden  an  Gliick  und  Frende  besitze.  ||  Und  wciter  etc.  (2). 

Mein  Tod  und  meine  Not  seid  Ihr,  ohne  jeden  Zwoifel,  und  Eure 
Augen  machen  raich  froh  oder  triibe.  ||  Und  weiter  etc.  (3). 

Froh  machen  sie  mich  durch  ihr  blosses  Blicken,  obwolil  grosses  Leid 
daraus  folgt.  Und  noch  etwas  andores  wiil  ich  sagen.  ||  AVeiter  . .  .  Doch 
wozu  soll  ich  es  noch  oinmal  sagen?  Ihr  seid  mein  Tod,  denn  Ihr  bewirkt 
mein  Sterben  (4). 


387. 

Senhor  ^jg  assi  ei  eu  a  morrer? 
e  non  mi  valrrá  i  Deus,  nen  mesura 
que  vos  tan  grande  sabedes  aver 
en  tod'  outra  ren  se  non  contrq  mi?  8635 

5      En  grave  dia,  senhor,  que  vus  vi, 

por  me  Deus  dar  contra  vos  tal  ventura 
que  eu  por  vos  assi  ei  a  morrer! 

Que  gran  ben  fez[o]  i  Nostro  Senhor 
a  quen  el  quis  que  vus  non  visse!  8640 

10      e  ar  fez  logo  mui  gran  desamor, 

mia  senhor,  a  quen  vus  el  foi  mostrar, 

se  Ihi  non  quis  atai  ventura  dar 

que  o  seu  coraçon  mui  ben  partisse 

de  vo'-]hi  nunca  desejar,  senlior!  8645 

15  Quen  vus  non  soubess(e)  oge  conliocer, 

nen  atender,  senhor,  quanto  valedes, 

e,  pêro  viss'  o  vosso  parecer, 

nen  o  entender  sol,  nen  cuidar  i! 

Essa  ventura  quis  Deus  dar  a  mi:  8650 

20     fez  m'  entender  como  vos  parecedes, 

e  moiro  porque  vus  sei  conhecer! 

I  CB  133  (107)  —  1  moirer  —  2  uahra  —  7  amorer  —  8  /e*  — 
9  Faltam  duas  syllabas  a  este  verso.  O  sentido,  com  tudo,  não  exige 
accrescentos.  Podiamos  pôr:  a  quen  el  quiso  que  vus  nunca  visse  —  15 
Quê  ug  oie  non  foubeffe  conhoeer  —  19  amj  —  20  fea  tientura. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
pareadas  e  redondas,  differenciadas  por  uma  das  rimas:  abaccba.  — 
Rimas  longas  e  breves:  érí"»)  uraW  ii.^)  na  1*  estancia,  com  a  qual 
forma  grupo  a  3",  differenciada  [)ela  rima  edesW;  ôrW  issei^)  ar{^)  na  2", 
á  qual  responde  a  4",  differenciada  pola  rima  ?'«(«). 

Eis  porque  Colocci  assentou:  replic.  le  parol. 


—     760     — 

Meu  conhocer  fez  a  min  o  mayor 
mal  que  m^  outra  ren  fazer  poderia: 
foz  m'entender  qual  est  o  ben  mellior  8655 

25      do  mundo,  a  que  Deus  nunca  fez  par; 
e  non  mi -o  quis[o]  Deus  por  ai  mostrar 
se  non  por  viver  eu  ja  todavia 
na  coita  de  quantas  el  fez  mayor. 

III  So  also  soll  ich  sterbeu,  ach  Herrin?  und  weder  Gott,  noch  das 
Gefiihl  fiir  Mass  und  Recht,  das  Ihr  in  allen  andoren  Dingen,  und  uur  mir 
gegeniiber  nicht  walten  lasst,  soll  mir  helfen?  Wahiiich,  eia  Ungliickstag 
war  es,  ais  ich  Euch  erblickte,  da  mir  Gott  ein  solches  Los  Euch  gogcn- 
úber  bestimmte,  dass  ich  um  Euch  sterben  muss  (1). 

"VVelch  grossas  Gliick  hat  Gott  der  Herr  demjenigen  zuerteilt,  dem 
er  bestimnit  hat,  Euch  nicht  zu  erblicken!  Im  Gegenteil  dazu  erwies  cr 
grossos  Unheil  dem,  welchem  er  Euch  zeigte,  so  er  ihni  nicht  zu  gleicher 
Zeit  die  gliickliche  Gabe  gab,  sein  Herz  von  Euch  zu  wenden,  so  dass  es 
sich  nimmer  nach  Euch  sehnt  (2). 

Wer  Euch  docli  nicht  durcbschaut  hiitte,  noch  beachtet,  wie  viel  Ihr 
wert  seid!  "Wer,  obwohl  er  Eure  holde  Erscheinung  sâhe,  sie  doch  nicht 
wiirdigte,  noch  davon  traumte!  Mir  aber  hat  Gott  die  Bestimmung  zuer- 
teilt, einzusehen,  wie  reizend  Ihr  seid,  und  zu  sterben,  weil  ich  Euren 
Wert  erkannte  (3). 

Meine  Erkenntnis  hat  mir  das  grõsste  Ungemach  bereitet,  das  irgend 
ein  Ding  mir  bereiten  kann.  Sie  hat  mir  klargemacht,  welches  das  grõsste 
irdische  Gut  ist,  dem  Gott  uiemals  ein  Gleiches  zur  Seite  gestellt  hat.  Dooli 
nur  darum  hat  Gott  es  mir  gezeigt,  damit  ich  nun  immerdar  in  der  grõssten 
aller  Qualen  leben  soUte,  die  er  geschaffen  (4). 


388. 

Senhor,  todos  m'  entendeu  ja 
mia  mort(e)  ond'  ei  eu  a  morrer. 
E  an  mui  gran  doo  de  mi; 
e  non  mi  poden  i  valer; 
5      ca  dizen  que  eu  mi- o  busquei 
mui  ben,  porque  eu  vus  amei  — 
molher  a  que  non  ousará 
(neu  soo  non  s'  atreverá) 
nulh'  ome  de  Ihi  falar  i. 

10  Non  me  saben  conselh'  aver 

■  se  non  quanto  vus  eu  disser': 
dizen  que  punhe  d'  endurar 
meu  mal,  quant'  endurar  poder', 
ca  ja  mi  pouco  durará, 
per  morte  que  mi- o  tolherá; 
ca  non  avedes  parecer 
tal  que  muito  possa  viver 
quen  vus  oer'  a  desejar. 


8660 


8665 


8670 


8675 


I  CB  134  (108)   —   2  moirer  —    7  oufar(i)a  —   10  Talvez:  Neni 

—  19  —  20  Defempado  mha  senhor  \  de  qtiãtç  amigg  nõ  mudei  —  28  ydar 

—  30  moirerey  —  32  codoo  —  36  no  mildo  fon  —  42  Falta.  Conjectura 
minha,  que  poderá  ser  substituída  por  outra  parecida,  como:  nen  vus  con 
meus  olhos  catar. 

II  Cantiga  de  meestria:   4  x  9  (+ 4  x  2 -}- 1).    —  Octonarios. 

—  A  ordem  das  rimas  c  bastante  irregular.  As  coplas  níío  sSo  singu- 
lares, visto  muitas  consonancias  (ou  assonancias?)  se  repetirem  de  cstroplie 
para  estrophe;  nem  equiconsoantes,  visto  a  ordem  das  palavras  -  rimas 
ser  diffe rente  em  todas:  abcbddaae.  —  Rimas  longas:  ó(a)  erC»)  »tc) 
eii^)  na  1"  estancia;  erW  érC»^  arM  á(<i)  na  2",  a  qual,  portanto,  introduz 
duas  novas,  repetindo  outras  tantas;  ôr(a)  eiW  erW  arW  na  3'\  a  qual  volta 
a  duas  da  1"  o  uma  da  2%  accrescentando  apenas  uma  rima  nova;  arí»)  crW 


—     762     — 

Desemparado  mi-an,  senhor, 
20      quantos  amigos  no  mimd'  ei, 

que  sol  non  me  queren  veer.  8680 

E  dizen  que  non  poderei 

viver;  e  moiro  con  pesar 

de  mi  que  m'  assi  foi  matar 
25      en  deseja' -lo  voss'  amor; 

ca  este  est  og(e)  o  maior  ^    8685 

ben  de  quantos  Deus  quis  fazer. 

Non  me  poss[o]  eu  ja  guardar 

de  por  vos  morte  non  prender; 
30      mais  pois  vejo  que  morrerei, 

verdade  vus  quero  dizer:  8690 

todo  o  mundo  non  ó  ren 

se  non,  senhor,  o  vosso  ben 

a  que'- no  Deus  quisesse  dar; 
35      e  quer'  end'  eu  desenganar 

vos  e  quantos  no  mundo  sei.  8695 

e*(c)  énW  na  4%  cujo  ultimo  verso  é  solto  no  "apographo  italiano;  e  a/O) 
er(n)  ar  (III)  or(IV)  er(y)  nas  f  lindas. 

Colocci  assentou:    stanxa  di  9  uersi;  ha  epotl. 

III  Herrin,  alie  Leute  erkennen  bereíts,  wess  Todes  ich  sterben  werde, 
und  habea  Mitleid  mit  mir;  doch  kõnuen  sie  mir  nicht  belfen,  da,  wie  sie 
sagen,  ich  selbst  der  Schuldige  bin,  weil  ich  Euch  zu  lieben  gewagt  habo 
—  eine  Frau,  zu  der  niemand  sicb  unterfaogt,  von  sciner  Liebe  zu  sprechen, 
noch  sich  zutraut,  es  zu  thun  (1). 

Nichts  weiter  ais  Folgendes  wissen  sie  mir  zu  raten:  ich  solle.  mein 
Leid  ertragen  solange  ich  vermõchte,  da  es  doch  nur  kurze  Zeit  dauern 
kõnate,  wegen  des  Todes,  der  es  von  mir  nehmen  wiirde,  da  Euere  Er- 
scheinung  keine  solche  ist,  dass  lange  leben  kann,  wer  sich  nach  Euch 
sehnt  (2). 

Verlassen  und  aufgegeben  haben  mich  alie  meine  Freunde  auf  Erden, 
so  dass  sie  mich  nicht  einmal  sehen  wollen;  auch  sagen  sie,  ich  kônne 
nicht  weiter  leben  und  wiirde  vor  Kuminer  úber  mich  selbst  sterben,  der 
ich  mich  getôtet  habe,  indem  ich  mich  nach  Eurer  Liebe  sehnte,  welche 
das  hõchste  Gut  ist,  das  Gott  geschaffen  hat  (3). 

Hiiten  kann  ich  mich  nicht  davor,  durch  Euch  den  Tod  zu  erleiden; 
doch  will  ich,  da  ich  einmal  sterben  muss,  Euch  die  Wahrheit  bekennen: 
die  ganze  Welt  ist  nichtig;  Eure  Huld,  o  Herrin,  ist  alies  fiir  den,  welchem 


I 


—     763     — 

E  Deu' -lo  sab',  e  non  mi  vai, 
senhor,  con  mia  morte  por  ai 

Se  non  porque  ei  de  perder 
40      vos,  de  vus  nunca  ja  poder 

Veer,  nen  convosco  falar, 
[nen  os  vossos  olhos  catar\^ 

Ca  ja  por  tod'  outro  sabor 
do  mund',  e  montr'  eu  vivo  for', 

45  Nunca  mia  mort'  ei  de  temer. 


8700 


Gott  sie  geben  will.     Dariibcr  will  ich  Euch  und  alie  Welt  ausser  Zweifel 
setzen  (4). 

Auch  weis  es  Gott,  und  hilft  niir  niit  mciuom  Tode  einzig  und  ailein  (1), 
weil  ich  durch  denselben  Euch  verlicre,  so  dass  ich  Euch  nicht  niehr  (II) 
sehen  noch  mit  Euch  reden,  noch  iu  Eure  Augen  blickcn  kann  (III):  denn 
um  keiner  aaderen  Lust  der  "Welt  willen  wiirde  ich,  mcin  Lebtag,  den  Tod 
furchten  (V). 


389. 

Agora  me  quer'  cu  ja  espedir  8705 

da  terra,  e  das  gentes  que  i  son, 
u  mi  Deus  tanto  de  pesar  mostrou, 
o  esforçar  mui  ben  meu  coraçon, 
5      e  ar  pensar  de  m'  ir  alhur  guarir. 

E  a  Deus  gradesco  porque  m'  én  vou.  8710 

Ca  [a\  meu  grad',  u  m'  eu  d'aqui  partir', 
con  seus  desejos  non  me  veeran 
chorar,  nen  ir  triste,  por  ben  que  eu 
10     nunca  presesse;  nen  me  poderan 

dizer  que  eu  torto  faç'  en  fogir  8715 

d'aqui  u  me  Deus  tanto  pesar  deu. 

I  €B  135  (109)  —  2  e  28  teira  —   13  e  21  tetras  —   14  magora 

—  19  JS/  ben  digadeg  poys  qice  nien  vou  —    23  may  —  37  -S  força  rmei 

—  60  querei  —  65  emeu  descor  da  cabarcy. 

II  Descordo,  segundo  o  próprio  poeta  explica  no  verso  final.  — 
Consta  de  duas  partes  desiguaes:  o  corpo  da  cantiga,  com  4x6  versos 
(=  2  X  00  e  2  X  74  =  268  syllabas),  e  uma  extensa  cauda,  de  41  versos, 
(ou  168  syllabas)  que  se  subdividem  em:  2  x  (3  +  1)  +  2  x  (3  -j-  1)  e 
2  X  (4  +  1)  4-  2  X  (4  +  1)  +  (1  +  2  +  2).  —  O  corpo  offerece  deca- 
syllabos,  e  consta  de  quattro  estrophes,  repartidas  em  dois  grupos  iim 
tanto  differenciados.  A  ordem  das  rimas,  que  são  agudas,  e  no  grupo  1°: 
abcl)ac;  todavia  somente  a  1"-  consonância  ó  a  mesma  em  ambas  as 
estrophes,  emquanto  as  restantes  são  apenas  parecidas.  Tomos:  «>(«)  ow('>) 
oe<(t*)  na  l*";  *>(a)  a?i(b)  fwW  na  seguinte.  No  grupo  11",  em  que  os  graves 
predominam,  e  que  tem  no  verso  inicial  uma  palavra  perduda,  temos: 
deeffe,  ou  ade(«ò  ado^^)  á(c)  na  3*;  arfe(a)  iaW  ali*:)  na  4\  —  A  cauda 
compõe -se  também  de  dois  grupos  distinctos  de  coplas,  seguidos  de  uma 
fiinda.  O  grupo  1°  traz  versos  de  quattro  syllabas  e  Octonarios, 
na  ordem  seguinte:  a''a''a'b''a^a'*íi''b'*  |j  c'*c^c''b**c'*c'*c^b^  com  as  rimas  longas: 
*■(»)    arW   ei(c);    o  II"    tem    versos    de    duas    syllabas    e   Octonarios,* 


—     765     — 

Pêro  das  terras  averei  soidade 
de  que  m'  or'  ei  a  partir  despagado; 
15      e  sempr'  i  tornará  o  meu  cuidado 

por  quanto  ben  vi  eu  en  elas  ja;  8720 

ca  ja  por  ai  nunca  me  veerá 

nulli'  om(e)  ir  triste  nen  desconortado. 

E  ben  digades,  pois  m'  én  vou,  verdade, 
se  eu  das  gentes  algun  sabor  avia, 
ou  das  terras  en  que  eu  guarecia.  8725 

Por  aquest'  era  tod',  e  non  por  ai; 
mais  ora  ja  nunca  me  será  mal 
por  me  partir  d'elas  e  m'  ir  mia  via. 

25  Ca  sei  de  mi 

quanto  sofri  8730 

e  encobri 

en  esta  terra  de  pesar. 

Como  perdi 
30  e  despendi, 

vivend'  aqui,  8735 

meus  dias,  posso -m'  én  queixar. 


b-b^b^^b^c^dMWdVIle^e^e-eVe^e^e^eV,  com  as  rimas  também  longas:  arW 
ei(.e)  énW  er(e).  —  E  finalmente  a  fiinda,  repetindo  os  metros  e  as  con- 
sonancias  de  ambas  as  series  (menos  as  rimas  a  e  d),  apresenta  nni  verso 
de  quattro  syllabas,  dois  de  duas,  e  dois  de  oito:  e*h-(i\^c^. 

Colocci  falia  de  coplas  pareadase  sublinhou  a  substituição  da  fiinda 
do  costume  por  um  longo  descordo,  dizendo:  ètroph.  antistr.  et  loco  epod. 
discor.     A  palavra  discor  vem  repetida  á  margem  mais  duas  vezes. 

III  Nunmehr  will  ich  Abschied  nehmen  von  den  Leuten  und  den  Ort- 
schaften,  wo  mir  Gott  so  viel  Leides  angethan  hat;  und  starií  machen  will 
ich  krãftiglich  mein  Herz  und  ernstlich  daran  denken,  auderwiirts  zu 
wohnen  und  zu  gesunden*).  Und  ich  sage  „Gott  sei  Dank",  nun  ich  von 
hiunen  gehe  (1). 

Auch  wird,  nach  meinem  Wunsche,  wonn  ich  fortgehe,  niemand  mich 
aus  Sehnsucht  weinen  noch  traurig  einhergohen  sehen ,  um  eines  Gutes  willen, 
das  ich  etwa  genossen  hâtte;  noch  wird  man  sagen  kõnnen,  dass  ich  Unrecht 
thuo,  indem  ich  von  hinnen  fliehe,  woselbst  Gott  mir  so  viel  Kummor  zu- 
erteilt  hat  (2). 

*)  Guarir  tom  ambas  as  significações. 


«b 


—     766     ~ 

E  cuidarei, 

e  pensarei 
35      quant'  aguardei 

o  ben  que  nunca  pud'  achar.  8740 

E[s]forçar-m'ei, 

e  prenderei 

como  guarrei 
40      conselh'  agor',  a  meu  cuidar. 

Pesar  8745 

d 'achar 

logar 

provar 
45      quer'  eu,  veer  se  poderei. 

O  sen  8750 

d'alguen, 

ou  ren 

de  ben 
50     me  valha,  se  o  en  mi  ei! 

Trotzdem  werde  ich  Heimweli  nach  den  Ortschaften  empfinden,  von 
dannen  ich  jetzt  unlustig  ziehen  uiuss;  und  immer  wird  mein  Sinnen  dorthin 
zurúckkehren ,  um  ali  des  Guten  willen,  das  ich  doit  einnial  geschaut  babe. 
Aus  anderen  Griinden  wird  fortan  niemals  irgend  jemand  niich  traurig  und 
trostlos  sehen  (3). 

So  sagt  mir  doch,  da  ich  gehe,  die  Wahrheit:  ob  mir  von  den  Menschen 
dort  irgend  welche  Liebe  widerfahren  ist?  oder  von  den  Orten,  wo  ich  wohnte? 
Das  aber  ist  Grund  und  Anlass  ali  nieiner  Klage.*)  Nun  aber  wird  es  mir 
nicht  lânger  schlimm  ergehen,  da  ich  von  ihnen  fort  meine  Strasse  ziehe  (4). 

Denn  ich  erfuhr  es  an  mir  selbst,  wieviel  ich  litt  und  verheimlichte 
in  diesem  Kummer-Lande  (!'').  Wie  ich,  hier  lebend,  meine  Tage  verlor 
und  miissig  verbrachte,  darob  darf  ich  klagen  (!''). 

Bedenken  und  erwagen  werde  ich,  wie  lange  ich  geharrt  des  Gutes, 
das  ich  nimmer  fand  (IP).  Mut  fassen  werde  ich,  und  Rat  schaffen,  wie  ich, 
meiner  Meinung  nach,  nunmehr  gesunden  kõnnte  (II''). 

Den  Kummer,  einen  anderen  Ortzufinden,  will  ich  erproben**),  um 
zu  sehen,  ob  es  geht  (IIP).  Der  Verstand  eines  gewissen  Jemand  oder  eia 
etwaiges  Gutes  helfe  mir  jetzo,  falis  ich  (beides)  in  mir  habe  (IIP). 

Macht,  Wissen,  Eede  mõgen  mir  helfen,  denn  ich  muss  geheu  (IV"). 

*)  Litteralmente :  Darum  ganz  allein  geschat  es ,  und  nicht  aus  anderer  Ursache. 
**)  Não  percebo  bem,  qual  seja  a  fupcção  e  o  sentido  de  pesar.  —   Talvez  soja:  quero 
ver ,  se  poderei  provar  pesar  de  aclmr  lugar  etc. 


t 


—     767     — 

Valer 

poder, 

saber 

dizer 
õ5      ben  me  possa,  que  eu  d'  ir  ei. 

D'aver 

poder, 

prazer 

prender 
GO     poss'  eu,  pois  esto  cobrarei. 

Assi  querrei 
buscar 
viver 

outra  vida  que  provarei, 
G5      e  meu  descord'  acabarei. 


8755 


8760 


8765 


Die  Macht  zu  haben,  kann  mir  Freude  beveiten,  nachdem  ich  dies 
durchgesetzt  haben  werde  (IV''). 

So  will  icli  suchen  zu  leben  ein  anderes  Leben ,  das  ich  erproben  muss. 
Und  damit  sei  meia  Zwieklangs-Lied  beendet  (V). 


390. 

Senhor,  qiio  coitad'  og'  eu  no  mundo  vivo,  8770 

quero  vo'-!'  eu  ja  dizer: 
entenden-me  todos  mia  mort'  e  mia  coita, 
e  non  ei  poder 
5     de  m'  encobrir,  e  nenhun  conselii'  i  non  sei. 

Mais  est',  ao  meu  grado,  8775 

mui  ben  será  jurado, 
senhor,  que  nunca  vus  amei! 

Quando  m'-a  mi  rogan  muitos  que  Ihis  diga 
10     por  Deus,  se  vus  quero  ben, 

logo  Ihis  eu  juro  que  outra  molher  amo  8780 

[muito]  mais  d'outra  ren 

ca  non  vos,  senhor,  por  que  eu  tant'  afan  levei. 
Mais  est',  ao  meu  grado, 
15  mui  ben  será  jurado, 

senhor,  que  nunca  vus  amei!  8785 

I  CB  136  (110)  —  1  no  mudo  uiue  —  9  E  qiiMomamj  —  27  —  28 
mays  a  deu -lo  rogo  \  q 'sabha  mha  coita  \  q  me  ualha  hi. 

A  disposição  dos  versos  nas  cinco  estrophes  varia  no  apographo  ita- 
liano. Até  ao  verso  21  os  dois  hemistichios  apparecem  unidos;  d'ahi  por 
deante  (nos  versos  25,  27,  29,  33,  35  e  37)  apparecem  separados. 

O  sentido  não  offerece  difficuldades  de  peso.  O  metro,  porém,  que 
é  muito  mais  complicado  do  que  é  costume,  ainda  exige  modificações  no  texto; 
p.  ex.  no  verso  9,  Quando  m'  a  tni  rogan  por  E  quando;  no  12  muito 
mais  d' outra  ren;  no  25  Perjurar  me  posso  por  E  perjurar;  no  33  U 
vus  vi  un  dia  por  U  vus  eu  vi.  O  numero  relativamente  grande  d'estes 
presumptivos  erros  (que,  de  resto,  não  viciam  o  sentido)  suscita,  todavia, 
suspeitas,  e  não  permitte  por  ora  alteração  do  texto  transmittido. 

II  Cantiga  de  refram:  5  x  (5 -]- 3).  —  Dodecasyllabos,  mistura- 
dos com  Senarios  e  Octonarios,  e  apparentemente  também  com  Quina- 
rios.  —   Coplas  singulares:  xaxab  ||  CCB.   —  Versos  soltos  e  rimas 


i 


—     769     — 

Esses  vossos  olhos  me  fazen  que  non  ei  eu 
poder  de  m'  encobrir; 
ca  des  que  os  vejo,  non  poss'  eu  per  ren 
20     os  meus  d'eles  partir; 

nen  meu  coraçon  nunca  o  de  vos  partirei.  8790 

Mais  est',  ao  meu  grado, 
mui  ben  será  jurado, 
senhor,  que  nunca  vus  amei! 

25  Eu  perjurar-me  posso,  mais  nunca  (verdad'  é) 

aquesto  saberan  per  mi;  8795 

mais  a  Deu'-lo  rogo,  que  sab'  a  mia  coita 
que  me  valha  i; 

ca  se  me  non  vai,  a  pran,  por  vos  me  perderei. 
30  Mais  est',  ao  meu  grado, 

mui  ben  será  jurado,  8800 

senhor,  que  nunca  vos  amei; 

longas  e  breves:  er(al);  cn(a2);  «XaS);  í(a4)-  õri^õ)-^  e*(*»B)-  adoiC).  Dos 
soltos  sette  são  graves  (1  e  3;  9  e  10;  27,  33  e  35),  e  os  restantes, 
agudos  (17  e  19;  25):  xaxab. 

Os  1°^  hemistichios  também  são  graves  quasi  todos,  com  o  acento  na 
5^  syllaba  íl.  3.  9  (?).  11.  17.  19.  25  (V).  27.  35.  37);  ou  na  ô"^:  (9(?).  33); 
agudos  somente  nos  versos  13.  21  e  29  (?). 

Colocci  marcou  com  uma  cruz  esta  cantiga  tão  fora  do  commum,  aceres - 
centando  Tornei. 

III  Herrin,  wie  bekummert  ich  jetzo  lebe,  vpill  ich  Euch  sagen:  alie 
Welt  erkennt ,  dass  mir  Not  und  Tod  drohen ;  und  ich  habe  nicht  die  Kraft, 
es  zu  verbergen,  noch  weiss  ich  mir  Rat.  ||  Das  aber  wird,  nach  meinem 
Wiilen,  ais  sichcr  beschworen  werden,  dass  ich  Euch,  Herrin,  nicht  geliebt 
habe   (1). 

Wenn  viele  mich  bitten,  ihnen  um  Gottes  Wiilen  zu  sagen,  ob  ich 
Euch  gern  habe,  so  scliwõre  ich  ihnen  sofort,  dass  ich  eine  andere  Frau 
iiber  alies  in  der  Welt  liebe,  nicht  aber  Euch,  um  die  ich  soviel  Qual  er- 
litten  habe.  ||  Das  etc.  (2). 

Diese  Eure  Augen  bewirken  es  gleichwohl,  dass  ich  nicht  die  Kraft 
habe,  mein  Geheimnis  zu  wahren;  denn  sobald  ich  jene  sehe,  kann  ich  um 
nichts  in  der  Welt  die  meinon  von  ihnen  fortwenden;  noch  werde  ich  mein 
Herz  von  Euch  wenden  kõnnen.  ||  Das  etc.  (3). 

Meineidig  kann  ich  werden;  doch  niemals  (das  ist  die  Wahrheit)  werden 
jene  durch  mich  Kundige  werden.  Zu  Gott  aber,  der  da  weiss,  welches 
meine  Pein  ist,  bete  ich,  er  mõge  mir  beistehen;  denn  hilft  er  mir  nicht, 
so  bin  ich  verloren.  ||  Das  etc.  (4). 

49 


—     770     — 

U  vus  eu  vi  un  dia,  e  os  vossos  olhos 
ouve  de  veer  sabor, 
35     logo  me  disseron  «por  quê  vus  catava» 

que  moiro,  senhor,  8805 

por  vos,  e  que  d'outra  ren  nen  sabor  non  ei. 
Mais  est',  ao  meu  grado, 
mui  ben  será  jurado 
40  senhor,  que  nuuca  vos  amei! 

Ais  ich  Euch  eines  Tages  erblickte  und  Lust  daran  fand  in  Eure  Augen 
zu  sehen,  sagte  man  mir  gleich,  warum  ich  Euch  suchte;  denn  um  Euch 
sterbe  ich,  Herrin,  und  an  nichts  anderem  habe  ich  Lust.  ||  Das  ete.  (5). 


391. 


Senhor,  perdud'  ei  por  vos  ja  o  coraçon  8810 

e  sabor  do  mundo  que  soía  eu  aver. 
Sei  que  contra  vos  nulha  ren  que  [me]  non  vai, 
nen  Deus,  [nen  Amor]^  nen  cousimento,  nen  ai, 
5     nen  (a)  vossa  mesura,  nen  [vosso]  conhecer: 

e  pois  (a)ssi  é,  praz -mi  con  mia  morte,  ca  non         8815 
ei  (eu)  ja  nunca  d'aver  per  vos  d 'este  mund'  ai. 

Non  sei  eu  ja  no  mundo  conselho  prender; 
(e)  mais  de  mil  cuides  ja  no  coraçon  cuidei; 
10     ca,  pêro  mia  vida  mais  podesse  durar, 

vergonha  i  á  d'assi  antr'  as  gentes  andar,  8820 

pêro  (que)  de  miii  nen  d'eles  nenhun  sabor  ei; 

e  sequer  non  ei  (ja)  razon  que  lhes  apõer, 

quando  me  preguntan  [por]  que  ei  tan  trist'  andar. 

I  €B  137  (111)  —  2  Riscando  eu  ganhamos  um  dodecasyllabo  coiTooto 
—  3  Sem  o  accrescento  de  me  o  verso  fica  curto  —  4  Faltam  três  syllabas, 
que  talvez  constassem  da  formula  que  introduzi  —  5  neua  uoffa  mesura  nè 
eonhocer,  com  falta  evidente  de  duas  syllabas  —  6  Lendo  e  pois  'ssi  é, 
teríamos  as  doze  syllabas  que  o  metro  exige  —  7  Riscando  eu,  também  este 
verso  sahe  correcto  —  9  Parece -me  indispensável  cortar  o  e  do  principio. 
Os  versos  6  e  7  foram  distribuídos  pelo  copista  por  quattro  linhas,  de  tamanho 
desigual ,  as  quaes  acabam  com  morte  —  ei  —  dauer  —  mundal  —  11 
u'gonha  ia  daffi  anfs  g.  a.  Pronuncie -se:  vergonh'  iá  —  12  Supprima- 
se  o  que  —  14  Aqui  é  o  sentido  que  exige  porque,  em  lugar  de  qite  — 
15  A  lermos  vos,  por  vo'-lo,  fica  a  medida  certa  —  16  trrã  —  17  Proponho 
e  u  por  hu  —  18  Mudei:  ei  rogar  para  e  rogarei. 

Afim  de  termos  dodecasyllabos  soffrivelmente  correctos ,  de  entre  vinte 
e  um  seria  preciso  alterar  quatorze  versos,  todos  elles  tão  prosaicos  como 
os  da  cantiga  anterior.  O  estado  em  que  apparecem ,  apresentando  agudos 
ora  com  11,  ora  com  12,  ora  com  13  syllabas,  de  construcção  gramma- 
ticalmente  muito  deficiente,  exige  todavia  esses  retoques,  que,  de  resto, 
são  leves  e  não  alteram  o  sentido, 

49* 


—     772     — 

15  Con  gran  coita  de  vos  direi -vo' -lo  que  farei: 

leixar  quer' 'a  ten^a  u  vos  sodes,  senhor,  8825 

[e]  u  eu  de  vos  tan  muito  pesar  prendi, 
e  rogar  [ei\  a  Deus  que  se  nembre  de  mi 
que  vos  fezestes  perder  do  mundo  sabor. 

20     E  se  me  Deus  quisess'  oir,  (a)lá  morrerei 

u  nunca  mais  (ja)  vos  sabiádes  novas  de  mi.  8830 


11  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Dodecasyllabos  (?).  —  Coplas 
singulares  (com  rimas  idênticas  nos  versos  4  e  7):  abccbae.  —  Rimas 
longas  onW  erC»)  a/W  na  1"  estancia;  er(a)  ar(»>)  ei{^)  na  2*;  e«(a)  t)r(b) 
iW  na  3*.  —  Uma  das  rimas  liga  portanto  ai"  copla  com  a  2";  outra, 
liga  a  2*  com  a  3":  b^  passa  a  ser  a'^,  emquanto  c^  passa  a  ser  a^ 
Colocci  annotou:  XII  syll. 

III  Herriu,  um  Euch  habe  ich  mein  Herz  verloren,  sowie  alie  Lebens- 
lust  die  ich  besass.  Ich  weiss,  dass  nichts  mir  wider  Euch  beisteht:  weder 
Gott,  noch  Amor,  noch  Klugheit,  noch  sonst  etwas,  weder  Euer  Gerechtig- 
keitsgefiihl  noch  meine  Erkenntuis  (Eures  Wertes).  Deshalb  freue  ich  mich 
meines  Todes,  da  das  Leben  mir  nichts  anderes  mehr  bieten  kann  (1). 

Tcli  weiss  mir  hienieden  nicht  mehr  aus  noch  ein.  Mehr  ais  tausend 
Erwíigungen  habe  ich  schon  im  Herzen  erwogen,  denn,  ob  auch  mein  Leben 
lánger  dauern  kõnnte,  ware  es  doch  eine  Sclimach,  so  unter  den  Leuten 
einherzugehen ,  wâhrend  ich  weder  an  mir  noch  an  ihnen  Freude  habe  und 
ihnen  nicht  einmal  den  Grund  angeben  darf,  wenn  sie  mich  fragen,  warum 
ich  so  traurig  einhergehe  (2). 

Zu  Eurem  Leide  will  ich  Euch  jedoch  sagen,  was  ich  zu  beginnen  ge- 
denke:  das  Land  will  ich  verlassen,  wo  Ihr  Herrin  seid  und  wo  ich  so  viel 
Kummeruis  durch  Eu.ch  erfuhr;  und  Gott  will  ich  bitten,  meiner  zu  ge- 
denken,  dem  Ihr  die  Lebenslust  geraubt  habt.  Und  erhõrt  mich  Gott,  so 
werde  ich  an  einem  Orte  sterben,  wo  Ihr  nimmer  von  mir  erfahren  konnt  (8). 


PÊRO  VELHO,  DE  TAVEIROOS. 


392. 

Par  Deus,  dona  Maria,  mia  senhor  ben- talhada, 
do  ben  que  vus  eu  quero  non  entendedes  nada, 
nen  do  mal,  nen  da  coita,  qu(e)  eu  por  vos  ei  levada; 
e  entend'  eu  mui  ben  o  mal  que  mi  queredes: 
õ  O  ben  que  vus  eu  quero,  vos  no' -no  entendedes;     8835 

e  entend'  eu  e  sei  o  mal  que  me  queredes. 

Non  á,  dona  Maria,  nulh'  omen,  que  soubesse 
o  ben  que  vus  eu  quero,  [que\  doo  non  ouvesse 
de  min,  e  choraria,  se  dereito  fezesse, 
10     [porque  vus  quero  ben,]  o  mal  que  mi  queredes.        8840 

O  ben  que  vus  eu  quero,  vos  no' -no  entendedes; 

e  entend'  eu  e  sei  o  mal  que  me  queredes. 

I  CB  140  (112)  —  1  calhada  —  8  qro  doo  —  10  O  1"  liemistichio 
falta.  Se  não  fosse  preciso  fazê'-lo  agudo,  como  uo  verso  4,  podia  ler- se: 
o  ben  que  vus  eu  quer'  e. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (4  4-  ^)-  —  Senarios  duplos.  Entre 
os  primeiros  hemistichios  ha  quattro  agudos;  os  restantes,  são  graves; 
e  assim  todas  as  rimas.  —  Coplas  singulares,  tendo  do  comnium  a  rima 
do  ultimo  verso,  á  qual  o  refram  responde:  aaal)  ||  BB.  —  Rimas  breves: 
ada<»h;  esnei»-};  cí/cs"»»). 

Colocci,  contando  as  syllabas  metatonicas  do  1"  c  2"  liemistichio, 
achou  XIIIJ  syllah.  —  Além  (fisso  assenta:  eõ  tornei,  o  dãa  cusunatia; 
repetindo  a  palavra  tom.  á  margem,  ao  pó  do  5"  verso. 

III  Beim  Himmel,  Dnnnu  Maria,  meine  schongewachscno  Herrin,  von 
der  Licbe  die  ich  fiir  Euch  eiíipíinde,  vorsteht  Ihr  ebensowenig  wie  von 
dem  Leide  und  der  Not,  die  ich  um  Euretwillen  ertragc.  Ich  aber  ver- 
stehe  nur  zu  gut  die  Tlnliebe,  die  Ihr  gegen  mich  hogt.  ||  Ihr  verkennt  meine 
Liebe;  ich  abor  erkenne  Eure  Unliebe  (1). 

Niemand  ist  vorhanden,  der  um  meine  Liebe  zu  Euch  wiissto  und 
nicht  Erbarmcn  mit  mir  hâtte;  Niemand,  der,  falis  er  das  Richtigo  thate, 
nicht  meine  Liebe  zu  Euch  und  Eure  Unliebe  zu  mir  beweinen  wúrde. 
li  Ihr  etc.  (2). 


393. 

Quand'  ora  for'  a  mia  senhor  veer 
que  rae  noa  quer  leixar  d 'amor  viver, 
jay  Deus  Senhor!  ^Jse  Ih'  ousarei  dizer:  8845 

«Senhor  fremosa  (Jnon  poss'  eu  guarir?» 
5  Eu,  se  ousar',  direi  quando  a  vir': 

«Senhor  fremosa  ^non  poss'  eu  guarir?»*) 

Por  quantas  vezes  m'ela  fez  chorar 
con  seus  desejos,  cuitan[íío]  d'andar,  8850 

quando  a  vir',  direi- Ihi,  se  ousar': 
10  «Senhor  fremosa  f,non  poss'  eu  guarir?» 

Eu,  se  ousar',  direi  quando  a  vir': 
«Senhor  fremosa  ^non  poss'  eu  guarir?» 

Por  quanta  coita  por  ela  levei  8855 

e  quant'  afan  sofri  e  endurei, 
15      quando  a  vir',  se  ousar',  Ihi  direi: 

«Senhor  fremosa  ^non  poss'  eu  guarir?» 

Eu,  se  ousar',  direi  quando  a  vir': 

«Senhor  fremosa  <inon  poss'  eu  guarir?»       8860 

I  CB  141  (113)  —  3  aij  deg  senhor  (fremofa),  com  antecipação  do 
verso  4  —  7  euytãdandar. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (3  +  3j.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  aaa{{BBB.  —  Eimas  longas:  êr  na  1*  copla;  ar  na  2''; 
ei  na  3*;  ir  no  refram. 

Duã  cUsonut'^  cõ  tornei,  no  dizer  de  Colocci. 

III  "Wenn  ich  jotzt  vor  meine  Herrin  trete,  die  micli  nicht  von  Liebe 
leben  lassen  will,  ach  Gott,  mein  Herr,  werde  ich  da  den  Mut  haben  zu 
sprechen:  II  „Schõnste  Herrin,  darf  ich  nicht  gesunden?"  Wag<3  ich  es,  so 
werde  ich  also  sprechen,  wenn  ich  sie  erblicke:  „Schõn8te  Herrin,  darf  ich 
nicht  gesunden  V  (1). 

Um  der  vielen  Male  willen,  die  sie  mich  zuni  AVeinen  gebracht  hat, 
aus  Sehnsucht  nach  ihr,  wenn  ich  abzureisen  fúrchtete,  gedenke  ich,  so  ich 
sie  sehe,  zu  ihr  zu  sprechen,  falis  ich  Mut  habe:  ||  „Schõnste  Heriin  etc.  (2). 

Um  der  Not  willen  die  ich  erduldet,  und  um  aller  Pein  willen,  die  ich 
ertrug,  werde  ich,  so  ich  sie  sehe,  falis  ich  Mut  habe,  also  sprechen: 
II  „Schõnste  Herrin  etc.  (3). 

*)  0  apographo  italiano  repete  como  remate  o  mesmo  verso ,  com  que  principia  o 
refram.  Julguei  que  por  engano  —  razão  porque  o  cortei  no  meu  ms. ,  numerando  e  con- 
tando apenas  3  X  (3  -f  2)  versos.  —  Reconhecendo ,  ao  ler  as  provas ,  que  a  construcção, 
embora  não  exigisse ,  admittia  a  repetição ,  tornei  a  introduzi' -la.  —  D'ahi  o  erro  na  contiiííem. 


394. 

—  «Vi  eu  donas  en  celado 
que  ja  sempre  servirei 

por  que  ando  namorado; 
pêro  non  vo'-las  direi 
5     con  pavor  que  d'  elas  ei. 
Assi  mi-an  lá  castigado!» 

—  «Des  que  essas  donas  vistes, 
(jfalaron-vus  ren  d'  amor? 
Dizede,  se  as  conhocistes, 

10      f;qual  d'  elas  ó  [a]  melhor? 
Non  fostes  conhecedor, 
quando  as  non  departistes.» 

—  «Ambas  eran-n-as  melhores 
que  omen  pode  cousir: 

15      brancas  eran  come  flores. 

Mais,  por  vus  eu  non  mentir, 
no'- nas  píidi  departir, 
tanto  son  boas  senhores.» 


8860 


8865 


8870 


8875 


I  CB  142  (114)  —  Esta  cantiga  fex.  Pêro  Velho  de  Taveiroos  c  Paay 
Suarex,  seu  irmão,  a  duas  donxellas  muy  fremosas  e  filhas -d' algo  assax, 
que  andavan  en  cas  Dona  Mayor,  molher  de  dom  Rodrigo  Qomex  de 
TrastamarW.  E  diz  que  se  semelhava  ila  a  outra  tanto  que  adur  jjoderia 
omen  estremar  iia  da  outra;  e  seendo  ambas (^)  un  dia  folgando  per 
tia  sesta  (?)  emm  pomar,  entrou  Pêro  Velho  de  sospeita,  falando  con  elas. 
Chego -o  porteiro,  e  levanto- o  i^)  end'  a  grandes  empuxadas,  e  trouve-o 
muy  mal. 

íi)  eras  tamar  —  (2)  efeendo  antas  —  (3)  festa  —  (*)  eluãcoo  end  — 
1  /;//  —  en  celladao  —  7  Dos  q  efas  —  9  confists  —  10  qts  delas  he 
melhor  —  11  conche<;edor  —  12  de  pnfts  —  18  fam  boas  sen'>'es  —  21 
tatio  falar  enoirifo  —  22  conheç  —  24  mays  faly  ug  htjouyfo. 


—     776     —  . 

—   «Ali  perdeste'- lo  siso 
20     quando  as  fostes  veer, 
ca  no  falar  e  no  riso 
poderades  conhecer 

qual  á  melhor  parecer.  8880 

Mais  faliii-vus  i  o  viso.» 

II  Cantiga  de  meestria,  em  dialogo:  4x0.  —  Septenarios. 
—  Coplas  singulares:  ababba.  —  Rimas  breves  e  longas:  adoW 
eiW  na  1"  estancia;  istesi^)  Ôt-m  na  2*;  ôresW  «>(•»)  na  3*;  isoi^)  cVC») 
na  ultima. 

III  „Im  Geheimen  sah  ich  Damen,  denen  ich  immerdar  dienen  werde, 
da  ich  verliebt  in  sie  bin.  Doch  werde  ich  sie  Euch  nicht  nennen,  aus 
Furcht  vor  ihnen.     Derartig  hat  man  mich  dort  abgcstraft."  (1) 

„iáobald  Ihr  jene  Damen  saht,  sprachen  sie  Euch  also  von  Liebes- 
sachen?  Sagt,  wenn  Ihr  sie  erkannt  habt,  welche  vou  ihnou  ist  die  vor- 
ziiglichere?  Ein  Erkenncr  waret  Ihr  nicht,  falis  Ihr  sie  nicht  uuterschiedeu 
habt?"  (2) 

„Alle  beide  waren  die  vorziiglichsten ,  die  ein  Mann  erdcnken  kann: 
weiss  wie  Bliiten.  Doch,  die  Wahrheit  zu  gestehen,  ich  babe  sie  nicht 
uuterscheiden  kõnnen.     So  sehr  schõne  Damen  sind  sie."  (3) 

„Den  Verstand  verlort  Ihr  also,  ais  Ihr  sie  erblicktet.  Denn  an  ihrem 
Reden  und  Lachen  hattet  Ihr  erkennen  kõnnen,  welche  die  schõnerc  Er- 
schoinung  ist.     Doch  Euer  Auge  hat  Euch  dort  getauscht."   (4) 


395. 


Pêro  non  fui  a  Ultramar, 
milito  sei  eu  a  terra  ben 
per  Soeireannes  que  én  ven, 
segundo  Ih'  eu  oí  contar. 
5      Diz  que  Marselha  jaz  alen 
do  mar,  e  Acre  jaz  aquen, 
e  Pomrortes  (?)  logu'  i  a  par. 

E  as  jornadas  sei  eu  ben, 
como  Ihi  oj'  oí  falar. 
10      Diz  que  pod'  ir,  quen  ben  andar', 
de  Belfurad'  a  Santaren 
e  'n  outro  dia  madurgar, 
e  ir  a  Nogueirol  jantar, 
e  mãer  a  Jerusalen. 

15  E  diz  que  vio  [i]  un  Judeu 

que  vio  prender  Nostro  Senhor. 
E  averedes  gran  savor 
se  vo'-lo  contar',  cuido -m'  eu! 
Diz  que  é  un  Judeu  pastor, 

20     natural  de  Rocamador, 

e  que  á  nom[e]  don  Andreu. 


SS85 


8890 


8895 


8900 


I  CB  143  (115)  —  Esta  cantiga  fex  Martin  Soares  a  un  cavaleiro 
que  era  chif fadar W  que  dexia  que  viinha  d'alen&)  mar. 

(1)  chiofa  á«  —  (2)  7njha  donê  —  3  q  ê  tiem  —  5  marcelha  —  7  e 
pom  ror  tef  loguy  arar  —  9  comolhi  eiry  —  10  qtm  vem  a.  —  12  ten  — 
13  iã  car  —  14  emaer  a  jhrtm  —  16  q  nyo  —  17  eaueredcs  hi  g.  s.  — 
19  dix  qti  iudeu pastor.  —  Talvez:  dix  que  é  un  j.  p.?  —  21  e  q  //  nom 
dona  dreu  —  22  Doffepuicro  tcg  direy.  —  25  dife  —  26  de  soarê  t.  l.  li.  — 
27  e  qtro  ou  ato  deloule  —  a  lição  e  quatro  ou  cinco  de  Loulé  cingir - 
se,  hia  ainda  melhor  ás  lettras  transmittidas.  —  28  ebelffelffuraão  —  29 
Peri.  —  Deante  dos  vereos  12,  20  e  34  ha  um  signal  igual  áquelle  que 
costuma  preceder  o  refram. 

II  Cantiga  de  maestria:  5x7.  —  Octonarios.  —  Dois  pares 
de  coplas,  e  uma  desirmanada,  que  occupa  o  4°  lugar:  abbabba.  —  Rimas 
longas:  ar^*)  éwC»  no  grupo  1°,  composto  das  coplas  1  o  2,  com  inversão 
na  2"  (baabaab);  eu(^)  Ôr(*>)  no  11°,  composto  das  estancias  3  e  õ,  também 


—     778     — 

Do  sepulcro  vus  eu  direi 
per  u  andou,  ca  Ih'  o  oí 

a  don  Soeiro!     Ben  assi  8905 

25      como  m'  el  disse,  vus  direi: 
De  Santarém  três  legoas  é, 
e  outro  tanto  de  Loulé, 
e  Belfurado  jaz  logu'  i. 

Per  u  andou  Nostro  Senhor,  8910 

30      d'ali  diz  el  que  foi  romeu, 

e  depois  que  Ih'  o  soldan  deu 

o  perdon,  ouve  gran  sabor 

de  se  tomar;  e  foi  Ihi  greu 

d'  andar  Coira  e  Galisteii  8915 

35      con  torquis  do  emperador. 

com  inversão  nas  rimas;  e^(ft)  *'('')  é\^)  na  desirmanada,  que  portanto  diverge: 
abbaccl).  A  repetição  de  dwei  (verso  22  e  25)  parece  ser  mais  uma  das  desi- 
gualdades d'esta  cantiga  jocosa. 

III  Obgleich  ich  nicht  úber  See  gewesen  bin ,  kenne  ich  dennoch  die 
úberseeischen  Lande  vortreíflich,  und  zwar  durch  Soeir-Eannes,  der  von 
dort  konunt,  wie  ich  ihn  erzãhlen  hõríc.  Er  sagt  namlich,  Marseille  líige 
jenseits  und  Acre  diesseits  des  Meeres,  und  Pomrortes  (Montpellier?)  sei 
dicht  dabei  (1). 

Auch  weiss  ich  zur  Geniige,  wie  die  Tagereisen  dorthin  sind,  soiuen 
Berichten  gemâss.  Er  sagt  niiniHch,  ein  guter  Fussganger  kõnne  von  Bel- 
furado nach  Santarém  in  einem  Tagemarsche  kommen,  den  náchsten  Tag 
friih  aufstehen,  in  Nogueirol  zu  Mittag  speisen,  imd  in  Jerusalém  úber- 
nachten  (2). 

Ferner  erziihlt  er,  er  habe  dort  einen  Juden  gesehen,  der  Unseren 
Herrn  Jesus  Christus  gefaugen  nehmen  sali.  Und  Eure  Freude  werdet  Ihr 
erleben,  berichtet  er  Euch  davon,  dess  bin  ich  sicher.  Der  Jude  ist  nam- 
lich, nach  ihm,  ein  junger  Schafer,  aus  Rocamador  gebúrtig,  Namens  Don 
Andreu  (3). 

Vom  heiligen  Grabe  kann  ich  Nacliricht  gcben,  das  er  betreten,  denn 
ich  habe  Don  Soeiro  davon  redeu  hõren.  Genau  wie  er  gesagt,  will  ich 
Euch  berichten:  es  liegt  drei  Meilen  von  Santaren  und  ebensoweit  [ou:  und 
vier  bis  fiinf]  von  Loulé  entfernt;  und  Belfurado  ist  ganz  in  der  Nãhe  (4). 

Wo  Unser  Herr  einst  wandelte,  da  (sagt  er)  ist  er  ais  Pilger  gewesen. 
Und  nachdem  der  Sultan  ihm  Ablass  erteilt  hatte,  úberkam  ihn  die  Lust 
kehrt  zu  machen  [=  ein  Abtrimniger  x-u  werden]  und  es  ward  ihm  sauer, 
Coira  und  Galisteu  mit  den  Tiirken  des  Kaisers  zu  durchwandern  (5). 


396. 


10 


—  Ay  Paay  Soarez,  venho -vus  rogar 
por  un  meu  omen  que  non  quer  servir, 
que  o  façamos,  mi  e  vos,  jograr, 

en  guisa  que  possa  per  i  guarir;  8920 

pêro  será -nus  grave  de  fazer, 
ca  el  non  sabe  cantar  nen  dizer 
per  que  se  pague  dei  que'- no  oir'. 

—  Martin  Soarez,  non  poss'  eu  osmar 

que  no'-las  gentes  querran  consentir  8925 

de  nos  tal  omen  fazermos  poiar 

en  jograria;  ca  u  for'  pedir 

algun,  verán-o  vilão  seer, 

trist'  e  nojos',  e  torp'  e  sen  saber; 

e  aver-s'-a[w]  de  nos  e  d'el  riir.  8930 


I  CB  144  (116)  —  Esta  cantiga  fex  Martin  Soarex^i^)  como  en  ma- 
neira de  tençon  conPaay  SoarexC^),  e  é  d'escarnho.  Este  Martin  Soarexi^) 
foy  de  Riba  de  Limiai^)  en  Port[ugsd],  e  trobou  melhor  ca  todo' -los  que 
trobaron;  e  assi&i  foi  jtdgado  antr'  os  outros  (^)  trobadores. 

A  rubiica  até  foi  vem  copiada  segunda  vez  no  apographo  italiano,  em 
forma  rectificada,  creio  que  por  Colocci. 

(1)  Mr  foarèx  —  (2)  foatex  —  (3)  Mr  foatex  —  W  RU  delimha  — 
(5)  7  ati  —  (6)  outres  —  1  rogarl^  —  3  lograr  —  7  tê  p  q  se  pague  dei 
qno  uir  —  8  Maram  foatex  —  9  qrã.  Talvez  queiran  —  10  porar  —  11 
en  rograria  —  12  algu,  iierao  vilãfer  —  13  t^ste  rofo  —  14  deu  os  7  dei 
tijr  —  lõ  okam  defeu  —  17  p  faremg  nos  de  cuydumeu  —  19  cath  — 
20  rograr  —  21  concal  nome  gualjpoi.  —  Talvez  guarrã?  —  22  Mara 
foarex  amj  ha  greu  —  23  dei  —  24  nulhoig  7  deu  —  26  muy  bê  fay  eu 
oqllie  dirã  entõ  —  28  7iê  aqm  de  fexo  lograr  ne  fegneur  —  29  denfiii  — 
30  —  31  de  poiar  ja  ovilaão  groda  de  fi. 

Falta  a  segunda  fiinda. 

II  Cantiga  de  meestria,  em  maneira  do  tençEo:  4  x  7 -)- 3. — 
Decasyllabos.  —  Coplas  pareadas:  ababccb :  ccb.  —  Rimas  longas: 
ar(ft)  irW  êr(e)  no  grupo  1°;  ewW  érC»)  ofi(^)  uo  grupo  11",  ao  qual  responde 
a  fiinda  com  on  on  ér. 

Colocci  diz:  tenxõ;  alie  2;  et  epod.  Além  d'isso,  temos  no  fim  da 
pagina  a  nota  jograr  joc.  (jocosa?)  o  no  alto  os  vocábulos  en  guisa  e 
manera,  este  ultimo  precedido  do  um  ego  que  não  comprehendo. 


—     780     — 

15  —  Paay  Soarez,  o  om'  é  de  seu 

trist(e)  e  nojos(o)  e  torp'  e  sen  mester; 
per[o]  faremos- [/o]  nos,  (cuido-m'  eu) 
jograr,  s(e)  ende  voss'  a,juda  ouver'; 
ca  lhe  daredes  vos  esse  saion  8935 

20     e  porrei-lh'  eu  nome  jograr  sison, 
e  con  tal  nome  valrrá,  per  u  quer. 

—  Martin  Soarez,  a  min  m'  ó  mui  greu 
de  lh'o  saion  dar;  e  pois  que  lh'o  der', 

non  diga  el  que  lh'o  nulh'  omen  deu.  8940 

25      E  se  o  el  por  ventura  disser', 

mui  ben  sei  o  que  lhe  diran  enton: 
„confunda  Deus  quen  te  deu  esse  don, 
nen  a  quen  te  fez  jograr  nen  segrer." 

—  Paay  Soarez,  tenh'-o  por  razon  8945 
30      de  poiar  ja  o  vilão  a  gran  don; 

des  i  posface  [el]  de  quen  quiser'. 

III  Ach,  Paay  Soarez,  icli  komme,  um  Euch  fúr  einen  meiner  Mannen 
anzugehen,  der  nicht  Kriegsdienste  thua  will,  ob  wir  beide  ihn  nicht  zum 
Spielmann  machen  kõnnen,  so  dass  er  dadurch  Heil  und  Segen  erlangt. 
Doch  wird  es  uns  schwer  werden,  da  er  weder  so  zu  singen  noch  zu  sagen 
versteht,  dass  wer  ihn  hõrt,  Gefallen  daran  findet  (1). 

—  Martin  Soarez,  ich  kann  mir  nicht  vorstellen,  dass  die  Leute  es  uns 
gestatten  werden,  solchen  Menschen  in  der  Spielmannskunst  zu  fõrdern;  denn 
sobald  er  jemand  zu  bitten  anhebt,  wird  nian  erkennen,  dass  er  ein  kliig- 
licher,  abstossender,  plumper  und  uuwissender  Bauersniann  ist,  und  wird 
uns  und  ihn  verlachen  (2). 

—  Paay  Soarez,  er  ist  vou  Natur  klâglich,  abstossend,  plunip  und  talent- 
los;  dcnnoch,  meine  ich,  werden  wir  ihn  zuni  Spielmann  machen,  so  Ihr  mir 
nur  Euren  Beistand  gewâhren  wollt.  Ihr  werdet  ihm  diesen  Kittel  schenken, 
und  ich  werde  ihm  den  Namen  „Spiohnann  Zeisig"  bcilegen,  denn  mit  eiuem 
solchen  Namen  muss  er  allonthalben  zur  Geltung  kommen  (3). 

—  Martin  Soarez,  es  wi]'d  mir  schwer,  ihm  den  Kittel  zu  schenken;  dass 
er  hernach  nur  nicht  sage,  „niemand"  habe  ihn  ihm  geschenkt.  Sagt  er  es 
aber  zufallig  doch,  so  wird  man  gewisslich  erwiderii:  Gott  verdammo  ihn, 
der  dich  also  beschenkt,  und  ferner  den,  welcher  dich  zuni  Spielmann 
oder  fahrenden  Sánger  gemacht  hat  (4). 

—  Paay  Soarez,  ich  halte  es  fiir  gerecht,  dass  dieser  Baucr  zu 
grosser  Gabe  gelange.    Hernach  mõge  er  schmiihen ,  wen  iminer  er  will  (I). 


10 

■I 


15 


20 


397. 


Cuidava-m'  eu,  quando  non  entendia 
que  mal -sen  era  de  vus  ben  querer, 
senhor  fremosa,  que  m'  én  partiria  8950 

atanto  que  o  podess'  entender. 
Mais  entend'  ora  que  faç'  i  mal- sen 
de  vus  amar;  pêro  non  me  part'  én; 
ante  vus  quero  melhor  todavia. 

En  mi  cuidava  que  non  poderia  8955 

de  vos  víir,  mia  senhor,  se  non  ben; 
ca  non  cuidei  que  me  de  vos  verria 
tan  muito  mal  como  m'  agora  ven. 
E  fazia  dereito,  ca  non  ai; 

e  non  cuidava  que  me  veesse  mal,  8960 

senhor  fremosa,  d'u  o  non  avia. 

E  por  mui  gran  maravilha  ten-ia, 
senhor,  que  ora  soubesse  de  qual 
guisa  mi  ben  e  dereito  faria, 

ca  nunca  vistes  maravilha  tal:  8965 

ca  me  ven  mal  d'u  Deus  non  o  quis  dar, 
senhor,  e  coita  mui  grand'  e  pesar 
de  vos,  de  que  mi  vlir  non  devia. 


I  CB  145  (118)  —  9  detios  mjr  —  14  du  nõ  auya  —  19  nõ  aq^s 
dar  —  22  cõfimento  —  23  gudaffy  —  27  xeestaria  melhor. 

Nos  versos  12 — 13  eu  preferia  ler:  e  non  ai,   ca  non  cuidara  etc. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares,  enlaçadas  todavia  peia  rima  dos  versos  1,  3  e  7,  e  ainda  de 
outro  modo  especial:  a  rima  c  da  1*  estancia  reapparece  como  b  na  2%  cuja 
terceira  consonância  passa  para  a  estrophe  seguinte,  e  assim  por  deante: 
ababcca.  —  Rimas  breves  e  longas:  ^af'»^  êrW  mW  na  1"  estancia; 
m(»)  éti(^)  al(i-)  na  2";  m(a)  a/"»)  arí^J  na  3*;  m(a)  arW  Ôr(c)  na  4*. 


—     782     — 

Por  én,  senhor,  co[?/]simento  seria 
e  mesura  grand',  jassi  Deus  m'  ampar!  8970 

de  mi  fazerdes  vos  ben  algun  dia, 
25     pois  tanto  mal  me  fazedes  levar. 
E  se  mi  ben  fezessedes,  senhor, 
sabed',  a  vos  x'  estaria  melhor; 
e  de  mais  Deus  vo'-lo  gradeceria.  8975 

Colocci,  contando  materialmente  as  syllabas  do  1"  verso,  que  é  grave, 
assentou:  XI  syl. 

III  Ich  wáhnte,  ais  ich  noch  nicht  wusste,  welch  ein  Wahnsinn  es 
war,  Euch,  schõnste  Herrin,  zu  liebeu,  ich  wiirde  davon  ablassen,  sobald 
ich  es  einsâhe.  Jetzt  aber  sebe  ich  thatsachlich  ein,  dass  es  Wahnsinn  ist, 
Euch  zu  lieben,  und  dennoch  lasse  ich  nicht  davon  ab;  vielmehr  liebe  ich 
Euch  nur  noch  mehr  (1). 

Bei  niir  wâhnte  ich  ferner,  von  Euch  kõnnte  nichts  anderes  ais  Gutes 
ausgehen,  und  glaubte  nicht,  dass  mir  so  grosses  Leid  von  Euch  kommen 
kõnnte,  wie  mir  jetzt  widerfahrt.  Und  recht  that  ich  daran,  denn  ich 
konnte  nicht  ahnen,  dass  Bõses  daher  kommen  kann,  wo  es  nicht  vor- 
handen  ist  (2). 

Ein  wahres  Wunder  wâre  es,  wiisste  ich  jetzo,  woher  und  wie  mir 
noch  Gutes  und  Rechtes  geschehen  solle;  denn  das  Seltsame  ereignet  sich: 
Bõses  geschieht  mir  von  einer  Stelle  aus,  wohin  Gott  es  nicht  gelegt  hat, 
und  Pein  und  grosse  Not  kommt  von  Euch,  woher  es  mir  nicht  kommen 
diirfte  (3). 

Deshalb,  Herrin,  wâre  es  klug  und  gar  gerecht,  so  wahr  mir  Gott 
helfe,  wolltet  Ihr  mir  einmal  Liebes  anthun,  nachdem  Ihr  mir  soviel  Leides 
auferlegt  habt.  Und  wenn  Ihr  mir  Liebes  anthatet,  wisset,  es  stânde  Euch 
gut;  und  ausserdem  wiirde  auch  Gott  es  Euch  lohnen  (4). 


SECÇÃO  IV 

CANTIGA 

398 


i 


DE 


MARTIN   SOARES. 


PREENCHE   A  5»  LACUNA. 


;^ 


398. 

Pois  boas  donas  son  desemparadas 
e  nulh{o)  omen  no'- nas  quer  defender, 
no'-nas  quer'  eu  leixar  estar  quedadas, 
mais  quer'  6n  duas  per  força  prender, 
5      ou  três,  ou  quatro,  quaes  m'  én  escolher'!        8980 
Pois  non  an  ja  per  quen  sejan  vengadas, 
netas  de  Conde  quer'  eu  cometer, 
que  me  seran  mais  pouc'  acoomiadas! 

Netas  de  Conde,  viuvas  nen  donzela, 
10      essa  per  ren  no'- na  quer'  eu  leixar!  8985 

Nen  lhe  valrrá,  se  se  chamar'  «mesela», 

nen  de  carpir  muito,  nen  de  chorar, 

come  non  rai-an  por  én  a  desfiar 

seu  linhagen,  nen  deitar  a  Castela. 
Jõ      E  veeredes  meus  filhos  andar  8990 

netos  de  Gued',  e  partir  en  Sousela! 

I  €B  172  (147)  —  Esta  cantiga  de  cima  fex  Martin  Soarex  a  Roy 
Oomex,  de  [Bi'i]<e//ros(0  que  era  Ifançon  [e  depois  fez  lo  el  Rei]  Ricomen 
porque  roussou&í  Dona  Elvira  -  Annes  i^) ,  filha  de  don  JoOii  Perex  da 
Maya  e  de  dona  Quyamar  Meendiz^  filha  dei  Conde  Meendo. 

0-)  ....  ctepos  —  (2)  ffoufau  —  (3)  Ehwpadns  —  1  boas  —  2  nU  tios 
—  3  eft  tar  —  4  forca  —  8  Seria  preferível  substituir  mais  por  mui^  ou 
pois  —  9  vyuiias  —  13  come  non  auj  porem  adeffiar  —  16  netos  de 
gede  p.  —  Cfr.  os  versos  22  e  24.  —  17  tom  e  tanto  —  20  nê  pararey 
mha  naeupa  —  21  aiit  farey  —  22  oq  ende  degueda  —  24  iieco  deguedacd 
Condes  miz  qado. 

Tre  stanxe,  no  dizer  de  Colocai,  que  também  lançou  á  margem  a 
forma  verbal  valrra. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x8.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  ababbaba.  —  Rimas  breves  e  longas:  adasW  erff»)  na 
1»  estancia;  elai^)  ar9>)  na  2'';  adoW  ôrO>)  na  3*. 


20 


Jm 


—     785     — 

Se  eu  netas  de  Conde  sen  seu  grado 
tomar',  entanto  com'  eu  vivo  for', 
nunca  por  én  serei  desafiado, 
nen  partirei  raia  natura  peyor; 
ante  farei  meu  linhagen  melhor 
[d]o  que  end'  é  de  Gueda  mais  baixado. 
E  veeredes,  pois  meu  filho  for' 
neto  de  Gueda,  con  Condes  mizcrado. 


8995 


in  Da  vornehme  Frauen  verlassen  dastehen  und  niemand  sie  vertei- 
digen  mag,  will  auch  ich  sie  nicht  unbehelligt  stehen  lassen;  vielmehr  will 
ich  zwei  davon,  oder  gar  drei  oder  vier,  mit  Gewalt  fortfiihren,  nach  belie- 
bigerWahl,  da  sie  niemand  haben,  der  sie  râchte.  Grafen  -  Enkelinnen  will 
ich  anfallen,  denn  nicht  erhebliche  Súhne  wird  darob  von  mir  verlangt 
werden  (1). 

"Weder  Witwe  noch  Jungfrau  (diese  erst  recht  nicht)  will  ich,  wenn 
sie  Grafen  -  Enkelin  ist,  unbehelligt  lassen.  Nichts  niitzt  es  ihr,  so  sie  sich 
„Ungliickselige"  heisst,  die  Haare  rauft,  oder  laut  um  Hilfe  weint,  da  ihre 
Sippe  mich  darum  weder  zum  Kampfe  fordert,  noch  nach  Kastilien  ver- 
treibt.  Meine  Sohne  aber  werdet  ihr  ais  Gueda -Enkel  Erbteil  haben  sehen 
an  Sousela  (2). 

Wenn  ich  Grafen -Enkelinnen  gegen  ihren  Willen  raube,  werde  ich 
doch  mein  Lebtag  nicht  darum  herausgefordert  werden;  noch  wird  mein 
Ansehen  und  Anwesen  dadurch  geringer;  vielmehr  steige  ich  an  Rang  und 
Stand  iiber  den  von  Gueda,  der  dadurch  herabgesunken  ist.  Meinen  Sohn 
aber,  da  er  Gueda -Enkel  ist,  werdet  Ihr  mit  Grafen  umgehen  sehen  (3). 


50 


SECÇÃO  Y 


C  A  AT  T I G  A 


399 


DE 


ATRAS    CORPANCHO. 


PREENCHE   A   G"  LACUNA. 


50^ 


399. 

Pois  que  se  non  sente  a  mia  senhor  9000 

da  coita  en  que  me  ten  seu  amor, 
mia  morte  mui  mester  me  seria. 
Se  sempr(e)  ei  d'  aver  atai  andança, 
5      i cativo!  que  non  morri  o  dia 

que  a  vi  en  cas  dona  Costança!  9005 

Pois  o  dia,  [logo  qu\Q  o  sen  perdi, 
jNostro  Senhor!  e  como  non  morri, 
como  morre  quen  non  á  proveito 
10      de  viver,  nen  se  querria  vivo? 

Mais  eu  que  por  sandeu  [c]  tolheito  9010 

and'  ^;e  como  non  moiro,  cativo? 


I  €B  175  (150)  —   1  amh  senh'>'  —  4  andança  —  5  mojry  e  dia 

—  6  costança  —  7  poys  o  dia  7  offen  perdi.  —  Talvez  antes :  pois  o  dia 
en  que  o  s.  p.  —  8  nõ  axyri  —  9  more  —   10  merrer  rê  ffe  qria  uyno 

—  11  tolheyra  —  12  marro  catijua. 

II  Cantiga  de  meestria:  2x6.  —  Versos  de  dez  syllabas:  Deca- 
syllabos  agudos,  misturados  com  Nonarios  graves.  —  Coplas  singu- 
lares: aalbcbc.  —  Rimas  longas  e  breves:  ÔrW  ia^)  ançai^)  na 
1*  estancia;  «'(«)  eitoW  ivo(e)  na  2^ 

III  Da  meine  Herrin  kein  Gefúhl  hat  fiir  die  Qual,  in  welche  die 
Liebe  zu  ihr  micli  versetzt,  wâre  zu  stcrben  ein  Bediirfnis  fúr  mich.  Falis 
ich  dauernd  in  solcher  Lage  bleiben  soll,  warum  starb  ich  Ãrmster  da  nicht 
lieber  am  Tage,  wo  ich  sie  in  Dona  Costança's  Palast  erblickte  (1)? 

Da  ich  an  jenem  Tage  den  Verstand  verlor,  warum  starb  ich  da  nicht 
lieber,  wie  derjenige  in  den  Tod  geht,  dem  das  Leben  nichts  nútzt,  und 
der  auch  gar  nicht  leben  mõchte.  Ich  aber,  der  ich  ein  Narr  und  meiner 
Sinue  nicht  máchtig  bin,  warum  sterbe  ich  Ãrmster  nicht  (2)? 


SECÇÃO  VI 

CANTIGAS 

400  —  401 
DE 

NUNO  RODRIGUEZ,  DE  C  AND  ARE  Y. 


PREENCHEM  A  7»  LACUNA. 


400. 

Ben  deviades,  mia  senhor, 
de  min  cousimento  prender; 
e  pois  vo'-lo  Deus  faz  aver, 
e  quantas  outras  cousas  son,  9015 

5      ç:en  que  têedes  por  razon 
de  me  leixar  morrer  d'  amor 
e  me  non  queredes  valer? 

E  d'  ai  estou  (eu)  de  vos  peyor, 
que  mi  non  queredes  creer;  V020 

10     e  veedes  meu  sen  perder 

por  vos;  e  á  mui  gran  sazon, 
mia  senhor  fremosa,  que  non 
ouvi  de  min  nen  d'  ai  sabor, 
quando  vus  non  píidi  veer.  0025 

15  E  pois  me  vus  Deus  quis  mostrar, 

aque,  direi- vus  iia  ren: 

se  mi  vos  non  fazedes  ben, 

por  quanto  mal  por  vos  levei, 

ja  eu  viver  non  poderei;  9030 

20      que  me  querrá  cedo  matar 

a  coita  que  mi  por  vos  ven. 

I  CB  180  (155)  —  2  demj  confimeto  quantoia  preder.  Os  vocábulos 
quanto  ja,  talvez  sejam  tiradas  por  engano  do  quarto  verso V  —  v^  teedes  — 
Talvez:  por  quê  teedes  en  raxon'i  —  6  motrer  —  13  ouue  —  16  ag  — 
20  ,ç,  dome  qrra  c.  m. 

n  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
pareadas:  abbccab.  —  Rimas  longas:  ôr(^)  êr(\>)  oni^)  no  grupo  P;  ari») 
mW  eii^)  no  grupo  IP. 

Ad.  2.,  no  dizer  de  Colocci.  —  Os  vocábulos  partirei;  non  partira; 
preguntarei  estão  uo  fim  da  pagina. 


25 


—     791     — 

Mais  venho -vus  por  Deus  rogar 
que  vus  prenda  doo  por  én 
de  mi,  que  faç'  este  mal -sen, 
onde  me  nunca  partirei. 
Pêro  d'  ai  vus  preguntarei : 
(jcomo  podedes  desamar 
quen  s'  assi  por  voss'  ome  ten? 


9035 


III  Wohl  solltet  Ihr,  ach  Herriu,  meiner  mit  Úberlegung  gedenkeu; 
und  da  Gott  Euch  Verstand  beschiedea  hat ,  nebst  so  vielen  anderen  Dingen, 
waruDi  haltet  Ihr  es  da  fiir  recht,  mich  vor  Liebe  sterben  zu  lasseii,  und 
wollt  niir  nicht  beistehen?  (1) 

In  einem  anderen  Punkte  aber  steht  es  noch  schlimmer  uni  Euch, 
niir  gegeníiber:  dass  Ihr  mir  nâmlich  nicht  glauben  wollt,  und  seht  mich 
doch  den  Verstand  verlieren.  Lange  ist  es  her,  schõnste  Herrin,  dass  ich 
weder  an  niir  noch  au  anderem  Frende  hatte,  wenn  ich  Euch  nicht  er- 
blickte  (2). 

Und  da  Gott  gewollt  hat,  dass  ich  jetzt  vov  Euch  stehe,  will  ich  hier 
noch  etwas  sagen:  Thut  Ihr  mir  nichts  Liebes  zum  Entgelt  fúr  alies  Leid- 
wesen,  das  ich  um  Euch  erduldet  habe,  so  werde  ich  nicht  lânger  leben 
konnen,  sondern  rasch  wird  mich  tõten  die  Qual,  in  die  Ihr  mich  stúrzt  (3). 

Um  Gottes  willen  beschwõre  ich  Euch  daher,  Mitleid  mit  mir  zu  haben, 
der  ich  eine  Thorheit  begehe,  von  der  ich  nimnier  lassen  werde.  Und 
weiter  will  ich  fragen :  wie  kõnnt  Ihr  Unliebe  hegen  fúr  einen ,  der  sich  zu 
Euren  Mannen  zãhlt?  (4) 


10 


401. 

En  que  grave  dia,  senhor, 
que  me  vus  Deus  fez[o]  veer! 
ca  nunca  vus  eu  ren  roguei 
que  vos  quisessedes  fazer. 
Pois  que  vos  avedes,  senhor, 
tan  gran  sabor  de  me  matar, 
rogar  quer'  eu  Nostro  Senhor 
que  vo'-lo  leix[e]  acabar. 

Pois  entendo  que  vus  praz[er] 


0040 


9045 


9050 


senhor  fremosa,  d'  eu  morrer, 

15      quer'  eu  rogar  Nostro  Senhor 

que  me  non  leixe  mais  viver. 


Pois  que  vos 


9055 


I  CB  181  (156)  —  2  fez  —  3  níicaug  —  7  senhor  —  8  leixacabar 
—  ^  px^  —  14  moirer. 

II  Fragmento  de  uma  cantiga  de  meestria:  '?  x  8.  —  Octona- 
rios.  —  Rimas  longas,  na  ordem  ababeac.  E  são:  ôrW  erC»)  arW  na 
primeira  estancia,  da  qual  a  segunda  parece  divergir.  Os  versos  1,  5  e  7, 
assim  como  o  15,  terminam  em  senhor. 

Vem  marcada  com  uma  cruz  por  Colocci. 

m  An  welchem  Unglúckstage  zeigte  Gott  niir  Euch :  niemals  erbat 
ich  von  Euch  etwas,  das  Ihr  gevvâhrt  hãttct.  Da  Ihr  solche  Lust  liabt, 
mich  zu  tõten,  will  ich  zum  Himmel  beten,  er  moge  Euch  dies  Werk 
vollenden  lassen. 


SECÇÃO  VII 

CAÍíTIGA 

402 


DE 


NUNO  FERNANDEZ,  TORNEOL. 


402. 

Assi  me  traj'  ora  coitad'  Amor 
que  nunca  Ih'  ome  vi  trager  tan  mal; 
e  vivo  con  el  iia  vida  tal 

que  ja  mia  morto  seria  melhor.  0060 

5      .         Nostro  Senhor,  non  me  leixes  viver, 
se  estas  [coitas\  non  ei  a  perder! 

E  pêra  qual  terra  Ih'  eu  fugirei, 
logu'  el  saberá  mandado  de  mi, 
ali  u  for';  e  pois  me  tever'  i  0065 

10      en  sa  prison,  sempr'  eu  esto  direi: 

Nostro  Senhor,  non  me  leixes  viver, 
se  estas  coitas  non  ei  a  perder! 

E  a  min  faz  og'  el  mayor  pesar 
de  quantos  outros  seus  vassalos  son;  0070 

15      e  a  [e]ste  mal  non  Ih'  ei  defensou: 
u  me  ten  en  poder,  quer  me  matar. 

Nostro  Senhor,  non  me  leixes  viver, 
se  estas  coitas  non  ei  a  perder! 

I  CB  185''"  (171)  —  1  eouad  —  8  mjn  —  10  viete'ti  hy  —  15  e  a 
fte  mal  —  16  ca  hu  etc. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -[-  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abba||€C.  —  Rimas  longas:  Õr(aj  «/(b)  na  1*  copla;  e^(»)  «C») 
na  2'';  ar  (a)  onW  na  3"-. 

Colocci  assenta:  tornei^  e  o  vocábulo  trar  mal. 

III  So  arg  niissliandelt  mich  Amor,  wie  ich  ihn  uiemals  einen  anderen 
Menschen  misshandeln  sah;  besser  ais  das  Leben,  das  ich  durch  seine  Schuld 
fúhre,  ist  der  Tod.  ||  Herr  Gott,  nimm  mich  aus  diesem  Leben,  wenn  ich 
diese  Qual  nicht  loswerden  soU  (1). 

Wohin  ich  auch  fliehe,  gleich  wird  Amor  Meldung  iiber  mich  erhalten, 
wo  ich  auch  bin.  Und  hat  er  micli  in  seinen  Kerker  gethan,  so  fahre  ich 
fort,   zu  rufen:  ||  Herr  Gott  etc.  (1). 

Mir  fiigt  er  jetzo  grõsseres  Leid  zu,  ais  ali  seinen  sonstigen  Vasallen. 
Und  dagegon  giebt  es  keine  AYehr.  Wo  immer  er  mich  in  seiuer  Gewalt 
hat,  will  er  mich  tõten.  ||  Herr  Gott  etc.  (3). 


SECÇÃO  VIU 
ANTIGAS 

iO;}  —  409 


DE 


ERO  GARCIA,  BURGALÊS. 


PREENCHP]M  A  d-"  LACUNA. 


403. 

Nostro  Senhor!  ^e  por  quê  mi  fezestes  9075 

nacer  no  mundo?  pois  me  padecer 
muitas  coitas  e  mui  graves  fezestes, 
des  quando  me  fezestes  ir  veer 
5      lia  dona  mui  fremosa  que  vi, 

por  que  moiro,  ca  nunca  dona  vi  9080 

con  tanto  ben  quanto  Ihi  vos  fezestes! 

Per  boa  fé,  ca  melhô'-Ia  fezestes 
falar,  e  muito  melhor  parecer 
10      de  quantas  outras  no  mundo  fezestes, 

e  en  dõair'  e  en  mui  mais  valer.  9085 

E  Nostro  Senhor,  mais  vus  én  direi: 
punh'  en  dizer  .  .  . ,  mais  ja  nunca  direi 
tanto  de  ben  quanto  Ihi  vos  fezestes. 

I  CB  199  (180)  —  4  deg  —  õ  hunha  —  6  doua  —  8  —  9  ea  fnelho- 
la  fezestes  \\  muj  melh^  falar  e  pa?'ecer  —  lie  endoayre  en  m.  m.  v.  — 
13  ca  ja  n.  d.  —  20  nuug  —  21  Dono  —  24  nõ  tanto. 

II  Cantiga  de  meestria:  4x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoautes,  differenciadas,  comtudo,  pela  rima  c:  ababcca.  —  Rimas 
breves  e  longas:  estesi^)  crW;  ticí],  eiic-i),  éu(*:'i),  (-/(i'*).  Em  todas  as 
estrophes  os  versos  1,  3  e  7  acabam  em  fezestes.  Além  d'isso  o  quinto 
e  sexto  são  idênticos  em  cada  uma. 

Nota  de  Colocci:  qi  fel  dif  ma  muta  lantepenultima. 

III  Herr  Gott,  wozu  hast  Du  mir  das  Leben  gegeben,  wenn  Du  mir 
doch  so  viele  und  schwere  Pein  dadurch  geben  woUtest,  dass  Du  mir  eine 
gar  herrliche  Frau  zeigtest,  um  die  ich  sterbe.  Und  nimmer  sah  ich  eine 
andere  mit  so  vielen  Vorziigen,  wie  Du  dieser  gabst  (1). 

"Wahrlich,  Du  hast  ihr  holdere  Rede  und  bolderes  Ausseheíi  gegeben 
ais  anderen  Frauen,  auch  mehr  Geist  und  Wert.  Und  weiter  will  ich 
reden  ...  ich  versuche  es  zu  thun  .  .  .  vermag  jedoch  nimmer  alies  Guta 
aufzuzâhlen,  das  Du  ihr  gabst  (2). 


—     797     — 

15  Ca  de  melhor  conhocê'-la  fezestes, 

mais  mansa  e  mais  mesurada  seer  9090 

de  quantas  outras  no  mundo  fezestes: 

sobre  todas  llii  destes  tal  poder. 

Non  vus  poss'  eu  contar  todo  seu  ben; 
20     nen  vus  poss'  eu  dizê'-lo  mui  gran  ben 

que  lhe  vos,  meu  senhor,  fazer  fezestes.  9095 

Nen  o  gTan  mal  que  vos  a  min  fezestes, 
pois  mi-a  fezestes  tan  gran  ben  querer; 
nen  tanto  ben  quanto  Ihi  vos  fezestes, 
25     ne'-no  meu  mal,  no' -no  posso  dizer. 

Nen  como  moiro,  no'-no  direi  ja;  9100 

nen  ar  direi  a  dona  nunca  ja 

por  que  moiro,  que  mi  veer  fezestes. 

Bessere  Erkenntnis  hast  Du  ihr  gegeben,  grõssere  Sanftmut  und  Ge- 
messonheit  ais  allea  úbrigen,  die  Da  schufest.  Úber  alie  gabst  Du  ihr  Macht. 
AU  ihr  Gut  kann  ich  nimmer  aufzâhlen.  Sagen  kann  ich  nicht  wie  viel  Gutes 
Du,  Herr  Gott,  ihr  gegeben  hast  (3). 

Noch  auch  das  schlimme  Leid,  das  Du  mir  gabst,  ais  Du  mir  solche 
Liebe  einflõsstest.  Weder  alies  Gute,  was  Du  ihr  gegeben,  noch  alies 
Schlimme,  -was  Du  mir  gabst,  kann  ich  aufziihlen.  Weder  wie  ich  sterbe, 
werde  ich  sagen,  noch  die  Frau  nennen,  um  die  ich  sterbe  und  dio  Du 
mir  gezeigt  hast  (4). 


404. 

Meus  amigos,  direi -vus  que  mi  aven 
e  como  moir',  e  conselho  non  ei, 
por  ua  dona.     Mais  non  vus  direi  9105  \ 

seu  nome;  mais  tanto  vus  direi  6n: 
õ     est  a  mais  fremósa  que  no  mund'  á. 
E  meus  amigos,  mais  vus  direi  ja: 
6  mais  comprida  de  tod'  outro  ben. 

Por  a  tal  moir',  e  non  Ihi  digo  ren  9110 

de  como  moir'.     ^jE  como  llii  direi? 
10      Ca  se  a  vejo,  tan  gran  sabor  ei 
de  a  veer,  amigos,  que  por  én, 
quando  a  vejo  quan  fremosa  ó, 
e  a  vejo  falar,  per  boa  fé,  9115 

temendo,  logo  saio  de  meu  sen! 

15  Aquesta  dona  fezo  Deus  nacer 

por  mal  de  min  ;  assi  Deus  me  perdon ! 

e  por  mal  de  quantos  no  mundo  son 

que  viren  o  seu  mui  bon  parecer;  9120 

ca  lliis  averrá  eude  cora(o)  a  mi 

20      que  Ihi  quigi  tan  gran  ben,  des  que  a  vi, 
que  me  faz  ora  por  ela  morrer. 

I  CB  200  (186)  —  1  queim^auen  —  .3  htmha  —  14  teendolho  fayo 
—  A  interpretação  teeml'  olho  mo  parece  menos  boa  do  que  a  emenda 
temendo  logo?  —  18  nirê  —  19  aueirã  —  comaanij  —  21  moir'  —  22 
Pa  nõ  ou  fefta  —  23  uedes  p'''  q  —  28  qira. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7 -|- 3.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
pareadas,  differenciadas ,  comtudo,  por  uma  das  rimas:  abbacca:  —  Ri- 
mas longas:  m(a)  eiW  á(c);  énW  eiW  é(c)  no  grupo  I";  êrW  oííC»  ?'(«); 
er(a)  otoCí)  e*(c)  no  11°.     A  fiinda  termina  em:  a'a^a*. 

Nota  de  Colocci:  ad  2  et  eõgedo. 


30 


799     — 


Pêro  non  oiis'  esta  dona  dizer 
por  que  ja  moir',  e  vedes  por  que  [non] 
porque  ei  medo  no  meu  coraçon, 
pois   que  o  corpo  perco,  de  perder, 
meus  amigos,  quanto  vus  eu  direi: 
e  souber'  que  Ihi  ben  quero,  ben  sei 
que  ja  mais  nunca  me  querrá  veer! 

E  pois  que  moiro,  querendo  Ihi  ben, 
quanto  a  vir',  tanto  mi  averei  én: 
ca  outro  ben  non  atend'  eu  d'  aver. 


9125 


9130 


III  Freunde,  lasst  Euch  sagen,  wie  mir  geschieht  und  wie  ich  sterbe, 
der  ich  niir  keinen  Rat  weiss,  um  einer  Frau  willen.  Ihren  Namen  will  ich 
jedocb  nicht  aussprechen.  Sagen  will  ich  allein:  sie  ist  dia  schõnste  auf 
Erden.  Und  weiter  will  ich,  o  Freunde,  sagen:  sie  ist  auch  die  vollendetste 
an  jeder  anderen  Gabe  (1). 

Um  eine  solche  sterbe  ich ,  sagé  ihr  abar  nichts  davon,  dass  ich  sterbe. 
"Wie  sollte  ich  es  auch  aussprechen?  Denn,  erblicke  ich  sie,  so  habe  ich 
solche  Lust  daran,  sie  zu  sehen,  Freunde,  dass  ich  vom  Schauan  ihrer 
Schõnheit  und  ihrer  Eede,  traun,  gleich  den  Verstand  verliere  (2). 

Zu  meinem  Ungliick  schuf  Gott  diese  Frau,  so  wahr  ar  mir  gnâdig 
sein  mõge,  und  zum  Ungliick  aller,  welche  ihre  Schõnheit  erblicken;  denn 
es  wird  ihnen  ergehen  wie  mir,  der  ich  jene  so  sehr  geliebt,  seit  ich  sie 
gesehen,  dass  sie  mir  dafíir  dan  Tod  giebt  (3). 

Trotzdem  wage  ich  nicht  diese  Frau,  um  dia  ich  sterbe,  zu  nennan. 
Hôrt  an  weshalb.  Weil  ich  im  Herzen  Furcht  hege,  ausser  dem  Schaden 
an  meinem  Leibe  noch  anderen  Schaden  zu  erleiden  —  ich  sage  Euch 
welchen  ....  Erfâhrt  sie  es,  dass  ich  sie  liebe,  so  wird  sie  mich  nie  wie- 
dersehen  woUen. 

Da  ich  aber  vor  Liebe  ersterbe,  ergeht  es  mir  also:  so  viele  Male, 
ais  ich  sie  sehe,  erlebe  ich  Erfreuliches.    Kein  anderes  Gut  erwarte  ich  (I). 


40.5. 

Meus  amigos,  oymais  quero  dizer 
a  quantos  me  veeren  preguntar,  9135 

qual  est  a  dona  que  me  faz  morrer; 
ca  non  ei  ja  por  que  o  recear, 
õ      E  saberan  qual  dona  quero  ben. 
Direi -a  ja,  ca  sei  que  nulha  ren 
non  ei  por  én  mais  ca  perç'  a  perder.  9140 

<iE  que  mais  ei  de  que  perç'  a  perder? 
O  corpo  perç'  e,  quant'  ó  mui  cuidar, 
10     non  á  i  mais,  nen  posso  mais  saber, 
nen  moor  perda  non  poss'  eu  osmar. 
Mai'-la  dona  por  que  {eu\  moiro,  ben  9145 

Ihi  fez  Deus  tanto,  quant'  eu  ja  per  ren 
nunca  direi,  nen  o  seu  parecer. 

I  CB  201  (187)  —  2  iieheren  —  .5  efaberan  a  q.  d.  q.  b.  —  12 
pi^  q  moyro  —  13  fax  —  17  eu  púdi  —  21  deuauer. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoantes:  ababcca.  —  Rimas  longas:  er(a)  ar^)  éw(c). 

Nota  de  Colocci:  sei  dif. 

III  Heute,  Freunde,  will  ich  allen,  die  da  fragen,  wer  die  Frau  ist, 
die  mich  in  den  Tod  schickt,  Antwort  geben:  denn  ich  habe  keinen  Grund 
mehr,  Furclit  zu  hegen.  Sie  soUen  wissen  wer  die  Frau  ist,  die  ich  Hebe. 
Nennen  will  ich  sie,  da  ich  weiss,  dass  ich  dadurch  nicht  mehr  verlieren 
werde,  ais  ich  ohnedies  verliere  (1). 

"Was  kõnnte  ich  mehr  verlieren  ais  ich  verliere?  Leib  und  Leben 
muss  ich  hingeben  und,  meiner  Meinung  nach,  kann  man  nicht  mehr  ver- 
lieren ;  noch  vermag  ich  einen  grôsseren  Verlust  zu  ersinnen.  Der  Frau  aber, 
um  die  ich  sterbe,  hat  Gott  so  viel  des  Guten  gegeben,  dass  ich  es  ebenso- 
wenig  ausmalen  kann,  wie  ihre  Erscheinung  (2). 


20 


—     801     — 

a  tanto  a  fez  Deus  ben  parecer 
sobr'  outras  donas,  e  melhor  falar 
sobre  quantas  eu  [nunca]  púdi  veer, 
que  direi  mais  —  ;e  pes  a  quen  pesar'! 
Mui  mai'-la  fez  valer  en  todo  ben, 
ca  Ihi  fez  el  que  Ihi  non  mingua  ren 
de  quanto  ben  dona  dev[^■]'  aver'. 


9150 


Denn  so  viel  schoner  ais  alie  anderen  Frauen  sieht  sie  aus  xind  so 
viel  besser  redet  sie  ais  alie,  die  ich  je  gesehen,  dass  icli  iioch  weiteres 
aiissprecheii  will  (es  zurne,  wer  da  zúrnen  will):  In  aliem  Guten  ist  sie 
die  vorziiglichste.  Das  gab  ihr  Gott,  dass  es  ihr  an  keinem  Vorzuge  ge- 
bricht,  deu  eine  Frau  besitzen  muss  (3). 


51 


406. 

Eu  me  cuidava,  quando  non  podia  9155 

a  mui  fremosa  dona,  mia  senhor, 
veer,  ca,  se  a  viss',  eu  [ZJhi  diria 
com'  og'  eu  moiro  polo  seu  amor. 
5      Mais  vi -a  tan  fremoso  parecer 

que  Ihi  non  púdi  nulha  ren  dizer,  9160 

catando  quan  fremoso  parecia. 

Esto  me  fez  quant'  eu  dizer  queria 
escaecer,  ca  non  outro  pavor. 
10     E  quand'  eu  vi  que  fremoso  dizia 

quanto  dizer  queria,  e  melhor  9165 

de  quantas  donas  Deus  fez[o]  nacer, 
ali  non  ouv'  eu  siso  nen  poder 
de  Ihi  dizer  que  por  ela  morria! 

I  CB  220  (205)  —  3  uiffeu  hi  diria  —  4  sen  a7nor  —  \2  fe%  nacer 

—  14  moiria  —    16  ende  sabedor  —   18  nõ  est  meu  e.   t.   —   20  semp 
uiuer  —  21  niuya  —  22  p'''  scã  Maria  —  26  q  oieu  can  uo  nõ  poffauer 

—  27  peder  —  28  q  auya  dauer. 

n  Cantiga  de  meestria:    4x7.  —   Decasyllabos.  —  Coplas 
eqiiiconsoantes:  ababcca.  —  Rimas  breves  e  longas:  mW  ôr9>)  er(c). 
Nota  de  Colooci:  seldif. 

III  Ais  ich  die  sehr  holde  Dame,  meine  Herrin,  nicht  sehen  konnte, 
glaubte  ich,  ich  wiirde  ihr,  sâhe  ich  sie,  bekennen,  wie  ich  aus  Liebe  zu 
ihr  sterbe.  Doch  ich  sah  sie  so  wundorschõn,  dass  ich  nicht  zu  sprechen 
vermochte,  nach  ihrer  Schõne  schauend  (1). 

Dabei  vergass  ich ,  was  ich  sagen  woUte ,  und  nicht  aus  Furcht.  TJnd 
ais  ich  erkannte,  dass  sie  anmutig  sagte  alies,  was  sie  sagen  wollte  und 
besser  ais  alie  úbrigen  Frauen,  die  Gott  geschaífen  hat,  da  war  es  aus  mit 
Verstand  und  der  Fâhigkeit  ihr  zu  sagen,  dass  ich  um  sie  sterbe  (2). 

Ais  ich  sie  zum  erstenmal  erblickte,  hútete  ich  mich  nicht,  noch  war 
ich  einsichtig,  noch  schútzte  mich  Gott,  oder  meine  Thorheit,  oder  dies 
meiu  verrâterisches  Herz,  das  mir  hernach  riet  sie  zu  suchen:  und  darum 
n\uss  ich  nun  immerdar  in  grõsserer  Pein  leben  ais  vordem  (3). 


—     803     — 

15  E  des  que  a  vi  o  primeiro  dia, 

non  me  guardei,  nen  fui  én  sabedor,  9170 

nen  me  quis  Deus  guardar,  nen  mia  folia, 

nen  este  meu  coraçon  traedor 

que  mi -a  depois  conselhou  a  veer. 
20     E  por  aquest(o)  ei  ja  senipr'  a  viver 

I   en  mayor  coita  que  ante  vivia.  .9775 

E  meus  amigos,  por  sancta  Maria, 
des  que  a  vi,  muito  me  vai  peor. 
Ca  siquer  ante  algfia  vez  dormia, 
25      ou  avia  d'  algua  ren  sabor, 

que  og'  eu  [ja-quanto\  non  poss'  aver!  9180 

E  tod'  aquesto  m'  ela  fez  perder! 
E  dobrou -xi-ni'  a  coita  que  avia! 

Bei  der  heiligen  Jungfrau,  Freunde,  seit  ich  sie  gesehen,  geht  es  mir 
scblimmer;  denn  frúhor  schlief  ich  wenigstens  dann  und  wann,  und  hatto 
an  diesem  oder  jeuem  Diiige  Freude,  wie  ich  sie  hexite  nicht  im  mindesten 
empfiaden  kann.  Das  alies  aber  habe  icli  durch  sie  verloren;  verdoppelt 
abei-  hat  sieh  mir  die  Pein,  die  ich  hatte  (4). 


51* 


407. 

Ja  eu  non  ei  oymais  por  que  temer 
nulJia  ren  Deus;  ca  ben  sei  eu  d'el  ja 
ca  me  non  pode  nunca  mal  fazer,  9185 

mentr'  eu  viver',  pêro  gran  poder  á, 
5     pois  que  me  cedo  tolheu  quanto  ben 
eu  atendia  no  mund';  e  por  én 
sei  eu  ca  me  non  pode  mal  fazer. 

Ca  tan  bõa  senhor  me  foi  tolher  9190 

qual  el  ja  eno  mundo  non  fará; 
10     nen  ja  no  mundo  par  non  pode  aver. 
E  quen  aquesta  viu,  ja  non  veerá, 
tan  mans(a)  e  tan  fermos(a)  e  de  bon  sen; 
c'a  esta  non  mengua[ra]  nulha  ren  919') 

de  quanto  ben  dona  devi'  aver.. 

I  CB  221  (206)  —  2  ca  vê  —  5  tedo  —  8  beã  —  10  ne  ia  eno 
m.  —  13  ca  efta  nõ  mengua  n.  r.   —  18  -E"  grã  coyta. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7  +  3.  —  Decasyllabos.  —  Duas 
coplas  formam  par,  a  ultima  está  desirmanada:  alíabcca.  —  Rimas 
longas:  er(a)  á('>)  m(c)  no  grupo;  êrW  al(}*)  eusi*^)  na  desirmanada,  a  qual 
portanto,  repete  uma  das  consonancias  do  grupo.  —  Repetição  da  mesma 
rima  nos  versos  10  e  14. 

Nota  de  Colocci:  conged. 

III  Nunmehr  liabe  ich  nichts  mehr  von  Gott  zu  fiirchten;  ich  weiss, 
dass  er  mir  kein  Leid  mehr  anthun  kann,  solange  ich  lebe,  obwohl  seine 
Macht  gross  ist,  da  er  mir  bereits  alies  Gute,  das  ich  hienieden  erwartete, 
genommen  hat;  daruni  weiss  ich,  dass  er  mir  fiirderhin  kein  Leid  anthun 
kann  (1). 

Eine  so  gute  Herrin  nahm  er  mir,  wie  er  auf  der  Welt  keine  zweite 
mehr  schaffen  kann.  Wer  sie  gesehen  hat,  sieht  keine  zweite,  die  so  sanft, 
schõn  und  verstandig  wiire,  denn  ihr  fehlte  nichts  von  aliem  Guten,  das  eine 
Frau  besitzen  muss  (2). 


—     805     — 

Ts  E  pois  tan  bõa  senhor  fez  morrer, 

ja  eu  ben  sei  que  me  non  fará  mal. 
B  pois  eu  d'el  non  ei  mal  a  prender, 
e  gra[i'e]  coita,  que  ei,  me  non.  vai  9200 

por  ela,  pois  que  mi -a  fez  morrer  Deus, 

_2*1_  el  se  veja  en  poder  de  Judeus 

como  se  viu  ja  outra  vez  prender! 

E  tod'  omen  que  molher  ben  quiser', 
e  m'  est(o)  oír',  e  jAmen!  non  disser',  9205 

nunca  veja,  de  quant'  ama,  prazer! 

Da  er  ihr  den  Tod  gab,  wird  er  mir  sicherlich  keia  Leid  mehr  anthun. 
Uud  da  ich  von  ihm  keiu  Leid  mehr  empfange  und  meine  grosse  Liebes- 
pein  um  sie,  die  Gott  getõtet  hat,  uichts  nútzt,  so  mõge  er  von  neuem 
in  die  Haud  der  Juden  fallen,  wie  iiim  schon  einmal  geschehen  ist  (3). 

Jedweder  aber,  der  eine  Frau  liebt,  uud  mich  anhõrt,  und  nioht 
jAmen!  dazu  sagt,  empfange  niemals  Liebes  von  derjenigen,  welche  er 
liebt  (I). 


*« 


408. 

jAy  Deus!  que  grave  coita  de  soffrer! 
desejar  mort',  e  aver  a  viver 
com'  og'  eu  viv',  e  mui  sen  meu  prazer! 
Con  esta  coita,  que  me  ven  tanta,  9210 

5      desejo  mort'  e  queria  morrer, 

«Porque  se  foi  a  Rainha  Franca.» 

A  -esta  coita  nunca  eu  par  vi: 
desejo  mort',  e  pêro  vivo  assi, 
per  bõa  fé,  a  gran  pesar  de  mi.  9215 

10     E  direi-vus  que  me  mais  quebranta: 
desejo  morte,  que  sempre  temi, 

«Porque  se  foi  a  Rainha  Franca.» 

\Kj  coitado!  con  quanto  mal  me  ven! 
porque  desejo  mia  morte,  por  én  9220 

15      perdi  o  dormir  e  perdi  o  sen. 

E  choro  sempre  quand'  outren  canta, 
e  mais  desejo  morte  d'outra  ren, 

» Porque  se  foi  a  Rainha  Franca.» 

I  CB  222  (207)  —  10  ?  brãca  —  12  e  18  rayã. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5  +  1).  —  Versos  de  dez  syllabas: 
Decasyllabos  agudos,  misturados  de  Nonarios  graves.  —  Coplas 
singulares:  aaaba  {|  B.  —  Rimas  longas  e  breves:  êr  na  1*  copla; 
«'  na  2*;  ew  na  3";  toantes  em  á-a  no  refram  e  no  verso  ao  qual  responde 
{-anta  -anca). 

Nota  de  Colocci:  uno  verso  «  fine  tter calar. 

III  Ach  Gott!  welche  schwer  zu  ertragende  Pein:  den  Tod  zu 
wúnsohen  und  leben  zu  miissen  wie  ich  houte  lebe,  ganz  ohne  Freude! 
Wegen  dieser  neuen  grossen  Not  ersehne  ich  den  Tod  und  mõchte  sterben:|| 
Fort  ging  die  Kõnigin!  (1). 

Diese  Pein  sucht  ihres  Gleichen:  ich  ersehne  den  Tod  und  lebe 
dennoch  zu  neuem  Leide.  "Was  mich  am  meisten  bekiimmert  ist,  hõrt  es 
an,  dass  ich  den  Tod  ersehne,  den  ich  friiher  fiirohtete.  ||  Fort  ging  die 
Kõnigin!  (2). 

Ich  Ãrmster,  bei  dem  so  grossen  Leide,  dass  ich  den  Tod  ersehne, 
habe  ich  Schlaf  und  Verstand  verloren.  Und  weine  stets,  wenu  andere 
siugen;  und  ersehne  den  Tod  úber  alies.  ||  Fort  ging  die  Kõnigin!  (3). 

IV  Não  traduzi  a  palavra  franca,  porque  estou  em  duvida  sobre  a 
significação.  Pode  ser  que  seja  adjectivo  com  duplo  sentido,  significando 
verdadeiro  e  generoso,  mas  também  de  nação  francesa.  E  poderia 
ser  ainda  que  devêssemos  lêr:  a  Rainh'  a  Frunça. 


10 


409. 


Nunca  Deus  quis  nulha  cousa  gran  ben,       .952.5 
nen  do  coitado  nunca  se  doeu, 
pêro  dizen  que  coitado  viveu; 
ca  se  se  d'ei  doesse,  doer- s'- ia 
de  mi  que  faz  mui  coitado  viver, 
a  meu  pesar,  pois  que  me  foi  tolher  9230 

quanto  ben  eu  eno  mund'  atendia. 

Mais  enquant'  eu  ja  vivo  for',  por  ón 
non  creerei  que  o  Judas  vendeu, 
nen  que  por  nos  na  cruz  morte  prendeu, 
nen  que  filh'  est  de  sancta  Maria.  9235 

E  outra  cousa  vos  quero  dizer: 
ca  foi  coitado  non  quero  creer  .... 
ca  do  coitad'  a  doer-s'  a  veria! 


I  CB  223  (208)  —  2  doen  —  i  ca  ffe  [fel  dei  d.  —  10  pox  tios  — 
13  t'eer  —  14  coytada  doerffa  ueria  —  16  tolhe  —  20  tcer  —  21  chie 
—  23  poreu  —  24  poffdiata. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  7  -}-  2  x  3.  —  Decasyllabos.  — 
Coplas  oquiconsoantes,  com  uma  palavra  perduda  no  principio: 
abbcddc :  ddc.  —  Rimas  longas  o  breves:  mW  eu^)  iai*')  êrW. 

Nota  de  Colocci:  sei  diffi  et  due  congedi. 

Ao  pé  dos  versos  22  e  25  ha  a  nota  marginal  fijda,  que  certamente 
provém  do  original. 

III  Niemals  hat  Gottessohn  rechte  Liebe  empfunden  und  Mitleid  mit 
dem  Bekiimmerten  gehabt,  ob  man  auch  sage,  er  babe  selbst  in  Ti"úbsal 
gelebt;  denn  háttc  er  Mitleid  mit  Betriibten,  so  hattc  cr  es  mit  mir,  den 
er  so  bekummei"t  und  obne  Frende  leben  lasst,  seit  er  mir  alies  Gute  nahm, 
das  ich  auf  Erden  erhoffte  (1). 

Damm  aber  werde  ich  mein  Lebtag  nicht  glauben,  dass  Judas  ihu 
verraten,  noch  dass  er  am  Kreuze  fiir  uns  gelitten,  noch  dass  er  der  Sohn 
der  Jungfrau  Maria  ist.  Und  weiter  sage  ich,  dass  ich  nicht  glauben  will, 
er  habe  in  Trúbsal  gelebt;  denn  sonst  hátte  er  Mitleid  mit  dem  Betriibten  (2). 


I 


—     808     -^ 

15  Ainda  viis  d'el  direi  outra  ren : 

pois  quanto  ben  avia  me  tolheu,  9240 

e  quant'  el  sempre  no  mund'  entendeu 
de  que  eu  mui  gran  pesar  prenderia, 
por  bõa  fé,  d'ali  m'o  fez  prender, 

20     por  esto  non  quer'  eu  en  el  creer. 

E  quanto  per  el  crive,  fiz  folia.  0245 

E  se  el  aqui  ouvess'  a  viver, 
e  Ih'  eu  por  én  podesso  mal  fazer, 
per  bõa  fé,  de  grado  lh'o  faria! 

25  Mais  ;mal  pecado!  non  ei  én  poder, 

e  non  Ihi  posso  tal  guerra  fazer;  9250 

mas  por  torpe  tenh'  eu  quen  por  el  fia. 

Noch  eines  erklâre  ich  Euch:  da  er  mir  genommen,  was  ich  Gutes 
besass,  uad  wovon  er  wusste,  dass  ich  grosses  Leid  darum  tragen  wurdo, 
darum  glaube  ich  nicht  an  ihn,  und  war  eiii  Narr,  so  lange  ich  glaubte  (3). 

Lebte  er  aber  hier  und  ich  kõnute  ihm  Bõses  anthun,  ich  thâte  es 
gerne!  (I). 

Leider  aber  habo  ich  nicht  dio  Macht  dazu,  und  kaun  ihn  nicht  be- 
fehden.     Fiir  oinen  Thoren  halte  ich  jedoch  den,  welcher  ihm  vertraut  (II). 


SECÇÃO  IX 


CANTIGAS 


410  —  412 


DE 


D.  FERNAN  GAECIA,  ESGARAVUNHA; 


PREENCHEM  A  10"  LACUNA. 


410. 

Quand'  eu  mia  senhor  conhoci, 
e  vi  o  seu  bon  parecer, 
e  o  gran  ben,  que  Ihi  Deus  dar 
quis  por  meu  mal,  logu'  entendi  9255 

õ      que  por  ela  ensandecer 
me  veerian,  e  levar 
grandes  coitas,  e  padecer. 

Pêro  que  eu  soub'  entender, 
quando  os  seus  olhos  catei,  9260 

10      que  por  ela,  —  e  non  por  ai,  — 
me  veerian  morte  prender, 
^por  quê  me  logu'  i  non  quitei 
d'  u  a  non  visse?     Que  o  mal, 
que  og'  eu  sofro,  receei.  9265 

I  CB  227  (212)  —  6  ueriam  —  13  uiffe  e'q  o  mal  —  14  rechei 
—  15  Talvez  muit'  e  temi. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  7 -|- 2-  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares:  abcabcb.  —  Rimas  longas:  i(«)  ê>(b)  arW  na  1*  estancia; 
è>(a)  ei(^)  ali*i)  na  2*;  eiW  énW  on(^)  na  3%  á  qual  a  fiinda  respondo.  Ha, 
portanto,  repetição  de  uma  das  rimas  da  l^estrophe  na  segunda,  e  de  uma 
das  rimas  da  2*  na  terceira. 

Nota  de  Colocci:  eõgedo. 

III  Ais  ich  meine  Herrin  kennen  lernte,  und  ihre  holde  Erscheiuung 
sah,  sowie  die  Gaben,  die  Gott  ihr  zu  meinem  Leide  gab,  erkannte  ich 
sogleich,  dass  ich  um  sie  zum  Narren  werden  und  grossos  Leid  tragen 
wúrde  (1). 

Obwohl  ich  einsah,  ais  ich  in  ihre  Augen  blickte,  dass  ich  fúr  sie 
den  Tod  erleiden  wúrde  und  fiir  niemand  sonst,  warum  ging  ich  trotzdem 
nicht  gleich  hinfort,  damit  ich  sie  nicht  sãhe?  Denn  das  Leid,  das  ich 
jetzo  trage,  fúrchtete  ich  (2) 


20 


811     — 


Muit'  er  temi;  mais  eu  cuidei, 
con  mui  mal -sen  que  ouv'  enton, 
que  podess'  eu  sofrer  mui  ben 
as  grandes  coitas  que  levei 
por  ela  eno  coraçon. 
E  provei- o!  e  pois,  quand'  én 
me  quis  partir,  non  foi  sazon 

De  m'  én  partir;  ca  en  outra  ren 
non  pud'  eu  cuidar  des  enton! 


9270 


Und  bangte  sehr.  Doch  wâhnte  ich  in  meinem  Unverstande ,  ioh 
wiirde  alie  Qual,  die  ich  fúr  sie  im  Herzen  trug,  erdulden  kõnnen,  und 
versuchte  es.  Doch  ais  ich  mich  hernach  von  ihr  wenden  Avollte,  war  die 
Zeit  verstrichen  (3) 

Wo  ich  mich  abwenden  konnte ;  denn  ich  venuochte  an  nichts  anderes 
mehr  zu  denken  (I). 


411. 

A  que  vus  fui,  senhor,  dizer  por  mi  9275 

que  ywè  queria  niao  preço  dar, 
do  que  eu  quer'  agor(a)  a  Deus  rogar, 
ponli'  eu  d'ela  e  de  mi  outrossi: 
5  Que  el  Ihi  leixe  mao  prez  aver 

a  quen  mal -preço  vus  quer  apõer!  0280 

A  que,  a  gran  torto,  me  vosco  mizcrou 
e  .que  gran  torto  vus  disse,  senhor, 
por  ón  serei  sempr'  a  Deus  rogador 
10      de  min  e  d'ela  que  ra'  esto  buscou: 

Que  el  ihi  leixe  mao  prez  aver  9285 

a  quen  mal -preço  vus  quer  apõer! 

Mais  torne- se  na  verdade,  por  Deus, 
(ca  vus  non  disse  verdad',  eu  o  sei), 
15      logu'  eu  d'ela  e  de  min  rogarei 

a  Deus  que  vejan  estes  olhos  meus,  9290 

Que  el  Ihi  leixe  mao  prez  aver 
a  quen  mal -preço  vus  quer  apõer! 

I  CB  228  (213)  —  2  preeo  —  5  elhi  —  6  aqueu  —  apoer  —  7 
niÍTí  rrou  —  9  semp  Cts  —  14  ti'dadeo  fei. 

n  Cantiga  de  refrain:  3  x  (4 -|- 2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  *ía)  ar(»>)  na  1*  copla;  o«í(«) 
óXh)  na  2";  cusi^)  eiC»)  na  S'';  èr  no  refrani. 

Nota  de  Colocci:  tornei. 

III  Diejenige,  welche  Euch  hinterbracht  hat,  ich  woUe  Eucb  ver- 
leumdeu  und  schmiilien,  von  Gott  erbitte  ich  jetzo  fúr  sie  und  mioh:  ||  dem 
von  uns  gebe  er  einen   bõsen  Leumund,   der  p]uch  verunglimpfen  will  (1). 

Diejenige,  welche  sehr  zu  Unrecht  micb  mit  Euch  verfeinden  woUte 
und  Euch  Falsches  ausgesagt  bat,  Herrin,  von  Gott  werde  ich  stets  fúr 
mich  und  sie,  die  micb  in  diesen  Zwiespalt  gebracht,  erbitten:  ||  dem  von 
uns  etc.  (2).. 

Doch  sie  mõge  zur  Wabrbeit  zuriickkehren ,  (denn  ich  weiss,  sie  hat 
Euch  nicht  die  Wabrbeit  gesprochen),  so  bete  ich  sogleicb  zu  Gott,  meine 
Augen  niõcbton  sehen,  ||  wie  er  einen  bõsen  Leumund  giebt  jedwedem,  der 
Eucb  verunglimpfen  will  (3). 


412. 

Tod'  orne  que  Deus  faz  morar 
u  est  a  raolher  que  gran  ben 
quer,  ben  sei  eu  ca  nunca  ten 
gran  coita  no  seu  coraçon, 
5     pêro  se  a  pode  veer. 

Mais  quen  alongad'  end'  viver', 
aquesta  coita  non  á  par! 

Ca  pois,  u  ela  6,  estar 
pode,  non  sabe  nulha  ren 
10     de  gran  coita;  ca,  de  pran,  ten 
assi  eno  seu  coraçon 
qual  ben  Ihi  quer  de  lh'o  dizer; 
:e  non  pode  gran  coit(a)  aver, 
enquant'  en  aquesto  cuidar'. 

15  E  quen  ben  quiser'  preguntar 

por  gran  coita,  min  pregunt'  én, 
ca  eu  a  sei,  vedes  per  quen: 
per  min  e  per  meu  coraçon. 
E  mia  senhor  mi -a  faz  saber, 

20     e  o  seu  mui  bon  parecer, 

e  Deus,  que  m'  én  fez  alongar 


1 


9295 


9300 


9305 


9310 


I  CB  229  (214)  —  2  du  est  {d  por  ho  hu)  —  6  mays  quen  en  da 
lon  ia  uiuer  —  Talvez:  mais  qtien  end'  a  lòngi  viver'?  —  8  hu  ela  ei 
deftar  —  ei  </,  talvez  por  est'-^  —  17  ca  eu  affy  fei. 

II  Cantiga  de  maestria:  4  x  7 -f- 3.  —  Octonarios.  —  Coplas 
equiconsoantes,  com  uma  palavra  perdiula  no  moio:  abbcddu.  — 
Rimas  longas:  ar(ai  éni^)  on<*^)  êrW. 

Nota  de  Colocci:  sei  dif  —  Cõgedo. 

III  Jedweder,  den  Gott  wohnen  liisst,  \vo  die  Frau  weilt,  dio  cr  lieb 
hat,  der  tragt,  das  weiss  ich,  niemals  sclilimmo  Qual  im  Herzen,  da  er 
sie  sehen  kann.    Wer  aber  fern  von  ihr  lebt,  dessen  Qual  ist  ohne  Gleichen  (1). 


■ 


~     814     — 

Por  viver  serapr'  en  gran  pesar 
de  min,  e  por  perder  o  sen,  9315 

con  aver  a  viver  sen  quen 
25     sei  eu  ben  no  meu  coraçon. 
Ca  nunca  ja  posso  prazer, 
u  a  non  vir',  de  ren  prender. 
Vedes  que  coita  d'  endurar!  9320 

E  o  que  atai  non  sofrer',     ' 
30     no'- no  de  vedes  a  creer 
de  gran  coita,  se  i  falar'! 

So  er  weilen  darf,  wo  sie  ist,  weiss  er  nichts  von  arger  Qual,  denn 
offenbar  meint  er,  er  werde  ihr  sagen  konnen,  was  er  an  Liebe  zu  ihr 
im  Herzen  trâgt;  und  solange  er  das  wahnt,  kann  er  uicht  gi-osses  Leid 
empíinden  (2). 

Wer  aber  iiber  grosse  Qual  Auskunft  wúnscht,  der  befrage  raich ,  denn 
ich  kenne  sie.  Durch  wen?  Durch  mich  und  mein  Herz,  und  meine  Herrin, 
und  ihre  holde  Erscheinung,  und  Gott,  der  mich  von  ihr  getrennt  hat,  (3) 

Damit  ich  stets  in  grosser  Bekúmmernis  lebte  und  den  Verstand  ver- 
lõre  dadurcli,  dass  ich  leben  muss  ohne  die,  ohne  deren  Anblick  ich  nie  mehr 
Lust  empíinden  kann.    Seht  an,  wie  schwer  zu  ertragen  diese  Pein  ist!  (4). 

Wer  solche  nicht  erduldet,  dem  miisst  Ihr  nicht  Glauben  schenken, 
so  er  Euch  von  grosser  Qual  redet  (I). 


SECÇÃO  X 


CANTIGAS 


413  —  414 


DE 


Ik 


ROY    QUEIMADO. 


PREENCHEM  A  11»  LACUNA. 


413. 

O  meu  amigo,  que  me  mui  grau  ben 
quer,  assauliou-s'  un  dia  contra  mi  9S25 

muit'  endõado;  maisel  que  s'  assi 
a  min  assanha,  sei  eu  ua  ren, 
5  se  soubess'  el  quan  pouqu'  eu  daria 

por  sa  sanlia,  non  s'  assanharia! 

E  porque  non  quis'  eu  con  el  falar,  9330 

quand'  el  quisera,  nen  se  mi-aguisou, 
assanhou -s'  el;  mais,  de  pran,  ben  cuidou 
10      que  me  matava;  mais,  a  meu  cuidar, 

se  soubess'  el  quan  pouqu'  eu  daria 

por  sa  sanha,  non  s'  assanharia!  9335 

Porque  me  quer  gran  ben  de  coraçon, 
assanhou -s'  el;  e  cuidou  mi -a  fazer 
15     mui  gran  pesar;  mais  devedes  creer 

d'  el  que  s'  assanha  —  jse  Deus  me  perdon!  — 
se  soubess'  el  quan  pouqu'  eu  daria         9340 
por  sa  sanha,  non  s'  assanharia! 

I  CIÍ  265  (251)  —  2  mj  —  3  7m<ytendo  ado  —  4  nuha  rê  —  7 
quiiheu  —  9  q'>'feria  nPffe  mha  guyfon  —  10  amen  cuydar  —  14  í?  cuy- 
douuia  f. 

II  Cautiga  de  refram:  3  x  (4 -{- 2).  —  Versos  de  dez  syllabas: 
Decasyllabos  uo  corpo  da  cantiga,  e  Nonarios  no  refram.  —  Coplas 
singulares:  abbaICC.  —  Eijuas  longas  o  breves:  mW  i(b)  na  1" copla; 
ar  (a)  oMÍb)  na  2";  o?i(a)  êri^)  na  3";  ia  no  refram. 

Nota  de  Colocci:   Quadernario  et  tornei. 

III  Mein  Freund,  der  mich  innig  liebt,  wurde  júngst  zoruig  iiber 
mich;  doch  ganz  umsonst.  ||  Wússte  er,  der  mir  solchermassen  ziirnt,  wie 
wenig  icb  mir  aus  seinem  Zorne  mache,   er  unterliesse  es,  zu  ziirnen  (1). 

Weil  icb  nicbt  mit  ihm  reden  woUte,  ais  er  es  wiinschte,  iind  es 
nicbt  veranlassen  konnte,  ergrimmte  er;  und  wiihnte  oífenbar,  micb  dadurcb 
zu  tõteu;  docb  meine  ich,  ||  wiisste  er  etc.  (2). 

"Weil  er  mich  von  Herzen  liebt,  ergrimmte  er,  und  glaubte  mir  grossen 
Kummer  zu  bereiten;  doch  glaubt  es  mir,  so  wahr  mir  Gott  gnâdig  sei,  || 
wiisste  er  etc.  (3). 


414. 


*ois  minha  senhor  me  manda 
[ue  non  vaa,  ii  ela  seer', 
[quero -lh'o  (eu)  por  én  fazer, 
pois  m'o  ela  (a)ssi  demanda. 
iw.  Mais  non  me  pod'  ela  tolher  por  én 

ISr  ^^^^  1^'  6^  ^^on  queira  gran  ben. 

Minha  senhor  me  defende, 
Kpor  quanto  eu  d'ela  vejo, 
'■  que  non  vaa  u  ela  (e)ntende 
10     que  eu  filho  gran  desejo. 
Ife  Mais  non  pod'  ela  por  ende  o  meu 

coraçon  partir  do  seu. 


9345 


9350 


I  CB  266  (252) 

entêdo  —  17  ca  meus. 


2  esteuer  —  9  entede  —  11  porete  omeu  —  13 


II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2).  —  Septenarios  graves, 
entremeados  apparentemente  de  dois  octonarios  agudos  no  corpo  da  can- 
tiga; no  refram  um  Decasyllabo  agudo  e  um  Septenario  agudo.  — 
Coplas  singulares:  abl)a||CC;  abba||CC  e  abab||CC.  —  Rimas  breves 
e  longas:  andaW  erW*)  na  1*  copla;  endeW  ejoW  na  2^  que  inverte  a 
ordom  das  rimas;  endoW  ejaW  na  3".  No  refram,  que  apparece  todas  as 
três  vezes  com  teor  e  rimas  novas,  temos  ên  na  1*  copla;  eu  na  2";  ar  na  3*. 

É  uma  das  cantigas,  que  apresentam  mais  desigualdades,  quer  fosse 
por  descuido  do  auctor,  quer  elle  quisesse  iunovar. 

Nota  de  Colocci,  cuja  significação  n3o  percebo:  Cartuxo. 

in  Da  meine  Herrin  mir  gebeut,  nicht  dahia  zu  gehen,  wo  sie  vveilt, 
will  ich  es  thun,  denn  es  ist  ein  Befehl  von  ihr:  ||  Doch  kann  sie  nicht  be- 
wirken,  dass  ich  aufhõre,  sie  zu  lieben  (1). 

Meine  Herria  befiehlt  mir,  falis  ich  sie  recht  verstehe,  nicht  an  die 
Statte  zu  gehen,  von  der  sie  weiss,  dass  ich  mich  danach  sehne.  ||  Doch 
kann  sie  nicht  bewirken,  dass  ich  meiu  Herz  von  dem  ihren  abwonde  (2). 

*)  Doixo  er  sem  acento,  porquo  teríamos  em  estevér'  e  faxêr  um  dos  raríssimos  exemplos 
de  consonância  impura  que  o  Cancioneiro  offorece.  Cír.  10369.  —  Seer'  6  apenas  con- 
jectura minha. 

52 


—     818     — 

E  por  quant(o)  eu  d'  el(a)  entendo 
que  non  quer  que  a  mais  veja,  9355 

15     ben  me  praz  que  assi  seja; 
mais  vai- se  meu  mal  sabendo, 

ca  [os]  meus  olhos  me  queren  matar, 
quando  lh'a  non  vou  mostrar. 

Und  da  ich  erkenne,  dass  sie  will,  ich  soUe  sie  nicht  sehen,  gefâllt 
es  mir,  also  zu  verfahren;  doch  wird  mein  Leid  ihr  dadurch  offenbar.  ||  Denn 
meine  Augen  wollen  mich  tõten,  falis  ich  sie  ihnen  nicht  zeige  (3). 


SECÇÃO  XI 

CANTIGAS 

415—419 
DE 


RODRIGUEANNES   REDONDO. 


PREENCHEM  A  13"  LACUNA. 


52' 


415. 

Om'  a  que  Deus  coita  quis  dar  9360 

d'amor,  nunca  dev'  a  dormir. 
Ca  ja,  u  sa  senhor  non  vir', 
non  dormirá;  e  se  chegar' 
5     u  a  veja,  esto  sei  ben, 

non  dormirá  per  nulha  ren:  9365 

tant'  á  prazer  de  a  catar! 

En  aquesto  poss'  eu  falar, 
ca  muit'  á  que  passa  per  mi; 
10      ca  des  que  mia  senhor  non  vi, 

nunca  dormi;  e  se  mostrar  9370 

algua  vez  Nostro  Senhor 

mi- a  quis,  ouvi  tan  gran  sabor 

que  nunca  mi -ai  pode  nembrar. 

15  Ja  o  dormir,  mentr'  eu  durar', 

perdudo  [ei],  pois  est  assi  9375 

que,  u  a  non  vi,  non  dormi; 

e  poi'-la  non  vejo,  provar 

no'- no  ei  per  ren.    E  por  Deus  ja 
20      dizede-m'  ^i  quen  dormirá 

con  tan  gran  prazer  ou  pesar?  9380 

I  CB  331  {=  A)  e  335  (=  B)  (275  e  279)  —  8  A  tem  o  verso  errado, 
dizendo:  Âqtcesto  —  9  B  mui  á  —  11  A  eí  se  monstrar  —  12  B  tem 
alguna  —  14  B  ntal  pode  membrar  —  A  ultima  estroplie  só  se  acha  em 
B  —  16  Falta  ei  —   19  7ion  uey. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
equiconsoantes,  differenciadas  por  uma  das  rimas:  abbacca.  —  Kimas 
longas:  arW  t(b)  é«(c)  na  1''  copla;  arW  *{l>)  or(c)  na  2'';  ar(a)  *(>>)  á(c)  na  3*. 

m  Der,  welchem  Gott  Liebesleid  zuerteilt  hat,  soU  nimmer  schlafen ; 
denn  sieht  er  seine  Herrin  nicht,  so  findet  er  keinen  Schlaf;  ist  er  aber 
da,  wo  er  sie  sehen  kann,  so  schlâft  er  ganz  gewiss  nicht:  so  grosse  Freude 
hat  er  daran,  sie  zu  schauen  (1). 

Ich  kann  dariiber  reden ,  denn  seit  langem  erfahre  ich  es :  seit  ich  sie 
nicht  gesehen,  habe  ich  nimmer  geschlafen;  und  zeigte  sie  mir  Gott  der 
Herreinmal,  so  empfand  ich  gleich  so  grosse  Lust,  dass  mir  uichts  anderes 
mehr  in  den  Sinn  kommen  kounte  (2). 

Den  Schlaf  habe  ich  verloren  fiir  Lebensdauer;  denn  wo  ich  sie  nicht 
sah,  fand  ich  ihn  nimmer;  und  sehe  ich  sie  nicht,  so  bekomme  ich  ihn 
erst  recht  nicht  zu  kosten.  Um  Gottes  willen  sagt  mir  also:  wer  soU  schlafen 
bei  so  grosser  Lust  und  bei  solchem  Leide?  (3) 


10 

I 


15 


416. 

Dê'- lo  dia,  ay  amiga, 
que  nos  nus  de  vos  partimos, 
fui-se  nosco  voss'  amigo; 
e  per  quanto  nos  oímos, 
araig(a),  e  per  quanto  vimos  9385 

((iqueredes  que  vo'-lo  diga?) 
nunca  tan  leal  amigo 
d'  amiga  vistes,  amiga! 

U  nos  partimos  chorando, 
vos  e  nos  chorando  vosco,  9390 

et  el,  mui  se'- no  sen  grado, 
ouve-s'  enton  d'  ir  con  nosco; 
mais  per  qiiant(o)  eu  d'  el  conhosco, 
sempre  serei  desengando, 
que  enquanto  vos  chorastes,  9395 

nunca  el  quedou  chorando. 


I  CB  332  (276)  —  2  nos  nos  —  3  tiosco  —  5  J.  amigaiee  p.  q.  v. 

—  10  nofco  —  14  defenbando.  —  Talvez  antes:  sempre  seredes  eti  bando? 

—  16  nnuca  —  17 — 25  Ecataua  ml  os  panos  q  eu  tragia  eõ  doo'''  \  Come 
uos  defi  choraua  \  Qraffa  partar  soor  Mais  poof  \  Mais  -goor  p'guntauã  \ 
Por  que  choraua  negoo  \  Mais  amj  nono  negaua  |  E  por  e/lo  soo'f7n  testaã 
Mi  gam  que  por  uos  choraua.  —  Inverti  a  ordem  dos  versos  17 — 18  e 
19—20,  por  causa  das  rimas,  que  não  estavam  om  ordem.  Mas  ainda 
agora  a  estrophe  não  satisfaz,  de  modo  algum.  Talvez  fosse  melhor  riscar- 
mos o  quinto  verso,  considerando  -  o  como  glosa  marginal? 

n  Cantiga  de  maestria  (e  d'amigo):  2x8  e  1x9.  —  Septe- 
narios.  —  Coplas  singulares  e  redondas,  visto  começarem  e  acabarem 
com  a  mesma  consonância:  abcbbaca;  abxbbaxa;  abxbabaxa.  —  Rimas 
breves:  igai"^)  imosW  na  1*  estancia;  andoi^)  oscoW  na  2*;  avaW  ôoW 
na  3*.  No  verso  3  e  no  penúltimo  das  derradeiras  estrophes  temos  soltos 
femininos,  emquanto  os  da  1''  estrophe  tõom  rima  idêntica  amigo.  Inver- 
tendo a  ordem  das  palavras  no  6°  verso,  e  lendo  amigo  tan  leal  nunca, 
teríamos  soltos  também  aqui. 


—     822     — 

Come  vos,  des  i  chorava, 

de  ora  s'apartar  soo. 

E  catava  mi  el  os  panos 
20      que  eu  tragia  con  doo.  9400 

Mais  pêro  er  preguntava, 

por  que  ciiorava,  nego- o; 

mais  a  min  no '-no  negava  .  .  . 

e  por  esto  soo  certa, 
25      'miga,  que  por  vos  chorava.  9405 

III  An  jenem  Tage,  wo  wir,  ach  Freundin,  Abschied  von  Euch  nahmen, 
gingDein  Treund  mit  uns  (oder  mit  Dir).*)  Und  nach  aliem,  was  wir  gehõrt 
und  gesehen  haben  —  soll  ich  es  aussprechen  ?  —  gab  es  nimmer  einen 
treueren  Geliebten  (1). 

Ais  wir  weinend  von  einander  schieden,  Ihr  weinend  und  wir  weincnd, 
musste  er  ganz  gegen  seinen  AVillen  mit  uns  gehen.  Nach  aliem,  was  ich 
■weiss,  bin  ich  aber  nunmehr  úber  alie  Tâuschung  hinweg,  denn  seine 
Augon  waren  nicht  trocken,  solange  Ihr  weintet  (2). 

Wie  Ihr,  so  hat  er  seither  geweint,  weil  er  allein  davongehen  musste. 
Die  Kleider,  die  ich  trug,  betrachtete  er  voller  Schmerz.  Doch  obgleich 
ich  wieder  und  wieder  fragte,  weshalb  er  weine,  verheimlichte  er  es;  vor 
mir  aber  konnte  er  es  nicht  verheimlichen :  darum  sage  ich  es  fiir  gewiss, 
Freundin,  dass  er  um  Dich  weinte  (3). 

*)  Com  o  intuito  de  tornear  mais  cLoro  o  sentido ,  troquei  aqui  o  vos  do  original  por  tu. 


417. 


iK      Senhor,  por  Deus  viis  rogo  que  querades 
"saber  un  dia  [qual  é]  mia  ventura 
e[s]contra  vos,  a  que  quero  melhor 
de  quantas  cousas  Deus  quiso  fazer. 
E  mia  senhor,  non  vus  ous'  a  dizer 
nen  da  [?nui]  gran  coita  que  me  vos  dades. 
E  por  vos  morrerei  [en]  tal  ventura! 


Esto  [sei  ben]  de  que  vos  vus  guardades: 
de  non  fazerdes  se  non  o  milhor 
10      e  de  non  pecardes  por  outra  ren. 
Atanto  creede  vos  ben  de  mi 
que  mui  pequena  prol  per  tenh'  eu  i, 
(pois  Deus  non  quer  que  a  min  ben  façades), 
que  vos  en  ai  façades  o  melhor. 


9410 


9415 


I  €B  333  (277)  —  2  Saber  hu  dia  mha  uentura  —  ^  E  contra 
tios  —  7  E  por  uos  moirerey  tal  uentura  —  8  Este  ede  que  uos  uos 
gdades  —  10  cacarõs  —  15  Mha  senhor  q.  m.  b.  f.  —  \Q  E  tanto  —  18 
710S  —   19  negueu  —  20  que  iieia  quel  torto  me  fax,  eõs. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Versos  de  dez  e  de  onze 
syllabas:  decasyllabos  graves  e  agudos,  misturados  só  apparente- 
niente  com  alguns  nonarios  graves,  hoje  muito  deturpados.  Completei 
a  medo  os  graves  2,  7,  8,  15  e  20,  que  peccavam  contra  o  metro  e  contra 
a  grammatica,  transformando  -  os  em  decasyllabos,  e  deixei  intactos  os  que 
não  me  pareciam  errados  (1  e  13).  Emendei  ainda  o  6",  que  responde  pela 
rima  ao  1°,  e  deve  ter  a  mesma  medida  do  8°  e  18".  —  Coplas  singu- 
lares, irregulares  também  quanto  ao  género  das  rimas:  abcddab  na  1* 
estrophe;  ábcddàb  nas  outras  duas.  —  Rimas  breves  e  longas:  adesW 
tirai^)  cir(cj  érW  na  1*  estropho;  arfes  (a)  ôrW  énic)  iiã)  ua  2%  que  repete 
portanto  duas  consonancias  da  anterior;  edesW  ar  O»)  owW  eui^)  na  ultima. 
Palavras  idênticas  de  um  lado  nos  versos  1  e  6,  e  do  outro  lado  nos 
versos  2  e  7  de  cada  estrophe. 


—     824     — 

15  E  mia  senhor,  quanto  mais  ben  fazedes,       9420 

atanto  fazedes  a  min  levar 

mayor  coidado  no  meu  coraçon, 

en  desejar  o  ben  que  vos  Deus  deu. 

E  mia  senhor,  atanto  Ihi  rogu'  eu 
20      que  vejà[ci'es]  qual  torto  me  fazedes,  9425 

de  me  fazerdes  tal  coita  levar. 

III  Herrin,  ich  flehe  Euch  an,  nm  Gottes  willen,  eines  Tages  von 
meineni  Geschicke  wissen  zu  wollon  Eucli  gegeniiber,  die  ich  mehr  ais 
alie  Gottesgaben  auf  Erden  verehre.  Doch  wago  ich  Exich  nichts  von  dem 
grossen  Leide  zu  sagen,  das  Ihr  mir  aiithut,  nochauch,  dass  ich  an  meinem 
Geschicke  sterbe  (1). 

Das  weiss  ich  wohl,  dass  Ihr  Euch  davor  hiitet,  in  allen  úbrigen 
Beziehungea  anderes  ais  das  Beste  zu  tluin,  und  iu  sonst  nichts  zu  siin- 
digen.  Doch,  glaubt  es  mir,  das  nútzt  mir  wenig,  da  Gott  nicht  zulâsst, 
dass  Ihr  mir  Liebes  erweist,  die  Ihr  im  úbrigen  das  Beste  thut  (2). 

Und,  Herrin,  je  mehr  Gutes  Ihr  thut,  um  so  grõsser  ist  meine  Her- 
zenspein,  da  ich  mich  nach  der  Giite  sehne,  die  Gott  Euch  gegeben  hat. 
Und  darum  bitte  ich  ihn,  Ihr  mochtet  erkennen,  welch  Unrecht  Ihr  mir 
anthut,  indem  Ihr  mich  solcho  Pein  leiden  lasst  (3). 


418. 


O  que  vos  diz,  senhor,  que  outra  ren  desejo 
no  mundo  mais  ca  vos,  est'  é  o  mui  sobejo 
mentido  que'- no  diz;  ca,  u  quer  que  eu  sejo, 
sen  vos  non  me  sei  eu  eno  mundo  guarida;  9430 

õ      e  se  vou  u  vos  vej',  e  quand'  a  vos  eu  vejo, 

vejo  eu  i  quant'  og'  é  mia  mort'  e  mia  vida. 

Foi  vo'-lo  dizer  o  que  á  grand'  enveja 
porque  vus  quer'  eu  ben,  e  non  sab'  a  sobeja 
coita  que  me  vos  dades;  que,  u  quer  que  [eu\  seja,  9435 
10      no  coraçon  me  dá  voss'  amor  tal  ferida: 
quando  vus  eu  vejo  ;assi  Deus  me  veja! 

vejo  eu  i  quant'  og'  ó  mia  mort'  e  mia  vida. 

Ia- vus  dizer  cousa  mui  desguisada: 
é  seer  outra  ren  no  mundo  desejada  9440 

15      de  mi  como  vos  sodes;  mais  vos,  mesurada, 
fremosa  e  mansa  e  d'outro  ben  comprida, 
no '-no  creades,  ca  u  vus  \yejo\^  ben -talhada, 

vejo  eu  i  quant'  og'  é  mia  mort'  e  mia  vida. 

I  CB  334  (278)  —  2  canes  —  3  mentira  —  5  Effe  nou  u  uos  uei 
e  qnda  uos  en  ueio  —  7  e  que  á  g.  e.  —  8  sabia.  —  Talvez  sàbi-a,  graphia 
phonetica  por  sabe- a"?  —  10  noffa  nW'  tal  ferda  —  15  cõmoug  roòs  niays 
ng  me  furada  —  19  pode  Õs  —  20  tios  —  uos  —  21  A  repetição  d'este 
verso  por  ventura  seja  erro  do  copista.  —  22  As  ultimas  letras,  que  nSo  sei 
interpretar,  dizem  dare  que  nyda. 

Nota  de  Colooci:  sei  dif.  cõged.  spic.  tter calar  nõ  tornei,  e  nota,  ao 
pé  do  verso  21. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5  4-1) +  4  (ou  3?).  —  Dodecasyl- 
labos.  —  Coplas  singulares:  aaabajjB.  —  Kimas  breves:  ejo  na 
1"  estancia;  eja  na  2*;  ada  na  .3";  ida  no  refram  e  no  4°  verso  de  todas 
as  estrophes,  assim  como  na  fiinda. 


—     826     — 

De  min  podedes  vos,  senhor,  seer  servida,  9445 

20  se  vus  pesar'  mia  morte  e  vus  prouguer'  mia  vida; 
se  vus  pesar'  mia  morte  e  vus  prouguer'  mia  vida, 
como  en  outro  tempo  foi,  [seredes  servida]. 

III  "Wer  Euch  sagt,  Herrin,  dass  icli  auf  Erden  etwas  anderes  ais 
Euch  ersehne,  der  ist  eia  arger  Lijgner;  denn,  wo  immer  ich  ohne  Euch 
weile,  weiss  ich  aiif  der  Welt  weder  Heil  noch  Heimstâtte.  ||  Gehe  ich  aber 
dahin,  wo  Ilir  seid,  und  erblicke  Euch,  so  erblicke  ich,  was  mein  Tod  und 
mein  Leben  ist  (1). 

Der  es  Eucli  gesagt  hat,  beneidete  meine  Liebe  zu  Euch,  weil  er 
die  vibermássige  Peiu  nicht  kennt,  die  Ihr  mir  auferlegt;  denn  wo  immer 
ich  weile,  trage  ich  im  Herzen  die  tõdliche  Wunde,  welche  die  Liebe  zu 
Euch  mir  geschlagen  hat;  so  wahr  ich  Gott  schauen  mõge!  ||  Gehe  ich 
aber  etc.  (2). 

Er  hat  Euch,  wahrlich,  Unschickliches  gesagt,  námlich  dass  etwas 
anderes  auf  Erden  von  mir  ersehnt  wiirde  ausser  Euch.  Ihr  aber,  Gerechte, 
Schône,  Sanfte,  und  in  aliem  Guten  Vorzúgliche,  mõget  es  nicht  glauben; 
denn  wo  ich  Euch,  Wohlgestaltete,  erblicke,  |]  erblicke  ich  meinen  Tod  und 
mein  Leben  (3). 

Von  mir  kann  Euch  Dienst  erwiesen  werden ,  wie  frúher  . . . . ,  falis 
mein  Tod  Euch  bekummern  wiirde  und  mein  Leben  Euch  Freude  macht  (I). 


419. 

õTs'  ora  faz  [Deiis]  qu(e)  eu  viver  aqui 
poss'  u  non  poss'  —  jassi  Deus  me  perdou!  —  9450 
veê'-la  senhor  do  meu  coraçon, 
e  por  én  non  moiro,  digu'  eu  assi 
5     (por  atai  cousa  que  passa  per  mi): 

Pois  esto  faz,  e  non  posso  morrer, 

toda'- las  cousas  se  poden  fazer  9455 

Que  son  sen  guisa!  Ca  sen  guisa  é 
en  viver  eu  u  non  veja  os  seus 
10      olhos,  que  eu  vi  por  aquestes  meus 
en  grave  dia;  mais  pois  assi  ó 
que  eu  non  moiro  ja,  per  boa  fé,  9460 

Pois  esto  faz,  e  non  posso  morrer, 
toda'- las  cousas  se  poden  fazer 

I  CB  336  (280)  —  1  faz  que  eu  —  A  e  digueu  —  6  /a*  —  12 
bo7ia  fe  —  lõ  ca  hu  non  cuidar  (?)  —  16  any  —  18  deii'ya  —  22  tan 
hen  —  23  podo  morte  [fero  Òs  qr  ffax'. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5  +  2)  +  2.  —  Decasyllabos.  — 
Coplas  singulares:  abbaa||CC.  —  Rimas  longas:  *(«)  on(^)  na  1" 
estancia;  é(a)  ezísC»)  na  2^\  ari^ò  irW  na  3";  êr  no  refram  e  na  fiinda. 

III  Da  Gott  es  verhangt  hat,  dass  ich  hier  leben  muss,  wo  ich  die 
Damo  meines  Herzens  nicht  sehen  kann,  und  ich  gleichwobl  nicht  sterbo, 
sage  ich,  um  dessentwillen ,  was  niir  geschieht:  ||  da  er  solches  thut,  und 
ich  nicht  sterbe,  kann  alies  geschehen  (1) 

Was  absonderlich  ist;  denn  absonderlich  ist  es,  dass  ich  lebe,  vvo  ich 
ihre  Augen  nicht  sehe ,  dio  ich  an  einem  fiir  meine  Augen  verhângnisvollen 
Tage  erblickte;  doch  da  es  also  geschieht,  dass  ich  nicht  sterbe,  traun,  || 
weil  Gott  es  also  bestimmt  hat,  und  ich  nicht  sterbe,  kann  alies  geschohen  (2) 

Was  absonderlich  ist;  denn  daran  zu  denken,  wie  ich  sie  gosehen, 
und  wohnen  zu  miissen,  wo  ich  sie  nicht  sehe,  ist  mein  Tod;  und  an 
diesem  Kummer  miisste  ich  zu  Grande  gehen(?);  doch  da  ich  nicht  sterbe. 


—     828     — 

15  Que  son  sen  guisa!  ca  en  eu  cuidar 

en  qual  a  vi,  et  aver  a  guarir 

u  a  non  vej',  a  mia  raort'  é;  partir  9465 

nen  non  devia  con  este  pesar; 

mais  pois  non  moiro,  ben  posso  jurar, 
20  pois  esto  faz,  e  non  posso  morrer, 

toda'- las  cousas  se  poden  fazer 

Que  son  sen  guisa!  mais  tamben  viver         9470 
pod'  o  morto,  se  o  Deus  quer  fazer! 

kann  ich  wahiiich  schwôreo:  ||  da  er  solches  thut  und  ich  nicht  sterbe,  kann 
alies  geschehen  (3) 

Was  absonderlich  ist.     Denn   selbst  der  Tote  kann  leben,  so  Gott  es 
will  (I). 


SECCaO  XII 

CANTIGAS 

420  —  426 

DE 

FERNAN  FERNANDEZ  COGOMINHO; 


427  —  429 
DE 

RODRIGUEANNES  DE  VASCONCELLOS; 

430  —  435  e  444 
DE 

PÊRO  MAFALDO; 

436  —  443 
DE 

AFFONSO  MEENDEZ,  DE  BEESTEIROS; 


445  —  447 

DE 

FERNAN  GONCALVEZ,  DE  SEABRA. 


PREENCHEM  A  14"  LACUNA. 


FEKNAN  FERNANDEZ  COGOMINHO. 


420. 

Non  me  queredes  vos,  senhor,  creer 
a  coita  que  me  fazedes  levar; 
e  poi'-la  eu  ja  sempr'  ei  a  sofrer, 
non  mi  ten  prol  de  vo'-lo  mais  jurar:  9475 

5  Mais  Deus,  que  tolh'  as  coitas  e  as  dá, 

el  dê  gran  coit'  a  quen  coita  non  ál 

E  non  mi  creedes  qual  coita  sofri 
sempre  por  vos,  nen  quant'  afan  levei. 
E  veed'  ora:  (jque  faredes  i  9480 

10     a  min,  ca  vo'-lo  ja  mais  jurarei? 

Mais  Deus,  que  tolh'  as  coitas  e  as  dá, 
el  dê  gran  coit'  a  quen  coita  non  á! 

E  l[^.]'a  non  tolha,  enquanto  viver' 
seu  ben,  \ca  sei]  que  viverá  mui  mal;  9485 

15      c'  assi  fig'  eu,  des  que  vus  fui  veer. 
E  pêro  vo'-lo  juro,  non  mi  vai. 

Mais  Deus,  que  tolh'  as  coitas  e  as  dá, 
el  dê  gran  coit'  a  quen  coita  non  á! 

I  €B  361  (305)  —  10  Ga  mt  —  18  Ela  n/ 1?  —  16  úial. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abal)||€€.  —  Rimas  longas:  erW  «^(W  na  1"  copla;  i(a) 
e^(b)  na  2"^;  er(a)  «/(•>)  na  3'';  d  no  refram. 

III  Ihr  wollt,  o  Herrin,  nicht  an  das  Leid  glauben,  das  Ihr  mir  be- 
reitet.  Da  ich  es  jedoch  immerdar  tragen  muss,  frommt  es  mir  nicht,  es 
Euch  noch.  õfter  zu  schwõren.  ||  Gott  aber,  der  Schmerzen  auferlegt  und  sie 
von  uns  nimmt,  mõge  Leid  bereiten  dem,  der  kein  Leid  trâgt  (1). 

Ihr  glaubt  es  nicht,  welche  Qual  ich  um  Euch  erlitten  habe  und  welche 
Not.  Seht,  was  werdet  Ihr  mir  anthun,  da  ich  es  immerdar  beschwõren 
will?  IJ  Gott  aber,  der  Schmerzen  auferlegt  und  sie  von  uns  nimmt,  mõge 
Leid  bereiten  dem,  der  kein  Leid  trãgt  (2). 

Und  mõge  es  nicht  von  ihm  nehmen ,  solange  sein  hõchstes  Gut  lebt, 
denn  dann  wird  er  sicherlich  ungliicklich  leben.  Mir  wenigstens  geschah 
also ,  seit  ich  Euch  gesehen.  Doch ,  beschwõre  ich  es  auch ,  so  niitzt  es  mir 
dennoch  nichts.  ||  Gott  aber  etc.  (3). 


421. 


jAy  mia  senhor,  lume  dos  olhos  meus!  9490 

(lu  vus  non  vir',  dizede-mi,  por  Deus, 
que  farei  eu  que  vus  seropre  amei? 

Pois  m'  assi  vi,  u  vus  vejo,  morrer, 
vus  non  vir',  dizede-m'  iia  ren, 
que  farei  eu  que  vus  sempre  amei?  9495 

Eu,  que  nunca  outren  sòubi  servir 
se  non,  senhor,  vos,  e  ^ju  vus  non  vir', 
que  farei  eu  que  vus  sempre  amei? 

I  CIÍ  362  (307)  —  7  ouf  —  8  m  hu  ug  n.  v. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (2  +  1).  —  Decasyllabos.  — 
Dísticos  singulares:  aa||B.  —  Rimas  breves:  eus  no  1°  dístico,  er,  én 
no  2°,  com  simples  toantes  que  nem  mesmo  são  puras;  ir  no  3";  ei  no 
refram. 

III  Ach  Herrin ,  Licht  meiner  Augen ,  sagt  mir  um  Gotteswillen ,  wo  ich 
Euch  nicht  sebe,  ||  was  fange  ich  da  an,  der  ich  Euch  stets  geliebt  habe?  (1). 

Da  ich  mich  so  ersterben  sah  wo  ich  Euch  erblickte,  was  fange  ich 
an,  nun  ich  Euch  nicht  sebe;  sagt  an:  ||  was  etc.  (2). 

Der  ich  niemals  einer  Anderen  gedient  habe  ais  Euch,  nun  ich  Euch 
nicht  sehen  werde,  |j  was  etc.  (3). 


422. 

Quen  me  vir'  e  quen  m'  oír' 
que  algfia  molher  amar',  9500 

non  se  vaa  d'  ela  quitar! 
Ca  pois  que  se  d'  ela  partir', 
5     sei  eu  mui  ben  que  Ihi  verrá 
coita  que  par  non  a  verá, 
des  que  se  lòngi  d'  ela  vir'!  9505 

E  se  m'  ende  [a]lguen  pedir' 
a  conselho,  per  bõa  fó, 
10      direi- Ih'  eu  quan  gran  coita  é. 
Pêro  quen  s'én  quiser'  sair, 
será  ja  quite  d'ua  ren:  9510 

u  a  non  vir',  de  veer  ben, 
e  quite  de  nunca  dormir! 

1  CB  363  (307)  —  Não  consegui  reconstruir  satisfactoriamente  o  texto 
muito  viciado  d'esta  cantiga.  O  primeiro  verso  carece  de  uma  syllaba. 
Toda  a  ultima  estrophe  exige  remodelação.  De  balde  procurei  para  os  seus 
versos  1,  4  e  7  consoantes  em  ir  que  rimassem  com  os  versos  correspon- 
dentes das  primeiras  estrophes;  de  balde  tentei  também  substituir  va  i  por 
uma  formula  synonyma,  mas  bisyllabica  e  oxytona  em  *'.  Nem  tampouco 
encontrei  rima  em  *  para  o  verso  final,  ou  tei'minação  differente  para  o 
penúltimo  e  antepenúltimo,  que  não  estão  bem. 

2  algunha  —  5  ueira  —  6  non  non  auera  —  8  Effe  mendelguen 
—  9  bona  —  13  Dua  (por  Hua7)  —  18  —  20  Que  uen  enda  ,ç,  fen  uay 
Ca  tnuytas  vexes  perdi  xaffy   Cativo  |»^  que  men  party. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares,  ligadas  pela  rima  a :  ablbacca.  —  Rimas  longas:  «rW  ari^) 
á(c)  na  1''  estancia;  «>(«)  éW  é«(c)  na  2'^;  ?'«)  aZC»)  ?(c)  na  3*. 

III  Wer  von  denen,  die  mich  sehen  und  hõren,  eine  Frau  liebt,  der 
mõge  sich  nicht  von  ihr  entfernen.  Denn  geht  er  von  ihr,  so  wird  er, 
das  weiss  ich,  Qual  ohne  Gleichen  empfindeu,  sobald  er  sich  von  ihr  ge- 
trennt  sieht  (1). 


20 


833     — 


E  esto  sei  eu  ben  per  mi, 
ca  vo'-lo  non  digo  por  ai, 
mais  porque  sei  eu  ja  o  mal 
que  ven  end'  a  quen  s'éa  va  i; 
ca  muitas  vezes  perdi  ben, 
j cativo!  porque  parti-ra'  én 
[d'  u  nunca  devia  partir]. 


9515 


Und  bittet  mich  Jemand  um  Rat,  dem  vvill  ich  sagen,  wie  gross  diese 
Quai  ist.  Wer  sich  aber  daraus  retten  will,  der  ist  vor  zwei  Sachen  sicher, 
námlich  Gutes  zu  schauen,  wo  er  jene  nicht  sieht,  und  zu  schlafen  (2). 

Das  weiss  ich  aus  eigener  Erfahrung:  ich  kenne  das  Úbel,  welches 
daraus  folgt,  wetin  man  fortgeht;  denn  oft  verlor  ich  Eleuder  Gutes,  weil 
ich  voa  der  Statte  fortging,  vou  wo  ich  nicht  hâtte  gehen  soUen  (3). 


53 


423. 

Muitos  an  coita  d 'amor; 
mai'-la  do  mundo  raayor, 
eu  mi -a  ouvi  sempre  doita; 
ca  x'  á  i  coita  de  coita, 
5  mai'-la  minha  non  ó  coita! 

Muitos  vej'  eu  namorados 
e  que  son  d 'amor  coitados, 
mai'-la  minha  coit'  ó  forte; 

ca  x'  á  i  morte  de  morte, 
10  mai'-la  minha  non  6  morte! 

Muitos  mi  vej'  eu  que  an 
g;ran  coita  e  grand'  afan; 
mai'-lo  meu  mal,  qu(e)  ei,  é  tal 
ca  x'  an  eles  mal  de  mal, 
15  mal'- lo  meu  mal  non  6  mal! 


9520 


9525 


9530 


I  CB  364  (308)  —  3  Eumha  ouuj  fempre  daytal  —  5  e  10  Mayla 
nunha  —  8  Mayla  minha  coyta  xe  forte  —  A  emenda:  mai'-la  mia  coita 
x'é  forte  parece -me  menos  boa  —  13  que  uyn  tal. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (3  -)-  2).  —  Septenarios  masculinos 
e  femininos.  —  Coplas  singulares:  aabjjBB,  aabjjBB,  ou  ainda  aab||BB, 
porque,  contra  a  regra,  as  três  coplas  não  apresentam  longas  e  breves 
no  mesmo  lugar.  Temos  na  1":  ôr(a)  e  oíteCO;  na  2^  adosW  oríeíb);  na  3*^ 
an(«ò  e  aZ(b). 

Nota  de  Colocci:  artifícios,  tornei. 

III  Gar  viele  tragen  Liebespein.  Meine  Pein  ist  jedoch  die  grõsste 
auf  der  Welt.  i|  Denn  es  giebt  Pein  und  Pein.  —  Die  meine  aber  ist  nicht 
(gewõhnliche)  Pein  (1). 

Gar  viele  sehe  ich  verliebt  und  von  Amor  gepeinigt.  Meine  Pein  aber 
ist  die  stârkste.  i|  Denn  es  giebt  Tod  und  Tod.  Der  meine  aber  ist  nicht  (ge- 
wõhnlicher)  Tod  (2). 

Gar  viele  sehe  ich  voU  arger  Not  und  harter  Qual.  Das  Leid,  das 
ich  trage,  ist  jedoch  ein  solches,  dass,  ||  obgleich  (auch)  sie  Leid  durch  Leid 
tragen,  mein  Leid  nicht  (gewõhnliches)  Leid  ist  (3). 


424. 

Pois  tan  muit'  á  que  mia  senhor  non  vi,  9535 

e  me  mais  vejo  no  mundo  viver, 
e  m'  eu  tan  gran  coita  púdi  sofrer, 
per  bõa  fé,  pois  d'  ela  non  morri, 
5  ja  mais  por  coita  nunca  ren  darei, 

ca,  por  gran  coit'  aver,  non  morrerei.  9540 

E  quando  m'  eu  da  mia  senhor  parti, 
non  cuidava  esse  dia  chegar 
viv'  aa  noit(e),  e  vejo  m'  ar  andar 
10     viv[o];  e  pois  tal  coita  padeci, 

ja  mais  por  coita  nunca  ren  darei,  9545 

ca,  por  gran  coit'  aver,  non  morrerei. 

E  pois  esta,  que  vus  digo,  sofri, 
ben  devo,  de  pran,  a  sofrer  qualquer 
15      outra  coita  qaal  mi  Deus  dar  quiser'; 

ca  pois  per  esta,  morte  non  prendi,  9550 

ja  mais  por  coita  nunca  ren  darei, 
ca,  por  gran  coit'  aver,  non  morrerei. 

I  €B  365  (309)  —  4  hoa  —  vioyri  —  6  coyta  tter  non  moirerey 
—  10   Viue  poys. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-]-2).  —  Decasyllabos. . —  Coplas, 
enlaçadas  por  uma  das  rimas,  e  differenciadas  pela  outra:  abba  ||  CC.  — 
Rimas  longas:  *(a)  erC»)  na  1";  *(»)  ari^)  na  2";  ?'(»)  érW  na  3*;  ei  no 
refram. 

Nota  de  Colocci:  tornei. 

III  Da  es  so  lange  her  ist,  dass  ich  meine  Herrin  nicht  gesehen  habe, 
und  ich  dennocli  weiter  lebe  und  so  grossa  Peio  zu  ertragen  vermochte 
nicht  aber  an  ihr  gestorben  bin,  |j  so  missachte  ich  Pein  und  Not;  denn 
ich  werde  nicht  an  ihr  sterbeu  (1). 

Ais  ich  von  meiner  Herrin  Abschied  nahm,  glaubte  ich  den  Abend 
nicht  zu  erleben,  und  nun  lebe  ich  dennoch.  Da  ich  also  solche  Pein  aus- 
gehalten  habe,  ||  so  missachte  ich  etc.  (2). 

Da  ich  diese  ertragen  habe,  werde  ich  jede  andere  ertrageti,  die  Gott 
mir  auferlegen  will;  und  da  ich  durch  sie  nicht  den  Tod  erlitten,  ||  so  miss- 
achte ich  Not  und  Pein,  denn  ich  weiss  es  nun,  dass  ich  an  Liebespein 
nicht  sterben  werde  (3). 


li 


53^ 


425. 

Non  am'  eu  mia  senhor,  par  Deus, 
por  nunca  seu  ben  asperar. 
Mais,  [pois]  con  ela  [cojmeçar  9555 

fui,  é  ja  (a)ssi,  amigos  meus, 
5  que  non  ei  eu  end'  ai  fazer, 

enquant'  ela  poder'  viver. 

No'-na  amei,  des  que  a  vi, 
por  nunca  d'el(a)  aver  seu  ben;  9560 

mais  vedes,  de  guisa  mi  aven, 
10     meus  amigos,  que  est  assi, 

que  non  ei  eu  end'  ai  fazer, 
enquant'  ela  poder'  viver. 

No'- na  amo,  per  bõa  fé,  9565 

por  nunca  seu  ben  aver  ja; 
15     ca  sei  ben  que  mi- o  non  fará; 
mais  mia  fazenda  ja  (a)ssi  é 

que  non  ei  eu  end'  ai  fazer, 

enquant'  ela  poder'  viver.  9570 

I  CB  366  (310)  —  3  —  4  mais  fui  con  ela  mecar  E  ia  affy  a. 
m.  —  10  efte  —  13  bona  —  19  Ca  demo  me  cabo  pnder  —  22  uaçer. 

II  Cantiga  de  refram:  4  x  (4 -f- 2)  +  2;  ou  3  x  (4  +  2)  +  3  x  2. 
—  Octonarios.  —  Coplas  singulares:  abba  ||  CC.  —  Rimas  longas: 
eusi»)  a.r(^)  na  1*  copla;  *'(»)  éni^)  na  2*;  é(«)  áO»)  na  3';  êr  no  refram 
e  na  fiinda;  e  er(a)  êrC»)  também  na  ultima  copla  que  seria,  portanto, 
muitissimo  irregular,  a  não  ser  que  a  tenhamos  de  repartir  em  duas 
fiindas,  sendo  n'este  caso  preciso  riscar  os  versos  23  e  24. 

Nota  de  Colocci:  Gõged.  da  tornei. 

ni  Bei  Gott,  ich  liebe  meine  Herrin  nicht,  weil  ich  Liebes  von  ihr 
erhoffte.  Weil  ich  aber  nun  einmal  mit  ihr  angebunden  habe,  steht  es  so, 
meine  Freunde,  ||  dass  ich  mein  Lebtag  nicht  anders  handeln  kann  (1). 


—     837     — 


Ca  demo  me  log'  a  prender 
20     fiii,  de  pran,  u  a  fui  veer! 
Porque  s'  ela  non  quer  doer 
de  miin,  mal- dia  foi  nacer! 

Que  non  ei  eu  end'  ai  fazer, 
enquant'  ela  poder'  viver. 

25  E  sei  de  min  com'  á  de  seer: 

viver  coitad',  e  pois  morrer! 


9570 


9575 


Ich  liebe  sie,  seit  ich  sie  kenne,  nicht  etwa,  weil  ich  Gunst  von  ihr 
begehrte.     Doch  sieht  es  so,  meiue  Freunde,  ||  dass  etc.  (2). 

Nicht  darum  liebe  ich  sie,  um  Gutes  von  ihr  zu  erhalten,  denn  ich 
weiss,  dass  sie  es  mir  nicht  gewâhren  wird.  Doch  steht  es  also,  moine 
Freunde,  ||  dass  etc.  (3). 

In  des  Dâraons  Banden  lag  ich,  fúrwahr,  ais  ich  sie  erblickte.  Denn 
da  sie  kein  Mitleid  mit  mir  hegt,  war  es  ein  Ungliickstag,  ais  ich  geboren 
ward:  ]|  denn  mein  Lebtag  werde  ich  nicht  anders  handeln  kõnnen  (4). 

Was  geschehen  wird,  weiss  ich:  bekúmmert  werde  ich  leben,  und 
dann  sterben  (I). 

Ou  então: 

In  des  Dàmons  Banden  lag  ich,  fiirwahr,  ais  ich  sie  erblickte!  (I) 

Da  sie  sich  meiner  nicht  erbarmen  will,  war  es  ein  Ungliickstag,  ais 
ich  geboren  ward  (II). 

Und  was  mir  bevorsteht,  weiss  ich  bereits:  ein  kummervoUes  Leben 
und  Sterben  (III). 


426. 

Ygeron-m'  ora  pregiintar 
meus  amigos,  por  quê  perdi  OõSO 

o  sen;  [e]  dixi-lliis  assi 
(ca  o  non  púdi  mais  negar): 
5  A  mia  sobrinha  mi  tolheu 

o  sen,  por  que  ando  sandeu. 

Quen  ben  quiser'  meu  coraçon  9585 

saber,  por  quê  ensandeci, 
pregunte-me,  ca  ben  logu'  i 
10     Ihi  direi  eu  assi  enton: 

A  mia  sobrinha  mi  tolheu 

o  sen,  por  que  ando  sandeu.  9390 

I  CB  366'*  (311)  —  1  eherom,  com  falta  da  letra  inicial  —  3  0  sen 
dixi  Ihis  affy  ■ —  4  pudy  ays  n.  —  9  Pi^guntenie. 

II  Cantiga  de  refram:  2  x  (4 -f- 2).  — .  Octonarios.  —  Coplas 
singulares,  abba  ||  €€.  —  Rimas  longas:  ar(aj  ^(•^)  na  1*  copla;  o«(a) 
*'(•>)  na  2%  que  repete  a  rima  b;  eu  no  refram. 

m  Es  kamen  soeben  meine  Freunde,  niicli  zu  fragen,  um  wen  ich 
den  Verstand  verloren  habe;  und  ich  autworfcete  ihnen  also,  da  ich  es  nicht 
líinger  zu  verhehlen  vermochte:  ||  Die  mir  den  Verstand  geraubt  hat,  ist 
meine  Nichte;  um  ihretwillen  ward  ich  ein  Narr  (1). 

Wer  mein  innerstes  Donken  kennen  und  wissen  will,  warum  ich 
nârrisch  ward,  der  befrage  mich  nur;  denn  gleich  werde  ich  ihm  Folgendes 
erwidern :  II  Die  mir  den  Verstand  geraubt  hat,  ist  meine  Nichte;  um  ihret- 
willen ward  ich  ein  Narr  (2). 


EODEIGUEANNES  DE  VASCONCELLOS. 


427. 

Senhor  de  mi  e  do  meu  coraçon, 
dizedes  que  non  avedes  poder 
per  nulha  guisa  de  mi  ben  fazer. 
Poi'-lo  dizedes,  non  digu'  eu  de  non. 
5  Mais,  mia  senhor,  dizede-mi  iia  ren:  9595 

como  mi  vos  podedes  fazer  mal, 
(inon  mi  podedes  assi  fazer  ben? 

E  mia  senhor,  mui  gran  poder  vus  deu 
Deus  sobre  min.     E  dizedes,  senhor, 
10      que  me  non  podedes  fazer  amor!  9600 

Poi'-lo  dizedes,  creo  vo'-lo  eu. 

Mais,  mia  senhor,  dizede-mi  úa  ren, 
como  mi  vos  podedes  fazer  mal, 
(inon  mi  podedes  assi  fazer  ben? 

I  CB  367  (312)  —  Rodigue  Anes  de  Vafeõxelhos  —  5  dizede  mun- 
harevi  —  16  motrer  —  23  De  canf  nos  —  24  Mais  seria  preferível. 

n  Cantigademeestria:  3  x  (4 -f  3)  +  2  +  2.  —  Deoasyllabos. 
—  Coplas  singulares:  abba  ||  CDC.  —  Eimas  longas:  owW  er(»>)  na 
1*  estancia;  e^í(a)  ôr('>)  na  2*;  aw(a)  *■'.•>)  na  3*;  én  ai  no  refram;  én  nas 
fiindas  que  estão  marcadas  com  I  o  II. 

Da  tornei  spic.  dui  cõgedi,  diz  a  nota  marginal  de  Colocci. 

III  Meine  Herrin,  und  meines  Herzens  Herrin,  Ihr  sagt,  es  stânde 
nicht  in  Eurer  Macht  mir  Gutes  anzuthun.  Da  Ihr  os  sagt,  entgegne  ich 
kein  Nein.  ||Doch  Herrin,  erklârt  mir  das  Eine:  wie  ist  es  mõglich,  dass 
Ihr  mir  zwar  Leides,  doch  nichts  Liebes  anthun  kõnnt?  (1). 

Ach  Herrín,  grosse  Gewalt  iiber  mich  hat  Gott  Euch  gegeben;  und 
Ihr  behauptet,  Ihr  kõnntet  mir  nichts  Liebes  schenken.  Da  Ihr  es  sagt, 
glaube  ich  es  Euch.  |  Doch  etc.  (2). 


—     840     — 

15  E  mia  senhor,  ja  vus  sempre  diran,  9605 

se  eu  morrer',  que  culp(a)  avedes  i. 
E  vos  dizedes  que  non  est  assi! 
Poi'-lo  dizedes,  assi  é,  de'pran. 

Mais,  mia  senhor,  dizede-mi  fia  ren: 
20  como  mi  vos  podedes  fazer  mal,  9610 

^non  mi  podedes  assi  fazer  ben? 

E  mia  senhor,  nunca  eu  direi  ren 
de  contra  vos,  se  non  perder'  o  sen. 

Ca,  mia  senhor,  quen  om'  en  poder  ten 
25      e  Ihi  faz  mal,  pode-lhi  fazer  ben.  9615 

Ach  Herrin,  sterbe  ich  um  Euch,  so  wird  man  Euch  die  Schuld  daran 
zuBchreiben.  Ihr  aber  erwidert,  dem  sei  nicht  so.  Da  Ihr  es  sagt,  muss 
es  die  Wahrheit  sein.  ||  Doch  etc.  (3). 

Herrin,  nimmer  werde  ich  gegen  Euch  sprechen,  es  sei  denn,  ich  ver- 
lõre  den  Verstand  (I). 

Trotzdem  aber  weiss  ich,  wer  einen  Mann  in  seiner  Gewalt  hat  und 
thut  ihm  Leides  an,  der  kann  ihm  auch  Liebes  anthun  (II). 


A 


10 


15 


428. 

Aquestas  coitas  que  de  sofrer  ei, 

meu  amigo,  muitas  e  graves  son; 

e  vos  mui  graves  —  á  i  grau  sazon  — 

coitas  sofredes;  e  por  én  non  sei, 

d'  eu  por  vassalo,  e  vos  por  senhor,        9620 
de  nos  qual  sofre  mais  coita  d'amor! 

Coitas  sofremos,  e  assi  nos  aven: 
eu  por  vos,  amigo,  e  vos  por  mi! 
E  sabe  Deus  de  nos  que  est  assi; 
e  d'estas  coitas  non  sei  eu  muit'  én,  9625 

d'  eu  por  vassalo,  e  vos  por  senhor, 
de  nos  qual  sofre  mais  coita  d'amor! 

Guisado  teen  de  nunca  perder 

coita  meus  olhos  e  meu  coraçon. 

E  estas  coitas,  senhor,  minhas  son;  9630 

e  d'este  feito  non  poss'  entender, 

d'  eu  por  vassalo,  e  vos  por  senhor, 
de  nos  qual  sofre  mais  coita  d'amor! 


I  €B  368  (313)  —  2,  4,  14  e<  —  4  sofrer  des  efporen  n.  /".  —  5  uaffal 
—  6  fofrer  —  8  Eu  poruos  amigue  uos  por  mj.  Talvez :  por  vosso  aniigu' 
e.  — ^9  esta  ffy.  Talvez:  está  'ssi?  —  13  reem  —  15  mihas  —  16  Edelte 
ffeyco  non  pof  entender. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -(- 2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  al)l)a|iCC.  —  Rimas  longas:  e^■(a)  ow(b)  na  1"  copla;  ew(a) 
Ab)  na  2*;  ítW  owW  na  3*,  que  repete  portanto  b';  òr  no  refram. 

III  Die  Qualen,  welche  ich  zu  tragen  habe,  sind  viele  und  schwere, 
mein  Freund.  Und  auch  Ihr  tragt  seit  langem  schwere  Pein.  Doch  vreiss 
ich  nicht,  II  welcher  von  uns  schlimmere  Pein  erduldet,  ob  ich,  der  Vasall, 
oder  Ihr,  der  Herr  (1). 

Qualen  leiden  wir,  weil  es  uns  so  bestimmt  ist:  ich  um  Eucli,  mein 
Freund,  und  Ihr  um  mich.  Gott  weiss,  dass  dem  so  ist;  ich  aber  weiss 
nicht  recht,  !|  welcher  etc.  (2). 

Bestimmt  ist  es,  dass  meine  Augen  und  mein  Herz  nimmer  ihro  Qual 
los  werden;  ihre  Qualen  aber  sind  die  meinen.  Doch  verstehe  ich  an  der 
Sache  nicht:  ||  welcher  von  uns  schlimmere  Peia  erduldet,  ob  ich,  der  Vasall, 
oder  Ihr,  der  Herr  (3). 


429. 

Preguntei  ua  don[a]  eu  como  vus  direi: 
«Senhor,  (afilhastes  orden?  e  ja  por  én  chorei!»         9635 
Ela  enton  me  disse:   «Eu  non  vos  negarei 
de  com'  eu  filhei  orden  ;assi  Deus  me  perdon! 
õ      Fez  mi- a  filhar  mia  madre!  mais  fio  que  lhe  farei?» 
Trager-lhi-ei  os  panos,  mais  non  o  coraçon. 

Dix'  eu:   «Senhor  fremosa,  morrerei  con  pesar,      9640 
pois  vos  filhastes  orden  e  vus  an  de  guardar.» 
Ela  enton  me  disse:   «Quero -vus  én  mostrar 
10      como  serei  guardada  ise  non,  venha -me  mal 
esto  por  que  chorades!  ben  devedes  cuidar: 

Trager-lhi-ei  [os  panos^  mais  no  coraçon  al]h  9645 

I  CB  368^  (314)  —  1  don  en  —  4  filhs  —  õ  mader  —  6  Tragerlhy 
eu  os  paug  mays  non  coraçon.  Talvez:  trager-lh'ei  én  os  panos?  —  8 
gardar  —  12  Trag'y  en  os.  Ou  antes:  trager  ei  én  os  panos?  —  14  arde 
—  \b  Et  diffemda  logo  affi  ueha  ren  —  16  diçer  —  17  Se  en  touxe>'  — 
18  Ca  derrey  o  y  yfg  ena  c.  m.  —  Proponho:  ca  derradeir'  é  Jesus?  ou 
Ca  errei  contra  Jesus?  ou  ainda  Ga  guerreio  con  J.?  Como  g  significa, 
usualmente,  contra,  escolhi  a  lição  conjectural  que  vae  no  texto. 

II  Cantiga  de  refram,  em  dialogo:  3  x  (5 -{- 1).  —  Senarios 
duplos,  ou  seja  Dodecasyllabos,  cujos  primeiros  hemistichios  são 
femininos.  —  Coplas  singulares,  com  refram  de  terminação  sempre 
variada:  aaa]ba||B.  —  Rimas  longas:  eíW  o«('>B)  na  1*  estancia-,  arW 
ãZíiíB)  na  2*;  éni»)  ewíbB)  na  3\ 

Colocci  assentou  primeiro  somente  a  palavra  unisono.  Depois  accrescen- 
tou:  XIIIJ  sijl.  (contando  á  maneira  italiana,  i.  é  tendo  por  normal  o  grave, 
e  fazendo  entrar  na  contagem  as  metatonicas) ;  et  se  ci  fusse  una  sdrucciola 
saria  come  <í. Rosa  fresca  aulentissima»,  quale  é  unisona.  O  dialogo  por- 
tuguês entre  o  trovador  enamorado  e  a  freira  trouxe -lhe,  portanto,  á  lem- 
brança o  contrasto  disputadissimo  de  CiuUo  d'Alcamo. 

m  Zu  einer  Dame  sprach  ich,  fragend,  wie  ich  Euch  melden  will: 
«Herrin,  in  einen  Orden  tratet  Ihr?     Schon  habe  ich  darum  geweint!»    Sie 


—     843 


E  dix'  eu:   «Senhor  minha,  tan  gran  pesar  ei  én, 
porque  filhastes  orden,  que  morrerei  por  6n.» 
15      Et  diss'  end'  ela  logo:   «Assi  me  venha  ben, 
como  serei  guardada!  dizer  vo'-lo  quer'  eu: 
Se  eu  trouxer'  os  panos,  non  dedes  por  6n  ren,        9650 
Ca  guerr'  ei  contra  Jesus  eno  coraçon  meu.» 


aber  entgegnete:  «Leugnen  werde  ich  nicht,  dass  ich  in  einen  Orden  trat. 
Doch,  so  wahr  mir  Gott  helfe!  die  Mutter  war  es,  die  mich  dazu  zwang. 
Was  nmi  l)egianen?  |j  Das  Nonnenkleid  werde  ich  hinfort  tragen,  jedoch  kein 
Nonnenherz»  (1). 

Und  ich:  «Schõnste  Herrin,  vor  Kummer  muss  ich  sterben,  weil  Ihr 
in  den  Orden  tratet  und  man  Eiich  hiiten  wird.»  Sie  aber  entgegnete: 
«Zeigen  will  ich  Euch,  wie  ich  gehiitet  sein  werde!  sonst  bekomme  mir 
schlimm ,  ura  was  Ihr  weintet.  Ihr  kõnnt  es  mir  glauben ,  ||  ich  werde  ein 
Nonnenkleid,  im  Herzen  aber  nichts  Nonnenhaftes  haben»  (2). 

Und  ich:  «Meine  Herrin,  so  argen  Kummer  macht  es  mir,  dass  Ihr 
in  den  Orden  tratet,  dass  ich  dera  Tode  nahe  bin.»  Darauf  erwiderte  sie 
sogleich:  «So  wahr  es  mir  gut  ergehen  mõge,  ich  will  Euch  sagen,  wie  ich 
gehiitet  sein  werde.  Ob  ich  auch  Nonnenkleidung  trage,  lasst  es  Euch  nicht 
kiimmern:  ||  denn  in  meinem  Herzen  wohnt  ein  anderer  ais  der  Himmels- 
brãutigam»  (3). 


PÊRO   MAFALDO. 


430. 

Ay  mia  senhor!  vgen-me  conselhar 
meus  amigos,  como  vus  eu  disser': 
que  vus  non  sérvia,  ca  non  m'  ó  mester, 
ca  nunca  ren  por  mi  quisestes  dar!  965ò 

5      Pêro,  senhor,  non  m'  én  quer'  eu  quitar 

de  vus  servir  e  vus  chamar  „senhor"; 
e  vos  faredes  depoi'-lo  melhor! 

E  todos  dizen  que  fiz  i  mal-sen, 
ay  mia  senhor,  des  quando  comecei  9660 

10     de  vus  servir;  e  no'-n-us  creerei, 
mentr'  eu  viver',  nunca,  por  Ha  ren; 
ca,  mia  senhor,  que  mi  feze  mui  ben, 

de  vus  servir  e  vus  chamar  „senhor", 

e  vos  faredes  depoi'-lo  melhor!  9665 

I  CB  369  (315)  —  Pêro  maffaldo  —  IA  i/mha  f.  ueen  m.  c.  —  9 
de  quanto  —  10  enõug  creerey  —  12  — 13  Ca  mhasenhor  que  mj  fex  e 
mui  ben.  Não  percebo.  —  Talvez  deva  continuar:  ei  vus  servira  ou 
servir  -  vus  -  ei?  Ou  então:  Não  deixarei  senhor,  que  mi  fex  ben.  Guantes: 
ca,  mia  senhor  que  mi  fex  nenhun  ben,  servir-vus  ei  etc.  —  17  Dixê- 
maffial  —  22  conselhã. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5 -}- 2) -|- 2.  —  Decasyllabos.  — 
Coplas  singulares:  abl)aa||CC.  —  Rimas  longas:  ari^)  érO>)  na 
1"  estancia;  éreW  ei(}>)  na  2*;  ew(a)  aZ(b)  na  3";  ôr  no  refram;  ai  na 
fiinda,  que  responde  portanto  a  b^ 

Nota  de  Colocci:  Cõged.  tornei. 

m  Ach  Herrin,  die  Freunde  kommen  und  raten  mir,  wie  ich  Euch 
sagen  will:  „Euch  nicht  zu  dienen,  da  Ihr  mir  keinen  Dank  spendet".  Doch 
vvill  ich  nicht  davon  ablassen,  ||  Euch  zu  dienen  und  meine  Herrin  zu  heissen; 
und  hernach  verfahrt  Ihr  vielleicht  freundlicher  mit  mir  (1). 


—     845 


15  E  mais  me  dizen  do  que  me  vus  deu 

por  mia  senhor,  que  uii  fez  i  gran  mal. 
Pois  m'  esto  dizen,  dizen  mi  assi  ai: 
«No'-na  serviádes,  nen  sejades  seu.» 
Por  tod'  esto  non  me  partirei  eu 

20  de  vus  servir  e  vus  chamar  „senhor"; 

e  vos  faredes  depoi'-lo  melhor! 


■I 


E  mia  senhor,  conselha-me  mui  mal 
uen  mi -o  conselha;  mais  farei -m'  eu  ai. 


9670 


Alie  sagen,  ich  hâtte  thõricht  in  aliem  gehandelt,  was  ich  Euch  gegen- 
úber  beging,  Euch  dienend;  doch  will  ich  ihnen  mein  Lebtag  nicht  glauben, 
uoa  keinen  Preis.  Denn  Euch,  Herrin,  die  Ihr  mir  viel  Liebes  anthatet, 
werde  ich  ||  dieneu  etc.  (2). 

Und  ferner  sagen  sie,  Er,  der  Euch  mir  zur  Herrin  gab,  hátte  Úbel 
darau  gethan.  Und  wenn  sie  das  sagen,  fiigen  sie  noch  hinzu:  «Dienet  ihr 
nicht,  und  seid  nicht  der  Ihre».  Trotz  alledem  will  ich  nicht  davon  ablassen,  || 
Euch  zu  dienen  etc.  (3). 

Schlecht  rât  mir,  wer  mir  solches  anrãt.    Ich  aber  handle  eben  anders(I). 


431. 

A  mia  senhor,  que  eu  por  meu  mal  vi,        9675 
feze-a  Deus  Senhor  de  mui  bon  prez 
e  mais  fremosa  de  quantas  el  fez. 
jPer  bõa  fé,  todo  por  mal  de  mi, 
5  a  fezo  Deus  de  muito  ben  senhor 

e  das  melhores  donas  a  melhor!  0680 

Por  [a]tal  moir',  e  direi -vus  eu  ai: 
fez-lhi  tod'  est(o)  e  fez-lhi  muito  ben 
e'-na  fazer  dona  de  mui  bon  sen, 
10      e  mui  mansa!     E  todo  por  meu  mal 

a  fezo  Deus  de  muito  ben  senhor  9685 

e  das  melhores  donas  a  melhor! 

E  non  mi  foi  Nostro  Senhor  mostrar 
os  seus  olhos,  de  pran,  por  ben  dos  meus, 
15      mais  por  meu  mal;  e  assi  quiso  Deus! 

Por  me  fazer  mayor  coita  levar  9690 

a  fezo  Deus  de  muito  ben  senhor 
e  das  melhores  donas  a  melhor! 

I  CB  370  (316)  —  4  bona  —  demj  —  16  leítar. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -[-  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abba|lCC.  —  Rimas  longas:  *(»)  ez(^^)  na  1*  copla;  ali») 
m(í»)  na  2*";  ar(a)  eusi^^  na  3*;  ôr  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  tornei. 

III  Die  Dame,  welche  ich  Hebe,  und  zu  meinem  Leide  sah,  hat  Gott 
der  Herr  hohen  "Wertes  voll  und  schõn  iiber  alie  Schônen  geschaffen.  Das 
aber  geschah,  meiner  Treu,  ausschliesslich  zu  meinem  Leide,  ||  dass  Gott  sie 
zur  Herrin  iiber  vieles  Gute  und  zur  Vorziiglichsten  unter  den  Vorziiglichen 
machte  (1). 

Um  ihretwillen  sterbe  ich.  Und  weiter  sage  ich:  Alies  dies  that  er 
ihr  an,  und  gab  ihr  Gutes,  indem  er  sie  sehr  verstándig  und  sehr  sanft 
schuf.  Doch  nur  zu  meinem  Leide  ||  machte  Gott  sie  zur  Herrin  iiber  vieles 
Gute  und  zur  Vorziiglichsten  unter  den  Voiziiglichen  (2). 

"VVahrlich,  nicht  zum  Wohle  meiner  Augen  zeigte  der  Herr  mir  die 
ihren,  sondern  vielmehr  zu  meinem  Leide.  So  wollte  es  Gott.  Um  mir 
grõssere  Qual  aufzuerlegen,  ||  machte  er  sie  zur  Herrin  etc.  (3). 


432. 


«Senhor,  por  vos  e  polo  vosso  ben, 
"que  vus  Deus  deu,  ven  muito  mal  a  rai! 
Por  Deus,  senhor,  fazed'  o  melhor  i!»  9695 

«Vedes,  amigo,  que  vus  farei  én: 
5  se  vus  por  mi,  meu  amigo,  ven  mal, 

pesa-m'  ende;  mais  non  farei  i  ai.» 

«Senhor  fremosa,  mais  vus  én  direi: 
o  vosso  ben  e  o  vosso  amor  9700 

me  dan  grau  mal,  que  non  poden  mayor.» 
10      «Ja  vus  dixi  quanto  vus  én  farei: 

se  vus  por  mi,  meu  amigo,  ven  mal, 
pesa-m'  ende;  mais  non  farei  i  ai.» 


I  CB  371  (317) 
demandardes  mhal. 


8  ev^s   euoffanior  —   19  cuyden  —   20   a^nigo 


II  Cantiga  de  refram,  em  dialogo:  3  x  (4 -j- 2)  +  2.  —  Deca- 
syllabos.  —  Coplas  singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  éni») 
iW  na  1*  copla;  e»(«)  ôrW  na  2*;  e*(a)  <?»•(•>)  na  3*;  ai  no  refram  e  na 
fiinda. 

Nota  de  Colocci:  Cõged.,  toi-nel. 

III  „Hernn,  diirch  Euch  und  durch  alie  guten  Gaben.  die  Gott  Euch 
verliehen  hat,  geschieht  mir  viel  Bõses.  Geht  doch,  um  Gottes  willen, 
freundlicher  mit  mir  um."  —  „Hõret,  was  ich  Euch  anthun  kann,  o  Freund.  || 
Es  thut  mir  leid,  so  Euch  durch  mich  Úbles  widerfâhrt;  doch  kann  ich 
nicht  anders  verfahren."  (1) 

„Schonste  Herrin,  Eure  Vorziige  und  die  Liebe  zu  Euch  bereiten  mir 
so  arges  Weh,  dass  es  kein  ârgeres  giebt."  —  „Ich  habe  Euch  bereits 
gesagt,  was  ich  fúr  Euch  thun  kann.  ||  Es  thut  mir  leid  etc."  (2) 

„Dass  es  Euch  leid  thut,  ist  gut  und  preisensweii;  doch  kann  ich 
von  solcher  Wohlthat  nicht  leben.  falis  Ihr  nicht  mehr  fiir  mich  thun  woUt." 
—  „Ich  habe  Euch  bereits  gesagt,  und  wiederhole  es  noch  einmal:  |1  Es  thut 
mir  leid  etc."  (3) 


—     848     — 

«De  vus  pesar,  senhor,  ben  est  e  prez;        9705 
pêro  non  poss'  eu  per  tanto  viver, 
15      se  vos  i  mais  non  quiserdes  fazer.» 
«Ja  vo'-lo  clix(i),  e  direi  outra  vez: 

se  vus  por  mi,  meu  amigo,  ven  mal, 
pesa-m'  ende;  mais  non  farei  i  ai.  9710 

De  que  mi  pesa,  cuid'  eu  que  é  mal! 
20      De  mais,  amigu'  6  demandardes  mi- ai.» 

Dass  es  mir  leid  thut,  ist  schon  ein  Unrecht.    Umsonst  ist  es,  Freund, 
mehr  von  mir  zu  verlangen»  (I). 


433. 

Senhor  do  mui  bon  parecer, 
maravilho -m'  eu  do  gran  mal 
que  mi  fazedes  por  meu  mal;  9715 

e  quantos  lo  ouven  dizer, 
senhor,  ar  maravilhan-s'  én 

de  mi  fazerdes  sempre  mal 

e  nunca  mi  fazerdes  ben! 

RS     Ca  vus  ouç'  ende  cousecer  9720 

^e  mi  fazerdes  tanto  mal 
10      a  muitos,  a  que  é  gran  mal 
en  perder  vosso  conhocer 
en  min,  e  non  guaanhardes  ren 

de  mi  fazerdes  sempre  mal  9725 

e  nunca  mi  fazerdes  ben! 

15  E  mia  senhor,  quantos  eu  vi, 

todos  mi  dizen  que  é  mal 

de  mi  fazerdes  tanto  mal; 

e  inaravilhan-s'  outrossi  9730 

se  vo'-lo  conselhou  alguen 
20  de  mi  fazerdes  sempre  mal 

e  nunca  mi  fazerdes  ben! 

I  CB  372  (31 S)  —  8  eonfeçer  —  18  E  marauilha  uffoutroffy. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (5 -j- 2).  —  Octonarios.  —  Coplas 
equiconsoantes,  com  rima  idêntica  {mal)  nos  versos  2  e  3  de  todas  as 
estrophes,  e  ainda  no  1"  do  refram.  Apenas  a''  diverge:  jibll)ac||lí€.  — 
Rimas  longas:  êri»)  mC»)  «/(«',';  *{a!5). 

Nota  de  Coloco!:  tornei. 

III  HeiTÍn  mit  dem  holden  Angesicht,  ich  wundere  mich  iiber  das 
grosse  Leid,  das  Ihr  mir  zu  meinem  Leido  bereitet.  Und  alie,  welche  davou 
reden  hõren,  wuudei-n  sich  darúbor,  ||  dass  Ihr  mir  stets  Leides  und  nimmer 
Liebes  erwoisf  (\). 

Ich  liÍHv.  win  (IniiiliiT  siliiiiiihon,  dass  Ihr  mir  so  grosses  Leid  anthut, 
viele,  dencn  es  leid  tliiit,  dass  ihro  Meinung  úber  Euch  dadurch  geschmâlert 
wird  {otr.  dass  Eure  Klugheit.  an  mir  zu  .Schanden  wird),  wiliirend  Ihr  nichts 
dabei  gewinnt,  ||  dass  etc.  (2). 

So  vielen  ich  begegne,  sio  alie  sagen,  es  sei  Unreciít,  dass  ihr  mir 
solch  Unrecht  thut.  Und  ferner  wundern  sie  sich  darúber,  ob  es  Euch 
wohl  irgend  jemand  angeraten  hat,  ||  dass  Ibr  etc.  (3). 

54 


434. 

Ay  amiga,  sempr'  avedes  sabor 
de  me  rogardes  por  meu  amigo  9735 

que  Ihi  faça  ben,  e  ben  vus  digo 
que  me  pesa;  mais  ja  por  voss'  amor 
5  farei -Ih'  eu  ben;  mais,  de  pran,  non  farei 

quant'  el  quiser',  pêro  ben  Ihi  farei. 

Vos  me  rogastes  mui  de  coraçon  97.40 

que  lhe  fezesse  ben  algua  vez, 
ca  me  seria  mesur(a)  [e\  bon  prez; 

10  e  (eu)  por  vos[5]o  rogo,  e  por  ai  non, 

farei -Ih'  eu  ben;  mais,  de  pran,  non  farei 
quant'  el  quiser',  pêro  ben  Ihi  farei.  9745 

Rogastes  mi,  amiga,  per  bõa  fé, 
que  Ihi  fezesse  todavia  ben 
15      por  vos;  e  pois  vos  queredes,  convén 
que  o  faça;  mais  pois  que  assi  6, 

farei -Ih'  eu  ben;  mais,  de  pran,  non  farei     9750 
quant'  el  quiser',  pêro  ben  Ihi  farei. 

I  CB  373  (319)  —  9  mefura  bon  pre%  —  10  uofo  rogo  epoz  —  13 
Rogastefmh  amiga  per  bana  fe  —  16  mais  epoys. 

11  Cantiga  de  refram,  e  de  amigo:  3  x  (4 -[- 2).  —  Versos  do 
dez  syllabas,  sendo  decasyllabos  os  masculinos,  e  nonarios  os  femi- 
ninos, que  peccam  contra  a  lei  da  homogeneidade  das  rimas.  —  Coplas 
singulares:  ablba||CC  na  l"^  copla,  e  abba  ||  €C  nas  restantes.  —  Eimas 
longas  e  breves:  ôrW  igoW  na  1*;  onW  exi^)  na  2";  é(a)  m(»>)  na  3*; 
ei  (ou  antes  farei)  no  refram. 

III  Ach,  Freundin,  Ihr  íindet  immer  Lust  daran,  fiir  meinen  Ge- 
liebten  zu  bitten,  icli  solle  ihm  Huld  erweisen;  und  icli  gestehe  Euch ,  dass 
mich  das  bedriickt.  Aus  Liebe  zu  EuCh  aber  ||  will  ich  ihm  Liebes  anthun; 
doch  kann  ich  ihm,  traun,  nicht  so  viel  Liebes  anthun,  wie  er  mõchte, 
ob  ich  ihm  auch  ein  weniges  gewahre  (1). 

Gebeten  habt  Ihr  so  recht  von  Herzen,  ich  solle  ihm  einmal  Liebes 
anthun,  das  wiirde  gerecht  und  preisenswert  sein;  und  um  Eurer  Bitte 
willen,  aus  keinem  anderen  Grunde,  ||  will  ich  etc.  (2). 

Aufrichtig  habt  Ihr  gebeten,  ich  solle  es  Euch  zu  Liebe  thun;  und 
da  Ihr  es  woUt,  geziemt  es  sich,  dass  ich  es  thue.  Darum  also  ||  will  ich  etc.  (3). 


10 


435. 


Vej'  eu  as  gentes  andar  revolvendo 
e  mudando  aginh(a)  os  corações 
do  que  poen  antre  si  a  jurações; 
e  ja  ra'  eu  aquesto  vou  aprendendo.  .9755 

E  ora  cedo  mais  aprenderei: 
a  quen  poser'  preito,  mentir-lh'o-ei, 
e  assi  irei  melhor  guarecendo! 

Ca  vej'  eu  ir  melhor  ao  mentireiro 
c'  ao  que  diz  verdade  ao  seu  amigo;  9760 

e  por  aquesto  o  jur'  e  o  digo, 
que  ja  mais  nunca  seja  verdadeiro, 
mais  mentirei.     E  firmarei  log'  ai: 
a  quen  quer'  o[ge\  ben,  querrei-lhe  mal, 
e  assi  guarrei  como  cavaleiro!  9765 


I  CB  374  (320)  —  1  Deieii  as  ientes  —  2  a  ginha  os  corações  — 
3  Do  que  poê  auirefy  ay  natoes  —  A  emenda:  do  que  poen  a  jur'  e  a 
jurações  parece -me  menos  boa.  —  5  Cora  —  appenderey  —  O  mentrilhoe 
—-7  afy  —  !)  Cao.  Talvez:  ca  ó?  —  10  o  utreo  digo  —  13  aquê quero  ben 
—  14  cafy  guarey  com,  caualeyro.  —  15  Pois  que  meu  p'>'s  nêmha  outra 
nõ  e'ce  (outra  por  onrra)  —  16  qnigy  teer  au'dade  (ao  feu)  —  17  car- 
dade  —  18  ueyo  —  20  poiar  ameu  px  —  21  mêtixa. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abbacea.  —  Rimas  breves  e  longas:  endoi»)  õesW  e«(c) 
na  1''  estancia;  eiroW  igoi^)  ali^)  na  2";  ece(a)  ade<f>)  ôr(c)  na  3". 

III  Ich  sehe,  wie  die  Leute  wankelmiitig  sind  und  rasch  ihro  Ge- 
sinnungen  ândern  mit  Bezug  auf  das,  was  sie  untereinander  eidlich  verein- 
bai-t  haben;  das  leme  ich  jetzt,  und  bald  werde  ich  noch  weiteres  gelernt 
haben.  Denjenigen,  rait  dem  ich  etwas  ausraache,  werde  ich  beliigen  und 
werde  auf  solche  Weise  erfolgreicher  (ais  bisher)  fúr  mich  sorgen  (1). 

Denu  ich  sehe,  dass  es  dem  Lugner  besser  ergeht  ais  dem,  welcher 
seinem  Freunde  Wahrheit  spricht.    Deshalb  schwõre  ich  und  versichero  ich, 

54* 


—     852     — 

15  Pois  que  meu  prez  nen  mia  onra  non  crece, 

porque  me  quigi  têer  á  verdade, 

vede '-lo  que  farei,  par  caridade: 

pois  que  vejo  que  m'  assi  acaece, 

mentirei  ao  amig(o)  e  ao  senhor.  9770 

20     E  poiará  meu  prez  e  meu  valor 

con  mentira,  pois  con  verdade  dece! 

dass  ich  nie  wieder  ein  Wahrheit  -  Sprechender  sein ,  sondern  lúgen  werde. 
[Jnd  gleicli  will  ich  noch  etwas  weiteres  feststellen:  der,  welchen  ich  heute 
lieb  habe,  dem  werde  ich  (morgen)  iibelgesiunt  sein.  Auf  diese  Weise 
werde  ich  ais  Edeling  zu  Ehren  kommen  (2). 

Da  meine  "Wertschatzung  und  meine  Ehre  nicht  wachsen  wollte,  so 
lange  ich  mich  an  die  Wahrheit  hielt,  seht  an,  was  ich  nua  aus  frommer 
Nãchstenliebe  thun  will:  da  ich  sehe,  dass  es  mir  also  ergangen  ist,  werde 
ich  fortan  dem  Freunde  nnd  dem  Herrn  gegeniiber  liigen.  Und  mein 
"Wert  und  Preis,  der  durch  Wahrheit  gesunken  ist,  wird  kraft  der  Lúge 
steigen  (3). 


AFFONSO  MEENDEZ,  DE  BEESTEIEOS. 


436. 


Coitado  vivo,  á  mui  gran  sazon, 
que  nunca  orne  tan  coitado  vi 
viver  no  mundo,  des  quando  naci.  9' 75 

E  pêro  x'  as  mias  coitas  muitas  son, 
5  non  querria  d'este  mund(o)  outro  ben 

se  non  poder  negar  quen  quero  ben! 

Vivo  coitado  no  meu  coraçon, 
e  vivo  no  mundo  mui  sen  prazer,  9780 

e  as  mias  coitas  non  ouso  dizer. 
10     E  meus  amigos,  jse  Deus  mi  perdon! 

non  querria  d'este  niund(o)  outro  ben 
se  non  poder  negar  quen  quero  ben! 

I  CB  375  (321)  —  Ajfonso  Meendex  de  besteyro  —  2  coydado  —  4 
mnytas  —  5  querria  —  7  No  códice  o  e  inicial  do  verso  8  passou  por 
descuido  pai-a  o  7°,  de  sorte  que  ahi  se  lê  a  primeira  vez  Euyno,  e  depois 
Viuo. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2)  +  2.  —  Decasyllabos.  — 
Coplas  irregulares,  cada  uma  das  quaes  tem  sua  rima,  e  outra  em  com- 
mum  com  a  copla  immediata:  abba  ||  CC  —  Os  dois  versos  do  refram  tèem 
terminação  idêntica  (6e«),  repetida  ainda  no  1°  verso  da  fiinda.  —  Rimas 
longas:  oni»)  «(•>)  na  1*  copla;  o«(»)  erW  na  2*;  ews(»)  êri^)  na  3*;  én 
uo  refram  e  na  fiinda. 

Nota  do  Colocci:  tornei,  cõgedo. 

III  Bekiimmert  lebe  ich  seit  langor  Zeit,  wie  ich  seit  meiner  Geburt 
nie  einoa  Menschen  bekiimmert  lebea  sah.  Obwohl  jedoch  meia  Leid  so 
gross  i.st,  II  wiiusche  ich  auf  Erden  keine  andere  Lust,  ais  das  Wesen, 
welches  ich  Hebe,  verleugnen  zu  kõnnen  (1). 


—     854     — 

E  de  chorar  quitar-s'-ian  os  meus  9785 

olhos,  e  poderia  én  perder 
15     as  coitas  que  a  min  Deus  faz  sofrer. 
E  meus  amigos  jse  mi  valha  Deus! 

non  querria  d'este  mund(o)  outro  ben 

se  non  poder  negar  quen  quero  ben!        0790 

E  per  nega'-l(o)  eu  cuidaria  ben 
20     a  perder  coitas  e  mal  que  mi  ven! 

Im  Horzen  trage  ich  Pein,  lebe  ohne  Frende  und  vermag  meia  Leid 
nicht  auszusprechen.  Doch  Freunde,  so  wahr  mir  Gott  verzeihen  mõge,  || 
wiinsche  ich  mir  denDoch  auf  Erden  etc.  (2). 

Aufhõren  wíirden  mit  AVeinen  meine  Augen,  und  ich  wúrde  die  Qual 
los,  welche  der  Himmel  mir  auferlogt  hat.  Doch,  Freunde,  so  wahr  mir 
Gott  helfe,  ||  wiinsche  etc.  (3). 

Denn  verleugnete  ich  sie,  so  vermeine  ich,  meine  Qualen  und  das  Leid, 
welches  mir  geschieht,  los  werden  zu  kõnnen  (I). 


437. 

Senhor  fremosa,  vejo-me  morrer; 
e  a  mi  praz,  e  mui  de  coraçon, 

co'  a  mia  mort'  jassi  Deus  mi  perdon!  9795 

por  aquesto  que  vus  quero  dizer: 
õ  Moiro  por  vos,  a  que  praz,  e  muit',  én 

de  que  moir'  eu,  e  praz  a  min  por  én! 

Per  bõa  fé,  de  mia  mort'  ei  sabor, 
e  ben  vus  juro  que  á  gran  sazon  9800 

que  rog'  a  Deus  por  mort',  e  por  ai  non, 
10     por  aquesto  que  vus  digo,  senhor: 

Moiro  por  vos,  a  que  praz,  e  muit',  én 
de  que  moir'  eu,  e  praz  a  min  por  én! 

E,  per  bõa  fé,  gran  sabor  per  ei  9805 

con  mia  morte,  per  quant'  eu  entendi 
15      que  vus  prazia;  e  pois  est  assi, 
muito  mi  praz  polo  que  vus  direi: 

Moiro  por  vos,  a  que  praz,  e  muit',  én 

de  que  moir'  eu,  e  praz  a  min  por  én!        9810 

I  CB  376  (322)  —  Tanto  no  verso  segundo  como  no  quinto,  o  apo- 
grapho  tejn  prax  e,  o  e  claramente  destacado  do  z.  Ainda  assim,  se  a 
própria  cantiga  não  dissesse  prax  nos  versos  6,  20  e  26,  poderia  ser  que 
tivéssemos  de  lêr  praxe  ^  apesar  de  serem  raras  formas  analógicas  em  e, 
de  verbos  cujos  radicaes  terminatti  em  l  n  r  s  x^  porque  a  intercalação  de 
advérbios  ou  formulas  adverbiaes  como  e  muit\  ou  e  mui  de  coraçon, 
também  não  é  vulgar.  —  Cfr.  e  mais  no  verso  9882,  e  de  sabor  no  verso  9942. 
—  1  ueiome  motrer  —  7  e  13  bona  —  8  e  25  uiro  —  21  ífs  hi  —  26  9 
mha  morte. 

11  Cantiga  de  refram:  4  x  (4  -}-  2)  -{-  2.  —  Decasyllabos.  — 
Coplas  pareadas.  As  duas  coplas  primeiras  toem  uma  rima  em  commum, 
e  outra  differenciada ;  o  mesmo  acontece  com  o  segundo  par:  abbíi||C€.  — 
Rimas  longas:  êr(«)  owW  na  1"  copla,  ôr(*)  owW  na  2";  eii(a)  ^(b)  na  3"; 
ér(a)  *■(•))  na  4*;  én  no  refram  e  na  fiinda. 

Nota  de  Colocci:  site.  Talvez  erro  por  símile,  com  referencia  á  can- 
tiga anterior,  que  tem  eongedo  e  tornello?. 


—     856     — 

Ca  de  viver  mais  non  m'  era  mester; 
20     e  praz -mi  muit'  en  morrer  des  aqui 
por  vos.     E  tenho  que  mi  Deus  [faz]  i 
ben,  mia  senhor,  polo  que  vus  disser': 

Moiro  por  vos,  a  que  praz,  e  muit',  én         9815 
de  que  moir'  eu,  e  praz  a  min  por  én! 

25  E  ben  vus  juro,  senhor,  que  m'  é  ben 

con  [a]  mia  morte,  pois  a  vos  praz  én. 


m  Schõnste  Herrin,  icli  fiilile,  dass  icli  sterbe  imd  biii  lierzlich  froh 
úber  meinen  Tod,  so  wahr  mir  Gott  vorzeihon  iiiõge,  aus  oídoiu  Grande, 
den  icli  Euch  sageu  will:  ||  ich  storbe  um  Euch,  der  es  gefallt  (und  zwar 
sehr),  dass  ich  sterbe,  weslialb  es  denn  aucli  mir  gefallt  (1). 

Wirklich,  meia  Tod  macht  mir  Freude.  leh  scliworo  os  .sogar,  dass 
ich  seit  langem  zu  Gott  um  meinen  Tod  beto  —  uud  um  weiter  nichts  — 
aus  dem  Grunde,  den  ich  Euch  sage:  ||  ich  sterbe  etc.  (2). 

Sehr  grosse  Frendo  macht  mir,  traun,  meinTod,  weil  ich  eiugesehen 
habe,  dass  Ihr  damit  zufrieden  seid;  und  da  dem  also  ist,  gefallt  es  mir, 
aus  dem  Grunde,  den  ich  hiermit  ausspreclie:  j|  ich  sterbe  etc.  (3). 

Denn  lânger  zu  leben  frommte  mir  nicht.  Vou  jotzt  an  gefallt  es  mir, 
um  Euretvvillen  zu  sterben;  und  Gott  erweist  mir  Gunst  damit  aus  fol- 
gendem  Grunde:  ||  ich  sterbe  etc.  (4). 

Wohl  schwõre  ich  es  Euch,  dass  es  mir  frommt  zu  sterben,  da  Ihr 
ja  Gefallen  daran  íindet  (I). 


10 


438. 


Oyraais  quer'  eu  punhar  de  me  partir 
d'aqueste  mund',  e  farei  gran  razon,  9820 

poi'-lo  leixou  a  mia  senhor,  e  non 
pud'i  viver  e  fui  alhur  guarir. 
E  por  esto  quer'  eu  por  seu  amor 
leixá'-lo  mundo  falso,  traedor, 
desemparado,  que  me  foi  falir.  9825 


E  non  ouvera  pois  que'- no  servir 
com'  eu  servi,  nen  tan  longa  sazon; 
e  ficará  desemparad'  enton, 
pois  m'  end'  eu  for',  que  mia  senhor  fez  ir. 
,E  pois  que  ja  non  á  prez  nen  valor  9830 

mo  mundo,  d'u  se  foi  mia  senhor, 
jDeus  me  cofonda,  se  eu  i  guarir'! 


I  CB  377  (323)   -  8  Talvez:  amrâ?  —  9  servir  —  11  ,^„  —  13  noa 

—  lõ  E  jjoys  que  cn  —  20  esto  peor  —  21   e  queiryme  d.  r. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equicoiisoantes:  abbaeca.  —  Eiinas  longas:  «>(»)  ow(i»)  õV(c). 

Nota  -de  Colocci:  Sei  difs. 

III  Von  heute  an  will  ich  es  versuchen,  diese  Welt  zu  vedassen.  Und 
daran  werde  ich  reclit  thun,  da  nieiue  Herrin  sie  verlassen  hat  und  darin 
nicht  lebeii  konnte,  sondern  auderwíii'ts  ihr  Hoim  und  Heil  gesucht  hat. 
Daium  will  ich,  aus  Liebe  zu  ihi-,  die  falsche  verrãteiische  AVelt  verlassen, 
die  niich  Hilflosen  getáuscht  hat. 

Und  dann  wird  Niemand  da  sein  der  ilir  diente,  so  wie  ich  gedieut 
habe,  noch  auch  so  lange  Zeit.  Verlassen  wird  sie  dann  dastehon,  wenn  ich 
fort  biu,  den  meine  Herrin  von  dannen  treibt.  Und  da  nichts  Ruhni-  und 
Preisenswertes  niehr  in  der  Welt  ist,  aus  der  meiíio  Herrin  sicli  cntfernt 
hat,  mogo  Gott  niich  verderben,  so  ich  noch  darin  mcin  Heim  und  Heil 
sehen  mõchto  (2)! 


—     858     — 

15  E  pois  que  eu  i  mia  senhor  non  vir', 

e  vir'  as  outras  que  no  mundo  son, 
non  me  podia  dar  o  coraçon  9835 

de  ficar  i.     E  por  vus  non  mentir, 
quero-m'  end'  ir;  e,  pois  que  m'  end'  eu  for' 

20     d'aqueste  mundo,  que  est  a  peor 
cousa  que  sei,  querrei-me  d'  el  riir! 

Donu,  wenn  icli  daim  nicht  meiue  Herriu,  wohl  aber  die  anderen 
Weltdamen  siihe,  so  wúrde  incia  Herz  nicht  duiden,  dass  ich  darin  ver- 
bliebe.  Darum  sage  icli,  der  Wahrbeit  gemàss:  ich  scheide  aus  dieser  Welt, 
die  das  schlechteste  Ding  ist,  welches  ich  kenne,  uud  will  sie  veiiachen, 
sobald  ich  sie  hinter  mir  babe  (3). 


439. 


Oymais  non  á  ren  que  mi  gradecer  9840 

a  mi  a  mui  fremosa  mia  senhor 
de  a  servir  ja,  mentr'  eu  vivo  for', 
ca,  de  pran,  assi  me  ten  en  poder 
que  non  poss'  end'  o  coraçon  partir; 
e  pêro  mi  pes,  ei  a  (ja)  de  servir.  9845 


I  (ÍB  378  (324)  —  10  oymays  —  No  6  verso  ha  uma  syllaba  a 
mais.  Pode  ler -se:  e  pêro  mi  pes,  ei  a  de  servir  \  ou  também:  pêro  mi 
pes  ei  a  ja  de  servir. 

II  Fragmento  de  uma  cantiga  de  meestria:  1x6.  —  Deca- 
syllabos.  —  Rimas  longas:  abbacc.    E  são:  êr(«)  óVC')  «V(c). 

III  Von  heute  an  hat  meine  holdselige  Herrin  mir  gar  nicht  niehr 
dafúr  zu  daaken,  dass  ich  ihr  diene  und  mein  Lebelang  dienen  werde;  denn 
wahrlich,  so  ganz  hat  sie  mich  in  ihrer  Gewalt,  dass  ich  das  Herz  nicht 
von  ihr  wendeu  kann:  sollte  es  mich  selbst  betriiben,  ich  muss  ihr  dienen. 


440. 

Per  bõa  fé,  non  saben  nulha  ren 
das  mias  coitas  os  que  me  van  põer 
culpa  de  m'  eu  mui  cativo  fazer 
en  meus  cantares,  tanto  sei  eu  ben. 
5      Nen  saben  qual  coita  mi  faz  sofrer  0850 

esta  senhor  que  me  ten  en  poder. 

I  ('B  379  (325)  —  1  boa  —  2  'poer  —  4:  E  cn  pi.  c. 

II  Fragmento  de  uma  cantiga  de  meestria:  1x6.  —  Decasyl- 
labos.  —  Rimas  longas:  abbabb.     E  são:  éw(a)  erC»). 

III  Wahrlich,  rein  gav  niclits  wissen  von  meinen  Sorgen  die,  welche 
es  mir  ais  Schuld  aniechnen,  dass  ich  mich  in  meinen  Liedern  immer  ais 
elend  hinstelle,  dess  bin  ich  sicher.  Sie  wissen  eben  nicht,  welche  Qual 
mir  die  Herriu  auferlegt,  die  mich  in  ihrer  Gewalt  hat. 


441. 


Cativ'!  e  sempre  cuidarei? 
E  cuido,  se  Deus  mi  perdon! 
Ar  cuido  no  raeu  coraçon 
que  ja  per  cuidar  morrerei; 
e  cuido  muit'  en  mia  senhor. 
Ar  cuid'  eu  aver  seu  amor. 


9855 


I  CB  380  (326)  —  1  Catuie. 

II  Fragmento  de  uma  cantiga  de  meestria:  1x6.  —  Octona- 
rios.  —  Rimas  longas:  abbacc.  E  são:  eí(a)  ««(b)  ôr(«).  Esta  cantiga 
(de  mor- d  obre)  dobra  a  „  cuidados". 

III  Ach  ich  Elender,  und  soll  ich  denn  immer  sinnend  leiden?  Denn 
ich  leide  sinnend,  so  wahr  mir  Gott  verzeihen  mõge;  und  ersinne  in  meinem 
Herzen,  dass  ich  am  Siunen  sterben  werde.  Mein  Sinnen  geht  auf  meiue 
Herrin;  denn  ich  sinne  dariiber,  wie  ich  ihre  Liebe  gewinne. 


442. 

Senhor,  freraosa  mais  de  quantas  son 
donas  no  mundo,  pol'  amor  de  Deus, 
doede-vus  vos  de  min  e  dos  meus  9860 

olhos  que  choran,  á  mui  gran  sazon, 
5      por  muito  mal,  senhor,  que  a  mi  ven 
por  vos,  senhor,  a  que  quero  gran  ben! 

I  CB  381  (327). 

II  Fragmento  de  uma  cantiga  de  meestria:  1  x  G.  —  Decasyl- 
labos.  —  Rimas  longas:  abbacc.     E  são:  owW  eí<s('>)  mi^). 

III  Herrin,  die  Ihr  schõner  seid  ais  alie  Frauen  auf  Erden,  habt  um 
Gotteswillen  Erbarmen  mit  mir  und  meinen  Augen,  die  seit  langem  weinen 
wegen  des  grossen  Leides,  das  mir  von  Euch,  oh  Herrin,  widerfáhrt,  die 
ich  so  innig  liebe. 


443. 


Que  sen  meu  grado  me  parti 
de  mia  senhor  e  do  meu  ben, 
que  quero  melhor  d'outra  ren! 
E  que  grave  dia  naci 
por  eu  nunca  poder  veer, 
poi'-la  non  vi,  nenhun  prazer! 


9865 


I  CB  382  (328)  —  A  E  en  g.  d.  n. 

II  Fragmento  de  uma  cantiga  de  meestria:  1x6.  —  Octona- 
rios.  —  Rimas  longas:  abbacc.     E  são:  (*'(«)  énW  êrW). 

III  Wie  ganz  gegen  nieinen  "Willen  musste  ich  von  meiner  Herrin 
scheiden,  dem  hochsten  Giit,  das  ich  úber  alies  liebe!  Ein  Ungliickstag 
war  es,  ais  ich  gehoren  ward,  da  ich  nimmer  mohr  Lust  empfinde,  seit 
ich  sie  nicht  sehe! 


PÊRO  MAFALDO. 


444. 

O  meu  amig',  amiga,  que  me  gran  ben  fazia,  f)870 

fez -me  preit'  e  memige  que  ante  me  veria 
que  se  fosse!     E  vai-s'ora  de  carreira  sa  via! 

E  sempre  mi-assi  ment(e)!  E  non  á  de  mi  vergonha! 
5  Non  me  viu  mais  d'un  dia,  e  vai-s(e)  a  Catalonha! 

Nunca  vistes,  amiga,  quen  tal  amigo  visse,  9875 

ca  me  jurou  que  nunca  se  ja  de  mi  partisse! 
E  mais  foron  de  cento,  mentiras  que  m'  el  disse! 

E  sempre  mi-assi  ment(e)!  E  non  á  de  mi  vergonha! 
10  Non  me  viu  mais  d'un  dia,  e  vai-s(e)  a  Catalonha! 

Non  sabedes,  amiga,  como  m'  ouve  jurado  9880 

que  nunca  se  partisse  de  mi,  sen  meu  mandado. 
E  mentiu -me  cen  vezes,  e  mais,  o  perjurado! 

E  sempre  mi-assi  ment(e)!  E  non  á  de  mi  vergonha! 
15  Non  me  viu  mais  d'un  dia,  e  vai-s(e)  a  Catalonha! 

I  €B  383  (329)  —  2  p'dem  enaige   —   3  euayfforia  de  carrerya  la 

ida  —  E  possível  que  neste  verso,  que  não  quero  modificar,  se  esconda 
um  nome  de  lugar.  Mas  qual?  Carrion?  ou  Soria?  —  4,  5  e  8  eí  — 
5  cataionha.  —  6  quantal  —  7  uirou. 

II  Cantiga  de  refram:  .3  x  (3 -}- 2).  —  Senarios  duplos,  ou  seja 
Decasyllabos.  —  Coplas  singulares:  aaaj|BB.  —  Rimas  breves: 
ia  na  1*  copla;  isse  na  2*;  ado  na  3*;  anha  no  refram. 

Nota  de  Colocci:  tornei.  —  O  copista  não  designou  a  entivada  do  refram 
na  1*  copla,  marcando-a  erroneamente,  na  2"  e  3%  depois  do  1"  hemistichio. 

III  Mein  Geliebter,  o  Freundin,  der  so  gut  zu  mir  war,  hatte  mir 
feierlich  gelobt,  er  wúrde  mich  besuchen,  ehe  er  von  hinnen  ginge.  TJnd 
nun  gcht  er  seiner  Wege.  ||  Und  immer  liigt  er  so,  und  scbámt  sicb  nicbt 
vor  mir.    Nur  einen  Tag  bat  er  micb  gesehen ,  und  geht  nach  Katalonien !  (1). 

Nimmer  sabst  du,  Freundin,  eine,  die  solchen  Geliebten  bâtto;  denn 
gescbworen  batte  er,  nimmer  wieder  von  mir  zu  geben.  Doch  inebr  denn 
bundert  Liigen  bat  er  gesprochen.  ||  Und  immer  etc.  (2). 

Du  weisst  nicbt,  Freundin,  wie  er  mir  schwijrend  versprocben  bat, 
obne  mein  Gebeiss  nicbt  von  mir  zu  geben.  Doch  bundertmal  bat  er  gc- 
logen,  und  noch  viel  mebr,  der  Meineidige!  ||  Und  immer  etc.  (3). 


FERNAN  GONCALVEZ,  DE  SEAVRA. 


445. 

Moir'  eu  por  vos,  mia  senhor,  e  beu  sei  9885 

que  vus  praz;  mais  non  vus  dev'  a  prazer; 
ca  perç'  eu  i,  e  vej'  a  vos  perder 
mais  que  eu  perç';  e  contar  vo'-lo  ei: 
5  Perç'  eu  o  corp';  e  vos  perdedes  i 

vossa  mesur(a)  e  quant'  eu  valh'  en  mi.       9890 

Con  mui  gran  coita  non  tenh'  en  ren  ja, 
senhor,  mia  mort';  e  vejo -me  morrer 
por  vos  que  vi  (que  non  ouver'  a  veer 
10     eu,  nen  vos  min!);  e  vedes  quant'  i  á: 

Perç'  eu  o  corp';  e  vos  perdedes  i  9895 

vossa  mesur(a)  e  quant'  eu  valh'  en  mi. 

I  CB  388  (334)  —  2  praxei  —  6  equanten  ualhenmi  —  9  moirer  — 
10  oimera  ucer  —  13  uinj  —  15  eniatjs  imn  ca  cuyda  uiu'  —  17  per- 
ceno  —  18  Euoffo  fm  —  19  motreffaffy. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -{- 2)  +  2.  —  Decasyllabos.  — 
Coplas  enlaçadas  pela  rima  a,  e  diíferenciadas  pela  rima  b:  abbaUCC :  cc. 
—  Rimas  longas:  eí(a)  eríh)  na  1"  copla;  «(a)  êri^)  na  2";  é(a)  erW  na  3*; 
*  no  refram  e  na  fiinda.  —  Al*  estrophe  dobra  em  perder  (e  praxer)-^ 
a  2"  em  veer  (e  morrer)  \  a  3*  em  viver  (e  soffrer). 

Nota  de  Colocci:  cõged.  tornei.  Além  d'isso,  ha  uma  cruz,  junto  ao 
segundo  verso. 

III  Ich  sterbe  um  Euch,  Herrin,  und  wciss,  dass  Euch  das  gefallt. 
Doch  diirfte  es  Euch  nicht  gefallen ,  dean  ich  verliere  dabei  und  sehe ,  dass 
auch  Ihr  verliert,  mehr  noch  ais  ich  verliere.  ||  Ich  verliere  Leib  und  Leben, 
und  Ihr  verliert  Euer  Gerechtigkeitsgefuhl  und  was  ich  wert  bin  (1). 

Vor  lauter  Gram  achte  ich  mein  Sterben  gering.  Doch  sehe  ich,  dass 
ich  um  Euch  sterbe,  die  ich  sah,  und  ebensowenig  hiitte  sehen  sollen,  wie 
sie  mich;  denn  die  Folgen  sind,  ||  dass  ich  Leib  und  Leben  verliere  etc.  (2). 

55 


—     866     — 

Muito  vivi,  senhor,  per  boa  fó, 
sofrendo  mal  que  non  posso  sofrer; 
15      e  mais  vivi  ca  cuida[?/  a]  viver. 

E  ja  que  moiro  por  vos,  assi  é:  9900 

Perç'  eu  o  corp',  e  vos  perdedes  i 
vossa  mesur(a)  e  quant'  eu  valii'  en  mi. 

E  vosso  fui,  senhor,  des  que  vus  vi; 
20     e  fora  mais,  se  non  morress'  assi! 

So  argleidend,  dass  icli  es  nicht  leiden  kann,  habe  ich  fúrwahr  schon 
zu  lange  gelebt,  lánger  ais  ich  zu  lebeu  glaubte.  Und  da  ich  um  Euch 
sterbe,  geschieht  folgendes:  ||  ich  verliere  dabei  Leib  und  Leben  etc.  (3). 

Der  Eure  bin  ich  gewosen,  seit  ich  Euch  geselion  liabc,  und  wâre 
es  noch  lânger,  stiirbe  ich  nicht  in  solcher  Weise  (I). 


446. 


Muitos  me  preguntan,  per  bõa  fé,  9905 

preguntas  que  non  devian  fazer, 
que  lhes  diga  por  quen  trob',  ou  qual  ó. 
E  por  én  ei  a  todos  a  dizer 
5  ca  non  saberan  quen  6  mia  senhor, 

per  mi,  entanto  com'  eu  vivo  for'.  9910 

En  lh'o  dizer  non  seria  mia  prol; 
et  eles,  pois,  mi -o  terrian  per  mal, 
se  lh'o  dissesse;  e  des  i  per  foi 
10      me  terrian;  e  digo -lhes  eu  ai: 

ca  non  saberan  quen  6  mia  senhor,  9915 

per  mi,  entanto  com'  eu  vivo  for'. 

I  CIÍ  390  (336)  —  \  boa  —  2  qe  ffe  deui'a  llor  —  Não  sei  inter- 
pretar as  letms  a  llor.  Precisamos  d'uni  verbo  em  êr.  —  Tacere  e  silere, 
que  serviriam,  quanto  a  significação,  não  tem  representantes  no  português 
ai*chaíco.  Risco  portanto  o  ffe  antes  de  devi\  e  proponho  a  conjectura  que 
vae  no  texto.  —  7  Esta  estrophe  vem  intercalada  no  códice  entro  os  versos  10 
e  11  da  Cantiga  389  (335),  onde  ha  chamada  para  aqui,  conforme  se  disse 
a  p.  425.  —  7  Ike  —  9  diffefe  —  10  et  dgolhea  eu  ala  —  14  affenh^  — 
16  /a  prol  e  diroy. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|- 2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  all)ab||CC.  —  Rimas  longas:  éW  e/-(i»)  na  1"  copla;  o/(a) 
aW  na  2";  ari^)  ei9>)  na  3';  ôr  no  refram. 

III  Viele  stellen  mir  Fragen,  die  sie  wahrhaftig  lieber  unterlassen 
miissten:  ich  solle  ihnen  sagen,  wen  ich  besinge,  und  wor  die  Besungene 
ist.  Doch  werde  ich  allen  antworteu:  ||  durch  mich  wvirden  sie  mein  Lobtag 
nicht  erfahren,  wer  meine  Herrin  ist  (1). 

Sie  zu  nennen,  wiirdo  mir  nicht  frommen;  und  sie  solbst  wiirdon  os 
mir  hernach  libei  anrechnen,  sagte  ich  ihrcn  Namon,  und  wiirdon  mich  von 
da  an  fiir  einen  Nan-en  halten.  Deshall)  sage  ich  ihnen  otwas  andores:  || 
nilmlich:  durch  mich  etc.  (2). 


—     868     — 

^E  que  an  consigo  de  mi  aficar 
que  lhes  diga,  qual  6  a  senhor  qu(e)  ei? 
15     E  en  ai  deverian  a  falar, 

que  seria  mais  sa  prol;  e  direi  9920 

ca  non  saberan  quen  é  mia  senhor, 
per  mi,  entanto  com'  eu  vivo  for'. 

Was  haben  sie  mich  auch  zu  bedrángen,  ich  solle  ihnen  sagen,  welche 
meine  Herrin  ist?  Von  anderen  Dingen  sollten  sie  reden,  das  frommte 
ihnen  mehr.  (Denn)  ich  werde  (doch  nur)  sagen:  ||  durch  mich  wiirden  sie 
mein  Lebtag  nicht  erfabven,  wer  meine  Herrin  ist  (3). 


447. 


Muitos  vej'  eu  que,  con  niengua  de  sen, 
an  gran  sabor  de  me  dizer  pesar: 
todo'  los  que  me  veen  pregiintar  9!)25 

qual  est  a  dona  que  eu  quero  ben! 
Vedes  que  sandeç'  e  que  gran  loucura! 
Non  catan  Deus,  nen  ar  catan  mesura, 
nen  catan  min  a  quen  pesa  muit'  én! 

Nen  ar  catan  como  perden  seu  sen  0030 

os  que  m'  assi  cuidan  a  enganar; 
10     e  non  vo'-lo  poden  adevinhar. 

Mais  o  sandeu,  quer  diga  mal,  quer  ben, 

6  o  cordo  dirá  sempre  cordura, 

des  i  eu  passarei  per  mia  ventura;  9935 

mais  mia  senhor  non  saberan  per  ren. 

I  CB  391  (337),  e  CV  1  (que  traz  apenas  a  l"^  estrophe)  —  2  CV 
fabur  —  3  CV  e  €B  e  todolos  que  me  ueen  preguntar  —  4  CV  qio  — 
5  CB  sandet  —  CV  giã  loucuia  —  6  CV  mesuia  —  7  CV  nrl  a  qnõ 
pesa  muy  tê  —  CB  a  queor  pela  muytê  —  Talvez:  a  quen  or  pesa?  — 
10  el  nono  pode  adenjnhar  —  14  ire  —  18  aluerey  —  20  ede  fabor  mais 
nõ  fapan  en  cura  —  21  ca  ia  per  min  non  fabe'm  mais  em. 

Os  últimos  versos  estSo  muito  deturjjados  e  precisam  do  rectificação. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoantes:  abbacca.  —  Rimas  longas  e  breves:  m(a)  arW 
uraiti\  sendo  idênticas  as  dos  versos  1,  4  e  7  de  todas  as  estrophes. 

m  Vielen  begegne  ich,  die  aus  Mangel  an  Einsicht  Frende  daran 
finden,  mir  Unangenehmes  zu  sagen:  nâmlich  alie  die,  welche  mich  danach 
fragen,  wer  die  Dame  ist,  welche  ich  liebe.  Seht,  welche  gi'osse  Thorheit! 
Sie  missachten  Gott,  missachten  alie  Billigkeit  und  verachten  mich,  dem  so 
viel  Leides  dadurch  goschieht  (1). 

Und  nicht  beachten  es  diejenigen,  die  mich  irrefiihren  wolleu,  wie  sie 
den  Verstand  dabei  verlieren ,  ohne  doch  etwas  zu  erraten.  Der  Narr  mõge 
fortfahren,   Nútzes  oder  Unniitzes  zu  reden,   und   der  Kluge   mit   seiner 


870 


15  E  mui  ben  vej'  eu  que  perden  seu  sen 

aqueles  que  me  van  a  demandar 
quen  é  mia  senhor;  mais  eu  a  negar 
a  (a)verei  sempr(e)  jassi  me  venha  ben! 
Eu  ben  falar  ei  da  sa  fremosura, 

20      e  de  sabor;  mais  non  ajan  ón  cura, 
ca  ja  per  min  non  saberan  mais  én. 


ODW 


Klugheit,    ich  muss    es  eben   ais  mein  Verhângnis    ertragen:    doch  mcine 
Herrin  werden  sie  nicht  kennen  lernen  (2). 

AVirklich,  sie  kommen  um  ihven  Verstand  alie,  die  danach  forschen, 
wer  meine  HeiTÍn  ist;  deun  ich  werde  sie  geheini  halteii,  so  wahr  Gott 
mir  verzeihen  iiiõge!  "Wohl  werde  ich  von  ihrer  Schõnheit  sprechen,  und 
zwar  mit  Freuden,  doch  darf  sie  das  weoig  kummern,  denn  weiter  werden 
sie  durch  mich  nichts  orfahren  (3). 


SECÇÃO  XIII 

CANTIGAS 

448  —  453 

DE 

MEEN   RODRIGUEZ   TENOIRO. 


"m 


PREENCHEM  A  15»  LACUNA. 


448. 

Quant'  á,  senhor,  que  m'  eu  quitei 
de  vos,  tant'  á  que  d'  ai  prazer  9945 

non  vi;  mais  pois  de  vus  veer 
[Deus]  guisou,  j(a)  agora  verei 
5  prazer,  por  quanto  pesar  vi, 

des  quando  m'  eu  de  vos  parti. 

Mui  triste,  sempre  trist'  andei,  9950 

com'  omen  que  con  gran  pesar 
vive;  mais  pois  m'  el  foi  guisar 
10     de  vus  veer,  ja  veerei 

prazer,  por  quanto  pesar  vi, 

des  quando  m'  eu  de  vos  parti.  9955 

A  meu  pesar,  quanto  morei 
sen  vos,  foi,  e  d'aquestes  meus 
15      ollios;  mais  pois  que  m'  ora  Deus 
[o]  guisou,  ]'  agora  terei 

prazer,  por  quanto  pesar  vi,  9960 

des  quando  m'  eu  de  vos  parti. 

I  CV  7  (397)  —  3  guisou  iaagura  tierei  —  Por  causa  da  formula 
(hiiQ  no  verso  antecedente,  o  copista  deixaria  de  transcrever  aqui  a  palavra 
deus.  —  Cfr.  verso  Ití.  —  5,  11  e  17  prax  —  9  uyuo  —  IG  ãs  qi  sou 
iagura  terei. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -f- 2).  —  Octonarios.  —  Coplas 
enlaçadas  por  uma  das  rimas  (a),  e  differenciadas  pela  "outra:  ablt)a||C€.  — 
Rimas  longas:  eíW  erO»)  na  1*  copla;  e^(a)  ar('>)  na  2*;  e^(«)  ewsC»)  na 
3*;  i  no  refram.  —  Os  versos  4  e  10  empregam  a  mesma  palavra  como 
rima,  julgo   que  por  descuido  do  poeta. 

III  Solange  ich  fern  von  Euch  war,  solange  habe  ich  keine  Freude 
gekannt;  da  jetzt  aber  Gott  der  Herr  mir  gestattet,  Euch  zu  sehen,  |1  werde 
icli  eitel  Freude  erleben,  zum  Ersatz  fiir  allen  Kummer,  den  ich  erlitten, 
seit  ich  von  Euch  Abschied  nahni  (1). 

Traurig,  sehr  traurig  bin  ich  immer  gewesen,  wie  ein  schwer  Bekiim- 
merter.    Da  er  mir  jedoch  gestattet,  Euch  zu  sehen,  ||  werde  ich  etc.  (2). 

Zu  meinem  Leide  gereichte  die  Zeit,  welche  ich  ohne  Euch  zu- 
brachte,  und  zu  meiner  Augen  Leid;  da  aber  jetzo  Gott  mir  gestattet, 
Euch  zu  sehen,  [|  werde  ich  eitel  Freude  erleben  etc.  (3). 


^ 


10 


449. 


Senhor  fremosa,  pois  ni'  aqui, 
u  vus  vejo,  tanto  mal  ven, 
dizede-me  [vos]  úa  ren, 
por  Deus:  ^e  que  será  de  mi, 

quando  m'  eu  ora,  mia  senhor 
fremosa,  d'  u  vos  sodes,  for'? 

E  pois  m'  ora  tal  coita  dá 
o  voss'  amor,  u  vus  veer 
posso,  querria  ja  saber 
eu  de  vos:  ^Jde  mi  que  será, 

quando  m'  eu  ora,  mia  senhor 
fremosa,  d'  u  vos  sodes,  for'? 


9965 


9970 


I  CV  8  (398)  —  3  dixede  munha  ren. 

II  Cantiga  de  refram:  2x(4  +  2).  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares:  abbal|CC.  —  Rimas  longas:  «'(»)  énW  na  1*  copla;  á(«) 
eX*»)  na  2*;  ôr  no  refram. 

m  Schõne  Herrin,  da  mir  hier,  wo  ich  Euch  sehe,  soviel  Leides 
geschieht,  sagt  an,  um  Gottes  willen,  was  soU  aus  mir  werden,  ||  wenn  ich 
jetzt,  o  Schõne,  fort  muss  von  der  Stâtte,  wo  Ihr  weilt  (1). 

Und  da  mir  die  Liebe  zu  Euch  selbst  hier,  wo  ich  Euch  sehen  kann, 
so  grosses  Leid  boreitet,  mõchte  ich  wohl  von  Euch  wissen,  ||  was  aus  mir 
werden  soll,  wenn  etc.  (2). 


450. 


Se  eu  podess'  ir  u  raia  senhor  é, 
ben  vus  juro  que  querria  ir  [*],  9975 

mais  non  posso,  neii  xi  me  guisa  (a)ssi. 
E  por  aquest'  ora,  per  bõa  fé, 
5  tal  coita  ei  que  non  poderia  viver, 

se  non  foss'  o  sabor  que  ei  de  a  veer. 

Esto  me  fez  viver  dê'- la  sazon  9980 

que  m'  eu  quitei  d'  u  era  mia  senhor; 
mais  ora  ei  d'  ir  i  mui  gran  sabor, 
10      o  non  poss[o];  e  no  meu  coraçon 

tal  coita  ei  que  non  poderia  viver, 

se  non  foss'  o  sabor  que  ei  de  a  veer.     9985 

E  se  [ejsto  non  fosse,  non  sei  ren 
que  [me]  podesse  de  morte  guarir, 
15      u  a  non  vejo;  mais  cuid'  eu  a  ir 
u  ela  est,  e  non  poss',  e  por  én 

tal  coita  ei  que  non  poderia  viver,  9990 

se  non  foss'  o  sabor  que  ei  de  a  veer. 

I  CV  9  (399)  —  2  Falta  *  —  4  boa  —  10  enõ  posfeno  meu  coraxon 

—  13  Esfe  sto  —  14    q,  podesfe  —  16  hu  ela  este  nõ  posfeu  pi'en. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -}-  2).  —  Decasyllabos  no  corpo  da 
cantiga,  e  Dodecasyllabos  no  refram.  —  Coplas  singulares:  {il)ba|lCC. 

—  Rimas  longas:    é(al   »'('>)   na   l''  copla;   oni^)  Ôr('>)  na  2=^;  e?i(a)  «Vfl») 
na  3";  èr  no  refram. 

m  Kõnnte  ich  dahin  gehen,  \vo  meine  Herriu  wohnt,  ich  thátc  es 
gerne,  das  schwõre  ich  Eucli;  doch  kann  icli  es  nicht,  noch  steht  mir  so 
etwas  bevor.  Deshalb  aber  leide  ich  jetzt,  -wahrlich,  so  arge  Pein,  ||  dass 
ich  nicht  leben  kõnnte,  hâtte  ich  nicht  wenigstens  den  Hochgenuss,  jene 
zu  sehen  (1). 

Das  allein  hat  mich  am  Leben  erhalten,  seit  ich  von  der  Stelle  fort- 
ging,  wo  meine  Ilerrin  weilte;  jetzo  aber  habe  ich  grossos  Verlangen,  dorthin 
zu  gehen,  und  kann  es  nicht;  und  trage  ira  Herzen  ||  solche  Pein,  dass  etc.  (2). 

Wâre  das  nicht  der  Fali,  ich  wússte  nicht,  was  mich  vom  Tode  retten 
kõnnte,  so  ich  sie  nicht  sehe;  doch  denke  ich  daran,  dahin  zu  gehen,  wo 
jene  weilt,  und  vennag  es  nicht,  und  darum  leide  ich  ||  so  arge  Pein, 
dass  etc.  (3). 


10 


451. 


Quer'  eu  agora  ja  meu  coraçon 
esforçar  ben,  e  non  morrer  assi; 
e  quer'  ir  ora  j'ssi  Deus  mi  perdon! 
u  é  mia  senhor.     E  pois  eu  for'  i,  9995 

querrei-me  de  mui  gran  medo  quitar 
que  ei  d'  ela,  e  mentr'  ela  catar' 
alhur,  catarei  ela  logu'  enton. 

Ca,  per  bõa  fé,  á  mui  gran  sazon 
que  ei  eu  [gran]  medo  de  mia  senhor      '       10000 
mui  fremosa;  mais  agora  ja  non 
averei  medo,  pois  ant'  ela  for'; 
ante  me  querrei  mui  ben  esforçar, 
e  perder  med',  e  mentr'  ela  catar' 
alhur,  catarei  ela  logu'  enton.  10005 


I  CV  10  (400)  —  1  coraeon  —  2  e  12  esforxar  —  5  queuey  —  7 
catar  eu  —  Cfr.  verso  13  e  21.  —  8  bona  —  14  catarey  eu  —  19 — 20  e 
quey  falar  cõ  out'  dy  —  21  Alhur  catarey  . . . .  e  mais  nada. 

II  Cantiga  de  nieestria(?):  3x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
enlaçadas  por  duas  consonancias  (a  e  c),  e  diíTerenciadas  pela  terceira: 
ababcca.  —  O  verso  final  é  idêntico  em  todas  as  três,  e  apparebe  entre- 
cortado na  ultima.  O  penúltimo  só  varia  quanto  ás  quattro  syllabas  ini- 
ciaes,  de  soite  que  a  cantiga  também  se  podia  dizer  de  refram.  O  co- 
pista não  indica,  todavia,  a  existência  de  estribilho;  nem  tampouco  o 
systema  das  rimas  a  torna  verosímil.  —  Rimas  longas:  on(«)  i^)  ari*") 
na  1*  estancia;  owW  ôri^)  ari^)  na  2";  onW  énW  ar{^)  na  3^ 

III  Jetzo  will  ich  mein  Herz  stark  machen,  und  nicht  in  solcher 
Wcise  ersterben.  Gehen  will  ich,  so  wahr  mir  Gott  verzeihen  mõgo,  dahin, 
wo  meiue  Herrin  weilt.  Und  bin  ich  erst  dort,  so  will  ich  die  grosse 
Furcht  ablegen ,  die  ich  vor  ihr  hege;  und  blickt  sie  anderswohin,  so  blicke 
ich  rasch  zu  ihr  hinúber  (2). 

Denn  wahrlich,  seit  langer  Zeit  habe  ich  grosse  Furcht  vor  meiner 
allzu  schõnon  Herrin;  jetzo  aber  will  ich  nicht  langer  Furcht  hogeii,  wonn 


^     876      - 

15  A  mui  mais  fremosa  de  quantas  son 

oj'  eno  mund',  aquesto  sei  eu  ben, 

quer'  ir  veer;  e  acho  ja  razon 

como  a  veja  sen  med'  o  con  sen. 

Irei  veê'-la  e  querrei  falar  lOúlO 

20      con  ousadi(a),  e  mentr'  ela  catar' 

alhur,  catarei  [ela  logu'  enton]. 

ioh  vor  ihr  stehe.  Vielmehr  will  ich  mich  recht  stark  machen  und  die 
Furcht  verlieren;  imd  blickt  sie  anderswoliin ,  so  blicke  ich  rasch  zu  ihr 
hinúber  (2), 

Jener,  welche  bei  weitem  die  schõnste  von  allen  Frauen  auf  Erden  ist, 
will  ich  gegenúbertreten  und  habe  schon  die  Art  und  Weise  herausgefunden, 
wie  ich  furchtlos  und  verstâudig  zu  ihr  aufblicken  kann.  Ich  werde  sie 
besuchen  und  werde  kúhn  zu  reden  unternehmeu ;  und  blickt  sie  anders- 
wohin,  so  blicke  ich  rasch  zu  ihr  hinúber  (3). 


452. 

Ir-vus  queredes,  amigo,  d'aqiien; 

e  dizedes-mi  vos  que  viis  guis'  eu 

que  faledes  ante  comigu'.     E  meu  10015 

amigo,  dized(e)  ora  fia  ren: 

(jcomo  farei  eu  tan  gran[c?e]  prazer 
a  quen  mi  tan  gran  pesar  quer  fazer? 

Kogades-me  vos  mui  de  coraçon 
que  fale  vosqu',  e  ai  non  aja  i;  10020 

e  queredes -vus,  amigu',  ir  d'aqui. 
1Õ~~  Mais  dized'  ora,  se  Deus  vus  perdon, 

(:como  farei  eu  tan  gran[íZe]  prazer 
a  quen  mi  tan  gran  pesar  quer  fazer? 


Queredes  que  vus  fale,  se  poder',  10025 

e  dizedes  que  vus  queredes  ir. 
15     Mais,  se  Deus  vus  leixe  cedo  viir, 
dized',  amigo,  se  o  eu  fezer', 

^^como  farei  eu  tan  gran[c?e]  prazer 

a  quen  mi  tan  gran  pesar  quer  fazer?   10030 

I  CV  13  (402"  ou  403?)  e  319  (718)  —  A  primeira  vez  o  copista 
trasladou  apenas  uma  estrophe,  certamente  porque  reconheceu  que  o  lugar 
da  poesia  era  entre  as  cantigas  de  amigo.  Ahi  ap parece,  de  facto, 
completa.  —  5  grani  ^  em  ambos  os  textos.  —  15  uijr. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4 -|-  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abbal|CC.  —  Rimas  longas:  m(»)  ewC»)  na  1»  copla;  ow(a) 
«|T>)  na  2*;  ér(a)  «>(b)  na  3*;  êr  no  refram. 

III  Ihr  wollt  von  hinnen  gehen,  Freund,  und  verlangt  von  mir,  ich 
solle  Euch  Gelegenheit  verschaffen,  vorher  mit  mir  zu  sprechen.  So  sagt 
mir  denn:  ||  wie  soU  ich  so  grosse  Lust  verschaffen  Einem,  der  mir  so  arges 
Leid  anthun  will?  (1) 

Von  Herzen  bittet  Ihr  mich,  ich  mõge  mit  Euch  sprechen,  nur  das 
und  nichts  anderes  (ou:  dass  nur  nichts  anderes  dahinter  steckt!);  und  Ihr 
wollt  doch  von  hinnen  gehen.  So  sagt  mir  an,  so  wahr  Gott  Euch  ver- 
zeihen  mõge:  ||  wie  soU  ich  etc.  (2). 

Ihr  wollt,  dass  ich  mit  Euch  sprecho,  falis  es  mõglich  ist,  und  sagt, 
dass  Ihr  von  hinnen  wollt.  So  wahr  Gott  Euch  rasch  zuriickfúhren  mõge, 
sagt  mir  jedoch:  ]|  wie  soll  ich  etc.  (3). 


453. 

—  Juyão,  quero  contigo  fazer, 
se  tu  quiseres,  ua  entençon; 

e  querrei-te  na  primeira  razon 
fia  punhada  mui  grande  põer 
5      eno  rostr',  e  chamar- te  [ei]  trapaz  10035 

mui  mao;  e  creo  que  assi  faz 
bõa  entençon,  que'- na  quer  fazer. 

—  Meen  Rodriguiz,  mui  sen  meu  prazer 
a  farei  vosc'  ;assi  Deus  me  perdon! 

10      ca  vus  av[er]ei  de  chamar  „cochon",  10040 

pois  que  eu  a  punhada  receber'; 
des  i  trobar-vus-ei  mui  mal  assaz; 
et  atai  entençon,  se  a  vos  praz, 
a  farei  vosco,  mui  sen  meu  prazer. 

15  —  Juyão,  pois  [co^zjtigo  começar  10045 

fui,  direi -t'  ora  o  que  te  farei: 

ua  punhada  grande  te  darei; 

des  i  querrei-te  muintos  couces  dar 

na  garganta  por  te  ferir  peor, 
20      que  nunca  vilão  aja  sabor  10050 

d'outra  tençon  comego  começar. 

I  CV  14  (403)  —  1  Juyãõ  —  fax  —  2  entençon  —  4  huà  —  2^^^>' 
.")  chamarte  trapax  —  6  mui  mas  7  li  as (y fax  —  8  Meen  spotx  —  9 
ãx  me  perdem,  —  10  auey  —  11  apunlxida  —  12  asfam  —  13  entengõ 
—  14  p7-ax  —  15  tigo  —  18  muêtos  coices  —  19  jna  —  fefir  —  21 
começar  —  22  Meen  ppotx  qroym  euparar  —  23  comoua  —  Talvez: 
como  vos7  —  24  co  reyfe  —  25  retadu  —  28  pradraen  jmrar  —  29  Jup^no 
30  paios  cabeiam  7  q  rasfastrara  —  31  g  dos  cougas  te  pesfe  gcgey  — 
32 — 34  Mene  spólx  so  meu  tpõs  dar  \  ou  feme  fano  ou  feme  qostar  \  ay 
tuãdor  iaues  nõ  tãmoy  {a  dix'). 

E  de  esperar  que  da  indispensável  collação  com  o  CB  resulte  um  texto 
menos  deturpado.     As  fiindas  principalmente  necessitam  emendas. 

nCantiga  de  meestria,  em  maneira  do  tençon:  4x74-2x3. — 
Decasyllabos.  —  Coplas  pareadas  e  redondas:  abbacesi.  —  Rimas 
longas:  er(»)  o»('>)  a*(c)  no  grupo  P;  ar(»)  eíC»)  or(c)  no  11°,  ao  qual  as 
fiindas  respondem:  aab. 


—     879     — 

—  Meen  Rodriguiz,  quero -m'  emparar, 
jse  Deus  me  valha!  com'  ora  direi: 
„coteife  nojoso"  viis  cliamarei, 
2õ      pois  qne  eu  a  punhada  recadar';  10055 

des  i  direi,  pois  so  os  couces  for': 
„le[^■]xade-m'  ora,  por  Nostro  Senhor"; 
ca  (a)ssi  se  sol  meu  padre  emparar. 


—  Juyão,  pois,  te  quer[o]  eu  filhar 
30     pelos  cabelos,  e  quer'  arrastar;  lOOGO 

e  que  dos  couces  te  pes  [eu  farei]. 

h    —  Meen  Rodriguiz,  se  m'eu  respons(?)  dar, 
ou  se  me  cal(o),  ou  se  vus  deostar', 
ay  trovador,  ja  vus  non  amarei. 

IlIJulian,  wenn  Du  darauf  eingehen  willst,  so  mõchto  icli  eiii  Streit- 
gedicht  mit  Dir  begiunen.  Ais  erste  Behauptung  bieto  ich  Dir  oinen  kriif- 
tigen  Faustschlag  ins  Gesicht  uncl  schimpfe  Dich  „schlechtei'  Lump",  in  der 
Meimmg,  auf  solche  Weise  eine  krâftige  Tenzone  anzustimmen  (1). 

So  wahr  mir  Gott  helfe,  Meen  Rodriguez,  ganz  gegen  meinen  Willen 
geho  ich  auf  Euer  Vorhaben  ein.  Denn  zum  Entgelt  werde  ich  Euch 
«Schweinekerl»  nenneu  músseu,  nachdem  ich  den  Faustschlag  oingehoimst 
habo.  Und  anderos  Schlimme  werde  ich  Euch  sagen  miissen.  Gofílllt  Eucli 
jedoch  solch  ein  Streitgedicht,  so  werde  ich  es,  ob  auoh  ganz  gegen  moinen 
Willen,  mit  Euch  ausfechten  (2). 

Julian,  da  ich  nun  einmal  begonnen  habe,  hõre  an,  was  ich  weiter 
thun  werde.  Nachdem  ich  Dir  den  Faustschlag  versetzt  habe,  werde  ich 
Dir  ctliche  Fussstõsse  beibringen,  und  zwar  ins  Genick,  daniit  sie  Dir  um 
so  weher  thun,  auf  dass  es  niemals  einem  Bauernliimmel  einfalle,  eino 
andere  Tenzono  mit  mir  zu  beginnen  (3). 

Dagegen  werde  ich  mich  wehren ,  Meen  Rodriguez ,  so  wahr  mir  Gott 
helfe,  in  folgender  Weise:  «ekelhafter  Lausebube»  werde  ich  Euch  heissen, 
sobald  ich  den  Faustschlag  eingesteckt  habe.  Hernach  aber  unter  Eurcn 
Fusstritten  werde  ich  schreien:  „Lasst  los,  bei  unserem  lleiland!"  Denn 
also  pílegt  niein  Vater  sich  zu  wehren  (4). 

Julian,  darnach  will  ich  Dich  bei  den  Haaren  packen  und  schloifen 
und  Dir  so  zusetzen,  dass  Du  ob  meiner  Fussstõsse  jammorn  soUst  (I). 

Meou  Rodriguez,  ob  ich  antworte,  oder  schweige,  oder  Ya\q\\  boschimpfe, 
nimmer  werde  ich  Euch,  o  Troubadour,  lieben  (II). 

IV  Clr.  Storck,  Aus  Portugal  und  Brasilien:  No.  43. 


SECÇÃO  XIV 

CANTIGAS 

454  —  456 
DE 
OAN   DE   GUILHADE. 


n 


PREENCHEM  A  16»  LACUNA. 


56 


454. 

Queixum'  ouvi  dos  olhos  meus,  10065 

mais  ora  ise  Deus  mi  perdon! 
quero -Ihis  ben  de  coraçon; 
e  des  oymais  quer'  amar  Deus: 
õ  Ca  mi  mostrou  quen  oj'  eu  vi! 

Ay!  que  parecer  oj'  eu  vi!  10070 

Sempre  m'  eu  d'  amor  queixarei, 
ca  sempre  mi  d'  ele  mal  ven; 
mais  os  meus  olhos  quer'  eu  beu, 
10     e  ja  sempre  Deus  amarei: 

Ca  mi  mostrou  quen  oj'  eu  vi!  10075 

Ay!  que  parecer  oj'  eu  vi! 

I  CV  28  (417)  —  1  Quexeumouux  destes  ollig  meus  =  Queixum 
ouv'  d' estes  olhos  meus.  Mas  ouv'  por  òuvi.^  deante  de  consoante,  parece 
tão  estranho  como  respons  no  verso  10062.  Pondo  queixo -me -vos,  o  verso 
ficava  comprido.  A  lição  queixum'  ei  d' estes  olhos  meus,  que  o  verso  13 
podia  ministrar,  annullaria  o  contraste  entre  o  tempo  passado  do  verso 
inicial  e  o  tempo  presente  do  terceiro.  Para  abonar  a  restituição  dos  olhos 
meus  remetto  o  leitor  aos  versos  9  e  15.  —  3  de  cora  con  —  7  qrearey  — 
9  e  15  ep. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -f-  2)-|-2.  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares:  ablbalJCC.  —  Eimas  longas:  eusio)  ow(b)  na  1"- copla;  eiW 
m(*>)  na  2"-;  or(a)  arO)  na  3*;  vi  no  refram  e  na  fiinda. 

in  Ich  hatte  Klage  zu  fiihren  iiber  diese  meine  Augen;  jetzt  aber 
bin  ich  herzlich  zufrieden  mit  ihnen,  so  wahr  mir  Gott  verzeihen  mõge; 
und  will  von  nun  an  Gott  lieben:  ||  denn  er  war  es,  der  mir  heute  gezeigt 
hat,  was  ich  geschaut  habe.  Ách,  welch  holdes  Angesicht  habe  ich  heute 
erbUckt(l)! 

Amor  werde  ich  immer  anklagen,  denn  immer  kommt  mir  Leides  von 
ihm;  meinen  Augen  aber  will  ich  wohl,  und  werde  nunmehr  stets  Gott  lieben.  || 
Denn  er  war  es  etc.  (2). 

Grosse  Klage  fiihre  ich  iiber  Amor,  da  er  mir  stets  Leides  zu  bereiten 
pflegt;  meine  Augen  aber  will  ich  lieb  haben,  und  will  Gott  den  Herrn 
lieben,  ||  denn  er  war  es  etc.  (3). 


15 


m 


883 


E  mui  gran  queixum'  ei  d'  Amor, 
ca  sempre  me  coita  sol  dar; 
mais  os  meus  olhos  quer'  amar 
e  quer'  amar  Nostro  Senhor: 

Ca  mi  mostrou  quen  oj'  eu  vi! 

Ay!  que  parecer  oj'  eu  vi! 

K     E  se  cedo  non  vir'  quen  vi, 
cedo  morrerei  por  quen  vi! 


10080 


Und  sehe  ich.  nicht  bald  (wieder),  wea  ich.  gesehen  habe,  so  rnuss 
ich  sterben,  um  die,  welche  ich  geschaut  habe  (I). 


•m 


56- 


455. 

Deus!  como  se  foron  perder  e  matar  10085 

mui  boas  donzelas,  quaes  vus  direi! 
Foi  Oordia  Gil  e  foi  Guiomar 
que  prenderon  ordin.     Mais  se  foss'  eu  rei, 
õ     eu  as  mandaria  por  én  [a\  queimar, 

porque  foron  mund'  e  prez  desemparar!  10090 

(iNon  metedes  mentes  en  qual  perdiçon 
fezeron  no  mund'  e  se  foron  perder? 
Come  outras  arllotas  viven  na  raçon(?) 
10     por  muito  de  ben  que  poderon  fazer. 

Mais  eu  por  alguen  ja  mort'  ei  de  prender,     10095 
que  non  vej'!  e  moiro  por  alguen  veer! 

I  CV  37  (425)  —  2  uiui  boas  —  3  Talvez:  Dordia?  =  Dorothea 
—  7  'gdicõ  —  8  fexon  —  9  racon  —  10  podom  fax  —  13  Ouc  doa  q 
pelo  Beyno  a. 

n  Cantiga  de  meestria:  3  ><  6.  —  Versos  de  onze  syllabas, 
com  acento  principal  na  5*.  —  Coplas  singulares,  cheias  de  desigualdades: 
ababaa  na  1^;  aball)l)b  na  2";  ababcc  na  3".  —  Eim as  longas:  ar(^)  eiW 
na  l"";  ow(a)  er9>)  na  2*;  «W  erW  m(c)  na  3%  a  não  ser  que  os  dois  versos 
finaes  estejam  viciados. 

m  Gott!  wie  konnten  die  edlen  Frauen,  von  deuen  ich  Euch  berichtea 
will,  sich  nur  so  in  Tod  und  Verderben  stiirzen!  Oordia  Gil  und  Guiomar 
sind  ins  Kloster  gegangen !  Und  dievveil  sie  also  der  Welt  und  ihrer  Lust 
entsagt  haben,  vpiirde  ich  sie  verbi-ennen  lassen,  wiire  ich  der  Kõnig  (1). 

Merkt  Ihr  es  wohl,  wie  sie  der  Wolt  und  sich  selber  geschadet  haben? 
Mit  anderen  Nichtsthuerinnen  leben  sie  von  ihrer  Tagesration  (?) ,  statt  das 
Gute  zu  thun,  das  sie  hátten  thun  kõnnen.  Ich  aber  sterbe  vor  Liebe  zu 
einer,  die  ich  nun  nicht  mehr  schaue,  obwohl  ich  mich  sterblich  danach 
sehne,  sie  zu  sehen  (2). 

So  Gott  mir  eine  andere  edle  Frau  im  Reiche  vor  Augen  stellt,  die 
preisenswert,  reich  und  schon  ist,   so  thut  er  ein  gutes  "Werk,  denn  ohne 


885     — 


Outra  [bõa]  dona  que  pelo  rein(o)  á 
de  bon  prez  e  rica,  de  bon  parecer, 
15     se  mi -a  Deus  amostra,  gran  ben  mi  fará, 
ca  nunca  prazer  veerei  se'- na  veer. 
(jQue  farei,  coitado?     Moiro  por  alguen 
que  non  vej'  e  moiro  por  veer  alguen? 


10100 


solche  Schau  giebt  es  fúr  mich  keine  Lust.  Was  fange  ich  Elender  nur 
an,  der  ich  sterbe  vor  Liebe  zu  eiaer,  die  ich  niclitsehe,  obwohl  ich  mich 
sterblich  danach  sehne,  sie  zu  sehen  (3), 


456. 

A  mia  senhor  ja  lh'eu  muito  neguei 
o  mui  gran  mal  que  me  por  ela  ven, 
e  o  pesar,  e  non  baratei  ben;  lOlOõ 

e  des  oymais  ja  lh'o  non  negarei: 
5  Ante  Ihi  quer'  a  mia  senhor  dizer 

o  por  que  posso  guarir,  ou  morrer. 

Neguei -lh'o  muit(o),  e  nunca  Ihi  falar 
ous'  ena  coita  que  sofr'  e  no  mal  10110 

per  ela;  e  se  me  cedo  non  vai, 
10     eu  ja  oymais  [íion]  lh'o  posso  negar: 

Ante  lhe  quer(o)  a  mia  senhor  dizer 
o  por  que  posso  guarir,  ou  morrer. 

Eu  lhe  neguei  sempre,  per  bõa  fé,  10115 

a  gran  coita  que  por  ela  colhi; 
15      e  eu  morrerei  por  én  des  aqui, 

se  Ih'o  negar',  mais  pois  que  assi  é: 

Ante  lh'o  quer(o)  a  mia  senhor  dizer 

o  por  que  posso  guarir,  ou  morrer.  10120 

I  CV  39  (427),  com  attribuição  a  Estevan  Fayan,  emquanto  o  CB 
dá  esta  cantiga  ainda  como  obra  de  Joan  de  Guilhade,  em  harmonia  com 
o  índice  elaborado  por  Colocci.  —  1  Araha  —  muyro  —  5  anf  —  8  ouf 
em  na  coita  —  10  falta  non  —  11  dutelhe  qro  —  13  boa  —  14  coffi  — 
17  ante. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  +  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abbaUCC  —  Rimas  longas:  e*(a)  e/^(*)  na  1*  copla;  ar(a) 
aZ(b)  na  2*;  é(a)  iW  na  3";  êr  no  refram. 

III  Lange  habe  ich  vor  meiner  Herrin  das  grosse  Leid  verlieimliclit, 
das  sie  mir  zufiigt,  iind  den  grossen  Kummer;  doch  war  das  nicht  gut  ge- 
handelt;  und  von  heute  ab  will  ich  es  nicht  lãnger  verheimlichen:  ||  vielmehr 
will  ich  meiner  Herrin  sagen,  wodurch  ich  genesen  kann,  und  wodurch 
sterben  (1). 

Verheimlicht  habe  ich  es  lange,  und  niemals  wage  ich  ihr  von  dem 
Leide  zu  reden,  das  ich  um  ihretwillen  erdulde,  und  von  dem  Kummer; 
hilft  sie  mir  aber  nicht  bald,  so  kann  ich  es  von  heute  an  nie  und  nimmer 
verheimlichen.  ||  Vielmehr  etc.  (2). 

Yerheimlicht  habe  ich  immer  das  grosse  Leid,  das  ich  fiir  sie  ertrage; 
und  daran  werde  ich  nunmehr  sterben,  wenn  ich  es  weiter  verheimliche. 
Da  dem  aber  so  ist,  ||  will  ich  vielmehr  etc.  (3). 


SECÇÃO  XY 


CANTIGA 


457 


DE 


ESTEVAN  FAYAN. 


SUBSTITUE  O  FRAGMENTO  No.  241. 


457. 

Senhor  fremosa,  des  que  vus  amei, 
sab'  ora  Deus  que  sempre  vus  servi, 
quant'  eu  mais  pud';  e  servi- vus  assi, 
per  bõa  fé,  polo  que  vus  direi: 
5  Se  poderia  de  vos  aver  ben,  10125 

en  que  fezess'  eu  i  pesar  a  quen 

Vos  sabedes  no  vosso  coraçon 
que  vos  fez  el  muitas  vezes  pesar. 
E  am'  eu  vos,  quanto  vus  poss(o)  amar, 
10     e  sérv[^Jo-vus  por  aquesta  razon:  10130 

Se  poderia  de  vos  aver  ben, 
en  que  fezess'  eu  i  pesar  a  quen 

Vos  sabedes;  que  ben  vus  estará 
de  vos  servir  o  que  vus  mereceu, 
15      ca  mui  ben  perdud'  ando  e  sandeu  10135 

por  vos,  senhor;  e  dized'  ora  ja. 
Se  poderia  de  vos  aver  ben, 
en  que  fezess'  eu  i  pesar  a  alguen. 

I  CV  41  (429)  —  1,  2,  3  e  4  uos  —  4  bona  —  6  eq"  fexe  seuy  — 
7  coracon  —  10  esfer  uoug  —  11  se  poder  o  —  14  deuos  senig  quen  uos 
m'e  çeu  —  15  ca  min  ben  por  dando  eandm  —  16  por  ug  senhora  dixe- 
doraia  —  18  Suppouho  que  o  refram  teria  no  fim  esta  variante,  ou  então  que 
a  cantiga  continuava  com  uma  fiinda,  em  que  o  poeta  rematava  o  sentido. 

n  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -|-  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  abba||CC.  —  Rimas  longas:  e/W  *'(•>)  na  1"  copla;  onW 
ar<^)  na  2";  áW  eu{^)  na  3*;  én  no  refram. 

III  Schõne  Herrin,  seit  ich  Euch  liebo,  habe  ich  Euch,  weiss  Gott, 
immer  gedient,  so  sehr  icli  nur  konnte;  und  wahrlich,  ich  diente  aus  fol- 
gendem  Grunde,  ||  ob  icli  nicht  von  Euch  Liebes  erreichen  konnte,  wâre 
es  auch  Leides  fiir  jemand  anders  (1), 

Jemand,  von  dem  Ihr  vrisst  in  Eures  Herzens  Grunde,  dass  er  Euch 
oft  Leides  angethan  hat.  Ich  aber  liebe  Euch,  so  sehr  ich  kann,  und  diene 
Euch  in  dem  Gedanken,  ||  ob  ich  nicht  Liebes  von  Euch  erreichen  kann, 
wâre  es  auch  Leides  fiir  jemand  anders  (2), 

Jemand,  den  Ihr  kennt;  denn  os  wird  Euch  wohl  anstehen,  dass  Euch 
der  diene,  der  Euch  verdient;  verloren  und  nàrrisch  aber  bin  ich  schon  um 
Euch,  Herrin.  So  sagt  mir  nun,  ||  ob  ich  Liebes  von  Euch  erfahren  kann, 
ob  es  auch  fiir  jemand  anders  Leides  ware  (3). 


SECÇÃO  XVI 

CANTIGA 

458 
DE 

FERNAN   VELHO. 


PREENCHE  A  20*  LACUNA. 


458. 

Por  mal  de  mi  me  faz  Deus  tant'  amar 
ua  dona!  que  ja  per  nenhun  sen  10140 

sei  que  nunca  posso  prender  prazer 
d'  ela,  nen  d'  ai;  e  pois  m'  aquest'  aven, 
5     rogu'  eu  a  Deus  que  mi -a  faça  veer 
ced'  e  íne  Ihi  leixe  tanto  dizer: 
«Moir'  eu,  senhor,  a  que  Deus  non  fez  par.»  10145 

E  pois  Ih'  esto  disser',  u  mi -a  mostrar', 
rogar-lh'-ei  que  mi  dê  mort';  e  gran  ben 
10     mi  fará  i,  se  mi -o  quiser'  fazer; 
ca  mui  melhor  mi  será  d'  outra  ren 
de  me  leixar  logu'  i  morte  prender;  10150 

ca  melhor  m'  é  ca  tal  vida  viver 
e  ca  meu  tempo  tod'  assi  passar. 

15  E  gran  mesura  Deus  de  me  matar 

fará,  pois  mia  mort'  en  seu  poder  ten; 
ca  el  sabe  que  non  ei  d'  atender  10155 

se  non  gran  mal,  se  viver';  e  por  én, 
se  me  der'  mort',  ei  que  Ihi  gradecer; 

20     ca  por  meu  mal  mi -a  fez  el  conhecer, 
esto  sei  ben,  e  tanto  desejar. 

I  CV  54  (442)  —  2  hunha  dona  dona  —  4  epoysma  questa  aue  —  5 
tceeu  —  8  Minha  m.  (por  humha)  —  10  seraho  (por  semho)  —  16  pois  ma  m. 

II  Cantiga  de  meestria:  3x7.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoantes:  abclbcca.  —  Rimas  longas:  arW  énW  eríc). 

III  Zu  meinem  TJngliick  will  Gott,  dass  ich  eine  Dame  Hebe,  von 
der  ich.  weiss,  dass  ich  nie  und  nimmer  Liebes  erfahren  werde,  noch  auch 
an  anderem  Freude  finden  kann.  Und  da  dia  Dinge  nun  eiamal  also  stehen, 
bete  ich  zu  Gott,  er  mõge  sie  mir  bald  zeigen  und  mich  zu  ihr  sprechen 
lassen:  „Ich  sterbe,  Herrin  ohne  Gleichen."  (1) 

Und  wenn  ich  das  gesprochen  habe,  wo  und  wann  er  sie  mir  zeigt, 
will  ich  ihn  bitten,  mir  den  Tod  zu  schenken.  Etwas  Liebes  aber  thut  er 
mir  damit  an,  denn  das  wâre  das  Beste  fiir  mich,  liesse  er  mich  allsogleich 
und  auf  der  Stelle  den  Tod  finden :  besser  ais  solch  ein  Leben  zu  leben  und 
meine  ganze  Zeit  so  zu  verbringen  (2). 

Etwas  Rechtes  und  Billiges  thut  Gott,  so  er  mich  tõtet ,  sintemal  mein 
Tod  in  seiner  Macht  steht,  da  er  weiss,  dass  ich  nichts  ais  grosses  Leid  zu 
erwarten  habe,  so  ich  lebe;  und  deshalb  habe  ich  ihm  dafúr  zu  danken,  so 
er  mich  tõtet;  denn  zu  meinem  Ungliick  hat  er  bestimmt,  dass  ich  jeno 
kennen  und  mich  so  nach  ihr  sehnen  soUte,  das  weiss  ich  wohl  (3). 


SECÇÃO  XYIL 


CANTIGAS 


459—466 


DE 


PÊRO  DA  PONTE. 


PREENCHEM  A  25"  LACUNA. 


459. 


Pois  de  mia  morte  gran  sabor  avedes,  10160 

senhor  fremosa,  mais  que  d'outra  ren, 
nunca  vus  Deus  mostr'  o  que  vos  queredes, 
pois  vos  queredes  mia  mort';  e  por  én 
5  Rogu'  eu  a  Deus  que  nunca  vos  vejades, 

senhor  fremosa,  o  que  desejades.  10165 

Non  vus  and'  eu  per  outras  galhardias, 
mais  sempr'  aquesto  rogarei  a  Deus. 
En- tal -que  tolha  el  de  vossos  dias, 
10     senhor  fremos(a),  e  enada  nos  meus, 

Rogu'  eu  a  Deus  que  nunca  vos  vejades,     10170 
senhor  fremosa,  o  que  desejades. 


I  CV  571  (984)  —  3  nostro  que  v.  q.  —  8  des  —  9  uosfus  —  10 
enada  uç  meç  —  13  e  ãs  sabe. 

II  Cantiga  de  refram:  3  x  (4  -f-  2).  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
singulares:  aliab  jj  CC.  —  Rimas  breves  e  longas:  êdesi^)  ên(^)  na  1* 
copla,  «as (a)  eusW  na  2*;  tiitoi»)  orí»  na  3*;  e  ades  no  refram. 

III  Da  Ihr,  schõne  Herrin,  grosse  Frende  úber  meinen  Tod  empfindot, 
mehr  ais  úber  jede  andere  Sache ,  so  mõge  Gott  Euch  niemals  zeigen ,  was 
Ihr  erwunscht;  dena  Ihr  erwúnscht  meinen  Tod  ||  und  darum  bete  ich  zu 
Gott,  Ihr  mõchtet  nimmer  schauen,  was  Ihr  begehrt  (1). 

Keine  anderen  "Wunderdingo  erbitte  ich;  darum  aber  will  ich  flehen. 
Mit  der  Zusatzbedingung,  er  mõge  von  Euren  Tagen  fortnehmen  und  zu 
den  meinen  hinzulegen,  ||  bete  ich  zu  Gott,  schõnste  Herrin,  Ihr  mõchtet 
nimmer  schauen    was  Ihr  begehii  (2). 


—     893     — 

E  Deus  [que]  sabe  que  vus  am'eu  muito, 
e  amarei,  enquant'  eu  vivo  for', 
15      el  me  leix'  ante  por  vos  trager  luito 

ca  vos  por  mi;  [e]  por  én,  mia  senhor,  10175 

Rogu'  eu  a  Deus  que  nunca  vos  vejades, 
senhor  fremosa,  o  que  desejados. 


Der  Himmel,  der  da  weiss,  dass  ich  Euch  innig  liebe  und  lieben 
werde,  so  lange  ich  lebe,  lasse  mich  lieber  Trauerkleidung  um  Euretwillen 
tragen,  ais  dass  Ibr  sie  um  mich  tragt,  ||  und  darum,  Herrin,  bete  ich  zu 
Gott,  Ihr  mõchtet  nimmer  schauen,  was  Ihr  begebrt  (3). 


460. 

O  mui  bon  rei,  que  conquis  a  fronteira, 
se  acabou  quanto  quis  acabar: 
o  que  se  fez  con  razon  verdadeira  10180 

[en]  tod(o)  o  mundo  temer  e  amar, 
5      este  bon  rei  de  prez,  valent'  e  fis, 
rei  don  Fernando,  bon  rei  que  conquis 
terra  de  mouros  ben  de  mar  a  mar, 

A  que  Deus  mostrou  tan  gran  maravilha    10185 
que  ja  no  mundo  sempr'  an  que  dizer 
10     de  quan  ben  soube  conquerer  Sevilha 
per  prez,  [e]  per  esforç'  e  per  valer. 
E  da  conquista  mais  vus  contarei: 
non  foi  no  mund'  emperador  nen  rei  10190 

que  tal  conquista  po desse  fazer. 

15  Non  sei  oj'  ome  tan  ben  razoado 

que  podesse  contar  todo  o  ben 
de  Sevilha,  e  por  end',  a  Deus  grado, 
ja  o  bon  rei  en  seu  pode'- la  ten!  10195 

E  mais  vus  digu':  en  todas  três  las  leis 

20      quantas  conquistas  foron  d'outros  reis, 
após  Sevilha  todo  non  foi  ren! 

I  CV  572  (895)  —  3  e  que  —  4  todoo  mudo  —  9  sempm  —  11  per 
prex per  esforxep.  v.  —  15  non  fsey  oime  tã  bê  razoado  —  Talvez:  Nen. 
—  19  digueu  t.  —  20  rey  —  21  apg  —  23  faxa  —  30  rexebeu  —  31 
aquel  —  32  dementen  —  34  enouaug. 

irCantiga  de  maestria:  4x7  +  2x3.  —  Decasyllabos.  — 
Coplas  singulares:  ababccb :  eca cca.  —  Eimas  breves  e  longas: 
e^Va(a)  arO")  is(^)  na  1^  estancia;  ilhaW  êr9>)  eii^)  na  2*;  adoi^)  beni^) 
eisi^)  na  3*;  *a(a)  ôrW  cm(c)  na  4%  e  nas  fiindas. 

III  Der  gute  Kõnig,  der  die  Grenzmark  eroberte,  hat  vollendet,  was 
er  durchsetzen  woUte:  siehe,  in  der  ganzen  Welt  wird  er  min  mit  Fug  und 


w^ 


—     895 


Mai'-lo  bon  rei,  que  Deus  manten  e  guia, 
e  quer  que  sempre  faça  o  melhor,  10200 

este  conquis  ben  a  Andaluzia 
25     e  non  catou  i  custa  nen  pavor. 
E  direi- vus  u  a  per  conquereu: 
u  Sevilh(a)  a  Mafomede  tolheu 
e  erdou  i  Deus  e  Sancta  Maria!  10205 

E  des  aquel  dia  que  Deus  naceu, 
30     nunca  tan  bel  presente  recebeu 
como  dei  recebeu  aquel[e]  dia 


^    De  San  Clement',  en  que  se  conquereu; 
e  en  outro  tal  dia  se  perdeu, 
quatro  centos  e  nov'  anos  avia. 


10210 


Rccht  gefúvchtet  und  geliebt,  der  gute,  preisenswerte,  tapfre,  treue  Kõnig 
Don  Fernaado,  der  wackere  Herrscher,  welcher  Maurenland  voa  einem 
Meere  bis  zum  anderen  Meere  erworben  hat  (1), 

Er,  dem  Gott  solche  "Wimder  wies,  dass  man  nunmehr  in  der  Welt 
zu  erzíililen  hat,  wie  trefflich  er  es  verstanden,  Sevilha  zu  erobern,  durch 
Kraft,  Mut  und  Kúhnheit.  Und  weiter  will  ich  Euch  von  der  Erobening 
sagen:  es  giebt  auf  Erden  weder  Kaiser  noch  Kõnig,  der  eine  solche  Er- 
oberung  machen  kõnnte  (2). 

Noch  kenne  ich  jemand,  der  beredt  genug  ware,  um  alie  Vorziige 
Sevilhas  aufzuziihlen.  Doch  es  hat,  Gottlob,  der  gute  Kõnig  die  Stadt 
jetzt  in  seiner  Gewalt.  Und  weiter  sage  ich:  so  viele  Eroberungen  auch 
Herrscher  aller  drei  Religionen  geniacht  haben,  nebea  Sevilha  sind  sie  alio 
nichts  (3). 

Jedoch,  der  gute  Kõnig,  dcn  Gott  erhált  und  lenkt  und  immer  zum 
Rechten  fiibrt,  der  hat  Andalusien  erobert,  ohne  auf  Kosten  oder  Gefahren 
zu  achten.  Und  melden  will  ich  Euch,  auf  welche  Weise  er  es  erobert 
hat:  indem  er  Sevilha  dem  Muhamed  entwand,  und  Gott  und  die  Heilige 
Maria  zu  seinea  Erbea  einsetzte  (4). 

Seit  dem  Tage,  wo  Christus  geboren  ward,  empfing  er  niemals  ein 
so  schõnes  Geschenk,  wie  von  ihm  an  jenem  Tage  (1) 

Des  heiligen  Klemens,  ais  die  Stadt  erobert  ward:  am  selben  Tage, 
wo  sie  409  Jahre  frúher  verloren  gegangen  war  (11). 


461. 

Nostro  Senhor  Deus!  iqne  prol  vus  ten  ora 
por  destroirdes  este  mund'  assi, 
que  a  melhor  dona  que  era  i, 
nen  ouve  nunca,  vossa  madre  fora,  10215 

5     levastes  end'?  e  pensastes  mui  mal 
d'aqueste  mundo  fals'  e  desleal; 
que  quanto  ben  aqueste  mund'  avia, 
todo  lh'o  vos  tolhestes  en  un  dia! 

Que  pouc'ome  por  én  prezar  devia  10220 

10     este  mundo,  pois  bondad'  i  non  vai 

contra  morrer!     E  pois  el  assi  fal, 

seu  prazer  faz  quen  per  tal  mundo  fia; 

ca  o  dia  que  eu  tal  pesar  vi, 

ja  per  quant'  eu  d'este  mund'  entendi,  10225 

15     per  foi  tenh'  eu  quen  por  tal  mundo  chora, 

e  por  mais  foi  quen  mais  en  el[e]  mora! 


I  CV  573  (986)  —  6  fal  lie  desieal  —  8  e»  mundia  —  9  poucome 
—  prax'  —  10  poys  ug  hondady  n.  u.  —  15  pre  —  16  en  el  mora  — 
17  et  en  fortora  —  19  conorte  leuou.  —  Talvez:  conorte  u  levou?  —  22 
nõ  fex  ãs  ouf  melhor  nê  tal  —  Emenda  iguahnente  boa  seria:  non  fex 
Deus  outra  melhor  nen  [ajtal  —  24  hom. 

n  Cantiga  de  meestria:  3x8.  —  Decasyllabos.  —  Coplas 
equiconsoantes,  mas  com  inYersão  das  rimas  na  estrophe  do  meio: 
abbaccdd  na  1*  e  3*;  dccdl>1)ââ  na  2*.  —  Eimas  breves  e  longas: 
óm(»)  «■(»>)  alie)  iaiA). 

III  Mein  Herr  und  Gott ,  was  frommte  es  Euch ,  diese  "Welt  so  zu  zer- 
stõren,  dass  Ihr  die  beste  Frau,  welche  es  je  gegeben  hat  —  Eure  Mutter 
ausgenommen  —  von  hinnen  nabrat?  Ihr  dachtet  nicht  an  diese  falsclie 
treulose  Welt,  denn  alies,  was  es  hienieden  Gutes  gab,  das  entfiihrtet  Ihr 
an  einem  Tage  (1). 


20 


897 


En  forte  ponto  et  en  fort[e]  ora 
fez  Deus  o  mundo,  pois  non  leixou  i 
nenhun  conort[o]  e  levou  d'aqui  10230 

a  bõa  rainha,  que  end'  é  fora: 
dona  Beatrix!     Direi-vus  eu  qual: 

on  fez[o]  Deus  outra  melhor,  nen  tal; 
nen  de  bondade  par  non  lh'acharia 
orne  no  mundo,  par  sancta  Maria!  10235 


Nicht  wertschatzen  sollte  der  Mensch  diese  "Welt,  da  Tugend  nicht 
vor  dem  Tode  schútzt.  Und  da  diese  fehlt,  folgt  seiner  Lust,  wer  ihr  ver- 
traut.  Seit  dem  Tage,  wo  ich  solchen  Jammer  sah,  halte  ich,  nach.  dem, 
was  ich  von  der  "Welt  begriffen  habe,  den  fiir  einen  Narren,  der  um  diese 
Welt  weint,  und  fúr  einen  noch  grõsseren  Narren  den,  welcher  in  ihr 
venveilt  (2). 

Zu  bõser  Stunde  und  ungliickseliger  Zeit  schuf  Gott  die  Welt,  da  er 
in  ihr  keinerlei  Trost  zuriickliess,  sondern  die  gute  Kõnigin  hinweg  nahm, 
die  nun  nicht  mehr  darinnen  ist:  Dona  Beatrix.  Ich  sage  Euch:  sie  ist 
eine  solche,  ais  welche  Gott  keine  bessere  noch  gleiche  schuf;  noch  kõnnte 
man ,  bei  der  heiligen  Jungfrau ,  auf  Erden  ihres  Gleichen  an  Giite  finden  (3). 


57 


462. 


10 


15 


20 


jQue  ben  se  soub'  acompanhar 
Nostro  Senhor  esta  sazon! 
que  filhou  tan  bon  companhon, 
de  qual  vus  eu  quero  contar: 
rei  don  Fernando,  tan  de  prez, 
que  tanto  ben  no  mundo  fez 
e  que  conquis  de  mar  a  mar! 

Tal  companhon  foi  Deus  filhar 
no  bon  rei,  a  que  Deus  perdon, 
que  jamais  non  disse  de  non 
a  nulh'  omen  por  Ih'  algo  dar, 
e  que  sempre  fez  o  melhor: 
por  én  x'o  quis  Nostro  Senhor 
põer  consigo  par  a  par! 


E  quant'  om(e)  en  el  mais  falar', 
tant'  achará  melhor  razon; 
ca  dos  reis,  que  foron  nen  son 
no  mundo,  por  bon  prez  guaanhar, 
este  rei  foi  o  melhor  rei, 
que  soub'  eixalçar  nossa  lei 
e  a  dos  mouros  abaixar! 


10240 


10245 


10250 


10255 


I  CV  574  (987)  —  14  poêr  —  16  cãeachara  —  20  q  soubey  xalxar 
anofsa  ley  —  24  se  ne  brou  —  26  henug  —  30  -E  des  —  32  faxamus. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7  +  (2  x  3)  +  1-  —  Octonarios.  — 
Coplas  equiconsoantes,  differen ciadas  pela  rima  c:  abbacca:  cca  bll)ax. 
—  Eimas  longas:  arW  ow(»>),  c»(ci);  o/-(c2);  e»(c8);  oiii^). 

III  Welchen  guten  Genossen  unser  HeiTgott  diesmal  zu  sich  genommen 
hat!  Von  hinnen  fúhrte  er  diesen  guten  Genossen,  von  dem  icli  Eucli 
erzâhlen  will:  den  trefflichen  Kõnig  Ferdinand,  der  so  viel  Gutes  auf  Erden 
gethan  und  Lander  von  einem  Meere  bis  zuni  anderen  erobert  hat  (1). 


899 


Mais  u  Deus  pêra  si  levar 
quis  o  bon  rei,  i  logu'  enton 
se  nembrou  de  nos,  poi'-lo  bon 
25     rei  don  Affonso  nus  foi  dar  10260 

por  senhor;  e  ben  nus  cobrou, 
ca  se  nus  bon  senhor  levou, 
mui  bon  senhor  nus  foi  leixar. 

E  Deus  bon  senhor  nus  levou! 
mais,  pois  nus  tan  bon  rei  leixou,  10265 

non  nus  devemos  a  queixar. 

Mais  façamus  tal  oraçon 
que  Deus,  que  prés  mort'  e  paixon, 
o  mande  muito  ben  reinar! 

35  Amen!  alleluya!  10270 


Einen  Geaossen  hat  Gott  sich  am  guten  Kõnig  auserwáhlt  (dem  seine 
Gnade  verzeihen  mõge),  welcher  niemals  «nein»  zu  irgend  jemand  sagte, 
der  ihn  um  eine  Gabe  bat,  und  stets  das  Beste  that:  darum  woUte  ihn 
auch  unser  Herrgott  in  seiner  Náhe  neben  sich  haben  (2). 

Je  mehr  mau  vou  ihm  spricht,  um  so  mehr  íindet  man  Grund  dazu: 
von  alleu  Kõnigen,  die  auf  Erden  sind  oder  waren,  war  dieser  der  vor- 
trefflichste  im  Ruhm  -  gewinuen ,  da  er  es  verstandeu  batte,  unseren  Glauben 
zu  erhõhen  und  deu  der  Mauren  zu  erniedrigeu  (3). 

Aber  ais  es  Gott  geíiel  ihn  zu  sich  zu  nehmen,  hat  er  sogleich  unser 
gedacht  und  uns  den  guten  Kõnig  Alfons  zum  Herrn  gegeben,  und  wohl 
fiir  uns  gesorgt,  denn  wenn  er  uns  einen  guten  Kõnig  nahm,  so  Hess  er 
einen  andem  sehr  guten  zuriick  (4). 

Ja,  -wahrlich!  er  hat  uns  einen  edlen  Herrn  genommen!  Doch  da  er 
uns  einen  so  edlen  Kõnig  zurúckliess,  diirfen  wir  nicht  klagen  (I). 

Vielmehr  wollen  wir  beten:  Gott,  der  fiir  uns  gestorben  ist  und  ge- 
litten  hat,  mõge  ihm  verleihen,  dass  er  sehr  gut  zu  regieren  verstehe  (II). 

Amen!    Hallelujahl 


57" 


463. 

Ora  ja  non  poss'  eu  creer 
que  Deus  ao  mundo  mal  non  quer, 
e  querrá,  mentre  Ihi  fezer' 
qual  escarnho  Ihi  sol  fazer, 
5      e  qual  escarnho  Ih'  ora  fez:  10275 

leixou-lhi  tant'  ome  sen  prez 
e  foi- Ihi  don  Lopo  tolher! 

E  oymais  ben  pode  dizer 
tod'  ome,  que  esto  souber', 
10     que  o  mundo  non  á  mester,  10280 

pais  que  o  quer  Deus  confonder; 
ca  per  Deus  mal  o  cofondeu 
quando  Ihi  don  Lopo  tolheu 
que  o  soía  manteer! 

15  E  oymais  (jque'-no  manterrá  10285 

por  dar  i  tanto  rico  don, 

cavai'  e  armas  a  baldon? 

Ou  des  oymais  (i  que '-no  dará, 

pois  don  Lopo  Diaz  mort'  é, 
20     o  melhor  don  Lop(o),  a  la  fé,  10290 

que  foi,  nen  jamais  non  será? 


I  CV  575  (988) 
26  e  ãs. 


2  ou  'mundo  —  14  manteer  —  19  poys  q  don 


II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7 -f  2.  —  Octonarios.  —  Coplas 
pareadas,  mas  diíferenciadas  pela  rima  c:  abbaeca  :  xa.  —  Rimas  longas: 
er(a)  ér^P)  exícl);  e2<(o2)  no  grupo  1°;  áW  o?^('');  é(cã);  a(c4)  no  11°. 

III  Es  ist  unmõglich,  niclit  daran  zu  glauben,  dass  Gott  der  Welt 
zúrnt  und  weiter  ziirnen  wird,  da  er  ihrer  hõhnt  und  spottet,  wie  er  zu 
thun  pflegt  und  el)en  jetzt  gethan  hat:  so  viele  nichtige  "VVichte  erhâlt  er 
am  Leben,  und  nimmt  Don  Lopo  von  hinnen!  (1). 


2õ 


■I 


30 


901     — 


E  pêro,  pois  assi  ó  ja, 
façaraus  atai  oraçon 
que  Deus,  que  prés  mort'  e  paixon, 
o  salve,  que  o  en  poder  á;  10295 

e  Deus,  que  o  pode  salvar, 
esse  o  lev'  a  bon  logar 
pelo  gran  poder  que  end'  á! 

Amen!  amen!  aquest'  anien 
ja  mais  non  si  m'obridará!  10300 


Von  heute  an  mag  jedermann  sprechen,  er  bediirfe  dieses  Lebens  auf 
Erden  nicht  lânger,  da  Gott  sie  verderben  will;  denn  gar  sehr  verderbt  er 
sie,  indem  er  Don  Lopo  himvegnimmt,  der  sie  zu  schiitzen  pflegte  (2). 

Wer  aber  wird  sie  von  heute  an  schiitzen ,  und  so  viele  reiche  Gaben 
verteilen  an  Pf erden  und  Waffen  in  Úberfluss?  "Wer  wird  von  heute  an 
Ãhnliches  geben,  da  Don  Lopo  Diaz  tot  ist,  der  beste  Don  Lopo,  traun,  der 
je  da  war,  oder  ist,  noch  sein  wird  (3). 

Weil  dem  nun  aber  einmal  so  ist,  lasset  uns  beten,  damit  Gott,  der  fiir 
uns  gelitten  hat  und  gestorben  ist,  und  der  jenen  in  seiner  Macht  hat,  ihn 
selig  mache,  da  er  es  kann,  und  ihm  einen  guton  Platz  anweise,  kvaft 
seiner  Macht  (4). 

Amen!  Amen!  dies  Amen  wird  nimmer  vergessen  werden  (I). 


464. 


jQue  mal  s'este  mundo  guisou 
de  nulh'  ome  per  el  fiar! 
Nen  Deus  no'- no  quis[o]  guisar, 
pêro  o  fez  e  o  firmou. 
5     Ante  o  quise  destroir,  10305 

pois  que  don  Telo  fez  end'  ir, 
que  sempre  ben  fez  e  cuidou. 

Des  quando  naceu,  e[/]  punhou 
sempr'  en  bondade  guaanhar 
10     e  en  seu  bon  prez  avantar;  10310 

e  nunca  se  d'al  trabalhou. 
E  quen  sas  manhas  ben  cousir*, 
pode  jurar,  por  non  mentir, 
que  toda' -las  Deus  acabou. 

15  Mais  a  min  ja  esto  leixou,  10315 

con  que  me  posso  conortar, 

que  ei  gran  sabor  de  contar 

do  ben  que  fez,  mentre  durou! 

E  tod'  ome  que  mi  oír', 
20      sempre  verá  quen  departir'  10320 

en  quanto  bon  prez  dei  ficou. 


I  CV  576  (989)  —  3  nono  quys  —  Da  mesma  maneira  podia -se 
emendar:  no' -no  quis  aguisar  —  8  nançeu  e  punhou  —  20  ^  deparar 
—  22  xo  amou. 

II  Cantiga  de  meestria:  4  x  7 -f  3.  —  Octonarios.  —  Coplas 
equiconsoantes:  abbacca :  cca.  —  Eimas  longas:  oui^)  arO»)  iri^). 

III  Wie  schlecht  ist  es  um  diese  "VVelt  bestellt,  dass  niemand  Ver- 
trauen  haben  kann!  Selbst  Gott,  der  sie  geschaffen  und  geordnet  hat,  will 
sie  nicht  gut  bestelien;  vielmehr  will  er  sie  zu  Grunde  richten,  da  er  Don 
Telo,  der  stets  Gutes  that  und  Gutes  dachte,  hinweggenommen  hat  (1). 


—     903 


E  a  don  Telo  Deus  chamou 
pêra  si,  e  x'o  quis  levar; 
e  non  se  quis  de  nos  nembrar, 
25     que  nus  assi  desemparou.  10325 

E  mai'-lo  fez  por  se  riir 
d'este  mal-mund'  e  escarnir, 
que  sempre  con  aleiv'  andou. 

E  que'- na  ben  quiser'  oir', 
30      que  forte  palavra  d'oír:  10330 

„Don  Tel-Affons'  ora  finou!" 


Seit  seiner  Gebxirt  war  er  bestrebt,  immer  zu  wachsen  an  Trefflich- 
keit,  und  seinen  Wert  zu  hõhen,  und  nimmer  hat  er  andere  Zwecke  ge- 
kannt.  "Wer  sicli  seine  Yorziige  recht  iiberlegt,  der  kaun  sch-wôren,  ohne 
zu  lúgen,  dass  Gott  sie  ihm  verliehen  hatte  (2). 

Mir  abar  hat  er  wenigstens  das  Eine  gegeben,  wornit  ich  mich  trõsten 
darf,  dass  ich  grosse  Lust  daran  habe,  das  Gute,  was  jener  that,  solange  er 
lebte,  zu  erzãhlen.  Und  jedermann,  der  mich  anhõrt,  vvird  einsehen,  wenn 
er  nachdenkt,  wie  viel  Ruhm  und  Freis  von  ihm  úbrig  geblieben  ist  (3). 

Gott  hat  Don  Telo  zu  sich  berufen  und  ihn  bei  sich  aufgenommen. 
Unser  aber  hat  er  nicht  gedenken  woUen,  ais  er  uns  so  beraubte.  Vielleicht 
that  er  es  obenein  noch  um  die  arge  Welt  zu  verlachen  und  zu  verspotten ,  die 
stets  so  treulos  verfahren  ist  {ou:  denn  stets  ist  er  so  treulos  verfahren)  (4). 

Ais  ein  hartes  Wort  empfindet,  wer  es  recht  úberlegt,  das  Wort: 
„Don  Tel  Affonso  ist  soeben  verschieden"  (I). 


10 


15 


465. 

Pois  me  tanto  mal  fazedes, 
senhor,  se  mi  non  valedes, 
sei  ca  mia  mort'  oiredes 
a  mui  pouca  [de]  sazon. 

Senhor,  se  mi  non  valedes, 
non  mi  valrrá  se  Deus  non! 

Gran  pecado  per  fazedes 
senhor,  se  mi  non  valedes, 
ca  vos  sodes  e  seredes 
coita  do  meu  coraçon. 

Senhor,  se  mi  non  valedes, 
non  mi  valrrá  se  Deus  non. 

Pois  m'en  tal  poder  tSedes, 
senhor,  se  mi  non  valedes, 
prasmada  vos  én  veeredes, 
se  moir(o)  en  vossa  prijon. 

Senhor,  se  mi  non  valedes, 
non  mi  valrrá  se  Deus  non. 


10335 


10340 


10345 


I  CV  577  (990)  —  4  pouca  saxon  —  5  me  —  16  prigon. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(4-{-2). —  Septenarios. —  Coplas 
equiconsoantes:  aaalb||AB.  —  Eimas  longas  e  breves:  edesi»')  on(^). 

No  CV  a  entrada  do  refram  não  está  marcada.  —  Em  rigor,  o  segundo 
verso  deveria  passar  também  como  refram,  visto  ser  igual  em  todas  as 
coplas. 

m  Da  Ihr  mir  soviel  Leides  anthut,  o  Herrin,  so  werdet  Ihr  in 
Balde  von  meinem  Tode  hõren,  falis  Ihr  mir  nicht  beistehen  woUt.  ||  Falis 
Ihr  mir  nicht  beistehen  woUt,  kann  nur  Gott  mir  helfen!  (1) 

Eine  sehr  grosse  Siinde  begeht  Ihr,  so  Ihr  mir  nicht  beisteht,  denn 
Ihr  seid  jetzt  und  in  Zukunft  meines  Herzens  Pein.  ||  Falis  etc.  (2). 

Da  ich  ganz  in  Eurer  Macht  stehe,  o  Herrin,  falis  Ihr  mir  nicht  bei- 
steht, so  werdet  Ihr  getadelt  werden,  sterbe  ich  in  Euren  Banden.  ||  Falis 
Ihr  etc.  (3). 


10 


466. 


O  que  Valença  conquereu  10350 

por  sempre  mais  valenç'  aver, 
Yalença  se  quer  raantêer, 
e  sempr'  en  Yalenç(a)  entendeu. 
E  de  Yalença  é  senhor, 
pois  el  manten  prez  et  valor  10355 

e  prés  Yalença  por  valer. 

E  per  Valença  sempr(e)  obrou 
por  aver  Yalença,  de  pran; 
e  por  Valença  Ihi  diran 

que  ben  Yalença  gaanhou.  10360 

E  o  bon  rei  Yalença  ten; 
que,  pois  prez  e  valor  manten, 
rei  de  Yalença  Ihi  diran. 


I  CV  578  (990''''')  —  3  manteer  —  4  e  mais  nove  vezes:  ualenxa  — 
6  prex  el  cor  —  13  pex  et  ualor  —  20  Talvez  antes:  é  ben  fis?  Cfr.  10182. 
—  22  dayagon  rei  da  bon  sem  —  23  rodo  —  24  de  pãm. 

II  Cantiga  de  meestria:  3  x  7 -f- 3.  —  Octonarios.  —  Coplas 
singulares:  abbaccb :  aíSJaíSibC-^). —  Rimas  longas:  eicW  êr(^)  ôr(c)  na 
1*  estancia;  ouW  atiW  é»(c)  na  2*;  é«(a)  ar(^  ^s(c)  na  3%  que  repete  por- 
tanto uma  das  consonancias  da  segunda;  én  an.  na  fiinda. 

III  Der,  welcher  Valença  erobert  hat,  will,  um  immordar  Tapferkeit 
{valença)  zu  besitzen,  Valença  behaupten.  Stets  hat  er  Umgang  mit  V. 
(und  valença)  gepílogen  und  ist  Herr  von  V.,  da  er  Mut  und  Tapferkeit  {v.) 
aufrecht  erhàlt  und  kraft  seiner  Tapferkeit  Valença  einnahm  (1). 

Mit  ganzer  Kraft  hat  er  sich  der  Tapferkeit  beíleissigt,  um  V.  einzu- 
nehmen,  und  wegen  seiner  Tapferkeit  wird  man  sagen,  dass  er  wert  war, 
V.  zu  besitzen.  V.  besitzt  nun  der  gute  Kõnig,  und  da  er  Mut  und  Tapfer- 
keit aufrecht  erhalt,  wird  man  ihn  Kõnig  der  Tapferkeit  (und  Kõnig  vou 
Valença)  nennen  (2). 


—     906     — 

15  Ca  Deus  Ihi  deu  esforç'  e  sen 

por  sobre  Valença  reinar, 
e  Ihi  fez  valenç(a)  acabar 
con  quanta  valença  conven. 
El  rei  que  Valença  conquis, 

20     que  de  valença  en  ben  fiz! 
e  per  valença  quer  obrar. 

Rei  d'Aragon,  rei  do  bon  sen, 
rei  de  prez,  rei  de  todo  ben 
est,  e  rei  d'Aragon,  de  pran. 


10365 


10370 


Gott  hat  ihm  Klugheit  und  Willensstarke  gegeben,  um  úbev  V.  zu 
herrschen  mit  soviel  Tapferkeit,  ais  nõtig  ist.  Der  Kõnig,  welcher  V.  er- 
obert  hat,  wieviel  Tapferes  hat  er  im  Guten  veriibt!  und  will  si  eh  der  Tapfer- 
keit ganz  befleissigen  (6). 

Der  Kõnig  von  Aragon  ist  ein  sehr  verstândiger  Kõnig,  ein  preisens- 
werter,  in  aliem  Guten  tiichtiger,  ein  wahrer  Kõnig  von  Aragon  (I). 


n 


SECÇÃO  XVIII 

CANTIGA 

467 


DE 


A  ASCO  RODRIGUEZ,  DE  CALVELO. 


PREENCHE  A  26»  LACUNA. 


467. 


Coitado  vivo  d'  amor, 
e  da  mort'  ei  gran  pavor, 
desejando  mia  senhor, 

a  que  eu  muito  servi: 
5  a  mia  senhor,  que  eu  vi 

mui  mui  fremosa  en  si. 

Amor  me  ten  en  poder; 
e  pavor  ei  de  morrer, 
porque  non  posso  veer 
10  a  que  eu  muito  servi: 

a  mia  senhor,  que  eu  vi 
mui  mui  fremosa  en  si. 

Amor  en  poder  me  ten 
e  faz -mi  perder  o  sen, 
15      porque  non  poss'  aver  ben 
da  que  eu  muito  servi: 
a  mia  senhor,  que  eu  vi 
mui  mui  fremosa  en  si. 


10375 


10380 


10385 


10390 


I  CV  587  (998)  —  b  en  mi  —  6  mui  mui  tremo  sa  en  losy. 

II  Cantiga  de  refram:  3x(3  +  3).  —  Septenavios.  — Coplas 
singulares:  aaa||BBB.  —  Rimas  longas:  êr  na  !"•  copla;  ôr  na  2";  éti 
na  3*;  *  no  refram,  qiie  não  vem  marcado  graphicamente  no  CV. 

III  Vor  Liebe  lebe  ich  vergrâmt  und  laabe  grosse  Furcht  vor  dem 
Tode,  micli  nach  meiner  Hei-rin  sehnend,  ||  der  icb  trevi  gedient  babe:  meiner 
Herrin,  die  icb  gar  boldselig  sab  (1). 

Amor  bat  micb  in  seinor  Gewalt.  Vor  dem  Tode  fúrcbte  ich  micb, 
da  ich  nicbt  seben  kann  diejenige,  ||  der  icb  etc.  (2). 

In  seiner  Gewalt  bat  Amor  micb,  und  bringt  micb  um  meinen  Ver- 
stand,  weil  icb  keine  Gunst  erriuge  von  der,  ||  welcber  icb  trcu  gedient  babe: 
von  meiner  Herrin,  die  icb  gar  boldselig  sah.  (3). 


I.   índice  alphabetico  das  composições. 


NO.  Pag. 

232.  A  bõa  dona  por  que  eu  trobava 452 

27tí.  A  Deus  gradesco,  mia  senhor 542 

373.  A  Deus  grad'  oje,  mia  senhor 732 

213.  A  dona  que  eu  vi  por  meu 416 

246.  A  dona  que  orne  „senhor"  devi;i 481 

197.  A  guarir  uon  ei  per  ren 382 

260.  A  mayor  coita  que  eu  vi  ífoffivr 509 

278.  A  mais  fremosa  de  quantas  vejo ,.  549 

118.  A  melhor  dona  que  eu  nunca  vi 245 

193.  A  mia  senhor,  a  que  eu  sei  querer 378. 

217.  A  mia  senhor  atanto  lhe  farei 420 

456.  A.  mia  senhor  ja  Ih' eu  muito  neguij 886 

291.  A  mia  senhor,  que  eu  mais  d' outra  rei!       .......  583 

431.  A  mia  senhor,  que  eu  por  meu  mal  vi 846 

199.  A  mia  senhor,  que  me  foi  amostrar 387 

195.  A  mia  senhor,  que  mui  de  coraçon 380 

255.  A  mia  senhor,  que  por  mal  d' estes  meus 498 

283.  A  que  vi  ontr'as  amenas 561 

411.  A  que  vus  fui,  senhor,  dizer  por  mi 812 

32.  A  ren  do  mundo  que  melhor  queria 71 

18.  Agora  m'ei  eu  a  partir ....  41 

290.  Agora  me  parfeu  mui  sen  meu  grado 581 

389.  Agora  me  quer' eu  ja  espedir 764 

133.  Agora  viv'eu  como  querria 270 

306.  Algíía  vez  dix'eu  no  meu  cantar 612 

71.  Am' eu  tan  muito  mia  senhor 153 

280.  Amigos,  des  que  me  parti 552 

229.  Amigos,  non  poss'eu  negar 447 

233.  Amigos,  quero -vus  dizer 4.54 

311.  Amor,  des  que  m'a  vos  cheguei 629 

307.  Amor,  non  qued'eu  amando .  614 

201.  Ando  coitado  por  veer 391 

428.  Aquestas  coitas  que  de  sofíVer  ei 841 

167.  As  graves  coitas  a  quen  as  Deus  dar 334 

336.  Assaz  entendedes  vos,  mia  senhor 671 

4C2.  Assi  me  traj'  ora  coitad'  Amor 794 

166.  Atai  vej'  eu  aqui  ama  chamada 332 

434.  Ay  amiga,  sempr'  avedes  sabor        850 

58 


—     910     — 

NO.  Pag. 

67.  Ay  Deus!  como  ando  coitado  d' amor 142 

66.  Ay  Deus!   que  coita  de  soffrer 141 

408.  Ay  Deus!  que  grave  coita  de  soffrer      . 806 

87.  Ay  eu  coitad'  e  por  quê  vi 185 

102.  Ay  eu  coitad(o)!  e  quand'  acharei  qucn 211 

376.  Ay  eu  coitad' !   en  que  coita  mortal 740 

78.  Ay  eu,  de  min  e  que  será? 165 

96.  Ay  eu,  que  mal  dia  naci 203 

Ay  mia  senhor  atanto  lhe  farei  v.  A  mia  senhor. 

101.  Ay  mia  senhor  e  meu  lum'  e  meu  ben 209 

421.  Ay  mia  senhor,  lume  dos  olhos  meus 831 

154.  Ay  mia  senhor,  quero  vus  preguntar 306 

40.  [Ay  mia  senhor,  se  eu  non  merecesse] 87 

330.  Ay  mia  senhor,  sempr'  eu  esto  temi 660 

79.  Ay  mia  senhor,  u  non  jaz  ai 167 

430.  Ay  mia  senhor,  vêen-me  conselhar 844 

396.  Ay  Paay  Soarez,  venho -vus  rogar 779 


400.    Ben  deviades,  mia  senhor 790 

29.     Ben-no  faria,  se  nembrar 62 


Ca  se  m'algun  ben  quisesse  fazer  v.  Fiz  meu  cantar. 

441.     Cativ';  e  sempre  cuidarei? 861 

304.    Cativo!  mal  conselhado! 608 

250.     Coidava-m'eu  quand'  amor  non  avia 488 

207.    Coit'  averia,  se  de  mia  senhor 403 

436.     Coitado  vivo,  á  muy  gran  sazon 853 

467.    Coitado  vivo  d' amor 908 

170.     Com'  og'  eu  vivo  no  mundo  coitado 338 

35.     Como  morreu  quen  nunca  ben 76 

6.     Como  vos  sodes,  mia  senhor 15 

çon 

e  gran  dereito  faç'  e  gran  razon  v.  Senhor  fremosa,  creede  per  mi. 
Con  melhor  coraçon  escontra  mi  v.  A  melhor  dona. 

25.     Con  vossa  coita,  mia  senhor       . 55 

358.     Con  vossa  graça,  mia  senhor 706 

380.     Con  vosso  medo,  mia  senhor 748 

140.     Cuidades  vos,  mia  senhor,  que  mui  mal 283 

397.     Cuidava -m'eu,  quando  non  entendia 781 

84.     Cuidava -m'eu  que  amigos  avia 179 

323.     Cuidei  eu  de  meu  coraçon 650 

238.     Cuidou -s"  Amor  que  logo  me  faria 462 


176.  Da  mia  senhor,  que  tan  mal -dia  vi 348 

9.  De  cuita  grand(e)  e  de  pesar 21 

139.  De  mia  senhor  direi -vus  que  mi-aven 281 

188.  De  mia  senhor  entend'  eu  ua  ren 371 

216.  De  mort'  é  o  mal  que  me  ven 419 


NO. 

256. 

lõ. 

82. 

53. 
111. 
416. 
339. 
125. 
271. 
294. 
349. 
215. 

27. 

65. 
171. 
130. 
374. 
455. 
1. 
175. 
318. 
141. 


331. 
273. 
183. 
178. 
249. 
329. 
314. 


—     911     — 

Pag. 

De  quantas  cousas  eno  mundo  son 500 

De  quant'  eu  sempre  desejei 35 

De  quantos  mui  coitados  son I75 

De  tal  guisa  me  ven  gran  mal 113 

De  vos,  senhor,  querria  eu  saber .  229 

Dê' -lo  dia,  ay  amiga 821 

Dê' -lo  dia  (e)n  que  eu  amei 675 

Des  oge  mais  ja  sempr'  eu  rogarei 254 

Des  oge  mais  me  quer' eu,  mia  senhor 534 

Des  quand'  eu  a  mia  senhor  entendi 591 

Des  quando  me  mandastes  mia  senhor 693 

Des  que  vus  eu  vi,  mia  senhor,  me  ven 418 

Desejand'  eu  vos,  mia  senhor 58 

Deseg'  eu  muit'  a  veer  mia  senhor 139 

Desmentido  m'  á  'qui  un  trobador 340 

D'  este  raund(o)  outro  ben  non  querria 263 

Deu' -lo  sab'  oge,  mia  senhor 734 

Deus!  como  se  foron  perder  o  matar 884 

[Deus,  meu  senhor,  se  vus  prou]guer' 5 

Deus  que  mi-oj'  aguisou  de  vos  veer 347 

Deus!  que  pouco  que  sabia 642 

Direi -vus  que  mi-avèo,  mia  senhor 284 

disser 

algiãa  ren  ca  vus  diria  pesar  v.  Que  grave  cousa,  senhor,  d'endurar. 

Diz  meu  amigo  que  lhe  faça  ben 662 

Dizedes  vos,  senhor,  que  vosso  mal  .........  537 

Dizen  mi -as  gentes  por  quê  non  trobei       .......  360 

Dizen  que  digo  que  vus  quero  ben     .........  351 

Dizen,  senhor,  ca  dissestes  por  mi     ........     .  487 

Dizer -VU.S  quer'  eu,  mia  senhor 659 

Don  Amor,  eu  cant'  e  choro 635 


E  direi -vo'- lhes  eu  porén  v.  Que  muitos  me  preguntaran. 
E  eu  fazer  en  min  quanto  quiser  v.  Nunca  fiz  cousa. 
E  mia  senhor  direi -vus  que  mi-aven  v.  De  mia  senhor. 
E  mia  senhor  que  eu  mais  d'  outra  ren  v.  A  mia  senhor. 

324.     E  por  quê  me  desamados 651 

E  que  ouvesse  de  morrer  v.  Se  om'  ouvesse  de  morrer. 

326.     Ei  eu  tan  gran  medo  de  mia  senhor •     655 

68.     Eu  gran  coita  vivo,  senhor 145 

158.     En  grave  dia,  senhor,  que  vus  vi 317 

205.    En  que  affan  que  og'  eu  viv'!  e  sei 399 

En  que  foi  sempr'  e  ei  ja  de  seer  v.  Senhor  fremosa,  vejo- vus  queixar. 

401.     En  que  grave  dia,  senhor 792 

50.    En  tal  poder,  fremosa  mia  senhor 107 

168.     En  tan  grave  dia  senhor  filhei 335 

31.     [Entend'  eu  ben,  senhor,  que  faz  mal-sen] 69 

239.    Esso  mui  pouco  que  og'  eu  falei 464 

Esta  dona  poi'-lo  non  souber  v.  Eu  me  coidei  u  me  Deus  fez  veer. 

237.    Estes  meus  olhos  nunca  perderan 461 

58* 


—     912     — 

N».  Pag. 

]49.     Estes  olhos  mous  ei  mui  gran  razon 299 

245.     Estes  que  ora  dizen,  mia  senhor 477 

Eu  desejo  meu  mal  v.  Sempr'  eu ,  senhor,  roguei  a  Deus  por  mi. 

161.     Eu  me  coidei,  u  me  Deus  fez  veer 323 

40t).     Eu  me  cuidava,  quando  non  podia 802 

322.     Eu  que  nova  senhor  filhei 649 

281.     Eu  sei  la  dona  velida 557 

37.     Eu  sõo  tan  muit'  amador 80 

Ey  mia  senhor  u  non  faz  ai  v.  Ay  mia  senlior,  u  non  jaz  ai. 


1.32.     Fiz  meu  cantar  e  loei  mia  senhor 268 

folia 

que  faç'  i  grand',   entendê-la-ia  v.  Entend'  eu  ben  senhor 
que  faz  mal- sen. 

219.     Oradesc'  a  Deus  que  me  vejo  morrer 422 

210.     Gran  coita  soffr'  e  vo[u]-a  negando 411 

362.     Gran  mal  me  faz  agora  '1  rei 712 

235.     Gran  sazon  á  que  eu  morrera  ja 457 

357.     Grave  dia  naceu  senhor 703 

guer 

vos  me  tolhede  este  poder».  Deus  meu  Senhor,  se  vus  prouguer'. 

452.  Ir -vus  queredes,  amigo,  d'aquen 877 

70.     Ir -vus  queredes,  mia  senhor 151 

407.    Ja  eu  non  ei  oy-mais  por  que  temer 804 

302.     Ja  eu,  senhor,  muitas  coitas  passei 603 

28.     Ja  foi  sazon  que  eu  cuidei 60 

352.     Ja  m'eu  quisera  leixar  de  trobar 696 

22.     Ja  m'eu,  senhor,  ouve  sazon      .     .          49 

45.    Ja,  mia  senhor,  niun  prazer 97 

104.     Joana  dix'  eu,  Sancha  e  Maria 215 

204.     Juro -vus  eu,  fremosa  mia  senhor 397 

453.  Juyão,  quero  contigo  fazer 878 

315.    Ledas  sejamos  ogemais      . 636 

303 

mais  ambos  i  faredes  o  melhor 607 

99.     Mais  de  mil  vezes  coid'  eu  eno  dia 207 

Mais  non  quis  Deus  que  meu  mal  entendeu  v.  Ay  mia  senhor, 
se  eu  non  merecesse 

me  guisou  de  viver  v.  Que  mal  amor 

me  guisou  de  viver. 

51.     Mal  conselhado  que  fui,  mia  senhor 109 

42.     Maravilho -m'eu,  mia  senhor 91 

110.     Mentre  non  soube  por  min  mia  senhor 225 


—     913     — 

NO.  Pag. 

57.  Meu  coraçon  me  faz  amar     . 120 

54.  Meu  senhor  Deus,  se  vus  prouguer' 115 

122.  Meu  sentor  Deus,  veuho-vus  eu  rogar 251 

404.  Meus  amigos,  direi -vus  que  mi  aven 798 

244.  Meus  amigos,  muit'  estava  eu  ben 475 

264.  Meus  amigos,  muito  me  praz  d' Amor 516 

405.  Meus  amigos,  oymais  quero  dizer 800 

296.  Meus  amigos,  pese -vus  do  meu  mal       593 

159.  Meus  amigos,  que  sabor  averia 319 

177.  Meus  amigos,  quero-vus  eu  mostrar 350 

39.  Meus  olhos,  gran  ouita  d' amor 83 

34.  Meus  olhos,  quer  vus  Deus  fazer 75 

386.  Mia  senhor  fremosa,  direi -vus  iia  ren 758 

275.  Mia  senhor,  quantos  ono  mundo  son       540 

317.  Mia  senhor,  vin-vus  rogar 639 

337.  Min  fez  meter  meu  coraçon 672 

320.  Min  prés  forçadament'  Amor 645 

91.  Moir'  eu  e  praz -me,  si  Deus  me  perdon     .......  192 

445.  Moir'  eu  por  vos,  mia  senhor,  e  ben  sei 865 

265.  Mui  gran  poder  á  sobre  min  Amor 521 

313.  Mui  gran  temp'  á,  par  Deus,  que  eu  non  vi       633 

144.  Muit'  aguisad(o)  ei  de  morrer 291 

242.  Muit'  ando  triste  no  meu  coraçon 473 

16.  Muitas  vezes  en  meu  cuidar 37 

3Õ4.  Muito  per  á  ja  gran  sazon 700 

26.  Muito  per  dev'  a  gradecer 56 

150.  Muito  punhei  de  vus  negar 309 

423.  Muitos  an  coita  d'amor 834 

19.  Muitos  dizen  que  perderan 43 

446.  Muitos  me  preguntan,  per  bõa  fé 867 

48.  Muitos  me  vSen  preguntar 103 

372.  Muitos  tèen  oje  por  meu  trobar 730 

262.  Muitos  veg'  cu  per  mi  maravilhar 512 

447.  Muitos  vej'  eu  que,  con  mengua  de  sen 869 

184.  Muitos  veg'  eu  que  se  fazen  de  mi 362 


211.     Neguei  mia  coita  des  ua  sazon 413 

128.     Niun  conselho,  senhor,  non  me  sei 258 

38.     No  mundo  non  me  sei  parelha 82 

347.     Non  á  ome  que  m' entenda 690 

425.     Non  am'  eu  mia  senhor,  par  Deus 836 

282.     Non  est  a  de  Nogueira 559 

108.     Non  me  poss'eu,  mia  senhor,  defender 223 

17.     Non  me  poss'eu,  senhor,  salvar 39 

112.     Non  me  queredes,  mia  senhor 230 

420.     Non  me  queredes  vos,  senhor,  crecr 830 

164.  Non  me  soub'  eu  dos  meus  olhos  melhor     .....  328 

56.     Non  ouso  dizer  nulha  ren .119 

298.     Non  perç'  eu  coita  do  meu  coraçon 596 

359.     Non  sei  dona  que  podesso 708 

155.     Non  soube  que  x'  era  pesar 307 


—     914     — 

NO.  Pag. 

20.    Noa  tenh'  eu  que  coitados  son 45 

335.    Non  vus  façan  creer,  senhor 669 

43.  Nostro  senhor,  como  jaço  coitado 93 

129.     Nostro  senhor  Deus,  e  por  que  neguei 261 

461.     Nostro  senhor  Deus,  que  prol  vus  ten  ora 896 

69.     Nostro  senhor,  en  que  vus  mereci 147 

135.     Nostro  senhor,  o  ora  que  será 274 

403.     Nostro  senhor,  e  por  quê  mi  fezestes 796 

261.     Nostro  Senhor  que  eu  sempre  roguei 510 

203.     Nostro  Senhor  que  me  fez  tanto  mal 395 

157.     Nostro  Senhor  que  mi -a  min  faz  amar 313 

206.     Nostro  Senhor!  que  non  fui  guardado 401 

221.     Nostro  Senhor,  quen  m'  oj'  a  min  guisasse 425 

174.     Noutro  dia,  quando  m' eu  espedi 346 

286.     Nulh'  ome  non  pode  saber 569 

187.     Nunc'  assi  ome  de  senhor 370 

44.  Nunca  bon  grad'  Amor  aja  de  mi 95 

165.    Nunca  coitas  de  tantas  guisas  vi 330 

409.     Nunca  Deus  quis  nulha  cousa  grau  ben 807 

137.     Nunca  fiz  cousa  de  que  me  tan  ben 278 

63.     Nunca  tan  coitad'  ome  por  molher 132 

344.     O  gran  cuidad'  e  o  affan  sobejo 684 

351.     O  grand'  amor  que  eu  cuidei  prender 695 

312.     O  Marot  aja  mal  grado 632 

444.     O  meu  amig',  amiga,  que  mo  gran  bon  fazia 864 

413.     O  meu  amigo  que  me  mui  gran  ben 816 

225.     O  meu  senhor  [Deus]  me  guisou 434 

460.     O  mui  bon  rei  que  conquis  a  fronteira 894 

369.     O  mui  fremoso  parecer 724 

49.     O  que  conselh' a  min  de  m'eu  quitar 105 

466.     O  que  Valença  conquereu 905 

418.     O  que  vos  diz,  senhor,  que  outra  ron  desejo 825 

375.     Ogan'en  MGimenta 738 

248.     Oí  eu  sempre,  mia  senhor,  dizer 485 

334.     Oiniais  non  sei  eu,  mia  senhor 667 

120.     Om'  a  que  Deus  ben  quer  fazer 249 

415.     Om'  a  que  Deus  coita  quis  dar 820 

5.     Ome  que  gran  ben  quer  molher 13 

309.     Ora  começa  o  meu  mal 621 

342.     Ora  faz  a  min  mia  senhor 681 

463.     Ora  ja  non  poss'  eu  creer 900 

266.     Ora  non  moiro,  nen  vivo,  nen  sei 523 

378.     Ora  non  poss'  eu  ja  creer 744 

162.     Ora  non  sei  no  mundo  que  fazer 325 

268.     Ora  poss'  eu  con  verdade  dizer 529 

340.     Ora  tcnh'  eu  que  ei  razon 677 

127.     Ora  veg'  eu  o  que  nunca  coidava 257 

105.     Ora  veg' eu  que  fiz  muy  gran  folia 217 

73.     Ora  veg'  eu  que  me  non  fará  ben 157 

107.     Ora  veg'  eu  que  xe  pode  fazer 221 


IB^^^  —     915 

287.     Os  meus  olhos  que  mia  senhor  ...          .          571 

196.     Os  que  mui  gran  pesar  virou,  assi 381 

Outro  bea  d' este  mundo  noa  querria  v.  D' este  mundo  outro 
ben  non  querria. 

439.  Oymais  nou  á  ren  que  mi  gradecer 859 

438.     Oymais  quer'  eu  punhar  de  me  partir .  857 

198.    Par  Deus,  ay  dona  Leonor 383 

392.     Par  Deus,  dona  Maria,  mia  senhor  ben -talhada 773 

327.  Par  Deus,  fremosa  mia  senhor .  656 

368.     Par  Deus,  mia  senhor,  enquant'  eu  viver' 723 

363.  Par  Deus  senhor,  ja  eu  ben  sei 713 

98.     Par  Deus  senhor,  ja  eu  noa  ei  poder 206 

345.  Par  Deus  senhor,  mui  mal  me  por  matou 686 

343.     Par  Deus  senhor,  ora  tenh'  eu  guisado .  683 

13.     Par  Deus,  senhor,  sei  eu  mui  ben 28 

243.     Parti-m'eu  de  vos,  mia  senhor 474 

163.     Pelos  meus  olhos  ouv'  eu  muito  mal 327 

364.  Per  bÕa  fé,  fremosa  mia  senhor 715 

370.  Per  bõa  fé,  meu  coraçon 726 

440.  Per  bõa  fé,  non  saben  nulha  ren 860 

382.     Per  com'  Amor  leixa  viver 751 

182.     Per  mi  sei  eu  o  poder  que  Amor 359 

279.     Pêro  eu  vejo  aqui  trobadores 550 

160.     Pêro  m' eu  ei  amigos,  non  ei  niun  amigo 321 

395.     Pêro  non  fui  a  Ulti'araar 777 

346.  Pêro  que  mia  senhor  non  quer 688 

61.  Pêro  que  punh'  en  me  guardar 126 

398.  Pois  boas  donas  son  desemparadas 784 

83.     Pois  contra  vos  non  me  vai,  mia  senhor. 177 

459.     Pois  de  mia  morte  gran  sabor  avedes 892 

257.  Pois  Deiis  non  quer  que  eu  ren  poss'  aver .....          .  505 

333.     Pois  eu  d' atai  ventura,  mia  senhor 665 

328.  Pois  me  fazedes,  mia  senhor 657 

465.     Pois  me  tanto  mal  fazedes 904 

185.     Pois  m'  en  tal  coita  ten  Amor .  365 

316.     Pois  mi  non  vai  d'  eu  muit'  amar 637 

253.     Pois  mia  ventura  tal  é  ; pecador! 494 

414.    Pois  minha  senhor  me  manda 817 

80.    Pois  naci,  nunca  vi  Amor 168 

62.  Pois  non  ei  de  dona'  Ivira 131 

220.     Pois  o  vivo  mal  qu(e)  eu  soffro,  punhei 424 

419.     Pois  ora  faz  [Deus]  qu(e)  eu  viver  aqui 827 

143.     Pois  [que]  eu  ora  morto  for 287 

399.  Pois  que  se  non  sente  a  mia  senhor 788 

424.     Pois  tan  muit'  á  que  mia  senhor  non  vi       . 835 

93.     Pola  verdade  que  digo,  senhor 196 

72.    Por  Deus,  senhor  en  gran  coita  serei 155 

365.  Por  Deus  senhor,  e  ora  que  farei 717 

371.  Por  Deus  que  vus  fez,  mia  senhor 728 

59.    Por  Deus  senhor,  non  me  desamparedes 123 


—     916     — 

NO.  Pag. 

179.     Por  Deus  Senhor,  quo  vos  tanto  ben  fez 353 

223.     Por  Deus,  senhor,  tan  grau  sazon 430 

186.  Por  Deus  vus  quero  rogar,  mia  senhor  ........  369 

58.     Por  Deus  vus  rogo,  mia  senhor 121 

458.     Por  mal  de  mi  me  faz  Deus  taut'  amar 890 

136.     Por  mia  senhor  fremosa  quer'  eu  ben 276 

95.     Por  mui  coitado  per  tenh'  eu 201 

241.     Por  muitas  cousas  eu  quo  sei 470 

212.     Por  non  saberen  qual  ben  desegei 414 

356.     Por  quê  vus  ei  eu,  mia  senhor 702 

295.     Por  vos  veer  vin  eu,  senhor 592 

297.     Porque  non  ous'  a  mia  seuhor  dizer 595 

300.     Pouco  vus  nembra,  mia  senhor 600 

81.     Preguntan-me  por  que  ando  sandeu 170 

429.     Preguntei  ua  don[a]  eu  como  vus  direi 842 

142.     Preguntou  Johan  Garcia 286 

156.     Punhar  quer'  ora  de  fazer 309 

21.     Punhei  eu  muit'  en  me  guardar 47 

126.     Punhei  eu  muit'  en  me  quitar 255 

85.     Qual  dona  Deus  fez  melhor  parecer 181 

41.     Qual  senhor  devia  filhar 89 

119.     Quau  muit'  eu  am'  ua  molher 247 

379.     Quand'  eu  estou  sen  mia  senhor 746 

410.     Quand'  eu  mia  senhor  conhoci 810 

222.     Quand'  eu,  mia  senhor,  convusco  falei 429 

Quand'  eu  parti  v.  U  m'  eu  parti 

200.     Quand'  eu  podia  mia  senhor 389 

202.     Quand'  og'  eu  vi  per  u  podia  ir 393 

393.     Quand'  ora  fôr'  a  mia  senhor  veer 774 

350.     Quando  m'  agora  mandou  mia  senhor       694 

47.     Quando  me  nembra  de  vos,  mia  senlior 101 

227.     Quando  m'  eu  mui  triste  de  mia  senhor 440 

76.  Quando  mi -agora  fôr'  e  mi  alongar' 162 

189.     Quando  a^us  vi,  fremosa  mia  senlior 372 

448.     Quanfá,  senhor,  que  m' eu  quitei 872 

258.     Quant' eu  de  vos,  mia  senhor,  receei 506 

194.     Quant'  eu  mais  donas  mui  ben  parecer 379 

Quanto  me  nembra  v.  Quando  me  nembra. 

234.     Quantos  an  gran  coita  d'  amor 456 

33.     Quantos  aqui  d'  Espanha  son 73 

55.     Quantos  entendeu,  mia  senhor 117 

251.     Quantos  oj'  audan  eno  mar  aqui 490 

109.     Quantos  og'  eu  con  amor  sandeus  sei 224 

89.     Que  alongad'  eu  ando  d'  u  iria 189 

77.  Que  ben  que  m'  eu  sei  encobrir 163 

462.     Que  ben  se  soub'  acompanhar 898 

348.     Que  cousiment'  ora  fez  mia  senhor 692 

114.     [Que  grave  cousa,  senhor,  d'endurar] 237 

Que  guarir  non  ei  per  ren  v.  A  guarir. 

267.    Que  mal  Amor  me  guisou  de  viver 527 


—     917     — 

NO.  Pag. 

355.     Que  mal  matei  os  meus  olhos  e  min 701 

464.     Que  mal  s'esto  mundo  guisou 902 

180.  .  .  .  que  me  vos  nunca  quisestes  fazer 357 

247.     Que  mui  de  grad'  eu  querria  fazer 483 

310.     Que  mui  gran  prazer  og'  eu  vi 623 

103.     Que  muit'  á  ja  que  a  terra  non  vi 213 

228.     [Que  muitos  mo  preguntaran] 445 

106.     Que  muitos  que  mi  andan  preguntando 219 

145.  Que  partid' eu  serei,  senhor 293 

74.  Que  prol  vus  á  vos,  mia  senhor 158 

10.     Que  sen  conselho  que  vos,  mia  senhor 23 

146.  Que  sen -mesura  Deus  é  contra  mi 294 

443.     Que  sen  meu  grado  me  parti 863 

181.  Que  sen  meu  grado  m' og' eu  partirei 358 

454.     Queixum'  ouvi  dos  olhos  meus 882 

30.     Quen  bõa  dona  gran  ben  quer 64 

422.     Quen  me  vir'  e  quen  m'  oir' 832 

4.     Quen  oge  mayor  coita  ten 11 

305.     Quen  viu  o  mundo  qual  o  eu  ja  vi 610 

115.     Quen  vus  foi  dizer,  mia  senhor 239 

75.  Quer'  eu  a  Deus  rogar  de  coraçon 160 

385.     Quer'  eu  agora  ja  dizer 756 

451.     Quer'  eu  agora  ja  meu  coraçon 875 

338.     Quero -vus  eu  dizer,  senhor 673 

14.     Quero -vus  eu  ora  rogar 33 

12.     Quero -vus  eu,  senhor,  gran  ben 27 

64.     Quisera-m' ir:  tal  conselho  prendi 137 

113.     Rogaria  eu  mia  senhor 232 

321.     Sazon  é  ja  de  me  partir 647 

218.     Sazon  sei  ora,  fremosa  mia  senhor 421 

Se  cuita  grande  e  de  pesar  v.  De  cuita. 

381.     Se  Deus  me  leixo  ben  aver 750 

124.     Se  Deus  me  leixe  de  vos  ben  aver 253 

8.     Se  Deus  me  valha,  mia  senhor, 19 

de  grado  querria  saber. 

92.    Se  Deus  me  valha,  mia  senhor, 194 

de  grado  querria  seer. 

214.     Se  ei  coita,  muito  a  nego  ben 417 

100.     Se  eu  a  Deus  algun  mal  mereci 208 

23.     Sc  eu  a  mia  senhor  ousasse 51 

208.    Se  eu  moiro,  be'-no  busquei 404 

301.    Se  eu  ousass'  a  Mayor  Gil  dizer 601 

289.    Se  eu  podesse  dasamar 579 

450.     So  eu  podess'  ir  u  mia  senhor  é 874 

88.     Se  eu  soubess(e)  u  eu  primeiro  vi 187 

236.     Se  m'  ora  Deus  gran  ben  fazer  quisesse 459 

308.     Se  om'  ouvesse  de  morrer 619 

319.     Se  soubess'  a  mia  senhor 644 

285.    Se  vos  prouguess',  Amor,  ben  mo  devia 567 


—     918     — 

NO.  Pag. 

123.    Se  vus  eu  amo  mais  que  outra  ren 2õ2 

148.    Se  vus  eu  ousasse,  senhor 297 

366.  Se  vus  prouguesso,  mia  senhor 719 

134.     Sempr'  ando  coidando  en  meu  coraçon 272 

209.     Sempr' eu,  senhor,  roguei  a  Deus  por  mi 406 

427.     Senhor  de  mi  e  do  meu  coraçon 839 

353.    Senhor  Deus,  que  coita  que  ei 698 

292.    Senhor  do  corpo  delgado 585 

433.     Senhor  do  mui  bon  parecer 849 

387.     Senhor  ^e  assi  ei  eu  a  morrer? 759 

172.  Senhor  o  lume  d'  estes  olhos  meus      . 342 

383.    Senhor,  esta  coita  que  ei 752 

299.     Senhor,  eu  vivo  muit'  a  meu  pesar 598 

367.  Senhor,  eu  vus  quer' u a  ren  dizer 721 

116.  Senhor  fremosa,  conven-mi  a  rogar 241 

226.     [Senhor  fremosa,  creede  per  mi] 439 

457.     Senhor  fremosa,  des  que  vus  amei 888 

24,    Senhor  fremosa,  fui  buscar 53 

2.  Senhor  fremosa,  grand'  enveja  ei 7 

270.     Senhor  fremosa,  ja  nunca  seni 532 

269.     Senhor  fremosa,  ja  perdi  o  sen 531 

442.     Senhor,  fremosa  mais  de  quantas  son 862 

147.     Senhor  fremosa,  non  ei  og'  eu  quen 295 

3.  Senhor  fremosa,  par  Deus,  gran  razon 9 

449.     Senhor  fremosa,  pois  m'  aqui 873 

46.     Senhor  fremosa,  pois  me  non  queredes 99 

277.     Senhor  fremosa,  pois  me  vej'  aqui 545 

153.     Senhor  fremosa,  pois  m' og' eu  morrer 305 

151.  Senhor  fremosa,  pois  pesar  avedes 302 

252.     Senhor  fremosa,  pois  que  Deus  non  quer 492 

94.     Senhor  fremosa,  pois  vus  vi 198 

254.     Senhor  fremosa,  por  Nostro  Senhor 496 

117.  Senhor  fremosa,  quand'  eu  cofondi 243 

121.     Senhor  fremosa,  que  sempre  servi 250 

152.  Senhor  fremosa,  quero -vus  rogar 304 

272.     Senhor  fremosa,  queria  saber 536 

437.     Senhor  fremosa,  vejo -me  morrer 855 

138.     Senhor  fremosa,  vejo -vus  queixar 280 

97.     Senhor  fremosa,  venho -vus  dizer 205 

173.  Senhor,  o  gran  mal  e  o  gran  pesar 344 

263.     Senhor,  o  mal  que  m'  a  min  faz  Amor 514 

36.     Senhor,  os  que  me  queron  mal 78 

391.     Senhor,  perdud'  ei  por  vos  ja  o  coração 771 

52.     Senhor,  pois  Deus  non  quer  que  min  queirades 111 

414.     Senhor,  por  Deus  vus  rogo  que  que[i]rades 823 

169.     Senhor,  por  Deus  que  vus  fez  parecer 337 

432.     Senhor,  por  vos  e  polo  vosso  ben 847 

86.    Senhor,  por  vos  sõo  maravilhado 183 

390.     Senhor,  que  coitad' og' eu  no  mundo  vivo 768 

131.     Senhor,  que  Deus  mui  melhor  parecer 266 

259.    Senhor  que  eu  por  meu  mal  vi 507 


^^^^  —     919     — 

N"-  Pag. 

224.     Senhor,  que  grav'  oj'  a  mi  é 433 

90.     Senhor  queixo -me  con  pesar.     ...          191 

388.     Senhor  todos  m'  entendeu  ja 761 

230.  Senhor  veedes-me  morrer ...  448 

60.     Tal  om'  é  coitado  d'  amor 125 

190.  Tau  muit'  á  ja  que  non  vi  raia  senhor 373 

274.     Tan  muito  mal  me  ven  d'  amar 530 

288.     Tan  muito  vus  am'eu,  senhor 577 

192.     Tanto  faz  Deus  a  mia  senhor  de  ben 876 

11.     Tanto  me  senç' ora  ja  cuitado 25 

384.     Toda'- las  gentes  mi-a-mi  estranhas  son 754 

412.     Tod'  ome  que  Deus  faz  morar 813 

332.     Tu,  que  ora  vees  de  Monteniayor 663 

231.  U  m' eu  parti  d' u  m' eu  parti 450 

377.     Ua  donzela  quig'  e\i  mui  gran  ben 741 

191.  Un  dia  que  vi  mia  senhor 374 

. . .  vai  querer  ben  tal  molher  v.  Por  mui  coitado  per  tenh'  eu. 

341.     Vedes,  fremosa  mia  senhor 679 

361.     Vedes,  senhor,  pêro  me  mal  fazedes 711 

240.     Vedes,  senhor,  quero -vus  eu  tal  ben 469 

360.     Vedes,  senhor,  u  m'  eu  parti 710 

42G.     Vèeron-m'ora  preguntar 838 

435.     Vej'  eu  as  gentes  andar  revolvendo 851 

394.     Vi  eu  donas  en  celado 775 

293.     Vivo  coitad'  en  tal  coita  d'  amor 589 

325.     Vos,  m'a  senhor,  que  non  avedes  cura 654 

7.     Vos  que,  mi-a.ssi  cuitades,  mia  senhor 17 

284.     Vou -m'- eu,  fremosa,  pêra  '1  rei 563 


11.  Lista  alphabetica  dos  Auctores. 

(Os  Números  acompanhados  de  asterisco,  referem -se  aos  Apêndices.) 


22.  Affonso  Lopes,  de  Baian  (D.)    ....       224  —  225 
55.  Affonso  Meendes,  de  Beesteiros      .     .     .  *436  —  443 

6.  Airas  Corpaacho 64—  67;  * 399 

40.  Airas  Moniz,  d'Asme *316  — 317 

29.  Bonifácio  de  Genua  (Génova)      ....       265  —  266 

41.  Diego  Moniz 318  —  319 

25.  EstevanFaian (alias: D. Estevan Peres Froian)     240  —  241;  *457 
52.  Fernan  Fernandes,  Cogominho    ....  *420  —  426 

34.  Fernan  Figueira,  (ou  Figueiroo)  de  Lemos  *330  — 331 

11.  Fernan  Garcia,  Esgaravuuha  (D.)    .     .     .       114  —  128;     410  —  412 

20.  Fernan  Gonçalves,  de  Seabra      ....      210  —  221;  *44õ  — 447 
34.  Fernan  Padron 285  —  287 

49.  Fernan  Paes,  de  Tamalancos  (D.)    .     .     .  * 358  — 362 

47.  Fernan  Rodrigues,  do  Calheiros       .     .     .  * 335  — 356 

28.  Fernan  Velho 257  — 264;  *  458 

45.  Gil  Sanches  (D.) *332 

14.  Joan  d'Aboin  (D.  Joan  Peres)     ....       157 

15.  Joan  Coelho  (D.  Joan  Soares)    ....       158  —  179 

24.  Joan  de  Guilhade 228  — 239;  *  454 -456 

19.  Joan  Lopes,  d'Ulhoa  (D.) 199  —  209 

10.  Joan  Nunes,  Camanês 111  — 113 

2.  Joan  Soaires,  Somesso 14—  30;  * 375  — 377; 

*  378  — 382 

26.  Joan  Vaasques 242  —  245 

4.  Martin  Soares 40—  61;  *396;  *398 

23.  Meen  Rodrigues,  Tenoiro 226  —  227;   * 448  — 453 

50.  Nuneannes  Cerzeo *  383  — 391 

43.  Monio  (Nuno)  Fernandes,  de  Mirapeixe  .  * 328  — 329 

8.  Nuno  Fernandes,  Torueol 70—  81;*402 

7.  Nuno  Rodrigues,  do  Candarey    .     .     .     .        68—  69;  * 400  — 401 

42.  Osoireannes ".....  *320  — 327 

27.  Paay  Gomes,  Charinho 246—256 

3.  Paay  Soares,  de  Taveiroos 31  — 39;  * 396;  * 397 

33.  Pedrannes  Solaz 281  —  284 

21.  Pêro  Barroso  (D.  Pêro  Gomes)  .     .     .     .  222  —  223 

48.  Pêro  Garcia  d'Ambroa *3õ7 

9.  Pêro  Garcia,  Burgalês 82  — 110;  * 403  — 409 


921 


54.     Poro  Mafaldo *430- 

35.  Pêro  da  Ponte 288- 

51.     Pêro  Velho,  de  Taveiroos *392- 

16.     Rodrigueannes  Redondo  (?) 180- 

53.     Rodrigueannes  de  A''asconcellos   ....  *427- 

38.     Roy  Fernandes,  de  Santiago 308- 

12.  Roy  Queimado 129- 

46.     Ruy  Gomes,  o  Freire *333- 

18.     Ruy  Paes,  de  Ribela 186- 

13.  Vaasco  Gil  (D.)    . 144- 

1.     Vaasco  Praga,  de  Sandin 1- 

36.  Vaasco  Rodrigues,  de  Calvclo    ....  293- 
5.    Desconhecido  I  (talvez:  Ruy  Gomes,  de 

Briteiros) 62- 

II 185 

III 267- 

IV 277 

V 278- 

„        VI  (talvez:  Martim  Moxa).  303- 

„       VII *311- 


-435;  *444 

-292;  *  459  — 466 

-395 

-184;  *415  — 419 

-429 

-310 

-143;  *413  — 414 

-334 

-198 

-156 

-  13;  *363  — 374 
-30ii;  *4G7 

-  63 

-276 

-280 
-307 
-315. 


í 


Erratas*)  e  Retoques.* 

Pagina    Linha  Erros  Correcções 

5      30      Eimas  breves  Rimas  longas 

*  Nas  Notas  relativas  ás  Cantigas  I  a  XXI  dei  incorrecta- 
mente á  expressão  trovadoresca   do  rima  breve  {=  grave) 
o  sentido  de  lo7iga  (=  aguda). 
8      31       estat  ijnha  esta  tijnha 

11         5      prouguer'  prouguer', 

13       14      cuidar  cuidar' 

16        3      soffrer  soffrer, 

21       28      rimas  rimas  longas 

24        9      Eimas  breves  e  longas  Rimas  longas  e  breves 

26      16      Eimas  breves  e  longas  Rimas  longas  e  breves 

83        1      C.  I:ly3  Vinheta.    Caderno  I:  4/S. 

8      yus  vos 

22    *0  escrevente  do  códice  traçou  re  cey.,  erro  que  emendou  á 
margem  para  receey. 

39  19      e  'n'a  saber  e  'n-a  saber 

40  22     *As  letras  mal  legíveis  parecem  dizer:  stes  f to  =  sates feito. 

41  1       C.  I:  2/S  Caderno  I:  3^ 

43  9       viver  viver, 

44  2      soffro  a  soffr'  a 

A  ultima  letra  de  soffro  está  marcada  no  códice  com  um 
ponto,  a  fim  de  ser  raspada. 

56      13      mi-oir  mi-oír 

82      21      esta  este 

22      aquella  aquelle 

88        3      assi,  assi; 

103      19      nega- lo -ei  negá-lo-ei 

109        3      pudi  púdi 

118        8      leixar  leixar' 

121       11      vir  desamparar'  vir'  desamparar 

154      14  *IV.    Uma  nota  marginal  classifica  esta  cantiga  de  tntij  boa. 

170        2      lhe -lo  lhe'- lo 

17      dizer-lhe-la-ei  dizer-lhe'-la  ei 

184        5      sen  o  sen -no 

10      afam  afan 

187      16      tem  ten 


1)  Não  considero  como  Erratas,  nem  retoco  as  desigualdades  orto- 
graphicas  de  que  tratei  na  Advertência  preliminar. 


—     923     — 

Pagina    Linha                              Erros  Correcções 

193      40    *Bclleimaun  traduziu  esta  trova  a  p.  14  do  seu  opúsculo  Die 

alten  Liedcrbilcher  der  Portugiesen. 

207      41     *Tambem  ha  traducção  de  Bellermann ,  p.  13. 

215        1       Joana,  Joana 

241       IG     *Com  relação  ao  verso   8  proponho  o  adverbio  per  em  lugar 

da  preposição  j)or. 

253      21       Hundert  altport.  Lieder  Aus  Portugal  und  Brasilien 

263        5      lho  lh'o 

266       19      vosqu'  vosq[u]' 

270        5       pudi  púdi 

272         1       em  en 

286        1      Johan  Joan 

319         6       min  mi 

visto  que  o  n  está  traçado  e  pontuado  no  códice,  afim  de 
ser  raspado 

321  3      mais  ma[i]s. 

322  19      D.  Affonso  de  Leon  D.  AffonsodeCastellae  deLeon 
25       Cfr.  No  175  Cfr.  No  175  e  228 

324     1-2    dizer,  todo  dizer  todo, 

343       10    *Ao  lado  do  verso  19  ha  uma  nota  marginal  que  diz  fijda. 

347  39      D.  Affonso  de  Leon  D.  AífonsodeCastellae  deLeon 

Cfr.  No  160  Cfr.  No  160  e  228 

348  7      pos-seu  po'-sseu 
351         3      Deus,  senhor  Deus  Senhor 
361         5      f.  46(=45)'*  f.  46^75)* 
365       22      Nos  66  e  67  Nos  65,  67  o  173. 

369  1       C.  VIII:  2a  Vinheta.    G.  VIII:  2  a 

370  16      Mais  Ma[ijs 
372       27     *1V.  Traduzido  por  Bellermann,  p.  13. 

382  16      mais  ma[i]s 

383  5      digu'i  dig[u]'i 

387         1       a  VIII:  4/S  Vinheta.     C.  VIII:  4/3 

23       25  como  —  26  como  eu  —      2^  como  eu — 2%  ca  Ih' averria 
27  ea  lh'averria 
393        9      mais  ma[i]8 

403  9      est'  est 

404  9      mais  ma[i]s 

411         1  C.  IX:  2a  Vinheta.     C.  IX:  2a 

9  preito,  preito 

415        7  ven  ven, 

434  14  mi-aguisou  mi  aguisou 

435  7     *Uma  nota  marginal  ao  lado  do  5°  verso  diz  Q  reffram. 

446  16  *IV.  O  refram  d' esta  cantiga  reapparece  na  cantiga  do  centões 
CB  469,  dei  rei  D.  Affonso  de  Castella  e  de  Leon.  Cfr. 
No  160  e  175. 

454  6    *  Confira- se  a  cantiga  CB  1530:  -áss*  and"  eu. 

455  14    ♦Herculano  aproveitou  os  versos  15  e  16  como  Motto  do  Cap.  IX 

do  seu  Monge  de  Cister. 
459        8      Par  Deus,  senhor  Par  Deus  Senhor, 

486        1       senhor  ,  senhor, 

507        5    *Na  margem  ha  uns  traços  que  parecem  ggg 


—     924     — 

Pagina    Linha  Erros  CorrecçSes 

507        6    *Á  esquerda  do  verso  ha  uma  nota  mal  legivol  cujas  primeiras 

letras  parecem  dizer  a  Johã  de  .  .  . 
509       29     *No  alto  da  f.  71   á  direita  reconhece- se  a  parte  inferior  do 

uma  nota  que  classifica  do  mujto  boa  a  cantiga  N»  2G0. 


512 

13 

I.  CV  51  (439) 

.  I.  CV  51  (439)  -  5  CA  no-me 

517 

2 

queiro 

quero 

522 

35 

*E.  Monaci,  Manualetto,  p. 
'wor  no  verso  25 

61 

No  7  põe  li  no  verso  7,  e  coita 

534 

1 

Dos  ogemais 

Des  oge  mais 

541 

14 

*Traduzido  por  Bellerraann 

P- 

13. 

550 

3 

senhores 

senhores, 

553 

10 

*  Traduzido  por  Storck,  Aus  Portugal  und  Brasilien  No  36. 

560 

1 

Se  m'e]a  min 

Se  m'er  a  min 

578 

30 

a  nota  guardado  he 

a  nota  e  por  este  se  disse: 
guardado  he 

589 

13 

994  Ws 

993  bis 

600 

1 

vos 

vus 

611 

14 

Wo  ruht  begraben 

^\o  weilt 

636 

20 

Oenevra  achou 

Oenevra  o  achou 

665 

1 

*Ha  erro  na  contagem  dos 

versos  (um  minus  de  dois) 

679 

3 

En  tanto 

entanto 

703 

10 

en 

én 

709 

8 

Este  ca  talvez  signifique  qu 

'á. 

717 

1 

Por  Deus  Senhor 

Por  Deus  ^seniior 

726 

9 

en 

én 

734 

15 

peccado 

pecado 

743 

9 

392—397 

De 

Pêro  Velho,  de  Tavoiroos 

392—395  De  Pêro  Velho  de 
Taveiroos 

396  De  Paay  Soares  e  Marti m 
Soares 

397  De  Paay  Soares 

770 

3 

catava 

catava. 

771 

14 

[por]  que 

[j9or]  quê 

775 

9 

conhocistes 

cousistes 

781 

13 

veesse 

veesse 

823 

1 

querades 

que[i]rades 

842 

5 

farei* 

farei  ? 

6 

coraçon 

coraçon. « 

845 

3 

mi  assi 

mi  -  assi 

848 

8 

amigu' 

amigu', 

864 

21 

Decasyllabos 

Dodecasyllabos 

869 

3 

todo'  los 

todo' -los 

906 

6 

en  ben  fiz 

é  ben  fis 

Buchdrackerei  des  Waisenhauses  in  Halle  a.  S. 


O 


BINDING  SECT.  MAY     3 1972 


CV2 
Oi 
IO 
00 


o 
u 

Cd 
o 

l>» 


Ti 


(d 

3 


o 

PiS 

o 
ca 

(b 
O 

M 

< 
z