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H I S T O R I A
PANEGYRICA
DOS DESPOSORIOS
D O S
FIDELISSIMOS REYS
DE PORTUGAL,
NOSSOS SENHORES.
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1
F A S T O
HYMENEO,
O U
HISTORIA PANEGYRICA
dos Defpoforios do^ FideliJJimos B.eys de
Portiigalj noJfosSenhorcs^
D.JOSEPH I
D. M A R I A
ANNA VITORIA DE BORBON>
qtie (kdica , c conjagra a mefma Fldelijfima Magejlade , da
Rainha noffa Senhora ,
Fk JOSEPH DA NATiVIDADE>
Fregador Geral da Ordetn dos Pregadores , na Provin-
cia de PortuiaL
o
L I S B O A.
Na Officina de M A N O E L S O A R E S.
Anno de M.DCX: LII-
Cojntodai as /icenfas nccejfarias^
V.
--'SU:
.<i .1
SENHORA.
E ainda a penna de hum Clau-
diano , qtie mmca Je aparou , tmn apurou para tao
alto ajfumpto , qualo que hoje mprendo , no Epitha-
Idmio
■■n
Idmio , que tao eloquentemente dejcreveo dos Dcfporo-
rios da Impcratriz Maria , mulher do hnperador Ho-
norio , fo 710 nome igual , e em todos os ?nais dlujlres
predicados , inmnparavelmente . inferior , e vencida
de V. Magejlade : Se ainda , pois , huma tao eloquen-
te penna , apenas poderia fervir para exprejfar hum
tao alto argumento \ hem certo he , que muito menos
acerto fe pode prometer ovoo dehuma tao rajleira ^ e
tao humilde , C07710 a mmha.
A grandes emprezas , fo chegao for^as gran-
V des. A esfera , nao defcanjou fobre homhros de Pji-
gmeos , fimfohre os dos Gigantes , da eftatura , e do va-
lor , quaes forao os Athlantes , e os Hercules. A's
aguias , he , quefo he dado regiftrar ^nais de perto
os raios do Sol. Os Alexandres , fo fe deixao retratar
. dos Apelles : para celehrar as Juasproezas , he necejfa»
' rio que rejufcitem os Homeros.
Ainda af]im\ 0 aJfeBo defiel VaJJallo de V. Ma-
geftade , ate infunde animo a minha i^ifufjiciencia , pa-
ra ajpirar a deixar recommendada h pofteridade nefta
.Obra y amais util ^ eamais glorioja allianca ^ que
ja mais contrahio a Coroa Portugueza , 7ned/(Wii' os
Reacs Defpoforios de V. Mageftade cotn EiRey nojfo
Senhor. A.jfmi 0 ejnprendo , em jufto dejpique da omif
fao^ que vaipor 7nais de vi7ite e tres amios tem havi-
doy nao a havendo alias emfaHos de tanto 7nenos mo-
7nento , nos eruditijjimos talc7itos , com que tatito fe
( , N enfoherbece , e illuflra efte Rejno , e a qucjn co7npetia
O Coneio Doii- inais de pifti^a efte e7npe7iho , que atequi nao nos te^n
d° acSade d?Por^ ^^^^ ^ ^^^ ^ ?«^j;/(?r gloria defte Rey7io , 710 igualmetite
tf>, Manofci dos hcroico , quc feliz Co7tJ'orcio de V. Mageftade , cotn
Keys Bernardes , £//?^y fjofto Sc7ihor , a auc hum doutiiftmo Orador
110 Sermao , que t /• /\ ^ i^ j. ^ ►^ J^..^ „
pr^gou na mef- Eva7igelico ( I ) 7mo acDOU 7ncnos propor^ao dvn^ro
imCithedtai dos dsis /imites i cjue Jc podc^n pcrmittir ^ que osfa^radfis
rios^e aTa^Ma.' I^^fp^^fi^^os da Mqy de Deos , e feu Caftifmo Efpofo,
geftades. de cujas altijjimas virtudcs , aljim como nos 7wmei , V.
Ma-
Magefiade ^ e ElRey nojjo Scnhor ^ fao tao ejchreci'
dos mjftadores , com taojingular exonplo , e edtfica^ao
de feus Vaffallos.
Dejde que o Tejo , cofnegou a fer tanto mais
vcjttajofo ^doqtte o Man^anhres^ em poffutrmaior pre^
ciojidade rtas eflupendifjimas prendas da natureza , e
dagi-aga de V.Magefiade , do que nasjuas tao decan-
iadasareias deouro, que ainda naojao baftantes pa-
ra numerallas , nao deviao osjeus Cysnes, por.qmfn
elle ate deixade invejar ao mejmo Ca^ftro ,ficar taoji-
lenciofamente omifjos , comoje achaffem nasjiias aguas
a propriedade , que a Fahula tanto encarece nas do £<?-
thes.
Mas eujSenhora^ eu me defvanego muito de Jervir
de cxemplo , e de incentivo a engenhos tao fuperiores ,
eacujos efcritos as inclytas prerogativas ^ com que a
Mao de Deos prendou tao diftinBa , e Realmente a V.
Mageftade , nao canfarho de dar huma materia ignal^
mente inceffante , que glorioja.
Vor elles Jerao mais cofnpetentemente efcritos
fios Anfiaes Portuguezes 9 melhor differa da fnejma
Faffta , cofn letras , e ainda mais , cofn Jrazes de ourot
os quatro mais afjinalados dias que virao., 0 Maticana-
res y oChia, e oTe]o ■., os dias de 31. de Margo de
1 7 1 8. 19. de Janeiro , e 12. de Fevereiro de 1729.
€ 7. de Setemhro de 1750. fauflifflfnos para 0 maior
efplendor , e felicidade da Monarquia Portugueza ,
cofn 0 Nafcimefito , Defpoforio , Efitrada , e maior
Exalta^ao , e Soberafia regalia de V. Magefiade nefta
Corte ; porque fendo-o em tudo 0 mais , fo naoferia
grande fe Ihe Jaltaffe ofer esfera de tafita grandeza , e
Mageftade.
Ja 0 dta de 31. de Margo fe promettia afeli-
cidade -, egloria de fer deftifiado ao Real nafcimento
de V, Mageftade com repetidiffmos prefagios , que ihes
auguravao hmna tao augufta excellencia. Unicafnen-
te
( ^ ) te era tido o mefmo dja por infauflo entre cs Ca/decs{:)\
Sacroprophanum fe forem efte abujo Je cojfjervajje ate eftes tempos , p-
t.2. ad diera 31. caria ccftando dejde 0 Jelicijimo dia , em qne V. Ma-
I\iaitii. geftade appareceo 110 mundopara 0 illijlrars ao vKfrno
tempo^ em que elle tambemijegtmdo alguirtus- opir.loens -^
( 3 ) liajcia ( 3 ) ; e mui jufto era , que, aivda (jue Jeja tido
Ibidem, pe/o u/timo 1 que fecha 0 mez de Marfo , pe/a dignida'
de a que V. Mageftade com ofeu nata/icio 0 exa/tou ,
fojfe oprimeiro de todos.
Larga materia havia para difcorrer fohre as
prerogativas defte tab grande dia , horojcopo mui
Francifcus Jun- P^^prio de grandes Principes > e Princezas , como
«ainus; f peculum ajaz fe vio , h/em de muitos outros , nos nafcimentos
Aftrciogig; t. 2. ^Jq^ Maximi/ianos Imperadores ( 4) ^ f nas Catharinas
Kalendarium Al- , r> , > ^ /^^V/- -^ //
troiogicum. de Druges [s)t e em que ate najcerao para melhor
coroa , porque eterna , t g/ortofa^ as Richejas , Rai-
(5 ) nhas de Hungria ( 6 ) ; mas que mais he neceffario di-
^ ^™' , zer , fenao que V. Mageftade , que he huma animada
>. ^ V co//ec^ad de tudo 0 que /jit de bom , e de grande em ani-^
Afta Ssndlbrum mos Redes •■, e/ogio , que tanto maispretence dejufti-
gi.Martii. ^^ ii^ incomparaveis virtudes de V. Mageftade >, do
que a quem a /ifonja de Q/audiano impropriamente 0
aitrihiia ; acahou de aperjei^oar as pre/jeminencias
de /ntm tao augufto dia , nafcendo para a Coroa > e
para 0 coroar.
Immenfo foi 0 /uflre , qtie c//e adhnirio com
huma g/oria tao inacceffive/ , e nao explicave/. Ofe-
/icifjimo progrejjo da invio/ave/ paz , em que [mediante
os Redcs Defpoforios de V. Mageftade , cow E/Rey nof-
fo Senhor ., coin que p/ena7nentefeconftrmou) tatitohd
fe conjervao , e que a Divina Bondade queira dig-
' nar-fe de perpetuar as duas Coroas Catho/ica , e Fide-
( 7 ) iijfima , parece^ que jd em outro Jeme/hante dia , cor-
P. Francifco de rendo 0 anno ^(? 1 37 i.foi augurado naspazes , que en-
nrHiftLdco.^sT ^^^-/^ eftipu/draoentre os Sen/jores Reys D.Henrique H.
ce Marijo. * ' de CafteUa , e Q. Fernando de Portuga/ ( 7 ).
Ate 18.
yite i8. de fajieh'0 de 1729. foi oC/iia hum (.^\
rio y ajjim como de peqimio cahedal y de nao grande nren"^,'^^ o^u^uos
iiGme \ mas defde 0 diajeguinte , 0 comegon ater r^o aiiegados por
grande , quepode competir com 0 meffno Nilo. Nunca fo'^'^^ ^^LTrir nla'
elie vio y como naqueile anno ^ madrtigar tao cedo a ip.dejaneiro.g.i!
Primavera, entraiidopela mefma jurifdi^ao da hritmal
quadra do Inverno. '^ SocratL^^ Sigo-
Triunfavao nefte dia de triunfos ( tao proprio nio, eoutrcslsi.
de exaitacoens , como 0 podem teflemunhar no Im- Jy^^^'^^!,"?^. '^^^'
perio do Occidente os Grandes Theodofios (8), ^<^ meimodia,^,^/^
do Oriente os Arcadios ( 9 ) ) , os antigos P.omanos , ( 10 ) "" ^ ^
em inemoria , e ohfequio da vitoria , que nelle ohteve ^^P°^o»f"pra cita-
Paulo Emtlio dos tarthaginefes ( i o ). 0 epitheto de dia ' ^ ^ .
de triunfo , Ihe vem como nafcendo ■, pois neiie\ ate a FrancKcus Jun-
Fe triunfou na morte do impiijfmo Henrique VIII. de ^"lus, fupia cita-
Ingiaterra ( 1 1 ) ? cabal imitador de hum ftdi(^ Apofta- ' ^ j ^ ^
ta , como amhos indlgno^ do caraBer da Mageftade. Fr. Leao de San-
Nao fendo inenos triunfai efte diapara a noffa Lulita- J^ ^^'f.Z^l' ^"*
fiia , pois nelle poz tlKey D. ternanao de Lajtella ae dosnosFaftos,no
fitio a Cidade de Coimhra , que entao geinia dehaixo mefmodia,^.^.
do violento jugo dos netos de Agar (12); nelie alcan- couto^ p^ ^ •
^iiinos hua gloriofa vitoria em Chaul ( 13 )^ ^ fJ£lie outros'aiii mk-
co7iquiftamos em hum mejmo dia , na America-^ a Forta- "^° citados, §. 6,
leza de Altenar ( 14) , ^ 0 Forte dos Afo^ados ( 15) ; ^f „ „ (/4 )
/ '' a ^ • / 1^1 Ff-RafaeldeJE-
tnnegavel , que entre tantos trtufjjos tem tma be?n sus , Caftdoto
conhecida diftingao , 0 triunfo que nefte dia confe^ Lufitano , Mene-
guio 0 amor no Cliia , naquelle igualmente fobera- Reitaurado^^^
«0, que faudofo dia , omaior que jhmais conjegm- tros citados alli
raoasfuas aureasfetas. Implicajicia parecia firmar a "^efmo, §.7.
taz de duas nacoens fohre a tnftahilidade das correntes ^ (/5" )
-'^, , . ^ J f. /' • /; Os mefmos Au-
de hum no , e no mefmo Jttto , que tantas vezes Ibes tores, aiii mefmo
fervira de centro da mejma dijl:ordia ; mas ejfefoi 0 aiiegados, §.8.
diftinBivo , com cjue 0 mefmo amor quiz a(ji?iaiar efte ^ 16 )
grande trinmfo. P- Franciico de
Osfaaos quefe lem nas noffas Riftorias , menos ^rKiSo,^^.'
feiizmente a contecidos nefte dia ( 16 ) , fie podem rc- de Janeiro,
§ piitar
putar pornenhtms ^ contrapezados com tantafelkida-
de , como confegmmos em ter por nojfa Domlnante a
V. Magefade , cujo no7ne de Vitoria , ]a trouxe cortt
figo oprejagio de as con/eguir-mos inteiramente de to-
daa oppojii^ao. e variedade do tempo.e dafortuna. Sotn-
hra 5 ou figura parece qne foi dos ReaesDeJpoJorios de
F. Magellade com El-Rey noffo Senhor > o apffle que no
anno de iT^^^^.fizerao ejnfetnelhante dia os referidos
Senhores Rejis de Cafiella , e Portugai D. Henrique , e
D. Fernando , do Cajamento do Sereniffimo hifante de
Hefpanha D. Fradique , com a Senhora Infanta de
• ^h^h f Portuga/ D. Beatriz (17). Ao taofehz dia de 19. de
outros citados ' ^aneirOy cahio hem ajorte de nos dar a vigelma tercei-
nos Faftos de ra Rainha de Portugal , das que forao dejpofadas co?n
Barbofa.ip.de Ja- jj^rr ^ ^ Senhores naturaes. Nefie dia , de hum
neiro, §.4. x/ ^J' ' 1 rr r 1
mez conJ§grado pelos antigos ao deos Jano , fechou
V. Mageflade com chavcs de diamante asportas dos
Jeus tcmplos , em todas as Hefpanhas.
Qeleherrimo fe fez por muitos titulos 0 dia 12. de
Fevereiro entre as nagoens de maior policta^ efingular'
mente entre os Gregos , e Romanos. Huns , e outros ojo-
lemnizavao cojn mui ejpeciaes diftinpens: osprimeiroSi
Poio.fupr^ citato, fcchando com elle a celehridade dosjogos Olympicos , etn
12. Februarii. que aprendia a exercitar-fe heroicamente a mocidade
O9) da Grecia ( 18 ) ,- e os fegundos ^ illuftrando fefiivameji-
■ . \ te comfachos., e tochas a Cejarea Cidade de Roma (19):
Couto.eFariaal- ^ atnda ficao tamhem aperder de vifta asvitorias^
legados por Bar- que em oittro femelhante dia fizerao as noffas armas ,
verei^o^^s'^^^^" ig^^^^^^^^^^^^ '^^/^ gloriojas , que mais formidaveis no
f ai ) Oriente , nas conquiftas de Vazem , e Datila ( 20 ) ,
Os mefmos,eou- e nas vitorias de Ceilao {21), e de Cota(ii) ; olhan-
trosAutores,alli do para 0 triunfo , com que V. Mageftade cortou 0 Tejoy
g ,_ ^ e entrou nefiafempre fiohiliffima Corte de Lishoa.
(21) Zelos infinitos deo efle maior rio das HeJpanJjas
Cioato.eFariaal- ^^hqH^ tai) glorio/b dia , a todos os outros rios mais
§. 4. ' cekhrados dos P§etas , e dos Hiftoriadores. Parecia-
Ihe,
Ihe ( e affm era ) , que nem dous tao grandes dias , co-
mo elle tlnhci alcan^ado ; hum , quando o Scnhor. e San-
to Rey D. Affonfo Ecnriques o defopprhnio dojugo
Agareno ; e outro , em queje vio re/lituido a fua an-
tiga liherdade na mcmoravel Acclama^ao do Scnhor
Rej/ D. Joao IV. podiaofer comparaveis ao dia ii.de
Fevereiro de 1729. Ojentimento com que chorava. com
todas asfias aguas , a morte de huma Princeza tae il-
luflre , como a Senhora Rainha D. Catharina . mulher
do Senhor Rey D. foao lll.fucedida no anno de 1 558.
em outrojemelhante dia (23) .^ficou cejjando dejde en- t^iVKq
tao parajempre , dejde aquelle dia^ em que Ihefezper- boia- Catnaiogo
der huma tao jufiajaudade ^ huma Princeza , huma dasKamh^s.
Rainha, huma Senhora taofngular, e tao incompara-
vel.
RematQu finalmente 0 mejmo augujlijfmo rio ,
a maior ckva^ao das fuas glorias ^ 710 fempre mernoran-
do , fempre faiifio , fempre gloriofiffimo dia defete de
Setembro de 1750. em que V. Mageflade teve igual
exaltagao do qtie feti Real Efpojo , que entao foi accla^
mado noffo Rey , e Senhor. Conjagravao os antigos ef-
te dia ao 6(?/( 24) , 0 que parece foi augurio de que nel- p^jQ^ fupracitato
le havia de fuhir aojeu mais alto Zenith 0 Sol das Prin- 7. Septembris,
cezas , V. Magejlade. Efte dia pajfoa afer mais tri-
unfd er.tre nos ,por efta maior foherania de V. MageJ-
tade t doque antiguamente 0 era para os Romanos ^
pela vitoria , que alcan^ou de Carthago ( 25) <? Procon- (^5")
fil Cecilio Meteilo. He elle dia tao proprio de nafci-
mentos , e exalta^oens de Princezas , que ate para qne
em hiima das Santas., que nefle dia celehra a Igreja con-
cordaffe , com 0 nome que elh tinha de Regina , a Co-
roa , e a Purpura , Ihe trouxe huma pomba ao temj^o
do feu martyrio aprimeira^ e Ihe deo otyranno Oly-
brio , que a mandou degollar , no feu illuflrijfimo fan-
gucy afegunda ( 26 ). Ethelhurga Santa, Rainha ^paf AaaSanaorum-
Jou tambem em outro dia como efle , taSproprio de naj- 7. Setembris. '
§ ii cimentoSy
chnemos » e exaltagoens de Pnncezas , a fiia malor
afcenfao ^ por htnna morte , qualhavjajido afua vida,
preciojijfima aos Olhos do Senhor'-, porquc 72afco , e
renajceo qual Fenis , para a Coroa do Reyno dos Ceos
(^7) (27).
7. Septembris"™ ^^^ verdade he , que em out?'o dia como ejie
iiajceo aquella deteflavel Rainha Ifahel ( 28 ) , oupor
T A-^^^? ' melhor dizer i 7ezabel de Inslaterrai
Junamus lupra ' -J ^
citato,7.Septem-
b"s. que de taes pays , tal filha fe efperava ;
mas fao tantas outras asjuas excellencias , que ape-
nasfe acha menos caho nasjuas glorias. 0 dia fete de
Setemhro de 1533. em que fiafceo aquelle monjlro da
impiedade , hem ficou revindicado , quando em outro
tal dia nafceo , no anno de 1683. ^ Serenijfima Senho-
ra Rainha dePortugal D. Marianna dc Aujirla. May
benemeritijjima del-Rey nojfo Senhortque parece que nao
nafceo mais que a defpicallo , cotn asfuas altijjimas vir-
tudes de tantas abojninagoens , quantas infamdrao
aquella tao itjdigna Mageflade.
Mas a tnaior gloria defte dia , foi a que elle ad-
quirio no meio deftejeculo , em que V. Mageftade fuhio
ao tneio dia da fua maior exaha^ao de nojfa adorada
Rainha , e Setihora. He tanto verdade , que V. Ma^
gefiade he ttojja adorada Raitiha , cotno prejetitementc
■ fe acabou de ver t tto fentitnento que occupou todo eftc
Reytio tia tnolefiia , de que V. Magefladeje achaja cuni
melhoras ^ e que oCeo tios perpetue , e fe he poffivel ^
etemize.
0 Reyno de Portugal tem tido no Jeu Real
Throno , Heromas tao grattdes , que pode per-
tetider tiefta parte a prefereticia fobre todas as Co-
roas } tnas que tnuito , fe /6 V, Mageflade , que
como eu ja diffe , he hiim epithotne attitnado de
todas as Reaes virtudes , a todas as pode coroar.
Mais
Mais larga foi a mao com fjue a natureza , eagraca
repartirao com V. Mageftade osjetis dons. Em hum af-
pe&o , e em hiim ar tao efpeciofo \ em hum filzo tao
vivo , e confimado ; na arte tao heroica da venat6rta\
na Angelica da mu(ica ; na da hordadura , em que ain-
da que ella nao fofje fonhada , e fahulofa^ aindapode-
ria V. Magejlade levar hum grande excejo a mejma
Minerva ; e em outras infinitas prendas , com que a
dotou^ parece V. Mageftade o Benjamhn daprimeira,
e da fegunda : nao foi menos prendada. V. Magefiade
nas infinitas virtudes Ckriftaas , que tanto nohilttao o
feu Real animo.
Alenor ghria , e menor fantidade naoejpera ef-
te Reyno , e a Igreja Univer/al de V. Mageftade , e da
fua Regia prole , do que aquella , com que tafito a con-
decorarao as Duhis , arvores tao hoas , como o tefte-
inunhao os frutos das Beatas , Sancha , e There^i ; as
IJaheis ; huaspoftas no Altar , outras multiplicando o
mmicro dos Santos com as produc^oens das Joannas ^por
cujos veftigios Je efpera , que irao caminhando as
Sereniffifnas Senhoras Donas Marias j Marias Prin-
cezas , Marias Annas , Marias Francifcas Doro-
theas , e Mar^as Francifcas BenediBas. Em V. Ma-
geftade , Saihora , tornardo a reviver as Filippas ,
Maes dos Fernandos; as Luizas^ dos Theodofios^-de hum
Theodofio , de quem fe efcreve , que nao manchou a
candida luzente , efagrada Chlamyde hautifmal (i^) ; (29 )
as Marias Sofias , e as Mariannas de Aufiria , tao il- Sr^^^"?"?','"^
7/7 - /■ • / a ,.. - /- rr TT j* Jtsiipo de Venca,
luflres , tao religtoJai> -^ \c tao fantas. He V. Ma- m Panegyrico
geftade ( torno ainda a dizer ) hum compendio das dasexequias^del-
virtudes^ nao /6 deftas ^ fenao de todas as ^«^r^^ ^elebMdasem^*
Vrincezas mais preclaras , aos Olhos de Deos , e dos Roma.
homens.
Efta a incomparavel felicidade ^ qiie confeguio
efte Reyno fnediante os Reaes Dejpojorios de V. Ma-
geftade cotn El-Rej noftfo Senhor y effeito befn diverfo
aa-
daquelle , que a Mtthologia nos defcreve ms vodas de
Thetis , e Veleo-i ortgem de tantas guerras , difcordks ,
e ruinas , como com as lagrymas de fangite , com que
fe engrojjavao osfeus cahedaes , chorou o Xamho. Hija
felicidade tao immenjamente gloriofa , queira a Divi-
fia Bondade que a vejamos , e logre?nos , naopor annos^
fenaoporfeculos. Eternos , e infinitos os dejeja a nojpi
amante expeda^ao , e certamente o feriao , Je elles
correjpondejfem aa mmero das Reaes virtudes de
V^ Mageftade.
Fr. ^ojeph da Natividade.
PROLOGO
L E I T O R.
TArde fae a tao defejada Hifloria dos Reaes
Defpoforios de Suas Mageflades Fidelifli-
mas ; mas devera ao feu foberano affump-
to fazer-fe tao bom lugar na aceita^ao
dos Leitores , como fe Ihe nao falrade o fainete da
novidade , que , como he proloquio bem fabido ,
lempre com elJa fe fabem fazer agradaveis os ob-
je6tos. Os primeiros pratos do banquete , ainda
nao fendo dos mais exquifitos , fao fempre de
bom goflo. Todos os que fe vao feguindo , he ne-
ceflario, para ferem bem admittidos, que fe apro*
ximem aos mefmos n^dares.
O arrojar-fe , quem nao he conhecido no
mundo hterario , a huma empreza , que ate def-
cor^oaria aos primeiros Corifeos da hteratura , fem
a^guma duvida , que he temeridade ; mas ver eu >
que engenlios rao elevados como fempre produzio
a noila Lufitana , fe nao refolviaS a recomendar a
pofleridade huma ta3 grande acgao , ao mefmo
tempo , em que o feu exemplo me havia de ate^
morizar , o emprender referir com penna tao raf-
' ^ teira»
teira , memorias tao fublimes , nntes me fez por
hombros a huma dehbera^ao rao aha , coiifiado
no dito do Poera : que afortmia da o feafavarj que
nega aos thnidos , aos audazes. O afiumpro he rao
immenfo , que ainda Ihe vem hmitado todo o ru-
mor da fama , eflreita toda a esfera da doria : fora
Jogo cair igualmente na ignorancia , que na impof-
iibilidade , emprender eu , ou efperar o Leitor , de-
lempenhado cabal , e dignamente tanto proje^o.
Triunfar de impofliveis, fo a Deos ^ como
Todo Poderofo , he dado : fera injuflo qucm pre-
tenda de hum homem , tanto y como da mefma Di-
vindade. Os impofTiveis que ha em compor bem
huma Hifloria , fao innumeraveis. Terei (dizoce-
lebre Padre Feijo ) por hm Fenis , naojo a que?nfor
infallivel em hfia Hiftoria , mas ainda a quem fc li-
vrar dos erros mais notaveis , a que efia prQpev.fo
hiim Hifioriador. O celebre Fenelon , Arcebifpo dc
Gambrai , com fer a verdadeira Poefia;, de tao diffi-
cil acceffo , diz : que tal vez , aijida tem por mais
raro a hum hom Hijioriador , do que a hum grande
Poeta.
Trabalhei quanto me foi poffivel , porque
efla Hifloria fahifTe o menos imperfeita ; mas nem
mefoi pofTivel evitar alguns defeitos , que, excep-
tuando a Sagrada como Obra da Verdade infalli-
vel j nenhuma outra deixa de os ter mais , ou me-
nos.- masnem me foi poiTivel poder evitar alguns
defeitos , e efcrever com toda a fatisfagao de exac-
^ao em algumas partes. O Leitor candido , e be-
nevolo fabera relevar as imperfeigoens defle meu
trabalho .• agora o malevolo , e mordaz , eile em
detrahir _, me fara muita honra ; porque , como
difle com galantaria hum Epigrammatico : Os fnaos
/6 fabem dizer bem _, do que tem com elles algua fe-
Melhanga.
Re-
Repararas , que vai falta efta Obra de hiim
dos feus principacs ornatos ,• iflo he : das figurasy
letras, e infcrip^oens dos Arcos triunfdes , que fe
levantarao em Lisboa, em doze de Fevereiro do fe-
-iicilfimo anno de 1729, dia, em que os Senhores
B.eys Dom Jt)a6 V . e 'Dona Marianna de Auftria , e
os Sereniihmos Principes do Brazil , hoje noffos In-
clytos Sobcranos , concluhida a jornada do Caia ,
entrarao no Emporio nobiliifmio defta Cidade. Os
fitios, emiiqjiie fe erguerao, easNa^oens, e Offi-
cios por cuja conta fe erigerao. Reparo foi efte, que
me nao pailbu por alto ,• mas havendo feito huma
grande diligelicia por vencer efta difficuldade , nao
-.furtio o effekd que eu preteiidia , 4 imita^ao de An-
tonio Rodrigues da Godlta ,■ do Beneficiado Francif-
co Leitao Ferreira , e de outros Efcritores de feme-
Ihante inftituto. E que muito , que eu nao pudefle
defcortinar efta noticia,.;fe^ella jafoi inaceftivel a
maiores forgas ! ^' ■-
Primeiro que eu, experimentoU tambem quan-
to tinha de ardua a mefma difficuldade Fr. Apollina-
rio da Conceicao , da Ordem de meu Serafico , e
grande Padre S. Francifco , na fua Hiftoria de Nofta
Senhora dos Martyres ,• porque affirmando em hum
Capitulo , que ja mais ie executou ac^ao pubhca,
grande , e oftentofa na Corte de Lisboa , em que nao
tivelfe parte o diftrido da Primacial Paroquia da
mefma Senhora , quando falla do referido triunfo,
com que forao recebidos os mefmos SereniffirriosSe-
nhores , di:5 : que naopode achar mais mticla , que
& que Ihe derao pejjoas fidedignas do fitioy em que,
no circutto , que abrange a mefma freguezia , por on-
de as peffoas Reaes entaohaviao de fazer y-e fizerao
tranfito , fe erguirao alguns arcos. A hum Efcritor,
nao menos infatigavel , do que douto eomo o refe-
rido , que como bem he de crer nao havia de per^
§§ doar
doar a diligencia algumaypara confeguir o Em defta
averigua^ao, e que nao pretendia mais , como epa
do inftituto do feu aflumpto, do que defcobrir os
arcos, que namefoia occafiao fe levantarao no am-
bito da referida Paroquia , nao Ihe foi poffivel con-
feguir o feu intento ,• e fendo o meu defcobrir, noo
fomente os mefmos arcos , de que elle pretendia::a
noticia , ienao todos aquelles que fe erguerao por
onde as peflbas B^eaes fizerao caminho, como mais
.diffiicultofo , efpero achar difculpa na tua benevo-
lencia.
Se nem ainda a noticia mais facil de defcobrir
o numero certo dos mefmos arcos , jfc^ode a veri-
.guar, .achando-fe .em humas memoria&jilipreffas no
mefmpiai^p de 29., q forao vinte, eem^outras que
yinte equatro, qiie he aopiniao, a quenosencof
tamos , que muitoque fe care^a da outra por taii^
tas circunftancias, tanto mais recondita, e d.fficil ?
Sem duvida, que nao poflb fer obrigado a mais , do
ique a por toda a boa diligencia j de nenhum modo
a confeguir , o que me nao he poflivel. Aproveitei
todas as noticias que pude , e confeflb ingenuamen-
te as que nao pude adquirir j e ainda das que apro-
veitei,fe achares alguma duvida no corpo deftaObra,
vai ao fim della , que la acharas nas erratas a fua
emmenda , ou desfeita toda a duvida.
Faria efte J^rdlogo hum fegundo livro , fe fof-
fe a apontar nelle todas as outras difficuldades, que
achei nefte trabalho que emprendi. Os monumentos
de que me fervi para a fua conftru^ao , acada paflb
fc encontravao huns com outros : porexemplo, dei-
xando outras mil particularidades : huns tem, que
o tempo , que tiverao Suas Mageftades , e Altezas
najornada doCaia, foi mui placidamente apprazi-
velj outros, que mui deftemperadamente inverno-
fo. Refere*fe a primeira opiniao a D. Francifco Xa^
vier
vier de Menezes , Conde da Ericeira , que di^ , que
trinta e iete dias nao choveo na Realjornada , na
vigefima letinia nota , a eftanca 32. do Poema
que fez peios confoantes do outro da Fabula de
Narcizo , e Eco , do Duque de Montelhano , com
quem falla o Conde^ e a quem excita a celebrar com
o feu felicifllmo numenPoetico a Real ac^ao deftes
Auguftos Defpoforios , nos termos que aqui copia-
mos , com a fiia mefma nota , a margem :
Cama cotno fe ha viflo * en tiempo breve , *
quanto a mll (iglos occupar podla : ^y.dhs nollovid
que aumenta Enero grUlos a la nieve ^ mlasjornadas.
porqtie no ernpane el Sol, no manche el dia.
La avtorcha de Hymeneo inflamma el leve ,
hrumal efpacio de Eflacion tan fria :
devio /a excelfa alian^a , efle dejvelo
a la attencion henevola de el Cielo.
Advirto de caminho , que o computo de trinta e fete
dias , de que faz men^ao a mefma nota, parece erro
dalmpreifao ,• porque a Realjornada , que os Sere-
niflimos Senhores Reys , e Suas Altezas iizerao ao
Caia , havendo iahido os mefmos Senhores de Lis-
boa em 8. de Janeiro , e recolhendo-fe a mefma Ci-
dade em 12. de Fevereiro -no referido anno de 29.
fe come^oUje abfolveo dentro de trinta feisdias. Ou-
tro iiador da mefma opiniao , que nos iaibamos , he
o Doutor Jofeph de Matos da Rocha, que fallando
no Epithalamio que efcreveo das Suas Reaes Vodas,
com o Serenilfimo Principe Noivo, hoje noiro Rey,
e Senhor , diz aifim na Oitava 28. -
Effa eflagao do anno , que inclemente
de chuvas , e -de friosfae annada ,
com vojjo Pay andou tao reverente ,
quejcmpre teve achuva reprejada,
'§§ ii efo
efo ufou dofrto tivremente ; '
porque nao era eftorvo da jornada :
nao forao pois do Inverno dejvarm ,
prender as chuvas , efoltar osfrios.
Julgamos porem a primeira opiniao^ que feguimos>
€ que he bem apadrinhada por mais provavei , mui-
to mais attento que a Poefia para lc enfeitar , e pa-
recer mais venufta , gofta deftas mais agradaveis el^
pecies , com que nao he hcito ornar a efcrupulofa fe-
veridade da Hiftoria , menos que ellas fe nao dem
as maos com a verdade.
Ultimamente, deixando outras muitas circunf-
tancias , direi aJguma coufa fobre o eftylo. Largo
campo me offerecia efta materia para difcorrer ,• mas
a beneficio da brevidade reftringerei quanto mais me
for poftivel o difcurfo. Impugna o muito erudito Pa-
dre Feijo a maior parte das Hiftorias modernamente
cfcritas , a que elle chama Gazetaes. O methodo, co*
mo elle mefmo confefTa , em nenhuma ciencia he
tao difficil , como na Hiftoria , em que os Lucianos,
e Volfios, os Mafcardis, e tantos outros antigOi, e
modernos Meftres della , jamais prefcreverao, nem
era poflivel , os principios , e regras para evitar as
fuas inevitaveis inconveniencias , que nem puderao
evadir os Herodotos, Xinofontes, Thucidides, Poi)-
bios, Procopios, Saluftios, Tacitos, Levios, Mafeos,
Catherinos, e tantos outros Hiftoriadores antigos , e
modernos da primeira clafte : e como o ailimipto def-
ta Hiftoria , he pela maior parte diario , fuppofto
que a maior, e mais luzida parte da Augufta acca5
que celebramos , he a Realjornada ao Caia, dene-
nhum modo nos fora licito difpenfarmo-nos de efcre-
ver diariamente os trinta e feis dias, que comprehen-
deo a mefma jornada ,• muito mais quando nelles fe
vio tao altamente praticado o aforifmo de Apelles,
que queria , que nem paflkJre hum dia , em que os
feusi
feus com-profefTores nao deiraiTem ao menos huma
Jinha ; nao havendo algum, defde 8. de Janeiro, ate
12. de Fevereiro daqueilc fauftiirmio anno, quc nar>
foire cheio de accoens tao heroicas , que poderi.: j
honrar, nao [6 muitos feculos , mas a mefma etcrni^
dade.
Agora quanto a natureza do eftylo , he nota^
vel a differen§a que ha nefla parte, nas opinioens dos
Legisladores da Hiftoria. Nao he elle omaisefTen-
cial deila ; mas ao mefmo tempo todos procurao
quanto mais Ihes he poiTivel o feu maior acerto , e
ornato , rnaiormente quando os tempos eflao ia6
cheios de Leitores malevolamente criticos, queper
huma palavrmha , ou por huma cacafonia imaginaria,
fe fazem intruzos , e feveros Catoens do mundo Li-
terario , em que commummente fao os que menos,
e tal vez , fe nao he na enveja , que nao he menos
ignorancia , nada avultao , ao modo dos rios , que
quando fao menos caudalofos ;, tanto hemaior a bu*
Iha , e eflrepito que fazem.
Trabalhei quando pude porque foffe no eflylo
natural, e feguifle os veftigios dos melhores Hifl:o-
riadores, ao modo que Eflacio quer quefe adorem
os daEneida Virgiliana. Se a minha incapacidade
nao pode confeguir o fim do intento , ao menos nao
fe.m^ negara que fempre he mui louvavel femelhan-
te defejo, e que nao pode deixar deferhuma parte
do acerto, ainda que nao o queirao conceder os Lei-
tores mordazes , de cuja parte, na opiniao' do alle-
gado Padre Feijo > nao fe acha menos (como Ihes
chama o Padrc ) inevitaveis, e infinitos inconvenien-
tes , do que os que fe Ihe offerccem na contextura
da fua compoflcao. O certo he , que hem ponderadas
as difficuldades , que encontra quem efcreve huma
Hiftoria , muito mais Hiftoria do feu tempo , e que
talvez pode chegar amao demuitos Acl:oresdeIIa,
he
he huma das maiores que fe podem ofFerecer a hum
Efcritor y muito mais fe elle nao he do humor de cer-
to Francez , que efcrevendo a Hiftoria das guerras
do Imperador Carlos V. com Francifco I de Franca,
referio do fegundo tudo , o que havia de dizer do
primeiro , e ao contrario.
Poridergdas, digo, as difficuldades que ha cm
fazer a collec^ao dos monumentos , e noticias , em
combinar , conciliar, eefcolher as opinioens menos
confor.mes , e em outras infinitas particularidades j a
de acertar no eftylo , poflo que he a de menos efTen-
cia, nao he a de menos trabalho. Na Franga he uni^
verfal , diz o mefmo Padre Feijo , o capricho , e a
ja6lancia que fazem os feus Hifloriadores na cultura,
e pureza do eflylo. Infignemente diz o mefmo Padre,
que fo podem fer baftantes as pennas dos Fenis, para
bem efcrever huma Hiflorni. Oh quanto he certo !
S6 pennas arrancadas das azas de huma Ave , que
nao ha , podem efcrever hum impofrivel. Prefun^ao
fora logo nuii nefcia da parte do Author , e Leitor
de huma Hifloria, prometter-fe hum, e efperar outro
lograr nella todo o acerto j muito mais em hum tao
foberano argumento. He opiniao do noilb Manoel
de Faria e Soufa : que em tudo erra , qttem fe per^
jiiade qiie acerta em tudo.
Efta grande imperfei^ao , pela bondade do
AltifTimO; ja mais meinfatuou. Humilde, e ingenu-
amente reconhe^o , e proteflo as grandes difficulda-
des do meu aflumpto , e que fao as minhas for^as
as que menos chegao para vencer tao immenfos obf-
taculos. Unica , e cabalmente perfeito , ninguem
abaixo de Deos o pode fer : o que mais fe pode con-
feguir, he crrar hum menos, do que outro. Mas he
tempo de concluir efte Prologo , o que farei , fallan-
do em outros muitos pontos, que podiao ter bom ca-
bimento, mais, do que em hum tambem pretencente
ao eftylo. Bal-
r Baldadamente pretende a melancolia nimia-
mente efcmpulofa de muitos Criticos, ou,por melhor
dizer, Anti-Ciiricosy excluir inteiramente daHiftoria
' as exprefFoens Poeticas. O nofTo Literatiirimo 'Anto-
•- nio de Soufa -de Masiedo diz , dandb a razao ; ' que
nem huMhreve papef,'ou carta ^fcreyerh bem , quein
nao toque de Poeta-y togo muito mais nec^flario fera
efle requifito paraefci^ever huma Hiflbria: qiiehe,
como fica pondcrado , hum dos empenhos mais inac-
cefTiveis de hum AiJchor. Menos no numero , ein
tudo o mais, he aHiftoria huma re6la Poefia, ria
-opiniao de Agathias, citado por VofTio, na fua Arte
i^a Hifloria. Foi opiniao de Alicarnafeo, que as Hit
-torias de Herodoto , e ThucidideSj nao erdld fenaio
huma bellifTima , e brilhante Poefla •/' o primeiro da*
quelles dous Hiftoriadores , Pay , e "Principe de td-
dos elles , foi pondo nos nove livros da fua Hiflori^
os nomes das nove Mufas ,♦ e da Hif^oria do fegun-
do , fe valerao muitosPoetas, para ornar, e a fermo*-
fear os feus verfos. ^ ' ..
Inftituindo Luciano ' rcgras mui excellentes
para efcrever huma Hifloria, tanto recommenda que
feja o eflylo claro, como altiloco, de modo que
cheguc a ro^arfe com o Poetico , miiormente nas
defcripgoens , em que poem por exemplo as das ba-
talhas campaes , e navaes ,• doutrina efla , que tam-
bem fegue o celebre D. Antonio de Solis na fua Hif^
toria de Mexico ,• porque as defcrip^oens , diz elle i
Jao como humas pintura^y que paraje exprimtrem com
mais viveza, e ardor y necejjitao dejerem ma-s colo-'
ridas. Leva Quintihano a opiniao de que a Poetica^
e a Hifloria fao ciencias , que grandemente fe apro-
ximao. Opina Agoflinho Mafcardi na fua Atte Hif-
torica , que a Hifloria pode fer moderadamente Poe^
tica; porque, diz ellc com outros , que nao fao os
feus confins tao afaftados dos da Poetica , que inr-
pidao
pidao^fua mutua cqmniiumca^ao , e f)odcr entrar
. huma na jurifdic^ao da outra. . . ' .uvjin
,;, ,r|,i Sefo(remQs.a.referir- tudo , o que.fobre. efte
"diflame, efcreverao f os qne prefcreverao 'as Leis da
^ Hifto4i.a^...feria.proceilp iiifinitq. O quefica dito ,;he
mui bailante : agora paifaremos da theQrica, a prati-
■ ca.;^ ifto',he , 4q qup diiferao. ps Meftres da Hiftoria,
'ao (jiie Q.{),ra'rap! Jjqjjre^ efte preceito > Qsjque aefcre-
^ ,f 4^a-nQs. primeiramelite' caminho a mefma
Sagra^a Efcritura, que na opiniao de muitos , foi
efcritarem verfo ; e.Authores ir-ui doutos , graves>e
pios Ihes chamao Poema do Efpirito S.into. O certo
Jie.it ^'ri^Iso menos os Canticos de ambos os Teik-
jnentos-,- V clho , ej Nqvo. fao Poeticos, e que inteiri-
jnente g^fao o Pfalterio de Dayid,.a' qujera o Maximo
jdosquatrq maior,es DoutoreS'da Igreja, daos nomes
de S.'mqnides , Pindaro , Alceo, Horacio , Catulo,
f Sereno j o hvro dos Canticos , de quem diz o mef
moS. Jeronymo fer humEpithalamio Piofetico dos
pefpqforios deJESU Chrifto com a fua Igreja , e
muitqs. dos hvros dos Prqfetas. Outros muitos luga-
res do mefmo Divino Poema , fe podiao allegar cm
abono dcfla iqpiniaoj mas-os exemplos que tazem
inais ao noflb intento , fao os dos hvros Hiftoricos
oa mefraa Sagrada Efcritura,.
Manoel de Faria e SQufa,juftificando no Pro-
logo da fua Europa , fobre o mefmo Capitulo, os
ieus efcritos , allega ao mefrao intento que levamos,
Reg,cap,2i.f,ti' eftas palavras do Yerficulo 12. do Cap. 22. do fegun-
do livros dos Reys : Crihrans. aquas de 7jubibus ; co-
mo porem eftas palavras fe referem ao Pfalmo 1 7.
baftarao para exemplo outras duas allegatas de livros
Hiftoricos daEfcritura, alli mefmo citadas pelo re-
ferido Author. A primeira he do Verficulo nono,
r«&.ffl/>. 11.^9, doCapitulo II. dohvro deTobias, defcrevendo a
fefta
fefta que iizera o cao , que acompanhara ao meC
mo Tobias , quando efte fe recolheo a fua cafa , a
familia della. Igneamente he mais Poetica a fegun-
da, e he o Verciculo 39. do Capitulo 6. do primeiro Machab.c.^.f.^^.
livro dos Macabeos , em que refere a illumina^ao
que caufava nos montes o reflexo dos rayos do Sol
que vinha nafcendp , que davao nos efcudos de me-
tal de hims foldados.
Secundariamerie prova o mefmo Faria o feu,
e o noflb empenho com os graves exemplos dos P*
dres , trazendo lugares de S. Jeronymo , e de Paulo
Orofio , que no lugar citado- fe podem confultar,
Tambem nelle fe podem ver as citacoens , que elle,
exceptuando Quinto Curcio , por fer na fua opiniao
quafi inteiramente Poetico, faz ^o mefmo tempo das
paffagens de outros graves Hilloriadores , como Sa-
luftio, Floro, Livio, Apiano, Juflino, Mafeo,e
Joao de Barros , que tao dignamente fe al^ou com
o nome , que por excellencia fe Ihe da, de Livio Por-
tuguez.
Ultimamente fe podia allegar a fi o mefmo
Faria , no feu Epithome da Hijtoria Portugtieza , na
opiniao de muitos, o mais relevante efcrito, que fahio
da fua grande penna ; porque efta Hifloria, he a
reducgao , a profa d^ hum Poema , que elle compu-
zera das accoens dos Senhores Reys de Portugal j
e que elle nao quiz publicar, por haver entendido
que era aquelle trabalho menos conforme aos ele-
mentos da Epopeia , que requerem a unica ac^ao
de hum unico Heroe.
Duro fora de fupportar, que a circunfpec^ao
da Hifloria fe profanaflc com algumas frazes , e me-
thaforas de que ufao os Poetas , -como fe nella fe
chamaffe a primavera aurora do anno , ao mar fe-
pulcro doSoI, e femelhantes,- mas ufar na mefma
Hifloria do eflylo Poetico , principalmente nas def-
§§§ crip^oensj
cnpgoens, comoja diflemos, que aflim o' recommeri-
davao Luciano , Solis, e outros com prudencia , e
modera^ao ,• ifto, como fica moftrado, nao he mais
que fazer o que enfinao os Meftres , e 6 que fizerao
os Profeirores. O eftylo do noftx) tao juftamente efti-
mado Jacinto Freire de Andrade , quem nao dira .,
fuppofta a ftia tao alta eleva^ao , que he filho de
hum verdadeiro enthufiafiTio Poetico ? Henrique Ca-
therino , hum dos mais claros , e felizes Efcritores da
Hiftoria , na grande exa^ao com que provocou ef-
crever as guerras civis deFran^a, nao pode dcjxap
de exhalar em muitas partes, grandes labaredas Poe-
ticas., E que direi de hum EminentiflimoDom A!va-
ro Cienfuegos ? Como fe podera negar , que nao he
mais altiloco Lucano na fua Farfalia, do que elle na
yida, que efcreveo do Santo Borja ?
Agora finalmente , deixando outras muitas
razoens, por nao alargar tanto efte Prologo, direi
alguma coufa relpe6livamente , ao que diz o Padre
Feij6,fobre a qualidade do eftylo daHiftoria. Nao
quer o dito Padre, que elle leja vulgar , nem Poeti-
co. Ao mefmo tempo diz , que quem fe contenta
com o eftylo medio , deixa a Hiftoria fem atra^livo,
e fermofura. Livre defeja a Hiftoria da vulgaridade,
e da Poetica , e mais defte fegundo , que do primei-
ro extremo ,• e como ao mefmo tempo , nem Ihe quer
conceder a mediania , he logo impofllvel , fegundo
a fua doutrina , efcrever huma Hiftoria. Hum Hifto-
riador porem, a que elle he tao addidto , que por af-
fe6to, e carinho , Ihe chama feu D. Antonio de So-
lis, nofeu ja allegado Prologo daHiftoria de Me-
xico , nao exclue nenhum dos tres eftylos que o Pa-
dre Feijo recuf^ A fua opiniao he j que o eftylo
humilde, vulgar, ou familiar, proprio do eftylo epif
tolar , pode ter applica^ao na narragao dos fuceiros:
omedio, ou moderado, proprio d^Oratoria, nas
oracoens,
oragoens, fallas , e difcurfoSj eomais elevado, e
fublime , propiio da Poetica , pode , como ja diife-
mos , ter lugar nas defcrip^oens.
Ao Leitor douto, e candido he que toca re-
folver qual deftas duas e>;^inioens he mais digna de
aceitagao. Reparara para fizer efte juizo najufta
venera^ao , em que o douto Padre tinha aquclle Au-
thor , e tam.bem refle^lira nas palavras que exprefla-
mente diz a refpeito da mefma Hiftoria Mexicana
deSoIis , que fao eftas .- Francta que estanja&an-
ctoja en efla parte (falla na cultura, e pureza do ef
tylo ) Jaqtie a el paralelo fis mas delkadas plumas ,
parezca en campanaju decantadiffitno Teletnaco, que
yo apuejlo a el doble por mi Don Antonio de Soih , co-
?tio fe poitga en mattos de habiles , y defapajjionados
cnticos la decijton.
Refle^iindo-fe agora que oPadre Feijo faz
parallelo da Hiftoria de Solis, com o Telemaco do
Arcebifpo de Cambrai, que ie pretende que feja hum
Poema Epico , huma de duas 5 ou o mefmo paralle-
lo nao efta bem feito , entre huma Hiftoria verda-
deira , qual he a de. Mexico , em que fegundo a re-
ferida doutrina do mefmo Padre Feijo, nao fe pode
admittir o crtylo fublime, ou Poetico ,• e outraHif
toria fabulofa , qual he a de Telemaco , em que ha-
via mais liberdadc de empregar , como de fadlo em-
pregou nella feu Author, oeftylo Poetico, muito
mais tendo , como tem , o mefmo Telemaco a iua
raiz na Odyfl^ea de Homero , de que aflim como da
Iliada , e da Eneida he huma engenhofiflima imita-
^ao , como bem explana o difcurfo preliminar , que
Ihe precede ,• ou , fe o parallelo nao efta mal feito , o
eftylo da mefma Hiftoria de Solis tem muito de Poe-
tico j ou , por melhor dizer , o devia fer inteiramen-
te , para fer ( nao obftante o fubterfugio a que fe pre-
tenda recorrer , de que nefta compara^ao entre a
§§§ ii Hifto^
Hiftoria de Mexico , c o Telemaco fo fe falla refpe-
^ivamente apureza, e cultura do eftylo) compara-
vel ao do Telemaco inteiramente Poetico ,• muito
mais quando o mefmo Padre quer apoftar a dobrar
pela ventagem da Hiftoripc-Je Solis , e neftes termo$
confequentemente determinara oLeitor douto^ fe
pode , ou nao pode prevalecer a allegada doiitrina
do mefmo Padre , quanto ao eftylo da Hiftoria.
Em fim , quando todos os efcrupulos dos Cri-
ticos tivellem melhor fundamento do que as razoens,
expendidas ,• como efta Hiftoria he Panegyrica , e
como he tao fublime o feu argumento, por tudo
ifto me era mais licito valer-me de huma faculdade,
que Ihes concedem os primeiros Legisladores , e pra-
ticos da Hiftoria , e de que raras vezes me vali em
algumas defcrip^oens , e fempre com aquella mode-
ra§a6,que me pareceo mais conveniente , e mais con-
forme aos diilames , e exemplos dos mefmos Mef-
tres ; pelo que efpero, que dos defeitos , alfim defte,
como de quaefquer outros meus efcritos , que eu
nao puder evitar, me defculpe oLeitor judiciofo,-
porque os que mais o fao , como quem bem fabe
que todos , como filhos da ignorancia , igualmente
quc daculpa, eftamos fujeitos a miferia de errar,
fao tambem.os que mais fe comprazem de ufarda
benevolenciai
V A L E.
LICEN-
L I C E N q A
D A O R D E M.
uipprova^ao do M.R. P. Fr. Manoel do Rofario , Meftre na Sa-
grada Theologta , eni os Eftndos geraes da mejma Ordem , Co/t'
fuhor do Saiito Offlcio, Examinador das Tres Ordens MHtta".
res , e ChroHifla da Ordem dos Pregadores , ua Pravincia de
Portvgal.
REVERENDISSIMO P. M. PROVINaAL.
DA fecunda penna do R. P. Pi^gador Geral Fr. Jofeph da
Natividade , nafce efta Fafto de Hymeneo , ou Hiftoria Pa-
negyrica dos Deffojorios dos pidelijfimos Reis de Portiigal,
por vcntura nofla hoje Reinantes. Na6 le limita a fecundade def-
ta pennaem hum fo genero de efcritos; e occupada at^gora era
efcrever Vidas, e Triunfos de Herbes da Santidade , que illuftri-
rao os noflbs Clauftros , e acreditao os noflbs Agiologios , goflo-
famente fe diverte era defcrever o fagrado Hymeneo dos noflbs
Heroicos Monarcas, de cujas raras virtudes, puderaS vir apren-
der a grande arte de Reinar , fem ofFenfa fua, antes com grande
augmento feu , os mais famigerados , que por todos os ieculos ce«
lebrou , com todos os feus claris , a fama.
Tcmou efte Efcritcr por norte a Sentenqa do grande Eu*
thimio : Nozis rtbus , novo cantu cpus ejl. E fe at^qui fe empre-
gava afua penna em Fpinicios, e Epizodios para celebrar triun- Euthm. in PjaL
fos , e gloriofos funeraes de tantos , quantos tem dado a luz nos 97.
feus copiofos livros ; muda agcra de eftylo para cantar Epitha-
]amios , e augurar jd defde o principio os Genethaliacos , ao feliz
Hymendo , que com tanta pontualidade defcreve.
Na6 coube na fiel narrativa defte gloriofo Fafto , declinar
para Panegyrico das grandes felicidades , que a Portugal , eCaf-
lella rezultab dcfte augufto , e feliz Def poforio , por le na5 apar-
iar hum apice do eftylo Hiftorico, que tem por unica empreza
a verdadeira relaqao dos fucefl^os. Efta exada pontualidade (di«
ga o que quizer a nunca fatisfeita critica ) o difpenfou de invo-
car divindades eftranhas , e mentidas , ccmo coftuma/ao nos
ieus defpoforios os Antigos ; epara aqui, lenao fora erro, vinha
inuito a propofjto :
Tu feflas Hymenea faces ., tu gr/aia fiores
Elige , tu geminas concardia neae Coronas.
Maslonge de peitos tao Catholicos invocar tao fabulofas divin-
dades , quando para felicitar eftes Defpoforios Auguftos , temos
ta6 empenhado ao Verdadeiro , e Suprerao Deos , para defempe-
* nho
nhc daquella firmiffima Palavra J nais fiirr.e, e incor\traftavel ,
do que le gravada fora em eternos diair.antes. Volointe, ^in
Jemine tiio hnperium mthi Jlabelire. Promefla Divina , de que nao
l^odem jaftar fe os outros Imperios , em cuja efperanqa eltabele-
ce Portugal todas as fuas maiores venturas. E fe a Divina promef-
fa nao f6 refpeitou ao gloriofo trcnco , mas aos florentes ramos
de tao illuftre Monarquia , para fegurar Ihe a perpetuidade , de-
pendendo efta doprefente, e felizDefpoforio, bem fe offerece
aos olhos , o quanto efte feria do feu Divino agrado j verifican-
^ do-fe aqui o Vaticinio de Ifaias , que ao noflb alvoroqo julga co-
ifaias bz.f,^. fno Hiftorico: Gaudebit Sponjus fitper Sponjam, ^ gaudtbit Ju-
perte Deus.
Cidade fei eu , que tem por Arroas huma fermofifTima
Donzella, mediando entre huma horrivel Serpente , e hum fero
Dragao, reduzindo por media^aS lua, genios tao ferozes , e conj-
trarios, a pacifica concordia i aluzao difcreta ds luas belligeran-
tes potencias , que com o leu delpoforio , le concorddrao em fit'
me , e perpetua allian<^a.
Jad:e-fe Portugal dos feus invenciveis Efcudos , domi-
nantes fempre nas quatro partes do mundo , a que o feliz D. Joao
o I. accrefcentou por timbre huma alada Serpente. Jafte-Ie tam-
bem Caftella de feus ind6mitos Leoens , jurados Principes da
inontanha , a quem a melma natureza tecdo na juga o Diad^ma,
na6 menos pelo valor infuperavel , que pela Real generofidade
que fe hofpeda em feu peitt . Mas para feliz augiuio de ambas as
Coroas , eeterna confedera<j26 de animos taoAuguftos, difpoz
a forte , nunca mais benigna , o felicilTimo Defpoforio da Serenif-
fima Senhora D. Maiia Anna Vitoria, com o noflb ferapre Auguf-
to Principe D.Jofeph, hoje Fideliflimos Reinantes , para que as
. . ■ armas de ta6 belligerantes Potencias , que tantas innuda<;oens
• ;, tem dado ao C^ia , aoGuadiana, ao Guadalquivir , aoTt^jo, ao
Minho , ao Douro , e ao Coa com o fangue de feus fieis Vaflal-
los , e femeado as Campanhas de Portugal, e Caftella com osCa-
daveres de feus metmos naturaes, eagricultores, agora por efte
Defpoforio Augufto fe vejao confederados na maior concordia ,
para ameaqar , e executar o ultimo fatal eftrago a eflas Agarenas
m^ias Luas , que nao fatisfeitas ainda com a Azia, e Africa , e tan-
ta parte da Europa com efcandalo da Fe , c de toda a politica
Chriftaa , querem com dominante p^, pizalla toda , at6 dezempe-
nhar aquelle facrilego penfamento , que ]i hum foberbo triunfar
dor gravo j no feu Euandarte : Donec totum impleat Orbem.
Efte fauftiflimo Fafto de Hymeneo , defcreve o R. p. Pr^-
gador G^ral , Fr. Jofeph da Natividade ; e nelle nao encontro cou-
fa , que offenda a F^ , ou a Religiao ; motivo , porque me parece
muito digno da licenqa , que pede. Vofla Reverendiflima mandora
o que for fervido. Convento de S. Domingos de Lisboa aa. de De-
zembro de i^ji.
B\ Mme9l do Rofmo,
Appro-
\
Approva^ao do M. R. P.Fr. Manoel da Annmciagao^ Mejlre na
fagrada Theologia , pelos EJludos gerdes da mejma Ordem , Con-
fultor do Santo Officio , Examinador Aynodal nefte Patriarcado
de Lisboa , e Pregador da Real Capella dos SereniJJlmos Senbores
Infantes de Portngal.
■RtVfiRENDISSIMO P. M. PROVINCIAL.
MAnda-me V.Reverendiflima veja hum livro , que o R.P.
Pregador Geral Fr. Jofeph da Natividade , intenta dar ao
preio com o titulo, de FaJlo de JHymeneo , e ^ informe com
o meu parecer , dizendo que juizo fa(^o , e que conceito f6rmo
nefta materia ; e obedecendo i ordem de V. Reverendiflima , co-
meqo ji adizer o que entendo, ainda que efta materia de efcritos
he tao efbranha daquellas que me enfin^tao , e eu tambem enfmei,
por muitos annos nas Efcolas.
Entendo , que em tudo he Rdgia efta empreza do Au-
thoi , e que nella foube extrahir huma verdade Catholica das
lombras da Gentilidade cega ; porque fe ella adorava ao feu Hy-
meneo por Author dos defpoforios , e ccn.o a Deos dos cafamien-
tos ; eftes de que o R. P. Ptegador GdraJ Fr. Jofeph da Natividade,
cfcreve, cotn. penna tao aparada, tiveraO pcrfeuAuthor aotao
Regio, como Verdadeiro, e nao Hymeneo fabulofo, noflo Fidelifli-
mo Monarca D. Joao V. que Deos tenha na fuaGloria, emremu-
neraqao das muitas que Ihe folicitou na terra; porque ellefoio
quecom tanto Faflo , e com ofeu ertendirrento tao Regio,co-
nio profundo , effe<3:uou eftes Reaes Defpoforios , e Soberaiios
Cafamentos, em quanto nao pafTaraS da esfpra de contratos , e
Deos foi quem os ellevou a outra mais alta, em quanto Sacra-
mentos : e fe eftes fa6 tao indifToluveis , como perpetuos ; ta6
perpetuos , como inalteraveis, profeti^a meu defejo,ferao tam-
bem os contratos a que fe encaminharao ta5 Regioi Defpoforix)S,
ccmo Sacramentos Suberanos. ''-^^C'
Mas nao pofTo deixar fem reparo , que dando feu Apthor
a efte livro o titulo de Fafto, fe moftre nelle ta5 diminuto, pre-
tendendo claufurar emhuma esfera ta6 limitada , huma emprefa
ta5 Regia , em que o nolTo grande Monatca oftentou tanta mag-
nificencia , como fua , dando tanto que admirar ao mundo com in-
veja de muita parte da Europa ; cuja Regia magnificencia , fe to-
da fe efcrevera, nao fo faria fuar as imprentas , mas tambem gemet
as livrarias com o pezo de tantos livros , quantos fe podiao efcre-
ver em materia tao dilatada , e ainda todo o mundo para acomo-
dallos , feria livraria mui pequena.
Porem ja ouqo que me refponde , como Pr^gador Geral
que he feu Author , com a Efcriptura , ainda que com infinita dif-
tancia, mas nao improporcionada, que muitas grandezas execu-
tou nefta occafiao o nolTo Monarca , mas que nem todas fe pddem
claufurar na limitada esfera da lua penna ; porque tao inimitavel
grandeza naQ felimita: Suntautem, i^alia tnulta qua fecit Jor Joan.zi.f.^^,
* ii atiues.
anneT , quajljcrlberentur perfingulA , nec ipfum arbitror mundum
capere pojfe eos . qai Jcribendi Junt libros.
Nao poflb deixar de me acomodar com efta fua repofta,
porque me lembro daquelle primorofo artificio, com que fead-
mirou no mundo hum preciofo Relogio delineado dentro na
breve esfera de hum annel, em huma pedra tao pequena como pre-
ciofa , em que fe admirava Alexandre Magno , Rey de Macedo-
nia, montado acavallo, acometendo hum Leao com tanta valentia,
que todos admiravao tanta grandeza claulurada em tad pequena
esf^ra; cuja fabrica admirou hum difcreto com eftaletra: =:/«
parvo magna. =5 Com a melma p6de o Author defte livro animac
efte (eu artefadlo tao primorofo ; porque tambera nefte feu livro
fetrata dosencontros dehum AlexandreMagno, comhumLeaS
mais poderofo, quando fe encontrou o nofTo Monarca, com o
■ de Hefpanha ; nao para que hum ficaffe vidoriofo , e outto venci-
do , mas fim para que ambos vidloriofos ficafTem iguaes na gloria
dos triunfos , e devidindo amigavelmente a preza, levafie Hefpa-
nha anolTa Sereniffima, e fua Rainha a Senhora D. Maria Barbara,
ficando Portugal com aSereniflima Senhora D. Maria Anna Vito-
ria por fua Rainha.
Neftes ta6 Regios, como Soberanos Defpoforios , diz o
Author deftelivro, fe paffarao aquellas prendas, que em feme-
Ihantes occafioens fe coftuma6 dar a tao foberanas Efpofas. Daria
o noffo Sereniflimo Principe , ho)e noffo Fidelifiimo Monarca , i
ftia Soberana Elpofa hum annel femelhante aquelle", que tinha
Cefar Augufto, emcuja citcunferencia eftava efcrita, comarte
Tfiais primorofa , a lua Monarquia ta6 dilatada > dizendo a todos
^ue fena6 admirafTem de vetclauluradoo feu Imperio em huma
fcsfera tao pequena»
Cajareus totum compleliitur annulus Orbenti
-j Dejinemirari, claudi tam grandiapayvis.
,■> . .
Daria outro nao menos preciofo aquelle , entao Serenifiimo Prin-
tipe, e hoje Monarca de Hefpanha D. Fernando, a fua bfpofa,
e Serenifllma Senhora D. Maria Barbara , em tudo femclhante
Squelle, queteveo Emperador Carlos V.emcuja breve circunfe-
rencia fe admirava hum primorofo Relogio, que dava horas coni
tao harmoniofo eftrondo, que fe ouviao era feu Palacio i dando-
nos a entender em ta6 priraorofo artificio , que dando as horas em
feu Palacio , tambem daria Leys a todo o mundo , como Senhoc
do Imperio Roraano. DifFe , teria femelhante ao de Cefar Au-
gufto , porque fe aquelle tinha efcrito na fua circunferencia huma
Monarquia tao dilatada ; da Monarquia de todo o mundo diffe
Chrifto ao primeiro Monarca do noflo Reyno : Seria Senbor tao
(d>fi)luto , como dominante dojeu Imperio : e perfuado-me que efte
Sagirado vaticinio, fe vai defempenhando aefta admiravel uniao
da Coroa de Hefpanha com Portugal , arabas de Imperio tao dilata-
<lo , qU^ fe extende por todo o mundo. E nao fei fe naquellas duas
Cocoiis, que SalamSo adunou em humaanel claufucadas, dava a
enten-
entender ao mundo auniaS das noiTas duas, enellas a grandeza
do feu Imperio, de cujo annel fez mimo a Nicaula Rainha.de
Sabba , cjuando entrou no feu Reynoa vifitaloi e profetiza meu
defejo , que o mefmo fe cxecutara nefta uniao de Portugal com
Hefpanha.
Nao digo ^vie a Sereniflima Rainha de Hefpanha feadmi-
rou quando Vio a grande7-a no nofTo Menarca D. Joao V. ou Sala-
mao fegundo, em occafiao de tantogofto, em quele vio aquelle >
enigm^ decifrad(5 ; porque fe nelie eliava efta letra elcrita : Vi£i(f'
rid amoris : neila occafiad o mefmo amor na uniao dos aiteftos di-
vidio as Coroas , mas adunou os fujeitos , ficando a vidloria entre
ambos dividida , mas nos cora^oens adunada ; porque Hefpanha
liccu com a Screnifiima Senhora D. Maria Barbara, e Portugai com
a Rainha nofla Senhora , D. Maria Anna Vitoria.
Nao fe admirou a Sereniflima Rainha deHefpanha de tan-
ta grandeza, quanta com feus olhos vio em nofTo Fideliffimo Mo-
narca j porque como Senhora de tantas , de nenhuma fedevia mof-
trar admirada , raas devia confeifar com a Rainha Sabba, que nem
ametade de tanta grandeza Ihe tinha chegado a fua noticianasazas
da vociferante fama y porque efla nao tinha publicado ao mundo
araetade da grandeza do nofTo Monarca : Non credebam narrmiti- Paralipom. 2.
hus doTKC ipfavenijjem , (^ vidijfent oculi mei, ^prvbafeni vix cap.Q.^.6,
medietateni mihiJMiJfe narratani. porque em publicar tanta gran-
deza , a meima fama por diminuta ficou vencida : Vicijiifamam. E
fenas grandezas do noflb Monarca , ficou a raefma fama vencida,
he certo naopodiao Author defta empj^za explicalla com a fua
penna , nem voar com clla , aonde coiti>luas azas nao pode voar a
mefma fama,
Efta razao baftava para defculpa do Author em fer tao
breve neita noticia ■■, mas nao a d6o mais dilatada, porque nao teve
a intuitiva de tanta grandeza, nem teve a gloria de ver com feus
olho§, como eu tive , no AlemTejo, em que nao f6 fe vio a Cor-
te de Portugal , mas tambem a de Hefpanha competindo huma
com outra na Mdgeilade, e Grandeza; e por n2o deixarem a quef-
tao indiciza , Hefpanha levou a Palnta , e Portugal ficou com a
Vitoria.
Mas para que o Author defla empreza , fe pudefTe livxar da
cenfura de fer tao diminuto na defcripqao della , fe valeo , cora
advertencia difcreta , da Real prote^jao da Rainha nolTa Senhora,
na fua Dedicatoria ; difcorrendo : que fe a Gentilidade cega nos
delirios da fua fantafia dedicava ao Sol fuasobras , para fe acaute-
lar dacenluradas fombras, elle para feJivrar dasfombras dacen-
fura , fe valeo da protec<^ao de tao foberana Senhora, que nafcen-
do , como Bflrella, em Hefpanha , palTou a fer Sol da nofTa Esfd-
ra. Naoreparou nalemitaqaoda ofFerta, porque eila naofeefli»
matanto pelo que dechia , quanto fe refpeita pelo que inculci;
Nem feu Author como Religiofo Mendicante , que proieffa pobre-
za , podia oiFertar coufa mais avultada , em que o fim da obra fe
encaminhaem daraomundo huma breve noticiadetanttgrande-
2a,eafimdoOperanteconfefrarasmuitas, e grandes obriga^oens
de
de que a Religia5 Domiiucana he" devedora , nao 16 ao Mcnarca
que Deos haja em Gloria , mas' tambem ao que ao prefente nos
govcrna; e como eftas mefmas nos impofTibilitao por grandiofas,
bafta que fejao confeiTadas, ja que nao podem fer agradecida?.
Nefta obfa diz (eu Author, fe difpenderao as mais precio-
fas perolas da Real Cafade Auftria ; porquc correrao as lagrymas
dos olhos da Sereniilima Rainha D. Marianna : e com razao )uftifi-
cada ; porque fe apartava de huma filha , que toda era as meninas
dos feus olhos •■, e nao deviao eftes ficar enxutos em tao amantes»
como faudofos apartamentos : nem duvido , que os do nofTo Fide-
lillimo Monarca pagailem naqueila occafiao femelhante tributo ,
afiiftindo a efte apartamento tao precsfo , como voluntario as
Cortes, com todaafua Fidalguia, eNobreza, de hum , eoutro
Reino.
Nao eftranho , antes louvo muito, q o Author defte Uvro fe
moftrafte nelle diminutoiporque difcorro quiz deixar que efctevec
aosGhroniftas do tempo futuro, deftaacqao as maiores grande:ias;
porq fe em defcrever as grandezas de hum Alexandre Magno , di-
zem os Hiftoriadores,q haviao fuar as pennas dos Chroniftas da fua
Vida,como vaticinou fuando,huma Eftatua de Orfeo na fua prefen-
ija,jufto era que efte Author efcrevefte pouco , para q os mais fuaf-
lem muito , quando efcrevelTem as prodigiofas ac^oens do noftb
Alexandre Lufitano D.Joao V. e de quem como (eu filho muito
amado, defempenhara onome dejofeph I. com duplicado aug-
mento , por fer efta a benqao , que Ihe deitou feu pay naquella
ultimahora, em que delle fe defpedia ; e Deos permitta que fe
cumpra efte meu defeio , adim como em outro Jofeph fe com-
Genef. 49. f. 22. pletou a profecia : Filiur accrefcens Jofeph , Jilius accrefcens.
Nem devo fuppor , que efte obfequio por vir tao tarde
deixe de fer bem aceito , fuppofto que nao ignoro poderia agradar
. mais por apreftado , e menos por tao vagarofo , como difle hum
Aufon. Epigram. dilcretoentendimento: Gratia qu£ tarda efl , ingrataefi ■, gratia
•^- ttarnque cum fieri propera , gratia grata magis. Forem mais vale
tarde , que nunca.
Atequi tenho dito , o que entendo ; e me parece fe Ihe
deve conceder licenqa ao Author para dar aopr^io efta fualabo-
riofafadiga, emque nao encontro coufa alguma contraaLeyde
Deos, nera da nofta Religiao Sagrada; e V. Reverendiflima como
Prelado , e Juiz arbitro della , fara juftiqa como coftuma , para que
o R. P. Pr^gador Geral Fr. Jo(eph da Natividade , nao fique fem
eftahonra, nemoReino femefta noticia tao goftofa. S. Domin-
gos de Lisboa 26. de Dezembro de 1751
Fr. Mattoel da Jmmndafao,
Fr.
FR. Silveftre de Santo Thoir.as , Meftre em fanta Theologia,
Conlultor do Santo Offiao , e da Bulla , Examinador das Tres
Ord ens Militares , Prior Provincial da Ordem dos Pr^gadorcs nef-
tes Reinos de Portugal , &c. Pelas prefentes letras, e authoridade
do noflb Officio , concedemos licen<;a ao R.P. Pregador Geral,
Fr. Jofeph da Natividade , para que pofTa dar ao pr^Io o livro inti-
tulado : Feflo deHjiretieo , que foi vifto , e approvado por peflbas
doutras de nolTa Keligiao , deputadas por N6s para o feu exame.
Servatts alits de jnre ft^xavdis. Dadas no noffo Convento deS,
Domingos de Lisboa lob nciro final, elelio aos 2. de Janeiro de
1752.
Fr. Silyejire de Santo Ihomdfi
Prior Provincial. '
Lugar do SeIIo«
Reg. folh. 15-0. f.
Fr. Theodoro de S. Jofeph.
Lente de Vefpera , Secretarib j
e Companhekos
LI-
L I C E N q A
DO SANTO OFFICIO.
Approva^ao do M. R. P. M. Jofeph Troymo , OtiaUficadcr do Sm-
toOfficio^ Examnador daMefa daConciencia, eOrdenif e Sy-
Hodal doPatriarcado, (yc.
ILLUSTRISSIMOS SENHORES.
VI o livro de que trata efta petiqa8 , intitulado t Fajlo de Hy-
meneo;e nelle o incanfavel trabalho de leu Author,em ajun-
tarde taodiverfas partes tantas, e tao exquifitas noticias,
que at^gora nao apparecdrao com tao exada individuaqao.
Semper a Naqao Portugueza , le delempenhou nas occa-
ftoens , que fe Ihe ofFereceraS de brilhar ; por^m nunca com tanta
inagnificencia , ebizarria, como naoccafiao dos feliciflimos Def-
poforios de noflTos Auguftos, eFideliffimos Monarcas. Ecomoo
Author osdefcreve com tanta exac(jao, emiudeza, fervira efta
obra de relpeito aos eftranhos, de veneraqao aos domefticos, e de
obfequio devido aos Reaes , e Auguftos Defpofados.
Nem efta Obra deve parecer menos grata , por tardia; pot-
que fuppofto que os Defpoforios ]i torao celebrados hd annos ,
nao perderti os goftbs por antigos , quando ainda fe confervao , e
melhor3o na dura(^ao dos feculos. Se eftes Defpoforios forao pa-
ra nos tao alegres , e feftivos quando ainda eftavao em flor , como
o nao ferao tambem agora , quando jd 6s vemos carregados dc fru«
tos excellentiflimos. Efte novo gofto , que agora fe nos repete , de •
vemos agradecer aoerudito, e diligente Author, que aflTas fe tem
leito conhecido pelos fingulares efcritos , com que tem illuftrado a
Religiao Dominicana , enobrecido oReino, eenriquecido pOr-
be Litterario. Pelo que, nao contendo efta Obra coafa alguma con-
tra aF6, ou bons coftumes , fe faz merecedora da liccnqa que pe-
de o feu Author, para a communicar ao publico. Vofl^as Illuftnflimas
mandardo o que Ihes parecer mais acertado. Lisboa , e Congrega-
^ao do Oratorio 13. dejaneiro de 175:2.
Jojeph Troyano.
Vlfta a infornia^Qao , p6de-fe iaiprimir o livro de que fe trata ; e
depois voltatd conferido , para fe dar licenqa que coira , lem
a qual naococcei^^. Lisboa 14. de Janeiio de 175-2.
Fr, Rfidr,: de Lmcajk. Silva. Abreu, Ahmida, Trigojo,
LI-
L I C E N q A
DO ORDINARIO.
'Approva^ao do M.R.P. Mefire Sinia^ de Almeida, da Sagrada
Companhia de JE6US,
EXCFLLENTISSIMO, E REVERENDIS. SENHOB.
ESte Jivro intitulado : HiJIoria Pavegyrica dos Deffojo-
rios dos lidelijjiir.os Reys de Vortvgal, noffos Senhores
D. Jofeph 0 l.y e D. Maria Anna Vitoria de Bourhonx
tiecrmpoflo peloP. M. Fr. Jolephi da Natividade , da iUiiftiiflima
Familia dos Piepsdcies, c,ue ra5 ccrtente 16 ccm Juftrar ra tsf^-
ta de Fr^gador G^ral , titulo , e hcma , que ircrec^o ccm delem-
perho do ieu rarotalento, e ccm crcdito defualegrada, epiofa-
naeiudi^ao; mas pafTando arrcftrar ra applicaqao da Hiftciia, 0
zelo , ccm queprcciira o maior efpiendcr de (ua Rcligipo, abun-
dantillima daquelles /ftroi, qi:ede7oi& biilhac ncCeo; d^oa luz
ccm a peifeiqao que Ihesfaltava o Quinice Stxto Tcn.o do^^/o-
iogio DimihicdKO , e ccntinua a dar muitos cutros da mefma Obra,
empreza gioriofa, que intentajao, mas nao ccnfcguirao , outios lin-
gulares engenhcs damefmaFamiha, May fecundiflima deftasra-
Tas producccens. Tambem addicicnouduasve^es, efezeft^mparo
\[\ro:Ffcada Myjlica de Jacob. Ccmpcz mais outro admiravelJivro:
Memcna hijlorica da milagrofa Imageni do Senhor dos Fojfos dofeu
Ccmcnto, ^t nde inclu jo tcda a f?grada Ekiituia , na hjn ticfaopa'
ra Vifitar osPaffos do mefmoSciilor ,em quepara maior eftima(jao
dafua litteratuia, mcftrcu afpplicaqao, que faziaa viitude,
'• Agoia rtfte livro , que quer daraopielo, tfteiece huma
•ihdividua] rel£<5£o daGiandeza, veidedeiiarreinte Rtal, ccmque
■fe celehr^rao cs Ai:gi£ics Defpofoiics dentflt s Fidtliflnrcs Mo-
■narcas , que hoie leinao , e Decs guarde pci felicifl mcs, e dilatadif-
fimos srnos. Ee el>anarra<j5o laodefcmbsiacada da iiecnja, que
bem le ve reprinio o Auihcr tcdo o impeto natuial da eiudi<;ao, e
eloqucncia , ccm que ct fti ma efcrever, f6 para que ^ao parecefte
dizian ais \ ccnheccndo , diri.a meros tcda acMprtflao , ccm que fe
pode expiicar a maior magnificercia , libeiiilicace , e gvf ndeza.
Parece tarde fahir sgoia cfta rcticia ; mas cs jftcn.brcs
deixaopor muito tempo piezoscs fentidos, caperna lufjrenia pa-
ra oselcrever. Pafl^rao ja vinte etiesarncs, dcj ois que Pcitugal
cplaudio afua maior felicidade, evtntuia nefte amcrclo vinctJo,
e perftitiflnia vmiao ; engora fe da a verefciita efta mcmo:ia,que
znda in prefTa em nrfios coraqoens , defdeaquelle fermofo , eale-
gie dia. Mas efta dem.oia em nada dininde a gloria , que rezulta a
efte graviflimo .'^uthor,deferoprimeiro queefcreveo, parafeef-
tampar efta nojicia, nao 16 no papel , que fe offcrece aosolhos
*.* de
detodosi mas paraTeiirtprliiiir na metnoria daquelles quenao che«
garao a ver pafTar p Sol , de luim a ciujro emisfdrio , ficando no que
deixou, o elplendor, e a luz (em diminuitjac. He efte Author pri-
mei-ro , e fera tambem unico i porque iienhuni .outro efcreveri
( f 6 efcrevendo o mefmo ) de tao altq , e foberSrto alTumpto com
tanta individuaqao , e certeza. Elle efcreve com verdade , (emaf-
feiita^ao ; e por ilfo com maicr credito. Elle dizfem eftrepito d^
hyperboles ; e por ilTo com niaior authoridade. Elle conta com
eftylolincero ; e por iflo com maior eftimaqao. Elle expoem com
gravidade religiofa ; e por ilTo com maior refpeito aos bons coftu-
mes. Elle finalmente relata com virtude fabia; e por iflb fem a mi-
nima offenla da verdadeira Fe.
Efte he o meu parecer; e tambem fora, que defte examip
fe deffem por abfolutas, e ptivilegiadas todas as Obras defte fab^
Eferiptor , que nada diz , nem pode dizer contraa F^ : doque (ad-
abonados fiadores as admiraveis circunftancias, com que le fei
digna defta attenqao a lua ReligiofilRma pefiba. Todos os Sapien.-
iflimos filhos do Sagrado Hercules da Igreja S' Doraingos , cotn.o
mefmo efpirito de leu gloriofo Pay, tem fido Athlantes da F6i fuir
tendo-a, e defendendo-a , como Elle, que afogou, epartio as
mais venenofaS Serpentes da herefia com as poderofaa forqas de
Inquifidor G^ral dpSanto Officio,; <^ue o feu zelo daEemferec^o
•priraeiro ; ccmo conlta de hum Breve da Santidade de Sixto V".
■paffado a if.' de Abiil do anno de i^S^. em honta , e gloiia de^,
Pedro de Vcrona , tambem Inquifidor, e por iffo Martyr glotiofo^
neftas palavias : ^ Imo zerb iniitatmieaccenfus B. P. Dotniuici ^ ut
ilte perpetnis , ic^ cdnciombus , t^-difputatiomun congrejjibus, cffi-
cioqtte Inqttifuionis ^ quod ei prtmhn PracleceJJares iwjiri Innoctn'
tiusIII. lir Hononitis IILcommiJi^rane contrcvbarcticos uiirabiliter
Je gejjit. \ n v: l; - .
' ■ Pordm o P. M. Fr. Jofeph 'SaNati^idade, naofo porefta
regalia de filho de hum gloriofo Pay , a quem a Ft^ deve o maiot
zelo , erabem fofle exceptuado , para correrem fem exame as fuas
Obras ; mas o Ceo, parece , Ihe deo efte privilegio, quando quiz
que o dia, em quele purificou na fagrada fonte do Bautilmo, foffe
o de vinte e nove de Abril , no qual a Igreja folemniza o Triunfo
daFena conftancia , com oue deo a vida pcr ella S. Pedro Martyr,
efclarecido Ornamento damefmaReligiao , deque lieFilhoefte
feu Afilhado , q alfim Ihe podemos chamar, nao f6 porque foi bau-
tifado no feu dia ; mas porque o favcreceo tanto com a fua ben^ao,
eprotecqao, que ate o chamou para filho damefma Rcligiao, fua
May. Fez-fe efte adlo do feu bautifmo na Paroquial Igre)a de S.
Nicolao defta Corte , Santo, que delprezando o Edido de Diocle-
ciano , e Maximiano , pregou f em receyo da morte , e da tyrannia
a Fe de Chrifto, pela qual padeceo todos os rigores dehum penofo
Ccirccrc*
Finalmente nafceo cfte Author para a fua Religiao , em
que tanto cretcdo, quanto avulta , € m trinta de Novembro , auando
veneramos a Santo Andre , que nao 16 foi o primeiro Apoftolo que
ouvio a Doutrina de Chrifto ; raas o que fez illuftre a verdadeira
Fe
F^, com os refplandoies das luzes, qOe o cercirao na Cri^ , em
que morreo pot. ella. Gomtodos eftes ftiaes.nioftrou oCa),que
nada p6de dizer contra a F6 nas fuas Obras, que.m nafceo tao favo-
recido da mefmaFc, ou dos Santos que valerojamenteja defende-
rao. Efta he a razSo , porqufc eu differa ©Vd^naffe V. fikcellencia ,
que todas as mais Obras defte fabio Elcriptor, tiveffem o privilegio
de nao fereJn examinadas paraefte fun.rV. Excellenciamandarao/
que for fervido. Lisboa, S.Roque , Cafa Pcofeffa da Corap.anhiau'.
de JESUS, 24. dejaneiro de 17521
Simao de Almeida.
\T Ifta a informaqao , p^de-fe imprimir, e depois volte confe^>I»
do, para fe dar liceniga p^ra cprtef. Lisboa 24. de Jajeir^ do^
■D. Jofeph^ ArcehiQfo de ^acedeti^eft. .■t
L I C E N q A
DO DESEMBARGO DO PAC,0;
Approva^ao do M. R. P. M- Filippe Tavares , Qualificador do San-
to Ojjicio .) hxamijiador .das Tres Ordem Militarcs , Acaddmi-
.jcq do numero da Academia Real da Hi/iovia Portugueza^ -
S E N H 6 R,
VI o livro intitulado 1 Hi/ioria Panegyrica dos Dejpejorios dos
noffos mnitas vc:^cs ejlimaveis Monarcas, os SenhifreSy D. JO'
Jeph 0 l.e D.Maria vlnna Kitx)r^_ de I^ourhoif i^que compoz , e quet
dar ao prelo o P. M. Fr. Jofeph da Nativi dade ; e attendendo a ma-
teria , e eftylo , elegancia, e mais requ|fitos que ornap efte Volu-
me, acho fer Obra muitas vezes grande, Affim que, ajudandp-fea
iftnnaocontercoufaalguma contra as Leys , eregaliasde V. Ma-
geftade , julgo fer jufta, que fera de utilidade a concefTao quefc pe-
de. Efte o meu parecer. Lisboa. Real Hofpicio de N. S, das Necefli-
dades 28. dejaneiro de 1752,
Filippe Tavofes.
QUe fe poffa imprimir , viftas as ]icen<;a3 do Santo Officio ,. e
Ordinario ,• e depois deimpreffotornara a' Mefa, par/i fe con-
ferir, tsxar , e dar licehqa para q*ue ccrra , e fem iffo nao cor-
lera. Lisboa'7. de Fevereiro de ^7^2.
Marqticz PrefuL Fa& de Carv. Almeid. Carv.
** " LZ-
L I C E N q A S.
DO SANTO OFFICIO.
ESta conf6rme com o feu Original. S. Domingos de Lisboa 18,
de Setenibro de i^jz.
• •*■ Ff' Manoel da Annttncia^ae.
Jl 0*de correr. Lisboa.,19. deSetembrode 1752.
Fr, Rodr. de Lancajir. Siha. Abreu, P4es. Trigofo.
Silmr» Loho, Cajlros
I) O O R D I N A R I O.
EStA conforme corn o Original. Lisboa. S. Roque ; Cafa Pro-
fefla daCompanhiadeJESUS, 20. de Setembrode 17^1,
SimaS de JUmeida.
Vlfto eftar conf6rrae com oOriginal, p6de correr. Lisboa.
20. de Setcmbro de 1752-
D, Jojeph Arcebijpo de Laeedem.
D O P A C, O.
ESta conforme com o Original. Lisboa. Congregacao do Ora-
torio , no Real Hofpicio de N. Senliora das Neceflidades 21. ^
de Setembro de 1752.
Filippe Tavares.
Q
Ue pofla correr ; e taxa6 efte livro em papel , cm oito cen*
tosreis. Lisboa 23. de Setembro de 1752.
Marquez Frefid. Va» de Carv. Gmes. Carv. Mci&.
HIS.
Pag. I
HISTORIA
PANEGYRICA
DOS DESPOSORIOS
D O.S :S E RENISSIMOS
P R I N CI PES
DO BRAZIL,
P refememente Fideliffimos Rejs, e Senhores nojjni,
L I V R O- L
S U M M A?lL I O.
ROPOEM El-Rey QatU-
iico Filippe V. a El-Rey
I Z>. Joao V. de PortugalyOs ,
ReaesCafamentos do Priu-
cipedas Afturias y cQfn a
Infanta . de P-ortugai D.
Maria Barbara y e Jo
Principe do Brazil^conis
Infanta deCafteila , D. Maria Anna Vitor^a
de Borbon. .Aceitaa-fe. .^omeaye ^hnipoten-
ciario , que parta de Ljshoa a Madrid ,a tra-
A jm
\
Z Hiftoria Tanegyrica dos dejvoforios
tar , e concluir efle negocio. Saefnfuas Magef
tades Catholicas a receher a Infanta D. Ma-
ria Anna Vitoria de BorbGnj chegada de Fran-
^a. Entrao com ella em Madrid. Applaufq
com que he recebida , e feftejada. Chega ^o*
Jeph da Cunha Brochado liCorte ds Caftel-
la. Publicao-fe , e feftejao-fe , ajfm nefta ,
como na de Portugal eftas Reaes allian^as.
MRatificagao dos Artigos Pre/ifninares nas '
Cortes j de Caftella , e Portuga/. Notnea Sua
Mageftade Catho/ica os officiaes dofervi^o do
Principe das Afturias, Feftejos cofn queje ap-
p/aude 0 deciftto quarto anno da hifanta D.
Maria Barbara. Reco/he-fe o P /efiipotencia-'
rio a Lisboa. Nomea E/-Rey Catho/ico por fen
Etnbaixador Extraordifiario , a Corte de Por-
tuga/ i 0 Marquez de /os Ba/bazes. Notnea-fe ,
eparte por Efnbaixador a Madrid t o A^ar-
quez de ^branta. C/^ega a nojfa Corte o
Mctrquez de /os Ba/bazes , Efnbaixador Ex-
traordinario de Sua Mageftade Catho/ica. Tcm
audiencia das Pejjoas Reaes. Va/ta o hiviado
Afttonio Guedes rereira a Corte de/-Rey Jeu
-Amo. Redugao dos Artigos Pre/imifiares do
CafafnentQ do Principe do Brazil cotn a hj-
fattta D. Maria Anfta Vitoria de Borbon , a
Tratado matrifnonia/. Tratado do Cajafnefito
do Principe das Afturias com a Infattta D.
Maria Barbara. Recebe o Priftcipe do Bra-
zi/ , jutttamente cotn os Infantes , D. CarloSy
D. Pedro , e D. Maria,o Sacraftteftto da Coti-*
firtnag^o. Entrada puh/ica do Marquez de
-Abrantei na Corte de Madrid. He adtnitti-
- ■: \ t. , do^
dos Frincipes do Braidl i Liwo I. f
do a audtencla das Peffoas Reaes. Outorga
das capitula^oens dos Defpojorios do Principe
do Brazil com a Infanta D. Maria Anna
Vitoria de Borbon. Ceremojtia da fiia celehra-
^ao naqueila Corte. Novos fejle]os , com que
fe applaudem. Deftina El-Rey D.Joaoosof-
ficiaes do fervigo do Principe do Brazil ; e
Princezas , do Brazil , e das Afturias ; e os
quartos em que deviao receher os Emhaixa'
dores. Chega a Lishoa ■, e he nella feftejada
a noticia da celehragao dos Reaes Defpoform
em Madrid. Tem audiencia das Peffoas Reaes
0 Marquez de Capecelatro , Embaixador de
Caftella. Faz o Marquez de los Balhazes cijua
entrada puhlica nefta Corte de Lisboa. Tem
aiidiencia das PeJJqas Reaes. Bufca depois o
Secretario de Eftado. Celebrafe a Efcritura
dos Reaes Defpoforios no Pago Real defta
Corte. Recehe a Princeza das Afturias afoya
que Ihe mandava Jeu Real Efpojo. Ceremonia
da cekhragao dos Reaes Dejpojbrios na Santa
Igreja Patriarcal de Lishoa. Feftejos , com
que Je applaude. Oragoens do Marquez de Va-
lenga , e do Conde da Ericeira em nome da
Academia Real da Hiftoria Portugueza , em
applaufo dos Reaes y e reciprocos DeJpoJorios
dos Principes do Brazil , e das Afturias. Co-
pja da Certidao do Cura da mefma Bajilica j
da celebragao dos Recehimentos Reaes , que
Je expedio de Lishoa para Caftella. Tejn audi-
encia dos Infantes D. Francifco , e D- Anto-
nio os Embaixadores deli-Rey Catholico , Mar-
quezes , de los Ba/hazes, ( e Capeeelatro : opri'
A ii meiro
4 Hifloria Tdnegjrica dos dejpojorios
meiro delles , tem tambem outra de dejhedtda
de Suas Mageftades , e Altezas. Poem ca/a
El-Rey Catholico a Princeja das Afiiirias.
Tem 0 Marquez de Capecelatro outras feme^
Ihantes audiencias de Suas Magefiades , e Al-
tezas , como havia ttdo o Marquez de los
Balbazes. Da El-Rey Catholico o Collar da
Ordem do Tufao de ouro,ao Marquez de Abran-
tes. Dijpojigoefis das paffagens de ambas as
Cortes y a o Chia.
E hoje noflfo intento te-
cer , com a maior indivi-
dua^ao que for poflivel a
nofla rudeza, huma Hif^
toria Panegyrica dos ta6
felizes Delpoforios do Se-
reniflfimiO Principe do Brazil D. Jofeph, com a
Sereniflima Infanta de Caftella D. Maria Anna
Vitoria de Borbon, a(3:ualmente nofl[osReys, e ■
Senhores , que fejgio , ( fe he pofllvel ) fobre aju- j
rifdi^ao dos annos , e da mefma morte profpe- 1
rados fempre com toda aquella profufaS de feh-
cidades , de que fao tao credoras , e benemeri-
tas tsfuas innumeraveis, eta6 eftupendas virtu-
des,
2. Com a noticia que chegou a Corte de Ma-
drid , de nao ter effeito o Cafamento da Serenif-
fima Senhora Infanta deCaitella D. Maria Anna
Vitoria de Borbon, com Luiz XV. Rey de Fr^i-
ca , e de haver de voltar , como voltou , de
Ver-
dos Frincipes do Braz.it > Li^uro I. $
Verfallies em f. de Abril de 1725. a Corte del- 1725.
R ey CathoJico, feii Pay ; defta chegou a de L is-
boa em 24. de Mar(;o daoueJle anno , hum pro- Cbega a Lisboa
prio , expedido por Anronio Guedes Pereira , In- Siirde^Ma'
viado deJ-Rey D. Joao V. na Corte de Sua Ma- ^r/^./Jc^/tf/w^/W»
gefiade Carholica ; motivo , porque fe convoca- -^"f^.'"^ Guedes
rao a confeJho , oEminentillimoCardeal Nuno da
Cunha eAtaide, Inquifidor Geral do Reyno, o
lIIuftniTirao SenJior D. Thomaz de Almeida , Pa-
triarca, que entao, que aCorte eflava dividida
em Patriarcado , e Arcebifpado , era de Lisboa
Occidentai j os IIIuftriiTimos , e ExceUentifTimos
Duques de Cadaval D. Nuno Alvares Pereira de
MeJlo , e D. Jayme de Mello, pay> e filho; e os
Illuflriirimos , e Excellentifrimos MaKquezes , de
Alegrete, Fernao Telles da SiJva 5 e de Abrantes,
Rodrigo Eanes de Sa Almeida e Menezes. Nefta
illuftre Affembleia, declarou oSecretario de Ef-
tado Diogo de Mendonga Corte Real, que 'E\- Com apropojigaS
Rey Cathohco Fihppe V. pedia a Serenifhma Se- t/f.^''^'^^:
nhora Infanta de Portugal D. Mana Barbara. X2l- peBiva aorRedest
vier Leonor Therela Antonia Jofefa , para Ei- ^ reciproeoy Cafa'
pofa de feu filho, o Principe das Aflurias , D. Fer- ''''"''''^'
nando de Borbon , que fora jurado Principe her-
deiro dos feus Reynos em 4. de Novembro do
anno precedente de 1724. oflferecendo aomefmo
tempo aSerenifTima Senhora Infanta de Cafiella
D. Maria Anna Vitoria de Borbon , para Conforte
do Sereniffimo Principe do Brazil D. Jofeph Fran-
cifco Antonio Inacio Norberto Agoflinho. Con-
fultado efte negocio com toda a pondera^ao , fem
a menor difcpepancia, fe abra^ou logo > cpmo tao Aceita-fe tifiapro*
util, etaogloriofo. . • ^ f'-^^^^'
3, Voltou o referido Secretario a dar contaa
Sua
6 Hifioria pdtiegyrica dcs defpoforios
1J2J, Sua Magefiade, que immediaramente o expedio
a Belem, aonde entao le achava o Sereniirimo
Manda El-Rey Scnhor Infante D. FrancifcO; a participar-Ihe novas
^^^iTntl^D^ ^^ tanto gofto. Na mefma tarde, em que Sua
Frmcijco. ' Aiteza recebeo efte avifo ;, veio logo a Lisboa
beijar a mao , e dar os parabens a Sua iMagefla-
S."r- de , que tambem fez logo participaiite de huma -
jar a mao a Sua novidade tao plaufivel ao Sereniflimo Senhqr In-
Magejiade. f^^^ j) Antonio.
4 Expediofe com toda a brevidade ;, e com a
attenciofa repofta, que fe devia, o pof^ilhao , que
Tormfe a expt- viera de Madrid. Chegado que elle foi aquell^
dri 0 proprio « Corte, accrefcentarao os Miniflros Caftellianos al-
Madnd. gumas claufuIaS; que derao fomento a algumas du-
vidas, e alterca^oens. Para facihtar , e cortar
affim efles , como quaefquer outros obflaculos j
Nomea El-Rey nomeou Sua Mageflade para partir , como feu
D.jea^ajofepb Plenipotenciario , aCorte de Madrid, Jofeph da
^aCmhaBrocha. ^ ^ Brochado , Fidalgo da fua Real Cafa,
ao , para pajjar . i /-^ i i ^i • n ^ t n •
ff»/(7/e«P/m/)(7- Commendador da Urdem deChnlto, Conielnei-
Tc^t^l^ ^^'^ ^^ da Fazenda , Chanceller das Ordens Militares ,
e aje a. Academico do numero da Acad^mia Real da Hif-
toria Portugueza , e que havia dado bem a co-
nhecer , nao menos o feu preflimo , e capacidade,
do que o feu grande zelo do fervi^o Real , quan-
^ do fora expedido em quahdade de Inviado as
Cortes , de Pariz , e Londres.
5 Fiando, pois , Sua Mageflade da experiencia;
c madureza defle grande Miniflro rodo o bom , e
Chama. Sua Ma- mais aftivo expediente dos feus interefles , cha-
gejiade djuapre- u,ou-o d fua Real prefenga, e na do Eminentiffi-
tenciJio, " "10 , e Reverendiflimo Cardeal da Cunha , af?e-
ftiffimo aomefmo Plenipotenciario , e que agora
com a occafiao da fua commiflao, Ihe fez prefente
de
dos Frinci-pe^ do Brdz.il i Li^^TO I. 7
de huma grande bandeja de prata com hum excel- 172 5.
lente corre de panno de efcarlata j e prefenre tam-
bem o liluftriiTimo^e ExcellentilTimo Duque de Ca-
daval , e Meflre de Campo General D. Nuno Alva-
res Pereira dc iVlelIo;lhe ieo o Secretario de Eftado
a iua infiTucao. Teve depois o mefmo Pienipoten-
ciario a lionra de ter por elpa^o de mais de huma
hora, huma particular conferencia com Sua Magef-
tade. Attento o mefmo Senhor as moleflias de*
Jofeph da Cunha ;, concedeo-lhe , que elle pudef-
fe levar com figo feu fobrinho, AntoniodaCu-
nha Brochado , Defembargador que entao era da
Cafa da Supphca^ao. Fez^Ihe mais o mimo de tres
ricos , e mui flamantes veflidos.
6 Saio finalmente o Plenipotenciario Jofeph
da Gunha BrOchado de Lisboa , a exercer a fua In-
viatura em zf. de Mayo. Deflinarao-feUie oito P^^^f 0 PlcnipO'
centos mil reis de mezada , e de ajuda de cuflo dc- ^^^"^''^" '^
ze milcruzados. Entraiido emBadajoz foi gran-
demente applaudido com todos os cortejos Mih-
rares. Igual foi tambem a atten^ao , que tivera5
com elle em todas as outras povoa^oens de Caflella.
-^ Em 28. do referido mez pamirao Suas Ma- ^^^^^ ^*^^^ Ma.
geftades Cathohcas de Aranjuez paraGuadalaxa- f£fZe^terat
ra , para receberem aSereniflima Senhora Infsui' fanta D. Maria
ta D. MariaAnna Vitoria deBorbon, que, qq, -dnna Vttma y
• ^-.r j T- T^ 1? j quando ella chf
mo }a aiiiemos , tornava de Franga. Dalli a dous gou ds Vrwca,
dias entrarao com ella, -feriaS as fois datarde,
na COrte de Madrid pek porta de Alcala. O cami-
nho por onde haviaO de fazer tranfito , eflavaor-»
nado ate o Pa^o com tapeqarias , ,e cortinados
mui ricos. Havia no difcurfo defle .paflo tres ar«
cos triunfaes , que fizera levantar o Marquez de
Vadiiho,/D. EraneifcaAnconio de Salcedo, Gc>«
^ ver-
. 8 Hifioria Panegjrica dos defpojorios
1725. vernador Civil daquella Corte , e que acompa-
nhou a cavallo a Suas Mageflades. Era ocoche
deftas , precedido das tres guardas de Corpo ,
Hefpanliola j Italiana , e Fiamenga, e feguido da
dos Alabardeiros. Viiiha a Senhora Intanta entre
Suas Mageftades, e occupava oaffento de diante
o Sereniflimo Principe das Aflurias , que fora en-
contrar-fe com ellas ao caminho. Foi mui applau-
dida efla vmda , de dia com feflejos mui plaufi-
veis , e de noite com luminarias , e fogos de artifi-
ciove continuarao largo tempo eflas feflivas, e
obfequiofas demonflra^oens.
Chega Jofeph da ■■^ j^g 'y A oito de Junho; chegou o Plenipotenciario
?MM Jofeph da Cunha Brochado aCorte de Madrid.
Alii teve largas conferencias com AntonioGue-
des Pereira , em cuja cala fe hofpedou a principio ,
e de donde paflbu a outra , que fe Ihe havia pre ve-
nido ; e cortando por maiores dila^oens , entrarao a
fbmentar com todo o calor anegocia^aS da fua
eommiflao. Vencidas finalmente todas as duvi-
das , e oppofi^oens, ajuf\ara6-le por parte deEl-
Rey Catholico com o Marquez de Grimaldo , f eu
Plenipotenciario., e por parte de ElRey de Por-
tugal com os Plenipotenciarios , Antonio Guedes
Pereira, e Joleph da Cunha Brochado os Arri-
gos Prehminares. Logo fe fizerao publicas em
Pubiicao-fe,efej- Madrid, no primeiro deOutubro, as Eftipulagoens
dJitiV^i^lt ^os Reaes Defpoforio?. Cam efla occafiao defc^
foens dos defjjofo- jt^o Suas Mageftades Catholicas a Capella Realy.
''^^^' a affiflir ao Te Demn , mandando que fe celebraf^.
feefla allian^a, naquella Corte , em Santo Ilde-
fonfo , e em todos os mais dominios daquella;
Coroa, com tres dias derepiques, e Iuminarias.>
De tudo iflo fe fez immediataijiente .a.vifo aLis-
boa. 9 Fir-
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dos Frincipes do Brazil ? Livro I. p
9 Firmarao-fe os mermos Preliminares a fete 1725.
do dito mez ; e chegado o avifo do ajufte de
Madrid a Lisboa , fez logo Sua Mageftad^ dar
tambem avifo delle ao Illuftriflimo , eExcellen-
tiflimoDuque Eftribeiro mor, que aquelle tempo
fe achava nas CaldaS; por efta
C A R T A.
Hegou hum Expredo dos noflbs Plenipo.
tenciarios de Caftella com carta do pri-
meiro do corrente , em que da6 conta^
de que naquelle dia fe publicarao os Cafarnentos
do Principe noffo Senhor;, com a Senhora Infanta
de Hefpaiiha , e do Principe das Afturias, com a
Senhora Infanta D. Maria Barbara , hindo Suas
Mageftades CathoHcas naquelle dia a Capella
afliftir ao Te Denjn Laudamtts , e publicando-fc
tres dias de luminarias em Santo Ildefonfo, em
Madrid , e em todas as mais Cidades, e Villas de
;, Caftella. Ordena-me Sua Mageftade , participe a
yy V. Excellencia efta noticia, e que quarta feira
ddz do corrente fe praticara nefta Corte o mef-
mo eftylo ; e nas mais Villas, e Cidades do
Reyno fe celebrara tambem efta feliz noticia.
jy Todas as Peflbas Reaes lograo faude perfeita.
Deos guarde a V. Excellencia. Lisboa Occi»
dental 8. de Outubro de 1 725.
DtQgo de Mettdon^a Corte ReaL
Senhor. Daque EJiriheiro jnor.
;|o Hiflma panegjrica dos defpoforios
172$, No butro dia, em quefefez^ puhlico 0 ajufle dos
mutuos Cafamentos dos Principes das
Afturias j e do Brazjl yfe expedio a .. -
os Trihunaes efte r
D E C R E T O.
.Avendo ajuftado os Cafamentos do
Principe , lobre todos meu muito
amado ;, e prezado fillio , com a In--
„. fanta D. Maria Anna Vitoria deBorbonj eo
„ Principe das Aflurias , fiJhos del-Rey Ca'
„ tliQlico , meu bom Irmao , e Primo , com a
^ Infanta D. Maria Barbara , minha muito ama-
„ da , e prezada fiJha , e fer efla noticia de gran-
yy de contentamento para todos meus Vaflallos^
„ por moftrar o grande goflo defles Matrimoniosj
„ hei por bem , que nefla Corte fe celebrem com
^ tres dias de luminarias , e falvas de artilheriaj
„ que hao de principiar a manliaa. O Confellio
„ o tenha afTim entendido ; e pela parte que Lhe
>, toca , o fa^a affim executar. Lisboa Occiden-
yy dental 9. de Outubro de 1725.
Com ruhrtca de Sua Mageflade.
10 Por carta doSecretario deEflado, forao
avifados os Titulos, Officiaes dasCafas, Minif-
tros dos Tribunaes y e Prelados das Rehgioens pa-
ra fe achar a 9. de Outubro no Pa^o, e acompa-
>,""\ nhar
dos Principes do Brazjl > Livro I. ii
/'
nhar a El-Rey , que havia de defcer a Capella I725.
Real a dar gragas ao Rey dos Reys, pela publi-
ca^ao dos ajuftes feitos enire as duas Coroas, Foi
cxtraordinario o concurfo da Nobreza de ambas
as Jerarquias Ecclefiaftica , e Secular , que no outro
dia dez do fobrcdito mez acodio a efta fun^ao. Bai- Defce El-Rey d
xarao E!-Rey D. Joao , o Principe , e os Senhores 2'^;^^/,!" "'^^'
Infantes D. Francifco , e D. Antonio a Capella
cm acgao de gra^as. AlTiftirao tambem publica-
' mente da Tribuna a efta religiofa fun^ao, aSere-
niilima Senhora Rainha D. Marianna de AuHria ,
e com a Senhora Infanta D. Maria Barbara, todas
as mais Peiloas Reaes. Celebrou Mida de Pontifi-
caloSenlior Patriarca ; edepois feentroucom a
maior folemnidade, e acompanhamento de Mu-
fica ao Te Dettm , que do mefmo modo fe can-
fou na Bafihca Metropolitana de Lisboa Oriental,
hoje dita de Santa Maria Maior, e em todas as
'mais Igrejas de ambas as Lisboas." Concluid'0 efle
a£io , paflou El-Rey para a Cafa da Audieiicia ^
aonde com o Principe _, derao beijamao a toda u
\Nobreza. O Marquez de Capecelatro , Embaixa-'
dor Ordinario de Caftella , depois de haver fallado
a Ei-Rey na fua antecamara, e tambem aoPrin-
eipe , que o receberao com extraordinaria bene-
■folencia , paflou ao qUarto da Rainha , aonde
ella, ealnfanta D. Maria Barbara, davao tam-
bem beijamao , e alh teve audiencia particular
de ambas eftas SerenifTimas Senhoras ; e impetrada
vema da primeira , teve ahonra de beijar a mao
a fegunda. A noite defle dia , foi a primeira de lu-
minarias , e falvas de artilheria em terra , e mar.
]N^eIIa houve huma excellente ferenata noPago;
€ nas duas feguintes fe continuarao os mefmos fe(-
B ii tejos.
12 Hijloria Tanegyrica dos dejpojorios
172$. tejoS; que igualmente fe mandarao celebrarenii
todas as outras povoagoens do R.eyno.
Ratificagao dos ■ 1 1 A treze defte mei forao ratincados em.
cZ^!Ts"TcaJld. Lisboa os Artigos Prelimmares por El-Rey D.
la , e PontigaL Joao , e no outro dia payr Ei-Rey Catholico em
Santo Ildefonfo, aonde chegou a ratificac^ao del-
Rey D. Joao , a 17,- com cuja occafiao partio
logo o Plenipotenciario Joleph da Cunha Brocha-
do , de Madrid , para o Elcurial , aonde entao
le achavao Suas Mageflades Catholicas. Por efte
tempo attento EI-Rey Filippe V. ao eftado , e
Nomcafoensdel- fervico doPrincipe dasAfturias, fez eftas nomea-
Rey Catholtco ^ tv/t j ' -rx 1 -r. • -•-./
para ojeriifo do ^oens : Mordomo mor , o Duque de Bejar ; El-
Principe ^^j 4/" tribeiro mor, oConde de Santo Eftevan del Pu-
tttrtas. / QYtOj Sumilher de corpo , ao Conde de Salazar ,
A'yo que fora de Sua Altezaj Gentis-homens da
Camara , o Duque de Gandia ;, e o Marquez de
los Balbazes ,• primeiro Eftribeiro D. Carlos de
Arte^a, que era Tenente de A'yo de Sua Alteza;
Vedores , ou Mordomos da femana os Condes
de Arenales , e Safateli ,• Gentis-homens da man-
ga D. Inacio AeflFerden, e D. Jofeph de Lofrda,-
Confeftbr, o mefmo de Sua Mageftade , o R. Pa-.
dre Gabriel Bermundes ,• Secretario daCamaraD.
Joao Bautifta de Lexandre ,• e a futura fuceflao
do emprego de.primeiro Cavalheri^o , concedeo
Sua Mageftade Catholica ao filho do Marquez
del Sarco j D. Fernando de Figueroa , em atten-
^ao aos bons fervigos do referido feu pay.
12 Em quatro de Dezembro , com a oc-
Fejlejos com que cafiao de cumprir 14. annos a Infanta D. Ma-;
fe applaude 0 • i-, 1 i 1 •• ^ j- r •
cimprimento do na Barbara , houve bei)amaoj e no dia legumte
14. anno da In- em obfequio da raefma Senhora celebrou o Mar*j
^BarLa.' ^"^'^ ^^^ ^^ Gapecelatro a mefma folemnidade com
huraa
dos Trincipe^ do BrazJU Lwro I. i\
huma excellente Comedia , que fez reprerentar ^J2$.
com a maior ofleiitacao , para o que convidou a
Nobreza , a quem dco hum magnitico refrefco. Vaiordcrn aoPle-
I T, Concluidas , pois, ta6 felizmente as Eftipu- f^fT^Z?''
^oens delres Reaes Defpoiorios , toi ordem ao rie- Brochado , /ara
nipotenciario Jofeph daCunhaBrochado,pararecG- rccoJhsr.fe dCor-
Iher-fe brev'emcnte a Lisboa. Efle airuTi o fez, ref- ''.Jf'^'^ ^''*
tituindo-fe a mefma Corte em 1 2. de Janeiro de
1726. Chegado que foi^fez prefente a Sua Magef- IJ26»
tade de oito foberbas mulas. Aceitou-as o mefmo
Scnhor , que o recebeo com furmno agrado , pelo
b^m , que elle o havia fervido ,• e para deixar mais
airofo o feu offerecimento , teve por bem na6
o recompenfar.
14 Corria ainda aquelle mez quando El-Rey
Catholiconomeoupor feuEmbaixador Extraordi- ^'^TJ?. ^^■^^^J'
nario a Corte de Port;ugaI , D. Carlos Anibrofio Ef- EmbJxalor E^.
pinola de la Cerda -, Marquez de los Balbazes , traordinarto 4
Gentil-homem da fua Camara. Fez-fe pubiic^ em ^"''' tr^/^.t
JLisboa em a. de Fevereiro , andmea^ao que t.i' de lox Ba/bazes i
Rey D. Joao fizera em Rodrigo Eanes de Sa Al- <• El-Rey dePor-
meida e Menezes , Marquez de Abrantes ^ ^ Gen- E^jlaixado^Ex-
til-liomem da Camara do mefrao Senlior., qY^- traordivario d
dor da /ua Fazenda , conftitumdo-o feu Embaixa- ^g%^ f^J^^-^^^f'**
dor Extraordinario a Corte de Caftella ,• e cam efta /ihrantes.
occafiao llie fez hama v.ifita em pubhca, iorma o
M^rquez de Capecelatro. '
.1 f Em cinco de Mayo recebeo o Dezembar-' Nomea ^El-Rey
gador Aiexandre Ferreira carta dp Secretario de yiola'^ Emhaixa^
Eftado, em que fe Ihe fazia faber eftar eleito Se-
crctario da Embaixa^a j e alguns dios depois ie iJie
nomeou por Adjunto _, ]Pedro de Mariz. X«ogo o
Marquez de Abrant^jjL ^ntendendo em executar
as ordensReaes, foimandandopar^Cafteilagran-
de
da.
172^.
i4 Hiftoria partegjrlca dos defpofonos
de parte do fcu trem, e familiaj para cuias pre-
para^oeiis , n edidas cerLamente pela maior gran-
deza , Ihe niandou dar El-Rey D. Joao liuma
profuriflima ajuda de culio.
i6 Eftando tudo finalmente a ponto^ partio
d Marquez de Abrantes para Madfid y correndo
1J2J- jao anno de 1727. Ao paffar por Talavera; foi
cumprimentado , e hofpedado com o maior ef-
Parte 0 Marquez plendor pelo Arcebifpo de Toledo; que andava
MadrT''^''''' por aUi de vifita. Ghegou finalmente a Madrid
' em 19. de Margo, e a 23. de manhaa teve au-
Cbega dquelia diencia particular del-Rey Cathohco. No dia an-
Cone, tecedente havia partido para Lisboa ;, a ligeira,
o Marquez de los Balbazes, por haver ja man-
Parte aMarques, dado antecedentemente o reflo da fuaiamilia.
tara^Lisboa^^ ^ 7 Em fete de Abril recebeo ordern o Duque
Eflribeiro mor do Secretario de Eflado ;, para ter
pronto o cochc;, em que havia de fer conduzi-
do o Marquez de los Balbazes , Embaixador Ex-
: traordinario de Caflella, e dous coches maispara
a condu^ao da fua famiha. No dia 14. do mef-
mo mez, tornou a ter o mefmo Duque Eflribeiro
inor, outro avifo do mefmo Secretario , porque
fe Ihe fazia faber fer chegado o Marquez de los
Balbazes a Aldeia Gallega , aonde pernoitava
aquella noite , e que na manhaa feguinte embar-
cava para Lisboa. Em attengao deftas ordens , e
avifos, raandou o Duque Eftribeiro mor para cafa
do Conde de Obidos , que havia de fer o Condu-
ctor do Marquez de los Balbazes ;, tres eftufas ,•
huma daPefloapara Sua Excellencia, e duas de
iequito para a fua familia. j
18 A quinze , partio o Conde de Obidos a de-
fempenhar as ordenS; que le Ihe haviao dado;, para
o caes
«■•jv
dos Prlncipes do BrazM j Lhro I. i > .
ocaes dapedra, occupando a primeira eftufa^ e 172 7.
acompanliado de huma numerofa ;, e mui elpen-
dida comitiva. Saliio do efcaler o Marquez de
los BalbazeS; e apeando-fe oConde de Obidos,
concluidas as ceremonias ;, que em femelhantes
cafos fe praticaO;, entrarao ambos na primeira ef-
tufa, tomando o Marqiiez Embaixador a mao
direita. Meteo-fe parte da familia do Embaixador Chega a eJiaCor-
nas outras duas eflufas , e parte em dous co- ^^'
ches do Embaixador Ordinario de Caftella , o Mar-
quez de Capecelatro.
. 19 Accrefcentava novo luftre a efta grande-
za o eftado do Conde de Obidos , que confiftia ^-ft^^^. /^ ^""^^
em hum leu cocne , de que tiravao leis cavallos
negros , cobertos de brancas pelles de uflos : Ou-
tro coche, em que vinha parte dos feus Gentis-
homens j de que tiravao kis cavallos caftanhos ,
eobertos de manchadas pelles de tygres : Hum co-
che , em que vinhao os mais Gentis-homens do
Conde , tirado por feis cavaJios negros , com co-
berturas de pelles tambem negras de uflbs. Hiao
diante do coche do Conde, doze lacaios, vefti-
dos de do ,• porque a Corte puzera luto pela mor-
t€ do Duque de Parma, Avo da Sereniffima Se*
nhora D. Maria Anna Vitoria. Aos lados do mef-
mo coche hiao quatro Volantes com faioens , e
cintas negras , veftidos de branco ^ fazendo toda
efta vifta huma foberba , e nobihirima oftenta-
gao.
20 Defte modo caminhara5 para o Palacio Chegao ao Pala-
do Conde do Redondo , que o Marquez tinha '^/^^f"^^ ^^*
alugado , juntamente com a fua grande quinta
por feis mil e quinhentos cruzados , por anno.
Ghegando alh , fe apearao ,- e dando o Marquez
o me-
i6 HiJloriaTaneg^ricados dejpojorios
1 727. ^ nielhor lugar ao Conde;, o convidou para jantar.
Aceitou o Conde de Obidos , indo porem primeiro
ao Pa^o completar , como he eftylo, o s£k6 da lua
incumbencia. Voltou depois em carruagem fua
abufcar o Marquez ^ que orecebeo com fummo
agrado. O jantar foi foberbamente lauto , nao
ceHando de foar fuave , e deftrifTmiamente , em
I quanto elle duroU; muitos inftrimientos muficos.
Nefte mefmo dia foi vifitado , e cortejado o
Marquez de los Baibazes de muitos Cavalleiros,
Senhores.
"21 PafTados dous dias , foi o mefmo Mar-
^pr^f-w?/! (7 Ew- quez bufcar o Secretario deEftado^, prefentando-
httixador de Caf- j]^g ^5 copias das fuas Credenceaes , e fisnifican-
tella as copias , „ ^ . , ^ . , p , ,
das fnas Creden- do-Ihe o muito que defejava ter a nonra de ler ad-
eides, mittido a preien^a de Suas Mageftades. Affmou-
fellie o dia feguinte 18. de Abril , pelas ^inco
da tarde. Chegado ao corpo da guarda, e rece-
bido alli com os coftumados cortejos Militares ,
iubio ao Pago , acompanhado de muitos Senho-
res. Na primeira antecamara , dados os avifos
coftumados , veio logo o Camarifta que eftava de
femana ,• e feitos os cumprimentos do eftylo _, dif-
fe ao Embaixador , que Suas Mageftades o efpe"
ravao. Acompanhado delle , e de outros Officiaes
da Cafa, entrou o Embaixador para a Cafa da Au-
diencia.
Tem audienctade 22 Foi elle recebido del-Rey D. Joao com
Sua Magejiade. ^qJ^ ^ benevolencia j e defpedido de Sua Magef- i
tade , pafsou ao quarto da Rainha , que entao
fe achava affiftida do Sereniffimo Principe , e dos
Senhores Infantes D. Pedro , D. Alexandre , e D.
Maria , a quem o Embaixador , impetrada a ve-
iiia da mefma Senhora Rainha , que tambem o
recebeoi
dosPnncipes do Bratil > Livro I, 17
-recebeo com a maior bencvolencia / beijou a 1727.
'^inao prollrado . de joeihos ;, e logo deo volta a lua
23 Emonze de Mayo chegou aefta Corte, ^^'j^^-^^^'^J^^^^
aonde SuaMageftade ohavia mandado recolher, nio Quuks /tni-
O Inviado Antoiiio Guedes Pereira. Teve logo au- ra.
diencia do mefmo Senhor , que o recebeo com
particular agrado;, pelo bem fervido , que fe dava
do zelo , e boa diligencia , com que elle havia
promovido tao bem os feus interelles. Por efta
mefma confldera^ao o premiou com muitas mer-
ces. Deo4he huma commenda de Mourao na Merch que Ihe
Ordem de Aviz , de lote de quinhentos e quaren- -^"^ £^'i?0''
ta mil reis , com defafete aimos de caidos : • Deo-
Ihe a Alcaidaria mor de Ijamego, que de mais
da honra ;, que he grande , rende quatro centos
mii|fiis : Conilituio*o no fenhorio. de huma Viila
de j^oc. yizinholj .e concedeo-Ihe mais huiha vi-
<ta em todos os bcris j 'que pofluhia da Coroa , e
Ordens, : t oa
24 ; Atres deSetembro de 1727. fereduzirao RedufaodorPre'
os Preliminares doCaiajmento db SereniCimo Prm- ^^^r^/pS;
cipe do Brazil com a Senhora Inf^nt-a D. Maria dpe do Brazil ,
Anna Vitom de Borbon ahum Tratado^ iolemne ^^" alnfantaD.
Dotaliv^: e •Matrimonial. A eiie 'fim havia dado toria f a Tratado
EI-Rey . Catholico , em 18. de Juilio a fuaPleni- Dotal, c Matri-
potencia , e commiflao " a D.' Joao 'Bafutiila' de '"'""'^^'
Orendain, Marquez de la Pazy^^^JpriineirovSeGre-
tario de Eftado-i e do Deipacho _,opara coneorrer,
como cbncorreo , a-eila' celebridaifc; cdm o Marr
quez de,Abrantes,?.a ^erft iEHLey^D. JoiQ ha-
via j)ara iflb mandado, todos (^ ^eus podefes por
fuauiprocur^^ao , expedida da Corte' de iLiybaa, e
datada em leis de -Agofta DotoU jKfte-Tr^tado
-fcii. .II ^^ C Sua
1 8 Hlftom Tanegrka dos defpojorios
1727 S^^ Mageftade Catholica ( que depois o appro-
vou, ratificou, e firmou em 14. deSetembro em
Santo Ildefonfo ) a expreflada Sereniflima Senho-
ra Infanta D. Maria Anna Vitoria de Borbon ,
com quinlientos mil efcudos del Sol , ou no feu
jufto valor f huma , ou outra coufa pofta, een-
tregue em Lisboa. El-Rey de Portugai le obri-
gou as mais condigoens commuas deftes Tratados,
oquefefara mais evidente do theor do referido,
que lie nefla forma :
Tratado do Cafa- ;, I. Don Phehpe por la gracia de Dios Rey de
"^Z^V" r.^l"(mt ^^ ^^^^^^^ > ^^ Leon, de Aragon , de las dos Sici-
aItifafttaD:Ma-- jy^^^^^^S} de Hierufalem , de Navarra, de Grana-
ria Anim Fitoria ^^ da, . de Toledo, de Valencia , de Gahcia , de
d,Borbon. ^^ MaUorca , de Sevilla , de Cerdena , de Cordova,
„ deCorcega, de Murcia, de Jaen, delos Al-
„ garves , de Algecira , de Gibraltar , de las Islas
j^vdeiCanaria, de las Indias Orientales, y Occi*
>, dentales , Islas , y Tierra firmc del mar Ocea-
„ no , Archiduque de Auflria , Duque de Borgo-
-^- w "^ > ^^ Bravante , y Milan, Gonde de Abfpurg,
•*^'„ .. >> de Flandes , Tirol , vBarcelona, Senor de
,V ' V^ vsW « Vi^caya , y de Mohna. &c. Por quanto navi-
.C V a iwi:» ^^ endo-fe ajuflado, oombenida^|l y firmado en Ma-
c,^ .."iSv. w drid el dia tres del prefente mez 'de Septiem-
•V.. A » ,W „ bre ;por los Plenipotenciarios nombi;adps por
,Wu.s ^ Miiiiijy. por el Sereniflimof , y muy poderofo
,, Rey de PortugaJ, el Tratado Matrimonial para
„ el Cafamiento , que deve. efe<9:Uarfe entre ef
„ Sereniflimo.Principe del Bmfil Don Jofeph ,
-,, hiio primogpnito del referidp Sereniflimo Rey
„;tie:PortugaI, y laSereniiTimainfantaDona Ma-
„ ria Anna Vi^oria >. mi muy chara ^ -y muy amai
l^jda iiaja> dfil teiaor; feguiente. - ^ '.■ ' ri. .
/ ./ " „ II. Tra-
^ dos Principes do Brazjl > Livro I. ip
3, II. Tmtado Matrimonial acordado enrre el 1/2 7-
yj Comillario 'AqI Rey de Efpana , Don Juan Bap-
y, tifta de Orendayn , Marques de la Paz , de fu
' j, Confejo , y priraer Secretario de Eftado , y del
j, Defpacho , y el Embaxador Extraordinario del
y, Rey de Portugal , Don Rodrigo Annes de Sa
„ Almeyda y Menezes , fu muy amado , y charo
y, fobrino , de fu Confejo , Genrilhombre de fu
j, Camera , Marques de Abrantes , para el Cafa-
'„ miento, que deve efeduarfe entre el muy alto,
„ y muy poderofo Principe del Brafil Don Jofe-
jy ph , hijo primogenito dcl muy alto , muy ex-
yy celente , y muy poderofo Principe Don Juan
j, Quinto , por la gracia de Dios Rey de PortUs-
„ gal , y de la muy alta , muy excelente ;, y muy
yy poderofa Princela Dona Marianna de Auftria,
j) tambien por la gracia de Dios Reyna de Por-
„ tugal j y la muy alta, y muy poderofa Princefa
j, Doiia Maria Anna Victoria , Infanta de Efpa-
„ na , hija del muy alto , muy excelente , y muy
,y poderofo Principe Don Phelipe Quinto por la
„ mifma gracia de Dios Rey de Efpaiia , y de
„ la muy alta , muy excelente , y muy poderofa
,y Princefa Dofia Ifavel Farnefe, afTi mifmo por
yj Jagracia de Dios Reyna deEfpana^ fegun los
„ pleios poderes , que han recevido los dichos
y, Miaiftros de la Mageftad del Rey Catholico ,
„ y de la Mageftad del Rey de Portugal , cuyas
,, copias fe infertaran al pie del prefente Tra-
„ tado. ' '
„ III. En nombre de Ta SantifTima Trinidad,
„ Padre , Hijo , y Efpiritu Santo > un folo Dios
y, verdadero , a fu honor , y gloria , y por el bieiju.
,, reciproco de los Pueblos , Siabditos-, y VafaUos
C ii „ de
5?
20 HiftonaPanegjricadosdeJpoJorios
172 7. >f ^^ uno, y otro Reyno. Sea notorio a todos
aquelios , que las preientes ietras de acuerdo
de matrimonio vieren, que havieridofe firma-
do en el Real fitio de San Ildefonfo a los fie-
yy te dias del mes de 06labre del aiio del Naci-
,, miento de Nueftro Senor JESU Chrifto de mil
„ fetecientos y veinte y cinco , por el Marques
„ de Grimaldo , Miniftro , y Plenipotenciario de
„ la Mageftad del Rey Catholico, y por Jofe-
j, ph de Acuna Brochado, y Antonio Guedes Pe-
jj reyra , Miniftros , y Plenipotenciarios de la Ma-
„ geftad del Rey dePortugal; los Articulos Pre-
y, hminares para el matrimonio , que fe deve efe-
„ (Stuar del muy alto , y muy poderofo Principe
„ del Brafil Don Jofeph ;, hijo primogenito del
„ muy alto , muy excelente , y muy poderofb
„ Principe Don Juan Quinto por la gracia de
,, Dios Rey de Portugal , y de la muy alta , muy
„ excelente , y muy poderofa Princefa Dona Ma-
j, rianna de Auftria , tambien por la gracia de
„ Pio5 Reyna de Portugal j y la muy alta , y
„ muy poderofa Prmcefa Dona Maria Anna Vi-
jj 6loria , Infanta de Efpana , hija del mu/ alto,
„ muy excelente , y muy poderofo Principe Don
„ Phelipe Quinto , por la mifma gracia de Dios
f, ReydeElpana^ y de la muy alta , muy exce-
„ lente , y muy poderofa Princefa Dona Ifavel
„ Farnefe , afli mifmo por la gracia de Dios
,, Reyna de Efpana ,• cuyos Articulos fueron ra-
,, tificados en el mifmo Real fitio de San Ilde-
j, fonfo a catorce de Oclubre del mifmo anb de
fy mil fetecientos y veinte y cinco por la Magef-
„ tad del Rey Cathohco , y por la Mageflad del-
3y Rey de Portugal en la Corte de Lisboa Occi-
, ' ,; dental
dos Pmcipes do Braz.il, Li^^ro I. 1 1
„ dental a lostrece del mifmo mes de 0£lubre 1727,
„ del ,dicho aiio de mil ietecientos y veiiite y
j) cinco.
jy IV. Y por quanto nos , como Miniflros, y
jj Plenipotenciarios aliora efpecialmente deputa-
j, dos , debemos reducir los. diclios Articulos a
j, un Tratado formal , en virtud de los plenos
j, poderes refpectivos , que por Sus Mageftades
„ nos fiieron concedidos , folo para efte fin , ea
^ j, h forma , que defpues de efte Tratado feran
•j, copiados ; Haviendolos vifto , y examinado ;, y
), yhallandolos en buena;, y debida forma cotn-
„ beniraos lo feguiente.
ARTICULO r.
V. r^ E ha ajuftado , que cdh la gracia, y ^tigos do Tra-
^ bendicion de Dios, .alcazada priraero ^^
„ difpenfacion de nueftro muy Santo Padre el
„ Papa , en razon de la proximidad , y confan-
,, guinidad entre el muy alto , y muy poderofo
Principe del Brafil Donjbfeph; y la^muy aita,
y muypoderofa Infanta Doria Maria:Anna Vi-
dloria , haran celebrar fus defpoforios^, y matri^
j, monio por palabras deprefente;, fegun^ la fo^-
j, ma prefcripta por los Sagrados Canones , y
j, Conftituciones de la Iglefia Catholica ApoftoliT
f, ca Romana , aiTi que la dicha Sereniffima Se-
,, fiora Infanta aya Ilegado a la edad de doce anos
,, cumplidos ,• y defpues que fe aya ajuftado , y
„ fixado el tiempo entre la Mageftad del Rey
„ Catholico , y la Mageftad del Rey de Portu-
w gal, fe haran los defpoforios, y cafamiento en
22 Eifioria Tanegyrlca dos defyoforios
1727. " la Corte de Su Mageftad Catliolica. Y porquan-
yy to la dicha Serenilfima Senora Infanta tiene ya
^;, cumplida laedad de fiete aiios, y el Serenim-
„ mo Principe la de onze , fe ajuftb reciproca-
yy mente , que obtenida la referida diipenfacion
de nueftro muy Santo Padre el Papa , fe haran
luego en la Corte de Su Mageflad Catholica
los efponfales de futuro matrimonio para lo
„ que fe daran los poderes , y authoridad necella*
„ ria , afll por el SercnifTimo Principe del Bra-
„ fil , como por el Serenillimo Rey de Portu-
^y gal fupadre, alMiniflro, operfona, queiue-
))
y, re mas de fu agrado.
ARTICULO 11.
VI. Ij^ L SerenifTimo Rey Catholico pro-
„ X_jmete, y fe obliga adar, y daraa
la Sereniffima Senora Infanta Dona Maria An*
na Vicloria en dote , y a favor del matrimonio
^, con el SerenifTimo Principe Don Jofeph, y pa-
„ gara a la Mageflad del Rey de Portugal , 6 a
f, quien tuviere fu poder , y commifTion la fum-
y, ma de quinientos mil excudos de oro del Sol , 6
„ fu juflo valor en la Ciudad de Lisboa , y fe en-
„ tregara la dicha fumma al tiempo de efeduarfe
„ el matrimonio.
))
))
))
), AR-
dos Principes.do Braz.it ^ Livro I. t^
ARTICULO III.
\, VII. y AMagefhd deiRey dePortugal 172;
,> i J f e obliga a a fegurar , y a f egiirara
^, el dote de la SerenifTima Sefiora Infanta Dofia
,, Maria Anna Victoria , en buenas rentas , y
„ afignaciones feguras , a fatisfacion de Su Magef-
), tad Catholica , 6 de las perfonas , que para efle
j, efe(5lo norabrare al tiempo de el pagamento ,
•^ y remetira luego a Su Mageflad Catholica los
„ documentos de la dicha afignacion 5 y en el ca-
„ fo de diifoJverfe el matrimonio , y que por el
i, derecho tenga lugar la reflituicion del dote,
.,, fera cfle reftituido a la Sereniffima Seiiora In-
-,, fanta , b fus herederos , y fubcefores , que lo-
„ graraa los reditos, que importaren los dichos
„ quinientos mil excudos de oro del Soi, a razon
„ de cinco por ciento., quefepQgaran envirtud
j> dc las dichas afignaciones.
ARTICULO IV.
y, VIII. T) Or medio del pagamento efedivo,
), X^ que fe hara a la Mageflad dei Rey
de Portugalde los dichos quinientos ijiil exCudos
de oro del Sol, 6 fu juflo valor en el termino, que
queda dicho , fe dara por fatisfecha la Sereniflima
; jkf.lSenora Infanta , y fe fatisfara del dichadocej fin
l>v q^e enadelante puedaalegar otro alguaderecho,
j^ ni intentar otra alguna aceion. , bpertencion,
fljpejrtendiendo que la perteneiiOiiii^apuedanperT
^\jv. yy tenecer
V
1»
24 Hiftam^FmegplaA.dos dejp^orios
1727. ^y tenecer otros mayores bienes , razones, dere-
j, chos, 6 acciones porcaufa de herencias, y ma-
„ yores fubcefiones de SusJMagefkdes 'Catholicas
yj fupadre, y madre , ni de qualquiera cahdad,y
Lt ;; condicion que fueren las cofas arriba dichas ,
j, debe quedar excluida de ellas , . y kates de efe-
;, duarfe los defpoforios hara renuiicia en buena,
„ y debida forma , y con todas las feguridades ,
jy formas , y folejnnidades , que fueren requeri-
yy das , y neceiarias , la qual renuncia hara la Se-
yy renilfima Senora Infanta antes de eftar cafada
„ por palabraS' de prefente , y laconfirmara lue-
jy . go defpues de celebrar el matrimonio , y apro-
„ bara , y ratificara juntamente con el Serenilfi-
„ mo Principe del Brafil , con las mifmas formas,
„ :y foiemnidades , que. la Sereniifima Senora In-
„.. fanta huviere hecho Jacfbtrredicha ■ primera re-
,,,nuncia, y a de mas. :i:on Jas claufulas , que fe
„ juzgaren mas comb.eaientes , y necefTarias , y
„. el SereniiTimo Principe , y la Sereniffima Sefio-
„ ra Infanta quedaran , y :qu.edan afli de prefente^
„ - Gomo para entonces obligados al cumplimiento,
. „ y efe<5lo de la dicha renuncia , y ratificacion , en
;, la^;- conformidad . de los prefentes Artictilos,- y
„ las fobredichas renuncias, y ratiflcaciones feran
' ,y havidas , y juzgadas afli' prefenteibente , como
y,. entonces por bien hechas , y vei-daderamente
„ pafadas , y otorgadas, y las diehas renuncias,
„ y , ratificaciones fe haran en la forma mas au-
„ thentica, y eficaz , que pudierefer, para que
„ fean buenas, y validas, juntamente' con tordas,
„. las elaufulas ■ derogatorias de qualquiera Ley>
yy jurifdiccion , , coflumbres ,. derechos , y Confti-
p>..tvidones a efl!0*contrarias., a que impidiefenien
,j todo.
,■9'.
dos Frincipes do "Bra^iU Lroro I. 25
„ todo, 6 en partc las diclias renuncias, y ratifica- I727.
4^ cionesj y para el efedto,y validacion de lo que ar-
-„ riba queda diclio, ia Mageftad del Rey Catholi-
jj co,y S. M. Portuguefa derogaran, y derogan deP
^f de ei prefente , fin alguna referva, y entenderan , y
,y entienden alTi deprefente, como para entonces te-
j) ner derogadas todas las excepciones en contrario.
ARTICULO V.
^ IX. X A Mageftad delRey de Portugal
,> I A dara a la Sereniflinia Senora Infan-
fj ta Dona Maria Anna Vi<aoria en fu Ilegadaal
j> Reyno de Portugal , para fus anillos , y joyas,
), el valor de ochenta mil pefos , los quales le
„ perteneceran fm dificuldad defpues de celebrado
„ el matrimonio , de la mifma fuerte, que todas
„ las otras joyas , que Ilebare con figo , y feran
i, propias de la dicha Sereniffima Senora Infanta,
;j y de fus herederos , y fubcefores , b de aquel-
,, los , que tuvieren fu derecho.
ARTICULO VI.
„ X. TT A Mageflad delRey de Portugal
n i 4 afignara , y conftituii a a la SerenifH-
„ ma Sefiora Infanta Doiia Maria Anna Vidoria
„ para fus arras , veinte mil excudos de oro del
ji Sol al ano , que feran afignados fobre rentas,,
,, y tierras, de las quales tendra jurifdiccion ,• y
;,, el lugar principal el Titulo de Ducado , de fu-
,, erte , que la dicha fumma de veinte mil excu-
D „ dos
J)
V
7)
26 Hifioria Panegyrica dos defpoforios
1727. J> ^^s ^^ oro del Sol cadaanoi. de los auaieslu-
7, gares-^, y tierras afli dadas , y afignadas gozara
la SerenilTima Sefiora Infanta por fus manos , y
por lu authoridad , y de las de fus CommilTa^
rios y y Oiiciales , y en las dichas tierras pro*
veera ias Jufticias , y a de mas de efto le perr
tenecera ia provifion de los Oiicios, como es
coftumbre ; entendiendo-fe , que ios dichos Ofi-
cios no podran ler dados fmo a Portuguefes de
nacimiento , como tambien ia adminiftracion ,
y arrendamiento de las dichas tierras , confor-
,, me. a ias Leys , y coftumbres dei Reyno de
„ Portugai ; y de ia fobredicha afignacion entra-
„ ra agozar, y pofeer ia Sereniifima Seiiora In-
;, fanta Doila Maria Anna Viitoria, iuego que
jy tuvieren lugar ias arras, paragozar de eiia to-
^ da fu vida , fea que quede en Portugal, 6 le re-
,:, tire a otra parte.
ARTICULO VIL
;, XI. TT A Mageftad dei Rey de Portugal
,, i ^ dara , y afignara a ia Sereniflima Se-
jj iiora Infanta Dona Maria Anna Vidtoria para
j, ei gafto de fu Camera , y para mantener fu efta-
„ do , y iu Cafa , una fumma conveniente , tai
„ qual pertenece a muger de un tan gran Prin-
„ cipe, yaiiija detan poderoio Rey, afignan-
„ dola en la forma , y manera , con que fe acof-
„ tumbra hazer en Portugal para femejantes ma-
„ nutenciones , y gafto.
AR
dos Princfpes do "Bra^ih Livro I. 27
I -
ARTICULO VIII.
jy 5CIL OTJ Mageilad Catholica hara condu- I727.
\3 cir en el tiempo y que fe ajuftare a
fu coHa; y gafto a laSereniirimaSeinoraDona
Maria Anna Vidoria iu hija , a la Fronteraj,
,, y raya de Portugal con la dignidad , y cortejo ,
que requiere una tan grande Princefa, y iera
recivida de la mifma forte de parte de la Ma-
geftad delRey de PortugaJ, y tratada, y fer*
vida con toda la magnificencia ; que conbiene.
ARTICULO IX.
XIII. XT' N el cafo , que fe difuelva el ma-
m J trimonio entre el Sereniflimo Prin-
cipe dei Brafil , y la SereniiTima Seiiora Infanta
DonaMaria Anna Vidloria , y que efla fobre-
viva al dicho SerenifTimo Principe , en efte caio
ieni hbre a la dicha SereniiTima Seiiora Infanta
quedar en Portugal en el lugar , que quifiere,
6 volver a Eipana , b a qualquiera otro lugar
combeniente , a unque iea fuera del Reyno
;, de Portugal , todas , y quantas vezes bien le
jy pareciere , con todos fus bienes , dote , y ar-
,y ras , joyas , veflidos, y vajilla de plata/ y qua-
„ lefqiiiera otros muebles con fus Oficiales , y
„ criados de fu Cafa , fm que por qualquiera ra-
yy zon ; 6 coufidcracion , que iea , fe le pueda
;;, poner algun impedimiento , ni embarazo a fu
^y partida dire6ta , 6 indireclamente ; ni impedirle
D ii ), d
7>
V
V
28 Hiftoriapanegyrica dos defpoforios
1121, ">■> ^ ^^^ -> y recuperacion de fus dichos dote , ar-
,, ras , y joyas , ni otras afignaciones que fe le
jy huviefen hecho , 6 devido hazer ^ y para efte
jy eF@do, dara la Mageflad delRey de Portu-
;; gal aSu Mageftad Catholica para la fobredi- ji
;, cha Sereniillma Seiiora Infanta Dona Maria
jj Anna Vidoria , fu hija^ aquellas cartas , y
;; feguridades , que fueren necefarias , firmadas ,
„ defupropia manO;, y felladas con fuSello;, y )
jf defde a hora para entonces lo a fegurara , y
,, prometera la Mageftad del Rey de Portugai
„ por Si ;, y por los Reyes fus fubcefores con fe,
„ y palabra Real.
ARTICULO X.
^, XIV. Q Us Mageflades Catholica , y Por-
v3 tuguefa , fuplicaran a nueftro muy
Santo Padre el Papa con el Tratado, que fe
hara en virtud de eftos Articulos , fe fuva
aprobarle _, y darle fu Bendicion Apoftolica ]
y affi mifmo aprobar las Capitulaciones , y las
ratificaciones , que huvieren hecho las referida?
Mageftades, y que hara la referida Serenilfima
Seiiora Infanta , como tambien los a6los , y ju-
ramentos que fe hicieren para fu cumphmiento,
iniertandolos en fus letras de aprobacion , y de
bendicion.
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dos Pmcipes do "Bra^^il, Lluro I. 29
ARTICULO XL
XV. TT" En nombre del muy alto ;, muy 1727
JL excelente , y muy poderofo Princi-
pe Don Plielipe Quinto , Rey de Efpaiia; y co-
mo fu Miniftro, Commifario , Ador, y Man-
datario de la una parte , y en nombre del muy
alto, muy excclente, y muy poderofo Principe
Don Juan Quinto, Rey de Portugal, y del muy
alto , y muy poderofo Principe del Brafil Don
Jofeph , y como fu Embaxador Extraordina-
rio , Plenipotenciario , y Procurador de la otra^
nos obligamos los mencionados Miniftros de
Sus Mageftades , en virtud de nueftros refpe-
ttivos plenos poderes , y prometemos en fe , y
palabra de Sus Mageftades, que los prefentes
Articulos feran enteramente obfervados de und>
y de otra parte, cumplidos, y. executados ftn
„ falta, odiminuicion alguna, y que fera elpre-
„ fente Tratado por Sus' Mageftades ratificado,
y dentro de quince dias, b mas prefto ft fuere
pofible , feran trocadas las. ratificaciones en bue-
na, y debida forma.
„ XVI. En fe de lo qual los dichos Miniftros
„ Plenipotenciarios , firmamos de nueftra propia
„ mano dos Exemplares de efte Tratado, y les
„ hizimos poner los Seilos de nueftras Armas.
„ Fecho en Madrid a tres de Septiembre de mil fe-
„ tecientos y veinte y fiete. =3 ElMarques de la Paz
„ =: EI Marques de Abrantes.
( L. S. ) ( L. S. )
P/e-
j o Hifioria Fanegynca dos dejpojoms
1727. Plenipotencia dela Mageflad del%ey
Catholico,
S.vff;-'*. " XVII. Y\ On Phelipe por k gracia de
cretm^io de EJla- yj) J_^ Dios Rey de Calhila, de Leon,
^°' . „ de AiT.gon , de las dos Sicilias , de Hierufalem,
j, deNavarra, de Granada, de Toledo, de Va-
„ lencia , de Galicia , de Mallorca , de Sevilla ,
„ cieCerdena, deCordova, deCorcega, de Mur-
„ cia , de Jaen , de los Algarves , de Algecira , de
„ Gibraltar , de las Islas de Canaria , de las In-
„ dias Orientales , y Occidentales , Islas , y Tier-
„ ra firme del mar Oceano , Archiduque de Auf-
„ tria , Duque de Borgona , de Bravante , y Mi-
„ lan , Conde de Abfpurg , de Flandes , Tirol , y
„ Barcelona , Senor de Vizcaya , y de Molina
), &c. Por quanto fiendo tan conbenicnte al fer-
„- vicio de Dios , exaltacion de la Fe , y bien de
„ la Chriftiandad , permanezca entre el muy alto,
iy V muy poderofo Principe Don Juan Rey de
„ Portugal, Nos, y nueflros fubcefores, la her-
„ mandad , y buena correfpondencia , que tanto
^ importa alos dos Reynos,- .y confiderando por
„ el mas oportuno medio para afegurar efla im-
„ portancia , el de eflrechar mas , y mas los vin-
,>^ culos de fangre , y parentefco , fe ha combeni-
„ do , y ajuflado por Articulos Preliminares, que
„ fe han firmado por los Commifarios nombra-
„ dos a efte fin par Mi , y por el muy alto , y
„ muy poderofo Principe Don Juan , Rey de Por-
„ tugal , el Cafamiento del SerenifTuno Principe
del
w
dos Frincipes do "Bra^ilj Livro I» 5 1
„ del Braril Don Jofeph , hljo del mencionado 1727.
jj muy alto , y muy poderofo Principe Don Juan
_,_, Rey de Portugal , con la Sereniflima Infanta
jj Doiia Maria Anna Vid:oria, mr muy chara>
jj y muy amada hija , para ^ue can la bendicion
„ de Dios , y de nueftro muy Santo Padre Bene-
jj di6lo Dezimotercio _, que a<5tualmente prefide
■,y en fu Santa Iglefia , fe defpofen , y cafen fegun,
„ y como lo difpone la Santa Iglefia Romana y
.5, y relpedo de haverfe de hazer , y de firmar en
,,' miCortedeMadrid con el Marques deAbran-
^, tes , Embaxador Extraordinario , nombrado a
„ efle efedo por el muy alto , y muy poderofo
,j Principe Don Juan Rey de Portugal , el con-
,j trato del referido matrimonio , con las folem-
jj nidades , y lucimiento , que fe pratica en feme-
,, jantes cafos , con los pactos , y condiciones ya
^y acordadas j por eftas razoens , y pro la particu-
^, lar confianza , y (atisfacion , que tengo de vos
„ Don Juan Baptifta de Orendayn , Marques de .
_,, la Paz , de mi Confejo , y primer Secretario de
„ Eftado , y del Defpacho : Hc refuelto nombra-
,y ros por mi Miniftro Commifal-io , para que po-
„ dais hazer , y firmar en mi Corte» de Madrid ,
„ como queda dicho , con el referido Marques
j, de Abrantes Embaxador Extraordinario de Sua
,y Mageftade Portuguefa el contrato del referido
'„ matriraonio del exprefado SerenifTimo Principe
„ del Brafil , con la mencionada Sereniflima In-
„ fanta mi hija , con las folemnidades acoflum-
„ bradas , y con los pa6tos , y condiciones ya
„ acordadas. Por tanto por la prefente , os doy
„ poder , y facultad , tan cumphdo , y baftante
„ como le rcquiere de certa cicncia , y delibera-
», da
$ 2 Hijloria Panegyrica dos defpojcrios
1727. }} davoluntad, para que por mi, yenminom-
„ bre , reprefentando miPerfonaj, {comoybpro-
j) pio lo podria hazer fiendo prefente ) capituleis,
^j, combtengais, afenteis , y firmeis lo tocante al
p; referido contrato , y capitulos matrimoniales
^j>; hafta concluirlos enteramente , para que os doy
• yy poder , y facultad amplia , y <ibfoluta , fm li-
)y mitacion alguna , aifi para todo lo que a efte
p; intento combenga, y fuere necefario executar,
„ eftipular , a fegurar , y obligar por mi parte ,
y, como para admitir , y aceptar todas las condi-
,y ciones, padtos, obligaciones , efcrituras, y inf-
,, trumentos, que fueren necefarios hazer porla
„ del muy alto , y muy poderofo Principe Don
„ Juan Rey de Portugal, tanto en razon de la
„ dotc , arras, legados, y mandas, como en los
„ de mas puntos concernientes al dicho cafami-
„ ento j obligandome , como me obligo , al cum-
„ plimiento de lo que en cada una de eftas co-
„ fas , y todas juntas concertareis , capitulareis ,
„ y admitiereis , 6 executareis , que para efte efe-
„ clo os hago , crio , y conftituyo mi A6lor,
„ Mandatario , y Commifario , con libre , gene-
„ ral, yplenilfimo poder, y facultad , para que
jy hagais , y podais hazer en razon de efto , todo
„ lo que yb mifmo podria hazer , aun que fean
yy tales las cofas , que requieran efpecial , y ex-
„ prefta mencion de ellas ; y prometo en mi pa-
„ labra Real, que tendere por grato, firme, y
„ valedero , y aprobare , y ratificare , fi fuere ne-
„ cefario, y tendre por bueno lo que hiciereis,
;, tratareis , y prometiereis , concluyereis , y fir-
5, mareis, y que nb ire, ni vendre, ni confenti-
jy reir , ni venir contra alguna cofa, ni parte de
dos Principes do Braz.il j Livro I* 5 5
yj ello ;, fino antes bien lo loare , aprovare , y ra- 1727.
„ tificare de nuevo fi necefario fuere. En fe de lo
,, qual mande defpachar la prefente , firmada de
j, mi mano , fellada con cl Sello fecre» ,t y re-
frendada de mi infrafcripto Secretario deEfta-
do, y del Defpacho. Dada enMadrid adiezy
ocho de Juho de mil fetecientos y veinte y
fiete.
YO ELREY.
( L. S. ) Do» ^ofeph Rodrigo.
Foder de la Magejlad del^y de
Portugal.
l^ XVIII. "T^Om Joao por gra^a de Deos Poder deURey D.
„ JL/Rey de Portugal, e ^os M-^^^lf/^l^r^ms
j, garves , daquem , e dalem , Mar em Africa ,
Senhor de Guine , e da Conquifta , Navega^ao,
Commercio daEthyopia, Arabia, Perfia, e da
India , &:c. Fa^o faber aos que efta minha Carta
de poder geral, e efpecial virem , que por quanto
convem ajuftar-fe , e effeituar-fe o cafamento,
que fe trata entre o Principe j meu fobre todos
muito amado , e prefado filho , com a Serenif^
fima Infanta D. Maria Anna Vitoria , filha do
muito alto , e mui poderofo Principe D. Filippe
Quinto , Rey Catholico de Hefpanha , meu
bom irmao , e primo. Pela confian^a que fa^o,
y c fatisfa^ap que tenho da prudencia , xelo , e
E „ fide:
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V
54 Hiftoria Faneijrlca dos dejpojorios
1727. ^^ iidelidade do Marqiiez de Abrantes , e de
Fontes , Conde de Penaguiao , D. Rodrigo An-
nes de Sa Almeida e Menezes , meu muito ama-
f) do ^jftfprezado robrinho ^ do meu Confelho,
Gentil-homem da minha Camara , Alcaide mor,
Capitao mor , e Governador das Armas da Ci-
dade doPortO; e feu Deftrifto, e das Forta-
lezas de S. Joao da Foz do Douro , e N. Se-
nhora das Neves em Lega de Matofinhos , Se-
nhor das Villas de Abrantes , e do Sardoal , e
dos Concelhos de Sever , Penaguiao , e Godim,
da Honra do Sobrado , de Villa-Nova de Gaya
de Matofmhos ; e Bou^as , de Gondomar , e
de Aguiar de "Soufa ^ Commendador das Coni-
mendas de Sant-Iago de Caflem , e S. Pedro de
Faro , na Ordem de Sant-Iago^ e de Santa Ma-
ria de Mafcarenhas, S. Pedro de Macedo, e S.
Joao de Abrantes naOrdem de Chrifto, e meu
Embaixador Extraordinario , e PlenipotenciariO;
Ihe concedo , e otorgo meu inteiro , e compri-
do poder , livre , e baftante , fegundo melhor^
e mais compridamente Ihe devo conceder , e
otorgar,^ eem tal cafo fe requer, e o conftituo,
e faco meu Procurador geral , e efpecial , para
que por mim , e em meu nome , e do Principe
meu iilho _, reprefentando a minha propria Pef-
foa , e a do Principe , como Eu , e elle o po-
diamos fazer , fe prefentes foflemos , pofla tra-
tar, e ajuftar o Tratado Matrimonial do dito
Principe , com a fobredita Sereniifima Infanta,
na forma dos Preliminares , que fe achao ajuf-
„ tados pelos meus Plenipotenciarios , e por mim
,, ratificados em treze de Outubro do anno de
„ mil fetecentos vinte e cinco , com quaefquer
„ Pro:
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dos Frindpes do "Bra^il, Livro I. 55
Procuradores , ou CommiiTarios nomeados pe- 1727.
lo muito alto, e muito poderofo Principe D,
FiJippe Quinto, Rey Catholico , que moftra-
rem feus poderes , e procura^ao em forma baf'
tantes , para o fobredito effeito , Eu ;, e o mef-
mo Principe guardaremos, e compriremos , tu-
do, o que pelo fobredito Marquez , meu Pleni-
potenciario , for capitulado , e ailentado , com
as condicoens , pa6los , obriga^oens , e firme-
zas , que por elle forem acordadas , e ajuftadasj
porque para tudo Eu, e o Principe Ihe conce-
demos , e otorgamos todo o comprido poder ,
mandado geral, e efpecial , com hvre, e ge-
ral adminiftragao j e por efta prefente promet-
toemfe, epaiavra deRey de guardar, e com
„ effeito cumprir tudo , o que peio dito meu Em-
p baixador Extraordinario , e Pienipotericiario , e
Procurador fobre o dito cafamento for trata-
do , capitulado , otorgado , aftentado , e firmado
de qualquer riatureza, qualidade, e importancia
que feja , e tudo haverei por firme , e vahoib
em todo otempo, na forma daobriga^ao deP
tes poderes : E por firmeza de tudo mandei . fa-
„ zerefta prefente Carta, e poder geral , eefpe-
„ cial por mim ailinada , e fellada com o Sello
„ grande de minhas Armas. Dada na Cidade de
„ de liisboa Occidental aos feis dias do mez de
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II
„ Agofto do anno do Nafcimejito de Nofto Se-
nhor JESU Chrifto de mil fete centos vinte e
fete.
E L R E Y.
( L. S. ) Diogo de Mendon^a Corte Real
E ii „ Por
l6 Hiftoriapanegyrica dos def-pofofws
1727. ?> XIX. TjOrtanto, haviendo vifto, yexa-
„ X minado el referido Tratado Ma-
jpprova, ratifi- )y trimonial aqui inferto, lie refuelto aprovarle,
ai^efi-ma El-Rey y ratiiicarle ( como en la virtud de la prefente
f^^o^ ), leapruebo, y ratinco) enlamejor , y mas cum-
„ plida forma , que pucdo , y doy por bueno , fir»
,) me, y valedero, todo lo que en ei fe contiene, i
?, y promcto en fe , y palabra de Rey cumprirle,
jy y obiervarlc inviolablemente fegun fii forma,
„ y/Henor , y hazerle obfervar , y cumplir de la
y, mifina manera como 11 yo le huvi'era hecho por
yj vm propia PerfQna. En fe de lo qual, mande
y, defpachar la prefente y firmada de mi mano,
fy fellada con el Sello fecreto , y refrendada de
yy mi infrafcripto , primer Secretario de Eftado ,
„ y del Defpacho Univerfal. Dada en San Ilde-
;, fonfo. a catorce de Septiembre de mil fetecien^
;, tos y veinte y fiete;
Y O E L R E Y.
- ( L. S. ) ^mn Baptifla de Orendayfi, ■
■ 25. Celebrou-fe na Corte de Lisboa no pri-
Outra femelhan- meiro de Outubro QUtro femelhante Tratado do
tereducaodocon- eafamento do Sereniflimo Principe das Afturias
wetitodoPriricipe '^^ a Senhora Ittfanta D. Maria Barbara. Forao
dar 4/iiirias com oelle os Marquezes de los Balbazes , e de Cape^
rifCbSa^^^^a ^^^^^^^o y Plenipotenciarios deSua Mageftade Ca..
Tratado dotal , e thoHca , que para iffo Ihes havia expedido fua
matriimmiai. commiffao , e faculdade em 12. deAgofto, e de-
pois coniirmou o mefino. Tratado a i %. de Outu-
bro em Santo IIdef©nfo. A efle mefmo iim , deo
-.:■: - ... El-Rey
dos Tnncl-pes do "Bra^ih Livro I. ' 57
EI-Rey D. Joao as vezes de feu Plempotenciario 1727.'
a Diogo de Mendon^a Corte Real , do feu Conr
felho y e feu Secretario de Eftado , das Merces ,
Expediente , e Affinatura , por procuragao que
Jhe pallou em 29. de Agofto. Acordou-fe eni do-
tar tambem Sua Mageftade a mefma SereniiTima
Senhora Infanta em quinhentos mil efcudos del
Sol, ou no feu equivalente valor , de qualquer
modoj pofto, e entregue^na Corte de Madrid.
Ei-Rey Catholico obrigou-fe da fua parte as con-r
di^oens ordinarias deftes Tratados. Aquelle d^
que fallamos , era defte theor :
w I- T^ ^"^ Phelipe por la gracia de Dios Tratado do Cafa-
U Rejr de CaftiUa, de Leon, de Aragoa, -«X X^^S^]
y, de las dos Sicihas , de Hierufalem , de NavaVra, com a Infanta D.
j> de Granada, deToIedo, deValcncia, de Ga- ^^^^''^'^ ^"''^^'^'
), licia , de Mallorca, de SeVilla , de Cerdeiia,
j) de Cordova , de Corcega , de Murcia , de Jaen,
i, de los Algarves , de Algecira , de Gibraltar , de
„ las Islas deCanaria, de las Indias Orientales,
„ y Occcidentales , Islas , y Tierra firme del mar
j, Oceano , Archiduque de Auftria, Duque de
j, Borgona , de Bravante , y Milan , Conde de
„ Abfpurg , de Flandes , Tirol , y Barcelona , Se-
j, iior de Vizcaya , y de Moiina Scc. Por quanto
„ haviendofe ajuftado , combenido , y lirmado en
„ la Corte dc Lixboa , el dia primero del prefen-
;, te mes de Oflubre , por los Plenipotenciarios
>, nombrados por Mi, y por el Sereniftimo, y
>, muy poderolb Rey de Portugal Don Juan , el
5, Tratado Matrimonial para el cafamiento , que
„ deve efe£luarfe, entre el Sereniftimo Principe
>, de Afturiasj DonFernando^ mi rnuy charo, y
muy
3^- HiftoriaFanegyricadoi dejpojorws
1 72 7. V "^uy amado hijo , y la SereniiTima Iiifanta de
Portugal , Dona Maria , hija del referido Scie-
nilTimo Rey de Portiigal del tenor feguiente.
yy
II. ^THRatado Matrimonial acordado en-
JL tre el Embaxador Extraordinario
delRey de Efpana ;, Don Carlos Ambrofio
,y Spinola de la Cerda , Marques de los Bal-
ji bafes , Gentil-hombre da Camera de Su Ma-
,; geftad , y Don Domingo Capecelatro , Mar-
ques de Capecelatro , Embaxador Ordinario
de la mifma Mageftad , y fus Plenipotencia-
rios , y el Commifario del Rey de Portugal ,
Don Diego de Mendonza , y Corte Real ,
de fu Confejo , y Secretario de Eftado , de
I"as Mercedes, Expediente;» y Afignatura, pa-
ra el cafamiento , que deve efe^luarfe entre
el muy alto , y muy poderofo Principe de Aftu-
rias Don Fernando , hijo primogenito del muy
alto , muy excelente , y muy poderofo Principe
Don Phelipe Quinto , por la gracia de Dios
Rey de Efpana, y de la muy alta, muy exce-
lente, y muy poderofa Princefa Dona Maria
Luifa Gabriela de Saboya, ya defunta, fupri-
mera efpofa, y companera,- y la muy alta, y
muy poderofa Princefa Dona Maria , Infanta
de Portugal , hija del muy alto , y muy pode-
rofo Principe Don Juan Quinto , por la gracia
de Dios Rey de Portugal , y de la muy alta ,
muy excelente , y muy poderofa Princcfa Dofia
Marianna de Auftria , tambien por la gracia de
Dios Reyna de Portugal ,• fegun los plenos po-
deres , que han recevido los dichos Miniftros
de la Mageftad del Rey CathoIicO; y de la Ma-
?, geftad
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dosFrincipes do^Brai^l^iLivrQl. 3p
„ geftaddelRey dePormgal, cuyas cophsfeii> I727.
j, fertai-an al pie de efte prefente Tratador
III. TT^ N nombre de la Santiflima Tri
m' j nidad Padre ^ Hijo , y Spirito San-
to ; uno folo Dios verdadero : a fu honor,
y gloria , y por el bien reciproco de los pue-
blos" fubditos^y Vafallos , de uno, y otro
Reyno. Sea notorio a todos aquellos , que
_,;, las prefentes letras de acuerdo de Matrimo-
„ nio vieren, que haviendofe firmado en el Re-
jj al litio de San Ildefonfo , a los fiete dias del
,y mes de 0<5lubre del ano del Nacimiento de
„ Nueftro Seiior J E S U Chrifto de mil feteci-
„ entos y veinte y cinco , por el Marques de
,, Grimaldo , Minillro , y Pienipotenciario de
„ Ja Mageftad del Rey Catholico > y por Jofe-
3, ph da Cuiia Brochado , y por Antonio Gue-
„ des Pereyra , Miniftros , y Plehipotenciarios
„ de la Mageftad delRey de Portugalj, los Ar-
„ ticulos Preliminares para el matrimonio , que
,_, fe deve efedluar del muy alto ^ y muy poderofa
,; Principe de Afturias Don Fernando^ hijo pri-
„ mogcnito del muy alto , muy excelente , y muy
„ poderofo Principe Don Phelipe Quinto , por la
„ gracia de Dios Rey de Efpaiia, y de la muy alta,
„ muy excelente , y muy poderofa Princefa Dona
„ Maria Luifa Gabriela de Saboya , ya defunta, fu
„ primera Efpofa, y compaiiera ,• ylamuyalta,
f, y muy poderofa Princefa DoiiaMaria, Infanta
„ de Portugal, hija del muy alto, muy excelente,
„ y muy poderofo Pfincipe Don Juan Quinto,
„ por la gracia de Dios Rey de Portugal , y de la
j, muy alta, muy e^ccelente , y muy poderofa Prin-
)) cefa
40 Hl/lcm Panegyrlca dos defpoforws
a
'1727- » ^^^^ Dona Mariarma de Auftria, tambien poi
„ la gracia de Dios Reyna de Portugal , cuyos
„ Articulos fueron ratificados en el mifmo Real
„ fitio de San Ildefonfo , a catorze de Oclubre
„ del mifrno aiio de mii fetecientos y veinte y cin-
„ co j por la JSlageftad del Rey de Efpana , y
jj por la Mageftad del Rey de Portugal en la
„ Corte de Lixboa Occidental , a los trcce del
,, miftno mes de 061:ubre del dicho aiio de mii fe-
IV. "XT^Por quanto nbs, como Miniftros,
X y Plenipotenciarios , a hora elpe-
cialmente deputados , debemos reducir los di-
chos Articulos a un Tratado formal , en virtud
„ de los plenos poderes refpe6livos , que por Sus
„ Mageftades . nbs fueron concedidos , folo para
„ efte fin , liaviendolos vift:o , y examinado , y hal-
„ landolos en buena , y debida forma combenimos
„ iofeguiente.
ARTICULO I.
Anigos do Tra- „* V. O E ha ajuftado, que vifto hallarfe, que
^''^*- „ v3 los parentefcos entre el muy alto , y.
,, muy poderofo Principe de Afturias , y la muy:
), alta , y muy poderofa Infanta Doiia Maria, foa
engrados , que no necefitan difpenfaciones de
nueftro muy Santo Padre el Papa , como ha I
conftado defpues de ajuftado el primer Articulo
de los Pi^ehminares de ©fte Tratado , en fiete
de OiStubre de mil fetecientos y veinte y cinco ,
„ y haver el muy alto, y may.poderQ& Principe
3)
dos Trincipes do "Bra^U Livro I. 41
,; de Afturias Don Fernando; y la muy alta^ y 1727.
muy poderofa Infanta Dona Maria ; llegado al
prefente a las edades competentes para poder
celebrar Jos defpoforios , y matrimonio , fe ha-
ranlos dichos defpoforios, ymatrimonio en Ja
Corte de Ja Mageftad deJ Rey de PortugaJ; def
pues que fe tubieren ajuftado, y fixado eJ tiempo
entre Ja Mageftad deJ Rey Cathohco , y la Ma-
geftad deJ Rey de PortugaJ , y para uno , y otro
a^lo le daran Jos poderes , y autoridad necefa-
ria , aifi por el Sereniffimo Principe de Aftu-
rias , como por el Sereniffimo Rey CathoJico,
fu padre , al Miniftro , 6 perfona , que fea mas
de fu agrado.
V
V
V
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j)
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ARTICULO IL
' i. . j
)j VI. TT^ L Sereniftim.o Rey de Portugal,
„ X_J promete , y fe obJiga a dar , y da-
), ra a la Sereniflima Scnora Infanta Dona Maria,
,_, en dote , y a favor deJ matrimonio con eJ Se-
reniflimo Principe de Afturias^ Don Fernando ,
y pagara a la Mageftad del Rey Catholico , 6
aquien tubiere fupoder, ycommifion, lafuii-
ma de quinientos mil excudos de oro del Sol ,
6 fu jufto valor , en la Corte , y ViJIa de Ma-
drid , y fe entregara la dicha fumma al tiempo
de efedtuarfe el matrimonio.
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F .IPv
42 Hi/icriaPanegyrica das defpoforics
ARTICULO m.
1727, „ VII. y A Mageftad del Rey Catholico fe
X-i obliga a afegurar , y afegurara el
dote de Ja SereniiTima Senora Infanta Dona
Maria en buenas rentas , y afignaciones fegu-
jy rzs , X fatisfacion de la Mageftad del Rey de
jy Partugal , 6 de Jas perfonas , quc para efte
efedo nombrare al tiempa del pagamento , y
remitira Juego a la Mageftad del Rey de Por-
fy tugal los documentos de la dicBa afignacion ; y
„ en el cafo de difolverle el matrimonio , j que
„ por el direcho tenga Jugar la reftituicion del
j, dot^, fera efte- reftituido a la Sereniflima Se-
,; iioralnfanta, 6 a fus herederos , y fubcefores,
„ que lograran los reditos , que importaren los
;p. dichfls quinientos mil excudas de oro dfil Sol ,
fy ^arazon de cinco por ciento^ quefepagaran en
p. viitud de las dichas afignaciones- . :.-
"KKTICULO IV.
„ VIII. T) Or medio del pagaiiiento efe6livo,
,,.... Jl que fe hara a la Mageftad del
,, ReyCathohco de losdichos quiriientos milex-
„ cudos de oro del Sol , b fu jufto valor > en el
„ termino , que queda dicho , fe dara por fatisfe-
„ cha la Sereniffima Senora Infanta , y fe fitisfa-
„ ra del dicho dote , fin que en adelante pueda
„ alegar otro derecho , ni intentar otra alguna ac-
„ cion , 6 pertenfion , foJicitando , que le per-
..\ ' j) tenezcan.
dos Princlpes do ^-a^KiU Livro I. 45
;^ tenezcan*, 6 puedan perteneccr , otros mayores iJ2J,
;; bienes, razones, derechos , 6 accioaes , por cau-
p; fa de herencias , b mayores fubcefiones de las
;, Magellades del Rey , j la Reyna de Portugal,
,, fu padre , y madre , ni de qualquiei-a otfa ma-
jy nera;, y'por qualquiera caufa, 6 titulo que fea,
,;, 6 fuere , que lo fepa , 6 lo ignore ; bien enten«
j, dido , que de qualquiera calidad , y condicion,
„ que fueren las cofis arriba dichas, deve que-
;,, dar excluida de ellas ,• y antes de efe6luarfe los
„ defpoforios , hara renuncia en buena , y devida
„ forma , y con todas las feguridades , formas ,
„• y (olemnidades , que fueren necefu-ias ; la qual
„ renuncia hara la SerenifTima Senora Infinta,
„ antes de eilar cafida por palabras de prefente,
„ y la contii-mara luego deipues' de"" celebrar el
„ matiimonio , y la aprobara v y ratificara junta-
„ m^ente con el Sereniirimo Principe de Afturias
,; con las mifmas formas , y folemnidades , qiie
,-, la Sereniffima Senora Infanta hubiere hecho la
„ fobredicha primera renuncia, y a de mas con
;, las claufulas , que fe juzgaren mas combenien-
„ . tes , y necefarias ; . y el SerenilTimo Seiior Prin-'
,; cipe, y la Seremflima Seiiora Infanta queda-
;, ran , y quedan, alfi de prelente , como para
„ entonces obligados al cumplimiento , y efe6lo
„ de la dicha renuncia , y ratificacion, en confor-
„ midade de los prefentes Articulos ,• y his fobre-
„ dichas renuncias, y ratificaciones ieran havidas, y
„ juzgadas, afii prefentem.ente, como para entonces
„ por bienhechas,y verdaderamentepafadas,y otor-
„ gadas,- y las dichas renuncias , y ratificaciones fe
„ haran en la forma mas authentica , y eficaz, cjue
„ pudieren fer , para que fean buenas, y validas,
44 Hiftoria panegyrica dos defpoforlos
T727. v juntamente con todas las ckufulas derogato-
^, rias de qualquiera Ley , jurifdicion , coilum-
„ bres ; derechos , y coiiftituciones a efto contra-
„ rias , 6 que impedieren en todo , 6 en parte las
„ dichas renuncias _, y ratificaciones ,• y para efe-
j, fto , y vahdacion de lo que arriba queda di-
>, cho , la Mageftad del Rey Catholico j y la Ma-
jj geflad del Rey de Portugal, derogaran , y dero-
jy. gan , defde el prefente , como para entonces ,
x^, tener' derogadas todas las excepciones en con-
„ trario.
ARTICULO V.
„ IX. T" A Mageflad del Rey Catholico da-
,> A_^ra ala Serenilfima Senora Infanta
„ Dona Maria , a fu Ilegada al Reyno de Efpa-
jy m para fusanillos, yjoyas, el valor de ochen-
;, ta mil pefos , los quales le perteneceran fin di-
„ ficuitad, defpues de celebrado el matrimonio;
,', de la mifma fuerte , que todas las otras joyas,
jy que Ilevare configo , y feran propias delaSe-
,5 ' reniiTima Senora Infanta , y de fus herederos ,
yy j fubcefores, y de aquellos, que tubieren fu
^y.derecho.
ARTICULO VL
jyc X. T" A Mageflad del Rey Catholico afig-l
„" I J nara , y conflituira a la SereiliirHTLal
„ Senora Infanta Dona Maria , para fus arras j
„ veinte mii excudos de oro del Soi aiaiio, quel
„ ferar
dos Vrincipes do "Bras^l^ Livro t. 45
feran afignados fobre rentas, y tierras, de las 172 7
quales tendra lajurifdiccion; y el lugar princi-
pal el Titulo de Diicado j de iuer||; que las
dichas rentas , y tierra lleguen hafla la dicha
fumma de veinte mil excudos de oro del Sol ca"
da afio ; de los quales lugares, y tierra aili da-
das, y afxgnadas , gozara la Sereniffima Seiiora
Infanta por fus manos, ypor fu authoridad, y
de las de fus Commifarios , y Ohciales , y en las
dichas tierras proveera las Jufticias , y a de mas
de eflo , le pertenecera la provifion de los Ofi-
cios, como es coftumbre , entendiendofe , que
los dichos Ohcios no podran fer dados fino a
Efpanoles de nacimiento , como tambien la ad-
mimftracion , y arrendamiento de las dichas ,
tierras , conforme a las Leys , y coftumbres de
Eipana. ' Y de la fobredicha afignacion entrara a
gozar , y pofeer la SereniiTmia Seiiora Infanta
Dona Maria , luego que tuvieren lugar las ar-
ras , para gozar de ella , toda fu vida , fea que
quede en Efpana , 6 fe retire a otra parte.
ARTieULO VII.
XI. T A Mageflad del Rey Catholico da-»
1 A ra , y afignara a la Sereniffima Se-
nora Infanta Doiia Maria para el gaflo de fu
Camera , y para mantener fu eflado , y cafa ,
una fumma conbeniente , tal , qual pertenece a
muger de un tan gran Principe , y a hija de taji
„ poderofo Rey , afignandola en la forma , y ma-
,, ncra , que fe acoflumbra hazer en Efpaiia para
5, femejantes manutenciones , y ^aflo.
46 Hiftoria Panegyrlca dos dejpojorios
ARTICULO VIII.
1727? ,; XII. y A Mageftad del Rey de Portugal
„ I J hara conducir en el tiempo ; que
yy fe ajuftare a fu cofta , y gafto a Ja SereniiTima
5, Seiiora Iiifanta Dofia Maria , fu hija , a la
;,, Frontera , y raya de Efpana , con la dignidad;
,; y cortejo , que requiere una tan gran Prin-
^y cefa , y fera recivida de la mifma fuerte de par-
jy te. de la Mageftad del Rey Catholico , y tra-
„ tada , y fervida con toda la magnificencia , que
^, conbiene.
ARTICULO IX.
XIII. TT^ N el cafo , que fe difuelva el
JP^ matrimonio entre el Sereniffimo
Principe de Afturias, y la Sereniifima Seiiora
Infanta Doiia Maria, y que efta fobreviva aL
referido Sereniilimo Principe, en efte cafo fera
libre a la dicha SerenifTima Seiiora Infanta que-
dar en Efpaiia, en el lugar que quifiere, 6 bol-
ver a Portugal , 6 qualquiera otro lugar com-
beniente , aun que fea fuera del Reyno de
Efpafia , todas , y quantas veces bien le pa-
„ parecere con todos fus bienes , dote , y arras ,
yy joyas , beftidos , y vaguilla de plata, y quales
„ quiera otros muebles , con fus Oiiciales , y cria-
), dos de fuCafa, fm que por qualquiera razon,
b confideracion que fea , fe le pueda poner im-
jy pcdimentOj ni embarazo alguno a fu partida,
„ dire6la.
V
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V
V
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V
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V
V
dos Pmcij^s do Brazjl j Livro I. 47
jy dirc61:a , b indiredlamente, ni impedirle el ufo , \J2J>
„ y recuperacion de fus referidos , dote, arras., y
„ joyas, ni otras afignaciones , que fe le hubiefen
„ hecho ,, 6 devido hacer ,• y para efte efe6lo,
,, dara la Mageftad del Rey Catholico a la Ma-
„. geftad del Rey de Portugal , para la fobredi-
cha SereniiTima Seriora Infanta I>oria Maria,
fu hija , aquellas Cartas , y feguridades , que
fueren necefarias , firmadas de lii propia mano,
y felladas con lu Sello , y defde a hora para en-
tonces lo afegumra , y prometera la Mageftad
del Rey Catholico , por fi , y por los Reys fus
fubcefores , con fe , y palabra Reai
•>y
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n
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7)
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ARTICULO X
XIV. T AM-igeftad delRey Cathoheo,-
JLiy la Mageftad delRey de Por-
tugal, fuplicAran a nueJlro muy Santo. Padre el
Papa, con el prefeate Tratado, fefnva apro-
varle, y darle fo Bendieion ApoftoUca ; y alli
mifmo aprovar las Capitulaciones , y ratificacio-
„ nes , que hubieren hecho las referidas Magef-
^,tades, yque hara laSeremfliiBa Seriora Infan-
„ ta, como tambien los aclos , y juramentos,que
„ fehicieren para fu cumplimientQ, infertaudolos
„ en fus letras de aprobacion , y de bendicion.
ARTICULO XI
„ XV. XT" En nombre del muy alto , muy
» X exceie;nte , y muy poderofo Prin-
„ cipe Don Phelipe Quinto , Rey dei Elpari? , y
« del
48 Hificria Panegyrlca dos defpoforios
172 f- " delmuyalto, y muy poderofo Principe de Af-
„ turias Don Ferhando , y como fus Embaxado-
„ res Plenipotenciarios , y Procuradores de h una
,y parte ,• y en nombre del muy alto , muy ex-
3, celente j y muy poderofo Principe Don Juan
,y Quinto ;, Rey de Portugal , como fu Miniftro,
„ Commifario , Aftor , y Mandatario , de la otraj
„ nos obligamos los mencionados Miniftros de
j, Sus Mageftades , en virtud de nueftros relpe-
„ ^livos plenos poderes , y prometemos en fe,
„ y palabra de Sus Mageftades , quc los prefentes
„ Articulos feran enteramente obfervados , de
„ una, y otra parte, cumplidos, y executacios,
„ fm falta , b diminuicion alguna j y que fera el
„ prefente Tratado por Sus Mageftades ratifica-
„ do , y dentro de . quince dias , 6 mas prefto ft
„ fuere pofible , feran trocadas las ratificaciones
„; en buena , y debida forma.
„ XVI. T?. N fe de lo qual, los dichos Mi- }
„ X_-iniftros Plenipotenciarios , firma-
„ mos de nueftra propia mano dos Exemplares def-
„ te Tratado, y les hizimos poner los Sellos de nu-
„ eftras Armas. Fecho en Lixboa Occidental al pri-
j, mero de Odubre de mil fetecientos y veinte y fiete.
El Marqties de los Balbazes.
bon Diego de Mendonza Cortereal.
( L. S. ) ( L. S. )
El Marques de Capecelatr9.
( L. S. )
Fle-
>■
'rt
^
dos Principes io "Bra^il , Livro I. 49
Plenipotencia de la Magejlad del ^y
Catholico.
XVII. T>| On Phelipe por la gracia de 1727.
JL/ Dios Rey de CaftiHa , de Leon,
de Aragon , de las dos Sicilias , de Hierufaleni; Poder del-Re^
,, de Navarra, deGranada, de Toledo, de Va- C^^^jf^^^f^^^^
„ Jencia, de Galicia , de Mallorca ;, de Sevilla, Balbazei , eCa-
„ de Cerdena , de Cordova, de Corcega; de Mur- pecehtr^.
„ cia , de Jaen , de Ibs Algarves , de Algecira ,
jy de Gibraltar, de las Islas de Canaria , de las In?
,, dias Orientales , y Occidentales , Islas , y Tier-
„ ras firme del mar Oceano , Archiduque de Auf-
jj tria, Duque de Borgona , de Bravante , y Milan,
„ Conde de Abfpurg, de Flandes , Tirol, y Barcc-
„ lona , Senor' de Vizcaya , y Molina &c. Por
„ quanto haviendofe confiderado combeniente,
„ que con nuebas , y mas fliertes prendas de amor,
„ y amiftad, fe eftreche , y confirme la que ay en-
„ tre Nos , y nueftro muy charo , y muy amado
„ hermano , el Sereniftimo Rey de Portugal Don
„ Juan , a fin de afegurar mas permanente , y
„ firme , entre Su Mageftad Portuguefa , Nos ,
„ y nueftros (iibcefores , la hermandad, y buena
„ correfpondencia , que tanto importa ambos
„ Reynos , fe ha combenido , y ajuftado por Ar-
„ ticulos Preliminares , que fe han firmado por los
„ Commiiarios Plenipotenciarios , nombrados a
„ efte fin , por Mi , y por el Serenifiimo Rey de
„ Portugal , mi hermano, cl cafamiento del Se-
„ reniflimo Principe deAfturias DonFernando,
„ mi muy charo , y muy amado hijo , con la Se-
G „ renilfima
5; o Hiftoria Tanegrica dos defpoforios
1727. » rcni^^^rna Infanta de Portugal Dona Maria ,
„ hija del Serehifrimo Rey de Portugal , y ref-
pe6lo de haverfe de hacer^ y de firmar en la
Corte de Lixboa con el Commifario , 6 Com-
mifarios , que el SereniiTimo Rey de Portugal
nombrare , el correfpondiente Tratado Matri-
monial ,• por eftas razones , y por la confianza,
que tengo de vhs Don Carlos Ambrofio Spino-
la de la Cerda , Marques de los Balbafes , Pri-
mo , Duque de Sexto , Roca , Piperozi , y Peu-
time j Baron de Ginofa , Feudatario de Cazal-
nozeto ; Pontecuron \ Montemar , fm Monte-
velo , y Paderno , Gran Protonotario , del fu-
premo Confejo de ItaHa , Gentil-hombre de mi
Camera , y mi Embaxador Extraordinario ^ y
de vos el Marques de Capecelatro , mi Emba-
xador Ordinario ,• he refuelto nombraros por
mis.Miniftros Commifarios , para que podais
hazer ,-! y firmar enlaCorte de Lixboa, como
queda dicho , el referido contrato matrimonial
del mencionado Principe mi hijo , con la expreA
fada Serenilfima Infanta , con los pados ya
acordados en los Articulos Preliminares , de
que fe os ha entregado Copia. Por tanto , por
la prefente os doy , y concedo todas mis veces,
poder , y facultad tan cumphda , y baflante ,
como fe requierc , de cierta ciencia , y dilevera-
da voluntad , para que por mi , y en mi nombre^
reprefentando mi propia Perfona , y la del Prin-
cipe mi hijo , como yo mifmo , y el , lo podia-
mos hazer fiendo prefentes , capituleis , com-
bengais , afenteis , y firmeis con el Commifario,
6 Commifarios , que con poderes fuficientes a
„ efte efedo nombrare Su Mageftade Portuguefa,
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dos Prindpes do "Brai^il^ Livro I, 5 1
,^ lo. tocaiite al .referido contraco matrimonkl ^ 1-^2 7"
„ hafta coiKluirle enteramente , para que os doy
„ poder, y facultad amplia ^ y abfoluta, fm' lit
,, mitacioa alguna , y afli mi^mo para todo lo quo.
„ a efte intento combenga^ y fuere necefario exe-
„ cutar , eftipular , afegurar , y obligar por mi
„sparte, ytambienpara admitir, y aceptar todas
>, las condiciones , pa6los , y obligaciones , fcrip-
yy turas , y inftrumentos , que fuere necefario ha-
y, zer por la del SerenifTmio Rey de Portugal , y
jj de la Sereniffima Infanta , aiTi en razon de la
3, dote, arras, legados, y mandas , como para los
_,, de mas puntos concernientes al dicho cafami-
^y ento , obligandome , como me obligo , y fe
;, obliga el Principe , al cimiplimiento de lo que
„ en cada una de eftas cofas , y todas juntas con-
;,, certareis , capitulareis ; y admitiereis y 6 execu-
„ tareis, que para efte efe^lo os hago, crio, y
,, conftituyo mis Adores , Mandatarios y y Com-
,^ mifarios con libre, general , y pleniffimo po-
;,' der, yfacultad, para que hagais. , y podais ha-
,y i^er, en razon de efto, todo io que Yo mifmo,
»; ; T el Principe mi hijopodiamos hazer, aunque
„■ fean tales las cofas, qvie requieran expecial, y
;, expreila mencion de ellas , fiendo mi voluntad,
„ que en cafo de aufencia de alguno de los dos
„ aqui mencionados , por enfermidad , 6 p(fr qual-
„ quiera otro embarazo legitimo , tenga el uno
„ Iblo el mifmo podcr , que los dos Juntos ,• y pro-
„ metaen fe , y palabra Real, que tendre por gra-
„ to , iirme , y valedero ,• y aprobare , y ratificare,
yt y tendre por bueno lo que los dos juntos , 6 el
„ uno folo en aufencia del otro, hiziereis, trata-
5, reis, y finnareisi y que noire, nivendre, ni
G ii ;, con-
J2 Hiftoria panegyrica dos defpoforios
172^' ^y confentire ir, ni venir contra algunacofa;, ni
yy parte de ello, fino antes bien lo loare, apro-
;, bare, y ratificare de nuebo, fi necefario fuere:
i, en fe de lo qual , mande defpachar la prefente ,
„ firmada de mi mano, fellada con el Sello fe-
„ creto, y refrendada del infraefcripto , mi primer
,> Secretario de Eftado , y del Defpacho. Dada en
„ Madrid a doce de Agofto de mil fetecientos y
j, veinte y fiete. ;c
fl^f" . ..Y O E L,R E Y.. ... .;
' ' Don jfuan Baptijia de Orenday?i.
\'
Poder de la Mageftad de\%iy dc
, Fortuzal, ' '^* \
Toder del-Rey D. „ XVIII. T^C)n Juan por la gracia de Dios,
joao ^oSecreta- J_^Rey de Portuaal , y dos AK
go de Mendonca >, garbes , daquien, ydalen, Mar enAtnca,Se-
Cone Real. ^^ nor de Guine , y de la Conquifta navegacion ,
Comercio de Ethyopia , Arabia, Perfia, y de la.
India &c. Hago faver a los que efta mi Carta
de poder general , y expecial vieren , que por
quaftto es combeniente al fervicio de Dios,
exaltacion de la Fe , y bien de la Chriftiandad,
„ que permanezca entre el muy alto , y muy po-
derofo Principe Don Phelipe, Rey deEfpaiia,
Nbs , y nueftros fubcefores , la hermandad , y
buena correfpondencia , que tanto importa a
„ los dos Reynos : y confiderando por el mas
„ oportuno medio para afegurar efta importan-
7»
))
7»
»
V
t
dos Principes do "Bra^iU Livro I. 53
^, cia, el de eftrechar mas , ymas los vinculos de 172 7.
^y fangre , parentefco , y a miftad , fe combino ; y
jy ajufto porlos Articulos Preliminares, que fe fir-
„ maron por los Commifarios nombrados para
„ efle fin., por Mi , y por. el,muy alto, y muy
,y poderofo Principe Don Phelipe , Rey de Efpa-
„ na , el cafamiento del Sereniifimo Principe de
jy Afturias Don Fernando, hijo del mencionado
„ muy alto, y muy poderofo Principe DonPhe-
,, lipe Rey de Efpaiia , con la SereniflTima Infanta
j, Doiia Maria, mi muy amada, y preciada hija, pa-
,y ra que con la bendicion deDios, y de nueftro
,j muySanto Padre Bcnedi^to decimo tercio , que
„ adlualmente prefide en fu Santa Igleffia fe defpo-
yy fen,y cafen, regun,y como difpone laSantalglef-
„ fia Rom,ana ; y refpe^lo de haverfe de hazer , y
„ firmar en nii Corte de Lixboa Occidental , con
y, el Marques de los Balbafes , Embaxador Extra-
„ ordinario de Su Mageflad Catholica , con el
„ Marques de Capecelatro Embaxador Ordina-I
;, rio de la mifma Mageftad Catholica , ambos
^y nombrados para efle efe^to , por el muy alto _,
„ y muy poderofo Principe Don Phelipe Rey de
„ Efpaiia, el contrato del referido matrimonio,
3, con las fblemnidades , y lucimiento , que fe
„ pratica en femejantes cafbs, con los pa6los , y
„ condiciones ya ajuftadas j por efl:as razones , y
„ por ia particular conhanza, y fatisfacion, que
„ tengo de vos Diego de Mendonza Cortereal de
„ mi Confejo , Secretario de Eflado , de las Mer-
;,, cedes, Expediente, yAfignatura, Commenda-
„ dor de las Commiendas de Santa Lucia de
„ Trancofo , y de Santa Maria de las Vidiguei-
7, ras , de Monfaras , de la Qrde» de Chrifto ;
„ Tengo
^\
54 HiftoriaVanegyricadosdejfoJorios
17 27. j; Tengo refuelto nombraros por mi Miniftro
„ Commifario para que podais hazer , y firmar
jy en efta mi dicha Corte , como queda dicho,
„ con los referidos Marquefes de los Balbafes>
„ y de Capecelatro, el contrato del fobre dicho
yy matrimonio , del exprefado SerenilTimo Princi-
„ pe de Aflurias , con la mencionada SerenifTima
-" „ Infanta mi hija ;, con las folemnidades acoftum-
;, bradas , y con los padlos , y condiciones ya.
„ ajuftadas. Por tanto , por la prelente os doy.
„ poder , y facnltad , tan cumplida , y baftante ,
fy como fe requiere , de mi cierta ciencia, y de-
„ liberada voluntad , para que por mi ; y en mi
„ nombre , reprefentando mi propia Perfona ,• *
jy como yo mifmo lo podria hazer fiendo prefen-,
„ te , capituleis , combengais , acepteis , y fir-
„ meis lo tocarite al referido contrato, y Capi-
j, tulos matrimoniales hafta concluirlos enrera-
„ • mente , para que o^ doy poder y y facultad
fy ampha , y abfoluta , fm limitacion alguna , afli
yy por todo lo que a efte intento combenga , y
j, fuere necefario executar, eftipular , afegurar,
„ y obhgar por mi parte , como para admitir , y
„ aceptar todas las condiciones , pa^los , obliga-
„ ciones, efcrituras , y inftrumentos , que fueren
„ necefarios hazer por la del muy alto , y muy
„ poderofo Principe Don Phelipe Rey de Efpa-
„ na , tanto en razon de la dote , arras , lega-
„ dos , y mandas , como en los de mas puntos
„ concernientes al dicho cafamiento ,• obligando-
)y me , como me obligo , al cumplimiento de lo
„ que en cada una de eftas cofas juntas concer-
„ tareis, capitulareis,y admitiereis,6executareis,
„ porquepara efteefedoos hago, crio, yconfti-
y> tuyo
/;
dos Frincipes do Brazjl t Livro I, 55
j, tuyo mi A8:or , Mandatario , y Commifario , I727.
,} con librC; general, y pleniiTimo poder, y fa-
,;, cultad , para que hagais , y podais hazer en
„ razon de- ejdo ;, todo lo que yo mifmo podria
)j hazer, aun que iean tales cofas , que requi-
„ eran efpecial , y exprelTa mencion de cllas ,• y
f, prometo dc mi palabra Real, que tendre por
„ grato, firme, y valedero, y aprobare, y rati-
„ ficare , fi fuere necefario , y tendre por bien lo
jj que hiziereis , tratareis , prometiereis , concluye-
„ reis , y, firmareis , y que no ire , ni vendre , ni
„ confentire ir , ni venir contra alguna cofa , ni
en parte de ella , antes bien lo loare, apro-
bare , y ratificare de nuebo fi fuere necefario.
En fe de lo qual mande dar la prefente , fir-
mada de mi mano , y fellada con el Sello fe-
creto , y reffendada por mi infrafcripto Secre-
tario de Eftado , Mercedes , Expediente , y Afig-
natura. Dada en efta Ciudad de Lixboa Occi'
„ dental a los veinte y nueve dias del mes de
A^ofto del ano del Naciniiento de Nueftro
Seiiqr JESU Chrifto de mil fetecientos y yeiii',
te y ficte.
V
?>
V
7)
E L R E Y.
-> B mo'j
00 /i.
« Ll : ■■V, .vi iJ.a-
Diego'de Mendoma Cortereal.
y, Por
5^ Hiftorla Panegynca dos defpoforios
\
1727. » XIX. TJOrtantO; haviendo vifto, ycxa-
„ XT minado el referido Tratado Ma-
Approva,ratifica, y, trimonial aqui inferto , he refuelto aprovarle ,
efinna El-Rey ^^ j ratificarle, (como en virtud de la prefente
CMo 0 Tra. ^^ j^ ^pruebo , y ratifico ) en la mejor , y mas
jj cumplida forma qUe puedo j y doy por bueno>
„ firme , y valedero , todo lo que en el fe con-
,_, tiene ,• y prometa en f^ , y palabra de Rey
yj cumprirle , y obfervarle inviolablemente , fe-
,j gun fu forma, y tenor, y hazer obfervar, y
„ cumplir de la mifma manera , como fi Y6 le
„ huvieife hecho por mi propia Perfona. En fe
de lo qual mande defpachar la prefente , fir-
mada de mi mano , feilada con clSeUo fecreto,
y refrendada de mi infrafcripto , priijier Secre*
tario de Eftado, y del Defpacho UniverfaL
Dada en San Ildefonfb a doce de 06):ubre de
„ mil fetecientos y veintc y fiete.
YO ELREY.
))
)y
))
)y
Don Jtian Bapttjia de Orendayn.
Fefiejos com que 26 Em quatro de Dezembro com a occafiao
he applandidQ 0,1 -jirr- cy 'cr
cimprimento do "C iiavcr cumpndo aelaieis annos a Serenillima
decimojexto an- Senhora Infanta D. Maria Barbara, pclo que fo-
'mrtaBaTara: ^^^ cumprimentadas Suas Mageflades , e Altezas,
que em tao derao beijamao, pelaNobreza, e
Miniflros Eflrangeiros ;, feftejou o iMarquez dei
los
dos Trinclpes do "Bra^iU Livro L ^7
los Balbazes efte tao gloriofo dia com humapri- 172 7«
morofa Comedia , que fez reprefentar maguifi-
centilfimamente no feu Palacio. Convidou para
efte feftejo a nobreza principal da Corte , e os
JVliniftros das Potencias Eftrangeiras , a quem re-
galou no fim com huma exquifitilfuna CoIIa^ao.
Por efte mefmo principio , havia dado no dia
precedente ao mefmo Embaixador", e ao Ordina-
rio de Sua Mageftade Cathohca o Marquez de
Capecelatro , como tambem a muitos Fidalgos,
e SenJiores da Corte , hum grandiofo jantar , o
Marquez de Cafcaes.
27 No dia da Immaculada Conceigao da
Virgem May de Deos , celebrou Miifa em Pon-
tiiical na fua Bafilica Patriarcal o Senlior Patriar-
ca D. Thomas de Almeida j que no dia antece-
dente havia aftiftido alli mefmo a Vefperas^ e Ma«
tinas j que fe cantarao com a mais efplendida fo-
lemnidade. Aftiftirao Suas Mas:eftades , e Altezas
ao Pontirical, e durante elle offereceo El-Rey o
cenfo coftumado a Senhora , a cuja Concei^ao em
todo o Inftante Limpiftima , he tributario efte
Reyno , que venera por fua Padrocira no mef-
mo amabiliflimo Myfterio a Rainha dos Anjos,
defde o feJiz Reynado do Reftaurador da Iiber-
dade Portugueza j o fempre Inclyto , e fempre
faudofo Rey D. Joao Quarto ;, que o fometeo
a tao foberano , e Sacrofanto Imperio , affegu-
rando defte modo , firmifTima ; e perpetuamente
na fua Real cabe^a, e nas de feus Serenifrimos
Suceffores a Coroa defte Reyno.
28 Logo que a Mifia fe terminou , admi-
niftrou o mefmo Clariffmio Prelado , o Santo Sa-
cramento da Conftrma^ao ao Principe do Brazil ,
H e aos
5^ HiftoriaFanegyricadosdefpoforios
1727 • ^ ^o^ Serenifrimos Infantes D. Cailos ; D. Pedro;
eD. Maria. Efte dia foi a primeira vez' que El-
Crijnia o Patri- Rey levou a feu lado o Principe D. Jofeph. Os
an-a ao Prtncipe, referidos Senhores Infantes , feus irmaos, defce-
^Carksl d! Ptdroy ^^ a Crifmar-fe da Tribuna^ aonde eftavao com
e D. Maria. a Sereniifima Senhora Il.ainha , fua may. Foi Pa-
drinho do SereniiTimo Principe, e dos Senhores
Infantes D. Carlos , e D. Pedro , o Senlior Infan-
te D. Antonio , feu tio. Da Serenilfima Senhora
Infanta D. Maria Barbara , foi Madrinha D. Ma-
ria de Lancaftre , Marqueza de Unhao , c Camarei-
ra mor. Confirmados eftes Reaes Senhores , acom-
panhou o Principe a feus Irmaos, que fubirao
outra vez para a Tribuna ,• e deixando-os alh,
tornou logo a p6r-fe a ilharga del-Rey ; com quem
ultimamente fe recolheo.
Entradapuhlica^ 29 No dia de Nata! fez a fua entrada pubii-
\ibrantes na Cor- ^^ na Corte de Madrid o Marquez de Abrantes.
iedeMadrid. A efte fim o forao bufcar a fua cafa o Conde de
Vilhafranca , Conclu6lor , e Introdu6i:or de Em-
baixadores , e D, Jofeph de Eipexo , Decano dos'
Gentis-homcns de boca del-Rey Cathohco , com
outros Officiaes da Cafa R.eal; todos acavallo.
Chegou depois delles o Marquez de Almodovar,
Mordomo de femana , em huma carroca rica del-
Rey. Concluidos os coftumados cumprimentos,
dilb-Ibuio, montado acavallo, oConde de Vilha-
franga a ordem da marcha. Quando ja eftava tu-
do a ponto , defceo , acompanhado do Marquez
de Almodovar , e do Decano dos Gentis-homens :
de boca del-Rey , o Marquez Embaixador ; e
precedido , como fe eftvla em lemelhantes fun-
^oens , da Cafa Real , montou , fegundo o ufb
daquella Corte , em hum cavailo da pelloa del-Rey.
30 Deo-fe
dos Principes do ^ra^ily Livro I, 5 p
30 Deo-fe principio ao acompanhamento pe- 1727.
Jo Meftre de Ourel do mefmo Embaixador , em
hiuii briofiflimo cavallo pompofamente ajaezado.
Vmliao logo cinco muficos com libres de panno Sen acoTnpanha-
finilfimo cncarnado, cobertos de galoens de ouro,
vefaas y e cabos azues ,• tudo agaloado de prata.
Seguiao-fe dous m.ocos da Guarda-roupa , cha-
mados modernamente Valles da Camara. Trazi-
ao hbres de felediffimo prarmo azul com ricas
guarni^oens de prata. Todo o feu mais trage era
proporcionado a tanta riqueza , gala , e efplen-
dor. Erao fucedidos de doze pagens , veftidos a
todo o cufto dc veludo carmezim , bordado de
ouro , veftias de tiflli de prata com matizes azues,
franiadas de flocos de canutilhos de prata. As
fuas dragonas erao bordadas com a maior pericia,
e opulencia. Logo vinhao des Ajudantes da Ca-
mara , veflidos tambem com a mais cuftofa , e
brilliante variedade. Erao-Ihes immediatos doze
Gentis-homens , e logo o feu Meftre fala y traja-
dos com a mais plaufivel opulencia de eftofos de
ourO; e prata, e pannos bordados de extraordi-
nariovalor.
3 1 Acompanhavao a famiha do Embaixador
quarenta lacaios da Cafa Real ape , com as fuas
'libres coftumadas , ecada hiun junto ao cavallo
cue havia conduzido. Logo continuavao duas
nleiras de felfenta e fei« Lacaios , e Cocheiros do
Embaixador com libres de panno^ guarnecidas
optimamente de galoens de ouro com vivos de
veludo azul : erao da mefina cor os cabos , e as
veftias, tudo agaloado de prata ; e o mais que
trajavao , era correfpondente a tanta oftentagao,
e preciofidade. OiFereciao-fe logo avifta, trajados
n n ■ de
^o Hifioria Panegyrica dos dejpojorios
1 72 7- ^^ excellente gala , cinco AtabaJeiros ; e Trombetei-
ros. Precediao finaimente ao Embaixador; o Portei-
ro, e dous correios veftidos de Jibres iguaeS;, com as
divifas das fuas occupa^oens. Coroava tao luzido
acompanhamento o Marquez de Abrantes , monta-
do em hum briofifTimo cavallo murzelo, ajaeza-
do com fella, exarel de veludo carmezim, bor-
dado , e franjado de ouro , e armados os coldres
de piftolas.
3 2 Hia entre o Marquez de Almodovar , e
: o Decano dos Gentis-homens de boca. V iiilia atraz,
a parte direita , o fcu Eftribeiro , veftido pompo-
fillimamente , e montado em hum cavallo da Ca-
fa) paramentado de requiftimos jaezes, Da ou--
tra parte hia hum cavalJo da peflba del-RevCa-
tliolico , coberto com o teliz das fuas Reaes ar-
mas , levado a mao por hum homem veftido da
Iibre da Cafa. Apparecia , logo o coche del-Rey ,
em que fora o Marquez de Almodovar com qua-
tro criados da libre da Cafa Real. Marchavau
logo dous Sotacavalheri^os do Embaixador, que
precediao a lete coches, e com os Cocheiros qua-
torze mogos dos mefmos coches , todos corn li-
bre uniforme ajareferida. Era o primeiro deftes
coches mui efplendido , e preciofo de veludo car-
mezim , bordado de ouro. O debuxo era de ex-
cellente mao, e brilhava com primorofiirunos or-
natos de bronze , e entalhados dourados. Era for-
rado de tillii de ouro , e prata , bordado com o
maior efmero, edehcadeza daarte,- e em obfer-
vancia da pragmatica , tiravao por elle quatro
frizoens murzelos optimamente ajaezados de ve-
ludo , c ouro. O fegundo , era tambem hum mon-
te dc riqueza ,• e os dous , que fe llie feguiao ,
com
dos Frincipes do "Bra^iU Livro I. 6i
com differenca pouco fenfivel , Ihes erao mui I727.
com-femelliantes. Nos ultimos tres, fim havia mais
variedade ,• mas nao menos opulencia. Havia lo-
go cinco requiiilTimos coches do Cardeal de Bor-
ja , do Nuncio de Sua Santidade , e dos Embai-
xadores de Alemanha , HoIIanda , e Malta.
33. Seria meio dia quando o Marquez Em-
baixador entrou com efl:a tao ruidofa comitiva pe-
JaPra^a dePalacio, repIetilTnTia de povo innume- C^?^<? d Prafa
ravel , que concorreo nao fo de Madrid , ou dos ^^ f ^^«^^^-
feus aoredores, mas de muito longe a ver huma
fun^ao tao digna de expe^^la^a^ , e allbmbro. Paf
1 ju o Embaixador por entre duas alas das guar-
das da Infanteria Hefpanhola, e Valona, cobertas
por feus Officiaes. As janellas do P-^^o eftavao
cheias da principal nobreza , trajada com a mais
brilhante magniiicencia. Viao efta grande pompa>
a Iiuma dellas , pelas vidra^as, as pelfcas Reaes.
34 Entrarao no Saguao do V a^o j elogo os Entra mSi^aao
coches del-^Rey , e do Embaixador. Apeou-fe elle ^ ^*
junto aos degraos _, que dao pallo a ferventia para
Imm pateo, cercado de colunas. Daqui ate a Sa-
la das Guardas de corpo, eflava em duas alas a
Companhia dos Archeiros : paflbu por meyo del-
les o Marquez Embaixador com toda a fua fa-
milia, a que le aggregarao muitos Senhores Fi-
dalgos , Miniflros , Cabos de guerra , e outras
muitas , e mui graves peilbas , pela maior parte
Portuguezas, que galeando naquelle dia com o
maior exceifo, eifavao alh eiperando ao Embai-
xador para Ihe infmuarem com eflas demonftra-
coens , a fua devo^ao , e relpeito. Ficarao os La-
caio5 no topo da efcada,- e leguido dos mais o
Marquez , logo que fobio ao ultimo degrao ,
veio
62 Hifioria pane^yrica dos defpoforios
1727. veio alli recebello oPrincipede MalFerano, Capi-
tao da guarda de Helpanha dos Archeiros. Poucos
Recebeo-o 0 Prin- palTos havia dado j quando fahio igualmente a
clpe de Majfera- reccbello o Duque de Atri , Capitao das guardas
de corpo Italianas ,• e depois o Duque de Ollbna,
E 0 Diique de Capitao das guardas deCorpo Hefpanholas ;, nao
^'*^' obftante que nao eftava entao de quartel. Ao en-
EoDiiquedeOf- trar na Sala daAudiencia o Derembargador Ale-
J^^"^' xandre Ferreir.i , Secretario da Embaixada , Ihe
deo as Cartas Credenciaes. Logo chegou o Mar-
quez de la Rocha Secretario da Eftampilha a avi- '
lar o Embaixador , que ja vinha El-Rey Catho-
hco.
35 Entrou, finalmente o Marquez de Abran-
F."nra na Sala da j-^s ji^ Sala da Audiencia , que eftava ornada de
fia publica del- eltupendiliimas tape^arias. EI-Rey eltava em pe ,
Rcy Catbolico. junto a hum bofete y com veftido encarnado , e
alliftido da Corte , e Officiaes da Cafa Rcal. A's
cortezias , e ceremonias coftumadas , correfpon-
deo El-Rey , tirando o chapeo , e mandando co-
brir ao Embaixador. Efte com mais que Tuliiana
facundia , deo o recado del-Rey feu amo , pedin-
do paraEfpofa do Sereniftimo Pfincipe do Brazil
aSenhora Infanta D. Maria Anna Vitoria de Bo-
urbon , e apprefentando as cartas dcI-Rcy D. Joao.
Tomou-as Filippe V. e com muito agrado rclpon-
deo ao Embaixador, fignificando-Ihe o muito que
era da fua complacencia o negocio que acabava
de Ihe propor. Difte : que o Senhor D. Jofeph ,
era tanto da fua dileccao , que defde logo Jhe
conccdia por Conforte fua muito amada filha.
He dejjois condn- 7,6 Concluida a Audicncia , paftbu dalh o
ALZf '"'''' Embaixador , condufido do Marquez de Almo-
dovar, ao quarto da Raiiiha; aonde fahio a re-
, cebello,
dos Principes do "Bra^l , Livro I. 6]
cebelio, e conduzillo a fua audiencia oCondede 1727,
Anguiflbla, Mordomo daquella Senhora. Ficou
o Mordomo del-Rey no. meio da Sala, aonde
fez o Embaixador a iegunda cortezia. Eftava a
Kainha no topo de huma galaria coberta de ta-
pegarias dodefenho de Rafael, junto ahumbo-
fete , veftida y pofto que fegundo a Pragmatica,
eiplendidiifimamente , e com hum admiravel ade-
re^o de diamantes, e gafiras de altiiHmo valor.
A ieu lado eftava a Sereniifuna Senhora Infanta D.
Maria Anna Vitoria.
37 Brcve , mas eloquentiifimamente deo o Fdla-lbe.
Embaixador a entender a Sua Magcftade o fim ,
que alli o levava ,• e quando a Rainha ihe ouvio,
que qWq pedia da parte del-Rey feu amo aquella
SerJiora Infanta para Efpofa do Pnncipe do Bra-
zil , nao pode deixar de ceder a foberania a na-
tureza; moftrando a Rainha quanto efta fepara-
gao a magoava. Depois refpondeo ao Marquez
com toda a dignagao , e benignidade , exprelfan-
do-Ihe quanto eitimava huma tao util , e tao glo-
riofa alhanga. Cumprimentou fuceifivamente o
Marquez a Senhora Infanta ;, e efta pedio a Rai- E & Infanta D.
nha , que Ihe deife por ella a repofta. Depois 5^''^^ ^«"^* ^-
deita audiencia j pallou a tella tambem do Sere-
niiruiio Principe de Afturias, e do Senhor Infante '^"^ tambem au^
D.Carlos, e outra vez particukrmcnte da Senho- ^^f j^, ^y^^^i/i
^ ra Infanta D. Maria Anna Vitoria, a quem ja ede todos os Se-
1 beijou a mao , como Prmceza do Brazil. Dalli foi ''^''^'' Mantes,
feltimamente conduzido aos quartos dos Senhores
Iiifintes D. Filippe, D. Luiz^, e D. Thereza.
38 Acabarao eftas audiencias com differenca
pouco notavel pelas duas da tarde , e entao vol- ^^<^o^^^-fi «{f^-
tou o Embaixador a fua cafa no coche del-Rey, cajai •
em
64 Hi/lcriaFanegyrica dos defpofodos
1727'^ em que tambem cmbarcarao comelle o Marquc-z
deAlmodovar, o Conde de Vilhafraiica, e o De-
cano dos Gentis-homens de boca. Fazia-Ihe efcol-
■ ta a fua numerofa , e brilhante comitiva : feguiao-
no o coche de refpeito da fua pelloa , e todos os ou-
tros em que hia a fua familia _," recebendo , alfim
como tambem a vinda , agora a ida inceifantes
acclamacoens populares. Fez-fe publica , e perpe-
tua no mundo huma ac^ao tao luftrofi , e por
tantos capituios grande , mediante o minifterio da
cftampa em huma individual Rela^ao , que lo-
go fe imprimio naquella Corte na lingua Portu-
gueza.
39 No mefmo dia de Natal , tornou a vol-
tar de tarde o Em.baixador a Palacio , aonde fe
fez com a devida formalidade na prefen^a de fuas
Outoyga-Je na Mageftades Catholicas a outorga do Tratado ma-
^Ma%d'sCa- tnmonial do Sereniffimo Principe doBrazil, com
thoficas 0 Trata- a Seiihora Infanta D. Maria Anna Vitoria. Fo-
^? *^"^ ^■0'^-^^.' rao prefentes , e teftemunhas defte a6to pela par-
^do^Brazil, com a ^^ del-Rey Catholico , os Grandes , e Officiaes da
hifanta D. Ma- fua Cafa , o Nuncio de Sua Santidade , os Cai - j
yiaAumyitorta.^^^^^^ o Arcebifpo de Amida , Confeifor da Sc
renilfima Senhora Rainha Catholica , os Prelad'-«s i
que naquelle dia fe acharao na Corte , os Conlc-
Iheiros de Eftado , em que fazia numero o Mar- i
quez de la Paz , primeiro Secretario de Eftado,
e do Defpacho. Pela parte del-Rey de Portugal,
teftemunharao efte faclo os Duques ;, de Medina
Coeh, Medina Sidonia^ Bejar, eVeraguaS;, e o
Conde de Benavente. Leo, como Ihe tocava em
razao do feu officio de Secretario de Eftadoj, e
do Defpacho da Jufti^a, o Marquez delaCom'
puefta, o ja referido Tratado.
40 Na
dos Frincipes do Braz.il > Liv7'o I. 6>
40 Na primeira Oitava daqiiclla Fefta con- 172 7.
correrao de manhaa os Tribunaes , e Confeihos
ao Palacio de!-Re.y Catholico a felicitar Suas Ma-
^eftades; e Altezas. De tarde deo a Senhora In- D^ cj?/i Saihora 0
fanta D. Maria, o Sm : e concluida efta ceremonia, {^ ''"'''"^^''^'"'
forao as peflbas Reaes vifitar o Santuario da Se-
nhora da Atocha , e lograr-fe do bom tempo que
fazia pelo campo.
• 41 Celebrarao-fe , por procura^ao que para ^^''^^^'^5-A or
i/To havia mandado o Serenilrimo Principe do Era- J.'j^'"^^ ^Falaci
zil a El-Rey Catholico , os feus Reaes defpofo- del-Rey Catholi-
rios com a Senhora Infanta D. Maria Anna Vitc- ^°'
ria , na fegunda Oitava de tarde , no Salaio grande
do Pa^o. Concorreo a efta tao brilhante fungao
toda a Fidalguia , Grandes , Miniftros , Cavallei-
ros , e Scnhoras. Lancou o EminentilTimo Cardeal
Patriarca das Indias D. Carlos de Boija , a ben-
cao hupcial , e deo-fe fim a efta ac^ao com hum
harmoniofiflimo applaufo , que fe cantou em hum
foberbiflimo theatro, e igualmente arrebatava o
fegundo fentido com o attra6livo concerto da fua
mufica , do que fufpendia o juizo com o difcre-
to , e bem defem.penhado da letra. Na noite def
te , e dos dous dias feguintes fe illuminou toda a
Corte , e houve no Terreiro do Pa<^o multos fo-
gos de excellente artificio.
42 Nefte mefmo dia deftinou Ei-Rey D. Joao Deftjna El-Rey
huni quarto para o Serenifl^mio Senhor D. Joieph ^- J^"^*^ ^""' .
reccber os Embaixadores , que ne a caia que i^- pedo Brazil,e
ca para dentro da do Confelho de Eftado, con- Officiaes dofeu
chcgada a do mefmo Senhor , que ao mefmo tem--^'^'^^'^^'
po foi fervido refolver, que defte dia em diante
foITe fervido Sua Alteza com os mefmos criados
de Sua Mageftade. No mefmo dia afliiiou tam-
I bem
eos
66 Hiftorla Fanegmca dos dejpoforios
172 7» ^^'^ qiiarto a Sereniflima Senhom InfantaD. Ma-
ria Barbai-a ;, que he nas coftas das antecaniaras
j//iua tawhem o da Ranjha , que Ticao para a ribeim. das naos ^
qnnrto,eoi' Offi- q afTim mefmo os Officiaes da fua aififtencia, e
ci/ics do fcn Jcr- n ■ -• r r o
-vJpdlnfavtaD. icrvK^o, que erao os melmos, que o melmo Se-
Marin Barbara , nhor dcftinara pafa fervir a Sereniflima Senhora
1milTo%-^^^^^ D. Maria Anna Vitoria, futura Princefa
viraSctiboralu- do BraziJ. Erao pois nomeados a efte fim , ( nao
fa}2ta ix Maria fallando em outros muitos criados ) para feu Mor-
futHra Prlnctfa ^^^'"^^ ""^^r D. Pedro Antonio de Noronha , Mar-
'doBrazi/. quez de Angeja, do Confeliio deEftado de Sua
Mageftade^ Vedor daFazenda, eVifo-Reyque
fora dos-Eftados da India , e Brazil : feu Eftri-
beiro mor, Pedro de Vafconcellos e Soufa, do
Confelho de Guerra, e Meftre de Campo Gene-
ral dos Excrcitos de Sua Mageftade , e que ja
fora Governador;, e Capitao General do Eftado
do Brazil , e Embaixador Extraordinario na Corte
de Madnd .- Veadores; Antonio de Mello e Tor-
res , Conde da Ponte ,• D. Lopo de Almeida, Ca-
valleiro Gram Cruz da Rehgiao de S. Joao dc
Malta , Balio dc Lefla , e de Negroponte , Com-
mendador da Vera Cruz ^ e das Commcndas de
Cefures , e Aguas Santas na mefma Ordem , e
Gram Chanceller que fora nella ,• e D. Carlos de
Menezes e Tavora : Camareira mor , D. Amia
de Lorena , filha do Marquez de Abrantes , e
viuva de D. Rodrigo de Mello, filho do Duque
de Cadaval : Senhora , ou Donna de honor, D. Ma-
ria Magdalena de Portugal , viuva de Bernardo
de Vafconcellos , filho do Conde de Caftello-me-
Ihor ; Damas Camariftas , D. Luiza Joanna CoU;
linho , c D. Helena de Portugal , filhas de D.
Filippe de Soufa , Capitao da guarda Alemaa:
Damas
no.
dos Principesdo "Bra^U Livro I. 6j
Damas, D. Joanna de Mendoiica , fillia doConde i''2'7'.
de Villaflor , Copeiro mor,- e D. Mariamia de
Lencaflre , iilha de Joao de Saldanlia ; qne ja fora
Vifo-Rey dalndia; Confeflor, o Padre Manocl
Alvares, da Companliia de Jeius.
43 Entrou o novo anno de 1728, e a dous de 1728,
Janeiro chegou a Corte de Portugal a tao faufta
noticia da celebragao dos defpoforios do Serenif- Chega a Lishoa a
fimo Principe do Brazil, com a Senhora Infanta Za^^td!fpo.
D. Maria AnnaVitoria, noPago del-Rey Catho-/tfr/i'j-^£'Pm(:/>^
iico. Por ei]:a confideracao mandou Sua Mageila- <^<^^ Braztl , com
de no outro dia , Decreto , para le reitejar elte avi- ^^-^ j^^j^^ Fitoria.
fo em todo o Reyno , com tres noites de repi-
ques; iuminarias , e falvas de artilheria em terra , e Manda El-Rey
mar , que eifecStivamente tiverao principio na noi- ^' J^^-o fcfiejai-
/^ jT ■ n. r^ --r/i- laemtodooRey.
te de quatro de Janeiro nelta Corte , entao reltiva-
mente atroada com tres defcargas do Cailello; For-
talezas , e Torres da marinha.
44 Ardeo com eila tao alta occafiao hum in-
figne fogo de artiiicio no Terreiro do Pago. Re-
prefentava o celebre templo Efefino de Diana ,
hum dos fete milagres do mundo , abrafado por
Heroilrato , como em feliz augurio , que chegaria
aiuda tempo , em que o Soberano Principe , em
cujo obfequio fe fazia eiie applaufo , e hoje noifo
FideliiTimo Rey , e Senhor , poria a ferro , e fogo
as Mefquitas Agarenas , que tem a Lua ., porque
era fubentendida a meirna Diana , por feu timbre.
Aifmi o cantou mui arguta, e eloquentiifimamente
o Doutor Jofeph de Matos da Rocha , fallando
com o mefrno Senhor no Epithakmio das fiias
Reaes Vodas , e que tranfcreveremos no iim deita
Hiitoria , neiles elegantiifmios numeros.
I ii nifc
68 Hijloria Panegyrica dos defpoforios
O I T A V A XIV.
172^' X7* ^^^ fingido templo de Diatm,
A-^ Q^e ardeo do vojjo Pago no Terrejro,
Quando Lishoa fefle]ou tifana
De vojjas Vodas 0 rumor primeirOy
Anmmeio foi h gente Lufitana,
De que algum dia , Capitao guerreiro ,
Ahrazareis com chammas infinitas
Do vil Mafoma as harharas Mefquitas.
45 No dia feguinte , e com efta mefma occa-
fiao , teve o Maiquez de Capecelatro , Embaixa-
Tem audicncia dor Ordinario del-Rey Catholico audiencia de
tta^fl^Marfmz^^^^^^Z^^'^'^^} a quem beijou as maos , e au-
cle Capecelatro. gurou muitas felicidades pela feliz conclufao dos
mefmos Reaes defpoforios. Teve depois outra
Tem ontradaln- audiencia da SerenilTima Senhora InfantaD. Ma-
jnnta D. Marta • ,., 1 ■ ^' rr t^t
Barbara. ^^^ Barbara , no quarto que ja diliemos , que hl-
Rey Ihe havia affmado : e ainda que a celebragao
dos feus defpoforios com o SerenilTimo Principe
D. Fernando, nao fe havia ainda efteituado,- ef
teMiniftro, Ihe beijou amao, jacomo a Prince-
za das Afturias , gloriando-fe muito de fer elle o
feu primeiro Vaftallo , que aflim como em ou-
tras muitas occafioens ja tivera a honra de prof-
trar-fe aos feus foberanos pes , era agora 0 pri-
meiro que chegava a elles para beijar a fua Real
. mao, Os Grandes , os Tribunaes , e todas as pef
aosTribnnaes pa- ^^^^ ^^ diftin^ao acodirao tambem ao Paco a bei-
ra concorrerem ao jar , cm obfequio de tao inclytos defpoforios , as
^/AVmT"^! ^^^os a Sua^ Mageftades , e Altezas.
aed.S. MM. e do y ^ i a^ ^ •/ ^ •!
Principe. 40 Receberao aviio os Tribunaes para con-
correrem
1728.
dos Principes do "Bra^il^ Livro I. . 6<)
correrem em quatro de Janeiro ao Pa^o aobeija-
mao de Suas Mageflades , e do Sereniirimo Prin-
cipe do Brazil , por fe haverem ja celcbrado os
feus Reaes defpoforios. Por Decreto efpecial da-
quelle m.efmo dia , concedeo El-Rey a Academia ^^ai tambem aej-
Real da Hiftoria Portugueza , as prerogativas de i)lc^elo,ei7c^ia.
Tribunal; para ter igualmente com elles aqmlla. lidade deTrih-
honra,- graca , de que depois deo as devidas a 'ff^'f /^^!^^"""*
'o^s-' jl ^■., i^ j R(^^ da Htjiorta
Sua Magelrade , o Padre D. Manoel Caetano de Portngneza.
Soufa , da Divina Providencia , em huma Oragao
Academica , de que faremos depois men^ao em
feu lugar. Efte he o teor da copia daquelle
D E C R E T O.
j>
Avendo chegado a noticia de fe haver
recebido na Corte de Madrid o Princi-
ce, meu fobre todos muitoamado, e
prefado filho com a Sereniflima Infanta de Hef
panha D. Maria Anna Vitoria ,• e fendo cfta
noticia de tao grande contentamento para todos
os meus Vaffalos : Hei por bem , que nefla
Ccxrte fe celebre com tres noites de luminarias,
j, e falvas de Artilheria , que fe hao de principiar
na noite do prefente dia ,• e fou fervido , que
no dia , em que a Infanta D. Maria , minha
muito amada , e prefada filha , fe receber com
,j o Sereniffimo Principe de Aflurias , por moflrar
3, o mefmo contentamento , principiem outrastres
„ de luminarias , e falvas de Artilheria , o qual
>, dia mandarei declarar por avifo do Secretario
>, de Eflado. A Academia Real da Ilifioria, o
„ tenha
'jo Hlflona -panegyrica dos defpoforios
1728. j) tenha afTim entendido , enefta conformidade o
jy fara executar pela parte que ihe toca. Llsboa
„ Occidental 4. de Janeiro de 1728.
Coin ruhrica de Sua MageJIade,
47 AiTim que hiaachegando os corpos dos Tri-
bunaes , por fe obviarem contendas , e difiencoens,
entravao logo a beijar as maos as peifoas Reaes j
e affim o havia ordenado El-Rey , fem aJguma
preferencia j nunca porem fe pode obviar a con-
fufao , por fer infinita a gente de fora , que fe in-
trometeo. Sua Mageftade , o Sereniffimo Princi-
pe , e o Senhor Infante D. Antonio eftavao em
pe y junto ao bofete , debaixo de hum docel : os
Grandes , e Officiaes da Cafa ;, occupavao os feus
poftos competentes. Daqui palfavao logo ao quar-
to da Senhora Rainha , com quem eftavao os Se-
renilTimos Infantes , D. Carlos; D. PedrOj D. Alc-
xandrc ; e D. Maria.
Lntrada piibiica 48 Alfmou-fe a tarde do dia da Fefta da Ado-
mr^itl^tks »"^9^^ ^o^ Santos Reys , ao Marquez de los Bal-
Balbazes. bazes , Embaixador Extraordinario , e Plenipo-
tenciario del-Rey Cathohco , para elle entao fazer,
como fez;, a fua entrada pubhca nefta Corte de
Lisboa , para a ceremonia da fua embaixada , e
pedir a Sereniftima Senhora Infanta D. Maria
JBarbara, para Conforte do Sereniflimo Principe
de Afturias. Partio o Condudor , que era D.
Joao de Almeida , Conde de Aflumar , do Con-
felho de Eftado , e Embaixador Extraordinario,
que fora a Mageftade Imperial de Carlos VI. a
bufcar com os coches da Cafa Real ao Embaixa-
dor,
Seu acompatihA
mento.
dos Trincij)es do^Bra^iU Livrol. ji
dor, feriao as tres da tarde ; mas era tal a tor- 1728.
rente do povo , e das carruagens , que nao po-
dia pa/Tar da Rua Nova. Logo fez faber efte in-
conveniente ao Marquez deMarialva, que expe-
dio imediatamente a toda a preiFa o Tenente Co-
ronel Luiz Garcia de Bivar , para que afTnii o re-
prefentaile ao Brigadeiro Conde dos Arcos , que
commandava os dous Regimentos da Cavaliaria,
que afiim , como tambem os tres batalhoens da
Infanteria, efellenta homens do fegundo Corpo
da Marinha , fe haviao convocado para dar mais
apparato , e magniiicencia a efta fun^ao. Mandou
logo o Conde dos Arcos hum Tenente com huma
partida de Cavallos , a defempedir as ruas. Era po-
rem o fluxo de povp , e carruagens tao impetuo-
fo , que , para tirar aquelle embaraco , foi necef-
fario repetir novas ordens , e acodir com maior
numero de gente de guerra , que com effeito fe
foi diftendendo ate cafa do Embaixador.
49 Como havia dous lan^os de efcadas nas
cafas do Embaixador , duvidou elle em que nao
poderia defcer da primeira efcada , pelo que nao
fe poderia apear o Condu6lor , fcm primeiro ver,
como he eftylo, o Embaixador : para obviar , pois,
eflc inconveniente do ceremonial politico , fe orde-
nou que foffe o Condu61or bufcar ao Marquez
Embaixador a porta que vai para a fua quinta , em
hum coche que nao coubeffe pela ■ do pateo. Do
jardim , pois, paflarao oEmbaixador, e o Con-
du6f:or para a rua ,• e metendo-fe ambos no co-
che daPeffoa, fepuzerao em marcha para oPa-
co. Conflituiafe efle lufbofo acompanhamento
de vinte e feis coches de Titulos ,• dous do Mar-
quez de Capecelatro^ hum doCardeal da Cunha^
outro
72 Hifloria Tanegyrica dos dejpojorios
I72S. ofttro da Cafa Real j tres de Eftado, del-Rey ^, da
Rainha , e da Infanta 5 e quatro de fequito para
afamilia doEmbaixador; quatro cavallos de mao,
duas liteiras , e feis coches do Embaixador ; hu-
ma hteira , e tres coches do Condu^lor. Levava
o Embaixador dous efguizaros^, ou porteiros j qua-
tro Corredores ; trinta e quatro homens de pe ,
todos vedidos de panno Verde finiirnno , mais co-
bertos ;, que guarnecidos de largos , e flamantes
galoens de ouro ,• aifim como tambem as veftias,
que erao de hum excellente panno encarnado : a
cada lado vinte lacaios , e feis pagens , e logo hum
Eftribeno , e hum Sotacavalherico acavallo. Do
mefmo modo vinha juntamente o Eftribeiro do
Conde de Alfmnar,- e os feus Gentis-homens vi-
nhao nos tres coches , que diifemos , e trazia de-
foito criados , libreados de panno efcarlata com
guarni^oens de galao de prata. Apparecia logo o
Embaixador com hum veftido , que era a mefma f
preciofidade ; porque os botoens erao diamantes,
e de diamantes erao tambem guarnecidas as fuas I :
cafas.
S^o Como pela occafiao que diifemos do
extraordinario concurfo de gente , e carruagens,
houve huma tao larga , e infperada deten^a , man-
dou 0 Marquez de Marialva ao Tenente Coronel
Luiz Garcia de Bivar, que partiife a avifar ao
Conde Condu^lor da parte de Sua Mageitade,
que apreiraife quanto antes efta marcha. Tornou
aquelle Official, trazendo em repofta, quejaen-
tao vinha chegando a comitiva a Rua dos Ou-.
rives do ouro. Novamente Ihe ordenou o Mar-
quez , que chegados que fofl^em os coches as ef
cadas do Salao do Corpo da guarda, os fizeiTej
re-'.
dos Principes do ^ra^iU Livro I. 75
retroceder por fua ordem , ou para abanda da 172$.
terra, ou do Forte ate os Contos, para depois
fe poder continuar regularmente a iua marcha.
Foi tambem difpofi^ao fua , que , exceptuando
os do Nuncio, Cardeaes, e Embaixadores , ne-
nhuns Gentis-homens da famiha de quaefquer ou-
tros Senhores fe deixariao apear.
51 Haviao-fe formado a tres de fundo, os
tres batalhoens da Infanteria , que commaudava
o Coronel Miguel Joao Boteiho , por impedi-
mento dos Brigadeiros , Inacio Xavier , e Portei-
xo mor j porque o primeiro fe achava moleftado,
£ o fegundo occupado na ailiftencia del-Rey.
Confhtuhiao os meihios bataJhoens huma linha
com a direita no Corpo da guarda do Palacio do
Senhor Infante D. Antonio. Os dous Regimentos
da Cavallaria, mandados , como ja diifemos ;, pe-
lo Conde dos Arcos, fbrmarao-fe em oito efqua-
droens a dous de fundo^ formando outra linha
contrapoila a da Infanteria , caindo a efquerda
para a banda do Paco , e a retaguarda para o mar.
Nao havia intervallo algum entre os batalhoens^
porque nao foilem rompidos , ou interompidos
pelas carruagens ; nem aquellas ^ que pailavao pe-
lo meio deifas alas ^ fe deixavao parar por hum
leve momento, Diogo da Coila ;, Sargento mor do
fegundo Corpo da Marinha , foi o que formou
as armas. Os Sargentos mores , Tenentes Coro-
neis _, e Coroneis , que commandavao a Infante-
ria , eftavao em pe com os efpontoens na mao :
os outros Officiaes , a cavallo ; com as efpadas
em punlio , e todos acatarao , quando elle chegou,
com os coitumados cortejos Militares , ao Embai-
xador. ,
K. 52 9.f'^"'
74 Hijtcria Fanegyrica dcs defpdfcrios
1728. S^ Quando dle fe apeou aporta da Capelk,
pelo coche em que vinha nao poder entrar pela
porta della, alli o vierao bufcar ;, e cumprimentar
o Conde de Pombeiro , Capitao da Guarda ,' ^
Tem aiidiencla de j). joao da Cofta;, Armeiro mor. Tomou El-Rey,
uas agejia es. ^^^ ^ recebeo com cfpecialiflima benevolericia , a
fua Embaixada na Cafa chamada a Ga/e. Paifou
iogo fucceifivamente o Em.baixador aos quartos
da Rainha , Principe do Erazil , e Princeza das ,
Afturias , a quem dejoelhos beijou a mao que pa-
ra iffo Ihe pedio. Forao todas eftas funcoens do
Marquez Embaixador affiftidas de todos os Offi-
ciaes da Cafa , e Titulos. Entre tanto rccebeo or-
dem , a inftancia do Conde de Aftumar Condu-
6lor, o Marquez de Marialva para mandar por
em via as carruagens da comitiva do Embaixador.
Cometeo elle efta execu^ao ao Ajudante Antonio
de Magalhaens, que a defempenliou com toda a
expedi^ao , e acerto. Recolheo-fe finalmente O
Marquez Embaixador com o mefmo cortejo,^ e
por ferjaentrada a noite , forao allumiando coni
tochas os feus pagens aoredor do cocKe. N.efta
Jode %iado! ^' ^^^^^ noite fez a ceremonia da vifita de obriga-
cao ao Secretario de Eftado Diogo de Mendonga
Corte Real , que Ihe deo hum magnifico , e pri-
morofo refrefco dos pratos mais exquifitos , e das
docarias mais extremadas. Daqui iinalmente foi
para fua cafa , ja bem noite.
5 3 No outro dia receberao os Titulos j
D. Pedro Antonio de Noronha , Marquez de
Angeja, doConfelho de Eftado; Mordomo mor
da Sereniifima Princeza do Brazil , e da Senho-*
ra Infanta D. Maria Barbara ,• D. Vafco Baltha-'
far da Gama , Marquez de Nifa j D. Manoel
de
dos Principes do "Bra^l , Livro I. 7 y
•de Caftro , Marquez de Cafcaes ;, do Confelho de 1728.
Guerra,- D. Francifco dePortugal, Marquez de
Valen^a ,• Manoel Telles da Silva , Marquez de
Alegrete, que por parte"deI-Rey Catholico haviao
de ler teflemunhas da outorga do contrato matri-
monial do SerenilTimoPrincipe das Afturias, com
a Senhora Infanta D. Maria Barbara , por carta do
Secretario de Eftado , efta
G R D E M:
Ua Mageftade tem nomeado a V. Excel- Ord^m, qii^ re^
lencia pam affift.r, como teftemunha na «f/l^J'^/"
Eicritura, que fe ha de fazer na ^QaljervirdeteJIemw
„ prefenca de Sua Mageftade, pertencente ao ma- "^•''^^ ^'^ outorga
^. ? 1 ■ , ^T r T^ y,ir • do contrato ma-
„ trmionio da SerLhora Intanta D. Maria , com o trimojiial do
yy Principe das Afturias , que fe ha de celebrar Principe das Af-
yy Sabbado, dez do prefente mez , para o que ha}^;;j^^'^^"yj;;-
,, de V. Excellencia fer rogado pelo Marquez de Barbara.
,, los Balbazes , Embaixador Extraordinario de
-y, Sua Mageftade Catholica. Deos guarde a V.
^, Excellencia. Pa^o 7. de Janeiro de 1728.
Diogo de Mendonga Qorte Reai.
. 54 Tornarao-fe a repetir novos , e femelhan-
tes avifos , aos que ja diffemos fe haviao dado pa-
ra appiaufo dos defpoforios do Sereniftimo Prin-
cipe , com a Senhora Princeza do Brazil , para que
com as mefmasdemonftra^oens defeftejo, de re-
■p^ues, luminarias, e falvas deartilheria, foftem
K ii tam-
»*» « r 1
•
'76 Hi/lona PanegyHca dos defiojorios
1728. tambem agora folcmnizados os proximos defpo-
forios dos Sereniflimos Principes das Aflurias.
^^ No dia ja referido y e deflinado para a
Ontorjra das ca- oiitorga defte Real contrato , fe celebrou efta fun-
'TMMrhno. 9^^ ^^ tarde naprefen^a das peifoas ^Reaes , no
}.'Jal do Frincfps quarto del-Rey , na Cafa que chamao das Proci-
day Afiunas cmn ^^q^^^ Eftava elle opulentamcnre armado , e al-
ahifanta D,Ma- = ... , ,. --- 1 i ■ ■ n- 1
ria Barbara. catimdo ; pendiao das paredes muitillniias piacas
de prata , e do alto do meio da Sala hum nota-
vel candieiro tambem de prata , tudo cheio de
velas , formadas de olorofiifimos perfumes , para
fe acendcrem , cafo que aifim fofle neceifario. A'
porta eilava o Porteiro mor^ Jofeph de Mello,
cumpiindo a fua obrigacao _, e as ordens que Ihe
forao dadas de nao deixar entrar fenao aquellas
peiioas y que eilavao nomeadas para ailiftir aquel-
la ceremonia , que erao , alem dos Officiaes que
. aififdao as peilbas de Suas Mageilades , e Alte-
zas , os que Forao chamados por teftemunhas , aifim
da parte del-Rey de Portugal , como , fegundo ja
diliemos , de Sua Mageflade Catholica. Eftavao
Suas Mageftades ailentadas debaixo de hum do-
cel em riquiflimas cadeiras de tiifii. A' mao ef-
querda da Senhora Rainha , eflava o Serenilfimo
Principe , e os Senhores Infantes , D. Carlos , D.
' Pedro, D. Alexandre, e Dona Maria. Seguiao-fe feus
• tios , os Senhores Infantes , D. Francifco , e D.
Antonio , todos em cadeiras de efpaldas , de ve-
ludo carmezim , guarnecidas de galoens de ouro,
Teftetmmhas por Forao teflemunhas por parte de Sua Mageftade,
^py\^'il^'^ ^' ^ Duque do Cadaval , Efl:ribeiro mor ,• D. Joao
^' ' de Almeida , Conde de Aifumar j Fernao Teiles
da Silva , Marquez de Alegrete , -Gentil-homem
da Camara dei-Rey y D. Fernando Mafcarenhas ,
Mar-
I
dos Principes do "Brds^iU Livro I. 77
Marquez de Fronteira; Prefidcnte do Dcfembargo 1728.
doPaco, e.Mordomo mor daRjinha,- todos do
ConieJho de Eftado. Gaftao Jofeph da Camara
Coutinho, Eflribeiro mor da Rainha ,• e D. Diogo
de Noronha^ Marquez de Marialva, Gentil-homem
daCamaraj, que auiftia ao Principe.
$6 As teilemunhas por parte del-Rey Catho- ^^>'"2'^'^^^^
lico , forao , os Titulos queja diifemos, que ^o catboUco.
mefmo fim haviao tido ordem por carta do Se-
cretario de Eftado , e forao rogados pelo Mar-
quez de los Baibazes , e com quem fez tambem
numero Pedro de Vaiconcelios e Soufa , Mefire'
de Campo General do Confeiho de Guerra y Eftri-
beiro mor da Princeza do Brazil , e da Senhora
Infanta D. Maria Barbara. Acharao-fe tambem
alii prefentes os dous Embaixadores del-Rey Ca-
thohco , que ambos vierao juntos no coche do
Marquez de ios Balbazes , que em maior obfequio
defta ac^ao deo naquelle dia huma nova , e mui
flammante libre aos feus Criados. Tambem aifif
tirao , D. Nuno da Cunha e Ataidc , e D. Joao
da Mota e Silva , EminentiiTmios Cardeaes da San-
ta Romana Igreja ,• o primeiro Inquifidor Geral,
e o iegundo , primeiro Miniflro do Reyno ,• e
huma boa parte de Prelados maiores.
57 Puzera-fe alli hum bofete paramentado de
huma riquiifima coberta de tiilii , irmao do das
cadeiras dos Reys, e fobre elle huma pafta de
1; veludo, guarnecida de hum iargg, e precioib galao
de ouro , para Suas Mdgeftades aifmarem Ibbre
eila as efcrituras. Ao mefmo fim havia tambem
buma artificiora efcrivaninha de prata dourada.
Da outra parte da cafa do meio para baixo , eilava
outro bofete cobeito de veludo carmczim, aealoa-
j% Hijlona Tanegynca dos deJpoJorioS'
1728- dode ouro ; nelle eflava oiitra pafta de marro-
quim y e huma primorola efcrivaninha de prata,
para fazerem os Embaixadores , e Teftemuuhas as
iuas afTinaturas.
58 Prefente toda a Affembleia, leo Diogo de
Mendon^a Corte Real , do Confelho de Sua Ma-
gellade, e Secretario deEftado, as Capitula^oens:
lidas ellas, afTmarao-nas Suas Mageflades ,• fizerao
logo o mefmo , o SerenifTimo Principe , e Suas Al-
tezas y e ultimamente os Embaixadores , e teftemu-
nhas ja referidas.
59 Concluido o afto com a efpecificada legali-
dade , paffarao Suas Mageftades para a cafa , que,
ficava immediata , aonde eflava de gala toda a
Corte. Os Embaixadores paffarao logo ao quarto
OffWccrmosEfn. ^^ Seiihora Infanta D. Maria a offerecer-Ihe a
^ue mandava 0 joja que Ihe mandava o Principe das Afhirias.
Pnncipe das Af- Era ella hum retrato do mefmo Senhor , guar-
tfZa^^jj^Ma-^^'^'^'' dem.uitos, e maravilhofos diamantes. Re-
ria Barbara, colherao-fe depois a fua cafa,-mas voltarao logo par-
ticularmente ao Palacio, para fe lograrem dos mui-
tos, e bem executados fogos de artificio que hou^'c
aquella noite no Terreiro do Pa^o, para onde
entrarao pela efcada do Forte , e fe lograrao da-
quelle intretenimento de huma janella , da fegunda
cafaproxima ao mefmo Forte , e alh fe Ihes man-
dou refrefco de agua, doce, e choculate. Foide
muito divertimento , e fmgularmente applaudido
hum delles do ar , afTim pelo muito tempo que
durou, como pela fuavidade , e rara invengao.
Era ella do excellente Arquitefto , Antonio Cana-
varo , e figurava com bella ideia huma rocha,
povoada pela fuperficie fuperior de hum efpeflb
bofque. Deo-felhe principio logo, que oFortedo
mefmo
dos Prindpes do Braz.il ? Livro L 79
mermo TerreirO; em flnal de que ja fuas Magef 1728.
tades, e Altezas occupavao a janella , deo hum ti-
ro , ao que correfpondeo com outro o Caftello de
S. Jorge , e todas as Torres , Fortes , e Fortale-
zas da Marinha, e navios furtos no Tejo com
huma deicarga geral. Iliuminou-fe a Corte, e o
Tejo com luminarias geraes, aflim nefta, como
nas duas noites feguintes , em que igualmente 1«
repctirao as mefmos fogos artificiaes _, e as faivas
de artilheria.
60 No outro dia concorrerao de tarde ao Fun^ao da cera-
Paco os Embaixadores , e toda a Corte , ^'^^^^^ Jorhs do^Pritiape
de gala , ou , por melhor dizer ; de ouro , e pfa- das Jjlurias, com
ta , maiormente as Teftemunhas que haviao {\dQ'^,M^"^f'-^-^^^'
da outorga. Entao fahio do feu quarto El-Rey^
acompanhado do Sereniflimo Principe ;, e por fua
ordem afTeflidos dos Veadores da Senhora Rai-
nha D. Marianna de Auftria , e dos feus Gentis-ho-
mens , e mais Ofliciaes do feu fervico , e affiften-
cia j os Senhores Infantes , D. Carlos , D. Pedro,
D. Alexandre , D. Francifco , e D. Antonio. Hia
junto aos dous Senhores ultimos o Conde de Af-
fumar, que fervia de Mordomo mor. Acodirao
logo acumprimentar Suas Mageflades, e Altezas
os Embaixadores. Logo El-Rey D. Joao mandou
ia eftes, eaos Grandes da Sua CortC; que fe cc-
briffem ,• nenhum porem, em teflemunho dafua
grande reyerencia , o quiz fazer. Tomarao os mef '
\\ mos Embaixadores o feu lugar , logo de traz de
i Sua Mao^eflade, a mao direita do Gcntil-homem Se-
manano , que era entao o Marquez de Alegrete.
Alli mefmo eflavao poftados o Duque de Cadaval,
Eflribeiro mor, e o Marquez de Marialva , Gentil-
i homem da jCainara > que affiftia ao Sereniffimo
I Principe. 61 Che-
So Hijloria Vanegjrlca dos defpoforlos
1728. ^i Chcgou El-Rey ao qiwrto da SereiiiiTima
Senhora D. Maria Barbara , de donde , com ella
a fua niao cfquerda , fahio a Senliora Rainha D.
Marianna de Auftria. Daqui defcerao com am.ef-
ma ordem , precedidos immediatamente dos Senho-
res InFanteS; e dos Embaixadores,- eftes, dos Duques
Eftribeiro mor / e de Lafoens_, dos Grandes , Offi-
ciaes da Corte , e Nobreza , a fala dos Tudefcos ,
de donde fe encaminharao para a Bafilica Patri-
arcal. Nella elperava com o clarillimo CoIIegio j
^ dos Illuftriilimos Conegos da mefma Santa Igreja,
e das mais Jerarquias , e Ordens Ecclefiafticas o
Senhor Patriarca aSuas Mageftades, e Altezas , a
ouem deitou Aguabenta. Loo-o foi caminhando
com osmefmos Senhores, a mao direita del-Rey,
ate o Altar do Santiftimo , a Quem adorarao , e
fizerao Ora^ao. Pallarao ao Altar mor : aflentou-
fe junto a elle o Patriarca ,• e o Marquez de los
Balbazes offercceo a El-Rey a Commilfao que Ihe
facultava o Serenilfmio Principe das Afturias para
receber , como feu Procurador , a Sereniflima Se-
jiliora Infanta de Portugal D. Maria , que he do
teor feguinte.
Frocuracao do Principe das Afturias,
para M'%ey D, Joao V,
Prmtrnfao do „ ■ ^ On Fernando por la gracia de Dios
Prtncipe das Af- ^^ i 1 Principe jurado dc Hefpvaiia, hijo primo-
D. Joao. ' V -*-^ genito del muy alto , muy excelente , e
„ muy poderofo Seiior Don phelipe Quinto , poi
dos Frincipes do "Brd^il, Livro L 8 1
yy la mifma gracia de Dios B-ey de Caflilla, de 1728.
Leon^ deAragon, de las dos Sicilias , de Jeru-
falem , de Navarra , de Granada , de To!edo ,
de Valencia , de Galicia , de Mallorca , de Se-
V
,; villa y de Cerdeiia , de Cordova , dc Corfega ,
„ de Murcia , de Jaen ;, de los Algarbes , de Alge-
7y
cira , de Gibraltar , de las Islas de Canarias , de
las Indias Orientales , y Occidentales , Yslas , y
tierra firme del mar Oceano , Archiduque de
Auftria , Duque de Borgona , Brabante , y Mi-
lan , Conde de Abfpurg , Flandes , Tirol , y
Barcelona , Seiior de Vizcaya , y de Moiina
&:c. mi Seiior, que guarde Dios muchos ailos.
Por quanto para gloria, y mayor fervicio de
Dios , y para la mas eftrecha union de las ^os
Coronas de Hefpana, y PortugaI,El Rey, mi Se-
iior, ha ajuftado mi Matrimonio con la Sereniiri-
malnfanta de Portugal Dofia Maria, hija del
muy alto , muy excelente , y muy poderofo
Principe Don Juan Quinto, por la gracia de
Dios Rey de Portugal, y de la muy alta , muy
excelente , y muy poderola Piincefa Dofia Mari-
anna de Aullria , tambien por la gracia de Dios
Reyna de Portugal ,• y porque el xMatrimonio ,
fiendo Su Divina Mageftad fervido , fe ha de
efeftuar en laCorte de Lixboa, por palabras
de prefente que le hagan verdadero , conforme
a lo difpuefto por la Santa Iglefia Romana , y
Concilio de Trento , y haviendo de eligir, y
j, nombrar yo , debaxo de la authoridad del Rey
), mi Seiior, perfona de tales calidades quepueda
j, digna , y honorificamente reprefentar la mia en
„ ado tan folemne , y efe6luar, y concluir efte
„ mi dicho; y prometido Matrimonio. Por tanto^
L ;, para
7?
>.
%2 Hijloria Vanegjrica dos dejpoforlos
1728- j) P^ra efte eteclo heeligido, ynombrado, co-
„ mo en virtud de la prefente elijo , y nombro
„ con acuerdo, y confejo delRey mi Segor , y
j, debaxo de fu authoridad ; y todo mi poder tan
„ cuniplido , y baftante como de derecho fe re-
;, quiere , y es neceftario , y mas pueda , y deva va-
„ ler, al muy alto, muy excelente, y muy poderofo
„ Principe Don Juan Quinto , por la gracia de
j, Dios Rey de Portugal, para que en mi nom-
„ bre , reprefentando mi propia Perfona , y pre-
„ cediendo , y interviniendo las folemnidades , y
jj ceremonias ordenadas por la Santa Iglefia Ca-
j, tholica Romana , fe defpofe , y cafe por pala-
„ bras formales , que hagan legitimo , y verda-
jj dero Matrimonio de prefente , con la dicha Se-
3, reniirima Infanta de Portuga! Dona Maria , fu
j, hija ,' y mediante ellas, la reciva por mi Efpofa,
j, y Muger legitima, pues yo delde luego la re-
„ civo por tal , y para quc me otorgue por fu Ef
,; pofo , y Marido ,• porque afti mifmo me otoi-
„ go yo por tal , fiempre debaxo de la authoridad
„ del Rey mi Seiior , para lo qual doy , debaxo
„ de la mifma authoridad de Su Mageftad , al re-
„ ferido muy alto , muy excelefnte , y muy pode-
„ rofo Principe Don Juan Quinto , Rey de Por-
„ tugal, exprefo , y efpecial confentimiento ea
„ la forma que puedo , y haga mayor fe , y me >
„ obhgo debaxo de la mifma authoridad , a ef
„ tar , y paftar por ello , por efta mi voluntad,
„ y para fu firmeza , tirme d prefente de mi
„ mano , fellado con el Sello lecreto delRey;
„ mi Senor , y refrendado de fu infraefcripto,^
„ primer Secretario de Eftado , y del Defpacho.
„ Dado en xVladrid a catorce de Diziembre de
„ mil
dos Vrinci-pes do "Bra^iU Livro I. 83
„ mil fetecientos y veinte y fiete. 1728»
EL PRINCIPE.
(L. S.)
^uan Baptifha de Orcndayn.
62 Pofto EI-Rey D. Joao deJoeJhos , ofFere-
•ceo efta mefma Procura^ao ao Patriarca , o qu5l
a deo logo ao feu Secretario para que a lelfe ;
-como efFedivamente leo em voz alta, e mui per-
ceptivel. Do mefmo modo fe leo depois a Dif-
penfa , que dera o mefrno Illuffriirimo Prelado ;,
para fe poder celebrar efte recebimento , nao obf
tante nao £e haverem corrido os pregoens nas
'rFreguezias dos Contrahentes , fegundo aflim o dif
poem, decreta, enunda ofagrado Concilio Tri-
dentino. Eis aqui a copia da Difpenfa. •
Dijpenfagao do Patriarca , pdra fenao cori^-
;t?;? os pregocns j que manda odoncilio
Tridentino.
Thotnas primiis Divina Mifcrafwne
Fapriarcha-
Ifpoem y> Sagrado Concilio TridenrinO; -Difpejif^cao do
^ que para ticitamente fe contrahir o Sa- ofprTgoenJ'''''''
^ cramento do Matrimonio , prccedao in-
,j ter Mifjarumfokmnia, tres proclamacoens iias
L ii „ Pa-
l
• 84 Hijloria Fanegyrica dos defpoforios
1728. V Paroqiiias da origem, e domicilio dosContra-
„ hentes .- E lendo a caufa principal defta dilpo-
jy fi^ao , evitar , que o Matrimonio fe contraha
„ com impedimento dirimente , ou impediente,
„ o me&io fagrado Conciho Tridentino deixou
„ no noffo juizo, e arbitrio a dilpenfa das mefmas
,, denunciagoens , para qne certificados de que
;, nao ha impedimento Canonico ^ as poiramos ri-
„ mittir. Nos que eftamos certos , que entre a
„ Sereniffima Senhora D. Maria , Infanta de Por-
;; tugal , e o Sereniffimo Senhor D. Fernando
j, Principe das Afturias , nao ha impedimento al-
„ gum Canonico , que dirima ;, ou impida o Ma-
y, trimonio , que intentao contrahir , pelo teor
„ deftas noffas prefentes letras, difpenfamos nas
„ referidas denuncia^oens matrimoniaes , e man-
„ damos que fem ellas fe recebao, E porque igual-
„ mejite eftkmos certiiicados da legitimidade da
„• Procuracao do SereniiTimo Principe das Aftu-
y, rias , concedemos licen^a , que em virtude del-
,) la fe polfa receber. Datim UUjfipom m noflro
j, Valatlo fiih figillo noftro , die undecima Janu-
5, arii '^ Anno milkfimo Jeptingentejimo vigefimo
5, o^avo.
Thomas Patriarcha Vrimus.
(L.S,)
Leonardus Oliverius Monterius.
Regifiado no livro dos Decreros
naCamara Patriarcal , afolh. 30. j
Monteiro.
Im-
dos Prlncipesdo "Bra^iU Livro I. 85
Immediatamente executou aquelle tao benemcri- ij2'l.
to Prelado a ceremoiiia do recebimento do Scre-
niilimo Principe das Afturias , com a SereniiTima
Senhora D. Maria Barbara : benzeo o anjiei , que
logo por parte do mefmo Principe meteo El-Rey
D. Joao no dedo amefma Senhora;, preferindo-a
logo, comohofpeda, afeulrmao, oSerenifTimo
Principe do Brazil. Acabou-fe finalmente efta fo-
lemnidade com o maior efplendor , que pode fer
comprehendido na imagina^ao. Logo fe cantou
o Te Deum j e depois de recitar ultimamente o
Sehhor Patriarca as Oracoens , que para fungoens
femelhantes prefcreve o Ritual Romano , def
pedio com a fua ben^ao a Suas Mageftades, e
Altezas , que com a mefma ordem tornarao a rcco-
Iher-fe ao Pago. . . .
63 Em obfequio deftes Reaes defporios , teve
Sua Mageftade por bem mandar proceder a fol-
tura de alguns prezos. A efte fim fe lavrou o fe-
gumte
D E C R E T O.
j, T T^ M razao do feliz fuceftb , com que fe
„ |l concluirao os matrim,onios do Principe
j) -^ — ^ D. Jofeph j meu fobre todos muito
„ amado , e prezado fiiho , com a Serenillima
„ Princeza D.Maria Anna Vitoria, filha del-Rey
,_, Catholico , meu bom irmao , e primo ,• e o da
„ Prmceza D. Maria Barbara , minha muito ama-
_,, da , e prezada filiia com o' Sereniifimo Principe
^, das Ajfturias , fillio do mefmo Rey Catholico ,• e
„ defe-
8 6 Hiftoria ■panegyrica dos defpoforios
1728. V ^ defejando correfponder em tudo o qiie for
„ jufto ao amor , que todos os meus Vaflallos,
As duas Lisboas, ^^ e particukrmente os moradores deftas Cidades,
Oi^ienfal!^ ' ^ v moftrao ao meu fervi^o nas demonftra^oens
„ deftas felicidades , e o que em outras femcihan-
„ tes de alegria publicas fe coftuma; fundado
„ em Direito , hei por bem fazer merce aos pre^
yy zos , que eftiverem por caufas crimes nas ca-
„ deias publicas deftas Cidadcs de Lisboa , e feus
„ deftri61:os de cinco legoas , nao tendo parte
,y mais que ajuftii^a, de Ihes perdoar hvremen-
„ te por efta vez , todos , e quaefquer crimes,
„ pelos quaes aftim eftiverem prezos , exceptu-
„ ando os feguintes pela gravidade delles , e con-
„ vir ao fervi^o de Deos , ebem daRepublica,
„ que nao fe izentem das Leys : Blasferaar de ,
„ Deos , e de feus Santos ^ moeda falfa ; tefte-
„ muiiho falfo ,• matar , ou ferir fendo dc propo-
), fito comarcabuz, ou efpingarda,- darpc^onha^
„ amda que morte fenao figa ,• morte commetti-
„ da atreigoadamente ; quebrantar prizoens por
„ for^a ,• por fogo acintemente 5 forgar mulher ;
^, fazer , ou dar feitigos j foltarem prezos os car-
■ yy cereiros , por vontade , ou peita '; entrar em
„ Mofteiros de Freiras com propofito deshonefto;
„ fazer damno, ou qualquer mal; ferimento de
„ qualquer Juiz , ou pancadas , pofto que pedaneo,
„;,ou vintenario feja, iendo fobre feu officioj fe-
„ rir alguma peftba tomada as maosj furto que
}) paft^e de hum marco de prata ,• ferida pelo rofto
„ com tenfao de a dar , fe com efteito le d^o ,
„ em Carcereiros da Corte de Lisboa, Cidacies
j, de Evora, Coimbra , Porto , Tavira ,> Eivas ,
), Beja, Funchd, Pontedelgada,, Angiia,- e das
„ Villas
dos Principes do Braz, il j Livro T, Zj
yy Villas de Santarem , Setuval , Montemor o novo, j 7 -5 8
j, Eftremoz ,• e outro fim , Carcereiros das cadeias
,_, das Correi^oens das Comarcas, e Ouvedorias
jj dos Meftrados , e Priorados do Crato , e das
„ cadeias das algadas ,• e outro fim , ladrao formi»
jy gueiro , a terceira vez ,• nem condemna^oens de
„ a^outes , fendo por furto.
„ He a minha vontade, e mente , que ex-
„ cepto eftes crimes aqui declarados , que ficarao
„ nos termos ordinarios dajufti^a, todos os mais
„ fiquem perdoados ,• e as peflbas que por elles ef
„ tiverem prczas nas ditas Cidades de Lishoa^ e
„• feus deftriifos de cinco legoas aoredor y nao
„ tendo parte mais que ajuftiga, como acima fi-
„ ca dito , o que fe entendera tendo perdao del-.
„ las , ainda que a nao accuzem , ou nao appa-
„ recendo , por conftar que as nao ha para po-
,_, derem accufar , ficando fempre o feu Direito
„ falvo as ditas partes, nefle fe^undo cafopara
„ accufarem os reos perdoados , quando appare-
„ ^ao , e o queirao fazer j porque a minha tengao
„ he perdoar iomente aos ditos reos a i atisfa^ao
„ dajufti^a, e nao perjudicar as ditas partes no
„ Direito, -que Ihes peitence.
■> J'.^ „ E para ferem- os ditos criminofos aqui
„ ^^M'oados , ferao viflas as fuas culpas pelos Jui-
j) zes a que Ihes tocar , para fe haver efte perdao
,, porconforme aellas, na forma ordinaria ,• e ef-
„ te mefmo perdao, quc concedo aos prezos , pe-
jj los crimes nas cadeias deftas Cidades , e feus
,|j deflridos ^e cinco legoas , hei , outro fim , por
i y> bem fe entenda na mefma forma , a refpeito
„ dos prezos da cadeia do Porto , e feu termo ,
„ por alli refidir hum fupremo Tribunal da jufli-
?a
V
88 Hi/lom Panegyrica dos defpoforios
1728. » 9^ P^''^ ^^ crimes. Pela Mefa do Defembargo
~do Pa^o ; fe dem as ordens neceirarias para efte
meu Decreto fc publicar y e vir a noticia de to-
dos , e fe executar como nelle fe contem. Lisr
,) boa Occidental 11. dejaneirode 1728.
Diogo de Mendon^a Corte Real.
\, /^~\ Chanceller da Cafa da Supplicagao , que
„ \J ferve de Regedor , vendo a copia do De-
„ creto junto , que fera com efte aifmado pelo
„ Secretario de Eftado y que fui fervido mandar
,; paifar a Mefa do Dezembargo do Pa^o , o fara
„ executar na mefma Cafa da Supplica^ao pela
,;, parte que Ihe toca. Lisboa Occidental 12. de
„ Janeiro de 1728.
Cojn rubrtca de Sua Magejlade.
64 Depois de haverem ardido na noite defte
dia no Terreiro do Paco , em prefenga de Suas Ma-
geftades; e Altezas os curiofiifimos, e extraordi-
narios artefa6los , e inventos de fogo , houve em
hum, como theatro levantado aquelle fim em huma
antecamara , hum^ ferenata , no quarto da Sereniili-
ma Senhora Rainha. AiTiftirao a ella Suas Magef
tades , a Princeza das Ailurias , o Principe do
Brazil , e os Senhores Infantes , em pubhco. Aifii^
tirao a Senhora Rainha , e a Princeza fua iilha , a
Marqueza deUnhao, Camareira mor, e D. Incz
da Silva , fua Dona de honor. De traz das cadei-
ras eftavao os Camariftas , Veadores , e Mordo-
mos
i
dos Principes do ^ra^il, Livro L 89
mos da Cafa,- e como Mordomo mor , diante del- 1 728.
E-ey encoftado a parede , o Conde de AITumar,
Ficavao defronte de Suas Magellades os Muficos,
e os inftmmentos. Havia tres camirotes , hum da
parte direita para os Embaixadores ,• outro para
osEminentilTimosCardeaesdaCunha , edaMota,-
e outro defronte do primeiro para o Senhor Patri-
arca : a mao direita , difcorria huma varanda para
os Titulos ; a mao efquerda outra para as Damas,
e Senhoras mais antigas do Paco- Foi a conclufao
defte harmoniofo feftejo, huma falva geral de arti-
liieria. Entao fe recoUierao Suas Mageftades , e
Akezas aos feus quartos , e os mais,cada hum a fua •
cala.
65 Em dozerde, Janeiro por ordem de Sua
Magefiade , fez o Secretario de Eftado avifo a toda
aCorte, e aos Officiaes da Cafa para afliftirema
audiencia , que fua Mageftade dava ao Patriarca.
Aftim mefmo forao tambem avifados os Tribu-
naes, para a codir ao beijamao, pelas tres da tarde.
Partio na manhaa defte dia o Senhor Patriarca
para o Paco. Hia diante hum mo^o de libre com
o poio para elle fe apear, metido em hum faco
de panno encarnado : logo vinhao feis Palafrenci-
ros com outros tantos cavallos , cobertos de man-
tas de veludo carmezim , guarnecidas de galbens
j larguiirimos de ouro. Formavao os mo^os de
I acompanhar duas eftendidas, e bem formadas alas:
j Trazia al^ada no meio delles , montado em huma
t mula branca hum Sacerdote , a Cruz Patriarcal:
'i Seguia-fe ultimamente o referido Prelado em hu-
ma lit-eira muito decente , e dentro huma cadeira^
i| em que hia fentado , e levava na cabeca hum cha'
"^ peo de veludo carmezim,- e vinha atraz o coche
' : M dt
'po Hiftorla Panegyrica dos defpoforios
1728. de refpeito , correfpondente a liteira, e logo ou-
tros quatro , que conduziao os Capellaens , e to-
da a mais familia do mefmo IlluftriiTimo Prelado.
Tiravao aflim da liteira, como de cada huma das
mais carruagens qiie dizemos, feis frizoens ru^os
mui fermofos , elevavao-fe a deftra muitos outros
da mcfma cor. Aos lados da liteira hiao o Deca-
no , e Sota-decano _, e de traz deftes , dous criados
com as umbrellas.
66 Fez Sua Mageftade as coftumadas honras
' ao Patriarca : Confiftiao ellas entao cm fallar-Ihe
o mefmo Prelado , como fe ja foflb hum Cardeal
• da Santa Igreja Romana , alTentado em huma ca-
deira de ef|")aldas , que para iftb Iho. chegava o
Porteiro da Camara. Efta graga ' Ihe concedeo EI-
Rey , logo que elle foi exaltado a fua tao foberana
dignidade. Deo, crepetio aquelle tao benemeri-
to Paflor muitos parabens de tao altos , e felizes
defpoforios a Sua Mageftade. Depois defta publica
audiencia , paflbu a tella da Sereniflima Senhora
Princeza das Afturias ; e forao feus Condu6loresi
nefta ceremonia , e ' cumprimento , o Conde de
Pombeiro , Capitao da Guarda Real , e D. Lou-
ren^o de Almada , Meftre fala de Suas Magefta-
des. Nefta mefma manhaa Ihes beijarao a mao ,
e a Suas Altezas nos feus Reaes quartos , os Em-
baixadoresj e em audiencia, outros Miniftros Ef-
trangeiros , e htmi grande numero de Prelados das
Religioens. De tarde concorreo a Palacio o Emi-
nentiflimo Cardeal da Cunlia, e toda a Nobreza,- e
entrarao fem alguma preferencia , fegundo a or-
dem que tiverao osTribunaes, e Confelhos, a fe-
licitar a Suas Mageftades. Na noite defte dia houve -
os coftumados feftejos , que fez muito mais plau-
i' fiveis
dos Principes do "Bra^it , Livro I. 9 1
fiveis a Real prefenga de Suas Mageftades. 1728.
67 Teve no outro dia 31. do mez referido
de Janeiro a Academia Real da Hiftoria Portu-
gueza , a honra de ter audiencia de Suas Magefta-
des , e Altezas , e fazer na fua foberana prefen^a
huma Alfembleia extraordinaria o Marquez de
Valen^a. Em nome de toda ella recitou , com fa-
cundia mais que Neftoriana , em obfequio das
nupcias do Sereniflimo Principe do Brazil , com a
Senhora Princeza D. Maria Anna Vitoriaj efta
igualmente douta , que eloquente
o R A q A o:
Muito altoSf epoderofos%eySy mais
ScnhoresJ
I. j) fi ^ Odera ainda a incredulidade dos Ora^aS do Mat'
V W^ eflranhos , ou o feu odio diflimu- ^«^^ ^^ ^^?«/<»
■^ m t j , . ,. , . aos cafamentos
„ ^-^ lado no amor da verdade , duvi- ^os Principes do
fy dar de que o mefmo Author do univerfo , o foi Brazil.
^, da Monarquia de Portugal ? E que affim como
), a fua Omnipotencia tirou do caos efta. fabrica
„ admiravel, e primorofa, tirou a exiftencia da
„ mefma Monarquia daquella confufao, e letar-
i| ,-> go em que eftavao, nao digo fubmergidos' os
„ animos. para as contingencias , e perigos da ba-
\\ „ talha , mas embotados os alentos dos Portugue-
, „ zes, para o intento de huma empreza mais te-
, ,, meraria, que defficil? Se para convencei: a af-,
M ii 5) fedada
9 ^ Hijloria Vdnegynca dos dejpoforios
I72S1 V fecf^ada indifFerenca deftes incredulos, nao ti-
„ veramos tantas provas , quantos fao os' fucelTqrs
„ de que fe compoem a milagrofa ferie das nof-
j5 fas liiflorias , em que os Hercules , e Thefeos
j) nao obrarao rRaiores ac^oens , nem quando
,> fuflentarao a esfera das luzes , nem quando in-
;, vadirao o Reyno das fombras, baflava o af-
5^ funto fobre que Iioje venlio a difcorrer nefte Pa-
„ lacio, mais foberbo^ brilJiantc, e enriquecido>
„ que aquelle em que o filho de Climene leo ent*
P, cara^leres de ouro, que afua origem era mais
„ illuflre que asEflrellas, para que efta tenacida-
„ de fe attribuifle toda a inveja do noflb feliz
„ principio , e incomparavel juaioria.
II. „ A ideia defta negOciagao , a preferencia
j, defta efcolha, a brevidade defle ajuf^e, oacer-
„ to dcfla allian^a , a ventura defle conforcio , o
„ c~ompendio em fim deflas felicidades, qucce-
j, lebramos , nao fqi cffeito do juizo fuperior ,
;,, fublime , e elevado de Suas Mageflades ,• nao
„ foi refulta do prudente voto dos feus Confelhei-
„ ix)s no Gabinete:j nao foi confequencia da ca-
^ ' )..o^ *^"^^*> paCidade ,» 'jmadureza , e; penetragao dos feus
;-ja^% ry Miniflros na Corte de Madrid j fena6 daquelle
„ cuidado, que fem fadiga , daquella Providen^
„ cia, que fem defvelo ; da'quella fabcdoria , que
„ fem confelho , preveh^sto., ou cautela, tudo
„ ,quanto Ihe agrada , executa , fem que o difE-
„ cil Ihe cufle mais empenho , nem o ikcil Ihe
„ demenos gloria, poreflarioarduo, e o impof-
„ fivel , igualmentde fubordinados aos acenos da
„ fua vontade.
- )>IH;iTf „ Mas em que fundo eu fer efla tao de-,
j, fejada, como venturofa allian^a, o teftemunho,
mais
.\i:-;-i
J>
V
))
))
))
dos Princlpes do %'a^U Livro f . 95
^, mais evidente do maior credito , e efplendor 1^28.
do Reyno de Portugal , qual he tello fundado,
a foberania , e imnienfidade do mefmo Chi if
to j dando fnigular , e amorofamente a in^ ef-
tidura do Reyno ao ndHb primeiro Monarca!
lilbhe o que determino moftrar neile difcurfo,
em que mais receio pelo agrado y e attrac^ap
da materia , e peja fidelidade , e contentamen-
to do Auditorio , a perturba^ao dos vivas, e
jy embara^o "das acclamacoens;^ q ruido dos ap-
jy pJaufos, o;eftorvodos parabens, jubilos, e aie-
„ gria que a grandeza do affunto , a perplexida-
j, de do reipeito, os exames do filericio, e a cen-
3, fura de toda efta difcretiiTima AiTembleia, con-
>j tra a impropriedade notoria , ou expe^lagao nao
i, m.erecida , que he o maior perigo do Orador,
IV. „ O abje6to principal de todos os Reys,
„ ainda daqueHes que cuidao mais nos brados
„ da fama , que nos clamores dos fubditos , he
:;y a tranquihdade da paz. Para efte fufpirado fim^
y, oiferecem facrificios a Deos os Vaifallos com
j^ maior piedade , que a de Fabio ^ fazem votos
„ a Deos os Monarcas com maioir Rehgiao ,
5/ que a de Numa : o amor , vigilancia ,. e a6livi-
„ dade dos Principes procura iraitar a de Codro,-
^y o zelo, prontidao , e conflancia dos Vaifallos
if fe empenha em igualar ados dous Filenos j; as
„ guerras fe rompem pelas nacoens mais bellico-
„ zas , depois de rotos os vinculos ida fe publica,-
„ as hoililidaides fe continuao miii/ para atalhar 9
„ progreiib > que paraivingar 0; fiiror dos pri-
)\ nieiros ' iidiiltos ,• di xheiburos extrahidbs d^s
„ cntranhas da terra com deiprezo da propria
„ conierva^aid.> e enterrados nos coiacoeils hu-
;^, manos,
94 HifioriaTanegyricadosdefpoforios
1728- V manos , como tresladados a mais foberbas ur-
„ nas , fe confomem na diligencia- , e polfe defte
j, bem univerfal , excedendo-fe a religiofa pro-
„ fufao das Matronas de Roma, exercitada na
,, liberdade do Capitolio ; em iim a mefma paz
)j menos fegura, e menos util fe troca peia guer-
,) ,. ra- atroz , e fanguinolenta , com a elperan^a
„ de que fe logre outra mais eftavel , e provei-
„ tofa. , -
V. ,:, Se confultarmos os vanos fins dos co-
„ ra^oens mais guerreiros , o animo de Iium Ale-
j, xandre , a intengao de hum Cefar , o defignio
„ de hum Pompeo , acharemos , que ainda que
„ os primeiros impulfos forao as proezas , os pri-
„ meiros conceitos forao os triunfos , os primei-
,, ros penfamentos forao as Eftatuas , as pri-
„ meiras ideias forao os Epinicios y- os ultimos
„ defejos forao os da paz : aflim parece , que fe
„ confirma com aquella exclama^ao do grande
„ Pompeo , em que moftrou defejar. mais a tran-
„ quilJidade fem gloria , que a fama fem focego,
„ fendo aqueUa mntafia a mefma , donde fe for-
y -'mqu nos primeiros. annos a repofta tao heroi-
^, ca , como formidavel , de que nao iria a pre-
„ fen^a do feu General , fem que as maos glo-
„ gloriofamente occupadas nos defpojos dos ini-
„ migos , comprovaft^em o feu valor : Nem fei
^, que refpeitaife a outro fim , que de huma paz
„ eftabelecida , o memoravel Tratado , que entre
,j fi ajuftarao o Di6lador Metio , e Publio Hofti-
„ lio , fendo efte Principe o quc mais fe afle-
„ melhou a ferocidade de Romulo no efpirito , e
„ inclina^ao Militar.
VI. „ Pois efta paz tao defejada , e preciofa,
„ a cuja
dos Principes do Brazil , Livro I, 95
„ a cuja utiliilima pofTe fe facrificao todos aquel- 1728
;,, les bens que afoituna reparte , quando mais
„ propicia ; ou nega, quando mais inexoravel;,
„ e que os homens procurao adquirir , e conlcrvar
,, com mais louvor da fua induflria , que accufa-
„ ^ao do feu interelle , he a que nos da , e fegura
„ o felicilfimo conforcio, que hoje fefteja, c ap-
., plaude efta Real Academia, menos com as fi-
„ gur<js ricamente veftidas da Rhetorica , que
yj com a verdade nua dos afte6los , mais com a
„ humiliacao reverente dos cultos , e adora^oens,
_,, que com a eleva^ao animofa dos penfamentos ,
„ e fubtilezas.
VII. „ E quem na6 ve , que he efpecial be-
„ neficio da Divina Providencia , enla^ar-fe huma
„ felicidade com outra y feguir-fe a hum bem ou-
5^ tro mais avultado , e ventajofo j fuceder a hum
„ goftp outro mais appetecido , e eftimavel : em
y, fim continuar-fe huma paz com fundamentos
,_, tao folidos para a fua dura^ao , cogi razoens
„ tao bem fundadas para a fua permanencia , com
j, efperancas tao provaveis para a fua eftabilida-
„ de , que fora ingratidao a duvida , emenosfe
„ a defconfiani^a , dando-nos Deos o maior fmal.
„ do feu favor , e patrocinio , em mudar a natua
„ reza dos bens fempre inconftante , a condigao-
jj dos goftos fempre varia-, e o genio das felicida-
,) des fempre mudavel.
VIII. „ Deixo para demonftra^ao d^fte mef;
yy mo amparo , a emula^ao invcterada; o odio im-
„ placavel , o efcandalo hereditario,'-^ a rra , a ia-
,j dignacao, .e a vingan^a , juradas nbs facrilegos
„ altares dos cora^oens acefos em rancor , e com^
jj petencia , nao fendo neceflario auBpeiio do^
- , . ,, pays .
96 Eijloria Fanegfica dos defpoform
1728. V P^ys; a imitacao de Amilcar, para o furor irre-
,; conciliavel dos filhos , como Annibal , converti-
j, dos agora em concordia , em amizade , em al-
„ voro^o , em complacencia , em amor , em ter-
„ nura , em eftima^ao , e ja^lancia deftes amaveis,
„ doces , poderofos , e deleitaveis affedos ,• por-
,, que o dia nao confente , nem para a admira-
„ ^ao , e louvor da maior ventura a confidera^ao,
, ;, e memoria do menor fentimento.
IX. ,> S6 quizera imprimir na defte AnditG'
,_, rio aquelJes vaticinios , e profecias tao noto-
,, rias , e celcbradas , nao fo no Keyno de Por-
„ tugal , mas em todo o mundo , em que o mef-
„ mo Portugal he o chamado , e o preferido para
„ a poffe da fua maior exalta^ao , em defempe-
„ nho daquella Divina, e immutavel palavra , pro-
„ nunciada no Campo de Ourique , cuja cbfer-
„ vancia comecou logo no deftro^o , e vitoria dos
„ cinco Reys Mouros , e na Acclamacao glorio-
if, fa do iioifo primeiro Monarca , e fe foi conti-
„ nuando ategpra , nao com menos Providencia
,^', nos infprtmrios , que nas fehcidades defta Mo-
jVinaiquia, e hoje com progreffo tao infperado,
j^ como ventajofo a todos os mais fuceilbs ale-
y)r.gres, e prodigiofos, que impuzerao aEl-Rey
yy.X). Manoel o nome efpeciofillimo de Filho da
y^.Fortwm y arrebatada , e miJagrofamente fe avi-
„ fuiha ao complemento dos noffos defejos , c
„ efperancas, pois nada contribue tanto para cl-
„ ias , como a materia defta Ora^ao , e o aliuntu
„ defta celebridade.
X. „ Oh bem aventurado Reyno, que tivef-
„ te logo no teu principio , nao fo a certeza da
,> perpetuidade, mas afeguran^a da maior exal-
„_tacao
i
dosPrincljjes do^Bra^^il^LivroI* 97
,) ta^ao a que fe elevao as Monarquias, nao con- 1728.
„ feguida pelos eftragos , e cakmidades da guer-
j, ra, mas alcan^ada pelo merccimento daFe, e
j^ pureza dos coftumes , e pelo ardentiflimo de-
,) fejo de fazer parciaes , e feudatarios das ban-
„ deiras de Chriflo a os feus mefmos inimigos , e
,, contendores ! Oh outra , e mil vezes bemaven-
„ turado Reyno , a onde a efpecial Providencia
,,'datua felicidade , he o defempenho da Divina
,, Palavra,- a donde as mefmas injufti^as nunca hao
„ de chegar ao termo , em que fe mereca o de-
„ famparo , fenao a compaixao ,- a donde ha de
^' poder mais a induftria , do que a forga , o def
*„ cuido mais que a cautela , a temeridade mais
„ que d conftancia ,• a donde os mefmos perigos fe
„ hao de converter em feguran^as, as mefmas
„ adverfidades em fortunas , os mefmos ameagos
„ em piedades , os mefmos caftigos em mifericor:
^ dias!
XI. „ E em que mereceo Portugal a Divina
„ Bondade efta Providencia? M^receo a Provi"
„' dencia do patrocinio na previdencia dos fervi-
„• ^osj que havia de fazer a fua Igreja. Pre vib
„ Deos o zelo , a ai5lividade, o ardor, a efficacia,
j, O deR^elo: previo os cultos, as adoracoens, os
„ afFe6los , as obediencias , e os difpendios com
„ que os noilos Monarcas haviao de fervir , amar,
„ e venerar a Deos , ja promulgando Leys, que
„ extirpailem vicios , ja confervando Leys que
„ promoveffem virtudes , ja aliftando Soldados
„ para defliruir os inimigos do nome Catholico;,
„ ja aparelhando Armadas para introduzir a mer«
„ cadoria da Ley dagra^a, e eftabelecer o com-
' „ mercio doCeO; e como previo agrandeza do§
9 8 Hiflona Panegyrka dos defpojorios
1728. V lervi^os, por iflb os fatisfez com a graijdeza
„ dos premios ; iiao efperou que fe fizeifem , pa-
„ para comecar a premiallos j porque he miferi-
jy cordiofa politica da fua ineffavel piedade , obri-
„ gar-fe das iinezas ;, que anteve , e fo caftigar as
„ culpas, que experimenta.
XII. „ Oh como fera com o empenho defta
j, protcccao , numerof i a defcendencia dos noffos
„ Principes , rehgiofos os coftumcs , heroicas as
„ emprezas , fuave o dominio , amavel a fobera-
„ nia ! Como ferao temidas as fuas Armas y ref
yy peitados os feus Eftandartes , folicitada a lua
,, amizade, imitadas as fuas acgoens , invejadosos
yy feus acertos y gloriofa afuafama ! Mas nao fei
„ por donde comece a felicitar as Peifoas Reaes,
„ fe pelos Auguftiilimos Avos , fe pelos preclarif-
„ fnnos Pays della illuflre , fufpirada , e feliciiTi-
,j ma Profapia ; porque me aeho duvidofo , fe
„ merece mais as primicias do louvor , quem deo
/, tao heroicos exemplos , fe quem os imitou.tao
yj perfeitamente.
XIII. „ Aceitem pois indiftin^Iamente Voffas
,y Mageflades, e Altezas, ja que oproblema def-
„ te merecimento o nao foube refolver a minha
„ atten^ao , os parabens defta Real Academia ,
,,: . unidos as demonflra^oeiis de alegria > e fideli-
„•! .dade de toda a fuaCorte, na6 por fereftafor-
,, .tuna alcan^ada pelo acerto das fuas prudentes
„ refolu^oens , mas pelo empeniio vifivel, e de-
;, clarado da Divina Providencia para com 05
„ Reys Portuguezes , e feus Vaffallos; nao |>orr
„ que eflas duas Potencias ficao agora nao fo ia-
„ venciveis , mas venccdoras das quatro partes dq
i,' jnundo, pois o que nao render a valentia dp
'• „ ferro,
dos Principes do "Bra^U Livro I. 99
yy ferro y rendera o valor de outros metaes ,• mas 1728.
^, porque ceflbu o efcandalo , e a injuria de que
j, havendo entre eftas N a^oens a niaior femeihan-
„ ^a naReligiao , na honra, e na piedade, hou-
^, veffe tambem entre as mefmas a maior oppofi-
j, ^ao , e competencia j nao porque fe foife poifi-
jy vel enriquecer mais as Coroas , illuftrar mais os
„ Sceptros , accender mais as Purpuras , e elevar
„ mais os Thronos , receberia Portugal ;, e Caf
„ tella maior grandeza , e efplendor com eltas
„ mutuas allian^as ,• mas porque vemos a pureza
„ daFe, a excellencia dos coflumes , a feguran^a
„ das opinioens , a gravidade das maximas , a
,y madureza dos di^lames , a obfervancia da pala-
„ vra , a preferencia do brio , e pundonor com a
„ mais foberana imita^ao , com a mais poderofa
„ defcnfa, com o mais eftreito vinculo, cora o
„ mais gloriofo preceito.
XIV. „ Eftes fao os teftemunhos irrefragaveis
„ da proteccao do Altiflimo : eftes , eftes, e nao as
„ profperidades que ie fundao na diicordia^ na
„ cobica , na tyrannia , e no nome vao , caduco^
,, e fragil de mais heroico, e memoravel, pelos
„ indignos meios da ambi^ao, e da violencia;
„ mas eftes tambem fao os premios , que Portu-
„ gal efta merecendo defde a fua milagrofa ori-
„ gem , para que o amor , e lealdade Portugue-
,y za, nao tenha ja que defejar , fendo o feu de-
yy fejo infaciavel para a exalta^ao , grandeza , e
„ felicidade dos (eus adorados Monarcas,
XV. „ Oii que materia efta para o fummo
„ agradecimento de Suas Mageftades , para a fua
„ devota meditacao , e para as fuas humilia^oens
„ profundas , c reverentes, vencjo-fe elles os ef^
i N ii „ colhidos
i*bb Hiftoria panegyrica dos defpofonos
I72^J- ,) colhidos para a pafTe deftas venturas , entre
„ tantos Predeceflbres fingularmente benemeritosl
;, Como fera viva neftes pios , e Catliolicos ani-
/, mos a memoria deftes favores ! Como ferape-
jyrenne o louvor deftes beneficios! Como fera
„ publica^ eeterna a confiflao deftas gra^as !
XVI. ,y Quem me dera agora o efpirito , e
jy eloquencia daquelle infigne Orador , que vatici-
j, nou o defejado nafcimento de Vofta Magefta--
„ de , Senlior , que era jufto que andafte primei-
,) ro em vaticinios hum Principe , que havia de
,, fer tao prodigiofo , para que pudefte fallar de
jj foi^te nas virtudes Reaes _, que nem a modeftia
,, fe offendefte doselogios, nem a verdade Ce ei-
„ candalizafle do filencio. Mas porque fe ha de
„ offender a modeftia dos louvores , e fe nao ha
„ de agradar dos exemplos de que he occafiao ?
„ E que importa que o diga mais huma voz pou-
„ co fonora , fe o dizem tantas outras de maior
„ harmonia , e fuavidade ? Quando as linguas o
„ nao diftera6 , os olhos o perfuadirao. Que fao
os Templos , que erige a o culto da Religiao
o empenho do noffb Monarca , fenao hum tro-
feo da fua piedade , junto com hum Padrao da
fua magnificencia ? Que fao as Leys , que pro-
„ mulga o feu acerto , e que faz obfeiTar a fua
„ inteireza , fenao zelo , <le que fe pratique o juf
;y to , de que fe evite o fuperfluo, e de que fe ^
„ abrace o proveitofo ? Que fao aquellas audien- k
„ cias tao geraes , como repetidas , fenao o de-
;> fempenho da obriga^ao de Principe, lembran
j)^''^a do titulo de Pay , afte61o declarado a neceflMfl
«' dade , propenfao vehemente ao remedio , lafti-
jj-ma generofa, e incomparavel para todo o ge-
■>•>
dcs Prmcipes do "Brai^i!, Livra f . i oi
,'y nero de aperto y de miferia, e adverfidade ? 1728.
XVIIJ ,y Nao Fallo na fubtileza daquelle en-
V genJio_,ina facilidade daquella comprehenfao ,
„ na madureza daquelle Juizo ,• porque todas ef-
,y tas accoens, que acabo de referir , € nao aca-
yy bo. de engrandccer , ou nao prmcipio a louvar^
yy fao effeitos da fua ventagem , eminencia , e fin-
„ guJaridade , pois certamente as nao poderia ex-
„ cecutar a grandeza do feu animo , fem a exten^
„ cao do feu difcurfo j mas quando faltaifem ef-
j, tas provas ao feu entendimento , e capacidade,
„ baftava a inftitui^ao acertadiilima deila Acade-
yy mia , a benignidade inexplicavel , com que he
j, admJttida a fua Real prefen^a, as honras innu-
., meraveis , com que he deftinada para os applau-
„ fos defte alegre ,'e-venturofo dia, eparaacele-
„ bridade de outros igualmente folemnes , e fef-
„ tivos , em que &. ye nefte Palacio a fabedoria
„ enthronizada com a Mageftade, e fe ouvem en-
„ tre os Vivas do felicifTimo triunfo da ignoran-
„ cia, as queixas injuftas, e repetidas da fua an-
„ tiga , e efcandaloia poile , caufando mais alTcm-
„ bro a uniao da fabedoria , que a do mefmo
„ amor com a Mageftade.
XVIII. „ Ora nao nos admiremos com tan-
„ tas qualidades , com tantas execellencias , com
„ tantos dotes , com tantos ornaros , com tantas
„ virtudes , com tantos merecimentos , e circunf
„ tancias do noffo Monarca, lembrando-nos do
„ que diffe a difcri^ao de Plinio do Emperador
„ Trajano , que era jufto , que houveffe alguma
„ differen^a entre os Principes , que efcolhiao os
„ homens , e entre os que elegiao os deofe-s.
XIX. „ Efta mefma prerogativa, que tanto
„ diftin-
io2 Hiftoria Panegyrica dos defpoforios
1728% w diftingue dos outros Principes onolTo, fe acha
tambem na Rainha Sereniifima de Portugal ,
pois a fua Afcendencia foberana, foi illuftrada
por huma ac^ao de piedade fmgular , e maravi-
Jhofa, que he fo o eirnalte, com que fe podem
emiobrecer mais as Coroas ,• e nefte horoico , e
e fubhme eipirito parece , que fe derramao em
maior abundancia os bens do CeO; promettidos
„, a lineza daquelle culto,
' XX. „ Nao havia de fer eu , nem nenhum
outro Orador , SenJiora j o que fallaife nas vir-
tudes de Voifa Mageftade : havia de fer licito,
que difcorreiTe fobre ellas nefte lugar o mefmo
Confeilbr de Voila Mageftade, roto o figiJIo,
que Ihe imprimio na liberdade o pejo fobrena-
tural do meiecimento , muito mais efficaz , que
o natural dos defeitos.
XXI. „ Vive com a fua Real modeftia , e
coftmnes fantiilimos a Monarquia edificada ,• vi-
„ ve-fe nos Conventos mais aufteros , e Religio-
,7 fos com o exemplar da fua fantidade , em maior
zelo , em maior pureza , e em maior perfei^ao:
eftc Palacio , depois que efta Real, e infigne
Heroina o occupa com a fua foberania , e o re-
ge com a fua prudencia , he o Noviciado donde
le exercitao , donde ie affinao , donde fe elevao
as virtudes mais fingulares , e heroicas , com
que fe merece aquelle precioftilimo annel de
Efpofas do Cordeiro Immaculado.
XXII. „ Nao permitte a modeftia de Sua
j, Mageftade , nobihfllmo yi«^/>m<? , (ohquedor
j, para a veneragao de feus Vairallos ! Oh que
„ prejuizo para os progreifos da imita^ao ! ) que
„ eu continue por mais tempo a fagrada hiftoria
„ das
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dos Principes do "Bra^iU Livro I. loj
„ das fuas eminentes , e Catholicas virtudes ; e 1728.
jy afTim obedecendo ao feu preceito , Ihe offere^o
,, ofacriiicio domeu filencio^, fo com a iifonja de
„ que 0 nicu foi o primeiro ,• e que com o prognof-
„ tico dc que nao ha de fer o ultimo y que a pieda-
„ de dos Portuguezes , e de todo o mundo faca a
j) Voifa Mageftade.
XXIII. „ Voifa Alteza , Senhor , he o Prin-
„ cipe mais feliz , afTim como efperamos feja o
„ mais gloriofo de todos os de Portugal , e efta
■ij maioria na felicidade de Volfa Alceza Ihe re-
„ fulta de ter por unico modello das fuas ac^ocns
jy os acertos he huns Pays tao pios , e famofos.
;, Nao he o mefmo , Senhor , os exemplos , ainda
„ que domefticos , e louvaveis dos Predecclfores^
jy que os dos mefmos Pays para a imita^ao ; na-
j, quelles , entra a defconfian^a adesluzillos ; nefles,
„ o affe6I:o a imitallos ; naquelles , o obrar menos
„ he intoleravel a Mageftade ,• nef^es , ate he hon-
7, rofo a obediencia t naquelles, o exce/fo he inju-
„ ria do vencido , de que nafce a foberba nas ven-
■j, tagens j neftes , he como dezar do vendor , de
jy que procede o comedimento nas fortunas : na-
„ quelles , a eompetencia cega o difcurfo , para
„ nao diftinguir o ligitimo do falfo nome j neftes,
„ o amor , efta vez fem «jolhos tapa^os , guia as
5, ideias pelos caminhois da verdadeira • fama :
„ naqueiles finalmente, exercita a arte os feus po-
^, deres; neftes, a natureza asfuasmaravilhas.
- XXIV.'- „ Mas nao pariio aqui as feii-idades
„ de Vofta Alteza ; porque naocontente aProvi'
„ dencia com dar a Vofla Akeza o genio , a ideia,
„ e a compi-eiieniao a medida' dos exemplares , e
„ nao fatisieita em liie dar iera. medida todas
„ aqueilas
104 HiflonaPanegyricadosdeJpoforios
1728' V aquellas circunftancias, que nao accrefcentando
""- '■ ,y o relpeito , conciliao os affedos a mefma Magef-
„ tade ,• ( pois quem olhara , Senhor , para Voifa
„ Alteza, que primeiro nao renda a fogei^ao a,
„ eifa prefenca , que a eiFa foberania ,• e que re~
„ pare entre as hfonjas do mefmo agrado , em
jy que leve a precedencia a iidehdade dos coraT
„ cocns _, ou a complacencia dos olhos ) nao con-
j, tente , torno a dizer , a Providencia de dar 2^
j, Voila Alteza o animo fuperior, como a prefen-
„ ^a foberkna , nao fatisfeita com Ihe eilabelecei;
„ a obediencia igualmente nas vontades , que nas
„ venera^oens , efcolheo para Voifa Alteza, com
„ particular empenho , a Efpofa mais enriquecida
„ dos dotes da natureza j que conhece , e venera
„ o mundo. ;
XXV. „ Para fallar nelles , depois que vi >
„ admirei, e venerei profundamente a bclleza in-
j, comparavel do feu retrato , me parece , que o
j, nao poiro fazer , fenao lembrando aos Portu-
jj guezes , o que fizerao os moradores de Egnido ,
„ com a Eftatua da fua Venus , que quizerao an-
■j, tes fer tributarios a Nicomedes por toda a vida,
j, que entregarem-Ihe a fermofura daquelle Simur
„ lacrO. M[L ■ .:: ■
XXVI. „ Eilehe o.retrato ciaquella Helena,
p -que •Zeuzis nao quer*ki moilrar aos curioibs ,
„ fenao pelo pre^o de grandes dadivas ,• nao com-
„ pofta fo dos agradaveis dotes de cinco bellezas,
\fj que na Cidade de Crotona erao as 'maTs celebra-
„ das, mas de todos os ornatos , e primores, que
„ nem devididos , quanto mais recopilados , que
„ nem iingidos , quanto mais verdadeiros , fe
jj achao em nenhuma fermofura da noifa idade.
XXVII. ,,Oh
•dos Prlndpes do "Bra^iU Livro I. i o jf
XXVII. ;, Oh ditofos Principes , a, quem fe J728.
„ Ihe nao enla^ara as almas a conveniencia pubJi-
r,, ca , pudera unir-Jhe os alvedrios a fympatia!
„ Oh ditofos Principes , a quem fe a fortuna Jhe
j, nao dera a Mageftade , a natureza Jhe concede-
;,_, ra a foberania ! Oh ditofos Principes , aonde o
5^ amor para fer reciprocamente fino , fingular , e
„ conftante , nem necelTita das attraccoens da gran-
7, deza, nem depende das obriga^oens do decoro
„ ! Oh ditofos Princij^s , adonde os incendios , em
„ que le mflamma o amor , terao ardores que
;,, mais o puiifiquem , lavaredas que mais o mani-
jy feftem , faifcas que mais o divulguem , fumos
,_, que mais o cegem , cinzas que mais o accrefcen-
,, tem y renafcendo dellas mais agrados , mais fine-
„ zas , mais extremos , e mais adora^oens.
-XXV III. „ Mas que direi eu agora daquelle
„ Miniftro , que efcolheo o acerto do nofix) Prin-
„ cipe para fefta feiiciflima Embaixada ? Trarei a
yy memoria o antigo» efplendor dos feus efclareci-
,-, dos progenitorcs ? Farei reflexao nas allian^as
yy preclarillimas , que contrahio a fua illuftre Ca-
^f fa , cujas arvores Genealogicas parecem pelo
j, ouro das Coroas , e dos Sceptros trasplantadas
„ do ameno bofque das Hefperides ? Ernpenhar-
„ me-hei no parallelo deftes varoens infignes com
„ efte feu melhor, e mais gloriofo defcendente ?
„ Determe-hei na narra^ao dos louvores , e pa-
„ negyricQs ,. com que a fua magnificencia , fabe-.
j, doria , e capacidade forao digna materia da
„ Cabe^a do mundo , e^ merecido aftumpto da
5, eloquencia Romana, e agora ferao fehz obje-
j, 610 da rfecundidade 1 e elegancia daquelles en-
,, genlios , (|\ie .tanto accrelcontarao o nome ao
ilill •• O vln^:
to6 Hifioria panegyrica dos defpojorios
1728. j> Imperio dos Romanos , eamefma Cidade de
;, Roma; que nas Artes, e Ciencias foi o Car-
yy thago;, que comp*etio com a famofa Athenas ?
_,, Nada difto direi em credito do noffo Embai-
j, xador _, fenao o que dizia Alexandre de Craftero^
„ e Epheftiao; Cra6lero ama ao PrincipCj e Ephef
„ tiao a Alexandre .- efle elogio , que dividido ef
3, ta honrando ha tantos fcculos a pofteridadc def
,y tes dous grandes homcns , he o que unido acre-r
3; dita o nome do noffo Embaixador ,• porque he
„ omefmo que eftamos ouvindo, defde o fehce
^, govcrno de Sua Mageftade ,• ou feconfiderca,
ji confian^a , que faz defte Miniftrojou fe contem-
„ ple a confian^a, que tem com efleVaffallo.
XXIX. „ FinalmentCj, illuftriffimo, difcretiifi-
yy moy e feliciffimo Auditorio y eflas fao as glorias y^
„ os intcreffes ;, as venturas , e os contentamentos,
„ que traz com figo efla allian^a, para que fei>>
fi radas perpetuamente as portas de Jano , fiquem
j, com a mefma dura^ao , abertas , patentes , p
„ frequentadas as do Templo' da homa , e da
yy virtude: eflas as excellencias, e merecimentos,
i/ que fazem incomparaveis os noffos Reys, acevT
„ tadiffimo o fcu governo, c ditofa a noffa vaf
„ fallagem .- efles os dotes , e perfeicoens , cora
„ que nao fo excedem , mas fe fmgularizao oSj
„ noJfos Principes entre todos os do prefente , ej
., paffado feculo : eftes os elogios , as prefererif-.
^, cias^os applaufos , as invejas, que a Na^ao
„ Portugueza confegue hoje para fi, e para q^j
yy feus vindouros, pois nos confeffamos com as
,y admira^oens^ aHegoriados alvoroi^os^ com o:^i
), pafmosy metafora das alegrias^ e corti as lagry-r
^y mas hypcrbole dos affcdos , que a efle felicilfw
„ mo
dos Principes do BrazdU Livro I, 1 07
mo dia fe deve unicamente toda a felicidade , 1728.
que logramos , e fe ha de continuar nas idades
futuras.
XXX. „ E Vos Soberano Author do Univer-
fo ) pela voila Omnipotencia , e defte Reyno,
pelo volTo amor , ebondade, dignai-vos de nos
^j fazer tao recoiihecidos a voila protec^ao , como
nos iizeftes devedores ao feu empenho : nao
vos lembramos y Senhor , a uitima execu^ao da
VoiTa Divina Palavra , porque feria nao fo eP
quecermo-nos dos principios ;, e progrelfos do
Voflb patrocinio , mas luppor ingrata , e grof-
feiramente na Voifa Providencia o mefmo cui-
dado com que governais fem efpeciaiidade as
outras Monarquias. So vos pedimos , benignif-
fimoPay^ aqueile favor , que Vos muitas vezes,-
por iegredos impenetraveis , negaes aos mef',
mos Imperios , a que dais as fortunas , o arden-
te ; e immortal zelo da voifa Fe-, a efficacia
vigiiante , e a ancia fuaviifima do voifo culto ,
e venera^ao. Efla he a Unica / e principal gra^a,
que vos pedem aquelles Monarcas , defcidos
refpeitofamente do feu Throno , para chegar a
Mageilade do voifo; a apprefentar com a maior
fubmiiiao , e reverencia efle memorial , nao fo
a voifa Grandeza , mas a voifa mefma Jufti^a,
para que (S defpacheis > attendendo ao feu di*
reito , e poife ; e todo efte. piilfmio Congreifo,
depois de unir a eila fupplica os feus clamores, e
a conEifjo da voifa Liberalidade infinita as fuas
,, acclama^oes , vos rogohumilde , e reverente
,, concedais aos feus Priacipes > primeiro o voifo
„ fervi^o , o voifo refpeito , e o voffo agrado,
„ que a fua mefma fama , queafua mefma vi-
O u , „ da^
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3o8 Hijlom Fanegyrica dos defpoforibs
172 8. 9> ^^y 4^^ ^i^na. mefma defceiidencia.
68 Logo o Conde da Eiiceira D. Francifco
Xavier de Menezes , em nome daquella eruditilTi-
ma , e nobililTima Alfembieia, repetio em applaufo
dos defpoforios da Senhora Princeza das Afturias,
, com 6 Principe D. Fernando , efta tao fertil , e en-
genhofilfuna
O R A q A O.
Miilto AU09 ePoderofo %ey , e Se-
nhores wffos.
Orafao do Con- ' m, ^ ■, r 1 1 n
de da Ericeira I. _,, m. Ccendeo-le no Olympo abrilhan-
aos cafamentos , &\ tg tocha de Hvmeneo : apaorou-
dos Pnnapcj das M \ r 1 r 1 •
4ft2irias. • )> "^^ i^ 1^0 mundo o mlmmante rayo
„. de.Marte;.o ardor fe efcondeo. naiuz, e hum
_,),. milhao de valerofos combatentes , que intenta-
vao atear hum inextinguivel incendio no tlieatro
de Europa , depondo as armas inflammarao as
teas nupciaes para afliftir feftivos no Templq
j, da gloria de Hefpanha ; Venceo b arco benigno
„ de Iris, ao arco fatal de Pallas,- o Caduceo, in-j
„ fignia dos Embaixadores pacificos , enla^ou mai^
j, asSerpentes, e nem como geroglificos da, Pru-,
^: dencia , e da Sabedoria , quiz , que fe equivo-^
^i caflem com o horror, e com o veneno : Oh, f^ ■
•^•.;Mercurio , quando me moftra o feu fymbulo ^,
„ me infpiraife aiua eloquencia! --- t*
II „ De^
dos Prindpes do "Bra^U Livro I, i c 9
II. „ DeJiniou o mais erudito Geografo de 1728^
Grecia em forma de Dragao , a fermofa Europa,
e Ihe deo Helpanha por Cabe^a , de que he
5, Portugal a Coroa. Sera ell:e o Dragao , que in*
fiue luminofo entre as Confleliai^oens ? Sera o
que voa inconftante entre os Metheoros ? Nao^
porque fe guardalTe os pomos de ouro das Hef-
perides ^ tendo tambem Hefpanha o nome de
Hefperia , pela eftrella de Venus , chamada Hef-
pero , que brilha na parte Occidental , poderia
com efle aurifero fruto lembrar na Lufitania, a
quem oiFereceilb os feus tributos a mefma
Thetis, o artificio com que no feu Epithalamia
perturbou a paz a malicia da difcordia. Ago-
ra fe explica o mylleriofo timbre das Armas
dePortugal, pois na luaCoroa vejo voar tam-
bem coroado o Dragao de Europa ,• porque
hoje fe ve triunfante , e unida com a Coroa de
Portugal , a Cabe^a de Hefpanha. Ja fe nao co-
nhece a antiga divifao , que a repartio em Luii-
tanica , Betica , e Tarraconenfe, e nao he a fua
uniao caufa de emula^oens valerofas, oueffeito
de fuccelfoens difputadas. A politica, a ambicao,
e a mefma gloria fe reduzem pela paz , pela fe,
e pelo amor , acollocar a tocha de Hymeneo
nas aras do Templo da concordia , que o fym-
boiiza nas medalhas , dando-fe as maos hum
Deos , e huma Deidade. Mas donde me eleva^
para precipitar-me , hum fiaror divino no vati-
cinio->, e no entufiafmo Oratario , que fe foffe
fabulofol , pareceria Poetico ? O exceffo do al-
voro^o fe modere na harmonra do refpeito , ao
5, mefmo tempo que fe anima em hum rao fuperior
j, afliunpto, paia voar mais alto ao Firmamento.
XIL ;^ Da:
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1 1 o Hiftona Vanegyrica dos defpoforios
1728. III- n Darei a VofTa Mageftade , Senhor ,
„ em nome da fua Academia , os parabens defta
„ univerfal felicidade de ambas as Monarquias,
, ,, ponderando quanto fe fazem dignas de a me-
,, recer as virtudes Regias , de que foberana-
„ mente fe adorna , principiando a Hiftoria Aca-
3, demica a celebrar os faftos do fempre feliciffi-
„ mo numero do anno vigefmio fegundo do feu
„ gloriofo Imperio ? Repitirei a Voifa Magefk-
„ de , Senhora , a admira^ao com que vejo re-
„ produzidas as iuas iingulares perfei^oens , que
„ nao podiao fer imitadas, muitiplicando-fe em
„ tao bellos retratos ? Invocarei de mais longe,
„ oh Cathoiicos Monarcas , a Voifas Magefta-
„ des , e para que infpirem o meu applaufo nos
„ feus Epinicios ? Tornarei a expor a Voftas
3, Altezas , Principes , e Senhores noifos , as cir-
„ cunftancias , que ouvirao ponderar a mais elo-
' ;, quente Orador ? Nao , Senhores , nao he tao
jy pouco o em que me obriga a difcorrer o af-
„ fumpto , e o preceito , que neceifite ainda de
„ tao fuperiores digreifoens , para amplificallo.
IV. „ A Voifa' Alteza, Senhora, fe dirigem
„ agora os meus reverentes votos , Sereniinma
„ Infanta de Portugal , gloriofiiTima Princeza de
„ Afturias , do Reyno em que acabou a tyrannia
„ de Africa , da Provincia em que nafceo a liber-
„ dade de Heipanha. A voifa Alteza , AuguftiiTi-
„ ma Maria , a quem precederao cm Portugal
„ fete Infantas do mefmo nome , de que Hef
„ panha teve igual numero de Rainhas , para.
„ que humas, e outras, como bencficos Plane-
„ tas , Ihe influao , e conmiuniquem a ambos os
„ Imperios eternas felicidades , fe confagrao os
,P meus
dos Frincipes. do "Bra^iU Livro I. 1 1 1
,y meus cultos. A V. Alteza , que excedendo pou- 172 8.
„ co os tres primeiros luftros da fua florida idade,
,_, para Iaurear-/e nas primeiras quatro Olympia-
„ das ;, deveo a fe mefma , a natureza , a educa-
j, ^ao , e ao exemplo quantos rariifimos attribu-
j, tos fe achao difficilmente em tao bom ufo nas
„ experiencias de largos annos , e quantas perfei-
„ ^oens parece impoiltvel , que fe recopilem em
,_, hum fo exemplar ; defejara , mas nao pode fer,
„ reduzH- a tao breve efpa^o hum Panegyrico.
„ Vem-fe em V. Alteza fem confufao as linguaS;,
„ que agora , chegando ao Ceo , nao merecerao
„ o cafligo de facrilegio , e com a propriedade ,
„ e difcn^ao da Portugueza , a inteligencia da
„ Latina , Italiana , Hefpanhola , Franceza , e
^, Alemaa ,• e quando os Oradores deftas Na§oens
„ pubhcarem os elogios de V. Alteza , ou tiverem
„ a fortuna de os recitar na fua prefenca,, nao fe
„ arrifcarao no defagrado , ou a infidehdade dos
„ tradutores , confeguindo a gloria , e padecendo
„ a modeftia de V- Alteza a mortifica^ao de in-
„ tender fem interprete em todos os idiomas os
„ feus applaufos. A li^ao dos Authores mai§ liteis,
„ de que as maximas infl:ruindo , e deleitando
„ animao com o efpirito o cora^ao , illuftrando
„ com as reflexoens o entendimento , tem devido
„ a V. Alteza no efiudo a atten^ao melhor appli-
„ cada. Nao ha na Mufica prcceito , que por
„ fuave i ou por diflicil nao ouvifle a V. Alteza
„ mover oar para o transformar. em ceo aereo
„ com a melodia ,- e ■ para cafi:igaIIo da oufadia
„ de divulgar atentos igualmente divinos, e fo-
„ noros , o ferio V. Alteza muitas vezes , tocau-
„.do os iijjftrufiientosJiiais harmoniofos. Nao fe-
» jat>
112 Hiftoiia Panegyrica dos defpoforios
17^8. ?> j^^ dedicados os exercicios Venatorios a Diana;»
„ os Equeftres a Pallas , os Artificiofos a Mi-
5^ nerva , porque ja tem outra Deidade tutelar,
„ As virtudes de V. Alteza, fe eu pudeiTe nume-
jj rallas , nao feria6 infinitas ,• fe eu foubefle ex-
,;, primillas , nao feriao incomprehenfiveis ,• a ad-
„ mira^ao fufpenfa na harmonia de todas fe tranf
;^, formcu em eftatua no feu Templo , em deixan-
yy do de fer idolo , fem que Ihe permitta o filen-
„ cio refplendor como Oraculo , Ihe ferve mais
,j de facrificio , que de adarno. Perdeo a fortuna
jy toda a vaidade de dominar as Deofas , fogei-
„ tando-fe ao Imperio da virtude j que premian-
;„ do a fua docilidade , Ihe fixou a roda , livran-
,, do-a de inconfi:ante, para que fofi^e immortal-
,j mente felice^ o globo em que firmava muito
jy mal os palfos , he agora o do mundo, em que
„ fe dibuxao os vaftos Dominios , que V. Alteza
iy vio no ber^o , e que ha de ver no thalamo,- no
jj thaiamo, digo , donde o amor puro promerte
„ reftituir o devido culto a Venus Urania, don-
„ de a cegueira he fo de fe , a venda do indilfolu-
„ vel la^o o arco da paz , as fettas de rayos niai>
yj luzidos , que fulminantes ; a aljava dos cora-
„ ^oens , e as azas fao as que Ariftophanes diz ,
„ que o amor deveo primeiro a vidoria. Efte he
„ o Cupido celefte a que Platao reconheceo , que
„ os deofes fo fe rendiao ; no feu fogo ac^en-
y, deo Hymeneo a tea , dos feus accntos forma'
„ rao as Mufas o Epithalamio , reduzindo-fe q
j, circulo de todo o Orbe do feu Imperio poj^
,", donde o de Portugal, e o de Hefpanha ^c^lx^
,-, ta, ao eftreito annel nupeiat, ^ue nao feifehe
„ o mefmo, que tinha roubado Saturno no; feu
„ feculo
dos Frincipes do Bradh Livro I, 155
j, feculo deouro, e fo nos deixa ver quando os 1728.
„ criftaes fazem voar a vifta at^ a fua esfera _, e
„ agora como Deos do Templo^ oreftitue, mu-
;, dando em benevola a fua ma infiuencia, para
;, dar com efte annel ao reciproco vinculo immor-
^) tal duracao.
V. ;,; AV. Alteza, Inclyto Fernando, Prin-
„ cipe Augufto de Afturias j ao mefmo tempo in- •
j; voco , pois enchendo a medida daquelle nome
„ Maximo, que na lingua dos Godos fignifica
), Defenfor da Religiao , e Paz da terra , defem-
3, penha a imita^ao de Fernando o Magno , o
„ Santo , e o Catholico , que com myfteriofa al-
„ ternativa , forao o I. o III. e o V. Heroes do
„ Throno de Hefpanha ,• e nao fo como o II. e o
,> IV. que coroarao duas Infantes de Portugal,
„ fizcrao fegura por ella razao a allian^a das duas
j, Coroas ,• mas deveo o noffo Reyno ao Primeiro
,, tambem as primeiras Conquiftas contra aufur-
jy pa^ao dos barbaros ,• ao III. a vigorofa diverfao
„ na Conquifla de Scvilha ,• ao V. que dividindo
„ o mundo , e a mefma esfera com outro Joao ,
„. tambem Rey de Portugal , e Principe Perfeito, '
,> por hum Tratado que nao tem exempk) nas
„ Hifforias, repartirao, e regularao os dous Mo-
„ narcas o giro do Sol , que nunca fe efconde
^j, nos feus Imperios, accrefcentando aos circuIo§
Celeftes da primeira grandeza, meredianos, a
jj que as fuas verdadeiras Conquiflas mud^rao o
5, nome de imaginarios. A V. Alteza fe encami-
ip nha efta Oracao ,• ven^a o impulfo com que a
fj minha voz fe esfor^a com a alegria , a diflancia
^ j, de cem legoas , pois ja eflao por milagre da al-
! ,> lian^a tao unidas as duas Cortes , que como na
P ;, fym-
i V
1 14 Hifioria Tanegyrica dos defyojorios
1728. ?> fympatia de duas Lyras, he huma fo a confo
„ nancia , ja me parece , que vejo em V. Akeza
yy viva a gentileza , que nao perdeo no retrato a
,, alma que a inflamma. Ja vejo , que na pintura
„ fe encobre no tenro o robufto , confervando a
„ vigor na proporgao. A efpada da negra cor
„ com que V. Akeza a exercita , ja moftra comck
,, triftc Comcta , que ameaca nos primeiros en-
,, fayos a ruina dos Infieis , que timidos fogem
j, do fitio de Ceuta , depois que o virao durar
j, tres vezes , e ainda mais , que o da famofa , e
,y infelice Troya. Ja vejo, que os lilhos veiozesjf
,, que em Lufitania produz o Zefiro , cedem a
„ doutrina ,• e o feu inftin<5lo , ou a fua maquina
jy reconhecem que V. Akeza Ihes da com a difci-
„ plina a obediencia , e Ihes augmenta com o vi-
„ gor a valentia. Ja vejo , que os trabalhos de
^ Hercules fe fazem criveis , pois vence V. Ake-
,, za na ca^a os brutos rnais ferozes , para que os
„ Leoens de Africa fe nao refiflao ao Alcides >
,, que os fogeita , ate vendo fo pintados nas Ar-
y, mas os Leoens do Reyno a que derao o nome.
„ Ja vejo , que V, Akeza comprehende na Geo-
„ grafia o mundo de que domina tao grande par-
„ tc ,• e na Aftronomia , que fabera obfervar huma
jy Eftrella nova, mais benigna, brilhante, e per-
„ manente, , que a que reiplandcceo em CalTio-
„ pea. Ja vejo , ou ja OU90 a prudente reflexao i
„ com que V. Akeza pondera , a difcreta promp-
„ tidao com que refponde , a forte eflicacia com-
^y que argue , e todos os documentos da Gram- 1
„ matica, da RJietorica , e da Logica, executa-
,, dos na propriedade , no adorno, e na agudeza>
„ com que em muitos idiomas puramente fe ex-
„ pUca.
dos Principes . do "Bra^^il , Livro I. 1 1 5
„ plica. Os Heroes , que ha tantos feciilos ref- 1728.
„ pJandecerao nas Familias excelfas de Auflria ,
^j BorboU; Call:elia, e Saboya, com o feu fangue^
„ derao a V. Alteza por muitas linhas o.del-Rcy
;,, D. Manoel de Portugal ;, e com elle as felici-
„ dades"dofeu gloriofo feculo. Como V. Xlteza
,, nao deve menos a educa^ao , que a natureza,
jy tam.bem renovara as memorias dos Principes
„ das Reaes Cafas Farnefio , e Palatina , huma
„ defcendente , outra afcendente da Portugueza,
;, Uj)indo-fe a produzir na Rainha Catholica Ifa-
„ bel , o mais adorado objedo , que a Hefpanlia
„ vio no feu Throno , que fepartindo , e igualan-
„ do o amor entre o filho adoptivo, e os proprios^
„ com huma fuave violencia ao faugue , nao dei-
„ xa diflinguir o carinho , que pela mefma caufa
„ acha V. Alteza fem diiferen^a nos novos Piys
jy Portuguezes , que Ihe naturalizou efla Augufia
„ affinidade.
VI. „0 Tejo , que fe atreveo a retratar a
„ V.Alteza, Princeza SerenifTmia , no feu Orien-
„ te , porque fempre tinlia fido efpelho do Sol no
„ feu Occafo, imita agora ao mefmo Aflro no
„ movimento , com que o primeiro movel o ar-
j,, rebata do Occidente para o Oriente , e retroce-
^, de defde donde acaba no Oceano , para a fon-
,j te de que nafce. As Tagidcs fazendo enveja
„ as faudofas Nereidas arrebatao a V. Alteza em '
„ hum . carro de perolas , e fafiras ,• porem as Nin-
-yy fa? 'do Manganares fao mais ditofas ,em quanta
yy Ihes' nao roubao efle thefouro as Driadas, e as
„ Napeas dos bofques , e dos jardins de tantos
'„ antigos, e novos magnificos Palacios , donde
yy eflas Semideofasferviraoia V. Alteza obfequio-
P ii „ fas.
11(5 Hi/ioriaPanegyricadoideJpoJorm
172S, ,y fsis. Oh quanta afFe61uofa emulacao , que tem
j, feito as Lufitanas ! Pois fe achao obrigadas a
„ celebrar o que fentem , a fentir o que feftejao,
„ offerecendo o mefmo Tejo a V. Alteza a can-
„ dida veftidura nupcial da iua prata , enriqueci-
„ da com a aurifera guarnigao , com que tribu--
„ tou aos feus Monarcas as Coroas ^ e os Scep-
;; tros , accrefcentada com os preciofos feudos ,
„ que como aoVelozino, conduzem aos feUs Ar^
j, gonautas em tanta abundancia , que o ouro f&
j, efcondeo nas fuas nativas areas.
VII. y, Nos antigos ritos fe coroavao de lou-
* j, ro os dous efpofos ,• donde fe vera mais pro-
,) priamente reverdecer a Arvore de Apollo , que
;) rias cabe^as em que florccem os triunfos, com ^
^ ' que os dous Quintosr Monarcas nas duas par-
^ tes oppoftas ao Mediterraneo , vencerao na ter-
,^ ra, e no mar os dous mais poderofos Princi-
j, pes infieis ? Aquelles Heroes fao os Proteftores
y, de duas Academias Reaes : a Hefpanhola aper-
,> fei^oa a lingua , para que fe efcreva puramen-
,',.\te aHiftoria : aPortugueza reflitue a verdade
„ com que a mefma Hiftoria deve efcreverfe, dan-
/ ,', ido-Ihe huma ocorpo, outraaalma,- com toda
„ a que V. Mageftade , Senhor, Ihe inipirou,
j, quando Ihe deo vida, ofFerece aV. Mageftade
j, efta Academia os mais fynceros votos , porque
^, fao osmais verdadeiros : efta confagra a Voftas
j, Altezas a mefma fonora exclamacao com que
^'-os Poetas antigos, quafi Profetas, nao enten-
jy diao que podia fer perfeitamrente felice hum
;), fo Hymeneoj e parece que vaticinando eftcs
,) dous, oinvocavao duas vezesnos verfbs inter-
',^^calares de cada JEpithalamio , oh Hymeneo , oh
■ " ;) Hy-:
dosPrinclpesdo^Bra^ili Livrol* iif
„ Hymeneo. Se nao fora contra a urbanidaide dos I72$*i
;, dias alegres , e feftivos pronunciar as vozes fig-
,y nificativ^as de hum pezar , muito me occorriao
j) as finifnmas expreflbens fo Portuguezas de ma-
„ goa , e faudade , que os antigos chamavao So'r
,y dade , e explicarao com hum fo termo a aufen-
„ cia , e fblidao. Nao fei fe v^ , que fenao dif-
„ tinguem em todos os Portugiiezes as iagrymas,
,; que equivocao hum exceflivo gofto , com hum
,; amante fentimento , e que eftes criflaes aug-
„ mentao os obje^los , quanto . mais fe apartao
,y dos olhos : feguem os de todos a V. Alteza,
„ vendo>a ja deixar os dilatados- hmites do Rey-
„ no que illuftra, para ir dominar tantas Ilhas;
„ tantas Provincias , tantos Reynos , tantas Re-
;,, gioenS; tantos Imperios. T«rne o mefmo Sol
yy a fervir-rne de exempIanV. Alteza quando em
„ Lisboa teve o feu Oriente nafcendo Princeza
„ primogenita de Portugal > vio qu€ o mefmo
„ Sol no dominio Oriental defla Coroa , para
;> nafcer fe naturalizava, dando-Ihe a vaflallagem,
„ rendcndo-fe as vi^lorias , ^^ue na Afla alcan^ou
,j Ei-Rey feu Pay , igualando os feus inclytos
„ PredecefTores , que defcobrirao , e conquiflarao
5, aquella parte Oriental do mundo. Vera V. AI-
„ teza o meOno Sol dominado no feuOccidente
v„ no Imperio del-Rey Catholico , de que^ tambem
„ feus excelfos Progenitores fizerao o.defcobri-
,y mento ,! e a conquifla da parte do, mundo mais
j, Occidemal , aque Portugal deo o nome, e don<,
„ de confeFva hum opulento Dominio, produzin'
y, do anjbos o ouro, eaprata que a fejis Princi-,
,j pes ft^erecem com profuf^o a terra da Ameri-
yy cay abrindo asentranhas, eosfeus habitadores-
n oscora^oens. VIII. ,; Oh ,
n8 Hi/ioriaPanegyrica dos defpoforios
1728. VIII. „ Oh permitta o mefmo Ceo, que efte
„ giro , em que V. Alteza imita ao Sol , conte
„ tantos circulos do feu Oriente ao feu Occafo,
„ que nas larguilTimas vidas dos quatro Monar-
j, cas y dos quatro Principes , dos onze Infantes,
„ de que ategora fe compoem as Regias, e allia-
„ das Familias, que repartem a invencivei Pe-
„ ninfula deHefpanha, Cabega de Europa , e das
„ outras tres partes do mundo,' exceda o nume-
;,, ro dos annos dc cada hum de Voflas Magefta-
„ des , e Altezas, e de toda a fua feliciiTima def
„ cendencia , as Eftrellas, que Ihe participao tao
„ benignos influxos, e a que obfervao, e dominao
„ como Sabios !
^9 Refpeitando o Marqtlez de los Balbazes
os fauftos , e Reaes delpoforios dos SerenifTimos
Principes das Afturias , os feftejou no feu Palacio
com huma compofi^ao Di-amatica altaliana, em
Mufica intitulada : As Amazoms de Hefpanha. A
1 8. d^e mez , a tempo , em que ja fe andava def
pedindo da nobreza para partir para a Corte del-
Rcy feu amo , tornou a obiequiar ultimamente o
mefmo foberano alfunto com outra femelhante,
intitulada : Amor aumenta el valor. Foi compofta
a mufica pelo celebre D. Jayme Faco , e forao al-
tcrnadas ambas eftas Operas com balhes, e faine-
tesmui primorofos. Corividou o Marquez para
eftes divertimentos a principal nobreza , a quem
fez a lifonja de dar huma grande quantidade de
doces exquifitos , e muitos , e divecfiflimos generos
de bebidas geladas. ;-"'r- <
' yo Em doze de Janeiro receberao ordem os
^TituIos, que haviao fido tefteriiunhas dos Reaes
niOi def
'dos Pdncipes do "Bra^iU Linjro I. 1 1,9
defpoforios do Principe , e Princeza das Afturias, j 7 2 8.
por via do Secretario de Eftado para fe acharem na
manhaa do outro dia proximamente feguintc na
Santa Igreja Patriarcal , para aiTmaTem o affento
do Recibimento dos Principes das Afturias ^ do Re-
verendo Cura da mefma Igreja, e que fe havia de
expedir para Madrid. Eifaqui o feu teor :
i, TOfeph de Almeida, Paroco Cuia da Sacro- ^-^g^^^V.il^:
„ fj lanta Bafilica Patriarcal de Lisboa , certifi- arcal , do rccibl
f, co, que no Uvro primeiro dos Cafamentos , (^q, mentodosPnnci.
„ fe celebrao na dita Bafilica, folhas 62. efta hum^^"'
j, aHerito do teor feguintc. No anno do Nafci-
„ meato de Noifo Senhor JESU Chrifto de 1728.
„ aos onze de Janeiro, nelta Sacrofanra Bafilica
j, Patriarcal de Lisboa, tendo precedido a difpen,
„ facao do nolfo Senhor Patriarca D. Thomas de
„ Almeida o Primeiro, das tres denuncia^oens ,
„ que ordena o Sagrado Concilio Tridentino , a
,f qual foi lida publicamente ,• e conftando ao mef
';, mo Senhor Patriarca ", nao haver impedimento
„ algum Canonico , perguntou a El-Rey de Por-
,, tugal, noflb Senhor, D. Joao V. como Procu»
„ rador do Sereniflimo Senhor D. Fernando, Prin-
,, cipe das Afturias , filho do Sereniflimo Senhor
„ Rey Catholico , D. Filippe V. , e da SereniiTmia
,j Senhora Rainha Catholica D. Maria Luiza Ga-
jf brieU de Saboya , fua primeira mulher , ja de-
„ funta, cujo poder foi reconhecido, e approva-
„ do pelo mefmo Senhor Patriarca , e a Serenifli-
p ma Senhora D. Maria Barbara , Infanta de Por-
„ tugal, filha do Serenifliimo Senhor Rey D. Joao
„ V. edaSereniflLiinaSenhora Rainha D. Marian.-
» na
I
120 Hiftoiia Panegyrica dos defpoforios
1728 n ^^ ^^ Auftria, nofla Senhora, e havido ocorx-
„ fenfo de ambos , juntou em Matrimonio fo-
„ lemnemente , e por palavras de prefente ao
j, dito Senhor D. Fernando , Principe das Af-t
„ turias , mediante a Real Peflba do mefmo
„ Rey D'. Joao V. noflb Senhor ; como Procu-
/ „ rador do dito Principe , com a dita Senhora
„ D. Mana , Infanta de Portugal , e fendo Tef-
yy temunhas prefentes o Conde de Alfumar D.
j, Joao de Almeida , que ferve de Mordomo
3, mor del-Rey , noflx) Senhor ,• o Marquez de
j, Alegrete Fernando Tefles da Silva, Gentii-
jy homem da Camara de Sua Mageftade j o Du-
^, que de Cadaval D. Jayme de Mello , Eftri-
„ beiro mor de Sua Mageftade ,• o Marquez de
„ Fronteira D. Fernando Mafcarenhas , Mor-
j, domo mor da Rainha nofl^a Senhora ,• Gaftao
;, Jofeph da Camara , Eflribeiro mor da mef-
„ ma Senhora ; o Marquez de Marialva D. Dio-
,; go de Noronha , Gentil-homem d.a Camara j
., de Sua Mageftade , que afllftia ao Principe '
„ noflb Senhor ,• o Mal^uez de Angeja D. Pe- j
„ dro de Noronlia , Mordomo mor da Prince-
., za nofl^a Senhora ; Pedro de Vafconcellos ,
„ Eftribeiro mor da mefma Senhora j o Mar-
„ quez de Niza , D. Vafco da Gama ,• o Mar-
,, quez de Cafcaes D. Manoel Jofeph de Caf-^
„ tro -y o Marquez de Valenga D. Francifco
;,, de Portugal ,• e o Marquez de Alegrete Ma-
j, noel Telles da Silva ; o que tudo acima ef-(
„ crito aflirmo pafl^ar na verdade , eu Joicph
,, de Almeida , Paroco Cura da mefma Sacro-|
„ fanta Baftlica Patriarcal , em fe do que fixiv
^ efte aflTento , e 0 aflTino ;» e as doze Tefte-^i^j;
„ munhas|i
dQS^Frincipesdo^Bra^iLivral* 121.
.^ munhasj hoje 13. de Janeiio do dito aiinode
?y 1728. .
0 Cura Jofiph de Almelda,
172&.
Xgjiemunbaf,*
0 Conde de AJfumar, D. Joao
de Ahneida.
0 Marquez de A/egrete , Ter-
nando Telles^da Sllva.
O Duque Ejlrlheiro mor, D.
Jajme de Mello.
0 Marquez de Fronteira , D.
Fernando Mafcarenhas.
Qaftao jfofeph da Camara, FJ^
tribeiro mor da Rainha noj-
Ja Senhora.
0 Marquez de Mariaha , D.
Diogo de Noronha.
OMarquez de Angeja,'D. Pe-
dro de Noronha.
Pedrc^ ^feonceloSyEftribeiro
mor da Prince:ia do Brazil.
. 0 Marquez Almirante, D.Vafe
co da Gama.
0 Marquez de Cafraes , D.
Manoel Jofeeph de Caftro.
0 Marquez de Va/en^a , D.
Francifeo de Portugal.
0 Marquez de A/egrete , Ma^
nocl Telles da Si/va,
Per parte deh
Rey dePormgal,
Porparte del-
Rey Catholicfi-
E Iiao
,1728.
122
Hiftcria Fanegyrica dos defpoforws
))
)>
))
))
E
Nao contem mais o dito airento ,- que
fielmente tresJadei do referido livro , a
que me reporto^ em fe do que palTei a pre-
fente Certidao , e aflinei , nefta Sacrofanta Bafi-
lica. Patriarcal de Lisboa , aos vinte dias do mez
,_, de Janeirode 1728.
.-, \«V'.
;0 ,Cura Jofeph de Ailmeida.
7 1 Em cinco de Fevereiro tornou a Academia
Reai da Hiftoria Portugueza ao Pago j e nefta Con-
ferenci^ rendeo;, comoja tocamos, em nome della, ,
as devidas . gra^as a EI-Rey D. Joao , pela hon-
ra, que , como tambem ja diflemos, ao modo de !
corpo de Tribunal recebera , para congratular a ;
Suas ; Mageftades , e Altezas pelos Reaes , e ja;
rcferidos defpoforios , o M. R. Padre D. Manoel
Caietano de Soufa da Divina Providencia, Pro-
Commiirario da BuUa da Santa Cruzada , e Aca-
demico do numero , e Direclor daquelle meritiffi-
nio Conclave , nejfla elegantiffima
OrafaB do P. D.
MaJioel Caietano '
de Souja , em ^•'
figradecimento da „
honra, qiie Sua
Mageflade fez d "
Academiat ))
O R A q A o.
'^ M arduo cmpenho me pqem nefta ho-;^
ra o tocar-me hoje a Direcgao dcftap
Real Academia,- e muito mais arduo
a vifla da obriga^ao , que nos impoem a fua
Empreza heroica. Aquella figura fem voz nos
5>
efta
dos Principes do "Bra^iU Livro I. 1 2 5
ff efta clamando , que figamos a verdade. Defti-
^ tuida das roupas nos aconfelha , que a nao en-
„ cubramos. Cercada de relplandores nos moftra,
„ que defeja fahir a luz do mundo. Collocada fi-
„ nalmente fobre huma bafe cubica^ que he fymbo'
;,, lo da firmeza , nos manda , que a deixemos bem
y, eftabelecida. Obrigado da forca da verdade ,
„ venho hoje a repetir a maior gloria da Acade-
jf mia. E ainda que tenho a honra de fer hum dos
„ defta fociedade , e como tal tambem participo
„ da fua gloria , nao receyo a fevera cenfura de
„ Ariftoteles , que julgava que os homens, quanto
,, as materias que Ihe tocavao y deviao fer mudos;
porque publicar o louvor proprio , era moftrar
arrogancia da vontade ,• e manifcflar o vitupe-
_,, rio , era deixar o entendimento infamado : De
„ Jcmetipfo in neiitram partem loqui debere pradi-
;, cabat : quoniam laudarefe vaniy vituperare flul-
„ ti ejjet. ( Valer. Max. I. C. n. )
„ Sem temor da cenfura do Principe dos
yy Peripateticos Gregos , hei de celebrar hoje a
„ gloria da mefma Academia , de que fou parte,
„ ( ainda que minima ) porque tenho em minha
„ defenfa o Principe dos Eftoicos Latinos. A
„ maior grandeza defta Academia he o novo be-
_,, neficio , que Ihe fez o noftb Auguftifilmo Mo-
,, narca , que he o tella igualado aos feus Tribu-
,, naes na honra , communicando a Academia,
^ no mefmo dia que aos Tribunaes , e pelas mef-
„ mas palavras , as fauftiffimas noticias dos Matri-
„ monios dos Auguftillimos Principes do Brazil ,,
„ e das Afturias ,• e mandando , que a Academia
„ nos mefmos dias que os Tribunaes , foft^e fem
p, precedencias beijar as maos de Suas Magefta-
<2 ii , ,; des.
1728.
/ ]f24 Hifloria PanegyHca dos defpoforlos
T728. >> ^^^> eAltezas: com que nao fo deo ao Corpo
„ da Academia as honras de Tribunal , mas igua-
,, lou-o a todos os Tribunaes , negando a cada
j, hum delles a precedencia. He efta huma exal^
ta^ao tao relevante , que parece ,. que a nao
pode publicar a Academia , fem que a modef-
tia fique queixofa. Mas como efla honra he ef-*
feito de hum Real beneficio , he obrigada a pu-
bhcallo , feguindo o di^lame de Seneca , que
faliando dos beneficios , diz : Narret qut acce-
pit. ( Seneca de Beneficiis, hb. i. cap. 1 1.)
„ Nao fe contenta aqueUe Efloico , com
,, que fe narre o beneficio ,• quer , que fe celebrc
em pubhco,- quer, que fe manifefle em hum
numerofo Congreffo ; quer, que fe communi-
que a hum copiofifTimo auditorio ; Accipknti ad-
hibenda concio eft. ( Seneca de Beneficiis, iib.2.
cap. 23. ) Seguindo efla doutrina, deveaAca-
demia procurar , que ouQa todo o mundo a glo-
ria a que fe ve elevada pela Real beneficencia ,
que fe dignou de igualalla aos Tribunaes Ke-
„ A'Iem diflo nao pode a Academia encobrir
efla verdade , porquc tem por Empreza a Ver-
dade nua. Nao pode deixalla nas fombras do fi-
lencio , porque tem por Empreza a Verdade
cercada de efplendores. Nem fe pode duvidar
da feguran^a defla verdade , porque tem hum
fundamento muito mais feguro, que amefma
bafe , fobre que fe ve a imagem da Verdade na
nolfa Empreza ,• pois fe funda no Real Decre- •
to , que fe nos deo impreffo na Conferencia.
paffada : naquelle Decreto , firmiiJo por Sua.
Mageflade em 4. de Janeiro defle ansio.
„ E fendo
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dos Prmcipes do 'Bra::^,!, Lroro I.< 1 2 j*
„ E fendo tao grande em fi efte beneficio, X7zi
he incomparavelmente maior pelo dia, em que
fc nos cojicedeo. Fez-nos Sua Mageftade aquel-
la merce no dia mais feftivo , que Portugai teve
efte anno. No dia , em que toda a Gorte cele-
brava o Cafamento do nolfo Auguftiflimo Prin^
cipe , e entre o ruido dos applaufos daquelle
dia } fe lembrou Sua Mageftade defta Acade-
mia. Deo-Ihe aquella alegre noticia^, como a
todos os Tribunaes, e mandou-Ihe , que com to-
dos foife a fua Real prefen^a. Nao quiz guar-
dar efta merce para outro dia , nao fo por jiao
retardar o benencio , mas para declarar melhor
a qualidade delle. Se foramos ao Pago em ou-
tro dia, nao ficaria tao claro, que igualava aos
Tribunaes a Academia ; nao creria o mundo ,
que a benignidade Real igualava aos Tribunaes
efte Sabio Congreifo.
„ Teve efta merce outra circunftancia , que
a faz fummamente eftimavel , e he o nao fer de
antes pertendida. Porem fendo nifto fmgular
entre a mqior parte das merces, que fe coftu-
mao fazer no mundo, nao tem difteren^a de
todas a& outras, que Sua Mageftade tem feito
a Academia,- porque fempre a generofidade Real
fe anticipou aos noftbs rogos : fempre a Acade-
mia fe vio obrigada aagradecer, muito»antes
que Ihe viefle ao penfamento o pedin
„ Quer Sua Mageftade moftrar-fe Prote£lor
da Academia , ate em livralla do incommodo
de pertendcr. Extendefe fempre a fua Real be-
neficencia muito mais longe que o termo , a
que podia chegar a noila ambi^ao , ainda quan-
^f do folfe fem limite,
j, Cer-
}}
V
»
V
V
h
126 Hijioriapane^yricadosdcfpojorws
1728 ' J? Certamente nunca a maiqr ambi^ao de
* '„ ^huma Academia, podia afpirar a verfe igualada
j^ aos Tribunaes Regios ; nos quaes refplandecem
j^ huns reflexos da Soberania , e huma participa-
,,. ^ao da Mageftade ; mas quiz a benignidade
„ del-Rey nolfo Senhor fazer a Academia hum
„ beneficio , que ella nunca fe atreveo a defe-
>, jar.
• „ Nao chegava amda anolTa comprehen-
-,, fao a perceber a poflibihdade defle beneficio ;
_,j mashamuito tempo , que a Reai providencia
,1 o tinha premeditado, e fo tardou emconferil-
y^ lo o tempo , que fe dilatou a occafiao de me-
3>"rer de polle deile a Academia. Efperou o tera-
^/ p(j , em que fe deviao ajuntar todos os Tribu-
j, nacs no Pa§o , e tanto que efte chegou , logo
■jy refolveo , que foffe com os Tribunaes Regios a
,, Academia Real , igualando-a a todos elles.
- j, Nao cuidem , que he atrevimento meu
,^;.o introduzh-me a penetrar os Regios defignios,
^-. quando digo , que Sua Magefl:ade ha muito
^^ 'tempo que tinha premeditado o fazer a Acade-
„ mia efte beneficio ; porque ha muito tempo ,
,y que no lo tinha vaticinado a clemencia Real ;
„ mas nao entendeo a noflli modeftia , que fe nos
„ preparava huma tao alta fortuna. Porem he pro-
„ prio dos vaticinios nao fe entenderem fenao pe-
jj la lingua dos fucceflbs. Expedio Sua Mageftade
„ o Decreto de 29. de Abril do anno de 1722.
• ^,; pelo qual eximio as obras dos Academicos da i
jj cenfura do Supremo Senado do Defembargo do^,f
„ Pa^o, e deo a Academiajurifdic^ao , para man-
„ dar imprimir os feus livros , fo com a approva-
yy §a6 dos Revedores por eila nomeados , fem dev
„ pendencia
dos Pri^0pesjv "Bra^li^Lvvrp I. i ij
„ pendencia de outro Tribunal, puramente Re- X7Z%
„ gio. E qufi outra coufa foi aquelle Decreto,
^. .6na6 huOT Real 0raculp, qiie nos eftava ma-
„ nifeftando o Auguflo animo , e predizehdo o
^y beneficio, que SuaMageftade nos queria con-
„ ferir , como fez pelo Deereto de quatro de
„ Janciro ? O primeiro Decreto foi prefagio do
,,■ fegundo , e efte foi interpreta^ap daquelle Ora-
^, culo-; nem podia elle ter outra mais digna ,
^ nem mais fegura ,• porqUe fo a qs Reys toca in-
,y terpretar a riiente dos Reys.
: . ! »,, Tinhao entre fi aquelles dous Decretos
„ a propojcao , que ,a Phofphoit) , e o Sol entre
jy os ! Aftros.' Nafcc o Pholphoro para annunckir
yy o nafcimeno do Sol ; nafce o Sol para veriiicar
„ o 'annurTcio do Pholphoro. Alfim b primeiro
„ Decreto (ainda que nos onao entendeflemos )
,j eftava promettendo o iegundo j veio o fegundo
>, a declarar , e a fatisfazer a promeffa do pri-
yf meiro. '. i : j
„ Porem ha efta difterenga entre aquelles
j, Aftros , e eftes Decretos , que lendo o Phofpho-
^,' ro o que promerte o Sol, e o Sol o que defem-
„ penha aquella promefla , tanto que nafce o Sol.,
■yy perde toda a luz o Phoiphoro / e o fegundo Dc-
•>, creto tao longe efta de tirar luz aoprimeiro^
,y que Ihe da mais luz , porque o deixa mais cla-
Sj ro, e faz, que em hum, e outro' creica o ef
„ plendor do beneficio. Defcobre no primeiro
„ maior beneficio , do qu^ indicavao as fuas pala-
„ vras , e expoem ambos a grandeza do fegundo
„ beneficio , porque moftrao , que foi por muitbs
,; annos premeditado cora a ponderada approva-
ft ^ao dojuizo Real, quehe muito mais efHma-
» vel,
12S'^ Hifioria Panegyrica dos iefpoforios
il2% V vel 5 qiJe o mefmo beneiicio ,- porqiie nao he
„ beneficio aquelle , a que falta a mclhor parte>^
^, que he o fer feito pela madura determina^ao
)j do beneficio.
„ Mas ainda nefte grande beneficio fe en-
^•-cerra outro maior. E pode haver maior benefi-
^j cio para a Academia , que o ver-fe ifenta da
j, juridiicgao do Dezembargo do Pa^o ? Que o
jy achar-fe com jurifdic^ao fobre os feus Jivros ?
j, Que o vcr-fe igualada aos Tribunaes Regios?
„ Que ter a approva^ao do juizo Real ? Sim : E^
j, :qual' he ? He que Sua Mageftade com efte be-
,y 'neficio nao fo nos honra , fenao que tambem
j/nosenfma^ e niifo nos-faz ahonramais egre-
,; gia. -^ ;^ - '^n ; !-:
„ Com igular Sua Mageftade a Academia
,*j aos Tribunaes , Ihe enfma a imitaUos na aflil^
,/tencia, a imitallos na vigilancia , e a imitallos
•„ na jufti^a. Enfma-nos , que afiim- como os Mi-
„ nifiros nao faltao fem grande caufa nos feus
,y Tribunaes, aflim nao faltemos os Academicos
>, nas nofliis Conferencias fem grande caufa ; e
# p c\'^^ afiim como os Miniflros entrao todos nos
„:Tribunaes as horas , q\ie prefcrevem os feus
',y Regimentos , aflim nos venhamos para a Aca-
,„ demia as horas , que prefcrevem os noflbs Ef
„ tatutos , que tem tanta for^a para obrigar , co-
>, mo os Regimentos ,• porque huns , e outros fao
„ igualmente Leys Regias.
„ Enfina-nos a imitar a vigilancia dos Mi-
;, niftros, em examinar a for^a das razoens , a
.,'• Jegahdade das teftemunhas , a authoridade dos
■„ documentos, para eftabelecer com tanta fegu-
y ran^a as propofi^oens Hiftoricas, com quanta
„ ellas
dos Frincipes do "Bra^U Livro I, 129
;, ellas confiwnao as fentencas juridicas ,• porque 1728.
„ [6 afTim poderemos diilinguir o falfo do verda-
jy deiro, e o verdadeiro do verofimil. Acredita-fe
„ tanto a eftudiofa , e vigilante diligencia dos Mi-
„ niiiros dos Tribunaes com a li^ao das HiiloriaSj,
_,, que o Emperador Alexandre Severo, nos maio-
„ res negocios fo admittia ao feu Confellio aos
„ Doutos, e aos verfidos , nao fo na Hifloria da
,; Patria ^ mas nas Eflrangeiras , como delle ef
., creve Lampridio : Fuif praterea illi confuctu-
,, do , utfidejure , aut de ncgotiis traBaret , fo-
j, los doBos , & difertos adhiberet : fi "vero de re
„ militari milites veteros , & fenes , ac heneme-.
„ ritos , & locorum peritos , ac hellorum , c^ caf
„ trorum, & omnes Hteratos ^ & maxim\eos, qui
„ hiftoriam norant : trqujrens quid in talihus cau-
„ fis qiiales in dijceptatione verjahantur , veteres
,y , Imperatores , vel Romam , vel exterarum gen-
„ tium fecijfent . (Lampridius in Alexandro Severo,
), cap. 16,) Para que vejamos o quanto devemos
_,, os Socios de huma Academia , deftinada para
„ efcrever a Hiiioria , e igualada aos Tribunaes,
„ imitar a applicacao tao louvada naquelles Mi-
„ niftros.
„ Enfma-nos finalmente Sua Mageflade a
\,j imitar ajuflica dos Miniflros dos Tribunaesj .
„ porque aifmi como cftes nao podem julgar com
„ juftica , ieguindo as opinioens menos prova-
„ veis , aifim nao quer o noifo Auguflo Protedor,
„ que os feus Academicos figao nas fuas Hiflorias
yy as opinioens menos provaveis, Fez a efla Aca-
„ demia, o Tribunal daVerdade,- quer, que fo
;, fe efcreva a Verdade , quando fe puder alcan*
„ ^ar ,• e quando fenao achar nos faclos certeza
R „ infal"
1 3 o Hifioria panegyrica dos defpojorios
1728. jj infallivel, fe figa o mais provavel.
^y Defenganemo-nos , Senhores ,• os que ef-
crevemos Hiftoria , nao temos liberdade para
efcrever o que nos di6lar o capricho ; effa fo fe
concede entre os Artifices ao Pintores , e entre
jy os Efcritores aos Poetas , com.o diffe Horacio
}}
( in Arte Poetica )
}}
Viflonhus , atque PoetiSy
Qntdlibet audendi femper fuit tequapotefias.
e fo a arrogao a fi os Libertinos ,• aquelles , a que
„ por antiphrafe chamao os Francezes : EJpiritos
jyfortes^ fendo eftes efpiritos tao fracos^ que ce-
yy dem as.mais debeis conje6luras. He commoda
,; a liberdade de efcrever , aos fequazes do Pyr-
;; rhonifmo , em que tantos fe tem enfayado in-
jy feiizmente para o Atheifmo. AiTim como nao
„ tem liberdade os Juizes , para leguir opinioens
,, menos provaveis , aifim a nao tem os Hiftoria-
yy dores. E ifco he o que Sua Mageftade enfma a
„ Academia _, quando a iguaia aos Tribunaes : de-
„ clarar-Ihe , que nao podem ter liberdade os Hif
,, toriadores.
;, Nefte beneficio fe verifica de dous mo-
„ dos aquella antiga fentenga, que affirma, que
„ quem recebe qualquer bedieficio., pelo feu pre-
„ 90 vendeo a liberdade. O beneficio da Real
„ doutrina nos tira a hberdade em cfcrever a Hif
„ toria , depois que o beneficio da exalta^ao nos
„ tinha trocado a liberdade pela obrigagao de
yj agradecer. Nunca a nolfa liberdaue fe podia
,, vender por mais alto pre^o, que p or efle Real
„ duplicado beneficio , que ao mefmo tempo com
„ nova
dos Principes do "Bra^il^ Lhro I, 1 3 1:
„ nova moral Filofofia nos dcixa aobriga^ao^ e 1728.
„ a impoHibilidade de reftituir.
„ Nao nos podia occurrer , quando form^-
„ mos a Empreza da noifa Academia , e Hie pu-
j, zemos o Epigraphe Reflituet omnia , que have-
„ ria hum beneficio tao impoifivel de reftituir ,•
„ porque chegarao para com nofco os exceifos da
„ beneficencia Real a hum tao ako cumulo de
„ heneficios , que nao podia elevarfe a tanto ,
.,, nem a nolfa efperanca , nem os noilbs defejos,
„ nem a noifa comprehenfao.
„ Com muito menor beneficio confeifou
^ Aufonioaimpoifibilidade, que tinha parafatis-
„ fazello , e f 6 fe defempenhou com hum Pane-
,; gyrico , . que fez ao Emperador Graciano. O
„ mefmo tinha feito .Mamertnio com o Empera-
„ dor Juliano , e Plinio com Trajano j porque
„ todos eftes Oradores fo derao com Panegyricos
„ as gragas aquelles Prmcipes, pela honra do
), Confiilado , que era muito menor beneficio,
„ que o que agora recebemos do nolfo Proteftorj
„ porque o Confulado era beneficio fcito ahum
„ fo homem , e durava fo por hum anno ,• e a
„ honra , que a Academia recebeo em fer iguala-
„ da aos Tribunaes Regios, he hum beneficio,
„ que ha de durar nao fo dentro do brevc efpego
„ de hum anno , mas que ha de prefeverar por
,, toda a extenfao do tcmpo , ,em que a Acade-
„ mia permanecer. E he bcncficio feito nao a
;>, hum fo homem , nias a todos os de que fe for-
„ ma efte feliz Corpo Acadcmico. E todos os be-
„ neficios , quc Sua Mageftade faz a Academia ,
•„ fe extendem a toda- a Portugueza Monarquia ,
„ a quem Sua Magcflade da ti^va vida por meio
R ii >j tl^
1 3 2 Hifioria Panegyrica dos defpoforios
1728. V ^^ Hiftoria , que- na lingua Latina efcreve a
_,. Academia , tirando-a do fepulcro do efqueci-
„ mento , em que a tinha lancado o defcuido dos
„ naturaes , e a ignorancia , ou malicia dos Ef-
y, trangeiros 5 porque ainda as mefmas Nacoens,
jy que em alguns annos nos focccorrerao com a
,, efpada, nos eftao continuamente fazendo guer-
,j ra com a penna , attribuindo aos feus Officiaes
„ as accoens , que obrarao os noflbs , querendo
„ levar das noflas vitorias os mais ricos defpojos,
j) que he a gloria dos noifos Generaes. Para iflb
„ expuzerao primeiro que nos ao theatro do mun-
;_, do as noflas vitorias para anticiparem o roubo
„ da Fama. Em livrar o Reyno do damno , que
;,, ihe tem feito as pennas Eftrangeiras , fe moftra
^, Sua Mageftade mais amante Pay da Patria , do
;,, que Cicero , quando oprimio a conjura^ao de
„ Catilina , que com as armas Eftrangeiras per-
„ tendia aifolar Roma. Mais gloriofo Pay da Pa-
„ tria , que Marco Furio Camillo j quando ref-
^^ cindindo os injuriofos pa^tos , que o Tribuno
„ Q. Sulpicio tiiilia feito com Breno , Regulo dos
5, Francezes, acudio pela gloria deRoma, eto-
j^ madas de novo as armas deftruio aos inimigos
„ em duas batalhas , e triunfou de toda a infolen-
„ cia Franceza ,• porque as ac^oens de Cicero , e
„ de Camillo acabarao-fe dentro de poucos dias,
„ eobeneficio que Sua Mageftade fez a Patria
„ com a Hiftoria Latina , ha de durar perpetua-
„ mente. Aquelles dous Heroes chamados Pays
•„ da Patria fizerao , que nao fe acabafle no feu
„ tempo a fehcidade Romana ,• e Sua Mageftade
p. faz, que em nenhum tempo poifa acab.ir aglo-
j, ria Portugueza^ e por iilo he mais verdadeiro,
e mais
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dos Principes do BrazJU Livro I, 15}
e mais glorioro Pay daPatria, do que Marco 172 S.
TuIlioCicero, e do que Marco Furio Camillo,
o noHo Auguftiillmo Rey D. Joao V., D. 'Joao
0 Maxifjw.
„ E alFim nao teve efte Senado Hiftorico ou-
tro modo de dar as gracas ao feu Soberano por
efte incomparavel beneficio , fenao dizer-Ihe com
a minha voz,profundamente proftrado, o mefmo,
que o agradecimento do Senado Romano , por
boca de Valerio Meirala, dilFe ao Emperador
Augufto , em hum dia como hoje cinco de Fe*
vereiro j como obfervou o noflb Eruditillimo
Academico , ultimo , e mais eftimavel Commen-
tador de Suetonio, ( P. Petfus Almeida in hunc
locum Suetonii)
Quod honmn , fauftumjit tihi , domuiqtte tua^
Qdsfar Augufle y [ftc enim no-s perpetuam fc-
licitatem Reipuhlicts , c^ l<£ta huic precari
exiftimamus ) Scnatus te confenticm cmn Po-
pulo Romano confalutat PATREAl PATRI^;
( Sueton. in Oclavio , cap. 58. )
„ Pedem os nofFos votos para V. Magefta-
,, de , Rey Auguftiflimo , e para toda a Cafa Real,
y, tudo o que he faufto , e feliz , e com ifto en-
,j tendemos pedir todos , perpetuas felicidades pa-
„ ra efta fua Monarquia. Efte Senado Academico,
,^ unido com toda a Na^ao Portugueza;, acclama
p aV. Mageftade comojuftiftimo titulo dePAY
„ daPATRIA.
„ Agora quizera eu a eloquencia de mil vo-
„ zes, para louvar ajufti^a , com que fe deo dig-
„ niifmiamente a Sua Miageftade efte nome , co-
„ mo
134 HifioriaFaneQrica doidefpofofws
1728 ' yy ^^ defejou Ovidio , quaiido nos fcus Faftos
„ chegou aos cinco de FeYereiro , em que o mef
mo Titulo fe deo a Augufto ,• mas fou conftran-
gido a acabar , e dizer com muita mais razao
que o mefmo Ovidio, o que elle difte naquelle
dia :
Deficit 'ingenium , maioraque virihtis urgcnt.
Biffe.
72 Por efte mez de Fevereiro , fe comegou a
trabalhar no grande Palacio das Vendas novas ,
que Sua Mageftade mandou fazer de propofito ,
nao mais , que para efta fun^ao , como diremos em
Bifp^fifoens pa- jf-^^ competente luear. Entrou o mez de Marco,
raapajjagem da ■ A jAOTvr/ij -j
prmceza das Jf- e pou eite tempo deo oua Mageltade providen-
turjas. cia , para fe fazerem na eftrada de Lisboa , para
Montemor o novo , os commodos neceftarios pa-
ra o alojamento da Sereniftima Senhora Princeza
das Afturias , e de toda a fua comitiva. No pri-
Tem azidiejicia 0 meiro dia do mez reterido , teve audiencia publi-
Mayqnez de los ca , pelas tres da tarde , o Marquez de los Bal-
fmnr^Frlmif'^'^'^^^ y do Seremftimo Senhor Infante D. Francif
co. * co , no feu Palacio da Corte ReaJ. O mefmo Sere-
niftimo Senhor, para fe fazer efta fun^ao com
mais grandfeza , pedio a Ei-Rey, que Ihe mandalTe
fazer aflift encia por alguns Titulos , e Criados. Alfl
efte fira forao nomeados , por avifo do Secretario^
de Eftado , os Condes de Valdereis , da Calheta^
e de Valladares para afliftir como Titulos ao Se-
nhor Infante ,• e como Criados , D. Francifco de
Soulii, Veador daCafa del-Rey, Joao Gonfalves,
da
i
.
dos Principes do ^rai^iU Livro I. 1 5 >
daCamara Almorace mor , d D. Jofeph daCof- 1728.
ta Armeiromor, po(to que D. Francifco de Sou-
fa nao fe pode achar na melhia funcao. Foi feu
Condu^lor D. Duarte da Camara, Conde de Avei-
ras. Mandara Sua Alteza para efta fun^ao o feu
coche ao Embaixador , e duas eftufas de fequito
para a fua familia , que com a do Conde Condu-
clor , que o foi bufcar ao feu Palacio nos coches
do Senhor Infante , conftituliiao todos hum luzilTi-
mo acompanhamento.
7 3 Quando o Marquez chegou a Corte Real,
dciceo ao Saguao o Tenente da guarda , que fe
achava de femana , a acompanhar o Embaixador.
Elperava-o no alta da efcada D. Vafco da Camara,
irmao do Conde Conduclor ^ Camarifla, e Gentil-
homem de Sua Alteza , que o foi conduzindo. Ef
tava o Senhor Infante em pe debaixo do docel, de
donde deo tres pafTos a bufcar o Embaixador, que
recebeo com fummo agrado , mandando-o cobrir.
Eile , concluida efta ceremonia , fe recolheo do
mcfnio modo , que viera. No outro dia teve tam-
bcm audiencia publica do Serenillimo Senlior In- 1em-na tamhcm
fante D. Antonio. Alfiftirao a efta fungao o Almo- fjjf''"^'-^-^"
tace mor, e Armeiromor, Criados da Cafa. Man-
dou Sua Alteza o feu coche , duas eftufas tiradas
por cavallos rucos ;, e outras duas do Senhor In-
fante D. Francilco , com cavallos baios. Foi feu
Condudor D. Franciico Mafcarenhas, Conde de
Cocolim , Genril-homem da Camara de Sua Ake-
za, e cujafamiha, conduzida em dous coches, fa-
zia mais oftcntofa efta fun^ao. Cliegado o Mar-
quez ao Pa^o , pollo na prefcn^a do Senhor In-
fante, o Conde dc S. Miguel , tambem feu Gentil-
homem.
74 Em
136 Bijloria Paneiyrica dos dejpoforlos
1728. 74 -^"^ ^^^^ ^^ Mar^o teve o Embaixadoi
audiencia de defpedida mui particular , de Suas
£ tihimamente Mageftades , c Altezas. Na que teve da Screnif-
deSiids Magefla- fuxia Senhora D. Maria Barbara , Ihefez eila gra-
^de defidida^^^ ' 9^ ^^ humas arrecadas de diamantes , de que fe
dignava fazer prefente a Marqueza de Jos Balba-
Grafas que rjce- ^es , fua efpofa , avahadas em muito mais de trin-
das Jjiitrias'! ta mil cruzados. Mandou finalmente El-Rey D,
Joao , fegundo a pratica que fe eftyla , aquelle
&?Reyv!'"' Minifti"0 > ^ y-l^ ■• era , hum retrato de Sua Ma^
joao. geftade guarnccido de diamantes , cujo valor ex-
Pane de Lishoa. ^edia a feilenta mil cruzados. Sahio finalmente o
Embaixador de Lisboa em cinco de Margo : em-
barcou ncs efcalercs de Sua Mageftade ,• e de Al-
deia Gallega , aonde tinha pronta a fua equipa-
gem, contiiiuou a fua jornada aMadrid, haven^
do juflamente merecido, pelo efplendor, e acer-
to com que defempenhou a fua commiifao , o
agrado , e benevolencia das peiloas Reaes ^. e de i
toda efta grande Corte.
75" Concorreo ella uo dia do incomparavel
Patriarca S. Jofeph , com a occafiao de applaudir-
le o nome do Serenifiimo Principe db Brazil _, vef
tida de gala a Palacio, a beijar a mao a Suas Ma-
geftades , e Altezas. Teve nefie grande dia audi-
encia de humas , e outras o iMarquez de Capece-
Recehe 0 Frincipe Jatro, uos fcus Quartos. Entregou ao mefmo Prin-
carta^7a Prince- ^^?^ huma carta dc Sua Real Elpofa , em que o
za , fita Efpofa^ felicitava neftc dia do fcu nome , e havia chcgado
por hum cxprefib a mao daquclle Miniftro no dia
antecedente.
ElRey CathnUco 76 Por cfte mefmo tempo rcfolveo Sua Ma-
poanc&fadPrin- ^^^^^Q Catliolica por cafa a Serenifiima Senhora
r/S! ^^ "" Princeza das Ailurias. Nomcou leu Mordomo
mor
rtas.
dos Prindpes do 'Bra^il, Ltvro I. i j 7
mor; o Duqile de Gandia ,• Eftribeiro mor , o .1728
Marquez de los Balbazes ,• Camarcira mor, a Du-
queza de Montelhano ,• Damas , as CondeiTas de
Fuenfalida, e Montijo, e a Senhora Duqueza de
SoJforino ; Donnas de honor , a Condella de Ga-
'Tia ; e D. Rofa Porcel > e Menchaca ; Mordomos,
os Marquezes de Mejorada , de Montealegre , e
de Cuelhar.
'ij No primeirQ de Mayo > entfou em publi- Fami/ia dcftina-
co no Pago D. Anna de Lorena , filha do Mar- Prfncfzas^do
-quez de Abrantes , e viuva de D. Rodrigo de Mel^ Brazil , e 4ftn-
\o Pereira ,. irmao do Duque de Cadaval , para
exercer o emprego de Camareira mor, que fora
fiomeada, da Senhora Princeza doBrazil, no fer-
vico da Senhora Princeza D. Maria Barbara. Aq
mefmo tempo entrou tambem a fervir como fua
i)onna dehonor, D. Maria Magdalena de Por-
tugal , Viuva de Bernardo de Vafconcellos e
Soufa , irmao do Conde da Calheta. Airida nefte
mcfmo dia , nomeoU mais EI-Rey D. Joao , para
Damas Caniariftas femanarias daScnhora Prince-
Ea do Brazil , D. Helena de Portugal , que eftava
enta6 fervindo a61ualmente naquelk mefma occu-
pacao a Senhora Princeza das Afturias , e D. Lui-
za Joanna Coutinho , que afliOia ao Senhor In-
fante D. Alexandre , iilhas de D. Filippe de Sou-
\fa , Capitao que fora da Guarda Real Alemaa,
Fez mais nomeacao para Dama^s da mefma Senho-
' ra , em D. Joanna de Mendon^a , filha do Conde
' de Villaflor, Copeiro mor, e em D. Marianna de
^ Lencaflre , filha de Joa6 de Saldanha da Gama ,
Vifo-Rey que entao cra do Efl:ado da India. Ficoii
afllm mefmo nonieado , para acompanhar a Ma-
^;:drid, como feu ConfelTor , aSereniflTima Senho-
S ' ra
;
158 HiftoriaFanegyricadosdefpoJorios .j
IT28. ^'^ Princeza das Afturias , oPadre Manoel Alva-
res , da Companhia de JESUS ; Meftre que fora
de Theologia na Univerlidade de Evora , e ago-
Ta tinha o mefmo emprego na de Coimbra.
Tem andlencia 78 Teve em trinta de Agoflo nudiencia publiT
dos Ivjantes , Z). ^^ j^ SereniiTimo Senhor Infance D. Francifco , o
Antomo, '0 Mar- Embaixador de Caftella, Marquez de Capecela-
quez Je Capece- tro ,• e no dia feguinte teve outra femelhante do
'^^'^^' SereniiTimo Senhor Infante D; Antonio. Em huma,
e outra fe obfervou o eft)do ja rcfcrido , pratica-
do com o Marquez de los Balbazes, O mefmo Em-
baixador teve em vinte e fete de Setembro hum
avifo da fua Corte ,• e com efta occafiao foi ao
Pa^o , e teve audiencia particular deSuasMagef
tades. Tendo-a tambem dcpois da Sereniftima
Princeza das Afturias ^ Ihe figniiicou haver tido or-
dem para a ir acompanhando najornada, que fe
premeditava fazer ao Caia.
79 ComeiFarao-fe a difpor as Reaes paffagens
de ambas as Cortes , Caft:eJhana, e Portugueza ao
Caia j raya y e confim das duas Coroas » e fehz ii-
tio; que havia de fervir de cena a huma fun^ao tao
gloriofa. A efte fim mandou Sua Mageftade vir
dePariz quatro eftufas, duas cale^as ^ e vinte e
tres berlindas. Aomefmo tempo, mandou fazer
nefta Corte cento trinta e duas fejes de campo, fe-^
te galeras ;, doze carros matos , e vinte andas. De
Hoilanda , e de Inglaterra mandou vir hum gran-
de numero de cavallos , e fazer outro mui extra-
ordinario de cavallos hgeiros por todo o Reyno.
Nefta Cidade , e em Caftella -comprou tambem
grande quantidade de machos , e mulas. Man-
dou fazer a propor^ao defte numero fellas de mu-
nigao com feus arreyos , e xareis de panno encar-,
nado,
dos Pnncipes do "Bra^il, Livro I. 1 3 9
nado , guarnecido de galao de prata. De Pariz 1728.
mandou vir para o fervico do Principe y trinta fel-
ias de veludo de varias cores , bordadas de ouro^
e prata : hum grande nuniero de telizes de velu-
do encarnado ;, lemelhante , e primorofiirimamen-
te bordados , e outros de panno encarnado , bor-
dados , pelo mcfmo eftvlo , de laa.
80 Cumprindo El-Rey Catholico , ao mefmo
tempo , em que dava calor , e providencia a efta
jornada , quarenta e leis annos em 19. de Dezem-
brO;, defte de 1728. , que fe hia ultimando,- em hum
Capitulo da Ordem do Tufao de ouro , que fez
vonvocar nefte dia na Galeria dos grandes , e em
que alfiftirao o Sereniftimp Principe das Afturias ,
c vinte e dous Cavalleiros daoaella Ordem , deo ff;^^'^/.^, .^"
Sua Mageftade , obfervada toda a formaiidade do Ordem do Tuiail
ieu cercmonial , o Colkr della ao Marquez de ^^ ^«'"<' ^o Mar,
Abrantes. fj^^ '^^^^'«^
8 1 Refolveo por efte tempo o mefmo Sobe*
rano paftar a Fronteira defte Reyno , em fetc de
Janeiro de 29. proximo futuro, acompanhado das
Senhoras, Rainha , e Princeza do Brazil , do Sere-
liillimo Principe das Afturias, e dos Senhores In-
fantes D. Carlos , e D. Filippa Os outros Senho-
res Infantes D. Luiz , e Dona Maria Thcreza ,
attenta a fua mui tenra idade , ficarao no Pa^o.
O roteiro para Suas Mageftades, e Altezas che-
garem a Badajoz, diftribuio-fe em dez jornadas. A
vinte de Dezembro chegou de noite hum expref-
fo de Madrid , com a noticia defta refolu^ao ao
Marquez de Capecelatro , que logo fem dila^ao
foi ao Pago communicalla a Princeza das Afturias.
Perguntou-Ihe o Porteiro fe querifi tambem fallar
aRainha, e relpondendo que fiin>:teve audiencia
S ii . de
140 iHifioria Panegyrica dos defpoforios
1728. de ambas as mefmas Senhoras , a quem participou
aquelle avifo. Pailbu depois ao Quarto del-Rey,
aonde fe deteve largo tempo , reccbendo mui ef-
peciaes honras de Sua Mageftade.
82 No outro dia, mandou omefmoSenhor
agradecer , pelo Secretario de Eilado^ ao Embaixa-
dor de Caftella, a attencao que com el!e tivera
na participacao daquelle avifo , e deo ordem ao
Duquc Ertribeiro mor , El-Rey D. Joao , para fa-
zer palFar a Aldeia Gallega todas as carruagens,
e cavalgaduras neceffarias para a conduc^ao de
Suas Mageftades , e Altezas , e todo o mais refto
da fua famiha.Para efta Regia fun^ao/e fizerao pe-
la reparti^ao das Cavallari^as ,
Hum Coche rico para a Peftba , forrado
de tiilii , com tegedilho , e capa de almofada de
velado carmezim, bordada de ouro,- caixa, ejogo
dourado, epintado, todo franjado por dentro, e
por'i6ra de-ouro, ecanutilhos, com oito guarni-
^oens develudo, debruadas de paifamanes , e as
ierrages todas douradas de agua.
y :' ' Huma Eftufa de refpeito, todadeveludo
carmezim por fora, bordada de ouro, e forrada
detiiiii.
Huma Eftufa rica, forrada de veludo car-
mezim , com tegedilho , e capa de veludo , borda-
da de ouro , com franjas ricas , e tudo o mais de
adiiiiravel pintura.
Huma JEftufa derefpeito da Senhora Rai- ■
i^ha , de veludo-carmezim lavrado ,• tegedilho,
cdilas , ilhargas , e forro , tudo bordado de paftama-
nes de ouro,- e o mais da caixa dourado, e pintado^i
'' Huma ^ftufa de refpeito ao SerenilH*!
mo Principe , de^veludo carmezim j tegedilho , coi^
tas
dos Princijm do "Bra^il, Li^uro I. 1 41
tas j ilhargas, e forro, guarnccido depafTamaneSj e 1728.
franjas de oiiro.
Huma EuuFa na mefrna fonna , de refpei-
to d Senhora Princeza.
Huma EftuFa na me;{'ma forma , de reipei-
to ao Senhor Infante D. Carlos.
Huma Eftufa na mefma f(5rma, de refpei-
to ao Senhor Infante D. Pedro.
Huma Eflufa na mefma forma, que fe man<
dou de refpeito a Senhora Infanta D. Francifca.
Huma Eftufa toda de talha dourada , cai-
^:a , e jogo j forrada de veludo lavrado carmezim,
com tegedilho , e capa de almofada de veludo
lizo da mefma cor , bordado , e paifamanado de
ouro, para ir o Duque EfLribeiro mor.
' Q"^^^'o Eilufas dc vacas por fora , forra-
das de veludo carmezim , com mollas , e muito
bem douradas , e pintadas , pata ir aCam^a del-
Rcy. -uii.^ ^
■' Huma Eftufa pintada de encarnado, eou- ■
ro , com raollas , forrada de veIut!o carmezim , pa-
ra irem as Camareiras mores , da Rainha , e Prin-
ceza do Brazil.
Huma Eftufa de veludp>s'P,^mezijngL, , rifge-
diJhO; coftas, ilhargas,, e forro, t;udo bordado de
Quro i dourada , e pintada primorofamente , pa-
ra ir o Eftribeiro mor da Princeza do Brazil.
Huma Efhifi de vacas ibrrada de^Vefudo
carmezim , guarnecida de paftamanes deouro^^^ca*^
,' xa dourada , e pintada ,; com mollas , para ir o Ef-
1- ribeiro mor da Senhora Rdinha. -^ » - ■rnnut
?. Tjrds Eftufas de vaca«,todas pintadas de en-
1- carnado , e ouro , forradas de veludo carmezipi.;
if- para ir a Camara da meima Senhora. -
■,\ 19?, CinCQ
142 Hiftoria Panegyrlca dos defpoforws
j ^28 Cinco Eftufas de vacas , forradas de veludo
carmezim , e pintadas de encarnado , para irem a*s
Damas.
Sete Eftufas de vacas , forradas de veludo
carmezim ;, pintadas de varias cores , para irem as
Aflafatas , e mais familia.
Seis fejes a dous cavallos , para irem os
Confeflbres , Medicos , € alguns Criados particu-
Jares.
Trinta e ieis fellas novas, com arrevos dou-
rados , e chareis de veludo carmezim , guarneci-
dos a dous paflamanes de prata,para os cavallos, em
que haviao de ir os Porteiros da Canna , Reys de
armas , Arautos , e Paflavantes.
Duas fellas de veludo , bordadas , para os
qivaUos, em que haviao de ir os Guarda Damas. <
, - , Huma fella , bordada de paflamanes , para
o cavallo , em que havia de ir o Eftribeiro menor
da Senhora Rainha.
Dous Mandis de veludo carmezim , guar-
necidos de pafTanianes de ouro , abertos.
PeJos' Armazens do %eyno , fefizjerab
'^'^' tambem-paraeflaoccafiao
CEm arreyos , para feflas de cavallaria , com '
guarupas , e ferrages douradas.
Setecentos arreyos pata o mefmo, com gua
riipas , e ferragem limada.
Quarenta e dous^rreyos de^ilhao de litei- *
rag. para as Andas. — -.* •-
Cento e daus a^outes de mao.
Setc
dos Principes do 'Bra^ilj Livro I. 14 j
Sete agoutes grandes, para 0 Tronco. 1728.
Trezentos e cincoenta atafaes de tripa, em
t^ue entrao alguns de Xadrez.
Vinte Andas. ,,. .
Trezentas e fetenta e tres varas de Brim en-
carnado^para as cobertas.das aibardas das Azemulas.
Doze carros matos , cobertos.
■ ' Quatro cordoens de retroz carmezim , pa-
ra as fejes ricas.
Dous cordoens de retroz da mefrha cor ^
com ouro , para as fejes mais ricas.
. Quatro cordoens de retros da melrna cor;,
com fuas borlas , para traz das fejes ricas,
Dous cordoens de retroz da mefrha cor, e
borlas, tudo tecido comouro, . para trazdas fejes
inais ricas. - ■:■£>[' .'.:.\i (/.rsi. - . ' . J.
Seffenta e quatro cordoens de iinho , encap
Jlftdos 9 para as fejes ordinariasv/ '^ C' j . i:
Oito chareis de couro , com cravacao dou-
rada, para as fejes ricas.
':) , orQiuatro chareis de couro comfuas chapas
douradas , para as fejes mais ricas.
X- ■ Cento e fetenta e oito chareis decouro, li-
zos, para as fejes ordinarias, Carros matos,e Galeras.
Trezentas e cincoenta cabe^adas de azc-
melas, com farrilhas, arreatas, e antolherfas de la-
tao , com as armas Reaes nas tefteiras. ■
Quarenta capas de panno berrie, agaloadas
de branco , para os Silhoens das Andas-;
Vinte cobertas de panno da mefina cor/
' agaloadas de branco , para cobrirem asAndas.
Seffenta corrioens com fuas unhas de ferro,
para as ditas Andas.
|i • Nove centos e oito pares de eftribos , para
-as
i44 HiftoriaPanegyrica dos defpofmos
1 728 ^^ ^^J^^ ^^^^^ ^ ^ ordinarias , Carros , e Galeras.
Mil e defoito freyos, para as ditas fejes.
Doze freyos com feus copos dourados , pa-
ra as fejes ricas.
Quarenta freyos , para as Andas.
Seis guarni^oens de boleia>. para as fejes \
ricas. -: -■■
SefTenta equatro guarni^oens de boleia ,
para as fejcs ordinarias.
Sete guarni^oens de Tiro de feis , para as
Galeras.
: ,, .. Doze guarni§oens de Tiro de quatro, para
os Carros, :q . ■^l.
<^uatro martinetes teciaos' de fio de ouro,
para as lejes ricas. .uo..;.. ci.i::.:
Setcnta e quatro marteUoK de oreJJia^ para
irem jiascaruagens.. ', c,', '■-'■
Sete Galeras :x:«m. fua& .fiiltas .de correas,
c.fiyellas nas cobertasr , : --^- ,•
Quatro fejes ricas , forradas de veludo
carmezim , guarnecidas com franjas de retroz , e
galao da mefma cor.
Duas fejes maisricas, forradas de vcludo
carmezim, guarnecidas com galao, e franja de
ouro. j ?:.m^i.jix
Setenta e quatro fejes ordinafias , forradas
de faeta nacar. /i ^,,,..1:^ ; ., /;ig.'
Seis felegoens para as fejes ricas ; com fuas
chapas nos cantos, e feus pailaguias, tudo dourado.
Setenta e feis felegoens , com dous franque-
letes em eada hum , paia as fejes ordinarias , e Car-
ros.
Setenta fellas pretas , com cravacao dou-
f ada , para as bol^as das fejes ricas , e ordinarias.
Trinta
!
dos Frincipes do ^ra^ih Livro I. 145
Trinta e oito fellas , para os Tiros das ga- 1728.
•leras , e carros.
Cem fellas de cavallaria y com pregaria
dourada.
Setecentas fellas de cavaliaria , com crava-
^ao limada.
Quarenta filhoens de liteira, para as andas.
Oitenta tirantilhos , para os ditos filhoens.
Duas almas de ferro , para os eixos
dos carros.
Quatro boleias meftras.
Duas boleias ordinarias.
Cinco eixos , para carros , e fejes.
Quarenta pares de eftribos.
Oitenta freyos.
Cem tirantes.
Tres travelfas de ferro para as fejes.
, Seis trancas para as Galeras.
Duas lan^as de urmo.
Dous contravaraes.
A 0 mefmo intento fe mandarao 'vir de
Ffanga,
QUatro cftufas de vacas , forradas de veludo
carmezim , bordadas de ouro , com capa de
dmofada da meiina forte , com riquifTiiiia pintu-
ta , e todos os feus arreyos.
Duas caieflas de vacas , na mefma forma,
tom ferragens a melhor coufa que fe vio , e mais
duas capas de panno com palfamanes deo»ro , pa-
ra cobrir as aimofadas ricas,
T Dez
14^ Hifiorla Panegyrica dos dcfpoforios
1728' I^^2 berlindas ricas; forradas de veludo
carmezim , guarnecidas por dentro de ouro ;, mui-
to bem pintadas , com todos os feus arreyos ,
para os quaes fe mandarao fazer oito capas de ve-
ludo da dita cor ,• e tambem para as almofadas do
mefmo veludo , com paffamanes de ouro.
Treze berlindas mais ordinarias , forradas
de panno , com todos os feus arreyos.
Trinta fellas de veludo , de varias cores ;
doze bordadas de ouro , e prata , para a peifoa
dei-Rey , e feis guarnecidas de paflkmanes de pra-
ta , e ouro ; feis bordadas para o Principe , e feis
agaloadas, com todos os feus arreyos , coldres, e
bol^as, com ferragens douradas ; e outras de prata.
Trinta telizes ricos de veludo carmezim ,
bordados de ouro , e prata ; defoito com as armas
del-Rey , e doze com as armas do Principe.
Quatro telizes ricos de veludo carmezim,
bordados de ouro , e prata , que vierao ha mais
tempo de Franga.
Seis telizes de panno encarnado, borda-
tlos de ouro , e prata.
Duzentos e trinta repofteiros de panno
encarnado, bordados de laa , com as armas Reaes.
Vinte e quatro coberturas para galeras,
humas de panno , e outras de oleado , com as ar-
mas del-Rey , Rainha , Prmcipe , e Princeza.
83 Reprefentou o Duque Eftribeiro mor 2t
El-Rey, o muito que feria conducente ao fervi^o
Real, mandar Sua Mageftade , que os Tenentes
Coroneis , D. Thomas de Aragao , e Luiz Garcia
de Bivar, eftiveflem prontos, e fubordinados as
ordens do mefmo Duque , para fe poder concluir
mais
i
dos Vrincipes do BraziU Livro J, 147
maisfacil, e convenientemente as precifas expedi- 1728^
•^oens. Condefcendeo Sua Mageftade com efte pa-
recer , e a efte iim fez expedir pelo Secrctario d&
Eftado ao Marquez de Marialva , efta
G A R T A.
Ua Mageffade he fervido , que V. Excel-
lencia ordene a D. Thomas de Aragao , e
a Luiz Garcia de Bivar , vao faMar ao Du-
que Eftribeiro mor , • e executem tudo o que el-
le Ihe ordenar da parte do meftno Senhor, Dcos
guarde a V. Excellencia. Pa^o 2 1. de Dezembro
de 1728.
Diogo de Mendon^a Corte ReaL
Senhor Marquez de Marlalva.
7)
»
j>
j>
3)
s
84 Em obfervancia defta ordem , fez logo o
iVIarquez de Marialva vir ante fi os dovis refcridos
CfEciaes , que vifta a carta do Secretario de Efta-
do , forao logo dalh bufcar o Duque Eftribeiro
mor. Efte os mandou preparar para • paffarem a
A!em-Tejo nofervi^o de Suas Mageftades, a execu-
I tar todas as ordens , que delle recebeft^em > ou de
boca , ou por efcrito , no que fehao deviao obfer-i
var preferencias , por fo fe fazer attendivel o maior
interefte , e prontidao do Real fervi^o. Voltarao
f: os mefmos dous Tenentes Coroneis a dar parte ao
Marquez de Marialva , e pedir-Ihe dous Ajudan-
tes para poderem diftribuir , e cumprir mais com-
T ii modamentc
I
148 Hiftoria pane^rica dos defpojorios
1728. modamente as ordens, que Ihe foilem impoftrs.
Deferio-llies o Marquez , alEnando por feus fubal-
ternos a Manoel dias Coutada , Ajudante que fora
do Regimento da Junta j e o Tenente que feryia
de Ajudante do Regimento do Porteiro mor, Joao
Lobo de Lacerda , aquem mandou palfar ordem ,
de que adiante daremos noticia.
85 Nefte dia avifou o Secretario de Eftado d
Corte , e a os Officiaes da Cafaj que Sua M agefta-
de nome^ra para o irem acompanhando ao Caia.
Acopia doavifo, que fe fez ao Excellentilfimo
Duque de Lafoens , D. P.edro Henrique de Bra-
gan§a e Soufa^.Tavares Mafcarenhas da Silva , he
defle teor.
)>
j)
o
})
•)}
•)}
))
»
SUa Mageftade foi fervido nomear a pefFoa
de V.Exceilencia para o acompanhar na jor-
nada que faz a Alem-Tejo, com a Senhora Prin-
ceza das Afturias, que de Elvas ha de palTar a
Badajos , de que fa^o efte avifo a V. Excellen-
cia par^ que o tenha alfim. entendido , e fe ache
pronto para a jornada ; e do dia , em que V.
Excellencia ha de partir ;, avizarei a V. Excellen-
cia que Deos guarde. Pa§o 21. de Dezembro
de 1728.
Diogo de Mendon^a Corte Reai.
l
Nejia
dos Principes do "Bra^iU Livro I. 1 49
Nefta mejma fubftancia fe efcreveo aa 17^^»
"de Cafcaes , D. Manoel de Caftro.
jde Alegrete , Maiioel Telles da Silv.a.
Marquez-^^g Fontes , Joaquim de Sa de Mene-
zes. '.-
de Cocolim , Francifco Mafcarenhas.
da Ericeira, D.Francilco Xavier de Me-
nezes.
do Rio Grande, Lopo Furtado de Men-
don^a.
de Avintes , D. Luiz de Almeida.
de Alvor , Bernardo de Tavora.
de Val de Reys , Nuno de Mendon^a,
da Ponte , Ailtonio de Mello e Torres.
dc Villa Nova, D. Pedro de Lencaf'
tre.
^ dos Arcos , D. Thowas de Noronha.
Conde^ de Oriola , e Barao de Alvito j D. Jo-
feph Lobo.
das Galveas , Andre de Mello e Caftro.
de S. Vicente , Manoel da Cunha e Ta-
vora.
de Soure , D. Henrique da Cofta Car-
valho.
da Atouguia , D. Luiz de Ataide.
de Valadares , D. Miguel Luiz de Me-
nezes.
de Vimiofo, D. Jofeph dePortugal.
de Vimieiro,D.Diogo de Faro e Soufa.
de Villa Flor , Martiuho de Soufa e
Menezes. da
1728.
Coiide
Vifcondc de
Villa nova
de Cerveira.
iSo Hijloria Tanehrka dos dejpoforios
da Ilha do Principe , Francifco Carneiro de
Soufa.
de Tarouca , D. Eftevao de Menezes.
da Ribeira grande , D. Jofeph da Camara.
do Lavradio , D. Antonio de Almeida.
de Monfanto , D. Luiz de Caftro.
da Atalaia^ D. JoaoManoel deNoronha.
de Sant-Iago , Aleixo de Soufa de Mene-
zes. /
de Povolide , Luiz Vafques da Cunha e Al-
meida.
de Caftel-melhor , Jofeph de Vafconcellos e
. Soufa.
D. Thomas de Lima , e .'
D. Thomas da Silva Telles ; Gejteral de hatalha^
AoCondede Sant-Iago, A-pofentador
mor fefezj ofeguinte
A V I S O.
SUa Mageftade he fervido , que m jornada
que faz a Alem-Tejo acompanhando a Se-
nhora Princeza das Afturias , va V. Senhoria
5, exercitando o feu cargo , de que manda fazer
)y efte avifo a V. Senhoria , para que fe ache pron-
„ to ,• e do dia , erfi que fe fizer a jornada, parti-
yy ciparei aV. Senhoria, cuja peftba guarde Deos.
yj Pa^o 21. de Dezembro de 1728.
Diogo de Mendon^a Corte Real
V
Pelo
dos Principes do "Bra^^il, Livrol. 151
Pelomejmo teor forao avifados
O Almotace mor.
O Conde de Pombeiro. ^' . -
D. Luiz Innocencio de Caftro. >Capitaes da Guarda.
D. Francifco de Soufa. j
O Dezembargador Jofeph Vaz deCarvalhoj Cor*
':^.regedor do Crime da Corte , e Cafa.
A 0 Dutfue Efiribeiro mor , y^/^^ ofe-
gumte
A V I S O.
j, O Ua Mageftade he fervido , que V. Excellen-
,, w5 cia o acompanhe na jornada quc faz ao
jy Alem-Tejo , em companhia da Senhora Prince-
„ za das Afturias, de que me manda fazer efte
, „ avifo a V. Excellencia, para que fe ache pronto^
[yy edodiaemque fe determinar ajornada, avifa-
rei a V. Excellencia, cuja peflba guarde Deos.
jy Pa^o 21. de Dezembro de 1728.
Diogo de Mendon^a Corte Real.
: Pela mefma ordem forao avifados os
feguintes Ofjiciaes da Cafa.
-V
^deAlegrete, Manoel Telles da Silva,
O Marquez^j^ jy^^j.-^!^^^ D.Diogo de Noronha.
de
1728.
O Conde
1 3; 2 Hiftona Panegyrica dos defpofonos
1 72$. C*^^ Airumar , D. Joao de Almeida.
deValadares, D. Carlos de Menezes.
)da Calheta , Francifco AfFonfo de Vafconcellos
e Soufa.
Me Villa flor , Martlnho de Soufa e Mene-
zes.
Fernando Telles da Silva j - - - - Monteiro mor.
D. Antonio Eflevao da Cofta ,• Anneiro mor.
D. Louren^o de Almada ; - Meftre Sala.
D. Antonio Alvares da Cunhaj - - Trinchante mdr.
D. Francifco XavierPedro de Soufa.
Rodrigo de Soufa Coutinho.
D. Fr.VeriflimodeLencaftrej - - - Efmolermor.
86. No outro dia vinte e dous de Dezembro,
chegou o poftilhao de Madrid , expedido pelo
Marquez de Abrantes , com amefma noticia, que
X) Marquez de Capecelatro , havia ja communica-
do a Suas Mageftades , e a Princeza das Afturias,
de que Sua Mageftade Catholica, com toda a fua,
Cafa Real , partiao para o Caia em 7. de Janeiro
do novo , e proximo anno de 1729.,* pelo que
por ordem de Sua Mageftade , fez logo avifo o
Secretario de Eftado a os Officiaes da Cafa , Titu-
los , Deao , Dignidades , Conegos , e mais Alum-.
nos da Igreja Patriarcal deLisboa,para irem acom-^
panhando a Princeza das Afturias ao Caia , para o.
que fe deviao achar em Evora a dez dejaneirp^
do anno proximo futuro de 29. Nefte mefmo dia
22. deDezembro, foi nomeado Thefoureiro par-
ticular da jornada, o Guarda joyas, Francifco de
Andrade Corvo , e feu Efcrivao , Diogo Fernan-
des de Almeida. Para Thefoureiro da mefma Re-
al jornada , fe fez nomeao em Diogo Gomes Pei-
xoto^
dos Princ ipes do^Bra^il^ LivrO L i ; j
xoto j e para feu Efcrivao, em Caietano de Andrade j j^ 8,
Corvo,
87 Avinteetres, teve o Marqiiez de Angeja
do Secretario de Ellado Diogo de Mendonga Cor-
te Real,efte
A \^;;, l S O.
» O Ua Mageftade me ordena , avife; a V. Ex-
^) v3cellencia, para que V.Excellencia; e todos
,f os Officiaes da Cafa da Senhora Princeza das
„ Afturias , a hao de acompanhar ate o Caia , de
jj que fa^o a V. Excellencia efte avifo, para que
jy o tenha por entendido ,• e pela parte que Ihe to-
ca , o difponha nefta conformidad^ , remetendo-
me com a maior brevidade huma lifta de todas
as peftoas da familia da "Senhora Princc.za , que
hao de ir em companhia de Sua Alteza ; para fer
prefente a Sua Mageftade. Deos guarde a V«
Exceliencia. Pa^o 23. de Dezembro de 1728.
Dtogo de Mendon^a Corte Real.
Pedro *de Vafconcellos e Soufa , como Eftribei*
ro mor da Senhora Princeza das Afturias , teve no
mefmo dia outro femelhante avifo,
88 A vinte e einco foi Luiz Rodrigues Car-
reira conftituhido Superintendente das Carruagens
da Real jornada ao Caia , para o que recebeo de
Sua Mageftade o feguinte
V EX-
IJ4 HifionaVanegynca ios defpojmos
1728. EXPRESSO.
L
Uiz Rodrigues Carreira, Eu El-Rey
vos envio muito faudar. Attcndendo as
voflas letras , e prudencia ; tendo por
„ certo que de tudo , o que vos encarregar me
,; fervireis muito a minha fatisfa^ao: Hei por bem
„ nomear-vos Superintendente das carruagens, que
„ hao defervir najornadaquefa^o a'AIem-Tejo,
„ acompanhando a Princeza , minha muito ama-
„ da, e prezada filha ,• e para efte eifeito vos or-
„ denb paffeis logo a Villa de Aldeia Gallega.,,
„ onde fareis prontas todas , as de que fe neceilitar
jy para efta jornada ,• e para o fazeres com pron-
), tidao, vos concedo toda ajurifdic^ao necelfa-
„ ria , alTmi na dita Villa, como emtodaaPro-
„ vincia de Alem-Tejo , dando todas as jufticas
„ cumprimento as voilas ordens , para poderes
„ puchar por todas as carruagens , que forem pre-
„ cizas para a condu^ao do fato, viveres , e mais
„ coufas , que fe hao dc remeter defta Corte , ten-
„ do entendido , que me haveis de acompanhar
„ najornada , exercitando efte mefmo cargo,- e
„ para o fazeres com mais authoridade , vcftireis
j, Jogo a Beca , e a Meza do Dezembargo do Pa-
„ go mando avifar ter-volo aftim ordenado ,• e
„ para voft^o Efcrivao nefta diligencia nomeio a
„ Jofeph Alberto ; e para Meirinho della, Paulol
„ Francifco. Efcrita em Lisboa Occidentai a 25.
„ de Dezembro de 1728. '
R E Y.
Serii
dos Principes do "Bra^^il, Livro I, 155
Seria pelos fins de Dezembro, quando comeiTa- 1728,
rao a pafTar as carruagens , e cavalgaduras para AI-
deia Gallega. As carruagens , que entao fe manda-
rao para Elvas , forao as feguintes.
COMITIVA DEL-REY.
EStufa de marcha.
Caleifa para EI-Rey.
JBerlinda dourada , para o Eftribeiro mon
Berlinda dourada , para os Veadores.
Berlinda fem ouro , para Fidalgos.
Berlinda fem ouro , para Fidalgos.
Berlinda fem ouro , para o Eflribeiro menor.
Berlinda fem ouro , para Mo^os da Guardaroupa-
Berlinda fem ouro, para Clerigos.
Berlinda fem ouro , para femelhantes.
S E J E S.
' ^^ Res ricas , para El-Rey , referva , e Eftribei-
JL ro mor.
Huma com varias coufas , pertencentes a Sua Ma-
ireilade-.
Huma para Manoel Vieira, e Manoel Lopes.
Huma vazia , de fobrecellente.
Huma para oPadfe Thomas Feyo, ePedroAn-
tonio.
Huma para o Barbeiro j e Bento Fernandes.
Cinco para os Officiaes menores da Cafa , que
precedem aos Mo^os daCamara.
V ii Vinre
I|6 HiftoriaTanegyrica doi defpoforios
1728 Vinte eduas, para Mo^os da Camara.
Huma para Ifaac Eliote , e Jofeph Correia.
Tres para Capellaeiis , Acolitos , e Manoel Joao.
Huma para Joao Frederico ;, e feu iilho Joao Pei
dro Ludovice.
Duas para Porteiros da Canna.
Huma para Antonio Canavaro , e hum dos Lei-
gos dos Padres ConfeiFores.
Huma para o Coronel Manoel da Maya , e o Sar-
gento mor Jofeph da Cruz da Silveira.
Huma para o Leigo do Confelfor do Principe , e
huma peifoa do Padre Prior de S. Nicolao Joao
Antunes Monteiro.
Hu'ma para os dous Medicos do numero , Jofeph
Rodrigues Froes^e Jofeph Rodrigues de Avreu.
Huma para os dous Cirurgioens , Eitevao Galhar-
do, e Felis Pereira.'
Huma para dous Sangradores.
Huma para Joao Bautiita de Moura , e outro Offi-'
cial. i
Cinco para os Officiaes da Secretaria de Eilado.
Huma para dous Boticarios.
Huma para o Thefoureiro dajornada, Diogo Go-
mes Peixoto.
Huma para Bernardo, e Jofeph da Coila.
PATRIARCAL.
DUas fejes para tres Beneiiciados afliflentes , ■
e outra peifoa.
Duas para quatro Beneficiados , nao aiTiflentes. j
Humapara dous IS^otarios.
Sete
dos Prlncipes do "Bra^lU Livro I. 157
Sete para Subdiaconos, e Acolitos Patriarcaes. 172^
Huma , para referva.
Oito para Muficos de vozes , e Francifco Antonio.
COMITIVA DA RAINHA.
EStufa de marcha.
Caleifa de marcha. :'
Berlinda dourada , para a Camareira mor.
Berlinda dourada , para o Eftribeiro mor.
Berlinda encarnada , dourada , para Damas.
Berlinda encarnada j dourada , para Damas.
Berlinda encarnada , dourada , para Damas.
Beriinda fem ouro, para Veadores daRainha.
^3erlinda dourada , para o Eftribeiro mor da Rai-
nha.
' Berlinda fem ouro , para Veadores da Princcza.
Beriinda fem ouro, para o Confeflbr, e Fidaigos.
Berlindafem ouro, para A^afatas. "'^^
Berlinda encarnada _, renovada em Lisboa , . para
A^afatas.
Berlinda forrada de marroquim , para A^afatas.
Beriinda pequena, fem ouro, para o Porteiro
da Camara.
S E J^, E S.
TRes ricas , para a Rainha , Camareiras mores,
e Eflribeiro mor.
Vinte e nove para Criadas.
Huma para Porteiros da Canna ;, quc nao forem
acavaiio.
Huma;
l^S Hiftoriapmegyricados defpojofws
1728 Huma para Guardas Damas , que nao forem aca-
vallo.
Huma para dous Companheiros de ConfelTores.
Tres para Capellaens , e Acolitos.
Huma para o Cirurgiao , e Boticario , Alemaens.
Huma de referva , a ordem da Rainha.
Duas para quatro Lavandeiras.
REPARTICyAO DOS SOTTAS.
Para beftas de cocbe-
i J XJiz Teixeira.
piniz Marques.
Bernardo Ferreira. ^
Tara camllos ligelroS'
xV A Anoel Ferreira.
Simao Mafcarenhas.
Manoel Duarte.
Aleixo de Brito.
Tara beftas das Galeras.
Jl Edro Guterres.
Joao Teixeira Pilao.
Thomas de OHveira.
Cria-
" dos Principes do "Bra^iU Livro J. 159
CRIADOS P E RTENCENTES AS 1728.
^ Cavallart^as.
DE'z Sottas Cavallari^os.
Duzentos e quarenta Cocheiros , e Lacaios.
Qainhentos e vinte e feis mo§os das Cavallari^as,
<2uarenta Liteireiros.
Dezafeis Azemeis.
Vinte Ferradores. '; '. .
Hum Alveitar. oii3f!:jii (;ojiri.\iJ<'
SelTenta mo^os da Eftribeira. ^my • - :"
Vinte e quatro Trombeteiros , e^laibaleiroSv
Doze Poftilhoens de Gabinete. ' ' '■ '
Hum Cabo das Galeras.
Doze Fieis da Cafa dos arreyos. ' ^'
Seis SelJeiros. --- - -'"
Seis Corrieiros.
Cinco Carpinteiros de coche.
Tres Cerralheiros. ^^ v\K
Dous Carpinteiros de caixas.
Dous Pintores. '
Hum VidrafTeiro.
Joao Bautifta de Moura: Mo^o da cafa dos arreyos,
Louren^o de Anveres r Pagador das Cai^allarigas.
O Tenente Manoei dos Santos: ConduBor dofa-^
to daPrinceza.
Muitos ourros Criados , e Efcravos , que fora pro-
lixidade referir.
CRIA-'
1 6o Hifloria Tanegyrlca dos defyojprios
1728. CRIADOS, A QUEM SE DERAO BESTAS
de fella , por bilhete.
SEiTenta Repofteiros.
Trinta e cinco Varredores.
, Vinte Sonadores,
Defanove Clerigos , MaiTeiros, e Serventes da Pa-
triarcal.
Oito Criados da Rainha.
Duzentos Archeiros.
Duzentos e vinte e duos Cozinheiros , e Ajudantes»
Cento e tres Mogos da prata ,, e Mantearia.
Dous Padeiros.
Hum Cirurgiao , Joao Hejirique de UVitte.
Hum Elpingardeiro. ., ; ^^ ,x?:
Huni Criado da Acafata Caftelhana.
BESTAS DA REAL CAVALLARIC.A.
T
SEis centos e fetenta e tres cavallos de fella , que
fe derao a os criados , e mais peflbas particu-
lares defta B.eal Comitiva.
Duzentos e defoito cavallos , que fe derao as pef-
foas da Cavallari^a. ;„ .
Duzentos e cincoenta cavallos , e mullas para cen-
-r, to e vinte ecinco fejes.
Cento e quarenta beftas muares , para as galeras ,
carros matos , eandas, e para os Liteireiros
irem a cavallo.
Cento e feis mullas , machos, e cavallos de referva.
Setenta beftas muares , e reclutas de Evora.
Trezentos e cinc©enta e tres Urcos de coches.
Car-
dos Frincipes do "Bra^il, Livro I, j6i
Carruagens ^ue Sua Mageflade levou ate El- lj^%.
vas , e (fue ftrvirao pelo caminho nejta
jomada.
DE'z coches.
Oito berJindas.
Vinte e nove eftufas.
Duas caJeflas.
Cento e quarenta e hurtia fejes.
Sete galeras.
Doze carros matos.
Vinte andas.
Arreyos , e pertenjas (jue fervirao ^iajorna-
da ate Elvas, quefe entregdrao nos Ar-
ma^ens do 'iReyno-
DUzentas e quatro fellas com feus arreyos , de
fervi^o.
Mil e quatro chareis de panno encarnado , guar-
necidos com galoens de prata.
Oito chareis de paimo efcuro , guarnecidos com
galao de ouro.
Cem repofteiros ordinarios , de panno encarnado ,
com guarni^ao bordada de panno azul.
Mil feifcentas fetenta e quatro camizas de Efguiao,
e Bretanha , de punhos de Cambrai , para mogos
da Eftribeira , Sottas , Officiaes , CoiTcyos do
Gabinete, Cocheiros, Liteireiros, Azemeis, e
mo^os das Cavallari§as •* a maior parte levavao
a duas. X Oito
jCz HyionaPanegyricadosdefpoforws
1728- ^^to centos e quatorze pares de luvas, para os mef-
mos.
Derao-fe botas a todos os Sottas , e mo^os da Ef-
tribeira , Cocheiros , e Liteireiros ; e capatos
aos Meftres dos Officios , que forao.
Mil e quatro centos archotes de cera.
Mil e duzentos archotes de efparto.
Vinte Efiendartes ;, e oito pannos de timballes, de
damalco verde , bordados de retroz encarnado.
Vinte e oito chareis de fellas dos Trombeteiros, de
panno encarnado , e bordados.
Vinte e oito veftidos dos Trombeteiros de panno
encarnado , cobertos de galao de prata.
Quarenta filhoens de liteiras , para as andas.
Todas as ferramentas neceifarias , que fe compra-
* rao y e derao a quarenta e fete Omciaes de diffe-
rentes Officios , que forao a jornada.
89 Nefle tempo fe controverteo , que guarda
de Corpo haviao delevar Suas Mageftades; e de-
terminou El-Rey , attendidas as confultas que
houve fobre efte ponto , que folfem dc mais da
Guarda Alemaa , quinhentos cavallos , com Ca-
pitaens , Officiaes , e Soldados efcolliidos , e com
o titulo de Deftacamento da Guarda Real.
90 Entrou finalmente ofauftiffimo anno de
1729. '^1^9-y em que fe havia de por o ultimo coniple-
mento a huma accao tao alta , e em que tao glo-
riofamente fe havia trabalhado , pelo decurfo dos
quatro precedentes. No primeiro dia defte anno
tao afortunado , recebeo o Deao da Santa Igreja
Patriarcal , o feguinte
AVI-
dos Prlncipes do "Bra^^jU U^^ro I. 1^3
A V I S O.
1729.
)>
•, Or fe ter ajuftado f jntre efta Cortie , e k
de Madrid, que as bencaos, n.upriaes dc
Suas Altezas , fe celebrem fblemnemente
nas Cathedraes de Elvas , e Badajoz , e por ir o
Illuftri^rimo , e Reverendiflimo Patriarca fazer
efta fungao , me ordenou Sua Mageftade ; que
aflim o participaiTe a V. Senlioria Illuflrifrima >
e que fera do feu Real agrado , que V. Senho-
,f ria IlluftrifTima aflifta, affim areferida fun^ao,
como as mais qm ik fizerem. Deos guafde a V,
Senhoria Illuftriflima. Pa§o i. de Jaiieiro de
1729.
D/ogo de Mendon^a C^rte Real.
Semelliantemente fe efcreveo ao Chantfe Filip
pe de houfa, e ao Arciprefte Paulo deCarvalho;
poflo que a moleftia que efte entao padecia , o ef-
cufou , e fe nomeou em feu lugar , Henrique Vi-
cente de Tavora, Thefoureiro mor daSanta Igreja
J^atriarcal.
0 mejmo avifd (e participou aos
Conegos
Francifco de Sales.
. Gonfalo de Soufa.
Lafaro Lcitao Arenha.
X u
D. Joa&
1729.
Presbiteros
mais antigos
Diacono
164 Hijloria Panegyrica dos defpoforios
'D. Joao de Meilo.
kD. Luiz de Noronha.
D. Francifco^
^D. Jofeph <
^D. Luiz de Caftello-branco.
D. Joao de Soufa, que nao pode ir^ por meleflo.
de Menezes.
■TODOS OS TITULOSy E OFFICIAES, QUE
receherao 0 avljo que ja diljemos , para acompa-
nhar a Stias Maq^efiades , e Altefas ( exceptuan-
do o Duque Eftribeiro mor , os Marquezes , de
,'. Alegrete Fernando Telles da Silva , e de Mari-
alva,- e os Condes, de PombeirO; e de Sant-Iagp)
tornarao a ter ofegumte
?5
S
A V I S O.
Ua Mageftade determina pafTar a Aldeia
Gallega a fete do prezente mez de Janei-
ro , na manhaa do dito dia f e he fervido
que V. Senhoria va adiante a efperar na Cidade >
a fua Mageftade , para o acompanhar da hi por k
diante na forma, em que o dito Senhor ordenar. '
Deos guarde a V. Senhoria. Pa^o i. de Janeirot
de 1729.
Diogo de Mendon^a Corte Real.
./
A dous
dos Principes do "Bra^il, Livro I. i6>
A doiis dejaneiro fez,. S. Magejiade efcrever IJ29.
aCamarade ElvaSy-peloteorfegiiinte. .
j; W XJiz , Vereadores, e Procurador da Cama-
jf i ra da Cidade de Elvas. Eu E[-Rey vos en-
,;, ^ vio muito (iiudar. Ja vos mandei avizar ha-
„ verem-fe concluido os cazamentos do Principe,
„ meu fobre todos muito amado , e prezado filho,
,; e o da Princeza das Afturias , minha muito ama-
„ da , e prezada filha j e porc^ue em fete defte mez
,, determino paiTar defla Corte com toda a Cafa
„ Real , e recolher-me depois a eJla , acompanhaa-
,, do a Princeza do Brazil , minha Nora,- e deven-
„ dp fazer joniada a e/fa Cidade^ me pareceo man-
y, dar-vos dar efta noticia , para que tendo-a enten-
,_, dido , fa^aes todas aquellas demon{tra<^oens de
yy amor , efidelidade, que correfpondem a huma
;, occafiao tao feftiva, ede tantogofto. Efcritaem
„ Lisboa Occidental, a 2. de Janeiro de 1729.
R E Y.
O mefmo fe praticou com as Camaras de Mon-
, temoronovo, Evora, e Villa-vi^ofa. Nefte mef-
mo dia receberao os Ajudantes , Joao Lobo de
Lacerda , e Manoel Dias Coutada , do Marquez
de iMarialva , a ordein de que fallamos ; e era defte
teor.
Os
i66 Hifioria panegyrica dos defpojorlos
172 0 « /^^ ^ Tenentes Coroneis da Cavallaria, meus
j, V^ Ajudantes das Ordens , D. Thomas 4e
Aragao , e Liiiz Garcia de Bivar , pairao por
ordem de Sua Maseftade a Provincia do Aiem-
Tejo , e os acompanha por ordem mjnha o Te-
nente Joao Lobo de Lacerda ;, da Companhi^
de Jofeph Ribeiro Preto^ do Regimento dp
Porteiro mor : Joao Luiz de Azevedo , que
ferve deVedor Geral, Ihe mandara notar ella
em feus affentos ; porque todos vao em fervico
do dito Senhor , e Ihe mandara dar as beftas ,
que Ihe forem neceifarias para as fuas bagagens.
Lisboa Occidental 2. de Janeiro de 1729.
jy
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V
Cofn ruhrka do Marquez,
Deo-fe outra femelhante ordeHi do Marquez de
Marialva , refpe6liva ao Ajudante Manoel Dias
Coutada , por confidera^ao , de nao fe haver feito
mengao delle na que acabamos de tranfcrever,
pela reparti^ao dos Armazens, donde efte Otlicial
fervia, ferfeparada.
A tresfezj S. Mageflade efcrever ao Ca-
bido de Elvas , nefiafubfiancia-
DEao , Dignidades , Conegos , e Cabido,
Sede vacante , da Cidade de Elvas. Ja vos
mandei avifar haverem-fe concluidos os cafa-
jy mentos do Principe, meu fobre todos muito
amado,
dos Trlncipes do ^ra^iU Livro I. 167
)y amado , e prezado filho ;, e o da Piinceza mi- 1729.
,y nha muito amada , e prezada filha j e porgue em
„ 7. do prefente mez , deterraino pafiar defta Cor-
„ te coin toda a Cafa Real^ acompanhando a
„ mefiiia Princeza , que na ribeira do Cdia fe ha
„ de trocar com a Princeza do Brazil , minha N6-
„ ra , e devendo fazer jornada a efla Cidade , me
,y pareceo avifar-vos para que nos dias de minha
,y entrada , £ no da Rainha , e Princeza , affim na
„ hida , como na volta , e nas mais fun^oens , que
■: „ fe ofierecerem , fagaes todas aquelias demonftra'
„ ^oens de alegria, e contentamento , quehe efly-
;,, lo em femelhantes occafioens , e que correlpon-
,, dao a huma tao feiliva , e de tanto gofto. Efcri-
„ ta em Lisboa Occidental a 3. de Janeiro de
3> 1729.
REY.
No mefmo dia teve %odrigo de Soiifa CoU'
tmho , ofegimte.
A V I S O.
SUa Magcftade tendo confideragao as quali-
dades , e merecimentos , que concorrem na
peflba de V. Senhoria , foi fervido refolver que
jj V. Senhoria fervifi^e de Veador da fua Cafa pe-
lo Senhor Conde do Redondo feu fobrinho , pe-
lo tempo que o mefmo Senhor for fervido , ten-
y do V. Senhoria cntendido que ha de fervir o di-
„ to
^7J
»
i6S Hi/loriaPanegyrica dos defpoforios
1720 7> to cargo naforma que o mefmo Senhor Iheor-
„ denar , e que ha de pallar a Alem-Tejo com Sua
Mageftade , para onde parte a 7. do prefente
mez , de que fa^o a V. Senhoria efte avifo , para
que o tenha entendido. Deos guarde a V. Se-
„ nhoria. Pa^o 3. de Janeirode 1729.
Diogo de Mendonga Corte-Real.
91 A quatro de Janeiro , partio para Elvas , pe-
la eflrada de Arraiolos , o Cardeal da Cunha , para
fe achar na fun^ao do Caia. Receberao por ef-
crito do Duque Eftribeiro m6r , no ourro dia , os
referidos Tenentes Coroneis D. Thomas de Ara-
gao , e Luiz Garcia de Bivar, a lim de que tivef
fem toda a authoridade neceflaria para executar
mais commodamente , o que pelo mefmo Duque
Ihes fofle encarregado , efta
O R D E M.
„ ^"^^ Tenente Coronel Luiz Garcia de Bivar,
„1 m vai por ordem del-Rey , meu Senhor , a'
)) ^^-^ Aldeia Gallega, e da hi pafl^ar ao A!em-
„ Tejo , a diftribuii* as ordens , que Ihe tenho da- '4
;, do , para a boa direcgao dajornada, e comitiva i;
„ de Suas Mageftades ; OsSotta-Cavallari^os, mo- lo
„ 90S da Eftribeira , Cocheiros , e mais Ofhciaes
„ das mefmas Cavallarigas , Trombeteiros , e Ata-
„ baleiros , Ihe obedeccrao prontamente ao que ^
„ por elle Ihes for ordenado , na forma das ordens r
;, que leva minhas; e o dito Tenente Coronel , (k\\
„ for
V
w
})
dos Principes do "Bra^iU Livro I. JiS^
„ for necefTario requerer alguma coufa para a r72*g
expedi^ao do fervi^o del-Rey, meu Seniior,
ao Juiz de fora da terra y o podera fazer -, e o
mefmo fara em todas as de mais terras , pOr on-
de Sua Mageflade paifar , ou pouzar ;, ate fe
recoJJier a efta Corte , e afTmi tambem depreca-
ra ao Superintendente das carruagens , para o
„ que Ihe for precizo para o fervi^o do dito Se-
jy nhor. Lisboa Occidental 5. de Janeiro de 1729.
Duque y EJiribeiro imr.
Efia mefma ordem , teve feparadamente 0
, Tenente Coronel X>> Thomas
de.Aragao,
92 No dia emqiae foi datada a mefma ordcm^
palfou o Tenente Coronel Luiz Garcia (de Bivar,
a Aldeia Gallega , e fem perder mais tempo , co-
me^ou a dar logo a execu^ao as ordens , que fe Ihe
haviao committido. Carecia-fe para ifto de muitos
meios , falta que occafionara a brevidade do tem- ■
po , e a confufao tao infeparavel de femelhantes
fun^oens,- mas alTim elle, como feu companhei-
ro D. Thomas de Aragao , puderao com a fua
grande a61ividade , vencer efles quafi impoffiveis ,
com felizes, e bem logrados expedientes. Rece-
beo ordem do Duque Eftribeiro mor , o Tenente
Coronel Luiz Garcia de Bivar j para fazer por nu-
m.aros de latao em todos os coches, e fejes da
Cavallari^a de Sua Mageftade , e mandar , outro
fmi, fazer huma boa quantidade de tarjas de Mof^
covia, com feus numeros pintados^ para a dif1:ri-
Y buicao
1 'jf^ Hiftoria Tanegyrica dos defpoforios
1 72 0, bui^ao dos cavallos , e carruagens, que fe haviao de
dar aquellas peflbas, para ifTo deftinadas , e apontas
nas ReJa^oens.
93 Antes de p6r-fe a caminho nomeou El-
Rey , Confeflbr do SerenifTmio Principe do Bra-
zil , o Padre Henrique de Carvalho , da Compa-
nhia de JESUS. Difpoz El-Rey , que a libre an-
tiga da Cafa de Bargan^a , que era de panno fil-
vado de verde , e branco , guarnecida de galoens
de prata, agora fe mudafle nao mais que para
as Reaes Cafas de Suas Mageftades ,• e do Sere-
niiTimo Principe do Brazil, na cor , de que haviao
ufado os Reys antigos, feus predecejOrores , ifto
he, de panno encarnado com cabos, e veftias
azues , agaloadas de prata. Quanto aos Archeiros
da Guarda, foi fervido, que elJes veftiflem da
mefma cor,- fo porem com a difteren^a do ouro.
Aftim fe promovia efta tao luzida , e Regia ex-
pcdi^ao , que ja paflamos a defcrever no Livra
feguinte.
LI-
dos Principes do "Bra^iU Livro II. 171
L I V R O II. ^72p.
S U M M A R I O.
r|j ARTEM humas , e ou-
' tras Magejfadcs , e Alte-
zas para o Caia. Siia co-
jmtiva y e ordem. Applati-
fos da Villa de Montetnor
0 novo j e da Cidade de
Evora as peffoas Reaes.
Sae a Rainha D. Marian-
na de Atiftria de Lisboa. Seu acompanhamento.
Conio hc recehlda e?n Evora. Gra§as qne con-
cede El-Rey. Prqfegue aftia jornada' para. Vil- '
la-Virofci. Parte a Rainha de Evora. Occorre
0 Marquez de Ahrantes ao caminhoy afallar a
Suas Mageftades. Chegao ejias h Pra^a de £/-
vas»
1 i^^ Hegado em fim o termo, qiie fe prefcre-
\^ vera para come^ar a Pveal jornada ao
Caia, puzerao-fe a caminho as Mageftades; e Altezas Pavtem as Ma-
dc Caflella em 7. de Janeiro, pelas dez da manhaa. zm-^^/J cl/fif^'
Vinhao fervindo aeftesReaes Senhores, (exceptu- /'«ar^ oCdia.
ando o Marquez dc Santa Gruz j Mordomo mor da
,,3^ainha, e D. Joao Idiaques, Sumilher do Corpo ^^ ^"'' '^a
clo Principe , que fe deixarao licar , por indifpof-
tos , emPalacio) o Conde de Koninfegh, Em-
baixador do Imperador , e os mais Embaixadores
de Portugai , Franca , Sardenha/ Veneza, cHoi--
landa , e os Miniftros de Inglaterra , e Modena ,
Y ii . todrjs
1729.
172 Hijloria Tanegyrica dos defpcforios
todos os Chefes das Cafas dos mefmos Senhores
Reys , Principes, e Infantes : Vinte Grandes de
Hefpanha ; fazendo-fe digno de efpecial recorda-
cao o Duque de Oifuna , Eftribeiro mor de Sua
Mageftade Cathohca , que no feu traje , e trata-
mento fe diftinguia entre os primeiros Senhores de '
ambas as Nacoens. Faziao-lhes tambem airiften- ,
cicL o Capitao de Quartel das Reaes guardas de-
Corpo ; o Coronel do Regimento de guardas de
Infantaria Hefpanhola ,• os Gentis-homens da Ca-
mara^ de exercicio ,• as Camareiras mores ; Damas,
e Senhoras de honor ,• A^afatas , e Camariftas da
Rainha , e Princeza. O Eminentillimo Cardeal Pa-
triarca das Indias , Capellao , e Efmoler mor de
Sua Mageftade , D. Carlos de Borja j e hum gran-
de numero de Capellaens de honor ;, e individuos
da Capella Real j os Mordomos , e Cavalhari^os
deSua Mageftadej os Cavalleiros , Pagens de EI-
Rey ,• todos os Officios de boca de ambas as Ca-
fas ,• os das Reaes Cavallari^as j e muitos outros
Senhores , e Cavalleiros , que eipontaneamente
quizerao prefencear huma fun^ao de tanto efplen-
dor , e plaufibilidade,
2 Havia-fe adiantado , por maior commodo
do feu tranfito , e apofentadoria , huma grandg
parte defta Real Comitiva alguns dias antes , que F
as peftbas Reaes comegairem aviajar. Ainda foif
maior a antipa^ao das Guardas de Corpo das tres
Companhias, Hefpanhola, Itahana, eFlamengai
e as de Infantaria dos dous Regimentos de Helpa?|
nhoes, e Valoens. Vierao pernoitando eftes Reaesi
Senhores em Cafa-Rubios , Torrijos , Talavera>r?
aonde forao recebidos com feftejos extraordina-;(
rios, Oropeza, Naval-Moral, Zaraizejo, Vilha-*
meiria,
dos Principes do^Bra^iU Livro II. 175
meiTia , Medalhin , donde ultimaniente , nao obf- j j^ 0.
tantes as muitas neves , e geadas que cahiao , e
difficultavao os caniinhos , ga{lara6 dous dias em
chegar a Badajoz,
3 Nefte mefmo dia fetc de Janeiro teve o Por-
teiro mor , Jofeph de Mello e Soufa; o feguinte
A V I S O.
„ ^ ^ Omo Sua Mageftade determfna partir
„ H para Aldeia Gallega , deve V. Senhoria
„ ^^ — ^ ir para a mefma Villa para acompanhar
„ o dito Senhor. Deos gUarde a V. Senhoria. Pa-
„ co 7. de Janeiro de 1729.
Diogo de Mendon^a Corte-ReaL
Semelhante avifo tiverao •
DOm Joao de Almeida , Conde de Aifu-
mar,-,- : - ^^^r.^.j Veador da Cafa.
Martinho de Soufa e i^Ienezes-, Conde deVilla-
flor j - - - - Copeiro mdr.
D. Jofeph da Cofla ,• Armeiro mor.
D. Antonio Alvares daCunha ; - - - Trinchante.
D. Lourengo de Almada ; - - - - - Mefire Salla.
R-odrigo de Soufa Coutinho 5 Veador da Cafa^
de ferventia. ■/_ J r^ §
D. Francifco Xavier Pedro, de Squfa. 2 > > 1
D. Fr. VerifTimo de Lencaftre ,• - - - Efmoler mvr.
O Dezembargador Jofeph Vaz de Carvalho j Corr
. regedordaCrifne da:CQrtej eCafa.^ v^^^^^^ ' '
1 74 Hi/loria Panegrica dos dejpofonos
1 1^2.^* D. Francifco de Soufa , foi aiifado nef^
tes termos.
n
»
■})
ARalnha nolTa Senhora , ha de partii- a
manhaa para Aldeia Gallega , e Sua
. Mageftade tem refolvido , que V. Se-
nhoria acompanhe a mefma Senhora ,• e affim
procurara V. Senhoria paflar a manhaa a meP.
ma Villa. Deos guarde a V. Senhoria. Pa§o 7.
de Janeiro de 1729.
Diogo de Mmdon^a Corte-Reat.
4 Odia oito de Janeiro era, como ja diHe-
mos, o deftinado para EI-Rey D. Joao dar princi-
pio a efta viagem , com toda a Cafa Real , menos
os Senhores Infantcs, D. Carlos , e Dona Francifca,
que por caufa de moleftia ficarao em Lisboa. Aa*
tes porem que pafl^mos adiante , fera mui racio-
^ navel , que defcrevamos primeiro efte tao prccia'
ro , e augufto acompanhamento.
CASA REAL.
EL-Rey D. Joa6 Quinto.
A Sereniflima S^nhora Rainha, D. Marian-
na de Auftria. ' '• -^ ;
O Sereniflimo Senhor D. Jofeph, Principe do Brazil.
A Sereniflima Senhor^ D. Maria Barbara , Prince-
""^ za das Afturias, O Se-
dos Prmcipes do "Bra^il, Livro IL 175
TD. Pedro.
i O SerenilTimo Senhor Infante < D. Francifco.
; ^D. Antonio,
O EminentilTimo Senhor , Nuno da Cunha e Atai-
de ,• Cardeal da Santa Romana Igreja , Inquiji-
dor geral do Reyno.
O IlluftriiTimo, e Reverendiffimo Senhor D. Tho-
mas dc Almeida^ - - - - Patrtarca de Lisboa.
O Illuftriirimo Senhor D. Joieph Mano-
el j Deao.
O Illuftriirimo Senhor D. Filippe de Sou-
ia ,• - — - Cbantre.
jO Illuftriflimo Senhor D. Martim Mon-i
5 teiro y - - - . Meflre Efcola. y Ordens
O Illuftrifrimo Senhor D. Francifco de Sa j>p!^^/-
ies da Camara. f ^gy^^
O Illuftriirmio Senhor D.Gonfalo de Soufa.
O Illuftriflimo Senhor D. Lafaro Leitao
Arenha.
O Illuftrifrmio Senhor D. Joao de Melio.
O IIIuftriiTuno Senhor D. Luiz de Noro-
nha.
O IIluftrifTmio Senhor D. Francifco de Me-
nezes Baharem. . V%iT
O IlIuftrilTimo Senhor D. Jofeph de Mc Y Diaco-
nezes. ( "''■^-
O Illuftriirimo Senhor D. Luiz de CafteJlo- -.
branco. ••
Quatro Beneficiados affiftentes.
Quatro Beneficiados nao affiftentes.
Quatro Notarios Patriarcaes.
Cinco Subdiaconos Patriarcaes,
Oito
Da Santa
^lgreja Pa-
trianal.
I72P
1 j6 Hifioria Tanegyrica dos defpojorios
Oito Acolitos Patriarcaes.
Quatro Meftres de Ceremonias. ^
Quinze Muficos , e hum Organifta.
O Sotta-Clerigo , ou Altareiro.
O Meftre Armador.
Eftas pejjoas forao em fejes de Sm Magefia'
de y excepto o Benefidado Ajitonio Bautilla , -e
Imm dos Meflres de Ceremomas , qnefoi na coim
tiva do Senhor Patriarca.
Tres Acolitos da Sacriftia.
■"Dous Acolitos , que fervem de Virgarubeas.
Quatro Mafleiros. .
i Hum Official do Meftre Armador.
\ Hum Official para afinar os Orgaos.
-^ Tres Cuftodes da Igreja.
\^ Seis Faquinos , ou Terventes para carregar.
\_- EJlas pejfoas Jorao acavallo mi racins das Ca
' vallarigas de Sua Mageftade.
Cofifeffof^ , e mais Padres da comittva
\ ' ' deB-l^y.
Padre Martinho de Barros, da Congrega'
gao do Oratorio,- Confeftor del-Rcy D. foao
O Padre Luiz Gonzaga , da Companhia de JE-
SUS j - - Meflre do mefmo Senhor
O Padre Fr. ■^^Tiflfnici d^ Lencaftre , da Ordem dt
S. Bsxnardo,- Efmoler mor,
O Padrc Henrique de Carvalho, daCompanhia d<
JESUS j Confeffor do SerenifJifno Principe di
Brazil.
O Padre Hypolito Moreira^ da Companhia de JE(
SUS. O Pa i
dos Prindpes do ^ra^it,Livro IL 17 y
OPadre Antonio dos K.eys,- daCongrega^ao do tyiQ.
Oratorio.
O Padre Fr, Marcos Pinheiro j da Ordem de S.
Bernardo. l\ , :■.
O Padre Joao Antunes -MdlHterro ,• . Prior da Parc-
quial Igreja de S. Nicolao.
,f?i
Criados da Ca/a de SuaM^e^mi. ' .
DOm J^me de MeJIo,Duque do Cadaval; 'Ef
trihei^. mh' , do Cdnfetho 'de'Mfiado , e ^refi-
dente d^ Me/a da CbiicieficimnpNi.
liouren^o.^alvao ,• Eftribeiroiitenor del-Rey,
D. Joao de^A-Imeida , Coikle de Affumar,- Veador,
{fue /ervio*^de Mordomo nwr'mm fifn^oem dasfd/^
Aleixo de fcufa de Menezes , C51icle de !5artt-f a^
go ,• - - - - - - - ----- - Ap-ofentador mor.
Martinho de Soufa e Menezes , Conde de Villa-
flor ,• - Copeiro mdr.
Francifco Affonfo de Vafconcellos- e Soma , Conde
da Calheta ,• Repofleiro mor.
Antonio de Mello e Caflro , Gcinde' das Gah,
' veas ,• - - Coutciro mor deyillaWm/a\
D. Antonio Alvares da Cunha ; -HtXft ' Tr/W?^«/(?'.'
Joao Gonfalves da Camara CoutinlK) f ■ Ahmtkdc
mdr. .{ijij:-- ' ■ ;;fj oiii. i.;()JDiiT C^^
.Jofeph de Mcllo eSoufa,- '■■ '-'foj^thiyo hWr)
Fernando Telles daSilva,- ^ - - > MomeirO imt^J
D. Jofeph da Cofta ,• Armeiro mdr.
D. Luiz deAhnada,- - .- Meftre Sa/la.
Diogo de Mendon^a Corte-Real ,• Secretario de
'^Eftado. % D. Dio"
1 7^ Hiftoria Panegyrica dos defpoforlos
172 0. ^- Diogo de Noronha , Marquez de"'
Marialva j Govenmdor das Annasi
daVrovmcta da Eflremadtira. \Gentis homem
Fernao Telles da Silva , Marauez de^ ^'^ ^'^^^^^*
Alegrete ,• do Confelho de Ejiado , e
Vedor da Fazenda.
Rodrigo de Soufa Coutinho,- pormi-^
noridade de feu rohrinho , o CondeC t^ j
do Kedonao. i
D. Francifco Pedro de Soufa. 3
D. Joao da Cofta , filho do Conde de^
Soure. ■\^:' T ^-:
D. Jofeph de Menezes/ fiJhd de D. / Moprfi-^
Diogo de Menezes e Tavora. "A \> daigos da
Bernardode Almada, filho-cleFran- V^l^^^f;'!*;
, , cifco de Almada e JSforonha. jf panifao do
D.Pedro de Almeida , filho de D. l ^^ordom»
Joao de Almeida.
Manoel de Miranda , filho de Anto-
nio de Miranda Henriques.
Ofjidaes menores DaCaJa,
OGuarda Repofta.
O feu Efcrivao.
O Sevadeiro mor.
O feu Efcrivao.
O Thefoureiro da Tapeceria.
O Guarda Tapeceria.
O Apofentador de Repofteiros;
Crfa-
iitor.
dos Principes do "Bm^iU Livro II, 1 79
- Criados ■partlculares. 1729.
SEis mogos da Guardaroupa : hum fervia de
Porteiro da Camara de Sua Mageftade ; outro
de Efcrivao da Cozinhaj outro de Guarda joyas^
e Theibureiro dos gaftos particulares , a quem
fe nomeou por Efcrivao hum Mo^o da Camara
do numero.
O Preftes dos M090S da Camara,
Quarenta e tres M090S da Camara do numero.
Nove Porteiros da Camara.
Noventa e quarro Repofteiros , no qilal numero
vao incluidos , os que fervem particularmente
a Sua Mageftade , e os que levao a feu cargo ^
differentes incumbencias , de cera , mantearia ,
e ourras coufas.
Trinta e cinco Varredores,
Secretaria de EJlado.
LOurenco Gomes, Official maior da Secre-
taria .
Dez Officjaes da mefma Secretaria.
Vinte Miniftros do Senado da Camara.
Medicos , Cirurgloensy e Boticariof,
Manoel daCofta, Fj/ko mor. ? j r>
Cypriano de Pina. <^
Joieph Rodrig-oes Frdes. 7 / t^t
Joieph Rodrigues de Avreu. \
IfaacEliote, e feu Ajudante. 1 n-
Manoel Vieira ^ e leu Ajudante.^ '^
Z ii Felis
1 8 o Hiftcria Panegyrlca dos defpofvrws
1720' Felis Pereira, e feu Ajudanre j - - - - Sangrador.
,. - Eftevao Galhardo, e feu Ajudante ,• - - Algebrjfta.
Manoel Efteves ,• Boticario.
Tres Officiaes de Botica.
._/
Arcfuitectos.
FRancifco Pereira da Fonfeca ,• Sargento mor^
e Engenheiro da Pra^a de Setuval ^ que mode*
lou aPonteJobre oCaia.
Antonio Canavaro. ■^/lov)
Hum feu Ajudante.
Joao Frederico.
Hum feu Ajudante.
■ *
Manteana , e Copa.
MAnoel Antonio de Lima ,• - - - Manticiro.
Diogo Gomes Peixoto de Figueiredo j qne
fervia de Thefmireiro da Alfandegay Thefourciro
da jornada.
Dous Servidores de toalha.
O Copeiro pequeno.
Cinco mo^os da Mantearia ,• que vao atrci^ , no n?i-
mero dos Repojleiros , porque o nao podcm fer
fcjn efte foro.
Cincoenta e tres mo§os da prata.
Trinta e hum Copeiros , e Conferveiros.
Quatro lavandeiras da Mantearia.
Pratay
dos Prlncipes do^Bra^lyLhro II. 1 8 1
Pratay e roupa de mefa » quefoi pardofer- 17^9-
' vigo dil-^ey^f-^^inha \ Principe ; e
Pmce^^- :,^..;
, , , ■• ■:■,. . :-3lT
D E E L^R E Y. ^
DOze caixas de pf ata dourada- ^
Seis caixas dc prata ^ ' qne cbnllavao de pra-
tos brancos , fugareiros , bacias , pas , e richos*
Quatro caixas de foupa iina. an.f^Ti
- ' - ' ■ ^ Tt
D A -R-A I N H: A. . Jqabl
D
"r
friijR
Oze caixas de prata dourada. '■'
Dez caixas de prata , como acima. ojl.:,'Ll
o
D O P R I N C IP E.
i^^»j. v\_
_ Ito caixas de prata dourada^ ■> trrr^^: ;
Quatro caixas de prata , como acima.
D A P R I N C E Z A.
O Eis caixas de prata dourada.
(^aatro caixas de prata ; como acima.
.^';-V< -•■!
Servigo das Mefas de Eftado.
; O Effenta caixas de prata branca.
O Trinta e feis caixas de roiipas de flore^.
Vinte e humacaixas de prata branc^ de Ealboens.
.: ; . Tres
I72p.
f: .-S ■•V Tl
\%z Hiftoria Panegyrica dos defpojofws
Tres caixas de falvas de BaftioeAs.
Quatro fontes de prata.
Duas caixas com dous jarroens dourados , e lavra- \
dos com fuas folhagens. j
Duas Idrias de prata branca , e dourada. |
Tres caixas com tres brazeiros de prata branca , e <
fuas carrancas douradas. ■
CozJnha , e Ochafia-
« -
Dlogo Luiz Leitao ,' -.- Efcf^vao daCozinha.
Jofeph de Miranda,- feu Ajudante.
Jofeph da Colta ,•----.---- Cozinheiro mor.
Hum Francez , que exercitava a mefma occupa-
^ao.
Francifco de Torres ,• Gomprador da Ocharia
Defafete mo^os das compras.
Sete mo^os da Ocharia.
Dez Meftres da Cozinha.
Setenta e oito Cozinheiros.
Quarenta e cinco Ajudantes.
SefTenta e feis mo^os da Cozinha.
Vinte e quatro Vanedores , com feu Apontador,
que era Repofteiro.
Criados da Cafa da Sereniffima Senhora "B^i-
nha D. Marianna de Auftria.
OPadre Carlos Gallenfelz ,• da Companhia de
JESUS ; Confeffor.
Gaftao Jofeph da Camara j - - - - Eftriheiro mdr.
D. Joao
dos Prtncipes do "Bra^iU Livro II, 185
jy. Joao de Almeida, Conde de AfFumar,- qne fer' 1720I
vta de Mordomo mor , por hnpedimeJito de molef-
tta , com que fic^ra em Lishoa 0 Marquez de
Fronteira , D. Fernando Mafcarejihas , qtie 0 era
de propriedade , da Senhora Rainha.
D. Diogo de Menezes, e Tavora.
D. Jorge de Menezes.
D. Pedro de Mello. v r^ _r
D. Joao de Almeida.
Francifco de Almada e Noronha.
Antonio de Miranda Henriques.
A Marqiieza de Unhao , D. Maria de Lencaf-
tre ,• Ca?nareira m6f<
A conde^a da Ilha , D. Eufrazia de Noronha 5 Do»-
na de honor.
D. Maria Anna Luiza de Ghera ,• filha de D.
Hancio Vitto , XXI. Conde de Ghera.
D. Maria Caietana de Tavora 5 filha de Trif
tao da Cunha e Tavora , Conde de Povo/ide.
D Leonor de Tavora^e? 7^/6^5 de D. Luiz de
D. Maria de Tavora : ^ Almada,Meftre Saki.
D. Anna de Menezes -^filha de Aleixo de Soufa \^ ^
de Menezes, Conde de Sant-lago, Apofenta- "^ ^ '
dor mor.
D. Brites de Bourbon j filha de D. Alvaro da
Silveira. ,
D. Mariaima de Mendon^a,-//^^ de Martinho
de Soufa e Menezes, Conde de Villa-ftory Co-
peiro tnor.
Doze A^fatas , e cincoenta e fete Criadas de Sua
Mageftade , e da Princeza das Afturias.
D. Pedro de Caftello-branco ,• Conde de Pofnbeiro.^ q . ■ 1
B. LuizTnnocencio de Caftro. rrJ.^.,j.
D. Franciico dc Souia. ^. J
Jofeph
jS4 Hiftoria Panegyrica dos defpofoi-ws
1729. Jofeph Rodrigues de Almeida. ^Tenentes da
Diogo Botelho de Matos c Carvalho. >^ 1
Antonio Rapofo de Andrade. j \
OsSar^entos, e 7 7 i^ ^^
^ u j T-r j V "^ huarda.
Cabos de Elquadra.^
Duzentos ArGheiros.
Hum Pifanov . 1
Hum Tambor. 1
I
Criados dd Serenif/ima Senhora FrincezA \
das Afturias , D Maria Barbara.
OPadre , Manoel Alvares , da Companliia dfe
JESUS,- . iJonfefior.
Pedro de VilfconcellQS 'e'S®ufa.; do Gonfdlio dt
iGuerra , ^e Meftre de Campo General, Embaixa-
^idor Extraordinario que fbra em Madrid j Rftrji-
4^eironm\ ) ,'^-', ..'a\WJ SiU «5^^
D. Pedro Antonio dcNononha, Mlv^uez deJlU*
gcja , do ConfelhLO de 'Edado , Ve.dpr da Ea*
zenda , e Vifo-Rey que fora dos Eflados .da
India , e Brazil ,• , . . .... . . . MorJoMo mor.
Antpnio de Mello e Torrcs, Conde da~^
Bonte. vtAv '^r ' C[
D. Lopo de Almeida, Cavalleirg Gram V Vcadores.
Cruz, da Religiao de Malta. \ ' =
D. Carlos de Menezes.e.T^vora. v'.i\:i\3/V\
Dona Anna de Lorena,- Camareira mor.
Dona Maria Magdalena de Portugal ,• Bonna ds^
honor. - -inHA > Jiiii^i
Dona Helaia de Portuoal.l /,; , rk-r-^ -H.(i
Dona Luiza J oanna Cou->' ,. 1 c^ r rUafHcCSi
, tinha. <^lt]^pe ie Soufa.<^ ^.
Dona
dos Frincipes do 'Bra^t>y Litro 21. 1 8 j
Dona Joanna de Mendonca; fi/hd de Martmho ^ I ^^2 0.
de Soufa , Conde de ViUa-ffor , Copeiro 7mr. /
vDona Marianna de Lancaftre ,• /i/ba de Joao de\^ I^^^^^^^-
Saldanhay quefoiVifo-Rej da bidia. J
Acafatas_, e Criadas,va6 incluidas na Lifta dos Cria-
dos da Senhora Rainha. /
O Tenente; Manoel dos Santos ,• Condii^or dofato.
Criados do Sereniffimo Senhor Infante
jD. FrancifcO'
OSeu ConfefTor ; da Companhia de JESUS.
D. Vafco da Camara. ")•%•/ j
TA T • j Ai -j r^ j (ijentis-homens da
D. Luiz de Almeida ; Conde > ^
1 . . ^ \ Lamara.
deAvmtes. J
O Conde de AVfeiras. \ ^ t^^^^ ^ ^J^' • > Camariftas.
^^ D. Duarte da Camara. ^ . '
Todos os mais Criados; e Famiha da fua comitiva.
Ciiados do Seremffimo Senhor Infante
D Antonio.
OPadre Gregorio Barreto , da Companhia de
JESUS ; - - ----- Confejor.
Francifco Mafcarenhas , Conde de Cucohm. " 7 r»
Luiz Vafques daCunha eAlmeidti, Conde ^QK^/fitis-homehs
Povolide. * \^da Camara.
■ Thomas Botelho de Tavora, Conde de S. Miguel. ? „ -
Ayres de Saldanha. ^Camariftas.
Todos os mais Criados , e Faniilia da fua comitiva<
Aa OU*
jS6 Hiftorla P.mentlca dos defpoforios
1720. OUTROS MUITOS SENHORES^, E PESSOAS
difiinBas , forao tamhem acompanhando as Suas
Magefiades , e Altezas j Jmns , com empregos nas
Tropas j outros , por injtnua^ao particular ,• e
outroSy porfiia efpontdnea devo^ao. Farejnos aqui
men^ao daquclks , de qne tivemos noticia.
OMarquez de Tavora , Francifco dc Aitiz de
Tavora ,• Capitao de Cavallos.
O Conde de Cantanhede , D. Pedro dc Menezcs.
Pedro Alvares Cabral ,• . . . Senhor de Belmontc.
Antonio Guedes Pereira -y Inviado que fora h Corr
te de Madrid,
Diogo de Mendonga, filho do Secretario de Efta-
do ,• Inviado que fora a Hollanda.
Manoei Lobo da Silva ,• Brigadeiro.
D. Sancho Manoel de Vilhena.
Luiz Antonio de Bafto. .
Gonfalo Pires Bandeira. V Ceroneis,
Manoel da Mava ; Meftre do'
Sereniirimo Principe. "
D. Luiz B^telho. ? t- n
,, -n • j /- /1 ^ lenentes Coroneis.
Bento rerena.deCaltro. ^
D. Joao Manoel da Cofta ,• Capitao de Infantaria.
D. Antonio da Silveira e Albuquerque ^ Capitao da
Cavallaria.
D. Antonio Manoel deVilhena; . . . . Tenente.
D. Diogo ~)
D. Francifco > de Almeida, •
i). Luiz j
D. Thomas da Silveira.
D. Luiz Thome da Silveira.
D. Antonio Carcome.
D.Mar-
do5 Pri ncipes do "Bra-^ily Livro II, i ?7
P. Marcos de Noronha.
Antonio de Saldanha ^
Manoel de Saldanha> de Albyquerqu^.
Antonio j
Antonio de Saldanha de Ohveira.
Luiz de Saldanha.
D. Luiz Garcez ^
Henrique Manoel > de Padilha.
Antonio Jofeph j
liuiz Cefar.
X/ourenco de Mello.
Jeronymo Antonio de Caftilho.
Joaquinm Manoel Ribeiro Soares.
Gonfalo Xavier de Alca^ova.
Jofeph Joaquim de liima.
Caierano Francifco Cabral.
Luiz Francifco dc AiTiz.
Manoel Joaquim Correa dc Lacerda.
Luiz Carlos Machado.
Fernando Jofeph da Gama Lobo.
Luiz Guedes.
Andre Jofeph de Cafaro. /
Chriftovao da Cofla de Ataide.
Joao Pedro Ludovici.
Antonio de Soufa da Alta y Guarda imr da Cafa da
India.
Manoel de Azevedo Forte§ j Engeuh^ro itm*-do
Reyno.
5 Entre todos eftes Senhores , que acompa'*
nharao a Suas Mageflades , c Altezas, fe nos per-
mita , ( fem oiienfa de algum cutro , pois todos
fiefta occaziao moftrarao bem a grande^^a j e alvor
ro§o de animo ^ com que fejvir^uo o Rey ^ e a Pa-
Aa ii tria )
tjl^.
'188 HijloriaTanegyricados defpoforios
1 720. tria) fazer aqui huma breve digreflao^ pelo que diz
refpeito ao Excellentiirimo D. Jayme de Mello ,
Duquc de Cadaval , Eftribeiro mor, aquemmui-
to particularmente fe dev^o a boa diipofi^ao defta
jornada.
A SUA FAMILIA CONSTAFA DE
HUm Eftribeiro.
Hum Secretario.
Hum Veador.
Os Gentis-homens que acompanhavao a Sua Ex-
cellencia nas fuas fejes.
Quatro mo^os da Camara;, a quem deo varios , e
cuftofiftimos veftidos de Galiafe , cobertos de
larguiiTimos galloens de ouro , e prata.
Dous Ajudantes da Camara.
Hum Efcrivao da Cozinha.
Copeiros , e Cozinheiros ,• ricamente veftidos.
Hum Sota-Cavallari^o.
Dous Volantes ,• veftidos com toda a oftcntacad.
Azameis , Lacaios, e mo^os da Cavallari^a,- to-
dos com libres mui luzidas de panno vcrde ,
agaloadas de prata.
Generofidade do Nao fallando em outras muitas fuas grandezas , ■.
Dtiqm EJiriheiro ^^^ ^^^^^ ^ ^^^j^^ g Excellcncia , nem ainda pc-
la razao do feu Oificio de Eftribeiro mor , de car-
ruagem, cavalgadura , e aiTim mefmo daVeharia i
del-Rey D. Joao. Todo o feu eftado fuftentava ;
meramente a fua cufta. Ordinariamente erao feus '
convidados , os Tenentes Coroneis D. Thomas de
Aragao , e Luiz Garcia de Bivaf. Do meimo mo-
dosPrincipesdo^Bra^lhLivroII. i8p
do tinha mefa franca , para os criados dos mefmos IJ2%
Officiaes. Nem fe moftrava menos generofo , e
magnifico com dous Ajudantes dos mefmos Te-
nentes Coroneis , afliftindo-lhes com toda a gran-
deza , e prodigahdade , e naa Ihes confentindo o,
menor defembolfo em materia de difpendio. Em
quanto durou efta Real fungao , era frequentadif
iima a mefa de Sua ExceUencia : muitos Senhores
nacionaes j e eftranhos deixavao as fuas , chama-
dos , nao menos da bella gra^a do Duque , qu©
do exquifito , dihcado, e abundante dos feus pra-^
tos , fobremefas , bebidas , e do^arias.
6 Recolhido o Duque a Lisboa , deo aos Te-
nentes Coroneis D. Thomas de Aragao , c Luiz
Garcia de Bivar , hiim annel a cada hum , de hum
fo diamante , mas de valor ineftimavel. A Luiz
Garcia de Bivar , que muito fe fingularizara i\a
B-eal fervi^o , o fmgularizou tambem no premioj
dando-lhe mais hum bom cavallo, e hum excel-
Jente par de piflollas. Deo a cada hum dos Ajudan-
tes Manoel Dias Coitada , e Joao Lobo de La-
cerda , fium cftupendo cavallo , e hum veftido
de muito valor. Podia vagar largamente a pen-
na por outras muitas bizarrias do Duque Eftribeir
ro mor ,• porem por evitar prolixidade , tornar^-
nios ao ponto, em que vamos da Real jornada.,
eom que Suas Mageftades^ e Altezas pailarao ao
Caia.
7 No dia pois ja referido de oito dfe JaneirO^
fahio Sua Mai^eftade do feu Palacio dc Lisboa pe- P^^^^,El-Rey , a
, r j \ -^ r r Frtncipe , e o In-
Jaslete e tres quartos damannaay e.tez oituQm-fanteD.Jhitonio,
barque para Aldeia Gallega no feu Real Bragan- ^^^»* ctlgtms O-Ja-
•tim. Acompanhava aEI-Rey, o SeremlfimoPrint 2;i;;,ci//.^r
eipe do Brazil^ o^enhor Infaiite D. Antoiiio, e
\. os
l^o Hijioria Panegyrica dos defpoforws
1720 ^^ Criados que entao faziao afliftencia aos mefmos
Senhores. Erao : 'D. Jayme de Mcllo , Duque de
Cadaval, Eflribeiro mor ; o Marquez de Manalva^
Gentil-homem da Camara del-Rey y e que eftava
entao de femana : O Marquez de Alegrete , que
afTiftia ao Principe ,• e Ayres de Saldanha , Gentil-
homem do Senhor Infante D. Antonio. Apenas fe
mandou que vogaffe o Bragantim, foi falvado com
tres defcargas de artilheria de toda a marinha da
Cidade. Sua Mageftade > como Principe tao pio^
e rehgiofo que era, quiz primeiro buicar o melhor
norte na Eftrella do mar , vifitando a Igreja do
muito Religiofo Mofteiro de obfervantilTimas Re-
Jigiofas Defcal^as de S. Francifco ^ em que he ve^
nerada com o titulo , que mais que todos Ihe he
gioriofo de Madre de Deos. Atraveftbu depois o
Tejttj e feriao oito emeia quando tornou aem-
barcar , feguido de quinze Efcaleres , que condu-
Chega dquella ziao a famiha , que o acompanhava , chegou as
^^^^^' nove horas a Aldeia Gallega',
8 Aqui o cftava ja cfpcrando o Juiz de fdra
da Villa , que , como he eftylo , o recebeo coni
huma breve , e bem difpofta Oracao. Alli fe achava
ja tambem o Marquez de Capecelatro , Enibaixa-.
dor del-Rey Catholico ; Sua Mageftade o acolheo
com muito agrado , e entre innumerabiliffinios
Vivas , e acclama^oens do Povo , paflbu a fazer ^
Ora^ao algreja Matriz, da Invocacao do Efpirito
Santo. Quando paftbu por duas Companhias de
Infantaria doRegimento deSetuval, Ihe Hzerao
eftaS as coftumadas continencias Militares. RecO'
Iheo-fe finalmente ao feu Palacio , que fe Ihe pre-
parbu nas Cafas do Elcrivao da Camara daquella ■
yilia, Rodrigo Tavares Pacheco ,• ealiiacodio'
logo
Ji
dos Prlncipes do "Bra^il^ Livro II, 191
logo a fazer a fua guarda a pdrta , huma das refe- 1720.
ridas Companhias. Faziao Corte a Sua Mageftade,
o Padre Martiuho de Barros , e ibu Companheiro\
o Padre Antonio dos Reys , da Congregacao do
Oratorio de S. Filippe Nen : O Padre Henrique
de Carvalho , Provincial que e^ntao era da Compa-
nhia de JESUS , e Confelfor do Sereniffimo Prin-
cipe , e feu Companheiro o Padrc Gregorio Barre-
to , Confeflor do Senhor Infante D. Antonio ,• o
Padre Hypolito Moreira,- o Padre Luiz Gonzaga;
e o Padre Joao Bautifta Carboni , todos da mcfma
-R,eh'gia6 da Companhia : O Padre Fr. Marcos Pi-
nJieiro , Dom Abbade do Mofteiro de N. Senhora
do Defterro , da Ordem de Ciftcr j o Padre Joao
Antunes Monteiro , Prior dalgreja de S. NicoJao;
O Eeneiiciado Antonio Bautifla ,• o Padre Francifco
Bravo ,• e outras muitas peilbas.
9 Difpoz-fe a continuagao da jornada para A
pianhaa do outro dia , e a efte fim fe paifarao lo-
go todas as ordens. Defpedio-fe com dez tiros de
cavallos hum poftilhao para as Vendas-novas, pa-
ra a moftra que fe havia de fazer dos que EI-B-ey
levalle nos coches de fua comitiva. Aqui houve me-
fa de Eftado para os Cavalheiros que acompanha-
vao a Sua Mageflade ,• a qual conftava cie vinte e
cinco talheres, com duas cobertas da Cozinhaj e ca-
da huma com hum prato grande do meio da mela,
"dez pratos de Cozinha , dezafeis flamenguinhas,- e
a terceira cobcrta ^ conftava de fete cdrbelhas^ tres
de doce, e quatro de fruta. Vio-fe nefte dia a bene-
illca providencia dcI-Rey D. Joao em attender , de
,' que nao carecelfe de commodidade alguma , nao
j fomente o fequito que o acompanhava , feoao ain-
da tambem quaefquer outras peflbas que alli fe
achalfem*
ip2 Hifioria Panegyrica dos defpojorios
172 0. achafTem : para todas as que della fe quizeflem
fervir , mandou por abundantiiTimamenre francas,
Ucharia , e Mantearia ,• e efta mefma grandeza fe
obfervou em todo o mais refto da jornada.
lo Nefte mefmo dia oito de Janeiro^fez o Se-
cretario de Eftado Dio2:o de Mendonca Corte-
Real ao Juiz de fora de Aldeia Gallega^ efte
A V I S O.
Ua Mageftade he fervido , que Vm. manr
de foltar os prezos contheudos na rela^ao
inclufa por mim aftinada , vifto ferem le-
„ ves os feus crimes. Deos guarde a Vm. Secre-
„ taria de Eftado, 8. de Janeiro de 1729.
Diogo de Mejidon^a Corte-Real.
Ao mefmo tempo , /^^ 0 mefmo Secretarlo
de Efiado ao Cabido de Evora,
efieutro
A V I S O.
„ "^ 'K avifei a V. Senhoria , quc Sua Magefta-
;, I de hia a eftli Cidade , e agora Ihe partici-
.„tf po, que r fegunda feira dez do corrente , de
5,, tarde^ entrara ncJla ,• e como Sua Mageftade vai
„ em coche , fc ha de apear nefla Cathedral Mc
„ tropolitana , V. Senhoria fara , e mandara execu
j, tar o que em femelhantes occafioe^is fe deve fa ■ ^
zei
dos Principes do "Bra^il, Livro 11. 195
}, zer. Deos guarde a V. Senhoria. Aldeig Gallega 1720.
\n 8. de Janeiro de 1729.
Diogo de Metidonga Corte-ReaL
Tambem avifou 0 mefmo Secretario de Efla"
do dCamara damefmaCidade de
Evora , neftes termos.
V
V
V
)J
V
V
7)
)i
V
J
A' participei a Vms. que a feu tempo Ihes
avifuria , o que haviao de praticar , quando
Sua Mageflade entrafle neffa Cidade y que
fera fegunda feira de tarde dez do corrente ,• e
conio o mefmo Senhor fe nao ha de apear do co-
che y fenao junto a Cathedral Metropolitana ,
depois de Vms. efperarem a Sua Mageftade em
corpo de Senado a porta da mefma Cidade , e
de Ihe haverem aprefentado as chaves , e feito
a pratica que he coftume , paifarao junto a Ca-
thedral , para alli fazerem as ceremonias do ef
tylo , quando Sua Mageftade fe apear do coche.
Deos guarde a Vms. Aldeia Gallega ;, 8. de Ja^
neiro de 1729.
Diogo dc Mendonga CorU-Rea/.
1 1 No outro dia de madrugada houve cho-
colate , cafe , e xa, para a Familia, e para a Cortej
e pelas cinco e meia da manhaa fahio EI-Rey , co-
.,ino eftava determinado, de Aldeia Gallega para
V endas-Novas. A ordem^ da marchaj era eomo agoi-
ra deiGreveremos.- ' i^. Df, v iY: :'■'}!:•'
Bb Na
I72p.
ip4 Hiftoria Panegyrica dos defpoforios
Na frente dacomitiva, hum Tenente com huma
partida de oito Cavallos , Trombetas , e Ataba-
leiros.
O Apofentador da Corte, e feus fubalternos.
SeisCorreios deGabinete, com fuas trombctas de
pofta. •
Huma berlinda dos ConfelforeS , del-Rey , do Se^
reniifimo Principe / e do Senhor Infante D. An-_
tonio.
Huma berlinda dos Mo^os da guarda-roupa de
, El-Rey.
Duas berlindas deClcrigos, e Padres daCompa-
nhia.
Himia berlinda do Eftribeiro menor.
Tres berlindas, para o Corregedor da Corte, e FL-
dalgos da Cafa del-Rey.
Huma eftufa do Duque Eilribeiro mor.
Os coches dos Camariftas das peflbas dos Sereniifi-
mos Senhores Infantes.
Os coches de refpeito dos Senhores Infantes D. An-
tonio , e D. Francifco.
Hurfna eftufa de relpeito , que jjiandou a Senhora
Infanta D. Francifca.
Huma eftufa de refpeito ao Senhor Infante D. Pe-
dro.
Huma eftufa de refpeito ao Senhor Infante D.
Carlos.
Huma eftufa de refpeito ao Sereniifmio * Principc
do BraKil.
Hunia eftufa de refpeito de El-Rey.
Louren^o Galvao, Eftribeiro mcnor deEi-Rey,
acavallo.
Hum coche da Peffoa de EI-Rcy , e Suas Altezas.
Seis mocos da Eftribeira atraz do dito coche , aca-
vallo. Qua-
dos Principef do BrazM , Livro IL 195
Quatro eftufas , em que hia a Camara de Siia Ma- 1720.
geftade.
Huma feje para Manoel Vieira ,• Cirurgiao.
Duas de referva , para El-Rey.
Mais tres fejes ricas de refervs , para El-Rey , e
para o Principe.
Quatro cavallos de mao , para Ei-Rey
Dous, para o Principe.
.Huma feje de referva , para o Duque Eftribeiro
mor.
'Hum cavallo a deftrd , para o mefmo Duque. *
O Capitao de Cavallos Jofeph Bernardo de Tavo-
• ., ra, com a guarda da Cavallaria.
^K^a-Giiarda da Cavallaria,
Uma feje , em que hia o Padre Luiz Gonza-
ga j da Companhia de JESUS ,• Mejire de
El-Rey D. ^oao ,• mais feu Companheiro.
Huma do Padre Thomas Feio , e Pedro Antoriio
Vergoiino.
Huma de Antonio Rodrigues da Paz j BUrbeiro
dcl-Rey y e outro Criado. '>■?"■: '
Cinco , de Copeiros menorcs , e Officiae^ que pre-
ferem aos Mo^os da Camara.
Defanove, eni que hiao os Mocos daCamara.
Huma do Cirurgiao Ifaac Eliote , c feu Ajudante.
Huria do Arquite6lo Joao Frederico, efeu filho
Joao Pedro LudoviGe.
Tres fejes de Capellaens , e Acohtos:
i Duas dos Porteiros daCamara.
Huma do Ar<^uite6k> Antonio Canavaro, e leu
Ajudantc- • .
Bb ii • Huma
I p.^ Hiftoria Panegyrica dos defpoforios
1729. Huma feje,em quc hia Manoel da Maia; Meflre do
Sereniljjmo Prmcipe do Brazil^ e Jofeph da
Cruz y Sargento mor.
Huma, em que hiao os.dous Leigos Companheiros^
hum do ConfelTor do Sereniifimo Principe , e
outro do Padre Luiz Gonzaga., Mefire del-Rey.
Huma dos Medicos Jofeph Rodrigues Frocs , e
Jofeph Rodrigues de Avreu.
Huma.do Algebrifta Eftevao Galhardo, eFehsPe-
reira.
HuiAa , com Diogo Luiz Xeitao ,• Efcrivao da
Cozinha.
Huma, com Joao Bautifta de Moura; Mo(;o da Ca-
fa dos arreios.
Cinco fejes) em que hiao os Oificiaes da Secretana
deEftado.
Huma dos Boticarios , Manoel Efteves ;, e feu Aju-
dante. •
Huma com Louren^o de Anveres ^ Bagador das
Caval/arifas.
Huma fcje , eni que hiao Bernardo Ferreira, e Jo-
feph da Cofta, Repofteiros particulares.
Humaycom Pedro daCofta, e outra peftba.
Huma, com Joao Teixeira, eFrancifco Pcdrofo.
Huma, com Diogb Gomes Peixotoj Tkefoureiro dct
jornada.
Huma , com Maximo da Silva , Repofteiro parti-,
cular , e outra pelfoa.
puas , com as Lavandeiras.
Duas Galleras, com a guarda-roupa del-Rey , e do
Sereniifimo Principe.
Huma feje , que fe deo ap Cozinheiro mor.
Huma feje de referva , para aJguns acafos.
yinte e feis cavallos de maoj para Kl-Rey, Princi-
p^, elnfantesv Tres
dos Princlpes do "Bra^iU Livro II. 197
Tres fejes , que ficarao atraz , e fe derao ; huma 1729.
para Ayres da Cruz ,• outra para o Alfaiate Ma-
noel Antunes , e feu filho ,• e outra do Serenif-
fimo Senhor Infante D. Antpnio , que fobejou,
e foi de valuto.
12 OuvioSua Ma^efiade Milfa em N. Senho-
ra da Atalaia pelas fete e meia ; daqui profeguio
feu cammho ate os Pegoens , difi:antes cinco le-
goas de Aldeia Gallega. Aqui mandou fazer Sua
Mageflade huma cafa magnifica , para fazer ako,
e jantar. Havia nella accommoda^oens para as pef-
foas Reaes , para Damas , Criados , e Criadas ;,
cavallaricas , e pajheiros ,• e de muito longe fe con-
duzio agua , e fe fez hum tanque para beberem as
cavalgaduras. Aqui chegou El-Rey aos tres quar- ^*^^.^^, '^^"■^O'
tos para a huma. Pouca foi a detcnca que aqui fez: ^
comeo-fe de pe ,• e pela huma , mudando de ca-
vallos , fe continuou a marcha para Vendas-No- Palacio das Ven-
vas. Aqui , a onde chamavao a eftalagem del-Rey, ^^^-Novas,
difi:ante da Corte de Lisboa onze legoas , e oito •
de Aldeia Gallega , e que por nao poder fervir pa*
ra a obra que fe premeditava, fe demolio ate os fun-
damentos , fizera Sua Mageftade edificar de pro-
pofito phra efiaoccafiao , hum oftentofifTimo Pala-
cio, -cuja plauta temos nanofiTa mao. Nellever-
dadeiramente , aflim triunfavao os ultimos esforgos
do fummo da opulencia , como os ultimos da
maior valentia da arte. Ja mais ficou a arqui,te-
ilura mais gloriofa. Entre os fete milagres que ad-
mirou o mundo , envergonhara-fe eile de failar no
Palacio de Cyro , fe tivefl^e eftoutro a vifl:a.
13 Foi .admira^ao , que dentro de tao pouco
tempo , fe executaife hum tao maraviliiofo artefa-
ipS Hifloria Panegyrica dos def-pofonos
1720. ^^ i em que havia infinitas perfci^oens ; e magni-
ficencias que admirar,- pofto que eftes afix)mbros
deixavao de o fer, logo ) que fc fabia^ que era o fu-
perior influxo del-Rey o primeiro mobil , a quem
cediao , como fe nem fofi^em difficuldades ^ os
maiores impofiiveis. Tao cofl:umada eftava a fua
inerrififtivel grandeza a triunfar de todo o gene-
ro de obftaculos. Ennobrecia-fe com pinturas dos
primeiros pinceis , com arma^oens riquiirunas., e
com tantas commodidades , que ate chegavao a
exceder a mefma imaginacao.
14 Foi deftinado para Superintendente defta
obra, oCoronel, Jofeph da Siiva Paes e Vafcon-
ceilos , attenta a fua grande capacidade , e pericia
na, Arquiteclura ; a quem,peIo miiito que fe diftin-
v^i7,.Vv^.gu^Qi gj^ fervir nefta occafiao a Sua Magcftade,
icz gra^a o mefmo Senhor de dobrar-lhe o Soldo
de Coronei*, de que le utilizou ate cinco de Ja-
neiro de 1735. em que o mefmo Official ;, palfou,
coni patente de Brigadeiro de Infantaria , ao Rio
• (dejaneiro, como Governador daquella Capita-^
nia. A fim , pois , de dar execu^ao as ordens , que
Ihes haviao fido impoftas, paftbu as Vendas-No-'
vas o mefmo Jofeph da Silva Paes e Vafconcellos,
€om .0 Arquitedo Cuftodio Vieira, e com o Meftre
da obra , e officiaes de Carpinteiro , e Alvenaria ,>
e com o Thefoureiro, e Efcrivao da receita , e def^
peza da mefma obra. Era o Efcrivao, Joao Ferrazy
quc ficou por Almoxarife domefmo Palacio dasi
Vendas-Novas-, e a quem Sua Mageftade honrot*
com patente, e Soido de Capitao de Cavaiios. '' r
15 Mandarao-fe vir de Lisboa , e de toda a^
Provincia 6 grande nimiero de Officiaes, de que ca-
recia huma obra de tanta mageftade. Occupavao-
dos Principes do "Bra^it, Livro II. ipp
fe nella de ordinario, nao fallando cm pintores , T720
ferreiros , antalhadores > e enfembladores , mais
de quatro centos homens : havia quinhentos fer-
ventes , e occupavao-fe mais nefte miniflerio qua-
tro centos Infantes. Alliftirao tambem trinta Sol-
dados de Cavallo > Commandados por hum Tenen-
te, o que fe julgou conveniente , c precifo para a
melhor expedi^ao , e diftribui^ao das ordens , e
diligencias , que podiao occorrer. Na conducao
da pedra para alvenaria, que fe trazia, ao menos, de
tres legoas de diftancia, andavao para cima de
quinhentas carretas, nao fallando em outras fm-
gelereiras , occupadas no traniporte de cal , vigas,
taboados , cantarias , tijolo , reUia , cavilhas , fer-
ragens , e todos os outros mifteres , em que tam-
bem fe occupavao , para cima , de duzentas beftas.
Conduziao-fe todos eftes materiaes de dez , doze ,
e quinze legoas de diftancia. Abrirao-fe em diffe-
rentes partes , novas caeiras , e fornos de telha , e
tijolo de mais, do que eftavao paft"ando quotidiana-
mente de Lisboa.
i6 Trabalhava-fede dia, e de noite ,• e nos fe-
roens, fe chegarao a gaftar , mais de dez mil archo-
tes. Corria , a menos de meia legoa de diftancia
o Palacio , huma bica de mais de huma telha de
gua de beber , c alli havia hum tanque tao eipa-
i^ofo , quc nelle podiao beber de hum ja6lo , fem
algum eftorvo , feft^enta cavalgaduras. Junto do
gimefmo Palacio, havia hum po^o com fua bomba,
^■que dava agua para a fua cozinha , e para toda a
ra. Difpendeo-fe , aflim neftc augufto Palacio,
:omo na grandiola Cafa , que ja dift^emos , fe R-
era nos Pegoens , com differenca pouco lenfivel, " .
um. milhao de cruzados. Deo-fe concluido por
todo
2 00 Hijloria Panegyrlca dos defpoforws
1720 ^^^^ ^ "^^^ ^^ Dezembro o opulentiflimo Palacio
das Vendas-Novns : fo nao pode caber no tcmpo,
acabar de por a ultima mao em alguma pequena
por^ao _, que ficou por repartir^, em defcnho, o
que era circunftancia de tao pouco momcnto , a
vifta do que avultava todo o mais refto do corpo
da obra , que a penas fe fazia ; ou nao fe fazia per-
. ceptivel.
1 7 Tinha efta grande Cafa , com pouco notar
vel differenija , mil fetecentos e vinte palmos de
frente , e fetecentos e quarenta de fundo. Scrvia
de frontifpicio a efla grandeza huma grande por-
ta , que bem dava a indicar as grandezas que del-
la para dentro fe continhao. Offerecia-fe logo a
viffa a efcada principal , diflribuida em tres ordens.
Logo fe encontrava huma efpa^jofiffima Sala dos
Tudefcos. Havia fete quartos de tres cafas cada
hum , mui ricamente adere^ados para a acconimo-
da^ao do EminentifTimoCardeal, Nuno da Cunha,
€ Ataide , e do Senhor Patriarca D. Thomas des
Almeida.' Pelo que refj^eitava ao eflado do Screnif^
fmio Principe do Bra^zil , e da Senhora Princeza
das Afturias , tinha cada hum deffes dous Senho-
res , nefl:e luzidiffimo Palacio , Cafa de docel , ga-
binete , e camara. As Of?icinas , e tudo raais per-
tencente ao fervf^o da Mageftade da Senhora Rai-
nha , cahia para a parte efquerda do Palacio. Ti-
nlia huma cozinha particular muito magnifica. Ha-
via quadras mui ricas , para as Barredeiras , Acaf"a-j
tas , e Damas , que tinhao tambem huma muil
pompofa do feu tineio , e huma . portaria , em quej
fenao via mais que efplendor , e nqueza. A cafal
do feu Oratorio , e a fua Sacriflia, tudo era a mef-;j
ma pompa, a mefma decencia. A fua Cafa de dor
ceJJ
dos Principes do "Bra^ll, Livro II. 2 oi
cel , antecamara, camara , e gablnete , tudo fi- 1720.
cava fomente inferior a fua Real grandeza.
i8 O que dizia refpeito ao fervi^o del-Rey, fi-
cava para a parte direita do Palacio. A fua Cozi-
nha f era o centro do mais cxquifito, e mais gran-
diofo. Tinhao os Cofmheiros alojamentos , e ca-
fas de tinelo mui opulentas. As cafas das fenradas,
e das maifas , o fogao dos affados , as chamines
dasolhas, e dos guizados , tudo cra afleio , abun-
dancia, e magnificencia. Excede , nao fo as expref
foens , mas ate a mefma imagina^ao o rico, e pre-
ciofo da fua Ucharia , e Mantearia. Os alvergues
dos Efcrivaens de cozinha , erao mui dignos de
hofpedar grandes Principes. Na cafa da prata, po-
dia fer queflao fe era mais preciofa , pelo que en-
thefourava , ou pelo muito que nella fe havia dif-
pendido. Cocheiras , cavallari^as , e cafas de ar-
reios ;, tudo refpirava luflre , pompa , e magnanimi-
dade. A cafa da cera , e do Guarda cera , nao ne-
celTitava de mais luz para fc enobrecer , do que
ver-fe. ta6 rica , e honrada. Os Camariflas, e mo-
^OidaCamara, todos tinhao habita^oens tao de-
corofas , que fora aggravallas querer defcrevellas
com penna tao rafleira. As faletas dos Porteiros ,
as cafas de paflagem , a fala commua da Corte , e
a cafa dos veflidos , pareciao o centro da mefma
admira^ao. O Oratorio , e Sacriflia de Sua Magef^
tade, que era,affim como o outro, de talha excel-
lente , e dourada , parecia hum mappa do mefmo
Ceo. Finalmente a cafa do Docel , antecamara ,
camara , e gabinete de Sua Mageflade , erao as ©
quadras , que mais fe approximavao a fer digna es-
tera de tanta foberania.
19 Fora prolixidade continuar a defcrever as
(Jc cafas
!262 Hiftoria Panegyrica dos defpoforios
172 0, ^^^^^ ^^^ criados da Cafa, dos criados dos Cama-
riftas , as dos mogos da Mantearia , e das Cavalla-
ri§as ; os muitos pateos de gado , e em que cahja
a agua dos telhados , os pafieios dos cavallos, cor-
redores, ferventias, paffagens, fetrinas, efcadas,
janellas , faguoens, palheiros , cafas de lenha , e
carvao , fornos , e mais officinas defte grande Pa-
lacio. Ellas mereciao toda a individuaijao , por-
que nao havia parte nefta grande obi.a , quc fe
pudefle dizer humilde j mas toda efta grandeza
melhor a percebe 6 conceito , do que a pode refe-
rir huma penna , muito menos aquella tao inculta
com que recommendamos a pofteridade efta tao
gloriofa memoria. Defculpe-nOs de mais expref-
focns , dizer , que foi tal a grandeza defte Palacio,
-que nelle fe puderao hofpedar Suas Mageftadcs,
jE Altezas, e todas as Reaes Familias mui commo-
damente , quando fe reftituirao a Lisboa ; commo-
didadc efta, que nao puderap achar na grandeCi-
dade de Evora.
20 Partio de Madrid oAbbade Mbngonc a
obfervar o applaufo , com que a Corte de Lisboa
-recebia a Sereniftima Senhora Princeza do Brazil.
Ha^-^ndo pernoitado no Palacio das Vendas-Novas,
no outro dia, antes de partir, pedio ao menciojiado
Coronel Jofeph da Silva Pies e Vafconcellos , que
Jhe fizeife ver muito individualmente aquella gran-
de obra. Condefcendeo com os feus rogos aquelle
Official : ficou elle cheio de admira^ao, e pergun- •
tou ;, quando fe bavia principiado ? Quando ouvio,
o que.nao havia excedido hum tao rrtaravilhofo ar-
tefado os nove mezes , ficou ainda mais admira-
do , e tornou a perguntar , fe quando fe Ihe dera
principio eftavao prontps todos os materiaes. Co-
mo
• dos Prindj)es do "Bni^Jly Livro IT. 205
ino ouvifTe) que naquelle fi tio , nao havia mais 1720.
-que agua , e que tados os miileres da obra fe con-
duziao de diftancias tao grandes, como ja deixa-
nios apontadoj inftou : quc, como era polfivel, que
dentro de tao breve tempo _, fe executalfe hum
edificio , que podia fer primeiro , do que o pri-
meiro dos fete, que fe chamarao milagres do mun-
do ? Fez-fe ( ihe tornou Jofeph da Silva VaQs) por
qnerer Stia Mageflade , que fe fizejje. El-Rey de
Portugal ( concluio entao o Abbade Mongone )
atiada aju grandeza yla de hazer milagros. Mas
xjuemuito be, que o Palacio de Vendas-Novas
cnchelle dc admira^oens aquelle Ecclefiaftico , fe
o que he mais , ate mereceo as atten^oens de hum
animo tao grande , generofo , e augufto , como o
de El-Rey D. Joao! Sirva ifto do feu maior elogio.
Quando Sua Mageftad-e o vio a primeira vez, che-
gou a confeftar com alguma efpecie de admira^ao,
que fe havia feito muito mais, do que elle fe havia
perfuadido , que fe fizefle.
21 Chegou pois Sua Mageftade a efta nova , CUga El-Rey ao
c oftentofiifima Cafa , pelas quatro horas da tarde: ^a^^Sovts!
vio-a toda , e as fuas Officinas ; e como ainda fe
trabalhava nellas , as fez por no fcu ultimo eftado
de perfeii^ao , breviftimamente. Aqui viera<6 cum-
primentar a Sua Mageftade , em nome do Cabido,
Jofeph Correia Chaves Corte-Real , Deao da Se /
de Evora , a cuja Diecefi he ja pertencente aquel-
le fitio de Vendas-Novas,- o Chantre , LuizdeSa
e Silva ,• e os Conegos, Sebaftiao de Mira, e Ina-
cio Francifco de Caftro .- todos Dignidades da
mefma Cathedral. Ouvio-os El-Rey com grande
atten^ao , e aftabilidade , e pouco depois ao Bifpo
de Patara D, Fr. Jofeph de JESUS MARIA, da
Cc ii Ordem
204 HiftoriaFanegyrlca dos defpojorios ■
l^2Q Ordem dos Pregadores, que aquelle tenipo refidia
na mefma Cidade de Evora. Recebeo-o Sua Ma-
geftade com particulares demonftracoens de agra^
do^ erefpeito, de que as muitas virtudes ciaquel-
le Prelado_, fe faziao muitas mil vezcs benemeri*<
tas. Nefta noite, deo El-Rey mela de Eftado. Conf-
tava de trinta e hum talheres , duas cobertas da
Cozinha , e huma de fruta , e doce j do modo que
fe praticara em Aldeia Gallega.
Parte aRaitiha 22 Nefte mefmo dia fahio com aSerenillima
'das jjuriaf% 0 Pnnceza das Afturias, e oSenhor Infante D. Pedro
Infante D.Pedro, do Palacio de Lisboa pelas fete da manhaa , a Sere-
de Ltsboa. aiilTima Senhora Rainha D. Marianna de Auftria.
Acompanhavao-na os Officiaes , e Criados da fua
Caifa ;, Camareiras mores , Donnas de honor , e
Damas nosmefmos bragantins, e efcalereS;, em quc
El-Rey havia palfado. Foi , como elle, falvada,-
Defemharca , pa- e fzvtmdo pelo Tejo acima, forao demandar o
T^mjieirna Mofteu-o da Madre de Deos. Eftava E^pofto nelie
Madre de Deos. o SantifTimo , e o Padre Carlos Gallenfels da Com-
panhia , ConfefTor da mefma Sereniffima Rainha,
diife Milfa no Altar da Senhora. As Religiofas,
cantarao com a fua coftimiada devo^ao , a Ladai-
nlia Lauretana. Ao fahir Sua Mageftade da Igreja,
foi cumprimentada pelo Cardeal da Mota , e accla-
mada com infinitos , e incelfantes vivas do nume-
rofiffimo concurfo , que alli concorrera.
Torna a embar. ^ ^ Embarcou Sua Mageftade , e chegou a
Gallega , aonde Aldeia Gallega pelas onze do dia. Efperava-a no
chega, ehe rece- Caes todo o Senado da Camara daquella Villa, c o
btda, Marquez de Capecelatro , de quem foi cumpri-
mentada com os coftumados cortejos. Alli a efta-
vao tambem aguardando os coches para a fua Pef- i
foa , € Familia. Logo que defembarcou, paflbu a
fazer
dos Prhicipes do "Brai^il^ Lhro II. 2 05
fazer Oragao na Igreja Matriz do Efpirito Santo , 1720.
recebendo dos Soldados das duas Companliias da
Infantaria , que tinhao vindo do Rcgimento de
Setuval , as collumadas cortezias y e ceremonias
Militares. Rccolhida ao Palacio , cntrou de guar-
da a porta delle , huma das referidas Companhias,
e na varanda meteo outra guarda j hum corpo de
mo^os do montc. O Tenente Coronel Luiz Garcia
de Bivar, ficou aqui em Aldea Gallcga por or-
dem , que para iflb teve do Duque Eftribeiro mdr,
para a expedi<^a6 das carmagens da Rainha , e pa-
ra ir acompanhando-a.
24 No outro dia dez do dito mez , partio EI- ^^^'^^ El-Rey de
Rey do Palacio das Vendas-Novas para Evora , ^'"^^'-^o^^''
pelas tres da manhaa. Pelas oito come^ou a cho-^
ver , e em todo o dia nao ceflbu j que chuvas , e
frios , que fizerao a quadra brumal dcflie anno fum-
mamente rigorofa , p.arece que fe haviao apoftado
em defraudar da maior parte do feu luftre efta ac-
^ao. Nao faltarao pennas , e mui eruditas , que
agora pintaflem transformada em primavera a mef
ma implacavel efl:aca6 ,• mas a feriedade da Hiflo-
ria, he incompativel com eftas Hfongeiras , e hyper-
bolicas exaggera^oens da Poefia. Pareceo milagre
poderem as carmagcns , e fejes defencalhar dos
grandes lama^aes , e atoleiros que a cada palfo
havia , o que de madrugada fe fazia mais afpero,
e invencivel. As ribeiras , que era ncceflario va-
dear , ei:a6 muitiflimas , e engrofl^adas ,• agora com
tao grandes invernadas , as fuas correntes fe mof
trava6 nao menos rapidas , e enfurecidas , que
opulentas , e caudalofas.
25 Seriao dez horas quando EI-Rey chegou a ^^^g^ a Monte-
Montemor 0 novo. Efla Yifla , gloriofa patria do ''"'' ' '"'^^
noflb
' 2 o6 Hijforia Fanenfwa dos dejpojorios
17-29, iiofTo grande Portuguez S. Joao de Deos , eftava
agora rica _, e luftrofamente condecorada. Fizerao-
ComorecebeaEU ^^^\^i^os arcos trjunfaes , com bcm excogitadas
Rey cfla Villa. ideias , e clegantiiTinias infcripcoens , tudo em ob-
fequio dos feliciflmios defpoforios de Suas Magef-
tades , e Altezas. As janellas eftavao todas pom-
pofamente ornadas de cortinas dc feda, em applau-
fo de tao foberano triunfo. Nao efperou o Sena-
do da Camara , que chegalle El-Rey : foi bufcai-
lo ao caminho , e logo que fe aviftou com Sua iVla-
geftdde , Ihe fez o Juiz de fora huma breve y mas
cruditiffima Oracao,
26 Ouvio Sua Mageftade Miffa na Igreja do
referido Santo , e fazendo aqui mui pouca deten^
\ Pane dellapara ca , logo paifou para Evora. O Governador defla
Cidade ,• o Senado da Caniara ,• o Cabido , e Re-
ligioens y tudo fe empenhou , parcce que a com-
pet^hcia, nos applaufos do recebimento dc Sua
Mageftade. Toda a Cidade eftava. cheia de arcos
triunfaesj asjanellas, e paredes ricamente orna-
das ; as fontes alinhadas , e affeadas,tambem coni
Como herecebido fuas armacoens , e letras niui difcretas. Sahirao
naqnella Cidade. ^^^^ ^-^^^^^ ^ ^ diflancia de hum quarto de legoa,
como era ordem de EI-Rey, a recebello, os Titulos
que fe achavao na Cidade , aonde chegou pouco
antes de noitecer , com toda efta elplendida comi-
tiva. A' entrada da Cidade, apearaorfe os mo^os
da Eftribeira ; e os Soldados da Guarda Real,fem
alabardas , commandados por feu Capitap o Con-
de de Pombeiro , fe formarao em duas alas. O Ca-
bido recebeo a Sua Mageflade , pelo modo que fe
pratica , e com Te Deum , que fe entoou a propor- :
^ao do dia. Entrou pois naquella Pra^a, que o re-
cebeo com huma falva Real de tres defcargas dc
arti-
dos Frincipes do Brai^il, Li^uro II. 2 07
artilheria , cumprimcnto Militar , que outr^s ve- 1720.
* zes fe repetio. Por dentro fe recolheo o niefnio
Senhor ao Palacio da Mitra , preparado ao mefmo
fim , com a mais extraordinaria grandeza. Toda a
>i"obreza da Cidade, veio cumprimentar a El-|Ley,
que a todos metia no cora^ito com a fua afFabili-
dade. Ncila noite houve mefa de Eftado , como
nas noitcs precedentes.
27 Pelas quatro da manhita deftc m.efmo dia,
partio a Serenilfmia Rainha de Aldeia Gallega. ^/^'i^,,^. ^J^^"^^
Come^ou iogo elta oenhora,, que nao cede em pie- ga^paraVmdas'
dade, nao jomente as Rainhas mais Catholicas,, e NQvat.
Santas que tem florecido nefte pleynoj, fenao em
todo o Univerfo mundo Chri^o , a repartir nefta
jornada innumeraveis cfmolas pGi^os Conventos, e
Mofleiros das Ordens Mendicantes , e pela pobre-
za das Cidd:des , Villas , e lugares por onde hia
palTando.
28 A fua comitiva era , a que agora diremos:'
HUm Tenente , com huma pan:ida de oito Ca-
vallos, e dous Trombetas.
Seis correios de Gabinete , com fe^us Trombetas
de pofla.
Tresfejes, em que hiao feis M09OS daCamara.
10 coche do Eflribeiro meiior , ejn que hiao o Por-
teiro da Camara , os Companheiros dos Padres
Confeffores , e o Medico Joao Valentim Kau*
pers.
O coche dos Veadores da SeremiTima S.enhora
Princeza , e algum iMogo fidalgo.
puma eflufa do Eflribeiro mor , e Mordomo mor
da mefma Senhora.
0 coche dos Veadoresj e CojafefTor 4? Senhora
1
172?.
1 o8 Hiftorld panegyrica dos defpoforios
Rainha D. Marianna de Auftria. j^v M
O coche dos mais Veadores da mefma Senhorar" 1
Huma eftufa do Eftribeiro mor, e Mordomo mor
da mefma Senhora.
Huma eftufa de reipeito a Sereniflima Senhora
Princeza.
Huma eftufa de refpeito a Senhora Rainha.
Joao Xavier , Eftribeiro menor da mefma Senhora, ,
a cavallo.
O coche da VeiToa. da Sereniftima Senhora Rainha, ,
e Suas Altezas. '
Seis mogos da Eftribeira , montados a cavallo. |
Huma eftufa das Camareiras mores , e Donnas de
honor.
Cinco eftufas de Damas.
Sete eftufas de A^afatas.
Tres eftufas de vacas , em que hia a Camara da
Senliora Rainha.
OCapitao de Cavallos, D. Antonio da Silveira
e Albuquerque , com a guarda da Cavallaria.
Os mo^os do Monte , a cavallo.
Tres fejes de referva para a Senhora Rainha , Ca-
mareiras , e Donnas.
Huma feja rica de referva da Senhora Rainha.
Vinte e nove fejes de Damas , e Criadas das Se-
nhoras , Rainha , e Princeza.-
Huma feje doGuarda Damas.
Tres de Capellaens.
Onze deCIerigos.
Oito de Muficos.
Duas dos Porteiros da Canna.
Huma , em que hiao o Cirurgiao Joao Henriques
deUVitte, e feu Ajudante.
Cinco gaieras , que conduziao a§ alfaias mais pre:
f ciofas. Dozd
'i
dos Frincipes do "Brai^iU Liuro IL 109
Doze carros matos , que fervirao do mefmo. j ^2 o.
Vinte andas com o fato da SerenilTima Senhora
Princeza.
Huma partida de oito Cavallos, com feu Cabo.
29 Foi a SerenilTima Senhora Rainha ouvlr
Miifa a N. Senhora da Atalaia , de donde paiTou
iaCafa, queja dilfemos, dos Pegoens, aonde jan-
tou. Mudando aqui de cavallos,profeguio-fe ajor-
nada para Vendas-Novas. Apertou nefte dia a
chuva com todo o exceflb, alagando os cami-
nhos , e deixando-os intrataveis para fe poder con-
tinuar 'a marcha , que fem embargo de tanta con-
tradic^ao , fe n^o interrompeo , profeguindo fem-
pre do melhor modo que foi poffivel.
30 Chegou Sua Mageftade , e Altezas , com Chega a Rahha
afTaz incdmodo , as Vendas-Novas. Era ja muito '^^^"^'^■^"^**^^"''*
de noite ^ porque os urcos fatigados de tao repe^
tido , e defacoftumado trabalho , haviao canfado,
e nao obftante a providencia do Tenente Coronel
Luiz Garcia de Bivar , que acodio com outro tiro
"de urcos ,• huns , e outros nao baftarao a vencer
tanta difficuldade. Por efte motivo tornarao os
Veadores para os Pegoens , aonde entao pernoi-
tarao. Canfarao tambem as cavalcraduras de tres
fejes , huma de Cfiados , e d;uas de Muficos. Oc-
correo o Tenente Coronel Luiz Garcia de Bivar
aremediar, e remediou, eftafalta, acodindo lo-
go com outras. O trabalho que as mefmas .cavalga-
duras havia fupportado , era tao immenfo , que
I jiefta noite morreo hum grande numero ,ddlas,aqui
^ni Vendas-Novas.
3 1 Nefte Polacio fjzerao duas Comipanhias do
IKigimento ^ Setuyal,, gwarda a/Sua Mageftade,
P| Dd que
<
X729'
210 Hijloria Panegyrlca dcs defpoforws
qiie deo dez moedas de ouro de quatro mil e oito
centos cada huma, a partida da Caval]aria,que def^
de Aldeia Gallega a viera atelli acompanhando.
Pelas nove da noite chamou a Senhora Rainha ao
Tenente Coronel Luiz Garcia de Bivar , para Ihe
dizer , como difle , que eftava de animo de conti-
nuar a fua marcha pelas duas da madrugada. Ref
pondeo elle , que o trabalho daquella tarde havia
iido tao fummamente grande , e que a efte accref-
ciao tantas outras circunftancias , que deixavao in-
teiramente impoflivel a execucao daquelle Real
proje(5I:o. Tornou a inflar a Senhora Rainha , fe
Ihe parecia impoflivel poder ella continuar a fua
jornada ? Parece-me impoflivel , ( refpondeo elle )
e por muitas razoens.
32 Primeira j porque ficao muitas carruagens
atrazadas de Veadores, Muficos, eCriados, que
nao podem chegar aqui fenao a manhaa, ja muito
de dia. Segunda ,• porque a inclemencia do tempo
continua com todo o exceflx) que V. Mageflade
efta vendo , e o caminho que temos daqui a Mon-
temor , he o peior que nos efpera , pcios muitos
atoleiros, ribeiras , e maos paflbs que nelle ha, e
do que eu , pelo bom conhecimento que tenho
do paiz , eftou bem certo. Por todas eftas , e ain-
da por muitas outras razoens , fou de parecer, que
V. Mageftade nao deve querer entrar em hutn
perigo tao grande , que tal vez nao pode fer ven-
•cido por for^as humanas. Com ifto fe accommo-
dou a Sereniflima Senhora Rainha , e Luiz Gar-
cia Ihe advertio decaminho, que Sua Mageftade
fe dignafFe expedir ordens ao Juiz de fora de
Montemor o novo , para que fizefTe cegar os ato-
leiros , apJlainar as quebradas, econcertar os cji-
minhos
. dos Prhicipes do Bradl^ Livro 11. 2ir
minhos , o que tudo brevifTimamente teve effeito, e 1720.
nao foi de pcquena utilidade pam fe poder profe-
guir mais commodamente aquella marcha. Teve o
mefmo Tenente Coronel a providencia de mandar
conduzir pelo Coronel Jofeph da Siiva Paes e Vaf
concellos , grande numero dejuntas de bois para
tirar^ nos paffos mais arrifcados , as fejes qUe fe
encravaffem nos atoleiros , trabalho , para que erao
' menos proprios os cavallos , que nao o vencendo
commummente , fahiao dalU como inuteis , bu ef-
troupeados. . ;
fr:j3^ Suppofto que a Sereniflima Senhora Rai-
nha havia de retardar-fe.aqui no Palacio deVen-
das-Novas aind^-no dia feguinte , datndo lugar a to-
das eflas diligencias tao inexcufaveis para aprofe-
cufao dafuaReal viagem , expedio nefta mefma
noite hum poftilhao , com avifo a EI-Rey de todas -
eftas novidades. Nefte mefmo dia dez, partio o Se-;
nhor Patriarca paraElvas, para deitar as ben^aos
Dupciaes ao§ SerenilTimos Principes do Brazil. Che-
garao os coches da comitiva da inefma Senhora ,
que haviao ficado nos Pegoens, a Vendas-Novas,
e aqui ficarao efperando a partida de Sua Magef^
tade. Sucedeo paflar por Vendas-Novas, com dous
Efquadroens , que conduzia paraEvoria, o Conde
de Obidos ,• e depois de os mandar formar em fren-
te do Palacio , implorada venia da Senhora Rai-
nha , foi feu caminho. Na tarde defte mefmo dia,
em que Sua Mageftade deo audiencia ao Cabido
de Evora, foi depois corn o Sereniifirho Principe D.
Jofeph , e o Senhor Infante D. AntQnio,.mui parti-
cularmente ao CoIIegio da Companhia de JESUS.
El-Rey, QPrincipe, eplnfante D. Antonio (o-
rao a Igreja .dos Padres Jioios, Padroado dos Du-
Dd ii ques
5l2 Hi/loria Panegyrica dos defpoforios
1720» ^^^ ^° Cadaval , a langar agua benta aos Duques
D. Nuno, cD. Luiz Ambrofio, filho do primei-
ro, emcuja fepultura mandou El-Rey aosReli-
giofbs da Cafa, recitar , como com toda afolem-
nidade , e devogao recitarao , hum Refponfo ,• hon-
ra efla j porque o Duque Eftribeiro mor D. Jayme
de Mello , beijou logo depois a mao a Sua Ma-
geflade. Nefla noite tornou a haver mefa de Ef-
tado.
34 A doze foi Sua Mageflade aoCoIIegio, e
Univerfidade daCompanhia de JESUS.Correo-o to-
do, e no N oviciado ouvio o CoIIoquio, que fez hum
Parte a Ralnha Novigo, ao Menino Deos. Nefle mefmo dia fahia
deVendasiNovas. ^ SerenifTima Senhora Rainha D. Marianna de
Auflria do Palacio de Vendas-Novas pelas quatro
horas da manhaa. Chegando a Montemor pelas
dez,' vifito^ a Cafa, em que nafceo S. Joao de
Deos , e aonde efperava a Sua Mageflade , e AI-
tezas , o Marquez de Capecelatro , Embaixador
Ordinario de Sua Mageftade Catholica. Aqui ouvi-
rao Mida ,• e paffando depois a Cafa da livraria da-
qiielle Convcnto , nella jantarao. Mandou Sua
Mageftade diflribuir cinco moedas de ouro pelos
pobres da terra , e poz-fe logo a caminho para
Evora. Nefle mefmo dia chegou hum exprelfo da
Marquez de Abrantes, por onde fazia faber aEi-
Rey , que Sua Mageftade Catholica chegaria a
dezafeis defle mez a Pra^a de Badajoz. De tarde
fahio publicamente o mefrno Senhor , a efperar , e
receber a Senhora Rainha.
35 Meia legoa antes della chegar a Evora, fa^
hirao a cumprimentalla ao caminho, cinco Conegos
do Cabido daquella Cathedral. Pouco mais adian-
te come^avao a difcorrer em forma dous bata-
Ihoens
dos Principes do "Bra^ly Livro II. 2 15
ihoens de Infantaria , e outros tantos Regimentos 1720
"de Cavallaria. Seguiao-fe logo os Titulos , que ef
tavao erperando nos feus coches. El-Rey , o Sere-
; niiTimo Principe do Brazil , e os Senhores Infan-
^ tes D. Francifco , e D. Antonio , efperavao a mel-
ma Senhora no largo do chafariz das Bravas.
36 Quando ella chegou , era. ja muko noltQ. Cbega a Evffra.
Concluidos os coftumados cumprimentos , paflbu a
Rainha para o coche del-Rey , em que fe meterao
tambem o Serenilfimo Principe do Brazil , e a Se-
reniflima Princeza de Auftrias ; os Senhores Infan-
tes fe embarcarao em outro femelhante. A' imita-
^ao do Conde de Pombeiro , e D. Franciico de
Soufa , CapitaenS da guarda , tomarao Juzes os
mogos da Camara , e os Archeiros, para allumiar a
Suas Magefl:ades , e Altezas. Quando eftas entra-
rao na Cidade , forao recebidas com repetidas fal-
vas de artilheria , e forao apear-fe finalmente ao
adro daSe.
37 Ldgo que fe poz termo as coflbmadas ce-
remonias do Governador , e Senado da Camara,
eftava ja o Cabido efperando as Mageftades , e AI-
tezas com pallio. Entrarao ellas na Igreja , e aflii^
^rao ao Te Deum , que fe cantou folemniflima-
mente. Recolhidas depois ao Pa^o , alli concor-
reo a Jerarquia Ecclefiaftica , a Corte , e a No-
breza ao beijamao. Houve nefta noite outra muito
maior mefa de Eftado. Puzerao-fe bitenta talhe-
res j e as duas cobertas , conftava6 de prato de
meio cada huma , dezafete pratos de' cdzinha , oi-
Ito pratos flamengos de fellada , vinte e dous de
jmeia cozinha , quatro flamenguinhas de azeitonas,-
a terceira coberta,era de cinco corbelhas de do-
^iHLe , e oito de fruta j e em quanto efteve em Evora,
^l.. fe
214 Hijloria Panegyrlca dos defpojorios
1720. fe continuou o mefmo ^ e em Villa-vi^ofa. Nefle
dia creou Sua Mageftade; Conde de Alva. a D. Joao
Diogo de Ataide , Meftre de Campo General , e
Governador das Armas da Provincia do Alem-
Tejo.
Eis aqui a cartu , qtie teve de avifo do Secre-
tario de tfiado.
n.
Ua Mageftade tendo confidera^ao as qua-
,/ ^^'^^ lidades , e merecimentos que concorrem
na peifoa de V. Senhoria , e em fatisfai^ao
„ dos feus fervi^os , foi fervido fazer-lhe a V. Se-
,j nhoria merce do Titulo de Conde de Alva , de
^i^-ique fa^o ^y. Senhoria efte avifo, para que o te-
,', ' nha entendido , e por efta Secretaria de Efta-
„ do , fe paftarao a V. Senhoria os defpachos ne-
jy ceftarios. Deos guarde a V. Senhoria, Secreta-
„ ria de j^ft^do, em Evora 12. dc.Janeiro de
"t ■ . ' -
Diogo de Mendon^a Corte-Rea/.
Deo mais as chaves de Camariftas a D. Manoel de
Caftro , Marquez de Cafcaes y a Joaquim de Sa de 1
Menezes , MarqUez de Fontes j a Manoel Telles
da Silva , Marquez de Alegrete j e a D. Joao de
Aim^ida , Conde de Aftumar.
Acopia j
* ,; dos Trlncipes do "Bra^iU Liuro II. 21 jf
A copia da carta de avifo , he do teor que '^7^9-
fejegue-
)} 47^ Ua Mageftade tendo confidera^ao as qua-
jj 1^^ lidades; merecimentos, e circunftancias que
„ •^ concorrem na peflba de V. Excellencia,
jj houve por bem nomeallo Gentil-homem da Sua
„ Camara , que V. Excellencia fervira na forma
_,, que o mefmo Senhor for fervido ordenar-Ihc ,
j, de que manda fazer a V. Excellencia efte aviib,
„ para que o tenha entendido. Deos guarde a V.
„ Excellencia. Evora. Secretaria de Eftado a 12.
„ de Janeiro de 1729.
Diogo de Mendoji^a Corte-Real.
Deo tambem ardem El-Rey, para os Titulos pafla-
rem para Villa-vi^ofa a efperar alli por elle.
38 O Senhor Patriarca , que fe deteve em AI-
dcia Gallega no dia dez , em que chegou aquella
Villa , e no feguinte em que acabou de chegar o
refto do feu trem, partio dalli para Elvas nefte mef
mo dia doze. A fua comitiva , e a ordem da mar-
cha , era , a que agora diremos.
DOus Palafreneiros diante de tudo , defcobrin-
do , e recohhecendo a eftrada.
yinte e quatro cavallos frizoens, cobertos com
fuas mantas , levados a mao por mogos da Ca-
vallarica. ' ,
Dous Palafreneiros com as ymbrelJas , queacom-*
panhavao
21$ HiJloriaPanegyric/idos defpofofws
1720. panhavao a Cruz Patriarcal , que era levada pe-
lo feu Cruciferario , montado em huma mula
ruca , e aififtido de dous mo^os.
A carruagem de Sua Illuftriffima , e Reverendifli-
ma , que era huma berlinda Franceza, na qual
competia o preciofo do material , com o perfeito
da arte.
A efta , feguiao-ie oito Palafreneiros a cavallo em
feus rocins.
Hum Decano , e feis Officiaes.
fluma eftufa rica de refpeito.
Quatro eftufas , e huma berlinda , todas rica? , em
que hia toda a familia Prelaticia , veftidos de ro-
xo , em habito viatorio.
Huma feje com dous mo^os da Guarda-roup.i.
Doze Officiaes da Cafa , montados em rocins.
Quarenta e feis cargas , cobertas com feus repof-
teiros.
Tres tiros de mulas , que hiao de fobrecelente.
Varios criados da cavailarica,erriais peifoas, todas
a cavallo.
Affim com efta luzida , e numerofa comitiva, par-
tio o Senhor Patriarca pelas feis para fete horas de
Aldeia Gallega , para Elvas.
Na manhaa do outro dia, deo a Sereniffima Senho-
ra Rainha audiencia , ao Cabido , Religioens , Ci-
\ dadaos , e Juftigas. De tarde a deo tambem ao
Tribunal do Santo Officio ,• e a tudo affiftio a Sti-
reniffima Princeza de Afturias. Sua Mageftade*/
que andou nefte dia vendo algumas Igrejas , en-
trando na dos Padres Cartuxos , doPadroado da
Sereniffima Cafa de Bragan^a , fez efmola aos Pa-
dres da Gafa, de cinco mil crufados , para o dou.
ramento
dos Principes do "Bra^il, Livro II. 217
ramento do retabulo da mefma Igrcja,- e na do Con- 1720.
vento de Santo Agoftinho raandou rezar hum i?<?/^
pofjjd pela alma dc feu confanguineo^oArcebifpode
Evora D. Theotonio. Depois forao as mefmas Sere-
nifljmas Senhoras vifitar os Mofteirosdo Salvador,
Calvario, e Therefianas. Fizerao tambem caminho
para vifitar a Igreja da Congrega^ao do Evangehfta^
e na fepukura do mefmo Duque, mandarao recitar
mui folemnemente outro Rejponfo. O Senhor In-
fante D. Francifco, vifitou tambem a meliTia Igreja,
e deitou agua benta ao mefmo Duquc.
39 A quartorzc partirao , EI-Rey , o SereniiTi- Partem;Bl-Rey ,
mo JPrincipe , e o Senhor Infante D. Antoniopeks oPrincipe.eoIn-
quatro da manhaa deEvora^ depois de haverem -g^^.;^-;^'''"'''
obfervado rudo, o qiiefha de mais notavel naquel-^
la antiquifluna, e celeberrima Cidade , para o
Convento de N. Seniaora do Ei|iinheiro dos Itelir
giofos de Sv JeronyR)o ; a meia ; legoa de diftancia
da mefma Cidade. Aqui ouvirao MilTa , e logo fe
puzerao a cajnmho pai-a V illa-vi^ofa , ^Corte da ef
clarecidiiftma ,- e Real Gafa de Bragan^a , pela ef^
trada do Redondo. Hurna-Icgoa.antes de chegar^a
efta Villa , aonde chamao a V enda, fe fez a muta
d6s cavallos, que ^lli eftavao prevenidos. Na tarde
defle dia, viiitou a S.ereniiTima Rainh^ os Conven-'
tos da Senhora do Garmo , Santo Agoftinho , Sao
Domingos , e ultiraamente o CoIIegio dos Padres
da Com.panhia de JESU S. A' portaria delle , a
veio receber Q. Scnhor Patriarca D. Thomas de Al-
iipeida, que.agora.acabava de chegar aEvara. Feita
Gra^ao, paiiarcto- a livraria , aonde os Padres habi-
tantes da Cafa,, haviao prevenido hum magnifico re-
ifrefco. Voltarao logQf a Jgreja , aonde fe armara
hum tablado com elegantes cenas, ebaflidores,
.\ Ee para ■
518 Hiflorla Tanegjrlca dos dejpoforios
1720. para fe reprefentar, como reprefentou , parte da
Tragicomedia Latina , que recentemente fe com-
puzera , e fe guardava para efta occafiao , em ap-
plaufo da Canonizagao dos Santos ; Luiz Gonzaga^
e Eftanislao Koftka da Companhia de JESUS ^ que
o Papa Benedido Xlll.proximamente havia allijia-
do no Cathalogo dos Santos , declarando ao primei-
ro por Prote6lor dos Eftudos.
Chepa ElRey a 40 E!-Rey continuando a fua jornada, paifou,
VilTa-vtpJa. fgj-ia nieio dia^ pela Villa do Redondo , cujo Sena-
do fahira a rccebello , a diftancia dc huma legoa ,
fazendo , como tambem o haviao feito as outras
Villas por onde paftbu , armar todas as ruas por
onde Sua Mageftade havia de tranfitar. Chegouft-
nalmente pelas quatro da tarde a Villa-vi^ofa; aon-
de o eftayao ja efperando muitos Fidalgos , e So-
. nhores. Foilogo a Capella doPalacio dos Serenif
fimos Duques de Bragan^a , aonde , com afliftencia
do Deao , fe cantou o Te Detim , com vbzes admi-
raveis. Dalli fbi logo a Jgreja Matriz do Orago
da Conccica6 Immaculada da Senhora , que he das
Ordens Miiitares , e o pffm.eiro Tcmplo , que , fe-
gundo he conftantc das tradi^x^ens , houve defta
Invocacao em todas as Hefpanhas , e ainda pode.
fer que tambem fora dcllas. A Igreja eftava rica-
mente paramentada , por ordem da fua Confraria;
de que Sua Mageftadc he Prote6lor, por fer a
mcfma Senhora Padroeira , e Tutelar do Reyno. .
4 1 Seriao as cinco da manhaa , do dia quinze,
SaheaRainliade quando com a Sereniflima Princeza da« Afturias,.^
Evora, e 0 Senhor Infante D. Pedro , fahio a Senhora Rai-^
nha D. Marianna de Auftria , de Evora. Forao ou-^;
vir Mifta a N. Senhora do Efpinheiro , cujos Re-il
ligiofos prometterao a Sua Mageftade,cantar huma'
Mift^j
dos Principes do Bra^il, Livro II. Tf^
.tJVIiira pelo bom fucefTo dcte dcfpoforios. Gonti- 1726
-nuou a Senhora Rainha a fua jornada pelo Redon-
do , e aqui mandou repartir tres moedas de ouro
-de quatro mil e oito centos , pe!a pobreza da ter-
' -ra. Logo paifou adiante ,• e chegada ao termo de
Evora-monte, veio cumprimentalia ao caminho a
Camara da Villa,- e o Juiz Efpadano da terra , Ihe
fez huma ruftica ; e breve Ora^ao, em que, com a Ora^ad do jtdz.
fua grande fimplicidade, deo muito que rir. Nos^ nimonT ^^ ^'■'''
pclo muito que as mefmas Senhoras goftarao della, "
a tranfcreveriamos nefte lugar , fenao receaflemos a
cenfura de alguni critico impertinente ;, e melenco-
Jico ,• mas como nos eftao chamando rantas , e tao
gloriofas circunftancias defta Real acgao , omit-
tiremos j affim efta , como outra femelhante Orap
^ao , que o me/hio ruftico tornou a fazer a mefrna
Senhora Rainha , e a SerenilTima Princeza do Bra-
zi!, quando ellas fe recolhiao a Corte de Lisboa. O
Juiz de Fora de Evora-monte fez outra Oragao
mais racionavel a Sua Mageftade, felicitando-a def
tes Reaes defpoforios , e augurando-lhe mediante
elles as maiores felicidades.
42 Na tarde defte dia fahio EI-Rey ape , pe-
Ja porta , que chamao do N6 , a vifitar a Igreja do
Convento dos Agoflinlios , aonde tem jazigo os
Sereniifmios Duques de Bragan^a. A companha-
vao-no os Senhores Infantes D. Francifco , e D.
Antonio, o Duque doCadaval Eftribeiro mor, e
o Marquez 4e v^Iegrete , Gentil-homem da fua Ca-
mara. Qugndo chegou a Capella^ em que eftao as
fepulturas dos Duques , com aquella innata pieda-
^e , de que tiio prodigamente o dotou o Ceo , co-
fBecou a lani^SLr agua tenta pelo ultimo Duque , o
Serenilfmio D. Theodofio II. dizendo coni a fua
Ee ii pene-
220 Hi/loria Panegyrica dos defpoforio!
172 0 penetrantilTima viveza de juizo : que principiava
por aquelle, que era mais chegado. Nefta mefma tar-
de havia vifitado oSereniflimo Senhor Infante D.
Francifco a milagrofa Imagem da Senhora da Con-
cei^ao , e pouco depois das Ave Marias , tornou a
fazer o mefmo Sua Mageftade , o SerenilTimo
Principe , e Senhores Infantes , que paflarao dalll
avifitar a Igreja de Santo Amaro, cujo era aquelle
dia.
Chega a Rainha 43 Erao as dez da noite quando a Senhora
a FtUa-vjfofa. Rainha ^ nao obftante a grande copi a de neve ,
que come^ou a cahir defde as dez da manhaa , che- ^*
gou a Vilia-vigofa. Antes de enttar nefta povoa-
^ao , eftavao-na efperando dous batalhoens de In-
fantaria , e outros tantos Regimentos de Cavalla-
ria , que a cortejarao Militarmente com huma
grande falva , a que correfpondeo ;, com outra
igual , o Caftello. Quando chegou ao Pa^o , defce-
rao delle a recebella, EI-Rey, o Sereniflimo Prin-
<:ipe , os Senhores Infantes D; Francifco , e D. An-
tonio , o Marquez de Capecelatro , que bavia hi-
do participar a Sua Magcftade , que elle recebera
hum expreflb , porque fe Ihe noticiava , que EI-
Rey Catholico feu amo , chegaria no outro dia de-
zafeis a Badajoz , c o Eminentifllmo Cardeal Nu-
no da Cunha e Ataide, Inquifidor Geral do Rey-
no. Nefta noite ordenou El-Rey ao Duque Eftri-
beiro mor , que difpuzefl^e a ordem com que dal-
ii havia de marchar para Elvas , do mefmo modo
com que fe havia de fazer a marcha ao Caia. Tam-
bem o Secretario de Eftado Diogo de Mendon^a
Corte-Real , fez o feguinte avifo a Jofeph Pereira
de Soufa , Cof regedor da Comarca de Elvas , por
efte teor.
^ Sua
dos Vrincipes do "Bra^il, Livro II, i ^t
j) ^^ Ua Mageftade tendo confideragao aos fer- ^7^9^
>} ^^ VJ90S de Vm. , e a de eftar feryindo nefta
7j ^^ occaziao de Auditor Geral^a Gente de
y, guerra defta Provincia, foi fervido fazer-lhe mer-
7? ce, de que pudeife veftir a Beca , e continuando
V iia correi^ao que efta fervindo j o que participo
n a Vm. para que o tenha entendido , e ao Dezem-
f) bargo do Pa^o baixara Decreto , e Vm. a po-*
w dera veftir logo , fem eiperar pelo defpacho da-
}, quelle Tribunal. Deos guarde a Vm. Villa-vi-
y, ^ofa a 15. de Janeiro de 1729.
Diogo de Mejidon^a Corte-ReaL
44 No dia feguinte , feriao as feis de manhaa>
quando Suas Mageftades , o Sereniflimo Principe
do Brazil , a Senhora Princeza das Afturias, e os
Senhores Infantes , D. Pedro , D. Francifco , e D.
Antonio , forao ouvir MiiTa a Jgreja da Concei-
^ao Immaculada da Senhora. No em tanto difpu-
zerao os Tenentes Coroneis D. Thomas de Ara,-
gao, e Luiz Garcia de Bivar, a marcha, que daqui Partem Suas
fe havia de fazer para Elvas , a comitiva , e acom- Magejlades, e
1 , ^ . V-n r JT r ^ltezai , de Vtl'
panhamento de ceremonia. lilta era a iua dupoii- la-vifofa ^ara-^
^ao. Elpas^.
PRecedia huma partida de quinze Cavallos _,
com ieu Alferes. -
yinte e quatro Trombetas, e Atabaleiros de E4-
^ey.
Os cavallos de mao do SereniiTimo Senhor Infante
D.An^
■2 2 2 Hiftoria panegyfica do^ defpofonos
1720. D. Antonio, com requiiTimos telizes.
Os cavallos de mao do Screnilfimo Senhor Infante
D. Francifco _, com telizcs de fummo valor.
Trinta cavdlos de m£i6 , de El-Rey do Serenif-
fimo Principe do Brazil , e Eftribeiro mor.
Outra partida de quinze cavallos , commandadaJ
por hum Tenente.
Doze pcftilhoens de Gabinete. -, ..;
Hum coche dos mo^os da Guarda-roupa doSe"
nhor Infante D. Antonio.
JHum coche dos mogos da Guarda-roupa do Senhor
Infante D. Francilco.
Huma berlinda do Confeflbr da Senhora Rainha,
e outros Padres ;, que a acompanhavao.
Hania berlmda do Porteiro da Camara da mefma
Sereniffima Senhora , e do Eftribeiro menor.
Huma berlinda dos ConfelTores que acompanhavao
a EI-Rey.
iluma berJinda dos moQos da Guarda-roupa , que
acompanhavao a El-P.ey. .r. k , i • i. .1 <. ^r>
Hunia berlinda do Corregedor doCrirac d^Cof^fe)'
e Cafa.
Hurn^ berlinda doEftfibeiro menor del-Rey, Q
mais peilbas.
, , ;^ , , Os Titulos todos, que acompanharao a El-ReV; nos
T^ViW.^ feus coches.
O coche do5 Caruariftas dQ:3enhor Infante D. An-
tonio.
O coche dos Camariftas do Senhor Infante D. Fran-
dfco.
Huma berlinda dos Veadores da Senhora Prince-
' jza das Afturias. •.:: /
Jluma do Eftribeiro mor, e Mordonio mordamef-
' ^- Duas
dos Principes do IBra^^U Livro II. 22}
Duas berlindas dos Veadores da SerenifTima Se-
nliora Rainha, e mo^os Fidalgos, e Mordomo
mor.
Huma berlinda do Eftribeiro mor da meiina Se-
nliora,
Huma berlinda dos Veadores de El-Rey.
Huma berlinda de Officiaes da (ua Cafa.
Huma berlinda do feu Eftribeiro mor , e Gentis-
homens da fua Camara.
Coche de refpeito do Senhor Infante D. Anto-
nio.
Coche de refpeito do Senhor Infante D. Fran-
cifco.
Coche de refpeito da Senhora Princeza das Aftu-
rias. ^ r . ■■ '
Coche de refpeito da SereniiTima Senhora Rai-
nha.
Coche de refpeito de El-Rey. >
Coche das Peflbas ,• precedido dos feus Eftribeiros
menores , a cavallo.
Seffenta mo^os da Eftribeira , junto a elle.
Tres fejes ricas , de EI-Rey.
Tres fejes ricas , da Scnhora Rainha.
Huma feje do Senhor Infante D. Francifco.
Huma feje do Senhor Infante D. Antonio.
Cinco cavallos de mao , de EI-Rey."
Dous cavallos de mao, do Senhor Infante D. Fran-
cifco.
Dous cavallos de mao , do Senhor Infante D. Aii-
tonio.
Huma berlinda das Camareiras mores , e Donnas
de honor.
iTres berlindas deDamas. :
LTres berlindas de A^afatas.
De/
1729.
^24 Hifloria Tmegyrka dos defpoforios
1720 ^^^ mogos daCavalla^^a acavallo, para pega-
rem nos cavallos dos mogos da Eftribeira , quan-
do fe apearem.
Cehto e defanove fejes dos criados da Real Fami-'
lia.
O Capitao de Cavallos , com o efquadrao de guar-
da de quinhentos cavallos , que vierao de Lis-
boa , para guarda de Suas Mageftades.
45 Por toda a parte por onde feguia a fua der- \
rota efta marcha Real , occorria grande multidao
de povo , parte a congratular-fe .de huma tao fcliz
alhanga, eparte a implorar a piedade das pelfoas
Reies^, que fempre acharao mui propicia. Duas
Vem 0 Marques Le2;oas antes de cheo-ar a Elvas , veio o Marquez
lar a El-Rey D. ®^ At)rantes em num paquebote de campo a leis
Joao,aocaminho. mulas _, precedido de dous Soldados de cavallo , a
encontrar-fe com EI-Rey D. Joao, na Atalaia dos?
Matos. Apeou-fe-, em thegando ao feu Real cochc;
e beijada a mao a Suas Mageftades , e Altezas , e
feita hdabreve demora , tomou o caminho para Ik-:
dajos. Na Atalaia dos C^apateiros, apparecerao dous
efquadroens de Infantaria , e Cavallaria y que tinhao
vindo concorrendo a obfequiar as peilbas Rcaes\
O dia efleve mui plaufivel , e de propofito para o
lograr , fe foi paufando mais vagarofimentc a
jornada. Meia kgoa, ajites que chegafle Ei-Rcyi'
vn-ao-fe formadas mui luzidamcnte as fuas tropas,
.que dalh forao acompanhando , e obfequiando
ate Elvas as peffoas Reaes. Chegou El-Rey, e toda
a fuacomitiva a Elvas , as cinco e hum quarto da
tarde. Salvou toda a artiIheria,Iogo que Suas Ma-
geftades chegarao a Porta de Oliven^a , e ao mef-
mo tempo acabava de dar a Praga de Badajos , a
terccira
dos Tmcipes do "Bra^il, Livro II. li J-
terceira falvaaSuas Mageftades Catholicas , que 1-729
tambem alli tinhao chegado quafi ao mefmo tem-
po. Eftavao-nas efperarl^do a porta de Valen^a, o Se^
do , e as Communidades. Depois de beijarem o
Santo Lenho , queria El-Rey palfar dalh a pe a fa-
zer Orag:a6 a Cathedral .- dados ja alguns paifos- >
difle a Rainha , que elle fe nao atrevia a paffar a
diante pelo rigor do grandefrio , que eftava fazen-
do ; por efta confidera^ao mandou El-Rey fazer
avifo j pelo Marquez de Alegrete , ao Cabido , para
que , como aifun-ja fucedera emoutra occafiao,
ie recolhelfc a Se por outras ruas.
46 Entrarao logo as pelfoas Reaes no coche,-
e a o paffar pela fegunda porta da Cidade , offere-
ceo Dom Bernardo de Freiheda, Governador da-
Quella Pra^a^as chaves do Imperio Portuguez a Sua
Mageilade. Paffarao qs mefmos Senhores a Se _, a
cujas portas, para onde havia concorrido a efperal-
los , o Senado , Cabido , e Religioens , e depois
de haverem aififtido ao Te Deuniy recolherao-fe
ao Pa^o do Bifpo da Cidade , aonde , e em outras
cafas vizinhas le havia prevenido o feu alojamen-
to. Deo-fe mefa de Eftado com vinte e cinco ta-
jJheres , e as mefmas cobertas de Aldeia Gallega ,
' em todo o tempo que alh afftftirao. Deo tambem
outra m'e(a de Eftado o Secretario de Eftado Dio-
go de Mendon^a Corte-Real , qne conftava de
trinta e feis talheres , fete pratos de cozinha , cin-
co de meiacozinha, dous pratros covos ^ vinte e ^
fcis flamengas , e quatro flamenguinhas de duas
, cobertas, que vinhao da cozinha. Conftava o apa-
rador de huma fonte de prata grande, com feii
tanque , dez duzias de pratos de cortar , doze fal-
v^as , e quatro faleiros , dous affucareiros , e dous
Ff pimen-
I
52lS' Hifloria Tanegyrkados defpofofios
17^9. pimenteiros, duas moftradeiras com fuas colheri-
nhas , duas cangalhas com gaihetas de vidro ,
dous pratos, e dous jarros de jigua as maos, quin-
ze corbelhas de fruta , e doce , hum taboleiro
grande de prata com todo o aviamento de xa ,
duas facas de trinchar , com funs colheres , e gar-
fos. Afliftiao a efta mefa , feis Copeiros , e oito
mogos da Prata ; forao a ella alguns Miniftros , e
Cavalheiros Eftrangeiros , que vinhao a Cidade de
Elvas. Illuminou-fe efta Cidade com luminarias
geraes,- houve muito fogO do ar, e forao feftiva-
mente atroados os feus confins com repetidas lal-
vas de artilheria , feftejos , que igualmente fe per-
cebiao na Praga fronteira de Badajos em obfe-
quio das Mageftades , e Altezas da Corte Catho-
lica, que chegou alli , com pouco nataveJ difte-
tenqa j pelas nove da noite.
O'
LI-
dos Principes do Bradl, Livro III, 22 f
, » ^ ■
L I V R O IIL.ib, ^7^^
S U M M A R I O. i
UMPRIMEt^TOSyque
medtantes feus Emhalxa'
\ j doresje fazem as Magef-
tades. Manda El-Rey D. ■
'^oao y eampar a Milicia
Portuguem junto do Caia.
Noticia das Tropas de am-
bas as Napens. Palacio
levantado no Qaia ypara a celebra^ao das en-
tregas das duas Princezas , das Ajlurias , e do
Brazil. Aviftao-fe as peffoas Reaes de amhas
as Coroas. Conclufao das entregas. Voltao as
. de PortHgal a Elvas. Partem para Villa-hotm.
Eftado y com qtie o Monteiro mor acofnpanha
na ca^a a Suas Mageftades , e Altezas. Deixa
0 Marqucz de Ahrantes a fua commifjao de
Emhaixador. Sucede-lhe Pedro A/vares Ca-
hrai , SeJihor de Azurara , e A/caide mor de
Be/monte-^ Concorrem u/timamente humas , e
outras Mageftades aoCaia. Vo^/tao fina/mente
as de Portuga/ , a E/vas.
X TT^ Xpedio El-Rey no dia feguinte de- Cumprimenpao-fe
JL_j fafete de Janeiro , Fernando Telles ^^wias ., e outras
da Silva , Marquez , de Alegrete , Gentil-homem ^&^fi^^''-
dafuaCamara, a Bada)OZ, a faber como haviao
chegado Suas Mageftades Catholicas , e Suas Al-
tezas. De Badajoz chegou a Elvas com o mefmo
Ff ii cum-
S2 ? Hiftoria Panegyrica dos defpoforios
1 72 0. cumprimento Dom Franclfco Gonzaga , Duque de
Solferino, Gentil-homem da Camara de Sua Ma-
geftade Cajtliolica. Foi conduzido com a devida
formalidade ,• e dado o recado del-Rey feu amo,
e impetrada Yenia para beijar , como beijou de jo-
elhos , a mao a Princeza das Aflurias , fe delpedio.
Nefta referida' manhaa teve audiencia del-Rey
o Marquez de Capecelatro , e entao correo voz, ';
que neite dia fe ceJebraria a fun^ao das entregas
das Princezas, pofto que por alguns incidentes
que intervierao , veio ella a carecer de execu^ao.
Na tarde defte mefmo dia, veio o Conde de Mon-
tijo , Gentil-homem da Camara del-Rey Catholi-
Joyar das Prm- qo , trazer a joya a Sereniifima Princeza das Aftu-
^procamente fe^^' ^''^^ • ^^avendo ja partido a Badajoz , a levar a da
mandao. Sereniflima Princeza do Brazil , o Marquez de
Cafcaes, Gentil-homem cia Camara del-Rey D.Joao.
Repetirao-fe a noite os coftumados feftejos , de lu-
minarias , fogos , e defcargas de artilheria,
2 Nodia feguinte concorrerao os dous Secre-
tarios de ambas as Cortes , a o Caia, para acabar de
fazer o ajufte do ceremonial, com que fe haviao de
ver os dou§ Monarcas. Eftipulou-fe : Que Suas
Mageftades fenao cobririao : Que a fun^ao das
ben^aos nupciaes fe celcbraria no mefmo dia das
entregas , em Badajoz , e em Elvas : Que os Prin-
cipes poriao as Prince^as a fua mao efquerda ,• e
que fallariao em pe. De tarde forao , Ei-Rey D.
Joao , o SerenilTimo Principe , e o Senhor Infan-
te D. Antonio vifitar o CoUegio da Companliia dc
JESUS. Seriao as quatro da mefma tarde , quan-
do chegou aquella Pra^a oSenhor Patriarca, a
quem El-Rey mandou fazer as mefmas honras , co-
mo fefofle afua RealPeftToa, porcuja confide-
racao
dos Vrineipes do "Bra^ih Livro III, 225»
ra^ao foi alli recebido , com hiima grande falva de 1729,
artilheria. Foi logo efte grande Prelado vifitar a EI- . .
Rey ,• e encontrando-fe no Paco com o Marquez de
Capecelatro, q o cumprimentou com as mais refpei-
tuofas demon(tracoens_,lhe correfpondeo coni toda a
benevolencia, e urbanidade. De Suas Mageftades, e
do Principe do Brazil, de quem teve entao audiencia,
foiattendido com todo o refpeito, e agrado. Dalli
palTou aCathedraI;CUJoCabido o reccbeo de baixo
de pallio , cantando mui folemnemente com efla
occafiao o Te Demn. Recolheo-fe depois Sua II-
lulhiirima ao Cohcgio dos Padres daCompanhia,
e o Eminentilfimo Cardeal da Cunhay fe foi aquar-
tellar no Convento do grandc Patriarca S. Domin-
gos. Nefta mefma tarde baixou ordem ^para hir a
Infantaria ;, e Cavallaria campar junto do Caia,
para huma, e outra fazer alfiftencia as entregas das
Senhoras Princezas, quefehaviao decelebrarno
dia feguinte ,• e grande parte defte , fe gaftou ,cm
ambas as Cortes , nas difpofi^oens, com que no ou-
tro dia fe havia de executar aquella ceremonia, tra-
balhando no ajufte dclla por parte de El-Rey Ca-
tholico , feu Embaixador , o Marquez de Cape-
celatro ; e pelo que refpeitava a El-Rey D. Joao^
o Marquez de Abrantes , feu Embaixador Extra-
ordinario. Ao melm.o fim concorrerao ao Cnia o
Marquez de la Paz , e Diogo de Mendon^a Corte-
Real y e efte ponto fe veio a concluir, fem alguma
duvida.
Nefte
5 } b Bijiom Panegyrlca dos defpofdrios
j.72^ Nejie dia tiverao os Titulos , e Officiaes da
Cafa.ejie
A V 1 S o.
5, O Ua Mageflade vai a manhaa; pelas nove ho-
)) O ras e meia da manhaa , a ponte do Caia ,
jj aonde fe ha de executar a troca das Senhoras
„ Princezas , e he fervido que V. Senhoria fe ache
;, fora da porta de 0!ivenga , para o acompanhar
j, ate aquelle fitio , e voltar a efta Cidadc. Deos
» guarde aV. Senhoria. Elvas 18. de Janeiro de
Diogo de Mendon^a CorU-Reaf.
0 Conde de Alva fci avlfado nefle mefmo dia,
\ ijUe nao ohflante naohaver tido cg,rta ,
fe podena cobrir-
A* noite repetirao-fe as coftumadats , e feftivas de-
monftra^oens de jubilo, e alvorogo* Foi mui plau-
iivel entre os fogos artificiaes; huma fonte de fogo,
que por obviar alguns inconvenientes , fe fez aK
gum tanto diftante da Pra^a ,• mas em fitio, que a
d«ixava lograr inteiramente daquella vifta.
Comitiva Realna 3 Amanheceo finalmente o dia defanove de
jmiada do Caia. Janciro , deftinado para huma fungao tao glorio-
i3ij e foi elle hum dos mais fermofos , e mais
giatos,
■
V
dos Prmcipes do %'a^h Lhro II, 2^i
gratos , que houve nefte anno. Foi oSenhorPa- 172 0.
triarca em huma eftufa rica , tirada poi; feis fri-
foens ru^os , muito cedo ao Pa^o , a defpedir-fe da
Senhora Princeza das Afturias , a quem fez huma
falla muito grave , que a mefma Senhora ouvio
com muito as;rado , e attenca6 < e ultimamente
\he pedio a fua bengao , que Sua IlluHriirima Re-
Trendiifmia effeftivamente Jhe deo. Foi dcpois o
mefmo Prelado acompanhando Suas Mageftades ,
e Altezas ate o coche ; por mais, que EI-Rey Ihe
inftava que le recolheffe , elle o nao quiz fazer, in-
fiftindo na alfiftencia dos mefmos Senhores , ate
que o coche iinalmente fahio. Tomou depois a
fua carruagem , e fe recolheo ao CoIIegio da Com-
panhia, aonde deo hum bom refrefco , e depois
chocolate , e outras bebidas , a muitos Illuftrifli-
mos Conegos dl Santa Igreja Patriarcal de Lisboa,
que entao acabava^ de chegar aquella Pra^a , e
Jogo immediatamente fora6 pedir a ben^ao a Sua
Illuftriirima Reverendiftima. Seriao as dez da ma-*
nhaa , quando cbme^^ou a marchar a Real comi-
riva para o Caia. Acompanharao as peflbas Reaes
da Corte Catholica , os Gentis-homeni da C^amara,
Camareiras m6res', Mordom^s, Damas , A^afa-
tas , Senhoras de hoftor , Camai-^iras , Donnas do
Retrete , Criados , e Criadas da Cafa. Pelo que
tocava a comitiva das nofllis Mageftades> era ella,
a que agOra pdfafnos a defcrever.
X Excell^htMffl^ I>itqire'^e tiafo^mVn- Pedro
Heftrque deErag^n^a eSoufaT^vares Maf-
carenhas da Silva , que por na6 fe Ihe haver
' deftijnl£tde'lug&*, ^em-que devia ir nefte acompa-
nhamento, precedia a todo elle nofeu coche.
2 5 2 Hiflofta Panegyrlca dos defpofonos
1 720 ^ mefmo , como depois diremos , praticou no
dia do triunfo , com que Suas Mageftades forao
recebidas na Corte de Lisboa.
Mais de quarenta coches , e berlindas de Titulos ,
tiradas a feis frizoens, e todos feguidos de gran-
de numero de creadagem; riquilTmiamente libre-
ada j e nao menos de cavallos a deftra.
Huma partida de quinze cavallos , commandada
por hum Alferes.
yinte e quatro Trombeteiros, e Atabaleiros de
El-Rey D. Joao , pompofamente veftidos de ve-
ludo encarnado , agaloado de ouro , com trom-
betas de prata.
Seis cavallos de mao , do Duque de Cadaval Eftri-
beiro mor.
Defalleis cava;IIos de mao dos Senhores Infanrcs,
D. Antonio , e D. Francifco , cobertos de tcli-
zes de veludo , com bordadura de ouro , e prata.
Trintji e feis cavallos de mao de El-Rey , e do Se-
- reniftimo Principe do Brazil, comjaezesborda-
dos de^ prata , e guarnicoens de ouro.
Huma' partida de quinze cavallos , commandada
pqr hum Tenente.
Doze poftilhoens do Gabinete , fardados de panno
efcarlata , com guarni^oens de alamares de
prata.
Tres Sotas-cavallari^os.
Hum coche dos mo^os da Guarda-roupa doSenhor
Infante D. Antonio. AlJtm efla , como asfeguintes
carruagens , todas hiao tiradas afeis.
Hum coche dos mo^os da Guarda-roupa do Senhor
Infante D. Francifco.
Huma berlinda do Confeftxjr, e Medico da Senho-
' raRainha.
Huma
dos Principes daSra^iU LhroIII. 255
Huma, do Mordomo m6r , e Porteiro da Camara j^y^ 0.
da mefma Senhora.
Hama , dos Padres que acompanhavao a El-Rey.
Huma, dos feus Mo^os da Guarda-roupa.
Hiima, doCorregedor do Crime da.Corte, eCafa,
e do Padre Martinho de Banros , Confeflbr de
Ei-Rey.
Hum coche dos Camariftas do Senhor Infante D.
-:;:'Antonio.
Hum coche dos Camariftas do Senhor Infante D.
cifco.
Huma berhnda dos V.eadores da Sereniffima Prin-
ceza da^ Afturias.
Huma , dofeuEiWheiromor, e Mordomo mor.
Duas, de Veadores da Senhora Rainha , e Mo^os
Fidalgos.
'Huma , do Eftribeiro mor da mefma Senhora.
Huma, dos Veadores de Ei-Rey.
Huma , dos Mogos Fidalgos do mefmo Senhor.
Huma;, dos Officiaes da fua Cala.
Huma , do Eftribeiro mor , e de alguns Gentis-ho-
mens da fua Camara.
Hum coche de refpeito do Senhor Infante D. An-
tonio.
|Hum ; de refpeito do Senhor Infante D. Fran-
cifco. . M
I Hum ., jd^ . rfiipd.to da Senhora J^mceza das.Aftn-
! JKum, de refpeito do Sereniifimo Principe do Bra-
■ r-ilzii.' • '
I Hum ) de refpeito da Senhora Rainha > precedidp
|i:;;.dofeuEiii;ibeiro menor , a cavallo. ;■
|Hum, de refpeito de El-Rey ,• precedido do feuEf'
tribeiro mcnor^ a cavallo. ii,hJ
Gg Hum
1729.
2 34 Hiftoria ■panegyrica dos defpofvrios
Hum, 'da peflba do Senhor Infante D. Antonio.
Hum, da peflba do Senhor Infante D. Francifco.
Hum, das peflbas das Sereniirimas Senhoras , Rai-
nha de Portugal , e Princeza das Afturias. ■
Hum, em que hiao , El-Rey , o Screniflimo Prin-
. cipe do Brazil, e o Senhor Infante D. Pedro,- tira-
do por oito frizoens, e feguido de quarenta e tres
M090S da Camara^ em fejes,- e de vinte e cin6o
da Eftribeira, a cavallo, mui rica , e pompofa-
mente veftidos.
Tres fejes da PeiFoa de El-Rey. ^ |
Tres , da Peflba da Senhora Rainha. i
Huma, do Senhor Infante D. Francifco.
Huma, do Senhor Infante D. Antonio.
Huma Berhnda das Camareiras mores.
Tres, das Senhoras de honor, e Damas.
Tres, de Mo^as do A^afate , e Camara.
Mais cento e trinta fejes, em que hia a Famiha da
Cafa. •
Cobria toda efta tao apparatofa comitiva , hum
■ corpo de quinhentos CavaUos, que vierao de Lis-
boa de guarda a Suas Mageftades , com qua-
- tro EfquadrOens na retaguarda de toda efta coi <•
mitiva.
Tanta era a grandeza da Real Cavaflari^a , que
havia nefla perto de dous mil criados, e mantri
palFante de mil feifcentas e quarenta beftas. Nao
fallando nos de foro nobre, ienao emRepofteiro^
Mo(yOs da prata, e muitos outros femelhantes, ha-
via perto de fetecentos. Tambem nao fallando nos
Ofliciaes menores daCafa, e em outras muitas
peifoas do fervi^o nobre , Clerigos , Medicos, e
Cirurgioens.
r''.H ^ 4 Che-
iosVrincipesdoBradULivrolll. ajj
4 Chegado efle apparatofo acompanhamento, 172 0*
em que nao fe via mais , qiie ouro , e prata , ao
rio Caia, de que eiitao erao viflofas margens dous
. immenfos mares de povo de ambas as Na^oens ,
que a!li concorrerao , forao rodeados com duzen*
tos Archeiros , que haviao ja marchado adiante a
cavallo , os coches de Suas MageftadeS; pelos dous
Capitaens da Guarda , o Conde de Pombeiro , que
agora fora ao lado direito de D. Francifco de Sou-
fa , praticando o contrario , quando fe recolheo a
Elvas. Ambos eftes Capitaens forao vocalmente
advertidos , para acompanhar , como acompanha-
rao , a cavallo. Os vinte e cinco Mo^os da Eftri-
beira, que diifemos que haviao feguido o coche
de Sua Mageftade, fe apearao , e p-oftos em duas
alas , for^o diante do coche Reai , quando efte ca-
minhava para a cafa do Caia. O m.elino , e com a
mefma ordem , fizerao tambem os quarenta e tres
Moccs da Camara, que tambem diflemos tinhao
vindo em fejes atraz do coche Reai. Juiito da
Cafa que. fe f zera no Caia , eftavao formados a ca-
I vallo centQ e cincoenta Couteiros , e mo^os do
monte : erao as fuas fardas verdes , e guarnecidas
de prata. Quando Suas Mageftades , e Altezas voL
tarao aElvas, forao-nas feguindo na retaguarda
daCavailaria.
5 A Milicia Caftelhana , que concorreo ao Milkia Cajlelha-
Caia, coniiftia maiormente cm feis mil homejis ar- «^*» qtie conconeo
mados. yinhaoafbrr " '''^^'"'''
QUatro Regimentos de Cavallaria ligeira,
mui iuzida , e de excellentes cavallos Anda-
Kizes, .
Hum Regimento de Pragoens.
Gg ii Seis
2 5 6 Hifioria Panegyrica dos defpoforio s
1720 Seis centds Cavallos das guardas de Corpo de El-
Rey.
Quatro batalhoens de Infantaria.
Hum batalhao de quinhentas guardas Valonas.
Outro de quinhentas guardas Hefpanholas.
Milicia Pmu- (5 Formarao-fe as Tropas Portuguezas junto
forreoM^Cdia'!"' ^o Caia em hnha de batalha. Governavao-nas os
Condes , de Alva , Governador das Armas , e de
Aveiras, Sargento mor de batalha^ e erao Aju-
dantes , o Tenente Coronel Antonio Henriques ,
e o Sargento mor Manoel de Lima. Havia feis
Regimentos de Cavallaria. Vinhao a fer :
de ElvaSjdq Brigadeiro Manoel Lo-
bo da Silva.
de Campo-maior , do Coronel Mar-
tim Affonfo Maria. \cia \io"a-
de Oliven^a , do Coronel Francifco f km-Tejo.
ORegimento^ Lagoa.
de Moura, de Martinho Affonfo de
Mello.
do Tenente Coronel, Manoel Nu-~^
nes Leitao. C "^^ ^7t'
QO Tenente Coronel , Dom Jolepnf ra, j
de Loredo. . _)
Seguiao logo quatro Efquadroens os quinhejitos
cavallos , que fe haviao trazido deLisboa de guar-
da as Pelfoas , e commetteo-fe o feu mando aos Ca-
pitaens , Jofeph Bernardo de Tavora , D. Anto-,
nio da Silveira e Albuquerque , oConde d,c Obi-
dos , e D. Diogo de Soufa. Precediao a eftes , dez
Regimentos delnfantaria. Vinhao a fer :
de
dos Prindpes do Bra:^il, Livro III. 2 3 7
de Lisboa,do Brigadeiro InacioXavier 1720.
Vieira Matoro.
de Peiiiche, do Coronel Manoel Freire
de Andrade.
de Moura, do Coronel Andre Ferreira.
de Oliven^a , de Miguel Joao BotC'
Iho.
de Callello de Vide, do Coronel Simao
dos Santos,
O Regi- >' de Eftremoz , do Coronel Joao Bau-
mento X tifta.
\e Elvas , do Coronel Francifco de
Azevedo.
de Faro, do Coronel FrancifcoPerei-
ra da Silva.
de Almeida, do Coronel Jofeph Delga-
do Freire.
de Penamacor , do Coronel Manoel
Efleves Feio.
7 Guarnecerao os lados da Cafa , que fe fez
fobre o Ciia dous batalhoens , hum Caftelhano , e
outro Portuguez , e duas Companhias de Grana-
. deiros, huma de cada Nacao. Airim vinha ao;ora
a triunfar tao gloriofamente , o amor, e a paz
naquelles mefmos campos , em que tantas vezes
haviao fervido de theatro de guerras , e difcordias.
8 Formou-fe com foberba , e bem tracada
arquitertura hum Regio Palacio com huma ponte,
conftruida fobre as correntes do Caia , que pofto
que quiz amea<^ar ruina , 'a efta magnifica arqui-
teftura , veio a facrificar todas as fuas furias , como
em obfequio da grandeza , e Mageftade com que
ielevantou eftaCafa, pofto quenem ainda aliim
con-
258 Hiflcria Panegyrica dos defpoforlos
1729. condigna para aquella augiiftiflima ac^ao , a qUe fe
deftinava,- nem ainda o fora a do mefmo Sol,ta6 ele- ,
gantemente defcripta pelo mais engenhofo dos Poe-
tas. Fizerao-fe tres Cafas; as duas dellas collateraes,
para cada hum dos Monarcas, nos feus dominios,- e
a do meio, arquitedada tambem com tal difpoficao,
que cada hum dos Monarcas tinha alFenLO nos feus
dominios,para a ceremonia das Reaes entregas. Ti-
nha efte Palacio noventa e oito palmos de area. Or-
naVa-fe a fachada exterior da Cafa de Caftella com
as Armas Reaes daquella Coroa,e triunfavao feme-
Ihantemente na de Portugal, entre duas figuras alle-
goricas as fuas fagradas , e tantas vezes Triunfan-
tes Quinas. Havia nella , aflim como nas outras
duas , huma janella , e eftavao adere^adas as fuas
paredes de tape^arias excellentes , e cortinados dc
damafco carmezim , com ^anefas de brocado dc
ouix). Por efte modo eftava tambem igualmente
paramentada a ametade da Cafa do meio , perten-
cente a Portugal. No teclo havia empenhado a ar-
te os feus ultimos esfor^os , nao parecendo fenao
que alli fc transformava na mefma natureza. Ar-
mou-fe a outra parte da Sala domeio, tocante a
Caftella , com tiras de brocado branco , e verde ,
e fervia-Ihe como de centro , hum groifo ramo dc,
ouro de donde ellas fahiao. De huma , e outra par-
te havia cadeiras .• erao as de Caftella , e Portugal,
• de tilfii; de prata, o das primeiras, que erao ieis,
para fuas Mageftades Catholicas , Principe das Al-
turias , Princeza do Brazil , e para os Senhores In-
fantes , D. Carlos , e D. Filippe ,• e de ouro, o das
DQiTas , que erao fete, para Suas Mageftades , Prin-
eipe do Brazil , Princeza das Afturias , e para os
Senhores Infantes, D.Pedro, D. Francifco, e Di
Anto-
dos Prlncipes do ^ra^il, Livro II j. 259
'Antonio. Aquellas^ em que fe aflcntarao Suas Ma- "I^^O
geftades , tinhao por diftin^ivo ier a madeira dou-
rada , e o brocado mais enriquecido de ourd ' Alli
mefrno fe armarao duas oftentofas tendas ,• htima
para os aparadores , outra para os^ refrefcos. ^ T ^
9 Chegadas humas , e outras MageOiddes ao AviJ?ao'fe,aspef-
Caia , limite das duas Coroas , antes de [q £alh- Jj'^^ ^^ff^ ^^ '""'
rem , le detiverao caaa quaJ na iua Caia , dando
lugar as conferencias dos Secretarios de Eftado de
-huma , e outra Coroa. Abrirao-fe a hum tempo de
parte a parte as portas de ambas as? mefmas Gafas ;
entrarao juntamente para a do meio Suas Magef^
tades Catholicas , oSereniifmio Principe das Aftu-
rias , a Senhora Princeza do Brazil , e os-'Senhores .
Infantes, D. Carlos, hoje Rey deNapoIes^ e das
duas Sicilias , e D. Filippe, hoje Duque de Par-
ma ; El-Rey D. Joao , a Senhora Rainha D. Ma-
rianna de Auftria , o Sereniifmio Principe do Bra-
zil / a Senhora Princeza das Afl:urias_, e os Senho-
res Infantes , D. Pedro , D. Francifco , e D. An-
tonio. Nao fe le nas Hiftorias _, que houv^ffe con-
i curfo tao numerofo , como efle , de Peffoas Reaes.
Aqui fe cumprimentarao ;, e abra^arao todas com
o maior carinho , e benevolencia. Entrou tambem
da parte de Sua Mageilade Catholic-a o Duque de
0(funa, Eftribeiro mor,- e da noifa, pela melma
razao, o Duque de Cadaval.
10 Efliverao humas , eoutmsMage^adishr-Ptwfao^asReaef
go teifipo em pe. OConde Repofleiro mor havia ^"^'"^S^^ ^^f
fido advertido , que elle devia defcobrir' as ca- AJiurias , e do
deiras , cafb de effajem cobertas , em que Suas ^razil.
pVf ageftades Portuguezas alli fe haviao de affen-
^t. Aflentarao-fe ellas aomefmo tempo> que as
^eCafleila, ficando-liic redamente de fronte. A
ti- ^ Senho-
1729.
240 Hifioria Tanegyrica dos defpoforios
Senhora Rainha D. Marianna de Auilria , tomou
a mao elquerda de ElrRey D. Joao , e por iua or-
dem fe airentarao tambem Suas Altezas. Puzerao
Iqg9,os Officiaes das fuas Cafas, diante de El-
Rey Cathohco , e de Ei-Rey de Portugal, duas
mefas cobertas de tilTu. ; .
II Entao comparecerao os dous Secretario^
de Eftado ,• e hdas as Capitula^oens , cada lium
dellcs aprefentou ao feu Soberano a Efcritura das
Eftipuia^oens deftas Regias nupcias , que forao re- ,
ciprocamente alfmadas de ambos os Monarcas.
Concluida efta alfmatura , trocarao os papeis , tor-
nando a aprefentar aquelle, com que haviao de ii-
car os feus Reys , para fe fazer outra femelhante
aifmatura , e ficarem aifmados hum , e outro por
^ibas as Familias Reaes. Aifmadas as mefmas
Eilipula^oens por todas Suas Mageilades, e Alte-
zas, tornarao a deilrocar os Sccretarios, iicando
£ada hum delles com o feu papel. Obfervou-ie a
politjqa, de iicarem aifmadas em lugar fuperior hu-
inas, eoutras Mageilades naquelles papeis , com
que nao-.haviao de iicar. Feito iito, tirarao-fe as
meias , e entrou a Duqueza de Montelhano , e a
outra Camareira mor das Princczas das Ailurias , Q
do Brazil , a fazer fuas cortezias a Suas Mageila-
des , e Altezas de Portugal,- obfervando porem
nao beijar a mao, fenao a mefma Senhora Princeza
^ias Aii:urias. O mefmo praticarao da noifa parte
as duas Camareiras mores , D. Maria de Lencaf
tre , Marqueza de Unhao , e D. Anna de Lorena,
Semelhante ceremonia praticarao depois as Senho-
ras de honor, eos Titulos, e Criados de ambas
as Cafas, que por ordem dos Reys feus Amos^
tambem cumprimentarao aos Seberanos , e mais
-: peilbas
dos Prindpes do "Brds^il, Livro IIL 241
pellbas Reaes da outra Corte. Entretanto o Mar- 1 72 0.
quez de Abrantes alfiftia ao lado de E!-Rey Catho-
Jico , dando-Ihe a conhecer os Fidaly^os Portugue-
zes. Ao mefmo terapo infinuava os de Caftella a
El-Rey D. Joao ^ o Marquez de Capecelatro.
12 Depois que nifto , € em ouvir cantar os
Muficos de ambas asCortes fe ffaftou alsfum tem-
po , levantou-fe cada hum dos Reys da fua Cadei-
ra , e tomando fuas Reaes iilhas pela mao , as
trocarao : ficou cada hum com fua Nora ,• e em
obfequio deftas Reaes entregas , derao os batha-
Ihoens de Infantaria repetidas ialvas de mofqueta-
ria, a que immediataniente correfponderao com def
cargas numerofas as Pra^as, de Badajds, e deEl-
vas. Ainda que era ja noite, fora maior a dila^ao,
fe a Senhora Rainha D. Marianna de Auftria , ce-
dendo aos affe<^os da natureza , nao delfe mof-
tras da iaudade da amabiliirima prenda^que alli dei-
Kava. Por eita confideracao fe abbreviou eila def-
pedida , metendo-fe cada huma das Mageitades
no feu coche , fendo tal a celeridade , e deilreza
com que a Sereniilima Senhora Rainha Catholica
deiappareceo , levando (;om figo a Senhora Prin-
ceza das Ail:urias , que apenas foi fentida. A Se-
nhora Rainha D. Marianna de Auilria , tomou
iiia Real Nora pela mao, e logo humas, e outras
Mageftadcs , embarcarao nos ieus coche^.
13 Partirao Suas Mageitades Catholicas para
Badajos. Rodrigo Fernandes Soto, efcreve em
huma Relacao que fez das entregas, quea litena
em que foi conduzida a Princeza das Ailunas , era
ta6 rica , que tinlia feito o difpendio de meio mi- Ben^aSs nupciaes
llhad Chegadas aqueila Cidade , forao i C^lh^- "^Z^'-"'''^" n'
cjral j aonde. o Carcleai Jsorja, aiiiitido de doze ^ajos.
Hh Diaco-
242 Hijloria Panegytica dos defpofonos
1720. Diaconos, deitou as ben^aos nupciaes aosPrinci-
pesNoivos. Depois fe cantou mui iblemnemente
o Te Detmj. Contava entao o Senhor Principe D.
Fernando de Bourbon , pouco mais de quinze an-
nos y e a Senhora Princeza D. Maria Barbara, de-
fafete. A' noite houve grandes feftejos, qiie cada
dia erao mais excelfi vos em ambas as Gortes.
14 Era ja muito denoite, quando Suas Ma-
geftades, e Alrezas fe reftituirao aElvas. Salvou-as ;
a Pra^a tres vezes , com toda a artilheria. Haviao-
fe armado as ruas para cfte triunfo com a mais ef
plendida grandeza. Levantarao-fe muifos arcos
triunfaes com grande mao-nificencia. Paftarao Suas
Mageftades , e Altezas a Se , aonde as efjperava o
Scnado , que ate a porta da Igreja as foi levando
de baixo de palho. Alli as eftava efperando o Si-
nhor Patriarca , que partira para aquella Cathe-
dra!, de Eftado, com toda a fua comitiva. Eftava re-
veftido de Pontifical , com o Cabido , e parte do
feu Collegio. Deitou-lhes agiia benta o mefmo Pre-
lado , e de baixo de pallio fofao andando para a
Ben^aoy nupciaes Q2i^e\\2i mor. Lancou o Patriarca as ben^aos da
dos Principes do YcerQ\2i aos Reaes defpofados , e confequentemen-
Brazil, em El- ^ ^' ^ t- 7-» r t»
^^j.^ te le cantou o le Detm , que o melmo Patnarca
come^ou a entoar. Paflava o Sereniftimo Senhor
D. Jofeph de quatorze annos ,• mas a Sereiiiftima ,
Senhora Princeza D. Maria Anna Vitoria, nao ti-
nha mais de onze completos; Recitadas as Ora-
^oens defta folemnidade , paflarao Suas Magefta-
des , e Altezas a fazer Ora^ao ao Santiflimo j e lo-
go fe recolherao a Palacio.
I $ Nefta noite , que coroou com os coftuma- :
dos feftejos hum dia tao gloriofo , cearao publica-^
mejite Suas Mageftades, com os Sereniflimos Prin-
cipes
i
dos TnncipBs do "Bra^^jU Livro III, 245
cipes do Brazil,- e levantada amefa, paiTarao a . X72Q.
ver a fonte de fogo , que ja difTemos , fe fazia
com admiravel artificio fora da Praga^, porobviar
algum inconveniente , tanto mais de temer , quan-
to era mais numerofo -o concurfQ. Concorrerao a
ver efle feftejo , nao fo muitos Nacionaes , fenao
muitos Eftrangeiros , e todos fe derao por mui fa-
tisfeitos , nao fe atrevendo os fegundos a negar ,
que aquella maquina fe havia executado coni toda
a deftreza , e habilidade.
16 Recolherao-fe finalmente as Mageflades ;
e depois de huma ferenata , entrando na Camara
dos N oivos , defpio ;, e deitou na cama a Senhora
Rainha a SerenilTima Princeza D. JMaria Ajina
Vitoria, fua Nora ,• e a mefma ceremonia fez des
pois EI-Rcy a feu fifho, o Sereniffimo Principe do
Brazil. Os mefmos Senhores Principes, como de
idade menos apta para o ufo do thalamo ^ fe entre-
tiverao em huma mui decente converfa^ao , por
tempo de huraa hora. Entre tanto affiffio , como
teflemunha defla ceremonia , Fernao Telles da
Silva, Marquez de Alegrete , Gentil-hpmem da Ca-
mara de Sua Mageftade , e do Sereniifimo Principe
Noivo.
17 Velarao-fe no outro dia os Sereniirunos
Senhores Principes das Afturias , e ncfte mefmo
dia mandou Sua Mageflade Cathohca a Joya a
Princeza do Brazil , que fegundo efcreve o mencio-
nado Rodrigo Fernandes Soto , era de valor de
dous milhoens de. prata. Paffarao por ordem das
Mageflades a Badajos ; Manoel Teiles» da Silva ,
Marquez de Alegrete ,• e a Elvas, o Marquez de
los Balbazes y a fazer os coftumados cumprimen-
jtQS dos Reys feus Amos. Nefla ijianhaa foi o Se-
flh ii ' , nhor
244- Hlfioria Panegyricados defpoforios
1720 ^^^^ Patriaica ao Paco , faber da nova Princeza,
que .( airim como tambem Suas Mageftades ) Jhe
fallou com muito agrado. El-Rey D. Joao mandou.
dar de ajuda de cufto a cada hum dos Regimen-
tos delnfantafia, eCavaliaria, que haviao alfifti'
do na fungao doCaia duzentas meias dobraS;, o quc
fez ocomputo de feis centos e quarenta mii reis.
Comerao publicamente , afTiftindo muitos grandes
da Corte de Caftella , Suas Mageftades com os Se-
renilfimos Principes do Brazil , que com os Senho-
res Infantes todos'_, haviao dado audiencia, e beija-
mao atoda aCorte, demanhaa. De tarde partio
aCamarcira mor de Portugal a Badajos, a titulo
de ir aliviar as faudades da Senhora Princeza das
Afturias. Foi recebida mui- gratamente das peffoas
Reaes, e de toda a Fidalguia daquclla Corte. Tam-
bem de Badajos vierao aElvas a Marqueza das
Navas , e outra Senhora tambem Marqueza, a vi-
zitar a Princeza do Brazil. Deo-fe-lhes mefa de Ef-
tado de dous talheres , dezoito pratos de cozinha,
e tres cobcrtas , huma dedoce, e duas defruta,-
e no fini da mefa , xa , e choculate.
1 8 : Havia ja expedido El-Rey D. Joao o feu
Guarda-joyas a Badajos , com varios prefentes pa-
ra os Criados da Senhora Princeza das Afturias ,•
e na tarde defle dia , chegou tambem a Elvas o:
Guarda-joyas de El-Rey Catholico , com prendas
, mui eftimaveis para os Criados daSenhora Prin£
cezado Brazil. O M^arquez de Angcja, feu Mor-
- domo mor, teve humajoya de valor ineftimavel: '
D. Pedro de Vafconcellos Eftribeiro mor , hura
efpadim , ci-avado de maravilholbs diamantes ; D,
Lopo de Almeida^, e D. Carlos de Menezes, Vea^ I
dores j o primeiro , huma joya tamhem de dia-
mantes
do^Frincipesdo^ra^iliLivjvIII. 24 f
jnantes mui raros ,• o fegundo , hiini efpadim guar- j rr^ g,
neeido de outros femelhantes. A Camareira mor , "
e a Donna de honor , cada huma dellas , huma
preciofilfinia joya : D. Joanna de Mendon^a.,,.D, . ,
Helena de Portugal , D- Luiza Joanna Coutinho ,
e D. Marianna de Lencaftro ^ fuasDonnas , cada '
qual huma joya , que valia o melhor de tres mil
cruzados. Fez EI-Rey D. Joao a graga ao Guar-
da-joyas de Caftella^ de.hum annel jnui preciofo, e
de Ihe mandar por em dous dias , que ie deteve
em Elvas , mefa de Eftado , alfiftindo-lhe Francif
Qode Andrade Corvo, Mo§o da Gu-arda-roupa , e
Guarda-joyas de Sua Mageftade / que ao mefmo
tempo mandou dar mefa franca a todos os Hef-_
panhoes , que fe achavao na meirna Pra^a ,• a ca-
da hum , fegundo a fua qualidade , mas com eftih
penda grandeza ,• o que fe continuou ate Sua Ma-
geftade fe recolher a Lisboa. Ao mefmo Francifco
de Andrade Corvo , quando levara os prefentesa
Badaj 6s , mandara tambem dar EI-Rey Catholico
outro annel de valor de quatro mil cruzados. Na
noite defte dia , houve os coftimiados feftejos de
luminarias , falvas , e repiques de iinos. Houve
tambem muitos fogos de artificip , nao deix^ndo
de caufar , como fe ardeife a primeira vez, a fonte
de fogo , de que ja fizemos men^ao , novas admi-
ra^oens. No Pago tornou a haver huma fere-
nata.
19 A vinte e hum fez El-Rey Catholicp mer-
ce as Tropas , que marcharao a fa?;er-Ihe aififten-
cia no Caia, de Ibldo dobrado, que mandou qua-
druplicar refpe<^ivamente aos Omciaes dellas. Tor-
aarao a jantar em publico Suas Mageftades , conj
osPrincipes.doBrazil, alliftindo en.tre outros Se-
■,;i ' nhores
2^6 Hiftcria Fanegyrica dos defpoforios
^«20 nhores Caflelhanos, o Duque de OlTuna, Eftri-
^' ^ beiro mor de Sua Mageftade CathoHca. F-ez a Se-
n^.r-.n, A. v.;„ renifTnna Princcza do Brazil nefte mefmo dia mer-
ceza do BrAzil Ge-acada hum dos Senhores Inmntes , D. -brancil-
aos infantes, D. co, e D.Antonio de hum efpadim, guarnecido de
Ammio'! ' ' excellentes diamantes. Receberao elles eftas pren-
das da mao do Veador da mefma Senhora , D.
Lopo de Almeida , a quem oSenhor 'Infante D.
Francifco deo hum annel de hum fo diamante , de
valor de cincb mil cruzados. Os mefmos Senhores
Infantes , D. Francifco , e D. Antonio , receberao
outro femelhante , e mul preciofo donativo de fua
Sobrinha, a Senhora Princeza das Afturias. Repe-
tindo nefte dia a Marqueza das Navas , e a outra
Senhora, com quem dift^emos tinha vindo no dia
anteccdente , fcgunda vifita , fe Ihes tornou a dar
butra femelhante mefa de Eftado.
-20 De tarde fahio toda aCafa Real nos feus
. coches , a ver hum exercicio dos Regimentos. Ha-
via mandado EI-Rey aoConde deAlva, Gover-
nador das Armas , que as fizeft^e , como fez , for-'
mar 110 Rocio da Fonte nova em duas linhas , que:-
fe affrontavao , a Infantaria no centro , e a Caval- -
laria nos lados. Depois que chegarao asSerenifti-
mas Senhoras, Rainha , e Princeza do Brazil , com
o Senhor Infante D. Pedro , montarao a cavallo
El-Rey , o Sereniftimo Principe , e os Senhores
Infantes, D. Francifco, e D. Antonio , o Du-
que Eftribeiro mor , e o Camariftas de fema-
na* Mandou Sua Mageftade atacar cada Regi-
mento de Cavallaria , o outro ^ Infantaria, que
Ihe ficava fronteiro , e fe haviao formado de mo-
do, que faziao frente a todos os quatro lados.
Poi- todos elies fe fez immenfo fogo , de modo
que
dos Principes do "Bm-^il^ Liiro III. 247
que rodeada amefma Infantaria pela Cavallaria, 172 O-
ja mais efta a pode invadir , ou penetrar. Execu-
tado tudo com grande ordem y e primor , reco-
Iherao-fe finalmente mui divertidas Suas Masiefta-
desj, eAitezas ao Pa^o, aonde a noite , era que
fe repetirao os mefmos feftejos, que nas antece-
dentes , houve tambem ferenata.
2 1 No dia fesfuinte derao Suas Mageftades,
• • • •/!•
de manhaa , audiencia a muitas peftbas de diftin-
^ao da Corte de Caftella , Seculares , e Ecclefiafti-
cas, Regulares, e nao Regulares. Todas ellas ti-
yerao a honra de beijar a mao a Sereniilima Prin-
ceza do Brazil. Nefte mefmo dia entrarao tres Se-
nhoras Caftelhanas rebu^adas , ou , fegundo fe ex-
plica o ieu ideoma , tapadas , em Palacio. Fizerao
muitas gaiantarias , todas mui applaudidks, e ce-
Jebradas. Jantarao tambem Suas Mageftades , e
os SerenilTimos Principes , com alfiftencia de mui-
ta nobreza de ambas as Cortes,pubiicamente. Nef
te mefmo dia fe mandarao , de huma para outra
Corte, os enxuvaes das Senhoras Princezas. Havia
mandado vir de Pariz El-Rey D. Joao, o que havia
de levar aSenhora Princeza das Afturias, com a
maior grandeza, que ie pode imagLnar.
2 2 Pelas lete e meia da manhaa paftbu para Ba,-
dajos o q pertencia aSereniftima Senhora Princeza
das Afturias, conduzido em huma galera, feis carros
matos^cinco andas, e quinze cargas. Tudo fe cobria
com repofteiros, com Armas de Caftella, e Portugal.
Hia acompanhado de huin Alferes ;, e doze Solda-
tdos de cavallo. Formoii-ie efta marcha hum quarto
iide legoa para la do Caia. Conftava a vanguarda de
quatio Soldados em f6rma,com os clarins em frente.
j Seguia-fe hum. Repofteiro, e logo, quinze cargas, re-.
- partidas
248 Hifioria panegyriea dos defpofvrlos
j 720 partidas a treS;por cinco Almocreves: hum Repoftei-
ro tinha a feu cargo difpor, que marchairem unidos.
Vinhao logo as cinco andas.cada hiia com feu mo^o
da Eftribeira, dous Jiteireiros , e hum moco de cada
parte. Atraz vinhao os feis earros matos , e a galera
no fim: cada hum delles trazia tambem feu moco da
Eftribeira. Entrava tambem neita companhia hum
Tenente , poilo que fem iugar certOj, por ter cui-
dado de acodir a todas as partes, que era neceifario
para confervar a boa ordem da miarcha. Fechava
ultimamente efte corpo^ a retaguarda, que conftava
cle hum Alferes com a efpada na mao , mandando a
partida, e os oito Soldados, com que fe rematava.
23 Entrarao as onze do dia pela pprta de Ba-
dajos, de donde forao guiados a Praga do Campo
de S. Joao , Cathedral daquella Cidade. Sairao
Suas Mageftades Catholicas, e Suas Altezas as
janellas ,• e aifim mefmo foi vifta efta condu61:a de,
grande numero denobreza, e povo ; baixou or-
dem para fe voltar a traz , para a paragem aonde
fe havia de dcfcarregar ,• e por fer a rua mui eftrei-
ta , foi neceifario fazer huma contramarcha , voi-
tando para a mefma rua, para ondc cahiao asja^
nellas dos dous Paiacios, que todas eftavao po-:
voadas da nobreza. Fez-fe a defcarga com muito
boa ordem ,• e em quanto fe nao recolheo o enchu-
val , efteve fempre a efcoita com a efpada na ma6.-^
Entao chegou ordem para fe recolher toda a geil-
te , e cavalgaduras , para fe hofpedarem , o que
aiftm fe executou com a maior magnificencia^
Francifco de Andrade Corvo , diife da parte del-
Rey de Portugal ao Conde Rollor , Secretaric^
de Sua Mageftade Catholica ;, que toda aquella i
comitiva vinha a ordem de El-Rey de CaftelJii,para
leguir
dos Principes do "Bra^^iU Livro III. 249
feguir as fuas ordens. AiTim o reprefentou o Conde 1720-
a EI-Rey leu Amo , e tornou logo refpondendo,
que nao era neceJrario a EI-Rey Catholico. O en-
chuvai que trouxe a Sereniffnna Princeza do Era-
zii D. Maria Anna Vitoria, he o que agora palla-
mos a tranfcrever.
MEMORIA DOS VESTIDOS, ROUPA
- branca , e outros generos , que trouxe a Serenlf
'_ fima Senhora Princeza do Erazll , de Caftella
para Portugal.
N U M E R O I.
lez y ocho docenas de panos de Sillica.
DocQ docenas de paiiuelos de Baptifta , para
el volfillo. ..
Doce Zagalefos de Cotonia , guarnecidos de enca-
jes ,• uno de ellos , efta en el numero 1 7.
Quatorce Almillas para de noche , guarnecidas de
encajes angoftos, con buelos de una orden; unay
efla en el numero 1 7.
Seis Almillas para de dia.
Seis docenas de camifas de dia , guarnecidas de en-
,|i cajes angoftos , con buelos de una orden,- una ,
eft^a en elnumero 1.7.
os docenas de cainifas de Corte, guarnecidas con
encajes angoftos. ; , , - i
[Quatro docenas de carnifas deiCSifa , guarnecidas
' con encajes. ■ ■ ..>'
, Diez y ocho Peinadores.
I, Diez y ocho loalhas de Tocadot. A
, Seis docenas 4e camiias de nochgJ , con buelos de
li dos
2fo Hi/lmaPanegyricados defpoforios
172 0* ^^^ ordenes guarnecidas ,• um , ejla en el mme-
ro ij.
Quatro Battas de Algodon de cama , guarnecidas
deencajesj una y efia en el nwnero i"].
Seis docenas de paiiUelos de Paptifta , guarneci-
dos; elunoy ejla en el numero 17.
N U M E R O II.
VEinte y quatro Sabanas grandes.
Ocho dozenas de toalhas , para la fobremeza,
del Tocador.
Doce docenas de panuelos chicos y para limpiar la
cara.
Doce docenas de panuelos de Cotonia liza y para
limpiar la cara.
u
N U M E R O III.
N Cofre con polvos.
N U M E R O IV.
s
Eis Cotillas de los veftidos de Corte j unay eflA
en el numero if. '^j
-Seis Cotillas fueltas de glafe dc pla , y oro.
Ocho Fontillos ,• el uno , efl^ en elnumero 1 7.
Doce pares de Buelos con fus mangas de lienzajl
ra veftir-fe de Corte.
Doce pares de Buelos con fes mangas de tafetarijj
para veftidos de Corte.
Doce Cuellos , compafieros de los Buelos.
Quatorze pares de Buelos , para de dia.
y eime y quatro Efcotes, para de di^,
Veintei
dos Principes da "Bra^^iU Li^ro III. 2^1
Veinte y quatro almillas, guamecidas con en cajes. 172 0.
,Doce panuelos para denoche, para la garganta j
e/mw efl}i en el numero 1 7.
Dooe panuelos para de dia , para k gar.ganta| ta-
dos con encajes. .. -
,, Seis panuelos para el volfillo , guarriecidos de en"
f! cajes de gala.
Dos Eftinquerques de encajes.
Cinco pares de Buelos de gala , y mas otro , que
, tiene Su Alteza , le ha buelto.
Siete pares de Buelos de tres ordenes, fm Efcotes.
Una guarnicion de veftido de Corte entera, de en*
cajes a la Francef^.
Dos Corbatas de encajes.
I Un Peiiiador guarnecido con encajes, con fu toalla.
Tres toallas para el Tocador; companeras delos
Tocadores.
Tres Tocadores de encajes-
%
N U M E R O V.
UNa piefa de Perfm«a , color verdemar, con
felpilla de rofa.
Una piefa color de rofa , con felpilla de purpura.
Una piefa verde, con flores color de oro.
Una piefa, fondo purpura> con flores blancas, y vep
des. ^ ^
Una piefa,fondo verde,con flores purpura,y blanco.
Una piefa, fondo blanco,. con flores encarnadas cP
caroladas , y blancas.
'Una piefa, fondo verde , con flores purpura j bkn-
co , y caiia.
Una piefa, fondo blanco, con matizcs, azui , pur^
pura , y verde.
:o . ^ li ii ■ N U-
1729.
252 Hiftoria Panegyrica dos defpofvridk
N U M E R ■aq VI.
UN veftido de Corte, de rizo labrado , color
de punzo , vordado de blanco.
Un veftido derafo lifo/color de rofa , vordado
de diferentes colores. ■ ;"
Un veftjdo encarnado de tela deoro, con^unta
de Efpafia de plata.
Un yeftido de rafo iifo , blanco , vordado de dife-
' .irentes colores.
Un veftido de tercio pelo , azul , vordado de feda
blanca , color de oro , y la cotilla guarnecida
de encajes de hilo , bu^Ios, y efcote , con dos
cafacas , la una companera de efte veftido , y la
otra compafiera de una bata ,• los buelos , y cf
cote van pueftos en eljubon de plata verde ,
que ha de fervir el dia de las entregas.
N U M E R O VII.
UNa guarnicion dcveftido de Corte, de punta
de Efpafia, de feda blanca,
Urta guarnicion de lo mifmd, con matizes de feda,'
color de oro , y verde.
Una guarnicion , de feda blanca. . <
Una guarnicion de puntas de Efpaiia , vordada de
flores. ^
Una guarnicion de punta de Efpaiia, blanca. J
Una guarnicion blanca, vordada de color de fuego.
Dos Guardapies fm hafer, el uno color de roia, y'
el otro color blanco.
Un Guardapie de tela de oro , con punta de Efpi^
na de plata.
Un
dos Frincipe$do Bra^t^ Ht-ro llL 2 jf j
Vn G uardapie amarillo , y pJata , cdn galoii de lo 1^72"^,
mifmo. - -; '-
Un guardaple de tela encarn^ida^ y plallaf> ^bfi flci-
res de lo mifmo. ;;- •.' ■ ■ o> -'".
Vn Guardapie colorderofa, y plata ^ con galon
de lo mifmo. - - ' 'T 0 i
Uii Guardapje de tifTu blanco, con galon de plata.
Un Guardapie de rafo lifo, blanco^ vofdado de
fedas.
UnGuardapie de verdemar^vordado de todas fedas.
V
N U M E R, O Vltl.
Einte pjefas deGrodetunes, -f Tafetanes.
Tres Guardapies.
N U M E R \G - IX,
"T T N veftido de coJor de purpam / \y"plata ,
\^ guarnecido de galones de lo mifmo, con chu-
paamarilla, ypliita> y fus Giiai-dapi^S; '
Un veftido de Droguete , coJor de Canela , y oro
bajo , vordado de feda blanca , f aziil, con chu-
pa azuf, y las bueltas vordadas de lo mifmo.
ILJn veftido de^roguetecolor de agata, Vordado
de plata, con>bitelEas>,/y chupa verdE] vordadas
de lo mifmO. .<':'[.::.:■' {:'r. ■• . ■ ^ ■->:^ ■'
tJn veMo de rifo : encamado , ipordado^dfe .feda?
blanca, las bueltas , y la chupa de -rafo iizo blan-
co , vofdadas de lo mifmo.
'%Jn veftido de tela de color de rofa , y plata , las
bueltas, y chupa , cazaca, ybafquinha deDro-
guete color de ceiiiza , y oro , guarnecido con
galones de plata.
• ■ • Un
2 5^4 Hiftoria Fanegyricadn defpoforios
1720» Un veftido de Grana , vordada:de oro, con.ehupa
de glafe de plata.
Doce 3onabreros decaftor.
Doce Cartones de piumajes.
N tr M E R O X.
Clnco Dejbantales, vordados de todas.redas.
Seis Palatinas companeras de los Debantales.
Ocho pares de Mangotes , de colores.
Diferentes pares de Zapatos , y Chineias,
Peines de todos ffen^ros.
Noeve mazos de Guantes.
Cordoiies de todos eolores paraCotilla.
Diez piefas de Zinta de hilo.
Seis paiiuelos de Garfa.
Dos volantes para v^ftido de Cortc.
Quatro cartones de Zintas iabradas.
Trein|ta y feis piezas de Zintas.
Alfii€J"es.
Una guarnicion de veftido de Corte.
N U M E R O XI.
VEinte y quatro Sabanas grandes.
VeinteSabanas chicas , de cama.
Doce docenas depaiios grandes. ,,
Quatro docenas de pares deealzetas j unpar , eft^ff,
en elnumno 17.
N U-
dos Principes doBrazjlyLivro III. z 55
N U M E R O XII. J729.
DOce Dcvantales bordados, de plata; y oro.
Veinte Paletinasdeplata; yoro, compane-
ras de los Devantales j una , efiTi en elnumerQ 1 7.
Pompones para todos los adere?os.
Doce Petillos de plata , y oro.
Siete pares de Mangotes de plata, y oro.
Ocho pares de Brazaletes de plat-a , y oro para los
Giiantes.
Seis Manguitos,- los cinco de plata, y oro, y uno
de feda.
Veinte y quatro piezas de Zintas de plata , y oro.
Veinte y tres Abanicos buenos,
Seis docenas de pares dernedias de fedaj un par ,
efia en el numero 17.
Veinte y quatro pares de medias ,de hilo.
Doce pares de medias de Caftorj los dos de flloSyimn
enelnumero 17.
,Quatro paresdeligas vordadas deplata, y oro,-
un par , efia en el numero 17.
N U M E R O XIII.
UNa cobierta de Tocador , de tiiTu de oro ,
y plata , guarneeida con ,floco de oro , y
una cobierta de Mefa de teroii^-peiQ Ca/f^ielinj
con galon , y floco de oro. ■'' • ' - ' - •
Otro paiio de tercio-pelo encarj?ado , yordado de
feda blanca, con floco de lo nji^ing, conrtarje-
tas en la^ efquinas ., ;y,en el mqdio , y Ja .cobier-
ta de la Meza v;orda|da al cartCo.
Otra detifiti4eoro/ yplau, .c9Wr.de fi*ego,eo9
i^isi' ; ' " "floco
2 >' 6 Hifloria Panenrica dos dejpoforios
1720» floco de lo mifmo ,• el forro de glafe de lo mif
mo , y la fobremeza de Damafco.
N U M E R O XIV.
UNa Batta , y bafquina de rafo , color de oro
bajo j con matizes.
Otra Barta con bafquiila de rafo ,• fondo blanco ,
con flores de felpilla , color de fuego , y otros
colores , guarnecida con un encaje del color de
las florcs.
Otra con bafquiiia, color de fuego, y otros colores.
Oa-a con bafquiiia, color azul de Perfiana , y otros
colores.
Otra con bafquina de rafo verde-mar, y colores.
Otra con bafquiiia de razo blanco de la China, con
flores encarnadas , y oro , guarnicion de oro , y
plata , y felpilla encarnada.
Orra con bafquina de tercio-pelo , color de rofas ,
vordada de blanco , y verde.
NUMERO XV. y XVI.
UNa piefa de tilTu de plata , y oi^.
Una piefa de tiflu vcrde , plata , y oro.
Una piefa de tilfu purpura', oro, y plata.
Una piefa de tiflu, oro , y plata.
Una piefa de tiflii blanco , oro , y plata.
' Una piefa de tela de plata , - color de purpura.
Una piefa de tcih , azul , y oro. :>
Una piefa de tela , color de rofa.
Una piefa de tela blanca, con flores verdes.
Una piefa de tela blanca , y plata.
Una piefa de tela > color de.purpura , -y. plata.
Una
dos Trlncipes do^ra^iU Livro III. 257
Una piefa , color de fuego , y plata.; > : ' ; 1720^
Vnapiefa ,de color de rofa, ypJata, GonJlfloreS
verdes. t >
XJna piefa azul , y plata;}
Una piefa amarilla , y plata , con flores de color de
rofa.
Una piefa de color de rofa , y plata.
Una piefa , coior de verde-mar , y plata.
Una piefa , verde obfcuro , y oro. ,
Una piefa amarilla , y plata. - -^
Una piefa , color de rofa , y plata.
Una piefa , , color de purpura , y plata<
Una piefa ^i^.ul , y plata/ , ;
U Una piefa blanca, y pla^a.
Una piefa , color de cana , y plata*
Un Guardapie de Tafetan azul, y plata.
Un Guardapie , color ,de rofa , y plata.
Un Guardapie amarillo , y plata.
Dos Guardapies de tela de plata ,• el uno blanco )
el otro verde.
N U xM E R O XVII.
UN veftido de Corte , de tela de plata, verde;
la Cotilla guarnlcida con buelos, y todo.
Dos pares de medias.de Caftor.
Un par de medias de feda verde , ^ordadas de
plata.
Un par de Calzetas , y un par de ligas.
Un par de Zapatos.
Un par de Chinelas.
Una Paletina de oro verde,
Una camiza de dia.
Una camiza de noche.
-' '- kK Una
258 Hi/ioriaPmegymadosdeJfoJbrws
I72p» Una Almilla guarnecida.
Una Ropa de lienzo paia <:ama , guarnecida de
encajes.
UnaZagal deCotonio, can fu encajedebajo. '
Un panuelo de encajes.
Unpanuelo para el pefcuefo, guarnecido de enca-
jes, para de noche. -^
Un Fontillo. ' ' ^
UnGuardapie, verde , yplata. '
Una Mantilha de grana , jbordada de feda.
Una cobierta <le Tocador de tercianela verdei'
bordada de Oro , ypIata^V conefcud,as> alas^e^
quinas , y medio j y floco grande - de campa^-
nilla de oro, yplataj, aforrada con tela blan»
ca, con fobifemeza d^tercianela , bordada al
canto. '^--''
Dos Bolfas para los Peina^res , de ia mifma tela,
y bordadas. , ^v; .
UnaBatta, y bafquina de tda de plata , color de
roia con cncaje de plata.
Tcfigo rejevldo todo lo qtie contiene efta Memoria.
Dona Marla Therefa "Ro^jano. \ ,
*«
S' :
ME'
dos Principes do Bra^il, Lmo III: 2 $ ^
MEMORIA DE LAS ALAyAS DE LA j^^o,
Seremjfima Senora Princefa del Brazil y que
han de pajfar a la FrovterdS^e Portngal y yfi
han de dar al tiempo de /as entregas de /asper"
fenas Rea/es , qtie con diJHnci6n\es et^ eftaforma
figuiente. \
N U M E R O I.
Tocador grande , de plata fobredorada,
DOs quadrados.
Dos caxas , paPa ipolvos.
Dos caxa?, para lunares.
Dos falbiilas grandes.
Otra falbilla mediana.
Una palancana. '
Una fuente.
Un jarro, con fu tapadera,
Un agoa-manil, con fu tapadera. '^
Dos tafas tapadas.
Dos borlas para plomos.
Dos limpiaderas de peines , guaniecidas de plata.
Un zepiiio cobierto de plata.
Dos flafquittos. '
Una efcudilla , con fu tapadera.
Un platjllo.
Una caxita para los mondadientes.
i
t
Kk ii NU'
?6o Hifloria Panegyrica dps defpQforiQi\
N U M E R O it
Otro Tocador.
DOce candeleros.
Un azerico.
Un cofrecito.
Una ta^a con fu tapadera fnayor , que la primera.
Dos candeleros , con dos macheros cada uno.
Una palmatoria.
Una efcupidera.
Un puchero para caldo.
Una orza de plata dorada, para la plata de las ma-
nos.
Una falbilla grande.
Otrafalbiila chica.
Otra defpabiladera con fu caruela.
Seis platillos.
Un cochillo , tenedor , y cachara co;i. fu eftuche.
Un flaquitto de chriftal
E
N u M E .:e^ o m.
L efpejo de otro Tocador de plata , taiUda,
y dorado. .
D
N U M E R O IV. y y. y ^
i:
Os pies de cofre de Gontador , dorados.
La filla para el Tocador detercio-pelo , cott
g^ondeoro. JJ
\
Toca- i
di}s Frincipes do^Brai^ih Uwolll. tit
Tocador que ha de fervir en el camino. 1729.
UN eipejo de pl*ata , tallado, y dorado.
Una paiancana , go« fuj avf j?^
pps caxas iguales, quadradas, y;,praIongadas.
Otra caxa prolongada, quadrada , mas pequena-
Otra del mirmo genero , mas pequena.
Dos caxas redondas iguales para polvqs.
Otras dos caxas redond^s mas pequeiias , para^Iu-
.nares.
Dos borlas para plomos. "
XJna fabilla con dos vafqs j y fu tapadera.
Dos candeleros isuales.
Un zepillo , cobierto de plata.
Todas las otras piefas, fo^ de plata talladas, y do^
radas , el paiio de meza de Tpcador de tercio-
pelo , con galon de ora,^ y l^ coJ?iierta de tilTu
de oro.
N U M E R O. VI.
TocMor chlco de ^k^ron.
UNa palancana, yjarrillo tapadp.
Dos caxas para polvos , cop tapaderas.
Dos eaxas. p^ra lunares , con fu^.cobiprtas.
Dos candeleros,
Dos taifos, con fus tapaderas.
Una falbilla. . .,- ., ... .... :•;; -
Una defpabiladera , coii fli platillo.
Una efcupidera.
Dna orza , para pafia.
Una caxita de monda-dientes. j
Una
262 Htftoria Pane^rwados defpoforios
1720' Una borJa para plomos.
Un apagador dc Iiizes. ./i
El pano de la meza del Tocador , de Damafco
azul\, con dos galones de oro. T
El pano para cobrir el Tocador, vordado de oro. ]
Elpano blanco con fu encaje de punto, peinador,
y toalla , guarnecido de encajes. '
N U M E R O VII.
Unfertu de pJata , a modode tocador, en una
caxa ) aforrada en cordotan ne^a-^y
dentro ay lofeguiente:
UN efpejo, con fu moldura de plata blanca.
Un palancana , con fu moldura al canto.
Unjarro, con fu tapadcra deplata blanca , y do-
rado por dentro.
Una ta^a para.caldo , y fu^tapadera de.plata blan-
ca , y dorada por dentro. ' '
Otra caxa atarquilada , con,fu tapadera.
Otra caxa mas chica de la propia figu^ft."
Dos candcleros , achatados,
Un, enbudito.
Una caxa redonda , parajabon.
Unaefcrevaiiia, que fe compOne de una tandeza,J
tintero, y falbadera con ius tapas, y unacam-
panilla.
Unas defpabiladeras deyerro, con fus anillos de
plata.
Un platillo de las defpabiladeras.
Quatro platos trincheros.
Dos cuchar^s. .
Dos
dos P rinci-pes do^ra^il: Li^ro III. 265
Dos tened ores.
Dos cuchillos, con fus cabos de pJata.
Un tafTo almenidado, con fu tapadera de plata
, blanca y y dorado por dentro.
Vn zepilio , guarnecido de plata.
Dos pomos de chriftal , con fus taplderas de plata.
u
N U M E R O VIIL
N caxon , en que van diferentes colores , y
Efpiritus.
N U M E R O IX.
Un caxon-.y han dentro las laminas, que eftan
en la ca^ecera delaCamai de S, A.
que fon en ejta foma.
UN Relicario grande de media bara de largo,
y una tercia de ancho , con un marco de pla-
ta de filagrana , y lamoldura de dentro dorada
con fu caxa de tercio-pelo encarnado.
Un Agnus , guarnecido a dos azas de plata fobre-
dorada.
Otro Agnus , con un lignum Crucis , eon iir guarni-
cion de plata fobredorada.
Orros dos Agnus chicos ,• el uno mayor que el otro,
guarnecidos de plata.
lUna Imagen de Nueftra Senhora de Monferrate,
con fu marco cchatado , guarnecido de plata de
una tercia de largo, y una quarta de ancho.
Tres lanrrnas con fus marquitos de concha : una de
San Jofeph ,• otra de Sajita Therefa,- y Ja otra de
San Antoiiio. N U-
1729.
26l^ Hifioria Panegyrica dos defpojbrlos
N U M E R O X.
OTro caxon , y dicntro dez laminas de plata
zinzeladas; con fus marcos dorados; y uni
moldura de Evano, con fus chriftales. « i ,
Otras quatro laminas con fus marcos dorados , de '
una tercia de ancho , y media vara de largo.
Otra lamina de Nueftra Senhora, de una tercia en-
quadra , que eftara en la cabecera de la cama.
o
N U M E R O XI.
Tro caxon, en que eftao doce figuras de
piedra.
N U M E R O XII.
UN Cofrefito de tafilete , con tres habetas ,
qiie es de ropas del Tocador de charol.
u
N U M E R O XIII.
Na caxa de zapa , y dientro las piefas cor- '
refpondientes , de plata lifa, y una efcrivaiiia
de camino.
N U M E R O XIV.
o
Ttra caxa de baqueta negra , y dentro un ro-
cado para tomar Chicolate , que fe compo-
ne de tandefilla, chicaras da China, bafo de chrif-
tal con fus tapaderas , dos cucharas , y otra pie- \
fa para azucar, y dos pozillos para chicaras, y
bafo,
.
dos Prindpes do Braz.il ^ Livro III. 2 6f
' bafo, y todo eJIo de plata fobredorada, con fo- 1720
brepueftos , y zmzeladas.
o
N U M E R O XV.
Tra caxa de zapa , j dentm una cuchara ,
tencdor , y cuchillo con fu punto de plata fo-
bredorada.
N tJ M E R O XVI.
Vna Cafetera confu caxa de madera 77e gra^y
dentro tiene lofeouiente.
UN jarro de piata liza, con fu tapadera.
CJna piefa para Cafe, de plata Jiza.
Una efcudilla de China , con guarnicion de pJata.
Un enbudito de plata.
Dos cucharas de lo mifmo, chicas.
Un flafquitto de ChriHaJ , con fu zerco , y tapon
deplata, dos platillos , y dos chicaras de Chinaj
y en el caxonfito de baxo una bandejita de cana
de Indias.
'U
N U M E R O 54VIL
Na caxa de madera de GranadlJIo de una
quarta en quadro , y dentro un pJatO , y eP
cudilla de China , guarnecida de ouro , y ima
cucharita de Jo mifmo.
Ll NU-
266 Hifloria Panegyrica dos defpoforias
u
K XJ M E R p XVIIL
^ caxon con Ghicolate , y Cafe.
H XX M E R O XIX.
OTro caxon , y dentro una caxita de charol ,
donde eftan diferentes cofas de pcdrenas, que
■ :- e^^n confideradas en la memoria de joyas.
",:■ M tJ M n Si O XX. .
UNa caxa chica , de madefa de nogal , guaf^
necida de plata hza.^donde van deftintas joyas|
que eftan coiiiideradas en tai memoria dciLis^
que efta a parte.
N U M E R O XXI,
OTro caxpn mediano de tafilete, con el Bafoii'
dorado ,, dbnde van piefis alajas. , cozas di*
pedreria , que tambien eftan confidcradas en la^'
memoria del todo dejoyas. --^-
N U M E R O XXII.
Tro del mifmo genero del de arriba, con di-
ferentes cofas menudas , de que ay memoria
^> pormenos.
o
NU-
D
dos Principes do "Bra^il, Livro III. 367
N U M E R O XXIII. y XXIV* ' 1. .
1
Os cofres , c6n libros.
N U M E R O XXV.
N cofrefito cobierto detafifete; ciayafon'do;i^
rado , y dentro cinco platirias , cinco deban-
■ tales y cinco ropas de plata , y oro , feis taure-
tillos , cobiertos de punta , y oro , con puntilla
: de lo mifmo, una fcleta de punta de coral, y una
. mexita de lo proprio.
Una arana pequeiia de plata. *
|Un blazrero de plata fobredorada , con fu bacia. .
Un calentador de plata , chico.
Otra, con fu manga de madera ,• tO(lo Ib tJe ttias
.^deplata lavrada , con fd cobierta de lo liiifino^
' para profumei
lUna bandejita de plata de filagrana.
iDo3 tabeleros de plata liza.
<Juatro ramalleteros de plata, chicos.
Posleones de plata> de lo mifino. . .,, .
Un caxon de Tavaco. . V-i-^' *
Ocro cofre donde viene la ropa blanca iizada , y
otras cofas de camino,- tiene numero 8. con una
T. que quiere dizir, Tocador.
Quatro caxones de* madera bafta, y dentro figuras
I dcl Nafciinieflto, de talla.
Teugo refevido todo lo que contkne efla Memorm -
T>dna MariaTherefa "E^jano.
Ll ii ME-
17^.
t
26% Hi/loria Tanegjrka dos dejpoforws
j 720. MEMORIA DE LAS ^OVAS, V DE MAS
alajas de pedreria, de la Serenijjima Senora Prin-
ceja del Brafil , que con dtjlincton ^ es en ejia
forma.
UNa joya para el pecho , de plata , guarneci-
da coii veinte y cinco diamantes brilhantes,
y uno dellos , chico,
Dos muelles de plata , guarnecido cada uno con
cincoenta ,- y fiete diamantes brillantes, que ha-
zen ciento y quatorze , los felTenta y feis gran-
des , y los de mas pequeiios.
Una pieza pat-a la falda tambien de plata , con fu
g^ncho _, guarnecida con veinte y fiete diaman-
res , los tres grandes , y los reftantes de vaiios
tamaiios.
Doce alamares con fus bottones, guarnecidos cada
uno con veinte y un diamantes rofas , de varios
tamaiios, que todos hazen 252, , y todas las di-
chas piedras tienen ios reverfos dorados, y tal-
lado.=.
Dos Retratos de los Rcys nuetlros Seiiores de oro,
guarnecidos con quatro diamantes brillantes,
medianos cada uno , que fon ocho. '
Dos Evillas de plata , con ocho diamantes rofas ca-
da una , que fon defafeis.
XJna procha de piata guarnecida con fiete diaman-'
tes brillantes almendrados , que eftan al ayre,
Un Tembleque para el pelo , guarnecido con uno
diamante, y orro que efta pendiente, ambos'
brillantes.
Una Evilla de plata para el Manguito dorada ,
guarnecida con qiiatro diamantes brillantes.
Otra
do sPrincipes do "Bra^il^ Livro III. 26^
Otra
j
loya..
UNa piefa acutillada para el peclio , guarne-
cida coii ciento y veinte y nueve diamantesj
Jos quinze grandes brillantes , y los de mas ro-
fas tambien crefcidos y y de diferentes tamanos,
de rofas ;, y brillantes.
Otra piefa de pecho , de plata , los reverfos talla-
dos , y dorados; guarnecida con veinte y quatro
diamantes ,• los quinze brillantes , y los reftantes
rofas , y todos crefcidos , excepto dos brillantes
pequenos.
Otra piefa de pecho correlpondiente a las otras ^
guarnecida con doce diamantes y los ocho bril-
lantes, y los quatro rofas , todos crefcidos, ex-
cepto dos brillantes chicos.
Otra piefa de pecho correfpondiente , con nueve
diaraantes ,• los fiete brillantes , v los dos rofas,
Diez y ocho alamares correfpondientes a las orras
' piefas , guarnecidos con ocho diamantes , cada
uno roias , y brillantes , que hafen en todos
144.
Doce bottones correfpondientes a los alamares ;,
guarnecidos con ocho diamantes rofas , y brillan-
tes , quc hafen 96.
Una piefa para la falda, con fu gancho, giiarneci-
da con diez y feis diamantes , rofas, y brillantes,
correfpondientes a bottones , y alamares.
TJn coiar de plata , guarnecido con treinta y nueve
dia;nantesbriilantes , engaftados al ayre, y una
cruz de pkta pendiente del colar , guarnecida
con cinco diamantes brillantes, engaftados al
ayre , hazen 44. .
D0.9
270 Hi/hria Vanegryica dos defpoforios
T7JO. Dos arrecadas de plata, guarnecidas con cinco
diamantes brillantes cada una j los dos cngafta-
dos j y los tres al ayre , en forma de perillas.
Alajas fiieltas-
Slete clavos para tocado con quatro diamantes
cada uno _, que hazen veinte y ocho, todos bril-
lantes.
Cinco engaftes con cinco diamantes brillantes me*
dianos , cn fus obriflas , para el pelo.
Dos Maripofas para el pelo , deplata, guarneci-
das con ocho diamantes rofas, que hazen diez
y feis.
Una Maripoza guarnecida con tres diamantes, dos
rubines , y quatro efmeraldas medianas.
Otra Maripoza guarnecida con quatro diamantcs ^
dos topazios, dos rubines , una efmeralda, v uno
zafiro , todos medianos.
Oira Maripoza guarnecida con feis diamantes ,• los
quatro fobre unas paftas azules , una amatifta,
y una efmeralda , mcdianos , y chicos.
Otra Maripoza guarnecida con quatro diamantes,
tres efmeraldas, dos rubines, y dos topazios, to-
dos medianos.
Una Piocha de plata , guarnecida con onze dia-
mantes almendrillos , taladrados por arnba , y
otros onze engaftados en plata , que hazcn ve-
inte y dos de diferentes tamanos.
Otra Piocha con quarenta y fiete diamantcs brillan-
tes , engaftados en plata j los quatro pendientes,
y dos rubines medianos , y chicos engaftados
en oro.
Otra Piocha de plata con feft^enta y tres diamantes
rofas,
dos Principes do Bra^il, Livro III. i yi
roras ; engaftados los cincoenta y dos , y los on-
ze pendientes.
Una Maripofa guarnecida con diez diamantes bril-
lanrcs ,• los quatro fobre unas paftas azules , me-
dianos , y chicos.
Oira Maripoza gUarnecida de plata> con cinco dia-
manres rofas , engaftados al ayre.
Un Tembleque con tres rofillas , guarnecidos to«
dos con veinte y quatro diamantes , y con quin-
fe rubines.
Una Abufa para el pecho, con un rubin bolach, y
una efmeralda almendrada.
Una prefilla con fu botton para el fombrero, guar-
necida con veinte y fiete diamantes ,• los feis ro-
fas , y los veinte y uno tablas , de diferentes
tamaiios , en gaflados en plata.
Un Retrato del Seiior Principe del Brazil , de pla-
ta , y oro , guarnecido con quarenta y nueve
diamantes briilantes j los onze grandes , y los
reflantes de varios tamaiios.
Un colar con veinte y fiete perolas grueflas.
Una Cruz de plata, con cinco diamantes brillantes,
engaftados al ayre.
.Unas Arrecadas de platd , los reverfos dorados ,
guarnecidos con quarenta diamantes brillantes,
y quatro rubines , todos chicos engaftados en
oro.
Dos arillos de plata , y oro , con dos diamantes
brillantes , y dos rubines chicos.
Seis bottones pafladores , de oro, y plata, efmalta-
dos con un diamante rofa cada uno.
Diez engaftes fueltos con tres rubines ; tres topa-
fios , diez efmeraldas , y dos zafiros, todos me-
dianos.
Scis
2 72 Hijloria Panegyrica dos defpoforios
lT^O* ^^^^ perolas grueiTas fueltas.
Una caxa de oro , guarnecida con quarenta , y
cinco diamantes rofas , chicos , en gaftados en
plata.
Otra caxa de oro zinzelada con tres piedras en ella,
y fobre una un diamante , y fobre otra un rubin
pequeiio.
Otra caxa de Vitorina , guarnccida en oro^ efmal-
tada de colores.
Otra caxa redonda deoro, ynacar, tallada.
Otra caxii de oro almendrillada , con una zafira fo-
brepueila; y guarnicion alcanto, guarnecida
con duzentos y cincoenta y feis diamantcs bril-
lantes, chicos, engaftados en plata.
Otra caxa de oro, una con piedra Cornelina en cima,
guarnecida coh veinte diamantes brillantcs clii-
■ cos , engaftados en plata.
Otra caxa de oro , y nacar, guarnecida con ^QiQw-
ta y ocho rubines, y tres efmeraldas, todos chi-
cos, eng^aftadbs en oro.
Otra caxa de oro , con cinco fobrepueflos , guar-
necidos con treinta y feis diamantes rofas , qv.- ^
gaftados enplata, una efmeralda , dos rubi-' '
nes , dos zafiras engaftados en oro , todos chi-
cos.
Otra caxa de oro , diez piedras Cornelinas, y iia
fobrepueftoj en una dellas a modo dcramo,
guarnecido con cores, fetenta y ocho diaman-
tes , feis rubines , y nueve efmeraldas , chicos..
Una fortiza de oro efmaltada de colorcs , con UU'
diamante brillante , engaftado en plata.
Otra fortiza de oro polida , con un diamante bril-
lante.
Otradeoro; efmaltada de colores, con tres dia- >
mantes
dos Prlndpes do "Bra^U Livro III. 27 y
mantes briliantes , un rubin , y una efmeralda ,
chicos.
Otra fortiza de ofo polida , guarnecida con un dia-
mante brillante y atopaffado.
Otra de oro , con una efmeralda en medio , y en
el bra^o quatro diamantes chicos^ y dos eihie^
raidas pequenas.
Otra fortiza de oro, con una amatifta en micdio ,1 y
feis diamantes chicos , brillantes , en el bra^o.
Otra fbrtiza, con una crifolica en medio , y feis dia-
mantes chicos , en el bra^o.
Un relox dc oro , con fus cadenas , gancho, llave,
y fello , guarnecido de diferentes piedras corde-
linas , guarnecido con quarenta y ocho diaman*
tes brillantes chicos^ engaftados en plata.
Otro relox de oro,- con fu gancho, cadenas, Ilave,
y fello , guarnecido con ciento y onze diamantes
rolas, chicos, engaftados en plata.
Otro relox con fu gancho , llave , y cadenas com*
pletas de oro.
Un pomito para agoa de la Reyna de Ungria, de
oro , y nacar.
Un eftuche de oro , con eadena , y gancho de lo
^ mifmo , y en el muelle un diamante brillante ,
■ y dentfo fu omenaje.
XJn abanico de dos laminas , guarnecidas las vare-
tas con veinte y quatro diamantes , y ftete rubi-
nes , todos chicos.
lUn Relicario con un veftx) de Santa Vi6loria , y
' por otro lado un de San Antonio de Padua ,
guarnecido con veinte y quatro diamantes fon-
dos, yrofas, medianos.
Una Cruz en forma de Relicario , con un Santo
Lignum CfucH , guarnecido con ocho diamantes
Mm rofas,
172^.
2 74^ Hiflcria Panegynca dos defpojorios
X 720. rofas , engaftados en plata , y oro.
Un paliliero de oro , con diferentes fobrepueftoS;
guarnecido con noventa y uno diamantes rofas,
chicos , engaftados en plata.
Un palillero de oro , y nacar guarnecido , con ua
diamante brillante enelbotton, pordonde fe
abre.
Otro palillero de oro con fobrepueftos, con qua*
tropiegas dentro , guarnecido con fetenta dia-
mantes rofas , y entre ellos una tabla ,• los qua-
torce en la guarnicion de dos canones de mon-
dadientes , y los reftantes en la caxa , todos chi-
cos guarnecidos en plata.
Un bafton con puno de oro , y una foliftifa con
dos reafas , guarnecida con veinte diamantes
engaftados en plata , defanueve efineraldas _,
y ocho rubines , engaftados en oro , todos chi-
cos.
Otro bafton con puno de marfil , y una foliftifa con
fu reafa, y una rofilla de plata cn cima, con ocho
diamantes rofas; chicos.
Otra cana occa , con puiio de nacar.
Dos erillas de oro , y plata para los zapatos ,
guarnecidas con doce diamantes brillantes
pequenos cada una , y quatro rofas gran-
des cada una , que en todos fon treinta y
dos.
Un librito de Oraciones para los quatro dias de la
fomana , con unas manefillas de oro , eImaIta-«.
das de colores , guarnecidas con dicz diamantes;
brillantes, medianos.
Quatro bottones de diamantes para la camifa , en^
gaftados en plata , con un diamante cada uno.
Vn eftuche de oro , coa fobrepueftos , y en ellos '
treinta
dosPrincipes do ^ra^iU Livro III. 27 J
treinta y uno diamantes chicos ; y quatof ce e{^ 1720
p: meraldas. ^ ^'
Tengo refevido todo lo que contiene efia Memoria.
Dona Anna de Lorena,
El-Rey D. foao mandou dar a cada Dragao condu*
dor do referido enxuval da Sereniijijna Prin-
ceza do Brazi/, quatro dohroem.
Ajuftou-fe em ambas as Cortes , que humas, e ou-
tras Mageflades fe tornariao a ver no Caia feni
genero algum de fafto, e ceremonia pubhca. Nefte
dia teve Luiz Pereira da Silva, da Secretaria de Ef-
tado, o fcguinte
A V I S O.
Ua Mageftade tendo a confideragao a Vm.
fe achar fervindo nefta occafiao de Juiz
do Fifco , da Cidade de Evora , e a ter fer-
vido de Corrcgedor defta Camara,- foi fervido
fazer-Ihe merce, de que pudeife veftir a Beca,
o oiie Vm. podera fazer logo , fem embargo de
\ nao ter delpacho do Dezembargo do Pa^o , a
„ cujo^Tribunal ira Decreto para efteeffeito, e
com a declaracao, de que a veftio logo, de que
fa^o a Vm. efte avifo, para que aifim o tenha
,, entendido. Deos guarde a Vm. Secretaria de
Eftado, em Elvas 22. de Janeiro de 1729.
Diogo de Mendon^a Corte-ReaL
iMm ii 24 A 0$
-^'7^ Mftoria Panegyrica dvi defpforws
172Q "^^ -Aosvinte etres de Janeiro forao afliftir
^ ' Suas Mageftades, eAltezas ao Pontifical , que
com a occafiao de fer dia dos Defpoforios de N.
Senhora , com S. Jofeph, havia de celebrar na Se 6
Senhor Patriarca , com os doze Conegos da Santa
Igreja Patriarcal de Lisboa , e a que concorreo
alfim mefmo toda a Corte. As SereniiTimas Se-
nhpras , .Rainha , e Princeza, eftiverao com o Se-
nhor Infante D. Pedix) em huma Tribuna alta ,
que a eife fim fe fez no Cruzeiro da parte da Epif ■
tola. E!l-Rey , o Serenifiimo Principe , e os Senho-
res Infantes , D Francifco j e D. Antonio , fica-
rao da parte do Evangelho de baixo de hum do-
cel. Gelebrou-fe efta fagrada ceremonia fem diffe-
ren^aalguma^ do que fe coftuma praticarna San-
ta Igreja Patriarcal de Lisboa. Alfiftirao a ella ,
como Principes do Solio , os Excellentillinios Con-
des, de Avintes , da Ilha , e do Lavradio , e o Se-
cret^rio de Eftado , todos veftidos de huma gala,
nao menos eftimavel pelo feu bom gofto , do que
pela fua preciofidade. Concluida efta funcao , tor-
narao Suas Mageftades , e Altezas a Palacio;, aon-
de jantarao com a mefma folemnidade , que nos
dias anteriores , Reys , e Principes juntamente.
Fizerao-Ihe aftiftencia muitos Senhores , e Senho-
ras da Corte de CafteJIa , e dous Criados da Serenif ■
iima Senhora Rainha Catholica.
25 Erao as duas da tarde, quandoSuas Magef
tades, e Altezas partirao de Elvas cm duas Eftufas,
feguidos nao mais que de feus Criados, conduzidos"
Jviftao-fe outra ^^ defoito cocheSj, como quem hia particular, e nao
•vez hwnaf, c oti- publicamente com o feu Eftado. Quando chegarao
TA&ft"' ^^ ^^'^ ' acharao ja efperando no Palacio as pcfioas
Cdia^ Keaes de Caftella. Logo que fe aviftara6,paftara6 as
Senhoras
e
dos Principes do Braz^it, Lkro IIL 2 yj
Senhoms Princezas a ciimpnmentar a fetis Auguftos 1720
Pays. O mefmo fizerao as Mageflades, fem myfte-
rios, e ceremonias' politicas. Seguirao o feu exemplo
"os Senhores; e Senhoras de ambas as Na^oens, tra-
tando-fe de parte a parte comamaior policia , e
amizade. Eftiverao fallando em pe mais de duas
horas , fendo o thema efpecial da ccnverfa^ao o
exercicio daca^a, que era muito dainchnacao de
E!-Rey Catholico. Eritrando depois para a Sala do
meio do PaL^cio do Caia , alli continuarao a fua
fuaviflima pratica. Eftavao deftinados para cantar
os Muficos daCamrara de humas, e outras Mar
geftades : potico porem fdi o tempo que tiverao
para efta dihgencia ,• porque a converfa^ao em que
fe entretiverao j por tao pJacida, fez a melhor
confbnancia nos ouvidos daqueJJes Reaes Senho-'
res , e tiverao menos Jugar os Muficos de exercer
nefta occafiao os primores. da fua harmonia* Def-
pedirac-fe quafi Ave Marias , hcando concertados
em fe tornarem a ver naquelle fitio a vinte e feis
defte mez. Nefta noite , aifim conio nas prece-
dentes , fe repetjrao de huma , e outra parte as
coflumadas demonllra^oens de feflejo , e alegria.
26 Nofeguinte dia mandou El-Rey Catholi-
co.,,, que fe fizeife pubhca a refoJu^ao , em que en-
trara , de pailar de Badajos a Cidade de Sevilha
com a Senhora Rainha Cathohca; os Sereniilimos
Piincipes das Aflurias, osSenhores Ii\fantes , acom-
panhados todos da ReaJ FamiJia de ambos os fe-
xos , que partira de Madrid a fazer-Ihes airrflen-
cia nefla jornada. Tambem determinou , que fof^
fem fervindo a Senhora Princeza das Aflurias, a
fua Camareira mor , huma das fuas Damas , huma
SenJiora de honor , a (ua A^afata , tres Camarif^
tas
j
27^8 HtjloriaVanegyrica dos dejpoforws
1729, t-as > e o Padie LaubriifTel , Confeflbr deSuaAl-
teza. Tornarao ajantar Suas Mageflades, e Alte-
zas de Portugal publicamente. A' tardinha forao
as Senhoras y Rainha , e Princeza vifitar o Moftei-
ro de Santa Ciara. Eftavao as Rehgiofas , que
grandemente defcjavao ver a Sua Mageftade, e
Alteza , aparelhadas para a vifita ; como porem
era ja tao tarde> a penastiverao tempo asmefmas
Senhoras 'de fazei; Ora^ao. Nefte mefmo dia fahi-
rao tambem paiticularmente El^-Rey, o Sereniiri-
moPrincipe> e os Senhores Infantes, a tomar o
feu paireio. Entao mefino banqueteou Diogo de
Mendon^a Corte-Real , Secretario de Eftado , a
muitos Senhores da Corte del-Rcy Catholico ,• mui-
tos dclles feiis amigos veteranos, defde o tempo ,
que afliftira por Inviado em Madrid, c a quem fe
fizera muito^ aceito pela fua fabedoria , prudencia,
e mais virtudes , em que verdadeiramente foi fu-
periormente inftgne.
27 Determinou El-Rey D. Joao divertir no
outro dia a Senhora Piinceza. do Brazil , na ca^a
dos coelhos de huma pequena Coutada de Villa-
boim, pertencente a SerenifTima Cafa de Bragan-
Divenem-fe Suas i^- Ordenou Fernao TcIIes da Silva, Monteiro
Magejiades , e, mof do Reyno a batida , e efta era a fua dilpofi-
Ahezas na cafa -<
da Contada de §^^ ;
Villabom, ^,^
C \ Uatro Couteiros adiante, acavallo , com fuas
'^ efpingardas.
Oito trombetas de caca , cada hum fe2;undo a fua
graduagao j veftidos de verde , e tao agaloados
de prata, que apenas fe Ihe divifava a cor das Yi-
bres.
Duas partidas na frente , cada huma de feis Con-
teirosj
dos Principes do Bra^it, Li^vro Ill> 2 79
teiros , commandada por hum Monteiro mor da 172 g
Comarca.
Oito partidas dc oito Coiiteiros a cavallo, com fuas
elpingardas ,• cada Iiuma femelhantemente com-
mandada.
Cincoenta e quatro Batedores do mato, a pe ,• ca-
da hum com feu ^abujo atrelado , e com fuas
armas, e choupas ao modo de mo^os do Monte.
Tres Emprazadores.
Quarenta e fete mo^os do monte ; a cavallo.
Hum China, bem montado, com feis cavallos de
mao para o Monteiro mor, conduzidos por feis
palafreneiros , tambem a cavallo.
Seis Monteiros mores das montarias,
Quatorze Officiaes , ou Couteiros das Coutadas.
Trinta e fete Monteiros pequenos.
O Miniftro gerai das Coutadas , para expedir as
ordens.
O Monteiro mor em huma berlinda , a feis.
Dous carros para a ca^a , pintados de prata , e
verde ; ambos de elegante artificio , e tirado ca-
da hum por feis mulas.
Duas azemolas para o mefmo miniflerio.
De mais defta venatoria , e Real comitiva , houve
de fora hum grande concurfo , ja pela recreacao
daquelle exercicio, eja, o que he mais certo,
por teilemunhar o devldo obfequio do feu Sobe-
rano.
28 Foinefte dia o Patriarca ao Pa^o pedir li-
cen^a aEl-Rey parapartir paraEvora, eefperar
alli por Sua Mageftade. Aififtio a mefa do mefmo
Senhor em particular , como tambem as dos Prin- ,
cipes em publico , e em todas eftas partes fe Ihe fi-
zerao
1729-
iSd Hiftcria Panegyrica dos defpoforios
zerao as honras coftumadas. Pela huma da tarde
partio EI-Rev ; o Serenillimo Principej eosSe-
nhores Infantes , D. Francifco, eD.Antonio, pa"
raamata de Viilaboim. Hiao acompanhados dos
feus Criados, e forao ver primeiramcnte a Villa,
c fazer Ora^ao a Igreja , qiie he da aprefenta^ao
da Caia de Braganca, cujo Ducado anda no Sere-
niflimo Prmcipe do Brazil. Com efta occafiao fez
o Prior da mefma Igieja a El-Rey efta particular
O R A q A 6.
OPrior de Villaboim , fe offerece aos pes
de V. Mageftade Soberana , applaudin-
do os Regios dcfpoforios dos AltiiTmios
Principes , pedindo humildemente a Deos Se-
ff nhor Nollb, fejao felizes na gra^a , efer\ico
„ do mefmo Deos , e em fecundidade da Regia
prole , e faude inteira ,• e que efta feja perma-
nente a toda a Cafa Real , para gloria maior
defta Monarquia ; aflbmbro , e admira^ao do'
mundo todo.
V
29 Partirao finalmente dalii os mefmos Senho-
res, e detendo-fe hum breve efpago em quanto nao
chegarao as Sereniflimas Senhoras, Rairiha > e Prin-
ceza ,• logo que eftas vierao , fe apearao do coche,
metendo-fe em huma feje volante : as Damas po-
fem, nao fahirao das fuas berhndas. Quando finaf-
mente Suas Mageftades , e Altezas entrarao na ma-
ta de Villaboim , acharao ja o Monteiro mor for-
mado com a fua ja referida comitiva. Apearao-fe
as pefiToas Reaes , e forao penetrando aqueila ma-
ta:
dosPrincipes do "Bra^ily Li^vro 111, 2 8 1
ta: ao mefmo tempo fe efpalhirao os Monteiros/e aT^O.
vicrao batendo o mato por todas as partes , para
aquella, em que ellavao Suas Mageftades, e Altezas. ,
Forao muitos os tiros que fe fizerao ,• e a Senhora
Princeza do Brazil , que , aifim como tanto fe
diftingue nas relevantes prendas da erudi^ao , mu-
fica , dan^a , e bordadura , nao he menos fmgular-
mente infigne na da ca^a, em pregou tres com fum-
ma deftreza , matando a efpingarda dous coelhos na
carreira , o que foi de fummo gofto para Suas Ma-
geftades, e para todos de grande admiragao. Hou-
verao-fe a mao alguns coelhos vivos ,• e foltando-fe
todos a fua vifta , atirou ella a hum delles, e matan-
do-o , o Duque de Cadaval Eftribeiro mor o fez
embalfamar. Quando Suas Mageftades, concluido
efte divertimenro , fe recolherao aElvas, era ja
quafi noite ,• e foi ella tao igualmente feftiva , co-
mo as antecedentcs. Nefte dia foi avifado Alexan-
drc de Moura, para poder veftir a Beca,de que Sua
Mageftade Ihe fazia merce.
30 Attento El-Rey D. Joao as grandes molef
, tias do Marquez de Abrantes , que viera condu-
zindo a Senliora Princeza do Brazil ate o Caia _,
e nefte dia fe havia ido defpedir de Suas Magefta-
des Catholicas, a Badajos , o aliviou da commiftko
da fua Embaixada , dando-Ihe Jicen^a para elle po-
der reftituir-fe a fua cafa , a tratar da fua faude. A
vinte e feis deo o mefmo Marquez Embaixadbra
Senhora Princeza do Brazil hum Sagui , e hum ga-
lante negrinho, veftido de panno verde, agaloa-
do de prata. No mefmo dia partio o Senhor Patri-
arca de Elvas , falvado de tres defcargas de arti-
Iheria , e repicando todos os fmos da terra. Sua
Mageftade para fubftituir a falta do Marquez de
Nn AbranteS;
282 Hiftorid Tanegjrlca dos dejpoforios
1720, Abrantes, ordenou a Pedro Alvares Cabral, Se-
nhor de Azurara , e Alcaide mor de Belmonte ,
que fe paflaile a Caftella , com o cara6ler de feu
Plenipotenciario , aifmando-lhe por companheiro,
Martinho de Mendon^a de Pina , e Proen^a. O
Plenipotenciario foi avifado pelo Secretario de Ef
tado Diogo de Mendonca Corte-Real, por elle
T E O R.
n
1}
))
))
))
))
)>
))
HAvendo o Marquez de Abrantes reprefen-
tado a Sua Mageftade, achar-fe com acha-
„ ques , que necelfitavao de pronta cura , foi o
mefmo Senhor fervido refolver , que fe pudelfe
„ curarj e iendo conveniente que a Corte dos Reys
Catholicos nao efteja fem Miniftro defta Corte
na prefente occafiao , attendendo Sua Magefta-
de as qualidades , merecimentos , e mais partes
que concorrem na peftba de V. Senhoria , foi
fervido nomeallo feu Plenipotenciario , para que
como tal, refida na dita Corte , o que participo a
V. Senhoria, que o tenha entendido , e que ha
„ de iegiiir logo a mefma Corte. Deos guarde a
„ V. Senhoria. Elvas. 25. de Janeiro dc 1729.
Diogo de Mendonga Corte-ReaL
O Plenipotenciario paftbu a exercer efteftivamente
a fua commilfao ,• e depois de haver aprefentado
as fuas credenciaes , foi feguindo a Corte Catholi-
ca, acompanhando , e fervindo a Serenilfima Se-
nhora Princeza das Afturias , a quem alliftio na
Corte de Sevilha , e de outros pbrtes de Andalu-
zia , ate que ella entrou finalmente na Corte de
Madrid. ^i Djf
dos Frincipes do "Bra^ili Livro III 285
^51, Defde que humas, e outras Mageftades 17 ZQ'
chegarao as fronteiras de Badajos, eEIvas, efe
aviilarao no Ciia , nao houve indiante , que nao
foire do maior alvoro^o , e regozijo. Em todos eC-
tes dias erao continuadas , e jreciprocas as yifitas de
ambas as Cortes. Viiihao da de Caftella quotidia-
namente muitas Senhoras, e Senhores vifitar a Se-
renifTmia Princeza do Brazil ,• e aflim mefmo da
noffa , partiao a cada hora as peflbas da primeira
qualidade a cumprimentar a SereniiTima Princeza
das Afturias. AiTim em huma , como em outra par-
te , erao recebidos gratiirimamente dos Soberanos^
que Ihe davao franca , e benevola audiencia. Entre
as que da Corte de Caflelia vierao obfequiar a
Senhora Princeza do Brazil, merecerao elpecial
atten^ao a Duqueza^ de Offuna , e hum grande nu-
mero de Grandes da Corte Catholica , o Conde de
Koninfegh , Embaixador Imperial a EIRey Catho-
hco , muitos Senhores , e Cavalleiros de Franca,
a Camameira mor da Senhora Princeza das Afturias,
e outras miuitas Damas , e Sehhoras. Todos eftes
tiverao a honra de fallar a Sua Mageftade , e a Se-
nhora Princeza do Brazil na fua Camara. A o mef-
mo tempo faziao diftribuir humas , e outras Ma-
geftades grande numero dejoyas preciofiifimas ,
aifmi pelos Ofiiciaes das fuas Cafas , como pelos
Senhores , e Damas de hum , e outro Palacio , e
ja fallamos acima na generofidade , com que El-
Rey D. Joao tinlia mefa franca para todos, os
que queriao fervir-fe della , para cada hum , fe-
gundo a fua esfera ; mas com a mais lauta grande-
za , que continuou ate Sua Mageilade fe reilituir
a Lisboa. Por efte tempo faindo a Senhora Prin-
ceza das Ailurias aprimcira vezaca^a, e matan-
>Nn ii do
284 Hifioria Penegyrica dos defpojofios
^'^^:* ^^ huma lebrC; a mandou por hum poftilhao a Se-
^ ' ' reniflima Rainha fua May. El-Rey D. Joao obfer-
vou nefte tempo , com aquella fua grande ciencia,
e penetra^ao a Fortifica^ao da Pra^a de Elvas , e
examinou os arma^ens das Armas , que eftavao re-
partidos com amelhor ordem , e economia. AsSe-
renilfimas Senhoras, Rainha, e Princeza, paftarao
ao Forte de Santa Luzia _, e difcorrerao pelas mu-
ralhas , de que fe logra a vifta da mais amena , e
deliciofa campanha.
32 Tornarao finalmente humas , e outras Ma-
geftades , e Altezas a aviftar-fe particularmente no
Caia , para onde partirao pela huma da tarde no dia
apalavrado de vinte e feis, Nefte mefmo dia tor-
. narao as Sereniffmias Princezas, Suas Mageft:a-
des , e Alcezas, e os Senhoies , e Senhoras , a
paflar de hum , para outro diftrifto com mais
amigavel , e benevola correfpondencia. Entrdrao
depois a hum tempo todos os mefmos Senhores na
Cafa do meio do Palacio , e alli fe tornarao a abra-
^ar_, e fallar com o mais affedtuofo carinho, A fabo-
rofi converfa^ao em quc fe entretiverao , Ihes foi
mais harmonica y do que a dos Muficos das Reaes
Capellas , que ouvirao aftentados , em que often-
tarao as maiores delicadczas da ciencia mufica em
quatro bellas cantatas Italianas, que de cada parte
fe cantarao. Como efte era o ultimo dia deftas
Reaes viftas , foi mais cuftofa a fepara^ao ,• e foi
necefl^ario que concorreife grande parte da noite ,
que era paliada, para que fe deflem o derradeiro a
Deos.
33 Parrirao finalmente Suas Mageftades, e
Altezas do Caia, depois das fete da noite , e chega-
rao a Elvas , que agora fe illuminou , e regozijou
com
dos Prlncipes do BrazJU Livro III, 2%^
com tantos feftejos , como quem queria por a ulti-
ma coroa as grandes .dem.onftra^oens de contenta-
mento , com que em tantos dias ^ e noites havia
applaudido a feus Soberanos. Nefta mefma noite ,
em que fe deo ordem p^ra partir no outro dia para
Lisboa ;, fez Sua Mageftade ao Marquez de Alfa, a
merce , que confta da feguinte
1729.
})
}?
)>
})
V
V
J)
C O P I A. .j
TEndo confidera^ao aos fervi^os j e meijeci-
mentos do Marquez deAfla, Meftre de
Campo General dos meus Exercitos , com exer-
cicio nefta Provincia, hei por bem fazcr-lhe mer-
ce , de que ven^a o Coldo do dito pofto , |)or in-
teiro ) fem defconto dos cinco dias , fem embar-
f^o das novas ordenancas , e de qualquer ordem
eni contrario,- o qual come^ara a vencer do pri-
nieiro de Novembro palfado, em diarite. Elvas^
26 de Janeiro de 1729.
R E Y.
Fez tambem merce da Beca a Jofeph Pereira de
Soufa , Auditor geral da gente de guerra, naquella
Pra^a. A Joao da Silva de Miranda , Juiz de fora
da mefma Cidade de Elvas , e dera muito boa re-
zidencia defte lugar, nefte mefmo dia, fez Sua Ma-
geftade merce de huma Provedoria ordinariav
LI
2S6 Hiftoria Fanegryica dos defpoferios
IJ2 9'
L IV Pv O IV-
S W M M, A R I O.
ARTEM as MagefladeSy .■
e Altezas da Corte CcithG-
Ika^ de Badajos para Sc-
vilha. Shem as de Pcrtu-
gal , de E/vas para Lis-
boa. Divertem'-Je na ca-
§a , na Tapada de Villa-
vi^ofa. Partcm da mefma
Villa. Chegao a Evora. ApplaufoSy com qm fao
.. j re^iebidos nejla Cidade. Della parte o Infante
. p. Francifco para Lishoa. Gra^as de El-Rey
.^^. Joao aV .iverjidade de Evora. Sucefjos
; acontecidos nefte tempa, Da-fe avifo aos Titti-
los para partirem para Aldeia Galiega , e nao
pafjarem dalli para Lishoa yfenao em compa-
nhia das pejfoas Reaes. Chegao ejias a mefma
Villa. Difpojipens para pafjarem a Corte de
Lishoa. Embarcao para efia Cidade. Dejem-
harcao em Beiem. Partem daquipara Lisboa.
Triunfo j com que Jao recebidos na mefma Ci-
dade.
j
A' refoluta , como diflemos , por Sua
Partem os Reys
?MR"j'ca}t ' tJMageftadeCatholica., aReaijornada,
de Badajds para que determinava fazer a Andaluzia , fahirao com
Sevilha. Su^s Mageftades Cathoiicas, os SereniiTimos Princi-
pes das AfturiaS; os Senhores Infantes , D. Carlos,
D. FiHppe , e toda a fua Corte , da Pra^a de Bada-,
jos
dosTrincipesdoira^ULivrolV^ 287
j6s pelas duas para as tres da tarde. Forao affiftindo 1720.
a Sua Mageftade os Embaixadores, e Miniftros Ef-
trangeiros : e pofto que nao tinhao clFa precifao,
alcan^arao o Real beneplacito , para tambem Ihe
irem fazendo Corte outros muitos Senhores , pof
to que por differentes caminhos , por obviar a in-
commodidade dos alojamentos. Outros muitos Se-
nhores , Damas, Senhoras, eCriados dasReaes
Familias , tiverao ordem para paflar de Badajos a
Madrid , e aiTim o Hzerao , fahindo a vinte e nove
defte mez daquella Praga ,• e pofto que a diftancia
que ha della a Cidade de Sevilha , para onde via-
java efta Real comitiva, he de trinta e duas le-
goas , para melhor commodidade defta viagem,
dividio-fe o roteiro em oito jornadas : nefta pri-
meira , forao fazer noite a Lobon , lugar diftante .
cinco legoas de Badajos. Pernoitarao na outra em
Fuente del Maeftre , e aftim forao continuando ,
por eftas pequenas jornadas , a fua rota , fegundo
ella fe havia premeditado.
2 Univerfalmente erao recebidos em todas as ChegaoaSevilha;
partes a que chegavao com as mais feftivas demonjf ^PP^^jif"^ ^om
^ ^ ■'-^ r • j j n ^ti^ pM recebtdos
tra^^oens ,• mas inhnitamente excedeo todo elte ap- jieJlaOdade.
plaufo a nobililfima , c riquilfima Cidade de Se-
vilha, aonde chegarao, eforao recebidos com a
oftentacao mais pompofa cm tres de Feve1'eiro.
jLevantarao-fe fete arcos triunfaes de foberbiftima
arquite(!:lura ; paramentarao-fe as ruas com a mais
brilhantc gala. Defterrou-fe o horror , e trifteza da
noite com geraes illumina^oens , fogos de artificio,
1 mafcaras,e outros infinitos feftejos, Depois queSao
Fernando III. Rey de Caftella , e de Leao , rom-
peo melhor , do que Alexandre , o no Gordiano
com a fua invi6lai|^e fanta efpada o vioiento jugo
Aga-
-2? 8 HiftoriaFanegyrlcadMdefpoforios
IJ29 Agareno, que o opprimia, ja mais havia tornado a
yer o Betis; hum, como efte, tao gloriofo dia. Mas
que muiro , ie agora fe via na prefenga de outro
Real Fernando, que Ihe nao fazia conceber meno-
res efperan^as ' de novas , e nao menos grandiofas
exakagoens.
,3 Logrou efta Cidade , (aonde em defafete de
Novembro defte mefmo anno , deo a SerenilTima
Rainha Cathohca a luz huma bellilTima Infanta)
a fortuna , e honra de repetir nefta occafiao mui-
tas vezes os mefmos applaufos aos feus Auguftos ,
Soberanos Principes ;, e Reaes Infantes no largo
tempo , que aqui fe detiverao , como nas muitas
vezes j que nella entrarao;, depois de fe andarem
. logrando de efpeciaes intretenimentos em Cadis ,
na liha , Porto de Santa M ARIA , San Lucar de
Barrameda , Granada ;, e outras povoacoens da
Andaluzia , pelo difcurfo dos quatro annos , em
quanto nao chegou o de 1733. em que fe reftitui-
rao a Corte de Madrid. Em todas eftas partes ,
erao recebidos com os mais obfequiofos applaufos,
e feftejos, fmgularizando-fe infignemente neftas
devidas demonftracoens a Cidade de Granada ,
que recebeo a Suas Mageftades , e Altezas com as
mais altas, e oftentofas demonftra^oens de refpeito,
afFefto, egrandeza. Levantou ella muitos, e pom-
pofiftimos arcos triunfaes ,• e de dia , e de noite nao
ceftbu de applaudir , por nao dizer adorar , a feus
Principes , e Senhores. Como o nomc de Fernan-
do, Ihe he tao grato, agora que via outro, de
quem efperava novos , e nao menos gloriofos luf
tres , e aufpicios , do que recebera de feu Inclyto,
eReal Libertador, tudo Wiq parecia pouco para
teftenjunho do feu amor ; e deaa^ao. I
do^Frmcipesdo^Bra^liLivroIV. 289
4 Inclinamo-nos a fentir , que antes quc paiTe- 1720,
mos a rratar da volta que iizerao os SerenilTimos
Reys de Portugal a Corte de Lisbba , com que
intentamos coroar efte nofTo tao vulgar efcrito , fa-
remos alguma efpecie de lifonja aoLeitor , referin-
do nefte Jugar liuma noticia de bom gofto , acon-
tecida pouco depois que as Mageftades Catholicas
entrarao a primeira vez na referida Cidadc de Se-
vilha. Convidou efta a Suas Mageftades , e Alte- ■^cfao heroka do
zas para o entretcnimento de huma batida de lobos. ^!l"-^i^^ ^^ '''
Perfiftia a efte tempo o Sereniftimo Principe das
Afturias ao lado de fua R(j^l Conforte , quando a
pouca diftancia vinha acometendo a ambos os
mefmos Senhores noivos , hum touro ferociftimo.
Adiantou o Sereniflimo Principe D. Fernando de
Bourbon o cavallo , para fervir como de efcudo a
Sereniftima Princeza,- e encarando a efpingarda na-
quelle feroz bruto , empregou nelle tao felizmente
humtiro, que immediata, e fatalmente defarmou^
deixando-o morto, toda a ferocidade do feu br-
gulho. Foi mui celebrada eftaac^ao, c applau-
dida com verfos mui elegantes. Nos os lan^aramos
aqui de muito boa vontade , fe nao houveft^e o
inconvenientc dc interromper o fio dahiftoria,'e
intrometter verfo , c profa. Ao menos ie nos pcr-
mitta , ou fe nos difculpe repetir fempre ncfte lu-
gar os veribs , com que celcbrou tanto aftumpto,
Eugenio Gerardo Lobo, fuppofto que o nome def-
te iliuftre Poeta , coino tao cJaro nas Hefpanhas ,,
fe faz tao merecedor defta atten^ao. ;• •
Oo Sao
spo Hifiorta Fanegyrica dos defpoforws
2720. S^o os deftc grande engenho.
S O N E T O.
A
Trevido y qual ^upiter , queria
lunado hruto de rahlofafana ,
prefumiendo fer Coffo /a ca?npana ,
en Europa turhar la luz de el dia.
Sale a el encuentro para fu ojadia
el Real Garzon , delicias de la Hejpafia ,
fulmina elplomo , y con aciei^to haiia
defangre el camfo^ el Betis de alegria.
Oh dichofo , un acajo contingente ,
que esya enjucejffo un exemplar fecundo
de lo heroico , lo amante y y lo valiente 1
Yy oh felice cadaver Jtn fegundo y
cuya purpura es riego permanente \
de la efperanza y que hafcmhrado elmundo \
Partetn of Reys 5 Onze feriao da manhaa do mefmo dia , eni
de Por'tugal , e que Suas Mageftades Cathoiicas deixarao a Pra^a
Suas Altezas, de ^ Badajos , quando os Sereniffimos Reys de Por-
boa. tugal , e Suas Altezas lahirao , como ja dillemos
fe havia determinado , da de Elvas , que falvou aos
mefmos Senhores com tres defcargas de artilheria,
Ao ir fahindo daquella Praga, encontrou-fe El-Rey
com o SantiflTimo Sacramento , que vinha de fe dar.
por Viatico a huma pobre mulher. Foi acompa-
nhando ate a Igreja 0 SENHOR , a Quem man-
dou dar dez dobras dl efmola , e oito a doente.
6 Concluida efta tao religiofa , e clemeiite ac-
^ao , fe profeguio a jornada , tomando o caminho
de Villa-vi^oia. Quando efta Real companhia
chegou a Borba , iahio a Ordenan^a da terra a rc-
ceber
dos Principes do ^ra^iU Livro W' 291
ceber k Suas Mageftades , difpofta em duas alas> 172Q.
pelas ruas por onde haviao de fazer tranfito. Quan-
do hiao pailando , ^c atirarao muitos tiros , que
fe alternarao com os repetidos , e incefTantes vi-
vas ) e acclamagoens populares. Recebeo , e cum- ,
primentou a Camara da Villa aos mefmos iLeaes
Senliores , com as coftumadas ceremonias.
7 Nao foi muita a deten^a que aqui fizerao j
e profeguindo a fua jornada , chegarao pouco de- Chega. a Filla-vii
pois de Ave Marias a Villa-vi^ofa , aonde tres Re- ^^'''
gimentos de Infantaria , e hum de Cavallaria, que
os eftavao efperando , os falvarao. Forao apear-fe
Snns Mageftades a porta que vai para a Capella
Ducal, aonde forao recebidos do Deao, e mais
dignidades della , debaixo de pallio. Cantado com
toda a plaufibilidade oTe Deum, fe meterao ou-
tra vez eftes Senhores no coche , e forao vifitar 3
Igreja daConcei^ao Immaculatilfima da Senhora,
Padroeira defte Reino^ e ultimamente fe recolhe-
rao a Palacio. Houve nefta noite , aflim como em
todas as outras em que durou efta Real jornada ,
'uminarias gcraes, repiques , muito fogo doar,
falvas repetidas do Caftello, e muitos outi-os gene-
ros de feftejos , e applaufos. No Pa^o houve fe-»
renata. Nefte dia deo o Secretario de Eftado T)ich
go de Mendon^a Corte-Real , outra mefa de Efta-
do , femelhante , a queja diftemos, que omefmo
Miniftro deo em Elvas , quando Suas Mageftades >
e Altezas chegarao de Lisboa aquella Pra^a.
8 Tiverao , no outro dia vinte e oito do pre-
lente , audiencia de Sua Mageftade, o Embaixa- . ,
dor de Caftella , o Illuftnlfimo Bifpo de Patara, D.
Fr. Jofeph de JESUS MARIA , da Ordem dos
Pregadores ; e dous Conegos. Deo-a tambem a
Oo ii todas
/ 2p2 HiflonaTanegyricados defpoforios
c
1720 todas eftas pc/Toas a Senhora Rainha D. Marian-
na de Auftria y que nefte mefmo dia , com a fua
grande , e bem notoria piedade, vifitou os Conven-
tos, eMofteiros de Reiigiofos , e Rehgiofas da-
quella Villa. Nao Ihe pode fazer companhia a Se-
nhora Princeza do Brazil ,• porque entao fe achava
moleftada , pofto que era a indifpofigao de tao
pouco momento , que fe entendeo que nao Ihe
ferviria de embara^o para fe ir divertir no outro
dia, no entretenimento que para ellefehavia dif-
pofto, da ca^a. O Eminentiifmio Cardeal da Cunha
partio nefte mefmo dia de Elvas , que a fahida o
ialvou grandemente com a fua artilheria. Repeti-
rao-fe nefla noite , alTim como em todas as outras,
que Suas Mageftades, e Altezas aqui fe detiverao,
GS coftumados feftejos , e demoftracoens de gofto,
e congratulacao.
Defci'igao deVil- 9 O nome de Villa-vi^ofa , he hurria como di-
la^vipfa. fini^ao da fua perpetua amenidade. Villa dc Flo-
ray Jhe chamou D. Jorge de Almeida de Mene-
zes , Profeftb do habito de Sao Joao do Hofpital
de Jerufalem , no feu Poema Epithalamico dcftes
Reaes defpoforios. Todos os leus contornos fao
fuperabundantes , e tertiliffimos em todo o gencro
de mantimentos. Lc-fe em Blutheau , que teve
minas de ouro , e prata , e que tambem havia nel-
la mineraes de excellentes pedras verdes , ou Tur-
quezas , de que fe tirou huma grande abundancia
para ornamento da magnifica , e Imperial obra do
Eicurial.
E dtijua Tapada. - lo No que toca a fua Tapada , he ella huma
d^ coufas mais notaveis defta Villa , e huma das
mais celebres , ainda nos Reinos eftranhos , e co-
mo tal, nelles applaudida pelas fuas primeiras pen-
nas.
dos Pnncipes do Bra^il, Lvuro 1 V* 29 )
nas. Nao tein merecido menos applaufo a patria, 172Q.
( e com frazes de ouro a defcreveo no feu Poema
Epithalamico as nupcias ) dos SerenilTmios Duques
de Bnigan^a _, D. Joao , que andando o tempo ,
vcio a fer , entre a lerie dos Reys de Portugal , o
IV. do nome , com a Senhora D. Luiza de Guf
mao , e a ^ue deo o titulo de Templo da Memoria,
( digno verdadeiramente de a ter immortal ) Mano-
el de Galhe^os. Tambem o Numem felicilfimo de
Lopo da Vega Carpio.Fenis da Poezia Caftelhana,
defcreveo efta mefma Tapada em elegantifTunas Oi-
tavas; q dedicou ao Sereniflimo DuqUe D. Tlieodo-'
fio,- aonde , nao fo a pinta com as^ntas mais finas
da eloquencia, fenao que ao mefmo tempo fe mof'
tra propugnador do,Direito da Sereniifrma Cafa
de Bragan^a , a Coroa de Portugal. Tiverao fem-
pre os Senhores Duques de Bragan^a hum efp^
cial cuidado da guarda defta Tapadx Teve fem-
pre hum Couteiro mor, que era bum Fidalgo ,
de qualidade ; e ainda hoje anda efte Titulo na
Cafa dos Condes das Galveas. Tem efta Tapa-
da belliifmias cafas de campo , muitas Ermidas ,
' e outras obras mui gratas , e amenas. Comprehen-
de*tres legoas de circuito , em nao poucas partes
huma de largura , e em nenhuma para baixo de
|- meia. He baftenda de infinito arvoredo , e povoa-
da de immenfa caca grofia de porcos montezes,
Veados, e Gamos : nao fe falla na meuda, que he
fem numero : alli ha todo o genero de Aves. Tem
affim mefmo, para o divertimento da pefca, hum
grande lago com feu bragantim. ^ Blvmem.fe Suas
1 1 Inftando , e chamando tao plaufiveis cir- Magejiades , e
cufiancias , e opportunidades as peflbas Reaes ao ^^^^^^^f^j ^f
divertimento da ca^a , mandou El-Rey D. Jbao iwvifo/a.
difpor
294 HiftcmPanegyrica dos defpoforios
1 720. difpor tudo o neceilario, para hiinia batida de caca
grolTa, ao Monteiro mor. Depois que , excepto a
Scnhora Princeza do Brazil por occafiao da mo-
Jeftia de hmii diriuxo , todas as mais pefToas Reaes
houverao ailiflido na manhaa defte dia no Coro da
Igreja da Conccicao da Senhora , ao Pontifical
que nella celebrou o Gonego da Santa Bafihca Pa-
triacal , D. Francifco de Sales , que dcpois veio a
fer Principal da mefma Bafiiica , partirao de tar-
de para a Tapada. Em prompta execu^ao das or-
dens que diitemos , que forao dadas ao Monteird
mor, fe poz em campo eila companhia.
r
>
QUatro Monteiros de frente.
Oito trombetas de caca.
Os Monteiros.
Quatro criados do Monteiro mor , com efpingar-
das, e a mala do capote.
Seis cavallos de mao.
O Monteiro mor em hum coche.
Hum coche de Criados.
M090S do monte a cavallo.
Dous carros com mulas , para conduzir-fe a ca^a
groiTa, obrados com curiofiilima invencao^ao
modo de gaiolas _, para a ca^a ie poder ver.
Mo^os do monte a pe em duas alas , todos com
fuas choupas , levando por cordoens de feda
verde , e branca os ^abajos , e caens de trela ,
todos com coleiras de ouro , e verde , e fivelas
de prata com as Armas Reaes.
12 O mefmo obfequio; em teilemunho, ere-
conhecimento da fua grande venera^ao , fizerao
nefla Real montark a Suas Mageilad^s, e Aite-
zas
^os Trincipes do^Bra^il) Livro IV. 295
zas muitos Titulos, Senhores, e outras peflbas 1720,
de diflindo cara(^l:er ; todos concorrerao a acom-
panhar , e fervir aos mefmos Scnhores^ fem leva*
rem , em fmal de maior obfequio , efpingardas.
Tambem Ihes foi aififtindo o Marquez Embaixa-
dor de Caftella , que alTim mefmo, por maior pro*
teflagao do feu refpeito as Mageflades , nao quiz
montar nefla occafiao a cavallo-
1 3 Satisfez-fe mui plenamente o proje^to def^
ta Real ac^ao. Repetirao-fe multiplicados tiros ,
baterao-fe duas moitas j matarao-fe muitas cabe-
^as , contando-fe entre ellas quatorze Veados , e
hum bom numero de Gamos. O Senhor Infante D.
Francifco matou cinco rezes ,• O Senhor Infante
D. Antonio, nove. Era do numero dcflas hum Vea"
do de faganhofa grandeza , e que como tal , deo
affumpto a hum elegantilfimo Soneto de D. Fran-
cifco Xavier de Menezes , Condc da Ericeira ,
eterna faudade do Parnafo Portuguez. Concluido
efle entretenimento , recolherao-fe Suas Magefla'
des , e Altezas affaz divertidos, a Palacio. Na ma-
nhaa defle dia , partio para Evora , falvado da ar-
tilheria do Caflello de Villa-vigofa, oEminentif^
fimo Cardeal da Cunha; e na noite delle, fe prbfe-
guirao , como ja deixamos notado;, os mefmos fef- ^
tejos.
14 A profecugao da Real jornada para Lis-
boa, eflava affmada para odia feguinte ,• mas o
defluxo , que ja diffemos dava moleftia a Serenilfi-
ma Senhora Princeza , nao deo lugar a execu^ao
defle proje61o.Vifitoa a Senhora Rainha as Igrejas
de S. Paulo, e de Santo Antonio dos Capuchos,
De tarde forao, El-Rey j o Sereniflimo Principe ,
e os Senhores Infantes D. Pedro , e D. Antonio;,
diver-
296 Mftoria Panegyrica dos defpoforios
1720. divcrtir-fe ao palTeio. Continuarao nefta noite as
feft: s coftumadas.
Cmthma-feajor. ij Na fegundi feira , em que a Senhora Prin-
nada de Vtlla-vi- ceza do Brazil fe achou com conhecida meihora •,
pfa,paraUshoa. aeterminou Ei-Rey fizer jornada. Forao Suas
Mageftades, eAltezas vizitar, e adorar , pelas oir
to da manhaa, a Virgem Senhora , na fua Igreja,
e milagrofa Imagem da Conceicao Immaculada>
huma, e outra Primaz , como ja diflemos , defte
Titulo nas Hefpanhas , e pode fer , que fora del-
las. Aqui ouvirao miffa ; e poftas as coufas a pon-i
todepartir, fahirao pelas onze do dia de Viila-
vi^ofa para Eftremoz. Determinou Sua Mageftade
partir para aquella Pra^a com a menor comitiva
que pode fer. Porefta mefma confideracao fe deo
ordem para ir pela- Villa do Redondo ;, aonde
pernQitou toda a mais comitiva. Seguirao as Da-
mas do Paco eftecaminho,* eeftefoi, o que fez
tambem o Marquez de Capecelatro , Embaixador
del-Rey Catholico.
16 Chcgarao Suas Mageftades , ainda muito
Chega a Real co- com de dia^ a Eftremoz. Eftavao efperando , para
mitiva a EJiri- j-eceber aos mefmos Senhores , duas Companhias
• de Cavallos , que os faudarao com as cortezias
que fe eftylao no Militar. A Pra^a , falvou com to-
da a fua artilheria. Tudo erao vivas, acclama^oens,
e applaufbs. Pelo muito cedo que chegarao os Se-
renilftmos Reys, Principes-, elnfantes, andarao!
vendo todas as Igrejas Paroquiaes, e de Regulares,.
daquella Villa. Palfarao a vencrar y no feu Caftel-;
lo , a Cafa que fantificara com a faa prefenca a
Rainha Santa y nome de excellencia , que^ tao jufta-
mente mereceo , a noft^a Santa Ifabel, exemplar
das iR^inhas da Chriftandade. F.icarao aquartela-.
dos
moz,
dos Prlncipes doBrazIl, Livro 1V> 297
dos eifla noite , em qile fe repetiraa os cofluma» 1720
dos feftejos de repiques, luminarias , fogos , e fal-
vas , na Cafa dos TLeverendos Padres da Congre-
gacao do Oratorio de Sao Filippe Neri.
1 7 Huni mez , por dous principios tao limita-
do , pela curteza , e menor numero dos feus dias,
affaz recuperou efte defeito nefte tao feliz anno ,
em que entrou com tantos augmentos de gloria ,
como aquelle que podia comunicalla, e honrar
com ella largos ieculos , e idades. Partirao no feu Panem pofa E*
prjmeiro dia , El-Rev, o Sereniflimo Principe , e '"n^f El-Rey , o
o bennor Inbnte D. Antonio pelas \cte da. manhdn, fante £>, Aniem.
para Evora. Havia-fe expedido ordem para que
loda a comitiva , que tinha vindo pelo Redondo,
eiperade pelas Senhoras _, Rainha, e Princeza no
Dcgebe , huma legoa de Evora. Pela huma da tar-
de entrarao os mefmos Senhores, incognitos, na Ci-
dade de Evora. Palfarao a« Palacio que tem na*
qucila Cidade os Duques de Cadaval em fitio emi-
iiente , e aprazivel , e de donde fe defcobre a ef-
tradadefdeEftremoz ao Efpinheiro , aquelle tem-
po objeclo mui efped:avel , e fermofo pela multi-
dao de gentes , coches , e carruagens , que vaga-
vao de huma para outra parte. Pouco depois de
chegarem os mefmos Serenilhmos Senhores, veio
o Sjnhor Infante D. Francifco. Tambem nao tar-
d.-irao muito as Sereniifimas Senhoras Rainha, e
Pi inceza , que defpedirao de Eftremoz pelas oito,
e forao reccbidas , quando chcgarao a Evora, com
os cortcjos Militares de hum batalhao de Infanta-
ria , e dos efquadroens de Cavallaria , que com-
mandavao o Conde de Obidos , e D. Diogo de
Soufa. EI-Rey , o Piincipe, "e os Senhores Infan-
tes, quejahaviao alfiilido as Vefperas da Purifi-
Pp ca^ao
298 Hifioria Penegyrica dos defpoforios.
1720. ca^ao de Nofla Senhora , na Cathedral , fahirao
tambcm a receber as mcfmas Senhoras a Porta da
Alagoa. Entao fe meterao Suas Mageftades, e Oo
Serenilfmios Principes em huma eftufa , e os Se-
nhores Infantes em outra , rodeadas ambas dos
mo^os da Eftiibeira , e duzentos Archeiros , com-
mandados pelos dous Capitaens da guarda, o Con-
de de Pombeiro , e D Francifco de Soufa. Quan-
do as mefmas Sereniffimas Senhoras Rainha , e
Princeza vinhao de caminho, e chegarao ao termo
de Evora-monte, forao cumprimentadas com ou- '
tra femelhante Oracao do Juiz Ordinario da terra,
que igualmente , afTmi como a primeira , provo-
cou a rifo. Depois do Orador haver feito o fju
cumprimento, a Sjnhora Rainha, com termos de
muita affabihdade, o mandou retirar, e a todos feus
companheiros. Em quanto foi paflando a vifta dcf^
ta povoai^ao , nao ceifarao de falvar das mura-
Ihas coni repetidas defcargas de artilheria.
Recelhncnto de 1 8 Evora recebeo a Suas Mageftades , e Al-
Suaf Magejiades, tezas com a mais flamante oftenta^ao. As ruas cf
dade de Evora' ^avao beJla , e riquiilimamcnte ornadas de eftatuas,
e fontes , e"alcatifadas de flores. Havia aoredor
dos arcos immeijfa quantidade de copos de vidro,,
e pucaros de prata , para quem quizeifc bebcr. A
multidao era tao numerofa, quanto fe pode confi-
derar ,• o que nada obftante , pofto que tao pouco
vulgar em femeJhantcs occafioens y nao liouve a
menor defordem. Concorrerao as Communidades
da Cidade a reccber fcus Reys , e Senhores , que
no meio de todo efte Juilroib acompanJiameiUo
chegarao a apcai--{e as efcadas da Se, em cujos de-
graos fe iancara , para fubirem os mefmos Senho-
res , liuma coberta mui rica. Recebeo-os o Cabi-
do
dos Frlncipes do Bra^U ^ivro IV. 29^
dodebaixo c}e hiim pallio riquifllmo. ACrU2 fo tj20*
fe deo a beijar a Serenifrima Princeza doBrazil,
fuppoflo que ja quando haviao patlado por efta Ci-
dade para o Caia, fe havia praticado a mefma cere-
monia , (que fe coftuma praticar com os Principes
herdeiios , na primeira vez que entrao nas Igrejas
Cathedraes) com Suas Mageltades , com o Sercnif-
limo Principe do Brazil , com a Senhora Princeza
das Afturias, e com os Senhores Infantes , D. Pe-
dro , D. Francifco, e D. Antonio. Tomarao to* ^
dos efles Senhores lugar na Igreja , e cantado
com excellente mufica o Te Demn , recoIhera6-l6
Suas Mageflades, eAltezas ao Palacio da Mitra ,
de donde tornarao a mefina Igreja da Se, em parti-
cular, a alfiflir as Matinas. Nefta noite houveos
ccflumados feflejos ,• e no quarto da Senhora RaU
nha, ferenata.
\() Zelando , como tao religiofas, e pias, Suas ^jjijiem Suas
Mageflades , e Altezas o maior culto da Virgem Mag-jiadet,e Ai-
Senhora , a quem toda a Cafa Real Portugueza , 'Beftld7p%t
proteftou fempre a mais fina , e affe^luofa devo- §ao da Senhora a
§a6 , concorrera6 , excepto a Senliora Princeza do ^"^^ Pontificald9
Brazil por fe achar moleuada do caminho , no dia
feguinte dous deFevereiro, dedicado, comme-'
Jhor augurio pela Roma Chriflaa , do que.pela an-?
tiga a fua fabulofa deofa das fearas , debaixo do
Titulo das Candeias , 3 MARIA Santiffima , em
memoria , e honra da fua Purifica^ao j/40 Pontifit
cal, que na Cathedral daquella Cidade de Eyoria
havia de celebrar oSenhor Patriarca deLisboa',
que com parte do feu preclariifimo CoIIegio, e^^&-
rava na mefma Igreja as peffoas Reaes. Ei-Re}',
e os Senhores Infantes, D. Francifco , e D. Anto-
nio, ficarao de baixo de hum doce|,que.fe Ihes pre-
Pp ii venio
3 00 Hi/lcria Vmegyrica dos dejpoforios
1*7^9, vbnio iiaCapella mor j a Scnkora Il.aiiiha , eo
Senhor Infante D. Pedro airirtirao emhumaTri-
buna : os Titulos aHbntdrao-fe em bancos. Con-
cluida a ceremoma da hencao da cera, que fe exe-
cmou com a raefma folemnidade , que fe pratica
na Sartta Igreja Patriarcaf de Lisboa. Forao-na re-
cebendo da mao do Senhor Patriarca ,• primeiro
Suas Mageftades , e Ahezas, e logo por fua orderii
to'dos os mais Senhores , • e peflbas de bem , que
alh concorrerao. Fez-fe a" procilfao na forma do ce-
remonial, alliftindo, e acompanhando Suas Magefta-
des, e Altezas. Celebrou depois o Senhor Patriarca
Milla de Pontiiical , como o fizera em Elvas. Ter-
fiiinados efles fagrados Oifficios pclo meio dia , fe
recolherao as peffoas Reaes a Palacio , aonde o
fnefmo .PatriarCa as foi bufcar de tarde a defpedir-
fe ciellas , para partir, como partio , no outro dia
1?;:;:?. '.■,r.t,;^ para Lisboa. A' noite , alfim como nas feguintes,
•\k^,wVv&^ era que Suas Mageftades , e Altezas raqui fe deti-
rjos^i\ verao , fe repkirao as eoftumadas demonftra^oens
V sv-wV dejubilo, fefta, ealvoro^o.
->Ma%... : ■ ' c» 20 Para teftemunharem os devidos obfequio?
a bua Mageitade , e o muito que veneravao, e ei-
timavao eftas Reaes vddas , vierao no outro dia
beijar-Ihes a mao ,; o Tribunal do Santo Officio,
e a Univerfidade , que concorreo em forma de
preftito. Ambas eftas predariffimas' AITembleias.,
tiverao nefte mefmo dia a honra de fer ouvidos das
Sereniirimas5enhoias, Ramha, e Princeza. Aefta
fegunda , fc2 entao o Senado da Camara, prefente
de huma duzia de caixas de doce excellente, de di^
veribs generos», dedefafeis arrateis ' cada huma ,
conduzidas por doze feneninas de boa grn^a , e
mui aifeadamente veftidas.v outra^Huzia de vitalas,
cheias
dos Pmwipes do ^ra^lly Livro IV. } or
cheias dela^adas de fitas : duzla, e meia de car- iyiO»
neiros : outras tantas marraas para fopas : vinte
e quatro perus : doze leitoas,- e doze duzias de gal-
linhas. Acompanhou efte prefente , que fe condu-
zio em feis beftas , cobertas com feis repofleiros
com as armas da Cidade ^ o Procurador della ,
Francifco Madeira de Soufa. Hiao governando
as cavalgaduras quatro homens com feus alberno-
zes de julie , e com chapeos pardos a Caftelhana,
agaloados de ouro. Mandarao-fe dar dezanovc
moedas de ouro , de quatro mil e oito centos rei^,
para fe repartircm entre elles ,• e as meninas, cinco
mil efete centos reis acada huma, < c'i*.. i
2 1 Os Senhores Rcys , os Sereniflimos Prin-
cipes , e todas Suas Altezas forao na tarde defte
dia, de pois de haver vifitado as Igrejas de S. Brii-
no , e Santa Thereza , ao Collegio dos Padres da
Companhia de JESUS. Aqui vira6 reprefentar par-
te da Tragicomedia Latina , em obfequio dos def
poforios de Suas Altezas ,• fun^ao , que durou ate
as dez da noite , e fe executou mui efplendida-
mente a grande cufto. Reprefentarao-fe fo dous
Aftos defta , em todos os fentidos , grande obra j
porque nao pode caber na anguftia do tempo o
refto della. Recolhidas a Palacio Suas Magefla-
des, eAltezas, fez EI-Rey merce nefte mefmo
dia aos Reverendos Padres da Companhia do
Collegio daqueila Univerfidade , nao f omeilte de
poderem ler Canones , como elles pedirao , por
nao haver na mefma Univerfidade mais quc Tbeo-
logia , fenao , queaindalhe facultou mais huma
Cadeira de Leys. Nefla manhaa partio o Senhor
Infante D. Francifco defta Cidade de Evdra , para
ta de Lisboa. A' noite. houve os coftumados , e
repe^
502 HiftoriaPatiegyricadoi defpoforios
1720, repetidos feftejos de alvorocO; e fefta.
2 2 Repetirao Suas Mageflades, e Altezas
nefta volta a Evora , com a fua coftumada devo-
^ao , as vifitas de quafi todas as Igrejas daquella
Cidade , e dos feus aoredores. A quatro , e cinco
forao, El-Rey , e os Senhores Infantes ao Conven-
to do Efpinheiro , e as Sereniffimas Senhoras Rai-
nha, ePrinceza ao Mofteiro doSalvador. Virao
outras muitas Igrejas^ eapeando-fe, andarao en-
tretendo-fe em obfervar fora dos muros, a Forti-
fica^ao , e as muitas , e celebres antigii^lhas da-
quella Cidade tao famofa no Gentilifmo , e no
Chriftianifmo , pelo valor dos feus Sertorios , e
Gimldos. Continuarao nas noites dos referidos dias
og feftejos, tantas vezes exprefFados ; e na primcira
dellas , houve ferenata no quarto da Senhora Rai-
nha.
2 3 Com o proje6l6 de fe devertirem na ca^a,
em huma mata proxima ao Convento dos Religio-
fos Capuchos de Valverde , paffara^ os meimos
Senhores no dia feguinte , feis do mez, a jantar na
quinta daMitra. Neftacafa, que hepequena, e
nao tem muito que ver , ha huma Capella de mui
extravagante arquite^lura , fuftentada em trinta e
tres colunas. Na tarde defte mefmo dia , vifttou a
Senhora Rainha D. Mariaima de Auftria os Con-
ventos, dos Remedios, e de Santo Antonio do For-
te. Tornando EI-Rey D. Joao do divertimento de
Valverde , defpachou algumas confultas. Sahirao
nellas providos tres Capitaens Tenentes y para as
naosdaCoroa, efeis demar, e guerra^ A' noite
hou ve os mefm o s feftej os. . ; >
24 Em fete , foi Sua Mageftade 'a Nofl^a Se-
nhora do Efpinheiro , e a Santo Antonio : pafFou
depois
dos Principes do "Bra^l^ Livro IF. 3 03
depois a divertir-fe, e a lograr-fe da vifta daCam- 17-20.
panKa, chegando ate a ribeira de Enxarrama diftaii-
te hum ouarto de leo-oa de Evora. As Sereniirimas
Senhoras, Rainha, e Princeza forao ao Collegio da
Companhia acabar de ver rev^refentar os tres ulti-
mos A6cos que faltavao da Tragicacomedia, feita
em applaufo dos Reaes defpoforios dos Principes,
e cuja reprefentacao fe comei^ara, como ja difTe-
mos, em tres defte referido mez de Fevereiro. Ef-
te divertimento nao fe pode lograr tao feftivamen-
te como fe pretendia por incidente que nao fo al-'
terou, fenao que muito defgoftou efta ac^ao. Vem
aferocafo, que figurando-fe defcer hum menino
chamado Manoel de HoIIanda , infigne Mufico
da Cathedral daquella Cidade , eni huma appa-
rencia , deo huma queda da altura de trinta e dous
palmos de alto. Dio iIl:o / c nao fem fundamento,
algum cuidado , pbfto que ultimamente ie veio a
deivanecer,pela queda nao fer de perigo. Na noi-
te ciefl-e dia profeguirao os mefmos fellejos , e ac-
clamraacoens.
25 Frequentarao outra vez, com a fua bem co-
nhecida , e mnata piedade, as mefmas Serenilhmas
Senhoras, no dia oito, a vifita da Igreja do mefmo
CoIIegio. Pallarao depois a ver toda aquella gran-
de Cafa , e depbis vierao tambem a Univerfidade.
Em hum dos feus Clauftros, Ihe fiierao dous Pa-
dres , filhos da mefma fagrada Familia da Com-
panhia, duas mui elegantes Ora^oens , tao feme-
ihantes no ailumpto, que era- felicitar os Reaes
deipoforios , como na Cioquencia , fem fe dar en-
tre hum , e outro Pnnegirico mais diiferen^a , do
que a accidental das linguas, Latina , e Caftelha-
na , cm que fe explicarao. Daili fizerao caminhg
para
504 Hi/lcria Panegyrica dos defpoforios
1 72 9. P^*"^ ^ ^^^^ ^^ Refeitoiio dos Padres do meirno
Collegio , que iielie haviao prevenido a Suas Ma-
geftad^s hum cxquifito , e grandiofo refrclco de
doces ; e frutas.
26 Entretiverao-fe as mcfmas Senhoras , ua
tarde defte dia , na quinta dos Padres da Compa-
nhia, aondc palfarao vendo-os jogar o aro. O P;i-
dre Provinciai entreo;ou lof^o huma falva de Rehi-
carios , Veronicas, e Rofarios a Serenimma Prin-
ceza, para que ella folle , como foi, diftribuindci
eftes prcmios pelos melhores jogadores, Palfarao
depois ao Refeitorio , aonde acharao huma dcli-
cada , e oftentofa merenda. Fez El-Rey merce da
Beca ao Corregedor de Evora ,• e ao Juiz de fora
defta Cidade , de Alvara para huma correicao or-
dinaria , na forma que facultou femelhantes gra-
^as ao Juiz dos Orfaos daquella mefhia Cidade,
aos de Villa-vi^ofa , Elvas , Eftremoz, Borba, Re-
dondo, e Montemor o novo. Nanoite defte mef^
mo dia , em que fe poz aultima coroa a tantos fef-
tejos triunfies , tiverao os Titulos avifo, para par-
tir daquella Cidade para a Villa de Aldeia Gallc-
ga ) de donde nao palfariaO fem Suas Mageftades,
e Altezas, para a Cidade de Lisboa. Nefte dia ex-
pedio o Secretario de Eftado ao Marquez de Ma-
rialva, efte
A V I S O.
i> V A' participei a V. Excellencia que Sua Ma-
?> I gcftade fazia entrada publica em Lisboa
„ Cf em 1 2. do corrente , e nefte dia , e nos
„ dous feguintes ha de haver falvas de artillieiia ,
^; e luminarias , para o que expedira V. ExccUen-
,, cia
dosPrincipes do "Bra^iU Lizro IV - 3 o^
), cia as ordcns necefTarias as Torres, eFortes^ e 1720.
„ deve V.Excellencia declarar nas ordens que ex-
_,_, pedir , que no dia da entrada ha de haver; alojn
;, das tres falvas da noite , outras tres, huma quan-
jy do Sua Mageftade pallar o rio , a fegunda quan-
j) do fair de Belein , e a outra quando chegar ao
,j Paco j ^ mandara V. Excellencia por os Regi-
„ mentos de Infantaria , e Cavallaria no Terreiro
;, doPa^o. Deos guarde a V. Excellencia. Evora •
}, 8. de Fevereiro de 1729.
Diogo de Mendonga Corte-Real.
27 Concertada, pois, ajornada paraLisboa
em nove de Fevereiro , em que effedlivamente
partirao de Evora as peifoas Reaes , antes de par-
tir, forao , EI-Rcy, o Serenilfimo Principe_, e os
Senhores Infantes , D. Pedro , e D. Antonio fazer
Ora^ao , na Se, a Capella do Santilfimo, e fubfe-
quentemente vifitarao a de Nolla Senhora do
Anjo, Sairao pelas oito da manhaa de Evora , dif
poila a ordem da fua marcha pelo teqr; que agora
. diremo^.
PRccedia huma partida de quinze C^LNdWos , Parte El-Rey com
commandada por Iium Alieres. ^ Principe , e os
d-tra femelhante , commandada por hum Te- pfaufboa^''''
nente.
yinte e quatro trombetas , e atabaleiros de El-
Rey.
Seis cavallos de mao para o Duque Eftribeiro
mor.
Defaffeis, tambem a deflra , para os Senhores In-
fantes. Qq Trinta
3" o^ Hifioria Panegyrica dos defpofdrics
1720 Trinta e feis cavallos tambem a deftra, del-Rey, e
do SerenifTimo Principe.
E^^ze poftiihoens dc Gabinete.
Huma berlinda do Confeiior;, Mordomo m6r;> e
Eftribeiro mor da Senhora Prmceza.
Huma do Confelfor , Mordomo mor, e Eftribeiro
mor da Senhora Rainha.
Hiima doEftribeiro menor deI-Rey> em que hiao
tainbem tres Camariftas , dous do mefmo Se-
nhor , "e hum do Senhor Infante D. Antonio.
Huma caleifa de refpeito da Senhora Rainha.
Huma de refpeito del-Rey,
Huma berlinda das pelfoas das Senhoras Rainlia,
e Princeza.
Tres fejes ricas da Senhora Rainha.
Huma berlinda das peftoas , del-Rey , do Serenif-
fimo Principe , e dos Senhores Infantes , D.
Pedro , e D. Antonio. .
Tfes fejes ricas del-Rey.
Huma berlinda das Camareiras mores.
Huma das Donnas de honor.
Tres de Damas.
Tres de Acafatas.
Vinte e nove fejes de Criados , e Criadas da Se-
nhora Raijiha.
Hum grande numero dellas de mogos da Camara,
e outras pelfoas , que acompanhavao a Suas
Mageftades.
Tres berlindas del-Rey , para os Confelfores , pa-
ra o Duque Eftribeno mor , Veadores , e Cor-
regedor da Corte.
Outras muitas fejeS;, em que haviao embarcado al-
guns Sacerdotes Seculares^ mo^os daCamara,
e Muficos.
28 Indo
'i
dosPrlncipes doBrazJt,LivrolV. 507
28 Indoojuiz de fora deEvora, eoSena- 1729«
• do daqueJla Cidade acompanhando com a bandei-
ra da Cidade a EI-Rey , e a Suas Altezas ,• depois
de haverem profeguiclo efte obfequio algum tem»
po, tiverao ordem do mefmo Senhor parafere-
tirar. A Cidade falvou aos mefmos Senhores ao fair,
no modo coftumado. No acompanhamento q tam-
bem fizerao depois as SerenifTimas Senhoras Rai- ^^^.^ ^ Rainha, e
1 T» • c • j frmceza de EvO'
nna , e rrniceza , que por tazerem mais deten^a ra,
em ouvir primeiro Mifla , e vifitar a Igreja dos
Conegos feculares do Evangelifta , aonde Expofto
o Santiirimo fe celebrava a Feft^ da Virgem, e Mar-
tyr de Chrifto Santa ApoIIonia , partirao pelas dez;
a primeira das mefmas Senhoras, quando elles
chegarao a meirna diftancia _, os mandou recolher.
29 Tomavao eiJas pela rua de Santa Sofia ,
quando ie poz diante da Senhora Princeza huma
moca pobrezinha , mas veftida decentemente , pa-
ra Ihe fazer , como fez , oiferecimento de huma
Codorniz viva , que trazia dentro de huma gaioia.
Premiou a mefma Senhora efta galantaria , man-
dando-Ihe dar huma boa efmola. A Cidade falvou
agora a Sua Mageftade , e a Senhora Princeza co-
mo antes o fizera a EI-Rey , ao Sereniflimo Prin-
-cipe , e a os Senhores Infantg s.
30 Era depois do meio dia , quando elles che- Chega El.ReyyO
garao aMontemor o novo. Antes que chegaflem ^J"«^^.^^«/'««-
ao alojamento , qiie fe ihes havia prevenido nas novo,
cafas de Antonio da Silva Leborao , aonde pouza-
rao , a pearao-fe junto aos Arcos que ficao a en-
trada do Caftello , e dafli fe eftiverao iogrando da
dilatada vifla do terreno , que dalJi fe defcortina.
Entrarao depois no Caftelio , e alli fizerao Ora^ao
ua Matriz daquclla Villa , da Invo^ao de Noila
Qq ii 3enhor^
3o8 HijioriaPdnegyricadosdefpoforios
1 72 0. Senhora do Bifpo. Virao, e venerarao nefta Igteja
a pia, em que fe bautifou S. Joao de Deos , e paf
farao depois a Igreja dos Religiofos do mefmo
-Santo. Havendo feito alguma deten^a em vifitar
a Cafa aonde elle nafceo , e aonde ouvirao Miflk,
entrarao depois nas Igrejas da Mifericordia , de S.
Domingos , e ,de S. Francifco j e pelas tres , fe re-
colherao finalmente as cafas do Capitao mor.
ChegaoaRdnha, 3 I Tinhao chegado quafi ao mefmo tempo as
e Princeza a SerenifTimas, Rainha , e Princcza , e forao pouzar,
Montemor 0 fio- , -11 -r 1 -r • i -r» r ■ r j
^o. depois de haver viiitado a Igreja dos Religiolos de
S. Joao de Deos, nas cafas, que fe haviao deftinado
para a fua apofentadoria, de Joao da Cunha Lobo,
que por paifadiiros , que para iilb fe fizerao , ti-
nhao communica^ao com as de Antonio da Silva
Leborao , e alh as eilavao eiperando para as rece-
ber , Ei-Rey , o Sereniifimo Principe , e os Senho-
res Infantes. Fez Sua Mageflade merce do lugar
do primeiro banco a que eftava acaber, aojuiz
de fora defla Villa. NeiU noite forao applaudidas
Suas Mageflades , e Altezas com mui elirondoibs
fei1:cjos.
32 Repetida no outro dia a devo^ao de vifitar
a Capella deS.Joao de Deos^aonde as peifoas Reaes
tornaiao a ouvir Miil^. Continuarao Ei-Rey, o Se-
reniifimo Principe, e os Senhores Infantes a fua jor-
nada para oPalacio de Vendas-novas,pondo-fe a ca-
minho pclas nove da manhaa.Seguirao depois amef-
ma rota as SereniiTimas Senhoras,Rainha,ePrinceza,.
laindo daquella povoa^aojdadojameio dia. Quan-
do eflas Senhoras chegarao finalmente ao magnifi-
EaoPalacio day centiiTnno Palacio de Vendas-novas, em q ategora
Vendas-novas. fenao havia deixado de trabalhar , e aonde pernoi-
tDU neftc dia toda a Cafa Rcal , fairao EJ-Rey , o
Piin-
dos Prmdpes do ^ra^l) Livro IV. 309
Princjpe,e os Infantes a recebcllas a porta principal, 17 2 O»
com oi coflumados cumprimentos , e ceremonias.
El-Rey fez expedir varias ordens, tendentes a pron-
ta execucao da fua Real entrada em Lisboa, a 1 2.
defte mez ,• e nefte mefmo dia expedio o Secretario
de Eftado ao Senhor Patriarca; o feguinte
A V I S O.
„ O Abbado doze do corrente pelas onze horas
■)) O da manhaa , tem Sua Mageflade refolvido
„ fazcr entrada publica neifa Cidade com a Prin-
„ ccza nolfa Senhora , e ir a Santa Igreja Patriar-
„ cal , o que me mandou participar a V. Illuftrif
)f fima e Keverendiffima , ejuntamente infinuar
„ fera do feu Real agrado , que em quanto ciurar
„ a entrada , haja repiques f c na noite do mefmo
„ dia , haja luminarias , e continuem os repiques,
„ e que fe pratique o mefmo nas duas noites fe-
„ guintes. Deos guarde a V. Illuftriirima Reve-
„ rendilfima. Palacio das Vendas-novas. .10. de
^; Fevereirode 1729.
Dlogo de Mejidoti^a Corte-Real.
Depois fe mandou a ordem das falvas, determinan-
do-le, e mandando-fe que follem cinco, huma quaiv
do Suas Mageftades chegaireni defronte do Mof-
teiro da Madre de Deos , outra quando chegafr
fem ao meio da diftancia que ha daquelle Moftei-
ro a Belem, outra quando aqui aportailem, outra
ao partir do meimo fitio paraLisboa, e outra fi-
nalmentp
; 1 0 Hiftoria Panegyrica dos defpoforios
1 720. nalmente quando fe recoihefTem ao Pa^o.
3 3 Em onze fahirao de manhaa daquelle Pa-
lacio^ os Confeilbres das SerenifTimas Senhoras Rai-
nha , ePrinceza,- quatro Veadores daprimeira,
e hum da fegunda ,• as Damas,- Donnas de honorj
Agafatas , e outros muitos individuos da Real co-
^fefrf ?i^t ™^'^^' Chegarao todas eftas peflbas ajantarnos
zas aos 'Pegoens. Pegoens. Quafi as mefmas horas chegarao tambem
a elles EI-Rey , o Sereniifuno Principe , e os Se-
nhores Infantes ,• mas fem algum delles fe apear,
o que tambem fizera6 os leus criados ,• comeraq
dentro no coche. Dos Pegoens tomarao o cami-
nho da Atalaya, e alU forao fazer Oragao na Igreja
de Noifa Senhora.
34 Logo que as Sereniirimas Senhoras Rai-
nha, ePrinceza chegarao aos Pegoens, que foi
alguma coufa mais tarde , apearao-fe , com todo
o feu acompanhamento para jantar nas oftentofas
cafas , que ja diffemos , que El-Rey aqui mandou
fazer para ef];a occafiao no mefmo fitio. Quando
dcpois tornarao as mefmas Senhoras a tomar as
fuas' Garruagens, vendo a primeira dellas a Luiz
Garcia de Bivar; Tenente Coronel, o honrou com
mui decorofos termos , louvando muito o zelo,
com que elle havia procedido naquella jornada ; e
verdadeiramente nao deixou de fe dever a efte Offi-
cial hiia grande parte do acerto do muito que nella
fe obrou. Outra vez Ihe tornou a mefma Senhora
a fazer a mefma honra , que tambem Ihe fez Ei~
Rey, quando ja reftituidas Suas Mageftades , e Al-
< tezas a Lisboa, foi o mefmo Tenente Coronel a Pa-
lacio , pedir perdao a Suas Mageftades das faltas
que (dizia elle) poderia haver commettido no
B.eal fervi^o.
35 In-
dos Prlndpes do "Bra^il^ Livro IV. ^ii
35 Infiffindo as Senhoras Rainha , e Priiice- 1720.
za no feu caminho , (^iiando chegarao algreja de
N. Seiihora da Atalaya > ia alli achdrao elperando
por Sua Mageftade , e Alteza a Camara de Aldeia
Gallega. Entrarao a fazer Oracao , e logo parti- ChegaS a Aldeia
rao para aquella Villa, aonde E!-Rey havia ja Gallega,
chegado. A' entrada della; acharao huma dan^a de
marcaras , que forao balhando junto as carrua-
gens. ConcoiTeo mais outra dan^a de meninas j e
apeadas as mefmas Senhoras , hia diante dellas
hum menino, veftido de Anjo;, com huma falva de
flores , com. que elle hiajuncando a rua. Quando
chegar^o a Palacio , defcerao a porta delle a rece-
bellas , El-Rey, o Principe, e os Infantes.
^6 Quando Suas Mageftades chegarao a efta
Villa , ordenou o Daque Eftribeiro mor ao Te-
nente Coronei D. Tkomaz de Aragao , e ao Pro-
vedor dos x^^irmazens, para fe acharem no outro dia
muito cedo em Montijo , diftante huma legoa
dc Aldeia Gallega , para que tudo eflivefle pronto
para o embarque, quando Suas Mageflades alli che-
gallcm. Do mefmo modo expedio ao Tenente
Coronel Luiz Garcia de Bivar para Belem, para
difpor naquclle fitio o Real delembarque , e a en-
trada de Suas Mageflades em Lisboa. Executou
logo efle Oificial as ordens , que Ihe forao impof-'
tas,- epofto que erao quafi inacceiTiveis as difficul-
dades , que le interpunhao de permeio , nao [(cn-
do a menor a anguflia do tempo j a fua at^ivida-
de , e boa diligencia , pode fuperar, e facilitar to-
das eflas contradi^oens , e com tanta providencia,
que fazendo as pelloas Reaes muitas paradas, e
fendo-lhes neceJTario apear-fe no caminho algu-
mas vezes , ainda ficou reflando huma boa parte
do
512 Hiftorla Panegyrka dos defpoforlos
Xj 2 9 ^^ ^^^' ^^^^j ^^ 4^^ Siias Mageftades, e Aitezas
pernoitarao em Aldeia Gallega , ElRey fez a Jo-
feph Simoens Baibofa , e a Inacio de Almeida e
Maia, porefcrito, a graca de que damos a
C O P I A.
Ui fervido refolver, quc os Bachareis, Jo-
feph Simoens Barbofa, que ferve de Con-
fervador deftas Cidades , e Inacio de Al-
„ meida e Maia , que ferve de Sindico das mefmas
„ Cidades , vcflillem Becas, para pegarem com os
„ Vereadores dos Senados nas varas do PaLIio, na
„ occafiao da entrada que hei de fazer nellas, com
„ k Princeza minha Nora ,• a Mefa do Dezembar-
go do Pa^o o tenha aifmi entendido. Aldeia Gal-
jy lega 1 1. deF^vereiro de 1729,
R E Y.
Fez tambem Sua Mageflade merce ao Juiz de fo-
ra de Aldeia Gallega de hum lugar do primeiro
banco. Efta noite foi em extremo feftiva , e digna
de fer fucedida de hum dia de tanto applaufo , e
triunfo.
37 Ultimoufc emfim tanta accao no outro
dia Sabbado , e doze d^ Fevereiro , que concor-
reo com huma admiravcl ferenidade para darmaior
cfplcndor a hum tao foberano triunfo. Foi eite,
fem a menor duvida, hum dia dos mais felizes , e
mais gloriofos que amanhecerao ao Rcyno, e mui-
to pafcicuiarmente a preclnriirmia Cone dc JjIs-
boa.
dos Principes do Bradh Livro IF. 5 1 5
boa. Nelle , e nella fe havia de ver excedido o pro- j 729,
digio que la fe notou em Roma , aonde houve
occafuio em que fe virao tres Soes ,• porque agora
illuftrada com tantos outros , e tantos mais fobe-
ranos , quantas as Mageftades , e Altezas que fe
approximavao a defaifombralla da noite de tao
larga , e tenebrofa aufencia. O Sol , aindk que a
fua vifta Havia de fer quem menos parecelfe que o
era , la parece que no Hemisferio dos Antipodas
apreffou mais o feu gyro , para fer teftemunh^ de
tanta plaufibilidade ,• c bem queria que nefte dia
houvelfe algum Jofue , que o fizefle parar , por
nao perder no circulo de tao pequeno e^a^o huma
tao immenfa gloria.
3 8 Ainda nao havia amanhecido , quando o
Tenehte Coronei D. Thoihas de Aragao _, e Fer'
nando de Larre, Provedor dos Armazens, partirao
para Montijo , para terem prontas as embarca-
^oens para as Peifoas , e toda a fua Real comi-
tiva. Forao ouvir Miifa os mefmos Scnhores a P^nem ar pef-
Matriz de Aldeia Gallega ,• e logo acompanhados^^^^f'' ^^'^
nao mais , que dos criados que eftavao de femana, .
partirao daquella Villa para Montijo , porto dif
tante della fiuma legoa , e aonde , fegundo a or-
dem que haviao tido os Titulos , Nobreza , e a
Corte , eftavao efperando a Suas Mageftades , e
Altezas para embarcar juntamente com os mefmos
Senhores.
39 A's oito e meia , eftavao eiles ja em Mon- Chegao dquelk
tijo, aonde acharao , como aifim fe determinara^-^^C^^» ^^'^'^^'
tudo a ponto de partir para Belem. Havia-fe feito
com immenfo difpendio para efta fun^ao hum
Real bragantim, cuja talha era do mais excellen-
ite artificio : mais propriamentc ihe podia dar o
Rr nome
514 Hifioria Penegyrica dos defpoforws
172 Oi nome de foberbiffimo Palacio : tal era a fua rique-
za , tal a fua mageflade ! Nao parecia fenao huni
monte de ouro, que navegava fobre o Tejo , po-
dendo n como em outro tempo forao •celebradas
por auriferas as fuas areas _, merecer tambem efte
ncune as aguas do Tejo ; em que eile reverberava,
que agora fe podia fazer mais tumido , e empola-
do ,' fuftentando a feus hombros as quilhas de tao
luftrofo , e Rcal acompanhamento , fe nao enten-
dera , como alfmi o executou , que devia , em ap-
plaufo de tanto triunfo, obfervar a maior ferenida-
de , parafer efpelho de tanta grandeza , e fermo-
zura. Envergoiihar-fehia a antiguidade de celebrir
tanto a embarca^ao de Cleopatra , fe tivefPe huma
idea de tanta graiideza. Tremolava, arvorado nelle,
o Eftandarte R.eal , aonde as auras pareciao che-
gar mais reverentes , e jilongeiras aos raios do Sol
mais ferenos , e fermofos. Nefte pois , vagante pa-
lacio fe meterao Suas Mageftades , e Altezas, que
logo El-Rey mandou vogar.
40 Puzerao, alhm o bragantim , como trinta
efcaleres , que conduziao a Familia da Cafa Real,
e os Titulos , e Senhores da Corte , que ao mefmo
tempo fe puzerao em voga , a proa ao Mofteiro
da Madre de Deos , que como Eftrella do mar fc-
hcitou efta mare , que em nenhuma outra occafiao
como efta , fe podia chamar de rofas. Como fo
nao baftavao as embarca^oens que diifemos para
huma comitiva tao luzida , e iiumerofa , eftavao
prontos mais de mil barcos, dos que navegao pelo
Tejo , e era infinito o numero de falliias , fragatas, ,
e outras embarca^oens ,' todas mui empavezadas,
e embandeiradas , cheias de flamulas , e galharde-
tes de diverfas cores , em que embarcarao os que
fe
dos Principes do "Bra^il, Livro W, ^15
fe quizerao lograr de hum tao grande dia. 17^0
4 1 Adim veio efta ligeira armada com huma
fermofiiruna vifta , que nao parecia , fenao huma
110 va, e mais rica Veneza , cimentada fobre as
aguas , cofteando , e cortando tranquilla , e triun-
falmente o Tejo. Quando chegou defronte da Bi-
ca do Qapato, todos os navios que haviao deitado
ferro nefte porto , largarao , em fmal de applaufo,
hum grande numero de bandeiras , e flamulas. En-
tao mefmo deo o Caftello de S. Jorge a primeira
de tres faivas de artilheria , que fe derao em quan-
to Suas Mageftades , e Altezas forao nevegando
pelo rio a baixo. Correfponderao , falvando tam-
bem , os navios, Fortes , e Fortalezas da Barra,
e da Marinha. Ao melrno tempo nao ceflavao de
ferir os ares o plaufivel rumor de infinitos clarins,
atabales , e outros muitos inftrumentos.
42 Geralmente era tudo applaufo , alvoro^o,
e fefta. Ate Belem fe ouviao os eccos de tantas ac-
clama^oens. Nao fe punhao os olhos em parte ,
em que fenao defcobriife hum immenfo , e feftivo
concurfo. Quando as peflToas Reaes hiao no meio
defta fuatao plaufivel, e Real viagem, as falvou
a fegunda defcarga de artilheria , e deo-fe final-
mente a ultima quando ellas chegarao a Belem ,
aonde haviao de fazer o feu defembarque.
43 Aqui em huma das muitas Cafas Reaes de
jardim , e de campo , em que abunda aquclle tao
ameno fitio , proxima ao rio , e que fora do Con-
de de S. Lourenco , fe tra^ou da parte do *mar, ^"'''^^ A'^'^ Suas
com a mais prodiga defpeza huma magnifica pon- Akffafdefeni-
te para Suas Mageftades , e Altezas defembarca- barqnare em Be.
rem. Sobre hum fingido , e bem figurado rocliedo ^^"i* '^^'^ dejcrip-
havia hunia bem lani^ada efcada de vinte dcgraos,
Rr ii em
5 16 Hijloria Fanegyrica dos defpoforios
I720J ^^ ^^^ ^^ fuftentava hum arco triunfal de elegan-
tiillma arquite^lura , feito a cufta dos Otficiaes de
Pjntores , e Carpinteiros , coroado com as figuras
da Liberdade , e Fortuna, entre quem fe via a da
Fama. Difcorria logo huma baranda de compri-
mento de vinte pallbs , povoada de hum grande
iiumero de vafos de flores , que rematava em huma
cupula quadrada , fuftentada em quatro columnas
beliiiTimamente formadas. Tinha a mefma ciipula
pintado hum Sol mui flammante pela parte inte-
rior , e na exterior fe viao com as fuas infignias
nos feus quatro angulos; as quatro partes do mun-
do j e. no meio della a figura da Fortuna, empenha-
da em por hum cravo na fua roda , como queren-
do denotar , que eile queria fazer ja permantes pa-
rafempre, asglorias, que nos prometia hum dia
taofeliz, e tao fingular.
44 Queremos, antes de paflar adiante , deixar
aqui notado , que os mcfmos elementos fe mofl:ia-
rao obfequiofos com Suas Mageflades , e Altezas,
para que cfte feu trmnfo fe lograife com a mais
completa plaufibilidade. O que Claudiano difl^e
com lifonja em louvor de hum grande do feu tem-
po : ^/ue os vemos vmhao obediejites , e rendidus
a dar-lhe vafjalagem , e fometer-fe as fuas ordens:
agora fe verificou nefta occafiao , em obfequio dos
mefmos Senhores. Quando efles fairao de Mon-
tijo , o vento que Ihe ficava contrario , imediata-
mente fe mudou , foprando-lhe em popa. Seme-
Ihantemente i Ponte , em que acabamos de fallar,
que depois de haver fervido ao alto fim , a que fe
deftinara , foi desbaratada logo no outro dia , em
que fe levantou no Tejo hum fiiriofiflimo tempo-
ral.
45" Vni-
dvs Prindpes do Bra^U Livro IV. 5 1 7
45 Univerfalmente applaudidos em terra , e 1729.
mar, fairao flnalmente defte, para aquella Suas
Mageftades , e Altezas , defembarcando naquella Defembarque das
tao augurta Ponte, que fe Ihes prevenira. Eftavao ^^-^'^■^ •^^^'^■^'
efperando aos mefmos Senhores quatro efquadroes
de Cavaliaria , commandados por Antonio Carlos,
Tenente Coronel do Regimento do Marquez de
Marialva. A Companhia de Granadeiros do Regi-
mbnto de Cafcaes , eftava fazendo a fua guarda a
Porta dc Palacio. Detiverao-fe nelle algum pouco
tempo as Mageftadcs , e AJtezas , e em hum Sa'
lao Realmente paramcntado, fe deo hum eiplen-
didillimo refrefco a toda aCorte.
46 Attenta a ordem , que tiverao *\o 'Duc^q PartemdeBilem,
Eftribeiro mor, os Tenentes Coroneis , D. Tho-
mas de Aragao , e Luiz Garcia de Bivar, para o
iicompanhamento com que as Mageftades , e Al-
tezas deviao fazer a fua entrada publica na Corte,
eCidade de Lisboa, pailarao iogo a executalla
com igual acerto, que prontidao. Seria, com varie-
dade pouco fenfivel , huma hora da tarde, quando
as pelloas Reaes fairao nos feus oftentofos coches.
Aqudle , que conduzia os Senhores Reys , e os
Serenilfimos Principes , e de que tiravao oito fer-
moliflimos cavallos brancos , era o mais rico , e
mais augufto que ja mais fe tinha viflo.
47 Todos os Grandes, Oiiiciaes da Cafa Real,
toda a Nobreza, e todas as pefToas que tem lugar^
em femelhantes a(^os, hiao veflidas damaisluzi-
da gala, e emcoches de grande cufto, incorpora-
das nefle triunfo. Erao pois precedidas as peiloas
Reaes, das Jufti^as , dos Reys de Armas , Portu-
gal , Algarve , e India , dos Arautos Lisboa , Sil-
ves , e Goa , e dos PaiTavantes Santarem, Tavira,
e Cochim;,
2i8 Hifloria Panegyrica dos defpoforlos
I720# eCochim, com feiis collares , cotas dearmas, e
cadeias de ouro. Os porteiros levavao , ao ufo do
Reyno , macas de prata.
48 Rodeados pois os mefmos Auguftjifmios Se-
nhores; de toda efta luftrofa comitiva,- guarnecida a
retaguarda della , da guarda de cavallo , profegui-
rao a fua ReaJ marcha. Quando EI-Rey chegou
defronte da Igreja do Convento da Senhora dos
Remedios dos Religiofos Carmelitas Defcal^os ,
apeou-fe com o Serenilfimo Principe , para ircm ,
como forao, fazer Ora^ao , e logo tornarao a em-
barcar no feu Real coche.
49 Os Eftribeiros , os Tenentes da guarda ,
logo que Suas Mageftades chegarao ao Palacio do
Conde- de Villanova , palfarao a occupar os ieus
poftos aos lados do coche de Suas Mageftades. O
mefmo fizerao, palfante dc quarenta mo^os da Ca-
mara. Os felfenta mocos da Eftribeira, apearao-fe
aqui , e paftarao-fe adiante formados em duas
alas.
ChegaS Sua^ Ma- ^q Chegado ftnalmente efte efclarecidiifimo
%a^aUsboa. ^^" ^companhamento ao bairro da Efperan^a , de don-
de Suas Mageftades , e Altezas haviao de comecar
a fazer a fua pubhca entrada em Lisboa , alli lar-
gou o coche , e montou a cavallo o Doutor Corre-
gedor do Crime da Corte , e Cafa, Jofeph Vaz de
Carvalho , e alli mefmo fe formou ultimamente o
mefmo predarilfimo corpo, pela feguinte ordem:
o
Duque de Lafoens D. Pedro Hcnrique de
Braganga e Soufa Tavares Mafcarenhas da
Silva, por fe Ihe nao haver deftinado lugar,
hia muito adiante defta Real companhia , 110
feu coche. Afhm o havia elle ja praticado , e
odei'
i
dos Principes do "Bra^it, Livro IV» 519
o deixamos referido na fun^ao do Caia. ' j 720.
Vinhao diante os dous Procuradores daCidade,
efplendidamente veftidos.
Logo todos os Miniftros da jurifdicgao do Sena-
do.
Os Corrcgedores , e Juftigas.
Os Porteiros da Canna ,• feis delles com mafTas aos
hombros.
Os Reys de armas , Arautos, e Paflavantes , com
Cotas de armas , e cadeias de ouro.
O coche do Corregedor do Crime da Corte , e Ca- •
fa Jofeph Vaz de Carvalho , em que elle viera
ate a Efperan^a , aonde como difl^emos, fe poz a
cavallo.
Quarenta e oito coches dos Titulos , e Nobreza
fem preferencia.
Hum dos Camariftas do Senhor Infante D. An-
tonio.
Hum dos Camariftas do Senhor Infante D. Fran-
cifco.
Hum do Confeflbr , e Veadores da Senhora Prin-
ceza do Brazil.
Hum do Eftribeiro mor da mefma Sereniflima Se-^
nhora Princcza.
Hum do Confeflbr, e Veadores da Sereniflima Se-
nhora Rainha.
Hum dos Veadores da mefma Sereniflima Senhora
Rainha.
Hum do Eftribeiro mor da mefma Senhora.
Quatro coches de Veadores , e Ofliciaes da Cafa
del-Rey.
Hum do ieu Eftribeiro mor.
Hum de refpeito da Sereniflima Senhora Infanta
D. Francifca,
Hum
1729.
^20 Hijloria Tanegyrica dos dejjjofonos
•
Hum de refpeito do Senhor Infante D. Antonio.
Hum de refpeito do Senhor Infante D. Francifcd.
Hum de relpeito do Senhor Infante D. Pedro.
Hum de refpeito do Senhor Infante D. Carlos.
Hum de refpeito da Senhora Princeza do Brazil.
Hum de refpeito do SereniiTimo Principe.
Hum de refpeito da Sereniirmia Senhora Rainha.
Hum de refpeito del-Rey.
Hum da pelfoa do Senhor Infante D. Antonio.
Hum da peflba do Senhor Infante D. Francifco.
Hum das pellbas dos Senhores Infantes, D Pedro ,
e D. Carlos.
Hum das peffoas de Suas Mageftades, e dos Sere-
nilTimos Senhores Principe, e Princeza.
Hum das Camareiras mores , e Donnas de ho-
nor.
Onze de Donnas de honor , Damas , Agafatas , e
Mo^as da Camara.
Seflenta mo^os da Eftribeira a cavallo , de tras dos
coches das Peffoas.
Os Capitaens das tres Companhias da Guarda, a ca-
vallo.
O Regimento da Cavallaria, do General Marquez
de Marialva , commandado pelo feu Tentente
Coronel; Antonio Carlos de Caftro.
Note-fe , que ainda que os Senhores Infantes , D.
Pedro , e D. Carlos* fe fituao em hum coche , c os
Senhores Infantes , D. Francifco , e D. Antonio ,
cada hum no feu , vierao eftes dous ultimos Senho-
res, com feus Sereniftimos Sobrinhosj pelo que or-
denou Sua Mageftade , que os coches que os Se-
nhores Infantes nao occuparao, foflem tambem
de reipeito. Huma, e outra coufa fe le nas memo-
rias
dos Principes do^Bra^ilj Livro W. 5 2 1
rias manuefcritas do ExcellentifTimo Duqne de Ca- 172 0.
daval , Eftribciro mor , D. Jayme de Mello.
5 1 O nobilifrimo Senado da Camara efperava
as pelToas Reaes no largo do mefmo fitio da Efpe-
ran^a^aonde os mefiiios Senhores fe apearao. Tocou
ao Doutor Dezembargador Jorge Freire de Andra-
de, Cavalleiro da Ordem de Chrifto, e Juiz Confer-
vador da Cafa da Moeda , como a Vereador mais
antigo do mefmo Senado^ dar, como he cftylo, em
jiome delle as boas vindas, e os parabens a Suas Ma-
geflades, e aos SereniiTimos Principes Noivos, com
tanta afiluencia de elegancia, que 16 pelo feu nome
proprio, fe poderia dilcernir efle grande Orador,do
^ e^oquentiirimo Hifforiador das ac^oens do quarto,
e grande Vifo-Rey da India D.Joao de Caflro. Efla
f oi a fua
O R A q A d
Muito Altos , e muito Foderofos %ejs ^ e
Principes Senhores nojjbs.
HE obriga^ao dos Vaflallos feflejarerti , Orafao que faz
eapplaudirem as felicidades dos feus ^»;,>2'„^-^.
Soberanos. Muitas fao as que VofTas ador r-ds antigo
Mageflades participao nos Auguftos Defpofo- ^^ Senado da Caz
rios dos Sereniilimos Principes nollbs Senhores,
y, que eflao prefentes ,• porque com elles pcrpetiiao
a fua Real Defcendencia , conftitiiem perma-
nente efla Monarqilia , e promettem exalta^ao
a Fe Catholica. Perpetuao a fua Real Defcen-
dencia ; porque com a fecundidade dos feus Su-
), ceilbres fazcm , que fe continue na fua Real Ca-
,j fa o efplendor , e do feu feliz Reynado a mC'-
. Ss „ moria,
} 22 Hidoria Panegyrlca dos defpoforlos
1720 » "^<^"a. Conftltuem permanente efta Monarquia;
„ porque com anticipada providencia Ihe procura6
„ proprios SucelFores, para que nas futuras idades
f, fenao veja vacillante , mas cterna a dura^ao def-
„ te Imperio : pelo meimo motivo promettem ex-
„ alta^ao a Fe Catholica j porque efte foi fempre o
„ principal objefto dos noflbs PrincipeS; e o fim, a
„ que fe dirigiao as emprezas daMonarquiaPortu-
;, gueza, e permanente efta nos feus Suceffores fe
„ feguem a Fe repetidos triunfos. Os mefmos nos
„ aflegurao os Nomes dos noflbs Principesj fendo
,y hum vaticinio dos aUgmentos, e outro das vi^ia-
„ rias,- e na verdade vendo-fe hoje nefta ditofa uniao
„ incorporado o fangue Portuguez , e Auftriaco
„ com o de Bourbon, e de Farnezio, cujas glorias
„ venera a Chriftandade com admira^ao, e o Paga-
„ nifmo com refpeito , que devemos eiperar fe-
„ nao progreffos a Monarquia , e adiantamentos
,y a Fe ? Com razao pois efta Cidade , Corte de
, „ Voilas Mageftades , em demonftra^ao do feu
„ contentamento, com alegres , e triunf aes accla-
„ ma^oens, publica hoje , que vivao os noifos Prin-
yy cipes , e Reys, annos fem numero.
viv a6, VI V a6.
Cminua-fe a Re' e^ Immediatamente fe foi , logo que efte in-
figne Orador concluio , contmuando a Real entra-
da , que profeguio da Efperan^a pela Cal^ada do
Combro , Rua direita do Loureto , Rua larga das
Portas de Santa Catharina , Chiado , Rua nova do
Almada, Rua nova dos ferros , Pra^a do Pelouri-
nho , Terreiro do Pago , e Patriarcal. Havia-fe le-
vantado por todo efte circuito arcos triun Faes^ que
fe
al entrada.
dos Frincipes do "Bra^il^ Livro IV, 5 2 \
fecoroavao com trefnulantes eftandartes , e nao 172 0.
pareciao ^ lenao arquite61ados peJa mao da merma
opulencia. Enchia os olhos^ e toda a expecta^ao
tanta riqueza , tanta feda, e tanto palhetao de oii-
ro. Na fua pintura , nas fuas eftatuas parece , que
haviao tuabalhado a competencia os primeiros Co-
ryfeos de ambas aquellas infignes faculdades. Nas
figuras , ideias, emblemmas, epigrammas , e inf
cripcoens que Ihes ferviao dealma, fe apurou o
mais levantado da fantafia , e difcri^ao humana.
53 Concorrerao para efte obfequio as Na-
^oens eftranhas, os homens de negocio, e os offi-
cios populares ,• motivo porque a muitos Ihe ferviao
de coroa , ja os eftemmas das armas das mefmas
Nagoens eftranhas , ja os Santos TuteJares dos
mefmos officios , ou mifteres. Igualmente fe admi-
ravao nelles , melhor do que nos jeroghficos Egy-
pcios, as figuras de algumas virtudes, como con-
correndo para o triunfo de huns Principes , que
tanto as honravao , exercendo-as como centro de
todas.
54 Era o primeiro deftes arcos , levantado no
fitio da Efperan^a pela nacao Ingleza , que affim
como aFranceza , Itaiiana, e Alemaa , foi huma
das que mais fe empenharao em obfequiar eftii
triunfal , e Regia entrada ,• mas fobrejujava todo
efte affefto das Na^oens eftrangeiras o efpJendor,
e magnificencia , com que Jhe poz a coroa a Cafle-
Ihana , por cuja conta correo a eflructura do der-
radeiro arco _, que fe erigio junto a Santa BaliJica
Patriarcal.
5*5 Sentimos nao poder dar nefle lugar huma
mais individual efpicificacao , a imitacao de outros
Efcritores de femeJhante Inflituto , de todos efles
Ss ii arcos.
524 Hijloria Panegyrka dos defpofonpr *
172 0. arcos , indagando quaes forao as Na^oens, e Offi-
cios , a cujo cargo correrao os fitios , em que el-
les fe levantarao , e as fuas figuras , letras, infcrip-
^oens , e mais particularidadcs,- mas depois de ha-
vermos trabalhado por vencer efta difficuldade, nao
pode furtir effeito a noffa dihgencia. No Prologo
defta Hiftoria, damos fobre efte Capitulo huma fa-
tisfa^ao aos noffos Leitores.
Ornato lUsruas. 56 Achavao , ainda os mais efcrupulofos de
contentar , toda a mais completa fatisfa^ao no lu-
zidiirmio ornato das ruas , por onde Suas Magefta-
des , e Altezas haviao fazer caminho. Haviao-fe,
por ordem do Senado de ambas as Lisboas , Occi-
dental , e Oriental , mandado concertar aquellas ,
por onde havia de paflar efta Real comitiva , e
ifto fe executou com tanta promptidao , que pare-
ce nao fe meteo tempo entre o difpofto , e o exe-
cutado. Nao fe via mais que pompa , luzimento ,
e grandeza , ornadas as paredes , e as janellas das
maisricas, e pompofas arma^oens. Entre ellas ha-
via muitos efpelhos excellentes , que multiplica-
vao obje^los tao viftofos , e agradavcis.
57 Logo que Suas, Mageftades , e Altezas
chegarao ao Terreiro do Paco, Ihes fizerao falva
com tres defcargas de Mofquetaria, feis Batalhoens
de Infantaria , e quatro Efquadroens de Cavalk'
ria , que alli fe haviao formado em duas linhas.
Ao mefmo tempo falvarao o Forte da V edoria , o
Caftello de S. Jorge , as Fortalezas da Marinha ,
e as Naos ancoradas nefte porto. Conflituiao-fe as
referidas duas linhas , por cujo meio fizerao tran-
fito Suas Mageftades, e Altezas, com os Regimen-
tos feguintes .-
Quatro Efquadroens de Cavallaria do Regimento
do Conde dos Arcos. de
dos Trincipes do "Bra^^il, Livro IV. 5 2 1
de Lisboa ,• do Porteiro mor. \^Z^,
de Cafcaes.
O Regi- ) de Lisboaj^e Inacio Xavier Vkira Matofi.
niejito "Sde Peniche.
'de Sctuval.
^da Armada.
Tiverao ordem os Titulos para fe apear junto as
efcadas do Corpo da guarda j e deo-fe outra a
comitiva, para ir apear-fe no pateo da Capella.
58 Tanto que alli chegarao as peifoas Reaes, ^^^1^^ "^ ^siTa
acharao jaosTitulos, que as eftavao eiperando , /g-^^j^ fatriar"
e alli mefmo forao recebidos debaixo de pallio , f^^l-
pelos Vereadores do nobiliifnno Senado Lisbonen-
fe. Subirao a Santa Baiilica Patriarcal , a cuja
porta interior as eftava eiperando, Gom o IlluftrifH-
mo CoIIegio dos feus Conegos , em corpo dc
Communidade , o Scnlior Patriarca. Immediata-
mente que entrou a Sereniffmia Princeza do Bra-
zil , chegou o Marquez de Angeja , feu Mordo-
mo mor , huma almofada para ella ajoelhar, e
beijar a Santa Cruz. Depois que todos os mefmos $^^ S^H^^ ^,.
Senhores tomarao agua benta , e nzerao Ora^ao, condujad defta
entoou o mefmo Patriarca , reveftido em Pontifi- Realjomada.
cal , o Te Deum , que profeguirao com excellen-
tes voces os Muficos Italianos. Concluida efta fa-
grada ceremonia , recolherao-fe por dentro da mef
ma BaHIica Suas Mageftades , e Altezas por nao
podercm voltar os coches dentro no mefino pa-
teo , que todos erao de extraordinaria grandeza,
competindo nelles a opulencia com o artificio , para
a Sala dos Tudefcos.
59 Sairao depois os mefmos Senhores , para
que efte dia foife inteiramente feftivo _, a alegrar
com
5 26 Hi/loria Faiiegyrica dos defpofvrios
172 Oi com a fua Real vifta o infinito concurfo que fe
juntara no Terreiro do Pa^o, para o que fe digna-
rao de apparecer publicamente em huma galcria
que cahia para aquella mefma parte. Seguio-fe a
noite , em que nao celfavao os repiques dos fmos,
em que fe illuminou todo Lisboa , e todas as em-
barcacoens que fe achavao no Tejo , em que fe de-
rao repetidas defcargas de artilheria , em que ar-
deo huma maquina de fogo artificial j e em que
houve ferenata no Paco ,• fertejos que todos fe re-
petirao nas duas noites feguintes : nao pareceo,
fenao que afiim fe continuavao , fem interrup^ao
as grandezas , e glorias de hum tao memoravel
dia , e effeclivamente fe continuarao nos feguin-
tes , em que Suas Mageftades , e Altezas derao
beijamao ao Senhor Patriarca , aNobreza, aos
Tribunaes , aos Prelados das Rehgioens , e aos
EminentiiTimos Cardeaes, da Cunha, Pereira, e da
Mota , mandando aos Tribunaes que fufpendef
fem o delpacho ate vinte do referido mez de Ja-
neiro.
6o Impofiivel, e muito grande impofTivel fo-
ra , querer aqui defcrever os infinitos applaufos ,
com que neftes Reynos , e nas Coiiquiftas fe fefle-
jarao eftes Auguftilfmios Defpoforios , e muitos
delles fe imprimirao. As Academias do Reyno,
que no Reynado de hum Soberano tao afi^ei^oado
as ciencias , floreciao com os mais gloriofos pro-
greffos , e as pennas, alfim de Portugal, como das
Conquiftas , em Profa , e Verfo nao tiverao outro
afllmipto, de que exiftem igualmente eternos , que
preciofos monumentos. Mas nao faz novidade,
que os Poituguezes em todas as idades tao amantes
dos feus Principes , e Soberanos , apuraflem nefta
occa-
dosPmcipes do "Bras^iU Livro IV. J 2 7
occafiao osultimos esfor^os da fua amante fideli- 172 0
dade.
6^ Mas qUe muito fe tudo cedia em obfequio
de huns Principes , hoje nolTos AuguflilTimos Rey-
nantes , a quem o Rey dos Seculos , por muitos,
efehe pomvel por eternos, profpere, efehcite,
paraque fejao, como fao, antes Pays, que Senho-
res de leus Vaifallos , a qucm regem com tanta
vigilancia, ejufli^a, com tanta paz, e amor, com
tanta fehcidade , e religiao. Bem fe efta nelles ve-
rificando o dito de Chriflo ao primeiro , e Santo
Rey defta Monarquia , D. Affonfo Henriques, que
mereceo ouvir da Divma Boca do mefmo Senhor,
que Eftc queria fundar neile , e em feus Suceffo'
res, hum Imperio para Si*
.61 O Reyno de Portugal , he logo hum Rey-
no de Deos , excellencia porque muito ha , que fe
efpera que feja univerfal , nao ja para
do mtindo a Deos dar parte graiide y
o feu gloriofo, e Fideliifmio Soberano, como fallan*
do com El-Rey D. Sebaftiao, Ihe dizia o noffo E'pi-
co,- mas para fometer todo o mundo , abatidas, ani-
quiladas , e extin6fas as formidaveis for§as Aga-
renas ao nome, e obediencia de Chriflo. E pois que
jPortugal hoje fe ve regido de hum Principe tao
Sabio , e tao Inclyto,ta6 Juflo, e tao Benemerito,
permitta o mefmo Senhor coroar nelle tao largas
efperah^as , o que ainda nao fera premio condigno
do feu tao incomparavel merecimento.
63 Seja finalmente coroadefla obraanoticia^''^»^^-^» ^^'«^«^
de alguns iPoemas de mais merecimento , com que doros%^4es Ca»
o Parnazo Portuguez concorreo a celebrar o }Lea\famen:os.
aifumpto defles Augufliifimos Defpoforios, e tranf-
creveremos alguns delies em fatisfa^ao da curiofl-
dade
52S Hifioria Panegyrica dos defpofirios
1726,' 'dade dos Leitores. No Colleglo de Siinto Antao
defta Cidade de Lisboa virao em 28. de Junho
defte mefmo anno de 1729. as Sereniirmias Senho-
ras, Rainha , e Princeza reprclenr-iir huma Tragi-
comedia Latina^em obfequio deftas Reaes nupcias.
Era compofla. pelos Reverendos Padres daquella
Cafa y que alludindo a figniiica^ao dos nomes dos
Serenimmos Principes , Ihe derao o titulo de Lu/i-
taniiV Augmentmn ViBoria cQromtiim. A fua ideia,
que he muito engenhofa , imprimio-fe, fem o cor-
po da Obra , que tanto fe defejava , e que honra-
ria grandemente efte noflb tao humilde efcrito, no
mefmo anno , na OfHcina da Academia Real da
Hiftoria Portugueza. .
64 Aqui, entre os que jntentamos tranfcrever^
lan^ariamos com muito gofto hum felicilfimo P(ip-
ma de D. Francifco Xavier de Menezes, Conde da
Ericeira _, que de algum modo diz, refpeito a efte
foberano aifumpto. Fello ieu eruditilTimo , eEx-
cellentiiTimo Author com a occafiao de Ihe hawer
fignificado o Duqiie de Montelhano , que Ihe man-
dou hum feii elegantiifimo' Poema , em que def-
creve a Fabula de Narcifo , e Eco , em cento e
quinze Oitavas , que deiejava ver alguma prodtic-
§a6 do feu elevadiifimo numen.
o^^y-- 'Refpondeo o Conde da Ericeita , fatisfa-
zendo aos defejos do Duque com outro Poema,
que fez no breve termo de oito dias , deoutras
Oitavas , peios mefmos confoantes das da Fabula
que fe Ihe mandara. Intitulou efle Poema : Nar-
cifo de Hipocrenej em humengenhoiiirmio, e ver-
dadeiramente Poetico metamorfofis , em que fub-
entende , de baixo do nome dos deofes da Genti-
lidade-; as pefFoas Reaes dehuma, e outraCorte;
e de-
dos Frindpes do Bra^U Livro IV. 529
e denominando ao Duaiie de Montelhano , Nar-
ci/o de Hipocrejjc , o perfuade a celebrar nos ieus
harmoniofos , e cientilicos numeros os Reaes , e
reciprocos Cafamentos, celebrados no Caia, de que
efte mefmo Poema do Conde da huma bella ideia.
66 Reparando porem ailim em que eftes dous
Poemas peJa razao de haver refponcfido o Conde
da Ericeira no fegundo y pelos mefiTios confoantes
do primeiro , fao connexos entre fi^ ao mefmo tcm-
po que o do Duque nenhum refpeito diz a efta
!ReaI accao , como tambem, em que o do Ericeira
nao celebra diredia , e pofitivamente o mefmo lo-
berano aftumpto , fenao que inftiga aquelle Titulo,
11 que o celebre, nos efcufamos de Ihes dar-mos lu-
gar ncfta Obra , fendo elles certamente digniftimos
de coroar outras , nao tao rafteiras como efta nof
fa , fenao das primeiras j e mais execellentes pen-
nas. Ambos os mefmos Poemas fe imprimirao em
Lisboanefte mefmo anno de 1 729. na OfEcina Fer-
rciriana.
67 Em fim, deixando outras muitas Poefias,
dignas verdadeiramente da iminortalidade da Fa-
ma, e da gloria , imprelfas em Caftella , e Portu-
galj ( e na Corte de Lisboa, fe fez huma CoIIec^ao
dellas , que fe imprimio nefte mefmo anno , na
Officina da Mufica , aonde correndo o de 1734.
fe imprimio tambem hum Poema Heroico, em oue
feu Author D. Jorge de Almeida de Menezes,
Profefto do Habito de S. Joao do Hofpital de Je-
rufalem, celebrou , com verfos dignos do mefmo
Homero, eftas Reacs niipcias) fatisfaremos a cu-
riofidade do Leitor , com o Epithalamio ja nefta
Obra prometido do Doutor Jofeph de Matos da
Rocha , duas vezes querido lilho de Apollo, por-
Tt que
1729.
3 5 o Hiftorki Fanenrica dos dejpoforws
I"20 q"^6 Mcdico doiuilTimo , e judicioriirimo Poeta Lx-
tino; eVulgar: com lium Romance Hendecafy-
labo , Caftelhano , impreiro em Madrid por hum
' Anoiiymo Portu^uez : com algumas engracadiiri-
mas bbras de Thomas Pinto Brandao , hum dos
engenhos -mais fmgularmente feHzes no cftylo jo-
coferio j e uitimamente com humEpigramma Lati-
110"; que fervira de coroa a efta grande Obra.
Efithalamlo ms Auguflas Vodas dos Sere-
mfftraos Frincipes do\BrazJil,
DO DOUTOR
JOSEPH DE MATOS
D A R O C H A.
O I T A V A S.
EU aquelle , que emplectro arnloniozo,
duas vezes de Apollo fifho amado ,
de volfa May 6 Principe famozo ;
cantey alegreo Thahimo dourado ;
hoje ao voiTo confagro obfeqiiiozo
o inftrumento , que tinha pendurado j i
que he bem , Senhor , a cujos pes me humilho^
pois celebrey a Mav -, celebre o Filho.
Pela boca do Tejo tranfparente
entao fe ouvio da minha Mufa o canto ;
e o mefmo Tejo na occafiao prefente
folemnizar devia Hymeneo tanto :
porque fe em todo o Reyno geralmente
he a alegria tal , que caufa efpanto ,
nao erao termos a razao oppoftos
que hum Rio celebrafTe hum mar de goftos.
Mas
dos Principes do Bra^il, Livro J V. j 51
Mas emmudece o Tejo , porque agora 1720.
de tantos Cylnes ieus fufpenro admira
a fuave armonia , a voz fonora ,
com quc a Jouvar-vos feu dezejo afpira ,•
mas fe tan.to vos ama , e vos adora
o voflb Portugal , he bem que infira
que maiorcs applaufos vos ordena
a Alma por lingua , o coracao por penna.
Como para o feu Povo he tao benigna
dos Lufitanos Reys a Mageftade ,
que em cada Rey , Senhor y que nos domina ,
hum Pay reconhecemos na verdade j
o mais ardente amor, a fe mais fina
vos deve tributar nolTa vontade ,•
pois herdareis , 6 Principe excellente.,
os Reynos , e as virtudes juntamente.
Que gofto pois agora , que alegria
nos caulara o vofTo Cafamento ?
fe nos inculca a gloria defle dia
fuccelfao longa de Monarcas cento :
vera por certo a Lufa Monarquia
ir de feus Reys o numero em aumento r
tambem o voflb nome alfmi o indica,
porque Jofeph aumento fignifica.
Em tenra idade vos achais Efpofo
da mais fermoza , e fmgular Princeza ,
que o Mancanares produzio ditozo ,
que hberal dotou a natureza c
efperar pelo tempo vagarozo
defattencao feria da bclleza ,•
e feu amor infama quem procura
com aggravos bufcar a fermofura.
Tt ii Pode
^12 HifioriaFanegyricadosdefpoforios
I720w Pode mais a fineza , do que a idade ,
nao obftou a ier Noivo o fer Meiuiio ,•
e fe ficou queixoza a mocidade ,
ficou o amor com creditos de fiiio :
pouco faz quem entrega a liberdade ,
quando o tempo Ihe da theatro dino :
fo fe habifita a merecer favores
quem anticipa ao'^ annos os amores.
Mils, aihda que andafl:es ta6amante>
menos amante nao andou Maria ,•
pois fe vos he rtos annos femelhante ,
vos fara nos excellbs companhia ;
fe a idade defigual faz difibnante
dos conjugaes affei^^os aarmonia,
Hvre efl:a voifa Eijiofa de taSs danos,-
pois he igual nas prendas , e nos annos.
Como a Divina Mao Omnipotente
da gentileza vosdotou mais rara,
por todo o feu Impe rio trarifparente
para feu Genro , Tethis vos comprara ;
€ vendo que CafteJia diligente
feus altos peiifamentos Ihe cftorvara ,
medonha em ondas pelas prayas foa ,
e irada bate os muros de Lisboa.
Que prudente Filippe ? Que acertado
aquelle Rey famozo de Caftella ,
vendo que havieis de tomar Eftado ,
vos deo para Mulher Filha tao bella ?
Pois fendo vos de Adonis o traslado ,
fendo de Venus o retrato Ella,
fo convinha na Corte Lufitana
a Adonis Luzo a Venus Caftelhana.
S6
dos Principes do ^ni^qh Livro IV. 55 '5
S6 tao bizarro Principe pudera 172 Ot
merecer huma Efpola tao fermoza' ,•
fo a Augufta Maria merecera
de Principe tao grande fer Efpofa ;
e 1 e a cafo no mundo nao nafcera
para a fuprema dita , que hoje goza,
nao havendo outra igual para admittida ,
havieis fer Solteiro toda a vida.
Ate pois conjugal , perpetuo lago
o peito amante de huma , e outra Alteza ; '
e unidas ambas em eterno abra^o
vengao das Parcas a fital dureza :'
nao tema , nao belhgero amea^o ,
a N acao Hefpanhola , ou Portugueza ,
unir-fe vendo na marcial Campanha
Quinas de Portugal , Leoens de Helpanha.
Mas antes efte dia venturofo
hum grande fufto ao mundo todo mete,
vendo que ao voiTo bra^o valerofo
fazer Imperio a Portugal compete ;
o torpe Ifmaelita efta medrozo ,
fabendo que a fortuna vos promette
ter-des de todo o Mundo vencimentd ,•
pois vos deo a Vitoria em Cafamento.
Eifc fingido Templo de Diana,
que ardeo do volTo Paco no Terreiro ^
quando Lisboa feftejou ufana
de voifas Vodas o rumor primeiro ,
annuncio foi a o;ente Lufitana
de que algum dia , Capitao guerreiro ,
abrazareis com chammas infinitas , •
do vil Mafoma as barbaras Mefquitas.
Levareis
1727-
554 Hifioria Panegyrica dos defpofonos
Levareis volFa Efpofa ao voflb lado ;
fe quereis ter eftrella nas Campanhas :
igualmente d'amor, e esfor^o armado,
maiores hao de fer volfas fa^anhas .-
de tao bella Conforte acompanhado
rendereis ainda as gentes mais eftranhas ,
pois nao menos triunfos aflegura ,
que a vofl^a efpada , a fua fermofura.
Em quanto pois a idade nao permitte
defenrolar o bellico eftendartc ,
he bem que o voflb peito fe habilite
nas milicias do Amor para as de Marte :
o valerofo Aquilles vos incite
a feguir feu exemplo em toda a parte ,•
pois tambeni , d' outra Infanta namorado ,
primeiro foi amante , que Soldado.
Nao implica ao valor o rendimento ,
nao fe oppoem a fineza a valentia :
quem foftVer de efperan^as o tormento ,
tera para os combatcs oufadia :
enfayay pois , Senhor , o nobre alento
nos doces facrificios de Maria ,•
que aflTim do Tejo para altivas glorias
feguirao aos amores as Vitorias.
Na companhia da Conforte bella
ja podeis aliviar a faudade
da chara Irmaa , que nos levou Caftella
por reciproco abono da amifade-:
fe huma Eftrella trocou por outra Eftrella
da primeira grandeza , e qualidade ,
razao fera que a voffa dor fe afrouxe ;
pois fe huma nos levou , outra nos trouxe.
Tanv
dos Principes do "Bra^il, Livro IV. 3 5 J
Tambem Fernando fente a aufencia dura 1720,
da charalrmaa, que Portugal Ihe tira,-
porem da nova Efpofa a fermofura
oh quanto ahvio a fua pena infpira !
Se he defterro das magoas a ventura ,
ja de Fernando a magoa fe retira ;
fede pois nos ahvios feu parceiro ,
ja que fois nas venturas companheiro.
Fizera Hefpanha ao vollo amor injurias,
fe nao pagalfe affim vollk iineza ,•
pois, fe Princeza dais para as Afturias,
tambem vos da para o Brazil Princeza;
do Mar as ondas , e do vento as furias
doma de qualquer dellas a belleza ,-
pois fublimes os feus merecimentos
tem poder fobre ps mefmos Eiementos.
Bem o vimos alfim, quando ambas vimos
palFar o nolfo Tejo caudalozo ,
e tao ferenos feus criftaes fenrimos ,
que parece que o Noto procellozo
adormecido eftava entre feus limos r
que focegado, e manfo o Caia undozo^
vendohuma, e outraNoiva peregrina,
foi de dous Soes esfera criftallina !
Coroado de junco , ed'efpadana
quiz foberbo encrefpar fua corrente ,
quando a Flor Portugueza , e Caftelhana
pifou feu claro Rio juntamente,-
porem , fe o incitou vaidade iifana ,
o fupprimio oblequio reverente,
porque em fim oblervou todo o concurfo
que mais detinha, que alterava o curfo.
Abforto
j]6 Hifioria Penegyrlca dos defpcforios
1720 ' -^brorto em tanta gloria fe fufpende >
e por Jogralla mais algum efpago^
numa ^ e outra ribeira mais fe extende ,
nas margens ambas mais alarga opalfo,-
e como fobre fi fazer-fe entende
das Reaes Noivas o feliz trafpaifo ,
ja d' Atlante as vanglorias fe aflegura ,
pois fuftentou o Ceo da fermofura.
Concorreo nefte faufto, alegre dia
huma , e outra Nacao tao adornada >
qUe entre ambas competio a bifarria ,
como algum dia competio a efpada :
de Elvas, e Badajos a artelharia
em repetidas faivas fulminada
fez em final do gofto mais profundo
toldar o Ceo , e eftremecer o Mundo.
Teve a efperan^a fim , prazo o dezejo ^
e no concurfo da maior N obreza
admirou a Provincia do Alentejo
das mais cuftofas galas a riqueza )
dos mais foberbos coches o cortejo ;
das mais lufidas Tropas a deftreza :
mas fobre tudo a admira^ao embarga
do Rey mais generofb a mao mais larga.
Em foberbo Palacio convertida
fe vio poufada humilde em tempobreve:
bem pode, Menlis dar-fe por vencida
nas Maravilhas , que algum dia teve ,•
porque fe a fua fabrica applaudida
a longos annos o remate deve,
nefta , que fez o nofto Rey Augufto ,
, mais breve o tempo foi , mais largo o cufto.
Em
dos Prfncipes do "Bra^iti Livro IV, 537
Eni poucos mezes o potente bra^o ' 1729,
de voflo Pay , o grande Joao o Quinto ,
fez de hum vuigar holpicio hum nobre Pa^o ,
com quem todo o louvor acho fuccinto :
pois o applaufo maior Wiq fica efcaflb ,•
mas da fua grandeza o que mais fmto ,
he moftrar que hum Rey temos tao famozo ,
que ao efFe6tivo iguala o poderozo.
Elfa Efta^ao do anno , que inclemente
de chuvas , e de frios fahe armada ,
com volfo Pay andou tao reverente ,
que fempre teve a chuva reprezada^
e fo ufou do frio hvremente ,
porque nao era eftorvo da Jornafla r
iiao forao pois do Inverno defvarios ,
prender as chuvas , e /bltar os frios.
Do mundo em beneficio dilatado
tao grandes frios defatou Janeiro,
por naa ver em feus dias magoado
a cinzas reduzir-fe o Mundo inteiro j
porque fe o mundo abraza hum Sol dourado ,
quando tem o Leao por companheiro ,
com tantos Soes unidos defte modo
quanto mais arderia o Mundo todo !
Que logra das eftrellas me parece
o noflo Rey obfequios nao pequenos j
e fe a jornada fez fem que choveffe ,
com dias tao fermofos , e ferenos ,
he porque o mefmo tempo Ihe obedece r
e fe quem pode o mais , pode o que he mcnos ,
efperar deve noffo amor profundo
que como o tempo , Ihe obede^a o Mundo.
Vv Nao
5 ] ^ Hiftoria Panegyrica dos defpoforios
1-720. Nao vir na Primavera volFa Efpofa
cafo foi que eftranhar-fc bem piidera , .
porquc de flor os privilegios goza ,
e quando as flores vem , he Primavera :
mas fe efta Corte vem fazer ditofa , ■
vir ja no fim do Inverno razao era,
para que logo , tanto que viefl^e ,
o nolfo Reyno a florecer comece.
Antes de ver fair ao campo as flores ,
ao campo fahe a fua fermofura j
e fe alentos demoftra fuperiores
quem primeiro ao combate fe aventura ,
bem pode o Abril encher-fe de temores,
fe com Maria*competir procura ,•
porque primeira o bufca com tal brio,
que em (i leva a Vitoria ao defaiio.
Da verde Primavera Precurfora
entrou pela Provincia Tranfl:agana ,
que vir entre a Republica de Fiora
era indecencia em Flor tao foberana :
venhao as outras flores muito embora
do frefco Abril na amenidadc ufana ;
era for^a diante vir Maria ,
porque o lugar primeiro merecia.
Tomou a Primavera a dianteira ,
porque a Flor tao Augufl:a nao convinha
que fervifl^e a outra flor de companheira ,
fe podia do Prado fer Rainha :
oh flore^a immortal ! E o Olympo queira
/ que para aflegurar a Regia Linlia ,
pagando a Hymeneo doces tributos ,
tao bella Flor fe defentranhe em frutos ,
\
Mil
dos Principes do BraziU Livro IV. 35 9
Mii frutos nos dara , e he bem prefuma 1729
que os feus frutos tambcm hao de fer Flores;
pois fempre quem produz , gerar coftuma
da fua femelhanga fucceifores ;
Flor fera cada Filho que refuma
de ambos os Pays as prendas fuperiorcs ,
e fo por ellas affirmar-vos poflo
que fe ha de conhecer por Filho voffb.
Que alto contentamento , que alegria
tao grande a voifo Pay Augufto efpera ,
quando de Netos mii a companhia
cercar o throno , em que feliz impera !
A fer maior a gloria defte dia ,
fo entao he que fer maior pudera :
figa-fe hum bem a outro , e Deos permitta
feja huma dita la^o de outra dita.
Nao menos em Madrid , do que em Lisboa,
fe veja em doces Netos propagado
o noffo infigne Rey , cuja PelToa
tanto aflumpto ao clamor da Fama ha dado j
pois digpo fora da Real coroa
fem quc nalcefTe ao cetro deftinado ,
e o que ventura foi do nacimento ,
divida fora ao feu merecimento ,
Na Religiao por Numa o veneramos^
por Alexandre na grandeza o temos ,
noesfor^o por Aquilles, o admiramos ,
por Fabio na prudencia o conhecemos ,
por Cefar na fortuna o contemplamos^
e pois Trajano na jufti^a o vemos ,
oh feja o feu governo tao eterno ,
quao admiravel he o feu governo !
Vy ii EUe
1729.
340 Hifloria Penegyrica dos defpoforlos
Elle foi o primeiro , que 110 mundo
fez o leu Pa^o Emporio de Minerva ,
e ajuntando o congrefTo mais Facundo ,
a doutas pennas efcrever rezerva
a Hiftoria Portugueza , que no fundo
do Leth.€s vio em confufao proterva ;
digno por ifto fo de immortal fama ,•
mas quando he fabio o Rey , os fabios ama.
Elle, vendo aLisboa em tal grandeza,
que parece que em fi ja nao cabia ,
outra Lisboa fez para certeza
de que com Ulyifes competir podia :
elle emendou a mefma natureza ,
quando o Tejo -Meandro parecia,-
^ fe o Templo de Mafra hoje contemplo ,
foi pobre Ermida de Diana o Templo.
Por elle tem o Reyno hum Patriarca ,
e Baf ilica tem tao fumptuofa ,
que quanto o Indo em perolas abarca
excede na riqueza portentofa :
por digna nomea^ao de tal Monarca
de tres fagradas Purpuras ja goza :
mas a gloria maior , que em tal Rey finto ,
he fer Pay voflb , e fer Joao o Quinto.
Se tcm em ter tal Filho gloria tantaj
em ter tal Pay qual deve fer a vofla ?
Tao fublime huma , e outra fe ievanta ,
que deffes Orbes celeftiaes fe apolfa :
Cazar-des em Caftella nao me efpanto ,
miasflm, quenao perceba a Idade noffa
qual he da voffa dita o maior logro ,
fe ter tal Pay , ou merecer tal Sogro ?
Genro
dcs Prlncipes do "Bra^U Liuro IV- 341
Genio fois delTe Rcy^ que poderozo I7294
domina a nobre Heipanha dilatada ;
deile notavel Rey ;, que valerozo
deve a ,fua Coroa a fua elpada ;
c advertindo prudente , e virtuozo
que a falvacao no throno he arrifcada ,
difcreto o larga, dando-nos o avifo
que fo faber lalvar-fe he ter juizo.
'Deixa o governo ao Filho encomendado ,
e corfio a triunfar do Mundo afpira ,
e efte gra^nde inimigo tao bufcado ,
fo o vence quem delle fe retira ,
em fim fe retirou defenganado ; ^
chora Madrid, e por feu Rey fuipira,
mas confeila a Coroa de Cailella
que em deixalla fez mais , que em defendella.
Pega outra vez no cetro , porque a' morte
deixou fem ieme a Nao da Monarquia ,
e d' Hefpanha feria infauila forte
nao regella quem d' antes a regia :
o amor de feus Vailallos faz que corte
o fio a quietacao, em que vivia ;
vclle outra vez a purpura , por quanto
bem fe pode fer Rey , e mais fer Santo.
Com fuas armas a Sicilia inunda.
com feus Navios o Oceano aifombra > •
faz a Cailella de trofeos fecunda ,
quando a Ceuta de aifedios defaifombra^
e pois do Reyno em tanto bem redunda
que inimigo nenhum Ihe fa^a fombra,
no luxo , que extinguir de todo intenta ,
o maior inimigo Ihe affugenta.
Se
542 Hiftoria Fanegyrka dos defpoforios
1720. Se taes ac^oens Filippe tem obrado,
de immortal nome a gloiia ihe promctto ,•
pois na guerra , e na paz lempre admirado ,
de Luiz Quatorze bem moftrou fer Neto ;
mas em~~vos dar com fua Filha Eftado
fe laureou dc fabio , e de difcreto j
porque io he razao que Efpofa mande
tao grande Rey a Principe tao grande.
Eleger tal Conforte vos convinha,
por icr parenta voffa juntamente,
porque pela Real Materna Linha
dos Lufitanos Reys he Defcendente:
fe alem de JFilha fer de tal Rainha ,
da volfa Emrpc he Ramo florecente,
devia„unir na Thalamo a fineza
a quem unio no langue a natureza.
Das Maternaes virtudes adornada
entrou em Portugal , que a vella acode :
fe com gala tao rica faz jornada,
he a gaia melhor , que trazer pode :
delfa grande Heroina coroada
he for^a que ao exemplo fe acommode ,•
por iflb em dotes tao fupremos brilha ,
porque fempre da May he copia aFilha.
Se voltou para a Mantua Carpetana
* de fuas prendas a primeira idea ,
em voffa May , Rainha Lufitana ,
outro novo exemplar hoje grangea :
defta Real Matrona foberana
as virtudes imite , as accoens lea ;
- vera que a gloria mais excelfa iogra
em ter tai May , e em confeguir tai Sogra.
ACo^
-•
dos Frincipei do Bra^itf Livro IV , HJ
A Coroa Real , que vos efpera , j 720,
e Deos permitta qiie a logreis niui tarde , "-" •
ja com tanto efplendor fe confidera y
que defafia ao Sol ;, quando mais arde j
e vendo que efta Joya merecera ,
dajaftancia maior fa^ digno alardej
pois mais cftima a Joya de Maria
do que todo o valor da Monarquia.
Se muito a enriquece , c muito a exalta
de tantos Reys famofos a Afcendencia ,
as raras perfei^oens _, com que fe efrgalta ^
mais fuperior Ihe fazem a excellencia ,• ,
porque para fazer querilluftre, § ^J;a
fe propagalfe a fua Defcendencia ,' -
bem podia , a pefar da forte aleve y
dever-fe a fl o que a fortuna deve.
Ser Filha de tal May bem verifica
db elevado juizo na agudeza ; ,, . ,,
oh quanto em cada accao huma Alma indica/.
defprezadas as Leys da natureza !
Das gracas da Arte fummamente rica
tanto aVenus excede na belleza,
que Amorlhecede a fulminante aljava;
mas de tal May tal Filha fe efperava.
Nao pode fer maior vofTa v^ntura > ■
pois vos foi tal Efpofa concedida :
ella as tres Deofas enfmar procura ,
ella as tres Gra^as a aprender convidaf
mas fe he tal de Maria a fermofura ,
duvida o Reyno , e com razao duvida ,
qual de vos mais feliz chamar-fe pofra ,
fe Vos em fer-des feu, fe Ella em fervofla?
Mas
lysp.
5 4^ Hifloria Panegyrica dos defpoforios
Mas , fe Maria humaCoroa alcarica,
que a volFa elei^ao quiz que conreguifle j
pondo huma , e .outra forte na balan^a ,
vejo que voHa Efpofa he mais felice :
vos fubireis ao throno pela heran^a ,•
fez a elcigao qiic ao throno Ella fubiffe ,
€ he mais lifonja do propicio fado
ier para o throno eleito , que gerado.
Se de voifa Conforte efta iabido
que na vcntura vos excede agora , ■ *
nao he pequena gloria fer vencido ,
ja que he Maria a illuflre vencedora :
melhor ficais em Ihe .ficar rendido,-
pois fe nao foreis Vos , Q.^\m nao fora ,•
e fe o que niflo alcango dizer poflb ,
he o triunfo feu, fendo o applaufo voifo.
Aumenta os eiplendores da Vitoria
fer o Reyrro , que alcan^a , tao famozo ,
que enche de admiragao a fua gloria
quanto ApoIIo rodea luminozo :
oh que motivo da maior vangloria ,
dominar na uniao de tal Efpofo
huma Na^ao , que o Mundo fer obferva
deMarte filha , e filha deMinerva!
Huma Na^ao , que com proezas fuas ,
excedendo os Heroes mais fmgulares ,
Eclipfe foi das Ottomanas Luas ,
abrio caminho do Oriente aos mares ,
fujeitou gentes barbaras , e cruas,
venceo Arabios , Perfas , Malabares j •
tanto airim, que nas mais remotas terras
tantas vitorias teve , como guerras.
r
Mas,
dos Principes do Bradl, Livro IV. 34S
Mas, ainda que alcance volTa Efpofa 1720.
em fer nolfa Rainha tal grandeza ,
a grandeza maior , que feliz goza ,
nao he reynar na Corte Portugueza,
he ter-vos por Efpofo venturoza ,•
pois hum Principe fois , que a natureza
empenhada formou , conforme finto ,
porque fois Filho de Joa6 o Quinto,
Deife excellente Rey da Lufa gente
fois , 6 Joze Augufto , Filho amado ,•
e em fer Fiiho de hum Rey tao excellente
a natureza haveis defempenhado :
quem negara que o Olympo refulgente
de vollb grande Pay vos fez traslado ?
Mas tao perfeito Rey fora mal feito
que nao geraife hum Principe perfeito.
A'lem de ufar com vofco taes primores
da fabia natureza a Mao benigna,
bebeftes da Arte as gra^as fuperiores
dos mais famozos Meftres da doutrina :
a fortuna vos deo os bens maiores
ivo Reyno , a cujo cetro vos deftina .-
todo o poder em vos fe coaduna
da natureza , da Arte , e da fortuna ;
Logo , fe tal Efpofo tem Maria ,
que outra grandeza por maior efpera ?
Chegou por certo nefte grande dia
da humana forte a mais fublime esfera ?'
logre feliz tao alta companhia
os dilatados annos , que numeta
efla da Arabia illuftje maravilha ,
Ave , que de fi mefma he may , e filha.
Xx Tantos
34^ Hijloria Vanegjrlca dos dejpoforios
17 2Q. Tantos annos logreis , Principe Augufto ,
a companhia da Real Conforte ,
quc a Parca inexoravel tenha o iufto,
de que nao tera em vos poder amorte :
celebre a Lufitania, como he jufto,
defte fernx)fo dia a feliz . forte ,•
e alem do .Ganges , ainda alem do Hydafpes
fe cante cm bronzes , efe efcreva emjafpes.
ROMANCE HEROVCO EN LA ENTRADA
que Sus Magefiades , y Altezas Lujitanas bf-
cieron por el Rio Tajo en la Corte de Lisboa ,
por im Ingenio- Portuguez.
Erfeccionada en fin , y concluida '
la elegante Funccion Mageftuofa,
a que las circunftancias coronaron
de mas felice , no de rnas heroyca.
Defpues de ver, fm fuerzas , fuperada
tanta obftinada induftria cautelofa ,
que intentb del volumen de los Aftros
el Decreto borrar de Auguftas Bodas.
Defpues de merecer Enero frio
trasladar Primaveras a fu alfombra ,
dando embidias a quantas Ilenar pudo
frudifera Amalthea cornucopias.
Defpues , en fin , que prefumido el Caya
de que a fu pobre arroyo le coronan
FeHpo , y Ifabel , Juan , y Mariana ,
Jofe , y Fernando, Barbara , y Vi£toria.
Salen Sitx Ma- Profigue el viage la Real Famia
gejiadesdeicaya ^^l^-^^^i^^ fundacion famofa,
paraLisvoa. i • r r r m- \^
^ gloriola liempre por lus Timbres raros,
y oy coronada de mas vivas glorias.
i
dos Prlncipes do Bra^H, Livro I F. 347
Al transporte de Auguftas Mageftades
ofrece el Tajo em fo/Iegadas olas ,
Vergantim, donde pucden los defcos
fatisfacer la fed mas ambiciofa.
Tan vano por fu dicha , que parece
fer de oro Athlante , 6 primorofa Concha
de quantos hberal engendra , y fuda
rayos el Sol , y lagrimas la Aurora.
Si no es que ya fe inculca Firmamento >
aun que movible , en ddnde fe coiocan,
hollando a las maritimas Deidades ,
Adoiiis , Marte , Venus , y Belona.
De muititud naval acompanado,
( atradivo dixera ) en cuya pompa
cefcubre la atencion , por muchedumbre ,
que da el recreo vifos de congoxa.
Fue mieneiler , que en (i fe confervalTe
del Tajo (hermofomar) la anchura toda,
para poder fufrir fobre fu efpalda
de Baxel tanto la infinita copia.
Surca , pues , Bucentaiiro de mader^'
mucho Ccfareo alienro , que eii fi logra ,
tan apacible el Ta)o, que parecen
immoble prado fus inquietas ondas.
Piefumo, que del Cielo fe traslada'
cquel efpacio , que baho zel6fa
Juno , porque el batel, en vez de efpumas-,
de blanca leche paralTifmos corta.
Parece , que adormidos en fu abifmo
Neptuiio , y Tlietis efta vez repofan,
que en proiundo iethargo no defpiertan ,
pOL mas que remos a fu efpalda azotan.
De Marciales eftruendos combocados ,
que a voces gritan por fus igneas bocas ,
Xx ii
l-Jl^,
Llegan a Aldea
Gallega , dondi
fe metieron en
una Gondola de
inestimable va-
lor.
Mas de mil bar-
cos Jervieron a /a
conduccion de la
FamiliaReal/fi"
endo infinitos los
en que el Pueblo
dcudib a ver tan
celebre funcion.
EJluvo el Tajo
fummamente fe-
reuo , y apacibk.
dei
Salva de los CaJ-
tillos, Fuertes,y
Baxeles.
34^ Hifloria Penegyrica dos defpoforios
1729. d^^ lilonjero fueiio , en que deicanian;
iii los perturban , ni los alborotan.
Si no que de beluvios animados
la falva , efta vez mufica lonora ,
porque no puedan bulliciar criftales,
los alientos en humo les fufoca.
El ayre , que con Thetis conjurado
refpira furias, huracones fopla,
efte dia , en lugar de roncos filvos ,
no bien diftintas refpiro lifonjas.
Vieras alli con quanto el Sol inftinto,
moviendo el carro en ia templada Zona ,
con lo que iluftra, no con lo que abrafa ,
tributa obfequios de fu ardiente antorcha.
Vieras alh Baxeles infinitos,
ya nobles Camarines _, a que adornan
gallardetes , y liamulas , que al ayre ,
de hermofa variedad buelan garzotas.
hnnienfa nmlti- Vieras, en fin , de efpiritus vafiallos,
tiid de Pueblo, en bafta PJaya a turbas fe acomodan,
que aciidio a la ^ J ,
Playa. tan feltivos aplaulos, que los vivas,
con lo que feconfunden, no fe logran.
Llegan enfrente Navega , pues , fchz ( fi es que navega )
%':. f«iZJ:. y el T.fon pievemdo en fu derrota
mtijrma , y Cow por no perder el Norte liempre nxo,
•vento de D^cal- ^ j^ Eftrella del mar guia la proa.
%'anafa>: Alh , en devotos Ritos , ;le confagran
Regias demonftraciones religiofas :
mduftria, queaJOSEPH levaticma,
que efta a fu lado cierta la VICTORIA.
Por la orilla de Tajo mil.delicias ,
a la vifta le ofrecen quantos forman,
por Diademas de Templos , y Palacios ,
capiteles, agujas, claraboyas.
Hafta
dos Trmci-pes do "Bra^il, Livro IV. 3 49 *
Hafta que en fin , a trecho de dos leguas ,
h carrera iufpende , el puerto toma ,
donde la mifma Eftrella , de Dios Madre ,
el nombre muda , el mifmo empleo logra.
Un Puente , a que valor dio^brazo Auguflo
de aquel Monarca , a quien la eterna trompa ,
aunmas, que Alexandro, al Orbe dize
el eipiritu excelfo , que le informa.
Es el primer Theatro, donde repiten
Immenfa Mageftad , Reales Perfonas , *
Autor Cupido , Aflumpto el Hymeneo ,
y elVulgo, a quien fuipenden, toda Europa.
Por eftb quifo alii la Providencia ,
que fueft^e Emporio de Naciones todas ;
mejor , que quanto del Marcial la pluma
Jifonjera a fu Cefar dixo en Roma.
Alqueria (mal dixe) Primavera ,
defcanfo no , parentefis otorga
fm riefgo , entre ci'iftales , al Narcifo ,
entre Abriles fecundos , a fu Flora.
Porque ni todo Enero elado , y frio
pudo eftorvar a flores licenciofas
el regocijo, con que anticipadas
capuUos abren por brotar aromas.
En efta , pues , embidia de Theflliria ,
donde , en quanto deftilan , quanto brotan ,
dulces fragrancias _, claras tranlparencias
hilo a hilo compiten , y hoja a hoja
Salon fe mira , que al palato ofrece,
fobre efplendidas mefas fumptuofas ,
ambrofias, yne6lares, que nunca
admitir prefumio Jove en fu copa.
Tanto Garzbn bizarro las miniftra,
que al fuyo el Ida difputo las glorias j
yju-
1729
Defenbarcan en
Bele)n , Couvehto
de MongesdeSan
Geronymo.
Es una deliciofa
Cafa de Campo de
Su Magejiad.
Diofi a la Corte
m efplendidijji-
mo refrejco.
'550 Hiftona Panegyrica dos defpoforlos
1720. y Jupiter Jafcivo , por refpe^lo
al Monarca a que aififien , no los roba.
Profigite dg aqui Cortefano de aqui figue cortejo
el acompanmni' al Real PaJacio lurba numerora ^
ento de laCorte, ,, „, \ a c • 1 -0 i
yapuesto enor.y^^^!^> 9"^ q*l Anfltrite Jos Baxeles ,
den. fe miran en eJ fequito Carrozas.
De fabrica exquifita conftruidas,
porlenguas de oro vi6lores pregonan,
y en cada movimiento, que circiila,
nofhflabJe Ja Fortuna fe coJoca.
La riqueza exterior indicio es claro
de las que dentro minas ateforan,
que entre preciofidades las diflinguen |
Jos ojos gaJas, Jos defeos joyas.
La Guardiadea Cubre a Ja Retaguardia orden compuefto
ca-uallo. (le unifbrme libiea invida tropa ,
en cuyo afpedo, en cuya difciplina
fe affuflan las Provincias mas remotas.
De timbales , clarines, y trompetas
dulce alJarido, fefia beJicofa, ^
Jiafla en irracionales corazones
arterias pulfa, eTpiritus inforfiia.
El natural orguIJo , con que eJ Betis
partos del fuego a fu crifl:al adopta ,
les fufocara en iras , fi no huyiera
defahogo de efpumas porJaboca.
Ttraban el coche Los ocho Cifnes , que adornados tiran
de Sus Magesta- la Carroza triunfaJ ( esfera poca
des , y Altezas . , «i 11 • i^
ocho 'heymoJiJTi- para poder en eila dibujarfe^^
tnns cavallos AgUiJas Lufas, Quinas EfpanoJas. )
blancos. , xan fobervios relinchos articulan ,
los brazos mueven , y las cJnchas tocan ,
que en pura vanidad enagenados,
hs falta infbnto , mas razon les fobra.
Los
dcs Trincipes do "Bra^U Livro IV 5 5 1!
Los palTos en medidas prolaciones 1'72^.
reduce a paufas fu ajuftada folfa,-
y a compas uniforme obcdeciendo ,
110 palfan Jinea , que la IJave eftorva.
Mas que Monte es aquel , cuya Iiermofura El coche de Sus
pafma a Jos ojos , yal diicurfo affombra ? Magejiades fiie^
Que voJunien de rayos , donde efcrive . mTo}Il'que feTa
eJ Lufo Cielo fus Eftrellas todas ? ' viflo hajla a ora*
Si fabre yo pintar tanta grandeza?
Adonde vas ? fufpendete , memoria ,
que aquel exceifo del Zafir brilhante
admite fufpenfiones , mas no copias.
Semejante primor no fe halla en quanto
diftrito argenta Diana, yPhebodora,-
y a un no IJego a acertar a definirla,
con que afirme Ja Fama , que no ay otra.
Pero pues la atencion comun me aguarda
a defcrivir fu idea milagrofa,
adoro al Numen , que en fu centro Ileva i
ya ven , que es Cielo , pues Deidades logra,
No tuvo altar en Chipre tan decente
la Diofa competida de otras Diofas ;
no es tan lucido el carro , que en criilales
fepulta prefumidas vanaglorias.
Quanto inventaron Perfas , y Romanos
triunfo a la Dignidad Imperatoria ,
'defla magnificencia fue un bofquexo ,
de aquefl:as realidades torpe fombra. •
No acierto a encarecerla , ni es poiTible j
mas tengan , que dcfcubro idea propria :
No es del Monarca JUAN tan rara prenda ?
pues eflL para credito le fobra.
Efta Carroza, pues , tan hermofeada ,
es la feJicc Auguita condu^lora
del
352 Hiftorla Panegyrica dos defpoforlos
1729, del mejor Par , que al Mundo ha producido,
quanta en eJ Mundo adoracion foborna.
JOSEPH Prmcipe Lufo, y a fu lado
la ( dos vezes Infanta ) excelfa Efpofa
por fangre , y edad j que a el no le baftara
la que fe hallalfe Infanta una vez fola.
Por diferentes fendas apacibles
conduc€ a fus Altezas Regia pomba
hafta aquel fitio , en donde la Ley manda
cumplir con Ciudadanas cercmonias.
En la pequena En Plaza , pues , pequefia , mas ya grande
Plazuela de la con las prcfencias , que felice apropria,
Efperanza , hizo ^ r ■ ^ • i c j >l
nmeleganteOra-rOiCiXQ. conlcripto aqui, por el Senado ^
ciony dando a Sus QQY\ ^QQ ■, y iealtad , annuncia laenbuen hora.
AulfafuUL Breve razonamiento del difcreto
ve»ida,el Senador Cycero Lufitano, a cuyas glorias ,
Jorge Freyre de ^Q Iluftres Afcendientes heredadas,
Andrada , cotno . r 1 m
tnhs antiguo en- ornato , mas no premio , tue la Toga. ^
tre los del Setia- En la Efperanza paran ( aun que fiempre
^^' de fus trofeos la efperanza corra)
para empezar de aqui con orden nuevo
delfeliz afto, la feliz derrota.
Cuardia de apiL D^ Archeros Guardia , aqul figue los pairos
a la entrada en la Corte ; ellos fe adornan I
de colores guerreros , contextura ^
de quanto en Tyro deshojb la Rofa.
Eftaban todas las - Defta , y de aquella parte , a entrambos lados
calUs ricamente ^g^idos de oro , y feda, muros forma
ackrezados con le . ' .i \ v u-
freciofo , qne te- quanta riqueza tienem los que nabitan,
nian fits habit»- y en muchos fitios brilla mucho aljofar.
^^^' Que entalles , que reheves , que cornifas
no trazo de Vaflallos ley devota !
Timieron , que paftafle a Idolatria
tanta lealtad infigne , y generoia.
En-
/:,
dos Principes do ^ra^il, Livro IV 55}
Entremezclados vidrios (ciiya efpaJda
cubre el azero ) a trechos proporcionan _,
porque tantas imagenes repitan ,
quantas bellezas fus criftales copian.
Induftria de lealtad no praticada
en otros Siglos , y en Naciones otras,
que les enfena a hallar reproducidos
los naturales Principes , que adoran.
De efpacio a efpacio en afcuas les prepara
elCynamomO; y Balfamo fus gota5>
que a fuerza del ardor , que las derrite ,
fragrantes al Z/afir humos vaporan.
Veinte y quatro Dofeles , ya triunfales
Arcos , conflruye induftria artificiofa ,
no que flechas difparan, rayos vibran;
rayos, que no concluyen , pero afTombran. ->
De Grcmios populares , de diverias
Naciones, que comercian ; fiieroii obra _,
porque en poco tributo , paguen quanto
metal preciofo alli desfrutan todas.
A Efpaiibles el ultimo compite _,
por darle al at^lo mas feliz corona ;
que rara hechura ! Effe^lo , en fin , del garbo,
y brio natural , de que blafonan.
Plaza es eifa *ReaI , y aquel que en frente
fe erige Alcazar , maquina fimofa ,
es la manfion fclice , que affegura
el Trono al Sol , el Thalamo a la Aurora.
EI triunfo aqui dio iin _, mas otro empieza
de Eclefiaftico Rito , aparatofa.
Purpurea Dignidad , a quien permite
los privilegios Pedro , Juan las normas.
Del Coro, imitacion Carciinalicio ^,
ferio congreifo en ord^nada forma .,
Yy que
1729.
Entre halcones.y
balcones fe vetan
nmchos ricos , y
hermofos efpejos-
Porcuenta de los
'veinte y quatro
Oficios popnlareSy
y de diverfas Na^
ciones,fe fabrica'
ron veinte y qua'
tro arcos triiinfa-
les de primorofa,
y fumptiioja fa-
brica.
El nltimo , ,como
para dichofo , y
nobiliffimo rema-
te , tocb a la Na-
cion Efpanbla, y
era el qne fe dtf-
. , ., r tinguib entre to-
.'.■ h'A: A dos en el ajfeo ,y
riqueza.
Ala puerta de la
SatKa Bajilica
Patriarcal , efla'
han Sns lllpftriffi-
mbs CaiiOnigos en
cuerpo de Comu-
nidad, a recibir
a Sus Magefta-
des , y Altezas.
1729.
F.l Senor Don
Thomai de Almey-
dA, dignij/lmo Pa-
triarca de Lis-
boa Occidental,
Sithen de baxo de
Palio a la CapUla
Real.
Cantafe el Te
Deurn , en accion
de gracias.
Suben a Palacio.
3 i 4 Hiftoria Tdmgjrica dos dejpoforlos
que excede a quanto hermofo afpeclo inFunde
Conclave Purpurado de alta Ronia.
Entre elios , como el Sol entre los Aftros ,
paramentado alBfte en Sacras ropas
Thomas , Paftor Iluftre , a quicn refpeta
Patriarca fuyo ; Occidental Lisboa.
Ei , a que fangre , letras , y virtudes
digno hizieron de tan no vulgar iionra,
y a fus fienes , fi no es Tritegno Augufto ;
toda otra Dignidad les viene angofia.
Dorado cielo de Dofel portatil,
conducido por manos Senatorias ,
a mucha Mageftad ofrece pio
diftincion en fu feno decorofa.
Suben ai Templo de la Real Capilla,
y de Nobieza innumerabie efcolta ,
con io rico , y io V ario le acreciejitan
eipiritus mas vivos a la pompa.
Aqui , entre un iabyrinto de inftrumentos ,
acorde confufion , voces canoras ,
por ia felicidad de humano Numen ,
ai Numen fuperior gracias entonan. . ^
Micntras gorgean Cifnes racionaies,
huecos metales altamente tocan :
demonftracion feftiva, porque *al gufto,
hafta ei bronce infenfible correfponda.
Aquefta, de piedad accion cumpiida,
al popuiar concurfo fe les roba
aquelia Luz , que a hydropicos defeos ,
con io que ios enciende , los mejora.
Suben los dos Confortes coronados
dei Lufo Juan , de la Imperial Matrona ,
embidia a quanta Isbela , y Margarita
adora Portugal, Ungria, Efcocia.
Que
ii
dos Principes do Tra^il^ Livro IV. 5.5 J
Quh hermofas Salas f Ornan fus paredes
tapices varios , contextura hermofa
de mano fhigular, que a Jos pinceles
robo el primor , y defmentio las glorias.
El Padre Abrahan alh , contra inocente
vidlima , efgrime efpada cortadora,
y el eftrago infalible executara ,
pero los filos el tapiz le embota.
Alli, David mancebo, el defafio
acepta , a que el Gigante ic provoca ,•
y , a poder eftar vivo el Filifteo ,
el impulfo temiera de la honda.
Quien es la que al valiente Nazareno
esfuerzo mucho en rubio pelo corta ?
Es Dalida (induda, que, aunpintada,
el feirblante la acu/a de traydora.
Igual a efte primor , veftido abulta
el pavimento de Indicas alfombras ,•
todo efta refpirando Mageftades ,
y mas , que todo , aquel , que en fi la goza
Dofel preciofo , aqui recibe a quantos
Auguftos Ramos a fu efpacio honran ,
en cuyas manos , la Nobleza imprime
el corazon , faliendofe a ia boca.
Mas vieras con que chifte , con que agrado,
del Lufo Cielo Peregrina Aurora ,
primera vez permite a fieles labios ,
primicias dejazmin, que a befos cobran.
Ha Lufitanos ! Repetid obfequios f
llegad , befad la mano generofa :
que lealtad Portuguefa no fe facia
en confagrar demonftracion tanpoca.,
Bolved , y entre refpetos , y carifios
defcubra el pecho quanto incendio acota ,
Yy ii que
1729.
Permiticron Stts
Magejtadts.^i Al-
tezai alaNoble'
za el befamanos.
5^6 Htfioria Panegyriccidos defpoforws
172 O.' S"^ "^ ^^^^ ^^^^ Throno facrllegio ,
delito , que en h fee fu eilremo abona.
Treguas ofrece a tanto diurno aplaufo
,el efpacio no6lurno , que fe alfoma ,•
-^ mas no celfa el placer , que en gloria tanta y
deben tener tambien lugar las ibmbras.
SeUumimlaCiu- Tinieblas noblemente defmentidas
dad con finguJar pQ,- |-jj^f ^ ardientc luminar antorcha ^
taea , y primor. ^ .^. , ,. 11
que parecio ; que el dia no acababa ,
6 hurto alanoche fus funeflas horas.
Quanta pingue fubftancia en aiios muchos
fabricaron abejas oficiofas ,
vivas eftrellas fon , a que animado
cuerpo la cera da , fi el fuego forma.
Golfos de immienfi luz , que al ayrevagb
abrafadas pyramidcs tremolan ,
lenguas fon , que declaran mudamente
la caufa , que alucir las ocafiona.
Los baxeles en el Del rio , con primor correfpondiente ,
rio fe iluminaron ^^ ^-^^ ^^ f^ . coronadas popas , '
tambten con ^ri- , ,^0 ^- , , ,^m,^ / ,p o
mor ignal. ^ue , dando a la Qudad briilanre aipecto ,
110 ie, fi fe compiten, 6 enamoran.
Paja admirarlas , 6 para encenderfe,
curiofa multitud a gyros ronda j
y fue en tanta hermofura fcintilante ,
la atencion , fm peligro , maripofa.
En el Caflillo de De fuego artificial , maquina infigne
f,^if"/%fy-;; Tobre e ^ ■ /=
cefivas nochess para qub mls.' vecinasi las Deidades ' ■; C
paniciilay artifi- fys ^ jyos teman , y fus truenos oygan.
iioieptego.^ Ingeniera virtud 'hace , ^ centeJIas,
que rayos fuban , que la esfera rompan ,
queeldia fe anticipe / y fean del Alva
Jas clafiflimas ■lagrimas, que Ilorah, ' "•
■■■■ ■■ \'^ Si
dosPrlncipesdo^Brai^ilyLivroIV. ^S7
Si de entre fus cenizas fepulcrales ITSCt.
el Griego Ulylles defpertafre aora ,
viera en fu fundacion , por vivo aplaufo ,
lo que fu engano fulminara a Troya.
Pero como la vifta fe fufpende Entretiivieron
en efte fucgo , y aquella luz abforta ; S,>~
fi dentro de PaJacio , a vozes llama cierto de Mujka*
las atenciones fala fonorofa.
Vengan Orfeos, vengan Anfiones
afinando harmonias , y tiorbas ,•
uno, moviendo peiias infenfibles,-
otro, aplacando laftimas penofas.
Vengan quantos al Alva , Ruifenores
matutinos requiebros es labonan ,
y en dulce variedad , que afina el pi^o,
ya la cadencia esfuerzan y ya ia afloxan.
Vengan , digo, a aprender;y en confonancias
defi"a Real Capilla , reconozcan ,
que no es metrico encanto delabifino,
pero alegre traifumpto de Ja Gloria.
Mas Iiaga paufa , que, aun que porextenfa/
condenarfe no pueda de enfadofa ,
no es-bien , que ib organice mucJia falva ,
quando es razon , que tanto Sol fe efconda'.
Morfeo, a fonolientos parafifmos Sw Magefiades \
combida a la bellifiima Latona , y ^^f^^as fe re<
no ya a gozar de fu Endimion los brazos ZTasfeparadat
( 6 edad ! 6 tiemjifo ! quanta dicJia eftorvas f )
Separados en fin , no divididos , '
difl:inta esfera anida la Paloma ,•
parecio fmrazon , y es Providencia 5 '
que Amor en efperanzas fe acrifoJa.
Durmiendo pagan el comun tributo ^
de que Naturaleza es acreadora ,
yen
3 5 S Hi/loria Panegyrica dos defpoforios
172 C^ y en no«5lurno parentefis defcanfan
Jos ojos , fi , que el alma no repofa.
El dia fcguiente Paflo la noche , y quando quifo el Alva
C>rw:' ™n^f '• al dia fc cortmas roxas ,
Ja tempestad. y fudar liberal defde lu esfera
fobre carmin fragrante humedo aljofar ,•
De pardas nubes , manto denegrido
al tranfparente luminar emboza 5
y el Horizonte , rayos defmentiendo ,
pagb feudo al Imperio de las fombras.
Funebres amenazas pronoftica
Noto implacable , que a bramidos ronca ^
yelTajo, ayer cadaver crilklino,
refucita en borrafca procelofa.
Neptqpo, y Tetis facudiendo elfueiio,
que gozaron engrutas arenofas,
de paffadas quietudes fe arrepienten,
y en blasfemias de efpumas fe defvocan.
Sentidos de que aycr , mudo letargo
los fepulto en maritimas alcobas , '
contra inocente Sol , tiros difparan ,
fuego fu faiia , y fu criftal pelotas.
Que difcrente afpe61o enfeiia el dia !
Quanto es del tiempo la inconftancia loca !
Peligros oy , ayer tranquilidades ,•
ayer fueron quietudes , y oy zozobras.
La nautica atencion no prevenida ,
ya teme eflragos , ya naufragios Ilora
quanto en iras bomita mar fobervio,
qnantas fiero Aquilon furias aborta.
De Naves , entre abifmos , flu6luantes ^
fe efcuchan gritos , que favor imploran ,•
, y el failudo huracan, que las embifte ,
quebrantajarcias, y arboles deflronca.
Poco
dos Trincipes do Bra^U Li^vro I V". 3 jj p
Poco cl ancora debe a retorcida
fuerte tenacidad de fu maroma ,
porque a furiofos inipetus chocadas
fe hazen unas efcollos de las otras.
Preiiadas nubcs dan Iluvia infinita ,
que inunda defatada a quanto moja ,•
contrariedad medoiia , con que opueftos
aguas, y vientos, reciamente chocan.
Intentaron maritimas Deidades
hacer en el recinto de Lisboa ,
que a{fi como una Troya ardib en incendios,
huvieife dc diluvios otra Troya.
Aquel Puente hermofiflimo , que fuera
primera playa , que fervio dichofa
aplanta Real,- y por hazerfe digno,
del Cielo traslado bellezas todas.
Del Tajo, a furiofiffimos embates
fu fabrica mirb.quebrada, y rota ^
que el frenetico ardor de altiva efpuma
todo atropella , todo lo deftroza.
Los que forvio , pedazos divididos ,
en playas remotilfimas arroja ,
porque fean tcftigos oculares
de fragmentos preciofos , que tranfporta,
Que como a fu magnifica grandeza
diminutos hyperboles defdoran,
quifo probar veridico a los ojos ,
lo que igualar no puede pluma tofca.
Lacaufa (fi eldifcurfo fe permite
deftemplanza notar tan myfteriof a )
fentimiento fcra de aver perdido ,
que en fufpiros , y llanto defahoga.
O que viendo en la noche antecedente
tanta lucida llama abrafadora,
los
1729.
La tempestad
defvaratb el Pii-
ente, quejervlera
al dejembarque.
3 6o Hiftoria Penegyrlcd dos defpoforlos
1729, los efpacios templo , porque no fuefle
riefgo el aplaufo , ruina la lifonja.
Tal vez embidia fue , y ella le infpira
a romper todo el limite a fus ondas ,
porque no folo , a cuenta de artificios ,
de accion tan fmgular la dicha corra.
Mas no fue fi no idea , con que intenta
moftrar el Tajo a fu Princefa heroyca
los briofos efpiritus de aquellos ,
de que Su Alteza viene a fer Seiiora.
Pero aplacofe , en fin , fu altivo orgullo,
de fuceiio implacable fe revoca,
y defahogada en furias la impaciencia,
al centro traslado fu rabia toda.
Cortefana modeftia , que le eEfeiia
a no impedir , que en ordcnes fe pongan ,
repetidos en muficas , y Ilamas
lingulares afe^los , con que adoran.
Preludio poco , breve defempeiio
de aquella fee inextinta , y fervorofa ,
que hara a la Primavera , nuevo teatro
demayor regocijo, y mejor pompa.
O ! Viva eternamente el que dio caufa
a tanta leal dcmonftracion gozofa ,* .
y el inclito JOSEPH , de cuya mano
fujetara la rienda a toda Europa.
Viva a fu lado (porvengar afrentas)
de Adonis Portugues , Venus Efpofa :
logren entrambos tanto fruto opimo ,
quantas el Orbe dividib Coronas.
Vaticinios felices aifeguran
fus myfteriofos nombres , fi fe nota ,
» que el Imperio en JOSEPH tiene fu aumento ,
clariflimos trofeos en VICTORTA.
Vivid,
dos Trincipes do Bradl, Livro IV. 3 6t
Vivid , Principes nueftros,- y excediendo 172 9-
quanto puede ocupar la eterna Trompa,
Jlenen los nombres vueftros todo ei Mundo
no quedan vueftros hechos en la Hiftqria.
JORNADA REAL
VISTA POR CARTAS JOGADAS POR
THOMAZ PINTO
B R A N D A d
S Y L V A.
Sta he a ultima a parte ^
onde vai realmente ojogo.ariba
por natureza mais , do que por arte ,
e onde a tafularia mais fc eftriba j
envido tudo j e deixo manifefto
o pezar dc nao ter hum grande refto y
mas que nao faga vaza,
hoje ha de fer de jogo a minha caza
com cartas conhecidas ,
que nunca ferao falfas , nem corridas ,
e jogando de mao por confiado
fo tocarei o que la foi pintado.
Eu nao fui a fun^ao , porem» de ouvida
ca de telhas abaixo me convida
a minha fraca Mufa a que me atreva
ao que he impofTivel que eu defcreva ;
mas nos leaes vaflallos
impoftiveis Reaes bafta intentallos ,•
e pois foi eftb todo o meu intento ,
irei jogando , mas com muito tento j
Zz porque
5^2 BiftoriaFanegyricados defpoforios
1720.' porque me nao reprovem os fenhores,
que fao de verfos grandes jogadores ,•
mas fe eu de ca o )ogo !he cftou vendo ^ i
fem ir bruxuleando , vou dizendo.
Todo G Mundo abalou por tantos modos ,
que pafmei de haver beftas para todos ,•
e ate .^^ excci^ao de toda a fefta ,
por befta Jiao fiquei , nao fui por befta ,•
demais que a minha Mufa peccadora
hia jogada aos dados , fe la fora ,
e por Carta de mais la ie rompera ,
que por Carta de menos nao perdera y
mas providencia foi que eu ca ficafte ,
porque nada diria , fe pafmafl^e ,•
fe bem que donde a voz faz pouca miiigua ,
fera o emmudecer a melhor Hngua ,-
e aftim fuccederia ao que mais canta ,
quando chegafte a ver grandeza tanta ,
nem defcrevera a parte mais pequena ,
e fo de o nao fazer teria a pena.
Fermofo Tejo meu a dizer hia ,
mas he fraco epitheto , e antes diria ?
Fermofo Atlante meu , quao claramente
te vejo fuftentar dehumJVIundo ageme,
fendo ao mais rico, e mais Reai thefouro
paft^adigo de prata , e ponte de ouro !
Por tr paftarao "tantas primaveras ,
que ja te hafde efquecer do que antes eras ,-
nem com tantas enchentes , e vazantes
* te lembraras do pouco , que eras de antes ;.
porem tudo na vinda he que conftfte ,
a quem teu largo campo nao refifte :
muitas bocas de bronze em ti falarao ,
que da terra os ouvidos atroarao j
como
dos Principes do ^ra:^it, Livro IF. 3 6 5
cbmo tambem das naos o Marcio jogo , 1720.
que te paflbu de rio a mar de fogo.
Tao corrente no Tejo ofogoardia,
que ate a barra fe via , e fe ouvia.
Luzido , e forte Atlante que horas largas
hum jogo fuftentafte , que erao cargas !
Toda a gala de Europa
com tanto Ganymides , tanta copa ,
tanto baftao , tanto ouro , tanta eipada,
e em fim tanta riqueza baraJhada ,
que com a Real marca
em Aldea Gallega dezembarca.
Regiftrar quero agora ,
queEfcrivao, e Malfim fou nefta hora,
com devido refpeito
a fazenda Real , que tem direito ; ^
mas femehao de tirar tudo por alto,
eu me tiro tambem , e em terra falto.
Tao foberba ficou a tal terrinha
pela muita riqueza, que entao tinha,,
que o fer Gallega Aldea ja defpreza
por Villa Caftelhana, e Portugueza ,•
alguma razao tem de eftar trocada ,
pois Lisboa fuppoz deipovoada ,
que eftando huma vazia, e outra chea ,
ficou Aldea a Corte , e Corte a Aldea j
de vocabulo aqui joguei baftante ,• j
pouco perdi ,• mas vamos por diante.
Como hia na partida intereflada
jogou a Infantaria Arrenegada ,
que ate nella perderao os veftidos :
( fe he o mcfmo molhados, que perdidos )
porem devcm nojogo fer louvados,
pois forao de vontade Pafor^ados ,•
Zz ii € en'
3 64 Hijloria Panegyrica dos dejpoforios
1720. e entendo que iflbtudo, qiie perderem ,
dobrado o ganharao quando vierem,
que a ilTo fe pocm ja de fmtinella,
e para mais do que iiro algum appelJa y
appella difle ? a ella irei jogando
o que aqui pelo ar me vem rodando ,• -
que he precifo caberem no meu verfo
os que fe nao afFaftao do feu Terfo ,
e fervem Realmente onde Ihes toca ,
que alfim fazem tambem ytrr/f o ^ hca:
mas cada hum va/ dous pofto em Campanha;,
e as maiores ventajens fempre ganha ,
como dos inimigos bem fe prova ,
fazendo ao l^QyJervip , e a elJes cova ,•
fa^amos cha^a aqui , que he bem jogada ,
e ha critico jftiiz , que a da gafada.
Hiao jogando mais outros aos Ce7itos
de cavalJo : ( que fao outros quinhentos )
eftes no jogo forao mais Jivrados ,
inda que os brUtos follem bem picados ,•
mas aos Centos corridos
tal vez que alguns ficaJlem eflendidos
De outra cavallaria humas iilei,ras ,
que hiao alJi bem junto as eftribeiras
fempre gaJopeando
nos brutos , que de lombo hiao jogando,
cujo numero aos ccntos ie accrefcenta ,
todos picavao com d\zQY Jetenta ;
pouca neJIes a perda entao feria ,
mas Jevarao Capote toda via.
Metamos hum bedclho de duas trovaS;
a ver fe vaza faz nas Vendas novas ,
eftalagem Real de propridade ,•
pois accommoda tanta Mageftade^
e corao
dos Principes do ^ra^l^ Livro IV. 365;
e como daCoroa tem mais rendas, 1720.
fao tendas da.CapelJa, nao lao vendas.
Realmente comendo
me parece daqui que la eftou vendo
As pelFoas Reaes de 7mv jogando ,
que alegremente a vida vao trunfando ,
comer que a todo o Mundo fe reparte ,
pois 'logao de maior em qualquer parte.
Dizem que nefte fitio antiguamente
coftumavao roubar, e matar gente,-
mas ja , vendo hum Palacio como aquelle ,
terao refpeito , e medo ao fenhor delle 5
porque ganHao feus doutos jogadores
Com tres paos aos maiores matadores.
Daqui , porque bem cante , ou melhor conte,
inda ^que tudo va de monte a monte ,
pafjo por Monte mor, e a melhor paflb
coiii Evora mefa^o ,
que a Corte teve ja de toda aforte,
e agora a forte tem de toda a Corte.
D' Evora nao foi ma efta Cartada .-
fo me peza nao ver do jogo a entrada ,
para notar tambem fe os Vereadores
comascapas bandadas deprimores,
ao entregar das chaves ,
como os de Santarem fahiao graves 5
masheSenado, que forrado anda , ' ^j /.nu ^\
porque Ihe acode o jogo da outra banda, "' '^ oab
E tu, tcrra ditofa ■ '"
que logras o epitheto de Vi^ofa,
de hoje te chamaras por tao crecida
mais que Villa Vi^ofa, florecidaj - •'
todas as mais encovas , '■■^
oujaVillas R^aes , ouVillas novas,-
tomara
^66 Hi/loriaPanegyricadosdefpoforios
172Qf tomara hum jogo novo em teu proveito,
que nao perdelFes nada cm meu conceito:
mas onde houverao feftas foberanas ,
o meu terreftre jogo ferao Cannas
DaHi aElvas com viftozo alinho
foi eftrada Real todo o caminho ,
ficando aquelles itampos , e outras relvas ,
com memoria ainda mais que as Linhas de Elvas,-
porem vamos andando ,
que outro jogo maior fe vem chegando :
e donde todo o ganho fe reparte ,
por ferem cartas Reys de parte a parte *
e hejogo do Cro novo , porque eu fei
que podem trocar nelle os que tem Rey.
Joguemos de vagar , porque la aponta
o dito grande bolo, e de mais conta
ao qual quero fazerme com ventagens ,
que he grande bolo, e todo diQpa^agens 5
antes que o naipe diga
direi primeiro , porque bem prolTiga ,
hum exemplo ( que he tra^a
De alguma ajtida achar , com que me fa^a. )
Pormyflerio muy alto, e mui profundo,
dizem que hao de cair no fim do Mundo
fobre a terra as Eftrellas ,
iendo maior que a terra qualquer dellas.
A efta duvida ja com bem primores ,
<feo folu^ao o Sol dos Pregadores .-
mas eu com a fraca luz do meu engenho
alem defla darei outra , que tenho.
Digo pois que , fe o Mundo fe acabava
na confufao de luzes , que abalava
daquella Real troca , onde defciao
tantos viventes Aftros , que luziao ;
dos Prindpes do Bra^it, Livro IV, $67
•ja nao tenho o caberem por portCnto , I72Q-
vendo que em Ca/a coubc hum Firmamento ,
fe he que nao forao mais com igualdades ,
porque unidas as quatro Divindades ,
feviahum Ceo briihante em qualquer delJas ,
e tantos diamantes , como Eftrellas.
Fermozo o campo hum taboJeiro era
do Xadres , que formou a Primavera /
onde andavao jogados em boas Leis ,
Peoens , Roques , Delfins , Dajms, e Reys ;
erajogo Real ,• que a todos chega,
onde hum traidor nao houve , havendo entrega,
A efta guarda de corpo tao for(^ofa ^
a efte corpo de guarda tao viftofa
a tocha de Hymeneo refplandecente
deo tao a^liva luz, que em corttinente
nos dous corpos fe vio o maior jogo,
porque jogava entao o maior fogo ,
e tanto fe eftendia , que pegava
em toda a artelharia , c^tjogava ,•
tal fogo nos dous corpos fe acendia ,
que ate nos cora^oens fe introduzia :
e os que jogavao la tambem de fora
ao talfogo aftbpravao nelfa hora,
tendo dejogo tal tanta alegria,
que o fogo pclos olhos Ihes fahia.
Seguros fao fenhores de dous Mundos
os dous Monarcas Quintos fem fegunddS;
a quem de rios cJaros , e diftin6los
Potoftis de ouro , e prata vem aos quintos ^
que em corrente mais grata
ja joga o rio douro com odaprata-
ao Quinto me fiz fo, inda que agora
pedir do Rey a ajtida meihor fora.
iNao
I72p.
3 68 Hifioria Tanegjrtca dos dejpo/orios
Nao fe vio em nenhuma das idades
em campo juntas tantas Mageflades ;
podiao, tendo o peito pormuralha,
de Principes formar huma batalha ,
fendo o Amor General , e erao capazes
de eftimar eftas guerras mais que as pazes ;
pois com frechas do Amor ja tocao arma
Caftella , Portugal, Imperio, e Parma,:
foi hum dia de Reys aquelle dia,
por fefta , por amor , por cortefia j
que hum , e outro , ou de Elvas , ou de Caia ,
de amante , e de cortez paftbu a Raya,
Tenho j^cado o Ca/a , mas corrido
de nao ter nefte jogo Igual partido , . ■(,, .
e acho que entrar a hum bolo de importancia
com pouco cabedal , foi ignorancia j
os mirones dirao o mais agora ;
porque joga melhory quem ve de fora.
Soberana Regina , eu nao queria
renovare dolorem nefte dia ,•
mas , pois mo manda voifa Mageftade ,
eu Ihe obedecp , e digo na verdade.
Se outra da mefma dor fe acha em Caftella ,
que pode confolar-fe aqui com ella,
pois iguaes no pezar fao os quilates ,
e ha Reginas tambem Socias Penates j
tambem por tal fenhora o Reyno chora j
mas vai de fete Reynos fer Senhoia ;
va , que ca fica outra , e de ambas venhao
Principes , que outroy(?g"^ nos inantenhao y
que eu , por ver delfa fefta os alvorp^os ,
com Deos quero jogar a Fadre nojjcs.
Tenho jogado tudo o que podia,
foi oquetive, e nao oquedevia,-
qui
- dos Princlpes do "Bra^il^ Livro IV - 369
qiie fe muiro piidera , ^ l^Jig,
jogaiia de meu quanto tivera
com mui grande vontade ,•
porem na minha pouca habilidade ,
fraco pincel a tanta fermofura ,
fo hum longe efcrevi defta pintura ,
e tao longe, que apenas he apparentej
porem eu prometti tocar fomcnte,
razao de andar na Sylva pelas ramas j
e tambem me faltou jogar as Da^naSy
mas hejogo, que leva muitas horas ,
e nao tem que perder eifas fenhoras j
por huma do Xadres a Mufa advoga, » -
mas he tahola elfa j que nao joga ,•
com feu pay jogarei , quando me rogue,
porem das dez Ihe doU;, que Z)^?^(9yjogue,
por ter comigo azar fempre em Liiboa , •
como eu nunca em elle Sorte boa :
mas de-lhe Deos faude tao conforme ,
que o nao vejao jogar o Shnao dorme :
e a Gloria a mim tambem, que^ojogo aturo,
para ganhar o Ceo , que he mais feguro.
Ou perdido, ou ganhado,
pelo que a mim me toca j efta jogado ,•
pode outra Mufa entrar mais livre , e folta ,
que eu entendo que o jogo ha de ter volta ;
entre quem jogar mais, ou melhor trove,
mas que me cave aqui onde me encove ,•
venha aquelle mais digno defte emprego ,
porque ve mais do que eu, fendo mais cego :
quero que ifto , que eu canto , mais requinte ,
e quando ao Quinto jogue melhor pinte :
que eu , temcndo da Mufa aIguma/^/6^ ,
ja com ella me meto na haralha j
Aaa e indo
■*.
370 Hifloria Panegyrlca dos defpoforios
172 0. ^ '"'^^ ^ i^,?^ direho no retrato ,•
dou huma Hga ao Torto de barato.
Os arcos bem me puxao , m-is q\x pajfo y
e por falta dejogo nao fne fago ,
nem obrigado fou ; que efte exercicio *
he de Poeta ; e he tao fraco officio ,
tao faminto , tao pobre , e em fim tao parco ,
que por bandeira rota nao faz arco ,•
mas fe todos entralfem com fuas Lyras ,
fempre fariao Arco das mentiras.
Eu , quejogava /argo, *
porque a nada ninguem me punha embargo,
eu , que a tudo topava ,
porque a muitos parava , e reparava^
eu , que a bola joguei com altivezes ,
onde em vinte acertei por varias vezes ;
eu , que verfos jogava para logo ,
e prompto eftava fempre a todo o jogo^
hoje fo com mirones me entretenho ,
porque nao tenho nada , nem empenho j
jz dos Piques meaffafto,
porque me falta o Rej , e temo aoBaftoi
que eu ja ganhei , jogando bem dedentro,
depois perdi , pagando em peior centro.
Ifto foi demafia , mas protefto
pela for^a do genio em todo o refto ,
com que a Banca me ponho , que podendo
o Paroli , que ganho , ir recebendo.
Y>ofef]enta levar indo ao miolo ,
apemia largo, e fico Pinto tolo ,
porem , fe a genio perco , ou ganho a fio ,
o Leitor o dira , fejogarpio.
Efta hemjogado.
BOAvS
dos Principes do ^ras^iU Livro IV. 571-
BOAS VINDAS REAES , ^^29.
DADAS, CANTADAS, OU TOCADAS
P E L O M E S MO
THOMAZ PINTO
B R A N D A 6.
S Y L V A.
A que tocar da fefta a outra ametade
por for^a heide fer eu , va por vontade ;
e pois nefta agoa envolta inda mais vejo ,
fera for^a tambem tornar ao Tejo , '
porque o vejo , em crecen^as pelos ares ,
encorporado ja com Manganares ,
quedehum, e dc outro unidas as Napeas ,
mares de rofas fao , e mares cheas.
Fermofa frota , em bem difpofta linha !
Nao vi coufa melhor , por vida minha 5
nem tao embandeirada j
no Tejo , pormiudo, hegroffa armada:-
aos efcaleres vai feguindo a efteira ,
tanta Real jangada demadeira,
que nao podera haver quem bem as conte ,
creyo que ate Belem fariao ponte ,•
de embarca^oens fo , era a bella enchente ,
que a de agoa , fe fuppunha occultamente.'
O Tejo , neffe inftante ,
por reverencia fo , foi de vazante ,
lazendo ate Belem a cortezia y
e por mais diligente he que c6rria.
Tanto o fogo entao foi , e tanto o fumo ,
quenublou toda a esfera ,• mas orumo
Aaa ii era
57 2 Hiftoria Panegyrica dos defpoforws
T 720 ^^^ ^ Belem direito ^ 'tomar porto ,•
por for^a o confoante ha de fer Torto !
Valha-me Dl^os , que ate nefte caminho
heide vir encontrar com Frei Longuinho !
Senhores. , ao voltar , terao cuidado
de correr a cortina ao efquerdo lado ,
que nao bafta a vidra^a tao fomente ,
pois penetra efle olhado ao tranfparente j
he huma fo janela , ou fo poftigo ,
que ainda eftando fechado , tem perigo ;
mas ja da ponte aos arcos vem direitos ^
vou adiante , a ver fe eftao ja feitos ,•
porque Ihe faltou tempo ,• e eu tomara ,
que dos dous , hum , ao menos , fe acabara :
ah bom Claudio Gorjel , que aqui fcz niffo ,
a Camara , e a Ei-R.ey , hum boni lcrviyo.
Efte o primeiro he j e he bem pnmeiro !
He coufa s;rande , e mais nao efta mteiro !
Soberbo efta por certo , c nefte abono ,
bem fe parece o arco com feu dono j
he huma Babilonia o que levanta ,
mas nao he confufao grandeza tanta^
por agora fo poifo dizer delle ,
que he hum nunca acabar o fallar delle.
Quem poz aqui o fegundo , em nada eri-a,
que a moeda anda anexa a tnglaterra ,-
feus donos fao a El-Rcy muito chegados j
e fuppofto que em nada aparentados ,
fao fidalgos da cafa , onde fe hofpeda
o melhor fangue ,• e alfim batem moeda.
Paftb por alguns delles ,
que he precifo paifar por baixo delles ,-
pois por baixo dos arcos paifao todos ,
eeuja fui patarata, pormeus modosj
como
dos Trincipes do ^ra^it, Livro IV. 3 7 J
como nao fei os donos , nada digo, 1720
e t«I vez que algum feja meu amigo j
porem nao tenhao iifo por defdouro ,
que arco de pregos iia , e ha arco do ouro.
E eu tambem quero ir vehdo a variedade ,
das arma^oens , com bem curiofidade ,
nas perfpe6livas bellas ,
que eftao pelas paredes , ejanelas,-
ou^ao tambem louvores repetidos ,
pois tambem as paredes tem ouvidos ,•
parece-fe a de Corpus efta fefta,-
mas tambem prociftao dc EI-Rey he efta ;
o que Ihe faltou fo , foi o toldado j
porem o Ceo la teve effe cuidado , -
( valha-te Deos , Monarca , que parece ]
que ate o Sol , e a chuva te obedece ! ) ^
E que medonhas viftas
tdhi as tape^arias dos Pauhftas !
he de Reys Portuguczes a pintura ,
que os forao la tirar da fepultura ,•
da cor da mefma morte he que os fizerao,
e nem de morte cor me parecerao ^
porem nelles retratos macilentos,
moftrao que fao Reaes os feus intentos.
Voltemos a camifa de outra banda ,
que he ir de Inglaterra para Olanda.
Hum golfo de Leao la Ihe divifo ,
atributo de Olanda mui precifo ;
e de cabega de agoas , outra pe^a
la nos moftra o navio na cabe^a ,•
porgrande arco, he muijufto quefeconte,
fe a todo aquelle mar ferve de ponte.
Efte o meu arco he, pois diz a gente ,
que corto de veftir baftantemente 5
mas
1729.
5 74 f^ifloria Panegyrica dos defpoforws
mas efta eno;anada ,
porque eu para o feitio nao dei nada , . «
nem em mim fe achao fobras,
pois nao furto , nem minto , em minhas obras : .
tambem foi feito a preifa , . \
mas nao he de retalhos , porque he pe^a ,• |j
c bem moftra aquella Aguia no remate ,
que he ave de rapina hum Alfayate ,•
fe em vezdeAguia, tivefle alguma aranha,
muitos mais fairao a Campanha :
( efte penacho he for^a de conceito j
porem o arco he meu ,• efta bem feito. )
Ja eftamos no Loreto ,•
muito bom arco efta ! E cu Ihc prometo ,
que inda mais avultara ,
fe algum tempo tambem Ihe nao faltara ,•
mas daametade moftra o grande aceio,
que para mais louvor tiverao meio ; •
porque ideas, e impulfos mais que humanosj
tiverao fempre , c tem os Italianos.
Paflb por outros mais , ienao fao menos ,
que nem perderao nada por pequenos ,•
huns fao maiores quc outros , he verdade ,
masheprecifo haver defigualdade;
porque fe todos foifem por huns modos ,
iriao ver fo hum , e viao todos.
Do Efpirito Santo alumiados,
o feu arco fizerao tranfnoitados ,
os homens de negocio ,•
porem tambem tiverao multo focio ,
com cora^ao nas maos todos fallando,
pintados no painel o eftao moftrando ,
todos de volta grande , e capa folta ,
bem Ihe podiao p6r mais mcia volta ;
(enao
dosTrmcipes do Bra^il, Livro IV, 57;
(enaoconftrua mal , quem ifto ]ea , , 1720".
porque nao quer dizer de volta , emeia!)
E que fresquinho efta ojafmineiro !
Porem regado foi por bom Ribeiro.
Efte he boa madeira ,
carpinteiro me fecit y com bandeira j
la tem em hum painel , como oratorio ,
de Maria , e Jofeph o defpoforio ,•
que moftra no peinel do feu intento
de outro Jofeph , e Maria o Cazamento j
mas fechemos o arco por agora
com dizer que foi feito em boa hora.
Efte bem moftra os donos , no luzido
he huma barra de ouro , bemfubido^
fera a barra do Rio de Janeiro ,
com o feu pao de alfucar todo inteiro ^
mas vamo-nos furrando , nao fe agafte ,
da minha avaha^ao , o feu contrafte.
O la , o chafariz tem feus primores !
Nao erao mui cavallos os feitores ,-
e bem podiao fer ,• pois he corrente 3
que tambem ha cavallos como gente.
Efte da rua nova , he coufa bella !
La me parece hum arco da Capella ,•
muito brinquinho tem ; e efta viftozo !
Creio que poraqui andou Cardozo,^
e outros que fao tao grandes mercadores ,
que ate nao perdem nada em meus louvores :
o Hercules la em funa he graride pe§a !
E inda fora maior , a ter cabe^a ,•
mas fe o bom corte delle alguem Ihe merca ,
de-Ihes de ganho , o que Ihes da de perca.
Amburguez Imperial he efte agora ,
e tambem Alemao , que huma fo hora
na6
5 7^ Hiftoria Panegyrica dos defpofonos
1J20 nao defcan^ou de noite nemdedia,
para chegar ao auge que queria :
e fe luim mez mais Ihe derao,
a pintar , e a dourar inda eftiverao j
nao fo a muita gente trabalhava ,
que o dinheiro tambem nao defcan^ava :
fermozo efta , valente, e primorofo,
e bem cafado a forte com o fermofo !
fe ao Rey dos arcos efte nao fe efconde ,
por guapo_, ficara dos arcos Conde.
Efte que a rua fecha , e os pairos ata
■ he hum marco aqui pofto , mas de prata ,
que bem podia fer tambem de cobre ,
pois em parte efta rico, e em parte pobre,
mas a poder de allopros foi foijado,
e depois ao martelo bem pregado :
luzido efta por certo ,•
porem aqui me chama outro mais perto.
Vamos ao Pelourinho, ,
arco de boa pipa y e melhor vinho ,•
• e dando mais hum furo em feu adorno
heide dizer que he arco feito ao torno :
o fitio he bem achado ,•
foi a melhor poftura do Senado.
Efte junto ao a^ougue tem bom talho !
foi feito com alinho , e com trabalho :
ja digo , he hum brinquinho ,•
he verdade que hum tanto apertadinho y
mas delfe buraquinho eftara pago ,
quem pafta por Sao Jorge a San-Tiago ;
o Cavallo fim era g^ntil-homem ,
tinha caradeboi, e olhos de homem ,
era ru^o, que alli vinha rodado ,
mas eu tomara-o ver ru^o queimado;
o arco
dos Frincipes do "Bra^ili Livra IV. ^77
o arco fim , la moftra no topete , 1720,
que arrematando , lcva o ramalhete. ''
Aquelle quelaefta, com boa forte,
do terreiro do Pa^o he arco, e forte,-
de Fran^a , a Inglaterra
nao intentou por arte fazer guerra j
por natureza , alguma Ihe faria ,
mas nefta occaziao nao quereria,-
pois para celebrar efta allian^a, .
o arco Iris he hoje , em paz de Fran^a.
Na pintura faz guerra , porque he ricaj
a alguris , pordm com outros neutral fica j
fe bem ( no que na altura fe penctra )
Jhpeyeinhiet omnes , diz a letra.
Paifo a paiFo , por lamas , e por charcos,
me parece que fui a Pa^o D'arcos ,•
e a Beiem fora a palfo mais corrente ,
que a pafibs aBelem vai muita gentCj
mas longe fica ,• e pois a Muik can^a , (
hirei fazer alfento na Efperan^a y J
onde diz que ha Sermao com douto eftyllo,
que he fefta do Senado , e quero ouvillo.
O' fe agora Camoens refufcitalfe ,
e eu tambem nelle aqui me transformafle,
que de coufas diria !
Mas he de crer tambem que pafmaria j
e eu tambem de repente cahira morto,
fe olhando para mim me vifl^e TortOi
eftp aqui vem de molde ,• .paciencia , ,
• que o nao poffo cngolir , ,em confciencia.
Nefta apertada preifa , e larga pra^a ,
pudera dar-me hum ar de fua graga
a fenhora Thalia, j, oii;
iiida que me ialtaife em outro dia^ <
Bbb porem
378 Hifloria Panegyrica dos defpoforios
1729. porem m.elhor fera pedilla agora
aquella , que he da gra^a fo fenhora j
della eipero o ioccorro
de que he tambem ieiihora , ao que difcorro.
E ja que eu f) toquei a Real jornada ,
feja a vinda Real tambem tocada ,
ao fom de alguma pe^a mais goflofa ;
o Caia ja la foi j feja a amorofa ,
que he Portugueza fina , e hoje fele<5la ,
pois fe tempera com a Heipanholeta :
S6 tocarei por pontos de verdade ,
e contarei , por paffos de entidade ,
mudancas da fortuna com prefleza ,•
que mudan^as nao fao de natureza :
melhor metro nao fei ,• fe pode tantp ,
rouca voz , fraco peitb , e pobre canto.
Afaftem-fe , feuhores , que he chegado ,
o que mal caber pode no admirado.
Quem fao efl:es dous guapos precurfores ?
Sao das feftas Reaes Procuradores ,
nas quaes andarao finos cxiflentes j
podem fer de Senados Prefidentes.
Logo fe fegue huma luzida Tropa ;
nao vicoufa melhor na noffa Europa ,•
por certo que a eftudar metem cobi^a ,
e o louvor fe fhe deve , dejufli^a ,•■
tao liberaes miniflros ie moftrava6,
que a humas , e outras partes , vifla davao.
Deixemos ir paffando a troxe , e moche
a irmandade gerai de tanto coche ,•
fao f em conto os mui ricos , e aceados ,
porque os de menos cuflo fao contados ;
mas quero temperar muito de preffa
que he tempo de cocar a melhor pega ;
a qual
dos Prlncipes do Braz.il, Livro IV. } 79
a qual, fe o mefmo Apolloaqui.fe>.acharaj 172 0*
creyo , devotamente , que cantara ,• ^
e em noveno o Oitavado dan^aria ,
mas creio que tambem fe perderia ,
vendo com mais familia^ e em mais carro^a , ^
outro Apollo melhor » por gloria nofla.
He hum Sol, e huma Aiirora , Deos o guardc;
que amanhecer nos fazem pela tarde !
Aqui fe turba a Mufa , aqui delira ,
e titubear deve a melhor Lira :
perdoem-me , que agora
quero tambem pafmar fe quer huma hora
quc dcpois pintarei com mais clarezas ,
de fuas Mageftades , e Altezas ,
a grave prelpe6liva Lufitana ,
com a joia no peito , Caftelj^ana ,
que entao fenti , e vi por varias vezes*
os finos cora^oens dos Portuguezes :
foi , que em grao excefTivo as coufas hia6,
e os effeitos contrarios produziao,
como aJli foi patente ,
pois vi chorar de gofto muita gente y *
e alguem por disfar^allo trabalhava ,•
mas eu tambem fingi que me aflbava ,
agora vou-me ao pafmo , que he precizo,
para depois tornar em mais juizo,
e tambem com mais luz moftrarei logo ,
que El-Rey de Portugal tem muito fogo.
Bbb ii RE- >
3t8^9l Biflvm Panenrica Aos dejpofmos'
m9^ rel:^ca0 nova
D O F O G O DO »nfn3 3
I
CASTELLO
■P'E L 'O'^ M 'E S U (f-H^-^^^^o I
THOM«:.J^INTa
B R A N- D A d. 'f^
S-:X. L^/-3/,, A.
. ?\X'-: ■.rrr rr^rj V , '
ORa , fenhores Cegos , la vai efta ,
^ue he tocante, ou carttante a melma feilaj
nella vai o taLfogo ,
que prometti na outra para logo j
cantem tanto com ella ,i';./l r,.>, r.i, .
que ate me chegue a boca-lil ecco della ,•
porque o Imprelfor , e eu tambem cantemos;
pois da imprelfao , e o canto^ he que comemos.
ISf ao haja. mais Poetas , -'^ ^ {^ ■
do que os das Rela^oens , e das Gazetas ;
difto fecomc? ah Chrifto ,, ;> rT''?'i;
quem tivera mais cedo dado niflo !
O ponto efta, em que haja feftas grandes,
que eu me farei fegundo Joao Fernandes :
pois fe ha Toiros Reaes, (Deos. nos acuda )
nao pedirei de cufto mais ajuda,
nem melhor pagamento de fervico ;
( e nao os havera por amor diftx) ,
fe tenho de fer pobre )
porem nao pode haver tarde mais nobre ,•
nem vj ^ para oftentar a bifarria ,
(ex-cepto
dos Princip.es da "Sra^il, LivrorJ^^^ j 81 ;
( excepro eile de Gak ) melhor -^a j . • I72flK
o de Caia £cou-me mui diftante: ,•;.
nem eu chegara a dia remelhante;,. ...
inda que mais vivera ,,' . - rr'.: ocn •
pois fe ha gofto que. mata , eu la morrera ,•
diz que nao yira , Jium. velho que. andou nelteL>
em fetenta annos, dia como aquelle ! f-ifctesib .u.*
E eu nao rae admirara , >
fe em lugar de amios , feculos contara j ; 3j loq
mas , porque outros nos de tao foberanos? ■ ^ •
quem nos deo eil:e , viva muitos annos. •
Huma tarde de Toiros he fermofa ,
e he , fobre fer ao poyo proveitofa,,
para as Reacs peifoas i.opportuna ,
que outra cafa de Caia he a Tribuna ,•
onde , para que vilfe o quanto infpira ,
tomara eu, quQ E/-Rey aftfevivaj
porque , ou eu me engano ,
ou Toiros haveria em cada anno ,•
haja pois nefte Toiros ,
e longe vao agora os meus agoiros;
porque nao ha de fer tao confiado ,
que fe atreva o eftorvallos , o meu fado.
Tanta fefta ha no Reyno , e tanto aftumpto,
que defcrever nao poflb tudojunto;
e do muito que vai , nem tudo vejo , .
porque o mais he o que foi pelo Alentejo; .
do que eu , naquella Sylva maljogada,
dilfe mui pouco , ou pouco mais de nada ;
porem nada perdi ( e aqui nao digo
defte jogo , o que como ca comigo )
a Fefta he a maior, e em tanto empenho,
naparte quefaltari,, defculpa tenho ,
porque o meu fraco eftudo
nao
f
582 Hi[torlaTane^ricadvsdefyoforws
l720^i nao ve , nem comprehende junto tudo ,•
fe hum Briareu , e hum Argos fora ap-ora,
mal deirara de hum jado tudo fora ,•
mas por nao ter cem olhos , e cem bra^os ,
he for^a ver , e obrar tudo a peda^os ,•
que nao faz pouco a Mufa efpeda^ada
em chegar a huma fefta agigantada.
Ouvi dizer que hum fogo Lufitano ,
por celebrar hum anno Gaitelhano^
fairia a Terreiro ,
o qual eu quiz juntar com o primeiro ,
fiado em que Thalia me conceda
affopros para tanta lavareda :
atequi fogo , diife do paffado ,
e ha quem prometta outro mclhorado,-
moftrou-me o rifco delle hum Dom Francifco ,
mas eu nao quero- p6r-me nefle rifco ,•
porque chovera tanto ,
que ahi me fique a obra pofta a hum canto ,
fem fer canto de Mufa ,•
e aftim i aquelle vou , que nao fe efcufa,
deixando rezervado omeu direito ,
para a fegunda caufa , com effeito.
Quiz aguar-nos o gofto
efle tal Elemento ao fogo oppofto ,
mas nao pode fazello ,
que eftoutro fe fez forte no Caftello ;
cuja guerra rompia
hum fermofo efquadrao de artelharia»
que erao de mar , e terra Mongibellos,
fendo de pao , e pedra^^utros Caftellos :
os ouvidos , e os olhos regalavao ,
que erao os nobres cenfros , que ganhavao ,
e tiro nao perdiao ^
fendo
I
dos Prindpes do Bra^U Li^vro IV ^ 385
fendo Real b alvo que Faziao ; ' 1729.
cuja certeza allego ,
com fei' qWq fo digiio defle emprego :
eftavao confundidos
entre o ouvir , e o ver os dous fentidos,
vendo , e ouvindo a hum tcmpo fervorozo
o vifual metido no eftrondozo ,•
e ifto , que Ihe fervia de vanguarda ,
tambcm fe vio , e ouvio na retaguarda.
Raios de agua choviao ,
e chuveiros de fogo mais fiibia^;
porque a abrandar-ihe a for^a , com que eftava ^
toda aquelja humidade nao baftava ,•
cuftou-lhe muitas lagrymas , mas erao
do gofto todas as que la verterao :
o Firmamento cftava encapotado,
e elias formavao la outro eftrellado
tao bello , que fe via
na noite mais efcura hum claro dia ,
e falta nao fizerao
ellas, queduas noites fe efconderao,-
que ate q^q. , que a luz Ihes empreftava ,
de vergonha tambem fc rebu^ava ,•
porque o Planeta ca da nolfa Esfera
luzia mais que o quarto ,• o Quinto era ;
que a vinda celebrava
da appari^ao , que tanto dezejava . .
defle luzido Aftro de Caftella ,
que Portugal alcan^a por eftrella ;
vivanaconjuncgao, qiie dezejamos,
para que tambem della nos vejamos
bem eftrellado o Reyno , que em luz arde 1
mas tornemos ao fogo , que he ja tarde,
Pelo-
3^4 HiftdriaTdnegyrlcados defpofonos
1*20. Pelotoeiis _ continuados difparava
o Caftello , que em fogo fe arrazava j
e alguns , defordenados em .carreiras,
as nuvens fe hiao , a dobrar fileiras ,
que em differentes gyros
arma hayia , que dava trinta tiros ,•
e quanto mais chovia ,
de raiva mais o fogo fe acendia,
com furor tao violento ,
que o molhado nao era fogo lento ,•
terriveis iioites forao ! Mas no efcuro
he que faziao alvo mais feguro.
Nefta batalha andarao defcompoftos,
em duas noites , eftes dous oppoftos ,•
dezenganou-fe aagua, na terceira,
e luzio do Caftello fo a fogueira ^
do fogo , que em tres mezes fe encartuxa y
o Ceo tres horas aturou a buxa c
valente a chuva andou, mas andou louca,
que para tanto fogo , era agua pouca,,
E eu, de telhas a baixo , digo agora,
que eftranhei chover tanto nefla hora ,•
ou he que quiz EI-Rey que mais chovelle ,
porque mais lcu poder fe conheceft^e j
pois com iftb moftrava
que ao ieu fogo , nem agua Iho apagava j
ifto digo , por ver que nao chovera ,
de outras vezes que aqui feftas fizera ,
eftando , cde , nao , cae a agua pendente ;
porem eu creio que a fua bol^a o fente,
na qual as Ahnas tem baftante entrada ,
e della facao boa taleigada ,•
muitas deftas abertas
^marao ellas ter, que as mil fao certas
»- ,
ma^
' dcs Prlncipes do ^ra^h Livro IV - 585
mas foi jufto das Ahnm hqje o rogo , 1720»
porque agua pede io quem efta no fogo ,•
eu o fui ver , em finia de hum tclhado ,
e de telhas abaixo vai fallado ,•
fe hum fez parar o Sol ;, hc coufa clara
que ha tambem jfojue , que a Chuva para.
ElFe Monte , que la fogo vomita ,
a vifta do Caftello , he huma gorita ;
nada tem no exhalar, que ver com efte 5
he huma chamine , a vifta defte ^
deo mais fogo em quatro horas , fem enganos ,
do que darpode pEtna, em quatro atinos ^ •'
prompto a tres Elementos fazia guerra ,
Fogo aoAr, Fogo a Agua, e Fogo aTerra,-
alem de fer hum fogo tao a6Hvo ,
era alegre , era muito , e fticceflivo*^
fucceffivo, porque era fempre em quente ,
fem interpo-ia^ao , nem accidente ,• "
alegre , para os Noivos •feftejadosj
e muito , pois coftou cemmil cruzados ;
e de quem o aflbprava mais feria ,
porem mais no Caftello nao cabia ,•
mas bem moftiao do fogo eftes enfayos-
fer o Quinto PIaneta*Deos dos rayos j
de molde veio aqui a paridade ,•
fabulazeta foi , mas he verdade. ^
Seja pois celebrado hoje emLisboa
hum fogo duas vezes da Coroa ,
que he grande Padre Meftre o feitor delle ,
no qual teve mais ordens , que naquelle,
que era tambenl Caftcllo ,
porem Caftello foi Xuxurumello ,•
nome que Ihe puzerao osrapazes,
(jue andaiao neiTe fogo pertinazes.
Ccc E paf
jS6 HiftoriaVanegyricadosdefpofonos
1729. -^ pafTarao-me em claro as luminarias !
Porem fiquem no claro extraordinarias ,
porque tanto luziao ,
que as tres noites , tres dias pareciao ,•
as outras ategora
forao fo das janellas para fora ;
eflas nao fo por fora he que fe viao ,
porque nos coragoens tambem ardiao;
e ate eu , neife ardor fui tao fefteiro ,
que aticei da minha alma o candieiro ,•
( nao quiz dizer Brandao , que aqui fervia ,
mas ja no Kizimento fou bugia. )
Acabou-fe efla bulha ,•
e ainda que pare^a agora pulha
o que direi , porgra^a,
foffrao-me , que 110 Entrudo tudo paffa.
A' vifla defla guerra, os mais ataques
fao foguetcs de rabo , e ferao traques :
Mas que digo ? Senhores , penitencia ,
armemos contra a carne *outra pendencia ;
haja, porDeos, com amorofa fragua >
fogo no cora^ao , nos olhos agua j
lembremo-nos do nada , de que fomos ,
porque nada ha de fer tudo o«que fomosj
e hoje nos moftra a Igreja
hum efpelho de cinza , em que fe veja
a vil materia defla humanidade ,
que tambem comprehende a Mageftade ;
tomemos hoje terra , que effe he o porto ,
onde todos fe falvao y e ate o Torto
na cinza ponha o olho que nao cerra ,
e olhe que o outro ja fe fez com terra.
NOVAS, NOVAS,
OBRA
dos Principes do^Brai^iULhrolV. 387
O B R A N O V A m-
D O M E S M O
TKOMAZ PINTO
B R A N D A 6.
S Y L V A.
Or fe me ofFerecer hum cafo novo ,
quero hum novo alegrao dar hoje ao Povo,
que fenao fatisfaz , povo faminto ,
fenao com verfos fo de Thomas Pinto r
bem fei que para a Corte fou perverfo ,
mas fempre para o Povo fui converfo ,•
e efta prezente Sylva he com tal manha ,
qiie aJguma coufa pega, e nada arranha:
eu prometti hum fogo para logo ,•
mas va efte feguido , tambem fogo :
Conto aquella fatal temeridade
defle agougue cruel da humanidade,
a guerra digo y ou o enfayo della y
qual fera o original , fe a copia he aquella !
Ver o dezembara^o
com que a Terreiro vi fair de Pago
aquella grolfa enchente
de Soldados , cavallos , € de gente !
Ferm.ofa Bataria
fe vio no Gibraltar da Vedoria !
Onde quiz ( Deos o guarde ) fiia Alteza
ver a offenfa da guerra , e a defeza ;
alh Ihes paga a elles , •
e alli ficou E!-Rey mais pago delles ;
bizarramente entrarao, e fairao ,
Ccc ii os
^SS HiJloriaFanegyTlcados defpoform
172 0. os que entao ferenderao, e enveftirao ,
que teriao mais gra^a
a fer Ca7np'o Mafor y aquella Pra^a. '
Hum fe fingia morto,
outro aleijado, e outro tambem Torto,-
( agora diz aigucm , que vai dar ifto
naquelle meu Soldado pouco vifto ;
e a tudo efta fujeito
quem comigo nao quer andar direito ,• )
Eu cuidei que algum delles fe ferira ,
porem foi la no Arco da Mentira j
que os feridos fo forao bem livrados ,•
indo nas padiolas defcan^ados ;
pofto que algum , naquella tumba raza ,
morto eflava por ir-fe para caza :
De Sao Jorge o Cavallo (coufa rara)
em toda a guerra alli nao voltou cara ;
porem era tao feya ,
que teria vergor>ha o que o menea ;
nem meia volta deo na tarde toda ,
vendo tantos na pra^a andar a roda .
Boa vifagem foi , nas for^ureiras,,;;
aquelles baqucs , pulos , e carreiras , ^
dos chuveiros de gente , que cahia6j;,;:r)^;-',
diabos do prezepio parecia6 , -
porque tambem gritavao em falfete ,
e efcaldados ficarao mais de fete ;
entendo que nao foi efta a primeira j
e conferva-fe aquella ratoeira ,
quando pudera nilfo
a Camara fazer hum bom ferYi^o 1
Como alh fe renderao osrapazes,
por melhorar de pofto , peitinazes ,
ou por fugir da mprte ,
dos
dos PrincijJes do %'a^U Livro lY^. 38^
dos Francezes fe vao bufcar o forte, 1-720.
e ao feu arco com talhos, e revezes ,
tratarao como a roupa de Francezes.
1
Huma ajuda Ellrangeira
teve efta guerra , forte , e bem ligeira ,
que foi Madama doida , e boa pe^a ,
qiie tudo governou por fua cabega ; >
as granadas feguia ,
e co a ponta do pe as facodia ,• •
livrando-a do donaire o baluarte ,
que Ihe nao delfe alguma em nenhu^^ P^^f^ i
rrias por ella tambem dizer me toia \. ■ :.^ /^
que 110 fmra val'tente\ amferloca.
Finaimente na praca fe fez tudo
com gala , com valor , e com eftudo j
menos dos Armifficios as detnoras ,
que ,em confelhos icvavao duas horas ;
por^m eu tenho agora outro exerciciO j
tenha a Mufa tambem feu Armiflicio ,•
ijue he outra Real guerra ^
travada la no campo de butra terra.
PRO
I7291
390 Hidoria Panegyrica dos defpoforibs
PRO CORONIDE
NUPTIALE VATICINIUM.
JOSEPH Augmemum efl , / dat VICTORIA
Falmam ;
Fortmam altertitra portat uterque manu.
Elapfum 'efuperh mirhhere NOMENy & OMEN:
Convetmnt rebus nominafap^ejuis.
Connubium falix ! Hj^C crejcit , & Ille triumphar.
Orbis nunc videat : viaeritj obftupeat.
LAUS DEO,
Santifjlma Dei Genitrici MARIM a Rofario , ejus *
Puriffimo Sponjo "JOSEPHy fantijlimoque Pa- '
tri noflro DOMINICO,
INDEX .
391
I N D E X
DO MAIS NOTA VEL DESTE LI VRO.
0 primeiro vumero denota o Livro > ofegundo ; ou Ara"
bico , ou ^omano^ aponta o Numero marginah
e 0 ultimo , a Pagina.
- A
ACademia Real da Hiftoria Portugueza , honras que Ihe faz EI-
Rey D. Joao V. livr. i. n. 46. pag. 69. en. 6j. XVII. pag. lor.e^.
71. pag. 126. §. 2. Rende em feu nome as graqas a Sua Mageftade
oPadre Dom Manoel Caietano, 1. i.n. 71. pag. 122. Ordem que
recebe para ira Palacio, pela occafiao dos reciprocos Defpoforios , I, i.n.
67. pag. 69.
Academias do Reyno, celebrao os Reaes Defpoforios, 1- 4. n. 60. pag, 326.
Acompanhamento na entrada pubJica do Marquez de AbranteS, em Ma-
drid, J. i.n. 30. pag. ^^. Na entrada publica do Marquez de losBalbazes, em
Lisboa, 1. 1. n 48. pag. 70. Do Patriarca de Lisboa , quando deo os parabenS
a EI-Rey dos Defpoforios Reaes, I. i.n. 65. pag. 89.
AfFonfoHenriques, (Dom) priraeiro Rey de Portugal, pi^omefla queChrifto
Ihefez, 1.4. n. 61. pag. 327,
Ajufte dos Cafamentos ; quando fe publica emMadrid , I. i.n. 8. pag.iJ.
Como he feftejado nos dominios del-Rey Catholico ; ibidem. Quando fe pu-
blica erri Lisboa , 1. 1. n.9. pag.9. Gomo he mandado feftejar ^ ibidem: e n. 10,
pag. 10. e II.
Ald^ia Gallega , como fao nella recebidas as pefToas Reaes , na fua volta
a Lisboa , 1. 4. n. ^^. pag. 311.
Alexandre , notavel apnphthegma feu , 1. i. n. 67. XXVIII. pag. 106.
Alexandre Ferreira, eleito Secretario da Embaixada aMadrid, 1. 1. n. ij.
pag. 13.
Alexandre Sev6ro Imperador , eftimaqao que fazia daHiftoria, 1. i.n.yr*
pag. 128. §. 3.
Almodovar , ( Marquez de ) feu ob fequio ao Marquez de Abrantes na fua
entrada , 1. 1. n. 29. pag. 58.
Amor , difFerenca que fazia Alexandre entre o que Ihe tinhao Efeftiao,
e Cradlero, 1. i.n. 67. XXVIII. pag. 105. e 106.
Andaluzia, divertimento que aqui tomaS Suas Mageftades Catholicas,'
1. 4.^.3. pag. 288.
Annel, benze o Patriarca deLisboa , o que recebeo a Princeza das Aftu-
rias no dia dos feus Defp olorios , 1. i.n.62. pag. 85.
Antonio
592 Ifidex do mais notavel defie Livro*
Antonio ( Dom ) Infante dePortugal, Padrinho do Crifma •do Principe
do Brazil , e dos Infantes , D.Garlos, eD. Pedro, 1, i. n,.28. pag.58. Criados
que levou ao Caia, 1.2.^.4. pag, iSj. Prefentes qiie recebe daii Princezas
das Afturias, e do Brazil, 1.3. n. 19. pag. 246. Rezes que matbu em huma
batida de Caqa grofla na Tapada de Villa-vi<^ofa , 1. 4. n. t^.pag.-i^j. - -
Antonio Canavaro, fogo artificial queinventa, 1, i. n. y^. pag. yS.-Acom-
panha Sua Mageftade ao Caia , 1. 2. n. 4. pag. 180.
Anton.io da Cunha Brocliado , acompanha Jofeph da Cunha .BrochaCci,
feu Tio , aMadrid, 1. 1. ri. 5. pag. 7. ' '
Antonio Guedes Pereira, manda hum proprio aLisboa cqm a propoiiqao
del-Rey Catholico , refpediva aos Reaes Cazamentos , 1. 1. n. 2. pug. <;. Ajuf-
ta com Joleph da Cunha Brochado, por parte del-Rey de Portugal, os Prelimi-
nares, 1. i. n. 8. pag. 8. Chega a Lisboa , 1. 1. n. 23. pag. ij. Merces que Ihe faz
El-Rey , ibidem.
Approvaqao, e ratificaqafi do Tratado dos Delpoforios dos Principes do
Brazil, 1. i.n. 24. XIX, pag. 36. A do Tratado dos Defpoforios dos Principes
das Aflurias , 1. 1 . n. 25. XIX, pag. f 6. ,
Archeiros da Guarda , libres que Ihe deftina El-Rey para as paflagens , l.i.
n-93- pag. 170-
Arcos (Conde dos) fuas incumbejicias na entrada do Marquez de los
Balbazes, 1, i. n, 48. pag. 71. . .
Arcos triunfaes no dia da entrada Real em Liiboa^ 1. 4. n.yz. & fs;q-
pag. 322.
Ar.nazens de Elvas obfervados porEI-Rey, 1. 3. n. 31. pag.iS^.
'.■ Arrhas annuaes da Princeza dp Brazil , quantia eftipulada para ellas I. r,
artic. VI. n. X, pag. 25. Para as da Princeza das Afturias 1. 1. artic. VI, n.X.
pag. 44. ' - •■
ArtigosPreliminares ajuftados, 1. i.n. 8.pag.8. Firmados, L i. n^p.pag.p.
Ratificados, 1. i. n, 11. pag. 12. Artigcs do Tratado doCalaraento dos Princi.
pes do Brazil , 1. 1. artic. I, & feq, V. &feq,pag. 21. Do Cafamento dos Princi-
pes das Afturias , ]. i. artic. I. & feq, V.pag. 40.
Atri ( Duque de ) como rectbe no Paqo del-Rey Catholico ao Marquez
de Abrantesnodiada fuaentrada, 1.1.^34 pag.62.
BAtida Real de coelhos na coutada de Villaboim para divertu-neato c^
Princeza do Brazil , 1. ^.n. 27. pag.,278. Outra delobos , aque a Cidade f^e
Sevilha convidou a Cafa Real Catholica, 1.4. n.4. pag. 289, Outra de caq?
groffa em Villa-viqofa , 1. 4. n. 1 1. pag. 293.
Beijamao pelo ajuftedos '. alamentos, 1. 1. n. 10. pag. ii.Peloairaprimea-
,to de annos da Princeza das Afturias, 1. 1. n. ^^.pag.j^. Pelos Defpotorios dos
Principes do Brazil , 1 1 . n. 4<r. pag. 68. Pclos dos Principes dasAftuiias, 1- r>
ri. 65*. pag. 89. & feq. CeremOrtia do beijamao dos Principes das Afturias , eJo
Brazil , ]. 3. n. 11. pag. 240. Na ent.ada Real em Lisboa , 1. 4. n. 59- psg- 526. .:
Beilqaos-nupciaes dos Principes das Afturias , 1. 3. n. i^.pag. 241. Dos do
Brazil, 1.3.^,14,^3^.242. j. ' :.o: '
Boas
Index dc mdsnotUvel dejle Livm 39 f
Boas vindas Reaes , dadas , cantadas, ou feocadas por Thomds Pinto Brarl*'
da6, 1.4.^.67. pag 371.
Borba , como recebe a El Rey na volta a Lisbja , 1. 4. n. 6. pag. 290.
Braganqa ( Sereniffima Cafa de ) , fiia libre antiga , 1. r. n. 84. pag. 170,
Mud-^du -por El-Rey D.Joao, p-.-Ia occafia5 das paflagens ; ibidem.
Bragantim em que embarcarao Suas Miijeitades , e ALtezas em Montijo,
fua defcripqao , 1. 4. n. 39. pag. 313.
c
CAqa, muito de gofto del-Rey CathoHco, I. 3.^*25-. pag. 276. Huma Rsal
de coelhos naCoutada de Villaboim, 1. 3. n. 27 pag. 278. Outra de idbo*'
em Sevilha, 1.4. n. 4. pag, 289. Outra de ca^^a grolTa em Villa-viqofa , 1. 4. n.i r.'
pag.293.
Cadaval, ( Duques de ) feumagnifico Palacio, em Evora, 1.4.11. 17. pag.297.
Sua viila ; ibidem.
Cadis , divertem-fe ncfta Cida Je Sua? Mageltades , e Altezas Catholicas,
1- 4. n. 3. pag. 288.
Caia, leu Palacio , edefcripqao, I. 3.^,8. pag. 237.
Ca.Tiara da Princeza do Brazil ; qaaari^ eltipala.ia para o feu gafto , 1. r,
art. VI, §. Xl. pag. 26. Outralemclhante para .9 Princeza das Afturias , 1. i. n, VI.
§. Xf. pag. 44.
Canones, concede El-Rey aos.Padras da Companhia, do Collegio da Uni-
Yecfidadc de Evora , que os polTao ler , I. 4. n. 21. pag. 30!.
Capec^latro ( 1). Domingos de ) Marquez de Capecelatro, audiencia que
tfem de Sua> Mageftades , e da Infanta D. Maria Barbara, I. i. n. 10. pag. ir.
Convidado do Mar:]uez de Gafcaes por occafiao do cumprimento de annos
da mefma Senhora , 1. i. n. 26. pag. ^j. Audiencia que tem dos Senhores Infan-
t€S, D.Francifco, e D.Antonio, I. i.n. 77. pag. 138. Eou-cr.i de Suas Magelta-
des ; ibidem. E da Princeza das Afturias ; ibidem, ExprelTo del-Rey Cacholi-
co, que participa a Sua Mageltade.1. 2. n. 43. pag. 110. Agente doCereinonial
politico das viitas dosReys>Catholicos, e de Portugal, 1, 5. n. 2. pag. 229. De-
claraa El-Rey D. Joao na funqao 3o Caia , quem erao os FiJalgos da Corte de
Hetpanha , I. 3. n. 1 1. pag. 241. Sua obfequiofa attenqao a Sua iMagellaJe , I. 4.
r, 12. pag. 295-.
Capella Real , defcem d fua, Suas Mageftades Catholicas , a dar gracas
pelo ajufte dos Cafamentos , 1. 1. n. 8. pag. 8. Defcem i de Lisboa Siias JVIagLf-
tades, pela mefma occafiao, 1. 1 n. 10. pag. 11.
Capitulaqoens dos Calamentos Reaes, L 3. n. 11. pag. 240
Cardeae.s . graqa conceJida na entrada publica do Marquez de los Balba-
zes aos feus Genri.s-homens, l.i.n.50. pag. 73.
Carlos ( Infdute D ) quando le crilmou , I. r. n- 28. pag. 57. Porque na6
paiTou ao Ciia , 1. 2.^.4. pag. 174.
Carlos Ambrofio&c. (Dom)Marquez de los BaIbazes,nomeado Embaixador
Extraordinario a Corre de Fortugal, 1. 1. n. 14. pag. 13. Parte para Portugal. 1. i-
n. 16. pag. 14. Chega a Lisboa , 1. 1. n. 18. pag. ij . Tem audiencia de Srua Ma-
geitade,i. i. n. 22. pag. 16. Gomo applaude o cumprimento dosannos daPriri-
Ddd ZQZA
294 Index do tnais ndtavel defte Liiro.
ceza das Afturias , 1. 1. n. z6. pag. 5:6 Convidado do Marquez de GaTcaes pela
mefma occaliao ; ibidem. Sua gala no dia da fua entrada publica , ]. i. n. 49.
pag. 71. Audiencia que teui daspeflbas Reaes, ]. i. n. ^■z. pag. 74. Titulos que
roga como Teflremunhas por parte del-Rey Catholico para a outorga dos Cafa-
mentos do Principe das Afturias, com a Infanta D. Maria Barbara , 1. i. n. 56.
pag. 77. Como applaude os Reaes Defpoforios, 1. 1. n. 69. pag. 118. Tem audi-
encia do Infante D. Francifco , 1. i. n. 7z. pag. 134. E do Infante D. Antonio i
1. 1. n. 73. pag. i^^-.Parce paraCattella , 1. i.n. 74. pag. 136. Vem cumprimentar
a Suas Mageltades, e Altezas depois da funqaodo Caia , 1. 3. n 17. pag. 143-
Carlos de Borja, Cardeal, deita as benqaos nupciaes aos Principes das Af-
turias, I. ^.n. 13. pag. 241.
Carta do Secretario de Efl:ado aosTitulos, Ofliciaes das Gafas, Minifliros
de Tribunaes , e Prelados das Religioens para concorrerem com El-Rey na fun-
qa,6 daaccjao de graqas , pela publicaqao dos aiuftes dos Cafamentos , 1. i.n.io.
pag. 10. e II. Outra aos Titulos, que haviaode fer Tcftemunhas por partedel-
Rey Catholico, da outorga dos Defpoforios dos Principes das Afturias, 1. 1. n.f 3.
pag. 75: .
Cartuxos , ( Padres ) gra^a que Ihe faz El-Rey D. Joao , I. j. n, 38. pag. 216.
Caftelhanos , fo p6dem fer providos nos officios , e lugares de jufti^as da
jurifdicqao da Priaceza das Afturias 1 1. i. art. VI. §. X. pag. ^f;.
Cenfo que paga El-Rey D. Joao, a Noir.i Senhora, no dia da fua Imraacula-
da Conceiqao, 1. 1.^.27.^.^^.57.
Ceremonial politico , como atalha o Conde de Aflumar aiguns (leus ir.con-
venientes no dia da entrada publica do Marquez de los Balbazes, 1- 1. n. 49.
pag. 71.
Certidao dos Defpoforios dos Piincipes das Afturias , 1. 1. n. 70. pag.n?.
Codorniz , offerece huina menina huma viva a Princeza do Brazil, em Evo-
ra, 1. 4. n. 29. pag. 307. Cotno he remunerada ; ibidem.
Coelhos , mata a Princeza do Bfazil dous na carreira , L 3. n. 29. pag. 281,
Manda o Duque do Cadaval embalfamar hum, morto a efpingarda pela mefma
Senhora ■■, ibidem. 1
Conceiqao Immaculada de MARIASantiffima,qual foi o primeiro Templo,
que teve nas Hefpanhas. 1. 2. n. 40. pag. 218.
Concurlo de pelToas Reaes, qual tem iido o mais numerofo, l.^.n.p.pag-i^^.
Gondiqoens dos Tratados dotaes, e matrimoniaes , I. i.n. 24. arf. I. eV.
pag. 27.en. 25-. art. I.e V.pag. 37. jc '
Confirmaqao , quando recebem efte Sacramento , o Principe , e os Intan-
tes, D. Carlos , D. Pedro, e D. Maria,]. i.n.28. pag.^-^. ^ - 1
Conlelho fobre a propofl«ja6 dos Defpolorios , peffoas que concorrerao a el-
le, 1. i.n, 2;pag. 5. r r • A
Corte , avi(o que tem para concorrer ao beijamao pelos Delpolonos ao
Principe das Afturias , ]. i. n.^f. pag. 89.
Couteiro da Tapada de Villa-viqoia , I. 4. n. lo.pag. 293.
Cradlero , apreqn que fazia Alexandre do affed'>que elle Ihe tinha, 1. !•
n.67.XXVIII. pag. 106.
Criados da Princeza das Afturias , prefentes , que Ihes faz El-Rey de Por-
tugal , ]. 3. n. 1 8. pag. 2 44. Prefentes que faz El-Rey Catholico aos da Princeza
do Brazil ; ibidem. _
Cum-
Index do mais notavel defle Livro, 59 J
Cumprimento do decimo quarto anno dalnfanta D. Maria Barbara, co«
fflb-he feftejado , 1. 1. n. 12. pag. 12.
Cumprimentos da Fidalguia de ambas asGortes, nafunqao doC^ia, I.3,
n. ii.pag, 240.
CuIk)dio Vieira , incnmbencia que fe Ihe dd , 1. 2. n. 14. pag. 198.
D
DEcreto del-Rey D.Joao, expedido aos Tribunaes fobre a celebridade da
publicaqao dos ajuiles dos Caiamentos, 1. i. n. 9. pag. 10. Outro do mefmo
Senhor, porque concede a Academia Real o foro deTribunal, 1. i. n. 46.
pag.69. Outro do mefmo Senhor em obfequio dos Defpoforios Redes, l.i, n. 63.
pag. «5.
Defembargo doPaqo, os livros da Acads^mia Real independentes delle,
1, 1. n. 71. pag. 126, §. 3.
Defembarque Real emBelem, 1. 4, n. 45". pag, 137,
Delpolorios de NofTa Senhora , com S. Jofeph , Pontifical celebrado nefte
dia na Se de Elvas, 1.3. n. 24. pag. 276. Quando i"e tazem publicas em Caftella
as eftipula^cens dos Principes das Afturias , e do Brazil , 1. 1 . n. 8 pag.8. Qi.ian-
do fe cel^brao os dos Principes do Brazil em Caftella, J. i. n. 41, pag.. 65. Quan-
do chega a fua noticia a Lisboa , 1. 1. n. 43. pag. 6j. Feftejos com que he applv-ju-
dida ; ibidem.
Diogo de Mendonqa Corte-Real , Secretario de Eftado , manifen-a,a pro-
pofiqao del-Rey Catholico, dos Reaes Defpoforios , I. i. n. 2. pag. j. St^ carta
aos Titulos que haviao de fer Teftemunhas dos Calamentos dos Principes das
Afturias , 1. 1. n. 53. pag. 75'. Avifo que fazaos mefmos Titulos, para afliftirem
a fa£tura da certidao dos Defpoforios Reaes , 1. 1. n. 70. pag. 118. Concorre ao
Caia com o Marquez de la Paz , Secretario del-Rey Catholico, aajuftar oce-
remonial das viftas dos Soberanos , J. 3. n. 2. pag. 228. Banquete que da a raui-
tos Senhores daCorte del-Rey Catholico , 1, 3. n.26. pag. 278.
Domingos ( Dom ) de Capecelatro , Embaixador. Vide Capecelatro.
Dote da Princeza do Brazil, I. i.n. 24. pag.i^. art. II. §. VI. pag.22. 625. Da
Princeza das Afturias , 1. 1.^.25* pag. 37. e art. II. §. VI. pag. 41. 644.
Ducado , cabeqa das terras deftinadas para as Arrhas annuaes da Princeza
do Brazil, I. i, art. VI. pag. 25-. e das terras eftipuladas para a Princeza das Af-
turias , 1. 1. art. VI. pag. 44.
E
EFeftiao, apreqo que fazla Alexandre do feu amor, 1. i,n. 67. §.XXVII1,
pag. 106.
Egnido , refoluqao notavel de feus moradores , 1. i.n. 67.§.XXV. pag. 104.
Elvas, comorecebe a Sua Mageftade , 1.2.^.45:. & feq. pag.224. Como
recebe as pefloas Reaesna voltado Caia , 1. 3. n. 14. pag. 242. Obfervada a fua
Fortificaqao por El-Rey D. Joao , 1. 3. n. 3 1. pag. 284.
Embaixadores , graqa concedida naentrada do Marquez delos Balbazes
Ddd ii aos
f 9^ ^Jndex do mais notavel defie JJ^ro,
aos feus Gentis-homens , 1. i. n. 5-0, pag. 73. Embaixadores , e outros Miniftros
Eflrangeiros heijar) a mao as pefToas Reaes por occaliao dos reciprocos Def-
pofoiios, 1. I. n. 66. pag 90.
Embarque de El Rey, Principe, elnfar.te D. Antonio, de Lisboa para AI-
deia Gallega , 1.2. n. 7. pag. 189. Outro da Rainha, Princeza das Afturias, e
o Infante D. Pedro , 1. 2. n. 22. pag.204.
Embarque Real de Aldeia Gailega paraBelqm, 1. 4.^.39. &{eq. pag.313.
Entrada publica do Marquez de losBalbazes, em Eisboa , l.i. n. 48.pag.70.
Do Marquez de Abrantes eni Madnd , 1. 1. n. 29. pag. 58. Das pefToas Reaes em
Lisboa, na volta do Caia , 1. 4. n.jo. pag. 318. De donde fe comeqou , e por
onde profeguio ; ibidem.
Enxovaes das Princezas , 1. 3. n. 23. pag. 248. e 49. & feq.
Epigramma Latino aos Defpoforios dos Principes do Brazil , 1.4. n.67.
pag- 390.
Epithalamio aos Defpoforios del-Rey D.JoaolV. com a Senhora D. Lui-
za Francifca de Gufmao , 1. 4 n. 10. pag. 293, 0 do Doutor Jofeph de Matos da
Rpcha aos Defpoforios dos Piincipes do Brazil , 1. 4. n. 6j, pag. 330.
Efcurial , para efta obra taz extrahir excellentes turquezas dos minaraes
de Villa-viqofa , Filippe legundo , ^4-0.9. pag.292-
Elperanqa , deile bairro comeqdvao Suas Mageftades, e Altezas a fazer
a fua entrada em Lisboa , 1. 4. n. 5-0. pag. 318.
Eftado da Princeza do Brazil , quantia dellinada para o feu gafto, 1. l.
art. VI, e VII. pac- is:- e 26.
Eftanislio Koftka ( Santo ). Veja-le S. Luiz Gonzaga.
Eftatua dc Venus , obfequio feito a huma pelos moradores de Egnido ,
1. 1. n. 67. §. XXV. pag, 104.
Eftremoz , como recebe a El-Rey na volta a Lisboa , 1. 4. n, 16. pag.296.
Eugenio Gerardo Lobo , Soneto com que applaude huma acijao heroica
do Principe das Afturias , 1. 4.n. 4, pag. 290,
Evora , como he aqui recebido El Rey , quando paftava ao Ciia , 1. 2.
n. 26. pag. 206. E na voltaa Lisboa, l.^.n. i8.pag. i^S.PrefentedoScnadoda Ca-
mara defta Cidade a Princeza do Brazil, L4. n.20. pag. 300. Obfervada por El-
Rey a fuaFortiticHQaS, 1.4. n. 22. pag. 302. :-
Europa, rigura , e cabeqa que Ihe affinou hum Ge6grafo, &c.l. i.n. 68^
§.II. pag. 109.
Exercicio Militar commandado por El-Rey , em Elvas,!. 3.^.20. pag,246.
F .
FAmilia deftinada para o ferviqo do Sereniffimo Principedas Afturias, I.i.
n. II. pag. i2.Para o Principe do Brazil , 1. i. 0.42, pag. ^^.Para as Prince-
zas , das Afturias , e do Brazil •■, ihidein , pag. 66,
FerHando (Sao ) III. de Caftella, tomou Sevilha aos Mouros , 1.4-n.,2,
pag. 287.
Fernando (Dom) Principe das Aftinias , OraqaQ em obfequio dos feus
Defpoforios , 1. i.n, 68. pag. ic8. Seusinfignespredicados, 1- r. n. 68. §. V. &
feq. pag. 113. Ac<jao heroica que obrou, 1.4. n.4. pag. 289. Como foicelehra-
da» ibidem, Fein.ad^
Index do mais notc^el defte Li vro. 397
Fernando de Larre, Provedor dosAmazens, oarte para Montijo a dif-
por o embarque Re;jl para Bolem , 1.4.11.38. pag. 313.
Fernando Telles daSilva , Marquez de Alegrete, expedido a Badajoz a
cumpriinentar Sua Mageftade Cathollca , i-j.n. i. pag. 227. Sua incumbeucia
na noite dasNupcias Reaes^l.j.n- 16. pag. 243.
Fernao Telles da Siiva, Monteiro mdr , co.no ordenahuraa batida Real de
ccelhcs , I. 3. n. 27. pag. 278. E outra de caca gtolTa, na Tapada de Villa-viqofa ,
1. 4. n. II. pag. 293.
Feftejos pelo ajufte dos Cafamentos, 1. i. n. 10. pag. 11. Pela noticia do Re-
cebimento dos Principes do Brazil, 1. i%n. 41. pag. 65". Na noite do dia da outorga
do Cafamento dos Principes das Aufturias , 1. 1 n. 59. pag. 7 8. No dia da fua cele-
braqao, l.i.n.64. pag. o8.PeIa entrega daPrincefa das Aftunas, I.^.n. 13.pag.241.
Pela da Princefa do Brazil , l.^.n. 1$:. pag. 2 4z.&feq. EmSevilha, aSuasMa-
gellades , e Altezas Catholicas, 1. ^.n.:. pag. 287 Na Real entrada em Lisboa 1.4.
n. <)<) pag. 325:. Em todo o Reyno, pela occafuo dos Defpoforios Reaes , J. 4.
n,6o. pag. 326.
Filippe 11. faz extrahir excellentes turquezas para a obra do Efcurial, dos mi-
mineraes de Villa-viqofa , 1. 4. n. 9. pag. 292.
Filippe V. quando, e aonde ratiftcou os Preliminares dos Cafamentos Reaes,
l.i.n. 11. pag.ii.NomeaqaoquefazdeOfRciaesparaoferviqodoPrincipedas Af-
turiasjibidem.Cafa que poem aPrincefa das Afturias, 1. 1 .n 76.pag. 1 36. Da o Collaf
da Ordem do Tufao ao Marquez de Abrantes , 1. i . n. 80. pag. 139. Joya que man-
da d Princeza do Brazil ,1. 3. n. 17- pag, 243- Aiuda de cuilo que manda dar aos
Soldados que oacompanh^raoao Caia, 1. 3.^.19. pag. i^^. Manda publicar arefo'
luqao de palTar a Sevilha , 1, 3. n. 26. pag. 277. Pdrte para aqueila Cidade I. 4. n i.
pag. 286. Sua coraitiva ; ibidem. Reftitue-fe a Mndrid, 1. 4. n. 3 . pag. 288.
Fogoartificial pela outorga do Cafamento dos Principes das Afturias, 1. 1.
n. 59- Pag- 78-
Forte de Santa Luzia ,fuabella vifta, l.^. n. 31. pag. 284.
Fortificaqao de Elvas , obfervada por ElRey, D. Joao 1. 3. n. 31. pag. 284. E a
deEvora, 1. 4. n, 22. pag. 302.
Francifca, Infanta de Pcrtugal j ( Dona ) porque nao paftbu ao Caia , I. 2. n.4.
pag. 174.
Francifco,Infante de Portugal(Dom) Griados que o acompanharao ao Cdia ,
1. 2. n.4. pag. 185". Prefentes que recebe das Princefas das Afturias , e do Brazil ,
1. 3. n. i^.pag. 246. Rezes que matou em huma batida, na Tapada de Villa-vi^ofa,
1. 4.n. 13.^3^.295-.
Fancifco de Andrade Corvo , guarda joyas delRey D. Joao ; Joya, que Ihe da
ElReyCatholico ,], 3. n. 18. pag. 245-.
Francifco Gonzaga ( Dom )Duque de Solferino, expedido a Elvas a cumpri-
mentar Sua Mageftade, da parte delfley Catholico , 1. 3. n. i. pag. 228.
Francilco de Sales (Dom), Pontifical que celebra na Igreja da ConceiqaS
Puriflima de NofTa Senhora de Villa-viqofa , 1. 4. n. 1 1 . png. 294.
Fancifco Xavier de Menezes ( Dom ) Conde da Ericeira, Oraqao que faz em
cbfequio dos Principesdas Afturias , 1. 1. n. 68. pag. 108. Celebra poeticamenta
hum grande Veado, morto pelo Infante D. Antonio.l.^.n.i^. pagii^S". Poema, em
que ideou a funqao do Caia , 1. 4. n. 64. pag. 328.
■ » ■
• \ Galveas ,
59^ IndexdomaismtaveldeJleLivrd.
G
GAlveas , atida nefta Cafa o Titulo de Couteiro da Tapada de Villa-viqofa ,
1.4.0. 10. pag. 293.
Gentisliomens do Nuncio de Sua Santidgde,dosCardeaes,e Embayxadores,
privilegio que fe Ihes faculta na entrada publica do Marquez de los Balbazes, J. i.
n.fo.pag. 73.
Granada , como recebe a ElRey Catholico , 1. 4, n. 3. pag. 188.
Grimaldo( Marquez de ) Plenipotenciario delRey Catholicoi ajufta porfua
parte os Artigos Preliminares com os Plenipotenciarios delRey de Portugal , L r.
n. 8. pag. 1 1.
Guarda de Corpo de Suas Mageftades , para os acompanhar ao Caia , 1. i.
n.89. pag. 162.
H
HHenrique de Carvalho ( Padre ) da Companhia de JESUS , nomeado Con-
felTor do Principe do Brazil , 1. 1. n. 93. pag. 170.
Hefpanha, cabeqa da Europa,l.i.n.68.§. II pag.109. Suareparti^ail, ibidem.
HefpanhoeSjfo podem fer providos nos Officios, e lugares dejtiiliqada ju-
nfdi(^ao da Princeza das Afturias , 1. i. art. VI. §. X. pag. 45". i
TAyme Facco , mufico celebre , 1. r.n. 69. pag.. 118.
Jayme de Mello ( Dom ) Duque do Cadaval ; ordensque recebe para o rece-
bimento doMarquezde losBalbazes, I. i. n. 17. pag. 14. Ordens que ddaos Te-
nentes Coroneis D. Thomas de Aragao, e LuizGracia de Bivar, ].i,n.9i.pag.i68.
Saa generofidade na occafiao das paflagens , 1.2. n. 5. pag. 188. Familia qwe
levou i ibidem. Sua diftin<ja6 entre os mais Senhores,que paflarao ao Caia, l.i. n.f.
pag. 188. Manda embalfamar hum coelho morto pela Senhora Princeza do
Brazil ,1.3.0.29. pag.28 r. Ordem, que da ao Tenente ao Coronel. D.Thomas de
Aragao , eao Provedor dos Armazens , 1. 4. n. 36. pag, 311 Outra ao Tenente
Coronel Luiz Gracia deBivar; ibidem. Outraordera aos mefmos , 1. 4. n.46.
jerarquia Ecclefiaflica , que acompanha a Suas Mageftades ao Caia , 1. 2.
n.4, pag. 175-.
JESU Chrifto , fua promerta ao Santo , e primeiro Rey de Portugal D. Af-
fonfoHenriques,!. 4. n. 6i.pag. 327.
Jeluitas do CoIIegio daUniverlidadede Evora, graqa quelhesfaz ElRey, I.4.
n.zr. pag.301. Tragicom^dia Latina, com que os do CoUegio de Santo Antao ee-
lebrao os Defpoforios dos Principes doBrazil, 1. 4. n.63. pag. 328.
Igreja daCt)nceiga6 de Villa-viqofa , Pontifical celebrado nella ,1,4-n. ri.
pag. 294.
Imperio de Portugal, notorias em todo o mundo as fuas profecias, 1 1, n. 6y.
§, IX. pag. 96. Inacio ,
Index do mais notavel defte Livro. 3 9^
Inacio de Almeida , e Maya, merce que Ihe faz ElRey, 1. 4. n. 36. pap;. 312.
Joao IV. (ElRey D.) faz tributario o Keyno de Portugal a Conceiqao Piirilli-»
ma da Senhora ,1. i .n ij. pag. 57.
Joao V. (El-Rey D.) merce q faz aoPIenipotenciario Jofeph da Cunha Bro-'
chado, I.i. n.f. patj^.7. Sau Decreto aos Tribunaes fobre a celebtidade dos Gafa-
mentos, 1. 1. n. 9. pag.9. Delce a Capella Real a dar graqas a Deos pelo ajutle do3
Cafamentos, 1. i.n. 10. pag. ii.Ratiticaos Preliminares, 1. i.n. 11. pag. 12. Paga
pCenfoa Senhora,no dia da fua Conceiqao Immaculada, como Padroeira do
Reyno, 1. i.n. 27. pag. SJ' Graqa qOe fa z d Acad^mia Real daHiftoria Portu-
gueza , 1. 1. 1^46. pag. 69. Cafa que p6cm ao Crincipe do Brazil> eaPiinceza
das Afturias , i. i.n. 76.pag. 136. Sua comitiva ao Caia , 1.2.^.4. pag. 175-4 &
feq. Sua generofidade nas paiTagens , J. 2. n.9, pag. 191. O que dilTe do Palacio
de Vendas-novas , J. 2. n. 20. pag 203. Ajuda de cufto que manda dar aos Sol-
dadoa, que o acorapanharao ao.Caia , 1. 3. n. 1 7. pag. 144. Joya que <M ao Guai'-
da joyas de Galtella , J. ;.n. iS.pag. 245-. Commanda hum exercicio Militar,
l.^.n. 20. pag. 246. Obierva a Fortificaqao , e armszens da Fra^a dehlvas, i. 2.
ji. 31. pag. 284. Suas ordens para voltar a Lisboa, 1. 3.n. 33. pag. zSj". Partedfa
Elvas, J. 4. n.y.pag. 290. Sua infigne piedade j ibidera. Graqa que fazaos Pa>
dres da Companhia de Evora, 1. 4.^.21. pag. 301. Obfcrva a Fortificaqao def
Evora, 1. 4. n. 22.pag. 302. Vifita algreja daSenhora dos Remedios no dia da
fua entrada em Lisboa , 1.4. n. 48. pag.^iS.
Joao de Almeida , ( Dom) Co'nde de AfTumar, Condudior do Marquez dle
los Balbazes na fua entradapublica em Lisboa, 1. i.n. 48. pag. 70. Seus enl-
pregos ; ibidem. Recebe as chaves deCamarifta, 1.2.^.37. pag. 214«
Joao Bautifta de Orendain (Dom) Secretario deEItado de Sua Magefta-
deCathoiica, e Marquezde la Paz , concorre ao Caia com Diogo de Men-
don^a Corte-Real , Secretario de Eftado de Sua Mageftade.a ajuftar o Ceremo-
nial das viftas de humas, e outras Mageftades , I. 3. n. 2. pag. 228.
Joa6daCofta, (Dom) Armeirom6r, como cumprimenta o Marquez de
los Balbazes , I. i. n. 52. pag, 74
Joao Diogo de Ataide, quando foifeito Conde de Alva, 1.2. n.37, pag.zr^.
Joao Ferraz , Efcrivao das obras das Vendas-novas , I. 2. n. 14. pag. 198^
Fica por feu Almoxarife ; ibidera. Merces que Ihe fiz El-Rey ; ibidem.
Joao Lobo deLacerda, Tenente , e Ajudante do Regimento do Porteira
m6r ; ordem quc recebe parair fervirnas paflagens ,1. i. n. 90. pag. 166.
Joao da Silva de Miraoda, merce que Ihe faz El-Rey , I. 3, n. 33. pag. 285".
Joaquim de Sa de Menezes , Marquez de Fontes , quando recebe as chaves
de Camarifta , 1.2.^.37. pag. z 1 4.
Joya do Principe das Alburias , que aprefentao os Embaixadores del-Rey
Catholico a Princeza das Afturias , I. 1. n. 59. pag, 78. A que'da El-Rey ao Mar-
quez de loS Balbazes, 1. 1. ^.73. pag, 136. Aque manda EI-Rey CathQlico i
Princeza do Brazil , 1. 3. n. 17. pag. 243.
Joyas para a Princeza do Brazil, logo que ella chegaiTe a Portugal ; quantia
deftinadapara ellas, I, r. art.V. & feq.IX. pag.^^-.Ciuantia para asda Princeza das
Afturias, em chegando a Hefpanha , 1. 1. art. V. & feq. IX. pag. 44.
Jorge de Almeiia e Menezes ( Dom) , feu Poema aos Reaes Delpolorios,!, 4.
n. 67. pag. 329.
Jorge Freire dc Andrade , fua Oraqa6 a Suas MageftaJes , e Altezas no dia
aeatca daReal einLisboa,!.^. n. ji.pag. 321, Jotnad»,
4oo Index do fiiais notavel defte Lwro,
Jornada Real, vifta por cartas, jogadas porThomas Pinto BrandaS, 1.4.
n.67. pag. 361.
Jofeph ; (Sao) Pontifical no dia dos feus Defpoforios, com a Virgem Senho-
ranolTa, na Se de EIi'as, 1. 3.^.24.^3^,276.
Joleph, ( Dom) Principe do Brazil, recebe oSacramento da Confirmaqao,
1 i.n. 28. pag. 57 Quem foi leu Padrinho ; ibidem. (^ando o pos EI-Rey
D.Joao aprimeira vez a feu lado , 1. i. n.28. pag. 58. Seu recebimento por
Procuraqao com a Infanta D. xMaria Anna Vitoria , 1. i.n. 41. pag^^. Qiiarto
que Ihe dellina El-Rey , para o recebimento das Embaixadas , 1. i. n. 42. pag.^y.
Ora^ao em obfequio dos feus Reies Defpoforios com a Princeza do Brazil ,
}. i.n. 67.pag. 91, Vifita a Igreja do Convcnto de Nolla Senhora dos Reme-
dios, nodia da fua entrada em Lisboa, I.4. n. 48. pag 318.
Jofeph de Ahneida, Gura da Patriarcal , Certidao que pafTa dos Defpofo-
rios dos Principes das Atlurias , 1, i. n 70. pag 119.
Jofeph da Cunha Brochado, chega a xVIadrid , l.i.n. 8. pag.8. Parte para
oEfcurial com a occiliao da ratificaqao dos Preliininares dos Cifaimentos
Reaes,I. i.n..ii. pag.12,. Prefente qiiefaz a Saa Magallade, 1. i.n. 13. pag.13.
Jofephde Elpexo, ( Dom) Conde de Villafranca, Condudlor do.Marquez
de Abrantes na fua eniraia em Mairid, I. t.n. 29, pag. fS.
Jofeph de iVIatos da Roeha , (eir Epitalamio aos Reaes Defpofoiios dos
Principes do Bra<iil , 1.4.^.67.^3^.330.
Jofeph Pereira de Soula, Auditor Geral da gente deguerra, 1. 3. ri-33-
PSg- ^^S-
JoiepJi da Silva Paes de Vafconcellos, Coronel da Infanraria , incumben-
cia que fe Ihe uSo , J. 2. n. 14. pag 198, Suas prnmoqoens ; ibidem.
Jofeph Simoens Barbofa , merce que Ihe faz El-Rey , 1.4.^.36 pag. 312.
Jofeph Vaz de Carvalho.Gcrregedor do Crime da Gorte,e Cafa,como acom-
panhou a Sua Mageftade no dia da tua enir.ada em Li^^boa, I.4. n. 50. pag.3 18.
Juiz de fora de Elvas , raerce que Ihe faz El-Rey , 1. 3.0.33. pag. 285".
E ao de Aldeia Gailega, I. 4. n. 36. pag. 312. E ao de Evoia , 1.4.0126.^3^,304»
E mais ao Corregedor da dita Villa ; ibidem. E ao Juiz de fora de Montemor o
novo , 1.4. n. 31 pag. 308.
Jufti^as , provimento dellas , tocante a Princeza do Brazil, !; i. n. 24. art VI.
§. X. pag.26.
Izabel , ( Santa ) Rainha de Portugal, venera El-Rey aCafa , em que efta
grande Santa viv6o em Eftremos, 1. 4. n. i6t pag.296.
K
K
Oninfegh , vifita que faz a Princeza do Brazil, I. j.n. 3i.pag. 283.
L
Afoens; ( Duque de ) como acompanhou Sua Mageftade ao Caia , 1. 3,. n.3.
pag. 231. Enodiadafua entrada emLisboa, I. 4.^.50. pag. 318.
Lebre ,prefente que faz dehuma quematara, i Rainha D. Maiiannu de
Auftria,
Inde>^ do tnals notavel de[te Livra 401
iAuflria , a Princeza das Aftiirias , I. 3. n. 31. png. 284.
Ley^ , concede El-Rey aos Padres da Companhia do CoUegio da Univerfi-!
dade de Evora, que as polFao ler , 1. 4. n. 21. pag. 301.
Lisboa , ordem com que Suas Mageitades, e Altczas iizerao a fua entrada
nella Cidade , J. 4. n. ^-o. pag. 318.
Liteira era que foi conduzida a Princeza das Aflurias , I. 5. n. j^.pag 241.
Lobos , aCidade de Sevilha , convidou para o entreienimento de huma
batida delles a Suas Mageftades, e Altezos Catholicas , 1. 4. n. 4. pag. 289.
Lopo de Ainieida ( Dom ) , joya que recebe do Infante D. Francifco , L 3,
n. 19. pag- 246.
Lourenco de Almada ( Dom ), Condudor doPatriarca na audiencla, que elle
tem del-Rey , e da Infanta D. Maria Barbara, 1. i.n. 66. pag. 90.
Lucar ( Sao ) de Barremeda, detem-fe aqui Suas Mageflades Catholicas , 1. 4.
n. 3. pag. 288.
Luiz Garcia de Bivar, Tenente Coronel, fuas incumbencias no dia da entra-
da publica do Marquez de lcs Balbazes , 1. 1. n. 48, pag. 71. E n. 50. pag. 72. Or -
dens que recebeparapaffar ao Caia, 1. i.n. 84, pag. 147. E n. 91. pag. 168. Hon-
ras que recebe de Suas Mageflades , 1. 4. n. 34«pag.3io. Heexpedidoa Belem ,
para difpor^lli o defembavque Real , 1.4.^.36. pag. 311. Suas incumbencias no
dia da entrada Real em Lisboa , 1.4. n. 46.pag. 317.
LuizGonzaga (Sao ) , e Santo Eftanislao Koflka , reprelentafe a Tragico-
media Latina, feita em obfequio da fua Canonizaqao, a ElRey , 1. 2. n. 39. pag. 218,
O priflieiro defles Santos declarado Protedlcr dos Eftudos j ibidem.
Luzi^ ( Santa ) , Forte de Elvas , fuabella vifla, I. 3.0. 31, pag. 284.
M
Anoel ( ElRey Dom ) , 1. 1. n. 67. §. IX. pag. 96.
Mancel Caietano de Sou(a ( Padre Dom ) , graqas que da aElRey D. Joa5
peloprivilegio concedido d Academia , 1. i. n. 46. pag. 69. E n. 71. pag. 122. &
feq. Oracao gratulatovia , que com efla occafiaS recitou ao niefmo Senhor, 1. u
n.71. pag. 122.
Manoel de Caftro , Marquez de Cafcaes, applaude o cumprimento dos an-
nos da Infanta D. Maria Barbara , 1 1. n.26. pag. ^j. Quando recebeo as chaves
de Camarif^a ,1.2. n. 37. pag. 214. Leva a joya a Frincefa do Brazil , 1. 3. n. 1.
pag. 228
Manoel Dias Coutada , Ajudante, ordem que recebe para ir fervir nas
pafTagens , 1. 1. n. Si. pag. 148.
Manoel de Galhegos, feu infigne Epithalamio as nupcias del-Rey D,
JoaolV. I. 4, n.io. pag. 293.
Manoel Telles d'a Silra , Marquez de Alegrete , quando recebeo as chaves
de Camarift», 1. 2. n. 37. pag. 214. Parte a Badajos a cumprimentar Sua Magefta-
de Catholica , 1. 3. n. 17 . pag. 243.
Marcha Real , como Ye ordenou em Aldeia Gallega , I. 2. n. 1 1. png. 194.
E dc Villa-viqofa para Elvas , I. 2. n. 44. pag. 221. £ de Evora para Lisboa,
1.4.0. 27. pag.^oj.
MARIA Santifnma, vencrada no Myflerio da fua Conceiqao Imraaculada ,
Eee P?.droj
4 o2 Inde:^ do mais notavel defte Livro.
Padroeira de Portugal , ]. r . n. 27. pag. 5-7. Pontifical na Se de Elvis , no dia dos
leus Defpoforios com o Senhor Saojofeph, I. 3. n. 24. pag. 276. Outro em
Evora no dia da Sua PuvificaCcno , 1. 4. n. 19. pag. 199. He vifitada na fua Igreja
dos Padres Carnielitas Defcalcos, aonde he venerada com o Titulo dos Re-
medios, por Ei-Rey , e pelo Principe doBrazil, no dia da fua Real entrada eni
Lishoa , 1. 4. n. 48. pag. 318.
Maria,nuniero das Infantas de Portugal defte nome, 1. i.n. 68. pag. iio.
Maria Barbara ( Dona ) , Princcza das Aftur'as , leu dominio das terras
confignadas para as fuas Arrhas annuaes , 1. 1- n.i^". art. VI. § X. pag. 44. Feliejos
no cumprimento dos feus annos, I. i. n. 26. pag. 56. Quando recebeo o Sa-
cramento da Confirmaqao, I. i.n. 28. pag. jS. Cafa, e familia que Ihe deitina
El-Rey D.Joao, Li.n. 42.^3^.65". Joya que recebe do Principe dasAfturias,
1. I. n. 5:9. pag. 78. Preferida por El-Rey no dia dos feus Defpoforios ao Princi-
pe do Brazil, c porque, 1. i.n. 62. pag. 85'. Oraqa5 emobfequio dos feu s Def-
poforios, 1. 1, n.6o. pag. 108. Seus infignes predicados, 1. i. n.68. §. IV.pag.i 12.
& feq. Seu donativo a Marqueza delos Balbazes , 1. i.n. 74. pag. 136. Familia
que Ihe dellina El-Rey Catholico, 1.3.^.26. pag. 277.
Maria de Lencaftre ( Dona), Marquezade Unhao , Madrinha da Crifma
da Infanta D.Maria Barbara, 1. i.n. 28,^3^.58.
Marialva (Marquez de ) , ordcm que recebe tocante dspaflagens, 1. i.
n. S^.pag. 147. Aflentos quemanda fazer aos Tenentes Coroneis , D. Thomas
de Aragao , e Luiz Carcia de Bivar , 1. i . n. 90. pag. 166.
Marianna de Afturia ( Dona ) , Rainha de Portugal, feu elogio , 1. I. n.67.
§. XIX. & teq. pag. 102. Criados que a acompanhdrao ao Caia , 1.2. n.4. pac.iBz.
Senhoias que a forao fervindo; ibidem. Sua piedade, 1. 2.n. 27. pag. 207. Como
lie recebida em Evora , 1.2. n. ^^^. pag. 212. Ainile com a Princeza do Brazil
a huma Tragi-comedia, reprefentaaa em obfequio dos Defpolorios Reaes,
]. 4.^.63.^3^.328,
Maria Anna Vitoria deBourbon (Dcna), Princeza do Brazil, como he
recebida em Madrid quando volta de Fran^a, 1. i.n.7. pag. 7. Seu dominiode
terras para as fiias Arrhas annuaes, l.i.n. 24. art. VI. §. X. pag. 25. Daofeu
confentimento para os Defpoforios com o Principe do Brazil, 1. 1. n.40. pag. 65.
Seu recebimento por Procuraqao com o melmo Senhor, 1. 1. n.41. pag. 65".
Eftado que Ihe dellina EI-Rey D, Joao, 1. i.n.42. pag. 65". Oraqao em obfe-
quio dos Icus Defpoforios , J. i.n. 67.^,12.91. Manda huraa carta aleu Real
Efpofo no dia do Santo do feu nome, o Senhor Saojofeph, 1. i. n. 75". pag.136.
Prefentes que faz aos Infantes, D. Francifco , e D. Antonio , 1. 3. n. 19. pag. 246.
Sua deftreza venatoria , I. 3. n. 29. pag. 281.
Martinho de Mendonqa de Pina e Proenqa , nomeado Companheiro do
Plenipotenciario Pedro Alvares Cabral , 1. ^.n. 30. pag. 282.
Maflerano (Principede ),recebe no PatjO del-Rey Catholico ao Marquez
de Abrantes, no dia da lua entrada , I, i. n. 34. pag. 62.
Minas de ouro , e prata de Villa-viqoia , 1. 4. n. 9. pag. 292. -
Mineraes de Turquezas em Villaviqola , I. 4. n. 9. pag. 292.
Miniftros dos Tribunaes , carta que recebem para concorrer ao beijaniao
pela publjcaqao dos ajuftes dos Cafamiintos , 1. 1. n. io. pag. 10.
Moi:gone ( Abbade de ) , o que diflle do Palacio de Vendas-no vas, J. 2. n.20.
pag._203.
Monte-
Index domaisnotavel dejle Livro, 405
Montelhano ( Duque de ) , notida de hum feu Poeraa , 1. 4. n.64, .pa.^.jzS,
Montemor o novo, patria deS.Joao deDeos , 1. 1. n. ij. pag. 206. Como
he aqui recebido El-Rey , quando paflava ao Cdia ; ibidem.
Montijo ," embarcao aqui Suas Mageftades, e Altezas para Belem, 1 4. 0,39.
pag. 313.
Montijo ( Conde de ) , traz a joya i Princeza de Afturias , I.3. n.i.pag.iiS.
N
NEgro , faz prefente de hum o Marquez de Abrantes i Princeza do Brazil,
_ 1. 3.n, 30. pag. 281.
Nicomedes , o que Ihe fucedeo com os moradores de Egnido ,1. i. a 67,
§. XXV pag. 104.
Nobreza que convida o Marquez de los Balbazes para os feftejos dos Def-
poforios, 1. 1. n. 69. pag. 118.
Nuncio de Sua Santidade , graqa concedida aos feus Gentis-homens na en«
trada publica do Marquez de los Balbazes , 1. 1. n. fo. pag. 73.
Nuno Alvares Pereira de Mello ( Dom ) , Duque do Cadaval , aonde efta
fepultado , e fufFragio que EI-Rey Ihe mandou fazer , 1. 2. n. 33. pag. 212. Outto
femelhante da Rainha , 1.2. n. 38. pag. 217.
O
OBidos ( Conde de) , Condudlor do Marquez de los Balbazes, 1. 1. n, 17.
pag. i^.Seu eftado nefta fun<ja6 , l.i. n. 19. pag. 15".
Obra nova de Thomas Pinto BrandaS, 1. 4. n. 67. pag. 387.
Officiaes da Cafa , cartaque recebem para concorrer comEI-Reynafun-
qao da acqa5 de gtaqas pela publica^aS dos ajuftes dos Cafamentos, 1. i.n. 10.
pag; 10.
Officiaes, e gente de guerra , que efpera as peffoas Reaes emBelem , quan-
<!o alli defembarcdrao , 1. 4, n. ^f. pag. 317, E no Terreiro do Paqp, na fua entra-
da em Lisboa , I. 4. n. ^7. pag. 324.
Officiaes que trabalhavao no Palacio das Vendas-novas , feu numero, I. x.
n. ij.pag. 198.
Officios , provimento delles tocante a Princeza do Brazil,!. i. n. 04. art.VI.
§. X. pag. 26. Outro femelhante da Princeza das Aftufias , Li. n.^y. art. VI. §.X.
pag. 4f .
Oraqao Acad^mica do Marquez de Valenqa ao Cafamento dos Pnncipes
do Brazil , I, t. n, 6y. pag. 91. Outra do Conde da Ericeira ao Cafamento dos
Principes das Afturias , 1. 1. n. 68. §. I.& feq. pag.108. Outra do P. D. Antonio
Caietano de Soufa, em agradecimento das honras que El-Rey fez a Academia
Real daHiftoria Portugueza, 1. 1. n. 71. pag. 122. Outra do Reverendo Prior
da Igrejade Vi]Iaboim,a EI-Rey, l.^.n.^g.pag.zSo. Outra doDoutor JorgeFreire
de Andrade aSuas Mageftades, eAltezas no dia dafuaReal entrada em Lis-
boa, I. 4.n. 51. pag. 321.
Ordem, porvia do Secretario de Eftado , Diogo de MendonqaCorte-Real,
Eee ii as
4P4:^ Indexdomaisntta^vel dcjle Livro.
as Teftemunhas por parte del-Rey Catholico» dfunqao da outorga do Caramento
dos Prin.cipes das Afturias, 1. i. n.j-^, pag. 75". Para le feftejar a mefma outorga,
1. j.n. 54.^3^.75-.
. .Oliuna ( Duque de) , recebe no Paco del-Rey Catholico ao Marquez de
Abrantes, no dia da fua entrada ,1. i . n. 34. pag. 62. Gomo le diftingue na occa-
iiao das paftagens, 1. 2 n. i- pag. 172. e 1. 3.^.9,^35.239.
OlTuna (Uuqueza de),vifita que fazaPrinceza do Brazil , &c. I. 3. n. 31.
pag.283.
Ouro, minasdefte metal em Villa-viqofa, 1. 4.^.9, pag. 292,
Outorga dos Defpoforios dos Principes do Brazil, quando fe celebra , 1. r.
n- 39' pag- 64. E a dos Principes das Afturias , 1. 1. n. 55. pag. yS, Como he fefte-
jada, ], i.n. 5^9. pag. 78.
P
PAIacio do Caia , fua defcripqao , 1. 3. n. 8. pag. 237. Difpofiqao , e defcrip-
qzb da Cafa do meio, deftinada a funqao ; ibidem.
Palado das Vendas-novas, quando fe comeqou, 1. i.n. 72. pag. 134. At^
quando fe trabalhou nelle , 1. 4. n. 32. pag.308,
Pedro ( Dom ) , Infante de Portugal, quandq fe Crifmou ,1.. I..n.28. pag.58.
Pedro Alvares Cabral, Senhor deAzurara, e Alcaide mor deBelmonte»
nomeado Plenipotenciario del-Rey, a Corte Catholica , 1. 3. n, 30; pag. 282.
Pedro de MariZ , Adjunto do SecretaTio daEmbaixada Alexancire Fcdtreita;
1. I. n. 15. pag. 13.
Pegoens , Cafa que aqiii-mandou fazer EIKey , 1, aln- li.pag. 197.
Peftoas que afliftem as Reaes, no beijamao , por occafiao do Cafamento do
Principe do Brazil , 1. i.n. 42. pag. 66. Asque feachaona funqao oa Outorga do
Cafamento do Principe dasAfturias, 1. i.n. ^^^*. pag. 76. & leq. Sua comitivaj
ibidem , e n. 33. pag. 61. ,
PelToas Reaes deCaftella , partem para oCaia, I. 2i n. i. pag. 171. Sua co-
mitiva; ibidem, el. 3. n.j. pag.231. .
Pefloas Reaes dePortugal deftinadas para paiTar aoCaia,l.l. n. 4.^3^.174.'
Partem para o Cdia, I. 2. n. 7. pag. 189. Sua comitivarl. 2. n. 3. pag. 174. Alliftern
a hum Pontitical naSe de Elvas, 1. 3. n. 24. pag. 276. Alliftem a hum Pontifical
na Igreja da Conceiqao de Villa-viqofa , 1 4. n. 1 1. pag. 294. E a outro na S^ de
Evora, 1.4.^.19.^3^.299. Divertem-fe na Tapada de Villa-viqofa , 1.4. n. ir.
pag. 294. Afliftem a Tragicoraedia, em obfequio de S. Luiz Gonzaga , e Santo
Eftanislao Koftka, 1. 4. n. 21. pag. 301. Embarcao em Montijo para Belem , 1. 4.
n, 39. pag. 313. Partem de Belem para Lisboa , I. 4. n. 46. pag* 317. Seu acom-
panhamento i ibidem, Como fao recebidos na Igreja Patriatcal de Lisboa no
dia da fua entradana melma Cidade, I. 4. n. 58. pag. 325.
Peffoas Redes de ambas as Cortes , que entrarao na Cafa do Caia , 1. 3. n.9.
pag. 239.
Platao , fuaopiniao quanto ao araor dos deofes do paganifmo, 1. 1, n. 68.
§.IV. pag. 112.
Pleiiipotencia del-Rey Catholico para fe reduzirem a Tratado os Prelimi-
nares dos Calamentos dosPriaeipes do BraZil , 1. \. ^.24- pag. 17, Qutra ao Mar.
quez
' Ir^ dex do mais notdvel defte Lwro'. 4 6 1
que2 de h P.iz , '. i. n, 24. §. XVII, p.ig. 51. Outra ao Marquez de los Balbazes,
e C''peceiatio , 1. i.n.z^-. ^ XVJI. pag.49. Adel-Rey de Portusral .^o Marquez
de Ab-ar.te.s, 1. 1. n. 24. pag. 17. e§. XVlII. pag. 33. Outra ao Secretario de Ef-
tado Diogo de Mendonqa Corte-Real , 1. 1. n. ^). pag. 37. e n. XVIII. p.^g. 5:2.
Poemas em applaufo dos Reaes Defpoforios, fua noticia, I. 4. n. 63. pag.327.
en. 67. p.ig. 329.
Politica com que fe affinaraS as capitulacoens dos Cafamentos no Caia ,
1. 3. n. II pag. 240.
Pombeiru ( Conde de ) , como cumprimenta o Marquez de los Balbazes
'rio dia da fua entrada , 1. i. n. ^z.pag. 74. Conduiftor do Patriarca na audiencia
que tem del-Rey , e ^i Princeza das Aiturias , 1. i. n. 66. pag. 90.
Pomoeo , hum leu apophtheg;ma , 1. i. n. 67. §. V. pag 94.
Ponte de Belem para o defembarque.Real, fu3 delcripqan,1. 4. n. 43.^3^.31^.
Pontiticat na Se de Elvas, 1,3. n. 24. pag 276. Na Igreja da Conceicao da
Senhora de Villa-vir^ofa, I. 4. n. 1 1. p;ig. 294,^3 S(^ de Evora, 1. 4.n. 19. pag. 299,
Porto de Santa MARIA, divertem fe nefta Ilha Suas Mageftades , e Alte-
zas Catholicas, 1.4.^.3.^3^.288.
Portugal, tem por Padroeira a Virgem Senhora, venerada no M5 fterio da fua
Conceicao Immaculada, 1. i. n. 2.7.^3^,5:7. .Sa6 notorias em todo o mundo as pro
fecias da fua exaltaqao almperio, 1. i.n.67.§. IX. pag. 96. He Coroa de Hefpanhc»
1. i.n. 68,§. II. pag. 109,
Portuguezes , Id podem fer providos nos Oflicios , e lugares de Juftiqa da )U»
rifdiqao da Princeza do Brazil , I . i . n. 24. art. VI. §. X. pag. 25".
Prata , minas defte nuetal em Vina-viq<;ira , 1. 4. n. 9. pag. Z92.
Prelados das Religioens, carta que recebem para concorrer a funqao de acqao
de graqas pela publicaqao dos ajuftes dos Calamentos ) 1. 1. n. 10. pag. 10.
Preliminares dos Cafamentos , reduzidos aTratado , I. i. n.24. pag.17.
Prefente doSenado de Evoraa Princeza do Brazil , I. 4. n.20. pag. 300.
Principes das Afturias , quando fe velarao, I, 3. n. 17. pag. 243. Vide D. I'ec
nando, e D. Maria Barbara.
Principes doBrazil, ceremonia com que forao deitados na noite das fuas
Nupcias , 1.3. n.i6. pag. 243. Vide D. Jofeph , e D. Maria Anna Vitoria.
Prior da Igreja de Villaboim , fua Oracao , J. 3. n. 28. pag. 280.
ProcilToens ( Ca(a das ) , celebrale nella a outorga do Calamento dos Princi-
pes das Afturias_, fua defcripqao , 1. i.n.^^. pag. 76.
Profecias do Imperio de Portugal, notoiias cm todo omundo , I. i. n.6-j.
§. IX. pag. 96.
Provimento dejufticas , e OfHcios da jurifdiqao da Princeza do Brazil, J.r.
n. 24. art. VI. §. X. pag. 25". Outro femelhant.i da Princeza das Afturias, 1. 1. ^.25-.
art. VI.§. X. pag. ^^.
Purificaqao de MARIA Santiffima , Pontifical nefte dianaSe deEvora, 1, 4.
n. 19. pag. 299.
R
"P Atificncn6 dos PreliminaresdosCafamentos, I. i.xi> it. pag.i 2. DoTrata-
JTV do dos Defpoforios dosPrincipesdoBrazil, 1. 1. n.24. §.XIX. pag. 36. Dos
Cafamentos dos Principes das Aftuiias , 1. 1. n. 25-. <5. XIX. pag. 36'
Refrefco
4o6 Inclex do mais notavel defie Livro, .
Refrefco do Marquez de los Balbazes a Nobreza da Corte, pelos D^jfpofo-
rios dos Principes das Afturias, 1. i. n. 70. pag. 1 18. Outrj Real cm Belem no
dia daentradaem Lisboa,!. 4. n. ^^. pag. 317.
Regalias da Princeza do Brazil , 1. 1. n.24. art. V. §. IX. pag. 25'. Da Frinceza
das Afturias , 1. i. n. af. art. V. §. IX. pag. 44.
Rey de Portugal , Proteftor da Gonfraria da Conceiqao Immaculada da Se-
nhora , na fua Igreja de Villa*viqofa , I. 2. n. 40. pag.218.
Reysdehuma, eoutraCorte, fuagrandeza, 1.^. n. ^i.pag. 283.
Reys de Portugal, afnftem aos feftejos das noites pela outorga dos Cafa-
mcntos dos Principes das Afturias , 1. i.n. j^, pag. 78. C6mem publicamente
com os Principes do Brazil,!. 3.^.15". pag.242. en.17. pag.244. en, 19. pag- 243^.
en. 21. pag. 247.en. 24. pag. 276. on. 26. pag. 278.
Relaqao nova do Fogo do Caftello , por Thomas Pinto Brandao , 1. 4. n; ^j,
pag. 380.
Remedios, (Nofla Senhora dos) : Vide Maria Santiffima.
Retrato feu , que o Principe das Afturias manda i Princeza fua Efpola , 1. r.'
n-59- pag-78. ' '
Rodrigo, &c. ( Dom ), Marquez de Abrantes , noraeado Embaixador Ex-
traordinario a Caftella, 1. i.n.14, pag. 13. Partepara Madrid, I. i.n. i6,pag.i4,
Chega aquella Corte; ibidem. Sua entrada publica , 1. 1. n. 29.pag. ^S. Tem
audienciadel-Rey Catholico, 1, i. n.^y. pag.62. Da Rainha Catholica , l.i. n.36;
pag. 62. Da Princezado Brazil,!. i.n. ^y.pag. 63. DoPrincipe das Afturias, e dos
Infantes D. Carlos. D. Maria Anna Vitoria , D. Filippe , D. Luiz , e D. Thereza,
!. i.n. 39. pag. 64. Seu exprello a El-Rey , i.a. n. 34. pag.2,11. Vem encontrar-fe
com o mefmo Senhor ao caminho, I. 2. n. 4^ . pag. 224. Agente do ceremonial
das viftas dehumas , eoutras Mageftades, 1. 3. n. 2. pag. 229. Inliniia aEl-Rey
Catholico na funqao do Cdia, quem erao osFidaigosPoituguezes, que o cum-
primentavao, 1. 3'. n. ii.pag. 241. Deixa a fua Embaixada, I. 3. n. 30. pag. 281,
Prefente que faz a Princeza do Brazil ■■, ibidem.
Romance Hendecafylabo aos Reaes Defpoforios dos Principes do Brazil ,
1, 4. n. 67. pag. 346.
Ruas de Lisboa , feu ornato no dia da entrada Real, 1. 4.n. $6, pag. 524»
SAgui, prefente quefaz dehum oMarquez de Abrantes a Princeza doBra-
zil, I. 3.n. 30. pag. 281.
Santilfimo Sacramento levado porViatico, encontra-fe com Elle El-Rey
D. Joao ao fair de Elvas , ea companha-o , 1. 4, n. j. pag. 290. Efraola que faz a
doente, a quem fe levava ; ibidem.
Serado de Lisboa , aonde lecebe ,E1-Rey no diadafuaentrada em Li.sboa,
1. 4.n. ^T.pag. 321. Suas ordens , para fe fazer efta funqaS com maior plaulibili-
dade , 1. 4. n. 56. pag. 324. :
Senhoras da Cafa da Princeza do Brazil, prezentes q Ihes faz El-Rey Catho-
lico, 1. 3.n. 18. pag.244. Senhoras Caftelhanas, que entrirao rebuqadas no
Paqo Real em Elvas a fazer algumas galant^ias , I. 3. n. 21. pag. 247,
Senhoies que paftarao ao Caia, 1. 2. n, 4. pag. 186.
Sevilha,
Iiidex do mais notavel defie Livro. 407
Sevilha , chegao a efla Cidade Suas Mageftade? , e Altezas Catholicas ,
1. 4. n; 2. pag. 2S7. Como fa;") ;iqui recebidos ; ibidem. Sao convidados para o de-
vertimento de huma batida de Lobos , 1. 4. n. 4.pag 289.
Sylva d jornada Real , de Thomas Pinto Brandao , 1. 4. n. 67. pag. 36 r , Ou-
tra do mefmo as boas vindi,s, 1. 4. n. 6~i pag. 371. Outra do raelmo ao fogo do
Cafiello, I. 4. n. 67. pag'. 380. Outra domelmo, Obranova, 1.4.^.67,^3^.387.
Soneto de Eugenio Gerardo Lobo ao Principe das Ailurias, por huma iua
acqao heroica , \. 4. n.4. pag. 290.
TApada de Villa-vJqofa , fua defcripqao , 1. 4. n, 9. pag. 192.
Teftemunhas por parte del-Rey Catholico na funqao da Outorga dos Cafa-
famentosi dos Principes do Bra:'-il, 1. 1. n 39. pag. 64. Edos das Afturias , I.i. n. 56.
pag. 77. Por parte del-Rey de Portugal no Cafamento dos Principes do Brazil, 1. 1.
n* 39. pag. 64. E no dos das Afturias , 1. i. n. 5- 5" pag. 76.
Theodolio If. ( Dom), Duque de Braggn^a , fuffragio que Ihe faz El-Rey
1. 2.n, 42. pag, 219,
Theotonio ( Dom ) Arcebifpo de Evora , fuffragio que Ihe manda fazer El-
Rey,l. 2. n. 38, pag. 217.
Thomaz de Almeida ( Dom ) , Patriarca de Lisboa, celdbra mifTa de Pontifi-
cal na Santa Igreja Patriarcal , na funqao de ac<;a6 de graqas pelo aiufte dos Reaes
Cafaraentos, l.i. n. 10. pag.ii. Eouti-o na mefma BaTilica , I. r. n. 27. pag. 5-7. Ad-
miniftra o Sacramento da Gonfirmai^ao ao Principe , e aos Infantes D, Carlos ,
1. i.n.28. pag. 58. Celebiaos Defpoforios dos Principes das Afturias, 1, i, n. 61.
pag. 80. Tem audieneiada Princeza das Afturias , 1. 1. n. 66. pag. 90. Honras que
El-Rey Ihe facultou logoqueellefoipromovido d fua dignidade, I.i, n.66,pag.90.
Comohe recebido em Elvas , 1. 3 n. 2. pag. 228. Deita as benqaos aos Principes
do Brazil , 1. 3. n. 14. pag. 242. Pontifical que celebra na S6 de Elvas , 1. 3. n. 24.
pag, 276. Outronade Evora, 1. 4. n. 19. pag. 299.
Thomas de Araga6(Dom), Tenente Coronel , ordem querecebe, I, r.
n. 84. pag. 147. Parte para Muntijoa difpor o embarque das PelToas para Belem,
L4. n. 38. pag. 313. Sua incumbencia no dia daentiada em Li^boa , 1. 4. n. 46.
pag. 317.
TIioraasPintoBrandao, fuasObras,!. 4. n. 67. pag. 361. & feq,^
Titulos , carta que recebeni para concorrerconi El-Reya funqao da ac<^a5
de graqas, pelo ojufte dos Cafamentos Reaes , I, i. n. 10. pag. 10. Avifo que tem
para paffaraoCdia, 1. i. n.S^.pag. 149. Como acompanharao a Sua Mageftade
em humabatida decaga grofta naTapada de ViIlavic.ofa , I. 4. n. 12. pag. 295-.
Avifo que fc Ihes faz em hvora , 1. 4. n. 26, pag. 304.
Toledo ( Arcebifpo de ) , grandezii com que recebe o Marquez de Abrantcs,
1. 1. n. i6.pag. 14,
Touro , mata heroicamente hum,o Principcdas Afturias , 1. 4. n.^.pag. 289,
Como foi celebrada efta acc^aS ^ ibidem.
Tragicomedia reprefent:.daaspeftoas Reaes em Evora, 1. 4. n. 2i.pag. 301.
EaRainha D.Mariannade Auftria , ed Princcza do Brazil, 1. 4. n. 24. pag. 303.
Suceffo defta reprelentaqao i ibidem. Outra em applaufo dos Dclpoforios dos,
Princip^
4o8 Index do mais notavel defie Lhro.
Pdncipes do Brazil.l.^. ^..63. pag. 328.
Tratado Dotal , e Matrimonial da InfantaD. Maria Anna Vitoria,]. r. n.24.
pag. 17. Da Infanta D. Maria Barbara,!. i. n. 25. pag. 36. Dos Cafamentos dos
Principes do Brazil , 1. r. n. 24. §. I. & leq. pag. i8. Dos dos Principes das Aftu-
rias , 1. I. n. 25 §. I. & feq. pag. 37.
Ti6rn do Marquez de los Balbazes na fua entrada publica, 1. i.n. 48. pag.70.
Do Conde de Airumar nefla occafiao ; ibidcm.
Tribunacs, Decreto q fe Ihes expdde pelo ajufte dos Cafamentos , 1. i.n. g.
pag. 9. Ordem para concorrerem ao beiiamao , pelos Defpozorios dos Principcs
do Brazil, l.i.n.46. pag.69. E pelos dosPrincipesdas Afturias. I. j. n. 65. pag. 89,
Tropas Calielhanhas que concorrerao ao Caia , 1. 3. n. 5. pag. 235". Portugue-
zas,I. 3.n.6. pag. ^-36.
Turquezas, mineraes dellas em Villa-vi<iofa,I. 4. n. ^.pag. 19 ^.
V
VAlenqa( Marquezde), fuaOraqaoAcademicaaosDefpoforios dos Cafa-
mentos dosPrincipes doBrazil, l.i. n. 67. pag. 91,
Veado de Summa grandeza, morto pelo Infante D.,Antonio, I. 4. n: 13.
pag. '^y. celebrado Poeticamente pelo Conde da Ericeira iibidem .
Vendis-novas , quando fe comeqou efte Palacio , 1. i. n.ya. pag. 134. Sua
grandeza, 1. 1. . n. i a. & feq. pag. 1 97? O que faz de defpeza, 1- z. n. 16. pag. 199» Sua
delcrioqao , 1. 1. n. 17. pag. 200.
Venus , obfequio a humafuaeftatuadosmoradores de Egnido , 1. 1. n. 6y.
§. XXV. pag. 104.
Vcftido do Marquez de los Balbazes no dia da fua entrada publica, 1. 1. n.4.9;
pag. 72.
Vilhafranca ( Conde de ) , Condudor do Marqupz de Abrantes na fua entra-
da publia,!. 1.^.29.^3^.58.
Villa-viqofa , como recebe aEl-Rey na volta a Lisboa , I.4. n.6. pag. ^90.
Defcripqao defta Villa, 1. 4. n. 9. pag.292. Suas minas, e mineraes; ibidcm.
Delcripqao da fua Tapada , 1.4. n. 10. pag. 292.
Vifita do Marquez de los Balbazes na noite do diadafua entrada publica
ao Secretario de Eftado , 1. i.n.^i.pag. 74.
Viftas primeiras de humas , e outras Mageftades no Caia , I. 3. n. 9. pag.239.
Segundas, 1. 3. n.^^.pag. 276. ultimas , 1. 3, n 32 pag. 184.
Univerlidade de Evora, graqa que Ihe taz El-Rey D. Joao, 1.4.^.11. pag.soi-
F I N I S.
Erratas.
EmfjicJiJa.
s.
livros
pode
efta
femper
ex/edn
Cavalleiros,
Senhores, &;c,
V y hallandolos
alca^ada
a unque
a fegurar
confentirdir
le pa-parecere
y Tierras
infraefcripto
em tao
diftrlbuio
fo
elevavao-fe
dia 31.
exellencias
horoico
adesluzillos
vendor
efpeqo
panegyrica
apontas
]ivro 110 Prdlogo, pag. ro. §. 3. Ihw^l
f 6d2 110 Prclogo , pag. 1 2. §. 2. lin. penulihna,
tfte naprhueim Cenft-.ra da Ordeiii , lin. 2 .
fempre va Cei.ptra do'daiito Ofjicio, liii. j.
expedir va^. cota da pag. 6.
Cav^alleiros,
e Senhores,&c.«<?j?;« do §. lo. pag. 16.
y hallandolos no^.IKlin. penultima , pag. zl.
no art. I. §. /'.//>/. 2. p<:g. 21.
m art. 7X. §. XUI. lin. ^.pag. vj,
pag. i^i.lin. \Q).
pag.li . lin. pemiltrma para a tiltiifiA
pag. 46. art. IX. lin. r o.fara i r.
pag. 49. §. XFII. lin. 9. para 10.
pag. ^i.\lin. 6.
pag ^6.n. i6. Un. pcniilti ma.
pag. ^S.n.^oi Un. 11.
pag,6i.n. -^i.lin.^-
pag. 90. n. 65. !in. 6.
pag.^i.n. 6^. lin. i.
pag. 1 o 1. §. XFIII. lin. 2.
pag. 1 02 ■ §. XIX. lin. 6.
pag. 1 03 . §. XXIII I. iin. 1 o.
alcanzada
aun que
afegiirar
confentire ir
le parecere
y Tierra
infrafcripto
entao
diftribuio
fo
e levavao-fe
dia 13.
excellencias
heroico
a desluzillos
vencedor P^^S' ^°3' §• XXII lin.i^.
efpaqo pag. 1 3 1. §.1 . im. 15". •
Panegyrica pag. 1 66. no Titulo.
apontaJas pag. ijo.n.^z.lin.i,.
erdein P^g-^JS- na interliiiha ^o r Presbitefoh
Companheiro; pag.
Secretario pag.
fingeleiras pag. 1 99. §. 1 5-. lin. 1 z.para 1 3
Pancgyrica pag. 208. no Tttiilo
1 9 1. n. 8. lin. 8.
192. noTitulo do Avifo:
(n'dens
Companheiro
Secertario
fmgelereiras
panpgyrica
No Uia pois ja referido
de oito dejaneiro, &c* No dia oito de Janeiro fahio SuaMageiiade , &c.
pag. 1 89. 71 7, /;;/. 1.
No dia doze
deile Mez,&c.^rt^. 11 1. ;/.3 3, //';/. 7*
o Senado pag.iz^.n-^^.lin.-^.para/^.
pratos pag. 215". n. 46. lin. 17,
Livro III. pag.17,1. noTitulo.
D. Francifco pag. 133. lin. 10. para 1 1,
Soberanos
enxuval
Panegyrica
enxuval
Kefte mefmo dia dez
partio, &c.
oSedo
pratros ,
Liiro II.
D. cifco
«yeberanos
enchuval
pauegyrica
enchuval
ra veftirfe
bordadas
de bajo
pag. 140. n. 1 1. lin. ultima.
pag. -148. n. ^3. //;/, 13,
pag. 148, no Titiilo
pag.%^^. n. 13. lin. 4.
para veftir-fe pag.z^o. Numer.lF.lin. 6.
vordadas pag. 257. Niimcr, XFII. liii. 4.
debajo p^g-^^S^- Numer.Xfll. Itn. 4.
cachara
Erram,
Emmendas.,
cachara
flaquitto
Dna orza
un palancana
foma
i^anegryica
portes
Panegryica
Uejcrt^ao
Lisboa. Forao-na, &c.
Invoqao
ouvir MifTa. Continua-
ra5 , &c.
fe mandou
yoces
cuchara pag. 7.60. Ntimcr. 11. Un, if;
flaCquitto pag. 260. Namer. II. lin. i6.'
Una orza pag. 261. Niiiner. VI. lin. 9.
una palancana pag. zGt.Numer. VII. liv.i.
f 0 r m a pag. 263. Nii mer. IX. no Titulo , lin. 3 .
Panegyrica pag.zjo. no Ttciilo.
portos pag, 282. Un. antepentikima.
Pane^yrica pag- .286. no Titiilo.
Dejcripfao pag. i<)i. fia cdta.
Lisboai forao-aa, &c. pag. 300. n. 19. lin. 6*
Invocaqao p^g-S^j. «.30. /iii. tiltima.
ouvir MifTa-,
continuarao, Scc.pag. 308. «. 31. liii.-^.
fe mudou pag. 309. na lin. i.depois- do Avijo,
vQzes pag. 3 25. 71. ^S.lin. 16,
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