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Full text of "Fasto de hymeneo, ou, Historia panegyrica dos desposorios dos fidelissimos reys de Portugal, nosso senhores, D. Joseph I e D. Maria Anna Vitoria de Borbon"

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H  I  S  T  O  R  I  A 

PANEGYRICA 

DOS   DESPOSORIOS 

D  O  S 

FIDELISSIMOS  REYS 

DE     PORTUGAL, 
NOSSOS      SENHORES. 


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F   A    S    T    O 

HYMENEO, 

O  U 

HISTORIA  PANEGYRICA 

dos  Defpoforios  do^  FideliJJimos  B.eys  de 
Portiigalj   noJfosSenhorcs^ 

D.JOSEPH   I 
D.  M  A  R  I  A 

ANNA  VITORIA  DE  BORBON> 

qtie  (kdica  ,    c  conjagra  a  mefma  Fldelijfima   Magejlade  ,   da 

Rainha  noffa  Senhora , 

Fk JOSEPH  DA  NATiVIDADE> 

Fregador  Geral  da  Ordetn   dos    Pregadores  ,    na    Provin- 

cia  de  PortuiaL 

o 


L  I  S  B  O  A. 

Na   Officina    de    M  A  N  O  E  L     S   O  A  R  E  S. 

Anno  de  M.DCX:  LII- 


Cojntodai  as  /icenfas  nccejfarias^ 


V. 


--'SU: 


.<i    .1 


SENHORA. 


E  ainda  a  penna  de  hum  Clau- 
diano ,  qtie  mmca  Je  aparou  ,  tmn  apurou  para  tao 
alto  ajfumpto  ,  qualo  que  hoje  mprendo  ,  no  Epitha- 

Idmio 


■■n 


Idmio ,  que  tao  eloquentemente  dejcreveo  dos  Dcfporo- 
rios  da  Impcratriz  Maria ,  mulher  do  hnperador  Ho- 
norio  ,  fo  710  nome  igual ,  e  em  todos  os  ?nais  dlujlres 
predicados  ,  inmnparavelmente .  inferior  ,  e  vencida 
de  V.  Magejlade  :  Se  ainda  ,  pois  ,  huma  tao  eloquen- 
te  penna ,  apenas  poderia  fervir  para  exprejfar  hum 
tao  alto  argumento  \  hem  certo  he  ,  que  muito  menos 
acerto  fe  pode  prometer  ovoo  dehuma  tao  rajleira  ^  e 
tao  humilde ,  C07710  a  mmha. 

A  grandes  emprezas ,  fo  chegao  for^as  gran- 

V  des.  A  esfera ,  nao  defcanjou  fobre  homhros  de  Pji- 

gmeos ,  fimfohre  os  dos  Gigantes ,  da  eftatura ,  e  do  va- 

lor ,   quaes  forao  os  Athlantes  ,  e  os  Hercules.    A's 

aguias ,  he ,  quefo  he  dado  regiftrar  ^nais  de  perto 

os  raios  do  Sol.  Os  Alexandres ,  fo  fe  deixao  retratar 

.  dos  Apelles :  para  celehrar  as  Juasproezas ,  he  necejfa» 

'  rio  que  rejufcitem  os  Homeros. 

Ainda  af]im\  0  aJfeBo  defiel  VaJJallo  de  V.  Ma- 

geftade  ,  ate  infunde  animo  a  minha  i^ifufjiciencia ,  pa- 

ra  ajpirar  a  deixar  recommendada  h  pofteridade  nefta 

.Obra  y  amais  util  ^  eamais  glorioja  allianca  ^  que 

ja  mais  contrahio  a  Coroa  Portugueza ,  7ned/(Wii'  os 

Reacs  Defpoforios  de  V.  Mageftade  cotn  EiRey  nojfo 

Senhor.  A.jfmi  0  ejnprendo ,  em  jufto  dejpique  da  omif 

fao^  que  vaipor  7nais  de  vi7ite  e  tres  amios  tem  havi- 

doy  nao  a  havendo  alias  emfaHos  de  tanto  7nenos  mo- 

7nento ,  nos  eruditijjimos  talc7itos  ,  com  que  tatito  fe 

( ,  N  enfoherbece ,  e  illuflra  efte  Rejno  ,  e  a  qucjn  co7npetia 

O  Coneio  Doii-  inais  de  pifti^a  efte  e7npe7iho  ,  que  atequi nao  nos  te^n 

d°  acSade  d?Por^  ^^^^  ^  ^^^  ^  ?«^j;/(?r  gloria  defte  Rey7io  ,  710  igualmetite 

tf>,  Manofci  dos  hcroico  ,  quc  feliz  Co7tJ'orcio  de  V.  Mageftade  ,  cotn 

Keys  Bernardes ,  £//?^y  fjofto  Sc7ihor  ,  a  auc  hum  doutiiftmo  Orador 
110  Sermao ,  que   t  /•       /\         ^       i^  j.     ^  ►^   J^..^   „ 

pr^gou  na  mef-  Eva7igelico  (  I  )  7mo  acDOU  7ncnos  propor^ao  dvn^ro 

imCithedtai  dos  dsis  /imites  i  cjue  Jc  podc^n  pcrmittir  ^  que  osfa^radfis 
rios^e  aTa^Ma.'  I^^fp^^fi^^os  da  Mqy  de  Deos  ,  e  feu  Caftifmo  Efpofo, 
geftades.  de  cujas  altijjimas  virtudcs ,  aljim  como  nos  7wmei ,  V. 

Ma- 


Magefiade  ^  e  ElRey  nojjo  Scnhor  ^  fao  tao  ejchreci' 
dos  mjftadores ,  com  taojingular  exonplo ,  e  edtfica^ao 
de  feus  Vaffallos. 

Dejde  que  o  Tejo  ,  cofnegou  a  fer  tanto  mais 
vcjttajofo  ^doqtte  o  Man^anhres^  em  poffutrmaior  pre^ 
ciojidade  rtas  eflupendifjimas  prendas  da  natureza ,  e 
dagi-aga  de  V.Magefiade ,  do  que  nasjuas  tao  decan- 
iadasareias  deouro,  que  ainda  naojao  baftantes  pa- 
ra  numerallas  ,  nao  deviao  osjeus  Cysnes,  por.qmfn 
elle  ate  deixade  invejar  ao  mejmo  Ca^ftro  ,ficar  taoji- 
lenciofamente  omifjos ,  comoje  achaffem  nasjiias  aguas 
a  propriedade  ,  que  a  Fahula  tanto  encarece  nas  do  £<?- 
thes. 

Mas  eujSenhora^  eu  me  defvanego  muito  de Jervir 
de  cxemplo  ,  e  de  incentivo  a  engenhos  tao  fuperiores , 
eacujos  efcritos  as  inclytas  prerogativas  ^  com  que  a 
Mao  de  Deos  prendou  tao  diftinBa ,  e  Realmente  a  V. 
Mageftade ,  nao  canfarho  de  dar  huma  materia  ignal^ 
mente  inceffante ,  que  glorioja. 

Vor  elles  Jerao  mais  cofnpetentemente  efcritos 
fios  Anfiaes  Portuguezes  9  melhor  differa  da  fnejma 
Faffta ,  cofn  letras ,  e  ainda  mais ,  cofn  Jrazes  de  ourot 
os  quatro  mais  afjinalados  dias  que  virao.,  0  Maticana- 
res  y  oChia,  e  oTe]o  ■.,  os  dias  de  31.  de  Margo  de 
1 7 1 8.  19.  de  Janeiro ,  e  12.  de  Fevereiro  de  1729. 
€  7.  de  Setemhro  de  1750.  fauflifflfnos  para  0  maior 
efplendor ,  e  felicidade  da  Monarquia  Portugueza , 
cofn  0  Nafcimefito ,  Defpoforio ,  Efitrada ,  e  maior 
Exalta^ao  ,  e  Soberafia  regalia  de  V.  Magefiade  nefta 
Corte  ;  porque  fendo-o  em  tudo  0  mais  ,  fo  naoferia 
grande  fe  Ihe  Jaltaffe  ofer  esfera  de  tafita  grandeza  ,  e 
Mageftade. 

Ja  0  dta  de  31.  de  Margo  fe  promettia  afeli- 
cidade -,  egloria  de  fer  deftifiado  ao  Real  nafcimento 
de  V,  Mageftade  com  repetidiffmos  prefagios ,  que  ihes 
auguravao  hmna  tao  augufta  excellencia.  Unicafnen- 

te 


( ^ )         te  era  tido  o  mefmo  dja  por  infauflo  entre  cs  Ca/decs{:)\ 

Sacroprophanum  fe forem  efte  abujo  Je  cojfjervajje  ate  eftes  tempos  ,  p- 

t.2.  ad  diera  31.  caria  ccftando  dejde  0  Jelicijimo  dia  ,  em  qne  V.  Ma- 

I\iaitii.  geftade  appareceo  110  mundopara  0  illijlrars  ao  vKfrno 

tempo^  em  que  elle  tambemijegtmdo  alguirtus-  opir.loens -^ 

( 3 )  liajcia  ( 3 ) ;  e  mui  jufto  era  ,  que,  aivda  (jue  Jeja  tido 

Ibidem,  pe/o  u/timo  1  que  fecha  0  mez  de  Marfo  ,  pe/a  dignida' 

de  a  que  V.  Mageftade  com  ofeu  nata/icio  0  exa/tou , 

fojfe  oprimeiro  de  todos. 

Larga  materia  havia  para  difcorrer  fohre  as 

prerogativas   defte  tab  grande  dia  ,    horojcopo  mui 

Francifcus  Jun-  P^^prio  de  grandes  Principes  >    e  Princezas  ,    como 

«ainus;  f peculum  ajaz  fe  vio  ,  h/em  de  muitos  outros ,  nos  nafcimentos 

Aftrciogig;  t.  2.  ^Jq^  Maximi/ianos  Imperadores  ( 4)  ^  f  nas  Catharinas 
Kalendarium  Al-    ,     r>  ,      >  ^  /^^V/-      -^  // 

troiogicum.         de  Druges  [s)t  e  em  que  ate  najcerao  para  melhor 

coroa  ,  porque  eterna ,  t  g/ortofa^  as  Richejas ,  Rai- 

(5 )  nhas  de  Hungria  (  6 ) ;  mas  que  mais  he  neceffario  di- 

^  ^™'  ,  zer  ,  fenao  que  V.  Mageftade ,  que  he  huma  animada 

>.  ^  V  co//ec^ad  de  tudo  0  que  /jit  de  bom ,  e  de  grande  em  ani-^ 

Afta  Ssndlbrum  mos  Redes  •■,  e/ogio  ,  que  tanto  maispretence  dejufti- 

gi.Martii.  ^^  ii^  incomparaveis  virtudes  de  V.  Mageftade  >,    do 

que  a  quem  a  /ifonja  de  Q/audiano  impropriamente  0 

aitrihiia  ;  acahou  de  aperjei^oar  as  pre/jeminencias 

de  /ntm  tao  augufto  dia ,  nafcendo  para  a  Coroa  >  e 

para  0  coroar. 

Immenfo  foi  0  /uflre  ,    qtie  c//e  adhnirio  com 

huma  g/oria  tao  inacceffive/ ,  e  nao  explicave/.  Ofe- 

/icifjimo progrejjo  da  invio/ave/ paz ,  em  que  [mediante 

os  Redcs  Defpoforios  de  V.  Mageftade ,  cow  E/Rey  nof- 

fo  Senhor .,  coin  que p/ena7nentefeconftrmou)  tatitohd 

fe  conjervao ,  e  que  a  Divina  Bondade  queira  dig- 

'  nar-fe  de  perpetuar  as  duas  Coroas  Catho/ica  ,  e  Fide- 

( 7 )         iijfima ,  parece^  que  jd  em  outro  Jeme/hante  dia  ,  cor- 

P.  Francifco  de  rendo  0  anno  ^(?  1 37  i.foi  augurado  naspazes ,  que  en- 

nrHiftLdco.^sT  ^^^-/^  eftipu/draoentre  os  Sen/jores  Reys  D.Henrique  H. 

ce  Marijo.    *    '  de  CafteUa ,  e  Q.  Fernando  de  Portuga/  ( 7  ). 

Ate  18. 


yite  i8.  de  fajieh'0  de  1729.  foi  oC/iia  hum  (.^\ 

rio  y  ajjim  como  de  peqimio  cahedal  y  de  nao  grande  nren"^,'^^  o^u^uos 
iiGme  \  mas  defde  0  diajeguinte ,  0  comegon  ater  r^o  aiiegados  por 
grande ,  quepode  competir  com  0  meffno  Nilo.  Nunca  fo'^'^^  ^^LTrir  nla' 
elie  vio  y  como  naqueile  anno  ^  madrtigar  tao  cedo  a  ip.dejaneiro.g.i! 
Primavera,  entraiidopela  mefma  jurifdi^ao  da  hritmal 

quadra  do  Inverno.  '^  SocratL^^  Sigo- 

Triunfavao   nefte  dia  de  triunfos  ( tao  proprio  nio,  eoutrcslsi. 
de  exaitacoens  ,   como  0  podem  teflemunhar  no  Im-  Jy^^^'^^!,"?^.  '^^^' 
perio  do  Occidente  os  Grandes  Theodofios   (8),  ^<^  meimodia,^,^/^ 
do  Oriente  os  Arcadios  (  9  ) ) ,  os  antigos  P.omanos  ,         ( 10 ) ""  ^  ^ 
em  inemoria ,  e  ohfequio  da  vitoria  ,  que  nelle  ohteve  ^^P°^o»f"pra  cita- 
Paulo  Emtlio  dos  tarthaginefes  ( i  o ).  0  epitheto  de  dia    '    ^  ^  . 
de  triunfo  ,  Ihe  vem  como  nafcendo  ■,  pois  neiie\  ate  a  FrancKcus   Jun- 
Fe  triunfou  na  morte  do  impiijfmo  Henrique  VIII.  de  ^"lus,  fupia  cita- 
Ingiaterra  ( 1 1 )  ?  cabal  imitador  de  hum  ftdi(^  Apofta-    '     ^  j  ^  ^ 
ta ,  como  amhos  indlgno^  do  caraBer  da  Mageftade.  Fr.  Leao  de  San- 
Nao  fendo  inenos  triunfai  efte  diapara  a  noffa  Lulita-  J^  ^^'f.Z^l'  ^"* 
fiia  ,  pois  nelle  poz  tlKey  D.  ternanao  de  Lajtella  ae  dosnosFaftos,no 
fitio  a  Cidade  de  Coimhra  ,  que  entao  geinia  dehaixo  mefmodia,^.^. 
do  violento  jugo  dos  netos  de  Agar  (12);  nelie  alcan-  couto^  p^  ^  • 
^iiinos  hua gloriofa  vitoria  em  Chaul  (  13  )^  ^  fJ£lie  outros'aiii  mk- 
co7iquiftamos  em  hum  mejmo  dia ,  na  America-^  a  Forta-  "^°  citados,  §.  6, 

leza  de  Altenar  (  14) ,  ^  0  Forte  dos  Afo^ados  ( 15) ;  ^f  „   „  (/4  ) 

/  ''  a       ^    •     /  1^1        Ff-RafaeldeJE- 

tnnegavel ,  que  entre  tantos  trtufjjos  tem  tma  be?n  sus  ,  Caftdoto 

conhecida  diftingao  ,   0  triunfo  que  nefte  dia  confe^  Lufitano ,  Mene- 
guio  0  amor  no  Cliia ,  naquelle  igualmente  fobera-  Reitaurado^^^ 
«0,  que  faudofo  dia ,  omaior  que  jhmais  conjegm-  tros  citados  alli 
raoasfuas  aureasfetas.  Implicajicia  parecia  firmar  a  "^efmo,  §.7. 
taz  de  duas  nacoens  fohre  a  tnftahilidade  das  correntes  ^      (/5" ) 

-'^,    ,  .  ^         J f.       /'  •  /;       Os  mefmos  Au- 

de  hum  no ,  e  no  mefmo  Jttto  ,  que  tantas  vezes  Ibes  tores,  aiii  mefmo 
fervira  de  centro  da  mejma  dijl:ordia  ;  mas  ejfefoi  0  aiiegados,  §.8. 
diftinBivo ,  com  cjue  0  mefmo  amor  quiz  a(ji?iaiar  efte         ^  16 ) 
grande  trinmfo.  P-  Franciico  de 

Osfaaos  quefe  lem  nas  noffas  Riftorias ,  menos  ^rKiSo,^^.' 
feiizmente  a  contecidos  nefte  dia  (  16 ) ,  fie  podem  rc-  de  Janeiro, 

§  piitar 


putar pornenhtms  ^  contrapezados  com  tantafelkida- 
de  ,  como  confegmmos  em  ter  por  nojfa  Domlnante  a 
V.  Magefade  ,  cujo  no7ne  de  Vitoria  ,  ]a  trouxe  cortt 
figo  oprejagio  de  as  con/eguir-mos  inteiramente  de  to- 
daa  oppojii^ao.  e  variedade  do  tempo.e  dafortuna.  Sotn- 
hra  5  ou  figura  parece  qne  foi  dos  ReaesDeJpoJorios  de 
F.  Magellade  com  El-Rey  noffo  Senhor  >  o  apffle  que  no 
anno  de  iT^^^^.fizerao  ejnfetnelhante  dia  os  referidos 
Senhores  Rejis  de  Cafiella  ,  e  Portugai  D.  Henrique ,  e 
D.  Fernando  ,  do  Cajamento  do  Sereniffimo  hifante  de 
Hefpanha  D.  Fradique ,  com  a  Senhora  Infanta  de 
•  ^h^h  f      Portuga/  D. Beatriz (17).  Ao  taofehz dia de  19.  de 
outros  citados '     ^aneirOy  cahio  hem  ajorte  de  nos  dar  a  vigelma  tercei- 
nos  Faftos  de      ra  Rainha  de  Portugal ,  das  que  forao  dejpofadas  co?n 
Barbofa.ip.de  Ja-      jj^rr   ^       ^  Senhores  naturaes.  Nefie  dia ,  de  hum 

neiro,  §.4.  x/       ^J'    '  1         rr  r    1 

mez  conJ§grado  pelos  antigos  ao  deos  Jano ,  fechou 
V.  Mageflade  com  chavcs  de  diamante  asportas  dos 
Jeus  tcmplos ,  em  todas  as  Hefpanhas. 

Qeleherrimo  fe  fez por  muitos  titulos  0  dia  12.  de 

Fevereiro  entre  as  nagoens  de  maior  policta^  efingular' 

mente  entre  os  Gregos ,  e  Romanos.  Huns ,  e  outros  ojo- 

lemnizavao  cojn  mui  ejpeciaes  diftinpens:  osprimeiroSi 

Poio.fupr^  citato,  fcchando  com  elle  a  celehridade  dosjogos  Olympicos ,  etn 

12.  Februarii.       que  aprendia  a  exercitar-fe  heroicamente  a  mocidade 

O9)         da  Grecia  ( 18  ) ,-  e  os fegundos  ^  illuftrando  fefiivameji- 

■  .  \  te  comfachos.,  e  tochas  a  Cejarea  Cidade  de  Roma  (19): 

Couto.eFariaal-  ^  atnda  ficao  tamhem  aperder  de  vifta  asvitorias^ 

legados  por  Bar-  que  em  oittro  femelhante  dia  fizerao  as  noffas  armas , 

verei^o^^s'^^^^"  ig^^^^^^^^^^^^  '^^/^  gloriojas ,  que  mais  formidaveis  no 

f  ai )         Oriente  ,  nas  conquiftas  de  Vazem  ,  e  Datila  (  20  ) , 

Os mefmos,eou-  e  nas  vitorias  de  Ceilao  {21),  e de  Cota(ii) ;  olhan- 

trosAutores,alli  do para  0  triunfo  ,  com  que  V.  Mageftade  cortou  0  Tejoy 

g  ,_  ^    e  entrou  nefiafempre  fiohiliffima  Corte  de  Lishoa. 

(21)  Zelos  infinitos  deo  efle  maior  rio  das  HeJpanJjas 

Cioato.eFariaal-  ^^hqH^  tai)  glorio/b  dia  ,  a  todos  os  outros  rios  mais 
§.  4.  '  cekhrados  dos  P§etas  ,  e  dos  Hiftoriadores.  Parecia- 

Ihe, 


Ihe  ( e  affm  era ) ,  que  nem  dous  tao  grandes  dias ,  co- 

mo  elle  tlnhci  alcan^ado  ;  hum  ,  quando  o  Scnhor.  e  San- 

to  Rey  D.  Affonfo  Ecnriques  o  defopprhnio  dojugo 

Agareno  ;  e  outro  ,  em  queje  vio  re/lituido  a  fua  an- 

tiga  liherdade  na  mcmoravel  Acclama^ao  do  Scnhor 

Rej/  D.  Joao  IV.  podiaofer  comparaveis  ao  dia  ii.de 

Fevereiro  de  1729.  Ojentimento  com  que  chorava.  com 

todas  asfias  aguas ,  a  morte  de  huma  Princeza  tae  il- 

luflre ,  como  a  Senhora  Rainha  D.  Catharina .  mulher 

do  Senhor  Rey  D.  foao  lll.fucedida  no  anno  de  1 558. 

em  outrojemelhante  dia  (23)  .^ficou  cejjando  dejde  en-     t^iVKq 

tao parajempre  ,  dejde  aquelle  dia^  em  que  Ihefezper-  boia-  Catnaiogo 

der  huma  tao  jufiajaudade  ^  huma  Princeza  ,  huma  dasKamh^s. 

Rainha,  huma  Senhora  taofngular,  e  tao  incompara- 

vel. 

RematQu  finalmente  0  mejmo  augujlijfmo  rio  , 
a  maior  ckva^ao  das  fuas  glorias  ^  710  fempre  mernoran- 
do  ,  fempre  faiifio  ,  fempre  gloriofiffimo  dia  defete  de 
Setembro  de  1750.  em  que  V.  Mageflade  teve  igual 
exaltagao  do  qtie  feti  Real  Efpojo  ,  que  entao  foi  accla^ 
mado  noffo  Rey  ,  e  Senhor.  Conjagravao  os  antigos  ef- 
te  dia  ao  6(?/(  24) ,  0  que  parece  foi  augurio  de  que  nel-  p^jQ^  fupracitato 
le  havia  de  fuhir  aojeu  mais  alto  Zenith  0  Sol  das  Prin-  7.  Septembris, 
cezas  ,  V.  Magejlade.  Efte  dia  pajfoa  afer  mais  tri- 
unfd  er.tre  nos  ,por  efta  maior  foherania  de  V.  MageJ- 
tade t  doque  antiguamente  0 era  para  os  Romanos  ^ 
pela  vitoria  ,  que  alcan^ou  de  Carthago  (  25)  <?  Procon-  (^5") 
fil  Cecilio  Meteilo.  He  elle  dia  tao  proprio  de  nafci- 
mentos ,  e  exalta^oens  de  Princezas ,  que  ate para  qne 
em  hiima  das  Santas.,  que  nefle  dia  celehra  a  Igreja  con- 
cordaffe  ,  com  0  nome  que  elh  tinha  de  Regina  ,  a  Co- 
roa ,  e  a  Purpura  ,  Ihe  trouxe  huma  pomba  ao  temj^o 
do  feu  martyrio  aprimeira^  e  Ihe  deo  otyranno  Oly- 
brio  ,  que  a  mandou  degollar  ,  no  feu  illuflrijfimo  fan- 
gucy  afegunda  (  26 ).  Ethelhurga  Santa,  Rainha  ^paf  AaaSanaorum- 
Jou  tambem  em  outro  dia  como  efle ,  taSproprio  de  naj-  7.  Setembris. ' 

§  ii  cimentoSy 


chnemos »  e  exaltagoens  de  Pnncezas  ,  a  fiia  malor 
afcenfao  ^  por  htnna  morte ,  qualhavjajido  afua  vida, 
preciojijfima  aos  Olhos  do  Senhor'-,  porquc  72afco ,  e 
renajceo  qual  Fenis ,  para  a  Coroa  do  Reyno  dos  Ceos 
(^7)  (27). 

7.  Septembris"™  ^^^  verdade  he  ,  que  em  out?'o  dia  como  ejie 

iiajceo  aquella  deteflavel  Rainha  Ifahel  (  28  ) ,  oupor 

T    A-^^^?     '    melhor  dizer  i  7ezabel  de  Inslaterrai 

Junamus  lupra  '  -J  ^ 

citato,7.Septem- 

b"s.  que  de  taes  pays ,  tal  filha  fe  efperava ; 

mas  fao  tantas  outras  asjuas  excellencias ,  que  ape- 
nasfe  acha  menos  caho  nasjuas  glorias.  0  dia  fete  de 
Setemhro  de  1533.  em  que  fiafceo  aquelle  monjlro  da 
impiedade  ,  hem  ficou  revindicado ,  quando  em  outro 
tal  dia  nafceo ,  no  anno  de  1683.  ^  Serenijfima  Senho- 
ra  Rainha  dePortugal  D.  Marianna  dc  Aujirla.  May 
benemeritijjima  del-Rey  nojfo  Senhortque  parece  que  nao 
nafceo  mais  que  a  defpicallo ,  cotn  asfuas  altijjimas  vir- 
tudes  de  tantas  abojninagoens  ,  quantas  infamdrao 
aquella  tao  itjdigna  Mageflade. 

Mas  a  tnaior  gloria  defte  dia ,  foi  a  que  elle  ad- 
quirio  no  meio  deftejeculo ,  em  que  V.  Mageftade  fuhio 
ao  tneio  dia  da  fua  maior  exaha^ao  de  nojfa  adorada 
Rainha ,  e  Setihora.  He  tanto  verdade  ,  que  V.  Ma^ 
gefiade  he  ttojja  adorada  Raitiha ,  cotno  prejetitementc 
■  fe  acabou  de  ver  t  tto  fentitnento  que  occupou  todo  eftc 
Reytio  tia  tnolefiia  ,  de  que  V.  Magefladeje  achaja  cuni 
melhoras  ^  e  que  oCeo  tios perpetue ,  e  fe  he  poffivel  ^ 
etemize. 

0  Reyno  de  Portugal  tem  tido  no  Jeu  Real 
Throno  ,  Heromas  tao  grattdes  ,  que  pode  per- 
tetider  tiefta  parte  a  prefereticia  fobre  todas  as  Co- 
roas  }  tnas  que  tnuito  ,  fe  /6  V,  Mageflade  ,  que 
como  eu  ja  diffe  ,  he  hiim  epithotne  attitnado  de 
todas  as  Reaes  virtudes  ,  a  todas  as  pode  coroar. 

Mais 


Mais  larga  foi  a  mao  com  fjue  a  natureza  ,  eagraca 

repartirao  com  V.  Mageftade  osjetis  dons.  Em  hum  af- 

pe&o ,  e  em  hiim  ar  tao  efpeciofo  \  em  hum  filzo  tao 

vivo ,  e  confimado ;  na  arte  tao  heroica  da  venat6rta\ 

na  Angelica  da  mu(ica  ;  na  da  hordadura  ,  em  que  ain- 

da  que  ella  nao  fofje  fonhada  ,  e  fahulofa^  aindapode- 

ria  V.  Magejlade  levar  hum  grande  excejo  a  mejma 

Minerva  ;  e  em  outras  infinitas  prendas ,  com  que  a 

dotou^  parece  V.  Mageftade  o  Benjamhn  daprimeira, 

e  da  fegunda  :  nao  foi  menos  prendada.  V.  Magefiade 

nas  infinitas  virtudes  Ckriftaas ,  que  tanto  nohilttao  o 

feu  Real  animo. 

Alenor  ghria ,  e  menor  fantidade  naoejpera  ef- 

te  Reyno ,  e  a  Igreja  Univer/al  de  V.  Mageftade ,  e  da 

fua  Regia  prole ,  do  que  aquella  ,  com  que  tafito  a  con- 

decorarao  as  Duhis ,  arvores  tao  hoas  ,  como  o  tefte- 

inunhao  os  frutos  das  Beatas ,  Sancha  ,  e  There^i ;  as 

IJaheis  ;  huaspoftas  no  Altar  ,  outras  multiplicando  o 

mmicro  dos  Santos  com  as  produc^oens  das  Joannas  ^por 

cujos  veftigios  Je  efpera  ,    que  irao  caminhando  as 

Sereniffifnas  Senhoras  Donas  Marias  j  Marias  Prin- 

cezas  ,   Marias  Annas  ,   Marias  Francifcas  Doro- 

theas ,  e  Mar^as  Francifcas  BenediBas.  Em  V.  Ma- 

geftade  ,  Saihora  ,  tornardo  a  reviver  as  Filippas , 

Maes  dos  Fernandos;  as  Luizas^  dos  Theodofios^-de  hum 

Theodofio ,  de  quem  fe  efcreve  ,  que  nao  manchou  a 

candida  luzente  ,  efagrada  Chlamyde  hautifmal (i^) ;         (29 ) 

as  Marias  Sofias ,  e  as  Mariannas  de  Aufiria  ,  tao  il-  Sr^^^"?"?','"^ 
7/7  -       /■    •  /  a  ,..  -   /-  rr    TT    j*     Jtsiipo  de  Venca, 

luflres  ,  tao  religtoJai> -^ \c  tao  fantas.  He  V.  Ma-  m  Panegyrico 

geftade  (  torno  ainda  a  dizer  )  hum  compendio  das  dasexequias^del- 
virtudes^  nao  /6  deftas  ^  fenao  de  todas  as  ^«^r^^  ^elebMdasem^* 
Vrincezas  mais  preclaras ,  aos  Olhos  de  Deos ,  e  dos  Roma. 
homens. 

Efta  a  incomparavel  felicidade  ^  qiie  confeguio 
efte  Reyno  fnediante  os  Reaes  Dejpojorios  de  V.  Ma- 
geftade  cotn  El-Rej  noftfo  Senhor  y  effeito  befn  diverfo 

aa- 


daquelle ,  que  a  Mtthologia  nos  defcreve  ms  vodas  de 
Thetis ,  e  Veleo-i  ortgem  de  tantas  guerras ,  difcordks , 
e  ruinas ,  como  com  as  lagrymas  de  fangite  ,  com  que 
fe  engrojjavao  osfeus  cahedaes ,  chorou  o  Xamho.  Hija 
felicidade  tao  immenjamente  gloriofa ,  queira  a  Divi- 
fia  Bondade  que  a  vejamos ,  e  logre?nos ,  naopor  annos^ 
fenaoporfeculos.  Eternos ,  e  infinitos  os  dejeja  a  nojpi 
amante  expeda^ao ,  e  certamente  o  feriao  ,  Je  elles 
correjpondejfem  aa  mmero  das  Reaes  virtudes  de 
V^  Mageftade. 


Fr.  ^ojeph  da  Natividade. 


PROLOGO 

L  E  I  T  O  R. 


TArde  fae  a  tao  defejada  Hifloria  dos  Reaes 
Defpoforios  de  Suas  Mageflades  Fidelifli- 
mas  ;  mas  devera  ao  feu  foberano  affump- 
to  fazer-fe  tao  bom  lugar  na  aceita^ao 
dos  Leitores ,  como  fe  Ihe  nao  falrade  o  fainete  da 
novidade ,  que  ,  como  he  proloquio  bem  fabido , 
lempre  com  elJa  fe  fabem  fazer  agradaveis  os  ob- 
je6tos.  Os  primeiros  pratos  do  banquete  ,  ainda 
nao  fendo  dos  mais  exquifitos  ,  fao  fempre  de 
bom  goflo.  Todos  os  que  fe  vao  feguindo  ,  he  ne- 
ceflario,  para  ferem  bem  admittidos,  que  fe  apro* 
ximem  aos  mefmos  n^dares. 

O  arrojar-fe  ,  quem  nao  he  conhecido  no 
mundo  hterario ,  a  huma  empreza ,  que  ate  def- 
cor^oaria  aos  primeiros  Corifeos  da  hteratura ,  fem 
a^guma  duvida ,  que  he  temeridade  ;  mas  ver  eu  > 
que  engenlios  rao  elevados  como  fempre  produzio 
a  noila  Lufitana  ,  fe  nao  refolviaS  a  recomendar  a 
pofleridade  huma  ta3  grande  acgao  ,  ao  mefmo 
tempo ,  em  que  o  feu  exemplo  me  havia  de  ate^ 
morizar ,  o  emprender  referir  com  penna  tao  raf- 

'    ^  teira» 


teira  ,  memorias  tao  fublimes ,  nntes  me  fez  por 
hombros  a  huma  dehbera^ao  rao  aha  ,  coiifiado 
no  dito  do  Poera  :  que  afortmia  da  o  feafavarj  que 
nega  aos  thnidos ,  aos  audazes.  O  afiumpro  he  rao 
immenfo ,  que  ainda  Ihe  vem  hmitado  todo  o  ru- 
mor  da  fama  ,  eflreita  toda  a  esfera  da  doria :  fora 
Jogo  cair  igualmente  na  ignorancia  ,  que  na  impof- 
iibilidade  ,  emprender  eu  ,  ou  efperar  o  Leitor ,  de- 
lempenhado  cabal ,  e  dignamente  tanto  proje^o. 

Triunfar  de  impofliveis,  fo  a  Deos  ^  como 
Todo  Poderofo  ,  he  dado  :  fera  injuflo  qucm  pre- 
tenda  de  hum  homem  ,  tanto  y  como  da  mefma  Di- 
vindade.  Os  impofTiveis  que  ha  em  compor  bem 
huma  Hifloria ,  fao  innumeraveis.  Terei  (dizoce- 
lebre  Padre  Feijo  )  por  hm  Fenis ,  naojo  a  que?nfor 
infallivel  em  hfia  Hiftoria  ,  mas  ainda  a  quem  fc  li- 
vrar  dos  erros  mais  notaveis  ,  a  que  efia  prQpev.fo 
hiim  Hifioriador.  O  celebre  Fenelon ,  Arcebifpo  dc 
Gambrai ,  com  fer  a  verdadeira  Poefia;,  de  tao  diffi- 
cil  acceffo  ,  diz  :  que  tal  vez  ,  aijida  tem  por  mais 
raro  a  hum  hom  Hijioriador  ,  do  que  a  hum  grande 
Poeta. 

Trabalhei  quanto  me  foi  poffivel ,  porque 
efla  Hifloria  fahifTe  o  menos  imperfeita ;  mas  nem 
mefoi  pofTivel  evitar  alguns  defeitos ,  que,  excep- 
tuando  a  Sagrada  como  Obra  da  Verdade  infalli- 
vel  j  nenhuma  outra  deixa  de  os  ter  mais ,  ou  me- 
nos.-  masnem  me  foi  poiTivel  poder  evitar  alguns 
defeitos ,  e  efcrever  com  toda  a  fatisfagao  de  exac- 
^ao  em  algumas  partes.  O  Leitor  candido ,  e  be- 
nevolo  fabera  relevar  as  imperfeigoens  defle  meu 
trabalho  .•  agora  o  malevolo ,  e  mordaz ,  eile  em 
detrahir  _,  me  fara  muita  honra  ;  porque ,  como 
difle  com  galantaria  hum  Epigrammatico  :  Os  fnaos 
/6  fabem  dizer  bem  _,  do  que  tem  com  elles  algua  fe- 
Melhanga. 

Re- 


Repararas ,  que  vai  falta  efta  Obra  de  hiim 
dos  feus  principacs  ornatos  ,•  iflo  he  :  das  figurasy 
letras,  e  infcrip^oens  dos  Arcos  triunfdes ,  que  fe 
levantarao em  Lisboa,  em  doze  de  Fevereiro  do  fe- 
-iicilfimo  anno  de  1729,  dia,  em  que  os  Senhores 
B.eys  Dom  Jt)a6  V .  e  'Dona  Marianna  de  Auftria ,  e 
os  Sereniihmos  Principes  do  Brazil ,  hoje  noffos  In- 
clytos  Sobcranos ,  concluhida  a  jornada  do  Caia , 
entrarao  no  Emporio  nobiliifmio  defta  Cidade.  Os 
fitios,  emiiqjiie  fe  erguerao,  easNa^oens,  e  Offi- 
cios  por  cuja  conta  fe  erigerao.  Reparo  foi  efte,  que 
me  nao  pailbu  por  alto  ,•  mas  havendo  feito  huma 
grande  diligelicia  por  vencer  efta  difficuldade ,  nao 
-.furtio  o  effekd  que  eu  preteiidia  ,  4  imita^ao  de  An- 
tonio  Rodrigues  da  Godlta  ,■  do  Beneficiado  Francif- 
co  Leitao  Ferreira  ,  e  de  outros  Efcritores  de  feme- 
Ihante  inftituto.  E  que  muito ,  que  eu  nao  pudefle 
defcortinar  efta  noticia,.;fe^ella  jafoi  inaceftivel  a 
maiores  forgas !  ^'  ■- 

Primeiro  que  eu,  experimentoU  tambem  quan- 
to  tinha  de  ardua  a  mefma  difficuldade  Fr.  Apollina- 
rio  da  Conceicao ,  da  Ordem  de  meu  Serafico  ,  e 
grande  Padre  S.  Francifco ,  na  fua  Hiftoria  de  Nofta 
Senhora  dos  Martyres  ,•  porque  affirmando  em  hum 
Capitulo  ,  que  ja  mais  ie  executou  ac^ao  pubhca, 
grande ,  e  oftentofa  na  Corte  de  Lisboa ,  em  que  nao 
tivelfe  parte  o  diftrido  da  Primacial  Paroquia  da 
mefma  Senhora ,  quando  falla  do  referido  triunfo, 
com  que  forao  recebidos  os  mefmos  SereniffirriosSe- 
nhores ,  di:5 :  que  naopode  achar  mais  mticla ,  que 
&  que  Ihe  derao  pejjoas  fidedignas  do  fitioy  em  que, 
no  circutto ,  que  abrange  a  mefma  freguezia  ,  por  on- 
de  as peffoas  Reaes  entaohaviao  de fazer y-e fizerao 
tranfito  ,  fe  erguirao  alguns  arcos.  A  hum  Efcritor, 
nao  menos  infatigavel ,  do  que  douto  eomo  o  refe- 
rido ,  que  como  bem  he  de  crer  nao  havia  de  per^ 

§§  doar 


doar  a  diligencia  algumaypara  confeguir  o  Em  defta 
averigua^ao,  e  que  nao  pretendia  mais  ,  como  epa 
do  inftituto  do  feu  aflumpto,  do  que  defcobrir  os 
arcos,  que  namefoia  occafiao  fe  levantarao  no  am- 
bito  da  referida  Paroquia  ,  nao  Ihe  foi  poffivel  con- 
feguir  o  feu  intento  ,•  e  fendo  o  meu  defcobrir,  noo 
fomente  os  mefmos  arcos ,  de  que  elle  pretendia::a 
noticia ,  ienao  todos  aquelles  que  fe  erguerao  por 
onde  as  peflbas  B^eaes  fizerao  caminho,  como  mais 
.diffiicultofo ,  efpero  achar  difculpa  na  tua  benevo- 
lencia. 

Se  nem  ainda  a  noticia  mais  facil  de  defcobrir 
o  numero  certo  dos  mefmos  arcos , jfc^ode  a  veri- 
.guar,  .achando-fe  .em  humas  memoria&jilipreffas  no 
mefmpiai^p  de  29.,  q  forao  vinte,  eem^outras  que 
yinte  equatro,  qiie  he  aopiniao,  a  quenosencof 
tamos ,  que  muitoque  fe  care^a  da  outra  por  taii^ 
tas  circunftancias,  tanto  mais  recondita,  e  d.fficil  ? 
Sem  duvida,  que  nao  poflb  fer  obrigado  a  mais ,  do 
ique  a  por  toda  a  boa  diligencia  j  de  nenhum  modo 
a  confeguir ,  o  que  me  nao  he  poflivel.  Aproveitei 
todas  as  noticias  que  pude ,  e  confeflb  ingenuamen- 
te  as  que  nao  pude  adquirir  j  e  ainda  das  que  apro- 
veitei,fe  achares  alguma  duvida  no  corpo  deftaObra, 
vai  ao  fim  della ,  que  la  acharas  nas  erratas  a  fua 
emmenda ,  ou  desfeita  toda  a  duvida. 

Faria  efte  J^rdlogo  hum  fegundo  livro ,  fe  fof- 
fe  a  apontar  nelle  todas  as  outras  difficuldades,  que 
achei  nefte  trabalho  que  emprendi.  Os  monumentos 
de  que  me  fervi  para  a  fua  conftru^ao ,  acada  paflb 
fc  encontravao  huns  com  outros :  porexemplo,  dei- 
xando  outras  mil  particularidades :  huns  tem,  que 
o  tempo  ,  que  tiverao  Suas  Mageftades ,  e  Altezas 
najornada  doCaia,  foi  mui  placidamente  apprazi- 
velj  outros,  que  mui  deftemperadamente  inverno- 
fo.  Refere*fe  a  primeira  opiniao  a  D.  Francifco  Xa^ 

vier 


vier  de  Menezes ,  Conde  da  Ericeira  ,  que  di^ ,  que 
trinta  e  iete  dias  nao  choveo  na  Realjornada  ,  na 
vigefima  letinia  nota  ,  a  eftanca  32.  do  Poema 
que  fez  peios  confoantes  do  outro  da  Fabula  de 
Narcizo ,  e  Eco  ,  do  Duque  de  Montelhano ,  com 
quem  falla  o  Conde^  e  a  quem  excita  a  celebrar  com 
o  feu  felicifllmo  numenPoetico  a  Real  ac^ao  deftes 
Auguftos  Defpoforios ,  nos  termos  que  aqui  copia- 
mos ,  com  a  fiia  mefma  nota ,  a  margem : 

Cama  cotno  fe  ha  viflo  *  en  tiempo  breve ,  * 

quanto  a  mll  (iglos  occupar  podla  :  ^y.dhs  nollovid 

que  aumenta  Enero  grUlos  a  la  nieve  ^  mlasjornadas. 

porqtie  no  ernpane  el  Sol,  no  manche  el  dia. 
La  avtorcha  de  Hymeneo  inflamma  el  leve , 
hrumal  efpacio  de  Eflacion  tan  fria : 
devio  /a  excelfa  alian^a  ,  efle  dejvelo 
a  la  attencion  henevola  de  el  Cielo. 

Advirto  de  caminho ,  que  o  computo  de  trinta  e  fete 
dias ,  de  que  faz  men^ao  a  mefma  nota,  parece  erro 
dalmpreifao  ,•  porque  a  Realjornada  ,  que  os  Sere- 
niflimos  Senhores  Reys ,  e  Suas  Altezas  iizerao  ao 
Caia ,  havendo  iahido  os  mefmos  Senhores  de  Lis- 
boa  em  8.  de  Janeiro  ,  e  recolhendo-fe  a  mefma  Ci- 
dade  em  12.  de  Fevereiro  -no  referido  anno  de  29. 
fe  come^oUje  abfolveo  dentro  de  trinta  feisdias.  Ou- 
tro  iiador  da  mefma  opiniao ,  que  nos  iaibamos  ,  he 
o  Doutor  Jofeph  de  Matos  da  Rocha,  que  fallando 
no  Epithalamio  que  efcreveo  das  Suas  Reaes  Vodas, 
com  o  Serenilfimo  Principe  Noivo,  hoje  noiro  Rey, 
e  Senhor ,  diz  aifim  na  Oitava  28.  - 

Effa  eflagao  do  anno ,  que  inclemente 
de  chuvas ,  e  -de  friosfae  annada , 
com  vojjo  Pay  andou  tao  reverente , 
quejcmpre  teve  achuva  reprejada, 

'§§  ii  efo 


efo  ufou  dofrto  tivremente  ;  ' 

porque  nao  era  eftorvo  da  jornada  : 
nao  forao  pois  do  Inverno  dejvarm  , 
prender  as  chuvas ,  efoltar  osfrios. 
Julgamos  porem  a  primeira  opiniao^  que  feguimos> 
€  que  he  bem  apadrinhada  por  mais  provavei ,  mui- 
to  mais  attento  que  a  Poefia  para  lc  enfeitar  ,  e  pa- 
recer  mais  venufta  ,  gofta  deftas   mais  agradaveis  el^ 
pecies ,  com  que  nao  he  hcito  ornar  a  efcrupulofa  fe- 
veridade  da  Hiftoria ,  menos  que  ellas  fe  nao  dem 
as  maos  com  a  verdade. 

Ultimamente,  deixando  outras  muitas  circunf- 

tancias ,  direi  aJguma  coufa  fobre  o  eftylo.  Largo 

campo  me  offerecia  efta  materia  para  difcorrer  ,•  mas 

a  beneficio  da  brevidade  reftringerei  quanto  mais  me 

for  poftivel  o  difcurfo.  Impugna  o  muito  erudito  Pa- 

dre  Feijo  a  maior  parte  das  Hiftorias  modernamente 

cfcritas ,  a  que  elle  chama  Gazetaes.  O  methodo,  co* 

mo  elle  mefmo  confefTa ,    em  nenhuma  ciencia  he 

tao  difficil ,  como  na  Hiftoria ,  em  que  os  Lucianos, 

e  Volfios,  os  Mafcardis,  e  tantos  outros  antigOi,  e 

modernos  Meftres  della ,  jamais  prefcreverao,  nem 

era  poflivel ,  os  principios ,  e  regras  para  evitar  as 

fuas  inevitaveis  inconveniencias  ,  que  nem  puderao 

evadir  os  Herodotos,  Xinofontes,  Thucidides,  Poi)- 

bios,  Procopios,  Saluftios,  Tacitos,  Levios,  Mafeos, 

Catherinos,  e  tantos  outros  Hiftoriadores  antigos ,  e 

modernos  da  primeira  clafte :  e  como  o  ailimipto  def- 

ta  Hiftoria  ,  he  pela  maior  parte  diario  ,  fuppofto 

que  a  maior,  e  mais  luzida  parte  da  Augufta  acca5 

que  celebramos ,  he  a  Realjornada  ao  Caia,  dene- 

nhum  modo  nos  fora  licito  difpenfarmo-nos  de  efcre- 

ver  diariamente  os  trinta  e  feis  dias,  que  comprehen- 

deo  a  mefma  jornada  ,•  muito  mais  quando  nelles  fe 

vio  tao  altamente  praticado  o  aforifmo  de  Apelles, 

que  queria  ,  que  nem  paflkJre  hum  dia  ,  em  que  os 

feusi 


feus  com-profefTores  nao  deiraiTem  ao  menos  huma 
Jinha  ;  nao  havendo  algum,  defde  8.  de  Janeiro,  ate 
12.  de  Fevereiro  daqueilc  fauftiirmio  anno,  quc  nar> 
foire  cheio  de  accoens  tao  heroicas ,  que  poderi.: j 
honrar,  nao  [6  muitos  feculos ,  mas  a  mefma  etcrni^ 

dade. 

Agora  quanto  a  natureza  do  eftylo ,  he  nota^ 
vel  a  differen§a  que  ha  nefla  parte,  nas  opinioens  dos 
Legisladores  da  Hiftoria.  Nao  he  elle  omaisefTen- 
cial  deila  ;  mas  ao  mefmo  tempo  todos  procurao 
quanto  mais  Ihes  he  poiTivel  o  feu  maior  acerto ,  e 
ornato ,  rnaiormente  quando  os  tempos  eflao  ia6 
cheios  de  Leitores  malevolamente  criticos,  queper 
huma  palavrmha ,  ou  por  huma  cacafonia  imaginaria, 
fe  fazem  intruzos ,  e  feveros  Catoens  do  mundo  Li- 
terario ,  em  que  commummente  fao  os  que  menos, 
e  tal  vez  ,  fe  nao  he  na  enveja ,  que  nao  he  menos 
ignorancia  ,  nada  avultao  ,  ao  modo  dos  rios  ,  que 
quando  fao menos  caudalofos ;,  tanto  hemaior  a  bu* 
Iha  ,  e  eflrepito  que  fazem. 

Trabalhei  quando  pude  porque  foffe  no  eflylo 
natural,  e  feguifle  os  veftigios  dos  melhores  Hifl:o- 
riadores,  ao  modo  que  Eflacio  quer  quefe  adorem 
os  daEneida  Virgiliana.  Se  a  minha  incapacidade 
nao  pode  confeguir  o  fim  do  intento ,  ao  menos  nao 
fe.m^  negara  que  fempre  he  mui  louvavel  femelhan- 
te  defejo,  e  que  nao  pode  deixar  deferhuma  parte 
do  acerto,  ainda  que  nao  o  queirao  conceder  os  Lei- 
tores  mordazes  ,  de  cuja  parte,  na  opiniao'  do  alle- 
gado  Padre  Feijo  >  nao  fe  acha  menos  (como  Ihes 
chama  o  Padrc  )  inevitaveis,  e  infinitos  inconvenien- 
tes ,  do  que  os  que  fe  Ihe  offerccem  na  contextura 
da  fua  compoflcao.  O  certo  he ,  que  hem  ponderadas 
as  difficuldades  ,  que  encontra  quem  efcreve  huma 
Hiftoria  ,  muito  mais  Hiftoria  do  feu  tempo  ,  e  que 
talvez  pode  chegar  amao  demuitos  Acl:oresdeIIa, 

he 


he  huma  das  maiores  que  fe  podem  ofFerecer  a  hum 
Efcritor  y  muito  mais  fe  elle  nao  he  do  humor  de  cer- 
to  Francez  ,  que  efcrevendo  a  Hiftoria  das  guerras 
do  Imperador  Carlos  V.  com  Francifco  I  de  Franca, 
referio  do  fegundo  tudo  ,  o  que  havia  de  dizer  do 
primeiro  ,  e  ao  contrario. 

Poridergdas,  digo,  as  difficuldades  que  ha  cm 
fazer  a  collec^ao  dos  monumentos ,  e  noticias ,  em 
combinar  ,  conciliar,  eefcolher  as  opinioens  menos 
confor.mes ,  e  em  outras  infinitas  particularidades  j  a 
de  acertar  no  eftylo  ,  poflo  que  he  a  de  menos  efTen- 
cia,  nao  he  a  de  menos  trabalho.  Na  Franga  he  uni^ 
verfal ,  diz  o  mefmo  Padre  Feijo  ,  o  capricho  ,  e  a 
ja6lancia  que  fazem  os  feus  Hifloriadores  na  cultura, 
e  pureza  do  eflylo.  Infignemente  diz  o  mefmo  Padre, 
que  fo  podem  fer  baftantes  as  pennas  dos  Fenis,  para 
bem  efcrever  huma  Hiflorni.  Oh  quanto  he  certo  ! 
S6  pennas  arrancadas  das  azas  de  huma  Ave ,  que 
nao  ha  ,  podem  efcrever  hum  impofrivel.  Prefun^ao 
fora  logo  nuii  nefcia  da  parte  do  Author ,  e  Leitor 
de  huma  Hifloria,  prometter-fe  hum,  e  efperar  outro 
lograr  nella  todo  o  acerto  j  muito  mais  em  hum  tao 
foberano  argumento.  He  opiniao  do  noilb  Manoel 
de  Faria  e  Soufa  :  que  em  tudo  erra  ,  qttem  fe  per^ 
jiiade  qiie  acerta  em  tudo. 

Efta  grande  imperfei^ao  ,  pela  bondade  do 
AltifTimO;  ja  mais  meinfatuou.  Humilde,  e  ingenu- 
amente  reconhe^o  ,  e  proteflo  as  grandes  difficulda- 
des  do  meu  aflumpto ,  e  que  fao  as  minhas  for^as 
as  que  menos  chegao  para  vencer  tao  immenfos  obf- 
taculos.  Unica ,  e  cabalmente  perfeito  ,  ninguem 
abaixo  de  Deos  o  pode  fer :  o  que  mais  fe  pode  con- 
feguir,  he  crrar  hum  menos,  do  que  outro.  Mas  he 
tempo  de  concluir  efte  Prologo ,  o  que  farei ,  fallan- 
do  em  outros  muitos  pontos,  que  podiao  ter  bom  ca- 
bimento,  mais,  do  que  em  hum  tambem  pretencente 
ao  eftylo.  Bal- 


r  Baldadamente  pretende  a  melancolia  nimia- 

mente  efcmpulofa  de  muitos  Criticos,  ou,por  melhor 

dizer,  Anti-Ciiricosy  excluir  inteiramente  daHiftoria 

'  as  exprefFoens  Poeticas.  O  nofTo  Literatiirimo 'Anto- 

•-  nio  de  Soufa  -de  Masiedo  diz ,  dandb  a  razao ; '  que 

nem  huMhreve  papef,'ou  carta  ^fcreyerh  bem ,  quein 

nao  toque  de  Poeta-y  togo  muito  mais  nec^flario  fera 

efle  requifito  paraefci^ever  huma  Hiflbria:  qiiehe, 

como  fica  pondcrado ,  hum  dos  empenhos  mais  inac- 

cefTiveis  de  hum  AiJchor.  Menos  no  numero ,  ein 

tudo  o  mais,  he  aHiftoria  huma  re6la  Poefia,  ria 

-opiniao  de  Agathias,  citado  por  VofTio,  na  fua  Arte 

i^a  Hifloria.  Foi  opiniao  de  Alicarnafeo,  que  as  Hit 

-torias  de  Herodoto ,  e  ThucidideSj  nao  erdld  fenaio 

huma  bellifTima ,  e  brilhante  Poefla  •/'  o  primeiro  da* 

quelles  dous  Hiftoriadores ,  Pay ,  e  "Principe  de  td- 

dos  elles ,  foi  pondo  nos  nove  livros  da  fua  Hiflori^ 

os  nomes  das  nove  Mufas  ,♦  e  da  Hif^oria  do  fegun- 

do ,  fe  valerao  muitosPoetas,  para  ornar,  e  a  fermo*- 

fear  os  feus  verfos.  ^    '        .. 

Inftituindo  Luciano  '  rcgras  mui  excellentes 
para  efcrever  huma  Hifloria,  tanto  recommenda  que 
feja  o  eflylo  claro,  como  altiloco,  de  modo  que 
cheguc  a  ro^arfe  com  o  Poetico  ,  miiormente  nas 
defcripgoens ,  em  que  poem  por  exemplo  as  das  ba- 
talhas  campaes ,  e  navaes  ,•  doutrina  efla ,  que  tam- 
bem  fegue  o  celebre  D.  Antonio  de  Solis  na  fua  Hif^ 
toria  de  Mexico  ,•  porque  as  defcrip^oens ,  diz  elle  i 
Jao  como  humas pintura^y  que  paraje  exprimtrem  com 
mais  viveza,  e  ardor  y  necejjitao  dejerem  ma-s  colo-' 
ridas.  Leva  Quintihano  a  opiniao  de  que  a  Poetica^ 
e  a  Hifloria  fao  ciencias  ,  que  grandemente  fe  apro- 
ximao.  Opina  Agoflinho  Mafcardi  na  fua  Atte  Hif- 
torica ,  que  a  Hifloria  pode  fer  moderadamente  Poe^ 
tica;  porque,  diz  ellc  com  outros ,  que  nao  fao  os 
feus  confins  tao  afaftados  dos  da  Poetica ,  que  inr- 

pidao 


pidao^fua  mutua  cqmniiumca^ao ,  e  f)odcr  entrar 
.  huma  na  jurifdic^ao  da  outra.    . . '  .uvjin 

,;,  ,r|,i  Sefo(remQs.a.referir-  tudo  ,  o  que.fobre.  efte 
"diflame,  efcreverao  f  os  qne  prefcreverao 'as  Leis  da 
^  Hifto4i.a^...feria.proceilp  iiifinitq.  O  quefica  dito  ,;he 

mui  bailante  :  agora  paifaremos  da  theQrica,  a  prati- 
■  ca.;^  ifto',he ,  4q  qup  diiferao. ps  Meftres  da  Hiftoria, 
'ao  (jiie  Q.{),ra'rap!  Jjqjjre^  efte  preceito  >  Qsjque  aefcre- 

^  ,f  4^a-nQs.  primeiramelite'  caminho  a  mefma 
Sagra^a  Efcritura,  que  na  opiniao  de  muitos ,  foi 
efcritarem  verfo  ;  e.Authores  ir-ui  doutos ,  graves>e 
pios  Ihes  chamao  Poema  do  Efpirito  S.into.  O  certo 
Jie.it  ^'ri^Iso  menos  os  Canticos  de  ambos  os  Teik- 
jnentos-,-  V clho ,  ej  Nqvo.  fao  Poeticos,  e  que  inteiri- 
jnente  g^fao  o  Pfalterio  de  Dayid,.a'  qujera  o  Maximo 
jdosquatrq  maior,es  DoutoreS'da  Igreja,  daos  nomes 
de  S.'mqnides ,  Pindaro ,  Alceo,  Horacio  ,  Catulo, 
f  Sereno  j  o  hvro  dos  Canticos ,  de  quem  diz  o  mef 
moS.  Jeronymo  fer  humEpithalamio  Piofetico  dos 
pefpqforios  deJESU  Chrifto  com  a  fua  Igreja  ,  e 
muitqs.  dos  hvros  dos  Prqfetas.  Outros  muitos  luga- 
res  do  mefmo  Divino  Poema ,  fe  podiao  allegar  cm 
abono  dcfla  iqpiniaoj  mas-os  exemplos  que  tazem 
inais  ao  noflb  intento  ,  fao  os  dos  hvros  Hiftoricos 
oa  mefraa  Sagrada  Efcritura,. 

Manoel  de  Faria  e  SQufa,juftificando  no  Pro- 
logo  da  fua  Europa  ,  fobre  o  mefmo  Capitulo,  os 
ieus  efcritos ,  allega  ao  mefrao  intento  que  levamos, 

Reg,cap,2i.f,ti'  eftas  palavras  do  Yerficulo  12.  do  Cap.  22.  do  fegun- 
do  livros  dos  Reys :  Crihrans.  aquas  de  7jubibus  ;  co- 
mo  porem  eftas  palavras  fe  referem  ao  Pfalmo  1 7. 
baftarao  para  exemplo  outras  duas  allegatas  de  livros 
Hiftoricos  daEfcritura,  alli  mefmo  citadas  pelo  re- 
ferido  Author.   A  primeira  he  do  Verficulo  nono, 

r«&.ffl/>.  11.^9,  doCapitulo  II.  dohvro  deTobias,  defcrevendo  a 

fefta 


fefta  que  iizera  o  cao ,  que  acompanhara  ao  meC 

mo  Tobias ,  quando  efte  fe  recolheo  a  fua  cafa ,  a 

familia  della.  Igneamente  he  mais  Poetica  a  fegun- 

da,  e  he  o  Verciculo  39.  do  Capitulo  6.  do  primeiro  Machab.c.^.f.^^. 

livro  dos  Macabeos ,  em  que  refere  a  illumina^ao 

que  caufava  nos  montes  o  reflexo  dos  rayos  do  Sol 

que  vinha  nafcendp ,  que  davao  nos  efcudos  de  me- 

tal  de  hims  foldados. 

Secundariamerie  prova  o  mefmo  Faria  o  feu, 
e  o  noflb  empenho  com  os  graves  exemplos  dos  P* 
dres ,  trazendo  lugares  de  S.  Jeronymo ,  e  de  Paulo 
Orofio ,  que  no  lugar  citado-  fe  podem  confultar, 
Tambem  nelle  fe  podem  ver  as  citacoens ,  que  elle, 
exceptuando  Quinto  Curcio ,  por  fer  na  fua  opiniao 
quafi  inteiramente  Poetico,  faz  ^o  mefmo  tempo  das 
paffagens  de  outros  graves  Hilloriadores ,  como  Sa- 
luftio,  Floro,  Livio,  Apiano,  Juflino,  Mafeo,e 
Joao  de  Barros ,  que  tao  dignamente  fe  al^ou  com 
o  nome ,  que  por  excellencia  fe  Ihe  da,  de  Livio  Por- 


tuguez. 


Ultimamente  fe  podia  allegar  a  fi  o  mefmo 
Faria  ,  no  feu  Epithome  da  Hijtoria  Portugtieza ,  na 
opiniao  de  muitos,  o  mais  relevante  efcrito,  que  fahio 
da  fua  grande  penna  ;  porque  efta  Hifloria,  he  a 
reducgao ,  a  profa  d^  hum  Poema  ,  que  elle  compu- 
zera  das  accoens  dos  Senhores  Reys  de  Portugal  j 
e  que  elle  nao  quiz  publicar,  por  haver  entendido 
que  era  aquelle  trabalho  menos  conforme  aos  ele- 
mentos  da  Epopeia ,  que  requerem  a  unica  ac^ao 
de  hum  unico  Heroe. 

Duro  fora  de  fupportar,  que  a  circunfpec^ao 
da  Hifloria  fe  profanaflc  com  algumas  frazes ,  e  me- 
thaforas  de  que  ufao  os  Poetas ,  -como  fe  nella  fe 
chamaffe  a  primavera  aurora  do  anno ,  ao  mar  fe- 
pulcro  doSoI,  e  femelhantes,-  mas  ufar  na  mefma 
Hifloria  do  eflylo  Poetico ,  principalmente  nas  def- 

§§§  crip^oensj 


cnpgoens,  comoja  diflemos,  que  aflim  o' recommeri- 
davao  Luciano  ,  Solis,  e  outros  com  prudencia  ,  e 
modera^ao  ,•  ifto,  como  fica  moftrado,  nao  he  mais 
que  fazer  o  que  enfinao  os  Meftres ,  e  6  que  fizerao 
os  Profeirores.  O  eftylo  do  noftx)  tao  juftamente  efti- 
mado  Jacinto  Freire  de  Andrade  ,  quem  nao  dira ., 
fuppofta  a  ftia  tao  alta  eleva^ao ,  que  he  filho  de 
hum  verdadeiro  enthufiafiTio  Poetico  ?  Henrique  Ca- 
therino  ,  hum  dos  mais  claros ,  e  felizes  Efcritores  da 
Hiftoria  ,  na  grande  exa^ao  com  que  provocou  ef- 
crever  as  guerras  civis  deFran^a,  nao  pode  dcjxap 
de  exhalar  em  muitas  partes,  grandes  labaredas  Poe- 
ticas.,  E que  direi de  hum EminentiflimoDom  A!va- 
ro  Cienfuegos  ?  Como  fe  podera  negar ,  que  nao  he 
mais  altiloco  Lucano  na  fua  Farfalia,  do  que  elle  na 
yida,  que  efcreveo  do  Santo  Borja  ? 

Agora  finalmente  ,  deixando  outras  muitas 
razoens,  por  nao  alargar  tanto  efte  Prologo,  direi 
alguma  coufa  relpe6livamente  ,  ao  que  diz  o  Padre 
Feij6,fobre  a  qualidade  do  eftylo  daHiftoria.  Nao 
quer  o  dito  Padre,  que  elle  leja  vulgar ,  nem  Poeti- 
co.  Ao  mefmo  tempo  diz ,  que  quem  fe  contenta 
com  o  eftylo  medio  ,  deixa  a  Hiftoria  fem  atra^livo, 
e  fermofura.  Livre  defeja  a  Hiftoria  da  vulgaridade, 
e  da  Poetica  ,  e  mais  defte  fegundo  ,  que  do  primei- 
ro  extremo  ,•  e  como  ao  mefmo  tempo ,  nem  Ihe  quer 
conceder  a  mediania ,  he  logo  impofllvel ,  fegundo 
a  fua  doutrina  ,  efcrever  huma  Hiftoria.  Hum  Hifto- 
riador  porem,  a  que  elle  he  tao  addidto  ,  que  por  af- 
fe6to,  e  carinho ,  Ihe  chama  feu  D.  Antonio  de  So- 
lis,  nofeu  ja  allegado  Prologo  daHiftoria  de  Me- 
xico ,  nao  exclue  nenhum  dos  tres  eftylos  que  o  Pa- 
dre  Feijo  recuf^  A  fua  opiniao  he  j  que  o  eftylo 
humilde,  vulgar,  ou  familiar,  proprio  do  eftylo  epif 
tolar ,  pode  ter  applica^ao  na  narragao  dos  fuceiros: 
omedio,  ou  moderado,  proprio  d^Oratoria,  nas 

oracoens, 


oragoens,  fallas  ,  e  difcurfoSj  eomais  elevado,  e 
fublime ,  propiio  da  Poetica ,  pode  ,  como  ja  diife- 
mos  ,  ter  lugar  nas  defcrip^oens. 

Ao  Leitor  douto,  e  candido  he  que  toca  re- 
folver  qual  deftas  duas  e>;^inioens  he  mais  digna  de 
aceitagao.  Reparara  para  fizer  efte  juizo  najufta 
venera^ao ,  em  que  o  douto  Padre  tinha  aquclle  Au- 
thor  ,  e  tam.bem  refle^lira  nas  palavras  que  exprefla- 
mente  diz  a  refpeito  da  mefma  Hiftoria  Mexicana 
deSoIis ,  que  fao  eftas .-  Francta  que  estanja&an- 
ctoja  en  efla  parte  (falla  na  cultura,  e  pureza  do  ef 
tylo )  Jaqtie  a  el  paralelo  fis  mas  delkadas  plumas , 
parezca  en  campanaju  decantadiffitno  Teletnaco,  que 
yo  apuejlo  a  el  doble  por  mi  Don  Antonio  de  Soih  ,  co- 
?tio  fe  poitga  en  mattos  de  habiles ,  y  defapajjionados 
cnticos  la  decijton. 

Refle^iindo-fe  agora  que  oPadre  Feijo  faz 

parallelo  da  Hiftoria  de  Solis,  com  o  Telemaco  do 

Arcebifpo  de  Cambrai,  que  ie  pretende  que  feja  hum 

Poema  Epico ,  huma  de  duas  5  ou  o  mefmo  paralle- 

lo  nao  efta  bem  feito ,  entre  huma  Hiftoria  verda- 

deira ,  qual  he  a  de.  Mexico  ,  em  que  fegundo  a  re- 

ferida  doutrina  do  mefmo  Padre  Feijo,  nao  fe  pode 

admittir  o  crtylo  fublime,  ou  Poetico  ,•  e  outraHif 

toria  fabulofa ,  qual  he  a  de  Telemaco ,  em  que  ha- 

via  mais  liberdadc  de  empregar ,  como  de  fadlo  em- 

pregou  nella  feu  Author,  oeftylo  Poetico,  muito 

mais  tendo  ,  como  tem  ,  o  mefmo  Telemaco  a  iua 

raiz  na  Odyfl^ea  de  Homero ,  de  que  aflim  como  da 

Iliada  ,  e  da  Eneida  he  huma  engenhofiflima  imita- 

^ao ,  como  bem  explana  o  difcurfo  preliminar ,  que 

Ihe  precede  ,•  ou ,  fe  o  parallelo  nao  efta  mal  feito  ,  o 

eftylo  da  mefma  Hiftoria  de  Solis  tem  muito  de  Poe- 

tico  j  ou ,  por  melhor  dizer  ,  o  devia  fer  inteiramen- 

te ,  para  fer  ( nao  obftante  o  fubterfugio  a  que  fe  pre- 

tenda  recorrer ,   de  que  nefta  compara^ao  entre  a 

§§§  ii  Hifto^ 


Hiftoria  de  Mexico ,  c  o  Telemaco  fo  fe  falla  refpe- 
^ivamente  apureza,  e  cultura  do  eftylo)  compara- 
vel  ao  do  Telemaco  inteiramente  Poetico  ,•  muito 
mais  quando  o  mefmo  Padre  quer  apoftar  a  dobrar 
pela  ventagem  da  Hiftoripc-Je  Solis ,  e  neftes  termo$ 
confequentemente  determinara  oLeitor  douto^  fe 
pode ,  ou  nao  pode  prevalecer  a  allegada  doiitrina 
do  mefmo  Padre ,  quanto  ao  eftylo  da  Hiftoria. 

Em  fim  ,  quando  todos  os  efcrupulos  dos  Cri- 
ticos  tivellem  melhor  fundamento  do  que  as  razoens, 
expendidas  ,•  como  efta  Hiftoria  he  Panegyrica ,  e 
como  he  tao  fublime  o  feu  argumento,  por  tudo 
ifto  me  era  mais  licito  valer-me  de  huma  faculdade, 
que  Ihes  concedem  os  primeiros  Legisladores ,  e  pra- 
ticos  da  Hiftoria ,  e  de  que  raras  vezes  me  vali  em 
algumas  defcrip^oens ,  e  fempre  com  aquella  mode- 
ra§a6,que  me  pareceo  mais  conveniente ,  e  mais  con- 
forme  aos  diilames ,  e  exemplos  dos  mefmos  Mef- 
tres ;  pelo  que  efpero,  que  dos  defeitos ,  alfim  defte, 
como  de  quaefquer  outros  meus  efcritos ,  que  eu 
nao  puder  evitar,  me  defculpe  oLeitor  judiciofo,- 
porque  os  que  mais  o  fao ,  como  quem  bem  fabe 
que  todos ,  como  filhos  da  ignorancia ,  igualmente 
quc  daculpa,  eftamos  fujeitos  a  miferia  de  errar, 
fao  tambem.os  que  mais  fe  comprazem  de  ufarda 
benevolenciai 


V     A    L    E. 


LICEN- 


L  I  C  E  N  q  A 

D  A    O  R  D  E  M. 

uipprova^ao  do  M.R.  P.  Fr.  Manoel  do  Rofario  ,  Meftre  na  Sa- 
grada  Theologta ,  eni  os  Eftndos  geraes  da  mejma  Ordem ,  Co/t' 
fuhor  do  Saiito  Offlcio,  Examinador  das  Tres  Ordens  MHtta". 
res  ,  e  ChroHifla  da  Ordem  dos  Pregadores  ,  ua  Pravincia  de 
Portvgal. 

REVERENDISSIMO  P.  M.  PROVINaAL. 

DA  fecunda  penna  do  R.  P.  Pi^gador  Geral  Fr.  Jofeph  da 
Natividade  ,  nafce  efta  Fafto  de  Hymeneo  ,  ou  Hiftoria  Pa- 
negyrica  dos  Deffojorios  dos  pidelijfimos  Reis  de  Portiigal, 
por  vcntura  nofla  hoje  Reinantes.  Na6  le  limita  a  fecundade  def- 
ta  pennaem  hum  fo  genero  de  efcritos;  e  occupada  at^gora  era 
efcrever  Vidas,  e  Triunfos  de  Herbes  da  Santidade  ,  que  illuftri- 
rao  os  noflbs  Clauftros  ,  e  acreditao  os  noflbs  Agiologios ,  goflo- 
famente  fe  diverte  era  defcrever  o  fagrado  Hymeneo  dos  noflbs 
Heroicos  Monarcas,  de  cujas  raras  virtudes,  puderaS  vir  apren- 
der  a  grande  arte  de  Reinar  ,  fem  ofFenfa  fua,  antes  com  grande 
augmento  feu  ,  os  mais  famigerados ,  que  por  todos  os  ieculos  ce« 
lebrou ,  com  todos  os  feus  claris ,  a  fama. 

Tcmou  efte  Efcritcr  por  norte  a  Sentenqa  do  grande  Eu* 
thimio :  Nozis  rtbus ,  novo  cantu  cpus  ejl.  E  fe  at^qui  fe  empre- 
gava  afua  penna  em  Fpinicios,  e  Epizodios  para  celebrar  triun-  Euthm.  in  PjaL 
fos ,  e  gloriofos  funeraes  de  tantos  ,  quantos  tem  dado  a  luz  nos  97. 
feus  copiofos  livros ;  muda  agcra  de  eftylo  para  cantar  Epitha- 
]amios ,  e  augurar  jd  defde  o  principio  os  Genethaliacos ,  ao  feliz 
Hymendo ,  que  com  tanta  pontualidade  defcreve. 

Na6  coube  na  fiel  narrativa  defte  gloriofo  Fafto ,  declinar 
para  Panegyrico  das  grandes  felicidades  ,  que  a  Portugal ,  eCaf- 
lella  rezultab  dcfte  augufto ,  e  feliz  Def  poforio  ,  por  le  na5  apar- 
iar  hum  apice  do  eftylo  Hiftorico,  que  tem  por  unica  empreza 
a  verdadeira  relaqao  dos  fucefl^os.  Efta  exada  pontualidade  (di« 
ga  o  que  quizer  a  nunca  fatisfeita  critica  )  o  difpenfou  de  invo- 
car  divindades  eftranhas  ,  e  mentidas  ,  ccmo  coftuma/ao  nos 
ieus  defpoforios  os  Antigos  ;  epara  aqui,  lenao  fora  erro,  vinha 
inuito  a  propofjto : 

Tu  feflas  Hymenea  faces  .,   tu  gr/aia  fiores 
Elige ,  tu  geminas  concardia  neae  Coronas. 

Maslonge  de  peitos  tao  Catholicos  invocar  tao  fabulofas  divin- 
dades  ,  quando  para  felicitar  eftes  Defpoforios  Auguftos ,  temos 
ta6  empenhado  ao  Verdadeiro ,  e  Suprerao  Deos ,  para  defempe- 

*  nho 


nhc  daquella  firmiffima  Palavra  J  nais  fiirr.e,  e  incor\traftavel , 

do  que  le  gravada  fora  em  eternos  diair.antes.  Volointe,  ^in 

Jemine  tiio  hnperium  mthi  Jlabelire.  Promefla  Divina  ,  de  que  nao 

l^odem  jaftar  fe  os  outros  Imperios  ,  em  cuja  efperanqa  eltabele- 

ce  Portugal  todas  as  fuas  maiores  venturas.  E  fe  a  Divina  promef- 

fa  nao  f6  refpeitou  ao  gloriofo  trcnco  ,  mas  aos  florentes  ramos 

de  tao  illuftre  Monarquia  ,  para  fegurar  Ihe  a  perpetuidade  ,  de- 

pendendo  efta  doprefente,  e  felizDefpoforio,  bem  fe  offerece 

aos  olhos  ,  o  quanto  efte  feria  do  feu  Divino  agrado  j  verifican- 

^  do-fe  aqui  o  Vaticinio  de  Ifaias  ,  que  ao  noflb  alvoroqo  julga  co- 

ifaias  bz.f,^.     fno  Hiftorico:  Gaudebit  Sponjus  fitper  Sponjam,  ^ gaudtbit Ju- 

perte  Deus. 

Cidade  fei  eu ,  que  tem  por  Arroas  huma  fermofifTima 
Donzella,  mediando  entre  huma  horrivel  Serpente  ,  e  hum  fero 
Dragao,  reduzindo  por  media^aS  lua,  genios  tao  ferozes ,  e  conj- 
trarios,  a  pacifica  concordia  i  aluzao  difcreta  ds  luas  belligeran- 
tes  potencias ,  que  com  o  leu  delpoforio ,  le  concorddrao  em  fit' 
me  ,  e  perpetua  allian<^a. 

Jad:e-fe  Portugal  dos  feus  invenciveis  Efcudos  ,  domi- 
nantes  fempre  nas  quatro  partes  do  mundo ,  a  que  o  feliz  D.  Joao 
o  I.  accrefcentou  por  timbre  huma  alada  Serpente.  Jafte-Ie  tam- 
bem  Caftella  de  feus  ind6mitos  Leoens  ,  jurados  Principes  da 
inontanha  ,  a  quem  a  melma  natureza  tecdo  na  juga  o  Diad^ma, 
na6  menos  pelo  valor  infuperavel ,  que  pela  Real  generofidade 
que  fe  hofpeda  em  feu  peitt .  Mas  para  feliz  augiuio  de  ambas  as 
Coroas ,  eeterna  confedera<j26  de  animos  taoAuguftos,  difpoz 
a  forte ,  nunca  mais  benigna ,  o  felicilTimo  Defpoforio  da  Serenif- 
fima  Senhora  D.  Maiia  Anna  Vitoria,  com  o  noflb  ferapre  Auguf- 
to  Principe  D.Jofeph,  hoje  Fideliflimos  Reinantes ,  para  que  as 
.  .         ■  armas  de  ta6  belligerantes  Potencias  ,   que  tantas  innuda<;oens 

•  ;,  tem  dado  ao  C^ia ,  aoGuadiana,  ao  Guadalquivir ,  aoTt^jo,  ao 
Minho ,  ao  Douro ,  e  ao  Coa  com  o  fangue  de  feus  fieis  Vaflal- 
los  ,  e  femeado  as  Campanhas  de  Portugal,  e  Caftella  com  osCa- 
daveres  de  feus  metmos  naturaes,  eagricultores,  agora  por  efte 
Defpoforio  Augufto  fe  vejao  confederados  na  maior  concordia , 
para  ameaqar ,  e  executar  o  ultimo  fatal  eftrago  a  eflas  Agarenas 
m^ias  Luas ,  que  nao  fatisfeitas  ainda  com  a  Azia,  e  Africa ,  e  tan- 
ta  parte  da  Europa  com  efcandalo  da  Fe  ,  c  de  toda  a  politica 
Chriftaa ,  querem  com  dominante  p^,  pizalla  toda ,  at6  dezempe- 
nhar  aquelle  facrilego  penfamento  ,  que  ]i  hum  foberbo  triunfar 
dor  gravo  j  no  feu  Euandarte  :  Donec  totum  impleat  Orbem. 

Efte  fauftiflimo  Fafto  de  Hymeneo  ,  defcreve  o  R.  p.  Pr^- 
gador  G^ral ,  Fr. Jofeph  da  Natividade  ;  e  nelle  nao  encontro  cou- 
fa  ,  que  offenda  a  F^ ,  ou  a  Religiao ;  motivo  ,  porque  me  parece 
muito  digno  da  licenqa ,  que  pede.  Vofla  Reverendiflima  mandora 
o  que  for  fervido.  Convento  de  S.  Domingos  de  Lisboa  aa.  de  De- 
zembro  de  i^ji. 

B\  Mme9l  do  Rofmo, 

Appro- 


\ 


Approva^ao  do  M.  R.  P.Fr.  Manoel  da  Annmciagao^  Mejlre  na 
fagrada  Theologia ,  pelos  EJludos  gerdes  da  mejma  Ordem  ,  Con- 
fultor  do  Santo  Officio ,  Examinador  Aynodal  nefte  Patriarcado 
de  Lisboa ,  e  Pregador  da  Real  Capella  dos  SereniJJlmos  Senbores 
Infantes  de  Portngal. 

■RtVfiRENDISSIMO  P.  M.  PROVINCIAL. 

MAnda-me  V.Reverendiflima  veja  hum  livro ,  que  o  R.P. 
Pregador  Geral  Fr.  Jofeph  da  Natividade  ,  intenta  dar  ao 
preio  com  o  titulo,  de  FaJlo  de  JHymeneo  ,  e  ^  informe  com 
o  meu  parecer ,  dizendo  que  juizo  fa(^o ,  e  que  conceito  f6rmo 
nefta  materia ;  e  obedecendo  i  ordem  de  V.  Reverendiflima ,  co- 
meqo  ji  adizer  o  que  entendo,  ainda  que  efta  materia  de  efcritos 
he  tao  efbranha  daquellas  que  me  enfin^tao  ,  e  eu  tambem  enfmei, 
por  muitos  annos  nas  Efcolas. 

Entendo ,  que  em  tudo  he  Rdgia  efta  empreza  do  Au- 
thoi ,  e  que  nella  foube  extrahir  huma  verdade  Catholica  das 
lombras  da  Gentilidade  cega  ;  porque  fe  ella  adorava  ao  feu  Hy- 
meneo  por  Author  dos  defpoforios  ,  e  ccn.o  a  Deos  dos  cafamien- 
tos  ;  eftes  de  que  o  R.  P.  Ptegador  GdraJ  Fr.  Jofeph  da  Natividade, 
cfcreve,  cotn.  penna  tao  aparada,  tiveraO  pcrfeuAuthor  aotao 
Regio,  como  Verdadeiro,  e  nao  Hymeneo  fabulofo,  noflo  Fidelifli- 
mo  Monarca  D.  Joao  V.  que  Deos  tenha  na  fuaGloria,  emremu- 
neraqao  das  muitas  que  Ihe  folicitou  na  terra;  porque  ellefoio 
quecom  tanto  Faflo  ,  e  com  ofeu  ertendirrento  tao  Regio,co- 
nio  profundo  ,  effe<3:uou  eftes  Reaes  Defpoforios ,  e  Soberaiios 
Cafamentos,  em  quanto  nao  pafTaraS  da  esfpra  de  contratos ,  e 
Deos  foi  quem  os  ellevou  a  outra  mais  alta,  em  quanto  Sacra- 
mentos :  e  fe  eftes  fa6  tao  indifToluveis ,  como  perpetuos ;  ta6 
perpetuos  ,  como  inalteraveis,  profeti^a  meu  defejo,ferao  tam- 
bem  os  contratos  a  que  fe  encaminharao  ta5  Regioi  Defpoforix)S, 
ccmo  Sacramentos  Suberanos.  ''-^^C' 

Mas  nao  pofTo  deixar  fem  reparo ,  que  dando  feu  Apthor 
a  efte  livro  o  titulo  de  Fafto,  fe  moftre  nelle  ta5  diminuto,  pre- 
tendendo  claufurar  emhuma  esfera  ta6  limitada ,  huma  emprefa 
ta5  Regia  ,  em  que  o  nolTo  grande  Monatca  oftentou  tanta  mag- 
nificencia  ,  como  fua  ,  dando  tanto  que  admirar  ao  mundo  com  in- 
veja  de  muita  parte  da  Europa ;  cuja  Regia  magnificencia ,  fe  to- 
da  fe  efcrevera,  nao  fo  faria  fuar  as  imprentas ,  mas  tambem  gemet 
as  livrarias  com  o  pezo  de  tantos  livros  ,  quantos  fe  podiao  efcre- 
ver  em  materia  tao  dilatada  ,  e  ainda  todo  o  mundo  para  acomo- 
dallos ,  feria  livraria  mui  pequena. 

Porem  ja  ouqo  que  me  refponde  ,  como  Pr^gador  Geral 
que  he  feu  Author ,  com  a  Efcriptura  ,  ainda  que  com  infinita  dif- 
tancia,  mas  nao  improporcionada,  que  muitas  grandezas  execu- 
tou  nefta  occafiao  o  nolTo  Monarca ,  mas  que  nem  todas  fe  pddem 
claufurar  na  limitada  esfera  da  lua  penna  ;  porque  tao  inimitavel 
grandeza  naQ  felimita:  Suntautem,  i^alia  tnulta  qua  fecit  Jor  Joan.zi.f.^^, 

*  ii  atiues. 


anneT ,  quajljcrlberentur  perfingulA ,  nec  ipfum  arbitror  mundum 
capere  pojfe  eos .  qai  Jcribendi  Junt  libros. 

Nao  poflb  deixar  de  me  acomodar  com  efta  fua  repofta, 
porque  me  lembro  daquelle  primorofo  artificio,  com  que  fead- 
mirou  no  mundo  hum  preciofo  Relogio  delineado  dentro  na 
breve  esfera  de  hum  annel,  em  huma  pedra  tao  pequena  como  pre- 
ciofa ,  em  que  fe  admirava  Alexandre  Magno ,  Rey  de  Macedo- 
nia,  montado  acavallo,  acometendo  hum  Leao  com  tanta  valentia, 
que  todos  admiravao  tanta  grandeza  claulurada  em  tad  pequena 
esf^ra;  cuja  fabrica  admirou  hum  difcreto  com  eftaletra:  =:/« 
parvo  magna.  =5  Com  a  melma  p6de  o  Author  defte  livro  animac 
efte  (eu  artefadlo  tao  primorofo ;  porque  tambera  nefte  feu  livro 
fetrata  dosencontros  dehum  AlexandreMagno,  comhumLeaS 
mais  poderofo,  quando  fe  encontrou  o  nofTo  Monarca,  com  o 
■  de  Hefpanha ;  nao  para  que  hum  ficaffe  vidoriofo ,  e  outto  venci- 
do ,  mas  fim  para  que  ambos  vidloriofos  ficafTem  iguaes  na  gloria 
dos  triunfos ,  e  devidindo  amigavelmente  a  preza,  levafie  Hefpa- 
nha  anolTa  Sereniffima,  e  fua  Rainha  a  Senhora  D.  Maria  Barbara, 
ficando  Portugal  com  aSereniflima  Senhora  D.  Maria  Anna  Vito- 
ria  por  fua  Rainha. 

Neftes  ta6  Regios,  como  Soberanos  Defpoforios ,  diz  o 
Author  deftelivro,  fe  paffarao  aquellas  prendas,  que  em  feme- 
Ihantes  occafioens  fe  coftuma6  dar  a  tao  foberanas  Efpofas.  Daria 
o  noffo  Sereniflimo  Principe  ,  ho)e  noffo  Fidelifiimo  Monarca ,  i 
ftia  Soberana  Elpofa  hum  annel  femelhante  aquelle",  que  tinha 
Cefar  Augufto,  emcuja  citcunferencia  eftava  efcrita,  comarte 
Tfiais  primorofa ,  a  lua  Monarquia  ta6  dilatada  >  dizendo  a  todos 
^ue  fena6  admirafTem  de  vetclauluradoo  feu  Imperio  em  huma 
fcsfera  tao  pequena» 

Cajareus  totum  compleliitur  annulus  Orbenti 
-j  Dejinemirari,  claudi  tam  grandiapayvis. 

,■>  . . 

Daria  outro  nao  menos  preciofo  aquelle ,  entao  Serenifiimo  Prin- 
tipe,  e  hoje  Monarca  de  Hefpanha  D.  Fernando,  a  fua  bfpofa, 
e  Serenifllma  Senhora  D.  Maria  Barbara  ,  em  tudo  femclhante 
Squelle,  queteveo  Emperador  Carlos  V.emcuja  breve  circunfe- 
rencia  fe  admirava  hum  primorofo  Relogio,  que  dava  horas  coni 
tao  harmoniofo  eftrondo,  que  fe  ouviao  era  feu  Palacio  i  dando- 
nos  a  entender  em  ta6  priraorofo  artificio ,  que  dando  as  horas  em 
feu  Palacio ,  tambem  daria  Leys  a  todo  o  mundo  ,  como  Senhoc 
do  Imperio  Roraano.  DifFe  ,  teria  femelhante  ao  de  Cefar  Au- 
gufto ,  porque  fe  aquelle  tinha  efcrito  na  fua  circunferencia  huma 
Monarquia  tao  dilatada  ;  da  Monarquia  de  todo  o  mundo  diffe 
Chrifto  ao  primeiro  Monarca  do  noflo  Reyno :  Seria  Senbor  tao 
(d>fi)luto ,  como  dominante  dojeu  Imperio  :  e  perfuado-me  que  efte 
Sagirado  vaticinio,  fe  vai  defempenhando  aefta  admiravel  uniao 
da  Coroa  de  Hefpanha  com  Portugal ,  arabas  de  Imperio  tao  dilata- 
<lo ,  qU^  fe  extende  por  todo  o  mundo.  E  nao  fei  fe  naquellas  duas 
Cocoiis,  que  SalamSo  adunou  em  humaanel  claufucadas,  dava  a 

enten- 


entender  ao  mundo  auniaS  das  noiTas  duas,  enellas  a  grandeza 
do  feu  Imperio,  de  cujo  annel  fez  mimo  a  Nicaula  Rainha.de 
Sabba  ,  cjuando  entrou  no  feu  Reynoa  vifitaloi  e  profetiza  meu 
defejo ,  que  o  mefmo  fe  cxecutara  nefta  uniao  de  Portugal  com 
Hefpanha. 

Nao  digo  ^vie  a  Sereniflima  Rainha  de  Hefpanha  feadmi- 
rou  quando  Vio  a  grande7-a  no  nofTo  Menarca  D.  Joao  V.  ou  Sala- 
mao  fegundo,  em  occafiao  de  tantogofto,  em  quele  vio  aquelle  > 

enigm^  decifrad(5 ;  porque  fe  nelie  eliava  efta  letra  elcrita :  Vi£i(f' 
rid  amoris  :  neila  occafiad  o  mefmo  amor  na  uniao  dos  aiteftos  di- 
vidio  as  Coroas  ,  mas  adunou  os  fujeitos  ,  ficando  a  vidloria  entre 
ambos  dividida ,  mas  nos  cora^oens  adunada ;  porque  Hefpanha 
liccu  com  a  Screnifiima  Senhora  D.  Maria  Barbara,  e  Portugai  com 
a  Rainha  nofla  Senhora  ,  D.  Maria  Anna  Vitoria. 

Nao  fe  admirou  a  Sereniflima  Rainha  deHefpanha  de  tan- 
ta  grandeza,  quanta  com  feus  olhos  vio  em  nofTo  Fideliffimo  Mo- 
narca  j  porque  como  Senhora  de  tantas ,  de  nenhuma  fedevia  mof- 
trar  admirada  ,  raas  devia  confeifar  com  a  Rainha  Sabba,  que  nem 
ametade  de  tanta  grandeza  Ihe  tinha  chegado  a  fua  noticianasazas 
da  vociferante  fama  y  porque  efla  nao  tinha  publicado  ao  mundo 
araetade  da  grandeza  do  nofTo  Monarca  :  Non  credebam  narrmiti-  Paralipom.  2. 
hus  doTKC  ipfavenijjem ,  (^  vidijfent  oculi  mei,  ^prvbafeni  vix  cap.Q.^.6, 
medietateni  mihiJMiJfe  narratani.  porque  em  publicar  tanta  gran- 
deza ,  a  meima  fama  por  diminuta  ficou  vencida :  Vicijiifamam.  E 
fenas  grandezas  do  noflb  Monarca ,  ficou  a  raefma  fama  vencida, 
he  certo  naopodiao  Author  defta  empj^za  explicalla  com  a  fua 
penna ,  nem  voar  com  clla  ,  aonde  coiti>luas  azas  nao  pode  voar  a 
mefma  fama, 

Efta  razao  baftava  para  defculpa  do  Author  em  fer  tao 
breve  neita  noticia  ■■,  mas  nao  a  d6o  mais  dilatada,  porque  nao  teve 
a  intuitiva  de  tanta  grandeza,  nem  teve  a  gloria  de  ver  com  feus 
olho§,  como  eu  tive  ,  no  AlemTejo,  em  que  nao  f6  fe  vio  a  Cor- 
te  de  Portugal  ,  mas  tambem  a  de  Hefpanha  competindo  huma 
com  outra  na  Mdgeilade,  e  Grandeza;  e  por  n2o  deixarem  a  quef- 
tao  indiciza ,  Hefpanha  levou  a  Palnta ,  e  Portugal  ficou  com  a 
Vitoria. 

Mas  para  que  o  Author  defla  empreza ,  fe  pudefTe  livxar  da 
cenfura  de  fer  tao  diminuto  na  defcripqao  della  ,  fe  valeo  ,  cora 
advertencia  difcreta  ,  da  Real  prote^jao  da  Rainha  nolTa  Senhora, 
na  fua  Dedicatoria ;  difcorrendo  :  que  fe  a  Gentilidade  cega  nos 
delirios  da  fua  fantafia  dedicava  ao  Sol  fuasobras  ,  para  fe  acaute- 
lar  dacenluradas  fombras,  elle  para  feJivrar  dasfombras  dacen- 
fura ,  fe  valeo  da  protec<^ao  de  tao  foberana  Senhora,  que  nafcen- 
do  ,  como  Bflrella,  em  Hefpanha  ,  palTou  a  fer  Sol  da  nofTa  Esfd- 
ra.  Naoreparou  nalemitaqaoda  ofFerta,  porque  eila  naofeefli» 
matanto  pelo  que  dechia ,  quanto  fe  refpeita  pelo  que  inculci; 
Nem  feu  Author  como  Religiofo  Mendicante ,  que  proieffa  pobre- 
za  ,  podia  oiFertar  coufa  mais  avultada ,  em  que  o  fim  da  obra  fe 
encaminhaem  daraomundo  huma  breve  noticiadetanttgrande- 
2a,eafimdoOperanteconfefrarasmuitas,  e  grandes  obriga^oens 

de 


de  que  a  Religia5  Domiiucana  he"  devedora  ,  nao  16  ao  Mcnarca 
que  Deos  haja  em  Gloria ,  mas'  tambem  ao  que  ao  prefente  nos 
govcrna;  e  como  eftas  mefmas  nos  impofTibilitao  por  grandiofas, 
bafta  que  fejao  confeiTadas,  ja  que  nao  podem  fer  agradecida?. 

Nefta  obfa  diz  (eu  Author,  fe  difpenderao  as  mais  precio- 
fas  perolas  da  Real  Cafade  Auftria ;  porquc  correrao  as  lagrymas 
dos  olhos  da  Sereniilima  Rainha  D.  Marianna :  e  com  razao  )uftifi- 
cada  ;  porque  fe  apartava  de  huma  filha  ,  que  toda  era  as  meninas 
dos  feus  olhos  •■,  e  nao  deviao  eftes  ficar  enxutos  em  tao  amantes» 
como  faudofos  apartamentos  :  nem  duvido ,  que  os  do  nofTo  Fide- 
lillimo  Monarca  pagailem  naqueila  occafiao  femelhante  tributo , 
afiiftindo  a  efte  apartamento  tao  precsfo ,  como  voluntario  as 
Cortes,  com  todaafua  Fidalguia,  eNobreza,  de  hum ,  eoutro 
Reino. 

Nao  eftranho ,  antes  louvo  muito,  q  o  Author  defte  Uvro  fe 
moftrafte  nelle  diminutoiporque  difcorro  quiz  deixar  que  efctevec 
aosGhroniftas  do  tempo  futuro,  deftaacqao  as  maiores  grande:ias; 
porq  fe  em  defcrever  as  grandezas  de  hum  Alexandre  Magno  ,  di- 
zem  os  Hiftoriadores,q  haviao  fuar  as  pennas  dos  Chroniftas  da  fua 
Vida,como  vaticinou  fuando,huma  Eftatua  de  Orfeo  na  fua  prefen- 
ija,jufto  era  que  efte  Author  efcrevefte  pouco ,  para  q  os  mais  fuaf- 
lem  muito ,  quando  efcrevelTem  as  prodigiofas  ac^oens  do  noftb 
Alexandre  Lufitano  D.Joao  V.  e  de  quem  como  (eu  filho  muito 
amado,  defempenhara  onome  dejofeph  I.  com  duplicado  aug- 
mento  ,  por  fer  efta  a  benqao  ,  que  Ihe  deitou  feu  pay  naquella 
ultimahora,  em  que  delle  fe  defpedia  ;  e  Deos  permitta  que  fe 
cumpra  efte  meu  defeio  ,  adim  como  em  outro  Jofeph  fe  com- 
Genef.  49.  f.  22.  pletou  a  profecia :  Filiur  accrefcens  Jofeph  ,  Jilius  accrefcens. 

Nem  devo  fuppor  ,  que  efte  obfequio  por  vir  tao  tarde 

deixe  de  fer  bem  aceito ,  fuppofto  que  nao  ignoro  poderia  agradar 

.  mais  por  apreftado ,  e  menos  por  tao  vagarofo  ,  como  difle  hum 

Aufon.  Epigram.  dilcretoentendimento:  Gratia  qu£  tarda  efl ,  ingrataefi  ■,  gratia 

•^-  ttarnque  cum  fieri  propera ,  gratia  grata  magis.  Forem  mais  vale 

tarde ,  que  nunca. 

Atequi  tenho  dito ,  o  que  entendo ;  e  me  parece  fe  Ihe 
deve  conceder  licenqa  ao  Author  para  dar  aopr^io  efta  fualabo- 
riofafadiga,  emque  nao  encontro  coufa  alguma  contraaLeyde 
Deos,  nera  da  nofta  Religiao  Sagrada;  e  V.  Reverendiflima  como 
Prelado ,  e  Juiz  arbitro  della ,  fara  juftiqa  como  coftuma ,  para  que 
o  R.  P.  Pr^gador  Geral  Fr.  Jo(eph  da  Natividade  ,  nao  fique  fem 
eftahonra,  nemoReino  femefta  noticia  tao  goftofa.  S.  Domin- 
gos  de  Lisboa  26.  de  Dezembro  de  1751 


Fr.  Mattoel  da  Jmmndafao, 


Fr. 


FR.  Silveftre  de  Santo  Thoir.as ,  Meftre  em  fanta  Theologia, 
Conlultor  do  Santo  Offiao ,  e  da  Bulla ,  Examinador  das  Tres 
Ord  ens  Militares ,  Prior  Provincial  da  Ordem  dos  Pr^gadorcs  nef- 
tes  Reinos  de  Portugal ,  &c.  Pelas  prefentes  letras,  e  authoridade 
do  noflb  Officio ,  concedemos  licen<;a  ao  R.P.  Pregador  Geral, 
Fr.  Jofeph  da  Natividade  ,  para  que  pofTa  dar  ao  pr^Io  o  livro  inti- 
tulado  :  Feflo  deHjiretieo  ,  que  foi  vifto ,  e  approvado  por  peflbas 
doutras  de  nolTa  Keligiao ,  deputadas  por  N6s  para  o  feu  exame. 
Servatts  alits  de  jnre  ft^xavdis.  Dadas  no  noffo  Convento  deS, 
Domingos  de  Lisboa  lob  nciro  final,  elelio  aos  2.  de  Janeiro  de 
1752. 


Fr.  Silyejire  de  Santo  Ihomdfi 
Prior  Provincial.     ' 


Lugar  do  SeIIo« 


Reg.  folh.  15-0.  f. 

Fr.  Theodoro  de  S.  Jofeph. 

Lente  de  Vefpera ,  Secretarib  j 
e  Companhekos 


LI- 


L  I  C  E  N  q  A 

DO   SANTO   OFFICIO. 

Approva^ao  do  M.  R.  P.  M.  Jofeph  Troymo ,  OtiaUficadcr  do  Sm- 
toOfficio^  Examnador  daMefa  daConciencia,  eOrdenif  e Sy- 
Hodal  doPatriarcado,  (yc. 

ILLUSTRISSIMOS   SENHORES. 

VI  o  livro  de  que  trata  efta  petiqa8 ,  intitulado  t  Fajlo  de  Hy- 
meneo;e  nelle  o  incanfavel  trabalho  de  leu  Author,em  ajun- 
tarde  taodiverfas  partes  tantas,  e  tao  exquifitas  noticias, 
que  at^gora  nao  apparecdrao  com  tao  exada  individuaqao. 

Semper  a  Naqao  Portugueza  ,  le  delempenhou  nas  occa- 
ftoens ,  que  fe  Ihe  ofFereceraS  de  brilhar ;  por^m  nunca  com  tanta 
inagnificencia ,  ebizarria,  como  naoccafiao  dos  feliciflimos  Def- 
poforios  de  noflTos  Auguftos,  eFideliffimos  Monarcas.  Ecomoo 
Author  osdefcreve  com  tanta  exac(jao,  emiudeza,  fervira  efta 
obra  de  relpeito  aos  eftranhos,  de  veneraqao  aos  domefticos,  e  de 
obfequio  devido  aos  Reaes ,  e  Auguftos  Defpofados. 

Nem  efta  Obra  deve  parecer  menos  grata ,  por  tardia;  pot- 
que  fuppofto  que  os  Defpoforios  ]i  torao  celebrados  hd  annos  , 
nao  perderti  os  goftbs  por  antigos ,  quando  ainda  fe  confervao ,  e 
melhor3o  na  dura(^ao  dos  feculos.  Se  eftes  Defpoforios  forao  pa- 
ra  nos  tao  alegres ,  e  feftivos  quando  ainda  eftavao  em  flor ,  como 
o  nao  ferao  tambem  agora ,  quando  jd  6s  vemos  carregados  dc  fru« 
tos  excellentiflimos.  Efte  novo  gofto ,  que  agora  fe  nos  repete ,  de  • 
vemos  agradecer  aoerudito,  e  diligente  Author,  que  aflTas  fe  tem 
leito  conhecido  pelos  fingulares  efcritos  ,  com  que  tem  illuftrado  a 
Religiao  Dominicana ,  enobrecido  oReino,  eenriquecido  pOr- 
be  Litterario.  Pelo  que,  nao  contendo  efta  Obra  coafa  alguma  con- 
tra  aF6,  ou  bons  coftumes  ,  fe  faz  merecedora  da  liccnqa  que  pe- 
de  o feu  Author,  para  a  communicar  ao  publico.  Vofl^as  Illuftnflimas 
mandardo  o  que  Ihes  parecer  mais  acertado.  Lisboa  ,  e  Congrega- 
^ao  do  Oratorio  13.  dejaneiro  de  175:2. 

Jojeph  Troyano. 

Vlfta  a  infornia^Qao ,  p6de-fe  iaiprimir  o  livro  de  que  fe  trata ;  e 
depois  voltatd  conferido  ,  para  fe  dar  licenqa  que  coira ,  lem 
a  qual  naococcei^^.  Lisboa  14.  de  Janeiio  de  175-2. 

Fr,  Rfidr,:  de  Lmcajk.  Silva.  Abreu,  Ahmida,  Trigojo, 

LI- 


L  I  C  E  N  q  A 

DO    ORDINARIO. 

'Approva^ao  do  M.R.P.  Mefire  Sinia^  de  Almeida,  da  Sagrada 
Companhia  de  JE6US, 

EXCFLLENTISSIMO,  E  REVERENDIS.  SENHOB. 

ESte  Jivro  intitulado  :  HiJIoria  Pavegyrica  dos  Deffojo- 
rios  dos  lidelijjiir.os  Reys  de  Vortvgal,  noffos  Senhores 
D.  Jofeph  0  l.y  e  D.  Maria  Anna  Vitoria  de  Bourhonx 
tiecrmpoflo  peloP.  M.  Fr.  Jolephi  da  Natividade  ,  da  iUiiftiiflima 
Familia  dos  Piepsdcies,  c,ue  ra5  ccrtente  16  ccm  Juftrar  ra  tsf^- 
ta  de  Fr^gador  G^ral ,  titulo  ,  e  hcma ,  que  ircrec^o  ccm  delem- 
perho  do  ieu  rarotalento,  e  ccm  crcdito  defualegrada,  epiofa- 
naeiudi^ao;  mas  pafTando  arrcftrar  ra  applicaqao  da  Hiftciia,  0 
zelo  ,  ccm  queprcciira  o  maior  efpiendcr  de  (ua  Rcligipo,  abun- 
dantillima  daquelles  /ftroi,  qi:ede7oi&  biilhac  ncCeo;  d^oa  luz 
ccm  a  peifeiqao  que  Ihesfaltava  o  Quinice  Stxto  Tcn.o  do^^/o- 
iogio  DimihicdKO ,  e  ccntinua  a  dar  muitos  cutros  da  mefma  Obra, 
empreza  gioriofa,  que  intentajao,  mas  nao  ccnfcguirao  ,  outios  lin- 
gulares  engenhcs  damefmaFamiha,  May  fecundiflima  deftasra- 
Tas  producccens.  Tambem  addicicnouduasve^es,  efezeft^mparo 
\[\ro:Ffcada  Myjlica  de  Jacob.  Ccmpcz  mais  outro  admiravelJivro: 
Memcna  hijlorica  da  milagrofa  Imageni  do  Senhor  dos  Fojfos  dofeu 
Ccmcnto,  ^t  nde  inclu jo  tcda  a  f?grada  Ekiituia ,  na  hjn  ticfaopa' 
ra  Vifitar  osPaffos  do  mefmoSciilor  ,em  quepara  maior  eftima(jao 
dafua  litteratuia,  mcftrcu  afpplicaqao,  que  faziaa  viitude, 
'•  Agoia  rtfte  livro ,  que  quer  daraopielo,  tfteiece  huma 

•ihdividua]  rel£<5£o  daGiandeza,  veidedeiiarreinte  Rtal,  ccmque 
■fe  celehr^rao  cs  Ai:gi£ics  Defpofoiics  dentflt  s  Fidtliflnrcs  Mo- 
■narcas ,  que  hoie  leinao ,  e  Decs  guarde  pci  felicifl  mcs,  e  dilatadif- 
fimos  srnos.  Ee  el>anarra<j5o  laodefcmbsiacada  da  iiecnja,  que 
bem  le  ve  reprinio  o  Auihcr  tcdo  o  impeto  natuial  da  eiudi<;ao,  e 
eloqucncia  ,  ccm  que  ct  fti  ma  efcrever,  f6  para  que  ^ao  parecefte 
dizian  ais  \  ccnheccndo  ,  diri.a  meros  tcda  acMprtflao  ,  ccm  que  fe 
pode  expiicar  a  maior  magnificercia ,  libeiiilicace  ,  e  gvf ndeza. 

Parece  tarde  fahir  sgoia  cfta  rcticia  ;  mas  cs  jftcn.brcs 
deixaopor  muito  tempo  piezoscs  fentidos,  caperna  lufjrenia  pa- 
ra  oselcrever.  Pafl^rao  ja  vinte  etiesarncs,  dcj  ois  que  Pcitugal 
cplaudio  afua  maior  felicidade,  evtntuia  nefte  amcrclo  vinctJo, 
e  perftitiflnia  vmiao  ;  engora  fe  da  a  verefciita  efta  mcmo:ia,que 
znda  in  prefTa  em  nrfios  coraqoens  ,  defdeaquelle  fermofo  ,  eale- 
gie  dia.  Mas  efta  dem.oia  em  nada  dininde  a  gloria ,  que  rezulta  a 
efte  graviflimo  .'^uthor,deferoprimeiro  queefcreveo,  parafeef- 
tampar  efta  nojicia,  nao  16  no  papel ,  que  fe  offcrece  aosolhos 

*.*  de 


detodosi  mas  paraTeiirtprliiiir  na  metnoria  daquelles quenao che« 
garao  a  ver  pafTar  p  Sol ,  de  luim  a  ciujro  emisfdrio ,  ficando  no  que 
deixou,  o  elplendor,  e  a  luz  (em  diminuitjac.  He  efte  Author  pri- 
mei-ro  ,  e  fera  tambem  unico  i  porque  iienhuni  .outro  efcreveri 
(  f 6  efcrevendo  o  mefmo )  de  tao  altq ,  e  foberSrto  alTumpto  com 
tanta  individuaqao  ,  e  certeza.  Elle  efcreve  com  verdade ,  (emaf- 
feiita^ao  ;  e  por  ilfo  com  maicr  credito.  Elle  dizfem  eftrepito  d^ 
hyperboles  ;  e  por  ilTo  com  niaior  authoridade.  Elle  conta  com 
eftylolincero  ;  e  por  iflo  com  maior  eftimaqao.  Elle  expoem  com 
gravidade  religiofa  ;  e  por  ilTo  com  maior  refpeito  aos  bons  coftu- 
mes.  Elle  finalmente  relata  com  virtude  fabia;  e  por  iflb  fem  a  mi- 
nima  offenla  da  verdadeira  Fe. 

Efte  he  o  meu  parecer;  e  tambem  fora,  que  defte  examip 
fe  deffem  por  abfolutas,  e  ptivilegiadas  todas  as  Obras  defte  fab^ 
Eferiptor ,  que  nada  diz  ,  nem  pode  dizer  contraa  F^ :  doque  (ad- 
abonados  fiadores  as  admiraveis  circunftancias,  com  que  le  fei 
digna  defta  attenqao  a  lua  ReligiofilRma  pefiba.  Todos  os  Sapien.- 
iflimos  filhos  do  Sagrado  Hercules  da  Igreja  S'  Doraingos  ,  cotn.o 
mefmo  efpirito  de  leu  gloriofo  Pay,  tem  fido  Athlantes  da  F6i  fuir 
tendo-a,  e  defendendo-a ,  como  Elle,  que  afogou,  epartio  as 
mais  venenofaS  Serpentes  da  herefia  com  as  poderofaa  forqas  de 
Inquifidor  G^ral  dpSanto  Officio,;  <^ue  o  feu  zelo  daEemferec^o 
•priraeiro  ;  ccmo  conlta  de  hum  Breve  da  Santidade  de  Sixto  V". 
■paffado  a  if.'  de  Abiil  do  anno  de  i^S^.  em  honta ,  e  gloiia  de^, 
Pedro  de  Vcrona  ,  tambem  Inquifidor,  e  por  iffo  Martyr  glotiofo^ 
neftas  palavias :  ^  Imo  zerb  iniitatmieaccenfus  B.  P.  Dotniuici ^  ut 
ilte  perpetnis  ,  ic^  cdnciombus  ,  t^-difputatiomun  congrejjibus,  cffi- 
cioqtte  Inqttifuionis  ^  quod  ei  prtmhn  PracleceJJares  iwjiri  Innoctn' 
tiusIII.  lir  Hononitis  IILcommiJi^rane  contrcvbarcticos  uiirabiliter 
Je  gejjit.  \  n  v:  l;  -  . 

'  ■     Pordm  o  P.  M.  Fr.  Jofeph 'SaNati^idade,  naofo  porefta 

regalia  de  filho  de  hum  gloriofo  Pay  ,  a  quem  a  Ft^  deve  o  maiot 
zelo  ,  erabem  fofle  exceptuado ,  para  correrem  fem  exame  as  fuas 
Obras  ;  mas  o  Ceo,  parece  ,  Ihe  deo  efte  privilegio,  quando  quiz 
que  o  dia,  em  quele  purificou  na  fagrada  fonte  do  Bautilmo,  foffe 
o  de  vinte  e  nove  de  Abril ,  no  qual  a  Igreja  folemniza  o  Triunfo 
daFena  conftancia  ,  com  oue  deo  a  vida  pcr  ella  S.  Pedro  Martyr, 
efclarecido  Ornamento  damefmaReligiao  ,  deque  lieFilhoefte 
feu  Afilhado ,  q  alfim  Ihe  podemos  chamar,  nao  f6  porque  foi  bau- 
tifado  no  feu  dia  ;  mas  porque  o  favcreceo  tanto  com  a  fua  ben^ao, 
eprotecqao,  que  ate  o  chamou  para  filho  damefma  Rcligiao,  fua 
May.  Fez-fe  efte  adlo  do  feu  bautifmo  na  Paroquial  Igre)a  de  S. 
Nicolao  defta  Corte ,  Santo,  que  delprezando  o  Edido  de  Diocle- 
ciano  ,  e  Maximiano ,  pregou  f em  receyo  da  morte ,  e  da  tyrannia 
a  Fe  de  Chrifto,  pela  qual  padeceo  todos  os  rigores  dehum  penofo 

Ccirccrc* 

Finalmente  nafceo  cfte  Author  para  a  fua  Religiao  ,  em 
que  tanto  cretcdo,  quanto  avulta ,  €  m  trinta  de  Novembro ,  auando 
veneramos  a  Santo  Andre ,  que  nao  16  foi  o  primeiro  Apoftolo  que 
ouvio  a  Doutrina  de  Chrifto  ;  raas  o  que  fez  illuftre  a  verdadeira 

Fe 


F^,  com  os  refplandoies  das  luzes,  qOe  o  cercirao  na  Cri^ ,  em 
que  morreo  pot.  ella.  Gomtodos  eftes  ftiaes.nioftrou  oCa),que 
nada  p6de  dizer  contra  a  F6  nas  fuas  Obras,  que.m  nafceo  tao  favo- 
recido  da  mefmaFc,  ou  dos  Santos  que  valerojamenteja  defende- 
rao.  Efta  he  a  razSo ,  porqufc  eu  differa  ©Vd^naffe  V.  fikcellencia , 
que  todas  as  mais  Obras  defte  fabio  Elcriptor,  tiveffem  o  privilegio 
de  nao  fereJn  examinadas  paraefte  fun.rV.  Excellenciamandarao/ 
que  for  fervido.  Lisboa,  S.Roque  ,  Cafa  Pcofeffa  da Corap.anhiau'. 
de  JESUS,  24.  dejaneiro  de  17521 

Simao  de  Almeida. 

\T  Ifta  a  informaqao ,  p^de-fe  imprimir,  e  depois  volte  confe^>I» 
do,  para  fe  dar  liceniga  p^ra  cprtef.  Lisboa  24.  de Jajeir^  do^ 

■D.  Jofeph^  ArcehiQfo  de  ^acedeti^eft.  .■t 

L  I  C  E  N  q  A 

DO  DESEMBARGO  DO  PAC,0; 

Approva^ao  do  M.  R.  P.  M-  Filippe  Tavares  ,  Qualificador  do  San- 
to  Ojjicio  .)  hxamijiador  .das  Tres  Ordem  Militarcs ,  Acaddmi- 
.jcq  do  numero  da  Academia  Real  da  Hi/iovia  Portugueza^    - 

S    E    N    H    6    R, 

VI  o  livro  intitulado  1  Hi/ioria  Panegyrica  dos  Dejpejorios  dos 
noffos  mnitas  vc:^cs  ejlimaveis  Monarcas,  os  SenhifreSy  D.  JO' 
Jeph  0  l.e  D.Maria  vlnna  Kitx)r^_  de I^ourhoif  i^que  compoz ,  e  quet 
dar  ao  prelo  o  P.  M.  Fr.  Jofeph  da  Nativi  dade  ;  e  attendendo  a  ma- 
teria  ,  e  eftylo  ,  elegancia,  e  mais  requ|fitos  que  ornap  efte  Volu- 
me,  acho  fer  Obra  muitas  vezes  grande,  Affim  que,  ajudandp-fea 
iftnnaocontercoufaalguma  contra  as  Leys  ,  eregaliasde  V.  Ma- 
geftade ,  julgo fer  jufta, que  fera  de  utilidade  a concefTao  quefc  pe- 
de.  Efte  o  meu  parecer.  Lisboa.  Real  Hofpicio  de  N.  S,  das  Necefli- 
dades  28.  dejaneiro  de  1752, 

Filippe  Tavofes. 

QUe  fe  poffa  imprimir ,  viftas  as  ]icen<;a3  do  Santo  Officio ,.  e 
Ordinario  ,•  e  depois  deimpreffotornara  a'  Mefa,  par/i  fe  con- 
ferir,  tsxar  ,  e  dar  licehqa  para  q*ue  ccrra ,  e  fem  iffo  nao  cor- 
lera.  Lisboa'7.  de  Fevereiro  de  ^7^2. 

Marqticz  PrefuL    Fa&  de  Carv.    Almeid.    Carv. 

**  "  LZ- 


L  I  C  E  N  q  A  S. 

DO   SANTO   OFFICIO. 

ESta  conf6rme  com  o  feu  Original.  S.  Domingos  de  Lisboa  18, 
de  Setenibro  de  i^jz. 

•  •*■  Ff'  Manoel  da  Annttncia^ae. 

Jl    0*de  correr.  Lisboa.,19.  deSetembrode  1752. 

Fr,  Rodr.  de  Lancajir.     Siha.     Abreu,     P4es.     Trigofo. 
Silmr»  Loho,    Cajlros 


I)  O    O  R  D  I  N  A  R  I  O. 

EStA  conforme  corn  o  Original.  Lisboa.  S.  Roque ;  Cafa  Pro- 
fefla  daCompanhiadeJESUS,  20.  de  Setembrode  17^1, 

SimaS  de  JUmeida. 

Vlfto  eftar  conf6rrae  com  oOriginal,  p6de  correr.  Lisboa. 
20.  de  Setcmbro  de  1752- 

D,  Jojeph  Arcebijpo  de  Laeedem. 


D  O    P  A  C,  O. 

ESta  conforme  com  o  Original.  Lisboa.  Congregacao  do  Ora- 
torio  ,  no  Real  Hofpicio  de  N.  Senliora  das  Neceflidades  21.  ^ 
de  Setembro  de  1752. 

Filippe  Tavares. 


Q 


Ue  pofla  correr ;  e  taxa6  efte  livro  em  papel ,  cm  oito  cen* 
tosreis.  Lisboa  23.  de  Setembro  de  1752. 

Marquez  Frefid.  Va»  de  Carv.  Gmes.  Carv.  Mci&. 


HIS. 


Pag.  I 


HISTORIA 

PANEGYRICA 

DOS  DESPOSORIOS 

D  O.S  :S  E  RENISSIMOS 

P  R  I  N  CI  PES 

DO    BRAZIL, 

P refememente  Fideliffimos  Rejs,  e  Senhores  nojjni, 

L   I   V  R   O-   L 

S  U  M  M  A?lL  I  O. 

ROPOEM  El-Rey  QatU- 

iico  Filippe  V.  a  El-Rey 

I  Z>.  Joao  V.  de  PortugalyOs  , 

ReaesCafamentos  do  Priu- 

cipedas  Afturias  y  cQfn  a 

Infanta  .  de  P-ortugai  D. 

Maria   Barbara  y  e  Jo 

Principe  do  Brazil^conis 

Infanta  deCafteila ,  D.  Maria  Anna  Vitor^a 

de  Borbon.  .Aceitaa-fe.  .^omeaye  ^hnipoten- 

ciario  ,  que  parta  de  Ljshoa  a  Madrid  ,a  tra- 

A  jm 


\ 


Z      Hiftoria  Tanegyrica  dos  dejvoforios 

tar ,  e  concluir  efle  negocio.  Saefnfuas  Magef 
tades  Catholicas  a  receher  a  Infanta  D.  Ma- 
ria  Anna  Vitoria  de  BorbGnj  chegada  de  Fran- 
^a.   Entrao  com  ella  em  Madrid.    Applaufq 
com  que  he  recebida ,  e  feftejada.  Chega  ^o* 
Jeph  da  Cunha  Brochado  liCorte  ds  Caftel- 
la.    Publicao-fe  ,    e  feftejao-fe  ,   ajfm  nefta , 
como  na  de  Portugal   eftas  Reaes   allian^as. 
MRatificagao    dos    Artigos    Pre/ifninares    nas ' 
Cortes  j  de  Caftella  ,  e  Portuga/.   Notnea  Sua 
Mageftade  Catho/ica  os  officiaes  dofervi^o  do 
Principe  das  Afturias,  Feftejos  cofn  queje  ap- 
p/aude  0  deciftto  quarto  anno  da  hifanta  D. 
Maria  Barbara.   Reco/he-fe  o  P /efiipotencia-' 
rio  a  Lisboa.  Nomea  E/-Rey  Catho/ico  por  fen 
Etnbaixador  Extraordifiario ,  a  Corte  de  Por- 
tuga/  i  0  Marquez  de  /os  Ba/bazes.  Notnea-fe , 
eparte  por  Efnbaixador  a  Madrid  t  o  A^ar- 
quez   de  ^branta.   C/^ega    a  nojfa  Corte  o 
Mctrquez  de  /os  Ba/bazes ,  Efnbaixador  Ex- 
traordinario  de  Sua  Mageftade  Catho/ica.  Tcm 
audiencia  das  Pejjoas  Reaes.  Va/ta  o  hiviado 
Afttonio  Guedes  rereira  a  Corte  de/-Rey  Jeu 
-Amo.   Redugao  dos  Artigos  Pre/imifiares  do 
CafafnentQ  do  Principe  do  Brazil  cotn  a  hj- 
fattta  D.  Maria  Anfta  Vitoria  de  Borbon ,  a 
Tratado  matrifnonia/.  Tratado  do  Cajafnefito 
do  Principe  das  Afturias  com  a  Infattta  D. 
Maria  Barbara.  Recebe  o  Priftcipe  do  Bra- 
zi/ ,  jutttamente  cotn  os  Infantes ,  D.  CarloSy 
D.  Pedro ,  e  D.  Maria,o  Sacraftteftto  da  Coti-* 
firtnag^o.    Entrada  puh/ica  do  Marquez  de 
-Abrantei  na  Corte  de  Madrid.  He  adtnitti- 
-  ■:  \  t.        ,  do^ 


dos  Frincipes  do  Braidl  i  Liwo  I.     f 

do  a  audtencla  das  Peffoas  Reaes.  Outorga 
das  capitula^oens  dos  Defpojorios  do  Principe 
do  Brazil  com  a  Infanta  D.  Maria  Anna 
Vitoria  de  Borbon.  Ceremojtia  da  fiia  celehra- 
^ao  naqueila  Corte.  Novos  fejle]os  ,  com  que 
fe  applaudem.  Deftina  El-Rey  D.Joaoosof- 
ficiaes  do  fervigo  do  Principe  do  Brazil ;  e 
Princezas ,  do  Brazil ,  e  das  Afturias ;  e  os 
quartos  em  que  deviao  receher  os  Emhaixa' 
dores.  Chega  a  Lishoa  ■,  e  he  nella  feftejada 
a  noticia  da  celehragao  dos  Reaes  Defpoform 
em  Madrid.  Tem  audiencia  das  Peffoas  Reaes 
0  Marquez  de  Capecelatro  ,  Embaixador  de 
Caftella.  Faz  o  Marquez  de  los  Balhazes  cijua 
entrada  puhlica  nefta  Corte  de  Lisboa.  Tem 
aiidiencia  das  PeJJqas  Reaes.  Bufca  depois  o 
Secretario  de  Eftado.  Celebrafe  a  Efcritura 
dos  Reaes  Defpoforios  no  Pago  Real  defta 
Corte.  Recehe  a  Princeza  das  Afturias  afoya 
que  Ihe  mandava  Jeu  Real  Efpojo.  Ceremonia 
da  cekhragao  dos  Reaes  Dejpojbrios  na  Santa 
Igreja  Patriarcal  de  Lishoa.  Feftejos  ,  com 
que  Je  applaude.  Oragoens  do  Marquez  de  Va- 
lenga ,  e  do  Conde  da  Ericeira  em  nome  da 
Academia  Real  da  Hiftoria  Portugueza ,  em 
applaufo  dos  Reaes  y  e  reciprocos  DeJpoJorios 
dos  Principes  do  Brazil ,  e  das  Afturias.  Co- 
pja  da  Certidao  do  Cura  da  mefma  Bajilica  j 
da  celebragao  dos  Recehimentos  Reaes  ,  que 
Je  expedio  de  Lishoa  para  Caftella.  Tejn  audi- 
encia  dos  Infantes  D.  Francifco ,  e  D-  Anto- 
nio  os  Embaixadores  deli-Rey  Catholico ,  Mar- 
quezes ,  de  los  Ba/hazes,  ( e  Capeeelatro :  opri' 

A  ii  meiro 


4      Hifloria  Tdnegjrica  dos  dejpojorios 

meiro  delles ,  tem  tambem  outra  de  dejhedtda 
de  Suas  Mageftades  ,  e  Altezas.  Poem  ca/a 
El-Rey  Catholico  a  Princeja  das  Afiiirias. 
Tem  0  Marquez  de  Capecelatro  outras  feme^ 
Ihantes  audiencias  de  Suas  Magefiades ,  e  Al- 
tezas  ,  como  havia  ttdo  o  Marquez  de  los 
Balbazes.  Da  El-Rey  Catholico  o  Collar  da 
Ordem  do  Tufao  de  ouro,ao  Marquez  de  Abran- 
tes.  Dijpojigoefis  das  paffagens  de  ambas  as 
Cortes  y  a  o  Chia. 


E  hoje  noflfo  intento  te- 
cer  ,  com  a  maior  indivi- 
dua^ao  que  for  poflivel  a 
nofla  rudeza,  huma  Hif^ 
toria  Panegyrica  dos  ta6 
felizes  Delpoforios  do  Se- 
reniflfimiO  Principe  do  Brazil  D.  Jofeph,  com  a 
Sereniflima   Infanta  de  Caftella  D.   Maria  Anna 
Vitoria  de  Borbon,  a(3:ualmente  nofl[osReys,  e  ■ 
Senhores ,  que  fejgio ,  ( fe  he  pofllvel )  fobre  aju-  j 
rifdi^ao  dos  annos ,  e  da  mefma   morte  profpe-  1 
rados  fempre  com  toda  aquella  profufaS  de  feh- 
cidades  ,   de  que  fao  tao  credoras  ,   e  benemeri- 
tas  tsfuas  innumeraveis,  eta6  eftupendas  virtu- 
des, 

2.  Com  a  noticia  que  chegou  a  Corte  de  Ma- 
drid ,  de  nao  ter  effeito  o  Cafamento  da  Serenif- 
fima  Senhora  Infanta  deCaitella  D.  Maria  Anna 
Vitoria  de  Borbon,  com  Luiz  XV.  Rey  de  Fr^i- 
ca  ,  e  de  haver  de  voltar  ,  como  voltou  ,    de 

Ver- 


dos  Frincipes  do  Braz.it  >  Li^uro  I.      $ 

Verfallies  em  f.  de  Abril  de   1725.  a  Corte  del-        1725. 
R  ey  CathoJico,  feii  Pay ;  defta  chegou  a  de  L  is- 
boa  em  24.  de  Mar(;o  daoueJle  anno ,  hum  pro-  Cbega  a  Lisboa 
prio ,  expedido  por  Anronio  Guedes  Pereira ,  In-  Siirde^Ma' 
viado  deJ-Rey  D.  Joao  V.  na  Corte  de  Sua  Ma- ^r/^./Jc^/tf/w^/W» 
gefiade  Carholica  ;  motivo  ,  porque  fe  convoca-  -^"f^.'"^  Guedes 
rao  a  confeJho ,  oEminentillimoCardeal  Nuno  da 
Cunha  eAtaide,  Inquifidor  Geral  do  Reyno,  o 
lIIuftniTirao  SenJior  D.  Thomaz  de  Almeida ,  Pa- 
triarca,  que  entao,  que  aCorte  eflava  dividida 
em  Patriarcado  ,  e  Arcebifpado  ,  era  de  Lisboa 
Occidentai  j  os  IIIuftriiTimos  ,  e  ExceUentifTimos 
Duques  de  Cadaval  D.  Nuno  Alvares  Pereira  de 
MeJlo ,  e  D.  Jayme  de  Mello,  pay>  e  filho;  e  os 
Illuflriirimos  ,  e  Excellentifrimos  MaKquezes ,  de 
Alegrete,  Fernao  Telles  da  SiJva  5  e  de  Abrantes, 
Rodrigo  Eanes  de  Sa  Almeida  e  Menezes.  Nefta 
illuftre  Affembleia,  declarou  oSecretario  de  Ef- 
tado  Diogo  de  Mendonga  Corte  Real,  que  'E\-  Com  apropojigaS 
Rey  Cathohco  Fihppe  V.  pedia  a  Serenifhma  Se- t/f.^''^'^^: 
nhora  Infanta  de  Portugal  D.  Mana  Barbara.  X2l-  peBiva  aorRedest 
vier  Leonor  Therela  Antonia  Jofefa  ,  para  Ei-  ^  reciproeoy  Cafa' 
pofa  de  feu  filho,  o  Principe  das  Aflurias  ,  D.  Fer-  ''''"''''^' 
nando  de  Borbon ,  que  fora  jurado  Principe  her- 
deiro  dos  feus  Reynos  em  4.  de  Novembro  do 
anno  precedente  de  1724.  oflferecendo  aomefmo 
tempo  aSerenifTima  Senhora  Infanta  de  Cafiella 
D.  Maria  Anna  Vitoria  de  Borbon ,  para  Conforte 
do  Sereniffimo  Principe  do  Brazil  D.  Jofeph  Fran- 
cifco  Antonio  Inacio  Norberto  Agoflinho.    Con- 
fultado  efte  negocio  com  toda  a  pondera^ao  ,  fem 
a  menor  difcpepancia,  fe  abra^ou  logo  >  cpmo  tao  Aceita-fe  tifiapro* 
util,  etaogloriofo.  .  •     ^  f'-^^^^' 

3,  Voltou  o  referido  Secretario  a  dar  contaa 

Sua 


6      Hifioria  pdtiegyrica  dcs  defpoforios 

1J2J,  Sua  Magefiade,  que  immediaramente  o  expedio 
a  Belem,  aonde  entao  le  achava  o  Sereniirimo 
Manda  El-Rey  Scnhor  Infante  D.  FrancifcO;  a  participar-Ihe  novas 
^^^iTntl^D^  ^^  tanto  gofto.  Na  mefma  tarde,  em  que  Sua 
Frmcijco.  '  Aiteza  recebeo  efte  avifo  ;,  veio  logo  a  Lisboa 
beijar  a  mao ,  e  dar  os  parabens  a  Sua  iMagefla- 
S."r-  de ,  que  tambem  fez  logo  participaiite  de  huma  - 
jar  a  mao  a  Sua  novidade  tao  plaufivel  ao  Sereniflimo  Senhqr  In- 
Magejiade.  f^^^  j)  Antonio. 

4  Expediofe  com  toda  a  brevidade ;,  e  com  a 
attenciofa  repofta,  que  fe  devia,  o  pof^ilhao ,  que 

Tormfe  a  expt-  viera  de  Madrid.  Chegado  que  elle  foi  aquell^ 
dri  0  proprio  «  Corte,  accrefcentarao  os  Miniflros  Caftellianos  al- 
Madnd.  gumas  claufuIaS;  que  derao  fomento  a  algumas  du- 

vidas,  e  alterca^oens.    Para  facihtar  ,    e  cortar 
affim  efles ,  como  quaefquer  outros  obflaculos  j 
Nomea  El-Rey   nomeou  Sua  Mageflade  para  partir  ,    como  feu 
D.jea^ajofepb  Plenipotenciario ,  aCorte  de  Madrid,  Jofeph  da 
^aCmhaBrocha.  ^  ^    Brochado  ,   Fidalgo    da  fua  Real  Cafa, 

ao ,  para  pajjar  .         i      /-^    i  i     ^i    •  n         ^      t  n     • 

ff»/(7/e«P/m/)(7- Commendador  da  Urdem  deChnlto,  Conielnei- 

Tc^t^l^ ^^'^  ^^  da Fazenda  ,  Chanceller  das  Ordens  Militares , 

e  aje  a.  Academico  do  numero  da  Acad^mia  Real  da  Hif- 

toria  Portugueza ,  e  que  havia  dado  bem  a  co- 

nhecer ,  nao  menos  o  feu  preflimo ,  e  capacidade, 

do  que  o  feu  grande  zelo  do  fervi^o  Real ,  quan- 

^       do  fora  expedido   em  quahdade  de  Inviado  as 

Cortes ,  de  Pariz ,  e  Londres. 

5  Fiando,  pois ,  Sua  Mageflade  da  experiencia; 
c  madureza  defle  grande  Miniflro  rodo  o  bom  ,  e 

Chama.  Sua  Ma-  mais  aftivo  expediente  dos  feus  interefles ,  cha- 

gejiade  djuapre-  u,ou-o  d  fua  Real  prefenga,  e  na  do  Eminentiffi- 

tenciJio,        "  "10 ,  e  Reverendiflimo  Cardeal  da  Cunha  ,  af?e- 

ftiffimo  aomefmo  Plenipotenciario ,  e  que  agora 

com  a  occafiao  da  fua  commiflao,  Ihe  fez  prefente 

de 


dos  Frinci-pe^  do  Brdz.il  i  Li^^TO  I.     7 

de  huma  grande  bandeja  de  prata  com  hum  excel-        172  5. 

lente  corre  de  panno  de  efcarlata  j  e  prefenre  tam- 

bem  o  liluftriiTimo^e  ExcellentilTimo  Duque  de  Ca- 

daval ,  e  Meflre  de  Campo  General  D.  Nuno  Alva- 

res  Pereira  dc  iVlelIo;lhe  ieo  o  Secretario  de  Eftado 

a  iua  infiTucao.  Teve  depois  o  mefmo  Pienipoten- 

ciario  a  lionra  de  ter  por  elpa^o  de  mais  de  huma 

hora,  huma  particular  conferencia  com  Sua  Magef- 

tade.    Attento  o  mefmo  Senhor  as  moleflias  de* 

Jofeph  da  Cunha ;,  concedeo-lhe ,  que  elle  pudef- 

fe  levar  com  figo  feu  fobrinho,  AntoniodaCu- 

nha  Brochado ,  Defembargador  que  entao  era  da 

Cafa  da  Supphca^ao.  Fez^Ihe  mais  o  mimo  de  tres 

ricos ,  e  mui  flamantes  veflidos. 

6     Saio  finalmente  o  Plenipotenciario  Jofeph 

da  Gunha  BrOchado  de  Lisboa ,  a  exercer  a  fua  In- 

viatura  em  zf.  de  Mayo.  Deflinarao-feUie  oito  P^^^f  0  PlcnipO' 

centos  mil  reis  de  mezada ,  e  de  ajuda  de  cuflo  dc-  ^^^"^''^"  '^ 

ze  milcruzados.  Entraiido  emBadajoz  foi  gran- 

demente  applaudido  com  todos  os  cortejos  Mih- 

rares.  Igual  foi  tambem  a  atten^ao ,  que  tivera5 

com  elle  em  todas  as  outras  povoa^oens  de  Caflella. 

-^     Em  28.  do  referido  mez  pamirao  Suas  Ma-  ^^^^^  ^*^^^  Ma. 

geftades  Cathohcas  de  Aranjuez  paraGuadalaxa-  f£fZe^terat 

ra ,  para  receberem  aSereniflima  Senhora  Infsui' fanta  D.  Maria 

ta  D.  MariaAnna  Vitoria  deBorbon,  que,  qq,  -dnna  Vttma  y 
•     ^-.r  j    T-  T^  1?       j         quando  ella  chf 

mo  }a  aiiiemos ,  tornava  de  Franga.  Dalli  a  dous  gou  ds  Vrwca, 
dias  entrarao  com  ella,  -feriaS  as  fois  datarde, 
na  COrte  de  Madrid  pek  porta  de  Alcala.  O  cami- 
nho  por  onde  haviaO  de  fazer  tranfito ,  eflavaor-» 
nado  ate  o  Pa^o  com  tapeqarias ,  ,e  cortinados 
mui  ricos.  Havia  no  difcurfo  defle  .paflo  tres  ar« 
cos  triunfaes ,  que  fizera  levantar  o  Marquez  de 
Vadiiho,/D.  EraneifcaAnconio  de  Salcedo,  Gc>« 

^     ver- 


.  8     Hifioria  Panegjrica  dos  defpojorios 

1725.        vernador  Civil  daquella  Corte  ,    e  que  acompa- 
nhou  a  cavallo  a  Suas  Mageflades.  Era  ocoche 
deftas  ,    precedido  das  tres    guardas  de  Corpo , 
Hefpanliola  j  Italiana  ,  e  Fiamenga,  e  feguido  da 
dos  Alabardeiros.  Viiiha  a  Senhora  Intanta  entre 
Suas  Mageftades,  e  occupava  oaffento  de  diante 
o  Sereniflimo  Principe  das  Aflurias ,  que  fora  en- 
contrar-fe  com  ellas  ao  caminho.  Foi  mui  applau- 
dida  efla  vmda ,  de  dia  com  feflejos  mui  plaufi- 
veis ,  e  de  noite  com  luminarias ,  e  fogos  de  artifi- 
ciove  continuarao  largo  tempo  eflas  feflivas,  e 
obfequiofas  demonflra^oens. 
Chega  Jofeph da  ■■^  j^g  'y  A  oito  de  Junho;  chegou  o  Plenipotenciario 
?MM  Jofeph  da  Cunha  Brochado  aCorte  de  Madrid. 

Alii  teve  largas  conferencias  com  AntonioGue- 
des  Pereira ,  em  cuja  cala  fe  hofpedou  a  principio  , 
e  de  donde  paflbu  a  outra ,  que  fe  Ihe  havia  pre ve- 
nido ;  e  cortando  por  maiores  dila^oens ,  entrarao  a 
fbmentar   com  todo  o  calor  anegocia^aS  da  fua 
eommiflao.    Vencidas  finalmente  todas  as  duvi- 
das  ,  e  oppofi^oens,  ajuf\ara6-le  por  parte  deEl- 
Rey  Catholico  com  o  Marquez  de  Grimaldo ,  f eu 
Plenipotenciario.,  e  por  parte  de  ElRey  de  Por- 
tugal  com  os  Plenipotenciarios ,  Antonio  Guedes 
Pereira,  e  Joleph  da  Cunha  Brochado  os  Arri- 
gos  Prehminares.    Logo  fe  fizerao  publicas  em 
Pubiicao-fe,efej-  Madrid,  no  primeiro  deOutubro,  as  Eftipulagoens 
dJitiV^i^lt  ^os  Reaes  Defpoforio?.  Cam  efla  occafiao  defc^ 
foens  dos  defjjofo- jt^o  Suas  Mageftades  Catholicas  a  Capella  Realy. 
''^^^'  a  affiflir  ao  Te  Demn ,  mandando  que  fe  celebraf^. 

feefla  allian^a,  naquella  Corte ,  em  Santo  Ilde- 
fonfo  ,  e  em  todos  os  mais  dominios  daquella; 
Coroa,  com  tres  dias  derepiques,  e  Iuminarias.> 
De  tudo  iflo  fe  fez  immediataijiente  .a.vifo  aLis- 
boa.  9     Fir- 


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dos  Frincipes  do  Brazil  ?  Livro  I.      p 

9  Firmarao-fe  os  mermos  Preliminares  a  fete  1725. 
do  dito  mez  ;  e  chegado  o  avifo  do  ajufte  de 
Madrid  a  Lisboa  ,  fez  logo  Sua  Mageftad^  dar 
tambem  avifo  delle  ao  Illuftriflimo ,  eExcellen- 
tiflimoDuque  Eftribeiro  mor,  que  aquelle  tempo 
fe  achava  nas  CaldaS;  por  efta 

C  A  R  T  A. 

Hegou  hum  Expredo  dos  noflbs  Plenipo. 
tenciarios  de  Caftella  com  carta  do  pri- 
meiro  do  corrente ,  em  que  da6  conta^ 
de  que  naquelle  dia  fe  publicarao  os  Cafarnentos 
do  Principe  noffo  Senhor;,  com  a  Senhora  Infanta 
de  Hefpaiiha ,  e  do  Principe  das  Afturias,  com  a 
Senhora  Infanta  D.  Maria  Barbara ,  hindo  Suas 
Mageftades  CathoHcas  naquelle  dia  a  Capella 
afliftir  ao  Te  Denjn  Laudamtts ,  e  publicando-fc 
tres  dias  de  luminarias  em  Santo  Ildefonfo,  em 
Madrid ,  e  em  todas  as  mais  Cidades,  e  Villas  de 
;,  Caftella.  Ordena-me  Sua  Mageftade ,  participe  a 
yy  V.  Excellencia  efta  noticia,  e  que  quarta  feira 
ddz  do  corrente  fe  praticara  nefta  Corte  o  mef- 
mo  eftylo  ;  e  nas  mais  Villas,  e  Cidades  do 
Reyno  fe  celebrara  tambem  efta  feliz  noticia. 
jy  Todas  as  Peflbas  Reaes  lograo  faude  perfeita. 
Deos  guarde  a  V.  Excellencia.  Lisboa  Occi» 
dental  8.  de  Outubro  de  1 725. 


DtQgo  de  Mettdon^a  Corte  ReaL 
Senhor.  Daque  EJiriheiro  jnor. 


;|o     Hiflma  panegjrica  dos  defpoforios 

172$,      No  butro dia, em quefefez^ puhlico 0  ajufle  dos 
mutuos  Cafamentos  dos  Principes  das 
Afturias  j  e  do  Brazjl  yfe  expedio  a ..    - 
os  Trihunaes  efte  r 

D  E  C  R  E  T  O. 

.Avendo  ajuftado  os  Cafamentos  do 
Principe  ,  lobre  todos  meu  muito 
amado  ;,  e  prezado  fillio ,  com  a  In-- 
„.  fanta  D.  Maria  Anna  Vitoria  deBorbonj  eo 
„  Principe  das  Aflurias  ,  fiJhos  del-Rey  Ca' 
„  tliQlico  ,  meu  bom  Irmao  ,  e  Primo  ,  com  a 
^  Infanta  D.  Maria  Barbara ,  minha  muito  ama- 
„  da ,  e  prezada  fiJha ,  e  fer  efla  noticia  de  gran- 
yy  de  contentamento  para  todos  meus  Vaflallos^ 
„  por  moftrar  o  grande  goflo  defles  Matrimoniosj 
„  hei  por  bem ,  que  nefla  Corte  fe  celebrem  com 
^  tres  dias  de  luminarias ,  e  falvas  de  artilheriaj 
„  que  hao  de  principiar  a  manliaa.  O  Confellio 
„  o  tenha  afTim  entendido ;  e  pela  parte  que  Lhe 
>,  toca ,  o  fa^a  affim  executar.  Lisboa  Occiden- 
yy  dental  9.  de  Outubro  de  1725. 

Com  ruhrtca  de  Sua  Mageflade. 


10  Por  carta  doSecretario  deEflado,  forao 
avifados  os  Titulos,  Officiaes  dasCafas,  Minif- 
tros  dos  Tribunaes  y  e  Prelados  das  Rehgioens  pa- 
ra  fe  achar  a  9.  de  Outubro  no  Pa^o,  e  acompa- 

>,""\  nhar 


dos  Principes  do  Brazjl >  Livro  I.      ii 

/' 

nhar  a  El-Rey  ,  que  havia  de  defcer  a  Capella       I725. 

Real  a  dar  gragas  ao  Rey  dos  Reys,  pela  publi- 

ca^ao  dos  ajuftes  feitos  enire  as  duas  Coroas,  Foi 

cxtraordinario  o  concurfo  da  Nobreza  de  ambas 

as  Jerarquias  Ecclefiaftica ,  e  Secular ,  que  no  outro 

dia  dez  do  fobrcdito  mez  acodio  a  efta  fun^ao.  Bai-  Defce  El-Rey  d 

xarao  E!-Rey  D.  Joao ,  o  Principe ,  e  os  Senhores  2'^;^^/,!"  "'^^' 

Infantes  D.  Francifco  ,  e  D.  Antonio  a  Capella 

cm  acgao  de  gra^as.    AlTiftirao  tambem  publica- 

'  mente  da  Tribuna  a  efta  religiofa  fun^ao,  aSere- 
niilima  Senhora  Rainha  D.  Marianna  de  AuHria , 
e  com  a  Senhora  Infanta  D.  Maria  Barbara,  todas 
as  mais  Peiloas  Reaes.  Celebrou  Mida  de  Pontifi- 
caloSenlior  Patriarca ;  edepois  feentroucom  a 
maior  folemnidade,  e  acompanhamento  de  Mu- 
fica  ao  Te  Dettm ,  que  do  mefmo  modo  fe  can- 
fou  na  Bafihca  Metropolitana  de  Lisboa  Oriental, 
hoje  dita  de  Santa  Maria  Maior,  e  em  todas  as 

'mais  Igrejas  de  ambas  as  Lisboas."  Concluid'0  efle 
a£io ,  paflou  El-Rey  para  a  Cafa  da  Audieiicia  ^ 
aonde  com  o  Principe  _,  derao  beijamao  a  toda  u 

\Nobreza.  O  Marquez  de  Capecelatro ,  Embaixa-' 
dor  Ordinario  de  Caftella ,  depois  de  haver  fallado 
a  Ei-Rey  na  fua  antecamara,  e  tambem  aoPrin- 
eipe ,  que  o  receberao  com  extraordinaria  bene- 

■folencia  ,  paflou  ao  qUarto  da  Rainha ,  aonde 
ella,  ealnfanta  D.  Maria  Barbara,  davao  tam- 
bem  beijamao  ,  e  alh  teve  audiencia  particular 
de  ambas  eftas  SerenifTimas  Senhoras  ;  e  impetrada 
vema  da  primeira  ,  teve  ahonra  de  beijar  a  mao 
a  fegunda.  A  noite  defle  dia ,  foi  a  primeira  de  lu- 
minarias ,  e  falvas  de  artilheria  em  terra ,  e  mar. 
]N^eIIa  houve  huma  excellente  ferenata  noPago; 
€  nas  duas  feguintes  fe  continuarao  os  mefmos  fe(- 

B  ii  tejos. 


12     Hijloria  Tanegyrica  dos  dejpojorios 

172$.       tejoS;  que  igualmente  fe  mandarao  celebrarenii 
todas  as  outras  povoagoens  do  R.eyno. 

Ratificagao  dos   ■     1 1     A  treze  defte    mei  forao  ratincados  em. 

cZ^!Ts"TcaJld.  Lisboa    os  Artigos   Prelimmares  por  El-Rey  D. 

la ,  e  PontigaL     Joao ,  e  no  outro  dia  payr  Ei-Rey  Catholico  em 

Santo  Ildefonfo,  aonde  chegou  a  ratificac^ao  del- 

Rey  D.  Joao ,  a  17,-  com  cuja  occafiao  partio 

logo  o  Plenipotenciario  Joleph  da  Cunha  Brocha- 

do ,  de  Madrid  ,  para  o  Elcurial ,  aonde  entao 

le  achavao  Suas  Mageflades  Catholicas.  Por  efte 

tempo  attento  EI-Rey  Filippe  V.  ao  eftado ,  e 

Nomcafoensdel-  fervico  doPrincipe  dasAfturias,  fez  eftas  nomea- 
Rey  Catholtco  ^      tv/t     j  '  -rx  1    -r.  •  -•-./ 

para  ojeriifo  do  ^oens :   Mordomo  mor ,  o  Duque  de  Bejar  ;  El- 

Principe  ^^j  4/"  tribeiro  mor,  oConde  de  Santo  Eftevan  del  Pu- 

tttrtas.    /  QYtOj  Sumilher  de  corpo  ,  ao  Conde  de  Salazar  , 

A'yo  que  fora  de  Sua  Altezaj    Gentis-homens  da 

Camara ,  o  Duque  de  Gandia ;,  e  o  Marquez  de 

los  Balbazes  ,•    primeiro  Eftribeiro  D.  Carlos  de 

Arte^a,  que  era  Tenente  de  A'yo  de  Sua  Alteza; 

Vedores  ,   ou  Mordomos  da  femana  os  Condes 

de  Arenales ,  e  Safateli  ,•  Gentis-homens  da  man- 

ga  D.  Inacio  AeflFerden,  e  D.  Jofeph  de  Lofrda,- 

Confeftbr,  o  mefmo  de  Sua  Mageftade ,  o  R.  Pa-. 

dre  Gabriel  Bermundes  ,•  Secretario  daCamaraD. 

Joao  Bautifta  de  Lexandre  ,•   e  a  futura  fuceflao 

do  emprego  de.primeiro  Cavalheri^o  ,  concedeo 

Sua  Mageftade  Catholica  ao  filho  do   Marquez 

del  Sarco  j  D.  Fernando  de  Figueroa ,  em  atten- 

^ao  aos  bons  fervigos  do  referido  feu  pay. 

12      Em   quatro  de  Dezembro  ,  com  a  oc- 

Fejlejos  com  que  cafiao  de  cumprir   14.  annos  a  Infanta   D.  Ma-; 
fe  applaude   0        •      i-,     1  i  1    ••         ^  j-     r       • 

cimprimento  do  na  Barbara ,  houve  bei)amaoj  e  no  dia  legumte 
14.  anno  da  In-  em  obfequio  da  raefma  Senhora  celebrou  o  Mar*j 

^BarLa.'  ^"^'^  ^^^  ^^  Gapecelatro  a  mefma  folemnidade  com 

huraa 


dos Trincipe^ do BrazJU  Lwro  I.      i\ 

huma   excellente  Comedia  ,  que  fez  reprerentar        ^J2$. 

com  a  maior  ofleiitacao ,  para  o  que  convidou  a 

Nobreza ,  a  quem  dco  hum  magnitico  refrefco.      Vaiordcrn  aoPle- 

I T,     Concluidas ,  pois,  ta6  felizmente  as  Eftipu-  f^fT^Z?'' 
^oens  delres  Reaes  Defpoiorios ,  toi  ordem  ao  rie-  Brochado  ,  /ara 
nipotenciario  Jofeph  daCunhaBrochado,pararecG-  rccoJhsr.fe  dCor- 
Iher-fe  brev'emcnte  a  Lisboa.  Efle  airuTi  o  fez,  ref-  ''.Jf'^'^  ^''* 
tituindo-fe  a  mefma  Corte  em  1 2.  de  Janeiro  de 
1726.  Chegado  que  foi^fez  prefente  a  Sua  Magef-        IJ26» 
tade  de  oito  foberbas  mulas.  Aceitou-as  o  mefmo 
Scnhor ,  que  o  recebeo  com  furmno  agrado ,  pelo 
b^m ,  que  elle  o  havia  fervido  ,•  e  para  deixar  mais 
airofo    o  feu  offerecimento ,    teve  por  bem  na6 
o  recompenfar. 

14     Corria  ainda  aquelle  mez  quando  El-Rey 
Catholiconomeoupor  feuEmbaixador  Extraordi-  ^'^TJ?.  ^^■^^^J' 
nario  a  Corte  de  Port;ugaI ,  D.  Carlos  Anibrofio  Ef-  EmbJxalor  E^. 
pinola  de  la  Cerda  -,  Marquez  de  los  Balbazes ,  traordinarto  4 
Gentil-homem  da  fua  Camara.  Fez-fe  pubiic^  em  ^"'''  tr^/^.t 
JLisboa  em  a.  de  Fevereiro  ,  andmea^ao  que  t.i'  de  lox  Ba/bazes  i 
Rey  D.  Joao  fizera  em  Rodrigo  Eanes  de  Sa  Al-  <•  El-Rey  dePor- 
meida  e  Menezes ,  Marquez    de  Abrantes ^ ^ Gen-  E^jlaixado^Ex- 
til-liomem  da  Camara  do  mefrao  Senlior.,  qY^-  traordivario  d 
dor  da  /ua  Fazenda ,  conftitumdo-o  feu  Embaixa-  ^g%^ f^J^^-^^^f'** 
dor  Extraordinario  a  Corte  de  Caftella  ,•  e  cam  efta  /ihrantes. 
occafiao  llie  fez  hama  v.ifita  em  pubhca,  iorma  o 

M^rquez  de  Capecelatro.  '   

.1  f  Em  cinco  de  Mayo  recebeo  o  Dezembar-'  Nomea ^El-Rey 
gador  Aiexandre  Ferreira  carta  dp  Secretario  de  yiola'^ Emhaixa^ 
Eftado,  em  que  fe  Ihe  fazia  faber  eftar  eleito  Se- 
crctario  da  Embaixa^a  j  e  alguns  dios  depois  ie  iJie 
nomeou  por  Adjunto  _,  ]Pedro  de  Mariz.  X«ogo  o 
Marquez  de  Abrant^jjL  ^ntendendo  em  executar 
as  ordensReaes,  foimandandopar^Cafteilagran- 

de 


da. 


172^. 


i4     Hiftoria  partegjrlca  dos  defpofonos 

de  parte  do  fcu  trem,  e  familiaj  para  cuias  pre- 
para^oeiis ,  n  edidas  cerLamente  pela  maior  gran- 
deza  ,  Ihe  niandou  dar  El-Rey  D.  Joao  liuma 
profuriflima  ajuda  de  culio. 

i6     Eftando  tudo  finalmente  a  ponto^  partio 

d  Marquez  de  Abrantes  para  Madfid  y  correndo 

1J2J-       jao  anno  de  1727.  Ao  paffar  por  Talavera;  foi 

cumprimentado  ,  e  hofpedado  com  o  maior  ef- 

Parte  0  Marquez  plendor  pelo  Arcebifpo  de  Toledo;  que  andava 

MadrT''^'''''  por  aUi  de  vifita.  Ghegou  finalmente  a  Madrid 
'  em  19.  de  Margo,  e  a  23.  de  manhaa  teve  au- 

Cbega  dquelia     diencia  particular  del-Rey  Cathohco.  No  dia  an- 

Cone,  tecedente  havia  partido  para  Lisboa  ;,    a  ligeira, 

o  Marquez  de  los  Balbazes,  por  haver  ja  man- 

Parte  aMarques,  dado  antecedentemente  o  reflo  da  fuaiamilia. 

tara^Lisboa^^  ^ 7  Em  fete  de  Abril  recebeo  ordern  o  Duque 
Eflribeiro  mor  do  Secretario  de  Eflado ;,  para  ter 
pronto  o  cochc;,  em  que  havia  de  fer  conduzi- 
do  o  Marquez  de  los  Balbazes ,  Embaixador  Ex- 

:  traordinario  de  Caflella,  e  dous  coches  maispara 

a  condu^ao  da  fua  famiha.  No  dia  14.  do  mef- 
mo  mez,  tornou  a  ter  o  mefmo  Duque  Eflribeiro 
inor,  outro  avifo  do  mefmo  Secretario ,  porque 
fe  Ihe  fazia  faber  fer  chegado  o  Marquez  de  los 
Balbazes  a  Aldeia  Gallega  ,  aonde  pernoitava 
aquella  noite  ,  e  que  na  manhaa  feguinte  embar- 
cava  para  Lisboa.  Em  attengao  deftas  ordens ,  e 
avifos,  raandou  o  Duque  Eftribeiro  mor  para  cafa 
do  Conde  de  Obidos ,  que  havia  de  fer  o  Condu- 
ctor  do  Marquez  de  los  Balbazes ;,  tres  eftufas  ,• 
huma  daPefloapara  Sua  Excellencia,  e  duas  de 
iequito  para  a  fua  familia.  j 

18     A  quinze ,  partio  o  Conde  de  Obidos  a  de- 
fempenhar  as  ordenS;  que  le  Ihe  haviao  dado;,  para 

o  caes 


«■•jv 


dos  Prlncipes  do  BrazM  j  Lhro  I.      i  > . 

ocaes  dapedra,  occupando  a  primeira  eftufa^  e        172  7. 

acompanliado  de  huma  numerofa ;,  e  mui  elpen- 

dida  comitiva.    Saliio  do  efcaler  o  Marquez  de 

los  BalbazeS;  e  apeando-fe  oConde  de  Obidos, 

concluidas  as  ceremonias  ;,   que   em  femelhantes 

cafos  fe  praticaO;,  entrarao  ambos  na  primeira  ef- 

tufa,    tomando  o  Marqiiez  Embaixador  a  mao 

direita.  Meteo-fe  parte  da  familia  do  Embaixador  Chega  a  eJiaCor- 

nas  outras    duas  eflufas ,   e  parte   em  dous  co-  ^^' 

ches  do  Embaixador  Ordinario  de  Caftella ,  o  Mar- 

quez  de  Capecelatro. 

.    19     Accrefcentava  novo  luftre  a  efta  grande- 

za  o  eftado  do  Conde  de  Obidos ,  que  confiftia  ^-ft^^^.  /^  ^""^^ 

em  hum  leu  cocne ,  de  que  tiravao  leis  cavallos 

negros ,  cobertos  de  brancas  pelles  de  uflos :  Ou- 

tro  coche,  em  que  vinha  parte  dos  feus  Gentis- 

homens  j  de  que  tiravao  kis  cavallos  caftanhos , 

eobertos  de  manchadas  pelles  de  tygres :  Hum  co- 

che  ,   em  que  vinhao  os  mais  Gentis-homens  do 

Conde ,  tirado  por  feis  cavaJios  negros ,  com  co- 

berturas  de  pelles  tambem  negras  de  uflbs.  Hiao 

diante  do  coche  do  Conde,  doze  lacaios,  vefti- 

dos  de  do  ,•  porque  a  Corte  puzera  luto  pela  mor- 

t€  do  Duque  de  Parma,  Avo  da  Sereniffima  Se* 

nhora  D.  Maria  Anna  Vitoria.  Aos  lados  do  mef- 

mo  coche  hiao  quatro  Volantes  com  faioens ,  e 

cintas  negras ,  veftidos  de  branco  ^  fazendo  toda 

efta  vifta  huma  foberba ,  e  nobihirima  oftenta- 

gao. 

20     Defte  modo  caminhara5  para  o  Palacio  Chegao  ao  Pala- 
do  Conde  do  Redondo  ,  que  o  Marquez  tinha  '^/^^f"^^  ^^* 
alugado  ,    juntamente  com  a  fua  grande  quinta 
por  feis  mil  e  quinhentos  cruzados  ,    por  anno. 
Ghegando  alh ,  fe  apearao ,-  e  dando  o  Marquez 

o  me- 


i6     HiJloriaTaneg^ricados  dejpojorios 

1 727.  ^  nielhor  lugar  ao  Conde;,  o  convidou  para  jantar. 
Aceitou  o  Conde  de  Obidos ,  indo  porem  primeiro 
ao  Pa^o  completar ,  como  he  eftylo,  o  s£k6  da  lua 
incumbencia.  Voltou  depois  em  carruagem  fua 
abufcar  o  Marquez  ^  que  orecebeo  com  fummo 
agrado.  O  jantar  foi  foberbamente  lauto  ,  nao 
ceHando  de  foar  fuave  ,  e  deftrifTmiamente ,  em 

I  quanto  elle   duroU;  muitos  inftrimientos  muficos. 

Nefte  mefmo  dia  foi  vifitado  ,  e  cortejado  o 
Marquez  de  los  Baibazes  de  muitos  Cavalleiros, 
Senhores. 

"21     PafTados  dous   dias  ,  foi  o  mefmo  Mar- 
^pr^f-w?/!  (7  Ew- quez  bufcar  o  Secretario  deEftado^,  prefentando- 

httixador  de  Caf-  j]^g  ^5  copias  das  fuas  Credenceaes ,  e  fisnifican- 
tella  as  copias        ,     „  ^    .  ,   ^  .  ,  p  ,         , 

das  fnas  Creden-  do-Ihe  o  muito  que  defejava  ter  a  nonra  de  ler  ad- 

eides,  mittido  a  preien^a  de  Suas  Mageftades.  Affmou- 

fellie    o  dia  feguinte  18.  de  Abril  ,   pelas  ^inco 

da  tarde.  Chegado  ao  corpo  da  guarda,  e  rece- 

bido  alli  com  os  coftumados   cortejos  Militares , 

iubio  ao  Pago ,  acompanhado  de  muitos  Senho- 

res.    Na  primeira  antecamara ,    dados  os  avifos 

coftumados  ,  veio  logo  o  Camarifta  que  eftava  de 

femana  ,•  e  feitos  os  cumprimentos  do  eftylo  _,  dif- 

fe  ao  Embaixador ,  que  Suas  Mageftades  o  efpe" 

ravao.  Acompanhado  delle ,  e  de  outros  Officiaes 

da  Cafa,  entrou  o  Embaixador  para  a  Cafa  da  Au- 

diencia. 

Tem  audienctade      22     Foi  elle  recebido  del-Rey  D.  Joao  com 

Sua  Magejiade.    ^qJ^  ^  benevolencia  j  e  defpedido  de  Sua  Magef-  i 

tade  ,  pafsou  ao  quarto  da  Rainha ,    que  entao 

fe  achava  affiftida  do  Sereniffimo  Principe ,  e  dos 

Senhores  Infantes  D.  Pedro ,  D.  Alexandre ,  e  D. 

Maria  ,  a  quem  o  Embaixador ,  impetrada  a  ve- 

iiia  da  mefma  Senhora  Rainha  ,  que  tambem  o 

recebeoi 


dosPnncipes  do  Bratil  >  Livro  I,    17 

-recebeo   com   a  maior   bencvolencia  /  beijou   a        1727. 
'^inao  prollrado .  de  joeihos ;,  e  logo  deo  volta  a  lua 

23  Emonze  de  Mayo  chegou  aefta  Corte,  ^^'j^^-^^^'^J^^^^ 
aonde  SuaMageftade  ohavia  mandado  recolher,  nio  Quuks /tni- 
O  Inviado  Antoiiio  Guedes  Pereira.  Teve  logo  au-  ra. 

diencia  do  mefmo  Senhor  ,  que  o  recebeo  com 

particular  agrado;,  pelo  bem  fervido  ,  que  fe  dava 

do  zelo ,  e  boa  diligencia  ,   com  que  elle  havia 

promovido  tao  bem  os  feus  interelles.    Por  efta 

mefma  confldera^ao  o  premiou  com  muitas  mer- 

ces.    Deo4he    huma    commenda  de  Mourao   na  Merch  que  Ihe 

Ordem  de  Aviz ,  de  lote  de  quinhentos  e  quaren-  -^"^  £^'i?0'' 

ta  mil  reis ,  com  defafete  aimos  de  caidos :  •  Deo- 

Ihe  a  Alcaidaria  mor  de  Ijamego,  que  de  mais 

da  honra ;,  que  he  grande ,  rende  quatro  centos 

mii|fiis  :  Conilituio*o  no  fenhorio.  de  huma  Viila 

de  j^oc.  yizinholj  .e  concedeo-Ihe  mais  huiha  vi- 

<ta  em  todos  os  bcris  j  'que  pofluhia  da  Coroa ,  e 

Ordens,       :  t  oa 

24  ;  Atres  deSetembro  de  1727.  fereduzirao  RedufaodorPre' 
os  Preliminares  doCaiajmento  db  SereniCimo  Prm- ^^^r^/pS; 
cipe  do  Brazil  com  a  Senhora  Inf^nt-a  D.  Maria  dpe  do  Brazil , 
Anna  Vitom  de  Borbon  ahum  Tratado^  iolemne  ^^"  alnfantaD. 
Dotaliv^:  e  •Matrimonial.  A  eiie  'fim  havia  dado  toria  f  a  Tratado 
EI-Rey .  Catholico ,  em  18.  de  Juilio  a  fuaPleni-  Dotal,  c  Matri- 
potencia  ,  e  commiflao "  a  D.' Joao  'Bafutiila'  de '"'""'^^' 
Orendain,  Marquez  de  la  Pazy^^^JpriineirovSeGre- 

tario  de  Eftado-i  e  do  Deipacho  _,opara  coneorrer, 
como  cbncorreo ,  a-eila' celebridaifc;  cdm  o  Marr 
quez  de,Abrantes,?.a  ^erft  iEHLey^D.  JoiQ  ha- 
via  j)ara  iflb  mandado,  todos  (^  ^eus  podefes  por 
fuauiprocur^^ao ,  expedida  da  Corte'  de  iLiybaa,  e 
datada  em  leis  de  -Agofta  DotoU  jKfte-Tr^tado 
-fcii.   .II  ^^  C  Sua 


1 8     Hlftom  Tanegrka  dos  defpojorios 

1727  S^^  Mageftade  Catholica  (  que  depois  o  appro- 
vou,  ratificou,  e  firmou  em  14.  deSetembro  em 
Santo  Ildefonfo )  a  expreflada  Sereniflima  Senho- 
ra  Infanta  D.  Maria  Anna  Vitoria  de  Borbon , 
com  quinlientos  mil  efcudos  del  Sol ,  ou  no  feu 
jufto  valor  f  huma ,  ou  outra  coufa  pofta,  een- 
tregue  em  Lisboa.  El-Rey  de  Portugai  le  obri- 
gou  as  mais  condigoens  commuas  deftes  Tratados, 
oquefefara  mais  evidente  do  theor  do  referido, 
que  lie  nefla  forma  : 
Tratado  do  Cafa-  ;,     I.     Don  Phehpe  por  la  gracia  de  Dios  Rey  de 

"^Z^V" r.^l"(mt  ^^  ^^^^^^^ >  ^^  Leon,  de  Aragon ,  de  las  dos  Sici- 

aItifafttaD:Ma-- jy^^^^^^S}  de  Hierufalem ,  de  Navarra,  de  Grana- 

ria  Anim  Fitoria  ^^  da, .  de  Toledo,  de  Valencia ,  de  Gahcia ,  de 

d,Borbon.  ^^  MaUorca  ,  de  Sevilla ,  de  Cerdena ,  de  Cordova, 

„  deCorcega,  de  Murcia,  de  Jaen,  delos  Al- 

„  garves ,  de  Algecira ,  de  Gibraltar ,  de  las  Islas 

j^vdeiCanaria,  de  las  Indias  Orientales,  y  Occi* 

>,  dentales ,  Islas ,  y  Tierra  firmc  del  mar  Ocea- 

„  no  ,  Archiduque  de  Auflria ,  Duque  de  Borgo- 

-^-  w  "^  >  ^^  Bravante ,  y  Milan,  Gonde  de  Abfpurg, 

•*^'„  ..  >>  de  Flandes  ,   Tirol  ,    vBarcelona,   Senor  de 

,V  '       V^  vsW  «  Vi^caya ,  y  de  Mohna.  &c.  Por  quanto  navi- 

.C  V  a  iwi:»  ^^  endo-fe  ajuflado,  oombenida^|l  y  firmado  en  Ma- 

c,^  .."iSv.  w  drid  el  dia  tres  del  prefente  mez 'de  Septiem- 

•V..  A  »  ,W      „  bre  ;por  los  Plenipotenciarios    nombi;adps  por 

,Wu.s    ^  Miiiiijy.  por  el  Sereniflimof ,  y  muy  poderofo 

,,  Rey  de  PortugaJ,  el  Tratado  Matrimonial  para 

„  el  Cafamiento  ,   que  deve.  efe<9:Uarfe  entre  ef 

„  Sereniflimo.Principe  del  Bmfil   Don  Jofeph , 

-,,  hiio  primogpnito  del  referidp  Sereniflimo  Rey 

„;tie:PortugaI,  y  laSereniiTimainfantaDona  Ma- 

„  ria  Anna  Vi^oria >.  mi  muy  chara ^ -y  muy  amai 

l^jda  iiaja>  dfil  teiaor;  feguiente.  -  ^    '.■ '  ri.    . 

/  ./         "  „  II.  Tra- 


^  dos  Principes  do  Brazjl  >  Livro  I.      ip 

3,     II.     Tmtado  Matrimonial  acordado  enrre  el        1/2 7- 

yj  Comillario  'AqI  Rey  de  Efpana ,  Don  Juan  Bap- 

y,  tifta  de  Orendayn ,  Marques  de  la  Paz ,  de  fu 

'  j,  Confejo  ,  y  priraer  Secretario  de  Eftado  ,  y  del 

j,  Defpacho  ,  y  el  Embaxador  Extraordinario  del 

y,  Rey  de  Portugal ,  Don  Rodrigo  Annes  de  Sa 

„  Almeyda  y  Menezes ,  fu  muy  amado ,  y  charo 

y,  fobrino ,  de  fu  Confejo ,  Genrilhombre  de  fu 

j,  Camera ,  Marques  de  Abrantes ,  para  el  Cafa- 

'„  miento,  que  deve  efeduarfe  entre  el  muy  alto, 

„  y  muy  poderofo  Principe  del  Brafil  Don  Jofe- 

jy  ph ,  hijo  primogenito  dcl  muy  alto ,  muy  ex- 

yy  celente  ,  y  muy  poderofo  Principe  Don  Juan 

j,  Quinto ,  por  la  gracia  de  Dios  Rey  de  PortUs- 

„  gal ,  y  de  la  muy  alta  ,  muy  excelente ;,  y  muy 

yy  poderofa  Princela  Dona  Marianna  de  Auftria, 

j)  tambien  por  la  gracia  de  Dios  Reyna  de  Por- 

„  tugal  j  y  la  muy  alta,  y  muy  poderofa  Princefa 

j,  Doiia  Maria  Anna  Victoria ,  Infanta  de  Efpa- 

„  na  ,  hija  del  muy  alto ,  muy  excelente  ,  y  muy 

,y  poderofo  Principe  Don  Phelipe  Quinto  por  la 

„  mifma  gracia  de  Dios  Rey  de  Efpaiia ,  y  de 

„  la  muy  alta ,  muy  excelente  ,  y  muy  poderofa 

,y  Princefa  Dofia  Ifavel  Farnefe,  afTi  mifmo  por 

yj  Jagracia  de  Dios  Reyna  deEfpana^  fegun  los 

„  pleios  poderes  ,   que  han  recevido  los  dichos 

y,  Miaiftros  de  la  Mageftad  del  Rey  Catholico , 

„  y  de  la  Mageftad  del  Rey  de  Portugal ,  cuyas 

,,  copias    fe  infertaran  al  pie  del  prefente  Tra- 

„  tado.  '    ' 

„     III.     En  nombre  de  Ta  SantifTima  Trinidad, 

„  Padre ,  Hijo  ,  y  Efpiritu  Santo  >  un  folo  Dios 

y,  verdadero ,  a  fu  honor ,  y  gloria ,  y  por  el  bieiju. 

,,  reciproco  de  los  Pueblos ,  Siabditos-,  y  VafaUos 

C  ii  „  de 


5? 


20    HiftonaPanegjricadosdeJpoJorios 

172  7.        >f  ^^  uno,  y  otro  Reyno.  Sea  notorio  a  todos 
aquelios ,  que  las  preientes  ietras  de  acuerdo 
de  matrimonio  vieren,  que  havieridofe  firma- 
do  en  el  Real  fitio  de  San  Ildefonfo  a  los  fie- 
yy  te  dias  del  mes  de  06labre  del  aiio  del  Naci- 
,,  miento  de  Nueftro  Senor  JESU  Chrifto  de  mil 
„  fetecientos  y  veinte  y  cinco ,  por  el  Marques 
„  de  Grimaldo  ,  Miniftro ,  y  Plenipotenciario  de 
„  la  Mageftad  del  Rey  Catholico,    y  por  Jofe- 
j,  ph  de  Acuna  Brochado,  y  Antonio  Guedes  Pe- 
jj  reyra  ,  Miniftros ,  y  Plenipotenciarios  de  la  Ma- 
„  geftad  del  Rey  dePortugal;  los  Articulos  Pre- 
y,  hminares  para  el  matrimonio ,  que  fe  deve  efe- 
„  (Stuar  del  muy  alto  ,  y  muy  poderofo  Principe 
„  del  Brafil  Don  Jofeph  ;,    hijo  primogenito  del 
„  muy  alto  ,  muy  excelente  ,    y  muy  poderofb 
„  Principe    Don  Juan  Quinto  por  la  gracia  de 
,,  Dios  Rey  de  Portugal ,  y  de  la  muy  alta ,  muy 
„  excelente ,  y  muy  poderofa  Princefa  Dona  Ma- 
j,  rianna  de  Auftria  ,    tambien  por  la  gracia  de 
„  Pio5  Reyna  de  Portugal  j   y  la  muy  alta ,  y 
„  muy  poderofa  Prmcefa  Dona  Maria  Anna  Vi- 
jj  6loria  ,  Infanta  de  Efpana  ,  hija  del  mu/  alto, 
„  muy  excelente ,  y  muy  poderofo  Principe  Don 
„  Phelipe  Quinto ,  por  la  mifma  gracia  de  Dios 
f,  ReydeElpana^  y  de  la  muy  alta ,  muy  exce- 
„  lente  ,  y  muy  poderofa  Princefa  Dona  Ifavel 
„  Farnefe  ,    afli  mifmo   por  la  gracia  de  Dios 
,,  Reyna  de  Efpana  ,•  cuyos  Articulos  fueron  ra- 
,,  tificados  en  el  mifmo  Real  fitio  de  San  Ilde- 
j,  fonfo  a  catorce  de  Oclubre  del  mifmo  anb  de 
fy  mil  fetecientos  y  veinte  y  cinco  por  la  Magef- 
„  tad  del  Rey  Cathohco ,  y  por  la  Mageflad  del- 
3y  Rey  de  Portugal  en  la  Corte  de  Lisboa  Occi- 

,       '  ,;  dental 


dos  Pmcipes  do  Braz.il,  Li^^ro  I.     1 1 

„  dental  a  lostrece  del  mifmo  mes  de  0£lubre        1727, 
„  del  ,dicho    aiio  de  mil  ietecientos   y  veiiite  y 
j)  cinco. 

jy  IV.  Y  por  quanto  nos ,  como  Miniflros,  y 
jj  Plenipotenciarios  aliora  efpecialmente  deputa- 
j,  dos ,  debemos  reducir  los.  diclios  Articulos  a 
j,  un  Tratado  formal ,  en  virtud  de  los  plenos 
j,  poderes  refpectivos  ,  que  por  Sus  Mageftades 
„  nos  fiieron  concedidos ,  folo  para  efte  fin ,  ea 
^  j,  h  forma  ,  que  defpues  de  efte  Tratado  feran 
•j,  copiados ;  Haviendolos  vifto ,  y  examinado ;,  y 
),  yhallandolos  en  buena;,  y  debida  forma  cotn- 
„  beniraos  lo  feguiente. 

ARTICULO  r. 


V.  r^  E  ha  ajuftado  ,  que  cdh  la  gracia,  y  ^tigos  do  Tra- 
^  bendicion  de  Dios,  .alcazada  priraero  ^^ 
„  difpenfacion  de  nueftro  muy  Santo  Padre  el 
„  Papa  ,  en  razon  de  la  proximidad  ,  y  confan- 
,,  guinidad  entre  el  muy  alto ,  y  muy  poderofo 
Principe  del  Brafil  Donjbfeph;  y  la^muy  aita, 
y  muypoderofa  Infanta  Doria  Maria:Anna  Vi- 
dloria ,  haran  celebrar  fus  defpoforios^,  y  matri^ 
j,  monio  por  palabras  deprefente;,  fegun^  la  fo^- 
j,  ma  prefcripta  por  los  Sagrados  Canones  ,  y 
j,  Conftituciones  de  la  Iglefia  Catholica  ApoftoliT 
f,  ca  Romana ,  aiTi  que  la  dicha  Sereniffima  Se- 
,,  fiora  Infanta  aya  Ilegado  a  la  edad  de  doce  anos 
,,  cumplidos  ,•  y  defpues  que  fe  aya  ajuftado  ,  y 
„  fixado  el  tiempo  entre  la  Mageftad  del  Rey 
„  Catholico  ,  y  la  Mageftad  del  Rey  de  Portu- 
w  gal,  fe  haran  los  defpoforios,  y  cafamiento  en 


22     Eifioria  Tanegyrlca  dos  defyoforios 

1727.  "  la  Corte  de  Su  Mageftad  Catliolica.  Y  porquan- 
yy  to  la  dicha  Serenilfima  Senora  Infanta  tiene  ya 
^;,  cumplida  laedad  de  fiete  aiios,  y  el  Serenim- 
„  mo  Principe  la  de  onze  ,  fe  ajuftb  reciproca- 
yy  mente  ,  que  obtenida  la  referida  diipenfacion 
de  nueftro  muy  Santo  Padre  el  Papa ,  fe  haran 
luego  en  la  Corte  de  Su  Mageflad  Catholica 
los  efponfales  de  futuro  matrimonio  para  lo 
„  que  fe  daran  los  poderes ,  y  authoridad  necella* 
„  ria  ,  afll  por  el  SercnifTimo  Principe  del  Bra- 
„  fil  ,  como  por  el  Serenillimo  Rey  de  Portu- 
^y  gal  fupadre,  alMiniflro,  operfona,  queiue- 


)) 


y,  re  mas  de  fu  agrado. 


ARTICULO  11. 

VI.      Ij^  L  SerenifTimo  Rey  Catholico  pro- 
„  X_jmete,  y  fe  obliga  adar,  y  daraa 

la  Sereniffima  Senora  Infanta  Dona  Maria  An* 
na  Vicloria  en  dote ,  y  a  favor  del  matrimonio 
^,  con  el  SerenifTimo  Principe  Don  Jofeph,  y  pa- 
„  gara  a  la  Mageflad  del  Rey  de  Portugal ,  6  a 
f,  quien  tuviere  fu  poder ,  y  commifTion  la  fum- 
y,  ma  de  quinientos  mil  excudos  de  oro  del  Sol ,  6 
„  fu  juflo  valor  en  la  Ciudad  de  Lisboa ,  y  fe  en- 
„  tregara  la  dicha  fumma  al  tiempo  de  efeduarfe 
„  el  matrimonio. 


)) 


)) 

)) 


),  AR- 


dos  Principes.do  Braz.it  ^  Livro  I.      t^ 


ARTICULO  III. 

\,    VII.     y    AMagefhd  deiRey  dePortugal       172; 
,>  i   J  f e  obliga  a  a  fegurar ,  y  a  f egiirara 

^,  el  dote  de  la  SerenifTima  Sefiora  Infanta  Dofia 
,,  Maria  Anna  Victoria  ,  en  buenas  rentas ,  y 
„  afignaciones  feguras ,  a  fatisfacion  de  Su  Magef- 
),  tad  Catholica  ,  6  de  las  perfonas ,  que  para  efle 
j,  efe(5lo  norabrare  al  tiempo  de  el  pagamento , 
•^  y  remetira  luego  a  Su  Mageflad  Catholica  los 
„  documentos  de  la  dicha  afignacion  5  y  en  el  ca- 
„  fo  de  diifoJverfe  el  matrimonio ,  y  que  por  el 
i,  derecho  tenga  lugar  la  reflituicion  del  dote, 
.,,  fera  cfle  reftituido  a  la  Sereniffima  Seiiora  In- 
-,,  fanta ,  b  fus  herederos ,  y  fubcefores ,  que  lo- 
„  graraa  los  reditos,  que  importaren  los  dichos 
„  quinientos  mil  excudos  de  oro  del  Soi,  a  razon 
„  de  cinco  por  ciento.,  quefepQgaran  envirtud 
j>  dc  las  dichas  afignaciones. 

ARTICULO  IV. 

y,    VIII.     T)  Or  medio  del  pagamento  efedivo, 
),  X^  que  fe  hara  a  la  Mageflad  dei  Rey 

de  Portugalde  los  dichos  quinientos  ijiil  exCudos 
de  oro  del  Sol,  6  fu  juflo  valor  en  el  termino,  que 
queda  dicho ,  fe  dara  por  fatisfecha  la  Sereniflima 
;  jkf.lSenora  Infanta ,  y  fe  fatisfara  del  dichadocej  fin 
l>v q^e enadelante puedaalegar otro  alguaderecho, 
j^  ni  intentar  otra  alguna  aceion. ,  bpertencion, 
fljpejrtendiendo  que  la  perteneiiOiiii^apuedanperT 
^\jv.  yy  tenecer 


V 


1» 


24     Hiftam^FmegplaA.dos  dejp^orios 

1727.  ^y  tenecer  otros  mayores  bienes ,  razones,  dere- 
j,  chos,  6  acciones  porcaufa  de  herencias,  y  ma- 
„  yores  fubcefiones  de  SusJMagefkdes 'Catholicas 
yj  fupadre,  y  madre  ,  ni  de  qualquiera  cahdad,y 
Lt  ;;  condicion  que  fueren   las  cofas  arriba  dichas , 

j,  debe  quedar  excluida  de  ellas  , .  y  kates  de  efe- 
;,  duarfe  los  defpoforios  hara  renuiicia  en  buena, 
„  y  debida  forma ,  y  con  todas  las  feguridades , 
jy  formas  ,  y  folejnnidades ,  que  fueren  requeri- 
yy  das  ,  y  neceiarias  ,  la  qual  renuncia  hara  la  Se- 
yy  renilfima  Senora  Infanta  antes  de  eftar  cafada 
„  por  palabraS'  de  prefente ,  y  laconfirmara  lue- 
jy .  go  defpues  de  celebrar  el  matrimonio ,  y  apro- 
„  bara ,  y  ratificara  juntamente  con  el  Serenilfi- 
„  mo  Principe  del  Brafil ,  con  las  mifmas  formas, 
„  :y  foiemnidades ,    que.  la  Sereniifima  Senora  In- 
„..  fanta  huviere  hecho  Jacfbtrredicha  ■  primera  re- 
,,,nuncia,  y  a  de  mas.  :i:on  Jas  claufulas ,  que  fe 
„  juzgaren  mas  comb.eaientes  ,  y  necefTarias ,  y 
„.  el  SereniiTimo  Principe ,  y  la  Sereniffima  Sefio- 
„  ra  Infanta  quedaran ,  y  :qu.edan  afli  de  prefente^ 
„  -  Gomo  para  entonces  obligados  al  cumplimiento, 
.    „  y  efe<5lo  de  la  dicha  renuncia ,  y  ratificacion ,  en 
;,  la^;- conformidad .  de  los  prefentes  Artictilos,-  y 
„  las  fobredichas  renuncias,  y  ratiflcaciones  feran 
'  ,y  havidas ,  y  juzgadas  afli'  prefenteibente ,  como 
y,.  entonces  por  bien  hechas ,  y  vei-daderamente 
„  pafadas ,  y  otorgadas,  y  las  diehas  renuncias, 
„  y ,  ratificaciones  fe  haran  en  la  forma  mas  au- 
„  thentica,  y  eficaz  ,  que  pudierefer,  para  que 
„  fean  buenas,  y  validas,  juntamente' con  tordas, 
„.  las  elaufulas  ■  derogatorias  de  qualquiera  Ley> 
yy  jurifdiccion , ,  coflumbres ,.  derechos  ,  y  Confti- 
p>..tvidones  a  efl!0*contrarias.,  a  que  impidiefenien 

,j  todo. 


,■9'. 


dos  Frincipes  do  "Bra^iU  Lroro  I.     25 

„  todo,  6  en  partc  las  diclias  renuncias,  y  ratifica-       I727. 

4^  cionesj  y  para  el  efedto,y  validacion  de  lo  que  ar- 

-„  riba  queda  diclio,  ia  Mageftad  del  Rey  Catholi- 

jj  co,y  S.  M. Portuguefa  derogaran, y  derogan  deP 

^f  de  ei  prefente ,  fin  alguna  referva,  y  entenderan ,  y 

,y  entienden  alTi  deprefente,  como  para  entonces  te- 

j)  ner  derogadas  todas  las  excepciones  en  contrario. 

ARTICULO  V. 

^  IX.  X  A  Mageftad  delRey  de  Portugal 
,>  I  A  dara  a  la  Sereniflinia  Senora  Infan- 

fj  ta  Dona  Maria  Anna  Vi<aoria  en  fu  Ilegadaal 
j>  Reyno  de  Portugal ,  para  fus  anillos ,  y  joyas, 
),  el  valor  de  ochenta  mil  pefos  ,  los  quales  le 
„  perteneceran  fm  dificuldad  defpues  de  celebrado 
„  el  matrimonio ,  de  la  mifma  fuerte,  que  todas 
„  las  otras  joyas ,  que  Ilebare  con  figo  ,  y  feran 
i,  propias  de  la  dicha  Sereniffima  Senora  Infanta, 
;j  y  de  fus  herederos ,  y  fubcefores  ,  b  de  aquel- 
,,  los ,  que  tuvieren  fu  derecho. 

ARTICULO  VI. 

„  X.  TT  A  Mageflad  delRey  de  Portugal 
n  i  4  afignara ,  y  conftituii  a  a  la  SerenifH- 

„  ma  Sefiora  Infanta  Doiia  Maria  Anna  Vidoria 
„  para  fus  arras ,  veinte  mil  excudos  de  oro  del 
ji  Sol  al  ano ,  que  feran  afignados  fobre  rentas,, 
,,  y  tierras,  de  las  quales  tendra  jurifdiccion  ,•  y 
;,,  el  lugar  principal  el  Titulo  de  Ducado ,  de  fu- 
,,  erte ,  que  la  dicha  fumma  de  veinte  mil  excu- 

D  „  dos 


J) 

V 
7) 


26    Hifioria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1727.       J>  ^^s  ^^  oro  del  Sol  cadaanoi.  de  los  auaieslu- 
7,  gares-^,  y  tierras  afli  dadas ,  y  afignadas  gozara 
la  SerenilTima  Sefiora  Infanta  por  fus  manos ,  y 
por  lu  authoridad ,  y  de  las  de  fus  CommilTa^ 
rios  y  y  Oiiciales ,  y  en  las  dichas   tierras  pro* 
veera  ias  Jufticias ,  y  a  de  mas  de  efto  le  perr 
tenecera  ia  provifion  de  los  Oiicios,  como  es 
coftumbre ;  entendiendo-fe ,  que  ios  dichos  Ofi- 
cios  no  podran  ler  dados  fmo  a  Portuguefes  de 
nacimiento ,  como  tambien  ia  adminiftracion , 
y  arrendamiento  de  las  dichas  tierras ,  confor- 
,,  me.  a  ias  Leys  ,  y  coftumbres  dei  Reyno  de 
„  Portugai ;  y  de  ia  fobredicha  afignacion  entra- 
„  ra  agozar,  y  pofeer  ia  Sereniifima  Seiiora  In- 
;,  fanta  Doila  Maria  Anna  Viitoria,  iuego  que 
jy  tuvieren  lugar  ias  arras,  paragozar  de  eiia  to- 
^  da  fu  vida ,  fea  que  quede  en  Portugal,  6  le  re- 
,:,  tire  a  otra  parte. 

ARTICULO  VIL 

;,  XI.  TT  A  Mageftad  dei  Rey  de  Portugal 
,,  i   ^  dara ,  y  afignara  a  ia  Sereniflima  Se- 

jj  iiora  Infanta  Dona  Maria  Anna  Vidtoria  para 
j,  ei  gafto  de  fu  Camera ,  y  para  mantener  fu  efta- 
„  do  ,  y  iu  Cafa  ,  una  fumma  conveniente ,  tai 
„  qual  pertenece  a  muger  de  un  tan  gran  Prin- 
„  cipe,  yaiiija  detan  poderoio  Rey,  afignan- 
„  dola  en  la  forma ,  y  manera ,  con  que  fe  acof- 
„  tumbra  hazer  en  Portugal  para  femejantes  ma- 
„  nutenciones ,  y  gafto. 


AR 


dos  Princfpes  do  "Bra^ih  Livro  I.      27 

I  - 

ARTICULO  VIII. 

jy     5CIL     OTJ  Mageilad  Catholica  hara  condu-       I727. 
\3  cir  en  el  tiempo  y  que  fe  ajuftare  a 
fu  coHa;  y  gafto  a  laSereniirimaSeinoraDona 
Maria  Anna  Vidoria  iu  hija ,  a  la  Fronteraj, 

,,  y  raya  de  Portugal  con  la  dignidad ,  y  cortejo , 
que  requiere  una  tan  grande  Princefa,  y  iera 
recivida  de  la  mifma  forte  de  parte  de  la  Ma- 
geftad  delRey  de  PortugaJ,  y  tratada,  y  fer* 
vida  con  toda  la  magnificencia ;  que  conbiene. 


ARTICULO  IX. 

XIII.  XT'  N  el  cafo  ,  que  fe  difuelva  el  ma- 
m  J  trimonio  entre  el  Sereniflimo  Prin- 
cipe  dei  Brafil ,  y  la  SereniiTima  Seiiora  Infanta 
DonaMaria  Anna  Vidloria  ,  y  que  efla  fobre- 
viva  al  dicho  SerenifTimo  Principe ,  en  efte  caio 
ieni  hbre  a  la  dicha  SereniiTima  Seiiora  Infanta 
quedar  en  Portugal  en  el  lugar ,  que  quifiere, 
6  volver  a  Eipana ,  b  a  qualquiera  otro  lugar 
combeniente  ,  a  unque  iea  fuera  del  Reyno 
;,  de  Portugal ,  todas ,  y  quantas  vezes  bien  le 
jy  pareciere ,  con  todos  fus  bienes ,  dote ,  y  ar- 
,y  ras ,  joyas ,  veflidos,  y  vajilla  de  plata/  y  qua- 
„  lefqiiiera  otros  muebles  con  fus  Oficiales  ,  y 
„  criados  de  fu  Cafa ,  fm  que  por  qualquiera  ra- 
yy  zon  ;  6  coufidcracion ,  que  iea  ,  fe  le  pueda 
;;,  poner  algun  impedimiento  ,  ni  embarazo  a  fu 
^y  partida  dire6ta ,  6  indireclamente ;  ni  impedirle 

D  ii  ),  d 


7> 


V 

V 


28      Hiftoriapanegyrica  dos  defpoforios 

1121,       ">■>  ^  ^^^ ->  y  recuperacion  de  fus  dichos  dote  ,  ar- 
,,  ras ,  y  joyas ,  ni  otras  afignaciones  que  fe  le 
jy  huviefen  hecho  ,  6  devido  hazer  ^  y  para  efte 
jy  eF@do,   dara  la  Mageflad  delRey  de  Portu- 
;;  gal  aSu  Mageftad  Catholica  para  la  fobredi-     ji 
;,  cha   Sereniillma    Seiiora   Infanta  Dona  Maria 
jj  Anna  Vidoria  ,   fu  hija^  aquellas  cartas  ,    y 
;;  feguridades ,    que  fueren  necefarias ,  firmadas     , 
„  defupropia  manO;,  y  felladas  con  fuSello;,  y    ) 
jf  defde  a  hora  para  entonces  lo  a  fegurara ,  y 
,,  prometera  la  Mageftad  del  Rey  de  Portugai 
„  por  Si ;,  y  por  los  Reyes  fus  fubcefores  con  fe, 
„  y  palabra  Real. 

ARTICULO  X. 

^,  XIV.  Q  Us  Mageflades  Catholica ,  y  Por- 
v3  tuguefa ,  fuplicaran  a  nueftro  muy 
Santo  Padre  el  Papa  con  el  Tratado,  que  fe 
hara  en  virtud  de  eftos  Articulos  ,  fe  fuva 
aprobarle  _,  y  darle  fu  Bendicion  Apoftolica  ] 
y  affi  mifmo  aprobar  las  Capitulaciones ,  y  las 
ratificaciones ,  que  huvieren  hecho  las  referida? 
Mageftades,  y  que  hara  la  referida  Serenilfima 
Seiiora  Infanta ,  como  tambien  los  a6los ,  y  ju- 
ramentos  que  fe  hicieren  para  fu  cumphmiento, 
iniertandolos  en  fus  letras  de  aprobacion ,  y  de 
bendicion. 


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dos  Pmcipes  do  "Bra^^il,  Lluro  I.     29 

ARTICULO  XL 

XV.     TT"  En  nombre  del  muy  alto  ;,  muy        1727 
JL    excelente ,  y  muy  poderofo  Princi- 


pe  Don  Plielipe  Quinto ,  Rey  de  Efpaiia;  y  co- 
mo  fu  Miniftro,  Commifario ,  Ador,  y  Man- 
datario  de  la  una  parte ,  y  en  nombre  del  muy 
alto,  muy  excclente,  y  muy  poderofo  Principe 
Don  Juan  Quinto,  Rey  de  Portugal,  y  del  muy 
alto ,  y  muy  poderofo  Principe  del  Brafil  Don 
Jofeph  ,  y  como  fu  Embaxador  Extraordina- 
rio  ,  Plenipotenciario ,  y  Procurador  de  la  otra^ 
nos  obligamos  los  mencionados  Miniftros  de 
Sus  Mageftades  ,  en  virtud  de  nueftros  refpe- 
ttivos  plenos  poderes ,  y  prometemos  en  fe ,  y 
palabra  de  Sus  Mageftades,  que  los  prefentes 
Articulos  feran  enteramente  obfervados  de  und> 
y  de  otra  parte,  cumplidos,  y.  executados  ftn 
„  falta,  odiminuicion  alguna,  y  que  fera  elpre- 
„  fente  Tratado  por  Sus'  Mageftades  ratificado, 
y  dentro  de  quince  dias,  b  mas  prefto  ft  fuere 
pofible ,  feran  trocadas  las.  ratificaciones  en  bue- 
na,  y  debida  forma. 


„  XVI.  En  fe  de  lo  qual  los  dichos  Miniftros 
„  Plenipotenciarios  ,  firmamos  de  nueftra  propia 
„  mano  dos  Exemplares  de  efte  Tratado,  y  les 
„  hizimos  poner  los  Seilos  de  nueftras  Armas. 
„  Fecho  en  Madrid  a  tres  de  Septiembre  de  mil  fe- 
„  tecientos  y  veinte  y  fiete.  =3  ElMarques  de  la  Paz 
„  =:  EI  Marques  de  Abrantes. 

(  L.  S.  )  (  L.  S.  ) 

P/e- 


j  o   Hifioria  Fanegynca  dos  dejpojoms 


1727.  Plenipotencia  dela  Mageflad  del%ey 

Catholico, 


S.vff;-'*.  "      XVII.      Y\  On  Phelipe  por  k  gracia  de 
cretm^io  de  EJla-  yj)  J_^  Dios  Rey  de  Calhila,  de  Leon, 

^°'         .  „  de  AiT.gon  ,  de  las  dos  Sicilias ,  de  Hierufalem, 

j,  deNavarra,  de  Granada,  de  Toledo,  de  Va- 
„  lencia ,  de  Galicia ,  de  Mallorca  ,  de  Sevilla , 
„  cieCerdena,  deCordova,  deCorcega,  de  Mur- 
„  cia ,  de  Jaen ,  de  los  Algarves  ,  de  Algecira ,  de 
„  Gibraltar ,  de  las  Islas  de  Canaria ,  de  las  In- 
„  dias  Orientales ,  y  Occidentales ,  Islas ,  y  Tier- 
„  ra  firme  del  mar  Oceano ,  Archiduque  de  Auf- 
„  tria ,  Duque  de  Borgona ,  de  Bravante ,  y  Mi- 
„  lan ,  Conde  de  Abfpurg ,  de  Flandes ,  Tirol ,  y 
„  Barcelona  ,  Senor  de  Vizcaya  ,  y  de  Molina 
),  &c.  Por  quanto  fiendo  tan  conbenicnte  al  fer- 
„-  vicio  de  Dios ,  exaltacion  de  la  Fe ,  y  bien  de 
„  la  Chriftiandad ,  permanezca  entre  el  muy  alto, 
iy  V  muy  poderofo  Principe  Don  Juan  Rey  de 
„  Portugal,  Nos,  y  nueflros  fubcefores,  la  her- 
„  mandad ,  y  buena  correfpondencia ,  que  tanto 
^  importa  alos  dos  Reynos,-  .y  confiderando  por 
„  el  mas  oportuno  medio  para  afegurar  efla  im- 
„  portancia  ,  el  de  eflrechar  mas ,  y  mas  los  vin- 
,>^  culos  de  fangre ,  y  parentefco ,  fe  ha  combeni- 
„  do ,  y  ajuflado  por  Articulos  Preliminares,  que 
„  fe  han  firmado  por  los  Commifarios  nombra- 
„  dos  a  efte  fin  par  Mi ,  y  por  el  muy  alto ,  y 
„  muy  poderofo  Principe  Don  Juan ,  Rey  de  Por- 
„  tugal ,  el  Cafamiento  del  SerenifTuno  Principe 

del 


w 


dos  Frincipes  do  "Bra^ilj  Livro  I»      5 1 

„  del  Braril  Don  Jofeph  ,  hljo  del  mencionado  1727. 
jj  muy  alto ,  y  muy  poderofo  Principe  Don  Juan 
_,_,  Rey  de  Portugal ,  con  la  Sereniflima  Infanta 
jj  Doiia  Maria  Anna  Vid:oria,  mr  muy  chara> 
jj  y  muy  amada  hija ,  para  ^ue  can  la  bendicion 
„  de  Dios ,  y  de  nueftro  muy  Santo  Padre  Bene- 
jj  di6lo  Dezimotercio  _,  que  a<5tualmente  prefide 
■,y  en  fu  Santa  Iglefia ,  fe  defpofen ,  y  cafen  fegun, 
„  y  como  lo  difpone  la  Santa  Iglefia  Romana  y 
.5,  y  relpedo  de  haverfe  de  hazer ,  y  de  firmar  en 
,,' miCortedeMadrid  con  el  Marques  deAbran- 
^,  tes ,  Embaxador  Extraordinario  ,  nombrado  a 
„  efle  efedo  por  el  muy  alto ,  y  muy  poderofo 
,j  Principe  Don  Juan  Rey  de  Portugal ,  el  con- 
,j  trato  del  referido  matrimonio ,  con  las  folem- 
jj  nidades ,  y  lucimiento ,  que  fe  pratica  en  feme- 
,,  jantes  cafos ,  con  los  pactos ,  y  condiciones  ya 
^y  acordadas  j  por  eftas  razoens  ,  y  pro  la  particu- 
^,  lar  confianza ,  y  (atisfacion ,  que  tengo  de  vos 
„  Don  Juan  Baptifta  de  Orendayn ,  Marques  de  . 
_,,  la  Paz  ,  de  mi  Confejo  ,  y  primer  Secretario  de 
„  Eftado ,  y  del  Defpacho  :  Hc  refuelto  nombra- 
,y  ros  por  mi  Miniftro  Commifal-io ,  para  que  po- 
„  dais  hazer ,  y  firmar  en  mi  Corte»  de  Madrid , 
„  como  queda  dicho ,  con  el  referido  Marques 
j,  de  Abrantes  Embaxador  Extraordinario  de  Sua 
,y  Mageftade  Portuguefa  el  contrato  del  referido 
'„  matriraonio  del  exprefado  SerenifTimo  Principe 
„  del  Brafil ,  con  la  mencionada  Sereniflima  In- 
„  fanta  mi  hija  ,  con  las  folemnidades  acoflum- 
„  bradas ,  y  con  los  pa6tos  ,  y  condiciones  ya 
„  acordadas.  Por  tanto  por  la  prefente ,  os  doy 
„  poder ,  y  facultad  ,  tan  cumphdo ,  y  baftante 
„  como  le  rcquiere  de  certa  cicncia ,  y  delibera- 

»,  da 


$  2     Hijloria  Panegyrica  dos  defpojcrios 

1727.  }}  davoluntad,  para  que  por  mi,  yenminom- 
„  bre ,  reprefentando  miPerfonaj,  {comoybpro- 
j)  pio  lo  podria  hazer  fiendo  prefente )  capituleis, 

^j,  combtengais,  afenteis  ,  y  firmeis  lo  tocante  al 
p;  referido  contrato  ,  y  capitulos  matrimoniales 
^j>;  hafta  concluirlos  enteramente ,  para  que  os  doy 

•  yy  poder ,  y  facultad  amplia ,  y  <ibfoluta ,  fm  li- 
)y  mitacion  alguna ,  aifi  para  todo  lo  que  a  efte 
p;  intento  combenga,  y  fuere  necefario  executar, 
„  eftipular  ,  a  fegurar ,  y  obligar  por  mi  parte , 
y,  como  para  admitir ,  y  aceptar  todas  las  condi- 
,y  ciones,  padtos,  obligaciones ,  efcrituras,  y  inf- 
,,  trumentos,  que  fueren  necefarios  hazer  porla 
„  del  muy  alto ,  y  muy  poderofo  Principe  Don 
„  Juan  Rey  de  Portugal,  tanto  en  razon  de  la 
„  dotc ,  arras,  legados,  y  mandas,  como  en  los 
„  de  mas  puntos  concernientes   al  dicho  cafami- 
„  ento  j  obligandome  ,  como  me  obligo ,  al  cum- 
„  plimiento  de  lo  que  en  cada  una  de  eftas  co- 
„  fas ,  y  todas  juntas  concertareis  ,  capitulareis , 
„  y  admitiereis ,  6  executareis ,  que  para  efte  efe- 
„  clo  os  hago  ,    crio  ,   y   conftituyo  mi  A6lor, 
„  Mandatario ,  y  Commifario ,  con  libre ,  gene- 
„  ral,  yplenilfimo  poder,  y  facultad ,  para  que 
jy  hagais ,  y  podais  hazer  en  razon  de  efto ,  todo 
„  lo  que  yb  mifmo  podria  hazer ,  aun  que  fean 
yy  tales  las  cofas ,  que  requieran  efpecial ,  y  ex- 
„  prefta  mencion  de  ellas ;  y  prometo  en  mi  pa- 
„  labra  Real,  que  tendere  por  grato,  firme,  y 
„  valedero ,  y  aprobare ,  y  ratificare ,  fi  fuere  ne- 
„  cefario,  y  tendre  por  bueno  lo  que  hiciereis, 
;,  tratareis ,  y  prometiereis  ,  concluyereis ,  y  fir- 
5,  mareis,  y  que  nb  ire,  ni  vendre,  ni  confenti- 
jy  reir ,  ni  venir  contra  alguna  cofa,  ni  parte  de 


dos  Principes  do  Braz.il  j  Livro  I*     5  5 

yj  ello ;,  fino  antes  bien  lo  loare  ,  aprovare  ,  y  ra-  1727. 
„  tificare  de  nuevo  fi  necefario  fuere.  En  fe  de  lo 
,,  qual  mande  defpachar  la  prefente ,  firmada  de 
j,  mi  mano  ,  fellada  con  cl  Sello  fecre»  ,t  y  re- 
frendada  de  mi  infrafcripto  Secretario  deEfta- 
do,  y  del  Defpacho.  Dada  enMadrid  adiezy 
ocho  de  Juho  de  mil  fetecientos  y  veinte  y 
fiete. 

YO   ELREY. 

(  L.  S.  )  Do»  ^ofeph  Rodrigo. 


Foder  de  la  Magejlad  del^y  de 
Portugal. 


l^    XVIII.     "T^Om  Joao  por  gra^a  de  Deos  Poder  deURey  D. 

„  JL/Rey  de  Portugal,    e  ^os  M-^^^lf/^l^r^ms 

j,  garves ,  daquem ,  e  dalem  ,  Mar  em  Africa , 
Senhor  de  Guine ,  e  da  Conquifta ,  Navega^ao, 
Commercio  daEthyopia,  Arabia,  Perfia,  e  da 
India ,  &:c.  Fa^o  faber  aos  que  efta  minha  Carta 
de  poder  geral,  e  efpecial  virem ,  que  por  quanto 
convem  ajuftar-fe ,  e  effeituar-fe  o  cafamento, 
que  fe  trata  entre  o  Principe  j  meu  fobre  todos 
muito  amado ,  e  prefado  filho ,  com  a  Serenif^ 
fima  Infanta  D.  Maria  Anna  Vitoria ,  filha  do 
muito  alto ,  e  mui  poderofo  Principe  D.  Filippe 
Quinto  ,  Rey  Catholico  de  Hefpanha  ,  meu 
bom  irmao ,  e  primo.  Pela  confian^a  que  fa^o, 
y  c  fatisfa^ap  que  tenho  da  prudencia ,  xelo ,  e 

E  „  fide: 


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54     Hiftoria  Faneijrlca  dos  dejpojorios 

1727.        ^^  iidelidade    do    Marqiiez   de   Abrantes  ,    e  de 
Fontes ,  Conde  de  Penaguiao ,  D.  Rodrigo  An- 
nes  de  Sa  Almeida  e  Menezes ,  meu  muito  ama- 
f)  do  ^jftfprezado  robrinho  ^  do  meu  Confelho, 
Gentil-homem  da  minha  Camara ,  Alcaide  mor, 
Capitao  mor ,  e  Governador  das  Armas  da  Ci- 
dade  doPortO;  e  feu  Deftrifto,  e  das  Forta- 
lezas  de  S.  Joao  da  Foz  do  Douro ,  e  N.  Se- 
nhora  das  Neves  em  Lega  de  Matofinhos ,  Se- 
nhor  das  Villas  de  Abrantes ,  e  do  Sardoal ,  e 
dos  Concelhos  de  Sever ,  Penaguiao ,  e  Godim, 
da  Honra  do  Sobrado ,  de  Villa-Nova  de  Gaya 
de  Matofmhos ;  e  Bou^as ,  de  Gondomar ,  e 
de  Aguiar  de  "Soufa  ^  Commendador  das  Coni- 
mendas  de  Sant-Iago  de  Caflem  ,  e  S.  Pedro  de 
Faro ,  na  Ordem  de  Sant-Iago^  e  de  Santa  Ma- 
ria  de  Mafcarenhas,  S.  Pedro  de  Macedo,  e  S. 
Joao  de  Abrantes  naOrdem  de  Chrifto,  e  meu 
Embaixador  Extraordinario ,  e  PlenipotenciariO; 
Ihe  concedo ,  e  otorgo  meu  inteiro ,  e  compri- 
do  poder ,  livre ,  e  baftante ,  fegundo  melhor^ 
e  mais  compridamente  Ihe  devo  conceder  ,    e 
otorgar,^  eem  tal  cafo  fe  requer,  e  o  conftituo, 
e  faco  meu  Procurador  geral ,  e  efpecial ,  para 
que  por  mim  ,  e  em  meu  nome ,  e  do  Principe 
meu  iilho  _,  reprefentando  a  minha  propria  Pef- 
foa ,  e  a  do  Principe ,  como  Eu ,  e  elle  o  po- 
diamos  fazer ,  fe  prefentes  foflemos ,  pofla  tra- 
tar,  e  ajuftar  o  Tratado  Matrimonial  do  dito 
Principe ,  com  a  fobredita  Sereniifima  Infanta, 
na  forma  dos  Preliminares ,  que  fe  achao  ajuf- 
„  tados  pelos  meus  Plenipotenciarios ,  e  por  mim 
,,  ratificados  em  treze  de  Outubro   do  anno  de 
„  mil  fetecentos  vinte  e  cinco  ,  com  quaefquer 

„  Pro: 


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dos  Frindpes  do  "Bra^il,  Livro  I.     55 

Procuradores ,  ou  CommiiTarios  nomeados  pe-  1727. 
lo  muito  alto,  e  muito  poderofo  Principe  D, 
FiJippe  Quinto,  Rey  Catholico  ,  que  moftra- 
rem  feus  poderes ,  e  procura^ao  em  forma  baf' 
tantes ,  para  o  fobredito  effeito ,  Eu ;,  e  o  mef- 
mo  Principe  guardaremos,  e  compriremos ,  tu- 
do,  o  que  pelo  fobredito  Marquez  ,  meu  Pleni- 
potenciario ,  for  capitulado ,  e  ailentado ,  com 
as  condicoens ,  pa6los ,  obriga^oens ,  e  firme- 
zas ,  que  por  elle  forem  acordadas ,  e  ajuftadasj 
porque  para  tudo  Eu,  e  o  Principe  Ihe  conce- 
demos ,  e  otorgamos  todo  o  comprido  poder , 
mandado  geral,  e  efpecial ,  com  hvre,  e  ge- 
ral  adminiftragao  j  e  por  efta  prefente  promet- 
toemfe,  epaiavra  deRey  de  guardar,  e  com 
„  effeito  cumprir  tudo ,  o  que  peio  dito  meu  Em- 
p  baixador  Extraordinario ,  e  Pienipotericiario ,  e 
Procurador  fobre  o  dito  cafamento  for  trata- 
do ,  capitulado  ,  otorgado ,  aftentado ,  e  firmado 
de  qualquer  riatureza,  qualidade,  e  importancia 
que  feja ,  e  tudo  haverei  por  firme ,  e  vahoib 
em  todo  otempo,  na  forma  daobriga^ao  deP 
tes  poderes :  E  por  firmeza  de  tudo  mandei .  fa- 
„  zerefta  prefente  Carta,  e  poder  geral ,  eefpe- 
„  cial  por  mim  ailinada  ,  e  fellada  com  o  Sello 
„  grande  de  minhas  Armas.  Dada  na  Cidade  de 
„  de  liisboa  Occidental  aos  feis  dias  do  mez  de 


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„  Agofto  do  anno  do  Nafcimejito  de  Nofto  Se- 
nhor  JESU  Chrifto  de  mil  fete  centos  vinte  e 
fete. 

E  L  R  E  Y. 

( L.  S. )        Diogo  de  Mendon^a  Corte  Real 

E  ii  „  Por 


l6     Hiftoriapanegyrica  dos  def-pofofws 

1727.       ?>     XIX.     TjOrtanto,  haviendo  vifto,  yexa- 
„  X    minado  el  referido  Tratado  Ma- 

jpprova,  ratifi-  )y  trimonial  aqui  inferto,  lie  refuelto  aprovarle, 
ai^efi-ma  El-Rey  y  ratiiicarle  (  como  en  la  virtud  de  la  prefente 
f^^o^  ),  leapruebo,  y  ratinco)  enlamejor ,  y  mas  cum- 

„  plida  forma ,  que  pucdo  ,  y  doy  por  bueno ,  fir» 
,)  me,  y  valedero,  todo  lo  que  en  ei  fe  contiene,  i 
?,  y  promcto  en  fe ,  y  palabra  de  Rey  cumprirle, 
jy  y  obiervarlc  inviolablemente  fegun  fii  forma, 
„  y/Henor ,  y  hazerle  obfervar  ,  y  cumplir  de  la 
y,  mifina  manera  como  11  yo  le  huvi'era  hecho  por 
yj  vm  propia  PerfQna.  En  fe  de  lo  qual,  mande 
y,  defpachar  la  prefente  y  firmada  de  mi  mano, 
fy  fellada  con  el  Sello  fecreto  ,  y  refrendada  de 
yy  mi  infrafcripto ,  primer  Secretario  de  Eftado , 
„  y  del  Defpacho  Univerfal.  Dada  en  San  Ilde- 
;,  fonfo.  a  catorce  de  Septiembre  de  mil  fetecien^ 
;,  tos  y  veinte  y  fiete; 

Y  O    E  L  R  E  Y. 

-      ( L.  S. )  ^mn  Baptifla  de  Orendayfi,    ■ 


■    25.     Celebrou-fe  na  Corte  de  Lisboa  no  pri- 

Outra  femelhan-  meiro  de  Outubro  QUtro  femelhante  Tratado  do 

tereducaodocon-  eafamento    do  Sereniflimo  Principe    das  Afturias 

wetitodoPriricipe  '^^  a  Senhora  Ittfanta  D.  Maria  Barbara.  Forao 

dar  4/iiirias  com  oelle  os  Marquezes  de  los  Balbazes ,  e  de  Cape^ 

rifCbSa^^^^a  ^^^^^^^o  y  Plenipotenciarios  deSua  Mageftade  Ca.. 

Tratado  dotal ,  e  thoHca  ,   que   para  iffo  Ihes  havia  expedido  fua 

matriimmiai.       commiffao ,  e  faculdade  em  12.  deAgofto,  e  de- 

pois  coniirmou  o  mefino.  Tratado  a  i  %.  de  Outu- 

bro  em  Santo  IIdef©nfo.  A  efle  mefmo  iim ,  deo 

-.:■:   -  ...  El-Rey 


dos  Tnncl-pes  do  "Bra^ih  Livro  I. '     57 

EI-Rey  D.  Joao  as  vezes  de  feu  Plempotenciario  1727.' 
a  Diogo  de  Mendon^a  Corte  Real ,  do  feu  Conr 
felho  y  e  feu  Secretario  de  Eftado ,  das  Merces , 
Expediente  ,  e  Affinatura ,  por  procuragao  que 
Jhe  pallou  em  29.  de  Agofto.  Acordou-fe  eni  do- 
tar  tambem  Sua  Mageftade  a  mefma  SereniiTima 
Senhora  Infanta  em  quinhentos  mil  efcudos  del 
Sol,  ou  no  feu  equivalente  valor  ,  de  qualquer 
modoj  pofto,  e  entregue^na  Corte  de  Madrid. 
Ei-Rey  Catholico  obrigou-fe  da  fua  parte  as  con-r 
di^oens  ordinarias  deftes  Tratados.  Aquelle  d^ 
que  fallamos ,  era  defte  theor : 

w  I-  T^  ^"^  Phelipe  por  la  gracia  de  Dios  Tratado  do  Cafa- 
U  Rejr  de  CaftiUa,  de  Leon,  de  Aragoa,  -«X  X^^S^] 
y,  de  las  dos  Sicihas ,  de  Hierufalem ,  de  NavaVra,  com  a  Infanta  D. 
j>  de  Granada,  deToIedo,  deValcncia,  de  Ga- ^^^^''^'^  ^"''^^'^' 
),  licia  ,  de  Mallorca,  de  SeVilla  ,  de  Cerdeiia, 
j)  de  Cordova ,  de  Corcega ,  de  Murcia ,  de  Jaen, 
i,  de  los  Algarves ,  de  Algecira ,  de  Gibraltar ,  de 
„  las  Islas  deCanaria,  de  las  Indias  Orientales, 
„  y  Occcidentales  ,  Islas  ,  y  Tierra  firme  del  mar 
j,  Oceano  ,  Archiduque  de  Auftria,  Duque  de 
j,  Borgona  ,  de  Bravante ,  y  Milan ,  Conde  de 
„  Abfpurg  ,  de  Flandes ,  Tirol ,  y  Barcelona ,  Se- 
j,  iior  de  Vizcaya ,  y  de  Moiina  Scc.  Por  quanto 
„  haviendofe  ajuftado  ,  combenido ,  y  lirmado  en 
„  la  Corte  dc  Lixboa ,  el  dia  primero  del  prefen- 
;,  te  mes  de  Oflubre  ,  por  los  Plenipotenciarios 
>,  nombrados  por  Mi,  y  por  el  Sereniftimo,  y 
>,  muy  poderolb  Rey  de  Portugal  Don  Juan ,  el 
5,  Tratado  Matrimonial  para  el  cafamiento ,  que 
„  deve  efe£luarfe,  entre  el  Sereniftimo  Principe 
>,  de  Afturiasj  DonFernando^  mi  rnuy  charo,  y 

muy 


3^-  HiftoriaFanegyricadoi  dejpojorws 

1 72  7.  V  "^uy  amado  hijo  ,  y  la  SereniiTima  Iiifanta  de 
Portugal ,  Dona  Maria ,  hija  del  referido  Scie- 
nilTimo  Rey  de  Portiigal  del  tenor  feguiente. 


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II.  ^THRatado  Matrimonial  acordado  en- 
JL  tre  el  Embaxador  Extraordinario 
delRey  de  Efpana  ;,  Don  Carlos  Ambrofio 
,y  Spinola  de  la  Cerda  ,  Marques  de  los  Bal- 
ji  bafes  ,  Gentil-hombre  da  Camera  de  Su  Ma- 
,;  geftad  ,  y  Don  Domingo  Capecelatro  ,  Mar- 
ques  de  Capecelatro ,  Embaxador  Ordinario 
de  la  mifma  Mageftad ,  y  fus  Plenipotencia- 
rios  ,  y  el  Commifario  del  Rey  de  Portugal , 
Don  Diego  de  Mendonza  ,  y  Corte  Real , 
de  fu  Confejo  ,  y  Secretario  de  Eftado  ,  de 
I"as  Mercedes,  Expediente;»  y  Afignatura,  pa- 
ra  el  cafamiento  ,  que  deve  efe^luarfe  entre 
el  muy  alto ,  y  muy  poderofo  Principe  de  Aftu- 
rias  Don  Fernando ,  hijo  primogenito  del  muy 
alto ,  muy  excelente ,  y  muy  poderofo  Principe 
Don  Phelipe  Quinto  ,  por  la  gracia  de  Dios 
Rey  de  Efpana,  y  de  la  muy  alta,  muy  exce- 
lente,  y  muy  poderofa  Princefa  Dona  Maria 
Luifa  Gabriela  de  Saboya,  ya  defunta,  fupri- 
mera  efpofa,  y  companera,-  y  la  muy  alta,  y 
muy  poderofa  Princefa  Dona  Maria ,  Infanta 
de  Portugal ,  hija  del  muy  alto ,  y  muy  pode- 
rofo  Principe  Don  Juan  Quinto ,  por  la  gracia 
de  Dios  Rey  de  Portugal ,  y  de  la  muy  alta , 
muy  excelente ,  y  muy  poderofa  Princcfa  Dofia 
Marianna  de  Auftria ,  tambien  por  la  gracia  de 
Dios  Reyna  de  Portugal  ,•  fegun  los  plenos  po- 
deres  ,  que  han  recevido  los  dichos  Miniftros 
de  la  Mageftad  del  Rey  CathoIicO;  y  de  la  Ma- 

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dosFrincipes  do^Brai^l^iLivrQl.      3p 

„  geftaddelRey  dePormgal,  cuyas  cophsfeii>        I727. 
j,  fertai-an  al  pie  de  efte  prefente  Tratador 


III.  TT^  N  nombre  de  la  Santiflima  Tri 
m'  j  nidad  Padre  ^  Hijo  ,  y  Spirito  San- 
to  ;  uno  folo  Dios  verdadero  :  a  fu  honor, 
y  gloria ,  y  por  el  bien  reciproco  de  los  pue- 
blos"  fubditos^y  Vafallos  ,  de  uno,  y  otro 
Reyno.  Sea  notorio  a  todos  aquellos  ,  que 
_,;,  las  prefentes  letras  de  acuerdo  de  Matrimo- 
„  nio  vieren,  que  haviendofe  firmado  en  el  Re- 
jj  al  litio  de  San  Ildefonfo ,  a  los  fiete  dias  del 
,y  mes  de  0<5lubre  del  ano  del  Nacimiento  de 
„  Nueftro  Seiior  J  E  S  U  Chrifto  de  mil  feteci- 
„  entos  y  veinte  y  cinco  ,  por  el  Marques  de 
,,  Grimaldo  ,  Minillro  ,  y  Pienipotenciario  de 
„  Ja  Mageftad  del  Rey  Catholico  >  y  por  Jofe- 
3,  ph  da  Cuiia  Brochado  ,  y  por  Antonio  Gue- 
„  des  Pereyra  ,  Miniftros ,  y  Plehipotenciarios 
„  de  la  Mageftad  delRey  de  Portugalj,  los  Ar- 
„  ticulos  Preliminares  para  el  matrimonio  ,  que 
,_,  fe  deve  efedluar  del  muy  alto  ^  y  muy  poderofa 
,;  Principe  de  Afturias  Don  Fernando^  hijo  pri- 
„  mogcnito  del  muy  alto ,  muy  excelente  ,  y  muy 
„  poderofo  Principe  Don  Phelipe  Quinto ,  por  la 
„  gracia  de  Dios  Rey  de  Efpaiia,  y  de  la  muy  alta, 
„  muy  excelente  ,  y  muy  poderofa  Princefa  Dona 
„  Maria  Luifa  Gabriela  de  Saboya ,  ya  defunta,  fu 
„  primera  Efpofa,  y  compaiiera  ,•  ylamuyalta, 
f,  y  muy  poderofa  Princefa  DoiiaMaria,  Infanta 
„  de  Portugal,  hija  del  muy  alto,  muy  excelente, 
„  y  muy  poderofo  Pfincipe  Don  Juan  Quinto, 
„  por  la  gracia  de  Dios  Rey  de  Portugal ,  y  de  la 
j,  muy  alta,  muy  e^ccelente ,  y  muy  poderofa  Prin- 

))  cefa 


40    Hl/lcm  Panegyrlca  dos  defpoforws 

a 

'1727-  »  ^^^^  Dona  Mariarma  de  Auftria,  tambien  poi 
„  la  gracia  de  Dios  Reyna  de  Portugal ,  cuyos 
„  Articulos  fueron  ratificados  en  el  mifmo  Real 
„  fitio  de  San  Ildefonfo ,  a  catorze  de  Oclubre 
„  del  mifrno  aiio  de  mii  fetecientos  y  veinte  y  cin- 
„  co  j  por  la  JSlageftad  del  Rey  de  Efpana  ,  y 
jj  por  la  Mageftad  del  Rey  de  Portugal  en  la 
„  Corte  de  Lixboa  Occidental  ,  a  los  trcce  del 
,,  miftno  mes  de  061:ubre  del  dicho  aiio  de  mii  fe- 


IV.  "XT^Por  quanto  nbs,  como  Miniftros, 
X  y  Plenipotenciarios  ,  a  hora  elpe- 
cialmente  deputados  ,  debemos  reducir  los  di- 
chos  Articulos  a  un  Tratado  formal ,  en  virtud 
„  de  los  plenos  poderes  refpe6livos ,  que  por  Sus 
„  Mageftades .  nbs  fueron  concedidos  ,  folo  para 
„  efte  fin ,  liaviendolos  vift:o ,  y  examinado ,  y  hal- 
„  landolos  en  buena ,  y  debida  forma  combenimos 
„  iofeguiente. 

ARTICULO  I. 

Anigos  do  Tra-  „*  V.     O  E  ha  ajuftado,  que  vifto  hallarfe,  que 

^''^*-  „  v3  los  parentefcos  entre  el  muy  alto  ,  y. 

,,  muy  poderofo  Principe  de  Afturias ,  y  la  muy: 

),  alta  ,  y  muy  poderofa  Infanta  Doiia  Maria,  foa 

engrados ,   que  no  necefitan  difpenfaciones  de 

nueftro  muy  Santo  Padre  el  Papa  ,   como  ha  I 

conftado  defpues  de  ajuftado  el  primer  Articulo 

de  los  Pi^ehminares  de  ©fte  Tratado ,  en  fiete 

de  OiStubre  de  mil  fetecientos  y  veinte  y  cinco , 

„  y  haver  el  muy  alto,  y  may.poderQ&  Principe 


3) 


dos  Trincipes  do  "Bra^U  Livro  I.      41 

,;  de  Afturias  Don  Fernando;  y  la  muy  alta^  y  1727. 
muy  poderofa  Infanta  Dona  Maria ;  llegado  al 
prefente  a  las  edades  competentes  para  poder 
celebrar  Jos  defpoforios ,  y  matrimonio ,  fe  ha- 
ranlos  dichos  defpoforios,  ymatrimonio  en  Ja 
Corte  de  Ja  Mageftad  deJ  Rey  de  PortugaJ;  def 
pues  que  fe  tubieren  ajuftado,  y  fixado  eJ  tiempo 
entre  Ja  Mageftad  deJ  Rey  Cathohco  ,  y  la  Ma- 
geftad  deJ  Rey  de  PortugaJ ,  y  para  uno ,  y  otro 
a^lo  le  daran  Jos  poderes ,  y  autoridad  necefa- 
ria  ,  aifi  por  el  Sereniffimo  Principe  de  Aftu- 
rias ,  como  por  el  Sereniffimo  Rey  CathoJico, 
fu  padre ,  al  Miniftro ,  6  perfona ,  que  fea  mas 
de  fu  agrado. 


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ARTICULO  IL 

'  i.  .  j 

)j    VI.     TT^  L  Sereniftim.o  Rey  de  Portugal, 
„  X_J  promete ,  y  fe  obJiga  a  dar ,  y  da- 

),  ra  a  la  Sereniflima  Scnora  Infanta  Dona  Maria, 
,_,  en  dote  ,  y  a  favor  deJ  matrimonio  con  eJ  Se- 
reniflimo  Principe  de  Afturias^  Don  Fernando , 
y  pagara  a  la  Mageftad  del  Rey  Catholico  ,  6 
aquien  tubiere  fupoder,  ycommifion,  lafuii- 
ma  de  quinientos  mil  excudos  de  oro  del  Sol , 
6  fu  jufto  valor ,  en  la  Corte  ,  y  ViJIa  de  Ma- 
drid ,  y  fe  entregara  la  dicha  fumma  al  tiempo 
de  efedtuarfe  el  matrimonio. 


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42    Hi/icriaPanegyrica  das  defpoforics 

ARTICULO  m. 

1727,       „     VII.     y    A  Mageftad  del  Rey  Catholico  fe 

X-i  obliga  a  afegurar ,  y  afegurara  el 

dote   de  Ja  SereniiTima   Senora  Infanta  Dona 

Maria  en  buenas  rentas ,  y  afignaciones  fegu- 

jy  rzs  ,  X  fatisfacion  de  la  Mageftad  del  Rey  de 

jy  Partugal ,   6  de  Jas  perfonas  ,    quc   para  efte 

efedo  nombrare  al  tiempa  del  pagamento ,  y 

remitira  Juego  a  la  Mageftad  del  Rey  de  Por- 

fy  tugal  los  documentos  de  la  dicBa  afignacion  ;  y 

„  en  el  cafo  de  difolverle  el  matrimonio ,  j  que 

„  por  el  direcho   tenga  Jugar  la  reftituicion  del 

j,  dot^,  fera  efte-  reftituido  a  la  Sereniflima  Se- 

,;  iioralnfanta,  6  a  fus  herederos ,  y  fubcefores, 

„  que  lograran  los  reditos  ,  que  importaren  los 

;p.  dichfls  quinientos  mil  excudas  de  oro  dfil  Sol , 

fy  ^arazon  de  cinco  por  ciento^  quefepagaran  en 

p.  viitud  de  las  dichas  afignaciones-    .  :.- 

"KKTICULO  IV. 

„     VIII.     T)  Or  medio  del  pagaiiiento  efe6livo, 
,,....  Jl    que   fe  hara  a  la  Mageftad  del 

,,  ReyCathohco  de  losdichos  quiriientos  milex- 
„  cudos  de  oro  del  Sol ,  b  fu  jufto  valor  >  en  el 
„  termino  ,  que  queda  dicho ,  fe  dara  por  fatisfe- 
„  cha  la  Sereniffima  Senora  Infanta ,  y  fe  fitisfa- 
„  ra  del  dicho  dote ,  fin  que  en  adelante  pueda 
„  alegar  otro  derecho ,  ni  intentar  otra  alguna  ac- 
„  cion  ,  6  pertenfion  ,  foJicitando  ,  que  le  per- 
..\  '  j)  tenezcan. 


dos  Princlpes  do  ^-a^KiU  Livro  I.      45 

;^  tenezcan*,  6 puedan perteneccr ,  otros  mayores        iJ2J, 

;;  bienes,  razones,  derechos , 6  accioaes , por  cau- 

p;  fa  de  herencias ,  b  mayores  fubcefiones  de  las 

;,  Magellades  del  Rey ,  j  la  Reyna  de  Portugal, 

,,  fu  padre ,  y  madre ,  ni  de  qualquiei-a  otfa  ma- 

jy  nera;,  y'por  qualquiera  caufa,  6  titulo  que  fea, 

,;,  6  fuere  ,  que  lo  fepa ,  6  lo  ignore  ;   bien  enten« 

j,  dido ,  que  de  qualquiera  calidad ,  y  condicion, 

„  que  fueren  las  cofis  arriba  dichas,  deve  que- 

;,,  dar  excluida  de  ellas  ,•  y  antes  de  efe6luarfe  los 

„  defpoforios ,  hara  renuncia  en  buena  ,  y  devida 

„  forma ,  y  con  todas  las  feguridades ,  formas , 

„•  y  (olemnidades ,  que  fueren  necefu-ias ;  la  qual 

„  renuncia  hara    la  SerenifTima  Senora  Infinta, 

„  antes  de  eilar  cafida  por  palabras  de  prefente, 

„  y  la  contii-mara   luego   deipues'  de""  celebrar  el 

„  matiimonio ,  y  la  aprobara  v  y  ratificara  junta- 

„  m^ente  con  el  Sereniirimo  Principe  de  Afturias 

,;  con  las  mifmas  formas ,   y  folemnidades ,  qiie 

,-,  la  Sereniffima  Senora  Infanta  hubiere  hecho  la 

„  fobredicha  primera  renuncia,  y  a  de  mas  con 

;,  las  claufulas ,  que  fe  juzgaren  mas  combenien- 

„ .  tes ,  y  necefarias  ; .  y  el  SerenilTimo  Seiior  Prin-' 

,;  cipe,  y  la  Seremflima  Seiiora  Infanta  queda- 

;,  ran  ,  y  quedan,  alfi  de  prelente  ,  como  para 

„  entonces  obligados  al  cumplimiento ,  y  efe6lo 

„  de  la  dicha  renuncia  ,  y  ratificacion,  en  confor- 

„  midade  de  los  prefentes  Articulos  ,•  y  his  fobre- 

„  dichas  renuncias,  y  ratificaciones  ieran  havidas,  y 

„  juzgadas,  afii  prefentem.ente,  como  para  entonces 

„  por  bienhechas,y  verdaderamentepafadas,y  otor- 

„  gadas,-  y  las  dichas  renuncias ,  y  ratificaciones  fe 

„  haran  en  la  forma  mas  authentica ,  y  eficaz,  cjue 

„  pudieren  fer  ,  para  que  fean  buenas,  y  validas, 


44     Hiftoria  panegyrica  dos  defpoforlos 

T727.  v  juntamente  con  todas  las  ckufulas  derogato- 
^,  rias  de  qualquiera  Ley  ,  jurifdicion  ,  coilum- 
„  bres ;  derechos ,  y  coiiftituciones  a  efto  contra- 
„  rias ,  6  que  impedieren  en  todo ,  6  en  parte  las 
„  dichas  renuncias  _,  y  ratificaciones  ,•  y  para  efe- 
j,  fto  ,  y  vahdacion  de  lo  que  arriba  queda  di- 
>,  cho  ,  la  Mageftad  del  Rey  Catholico  j  y  la  Ma- 
jj  geflad  del  Rey  de  Portugal,  derogaran ,  y  dero- 
jy.  gan ,  defde  el  prefente ,  como  para  entonces , 
x^,  tener'  derogadas  todas  las  excepciones  en  con- 
„  trario. 

ARTICULO  V. 

„  IX.  T"  A  Mageflad  del  Rey  Catholico  da- 
,>  A_^ra  ala  Serenilfima  Senora  Infanta 

„  Dona  Maria ,  a  fu  Ilegada  al  Reyno  de  Efpa- 
jy  m  para  fusanillos,  yjoyas,  el  valor  de  ochen- 
;,  ta  mil  pefos ,  los  quales  le  perteneceran  fin  di- 
„  ficuitad,  defpues  de  celebrado  el  matrimonio; 
,',  de  la  mifma  fuerte ,  que  todas  las  otras  joyas, 
jy  que  Ilevare  configo  ,  y  feran  propias  delaSe- 
,5 '  reniiTima  Senora  Infanta  ,  y  de  fus  herederos , 
yy  j  fubcefores,  y  de  aquellos,  que  tubieren  fu 
^y.derecho. 

ARTICULO  VL 

jyc  X.     T"    A  Mageflad  del  Rey  Catholico  afig-l 
„"  I  J  nara ,  y  conflituira  a  la  SereiliirHTLal 

„  Senora  Infanta  Dona  Maria ,  para  fus  arras  j 
„  veinte  mii  excudos  de  oro  del  Soi  aiaiio,  quel 

„  ferar 


dos  Vrincipes  do  "Bras^l^  Livro  t.     45 

feran  afignados  fobre  rentas,  y  tierras,  de  las  172  7 
quales  tendra  lajurifdiccion;  y  el  lugar  princi- 
pal  el  Titulo  de  Diicado  j  de  iuer||;  que  las 
dichas  rentas  ,  y  tierra  lleguen  hafla  la  dicha 
fumma  de  veinte  mil  excudos  de  oro  del  Sol  ca" 
da  afio  ;  de  los  quales  lugares,  y  tierra  aili  da- 
das,  y  afxgnadas ,  gozara  la  Sereniffima  Seiiora 
Infanta  por  fus  manos,  ypor  fu  authoridad,  y 
de  las  de  fus  Commifarios ,  y  Ohciales  ,  y  en  las 
dichas  tierras  proveera  las  Jufticias ,  y  a  de  mas 
de  eflo ,  le  pertenecera  la  provifion  de  los  Ofi- 
cios,  como  es  coftumbre ,  entendiendofe  ,  que 
los  dichos  Ohcios  no  podran  fer  dados  fino  a 
Efpanoles  de  nacimiento ,  como  tambien  la  ad- 
mimftracion  ,    y  arrendamiento   de  las  dichas  , 

tierras ,  conforme  a  las  Leys ,  y  coftumbres  de 
Eipana. '  Y  de  la  fobredicha  afignacion  entrara  a 
gozar ,  y  pofeer  la  SereniiTmia  Seiiora  Infanta 
Dona  Maria ,  luego  que  tuvieren  lugar  las  ar- 
ras ,  para  gozar  de  ella ,  toda  fu  vida ,  fea  que 
quede  en  Efpana  ,  6  fe  retire  a  otra  parte. 

ARTieULO  VII. 

XI.  T  A  Mageflad  del  Rey  Catholico  da-» 
1  A  ra  ,  y  afignara  a  la  Sereniffima  Se- 
nora  Infanta  Doiia  Maria  para  el  gaflo  de  fu 
Camera  ,  y  para  mantener  fu  eflado ,  y  cafa , 
una  fumma  conbeniente ,  tal ,  qual  pertenece  a 
muger  de  un  tan  gran  Principe ,  y  a  hija  de  taji 
„  poderofo  Rey ,  afignandola  en  la  forma ,  y  ma- 
,,  ncra ,  que  fe  acoflumbra  hazer  en  Efpaiia  para 
5,  femejantes  manutenciones ,  y  ^aflo. 


46    Hiftoria  Panegyrlca  dos  dejpojorios 

ARTICULO  VIII. 

1727?       ,;     XII.     y    A  Mageftad  del  Rey  de  Portugal 
„  I   J  hara  conducir  en  el  tiempo ;  que 

yy  fe  ajuftare  a  fu  cofta ,  y  gafto  a  Ja  SereniiTima 
5,  Seiiora  Iiifanta  Dofia  Maria  ,  fu  hija  ,  a  la 
;,,  Frontera ,  y  raya  de  Efpana ,  con  la  dignidad; 
,;  y  cortejo  ,  que  requiere  una  tan  gran  Prin- 
^y  cefa ,  y  fera  recivida  de  la  mifma  fuerte  de  par- 
jy  te.  de  la  Mageftad  del  Rey  Catholico ,  y  tra- 
„  tada ,  y  fervida  con  toda  la  magnificencia  ,  que 
^,  conbiene. 

ARTICULO  IX. 

XIII.     TT^  N  el  cafo  ,  que  fe  difuelva  el 

JP^  matrimonio  entre  el  Sereniffimo 

Principe  de  Afturias,  y  la  Sereniifima  Seiiora 

Infanta  Doiia  Maria,  y  que  efta  fobreviva  aL 

referido  Sereniilimo  Principe,  en  efte  cafo  fera 

libre  a  la  dicha  SerenifTima  Seiiora  Infanta  que- 

dar  en  Efpaiia,  en  el  lugar  que  quifiere,  6   bol- 

ver  a  Portugal  ,  6  qualquiera  otro  lugar  com- 

beniente  ,    aun  que  fea   fuera   del  Reyno  de 

Efpafia  ,  todas ,    y  quantas  veces  bien  le  pa- 

„  parecere  con  todos  fus  bienes ,  dote ,  y  arras , 

yy  joyas ,  beftidos ,  y  vaguilla  de  plata,  y  quales 

„  quiera  otros  muebles ,  con  fus  Oiiciales ,  y  cria- 

),  dos  de  fuCafa,  fm  que  por  qualquiera  razon, 

b  confideracion  que  fea ,  fe  le  pueda  poner  im- 

jy  pcdimentOj  ni  embarazo  alguno  a  fu  partida, 

„  dire6la. 


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dos  Pmcij^s  do  Brazjl  j  Livro  I.     47 

jy  dirc61:a  ,  b  indiredlamente,  ni  impedirle  el  ufo ,  \J2J> 
„  y  recuperacion  de  fus  referidos ,  dote,  arras.,  y 
„  joyas,  ni  otras  afignaciones ,  que  fe  le  hubiefen 
„  hecho  ,,  6  devido  hacer  ,•  y  para  efte  efe6lo, 
,,  dara  la  Mageftad  del  Rey  Catholico  a  la  Ma- 
„.  geftad  del  Rey  de  Portugal ,  para  la  fobredi- 
cha  SereniiTima  Seriora  Infanta  I>oria  Maria, 
fu  hija  ,  aquellas  Cartas  ,  y  feguridades ,  que 
fueren  necefarias ,  firmadas  de  lii  propia  mano, 
y  felladas  con  lu  Sello ,  y  defde  a  hora  para  en- 
tonces  lo  afegumra ,  y  prometera  la  Mageftad 
del  Rey  Catholico ,  por  fi ,  y  por  los  Reys  fus 
fubcefores ,  con  fe ,  y  palabra  Reai 


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ARTICULO  X 

XIV.  T  AM-igeftad  delRey  Cathoheo,- 
JLiy  la  Mageftad  delRey  de  Por- 
tugal,  fuplicAran  a  nueJlro  muy  Santo.  Padre  el 
Papa,  con  el  prefeate  Tratado,  fefnva  apro- 
varle,  y  darle  fo  Bendieion  ApoftoUca ;  y  alli 
mifmo  aprovar  las  Capitulaciones  ,  y  ratificacio- 
„  nes ,  que  hubieren  hecho  las  referidas  Magef- 
^,tades,  yque  hara  laSeremfliiBa  Seriora  Infan- 
„  ta,  como  tambien  los  aclos ,  y  juramentos,que 
„  fehicieren  para  fu  cumplimientQ,  infertaudolos 
„  en  fus  letras  de  aprobacion  ,    y  de  bendicion. 

ARTICULO  XI 

„     XV.     XT"  En  nombre  del  muy  alto ,   muy 
»  X    exceie;nte ,  y  muy  poderofo  Prin- 

„  cipe  Don  Phelipe  Quinto ,  Rey  dei  Elpari?  ,  y 

«  del 


48    Hificria  Panegyrlca  dos  defpoforios 

172  f-  "  delmuyalto,  y  muy  poderofo  Principe  de  Af- 
„  turias  Don  Ferhando ,  y  como  fus  Embaxado- 
„  res  Plenipotenciarios ,  y  Procuradores  de  h  una 
,y  parte  ,•  y  en  nombre  del  muy  alto  ,  muy  ex- 
3,  celente  j  y  muy  poderofo  Principe  Don  Juan 
,y  Quinto ;,  Rey  de  Portugal ,  como  fu  Miniftro, 
„  Commifario ,  Aftor ,  y  Mandatario  ,  de  la  otraj 
„  nos  obligamos  los  mencionados  Miniftros  de 
j,  Sus  Mageftades ,  en  virtud  de  nueftros  relpe- 
„  ^livos  plenos  poderes  ,  y  prometemos  en  fe, 
„  y  palabra  de  Sus  Mageftades ,  quc  los  prefentes 
„  Articulos  feran  enteramente  obfervados  ,  de 
„  una,  y  otra  parte,  cumplidos,  y  executacios, 
„  fm  falta ,  b  diminuicion  alguna  j  y  que  fera  el 
„  prefente  Tratado  por  Sus  Mageftades  ratifica- 
„  do ,  y  dentro  de .  quince  dias ,  6  mas  prefto  ft 
„  fuere  pofible ,  feran  trocadas  las  ratificaciones 
„;  en  buena ,  y  debida  forma. 

„     XVI.     T?.  N  fe  de  lo  qual,  los  dichos  Mi-    } 
„  X_-iniftros  Plenipotenciarios  ,  firma- 

„  mos  de  nueftra  propia  mano  dos  Exemplares  def- 
„  te  Tratado,  y  les  hizimos  poner  los  Sellos  de  nu- 
„  eftras  Armas.  Fecho  en  Lixboa  Occidental  al  pri- 
j,  mero  de  Odubre  de  mil  fetecientos  y  veinte  y  fiete. 

El  Marqties  de  los  Balbazes. 

bon  Diego  de  Mendonza  Cortereal. 

(  L.  S.  )  (  L.  S.  ) 

El  Marques  de  Capecelatr9. 
(  L.  S.  ) 

Fle- 


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dos  Principes  io  "Bra^il ,  Livro  I.      49 

Plenipotencia  de  la  Magejlad  del  ^y 
Catholico. 

XVII.  T>|  On  Phelipe  por  la  gracia  de  1727. 
JL/  Dios  Rey  de  CaftiHa ,  de  Leon, 
de  Aragon ,  de  las  dos  Sicilias ,  de  Hierufaleni;  Poder  del-Re^ 
,,  de  Navarra,  deGranada,  de  Toledo,  de  Va- C^^^jf^^^f^^^^ 
„  Jencia,  de  Galicia  ,  de  Mallorca  ;,  de  Sevilla,  Balbazei ,  eCa- 
„  de  Cerdena ,  de  Cordova,  de  Corcega;  de  Mur-  pecehtr^. 
„  cia ,  de  Jaen ,  de  Ibs  Algarves ,  de  Algecira , 
jy  de  Gibraltar,  de  las  Islas  de  Canaria ,  de  las  In? 
,,  dias  Orientales ,  y  Occidentales ,  Islas ,  y  Tier- 
„  ras  firme  del  mar  Oceano ,  Archiduque  de  Auf- 
jj  tria,  Duque  de  Borgona ,  de  Bravante ,  y  Milan, 
„  Conde  de  Abfpurg,  de  Flandes ,  Tirol,  y  Barcc- 
„  lona ,  Senor'  de  Vizcaya  ,  y  Molina  &c.  Por 
„  quanto  haviendofe  confiderado  combeniente, 
„  que  con  nuebas ,  y  mas  fliertes  prendas  de  amor, 
„  y  amiftad,  fe  eftreche  ,  y  confirme  la  que  ay  en- 
„  tre  Nos ,  y  nueftro  muy  charo ,  y  muy  amado 
„  hermano ,  el  Sereniftimo  Rey  de  Portugal  Don 
„  Juan  ,  a  fin  de  afegurar  mas  permanente ,  y 
„  firme  ,  entre  Su  Mageftad  Portuguefa ,  Nos , 
„  y  nueftros  (iibcefores ,  la  hermandad,  y  buena 
„  correfpondencia  ,  que  tanto  importa  ambos 
„  Reynos  ,  fe  ha  combenido ,  y  ajuftado  por  Ar- 
„  ticulos  Preliminares ,  que  fe  han  firmado  por  los 
„  Commiiarios  Plenipotenciarios  ,  nombrados  a 
„  efte  fin ,  por  Mi ,  y  por  el  Serenifiimo  Rey  de 
„  Portugal ,  mi  hermano,  cl  cafamiento  del  Se- 
„  reniflimo  Principe  deAfturias  DonFernando, 
„  mi  muy  charo  ,  y  muy  amado  hijo ,  con  la  Se- 

G  „  renilfima 


5;  o     Hiftoria  Tanegrica  dos  defpoforios 

1727.       »  rcni^^^rna   Infanta    de  Portugal   Dona  Maria , 
„  hija  del  Serehifrimo  Rey  de  Portugal  ,  y  ref- 
pe6lo  de  haverfe  de  hacer^  y  de  firmar  en  la 
Corte  de  Lixboa  con  el  Commifario ,  6  Com- 
mifarios ,  que  el  SereniiTimo  Rey  de  Portugal 
nombrare ,  el  correfpondiente  Tratado  Matri- 
monial  ,•  por  eftas  razones  ,  y  por  la  confianza, 
que  tengo  de  vhs  Don  Carlos  Ambrofio  Spino- 
la  de  la  Cerda  ,  Marques  de  los  Balbafes ,  Pri- 
mo  ,  Duque  de  Sexto ,  Roca ,  Piperozi ,  y  Peu- 
time  j  Baron  de  Ginofa  ,  Feudatario  de  Cazal- 
nozeto  ;  Pontecuron  \  Montemar ,  fm  Monte- 
velo ,  y  Paderno  ,  Gran  Protonotario  ,  del  fu- 
premo  Confejo  de  ItaHa  ,  Gentil-hombre  de  mi 
Camera ,  y  mi  Embaxador  Extraordinario  ^  y 
de  vos  el  Marques  de  Capecelatro ,  mi  Emba- 
xador  Ordinario  ,•    he  refuelto  nombraros  por 
mis.Miniftros  Commifarios  ,    para  que  podais 
hazer ,-!  y  firmar  enlaCorte  de  Lixboa,  como 
queda  dicho ,  el  referido  contrato  matrimonial 
del  mencionado  Principe  mi  hijo  ,  con  la  expreA 
fada   Serenilfima  Infanta  ,    con  los  pados  ya 
acordados    en  los  Articulos  Preliminares  ,    de 
que  fe  os  ha  entregado  Copia.  Por  tanto ,  por 
la  prefente  os  doy  ,  y  concedo  todas  mis  veces, 
poder  ,  y  facultad  tan  cumphda  ,  y  baflante , 
como  fe  requierc ,  de  cierta  ciencia ,  y  dilevera- 
da  voluntad ,  para  que  por  mi ,  y  en  mi  nombre^ 
reprefentando  mi  propia  Perfona ,  y  la  del  Prin- 
cipe  mi  hijo  ,  como  yo  mifmo ,  y  el ,  lo  podia- 
mos  hazer  fiendo  prefentes  ,  capituleis ,  com- 
bengais ,  afenteis ,  y  firmeis  con  el  Commifario, 
6  Commifarios ,   que  con  poderes  fuficientes  a 
„  efte  efedo  nombrare  Su  Mageftade  Portuguefa, 

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dos  Prindpes  do  "Brai^il^  Livro  I,     5 1 

,^  lo.  tocaiite  al  .referido  contraco   matrimonkl  ^       1-^2 7" 
„  hafta  coiKluirle  enteramente ,  para  que  os  doy 
„  poder,  y  facultad  amplia  ^  y  abfoluta,  fm' lit 
,,  mitacioa  alguna ,  y  afli  mi^mo  para  todo  lo  quo. 
„  a  efte  intento  combenga^  y  fuere  necefario  exe- 
„  cutar ,  eftipular  ,  afegurar  ,  y  obligar  por  mi 
„sparte,  ytambienpara  admitir,  y  aceptar  todas 
>,  las  condiciones ,  pa6los ,  y  obligaciones  ,  fcrip- 
yy  turas ,  y  inftrumentos ,  que  fuere  necefario  ha- 
y,  zer  por  la  del  SerenifTmio  Rey  de  Portugal ,  y 
jj  de  la  Sereniffima  Infanta ,  aiTi  en  razon  de  la 
3,  dote,  arras,  legados,  y  mandas ,  como  para  los 
_,,  de  mas  puntos  concernientes  al  dicho  cafami- 
^y  ento  ,  obligandome  ,    como  me  obligo ,  y  fe 
;,  obliga  el  Principe ,  al  cimiplimiento  de  lo  que 
„  en  cada  una  de  eftas  cofas ,  y  todas  juntas  con- 
;,,  certareis ,  capitulareis ;  y  admitiereis  y  6  execu- 
„  tareis,  que  para  efte  efe^lo  os  hago,  crio,  y 
,,  conftituyo  mis  Adores ,  Mandatarios  y  y  Com- 
,^  mifarios  con  libre,  general ,  y  pleniffimo  po- 
;,' der,  yfacultad,  para  que  hagais. ,  y  podais  ha- 
,y  i^er,  en  razon  de  efto,  todo  io  que  Yo  mifmo, 
»; ;  T  el  Principe  mi  hijopodiamos  hazer,  aunque 
„■  fean  tales  las  cofas,  qvie  requieran  expecial,  y 
;,  expreila  mencion  de  ellas ,  fiendo  mi  voluntad, 
„  que  en  cafo  de  aufencia  de  alguno  de  los  dos 
„  aqui  mencionados ,  por  enfermidad ,  6  p(fr  qual- 
„  quiera  otro  embarazo  legitimo ,  tenga  el  uno 
„  Iblo  el  mifmo  podcr ,  que  los  dos  Juntos  ,•  y  pro- 
„  metaen  fe ,  y  palabra  Real,  que  tendre  por  gra- 
„  to ,  iirme  ,  y  valedero  ,•  y  aprobare ,  y  ratificare, 
yt  y  tendre  por  bueno  lo  que  los  dos  juntos  ,  6  el 
„  uno  folo  en  aufencia  del  otro,  hiziereis,  trata- 
5,  reis,  y  finnareisi  y  que  noire,  nivendre,  ni 

G  ii  ;,  con- 


J2     Hiftoria  panegyrica  dos  defpoforios 

172^'  ^y  confentire  ir,  ni  venir  contra  algunacofa;,  ni 
yy  parte  de  ello,  fino  antes  bien  lo  loare,  apro- 
;,  bare,  y  ratificare  de  nuebo,  fi  necefario  fuere: 
i,  en  fe  de  lo  qual ,  mande  defpachar  la  prefente , 
„  firmada  de  mi  mano,  fellada  con  el  Sello  fe- 
„  creto,  y  refrendada  del  infraefcripto ,  mi  primer 
,>  Secretario  de  Eftado ,  y  del  Defpacho.  Dada  en 
„  Madrid  a  doce  de  Agofto  de  mil  fetecientos  y 
j,  veinte  y  fiete.  ;c 

fl^f"  .     ..Y  O    E  L,R  E  Y..     ...  .; 

'  '     Don  jfuan  Baptijia  de  Orenday?i. 


\' 


Poder  de  la  Mageftad  de\%iy  dc 
,       Fortuzal,        '  '^*      \ 


Toder  del-Rey  D.  „     XVIII.     T^C)n  Juan  por  la  gracia  de  Dios, 
joao  ^oSecreta-  J_^Rey  de  Portuaal  ,  y  dos  AK 

go  de  Mendonca  >,  garbes ,  daquien,  ydalen,  Mar  enAtnca,Se- 
Cone  Real.  ^^  nor  de  Guine ,  y  de  la  Conquifta  navegacion  , 
Comercio  de  Ethyopia ,  Arabia,  Perfia,  y  de  la. 
India  &c.  Hago  faver  a  los  que  efta  mi  Carta 
de  poder  general  ,  y  expecial  vieren ,  que  por 
quaftto  es  combeniente  al  fervicio  de  Dios, 
exaltacion  de  la  Fe ,  y  bien  de  la  Chriftiandad, 
„  que  permanezca  entre  el  muy  alto ,  y  muy  po- 
derofo  Principe  Don  Phelipe,  Rey  deEfpaiia, 
Nbs ,  y  nueftros  fubcefores ,  la  hermandad ,  y 
buena  correfpondencia  ,  que  tanto  importa  a 
„  los  dos  Reynos :  y  confiderando  por  el  mas 
„  oportuno  medio  para  afegurar  efta  importan- 


7» 
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7» 
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dos  Principes  do  "Bra^iU  Livro  I.      53 

^,  cia,  el  de  eftrechar mas ,  ymas  los  vinculos  de       172  7. 
^y  fangre  ,  parentefco  ,  y  a  miftad ,  fe  combino ;  y 
jy  ajufto  porlos  Articulos  Preliminares,  que  fe  fir- 
„  maron   por  los  Commifarios   nombrados    para 
„  efle  fin.,  por  Mi ,  y  por.  el,muy  alto,  y  muy 
,y  poderofo  Principe  Don  Phelipe ,  Rey  de  Efpa- 
„  na ,  el  cafamiento  del  Sereniifimo  Principe  de 
jy  Afturias  Don  Fernando,  hijo  del  mencionado 
„  muy  alto,  y  muy  poderofo  Principe  DonPhe- 
,,  lipe  Rey  de  Efpaiia ,  con  la  SereniflTima  Infanta 
j,  Doiia  Maria,  mi  muy  amada,  y  preciada  hija,  pa- 
,y  ra  que  con  la  bendicion  deDios,  y  de  nueftro 
,j  muySanto  Padre  Bcnedi^to  decimo  tercio ,  que 
„  adlualmente  prefide  en  fu  Santa  Igleffia  fe  defpo- 
yy  fen,y  cafen,  regun,y  como  difpone  laSantalglef- 
„  fia  Rom,ana ;  y  refpe^lo  de  haverfe  de  hazer ,  y 
„  firmar  en  nii  Corte  de  Lixboa  Occidental ,  con 
y,  el  Marques  de  los  Balbafes ,  Embaxador  Extra- 
„  ordinario   de  Su  Mageflad  Catholica  ,    con  el 
„  Marques   de  Capecelatro  Embaxador  Ordina-I 
;,  rio  de  la  mifma  Mageftad  Catholica  ,    ambos 
^y  nombrados  para  efle  efe^to ,  por  el  muy  alto  _, 
„  y  muy  poderofo  Principe  Don  Phelipe  Rey  de 
„  Efpaiia,    el  contrato  del  referido  matrimonio, 
3,  con  las  fblemnidades  ,    y  lucimiento  ,  que  fe 
„  pratica  en  femejantes  cafbs,  con  los  pa6los  ,  y 
„  condiciones  ya  ajuftadas  j  por  efl:as  razones ,  y 
„  por  ia  particular  conhanza,  y  fatisfacion,  que 
„  tengo  de  vos  Diego  de  Mendonza  Cortereal  de 
„  mi  Confejo ,  Secretario  de  Eflado ,  de  las  Mer- 
;,,  cedes,  Expediente,  yAfignatura,  Commenda- 
„  dor   de   las  Commiendas   de  Santa   Lucia  de 
„  Trancofo ,  y  de  Santa  Maria  de  las  Vidiguei- 
7,  ras  ,   de  Monfaras ,  de  la  Qrde»  de  Chrifto ; 

„  Tengo 


^\ 


54    HiftoriaVanegyricadosdejfoJorios 

17  27.       j;  Tengo   refuelto    nombraros    por  mi   Miniftro 
„  Commifario  para  que  podais  hazer  ,   y  firmar 
jy  en  efta  mi  dicha  Corte  ,  como  queda  dicho, 
„  con  los  referidos  Marquefes  de  los  Balbafes> 
„  y  de  Capecelatro,  el  contrato  del  fobre  dicho 
yy  matrimonio ,  del  exprefado  SerenilTimo  Princi- 
„  pe  de  Aflurias ,  con  la  mencionada  SerenifTima 
-"    „  Infanta  mi  hija ;,  con  las  folemnidades  acoftum- 
;,  bradas  ,    y  con  los  padlos  ,   y  condiciones  ya. 
„  ajuftadas.    Por  tanto ,  por  la  prelente  os  doy. 
„  poder ,  y  facnltad ,  tan  cumplida ,  y  baftante , 
fy  como  fe  requiere  ,  de  mi  cierta  ciencia,  y  de- 
„  liberada  voluntad ,  para  que  por  mi ;  y  en  mi 
„  nombre  ,    reprefentando    mi  propia    Perfona  ,•   * 
jy  como  yo  mifmo  lo  podria  hazer  fiendo  prefen-, 
„  te  ,   capituleis  ,  combengais  ,  acepteis ,  y    fir- 
„  meis  lo  tocarite  al  referido  contrato,  y  Capi- 
j,  tulos    matrimoniales   hafta  concluirlos    enrera- 
„  •  mente  ,   para  que  o^  doy  poder  y    y  facultad 
fy  ampha ,  y  abfoluta ,  fm  limitacion  alguna ,  afli 
yy  por  todo  lo  que  a  efte  intento  combenga  ,    y 
j,  fuere  necefario  executar,  eftipular  ,  afegurar, 
„  y  obhgar  por  mi  parte ,  como  para  admitir ,  y 
„  aceptar  todas  las  condiciones ,  pa^los ,  obliga- 
„  ciones,  efcrituras ,  y  inftrumentos ,  que  fueren 
„  necefarios  hazer  por  la  del  muy  alto ,  y  muy 
„  poderofo  Principe  Don  Phelipe  Rey  de  Efpa- 
„  na ,  tanto  en  razon  de  la  dote ,  arras  ,  lega- 
„  dos ,  y  mandas ,  como  en  los  de  mas  puntos 
„  concernientes  al  dicho  cafamiento  ,•  obligando- 
)y  me ,  como  me  obligo ,  al  cumplimiento  de  lo 
„  que  en  cada  una  de  eftas  cofas  juntas  concer- 
„  tareis,  capitulareis,y  admitiereis,6executareis, 
„  porquepara  efteefedoos  hago,  crio,  yconfti- 

y>  tuyo 


/; 


dos  Frincipes  do  Brazjl  t  Livro  I,     55 

j,  tuyo  mi  A8:or ,  Mandatario ,  y  Commifario  ,  I727. 
,}  con  librC;  general,  y  pleniiTimo  poder,  y  fa- 
,;,  cultad  ,  para  que  hagais ,  y  podais  hazer  en 
„  razon  de-  ejdo ;,  todo  lo  que  yo  mifmo  podria 
)j  hazer,  aun  que  iean  tales  cofas  ,  que  requi- 
„  eran  efpecial ,  y  exprelTa  mencion  de  cllas  ,•  y 
f,  prometo  dc  mi  palabra  Real,  que  tendre  por 
„  grato,  firme,  y  valedero,  y  aprobare,  y  rati- 
„  ficare ,  fi  fuere  necefario  ,  y  tendre  por  bien  lo 
jj  que  hiziereis ,  tratareis  ,  prometiereis ,  concluye- 
„  reis ,  y,  firmareis ,  y  que  no  ire ,  ni  vendre  ,  ni 
„  confentire  ir ,  ni  venir  contra  alguna  cofa ,  ni 
en  parte  de  ella  ,  antes  bien  lo  loare,  apro- 
bare ,  y  ratificare  de  nuebo  fi  fuere  necefario. 
En  fe  de  lo  qual  mande  dar  la  prefente ,  fir- 
mada  de  mi  mano  ,  y  fellada  con  el  Sello  fe- 
creto  ,  y  reffendada  por  mi  infrafcripto  Secre- 
tario  de  Eftado ,  Mercedes  ,  Expediente ,  y  Afig- 
natura.  Dada  en  efta  Ciudad  de  Lixboa  Occi' 
„  dental  a  los  veinte  y  nueve  dias  del  mes  de 
A^ofto  del  ano  del  Naciniiento  de  Nueftro 
Seiiqr  JESU  Chrifto  de  mil  fetecientos  y  yeiii', 
te  y  ficte. 


V 

?> 


V 
7) 


E  L  R  E  Y. 


->  B  mo'j 


00 /i. 


«    Ll  :  ■■V,  .vi  iJ.a- 


Diego'de  Mendoma  Cortereal. 


y,  Por 


5^    Hiftorla  Panegynca  dos  defpoforios 


\ 


1727.        »     XIX.     TJOrtantO;  haviendo  vifto,  ycxa- 
„  XT  minado  el  referido  Tratado  Ma- 

Approva,ratifica,  y,  trimonial  aqui  inferto  ,  he  refuelto  aprovarle , 
efinna  El-Rey    ^^  j  ratificarle,  (como  en  virtud  de  la  prefente 
CMo  0  Tra.  ^^  j^  ^pruebo  ,    y  ratifico )  en  la  mejor ,   y  mas 
jj  cumplida  forma  qUe  puedo  j  y  doy  por  bueno> 
„  firme ,  y  valedero ,  todo  lo  que  en  el  fe  con- 
,_,  tiene  ,•   y  prometa  en  f^  ,  y  palabra  de  Rey 
yj  cumprirle  ,   y  obfervarle  inviolablemente ,  fe- 
,j  gun  fu  forma,  y  tenor,  y  hazer  obfervar,  y 
„  cumplir  de  la  mifma  manera ,  como  fi  Y6  le 
„  huvieife  hecho  por  mi  propia  Perfona.    En  fe 
de  lo  qual  mande  defpachar  la  prefente ,  fir- 
mada  de  mi  mano ,  feilada  con  clSeUo  fecreto, 
y  refrendada  de  mi  infrafcripto ,  priijier  Secre* 
tario   de  Eftado,   y  del  Defpacho  UniverfaL 
Dada  en  San  Ildefonfb  a  doce  de  06):ubre  de 
„  mil  fetecientos  y  veintc  y  fiete. 


YO   ELREY. 


)) 

)y 
)) 
)y 


Don  Jtian  Bapttjia  de  Orendayn. 


Fefiejos  com  que      26    Em  quatro  de  Dezembro  com  a  occafiao 

he   applandidQ  0,1  -jirr-  cy  'cr 

cimprimento  do  "C  iiavcr  cumpndo  aelaieis  annos  a  Serenillima 

decimojexto  an-  Senhora  Infanta  D.  Maria  Barbara,  pclo  que  fo- 

'mrtaBaTara:  ^^^  cumprimentadas  Suas  Mageflades ,  e  Altezas, 

que  em   tao  derao  beijamao,  pelaNobreza,  e 

Miniflros  Eflrangeiros  ;,   feftejou  o  iMarquez  dei 

los 


dos  Trinclpes  do  "Bra^iU  Livro  L      ^7 

los  Balbazes  efte  tao  gloriofo  dia  com  humapri-  172  7« 
morofa  Comedia  ,  que  fez  reprefentar  maguifi- 
centilfimamente  no  feu  Palacio.  Convidou  para 
efte  feftejo  a  nobreza  principal  da  Corte  ,  e  os 
JVliniftros  das  Potencias  Eftrangeiras ,  a  quem  re- 
galou  no  fim  com  huma  exquifitilfuna  CoIIa^ao. 
Por  efte  mefmo  principio ,  havia  dado  no  dia 
precedente  ao  mefmo  Embaixador",  e  ao  Ordina- 
rio  de  Sua  Mageftade  Cathohca  o  Marquez  de 
Capecelatro  ,  como  tambem  a  muitos  Fidalgos, 
e  SenJiores  da  Corte  ,  hum  grandiofo  jantar ,  o 
Marquez  de  Cafcaes. 

27  No  dia  da  Immaculada  Conceigao  da 
Virgem  May  de  Deos ,  celebrou  Miifa  em  Pon- 
tiiical  na  fua  Bafilica  Patriarcal  o  Senlior  Patriar- 
ca  D.  Thomas  de  Almeida  j  que  no  dia  antece- 
dente  havia  aftiftido  alli  mefmo  a  Vefperas^  e  Ma« 
tinas  j  que  fe  cantarao  com  a  mais  efplendida  fo- 
lemnidade.  Aftiftirao  Suas  Mas:eftades ,  e  Altezas 
ao  Pontirical,  e  durante  elle  offereceo  El-Rey  o 
cenfo  coftumado  a  Senhora ,  a  cuja  Concei^ao  em 
todo  o  Inftante  Limpiftima  ,  he  tributario  efte 
Reyno  ,  que  venera  por  fua  Padrocira  no  mef- 
mo  amabiliflimo  Myfterio  a  Rainha  dos  Anjos, 
defde  o  feJiz  Reynado  do  Reftaurador  da  Iiber- 
dade  Portugueza  j  o  fempre  Inclyto  ,  e  fempre 
faudofo  Rey  D.  Joao  Quarto  ;,  que  o  fometeo 
a  tao  foberano  ,  e  Sacrofanto  Imperio  ,  affegu- 
rando  defte  modo ,  firmifTima  ;  e  perpetuamente 
na  fua  Real  cabe^a,  e  nas  de  feus  Serenifrimos 
Suceffores  a  Coroa  defte  Reyno. 

28  Logo  que  a  Mifia  fe  terminou  ,  admi- 
niftrou  o  mefmo  Clariffmio  Prelado ,  o  Santo  Sa- 
cramento  da  Conftrma^ao  ao  Principe  do  Brazil , 

H  e  aos 


5^    HiftoriaFanegyricadosdefpoforios 

1727 •       ^  ^o^  Serenifrimos  Infantes  D.  Cailos ;  D.  Pedro; 
eD.  Maria.  Efte  dia  foi  a  primeira  vez' que  El- 
Crijnia  o  Patri-  Rey  levou  a  feu  lado  o  Principe  D.  Jofeph.    Os 
an-a  ao  Prtncipe,  referidos  Senhores  Infantes  ,  feus  irmaos,  defce- 
^Carksl d! Ptdroy  ^^  a  Crifmar-fe  da  Tribuna^  aonde  eftavao  com 
e  D.  Maria.        a  Sereniifima  Senhora  Il.ainha  ,  fua  may.  Foi  Pa- 
drinho  do  SereniiTimo  Principe,  e  dos  Senhores 
Infantes  D.  Carlos ,  e  D.  Pedro  ,  o  Senlior  Infan- 
te  D.  Antonio ,  feu  tio.  Da  Serenilfima  Senhora 
Infanta  D.  Maria  Barbara ,  foi  Madrinha  D.  Ma- 
ria  de  Lancaftre ,  Marqueza  de  Unhao ,  c  Camarei- 
ra  mor.  Confirmados  eftes  Reaes  Senhores ,  acom- 
panhou  o  Principe  a   feus  Irmaos,    que  fubirao 
outra  vez  para  a  Tribuna  ,•    e  deixando-os  alh, 
tornou  logo  a  p6r-fe  a  ilharga  del-Rey ;  com  quem 
ultimamente  fe  recolheo. 
Entradapuhlica^       29     No  dia  de  Nata!  fez  a  fua  entrada  pubii- 
\ibrantes  na  Cor-  ^^  na  Corte  de  Madrid  o  Marquez  de  Abrantes. 
iedeMadrid.      A  efte  fim  o  forao  bufcar  a  fua  cafa  o  Conde  de 
Vilhafranca  ,  Conclu6lor ,  e  Introdu6i:or  de  Em- 
baixadores  ,  e  D,  Jofeph  de  Eipexo ,  Decano  dos' 
Gentis-homcns   de  boca   del-Rey  Cathohco ,  com 
outros   Officiaes   da  Cafa  R.eal;   todos  acavallo. 
Chegou  depois  delles  o  Marquez  de  Almodovar, 
Mordomo  de  femana ,  em  huma  carroca  rica  del- 
Rey.    Concluidos    os  coftumados  cumprimentos, 
dilb-Ibuio,  montado  acavallo,  oConde  de  Vilha- 
franga  a  ordem  da  marcha.  Quando  ja  eftava  tu- 
do  a  ponto ,  defceo  ,  acompanhado  do  Marquez 
de  Almodovar ,  e  do  Decano  dos  Gentis-homens  : 
de  boca   del-Rey  ,    o  Marquez  Embaixador ;  e 
precedido  ,    como  fe  eftvla  em  lemelhantes  fun- 
^oens ,  da  Cafa  Real  ,    montou ,  fegundo  o  ufb 
daquella  Corte ,  em  hum  cavailo  da  pelloa  del-Rey. 

30     Deo-fe 


dos  Principes  do  ^ra^ily  Livro  I,     5  p 

30  Deo-fe  principio  ao  acompanhamento  pe-       1727. 
Jo  Meftre  de  Ourel  do  mefmo  Embaixador ,  em 

hiuii  briofiflimo  cavallo  pompofamente  ajaezado. 

Vmliao  logo  cinco  muficos  com  libres  de  panno  Sen  acoTnpanha- 

finilfimo  cncarnado,  cobertos  de  galoens  de  ouro, 

vefaas  y  e  cabos  azues  ,•  tudo  agaloado  de  prata. 

Seguiao-fe  dous  m.ocos    da  Guarda-roupa ,    cha- 

mados  modernamente  Valles  da  Camara.  Trazi- 

ao  hbres    de  felediffimo  prarmo  azul  com    ricas 

guarni^oens  de  prata.  Todo  o  feu  mais  trage  era 

proporcionado  a  tanta  riqueza  ,  gala  ,  e  efplen- 

dor.  Erao  fucedidos  de  doze  pagens ,  veftidos  a 

todo  o  cufto  dc  veludo  carmezim  ,  bordado  de 

ouro ,  veftias  de  tiflli  de  prata  com  matizes  azues, 

franiadas  de  flocos    de  canutilhos    de  prata.    As 

fuas  dragonas  erao  bordadas  com  a  maior  pericia, 

e  opulencia.  Logo  vinhao  des  Ajudantes  da  Ca- 

mara  ,   veflidos  tambem  com  a  mais  cuftofa  ,  e 

brilliante   variedade.    Erao-Ihes  immediatos  doze 

Gentis-homens ,    e  logo  o  feu  Meftre  fala  y  traja- 

dos  com  a  mais  plaufivel  opulencia  de  eftofos  de 

ourO;  e  prata,  e  pannos  bordados  de  extraordi- 

nariovalor. 

3 1  Acompanhavao  a  famiha  do  Embaixador 
quarenta  lacaios  da  Cafa  Real  ape ,  com  as  fuas 

'libres  coftumadas ,  ecada  hiun  junto  ao  cavallo 
cue  havia  conduzido.  Logo  continuavao  duas 
nleiras  de  felfenta  e  fei«  Lacaios ,  e  Cocheiros  do 
Embaixador  com  libres  de  panno^  guarnecidas 
optimamente  de  galoens  de  ouro  com  vivos  de 
veludo  azul :  erao  da  mefina  cor  os  cabos ,  e  as 
veftias,  tudo  agaloado  de  prata  ;  e  o  mais  que 
trajavao ,  era  correfpondente  a  tanta  oftentagao, 
e  preciofidade.  OiFereciao-fe  logo  avifta,  trajados 

n  n  ■     de 


^o    Hifioria  Panegyrica  dos  dejpojorios 

1 72 7-  ^^  excellente  gala ,  cinco  AtabaJeiros ;  e  Trombetei- 
ros.  Precediao  finaimente  ao  Embaixador;  o  Portei- 
ro,  e  dous  correios  veftidos  de  Jibres  iguaeS;,  com  as 
divifas  das  fuas  occupa^oens.  Coroava  tao  luzido 
acompanhamento  o  Marquez  de  Abrantes ,  monta- 
do  em  hum  briofifTimo  cavallo  murzelo,  ajaeza- 
do  com  fella,  exarel  de  veludo  carmezim,  bor- 
dado  ,  e  franjado  de  ouro  ,  e  armados  os  coldres 
de  piftolas. 

3  2  Hia  entre  o  Marquez  de  Almodovar ,  e 
:  o  Decano  dos  Gentis-homens  de  boca.  V  iiilia  atraz, 
a  parte  direita ,  o  fcu  Eftribeiro ,  veftido  pompo- 
fillimamente  ,  e  montado  em  hum  cavallo  da  Ca- 
fa)  paramentado  de  requiftimos  jaezes,  Da  ou-- 
tra  parte  hia  hum  cavalJo  da  peflba  del-RevCa- 
tliolico ,  coberto  com  o  teliz  das  fuas  Reaes  ar- 
mas ,  levado  a  mao  por  hum  homem  veftido  da 
Iibre  da  Cafa.  Apparecia ,  logo  o  coche  del-Rey  , 
em  que  fora  o  Marquez  de  Almodovar  com  qua- 
tro  criados  da  libre  da  Cafa  Real.  Marchavau 
logo  dous  Sotacavalheri^os  do  Embaixador,  que 
precediao  a  lete  coches,  e  com  os  Cocheiros  qua- 
torze  mogos  dos  mefmos  coches ,  todos  corn  li- 
bre  uniforme  ajareferida.  Era  o  primeiro  deftes 
coches  mui  efplendido  ,  e  preciofo  de  veludo  car- 
mezim ,  bordado  de  ouro.  O  debuxo  era  de  ex- 
cellente  mao,  e  brilhava  com  primorofiirunos  or- 
natos  de  bronze ,  e  entalhados  dourados.  Era  for- 
rado  de  tillii  de  ouro ,  e  prata ,  bordado  com  o 
maior  efmero,  edehcadeza  daarte,-  e  em  obfer- 
vancia  da  pragmatica  ,  tiravao  por  elle  quatro 
frizoens  murzelos  optimamente  ajaezados  de  ve- 
ludo ,  c  ouro.  O  fegundo ,  era  tambem  hum  mon- 
te  dc  riqueza  ,•   e  os  dous ,  que  fe  llie  feguiao , 

com 


dos  Frincipes  do  "Bra^iU  Livro  I.      6i 

com  differenca  pouco  fenfivel  ,  Ihes  erao  mui  I727. 
com-femelliantes.  Nos  ultimos  tres,  fim  havia  mais 
variedade  ,•  mas  nao  menos  opulencia.  Havia  lo- 
go  cinco  requiiilTimos  coches  do  Cardeal  de  Bor- 
ja ,  do  Nuncio  de  Sua  Santidade  ,  e  dos  Embai- 
xadores  de  Alemanha ,  HoIIanda  ,  e  Malta. 

33.  Seria  meio  dia  quando  o  Marquez  Em- 
baixador  entrou  com  efl:a  tao  ruidofa  comitiva  pe- 
JaPra^a  dePalacio,  repIetilTnTia  de  povo  innume- C^?^<?  d  Prafa 
ravel ,  que  concorreo  nao  fo  de  Madrid ,  ou  dos  ^^  f  ^^«^^^- 
feus  aoredores,  mas  de  muito  longe  a  ver  huma 
fun^ao  tao  digna  de  expe^^la^a^ ,  e  allbmbro.  Paf 
1  ju  o  Embaixador  por  entre  duas  alas  das  guar- 
das  da  Infanteria  Hefpanhola,  e  Valona,  cobertas 
por  feus  Officiaes.  As  janellas  do  P-^^o  eftavao 
cheias  da  principal  nobreza ,  trajada  com  a  mais 
brilhante  magniiicencia.  Viao  efta  grande  pompa> 
a  Iiuma  dellas ,  pelas  vidra^as,  as  pelfcas  Reaes. 

34  Entrarao  no  Saguao  do  V a^o  j  elogo  os  Entra  mSi^aao 
coches  del-^Rey ,  e  do  Embaixador.  Apeou-fe  elle  ^  ^* 
junto  aos  degraos  _,  que  dao  pallo  a  ferventia  para 
Imm  pateo,  cercado  de  colunas.  Daqui  ate  a  Sa- 
la  das  Guardas  de  corpo,  eflava  em  duas  alas  a 
Companhia  dos  Archeiros :  paflbu  por  meyo  del- 
les  o  Marquez  Embaixador  com  toda  a  fua  fa- 
milia,  a  que  le  aggregarao  muitos  Senhores  Fi- 
dalgos  ,  Miniflros  ,  Cabos  de  guerra ,  e  outras 
muitas  ,  e  mui  graves  peilbas ,  pela  maior  parte 
Portuguezas,  que  galeando  naquelle  dia  com  o 
maior  exceifo,  eifavao  alh  eiperando  ao  Embai- 
xador  para  Ihe  infmuarem  com  eflas  demonftra- 
coens ,  a  fua  devo^ao  ,  e  relpeito.  Ficarao  os  La- 
caio5  no  topo  da  efcada,-  e  leguido  dos  mais  o 
Marquez  ,    logo    que  fobio   ao  ultimo  degrao , 

veio 


62     Hifioria  pane^yrica  dos  defpoforios 

1727.       veio  alli  recebello  oPrincipede  MalFerano,  Capi- 

tao  da  guarda  de  Helpanha  dos  Archeiros.  Poucos 

Recebeo-o  0  Prin-  palTos  havia  dado  j    quando  fahio  igualmente  a 

clpe  de  Majfera-  reccbello  o  Duque  de  Atri ,  Capitao  das  guardas 

de  corpo  Italianas  ,•  e  depois  o  Duque  de  Ollbna, 

E  0  Diique  de     Capitao  das  guardas  deCorpo  Hefpanholas ;,  nao 

^'*^'  obftante  que  nao  eftava  entao  de  quartel.  Ao  en- 

EoDiiquedeOf-  trar  na  Sala  daAudiencia  o  Derembargador  Ale- 

J^^"^'  xandre  Ferreir.i ,    Secretario   da  Embaixada  ,  Ihe 

deo  as  Cartas  Credenciaes.   Logo  chegou  o  Mar- 

quez  de  la  Rocha  Secretario  da  Eftampilha  a  avi-  ' 

lar  o  Embaixador ,  que  ja  vinha  El-Rey  Catho- 

hco. 

35     Entrou,  finalmente  o  Marquez  de  Abran- 

F."nra  na  Sala  da  j-^s  ji^  Sala  da  Audiencia ,  que  eftava  ornada  de 

fia  publica  del-    eltupendiliimas  tape^arias.  EI-Rey  eltava  em  pe , 

Rcy  Catbolico.     junto  a  hum  bofete  y  com  veftido  encarnado  ,  e 

alliftido  da  Corte ,  e  Officiaes  da  Cafa  Rcal.  A's 

cortezias  ,    e  ceremonias  coftumadas  ,  correfpon- 

deo  El-Rey ,  tirando  o  chapeo  ,  e  mandando  co- 

brir  ao  Embaixador.  Efte  com  mais  que  Tuliiana 

facundia ,  deo  o  recado  del-Rey  feu  amo ,  pedin- 

do  paraEfpofa  do  Sereniftimo  Pfincipe  do  Brazil 

aSenhora  Infanta  D.  Maria  Anna  Vitoria  de  Bo- 

urbon ,  e  apprefentando  as  cartas  dcI-Rcy  D.  Joao. 

Tomou-as  Filippe  V.  e  com  muito  agrado  rclpon- 

deo  ao  Embaixador,  fignificando-Ihe  o  muito  que 

era  da  fua  complacencia  o  negocio  que  acabava 

de  Ihe  propor.  Difte  :   que  o  Senhor  D.  Jofeph  , 

era  tanto  da  fua  dileccao  ,    que  defde  logo  Jhe 

conccdia  por  Conforte  fua  muito  amada  filha. 

He  dejjois  condn-       7,6      Concluida  a  Audicncia  ,   paftbu   dalh  o 

ALZf '"''''  Embaixador ,   condufido  do  Marquez  de  Almo- 

dovar,  ao  quarto  da  Raiiiha;  aonde  fahio  a  re- 

,  cebello, 


dos  Principes  do  "Bra^l ,  Livro  I.      6] 

cebelio,  e  conduzillo  a  fua  audiencia  oCondede       1727, 

Anguiflbla,  Mordomo  daquella  Senhora.    Ficou 

o  Mordomo  del-Rey    no.  meio  da  Sala,   aonde 

fez  o  Embaixador  a  iegunda  cortezia.   Eftava  a 

Kainha  no  topo  de  huma  galaria  coberta  de  ta- 

pegarias  dodefenho  de  Rafael,  junto  ahumbo- 

fete ,  veftida  y  pofto  que  fegundo  a  Pragmatica, 

eiplendidiifimamente ,  e  com  hum  admiravel  ade- 

re^o  de  diamantes,    e  gafiras  de  altiiHmo  valor. 

A  ieu  lado  eftava  a  Sereniifuna  Senhora  Infanta  D. 

Maria  Anna  Vitoria. 

37  Brcve  ,    mas  eloquentiifimamente    deo  o  Fdla-lbe. 
Embaixador  a  entender  a  Sua  Magcftade  o  fim , 

que  alli  o  levava  ,•  e  quando  a  Rainha  ihe  ouvio, 
que  qWq  pedia  da  parte  del-Rey  feu  amo  aquella 
SerJiora  Infanta  para  Efpofa  do  Pnncipe  do  Bra- 
zil ,  nao  pode  deixar  de  ceder  a  foberania  a  na- 
tureza;  moftrando  a  Rainha  quanto  efta  fepara- 
gao  a  magoava.    Depois  refpondeo  ao  Marquez 
com  toda  a  dignagao  ,  e  benignidade ,  exprelfan- 
do-Ihe  quanto  eitimava  huma  tao  util ,  e  tao  glo- 
riofa    alhanga.    Cumprimentou  fuceifivamente    o 
Marquez  a  Senhora  Infanta  ;,  e  efta  pedio  a  Rai-  E  &  Infanta  D. 
nha  ,    que  Ihe  deife  por  ella  a  repofta.    Depois  5^''^^  ^«"^*  ^- 
deita  audiencia  j  pallou  a  tella  tambem  do  Sere- 
niiruiio  Principe  de  Afturias,  e  do  Senhor  Infante  '^"^  tambem  au^ 
D.Carlos,  e  outra  vez  particukrmcnte  da  Senho- ^^f  j^,  ^y^^^i/i 
^  ra  Infanta  D.  Maria  Anna  Vitoria,  a  quem  ja  ede  todos  os  Se- 
1  beijou  a  mao ,  como  Prmceza  do  Brazil.  Dalli  foi  ''^''^''  Mantes, 
feltimamente  conduzido  aos  quartos  dos  Senhores 
Iiifintes  D.  Filippe,  D.  Luiz^,  e  D.  Thereza. 

38  Acabarao  eftas  audiencias  com  differenca 

pouco  notavel  pelas  duas  da  tarde ,  e  entao  vol-  ^^<^o^^^-fi  «{f^- 
tou  o  Embaixador  a  fua  cafa  no  coche  del-Rey,  cajai  • 

em 


64    Hi/lcriaFanegyrica  dos  defpofodos 

1727'^        em  que  tambem  cmbarcarao  comelle  o  Marquc-z 
deAlmodovar,  o  Conde  de  Vilhafraiica,  e  o  De- 
cano  dos  Gentis-homens  de  boca.  Fazia-Ihe  efcol- 
■  ta  a  fua  numerofa ,  e  brilhante  comitiva :   feguiao- 
no  o  coche  de  refpeito  da  fua  pelloa ,  e  todos  os  ou- 
tros  em  que  hia  a  fua  familia  _,"  recebendo ,  alfim 
como  tambem  a  vinda  ,  agora  a  ida  inceifantes 
acclamacoens  populares.  Fez-fe  publica ,  e  perpe- 
tua  no  mundo  huma  ac^ao  tao  luftrofi  ,    e  por 
tantos  capituios  grande ,  mediante  o  minifterio  da 
cftampa  em  huma  individual  Rela^ao  ,    que  lo- 
go  fe  imprimio  naquella  Corte  na  lingua  Portu- 
gueza. 

39     No  mefmo  dia  de  Natal ,  tornou  a  vol- 
tar  de  tarde  o  Em.baixador  a  Palacio  ,  aonde  fe 
fez  com  a  devida  formalidade  na  prefen^a  de  fuas 
Outoyga-Je  na     Mageftades  Catholicas  a  outorga  do  Tratado  ma- 
^Ma%d'sCa-    tnmonial  do  Sereniffimo  Principe  doBrazil,  com 
thoficas  0  Trata-  a  Seiihora  Infanta  D.  Maria  Anna  Vitoria.  Fo- 
^?  *^"^  ^■0'^-^^.'   rao  prefentes ,  e  teftemunhas  defte  a6to  pela  par- 
^do^Brazil,  com a  ^^  del-Rey  Catholico  ,  os  Grandes  ,  e  Officiaes  da 
hifanta  D.  Ma-  fua  Cafa ,  o  Nuncio  de  Sua  Santidade ,  os  Cai  -  j 
yiaAumyitorta.^^^^^^  o  Arcebifpo  de  Amida ,  Confeifor  da  Sc 
renilfima  Senhora  Rainha  Catholica ,  os  Prelad'-«s  i 
que  naquelle  dia  fe  acharao  na  Corte ,  os  Conlc- 
Iheiros  de  Eftado ,  em  que  fazia  numero  o  Mar-  i 
quez  de  la  Paz ,  primeiro  Secretario  de  Eftado, 
e  do  Defpacho.  Pela  parte  del-Rey  de  Portugal, 
teftemunharao  efte  faclo  os  Duques ;,  de  Medina 
Coeh,  Medina  Sidonia^  Bejar,  eVeraguaS;,  e  o 
Conde  de  Benavente.  Leo,  como  Ihe  tocava  em 
razao  do  feu  officio  de  Secretario  de  Eftadoj,  e 
do  Defpacho  da  Jufti^a,  o  Marquez  delaCom' 
puefta,  o  ja  referido  Tratado. 

40     Na 


dos  Frincipes  do  Braz.il  >  Liv7'o  I.     6> 

40     Na  primeira  Oitava  daqiiclla  Fefta  con-        172  7. 
correrao  de  manhaa  os  Tribunaes  ,  e  Confeihos 
ao  Palacio  de!-Re.y  Catholico  a  felicitar  Suas  Ma- 
^eftades;  e  Altezas.  De  tarde  deo  a  Senhora  In- D^ cj?/i  Saihora  0 
fanta  D.  Maria,  o  Sm :  e  concluida  efta  ceremonia,  {^  ''"'''"^^''^'"' 
forao  as  peflbas  Reaes  vifitar  o  Santuario  da  Se- 
nhora  da  Atocha  ,  e  lograr-fe  do  bom  tempo  que 
fazia  pelo  campo. 

•    41     Celebrarao-fe ,    por  procura^ao  que  para  ^^''^^^'^5-A  or 
i/To  havia  mandado  o  Serenilrimo  Principe  do  Era-  J.'j^'"^^  ^Falaci 
zil  a  El-Rey  Catholico ,  os  feus  Reaes  defpofo-  del-Rey  Catholi- 
rios  com  a  Senhora  Infanta  D.  Maria  Anna  Vitc-  ^°' 
ria ,  na  fegunda  Oitava  de  tarde  ,  no  Salaio  grande 
do  Pa^o.  Concorreo  a  efta  tao  brilhante  fungao 
toda  a  Fidalguia ,  Grandes ,  Miniftros  ,  Cavallei- 
ros ,  e  Scnhoras.  Lancou  o  EminentilTimo  Cardeal 
Patriarca  das  Indias  D.  Carlos  de  Boija ,  a  ben- 
cao  hupcial ,  e  deo-fe  fim  a  efta  ac^ao  com  hum 
harmoniofiflimo  applaufo ,  que  fe  cantou  em  hum 
foberbiflimo  theatro,  e  igualmente  arrebatava  o 
fegundo  fentido  com  o  attra6livo  concerto  da  fua 
mufica ,  do  que  fufpendia  o  juizo  com  o  difcre- 
to ,  e  bem  defem.penhado  da  letra.  Na  noite  def 
te  ,  e  dos  dous  dias  feguintes  fe  illuminou  toda  a 
Corte ,  e  houve  no  Terreiro  do  Pa<^o  multos  fo- 
gos  de  excellente  artificio. 

42  Nefte  mefmo  dia  deftinou  Ei-Rey  D.  Joao  Deftjna  El-Rey 
huni  quarto  para  o  Serenifl^mio  Senhor  D.  Joieph  ^-  J^"^*^  ^""'  . 
reccber  os  Embaixadores ,  que  ne  a  caia  que  i^-  pedo  Brazil,e 
ca  para  dentro  da  do  Confelho  de  Eftado,  con-  Officiaes  dofeu 
chcgada  a  do  mefmo  Senhor ,  que  ao  mefmo  tem--^'^'^^'^^' 
po  foi  fervido  refolver,  que  defte  dia  em  diante 
foITe  fervido  Sua  Alteza  com  os  mefmos  criados 
de  Sua  Mageftade.  No  mefmo  dia  afliiiou  tam- 

I  bem 


eos 


66     Hiftorla  Fanegmca  dos  dejpoforios 

172  7»        ^^'^  qiiarto  a  Sereniflima  Senhom  InfantaD.  Ma- 

ria  Barbai-a ;,  que  he  nas  coftas  das  antecaniaras 

j//iua  tawhem  o  da  Ranjha  ,  que  Ticao  para  a  ribeim.  das  naos  ^ 

qnnrto,eoi'  Offi-  q  afTim  mefmo  os  Officiaes  da  fua  aififtencia,  e 

ci/ics  do  fcn  Jcr-  n      ■  -•  r  r         o 

-vJpdlnfavtaD.  icrvK^o,  que  erao  os  melmos,  que  o  melmo  Se- 
Marin  Barbara ,  nhor  dcftinara  pafa  fervir  a  Sereniflima  Senhora 
1milTo%-^^^^^  D.  Maria  Anna  Vitoria,  futura  Princefa 

viraSctiboralu-  do  BraziJ.  Erao  pois  nomeados  a  efte  fim ,  ( nao 
fa}2ta  ix  Maria  fallando  em  outros  muitos  criados )  para  feu  Mor- 
futHra  Prlnctfa  ^^^'"^^  ""^^r  D.  Pedro  Antonio  de  Noronha ,  Mar- 
'doBrazi/.  quez  de  Angeja,  do  Confeliio  deEftado  de  Sua 

Mageftade^  Vedor  daFazenda,  eVifo-Reyque 
fora  dos-Eftados  da  India ,  e  Brazil  :  feu  Eftri- 
beiro  mor,  Pedro  de  Vafconcellos  e  Soufa,  do 
Confelho  de  Guerra,  e  Meftre  de  Campo  Gene- 
ral  dos  Excrcitos  de  Sua  Mageftade  ,  e  que  ja 
fora  Governador;,  e  Capitao  General  do  Eftado 
do  Brazil ,  e  Embaixador  Extraordinario  na  Corte 
de  Madnd .-  Veadores;  Antonio  de  Mello  e  Tor- 
res ,  Conde  da  Ponte  ,•  D.  Lopo  de  Almeida,  Ca- 
valleiro  Gram  Cruz  da  Rehgiao  de  S.  Joao  dc 
Malta ,  Balio  dc  Lefla  ,  e  de  Negroponte ,  Com- 
mendador  da  Vera  Cruz  ^  e  das  Commcndas  de 
Cefures  ,  e  Aguas  Santas  na  mefma  Ordem ,  e 
Gram  Chanceller  que  fora  nella  ,•  e  D.  Carlos  de 
Menezes  e  Tavora  :  Camareira  mor ,  D.  Amia 
de  Lorena  ,  filha  do  Marquez  de  Abrantes ,  e 
viuva  de  D.  Rodrigo  de  Mello,  filho  do  Duque 
de  Cadaval :  Senhora ,  ou  Donna  de  honor,  D.  Ma- 
ria  Magdalena  de  Portugal ,  viuva  de  Bernardo 
de  Vafconcellos  ,  filho  do  Conde  de  Caftello-me- 
Ihor  ;  Damas  Camariftas ,  D.  Luiza  Joanna  CoU; 
linho  ,  c  D.  Helena  de  Portugal ,  filhas  de  D. 
Filippe  de  Soufa  ,    Capitao  da  guarda  Alemaa: 

Damas 


no. 


dos  Principesdo  "Bra^U  Livro  I.      6j 

Damas,  D.  Joanna  de  Mendoiica ,  fillia  doConde        i''2'7'. 
de  Villaflor  ,  Copeiro  mor,-    e  D.  Mariamia  de 
Lencaflre ,  iilha  de  Joao  de  Saldanlia ;  qne  ja  fora 
Vifo-Rey  dalndia;   Confeflor,  o  Padre  Manocl 
Alvares,  da  Companliia  de  Jeius. 

43     Entrou  o  novo  anno  de  1728,  e  a  dous  de       1728, 
Janeiro  chegou  a  Corte  de  Portugal  a  tao  faufta 
noticia  da  celebragao  dos  defpoforios  do  Serenif-  Chega  a  Lishoa  a 
fimo  Principe  do  Brazil,  com  a  Senhora  Infanta  Za^^td!fpo. 
D.  Maria  AnnaVitoria,  noPago  del-Rey  Catho-/tfr/i'j-^£'Pm(:/>^ 
iico.  Por  ei]:a  confideracao  mandou  Sua  Mageila-  <^<^^  Braztl  ,  com 
de  no  outro  dia ,  Decreto ,  para  le  reitejar  elte  avi-  ^^-^  j^^j^^  Fitoria. 
fo  em  todo  o  Reyno  ,  com  tres  noites  de  repi- 
ques;  iuminarias  ,  e  falvas  de  artilheria  em  terra ,  e  Manda  El-Rey 
mar ,  que  eifecStivamente  tiverao  principio  na  noi-  ^'  J^^-o  fcfiejai- 

/^  jT        ■  n.    r^  --r/i-         laemtodooRey. 

te  de  quatro  de  Janeiro  nelta  Corte ,  entao  reltiva- 
mente  atroada  com  tres  defcargas  do  Cailello;  For- 
talezas ,  e  Torres  da  marinha. 

44  Ardeo  com  eila  tao  alta  occafiao  hum  in- 
figne  fogo  de  artiiicio  no  Terreiro  do  Pago.  Re- 
prefentava  o  celebre  templo  Efefino  de  Diana  , 
hum  dos  fete  milagres  do  mundo ,  abrafado  por 
Heroilrato ,  como  em  feliz  augurio ,  que  chegaria 
aiuda  tempo  ,  em  que  o  Soberano  Principe ,  em 
cujo  obfequio  fe  fazia  eiie  applaufo ,  e  hoje  noifo 
FideliiTimo  Rey ,  e  Senhor ,  poria  a  ferro ,  e  fogo 
as  Mefquitas  Agarenas ,  que  tem  a  Lua .,  porque 
era  fubentendida  a  meirna  Diana ,  por  feu  timbre. 
Aifmi  o  cantou  mui  arguta,  e  eloquentiifimamente 
o  Doutor  Jofeph  de  Matos  da  Rocha ,  fallando 
com  o  mefrno  Senhor  no  Epithakmio  das  fiias 
Reaes  Vodas ,  e  que  tranfcreveremos  no  iim  deita 
Hiitoria ,  neiles  elegantiifmios  numeros. 

I  ii  nifc 


68    Hijloria  Panegyrica  dos  defpoforios 

O  I  T  A  V  A    XIV. 

172^'  X7*  ^^^  fingido  templo  de  Diatm, 

A-^  Q^e  ardeo  do  vojjo  Pago  no  Terrejro, 

Quando  Lishoa  fefle]ou  tifana 

De  vojjas  Vodas  0  rumor  primeirOy 

Anmmeio  foi  h  gente  Lufitana, 

De  que  algum  dia  ,  Capitao  guerreiro  , 

Ahrazareis  com  chammas  infinitas 

Do  vil  Mafoma  as  harharas  Mefquitas. 

45     No  dia  feguinte ,  e  com  efta  mefma  occa- 

fiao ,  teve  o  Maiquez  de  Capecelatro ,  Embaixa- 

Tem  audicncia      dor   Ordinario   del-Rey   Catholico    audiencia  de 

tta^fl^Marfmz^^^^^^Z^^'^'^^}     a  quem  beijou  as  maos  ,  e  au- 

cle  Capecelatro.     gurou  muitas  felicidades  pela  feliz  conclufao  dos 

mefmos    Reaes    defpoforios.    Teve  depois  outra 

Tem  ontradaln-  audiencia  da  SerenilTima  Senhora  InfantaD.  Ma- 
jnnta  D.  Marta    •      ,.,     1  ■       ^' rr  t^t 

Barbara.  ^^^  Barbara  ,  no  quarto  que  ja  diliemos ,  que  hl- 

Rey  Ihe  havia  affmado :   e  ainda  que  a  celebragao 

dos  feus  defpoforios  com  o  SerenilTimo  Principe 

D.  Fernando,  nao  fe  havia  ainda  efteituado,-  ef 

teMiniftro,  Ihe  beijou  amao,  jacomo  a  Prince- 

za  das  Afturias ,  gloriando-fe  muito  de  fer  elle  o 

feu  primeiro  Vaftallo ,  que  aflim   como  em  ou- 

tras  muitas  occafioens  ja  tivera  a  honra  de  prof- 

trar-fe  aos  feus  foberanos  pes ,  era  agora  0  pri- 

meiro  que  chegava  a  elles  para  beijar  a  fua  Real 

.  mao,  Os  Grandes ,  os  Tribunaes ,  e  todas  as  pef 

aosTribnnaes  pa-  ^^^^  ^^  diftin^ao  acodirao  tambem  ao  Paco  a  bei- 

ra  concorrerem  ao  jar ,  cm  obfequio  de  tao  inclytos  defpoforios ,  as 

^/AVmT"^!  ^^^os  a  Sua^  Mageftades ,  e  Altezas. 

aed.S.  MM.  e  do  y      ^        i  a^  ^         •/  ^  •! 

Principe.  40     Receberao  aviio  os  Tribunaes  para  con- 

correrem 


1728. 


dos  Principes  do  "Bra^il^  Livro  I. .    6<) 

correrem  em  quatro  de  Janeiro  ao  Pa^o  aobeija- 

mao  de  Suas  Mageflades ,  e  do  Sereniirimo  Prin- 

cipe   do  Brazil ,  por  fe  haverem  ja  celcbrado  os 

feus  Reaes  defpoforios.  Por  Decreto  efpecial  da- 

quelle  m.efmo  dia ,  concedeo  El-Rey  a  Academia  ^^ai  tambem  aej- 

Real  da  Hiftoria  Portugueza ,  as  prerogativas  de  i)lc^elo,ei7c^ia. 

Tribunal;  para  ter  igualmente  com  elles  aqmlla.  lidade  deTrih- 

honra,-  graca ,  de  que  depois  deo  as  devidas  a 'ff^'f /^^!^^"""* 

'o^s-'  jl  ^■.,  i^  j     R(^^  da  Htjiorta 

Sua  Magelrade ,  o  Padre  D.  Manoel  Caetano  de  Portngneza. 

Soufa ,  da  Divina  Providencia  ,  em  huma  Oragao 

Academica  ,  de  que  faremos  depois  men^ao  em 

feu  lugar.  Efte  he  o  teor  da  copia  daquelle 

D  E  C  R  E  T  O. 


j> 


Avendo  chegado  a  noticia  de  fe  haver 
recebido  na  Corte  de  Madrid  o  Princi- 
ce,  meu  fobre  todos  muitoamado,  e 
prefado  filho  com  a  Sereniflima  Infanta  de  Hef 
panha  D.  Maria  Anna  Vitoria  ,•  e  fendo  cfta 
noticia  de  tao  grande  contentamento  para  todos 
os  meus  Vaffalos :  Hei  por  bem  ,  que  nefla 
Ccxrte  fe  celebre  com  tres  noites  de  luminarias, 
j,  e  falvas  de  Artilheria ,  que  fe  hao  de  principiar 
na  noite  do  prefente  dia  ,•  e  fou  fervido ,  que 
no  dia  ,  em  que  a  Infanta  D.  Maria ,  minha 
muito  amada ,  e  prefada  filha ,  fe  receber  com 
,j  o  Sereniffimo  Principe  de  Aflurias ,  por  moflrar 
3,  o  mefmo  contentamento ,  principiem  outrastres 
„  de  luminarias  ,  e  falvas  de  Artilheria ,  o  qual 
>,  dia  mandarei  declarar  por  avifo  do  Secretario 
>,  de  Eflado.   A  Academia  Real  da  Ilifioria,   o 

„  tenha 


'jo     Hlflona  -panegyrica  dos  defpoforios 

1728.  j)  tenha  afTim  entendido  ,  enefta  conformidade  o 
jy  fara  executar  pela  parte  que  ihe  toca.  Llsboa 
„  Occidental  4.  de  Janeiro  de  1728. 

Coin  ruhrica  de  Sua  MageJIade, 


47  AiTim  que  hiaachegando  os  corpos  dos  Tri- 
bunaes ,  por  fe  obviarem  contendas ,  e  difiencoens, 
entravao  logo  a  beijar  as  maos  as  peifoas  Reaes  j 
e  affim  o  havia  ordenado  El-Rey  ,  fem  aJguma 
preferencia  j  nunca  porem  fe  pode  obviar  a  con- 
fufao ,  por  fer  infinita  a  gente  de  fora ,  que  fe  in- 
trometeo.  Sua  Mageftade  ,  o  Sereniffimo  Princi- 
pe  ,  e  o  Senhor  Infante  D.  Antonio  eftavao  em 
pe  y  junto  ao  bofete ,  debaixo  de  hum  docel  :  os 
Grandes ,  e  Officiaes  da  Cafa ;,  occupavao  os  feus 
poftos  competentes.  Daqui  palfavao  logo  ao  quar- 
to  da  Senhora  Rainha ,  com  quem  eftavao  os  Se- 
renilTimos  Infantes ,  D.  Carlos;  D.  PedrOj  D.  Alc- 
xandrc  ;  e  D.  Maria. 
Lntrada  piibiica      48     Alfmou-fe  a  tarde  do  dia  da  Fefta  da  Ado- 

mr^itl^tks   »"^9^^  ^o^  Santos  Reys ,  ao  Marquez  de  los  Bal- 
Balbazes.  bazes  ,  Embaixador   Extraordinario  ,    e  Plenipo- 

tenciario  del-Rey  Cathohco ,  para  elle  entao  fazer, 
como  fez;,  a  fua  entrada  pubhca  nefta  Corte  de 
Lisboa ,  para  a  ceremonia  da  fua  embaixada ,  e 
pedir  a  Sereniftima  Senhora  Infanta  D.  Maria 
JBarbara,  para  Conforte  do  Sereniflimo  Principe 
de  Afturias.  Partio  o  Condudor  ,  que  era  D. 
Joao  de  Almeida ,  Conde  de  Aflumar ,  do  Con- 
felho  de  Eftado  ,  e  Embaixador  Extraordinario, 
que  fora  a  Mageftade  Imperial  de  Carlos  VI.  a 
bufcar  com  os  coches  da  Cafa  Real  ao  Embaixa- 

dor, 


Seu  acompatihA 
mento. 


dos  Trincij)es  do^Bra^iU  Livrol.      ji 

dor,  feriao  as  tres  da  tarde  ;  mas  era  tal  a  tor-        1728. 

rente  do  povo ,  e  das  carruagens ,  que  nao  po- 

dia  pa/Tar  da  Rua  Nova.  Logo  fez  faber  efte  in- 

conveniente  ao  Marquez  deMarialva,  que  expe- 

dio  imediatamente  a  toda  a  preiFa  o  Tenente  Co- 

ronel  Luiz  Garcia  de  Bivar ,  para  que  afTnii  o  re- 

prefentaile  ao  Brigadeiro  Conde  dos  Arcos ,  que 

commandava  os  dous  Regimentos  da  Cavaliaria, 

que  afiim  ,  como  tambem  os  tres  batalhoens  da 

Infanteria,  efellenta  homens  do  fegundo  Corpo 

da  Marinha ,  fe  haviao  convocado  para  dar  mais 

apparato ,  e  magniiicencia  a  efta  fun^ao.  Mandou 

logo  o  Conde  dos  Arcos  hum  Tenente  com  huma 

partida  de  Cavallos ,  a  defempedir  as  ruas.  Era  po- 

rem  o  fluxo  de  povp ,  e  carruagens  tao  impetuo- 

fo ,  que ,  para  tirar  aquelle  embaraco ,  foi  necef- 

fario  repetir  novas  ordens  ,    e  acodir  com  maior 

numero  de  gente  de  guerra ,  que  com  effeito  fe 

foi  diftendendo  ate  cafa  do  Embaixador. 

49  Como  havia  dous  lan^os  de  efcadas  nas 
cafas  do  Embaixador ,  duvidou  elle  em  que  nao 
poderia  defcer  da  primeira  efcada ,  pelo  que  nao 
fe  poderia  apear  o  Condu6lor ,  fcm  primeiro  ver, 
como  he  eftylo,  o  Embaixador  :  para  obviar ,  pois, 
eflc  inconveniente  do  ceremonial  politico ,  fe  orde- 
nou  que  foffe  o  Condu61or  bufcar  ao  Marquez 
Embaixador  a  porta  que  vai  para  a  fua  quinta ,  em 
hum  coche  que  nao  coubeffe  pela  ■  do  pateo.  Do 
jardim ,  pois,  paflarao  oEmbaixador,  e  o  Con- 
du6f:or  para  a  rua  ,•  e  metendo-fe  ambos  no  co- 
che  daPeffoa,  fepuzerao  em  marcha  para  oPa- 
co.  Conflituiafe  efle  lufbofo  acompanhamento 
de  vinte  e  feis  coches  de  Titulos  ,•  dous  do  Mar- 
quez  de  Capecelatro^  hum  doCardeal  da  Cunha^ 

outro 


72    Hifloria  Tanegyrica  dos  dejpojorios 

I72S.  ofttro  da  Cafa  Real  j  tres  de  Eftado,  del-Rey  ^,  da 
Rainha ,  e  da  Infanta  5  e  quatro  de  fequito  para 
afamilia  doEmbaixador;  quatro  cavallos  de  mao, 
duas  liteiras ,  e  feis  coches  do  Embaixador ;  hu- 
ma  hteira ,  e  tres  coches  do  Condu^lor.  Levava 
o  Embaixador  dous  efguizaros^,  ou  porteiros  j  qua- 
tro  Corredores  ;  trinta  e  quatro  homens  de  pe , 
todos  vedidos  de  panno  Verde  finiirnno ,  mais  co- 
bertos ;,  que  guarnecidos  de  largos  ,  e  flamantes 
galoens  de  ouro  ,•  aifim  como  tambem  as  veftias, 
que  erao  de  hum  excellente  panno  encarnado  :  a 
cada  lado  vinte  lacaios ,  e  feis  pagens ,  e  logo  hum 
Eftribeno  ,  e  hum  Sotacavalherico  acavallo.  Do 
mefmo  modo  vinha  juntamente  o  Eftribeiro  do 
Conde  de  Alfmnar,-  e  os  feus  Gentis-homens  vi- 
nhao  nos  tres  coches ,  que  diifemos ,  e  trazia  de- 
foito  criados  ,  libreados  de  panno  efcarlata  com 
guarni^oens  de  galao  de  prata.  Apparecia  logo  o 
Embaixador  com  hum  veftido  ,  que  era  a  mefma  f 
preciofidade  ;  porque  os  botoens  erao  diamantes, 
e  de  diamantes  erao  tambem  guarnecidas  as  fuas  I : 
cafas. 

S^o  Como  pela  occafiao  que  diifemos  do 
extraordinario  concurfo  de  gente  ,  e  carruagens, 
houve  huma  tao  larga ,  e  infperada  deten^a ,  man- 
dou  0  Marquez  de  Marialva  ao  Tenente  Coronel 
Luiz  Garcia  de  Bivar,  que  partiife  a  avifar  ao 
Conde  Condu^lor  da  parte  de  Sua  Mageitade, 
que  apreiraife  quanto  antes  efta  marcha.  Tornou 
aquelle  Official,  trazendo  em  repofta,  quejaen- 
tao  vinha  chegando  a  comitiva  a  Rua  dos  Ou-. 
rives  do  ouro.  Novamente  Ihe  ordenou  o  Mar- 
quez ,  que  chegados  que  fofl^em  os  coches  as  ef 
cadas  do  Salao  do  Corpo  da  guarda,  os  fizeiTej 

re-'. 


dos  Principes  do  ^ra^iU  Livro  I.      75 

retroceder  por  fua  ordem  ,  ou  para  abanda  da        172$. 

terra,  ou  do  Forte  ate  os  Contos,  para  depois 

fe  poder  continuar    regularmente  a  iua  marcha. 

Foi  tambem   difpofi^ao  fua ,    que ,  exceptuando 

os  do  Nuncio,  Cardeaes,  e  Embaixadores ,  ne- 

nhuns  Gentis-homens  da  famiha  de  quaefquer  ou- 

tros  Senhores  fe  deixariao  apear. 

51     Haviao-fe  formado  a  tres  de  fundo,    os 
tres  batalhoens  da  Infanteria  ,  que  commaudava 
o  Coronel    Miguel  Joao  Boteiho  ,    por  impedi- 
mento  dos  Brigadeiros  ,  Inacio  Xavier ,  e  Portei- 
xo  mor  j  porque  o  primeiro  fe  achava  moleftado, 
£   o  fegundo   occupado    na   ailiftencia    del-Rey. 
Confhtuhiao   os   meihios  bataJhoens   huma  linha 
com  a  direita  no  Corpo  da  guarda  do  Palacio  do 
Senhor  Infante  D.  Antonio.  Os  dous  Regimentos 
da  Cavallaria,  mandados ,  como  ja  diifemos ;,  pe- 
lo  Conde  dos  Arcos,  fbrmarao-fe  em  oito  efqua- 
droens  a  dous  de  fundo^   formando  outra  linha 
contrapoila  a  da  Infanteria  ,    caindo  a  efquerda 
para  a  banda  do  Paco ,  e  a  retaguarda  para  o  mar. 
Nao  havia  intervallo  algum  entre  os  batalhoens^ 
porque   nao   foilem   rompidos ,  ou  interompidos 
pelas  carruagens  ;  nem  aquellas  ^  que  pailavao  pe- 
lo  meio  deifas  alas  ^  fe  deixavao  parar  por  hum 
leve  momento,  Diogo  da  Coila ;,  Sargento  mor  do 
fegundo  Corpo  da  Marinha  ,  foi  o  que  formou 
as  armas.  Os  Sargentos  mores  ,   Tenentes  Coro- 
neis  _,  e  Coroneis  ,  que  commandavao  a  Infante- 
ria ,  eftavao  em  pe  com  os  efpontoens  na  mao : 
os  outros  Officiaes ,    a  cavallo  ;    com  as  efpadas 
em  punlio  ,  e  todos  acatarao  ,  quando  elle  chegou, 
com  os  coitumados  cortejos  Militares  ,  ao  Embai- 
xador.  , 

K.  52     9.f'^"' 


74    Hijtcria  Fanegyrica  dcs  defpdfcrios 

1728.  S^     Quando  dle  fe  apeou  aporta  da  Capelk, 

pelo  coche  em  que  vinha  nao  poder  entrar  pela 
porta  della,  alli  o  vierao  bufcar ;,  e  cumprimentar 
o  Conde  de  Pombeiro ,   Capitao   da  Guarda  ,'  ^ 
Tem  aiidiencla  de  j).  joao  da  Cofta;,  Armeiro  mor.  Tomou  El-Rey, 
uas    agejia  es.  ^^^  ^  recebeo  com  cfpecialiflima  benevolericia ,  a 
fua  Embaixada  na  Cafa  chamada  a  Ga/e.  Paifou 
iogo  fucceifivamente  o  Em.baixador  aos  quartos 
da  Rainha  ,  Principe  do  Erazil ,  e  Princeza  das  , 
Afturias ,  a  quem  dejoelhos  beijou  a  mao  que  pa- 
ra  iffo  Ihe  pedio.    Forao  todas  eftas  funcoens  do 
Marquez  Embaixador  affiftidas  de  todos  os  Offi- 
ciaes  da  Cafa ,  e  Titulos.  Entre  tanto  rccebeo  or- 
dem  ,   a  inftancia  do  Conde  de  Aftumar  Condu- 
6lor,  o  Marquez  de  Marialva  para  mandar  por 
em  via  as  carruagens  da  comitiva  do  Embaixador. 
Cometeo  elle  efta  execu^ao  ao  Ajudante  Antonio 
de  Magalhaens,  que  a  defempenliou  com  toda  a 
expedi^ao  ,   e  acerto.    Recolheo-fe  finalmente  O 
Marquez  Embaixador  com  o  mefmo  cortejo,^  e 
por  ferjaentrada  a  noite  ,  forao  allumiando  coni 
tochas  os  feus  pagens  aoredor  do  cocKe.   N.efta 
Jode  %iado!  ^'  ^^^^^  noite  fez  a  ceremonia  da  vifita  de  obriga- 
cao  ao  Secretario  de  Eftado  Diogo  de  Mendonga 
Corte  Real ,  que  Ihe  deo  hum  magnifico  ,  e  pri- 
morofo  refrefco  dos  pratos  mais  exquifitos ,  e  das 
docarias  mais  extremadas.    Daqui  iinalmente  foi 
para  fua  cafa  ,  ja  bem  noite. 

5  3  No  outro  dia  receberao  os  Titulos  j 
D.  Pedro  Antonio  de  Noronha  ,  Marquez  de 
Angeja,  doConfelho  de  Eftado;  Mordomo  mor 
da  Sereniifima  Princeza  do  Brazil ,  e  da  Senho-* 
ra  Infanta  D.  Maria  Barbara  ,•  D.  Vafco  Baltha-' 
far  da  Gama  ,    Marquez  de  Nifa  j  D.  Manoel 

de 


dos  Principes  do  "Bra^l ,  Livro  I.      7  y 

•de  Caftro ,  Marquez  de  Cafcaes ;,  do  Confelho  de  1728. 
Guerra,-  D.  Francifco  dePortugal,  Marquez  de 
Valen^a  ,•  Manoel  Telles  da  Silva  ,  Marquez  de 
Alegrete,  que  por  parte"deI-Rey  Catholico  haviao 
de  ler  teflemunhas  da  outorga  do  contrato  matri- 
monial  do  SerenilTimoPrincipe  das  Afturias,  com 
a  Senhora  Infanta  D.  Maria  Barbara ,  por  carta  do 
Secretario  de  Eftado ,  efta 


G  R  D  E  M: 

Ua  Mageftade  tem  nomeado  a  V.  Excel-  Ord^m,  qii^  re^ 

lencia  pam  affift.r,  como  teftemunha  na  «f/l^J'^/" 

Eicritura,    que  fe  ha  de  fazer   na  ^QaljervirdeteJIemw 

„  prefenca  de  Sua  Mageftade,  pertencente  ao  ma-  "^•''^^  ^'^  outorga 
^.         ?       1  ■         ,        ^T   r         T^   y,ir     •  do  contrato  ma- 

„  trmionio  da  SerLhora  Intanta  D.  Maria ,  com  o  trimojiial  do 

yy  Principe  das  Afturias  ,    que  fe  ha  de  celebrar  Principe  das  Af- 

yy  Sabbado,  dez  do  prefente  mez  ,  para  o  que  ha}^;;j^^'^^"yj;;- 

,,  de  V.  Excellencia  fer  rogado  pelo  Marquez  de  Barbara. 

,,  los  Balbazes  ,    Embaixador  Extraordinario  de 

-y,  Sua  Mageftade  Catholica.    Deos  guarde  a  V. 

^,  Excellencia.  Pa^o  7.  de  Janeiro  de  1728. 


Diogo  de  Mendonga  Qorte  Reai. 


.  54  Tornarao-fe  a  repetir  novos ,  e  femelhan- 
tes  avifos ,  aos  que  ja  diffemos  fe  haviao  dado  pa- 
ra  appiaufo  dos  defpoforios  do  Sereniftimo  Prin- 
cipe ,  com  a  Senhora  Princeza  do  Brazil ,  para  que 
com  as  mefmasdemonftra^oens  defeftejo,  de  re- 
■p^ues,  luminarias,  e  falvas  deartilheria,  foftem 

K  ii  tam- 


»*»  «  r  1 


• 

'76     Hi/lona  PanegyHca  dos  defiojorios 

1728.  tambem  agora  folcmnizados  os  proximos  defpo- 
forios  dos  Sereniflimos  Principes  das  Aflurias. 
^^  No  dia  ja  referido  y  e  deflinado  para  a 
Ontorjra  das  ca-  oiitorga  defte  Real  contrato ,  fe  celebrou  efta  fun- 
'TMMrhno.  9^^  ^^  tarde  naprefen^a  das  peifoas  ^Reaes ,  no 
}.'Jal  do  Frincfps  quarto  del-Rey ,  na  Cafa  que  chamao  das  Proci- 
day  Afiunas  cmn  ^^q^^^    Eftava  elle  opulentamcnre  armado ,  e  al- 

ahifanta  D,Ma-  =     ...    ,  ,.    ---   1  i  ■  ■  n-  1 

ria  Barbara.       catimdo ;  pendiao  das  paredes  muitillniias  piacas 

de  prata ,  e  do  alto  do  meio  da  Sala  hum  nota- 

vel  candieiro  tambem  de  prata ,    tudo   cheio  de 

velas  ,  formadas  de  olorofiifimos  perfumes ,  para 

fe  acendcrem ,  cafo  que  aifim  fofle  neceifario.  A' 

porta  eilava  o  Porteiro  mor^  Jofeph  de  Mello, 

cumpiindo  a  fua  obrigacao  _,  e  as  ordens  que  Ihe 

forao  dadas  de  nao  deixar  entrar  fenao  aquellas 

peiioas  y  que  eilavao  nomeadas  para  ailiftir  aquel- 

la  ceremonia ,  que  erao  ,  alem  dos  Officiaes  que 

.  aififdao  as  peilbas  de  Suas  Mageilades ,  e  Alte- 

zas ,  os  que  Forao  chamados  por  teftemunhas ,  aifim 

da  parte  del-Rey  de  Portugal ,  como  ,  fegundo  ja 

diliemos  ,  de  Sua  Mageflade  Catholica.  Eftavao 

Suas  Mageftades  ailentadas  debaixo  de  hum  do- 

cel  em  riquiflimas  cadeiras  de  tiifii.  A'  mao  ef- 

querda  da  Senhora  Rainha ,  eflava  o  Serenilfimo 

Principe  ,  e  os  Senhores  Infantes ,  D.  Carlos  ,  D. 

'  Pedro,  D. Alexandre,  e  Dona  Maria.  Seguiao-fe  feus 

•  tios ,  os  Senhores  Infantes ,   D.  Francifco  ,  e  D. 

Antonio ,  todos  em  cadeiras  de  efpaldas  ,  de  ve- 

ludo  carmezim ,  guarnecidas  de  galoens  de  ouro, 

Teftetmmhas  por  Forao  teflemunhas  por  parte  de  Sua  Mageftade, 

^py\^'il^'^  ^'  ^  Duque  do  Cadaval ,  Efl:ribeiro  mor  ,•  D.  Joao 

^'  '  de  Almeida  ,  Conde  de  Aifumar  j  Fernao  Teiles 

da  Silva  ,  Marquez  de  Alegrete , -Gentil-homem 

da  Camara  dei-Rey  y   D.  Fernando  Mafcarenhas , 

Mar- 


I 


dos  Principes  do  "Brds^iU  Livro  I.     77 

Marquez  de  Fronteira;  Prefidcnte  do  Dcfembargo  1728. 
doPaco,  e.Mordomo  mor  daRjinha,-  todos  do 
ConieJho  de  Eftado.  Gaftao  Jofeph  da  Camara 
Coutinho,  Eflribeiro  mor  da  Rainha  ,•  e  D.  Diogo 
de  Noronha^  Marquez  de  Marialva,  Gentil-homem 
daCamaraj,  que  auiftia  ao  Principe. 

$6  As  teilemunhas  por  parte  del-Rey  Catho- ^^>'"2'^'^^^^ 
lico  ,  forao  ,  os  Titulos  queja  diifemos,  que  ^o  catboUco. 
mefmo  fim  haviao  tido  ordem  por  carta  do  Se- 
cretario  de  Eftado ,  e  forao  rogados  pelo  Mar- 
quez  de  los  Baibazes  ,  e  com  quem  fez  tambem 
numero  Pedro  de  Vaiconcelios  e  Soufa ,  Mefire' 
de  Campo  General  do  Confeiho  de  Guerra  y  Eftri- 
beiro  mor  da  Princeza  do  Brazil ,  e  da  Senhora 
Infanta  D.  Maria  Barbara.  Acharao-fe  tambem 
alii  prefentes  os  dous  Embaixadores  del-Rey  Ca- 
thohco  ,  que  ambos  vierao  juntos  no  coche  do 
Marquez  de  ios  Balbazes ,  que  em  maior  obfequio 
defta  ac^ao  deo  naquelle  dia  huma  nova ,  e  mui 
flammante  libre  aos  feus  Criados.  Tambem  aifif 
tirao  ,  D.  Nuno  da  Cunha  e  Ataidc ,  e  D.  Joao 
da  Mota  e  Silva ,  EminentiiTmios  Cardeaes  da  San- 
ta  Romana  Igreja  ,•  o  primeiro  Inquifidor  Geral, 
e  o  iegundo  ,  primeiro  Miniflro  do  Reyno  ,•  e 
huma  boa  parte  de  Prelados  maiores. 

57  Puzera-fe  alli  hum  bofete  paramentado  de 
huma  riquiifima  coberta  de  tiilii  ,  irmao  do  das 
cadeiras  dos  Reys,  e  fobre  elle  huma  pafta  de 
1;  veludo,  guarnecida  de  hum  iargg,  e  precioib  galao 
de  ouro  ,  para  Suas  Mdgeftades  aifmarem  Ibbre 
eila  as  efcrituras.  Ao  mefmo  fim  havia  tambem 
buma  artificiora  efcrivaninha  de  prata  dourada. 
Da  outra  parte  da  cafa  do  meio  para  baixo ,  eilava 
outro  bofete  cobeito  de  veludo  carmczim,  aealoa- 


j%    Hijlona  Tanegynca  dos  deJpoJorioS' 

1728-  dode  ouro ;  nelle  eflava  oiitra  pafta  de  marro- 
quim  y  e  huma  primorola  efcrivaninha  de  prata, 
para  fazerem  os  Embaixadores ,  e  Teftemuuhas  as 
iuas  afTinaturas. 

58  Prefente  toda  a  Affembleia,  leo  Diogo  de 
Mendon^a  Corte  Real ,  do  Confelho  de  Sua  Ma- 
gellade,  e  Secretario  deEftado,  as  Capitula^oens: 
lidas  ellas,  afTmarao-nas  Suas  Mageflades  ,•  fizerao 
logo  o  mefmo  ,  o  SerenifTimo  Principe  ,  e  Suas  Al- 
tezas  y  e  ultimamente  os  Embaixadores ,  e  teftemu- 
nhas  ja  referidas. 

59  Concluido  o  afto  com  a  efpecificada  legali- 
dade ,  paffarao  Suas  Mageftades  para  a  cafa ,  que, 
ficava  immediata ,  aonde  eflava  de  gala  toda  a 
Corte.  Os  Embaixadores  paffarao  logo  ao  quarto 

OffWccrmosEfn.  ^^  Seiihora  Infanta   D.    Maria  a  offerecer-Ihe  a 

^ue  mandava  0  joja  que  Ihe  mandava  o  Principe    das  Afhirias. 

Pnncipe  das  Af-  Era  ella  hum  retrato  do  mefmo   Senhor  ,    guar- 

tfZa^^jj^Ma-^^'^'^''  dem.uitos,  e  maravilhofos  diamantes.  Re- 

ria  Barbara,        colherao-fe  depois  a  fua  cafa,-mas  voltarao  logo  par- 

ticularmente  ao  Palacio,  para  fe  lograrem  dos  mui- 

tos,  e  bem  executados  fogos  de  artificio  que  hou^'c 

aquella  noite  no  Terreiro  do  Pa^o,    para  onde 

entrarao  pela  efcada  do  Forte  ,  e  fe  lograrao  da- 

quelle  intretenimento  de  huma  janella  ,  da  fegunda 

cafaproxima  ao  mefmo  Forte  ,  e  alh  fe  Ihes  man- 

dou  refrefco  de  agua,  doce,  e  choculate.  Foide 

muito  divertimento ,  e  fmgularmente  applaudido 

hum  delles  do  ar  ,    afTim  pelo  muito  tempo  que 

durou,  como  pela  fuavidade  ,  e  rara  invengao. 

Era  ella  do  excellente  Arquitefto ,  Antonio  Cana- 

varo  ,    e  figurava  com  bella  ideia  huma  rocha, 

povoada  pela  fuperficie  fuperior  de  hum  efpeflb 

bofque.  Deo-felhe  principio  logo,  que  oFortedo 

mefmo 


dos  Prindpes  do  Braz.il  ?  Livro  L     79 

mermo  TerreirO;  em  flnal  de  que  ja  fuas  Magef        1728. 

tades,  e  Altezas  occupavao  a  janella ,  deo  hum  ti- 

ro ,  ao  que  correfpondeo  com  outro  o  Caftello  de 

S.  Jorge  ,  e  todas  as  Torres ,  Fortes ,  e  Fortale- 

zas  da  Marinha,    e  navios  furtos  no  Tejo  com 

huma  deicarga  geral.  Iliuminou-fe  a  Corte,  e  o 

Tejo  com  luminarias  geraes,  aflim  nefta,  como 

nas  duas  noites  feguintes ,  em  que  igualmente  1« 

repctirao  as  mefmos  fogos  artificiaes  _,  e  as  faivas 

de  artilheria. 

60     No  outro   dia  concorrerao    de  tarde  ao  Fun^ao  da  cera- 
Paco  os  Embaixadores ,  e  toda  a  Corte ,  ^'^^^^^  Jorhs  do^Pritiape 
de  gala ,  ou ,  por  melhor  dizer ;  de  ouro ,  e  pfa-  das  Jjlurias,  com 
ta  ,  maiormente  as  Teftemunhas  que  haviao  {\dQ'^,M^"^f'-^-^^^' 
da  outorga.  Entao  fahio  do  feu  quarto  El-Rey^ 
acompanhado  do  Sereniflimo  Principe ;,  e  por  fua 
ordem  afTeflidos  dos  Veadores  da  Senhora  Rai- 
nha  D.  Marianna  de  Auftria ,  e  dos  feus  Gentis-ho- 
mens  ,  e  mais  Ofliciaes  do  feu  fervico ,  e  affiften- 
cia  j  os  Senhores  Infantes  ,  D.  Carlos ,  D.  Pedro, 
D.  Alexandre  ,  D.  Francifco  ,  e  D.  Antonio.  Hia 
junto  aos  dous  Senhores  ultimos  o  Conde  de  Af- 
fumar,  que  fervia  de  Mordomo  mor.    Acodirao 
logo  acumprimentar  Suas  Mageflades,  e  Altezas 
os  Embaixadores.  Logo  El-Rey  D.  Joao  mandou 
ia  eftes,  eaos  Grandes  da  Sua  CortC;  que  fe  cc- 
briffem  ,•  nenhum  porem,  em  teflemunho  dafua 
grande  reyerencia  ,  o  quiz  fazer.  Tomarao  os  mef  ' 

\\  mos  Embaixadores  o  feu  lugar ,  logo  de  traz  de 
i  Sua  Mao^eflade,  a  mao  direita  do  Gcntil-homem  Se- 
manano ,  que  era  entao  o  Marquez  de  Alegrete. 
Alli  mefmo  eflavao  poftados  o  Duque  de  Cadaval, 
Eflribeiro  mor,  e  o  Marquez  de  Marialva ,  Gentil- 
i  homem  da  jCainara  >    que  affiftia   ao  Sereniffimo 
I  Principe.  61     Che- 


So     Hijloria  Vanegjrlca  dos  defpoforlos 

1728.  ^i     Chcgou  El-Rey  ao  qiwrto  da  SereiiiiTima 

Senhora  D.  Maria  Barbara ,  de  donde ,  com  ella 
a  fua  niao  cfquerda ,  fahio  a  Senliora  Rainha  D. 
Marianna  de  Auftria.  Daqui  defcerao  com  am.ef- 
ma  ordem ,  precedidos  immediatamente  dos  Senho- 
res  InFanteS;  e  dos  Embaixadores,-  eftes,  dos  Duques 
Eftribeiro  mor  /  e  de  Lafoens_,  dos  Grandes ,  Offi- 
ciaes  da  Corte  ,  e  Nobreza ,  a  fala  dos  Tudefcos , 
de  donde  fe  encaminharao  para  a  Bafilica  Patri- 
arcal.  Nella  elperava  com  o  clarillimo  CoIIegio  j 
^  dos  Illuftriilimos  Conegos  da  mefma  Santa  Igreja, 
e  das  mais  Jerarquias ,  e  Ordens  Ecclefiafticas  o 
Senhor  Patriarca  aSuas  Mageftades,  e  Altezas ,  a 
ouem  deitou  Aguabenta.  Loo-o  foi  caminhando 
com  osmefmos  Senhores,  a  mao  direita  del-Rey, 
ate  o  Altar  do  Santiftimo  ,  a  Quem  adorarao  ,  e 
fizerao  Ora^ao.  Pallarao  ao  Altar  mor  :  aflentou- 
fe  junto  a  elle  o  Patriarca  ,•  e  o  Marquez  de  los 
Balbazes  offercceo  a  El-Rey  a  Commilfao  que  Ihe 
facultava  o  Serenilfmio  Principe  das  Afturias  para 
receber  ,  como  feu  Procurador ,  a  Sereniflima  Se- 
jiliora  Infanta  de  Portugal  D.  Maria ,  que  he  do 
teor  feguinte. 


Frocuracao  do  Principe  das  Afturias, 
para  M'%ey  D,  Joao  V, 

Prmtrnfao  do     „    ■  ^  On  Fernando   por  la  gracia   de  Dios 
Prtncipe  das  Af-  ^^    i     1  Principe jurado dc  Hefpvaiia,  hijo  primo- 

D.  Joao.     '       V  -*-^   genito  del  muy  alto ,  muy  excelente ,  e 
„  muy  poderofo  Seiior  Don  phelipe  Quinto  ,  poi 


dos  Frincipes  do  "Brd^il,  Livro  L     8 1 

yy  la  mifma  gracia  de  Dios  B-ey  de  Caflilla,  de       1728. 
Leon^  deAragon,  de  las  dos  Sicilias  ,  de  Jeru- 
falem ,  de  Navarra ,  de  Granada ,  de  To!edo , 
de  Valencia ,  de  Galicia ,  de  Mallorca ,  de  Se- 


V 

,;  villa  y  de  Cerdeiia ,  de  Cordova ,  dc  Corfega , 
„  de  Murcia  ,  de  Jaen ;,  de  los  Algarbes ,  de  Alge- 


7y 


cira ,  de  Gibraltar ,  de  las  Islas  de  Canarias ,  de 
las  Indias  Orientales ,  y  Occidentales ,  Yslas  ,  y 
tierra  firme  del  mar  Oceano ,  Archiduque  de 
Auftria ,  Duque  de  Borgona ,  Brabante ,  y  Mi- 
lan  ,  Conde  de  Abfpurg  ,  Flandes  ,  Tirol ,  y 
Barcelona  ,  Seiior  de  Vizcaya  ,  y  de  Moiina 
&:c.  mi  Seiior,  que  guarde  Dios  muchos  ailos. 
Por  quanto  para  gloria,  y  mayor  fervicio  de 
Dios ,  y  para  la  mas  eftrecha  union  de  las  ^os 
Coronas  de  Hefpana,  y  PortugaI,El  Rey,  mi  Se- 
iior,  ha  ajuftado  mi  Matrimonio  con  la  Sereniiri- 
malnfanta  de  Portugal  Dofia  Maria,  hija  del 
muy  alto  ,  muy  excelente  ,  y  muy  poderofo 
Principe  Don  Juan  Quinto,  por  la  gracia  de 
Dios  Rey  de  Portugal,  y  de  la  muy  alta  ,  muy 
excelente  ,  y  muy  poderola  Piincefa  Dofia  Mari- 
anna  de  Aullria  ,  tambien  por  la  gracia  de  Dios 
Reyna  de  Portugal  ,•  y  porque  el  xMatrimonio , 
fiendo  Su  Divina  Mageftad  fervido ,  fe  ha  de 
efeftuar  en  laCorte  de  Lixboa,  por  palabras 
de  prefente  que  le  hagan  verdadero  ,  conforme 
a  lo  difpuefto  por  la  Santa  Iglefia  Romana ,  y 
Concilio  de  Trento  ,  y  haviendo  de  eligir,  y 
j,  nombrar  yo ,  debaxo  de  la  authoridad  del  Rey 
),  mi  Seiior,  perfona  de  tales  calidades  quepueda 
j,  digna ,  y  honorificamente  reprefentar  la  mia  en 
„  ado  tan  folemne  ,  y  efe6luar,  y  concluir  efte 
„  mi  dicho;  y  prometido  Matrimonio.  Por  tanto^ 

L  ;,  para 


7? 


>. 


%2     Hijloria  Vanegjrica  dos  dejpoforlos 

1728-  j)  P^ra  efte  eteclo  heeligido,  ynombrado,  co- 
„  mo  en  virtud  de  la  prefente  elijo  ,  y  nombro 
„  con  acuerdo,  y  confejo  delRey  mi  Segor  ,  y 
j,  debaxo  de  fu  authoridad ;  y  todo  mi  poder  tan 
„  cuniplido ,  y  baftante  como  de  derecho  fe  re- 
;,  quiere ,  y  es  neceftario  ,  y  mas  pueda  ,  y  deva  va- 
„  ler,  al  muy  alto,  muy  excelente,  y  muy  poderofo 
„  Principe  Don  Juan  Quinto  ,  por  la  gracia  de 
j,  Dios  Rey  de  Portugal,  para  que  en  mi  nom- 
„  bre ,  reprefentando  mi  propia  Perfona ,  y  pre- 
„  cediendo  ,  y  interviniendo  las  folemnidades  ,  y 
jj  ceremonias  ordenadas  por  la  Santa  Iglefia  Ca- 
j,  tholica  Romana  ,  fe  defpofe  ,  y  cafe  por  pala- 
„  bras  formales  ,  que  hagan  legitimo ,  y  verda- 
jj  dero  Matrimonio  de  prefente ,  con  la  dicha  Se- 
3,  reniirima  Infanta  de  Portuga!  Dona  Maria ,  fu 
j,  hija  ,'  y  mediante  ellas,  la  reciva  por  mi  Efpofa, 
j,  y  Muger  legitima,  pues  yo  delde  luego  la  re- 
„  civo  por  tal  ,  y  para  quc  me  otorgue  por  fu  Ef 
,;  pofo  ,  y  Marido  ,•  porque  afti  mifmo  me  otoi- 
„  go  yo  por  tal ,  fiempre  debaxo  de  la  authoridad 
„  del  Rey  mi  Seiior ,  para  lo  qual  doy ,  debaxo 
„  de  la  mifma  authoridad  de  Su  Mageftad  ,  al  re- 
„  ferido  muy  alto  ,  muy  excelefnte  ,  y  muy  pode- 
„  rofo  Principe  Don  Juan  Quinto ,  Rey  de  Por- 
„  tugal,  exprefo  ,  y  efpecial  confentimiento  ea 
„  la  forma  que  puedo ,  y  haga  mayor  fe ,  y  me  > 
„  obhgo  debaxo  de  la  mifma  authoridad ,  a  ef 
„  tar ,  y  paftar  por  ello ,  por  efta  mi  voluntad, 
„  y  para  fu  firmeza  ,  tirme  d  prefente  de  mi 
„  mano  ,  fellado  con  el  Sello  lecreto  delRey; 
„  mi  Senor  ,  y  refrendado  de  fu  infraefcripto,^ 
„  primer  Secretario  de  Eftado ,  y  del  Defpacho. 
„  Dado  en  xVladrid   a  catorce  de  Diziembre  de 

„  mil 


dos  Vrinci-pes  do  "Bra^iU  Livro  I.      83 

„  mil  fetecientos   y  veinte  y  fiete.  1728» 

EL  PRINCIPE. 

(L.  S.) 

^uan  Baptifha  de  Orcndayn. 


62     Pofto  EI-Rey  D.  Joao  deJoeJhos ,  ofFere- 

•ceo  efta  mefma  Procura^ao  ao  Patriarca ,  o  qu5l 

a  deo   logo  ao  feu  Secretario  para  que  a  lelfe  ; 

-como  efFedivamente  leo  em  voz  alta,  e  mui  per- 

ceptivel.    Do  mefmo  modo  fe  leo  depois  a  Dif- 

penfa ,   que  dera  o  mefrno  Illuffriirimo  Prelado ;, 

para  fe  poder  celebrar  efte  recebimento ,  nao  obf 

tante  nao  £e  haverem    corrido  os   pregoens  nas 

'rFreguezias  dos  Contrahentes ,  fegundo  aflim  o  dif 

poem,  decreta,  enunda  ofagrado  Concilio  Tri- 

dentino.  Eis  aqui  a  copia  da  Difpenfa.  • 


Dijpenfagao  do  Patriarca ,  pdra  fenao  cori^- 
;t?;?  os  pregocns  j  que  manda  odoncilio 
Tridentino. 


Thotnas  primiis  Divina  Mifcrafwne 
Fapriarcha- 

Ifpoem  y>  Sagrado  Concilio  TridenrinO;  -Difpejif^cao  do 
^  que  para  ticitamente  fe  contrahir  o  Sa-  ofprTgoenJ''''''' 
^  cramento  do  Matrimonio  ,  prccedao  in- 
,j  ter  Mifjarumfokmnia,  tres  proclamacoens  iias 

L  ii  „  Pa- 


l 


•  84    Hijloria  Fanegyrica  dos  defpoforios 

1728.  V  Paroqiiias  da  origem,  e  domicilio  dosContra- 
„  hentes  .-  E  lendo  a  caufa  principal  defta  dilpo- 
jy  fi^ao ,  evitar ,  que  o  Matrimonio  fe  contraha 
„  com  impedimento  dirimente  ,  ou  impediente, 
„  o  me&io  fagrado  Conciho  Tridentino  deixou 
„  no  noffo  juizo,  e  arbitrio  a  dilpenfa  das  mefmas 
,,  denunciagoens  ,  para  qne  certificados  de  que 
;,  nao  ha  impedimento  Canonico  ^  as  poiramos  ri- 
„  mittir.  Nos  que  eftamos  certos  ,  que  entre  a 
„  Sereniffima  Senhora  D.  Maria ,  Infanta  de  Por- 
;;  tugal  ,  e  o  Sereniffimo  Senhor  D.  Fernando 
j,  Principe  das  Afturias ,  nao  ha  impedimento  al- 
„  gum  Canonico ,  que  dirima ;,  ou  impida  o  Ma- 
y,  trimonio  ,  que  intentao  contrahir  ,  pelo  teor 
„  deftas  noffas  prefentes  letras,  difpenfamos  nas 
„  referidas  denuncia^oens  matrimoniaes ,  e  man- 
„  damos  que  fem  ellas  fe  recebao,  E  porque  igual- 
„  mejite  eftkmos  certiiicados  da  legitimidade  da 
„•  Procuracao  do  SereniiTimo  Principe  das  Aftu- 
y,  rias  ,  concedemos  licen^a ,  que  em  virtude  del- 
,)  la  fe  polfa  receber.  Datim  UUjfipom  m  noflro 
j,  Valatlo  fiih  figillo  noftro  ,  die  undecima  Janu- 
5,  arii  '^  Anno  milkfimo  Jeptingentejimo  vigefimo 
5,  o^avo. 

Thomas  Patriarcha  Vrimus. 
(L.S,) 

Leonardus  Oliverius  Monterius. 

Regifiado  no  livro  dos  Decreros 
naCamara  Patriarcal ,  afolh.  30.  j 

Monteiro. 

Im- 


dos  Prlncipesdo  "Bra^iU  Livro  I.      85 

Immediatamente  executou  aquelle  tao  benemcri-  ij2'l. 
to  Prelado  a  ceremoiiia  do  recebimento  do  Scre- 
niilimo  Principe  das  Afturias ,  com  a  SereniiTima 
Senhora  D.  Maria  Barbara  :  benzeo  o  anjiei ,  que 
logo  por  parte  do  mefmo  Principe  meteo  El-Rey 
D.  Joao  no  dedo  amefma  Senhora;,  preferindo-a 
logo,  comohofpeda,  afeulrmao,  oSerenifTimo 
Principe  do  Brazil.  Acabou-fe  finalmente  efta  fo- 
lemnidade  com  o  maior  efplendor  ,  que  pode  fer 
comprehendido  na  imagina^ao.  Logo  fe  cantou 
o  Te  Deum  j  e  depois  de  recitar  ultimamente  o 
Sehhor  Patriarca  as  Oracoens ,  que  para  fungoens 
femelhantes  prefcreve  o  Ritual  Romano  ,  def 
pedio  com  a  fua  ben^ao  a  Suas  Mageftades,  e 
Altezas ,  que  com  a  mefma  ordem  tornarao  a  rcco- 
Iher-fe  ao  Pago.       . .  . 

63  Em  obfequio  deftes  Reaes  defporios ,  teve 
Sua  Mageftade  por  bem  mandar  proceder  a  fol- 
tura  de  alguns  prezos.  A  efte  fim  fe  lavrou  o  fe- 


gumte 


D  E  C  R  E  T  O. 


j,  T  T^  M  razao  do  feliz  fuceftb ,  com  que  fe 
„  |l  concluirao  os  matrim,onios  do  Principe 
j)  -^ — ^  D.  Jofeph  j  meu  fobre  todos  muito 
„  amado  ,  e  prezado  fiiho  ,  com  a  Serenillima 
„  Princeza  D.Maria  Anna  Vitoria,  filha  del-Rey 
,_,  Catholico ,  meu  bom  irmao  ,  e  primo  ,•  e  o  da 
„  Prmceza  D.  Maria  Barbara ,  minha  muito  ama- 
_,,  da ,  e  prezada  filiia  com  o'  Sereniifimo  Principe 
^,  das  Ajfturias ,  fillio  do  mefmo  Rey  Catholico  ,•  e 

„  defe- 


8  6     Hiftoria  ■panegyrica  dos  defpoforios 

1728.  V  ^  defejando  correfponder  em  tudo  o  qiie  for 
„  jufto  ao  amor ,  que  todos  os  meus  Vaflallos, 
As  duas  Lisboas,  ^^  e  particukrmente  os  moradores  deftas  Cidades, 
Oi^ienfal!^  '  ^  v  moftrao  ao  meu  fervi^o  nas  demonftra^oens 
„  deftas  felicidades ,  e  o  que  em  outras  femcihan- 
„  tes  de  alegria  publicas  fe  coftuma;  fundado 
„  em  Direito  ,  hei  por  bem  fazer  merce  aos  pre^ 
yy  zos ,  que  eftiverem  por  caufas  crimes  nas  ca- 
„  deias  publicas  deftas  Cidadcs  de  Lisboa ,  e  feus 
„  deftri61:os  de  cinco  legoas  ,  nao  tendo  parte 
,y  mais  que  ajuftii^a,  de  Ihes  perdoar  hvremen- 
„  te  por  efta  vez  ,  todos  ,  e  quaefquer  crimes, 
„  pelos  quaes  aftim  eftiverem  prezos ,  exceptu- 
„  ando  os  feguintes  pela  gravidade  delles ,  e  con- 
„  vir  ao  fervi^o  de  Deos ,  ebem  daRepublica, 
„  que  nao  fe  izentem  das  Leys :  Blasferaar  de , 
„  Deos ,  e  de  feus  Santos  ^  moeda  falfa ;  tefte- 
„  muiiho  falfo  ,•  matar ,  ou  ferir  fendo  dc  propo- 
),  fito  comarcabuz,  ou  efpingarda,-  darpc^onha^ 
„  amda  que  morte  fenao  figa  ,•  morte  commetti- 
„  da  atreigoadamente  ;  quebrantar  prizoens  por 
„  for^a  ,•  por  fogo  acintemente  5  forgar  mulher ; 
^,  fazer ,  ou  dar  feitigos  j  foltarem  prezos  os  car- 
■  yy  cereiros  ,  por  vontade  ,  ou  peita ';  entrar  em 
„  Mofteiros  de  Freiras  com  propofito  deshonefto; 
„  fazer  damno,  ou  qualquer  mal;  ferimento  de 
„  qualquer  Juiz ,  ou  pancadas ,  pofto  que  pedaneo, 
„;,ou  vintenario  feja,  iendo  fobre  feu  officioj  fe- 
„  rir  alguma  peftba  tomada  as  maosj  furto  que 
})  paft^e  de  hum  marco  de  prata  ,•  ferida  pelo  rofto 
„  com  tenfao  de  a  dar ,  fe  com  efteito  le  d^o , 
„  em  Carcereiros  da  Corte  de  Lisboa,  Cidacies 
j,  de  Evora,  Coimbra ,  Porto  ,  Tavira  ,>  Eivas  , 
),  Beja,  Funchd,  Pontedelgada,,  Angiia,-  e  das 

„  Villas 


dos  Principes  do  Braz,  il  j  Livro  T,     Zj 

yy  Villas  de  Santarem ,  Setuval ,  Montemor  o  novo,       j  7  -5  8 

j,  Eftremoz  ,•  e  outro  fim ,  Carcereiros  das  cadeias 

,_,  das  Correi^oens  das  Comarcas,    e  Ouvedorias 

jj  dos  Meftrados ,  e  Priorados  do  Crato ,  e  das 

„  cadeias  das  algadas  ,•  e  outro  fim ,  ladrao  formi» 

jy  gueiro ,  a  terceira  vez  ,•  nem  condemna^oens  de 

„  a^outes ,  fendo  por  furto. 

„  He  a  minha  vontade,  e  mente ,  que  ex- 
„  cepto  eftes  crimes  aqui  declarados ,  que  ficarao 
„  nos  termos  ordinarios  dajufti^a,  todos  os  mais 
„  fiquem  perdoados  ,•  e  as  peflbas  que  por  elles  ef 
„  tiverem  prczas  nas  ditas  Cidades  de  Lishoa^  e 
„•  feus  deftriifos  de  cinco  legoas  aoredor  y  nao 
„  tendo  parte  mais  que  ajuftiga,  como  acima  fi- 
„  ca  dito ,  o  que  fe  entendera  tendo  perdao  del-. 
„  las ,  ainda  que  a  nao  accuzem ,  ou  nao  appa- 
„  recendo ,  por  conftar  que  as  nao  ha  para  po- 
,_,  derem  accufar  ,  ficando  fempre  o  feu  Direito 
„  falvo  as  ditas  partes,  nefle  fe^undo  cafopara 
„  accufarem  os  reos  perdoados ,  quando  appare- 
„  ^ao  ,  e  o  queirao  fazer  j  porque  a  minha  tengao 
„  he  perdoar  iomente  aos  ditos  reos  a  i  atisfa^ao 
„  dajufti^a,  e  nao  perjudicar  as  ditas  partes  no 
„  Direito,  -que  Ihes  peitence. 

■>  J'.^  „  E  para  ferem-  os  ditos  criminofos  aqui 
„  ^^M'oados  ,  ferao  viflas  as  fuas  culpas  pelos  Jui- 
j)  zes  a  que  Ihes  tocar  ,  para  fe  haver  efte  perdao 
,,  porconforme  aellas,  na  forma  ordinaria  ,•  e  ef- 
„  te  mefmo  perdao,  quc  concedo  aos  prezos ,  pe- 
jj  los  crimes  nas  cadeias  deftas  Cidades ,  e  feus 
,|j  deflridos  ^e  cinco  legoas ,  hei ,  outro  fim ,  por 
i  y>  bem  fe  entenda  na  mefma  forma  ,  a  refpeito 
„  dos  prezos  da  cadeia  do  Porto ,  e  feu  termo , 
„  por  alli  refidir  hum  fupremo  Tribunal  da  jufli- 


?a 


V 


88    Hi/lom  Panegyrica  dos  defpoforios 

1728.        »  9^  P^''^  ^^  crimes.  Pela  Mefa  do  Defembargo 
~do  Pa^o ;  fe  dem  as  ordens  neceirarias  para  efte 
meu  Decreto  fc  publicar  y  e  vir  a  noticia  de  to- 
dos ,  e  fe  executar  como  nelle  fe  contem.  Lisr 
,)  boa  Occidental  11.  dejaneirode  1728. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte  Real. 

\,  /^~\  Chanceller  da  Cafa  da  Supplicagao ,  que 
„  \J  ferve  de  Regedor ,  vendo  a  copia  do  De- 
„  creto  junto  ,  que  fera  com  efte  aifmado  pelo 
„  Secretario  de  Eftado  y  que  fui  fervido  mandar 
,;  paifar  a  Mefa  do  Dezembargo  do  Pa^o ,  o  fara 
„  executar  na  mefma  Cafa  da  Supplica^ao  pela 
,;,  parte  que  Ihe  toca.  Lisboa  Occidental  12.  de 
„  Janeiro  de  1728. 

Cojn  rubrtca  de  Sua  Magejlade. 


64  Depois  de  haverem  ardido  na  noite  defte 
dia  no  Terreiro  do  Paco ,  em  prefenga  de  Suas  Ma- 
geftades;  e  Altezas  os  curiofiifimos,  e  extraordi- 
narios  artefa6los ,  e  inventos  de  fogo ,  houve  em 
hum,  como  theatro  levantado  aquelle  fim  em  huma 
antecamara ,  hum^  ferenata ,  no  quarto  da  Sereniili- 
ma  Senhora  Rainha.  AiTiftirao  a  ella  Suas  Magef 
tades  ,  a  Princeza  das  Ailurias  ,  o  Principe  do 
Brazil ,  e  os  Senhores  Infantes ,  em  pubhco.  Aifii^ 
tirao  a  Senhora  Rainha ,  e  a  Princeza  fua  iilha ,  a 
Marqueza  deUnhao,  Camareira  mor,  e  D.  Incz 
da  Silva  ,  fua  Dona  de  honor.  De  traz  das  cadei- 
ras  eftavao  os  Camariftas ,  Veadores ,  e  Mordo- 

mos 


i 


dos  Principes  do  ^ra^il,  Livro  L     89 

mos  da  Cafa,-  e  como  Mordomo  mor ,  diante  del-       1 728. 

E-ey  encoftado  a  parede ,  o  Conde  de  AITumar, 

Ficavao  defronte  de  Suas  Magellades  os  Muficos, 

e  os  inftmmentos.  Havia  tres  camirotes ,  hum  da 

parte  direita  para  os  Embaixadores  ,•   outro  para 

osEminentilTimosCardeaesdaCunha ,  edaMota,- 

e  outro  defronte  do  primeiro  para  o  Senhor  Patri- 

arca  :  a  mao  direita  ,  difcorria  huma  varanda  para 

os  Titulos ;  a  mao  efquerda  outra  para  as  Damas, 

e  Senhoras  mais  antigas  do  Paco-  Foi  a  conclufao 

defte  harmoniofo  feftejo,  huma  falva  geral  de  arti- 

liieria.    Entao  fe  recoUierao  Suas  Mageftades ,  e 

Akezas  aos  feus  quartos ,  e  os  mais,cada  hum  a  fua  • 

cala. 

65     Em  dozerde,  Janeiro   por  ordem  de  Sua 

Magefiade ,  fez  o  Secretario  de  Eftado  avifo  a  toda 

aCorte,  e  aos  Officiaes  da  Cafa  para  afliftirema 

audiencia ,  que  fua  Mageftade  dava  ao  Patriarca. 

Aftim  mefmo  forao  tambem  avifados   os  Tribu- 

naes,  para  a  codir  ao  beijamao,  pelas  tres  da  tarde. 

Partio  na  manhaa  defte  dia   o  Senhor  Patriarca 

para  o  Paco.  Hia  diante  hum  mo^o  de  libre  com 

o  poio  para  elle  fe  apear,  metido  em  hum  faco 

de  panno  encarnado  :  logo  vinhao  feis  Palafrenci- 

ros  com  outros  tantos  cavallos  ,  cobertos  de  man- 

tas  de  veludo  carmezim ,  guarnecidas  de  galbens 

j  larguiirimos   de  ouro.    Formavao    os  mo^os  de 

I  acompanhar  duas  eftendidas,  e  bem  formadas  alas: 

j  Trazia  al^ada  no  meio  delles ,  montado  em  huma 

t  mula  branca  hum  Sacerdote  ,   a  Cruz  Patriarcal: 

'i  Seguia-fe  ultimamente  o  referido  Prelado  em  hu- 

ma  lit-eira  muito  decente ,  e  dentro  huma  cadeira^ 

i|  em  que  hia  fentado  ,  e  levava  na  cabeca  hum  cha' 

"^  peo  de  veludo  carmezim,-  e  vinha  atraz  o  coche 

'    :  M  dt 


'po    Hiftorla  Panegyrica  dos  defpoforios 

1728.  de  refpeito  ,  correfpondente  a  liteira,  e  logo  ou- 
tros  quatro ,  que  conduziao  os  Capellaens ,  e  to- 
da  a  mais  familia  do  mefmo  IlluftriiTimo  Prelado. 
Tiravao  aflim  da  liteira,  como  de  cada  huma  das 
mais  carruagens  qiie  dizemos,  feis  frizoens  ru^os 
mui  fermofos ,  elevavao-fe  a  deftra  muitos  outros 
da  mcfma  cor.  Aos  lados  da  liteira  hiao  o  Deca- 
no ,  e  Sota-decano  _,  e  de  traz  deftes ,  dous  criados 
com  as  umbrellas. 

66  Fez  Sua  Mageftade  as  coftumadas  honras 
'  ao  Patriarca  :  Confiftiao  ellas  entao  cm  fallar-Ihe 
o  mefmo  Prelado ,  como  fe  ja  foflb  hum  Cardeal 
•  da  Santa  Igreja  Romana  ,  alTentado  em  huma  ca- 
deira  de  ef|")aldas  ,  que  para  iftb  Iho.  chegava  o 
Porteiro  da  Camara.  Efta  graga '  Ihe  concedeo  EI- 
Rey ,  logo  que  elle  foi  exaltado  a  fua  tao  foberana 
dignidade.  Deo,  crepetio  aquelle  tao  benemeri- 
to  Paflor  muitos  parabens  de  tao  altos ,  e  felizes 
defpoforios  a  Sua  Mageftade.  Depois  defta  publica 
audiencia ,  paflbu  a  tella  da  Sereniflima  Senhora 
Princeza  das  Afturias ;  e  forao  feus  Condu6loresi 
nefta  ceremonia ,  e '  cumprimento  ,  o  Conde  de 
Pombeiro  ,  Capitao  da  Guarda  Real ,  e  D.  Lou- 
ren^o  de  Almada ,  Meftre  fala  de  Suas  Magefta- 
des.  Nefta  mefma  manhaa  Ihes  beijarao  a  mao , 
e  a  Suas  Altezas  nos  feus  Reaes  quartos ,  os  Em- 
baixadoresj  e  em  audiencia,  outros  Miniftros  Ef- 
trangeiros ,  e  htmi  grande  numero  de  Prelados  das 
Religioens.  De  tarde  concorreo  a  Palacio  o  Emi- 
nentiflimo  Cardeal  da  Cunlia,  e  toda  a  Nobreza,-  e 
entrarao  fem  alguma  preferencia ,  fegundo  a  or- 
dem  que  tiverao  osTribunaes,  e  Confelhos,  a  fe- 
licitar  a  Suas  Mageftades.  Na  noite  defte  dia  houve  - 
os  coftumados  feftejos ,  que  fez  muito  mais  plau- 

i'  fiveis 


dos  Principes  do  "Bra^it ,  Livro  I.      9 1 

fiveis  a  Real  prefenga  de  Suas  Mageftades.  1728. 

67  Teve  no  outro  dia  31.  do  mez  referido 
de  Janeiro  a  Academia  Real  da  Hiftoria  Portu- 
gueza ,  a  honra  de  ter  audiencia  de  Suas  Magefta- 
des ,  e  Altezas ,  e  fazer  na  fua  foberana  prefen^a 
huma  Alfembleia  extraordinaria  o  Marquez  de 
Valen^a.  Em  nome  de  toda  ella  recitou ,  com  fa- 
cundia  mais  que  Neftoriana  ,  em  obfequio  das 
nupcias  do  Sereniflimo  Principe  do  Brazil ,  com  a 
Senhora  Princeza  D.  Maria  Anna  Vitoriaj  efta 
igualmente  douta ,  que  eloquente 


o  R  A  q  A  o: 


Muito  altoSf  epoderofos%eySy  mais 
ScnhoresJ 

I.     j)     fi  ^  Odera  ainda  a  incredulidade  dos  Ora^aS  do  Mat' 

V     W^  eflranhos  ,  ou  o  feu  odio  diflimu-  ^«^^  ^^  ^^?«/<» 
■^       m        t   j  ,  .    ,.       ,      .   aos cafamentos 

„   ^-^     lado  no  amor  da  verdade ,  duvi-  ^os  Principes  do 

fy  dar  de  que  o  mefmo  Author  do  univerfo ,  o  foi  Brazil. 

^,  da  Monarquia  de  Portugal  ?  E  que  affim  como 

),  a  fua  Omnipotencia  tirou  do  caos  efta.  fabrica 

„  admiravel,  e  primorofa,  tirou  a  exiftencia  da 

„  mefma  Monarquia  daquella  confufao,  e  letar- 

i|  ,->  go  em  que  eftavao,  nao  digo  fubmergidos'  os 

„  animos.  para  as  contingencias ,  e  perigos  da  ba- 

\\  „  talha ,  mas  embotados  os  alentos  dos  Portugue- 

,  „  zes,  para  o  intento  de  huma  empreza  mais  te- 

,  ,,  meraria,  que  defficil?  Se  para  convencei:  a  af-, 

M  ii  5)  fedada 


9  ^    Hijloria  Vdnegynca  dos  dejpoforios 

I72S1  V  fecf^ada  indifFerenca  deftes  incredulos,  nao  ti- 
„  veramos  tantas  provas ,  quantos  fao  os' fucelTqrs 
„  de  que  fe  compoem  a  milagrofa  ferie  das  nof- 
j5  fas  liiflorias ,  em  que  os  Hercules ,  e  Thefeos 
j)  nao  obrarao  rRaiores  ac^oens  ,  nem  quando 
,>  fuflentarao  a  esfera  das  luzes ,  nem  quando  in- 
;,  vadirao  o  Reyno  das  fombras,  baflava  o  af- 
5^  funto  fobre  que  Iioje  venlio  a  difcorrer  nefte  Pa- 
„  lacio,  mais  foberbo^  brilJiantc,  e  enriquecido> 
„  que  aquelle  em  que  o  filho  de  Climene  leo  ent* 
P,  cara^leres  de  ouro,  que  afua  origem  era  mais 
„  illuflre  que  asEflrellas,  para  que  efta  tenacida- 
„  de  fe  attribuifle  toda  a  inveja  do  noflb  feliz 
„  principio ,  e  incomparavel  juaioria. 

II.  „  A  ideia  defta  negOciagao ,  a  preferencia 
j,  defta  efcolha,  a  brevidade  defle  ajuf^e,  oacer- 
„  to  dcfla  allian^a ,  a  ventura  defle  conforcio ,  o 
„  c~ompendio  em  fim  deflas  felicidades,  qucce- 
j,  lebramos ,  nao  fqi  cffeito  do  juizo  fuperior  , 
;,,  fublime  ,  e  elevado  de  Suas  Mageflades  ,•  nao 
„  foi  refulta  do  prudente  voto  dos  feus  Confelhei- 
„  ix)s  no  Gabinete:j  nao  foi  confequencia  da  ca- 

^  '  )..o^  *^"^^*>  paCidade  ,»  'jmadureza  ,  e;  penetragao  dos  feus 
;-ja^%  ry  Miniflros  na  Corte  de  Madrid  j  fena6  daquelle 
„  cuidado,  que  fem  fadiga  ,  daquella  Providen^ 
„  cia,  que  fem  defvelo ;  da'quella  fabcdoria ,  que 
„  fem  confelho  ,  preveh^sto.,  ou  cautela,  tudo 
„  ,quanto  Ihe  agrada  ,  executa ,  fem  que  o  difE- 
„  cil  Ihe  cufle  mais  empenho  ,  nem  o  ikcil  Ihe 
„  demenos  gloria,  poreflarioarduo,  e  o  impof- 
„  fivel ,  igualmentde  fubordinados  aos  acenos  da 
„  fua  vontade. 

-  )>IH;iTf  „  Mas  em  que  fundo  eu  fer  efla  tao  de-, 
j,  fejada,  como  venturofa  allian^a,  o  teftemunho, 

mais 


.\i:-;-i 


J> 


V 

)) 

)) 

)) 


dos  Princlpes do %'a^U  Livro  f .      95 

^,  mais  evidente  do  maior  credito ,  e  efplendor  1^28. 
do  Reyno  de  Portugal ,  qual  he  tello  fundado, 
a  foberania ,  e  imnienfidade  do  mefmo  Chi  if 
to  j  dando  fnigular ,  e  amorofamente  a  in^  ef- 
tidura  do  Reyno  ao  ndHb  primeiro  Monarca! 
lilbhe  o  que  determino  moftrar  neile  difcurfo, 
em  que  mais  receio  pelo  agrado  y  e  attrac^ap 
da  materia ,  e  peja  fidelidade ,  e  contentamen- 
to  do  Auditorio  ,  a  perturba^ao  dos  vivas,  e 
jy  embara^o  "das  acclamacoens;^  q  ruido  dos  ap- 
jy  pJaufos,  o;eftorvodos  parabens,  jubilos,  e  aie- 
„  gria  que  a  grandeza  do  affunto ,  a  perplexida- 
j,  de  do  reipeito,  os  exames  do  filericio,  e  a  cen- 
3,  fura  de  toda  efta  difcretiiTima  AiTembleia,  con- 
>j  tra  a  impropriedade  notoria  ,  ou  expe^lagao  nao 
i,  m.erecida  ,  que  he  o  maior  perigo  do  Orador, 

IV.  „  O  abje6to  principal  de  todos  os  Reys, 
„  ainda  daqueHes  que  cuidao  mais  nos  brados 
„  da  fama ,  que  nos  clamores  dos  fubditos ,  he 
:;y  a  tranquihdade  da  paz.  Para  efte  fufpirado  fim^ 
y,  oiferecem  facrificios  a  Deos  os  Vaifallos  com 
j^  maior  piedade  ,  que  a  de  Fabio  ^  fazem  votos 
„  a  Deos  os  Monarcas  com  maioir  Rehgiao  , 
5/  que  a  de  Numa  :  o  amor ,  vigilancia ,.  e  a6livi- 
„  dade  dos  Principes  procura  iraitar  a  de  Codro,- 
^y  o  zelo,  prontidao  ,  e  conflancia  dos  Vaifallos 
if  fe  empenha  em  igualar  ados  dous  Filenos  j;  as 
„  guerras  fe  rompem  pelas  nacoens  mais  bellico- 
„  zas  ,  depois  de  rotos  os  vinculos  ida  fe  publica,- 
„  as  hoililidaides  fe  continuao  miii/  para  atalhar  9 
„  progreiib  >  que  paraivingar  0;  fiiror  dos  pri- 
)\  nieiros '  iidiiltos  ,•  di  xheiburos  extrahidbs  d^s 
„  cntranhas  da  terra  com  deiprezo  da  propria 
„  conierva^aid.>  e  enterrados   nos  coiacoeils  hu- 

;^,  manos, 


94    HifioriaTanegyricadosdefpoforios 

1728-        V  manos ,  como  tresladados  a  mais  foberbas  ur- 

„  nas ,  fe  confomem  na  diligencia- ,  e  polfe  defte 

j,  bem  univerfal ,   excedendo-fe  a  religiofa  pro- 

„  fufao  das  Matronas  de  Roma,  exercitada  na 

,,  liberdade  do  Capitolio  ;  em  iim  a  mefma  paz 

)j  menos  fegura,  e  menos  util  fe  troca  peia  guer- 
,) ,.  ra-  atroz  ,    e  fanguinolenta ,  com  a  elperan^a 

„  de  que  fe  logre  outra  mais  eftavel ,  e  provei- 

„  tofa.                              ,    - 

V.  ,:,  Se  confultarmos  os  vanos  fins  dos  co- 
„  ra^oens  mais  guerreiros ,  o  animo  de  Iium  Ale- 
j,  xandre  ,  a  intengao  de  hum  Cefar  ,  o  defignio 
„  de  hum  Pompeo  ,  acharemos ,  que  ainda  que 
„  os  primeiros  impulfos  forao  as  proezas ,  os  pri- 
„  meiros  conceitos  forao  os  triunfos ,  os  primei- 
,,  ros  penfamentos  forao  as  Eftatuas  ,  as  pri- 
„  meiras  ideias  forao  os  Epinicios  y-  os  ultimos 
„  defejos  forao  os  da  paz  :  aflim  parece ,  que  fe 
„  confirma  com  aquella  exclama^ao  do  grande 
„  Pompeo  ,  em  que  moftrou  defejar.  mais  a  tran- 
„  quilJidade  fem  gloria ,  que  a  fama  fem  focego, 
„  fendo  aqueUa  mntafia  a  mefma ,  donde  fe  for- 
y -'mqu  nos  primeiros.  annos  a  repofta  tao  heroi- 
^,  ca ,  como  formidavel ,  de  que  nao  iria  a  pre- 
„  fen^a  do  feu  General ,  fem  que  as  maos  glo- 
„  gloriofamente  occupadas  nos  defpojos  dos  ini- 
„  migos ,  comprovaft^em  o  feu  valor :  Nem  fei 
^,  que  refpeitaife  a  outro  fim  ,  que  de  huma  paz 
„  eftabelecida ,  o  memoravel  Tratado ,  que  entre 
,j  fi  ajuftarao  o  Di6lador  Metio ,  e  Publio  Hofti- 
„  lio  ,  fendo  efte  Principe  o  quc  mais  fe  afle- 
„  melhou  a  ferocidade  de  Romulo  no  efpirito  ,  e 
„  inclina^ao  Militar. 

VI.  „  Pois  efta  paz  tao  defejada  ,  e  preciofa, 

„  a  cuja 


dos  Principes  do  Brazil ,  Livro  I,     95 

„  a  cuja  utiliilima  pofTe  fe  facrificao  todos  aquel-        1728 

;,,  les  bens  que  afoituna  reparte  ,  quando  mais 

„  propicia ;  ou  nega,   quando  mais  inexoravel;, 

„  e  que  os  homens  procurao  adquirir  ,  e  conlcrvar 

,,  com  mais  louvor  da  fua  induflria  ,  que  accufa- 

„  ^ao  do  feu  interelle ,  he  a  que  nos  da  ,  e  fegura 

„  o  felicilfimo  conforcio,  que  hoje  fefteja,  c  ap- 

.,  plaude  efta  Real  Academia,  menos  com  as  fi- 

„  gur<js  ricamente  veftidas  da  Rhetorica  ,    que 

yj  com  a  verdade  nua  dos  afte6los ,  mais  com  a 

„  humiliacao  reverente  dos  cultos ,  e  adora^oens, 

_,,  que  com  a  eleva^ao  animofa  dos  penfamentos , 

„  e  fubtilezas. 

VII.  „  E  quem  na6  ve  ,  que  he  efpecial  be- 
„  neficio  da  Divina  Providencia ,  enla^ar-fe  huma 
„  felicidade  com  outra  y  feguir-fe  a  hum  bem  ou- 
5^  tro  mais  avultado  ,  e  ventajofo  j  fuceder  a  hum 
„  goftp  outro  mais  appetecido ,  e  eftimavel  :  em 
y,  fim  continuar-fe  huma  paz  com  fundamentos 
,_,  tao  folidos  para  a  fua  dura^ao  ,  cogi  razoens 
„  tao  bem  fundadas  para  a  fua  permanencia ,  com 
j,  efperancas  tao  provaveis  para  a  fua  eftabilida- 
„  de  ,  que  fora  ingratidao  a  duvida ,  emenosfe 
„  a  defconfiani^a ,  dando-nos  Deos  o  maior  fmal. 
„  do  feu  favor  ,  e  patrocinio  ,  em  mudar  a  natua 
„  reza  dos  bens  fempre  inconftante ,  a  condigao- 
jj  dos  goftos  fempre  varia-,  e  o  genio  das  felicida- 
,)  des  fempre  mudavel. 

VIII.  „  Deixo  para  demonftra^ao  d^fte  mef; 
yy  mo  amparo  ,  a  emula^ao  invcterada;  o  odio  im- 
„  placavel ,  o  efcandalo  hereditario,'-^  a  rra  ,  a  ia- 
,j  dignacao,  .e  a  vingan^a  ,  juradas  nbs  facrilegos 
„  altares  dos  cora^oens  acefos  em  rancor ,  e  com^ 
jj  petencia ,  nao  fendo  neceflario  auBpeiio  do^ 

-    ,   .  ,,  pays    . 


96     Eijloria  Fanegfica  dos  defpoform 

1728.  V  P^ys;  a  imitacao  de  Amilcar,  para  o  furor  irre- 
,;  conciliavel  dos  filhos ,  como  Annibal ,  converti- 
j,  dos  agora  em  concordia  ,  em  amizade  ,  em  al- 
„  voro^o  ,  em  complacencia  ,  em  amor  ,  em  ter- 
„  nura ,  em  eftima^ao ,  e  ja^lancia  deftes  amaveis, 
„  doces ,  poderofos ,  e  deleitaveis  affedos  ,•  por- 
,,  que  o  dia  nao  confente ,  nem  para  a  admira- 
„  ^ao ,  e  louvor  da  maior  ventura  a  confidera^ao, 
,     ;,  e  memoria  do  menor  fentimento. 

IX.  ,>  S6  quizera  imprimir  na  defte  AnditG' 
,_,  rio  aquelJes  vaticinios ,  e  profecias  tao  noto- 
,,  rias ,  e  celcbradas ,  nao  fo  no  Keyno  de  Por- 
„  tugal ,  mas  em  todo  o  mundo  ,  em  que  o  mef- 
„  mo  Portugal  he  o  chamado ,  e  o  preferido  para 
„  a  poffe  da  fua  maior  exalta^ao  ,  em  defempe- 
„  nho  daquella  Divina,  e  immutavel  palavra ,  pro- 
„  nunciada  no  Campo  de  Ourique ,  cuja  cbfer- 
„  vancia  comecou  logo  no  deftro^o ,  e  vitoria  dos 
„  cinco  Reys  Mouros ,  e  na  Acclamacao  glorio- 
if,  fa  do  iioifo  primeiro  Monarca ,  e  fe  foi  conti- 
„  nuando  ategpra ,  nao  com  menos  Providencia 
,^',  nos  infprtmrios ,  que  nas  fehcidades  defta  Mo- 
jVinaiquia,  e  hoje  com  progreffo  tao  infperado, 
j^  como  ventajofo  a  todos  os  mais  fuceilbs  ale- 
y)r.gres,  e  prodigiofos,  que  impuzerao  aEl-Rey 
yy.X).  Manoel  o  nome  efpeciofillimo  de  Filho  da 
y^.Fortwm  y  arrebatada  ,  e  miJagrofamente  fe  avi- 
„  fuiha  ao  complemento  dos  noffos  defejos ,  c 
„  efperancas,  pois  nada  contribue  tanto  para  cl- 
„  ias  ,  como  a  materia  defta  Ora^ao ,  e  o  aliuntu 
„  defta  celebridade. 

X.  „  Oh  bem  aventurado  Reyno,  que  tivef- 
„  te  logo  no  teu  principio  ,  nao  fo  a  certeza  da 
,>  perpetuidade,  mas  afeguran^a  da  maior  exal- 


„_tacao 


i 


dosPrincljjes  do^Bra^^il^LivroI*      97 

,)  ta^ao  a  que  fe  elevao  as  Monarquias,  nao  con-        1728. 

„  feguida  pelos  eftragos ,  e  cakmidades  da  guer- 

j,  ra,  mas  alcan^ada  pelo  merccimento  daFe,  e 

j^  pureza  dos  coftumes ,  e  pelo  ardentiflimo  de- 

,)  fejo  de  fazer  parciaes ,  e  feudatarios  das  ban- 

„  deiras  de  Chriflo  a  os  feus  mefmos  inimigos ,  e 

,,  contendores !   Oh  outra ,  e  mil  vezes  bemaven- 

„  turado  Reyno ,    a  onde  a  efpecial  Providencia 

,,'datua  felicidade  ,  he  o  defempenho  da  Divina 

,,  Palavra,-  a  donde  as  mefmas  injufti^as  nunca  hao 

„  de  chegar  ao  termo ,  em  que  fe  mereca  o  de- 

„  famparo ,  fenao  a  compaixao  ,-  a  donde  ha  de 

^'  poder  mais  a  induftria  ,  do  que  a  forga ,  o  def 

*„  cuido  mais  que  a  cautela  ,  a  temeridade  mais 

„  que  d  conftancia  ,•  a  donde  os  mefmos  perigos  fe 

„  hao  de  converter  em  feguran^as,    as  mefmas 

„  adverfidades  em  fortunas ,  os  mefmos  ameagos 

„  em  piedades ,  os  mefmos  caftigos  em  mifericor: 

^  dias! 

XI.  „  E  em  que  mereceo  Portugal  a  Divina 
„  Bondade  efta  Providencia?  M^receo  a  Provi" 
„'  dencia  do  patrocinio  na  previdencia  dos  fervi- 
„•  ^osj  que  havia  de  fazer  a  fua  Igreja.  Pre vib 
„  Deos  o  zelo ,  a  ai5lividade,  o  ardor,  a  efficacia, 
j,  O  deR^elo:  previo  os  cultos,  as  adoracoens,  os 
„  afFe6los ,  as  obediencias  ,  e  os  difpendios  com 
„  que  os  noilos  Monarcas  haviao  de  fervir  ,  amar, 
„  e  venerar  a  Deos ,  ja  promulgando  Leys,  que 
„  extirpailem  vicios  ,  ja  confervando  Leys  que 
„  promoveffem  virtudes ,  ja  aliftando  Soldados 
„  para  defliruir  os  inimigos  do  nome  Catholico;, 
„  ja  aparelhando  Armadas  para  introduzir  a  mer« 
„  cadoria  da  Ley  dagra^a,  e  eftabelecer  o  com- 
'  „  mercio  doCeO;  e  como  previo  agrandeza  do§ 


9  8     Hiflona  Panegyrka  dos  defpojorios 

1728.  V  lervi^os,  por  iflb  os  fatisfez  com  a  graijdeza 
„  dos  premios ;  iiao  efperou  que  fe  fizeifem ,  pa- 
„  para  comecar  a  premiallos  j  porque  he  miferi- 
jy  cordiofa  politica  da  fua  ineffavel  piedade ,  obri- 
„  gar-fe  das  iinezas ;,  que  anteve ,  e  fo  caftigar  as 
„  culpas,  que  experimenta. 

XII.  „  Oh  como  fera  com  o  empenho  defta 
j,  protcccao  ,  numerof  i  a  defcendencia  dos  noffos 
„  Principes ,  rehgiofos  os  coftumcs ,  heroicas  as 
„  emprezas ,  fuave  o  dominio ,  amavel  a  fobera- 
„  nia  !  Como  ferao  temidas  as  fuas  Armas  y  ref 
yy  peitados  os  feus  Eftandartes  ,  folicitada  a  lua 
,,  amizade,  imitadas  as  fuas  acgoens ,  invejadosos 
yy  feus  acertos  y  gloriofa  afuafama  !  Mas  nao  fei 
„  por  donde  comece  a  felicitar  as  Peifoas  Reaes, 
„  fe  pelos  Auguftiilimos  Avos ,  fe  pelos  preclarif- 
„  fnnos  Pays  della  illuflre ,  fufpirada ,  e  feliciiTi- 
,j  ma  Profapia  ;  porque  me  aeho  duvidofo ,  fe 
„  merece  mais  as  primicias  do  louvor ,  quem  deo 
/,  tao  heroicos  exemplos ,  fe  quem  os  imitou.tao 
yj  perfeitamente. 

XIII.  „  Aceitem  pois  indiftin^Iamente  Voffas 
,y  Mageflades,  e  Altezas,  ja  que  oproblema  def- 
„  te  merecimento  o  nao  foube  refolver  a  minha 
„  atten^ao  ,  os  parabens  defta  Real  Academia , 
,,: .  unidos  as  demonflra^oeiis  de  alegria  >  e  fideli- 
„•!  .dade  de  toda  a  fuaCorte,  na6  por  fereftafor- 
,,  .tuna  alcan^ada  pelo  acerto  das  fuas  prudentes 
„  refolu^oens ,  mas  pelo  empeniio  vifivel,  e  de- 
;,  clarado  da  Divina  Providencia  para  com  05 
„  Reys  Portuguezes ,  e  feus  Vaffallos;  nao  |>orr 
„  que  eflas  duas  Potencias  ficao  agora  nao  fo  ia- 
„  venciveis ,  mas  venccdoras  das  quatro  partes  dq 
i,'  jnundo,  pois  o  que  nao  render  a  valentia  dp 
'•  „  ferro, 


dos  Principes  do  "Bra^U  Livro  I.      99 

yy  ferro  y  rendera  o  valor  de  outros  metaes  ,•  mas       1728. 

^,  porque  ceflbu  o  efcandalo  ,  e  a  injuria  de  que 

j,  havendo  entre  eftas  N  a^oens  a  niaior  femeihan- 

„  ^a  naReligiao  ,  na  honra,  e  na  piedade,  hou- 

^,  veffe  tambem  entre  as  mefmas  a  maior  oppofi- 

j,  ^ao ,  e  competencia  j  nao  porque  fe  foife  poifi- 

jy  vel  enriquecer  mais  as  Coroas ,  illuftrar  mais  os 

„  Sceptros ,  accender  mais  as  Purpuras ,  e  elevar 

„  mais  os  Thronos ,  receberia  Portugal ;,  e  Caf 

„  tella   maior  grandeza  ,    e  efplendor  com  eltas 

„  mutuas  allian^as  ,•  mas  porque  vemos  a  pureza 

„  daFe,  a  excellencia  dos  coflumes ,  a  feguran^a 

„  das  opinioens  ,    a  gravidade  das  maximas  ,  a 

,y  madureza  dos  di^lames ,  a  obfervancia  da  pala- 

„  vra ,  a  preferencia  do  brio ,  e  pundonor  com  a 

„  mais  foberana  imita^ao  ,  com  a  mais  poderofa 

„  defcnfa,  com  o  mais  eftreito  vinculo,  cora  o 

„  mais  gloriofo  preceito. 

XIV.  „  Eftes  fao  os  teftemunhos  irrefragaveis 
„  da  proteccao  do  Altiflimo :  eftes ,  eftes,  e  nao  as 
„  profperidades  que  ie  fundao  na  diicordia^  na 
„  cobica  ,  na  tyrannia ,  e  no  nome  vao  ,  caduco^ 
,,  e  fragil  de  mais  heroico,  e  memoravel,  pelos 
„  indignos  meios  da  ambi^ao,  e  da  violencia; 
„  mas  eftes  tambem  fao  os  premios ,  que  Portu- 
„  gal  efta  merecendo  defde  a  fua  milagrofa  ori- 
„  gem ,  para  que  o  amor ,  e  lealdade  Portugue- 
,y  za,  nao  tenha  ja  que  defejar ,  fendo  o  feu  de- 
yy  fejo  infaciavel  para  a  exalta^ao ,  grandeza ,  e 
„  felicidade  dos  (eus  adorados  Monarcas, 

XV.  „  Oii  que  materia  efta  para  o  fummo 
„  agradecimento  de  Suas  Mageftades ,  para  a  fua 
„  devota  meditacao ,  e  para  as  fuas  humilia^oens 
„  profundas ,  c  reverentes,  vencjo-fe  elles  os  ef^ 
i  N  ii  „  colhidos 


i*bb   Hiftoria  panegyrica  dos  defpofonos 

I72^J-  ,)  colhidos  para  a  pafTe  deftas  venturas  ,  entre 
„  tantos  Predeceflbres  fingularmente  benemeritosl 
;,  Como  fera  viva  neftes  pios ,  e  Catliolicos  ani- 
/,  mos  a  memoria  deftes  favores !  Como  ferape- 
jyrenne  o  louvor  deftes  beneficios!  Como  fera 
„  publica^  eeterna  a  confiflao  deftas  gra^as ! 

XVI.  ,y  Quem  me  dera  agora  o  efpirito  ,  e 
jy  eloquencia  daquelle  infigne  Orador ,  que  vatici- 
j,  nou  o  defejado  nafcimento  de  Vofta  Magefta-- 
„  de  ,  Senlior  ,  que  era  jufto  que  andafte  primei- 
,)  ro  em  vaticinios  hum  Principe ,  que  havia  de 
,,  fer  tao  prodigiofo ,  para  que  pudefte  fallar  de 
jj  foi^te  nas  virtudes  Reaes  _,  que  nem  a  modeftia 
,,  fe  offendefte  doselogios,  nem  a  verdade  Ce  ei- 
„  candalizafle  do  filencio.  Mas  porque  fe  ha  de 
„  offender  a  modeftia  dos  louvores ,  e  fe  nao  ha 
„  de  agradar  dos  exemplos  de  que  he  occafiao  ? 
„  E  que  importa  que  o  diga  mais  huma  voz  pou- 
„  co  fonora ,  fe  o  dizem  tantas  outras  de  maior 
„  harmonia ,  e  fuavidade  ?  Quando  as  linguas  o 
„  nao  diftera6  ,  os  olhos  o  perfuadirao.  Que  fao 
os  Templos ,  que  erige  a  o  culto  da  Religiao 
o  empenho  do  noffb  Monarca ,  fenao  hum  tro- 
feo  da  fua  piedade ,  junto  com  hum  Padrao  da 
fua  magnificencia  ?  Que  fao  as  Leys ,  que  pro- 
„  mulga  o  feu  acerto ,  e  que  faz  obfeiTar  a  fua 
„  inteireza ,  fenao  zelo  ,  <le  que  fe  pratique  o  juf 
;y  to  ,  de  que  fe  evite  o  fuperfluo,  e  de  que  fe  ^ 
„  abrace  o  proveitofo  ?  Que  fao  aquellas  audien-  k 
„  cias  tao  geraes  ,  como  repetidas ,  fenao  o  de- 
;>  fempenho  da  obriga^ao  de  Principe,  lembran 
j)^''^a  do  titulo  de  Pay  ,  afte61o  declarado  a  neceflMfl 
«'  dade  ,  propenfao  vehemente  ao  remedio ,  lafti- 
jj-ma  generofa,  e  incomparavel  para  todo  o  ge- 


■>•> 


dcs  Prmcipes  do  "Brai^i!,  Livra  f .     i  oi 

,'y  nero  de  aperto  y  de  miferia,  e  adverfidade  ?  1728. 

XVIIJ  ,y  Nao  Fallo  na  fubtileza  daquelle  en- 
V  genJio_,ina  facilidade  daquella  comprehenfao  , 
„  na  madureza  daquelle  Juizo  ,•  porque  todas  ef- 
,y  tas  accoens,  que  acabo  de  referir ,  €  nao  aca- 
yy  bo.  de  engrandccer ,  ou  nao  prmcipio  a  louvar^ 
yy  fao  effeitos  da  fua  ventagem ,  eminencia ,  e  fin- 
„  guJaridade  ,  pois  certamente  as  nao  poderia  ex- 
„  cecutar  a  grandeza  do  feu  animo  ,  fem  a  exten^ 
„  cao  do  feu  difcurfo  j  mas  quando  faltaifem  ef- 
j,  tas  provas  ao  feu  entendimento  ,  e  capacidade, 
„  baftava  a  inftitui^ao  acertadiilima  deila  Acade- 
yy  mia  ,  a  benignidade  inexplicavel ,  com  que  he 
j,  admJttida  a  fua  Real  prefen^a,  as  honras  innu- 
.,  meraveis ,  com  que  he  deftinada  para  os  applau- 
„  fos  defte  alegre  ,'e-venturofo  dia,  eparaacele- 
„  bridade  de  outros  igualmente  folemnes ,  e  fef- 
„  tivos ,  em  que  &.  ye  nefte  Palacio  a  fabedoria 
„  enthronizada  com  a  Mageftade,  e  fe  ouvem  en- 
„  tre  os  Vivas  do  felicifTimo  triunfo  da  ignoran- 
„  cia,  as  queixas  injuftas,  e  repetidas  da  fua  an- 
„  tiga  ,  e  efcandaloia  poile ,  caufando  mais  alTcm- 
„  bro  a  uniao  da  fabedoria ,  que  a  do  mefmo 
„  amor  com  a  Mageftade. 

XVIII.  „  Ora  nao  nos  admiremos  com  tan- 
„  tas  qualidades  ,  com  tantas  execellencias  ,  com 
„  tantos  dotes ,  com  tantos  ornaros ,  com  tantas 
„  virtudes ,  com  tantos  merecimentos ,  e  circunf 
„  tancias  do  noffo  Monarca,  lembrando-nos  do 
„  que  diffe  a  difcri^ao  de  Plinio  do  Emperador 
„  Trajano ,  que  era  jufto  ,  que  houveffe  alguma 
„  differen^a  entre  os  Principes  ,  que  efcolhiao  os 
„  homens  ,  e  entre  os  que  elegiao  os  deofe-s. 

XIX.  „  Efta  mefma  prerogativa,  que  tanto 

„  diftin- 


io2   Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1728%  w  diftingue  dos  outros  Principes  onolTo,  fe  acha 
tambem  na  Rainha  Sereniifima  de  Portugal , 
pois  a  fua  Afcendencia  foberana,  foi  illuftrada 
por  huma  ac^ao  de  piedade  fmgular ,  e  maravi- 
Jhofa,  que  he  fo  o  eirnalte,  com  que  fe  podem 
emiobrecer  mais  as  Coroas  ,•  e  nefte  horoico ,  e 
e  fubhme  eipirito  parece ,  que  fe  derramao  em 
maior  abundancia  os  bens  do  CeO;  promettidos 

„,  a  lineza  daquelle  culto, 

'  XX.  „  Nao  havia  de  fer  eu ,  nem  nenhum 
outro  Orador ,  SenJiora  j  o  que  fallaife  nas  vir- 
tudes  de  Voifa  Mageftade :  havia  de  fer  licito, 
que  difcorreiTe  fobre  ellas  nefte  lugar  o  mefmo 
Confeilbr  de  Voila  Mageftade,  roto  o  figiJIo, 
que  Ihe  imprimio  na  liberdade  o  pejo  fobrena- 
tural  do  meiecimento ,  muito  mais  efficaz ,  que 
o  natural  dos  defeitos. 

XXI.  „  Vive  com  a  fua  Real  modeftia  ,    e 
coftmnes  fantiilimos  a  Monarquia  edificada  ,•  vi- 

„  ve-fe  nos  Conventos  mais  aufteros ,  e  Religio- 
,7  fos  com  o  exemplar  da  fua  fantidade ,  em  maior 
zelo ,  em  maior  pureza ,  e  em  maior  perfei^ao: 
eftc  Palacio ,  depois  que  efta  Real,  e  infigne 
Heroina  o  occupa  com  a  fua  foberania ,  e  o  re- 
ge  com  a  fua  prudencia  ,  he  o  Noviciado  donde 
le  exercitao  ,  donde  ie  affinao ,  donde  fe  elevao 
as  virtudes  mais  fingulares  ,  e  heroicas ,  com 
que  fe  merece  aquelle  precioftilimo  annel  de 
Efpofas  do  Cordeiro  Immaculado. 

XXII.  „  Nao  permitte  a  modeftia  de  Sua 
j,  Mageftade  ,  nobihfllmo  yi«^/>m<? ,  (ohquedor 
j,  para  a  veneragao  de  feus  Vairallos  !  Oh  que 
„  prejuizo  para  os  progreifos  da  imita^ao ! )  que 
„  eu  continue  por  mais  tempo  a  fagrada  hiftoria 

„  das 


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dos  Principes  do  "Bra^iU  Livro  I.     loj 

„  das  fuas  eminentes ,   e  Catholicas  virtudes ;  e       1728. 

jy  afTim  obedecendo  ao  feu  preceito ,  Ihe  offere^o 

,,  ofacriiicio  domeu  filencio^,  fo  com  a  iifonja  de 

„  que  0  nicu  foi  o  primeiro  ,•  e  que  com  o  prognof- 

„  tico  dc  que  nao  ha  de  fer  o  ultimo  y  que  a  pieda- 

„  de  dos  Portuguezes ,  e  de  todo  o  mundo  faca  a 

j)  Voifa  Mageftade. 

XXIII.     „  Voifa  Alteza ,  Senhor  ,  he  o  Prin- 
„  cipe  mais  feliz  ,  afTim  como  efperamos  feja  o 
„  mais  gloriofo  de  todos  os  de  Portugal ,  e  efta 
■ij  maioria  na  felicidade  de  Volfa  Alceza  Ihe  re- 
„  fulta  de  ter  por  unico  modello  das  fuas  ac^ocns 
jy  os  acertos  he  huns  Pays  tao  pios ,  e  famofos. 
;,  Nao  he  o  mefmo ,  Senhor ,  os  exemplos ,  ainda 
„  que  domefticos ,  e  louvaveis  dos  Predecclfores^ 
jy  que  os  dos  mefmos  Pays  para  a  imita^ao ;  na- 
j,  quelles ,  entra  a  defconfian^a  adesluzillos ;  nefles, 
„  o  affe6I:o  a  imitallos ;  naquelles ,  o  obrar  menos 
„  he  intoleravel  a  Mageftade  ,•  nef^es ,  ate  he  hon- 
7,  rofo  a  obediencia  t   naquelles,  o  exce/fo  he  inju- 
„  ria  do  vencido ,  de  que  nafce  a  foberba  nas  ven- 
■j,  tagens  j  neftes ,  he  como  dezar  do  vendor ,  de 
jy  que  procede  o  comedimento  nas  fortunas :   na- 
„  quelles ,  a  eompetencia  cega  o  difcurfo ,   para 
„  nao  diftinguir  o  ligitimo  do  falfo  nome  j  neftes, 
„  o  amor ,  efta  vez  fem  «jolhos  tapa^os ,  guia  as 
5,  ideias  pelos    caminhois   da   verdadeira  •  fama  : 
„  naqueiles  finalmente,  exercita  a  arte  os  feus  po- 
^,  deres;  neftes,  a  natureza  asfuasmaravilhas. 
-    XXIV.'-  „  Mas  nao  pariio  aqui  as  feii-idades 
„  de  Vofta  Alteza ;  porque  naocontente  aProvi' 
„  dencia  com  dar  a  Vofla  Akeza  o  genio ,  a  ideia, 
„  e  a  compi-eiieniao  a  medida'  dos  exemplares ,  e 
„  nao  fatisieita  em  liie  dar  iera.  medida    todas 

„  aqueilas 


104  HiflonaPanegyricadosdeJpoforios 

1728'        V  aquellas  circunftancias,  que  nao  accrefcentando 

""-    '■        ,y  o  relpeito ,  conciliao  os  affedos  a  mefma  Magef- 

„  tade  ,•  (  pois  quem  olhara  ,  Senhor ,  para  Voifa 

„  Alteza,  que  primeiro   nao  renda  a  fogei^ao  a, 

„  eifa  prefenca ,  que  a  eiFa  foberania  ,•  e  que  re~ 

„  pare  entre  as  hfonjas  do  mefmo  agrado ,    em 

jy  que  leve  a  precedencia  a  iidehdade  dos  coraT 

„  cocns  _,  ou  a  complacencia  dos  olhos )  nao  con- 

j,  tente ,  torno  a  dizer  ,  a  Providencia  de  dar  2^ 

j,  Voila  Alteza  o  animo  fuperior,  como  a  prefen- 

„  ^a  foberkna ,  nao  fatisfeita  com  Ihe  eilabelecei; 

„  a  obediencia  igualmente  nas  vontades ,  que  nas 

„  venera^oens  ,  efcolheo  para  Voifa  Alteza,  com 

„  particular  empenho ,  a  Efpofa  mais  enriquecida 

„  dos  dotes  da  natureza  j  que  conhece  ,  e  venera 

„  o  mundo.  ; 

XXV.  „  Para  fallar  nelles ,  depois  que  vi  > 
„  admirei,  e  venerei  profundamente  a  bclleza  in- 
j,  comparavel  do  feu  retrato  ,  me  parece ,  que  o 
j,  nao  poiro  fazer ,  fenao  lembrando  aos  Portu- 
jj  guezes ,  o  que  fizerao  os  moradores  de  Egnido , 
„  com  a  Eftatua  da  fua  Venus ,  que  quizerao  an- 
■j,  tes  fer  tributarios  a  Nicomedes  por  toda  a  vida, 
j,  que  entregarem-Ihe  a  fermofura  daquelle  Simur 

„   lacrO.  M[L  ■     .::  ■ 

XXVI.  „  Eilehe  o.retrato  ciaquella  Helena, 
p  -que  •Zeuzis  nao  quer*ki  moilrar  aos  curioibs , 
„  fenao  pelo  pre^o  de  grandes  dadivas  ,•  nao  com- 
„  pofta  fo  dos  agradaveis  dotes  de  cinco  bellezas, 
\fj  que  na  Cidade  de  Crotona  erao  as  'maTs  celebra- 
„  das,  mas  de  todos  os  ornatos  ,  e  primores,  que 
„  nem  devididos  ,  quanto  mais  recopilados ,  que 
„  nem  iingidos ,  quanto  mais  verdadeiros ,  fe 
jj  achao  em  nenhuma  fermofura  da  noifa  idade. 

XXVII.  ,,Oh 


•dos  Prlndpes  do  "Bra^iU  Livro  I.     i  o  jf 

XXVII.  ;,  Oh  ditofos  Principes  ,  a,  quem  fe  J728. 
„  Ihe  nao  enla^ara  as  almas  a  conveniencia  pubJi- 
r,,  ca  ,  pudera  unir-Jhe  os  alvedrios  a  fympatia! 
„  Oh  ditofos  Principes ,  a  quem  fe  a  fortuna  Jhe 
j,  nao  dera  a  Mageftade ,  a  natureza  Jhe  concede- 
;,_,  ra  a  foberania  !  Oh  ditofos  Principes ,  aonde  o 
5^  amor  para  fer  reciprocamente  fino ,  fingular ,  e 
„  conftante ,  nem  necelTita  das  attraccoens  da  gran- 
7,  deza,  nem  depende  das  obriga^oens  do  decoro 
„  !  Oh  ditofos  Princij^s ,  adonde  os  incendios ,  em 
„  que  le  mflamma  o  amor  ,  terao  ardores  que 
;,,  mais  o  puiifiquem  ,  lavaredas  que  mais  o  mani- 
jy  feftem ,  faifcas  que  mais  o  divulguem ,  fumos 
,_,  que  mais  o  cegem ,  cinzas  que  mais  o  accrefcen- 
,,  tem  y  renafcendo  dellas  mais  agrados ,  mais  fine- 
„  zas ,  mais  extremos ,  e  mais  adora^oens. 

-XXV III.  „  Mas  que  direi  eu  agora  daquelle 
„  Miniftro  ,  que  efcolheo  o  acerto  do  nofix)  Prin- 
„  cipe  para  fefta  feiiciflima  Embaixada  ?  Trarei  a 
yy  memoria  o  antigo»  efplendor  dos  feus  efclareci- 
,-,  dos  progenitorcs  ?  Farei  reflexao  nas  allian^as 
yy  preclarillimas ,  que  contrahio  a  fua  illuftre  Ca- 
^f  fa ,  cujas  arvores  Genealogicas  parecem  pelo 
j,  ouro  das  Coroas ,  e  dos  Sceptros  trasplantadas 
„  do  ameno  bofque  das  Hefperides  ?  Ernpenhar- 
„  me-hei  no  parallelo  deftes  varoens  infignes  com 
„  efte  feu  melhor,  e  mais  gloriofo  defcendente  ? 
„  Determe-hei  na  narra^ao  dos  louvores ,  e  pa- 
„  negyricQs ,.  com  que  a  fua  magnificencia ,  fabe-. 
j,  doria ,  e  capacidade  forao  digna  materia  da 
„  Cabe^a  do  mundo  ,  e^  merecido  aftumpto  da 
5,  eloquencia  Romana,  e agora  ferao  fehz  obje- 
j,  610  da  rfecundidade  1  e  elegancia  daquelles  en- 
,,  genlios ,  (|\ie  .tanto  accrelcontarao  o  nome  ao 
ilill  ••  O  vln^: 


to6   Hifioria  panegyrica  dos  defpojorios 

1728.  j>  Imperio  dos  Romanos ,  eamefma  Cidade  de 
;,  Roma;  que  nas  Artes,  e  Ciencias  foi  o  Car- 
yy  thago;,  que  comp*etio  com  a  famofa  Athenas  ? 
_,,  Nada  difto  direi  em  credito  do  noffo  Embai- 
j,  xador  _,  fenao  o  que  dizia  Alexandre  de  Craftero^ 
„  e  Epheftiao;  Cra6lero  ama  ao  PrincipCj  e  Ephef 
„  tiao  a  Alexandre  .-  efle  elogio  ,  que  dividido  ef 
3,  ta  honrando  ha  tantos  fcculos  a  pofteridadc  def 
,y  tes  dous  grandes  homcns ,  he  o  que  unido  acre-r 
3;  dita  o  nome  do  noffo  Embaixador  ,•  porque  he 
„  omefmo  que  eftamos  ouvindo,  defde  o  fehce 
^,  govcrno  de  Sua  Mageftade  ,•  ou  feconfiderca, 
ji  confian^a ,  que  faz  defte  Miniftrojou  fe  contem- 
„  ple  a  confian^a,  que  tem  com  efleVaffallo. 

XXIX.  „  FinalmentCj,  illuftriffimo,  difcretiifi- 
yy  moy  e  feliciffimo  Auditorio  y  eflas  fao  as  glorias  y^ 
„  os  intcreffes ;,  as  venturas ,  e  os  contentamentos, 
„  que  traz  com  figo  efla  allian^a,  para  que  fei>> 
fi  radas  perpetuamente  as  portas  de  Jano ,  fiquem 
j,  com  a  mefma  dura^ao ,  abertas  ,  patentes ,  p 
„  frequentadas  as  do  Templo'  da  homa  ,  e  da 
yy  virtude:  eflas  as  excellencias,  e  merecimentos, 
i/  que  fazem  incomparaveis  os  noffos  Reys,  acevT 
„  tadiffimo  o  fcu  governo,  c  ditofa  a  noffa  vaf 
„  fallagem .-  efles  os  dotes ,  e  perfeicoens ,  cora 
„  que  nao  fo  excedem  ,  mas  fe  fmgularizao  oSj 
„  noJfos  Principes  entre  todos  os  do  prefente ,  ej 
.,  paffado  feculo :  eftes  os  elogios ,  as  prefererif-. 
^,  cias^os  applaufos ,  as  invejas,  que  a  Na^ao 
„  Portugueza  confegue  hoje  para  fi,  e  para  q^j 
yy  feus  vindouros,  pois  nos  confeffamos  com  as 
,y  admira^oens^  aHegoriados  alvoroi^os^  com  o:^i 
),  pafmosy  metafora  das  alegrias^  e  corti  as  lagry-r 
^y  mas  hypcrbole  dos  affcdos ,  que  a  efle  felicilfw 

„  mo 


dos  Principes  do  BrazdU  Livro  I,    1 07 

mo  dia  fe  deve  unicamente  toda  a  felicidade ,        1728. 
que  logramos ,  e  fe  ha  de  continuar  nas  idades 
futuras. 

XXX.  „  E  Vos  Soberano  Author  do  Univer- 
fo )  pela  voila  Omnipotencia ,  e  defte  Reyno, 
pelo  volTo  amor ,  ebondade,  dignai-vos  de  nos 
^j  fazer  tao  recoiihecidos  a  voila  protec^ao ,  como 
nos  iizeftes  devedores  ao  feu  empenho  :  nao 
vos  lembramos  y  Senhor ,  a  uitima  execu^ao  da 
VoiTa  Divina  Palavra  ,  porque  feria  nao  fo  eP 
quecermo-nos  dos  principios ;,  e  progrelfos  do 
Voflb  patrocinio  ,  mas  luppor  ingrata  ,  e  grof- 
feiramente  na  Voifa  Providencia  o  mefmo  cui- 
dado  com  que  governais  fem  efpeciaiidade  as 
outras  Monarquias.  So  vos  pedimos ,  benignif- 
fimoPay^  aqueile  favor ,  que  Vos  muitas  vezes,- 
por  iegredos  impenetraveis ,  negaes  aos  mef', 
mos  Imperios ,  a  que  dais  as  fortunas ,  o  arden- 
te ;  e  immortal  zelo  da  voifa  Fe-,  a  efficacia 
vigiiante  ,  e  a  ancia  fuaviifima  do  voifo  culto , 
e  venera^ao.  Efla  he  a  Unica  /  e  principal  gra^a, 
que  vos  pedem  aquelles  Monarcas  ,  defcidos 
refpeitofamente  do  feu  Throno  ,  para  chegar  a 
Mageilade  do  voifo;  a  apprefentar  com  a  maior 
fubmiiiao  ,  e  reverencia  efle  memorial ,  nao  fo 
a  voifa  Grandeza  ,  mas  a  voifa  mefma  Jufti^a, 
para  que  (S  defpacheis  >  attendendo  ao  feu  di* 
reito  ,  e  poife  ;  e  todo  efte.  piilfmio  Congreifo, 
depois  de  unir  a  eila  fupplica  os  feus  clamores,  e 
a  conEifjo  da  voifa  Liberalidade  infinita  as  fuas 
,,  acclama^oes ,  vos  rogohumilde  ,  e  reverente 
,,  concedais  aos  feus  Priacipes  >  primeiro  o  voifo 
„  fervi^o ,  o  voifo  refpeito ,  e  o  voffo  agrado, 
„  que  a  fua  mefma  fama ,  queafua  mefma  vi- 

O  u  ,     „  da^ 


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3o8    Hijlom  Fanegyrica  dos  defpoforibs 

172 8.       9>  ^^y  4^^  ^i^na.  mefma  defceiidencia. 

68  Logo  o  Conde  da  Eiiceira  D.  Francifco 
Xavier  de  Menezes ,  em  nome  daquella  eruditilTi- 
ma ,  e  nobililTima  Alfembieia,  repetio  em  applaufo 
dos  defpoforios  da  Senhora  Princeza  das  Afturias, 
,  com  6  Principe  D.  Fernando  ,  efta  tao  fertil ,  e  en- 
genhofilfuna 


O  R  A  q  A  O. 

Miilto  AU09  ePoderofo  %ey ,  e  Se- 
nhores  wffos. 


Orafao  do  Con-  '  m,         ^        ■,       r  1  1     n 

de  da  Ericeira        I.     _,,        m.       Ccendeo-le  no  Olympo  abrilhan- 

aos  cafamentos        ,  &\    tg  tocha  de  Hvmeneo :  apaorou- 

dos  Pnnapcj  das  M      \    r  1  r  1     • 

4ft2irias.  •  )>   "^^         i^  1^0  mundo  o  mlmmante  rayo 

„.  de.Marte;.o  ardor  fe  efcondeo.  naiuz,  e  hum 
_,),.  milhao  de  valerofos  combatentes ,  que  intenta- 
vao  atear  hum  inextinguivel  incendio  no  tlieatro 
de  Europa ,  depondo  as  armas  inflammarao  as 
teas  nupciaes  para  afliftir  feftivos  no  Templq 
j,  da  gloria  de  Hefpanha  ;  Venceo  b  arco  benigno 
„  de  Iris,  ao  arco  fatal  de  Pallas,-  o  Caduceo,  in-j 
„  fignia  dos  Embaixadores  pacificos ,  enla^ou  mai^ 
j,  asSerpentes,  e  nem  como  geroglificos  da,  Pru-, 
^:  dencia  ,  e  da  Sabedoria ,  quiz  ,  que  fe  equivo-^ 
^i  caflem  com  o  horror,  e  com  o  veneno :  Oh,  f^  ■ 
•^•.;Mercurio  ,  quando  me  moftra  o  feu  fymbulo  ^, 
„  me  infpiraife  aiua  eloquencia!  ---     t* 

II     „  De^ 


dos  Prindpes  do  "Bra^U  Livro  I,    i  c  9 

II.  „  DeJiniou  o  mais  erudito  Geografo  de  1728^ 
Grecia  em  forma  de  Dragao  ,  a  fermofa  Europa, 
e  Ihe  deo  Helpanha  por  Cabe^a  ,  de  que  he 
5,  Portugal  a  Coroa.  Sera  ell:e  o  Dragao ,  que  in* 
fiue  luminofo  entre  as  Confleliai^oens  ?  Sera  o 
que  voa  inconftante  entre  os  Metheoros  ?  Nao^ 
porque  fe  guardalTe  os  pomos  de  ouro  das  Hef- 
perides  ^  tendo  tambem  Hefpanha  o  nome  de 
Hefperia ,  pela  eftrella  de  Venus ,  chamada  Hef- 
pero  ,  que  brilha  na  parte  Occidental ,  poderia 
com  efle  aurifero  fruto  lembrar  na  Lufitania,  a 
quem  oiFereceilb  os  feus  tributos  a  mefma 
Thetis,  o  artificio  com  que  no  feu  Epithalamia 
perturbou  a  paz  a  malicia  da  difcordia.  Ago- 
ra  fe  explica  o  mylleriofo  timbre  das  Armas 
dePortugal,  pois  na  luaCoroa  vejo  voar  tam- 
bem  coroado  o  Dragao  de  Europa  ,•  porque 
hoje  fe  ve  triunfante  ,  e  unida  com  a  Coroa  de 
Portugal ,  a  Cabe^a  de  Hefpanha.  Ja  fe  nao  co- 
nhece  a  antiga  divifao ,  que  a  repartio  em  Luii- 
tanica ,  Betica ,  e  Tarraconenfe,  e  nao  he  a  fua 
uniao  caufa  de  emula^oens  valerofas,  oueffeito 
de  fuccelfoens  difputadas.  A  politica,  a  ambicao, 
e  a  mefma  gloria  fe  reduzem  pela  paz ,  pela  fe, 
e  pelo  amor  ,  acollocar  a  tocha  de  Hymeneo 
nas  aras  do  Templo  da  concordia  ,  que  o  fym- 
boiiza  nas  medalhas  ,  dando-fe  as  maos  hum 
Deos ,  e  huma  Deidade.  Mas  donde  me  eleva^ 
para  precipitar-me ,  hum  fiaror  divino  no  vati- 
cinio->,  e  no  entufiafmo  Oratario ,  que  fe  foffe 
fabulofol ,  pareceria  Poetico  ?  O  exceffo  do  al- 
voro^o  fe  modere  na  harmonra  do  refpeito ,  ao 
5,  mefmo  tempo  que  fe  anima  em  hum  rao  fuperior 
j,  afliunpto,  paia  voar  mais  alto  ao  Firmamento. 

XIL    ;^  Da: 


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1 1  o  Hiftona  Vanegyrica  dos  defpoforios 

1728.  III-     n  Darei    a  VofTa  Mageftade  ,   Senhor , 

„  em  nome  da  fua  Academia ,  os  parabens  defta 
„  univerfal  felicidade  de  ambas  as  Monarquias, 
,  ,,  ponderando  quanto  fe  fazem  dignas  de  a  me- 
,,  recer  as  virtudes  Regias ,  de  que  foberana- 
„  mente  fe  adorna ,  principiando  a  Hiftoria  Aca- 
3,  demica  a  celebrar  os  faftos  do  fempre  feliciffi- 
„  mo  numero  do  anno  vigefmio  fegundo  do  feu 
„  gloriofo  Imperio  ?  Repitirei  a  Voifa  Magefk- 
„  de ,  Senhora ,  a  admira^ao  com  que  vejo  re- 
„  produzidas  as  iuas  iingulares  perfei^oens ,  que 
„  nao  podiao  fer  imitadas,  muitiplicando-fe  em 
„  tao  bellos  retratos  ?  Invocarei  de  mais  longe, 
„  oh  Cathoiicos  Monarcas ,  a  Voifas  Magefta- 
„  des ,  e  para  que  infpirem  o  meu  applaufo  nos 
„  feus  Epinicios  ?  Tornarei  a  expor  a  Voftas 
3,  Altezas ,  Principes ,  e  Senhores  noifos  ,  as  cir- 
„  cunftancias ,  que  ouvirao  ponderar  a  mais  elo- 
'  ;,  quente  Orador  ?  Nao  ,  Senhores ,  nao  he  tao 

jy  pouco  o  em  que  me  obriga  a  difcorrer  o  af- 
„  fumpto ,  e  o  preceito ,  que  neceifite  ainda  de 
„  tao  fuperiores  digreifoens ,  para  amplificallo. 

IV.  „  A  Voifa'  Alteza,  Senhora,  fe  dirigem 
„  agora  os  meus  reverentes  votos ,  Sereniinma 
„  Infanta  de  Portugal ,  gloriofiiTima  Princeza  de 
„  Afturias ,  do  Reyno  em  que  acabou  a  tyrannia 
„  de  Africa ,  da  Provincia  em  que  nafceo  a  liber- 
„  dade  de  Heipanha.  A  voifa  Alteza ,  AuguftiiTi- 
„  ma  Maria  ,  a  quem  precederao  cm  Portugal 
„  fete  Infantas  do  mefmo  nome  ,  de  que  Hef 
„  panha  teve  igual  numero  de  Rainhas  ,  para. 
„  que  humas,  e  outras,  como  bencficos  Plane- 
„  tas ,  Ihe  influao ,  e  conmiuniquem  a  ambos  os 
„  Imperios  eternas    felicidades ,  fe  confagrao  os 


,P  meus 


dos  Frincipes.  do  "Bra^iU  Livro  I.    1 1 1 

,y  meus  cultos.  A  V.  Alteza ,  que  excedendo  pou-        172  8. 

„  co  os  tres  primeiros  luftros  da  fua  florida  idade, 

,_,  para  Iaurear-/e  nas  primeiras    quatro  Olympia- 

„  das ;,  deveo  a  fe  mefma ,  a  natureza ,  a  educa- 

j,  ^ao  ,  e  ao  exemplo  quantos  rariifimos  attribu- 

j,  tos  fe  achao  difficilmente  em  tao  bom  ufo  nas 

„  experiencias  de  largos  annos ,  e  quantas  perfei- 

„  ^oens  parece  impoiltvel ,  que  fe  recopilem  em 

,_,  hum  fo  exemplar ;  defejara ,  mas  nao  pode  fer, 

„  reduzH-   a  tao  breve  efpa^o  hum   Panegyrico. 

„  Vem-fe  em  V.  Alteza  fem  confufao  as  linguaS;, 

„  que  agora ,  chegando  ao  Ceo ,  nao  merecerao 

„  o  cafligo  de  facrilegio  ,  e  com  a  propriedade , 

„  e  difcn^ao   da  Portugueza  ,    a  inteligencia  da 

„  Latina ,  Italiana  ,   Hefpanhola  ,   Franceza ,  e 

^,  Alemaa  ,•  e  quando  os  Oradores  deftas  Na§oens 

„  pubhcarem  os  elogios  de  V.  Alteza ,  ou  tiverem 

„  a  fortuna  de  os  recitar  na  fua  prefenca,,  nao  fe 

„  arrifcarao  no  defagrado ,  ou  a  infidehdade  dos 

„  tradutores  ,  confeguindo  a  gloria  ,  e  padecendo 

„  a  modeftia  de  V-  Alteza  a  mortifica^ao  de  in- 

„  tender  fem  interprete  em  todos  os  idiomas  os 

„  feus  applaufos.  A  li^ao  dos  Authores  mai§  liteis, 

„  de  que  as  maximas   infl:ruindo  ,    e  deleitando 

„  animao  com  o  efpirito  o  cora^ao ,  illuftrando 

„  com  as  reflexoens  o  entendimento ,  tem  devido 

„  a  V.  Alteza  no  efiudo  a  atten^ao  melhor  appli- 

„  cada.   Nao  ha  na  Mufica  prcceito  ,    que  por 

„  fuave  i  ou  por  diflicil  nao  ouvifle  a  V.  Alteza 

„  mover  oar  para  o  transformar.  em  ceo  aereo 

„  com  a  melodia  ,-    e  ■  para  cafi:igaIIo  da  oufadia 

„  de  divulgar  atentos  igualmente  divinos,  e  fo- 

„  noros  ,  o  ferio  V.  Alteza  muitas  vezes ,  tocau- 

„.do  os  iijjftrufiientosJiiais  harmoniofos.  Nao  fe- 


»  jat> 


112   Hiftoiia  Panegyrica  dos  defpoforios 

17^8.  ?>  j^^  dedicados  os  exercicios  Venatorios  a  Diana;» 
„  os  Equeftres  a  Pallas ,  os  Artificiofos  a  Mi- 
5^  nerva ,  porque  ja  tem  outra  Deidade  tutelar, 
„  As  virtudes  de  V.  Alteza,  fe  eu  pudeiTe  nume- 
jj  rallas ,  nao  feria6  infinitas  ,•  fe  eu  foubefle  ex- 
,;,  primillas ,  nao  feriao  incomprehenfiveis  ,•  a  ad- 
„  mira^ao  fufpenfa  na  harmonia  de  todas  fe  tranf 
;^,  formcu  em  eftatua  no  feu  Templo  ,  em  deixan- 
yy  do  de  fer  idolo  ,  fem  que  Ihe  permitta  o  filen- 
„  cio  refplendor  como  Oraculo  ,  Ihe  ferve  mais 
,j  de  facrificio ,  que  de  adarno.  Perdeo  a  fortuna 
jy  toda  a  vaidade  de  dominar  as  Deofas  ,  fogei- 
„  tando-fe  ao  Imperio  da  virtude  j  que  premian- 
;„  do  a  fua  docilidade ,  Ihe  fixou  a  roda ,  livran- 
,,  do-a  de  inconfi:ante,  para  que  fofi^e  immortal- 
,j  mente  felice^  o  globo  em  que  firmava  muito 
jy  mal  os  palfos ,  he  agora  o  do  mundo,  em  que 
„  fe  dibuxao  os  vaftos  Dominios  ,  que  V.  Alteza 
iy  vio  no  ber^o  ,  e  que  ha  de  ver  no  thalamo,-  no 
jj  thaiamo,  digo  ,  donde  o  amor  puro  promerte 
„  reftituir  o  devido  culto  a  Venus  Urania,  don- 
„  de  a  cegueira  he  fo  de  fe ,  a  venda  do  indilfolu- 
„  vel  la^o  o  arco  da  paz ,  as  fettas  de  rayos  niai> 
yj  luzidos ,  que  fulminantes  ;  a  aljava  dos  cora- 
„  ^oens ,  e  as  azas  fao  as  que  Ariftophanes  diz , 
„  que  o  amor  deveo  primeiro  a  vidoria.  Efte  he 
„  o  Cupido  celefte  a  que  Platao  reconheceo ,  que 
„  os  deofes  fo  fe  rendiao  ;  no  feu  fogo  ac^en- 
y,  deo  Hymeneo  a  tea ,  dos  feus  accntos  forma' 
„  rao  as  Mufas  o  Epithalamio  ,  reduzindo-fe  q 
j,  circulo  de  todo  o  Orbe  do  feu  Imperio  poj^ 
,",  donde  o  de  Portugal,  e  o  de  Hefpanha  ^c^lx^ 
,-,  ta,  ao  eftreito  annel  nupeiat,  ^ue  nao  feifehe 
„  o  mefmo,  que  tinha  roubado   Saturno  no;  feu 

„  feculo 


dos  Frincipes  do  Bradh  Livro  I,    155 

j,  feculo  deouro,  e  fo  nos  deixa  ver  quando  os        1728. 

„  criftaes  fazem  voar  a  vifta  at^  a  fua  esfera  _,  e 

„  agora  como  Deos  do  Templo^  oreftitue,  mu- 

;,  dando  em  benevola  a  fua  ma  infiuencia,  para 

;,  dar  com  efte  annel  ao  reciproco  vinculo  immor- 

^)  tal  duracao. 

V.  ;,;  AV.  Alteza,  Inclyto  Fernando,  Prin- 
„  cipe  Augufto  de  Afturias  j  ao  mefmo  tempo  in-  • 
j;  voco ,  pois  enchendo  a  medida  daquelle  nome 
„  Maximo,  que  na  lingua  dos  Godos  fignifica 
),  Defenfor  da  Religiao ,  e  Paz  da  terra ,  defem- 
3,  penha  a  imita^ao  de  Fernando  o  Magno  ,  o 
„  Santo ,  e  o  Catholico ,  que  com  myfteriofa  al- 
„  ternativa ,  forao  o  I.  o  III.  e  o  V.  Heroes  do 
„  Throno  de  Hefpanha  ,•  e  nao  fo  como  o  II.  e  o 
,>  IV.  que  coroarao  duas  Infantes  de  Portugal, 
„  fizcrao  fegura  por  ella  razao  a  allian^a  das  duas 
j,  Coroas  ,•  mas  deveo  o  noffo  Reyno  ao  Primeiro 
,,  tambem  as  primeiras  Conquiftas  contra  aufur- 
jy  pa^ao  dos  barbaros  ,•  ao  III.  a  vigorofa  diverfao 
„  na  Conquifla  de  Scvilha  ,•  ao  V.  que  dividindo 
„  o  mundo  ,  e  a  mefma  esfera  com  outro  Joao , 
„.  tambem  Rey  de  Portugal ,  e  Principe  Perfeito,  ' 

,>  por  hum  Tratado  que  nao  tem  exempk)  nas 
„  Hifforias,  repartirao,  e  regularao  os  dous  Mo- 
„  narcas  o  giro  do  Sol ,  que  nunca  fe  efconde 
^j,  nos  feus  Imperios,  accrefcentando  aos  circuIo§ 

Celeftes  da  primeira  grandeza,  meredianos,  a 

jj  que  as  fuas  verdadeiras  Conquiflas  mud^rao  o 

5,  nome  de  imaginarios.  A  V.  Alteza  fe  encami- 

ip  nha  efta  Oracao  ,•  ven^a  o  impulfo  com  que  a 

fj  minha  voz  fe  esfor^a  com  a  alegria  ,  a  diflancia 

^  j,  de  cem  legoas ,  pois  ja  eflao  por  milagre  da  al- 

!  ,>  lian^a  tao  unidas  as  duas  Cortes  ,  que  como  na 

P  ;,  fym- 


i  V 


1 14    Hifioria  Tanegyrica  dos  defyojorios 

1728.  ?>  fympatia  de  duas  Lyras,  he  huma  fo  a  confo 
„  nancia  ,  ja  me  parece  ,  que  vejo  em  V.  Akeza 
yy  viva  a  gentileza ,  que  nao  perdeo  no  retrato  a 
,,  alma  que  a  inflamma.  Ja  vejo ,  que  na  pintura 
„  fe  encobre  no  tenro  o  robufto ,  confervando  a 
„  vigor  na  proporgao.  A  efpada  da  negra  cor 
„  com  que  V.  Akeza  a  exercita  ,  ja  moftra  comck 
,,  triftc  Comcta ,  que  ameaca  nos  primeiros  en- 
,,  fayos  a  ruina  dos  Infieis ,  que  timidos  fogem 
j,  do  fitio  de  Ceuta  ,  depois  que  o  virao  durar 
j,  tres  vezes ,  e  ainda  mais ,  que  o  da  famofa ,  e 
,y  infelice  Troya.  Ja  vejo,  que  os  lilhos  veiozesjf 
,,  que  em  Lufitania  produz  o  Zefiro ,  cedem  a 
„  doutrina  ,•  e  o  feu  inftin<5lo  ,  ou  a  fua  maquina 
jy  reconhecem  que  V.  Akeza  Ihes  da  com  a  difci- 
„  plina  a  obediencia  ,  e  Ihes  augmenta  com  o  vi- 
„  gor  a  valentia.  Ja  vejo ,  que  os  trabalhos  de 
^  Hercules  fe  fazem  criveis ,  pois  vence  V.  Ake- 
,,  za  na  ca^a  os  brutos  rnais  ferozes ,  para  que  os 
„  Leoens  de  Africa  fe  nao  refiflao  ao  Alcides  > 
,,  que  os  fogeita ,  ate  vendo  fo  pintados  nas  Ar- 
y,  mas  os  Leoens  do  Reyno  a  que  derao  o  nome. 
„  Ja  vejo ,  que  V,  Akeza  comprehende  na  Geo- 
„  grafia  o  mundo  de  que  domina  tao  grande  par- 
„  tc  ,•  e  na  Aftronomia ,  que  fabera  obfervar  huma 
jy  Eftrella  nova,  mais  benigna,  brilhante,  e  per- 
„  manente, ,  que  a  que  reiplandcceo  em  CalTio- 
„  pea.  Ja  vejo ,  ou  ja  OU90  a  prudente  reflexao  i 
„  com  que  V.  Akeza  pondera ,  a  difcreta  promp- 
„  tidao  com  que  refponde ,  a  forte  eflicacia  com- 
^y  que  argue ,  e  todos  os  documentos  da  Gram-  1 
„  matica,  da  RJietorica  ,  e  da  Logica,  executa- 
,,  dos  na  propriedade ,  no  adorno,  e  na  agudeza> 
„  com  que  em  muitos  idiomas  puramente  fe  ex- 

„  pUca. 


dos  Principes .  do  "Bra^^il ,  Livro  I.     1 1 5 

„  plica.  Os  Heroes  ,   que  ha  tantos  feciilos  ref-        1728. 

„  pJandecerao  nas  Familias  excelfas  de  Auflria , 

^j  BorboU;  Call:elia,  e  Saboya,  com  o  feu  fangue^ 

„  derao  a  V.  Alteza  por  muitas  linhas  o.del-Rcy 

;,,  D.  Manoel  de  Portugal ;,  e  com  elle  as  felici- 

„  dades"dofeu  gloriofo  feculo.  Como  V.  Xlteza 

,,  nao  deve  menos  a  educa^ao ,  que  a  natureza, 

jy  tam.bem  renovara  as  memorias    dos  Principes 

„  das  Reaes  Cafas  Farnefio ,   e  Palatina ,  huma 

„  defcendente  ,  outra  afcendente  da  Portugueza, 

;,  Uj)indo-fe  a  produzir  na  Rainha  Catholica  Ifa- 

„  bel ,  o  mais  adorado  objedo ,  que  a  Hefpanlia 

„  vio  no  feu  Throno ,  que  fepartindo ,  e  igualan- 

„  do  o  amor  entre  o  filho  adoptivo,  e  os  proprios^ 

„  com  huma  fuave  violencia  ao  faugue ,  nao  dei- 

„  xa  diflinguir  o  carinho ,  que  pela  mefma  caufa 

„  acha  V.  Alteza  fem  diiferen^a  nos  novos  Piys 

jy  Portuguezes ,  que  Ihe  naturalizou  efla  Augufia 

„  affinidade. 

VI.  „0  Tejo ,  que  fe  atreveo  a  retratar  a 
„  V.Alteza,  Princeza  SerenifTmia ,  no  feu  Orien- 
„  te ,  porque  fempre  tinlia  fido  efpelho  do  Sol  no 
„  feu  Occafo,  imita  agora  ao  mefmo  Aflro  no 
„  movimento ,  com  que  o  primeiro  movel  o  ar- 
j,,  rebata  do  Occidente  para  o  Oriente  ,  e  retroce- 
^,  de  defde  donde  acaba  no  Oceano  ,  para  a  fon- 
,j  te  de  que  nafce.  As  Tagidcs  fazendo  enveja 
„  as  faudofas  Nereidas  arrebatao  a  V.  Alteza  em  ' 
„  hum  .  carro  de  perolas ,  e  fafiras  ,•  porem  as  Nin- 
-yy  fa?  'do  Manganares  fao  mais  ditofas  ,em  quanta 
yy  Ihes'  nao  roubao  efle  thefouro  as  Driadas,  e  as 
„  Napeas  dos  bofques  ,  e  dos  jardins  de  tantos 
'„  antigos,  e  novos  magnificos  Palacios ,  donde 
yy  eflas  Semideofasferviraoia  V.  Alteza  obfequio- 

P  ii  „  fas. 


11(5  Hi/ioriaPanegyricadoideJpoJorm 

172S,  ,y  fsis.  Oh  quanta  afFe61uofa  emulacao ,  que  tem 
j,  feito  as  Lufitanas  !  Pois  fe  achao  obrigadas  a 
„  celebrar  o  que  fentem ,  a  fentir  o  que  feftejao, 
„  offerecendo  o  mefmo  Tejo  a  V.  Alteza  a  can- 
„  dida  veftidura  nupcial  da  iua  prata ,  enriqueci- 
„  da  com  a  aurifera  guarnigao ,  com  que  tribu-- 
„  tou  aos  feus  Monarcas  as  Coroas  ^  e  os  Scep- 
;;  tros ,  accrefcentada  com  os  preciofos  feudos  , 
„  que  como  aoVelozino,  conduzem  aos  feUs  Ar^ 
j,  gonautas  em  tanta  abundancia ,  que  o  ouro  f& 
j,  efcondeo  nas  fuas  nativas  areas. 

VII.  y,  Nos  antigos  ritos  fe  coroavao  de  lou- 
*  j,  ro  os  dous  efpofos  ,•  donde  fe  vera  mais  pro- 
,)  priamente  reverdecer  a  Arvore  de  Apollo ,  que 
;)  rias  cabe^as  em  que  florccem  os  triunfos,  com  ^ 
^ '  que  os  dous  Quintosr  Monarcas  nas  duas  par- 
^  tes  oppoftas  ao  Mediterraneo  ,  vencerao  na  ter- 
,^  ra,  e  no  mar  os  dous  mais  poderofos  Princi- 
j,  pes  infieis  ?  Aquelles  Heroes  fao  os  Proteftores 
y,  de  duas  Academias  Reaes :  a  Hefpanhola  aper- 
,>  fei^oa  a  lingua ,  para  que  fe  efcreva  puramen- 
,',.\te  aHiftoria  :  aPortugueza  reflitue  a  verdade 
„  com  que  a  mefma  Hiftoria  deve  efcreverfe,  dan- 

/  ,',  ido-Ihe  huma  ocorpo,  outraaalma,-  com  toda 

„  a  que  V.  Mageftade  ,  Senhor,  Ihe  inipirou, 
j,  quando  Ihe  deo  vida,  ofFerece  aV.  Mageftade 
j,  efta  Academia  os  mais  fynceros  votos ,  porque 
^,  fao  osmais  verdadeiros  :  efta  confagra  a  Voftas 
j,  Altezas  a  mefma  fonora  exclamacao  com  que 
^'-os  Poetas  antigos,  quafi  Profetas,  nao  enten- 
jy  diao  que  podia  fer  perfeitamrente  felice  hum 
;),  fo  Hymeneoj  e  parece  que  vaticinando  eftcs 
,)  dous,  oinvocavao  duas  vezesnos  verfbs  inter- 
',^^calares  de  cada  JEpithalamio ,  oh  Hymeneo ,  oh 

■    "  ;)  Hy-: 


dosPrinclpesdo^Bra^ili  Livrol*     iif 

„  Hymeneo.  Se  nao  fora  contra  a  urbanidaide  dos  I72$*i 
;,  dias  alegres ,  e  feftivos  pronunciar  as  vozes  fig- 
,y  nificativ^as  de  hum  pezar ,  muito  me  occorriao 
j)  as  finifnmas  expreflbens  fo  Portuguezas  de  ma- 
„  goa ,  e  faudade ,  que  os  antigos  chamavao  So'r 
,y  dade ,  e  explicarao  com  hum  fo  termo  a  aufen- 
„  cia ,  e  fblidao.  Nao  fei  fe  v^ ,  que  fenao  dif- 
„  tinguem  em  todos  os  Portugiiezes  as  iagrymas, 
,;  que  equivocao  hum  exceflivo  gofto ,  com  hum 
,;  amante  fentimento  ,  e  que  eftes  criflaes  aug- 
„  mentao  os  obje^los ,  quanto .  mais  fe  apartao 
,y  dos  olhos  :  feguem  os  de  todos  a  V.  Alteza, 
„  vendo>a  ja  deixar  os  dilatados-  hmites  do  Rey- 
„  no  que  illuftra,  para  ir  dominar  tantas  Ilhas; 
„  tantas  Provincias ,  tantos  Reynos ,  tantas  Re- 
;,,  gioenS;  tantos  Imperios.  T«rne  o  mefmo  Sol 
yy  a  fervir-rne  de  exempIanV.  Alteza  quando  em 
„  Lisboa  teve  o  feu  Oriente  nafcendo  Princeza 
„  primogenita  de  Portugal  >  vio  qu€  o  mefmo 
„  Sol  no  dominio  Oriental  defla  Coroa  ,  para 
;>  nafcer  fe  naturalizava,  dando-Ihe  a  vaflallagem, 
„  rendcndo-fe  as  vi^lorias ,  ^^ue  na  Afla  alcan^ou 
,j  Ei-Rey  feu  Pay  ,  igualando  os  feus  inclytos 
„  PredecefTores ,  que  defcobrirao ,  e  conquiflarao 
5,  aquella  parte  Oriental  do  mundo.  Vera  V.  AI- 
„  teza  o  meOno  Sol  dominado  no  feuOccidente 
v„  no  Imperio  del-Rey  Catholico ,  de  que^  tambem 
„  feus  excelfos  Progenitores  fizerao  o.defcobri- 
,y  mento ,!  e  a  conquifla  da  parte  do,  mundo  mais 
j,  Occidemal ,  aque  Portugal  deo  o  nome,  e  don<, 
„  de  confeFva  hum  opulento  Dominio,  produzin' 
y,  do  anjbos  o  ouro,  eaprata  que  a  fejis  Princi-, 
,j  pes  ft^erecem  com  profuf^o  a  terra  da  Ameri- 
yy  cay  abrindo  asentranhas,  eosfeus  habitadores- 
n  oscora^oens.  VIII.     ,;  Oh , 


n8   Hi/ioriaPanegyrica dos defpoforios 

1728.  VIII.     „  Oh  permitta  o  mefmo  Ceo,  que  efte 

„  giro ,  em  que  V.  Alteza  imita  ao  Sol ,    conte 

„  tantos  circulos  do  feu  Oriente  ao  feu  Occafo, 

„  que  nas  larguilTimas  vidas  dos  quatro  Monar- 

j,  cas  y  dos  quatro  Principes  ,  dos  onze  Infantes, 

„  de  que  ategora  fe  compoem  as  Regias,  e  allia- 

„  das  Familias,   que  repartem    a  invencivei  Pe- 

„  ninfula  deHefpanha,  Cabega  de  Europa ,  e  das 

„  outras  tres  partes  do  mundo,'  exceda  o  nume- 

;,,  ro  dos  annos  dc  cada  hum  de  Voflas  Magefta- 

„  des ,  e  Altezas,  e  de  toda  a  fua  feliciiTima  def 

„  cendencia ,  as  Eftrellas,  que  Ihe  participao  tao 

„  benignos  influxos,  e  a  que  obfervao,  e  dominao 

„  como  Sabios ! 

^9  Refpeitando  o  Marqtlez  de  los  Balbazes 
os  fauftos ,  e  Reaes  delpoforios  dos  SerenifTimos 
Principes  das  Afturias ,  os  feftejou  no  feu  Palacio 
com  huma  compofi^ao  Di-amatica  altaliana,  em 
Mufica  intitulada :  As  Amazoms  de  Hefpanha.  A 
1 8.  d^e  mez ,  a  tempo ,  em  que  ja  fe  andava  def 
pedindo  da  nobreza  para  partir  para  a  Corte  del- 
Rcy  feu  amo ,  tornou  a  obiequiar  ultimamente  o 
mefmo  foberano  alfunto  com  outra  femelhante, 
intitulada :  Amor  aumenta  el  valor.  Foi  compofta 
a  mufica  pelo  celebre  D.  Jayme  Faco ,  e  forao  al- 
tcrnadas  ambas  eftas  Operas  com  balhes,  e  faine- 
tesmui  primorofos.  Corividou  o  Marquez  para 
eftes  divertimentos  a  principal  nobreza ,  a  quem 
fez  a  lifonja  de  dar  huma  grande  quantidade  de 
doces  exquifitos ,  e  muitos ,  e  divecfiflimos  generos 
de  bebidas  geladas.  ;-"'r-  < 

'  yo     Em  doze  de  Janeiro  receberao  ordem  os 
^TituIos,  que  haviao  fido  tefteriiunhas  dos  Reaes 

niOi  def 


'dos  Pdncipes  do  "Bra^iU  Linjro  I.    1 1,9 

defpoforios  do  Principe  ,  e  Princeza  das  Afturias,  j  7  2  8. 
por  via  do  Secretario  de  Eftado  para  fe  acharem  na 
manhaa  do  outro  dia  proximamente  feguintc  na 
Santa  Igreja  Patriarcal ,  para  aiTmaTem  o  affento 
do  Recibimento  dos  Principes  das  Afturias  ^  do  Re- 
verendo  Cura  da  mefma  Igreja,  e  que  fe  havia  de 
expedir  para  Madrid.  Eifaqui  o  feu  teor : 


i,  TOfeph  de  Almeida,  Paroco  Cuia  da  Sacro- ^-^g^^^V.il^: 
„  fj  lanta  Bafilica  Patriarcal  de  Lisboa  ,  certifi-  arcal ,  do  rccibl 
f,  co,  que  no  Uvro  primeiro  dos  Cafamentos ,  (^q,  mentodosPnnci. 
„  fe  celebrao  na  dita  Bafilica,  folhas  62.  efta  hum^^"' 
j,  aHerito  do  teor  feguintc.  No  anno  do  Nafci- 
„  meato  de  Noifo  Senhor  JESU  Chrifto  de  1728. 
„  aos  onze  de  Janeiro,  nelta  Sacrofanra  Bafilica 
j,  Patriarcal  de  Lisboa,  tendo  precedido  a  difpen, 
„  facao  do  nolfo  Senhor  Patriarca  D.  Thomas  de 
„  Almeida  o  Primeiro,  das  tres  denuncia^oens , 
„  que  ordena  o  Sagrado  Concilio  Tridentino ,  a 
,f  qual  foi  lida  publicamente  ,•  e  conftando  ao  mef 
';,  mo  Senhor  Patriarca  ",  nao  haver  impedimento 
„  algum  Canonico ,  perguntou  a  El-Rey  de  Por- 
,,  tugal,  noflb  Senhor,  D.  Joao  V.  como  Procu» 
„  rador  do  Sereniflimo  Senhor  D.  Fernando,  Prin- 
,,  cipe  das  Afturias  ,  filho  do  Sereniflimo  Senhor 
„  Rey  Catholico ,  D.  Filippe  V. ,  e  da  SereniiTmia 
,j  Senhora  Rainha  Catholica  D.  Maria  Luiza  Ga- 
jf  brieU  de  Saboya ,  fua  primeira  mulher ,  ja  de- 
„  funta,  cujo  poder  foi  reconhecido,  e  approva- 
„  do  pelo  mefmo  Senhor  Patriarca ,  e  a  Serenifli- 
p  ma  Senhora  D.  Maria  Barbara ,  Infanta  de  Por- 
„  tugal,  filha  do  Serenifliimo  Senhor  Rey  D.  Joao 
„  V.  edaSereniflLiinaSenhora  Rainha  D.  Marian.- 

»  na 


I 


120  Hiftoiia  Panegyrica  dos  defpoforios 

1728  n  ^^  ^^  Auftria,  nofla  Senhora,  e  havido  ocorx- 
„  fenfo  de  ambos  ,  juntou  em  Matrimonio  fo- 
„  lemnemente  ,  e  por  palavras  de  prefente  ao 
j,  dito  Senhor  D.  Fernando ,  Principe  das  Af-t 
„  turias  ,  mediante  a  Real  Peflba  do  mefmo 
„  Rey  D'.  Joao  V.  noflb  Senhor ;  como  Procu- 
/  „  rador  do  dito  Principe  ,    com  a  dita  Senhora 

„  D.  Mana ,  Infanta  de  Portugal ,  e  fendo  Tef- 
yy  temunhas    prefentes    o  Conde    de  Alfumar  D. 
j,  Joao   de  Almeida  ,    que    ferve  de   Mordomo 
3,  mor  del-Rey ,    noflx)  Senhor  ,•    o  Marquez  de 
j,  Alegrete  Fernando    Tefles    da  Silva,    Gentii- 
jy  homem  da  Camara  de  Sua  Mageftade  j  o  Du- 
^,  que  de  Cadaval  D.  Jayme    de  Mello  ,   Eftri- 
„  beiro  mor  de  Sua  Mageftade  ,•  o  Marquez  de 
„  Fronteira  D.   Fernando   Mafcarenhas  ,    Mor- 
j,  domo  mor  da  Rainha   nofl^a  Senhora  ,•  Gaftao 
;,  Jofeph  da  Camara  ,   Eflribeiro   mor  da  mef- 
„  ma  Senhora ;  o  Marquez  de  Marialva  D.  Dio- 
,;  go   de  Noronha  ,    Gentil-homem    d.a  Camara  j 
.,  de  Sua  Mageftade  ,    que    afllftia    ao  Principe  ' 
„  noflb  Senhor  ,•    o  Mal^uez  de  Angeja  D.  Pe-  j 
„  dro  de  Noronlia ,    Mordomo  mor  da  Prince- 
.,  za   nofl^a  Senhora  ;    Pedro   de    Vafconcellos , 
„  Eftribeiro   mor   da  mefma  Senhora  j    o  Mar- 
„  quez  de  Niza ,  D.  Vafco  da  Gama  ,•  o  Mar- 
,,  quez   de  Cafcaes  D.  Manoel  Jofeph    de  Caf-^ 
„  tro  -y    o  Marquez    de  Valenga    D.   Francifco 
;,,  de  Portugal  ,•   e  o  Marquez  de  Alegrete  Ma- 
j,  noel    Telles  da  Silva  ;    o  que  tudo  acima  ef-( 
„  crito   aflirmo    pafl^ar  na  verdade  ,    eu  Joicph 
,,  de  Almeida  ,    Paroco  Cura   da  mefma  Sacro-| 
„  fanta  Baftlica   Patriarcal  ,  em  fe  do  que  fixiv 
^  efte  aflTento  ,    e  0  aflTino  ;»   e  as  doze  Tefte-^i^j; 

„  munhas|i 


dQS^Frincipesdo^Bra^iLivral*    121. 

.^  munhasj  hoje  13.  de  Janeiio  do  dito  aiinode 
?y  1728.    . 

0  Cura  Jofiph  de  Almelda, 


172&. 


Xgjiemunbaf,* 


0  Conde  de  AJfumar,  D.  Joao 

de  Ahneida. 
0  Marquez  de  A/egrete ,  Ter- 

nando  Telles^da  Sllva. 
O  Duque  Ejlrlheiro  mor,  D. 

Jajme  de  Mello. 
0  Marquez  de  Fronteira ,  D. 

Fernando  Mafcarenhas. 
Qaftao  jfofeph  da  Camara,  FJ^ 

tribeiro  mor  da  Rainha  noj- 
Ja  Senhora. 
0  Marquez  de  Mariaha ,  D. 

Diogo  de  Noronha. 
OMarquez  de  Angeja,'D.  Pe- 

dro  de  Noronha. 
Pedrc^  ^feonceloSyEftribeiro 

mor  da  Prince:ia  do  Brazil. 
.  0  Marquez  Almirante,  D.Vafe 

co  da  Gama. 
0  Marquez   de  Cafraes ,   D. 

Manoel  Jofeeph  de  Caftro. 
0  Marquez  de  Va/en^a ,    D. 

Francifeo  de  Portugal. 
0  Marquez  de  A/egrete ,  Ma^ 

nocl  Telles  da  Si/va, 


Per  parte  deh 
Rey  dePormgal, 


Porparte  del- 
Rey  Catholicfi- 


E  Iiao 


,1728. 


122 


Hiftcria  Fanegyrica  dos  defpoforws 


)) 


)> 


)) 


)) 


E 


Nao  contem  mais  o  dito  airento  ,-  que 
fielmente  tresJadei  do  referido  livro  ,  a 
que  me  reporto^  em  fe  do  que  palTei  a  pre- 
fente  Certidao  ,  e  aflinei ,  nefta  Sacrofanta  Bafi- 
lica.  Patriarcal  de  Lisboa ,  aos  vinte  dias  do  mez 


,_,  de  Janeirode  1728. 


.-,  \«V'. 


;0  ,Cura  Jofeph  de  Ailmeida. 


7 1     Em  cinco  de  Fevereiro  tornou  a  Academia 
Reai  da  Hiftoria  Portugueza  ao  Pago  j  e  nefta  Con- 
ferenci^  rendeo;,  comoja  tocamos,  em  nome  della, , 
as  devidas .  gra^as  a  EI-Rey  D.  Joao ,  pela  hon- 
ra,  que  ,  como  tambem  ja  diflemos,  ao  modo  de  ! 
corpo  de  Tribunal  recebera ,  para  congratular  a ; 
Suas ;  Mageftades ,  e  Altezas  pelos  Reaes ,  e  ja; 
rcferidos  defpoforios ,  o  M.  R.  Padre  D.  Manoel 
Caietano  de  Soufa  da  Divina  Providencia,  Pro- 
Commiirario  da  BuUa  da  Santa  Cruzada  ,  e  Aca- 
demico  do  numero  ,  e  Direclor  daquelle  meritiffi- 
nio  Conclave ,  nejfla  elegantiffima 


OrafaB  do  P.  D. 
MaJioel  Caietano  ' 
de  Souja  ,    em      ^•' 
figradecimento  da  „ 
honra,  qiie    Sua 
Mageflade  fez  d  " 
Academiat  )) 


O  R  A  q  A  o. 

'^  M  arduo  cmpenho  me  pqem  nefta  ho-;^ 
ra  o  tocar-me   hoje  a  Direcgao  dcftap 
Real  Academia,-  e  muito  mais  arduo 
a  vifla  da  obriga^ao  ,  que  nos  impoem  a  fua 
Empreza  heroica.  Aquella  figura  fem  voz  nos 


5> 


efta 


dos  Principes  do  "Bra^iU  Livro  I.    1 2  5 

ff  efta  clamando ,  que  figamos  a  verdade.  Defti- 

^  tuida  das  roupas  nos  aconfelha ,  que  a  nao  en- 

„  cubramos.  Cercada  de  relplandores  nos  moftra, 

„  que  defeja  fahir  a  luz  do  mundo.  Collocada  fi- 

„  nalmente  fobre  huma  bafe  cubica^  que  he  fymbo' 

;,,  lo  da  firmeza ,  nos  manda ,  que  a  deixemos  bem 

y,  eftabelecida.  Obrigado  da  forca   da  verdade , 

„  venho  hoje  a  repetir  a  maior  gloria  da  Acade- 

jf  mia.  E  ainda  que  tenho  a  honra  de  fer  hum  dos 

„  defta  fociedade ,  e  como  tal  tambem  participo 

„  da  fua  gloria ,  nao  receyo  a  fevera  cenfura  de 

„  Ariftoteles  ,  que  julgava  que  os  homens,  quanto 

,,  as  materias  que  Ihe  tocavao  y  deviao  fer  mudos; 

porque  publicar  o  louvor  proprio ,  era  moftrar 

arrogancia  da  vontade  ,•  e  manifcflar  o  vitupe- 

_,,  rio ,  era  deixar  o  entendimento  infamado  :  De 

„  Jcmetipfo  in  neiitram  partem  loqui  debere  pradi- 

;,  cabat :  quoniam  laudarefe  vaniy  vituperare  flul- 

„  ti  ejjet.  (  Valer.  Max.  I.  C.  n. ) 

„  Sem  temor  da  cenfura  do  Principe  dos 
yy  Peripateticos  Gregos ,  hei  de  celebrar  hoje  a 
„  gloria  da  mefma  Academia ,  de  que  fou  parte, 
„  ( ainda  que  minima )  porque  tenho  em  minha 
„  defenfa  o  Principe  dos  Eftoicos  Latinos.  A 
„  maior  grandeza  defta  Academia  he  o  novo  be- 
_,,  neficio ,  que  Ihe  fez  o  noftb  Auguftifilmo  Mo- 
,,  narca ,  que  he  o  tella  igualado  aos  feus  Tribu- 
,,  naes  na  honra  ,  communicando  a  Academia, 
^  no  mefmo  dia  que  aos  Tribunaes ,  e  pelas  mef- 
„  mas  palavras ,  as  fauftiffimas  noticias  dos  Matri- 
„  monios  dos  Auguftillimos  Principes  do  Brazil ,, 
„  e  das  Afturias  ,•  e  mandando  ,  que  a  Academia 
„  nos  mefmos  dias  que  os  Tribunaes ,  foft^e  fem 
p,  precedencias  beijar  as  maos  de  Suas  Magefta- 

<2  ii  ,         ,;  des. 


1728. 


/  ]f24  Hifloria  PanegyHca  dos  defpoforlos 

T728.  >>  ^^^>  eAltezas:  com  que  nao  fo  deo  ao  Corpo 
„  da  Academia  as  honras  de  Tribunal ,  mas  igua- 
,,  lou-o  a  todos  os  Tribunaes ,  negando  a  cada 
j,  hum  delles  a  precedencia.  He  efta  huma  exal^ 
ta^ao  tao  relevante  ,  que  parece ,.  que  a  nao 
pode  publicar  a  Academia ,  fem  que  a  modef- 
tia  fique  queixofa.  Mas  como  efla  honra  he  ef-* 
feito  de  hum  Real  beneficio ,  he  obrigada  a  pu- 
bhcallo ,  feguindo  o  di^lame  de  Seneca  ,  que 
faliando  dos  beneficios ,  diz  :  Narret  qut  acce- 
pit.  (  Seneca  de  Beneficiis,  hb.  i.  cap.  1 1.) 

„  Nao  fe  contenta  aqueUe  Efloico  ,  com 
,,  que  fe  narre  o  beneficio  ,•  quer  ,  que  fe  celebrc 
em  pubhco,-  quer,  que  fe  manifefle  em  hum 
numerofo  Congreffo  ;  quer,  que  fe  communi- 
que  a  hum  copiofifTimo  auditorio ;  Accipknti  ad- 
hibenda  concio  eft.  (  Seneca  de  Beneficiis,  iib.2. 
cap.  23.  )  Seguindo  efla  doutrina,  deveaAca- 
demia  procurar ,  que  ouQa  todo  o  mundo  a  glo- 
ria  a  que  fe  ve  elevada  pela  Real  beneficencia , 
que  fe  dignou  de  igualalla  aos  Tribunaes  Ke- 

„  A'Iem  diflo  nao  pode  a  Academia  encobrir 
efla  verdade  ,  porquc  tem  por  Empreza  a  Ver- 
dade  nua.  Nao  pode  deixalla  nas  fombras  do  fi- 
lencio ,  porque  tem  por  Empreza  a  Verdade 
cercada  de  efplendores.  Nem  fe  pode  duvidar 
da  feguran^a  defla  verdade  ,  porque  tem  hum 
fundamento  muito  mais  feguro,  que  amefma 
bafe ,  fobre  que  fe  ve  a  imagem  da  Verdade  na 
nolfa  Empreza  ,•  pois  fe  funda  no  Real  Decre-  • 
to  ,  que  fe  nos  deo  impreffo  na  Conferencia. 
paffada  :  naquelle  Decreto  ,  firmiiJo  por  Sua. 
Mageflade  em  4.  de  Janeiro  defle  ansio. 

„  E  fendo 


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dos  Prmcipes  do  'Bra::^,!,  Lroro  I.<   1 2  j* 

„  E  fendo  tao  grande  em  fi  efte  beneficio,       X7zi 
he  incomparavelmente  maior  pelo  dia,  em  que 
fc  nos  cojicedeo.  Fez-nos  Sua  Mageftade  aquel- 


la  merce  no  dia  mais  feftivo ,  que  Portugai  teve 
efte  anno.  No  dia  ,  em  que  toda  a  Gorte  cele- 
brava  o  Cafamento  do  nolfo  Auguftiflimo  Prin^ 
cipe  ,  e  entre  o  ruido  dos  applaufos  daquelle 
dia }  fe  lembrou  Sua  Mageftade  defta  Acade- 
mia.  Deo-Ihe  aquella  alegre  noticia^,  como  a 
todos  os  Tribunaes,  e  mandou-Ihe ,  que  com  to- 
dos  foife  a  fua  Real  prefen^a.  Nao  quiz  guar- 
dar  efta  merce  para  outro  dia ,  nao  fo  por  jiao 
retardar  o  benencio ,  mas  para  declarar  melhor 
a  qualidade  delle.  Se  foramos  ao  Pago  em  ou- 
tro  dia,  nao  ficaria  tao  claro,  que  igualava  aos 
Tribunaes  a  Academia ;  nao  creria  o  mundo , 
que  a  benignidade  Real  igualava  aos  Tribunaes 
efte  Sabio  Congreifo. 

„  Teve  efta  merce  outra  circunftancia ,  que 
a  faz  fummamente  eftimavel ,  e  he  o  nao  fer  de 
antes  pertendida.  Porem  fendo  nifto  fmgular 
entre  a  mqior  parte  das  merces,  que  fe  coftu- 
mao  fazer  no  mundo,  nao  tem  difteren^a  de 
todas  a&  outras,  que  Sua  Mageftade  tem  feito 
a  Academia,-  porque  fempre  a  generofidade  Real 
fe  anticipou  aos  noftbs  rogos :  fempre  a  Acade- 
mia  fe  vio  obrigada  aagradecer,  muito»antes 
que  Ihe  viefle  ao  penfamento  o  pedin 

„  Quer  Sua  Mageftade  moftrar-fe  Prote£lor 
da  Academia ,  ate  em  livralla  do  incommodo 
de  pertendcr.  Extendefe  fempre  a  fua  Real  be- 
neficencia  muito  mais  longe  que  o  termo  ,  a 
que  podia  chegar  a  noila  ambi^ao  ,  ainda  quan- 
^f  do  folfe  fem  limite, 

j,  Cer- 


}} 

V 

» 

V 

V 

h 


126   Hijioriapane^yricadosdcfpojorws 

1728  '       J?  Certamente  nunca  a  maiqr  ambi^ao  de 

*  '„  ^huma  Academia,  podia  afpirar  a  verfe  igualada 
j^  aos  Tribunaes  Regios ;  nos  quaes  refplandecem 
j^  huns  reflexos  da  Soberania ,  e  huma  participa- 
,,.  ^ao  da  Mageftade ;  mas  quiz  a  benignidade 
„  del-Rey  nolfo  Senhor  fazer  a  Academia  hum 
„  beneficio  ,  que  ella  nunca  fe  atreveo  a  defe- 
>,  jar. 

•  „  Nao  chegava  amda  anolTa  comprehen- 
-,,  fao  a  perceber  a  poflibihdade  defle  beneficio ; 
_,j  mashamuito  tempo  ,  que  a  Reai  providencia 
,1  o  tinha  premeditado,  e  fo  tardou  emconferil- 
y^  lo  o  tempo  ,  que  fe  dilatou  a  occafiao  de  me- 
3>"rer  de  polle  deile  a  Academia.  Efperou  o  tera- 
^/  p(j ,  em  que  fe  deviao  ajuntar  todos  os  Tribu- 
j,  nacs  no  Pa§o  ,  e  tanto  que  efte  chegou ,  logo 
■jy  refolveo ,  que  foffe  com  os  Tribunaes  Regios  a 
,,  Academia  Real ,  igualando-a  a  todos  elles. 

-  j,  Nao  cuidem ,  que  he  atrevimento  meu 
,^;.o  introduzh-me  a  penetrar  os  Regios  defignios, 
^-.  quando  digo  ,  que  Sua  Magefl:ade  ha  muito 
^^  'tempo  que  tinha  premeditado  o  fazer  a  Acade- 
„  mia  efte  beneficio ;  porque  ha  muito  tempo , 
,y  que  no  lo  tinha  vaticinado  a  clemencia  Real ; 
„  mas  nao  entendeo  a  noflli  modeftia ,  que  fe  nos 
„  preparava  huma  tao  alta  fortuna.  Porem  he  pro- 
„  prio  dos  vaticinios  nao  fe  entenderem  fenao  pe- 
jj  la  lingua  dos  fucceflbs.  Expedio  Sua  Mageftade 
„  o  Decreto  de  29.  de  Abril  do  anno  de  1722. 

•  ^,;  pelo  qual  eximio  as  obras  dos  Academicos  da  i 

jj  cenfura  do  Supremo  Senado  do  Defembargo  do^,f 
„  Pa^o,  e  deo  a  Academiajurifdic^ao ,  para  man- 
„  dar  imprimir  os  feus  livros ,  fo  com  a  approva- 
yy  §a6  dos  Revedores  por  eila  nomeados ,  fem  dev 

„  pendencia 


dos  Pri^0pesjv  "Bra^li^Lvvrp  I.    i  ij 

„  pendencia  de  outro  Tribunal,  puramente  Re-        X7Z% 

„  gio.  E  qufi  outra  coufa  foi  aquelle  Decreto, 

^.  .6na6  huOT  Real  0raculp,  qiie  nos  eftava  ma- 

„  nifeftando  o  Auguflo  animo  ,    e  predizehdo  o 

^y  beneficio,  que  SuaMageftade  nos  queria  con- 

„  ferir ,    como   fez   pelo  Deereto  de  quatro  de 

„  Janciro  ?  O  primeiro  Decreto  foi  prefagio  do 

,,■  fegundo ,  e  efte  foi  interpreta^ap  daquelle  Ora- 

^,  culo-;   nem  podia  elle  ter  outra   mais  digna , 

^  nem  mais  fegura  ,•  porqUe  fo  a  qs  Reys  toca  in- 

,y  terpretar  a  riiente  dos  Reys. 

:  .  ! »,,  Tinhao  entre  fi  aquelles  dous  Decretos 
„  a  propojcao ,  que  ,a  Phofphoit) ,  e  o  Sol  entre 
jy  os !  Aftros.'  Nafcc  o  Pholphoro  para  annunckir 
yy  o  nafcimeno  do  Sol  ;  nafce  o  Sol  para  veriiicar 
„  o  'annurTcio  do  Pholphoro.  Alfim  b  primeiro 
„  Decreto  (ainda  que  nos  onao  entendeflemos ) 
,j  eftava  promettendo  o  iegundo  j  veio  o  fegundo 
>,  a  declarar ,  e  a  fatisfazer  a  promeffa  do  pri- 
yf  meiro.    '.  i :  j 

„  Porem  ha  efta  difterenga  entre  aquelles 
j,  Aftros ,  e  eftes  Decretos ,  que  lendo  o  Phofpho- 
^,'  ro  o  que  promerte  o  Sol,  e  o  Sol  o  que  defem- 
„  penha  aquella  promefla ,  tanto  que  nafce  o  Sol., 
■yy  perde  toda  a  luz  o  Phoiphoro  /  e  o  fegundo  Dc- 
•>,  creto  tao  longe  efta  de  tirar  luz  aoprimeiro^ 
,y  que  Ihe  da  mais  luz ,  porque  o  deixa  mais  cla- 
Sj  ro,  e  faz,  que  em  hum,  e  outro' creica  o  ef 
„  plendor  do  beneficio.  Defcobre  no  primeiro 
„  maior  beneficio ,  do  qu^  indicavao  as  fuas  pala- 
„  vras ,  e  expoem  ambos  a  grandeza  do  fegundo 
„  beneficio  ,  porque  moftrao  ,  que  foi  por  muitbs 
,;  annos  premeditado  cora  a  ponderada  approva- 
ft  ^ao  dojuizo  Real,  quehe  muito  mais  efHma- 

»  vel, 


12S'^  Hifioria  Panegyrica  dos  iefpoforios 

il2%  V  vel  5  qiJe  o  mefmo  beneiicio  ,-  porqiie  nao  he 
„  beneficio  aquelle ,  a  que  falta  a  mclhor  parte>^ 
^,  que  he  o  fer  feito  pela  madura  determina^ao 
)j  do  beneficio. 

„  Mas  ainda  nefte  grande  beneficio  fe  en- 
^•-cerra  outro  maior.  E  pode  haver  maior  benefi- 
^j  cio  para  a  Academia ,  que  o  ver-fe  ifenta  da 
j,  juridiicgao  do  Dezembargo  do  Pa^o  ?  Que  o 
jy  achar-fe  com  jurifdic^ao  fobre  os  feus  Jivros  ? 
j,  Que  o  vcr-fe  igualada  aos  Tribunaes  Regios? 
„  Que  ter  a  approva^ao  do  juizo  Real  ?  Sim :  E^ 
j,  :qual'  he  ?  He  que  Sua  Mageftade  com  efte  be- 
,y  'neficio  nao  fo  nos  honra ,  fenao  que  tambem 
j/nosenfma^  e  niifo  nos-faz  ahonramais  egre- 
,;  gia.  -^  ;^  -  '^n  ;  !-: 

„  Com  igular  Sua  Mageftade  a  Academia 
,*j  aos  Tribunaes ,  Ihe  enfma  a  imitaUos  na  aflil^ 
,/tencia,  a  imitallos  na  vigilancia  ,  e  a  imitallos 
•„  na  jufti^a.  Enfma-nos ,  que  afiim-  como  os  Mi- 
„  nifiros  nao  faltao  fem  grande  caufa  nos  feus 
,y  Tribunaes,  aflim  nao  faltemos  os  Academicos 
>,  nas  nofliis  Conferencias  fem  grande  caufa ;  e 
#  p  c\'^^  afiim  como  os  Miniflros  entrao  todos  nos 

„:Tribunaes  as  horas ,  q\ie  prefcrevem  os  feus 
',y  Regimentos ,  aflim  nos  venhamos  para  a  Aca- 
,„  demia  as  horas ,  que  prefcrevem  os  noflbs  Ef 
„  tatutos ,  que  tem  tanta  for^a  para  obrigar ,  co- 
>,  mo  os  Regimentos  ,•  porque  huns ,  e  outros  fao 
„  igualmente  Leys  Regias. 

„  Enfina-nos  a  imitar  a  vigilancia  dos  Mi- 
;,  niftros,  em  examinar  a  for^a  das  razoens ,  a 
.,'•  Jegahdade  das  teftemunhas ,  a  authoridade  dos 
■„  documentos,  para  eftabelecer  com  tanta  fegu- 
y  ran^a  as  propofi^oens  Hiftoricas,   com  quanta 

„  ellas 


dos  Frincipes  do  "Bra^U  Livro  I,    129 

;,  ellas  confiwnao  as  fentencas  juridicas  ,•  porque        1728. 

„  [6  afTim  poderemos  diilinguir  o  falfo  do  verda- 

jy  deiro,  e  o  verdadeiro  do  verofimil.  Acredita-fe 

„  tanto  a  eftudiofa ,  e  vigilante  diligencia  dos  Mi- 

„  niiiros  dos  Tribunaes  com  a  li^ao  das  HiiloriaSj, 

_,,  que  o  Emperador  Alexandre  Severo,  nos  maio- 

„  res   negocios  fo  admittia  ao  feu  Confellio  aos 

„  Doutos,   e  aos  verfidos  ,  nao  fo  na  Hifloria  da 

,;  Patria  ^  mas  nas  Eflrangeiras ,  como   delle  ef 

.,  creve  Lampridio :   Fuif  praterea  illi  confuctu- 

,,  do  ,  utfidejure  ,  aut  de  ncgotiis  traBaret ,  fo- 

j,  los  doBos ,  &  difertos  adhiberet :  fi  "vero  de  re 

„  militari  milites  veteros  ,    &  fenes ,   ac  heneme-. 

„  ritos ,  &  locorum  peritos ,  ac  hellorum  ,  c^  caf 

„  trorum,  &  omnes  Hteratos  ^  &  maxim\eos,  qui 

„  hiftoriam  norant :   trqujrens  quid  in  talihus  cau- 

„  fis  qiiales  in  dijceptatione  verjahantur ,  veteres 

,y ,  Imperatores ,   vel  Romam ,  vel  exterarum  gen- 

„  tium  fecijfent .  (Lampridius  in  Alexandro  Severo, 

),  cap.  16,)  Para  que  vejamos  o  quanto  devemos 

_,,  os  Socios  de  huma  Academia  ,    deftinada  para 

„  efcrever  a  Hiiioria ,  e  igualada  aos  Tribunaes, 

„  imitar  a  applicacao  tao  louvada  naquelles  Mi- 

„  niftros. 

„  Enfma-nos  finalmente  Sua  Mageflade  a 
\,j  imitar  ajuflica  dos  Miniflros  dos  Tribunaesj  . 
„  porque  aifmi  como  cftes  nao  podem  julgar  com 
„  juftica ,  ieguindo  as  opinioens  menos  prova- 
„  veis ,  aifim  nao  quer  o  noifo  Auguflo  Protedor, 
„  que  os  feus  Academicos  figao  nas  fuas  Hiflorias 
yy  as  opinioens  menos  provaveis,  Fez  a  efla  Aca- 
„  demia,  o  Tribunal  daVerdade,-  quer,  que  fo 
;,  fe  efcreva  a  Verdade ,  quando  fe  puder  alcan* 
„  ^ar  ,•  e  quando  fenao  achar  nos  faclos   certeza 

R  „  infal" 


1 3  o   Hifioria  panegyrica  dos  defpojorios 

1728.       jj  infallivel,  fe  figa  o  mais  provavel. 

^y  Defenganemo-nos ,  Senhores  ,•  os  que  ef- 
crevemos  Hiftoria ,  nao  temos  liberdade  para 
efcrever  o  que  nos  di6lar  o  capricho ;  effa  fo  fe 
concede  entre  os  Artifices  ao  Pintores ,  e  entre 


jy  os  Efcritores  aos  Poetas ,  com.o  diffe  Horacio 
}} 


( in  Arte  Poetica ) 


}} 


Viflonhus ,  atque  PoetiSy 

Qntdlibet  audendi  femper  fuit  tequapotefias. 

e  fo  a  arrogao  a  fi  os  Libertinos  ,•  aquelles ,  a  que 
„  por  antiphrafe  chamao  os  Francezes :  EJpiritos 
jyfortes^  fendo  eftes  efpiritos  tao  fracos^  que  ce- 
yy  dem  as.mais  debeis  conje6luras.  He  commoda 
,;  a  liberdade  de  efcrever ,  aos  fequazes  do  Pyr- 
;;  rhonifmo  ,  em  que  tantos  fe  tem  enfayado  in- 
jy  feiizmente  para  o  Atheifmo.  AiTim  como  nao 
„  tem  liberdade  os  Juizes ,  para  leguir  opinioens 
,,  menos  provaveis ,  aifim  a  nao  tem  os  Hiftoria- 
yy  dores.  E  ifco  he  o  que  Sua  Mageftade  enfma  a 
„  Academia  _,  quando  a  iguaia  aos  Tribunaes :  de- 
„  clarar-Ihe ,  que  nao  podem  ter  liberdade  os  Hif 
,,  toriadores. 

;,  Nefte  beneficio  fe  verifica  de  dous  mo- 
„  dos  aquella  antiga  fentenga,  que  affirma,  que 
„  quem  recebe  qualquer  bedieficio.,  pelo  feu  pre- 
„  90  vendeo  a  liberdade.  O  beneficio  da  Real 
„  doutrina  nos  tira  a  hberdade  em  cfcrever  a  Hif 
„  toria ,  depois  que  o  beneficio  da  exalta^ao  nos 
„  tinha  trocado  a  liberdade  pela  obrigagao  de 
yj  agradecer.  Nunca  a  nolfa  liberdaue  fe  podia 
,,  vender  por  mais  alto  pre^o,  que  p or  efle  Real 
„  duplicado  beneficio ,  que  ao  mefmo  tempo  com 

„  nova 


dos  Principes  do  "Bra^il^  Lhro  I,     1 3 1: 

„  nova  moral  Filofofia  nos  dcixa  aobriga^ao^  e        1728. 
„  a  impoHibilidade  de  reftituir. 

„  Nao  nos  podia  occurrer ,  quando  form^- 
„  mos  a  Empreza  da  noifa  Academia  ,  e  Hie  pu- 
j,  zemos  o  Epigraphe  Reflituet  omnia  ,  que  have- 
„  ria  hum  beneficio  tao  impoifivel  de  reftituir  ,• 
„  porque  chegarao  para  com  nofco  os  exceifos  da 
„  beneficencia  Real  a  hum  tao  ako  cumulo  de 
„  heneficios ,  que  nao  podia  elevarfe  a  tanto , 
.,,  nem  a  nolfa  efperanca ,  nem  os  noilbs  defejos, 
„  nem  a  noifa  comprehenfao. 

„  Com  muito  menor  beneficio  confeifou 
^  Aufonioaimpoifibilidade,  que  tinha  parafatis- 
„  fazello  ,  e  f 6  fe  defempenhou  com  hum  Pane- 
,;  gyrico , .  que  fez  ao  Emperador  Graciano.  O 
„  mefmo  tinha  feito  .Mamertnio  com  o  Empera- 
„  dor  Juliano ,  e  Plinio  com  Trajano  j  porque 
„  todos  eftes  Oradores  fo  derao  com  Panegyricos 
„  as  gragas  aquelles  Prmcipes,  pela  honra  do 
),  Confiilado  ,  que  era  muito  menor  beneficio, 
„  que  o  que  agora  recebemos  do  nolfo  Proteftorj 
„  porque  o  Confulado  era  beneficio  fcito  ahum 
„  fo  homem  ,  e  durava  fo  por  hum  anno  ,•  e  a 
„  honra  ,  que  a  Academia  recebeo  em  fer  iguala- 
„  da  aos  Tribunaes  Regios,  he  hum  beneficio, 
„  que  ha  de  durar  nao  fo  dentro  do  brevc  efpego 
„  de  hum  anno ,  mas  que  ha  de  prefeverar  por 
,,  toda  a  extenfao  do  tcmpo  ,  ,em  que  a  Acade- 
„  mia  permanecer.  E  he  bcncficio  feito  nao  a 
;>,  hum  fo  homem ,  nias  a  todos  os  de  que  fe  for- 
„  ma  efte  feliz  Corpo  Acadcmico.  E  todos  os  be- 
„  neficios ,  quc  Sua  Mageftade  faz  a  Academia , 
•„  fe  extendem  a  toda-  a  Portugueza  Monarquia  , 
„  a  quem  Sua  Magcflade  da  ti^va  vida  por  meio 

R  ii  >j  tl^ 


1 3  2  Hifioria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1728.  V  ^^  Hiftoria ,  que- na  lingua  Latina  efcreve  a 
_,.  Academia ,  tirando-a  do  fepulcro  do  efqueci- 
„  mento ,  em  que  a  tinha  lancado  o  defcuido  dos 
„  naturaes ,  e  a  ignorancia ,  ou  malicia  dos  Ef- 
y,  trangeiros  5  porque  ainda  as  mefmas  Nacoens, 
jy  que  em  alguns  annos  nos  focccorrerao  com  a 
,,  efpada,  nos  eftao  continuamente  fazendo  guer- 
,j  ra  com  a  penna ,  attribuindo  aos  feus  Officiaes 
„  as  accoens ,  que  obrarao  os  noflbs  ,  querendo 
„  levar  das  noflas  vitorias  os  mais  ricos  defpojos, 
j)  que  he  a  gloria  dos  noifos  Generaes.  Para  iflb 
„  expuzerao  primeiro  que  nos  ao  theatro  do  mun- 
;_,  do  as  noflas  vitorias  para  anticiparem  o  roubo 
„  da  Fama.  Em  livrar  o  Reyno  do  damno ,  que 
;,,  ihe  tem  feito  as  pennas  Eftrangeiras ,  fe  moftra 
^,  Sua  Mageftade  mais  amante  Pay  da  Patria ,  do 
;,,  que  Cicero ,  quando  oprimio  a  conjura^ao  de 
„  Catilina ,  que  com  as  armas  Eftrangeiras  per- 
„  tendia  aifolar  Roma.  Mais  gloriofo  Pay  da  Pa- 
„  tria ,  que  Marco  Furio  Camillo  j  quando  ref- 
^^  cindindo  os  injuriofos  pa^tos ,  que  o  Tribuno 
„  Q.  Sulpicio  tiiilia  feito  com  Breno  ,  Regulo  dos 
5,  Francezes,  acudio  pela  gloria  deRoma,  eto- 
j^  madas  de  novo  as  armas  deftruio  aos  inimigos 
„  em  duas  batalhas ,  e  triunfou  de  toda  a  infolen- 
„  cia  Franceza  ,•  porque  as  ac^oens  de  Cicero ,  e 
„  de  Camillo  acabarao-fe  dentro  de  poucos  dias, 
„  eobeneficio  que  Sua  Mageftade  fez  a  Patria 
„  com  a  Hiftoria  Latina ,  ha  de  durar  perpetua- 
„  mente.  Aquelles  dous  Heroes  chamados  Pays 
•„  da  Patria  fizerao ,  que  nao  fe  acabafle  no  feu 
„  tempo  a  fehcidade  Romana  ,•  e  Sua  Mageftade 
p.  faz,  que  em  nenhum  tempo  poifa  acab.ir  aglo- 
j,  ria  Portugueza^  e  por  iilo  he  mais  verdadeiro, 

e  mais 


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dos  Principes  do  BrazJU  Livro  I,    15} 

e  mais  glorioro  Pay  daPatria,  do  que  Marco      172 S. 
TuIlioCicero,  e  do  que  Marco  Furio  Camillo, 
o  noHo  Auguftiillmo  Rey  D.  Joao  V.,  D.  'Joao 
0  Maxifjw. 

„  E  alFim  nao  teve  efte  Senado  Hiftorico  ou- 
tro  modo  de  dar  as  gracas  ao  feu  Soberano  por 
efte  incomparavel  beneficio  ,  fenao  dizer-Ihe  com 
a  minha  voz,profundamente  proftrado,  o  mefmo, 
que  o  agradecimento  do  Senado  Romano  ,  por 
boca  de  Valerio  Meirala,  dilFe  ao  Emperador 
Augufto ,  em  hum  dia  como  hoje  cinco  de  Fe* 
vereiro  j  como  obfervou  o  noflb  Eruditillimo 
Academico ,  ultimo ,  e  mais  eftimavel  Commen- 
tador  de  Suetonio,  (  P.  Petfus  Almeida  in  hunc 
locum  Suetonii) 

Quod  honmn ,  fauftumjit  tihi ,  domuiqtte  tua^ 
Qdsfar  Augufle  y  [ftc  enim  no-s  perpetuam  fc- 
licitatem  Reipuhlicts ,  c^  l<£ta  huic  precari 
exiftimamus  )  Scnatus  te  confenticm  cmn  Po- 
pulo  Romano  confalutat  PATREAl  PATRI^; 
( Sueton.  in  Oclavio  ,  cap.  58. ) 

„  Pedem  os  nofFos  votos  para  V.  Magefta- 
,,  de ,  Rey  Auguftiflimo ,  e  para  toda  a  Cafa  Real, 
y,  tudo  o  que  he  faufto ,  e  feliz ,  e  com  ifto  en- 
,j  tendemos  pedir  todos ,  perpetuas  felicidades  pa- 
„  ra  efta  fua  Monarquia.  Efte  Senado  Academico, 
,^  unido  com  toda  a  Na^ao  Portugueza;,  acclama 
p  aV.  Mageftade  comojuftiftimo  titulo  dePAY 
„  daPATRIA. 

„  Agora  quizera  eu  a  eloquencia  de  mil  vo- 
„  zes,  para  louvar  ajufti^a  ,  com  que  fe  deo  dig- 
„  niifmiamente  a  Sua  Miageftade  efte  nome  ,  co- 

„  mo 


134    HifioriaFaneQrica  doidefpofofws 

1728  '  yy  ^^  defejou  Ovidio  ,  quaiido  nos  fcus  Faftos 
„  chegou  aos  cinco  de  FeYereiro  ,  em  que  o  mef 
mo  Titulo  fe  deo  a  Augufto  ,•  mas  fou  conftran- 
gido  a  acabar  ,  e  dizer  com  muita  mais  razao 
que  o  mefmo  Ovidio,  o  que  elle  difte  naquelle 
dia : 
Deficit  'ingenium ,  maioraque  virihtis  urgcnt. 

Biffe. 


72     Por  efte  mez  de  Fevereiro  ,  fe  comegou  a 

trabalhar  no  grande  Palacio  das  Vendas  novas , 

que   Sua  Mageftade  mandou  fazer  de  propofito , 

nao  mais ,  que  para  efta  fun^ao ,  como  diremos  em 

Bifp^fifoens  pa-  jf-^^  competente  luear.   Entrou  o  mez  de  Marco, 

raapajjagem  da  ■  A  jAOTvr/ij  -j 

prmceza  das  Jf-  e  pou  eite  tempo  deo  oua  Mageltade  providen- 

turjas.  cia  ,    para  fe  fazerem  na  eftrada  de  Lisboa  ,  para 

Montemor  o  novo  ,    os  commodos  neceftarios  pa- 

ra  o  alojamento  da  Sereniftima  Senhora  Princeza 

das  Afturias ,  e  de  toda  a  fua  comitiva.    No  pri- 

Tem  azidiejicia  0  meiro  dia  do  mez  reterido  ,  teve  audiencia  publi- 

Mayqnez  de  los  ca  ,    pelas  tres  da  tarde  ,  o  Marquez  de  los  Bal- 

fmnr^Frlmif'^'^'^^^  y  do  Seremftimo  Senhor  Infante  D.  Francif 

co.       *  co ,  no  feu  Palacio  da  Corte  ReaJ.  O  mefmo  Sere- 

niftimo   Senhor,    para  fe  fazer  efta  fun^ao  com 

mais  grandfeza ,  pedio  a  Ei-Rey,  que  Ihe  mandalTe 

fazer  aflift  encia  por  alguns  Titulos ,  e  Criados.   Alfl 

efte  fira  forao  nomeados ,  por  avifo  do  Secretario^ 

de  Eftado  ,  os  Condes  de  Valdereis ,  da  Calheta^ 

e  de  Valladares  para  afliftir  como  Titulos  ao  Se- 

nhor  Infante  ,•  e  como  Criados  ,    D.  Francifco  de 

Soulii,  Veador  daCafa  del-Rey,  Joao  Gonfalves, 

da 


i 

. 


dos  Principes  do  ^rai^iU  Livro  I.     1 5  > 

daCamara  Almorace  mor  ,    d  D.  Jofeph  daCof-         1728. 

ta  Armeiromor,   po(to  que  D.  Francifco  de  Sou- 

fa  nao  fe  pode  achar  na  melhia  funcao.  Foi  feu 

Condu^lor  D.  Duarte  da  Camara,  Conde  de  Avei- 

ras.   Mandara  Sua  Alteza  para  efta  fun^ao  o  feu 

coche  ao  Embaixador  ,    e  duas  eftufas  de  fequito 

para  a  fua  familia  ,  que  com  a  do  Conde  Condu- 

clor  ,  que  o  foi  bufcar  ao  feu  Palacio  nos  coches 

do  Senhor  Infante ,  conftituliiao  todos  hum  luzilTi- 

mo  acompanhamento. 

7  3     Quando  o  Marquez  chegou  a  Corte  Real, 
dciceo  ao  Saguao  o  Tenente  da  guarda ,    que   fe 
achava  de  femana ,  a  acompanhar  o  Embaixador. 
Elperava-o  no  alta  da  efcada  D.  Vafco  da  Camara, 
irmao  do  Conde  Conduclor  ^  Camarifla,  e  Gentil- 
homem  de  Sua  Alteza ,  que  o  foi  conduzindo.  Ef 
tava  o  Senhor  Infante  em  pe  debaixo  do  docel,  de 
donde  deo  tres  pafTos  a  bufcar  o  Embaixador,  que 
recebeo  com  fummo  agrado ,  mandando-o  cobrir. 
Eile  ,    concluida  efta  ceremonia ,    fe  recolheo  do 
mcfnio  modo ,  que  viera.  No  outro  dia  teve  tam- 
bcm  audiencia  publica  do  Serenillimo  Senlior  In-  1em-na  tamhcm 
fante  D.  Antonio.  Alfiftirao  a  efta  fungao  o  Almo-  fjjf''"^'-^-^" 
tace  mor,  e  Armeiromor,  Criados  da  Cafa.  Man- 
dou  Sua  Alteza  o  feu  coche ,    duas  eftufas  tiradas 
por  cavallos  rucos ;,  e  outras  duas  do  Senhor  In- 
fante  D.  Francilco  ,   com  cavallos  baios.    Foi  feu 
Condudor  D.  Franciico  Mafcarenhas,  Conde  de 
Cocolim  ,  Genril-homem  da  Camara  de  Sua  Ake- 
za,  e  cujafamiha,  conduzida  em  dous  coches,  fa- 
zia  mais  oftcntofa  efta  fun^ao.   Cliegado  o  Mar- 
quez  ao  Pa^o  ,    pollo  na  prefcn^a  do  Senhor  In- 
fante,  o  Conde  dc  S.  Miguel ,  tambem  feu  Gentil- 
homem. 

74     Em 


136   Bijloria  Paneiyrica  dos  dejpoforlos 

1728.  74     -^"^  ^^^^  ^^  Mar^o  teve  o  Embaixadoi 

audiencia  de  defpedida  mui  particular ,   de  Suas 

£  tihimamente     Mageftades ,  c  Altezas.  Na  que  teve  da  Screnif- 

deSiids  Magefla-  fuxia  Senhora  D.  Maria  Barbara  ,  Ihefez  eila  gra- 

^de defidida^^^ '  9^  ^^  humas  arrecadas  de  diamantes ,  de  que  fe 

dignava  fazer  prefente  a  Marqueza  de  Jos  Balba- 

Grafas  que  rjce-  ^es ,  fua  efpofa  ,  avahadas  em  muito  mais  de  trin- 

das  Jjiitrias'!      ta  mil  cruzados.   Mandou  finalmente  El-Rey  D, 

Joao  ,    fegundo  a  pratica  que  fe  eftyla ,  aquelle 

&?Reyv!'"'  Minifti"0  >   ^  y-l^  ■•  era ,  hum  retrato  de  Sua  Ma^ 
joao.  geftade  guarnccido    de  diamantes ,  cujo  valor  ex- 

Pane  de  Lishoa.  ^edia  a  feilenta  mil  cruzados.  Sahio  finalmente  o 
Embaixador  de  Lisboa  em  cinco  de  Margo :  em- 
barcou  ncs  efcalercs  de  Sua  Mageftade  ,•  e  de  Al- 
deia  Gallega ,  aonde  tinha  pronta  a  fua  equipa- 
gem,  contiiiuou  a  fua  jornada  aMadrid,  haven^ 
do  juflamente  merecido,  pelo  efplendor,  e  acer- 
to  com  que  defempenhou  a  fua  commiifao ,  o 
agrado  ,  e  benevolencia  das  peiloas  Reaes  ^.  e  de  i 
toda  efta  grande  Corte. 

75"     Concorreo    ella  uo  dia   do  incomparavel 

Patriarca  S.  Jofeph ,  com  a  occafiao  de  applaudir- 

le  o  nome  do  Serenifiimo  Principe  db  Brazil  _,  vef 

tida  de  gala  a  Palacio,  a  beijar  a  mao  a  Suas  Ma- 

geftades ,  e  Altezas.  Teve  nefie  grande  dia  audi- 

encia  de  humas ,  e  outras  o  iMarquez  de  Capece- 

Recehe  0  Frincipe  Jatro,  uos  fcus  Quartos.  Entregou  ao  mefmo  Prin- 

carta^7a  Prince-  ^^?^  huma  carta  dc  Sua  Real  Elpofa  ,   em  que  o 

za ,  fita  Efpofa^  felicitava  neftc  dia  do  fcu  nome ,  e  havia  chcgado 

por  hum  cxprefib  a  mao  daquclle  Miniftro  no  dia 

antecedente. 

ElRey  CathnUco      76     Por  cfte  mefmo  tempo  rcfolveo  Sua  Ma- 

poanc&fadPrin-  ^^^^^Q  Catliolica  por  cafa  a  Serenifiima  Senhora 

r/S!   ^^     ""     Princeza   das  Ailurias.    Nomcou   leu  Mordomo 

mor 


rtas. 


dos  Prindpes  do  'Bra^il,  Ltvro  I.    i  j  7 

mor;  o  Duqile  de  Gandia  ,•  Eftribeiro  mor  ,  o  .1728 
Marquez  de  los  Balbazes  ,•  Camarcira  mor,  a  Du- 
queza  de  Montelhano  ,•  Damas ,  as  CondeiTas  de 
Fuenfalida,  e  Montijo,  e  a  Senhora  Duqueza  de 
SoJforino  ;  Donnas  de  honor  ,  a  Condella  de  Ga- 
'Tia  ;  e  D.  Rofa  Porcel  >  e  Menchaca ;  Mordomos, 
os  Marquezes  de  Mejorada  ,  de  Montealegre  ,  e 
de  Cuelhar. 

'ij  No  primeirQ  de  Mayo  >  entfou  em  publi-  Fami/ia  dcftina- 
co  no  Pago  D.  Anna  de  Lorena  ,  filha  do  Mar-  Prfncfzas^do 
-quez  de  Abrantes ,  e  viuva  de  D.  Rodrigo  de  Mel^  Brazil ,  e  4ftn- 
\o  Pereira  ,.  irmao  do  Duque  de  Cadaval ,  para 
exercer  o  emprego  de  Camareira  mor,  que  fora 
fiomeada,  da  Senhora  Princeza  doBrazil,  no  fer- 
vico  da  Senhora  Princeza  D.  Maria  Barbara.  Aq 
mefmo  tempo  entrou  tambem  a  fervir  como  fua 
i)onna  dehonor,  D.  Maria  Magdalena  de  Por- 
tugal  ,  Viuva  de  Bernardo  de  Vafconcellos  e 
Soufa ,  irmao  do  Conde  da  Calheta.  Airida  nefte 
mcfmo  dia ,  nomeoU  mais  EI-Rey  D.  Joao  ,  para 
Damas  Caniariftas  femanarias  daScnhora  Prince- 
Ea  do  Brazil ,  D.  Helena  de  Portugal ,  que  eftava 
enta6  fervindo  a61ualmente  naquelk  mefma  occu- 
pacao  a  Senhora  Princeza  das  Afturias ,  e  D.  Lui- 
za  Joanna  Coutinho  ,  que  afliOia  ao  Senhor  In- 
fante  D.  Alexandre  ,  iilhas  de  D.  Filippe  de  Sou- 
\fa ,  Capitao  que  fora  da  Guarda  Real  Alemaa, 
Fez  mais  nomeacao  para  Dama^s  da  mefma  Senho- 
'  ra ,  em  D.  Joanna  de  Mendon^a  ,  filha  do  Conde 
'  de  Villaflor,  Copeiro  mor,  e  em  D.  Marianna  de 
^  Lencaflre ,  filha  de  Joa6  de  Saldanha  da  Gama  , 
Vifo-Rey  que  entao  cra  do  Efl:ado  da  India.  Ficoii 
afllm  mefmo  nonieado ,  para  acompanhar  a  Ma- 
^;:drid,  como  feu  ConfelTor ,  aSereniflTima  Senho- 

S  '  ra 


; 


158   HiftoriaFanegyricadosdefpoJorios        .j 

IT28.         ^'^  Princeza  das  Afturias ,    oPadre   Manoel  Alva- 

res ,  da  Companhia  de  JESUS ;    Meftre  que  fora 

de  Theologia  na  Univerlidade  de  Evora  ,   e  ago- 

Ta  tinha  o  mefmo  emprego  na  de  Coimbra. 

Tem  andlencia         78     Teve  em  trinta  de  Agoflo  nudiencia  publiT 

dos  Ivjantes ,  Z).  ^^  j^  SereniiTimo  Senhor  Infance  D.  Francifco ,  o 

Antomo,  '0  Mar-  Embaixador  de  Caftella,    Marquez  de  Capecela- 

quez  Je  Capece-  tro  ,•  e  no  dia  feguinte  teve  outra  femelhante  do 

'^^'^^'  SereniiTimo  Senhor  Infante  D;  Antonio.  Em  huma, 

e  outra  fe  obfervou  o  eft)do  ja  rcfcrido  ,  pratica- 

do  com  o  Marquez  de  los  Balbazes,  O  mefmo  Em- 

baixador  teve  em  vinte  e  fete  de  Setembro  hum 

avifo  da  fua  Corte  ,•    e  com  efta  occafiao  foi  ao 

Pa^o  ,  e  teve  audiencia  particular  deSuasMagef 

tades.    Tendo-a    tambem    dcpois    da  Sereniftima 

Princeza  das  Afturias  ^  Ihe  figniiicou  haver  tido  or- 

dem  para  a  ir  acompanhando  najornada,  que  fe 

premeditava  fazer  ao  Caia. 

79  ComeiFarao-fe  a  difpor  as  Reaes  paffagens 
de  ambas  as  Cortes ,  Caft:eJhana,  e  Portugueza  ao 
Caia  j  raya  y  e  confim  das  duas  Coroas »  e  fehz  ii- 
tio;  que  havia  de  fervir  de  cena  a  huma  fun^ao  tao 
gloriofa.  A  efte  fim  mandou  Sua  Mageftade  vir 
dePariz  quatro  eftufas,  duas  cale^as  ^  e  vinte  e 
tres  berlindas.  Aomefmo  tempo,  mandou  fazer 
nefta  Corte  cento  trinta  e  duas  fejes  de  campo,  fe-^ 
te  galeras ;,  doze  carros  matos ,  e  vinte  andas.  De 
Hoilanda  ,  e  de  Inglaterra  mandou  vir  hum  gran- 
de  numero  de  cavallos ,  e  fazer  outro  mui  extra- 
ordinario  de  cavallos  hgeiros  por  todo  o  Reyno. 
Nefta  Cidade ,  e  em  Caftella  -comprou  tambem 
grande  quantidade  de  machos ,  e  mulas.  Man- 
dou  fazer  a  propor^ao  defte  numero  fellas  de  mu- 
nigao  com  feus  arreyos ,  e  xareis  de  panno  encar-, 

nado, 


dos  Pnncipes  do  "Bra^il,  Livro  I.     1 3  9 

nado ,    guarnecido  de  galao  de  prata.    De  Pariz        1728. 

mandou  vir  para  o  fervico  do  Principe  y  trinta  fel- 

ias  de  veludo  de  varias  cores ,  bordadas  de  ouro^ 

e  prata  :  hum  grande  nuniero  de  telizes  de  velu- 

do  encarnado  ;,  lemelhante  ,  e  primorofiirimamen- 

te  bordados ,  e  outros  de  panno  encarnado  ,  bor- 

dados ,  pelo  mcfmo  eftvlo  ,  de  laa. 

80  Cumprindo  El-Rey  Catholico  ,  ao  mefmo 
tempo ,  em  que  dava  calor  ,  e  providencia  a  efta 
jornada  ,  quarenta  e  leis  annos  em  19.  de  Dezem- 
brO;,  defte  de  1728.  ,  que  fe  hia  ultimando,-  em  hum 
Capitulo  da  Ordem  do  Tufao  de  ouro  ,  que  fez 
vonvocar  nefte  dia  na  Galeria  dos  grandes ,  e  em 
que  alfiftirao  o  Sereniftimp  Principe  das  Afturias , 

c  vinte  e  dous  Cavalleiros  daoaella  Ordem  ,  deo  ff;^^'^/.^,  .^" 
Sua  Mageftade  ,  obfervada  toda  a  formaiidade  do  Ordem  do  Tuiail 
ieu  cercmonial ,  o  Colkr  della  ao  Marquez  de  ^^  ^«'"<'  ^o  Mar, 
Abrantes.  fj^^  '^^^^'«^ 

8 1  Refolveo  por  efte  tempo  o  mefmo  Sobe* 
rano  paftar  a  Fronteira  defte  Reyno  ,  em  fetc  de 
Janeiro  de  29.  proximo  futuro,  acompanhado  das 
Senhoras,  Rainha ,  e  Princeza  do  Brazil ,  do  Sere- 
liillimo  Principe  das  Afturias,  e  dos  Senhores  In- 
fantes  D.  Carlos ,  e  D.  Filippa  Os  outros  Senho- 
res  Infantes  D.  Luiz  ,  e  Dona  Maria  Thcreza  , 
attenta  a  fua  mui  tenra  idade  ,  ficarao  no  Pa^o. 
O  roteiro  para  Suas  Mageftades,  e  Altezas  che- 
garem  a  Badajoz,  diftribuio-fe  em  dez  jornadas.  A 
vinte  de  Dezembro  chegou  de  noite  hum  expref- 
fo  de  Madrid  ,  com  a  noticia  defta  refolu^ao  ao 
Marquez  de  Capecelatro  ,  que  logo  fem  dila^ao 
foi  ao  Pago  communicalla  a  Princeza  das  Afturias. 
Perguntou-Ihe  o  Porteiro  fe  querifi  tambem  fallar 
aRainha,  e  relpondendo  que  fiin>:teve  audiencia 

S  ii  .         de 


140  iHifioria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1728.  de  ambas  as  mefmas  Senhoras ,  a  quem  participou 
aquelle  avifo.  Pailbu  depois  ao  Quarto  del-Rey, 
aonde  fe  deteve  largo  tempo ,  reccbendo  mui  ef- 
peciaes  honras  de  Sua  Mageftade. 

82  No  outro  dia,  mandou  omefmoSenhor 
agradecer ,  pelo  Secretario  de  Eilado^  ao  Embaixa- 
dor  de  Caftella,  a  attencao  que  com  el!e  tivera 
na  participacao  daquelle  avifo ,  e  deo  ordem  ao 
Duquc  Ertribeiro  mor ,  El-Rey  D.  Joao ,  para  fa- 
zer  palFar  a  Aldeia  Gallega  todas  as  carruagens, 
e  cavalgaduras  neceffarias  para  a  conduc^ao  de 
Suas  Mageftades ,  e  Altezas ,  e  todo  o  mais  refto 
da  fua  famiha.Para  efta  Regia  fun^ao/e  fizerao  pe- 
la  reparti^ao  das  Cavallari^as , 

Hum  Coche  rico  para  a  Peftba  ,  forrado 
de  tiilii ,  com  tegedilho ,  e  capa  de  almofada  de 
velado  carmezim,  bordada  de  ouro,-  caixa,  ejogo 
dourado,  epintado,  todo  franjado  por  dentro,  e 
por'i6ra  de-ouro,  ecanutilhos,  com  oito  guarni- 
^oens  develudo,  debruadas  de  paifamanes ,  e  as 
ierrages  todas  douradas  de  agua. 

y :' '  Huma  Eftufa  de  refpeito,  todadeveludo 
carmezim  por  fora,  bordada  de  ouro,  e  forrada 
detiiiii. 

Huma  Eftufa  rica,  forrada  de  veludo  car- 
mezim ,  com  tegedilho ,  e  capa  de  veludo ,  borda- 
da  de  ouro ,  com  franjas  ricas ,  e  tudo  o  mais  de 
adiiiiravel  pintura. 

Huma  JEftufa  derefpeito  da  Senhora  Rai- ■ 
i^ha  ,  de  veludo-carmezim  lavrado  ,•  tegedilho, 
cdilas ,  ilhargas ,  e  forro ,  tudo  bordado  de  paftama- 
nes  de  ouro,-  e  o  mais  da  caixa  dourado,  e  pintado^i 
''  Huma  ^ftufa  de  refpeito  ao  SerenilH*! 
mo  Principe  ,  de^veludo  carmezim  j  tegedilho  ,  coi^ 

tas 


dos  Princijm  do  "Bra^il,  Li^uro  I.    1 41 

tas j  ilhargas,  e forro,  guarnccido  depafTamaneSj  e       1728. 
franjas  de  oiiro. 

Huma  EuuFa  na  mefrna  fonna  ,  de  refpei- 
to  d  Senhora  Princeza. 

Huma  EftuFa  na  me;{'ma  forma ,  de  reipei- 
to  ao  Senhor  Infante  D.  Carlos. 

Huma  Eftufa  na  mefma  f(5rma,  de  refpei- 
to  ao  Senhor  Infante  D.  Pedro. 

Huma  Eflufa  na  mefma  forma,  que  fe  man< 
dou  de  refpeito  a  Senhora  Infanta  D.  Francifca. 

Huma  Eftufa  toda  de  talha  dourada  ,  cai- 
^:a ,  e  jogo  j  forrada  de  veludo  lavrado  carmezim, 
com  tegedilho ,  e  capa  de  almofada  de  veludo 
lizo  da  mefma  cor ,  bordado ,  e  paifamanado  de 
ouro,  para  ir  o  Duque  EfLribeiro  mor. 

'  Q"^^^'o  Eilufas  dc  vacas  por  fora ,  forra- 
das  de  veludo  carmezim ,  com  mollas  ,  e  muito 
bem  douradas  ,  e  pintadas ,  pata  ir  aCam^a  del- 
Rcy.  -uii.^  ^ 

■'  Huma  Eftufa  pintada  de  encarnado,  eou-  ■ 

ro ,  com  raollas ,  forrada  de  veIut!o  carmezim  ,  pa- 
ra  irem  as  Camareiras  mores ,  da  Rainha  ,  e  Prin- 
ceza  do  Brazil. 

Huma  Eftufa  de  veludp>s'P,^mezijngL, ,  rifge- 
diJhO;  coftas,  ilhargas,,  e  forro,  t;udo  bordado  de 
Quro  i  dourada ,  e  pintada  primorofamente ,  pa- 
ra  ir  o  Eftribeiro  mor  da  Princeza  do  Brazil. 

Huma  Efhifi  de  vacas  ibrrada  de^Vefudo 
carmezim ,  guarnecida  de  paftamanes  deouro^^^ca*^ 
,'  xa  dourada ,  e  pintada ,;  com  mollas ,  para  ir  o  Ef- 
1-  ribeiro  mor  da  Senhora  Rdinha.  -^  »  -  ■rnnut 

?.  Tjrds  Eftufas  de  vaca«,todas  pintadas  de  en- 

1-  carnado ,  e  ouro ,  forradas  de  veludo  carmezipi.; 
if-  para  ir  a  Camara  da  meima  Senhora.  - 
■,\     19?,  CinCQ 


142  Hiftoria  Panegyrlca  dos  defpoforws 

j  ^28  Cinco  Eftufas  de  vacas ,  forradas  de  veludo 

carmezim  ,  e  pintadas  de  encarnado ,  para  irem  a*s 
Damas. 

Sete  Eftufas  de  vacas ,  forradas  de  veludo 
carmezim ;,  pintadas  de  varias  cores ,  para  irem  as 
Aflafatas ,  e  mais  familia. 

Seis  fejes  a  dous  cavallos ,  para  irem  os 
Confeflbres ,  Medicos ,  €  alguns  Criados  particu- 
Jares. 

Trinta  e  ieis  fellas  novas,  com  arrevos  dou- 
rados ,  e  chareis  de  veludo  carmezim  ,  guarneci- 
dos  a  dous  paflamanes  de  prata,para  os  cavallos,  em 
que  haviao  de  ir  os  Porteiros  da  Canna  ,  Reys  de 
armas ,  Arautos ,  e  Paflavantes. 

Duas  fellas  de  veludo ,  bordadas ,  para  os 
qivaUos,  em  que  haviao  de  ir  os  Guarda  Damas.  < 
,  -  ,        Huma  fella ,  bordada  de  paflamanes ,  para 
o  cavallo  ,  em  que  havia  de  ir  o  Eftribeiro  menor 
da  Senhora  Rainha. 

Dous  Mandis  de  veludo  carmezim  ,  guar- 
necidos  de  pafTanianes  de  ouro  ,  abertos. 


PeJos'  Armazens  do  %eyno ,  fefizjerab 
'^'^'      tambem-paraeflaoccafiao 

CEm  arreyos ,  para  feflas  de  cavallaria ,    com  ' 
guarupas  ,  e  ferrages  douradas. 

Setecentos  arreyos  pata  o  mefmo,  com  gua 
riipas ,  e  ferragem  limada. 

Quarenta  e  dous^rreyos  de^ilhao  de  litei-  * 
rag.  para  as  Andas.  — -.*        •- 

Cento  e  daus  a^outes  de  mao. 

Setc 


dos  Principes  do  'Bra^ilj  Livro  I.     14  j 

Sete  agoutes  grandes,  para  0  Tronco.  1728. 

Trezentos  e  cincoenta  atafaes  de  tripa,  em 
t^ue  entrao  alguns  de  Xadrez. 

Vinte  Andas.  ,,.        . 

Trezentas  e  fetenta  e  tres  varas  de  Brim  en- 
carnado^para  as  cobertas.das  aibardas  das  Azemulas. 

Doze  carros  matos ,  cobertos. 
■        '  Quatro  cordoens  de  retroz  carmezim  ,  pa- 
ra  as  fejes  ricas. 

Dous  cordoens  de  retroz  da  mefrha  cor  ^ 
com  ouro  ,  para  as  fejes  mais  ricas. 

.     Quatro  cordoens  de  retros  da  melrna  cor;, 
com  fuas  borlas ,  para  traz  das  fejes  ricas, 

Dous  cordoens  de  retroz  da  mefrha  cor,  e 
borlas,  tudo  tecido  comouro,  . para  trazdas  fejes 
inais  ricas.        -  ■:■£>[' .'.:.\i  (/.rsi.    -  .  '  .      J. 

Seffenta  e  quatro  cordoens  de  iinho ,  encap 
Jlftdos 9  para  as  fejes  ordinariasv/      '^  C' j . i: 

Oito  chareis  de  couro ,  com  cravacao  dou- 
rada,  para  as  fejes  ricas. 

':)  ,    orQiuatro  chareis  de  couro  comfuas  chapas 
douradas ,  para  as  fejes  mais  ricas. 
X-        ■  Cento  e  fetenta  e  oito  chareis  decouro,  li- 
zos,  para  as  fejes  ordinarias,  Carros  matos,e  Galeras. 

Trezentas  e  cincoenta  cabe^adas  de  azc- 
melas,  com  farrilhas,  arreatas,  e  antolherfas  de  la- 
tao  ,  com  as  armas  Reaes  nas  tefteiras.      ■ 

Quarenta  capas  de  panno  berrie,  agaloadas 
de  branco  ,  para  os  Silhoens  das  Andas-; 

Vinte  cobertas  de  panno  da  mefina  cor/ 
'  agaloadas  de  branco  ,  para  cobrirem  asAndas. 

Seffenta  corrioens  com  fuas  unhas  de  ferro, 
para  as  ditas  Andas. 
|i  •  Nove  centos  e  oito  pares  de  eftribos ,  para 

-as 


i44    HiftoriaPanegyrica  dos  defpofmos 

1 728         ^^  ^^J^^  ^^^^^  ^  ^  ordinarias ,  Carros ,  e  Galeras. 

Mil  e  defoito  freyos,  para  as  ditas  fejes. 

Doze  freyos  com  feus  copos  dourados  ,  pa- 
ra  as  fejes  ricas. 

Quarenta  freyos ,  para  as  Andas. 

Seis  guarni^oens  de  boleia>.  para  as  fejes  \ 
ricas.  -:   -■■ 

SefTenta  equatro  guarni^oens  de  boleia , 
para  as  fejcs  ordinarias. 

Sete  guarni^oens  de  Tiro  de  feis ,  para  as 
Galeras. 

: ,,    ..    Doze  guarni§oens  de  Tiro  de  quatro,  para 
os  Carros,  :q  .  ■^l. 

<^uatro  martinetes  teciaos'  de  fio  de  ouro, 
para  as  lejes  ricas.       .uo..;..    ci.i::.: 

Setcnta  e  quatro  marteUoK  de  oreJJia^  para 
irem  jiascaruagens.. ',  c,',  '■-'■ 

Sete  Galeras  :x:«m.  fua&  .fiiltas  .de  correas, 
c.fiyellas  nas  cobertasr  ,  :  --^-  ,• 

Quatro  fejes  ricas ,  forradas  de  veludo 
carmezim ,  guarnecidas  com  franjas  de  retroz  ,  e 
galao  da  mefma  cor. 

Duas  fejes  maisricas,  forradas  de  vcludo 
carmezim,  guarnecidas  com  galao,  e  franja  de 
ouro.  j  ?:.m^i.jix 

Setenta  e  quatro  fejes  ordinafias ,  forradas 
de  faeta  nacar.  /i  ^,,,..1:^ ; .,  /;ig.' 

Seis  felegoens  para  as  fejes  ricas ;  com  fuas 
chapas  nos  cantos,  e  feus  pailaguias,  tudo  dourado. 

Setenta  e  feis  felegoens ,  com  dous  franque- 
letes  em  eada  hum ,  paia  as  fejes  ordinarias ,  e  Car- 
ros. 

Setenta  fellas  pretas ,  com  cravacao  dou- 
f ada ,  para  as  bol^as  das  fejes  ricas ,   e  ordinarias. 

Trinta 

! 


dos  Frincipes  do  ^ra^ih  Livro  I.     145 

Trinta  e  oito  fellas ,  para  os  Tiros  das  ga-      1728. 
•leras ,  e  carros. 

Cem  fellas   de  cavallaria  y    com  pregaria 
dourada. 

Setecentas  fellas  de  cavaliaria ,  com  crava- 
^ao  limada. 

Quarenta  filhoens  de  liteira,  para  as  andas. 

Oitenta  tirantilhos ,  para  os  ditos  filhoens. 

Duas    almas    de  ferro  ,     para   os  eixos 
dos  carros. 

Quatro  boleias  meftras. 

Duas  boleias  ordinarias. 

Cinco  eixos ,  para  carros ,  e  fejes. 

Quarenta  pares  de  eftribos. 

Oitenta  freyos. 

Cem  tirantes. 

Tres  travelfas  de  ferro  para  as  fejes. 
,  Seis  trancas  para  as  Galeras. 

Duas  lan^as  de  urmo. 

Dous  contravaraes. 


A  0  mefmo  intento  fe  mandarao  'vir  de 
Ffanga, 

QUatro  cftufas  de  vacas ,  forradas  de  veludo 
carmezim  ,  bordadas  de  ouro  ,  com  capa  de 
dmofada  da  meiina  forte  ,  com  riquifTiiiia  pintu- 
ta  ,  e  todos  os  feus  arreyos. 

Duas  caieflas  de  vacas ,  na  mefma  forma, 
tom  ferragens  a  melhor  coufa  que  fe  vio ,  e  mais 
duas  capas  de  panno  com  palfamanes  deo»ro ,  pa- 
ra  cobrir  as  aimofadas  ricas, 

T  Dez 


14^  Hifiorla  Panegyrica  dos  dcfpoforios 

1728'  I^^2  berlindas  ricas;    forradas  de  veludo 

carmezim ,  guarnecidas  por  dentro  de  ouro  ;,  mui- 
to  bem  pintadas ,  com  todos  os  feus  arreyos , 
para  os  quaes  fe  mandarao  fazer  oito  capas  de  ve- 
ludo  da  dita  cor  ,•  e  tambem  para  as  almofadas  do 
mefmo  veludo  ,  com  paffamanes  de  ouro. 

Treze  berlindas  mais  ordinarias  ,  forradas 
de  panno  ,  com  todos  os  feus  arreyos. 

Trinta  fellas  de  veludo ,  de  varias  cores ; 
doze  bordadas  de  ouro  ,  e  prata ,  para  a  peifoa 
dei-Rey ,  e  feis  guarnecidas  de  paflkmanes  de  pra- 
ta ,  e  ouro ;  feis  bordadas  para  o  Principe  ,  e  feis 
agaloadas,  com  todos  os  feus  arreyos ,  coldres,  e 
bol^as,  com  ferragens  douradas ;  e  outras  de  prata. 

Trinta  telizes  ricos  de  veludo  carmezim , 
bordados  de  ouro ,  e  prata ;  defoito  com  as  armas 
del-Rey  ,  e  doze  com  as  armas  do  Principe. 

Quatro  telizes  ricos  de  veludo  carmezim, 
bordados  de  ouro ,  e  prata ,  que  vierao  ha  mais 
tempo  de  Franga. 

Seis  telizes  de  panno  encarnado,  borda- 
tlos  de  ouro  ,  e  prata. 

Duzentos  e  trinta  repofteiros  de  panno 
encarnado,  bordados  de  laa ,  com  as  armas  Reaes. 

Vinte  e  quatro  coberturas  para  galeras, 
humas  de  panno ,  e  outras  de  oleado ,  com  as  ar- 
mas  del-Rey ,  Rainha  ,  Prmcipe ,  e  Princeza. 

83  Reprefentou  o  Duque  Eftribeiro  mor  2t 
El-Rey,  o  muito  que  feria  conducente  ao  fervi^o 
Real,  mandar  Sua  Mageftade  ,  que  os  Tenentes 
Coroneis ,  D.  Thomas  de  Aragao  ,  e  Luiz  Garcia 
de  Bivar,  eftiveflem  prontos,  e  fubordinados  as 
ordens  do  mefmo  Duque ,  para  fe  poder  concluir 

mais 


i 


dos  Vrincipes  do  BraziU  Livro  J,    147 

maisfacil,  e  convenientemente  as  precifas  expedi-        1728^ 
•^oens.  Condefcendeo  Sua  Mageftade  com  efte  pa- 
recer  ,  e  a  efte  iim  fez  expedir  pelo  Secrctario  d& 
Eftado  ao  Marquez  de  Marialva ,  efta 

G  A  R  T  A. 

Ua  Mageffade  he  fervido  ,  que  V.  Excel- 
lencia  ordene  a  D.  Thomas  de  Aragao  ,  e 
a  Luiz  Garcia  de  Bivar ,  vao  faMar  ao  Du- 
que  Eftribeiro  mor  ,  •  e  executem  tudo  o  que  el- 
le  Ihe  ordenar  da  parte  do  meftno  Senhor,  Dcos 
guarde  a  V. Excellencia.  Pa^o  2 1.  de  Dezembro 
de  1728. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte  ReaL 
Senhor  Marquez  de  Marlalva. 


7) 

» 

j> 

j> 

3) 


s 


84  Em  obfervancia  defta  ordem ,  fez  logo  o 
iVIarquez  de  Marialva  vir  ante  fi  os  dovis  refcridos 
CfEciaes ,  que  vifta  a  carta  do  Secretario  de  Efta- 
do ,  forao  logo  dalh  bufcar  o  Duque  Eftribeiro 
mor.  Efte  os  mandou  preparar  para  •  paffarem  a 
A!em-Tejo  nofervi^o  de  Suas  Mageftades,  a  execu- 
I  tar  todas  as  ordens ,  que  delle  recebeft^em  >  ou  de 
boca ,  ou  por  efcrito ,  no  que  fehao  deviao  obfer-i 
var  preferencias ,  por  fo  fe  fazer  attendivel  o  maior 
interefte  ,  e  prontidao  do  Real  fervi^o.  Voltarao 
f:  os  mefmos  dous  Tenentes  Coroneis  a  dar  parte  ao 
Marquez  de  Marialva ,  e  pedir-Ihe  dous  Ajudan- 
tes  para  poderem  diftribuir ,  e  cumprir  mais  com- 

T  ii  modamentc 


I 


148   Hiftoria  pane^rica  dos  defpojorios 

1728.  modamente  as  ordens,  que  Ihe  foilem  impoftrs. 
Deferio-llies  o  Marquez ,  alEnando  por  feus  fubal- 
ternos  a  Manoel  dias  Coutada ,  Ajudante  que  fora 
do  Regimento  da  Junta  j  e  o  Tenente  que  feryia 
de  Ajudante  do  Regimento  do  Porteiro  mor,  Joao 
Lobo  de  Lacerda  ,  aquem  mandou  palfar  ordem , 
de  que  adiante  daremos  noticia. 

85  Nefte  dia  avifou  o  Secretario  de  Eftado  d 
Corte ,  e  a  os  Officiaes  da  Cafaj  que  Sua  M agefta- 
de  nome^ra  para  o  irem  acompanhando  ao  Caia. 
Acopia  doavifo,  que  fe  fez  ao  Excellentilfimo 
Duque  de  Lafoens  ,  D.  P.edro  Henrique  de  Bra- 
gan§a  e  Soufa^.Tavares  Mafcarenhas  da  Silva  ,  he 
defle  teor. 


)> 
j) 
o 
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•)} 
•)} 
)) 
» 


SUa  Mageftade  foi  fervido  nomear  a  pefFoa 
de  V.Exceilencia  para  o  acompanhar  na  jor- 
nada  que  faz  a  Alem-Tejo,  com  a  Senhora  Prin- 
ceza  das  Afturias,  que  de  Elvas  ha  de  palTar  a 
Badajos ,  de  que  fa^o  efte  avifo  a  V.  Excellen- 
cia  par^  que  o  tenha  alfim.  entendido ,  e  fe  ache 
pronto  para  a  jornada  ;  e  do  dia  ,  em  que  V. 
Excellencia  ha  de  partir ;,  avizarei  a  V.  Excellen- 
cia  que  Deos  guarde.  Pa§o  21.  de  Dezembro 
de  1728. 


Diogo  de  Mendon^a  Corte  Reai. 


l 


Nejia 


dos  Principes  do  "Bra^iU  Livro  I.    1 49 


Nefta  mejma  fubftancia  fe  efcreveo  aa  17^^» 


"de  Cafcaes ,  D.  Manoel  de  Caftro. 
jde  Alegrete  ,  Maiioel  Telles  da  Silv.a. 
Marquez-^^g  Fontes ,  Joaquim  de  Sa  de  Mene- 

zes.  '.- 

de  Cocolim ,  Francifco  Mafcarenhas. 
da  Ericeira,  D.Francilco  Xavier  de  Me- 

nezes. 
do  Rio  Grande,  Lopo  Furtado  de  Men- 

don^a. 
de  Avintes ,  D.  Luiz  de  Almeida. 
de  Alvor ,  Bernardo  de  Tavora. 
de  Val  de  Reys ,  Nuno  de  Mendon^a, 
da  Ponte  ,  Ailtonio  de  Mello  e  Torres. 
dc  Villa  Nova,  D.  Pedro  de  Lencaf' 

tre. 
^     dos  Arcos ,  D.  Thowas  de  Noronha. 
Conde^    de  Oriola ,    e  Barao  de  Alvito  j  D.  Jo- 

feph  Lobo. 
das  Galveas ,  Andre  de  Mello  e  Caftro. 
de  S.  Vicente ,  Manoel  da  Cunha  e  Ta- 

vora. 
de  Soure  ,  D.  Henrique  da  Cofta  Car- 

valho. 
da  Atouguia  ,  D.  Luiz  de  Ataide. 
de  Valadares ,  D.  Miguel  Luiz  de  Me- 

nezes. 
de  Vimiofo,  D.  Jofeph  dePortugal. 
de  Vimieiro,D.Diogo  de  Faro  e  Soufa. 
de  Villa  Flor ,   Martiuho  de  Soufa  e 

Menezes.  da 


1728. 


Coiide 


Vifcondc  de 
Villa  nova 
de  Cerveira. 


iSo    Hijloria  Tanehrka dos  dejpoforios 

da  Ilha  do  Principe ,  Francifco  Carneiro  de 

Soufa. 
de  Tarouca ,  D.  Eftevao  de  Menezes. 
da  Ribeira  grande ,  D.  Jofeph  da  Camara. 
do  Lavradio ,  D.  Antonio  de  Almeida. 
de  Monfanto ,  D.  Luiz  de  Caftro. 
da  Atalaia^  D.  JoaoManoel  deNoronha. 
de  Sant-Iago  ,    Aleixo  de  Soufa  de  Mene- 

zes.  / 

de  Povolide ,  Luiz  Vafques  da  Cunha  e  Al- 

meida. 
de  Caftel-melhor ,  Jofeph  de  Vafconcellos  e 
.     Soufa. 
D.  Thomas  de  Lima ,  e  .' 

D.  Thomas  da  Silva  Telles ;  Gejteral  de  hatalha^ 


AoCondede  Sant-Iago,    A-pofentador 
mor  fefezj  ofeguinte 

A  V   I  S   O. 

SUa  Mageftade  he  fervido  ,  que  m  jornada 
que  faz  a  Alem-Tejo  acompanhando  a  Se- 
nhora  Princeza  das  Afturias ,  va  V.  Senhoria 
5,  exercitando  o  feu  cargo ,  de  que  manda  fazer 
)y  efte  avifo  a  V.  Senhoria ,  para  que  fe  ache  pron- 
„  to  ,•  e  do  dia  ,  erfi  que  fe  fizer  a  jornada,  parti- 
yy  ciparei  aV.  Senhoria,  cuja  peftba  guarde  Deos. 
yj  Pa^o  21.  de  Dezembro  de  1728. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte  Real 


V 


Pelo 


dos  Principes  do  "Bra^^il,  Livrol.    151 
Pelomejmo  teor  forao  avifados 

O  Almotace  mor. 

O  Conde  de  Pombeiro.  ^'     .  - 

D.  Luiz  Innocencio  de  Caftro.  >Capitaes  da  Guarda. 

D.  Francifco  de  Soufa.  j 

O  Dezembargador  Jofeph  Vaz  deCarvalhoj  Cor* 

':^.regedor  do  Crime  da  Corte  ,  e  Cafa. 

A  0  Dutfue  Efiribeiro  mor ,  y^/^^  ofe- 

gumte 

A  V  I  S   O. 

j,  O  Ua  Mageftade  he  fervido  ,  que  V.  Excellen- 

,,  w5  cia  o  acompanhe  na  jornada  quc  faz  ao 
jy  Alem-Tejo ,  em  companhia  da  Senhora  Prince- 

„  za  das  Afturias,  de  que  me  manda  fazer  efte 
,  „  avifo  a  V.  Excellencia,  para  que  fe  ache  pronto^ 
[yy  edodiaemque  fe  determinar  ajornada,  avifa- 
rei  a  V.  Excellencia,  cuja  peflba  guarde  Deos. 

jy  Pa^o  21.  de  Dezembro  de  1728. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte  Real. 

:  Pela  mefma  ordem  forao  avifados  os 
feguintes  Ofjiciaes  da  Cafa. 

-V 

^deAlegrete,  Manoel  Telles  da  Silva, 
O  Marquez^j^  jy^^j.-^!^^^  D.Diogo  de  Noronha. 

de 


1728. 


O  Conde 


1 3;  2  Hiftona  Panegyrica  dos  defpofonos 

1 72$.        C*^^  Airumar ,  D.  Joao  de  Almeida. 

deValadares,  D.  Carlos  de  Menezes. 
)da  Calheta  ,   Francifco  AfFonfo  de  Vafconcellos 

e  Soufa. 
Me  Villa  flor  ,    Martlnho   de  Soufa   e  Mene- 
zes. 
Fernando  Telles  da  Silva  j  -  -  -  -  Monteiro  mor. 

D.  Antonio  Eflevao  da  Cofta  ,• Anneiro  mor. 

D.  Louren^o  de  Almada  ;  - Meftre  Sala. 

D.  Antonio  Alvares  da  Cunhaj  -  -  Trinchante  mdr. 

D.  Francifco  XavierPedro  de  Soufa. 

Rodrigo  de  Soufa  Coutinho. 

D.  Fr.VeriflimodeLencaftrej  -  -  -  Efmolermor. 

86.  No  outro  dia  vinte  e  dous  de  Dezembro, 
chegou  o  poftilhao  de  Madrid ,  expedido  pelo 
Marquez  de  Abrantes ,  com  amefma  noticia,  que 
X)  Marquez  de  Capecelatro ,  havia  ja  communica- 
do  a  Suas  Mageftades ,  e  a  Princeza  das  Afturias, 
de  que  Sua  Mageftade  Catholica,  com  toda  a  fua, 
Cafa  Real ,  partiao  para  o  Caia  em  7.  de  Janeiro 
do  novo  ,  e  proximo  anno  de  1729.,*  pelo  que 
por  ordem  de  Sua  Mageftade ,  fez  logo  avifo  o 
Secretario  de  Eftado  a  os  Officiaes  da  Cafa ,  Titu- 
los ,  Deao ,  Dignidades ,  Conegos ,  e  mais  Alum-. 
nos  da  Igreja  Patriarcal  deLisboa,para  irem  acom-^ 
panhando  a  Princeza  das  Afturias  ao  Caia ,  para  o. 
que  fe  deviao  achar  em  Evora  a  dez  dejaneirp^ 
do  anno  proximo  futuro  de  29.  Nefte  mefmo  dia 
22.  deDezembro,  foi  nomeado  Thefoureiro  par- 
ticular  da  jornada,  o  Guarda  joyas,  Francifco  de 
Andrade  Corvo ,  e  feu  Efcrivao ,  Diogo  Fernan- 
des  de  Almeida.  Para  Thefoureiro  da  mefma  Re- 
al  jornada ,  fe  fez  nomeao  em  Diogo  Gomes  Pei- 

xoto^ 


dos  Princ  ipes  do^Bra^il^  LivrO  L     i ;  j 

xoto  j  e  para  feu  Efcrivao,  em  Caietano  de  Andrade        j  j^  8, 
Corvo, 

87  Avinteetres,  teve  o  Marqiiez  de  Angeja 
do  Secretario  de  Ellado  Diogo  de  Mendonga  Cor- 
te  Real,efte 


A  \^;;,  l  S  O. 

»  O  Ua  Mageftade  me  ordena ,  avife;  a  V.  Ex- 
^)  v3cellencia,  para  que  V.Excellencia;  e  todos 
,f  os  Officiaes  da  Cafa  da  Senhora  Princeza  das 
„  Afturias ,  a  hao  de  acompanhar  ate  o  Caia  ,  de 
jj  que  fa^o  a  V.  Excellencia  efte  avifo,  para  que 
jy  o  tenha  por  entendido  ,•  e  pela  parte  que  Ihe  to- 
ca  ,  o  difponha  nefta  conformidad^  ,  remetendo- 
me  com  a  maior  brevidade  huma  lifta  de  todas 
as  peftoas  da  familia  da  "Senhora  Princc.za ,  que 
hao  de  ir  em  companhia  de  Sua  Alteza ;  para  fer 
prefente  a  Sua  Mageftade.  Deos  guarde  a  V« 
Exceliencia.  Pa^o  23.  de  Dezembro  de  1728. 


Dtogo  de  Mendon^a  Corte  Real. 

Pedro  *de  Vafconcellos  e  Soufa  ,  como  Eftribei* 
ro  mor  da  Senhora  Princeza  das  Afturias ,  teve  no 
mefmo  dia  outro  femelhante  avifo, 

88  A  vinte  e  einco  foi  Luiz  Rodrigues  Car- 
reira  conftituhido  Superintendente  das  Carruagens 
da  Real  jornada  ao  Caia ,  para  o  que  recebeo  de 
Sua  Mageftade  o  feguinte 

V  EX- 


IJ4  HifionaVanegynca  ios defpojmos 

1728.        EXPRESSO. 


L 


Uiz  Rodrigues  Carreira,  Eu  El-Rey 
vos  envio  muito  faudar.  Attcndendo  as 
voflas  letras ,  e  prudencia  ;  tendo  por 
„  certo  que  de  tudo  ,  o  que  vos  encarregar  me 
,;  fervireis  muito  a  minha  fatisfa^ao:  Hei  por  bem 
„  nomear-vos  Superintendente  das  carruagens,  que 
„  hao  defervir  najornadaquefa^o  a'AIem-Tejo, 
„  acompanhando  a  Princeza ,  minha  muito  ama- 
„  da,  e  prezada  filha  ,•  e  para  efte  eifeito  vos  or- 
„  denb  paffeis  logo  a  Villa  de  Aldeia  Gallega.,, 
„  onde  fareis  prontas  todas ,  as  de  que  fe  neceilitar 
jy  para  efta  jornada  ,•  e  para  o  fazeres  com  pron- 
),  tidao,  vos  concedo  toda  ajurifdic^ao  necelfa- 
„  ria ,  alTmi  na  dita  Villa,  como  emtodaaPro- 
„  vincia  de  Alem-Tejo ,  dando  todas  as  jufticas 
„  cumprimento  as  voilas  ordens  ,  para  poderes 
„  puchar  por  todas  as  carruagens ,  que  forem  pre- 
„  cizas  para  a  condu^ao  do  fato,  viveres  ,  e  mais 
„  coufas  ,  que  fe  hao  dc  remeter  defta  Corte  ,  ten- 
„  do  entendido ,  que  me  haveis  de  acompanhar 
„  najornada  ,  exercitando  efte  mefmo  cargo,-  e 
„  para  o  fazeres  com  mais  authoridade ,  vcftireis 
j,  Jogo  a  Beca  ,  e  a  Meza  do  Dezembargo  do  Pa- 
„  go  mando  avifar  ter-volo  aftim  ordenado  ,•  e 
„  para  voft^o  Efcrivao  nefta  diligencia  nomeio  a 
„  Jofeph  Alberto  ;  e  para  Meirinho  della,  Paulol 
„  Francifco.  Efcrita  em  Lisboa  Occidentai  a  25. 
„  de  Dezembro  de  1728.  ' 

R  E  Y. 

Serii 


dos  Principes  do  "Bra^^il,  Livro  I,    155 

Seria  pelos  fins  de  Dezembro,  quando  comeiTa-      1728, 
rao  a  pafTar  as  carruagens ,  e  cavalgaduras  para  AI- 
deia  Gallega.  As  carruagens ,  que  entao  fe  manda- 
rao  para  Elvas ,  forao  as  feguintes. 


COMITIVA  DEL-REY. 


EStufa  de  marcha. 
Caleifa  para  EI-Rey. 
JBerlinda  dourada ,  para  o  Eftribeiro  mon 
Berlinda  dourada ,  para  os  Veadores. 
Berlinda  fem  ouro  ,  para  Fidalgos. 
Berlinda  fem  ouro ,  para  Fidalgos. 
Berlinda  fem  ouro ,  para  o  Eflribeiro  menor. 
Berlinda  fem  ouro ,  para  Mo^os  da  Guardaroupa- 
Berlinda  fem  ouro,    para  Clerigos. 
Berlinda  fem  ouro ,  para  femelhantes. 

S    E    J    E    S. 

'  ^^  Res  ricas ,  para  El-Rey ,  referva  ,  e  Eftribei- 
JL        ro  mor. 
Huma  com  varias  coufas ,  pertencentes  a  Sua  Ma- 

ireilade-. 
Huma  para  Manoel  Vieira,  e  Manoel  Lopes. 
Huma  vazia ,  de  fobrecellente. 
Huma  para  oPadfe  Thomas  Feyo,    ePedroAn- 

tonio. 
Huma  para  o  Barbeiro  j  e  Bento  Fernandes. 
Cinco   para  os  Officiaes  menores    da  Cafa ,    que 

precedem  aos  Mo^os  daCamara. 

V  ii  Vinre 


I|6    HiftoriaTanegyrica  doi  defpoforios 

1728         Vinte  eduas,  para  Mo^os  da  Camara. 

Huma  para  Ifaac  Eliote  ,  e  Jofeph  Correia. 
Tres  para  Capellaeiis ,  Acolitos ,  e  Manoel  Joao. 
Huma  para  Joao  Frederico  ;,  e  feu  iilho  Joao  Pei 

dro  Ludovice. 
Duas  para  Porteiros  da  Canna. 
Huma  para  Antonio  Canavaro ,  e  hum  dos  Lei- 

gos  dos  Padres  ConfeiFores. 
Huma  para  o  Coronel  Manoel  da  Maya  ,    e  o  Sar- 

gento  mor  Jofeph  da  Cruz  da  Silveira. 
Huma  para  o  Leigo  do  Confelfor  do  Principe  ,  e 

huma  peifoa  do  Padre  Prior  de  S.  Nicolao  Joao 

Antunes  Monteiro. 
Hu'ma  para  os  dous  Medicos  do  numero ,  Jofeph 

Rodrigues  Froes^e  Jofeph  Rodrigues  de  Avreu. 
Huma  para  os  dous  Cirurgioens ,  Eitevao  Galhar- 

do,  e  Felis  Pereira.' 
Huma  para  dous  Sangradores. 
Huma  para  Joao  Bautiita  de  Moura  ,  e  outro  Offi-' 

cial.  i 

Cinco  para  os  Officiaes  da  Secretaria  de  Eilado. 
Huma  para  dous  Boticarios. 
Huma  para  o  Thefoureiro  dajornada,  Diogo  Go- 

mes  Peixoto. 
Huma  para  Bernardo,  e  Jofeph  da  Coila. 


PATRIARCAL. 

DUas  fejes  para  tres  Beneiiciados  afliflentes ,  ■ 
e  outra  peifoa. 
Duas  para  quatro  Beneficiados ,  nao  aiTiflentes.  j 
Humapara  dous  IS^otarios. 

Sete 


dos  Prlncipes  do  "Bra^lU  Livro  I.    157 

Sete  para  Subdiaconos,  e  Acolitos  Patriarcaes.  172^ 

Huma  ,  para  referva. 

Oito  para  Muficos  de  vozes  ,  e  Francifco  Antonio. 


COMITIVA  DA  RAINHA. 

EStufa  de  marcha. 
Caleifa  de  marcha.  :' 

Berlinda  dourada ,  para  a  Camareira  mor. 
Berlinda  dourada  ,  para  o  Eftribeiro  mor. 
Berlinda  encarnada ,  dourada  ,  para  Damas. 
Berlinda  encarnada  j  dourada ,  para  Damas. 
Berlinda  encarnada  ,  dourada  ,  para  Damas. 
Beriinda  fem  ouro,  para  Veadores  daRainha. 
^3erlinda  dourada ,  para  o  Eftribeiro  mor  da  Rai- 

nha. 
'  Berlinda  fem  ouro ,  para  Veadores  da  Princcza. 
Beriinda  fem  ouro,  para  o  Confeflbr,  e  Fidaigos. 
Berlindafem  ouro,  para  A^afatas.  "'^^ 

Berlinda  encarnada  _,   renovada  em  Lisboa , .  para 

A^afatas. 
Berlinda  forrada  de  marroquim  ,  para  A^afatas. 
Beriinda  pequena,    fem  ouro,    para   o  Porteiro 

da  Camara. 

S    E    J^,  E    S. 

TRes  ricas ,  para  a  Rainha ,  Camareiras  mores, 
e  Eflribeiro  mor. 
Vinte  e  nove  para  Criadas. 

Huma  para  Porteiros  da  Canna ;,  quc  nao  forem 
acavaiio. 

Huma; 


l^S   Hiftoriapmegyricados  defpojofws 

1728        Huma  para  Guardas  Damas ,   que  nao  forem  aca- 
vallo. 
Huma  para  dous  Companheiros  de  ConfelTores. 
Tres  para  Capellaens ,  e  Acolitos. 
Huma  para  o  Cirurgiao ,  e  Boticario ,  Alemaens. 
Huma  de  referva ,  a  ordem  da  Rainha. 
Duas  para  quatro  Lavandeiras. 

REPARTICyAO  DOS  SOTTAS. 
Para  beftas  de  cocbe- 

i   J  XJiz  Teixeira. 
piniz  Marques. 
Bernardo  Ferreira.  ^ 


Tara  camllos  ligelroS' 

xV A  Anoel  Ferreira. 
Simao  Mafcarenhas. 
Manoel  Duarte. 
Aleixo  de  Brito. 


Tara  beftas  das  Galeras. 

Jl    Edro  Guterres. 
Joao  Teixeira  Pilao. 
Thomas  de  OHveira. 

Cria- 


"  dos  Principes  do  "Bra^iU  Livro  J.    159 


CRIADOS  P  E  RTENCENTES   AS       1728. 
^    Cavallart^as. 

DE'z  Sottas  Cavallari^os. 
Duzentos  e  quarenta  Cocheiros ,  e  Lacaios. 
Qainhentos  e  vinte  e  feis  mo§os  das  Cavallari^as, 
<2uarenta  Liteireiros. 
Dezafeis  Azemeis. 

Vinte  Ferradores.  ';    '.  . 

Hum  Alveitar.  oii3f!:jii  (;ojiri.\iJ<' 

SelTenta  mo^os  da  Eftribeira.  ^my  •        -      :" 

Vinte  e  quatro  Trombeteiros ,  e^laibaleiroSv 
Doze  Poftilhoens  de  Gabinete.  '    ' '■  ' 

Hum  Cabo  das  Galeras. 

Doze  Fieis  da  Cafa  dos  arreyos.  '  ^' 

Seis  SelJeiros.  ---  -  -'" 

Seis  Corrieiros. 
Cinco  Carpinteiros  de  coche. 
Tres  Cerralheiros.       ^^  v\K 
Dous  Carpinteiros  de  caixas. 
Dous  Pintores.  ' 

Hum  VidrafTeiro. 

Joao  Bautifta  de  Moura:  Mo^o  da  cafa  dos  arreyos, 
Louren^o  de  Anveres  r  Pagador  das  Cai^allarigas. 
O  Tenente  Manoei  dos  Santos:  ConduBor  dofa-^ 

to  daPrinceza. 
Muitos  ourros  Criados ,  e  Efcravos ,  que  fora  pro- 

lixidade  referir. 


CRIA-' 


1 6o   Hifloria  Tanegyrlca  dos  defyojprios 

1728.      CRIADOS,  A  QUEM  SE  DERAO  BESTAS 

de  fella  ,  por  bilhete. 

SEiTenta  Repofteiros. 
Trinta  e  cinco  Varredores. 
,  Vinte  Sonadores, 
Defanove  Clerigos ,  MaiTeiros,  e  Serventes  da  Pa- 

triarcal. 
Oito  Criados  da  Rainha. 
Duzentos  Archeiros. 

Duzentos  e  vinte  e  duos  Cozinheiros ,  e  Ajudantes» 
Cento  e  tres  Mogos  da  prata ,,  e  Mantearia. 
Dous  Padeiros. 

Hum  Cirurgiao ,  Joao  Hejirique  de  UVitte. 
Hum  Elpingardeiro.     ., ;  ^^  ,x?: 
Huni  Criado  da  Acafata  Caftelhana. 


BESTAS  DA  REAL  CAVALLARIC.A. 

T 

SEis  centos  e  fetenta  e  tres  cavallos  de  fella ,  que 
fe  derao  a  os  criados ,  e  mais  peflbas  particu- 
lares  defta  B.eal  Comitiva. 
Duzentos  e  defoito  cavallos ,  que  fe  derao  as  pef- 

foas  da Cavallari^a.  ;„    . 

Duzentos  e  cincoenta  cavallos ,  e  mullas  para  cen- 
-r,  to e  vinte ecinco  fejes. 

Cento  e  quarenta  beftas  muares ,  para  as  galeras , 
carros  matos ,    eandas,    e  para  os  Liteireiros 
irem  a  cavallo. 
Cento  e  feis  mullas ,  machos,  e  cavallos  de  referva. 
Setenta  beftas  muares ,  e  reclutas  de  Evora. 
Trezentos  e  cinc©enta  e  tres  Urcos  de  coches. 

Car- 


dos  Frincipes  do  "Bra^il,  Livro  I,    j6i 

Carruagens  ^ue  Sua  Mageflade  levou  ate  El-     lj^%. 
vas ,  e  (fue  ftrvirao  pelo  caminho  nejta 
jomada. 


DE'z  coches. 
Oito  berJindas. 
Vinte  e  nove  eftufas. 
Duas  caJeflas. 

Cento  e  quarenta  e  hurtia  fejes. 
Sete  galeras. 
Doze  carros  matos. 
Vinte  andas. 


Arreyos ,  e  pertenjas  (jue  fervirao  ^iajorna- 

da  ate  Elvas,  quefe  entregdrao  nos  Ar- 

ma^ens  do  'iReyno- 

DUzentas  e  quatro  fellas  com  feus  arreyos ,  de 
fervi^o. 

Mil  e  quatro  chareis  de  panno  encarnado  ,  guar- 
necidos  com  galoens  de  prata. 

Oito  chareis  de  paimo  efcuro ,  guarnecidos  com 
galao  de  ouro. 

Cem  repofteiros  ordinarios ,  de  panno  encarnado  , 
com  guarni^ao  bordada  de  panno  azul. 

Mil  feifcentas  fetenta  e  quatro  camizas  de  Efguiao, 
e  Bretanha ,  de  punhos  de  Cambrai ,  para  mogos 
da  Eftribeira ,  Sottas ,  Officiaes ,  CoiTcyos  do 
Gabinete,  Cocheiros,  Liteireiros,  Azemeis,  e 
mo^os  das  Cavallari§as  •*  a  maior  parte  levavao 
a  duas.  X  Oito 


jCz  HyionaPanegyricadosdefpoforws 

1728-        ^^to  centos  e  quatorze  pares  de  luvas,  para  os  mef- 

mos. 
Derao-fe  botas  a  todos  os  Sottas ,  e  mo^os  da  Ef- 

tribeira  ,  Cocheiros ,   e  Liteireiros ;    e  capatos 

aos  Meftres  dos  Officios  ,  que  forao. 
Mil  e  quatro  centos  archotes  de  cera. 
Mil  e  duzentos  archotes  de  efparto. 
Vinte  Efiendartes ;,  e  oito  pannos  de  timballes,  de 

damalco  verde ,  bordados  de  retroz  encarnado. 
Vinte  e  oito  chareis  de  fellas  dos  Trombeteiros,  de 

panno  encarnado ,  e  bordados. 
Vinte  e  oito  veftidos  dos  Trombeteiros  de  panno 

encarnado  ,  cobertos  de  galao  de  prata. 
Quarenta  filhoens  de  liteiras ,  para  as  andas. 
Todas  as  ferramentas  neceifarias ,  que  fe  compra- 
*     rao  y  e  derao  a  quarenta  e  fete  Omciaes  de  diffe- 

rentes  Officios ,  que  forao  a  jornada. 

89  Nefle  tempo  fe  controverteo ,  que  guarda 
de  Corpo  haviao  delevar  Suas  Mageftades;  e  de- 
terminou  El-Rey  ,  attendidas  as  confultas  que 
houve  fobre  efte  ponto ,  que  folfem  dc  mais  da 
Guarda  Alemaa ,  quinhentos  cavallos  ,  com  Ca- 
pitaens ,  Officiaes ,  e  Soldados  efcolliidos ,  e  com 
o  titulo  de  Deftacamento  da  Guarda  Real. 

90  Entrou  finalmente  ofauftiffimo    anno  de 
1729.        '^1^9-y  em  que  fe  havia  de  por  o  ultimo  coniple- 

mento  a  huma  accao  tao  alta ,  e  em  que  tao  glo- 
riofamente  fe  havia  trabalhado ,  pelo  decurfo  dos 
quatro  precedentes.  No  primeiro  dia  defte  anno 
tao  afortunado  ,  recebeo  o  Deao  da  Santa  Igreja 
Patriarcal ,  o  feguinte 


AVI- 


dos  Prlncipes  do  "Bra^^jU  U^^ro  I.     1^3 


A  V   I  S   O. 


1729. 


)> 


•,  Or  fe  ter  ajuftado  f  jntre  efta  Cortie ,  e  k 

de  Madrid,  que  as  bencaos,  n.upriaes  dc 

Suas  Altezas ,  fe  celebrem  fblemnemente 

nas  Cathedraes  de  Elvas ,  e  Badajoz  ,  e  por  ir  o 

Illuftri^rimo ,  e  Reverendiflimo  Patriarca  fazer 

efta  fungao  ,  me  ordenou  Sua  Mageftade ;  que 

aflim  o  participaiTe  a  V.  Senlioria  Illuflrifrima  > 

e  que  fera  do  feu  Real  agrado ,  que  V.  Senho- 

,f  ria  IlluftrifTima  aflifta,  affim  areferida  fun^ao, 

como  as  mais  qm  ik  fizerem.  Deos  guafde  a  V, 

Senhoria  Illuftriflima.    Pa§o    i.   de  Jaiieiro  de 

1729. 


D/ogo  de  Mendon^a  C^rte  Real. 


Semelliantemente  fe  efcreveo  ao  Chantfe  Filip 
pe  de  houfa,  e  ao  Arciprefte  Paulo  deCarvalho; 
poflo  que  a  moleftia  que  efte  entao  padecia ,  o  ef- 
cufou  ,  e  fe  nomeou  em  feu  lugar  ,  Henrique  Vi- 
cente  de  Tavora,  Thefoureiro  mor  daSanta  Igreja 
J^atriarcal. 


0  mejmo  avifd  (e  participou  aos 


Conegos 


Francifco  de  Sales. 
.  Gonfalo  de  Soufa. 
Lafaro  Lcitao  Arenha. 
X  u 


D.  Joa& 


1729. 

Presbiteros 
mais  antigos 

Diacono 


164   Hijloria  Panegyrica  dos  defpoforios 


'D.  Joao  de  Meilo. 
kD.  Luiz  de  Noronha. 
D.  Francifco^ 
^D.  Jofeph     < 
^D.  Luiz  de  Caftello-branco. 
D.  Joao  de  Soufa,  que  nao  pode  ir^  por  meleflo. 


de  Menezes. 


■TODOS  OS  TITULOSy  E  OFFICIAES,  QUE 

receherao  0  avljo  que  ja  diljemos ,  para  acompa- 
nhar  a  Stias  Maq^efiades ,  e  Altefas  ( exceptuan- 
do  o  Duque  Eftribeiro  mor ,  os  Marquezes ,  de 
,'.  Alegrete  Fernando  Telles  da  Silva  ,  e  de  Mari- 
alva,-  e  os  Condes,  de  PombeirO;  e  de  Sant-Iagp) 
tornarao  a  ter  ofegumte 


?5 


S 


A  V   I   S    O. 

Ua  Mageftade  determina  pafTar  a  Aldeia 
Gallega   a  fete  do  prezente  mez  de  Janei- 
ro  ,  na  manhaa  do  dito  dia  f  e  he  fervido 
que  V.  Senhoria  va  adiante  a  efperar  na  Cidade  > 
a  fua  Mageftade  ,  para  o  acompanhar  da  hi  por  k 
diante  na  forma,  em  que  o  dito  Senhor  ordenar. ' 
Deos  guarde  a  V.  Senhoria.  Pa^o  i.  de  Janeirot 
de  1729. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte  Real. 


./ 


A  dous 


dos  Principes  do  "Bra^il,  Livro  I.    i6> 

A  doiis  dejaneiro  fez,.  S.  Magejiade  efcrever       IJ29. 
aCamarade  ElvaSy-peloteorfegiiinte.    . 

j;  W  XJiz ,  Vereadores,  e  Procurador  da  Cama- 
jf  i  ra  da  Cidade  de  Elvas.  Eu  E[-Rey  vos  en- 
,;,  ^  vio  muito  (iiudar.  Ja  vos  mandei  avizar  ha- 
„  verem-fe  concluido  os  cazamentos  do  Principe, 
„  meu  fobre  todos  muito  amado ,  e  prezado  filho, 
,;  e  o  da  Princeza  das  Afturias ,  minha  muito  ama- 
„  da ,  e  prezada  filha  j  e  porc^ue  em  fete  defte  mez 
,,  determino  paiTar  defla  Corte  com  toda  a  Cafa 
„  Real ,  e  recolher-me  depois  a  eJla ,  acompanhaa- 
,,  do  a  Princeza  do  Brazil ,  minha  Nora,-  e  deven- 
„  dp  fazer  joniada  a  e/fa  Cidade^  me  pareceo  man- 
y,  dar-vos  dar  efta  noticia ,  para  que  tendo-a  enten- 
,_,  dido  ,  fa^aes  todas  aquellas  demon{tra<^oens  de 
yy  amor ,  efidelidade,  que  correfpondem  a  huma 
;,  occafiao  tao  feftiva,  ede  tantogofto.  Efcritaem 
„  Lisboa  Occidental,  a  2.  de  Janeiro  de  1729. 

R  E  Y. 


O  mefmo  fe  praticou  com  as  Camaras  de  Mon- 
,  temoronovo,  Evora,  e  Villa-vi^ofa.  Nefte  mef- 
mo  dia  receberao  os  Ajudantes ,  Joao  Lobo  de 
Lacerda  ,  e  Manoel  Dias  Coutada ,  do  Marquez 
de  iMarialva ,  a  ordein  de  que  fallamos ;  e  era  defte 
teor. 


Os 


i66  Hifioria  panegyrica  dos  defpojorlos 

172  0  «  /^^  ^  Tenentes  Coroneis  da  Cavallaria,  meus 
j,  V^  Ajudantes  das  Ordens  ,  D.  Thomas  4e 
Aragao ,  e  Liiiz  Garcia  de  Bivar ,  pairao  por 
ordem  de  Sua  Maseftade  a  Provincia  do  Aiem- 
Tejo  ,  e  os  acompanha  por  ordem  mjnha  o  Te- 
nente  Joao  Lobo  de  Lacerda  ;,  da  Companhi^ 
de  Jofeph  Ribeiro  Preto^  do  Regimento  dp 
Porteiro  mor :  Joao  Luiz  de  Azevedo  ,  que 
ferve  deVedor  Geral,  Ihe  mandara  notar  ella 
em  feus  affentos ;  porque  todos  vao  em  fervico 
do  dito  Senhor ,  e  Ihe  mandara  dar  as  beftas , 
que  Ihe  forem  neceifarias  para  as  fuas  bagagens. 
Lisboa  Occidental  2.  de  Janeiro  de  1729. 


jy 
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V 


Cofn  ruhrka  do  Marquez, 

Deo-fe  outra  femelhante  ordeHi  do  Marquez  de 
Marialva ,  refpe6liva  ao  Ajudante  Manoel  Dias 
Coutada ,  por  confidera^ao  ,  de  nao  fe  haver  feito 
mengao  delle  na  que  acabamos  de  tranfcrever, 
pela  reparti^ao  dos  Armazens,  donde  efte  Otlicial 
fervia,  ferfeparada. 

A  tresfezj  S.  Mageflade  efcrever  ao  Ca- 
bido  de  Elvas ,  nefiafubfiancia- 


DEao  ,  Dignidades ,    Conegos ,    e  Cabido, 
Sede  vacante ,  da  Cidade  de  Elvas.  Ja  vos 
mandei    avifar  haverem-fe    concluidos  os  cafa- 
jy  mentos  do  Principe,   meu  fobre  todos  muito 

amado, 


dos  Trlncipes  do  ^ra^iU  Livro  I.    167 

)y  amado  ,  e  prezado  filho  ;,  e  o  da  Piinceza  mi-  1729. 
,y  nha  muito  amada ,  e  prezada  filha  j  e  porgue  em 
„  7.  do  prefente  mez  ,  deterraino  pafiar  defta  Cor- 
„  te  coin  toda  a  Cafa  Real^  acompanhando  a 
„  mefiiia  Princeza  ,  que  na  ribeira  do  Cdia  fe  ha 
„  de  trocar  com  a  Princeza  do  Brazil ,  minha  N6- 
„  ra  ,  e  devendo  fazer  jornada  a  efla  Cidade ,  me 
,y  pareceo  avifar-vos  para  que  nos  dias  de  minha 
,y  entrada  ,  £  no  da  Rainha ,  e  Princeza ,  affim  na 
„  hida ,  como  na  volta ,  e  nas  mais  fun^oens ,  que 
■:  „  fe  ofierecerem  ,  fagaes  todas  aquelias  demonftra' 
„  ^oens  de  alegria,  e  contentamento ,  quehe  efly- 
;,,  lo  em  femelhantes  occafioens ,  e  que  correlpon- 
,,  dao  a  huma  tao  feiliva ,  e  de  tanto  gofto.  Efcri- 
„  ta  em  Lisboa  Occidental   a  3.  de  Janeiro  de 

3>      1729. 

REY. 

No  mefmo  dia  teve  %odrigo  de  Soiifa  CoU' 
tmho ,  ofegimte. 

A   V   I   S   O. 

SUa  Magcftade  tendo  confideragao  as  quali- 
dades ,  e  merecimentos ,  que  concorrem  na 
peflba  de  V.  Senhoria  ,  foi  fervido  refolver  que 
jj  V.  Senhoria  fervifi^e  de  Veador  da  fua  Cafa  pe- 
lo  Senhor  Conde  do  Redondo  feu  fobrinho ,  pe- 
lo  tempo  que  o  mefmo  Senhor  for  fervido  ,  ten- 
y  do  V.  Senhoria  cntendido  que  ha  de  fervir  o  di- 

„  to 


^7J 


» 


i6S  Hi/loriaPanegyrica dos defpoforios 

1720        7>  to  cargo  naforma  que  o  mefmo  Senhor  Iheor- 
„  denar  ,  e  que  ha  de  pallar  a  Alem-Tejo  com  Sua 
Mageftade  ,  para  onde  parte  a  7.  do  prefente 
mez ,  de  que  fa^o  a  V.  Senhoria  efte  avifo ,  para 
que  o  tenha  entendido.   Deos  guarde  a  V.  Se- 
„  nhoria.  Pa^o  3.  de  Janeirode  1729. 

Diogo  de  Mendonga  Corte-Real. 


91  A  quatro  de  Janeiro ,  partio  para  Elvas ,  pe- 
la  eflrada  de  Arraiolos ,  o  Cardeal  da  Cunha ,  para 
fe  achar  na  fun^ao  do  Caia.  Receberao  por  ef- 
crito  do  Duque  Eftribeiro  m6r ,  no  ourro  dia  ,  os 
referidos  Tenentes  Coroneis  D.  Thomas  de  Ara- 
gao  ,  e  Luiz  Garcia  de  Bivar,  a  lim  de  que  tivef 
fem  toda  a  authoridade  neceflaria  para  executar 
mais  commodamente ,  o  que  pelo  mefmo  Duque 
Ihes  fofle  encarregado ,  efta 

O  R  D  E  M. 

„  ^"^^  Tenente  Coronel  Luiz  Garcia  de  Bivar, 
„1  m  vai  por  ordem  del-Rey ,  meu  Senhor ,  a' 
))  ^^-^  Aldeia  Gallega,  e  da  hi  pafl^ar  ao  A!em- 
„  Tejo ,  a  diftribuii*  as  ordens ,  que  Ihe  tenho  da-  '4 
;,  do  ,  para  a  boa  direcgao  dajornada,  e  comitiva  i; 
„  de Suas  Mageftades ;  OsSotta-Cavallari^os,  mo-  lo 
„  90S  da  Eftribeira  ,  Cocheiros ,  e  mais  Ofhciaes 
„  das  mefmas  Cavallarigas ,  Trombeteiros ,  e  Ata- 
„  baleiros ,  Ihe  obedeccrao  prontamente  ao  que  ^ 
„  por  elle  Ihes  for  ordenado ,  na  forma  das  ordens  r 
;,  que  leva  minhas;  e  o  dito  Tenente  Coronel ,  (k\\ 

„  for 


V 

w 
}) 


dos  Principes  do  "Bra^iU  Livro  I.  JiS^ 

„  for  necefTario  requerer  alguma  coufa  para  a  r72*g 
expedi^ao  do  fervi^o  del-Rey,  meu  Seniior, 
ao  Juiz  de  fora  da  terra  y  o  podera  fazer  -,  e  o 
mefmo  fara  em  todas  as  de  mais  terras ,  pOr  on- 
de  Sua  Mageflade  paifar ,  ou  pouzar ;,  ate  fe 
recoJJier  a  efta  Corte ,  e  afTmi  tambem  depreca- 
ra  ao  Superintendente  das  carruagens ,  para  o 
„  que  Ihe  for  precizo  para  o  fervi^o  do  dito  Se- 
jy  nhor.  Lisboa  Occidental  5.  de  Janeiro  de  1729. 

Duque  y  EJiribeiro  imr. 

Efia  mefma  ordem ,   teve  feparadamente  0 
,       Tenente  Coronel  X>>  Thomas 
de.Aragao, 

92  No  dia  emqiae  foi  datada  a  mefma  ordcm^ 
palfou  o  Tenente  Coronel  Luiz  Garcia  (de  Bivar, 
a  Aldeia  Gallega ,  e  fem  perder  mais  tempo  ,  co- 
me^ou  a  dar  logo  a  execu^ao  as  ordens ,  que  fe  Ihe 
haviao  committido.  Carecia-fe  para  ifto  de  muitos 
meios  ,  falta  que  occafionara  a  brevidade  do  tem-  ■ 
po ,  e  a  confufao  tao  infeparavel  de  femelhantes 
fun^oens,-  mas  alTim  elle,  como  feu  companhei- 
ro  D.  Thomas  de  Aragao  ,  puderao  com  a  fua 
grande  a61ividade  ,  vencer  efles  quafi  impoffiveis  , 
com  felizes,  e  bem  logrados  expedientes.  Rece- 
beo  ordem  do  Duque  Eftribeiro  mor ,  o  Tenente 
Coronel  Luiz  Garcia  de  Bivar  j  para  fazer  por  nu- 
m.aros  de  latao  em  todos  os  coches,  e  fejes  da 
Cavallari^a  de  Sua  Mageftade  ,  e  mandar  ,  outro 
fmi,  fazer  huma  boa  quantidade  de  tarjas  de  Mof^ 
covia,  com  feus  numeros  pintados^  para  a  dif1:ri- 

Y  buicao 


1  'jf^   Hiftoria  Tanegyrica  dos  defpoforios 

1 72  0,  bui^ao  dos  cavallos ,  e  carruagens,  que  fe  haviao  de 
dar  aquellas  peflbas,  para  ifTo  deftinadas ,  e  apontas 
nas  ReJa^oens. 

93  Antes  de  p6r-fe  a  caminho  nomeou  El- 
Rey  ,  Confeflbr  do  SerenifTmio  Principe  do  Bra- 
zil ,  o  Padre  Henrique  de  Carvalho ,  da  Compa- 
nhia  de  JESUS.  Difpoz  El-Rey ,  que  a  libre  an- 
tiga  da  Cafa  de  Bargan^a ,  que  era  de  panno  fil- 
vado  de  verde ,  e  branco ,  guarnecida  de  galoens 
de  prata,  agora  fe  mudafle  nao  mais  que  para 
as  Reaes  Cafas  de  Suas  Mageftades  ,•  e  do  Sere- 
niiTimo  Principe  do  Brazil,  na  cor ,  de  que  haviao 
ufado  os  Reys  antigos,  feus  predecejOrores ,  ifto 
he,  de  panno  encarnado  com  cabos,  e  veftias 
azues ,  agaloadas  de  prata.  Quanto  aos  Archeiros 
da  Guarda,  foi  fervido,  que  elJes  veftiflem  da 
mefma  cor,-  fo  porem  com  a  difteren^a  do  ouro. 
Aftim  fe  promovia  efta  tao  luzida ,  e  Regia  ex- 
pcdi^ao ,  que  ja  paflamos  a  defcrever  no  Livra 
feguinte. 


LI- 


dos  Principes  do  "Bra^iU  Livro  II.    171 


L  I  V  R  O     II.         ^72p. 

S  U  M  M  A  R  I  O. 

r|j  ARTEM  humas ,  e  ou- 
'  tras  Magejfadcs ,  e  Alte- 
zas  para  o  Caia.  Siia  co- 
jmtiva  y  e  ordem.  Applati- 
fos  da  Villa  de  Montetnor 
0  novo  j  e  da  Cidade  de 
Evora  as  peffoas  Reaes. 
Sae  a  Rainha  D.  Marian- 
na  de  Atiftria  de  Lisboa.  Seu  acompanhamento. 
Conio  hc  recehlda  e?n  Evora.  Gra§as  qne  con- 
cede  El-Rey.  Prqfegue  aftia  jornada'  para.  Vil-  ' 
la-Virofci.  Parte  a  Rainha  de  Evora.  Occorre 

0  Marquez  de  Ahrantes  ao  caminhoy  afallar  a 
Suas  Mageftades.  Chegao  ejias  h  Pra^a  de  £/- 
vas» 

1  i^^  Hegado  em  fim  o  termo,  qiie  fe  prefcre- 
\^  vera  para  come^ar  a  Pveal  jornada  ao 

Caia,  puzerao-fe  a  caminho  as  Mageftades;  e  Altezas  Pavtem  as  Ma- 
dc  Caflella  em  7.  de  Janeiro,  pelas  dez  da  manhaa.  zm-^^/J cl/fif^' 
Vinhao  fervindo  aeftesReaes  Senhores,  (exceptu- /'«ar^  oCdia. 
ando  o  Marquez  dc  Santa  Gruz  j  Mordomo  mor  da 
,,3^ainha,  e  D.  Joao  Idiaques,  Sumilher  do  Corpo    ^^    ^"'' '^a 
clo  Principe  ,  que  fe  deixarao  licar ,  por  indifpof- 
tos  ,  emPalacio)    o  Conde  de  Koninfegh,  Em- 
baixador  do  Imperador ,  e  os  mais  Embaixadores 
de  Portugai ,  Franca ,  Sardenha/ Veneza,  cHoi-- 
landa ,  e  os  Miniftros  de  Inglaterra  ,  e  Modena  , 

Y  ii  .  todrjs 


1729. 


172  Hijloria  Tanegyrica  dos  defpcforios 

todos  os  Chefes  das  Cafas  dos  mefmos  Senhores 
Reys  ,  Principes,  e  Infantes  :  Vinte  Grandes  de 
Hefpanha  ;  fazendo-fe  digno  de  efpecial  recorda- 
cao  o  Duque  de  Oifuna  ,  Eftribeiro  mor  de  Sua 
Mageftade  Cathohca  ,  que  no  feu  traje  ,  e  trata- 
mento  fe  diftinguia  entre  os  primeiros  Senhores  de ' 
ambas  as  Nacoens.  Faziao-lhes  tambem  airiften- , 
cicL  o  Capitao  de  Quartel  das  Reaes  guardas  de- 
Corpo  ;  o  Coronel  do  Regimento  de  guardas  de 
Infantaria  Hefpanhola  ,•  os  Gentis-homens  da  Ca- 
mara^  de  exercicio  ,•  as  Camareiras  mores ;  Damas, 
e  Senhoras  de  honor  ,•  A^afatas ,  e  Camariftas  da 
Rainha ,  e  Princeza.  O  Eminentillimo  Cardeal  Pa- 
triarca  das  Indias ,  Capellao ,  e  Efmoler  mor  de 
Sua  Mageftade ,  D.  Carlos  de  Borja  j  e  hum  gran- 
de  numero  de  Capellaens  de  honor ;,  e  individuos 
da  Capella  Real  j  os  Mordomos  ,  e  Cavalhari^os 
deSua  Mageftadej  os  Cavalleiros ,  Pagens  de  EI- 
Rey  ,•  todos  os  Officios  de  boca  de  ambas  as  Ca- 
fas  ,•  os  das  Reaes  Cavallari^as  j  e  muitos  outros 
Senhores ,  e  Cavalleiros  ,  que  eipontaneamente 
quizerao  prefencear  huma  fun^ao  de  tanto  efplen- 
dor ,  e  plaufibilidade, 

2     Havia-fe  adiantado  ,    por  maior  commodo 
do  feu  tranfito  ,    e  apofentadoria ,    huma  grandg 
parte  defta  Real  Comitiva  alguns  dias  antes ,  que  F 
as  peftbas  Reaes  comegairem  aviajar.    Ainda  foif 
maior  a  antipa^ao  das  Guardas  de  Corpo  das  tres 
Companhias,  Hefpanhola,  Itahana,  eFlamengai 
e  as  de  Infantaria  dos  dous  Regimentos  de  Helpa?| 
nhoes,  e  Valoens.  Vierao  pernoitando  eftes  Reaesi 
Senhores  em  Cafa-Rubios ,   Torrijos ,  Talavera>r? 
aonde  forao  recebidos  com  feftejos  extraordina-;( 
rios,  Oropeza,  Naval-Moral,  Zaraizejo,  Vilha-* 

meiria, 


dos  Principes  do^Bra^iU  Livro  II.  175 

meiTia  ,  Medalhin ,  donde  ultimaniente  ,  nao  obf-       j  j^  0. 
tantes  as  muitas  neves ,  e  geadas  que  cahiao ,  e 
difficultavao  os  caniinhos ,  ga{lara6  dous  dias  em 
chegar  a  Badajoz, 

3     Nefte  mefmo  dia  fetc  de  Janeiro  teve  o  Por- 
teiro  mor ,  Jofeph  de  Mello  e  Soufa;  o  feguinte 

A   V   I  S   O. 

„  ^   ^  Omo  Sua  Mageftade  determfna  partir 

„  H  para  Aldeia  Gallega  ,  deve  V.  Senhoria 

„  ^^ — ^  ir  para  a  mefma  Villa  para  acompanhar 

„  o  dito  Senhor.  Deos  gUarde  a  V.  Senhoria.  Pa- 

„  co  7.  de  Janeiro  de  1729. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte-ReaL 
Semelhante  avifo  tiverao  • 

DOm  Joao   de  Almeida  ,    Conde    de  Aifu- 
mar,-,-  : -  ^^^r.^.j  Veador  da  Cafa. 

Martinho  de  Soufa  e  i^Ienezes-,  Conde  deVilla- 

flor  j -  -  -  -  Copeiro  mdr. 

D.  Jofeph  da  Cofla  ,• Armeiro  mor. 

D.  Antonio  Alvares  daCunha  ;  -  -  -  Trinchante. 
D.  Lourengo  de  Almada  ;  -  -  -  -  -  Mefire  Salla. 
R-odrigo  de  Soufa  Coutinho  5    Veador  da  Cafa^ 

de  ferventia.  ■/_  J  r^  § 

D.  Francifco  Xavier  Pedro,  de  Squfa.        2  >  >     1 
D.  Fr.  VerifTimo  de  Lencaftre  ,•  -  -  -  Efmoler  mvr. 
O  Dezembargador  Jofeph  Vaz  de  Carvalho  j  Corr 
.    regedordaCrifne  da:CQrtej  eCafa.^      v^^^^^^         '    ' 


1 74    Hi/loria  Panegrica  dos  dejpofonos 

1 1^2.^*  D.  Francifco  de  Soufa ,  foi  aiifado  nef^ 

tes  termos. 


n 
» 
■}) 


ARalnha  nolTa  Senhora  ,  ha  de  partii-  a 
manhaa  para  Aldeia  Gallega ,  e  Sua 
.  Mageftade  tem  refolvido ,  que  V.  Se- 
nhoria  acompanhe  a  mefma  Senhora  ,•  e  affim 
procurara  V.  Senhoria  paflar  a  manhaa  a  meP. 
ma  Villa.  Deos  guarde  a  V.  Senhoria.  Pa§o  7. 
de  Janeiro  de  1729. 

Diogo  de  Mmdon^a  Corte-Reat. 


4  Odia  oito  de  Janeiro  era,  como  ja  diHe- 
mos,  o  deftinado  para  EI-Rey  D.  Joao  dar  princi- 
pio  a  efta  viagem ,  com  toda  a  Cafa  Real ,  menos 
os  Senhores  Infantcs,  D.  Carlos ,  e  Dona  Francifca, 
que  por  caufa  de  moleftia  ficarao  em  Lisboa.  Aa* 
tes  porem  que  pafl^mos  adiante ,  fera  mui  racio- 
^  navel ,  que  defcrevamos  primeiro  efte  tao  prccia' 
ro ,  e  augufto  acompanhamento. 


CASA  REAL. 


EL-Rey  D.  Joa6  Quinto. 
A  Sereniflima  S^nhora  Rainha,  D.  Marian- 
na  de  Auftria.    '  '•  -^  ; 

O  Sereniflimo  Senhor  D.  Jofeph,  Principe  do  Brazil. 
A  Sereniflima  Senhor^  D.  Maria  Barbara  ,  Prince- 
""^  za  das  Afturias,  O  Se- 


dos  Prmcipes  do  "Bra^il,  Livro  IL    175 

TD.  Pedro. 
i  O  SerenilTimo  Senhor  Infante  <  D.  Francifco. 
;  ^D.  Antonio, 

O  EminentilTimo  Senhor  ,  Nuno  da  Cunha  e  Atai- 
de  ,•  Cardeal  da  Santa  Romana  Igreja ,  Inquiji- 
dor  geral  do  Reyno. 

O  IlluftriiTimo,  e  Reverendiffimo  Senhor  D.  Tho- 
mas   dc  Almeida^  -  -  -  -  Patrtarca  de  Lisboa. 

O  Illuftriirimo  Senhor  D.  Joieph  Mano- 
el  j Deao. 

O  Illuftriirimo  Senhor  D.  Filippe  de  Sou- 
ia  ,•    - — -  Cbantre. 

jO  Illuftriflimo  Senhor  D.  Martim  Mon-i 

5     teiro  y -  -  -  .  Meflre  Efcola.  y  Ordens 

O  Illuftrifrimo  Senhor  D.  Francifco  de  Sa  j>p!^^/- 

ies  da  Camara.  f  ^gy^^ 

O  Illuftriirmio  Senhor  D.Gonfalo  de  Soufa. 
O  Illuftriflimo  Senhor  D.  Lafaro  Leitao 

Arenha. 
O  Illuftrifrmio  Senhor  D.  Joao  de  Melio. 
O  IIIuftriiTuno  Senhor  D.  Luiz  de  Noro- 

nha. 
O  IIluftrifTmio  Senhor  D.  Francifco  de  Me- 

nezes  Baharem.    .  V%iT 

O  IlIuftrilTimo  Senhor  D.  Jofeph  de  Mc  Y  Diaco- 

nezes.  (    "''■^- 

O  Illuftriirimo  Senhor  D.  Luiz  de  CafteJlo-  -. 

branco.  •• 

Quatro  Beneficiados  affiftentes. 
Quatro  Beneficiados  nao  affiftentes. 
Quatro  Notarios  Patriarcaes. 
Cinco  Subdiaconos  Patriarcaes, 

Oito 


Da  Santa 
^lgreja  Pa- 
trianal. 


I72P 


1  j6  Hifioria  Tanegyrica  dos  defpojorios 

Oito  Acolitos  Patriarcaes. 

Quatro  Meftres  de  Ceremonias.  ^ 

Quinze  Muficos ,  e  hum  Organifta. 

O  Sotta-Clerigo  ,  ou  Altareiro. 

O  Meftre  Armador. 

Eftas  pejjoas  forao  em  fejes  de  Sm  Magefia' 
de  y  excepto  o  Benefidado  Ajitonio  Bautilla ,  -e 
Imm  dos  Meflres  de  Ceremomas ,  qnefoi  na  coim 
tiva  do  Senhor  Patriarca. 
Tres  Acolitos  da  Sacriftia. 
■"Dous  Acolitos ,  que  fervem  de  Virgarubeas. 
Quatro  Mafleiros.  . 

i       Hum  Official  do  Meftre  Armador. 
\      Hum  Official  para  afinar  os  Orgaos. 
-^    Tres  Cuftodes  da  Igreja. 
\^  Seis  Faquinos ,  ou  Terventes  para  carregar. 
\_-        EJlas  pejfoas  Jorao  acavallo  mi  racins  das  Ca 
'         vallarigas  de  Sua  Mageftade. 


Cofifeffof^ ,  e  mais  Padres  da  comittva 
\    '     '  deB-l^y. 

Padre  Martinho  de  Barros,   da  Congrega' 
gao  do  Oratorio,-  Confeftor  del-Rcy  D.  foao 
O  Padre  Luiz  Gonzaga  ,   da  Companhia  de  JE- 

SUS  j -  -  Meflre  do  mefmo  Senhor 

O  Padre  Fr.  ■^^Tiflfnici  d^  Lencaftre ,  da  Ordem  dt 

S.  Bsxnardo,- Efmoler  mor, 

O  Padrc  Henrique  de  Carvalho,  daCompanhia  d< 

JESUS  j    Confeffor  do  SerenifJifno  Principe  di 

Brazil. 
O  Padre  Hypolito  Moreira^  da  Companhia  de  JE( 

SUS.  O  Pa  i 


dos  Prindpes  do  ^ra^it,Livro  IL    17  y 

OPadre  Antonio  dos  K.eys,-  daCongrega^ao  do       tyiQ. 

Oratorio. 
O  Padre  Fr,  Marcos  Pinheiro  j  da  Ordem  de  S. 

Bernardo.  l\  ,  :■. 

O  Padre  Joao  Antunes  -MdlHterro  ,• .  Prior  da  Parc- 

quial  Igreja  de  S.  Nicolao. 


,f?i 


Criados  da  Ca/a  de  SuaM^e^mi.    '   . 

DOm  J^me  de  MeJIo,Duque  do  Cadaval;  'Ef 
trihei^.  mh' ,  do  Cdnfetho  'de'Mfiado ,  e  ^refi- 
dente  d^  Me/a  da  CbiicieficimnpNi. 

liouren^o.^alvao  ,• Eftribeiroiitenor  del-Rey, 

D.  Joao  de^A-Imeida ,  Coikle  de  Affumar,-  Veador, 
{fue /ervio*^de  Mordomo  nwr'mm  fifn^oem  dasfd/^ 

Aleixo  de  fcufa  de  Menezes ,  C51icle  de  !5artt-f  a^ 
go  ,•   -  -  -  -  -  -  -  -----  -  Ap-ofentador  mor. 

Martinho  de  Soufa  e  Menezes  ,  Conde  de  Villa- 

flor  ,• - Copeiro  mdr. 

Francifco  Affonfo  de  Vafconcellos-  e  Soma ,  Conde 

da  Calheta  ,• Repofleiro  mor. 

Antonio    de  Mello    e  Caflro  ,    Gcinde'  das  Gah, 

'     veas  ,•  -  - Coutciro  mor  deyillaWm/a\ 

D.  Antonio  Alvares  da  Cunha  ; -HtXft '  Tr/W?^«/(?'.' 

Joao  Gonfalves  da  Camara  CoutinlK)  f  ■  Ahmtkdc 

mdr.  .{ijij:-- '        ■   ;;fj  oiii.  i.;()JDiiT  C^^ 

.Jofeph  de  Mcllo  eSoufa,- '■■  '-'foj^thiyo  hWr) 

Fernando   Telles  daSilva,-  ^  -  -  >  MomeirO  imt^J 

D.  Jofeph  da  Cofta  ,• Armeiro  mdr. 

D.  Luiz  deAhnada,-  - .-  Meftre  Sa/la. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte-Real  ,•    Secretario  de 
'^Eftado.  %  D.  Dio" 


1 7^    Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforlos 

172  0.       ^-  Diogo  de  Noronha  ,  Marquez  de"' 

Marialva  j  Govenmdor  das  Annasi 

daVrovmcta  da  Eflremadtira.       \Gentis  homem 
Fernao  Telles  da  Silva ,  Marauez  de^  ^'^  ^'^^^^^* 

Alegrete  ,•  do  Confelho  de  Ejiado  ,  e 

Vedor  da  Fazenda. 
Rodrigo  de  Soufa  Coutinho,-  pormi-^ 

noridade  de  feu  rohrinho ,  o  CondeC  t^   j 

do  Kedonao.  i 

D.  Francifco  Pedro  de  Soufa.  3 

D.  Joao  da  Cofta ,  filho  do  Conde  de^ 

Soure.  ■\^:'    T  ^-: 

D.  Jofeph  de  Menezes/  fiJhd  de  D.  /  Moprfi-^ 

Diogo  de  Menezes  e  Tavora.    "A  \>  daigos  da 
Bernardode  Almada,  filho-cleFran- V^l^^^f;'!*; 
,  ,  cifco   de  Almada  e  JSforonha.        jf  panifao  do 
D.Pedro  de  Almeida  ,    filho  de  D.  l     ^^ordom» 

Joao  de  Almeida. 
Manoel  de  Miranda ,  filho  de  Anto- 

nio  de  Miranda  Henriques. 

Ofjidaes  menores  DaCaJa, 

OGuarda  Repofta. 
O  feu  Efcrivao. 
O  Sevadeiro  mor. 
O  feu  Efcrivao. 
O  Thefoureiro  da  Tapeceria. 
O  Guarda  Tapeceria. 
O  Apofentador  de  Repofteiros; 


Crfa- 


iitor. 


dos  Principes  do  "Bm^iU  Livro  II,  1 79 

-  Criados  ■partlculares.  1729. 

SEis  mogos  da  Guardaroupa :  hum  fervia  de 
Porteiro  da  Camara  de  Sua  Mageftade  ;  outro 
de  Efcrivao  da  Cozinhaj  outro  de  Guarda  joyas^ 
e  Theibureiro  dos  gaftos  particulares  ,  a  quem 
fe  nomeou  por  Efcrivao  hum  Mo^o  da  Camara 
do  numero. 

O  Preftes  dos  M090S  da  Camara, 

Quarenta  e  tres  M090S  da  Camara  do  numero. 

Nove  Porteiros  da  Camara. 

Noventa  e  quarro  Repofteiros ,  no  qilal  numero 
vao  incluidos ,  os  que  fervem  particularmente 
a  Sua  Mageftade ,  e  os  que  levao  a  feu  cargo       ^ 
differentes  incumbencias ,  de  cera ,  mantearia , 
e  ourras  coufas. 

Trinta  e  cinco  Varredores, 

Secretaria  de  EJlado. 

LOurenco  Gomes,    Official  maior  da  Secre- 
taria . 
Dez  Officjaes  da  mefma  Secretaria. 
Vinte  Miniftros  do  Senado  da  Camara. 

Medicos ,  Cirurgloensy  e  Boticariof, 

Manoel  daCofta,  Fj/ko  mor.  ?  j   r> 

Cypriano  de  Pina.  <^ 

Joieph  Rodrig-oes  Frdes.  7   /    t^t 

Joieph  Rodrigues  de  Avreu.  \ 

IfaacEliote,  e  feu  Ajudante.  1  n- 
Manoel  Vieira  ^  e  leu  Ajudante.^  '^ 

Z  ii  Felis 


1 8  o   Hiftcria  Panegyrlca  dos  defpofvrws 

1720'        Felis  Pereira,  e  feu  Ajudanre  j  -  -  -  -  Sangrador. 
,.   -  Eftevao  Galhardo,  e  feu  Ajudante  ,•  -  -  Algebrjfta. 

Manoel   Efteves  ,• Boticario. 

Tres  Officiaes  de  Botica. 


._/ 


Arcfuitectos. 

FRancifco  Pereira  da  Fonfeca  ,•  Sargento  mor^ 
e  Engenheiro  da  Pra^a  de  Setuval  ^  que  mode* 
lou  aPonteJobre  oCaia. 
Antonio  Canavaro.  ■^/lov) 

Hum  feu  Ajudante. 
Joao  Frederico. 
Hum  feu  Ajudante. 

■  * 

Manteana ,  e  Copa. 

MAnoel  Antonio  de  Lima  ,•  -  -  -  Manticiro. 
Diogo  Gomes  Peixoto  de  Figueiredo  j  qne 

fervia  de  Thefmireiro  da  Alfandegay  Thefourciro 

da  jornada. 
Dous  Servidores  de  toalha. 
O  Copeiro  pequeno. 
Cinco  mo^os  da  Mantearia  ,•  que  vao  atrci^  ,  no  n?i- 

mero  dos  Repojleiros ,  porque  o  nao  podcm  fer 

fcjn  efte  foro. 
Cincoenta  e  tres  mo§os  da  prata. 
Trinta  e  hum  Copeiros ,  e  Conferveiros. 
Quatro  lavandeiras  da  Mantearia. 


Pratay 


dos Prlncipes  do^Bra^lyLhro  II.    1 8 1 

Pratay  e  roupa  de  mefa »  quefoi  pardofer-      17^9- 

'    vigo  dil-^ey^f-^^inha  \   Principe ;  e 

Pmce^^- :,^..; 

,         ,     ,  ■•  ■:■,.  .   :-3lT 

D  E     E  L^R  E  Y.  ^ 

DOze  caixas  de  pf ata  dourada-  ^ 
Seis  caixas  dc  prata  ^ '  qne  cbnllavao  de  pra- 
tos  brancos ,  fugareiros ,  bacias ,  pas ,  e  richos* 
Quatro  caixas  de  foupa iina.  an.f^Ti 

-  '  -  '  ■  ^  Tt 

D  A    -R-A   I   N   H:  A.     .  Jqabl 


D 


"r 


friijR 


Oze  caixas  de  prata  dourada.  '■' 

Dez  caixas  de  prata ,  como  acima.  ojl.:,'Ll 


o 


D  O    P  R  I  N  C  IP  E. 


i^^»j.    v\_ 


_     Ito  caixas  de  prata  dourada^  ■>  trrr^^:  ; 

Quatro  caixas  de  prata ,  como  acima. 

D  A    P  R  I  N  C  E  Z  A. 

O  Eis  caixas  de  prata  dourada. 
(^aatro  caixas  de  prata ;  como  acima. 

.^';-V<  -•■! 

Servigo  das  Mefas  de  Eftado. 

;  O  Effenta  caixas  de  prata  branca. 
O  Trinta  e  feis  caixas  de  roiipas  de  flore^. 
Vinte  e  humacaixas  de  prata  branc^  de  Ealboens. 

.: ;       .  Tres 


I72p. 

f:    .-S    ■•V   Tl 


\%z  Hiftoria Panegyrica  dos defpojofws 

Tres  caixas  de  falvas  de  BaftioeAs. 

Quatro  fontes  de  prata. 

Duas  caixas  com  dous  jarroens  dourados ,  e  lavra-     \ 

dos  com  fuas  folhagens.  j 

Duas  Idrias  de  prata  branca ,  e  dourada.  | 

Tres  caixas  com  tres  brazeiros  de  prata  branca ,  e     < 

fuas  carrancas  douradas.  ■ 


CozJnha ,  e  Ochafia- 

«  - 

Dlogo  Luiz  Leitao  ,'  -.-  Efcf^vao  daCozinha. 
Jofeph  de  Miranda,- feu  Ajudante. 

Jofeph  da  Colta  ,•----.----  Cozinheiro  mor. 
Hum  Francez  ,  que  exercitava  a  mefma  occupa- 

^ao. 
Francifco  de  Torres  ,•  Gomprador  da  Ocharia 
Defafete  mo^os  das  compras. 
Sete  mo^os  da  Ocharia. 
Dez  Meftres  da  Cozinha. 
Setenta  e  oito  Cozinheiros. 
Quarenta  e  cinco  Ajudantes. 
SefTenta  e  feis  mo^os  da  Cozinha. 
Vinte  e  quatro  Vanedores  ,  com  feu  Apontador, 

que  era  Repofteiro. 


Criados  da  Cafa  da  Sereniffima  Senhora  "B^i- 
nha  D.  Marianna  de  Auftria. 

OPadre  Carlos  Gallenfelz  ,•  da  Companhia  de 
JESUS  ; Confeffor. 

Gaftao  Jofeph  da  Camara  j  -  -  -  -  Eftriheiro  mdr. 

D.  Joao 


dos  Prtncipes  do  "Bra^iU  Livro  II,  185 

jy.  Joao  de  Almeida,  Conde  de  AfFumar,-  qne  fer'       1720I 

vta  de  Mordomo  mor ,  por  hnpedimeJito  de  molef- 

tta ,    com  que  fic^ra  em  Lishoa  0  Marquez  de 

Fronteira ,  D.  Fernando  Mafcarejihas ,  qtie  0  era 

de  propriedade ,  da  Senhora  Rainha. 
D.  Diogo  de  Menezes,  e  Tavora. 
D.  Jorge  de  Menezes. 
D.  Pedro  de  Mello.  v  r^    _r 

D.  Joao  de  Almeida. 
Francifco  de  Almada  e  Noronha. 
Antonio  de  Miranda  Henriques. 
A  Marqiieza   de  Unhao ,   D.  Maria  de  Lencaf- 

tre  ,• Ca?nareira  m6f< 

A  conde^a  da  Ilha ,  D.  Eufrazia  de  Noronha  5  Do»- 

na  de  honor. 
D.  Maria  Anna  Luiza  de  Ghera  ,•  filha  de  D. 

Hancio  Vitto  ,  XXI.  Conde  de  Ghera. 
D.  Maria  Caietana  de  Tavora  5  filha  de  Trif 

tao  da  Cunha  e  Tavora ,  Conde  de  Povo/ide. 
D  Leonor  de  Tavora^e? 7^/6^5  de  D.  Luiz  de 
D.  Maria  de  Tavora :  ^  Almada,Meftre  Saki. 
D.  Anna  de  Menezes  -^filha  de  Aleixo  de  Soufa   \^        ^ 

de  Menezes,  Conde  de  Sant-lago,  Apofenta-      "^  ^  ' 

dor  mor. 
D.  Brites  de  Bourbon  j  filha  de  D.  Alvaro  da 

Silveira. , 
D.  Mariaima  de  Mendon^a,-//^^  de  Martinho 

de  Soufa  e  Menezes,  Conde  de  Villa-ftory  Co- 

peiro  tnor. 
Doze  A^fatas ,  e  cincoenta  e  fete  Criadas  de  Sua 

Mageftade  ,  e  da  Princeza  das  Afturias. 
D.  Pedro  de  Caftello-branco  ,•  Conde  de  Pofnbeiro.^  q  .  ■  1 

B.  LuizTnnocencio  de  Caftro.  rrJ.^.,j. 

D.  Franciico  dc  Souia.  ^.  J 

Jofeph 


jS4  Hiftoria Panegyrica  dos  defpofoi-ws 

1729.        Jofeph  Rodrigues  de  Almeida.  ^Tenentes  da 

Diogo  Botelho  de  Matos  c  Carvalho.  >^       1 
Antonio  Rapofo  de  Andrade.  j  \ 

OsSar^entos,  e  7  7  i^  ^^ 
^  u  j  T-r  j  V  "^  huarda. 
Cabos  de  Elquadra.^ 

Duzentos  ArGheiros. 

Hum  Pifanov  .    1 

Hum  Tambor.  1 


I 


Criados  dd  Serenif/ima  Senhora  FrincezA  \ 
das  Afturias ,  D  Maria  Barbara. 

OPadre ,  Manoel  Alvares ,   da  Companliia  dfe 
JESUS,- .  iJonfefior. 

Pedro  de  VilfconcellQS 'e'S®ufa.;  do  Gonfdlio  dt 
iGuerra ,  ^e  Meftre  de  Campo  General,  Embaixa- 
^idor  Extraordinario  que  fbra  em  Madrid  j  Rftrji- 
4^eironm\  )  ,'^-',  ..'a\WJ  SiU  «5^^ 

D.  Pedro  Antonio  dcNononha,  Mlv^uez  deJlU* 
gcja  ,  do  ConfelhLO  de 'Edado  ,  Ve.dpr  da  Ea* 
zenda ,  e  Vifo-Rey  que  fora  dos  Eflados  .da 
India  ,  e  Brazil  ,• , .  .  ....  .  .  .  MorJoMo  mor. 

Antpnio  de  Mello  e  Torrcs,  Conde  da~^ 

Bonte.  vtAv  '^r  '  C[ 

D.  Lopo  de  Almeida,  Cavalleirg  Gram  V  Vcadores. 
Cruz,  da  Religiao  de  Malta.  \  '  = 

D.  Carlos  de  Menezes.e.T^vora.  v'.i\:i\3/V\ 

Dona  Anna  de  Lorena,- Camareira  mor. 

Dona  Maria  Magdalena  de  Portugal  ,•  Bonna  ds^ 
honor.  - -inHA  >  Jiiii^i 

Dona Helaia de Portuoal.l /,;      ,   rk-r-^    -H.(i 

Dona  Luiza  J oanna  Cou->' ,.        1  c^    r  rUafHcCSi 
,    tinha.  <^lt]^pe  ie  Soufa.<^         ^. 

Dona 


dos  Frincipes  do  'Bra^t>y  Litro  21.  1 8  j 

Dona  Joanna  de  Mendonca;  fi/hd  de  Martmho  ^        I  ^^2  0. 

de  Soufa ,  Conde  de  ViUa-ffor ,  Copeiro  7mr.    / 
vDona  Marianna  de  Lancaftre  ,•  /i/ba  de  Joao  de\^       I^^^^^^^- 

Saldanhay  quefoiVifo-Rej  da  bidia.  J 

Acafatas_,  e  Criadas,va6  incluidas  na  Lifta  dos  Cria- 

dos  da  Senhora  Rainha.  / 

O  Tenente;  Manoel  dos  Santos  ,•  Condii^or  dofato. 

Criados  do  Sereniffimo  Senhor  Infante 
jD.  FrancifcO' 

OSeu  ConfefTor ;  da  Companhia  de  JESUS. 
D.  Vafco   da  Camara.      ")•%•/  j 

TA    T    •     j     Ai      -j       r^     j    (ijentis-homens  da 
D.  Luiz  de  Almeida  ;    Conde  >  ^ 

1    .    .  ^  \  Lamara. 

deAvmtes.  J 

O  Conde   de  AVfeiras.    \  ^  t^^^^  ^  ^J^'      •  >   Camariftas. 

^^  D.  Duarte  da  Camara.  ^  .  ' 

Todos  os  mais  Criados;  e  Famiha  da  fua  comitiva. 

Ciiados  do  Seremffimo  Senhor  Infante 
D  Antonio. 

OPadre  Gregorio  Barreto  ,  da  Companhia  de 
JESUS  ;  -  - -----  Confejor. 

Francifco  Mafcarenhas  ,  Conde  de  Cucohm.     "  7  r» 
Luiz  Vafques  daCunha  eAlmeidti,  Conde  ^QK^/fitis-homehs 
Povolide.  *  \^da  Camara. 

■  Thomas  Botelho  de  Tavora,  Conde  de  S.  Miguel.  ?  „  - 

Ayres  de  Saldanha.  ^Camariftas. 

Todos  os  mais  Criados ,  e  Faniilia  da  fua  comitiva< 


Aa  OU* 


jS6    Hiftorla  P.mentlca  dos  defpoforios 


1720.      OUTROS  MUITOS  SENHORES^,   E  PESSOAS 

difiinBas ,  forao  tamhem  acompanhando  as  Suas 
Magefiades ,  e  Altezas  j  Jmns ,  com  empregos  nas 
Tropas  j  outros  ,  por  injtnua^ao  particular  ,•  e 
outroSy  porfiia  efpontdnea  devo^ao.  Farejnos  aqui 
men^ao  daquclks ,  de  qne  tivemos  noticia. 

OMarquez  de  Tavora  ,  Francifco  dc  Aitiz  de 
Tavora  ,• Capitao  de  Cavallos. 

O  Conde  de  Cantanhede ,  D.  Pedro  dc  Menezcs. 
Pedro  Alvares  Cabral  ,•  .  .  .  Senhor  de  Belmontc. 
Antonio  Guedes  Pereira  -y  Inviado  que  fora  h  Corr 

te  de  Madrid, 
Diogo  de  Mendonga,  filho  do  Secretario  de  Efta- 

do  ,• Inviado  que  fora  a  Hollanda. 

Manoei  Lobo  da  Silva  ,• Brigadeiro. 

D.  Sancho  Manoel  de  Vilhena. 

Luiz  Antonio  de  Bafto.    . 

Gonfalo  Pires  Bandeira.  V  Ceroneis, 

Manoel  da  Mava  ;  Meftre  do' 

Sereniirimo  Principe.   " 

D.  Luiz  B^telho.  ?  t-  n 

,,         -n      •      j   /-  /1      ^  lenentes  Coroneis. 

Bento  rerena.deCaltro.  ^ 

D.  Joao  Manoel  da  Cofta  ,•  Capitao  de  Infantaria. 
D.  Antonio  da  Silveira  e  Albuquerque  ^  Capitao  da 

Cavallaria. 
D.  Antonio  Manoel  deVilhena;  .  .  .  .  Tenente. 
D.  Diogo      ~) 
D.  Francifco  >  de  Almeida,  • 
i).  Luiz         j 
D.  Thomas  da  Silveira. 
D.  Luiz  Thome  da  Silveira. 
D.  Antonio  Carcome. 

D.Mar- 


do5  Pri  ncipes  do  "Bra-^ily  Livro  II,    i  ?7 

P.  Marcos  de  Noronha. 

Antonio  de  Saldanha  ^ 

Manoel  de  Saldanha>  de  Albyquerqu^. 

Antonio  j 

Antonio  de  Saldanha  de  Ohveira. 

Luiz  de  Saldanha. 

D.  Luiz  Garcez      ^ 

Henrique  Manoel  >  de  Padilha. 

Antonio  Jofeph      j 

liuiz  Cefar. 

X/ourenco  de  Mello. 

Jeronymo  Antonio  de  Caftilho. 

Joaquinm  Manoel  Ribeiro  Soares. 

Gonfalo  Xavier  de  Alca^ova. 

Jofeph  Joaquim  de  liima. 

Caierano  Francifco  Cabral. 

Luiz  Francifco  dc  AiTiz. 

Manoel  Joaquim  Correa  dc  Lacerda. 

Luiz  Carlos  Machado. 

Fernando  Jofeph  da  Gama  Lobo. 

Luiz  Guedes. 

Andre  Jofeph  de  Cafaro.     / 

Chriftovao  da  Cofla  de  Ataide. 

Joao  Pedro  Ludovici. 

Antonio  de  Soufa  da  Alta  y  Guarda  imr  da  Cafa  da 

India. 
Manoel  de  Azevedo  Forte§  j  Engeuh^ro  itm*-do 

Reyno. 

5  Entre  todos  eftes  Senhores ,  que  acompa'* 
nharao  a  Suas  Mageflades ,  c  Altezas,  fe  nos  per- 
mita  ,  ( fem  oiienfa  de  algum  cutro ,  pois  todos 
fiefta  occaziao  moftrarao  bem  a  grande^^a  j  e  alvor 
ro§o  de  animo  ^  com  que  fejvir^uo  o  Rey  ^  e  a  Pa- 

Aa  ii  tria  ) 


tjl^. 


'188  HijloriaTanegyricados  defpoforios 

1 720.       tria)  fazer  aqui  huma  breve  digreflao^  pelo  que  diz 

refpeito  ao  Excellentiirimo  D.  Jayme  de  Mello  , 

Duquc  de  Cadaval ,  Eftribeiro  mor,  aquemmui- 

to  particularmente  fe  dev^o  a  boa  diipofi^ao  defta 

jornada. 


A  SUA  FAMILIA  CONSTAFA  DE 

HUm  Eftribeiro. 
Hum  Secretario. 
Hum  Veador. 
Os  Gentis-homens  que  acompanhavao  a  Sua  Ex- 

cellencia  nas  fuas  fejes. 
Quatro  mo^os  da  Camara;,  a  quem  deo  varios ,  e 

cuftofiftimos  veftidos  de  Galiafe ,  cobertos  de 

larguiiTimos  galloens  de  ouro  ,  e  prata. 
Dous  Ajudantes  da  Camara. 
Hum  Efcrivao  da  Cozinha. 
Copeiros ,  e  Cozinheiros  ,•  ricamente  veftidos. 
Hum  Sota-Cavallari^o. 

Dous  Volantes  ,•  veftidos  com  toda  a  oftcntacad. 
Azameis ,  Lacaios,  e  mo^os  da  Cavallari^a,-  to- 

dos  com  libres   mui  luzidas    de  panno  vcrde , 

agaloadas  de  prata. 

Generofidade  do   Nao  fallando   em  outras  muitas  fuas  grandezas ,  ■. 
Dtiqm  EJiriheiro  ^^^  ^^^^^  ^  ^^^j^^  g      Excellcncia ,  nem  ainda  pc- 

la  razao  do  feu  Oificio  de  Eftribeiro  mor ,  de  car- 
ruagem,  cavalgadura ,  e  aiTim  mefmo  daVeharia  i 
del-Rey  D.  Joao.  Todo  o  feu  eftado  fuftentava  ; 
meramente   a  fua  cufta.  Ordinariamente  erao  feus  ' 
convidados ,  os  Tenentes  Coroneis  D.  Thomas  de 
Aragao ,  e  Luiz  Garcia  de  Bivaf.  Do  meimo  mo- 


dosPrincipesdo^Bra^lhLivroII.   i8p 

do  tinha  mefa  franca ,  para  os  criados  dos  mefmos  IJ2% 
Officiaes.  Nem  fe  moftrava  menos  generofo  ,  e 
magnifico  com  dous  Ajudantes  dos  mefmos  Te- 
nentes  Coroneis  ,  afliftindo-lhes  com  toda  a  gran- 
deza  ,  e  prodigahdade  ,  e  naa  Ihes  confentindo  o, 
menor  defembolfo  em  materia  de  difpendio.  Em 
quanto  durou  efta  Real  fungao  ,  era  frequentadif 
iima  a  mefa  de  Sua  ExceUencia  :  muitos  Senhores 
nacionaes  j  e  eftranhos  deixavao  as  fuas ,  chama- 
dos ,  nao  menos  da  bella  gra^a  do  Duque ,  qu© 
do  exquifito  ,  dihcado,  e  abundante  dos  feus  pra-^ 
tos ,  fobremefas ,  bebidas  ,  e  do^arias. 

6  Recolhido  o  Duque  a  Lisboa ,  deo  aos  Te- 
nentes  Coroneis  D.  Thomas  de  Aragao  ,  c  Luiz 
Garcia  de  Bivar ,  hiim  annel  a  cada  hum ,  de  hum 
fo  diamante ,  mas  de  valor  ineftimavel.  A  Luiz 
Garcia  de  Bivar ,  que  muito  fe  fingularizara  i\a 
B-eal  fervi^o  ,  o  fmgularizou  tambem  no  premioj 
dando-lhe  mais  hum  bom  cavallo,  e  hum  excel- 
Jente  par  de  piflollas.  Deo  a  cada  hum  dos  Ajudan- 
tes  Manoel  Dias  Coitada ,  e  Joao  Lobo  de  La- 
cerda ,  fium  cftupendo  cavallo ,  e  hum  veftido 
de  muito  valor.  Podia  vagar  largamente  a  pen- 
na  por  outras  muitas  bizarrias  do  Duque  Eftribeir 
ro  mor  ,•  porem  por  evitar  prolixidade  ,  tornar^- 
nios  ao  ponto,  em  que  vamos  da  Real  jornada., 
eom  que  Suas  Mageftades^  e  Altezas  pailarao  ao 
Caia. 

7  No  dia  pois  ja  referido  de  oito  dfe  JaneirO^ 

fahio  Sua  Mai^eftade  do  feu  Palacio  dc  Lisboa  pe-  P^^^^,El-Rey ,  a 

,      r  j  \  -^  r  r  Frtncipe ,  e  o  In- 

Jaslete  e  tres  quartos  damannaay  e.tez  oituQm-fanteD.Jhitonio, 
barque  para  Aldeia  Gallega  no  feu  Real  Bragan-  ^^^»*  ctlgtms  O-Ja- 

•tim.  Acompanhava  aEI-Rey,  o  SeremlfimoPrint  2;i;;,ci//.^r 
eipe  do  Brazil^  o^enhor  Infaiite  D.  Antoiiio,  e 
\.  os 


l^o  Hijioria  Panegyrica  dos  defpoforws 

1720  ^^  Criados  que  entao  faziao  afliftencia  aos  mefmos 
Senhores.  Erao :  'D.  Jayme  de  Mcllo  ,  Duque  de 
Cadaval,  Eflribeiro  mor ;  o  Marquez  de  Manalva^ 
Gentil-homem  da  Camara  del-Rey  y  e  que  eftava 
entao  de  femana :  O  Marquez  de  Alegrete  ,  que 
afTiftia  ao  Principe  ,•  e  Ayres  de  Saldanha  ,  Gentil- 
homem  do  Senhor  Infante  D.  Antonio.  Apenas  fe 
mandou  que  vogaffe  o  Bragantim,  foi  falvado  com 
tres  defcargas  de  artilheria  de  toda  a  marinha  da 
Cidade.  Sua  Mageftade  >  como  Principe  tao  pio^ 
e  rehgiofo  que  era,  quiz  primeiro  buicar  o  melhor 
norte  na  Eftrella  do  mar ,  vifitando  a  Igreja  do 
muito  Religiofo  Mofteiro  de  obfervantilTimas  Re- 
Jigiofas  Defcal^as  de  S.  Francifco  ^  em  que  he  ve^ 
nerada  com  o  titulo  ,  que  mais  que  todos  Ihe  he 
gioriofo  de  Madre  de  Deos.  Atraveftbu  depois  o 
Tejttj  e  feriao  oito  emeia  quando  tornou  aem- 
barcar ,  feguido   de  quinze  Efcaleres ,  que  condu- 

Chega  dquella     ziao  a  famiha ,  que  o  acompanhava ,  chegou  as 

^^^^^'  nove  horas  a  Aldeia  Gallega', 

8  Aqui  o  cftava  ja  cfpcrando  o  Juiz  de  fdra 
da  Villa  ,  que  ,  como  he  eftylo  ,  o  recebeo  coni 
huma  breve ,  e  bem  difpofta  Oracao.  Alli  fe  achava 
ja  tambem  o  Marquez  de  Capecelatro ,  Enibaixa-. 
dor  del-Rey  Catholico ;  Sua  Mageftade  o  acolheo 
com  muito  agrado  ,  e  entre  innumerabiliffinios 
Vivas  ,  e  acclama^oens  do  Povo  ,  paflbu  a  fazer  ^ 
Ora^ao  algreja  Matriz,  da  Invocacao  do  Efpirito 
Santo.  Quando  paftbu  por  duas  Companhias  de 
Infantaria  doRegimento  deSetuval,  Ihe  Hzerao 
eftaS  as  coftumadas  continencias  Militares.  RecO' 
Iheo-fe  finalmente  ao  feu  Palacio ,  que  fe  Ihe  pre- 
parbu  nas  Cafas  do  Elcrivao  da  Camara  daquella  ■ 
yilia,  Rodrigo  Tavares  Pacheco  ,•  ealiiacodio' 


logo 


Ji 


dos  Prlncipes  do  "Bra^il^  Livro  II,    191 

logo  a  fazer  a  fua  guarda  a  pdrta  ,  huma  das  refe-        1720. 

ridas  Companhias.  Faziao  Corte  a  Sua  Mageftade, 

o  Padre  Martiuho  de  Barros ,  e  ibu  Companheiro\ 

o  Padre  Antonio  dos  Reys ,  da  Congregacao  do 

Oratorio  de  S.  Filippe  Nen  :   O  Padre  Henrique 

de  Carvalho ,  Provincial  que  e^ntao  era  da  Compa- 

nhia  de  JESUS ,  e  Confelfor  do  Sereniffimo  Prin- 

cipe  ,  e  feu  Companheiro  o  Padrc  Gregorio  Barre- 

to ,  Confeflor  do  Senhor  Infante  D.  Antonio  ,•  o 

Padre  Hypolito  Moreira,-  o  Padre  Luiz  Gonzaga; 

e  o  Padre  Joao  Bautifta  Carboni ,  todos  da  mcfma 

-R,eh'gia6  da  Companhia  :  O  Padre  Fr.  Marcos  Pi- 

nJieiro  ,  Dom  Abbade  do  Mofteiro  de  N.  Senhora 

do  Defterro  ,    da  Ordem  de  Ciftcr  j  o  Padre  Joao 

Antunes  Monteiro ,  Prior  dalgreja  de  S.  NicoJao; 

O  Eeneiiciado  Antonio  Bautifla  ,•  o  Padre  Francifco 

Bravo  ,•  e  outras  muitas  peilbas. 

9  Difpoz-fe  a  continuagao  da  jornada  para  A 
pianhaa  do  outro  dia  ,  e  a  efte  fim  fe  paifarao  lo- 
go  todas  as  ordens.  Defpedio-fe  com  dez  tiros  de 
cavallos  hum  poftilhao  para  as  Vendas-novas,  pa- 
ra  a  moftra  que  fe  havia  de  fazer  dos  que  EI-B-ey 
levalle  nos  coches  de  fua  comitiva.  Aqui  houve  me- 
fa  de  Eftado  para  os  Cavalheiros  que  acompanha- 
vao  a  Sua  Mageflade  ,•  a  qual  conftava  cie  vinte  e 
cinco  talheres,  com  duas  cobertas  da  Cozinhaj  e  ca- 
da  huma  com  hum  prato  grande  do  meio  da  mela, 
"dez  pratos  de  Cozinha ,  dezafeis  flamenguinhas,-  e 
a  terceira  cobcrta  ^  conftava  de  fete  cdrbelhas^  tres 
de  doce,  e  quatro  de  fruta.  Vio-fe  nefte  dia  a  bene- 
illca  providencia  dcI-Rey  D.  Joao  em  attender ,  de 
,' que  nao  carecelfe  de  commodidade  alguma  ,  nao 
j  fomente  o  fequito  que  o  acompanhava  ,  feoao  ain- 
da  tambem  quaefquer   outras  peflbas  que  alli  fe 

achalfem* 


ip2  Hifioria  Panegyrica  dos  defpojorios 

172  0.  achafTem  :  para  todas  as  que  della  fe  quizeflem 
fervir ,  mandou  por  abundantiiTimamenre  francas, 
Ucharia  ,  e  Mantearia  ,•  e  efta  mefma  grandeza  fe 
obfervou  em  todo  o  mais  refto  da  jornada. 

lo  Nefte  mefmo  dia  oito  de  Janeiro^fez  o  Se- 
cretario  de  Eftado  Dio2:o  de  Mendonca  Corte- 
Real  ao  Juiz  de  fora  de  Aldeia  Gallega^  efte 

A  V  I  S  O. 

Ua  Mageftade  he  fervido  ,  que  Vm.  manr 

de  foltar  os  prezos  contheudos  na  rela^ao 

inclufa  por  mim  aftinada ,  vifto  ferem  le- 

„  ves  os  feus  crimes.    Deos  guarde  a  Vm.  Secre- 

„  taria  de  Eftado,   8.  de  Janeiro  de  1729. 

Diogo  de  Mejidon^a  Corte-Real. 

Ao  mefmo  tempo ,  /^^  0  mefmo  Secretarlo 

de  Efiado  ao  Cabido  de  Evora, 

efieutro 

A  V  I  S  O. 

„  "^  'K  avifei  a  V.  Senhoria ,  quc  Sua  Magefta- 
;,  I  de  hia  a  eftli  Cidade ,  e  agora  Ihe  partici- 
.„tf  po,  que  r  fegunda  feira  dez  do  corrente ,  de 
5,,  tarde^  entrara  ncJla  ,•  e  como  Sua  Mageftade  vai 
„  em  coche ,  fc  ha  de  apear  nefla  Cathedral  Mc 
„  tropolitana ,  V.  Senhoria  fara ,  e  mandara  execu 
j,  tar  o  que  em  femelhantes  occafioe^is  fe  deve  fa  ■  ^ 

zei 


dos  Principes  do  "Bra^il,  Livro  11.   195 

},  zer.  Deos  guarde  a  V.  Senhoria.  Aldeig  Gallega        1720. 
\n  8.  de  Janeiro  de  1729. 

Diogo  de  Metidonga  Corte-ReaL 

Tambem  avifou  0  mefmo  Secretario  de  Efla" 

do  dCamara  damefmaCidade  de 

Evora ,  neftes  termos. 


V 
V 
V 

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V 
V 

7) 

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V 


J 


A'  participei  a  Vms.  que  a  feu  tempo  Ihes 
avifuria  ,  o  que  haviao  de  praticar  ,  quando 
Sua  Mageflade  entrafle  neffa  Cidade  y  que 
fera  fegunda  feira  de  tarde  dez  do  corrente  ,•  e 
conio  o  mefmo  Senhor  fe  nao  ha  de  apear  do  co- 
che  y  fenao  junto  a  Cathedral  Metropolitana , 
depois  de  Vms.  efperarem  a  Sua  Mageftade  em 
corpo  de  Senado  a  porta  da  mefma  Cidade  ,  e 
de  Ihe  haverem  aprefentado  as  chaves  ,  e  feito 
a  pratica  que  he  coftume  ,  paifarao  junto  a  Ca- 
thedral ,  para  alli  fazerem  as  ceremonias  do  ef 
tylo  ,  quando  Sua  Mageftade  fe  apear  do  coche. 
Deos  guarde  a  Vms.  Aldeia  Gallega  ;,  8.  de  Ja^ 
neiro  de  1729. 

Diogo  dc  Mendonga  CorU-Rea/. 


1 1  No  outro  dia  de  madrugada  houve  cho- 
colate ,  cafe ,  e  xa,  para  a  Familia,  e  para  a  Cortej 
e  pelas  cinco  e  meia  da  manhaa  fahio  EI-Rey ,  co- 
.,ino  eftava  determinado,  de  Aldeia  Gallega  para 
V  endas-Novas.  A  ordem^  da  marchaj  era  eomo  agoi- 
ra  deiGreveremos.-    '  i^. Df,  v  iY:  :'■'}!:•' 

Bb  Na 


I72p. 


ip4  Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

Na  frente  dacomitiva,  hum  Tenente  com  huma 

partida  de  oito  Cavallos ,  Trombetas ,  e  Ataba- 

leiros. 
O  Apofentador  da  Corte,  e  feus  fubalternos. 
SeisCorreios  deGabinete,  com  fuas  trombctas  de 

pofta.  • 

Huma  berlinda  dos  ConfelforeS ,  del-Rey  ,  do  Se^ 

reniifimo  Principe  /  e  do  Senhor  Infante  D.  An-_ 

tonio. 
Huma  berlinda  dos  Mo^os    da  guarda-roupa  de 
,    El-Rey. 
Duas  berlindas  deClcrigos,  e  Padres  daCompa- 

nhia. 
Himia  berlinda  do  Eftribeiro  menor. 
Tres  berlindas,  para  o  Corregedor  da  Corte,  e  FL- 

dalgos  da  Cafa  del-Rey. 
Huma  eftufa  do  Duque  Eilribeiro  mor. 
Os  coches  dos  Camariftas  das  peflbas  dos  Sereniifi- 

mos  Senhores  Infantes. 
Os  coches  de  refpeito  dos  Senhores  Infantes  D.  An- 

tonio ,  e  D.  Francifco. 
Hurfna  eftufa  de  relpeito  ,  que  jjiandou  a  Senhora 

Infanta  D.  Francifca. 
Huma  eftufa  de  refpeito  ao  Senhor  Infante  D.  Pe- 

dro. 
Huma  eftufa  de  refpeito   ao  Senhor  Infante  D. 

Carlos. 
Huma  eftufa  de  refpeito  ao  Sereniifmio  *  Principc 

do  BraKil. 
Hunia  eftufa  de  refpeito  de  El-Rey. 
Louren^o  Galvao,  Eftribeiro  mcnor  deEi-Rey, 

acavallo. 
Hum  coche  da  Peffoa  de  EI-Rcy ,  e  Suas  Altezas. 
Seis  mocos  da  Eftribeira  atraz  do  dito  coche ,  aca- 

vallo.  Qua- 


dos  Principef  do  BrazM ,  Livro  IL  195 

Quatro  eftufas  ,  em  que  hia  a  Camara  de  Siia  Ma-        1720. 
geftade. 

Huma  feje  para  Manoel  Vieira  ,• Cirurgiao. 

Duas  de  referva  ,  para  El-Rey. 

Mais  tres  fejes  ricas  de  refervs ,  para  El-Rey ,  e 

para  o  Principe. 
Quatro  cavallos  de  mao  ,  para  Ei-Rey 
Dous,  para  o  Principe. 
.Huma   feje  de  referva ,   para  o  Duque  Eftribeiro 

mor. 
'Hum  cavallo  a  deftrd ,  para  o  mefmo  Duque.  * 
O  Capitao  de  Cavallos  Jofeph  Bernardo  de  Tavo- 
•  .,  ra,  com  a  guarda  da  Cavallaria. 

^K^a-Giiarda  da  Cavallaria, 

Uma  feje  ,  em  que  hia  o  Padre  Luiz  Gonza- 
ga  j    da  Companhia  de  JESUS  ,•  Mejire  de 
El-Rey  D.  ^oao  ,•  mais  feu  Companheiro. 
Huma  do  Padre  Thomas  Feio  ,  e  Pedro  Antoriio 

Vergoiino. 
Huma  de  Antonio  Rodrigues  da  Paz  j   BUrbeiro 
dcl-Rey  y  e  outro  Criado.  '>■?"■:    ' 

Cinco ,  de  Copeiros  menorcs ,  e  Officiae^  que  pre- 

ferem  aos  Mo^os  da  Camara. 
Defanove,  eni  que  hiao  os  Mocos  daCamara. 
Huma  do  Cirurgiao  Ifaac  Eliote ,  c  feu  Ajudante. 
Huria  do  Arquite6lo  Joao  Frederico,  efeu  filho 

Joao  Pedro  LudoviGe. 
Tres  fejes  de  Capellaens ,  e  Acohtos: 
i  Duas  dos  Porteiros  daCamara. 
Huma  do  Ar<^uite6k>  Antonio  Canavaro,  e  leu 
Ajudantc-     •      . 

Bb  ii       •  Huma 


I  p.^    Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1729.        Huma  feje,em  quc  hia  Manoel  da  Maia;  Meflre  do 

Sereniljjmo    Prmcipe  do  Brazil^    e  Jofeph  da 

Cruz  y  Sargento  mor. 
Huma,  em  que  hiao  os.dous  Leigos  Companheiros^ 

hum  do  ConfelTor  do  Sereniifimo  Principe  ,  e 

outro  do  Padre  Luiz  Gonzaga.,  Mefire  del-Rey. 
Huma  dos  Medicos  Jofeph  Rodrigues  Frocs ,  e 

Jofeph  Rodrigues  de  Avreu. 
Huma.do  Algebrifta  Eftevao  Galhardo,  eFehsPe- 

reira. 
HuiAa  ,    com  Diogo  Luiz  Xeitao  ,•  Efcrivao  da 

Cozinha. 
Huma,  com  Joao  Bautifta  de  Moura;  Mo(;o  da  Ca- 

fa  dos  arreios. 
Cinco  fejes)  em  que  hiao  os  Oificiaes  da  Secretana 

deEftado. 
Huma  dos  Boticarios ,  Manoel  Efteves ;,  e  feu  Aju- 

dante.  • 
Huma  com  Louren^o  de  Anveres  ^  Bagador  das 

Caval/arifas. 
Huma  fcje  ,  eni  que  hiao  Bernardo  Ferreira,  e  Jo- 

feph  da  Cofta,  Repofteiros  particulares. 
Humaycom  Pedro  daCofta,  e  outra  peftba. 
Huma,  com  Joao  Teixeira,  eFrancifco  Pcdrofo. 
Huma,  com  Diogb  Gomes  Peixotoj  Tkefoureiro  dct 

jornada. 
Huma ,  com  Maximo  da  Silva ,  Repofteiro  parti-, 

cular ,  e  outra  pelfoa. 
puas ,  com  as  Lavandeiras. 
Duas  Galleras,  com  a  guarda-roupa  del-Rey ,  e  do 

Sereniifimo  Principe. 
Huma  feje  ,  que  fe  deo  ap  Cozinheiro  mor. 
Huma  feje  de  referva  ,  para  aJguns  acafos. 
yinte  e  feis  cavallos  de  maoj  para  Kl-Rey,  Princi- 

p^,  elnfantesv  Tres 


dos  Princlpes  do  "Bra^iU  Livro  II.  197 

Tres  fejes ,  que  ficarao  atraz  ,  e  fe  derao  ;  huma       1729. 
para  Ayres  da  Cruz  ,•  outra  para  o  Alfaiate  Ma- 
noel  Antunes ,  e  feu  filho  ,•  e  outra  do  Serenif- 
fimo  Senhor  Infante  D.  Antpnio  ,  que  fobejou, 
e  foi  de  valuto. 

12  OuvioSua  Ma^efiade  Milfa  em  N.  Senho- 
ra  da  Atalaia  pelas  fete  e  meia  ;  daqui  profeguio 
feu  cammho  ate  os  Pegoens ,  difi:antes  cinco  le- 
goas  de  Aldeia  Gallega.  Aqui  mandou  fazer  Sua 
Mageflade  huma  cafa  magnifica  ,  para  fazer  ako, 
e  jantar.  Havia  nella  accommoda^oens  para  as  pef- 
foas  Reaes ,  para  Damas  ,  Criados  ,  e  Criadas ;, 
cavallaricas ,  e  pajheiros  ,•  e  de  muito  longe  fe  con- 
duzio  agua  ,  e  fe  fez  hum  tanque  para  beberem  as 
cavalgaduras.  Aqui  chegou  El-Rey  aos  tres  quar- ^*^^.^^, '^^"■^O' 
tos  para  a  huma.  Pouca  foi  a  detcnca  que  aqui  fez:  ^ 
comeo-fe  de  pe  ,•  e  pela    huma  ,  mudando  de  ca- 

vallos  ,  fe  continuou  a  marcha  para  Vendas-No-  Palacio  das  Ven- 

vas.  Aqui ,  a  onde  chamavao  a  eftalagem  del-Rey,  ^^^-Novas, 

difi:ante  da  Corte  de  Lisboa  onze  legoas  ,  e  oito    • 

de  Aldeia  Gallega ,  e  que  por  nao  poder  fervir  pa* 

ra  a  obra  que  fe  premeditava,  fe  demolio  ate  os  fun- 

damentos ,  fizera  Sua  Mageftade  edificar  de  pro- 

pofito  phra  efiaoccafiao  ,  hum  oftentofifTimo  Pala- 

cio,  -cuja  plauta  temos  nanofiTa  mao.  Nellever- 

dadeiramente  ,  aflim  triunfavao  os  ultimos  esforgos 

do  fummo   da  opulencia ,    como   os  ultimos  da 

maior  valentia  da  arte.  Ja  mais  ficou  a  arqui,te- 

ilura  mais  gloriofa.  Entre  os  fete  milagres  que  ad- 

mirou  o  mundo  ,  envergonhara-fe  eile  de  failar  no 

Palacio  de  Cyro  ,  fe  tivefl^e  eftoutro  a  vifl:a. 

13  Foi  .admira^ao ,  que  dentro  de  tao  pouco 
tempo ,  fe  executaife  hum  tao  maraviliiofo  artefa- 


ipS  Hifloria  Panegyrica  dos  def-pofonos 

1720.  ^^  i  em  que  havia  infinitas  perfci^oens ;  e  magni- 
ficencias  que  admirar,-  pofto  que  eftes  afix)mbros 
deixavao  de  o  fer,  logo )  que  fc  fabia^  que  era  o  fu- 
perior  influxo  del-Rey  o  primeiro  mobil ,  a  quem 
cediao ,  como  fe  nem  fofi^em  difficuldades  ^  os 
maiores  impofiiveis.  Tao  cofl:umada  eftava  a  fua 
inerrififtivel  grandeza  a  triunfar  de  todo  o  gene- 
ro  de  obftaculos.  Ennobrecia-fe  com  pinturas  dos 
primeiros  pinceis ,  com  arma^oens  riquiirunas.,  e 
com  tantas  commodidades ,  que  ate  chegavao  a 
exceder  a  mefma  imaginacao. 

14  Foi  deftinado  para  Superintendente  defta 
obra,  oCoronel,  Jofeph  da  Siiva  Paes  e  Vafcon- 
ceilos  ,  attenta  a  fua  grande  capacidade ,  e  pericia 
na,  Arquiteclura  ;  a  quem,peIo  miiito  que  fe  diftin- 

v^i7,.Vv^.gu^Qi  gj^  fervir  nefta  occafiao  a  Sua  Magcftade, 
icz  gra^a  o  mefmo  Senhor  de  dobrar-lhe  o  Soldo 
de  Coronei*,  de  que  le  utilizou  ate  cinco  de  Ja- 
neiro  de  1735.  em  que  o  mefmo  Official ;,  palfou, 
coni  patente  de  Brigadeiro  de  Infantaria ,  ao  Rio 
•  (dejaneiro,  como  Governador  daquella  Capita-^ 
nia.  A  fim ,  pois ,  de  dar  execu^ao  as  ordens ,  que 
Ihes  haviao  fido  impoftas,  paftbu  as  Vendas-No-' 
vas  o  mefmo  Jofeph  da  Silva  Paes  e  Vafconcellos, 
€om  .0  Arquitedo  Cuftodio  Vieira,  e  com  o  Meftre 
da  obra ,  e  officiaes  de  Carpinteiro  ,  e  Alvenaria  ,> 
e  com  o  Thefoureiro,  e  Efcrivao  da  receita ,  e  def^ 
peza  da  mefma  obra.  Era  o  Efcrivao,  Joao  Ferrazy 
quc  ficou  por  Almoxarife  domefmo  Palacio  dasi 
Vendas-Novas-,  e  a  quem  Sua  Mageftade  honrot* 
com  patente,  e  Soido  de  Capitao  de  Cavaiios.    ''  r 

15  Mandarao-fe  vir  de  Lisboa  ,  e  de  toda  a^ 
Provincia  6  grande  nimiero  de  Officiaes,  de  que  ca- 
recia  huma  obra  de  tanta  mageftade.  Occupavao- 


dos  Principes  do  "Bra^it,  Livro  II.    ipp 

fe  nella  de  ordinario,  nao  fallando  cm  pintores ,  T720 
ferreiros  ,  antalhadores  >  e  enfembladores ,  mais 
de  quatro  centos  homens  :  havia  quinhentos  fer- 
ventes ,  e  occupavao-fe  mais  nefte  miniflerio  qua- 
tro  centos  Infantes.  Alliftirao  tambem  trinta  Sol- 
dados  de  Cavallo  >  Commandados  por  hum  Tenen- 
te,  o  que  fe  julgou  conveniente  ,  c  precifo  para  a 
melhor  expedi^ao ,  e  diftribui^ao  das  ordens ,  e 
diligencias ,  que  podiao  occorrer.  Na  conducao 
da  pedra  para  alvenaria,  que  fe  trazia,  ao  menos,  de 
tres  legoas  de  diftancia,  andavao  para  cima  de 
quinhentas  carretas,  nao  fallando  em  outras  fm- 
gelereiras ,  occupadas  no  traniporte  de  cal ,  vigas, 
taboados ,  cantarias ,  tijolo ,  reUia ,  cavilhas ,  fer- 
ragens  ,  e  todos  os  outros  mifteres ,  em  que  tam- 
bem  fe  occupavao ,  para  cima ,  de  duzentas  beftas. 
Conduziao-fe  todos  eftes  materiaes  de  dez ,  doze  , 
e  quinze  legoas  de  diftancia.  Abrirao-fe  em  diffe- 
rentes  partes ,  novas  caeiras ,  e  fornos  de  telha ,  e 
tijolo  de  mais,  do  que  eftavao  paft"ando  quotidiana- 
mente  de  Lisboa. 

i6  Trabalhava-fede  dia,  e  de  noite  ,•  e  nos  fe- 
roens,  fe  chegarao  a  gaftar ,  mais  de  dez  mil  archo- 
tes.  Corria ,  a  menos  de  meia  legoa  de  diftancia 
o  Palacio ,  huma  bica  de  mais  de  huma  telha  de 
gua  de  beber ,  c  alli  havia  hum  tanque  tao  eipa- 
i^ofo ,  quc  nelle  podiao  beber  de  hum  ja6lo ,  fem 
algum  eftorvo ,  feft^enta  cavalgaduras.  Junto  do 
gimefmo  Palacio,  havia  hum  po^o  com  fua  bomba, 
^■que  dava  agua  para  a  fua  cozinha ,  e  para  toda  a 
ra.  Difpendeo-fe ,  aflim  neftc  augufto  Palacio, 
:omo  na  grandiola  Cafa  ,  que  ja  dift^emos ,  fe  R- 
era  nos  Pegoens ,  com  differenca  pouco  lenfivel,  "    . 

um.  milhao  de  cruzados.    Deo-fe  concluido  por 

todo 


2  00  Hijloria  Panegyrlca  dos  defpoforws 

1720  ^^^^  ^  "^^^  ^^  Dezembro  o  opulentiflimo  Palacio 
das  Vendas-Novns :  fo  nao  pode  caber  no  tcmpo, 
acabar  de  por  a  ultima  mao  em  alguma  pequena 
por^ao  _,  que  ficou  por  repartir^,  em  defcnho,  o 
que  era  circunftancia  de  tao  pouco  momcnto ,  a 
vifta  do  que  avultava  todo  o  mais  refto  do  corpo 
da  obra ,  que  a  penas  fe  fazia ;  ou  nao  fe  fazia  per- 
.  ceptivel. 

1 7  Tinha  efta  grande  Cafa ,  com  pouco  notar 
vel  differenija ,  mil  fetecentos  e  vinte  palmos  de 
frente ,  e  fetecentos  e  quarenta  de  fundo.  Scrvia 
de  frontifpicio  a  efla  grandeza  huma  grande  por- 
ta ,  que  bem  dava  a  indicar  as  grandezas  que  del- 
la  para  dentro  fe  continhao.  Offerecia-fe  logo  a 
viffa  a  efcada  principal ,  diflribuida  em  tres  ordens. 
Logo  fe  encontrava  huma  efpa^jofiffima  Sala  dos 
Tudefcos.  Havia  fete  quartos  de  tres  cafas  cada 
hum  ,  mui  ricamente  adere^ados  para  a  acconimo- 
da^ao  do  EminentifTimoCardeal,  Nuno  da  Cunha, 
€  Ataide ,  e  do  Senhor  Patriarca  D.  Thomas  des 
Almeida.'  Pelo  que  refj^eitava  ao  eflado  do  Screnif^ 
fmio  Principe  do  Bra^zil ,  e  da  Senhora  Princeza 
das  Afturias ,  tinha  cada  hum  deffes  dous  Senho- 
res ,  nefl:e  luzidiffimo  Palacio ,  Cafa  de  docel ,  ga- 
binete ,  e  camara.  As  Of?icinas ,  e  tudo  raais  per- 
tencente  ao  fervf^o  da  Mageftade  da  Senhora  Rai- 
nha  ,  cahia  para  a  parte  efquerda  do  Palacio.  Ti- 
nlia  huma  cozinha  particular  muito  magnifica.  Ha- 
via  quadras  mui  ricas ,  para  as  Barredeiras ,  Acaf"a-j 
tas ,  e  Damas ,  que  tinhao  tambem  huma  muil 
pompofa  do  feu  tineio ,  e  huma .  portaria ,  em  quej 
fenao  via  mais  que  efplendor ,  e  nqueza.  A  cafal 
do  feu  Oratorio ,  e  a  fua  Sacriflia,  tudo  era  a  mef-;j 
ma  pompa,  a  mefma  decencia.  A  fua  Cafa  de  dor 

ceJJ 


dos  Principes  do  "Bra^ll,  Livro  II.    2  oi 

cel  ,  antecamara,  camara ,  e  gablnete  ,  tudo  fi-        1720. 
cava  fomente  inferior  a  fua  Real  grandeza. 

i8  O  que  dizia  refpeito  ao  fervi^o  del-Rey,  fi- 
cava  para  a  parte  direita  do  Palacio.  A  fua  Cozi- 
nha  f  era  o  centro  do  mais  cxquifito,  e  mais  gran- 
diofo.  Tinhao  os  Cofmheiros  alojamentos ,  e  ca- 
fas  de  tinelo  mui  opulentas.  As  cafas  das  fenradas, 
e  das  maifas ,  o  fogao  dos  affados ,  as  chamines 
dasolhas,  e  dos  guizados ,  tudo  cra  afleio ,  abun- 
dancia,  e  magnificencia.  Excede ,  nao  fo  as  expref 
foens  ,  mas  ate  a  mefma  imagina^ao  o  rico,  e  pre- 
ciofo  da  fua  Ucharia  ,  e  Mantearia.  Os  alvergues 
dos  Efcrivaens  de  cozinha  ,  erao  mui  dignos  de 
hofpedar  grandes  Principes.  Na  cafa  da  prata,  po- 
dia  fer  queflao  fe  era  mais  preciofa ,  pelo  que  en- 
thefourava ,  ou  pelo  muito  que  nella  fe  havia  dif- 
pendido.  Cocheiras ,  cavallari^as ,  e  cafas  de  ar- 
reios ;,  tudo  refpirava  luflre ,  pompa ,  e  magnanimi- 
dade.  A  cafa  da  cera  ,  e  do  Guarda  cera ,  nao  ne- 
celTitava  de  mais  luz  para  fc  enobrecer  ,  do  que 
ver-fe.  ta6  rica  ,  e  honrada.  Os  Camariflas,  e  mo- 
^OidaCamara,  todos  tinhao  habita^oens  tao  de- 
corofas  ,  que  fora  aggravallas  querer  defcrevellas 
com  penna  tao  rafleira.  As  faletas  dos  Porteiros , 
as  cafas  de  paflagem ,  a  fala  commua  da  Corte ,  e 
a  cafa  dos  veflidos ,  pareciao  o  centro  da  mefma 
admira^ao.  O  Oratorio ,  e  Sacriflia  de  Sua  Magef^ 
tade,  que  era,affim  como  o  outro,  de  talha  excel- 
lente  ,  e  dourada ,  parecia  hum  mappa  do  mefmo 
Ceo.  Finalmente  a  cafa  do  Docel ,  antecamara , 
camara  ,  e  gabinete  de  Sua  Mageflade ,  erao  as  © 

quadras ,  que  mais  fe  approximavao  a  fer  digna  es- 
tera  de  tanta  foberania. 

19     Fora  prolixidade  continuar  a  defcrever  as 

(Jc  cafas 


!262  Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

172  0,  ^^^^^  ^^^  criados  da  Cafa,  dos  criados  dos  Cama- 
riftas ,  as  dos  mogos  da  Mantearia  ,  e  das  Cavalla- 
ri§as ;  os  muitos  pateos  de  gado ,  e  em  que  cahja 
a  agua  dos  telhados ,  os  pafieios  dos  cavallos,  cor- 
redores,  ferventias,  paffagens,  fetrinas,  efcadas, 
janellas  ,  faguoens,  palheiros ,  cafas  de  lenha  ,  e 
carvao  ,  fornos ,  e  mais  officinas  defte  grande  Pa- 
lacio.  Ellas  mereciao  toda  a  individuaijao ,  por- 
que  nao  havia  parte  nefta  grande  obi.a ,  quc  fe 
pudefle  dizer  humilde  j  mas  toda  efta  grandeza 
melhor  a  percebe  6  conceito ,  do  que  a  pode  refe- 
rir  huma  penna ,  muito  menos  aquella  tao  inculta 
com  que  recommendamos  a  pofteridade  efta  tao 
gloriofa  memoria.  Defculpe-nOs  de  mais  expref- 
focns ,  dizer ,  que  foi  tal  a  grandeza  defte  Palacio, 
-que  nelle  fe  puderao  hofpedar  Suas  Mageftadcs, 
jE  Altezas,  e  todas  as  Reaes  Familias  mui  commo- 
damente ,  quando  fe  reftituirao  a  Lisboa ;  commo- 
didadc  efta,  que  nao  puderap  achar  na  grandeCi- 
dade  de  Evora. 

20  Partio  de  Madrid  oAbbade  Mbngonc  a 
obfervar  o  applaufo  ,  com  que  a  Corte  de  Lisboa 
-recebia  a  Sereniftima  Senhora  Princeza  do  Brazil. 
Ha^-^ndo  pernoitado  no  Palacio  das  Vendas-Novas, 
no  outro  dia,  antes  de  partir,  pedio  ao  menciojiado 
Coronel  Jofeph  da  Silva  Pies  e  Vafconcellos ,  que 
Jhe  fizeife  ver  muito  individualmente  aquella  gran- 
de  obra.  Condefcendeo  com  os  feus  rogos  aquelle 
Official :  ficou  elle  cheio  de  admira^ao,  e  pergun-  • 
tou ;,  quando  fe  bavia  principiado  ?  Quando  ouvio, 

o  que.nao  havia  excedido  hum  tao  rrtaravilhofo  ar- 

tefado  os  nove  mezes ,  ficou  ainda  mais  admira- 
do ,  e  tornou  a  perguntar ,  fe  quando  fe  Ihe  dera 
principio  eftavao  prontps  todos  os  materiaes.  Co- 

mo 


•  dos  Prindj)es  do  "Bni^Jly  Livro  IT.    205 

ino  ouvifTe)  que  naquelle  fi tio ,  nao  havia  mais  1720. 
-que  agua  ,  e  que  tados  os  miileres  da  obra  fe  con- 
duziao  de  diftancias  tao  grandes,  como  ja  deixa- 
nios  apontadoj  inftou :  quc,  como  era  polfivel,  que 
dentro  de  tao  breve  tempo  _,  fe  executalfe  hum 
edificio  ,  que  podia  fer  primeiro  ,  do  que  o  pri- 
meiro  dos  fete,  que  fe  chamarao  milagres  do  mun- 
do  ?  Fez-fe  ( ihe  tornou  Jofeph  da  Silva  VaQs)  por 
qnerer  Stia  Mageflade  ,  que  fe  fizejje.  El-Rey  de 
Portugal  (  concluio  entao  o  Abbade  Mongone ) 
atiada  aju  grandeza  yla  de  hazer  milagros.  Mas 
xjuemuito  be,  que  o  Palacio  de  Vendas-Novas 
cnchelle  dc  admira^oens  aquelle  Ecclefiaftico ,  fe 
o  que  he  mais ,  ate  mereceo  as  atten^oens  de  hum 
animo  tao  grande  ,  generofo ,  e  augufto ,  como  o 
de  El-Rey  D.  Joao!  Sirva  ifto  do  feu  maior  elogio. 
Quando  Sua  Mageftad-e  o  vio  a  primeira  vez,  che- 
gou  a  confeftar  com  alguma  efpecie  de  admira^ao, 
que  fe  havia  feito  muito  mais,  do  que  elle  fe  havia 
perfuadido ,  que  fe  fizefle. 

21  Chegou  pois  Sua  Mageftade  a  efta  nova  ,  CUga  El-Rey  ao 
c  oftentofiifima  Cafa ,  pelas  quatro  horas  da  tarde:  ^a^^Sovts! 
vio-a  toda  ,  e  as  fuas  Officinas ;  e  como  ainda  fe 
trabalhava  nellas ,  as  fez  por  no  fcu  ultimo  eftado 
de  perfeii^ao ,  breviftimamente.  Aqui  viera<6  cum- 
primentar  a  Sua  Mageftade  ,  em  nome  do  Cabido, 
Jofeph  Correia  Chaves  Corte-Real ,  Deao  da  Se  / 

de  Evora  ,  a  cuja  Diecefi  he  ja  pertencente  aquel- 
le  fitio  de  Vendas-Novas,-  o  Chantre  ,  LuizdeSa 
e  Silva  ,•  e  os  Conegos,  Sebaftiao  de  Mira,  e  Ina- 
cio  Francifco  de  Caftro  .-  todos  Dignidades  da 
mefma  Cathedral.  Ouvio-os  El-Rey  com  grande 
atten^ao ,  e  aftabilidade ,  e  pouco  depois  ao  Bifpo 
de  Patara  D,  Fr.  Jofeph  de  JESUS  MARIA,  da 

Cc  ii  Ordem 


204  HiftoriaFanegyrlca  dos defpojorios  ■ 

l^2Q        Ordem  dos  Pregadores,  que  aquelle  tenipo  refidia 

na  mefma  Cidade  de  Evora.  Recebeo-o  Sua  Ma- 

geftade  com  particulares  demonftracoens  de  agra^ 

do^  erefpeito,  de  que  as  muitas  virtudes  ciaquel- 

le  Prelado_,    fe  faziao  muitas  mil  vezcs  benemeri*< 

tas.  Nefta  noite,  deo  El-Rey  mela  de  Eftado.  Conf- 

tava  de  trinta  e  hum  talheres ,  duas  cobertas  da 

Cozinha ,  e  huma  de  fruta ,  e  doce  j  do  modo  que 

fe  praticara  em  Aldeia  Gallega. 

Parte  aRaitiha        22     Nefte  mefmo  dia  fahio  com  aSerenillima 

'das  jjuriaf%  0  Pnnceza  das  Afturias,  e  oSenhor  Infante  D.  Pedro 

Infante  D.Pedro,  do  Palacio  de  Lisboa  pelas  fete  da  manhaa ,  a  Sere- 

de  Ltsboa.  aiilTima  Senhora  Rainha  D.  Marianna  de  Auftria. 

Acompanhavao-na  os  Officiaes ,  e  Criados  da  fua 

Caifa ;,   Camareiras  mores ,  Donnas  de  honor ,  e 

Damas  nosmefmos  bragantins,  e  efcalereS;,  em  quc 

El-Rey  havia  palfado.  Foi ,  como  elle,  falvada,- 

Defemharca  ,  pa- e  fzvtmdo  pelo  Tejo   acima,    forao  demandar  o 

T^mjieirna   Mofteu-o  da  Madre  de  Deos.  Eftava  E^pofto  nelie 

Madre  de  Deos.   o  SantifTimo ,  e  o  Padre  Carlos  Gallenfels  da  Com- 

panhia  ,  ConfefTor  da  mefma  Sereniffima  Rainha, 

diife  Milfa  no  Altar  da  Senhora.   As  Religiofas, 

cantarao  com  a  fua  coftimiada  devo^ao ,  a  Ladai- 

nlia  Lauretana.  Ao  fahir  Sua  Mageftade  da  Igreja, 

foi  cumprimentada  pelo  Cardeal  da  Mota ,  e  accla- 

mada  com  infinitos ,  e  incelfantes  vivas  do  nume- 

rofiffimo  concurfo ,  que  alli  concorrera. 

Torna  a  embar.      ^  ^     Embarcou  Sua  Mageftade ,    e  chegou  a 

Gallega  ,  aonde  Aldeia  Gallega  pelas  onze  do  dia.  Efperava-a  no 

chega,  ehe  rece-  Caes  todo  o  Senado  da  Camara  daquella  Villa,  c  o 

btda,  Marquez  de  Capecelatro ,    de  quem  foi  cumpri- 

mentada  com  os  coftumados  cortejos.  Alli  a  efta- 

vao  tambem  aguardando  os  coches  para  a  fua  Pef-  i 

foa  ,  €  Familia.   Logo  que  defembarcou,  paflbu  a 

fazer 


dos  Prhicipes  do  "Brai^il^  Lhro  II.  2  05 

fazer  Oragao  na  Igreja  Matriz  do  Efpirito  Santo ,  1720. 
recebendo  dos  Soldados  das  duas  Companliias  da 
Infantaria  ,  que  tinhao  vindo  do  Rcgimento  de 
Setuval ,  as  collumadas  cortezias  y  e  ceremonias 
Militares.  Rccolhida  ao  Palacio  ,  cntrou  de  guar- 
da  a  porta  delle ,  huma  das  referidas  Companhias, 
e  na  varanda  meteo  outra  guarda  j  hum  corpo  de 
mo^os  do  montc.  O  Tenente  Coronel  Luiz  Garcia 
de  Bivar,  ficou  aqui  em  Aldea  Gallcga  por  or- 
dem  ,  que  para  iflb  teve  do  Duque  Eftribeiro  mdr, 
para  a  expedi<^a6  das  carmagens  da  Rainha ,  e  pa- 
ra  ir  acompanhando-a. 

24  No  outro  dia  dez  do  dito  mez ,  partio  EI-  ^^^'^^  El-Rey  de 
Rey  do  Palacio  das  Vendas-Novas  para  Evora ,  ^'"^^'-^o^^'' 
pelas  tres  da  manhaa.  Pelas  oito  come^ou  a  cho-^ 

ver  ,  e  em  todo  o  dia  nao  ceflbu  j  que  chuvas ,  e 
frios ,  que  fizerao  a  quadra  brumal  dcflie  anno  fum- 
mamente  rigorofa ,  p.arece  que  fe  haviao  apoftado 
em  defraudar  da  maior  parte  do  feu  luftre  efta  ac- 
^ao.  Nao  faltarao  pennas ,  e  mui  eruditas ,  que 
agora  pintaflem  transformada  em  primavera  a  mef 
ma  implacavel  efl:aca6  ,•  mas  a  feriedade  da  Hiflo- 
ria,  he  incompativel  com  eftas  Hfongeiras ,  e  hyper- 
bolicas  exaggera^oens  da  Poefia.  Pareceo  milagre 
poderem  as  carmagcns ,  e  fejes  defencalhar  dos 
grandes  lama^aes ,  e  atoleiros  que  a  cada  palfo 
havia ,  o  que  de  madrugada  fe  fazia  mais  afpero, 
e  invencivel.  As  ribeiras  ,  que  era  ncceflario  va- 
dear ,  ei:a6  muitiflimas  ,  e  engrofl^adas  ,•  agora  com 
tao  grandes  invernadas ,  as  fuas  correntes  fe  mof 
trava6  nao  menos  rapidas ,  e  enfurecidas  ,  que 
opulentas ,  e  caudalofas. 

25  Seriao  dez  horas  quando  EI-Rey  chegou  a  ^^^g^  a  Monte- 
Montemor  0  novo.  Efla  Yifla  ,  gloriofa  patria  do  ''"''  '  '"'^^ 

noflb 


'     2  o6    Hijforia  Fanenfwa  dos  dejpojorios 

17-29,  iiofTo  grande  Portuguez  S.  Joao  de  Deos ,  eftava 
agora  rica  _,  e  luftrofamente  condecorada.  Fizerao- 
ComorecebeaEU  ^^^\^i^os  arcos  trjunfaes ,  com  bcm  excogitadas 
Rey  cfla  Villa.  ideias ,  e  clegantiiTinias  infcripcoens ,  tudo  em  ob- 
fequio  dos  feliciflmios  defpoforios  de  Suas  Magef- 
tades ,  e  Altezas.  As  janellas  eftavao  todas  pom- 
pofamente  ornadas  de  cortinas  dc  feda,  em  applau- 
fo  de  tao  foberano  triunfo.  Nao  efperou  o  Sena- 
do  da  Camara  ,  que  chegalle  El-Rey  :  foi  bufcai- 
lo  ao  caminho  ,  e  logo  que  fe  aviftou  com  Sua  iVla- 
geftdde  ,  Ihe  fez  o  Juiz  de  fora  huma  breve  y  mas 
cruditiffima  Oracao, 

26     Ouvio  Sua  Mageftade  Miffa  na  Igreja  do 

referido  Santo  ,  e  fazendo  aqui  mui  pouca  deten^ 

\         Pane  dellapara  ca  ,  logo  paifou  para  Evora.  O  Governador  defla 

Cidade  ,•  o  Senado  da  Caniara  ,•  o  Cabido  ,  e  Re- 
ligioens  y  tudo  fe  empenhou  ,  parcce  que  a  com- 
pet^hcia,  nos  applaufos  do  recebimento  dc  Sua 
Mageftade.  Toda  a  Cidade  eftava.  cheia  de  arcos 
triunfaesj  asjanellas,  e  paredes  ricamente  orna- 
das ;  as  fontes  alinhadas ,  e  affeadas,tambem  coni 
Como  herecebido  fuas  armacoens ,  e  letras  niui  difcretas.  Sahirao 
naqnella  Cidade.  ^^^^  ^-^^^^^  ^  ^  diflancia  de  hum  quarto  de  legoa, 

como  era  ordem  de  EI-Rey,  a  recebello,  os  Titulos 
que  fe  achavao  na  Cidade  ,  aonde  chegou  pouco 
antes  de  noitecer ,  com  toda  efta  elplendida  comi- 
tiva.  A' entrada  da  Cidade,  apearaorfe  os  mo^os 
da  Eftribeira  ;  e  os  Soldados  da  Guarda  Real,fem 
alabardas ,  commandados  por  feu  Capitap  o  Con- 
de  de  Pombeiro  ,  fe  formarao  em  duas  alas.  O  Ca- 
bido  recebeo  a  Sua  Mageflade  ,  pelo  modo  que  fe 
pratica ,  e  com  Te  Deum ,  que  fe  entoou  a  propor-  : 
^ao  do  dia.  Entrou  pois  naquella  Pra^a,  que  o  re- 
cebeo  com  huma  falva  Real  de  tres  defcargas  dc 

arti- 


dos  Frincipes  do  Brai^il,  Li^uro  II.    2  07 

artilheria  ,  cumprimcnto  Militar ,  que  outr^s  ve-  1720. 
*  zes  fe  repetio.  Por  dentro  fe  recolheo  o  niefnio 
Senhor  ao  Palacio  da  Mitra  ,  preparado  ao  mefmo 
fim  ,  com  a  mais  extraordinaria  grandeza.  Toda  a 
>i"obreza  da  Cidade,  veio  cumprimentar  a  El-|Ley, 
que  a  todos  metia  no  cora^ito  com  a  fua  afFabili- 
dade.  Ncila  noite  houve  mefa  de  Eftado  ,  como 
nas  noitcs  precedentes. 

27  Pelas  quatro  da  manhita  deftc  m.efmo  dia, 

partio   a  Serenilfmia  Rainha  de  Aldeia  Gallega.  ^/^'i^,,^.  ^J^^"^^ 

Come^ou  iogo  elta  oenhora,,  que  nao  cede  em  pie-  ga^paraVmdas' 

dade,  nao  jomente  as  Rainhas  mais  Catholicas,,  e  NQvat. 

Santas  que  tem  florecido  nefte  pleynoj,  fenao  em 

todo  o  Univerfo  mundo  Chri^o  ,  a  repartir  nefta 

jornada  innumeraveis  cfmolas  pGi^os  Conventos,  e 

Mofleiros  das  Ordens  Mendicantes ,  e  pela  pobre- 

za  das  Cidd:des ,  Villas ,  e  lugares  por  onde  hia 

palTando. 

28  A  fua  comitiva  era ,  a  que  agora  diremos:' 

HUm  Tenente ,  com  huma  pan:ida  de  oito  Ca- 
vallos,  e  dous  Trombetas. 
Seis  correios  de  Gabinete  ,   com  fe^us  Trombetas 

de  pofla. 
Tresfejes,  em  que  hiao  feis  M09OS  daCamara. 
10  coche  do  Eflribeiro  meiior ,  ejn  que  hiao  o  Por- 

teiro  da  Camara ,  os  Companheiros  dos  Padres 

Confeffores ,  e  o  Medico  Joao  Valentim  Kau* 

pers. 
O  coche  dos  Veadores   da  SeremiTima   S.enhora 

Princeza ,  e  algum  iMogo  fidalgo. 
puma  eflufa  do  Eflribeiro  mor ,  e  Mordomo  mor 

da  mefma  Senhora. 
0  coche  dos  Veadoresj  e  CojafefTor  4?  Senhora 


1 


172?. 


1  o8  Hiftorld  panegyrica  dos  defpoforios 

Rainha  D.  Marianna  de  Auftria.  j^v  M 

O  coche  dos  mais  Veadores  da  mefma  Senhorar"    1 
Huma  eftufa  do  Eftribeiro  mor,  e  Mordomo  mor 

da  mefma  Senhora. 
Huma    eftufa  de  reipeito   a  Sereniflima  Senhora 

Princeza. 
Huma  eftufa  de  refpeito  a  Senhora  Rainha. 
Joao  Xavier ,  Eftribeiro  menor  da  mefma  Senhora,    , 

a  cavallo. 
O  coche  da  VeiToa.  da  Sereniftima  Senhora  Rainha,  , 

e  Suas  Altezas.  ' 

Seis  mogos  da  Eftribeira ,  montados  a  cavallo.  | 

Huma  eftufa  das  Camareiras  mores ,  e  Donnas  de 

honor. 
Cinco  eftufas  de  Damas. 
Sete  eftufas  de  A^afatas. 
Tres  eftufas  de  vacas ,  em  que  hia  a  Camara  da 

Senliora  Rainha. 
OCapitao  de  Cavallos,    D.  Antonio  da  Silveira 

e  Albuquerque ,  com  a  guarda  da  Cavallaria. 
Os  mo^os  do  Monte  ,  a  cavallo. 
Tres  fejes  de  referva  para  a  Senhora  Rainha ,  Ca- 

mareiras ,  e  Donnas. 
Huma  feja  rica  de  referva  da  Senhora  Rainha. 
Vinte  e  nove  fejes  de  Damas ,  e  Criadas  das  Se- 

nhoras ,  Rainha  ,  e  Princeza.- 
Huma  feje  doGuarda  Damas. 
Tres  de  Capellaens. 
Onze  deCIerigos. 
Oito  de  Muficos. 
Duas  dos  Porteiros  da  Canna. 
Huma  ,  em  que  hiao  o  Cirurgiao  Joao  Henriques 

deUVitte,  e  feu  Ajudante. 
Cinco  gaieras ,  que  conduziao  a§  alfaias  mais  pre: 
f    ciofas.  Dozd 


'i 


dos  Frincipes  do  "Brai^iU  Liuro  IL  109 

Doze  carros  matos ,  que  fervirao  do  mefmo.  j  ^2  o. 

Vinte    andas  com  o  fato  da  SerenilTima  Senhora 

Princeza. 
Huma  partida  de  oito  Cavallos,  com  feu  Cabo. 

29  Foi  a  SerenilTima  Senhora  Rainha  ouvlr 
Miifa  a  N.  Senhora  da  Atalaia ,  de  donde  paiTou 

iaCafa,  queja  dilfemos,  dos  Pegoens,  aonde  jan- 
tou.  Mudando  aqui  de  cavallos,profeguio-fe  ajor- 
nada  para  Vendas-Novas.  Apertou  nefte  dia  a 
chuva  com  todo  o  exceflb,  alagando  os  cami- 
nhos  ,  e  deixando-os  intrataveis  para  fe  poder  con- 
tinuar  'a  marcha  ,  que  fem  embargo  de  tanta  con- 
tradic^ao ,  fe  n^o  interrompeo  ,  profeguindo  fem- 
pre  do  melhor  modo  que  foi  poffivel. 

30  Chegou  Sua  Mageftade  ,  e  Altezas  ,  com  Chega  a  Rahha 
afTaz  incdmodo  ,  as  Vendas-Novas.  Era  ja  muito '^^^"^'^■^"^**^^"''* 
de  noite  ^  porque  os  urcos  fatigados  de  tao  repe^ 
tido ,  e  defacoftumado  trabalho  ,  haviao  canfado, 
e  nao  obftante  a  providencia  do  Tenente  Coronel 
Luiz  Garcia  de  Bivar ,  que  acodio  com  outro  tiro 
"de  urcos  ,•  huns ,  e  outros  nao  baftarao  a  vencer 
tanta  difficuldade.  Por  efte  motivo  tornarao  os 
Veadores  para  os  Pegoens  ,  aonde  entao  pernoi- 
tarao.  Canfarao  tambem  as  cavalcraduras  de  tres 
fejes ,  huma  de  Cfiados  ,  e  d;uas  de  Muficos.  Oc- 
correo  o  Tenente  Coronel  Luiz  Garcia  de  Bivar 
aremediar,  e  remediou,  eftafalta,  acodindo  lo- 
go  com  outras.  O  trabalho  que  as  mefmas  .cavalga- 
duras  havia  fupportado ,  era  tao  immenfo ,  que 

I jiefta  noite  morreo  hum  grande  numero  ,ddlas,aqui 
^ni  Vendas-Novas. 

3 1  Nefte  Polacio  fjzerao  duas  Comipanhias  do 
IKigimento  ^  Setuyal,,  gwarda  a/Sua  Mageftade, 

P|  Dd  que 


< 


X729' 


210  Hijloria  Panegyrlca  dcs  defpoforws 

qiie  deo  dez  moedas  de  ouro  de  quatro  mil  e  oito 
centos  cada  huma,  a  partida  da  Caval]aria,que  def^ 
de  Aldeia  Gallega  a  viera  atelli  acompanhando. 
Pelas  nove  da  noite  chamou  a  Senhora  Rainha  ao 
Tenente  Coronel  Luiz  Garcia  de  Bivar ,  para  Ihe 
dizer ,  como  difle ,  que  eftava  de  animo  de  conti- 
nuar  a  fua  marcha  pelas  duas  da  madrugada.  Ref 
pondeo  elle ,  que  o  trabalho  daquella  tarde  havia 
iido  tao  fummamente  grande ,  e  que  a  efte  accref- 
ciao  tantas  outras  circunftancias ,  que  deixavao  in- 
teiramente  impoflivel  a  execucao  daquelle  Real 
proje(5I:o.  Tornou  a  inflar  a  Senhora  Rainha ,  fe 
Ihe  parecia  impoflivel  poder  ella  continuar  a  fua 
jornada  ?  Parece-me  impoflivel ,  ( refpondeo  elle ) 
e  por  muitas  razoens. 

32  Primeira  j  porque  ficao  muitas  carruagens 
atrazadas  de  Veadores,  Muficos,  eCriados,  que 
nao  podem  chegar  aqui  fenao  a  manhaa,  ja  muito 
de  dia.  Segunda  ,•  porque  a  inclemencia  do  tempo 
continua  com  todo  o  exceflx)  que  V.  Mageflade 
efta  vendo  ,  e  o  caminho  que  temos  daqui  a  Mon- 
temor  ,  he  o  peior  que  nos  efpera  ,  pcios  muitos 
atoleiros,  ribeiras ,  e  maos  paflbs  que  nelle  ha,  e 
do  que  eu ,  pelo  bom  conhecimento  que  tenho 
do  paiz ,  eftou  bem  certo.  Por  todas  eftas  ,  e  ain- 
da  por  muitas  outras  razoens ,  fou  de  parecer,  que 
V.  Mageftade  nao  deve  querer  entrar  em  hutn 
perigo  tao  grande ,  que  tal  vez  nao  pode  fer  ven- 
•cido  por  for^as  humanas.  Com  ifto  fe  accommo- 
dou  a  Sereniflima  Senhora  Rainha ,  e  Luiz  Gar- 
cia  Ihe  advertio  decaminho,  que  Sua  Mageftade 
fe  dignafFe  expedir  ordens  ao  Juiz  de  fora  de 
Montemor  o  novo ,  para  que  fizefTe  cegar  os  ato- 
leiros ,  apJlainar  as  quebradas,  econcertar  os  cji- 

minhos 


.  dos  Prhicipes  do  Bradl^  Livro  11.  2ir 

minhos ,  o  que  tudo  brevifTimamente  teve  effeito,  e  1720. 
nao  foi  de  pcquena  utilidade  pam  fe  poder  profe- 
guir  mais  commodamente  aquella  marcha.  Teve  o 
mefmo  Tenente  Coronel  a  providencia  de  mandar 
conduzir  pelo  Coronel  Jofeph  da  Siiva  Paes  e  Vaf 
concellos ,  grande  numero  dejuntas  de  bois  para 
tirar^  nos  paffos  mais  arrifcados ,  as  fejes  qUe  fe 
encravaffem  nos  atoleiros ,  trabalho ,  para  que  erao 
'  menos  proprios  os  cavallos ,  que  nao  o  vencendo 
commummente  ,  fahiao  dalU  como  inuteis ,  bu  ef- 
troupeados.   .  ; 

fr:j3^  Suppofto  que  a  Sereniflima  Senhora  Rai- 
nha  havia  de  retardar-fe.aqui  no  Palacio  deVen- 
das-Novas  aind^-no  dia  feguinte ,  datndo  lugar  a  to- 
das  eflas  diligencias  tao  inexcufaveis  para  aprofe- 
cufao  dafuaReal  viagem ,  expedio  nefta  mefma 
noite  hum  poftilhao ,  com  avifo  a  EI-Rey  de  todas  - 
eftas  novidades.  Nefte  mefmo  dia  dez,  partio  o  Se-; 
nhor  Patriarca  paraElvas,  para  deitar  as  ben^aos 
Dupciaes  ao§  SerenilTimos  Principes  do  Brazil.  Che- 
garao  os  coches  da  comitiva  da  inefma  Senhora , 
que  haviao  ficado  nos  Pegoens,  a  Vendas-Novas, 
e  aqui  ficarao  efperando  a  partida  de  Sua  Magef^ 
tade.  Sucedeo  paflar  por  Vendas-Novas,  com  dous 
Efquadroens ,  que  conduzia  paraEvoria,  o  Conde 
de  Obidos  ,•  e  depois  de  os  mandar  formar  em  fren- 
te  do  Palacio ,  implorada  venia  da  Senhora  Rai- 
nha ,  foi  feu  caminho.  Na  tarde  defte  mefmo  dia, 
em  que  Sua  Mageftade  deo  audiencia  ao  Cabido 
de  Evora,  foi  depois  corn  o  Sereniifirho  Principe  D. 
Jofeph  ,  e  o  Senhor  Infante  D.  AntQnio,.mui  parti- 
cularmente  ao  CoIIegio  da  Companhia  de  JESUS. 
El-Rey,  QPrincipe,  eplnfante  D.  Antonio  (o- 
rao  a  Igreja  .dos  Padres  Jioios,  Padroado  dos  Du- 

Dd  ii  ques 


5l2   Hi/loria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1720»  ^^^  ^°  Cadaval ,  a  langar  agua  benta  aos  Duques 
D.  Nuno,  cD.  Luiz  Ambrofio,  filho  do  primei- 
ro,  emcuja  fepultura  mandou  El-Rey  aosReli- 
giofbs  da  Cafa,  recitar  ,  como  com  toda  afolem- 
nidade ,  e  devogao  recitarao ,  hum  Refponfo  ,•  hon- 
ra  efla  j  porque  o  Duque  Eftribeiro  mor  D.  Jayme 
de  Mello ,  beijou  logo  depois  a  mao  a  Sua  Ma- 
geflade.  Nefla  noite  tornou  a  haver  mefa  de  Ef- 
tado. 

34  A  doze  foi  Sua  Mageflade  aoCoIIegio,  e 
Univerfidade  daCompanhia  de  JESUS.Correo-o  to- 
do,  e  no  N  oviciado  ouvio  o  CoIIoquio,  que  fez  hum 

Parte  a  Ralnha  Novigo,  ao  Menino  Deos.  Nefle  mefmo  dia  fahia 
deVendasiNovas.  ^  SerenifTima  Senhora  Rainha  D.  Marianna  de 
Auflria  do  Palacio  de  Vendas-Novas  pelas  quatro 
horas  da  manhaa.  Chegando  a  Montemor  pelas 
dez,'  vifito^  a  Cafa,  em  que  nafceo  S.  Joao  de 
Deos ,  e  aonde  efperava  a  Sua  Mageflade ,  e  AI- 
tezas  ,  o  Marquez  de  Capecelatro  ,  Embaixador 
Ordinario  de  Sua  Mageftade  Catholica.  Aqui  ouvi- 
rao  Mida  ,•  e  paffando  depois  a  Cafa  da  livraria  da- 
qiielle  Convcnto ,  nella  jantarao.  Mandou  Sua 
Mageftade  diflribuir  cinco  moedas  de  ouro  pelos 
pobres  da  terra  ,  e  poz-fe  logo  a  caminho  para 
Evora.  Nefle  mefmo  dia  chegou  hum  exprelfo  da 
Marquez  de  Abrantes,  por  onde  fazia  faber  aEi- 
Rey  ,  que  Sua  Mageftade  Catholica  chegaria  a 
dezafeis  defle  mez  a  Pra^a  de  Badajoz.  De  tarde 
fahio  publicamente  o  mefrno  Senhor ,  a  efperar ,  e 
receber  a  Senhora  Rainha. 

35  Meia  legoa  antes  della  chegar  a  Evora,  fa^ 
hirao  a  cumprimentalla  ao  caminho,  cinco  Conegos 
do  Cabido  daquella  Cathedral.  Pouco  mais  adian- 
te  come^avao  a  difcorrer    em  forma   dous  bata- 

Ihoens 


dos  Principes  do  "Bra^ly  Livro  II.  2 15 

ihoens  de  Infantaria  ,  e  outros  tantos  Regimentos  1720 
"de  Cavallaria.  Seguiao-fe  logo  os  Titulos ,  que  ef 
tavao  erperando  nos  feus  coches.  El-Rey ,  o  Sere- 
;  niiTimo  Principe  do  Brazil ,  e  os  Senhores  Infan- 
^  tes  D.  Francifco  ,  e  D.  Antonio ,  efperavao  a  mel- 
ma  Senhora  no  largo  do  chafariz  das  Bravas. 

36  Quando  ella  chegou  ,  era.  ja  muko  noltQ.  Cbega  a  Evffra. 
Concluidos  os  coftumados  cumprimentos ,  paflbu  a 
Rainha  para  o  coche  del-Rey ,  em  que  fe  meterao 
tambem  o  Serenilfimo  Principe  do  Brazil ,  e  a  Se- 
reniflima  Princeza  de  Auftrias  ;  os  Senhores  Infan- 
tes  fe  embarcarao  em  outro  femelhante.  A'  imita- 
^ao  do  Conde  de  Pombeiro  ,  e  D.  Franciico  de 
Soufa ,  CapitaenS  da  guarda ,  tomarao  Juzes  os 
mogos  da  Camara ,  e  os  Archeiros,  para  allumiar  a 
Suas  Magefl:ades  ,  e  Altezas.  Quando  eftas  entra- 
rao  na  Cidade ,  forao  recebidas  com  repetidas  fal- 
vas  de  artilheria ,  e  forao  apear-fe  finalmente  ao 
adro  daSe. 

37  Ldgo  que  fe  poz  termo  as  coflbmadas  ce- 
remonias  do  Governador  ,  e  Senado  da  Camara, 
eftava  ja  o  Cabido  efperando  as  Mageftades ,  e  AI- 
tezas  com  pallio.  Entrarao  ellas  na  Igreja  ,  e  aflii^ 
^rao  ao  Te  Deum ,  que  fe  cantou  folemniflima- 
mente.  Recolhidas  depois  ao  Pa^o ,  alli  concor- 
reo  a  Jerarquia  Ecclefiaftica  ,  a  Corte ,  e  a  No- 
breza  ao  beijamao.  Houve  nefta  noite  outra  muito 
maior  mefa  de  Eftado.  Puzerao-fe  bitenta  talhe- 
res  j  e  as  duas  cobertas ,  conftava6  de  prato  de 
meio  cada  huma ,  dezafete  pratos  de'  cdzinha ,  oi- 
Ito  pratos  flamengos  de  fellada ,  vinte  e  dous  de 
jmeia  cozinha ,  quatro  flamenguinhas  de  azeitonas,- 

a  terceira  coberta,era  de  cinco  corbelhas  de  do- 
^iHLe ,  e  oito  de  fruta  j  e  em  quanto  efteve  em  Evora, 
^l..  fe 


214  Hijloria  Panegyrlca  dos  defpojorios 

1720.  fe  continuou  o  mefmo  ^  e  em  Villa-vi^ofa.  Nefle 
dia  creou  Sua  Mageftade;  Conde  de  Alva.  a  D.  Joao 
Diogo  de  Ataide ,  Meftre  de  Campo  General ,  e 
Governador  das  Armas  da  Provincia  do  Alem- 
Tejo. 

Eis  aqui  a  cartu ,  qtie  teve  de  avifo  do  Secre- 
tario  de  tfiado. 


n. 


Ua  Mageftade  tendo  confidera^ao  as  qua- 
,/  ^^'^^  lidades ,    e  merecimentos  que  concorrem 

na  peifoa  de  V.  Senhoria ,  e  em  fatisfai^ao 
„  dos  feus  fervi^os ,  foi  fervido  fazer-lhe  a  V.  Se- 
,j  nhoria  merce  do  Titulo  de  Conde  de  Alva ,  de 
^i^-ique  fa^o  ^y.  Senhoria  efte  avifo,  para  que  o  te- 
,', '  nha  entendido ,  e  por  efta  Secretaria  de  Efta- 
„  do  ,  fe  paftarao  a  V.  Senhoria  os  defpachos  ne- 
jy  ceftarios.  Deos  guarde  a  V.  Senhoria,  Secreta- 
„  ria   de  j^ft^do,    em  Evora   12.  dc.Janeiro  de 

"t  ■  .  '         - 

Diogo  de  Mendon^a  Corte-Rea/. 

Deo  mais  as  chaves  de  Camariftas  a  D.  Manoel  de 
Caftro ,  Marquez  de  Cafcaes  y  a  Joaquim  de  Sa  de  1 
Menezes ,  MarqUez  de  Fontes  j  a  Manoel  Telles 
da  Silva  ,  Marquez  de  Alegrete  j  e  a  D.  Joao  de 
Aim^ida  ,  Conde  de  Aftumar. 


Acopia  j 


*   ,;  dos  Trlncipes  do  "Bra^iU  Liuro  II.  21  jf 

A  copia  da  carta  de  avifo ,  he  do  teor  que     '^7^9- 

fejegue- 

)}  47^  Ua  Mageftade  tendo  confidera^ao  as  qua- 
jj  1^^  lidades;  merecimentos,  e  circunftancias  que 
„  •^  concorrem  na  peflba  de  V.  Excellencia, 
jj  houve  por  bem  nomeallo  Gentil-homem  da  Sua 
„  Camara ,  que  V.  Excellencia  fervira  na  forma 
_,,  que  o  mefmo  Senhor  for  fervido  ordenar-Ihc  , 
j,  de  que  manda  fazer  a  V.  Excellencia  efte  aviib, 
„  para  que  o  tenha  entendido.  Deos  guarde  a  V. 
„  Excellencia.  Evora.  Secretaria  de  Eftado  a  12. 
„  de  Janeiro  de  1729. 

Diogo  de  Mendoji^a  Corte-Real. 

Deo  tambem  ardem  El-Rey,  para  os  Titulos  pafla- 
rem  para  Villa-vi^ofa  a  efperar  alli  por  elle. 

38  O  Senhor  Patriarca ,  que  fe  deteve  em  AI- 
dcia  Gallega  no  dia  dez ,  em  que  chegou  aquella 
Villa  ,  e  no  feguinte  em  que  acabou  de  chegar  o 
refto  do  feu  trem,  partio  dalli  para  Elvas  nefte  mef 
mo  dia  doze.  A  fua  comitiva ,  e  a  ordem  da  mar- 
cha ,  era ,   a  que  agora  diremos. 

DOus  Palafreneiros  diante  de  tudo  ,  defcobrin- 
do ,  e  recohhecendo  a  eftrada. 
yinte   e  quatro  cavallos  frizoens,   cobertos  com 
fuas  mantas ,  levados  a  mao  por  mogos  da  Ca- 
vallarica.  '  , 

Dous  Palafreneiros  com  as  ymbrelJas ,  queacom-* 

panhavao 


21$    HiJloriaPanegyric/idos  defpofofws 

1720.  panhavao  a  Cruz  Patriarcal ,  que  era  levada  pe- 

lo  feu  Cruciferario ,  montado  em  huma  mula 

ruca ,  e  aififtido  de  dous  mo^os. 
A  carruagem  de  Sua  Illuftriffima  ,  e  Reverendifli- 

ma  ,  que  era  huma  berlinda  Franceza,  na  qual 

competia  o  preciofo  do  material ,  com  o  perfeito 

da  arte. 
A  efta ,  feguiao-ie  oito  Palafreneiros  a  cavallo  em 

feus  rocins. 
Hum  Decano ,  e  feis  Officiaes. 
fluma  eftufa  rica  de  refpeito. 
Quatro  eftufas ,  e  huma  berlinda ,  todas  rica? ,  em 

que  hia  toda  a  familia  Prelaticia ,  veftidos  de  ro- 

xo ,  em  habito  viatorio. 
Huma  feje  com  dous  mo^os  da  Guarda-roup.i. 
Doze  Officiaes  da  Cafa ,  montados  em  rocins. 
Quarenta  e  feis  cargas ,  cobertas  com  feus  repof- 

teiros. 
Tres  tiros  de  mulas  ,  que  hiao  de  fobrecelente. 
Varios  criados  da  cavailarica,erriais  peifoas,  todas 

a  cavallo. 
Affim  com  efta  luzida ,  e  numerofa  comitiva,  par- 
tio  o  Senhor  Patriarca  pelas  feis  para  fete  horas  de 
Aldeia  Gallega ,  para  Elvas. 

Na  manhaa  do  outro  dia,  deo  a  Sereniffima  Senho- 
ra  Rainha  audiencia ,  ao  Cabido ,  Religioens ,  Ci- 
\  dadaos ,  e  Juftigas.  De  tarde  a  deo  tambem  ao 
Tribunal  do  Santo  Officio  ,•  e  a  tudo  affiftio  a  Sti- 
reniffima  Princeza  de  Afturias.  Sua  Mageftade*/ 
que  andou  nefte  dia  vendo  algumas  Igrejas ,  en- 
trando  na  dos  Padres  Cartuxos ,  doPadroado  da 
Sereniffima  Cafa  de  Bragan^a ,  fez  efmola  aos  Pa- 
dres  da  Gafa,  de  cinco  mil  crufados ,  para  o  dou. 

ramento 


dos  Principes  do  "Bra^il,  Livro  II.    217 

ramento  do  retabulo  da  mefma  Igrcja,-  e  na  do  Con-       1720. 

vento  de  Santo  Agoftinho  raandou  rezar  hum  i?<?/^ 

pofjjd  pela  alma  dc  feu  confanguineo^oArcebifpode 

Evora  D.  Theotonio.  Depois  forao  as  mefmas  Sere- 

nifljmas  Senhoras  vifitar  os  Mofteirosdo  Salvador, 

Calvario,  e  Therefianas.  Fizerao  tambem  caminho 

para  vifitar  a  Igreja  da  Congrega^ao  do  Evangehfta^ 

e  na  fepukura  do  mefmo  Duque,  mandarao  recitar 

mui  folemnemente  outro  Rejponfo.    O  Senhor  In- 

fante  D.  Francifco,  vifitou  tambem  a  meliTia  Igreja, 

e  deitou  agua  benta  ao  mefmo  Duquc. 

39  A  quartorzc  partirao  ,  EI-Rey  ,  o  SereniiTi-  Partem;Bl-Rey , 
mo  JPrincipe  ,  e  o  Senhor  Infante  D.  Antoniopeks  oPrincipe.eoIn- 
quatro  da  manhaa  deEvora^  depois  de  haverem -g^^.;^-;^'''"''' 
obfervado  rudo,  o  qiiefha  de  mais  notavel  naquel-^ 
la  antiquifluna,  e  celeberrima  Cidade ,  para  o 
Convento  de  N.  Seniaora  do  Ei|iinheiro  dos  Itelir 
giofos  de  Sv  JeronyR)o ;  a  meia ;  legoa  de  diftancia 
da  mefma  Cidade.  Aqui  ouvirao  MilTa  ,  e  logo  fe 
puzerao  a  cajnmho  pai-a  V illa-vi^ofa ,  ^Corte  da  ef 
clarecidiiftma ,-  e  Real  Gafa  de  Bragan^a ,  pela  ef^ 
trada  do  Redondo.  Hurna-Icgoa.antes  de  chegar^a 
efta  Villa ,  aonde  chamao  a  V enda,  fe  fez  a  muta 
d6s  cavallos,  que  ^lli  eftavao  prevenidos.  Na  tarde 
defle  dia,  viiitou  a  S.ereniiTima  Rainh^  os  Conven-' 
tos  da  Senhora  do  Garmo  ,  Santo  Agoftinho  ,  Sao 
Domingos ,  e  ultiraamente  o  CoIIegio  dos  Padres 
da  Com.panhia  de  JESU  S.  A'  portaria  delle  ,  a 
veio  receber  Q.  Scnhor  Patriarca  D.  Thomas  de  Al- 
iipeida,  que.agora.acabava  de  chegar  aEvara.  Feita 
Gra^ao,  paiiarcto- a  livraria  ,  aonde  os  Padres  habi- 
tantes  da  Cafa,,  haviao  prevenido  hum  magnifico  re- 
ifrefco.  Voltarao  logQf  a  Jgreja ,  aonde  fe  armara 
hum  tablado  com  elegantes  cenas,  ebaflidores, 
.\  Ee  para  ■ 


518    Hiflorla  Tanegjrlca  dos  dejpoforios 

1720.  para  fe  reprefentar,  como  reprefentou ,  parte  da 
Tragicomedia  Latina  ,  que  recentemente  fe  com- 
puzera  ,  e  fe  guardava  para  efta  occafiao  ,  em  ap- 
plaufo  da  Canonizagao  dos  Santos ;  Luiz  Gonzaga^ 
e  Eftanislao  Koftka  da  Companhia  de  JESUS  ^  que 
o  Papa  Benedido  Xlll.proximamente  havia  allijia- 
do  no  Cathalogo  dos  Santos ,  declarando  ao  primei- 
ro  por  Prote6lor  dos  Eftudos. 
Chepa  ElRey  a  40  E!-Rey  continuando  a  fua  jornada,  paifou, 
VilTa-vtpJa.  fgj-ia  nieio  dia^  pela  Villa  do  Redondo  ,  cujo  Sena- 
do  fahira  a  rccebello ,  a  diftancia  dc  huma  legoa , 
fazendo ,  como  tambem  o  haviao  feito  as  outras 
Villas  por  onde  paftbu  ,  armar  todas  as  ruas  por 
onde  Sua  Mageftade  havia  de  tranfitar.  Chegouft- 
nalmente  pelas  quatro  da  tarde  a  Villa-vi^ofa;  aon- 
de  o  eftayao  ja  efperando  muitos  Fidalgos  ,  e  So- 
.  nhores.  Foilogo  a  Capella  doPalacio  dos  Serenif 
fimos  Duques  de  Bragan^a ,  aonde ,  com  afliftencia 
do  Deao ,  fe  cantou  o  Te  Detim ,  com  vbzes  admi- 
raveis.  Dalli  fbi  logo  a  Jgreja  Matriz  do  Orago 
da  Conccica6  Immaculada  da  Senhora ,  que  he  das 
Ordens  Miiitares ,  e  o  pffm.eiro  Tcmplo ,  que  ,  fe- 
gundo  he  conftantc  das  tradi^x^ens ,  houve  defta 
Invocacao  em  todas  as  Hefpanhas ,  e  ainda  pode. 
fer  que  tambem  fora  dcllas.  A  Igreja  eftava  rica- 
mente  paramentada ,  por  ordem  da  fua  Confraria; 
de  que  Sua  Mageftadc  he  Prote6lor,  por  fer  a 
mcfma  Senhora  Padroeira ,  e  Tutelar  do  Reyno.  . 
4 1  Seriao  as  cinco  da  manhaa ,  do  dia  quinze, 
SaheaRainliade  quando  com  a  Sereniflima  Princeza  da«  Afturias,.^ 
Evora,  e  0  Senhor  Infante  D.  Pedro ,  fahio  a  Senhora  Rai-^ 

nha  D.  Marianna  de  Auftria ,  de  Evora.  Forao  ou-^; 
vir  Mifta  a  N.  Senhora  do  Efpinheiro ,  cujos  Re-il 
ligiofos  prometterao  a  Sua  Mageftade,cantar  huma' 

Mift^j 


dos  Principes  do  Bra^il,  Livro  II.    Tf^ 

.tJVIiira  pelo  bom  fucefTo  dcte  dcfpoforios.  Gonti-       1726 
-nuou  a  Senhora  Rainha  a  fua  jornada  pelo  Redon- 
do  ,  e  aqui  mandou  repartir  tres  moedas  de  ouro 
-de  quatro  mil  e  oito  centos  ,  pe!a  pobreza  da  ter- 
'  -ra.  Logo  paifou  adiante  ,•  e  chegada  ao  termo  de 
Evora-monte,  veio  cumprimentalia  ao  caminho  a 
Camara  da  Villa,-  e  o  Juiz  Efpadano  da  terra ,  Ihe 
fez  huma  ruftica  ;  e  breve  Ora^ao,  em  que,  com  a  Ora^ad  do  jtdz. 
fua  grande  fimplicidade,  deo  muito  que  rir.  Nos^  nimonT ^^ ^'■''' 
pclo  muito  que  as  mefmas  Senhoras  goftarao  della,  " 

a  tranfcreveriamos  nefte  lugar ,  fenao  receaflemos  a 
cenfura  de  alguni  critico  impertinente  ;,  e  melenco- 
Jico  ,•  mas  como  nos  eftao  chamando  rantas  ,  e  tao 
gloriofas  circunftancias  defta  Real  acgao  ,  omit- 
tiremos  j  affim  efta ,  como  outra  femelhante  Orap 
^ao ,  que  o  me/hio  ruftico  tornou  a  fazer  a  mefrna 
Senhora  Rainha ,  e  a  SerenilTima  Princeza  do  Bra- 
zi!,  quando  ellas  fe  recolhiao  a  Corte  de  Lisboa.  O 
Juiz  de  Fora  de  Evora-monte  fez  outra  Oragao 
mais  racionavel  a  Sua  Mageftade,  felicitando-a  def 
tes  Reaes  defpoforios ,  e  augurando-lhe  mediante 
elles  as  maiores  felicidades. 

42  Na  tarde  defte  dia  fahio  EI-Rey  ape ,  pe- 
Ja  porta ,  que  chamao  do  N6 ,  a  vifitar  a  Igreja  do 
Convento  dos  Agoflinlios ,  aonde  tem  jazigo  os 
Sereniifmios  Duques  de  Bragan^a.  A  companha- 
vao-no  os  Senhores  Infantes  D.  Francifco  ,  e  D. 
Antonio,  o  Duque  doCadaval  Eftribeiro  mor,  e 
o  Marquez  4e  v^Iegrete ,  Gentil-homem  da  fua  Ca- 
mara.  Qugndo  chegou  a  Capella^  em  que  eftao  as 
fepulturas  dos  Duques ,  com  aquella  innata  pieda- 
^e ,  de  que  tiio  prodigamente  o  dotou  o  Ceo  ,  co- 
fBecou  a  lani^SLr  agua  tenta  pelo  ultimo  Duque ,  o 
Serenilfmio  D.  Theodofio  II.  dizendo  coni  a  fua 

Ee  ii  pene- 


220  Hi/loria  Panegyrica  dos  defpoforio! 

172  0        penetrantilTima  viveza  de  juizo  :  que  principiava 
por  aquelle,  que  era  mais  chegado.  Nefta  mefma  tar- 
de  havia  vifitado  oSereniflimo  Senhor  Infante  D. 
Francifco  a  milagrofa  Imagem  da  Senhora  da  Con- 
cei^ao  ,  e  pouco  depois  das  Ave  Marias ,  tornou  a 
fazer  o  mefmo   Sua  Mageftade  ,   o  SerenilTimo 
Principe  ,  e  Senhores  Infantes  ,  que  paflarao  dalll 
avifitar  a  Igreja  de  Santo  Amaro,  cujo  era  aquelle 
dia. 
Chega  a  Rainha      43     Erao  as  dez  da  noite  quando  a  Senhora 
a  FtUa-vjfofa.      Rainha  ^  nao  obftante  a  grande  copi  a  de  neve , 
que  come^ou  a  cahir  defde  as  dez  da  manhaa ,  che-  ^* 
gou  a  Vilia-vigofa.    Antes  de  enttar  nefta  povoa- 
^ao ,  eftavao-na  efperando  dous  batalhoens  de  In- 
fantaria  ,  e  outros  tantos  Regimentos  de  Cavalla- 
ria ,    que  a  cortejarao    Militarmente   com  huma 
grande    falva ,    a  que  correfpondeo ;,    com  outra 
igual ,  o  Caftello.   Quando  chegou  ao  Pa^o ,  defce- 
rao  delle  a  recebella,  EI-Rey,  o  Sereniflimo  Prin- 
<:ipe ,  os  Senhores  Infantes  D;  Francifco ,  e  D.  An- 
tonio  ,  o  Marquez  de  Capecelatro ,  que  bavia  hi- 
do  participar  a  Sua  Magcftade  ,  que  elle  recebera 
hum  expreflb ,  porque  fe  Ihe  noticiava ,  que  EI- 
Rey  Catholico  feu  amo ,  chegaria  no  outro  dia  de- 
zafeis  a  Badajoz ,  c  o  Eminentifllmo  Cardeal  Nu- 
no  da  Cunha  e  Ataide,  Inquifidor  Geral  do  Rey- 
no.  Nefta  noite  ordenou  El-Rey  ao  Duque  Eftri- 
beiro  mor  ,  que  difpuzefl^e  a  ordem  com  que  dal- 
ii  havia  de  marchar  para  Elvas ,  do  mefmo  modo 
com  que  fe  havia  de  fazer  a  marcha  ao  Caia.  Tam- 
bem  o  Secretario  de  Eftado  Diogo  de  Mendon^a 
Corte-Real ,  fez  o  feguinte  avifo  a  Jofeph  Pereira 
de  Soufa ,  Cof regedor  da  Comarca  de  Elvas  ,  por 
efte  teor. 

^  Sua 


dos  Vrincipes  do  "Bra^il,  Livro  II,    i  ^t 

j)  ^^  Ua  Mageftade  tendo  confideragao  aos  fer-        ^7^9^ 

>}  ^^  VJ90S  de  Vm. ,  e  a  de  eftar  feryindo  nefta 

7j  ^^  occaziao   de  Auditor  Geral^a  Gente  de 

y,  guerra  defta  Provincia,  foi  fervido  fazer-lhe  mer- 

7?  ce,  de  que  pudeife  veftir  a  Beca ,  e  continuando 

V  iia  correi^ao  que  efta  fervindo  j  o  que  participo 

n  a  Vm.  para  que  o  tenha  entendido ,  e  ao  Dezem- 

f)  bargo  do  Pa^o  baixara  Decreto ,  e  Vm.  a  po-* 

w  dera  veftir  logo ,  fem  eiperar  pelo  defpacho  da- 

},  quelle  Tribunal.  Deos  guarde  a  Vm.  Villa-vi- 

y,  ^ofa  a  15.  de  Janeiro  de  1729. 


Diogo  de  Mejidon^a  Corte-ReaL 


44  No  dia  feguinte ,  feriao  as  feis  de  manhaa> 
quando  Suas  Mageftades  ,  o  Sereniflimo  Principe 
do  Brazil ,  a  Senhora  Princeza  das  Afturias,  e  os 
Senhores  Infantes ,  D.  Pedro ,  D.  Francifco ,  e  D. 
Antonio ,  forao  ouvir  MiiTa  a  Jgreja  da  Concei- 
^ao  Immaculada  da  Senhora.  No  em  tanto  difpu- 
zerao  os  Tenentes  Coroneis  D.  Thomas  de  Ara,- 
gao,  e  Luiz  Garcia  de  Bivar,  a  marcha,  que  daqui  Partem  Suas 
fe  havia  de  fazer  para  Elvas ,  a  comitiva ,  e  acom-  Magejlades,  e 

1  ,      ^  .       V-n  r       JT     r     ^ltezai ,  de  Vtl' 

panhamento  de  ceremonia.  lilta  era  a  iua  dupoii-  la-vifofa  ^ara-^ 
^ao.  Elpas^. 

PRecedia   huma  partida  de  quinze  Cavallos  _, 
com  ieu  Alferes.  - 

yinte  e  quatro  Trombetas,   e  Atabaleiros  de  E4- 
^ey. 

Os  cavallos  de  mao  do  SereniiTimo  Senhor  Infante 

D.An^ 


■2 2  2  Hiftoria  panegyfica  do^  defpofonos 

1720.  D.  Antonio,  com  requiiTimos  telizes. 

Os  cavallos  de  mao  do  Screnilfimo  Senhor  Infante 

D.  Francifco  _,  com  telizcs  de  fummo  valor. 
Trinta  cavdlos   de  m£i6 ,  de  El-Rey  do  Serenif- 

fimo  Principe  do  Brazil ,  e  Eftribeiro  mor. 
Outra  partida  de  quinze  cavallos ,    commandadaJ 

por  hum  Tenente. 
Doze  pcftilhoens  de  Gabinete.  -,  ..; 

Hum  coche   dos  mo^os  da  Guarda-roupa    doSe" 

nhor  Infante  D.  Antonio. 
JHum  coche  dos  mogos  da  Guarda-roupa  do  Senhor 

Infante  D.  Francilco. 
Huma  berlinda  do  Confeflbr  da  Senhora  Rainha, 

e  outros  Padres ;,  que  a  acompanhavao. 
Hania  berlmda  do  Porteiro  da  Camara  da  mefma 

Sereniffima  Senhora  ,  e  do  Eftribeiro  menor. 
Huma  berlinda  dos  ConfelTores  que  acompanhavao 

a  EI-Rey. 
iluma  berJinda  dos  moQos  da  Guarda-roupa ,  que 

acompanhavao  a  El-P.ey.  .r.  k  ,  i  •  i.  .1  <.  ^r> 

Hunia  berlinda  do  Corregedor  doCrirac  d^Cof^fe)' 

e  Cafa. 
Hurn^  berlinda  doEftfibeiro  menor  del-Rey,   Q 

mais  peilbas. 
,  ,  ;^  , ,  Os  Titulos  todos,  que  acompanharao  a  El-ReV;  nos 

T^ViW.^  feus  coches. 

O  coche  do5  Caruariftas  dQ:3enhor  Infante  D.  An- 

tonio. 
O  coche  dos  Camariftas  do  Senhor  Infante  D.  Fran- 

dfco. 
Huma  berlinda  dos  Veadores  da  Senhora  Prince- 
'  jza  das  Afturias.  •.::  / 

Jluma  do  Eftribeiro  mor,  e  Mordonio  mordamef- 

'    ^-  Duas 


dos  Principes  do IBra^^U  Livro  II.  22} 

Duas  berlindas  dos  Veadores  da  SerenifTima  Se- 

nliora  Rainha,  e  mo^os  Fidalgos,  e  Mordomo 

mor. 
Huma  berlinda  do  Eftribeiro  mor  da  meiina  Se- 

nliora, 
Huma  berlinda  dos  Veadores  de  El-Rey. 
Huma  berlinda  de  Officiaes  da  (ua  Cafa. 
Huma  berlinda  do  feu  Eftribeiro  mor ,  e  Gentis- 

homens  da  fua  Camara. 
Coche  de  refpeito  do  Senhor  Infante  D.  Anto- 

nio. 
Coche   de  refpeito  do  Senhor  Infante  D.  Fran- 

cifco. 
Coche  de  refpeito  da  Senhora  Princeza  das  Aftu- 

rias.  ^  r      .     ■■  ' 

Coche  de  refpeito  da  SereniiTima  Senhora  Rai- 

nha. 
Coche  de  refpeito  de  El-Rey.  > 

Coche  das  Peflbas  ,•  precedido  dos  feus  Eftribeiros 

menores ,  a  cavallo. 
Seffenta  mo^os  da  Eftribeira ,  junto  a  elle. 
Tres  fejes  ricas ,  de  EI-Rey. 
Tres  fejes  ricas ,  da  Scnhora  Rainha. 
Huma  feje  do  Senhor  Infante  D.  Francifco. 
Huma  feje  do  Senhor  Infante  D.  Antonio. 
Cinco  cavallos  de  mao  ,  de  EI-Rey." 
Dous  cavallos  de  mao,  do  Senhor  Infante  D.  Fran- 

cifco. 
Dous  cavallos  de  mao  ,  do  Senhor  Infante  D.  Aii- 

tonio. 
Huma  berlinda  das  Camareiras  mores ,  e  Donnas 

de  honor. 

iTres  berlindas  deDamas.  : 

LTres  berlindas  de  A^afatas. 

De/ 


1729. 


^24   Hifloria  Tmegyrka  dos  defpoforios 

1720  ^^^  mogos  daCavalla^^a  acavallo,  para  pega- 
rem  nos  cavallos  dos  mogos  da  Eftribeira ,  quan- 
do  fe  apearem. 

Cehto  e  defanove  fejes  dos  criados  da  Real  Fami-' 
lia. 

O  Capitao  de  Cavallos ,  com  o  efquadrao  de  guar- 
da  de  quinhentos  cavallos ,  que  vierao  de  Lis- 
boa  ,  para  guarda  de  Suas  Mageftades. 

45     Por  toda  a  parte  por  onde  feguia  a  fua  der-  \ 

rota  efta  marcha  Real ,  occorria  grande  multidao 

de  povo ,  parte  a  congratular-fe  .de  huma  tao  fcliz 

alhanga,  eparte  a  implorar  a  piedade  das  pelfoas 

Reies^,  que  fempre  acharao  mui  propicia.  Duas 

Vem  0  Marques  Le2;oas  antes  de  cheo-ar  a  Elvas  ,  veio  o  Marquez 

lar  a  El-Rey  D.  ®^  At)rantes  em  num  paquebote  de  campo  a  leis 

Joao,aocaminho.  mulas  _,  precedido  de  dous  Soldados  de  cavallo ,  a 

encontrar-fe  com  EI-Rey  D.  Joao,  na  Atalaia  dos? 

Matos.  Apeou-fe-,  em  thegando  ao  feu  Real  cochc; 

e  beijada  a  mao  a  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  ,  e 

feita hdabreve  demora ,  tomou o caminho  para Ik-: 

dajos.  Na  Atalaia  dos  C^apateiros,  apparecerao  dous 

efquadroens  de  Infantaria ,  e  Cavallaria  y  que  tinhao 

vindo  concorrendo  a  obfequiar  as  peilbas  Rcaes\ 

O  dia  efleve  mui  plaufivel ,  e  de  propofito  para  o 

lograr  ,    fe  foi  paufando  mais  vagarofimentc  a 

jornada.  Meia  kgoa,  ajites  que  chegafle  Ei-Rcyi' 

vn-ao-fe  formadas  mui  luzidamcnte  as  fuas  tropas, 

.que  dalh  forao  acompanhando  ,    e  obfequiando 

ate  Elvas  as  peffoas  Reaes.  Chegou  El-Rey,  e  toda 

a  fuacomitiva  a  Elvas  ,  as  cinco  e  hum  quarto  da 

tarde.  Salvou  toda  a  artiIheria,Iogo  que  Suas  Ma- 

geftades  chegarao  a  Porta  de  Oliven^a ,  e  ao  mef- 

mo  tempo  acabava  de  dar  a  Praga  de  Badajos ,  a 

terccira 


dos  Tmcipes  do  "Bra^il,  Livro  II.   li  J- 

terceira  falvaaSuas  Mageftades  Catholicas ,  que        1-729 

tambem  alli  tinhao  chegado  quafi  ao  mefmo  tem- 

po.  Eftavao-nas  efperarl^do  a  porta  de  Valen^a,  o  Se^ 

do ,   e  as  Communidades.    Depois  de  beijarem  o 

Santo  Lenho ,  queria  El-Rey  palfar  dalh  a  pe  a  fa- 

zer  Orag:a6  a  Cathedral .-  dados  ja  alguns  paifos-  > 

difle  a  Rainha  ,  que  elle  fe  nao  atrevia  a  paffar  a 

diante  pelo  rigor  do  grandefrio  ,  que  eftava  fazen- 

do  ;  por  efta  confidera^ao  mandou  El-Rey  fazer 

avifo  j  pelo  Marquez  de  Alegrete ,  ao  Cabido  ,  para 

que ,  como  aifun-ja  fucedera  emoutra  occafiao, 

ie  recolhelfc  a  Se  por  outras  ruas. 

46  Entrarao  logo  as  pelfoas  Reaes  no  coche,- 
e  a  o  paffar  pela  fegunda  porta  da  Cidade  ,  offere- 
ceo  Dom  Bernardo  de  Freiheda,  Governador  da- 
Quella  Pra^a^as  chaves  do  Imperio  Portuguez  a  Sua 
Mageilade.  Paffarao  qs  mefmos  Senhores  a  Se  _,  a 
cujas  portas,  para  onde  havia  concorrido  a  efperal- 
los ,  o  Senado  ,  Cabido  ,  e  Religioens  ,  e  depois 
de  haverem  aififtido  ao  Te  Deuniy  recolherao-fe 
ao  Pa^o  do  Bifpo  da  Cidade ,  aonde ,  e  em  outras 
cafas  vizinhas  le  havia  prevenido  o  feu  alojamen- 
to.  Deo-fe  mefa  de  Eftado  com  vinte  e  cinco  ta- 
jJheres  ,  e  as  mefmas  cobertas  de  Aldeia  Gallega , 
'  em  todo  o  tempo  que  alh  afftftirao.  Deo  tambem 
outra  m'e(a  de  Eftado  o  Secretario  de  Eftado  Dio- 
go  de  Mendon^a  Corte-Real ,  qne  conftava  de 
trinta  e  feis  talheres ,  fete  pratos  de  cozinha  ,  cin- 
co  de  meiacozinha,  dous  pratros  covos  ^  vinte  e  ^ 

fcis  flamengas ,  e  quatro  flamenguinhas  de  duas 
,  cobertas,  que  vinhao  da  cozinha.  Conftava  o  apa- 
rador  de  huma  fonte  de  prata  grande,  com  feii 
tanque  ,  dez  duzias  de  pratos  de  cortar ,  doze  fal- 
v^as ,  e  quatro  faleiros ,  dous  affucareiros ,  e  dous 

Ff  pimen- 


I 


52lS'  Hifloria  Tanegyrkados  defpofofios 

17^9.  pimenteiros,  duas  moftradeiras  com  fuas  colheri- 
nhas ,  duas  cangalhas  com  gaihetas  de  vidro , 
dous  pratos,  e  dous  jarros  de  jigua  as  maos,  quin- 
ze  corbelhas  de  fruta  ,  e  doce  ,  hum  taboleiro 
grande  de  prata  com  todo  o  aviamento  de  xa , 
duas  facas  de  trinchar  ,  com  funs  colheres ,  e  gar- 
fos.  Afliftiao  a  efta  mefa  ,  feis  Copeiros  ,  e  oito 
mogos  da  Prata ;  forao  a  ella  alguns  Miniftros ,  e 
Cavalheiros  Eftrangeiros ,  que  vinhao  a  Cidade  de 
Elvas.  Illuminou-fe  efta  Cidade  com  luminarias 
geraes,-  houve  muito  fogO  do  ar,  e  forao  feftiva- 
mente  atroados  os  feus  confins  com  repetidas  lal- 
vas  de  artilheria ,  feftejos ,  que  igualmente  fe  per- 
cebiao  na  Praga  fronteira  de  Badajos  em  obfe- 
quio  das  Mageftades ,  e  Altezas  da  Corte  Catho- 
lica,  que  chegou  alli ,  com  pouco  nataveJ  difte- 
tenqa  j  pelas  nove  da  noite. 


O' 


LI- 


dos  Principes  do  Bradl,  Livro  III,  22 f 


, »  ^  ■ 


L  I  V  R  O    IIL.ib,    ^7^^ 

S  U  M  M  A  R  I  O.        i 

UMPRIMEt^TOSyque 

medtantes  feus  Emhalxa' 
\  j  doresje  fazem  as  Magef- 

tades.  Manda  El-Rey  D.    ■ 

'^oao  y  eampar  a  Milicia 

Portuguem  junto  do  Caia. 

Noticia  das  Tropas  de  am- 

bas  as  Napens.  Palacio 
levantado  no  Qaia  ypara  a  celebra^ao  das  en- 
tregas  das  duas  Princezas ,  das  Ajlurias ,  e  do 
Brazil.  Aviftao-fe  as  peffoas  Reaes  de  amhas 
as  Coroas.  Conclufao  das  entregas.  Voltao  as 
.  de  PortHgal  a  Elvas.  Partem  para  Villa-hotm. 
Eftado  y  com  qtie  o  Monteiro  mor  acofnpanha 
na  ca^a  a  Suas  Mageftades ,  e  Altezas.  Deixa 
0  Marqucz  de  Ahrantes  a  fua  commifjao  de 
Emhaixador.  Sucede-lhe  Pedro  A/vares  Ca- 
hrai ,  SeJihor  de  Azurara  ,  e  A/caide  mor  de 
Be/monte-^  Concorrem  u/timamente  humas ,  e 
outras  Mageftades  aoCaia.  Vo^/tao  fina/mente 
as  de  Portuga/ ,  a  E/vas. 

X     TT^  Xpedio  El-Rey  no  dia  feguinte  de-  Cumprimenpao-fe 
JL_j  fafete  de  Janeiro  ,    Fernando  Telles  ^^wias  .,  e  outras 
da  Silva ,  Marquez ,  de  Alegrete  ,    Gentil-homem  ^&^fi^^''- 
dafuaCamara,  a  Bada)OZ,  a  faber  como  haviao 
chegado  Suas  Mageftades  Catholicas ,  e  Suas  Al- 
tezas.  De  Badajoz  chegou  a  Elvas  com  o  mefmo 

Ff  ii  cum- 


S2 ?  Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1 72 0.  cumprimento  Dom  Franclfco  Gonzaga ,  Duque  de 
Solferino,  Gentil-homem  da  Camara  de  Sua  Ma- 
geftade  Cajtliolica.  Foi  conduzido  com  a  devida 
formalidade  ,•  e  dado  o  recado  del-Rey  feu  amo, 
e  impetrada  Yenia  para  beijar ,  como  beijou  de  jo- 
elhos ,  a  mao  a  Princeza  das  Aflurias  ,  fe  delpedio. 
Nefta  referida'  manhaa  teve  audiencia  del-Rey 
o  Marquez  de  Capecelatro  ,  e  entao  correo  voz,  '; 
que  neite  dia  fe  ceJebraria  a  fun^ao  das  entregas 
das  Princezas,  pofto  que  por  alguns  incidentes 
que  intervierao ,  veio  ella  a  carecer  de  execu^ao. 
Na  tarde  defte  mefmo  dia,  veio  o  Conde  de  Mon- 
tijo ,  Gentil-homem  da  Camara  del-Rey  Catholi- 
Joyar  das  Prm-  qo  ,  trazer  a  joya  a  Sereniifima  Princeza  das  Aftu- 
^procamente  fe^^'  ^''^^  •  ^^avendo  ja  partido  a  Badajoz ,  a  levar  a  da 
mandao.  Sereniflima  Princeza  do  Brazil ,    o  Marquez  de 

Cafcaes,  Gentil-homem  cia  Camara  del-Rey  D.Joao. 
Repetirao-fe  a  noite  os  coftumados  feftejos ,  de  lu- 
minarias ,  fogos ,  e  defcargas  de  artilheria, 

2  Nodia  feguinte  concorrerao  os  dous  Secre- 
tarios  de  ambas  as  Cortes ,  a  o  Caia,  para  acabar  de 
fazer  o  ajufte  do  ceremonial,  com  que  fe  haviao  de 
ver  os  dou§  Monarcas.  Eftipulou-fe  :  Que  Suas 
Mageftades  fenao  cobririao  :  Que  a  fun^ao  das 
ben^aos  nupciaes  fe  celcbraria  no  mefmo  dia  das 
entregas ,  em  Badajoz ,  e  em  Elvas :  Que  os  Prin- 
cipes  poriao  as  Prince^as  a  fua  mao  efquerda  ,•  e 
que  fallariao  em  pe.  De  tarde  forao ,  Ei-Rey  D. 
Joao ,  o  SerenilTimo  Principe  ,  e  o  Senhor  Infan- 
te  D.  Antonio  vifitar  o  CoUegio  da  Companliia  dc 
JESUS.  Seriao  as  quatro  da  mefma  tarde ,  quan- 
do  chegou  aquella  Pra^a  oSenhor  Patriarca,  a 
quem  El-Rey  mandou  fazer  as  mefmas  honras ,  co- 
mo  fefofle  afua  RealPeftToa,  porcuja  confide- 


racao 


dos  Vrineipes  do  "Bra^ih  Livro  III,  225» 

ra^ao  foi  alli  recebido ,  com  hiima  grande  falva  de        1729, 
artilheria.  Foi  logo  efte  grande  Prelado  vifitar  a  EI-  .     . 

Rey  ,•  e  encontrando-fe  no  Paco  com  o  Marquez  de 
Capecelatro,  q  o  cumprimentou  com  as  mais  refpei- 
tuofas  demon(tracoens_,lhe  correfpondeo  coni  toda  a 
benevolencia,  e  urbanidade.  De  Suas  Mageftades,  e 
do  Principe  do  Brazil,  de  quem  teve  entao  audiencia, 
foiattendido  com  todo  o  refpeito,  e  agrado.  Dalli 
palTou  aCathedraI;CUJoCabido  o  reccbeo  de  baixo 
de  pallio ,  cantando  mui  folemnemente  com  efla 
occafiao  o  Te  Demn.  Recolheo-fe  depois  Sua  II- 
lulhiirima  ao  Cohcgio  dos  Padres  daCompanhia, 
e  o  Eminentilfimo  Cardeal  da  Cunhay  fe  foi  aquar- 
tellar  no  Convento  do  grandc  Patriarca  S.  Domin- 
gos.  Nefta  mefma  tarde  baixou  ordem  ^para  hir  a 
Infantaria  ;,  e  Cavallaria  campar  junto  do  Caia, 
para  huma,  e  outra  fazer  alfiftencia  as  entregas  das 
Senhoras  Princezas,  quefehaviao  decelebrarno 
dia  feguinte  ,•  e  grande  parte  defte  ,  fe  gaftou  ,cm 
ambas  as  Cortes ,  nas  difpofi^oens,  com  que  no  ou- 
tro  dia  fe  havia  de  executar  aquella  ceremonia,  tra- 
balhando  no  ajufte  dclla  por  parte  de  El-Rey  Ca- 
tholico  ,  feu  Embaixador ,  o  Marquez  de  Cape- 
celatro  ;  e  pelo  que  refpeitava  a  El-Rey  D.  Joao^ 
o  Marquez  de  Abrantes  ,  feu  Embaixador  Extra- 
ordinario.  Ao  melm.o  fim  concorrerao  ao  Cnia  o 
Marquez  de  la  Paz  ,  e  Diogo  de  Mendon^a  Corte- 
Real  y  e  efte  ponto  fe  veio  a  concluir,  fem  alguma 
duvida. 


Nefte 


5 }  b    Bijiom  Panegyrlca  dos  defpofdrios 

j.72^      Nejie dia  tiverao  os  Titulos ,  e  Officiaes  da 

Cafa.ejie 

A  V  1  S  o. 

5,  O  Ua  Mageflade  vai  a  manhaa;  pelas  nove  ho- 
))  O  ras  e  meia  da  manhaa ,  a  ponte  do  Caia , 
jj  aonde  fe  ha  de  executar  a  troca  das  Senhoras 
„  Princezas ,  e  he  fervido  que  V.  Senhoria  fe  ache 
;,  fora  da  porta  de  0!ivenga  ,  para  o  acompanhar 
j,  ate  aquelle  fitio  ,  e  voltar  a  efta  Cidadc.  Deos 
»  guarde  aV.  Senhoria.  Elvas  18.  de  Janeiro  de 

Diogo  de  Mendon^a  CorU-Reaf. 


0  Conde  de  Alva  fci  avlfado  nefle  mefmo  dia, 
\  ijUe  nao  ohflante  naohaver  tido  cg,rta , 
fe  podena  cobrir- 

A*  noite  repetirao-fe  as  coftumadats ,  e  feftivas  de- 
monftra^oens  de  jubilo,  e  alvorogo*  Foi  mui  plau- 
iivel  entre  os  fogos  artificiaes;  huma  fonte  de  fogo, 
que  por  obviar  alguns  inconvenientes ,  fe  fez  aK 
gum  tanto  diftante  da  Pra^a  ,•  mas  em  fitio,  que  a 
d«ixava  lograr  inteiramente  daquella  vifta. 

Comitiva  Realna      3     Amanheceo  finalmente  o  dia  defanove  de 

jmiada  do  Caia.   Janciro  ,  deftinado  para  huma  fungao  tao  glorio- 

i3ij    e  foi  elle  hum  dos  mais  fermofos ,    e  mais 

giatos, 


■ 


V 


dos  Prmcipes do %'a^h  Lhro II,  2^i 

gratos  ,  que  houve  nefte  anno.  Foi  oSenhorPa-       172  0. 
triarca  em  huma  eftufa  rica  ,  tirada  poi;  feis  fri- 
foens  ru^os  ,  muito  cedo  ao  Pa^o ,  a  defpedir-fe  da 
Senhora  Princeza  das  Afturias  ,  a  quem  fez  huma 
falla  muito  grave ,  que  a  mefma  Senhora  ouvio 
com  muito  as;rado  ,    e  attenca6  <  e  ultimamente 
\he  pedio  a  fua  bengao  ,  que  Sua  IlluHriirima  Re- 
Trendiifmia  effeftivamente  Jhe  deo.   Foi  dcpois  o 
mefmo  Prelado  acompanhando  Suas  Mageftades , 
e  Altezas  ate  o  coche  ;    por  mais,  que  EI-Rey  Ihe 
inftava  que  le  recolheffe  ,  elle  o  nao  quiz  fazer,  in- 
fiftindo  na  alfiftencia  dos  mefmos  Senhores ,    ate 
que  o  coche  iinalmente  fahio.    Tomou  depois  a 
fua  carruagem ,  e  fe  recolheo  ao  CoIIegio  da  Com- 
panhia,  aonde  deo  hum  bom  refrefco ,  e  depois 
chocolate  ,  e  outras  bebidas  ,  a  muitos  Illuftrifli- 
mos  Conegos  dl  Santa  Igreja  Patriarcal  de  Lisboa, 
que  entao  acabava^  de  chegar  aquella  Pra^a ,  e 
Jogo  immediatamente  fora6  pedir  a  ben^ao  a  Sua 
Illuftriirima  Reverendiftima.  Seriao  as  dez  da  ma-* 
nhaa  ,  quando  cbme^^ou  a  marchar  a  Real  comi- 
riva  para  o  Caia.  Acompanharao  as  peflbas  Reaes 
da  Corte  Catholica ,  os  Gentis-homeni  da  C^amara, 
Camareiras  m6res',  Mordom^s,  Damas ,  A^afa- 
tas  ,  Senhoras  de  hoftor ,  Camai-^iras  ,  Donnas  do 
Retrete ,    Criados ,  e  Criadas  da  Cafa.    Pelo  que 
tocava  a  comitiva  das  nofllis  Mageftades>  era  ella, 
a  que  agOra  pdfafnos  a  defcrever. 

X  Excell^htMffl^  I>itqire'^e  tiafo^mVn-  Pedro 

Heftrque  deErag^n^a  eSoufaT^vares  Maf- 

carenhas  da  Silva  ,    que  por  na6  fe  Ihe  haver 

'  deftijnl£tde'lug&*,  ^em-que  devia  ir  nefte  acompa- 

nhamento,  precedia  a  todo  elle  nofeu  coche. 


2  5  2   Hiflofta  Panegyrlca  dos  defpofonos 

1 720  ^  mefmo  ,  como  depois  diremos ,  praticou  no 

dia  do  triunfo ,  com  que  Suas  Mageftades  forao 

recebidas  na  Corte  de  Lisboa. 
Mais  de  quarenta  coches ,  e  berlindas  de  Titulos , 

tiradas  a  feis  frizoens,  e  todos  feguidos  de  gran- 

de  numero  de  creadagem;  riquilTmiamente  libre- 

ada  j  e  nao  menos  de  cavallos  a  deftra. 
Huma  partida  de  quinze  cavallos  ,  commandada 

por  hum  Alferes. 
yinte  e  quatro  Trombeteiros,    e  Atabaleiros  de 

El-Rey  D.  Joao ,  pompofamente  veftidos  de  ve- 

ludo  encarnado ,  agaloado  de  ouro ,  com  trom- 

betas  de  prata. 
Seis  cavallos  de  mao ,  do  Duque  de  Cadaval  Eftri- 

beiro  mor. 
Defalleis  cava;IIos  de  mao  dos  Senhores  Infanrcs, 

D.  Antonio ,  e  D.  Francifco ,  cobertos  de  tcli- 

zes  de  veludo ,  com  bordadura  de  ouro ,  e  prata. 

Trintji  e  feis  cavallos  de  mao  de  El-Rey ,  e  do  Se- 

-   reniftimo  Principe  do  Brazil,  comjaezesborda- 

dos  de^  prata  ,  e  guarnicoens  de  ouro. 
Huma'  partida  de  quinze  cavallos ,  commandada 

pqr  hum  Tenente. 
Doze  poftilhoens  do  Gabinete ,  fardados  de  panno 

efcarlata ,    com  guarni^oens    de  alamares    de 

prata. 
Tres  Sotas-cavallari^os. 
Hum  coche  dos  mo^os  da  Guarda-roupa  doSenhor 

Infante  D.  Antonio.  AlJtm  efla ,  como  asfeguintes 

carruagens ,  todas  hiao  tiradas  afeis. 
Hum  coche  dos  mo^os  da  Guarda-roupa  do  Senhor 

Infante  D.  Francifco. 
Huma  berlinda  do  Confeftxjr,  e  Medico  da  Senho- 
'  raRainha. 

Huma 


dos  Principes daSra^iU  LhroIII.  255 

Huma,  do  Mordomo  m6r ,  e  Porteiro  da  Camara       j^y^  0. 

da  mefma  Senhora. 
Hama ,  dos  Padres  que  acompanhavao  a  El-Rey. 
Huma,  dos  feus  Mo^os  da  Guarda-roupa. 
Hiima,  doCorregedor  do  Crime  da.Corte,  eCafa, 

e  do  Padre  Martinho  de  Banros  ,  Confeflbr  de 

Ei-Rey. 
Hum  coche  dos  Camariftas  do  Senhor  Infante  D. 
-:;:'Antonio. 
Hum  coche  dos  Camariftas  do  Senhor   Infante  D. 

cifco. 
Huma  berhnda  dos  V.eadores  da  Sereniffima  Prin- 

ceza  da^  Afturias. 
Huma  ,  dofeuEiWheiromor,  e  Mordomo  mor. 
Duas,  de  Veadores  da  Senhora  Rainha  ,  e  Mo^os 

Fidalgos. 
'Huma  ,  do  Eftribeiro  mor  da  mefma  Senhora. 
Huma,  dos  Veadores  de  Ei-Rey. 
Huma ,  dos  Mogos  Fidalgos  do  mefmo  Senhor. 
Huma;,  dos  Officiaes  da  fua  Cala. 
Huma  ,  do  Eftribeiro  mor ,  e  de  alguns  Gentis-ho- 

mens  da  fua  Camara. 
Hum  coche  de  refpeito  do  Senhor  Infante  D.  An- 

tonio. 
|Hum  ;    de  refpeito  do  Senhor  Infante  D.  Fran- 

cifco.         .  M 

I  Hum .,  jd^ .  rfiipd.to  da  Senhora  J^mceza  das.Aftn- 

!  JKum,  de  refpeito  do  Sereniifimo  Principe  do  Bra- 
■  r-ilzii.'  •     ' 

I  Hum )  de  refpeito  da  Senhora  Rainha  >  precedidp 
|i:;;.dofeuEiii;ibeiro  menor  ,  a  cavallo.  ;■ 

|Hum,  de  refpeito  de  El-Rey  ,•  precedido  do  feuEf' 
tribeiro  mcnor^  a  cavallo.  ii,hJ 

Gg  Hum 


1729. 


2  34  Hiftoria ■panegyrica dos  defpofvrios 

Hum,  'da  peflba  do  Senhor  Infante  D.  Antonio. 
Hum,  da  peflba  do  Senhor  Infante  D.  Francifco. 
Hum,  das  peflbas  das  Sereniirimas  Senhoras ,  Rai- 

nha  de  Portugal ,  e  Princeza  das  Afturias.  ■ 

Hum,  em  que  hiao ,  El-Rey ,  o  Screniflimo  Prin- 
.     cipe  do  Brazil,  e  o  Senhor  Infante  D.  Pedro,-  tira- 

do  por  oito  frizoens,  e  feguido  de  quarenta  e  tres 

M090S  da  Camara^  em  fejes,-  e  de  vinte  e  cin6o 

da  Eftribeira,  a  cavallo,  mui  rica  ,  e  pompofa- 

mente  veftidos. 
Tres  fejes  da  PeiFoa  de  El-Rey.  ^  | 

Tres ,  da  Peflba  da  Senhora  Rainha.  i 

Huma,  do  Senhor  Infante  D.  Francifco. 
Huma,  do  Senhor  Infante  D.  Antonio. 
Huma  Berhnda  das  Camareiras  mores. 
Tres,  das  Senhoras  de  honor,  e  Damas. 
Tres,  de  Mo^as  do  A^afate  ,  e  Camara. 
Mais  cento  e  trinta  fejes,  em  que  hia  a  Famiha  da 

Cafa.      • 
Cobria  toda  efta  tao  apparatofa  comitiva  ,    hum 
■    corpo  de  quinhentos  CavaUos,  que  vierao  de  Lis- 

boa  de  guarda  a  Suas  Mageftades ,   com  qua- 
-     tro  EfquadrOens  na  retaguarda  de  toda  efta  coi  <• 

mitiva. 

Tanta  era  a  grandeza  da  Real  Cavaflari^a ,  que 
havia  nefla  perto  de  dous  mil  criados,  e  mantri 
palFante  de  mil  feifcentas  e  quarenta  beftas.  Nao 
fallando  nos  de  foro  nobre,  ienao  emRepofteiro^ 
Mo(yOs  da  prata,  e  muitos  outros  femelhantes,  ha- 
via  perto  de  fetecentos.  Tambem  nao  fallando  nos 
Ofliciaes  menores  daCafa,  e  em  outras  muitas 
peifoas  do  fervi^o  nobre ,  Clerigos ,  Medicos,  e 
Cirurgioens. 
r''.H    ^  4     Che- 


iosVrincipesdoBradULivrolll.  ajj 

4  Chegado  efle  apparatofo  acompanhamento,       172 0* 
em  que  nao  fe  via  mais ,  qiie  ouro ,  e  prata  ,  ao 
rio  Caia,  de  que  eiitao  erao  viflofas  margens  dous 

.  immenfos  mares  de  povo  de  ambas  as  Na^oens , 
que  a!li  concorrerao ,  forao  rodeados  com  duzen* 
tos  Archeiros  ,  que  haviao  ja  marchado  adiante  a 
cavallo  ,  os  coches  de  Suas  MageftadeS;  pelos  dous 
Capitaens  da  Guarda ,  o  Conde  de  Pombeiro ,  que 
agora  fora  ao  lado  direito  de  D.  Francifco  de  Sou- 
fa ,  praticando  o  contrario ,  quando  fe  recolheo  a 
Elvas.  Ambos  eftes  Capitaens  forao  vocalmente 
advertidos ,  para  acompanhar ,  como  acompanha- 
rao  ,  a  cavallo.  Os  vinte  e  cinco  Mo^os  da  Eftri- 
beira,  que  diifemos  que  haviao  feguido  o  coche 
de  Sua  Mageftade,  fe  apearao  ,  e  p-oftos  em  duas 
alas ,  for^o  diante  do  coche  Reai ,  quando  efte  ca- 
minhava  para  a  cafa  do  Caia.  O  m.elino  ,  e  com  a 
mefma  ordem ,  fizerao  tambem  os  quarenta  e  tres 
Moccs  da  Camara,  que  tambem  diflemos  tinhao 
vindo  em  fejes  atraz  do  coche  Reai.  Juiito  da 
Cafa  que.  fe  f  zera  no  Caia ,  eftavao  formados  a  ca- 

I  vallo  centQ  e  cincoenta  Couteiros ,  e  mo^os  do 
monte  :  erao  as  fuas  fardas  verdes ,  e  guarnecidas 
de  prata.  Quando  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  voL 
tarao  aElvas,  forao-nas  feguindo  na  retaguarda 
daCavailaria. 

5  A  Milicia  Caftelhana  ,  que  concorreo  ao  Milkia  Cajlelha- 
Caia,  coniiftia  maiormente  cm  feis  mil  homejis  ar-  «^*»  qtie  conconeo 
mados.  yinhaoafbrr  "    '''^^'"''' 

QUatro  Regimentos  de  Cavallaria  ligeira, 
mui  iuzida  ,  e  de  excellentes  cavallos  Anda- 
Kizes,  . 

Hum  Regimento  de  Pragoens. 

Gg  ii  Seis 


2  5  6    Hifioria  Panegyrica  dos  defpoforio  s 

1720         Seis  centds  Cavallos  das  guardas  de  Corpo  de  El- 
Rey. 
Quatro  batalhoens  de  Infantaria. 
Hum  batalhao  de  quinhentas  guardas  Valonas. 
Outro  de  quinhentas  guardas  Hefpanholas. 

Milicia  Pmu-  (5  Formarao-fe  as  Tropas  Portuguezas  junto 
forreoM^Cdia'!"'  ^o  Caia  em  hnha  de  batalha.  Governavao-nas  os 
Condes ,  de  Alva  ,  Governador  das  Armas ,  e  de 
Aveiras,  Sargento  mor  de  batalha^  e  erao  Aju- 
dantes ,  o  Tenente  Coronel  Antonio  Henriques , 
e  o  Sargento  mor  Manoel  de  Lima.  Havia  feis 
Regimentos  de  Cavallaria.  Vinhao  a  fer : 

de  ElvaSjdq  Brigadeiro  Manoel  Lo- 

bo  da  Silva. 
de  Campo-maior ,  do  Coronel  Mar- 

tim  Affonfo  Maria.  \cia  \io"a- 

de  Oliven^a  ,  do  Coronel  Francifco  f  km-Tejo. 
ORegimento^       Lagoa. 

de  Moura,  de  Martinho  Affonfo  de 

Mello. 
do  Tenente  Coronel,  Manoel  Nu-~^ 

nes  Leitao.  C  "^^  ^7t' 

QO  Tenente  Coronel ,  Dom  Jolepnf   ra,  j 

de  Loredo.  .     _) 

Seguiao  logo  quatro  Efquadroens  os  quinhejitos 
cavallos ,  que  fe  haviao  trazido  deLisboa  de  guar- 
da  as  Pelfoas ,  e  commetteo-fe  o  feu  mando  aos  Ca- 
pitaens ,  Jofeph  Bernardo  de  Tavora ,  D.  Anto-, 
nio  da  Silveira  e  Albuquerque ,  oConde  d,c  Obi- 
dos ,  e  D.  Diogo  de  Soufa.  Precediao  a  eftes ,  dez 
Regimentos  delnfantaria.  Vinhao  a  fer  : 

de 


dos  Prindpes  do  Bra:^il,  Livro  III.  2  3  7 

de  Lisboa,do  Brigadeiro  InacioXavier       1720. 

Vieira  Matoro. 
de  Peiiiche,  do  Coronel  Manoel  Freire 

de  Andrade. 
de  Moura,  do  Coronel  Andre  Ferreira. 
de  Oliven^a ,    de  Miguel  Joao  BotC' 

Iho. 
de  Callello  de  Vide,  do  Coronel  Simao 
dos  Santos, 

O  Regi-  >'  de  Eftremoz ,   do  Coronel  Joao  Bau- 
mento     X      tifta. 

\e  Elvas ,    do  Coronel  Francifco  de 

Azevedo. 
de  Faro,  do  Coronel  FrancifcoPerei- 

ra  da  Silva. 
de  Almeida,  do  Coronel  Jofeph  Delga- 

do  Freire. 
de  Penamacor  ,    do  Coronel  Manoel 
Efleves  Feio. 

7  Guarnecerao  os  lados  da  Cafa ,  que  fe  fez 
fobre  o  Ciia  dous  batalhoens ,  hum  Caftelhano ,  e 
outro  Portuguez ,  e  duas  Companhias  de  Grana- 

.  deiros,  huma  de  cada  Nacao.  Airim  vinha  ao;ora 
a  triunfar  tao  gloriofamente ,  o  amor,  e  a  paz 
naquelles  mefmos  campos ,  em  que  tantas  vezes 
haviao  fervido  de  theatro  de  guerras ,  e  difcordias. 

8  Formou-fe  com  foberba  ,  e  bem  tracada 
arquitertura  hum  Regio  Palacio  com  huma  ponte, 
conftruida  fobre  as  correntes  do  Caia  ,  que  pofto 
que  quiz  amea<^ar  ruina ,  'a  efta  magnifica  arqui- 
teftura ,  veio  a  facrificar  todas  as  fuas  furias ,  como 
em  obfequio  da  grandeza ,  e  Mageftade  com  que 
ielevantou  eftaCafa,  pofto  quenem  ainda  aliim 

con- 


258  Hiflcria  Panegyrica  dos  defpoforlos 

1729.  condigna  para  aquella  augiiftiflima  ac^ao ,  a  qUe  fe 
deftinava,-  nem  ainda  o  fora  a  do  mefmo  Sol,ta6  ele-  , 
gantemente  defcripta  pelo  mais  engenhofo  dos  Poe- 
tas.  Fizerao-fe  tres  Cafas;  as  duas  dellas  collateraes, 
para  cada  hum  dos  Monarcas,  nos  feus  dominios,-  e 
a  do  meio,  arquitedada  tambem  com  tal  difpoficao, 
que  cada  hum  dos  Monarcas  tinha  alFenLO  nos  feus 
dominios,para  a  ceremonia  das  Reaes  entregas.  Ti- 
nha  efte  Palacio  noventa  e  oito  palmos  de  area.  Or- 
naVa-fe  a  fachada  exterior  da  Cafa  de  Caftella  com 
as  Armas  Reaes  daquella  Coroa,e  triunfavao  feme- 
Ihantemente  na  de  Portugal,  entre  duas  figuras  alle- 
goricas  as  fuas  fagradas ,  e  tantas  vezes  Triunfan- 
tes  Quinas.  Havia  nella ,  aflim  como  nas  outras 
duas ,  huma  janella  ,  e  eftavao  adere^adas  as  fuas 
paredes  de  tape^arias  excellentes  ,  e  cortinados  dc 
damafco  carmezim ,  com  ^anefas  de  brocado  dc 
ouix).  Por  efte  modo  eftava  tambem  igualmente 
paramentada  a  ametade  da  Cafa  do  meio  ,  perten- 
cente  a  Portugal.  No  teclo  havia  empenhado  a  ar- 
te  os  feus  ultimos  esfor^os ,  nao  parecendo  fenao 
que  alli  fc  transformava  na  mefma  natureza.  Ar- 
mou-fe  a  outra  parte  da  Sala  domeio,  tocante  a 
Caftella ,  com  tiras  de  brocado  branco ,  e  verde  , 
e  fervia-Ihe  como  de  centro  ,  hum  groifo  ramo  dc, 
ouro  de  donde  ellas  fahiao.  De  huma  ,  e  outra  par- 
te  havia  cadeiras  .•  erao  as  de  Caftella ,  e  Portugal, 
•  de  tilfii;  de  prata,  o  das  primeiras,  que  erao  ieis, 
para  fuas  Mageftades  Catholicas ,  Principe  das  Al- 
turias  ,  Princeza  do  Brazil ,  e  para  os  Senhores  In- 
fantes ,  D.  Carlos ,  e  D.  Filippe  ,•  e  de  ouro,  o  das 
DQiTas ,  que  erao  fete,  para  Suas  Mageftades ,  Prin- 
eipe  do  Brazil ,  Princeza  das  Afturias ,  e  para  os 
Senhores  Infantes,  D.Pedro,  D.  Francifco,  e  Di 

Anto- 


dos  Prlncipes  do  ^ra^il,  Livro  II  j.  259 

'Antonio.  Aquellas^  em  que  fe  aflcntarao  Suas  Ma-        "I^^O 
geftades  ,  tinhao  por  diftin^ivo  ier  a  madeira  dou- 
rada  ,  e  o  brocado  mais  enriquecido  de  ourd  '  Alli 
mefrno  fe  armarao  duas  oftentofas  tendas  ,•  htima 
para  os  aparadores ,  outra  para  os^  refrefcos.  ^  T  ^ 

9  Chegadas  humas ,   e  outras  MageOiddes  ao  AviJ?ao'fe,aspef- 
Caia  ,   limite  das  duas  Coroas ,    antes  de  [q  £alh- Jj'^^ ^^ff^ ^^ '""' 
rem ,  le  detiverao  caaa  quaJ  na  iua  Caia  ,  dando 
lugar  as  conferencias  dos  Secretarios  de  Eftado  de 
-huma ,  e  outra  Coroa.  Abrirao-fe  a  hum  tempo  de 
parte  a  parte  as  portas  de  ambas  as?  mefmas  Gafas ; 
entrarao  juntamente  para  a  do  meio  Suas  Magef^ 
tades  Catholicas ,  oSereniifmio  Principe  das  Aftu- 
rias  ,  a  Senhora  Princeza  do  Brazil ,  e  os-'Senhores  . 
Infantes,  D.  Carlos,  hoje  Rey  deNapoIes^  e  das 
duas  Sicilias  ,  e  D.  Filippe,  hoje  Duque  de  Par- 
ma ;  El-Rey  D.  Joao ,  a  Senhora  Rainha  D.  Ma- 

rianna  de  Auftria ,  o  Sereniifmio  Principe  do  Bra- 
zil  /  a  Senhora  Princeza  das  Afl:urias_,  e  os  Senho- 
res  Infantes  ,  D.  Pedro ,  D.  Francifco  ,  e  D.  An- 
tonio.  Nao  fe  le  nas  Hiftorias  _,  que  houv^ffe  con- 
i  curfo  tao  numerofo ,  como  efle ,  de  Peffoas  Reaes. 
Aqui  fe  cumprimentarao  ;,  e  abra^arao  todas  com 
o  maior  carinho ,  e  benevolencia.  Entrou  tambem 
da  parte  de  Sua  Mageilade  Catholic-a  o  Duque  de 
0(funa,  Eftribeiro  mor,-  e  da  noifa,  pela  melma 
razao,  o  Duque  de  Cadaval. 

10  Efliverao  humas ,  eoutmsMage^adishr-Ptwfao^asReaef 
go  teifipo  em  pe.  OConde  Repofleiro  mor  havia  ^"^'"^S^^  ^^f 
fido  advertido ,   que  elle  devia  defcobrir'  as  ca-  AJiurias ,  e  do 
deiras ,  cafb  de  effajem  cobertas ,    em  que  Suas  ^razil. 
pVf ageftades  Portuguezas   alli  fe  haviao  de  affen- 
^t.    Aflentarao-fe  ellas  aomefmo  tempo>   que  as 
^eCafleila,  ficando-liic  redamente  de  fronte.   A 
ti-  ^  Senho- 


1729. 


240  Hifioria  Tanegyrica  dos  defpoforios 

Senhora  Rainha  D.  Marianna  de  Auilria ,  tomou 
a  mao  elquerda  de  ElrRey  D.  Joao ,  e  por  iua  or- 
dem  fe  airentarao  tambem  Suas  Altezas.  Puzerao 
Iqg9,os  Officiaes  das  fuas  Cafas,  diante  de  El- 
Rey  Cathohco  ,  e  de  Ei-Rey  de  Portugal,  duas 
mefas  cobertas  de  tilTu.       ;    . 

II  Entao  comparecerao  os  dous  Secretario^ 
de  Eftado  ,•  e  hdas  as  Capitula^oens ,  cada  lium 
dellcs  aprefentou  ao  feu  Soberano  a  Efcritura  das 
Eftipuia^oens  deftas  Regias  nupcias ,  que  forao  re- , 
ciprocamente  alfmadas  de  ambos  os  Monarcas. 
Concluida  efta  alfmatura ,  trocarao  os  papeis ,  tor- 
nando  a  aprefentar  aquelle,  com  que  haviao  de  ii- 
car  os  feus  Reys ,  para  fe  fazer  outra  femelhante 
aifmatura ,  e  ficarem  aifmados  hum  ,  e  outro  por 
^ibas  as  Familias  Reaes.  Aifmadas  as  mefmas 
Eilipula^oens  por  todas  Suas  Mageilades,  e  Alte- 
zas,  tornarao  a  deilrocar  os  Sccretarios,  iicando 
£ada  hum  delles  com  o  feu  papel.  Obfervou-ie  a 
politjqa,  de  iicarem  aifmadas  em  lugar  fuperior  hu- 
inas,  eoutras  Mageilades  naquelles  papeis ,  com 
que  nao-.haviao  de  iicar.  Feito  iito,  tirarao-fe  as 
meias ,  e  entrou  a  Duqueza  de  Montelhano  ,  e  a 
outra  Camareira  mor  das  Princczas  das  Ailurias ,  Q 
do  Brazil ,  a  fazer  fuas  cortezias  a  Suas  Mageila- 
des ,  e  Altezas  de  Portugal,-  obfervando  porem 
nao  beijar  a  mao,  fenao  a  mefma  Senhora  Princeza 
^ias  Aii:urias.  O  mefmo  praticarao  da  noifa  parte 
as  duas  Camareiras  mores ,  D.  Maria  de  Lencaf 
tre ,  Marqueza  de  Unhao  ,  e  D.  Anna  de  Lorena, 
Semelhante  ceremonia  praticarao  depois  as  Senho- 
ras  de  honor,  eos  Titulos,  e  Criados  de  ambas 
as  Cafas,  que  por  ordem  dos  Reys  feus  Amos^ 
tambem  cumprimentarao  aos  Seberanos ,  e  mais 
-:  peilbas 


dos  Prindpes  do  "Brds^il,  Livro  IIL  241 

pellbas  Reaes  da  outra  Corte.  Entretanto  o  Mar-       1 72  0. 
quez  de  Abrantes  alfiftia  ao  lado  de  E!-Rey  Catho- 
Jico  ,  dando-Ihe  a  conhecer  os  Fidaly^os  Portugue- 
zes.    Ao  mefmo  terapo  infinuava  os  de  Caftella  a 
El-Rey  D.  Joao  ^  o  Marquez  de  Capecelatro. 

12  Depois  que  nifto ,  €  em  ouvir  cantar  os 
Muficos  de  ambas  asCortes  fe  ffaftou  alsfum  tem- 
po  ,  levantou-fe  cada  hum  dos  Reys  da  fua  Cadei- 
ra ,  e  tomando  fuas  Reaes  iilhas  pela  mao ,  as 
trocarao  :  ficou  cada  hum  com  fua  Nora  ,•  e  em 
obfequio  deftas  Reaes  entregas ,  derao  os  batha- 
Ihoens  de  Infantaria  repetidas  ialvas  de  mofqueta- 
ria,  a  que  immediataniente  correfponderao  com  def 
cargas  numerofas  as  Pra^as,  de  Badajds,  e  deEl- 
vas.  Ainda  que  era  ja  noite,  fora  maior  a  dila^ao, 
fe  a  Senhora  Rainha  D.  Marianna  de  Auftria ,  ce- 
dendo  aos  affe<^os  da  natureza ,  nao  delfe  mof- 
tras  da  iaudade  da  amabiliirima  prenda^que  alli  dei- 
Kava.  Por  eita  confideracao  fe  abbreviou  eila  def- 
pedida ,  metendo-fe  cada  huma  das  Mageitades 
no  feu  coche ,  fendo  tal  a  celeridade  ,  e  deilreza 
com  que  a  Sereniilima  Senhora  Rainha  Catholica 
deiappareceo ,  levando  (;om  figo  a  Senhora  Prin- 
ceza  das  Ail:urias ,  que  apenas  foi  fentida.  A  Se- 
nhora  Rainha  D.  Marianna  de  Auilria ,  tomou 
iiia  Real  Nora  pela  mao,  e  logo  humas,  e  outras 
Mageftadcs ,  embarcarao  nos  ieus  coche^. 

13  Partirao  Suas  Mageitades  Catholicas  para 
Badajos.  Rodrigo  Fernandes  Soto,  efcreve  em 
huma  Relacao  que  fez  das  entregas,  quea  litena 
em  que  foi  conduzida  a  Princeza  das  Ailunas ,  era 

ta6  rica  ,  que  tinlia  feito  o  difpendio  de  meio  mi-  Ben^aSs  nupciaes 
llhad    Chegadas  aqueila  Cidade  ,  forao  i  C^lh^- "^Z^'-"'''^"  n' 
cjral  j    aonde.  o  Carcleai  Jsorja,  aiiiitido  de  doze  ^ajos. 

Hh  Diaco- 


242  Hijloria  Panegytica  dos  defpofonos 

1720.       Diaconos,  deitou  as  ben^aos  nupciaes  aosPrinci- 

pesNoivos.  Depois  fe  cantou  mui  iblemnemente 

o  Te  Detmj.  Contava  entao  o  Senhor  Principe  D. 

Fernando  de  Bourbon ,  pouco  mais  de  quinze  an- 

nos  y  e  a  Senhora  Princeza  D.  Maria  Barbara,  de- 

fafete.  A' noite  houve  grandes  feftejos,  qiie  cada 

dia  erao  mais  excelfi vos  em  ambas  as  Gortes. 

14     Era  ja  muito  denoite,  quando  Suas  Ma- 

geftades,  e  Alrezas  fe  reftituirao  aElvas.  Salvou-as  ; 

a  Pra^a  tres  vezes ,  com  toda  a  artilheria.  Haviao- 

fe  armado  as  ruas  para  cfte  triunfo  com  a  mais  ef 

plendida  grandeza.    Levantarao-fe    muifos    arcos 

triunfaes  com  grande  mao-nificencia.  Paftarao  Suas 

Mageftades ,  e  Altezas  a  Se ,  aonde  as  efjperava  o 

Scnado  ,  que  ate  a  porta  da  Igreja  as  foi  levando 

de  baixo  de  palho.  Alli  as  eftava  efperando  o  Si- 

nhor  Patriarca  ,  que  partira  para  aquella  Cathe- 

dra!,  de  Eftado,  com  toda  a  fua  comitiva.  Eftava  re- 

veftido  de  Pontifical ,  com  o  Cabido  ,  e  parte  do 

feu  Collegio.  Deitou-lhes  agiia  benta  o  mefmo  Pre- 

lado  ,  e  de  baixo  de  pallio  fofao  andando  para  a 

Ben^aoy  nupciaes  Q2i^e\\2i  mor.   Lancou  o  Patriarca  as  ben^aos  da 

dos  Principes  do  YcerQ\2i  aos  Reaes  defpofados  ,   e  confequentemen- 

Brazil,  em  El-    ^ ^'        ^  t-    7-»  r        t» 

^^j.^  te  le  cantou  o  le  Detm  ,  que  o  melmo  Patnarca 

come^ou  a  entoar.    Paflava  o  Sereniftimo  Senhor 

D.  Jofeph  de  quatorze  annos  ,•  mas  a  Sereiiiftima , 

Senhora  Princeza  D.  Maria  Anna  Vitoria,  nao  ti- 

nha  mais  de  onze  completos;    Recitadas  as  Ora- 

^oens  defta  folemnidade  ,  paflarao  Suas  Magefta- 

des ,  e  Altezas  a  fazer  Ora^ao  ao  Santiflimo  j  e  lo- 

go  fe  recolherao  a  Palacio. 

I  $     Nefta  noite ,  que  coroou  com  os  coftuma-  : 

dos  feftejos  hum  dia  tao  gloriofo ,  cearao  publica-^ 

mejite  Suas  Mageftades,  com  os  Sereniflimos  Prin- 

cipes 


i 


dos  TnncipBs  do  "Bra^^jU  Livro  III,  245 

cipes  do  Brazil,-  e  levantada  amefa,  paiTarao  a  .      X72Q. 

ver  a  fonte  de  fogo ,    que  ja  difTemos ,  fe  fazia 

com  admiravel  artificio  fora  da  Praga^,  porobviar 

algum  inconveniente ,  tanto  mais  de  temer ,  quan- 

to  era  mais  numerofo  -o  concurfQ.  Concorrerao  a 

ver  efle  feftejo ,  nao  fo  muitos  Nacionaes ,  fenao 

muitos  Eftrangeiros  ,  e  todos  fe  derao  por  mui  fa- 

tisfeitos ,  nao  fe  atrevendo  os  fegundos  a  negar , 

que  aquella  maquina  fe  havia  executado  coni  toda 

a  deftreza ,  e  habilidade. 

16  Recolherao-fe  finalmente  as  Mageflades ; 
e  depois  de  huma  ferenata  ,  entrando  na  Camara 
dos  N  oivos ,  defpio ;,  e  deitou  na  cama  a  Senhora 
Rainha  a  SerenilTima  Princeza  D.  JMaria  Ajina 
Vitoria,  fua  Nora  ,•  e  a  mefma  ceremonia  fez  des 
pois  EI-Rcy  a  feu  fifho,  o  Sereniffimo  Principe  do 
Brazil.  Os  mefmos  Senhores  Principes,  como  de 
idade  menos  apta  para  o  ufo  do  thalamo  ^  fe  entre- 
tiverao  em  huma  mui  decente  converfa^ao  ,  por 
tempo  de  huraa  hora.  Entre  tanto  affiffio  ,  como 
teflemunha  defla  ceremonia  ,  Fernao  Telles  da 
Silva,  Marquez  de  Alegrete ,  Gentil-hpmem  da  Ca- 
mara  de  Sua  Mageftade ,  e  do  Sereniifimo  Principe 
Noivo. 

17  Velarao-fe  no  outro  dia  os  Sereniirunos 
Senhores  Principes  das  Afturias ,  e  ncfte  mefmo 
dia  mandou  Sua  Mageflade  Cathohca  a  Joya  a 
Princeza  do  Brazil ,  que  fegundo  efcreve  o  mencio- 
nado  Rodrigo  Fernandes  Soto ,  era  de  valor  de 
dous  milhoens  de.  prata.  Paffarao  por  ordem  das 
Mageflades  a  Badajos ;  Manoel  Teiles»  da  Silva , 
Marquez  de  Alegrete  ,•  e  a  Elvas,  o  Marquez  de 
los  Balbazes  y  a  fazer  os  coftumados  cumprimen- 

jtQS  dos  Reys  feus  Amos.  Nefla  ijianhaa  foi  o  Se- 

flh  ii  '  ,        nhor 


244-  Hlfioria  Panegyricados  defpoforios 

1720  ^^^^  Patriaica  ao  Paco ,  faber  da  nova  Princeza, 
que  .( airim  como  tambem  Suas  Mageftades )  Jhe 
fallou  com  muito  agrado.  El-Rey  D.  Joao  mandou. 
dar  de  ajuda  de  cufto  a  cada  hum  dos  Regimen- 
tos  delnfantafia,  eCavaliaria,  que  haviao  alfifti' 
do  na  fungao  doCaia  duzentas  meias  dobraS;,  o  quc 
fez  ocomputo  de  feis  centos  e  quarenta  mii  reis. 
Comerao  publicamente  ,  afTiftindo  muitos  grandes 
da  Corte  de  Caftella ,  Suas  Mageftades  com  os  Se- 
renilfimos  Principes  do  Brazil ,  que  com  os  Senho- 
res  Infantes  todos'_,  haviao  dado  audiencia,  e  beija- 
mao  atoda  aCorte,  demanhaa.  De  tarde  partio 
aCamarcira  mor  de  Portugal  a  Badajos,  a  titulo 
de  ir  aliviar  as  faudades  da  Senhora  Princeza  das 
Afturias.  Foi  recebida  mui-  gratamente  das  peffoas 
Reaes,  e  de  toda  a  Fidalguia  daquclla  Corte.  Tam- 
bem  de  Badajos  vierao  aElvas  a  Marqueza  das 
Navas ,  e  outra  Senhora  tambem  Marqueza,  a  vi- 
zitar  a  Princeza  do  Brazil.  Deo-fe-lhes  mefa  de  Ef- 
tado  de  dous  talheres ,  dezoito  pratos  de  cozinha, 
e  tres  cobcrtas ,  huma  dedoce,  e  duas  defruta,- 
e  no  fini  da  mefa ,  xa ,  e  choculate. 

1 8 :  Havia  ja  expedido  El-Rey  D.  Joao  o  feu 
Guarda-joyas  a  Badajos ,  com  varios  prefentes  pa- 
ra  os  Criados  da  Senhora  Princeza  das  Afturias  ,• 
e  na  tarde  defle  dia ,  chegou  tambem  a  Elvas  o: 
Guarda-joyas  de  El-Rey  Catholico  ,  com  prendas 
,  mui  eftimaveis  para  os  Criados  daSenhora  Prin£ 
cezado  Brazil.  O  M^arquez  de  Angcja,  feu  Mor- 
-  domo  mor,  teve  humajoya  de  valor  ineftimavel: ' 
D.  Pedro  de  Vafconcellos  Eftribeiro  mor ,  hura 
efpadim ,  ci-avado  de  maravilholbs  diamantes ;  D, 
Lopo  de  Almeida^,  e  D.  Carlos  de  Menezes,  Vea^  I 
dores  j   o  primeiro ,  huma  joya  tamhem  de  dia- 

mantes 


do^Frincipesdo^ra^iliLivjvIII.  24  f 

jnantes  mui  raros  ,•  o  fegundo ,  hiini  efpadim  guar-       j  rr^  g, 

neeido  de  outros  femelhantes.  A  Camareira  mor  ,  " 

e  a  Donna  de  honor  ,    cada  huma  dellas ,  huma 

preciofilfinia  joya  :    D.  Joanna  de  Mendon^a.,,.D,     .    , 

Helena  de  Portugal ,  D-  Luiza  Joanna  Coutinho  , 

e  D.  Marianna  de  Lencaftro  ^  fuasDonnas ,   cada  ' 

qual  huma  joya  ,  que  valia  o  melhor  de  tres  mil 

cruzados.  Fez  EI-Rey  D.  Joao  a  graga  ao  Guar- 

da-joyas  de  Caftella^  de.hum  annel  jnui  preciofo,  e 

de  Ihe  mandar  por  em  dous  dias  ,  que  ie  deteve 

em  Elvas ,  mefa  de  Eftado  ,  alfiftindo-lhe  Francif 

Qode  Andrade  Corvo,  Mo§o  da  Gu-arda-roupa ,  e 

Guarda-joyas  de  Sua  Mageftade  /  que  ao  mefmo 

tempo  mandou  dar  mefa  franca   a  todos  os  Hef-_ 

panhoes  ,    que  fe  achavao  na  meirna  Pra^a  ,•  a  ca- 

da  hum ,  fegundo  a  fua  qualidade  ,  mas  com  eftih 

penda  grandeza  ,•  o  que  fe  continuou  ate  Sua  Ma- 

geftade  fe  recolher  a  Lisboa.  Ao  mefmo  Francifco 

de  Andrade  Corvo  ,  quando  levara  os  prefentesa 

Badaj 6s ,  mandara  tambem  dar  EI-Rey  Catholico 

outro  annel  de  valor  de  quatro  mil  cruzados.  Na 

noite  defte  dia  ,  houve  os  coftimiados  feftejos  de 

luminarias ,    falvas ,   e  repiques  de  iinos.    Houve 

tambem  muitos  fogos  de  artificip  ,  nao  deix^ndo 

de  caufar ,  como  fe  ardeife  a  primeira  vez,  a  fonte 

de  fogo  ,  de  que  ja  fizemos  men^ao  ,  novas  admi- 

ra^oens.    No  Pago   tornou  a  haver  huma   fere- 

nata. 

19  A  vinte  e  hum  fez  El-Rey  Catholicp  mer- 
ce  as  Tropas ,  que  marcharao  a  fa?;er-Ihe  aififten- 
cia  no  Caia,  de  Ibldo  dobrado,  que  mandou  qua- 
druplicar  refpe<^ivamente  aos  Omciaes  dellas.  Tor- 
aarao  a  jantar  em  publico  Suas  Mageftades ,  conj 
osPrincipes.doBrazil,  alliftindo  en.tre  outros  Se- 
■,;i  '  nhores 


2^6  Hiftcria  Fanegyrica  dos  defpoforios 

^«20         nhores  Caflelhanos,    o  Duque  de  OlTuna,   Eftri- 
^'  ^     beiro  mor  de  Sua  Mageftade  CathoHca.  F-ez  a  Se- 
n^.r-.n,  A.  v.;„  renifTnna  Princcza  do  Brazil  nefte  mefmo  dia  mer- 
ceza  do  BrAzil  Ge-acada hum  dos  Senhores  Inmntes ,  D. -brancil- 
aos  infantes,  D.  co,  e  D.Antonio  de  hum  efpadim,  guarnecido  de 
Ammio'! '        '  excellentes  diamantes.  Receberao  elles  eftas  pren- 
das  da  mao  do  Veador  da  mefma  Senhora ,  D. 
Lopo  de  Almeida  ,  a  quem  oSenhor  'Infante  D. 
Francifco  deo  hum  annel  de  hum  fo  diamante  ,  de 
valor  de  cincb  mil  cruzados.  Os  mefmos  Senhores 
Infantes ,  D.  Francifco ,  e  D.  Antonio  ,  receberao 
outro  femelhante  ,  e  mul  preciofo  donativo  de  fua 
Sobrinha,  a  Senhora  Princeza  das  Afturias.  Repe- 
tindo  nefte  dia  a  Marqueza  das  Navas ,  e  a  outra 
Senhora,  com  quem  dift^emos  tinha  vindo  no  dia 
anteccdente  ,  fcgunda  vifita  ,  fe  Ihes  tornou  a  dar 
butra  femelhante  mefa  de  Eftado. 
-20     De  tarde  fahio  toda  aCafa  Real  nos  feus 
.  coches ,  a  ver  hum  exercicio  dos  Regimentos.  Ha- 
via  mandado  EI-Rey  aoConde  deAlva,  Gover- 
nador  das  Armas ,  que  as  fizeft^e ,  como  fez ,  for-' 
mar  110  Rocio  da  Fonte  nova  em  duas  linhas ,  que:- 
fe  affrontavao ,  a  Infantaria  no  centro ,  e  a  Caval-  - 
laria  nos  lados.  Depois  que  chegarao  asSerenifti- 
mas  Senhoras,  Rainha ,  e  Princeza  do  Brazil ,  com 
o  Senhor  Infante  D.  Pedro ,    montarao  a  cavallo 
El-Rey ,   o  Sereniftimo  Principe ,   e  os  Senhores 
Infantes,  D.  Francifco,    e  D.  Antonio ,    o  Du- 
que   Eftribeiro   mor  ,    e  o  Camariftas    de  fema- 
na*  Mandou  Sua  Mageftade   atacar  cada  Regi- 
mento  de  Cavallaria ,  o  outro  ^  Infantaria,  que 
Ihe  ficava  fronteiro  ,  e  fe  haviao  formado  de  mo- 
do,    que  faziao  frente   a  todos  os  quatro  lados. 
Poi-  todos  elies  fe  fez  immenfo  fogo ,  de  modo 

que 


dos  Principes  do "Bm-^il^  Liiro  III.  247 

que  rodeada  amefma  Infantaria  pela  Cavallaria,  172  O- 
ja  mais  efta  a  pode  invadir  ,  ou  penetrar.  Execu- 
tado  tudo  com  grande  ordem  y  e  primor ,  reco- 
Iherao-fe  finalmente  mui  divertidas  Suas  Masiefta- 
desj,  eAitezas  ao  Pa^o,  aonde  a  noite ,  era  que 
fe  repetirao  os  mefmos  feftejos,  que  nas  antece- 
dentes  ,  houve  tambem  ferenata. 

2 1  No  dia  fesfuinte  derao  Suas  Mageftades, 

•  •  •  •/!• 

de  manhaa ,  audiencia  a  muitas  peftbas  de  diftin- 
^ao  da  Corte  de  Caftella  ,  Seculares ,  e  Ecclefiafti- 
cas,  Regulares,  e  nao  Regulares.  Todas  ellas  ti- 
yerao  a  honra  de  beijar  a  mao  a  Sereniilima  Prin- 
ceza  do  Brazil.  Nefte  mefmo  dia  entrarao  tres  Se- 
nhoras  Caftelhanas  rebu^adas ,  ou  ,  fegundo  fe  ex- 
plica  o  ieu  ideoma ,  tapadas  ,  em  Palacio.  Fizerao 
muitas  gaiantarias ,  todas  mui  applaudidks,  e  ce- 
Jebradas.  Jantarao  tambem  Suas  Mageftades ,  e 
os  SerenilTimos  Principes  ,  com  alfiftencia  de  mui- 
ta  nobreza  de  ambas  as  Cortes,pubiicamente.  Nef 
te  mefmo  dia  fe  mandarao ,  de  huma  para  outra 
Corte,  os  enxuvaes  das  Senhoras  Princezas.  Havia 
mandado  vir  de  Pariz  El-Rey  D.  Joao,  o  que  havia 
de  levar  aSenhora  Princeza  das  Afturias,  com  a 
maior  grandeza,  que  ie  pode  imagLnar. 

2 2  Pelas  lete  e  meia  da  manhaa  paftbu  para  Ba,- 
dajos  o  q  pertencia  aSereniftima  Senhora  Princeza 
das  Afturias,  conduzido  em  huma  galera,  feis  carros 
matos^cinco  andas,  e  quinze  cargas.  Tudo  fe  cobria 
com  repofteiros,  com  Armas  de  Caftella,  e  Portugal. 
Hia  acompanhado  de  huin  Alferes ;,  e  doze  Solda- 

tdos  de  cavallo.  Formoii-ie  efta  marcha  hum  quarto 
iide  legoa  para  la  do  Caia.  Conftava  a  vanguarda  de 
quatio  Soldados  em  f6rma,com  os  clarins  em  frente. 
j Seguia-fe  hum.  Repofteiro,  e  logo, quinze  cargas,  re-. 

-  partidas 


248    Hifioria  panegyriea  dos  defpofvrlos 

j  720  partidas  a  treS;por  cinco  Almocreves:  hum  Repoftei- 
ro  tinha  a  feu  cargo  difpor,  que  marchairem  unidos. 
Vinhao  logo  as  cinco  andas.cada  hiia  com  feu  mo^o 
da  Eftribeira,  dous  Jiteireiros  ,  e  hum  moco  de  cada 
parte.  Atraz  vinhao  os  feis  earros  matos ,  e  a  galera 
no  fim:  cada  hum  delles  trazia  tambem  feu  moco  da 
Eftribeira.  Entrava  tambem  neita  companhia  hum 
Tenente  ,  poilo  que  fem  iugar  certOj,  por  ter  cui- 
dado  de  acodir  a  todas  as  partes,  que  era  neceifario 
para  confervar  a  boa  ordem  da  miarcha.  Fechava 
ultimamente  efte  corpo^  a  retaguarda,  que  conftava 
cle  hum  Alferes  com  a  efpada  na  mao ,  mandando  a 
partida,  e  os  oito  Soldados,  com  que  fe  rematava. 

23  Entrarao  as  onze  do  dia  pela  pprta  de  Ba- 
dajos,  de  donde  forao  guiados  a  Praga  do  Campo 
de  S.  Joao  ,  Cathedral  daquella  Cidade.  Sairao 
Suas  Mageftades  Catholicas,  e  Suas  Altezas  as 
janellas  ,•  e  aifim  mefmo  foi  vifta  efta  condu61:a  de, 
grande  numero  denobreza,  e  povo  ;  baixou  or- 
dem  para  fe  voltar  a  traz  ,  para  a  paragem  aonde 
fe  havia  de  dcfcarregar  ,•  e  por  fer  a  rua  mui  eftrei- 
ta  ,  foi  neceifario  fazer  huma  contramarcha ,  voi- 
tando  para  a  mefma  rua,  para  ondc  cahiao  asja^ 
nellas  dos  dous  Paiacios,  que  todas  eftavao  po-: 
voadas  da  nobreza.  Fez-fe  a  defcarga  com  muito 
boa  ordem  ,•  e  em  quanto  fe  nao  recolheo  o  enchu- 
val ,  efteve  fempre  a  efcoita  com  a  efpada  na  ma6.-^ 
Entao  chegou  ordem  para  fe  recolher  toda  a  geil- 
te  ,  e  cavalgaduras ,  para  fe  hofpedarem  ,  o  que 
aiftm  fe  executou  com  a  maior  magnificencia^ 
Francifco  de  Andrade  Corvo  ,  diife  da  parte  del- 
Rey  de  Portugal  ao  Conde  Rollor ,  Secretaric^ 
de  Sua  Mageftade  Catholica  ;,  que  toda  aquella  i 
comitiva  vinha  a  ordem  de  El-Rey  de  CaftelJii,para 

leguir 


dos  Principes  do  "Bra^^iU  Livro  III.  249 

feguir  as  fuas  ordens.  AiTim  o  reprefentou  o  Conde  1720- 
a  EI-Rey  leu  Amo ,  e  tornou  logo  refpondendo, 
que  nao  era  neceJrario  a  EI-Rey  Catholico.  O  en- 
chuvai  que  trouxe  a  Sereniffnna  Princeza  do  Era- 
zii  D.  Maria  Anna  Vitoria,  he  o  que  agora  palla- 
mos  a  tranfcrever. 


MEMORIA   DOS  VESTIDOS,  ROUPA 

-   branca  ,  e  outros  generos ,  que  trouxe  a  Serenlf 
'_  fima  Senhora  Princeza  do  Erazll ,   de  Caftella 
para  Portugal. 

N    U    M    E    R    O      I. 

lez  y  ocho  docenas  de  panos  de  Sillica. 
DocQ  docenas  de  paiiuelos  de  Baptifta  ,  para 
el  volfillo.  .. 

Doce  Zagalefos  de  Cotonia  ,  guarnecidos  de  enca- 

jes  ,•  uno  de  ellos ,  efta  en  el  numero  1 7. 
Quatorce  Almillas  para  de  noche  ,  guarnecidas  de 
encajes  angoftos,  con  buelos  de  una  orden;  unay 
efla  en  el  numero  1 7. 
Seis  Almillas  para  de  dia. 

Seis  docenas  de  camifas  de  dia ,  guarnecidas  de  en- 
,|i     cajes  angoftos ,  con  buelos  de  una  orden,-  una , 
eft^a  en  elnumero  1.7. 

os  docenas  de  cainifas  de  Corte,  guarnecidas  con 
encajes  angoftos.  ;  , ,       -       i 

[Quatro  docenas  de  carnifas  deiCSifa ,  guarnecidas 
'     con  encajes.  ■  ■     ..>' 

,  Diez  y  ocho  Peinadores. 
I,  Diez  y  ocho  loalhas  de  Tocadot.  A 
,  Seis  docenas  4e  camiias  de  nochgJ ,  con  buelos  de 

li  dos 


2fo  Hi/lmaPanegyricados  defpoforios 

172  0*  ^^^  ordenes  guarnecidas  ,•  um ,  ejla  en  el  mme- 

ro  ij. 
Quatro  Battas  de  Algodon  de  cama  ,  guarnecidas 

deencajesj  una  y  efia  en  el  nwnero  i"]. 
Seis  docenas  de  paiiUelos  de  Paptifta ,  guarneci- 

dos;  elunoy  ejla  en  el numero  17. 

N    U    M    E    R    O     II. 

VEinte  y  quatro  Sabanas  grandes. 
Ocho  dozenas  de  toalhas ,  para  la  fobremeza, 
del  Tocador. 
Doce  docenas  de  panuelos  chicos  y  para  limpiar  la 

cara. 
Doce  docenas  de  panuelos  de  Cotonia  liza  y  para 
limpiar  la  cara. 


u 


N    U    M   E  R  O      III. 

N  Cofre  con  polvos. 

N   U    M    E   R   O      IV. 


s 


Eis  Cotillas  de  los  veftidos  de  Corte  j  unay  eflA 
en  el  numero  if.  '^j 

-Seis  Cotillas  fueltas  de  glafe  dc  pla ,  y  oro. 
Ocho  Fontillos  ,•  el  uno ,  efl^  en  elnumero  1 7. 
Doce  pares  de  Buelos  con  fus  mangas  de  lienzajl 

ra  veftir-fe  de  Corte. 
Doce  pares  de  Buelos  con  fes  mangas  de  tafetarijj 

para  veftidos  de  Corte. 
Doce  Cuellos ,  compafieros  de  los  Buelos. 
Quatorze  pares  de  Buelos ,  para  de  dia. 
y  eime  y  quatro  Efcotes,  para  de  di^, 

Veintei 


dos  Principes  da  "Bra^^iU  Li^ro  III.  2^1 

Veinte  y  quatro  almillas,  guamecidas  con  en  cajes.         172  0. 
,Doce  panuelos  para  denoche,  para  la  garganta  j 

e/mw  efl}i  en  el  numero  1 7. 
Dooe  panuelos  para  de  dia  ,  para  k  gar.ganta|  ta- 
dos  con  encajes.  ..  - 

,,  Seis  panuelos  para  el  volfillo ,  guarriecidos  de  en" 
f!       cajes  de  gala. 
Dos  Eftinquerques  de  encajes. 
Cinco  pares  de  Buelos  de  gala ,  y  mas  otro  ,  que 

,  tiene  Su  Alteza ,  le  ha  buelto. 
Siete  pares  de  Buelos  de  tres  ordenes,  fm  Efcotes. 
Una  guarnicion  de  veftido  de  Corte  entera,  de  en* 

cajes  a  la  Francef^. 
Dos  Corbatas  de  encajes. 
I  Un  Peiiiador  guarnecido  con  encajes,  con  fu  toalla. 
Tres  toallas  para  el  Tocador;  companeras  delos 

Tocadores. 
Tres  Tocadores  de  encajes- 


% 


N   U   M  E   R  O     V. 

UNa  piefa  de  Perfm«a  ,  color  verdemar,  con 
felpilla  de  rofa. 
Una  piefa  color  de  rofa  ,  con  felpilla  de  purpura. 
Una  piefa  verde,  con  flores  color  de  oro. 
Una  piefa,  fondo  purpura>  con  flores  blancas,  y  vep 

des.  ^  ^ 

Una  piefa,fondo  verde,con  flores  purpura,y  blanco. 
Una  piefa,  fondo  blanco,.  con  flores  encarnadas  cP 

caroladas ,  y  blancas. 
'Una  piefa,  fondo  verde ,  con  flores  purpura  j  bkn- 

co ,  y  caiia. 
Una  piefa,  fondo  blanco,  con  matizcs,  azui ,  pur^ 

pura ,  y  verde. 
:o  .      ^  li  ii  ■    N  U- 


1729. 


252  Hiftoria  Panegyrica  dos  defpofvridk 


N    U   M   E   R  ■aq  VI. 

UN  veftido  de  Corte,  de  rizo  labrado  ,  color 
de  punzo ,  vordado  de  blanco. 

Un  veftido  derafo  lifo/color  de  rofa ,  vordado 
de  diferentes  colores.  ■  ;" 

Un  veftjdo  encarnado  de  tela  deoro,  con^unta 
de  Efpafia  de  plata. 

Un  yeftido  de  rafo  iifo ,  blanco ,  vordado  de  dife- 

'  .irentes  colores. 

Un  veftido  de  tercio  pelo ,  azul ,  vordado  de  feda 
blanca  ,  color  de  oro ,  y  la  cotilla  guarnecida 
de  encajes  de  hilo ,  bu^Ios,  y  efcote ,  con  dos 
cafacas ,  la  una  companera  de  efte  veftido  ,  y  la 
otra  compafiera  de  una  bata  ,•  los  buelos  ,  y  cf 
cote  van  pueftos  en  eljubon  de  plata  verde , 
que  ha  de  fervir  el  dia  de  las  entregas. 

N   U    M    E  R   O     VII. 

UNa  guarnicion  dcveftido  de  Corte,  de  punta 
de  Efpafia,  de  feda  blanca, 
Urta  guarnicion  de  lo  mifmd,  con  matizes  de  feda,' 

color  de  oro ,  y  verde. 
Una  guarnicion ,  de  feda  blanca.  .  < 

Una  guarnicion  de  puntas  de  Efpaiia ,  vordada  de 
flores.  ^ 

Una  guarnicion  de  punta  de  Efpaiia,  blanca.  J 
Una  guarnicion  blanca,  vordada  de  color  de  fuego. 
Dos  Guardapies  fm  hafer,  el  uno  color  de  roia,  y' 

el  otro  color  blanco. 
Un  Guardapie  de  tela  de  oro ,  con  punta  de  Efpi^ 
na  de  plata. 

Un 


dos  Frincipe$do  Bra^t^  Ht-ro  llL   2  jf  j 

Vn  G  uardapie  amarillo ,  y  pJata  ,  cdn  galoii  de  lo       1^72"^, 

mifmo.  -        -; '- 

Un  guardaple  de  tela  encarn^ida^  y  plallaf>  ^bfi  flci- 

res  de  lo  mifmo.  ;;- •.'    ■  ■  o>  -'". 

Vn  Guardapie  colorderofa,  y  plata  ^  con  galon 

de  lo  mifmo.    -  -  '     'T    0     i 

Uii  Guardapje  de  tifTu  blanco,  con  galon  de  plata. 
Un  Guardapie  de  rafo  lifo,  blanco^  vofdado  de 

fedas. 
UnGuardapie  de  verdemar^vordado  de  todas  fedas. 


V 


N    U    M   E    R,   O      Vltl. 

Einte  pjefas  deGrodetunes,  -f  Tafetanes. 
Tres  Guardapies. 

N   U   M  E   R  \G  -  IX, 


"T  T  N  veftido  de  coJor  de  purpam  /  \y"plata  , 
\^  guarnecido  de  galones  de  lo  mifmo,  con  chu- 

paamarilla,  ypliita>  y  fus  Giiai-dapi^S; ' 
Un  veftido  de  Droguete ,  coJor  de  Canela ,  y  oro 

bajo  ,  vordado  de  feda  blanca ,  f  aziil,  con  chu- 

pa  azuf,  y  las  bueltas  vordadas  de  lo  mifmo. 
ILJn  veftido  de^roguetecolor  de  agata,  Vordado 

de  plata,  con>bitelEas>,/y  chupa  verdE]  vordadas 

de  lo  mifmO.       .<':'[.::.:■'  {:'r.  ■•      .     ■    ^     ■->:^       ■' 

tJn  veMo  de  rifo :  encamado ,   ipordado^dfe  .feda? 

blanca,  las  bueltas ,  y  la  chupa  de  -rafo  iizo  blan- 
co  ,  vofdadas  de  lo  mifmo. 
'%Jn  veftido  de  tela  de  color  de  rofa ,  y  plata  ,  las 
bueltas,  y  chupa  ,  cazaca,  ybafquinha  deDro- 
guete  color  de  ceiiiza ,  y  oro ,  guarnecido  con 
galones  de  plata. 
•         ■  •  Un 


2 5^4    Hiftoria Fanegyricadn  defpoforios 

1720»       Un  veftido  de  Grana  ,  vordada:de  oro,  con.ehupa 
de  glafe  de  plata. 
Doce  3onabreros  decaftor. 
Doce  Cartones  de  piumajes. 

N  tr  M   E   R  O     X. 

Clnco  Dejbantales,  vordados  de  todas.redas. 
Seis  Palatinas  companeras  de  los  Debantales. 
Ocho  pares  de  Mangotes ,  de  colores. 
Diferentes  pares  de  Zapatos ,  y  Chineias, 
Peines  de  todos  ffen^ros. 
Noeve  mazos  de  Guantes. 
Cordoiies  de  todos  eolores  paraCotilla. 
Diez  piefas  de  Zinta  de  hilo. 
Seis  paiiuelos  de  Garfa. 
Dos  volantes  para  v^ftido  de  Cortc. 
Quatro  cartones  de  Zintas  iabradas. 
Trein|ta  y  feis  piezas  de  Zintas. 
Alfii€J"es. 
Una  guarnicion  de  veftido  de  Corte. 

N   U   M  E   R  O      XI. 

VEinte  y  quatro  Sabanas  grandes. 
VeinteSabanas  chicas ,  de  cama. 
Doce  docenas  depaiios  grandes.  ,, 

Quatro  docenas  de  pares  deealzetas  j  unpar  ,  eft^ff, 
en  elnumno  17. 


N  U- 


dos  Principes  doBrazjlyLivro  III.  z  55 


N   U    M   E   R   O     XII.  J729. 

DOce  Dcvantales  bordados,  de  plata;  y  oro. 
Veinte  Paletinasdeplata;  yoro,  compane- 

ras  de  los  Devantales  j  una ,  efiTi  en  elnumerQ  1 7. 
Pompones  para  todos  los  adere?os. 
Doce  Petillos  de  plata  ,  y  oro. 
Siete  pares  de  Mangotes  de  plata,  y  oro. 
Ocho  pares  de  Brazaletes  de  plat-a ,  y  oro  para  los 

Giiantes. 
Seis  Manguitos,-  los  cinco  de  plata,  y  oro,  y  uno 

de  feda. 
Veinte  y  quatro  piezas  de  Zintas  de  plata  ,  y  oro. 
Veinte  y  tres  Abanicos  buenos, 
Seis  docenas  de  pares  dernedias  de  fedaj  un  par , 

efia  en  el  numero  17. 
Veinte  y  quatro  pares  de  medias  ,de  hilo. 
Doce  pares  de  medias  de  Caftorj  los  dos  de  flloSyimn 

enelnumero  17. 
,Quatro  paresdeligas  vordadas  deplata,  y  oro,- 

un par ,  efia  en  el  numero  17. 

N   U   M  E   R  O     XIII. 

UNa  cobierta  de  Tocador ,  de  tiiTu  de  oro , 
y  plata  ,  guarneeida  con  ,floco  de  oro ,  y 
una  cobierta  de  Mefa  de  teroii^-peiQ  Ca/f^ielinj 
con  galon  ,  y  floco  de  oro.  ■''  •  '   - '  -   • 

Otro  paiio  de  tercio-pelo  encarj?ado  ,  yordado  de 
feda  blanca,  con  floco  de  lo  nji^ing,  conrtarje- 
tas  en  la^  efquinas .,  ;y,en  el  mqdio  ,  y  Ja  .cobier- 
ta  de  la  Meza  v;orda|da  al  cartCo. 
Otra  detifiti4eoro/  yplau,  .c9Wr.de  fi*ego,eo9 
i^isi'  ;  '  "  "floco 


2  >'  6    Hifloria  Panenrica  dos  dejpoforios 

1720»  floco  de  lo  mifmo  ,•  el  forro  de  glafe  de  lo  mif 

mo ,  y  la  fobremeza  de  Damafco. 

N   U   M  E    R  O      XIV. 

UNa  Batta ,  y  bafquina  de  rafo ,  color  de  oro 
bajo  j  con  matizes. 
Otra  Barta  con  bafquiila  de  rafo  ,•  fondo  blanco  , 

con  flores  de  felpilla  ,  color  de  fuego ,  y  otros 

colores ,  guarnecida  con  un  encaje  del  color  de 

las  florcs. 
Otra  con  bafquiiia,  color  de  fuego,  y  otros  colores. 
Oa-a  con  bafquiiia,  color  azul  de  Perfiana ,  y  otros 

colores. 
Otra  con  bafquina  de  rafo  verde-mar,  y  colores. 
Otra  con  bafquiiia  de  razo  blanco  de  la  China,  con 

flores  encarnadas ,  y  oro ,  guarnicion  de  oro  ,  y 

plata ,  y  felpilla  encarnada. 
Orra  con  bafquina  de  tercio-pelo  ,  color  de  rofas , 

vordada  de  blanco  ,  y  verde. 

NUMERO    XV.  y  XVI. 

UNa  piefa  de  tilTu  de  plata  ,  y  oi^. 
Una  piefa  de  tiflu  vcrde ,  plata ,  y  oro. 
Una  piefa  de  tilfu  purpura',  oro,  y  plata. 
Una  piefa  de  tiflu,  oro ,  y  plata. 
Una  piefa  de  tiflii  blanco  ,  oro  ,  y  plata. 
'    Una  piefa  de  tela  de  plata ,  -  color  de  purpura. 
Una  piefa  de  tcih ,  azul ,  y  oro.  :> 

Una  piefa  de  tela ,  color  de  rofa. 
Una  piefa  de  tela  blanca,  con  flores  verdes. 
Una  piefa  de  tela  blanca  ,  y  plata. 
Una  piefa  de  tela  >  color  de.purpura ,  -y.  plata. 

Una 


dos  Trlncipes  do^ra^iU  Livro  III.  257 

Una  piefa  ,  color  de  fuego ,  y  plata.;        >  :  '  ;  1720^ 

Vnapiefa  ,de  color  de  rofa,    ypJata,  GonJlfloreS 

verdes.  t  > 

XJna  piefa  azul ,  y  plata;} 
Una  piefa  amarilla  ,  y  plata ,  con  flores  de  color  de 

rofa. 
Una  piefa  de  color  de  rofa ,  y  plata. 
Una  piefa ,  coior  de  verde-mar ,  y  plata. 
Una  piefa  ,  verde  obfcuro  ,  y  oro. , 
Una  piefa  amarilla ,  y  plata.  -  -^ 

Una  piefa ,  color  de  rofa  ,  y  plata. 
Una  piefa  , ,  color  de  purpura ,  y  plata< 
Una  piefa  ^i^.ul ,  y  plata/  , ; 

U  Una  piefa  blanca,  y  pla^a. 
Una  piefa  ,  color  de  cana  ,  y  plata* 
Un  Guardapie  de  Tafetan  azul,  y  plata. 
Un  Guardapie ,  color  ,de  rofa ,  y  plata. 
Un  Guardapie  amarillo  ,  y  plata. 
Dos  Guardapies  de  tela  de  plata  ,•  el  uno  blanco ) 

el  otro  verde. 

N  U   xM  E  R  O     XVII. 

UN  veftido  de  Corte ,  de  tela  de  plata,  verde; 
la  Cotilla  guarnlcida  con  buelos,  y  todo. 
Dos  pares  de  medias.de  Caftor. 
Un  par  de  medias   de  feda  verde ,  ^ordadas  de 

plata. 
Un  par  de  Calzetas ,  y  un  par  de  ligas. 
Un  par  de  Zapatos. 
Un  par  de  Chinelas. 
Una  Paletina  de  oro  verde, 
Una  camiza  de  dia. 
Una  camiza  de  noche. 
-' '-  kK  Una 


258  Hi/ioriaPmegymadosdeJfoJbrws 

I72p»        Una  Almilla  guarnecida. 

Una  Ropa  de  lienzo  paia  <:ama ,  guarnecida  de 
encajes. 

UnaZagal  deCotonio,  can  fu  encajedebajo.     ' 

Un  panuelo  de  encajes. 

Unpanuelo  para  el  pefcuefo,  guarnecido  de  enca- 
jes,  para  de  noche.  -^ 

Un  Fontillo.       '  '  ^ 

UnGuardapie,  verde  ,  yplata.  ' 

Una  Mantilha  de  grana  ,  jbordada  de  feda. 

Una  cobierta  <le  Tocador  de  tercianela  verdei' 
bordada de Oro ,  ypIata^V  conefcud,as>  alas^e^ 
quinas ,  y  medio  j  y  floco  grande  -  de  campa^- 
nilla  de  oro,  yplataj,  aforrada  con  tela  blan» 
ca,  con  fobifemeza  d^tercianela ,  bordada  al 
canto.  '^--'' 

Dos  Bolfas  para  los  Peina^res ,  de  ia  mifma  tela, 
y  bordadas.  ,  ^v;  . 

UnaBatta,  y  bafquina  de  tda  de  plata ,  color  de 
roia  con  cncaje  de  plata. 


Tcfigo  rejevldo  todo  lo  qtie  contiene  efta  Memoria. 


Dona  Marla  Therefa  "Ro^jano.  \ , 


*« 


S'    : 


ME' 


dos  Principes  do  Bra^il,  Lmo  III:  2  $  ^ 

MEMORIA  DE  LAS  ALAyAS  DE  LA      j^^o, 
Seremjfima    Senora  Princefa  del  Brazil  y    que 
han  de  pajfar  a  la  FrovterdS^e  Portngal  y  yfi 
han  de  dar  al  tiempo  de  /as  entregas  de  /asper" 

fenas  Rea/es ,  qtie  con  diJHnci6n\es  et^  eftaforma 

figuiente.  \ 

N   U   M  E  R   O     I. 

Tocador  grande ,  de  plata  fobredorada, 

DOs  quadrados. 
Dos  caxas ,  paPa  ipolvos. 
Dos  caxa?,  para  lunares. 
Dos  falbiilas  grandes. 
Otra  falbilla  mediana. 
Una  palancana.  ' 

Una  fuente. 

Un  jarro,  con  fu  tapadera, 

Un  agoa-manil,  con  fu  tapadera.  '^ 

Dos  tafas  tapadas. 
Dos  borlas  para  plomos. 

Dos  limpiaderas  de  peines ,  guaniecidas  de  plata. 
Un  zepiiio  cobierto  de  plata. 

Dos  flafquittos.  ' 

Una  efcudilla ,  con  fu  tapadera. 
Un  platjllo. 
Una  caxita  para  los  mondadientes. 


i 


t 


Kk  ii  NU' 


?6o  Hifloria  Panegyrica  dps  defpQforiQi\ 

N   U    M   E  R   O     it 

Otro  Tocador. 

DOce  candeleros. 
Un  azerico. 
Un  cofrecito. 

Una  ta^a  con  fu  tapadera  fnayor ,  que  la  primera. 
Dos  candeleros ,  con  dos  macheros  cada  uno. 
Una  palmatoria. 
Una  efcupidera. 
Un  puchero  para  caldo. 
Una  orza  de  plata  dorada,  para  la  plata  de  las  ma- 

nos. 
Una  falbilla  grande. 
Otrafalbiila  chica. 
Otra  defpabiladera  con  fu  caruela. 
Seis  platillos. 

Un  cochillo ,  tenedor ,  y  cachara  co;i.  fu  eftuche. 
Un  flaquitto  de  chriftal 


E 


N  u  M  E  .:e^  o    m. 

L  efpejo  de  otro  Tocador  de  plata ,   taiUda, 
y  dorado.  . 


D 


N   U   M  E   R   O     IV.  y  y.  y  ^ 

i: 

Os  pies  de  cofre  de  Gontador ,  dorados. 
La  filla  para  el  Tocador  detercio-pelo  ,  cott 
g^ondeoro.  JJ 

\ 

Toca-  i 


di}s Frincipes do^Brai^ih Uwolll.  tit 
Tocador  que  ha  de  fervir  en  el  camino.         1729. 

UN  eipejo  de  pl*ata ,  tallado,  y  dorado. 
Una  paiancana ,  go«  fuj  avf  j?^ 
pps  caxas  iguales,  quadradas,  y;,praIongadas. 
Otra  caxa  prolongada,  quadrada ,  mas  pequena- 
Otra  del  mirmo  genero ,  mas  pequena. 
Dos  caxas  redondas  iguales  para  polvqs. 
Otras  dos  caxas  redond^s  mas  pequeiias  ,  para^Iu- 

.nares. 
Dos  borlas  para  plomos. " 
XJna  fabilla  con  dos  vafqs  j  y  fu  tapadera. 
Dos  candeleros  isuales. 
Un  zepillo ,  cobierto  de  plata. 
Todas  las  otras  piefas,  fo^  de  plata  talladas,  y  do^ 

radas ,  el  paiio  de  meza  de  Tpcador  de  tercio- 

pelo  ,  con  galon  de  ora,^   y  l^  coJ?iierta  de  tilTu 

de  oro. 

N   U   M  E  R   O.      VI. 

TocMor  chlco  de  ^k^ron. 

UNa  palancana,  yjarrillo  tapadp. 
Dos  caxas  para  polvos ,  cop  tapaderas. 
Dos  eaxas.  p^ra  lunares ,  con  fu^.cobiprtas. 
Dos  candeleros, 
Dos  taifos,  con  fus  tapaderas. 

Una  falbilla.  .    .,-      .,  ... ....       :•;;  - 

Una  defpabiladera  ,  coii  fli  platillo. 
Una  efcupidera. 
Dna  orza ,  para  pafia. 

Una  caxita  de  monda-dientes.  j 

Una 


262  Htftoria Pane^rwados defpoforios 

1720'        Una  borJa  para  plomos. 

Un  apagador  dc  Iiizes.  ./i 

El  pano  de  la  meza    del  Tocador  ,   de  Damafco 
azul\,  con  dos  galones  de  oro.  T 

El  pano  para  cobrir  el  Tocador,  vordado  de  oro.    ] 
Elpano  blanco  con  fu  encaje  de  punto,  peinador, 
y  toalla ,  guarnecido  de  encajes.  ' 

N  U   M  E   R  O     VII. 

Unfertu  de  pJata ,  a  modode  tocador,  en  una 

caxa )  aforrada  en  cordotan  ne^a-^y 

dentro  ay  lofeguiente: 

UN  efpejo,  con  fu  moldura  de  plata  blanca. 
Un  palancana ,  con  fu  moldura  al  canto. 
Unjarro,  con  fu  tapadcra  deplata  blanca ,  y  do- 

rado  por  dentro. 
Una  ta^a  para.caldo  ,  y  fu^tapadera  de.plata  blan- 

ca  ,  y  dorada  por  dentro.    ' ' 
Otra  caxa  atarquilada  ,  con,fu  tapadera. 
Otra  caxa  mas  chica  de  la  propia  figu^ft." 
Dos  candcleros ,  achatados, 
Un,  enbudito. 

Una  caxa  redonda  ,  parajabon. 
Unaefcrevaiiia,  que  fe  compOne  de  una  tandeza,J 

tintero,  y  falbadera  con  ius  tapas,  y  unacam- 

panilla. 
Unas  defpabiladeras  deyerro,  con  fus  anillos  de 

plata. 
Un  platillo  de  las  defpabiladeras. 
Quatro  platos  trincheros. 
Dos  cuchar^s.  . 

Dos 


dos P  rinci-pes  do^ra^il:  Li^ro  III.  265 

Dos  tened  ores. 

Dos  cuchillos,  con  fus  cabos  de  pJata. 

Un  tafTo  almenidado,    con  fu  tapadera  de  plata 

,    blanca  y  y  dorado  por  dentro. 

Vn  zepilio ,  guarnecido  de  plata. 

Dos  pomos  de  chriftal ,  con  fus  taplderas  de  plata. 


u 


N  U  M  E  R  O     VIIL 

N  caxon ,  en  que  van  diferentes  colores  ,  y 
Efpiritus. 

N  U   M  E   R  O     IX. 


Un  caxon-.y  han  dentro  las  laminas,  que  eftan 

en  la  ca^ecera  delaCamai  de  S,  A. 

que  fon  en  ejta  foma. 

UN  Relicario  grande  de  media  bara  de  largo, 
y  una  tercia  de  ancho ,  con  un  marco  de  pla- 
ta  de  filagrana  ,  y  lamoldura  de  dentro  dorada 
con  fu  caxa  de  tercio-pelo  encarnado. 

Un  Agnus  ,  guarnecido  a  dos  azas  de  plata  fobre- 
dorada. 

Otro  Agnus ,  con  un  lignum  Crucis ,  eon  iir  guarni- 
cion  de  plata  fobredorada. 

Orros  dos  Agnus  chicos  ,•  el  uno  mayor  que  el  otro, 
guarnecidos  de  plata. 

lUna  Imagen  de  Nueftra  Senhora  de  Monferrate, 
con  fu  marco  cchatado ,  guarnecido  de  plata  de 
una  tercia  de  largo,  y  una  quarta  de  ancho. 

Tres  lanrrnas  con  fus  marquitos  de  concha :  una  de 
San  Jofeph  ,•  otra  de  Sajita  Therefa,-  y  Ja  otra  de 
San  Antoiiio.  N  U- 


1729. 


26l^    Hifioria  Panegyrica  dos  defpojbrlos 


N  U   M  E   R   O     X. 

OTro  caxon  ,  y  dicntro  dez  laminas  de  plata 
zinzeladas;  con  fus  marcos  dorados;  y  uni 
moldura  de  Evano,  con  fus  chriftales.  « i , 

Otras  quatro  laminas  con  fus  marcos  dorados ,  de ' 

una  tercia  de  ancho  ,  y  media  vara  de  largo. 
Otra  lamina  de  Nueftra  Senhora,  de  una  tercia  en- 
quadra  ,  que  eftara  en  la  cabecera  de  la  cama. 


o 


N   U   M  E  R   O     XI. 

Tro  caxon,   en  que  eftao  doce  figuras  de 
piedra. 

N   U    M   E   R   O     XII. 


UN  Cofrefito  de  tafilete ,   con  tres  habetas , 
qiie  es  de  ropas  del  Tocador  de  charol. 


u 


N  U  M  E  R  O    XIII. 

Na  caxa  de  zapa ,  y  dientro  las  piefas  cor- ' 
refpondientes ,  de  plata  lifa,  y  una  efcrivaiiia 
de  camino. 


N  U  M  E  R  O     XIV. 


o 


Ttra  caxa  de  baqueta  negra  ,  y  dentro  un  ro- 
cado  para  tomar  Chicolate ,  que  fe  compo- 
ne  de  tandefilla,  chicaras  da  China,  bafo  de  chrif- 
tal  con  fus  tapaderas ,  dos  cucharas ,  y  otra  pie-  \ 
fa  para  azucar,  y  dos  pozillos  para  chicaras,  y 

bafo, 


. 


dos  Prindpes  do  Braz.il ^  Livro  III.  2 6f 

'    bafo,  y  todo  eJIo  de  plata  fobredorada,  con  fo-        1720 
brepueftos ,  y  zmzeladas. 


o 


N  U  M  E  R  O     XV. 

Tra  caxa  de  zapa ,  j  dentm  una  cuchara , 
tencdor ,  y  cuchillo  con  fu  punto  de  plata  fo- 
bredorada. 

N  tJ  M  E  R  O     XVI. 


Vna  Cafetera  confu  caxa  de  madera  77e gra^y 
dentro  tiene  lofeouiente. 

UN  jarro  de  piata  liza,  con  fu  tapadera. 
CJna  piefa  para  Cafe,  de  plata  Jiza. 
Una  efcudilla  de  China ,  con  guarnicion  de  pJata. 
Un  enbudito  de  plata. 
Dos  cucharas  de  lo  mifmo,  chicas. 
Un  flafquitto  de  ChriHaJ ,    con  fu  zerco ,  y  tapon 
deplata,  dos  platillos ,  y  dos  chicaras  de  Chinaj 
y  en  el  caxonfito  de  baxo  una  bandejita  de  cana 
de  Indias. 


'U 


N  U  M  E  R  O     54VIL 

Na  caxa  de  madera  de  GranadlJIo  de  una 
quarta  en  quadro ,  y  dentro  un  pJatO ,  y  eP 

cudilla  de  China ,  guarnecida  de  ouro ,  y  ima 

cucharita  de  Jo  mifmo. 


Ll  NU- 


266  Hifloria  Panegyrica dos  defpoforias 


u 


K  XJ  M  E  R  p    XVIIL 
^  caxon  con  Ghicolate ,  y  Cafe. 
H  XX  M  E   R  O     XIX. 


OTro  caxon  ,  y  dentro  una  caxita  de  charol , 
donde  eftan  diferentes  cofas  de  pcdrenas,  que 
■ :-  e^^n  confideradas  en  la  memoria  de  joyas. 

",:■  M   tJ    M  n  Si   O      XX.      . 

UNa  caxa  chica ,  de  madefa  de  nogal ,  guaf^ 
necida  de  plata  hza.^donde  van  deftintas  joyas| 
que  eftan  coiiiideradas  en  tai  memoria  dciLis^ 
que  efta  a  parte. 

N  U  M  E  R  O    XXI, 

OTro  caxpn  mediano  de  tafilete,  con  el  Bafoii' 
dorado  ,,  dbnde  van  piefis  alajas. ,  cozas  di* 
pedreria  ,  que  tambien  eftan  confidcradas  en  la^' 
memoria  del  todo  dejoyas.  --^- 


N  U  M  E  R  O      XXII. 

Tro  del  mifmo  genero  del  de  arriba,  con  di- 
ferentes  cofas  menudas ,  de  que  ay  memoria 
^>  pormenos. 


o 


NU- 


D 


dos  Principes  do  "Bra^il,  Livro  III.  367 
N  U  M  E  R  O     XXIII.  y  XXIV*    '  1. . 

1 

Os  cofres ,    c6n  libros. 

N  U  M  E  R  O     XXV. 


N  cofrefito  cobierto  detafifete;  ciayafon'do;i^ 
rado ,  y  dentro  cinco  platirias ,  cinco  deban- 
■   tales  y  cinco  ropas  de  plata ,  y  oro ,  feis  taure- 
tillos ,  cobiertos  de  punta ,  y  oro  ,  con  puntilla 
:  de  lo  mifmo,  una  fcleta  de  punta  de  coral,  y  una 
.  mexita  de  lo  proprio. 
Una  arana  pequeiia  de  plata.  * 
|Un  blazrero  de  plata  fobredorada ,  con  fu  bacia.   . 
Un  calentador  de  plata  ,  chico. 
Otra,  con  fu  manga  de  madera  ,•  tO(lo  Ib  tJe  ttias 
.^deplata  lavrada ,  con  fd  cobierta  de  lo  liiifino^ 
'   para  profumei 

lUna  bandejita  de  plata  de  filagrana. 
iDo3  tabeleros  de  plata  liza. 
<Juatro  ramalleteros  de  plata,  chicos. 
Posleones  de  plata>  de  lo  mifino.  .  .,,    . 

Un  caxon  de  Tavaco.    .  V-i-^'     * 

Ocro  cofre  donde  viene  la  ropa  blanca  iizada ,  y 
otras  cofas  de  camino,-  tiene  numero  8.  con  una 
T.  que  quiere  dizir,  Tocador. 
Quatro  caxones  de*  madera  bafta,  y  dentro  figuras 
I    dcl  Nafciinieflto,  de  talla. 

Teugo  refevido  todo  lo  que  contkne  efla  Memorm  - 

T>dna MariaTherefa  "E^jano. 


Ll  ii  ME- 


17^. 


t 


26%    Hi/loria  Tanegjrka  dos  dejpoforws 

j  720.       MEMORIA   DE  LAS  ^OVAS,   V  DE  MAS 
alajas  de  pedreria,  de  la  Serenijjima  Senora  Prin- 
ceja  del  Brafil ,   que  con  dtjlincton  ^  es  en  ejia 
forma. 

UNa  joya  para  el  pecho ,  de  plata  ,  guarneci- 
da  coii  veinte  y  cinco  diamantes  brilhantes, 

y  uno  dellos ,  chico, 
Dos  muelles  de  plata  ,  guarnecido  cada  uno  con 

cincoenta ,-  y  fiete  diamantes  brillantes,  que  ha- 

zen  ciento  y  quatorze ,  los  felTenta  y  feis  gran- 

des ,  y  los  de  mas  pequeiios. 
Una  pieza  pat-a  la  falda  tambien  de  plata ,  con  fu 

g^ncho  _,  guarnecida  con  veinte  y  fiete  diaman- 

res  ,  los  tres  grandes  ,    y  los  reftantes  de  vaiios 

tamaiios. 
Doce  alamares  con  fus  bottones,  guarnecidos  cada 

uno  con  veinte  y  un  diamantes  rofas  ,  de  varios 

tamaiios,  que  todos  hazen  252, ,  y  todas  las  di- 

chas  piedras  tienen  ios  reverfos  dorados,  y  tal- 

lado.=. 
Dos  Retratos  de  los  Rcys  nuetlros  Seiiores  de  oro, 

guarnecidos   con  quatro  diamantes    brillantes, 

medianos  cada  uno ,  que  fon  ocho.  ' 

Dos  Evillas  de  plata ,  con  ocho  diamantes  rofas  ca- 

da  una  ,  que  fon  defafeis. 
XJna  procha  de  piata  guarnecida  con  fiete  diaman-' 

tes  brillantes  almendrados ,  que  eftan  al  ayre, 
Un  Tembleque  para  el  pelo ,  guarnecido  con  uno 

diamante,    y  orro  que  efta  pendiente,   ambos' 

brillantes. 
Una  Evilla  de  plata  para  el  Manguito   dorada , 

guarnecida  con  qiiatro  diamantes  brillantes. 

Otra 


do sPrincipes  do  "Bra^il^  Livro  III.  26^ 


Otra 


j 


loya.. 


UNa  piefa  acutillada  para  el  peclio  ,  guarne- 
cida  coii  ciento  y  veinte  y  nueve  diamantesj 
Jos  quinze  grandes  brillantes  ,  y  los  de  mas  ro- 
fas  tambien  crefcidos  y  y  de  diferentes  tamanos, 
de  rofas  ;,  y  brillantes. 

Otra  piefa  de  pecho  ,  de  plata  ,  los  reverfos  talla- 
dos ,  y  dorados;  guarnecida  con  veinte  y  quatro 
diamantes  ,•  los  quinze  brillantes ,  y  los  reftantes 
rofas ,  y  todos  crefcidos ,  excepto  dos  brillantes 
pequenos. 

Otra  piefa  de  pecho  correlpondiente  a  las  otras  ^ 
guarnecida  con  doce  diamantes  y  los  ocho  bril- 
lantes,  y  los  quatro  rofas ,  todos  crefcidos,  ex- 
cepto  dos  brillantes  chicos. 

Otra  piefa  de  pecho  correfpondiente  ,  con  nueve 
diaraantes  ,•  los  fiete  brillantes ,  v  los  dos  rofas, 

Diez  y  ocho  alamares  correfpondientes  a  las  orras 

'  piefas  ,  guarnecidos  con  ocho  diamantes ,  cada 
uno  roias ,  y  brillantes ,  que  hafen  en  todos 
144. 

Doce  bottones  correfpondientes  a  los  alamares ;, 
guarnecidos  con  ocho  diamantes  rofas ,  y  brillan- 
tes ,  quc  hafen  96. 

Una  piefa  para  la  falda,  con  fu  gancho,  giiarneci- 
da  con  diez  y  feis  diamantes ,  rofas,  y  brillantes, 
correfpondientes  a  bottones  ,  y  alamares. 

TJn  coiar  de  plata  ,  guarnecido  con  treinta  y  nueve 
dia;nantesbriilantes ,  engaftados  al  ayre,  y  una 
cruz  de  pkta  pendiente  del  colar  ,  guarnecida 
con  cinco  diamantes  brillantes,  engaftados  al 
ayre ,  hazen  44.    . 

D0.9 


270  Hi/hria  Vanegryica  dos  defpoforios 

T7JO.  Dos  arrecadas  de  plata,  guarnecidas  con  cinco 
diamantes  brillantes  cada  una  j  los  dos  cngafta- 
dos  j  y  los  tres  al  ayre ,  en  forma  de  perillas. 

Alajas  fiieltas- 

Slete  clavos  para  tocado  con  quatro  diamantes 
cada  uno  _,  que  hazen  veinte  y  ocho,  todos  bril- 

lantes. 
Cinco  engaftes  con  cinco  diamantes  brillantes  me* 

dianos ,  cn  fus  obriflas ,  para  el  pelo. 
Dos  Maripofas  para  el  pelo  ,  deplata,  guarneci- 

das  con  ocho  diamantes  rofas,  que  hazen  diez 

y  feis. 
Una  Maripoza  guarnecida  con  tres  diamantes,  dos 

rubines  ,  y  quatro  efmeraldas  medianas. 
Otra  Maripoza  guarnecida  con  quatro  diamantcs  ^ 

dos  topazios,  dos  rubines ,  una  efmeralda,  v  uno 

zafiro  ,  todos  medianos. 
Oira  Maripoza  guarnecida  con  feis  diamantes  ,•  los 

quatro  fobre  unas  paftas  azules ,  una  amatifta, 

y  una  efmeralda  ,  mcdianos ,  y  chicos. 
Otra  Maripoza  guarnecida  con  quatro  diamantes, 

tres  efmeraldas,  dos  rubines,  y  dos  topazios,  to- 

dos  medianos. 
Una  Piocha  de  plata  ,  guarnecida  con  onze  dia- 

mantes  almendrillos ,  taladrados  por  arnba ,  y 

otros  onze  engaftados  en  plata  ,  que  hazcn  ve- 

inte  y  dos  de  diferentes  tamanos. 
Otra  Piocha  con  quarenta  y  fiete  diamantcs  brillan- 

tes ,  engaftados  en  plata  j  los  quatro  pendientes, 

y  dos  rubines  medianos ,   y  chicos  engaftados 

en  oro. 
Otra  Piocha  de  plata  con  feft^enta  y  tres  diamantes 

rofas, 


dos  Principes  do  Bra^il,  Livro  III.  i  yi 


roras ;  engaftados  los  cincoenta  y  dos ,  y  los  on- 

ze  pendientes. 
Una  Maripofa  guarnecida  con  diez  diamantes  bril- 

lanrcs  ,•  los  quatro  fobre  unas  paftas  azules ,  me- 

dianos ,  y  chicos. 
Oira  Maripoza  gUarnecida  de  plata>  con  cinco  dia- 

manres  rofas  ,  engaftados  al  ayre. 
Un  Tembleque  con  tres  rofillas ,  guarnecidos  to« 

dos  con  veinte  y  quatro  diamantes ,  y  con  quin- 

fe  rubines. 
Una  Abufa  para  el  pecho,  con  un  rubin  bolach,  y 

una  efmeralda  almendrada. 
Una  prefilla  con  fu  botton  para  el  fombrero,  guar- 

necida  con  veinte  y  fiete  diamantes  ,•  los  feis  ro- 

fas ,  y  los  veinte  y  uno  tablas ,    de  diferentes 

tamaiios ,  en  gaflados  en  plata. 
Un  Retrato  del  Seiior  Principe  del  Brazil ,  de  pla- 

ta ,  y  oro ,  guarnecido  con  quarenta  y  nueve 

diamantes  briilantes  j  los  onze  grandes  ,  y  los 

reflantes  de  varios  tamaiios. 
Un  colar  con  veinte  y  fiete  perolas  grueflas. 
Una  Cruz  de  plata,  con  cinco  diamantes  brillantes, 

engaftados  al  ayre. 
.Unas  Arrecadas  de  platd  ,  los  reverfos  dorados , 

guarnecidos  con  quarenta  diamantes  brillantes, 

y  quatro  rubines ,    todos  chicos  engaftados  en 

oro. 
Dos  arillos  de  plata ,  y  oro ,  con  dos  diamantes 

brillantes  ,  y  dos  rubines  chicos. 
Seis  bottones  pafladores ,  de  oro,  y  plata,  efmalta- 

dos  con  un  diamante  rofa  cada  uno. 
Diez  engaftes  fueltos  con  tres  rubines ;  tres  topa- 

fios ,  diez  efmeraldas ,  y  dos  zafiros,  todos  me- 

dianos. 

Scis 


2  72  Hijloria  Panegyrica  dos  defpoforios 

lT^O*        ^^^^  perolas  grueiTas  fueltas. 

Una  caxa  de  oro ,    guarnecida  con  quarenta ,  y 

cinco  diamantes  rofas ,  chicos ,  en  gaftados  en 

plata. 
Otra  caxa  de  oro  zinzelada  con  tres  piedras  en  ella, 

y  fobre  una  un  diamante ,  y  fobre  otra  un  rubin 

pequeiio. 
Otra  caxa  de  Vitorina ,  guarnccida  en  oro^  efmal- 

tada  de  colores. 
Otra  caxa  redonda  deoro,  ynacar,  tallada. 
Otra  caxii  de  oro  almendrillada ,  con  una  zafira  fo- 

brepueila;    y  guarnicion  alcanto,    guarnecida 

con  duzentos  y  cincoenta  y  feis  diamantcs  bril- 

lantes,  chicos,  engaftados  en  plata. 
Otra  caxa  de  oro,  una  con  piedra  Cornelina  en  cima, 

guarnecida  coh  veinte  diamantes  brillantcs  clii- 
■    cos ,  engaftados  en  plata. 
Otra  caxa  de  oro  ,  y  nacar,  guarnecida  con  ^QiQw- 

ta  y  ocho  rubines,  y  tres  efmeraldas,  todos  chi- 

cos,  eng^aftadbs  en  oro. 
Otra  caxa  de  oro ,  con  cinco  fobrepueflos ,  guar- 

necidos  con  treinta  y  feis  diamantes  rofas  ,  qv.-  ^ 

gaftados  enplata,    una  efmeralda  ,   dos  rubi-' ' 

nes  ,  dos  zafiras  engaftados  en  oro ,  todos  chi- 

cos. 
Otra  caxa  de  oro ,  diez  piedras  Cornelinas,  y  iia 

fobrepueftoj  en  una  dellas  a  modo  dcramo, 

guarnecido  con  cores,  fetenta  y  ocho  diaman- 

tes  ,  feis  rubines  ,  y  nueve  efmeraldas  ,  chicos.. 
Una  fortiza  de  oro  efmaltada  de  colorcs  ,  con  UU' 

diamante  brillante ,  engaftado  en  plata. 
Otra  fortiza  de  oro  polida ,  con  un  diamante  bril- 

lante. 
Otradeoro;  efmaltada  de  colores,  con  tres  dia-   > 

mantes 


dos  Prlndpes  do  "Bra^U  Livro  III.  27  y 

mantes  briliantes ,  un  rubin ,  y  una  efmeralda , 

chicos. 
Otra  fortiza  de  ofo  polida ,  guarnecida  con  un  dia- 

mante  brillante  y  atopaffado. 
Otra  de  oro  ,  con  una  efmeralda  en  medio ,  y  en 

el  bra^o  quatro  diamantes  chicos^  y  dos  eihie^ 

raidas  pequenas. 
Otra  fortiza  de  oro,  con  una  amatifta  en  micdio  ,1  y 

feis  diamantes  chicos ,  brillantes  ,  en  el  bra^o. 
Otra  fbrtiza,  con  una  crifolica  en  medio  ,  y  feis  dia- 

mantes  chicos ,  en  el  bra^o. 
Un  relox  dc  oro ,  con  fus  cadenas ,  gancho,  llave, 

y  fello  ,  guarnecido  de  diferentes  piedras  corde- 

linas ,  guarnecido  con  quarenta  y  ocho  diaman* 

tes  brillantes  chicos^  engaftados  en  plata. 
Otro  relox  de  oro,-  con  fu  gancho,  cadenas,  Ilave, 

y  fello ,  guarnecido  con  ciento  y  onze  diamantes 

rolas,  chicos,  engaftados  en  plata. 
Otro  relox  con  fu  gancho  ,  llave ,  y  cadenas  com* 

pletas  de  oro. 
Un  pomito  para  agoa  de  la  Reyna  de  Ungria,  de 

oro ,  y  nacar. 
Un  eftuche  de  oro ,  con  eadena  ,  y  gancho  de  lo 
^    mifmo  ,  y  en  el  muelle  un  diamante  brillante , 
■    y  dentfo  fu  omenaje. 
XJn  abanico  de  dos  laminas ,  guarnecidas  las  vare- 

tas  con  veinte  y  quatro  diamantes ,  y  ftete  rubi- 

nes ,  todos  chicos. 
lUn  Relicario  con  un  veftx)  de  Santa  Vi6loria  ,  y 
'    por  otro  lado  un  de  San  Antonio  de  Padua , 

guarnecido  con  veinte  y  quatro  diamantes  fon- 

dos,  yrofas,  medianos. 
Una  Cruz  en  forma  de  Relicario  ,  con  un  Santo 

Lignum  CfucH ,  guarnecido  con  ocho  diamantes 

Mm  rofas, 


172^. 


2  74^  Hiflcria  Panegynca  dos  defpojorios 

X 720.  rofas  ,  engaftados  en  plata ,  y  oro. 

Un  paliliero  de  oro ,  con  diferentes  fobrepueftoS; 

guarnecido  con  noventa  y  uno  diamantes  rofas, 

chicos  ,  engaftados  en  plata. 
Un  palillero  de  oro ,  y  nacar  guarnecido ,  con  ua 

diamante  brillante  enelbotton,  pordonde  fe 

abre. 
Otro  palillero  de  oro  con  fobrepueftos,  con  qua* 

tropiegas  dentro  ,  guarnecido  con  fetenta  dia- 

mantes  rofas ,  y  entre  ellos  una  tabla  ,•  los  qua- 

torce  en  la  guarnicion  de  dos  canones  de  mon- 

dadientes ,  y  los  reftantes  en  la  caxa ,  todos  chi- 

cos  guarnecidos  en  plata. 
Un  bafton  con  puno  de  oro ,  y  una  foliftifa  con 

dos  reafas  ,    guarnecida    con  veinte   diamantes 

engaftados    en  plata  ,    defanueve    efineraldas  _, 

y  ocho  rubines ,  engaftados  en  oro ,  todos  chi- 

cos. 
Otro  bafton  con  puno  de  marfil ,  y  una  foliftifa  con 

fu  reafa,  y  una  rofilla  de  plata  cn  cima,  con  ocho 

diamantes  rofas;  chicos. 
Otra  cana  occa ,  con  puiio  de  nacar. 
Dos  erillas   de  oro  ,   y  plata  para  los  zapatos , 

guarnecidas    con    doce    diamantes     brillantes 

pequenos    cada  una  ,    y  quatro    rofas    gran- 

des  cada  una  ,    que  en  todos    fon  treinta  y 

dos. 
Un  librito  de  Oraciones  para  los  quatro  dias  de  la 

fomana  ,  con  unas  manefillas  de  oro ,  eImaIta-«. 

das  de  colores ,  guarnecidas  con  dicz  diamantes; 

brillantes,  medianos. 
Quatro  bottones  de  diamantes  para  la  camifa ,  en^ 

gaftados  en  plata ,  con  un  diamante  cada  uno. 
Vn  eftuche  de  oro ,  coa  fobrepueftos ,  y  en  ellos ' 

treinta 


dosPrincipes  do  ^ra^iU  Livro  III.  27 J 

treinta  y  uno  diamantes    chicos ;  y  quatof ce  e{^        1720 
p:       meraldas.  ^   ^' 

Tengo  refevido  todo  lo  que  contiene  efia  Memoria. 

Dona  Anna  de  Lorena, 

El-Rey  D.  foao  mandou  dar  a  cada  Dragao  condu* 

dor  do  referido  enxuval  da  Sereniijijna  Prin- 

ceza  do  Brazi/,  quatro  dohroem. 

Ajuftou-fe  em  ambas  as  Cortes ,  que  humas,  e  ou- 
tras  Mageflades  fe  tornariao  a  ver  no  Caia  feni 
genero  algum  de  fafto,  e  ceremonia  pubhca.  Nefte 
dia  teve  Luiz  Pereira  da  Silva,  da  Secretaria  de  Ef- 
tado,   o  fcguinte 

A  V   I  S   O. 

Ua  Mageftade  tendo  a  confideragao  a  Vm. 

fe  achar  fervindo  nefta  occafiao  de  Juiz 

do  Fifco ,  da  Cidade  de  Evora ,  e  a  ter  fer- 

vido  de  Corrcgedor  defta  Camara,-  foi  fervido 

fazer-Ihe  merce,  de  que  pudeife  veftir  a  Beca, 

o  oiie  Vm.  podera  fazer  logo  ,  fem  embargo  de 

\  nao  ter  delpacho  do  Dezembargo  do  Pa^o ,  a 

„  cujo^Tribunal  ira  Decreto  para  efteeffeito,  e 


com  a  declaracao,  de  que  a  veftio  logo,  de  que 
fa^o  a  Vm.  efte  avifo,  para  que  aifim  o  tenha 
,,  entendido.    Deos  guarde  a  Vm.   Secretaria  de 
Eftado,  em  Elvas  22.  de  Janeiro  de  1729. 

Diogo  de  Mendon^a  Corte-ReaL 

iMm  ii  24    A  0$ 


-^'7^   Mftoria  Panegyrica  dvi  defpforws 

172Q  "^^    -Aosvinte  etres  de  Janeiro  forao  afliftir 

^     '  Suas  Mageftades,    eAltezas  ao  Pontifical ,    que 

com  a  occafiao  de  fer  dia  dos  Defpoforios  de  N. 
Senhora ,  com  S.  Jofeph,  havia  de  celebrar  na  Se  6 
Senhor  Patriarca  ,  com  os  doze  Conegos  da  Santa 
Igreja  Patriarcal    de  Lisboa  ,    e  a  que  concorreo 
alfim  mefmo  toda  a  Corte.    As  SereniiTimas  Se- 
nhpras ,  .Rainha ,  e  Princeza,  eftiverao  com  o  Se- 
nhor  Infante  D.  Pedix)  em  huma  Tribuna  alta , 
que  a  eife  fim  fe  fez  no  Cruzeiro  da  parte  da  Epif  ■ 
tola.  E!l-Rey ,  o  Serenifiimo  Principe ,  e  os  Senho- 
res  Infantes  ,    D  Francifco  j  e  D.  Antonio  ,  fica- 
rao  da  parte  do  Evangelho  de  baixo  de  hum  do- 
cel.  Gelebrou-fe  efta  fagrada  ceremonia  fem  diffe- 
ren^aalguma^  do  que  fe  coftuma  praticarna San- 
ta  Igreja  Patriarcal  de  Lisboa.    Alfiftirao  a  ella  , 
como  Principes  do  Solio  ,  os  Excellentillinios  Con- 
des,  de  Avintes  ,  da  Ilha ,  e  do  Lavradio  ,  e  o  Se- 
cret^rio  de  Eftado  ,  todos  veftidos  de  huma  gala, 
nao  menos  eftimavel  pelo  feu  bom  gofto  ,  do  que 
pela  fua  preciofidade.  Concluida  efta  funcao  ,  tor- 
narao  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  a  Palacio;,  aon- 
de  jantarao  com  a  mefma  folemnidade  ,   que  nos 
dias  anteriores ,    Reys  ,    e  Principes  juntamente. 
Fizerao-Ihe  aftiftencia  muitos  Senhores ,  e  Senho- 
ras  da  Corte  de  CafteJIa ,  e  dous  Criados  da  Serenif  ■ 
iima  Senhora  Rainha  Catholica. 

25  Erao  as  duas  da  tarde,  quandoSuas  Magef 
tades,  e  Altezas  partirao  de  Elvas  cm  duas  Eftufas, 
feguidos  nao  mais  que  de  feus  Criados,  conduzidos" 
Jviftao-fe  outra  ^^  defoito  cocheSj,  como  quem  hia  particular,  e  nao 
•vez  hwnaf,  c  oti-  publicamente  com  o  feu  Eftado.  Quando  chegarao 
TA&ft"'  ^^  ^^'^ '  acharao  ja  efperando  no  Palacio  as  pcfioas 
Cdia^  Keaes  de  Caftella.  Logo  que  fe  aviftara6,paftara6  as 

Senhoras 


e 


dos  Principes  do  Braz^it,  Lkro  IIL  2  yj 

Senhoms  Princezas  a  ciimpnmentar  a  fetis  Auguftos  1720 
Pays.  O  mefmo  fizerao  as  Mageflades,  fem  myfte- 
rios,  e  ceremonias'  politicas.  Seguirao  o  feu  exemplo 
"os  Senhores;  e  Senhoras  de  ambas  as  Na^oens,  tra- 
tando-fe  de  parte  a  parte  comamaior  policia ,  e 
amizade.  Eftiverao  fallando  em  pe  mais  de  duas 
horas ,  fendo  o  thema  efpecial  da  ccnverfa^ao  o 
exercicio  daca^a,  que  era  muito  dainchnacao  de 
E!-Rey  Catholico.  Eritrando  depois  para  a  Sala  do 
meio  do  PaL^cio  do  Caia  ,  alli  continuarao  a  fua 
fuaviflima  pratica.  Eftavao  deftinados  para  cantar 
os  Muficos  daCamrara  de  humas,  e  outras  Mar 
geftades :  potico  porem  fdi  o  tempo  que  tiverao 
para  efta  dihgencia  ,•  porque  a  converfa^ao  em  que 
fe  entretiverao j  por  tao  pJacida,  fez  a  melhor 
confbnancia  nos  ouvidos  daqueJJes  Reaes  Senho-' 
res ,  e  tiverao  menos  Jugar  os  Muficos  de  exercer 
nefta  occafiao  os  primores.  da  fua  harmonia*  Def- 
pedirac-fe  quafi  Ave  Marias ,  hcando  concertados 
em  fe  tornarem  a  ver  naquelle  fitio  a  vinte  e  feis 
defte  mez.  Nefta  noite  ,  aifim  conio  nas  prece- 
dentes ,  fe  repetjrao  de  huma ,  e  outra  parte  as 
coflumadas  demonllra^oens  de  feflejo ,  e  alegria. 

26  Nofeguinte  dia  mandou  El-Rey  Catholi- 
co.,,,  que  fe  fizeife  pubhca  a  refoJu^ao  ,  em  que  en- 
trara  ,  de  pailar  de  Badajos  a  Cidade  de  Sevilha 
com  a  Senhora  Rainha  Cathohca;  os  Sereniilimos 
Piincipes  das  Aflurias,  osSenhores  Ii\fantes ,  acom- 
panhados  todos  da  ReaJ  FamiJia  de  ambos  os  fe- 
xos ,  que  partira  de  Madrid  a  fazer-Ihes  airrflen- 
cia  nefla  jornada.  Tambem  determinou ,  que  fof^ 
fem  fervindo  a  Senhora  Princeza  das  Aflurias,  a 
fua  Camareira  mor ,  huma  das  fuas  Damas ,  huma 
SenJiora  de  honor ,  a  (ua  A^afata ,  tres  Camarif^ 


tas 


j 


27^8  HtjloriaVanegyrica  dos  dejpoforws 

1729,  t-as  >  e  o  Padie  LaubriifTel ,  Confeflbr  deSuaAl- 
teza.  Tornarao  ajantar  Suas  Mageflades,  e  Alte- 
zas  de  Portugal  publicamente.  A'  tardinha  forao 
as  Senhoras  y  Rainha ,  e  Princeza  vifitar  o  Moftei- 
ro  de  Santa  Ciara.  Eftavao  as  Rehgiofas ,  que 
grandemente  defcjavao  ver  a  Sua  Mageftade,  e 
Alteza ,  aparelhadas  para  a  vifita ;  como  porem 
era  ja  tao  tarde>  a  penastiverao  tempo  asmefmas 
Senhoras 'de  fazei;  Ora^ao.  Nefte  mefmo  dia  fahi- 
rao  tambem  paiticularmente  El^-Rey,  o  Sereniiri- 
moPrincipe>  e  os  Senhores  Infantes,  a  tomar  o 
feu  paireio.  Entao  mefino  banqueteou  Diogo  de 
Mendon^a  Corte-Real ,  Secretario  de  Eftado  ,  a 
muitos  Senhores  da  Corte  del-Rcy  Catholico  ,•  mui- 
tos  dclles  feiis  amigos  veteranos,  defde  o  tempo  , 
que  afliftira  por  Inviado  em  Madrid,  c  a  quem  fe 
fizera  muito^  aceito  pela  fua  fabedoria ,  prudencia, 
e  mais  virtudes ,  em  que  verdadeiramente  foi  fu- 
periormente  inftgne. 

27     Determinou  El-Rey  D.  Joao  divertir  no 

outro  dia  a  Senhora  Piinceza.  do  Brazil ,  na  ca^a 

dos  coelhos  de  huma  pequena  Coutada  de  Villa- 

boim,  pertencente  a  SerenifTima  Cafa  de  Bragan- 

Divenem-fe Suas  i^-    Ordenou  Fernao  TcIIes  da  Silva,    Monteiro 

Magejiades ,  e,  mof  do  Reyno  a  batida ,  e  efta  era  a  fua  dilpofi- 

Ahezas  na  cafa       -< 
da  Contada  de      §^^  ; 
Villabom,  ^,^ 

C    \  Uatro  Couteiros  adiante,  acavallo ,  com  fuas 

'^  efpingardas. 

Oito  trombetas  de  caca ,  cada  hum  fe2;undo  a  fua 

graduagao  j   veftidos  de  verde  ,  e  tao  agaloados 

de  prata,  que  apenas  fe  Ihe  divifava  a  cor  das  Yi- 

bres. 

Duas  partidas  na  frente  ,  cada  huma  de  feis  Con- 

teirosj 


dos  Principes  do  Bra^it,  Li^vro  Ill>  2  79 

teiros ,  commandada  por  hum  Monteiro  mor  da       172  g 

Comarca. 
Oito  partidas  dc  oito  Coiiteiros  a  cavallo,  com  fuas 

elpingardas  ,•  cada  Iiuma  femelhantemente  com- 

mandada. 
Cincoenta  e  quatro  Batedores  do  mato,  a  pe  ,•  ca- 

da  hum  com  feu  ^abujo  atrelado ,  e  com  fuas 

armas,  e  choupas  ao  modo  de  mo^os  do  Monte. 
Tres  Emprazadores. 

Quarenta  e  fete  mo^os  do  monte ;  a  cavallo. 
Hum  China,  bem  montado,  com  feis  cavallos  de 

mao  para  o  Monteiro  mor,  conduzidos  por  feis 

palafreneiros ,  tambem  a  cavallo. 
Seis  Monteiros  mores  das  montarias, 
Quatorze  Officiaes ,  ou  Couteiros  das  Coutadas. 
Trinta  e  fete  Monteiros  pequenos. 
O  Miniftro  gerai  das  Coutadas ,  para  expedir  as 

ordens. 
O  Monteiro  mor  em  huma  berlinda ,  a  feis. 
Dous  carros  para  a  ca^a ,   pintados  de  prata ,  e 

verde ;  ambos  de  elegante  artificio ,  e  tirado  ca- 

da  hum  por  feis  mulas. 
Duas  azemolas  para  o  mefmo  miniflerio. 

De  mais  defta  venatoria ,  e  Real  comitiva ,  houve 
de  fora  hum  grande  concurfo ,  ja  pela  recreacao 
daquelle  exercicio,  eja,  o  que  he  mais  certo, 
por  teilemunhar  o  devldo  obfequio  do  feu  Sobe- 
rano. 

28     Foinefte  dia  o  Patriarca  ao  Pa^o  pedir  li- 
cen^a  aEl-Rey  parapartir  paraEvora,  eefperar 
alli  por  Sua  Mageftade.  Aififtio  a  mefa  do  mefmo 
Senhor  em  particular  ,  como  tambem  as  dos  Prin-   , 
cipes  em  publico ,  e  em  todas  eftas  partes  fe  Ihe  fi- 

zerao 


1729- 


iSd  Hiftcria Panegyrica dos defpoforios 

zerao  as  honras  coftumadas.  Pela  huma  da  tarde 
partio  EI-Rev ;  o  Serenillimo  Principej  eosSe- 
nhores  Infantes ,  D.  Francifco,  eD.Antonio,  pa" 
raamata  de  Viilaboim.  Hiao  acompanhados  dos 
feus  Criados,  e  forao  ver  primeiramcnte  a  Villa, 
c  fazer  Ora^ao  a  Igreja ,  qiie  he  da  aprefenta^ao 
da  Caia  de  Braganca,  cujo  Ducado  anda  no  Sere- 
niflimo  Prmcipe  do  Brazil.  Com  efta  occafiao  fez 
o  Prior  da  mefma  Igieja  a  El-Rey  efta  particular 

O  R  A  q  A  6. 

OPrior  de  Villaboim  ,  fe  offerece  aos  pes 
de  V.  Mageftade  Soberana ,  applaudin- 
do  os  Regios  dcfpoforios  dos  AltiiTmios 
Principes ,  pedindo  humildemente  a  Deos  Se- 
ff  nhor  Nollb,  fejao  felizes  na  gra^a ,  efer\ico 
„  do  mefmo  Deos ,  e  em  fecundidade  da  Regia 
prole ,  e  faude  inteira  ,•  e  que  efta  feja  perma- 
nente  a  toda  a  Cafa  Real  ,  para  gloria  maior 
defta  Monarquia ;  aflbmbro ,  e  admira^ao  do' 
mundo  todo. 


V 


29  Partirao  finalmente  dalii  os  mefmos  Senho- 
res,  e  detendo-fe  hum  breve  efpago  em  quanto  nao 
chegarao  as  Sereniflimas  Senhoras,  Rairiha  >  e  Prin- 
ceza  ,•  logo  que  eftas  vierao ,  fe  apearao  do  coche, 
metendo-fe  em  huma  feje  volante  :  as  Damas  po- 
fem,  nao  fahirao  das  fuas  berhndas.  Quando  finaf- 
mente  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  entrarao  na  ma- 
ta  de  Villaboim ,  acharao  ja  o  Monteiro  mor  for- 
mado  com  a  fua  ja  referida  comitiva.  Apearao-fe 
as  pefiToas  Reaes ,  e  forao  penetrando  aqueila  ma- 

ta: 


dosPrincipes  do  "Bra^ily  Li^vro  111,  2  8 1 

ta:  ao  mefmo  tempo  fe  efpalhirao  os  Monteiros/e       aT^O. 
vicrao  batendo  o  mato  por  todas  as  partes ,  para 
aquella,  em  que  ellavao  Suas  Mageftades,  e  Altezas.  , 

Forao  muitos  os  tiros  que  fe  fizerao  ,•  e  a  Senhora 
Princeza  do  Brazil ,  que ,  aifim  como  tanto  fe 
diftingue  nas  relevantes  prendas  da  erudi^ao ,  mu- 
fica  ,  dan^a ,  e  bordadura ,  nao  he  menos  fmgular- 
mente  infigne  na  da  ca^a,  em  pregou  tres  com  fum- 
ma  deftreza ,  matando  a  efpingarda  dous  coelhos  na 
carreira  ,  o  que  foi  de  fummo  gofto  para  Suas  Ma- 
geftades,  e  para  todos  de  grande  admiragao.  Hou- 
verao-fe  a  mao  alguns  coelhos  vivos  ,•  e  foltando-fe 
todos  a  fua  vifta ,  atirou  ella  a  hum  delles,  e  matan- 
do-o ,  o  Duque  de  Cadaval  Eftribeiro  mor  o  fez 
embalfamar.  Quando  Suas  Mageftades,  concluido 
efte  divertimenro  ,  fe  recolherao  aElvas,  era  ja 
quafi  noite  ,•  e  foi  ella  tao  igualmente  feftiva  ,  co- 
mo  as  antecedentcs.  Nefte  dia  foi  avifado  Alexan- 
drc  de  Moura,  para  poder  veftir  a  Beca,de  que  Sua 
Mageftade  Ihe  fazia  merce. 

30  Attento  El-Rey  D.  Joao  as  grandes  molef 
,  tias  do  Marquez  de  Abrantes ,  que  viera  condu- 
zindo  a  Senliora  Princeza  do  Brazil  ate  o  Caia  _, 
e  nefte  dia  fe  havia  ido  defpedir  de  Suas  Magefta- 
des  Catholicas,  a  Badajos ,  o  aliviou  da  commiftko 
da  fua  Embaixada  ,  dando-Ihe  Jicen^a  para  elle  po- 
der  reftituir-fe  a  fua  cafa  ,  a  tratar  da  fua  faude.  A 
vinte  e  feis  deo  o  mefmo  Marquez  Embaixadbra 
Senhora  Princeza  do  Brazil  hum  Sagui ,  e  hum  ga- 
lante  negrinho,  veftido  de  panno  verde,  agaloa- 
do  de  prata.  No  mefmo  dia  partio  o  Senhor  Patri- 
arca  de  Elvas  ,  falvado  de  tres  defcargas  de  arti- 
Iheria  ,  e  repicando  todos  os  fmos  da  terra.  Sua 
Mageftade  para  fubftituir  a  falta  do  Marquez  de 

Nn  AbranteS; 


282    Hiftorid  Tanegjrlca  dos  dejpoforios 

1720,  Abrantes,  ordenou  a  Pedro  Alvares  Cabral,  Se- 
nhor  de  Azurara  ,  e  Alcaide  mor  de  Belmonte , 
que  fe  paflaile  a  Caftella ,  com  o  cara6ler  de  feu 
Plenipotenciario ,  aifmando-lhe  por  companheiro, 
Martinho  de  Mendon^a  de  Pina ,  e  Proen^a.  O 
Plenipotenciario  foi  avifado  pelo  Secretario  de  Ef 
tado  Diogo  de  Mendonca  Corte-Real,  por  elle 

T  E  O  R. 


n 


1} 


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HAvendo  o  Marquez  de  Abrantes  reprefen- 
tado  a  Sua  Mageftade,  achar-fe  com  acha- 

„  ques ,  que  necelfitavao  de  pronta  cura ,  foi  o 
mefmo  Senhor  fervido  refolver ,  que  fe  pudelfe 

„  curarj  e  iendo  conveniente  que  a  Corte  dos  Reys 
Catholicos  nao  efteja  fem  Miniftro  defta  Corte 
na  prefente  occafiao  ,  attendendo  Sua  Magefta- 
de  as  qualidades ,  merecimentos ,  e  mais  partes 
que  concorrem  na  peftba  de  V.  Senhoria  ,  foi 
fervido  nomeallo  feu  Plenipotenciario  ,  para  que 
como  tal,  refida  na  dita  Corte ,  o  que  participo  a 
V.  Senhoria,  que  o  tenha  entendido  ,  e  que  ha 

„  de  iegiiir  logo  a  mefma  Corte.    Deos  guarde  a 

„  V.  Senhoria.  Elvas.  25.  de  Janeiro  dc  1729. 

Diogo  de  Mendonga  Corte-ReaL 

O  Plenipotenciario  paftbu  a  exercer  efteftivamente 
a  fua  commilfao  ,•  e  depois  de  haver  aprefentado 
as  fuas  credenciaes ,  foi  feguindo  a  Corte  Catholi- 
ca,  acompanhando ,  e  fervindo  a  Serenilfima  Se- 
nhora  Princeza  das  Afturias ,  a  quem  alliftio  na 
Corte  de  Sevilha ,  e  de  outros  pbrtes  de  Andalu- 
zia ,  ate  que  ella  entrou  finalmente  na  Corte  de 
Madrid.  ^i     Djf 


dos  Frincipes  do  "Bra^ili  Livro  III  285 

^51,  Defde  que  humas,  e  outras  Mageftades  17 ZQ' 
chegarao  as  fronteiras  de  Badajos,  eEIvas,  efe 
aviilarao  no  Ciia ,  nao  houve  indiante ,  que  nao 
foire  do  maior  alvoro^o ,  e  regozijo.  Em  todos  eC- 
tes  dias  erao  continuadas ,  e  jreciprocas  as  yifitas  de 
ambas  as  Cortes.  Viiihao  da  de  Caftella  quotidia- 
namente  muitas  Senhoras,  e  Senhores  vifitar  a  Se- 
renifTmia  Princeza  do  Brazil  ,•  e  aflim  mefmo  da 
noffa  ,  partiao  a  cada  hora  as  peflbas  da  primeira 
qualidade  a  cumprimentar  a  SereniiTima  Princeza 
das  Afturias.  AiTim  em  huma ,  como  em  outra  par- 
te ,  erao  recebidos  gratiirimamente  dos  Soberanos^ 
que  Ihe  davao  franca ,  e  benevola  audiencia.  Entre 
as  que  da  Corte  de  Caflelia  vierao  obfequiar  a 
Senhora  Princeza  do  Brazil,  merecerao  elpecial 
atten^ao  a  Duqueza^  de  Offuna ,  e  hum  grande  nu- 
mero  de  Grandes  da  Corte  Catholica ,  o  Conde  de 
Koninfegh ,  Embaixador  Imperial  a  EIRey  Catho- 
hco ,  muitos  Senhores  ,  e  Cavalleiros  de  Franca, 
a  Camameira  mor  da  Senhora  Princeza  das  Afturias, 
e  outras  miuitas  Damas ,  e  Sehhoras.  Todos  eftes 
tiverao  a  honra  de  fallar  a  Sua  Mageftade ,  e  a  Se- 
nhora  Princeza  do  Brazil  na  fua  Camara.  A  o  mef- 
mo  tempo  faziao  diftribuir  humas  ,  e  outras  Ma- 
geftades  grande  numero  dejoyas  preciofiifimas , 
aifmi  pelos  Ofiiciaes  das  fuas  Cafas ,  como  pelos 
Senhores ,  e  Damas  de  hum ,  e  outro  Palacio ,  e 
ja  fallamos  acima  na  generofidade ,  com  que  El- 
Rey  D.  Joao  tinlia  mefa  franca  para  todos,  os 
que  queriao  fervir-fe  della  ,  para  cada  hum ,  fe- 
gundo  a  fua  esfera ;  mas  com  a  mais  lauta  grande- 
za  ,  que  continuou  ate  Sua  Mageilade  fe  reilituir 
a  Lisboa.  Por  efte  tempo  faindo  a  Senhora  Prin- 
ceza  das  Ailurias  aprimcira  vezaca^a,  e  matan- 

>Nn  ii  do 


284  Hifioria  Penegyrica  dos  defpojofios 

^'^^:*  ^^  huma  lebrC;  a  mandou  por  hum  poftilhao  a  Se- 
^  '  '  reniflima  Rainha  fua  May.  El-Rey  D.  Joao  obfer- 
vou  nefte  tempo  ,  com  aquella  fua  grande  ciencia, 
e  penetra^ao  a  Fortifica^ao  da  Pra^a  de  Elvas  ,  e 
examinou  os  arma^ens  das  Armas ,  que  eftavao  re- 
partidos  com  amelhor  ordem  ,  e  economia.  AsSe- 
renilfimas  Senhoras,  Rainha,  e  Princeza,  paftarao 
ao  Forte  de  Santa  Luzia  _,  e  difcorrerao  pelas  mu- 
ralhas ,  de  que  fe  logra  a  vifta  da  mais  amena  ,  e 
deliciofa  campanha. 

32  Tornarao  finalmente  humas ,  e  outras  Ma- 
geftades ,  e  Altezas  a  aviftar-fe  particularmente  no 
Caia ,  para  onde  partirao  pela  huma  da  tarde  no  dia 
apalavrado  de  vinte  e  feis,  Nefte  mefmo  dia  tor- 

.  narao  as  Sereniffmias  Princezas,  Suas  Mageft:a- 
des ,  e  Alcezas,  e  os  Senhoies  ,  e  Senhoras  ,  a 
paflar  de  hum ,  para  outro  diftrifto  com  mais 
amigavel ,  e  benevola  correfpondencia.  Entrdrao 
depois  a  hum  tempo  todos  os  mefmos  Senhores  na 
Cafa  do  meio  do  Palacio  ,  e  alli  fe  tornarao  a  abra- 
^ar_,  e  fallar  com  o  mais  affedtuofo  carinho,  A  fabo- 
rofi  converfa^ao  em  quc  fe  entretiverao ,  Ihes  foi 
mais  harmonica  y  do  que  a  dos  Muficos  das  Reaes 
Capellas ,  que  ouvirao  aftentados ,  em  que  often- 
tarao  as  maiores  delicadczas  da  ciencia  mufica  em 
quatro  bellas  cantatas  Italianas,  que  de  cada  parte 
fe  cantarao.  Como  efte  era  o  ultimo  dia  deftas 
Reaes  viftas ,  foi  mais  cuftofa  a  fepara^ao  ,•  e  foi 
necefl^ario  que  concorreife  grande  parte  da  noite , 
que  era  paliada,  para  que  fe  deflem  o  derradeiro  a 
Deos. 

33  Parrirao  finalmente  Suas  Mageftades,  e 
Altezas  do  Caia,  depois  das  fete  da  noite ,  e  chega- 
rao  a  Elvas ,  que  agora  fe  illuminou  ,  e  regozijou 

com 


dos Prlncipes  do BrazJU Livro III,  2%^ 

com  tantos  feftejos  ,  como  quem  queria  por  a  ulti- 
ma  coroa  as  grandes  .dem.onftra^oens  de  contenta- 
mento  ,  com  que  em  tantos  dias  ^  e  noites  havia 
applaudido  a  feus  Soberanos.  Nefta  mefma  noite , 
em  que  fe  deo  ordem  p^ra  partir  no  outro  dia  para 
Lisboa  ;,  fez  Sua  Mageftade  ao  Marquez  de  Alfa,  a 
merce ,  que  confta  da  feguinte 


1729. 


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V 
V 


J) 


C  O  P  I  A.     .j 

TEndo  confidera^ao  aos  fervi^os  j  e  meijeci- 
mentos  do  Marquez  deAfla,  Meftre  de 
Campo  General  dos  meus  Exercitos ,  com  exer- 
cicio  nefta  Provincia,  hei  por  bem  fazcr-lhe  mer- 
ce ,  de  que  ven^a  o  Coldo  do  dito  pofto ,  |)or  in- 
teiro  )  fem  defconto  dos  cinco  dias ,  fem  embar- 
f^o  das  novas  ordenancas  ,  e  de  qualquer  ordem 
eni  contrario,-  o  qual  come^ara  a  vencer  do  pri- 
nieiro  de  Novembro  palfado,  em  diarite.  Elvas^ 
26  de  Janeiro  de  1729. 


R    E    Y. 


Fez  tambem  merce  da  Beca  a  Jofeph  Pereira  de 
Soufa ,  Auditor  geral  da  gente  de  guerra,  naquella 
Pra^a.  A  Joao  da  Silva  de  Miranda ,  Juiz  de  fora 
da  mefma  Cidade  de  Elvas ,  e  dera  muito  boa  re- 
zidencia  defte  lugar,  nefte  mefmo  dia,  fez  Sua  Ma- 
geftade  merce  de  huma  Provedoria  ordinariav 


LI 


2S6  Hiftoria  Fanegryica  dos  defpoferios 


IJ2  9' 


L  IV  Pv  O    IV- 

S  W  M  M,  A  R  I  O. 

ARTEM  as  MagefladeSy  .■ 

e  Altezas  da  Corte  CcithG- 

Ika^  de  Badajos  para  Sc- 

vilha.  Shem  as  de  Pcrtu- 

gal ,  de  E/vas  para  Lis- 

boa.    Divertem'-Je  na  ca- 

§a ,  na  Tapada  de  Villa- 

vi^ofa.  Partcm  da  mefma 

Villa.  Chegao  a  Evora.  ApplaufoSy  com  qm  fao 

..  j  re^iebidos  nejla  Cidade.  Della  parte  o  Infante 

.   p.  Francifco  para  Lishoa.  Gra^as  de  El-Rey 

.^^.  Joao  aV .iverjidade  de  Evora.    Sucefjos 

;  acontecidos  nefte  tempa,  Da-fe  avifo  aos  Titti- 

los  para  partirem  para  Aldeia  Galiega ,  e  nao 

pafjarem  dalli  para  Lishoa  yfenao  em  compa- 

nhia  das  pejfoas  Reaes.  Chegao  ejias  a  mefma 

Villa.  Difpojipens  para  pafjarem  a  Corte  de 

Lishoa.  Embarcao  para  efia  Cidade.  Dejem- 

harcao  em  Beiem.  Partem  daquipara  Lisboa. 

Triunfo  j  com  que  Jao  recebidos  na  mefma  Ci- 

dade. 


j 


A'  refoluta ,  como  diflemos ,    por  Sua 


Partem  os  Reys 

?MR"j'ca}t       '      tJMageftadeCatholica.,  aReaijornada, 

de  Badajds  para  que  determinava  fazer  a  Andaluzia  ,  fahirao  com 

Sevilha.  Su^s  Mageftades  Cathoiicas,  os  SereniiTimos  Princi- 

pes  das  AfturiaS;  os  Senhores  Infantes ,  D.  Carlos, 

D.  FiHppe  ,  e  toda  a  fua  Corte ,  da  Pra^a  de  Bada-, 

jos 


dosTrincipesdoira^ULivrolV^  287 

j6s  pelas  duas  para  as  tres  da  tarde.  Forao  affiftindo  1720. 
a  Sua  Mageftade  os  Embaixadores,  e  Miniftros  Ef- 
trangeiros :  e  pofto  que  nao  tinhao  clFa  precifao, 
alcan^arao  o  Real  beneplacito  ,  para  tambem  Ihe 
irem  fazendo  Corte  outros  muitos  Senhores ,  pof 
to  que  por  differentes  caminhos ,  por  obviar  a  in- 
commodidade  dos  alojamentos.  Outros  muitos  Se- 
nhores ,  Damas,  Senhoras,  eCriados  dasReaes 
Familias ,  tiverao  ordem  para  paflar  de  Badajos  a 
Madrid ,  e  aiTim  o  Hzerao ,  fahindo  a  vinte  e  nove 
defte  mez  daquella  Praga  ,•  e  pofto  que  a  diftancia 
que  ha  della  a  Cidade  de  Sevilha ,  para  onde  via- 
java  efta  Real  comitiva,  he  de  trinta  e  duas  le- 
goas ,  para  melhor  commodidade  defta  viagem, 
dividio-fe  o  roteiro  em  oito  jornadas  :  nefta  pri- 
meira ,  forao  fazer  noite  a  Lobon  ,  lugar  diftante  . 
cinco  legoas  de  Badajos.  Pernoitarao  na  outra  em 
Fuente  del  Maeftre ,  e  aftim  forao  continuando  , 
por  eftas  pequenas  jornadas  ,  a  fua  rota  ,  fegundo 
ella  fe  havia  premeditado. 

2     Univerfalmente  erao  recebidos  em  todas  as  ChegaoaSevilha; 
partes  a  que  chegavao  com  as  mais  feftivas  demonjf  ^PP^^jif"^  ^om 

^  ^  ■'-^  r    •  j  j       n  ^ti^  pM  recebtdos 

tra^^oens  ,•  mas  inhnitamente  excedeo  todo  elte  ap-  jieJlaOdade. 
plaufo  a  nobililfima  ,  c  riquilfima  Cidade  de  Se- 
vilha,  aonde  chegarao,  eforao  recebidos  com  a 
oftentacao  mais  pompofa  cm  tres  de  Feve1'eiro. 
jLevantarao-fe  fete  arcos  triunfaes  de  foberbiftima 
arquite(!:lura  ;  paramentarao-fe  as  ruas  com  a  mais 
brilhantc  gala.  Defterrou-fe  o  horror ,  e  trifteza  da 
noite  com  geraes  illumina^oens ,  fogos  de  artificio, 
1  mafcaras,e  outros  infinitos  feftejos,  Depois  queSao 
Fernando  III.  Rey  de  Caftella  ,  e  de  Leao  ,  rom- 
peo  melhor ,  do  que  Alexandre ,  o  no  Gordiano 
com  a  fua  invi6lai|^e  fanta  efpada  o  vioiento  jugo 

Aga- 


-2? 8    HiftoriaFanegyrlcadMdefpoforios 

IJ29  Agareno,  que  o  opprimia,  ja  mais  havia  tornado  a 
yer  o  Betis;  hum,  como  efte,  tao  gloriofo  dia.  Mas 
que  muiro  ,  ie  agora  fe  via  na  prefenga  de  outro 
Real  Fernando,  que  Ihe  nao  fazia  conceber  meno- 
res  efperan^as '  de  novas ,  e  nao  menos  grandiofas 
exakagoens. 

,3     Logrou  efta  Cidade ,  (aonde  em  defafete  de 

Novembro  defte  mefmo  anno  ,  deo  a  SerenilTima 

Rainha  Cathohca  a  luz  huma  bellilTima  Infanta) 

a  fortuna  ,  e  honra  de  repetir  nefta  occafiao  mui- 

tas  vezes  os  mefmos  applaufos  aos  feus  Auguftos , 

Soberanos  Principes ;,  e  Reaes  Infantes  no  largo 

tempo ,  que  aqui  fe  detiverao ,  como  nas  muitas 

vezes  j  que  nella  entrarao;,  depois  de  fe  andarem 

.  logrando  de  efpeciaes  intretenimentos  em  Cadis , 

na  liha  ,  Porto  de  Santa  M ARIA ,  San  Lucar  de 

Barrameda ,    Granada ;,    e  outras  povoacoens  da 

Andaluzia  ,  pelo  difcurfo  dos  quatro  annos ,  em 

quanto  nao  chegou  o  de  1733.  em  que  fe  reftitui- 

rao   a  Corte  de  Madrid.   Em  todas  eftas  partes , 

erao  recebidos  com  os  mais  obfequiofos  applaufos, 

e  feftejos,    fmgularizando-fe    infignemente  neftas 

devidas    demonftracoens  a  Cidade    de  Granada , 

que  recebeo  a  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  com  as 

mais  altas,  e  oftentofas  demonftra^oens  de  refpeito, 

afFefto,  egrandeza.  Levantou  ella  muitos,  e  pom- 

pofiftimos  arcos  triunfaes  ,•  e  de  dia ,  e  de  noite  nao 

ceftbu  de  applaudir ,  por  nao  dizer  adorar ,  a  feus 

Principes ,  e  Senhores.  Como  o  nomc  de  Fernan- 

do,  Ihe  he  tao  grato,  agora  que  via  outro,  de 

quem  efperava  novos ,  e  nao  menos  gloriofos  luf 

tres ,  e  aufpicios ,  do  que  recebera  de  feu  Inclyto, 

eReal  Libertador,  tudo  Wiq  parecia  pouco  para 

teftenjunho  do  feu  amor ;  e  deaa^ao.  I 


do^Frmcipesdo^Bra^liLivroIV.  289 

4  Inclinamo-nos  a  fentir ,  que  antes  quc  paiTe-  1720, 
mos  a  rratar  da  volta  que  iizerao  os  SerenilTimos 
Reys  de  Portugal  a  Corte  de  Lisbba ,  com  que 
intentamos  coroar  efte  nofTo  tao  vulgar  efcrito ,  fa- 
remos  alguma  efpecie  de  lifonja  aoLeitor  ,  referin- 
do  nefte  Jugar  liuma  noticia  de  bom  gofto  ,  acon- 
tecida  pouco  depois  que  as  Mageftades  Catholicas 
entrarao  a  primeira  vez  na  referida  Cidadc  de  Se- 
vilha.  Convidou  efta  a  Suas  Mageftades  ,  e  Alte-  ■^cfao  heroka  do 
zas  para  o  entretcnimento  de  huma  batida  de  lobos.  ^!l"-^i^^  ^^  ''' 
Perfiftia  a  efte  tempo  o  Sereniftimo  Principe  das 
Afturias  ao  lado  de  fua  R(j^l  Conforte ,  quando  a 
pouca  diftancia  vinha  acometendo  a  ambos  os 
mefmos  Senhores  noivos ,  hum  touro  ferociftimo. 
Adiantou  o  Sereniflimo  Principe  D.  Fernando  de 
Bourbon  o  cavallo  ,  para  fervir  como  de  efcudo  a 
Sereniftima  Princeza,-  e  encarando  a  efpingarda  na- 
quelle  feroz  bruto ,  empregou  nelle  tao  felizmente 
humtiro,  que  immediata,  e  fatalmente  defarmou^ 
deixando-o  morto,  toda  a  ferocidade  do  feu  br- 
gulho.  Foi  mui  celebrada  eftaac^ao,  c  applau- 
dida  com  verfos  mui  elegantes.  Nos  os  lan^aramos 
aqui  de  muito  boa  vontade ,  fe  nao  houveft^e  o 
inconvenientc  dc interromper  o  fio  dahiftoria,'e 
intrometter  verfo ,  c  profa.  Ao  menos  ie  nos  pcr- 
mitta  ,  ou  fe  nos  difculpe  repetir  fempre  ncfte  lu- 
gar  os  veribs  ,  com  que  celcbrou  tanto  aftumpto, 
Eugenio  Gerardo  Lobo,  fuppofto  que  o  nome  def- 
te  iliuftre  Poeta ,  coino  tao  cJaro  nas  Hefpanhas ,, 
fe  faz  tao merecedor  defta  atten^ao.  ;•       • 


Oo  Sao 


spo  Hifiorta  Fanegyrica  dos  defpoforws 

2720.  S^o  os  deftc  grande  engenho. 

S     O     N    E     T     O. 


A 


Trevido  y  qual  ^upiter  ,  queria 
lunado  hruto  de  rahlofafana , 
prefumiendo  fer  Coffo  /a  ca?npana  , 
en  Europa  turhar  la  luz  de  el  dia. 

Sale  a  el  encuentro  para  fu  ojadia 

el  Real  Garzon  ,  delicias  de  la  Hejpafia , 
fulmina  elplomo ,  y  con  aciei^to  haiia 
defangre  el  camfo^  el  Betis  de  alegria. 

Oh  dichofo  ,  un  acajo  contingente , 

que  esya  enjucejffo  un  exemplar  fecundo 
de  lo  heroico  ,  lo  amante  y  y  lo  valiente  1 

Yy  oh  felice  cadaver  Jtn  fegundo  y 

cuya  purpura  es  riego  permanente        \ 

de  la  efperanza  y  que  hafcmhrado  elmundo  \ 

Partetn  of  Reys      5     Onze  feriao  da  manhaa  do  mefmo  dia ,  eni 

de  Por'tugal ,    e  que  Suas  Mageftades  Cathoiicas  deixarao  a  Pra^a 

Suas  Altezas,  de  ^   Badajos ,  quando  os  Sereniffimos  Reys  de  Por- 

boa.  tugal ,  e  Suas  Altezas  lahirao ,  como  ja  dillemos 

fe  havia  determinado ,  da  de  Elvas ,  que  falvou  aos 

mefmos  Senhores  com  tres  defcargas  de  artilheria, 

Ao  ir  fahindo  daquella  Praga,  encontrou-fe  El-Rey 

com  o  SantiflTimo  Sacramento ,  que  vinha  de  fe  dar. 

por  Viatico  a  huma  pobre  mulher.  Foi  acompa- 

nhando  ate  a  Igreja  0  SENHOR  ,  a  Quem  man- 

dou  dar  dez  dobras  dl  efmola ,  e  oito  a  doente. 

6     Concluida  efta  tao  religiofa  ,  e  clemeiite  ac- 

^ao  ,  fe  profeguio  a  jornada ,  tomando  o  caminho 

de  Villa-vi^oia.    Quando   efta  Real   companhia 

chegou  a  Borba ,  iahio  a  Ordenan^a  da  terra  a  rc- 

ceber 


dos  Principes  do  ^ra^iU  Livro  W'  291 

ceber  k  Suas  Mageftades  ,  difpofta  em  duas  alas>       172Q. 

pelas  ruas  por  onde  haviao  de  fazer  tranfito.  Quan- 

do  hiao  pailando ,  ^c  atirarao  muitos  tiros ,  que 

fe  alternarao  com  os  repetidos ,   e  incefTantes  vi- 

vas )  e  acclamagoens  populares.  Recebeo ,  e  cum-  , 

primentou  a  Camara  da  Villa  aos  mefmos  iLeaes 

Senliores ,  com  as  coftumadas  ceremonias. 

7  Nao  foi  muita  a  deten^a  que  aqui  fizerao  j 

e  profeguindo  a  fua  jornada  ,  chegarao  pouco  de-  Chega.  a  Filla-vii 

pois  de  Ave  Marias  a  Villa-vi^ofa  ,  aonde  tres  Re-  ^^''' 

gimentos  de  Infantaria ,  e  hum  de  Cavallaria,  que 

os  eftavao  efperando ,  os  falvarao.  Forao  apear-fe 

Snns  Mageftades  a  porta  que  vai  para  a  Capella 

Ducal,  aonde  forao  recebidos  do  Deao,   e  mais 

dignidades  della ,  debaixo  de  pallio.  Cantado  com 

toda  a  plaufibilidade  oTe  Deum,  fe  meterao  ou- 

tra  vez  eftes  Senhores  no  coche ,  e  forao  vifitar  3 

Igreja  daConcei^ao  Immaculatilfima  da  Senhora, 

Padroeira  defte  Reino^   e  ultimamente  fe  recolhe- 

rao  a  Palacio.  Houve  nefta  noite ,  aflim  como  em 

todas  as  outras  em  que  durou  efta  Real  jornada  , 

'uminarias  gcraes,  repiques ,  muito  fogo  doar, 

falvas  repetidas  do  Caftello,  e  muitos  outi-os  gene- 

ros  de  feftejos ,  e  applaufos.  No  Pa^o  houve  fe-» 

renata.  Nefte  dia  deo  o  Secretario  de  Eftado  T)ich 

go  de  Mendon^a  Corte-Real ,  outra  mefa  de  Efta- 

do ,  femelhante  ,  a  queja  diftemos,  que  omefmo 

Miniftro  deo  em  Elvas ,  quando  Suas  Mageftades  > 

e  Altezas  chegarao  de  Lisboa  aquella  Pra^a. 

8  Tiverao  ,  no  outro  dia  vinte  e  oito  do  pre- 

lente  ,  audiencia  de  Sua  Mageftade,  o  Embaixa-  .      , 

dor  de  Caftella ,  o  Illuftnlfimo  Bifpo  de  Patara,  D. 
Fr.  Jofeph  de  JESUS  MARIA ,  da  Ordem  dos 
Pregadores ;  e  dous  Conegos.    Deo-a  tambem  a 

Oo  ii  todas 


/    2p2  HiflonaTanegyricados  defpoforios 

c 

1720         todas  eftas  pc/Toas  a  Senhora  Rainha  D.  Marian- 

na  de  Auftria  y  que  nefte  mefmo  dia ,  com  a  fua 

grande ,  e  bem  notoria  piedade,  vifitou  os  Conven- 

tos,  eMofteiros  de  Reiigiofos ,  e  Rehgiofas  da- 

quella  Villa.  Nao  Ihe  pode  fazer  companhia  a  Se- 

nhora  Princeza  do  Brazil  ,•  porque  entao  fe  achava 

moleftada  ,   pofto    que  era  a  indifpofigao  de  tao 

pouco  momento ,    que  fe  entendeo  que  nao  Ihe 

ferviria  de  embara^o  para  fe  ir  divertir  no  outro 

dia,  no  entretenimento  que  para  ellefehavia  dif- 

pofto,  da  ca^a.   O  Eminentiifmio  Cardeal  da  Cunha 

partio  nefte  mefmo  dia  de  Elvas ,  que  a  fahida  o 

ialvou  grandemente  com  a  fua  artilheria.  Repeti- 

rao-fe  nefla  noite  ,  alTim  como  em  todas  as  outras, 

que  Suas  Mageftades,  e  Altezas  aqui  fe  detiverao, 

GS  coftumados  feftejos ,  e  demoftracoens  de  gofto, 

e  congratulacao. 

Defci'igao  deVil-      9     O  nome  de  Villa-vi^ofa ,  he  hurria  como  di- 

la^vipfa.  fini^ao  da  fua  perpetua  amenidade.  Villa  dc  Flo- 

ray  Jhe  chamou  D.  Jorge  de  Almeida  de  Mene- 

zes ,  Profeftb  do  habito  de  Sao  Joao  do  Hofpital 

de  Jerufalem ,  no  feu  Poema  Epithalamico  dcftes 

Reaes  defpoforios.  Todos  os  leus  contornos  fao 

fuperabundantes ,  e  tertiliffimos  em  todo  o  gencro 

de  mantimentos.    Lc-fe  em  Blutheau ,   que  teve 

minas  de  ouro ,  e  prata ,  e  que  tambem  havia  nel- 

la  mineraes  de  excellentes  pedras  verdes ,  ou  Tur- 

quezas ,  de  que  fe  tirou  huma  grande  abundancia 

para  ornamento  da  magnifica ,  e  Imperial  obra  do 

Eicurial. 

E dtijua  Tapada.  -    lo     No  que  toca  a  fua  Tapada  ,  he  ella  huma 

d^  coufas  mais  notaveis  defta  Villa ,  e  huma  das 

mais  celebres ,  ainda  nos  Reinos  eftranhos ,  e  co- 

mo  tal,  nelles  applaudida  pelas  fuas  primeiras  pen- 

nas. 


dos  Pnncipes  do  Bra^il,  Lvuro  1 V*   29  ) 

nas.  Nao  tein  merecido  menos  applaufo  a  patria,       172Q. 

( e  com  frazes  de  ouro  a  defcreveo  no  feu  Poema 

Epithalamico  as  nupcias )  dos  SerenilTmios  Duques 

de  Bnigan^a  _,    D.  Joao  ,  que  andando  o  tempo , 

vcio  a  fer ,  entre  a  lerie  dos  Reys  de  Portugal ,  o 

IV.  do  nome  ,   com  a  Senhora  D.  Luiza  de  Guf 

mao ,  e  a  ^ue  deo  o  titulo  de  Templo  da  Memoria, 

(  digno  verdadeiramente  de  a  ter  immortal )  Mano- 

el  de  Galhe^os.  Tambem  o  Numem  felicilfimo  de 

Lopo  da  Vega  Carpio.Fenis  da  Poezia  Caftelhana, 

defcreveo  efta  mefma  Tapada  em  elegantifTunas  Oi- 

tavas;  q  dedicou  ao  Sereniflimo  DuqUe  D.  Tlieodo-' 

fio,-  aonde  ,  nao  fo  a  pinta  com  as^ntas  mais  finas 

da  eloquencia,  fenao  que  ao  mefmo  tempo  fe  mof' 

tra  propugnador  do,Direito  da  Sereniifrma  Cafa 

de  Bragan^a ,  a  Coroa  de  Portugal.  Tiverao  fem- 

pre  os  Senhores  Duques  de  Bragan^a  hum  efp^ 

cial  cuidado  da  guarda  defta  Tapadx  Teve  fem- 

pre    hum  Couteiro  mor,    que  era  bum  Fidalgo  , 

de  qualidade  ;    e  ainda  hoje  anda  efte  Titulo  na 

Cafa  dos  Condes  das  Galveas.    Tem  efta  Tapa- 

da  belliifmias  cafas  de  campo ,    muitas  Ermidas , 

'  e  outras  obras  mui  gratas ,  e  amenas.  Comprehen- 
de*tres  legoas  de  circuito ,  em  nao  poucas  partes 
huma  de  largura  ,  e  em  nenhuma  para  baixo  de 

|-  meia.  He  baftenda  de  infinito  arvoredo  ,  e  povoa- 
da  de  immenfa  caca  grofia  de  porcos  montezes, 
Veados,  e  Gamos :  nao  fe  falla  na  meuda,  que  he 
fem  numero :  alli  ha  todo  o  genero  de  Aves.  Tem 
affim  mefmo,  para  o  divertimento  da  pefca,  hum 
grande  lago  com  feu  bragantim.    ^  Blvmem.fe  Suas 

1 1     Inftando  ,  e  chamando  tao  plaufiveis  cir-  Magejiades  ,  e 
cufiancias ,  e  opportunidades  as  peflbas  Reaes  ao  ^^^^^^^f^j  ^f 
divertimento  da  ca^a ,  mandou  El-Rey  D.  Jbao  iwvifo/a. 

difpor 


294  HiftcmPanegyrica  dos  defpoforios 

1 720.  difpor  tudo  o  neceilario,  para  hiinia  batida  de  caca 
grolTa,  ao  Monteiro  mor.  Depois  que ,  excepto  a 
Scnhora  Princeza  do  Brazil  por  occafiao  da  mo- 
Jeftia  de  hmii  diriuxo  ,  todas  as  mais  pefToas  Reaes 
houverao  ailiflido  na  manhaa  defte  dia  no  Coro  da 
Igreja  da  Conccicao  da  Senhora ,  ao  Pontifical 
que  nella  celebrou  o  Gonego  da  Santa  Bafihca  Pa- 
triacal ,  D.  Francifco  de  Sales  ,  que  dcpois  veio  a 
fer  Principal  da  mefma  Bafiiica  ,  partirao  de  tar- 
de  para  a  Tapada.  Em  prompta  execu^ao  das  or- 
dens  que  diitemos ,  que  forao  dadas  ao  Monteird 
mor,  fe  poz  em  campo  eila  companhia. 

r 

> 

QUatro  Monteiros  de  frente. 
Oito  trombetas  de  caca. 

Os  Monteiros. 

Quatro  criados  do  Monteiro  mor ,  com  efpingar- 
das,  e  a  mala  do  capote. 

Seis  cavallos  de  mao. 

O  Monteiro  mor  em  hum  coche. 

Hum  coche  de  Criados. 

M090S  do  monte  a  cavallo. 

Dous  carros  com  mulas  ,  para  conduzir-fe  a  ca^a 
groiTa,  obrados  com  curiofiilima  invencao^ao 
modo  de  gaiolas  _,  para  a  ca^a  ie  poder  ver. 

Mo^os  do  monte  a  pe  em  duas  alas ,  todos  com 
fuas  choupas ,  levando  por  cordoens  de  feda 
verde ,  e  branca  os  ^abajos ,  e  caens  de  trela , 
todos  com  coleiras  de  ouro  ,  e  verde ,  e  fivelas 
de  prata  com  as  Armas  Reaes. 

12  O  mefmo  obfequio;  em  teilemunho,  ere- 
conhecimento  da  fua  grande  venera^ao ,  fizerao 
nefla  Real  montark  a  Suas  Mageilad^s,  e  Aite- 

zas 


^os Trincipes do^Bra^il) Livro IV.  295 

zas  muitos  Titulos,  Senhores,  e  outras  peflbas  1720, 
de  diflindo  cara(^l:er ;  todos  concorrerao  a  acom- 
panhar  ,  e  fervir  aos  mefmos  Scnhores^  fem  leva* 
rem ,  em  fmal  de  maior  obfequio ,  efpingardas. 
Tambem  Ihes  foi  aififtindo  o  Marquez  Embaixa- 
dor  de  Caftella  ,  que  alTim  mefmo,  por  maior  pro* 
teflagao  do  feu  refpeito  as  Mageflades ,  nao  quiz 
montar  nefla  occafiao  a  cavallo- 

1 3  Satisfez-fe  mui  plenamente  o  proje^to  def^ 
ta  Real  ac^ao.  Repetirao-fe  multiplicados  tiros , 
baterao-fe  duas  moitas  j  matarao-fe  muitas  cabe- 
^as ,  contando-fe  entre  ellas  quatorze  Veados ,  e 
hum  bom  numero  de  Gamos.  O  Senhor  Infante  D. 
Francifco  matou  cinco  rezes  ,•  O  Senhor  Infante 
D.  Antonio,  nove.  Era  do  numero  dcflas  hum  Vea" 
do  de  faganhofa  grandeza ,  e  que  como  tal ,  deo 
affumpto  a  hum  elegantilfimo  Soneto  de  D.  Fran- 
cifco  Xavier  de  Menezes ,  Condc  da  Ericeira , 
eterna  faudade  do  Parnafo  Portuguez.  Concluido 
efle  entretenimento  ,  recolherao-fe  Suas  Magefla' 
des ,  e  Altezas  affaz  divertidos,  a  Palacio.  Na  ma- 
nhaa  defle  dia  ,  partio  para  Evora ,  falvado  da  ar- 
tilheria  do  Caflello  de  Villa-vigofa,  oEminentif^ 
fimo  Cardeal  da  Cunha;  e  na  noite  delle,  fe  prbfe- 
guirao  ,  como  ja  deixamos  notado;,  os  mefmos  fef-  ^ 
tejos. 

14  A  profecugao  da  Real  jornada  para  Lis- 
boa,  eflava  affmada  para  odia  feguinte  ,•  mas  o 
defluxo  ,  que  ja  diffemos  dava  moleftia  a  Serenilfi- 
ma  Senhora  Princeza ,  nao  deo  lugar  a  execu^ao 
defle  proje61o.Vifitoa  a  Senhora  Rainha  as  Igrejas 
de  S.  Paulo,  e  de  Santo  Antonio  dos  Capuchos, 
De  tarde  forao,  El-Rey  j  o  Sereniflimo  Principe , 
e  os  Senhores  Infantes  D.  Pedro ,  e  D.  Antonio;, 

diver- 


296  Mftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1720.  divcrtir-fe  ao  palTeio.  Continuarao  nefta  noite  as 
feft:  s  coftumadas. 
Cmthma-feajor.  ij  Na  fegundi  feira ,  em  que  a  Senhora  Prin- 
nada  de  Vtlla-vi-  ceza  do  Brazil  fe  achou  com  conhecida  meihora  •, 
pfa,paraUshoa.  aeterminou  Ei-Rey  fizer  jornada.  Forao  Suas 
Mageftades,  eAltezas  vizitar,  e  adorar ,  pelas  oir 
to  da  manhaa,  a  Virgem  Senhora  ,  na  fua  Igreja, 
e  milagrofa  Imagem  da  Conceicao  Immaculada> 
huma,  e  outra  Primaz ,  como  ja  diflemos  ,  defte 
Titulo  nas  Hefpanhas  ,  e  pode  fer  ,  que  fora  del- 
las.  Aqui  ouvirao  miffa  ;  e  poftas  as  coufas  a  pon-i 
todepartir,  fahirao  pelas  onze  do  dia  de  Viila- 
vi^ofa  para  Eftremoz.  Determinou  Sua  Mageftade 
partir  para  aquella  Pra^a  com  a  menor  comitiva 
que  pode  fer.  Porefta  mefma  confideracao  fe  deo 
ordem  para  ir  pela-  Villa  do  Redondo ;,  aonde 
pernQitou  toda  a  mais  comitiva.  Seguirao  as  Da- 
mas  do  Paco  eftecaminho,*  eeftefoi,  o  que  fez 
tambem  o  Marquez  de  Capecelatro  ,  Embaixador 
del-Rey  Catholico. 

16     Chcgarao  Suas  Mageftades  ,   ainda  muito 
Chega  a  Real  co-  com  de  dia^  a  Eftremoz.  Eftavao  efperando ,  para 
mitiva  a  EJiri-    j-eceber  aos  mefmos  Senhores ,  duas  Companhias 
•  de  Cavallos ,    que  os  faudarao  com  as  cortezias 
que  fe  eftylao  no  Militar.  A  Pra^a ,  falvou  com  to- 
da  a  fua  artilheria.  Tudo  erao  vivas,  acclama^oens, 
e  applaufbs.  Pelo  muito  cedo  que  chegarao  os  Se- 
renilftmos  Reys,  Principes-,   elnfantes,  andarao! 
vendo  todas  as  Igrejas  Paroquiaes,  e  de  Regulares,. 
daquella  Villa.  Palfarao  a  vencrar  y  no  feu  Caftel-; 
lo ,    a  Cafa  que  fantificara  com  a  faa  prefenca  a 
Rainha  Santa  y  nome  de  excellencia ,  que^  tao  jufta- 
mente  mereceo ,  a  noft^a  Santa  Ifabel,  exemplar 
das  iR^inhas  da  Chriftandade.  F.icarao  aquartela-. 

dos 


moz, 


dos  Prlncipes  doBrazIl,  Livro  1V>  297 

dos  eifla  noite  ,    em  qile  fe  repetiraa  os  cofluma»       1720 
dos  feftejos  de  repiques,  luminarias  ,  fogos  ,  e  fal- 
vas ,  na  Cafa  dos  TLeverendos  Padres  da  Congre- 
gacao  do  Oratorio  de  Sao  Filippe  Neri. 

1 7  Huni  mez ,  por  dous  principios  tao  limita- 
do  ,  pela  curteza ,  e  menor  numero  dos  feus  dias, 
affaz  recuperou  efte  defeito  nefte  tao  feliz  anno , 
em  que  entrou  com  tantos  augmentos  de  gloria , 
como  aquelle  que  podia  comunicalla,  e  honrar 
com  ella  largos  ieculos  ,  e  idades.  Partirao  no  feu  Panem  pofa  E* 
prjmeiro  dia  ,  El-Rev,  o  Sereniflimo  Principe  ,  e  '"n^f  El-Rey ,  o 
o  bennor  Inbnte  D.  Antonio  pelas  \cte  da.  manhdn,  fante £>,  Aniem. 
para  Evora.  Havia-fe  expedido  ordem  para  que 
loda  a  comitiva  ,  que  tinha  vindo  pelo  Redondo, 
eiperade  pelas  Senhoras  _,  Rainha,  e  Princeza  no 
Dcgebe ,  huma  legoa  de  Evora.  Pela  huma  da  tar- 
de  entrarao  os  mefmos  Senhores,  incognitos,  na  Ci- 
dade  de  Evora.  Palfarao  a«  Palacio  que  tem  na* 
qucila  Cidade  os  Duques  de  Cadaval  em  fitio  emi- 
iiente  ,  e  aprazivel ,  e  de  donde  fe  defcobre  a  ef- 
tradadefdeEftremoz  ao  Efpinheiro  ,  aquelle  tem- 
po  objeclo  mui  efped:avel ,  e  fermofo  pela  multi- 
dao  de  gentes ,  coches ,  e  carruagens ,  que  vaga- 
vao  de  huma  para  outra  parte.  Pouco  depois  de 
chegarem  os  mefmos  Serenilhmos  Senhores,  veio 
o  Sjnhor  Infante  D.  Francifco.  Tambem  nao  tar- 
d.-irao  muito  as  Sereniifimas  Senhoras  Rainha,  e 
Pi  inceza  ,  que  defpedirao  de  Eftremoz  pelas  oito, 
e  forao  reccbidas ,  quando  chcgarao  a  Evora,  com 
os  cortcjos  Militares  de  hum  batalhao  de  Infanta- 
ria  ,  e  dos  efquadroens  de  Cavallaria ,  que  com- 
mandavao  o  Conde  de  Obidos ,  e  D.  Diogo  de 
Soufa.  EI-Rey  ,  o  Piincipe,  "e  os  Senhores  Infan- 
tes,  quejahaviao  alfiilido  as  Vefperas  da  Purifi- 

Pp  ca^ao 


298  Hifioria  Penegyrica  dos  defpoforios. 

1720.  ca^ao  de  Nofla  Senhora  ,  na  Cathedral ,  fahirao 
tambcm  a  receber  as  mcfmas  Senhoras  a  Porta  da 
Alagoa.  Entao  fe  meterao  Suas  Mageftades,  e  Oo 
Serenilfmios  Principes  em  huma  eftufa  ,  e  os  Se- 
nhores  Infantes  em  outra  ,  rodeadas  ambas  dos 
mo^os  da  Eftiibeira ,  e  duzentos  Archeiros  ,  com- 
mandados  pelos  dous  Capitaens  da  guarda,  o  Con- 
de  de  Pombeiro  ,  e  D  Francifco  de  Soufa.  Quan- 
do  as  mefmas  Sereniffimas  Senhoras  Rainha ,  e 
Princeza  vinhao  de  caminho,  e  chegarao  ao  termo 
de  Evora-monte,  forao  cumprimentadas  com  ou- ' 
tra  femelhante  Oracao  do  Juiz  Ordinario  da  terra, 
que  igualmente  ,  afTmi  como  a  primeira ,  provo- 
cou  a  rifo.  Depois  do  Orador  haver  feito  o  fju 
cumprimento,  a  Sjnhora  Rainha,  com  termos  de 
muita  affabihdade,  o  mandou  retirar,  e  a  todos  feus 
companheiros.  Em  quanto  foi  paflando  a  vifta  dcf^ 
ta  povoai^ao  ,  nao  ceifarao  de  falvar  das  mura- 
Ihas  coni  repetidas  defcargas  de  artilheria. 
Recelhncnto  de  1 8  Evora  recebeo  a  Suas  Mageftades ,  e  Al- 
Suaf  Magejiades,  tezas  com  a  mais  flamante  oftenta^ao.  As  ruas  cf 
dade  de  Evora'  ^avao  beJla  ,  e  riquiilimamcnte  ornadas  de  eftatuas, 
e  fontes ,  e"alcatifadas  de  flores.  Havia  aoredor 
dos  arcos  immeijfa  quantidade  de  copos  de  vidro,, 
e  pucaros  de  prata  ,  para  quem  quizeifc  bebcr.  A 
multidao  era  tao  numerofa,  quanto  fe  pode  confi- 
derar  ,•  o  que  nada  obftante  ,  pofto  que  tao  pouco 
vulgar  em  femeJhantcs  occafioens  y  nao  liouve  a 
menor  defordem.  Concorrerao  as  Communidades 
da  Cidade  a  reccber  fcus  Reys ,  e  Senhores ,  que 
no  meio  de  todo  efte  Juilroib  acompanJiameiUo 
chegarao  a  apcai--{e  as  efcadas  da  Se,  em  cujos  de- 
graos  fe  iancara ,  para  fubirem  os  mefmos  Senho- 
res ,  liuma  coberta  mui  rica.  Recebeo-os  o  Cabi- 

do 


dos  Frlncipes  do  Bra^U  ^ivro  IV.   29^ 

dodebaixo  c}e  hiim  pallio  riquifllmo.   ACrU2  fo       tj20* 

fe  deo  a  beijar  a  Serenifrima  Princeza  doBrazil, 

fuppoflo  que  ja  quando  haviao  patlado  por  efta  Ci- 

dade  para  o  Caia,  fe  havia  praticado  a  mefma  cere- 

monia  ,  (que  fe  coftuma  praticar  com  os  Principes 

herdeiios ,  na  primeira  vez  que  entrao  nas  Igrejas 

Cathedraes)  com  Suas  Mageltades ,  com  o  Sercnif- 

limo  Principe  do  Brazil ,  com  a  Senhora  Princeza 

das  Afturias,  e  com  os  Senhores  Infantes ,  D.  Pe- 

dro ,  D.  Francifco,    e  D.  Antonio.    Tomarao  to*  ^ 

dos  efles  Senhores  lugar  na  Igreja  ,    e  cantado 

com  excellente  mufica  o  Te  Demn  ,  recoIhera6-l6 

Suas  Mageflades,  eAltezas  ao  Palacio  da  Mitra , 

de  donde  tornarao  a  mefina  Igreja  da  Se,  em  parti- 

cular,  a  alfiflir  as  Matinas.  Nefta  noite  houveos 

ccflumados  feflejos  ,•  e  no  quarto  da  Senhora  RaU 

nha,  ferenata. 

\()     Zelando ,  como  tao  religiofas,  e  pias,  Suas  ^jjijiem  Suas 
Mageflades ,  e  Altezas  o  maior  culto  da  Virgem  Mag-jiadet,e  Ai- 
Senhora ,  a  quem  toda  a  Cafa  Real  Portugueza ,  'Beftld7p%t 
proteftou  fempre  a  mais  fina ,    e  affe^luofa  devo-  §ao  da  Senhora  a 
§a6  ,  concorrera6 ,  excepto  a  Senliora  Princeza  do  ^"^^  Pontificald9 
Brazil  por  fe  achar  moleuada  do  caminho ,  no  dia 
feguinte  dous  deFevereiro,  dedicado,  comme-' 
Jhor  augurio  pela  Roma  Chriflaa ,  do  que.pela  an-? 
tiga  a  fua  fabulofa  deofa  das  fearas ,  debaixo  do 
Titulo  das  Candeias ,  3  MARIA  Santiffima ,  em 
memoria ,  e  honra  da  fua  Purifica^ao  j/40  Pontifit 
cal,  que  na  Cathedral  daquella  Cidade  de  Eyoria 
havia  de  celebrar  oSenhor  Patriarca  deLisboa', 
que  com  parte  do  feu  preclariifimo  CoIIegio,  e^^&- 
rava  na  mefma  Igreja  as  peffoas  Reaes.  Ei-Re}', 
e  os  Senhores  Infantes,  D.  Francifco ,  e  D.  Anto- 
nio,  ficarao  de  baixo  de  hum  doce|,que.fe  Ihes  pre- 

Pp  ii  venio 


3  00  Hi/lcria  Vmegyrica  dos  dejpoforios 

1*7^9,  vbnio  iiaCapella  mor  j  a  Scnkora  Il.aiiiha ,  eo 
Senhor  Infante  D.  Pedro  airirtirao  emhumaTri- 
buna  :  os  Titulos  aHbntdrao-fe  em  bancos.  Con- 
cluida  a  ceremoma  da  hencao  da  cera,  que  fe  exe- 
cmou  com  a  raefma  folemnidade  ,  que  fe  pratica 
na  Sartta  Igreja  Patriarcaf  de  Lisboa.  Forao-na  re- 
cebendo  da  mao  do  Senhor  Patriarca  ,•  primeiro 
Suas  Mageftades ,  e  Ahezas,  e  logo  por  fua  orderii 
to'dos  os  mais  Senhores  ,  •  e  peflbas  de  bem  ,  que 
alh  concorrerao.  Fez-fe  a"  procilfao  na  forma  do  ce- 
remonial,  alliftindo,  e  acompanhando  Suas  Magefta- 
des,  e  Altezas.  Celebrou  depois  o  Senhor  Patriarca 
Milla  de  Pontiiical ,  como  o  fizera  em  Elvas.  Ter- 
fiiinados  efles  fagrados  Oifficios  pclo  meio  dia  ,  fe 
recolherao  as  peffoas  Reaes  a  Palacio ,  aonde  o 
fnefmo  .PatriarCa  as  foi  bufcar  de  tarde  a  defpedir- 
fe  ciellas ,  para  partir,  como  partio  ,  no  outro  dia 
1?;:;:?.  '.■,r.t,;^     para  Lisboa.  A'  noite  ,  alfim  como  nas  feguintes, 

•\k^,wVv&^  era  que  Suas  Mageftades ,    e  Altezas  raqui  fe  deti- 

rjos^i\  verao ,  fe  repkirao  as  eoftumadas  demonftra^oens 

V  sv-wV  dejubilo,  fefta,  ealvoro^o. 

->Ma%...  :  ■  '  c»  20  Para  teftemunharem  os  devidos  obfequio? 
a  bua  Mageitade ,  e  o  muito  que  veneravao,  e  ei- 
timavao  eftas  Reaes  vddas ,  vierao  no  outro  dia 
beijar-Ihes  a  mao  ,;  o  Tribunal  do  Santo  Officio, 
e  a  Univerfidade  ,  que  concorreo  em  forma  de 
preftito.  Ambas  eftas  predariffimas' AITembleias., 
tiverao  nefte  mefmo  dia  a  honra  de  fer  ouvidos  das 
Sereniirimas5enhoias,  Ramha,  e  Princeza.  Aefta 
fegunda  ,  fc2  entao  o  Senado  da  Camara,  prefente 
de  huma  duzia  de  caixas  de  doce  excellente,  de  di^ 
veribs  generos»,  dedefafeis  arrateis '  cada  huma , 
conduzidas  por  doze  feneninas  de  boa  grn^a ,  e 
mui  aifeadamente  veftidas.v  outra^Huzia  de  vitalas, 

cheias 


dos  Pmwipes  do  ^ra^lly  Livro  IV.   }  or 

cheias  dela^adas  de  fitas  :  duzla,  e  meia  de  car-  iyiO» 
neiros  :  outras  tantas  marraas  para  fopas  :  vinte 
e  quatro  perus :  doze  leitoas,-  e  doze  duzias  de  gal- 
linhas.  Acompanhou  efte  prefente  ,  que  fe  condu- 
zio  em  feis  beftas ,  cobertas  com  feis  repofleiros 
com  as  armas  da  Cidade  ^  o  Procurador  della , 
Francifco  Madeira  de  Soufa.  Hiao  governando 
as  cavalgaduras  quatro  homens  com  feus  alberno- 
zes  de  julie  ,  e  com  chapeos  pardos  a  Caftelhana, 
agaloados  de  ouro.  Mandarao-fe  dar  dezanovc 
moedas  de  ouro ,  de  quatro  mil  e  oito  centos  rei^, 
para  fe  repartircm  entre  elles  ,•  e  as  meninas,  cinco 
mil  efete  centos  reis  acada  huma,   <  c'i*..  i 

2  1  Os  Senhores  Rcys  ,  os  Sereniflimos  Prin- 
cipes  ,  e  todas  Suas  Altezas  forao  na  tarde  defte 
dia,  de  pois  de  haver  vifitado  as  Igrejas  de  S.  Brii- 
no ,  e  Santa  Thereza  ,  ao  Collegio  dos  Padres  da 
Companhia  de  JESUS.  Aqui  vira6  reprefentar  par- 
te  da  Tragicomedia  Latina ,  em  obfequio  dos  def 
poforios  de  Suas  Altezas  ,•  fun^ao  ,  que  durou  ate 
as  dez  da  noite ,  e  fe  executou  mui  efplendida- 
mente  a  grande  cufto.  Reprefentarao-fe  fo  dous 
Aftos  defta ,  em  todos  os  fentidos ,  grande  obra  j 
porque  nao  pode  caber  na  anguftia  do  tempo  o 
refto  della.  Recolhidas  a  Palacio  Suas  Magefla- 
des,  eAltezas,  fez  EI-Rey  merce  nefte  mefmo 
dia  aos  Reverendos  Padres  da  Companhia  do 
Collegio  daqueila  Univerfidade  ,  nao  f omeilte  de 
poderem  ler  Canones ,  como  elles  pedirao ,  por 
nao  haver  na  mefma  Univerfidade  mais  quc  Tbeo- 
logia  ,  fenao  ,  queaindalhe  facultou  mais  huma 
Cadeira  de  Leys.  Nefla  manhaa  partio  o  Senhor 
Infante  D.  Francifco  defta  Cidade  de  Evdra ,  para 
ta  de  Lisboa.   A' noite.  houve  os  coftumados  ,   e 

repe^ 


502    HiftoriaPatiegyricadoi  defpoforios 

1720,       repetidos  feftejos  de  alvorocO;    e  fefta. 

2  2  Repetirao  Suas  Mageflades,  e  Altezas 
nefta  volta  a  Evora ,  com  a  fua  coftumada  devo- 
^ao ,  as  vifitas  de  quafi  todas  as  Igrejas  daquella 
Cidade  ,  e  dos  feus  aoredores.  A  quatro  ,  e  cinco 
forao,  El-Rey ,  e  os  Senhores  Infantes  ao  Conven- 
to  do  Efpinheiro ,  e  as  Sereniffimas  Senhoras  Rai- 
nha,  ePrinceza  ao  Mofteiro  doSalvador.  Virao 
outras  muitas  Igrejas^  eapeando-fe,  andarao  en- 
tretendo-fe  em  obfervar  fora  dos  muros,  a  Forti- 
fica^ao  ,  e  as  muitas ,  e  celebres  antigii^lhas  da- 
quella  Cidade  tao  famofa  no  Gentilifmo  ,  e  no 
Chriftianifmo  ,  pelo  valor  dos  feus  Sertorios ,  e 
Gimldos.  Continuarao  nas  noites  dos  referidos  dias 
og  feftejos,  tantas  vezes  exprefFados ;  e  na  primcira 
dellas ,  houve  ferenata  no  quarto  da  Senhora  Rai- 
nha. 

2  3  Com  o  proje6l6  de  fe  devertirem  na  ca^a, 
em  huma  mata  proxima  ao  Convento  dos  Religio- 
fos  Capuchos  de  Valverde ,  paffara^  os  meimos 
Senhores  no  dia  feguinte ,  feis  do  mez,  a  jantar  na 
quinta  daMitra.  Neftacafa,  que  hepequena,  e 
nao  tem  muito  que  ver ,  ha  huma  Capella  de  mui 
extravagante  arquite^lura ,  fuftentada  em  trinta  e 
tres  colunas.  Na  tarde  defte  mefmo  dia ,  vifttou  a 
Senhora  Rainha  D.  Mariaima  de  Auftria  os  Con- 
ventos,  dos  Remedios,  e  de  Santo  Antonio  do  For- 
te.  Tornando  EI-Rey  D.  Joao  do  divertimento  de 
Valverde ,  defpachou  algumas  confultas.  Sahirao 
nellas  providos  tres  Capitaens  Tenentes  y  para  as 
naosdaCoroa,  efeis  demar,  e  guerra^  A' noite 
hou ve  os  mefm  o  s  feftej  os.  . ;     > 

24     Em  fete ,  foi  Sua  Mageftade  'a  Nofl^a  Se- 
nhora  do  Efpinheiro ,  e  a  Santo  Antonio :  pafFou 

depois 


dos  Principes  do  "Bra^l^  Livro  IF.   3  03 

depois  a  divertir-fe,  e  a  lograr-fe  da  vifta  daCam-        17-20. 

panKa,  chegando  ate  a  ribeira  de  Enxarrama  diftaii- 

te  hum  ouarto  de  leo-oa  de  Evora.  As  Sereniirimas 

Senhoras,  Rainha,  e  Princeza  forao  ao  Collegio  da 

Companhia  acabar  de  ver  rev^refentar  os  tres  ulti- 

mos  A6cos  que  faltavao  da  Tragicacomedia,  feita 

em  applaufo  dos  Reaes  defpoforios  dos  Principes, 

e  cuja  reprefentacao  fe  comei^ara,  como  ja  difTe- 

mos,  em  tres  defte  referido  mez  de  Fevereiro.  Ef- 

te  divertimento  nao  fe  pode  lograr  tao  feftivamen- 

te  como  fe  pretendia  por  incidente  que  nao  fo  al-' 

terou,  fenao  que  muito  defgoftou  efta  ac^ao.  Vem 

aferocafo,  que  figurando-fe  defcer  hum  menino 

chamado   Manoel   de  HoIIanda ,   infigne  Mufico 

da  Cathedral  daquella  Cidade  ,    eni  huma  appa- 

rencia ,  deo  huma  queda  da  altura  de  trinta  e  dous 

palmos  de  alto.  Dio  iIl:o  /  c  nao  fem  fundamento, 

algum  cuidado  ,  pbfto  que  ultimamente  ie  veio  a 

deivanecer,pela  queda  nao  fer  de  perigo.  Na  noi- 

te  ciefl-e  dia  profeguirao  os  mefmos  fellejos  ,  e  ac- 

clamraacoens. 

25  Frequentarao  outra  vez,  com  a  fua  bem  co- 
nhecida ,  e  mnata  piedade,  as  mefmas  Serenilhmas 
Senhoras,  no  dia  oito,  a  vifita  da  Igreja  do  mefmo 
CoIIegio.  Pallarao  depois  a  ver  toda  aquella  gran- 
de  Cafa  ,  e  depbis  vierao  tambem  a  Univerfidade. 
Em  hum  dos  feus  Clauftros,  Ihe  fiierao  dous  Pa- 
dres ,  filhos  da  mefma  fagrada  Familia  da  Com- 
panhia,  duas  mui  elegantes  Ora^oens ,  tao  feme- 
ihantes  no  ailumpto,  que  era-  felicitar  os  Reaes 
deipoforios  ,  como  na  Cioquencia  ,  fem  fe  dar  en- 
tre  hum ,  e  outro  Pnnegirico  mais  diiferen^a  ,  do 
que  a  accidental  das  linguas,  Latina  ,  e  Caftelha- 
na ,  cm  que  fe  explicarao.  Daili  fizerao  caminhg 

para 


504  Hi/lcria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1 72 9.  P^*"^  ^  ^^^^  ^^  Refeitoiio  dos  Padres  do  meirno 
Collegio ,  que  iielie  haviao  prevenido  a  Suas  Ma- 
geftad^s  hum  cxquifito ,  e  grandiofo  refrclco  de 
doces ;  e  frutas. 

26  Entretiverao-fe  as  mcfmas  Senhoras ,  ua 
tarde  defte  dia ,  na  quinta  dos  Padres  da  Compa- 
nhia,  aondc  palfarao  vendo-os  jogar  o  aro.  O  P;i- 
dre  Provinciai  entreo;ou  lof^o  huma  falva  de  Rehi- 
carios ,  Veronicas,  e  Rofarios  a  Serenimma  Prin- 
ceza,  para  que  ella  folle ,  como  foi,  diftribuindci 
eftes  prcmios  pelos  melhores  jogadores,  Palfarao 
depois  ao  Refeitorio  ,  aonde  acharao  huma  dcli- 
cada ,  e  oftentofa  merenda.  Fez  El-Rey  merce  da 
Beca  ao  Corregedor  de  Evora  ,•  e  ao  Juiz  de  fora 
defta  Cidade  ,  de  Alvara  para  huma  correicao  or- 
dinaria  ,  na  forma  que  facultou  femelhantes  gra- 
^as  ao  Juiz  dos  Orfaos  daquella  mefhia  Cidade, 
aos  de  Villa-vi^ofa  ,  Elvas ,  Eftremoz,  Borba,  Re- 
dondo,  e  Montemor  o  novo.  Nanoite  defte  mef^ 
mo  dia ,  em  que  fe  poz  aultima  coroa  a  tantos  fef- 
tejos  triunfies ,  tiverao  os  Titulos  avifo,  para  par- 
tir  daquella  Cidade  para  a  Villa  de  Aldeia  Gallc- 
ga  )  de  donde  nao  palfariaO  fem  Suas  Mageftades, 
e  Altezas,  para  a  Cidade  de  Lisboa.  Nefte  dia  ex- 
pedio  o  Secretario  de  Eftado  ao  Marquez  de  Ma- 
rialva,  efte 

A  V  I  S  O. 

i>  V  A'  participei  a  V.  Excellencia  que  Sua  Ma- 
?>  I  gcftade  fazia  entrada  publica  em  Lisboa 
„  Cf  em  1 2.  do  corrente ,  e  nefte  dia ,  e  nos 
„  dous  feguintes  ha  de  haver  falvas  de  artillieiia  , 
^;  e  luminarias ,  para  o  que  expedira  V.  ExccUen- 

,,  cia 


dosPrincipes  do  "Bra^iU  Lizro  IV -   3  o^ 

),  cia  as  ordcns  necefTarias  as  Torres,  eFortes^  e       1720. 

„  deve  V.Excellencia  declarar  nas  ordens  que  ex- 

_,_,  pedir ,  que  no  dia  da  entrada  ha  de  haver;  alojn 

;,  das  tres  falvas  da  noite ,  outras  tres,  huma  quan- 

jy  do  Sua  Mageftade  pallar  o  rio ,  a  fegunda  quan- 

j)  do  fair  de  Belein ,  e  a  outra  quando  chegar  ao 

,j  Paco  j  ^  mandara  V.  Excellencia  por  os  Regi- 

„  mentos  de  Infantaria ,  e  Cavallaria  no  Terreiro 

;,  doPa^o.  Deos  guarde  a  V.  Excellencia.  Evora  • 

},  8.  de  Fevereiro  de  1729. 

Diogo  de  Mendonga  Corte-Real. 


27  Concertada,  pois,  ajornada  paraLisboa 
em  nove  de  Fevereiro ,  em  que  effedlivamente 
partirao  de  Evora  as  peifoas  Reaes ,  antes  de  par- 
tir,  forao ,  EI-Rcy,  o  Serenilfimo  Principe_,  e  os 
Senhores  Infantes ,  D.  Pedro  ,  e  D.  Antonio  fazer 
Ora^ao  ,  na  Se,  a  Capella  do  Santilfimo,  e  fubfe- 
quentemente  vifitarao  a  de  Nolla  Senhora  do 
Anjo,  Sairao  pelas  oito  da  manhaa  de  Evora  ,  dif 
poila  a  ordem  da  fua  marcha  pelo  teqr;  que  agora 
.  diremo^. 

PRccedia  huma  partida  de  quinze  C^LNdWos ,  Parte El-Rey com 
commandada  por  Iium  Alieres.  ^  Principe  ,  e  os 

d-tra  femelhante  ,    commandada  por  hum  Te- pfaufboa^'''' 

nente. 
yinte  e  quatro  trombetas ,    e  atabaleiros  de  El- 

Rey. 
Seis  cavallos    de  mao  para  o  Duque  Eftribeiro 

mor. 
Defaffeis,  tambem  a  deflra ,  para  os  Senhores  In- 

fantes.  Qq  Trinta 


3"  o^  Hifioria  Panegyrica  dos  defpofdrics 

1720         Trinta  e  feis  cavallos  tambem  a  deftra,  del-Rey,  e 

do  SerenifTimo  Principe. 
E^^ze  poftiihoens  dc  Gabinete. 
Huma  berlinda  do  Confeiior;,  Mordomo  m6r;>  e 

Eftribeiro  mor  da  Senhora  Prmceza. 
Huma  do  Confelfor ,  Mordomo  mor,  e  Eftribeiro 

mor  da  Senhora  Rainha. 
Hiima  doEftribeiro  menor  deI-Rey>  em  que  hiao 

tainbem  tres  Camariftas  ,  dous  do  mefmo  Se- 

nhor ,  "e  hum  do  Senhor  Infante  D.  Antonio. 
Huma  caleifa  de  refpeito  da  Senhora  Rainha. 
Huma  de  refpeito  del-Rey, 
Huma  berlinda  das  pelfoas  das  Senhoras  Rainlia, 

e  Princeza. 
Tres  fejes  ricas  da  Senhora  Rainha. 
Huma  berlinda  das  peftoas ,  del-Rey  ,  do  Serenif- 

fimo  Principe ,    e  dos  Senhores  Infantes ,   D. 

Pedro  ,  e  D.  Antonio.  . 
Tfes  fejes  ricas  del-Rey. 
Huma  berlinda  das  Camareiras  mores. 
Huma  das  Donnas  de  honor. 
Tres  de  Damas. 
Tres  de  Acafatas. 
Vinte  e  nove  fejes  de  Criados  ,  e  Criadas  da  Se- 

nhora  Raijiha. 
Hum  grande  numero  dellas  de  mogos  da  Camara, 

e  outras  pelfoas  ,   que  acompanhavao  a  Suas 

Mageftades. 
Tres  berlindas  del-Rey  ,  para  os  Confelfores  ,  pa- 

ra  o  Duque  Eftribeno  mor ,  Veadores ,  e  Cor- 

regedor  da  Corte. 
Outras  muitas  fejeS;,  em  que  haviao  embarcado  al- 

guns  Sacerdotes  Seculares^  mo^os  daCamara, 

e  Muficos. 

28     Indo 


'i 


dosPrlncipes  doBrazJt,LivrolV.  507 

28  Indoojuiz  de  fora  deEvora,  eoSena-        1729« 
•  do  daqueJla  Cidade  acompanhando  com  a  bandei- 

ra  da  Cidade  a  EI-Rey ,  e  a  Suas  Altezas  ,•  depois 

de  haverem  profeguiclo  efte  obfequio  algum  tem» 

po,  tiverao  ordem  do  mefmo  Senhor  parafere- 

tirar.  A  Cidade  falvou  aos  mefmos  Senhores  ao  fair, 

no  modo  coftumado.  No  acompanhamento  q  tam- 

bem  fizerao  depois  as  SerenifTimas  Senhoras  Rai-  ^^^.^  ^  Rainha,  e 
1  T»  •  c  •      j  frmceza  de  EvO' 

nna ,  e  rrniceza ,  que  por  tazerem  mais  deten^a  ra, 

em  ouvir  primeiro  Mifla ,   e  vifitar  a  Igreja  dos 

Conegos  feculares  do  Evangelifta ,  aonde  Expofto 

o  Santiirimo  fe  celebrava  a  Feft^  da  Virgem,  e  Mar- 

tyr  de  Chrifto  Santa  ApoIIonia ,  partirao  pelas  dez; 

a  primeira  das  mefmas  Senhoras,    quando  elles 

chegarao  a  meirna  diftancia  _,  os  mandou  recolher. 

29  Tomavao  eiJas  pela  rua  de  Santa  Sofia  , 
quando  ie  poz  diante  da  Senhora  Princeza  huma 
moca  pobrezinha  ,  mas  veftida  decentemente  ,  pa- 
ra  Ihe  fazer ,  como  fez ,  oiferecimento  de  huma 
Codorniz  viva  ,  que  trazia  dentro  de  huma  gaioia. 
Premiou  a  mefma  Senhora  efta  galantaria ,  man- 
dando-Ihe  dar  huma  boa  efmola.  A  Cidade  falvou 
agora  a  Sua  Mageftade ,  e  a  Senhora  Princeza  co- 
mo  antes  o  fizera  a  EI-Rey  ,  ao  Sereniflimo  Prin- 

-cipe ,  e  a  os  Senhores  Infantg s. 

30  Era  depois  do  meio  dia ,  quando  elles  che-  Chega  El.ReyyO 
garao  aMontemor  o  novo.  Antes  que  chegaflem  ^J"«^^.^^«/'««- 
ao  alojamento ,    qiie  fe  ihes  havia  prevenido  nas  novo, 

cafas  de  Antonio  da  Silva  Leborao  ,  aonde  pouza- 
rao  ,  a  pearao-fe  junto  aos  Arcos  que  ficao  a  en- 
trada  do  Caftello  ,  e  dafli  fe  eftiverao  iogrando  da 
dilatada  vifla  do  terreno  ,  que  dalJi  fe  defcortina. 
Entrarao  depois  no  Caftelio ,  e  alli  fizerao  Ora^ao 
ua  Matriz  daquclla  Villa ,  da  Invo^ao  de  Noila 

Qq  ii  3enhor^ 


3o8  HijioriaPdnegyricadosdefpoforios 

1 72  0.       Senhora  do  Bifpo.  Virao,  e  venerarao  nefta  Igteja 

a  pia,  em  que  fe  bautifou  S.  Joao  de  Deos ,  e  paf 

farao  depois  a  Igreja  dos  Religiofos  do  mefmo 

-Santo.  Havendo  feito  alguma  deten^a  em  vifitar 

a  Cafa  aonde  elle  nafceo ,  e  aonde  ouvirao  Miflk, 

entrarao  depois  nas  Igrejas  da  Mifericordia ,  de  S. 

Domingos ,  e  ,de  S.  Francifco  j  e  pelas  tres ,  fe  re- 

colherao  finalmente  as  cafas  do  Capitao  mor. 

ChegaoaRdnha,       3  I     Tinhao  chegado  quafi  ao  mefmo  tempo  as 

e  Princeza  a      SerenifTimas,  Rainha ,  e  Princcza ,  e  forao  pouzar, 
Montemor  0  fio-    ,        -11  -r      1        -r        •     i      -r»    r    ■    r     j 

^o.  depois  de  haver  viiitado  a  Igreja  dos  Religiolos  de 

S.  Joao  de  Deos,  nas  cafas,  que  fe  haviao  deftinado 

para  a  fua  apofentadoria,  de  Joao  da  Cunha  Lobo, 

que  por  paifadiiros  ,  que  para  iilb  fe  fizerao  ,  ti- 

nhao  communica^ao  com  as  de  Antonio  da  Silva 

Leborao ,  e  alh  as  eilavao  eiperando  para  as  rece- 

ber ,  Ei-Rey  ,  o  Sereniifimo  Principe  ,  e  os  Senho- 

res  Infantes.  Fez  Sua  Mageflade  merce  do  lugar 

do  primeiro  banco  a  que  eftava  acaber,  aojuiz 

de  fora  defla  Villa.  NeiU  noite  forao  applaudidas 

Suas  Mageflades ,  e  Altezas  com  mui  elirondoibs 

fei1:cjos. 

32     Repetida  no  outro  dia  a  devo^ao  de  vifitar 

a  Capella  deS.Joao  de  Deos^aonde  as  peifoas  Reaes 

tornaiao  a  ouvir  Miil^.  Continuarao  Ei-Rey,  o  Se- 

reniifimo  Principe,  e  os  Senhores  Infantes  a  fua  jor- 

nada  para  oPalacio  de  Vendas-novas,pondo-fe  a  ca- 

minho  pclas  nove  da  manhaa.Seguirao  depois  amef- 

ma  rota  as  SereniiTimas  Senhoras,Rainha,ePrinceza,. 

laindo  daquella  povoa^aojdadojameio  dia.  Quan- 

do  eflas  Senhoras  chegarao  finalmente  ao  magnifi- 

EaoPalacio  day  centiiTnno  Palacio  de  Vendas-novas,  em  q  ategora 

Vendas-novas.      fenao  havia  deixado  de  trabalhar  ,  e  aonde  pernoi- 

tDU  neftc  dia  toda  a  Cafa  Rcal ,  fairao  EJ-Rey  ,  o 

Piin- 


dos  Prmdpes  do  ^ra^l)  Livro  IV.  309 

Princjpe,e  os  Infantes  a  recebcllas  a  porta  principal,  17  2  O» 
com  oi  coflumados  cumprimentos ,  e  ceremonias. 
El-Rey  fez  expedir  varias  ordens,  tendentes  a  pron- 
ta  execucao  da  fua  Real  entrada  em  Lisboa,  a  1 2. 
defte  mez  ,•  e  nefte  mefmo  dia  expedio  o  Secretario 
de  Eftado  ao  Senhor  Patriarca;  o  feguinte 

A  V  I  S   O. 

„  O  Abbado  doze  do  corrente  pelas  onze  horas 
■))  O  da  manhaa ,  tem  Sua  Mageflade  refolvido 
„  fazcr  entrada  publica  neifa  Cidade  com  a  Prin- 
„  ccza  nolfa  Senhora ,  e  ir  a  Santa  Igreja  Patriar- 
„  cal ,  o  que  me  mandou  participar  a  V.  Illuftrif 
)f  fima  e  Keverendiffima ,  ejuntamente  infinuar 
„  fera  do  feu  Real  agrado ,  que  em  quanto  ciurar 
„  a  entrada  ,  haja  repiques  f  c  na  noite  do  mefmo 
„  dia  ,  haja  luminarias ,  e  continuem  os  repiques, 
„  e  que  fe  pratique  o  mefmo  nas  duas  noites  fe- 
„  guintes.  Deos  guarde  a  V.  Illuftriirima  Reve- 
„  rendilfima.  Palacio  das  Vendas-novas.  .10.  de 
^;  Fevereirode  1729. 

Dlogo  de  Mejidoti^a  Corte-Real. 


Depois  fe  mandou  a  ordem  das  falvas,  determinan- 
do-le,  e  mandando-fe  que  follem  cinco,  huma  quaiv 
do  Suas  Mageftades  chegaireni  defronte  do  Mof- 
teiro  da  Madre  de  Deos  ,  outra  quando  chegafr 
fem  ao  meio  da  diftancia  que  ha  daquelle  Moftei- 
ro  a  Belem,  outra  quando  aqui  aportailem,  outra 
ao  partir  do  meimo  fitio  paraLisboa,  e  outra  fi- 

nalmentp 


;  1 0  Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1 720.       nalmente  quando  fe  recoihefTem  ao  Pa^o. 

3  3  Em  onze  fahirao  de  manhaa  daquelle  Pa- 
lacio^  os  Confeilbres  das  SerenifTimas  Senhoras  Rai- 
nha  ,  ePrinceza,-  quatro  Veadores  daprimeira, 
e  hum  da  fegunda  ,•  as  Damas,-  Donnas  de  honorj 
Agafatas ,  e  outros  muitos  individuos  da  Real  co- 
^fefrf  ?i^t  ™^'^^'  Chegarao  todas  eftas  peflbas  ajantarnos 
zas  aos  'Pegoens.  Pegoens.  Quafi  as  mefmas  horas  chegarao  tambem 
a  elles  EI-Rey ,  o  Sereniifuno  Principe ,  e  os  Se- 
nhores  Infantes  ,•  mas  fem  algum  delles  fe  apear, 
o  que  tambem  fizera6  os  leus  criados  ,•  comeraq 
dentro  no  coche.  Dos  Pegoens  tomarao  o  cami- 
nho  da  Atalaya,  e  alU  forao  fazer  Oragao  na  Igreja 
de  Noifa  Senhora. 

34  Logo  que  as  Sereniirimas  Senhoras  Rai- 
nha,  ePrinceza  chegarao  aos  Pegoens,  que  foi 
alguma  coufa  mais  tarde ,  apearao-fe ,  com  todo 
o  feu  acompanhamento  para  jantar  nas  oftentofas 
cafas ,  que  ja  diffemos ,  que  El-Rey  aqui  mandou 
fazer  para  ef];a  occafiao  no  mefmo  fitio.  Quando 
dcpois  tornarao  as  mefmas  Senhoras  a  tomar  as 
fuas'  Garruagens,  vendo  a  primeira  dellas  a  Luiz 
Garcia  de  Bivar;  Tenente  Coronel,  o  honrou  com 
mui  decorofos  termos ,  louvando  muito  o  zelo, 
com  que  elle  havia  procedido  naquella  jornada  ;  e 
verdadeiramente  nao  deixou  de  fe  dever  a  efte  Offi- 
cial  hiia  grande  parte  do  acerto  do  muito  que  nella 
fe  obrou.  Outra  vez  Ihe  tornou  a  mefma  Senhora 
a  fazer  a  mefma  honra ,  que  tambem  Ihe  fez  Ei~ 
Rey,  quando  ja  reftituidas  Suas  Mageftades ,  e  Al- 
<  tezas  a  Lisboa,  foi  o  mefmo  Tenente  Coronel  a  Pa- 
lacio  ,  pedir  perdao  a  Suas  Mageftades  das  faltas 
que  (dizia  elle)  poderia  haver  commettido  no 
B.eal  fervi^o. 

35     In- 


dos Prlndpes do "Bra^il^  Livro IV.  ^ii 

35     Infiffindo  as  Senhoras  Rainha  ,  e  Priiice-        1720. 
za  no  feu  caminho  ,  (^iiando  chegarao  algreja  de 
N.  Seiihora  da  Atalaya  >    ia  alli  achdrao  elperando 
por  Sua  Mageftade ,  e  Alteza  a  Camara  de  Aldeia 
Gallega.  Entrarao  a  fazer  Oracao  ,  e  logo  parti-  ChegaS  a  Aldeia 
rao  para  aquella   Villa,    aonde  E!-Rey  havia  ja  Gallega, 
chegado.  A'  entrada  della;  acharao  huma  dan^a  de 
marcaras  ,    que  forao  balhando  junto  as  carrua- 
gens.  ConcoiTeo  mais  outra  dan^a  de  meninas  j  e 
apeadas  as  mefmas  Senhoras  ,    hia  diante  dellas 
hum  menino,  veftido  de  Anjo;,  com  huma  falva  de 
flores  ,  com.  que  elle  hiajuncando  a  rua.  Quando 
chegar^o  a  Palacio ,  defcerao  a  porta  delle  a  rece- 
bellas ,  El-Rey,  o  Principe,  e  os  Infantes. 

^6  Quando  Suas  Mageftades  chegarao  a  efta 
Villa  ,  ordenou  o  Daque  Eftribeiro  mor  ao  Te- 
nente  Coronei  D.  Tkomaz  de  Aragao  ,  e  ao  Pro- 
vedor  dos  x^^irmazens,  para  fe  acharem  no  outro  dia 
muito  cedo  em  Montijo  ,  diftante  huma  legoa 
dc  Aldeia  Gallega ,  para  que  tudo  eflivefle  pronto 
para  o  embarque,  quando  Suas  Mageflades  alli  che- 
gallcm.  Do  mefmo  modo  expedio  ao  Tenente 
Coronel  Luiz  Garcia  de  Bivar  para  Belem,  para 
difpor  naquclle  fitio  o  Real  delembarque ,  e  a  en- 
trada  de  Suas  Mageflades  em  Lisboa.  Executou 
logo  efle  Oificial  as  ordens ,  que  Ihe  forao  impof-' 
tas,-  epofto  que  erao  quafi  inacceiTiveis  as  difficul- 
dades  ,  que  le  interpunhao  de  permeio  ,  nao  [(cn- 
do  a  menor  a  anguflia  do  tempo  j  a  fua  at^ivida- 
de  ,  e  boa  diligencia  ,  pode  fuperar,  e  facilitar  to- 
das  eflas  contradi^oens ,  e  com  tanta  providencia, 
que  fazendo  as  pelloas  Reaes  muitas  paradas,  e 
fendo-lhes  neceJTario  apear-fe  no  caminho  algu- 
mas  vezes ,  ainda  ficou  reflando  huma  boa  parte 

do 


512    Hiftorla  Panegyrka  dos  defpoforlos 

Xj  2  9  ^^  ^^^'  ^^^^j  ^^  4^^  Siias  Mageftades,  e  Aitezas 
pernoitarao  em  Aldeia  Gallega  ,  ElRey  fez  a  Jo- 
feph  Simoens  Baibofa ,  e  a  Inacio  de  Almeida  e 
Maia,  porefcrito,  a  graca  de  que  damos  a 

C  O  P  I  A. 


Ui  fervido  refolver,  quc  os  Bachareis,  Jo- 
feph  Simoens  Barbofa,  que  ferve  de  Con- 
fervador  deftas  Cidades ,  e  Inacio  de  Al- 
„  meida  e  Maia ,  que  ferve  de  Sindico  das  mefmas 
„  Cidades  ,  vcflillem  Becas,  para  pegarem  com  os 
„  Vereadores  dos  Senados  nas  varas  do  PaLIio,  na 
„  occafiao  da  entrada  que  hei  de  fazer  nellas,  com 
„  k  Princeza  minha  Nora  ,•  a  Mefa  do  Dezembar- 
go  do  Pa^o  o  tenha  aifmi  entendido.  Aldeia  Gal- 


jy  lega  1 1.  deF^vereiro  de  1729, 

R    E    Y. 


Fez  tambem  Sua  Mageflade  merce  ao  Juiz  de  fo- 
ra  de  Aldeia  Gallega  de  hum  lugar  do  primeiro 
banco.  Efta  noite  foi  em  extremo  feftiva  ,  e  digna 
de  fer  fucedida  de  hum  dia  de  tanto  applaufo ,  e 
triunfo. 

37  Ultimoufc  emfim  tanta  accao  no  outro 
dia  Sabbado  ,  e  doze  d^  Fevereiro  ,  que  concor- 
reo  com  huma  admiravcl  ferenidade  para  darmaior 
cfplcndor  a  hum  tao  foberano  triunfo.  Foi  eite, 
fem  a  menor  duvida,  hum  dia  dos  mais  felizes ,  e 
mais  gloriofos  que  amanhecerao  ao  Rcyno,  e  mui- 
to  pafcicuiarmente  a  preclnriirmia  Cone  dc  JjIs- 

boa. 


dos  Principes  do Bradh  Livro  IF.  5 1 5 

boa.  Nelle ,  e  nella  fe  havia  de  ver  excedido  o  pro-  j  729, 
digio  que  la  fe  notou  em  Roma ,  aonde  houve 
occafuio  em  que  fe  virao  tres  Soes  ,•  porque  agora 
illuftrada  com  tantos  outros ,  e  tantos  mais  fobe- 
ranos ,  quantas  as  Mageftades  ,  e  Altezas  que  fe 
approximavao  a  defaifombralla  da  noite  de  tao 
larga ,  e  tenebrofa  aufencia.  O  Sol ,  aindk  que  a 
fua  vifta  Havia  de  fer  quem  menos  parecelfe  que  o 
era ,  la  parece  que  no  Hemisferio  dos  Antipodas 
apreffou  mais  o  feu  gyro  ,  para  fer  teftemunh^  de 
tanta  plaufibilidade  ,•  c  bem  queria  que  nefte  dia 
houvelfe  algum  Jofue ,  que  o  fizefle  parar  ,  por 
nao  perder  no  circulo  de  tao  pequeno  e^a^o  huma 
tao  immenfa  gloria. 

3  8     Ainda  nao  havia  amanhecido ,  quando  o 
Tenehte  Coronei  D.  Thoihas  de  Aragao  _,  e  Fer' 
nando  de  Larre,  Provedor  dos  Armazens,  partirao 
para  Montijo  ,    para  terem    prontas  as  embarca- 
^oens  para  as  Peifoas ,  e  toda  a  fua  Real  comi- 
tiva.    Forao  ouvir  Miifa  os  mefmos  Scnhores  a  P^nem  ar  pef- 
Matriz  de  Aldeia  Gallega  ,•  e  logo  acompanhados^^^^f''  ^^'^ 
nao  mais ,  que  dos  criados  que  eftavao  de  femana,  . 
partirao  daquella  Villa  para  Montijo  ,  porto  dif 
tante  della  fiuma  legoa  ,  e  aonde  ,  fegundo  a  or- 
dem  que  haviao  tido  os  Titulos ,  Nobreza ,  e  a 
Corte ,  eftavao  efperando  a  Suas  Mageftades ,  e 
Altezas  para  embarcar  juntamente  com  os  mefmos 
Senhores. 

39     A's  oito  e  meia ,  eftavao  eiles  ja  em  Mon-  Chegao  dquelk 
tijo,  aonde  acharao ,  como  aifim  fe  determinara^-^^C^^»  ^^'^'^^' 
tudo  a  ponto  de  partir  para  Belem.  Havia-fe  feito 
com  immenfo    difpendio    para  efta  fun^ao  hum 
Real  bragantim,  cuja  talha  era  do  mais  excellen- 
ite  artificio :    mais  propriamentc  ihe  podia  dar  o 

Rr  nome 


514  Hifioria  Penegyrica  dos  defpoforws 

172  Oi  nome  de  foberbiffimo  Palacio :  tal  era  a  fua  rique- 
za ,  tal  a  fua  mageflade  !  Nao  parecia  fenao  huni 
monte  de  ouro,  que  navegava  fobre  o  Tejo ,  po- 
dendo  n  como  em  outro  tempo  forao  •celebradas 
por  auriferas  as  fuas  areas  _,  merecer  tambem  efte 
ncune  as  aguas  do  Tejo ;  em  que  eile  reverberava, 
que  agora  fe  podia  fazer  mais  tumido  ,  e  empola- 
do  ,'  fuftentando  a  feus  hombros  as  quilhas  de  tao 
luftrofo ,  e  Rcal  acompanhamento  ,  fe  nao  enten- 
dera  ,  como  alfmi  o  executou ,  que  devia  ,  em  ap- 
plaufo  de  tanto  triunfo,  obfervar  a  maior  ferenida- 
de  ,  parafer  efpelho  de  tanta  grandeza  ,  e  fermo- 
zura.  Envergoiihar-fehia  a  antiguidade  de  celebrir 
tanto  a  embarca^ao  de  Cleopatra  ,  fe  tivefPe  huma 
idea  de  tanta  graiideza.  Tremolava,  arvorado  nelle, 
o  Eftandarte  R.eal  ,  aonde  as  auras  pareciao  che- 
gar  mais  reverentes  ,  e  jilongeiras  aos  raios  do  Sol 
mais  ferenos  ,  e  fermofos.  Nefte  pois  ,  vagante  pa- 
lacio  fe  meterao  Suas  Mageftades ,  e  Altezas,  que 
logo  El-Rey  mandou  vogar. 

40  Puzerao,  alhm  o  bragantim  ,  como  trinta 
efcaleres ,  que  conduziao  a  Familia  da  Cafa  Real, 
e  os  Titulos ,  e  Senhores  da  Corte ,  que  ao  mefmo 
tempo  fe  puzerao  em  voga  ,  a  proa  ao  Mofteiro 
da  Madre  de  Deos ,  que  como  Eftrella  do  mar  fc- 
hcitou  efta  mare ,  que  em  nenhuma  outra  occafiao 
como  efta ,  fe  podia  chamar  de  rofas.  Como  fo 
nao  baftavao  as  embarca^oens  que  diifemos  para 
huma  comitiva  tao  luzida ,  e  iiumerofa ,  eftavao 
prontos  mais  de  mil  barcos,  dos  que  navegao  pelo 
Tejo  ,  e  era  infinito  o  numero  de  falliias ,  fragatas,  , 
e  outras  embarca^oens ,'  todas  mui  empavezadas, 
e  embandeiradas ,  cheias  de  flamulas ,  e  galharde- 
tes  de  diverfas  cores ,  em  que  embarcarao  os  que 

fe 


dos  Principes  do  "Bra^il,  Livro  W,  ^15 

fe  quizerao  lograr  de  hum  tao  grande  dia.  17^0 

4 1  Adim  veio  efta  ligeira  armada  com  huma 
fermofiiruna  vifta  ,  que  nao  parecia ,  fenao  huma 
110 va,  e  mais  rica  Veneza  ,  cimentada  fobre  as 
aguas ,  cofteando ,  e  cortando  tranquilla ,  e  triun- 
falmente  o  Tejo.  Quando  chegou  defronte  da  Bi- 
ca  do  Qapato,  todos  os  navios  que  haviao  deitado 
ferro  nefte  porto  ,  largarao ,  em  fmal  de  applaufo, 
hum  grande  numero  de  bandeiras ,  e  flamulas.  En- 
tao  mefmo  deo  o  Caftello  de  S.  Jorge  a  primeira 
de  tres  faivas  de  artilheria ,  que  fe  derao  em  quan- 
to  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  forao  nevegando 
pelo  rio  a  baixo.  Correfponderao  ,  falvando  tam- 
bem  ,  os  navios,  Fortes ,  e  Fortalezas  da  Barra, 
e  da  Marinha.  Ao  melrno  tempo  nao  ceflavao  de 
ferir  os  ares  o  plaufivel  rumor  de  infinitos  clarins, 
atabales ,  e  outros  muitos  inftrumentos. 

42  Geralmente  era  tudo  applaufo  ,  alvoro^o, 
e  fefta.  Ate  Belem  fe  ouviao  os  eccos  de  tantas  ac- 
clama^oens.  Nao  fe  punhao  os  olhos  em  parte , 
em  que  fenao  defcobriife  hum  immenfo ,  e  feftivo 
concurfo.  Quando  as  peflToas  Reaes  hiao  no  meio 
defta  fuatao  plaufivel,  e  Real  viagem,  as  falvou 
a  fegunda  defcarga  de  artilheria ,  e  deo-fe  final- 
mente  a  ultima  quando  ellas  chegarao  a  Belem , 
aonde  haviao  de  fazer  o  feu  defembarque. 

43  Aqui  em  huma  das  muitas  Cafas  Reaes  de 
jardim ,  e  de  campo  ,  em  que  abunda  aquclle  tao 
ameno  fitio ,  proxima  ao  rio ,  e  que  fora  do  Con- 

de  de  S.  Lourenco  ,    fe  tra^ou  da  parte  do  *mar,  ^"'''^^  A'^'^  Suas 
com  a  mais  prodiga  defpeza  huma  magnifica  pon-  Akffafdefeni- 
te  para  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  defembarca-  barqnare  em  Be. 
rem.  Sobre  hum  fingido ,  e  bem  figurado  rocliedo  ^^"i*  '^^'^  dejcrip- 
havia  hunia  bem  lani^ada  efcada  de  vinte  dcgraos, 

Rr  ii  em 


5 16    Hijloria  Fanegyrica  dos  defpoforios 

I720J  ^^  ^^^  ^^  fuftentava  hum  arco  triunfal  de  elegan- 
tiillma  arquite^lura ,  feito  a  cufta  dos  Otficiaes  de 
Pjntores ,  e  Carpinteiros ,  coroado  com  as  figuras 
da  Liberdade  ,  e  Fortuna,  entre  quem  fe  via  a  da 
Fama.  Difcorria  logo  huma  baranda  de  compri- 
mento  de  vinte  pallbs ,  povoada  de  hum  grande 
iiumero  de  vafos  de  flores ,  que  rematava  em  huma 
cupula  quadrada  ,  fuftentada  em  quatro  columnas 
beliiiTimamente  formadas.  Tinha  a  mefma  ciipula 
pintado  hum  Sol  mui  flammante  pela  parte  inte- 
rior  ,  e  na  exterior  fe  viao  com  as  fuas  infignias 
nos  feus  quatro  angulos;  as  quatro  partes  do  mun- 
do  j  e.  no  meio  della  a  figura  da  Fortuna,  empenha- 
da  em  por  hum  cravo  na  fua  roda ,  como  queren- 
do  denotar ,  que  eile  queria  fazer  ja  permantes  pa- 
rafempre,  asglorias,  que  nos  prometia  hum  dia 
taofeliz,  e  tao  fingular. 

44  Queremos,  antes  de  paflar  adiante  ,  deixar 
aqui  notado ,  que  os  mcfmos  elementos  fe  mofl:ia- 
rao  obfequiofos  com  Suas  Mageflades ,  e  Altezas, 
para  que  cfte  feu  trmnfo  fe  lograife  com  a  mais 
completa  plaufibilidade.  O  que  Claudiano  difl^e 
com  lifonja  em  louvor  de  hum  grande  do  feu  tem- 
po :  ^/ue  os  vemos  vmhao  obediejites ,  e  rendidus 
a  dar-lhe  vafjalagem  ,  e  fometer-fe  as  fuas  ordens: 
agora  fe  verificou  nefta  occafiao ,  em  obfequio  dos 
mefmos  Senhores.  Quando  efles  fairao  de  Mon- 
tijo  ,  o  vento  que  Ihe  ficava  contrario ,  imediata- 
mente  fe  mudou ,  foprando-lhe  em  popa.  Seme- 
Ihantemente  i  Ponte ,  em  que  acabamos  de  fallar, 
que  depois  de  haver  fervido  ao  alto  fim  ,  a  que  fe 
deftinara ,  foi  desbaratada  logo  no  outro  dia ,  em 
que  fe  levantou  no  Tejo  hum  fiiriofiflimo  tempo- 
ral. 

45"     Vni- 


dvs  Prindpes  do  Bra^U  Livro  IV.  5 1  7 

45  Univerfalmente  applaudidos  em  terra  ,  e       1729. 
mar,  fairao  flnalmente  defte,  para  aquella  Suas 
Mageftades ,    e  Altezas ,  defembarcando  naquella  Defembarque  das 
tao  augurta  Ponte,  que  fe  Ihes  prevenira.  Eftavao  ^^-^'^■^  •^^^'^■^' 
efperando  aos  mefmos  Senhores  quatro  efquadroes 

de  Cavaliaria ,  commandados  por  Antonio  Carlos, 
Tenente  Coronel  do  Regimento  do  Marquez  de 
Marialva.  A  Companhia  de  Granadeiros  do  Regi- 
mbnto  de  Cafcaes ,  eftava  fazendo  a  fua  guarda  a 
Porta  dc  Palacio.  Detiverao-fe  nelle  algum  pouco 
tempo  as  Mageftadcs ,  e  AJtezas ,  e  em  hum  Sa' 
lao  Realmente  paramcntado,  fe  deo  hum  eiplen- 
didillimo  refrefco  a  toda  aCorte. 

46  Attenta  a  ordem ,  que  tiverao  *\o 'Duc^q  PartemdeBilem, 
Eftribeiro  mor,  os  Tenentes  Coroneis  ,    D.  Tho- 

mas  de  Aragao  ,  e  Luiz  Garcia  de  Bivar,  para  o 
iicompanhamento  com  que  as  Mageftades ,  e  Al- 
tezas  deviao  fazer  a  fua  entrada  publica  na  Corte, 
eCidade  de  Lisboa,  pailarao  iogo  a  executalla 
com  igual  acerto,  que  prontidao.  Seria,  com  varie- 
dade  pouco  fenfivel ,  huma  hora  da  tarde,  quando 
as  pelloas  Reaes  fairao  nos  feus  oftentofos  coches. 
Aqudle  ,  que  conduzia  os  Senhores  Reys ,  e  os 
Serenilfimos  Principes  ,  e  de  que  tiravao  oito  fer- 
moliflimos  cavallos  brancos ,  era  o  mais  rico  ,  e 
mais  augufto  que  ja  mais  fe  tinha  viflo. 

47  Todos  os  Grandes,  Oiiiciaes  da  Cafa  Real, 
toda  a  Nobreza,  e  todas  as  pefToas  que  tem  lugar^ 
em  femelhantes  a(^os,  hiao  veflidas  damaisluzi- 
da  gala,  e  emcoches  de  grande  cufto,  incorpora- 
das  nefle  triunfo.  Erao  pois  precedidas  as  peiloas 
Reaes,  das  Jufti^as ,  dos  Reys  de  Armas ,  Portu- 
gal ,  Algarve  ,  e  India  ,  dos  Arautos  Lisboa ,  Sil- 
ves ,  e  Goa ,  e  dos  PaiTavantes  Santarem,  Tavira, 

e  Cochim;, 


2i8  Hifloria  Panegyrica  dos  defpoforlos 

I720#  eCochim,  com  feiis  collares ,  cotas  dearmas,  e 
cadeias  de  ouro.  Os  porteiros  levavao ,  ao  ufo  do 
Reyno ,  macas  de  prata. 

48  Rodeados  pois  os  mefmos  Auguftjifmios  Se- 
nhores;  de  toda  efta  luftrofa  comitiva,-  guarnecida  a 
retaguarda  della ,  da  guarda  de  cavallo ,  profegui- 
rao  a  fua  ReaJ  marcha.  Quando  EI-Rey  chegou 
defronte  da  Igreja  do  Convento  da  Senhora  dos 
Remedios  dos  Religiofos  Carmelitas  Defcal^os , 
apeou-fe  com  o  Serenilfimo  Principe  ,  para  ircm , 
como  forao,  fazer  Ora^ao  ,  e  logo  tornarao  a  em- 
barcar  no  feu  Real  coche. 

49  Os  Eftribeiros ,  os  Tenentes  da  guarda , 
logo  que  Suas  Mageftades  chegarao  ao  Palacio  do 
Conde- de  Villanova  ,  palfarao  a  occupar  os  ieus 
poftos  aos  lados  do  coche  de  Suas  Mageftades.  O 
mefmo  fizerao,  palfante  dc  quarenta  mo^os  da  Ca- 
mara.  Os  felfenta  mocos  da  Eftribeira,  apearao-fe 
aqui ,  e  paftarao-fe  adiante  formados  em  duas 
alas. 

ChegaS Sua^  Ma-  ^q  Chegado  ftnalmente  efte  efclarecidiifimo 
%a^aUsboa.  ^^"  ^companhamento  ao  bairro  da  Efperan^a  ,  de  don- 
de  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  haviao  de  comecar 
a  fazer  a  fua  pubhca  entrada  em  Lisboa ,  alli  lar- 
gou  o  coche  ,  e  montou  a  cavallo  o  Doutor  Corre- 
gedor  do  Crime  da  Corte ,  e  Cafa,  Jofeph  Vaz  de 
Carvalho  ,  e  alli  mefmo  fe  formou  ultimamente  o 
mefmo  predarilfimo  corpo,  pela  feguinte  ordem: 


o 


Duque  de  Lafoens  D.  Pedro  Hcnrique  de 

Braganga  e  Soufa  Tavares  Mafcarenhas  da 

Silva,  por  fe  Ihe  nao  haver  deftinado  lugar, 

hia  muito  adiante  defta  Real  companhia ,   110 

feu  coche.  Afhm  o  havia  elle  ja  praticado ,  e 

odei' 


i 


dos  Principes  do  "Bra^it,  Livro  IV»    519 

o  deixamos  referido  na  fun^ao  do  Caia.  '        j  720. 

Vinhao  diante  os  dous  Procuradores  daCidade, 

efplendidamente  veftidos. 
Logo  todos  os  Miniftros  da  jurifdicgao  do  Sena- 

do. 
Os  Corrcgedores ,  e  Juftigas. 
Os  Porteiros  da  Canna  ,•  feis  delles  com  mafTas  aos 

hombros. 
Os  Reys  de  armas ,  Arautos,  e  Paflavantes ,  com 

Cotas  de  armas ,  e  cadeias  de  ouro. 
O  coche  do  Corregedor  do  Crime  da  Corte ,  e  Ca-  • 

fa  Jofeph  Vaz  de  Carvalho  ,  em  que  elle  viera 

ate  a  Efperan^a ,  aonde  como  difl^emos,  fe  poz  a 

cavallo. 
Quarenta  e  oito  coches  dos  Titulos  ,   e  Nobreza 

fem  preferencia. 
Hum  dos  Camariftas  do  Senhor  Infante  D.  An- 

tonio. 
Hum  dos  Camariftas  do  Senhor  Infante  D.  Fran- 

cifco. 
Hum  do  Confeflbr ,  e  Veadores  da  Senhora  Prin- 

ceza  do  Brazil. 
Hum  do  Eftribeiro  mor  da  mefma  Sereniflima  Se-^ 

nhora  Princcza. 
Hum  do  Confeflbr,  e  Veadores  da  Sereniflima  Se- 

nhora  Rainha. 
Hum  dos  Veadores  da  mefma  Sereniflima  Senhora 

Rainha. 
Hum  do  Eftribeiro  mor  da  mefma  Senhora. 
Quatro  coches  de  Veadores ,  e  Ofliciaes  da  Cafa 

del-Rey. 
Hum  do  ieu  Eftribeiro  mor. 
Hum  de  refpeito  da  Sereniflima  Senhora  Infanta 

D.  Francifca, 

Hum 


1729. 


^20   Hijloria  Tanegyrica  dos  dejjjofonos 

• 

Hum  de  refpeito  do  Senhor  Infante  D.  Antonio. 
Hum  de  refpeito  do  Senhor  Infante  D.  Francifcd. 
Hum  de  relpeito  do  Senhor  Infante  D.  Pedro. 
Hum  de  refpeito  do  Senhor  Infante  D.  Carlos. 
Hum  de  refpeito  da  Senhora  Princeza  do  Brazil. 
Hum  de  refpeito  do  SereniiTimo  Principe. 
Hum  de  refpeito  da  Sereniirmia  Senhora  Rainha. 
Hum  de  refpeito  del-Rey. 
Hum  da  pelfoa  do  Senhor  Infante  D.  Antonio. 
Hum  da  peflba  do  Senhor  Infante  D.  Francifco. 
Hum  das  pellbas  dos  Senhores  Infantes,  D  Pedro , 

e  D.  Carlos. 
Hum  das  peffoas  de  Suas  Mageftades,  e  dos  Sere- 

nilTimos  Senhores  Principe,  e  Princeza. 
Hum  das  Camareiras  mores ,   e  Donnas    de  ho- 

nor. 
Onze  de  Donnas  de  honor  ,  Damas ,  Agafatas  ,  e 

Mo^as  da  Camara. 
Seflenta  mo^os  da  Eftribeira  a  cavallo ,  de  tras  dos 

coches  das  Peffoas. 
Os  Capitaens  das  tres  Companhias  da  Guarda,  a  ca- 

vallo. 
O  Regimento  da  Cavallaria,  do  General  Marquez 

de  Marialva  ,  commandado  pelo  feu  Tentente 

Coronel;  Antonio  Carlos  de  Caftro. 

Note-fe  ,  que  ainda  que  os  Senhores  Infantes  ,  D. 
Pedro  ,  e  D.  Carlos*  fe  fituao  em  hum  coche ,  c  os 
Senhores  Infantes ,  D.  Francifco  ,  e  D.  Antonio , 
cada  hum  no  feu ,  vierao  eftes  dous  ultimos  Senho- 
res,  com  feus  Sereniftimos  Sobrinhosj  pelo  que  or- 
denou  Sua  Mageftade  ,  que  os  coches  que  os  Se- 
nhores  Infantes  nao  occuparao,  foflem  tambem 
de  reipeito.  Huma,  e  outra  coufa  fe  le  nas  memo- 

rias 


dos  Principes  do^Bra^ilj  Livro  W.  5  2 1 

rias  manuefcritas  do  ExcellentifTimo  Duqne  de  Ca-       172 0. 
daval ,  Eftribciro  mor ,  D.  Jayme  de  Mello. 

5 1  O  nobilifrimo  Senado  da  Camara  efperava 
as  pelToas  Reaes  no  largo  do  mefmo  fitio  da  Efpe- 
ran^a^aonde  os  mefiiios  Senhores  fe  apearao.  Tocou 
ao  Doutor  Dezembargador  Jorge  Freire  de  Andra- 
de,  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chrifto,  e  Juiz  Confer- 
vador  da  Cafa  da  Moeda ,  como  a  Vereador  mais 
antigo  do  mefmo  Senado^  dar,  como  he  cftylo,  em 
jiome  delle  as  boas  vindas,  e  os  parabens  a  Suas  Ma- 
geflades,  e  aos  SereniiTimos  Principes  Noivos,  com 
tanta  afiluencia  de  elegancia,  que  16  pelo  feu  nome 
proprio,  fe  poderia  dilcernir  efle  grande  Orador,do 
^  e^oquentiirimo  Hifforiador  das  ac^oens  do  quarto, 
e  grande  Vifo-Rey  da  India  D.Joao  de  Caflro.  Efla 
f  oi  a  fua 

O  R  A  q  A  d 

Muito  Altos ,  e  muito  Foderofos  %ejs  ^  e 
Principes  Senhores  nojjbs. 

HE  obriga^ao  dos  Vaflallos  feflejarerti ,  Orafao  que  faz 
eapplaudirem  as  felicidades  dos  feus  ^»;,>2'„^-^. 
Soberanos.  Muitas  fao  as  que  VofTas  ador  r-ds  antigo 
Mageflades  participao   nos  Auguftos  Defpofo-  ^^  Senado  da  Caz 
rios  dos  Sereniilimos  Principes  nollbs  Senhores, 
y,  que  eflao  prefentes  ,•  porque  com  elles  pcrpetiiao 
a  fua  Real  Defcendencia  ,  conftitiiem  perma- 
nente  efla  Monarqilia ,  e  promettem  exalta^ao 
a  Fe  Catholica.    Perpetuao  a  fua  Real  Defcen- 
dencia ;  porque  com  a  fecundidade  dos  feus  Su- 
),  ceilbres  fazcm  ,  que  fe  continue  na  fua  Real  Ca- 
,j  fa  o  efplendor  ,  e  do  feu  feliz  Reynado  a  mC'- 
.  Ss  „  moria, 


}  22    Hidoria  Panegyrlca  dos  defpoforlos 

1720  »  "^<^"a.  Conftltuem  permanente  efta  Monarquia; 
„  porque  com  anticipada  providencia  Ihe  procura6 
„  proprios  SucelFores,  para  que  nas  futuras  idades 
f,  fenao  veja  vacillante  ,  mas  cterna  a  dura^ao  def- 
„  te  Imperio :  pelo  meimo  motivo  promettem  ex- 
„  alta^ao  a  Fe  Catholica  j  porque  efte  foi  fempre  o 
„  principal  objefto  dos  noflbs  PrincipeS;  e  o  fim,  a 
„  que  fe  dirigiao  as  emprezas  daMonarquiaPortu- 
;,  gueza,  e  permanente  efta  nos  feus  Suceffores  fe 
„  feguem  a  Fe  repetidos  triunfos.  Os  mefmos  nos 
„  aflegurao  os  Nomes  dos  noflbs  Principesj  fendo 
,y  hum  vaticinio  dos  aUgmentos,  e  outro  das  vi^ia- 
„  rias,-  e  na  verdade  vendo-fe  hoje  nefta  ditofa  uniao 
„  incorporado  o  fangue  Portuguez  ,  e  Auftriaco 
„  com  o  de  Bourbon,  e  de  Farnezio,  cujas  glorias 
„  venera  a  Chriftandade  com  admira^ao,  e  o  Paga- 
„  nifmo  com  refpeito ,  que  devemos  eiperar  fe- 
„  nao  progreffos  a  Monarquia ,  e  adiantamentos 
,y  a  Fe  ?  Com  razao  pois  efta  Cidade ,  Corte  de 
,  „  Voilas  Mageftades ,  em  demonftra^ao  do  feu 
„  contentamento,  com  alegres ,  e  triunf aes  accla- 
„  ma^oens,  publica  hoje ,  que  vivao  os  noifos  Prin- 
yy  cipes ,  e  Reys,  annos  fem  numero. 

viv a6,  VI V a6. 

Cminua-fe  a  Re'  e^  Immediatamente  fe  foi  ,  logo  que  efte  in- 
figne  Orador  concluio  ,  contmuando  a  Real  entra- 
da ,  que  profeguio  da  Efperan^a  pela  Cal^ada  do 
Combro ,  Rua  direita  do  Loureto ,  Rua  larga  das 
Portas  de  Santa  Catharina ,  Chiado ,  Rua  nova  do 
Almada,  Rua  nova  dos  ferros ,  Pra^a  do  Pelouri- 
nho ,  Terreiro  do  Pago ,  e  Patriarcal.  Havia-fe  le- 
vantado  por  todo  efte  circuito  arcos  triun Faes^  que 

fe 


al  entrada. 


dos  Frincipes  do  "Bra^il^  Livro  IV,   5 2 \ 

fecoroavao  com  trefnulantes  eftandartes ,  e  nao  172  0. 
pareciao  ^  lenao  arquite61ados  peJa  mao  da  merma 
opulencia.  Enchia  os  olhos^  e  toda  a  expecta^ao 
tanta  riqueza  ,  tanta  feda,  e  tanto  palhetao  de  oii- 
ro.  Na  fua  pintura  ,  nas  fuas  eftatuas  parece  ,  que 
haviao  tuabalhado  a  competencia  os  primeiros  Co- 
ryfeos  de  ambas  aquellas  infignes  faculdades.  Nas 
figuras  ,  ideias,  emblemmas,  epigrammas ,  e  inf 
cripcoens  que  Ihes  ferviao  dealma,  fe  apurou  o 
mais  levantado  da  fantafia  ,  e  difcri^ao  humana. 

53  Concorrerao  para  efte  obfequio  as  Na- 
^oens  eftranhas,  os  homens  de  negocio,  e  os  offi- 
cios  populares  ,•  motivo  porque  a  muitos  Ihe  ferviao 
de  coroa ,  ja  os  eftemmas  das  armas  das  mefmas 
Nagoens  eftranhas ,  ja  os  Santos  TuteJares  dos 
mefmos  officios ,  ou  mifteres.  Igualmente  fe  admi- 
ravao  nelles  ,  melhor  do  que  nos  jeroghficos  Egy- 
pcios,  as  figuras  de  algumas  virtudes,  como  con- 
correndo  para  o  triunfo  de  huns  Principes  ,  que 
tanto  as  honravao  ,  exercendo-as  como  centro  de 
todas. 

54  Era  o  primeiro  deftes  arcos ,  levantado  no 
fitio  da  Efperan^a  pela  nacao  Ingleza  ,  que  affim 
como  aFranceza  ,  Itaiiana,  e  Alemaa  ,  foi  huma 
das  que  mais  fe  empenharao  em  obfequiar  eftii 
triunfal ,  e  Regia  entrada  ,•  mas  fobrejujava  todo 
efte  affefto  das  Na^oens  eftrangeiras  o  efpJendor, 
e  magnificencia ,  com  que  Jhe  poz  a  coroa  a  Cafle- 
Ihana  ,  por  cuja  conta  correo  a  eflructura  do  der- 
radeiro  arco  _,  que  fe  erigio  junto  a  Santa  BaliJica 
Patriarcal. 

5*5  Sentimos  nao  poder  dar  nefle  lugar  huma 
mais  individual  efpicificacao ,  a  imitacao  de  outros 
Efcritores  de  femeJhante  Inflituto  ,  de  todos  efles 

Ss  ii  arcos. 


524  Hijloria  Panegyrka  dos  defpofonpr      * 

172  0.  arcos ,  indagando  quaes  forao  as  Na^oens,  e  Offi- 
cios ,  a  cujo  cargo  correrao  os  fitios ,  em  que  el- 
les  fe  levantarao ,  e  as  fuas  figuras ,  letras,  infcrip- 
^oens ,  e  mais  particularidadcs,-  mas  depois  de  ha- 
vermos  trabalhado  por  vencer  efta  difficuldade,  nao 
pode  furtir  effeito  a  noffa  dihgencia.  No  Prologo 
defta  Hiftoria,  damos  fobre  efte  Capitulo  huma  fa- 
tisfa^ao  aos  noffos  Leitores. 
Ornato  lUsruas.  56  Achavao ,  ainda  os  mais  efcrupulofos  de 
contentar ,  toda  a  mais  completa  fatisfa^ao  no  lu- 
zidiirmio  ornato  das  ruas ,  por  onde  Suas  Magefta- 
des ,  e  Altezas  haviao  fazer  caminho.  Haviao-fe, 
por  ordem  do  Senado  de  ambas  as  Lisboas ,  Occi- 
dental ,  e  Oriental ,  mandado  concertar  aquellas , 
por  onde  havia  de  paflar  efta  Real  comitiva  ,  e 
ifto  fe  executou  com  tanta  promptidao ,  que  pare- 
ce  nao  fe  meteo  tempo  entre  o  difpofto  ,  e  o  exe- 
cutado.  Nao  fe  via  mais  que  pompa ,  luzimento  , 
e  grandeza  ,  ornadas  as  paredes  ,  e  as  janellas  das 
maisricas,  e  pompofas  arma^oens.  Entre  ellas  ha- 
via  muitos  efpelhos  excellentes ,  que  multiplica- 
vao  obje^los  tao  viftofos  ,  e  agradavcis. 

57  Logo  que  Suas,  Mageftades ,  e  Altezas 
chegarao  ao  Terreiro  do  Paco,  Ihes  fizerao  falva 
com  tres  defcargas  de  Mofquetaria,  feis  Batalhoens 
de  Infantaria  ,  e  quatro  Efquadroens  de  Cavalk' 
ria ,  que  alli  fe  haviao  formado  em  duas  linhas. 
Ao  mefmo  tempo  falvarao  o  Forte  da  V  edoria  ,  o 
Caftello  de  S.  Jorge ,  as  Fortalezas  da  Marinha , 
e  as  Naos  ancoradas  nefte  porto.  Conflituiao-fe  as 
referidas  duas  linhas  ,  por  cujo  meio  fizerao  tran- 
fito  Suas  Mageftades,  e  Altezas,  com  os  Regimen- 
tos  feguintes .- 

Quatro  Efquadroens  de  Cavallaria  do  Regimento 
do  Conde  dos  Arcos.  de 


dos  Trincipes  do  "Bra^^il,  Livro  IV.  5  2 1 

de  Lisboa  ,•  do  Porteiro  mor.  \^Z^, 

de  Cafcaes. 
O  Regi-  ) de  Lisboaj^e  Inacio  Xavier  Vkira  Matofi. 
niejito    "Sde  Peniche. 

'de  Sctuval. 

^da  Armada. 

Tiverao  ordem  os  Titulos  para  fe  apear  junto  as 
efcadas  do  Corpo  da  guarda  j  e  deo-fe  outra  a 
comitiva,  para  ir  apear-fe  no  pateo  da  Capella. 

58  Tanto  que  alli  chegarao  as  peifoas  Reaes,  ^^^1^^  "^  ^siTa 
acharao  jaosTitulos,  que  as  eftavao  eiperando , /g-^^j^  fatriar" 
e  alli  mefmo  forao  recebidos  debaixo  de  pallio ,  f^^l- 

pelos  Vereadores  do  nobiliifnno  Senado  Lisbonen- 

fe.    Subirao    a  Santa  Baiilica  Patriarcal ,    a  cuja 

porta  interior  as  eftava  eiperando,  Gom  o  IlluftrifH- 

mo  CoIIegio   dos  feus  Conegos ,    em  corpo   dc 

Communidade  ,    o  Scnlior  Patriarca.  Immediata- 

mente  que  entrou  a  Sereniffmia  Princeza  do  Bra- 

zil ,  chegou  o  Marquez  de  Angeja ,  feu  Mordo- 

mo  mor ,   huma  almofada  para  ella  ajoelhar,  e 

beijar  a  Santa  Cruz.  Depois  que  todos  os  mefmos  $^^  S^H^^  ^,. 

Senhores  tomarao  agua  benta ,  e  nzerao  Ora^ao,  condujad  defta 

entoou  o  mefmo  Patriarca  ,  reveftido  em  Pontifi-  Realjomada. 

cal ,  o  Te  Deum ,  que  profeguirao  com  excellen- 

tes  voces  os  Muficos  Italianos.  Concluida  efta  fa- 

grada  ceremonia ,  recolherao-fe  por  dentro  da  mef 

ma  BaHIica  Suas  Mageftades ,   e  Altezas  por  nao 

podercm  voltar  os  coches  dentro  no  mefino  pa- 

teo ,  que  todos  erao  de  extraordinaria  grandeza, 

competindo  nelles  a  opulencia  com  o  artificio ,  para 

a  Sala  dos  Tudefcos. 

59  Sairao  depois  os  mefmos  Senhores ,  para 
que  efte  dia  foife  inteiramente  feftivo  _,  a  alegrar 

com 


5  26   Hi/loria  Faiiegyrica  dos  defpofvrios 

172 Oi  com  a  fua  Real  vifta  o  infinito  concurfo  que  fe 
juntara  no  Terreiro  do  Pa^o,  para  o  que  fe  digna- 
rao  de  apparecer  publicamente  em  huma  galcria 
que  cahia  para  aquella  mefma  parte.  Seguio-fe  a 
noite ,  em  que  nao  celfavao  os  repiques  dos  fmos, 
em  que  fe  illuminou  todo  Lisboa  ,  e  todas  as  em- 
barcacoens  que  fe  achavao  no  Tejo  ,  em  que  fe  de- 
rao  repetidas  defcargas  de  artilheria ,  em  que  ar- 
deo  huma  maquina  de  fogo  artificial  j  e  em  que 
houve  ferenata  no  Paco  ,•  fertejos  que  todos  fe  re- 
petirao  nas  duas  noites  feguintes :  nao  pareceo, 
fenao  que  afiim  fe  continuavao  ,  fem  interrup^ao 
as  grandezas  ,  e  glorias  de  hum  tao  memoravel 
dia  ,  e  effeclivamente  fe  continuarao  nos  feguin- 
tes ,  em  que  Suas  Mageftades ,  e  Altezas  derao 
beijamao  ao  Senhor  Patriarca  ,  aNobreza,  aos 
Tribunaes  ,  aos  Prelados  das  Rehgioens ,  e  aos 
EminentiiTimos  Cardeaes,  da  Cunha,  Pereira,  e  da 
Mota  ,  mandando  aos  Tribunaes  que  fufpendef 
fem  o  delpacho  ate  vinte  do  referido  mez  de  Ja- 


neiro. 


6o  Impofiivel,  e  muito  grande  impofTivel  fo- 
ra ,  querer  aqui  defcrever  os  infinitos  applaufos , 
com  que  neftes  Reynos ,  e  nas  Coiiquiftas  fe  fefle- 
jarao  eftes  Auguftilfmios  Defpoforios  ,  e  muitos 
delles  fe  imprimirao.  As  Academias  do  Reyno, 
que  no  Reynado  de  hum  Soberano  tao  afi^ei^oado 
as  ciencias ,  floreciao  com  os  mais  gloriofos  pro- 
greffos ,  e  as  pennas,  alfim  de  Portugal,  como  das 
Conquiftas ,  em  Profa ,  e  Verfo  nao  tiverao  outro 
afllmipto,  de  que  exiftem  igualmente  eternos ,  que 
preciofos  monumentos.  Mas  nao  faz  novidade, 
que  os  Poituguezes  em  todas  as  idades  tao  amantes 
dos  feus  Principes ,  e  Soberanos ,  apuraflem  nefta 


occa- 


dosPmcipes  do  "Bras^iU  Livro  IV.  J  2  7 

occafiao  osultimos  esfor^os  da  fua  amante  fideli-       172  0 
dade. 

6^  Mas  qUe  muito  fe  tudo  cedia  em  obfequio 
de  huns  Principes ,  hoje  nolTos  AuguflilTimos  Rey- 
nantes ,  a  quem  o  Rey  dos  Seculos  ,  por  muitos, 
efehe  pomvel  por  eternos,  profpere,  efehcite, 
paraque  fejao,  como  fao,  antes  Pays,  que  Senho- 
res  de  leus  Vaifallos ,  a  qucm  regem  com  tanta 
vigilancia,  ejufli^a,  com  tanta  paz,  e  amor,  com 
tanta  fehcidade ,  e  religiao.  Bem  fe  efta  nelles  ve- 
rificando  o  dito  de  Chriflo  ao  primeiro  ,  e  Santo 
Rey  defta  Monarquia ,  D.  Affonfo  Henriques,  que 
mereceo  ouvir  da  Divma  Boca  do  mefmo  Senhor, 
que  Eftc  queria  fundar  neile ,  e  em  feus  Suceffo' 
res,  hum  Imperio  para  Si* 

.61  O  Reyno  de  Portugal ,  he  logo  hum  Rey- 
no  de  Deos ,  excellencia  porque  muito  ha  ,  que  fe 
efpera  que  feja  univerfal ,  nao  ja  para 

do  mtindo  a  Deos  dar  parte  graiide  y 
o  feu  gloriofo,  e  Fideliifmio  Soberano,  como  fallan* 
do  com  El-Rey  D.  Sebaftiao,  Ihe  dizia  o  noffo  E'pi- 
co,-  mas  para  fometer  todo  o  mundo  ,  abatidas,  ani- 
quiladas ,  e  extin6fas  as  formidaveis  for§as  Aga- 
renas  ao  nome,  e  obediencia  de  Chriflo.  E  pois  que 
jPortugal  hoje  fe  ve  regido  de  hum  Principe  tao 
Sabio ,  e  tao  Inclyto,ta6  Juflo,  e  tao  Benemerito, 
permitta  o  mefmo  Senhor  coroar  nelle  tao  largas 
efperah^as ,  o  que  ainda  nao  fera  premio  condigno 
do  feu  tao  incomparavel  merecimento. 

63     Seja  finalmente  coroadefla  obraanoticia^''^»^^-^»  ^^'«^«^ 
de  alguns  iPoemas  de  mais  merecimento ,  com  que  doros%^4es  Ca» 
o  Parnazo  Portuguez  concorreo  a  celebrar  o  }Lea\famen:os. 
aifumpto  defles  Augufliifimos  Defpoforios,  e  tranf- 
creveremos  alguns  delies  em  fatisfa^ao  da  curiofl- 

dade 


52S  Hifioria  Panegyrica  dos  defpofirios 

1726,'  'dade  dos  Leitores.  No  Colleglo  de  Siinto  Antao 
defta  Cidade  de  Lisboa  virao  em  28.  de  Junho 
defte  mefmo  anno  de  1729.  as  Sereniirmias  Senho- 
ras,  Rainha  ,  e  Princeza  reprclenr-iir  huma  Tragi- 
comedia  Latina^em  obfequio  deftas  Reaes  nupcias. 
Era  compofla.  pelos  Reverendos  Padres  daquella 
Cafa  y  que  alludindo  a  figniiica^ao  dos  nomes  dos 
Serenimmos  Principes  ,  Ihe  derao  o  titulo  de  Lu/i- 
taniiV  Augmentmn  ViBoria  cQromtiim.  A  fua  ideia, 
que  he  muito  engenhofa ,  imprimio-fe,  fem  o  cor- 
po  da  Obra  ,  que  tanto  fe  defejava  ,  e  que  honra- 
ria  grandemente  efte  noflb  tao  humilde  efcrito,  no 
mefmo  anno  ,  na  OfHcina  da  Academia  Real  da 
Hiftoria  Portugueza.  . 

64  Aqui,  entre  os  que  jntentamos  tranfcrever^ 
lan^ariamos  com  muito  gofto  hum  felicilfimo  P(ip- 
ma  de  D.  Francifco  Xavier  de  Menezes,  Conde  da 
Ericeira  _,  que  de  algum  modo  diz,  refpeito  a  efte 
foberano  aifumpto.  Fello  ieu  eruditilTimo ,  eEx- 
cellentiiTimo  Author  com  a  occafiao  de  Ihe  hawer 
fignificado  o  Duqiie  de  Montelhano ,  que  Ihe  man- 
dou  hum  feii  elegantiifimo'  Poema ,  em  que  def- 
creve  a  Fabula  de  Narcifo  ,  e  Eco  ,  em  cento  e 
quinze  Oitavas ,  que  deiejava  ver  alguma  prodtic- 
§a6  do  feu  elevadiifimo  numen. 
o^^y--  'Refpondeo  o  Conde  da  Ericeita  ,  fatisfa- 
zendo  aos  defejos  do  Duque  com  outro  Poema, 
que  fez  no  breve  termo  de  oito  dias ,  deoutras 
Oitavas ,  peios  mefmos  confoantes  das  da  Fabula 
que  fe  Ihe  mandara.  Intitulou  efle  Poema  :  Nar- 
cifo  de  Hipocrenej  em  humengenhoiiirmio,  e  ver- 
dadeiramente  Poetico  metamorfofis ,  em  que  fub- 
entende  ,  de  baixo  do  nome  dos  deofes  da  Genti- 
lidade-;  as  pefFoas  Reaes  dehuma,  e  outraCorte; 

e  de- 


dos Frindpes  do  Bra^U  Livro  IV.    529 

e  denominando  ao  Duaiie  de  Montelhano ,  Nar- 
ci/o  de  Hipocrejjc  ,  o  perfuade  a  celebrar  nos  ieus 
harmoniofos  ,  e  cientilicos  numeros  os  Reaes  ,  e 
reciprocos  Cafamentos,  celebrados  no  Caia,  de  que 
efte  mefmo  Poema  do  Conde  da  huma  bella  ideia. 

66  Reparando  porem  ailim  em  que  eftes  dous 
Poemas  peJa  razao  de  haver  refponcfido  o  Conde 
da  Ericeira  no  fegundo  y  pelos  mefiTios  confoantes 
do  primeiro ,  fao  connexos  entre  fi^  ao  mefmo  tcm- 
po  que  o  do  Duque  nenhum  refpeito  diz  a  efta 
!ReaI  accao ,  como  tambem,  em  que  o  do  Ericeira 
nao  celebra  diredia  ,  e  pofitivamente  o  mefmo  lo- 
berano  aftumpto ,  fenao  que  inftiga  aquelle  Titulo, 
11  que  o  celebre,  nos  efcufamos  de  Ihes  dar-mos  lu- 
gar  ncfta  Obra ,  fendo  elles  certamente  digniftimos 
de  coroar  outras ,  nao  tao  rafteiras  como  efta  nof 
fa ,  fenao  das  primeiras  j  e  mais  execellentes  pen- 
nas.  Ambos  os  mefmos  Poemas  fe  imprimirao  em 
Lisboanefte  mefmo  anno  de  1 729.  na  OfEcina  Fer- 
rciriana. 

67  Em  fim,  deixando  outras  muitas  Poefias, 
dignas  verdadeiramente  da  iminortalidade  da  Fa- 
ma,  e  da  gloria  ,  imprelfas  em  Caftella  ,  e  Portu- 
galj  ( e  na  Corte  de  Lisboa,  fe  fez  huma  CoIIec^ao 
dellas ,  que  fe  imprimio  nefte  mefmo  anno  ,  na 
Officina  da  Mufica ,  aonde  correndo  o  de  1734. 
fe  imprimio  tambem  hum  Poema  Heroico,  em  oue 
feu  Author  D.  Jorge  de  Almeida  de  Menezes, 
Profefto  do  Habito  de  S.  Joao  do  Hofpital  de  Je- 
rufalem,  celebrou  ,  com  verfos  dignos  do  mefmo 
Homero,  eftas  Reacs  niipcias)  fatisfaremos  a  cu- 
riofidade  do  Leitor ,  com  o  Epithalamio  ja  nefta 
Obra  prometido  do  Doutor  Jofeph  de  Matos  da 
Rocha  ,  duas  vezes  querido  lilho  de  Apollo,  por- 

Tt  que 


1729. 


3  5 o   Hiftorki  Fanenrica  dos  dejpoforws 

I"20  q"^6  Mcdico  doiuilTimo ,  e  judicioriirimo  Poeta  Lx- 
tino;  eVulgar:  com  lium  Romance  Hendecafy- 
labo ,  Caftelhano ,  impreiro  em  Madrid  por  hum 
'  Anoiiymo  Portu^uez  :  com  algumas  engracadiiri- 
mas  bbras  de  Thomas  Pinto  Brandao ,  hum  dos 
engenhos  -mais  fmgularmente  feHzes  no  cftylo  jo- 
coferio  j  e  uitimamente  com  humEpigramma  Lati- 
110";  que  fervira  de  coroa  a  efta  grande  Obra. 

Efithalamlo  ms  Auguflas  Vodas  dos  Sere- 
mfftraos  Frincipes  do\BrazJil, 

DO    DOUTOR 

JOSEPH  DE  MATOS 

D  A    R   O  C  H  A. 

O    I    T    A    V    A    S. 

EU  aquelle  ,  que  emplectro  arnloniozo, 
duas  vezes  de  Apollo  fifho  amado  , 
de  volfa  May  6  Principe  famozo ; 
cantey  alegreo  Thahimo  dourado  ; 
hoje  ao  voiTo  confagro  obfeqiiiozo 
o  inftrumento  ,  que  tinha  pendurado  j  i 

que  he  bem ,  Senhor  ,  a  cujos  pes  me  humilho^ 
pois  celebrey  a  Mav  -,  celebre  o  Filho. 

Pela  boca  do  Tejo  tranfparente 
entao  fe  ouvio  da  minha  Mufa  o  canto  ; 
e  o  mefmo  Tejo  na  occafiao  prefente 
folemnizar  devia  Hymeneo  tanto  : 
porque  fe  em  todo  o  Reyno  geralmente 
he  a  alegria  tal ,  que  caufa  efpanto , 
nao  erao  termos  a  razao  oppoftos 
que  hum  Rio  celebrafTe  hum  mar  de  goftos. 

Mas 


dos  Principes  do  Bra^il,  Livro  J  V.   j  51 

Mas  emmudece  o  Tejo ,  porque  agora  1720. 

de  tantos  Cylnes  ieus  fufpenro  admira 
a  fuave  armonia  ,  a  voz  fonora , 
com  quc  a  Jouvar-vos  feu  dezejo  afpira  ,• 
mas  fe  tan.to  vos  ama ,  e  vos  adora 
o  voflb  Portugal ,  he  bem  que  infira 
que  maiorcs  applaufos  vos  ordena 
a  Alma  por  lingua  ,  o  coracao  por  penna. 

Como  para  o  feu  Povo  he  tao  benigna 
dos  Lufitanos  Reys  a  Mageftade  , 
que  em  cada  Rey  ,  Senhor  y  que  nos  domina , 
hum  Pay  reconhecemos  na  verdade  j 
o  mais  ardente  amor,  a  fe  mais  fina 
vos  deve  tributar  nolTa  vontade  ,• 
pois  herdareis ,  6  Principe  excellente., 
os  Reynos  ,  e  as  virtudes  juntamente. 

Que  gofto  pois  agora ,  que  alegria 
nos  caulara  o  vofTo  Cafamento  ? 
fe  nos  inculca  a  gloria  defle  dia 
fuccelfao  longa  de  Monarcas  cento : 
vera  por  certo  a  Lufa  Monarquia 
ir  de  feus  Reys  o  numero  em  aumento  r 
tambem  o  voflb  nome  alfmi  o  indica, 
porque  Jofeph  aumento  fignifica. 

Em  tenra  idade  vos  achais  Efpofo 
da  mais  fermoza ,  e  fmgular  Princeza , 
que  o  Mancanares  produzio  ditozo , 
que  hberal  dotou  a  natureza  c 
efperar  pelo  tempo  vagarozo 
defattencao  feria  da  bclleza  ,• 
e  feu  amor  infama  quem  procura 
com  aggravos  bufcar  a  fermofura. 


Tt  ii  Pode 


^12  HifioriaFanegyricadosdefpoforios 

I720w  Pode  mais  a  fineza  ,  do  que  a  idade , 

nao  obftou  a  ier  Noivo  o  fer  Meiuiio  ,• 
e  fe  ficou  queixoza  a  mocidade , 
ficou  o  amor  com  creditos  de  fiiio  : 
pouco  faz  quem  entrega  a  liberdade , 
quando  o  tempo  Ihe  da  theatro  dino : 
fo  fe  habifita  a  merecer  favores 
quem  anticipa  ao'^  annos  os  amores. 

Mils,  aihda  que  andafl:es  ta6amante> 
menos  amante  nao  andou  Maria  ,• 
pois  fe  vos  he  rtos  annos  femelhante , 
vos  fara  nos  excellbs  companhia ; 
fe  a  idade  defigual  faz  difibnante 
dos  conjugaes  affei^^os  aarmonia, 
Hvre  efl:a  voifa  Eijiofa  de  taSs  danos,- 
pois  he  igual  nas  prendas  ,  e  nos  annos. 
Como  a  Divina  Mao  Omnipotente 
da  gentileza  vosdotou  mais  rara, 
por  todo  o  feu  Impe  rio  trarifparente 
para  feu  Genro ,    Tethis  vos  comprara ; 
€  vendo  que  CafteJia  diligente 
feus  altos  peiifamentos  Ihe  cftorvara , 
medonha  em  ondas  pelas  prayas  foa , 
e  irada  bate  os  muros  de  Lisboa. 

Que  prudente  Filippe  ?  Que  acertado 
aquelle  Rey  famozo  de  Caftella  , 
vendo  que  havieis  de  tomar  Eftado  , 
vos  deo  para  Mulher  Filha  tao  bella  ? 
Pois  fendo  vos  de  Adonis  o  traslado  , 
fendo  de  Venus  o  retrato  Ella, 
fo  convinha  na  Corte  Lufitana 
a  Adonis  Luzo  a  Venus  Caftelhana. 


S6 


dos  Principes  do  ^ni^qh  Livro  IV.   55  '5 

S6  tao  bizarro  Principe  pudera  172  Ot 

merecer  huma  Efpola  tao  fermoza'  ,• 
fo  a  Augufta  Maria  merecera 
de  Principe  tao  grande  fer  Efpofa  ; 
e  1  e  a  cafo  no  mundo  nao  nafcera 
para  a  fuprema  dita ,  que  hoje  goza, 
nao  havendo  outra  igual  para  admittida  , 
havieis  fer  Solteiro  toda  a  vida. 

Ate  pois  conjugal ,  perpetuo  lago 
o  peito  amante  de  huma  ,  e  outra  Alteza ;    ' 
e  unidas  ambas  em  eterno  abra^o 
vengao  das  Parcas  a  fital  dureza  :' 
nao  tema ,  nao  belhgero  amea^o      , 
a  N  acao  Hefpanhola ,  ou  Portugueza , 
unir-fe  vendo  na  marcial  Campanha 
Quinas  de  Portugal ,  Leoens  de  Helpanha. 

Mas  antes  efte  dia  venturofo 
hum  grande  fufto  ao  mundo  todo  mete, 
vendo  que  ao  voiTo  bra^o  valerofo 
fazer  Imperio  a  Portugal  compete  ; 
o  torpe  Ifmaelita  efta  medrozo  , 
fabendo  que  a  fortuna  vos  promette 
ter-des  de  todo  o  Mundo  vencimentd  ,• 
pois  vos  deo  a  Vitoria  em  Cafamento. 

Eifc  fingido  Templo  de  Diana, 
que  ardeo  do  volTo  Paco  no  Terreiro  ^ 
quando  Lisboa  feftejou  ufana 
de  voifas  Vodas  o  rumor  primeiro , 
annuncio  foi  a  o;ente  Lufitana 
de  que  algum  dia  ,  Capitao  guerreiro , 
abrazareis  com  chammas  infinitas  ,  • 

do  vil  Mafoma  as  barbaras  Mefquitas. 


Levareis 


1727- 


554  Hifioria  Panegyrica  dos  defpofonos 

Levareis  volFa  Efpofa  ao  voflb  lado  ; 
fe  quereis  ter  eftrella  nas  Campanhas : 
igualmente  d'amor,  e  esfor^o  armado, 
maiores  hao  de  fer  volfas  fa^anhas .- 
de  tao  bella  Conforte  acompanhado 
rendereis  ainda  as  gentes  mais  eftranhas , 
pois  nao  menos  triunfos  aflegura  , 
que  a  vofl^a  efpada  ,  a  fua  fermofura. 

Em  quanto  pois  a  idade  nao  permitte 
defenrolar  o  bellico  eftendartc  , 
he  bem  que  o  voflb  peito  fe  habilite 
nas  milicias  do  Amor  para  as  de  Marte : 
o  valerofo  Aquilles  vos  incite 
a  feguir  feu  exemplo  em  toda  a  parte  ,• 
pois  tambeni ,  d'  outra  Infanta  namorado , 
primeiro  foi  amante ,  que  Soldado. 

Nao  implica  ao  valor  o  rendimento , 
nao  fe  oppoem  a  fineza  a  valentia  : 
quem  foftVer  de  efperan^as  o  tormento , 
tera  para  os  combatcs  oufadia  : 
enfayay  pois ,  Senhor ,  o  nobre  alento 
nos  doces  facrificios  de  Maria  ,• 
que  aflTim  do  Tejo  para  altivas  glorias 
feguirao  aos  amores  as  Vitorias. 

Na  companhia  da  Conforte  bella 
ja  podeis  aliviar  a  faudade 
da  chara  Irmaa  ,  que  nos  levou  Caftella 
por  reciproco  abono  da  amifade-: 
fe  huma  Eftrella  trocou  por  outra  Eftrella 
da  primeira  grandeza  ,  e  qualidade , 
razao  fera  que  a  voffa  dor  fe  afrouxe ; 
pois  fe  huma  nos  levou  ,  outra  nos  trouxe. 


Tanv 


dos  Principes  do  "Bra^il,  Livro  IV.    3  5  J 

Tambem  Fernando  fente  a  aufencia  dura  1720, 

da  charalrmaa,  que  Portugal  Ihe  tira,- 
porem  da  nova  Efpofa  a  fermofura 
oh  quanto  ahvio  a  fua  pena  infpira ! 
Se  he  defterro  das  magoas  a  ventura , 
ja  de  Fernando  a  magoa  fe  retira ; 
fede  pois  nos  ahvios  feu  parceiro , 
ja  que  fois  nas  venturas  companheiro. 

Fizera  Hefpanha  ao  vollo  amor  injurias, 
fe  nao  pagalfe  affim  vollk  iineza  ,• 
pois,  fe  Princeza  dais  para  as  Afturias, 
tambem  vos  da  para  o  Brazil  Princeza; 
do  Mar  as  ondas  ,  e  do  vento  as  furias 
doma  de  qualquer  dellas  a  belleza ,- 
pois  fublimes  os  feus  merecimentos 
tem  poder  fobre  ps  mefmos  Eiementos. 

Bem  o  vimos  alfim,  quando  ambas  vimos 
palFar  o  nolfo  Tejo  caudalozo , 
e  tao  ferenos  feus  criftaes  fenrimos , 
que  parece  que  o  Noto  procellozo 
adormecido  eftava  entre  feus  limos  r 
que  focegado,  e  manfo  o  Caia  undozo^ 
vendohuma,  e  outraNoiva  peregrina, 
foi  de  dous  Soes  esfera  criftallina  ! 

Coroado  de  junco  ,  ed'efpadana 
quiz  foberbo  encrefpar  fua  corrente  , 
quando  a  Flor  Portugueza  ,  e  Caftelhana 
pifou  feu  claro  Rio  juntamente,- 
porem  ,  fe  o  incitou  vaidade  iifana  , 
o  fupprimio  oblequio  reverente, 
porque  em  fim  oblervou  todo  o  concurfo 
que  mais  detinha,  que  alterava  o  curfo. 


Abforto 


j]6  Hifioria  Penegyrlca  dos  defpcforios 

1720  '    -^brorto  em  tanta  gloria  fe  fufpende  > 

e  por  Jogralla  mais  algum  efpago^ 
numa  ^  e  outra  ribeira  mais  fe  extende , 
nas  margens  ambas  mais  alarga  opalfo,- 
e  como  fobre  fi  fazer-fe  entende 
das  Reaes  Noivas  o  feliz  trafpaifo , 
ja  d'  Atlante  as  vanglorias  fe  aflegura , 
pois  fuftentou  o  Ceo  da  fermofura. 

Concorreo  nefte   faufto,  alegre  dia 
huma  ,  e  outra  Nacao  tao  adornada  > 
qUe  entre  ambas  competio  a  bifarria , 
como  algum  dia  competio  a  efpada : 
de  Elvas,  e  Badajos  a  artelharia 
em  repetidas  faivas  fulminada 
fez  em  final  do  gofto  mais  profundo 
toldar  o  Ceo  ,  e  eftremecer  o  Mundo. 

Teve  a  efperan^a  fim  ,  prazo  o  dezejo  ^ 
e  no  concurfo  da  maior  N  obreza 
admirou  a  Provincia  do  Alentejo 
das  mais  cuftofas  galas  a  riqueza ) 
dos  mais  foberbos  coches  o  cortejo ; 
das  mais  lufidas  Tropas  a  deftreza : 
mas  fobre  tudo  a  admira^ao  embarga 
do  Rey  mais  generofb  a  mao  mais  larga. 

Em  foberbo  Palacio  convertida 
fe  vio  poufada  humilde  em  tempobreve: 
bem  pode,  Menlis  dar-fe  por  vencida 
nas  Maravilhas ,  que  algum  dia  teve  ,• 
porque  fe  a  fua  fabrica  applaudida 
a  longos  annos  o  remate  deve, 
nefta ,  que  fez  o  nofto  Rey  Augufto , 
,     mais  breve  o  tempo  foi ,  mais  largo  o  cufto. 


Em 


dos  Prfncipes  do  "Bra^iti  Livro  IV,  537 

Eni  poucos  mezes  o  potente  bra^o  '         1729, 

de  voflo  Pay ,  o  grande  Joao  o  Quinto  , 
fez  de  hum  vuigar  holpicio  hum  nobre  Pa^o , 
com  quem  todo  o  louvor  acho  fuccinto : 
pois  o  applaufo  maior  Wiq  fica  efcaflb  ,• 
mas  da  fua  grandeza  o  que  mais  fmto  , 
he  moftrar  que  hum  Rey  temos  tao  famozo , 
que  ao  efFe6tivo  iguala  o  poderozo. 

Elfa  Efta^ao  do  anno  ,  que  inclemente 
de  chuvas ,  e  de  frios  fahe  armada  , 
com  volfo  Pay  andou  tao  reverente , 
que  fempre  teve  a  chuva  reprezada^ 
e  fo  ufou  do  frio  hvremente , 
porque  nao   era  eftorvo    da  Jornafla  r 
iiao  forao  pois  do  Inverno  defvarios , 
prender  as  chuvas  ,  e  /bltar  os  frios. 

Do  mundo  em  beneficio  dilatado 
tao  grandes  frios  defatou  Janeiro, 
por  naa  ver  em  feus  dias  magoado 
a  cinzas  reduzir-fe  o  Mundo  inteiro  j 
porque  fe  o  mundo  abraza  hum  Sol  dourado , 
quando  tem  o  Leao  por  companheiro  , 
com  tantos  Soes  unidos  defte  modo 
quanto  mais  arderia  o  Mundo  todo  ! 

Que  logra  das  eftrellas  me  parece 
o  noflo  Rey  obfequios  nao  pequenos  j 
e  fe  a  jornada  fez  fem  que  choveffe , 
com  dias  tao  fermofos ,  e  ferenos , 
he  porque  o  mefmo  tempo  Ihe  obedece  r 
e  fe  quem  pode  o  mais ,  pode  o  que  he  mcnos , 
efperar  deve  noffo  amor  profundo 
que  como  o  tempo  ,  Ihe  obede^a  o  Mundo. 


Vv  Nao 


5  ]  ^    Hiftoria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1-720.  Nao  vir  na  Primavera  volFa  Efpofa 

cafo  foi  que  eftranhar-fc  bem  piidera  ,  . 
porquc  de  flor  os  privilegios  goza  , 
e  quando  as  flores  vem  ,  he  Primavera  : 
mas  fe  efta  Corte  vem  fazer  ditofa ,     ■ 
vir  ja  no  fim  do  Inverno  razao  era, 
para  que  logo  ,  tanto  que  viefl^e  , 
o  nolfo  Reyno  a  florecer  comece. 

Antes  de  ver  fair  ao  campo  as  flores , 
ao  campo  fahe  a  fua  fermofura  j 
e  fe  alentos  demoftra  fuperiores 
quem  primeiro  ao  combate  fe  aventura  , 
bem  pode  o  Abril  encher-fe  de  temores, 
fe  com  Maria*competir  procura  ,• 
porque  primeira  o  bufca  com  tal  brio, 
que  em  (i  leva  a  Vitoria  ao  defaiio. 

Da  verde  Primavera  Precurfora 
entrou  pela  Provincia  Tranfl:agana , 
que  vir  entre  a  Republica  de  Fiora 
era  indecencia  em  Flor  tao  foberana  : 
venhao  as  outras  flores  muito  embora 
do  frefco  Abril  na  amenidadc  ufana  ; 
era  for^a   diante  vir  Maria  , 
porque  o  lugar  primeiro  merecia. 

Tomou  a  Primavera  a  dianteira , 
porque  a  Flor  tao  Augufl:a  nao  convinha 
que  fervifl^e  a  outra  flor  de  companheira  , 
fe  podia  do  Prado  fer  Rainha : 
oh  flore^a  immortal !  E  o  Olympo  queira 

/  que  para  aflegurar  a  Regia  Linlia , 

pagando  a  Hymeneo  doces  tributos , 
tao  bella  Flor  fe  defentranhe  em  frutos , 


\ 


Mil 


dos  Principes  do BraziU  Livro  IV.  35  9 

Mii  frutos  nos  dara  ,  e  he  bem  prefuma  1729 

que  os  feus  frutos  tambcm  hao  de  fer  Flores; 
pois  fempre  quem  produz ,  gerar  coftuma 
da  fua  femelhanga  fucceifores ; 
Flor  fera  cada  Filho  que  refuma 
de  ambos  os  Pays  as  prendas  fuperiorcs , 
e  fo  por  ellas  affirmar-vos  poflo 
que  fe  ha  de  conhecer  por  Filho  voffb. 

Que  alto  contentamento ,  que  alegria 
tao  grande  a  voifo  Pay  Augufto  efpera , 
quando  de  Netos  mii  a  companhia 
cercar  o  throno ,  em  que  feliz  impera ! 
A  fer  maior  a  gloria  defte  dia , 
fo  entao  he  que  fer  maior  pudera  : 
figa-fe  hum  bem  a  outro ,  e  Deos  permitta 
feja  huma  dita  la^o  de  outra  dita. 

Nao  menos  em  Madrid ,  do  que  em  Lisboa, 
fe  veja  em  doces  Netos  propagado 
o  noffo  infigne  Rey ,  cuja  PelToa 
tanto  aflumpto  ao  clamor  da  Fama  ha  dado  j 
pois  digpo  fora  da  Real  coroa 
fem  quc  nalcefTe  ao  cetro  deftinado , 
e  o  que  ventura  foi  do  nacimento  , 
divida  fora  ao  feu  merecimento , 

Na  Religiao  por  Numa  o  veneramos^ 
por  Alexandre  na  grandeza  o  temos , 
noesfor^o  por  Aquilles,  o  admiramos , 
por  Fabio  na  prudencia  o  conhecemos  , 
por  Cefar  na  fortuna  o  contemplamos^ 
e  pois  Trajano  na  jufti^a  o  vemos , 
oh  feja  o  feu  governo  tao  eterno , 
quao  admiravel  he  o  feu  governo ! 


Vy  ii  EUe 


1729. 


340  Hifloria  Penegyrica  dos  defpoforlos 

Elle  foi  o  primeiro ,  que  110  mundo 
fez  o  leu  Pa^o  Emporio  de  Minerva  , 
e  ajuntando  o  congrefTo  mais  Facundo , 
a  doutas  pennas  efcrever  rezerva 
a  Hiftoria  Portugueza  ,  que  no  fundo 
do  Leth.€s  vio  em  confufao  proterva ; 
digno  por  ifto  fo  de  immortal  fama  ,• 
mas  quando  he  fabio  o  Rey  ,  os  fabios  ama. 

Elle,   vendo  aLisboa  em  tal  grandeza, 
que  parece  que  em  fi  ja  nao  cabia  , 
outra  Lisboa  fez  para  certeza 
de  que  com  Ulyifes  competir  podia : 
elle  emendou  a  mefma  natureza  , 
quando  o  Tejo  -Meandro  parecia,- 
^  fe  o  Templo  de  Mafra  hoje  contemplo , 
foi  pobre  Ermida  de  Diana  o  Templo. 

Por  elle  tem  o  Reyno  hum  Patriarca , 
e  Baf ilica  tem  tao  fumptuofa , 
que  quanto  o  Indo  em  perolas  abarca 
excede  na  riqueza  portentofa  : 
por  digna  nomea^ao  de  tal  Monarca 
de  tres  fagradas  Purpuras  ja  goza  : 
mas  a  gloria  maior ,  que  em  tal  Rey  finto , 
he  fer  Pay  voflb ,  e  fer  Joao  o  Quinto. 

Se  tcm  em  ter  tal  Filho  gloria  tantaj 
em  ter  tal  Pay  qual  deve  fer  a  vofla  ? 
Tao  fublime  huma ,  e  outra  fe  ievanta , 
que  deffes  Orbes  celeftiaes  fe  apolfa  : 
Cazar-des  em  Caftella  nao  me  efpanto  , 
miasflm,  quenao  perceba  a  Idade  noffa 
qual  he  da  voffa  dita  o  maior  logro  , 
fe  ter  tal  Pay ,  ou  merecer  tal  Sogro  ? 


Genro 


dcs  Prlncipes  do  "Bra^U  Liuro  IV-   341 

Genio  fois  delTe  Rcy^  que  poderozo  I7294 

domina  a  nobre  Heipanha  dilatada  ; 
deile  notavel  Rey ;,  que  valerozo 
deve  a  ,fua  Coroa  a  fua  elpada ; 
c  advertindo  prudente ,  e  virtuozo 
que  a  falvacao  no  throno  he  arrifcada , 
difcreto  o  larga,  dando-nos  o  avifo 
que  fo  faber  lalvar-fe  he  ter  juizo. 

'Deixa  o  governo  ao  Filho  encomendado , 
e  corfio  a  triunfar  do  Mundo  afpira , 
e  efte  gra^nde  inimigo  tao  bufcado , 
fo  o  vence  quem  delle  fe  retira , 
em  fim  fe  retirou  defenganado  ;         ^ 
chora  Madrid,  e  por  feu  Rey  fuipira, 
mas  confeila  a  Coroa  de  Cailella 
que  em  deixalla  fez  mais  ,  que  em  defendella. 

Pega  outra  vez  no  cetro  ,  porque  a'  morte 
deixou  fem  ieme  a  Nao  da  Monarquia , 
e  d'  Hefpanha  feria  infauila  forte 
nao  regella  quem  d'  antes  a  regia : 
o  amor  de  feus  Vailallos  faz  que  corte 
o  fio  a  quietacao,    em  que  vivia  ; 
vclle  outra  vez  a  purpura  ,  por  quanto 
bem  fe  pode  fer  Rey ,  e  mais  fer  Santo. 

Com  fuas  armas  a  Sicilia  inunda. 
com  feus  Navios  o  Oceano  aifombra  >  • 

faz  a  Cailella  de  trofeos  fecunda , 
quando  a  Ceuta  de  aifedios  defaifombra^ 
e  pois  do  Reyno  em  tanto  bem  redunda 
que  inimigo  nenhum  Ihe  fa^a  fombra, 
no  luxo ,  que  extinguir  de  todo  intenta , 
o  maior  inimigo  Ihe  affugenta. 


Se 


542  Hiftoria  Fanegyrka  dos  defpoforios 

1720.  Se  taes  ac^oens  Filippe  tem  obrado, 

de  immortal  nome  a  gloiia  ihe  promctto ,• 
pois  na  guerra  ,  e  na  paz  lempre  admirado , 
de  Luiz  Quatorze  bem  moftrou  fer  Neto ; 
mas  em~~vos  dar  com  fua  Filha  Eftado 
fe  laureou  dc  fabio  ,  e  de  difcreto  j 
porque  io  he  razao  que  Efpofa  mande 
tao  grande  Rey  a  Principe  tao  grande. 

Eleger  tal  Conforte  vos  convinha, 
por  icr  parenta  voffa  juntamente, 
porque  pela  Real  Materna  Linha 
dos  Lufitanos  Reys  he  Defcendente: 
fe  alem  de JFilha  fer  de  tal  Rainha  , 
da  volfa  Emrpc  he  Ramo  florecente, 
devia„unir  na  Thalamo  a  fineza 
a  quem  unio  no  langue  a  natureza. 

Das  Maternaes  virtudes  adornada 
entrou  em  Portugal ,  que  a  vella  acode  : 
fe  com  gala  tao  rica  faz  jornada, 
he  a  gaia  melhor ,  que  trazer  pode : 
delfa  grande  Heroina  coroada 
he  for^a  que  ao  exemplo  fe  acommode  ,• 
por  iflb  em  dotes  tao  fupremos  brilha , 
porque  fempre  da  May  he  copia  aFilha. 

Se  voltou  para  a  Mantua  Carpetana 
*  de  fuas  prendas  a  primeira  idea  , 
em  voffa  May  ,  Rainha  Lufitana , 
outro  novo  exemplar  hoje  grangea  : 
defta  Real  Matrona  foberana 
as  virtudes  imite  ,  as  accoens  lea ; 
-     vera  que  a  gloria  mais  excelfa  iogra 
em  ter  tai  May ,  e  em  confeguir  tai  Sogra. 


ACo^ 


-• 


dos  Frincipei  do  Bra^itf  Livro  IV    , HJ 

A  Coroa  Real ,  que  vos  efpera ,  j  720, 

e  Deos  permitta  qiie  a  logreis  niui  tarde  ,  "-"  • 

ja  com  tanto  efplendor  fe  confidera  y 
que  defafia  ao  Sol ;,  quando  mais  arde  j 
e  vendo  que  efta  Joya  merecera , 
dajaftancia  maior  fa^  digno  alardej 
pois  mais  cftima  a  Joya  de  Maria 
do  que  todo  o  valor  da  Monarquia. 

Se  muito  a  enriquece  ,  c  muito  a  exalta 
de  tantos  Reys  famofos  a  Afcendencia , 
as  raras  perfei^oens  _,  com  que  fe  efrgalta  ^ 
mais  fuperior  Ihe  fazem  a  excellencia  ,•        , 
porque  para  fazer  querilluftre,    §  ^J;a 
fe  propagalfe  a  fua  Defcendencia ,'    - 
bem  podia  ,  a  pefar  da  forte  aleve  y 
dever-fe  a  fl  o  que  a  fortuna  deve. 

Ser  Filha  de  tal  May  bem  verifica 
db  elevado  juizo  na  agudeza  ;   ,,  .  ,, 

oh  quanto  em  cada  accao  huma  Alma  indica/. 
defprezadas  as  Leys  da  natureza  ! 
Das  gracas  da  Arte  fummamente  rica 
tanto  aVenus  excede  na  belleza, 
que  Amorlhecede  a  fulminante  aljava; 
mas  de  tal  May  tal  Filha  fe  efperava. 

Nao  pode  fer  maior  vofTa  v^ntura  >  ■ 
pois  vos  foi  tal  Efpofa  concedida  : 
ella  as  tres  Deofas  enfmar  procura , 
ella  as  tres  Gra^as  a  aprender  convidaf 
mas  fe  he  tal  de  Maria  a  fermofura , 
duvida  o  Reyno ,  e  com  razao  duvida , 
qual  de  vos  mais  feliz  chamar-fe  pofra , 
fe  Vos  em  fer-des  feu,  fe  Ella  em  fervofla? 


Mas 


lysp. 


5  4^  Hifloria  Panegyrica  dos  defpoforios 

Mas ,  fe  Maria  humaCoroa  alcarica, 
que  a  volFa  elei^ao  quiz  que  conreguifle  j 
pondo  huma ,  e  .outra  forte  na  balan^a  , 
vejo  que  voHa  Efpofa  he  mais  felice : 
vos  fubireis  ao  throno  pela  heran^a  ,• 
fez  a  elcigao  qiic  ao  throno  Ella  fubiffe  , 
€  he  mais  lifonja  do  propicio  fado 
ier  para  o  throno  eleito ,  que  gerado. 
Se  de  voifa  Conforte  efta  iabido 
que  na  vcntura  vos  excede  agora ,  ■  * 

nao  he  pequena  gloria  fer  vencido , 
ja  que  he  Maria  a  illuflre  vencedora  : 
melhor  ficais  em  Ihe  .ficar  rendido,- 
pois   fe  nao  foreis  Vos ,  Q.^\m  nao  fora  ,• 
e  fe  o  que  niflo  alcango  dizer  poflb  , 
he  o  triunfo  feu,  fendo  o  applaufo  voifo. 
Aumenta  os  eiplendores  da  Vitoria 
fer  o  Reyrro  ,  que  alcan^a ,   tao  famozo , 
que  enche  de  admiragao  a  fua  gloria 
quanto  ApoIIo  rodea  luminozo : 
oh  que  motivo  da  maior  vangloria , 
dominar   na  uniao  de  tal  Efpofo 
huma  Na^ao ,  que  o  Mundo  fer  obferva 
deMarte  filha  ,  e  filha  deMinerva! 

Huma  Na^ao ,    que  com  proezas  fuas , 
excedendo  os  Heroes  mais  fmgulares , 
Eclipfe  foi  das  Ottomanas  Luas , 
abrio  caminho  do  Oriente  aos  mares , 
fujeitou  gentes  barbaras ,   e  cruas, 
venceo  Arabios ,  Perfas  ,  Malabares  j    • 
tanto  airim,   que  nas  mais  remotas  terras 
tantas  vitorias  teve ,  como  guerras. 


r 


Mas, 


dos  Principes  do  Bradl,  Livro  IV.    34S 

Mas,  ainda  que  alcance  volTa  Efpofa  1720. 

em  fer  nolfa  Rainha  tal  grandeza  , 
a  grandeza  maior ,  que  feliz  goza  , 
nao  he  reynar  na  Corte  Portugueza, 
he  ter-vos  por  Efpofo  venturoza  ,• 
pois  hum  Principe  fois ,  que  a  natureza 
empenhada  formou  ,  conforme  finto  , 
porque  fois  Filho  de  Joa6   o  Quinto, 

Deife  excellente  Rey  da  Lufa  gente 
fois ,  6  Joze  Augufto ,  Filho  amado  ,• 
e  em  fer  Fiiho  de  hum  Rey  tao  excellente 
a  natureza  haveis  defempenhado : 
quem  negara  que  o  Olympo  refulgente 
de  vollb  grande  Pay  vos  fez  traslado  ? 
Mas  tao  perfeito  Rey  fora  mal  feito 
que  nao  geraife  hum  Principe  perfeito. 

A'lem  de  ufar  com  vofco  taes  primores 
da  fabia  natureza  a  Mao  benigna, 
bebeftes  da  Arte  as  gra^as  fuperiores 
dos  mais  famozos  Meftres  da  doutrina : 
a  fortuna  vos  deo  os  bens  maiores 
ivo  Reyno  ,  a  cujo  cetro  vos  deftina  .- 
todo  o  poder  em  vos  fe  coaduna 
da  natureza ,  da  Arte ,  e  da  fortuna ; 

Logo  ,  fe  tal  Efpofo  tem  Maria  , 
que  outra  grandeza  por  maior  efpera  ? 
Chegou  por  certo  nefte  grande  dia 
da  humana  forte  a  mais  fublime  esfera  ?' 
logre  feliz  tao  alta  companhia 
os  dilatados  annos ,  que  numeta 
efla  da  Arabia  illuftje  maravilha , 
Ave ,  que  de  fi  mefma  he  may ,  e  filha. 


Xx  Tantos 


34^   Hijloria  Vanegjrlca  dos  dejpoforios 

17  2Q.  Tantos  annos  logreis  ,  Principe  Augufto  , 

a  companhia  da  Real  Conforte , 
quc  a  Parca  inexoravel  tenha  o  iufto, 
de  que  nao  tera  em  vos  poder  amorte  : 
celebre  a  Lufitania,  como  he  jufto, 
defte  fernx)fo  dia  a  feliz  .  forte  ,• 
e  alem  do  .Ganges  ,  ainda  alem  do  Hydafpes 
fe  cante  cm  bronzes ,  efe  efcreva  emjafpes. 

ROMANCE    HEROVCO   EN  LA  ENTRADA 

que  Sus  Magefiades  ,  y  Altezas  Lujitanas  bf- 
cieron  por  el  Rio  Tajo  en  la  Corte  de  Lisboa  , 
por  im  Ingenio-  Portuguez. 

Erfeccionada  en  fin ,  y  concluida  ' 

la  elegante  Funccion  Mageftuofa, 
a  que  las  circunftancias  coronaron 
de  mas  felice  ,  no  de  rnas  heroyca. 
Defpues  de  ver,  fm  fuerzas ,  fuperada 
tanta  obftinada  induftria  cautelofa  , 
que  intentb  del  volumen  de  los  Aftros 
el  Decreto  borrar  de  Auguftas  Bodas. 

Defpues  de  merecer  Enero  frio 
trasladar  Primaveras  a  fu  alfombra , 
dando  embidias  a  quantas  Ilenar  pudo 
frudifera  Amalthea  cornucopias. 

Defpues ,  en  fin ,  que  prefumido  el  Caya 
de  que  a  fu  pobre  arroyo  le  coronan 
FeHpo  ,  y  Ifabel ,  Juan  ,  y  Mariana  , 
Jofe  ,  y  Fernando,  Barbara ,  y  Vi£toria. 
Salen  Sitx  Ma-  Profigue  el  viage  la  Real  Famia 

gejiadesdeicaya  ^^l^-^^^i^^      fundacion  famofa, 
paraLisvoa.  i     •    r   r  r      m-    \^ 

^  gloriola  liempre  por  lus  Timbres  raros, 

y  oy  coronada  de  mas  vivas  glorias. 


i 


dos  Prlncipes  do  Bra^H,  Livro  I F.    347 


Al  transporte  de  Auguftas  Mageftades 
ofrece  el  Tajo  em  fo/Iegadas  olas , 
Vergantim,  donde  pucden  los  defcos 
fatisfacer  la  fed  mas  ambiciofa. 

Tan  vano  por  fu  dicha  ,  que  parece 
fer  de  oro  Athlante ,  6  primorofa  Concha 
de  quantos  hberal  engendra  ,  y  fuda 
rayos  el  Sol  ,  y  lagrimas  la  Aurora. 

Si  no  es  que  ya  fe  inculca  Firmamento  > 
aun  que  movible ,  en  ddnde  fe  coiocan, 
hollando  a  las  maritimas  Deidades , 
Adoiiis ,  Marte  ,  Venus ,  y  Belona. 

De  muititud  naval  acompanado, 
(  atradivo  dixera  )  en  cuya  pompa 
cefcubre  la  atencion ,  por  muchedumbre , 
que  da  el  recreo  vifos  de  congoxa. 

Fue  mieneiler ,  que  en  (i  fe  confervalTe 
del  Tajo  (hermofomar)  la  anchura  toda, 
para  poder  fufrir  fobre  fu  efpalda 
de  Baxel  tanto  la  infinita  copia. 

Surca  ,  pues  ,  Bucentaiiro  de  mader^' 
mucho  Ccfareo  alienro  ,  que  eii  fi  logra  , 
tan  apacible  el  Ta)o,  que  parecen 
immoble  prado  fus  inquietas  ondas. 

Piefumo,  que  del  Cielo  fe  traslada' 
cquel  efpacio  ,  que  baho  zel6fa 
Juno  ,  porque  el  batel,  en  vez  de  efpumas-, 
de  blanca  leche  paralTifmos  corta. 

Parece  ,  que  adormidos  en  fu  abifmo 
Neptuiio  ,  y  Tlietis  efta  vez  repofan, 
que  en  proiundo  iethargo  no  defpiertan  , 
pOL  mas  que  remos  a  fu  efpalda  azotan. 

De  Marciales  eftruendos  combocados , 
que  a  voces  gritan  por  fus  igneas  bocas , 

Xx  ii 


l-Jl^, 


Llegan   a  Aldea 
Gallega  ,  dondi 
fe  metieron   en 
una  Gondola  de 
inestimable   va- 
lor. 


Mas  de  mil  bar- 
cos  Jervieron  a /a 
conduccion  de  la 
FamiliaReal/fi" 
endo  infinitos  los 
en  que  el  Pueblo 
dcudib  a  ver  tan 
celebre  funcion. 


EJluvo   el  Tajo 
fummamente  fe- 
reuo ,  y  apacibk. 


dei 


Salva  de  los  CaJ- 
tillos,  Fuertes,y 
Baxeles. 


34^   Hifloria  Penegyrica  dos  defpoforios 

1729.       d^^  lilonjero  fueiio ,  en  que  deicanian; 
iii  los  perturban ,  ni  los  alborotan. 

Si  no  que  de  beluvios  animados 
la  falva ,  efta  vez  mufica  lonora  , 
porque  no  puedan  bulliciar  criftales, 
los  alientos  en  humo  les  fufoca. 

El  ayre  ,  que  con  Thetis  conjurado 
refpira  furias,  huracones  fopla, 
efte  dia ,  en  lugar  de  roncos  filvos , 
no  bien  diftintas  refpiro  lifonjas. 

Vieras  alli  con  quanto  el  Sol  inftinto, 
moviendo  el  carro  en  ia  templada  Zona  , 
con  lo  que  iluftra,  no  con  lo  que  abrafa , 
tributa  obfequios   de  fu  ardiente  antorcha. 

Vieras    alh  Baxeles  infinitos, 
ya  nobles  Camarines  _,  a  que  adornan 
gallardetes  ,  y  liamulas  ,  que  al  ayre , 
de  hermofa  variedad  buelan  garzotas. 
hnnienfa   nmlti-  Vieras,  en  fin ,  de  efpiritus  vafiallos, 

tiid   de  Pueblo,         en  bafta  PJaya  a  turbas  fe  acomodan, 

que   aciidio  a  la  ^  J  , 

Playa.  tan  feltivos  aplaulos,  que  los  vivas, 

con  lo  que  feconfunden,  no  fe  logran. 
Llegan  enfrente  Navega ,  pues ,  fchz  ( fi  es  que  navega ) 

%':.  f«iZJ:.  y  el  T.fon  pievemdo  en  fu  derrota 
mtijrma ,  y  Cow  por  no  perder  el  Norte  liempre  nxo, 
•vento  de  D^cal-  ^  j^  Eftrella  del  mar  guia  la  proa. 
%'anafa>:  Alh ,  en  devotos  Ritos  ,  ;le  confagran 

Regias  demonftraciones  religiofas : 
mduftria,  queaJOSEPH  levaticma, 
que  efta  a  fu  lado  cierta  la  VICTORIA. 
Por  la  orilla  de  Tajo  mil.delicias    , 
a  la  vifta  le  ofrecen  quantos  forman, 
por  Diademas  de  Templos ,  y  Palacios  , 
capiteles,  agujas,  claraboyas. 


Hafta 


dos  Trmci-pes  do  "Bra^il,  Livro  IV.    3  49  * 

Hafta  que  en  fin  ,  a  trecho  de  dos  leguas , 
h  carrera  iufpende  ,  el  puerto  toma  , 
donde  la  mifma  Eftrella ,  de  Dios  Madre  , 
el  nombre  muda  ,  el  mifmo  empleo  logra. 

Un  Puente ,  a  que  valor  dio^brazo  Auguflo 
de  aquel  Monarca ,  a  quien  la  eterna  trompa , 
aunmas,  que  Alexandro,  al  Orbe  dize 
el  eipiritu  excelfo  ,  que  le  informa. 

Es  el  primer  Theatro,  donde  repiten 
Immenfa  Mageftad ,  Reales  Perfonas  ,  * 

Autor  Cupido ,  Aflumpto  el  Hymeneo , 
y  elVulgo,  a  quien  fuipenden,  toda  Europa. 

Por  eftb  quifo  alii  la  Providencia , 
que  fueft^e  Emporio  de  Naciones  todas ; 
mejor  ,  que  quanto  del  Marcial  la  pluma 
Jifonjera  a  fu  Cefar  dixo  en  Roma. 

Alqueria  (mal  dixe)  Primavera , 
defcanfo  no ,  parentefis  otorga 
fm  riefgo ,  entre  ci'iftales  ,  al  Narcifo , 
entre  Abriles  fecundos ,  a  fu  Flora. 

Porque  ni  todo  Enero  elado ,  y  frio 
pudo  eftorvar  a  flores  licenciofas 
el  regocijo,  con  que  anticipadas 
capuUos  abren  por  brotar  aromas. 

En  efta ,  pues ,  embidia  de  Theflliria , 
donde  ,  en  quanto  deftilan ,  quanto  brotan , 
dulces  fragrancias  _,  claras  tranlparencias 
hilo  a  hilo  compiten ,  y  hoja  a  hoja 

Salon  fe  mira ,  que  al  palato  ofrece, 
fobre  efplendidas  mefas  fumptuofas , 
ambrofias,  yne6lares,  que  nunca 
admitir  prefumio  Jove  en  fu  copa. 

Tanto  Garzbn  bizarro  las  miniftra, 
que  al  fuyo  el  Ida  difputo  las  glorias  j 

yju- 


1729 

Defenbarcan  en 
Bele)n ,  Couvehto 
de  MongesdeSan 
Geronymo. 


Es  una  deliciofa 
Cafa  de  Campo  de 
Su  Magejiad. 


Diofi  a  la  Corte 

m  efplendidijji- 
mo  refrejco. 


'550    Hiftona  Panegyrica  dos  defpoforlos 

1720.       y  Jupiter  Jafcivo  ,  por  refpe^lo 

al  Monarca  a  que  aififien  ,  no  los  roba. 
Profigite  dg  aqui  Cortefano  de  aqui  figue  cortejo 

el  acompanmni'   al  Real  PaJacio  lurba  numerora  ^ 
ento  de  laCorte,  ,,  „,  \  a    c    •       1      -0        i 

yapuesto  enor.y^^^!^>   9"^   q*l  Anfltrite   Jos  Baxeles  , 
den.  fe  miran  en  eJ  fequito  Carrozas. 

De  fabrica  exquifita  conftruidas, 

porlenguas  de  oro  vi6lores  pregonan, 

y  en  cada  movimiento,  que  circiila, 

nofhflabJe  Ja  Fortuna  fe  coJoca. 

La  riqueza  exterior  indicio  es  claro 

de  las  que  dentro  minas  ateforan, 

que  entre  preciofidades  las  diflinguen  | 

Jos  ojos  gaJas,  Jos  defeos  joyas. 
La  Guardiadea  Cubre  a  Ja  Retaguardia  orden  compuefto 

ca-uallo.  (le  unifbrme  libiea  invida  tropa  , 

en  cuyo  afpedo,    en  cuya  difciplina 

fe  affuflan  las  Provincias  mas  remotas. 
De  timbales  ,  clarines,  y  trompetas 

dulce  alJarido,  fefia  beJicofa,   ^ 

Jiafla  en  irracionales  corazones 

arterias  pulfa,  eTpiritus  inforfiia. 

El  natural  orguIJo ,  con  que  eJ  Betis 

partos  del  fuego  a  fu  crifl:al  adopta , 

les  fufocara  en  iras ,  fi  no  huyiera 

defahogo  de  efpumas  porJaboca. 
Ttraban  el  coche  Los  ocho  Cifnes ,  que  adornados  tiran 

de  Sus  Magesta-  la  Carroza  triunfaJ  (  esfera  poca 

des ,  y  Altezas .  ,  «i       11     •     i^ 

ocho  'heymoJiJTi-   para  poder  en  eila  dibujarfe^^ 
tnns  cavallos       AgUiJas  Lufas,  Quinas  EfpanoJas. ) 
blancos.  ,       xan  fobervios   relinchos  articulan , 

los  brazos  mueven ,  y  las  cJnchas  tocan , 
que  en  pura  vanidad  enagenados, 
hs  falta  infbnto ,  mas  razon  les  fobra. 

Los 


dcs  Trincipes  do  "Bra^U  Livro  IV    5  5 1! 

Los  palTos  en  medidas  prolaciones  1'72^. 

reduce  a  paufas  fu  ajuftada  folfa,- 
y  a  compas  uniforme  obcdeciendo , 
110  palfan  Jinea  ,  que  la  IJave  eftorva. 

Mas  que  Monte  es  aquel ,  cuya  Iiermofura    El  coche  de  Sus 
pafma  a  Jos  ojos ,  yal  diicurfo  affombra  ?  Magejiades  fiie^ 

Que  voJunien  de  rayos ,  donde  efcrive         .  mTo}Il'que  feTa 

eJ  Lufo  Cielo  fus  Eftrellas  todas  ?  '  viflo  hajla  a  ora* 

Si  fabre  yo  pintar  tanta  grandeza? 
Adonde  vas  ?  fufpendete  ,  memoria  , 
que  aquel  exceifo  del  Zafir  brilhante 
admite  fufpenfiones  ,  mas  no  copias. 

Semejante  primor  no  fe  halla  en  quanto 
diftrito  argenta  Diana,  yPhebodora,- 
y  a  un  no  IJego  a  acertar  a  definirla, 
con  que  afirme  Ja  Fama  ,  que  no  ay  otra. 

Pero  pues  la  atencion  comun  me  aguarda 
a  defcrivir  fu  idea  milagrofa, 
adoro  al  Numen  ,  que  en  fu  centro  Ileva  i 
ya  ven ,  que  es  Cielo ,  pues  Deidades  logra, 

No  tuvo  altar  en  Chipre  tan  decente 
la  Diofa  competida  de  otras  Diofas ; 
no  es  tan  lucido  el  carro  ,  que  en  criilales 
fepulta  prefumidas  vanaglorias. 

Quanto  inventaron  Perfas  ,  y  Romanos 
triunfo  a  la  Dignidad  Imperatoria  , 
'defla  magnificencia  fue  un  bofquexo , 
de  aquefl:as  realidades  torpe  fombra.  • 

No  acierto  a  encarecerla  ,  ni  es  poiTible  j 
mas  tengan ,  que  dcfcubro  idea  propria : 
No  es  del  Monarca  JUAN  tan  rara  prenda  ? 
pues  eflL  para  credito  le  fobra. 

Efta  Carroza,  pues ,  tan  hermofeada , 
es  la  feJicc  Auguita  condu^lora 

del 


352  Hiftorla  Panegyrica  dos  defpoforlos 

1729,       del  mejor  Par ,  que  al  Mundo  ha  producido, 
quanta  en  eJ  Mundo  adoracion  foborna. 

JOSEPH  Prmcipe  Lufo,  y  a  fu  lado 
la  (  dos  vezes  Infanta )  excelfa  Efpofa 
por  fangre ,  y  edad  j  que  a  el  no  le  baftara 
la  que  fe  hallalfe  Infanta  una  vez  fola. 

Por  diferentes  fendas  apacibles 
conduc€  a  fus  Altezas  Regia  pomba 
hafta  aquel  fitio ,  en  donde  la  Ley  manda 
cumplir  con  Ciudadanas  cercmonias. 
En  la  pequena  En  Plaza ,  pues ,  pequefia  ,  mas  ya  grande 

Plazuela  de  la   con  las  prcfencias ,  que  felice  apropria, 

Efperanza ,  hizo  ^     r    ■  ^  •  i  c         j  >l 

nmeleganteOra-rOiCiXQ.  conlcripto  aqui,  por  el  Senado  ^ 

ciony  dando  a  Sus  QQY\  ^QQ  ■,  y  iealtad  ,  annuncia  laenbuen  hora. 
AulfafuUL  Breve  razonamiento  del  difcreto 

ve»ida,el  Senador  Cycero  Lufitano,  a  cuyas  glorias , 

Jorge  Freyre  de  ^Q  Iluftres  Afcendientes  heredadas, 

Andrada ,  cotno  .        r      1    m 

tnhs  antiguo  en-  ornato  ,  mas  no  premio ,  tue  la  Toga.  ^ 

tre  los  del  Setia-  En  la  Efperanza  paran  (  aun  que  fiempre 

^^'  de  fus  trofeos  la  efperanza  corra) 

para  empezar  de  aqui  con  orden  nuevo 

delfeliz  afto,  la  feliz  derrota. 
Cuardia  de  apiL  D^  Archeros  Guardia ,  aqul  figue  los  pairos 

a  la  entrada  en  la  Corte ;  ellos  fe  adornan  I 

de  colores  guerreros ,  contextura  ^ 

de  quanto  en  Tyro  deshojb  la  Rofa. 

Eftaban  todas  las        -  Defta ,  y  de  aquella  parte ,  a  entrambos  lados 

calUs  ricamente  ^g^idos  de  oro ,  y  feda,  muros  forma 
ackrezados con  le  .  '  .i  \  v   u- 

freciofo ,  qne  te-  quanta  riqueza  tienem  los  que  nabitan, 

nian  fits  habit»-  y  en  muchos  fitios  brilla  mucho  aljofar. 
^^^'  Que  entalles ,  que  reheves ,  que  cornifas 

no  trazo  de  Vaflallos  ley  devota  ! 
Timieron ,  que  paftafle  a  Idolatria 
tanta  lealtad  infigne ,  y  generoia. 

En- 


/:, 


dos  Principes  do  ^ra^il,  Livro  IV    55} 


Entremezclados  vidrios  (ciiya  efpaJda 
cubre  el  azero )  a  trechos  proporcionan  _, 
porque  tantas  imagenes  repitan , 
quantas  bellezas  fus  criftales  copian. 

Induftria   de  lealtad  no  praticada 
en  otros  Siglos ,  y  en  Naciones  otras, 
que  les  enfena  a  hallar  reproducidos 
los  naturales  Principes ,    que  adoran. 

De  efpacio  a  efpacio  en  afcuas  les  prepara 
elCynamomO;  y  Balfamo  fus  gota5> 
que  a  fuerza  del  ardor  ,  que  las  derrite , 
fragrantes  al  Z/afir  humos  vaporan. 

Veinte  y  quatro  Dofeles ,  ya  triunfales 
Arcos ,  conflruye  induftria  artificiofa  , 
no  que  flechas  difparan,  rayos  vibran; 
rayos,  que  no  concluyen ,  pero  afTombran.      -> 

De  Grcmios  populares ,  de  diverias 
Naciones,  que  comercian  ;  fiieroii  obra  _, 
porque  en  poco  tributo ,  paguen  quanto 
metal  preciofo  alli  desfrutan  todas. 

A  Efpaiibles  el  ultimo  compite  _, 
por  darle  al  at^lo  mas  feliz  corona  ; 
que  rara  hechura  !  Effe^lo ,  en  fin ,  del  garbo, 
y  brio  natural ,  de  que  blafonan. 

Plaza  es  eifa  *ReaI ,  y  aquel  que  en  frente 
fe  erige  Alcazar ,  maquina  fimofa  , 
es  la  manfion  fclice ,  que  affegura 
el  Trono  al  Sol ,  el  Thalamo  a  la  Aurora. 

EI  triunfo  aqui  dio  iin  _,  mas  otro  empieza 
de  Eclefiaftico  Rito ,  aparatofa. 
Purpurea  Dignidad  ,  a  quien  permite 
los  privilegios  Pedro  ,  Juan  las  normas. 

Del  Coro,  imitacion  Carciinalicio  ^, 
ferio  congreifo  en  ord^nada  forma ., 

Yy  que 


1729. 

Entre  halcones.y 
balcones  fe  vetan 
nmchos  ricos ,  y 
hermofos  efpejos- 


Porcuenta  de  los 
'veinte  y  quatro 
Oficios  popnlareSy 
y  de  diverfas  Na^ 
ciones,fe  fabrica' 
ron  veinte  y  qua' 
tro  arcos  triiinfa- 
les  de  primorofa, 
y  fumptiioja  fa- 
brica. 

El  nltimo ,  ,como 
para  dichofo  ,  y 
nobiliffimo  rema- 
te  ,  tocb  a  la  Na- 
cion  Efpanbla,  y 
era  el  qne  fe  dtf- 
.  ,  .,  r  tinguib  entre  to- 
.'.■  h'A:  A  dos  en  el  ajfeo  ,y 
riqueza. 

Ala  puerta  de  la 
SatKa  Bajilica 
Patriarcal ,  efla' 
han  Sns  lllpftriffi- 
mbs  CaiiOnigos  en 
cuerpo  de  Comu- 
nidad,  a  recibir 
a  Sus  Magefta- 
des ,  y  Altezas. 


1729. 

F.l    Senor   Don 
Thomai  de  Almey- 
dA,  dignij/lmo  Pa- 
triarca    de   Lis- 
boa  Occidental, 


Sithen  de  baxo  de 
Palio  a  la  CapUla 
Real. 


Cantafe    el  Te 
Deurn ,  en  accion 
de  gracias. 


Suben  a  Palacio. 


3  i  4  Hiftoria  Tdmgjrica  dos  dejpoforlos 

que  excede  a  quanto  hermofo  afpeclo  inFunde 
Conclave  Purpurado  de  alta  Ronia. 

Entre  elios ,  como  el  Sol  entre  los  Aftros , 
paramentado  alBfte  en  Sacras  ropas 
Thomas ,  Paftor  Iluftre ,  a  quicn  refpeta 
Patriarca  fuyo  ;  Occidental  Lisboa. 

Ei  ,  a  que  fangre  ,  letras ,  y  virtudes 
digno  hizieron  de  tan  no  vulgar  iionra, 
y  a  fus  fienes ,  fi  no  es  Tritegno  Augufto ; 
toda  otra  Dignidad  les  viene  angofia. 

Dorado  cielo  de  Dofel  portatil, 
conducido  por  manos  Senatorias , 
a  mucha  Mageftad  ofrece  pio 
diftincion  en  fu  feno  decorofa. 

Suben  ai  Templo  de  la  Real  Capilla, 
y  de  Nobieza  innumerabie  efcolta  , 
con  io  rico  ,  y  io  V  ario  le  acreciejitan 
eipiritus  mas  vivos  a  la  pompa. 

Aqui ,  entre  un  iabyrinto  de  inftrumentos  , 
acorde  confufion  ,  voces  canoras , 
por  ia  felicidad  de  humano  Numen , 
ai  Numen  fuperior  gracias  entonan.  .     ^ 

Micntras  gorgean  Cifnes  racionaies, 
huecos  metales  altamente  tocan : 
demonftracion  feftiva,  porque  *al  gufto, 
hafta  ei  bronce  infenfible  correfponda. 

Aquefta,  de  piedad  accion  cumpiida, 
al  popuiar  concurfo  fe  les  roba 
aquelia  Luz ,  que  a  hydropicos  defeos  , 
con  io  que  ios  enciende  ,  los  mejora. 

Suben  los  dos  Confortes  coronados 
dei  Lufo  Juan  ,  de  la  Imperial  Matrona , 
embidia  a  quanta  Isbela ,  y  Margarita 
adora  Portugal,  Ungria,  Efcocia. 


Que 


ii 


dos  Principes  do  Tra^il^  Livro  IV.  5.5  J 

Quh  hermofas  Salas  f  Ornan  fus  paredes 
tapices  varios ,  contextura  hermofa 
de  mano  fhigular,  que  a  Jos  pinceles 
robo  el  primor ,  y  defmentio  las  glorias. 

El  Padre  Abrahan  alh  ,  contra  inocente 
vidlima  ,  efgrime  efpada  cortadora, 
y  el  eftrago  infalible  executara , 
pero  los  filos  el  tapiz  le  embota. 

Alli,  David  mancebo,  el  defafio 
acepta ,  a  que  el  Gigante  ic  provoca  ,• 
y ,  a  poder  eftar  vivo  el  Filifteo , 
el  impulfo  temiera  de  la  honda. 

Quien  es  la  que  al  valiente  Nazareno 
esfuerzo  mucho  en  rubio  pelo  corta  ? 
Es  Dalida  (induda,  que,  aunpintada, 
el  feirblante  la  acu/a  de  traydora. 

Igual  a  efte  primor ,  veftido  abulta 
el  pavimento  de  Indicas  alfombras  ,• 
todo  efta  refpirando  Mageftades , 
y  mas  ,  que  todo ,  aquel ,  que  en  fi  la  goza 

Dofel  preciofo  ,  aqui  recibe  a  quantos 
Auguftos  Ramos  a  fu  efpacio  honran  , 
en  cuyas  manos ,  la  Nobleza  imprime 
el  corazon ,  faliendofe  a  ia  boca. 

Mas  vieras  con  que  chifte  ,  con  que  agrado, 
del  Lufo  Cielo  Peregrina  Aurora , 
primera  vez  permite  a  fieles  labios , 
primicias  dejazmin,  que  a  befos  cobran. 

Ha  Lufitanos !  Repetid  obfequios  f 
llegad ,  befad  la  mano  generofa  : 
que  lealtad  Portuguefa  no  fe  facia 
en  confagrar  demonftracion  tanpoca., 

Bolved  ,  y  entre  refpetos ,  y  carifios 
defcubra  el  pecho  quanto  incendio  acota , 

Yy  ii  que 


1729. 


Permiticron  Stts 
Magejtadts.^i  Al- 
tezai  alaNoble' 
za  el  befamanos. 


5^6  Htfioria Panegyriccidos defpoforws 

172  O.'       S"^  "^  ^^^^  ^^^^  Throno  facrllegio  , 

delito  ,  que  en  h  fee  fu  eilremo  abona. 

Treguas  ofrece  a  tanto  diurno  aplaufo 
,el  efpacio  no6lurno ,  que  fe  alfoma  ,• 
-^  mas  no  celfa  el  placer  ,  que  en  gloria  tanta  y 
deben  tener  tambien  lugar  las  ibmbras. 
SeUumimlaCiu-  Tinieblas  noblemente  defmentidas 

dad  con  finguJar  pQ,-  |-jj^f ^  ardientc  luminar  antorcha  ^ 
taea ,  y primor.    ^  .^.  ,   ,.  11 

que  parecio  ;  que  el  dia  no  acababa  , 

6  hurto  alanoche  fus  funeflas  horas. 

Quanta  pingue  fubftancia  en  aiios  muchos 

fabricaron  abejas  oficiofas , 

vivas  eftrellas  fon ,  a  que  animado 

cuerpo  la  cera  da  ,  fi  el  fuego  forma. 

Golfos  de  immienfi  luz  ,  que  al  ayrevagb 

abrafadas  pyramidcs  tremolan  , 

lenguas  fon ,  que  declaran  mudamente 

la  caufa  ,  que  alucir  las  ocafiona. 
Los  baxeles  en  el  Del  rio ,  con  primor  correfpondiente , 

rio  fe  iluminaron  ^^  ^-^^  ^^  f^       .  coronadas  popas ,    ' 
tambten  con  ^ri-  ,       ,^0        ^-     ,    ,    ,^m,^    /      ,p     o 

mor  ignal.  ^ue ,  dando  a  la  Qudad  briilanre  aipecto  , 

110  ie,  fi  fe  compiten,  6  enamoran. 

Paja  admirarlas ,  6  para  encenderfe, 

curiofa  multitud  a  gyros  ronda  j 

y  fue  en  tanta  hermofura  fcintilante , 

la  atencion  ,  fm  peligro ,  maripofa. 
En  el  Caflillo  de  De  fuego  artificial ,  maquina  infigne 

f,^if"/%fy-;;  Tobre  e  ^       ■  /= 

cefivas  nochess  para  qub  mls.' vecinasi  las  Deidades  '  ■;  C 

paniciilay  artifi-  fys  ^ jyos  teman  ,  y  fus  truenos  oygan. 
iioieptego.^  Ingeniera  virtud 'hace ,  ^  centeJIas, 

que  rayos  fuban  ,  que  la  esfera  rompan  , 

queeldia  fe  anticipe  /  y  fean  del  Alva 

Jas  clafiflimas  ■lagrimas,  que  Ilorah,  '  "• 

■■■■  ■■    \'^  Si 


dosPrlncipesdo^Brai^ilyLivroIV.   ^S7 

Si  de  entre  fus  cenizas  fepulcrales  ITSCt. 

el  Griego  Ulylles  defpertafre  aora , 
viera  en  fu  fundacion  ,  por  vivo  aplaufo  , 
lo  que  fu  engano  fulminara  a  Troya. 

Pero  como  la  vifta  fe  fufpende  Entretiivieron 

en  efte  fucgo ,  y  aquella  luz  abforta ;  S,>~ 

fi  dentro  de  PaJacio  ,  a  vozes  llama  cierto  de  Mujka* 

las  atenciones  fala  fonorofa. 

Vengan  Orfeos,  vengan  Anfiones 
afinando  harmonias  ,  y  tiorbas  ,• 
uno,  moviendo  peiias  infenfibles,- 
otro,  aplacando  laftimas  penofas. 

Vengan  quantos  al  Alva ,   Ruifenores 
matutinos  requiebros  es  labonan  , 
y  en  dulce  variedad  ,  que  afina  el  pi^o, 
ya  la  cadencia  esfuerzan  y  ya  ia  afloxan. 

Vengan  ,  digo,  a  aprender;y  en  confonancias 
defi"a  Real  Capilla  ,  reconozcan  , 
que  no  es  metrico  encanto  delabifino, 
pero  alegre  traifumpto  de  Ja  Gloria. 

Mas  Iiaga  paufa  ,  que,  aun  que  porextenfa/ 
condenarfe  no  pueda  de  enfadofa , 
no  es-bien ,  que  ib  organice  mucJia  falva , 
quando  es  razon ,  que  tanto  Sol  fe  efconda'. 

Morfeo,  a  fonolientos  parafifmos  Sw  Magefiades  \ 

combida  a  la  bellifiima  Latona  ,  y  ^^f^^as  fe  re< 

no  ya  a  gozar  de  fu  Endimion  los  brazos  ZTasfeparadat 

(  6  edad  !  6  tiemjifo !  quanta  dicJia  eftorvas  f ) 

Separados  en  fin  ,  no  divididos ,        ' 
difl:inta  esfera  anida  la  Paloma  ,• 
parecio  fmrazon  ,  y  es  Providencia  5      ' 
que  Amor  en  efperanzas  fe  acrifoJa. 

Durmiendo  pagan  el  comun  tributo  ^ 
de  que  Naturaleza  es  acreadora , 

yen 


3  5  S   Hi/loria  Panegyrica  dos  defpoforios 

172  C^        y  en  no«5lurno  parentefis  defcanfan 
Jos  ojos ,  fi ,  que  el  alma  no  repofa. 
El  dia  fcguiente  Paflo  la  noche ,   y  quando  quifo  el  Alva 

C>rw:'  ™n^f '•  al  dia  fc  cortmas  roxas , 
Ja  tempestad.      y  fudar  liberal  defde  lu  esfera 

fobre  carmin  fragrante  humedo  aljofar  ,• 

De  pardas  nubes ,  manto  denegrido 
al  tranfparente  luminar  emboza  5 
y  el  Horizonte  ,  rayos  defmentiendo , 
pagb  feudo  al  Imperio  de  las  fombras. 

Funebres  amenazas  pronoftica 
Noto  implacable  ,  que  a  bramidos  ronca  ^ 
yelTajo,  ayer  cadaver  crilklino, 
refucita  en  borrafca  procelofa. 

Neptqpo,  y  Tetis  facudiendo  elfueiio, 
que  gozaron  engrutas  arenofas, 
de  paffadas  quietudes  fe  arrepienten, 
y  en  blasfemias  de  efpumas  fe  defvocan. 

Sentidos  de  que  aycr ,  mudo  letargo 
los  fepulto  en  maritimas  alcobas ,  ' 

contra  inocente  Sol ,  tiros  difparan  , 
fuego  fu  faiia ,  y  fu  criftal  pelotas. 

Que  difcrente  afpe61o  enfeiia  el  dia  ! 
Quanto  es  del  tiempo  la  inconftancia  loca ! 
Peligros  oy  ,  ayer  tranquilidades  ,• 
ayer  fueron  quietudes ,  y  oy  zozobras. 

La  nautica  atencion  no  prevenida , 
ya  teme  eflragos ,  ya  naufragios  Ilora 
quanto  en  iras  bomita  mar  fobervio, 
qnantas  fiero  Aquilon  furias  aborta. 

De  Naves ,  entre  abifmos  ,  flu6luantes  ^ 

fe  efcuchan  gritos ,  que  favor  imploran  ,• 
,  y  el  failudo  huracan,  que  las  embifte , 
quebrantajarcias,  y  arboles  deflronca. 

Poco 


dos  Trincipes  do  Bra^U  Li^vro  I V".    3  jj  p 

Poco  cl  ancora  debe  a  retorcida 
fuerte  tenacidad  de  fu  maroma , 
porque  a  furiofos  inipetus  chocadas 
fe  hazen  unas  efcollos  de  las  otras. 

Preiiadas  nubcs  dan  Iluvia  infinita  , 
que  inunda  defatada  a  quanto  moja  ,• 
contrariedad  medoiia ,  con  que  opueftos 
aguas,  y  vientos,  reciamente  chocan. 

Intentaron  maritimas  Deidades 
hacer  en  el  recinto  de  Lisboa  , 
que  a{fi  como  una  Troya  ardib  en  incendios, 
huvieife  dc  diluvios  otra  Troya. 

Aquel  Puente  hermofiflimo ,  que  fuera 
primera  playa  ,  que  fervio  dichofa 
aplanta  Real,-  y  por  hazerfe  digno, 
del  Cielo  traslado  bellezas  todas. 

Del  Tajo,  a  furiofiffimos  embates 
fu  fabrica  mirb.quebrada,  y  rota  ^ 
que  el  frenetico  ardor  de  altiva  efpuma 
todo  atropella ,  todo  lo  deftroza. 

Los  que  forvio ,  pedazos  divididos , 
en  playas  remotilfimas  arroja  , 
porque  fean  tcftigos  oculares 
de  fragmentos  preciofos ,  que  tranfporta, 

Que  como  a  fu  magnifica  grandeza 
diminutos  hyperboles  defdoran, 
quifo  probar  veridico  a  los  ojos , 
lo  que  igualar  no  puede  pluma  tofca. 

Lacaufa  (fi  eldifcurfo  fe  permite 
deftemplanza  notar  tan  myfteriof a  ) 
fentimiento  fcra  de  aver  perdido  , 
que  en  fufpiros ,  y  llanto  defahoga. 

O  que  viendo  en  la  noche  antecedente 
tanta  lucida  llama  abrafadora, 

los 


1729. 


La  tempestad 
defvaratb  el  Pii- 
ente,  quejervlera 
al  dejembarque. 


3  6o  Hiftoria  Penegyrlcd  dos  defpoforlos 

1729,       los  efpacios  templo  ,  porque  no  fuefle 
riefgo  el  aplaufo  ,  ruina  la  lifonja. 

Tal  vez  embidia  fue ,  y  ella  le  infpira 
a  romper  todo  el  limite  a  fus  ondas , 
porque  no  folo  ,  a  cuenta  de  artificios , 
de  accion  tan  fmgular  la  dicha  corra. 

Mas  no  fue  fi  no  idea  ,  con  que  intenta 
moftrar  el  Tajo  a  fu  Princefa  heroyca 
los  briofos   efpiritus  de  aquellos  , 
de  que  Su  Alteza  viene  a  fer  Seiiora. 

Pero  aplacofe  ,  en  fin  ,  fu  altivo  orgullo, 
de  fuceiio  implacable  fe  revoca, 
y  defahogada  en  furias  la  impaciencia, 
al  centro  traslado  fu  rabia  toda. 

Cortefana  modeftia ,  que  le  eEfeiia 
a  no  impedir  ,  que  en  ordcnes  fe  pongan , 
repetidos  en  muficas ,  y  Ilamas 
lingulares  afe^los  ,  con  que  adoran. 

Preludio  poco ,  breve  defempeiio 
de  aquella  fee  inextinta  ,  y  fervorofa  , 
que  hara  a  la  Primavera ,  nuevo  teatro 
demayor  regocijo,  y  mejor  pompa. 

O  !    Viva  eternamente  el  que  dio  caufa 
a  tanta  leal  dcmonftracion  gozofa  ,*        . 
y  el  inclito  JOSEPH  ,  de  cuya  mano 
fujetara  la  rienda   a  toda  Europa. 

Viva  a  fu  lado  (porvengar  afrentas) 
de  Adonis  Portugues  ,  Venus  Efpofa  : 
logren  entrambos  tanto  fruto  opimo  , 
quantas  el  Orbe  dividib  Coronas. 

Vaticinios  felices  aifeguran 
fus  myfteriofos  nombres ,  fi  fe  nota  , 
»   que  el  Imperio  en  JOSEPH  tiene  fu  aumento  , 
clariflimos  trofeos  en  VICTORTA. 

Vivid, 


dos  Trincipes  do  Bradl,  Livro  IV.    3 6t 

Vivid  ,  Principes  nueftros,-  y  excediendo  172  9- 

quanto  puede  ocupar  la  eterna  Trompa, 
Jlenen  los  nombres  vueftros  todo  ei  Mundo 
no  quedan  vueftros  hechos  en  la  Hiftqria. 

JORNADA    REAL 

VISTA  POR  CARTAS  JOGADAS  POR 

THOMAZ   PINTO 

B  R  A  N  D  A  d 

S    Y    L    V    A. 

Sta  he  a  ultima  a  parte  ^ 

onde  vai  realmente   ojogo.ariba 

por  natureza  mais ,  do  que  por  arte , 
e  onde  a  tafularia  mais  fc  eftriba  j 
envido  tudo  j  e  deixo  manifefto 
o  pezar  dc  nao  ter  hum  grande  refto  y 
mas  que  nao  faga  vaza, 
hoje  ha  de  fer  de  jogo  a  minha  caza 
com  cartas  conhecidas , 
que  nunca  ferao  falfas ,  nem  corridas , 
e  jogando  de  mao  por  confiado 
fo  tocarei  o  que  la  foi  pintado. 

Eu  nao  fui  a  fun^ao  ,  porem»  de  ouvida 
ca  de  telhas  abaixo  me  convida 
a  minha  fraca  Mufa  a  que  me  atreva 
ao  que  he  impofTivel  que  eu  defcreva ; 
mas  nos  leaes  vaflallos 
impoftiveis  Reaes  bafta  intentallos  ,• 
e  pois  foi  eftb  todo  o  meu  intento , 
irei  jogando ,  mas  com  muito  tento  j 

Zz  porque 


5^2  BiftoriaFanegyricados  defpoforios 

1720.'      porque  me  nao  reprovem  os  fenhores, 
que  fao  de  verfos  grandes  jogadores  ,• 
mas  fe  eu  de  ca  o  )ogo  !he  cftou  vendo  ^  i 

fem  ir  bruxuleando  ,  vou  dizendo. 

Todo  G  Mundo  abalou  por  tantos  modos , 
que  pafmei  de  haver  beftas  para  todos  ,• 
e  ate  .^^  excci^ao  de  toda  a  fefta  , 
por  befta  Jiao  fiquei ,  nao  fui  por  befta  ,• 
demais  que  a  minha  Mufa  peccadora 
hia  jogada  aos  dados ,  fe  la  fora , 
e  por  Carta  de  mais  la  ie  rompera , 
que  por  Carta  de  menos  nao  perdera  y 
mas  providencia  foi  que  eu  ca  ficafte , 
porque  nada  diria ,    fe  pafmafl^e  ,• 
fe  bem  que  donde  a  voz  faz  pouca  miiigua , 
fera  o  emmudecer   a  melhor  Hngua  ,- 
e  aftim  fuccederia  ao  que  mais  canta , 
quando  chegafte  a  ver  grandeza  tanta  , 
nem  defcrevera  a  parte  mais  pequena , 
e  fo  de  o  nao  fazer  teria  a  pena. 

Fermofo  Tejo  meu  a  dizer  hia  , 
mas  he  fraco  epitheto ,  e  antes  diria  ? 
Fermofo  Atlante  meu ,  quao  claramente 
te  vejo  fuftentar  dehumJVIundo  ageme, 
fendo  ao  mais  rico,  e  mais  Reai  thefouro 
paft^adigo  de  prata  ,  e  ponte  de  ouro  ! 
Por  tr  paftarao  "tantas  primaveras , 
que  ja  te  hafde  efquecer  do  que  antes  eras ,- 
nem  com  tantas  enchentes ,  e  vazantes 
*  te  lembraras  do  pouco  ,  que  eras  de  antes ;. 
porem  tudo  na  vinda  he  que  conftfte  , 
a  quem  teu  largo  campo  nao  refifte  : 
muitas  bocas  de  bronze  em  ti  falarao , 
que  da  terra  os  ouvidos  atroarao  j 

como 


dos  Principes  do  ^ra:^it,  Livro  IF.    3  6  5 

cbmo  tambem  das  naos  o  Marcio  jogo  ,  1720. 

que  te  paflbu  de  rio  a  mar  de  fogo. 

Tao  corrente  no  Tejo  ofogoardia, 

que  ate  a  barra  fe  via ,  e  fe  ouvia. 

Luzido  ,  e  forte  Atlante  que  horas  largas 

hum  jogo  fuftentafte ,  que  erao  cargas ! 

Toda  a  gala  de  Europa 
com  tanto  Ganymides ,  tanta  copa , 
tanto  baftao  ,  tanto  ouro  ,  tanta  eipada, 
e  em  fim  tanta  riqueza  baraJhada , 
que  com  a  Real  marca 
em  Aldea  Gallega  dezembarca. 
Regiftrar  quero  agora , 
queEfcrivao,  e  Malfim  fou  nefta  hora, 
com  devido  refpeito 

a  fazenda  Real ,  que  tem  direito  ;  ^ 

mas  femehao  de  tirar  tudo  por  alto, 
eu  me  tiro  tambem ,  e  em  terra  falto. 

Tao  foberba  ficou  a  tal  terrinha 
pela  muita  riqueza,  que  entao  tinha,, 
que  o  fer  Gallega  Aldea  ja  defpreza 
por  Villa  Caftelhana,  e  Portugueza  ,• 
alguma  razao  tem  de  eftar  trocada , 
pois  Lisboa  fuppoz  deipovoada , 
que  eftando  huma  vazia,  e  outra  chea  , 
ficou  Aldea  a  Corte ,  e  Corte  a  Aldea  j 
de  vocabulo  aqui  joguei  baftante  ,•  j 

pouco  perdi  ,•  mas  vamos  por  diante. 

Como  hia  na  partida  intereflada 
jogou  a  Infantaria  Arrenegada , 
que  ate  nella  perderao  os  veftidos : 
(  fe  he  o  mcfmo  molhados,  que  perdidos ) 
porem  devcm  nojogo  fer  louvados, 
pois  forao  de  vontade  Pafor^ados  ,• 

Zz  ii  €  en' 


3  64  Hijloria  Panegyrica  dos  dejpoforios 

1720.        e  entendo  que  iflbtudo,  qiie  perderem  , 
dobrado  o  ganharao  quando  vierem, 
que  a  ilTo  fe  pocm  ja  de  fmtinella, 
e  para  mais  do  que  iiro  algum  appelJa  y 
appella  difle  ?  a  ella  irei  jogando 
o  que  aqui  pelo  ar  me  vem  rodando  ,•  - 
que  he  precifo  caberem  no  meu  verfo 
os  que  fe  nao  afFaftao  do  feu  Terfo , 
e  fervem  Realmente  onde  Ihes  toca , 
que  alfim  fazem  tambem  ytrr/f o  ^  hca: 
mas  cada  hum  va/  dous  pofto  em  Campanha;, 
e  as  maiores  ventajens  fempre  ganha , 
como  dos  inimigos  bem  fe  prova , 
fazendo  ao  l^QyJervip ,  e  a  elJes  cova  ,• 
fa^amos  cha^a  aqui  ,   que  he  bem  jogada  , 
e  ha  critico  jftiiz  ,  que  a  da  gafada. 

Hiao  jogando  mais  outros  aos  Ce7itos 
de  cavalJo  :   ( que  fao  outros  quinhentos ) 
eftes  no  jogo  forao  mais  Jivrados  , 
inda  que  os  brUtos  follem  bem  picados  ,• 
mas  aos  Centos  corridos 
tal  vez  que  alguns  ficaJlem  eflendidos 

De  outra  cavallaria  humas  iilei,ras , 
que  hiao  alJi  bem  junto  as  eftribeiras 
fempre  gaJopeando 

nos  brutos ,  que  de  lombo  hiao  jogando, 
cujo  numero  aos  ccntos  ie  accrefcenta  , 
todos  picavao  com  d\zQY Jetenta ; 
pouca  neJIes  a  perda  entao  feria , 
mas  Jevarao  Capote  toda  via. 

Metamos  hum  bedclho  de  duas  trovaS; 
a  ver  fe  vaza  faz  nas  Vendas  novas , 
eftalagem  Real  de  propridade  ,• 
pois  accommoda  tanta  Mageftade^ 

e  corao 


dos Principes  do  ^ra^l^  Livro IV.  365; 

e  como  daCoroa  tem  mais  rendas,  1720. 

fao  tendas  da.CapelJa,  nao  lao  vendas. 

Realmente  comendo 

me  parece  daqui  que  la  eftou  vendo 

As  pelFoas  Reaes  de  7mv  jogando , 

que  alegremente  a  vida  vao  trunfando  , 

comer  que  a  todo  o  Mundo  fe  reparte  , 

pois  'logao  de  maior  em  qualquer  parte. 

Dizem  que  nefte  fitio  antiguamente 

coftumavao  roubar,  e  matar  gente,- 

mas  ja ,  vendo  hum  Palacio  como  aquelle  , 

terao  refpeito ,  e  medo  ao  fenhor  delle  5 

porque  ganHao  feus  doutos  jogadores 

Com  tres  paos  aos  maiores  matadores. 

Daqui ,  porque  bem  cante ,  ou  melhor  conte, 
inda  ^que  tudo  va  de  monte  a  monte , 
pafjo  por  Monte  mor,  e  a  melhor  paflb 
coiii  Evora  mefa^o , 
que  a  Corte  teve  ja  de  toda  aforte, 
e  agora  a  forte  tem  de  toda  a  Corte. 
D'  Evora  nao  foi  ma  efta  Cartada  .- 
fo  me  peza  nao  ver  do  jogo  a  entrada , 
para  notar  tambem  fe  os  Vereadores 
comascapas  bandadas  deprimores, 
ao  entregar  das  chaves , 
como  os  de  Santarem  fahiao  graves  5 
masheSenado,  que  forrado  anda  ,       '     ^j /.nu  ^\ 
porque  Ihe  acode  o  jogo  da  outra  banda,    "'  '^  oab 

E  tu,  tcrra  ditofa  ■ '" 

que  logras  o  epitheto  de  Vi^ofa, 
de  hoje  te  chamaras  por  tao  crecida 
mais  que  Villa  Vi^ofa,  florecidaj  -  •' 

todas  as  mais  encovas ,  '■■^ 

oujaVillas  R^aes ,  ouVillas  novas,- 

tomara 


^66   Hi/loriaPanegyricadosdefpoforios 

172Qf       tomara  hum  jogo  novo  em  teu  proveito, 
que  nao  perdelFes  nada  cm  meu  conceito: 
mas  onde  houverao  feftas  foberanas , 
o  meu  terreftre  jogo  ferao  Cannas 

DaHi  aElvas  com  viftozo  alinho 
foi  eftrada  Real  todo  o  caminho  , 
ficando  aquelles  itampos ,  e  outras  relvas , 
com  memoria  ainda  mais  que  as  Linhas  de  Elvas,- 
porem  vamos  andando , 
que  outro  jogo  maior  fe  vem  chegando : 
e  donde  todo  o  ganho  fe  reparte , 
por  ferem  cartas  Reys  de  parte  a  parte  * 
e  hejogo  do  Cro  novo  ,  porque  eu  fei 
que  podem  trocar  nelle  os  que  tem  Rey. 
Joguemos  de  vagar  ,  porque  la  aponta 
o  dito  grande  bolo,  e  de  mais  conta 
ao  qual  quero  fazerme  com  ventagens , 
que  he  grande  bolo,  e  todo  diQpa^agens  5 
antes  que  o  naipe  diga 
direi  primeiro ,  porque  bem  prolTiga , 
hum  exemplo  (  que  he  tra^a 
De  alguma  ajtida  achar ,  com  que  me  fa^a. ) 

Pormyflerio  muy  alto,   e  mui  profundo, 
dizem  que  hao  de  cair  no  fim  do  Mundo 
fobre  a  terra  as  Eftrellas , 
iendo  maior  que  a  terra  qualquer  dellas. 
A  efta  duvida  ja  com  bem  primores , 
<feo  folu^ao  o  Sol  dos  Pregadores .- 
mas  eu  com  a  fraca  luz  do  meu  engenho 
alem  defla  darei  outra ,  que  tenho. 
Digo  pois  que ,  fe  o  Mundo  fe  acabava 
na  confufao  de  luzes ,   que  abalava 
daquella  Real  troca  ,  onde  defciao 
tantos  viventes  Aftros ,  que  luziao ; 


dos Prindpes  do  Bra^it,  Livro  IV,   $67 

•ja  nao  tenho  o  caberem  por  portCnto  ,  I72Q- 

vendo  que  em  Ca/a  coubc  hum  Firmamento , 

fe  he  que  nao  forao  mais  com  igualdades , 

porque  unidas  as  quatro  Divindades  , 

feviahum  Ceo  briihante  em  qualquer  delJas , 

e  tantos  diamantes ,  como  Eftrellas. 

Fermozo  o  campo  hum  taboJeiro  era 

do  Xadres ,  que  formou  a  Primavera  / 

onde  andavao  jogados  em  boas  Leis , 

Peoens ,  Roques  ,  Delfins ,  Dajms,  e  Reys ; 

erajogo  Real  ,•  que  a  todos  chega, 

onde  hum  traidor  nao  houve ,  havendo  entrega, 

A  efta  guarda  de  corpo  tao  for(^ofa  ^ 
a  efte  corpo  de  guarda  tao  viftofa 
a  tocha  de  Hymeneo  refplandecente 
deo  tao  a^liva  luz,  que  em  corttinente 
nos  dous  corpos  fe  vio  o  maior  jogo, 
porque  jogava  entao  o  maior  fogo  , 
e  tanto  fe  eftendia  ,  que  pegava 
em  toda  a  artelharia ,  c^tjogava  ,• 
tal  fogo  nos  dous  corpos  fe  acendia , 
que  ate  nos  cora^oens  fe  introduzia  : 
e  os  que  jogavao  la  tambem  de  fora 
ao  talfogo  aftbpravao  nelfa  hora, 
tendo  dejogo  tal  tanta  alegria, 
que  o  fogo  pclos  olhos  Ihes  fahia. 

Seguros  fao  fenhores  de  dous  Mundos 
os  dous  Monarcas  Quintos  fem  fegunddS; 
a  quem  de  rios  cJaros ,  e  diftin6los 
Potoftis  de  ouro  ,  e  prata  vem  aos  quintos  ^ 
que  em  corrente  mais  grata 
ja  joga  o  rio  douro  com  odaprata- 
ao  Quinto  me  fiz  fo,  inda  que  agora 
pedir  do  Rey  a  ajtida  meihor  fora. 

iNao 


I72p. 


3  68    Hifioria  Tanegjrtca  dos  dejpo/orios 

Nao  fe  vio  em  nenhuma  das  idades 
em  campo  juntas  tantas  Mageflades  ; 
podiao,  tendo  o  peito  pormuralha, 
de  Principes  formar  huma  batalha , 
fendo  o  Amor  General ,  e  erao  capazes 
de  eftimar  eftas  guerras  mais  que  as  pazes ; 
pois  com  frechas  do  Amor  ja  tocao  arma 
Caftella  ,  Portugal,  Imperio,  e  Parma,: 
foi  hum  dia  de  Reys  aquelle  dia, 
por  fefta ,  por  amor ,  por  cortefia  j 
que  hum ,  e  outro ,  ou  de  Elvas ,  ou  de  Caia , 
de  amante ,  e  de  cortez  paftbu  a  Raya, 

Tenho  j^cado  o  Ca/a  ,  mas  corrido 
de  nao  ter  nefte  jogo  Igual partido ,         .  ■(,, . 
e  acho  que  entrar  a  hum  bolo  de  importancia 
com  pouco  cabedal ,  foi  ignorancia  j 
os  mirones  dirao  o  mais  agora  ; 
porque  joga  melhory  quem  ve  de  fora. 

Soberana  Regina ,  eu  nao  queria 
renovare  dolorem  nefte  dia  ,• 
mas ,  pois  mo  manda  voifa  Mageftade , 
eu  Ihe  obedecp  ,  e  digo  na  verdade. 
Se  outra  da  mefma  dor  fe  acha  em  Caftella , 
que  pode  confolar-fe  aqui  com  ella, 
pois  iguaes  no  pezar  fao  os  quilates , 
e  ha  Reginas  tambem  Socias  Penates  j 
tambem  por  tal  fenhora  o  Reyno  chora  j 
mas  vai  de  fete  Reynos  fer  Senhoia ; 
va  ,  que  ca  fica  outra  ,  e  de  ambas  venhao 
Principes  ,  que  outroy(?g"^  nos  inantenhao  y 
que  eu  ,  por  ver  delfa  fefta  os  alvorp^os , 
com  Deos  quero  jogar  a  Fadre  nojjcs. 

Tenho  jogado  tudo  o  que  podia, 
foi  oquetive,  e  nao  oquedevia,- 


qui 


-  dos  Princlpes  do  "Bra^il^  Livro  IV -   369 

qiie  fe  muiro  piidera  ,  ^  l^Jig, 

jogaiia  de  meu  quanto  tivera 

com  mui  grande  vontade  ,• 

porem  na  minha  pouca  habilidade , 

fraco  pincel  a  tanta  fermofura  , 

fo  hum  longe  efcrevi  defta  pintura  , 

e  tao  longe,  que  apenas  he  apparentej 

porem  eu  prometti  tocar  fomcnte, 

razao  de  andar  na  Sylva  pelas  ramas  j 

e  tambem  me  faltou  jogar  as  Da^naSy 

mas  hejogo,  que  leva  muitas  horas  , 

e  nao  tem  que  perder  eifas  fenhoras  j 

por  huma  do  Xadres  a  Mufa  advoga,  »    - 

mas  he  tahola  elfa  j  que  nao  joga  ,• 

com  feu  pay  jogarei  ,  quando  me  rogue, 

porem  das  dez  Ihe  doU;,  que  Z)^?^(9yjogue, 

por  ter  comigo  azar  fempre  em  Liiboa ,   • 

como  eu  nunca  em  elle  Sorte  boa  : 

mas  de-lhe  Deos  faude  tao  conforme , 

que  o  nao  vejao  jogar  o  Shnao  dorme  : 

e  a  Gloria  a  mim  tambem,  que^ojogo  aturo, 

para  ganhar  o  Ceo  ,  que  he  mais  feguro. 

Ou  perdido,  ou  ganhado, 
pelo  que  a  mim  me  toca  j  efta  jogado  ,• 
pode  outra  Mufa  entrar  mais  livre ,  e  folta , 
que  eu  entendo  que  o  jogo  ha  de  ter  volta ; 
entre  quem  jogar  mais,  ou  melhor  trove, 
mas  que  me  cave  aqui  onde  me  encove  ,• 
venha  aquelle  mais  digno  defte  emprego , 
porque  ve  mais  do  que  eu,  fendo  mais  cego  : 
quero  que  ifto ,  que  eu  canto ,  mais  requinte , 
e  quando  ao  Quinto  jogue  melhor  pinte  : 
que  eu  ,  temcndo  da  Mufa  aIguma/^/6^ , 
ja  com  ella  me  meto  na  haralha  j 

Aaa  e  indo 


■*. 


370  Hifloria  Panegyrlca  dos  defpoforios 

172  0.       ^  '"'^^  ^  i^,?^  direho  no  retrato  ,• 

dou  huma  Hga  ao  Torto  de  barato. 

Os  arcos  bem  me  puxao  ,  m-is  q\x  pajfo y 
e  por  falta  dejogo  nao  fne  fago , 
nem  obrigado  fou ;  que  efte  exercicio  * 

he  de  Poeta ;  e  he  tao  fraco  officio , 
tao  faminto ,  tao  pobre  ,  e  em  fim  tao  parco , 
que  por  bandeira  rota  nao  faz  arco  ,• 
mas  fe  todos  entralfem  com  fuas  Lyras , 
fempre  fariao  Arco  das  mentiras. 

Eu  ,  quejogava  /argo,      * 
porque  a  nada  ninguem  me  punha  embargo, 
eu  ,  que  a  tudo  topava  , 
porque  a  muitos  parava ,  e  reparava^ 
eu  ,  que  a  bola  joguei  com  altivezes  , 
onde  em  vinte  acertei  por  varias  vezes  ; 
eu  ,  que  verfos  jogava  para  logo  , 
e  prompto  eftava  fempre  a  todo  o  jogo^ 
hoje  fo  com  mirones  me  entretenho  , 
porque  nao  tenho  nada  ,  nem  empenho  j 
jz  dos  Piques  meaffafto, 
porque  me  falta  o  Rej  ,  e  temo  aoBaftoi 
que  eu  ja  ganhei ,  jogando  bem  dedentro, 
depois  perdi ,  pagando  em  peior  centro. 

Ifto  foi  demafia ,  mas  protefto 
pela  for^a  do  genio  em  todo  o  refto , 
com  que  a  Banca  me  ponho ,  que  podendo 
o  Paroli  ,  que  ganho ,  ir  recebendo. 
Y>ofef]enta  levar  indo  ao  miolo , 
apemia  largo,  e  fico  Pinto  tolo , 
porem ,  fe  a  genio  perco  ,  ou  ganho  a  fio , 
o  Leitor  o  dira ,  fejogarpio. 

Efta  hemjogado. 

BOAvS 


dos  Principes  do  ^ras^iU  Livro  IV.  571- 
BOAS  VINDAS  REAES ,  ^^29. 

DADAS,    CANTADAS,   OU    TOCADAS 
P  E  L  O    M  E  S  MO 

THOMAZ  PINTO 

B  R  A  N  D  A  6. 

S    Y    L    V    A. 

A  que  tocar  da  fefta  a  outra  ametade 

por  for^a  heide  fer  eu ,  va  por  vontade ; 

e  pois  nefta  agoa  envolta  inda  mais  vejo , 

fera  for^a  tambem  tornar  ao  Tejo , ' 
porque  o  vejo ,  em  crecen^as  pelos  ares , 
encorporado  ja  com  Manganares  , 
quedehum,  e  dc  outro  unidas  as  Napeas , 
mares  de  rofas  fao  ,  e  mares  cheas. 

Fermofa  frota ,  em  bem  difpofta  linha  ! 
Nao  vi  coufa  melhor ,  por  vida  minha  5 
nem  tao  embandeirada  j 
no  Tejo  ,  pormiudo,  hegroffa  armada:- 
aos  efcaleres  vai  feguindo  a  efteira , 
tanta  Real  jangada  demadeira, 
que  nao  podera  haver  quem  bem  as  conte , 
creyo  que  ate  Belem  fariao  ponte  ,• 
de  embarca^oens  fo  ,  era  a  bella  enchente , 
que  a  de  agoa  ,  fe  fuppunha  occultamente.' 

O  Tejo ,  neffe  inftante , 
por  reverencia  fo ,  foi  de  vazante , 
lazendo  ate  Belem  a  cortezia  y 
e  por  mais  diligente  he  que  c6rria. 

Tanto  o  fogo  entao  foi ,  e  tanto  o  fumo , 
quenublou  toda  a  esfera  ,•  mas  orumo 

Aaa  ii  era 


57 2   Hiftoria  Panegyrica dos defpoforws 

T  720         ^^^  ^  Belem  direito  ^  'tomar  porto  ,• 

por  for^a  o  confoante  ha  de  fer  Torto ! 
Valha-me  Dl^os  ,  que  ate  nefte  caminho 
heide  vir  encontrar  com  Frei  Longuinho  ! 

Senhores. ,  ao  voltar  ,  terao  cuidado 
de  correr  a  cortina  ao  efquerdo  lado , 
que  nao  bafta  a  vidra^a  tao  fomente  , 
pois  penetra  efle  olhado  ao  tranfparente  j 
he  huma  fo  janela ,  ou  fo  poftigo , 
que  ainda  eftando  fechado ,  tem  perigo ; 
mas  ja  da  ponte  aos  arcos  vem  direitos  ^ 
vou  adiante  ,  a  ver  fe  eftao  ja  feitos  ,• 
porque  Ihe  faltou  tempo  ,•  e  eu  tomara  , 
que  dos  dous ,  hum  ,  ao  menos ,  fe  acabara  : 
ah  bom  Claudio  Gorjel ,  que  aqui  fcz  niffo  , 
a  Camara  ,  e  a  Ei-R.ey  ,  hum  boni  lcrviyo. 

Efte  o  primeiro  he  j  e  he  bem  pnmeiro ! 
He  coufa  s;rande  ,  e  mais  nao  efta  mteiro  ! 
Soberbo  efta  por  certo  ,  c  nefte  abono  , 
bem  fe  parece  o  arco  com  feu  dono  j 
he  huma  Babilonia  o  que  levanta , 
mas  nao  he  confufao  grandeza  tanta^ 
por  agora  fo  poifo  dizer  delle , 
que  he  hum  nunca  acabar  o  fallar  delle. 

Quem  poz  aqui  o  fegundo  ,  em  nada  eri-a, 
que  a  moeda  anda  anexa  a  tnglaterra  ,- 
feus  donos  fao  a  El-Rcy  muito  chegados  j 
e  fuppofto  que  em  nada  aparentados , 
fao  fidalgos  da  cafa ,  onde  fe  hofpeda 
o  melhor  fangue  ,•  e  alfim  batem  moeda. 

Paftb  por  alguns  delles , 
que  he  precifo  paifar  por  baixo  delles  ,- 
pois  por  baixo  dos  arcos  paifao  todos , 
eeuja  fui  patarata,  pormeus  modosj 

como 


dos  Trincipes  do  ^ra^it,  Livro  IV.    3  7  J 

como  nao  fei  os  donos ,  nada  digo,  1720 

e  t«I  vez  que  algum  feja  meu  amigo  j 

porem  nao  tenhao  iifo  por  defdouro , 

que  arco  de  pregos  iia  ,  e  ha  arco  do  ouro. 

E  eu  tambem  quero  ir  vehdo  a  variedade , 
das  arma^oens ,  com  bem  curiofidade , 
nas  perfpe6livas  bellas , 
que  eftao  pelas  paredes ,  ejanelas,- 
ou^ao  tambem  louvores  repetidos  , 
pois  tambem  as  paredes  tem  ouvidos  ,• 
parece-fe  a  de  Corpus  efta  fefta,- 
mas  tambem  prociftao  dc  EI-Rey  he  efta ; 
o  que  Ihe  faltou  fo ,  foi  o  toldado  j 
porem  o  Ceo  la  teve  effe  cuidado ,  - 

(  valha-te  Deos ,  Monarca ,  que  parece  ] 
que  ate  o  Sol ,  e  a  chuva  te  obedece  !  )  ^ 

E  que  medonhas   viftas 
tdhi  as  tape^arias  dos  Pauhftas  ! 
he  de  Reys  Portuguczes  a  pintura , 
que  os  forao  la  tirar  da  fepultura  ,• 
da  cor  da  mefma  morte  he  que  os  fizerao, 
e  nem  de  morte  cor  me  parecerao  ^ 
porem  nelles  retratos  macilentos, 
moftrao  que  fao  Reaes  os  feus  intentos. 

Voltemos  a  camifa  de  outra  banda , 
que  he  ir  de  Inglaterra  para  Olanda. 
Hum  golfo  de  Leao  la  Ihe  divifo , 
atributo  de  Olanda  mui  precifo  ; 
e  de  cabega  de  agoas  ,  outra  pe^a 
la  nos  moftra  o  navio  na  cabe^a  ,• 
porgrande  arco,  he  muijufto  quefeconte, 
fe  a  todo  aquelle  mar  ferve  de  ponte. 

Efte  o  meu  arco  he,  pois  diz  a  gente , 
que  corto  de  veftir  baftantemente  5 

mas 


1729. 


5  74   f^ifloria  Panegyrica  dos  defpoforws 

mas  efta  eno;anada  , 

porque  eu  para  o  feitio  nao  dei  nada ,      .      « 

nem  em  mim  fe  achao  fobras, 

pois  nao  furto ,  nem  minto ,  em  minhas  obras :    . 

tambem  foi  feito  a  preifa ,  .  \ 

mas  nao  he  de  retalhos ,  porque  he  pe^a  ,•  |j 

c  bem  moftra  aquella  Aguia  no  remate , 

que  he  ave  de  rapina  hum  Alfayate  ,• 

fe  em  vezdeAguia,  tivefle  alguma  aranha, 

muitos  mais  fairao  a  Campanha : 

( efte  penacho  he  for^a  de  conceito  j 

porem  o  arco  he  meu  ,•  efta  bem  feito. ) 

Ja  eftamos  no  Loreto  ,• 
muito  bom  arco  efta !  E  cu  Ihc  prometo , 
que  inda  mais  avultara , 
fe  algum  tempo  tambem  Ihe  nao  faltara  ,• 
mas  daametade  moftra  o  grande  aceio, 
que  para  mais  louvor  tiverao  meio  ;  • 

porque  ideas,  e  impulfos  mais  que  humanosj 
tiverao  fempre ,  c  tem  os  Italianos. 

Paflb  por  outros  mais ,  ienao  fao  menos , 
que  nem  perderao  nada  por  pequenos  ,• 
huns  fao  maiores  quc  outros ,  he  verdade , 
masheprecifo  haver  defigualdade; 
porque  fe  todos  foifem  por  huns  modos , 
iriao  ver  fo  hum  ,  e  viao  todos. 

Do  Efpirito  Santo  alumiados, 
o  feu  arco  fizerao  tranfnoitados , 
os  homens  de  negocio  ,• 
porem  tambem  tiverao  multo  focio , 
com  cora^ao  nas  maos  todos  fallando, 
pintados  no  painel  o  eftao  moftrando , 
todos  de  volta  grande ,  e  capa  folta , 
bem  Ihe  podiao  p6r  mais  mcia  volta  ; 

(enao 


dosTrmcipes  do  Bra^il,  Livro  IV,    57; 

(enaoconftrua  mal ,  quem  ifto  ]ea ,  ,   1720". 

porque   nao  quer  dizer  de  volta ,  emeia!) 
E  que  fresquinho  efta  ojafmineiro  ! 
Porem  regado  foi  por  bom  Ribeiro. 

Efte  he  boa  madeira  , 
carpinteiro  me  fecit  y  com  bandeira  j 
la  tem  em  hum  painel ,  como  oratorio , 
de  Maria ,  e  Jofeph  o  defpoforio  ,• 
que  moftra  no  peinel  do  feu  intento 
de  outro  Jofeph  ,  e  Maria  o  Cazamento  j 
mas  fechemos  o  arco  por  agora 
com  dizer  que  foi  feito  em  boa  hora. 

Efte  bem  moftra  os  donos ,  no  luzido 
he  huma  barra  de  ouro  ,  bemfubido^ 
fera  a  barra  do  Rio  de  Janeiro , 
com  o  feu  pao  de  alfucar  todo  inteiro  ^ 
mas  vamo-nos  furrando ,  nao  fe  agafte  , 
da  minha  avaha^ao ,  o  feu  contrafte. 

O  la  ,  o  chafariz  tem  feus  primores ! 
Nao  erao  mui  cavallos  os  feitores ,- 
e  bem  podiao  fer  ,•  pois  he  corrente  3 
que  tambem  ha  cavallos  como  gente. 

Efte  da  rua  nova ,  he  coufa  bella ! 
La  me  parece  hum  arco  da  Capella  ,• 
muito  brinquinho  tem  ;  e  efta  viftozo  ! 
Creio  que  poraqui  andou  Cardozo,^ 
e  outros  que  fao  tao  grandes  mercadores , 
que  ate  nao  perdem  nada  em  meus  louvores  : 
o  Hercules  la  em  funa  he  graride  pe§a ! 
E  inda  fora  maior  ,  a  ter  cabe^a  ,• 
mas  fe  o  bom  corte  delle  alguem  Ihe  merca , 
de-Ihes  de  ganho ,  o  que  Ihes  da  de  perca. 

Amburguez  Imperial  he  efte  agora  , 
e  tambem  Alemao ,  que  huma  fo  hora 

na6 


5  7^  Hiftoria  Panegyrica  dos  defpofonos 

1J20        nao  defcan^ou  de  noite  nemdedia, 
para  chegar  ao  auge  que  queria : 
e  fe  luim  mez  mais  Ihe  derao, 
a  pintar ,  e  a  dourar  inda  eftiverao  j 
nao  fo  a  muita  gente  trabalhava  , 
que  o  dinheiro  tambem  nao  defcan^ava : 
fermozo  efta ,  valente,  e  primorofo, 
e  bem  cafado  a  forte  com  o  fermofo  ! 
fe  ao  Rey  dos  arcos  efte  nao  fe  efconde , 
por  guapo_,  ficara  dos  arcos  Conde. 

Efte  que  a  rua  fecha  ,  e  os  pairos  ata 
■     he  hum  marco  aqui  pofto ,  mas  de  prata , 
que  bem  podia  fer  tambem  de  cobre , 
pois  em  parte  efta  rico,  e  em  parte  pobre, 
mas  a  poder  de  allopros  foi  foijado, 
e  depois  ao  martelo  bem  pregado  : 
luzido  efta  por  certo  ,• 
porem  aqui  me  chama  outro  mais  perto. 

Vamos  ao  Pelourinho,   , 
arco  de  boa  pipa  y  e  melhor  vinho  ,• 
•   e  dando  mais  hum  furo  em  feu  adorno 
heide  dizer  que  he  arco  feito  ao  torno : 
o  fitio  he  bem  achado  ,• 
foi  a  melhor  poftura  do  Senado. 

Efte  junto  ao  a^ougue  tem  bom  talho ! 
foi  feito  com  alinho ,  e  com  trabalho  : 
ja  digo  ,  he  hum  brinquinho  ,• 
he  verdade  que  hum  tanto  apertadinho  y 
mas  delfe  buraquinho  eftara  pago , 
quem  pafta  por  Sao  Jorge  a  San-Tiago ; 
o  Cavallo  fim  era  g^ntil-homem  , 
tinha  caradeboi,  e  olhos  de  homem , 
era  ru^o,  que  alli  vinha  rodado  , 
mas  eu  tomara-o  ver  ru^o  queimado; 

o  arco 


dos Frincipes  do  "Bra^ili  Livra IV.  ^77 

o  arco  fim  ,  la  moftra  no  topete ,  1720, 

que  arrematando ,  lcva  o  ramalhete.  '' 

Aquelle  quelaefta,  com  boa  forte, 
do  terreiro  do  Pa^o  he  arco,  e  forte,- 
de  Fran^a ,  a  Inglaterra 
nao  intentou  por  arte  fazer  guerra  j 
por  natureza  ,  alguma  Ihe  faria , 
mas  nefta  occaziao  nao  quereria,- 
pois  para  celebrar  efta  allian^a,     . 
o  arco  Iris  he  hoje ,  em  paz  de  Fran^a. 

Na  pintura  faz  guerra  ,  porque  he  ricaj 
a  alguris ,  pordm  com  outros  neutral  fica  j 
fe  bem  ( no  que  na  altura  fe  penctra  ) 
Jhpeyeinhiet  omnes ,  diz  a  letra. 

Paifo  a  paiFo ,  por  lamas  ,  e  por  charcos, 
me  parece  que  fui  a  Pa^o  D'arcos  ,• 
e  a  Beiem  fora  a  palfo  mais  corrente  , 
que  a  pafibs  aBelem  vai  muita  gentCj 
mas  longe  fica  ,•  e  pois  a  Muik  can^a ,        ( 
hirei  fazer  alfento  na  Efperan^a  y  J 
onde  diz  que  ha  Sermao  com  douto  eftyllo, 
que  he  fefta  do  Senado  ,  e  quero  ouvillo. 

O'  fe  agora  Camoens  refufcitalfe , 
e  eu  tambem  nelle  aqui  me  transformafle, 
que  de  coufas  diria  ! 
Mas  he  de  crer  tambem  que  pafmaria  j 
e  eu  tambem  de  repente  cahira  morto, 
fe  olhando  para  mim  me  vifl^e  TortOi 
eftp  aqui  vem  de  molde  ,•  .paciencia ,  , 
•  que  o  nao  poffo  cngolir ,  ,em  confciencia. 

Nefta  apertada  preifa ,  e  larga  pra^a  , 
pudera  dar-me  hum  ar  de  fua  graga 
a  fenhora  Thalia,        j,  oii; 
iiida  que  me  ialtaife  em  outro  dia^  < 

Bbb  porem 


378    Hifloria  Panegyrica  dos  defpoforios 

1729.       porem  m.elhor  fera  pedilla  agora 

aquella  ,  que  he  da  gra^a  fo  fenhora  j 

della  eipero  o  ioccorro 

de  que  he  tambem  ieiihora ,  ao  que  difcorro. 

E  ja  que  eu  f)  toquei  a  Real  jornada , 

feja  a  vinda  Real  tambem  tocada , 

ao  fom  de  alguma  pe^a  mais  goflofa  ; 

o  Caia  ja  la  foi  j  feja  a  amorofa , 

que  he  Portugueza  fina ,  e  hoje  fele<5la , 

pois  fe  tempera  com  a  Heipanholeta : 

S6  tocarei  por  pontos  de  verdade  , 

e  contarei ,  por  paffos  de  entidade  , 

mudancas  da  fortuna  com  prefleza  ,• 

que  mudan^as  nao  fao  de  natureza : 

melhor  metro  nao  fei  ,•  fe  pode  tantp , 

rouca  voz  ,  fraco  peitb  ,  e  pobre  canto. 

Afaftem-fe  ,  feuhores ,  que  he  chegado , 
o  que  mal  caber  pode  no  admirado. 
Quem  fao  efl:es  dous  guapos  precurfores  ? 
Sao  das  feftas  Reaes  Procuradores , 
nas  quaes  andarao  finos  cxiflentes  j 
podem  fer  de  Senados  Prefidentes. 

Logo  fe  fegue  huma  luzida  Tropa ; 
nao  vicoufa  melhor  na  noffa  Europa  ,• 
por  certo  que  a  eftudar  metem  cobi^a , 
e  o  louvor  fe  fhe  deve  ,  dejufli^a  ,•■ 
tao  liberaes  miniflros  ie  moftrava6, 
que  a  humas ,  e  outras  partes ,  vifla  davao. 

Deixemos  ir  paffando  a  troxe ,  e  moche 
a  irmandade  gerai  de  tanto  coche  ,• 
fao  f  em  conto  os  mui  ricos ,  e  aceados , 
porque  os  de  menos  cuflo  fao  contados ; 
mas  quero  temperar  muito  de  preffa 
que  he  tempo  de  cocar  a  melhor  pega ; 


a  qual 


dos  Prlncipes  do  Braz.il,  Livro  IV.    }  79 

a  qual,  fe  o  mefmo  Apolloaqui.fe>.acharaj  172  0* 

creyo ,  devotamente  ,  que  cantara  ,•  ^ 

e  em  noveno  o  Oitavado  dan^aria , 

mas  creio  que  tambem  fe  perderia , 

vendo  com  mais  familia^  e  em  mais  carro^a  ,  ^ 

outro  Apollo  melhor »  por  gloria  nofla. 

He  hum  Sol,  e  huma  Aiirora ,  Deos  o  guardc; 
que  amanhecer  nos  fazem  pela  tarde ! 
Aqui  fe  turba  a  Mufa  ,  aqui  delira , 
e  titubear  deve  a  melhor  Lira : 
perdoem-me ,  que  agora 
quero  tambem  pafmar  fe  quer  huma  hora 
quc  dcpois  pintarei  com  mais  clarezas , 
de  fuas  Mageftades ,  e  Altezas , 
a  grave  prelpe6liva  Lufitana  , 
com  a  joia  no  peito  ,  Caftelj^ana , 
que  entao  fenti ,  e  vi  por  varias  vezes* 
os  finos  cora^oens  dos  Portuguezes  : 
foi ,  que  em  grao  excefTivo  as  coufas  hia6, 
e  os  effeitos  contrarios  produziao, 
como  aJli  foi  patente , 

pois  vi  chorar  de  gofto  muita  gente  y  * 

e  alguem  por  disfar^allo  trabalhava  ,• 
mas  eu  tambem  fingi  que  me  aflbava , 
agora  vou-me  ao  pafmo ,  que  he  precizo, 
para  depois  tornar  em  mais  juizo, 
e  tambem  com  mais  luz  moftrarei  logo , 
que  El-Rey  de  Portugal  tem  muito  fogo. 


Bbb  ii  RE-     > 


3t8^9l  Biflvm  Panenrica  Aos  dejpofmos' 

m9^    rel:^ca0  nova 


D  O     F  O  G  O     DO         »nfn3  3 


I 


CASTELLO 

■P'E  L  'O'^   M  'E  S  U  (f-H^-^^^^o      I 

THOM«:.J^INTa 

B  R  A  N- D  A  d.        'f^ 

S-:X.  L^/-3/,,   A. 

.  ?\X'-:         ■.rrr  rr^rj  V      ,         ' 

ORa  ,  fenhores  Cegos  ,  la  vai  efta , 
^ue  he  tocante,  ou  carttante  a  melma  feilaj 
nella  vai  o  taLfogo  , 
que  prometti  na  outra  para  logo  j 
cantem   tanto  com  ella  ,i';./l  r,.>,  r.i, . 
que  ate  me  chegue  a  boca-lil  ecco  della  ,• 
porque  o  Imprelfor ,  e  eu  tambem  cantemos; 
pois  da  imprelfao  ,  e  o  canto^  he  que  comemos. 
ISf  ao  haja.  mais  Poetas ,     -'^  ^  {^   ■ 
do  que  os  das  Rela^oens ,  e  das  Gazetas ; 
difto  fecomc?  ah  Chrifto  ,,  ;>  rT''?'i; 

quem  tivera  mais  cedo  dado  niflo ! 
O  ponto  efta,  em  que  haja  feftas  grandes, 
que  eu  me  farei  fegundo  Joao  Fernandes : 
pois  fe  ha  Toiros  Reaes,  (Deos.  nos  acuda  ) 
nao  pedirei  de  cufto  mais  ajuda, 
nem  melhor  pagamento  de  fervico ; 
(  e  nao  os  havera  por  amor  diftx) , 
fe  tenho  de  fer  pobre  ) 
porem  nao  pode  haver  tarde  mais  nobre  ,• 
nem  vj  ^  para  oftentar  a  bifarria  , 

(ex-cepto 


dos  Princip.es  da  "Sra^il,  LivrorJ^^^  j  81 ; 

( excepro  eile  de  Gak )  melhor -^a  j     .     •  I72flK 

o  de  Caia  £cou-me  mui  diftante:  ,•;. 

nem  eu  chegara  a  dia  remelhante;,.     ...  

inda  que  mais  vivera  ,,'  .  -  rr'.:        ocn  • 

pois  fe  ha  gofto  que.  mata  ,  eu  la  morrera  ,• 
diz  que  nao  yira  ,  Jium.  velho  que.  andou  nelteL> 
em  fetenta  annos,  dia  como  aquelle  !  f-ifctesib  .u.* 
E  eu  nao  rae  admirara ,  > 

fe  em  lugar  de  amios ,  feculos  contara  j     ;    3j  loq 
mas ,  porque  outros  nos  de  tao  foberanos?  ■     ^    • 
quem  nos  deo  eil:e ,  viva  muitos  annos.  • 

Huma  tarde  de  Toiros  he  fermofa , 
e  he  ,  fobre  fer  ao  poyo  proveitofa,, 
para  as  Reacs  peifoas  i.opportuna  , 
que  outra  cafa  de  Caia  he  a  Tribuna  ,• 
onde ,  para  que  vilfe  o  quanto  infpira , 
tomara  eu,  quQ  E/-Rey  aftfevivaj 
porque ,  ou  eu  me  engano , 
ou  Toiros  haveria  em  cada  anno  ,• 
haja  pois  nefte  Toiros , 
e  longe  vao  agora  os  meus  agoiros; 
porque  nao  ha  de  fer  tao  confiado , 
que  fe  atreva  o  eftorvallos ,  o  meu  fado. 

Tanta  fefta  ha  no  Reyno ,  e  tanto  aftumpto, 
que  defcrever  nao  poflb  tudojunto; 
e  do  muito  que  vai ,  nem  tudo  vejo ,    . 
porque  o  mais  he  o  que  foi  pelo  Alentejo;  . 

do  que  eu  ,  naquella  Sylva  maljogada, 
dilfe  mui  pouco  ,  ou  pouco  mais  de  nada  ; 
porem  nada  perdi  ( e  aqui  nao  digo 
defte  jogo ,  o  que  como  ca  comigo ) 
a  Fefta  he  a  maior,  e  em  tanto  empenho, 
naparte  quefaltari,,  defculpa  tenho , 
porque  o  meu  fraco  eftudo 

nao 


f 

582   Hi[torlaTane^ricadvsdefyoforws 

l720^i     nao  ve  ,  nem  comprehende  junto  tudo  ,• 
fe  hum  Briareu  ,  e  hum  Argos  fora  ap-ora, 
mal  deirara  de  hum  jado  tudo  fora  ,• 
mas  por  nao  ter  cem  olhos  ,  e  cem  bra^os , 
he  for^a  ver  ,  e  obrar  tudo  a  peda^os  ,• 
que  nao  faz  pouco  a  Mufa  efpeda^ada 
em  chegar  a  huma  fefta  agigantada. 

Ouvi  dizer  que  hum  fogo  Lufitano , 
por  celebrar  hum  anno  Gaitelhano^ 
fairia  a  Terreiro , 

o  qual  eu  quiz  juntar  com  o  primeiro  , 
fiado  em  que  Thalia  me  conceda 
affopros  para  tanta  lavareda  : 
atequi  fogo  ,  diife  do  paffado , 
e  ha  quem  prometta  outro  mclhorado,- 
moftrou-me  o  rifco  delle  hum  Dom  Francifco  , 
mas  eu  nao  quero-  p6r-me  nefle  rifco  ,• 
porque  chovera  tanto , 
que  ahi  me  fique  a  obra  pofta  a  hum  canto , 
fem  fer  canto  de  Mufa  ,• 
e  aftim  i  aquelle  vou  ,  que  nao  fe  efcufa, 
deixando  rezervado  omeu  direito , 
para  a  fegunda  caufa  ,  com  effeito. 

Quiz  aguar-nos  o  gofto 
efle  tal  Elemento  ao  fogo  oppofto , 
mas  nao  pode  fazello  , 
que  eftoutro  fe  fez  forte  no  Caftello  ; 
cuja  guerra  rompia 

hum  fermofo  efquadrao  de  artelharia» 
que  erao  de  mar ,  e  terra  Mongibellos, 
fendo  de  pao ,  e  pedra^^utros  Caftellos : 
os  ouvidos ,  e  os  olhos  regalavao , 
que  erao  os  nobres  cenfros  ,  que  ganhavao , 
e  tiro  nao  perdiao  ^ 


fendo 


I 


dos Prindpes  do  Bra^U  Li^vro  IV ^    385 

fendo  Real  b  alvo  que  Faziao ;      '  1729. 

cuja  certeza  allego  , 

com  fei'  qWq  fo  digiio  defle  emprego : 

eftavao  confundidos 

entre  o  ouvir ,  e  o  ver  os  dous  fentidos, 

vendo ,  e  ouvindo  a  hum  tcmpo  fervorozo 

o  vifual  metido  no  eftrondozo  ,• 

e  ifto ,  que  Ihe  fervia  de  vanguarda  , 

tambcm  fe  vio ,  e  ouvio  na  retaguarda. 

Raios  de  agua  choviao  , 
e  chuveiros  de  fogo  mais  fiibia^; 
porque  a  abrandar-ihe  a  for^a ,  com  que  eftava  ^ 
toda  aquelja  humidade  nao  baftava  ,• 
cuftou-lhe  muitas  lagrymas  ,  mas  erao 
do  gofto  todas  as  que  la  verterao : 
o  Firmamento  cftava  encapotado, 
e  elias  formavao  la  outro  eftrellado 
tao  bello ,  que  fe  via 
na  noite  mais  efcura  hum  claro  dia , 
e  falta  nao  fizerao 

ellas,  queduas  noites  fe  efconderao,- 
que  ate  q^q.  ,  que  a  luz  Ihes  empreftava , 
de  vergonha  tambem  fc  rebu^ava  ,• 
porque  o  Planeta  ca  da  nolfa  Esfera 
luzia  mais  que  o  quarto  ,•  o  Quinto  era ; 
que  a  vinda  celebrava 

da  appari^ao ,  que  tanto  dezejava  .    . 

defle  luzido  Aftro  de  Caftella , 
que  Portugal  alcan^a  por  eftrella ; 
vivanaconjuncgao,  qiie  dezejamos, 
para  que  tambem  della  nos  vejamos 
bem  eftrellado  o  Reyno ,  que  em  luz  arde  1 
mas  tornemos  ao  fogo ,  que  he  ja  tarde, 

Pelo- 


3^4  HiftdriaTdnegyrlcados  defpofonos 

1*20.  Pelotoeiis  _ continuados  difparava 

o  Caftello  ,  que  em  fogo  fe  arrazava  j 
e  alguns  ,  defordenados  em  .carreiras, 
as  nuvens  fe  hiao ,  a  dobrar  fileiras , 
que  em  differentes  gyros 
arma  hayia ,  que  dava  trinta  tiros  ,• 
e  quanto  mais  chovia  , 
de  raiva  mais  o  fogo  fe  acendia, 
com  furor  tao  violento , 
que  o  molhado  nao  era  fogo  lento  ,• 
terriveis  iioites  forao !  Mas  no  efcuro 
he  que  faziao  alvo  mais  feguro. 

Nefta  batalha  andarao  defcompoftos, 
em  duas  noites ,  eftes  dous  oppoftos  ,• 
dezenganou-fe  aagua,  na  terceira, 
e  luzio  do  Caftello  fo  a  fogueira  ^ 
do  fogo ,  que  em  tres  mezes  fe  encartuxa  y 
o  Ceo  tres  horas  aturou  a  buxa  c 
valente  a  chuva  andou,  mas  andou  louca, 
que  para  tanto  fogo  ,  era  agua  pouca,, 

E  eu,  de  telhas  a  baixo ,  digo  agora, 
que  eftranhei  chover  tanto  nefla  hora  ,• 
ou  he  que  quiz  EI-Rey  que  mais  chovelle , 
porque  mais  lcu  poder  fe  conheceft^e  j 
pois  com  iftb  moftrava 
que  ao  ieu  fogo ,  nem  agua  Iho  apagava  j 
ifto  digo  ,  por  ver  que  nao  chovera , 
de  outras  vezes  que  aqui  feftas  fizera , 
eftando ,  cde  ,  nao  ,  cae  a  agua  pendente ; 
porem  eu  creio  que  a  fua  bol^a  o  fente, 
na  qual  as  Ahnas  tem  baftante  entrada , 
e  della  facao  boa  taleigada  ,• 
muitas  deftas  abertas 
^marao  ellas  ter,  que  as  mil  fao  certas 


»- , 


ma^ 


'  dcs  Prlncipes  do  ^ra^h  Livro  IV -   585 

mas  foi  jufto  das  Ahnm  hqje  o  rogo ,  1720» 

porque  agua  pede  io  quem  efta  no  fogo  ,• 

eu  o  fui  ver  ,  em  finia  de  hum  tclhado  , 

e  de  telhas  abaixo  vai  fallado  ,• 

fe  hum  fez  parar  o  Sol ;,  hc  coufa  clara 

que  ha  tambem  jfojue  ,  que  a  Chuva  para. 

ElFe  Monte ,  que  la  fogo  vomita , 
a  vifta  do  Caftello ,  he  huma  gorita  ; 
nada  tem  no  exhalar,  que  ver  com  efte  5 
he  huma  chamine ,  a  vifta  defte  ^ 
deo  mais  fogo  em  quatro  horas ,  fem  enganos , 
do  que  darpode  pEtna,  em  quatro  atinos  ^    •' 
prompto  a  tres  Elementos  fazia  guerra , 
Fogo  aoAr,  Fogo  a  Agua,  e  Fogo  aTerra,- 
alem  de  fer  hum  fogo  tao  a6Hvo , 
era  alegre  ,  era  muito ,  e  fticceflivo*^ 
fucceffivo,  porque  era  fempre  em  quente  , 
fem  interpo-ia^ao  ,  nem  accidente  ,• " 
alegre ,  para  os  Noivos  •feftejadosj 
e  muito  ,  pois  coftou  cemmil  cruzados ; 
e  de  quem  o  aflbprava  mais  feria , 
porem  mais  no  Caftello  nao  cabia  ,• 
mas  bem  moftiao  do  fogo  eftes  enfayos- 
fer  o  Quinto  PIaneta*Deos  dos  rayos  j 
de  molde  veio  aqui  a  paridade  ,• 
fabulazeta  foi ,  mas  he  verdade.  ^ 

Seja  pois  celebrado  hoje  emLisboa 
hum  fogo  duas  vezes  da  Coroa  , 
que  he  grande  Padre  Meftre  o  feitor  delle , 
no  qual  teve  mais  ordens ,  que  naquelle, 
que  era  tambenl  Caftcllo  , 
porem  Caftello  foi  Xuxurumello  ,• 
nome  que  Ihe  puzerao  osrapazes, 
(jue  andaiao  neiTe  fogo  pertinazes. 

Ccc  E  paf 


jS6  HiftoriaVanegyricadosdefpofonos 

1729.  -^  pafTarao-me  em  claro  as  luminarias  ! 

Porem  fiquem  no  claro  extraordinarias , 
porque  tanto  luziao , 
que  as  tres  noites ,  tres  dias  pareciao  ,• 
as  outras  ategora 
forao  fo  das  janellas  para  fora ; 
eflas  nao  fo  por  fora  he  que  fe  viao  , 
porque  nos  coragoens  tambem  ardiao; 
e  ate  eu ,  neife  ardor  fui  tao  fefteiro  , 
que  aticei  da  minha  alma  o  candieiro  ,• 
(  nao  quiz  dizer  Brandao  ,  que  aqui  fervia , 
mas  ja  no  Kizimento  fou  bugia. ) 

Acabou-fe  efla  bulha  ,• 
e  ainda  que  pare^a  agora  pulha 
o  que  direi ,  porgra^a, 
foffrao-me  ,  que  110  Entrudo  tudo  paffa. 
A'  vifla  defla  guerra,  os  mais  ataques 
fao  foguetcs  de  rabo ,  e  ferao  traques  : 
Mas  que  digo  ?  Senhores ,  penitencia , 
armemos  contra  a  carne  *outra  pendencia ; 
haja,  porDeos,  com  amorofa  fragua  > 
fogo  no  cora^ao  ,  nos  olhos  agua  j 
lembremo-nos  do  nada ,  de  que  fomos , 
porque  nada  ha  de  fer  tudo  o«que  fomosj 
e  hoje  nos  moftra  a  Igreja 
hum  efpelho  de  cinza ,  em  que  fe  veja 
a  vil  materia  defla  humanidade , 
que  tambem  comprehende  a  Mageftade ; 
tomemos  hoje  terra  ,  que  effe  he  o  porto , 
onde  todos  fe  falvao  y  e  ate  o  Torto 
na  cinza  ponha  o  olho  que  nao  cerra , 
e  olhe  que  o  outro  ja  fe  fez  com  terra. 


NOVAS,  NOVAS, 


OBRA 


dos  Principes  do^Brai^iULhrolV.  387 

O  B  R  A  N  O  V  A       m- 

D     O       M     E     S     M     O 

TKOMAZ  PINTO 

B  R  A  N  D  A  6. 

S    Y    L    V    A. 

Or  fe  me  ofFerecer  hum  cafo  novo , 
quero  hum  novo  alegrao  dar  hoje  ao  Povo, 
que  fenao  fatisfaz  ,  povo  faminto , 
fenao  com  verfos  fo  de  Thomas  Pinto  r 

bem  fei  que  para  a  Corte  fou  perverfo , 

mas  fempre  para  o  Povo  fui  converfo  ,• 

e  efta  prezente  Sylva  he  com  tal  manha  , 

qiie  aJguma  coufa  pega,  e  nada  arranha: 

eu  prometti  hum  fogo  para  logo  ,• 

mas  va  efte  feguido  ,  tambem  fogo  : 
Conto  aquella  fatal  temeridade 

defle  agougue  cruel  da  humanidade, 

a  guerra  digo  y  ou  o  enfayo  della  y 

qual  fera  o  original ,  fe  a  copia  he  aquella ! 

Ver  o  dezembara^o 

com  que  a  Terreiro  vi  fair  de  Pago 

aquella  grolfa  enchente 

de  Soldados ,  cavallos ,  €  de  gente  ! 
Ferm.ofa  Bataria 

fe  vio  no  Gibraltar  da  Vedoria ! 

Onde  quiz  (  Deos  o  guarde  )  fiia  Alteza 

ver  a  offenfa  da  guerra ,  e  a  defeza  ; 

alh  Ihes  paga  a  elles ,  • 

e  alli  ficou  E!-Rey  mais  pago  delles ; 

bizarramente  entrarao,  e  fairao  , 

Ccc  ii  os 


^SS  HiJloriaFanegyTlcados  defpoform 

172  0.       os  que  entao  ferenderao,  e  enveftirao  , 
que  teriao  mais  gra^a 
a  fer  Ca7np'o  Mafor  y  aquella  Pra^a. ' 

Hum  fe  fingia  morto, 
outro  aleijado,  e  outro  tambem  Torto,- 
( agora  diz  aigucm ,  que  vai  dar  ifto 
naquelle  meu  Soldado  pouco  vifto  ; 
e  a  tudo  efta  fujeito 
quem   comigo  nao  quer  andar  direito  ,• ) 

Eu  cuidei  que  algum  delles  fe  ferira , 
porem  foi  la  no  Arco  da  Mentira  j 
que  os  feridos  fo  forao  bem  livrados  ,• 
indo  nas  padiolas  defcan^ados ; 
pofto  que  algum ,  naquella  tumba  raza , 
morto  eflava  por  ir-fe  para  caza  : 

De  Sao  Jorge  o  Cavallo  (coufa  rara) 
em  toda  a  guerra  alli  nao  voltou  cara  ; 
porem  era  tao  feya , 
que  teria  vergor>ha  o  que  o  menea ; 
nem  meia  volta  deo  na  tarde  toda , 
vendo  tantos  na  pra^a  andar  a  roda  . 

Boa  vifagem  foi ,  nas  for^ureiras,,;; 
aquelles  baqucs  ,  pulos ,  e  carreiras     ,  ^ 
dos  chuveiros  de  gente ,  que  cahia6j;,;:r)^;-', 
diabos  do  prezepio  parecia6 ,  - 
porque  tambem  gritavao  em  falfete , 
e  efcaldados  ficarao  mais  de  fete  ; 
entendo  que  nao  foi  efta  a  primeira  j 
e  conferva-fe  aquella  ratoeira , 
quando  pudera  nilfo 
a  Camara  fazer  hum  bom  ferYi^o  1 

Como  alh  fe  renderao  osrapazes, 
por  melhorar  de  pofto ,  peitinazes , 
ou  por  fugir  da  mprte , 


dos 


dos  PrincijJes  do  %'a^U  Livro lY^.  38^ 

dos  Francezes  fe  vao  bufcar  o  forte,  1-720. 

e  ao  feu  arco  com  talhos,  e  revezes  , 
tratarao  como  a  roupa  de  Francezes. 

1 

Huma  ajuda  Ellrangeira 
teve  efta  guerra ,  forte ,  e  bem  ligeira , 
que  foi  Madama  doida ,  e  boa  pe^a , 
qiie  tudo  governou  por  fua  cabega ;  > 

as  granadas  feguia , 
e  co  a  ponta  do  pe  as  facodia  ,•      • 
livrando-a  do  donaire  o  baluarte  , 
que  Ihe  nao  delfe  alguma  em  nenhu^^  P^^f^  i 

rrias  por  ella  tambem  dizer  me  toia  \.  ■  :.^ /^ 

que  110  fmra  val'tente\  amferloca. 

Finaimente  na  praca  fe  fez  tudo 
com  gala  ,  com  valor ,  e  com  eftudo  j 
menos  dos  Armifficios  as  detnoras , 
que  ,em  confelhos  icvavao  duas  horas  ; 
por^m  eu  tenho  agora  outro  exerciciO  j 
tenha  a  Mufa  tambem  feu  Armiflicio  ,• 
ijue  he  outra  Real  guerra  ^ 
travada  la  no  campo  de  butra  terra. 


PRO 


I7291 


390    Hidoria  Panegyrica  dos  defpoforibs 

PRO  CORONIDE 

NUPTIALE  VATICINIUM. 

JOSEPH  Augmemum  efl ,  /  dat  VICTORIA 
Falmam ; 

Fortmam  altertitra  portat  uterque  manu. 
Elapfum  'efuperh  mirhhere  NOMENy  &  OMEN: 

Convetmnt  rebus  nominafap^ejuis. 
Connubium  falix !  Hj^C  crejcit ,  &  Ille  triumphar. 
Orbis  nunc  videat :  viaeritj  obftupeat. 

LAUS  DEO, 

Santifjlma  Dei  Genitrici  MARIM  a  Rofario ,  ejus        * 
Puriffimo  Sponjo  "JOSEPHy  fantijlimoque  Pa-  ' 

tri  noflro  DOMINICO, 


INDEX    . 


391 

I N  D  E  X 

DO  MAIS  NOTA  VEL  DESTE  LI VRO. 

0  primeiro  vumero  denota  o  Livro  >  ofegundo ;  ou  Ara" 

bico ,  ou  ^omano^  aponta  o  Numero  marginah 

e  0  ultimo ,  a  Pagina. 

-      A 

ACademia  Real  da  Hiftoria  Portugueza ,  honras  que  Ihe  faz  EI- 
Rey  D.  Joao  V.  livr.  i.  n.  46.  pag.  69. en.  6j.  XVII.  pag.  lor.e^. 
71.  pag.  126.  §.  2.  Rende  em  feu  nome  as  graqas  a  Sua  Mageftade 
oPadre  Dom  Manoel  Caietano,  1.  i.n.  71.  pag.  122.  Ordem  que 
recebe  para  ira  Palacio,  pela  occafiao  dos  reciprocos  Defpoforios  ,  I,  i.n. 
67.  pag.  69. 

Academias  do  Reyno,  celebrao  os  Reaes  Defpoforios,  1-  4.  n.  60.  pag,  326. 

Acompanhamento  na  entrada  pubJica  do  Marquez  de  AbranteS,  em  Ma- 
drid,  J.  i.n.  30.  pag.  ^^.  Na  entrada  publica  do  Marquez  de  losBalbazes,  em 
Lisboa,  1. 1.  n  48.  pag.  70.  Do  Patriarca  de  Lisboa  ,  quando  deo  os  parabenS 
a  EI-Rey  dos  Defpoforios  Reaes,  I.  i.n.  65.  pag.  89. 

AfFonfoHenriques,  (Dom)  priraeiro  Rey  de  Portugal, pi^omefla  queChrifto 
Ihefez,  1.4.  n.  61.  pag.  327, 

Ajufte  dos  Cafamentos  ;  quando  fe  publica  emMadrid  ,  I.  i.n.  8.  pag.iJ. 
Como  he  feftejado  nos  dominios  del-Rey  Catholico  ;  ibidem.  Quando  fe  pu- 
blica  erri  Lisboa ,  1. 1.  n.9.  pag.9.  Gomo  he  mandado  feftejar  ^  ibidem:  e  n.  10, 
pag.  10.  e  II. 

Ald^ia  Gallega ,  como  fao  nella  recebidas  as  pefToas  Reaes ,  na  fua  volta 
a  Lisboa  ,  1.  4.  n.  ^^.  pag.  311. 

Alexandre  ,  notavel  apnphthegma  feu  ,  1.  i.  n.  67.  XXVIII.  pag.  106. 

Alexandre  Ferreira,  eleito  Secretario  da  Embaixada  aMadrid,  1. 1.  n.  ij. 
pag.  13. 

Alexandre  Sev6ro  Imperador ,  eftimaqao  que  fazia  daHiftoria,  1.  i.n.yr* 
pag.  128.  §.  3. 

Almodovar ,  (  Marquez  de  )  feu  ob  fequio  ao  Marquez  de  Abrantes  na  fua 
entrada ,  1. 1.  n.  29.  pag.  58. 

Amor ,  difFerenca  que  fazia  Alexandre  entre  o  que  Ihe  tinhao  Efeftiao, 
e  Cradlero,  1.  i.n.  67.  XXVIII.  pag.  105.  e  106. 

Andaluzia,  divertimento  que  aqui  tomaS  Suas  Mageftades  Catholicas,' 
1.  4.^.3.  pag.  288. 

Annel,  benze  o  Patriarca  deLisboa  ,  o  que  recebeo  a  Princeza  das  Aftu- 
rias  no  dia  dos  feus  Defp olorios ,  1.  i.n.62.  pag.  85. 

Antonio 


592         Ifidex  do  mais  notavel  defie  Livro* 

Antonio  ( Dom  )  Infante  dePortugal,  Padrinho  do  Crifma  •do  Principe 
do  Brazil  ,  e  dos  Infantes  ,  D.Garlos,  eD.  Pedro,  1,  i.  n,.28.  pag.58.  Criados 
que  levou  ao  Caia,  1.2.^.4.  pag,  iSj.  Prefentes  qiie  recebe  daii  Princezas 
das  Afturias,  e  do  Brazil,  1.3.  n.  19.  pag.  246.  Rezes  que  matbu  em  huma 
batida  de  Caqa  grofla  na  Tapada  de  Villa-vi<^ofa  ,  1.  4.  n.  t^.pag.-i^j.  -  - 

Antonio  Canavaro,  fogo  artificial  queinventa,  1,  i.  n.  y^.  pag.  yS.-Acom- 
panha  Sua  Mageftade  ao  Caia  ,  1. 2.  n.  4.  pag.  180. 

Anton.io  da  Cunha  Brocliado  ,  acompanha  Jofeph  da  Cunha  .BrochaCci, 
feu  Tio ,  aMadrid,  1.  1.  ri.  5.  pag.  7.  '    ' 

Antonio  Guedes  Pereira,  manda  hum  proprio  aLisboa  cqm  a  propoiiqao 
del-Rey  Catholico  ,  refpediva  aos  Reaes  Cazamentos ,  1.  1.  n.  2.  pug.  <;.  Ajuf- 
ta  com  Joleph  da  Cunha  Brochado,  por  parte  del-Rey  de  Portugal,  os  Prelimi- 
nares,  1.  i.  n.  8.  pag.  8.  Chega  a  Lisboa  ,  1. 1.  n.  23.  pag.  ij.  Merces  que  Ihe  faz 
El-Rey ,  ibidem. 

Approvaqao,  e  ratificaqafi  do  Tratado  dos  Delpoforios  dos  Principes  do 
Brazil,  1.  i.n.  24.  XIX,  pag.  36.  A  do  Tratado  dos  Defpoforios  dos  Principes 
das  Aflurias ,  1. 1 .  n.  25.  XIX,  pag.  f  6.  , 

Archeiros  da  Guarda ,  libres  que  Ihe  deftina  El-Rey  para  as  paflagens  ,  l.i. 

n-93-  pag.  170- 

Arcos  (Conde  dos)  fuas  incumbejicias  na  entrada  do  Marquez  de  los 
Balbazes,  1,  i.  n,  48.  pag.  71.  .         . 

Arcos  triunfaes  no  dia  da  entrada  Real  em  Liiboa^  1.  4.  n.yz.  &  fs;q- 
pag.  322. 

Ar.nazens  de  Elvas  obfervados  porEI-Rey,  1.  3.  n.  31.  pag.iS^. 
'.■     Arrhas  annuaes  da  Princeza  dp  Brazil ,  quantia  eftipulada  para  ellas  I.  r, 
artic.  VI.  n.  X,  pag.  25.  Para  as  da  Princeza  das  Afturias  1. 1.  artic.  VI,  n.X. 

pag.  44.  '  -  •■ 

ArtigosPreliminares  ajuftados,  1.  i.n.  8.pag.8.  Firmados,  L  i.  n^p.pag.p. 

Ratificados,  1.  i.  n,  11.  pag.  12.  Artigcs  do  Tratado  doCalaraento  dos  Princi. 

pes  do  Brazil ,  1. 1.  artic.  I,  &  feq,  V.  &feq,pag.  21.  Do  Cafamento  dos  Princi- 

pes  das  Afturias  ,  ].  i.  artic.  I.  &  feq,  V.pag.  40. 

Atri  (  Duque  de  )  como  rectbe  no  Paqo  del-Rey  Catholico  ao  Marquez 

de  Abrantesnodiada  fuaentrada,  1.1.^34  pag.62. 

BAtida  Real  de  coelhos  na  coutada  de  Villaboim  para  divertu-neato  c^ 
Princeza  do  Brazil  ,  1.  ^.n.  27.  pag.,278.  Outra  delobos  ,  aque  a  Cidade  f^e 
Sevilha  convidou  a  Cafa  Real  Catholica,  1.4.  n.4.  pag.  289,  Outra  de  caq? 
groffa  em  Villa-viqofa ,  1.  4.  n.  1 1.  pag.  293. 

Beijamao  pelo  ajuftedos '.  alamentos,  1. 1.  n.  10.  pag.  ii.Peloairaprimea- 
,to  de  annos  da  Princeza  das  Afturias,  1. 1.  n.  ^^.pag.j^.  Pelos  Defpotorios  dos 
Principes  do  Brazil ,  1  1 .  n.  4<r.  pag.  68.  Pclos  dos  Principes  dasAftuiias,  1- r> 
ri.  65*.  pag.  89.  &  feq.  CeremOrtia  do  beijamao  dos  Principes  das  Afturias  ,  eJo 
Brazil ,  ].  3.  n.  11.  pag.  240.  Na  ent.ada  Real  em  Lisboa  ,  1.  4.  n.  59-  psg-  526.  .: 

Beilqaos-nupciaes  dos  Principes  das  Afturias ,  1.  3.  n.  i^.pag.  241.  Dos  do 

Brazil,  1.3.^,14,^3^.242.  j.    '  :.o:  ' 

Boas 


Index  dc  mdsnotUvel  dejle  Livm         39 f 

Boas  vindas  Reaes  ,  dadas  ,  cantadas,  ou  feocadas  por  Thomds  Pinto  Brarl*' 
da6,  1.4.^.67.  pag  371. 

Borba  ,  como  recebe  a  El  Rey  na  volta  a  Lisbja  ,  1.  4.  n.  6.  pag.  290. 

Braganqa  (  Sereniffima  Cafa  de  )  ,  fiia  libre  antiga  ,  1.  r.  n.  84.  pag.  170, 
Mud-^du -por  El-Rey  D.Joao,  p-.-Ia  occafia5  das  paflagens  ;  ibidem. 

Bragantim  em  que  embarcarao  Suas  Miijeitades ,  e  ALtezas  em  Montijo, 
fua  defcripqao  ,  1.  4.  n.  39.  pag.  313. 

c 

CAqa,  muito  de  gofto  del-Rey  CathoHco,  I.  3.^*25-.  pag.  276.  Huma  Rsal 
de  coelhos  naCoutada  de  Villaboim,  1.  3.  n.  27  pag.  278.  Outra  de  idbo*' 
em  Sevilha,  1.4.  n.  4.  pag,  289.  Outra  de  ca^^a  grolTa  em  Villa-viqofa  ,  1.  4.  n.i  r.' 
pag.293. 

Cadaval,  (  Duques  de  )  feumagnifico  Palacio,  em  Evora,  1.4.11. 17.  pag.297. 
Sua  viila  ;  ibidem. 

Cadis ,  divertem-fe  ncfta  Cida  Je  Sua?  Mageltades  ,  e  Altezas  Catholicas, 
1-  4.  n.  3.  pag.  288. 

Caia,  leu  Palacio ,  edefcripqao,  I.  3.^,8.  pag.  237. 

Ca.Tiara  da  Princeza  do  Brazil ;  qaaari^  eltipala.ia  para  o  feu  gafto  ,  1.  r, 
art.  VI,  §.  Xl.  pag.  26.  Outralemclhante  para  .9  Princeza  das  Afturias  ,  1.  i.  n,  VI. 
§.  Xf.  pag.  44. 

Canones,  concede  El-Rey  aos.Padras  da  Companhia,  do  Collegio  da  Uni- 
Yecfidadc  de  Evora  ,  que  os  polTao  ler ,   I.  4.  n.  21.  pag.  30!. 

Capec^latro  (  1).  Domingos  de  )  Marquez  de  Capecelatro,  audiencia  que 
tfem  de  Sua>  Mageftades ,  e  da  Infanta  D.  Maria  Barbara,  I.  i.  n.  10.  pag.  ir. 
Convidado  do  Mar:]uez  de  Gafcaes  por  occafiao  do  cumprimento  de  annos 
da  mefma  Senhora  ,  1.  i.  n.  26.  pag.  ^j.  Audiencia  que  tem  dos  Senhores  Infan- 
t€S,  D.Francifco,  e  D.Antonio,  I.  i.n.  77.  pag.  138.  Eou-cr.i  de  Suas  Magelta- 
des  ;  ibidem.  E  da  Princeza  das  Afturias  ;  ibidem,  ExprelTo  del-Rey  Cacholi- 
co,  que  participa  a  Sua  Mageltade.1. 2.  n.  43.  pag.  110.  Agente  doCereinonial 
politico  das  viitas  dosReys>Catholicos,  e  de  Portugal,  1,  5.  n.  2.  pag.  229.  De- 
claraa  El-Rey  D.  Joao  na  funqao  3o  Caia ,  quem  erao  os  FiJalgos  da  Corte  de 
Hetpanha  ,  I.  3.  n.  1 1.  pag.  241.  Sua  obfequiofa  attenqao  a  Sua  iMagellaJe ,  I.  4. 
r,  12.  pag.  295-. 

Capella  Real ,  defcem  d  fua,  Suas  Mageftades  Catholicas  ,  a  dar  gracas 
pelo  ajufte  dos  Cafamentos ,  1. 1.  n.  8.  pag.  8.  Defcem  i  de  Lisboa  Siias  JVIagLf- 
tades,  pela  mefma  occafiao,   1. 1  n.  10.  pag.  11. 

Capitulaqoens  dos  Calamentos  Reaes,  L  3.  n.  11.  pag.  240 

Cardeae.s  .  graqa  conceJida  na  entrada  publica  do  Marquez  de  los  Balba- 
zes  aos  feus  Genri.s-homens,  l.i.n.50.  pag.  73. 

Carlos  (  Infdute  D  )  quando  le  crilmou  ,  I.  r.  n-  28.  pag.  57.  Porque  na6 
paiTou  ao  Ciia  ,  1.  2.^.4.  pag.  174. 

Carlos  Ambrofio&c.  (Dom)Marquez  de  los  BaIbazes,nomeado  Embaixador 
Extraordinario  a  Corre  de  Fortugal,  1. 1.  n.  14.  pag.  13.  Parte  para  Portugal.  1.  i- 
n.  16.  pag.  14.  Chega  a  Lisboa  ,  1. 1.  n.  18.  pag.  ij .  Tem  audiencia  de  Srua  Ma- 
geitade,i.  i.  n. 22.  pag.  16.  Gomo  applaude  o  cumprimento  dosannos  daPriri- 

Ddd  ZQZA 


294  Index  do  tnais  ndtavel  defte  Liiro. 

ceza  das  Afturias  ,  1. 1.  n.  z6.  pag.  5:6  Convidado  do  Marquez  de  GaTcaes  pela 
mefma  occaliao  ;  ibidem.  Sua  gala  no  dia  da  fua  entrada  publica ,  ].  i.  n.  49. 
pag.  71.  Audiencia  que  teui  daspeflbas  Reaes,  ].  i.  n.  ^■z.  pag.  74.  Titulos  que 
roga  como  Teflremunhas  por  parte  del-Rey  Catholico  para  a  outorga  dos  Cafa- 
mentos  do  Principe  das  Afturias,  com  a  Infanta  D.  Maria  Barbara  ,  1.  i.  n.  56. 
pag.  77.  Como  applaude  os  Reaes  Defpoforios,  1. 1.  n.  69.  pag.  118.  Tem  audi- 
encia  do  Infante  D.  Francifco  ,  1.  i.  n.  7z.  pag.  134.  E  do  Infante  D.  Antonio  i 
1. 1.  n.  73.  pag.  i^^-.Parce  paraCattella  ,  1.  i.n.  74.  pag.  136.  Vem  cumprimentar 
a  Suas  Mageltades,  e  Altezas  depois  da  funqaodo  Caia  ,  1.  3.  n   17.  pag.  143- 

Carlos  de  Borja,  Cardeal,  deita  as  benqaos  nupciaes  aos  Principes  das  Af- 
turias,  I.  ^.n.  13.  pag.  241. 

Carta  do  Secretario  de  Efl:ado  aosTitulos,  Ofliciaes  das  Gafas,  Minifliros 
de  Tribunaes ,  e  Prelados  das  Religioens  para  concorrerem  com  El-Rey  na  fun- 
qa,6  daaccjao  de  graqas  ,  pela  publicaqao  dos  aiuftes  dos  Cafamentos  ,  1.  i.n.io. 
pag.  10.  e  II.  Outra  aos  Titulos,  que  haviaode  fer  Tcftemunhas  por  partedel- 
Rey  Catholico,  da  outorga  dos  Defpoforios  dos  Principes  das  Afturias,  1. 1.  n.f  3. 
pag.  75: . 

Cartuxos ,  (  Padres  )  gra^a  que  Ihe  faz  El-Rey  D.  Joao ,  I.  j.  n,  38.  pag.  216. 

Caftelhanos  ,  fo  p6dem  fer  providos  nos  officios ,  e  lugares  de  jufti^as  da 
jurifdicqao  da  Priaceza  das  Afturias  1  1.  i.  art.  VI.  §.  X.  pag.  ^f;. 

Cenfo  que  paga  El-Rey  D.  Joao,  a  Noir.i  Senhora,  no  dia  da  fua  Imraacula- 
da  Conceiqao,  1.  1.^.27.^.^^.57. 

Ceremonial  politico  ,  como  atalha  o  Conde  de  Aflumar  aiguns  (leus  ir.con- 
venientes  no  dia  da  entrada   publica  do  Marquez  de  los  Balbazes,  1-  1.  n.  49. 

pag.  71. 

Certidao  dos  Defpoforios  dos  Piincipes  das  Afturias ,  1. 1.  n.  70.  pag.n?. 

Codorniz ,  offerece  huina  menina  huma  viva  a  Princeza  do  Brazil,  em  Evo- 
ra,  1.  4.  n.  29.  pag.  307.  Cotno  he  remunerada  ;   ibidem. 

Coelhos ,  mata  a  Princeza  do  Bfazil  dous  na  carreira  ,  L  3.  n.  29.  pag.  281, 
Manda  o  Duque  do  Cadaval  embalfamar  hum,  morto  a  efpingarda  pela  mefma 
Senhora  ■■,   ibidem.  1 

Conceiqao  Immaculada  de  MARIASantiffima,qual  foi  o  primeiro  Templo, 
que  teve  nas  Hefpanhas.  1.  2.  n.  40.  pag.  218. 

Concurlo  de  pelToas  Reaes,  qual  tem  iido  o  mais  numerofo,  l.^.n.p.pag-i^^. 

Gondiqoens  dos  Tratados  dotaes,  e  matrimoniaes ,  I.  i.n.  24.  arf. I.  eV. 

pag.  27.en.  25-.  art.  I.e  V.pag.  37.  jc    ' 

Confirmaqao ,  quando  recebem  efte  Sacramento  ,  o  Principe ,  e  os  Intan- 
tes,  D.  Carlos  ,  D.  Pedro,  e  D.  Maria,].  i.n.28.  pag.^-^.  ^    -      1 

Conlelho  fobre  a  propofl«ja6  dos  Defpolorios  ,  peffoas  que  concorrerao  a  el- 
le,  1.  i.n,  2;pag.  5.  r    r   •      A 

Corte ,  avi(o  que  tem  para  concorrer  ao  beijamao  pelos  Delpolonos  ao 
Principe  das  Afturias  ,  ].  i.  n.^f.  pag.  89. 

Couteiro  da  Tapada  de  Villa-viqoia  ,  I.  4.  n.  lo.pag.  293. 

Cradlero  ,  apreqn  que  fazia  Alexandre  do  affed'>que  elle  Ihe  tinha,  1.  !• 
n.67.XXVIII.  pag.  106. 

Criados  da  Princeza  das  Afturias  ,  prefentes ,  que  Ihes  faz  El-Rey  de  Por- 
tugal  ,  ].  3.  n.  1 8.  pag.  2  44.  Prefentes  que  faz  El-Rey  Catholico  aos  da  Princeza 

do  Brazil ;  ibidem.  _ 

Cum- 


Index  do  mais  notavel  defle  Livro,  59  J 

Cumprimento  do  decimo  quarto  anno  dalnfanta  D.  Maria  Barbara,  co« 
fflb-he  feftejado ,  1. 1.  n.  12.  pag.  12. 

Cumprimentos  da  Fidalguia  de  ambas  asGortes,  nafunqao  doC^ia,  I.3, 
n.  ii.pag,  240. 

CuIk)dio  Vieira ,  incnmbencia  que  fe  Ihe  dd ,  1. 2.  n.  14.  pag.  198. 

D 

DEcreto  del-Rey  D.Joao,  expedido  aos  Tribunaes  fobre  a  celebridade  da 
publicaqao  dos  ajuiles  dos  Caiamentos,  1.  i.  n.  9.  pag.  10.  Outro  do  mefmo 
Senhor,  porque  concede  a  Academia  Real  o  foro  deTribunal,  1.  i.  n.  46. 
pag.69.  Outro  do  mefmo  Senhor  em  obfequio  dos  Defpoforios  Redes,  l.i,  n.  63. 
pag.  «5. 

Defembargo  doPaqo,  os  livros  da  Acads^mia  Real  independentes  delle, 
1, 1.  n.  71.  pag.  126,  §.  3. 

Defembarque  Real  emBelem,  1. 4,  n.  45".  pag,  137, 

Delpolorios  de  NofTa  Senhora ,  com  S.  Jofeph ,  Pontifical  celebrado  nefte 
dia  na  Se  de  Elvas,  1.3.  n.  24.  pag.  276.  Quando  i"e  tazem  publicas  em  Caftella 
as  eftipula^cens  dos  Principes  das  Afturias ,  e  do  Brazil ,  1. 1 .  n.  8  pag.8.  Qi.ian- 
do  fe  cel^brao  os  dos  Principes  do  Brazil  em  Caftella,  J.  i.  n.  41,  pag..  65.  Quan- 
do  chega  a  fua  noticia  a  Lisboa ,  1. 1.  n.  43.  pag.  6j.  Feftejos  com  que  he  applv-ju- 
dida  ;  ibidem. 

Diogo  de  Mendonqa  Corte-Real ,  Secretario  de  Eftado ,  manifen-a,a  pro- 
pofiqao  del-Rey  Catholico,  dos  Reaes  Defpoforios ,  I.  i.  n.  2.  pag.  j.  St^  carta 
aos  Titulos  que  haviao  de  fer  Teftemunhas  dos  Calamentos  dos  Principes  das 
Afturias  ,  1. 1.  n.  53.  pag.  75'.  Avifo  que  fazaos  mefmos  Titulos,  para  afliftirem 
a  fa£tura  da  certidao  dos  Defpoforios  Reaes  ,  1. 1.  n.  70.  pag.  118.  Concorre  ao 
Caia  com  o  Marquez  de  la  Paz  ,  Secretario  del-Rey  Catholico,  aajuftar  oce- 
remonial  das  viftas  dos  Soberanos ,  J.  3.  n.  2.  pag.  228.  Banquete  que  da  a  raui- 
tos  Senhores  daCorte  del-Rey  Catholico  ,  1,  3.  n.26.  pag.  278. 

Domingos  (  Dom  )  de  Capecelatro  ,  Embaixador.  Vide  Capecelatro. 

Dote  da  Princeza  do  Brazil,  I.  i.n.  24.  pag.i^.  art.  II.  §.  VI.  pag.22.  625.  Da 
Princeza  das  Afturias ,  1. 1.^.25*  pag.  37.  e  art.  II.  §.  VI.  pag.  41.  644. 

Ducado ,  cabeqa  das  terras  deftinadas  para  as  Arrhas  annuaes  da  Princeza 
do  Brazil,  I.  i,  art.  VI.  pag.  25-.  e  das  terras  eftipuladas  para  a  Princeza  das  Af- 
turias  ,  1. 1.  art.  VI.  pag.  44. 


E 


EFeftiao,  apreqo  que  fazla  Alexandre  do  feu  amor,  1.  i,n.  67.  §.XXVII1, 
pag.  106. 

Egnido ,  refoluqao  notavel  de  feus  moradores  ,  1.  i.n.  67.§.XXV.  pag.  104. 
Elvas,  comorecebe  a  Sua  Mageftade  ,  1.2.^.45:.  &  feq.  pag.224.  Como 
recebe  as  pefloas  Reaesna  voltado  Caia  ,  1.  3.  n.  14.  pag.  242.  Obfervada  a  fua 
Fortificaqao  por  El-Rey  D.  Joao  ,  1. 3.  n.  3 1.  pag.  284. 

Embaixadores ,  graqa  concedida  naentrada  do  Marquez  delos  Balbazes 

Ddd  ii  aos 


f  9^  ^Jndex  do  mais  notavel  defie  JJ^ro, 

aos  feus  Gentis-homens ,  1.  i.  n.  5-0,  pag.  73.  Embaixadores ,  e  outros  Miniftros 
Eflrangeiros  heijar)  a  mao  as  pefToas  Reaes  por  occaliao  dos  reciprocos  Def- 
pofoiios,  1.  I.  n.  66.  pag  90. 

Embarque  de  El  Rey,  Principe,  elnfar.te  D.  Antonio,  de  Lisboa para  AI- 
deia  Gallega ,  1.2.  n.  7.  pag.  189.  Outro  da  Rainha,  Princeza  das  Afturias,  e 
o  Infante  D.  Pedro  ,  1.  2.  n.  22.  pag.204. 

Embarque  Real  de  Aldeia  Gailega  paraBelqm,  1.  4.^.39. &{eq.  pag.313. 

Entrada  publica  do  Marquez  de  losBalbazes,  em  Eisboa ,  l.i.  n.  48.pag.70. 
Do  Marquez  de  Abrantes  eni  Madnd  ,  1. 1.  n.  29.  pag.  58.  Das  pefToas  Reaes  em 
Lisboa,  na  volta  do  Caia  ,  1. 4.  n.jo.  pag.  318.  De  donde  fe  comeqou  ,  e  por 
onde  profeguio  ;  ibidem. 

Enxovaes  das  Princezas ,  1.  3.  n.  23.  pag.  248.  e  49.  &  feq. 

Epigramma  Latino  aos  Defpoforios  dos  Principes  do  Brazil ,  1.4.  n.67. 

pag-  390. 

Epithalamio  aos  Defpoforios  del-Rey  D.JoaolV.  com  a  Senhora  D.  Lui- 
za  Francifca  de  Gufmao  ,  1. 4  n.  10.  pag.  293, 0  do  Doutor  Jofeph  de  Matos  da 
Rpcha  aos  Defpoforios  dos  Piincipes  do  Brazil ,  1. 4.  n.  6j,  pag.  330. 

Efcurial ,  para  efta  obra  taz  extrahir  excellentes  turquezas  dos  minaraes 
de  Villa-viqofa ,  Filippe  legundo  ,  ^4-0.9.   pag.292- 

Elperanqa  ,  deile  bairro  comeqdvao  Suas  Mageftades,  e  Altezas  a  fazer 
a  fua  entrada  em  Lisboa  ,  1.  4.  n.  5-0.  pag.  318. 

Eftado  da  Princeza  do  Brazil  ,  quantia  dellinada  para  o  feu  gafto,  1.  l. 
art.  VI,  e  VII.  pac-  is:-  e  26. 

Eftanislio  Koftka  (  Santo  ).  Veja-le  S.  Luiz  Gonzaga. 

Eftatua  dc  Venus ,  obfequio  feito  a  huma  pelos  moradores  de  Egnido  , 
1. 1.  n.  67.  §.  XXV.  pag,  104. 

Eftremoz  ,  como  recebe  a  El-Rey  na  volta  a  Lisboa ,  1.  4.  n,  16.  pag.296. 

Eugenio  Gerardo  Lobo ,  Soneto  com  que  applaude  huma  acijao  heroica 
do  Principe  das  Afturias  ,  1.  4.n.  4,  pag.  290, 

Evora  ,  como  he  aqui  recebido  El  Rey  ,  quando  paftava  ao  Ciia  ,  1.  2. 
n.  26.  pag.  206.  E  na  voltaa  Lisboa, l.^.n.  i8.pag. i^S.PrefentedoScnadoda  Ca- 
mara  defta  Cidade  a  Princeza  do  Brazil,  L4.  n.20.  pag.  300.  Obfervada  por  El- 
Rey  a  fuaFortiticHQaS,  1.4.  n. 22.  pag.  302.  :- 

Europa,  rigura  ,  e  cabeqa  que  Ihe  affinou  hum  Ge6grafo,  &c.l.  i.n.  68^ 
§.II.  pag.  109. 

Exercicio  Militar  commandado  por  El-Rey  ,  em  Elvas,!.  3.^.20.  pag,246. 

F     . 

FAmilia  deftinada  para  o  ferviqo  do  Sereniffimo  Principedas  Afturias,  I.i. 
n.  II.  pag.  i2.Para  o  Principe  do  Brazil  ,  1.  i.  0.42,  pag.  ^^.Para  as  Prince- 
zas  ,  das  Afturias  ,  e  do  Brazil  •■,  ihidein  ,  pag.  66, 

FerHando  (Sao  )  III.  de  Caftella,  tomou  Sevilha  aos  Mouros  ,  1.4-n.,2, 
pag.  287. 

Fernando  (Dom)  Principe  das  Aftinias  ,  OraqaQ  em  obfequio  dos  feus 
Defpoforios  ,  1.  i.n,  68.  pag.  ic8.  Seusinfignespredicados,  1-  r.  n.  68.  §.  V.  & 
feq.  pag.  113.  Ac<jao  heroica  que  obrou,  1.4.  n.4.  pag.  289.  Como  foicelehra- 
da»  ibidem,  Fein.ad^ 


Index  do  mais  notc^el  defte  Li  vro.  397 

Fernando  de  Larre,  Provedor  dosAmazens,  oarte  para  Montijo  a  dif- 
por  o  embarque  Re;jl  para  Bolem ,  1.4.11.38.  pag.  313. 

Fernando  Telles  daSilva  ,  Marquez  de  Alegrete,  expedido  a  Badajoz  a 
cumpriinentar  Sua  Mageftade  Cathollca  ,  i-j.n.  i.  pag.  227.  Sua  incumbeucia 
na  noite  dasNupcias  Reaes^l.j.n-  16.  pag.  243. 

Fernao  Telles  da  Siiva,  Monteiro  mdr ,  co.no  ordenahuraa  batida  Real  de 
ccelhcs ,  I.  3.  n.  27.  pag.  278.  E  outra  de  caca  gtolTa,  na  Tapada  de  Villa-viqofa , 
1. 4.  n.  II.  pag.  293. 

Feftejos  pelo  ajufte  dos  Cafamentos,  1.  i.  n.  10.  pag.  11.  Pela  noticia  do  Re- 
cebimento  dos  Principes  do  Brazil,  1.  i%n.  41.  pag.  65".  Na  noite  do  dia  da  outorga 
do  Cafamento  dos  Principes  das  Aufturias  ,  1. 1  n.  59.  pag.  7  8.  No  dia  da  fua  cele- 
braqao,  l.i.n.64.  pag.  o8.PeIa  entrega  daPrincefa  das  Aftunas,  I.^.n.  13.pag.241. 
Pela  da  Princefa  do  Brazil ,  l.^.n.  1$:.  pag.  2  4z.&feq.  EmSevilha,  aSuasMa- 
gellades  ,  e  Altezas  Catholicas,  1.  ^.n.:.  pag.  287  Na  Real  entrada  em  Lisboa  1.4. 
n.  <)<)  pag.  325:.  Em  todo  o  Reyno,  pela  occafuo  dos  Defpoforios  Reaes ,  J.  4. 
n,6o.  pag.  326. 

Filippe  11.  faz  extrahir  excellentes  turquezas  para  a  obra  do  Efcurial,  dos  mi- 
mineraes  de  Villa-viqofa ,  1. 4.  n.  9.  pag.  292. 

Filippe  V.  quando,  e  aonde  ratiftcou  os  Preliminares  dos  Cafamentos  Reaes, 
l.i.n.  11.  pag.ii.NomeaqaoquefazdeOfRciaesparaoferviqodoPrincipedas  Af- 
turiasjibidem.Cafa  que  poem  aPrincefa  das  Afturias,  1. 1  .n  76.pag.  1 36.  Da  o  Collaf 
da  Ordem  do  Tufao  ao  Marquez  de  Abrantes  ,  1.  i .  n.  80.  pag.  139.  Joya  que  man- 
da  d  Princeza  do  Brazil  ,1.  3.  n.  17-  pag,  243-  Aiuda  de  cuilo  que  manda  dar  aos 
Soldados  que  oacompanh^raoao  Caia,  1.  3.^.19.  pag.  i^^.  Manda  publicar  arefo' 
luqao  de  palTar  a  Sevilha  ,  1,  3.  n.  26.  pag.  277.  Pdrte  para  aqueila  Cidade  I.  4.  n  i. 
pag.  286.  Sua  coraitiva ;  ibidem.  Reftitue-fe  a  Mndrid,  1.  4.  n.  3  .  pag.  288. 

Fogoartificial  pela  outorga  do  Cafamento  dos  Principes  das  Afturias,  1. 1. 

n.  59-  Pag-  78- 

Forte  de Santa  Luzia  ,fuabella  vifta,  l.^.  n.  31.  pag.  284. 

Fortificaqao  de  Elvas ,  obfervada  por  ElRey,  D.  Joao  1. 3.  n.  31.  pag.  284.  E  a 
deEvora,  1. 4.  n, 22.  pag.  302. 

Francifca,  Infanta  de  Pcrtugal  j  (  Dona  )  porque  nao  paftbu  ao  Caia ,  I.  2.  n.4. 
pag.  174. 

Francifco,Infante  de  Portugal(Dom)  Griados  que  o  acompanharao  ao  Cdia , 
1.  2.  n.4.  pag.  185".  Prefentes  que  recebe  das  Princefas  das  Afturias  ,  e  do  Brazil , 
1. 3.  n.  i^.pag.  246.  Rezes  que  matou  em  huma  batida,  na  Tapada  de  Villa-vi^ofa, 
1.  4.n.  13.^3^.295-. 

Fancifco  de  Andrade  Corvo  ,  guarda  joyas  delRey  D.  Joao  ;  Joya,  que  Ihe  da 
ElReyCatholico  ,],  3.  n.  18.  pag.  245-. 

Francifco  Gonzaga  (  Dom  )Duque  de  Solferino,  expedido  a  Elvas  a  cumpri- 
mentar  Sua  Mageftade,  da  parte  delfley  Catholico ,  1.  3.  n.  i.  pag.  228. 

Francilco  de  Sales  (Dom),  Pontifical  que  celebra  na  Igreja  da  ConceiqaS 
Puriflima  de  NofTa  Senhora  de  Villa-viqofa  ,  1.  4.  n.  1 1 .  png.  294. 

Fancifco  Xavier  de  Menezes  (  Dom  )  Conde  da  Ericeira,  Oraqao  que  faz  em 
cbfequio  dos  Principesdas  Afturias ,  1. 1.  n.  68.  pag.  108.  Celebra  poeticamenta 
hum  grande  Veado,  morto  pelo  Infante  D.  Antonio.l.^.n.i^.  pagii^S".  Poema,  em 
que  ideou  a  funqao  do  Caia ,  1.  4.  n.  64.  pag.  328. 

■  »    ■ 

•  \    Galveas , 


59^  IndexdomaismtaveldeJleLivrd. 

G 

GAlveas ,  atida  nefta  Cafa  o  Titulo  de  Couteiro  da  Tapada  de  Villa-viqofa , 
1.4.0.  10.  pag.  293. 

Gentisliomens  do  Nuncio  de  Sua  Santidgde,dosCardeaes,e  Embayxadores, 
privilegio  que  fe  Ihes  faculta  na entrada  publica  do Marquez  de  los  Balbazes,  J.  i. 
n.fo.pag.  73. 

Granada ,  como  recebe  a  ElRey  Catholico  ,  1.  4,  n.  3.  pag.  188. 

Grimaldo(  Marquez  de )  Plenipotenciario  delRey  Catholicoi  ajufta  porfua 
parte  os  Artigos  Preliminares  com  os  Plenipotenciarios  delRey  de  Portugal ,  L  r. 
n.  8.  pag.  1 1. 

Guarda  de  Corpo  de  Suas  Mageftades ,  para  os  acompanhar  ao  Caia  ,  1.  i. 
n.89.  pag.  162. 

H 

HHenrique  de  Carvalho  (  Padre  )  da  Companhia  de  JESUS ,  nomeado  Con- 
felTor  do  Principe  do  Brazil ,  1. 1.  n.  93.  pag.  170. 
Hefpanha,  cabeqa  da  Europa,l.i.n.68.§.  II  pag.109.  Suareparti^ail,  ibidem. 
HefpanhoeSjfo  podem  fer  providos  nos  Officios,  e  lugares  dejtiiliqada  ju- 
nfdi(^ao  da  Princeza  das  Afturias  ,  1.  i.  art.  VI.  §.  X.  pag.  45".  i 


TAyme  Facco ,  mufico  celebre ,  1.  r.n.  69. pag..  118. 
Jayme  de  Mello  (  Dom  )  Duque  do  Cadaval ;  ordensque  recebe  para  o  rece- 
bimento  doMarquezde  losBalbazes,  I.  i.  n.  17.  pag.  14.  Ordens  que  ddaos  Te- 
nentes Coroneis  D.  Thomas  de  Aragao,  e  LuizGracia  de  Bivar,  ].i,n.9i.pag.i68. 
Saa  generofidade  na  occafiao  das  paflagens ,  1.2.  n.  5.  pag.  188.  Familia  qwe 
levou i  ibidem.  Sua  diftin<ja6  entre  os  mais  Senhores,que  paflarao  ao  Caia,  l.i.  n.f. 
pag.  188.  Manda  embalfamar  hum  coelho  morto  pela  Senhora  Princeza  do 
Brazil  ,1.3.0.29.  pag.28  r.  Ordem,  que  da  ao  Tenente  ao  Coronel.  D.Thomas  de 
Aragao  ,  eao  Provedor  dos  Armazens ,  1. 4.  n.  36.  pag,  311  Outra  ao  Tenente 
Coronel  Luiz  Gracia  deBivar;  ibidem.  Outraordera  aos  mefmos ,  1.  4.  n.46. 

jerarquia  Ecclefiaflica  ,  que  acompanha  a  Suas  Mageftades  ao  Caia  ,  1. 2. 
n.4,  pag.  175-. 

JESU  Chrifto ,  fua  promerta  ao  Santo  ,  e  primeiro  Rey  de  Portugal  D.  Af- 
fonfoHenriques,!.  4.  n.  6i.pag.  327. 

Jeluitas  do  CoIIegio  daUniverlidadede  Evora,  graqa  quelhesfaz  ElRey,  I.4. 
n.zr.  pag.301.  Tragicom^dia  Latina,  com  que  os  do  CoUegio  de  Santo  Antao  ee- 
lebrao  os  Defpoforios  dos  Principes  doBrazil,  1.  4.  n.63.  pag.  328. 

Igreja  daCt)nceiga6  de  Villa-viqofa  ,  Pontifical  celebrado  nella  ,1,4-n.  ri. 
pag.  294. 

Imperio de  Portugal, notorias  em  todo  o  mundo  as  fuas  profecias,  1 1,  n.  6y. 
§,  IX.  pag.  96.  Inacio  , 


Index  do  mais  notavel  defte  Livro.  3  9^ 

Inacio  de  Almeida  ,  e  Maya,  merce  que  Ihe  faz  ElRey,  1.  4.  n.  36.  pap;.  312. 

Joao  IV.  (ElRey  D.)  faz  tributario  o  Keyno  de  Portugal  a  Conceiqao  Piirilli-» 
ma  da  Senhora  ,1.  i  .n  ij.  pag.  57. 

Joao  V.  (El-Rey  D.)  merce  q  faz  aoPIenipotenciario  Jofeph  da  Cunha  Bro-' 
chado,  I.i.  n.f.  patj^.7.  Sau  Decreto  aos  Tribunaes  fobre  a  celebtidade  dos  Gafa- 
mentos,  1. 1.  n.  9.  pag.9.  Delce  a  Capella  Real  a  dar  graqas  a  Deos  pelo  ajutle  do3 
Cafamentos,  1.  i.n.  10.  pag.  ii.Ratiticaos  Preliminares,  1.  i.n.  11.  pag.  12.  Paga 
pCenfoa  Senhora,no  dia  da  fua  Conceiqao  Immaculada,  como  Padroeira  do 
Reyno,  1.  i.n.  27.  pag.  SJ'  Graqa  qOe  fa  z  d  Acad^mia  Real  daHiftoria  Portu- 
gueza  ,  1. 1.  1^46.  pag.  69.  Cafa  que  p6cm  ao  Crincipe  do  Brazil>  eaPiinceza 
das  Afturias ,  i.  i.n.  76.pag.  136.  Sua  comitiva  ao  Caia  ,  1.2.^.4.  pag.  175-4  & 
feq.  Sua  generofidade  nas  paiTagens  ,  J.  2.  n.9,  pag.  191.  O  que  dilTe  do  Palacio 
de  Vendas-novas  ,  J.  2.  n.  20.  pag  203.  Ajuda  de  cufto  que  manda  dar  aos  Sol- 
dadoa,  que  o acorapanharao  ao.Caia ,  1.  3.  n.  1 7.  pag.  144.  Joya  que  <M  ao  Guai'- 
da  joyas  de  Galtella  ,  J.  ;.n.  iS.pag.  245-.  Commanda  hum  exercicio  Militar, 
l.^.n.  20.  pag.  246.  Obierva  a  Fortificaqao ,  e  armszens  da  Fra^a  dehlvas,  i.  2. 
ji.  31.  pag.  284.  Suas  ordens  para  voltar  a  Lisboa,  1.  3.n.  33.  pag.  zSj".  Partedfa 
Elvas,  J.  4.  n.y.pag.  290.  Sua  infigne  piedade  j  ibidera.  Graqa  que  fazaos  Pa> 
dres  da  Companhia  de  Evora,  1. 4.^.21.  pag.  301.  Obfcrva  a  Fortificaqao  def 
Evora,  1.  4.  n.  22.pag.  302.  Vifita  algreja  daSenhora  dos  Remedios  no  dia  da 
fua  entrada  em  Lisboa  ,  1.4.  n.  48.  pag.^iS. 

Joao  de  Almeida  ,  (  Dom)  Co'nde  de  AfTumar,  Condudior  do  Marquez  dle 
los  Balbazes  na  fua  entradapublica  em  Lisboa,  1.  i.n.  48.  pag.  70.  Seus  enl- 
pregos  ;  ibidem.  Recebe  as  chaves  deCamarifta,  1.2.^.37.  pag.  214« 

Joao  Bautifta  de  Orendain  (Dom)  Secretario  deEItado  de  Sua  Magefta- 
deCathoiica,  e  Marquezde  la  Paz ,  concorre  ao  Caia  com  Diogo  de  Men- 
don^a  Corte-Real ,  Secretario  de  Eftado  de  Sua  Mageftade.a  ajuftar  o  Ceremo- 
nial  das  viftas  de  humas,  e  outras  Mageftades ,  I.  3.  n.  2.  pag.  228. 

Joa6daCofta,  (Dom)  Armeirom6r,  como  cumprimenta  o  Marquez  de 
los  Balbazes  ,  I.  i.  n.  52.  pag,  74 

Joao  Diogo  de  Ataide,  quando  foifeito  Conde  de  Alva,  1.2.  n.37,  pag.zr^. 

Joao  Ferraz  ,  Efcrivao  das  obras  das  Vendas-novas ,  I.  2.  n.  14.  pag.  198^ 
Fica  por  feu  Almoxarife  ;  ibidera.   Merces  que  Ihe  fiz  El-Rey  ;   ibidem. 

Joao  Lobo  deLacerda,  Tenente  ,  e  Ajudante  do  Regimento  do  Porteira 
m6r  ;  ordem  quc  recebe  parair  fervirnas  paflagens  ,1.  i.  n.  90.  pag.  166. 

Joao  da  Silva  de  Miraoda,  merce  que  Ihe  faz  El-Rey  ,  I.  3,  n.  33.  pag.  285". 

Joaquim  de  Sa  de  Menezes ,  Marquez  de  Fontes ,  quando  recebe  as  chaves 
de  Camarifta ,  1.2.^.37.  pag.  z  1 4. 

Joya  do  Principe  das  Alburias  ,  que  aprefentao  os  Embaixadores  del-Rey 
Catholico  a  Princeza  das  Afturias  ,  I.  1.  n.  59.  pag,  78.  A  que'da  El-Rey  ao  Mar- 
quez  de  loS  Balbazes,  1. 1.  ^.73.  pag,  136.  Aque  manda  EI-Rey  CathQlico  i 
Princeza  do  Brazil ,  1.  3.  n.  17.   pag.  243. 

Joyas  para  a  Princeza  do  Brazil,  logo  que  ella  chegaiTe  a  Portugal ;  quantia 
deftinadapara  ellas,  I,  r.  art.V.  &  feq.IX.  pag.^^-.Ciuantia  para  asda  Princeza  das 
Afturias,  em  chegando  a  Hefpanha  ,  1. 1.  art.  V.  &  feq.  IX.  pag.  44. 
Jorge  de  Almeiia  e  Menezes  (  Dom)  ,  feu  Poema  aos  Reaes  Delpolorios,!,  4. 
n.  67. pag.  329. 

Jorge  Freire  dc  Andrade ,  fua  Oraqa6  a  Suas  MageftaJes ,  e  Altezas  no  dia 
aeatca  daReal  einLisboa,!.^.  n.  ji.pag.  321,  Jotnad», 


4oo  Index  do  fiiais  notavel  defte  Lwro, 

Jornada  Real,  vifta  por  cartas,  jogadas  porThomas  Pinto  BrandaS,  1.4. 
n.67.  pag.  361. 

Jofeph  ;  (Sao)  Pontifical  no  dia  dos  feus  Defpoforios,  com  a  Virgem  Senho- 
ranolTa,  na  Se  de  EIi'as,  1.  3.^.24.^3^,276. 

Joleph,  (  Dom)  Principe  do  Brazil,  recebe  oSacramento  da  Confirmaqao, 
1  i.n.  28.  pag.  57  Quem  foi  leu  Padrinho  ;  ibidem.  (^ando  o  pos  EI-Rey 
D.Joao  aprimeira  vez  a  feu  lado ,  1.  i.  n.28.  pag.  58.  Seu  recebimento  por 
Procuraqao  com  a  Infanta  D.  xMaria  Anna  Vitoria  ,  1.  i.n.  41.  pag^^.  Qiiarto 
que  Ihe  dellina  El-Rey ,  para  o  recebimento  das  Embaixadas ,  1.  i.  n.  42.  pag.^y. 
Ora^ao  em  obfequio  dos  feus  Reies  Defpoforios  com  a  Princeza  do  Brazil , 
}.  i.n.  67.pag.  91,  Vifita  a  Igreja  do  Convcnto  de  Nolla  Senhora  dos  Reme- 
dios,  nodia  da  fua  entrada  em  Lisboa,  I.4.  n. 48.  pag  318. 

Jofeph  de  Ahneida,  Gura  da  Patriarcal ,  Certidao  que  pafTa  dos  Defpofo- 
rios  dos  Principes  das  Atlurias  ,  1,  i.  n  70.  pag  119. 

Jofeph  da  Cunha  Brochado,  chega  a  xVIadrid  ,  l.i.n.  8.  pag.8.  Parte  para 
oEfcurial  com  a  occiliao  da  ratificaqao  dos  Preliininares  dos  Cifaimentos 
Reaes,I.  i.n..ii.  pag.12,.  Prefente  qiiefaz  a  Saa  Magallade,  1.  i.n.  13.  pag.13. 

Jofephde  Elpexo,  (  Dom)  Conde  de  Villafranca,  Condudlor  do.Marquez 
de  Abrantes  na  fua  eniraia  em  Mairid,   I.  t.n.  29,  pag.  fS. 

Jofeph  de  iVIatos  da  Roeha ,  (eir  Epitalamio  aos  Reaes  Defpofoiios  dos 
Principes  do  Bra<iil  ,  1.4.^.67.^3^.330. 

Jofeph  Pereira  de  Soula,  Auditor  Geral  da  gente  deguerra,  1.  3.  ri-33- 
PSg-  ^^S- 

JoiepJi  da  Silva  Paes  de  Vafconcellos,  Coronel  da  Infanraria ,  incumben- 
cia  que  fe  Ihe  uSo  ,  J.  2.  n.  14.  pag  198,  Suas  prnmoqoens  ;  ibidem. 

Jofeph  Simoens  Barbofa  ,  merce  que  Ihe  faz  El-Rey  ,  1.4.^.36  pag.  312. 

Jofeph  Vaz  de  Carvalho.Gcrregedor  do  Crime  da  Gorte,e  Cafa,como  acom- 
panhou  a  Sua  Mageftade  no  dia  da  tua  enir.ada  em  Li^^boa,  I.4.  n.  50.  pag.3 18. 

Juiz  de  fora  de  Elvas ,  raerce  que  Ihe  faz  El-Rey  ,  1.  3.0.33.  pag.  285". 
E  ao  de  Aldeia  Gailega,  I.  4.  n.  36.  pag.  312.  E  ao  de  Evoia  ,  1.4.0126.^3^,304» 
E  mais  ao  Corregedor  da  dita  Villa  ;  ibidem.  E  ao  Juiz  de  fora  de  Montemor  o 
novo  ,  1.4.  n.  31  pag.  308. 

Jufti^as ,  provimento  dellas ,  tocante  a  Princeza  do  Brazil,  !;  i.  n.  24.  art  VI. 
§.  X.  pag.26. 

Izabel ,  (  Santa  )  Rainha  de  Portugal,  venera  El-Rey  aCafa  ,  em  que  efta 
grande  Santa  viv6o  em  Eftremos,  1.  4.  n.  i6t  pag.296. 


K 


K 


Oninfegh  ,  vifita  que  faz  a  Princeza  do  Brazil,  I.  j.n.  3i.pag.  283. 


L 


Afoens;  (  Duque  de  )  como  acompanhou  Sua  Mageftade  ao  Caia ,  1. 3,.  n.3. 
pag.  231.  Enodiadafua  entrada  emLisboa,  I.  4.^.50.  pag.  318. 
Lebre  ,prefente  que  faz  dehuma  quematara,  i  Rainha  D.  Maiiannu  de 

Auftria, 


Inde>^  do  tnals  notavel  de[te  Livra  401 

iAuflria  ,  a  Princeza  das  Aftiirias  ,  I.  3.  n.  31.  png.  284. 

Ley^ ,  concede  El-Rey  aos  Padres  da  Companhia  do  CoUegio  da  Univerfi-! 
dade  de  Evora,  que  as  polFao  ler  ,  1.  4.  n.  21.  pag.  301. 

Lisboa  ,  ordem  com  que  Suas  Mageitades,  e  Altczas  iizerao  a  fua  entrada 
nella  Cidade  ,  J.  4.  n.  ^-o.  pag.  318. 

Liteira  era  que  foi  conduzida  a  Princeza  das  Aflurias  ,  I.  5.  n.  j^.pag  241. 

Lobos  ,  aCidade  de  Sevilha  ,  convidou  para  o  entreienimento  de  huma 
batida  delles  a  Suas  Mageftades,  e  Altezos  Catholicas  ,  1.  4.  n.  4.  pag.  289. 

Lopo  de  Ainieida  (  Dom  )  ,  joya  que  recebe  do  Infante  D.  Francifco  ,  L  3, 
n.  19.  pag-  246. 

Lourenco  de  Almada  (  Dom  ),  Condudor  doPatriarca  na  audiencla,  que  elle 
tem  del-Rey  ,  e  da  Infanta  D.  Maria  Barbara,  1.  i.n.  66.  pag.  90. 

Lucar  (  Sao  )  de  Barremeda,  detem-fe  aqui  Suas  Mageflades  Catholicas ,  1. 4. 
n.  3.  pag.  288. 

Luiz  Garcia  de  Bivar,  Tenente  Coronel,  fuas  incumbencias  no  dia  da  entra- 
da  publica  do  Marquez  de  lcs  Balbazes ,  1. 1.  n.  48,  pag.  71.  E  n.  50.  pag.  72.  Or - 
dens  que  recebeparapaffar  ao  Caia,  1.  i.n.  84,  pag.  147.  E  n.  91.  pag.  168.  Hon- 
ras  que  recebe  de  Suas  Mageflades ,  1. 4.  n.  34«pag.3io.  Heexpedidoa  Belem  , 
para  difpor^lli  o  defembavque  Real ,  1.4.^.36.  pag.  311.  Suas  incumbencias  no 
dia  da  entrada  Real  em  Lisboa ,  1.4.  n.  46.pag.  317. 

LuizGonzaga  (Sao  )  ,  e  Santo  Eftanislao  Koflka  ,  reprelentafe  a  Tragico- 
media  Latina,  feita  em  obfequio  da  fua  Canonizaqao,  a  ElRey ,  1. 2.  n.  39.  pag.  218, 
O  priflieiro  defles  Santos  declarado  Protedlcr  dos  Eftudos  j  ibidem. 

Luzi^  (  Santa ) , Forte  de  Elvas ,  fuabella  vifla,  I.  3.0.  31,  pag.  284. 


M 


Anoel  (  ElRey  Dom  ) ,  1. 1. n.  67.  §.  IX.  pag.  96. 

Mancel  Caietano  de  Sou(a  (  Padre  Dom  )  ,  graqas  que  da  aElRey  D.  Joa5 
peloprivilegio  concedido  d  Academia  ,  1.  i.  n.  46.  pag.  69.  E  n.  71.  pag.  122.  & 
feq.  Oracao  gratulatovia ,  que  com  efla  occafiaS  recitou  ao  niefmo  Senhor,  1.  u 
n.71.  pag.  122. 

Manoel  de  Caftro ,  Marquez  de  Cafcaes,  applaude  o  cumprimento  dos  an- 
nos  da  Infanta  D.  Maria  Barbara ,  1  1.  n.26.  pag.  ^j.  Quando  recebeo  as  chaves 
de  Camarif^a  ,1.2.  n.  37.  pag.  214.  Leva  a  joya  a  Frincefa  do  Brazil ,  1.  3.  n.  1. 
pag.  228 

Manoel  Dias  Coutada  ,  Ajudante,  ordem  que  recebe  para  ir  fervir  nas 
pafTagens ,  1. 1.  n.  Si.  pag.  148. 

Manoel  de  Galhegos,  feu  infigne  Epithalamio  as  nupcias  del-Rey  D, 
JoaolV.  I.  4,  n.io.  pag.  293. 

Manoel  Telles  d'a  Silra  ,  Marquez  de  Alegrete  ,  quando  recebeo  as  chaves 
de  Camarift»,  1. 2.  n.  37.  pag.  214.  Parte  a  Badajos  a  cumprimentar  Sua  Magefta- 
de  Catholica ,  1. 3.  n.  17 .  pag.  243. 

Marcha  Real ,  como  Ye  ordenou  em  Aldeia  Gallega  ,  I.  2.  n.  1 1.  png.  194. 
E  dc  Villa-viqofa  para  Elvas  ,  I.  2.  n.  44.  pag.  221.  £  de  Evora  para  Lisboa, 
1.4.0.  27.  pag.^oj. 

MARIA  Santifnma,  vencrada  no  Myflerio  da  fua  Conceiqao  Imraaculada , 

Eee  P?.droj 


4  o2  Inde:^  do  mais  notavel  defte  Livro. 

Padroeira  de  Portugal ,  ].  r .  n.  27.  pag.  5-7.  Pontifical  na  Se  de  Elvis ,  no  dia  dos 
leus  Defpoforios  com  o  Senhor  Saojofeph,  I.  3.  n.  24.  pag.  276.  Outro  em 
Evora  no  dia  da  Sua  PuvificaCcno  ,  1.  4.  n.  19.  pag.  199.  He  vifitada  na  fua  Igreja 
dos  Padres  Carnielitas  Defcalcos,  aonde  he  venerada  com  o  Titulo  dos  Re- 
medios,  por  Ei-Rey  ,  e  pelo  Principe  doBrazil,  no  dia  da  fua  Real  entrada  eni 
Lishoa  ,  1.  4.  n.  48.  pag.  318. 

Maria,nuniero  das  Infantas  de  Portugal  defte  nome,  1.  i.n.  68.  pag.  iio. 

Maria  Barbara  (  Dona  ) ,  Princcza  das  Aftur'as  ,  leu  dominio  das  terras 
confignadas  para  as  fuas  Arrhas  annuaes  ,  1. 1-  n.i^".  art.  VI.  §  X.  pag.  44.  Feliejos 
no  cumprimento  dos  feus  annos,  I.  i.  n.  26.  pag.  56.  Quando  recebeo  o  Sa- 
cramento  da  Confirmaqao,  I.  i.n.  28.  pag.  jS.  Cafa,  e  familia  que  Ihe  deitina 
El-Rey  D.Joao,  Li.n.  42.^3^.65".  Joya  que  recebe  do  Principe  dasAfturias, 
1.  I.  n.  5:9.  pag.  78.  Preferida  por  El-Rey  no  dia  dos  feus  Defpoforios  ao  Princi- 
pe  do  Brazil,  c  porque,  1.  i.n.  62.  pag.  85'.  Oraqa5  emobfequio  dos  feu s  Def- 
poforios,  1. 1,  n.6o.  pag.  108.  Seus  infignes  predicados,  1.  i.  n.68.  §.  IV.pag.i  12. 
&  feq.  Seu  donativo  a  Marqueza  delos  Balbazes  ,  1.  i.n.  74.  pag.  136.  Familia 
que  Ihe  dellina  El-Rey  Catholico,  1.3.^.26.  pag.  277. 

Maria  de  Lencaftre  (  Dona),  Marquezade  Unhao  ,  Madrinha  da  Crifma 
da  Infanta  D.Maria  Barbara,  1.  i.n.  28,^3^.58. 

Marialva  (Marquez  de  ) ,  ordcm  que  recebe  tocante  dspaflagens,  1.  i. 
n.  S^.pag.  147.  Aflentos  quemanda  fazer  aos  Tenentes  Coroneis  ,  D.  Thomas 
de  Aragao  ,  e  Luiz  Carcia  de  Bivar ,  1.  i .  n.  90.  pag.  166. 

Marianna  de  Afturia  (  Dona  )  ,  Rainha  de  Portugal,  feu  elogio  ,  1.  I.  n.67. 
§.  XIX.  &  teq.  pag.  102.  Criados  que  a  acompanhdrao  ao  Caia  ,  1.2.  n.4.  pac.iBz. 
Senhoias  que  a  forao  fervindo;  ibidem.  Sua  piedade,  1.  2.n.  27.  pag.  207.  Como 
lie  recebida  em  Evora  ,  1.2.  n.  ^^^.  pag.  212.  Ainile  com  a  Princeza  do  Brazil 
a  huma  Tragi-comedia,  reprefentaaa  em  obfequio  dos  Defpolorios  Reaes, 
].  4.^.63.^3^.328, 

Maria  Anna  Vitoria  deBourbon  (Dcna),  Princeza  do  Brazil,  como  he 
recebida  em  Madrid  quando  volta  de  Fran^a,  1.  i.n.7.  pag.  7.  Seu  dominiode 
terras  para  as  fiias  Arrhas  annuaes,  l.i.n.  24.  art.  VI.  §.  X.  pag.  25.  Daofeu 
confentimento  para  os  Defpoforios  com  o  Principe  do  Brazil,  1. 1.  n.40.  pag.  65. 
Seu  recebimento  por  Procuraqao  com  o  melmo  Senhor,  1. 1.  n.41.  pag.  65". 
Eftado  que  Ihe  dellina  EI-Rey  D,  Joao,  1.  i.n.42.  pag.  65".  Oraqao  em  obfe- 
quio  dos  Icus  Defpoforios  ,  J.  i.n.  67.^,12.91.  Manda  huraa  carta  aleu  Real 
Efpofo  no  dia  do  Santo  do  feu  nome,  o  Senhor  Saojofeph,  1.  i.  n.  75".  pag.136. 
Prefentes  que  faz  aos  Infantes,  D.  Francifco ,  e  D.  Antonio ,  1. 3.  n.  19.  pag.  246. 
Sua  deftreza  venatoria  ,  I.  3.  n.  29.  pag.  281. 

Martinho  de  Mendonqa  de  Pina  e  Proenqa ,  nomeado  Companheiro  do 
Plenipotenciario   Pedro  Alvares  Cabral ,  1.  ^.n.  30.  pag.  282. 

Maflerano  (Principede  ),recebe  no  PatjO  del-Rey  Catholico  ao  Marquez 
de  Abrantes,  no  dia  da  lua  entrada  ,  I,  i.  n.  34.  pag.  62. 

Minas  de  ouro  ,  e  prata  de  Villa-viqoia ,  1. 4.  n.  9.  pag.  292.      - 

Mineraes  de  Turquezas  em  Villaviqola ,  I.  4.  n.  9.  pag.  292. 

Miniftros  dos  Tribunaes  ,  carta  que  recebem  para  concorrer  ao  beijaniao 
pela  publjcaqao  dos  ajuftes  dos  Cafamiintos  ,  1. 1.  n.  io.  pag.  10. 

Moi:gone  (  Abbade  de ) ,  o  que  diflle  do  Palacio  de  Vendas-no  vas,  J.  2.  n.20. 
pag._203. 

Monte- 


Index  domaisnotavel  dejle  Livro,         405 

Montelhano  (  Duque  de  )  ,  notida  de  hum  feu  Poeraa  ,  1. 4.  n.64,  .pa.^.jzS, 
Montemor  o  novo,  patria  deS.Joao  deDeos ,  1. 1.  n.  ij.  pag.  206.  Como 
he  aqui  recebido  El-Rey  ,  quando  paflava  ao  Cdia  ;  ibidem. 

Montijo  ,"  embarcao  aqui  Suas  Mageftades,  e  Altezas  para  Belem,  1  4. 0,39. 

pag.  313. 

Montijo  (  Conde  de ) ,  traz  a  joya  i  Princeza  de  Afturias , I.3.  n.i.pag.iiS. 

N 

NEgro  ,  faz  prefente  de  hum  o  Marquez  de  Abrantes  i  Princeza  do  Brazil, 
_       1.  3.n,  30.  pag.  281. 

Nicomedes ,  o  que  Ihe  fucedeo  com  os  moradores  de  Egnido  ,1.  i.  a  67, 
§.  XXV  pag.  104. 

Nobreza  que  convida  o  Marquez  de  los  Balbazes  para  os  feftejos  dos  Def- 
poforios,  1. 1.  n.  69.  pag.  118. 

Nuncio  de  Sua  Santidade  ,  graqa  concedida  aos  feus  Gentis-homens  na  en« 
trada  publica  do  Marquez  de  los  Balbazes ,  1. 1.  n.  fo.  pag.  73. 

Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello  (  Dom  )  ,  Duque  do  Cadaval ,  aonde  efta 
fepultado ,  e  fufFragio  que  EI-Rey  Ihe  mandou  fazer ,  1. 2. n.  33.  pag.  212.  Outto 
femelhante  da  Rainha ,  1.2.  n.  38.  pag.  217. 

O 

OBidos  (  Conde  de)  ,  Condudlor  do  Marquez  de  los  Balbazes,  1. 1.  n,  17. 
pag.  i^.Seu  eftado  nefta  fun<ja6  ,  l.i.  n.  19.  pag.  15". 

Obra  nova  de  Thomas  Pinto  BrandaS,  1. 4.  n.  67.  pag.  387. 

Officiaes  da  Cafa  ,  cartaque  recebem  para  concorrer  comEI-Reynafun- 
qao  da  acqa5  de  gtaqas  pela  publica^aS  dos  ajuftes  dos  Cafamentos,  1.  i.n.  10. 
pag;  10. 

Officiaes,  e  gente  de  guerra ,  que  efpera  as  peffoas  Reaes  emBelem ,  quan- 
<!o  alli  defembarcdrao ,  1. 4,  n.  ^f.  pag.  317,  E  no  Terreiro  do  Paqp,  na  fua  entra- 
da  em  Lisboa ,  I.  4.  n.  ^7.  pag.  324. 

Officiaes  que  trabalhavao  no  Palacio  das  Vendas-novas  ,  feu  numero,  I.  x. 
n.  ij.pag.  198. 

Officios ,  provimento  delles  tocante  a  Princeza  do  Brazil,!.  i.  n.  04.  art.VI. 
§.  X.  pag.  26.  Outro  femelhante  da  Princeza  das  Aftufias ,  Li.  n.^y.  art.  VI.  §.X. 
pag.  4f . 

Oraqao  Acad^mica  do  Marquez  de  Valenqa  ao  Cafamento  dos  Pnncipes 
do  Brazil ,  I,  t.  n,  6y.  pag.  91.  Outra  do  Conde  da  Ericeira  ao  Cafamento  dos 
Principes  das  Afturias  ,  1. 1.  n.  68.  §.  I.&  feq.  pag.108.  Outra  do  P.  D.  Antonio 
Caietano  de  Soufa,  em  agradecimento  das  honras  que  El-Rey  fez  a  Academia 
Real  daHiftoria  Portugueza,  1. 1.  n.  71.  pag.  122.  Outra  do  Reverendo  Prior 
da  Igrejade  Vi]Iaboim,a  EI-Rey,  l.^.n.^g.pag.zSo.  Outra  doDoutor  JorgeFreire 
de  Andrade  aSuas  Mageftades,  eAltezas  no  dia  dafuaReal  entrada  em  Lis- 
boa,  I.  4.n.  51.  pag.  321. 

Ordem,  porvia  do  Secretario  de  Eftado ,  Diogo  de  MendonqaCorte-Real, 

Eee  ii  as 


4P4:^        Indexdomaisntta^vel  dcjle  Livro. 

as  Teftemunhas  por  parte  del-Rey  Catholico»  dfunqao  da  outorga  do  Caramento 

dos  Prin.cipes  das  Afturias,  1.  i.  n.j-^,  pag.  75".  Para  le  feftejar  a  mefma  outorga, 

1.  j.n.  54.^3^.75-. 
.     .Oliuna  (  Duque  de)  ,  recebe  no  Paco  del-Rey  Catholico  ao  Marquez  de 

Abrantes,  no  dia  da  fua  entrada  ,1.  i .  n.  34.  pag.  62.  Gomo  le  diftingue  na  occa- 

iiao  das  paftagens,   1.  2  n.  i-  pag.  172.   e  1.  3.^.9,^35.239. 

OlTuna  (Uuqueza  de),vifita  que  fazaPrinceza  do  Brazil ,  &c.  I.  3.  n.  31. 

pag.283. 

Ouro,  minasdefte  metal  em  Villa-viqofa,  1.  4.^.9,  pag.  292, 

Outorga  dos  Defpoforios  dos  Principes  do  Brazil,  quando  fe  celebra  ,  1.  r. 

n-  39' pag- 64. E  a  dos  Principes  das  Afturias ,  1. 1.  n. 55.  pag.  yS,  Como  he  fefte- 

jada,  ],  i.n.  5^9.  pag. 78. 


P 


PAIacio  do  Caia ,  fua  defcripqao  ,  1.  3.  n.  8.  pag.  237.  Difpofiqao  ,  e  defcrip- 
qzb  da  Cafa  do  meio,  deftinada  a  funqao  ;  ibidem. 

Palado  das  Vendas-novas,  quando  fe  comeqou,  1.  i.n.  72.  pag.  134.  At^ 
quando  fe  trabalhou  nelle ,  1.  4.  n.  32.  pag.308, 

Pedro  (  Dom  ) ,  Infante  de  Portugal,  quandq  fe  Crifmou  ,1..  I..n.28.  pag.58. 
Pedro  Alvares  Cabral,  Senhor  deAzurara,  e  Alcaide  mor  deBelmonte» 
nomeado  Plenipotenciario  del-Rey,  a  Corte  Catholica  ,  1.  3.  n,  30;  pag.  282. 

Pedro  de  MariZ  ,  Adjunto  do  SecretaTio  daEmbaixada  Alexancire  Fcdtreita; 

1.  I.  n.  15.  pag.  13. 

Pegoens  ,  Cafa  que  aqiii-mandou  fazer  EIKey  ,  1,  aln-  li.pag.  197. 

Peftoas  que  afliftem  as  Reaes,  no  beijamao ,  por  occafiao  do  Cafamento  do 
Principe  do  Brazil ,  1.  i.n.  42.  pag.  66.  Asque  feachaona  funqao  oa  Outorga  do 
Cafamento  do  Principe  dasAfturias,  1.  i.n.  ^^^*.  pag.  76.  &  leq.  Sua  comitivaj 
ibidem  ,  e  n.  33.  pag. 61.  , 

PelToas  Reaes  deCaftella  ,  partem  para  oCaia,  I.  2i  n.  i.  pag.  171.  Sua  co- 
mitiva;  ibidem,  el.  3.  n.j.  pag.231.  . 

Pefloas  Reaes  dePortugal  deftinadas para  paiTar  aoCaia,l.l.  n. 4.^3^.174.' 
Partem  para  o  Cdia,  I.  2.  n.  7.  pag.  189.  Sua  comitivarl.  2.  n.  3.  pag.  174.  Alliftern 
a  hum  Pontitical  naSe  de  Elvas,  1. 3.  n.  24.  pag.  276.  Alliftem  a  hum  Pontifical 
na  Igreja  da  Conceiqao  de  Villa-viqofa  ,  1  4.  n.  1 1.  pag.  294.  E  a  outro  na  S^  de 
Evora,  1.4.^.19.^3^.299.  Divertem-fe  na  Tapada  de  Villa-viqofa  ,  1.4.  n.  ir. 
pag.  294.  Afliftem  a  Tragicoraedia,  em  obfequio  de  S.  Luiz  Gonzaga  ,  e  Santo 
Eftanislao  Koftka,  1. 4.  n.  21.  pag.  301.  Embarcao  em  Montijo  para  Belem  ,  1. 4. 
n,  39.  pag.  313.  Partem  de  Belem  para  Lisboa ,  I.  4.  n.  46.  pag*  317.  Seu  acom- 
panhamento  i  ibidem,  Como  fao  recebidos  na  Igreja  Patriatcal  de  Lisboa  no 
dia  da  fua  entradana  melma  Cidade,  I.  4.  n.  58.  pag.  325. 

Peffoas  Redes  de  ambas  as  Cortes ,  que  entrarao  na  Cafa  do  Caia  ,  1.  3.  n.9. 
pag.  239. 

Platao ,  fuaopiniao  quanto  ao  araor  dos  deofes  do  paganifmo,  1. 1,  n.  68. 
§.IV.  pag.  112. 

Pleiiipotencia  del-Rey  Catholico  para  fe  reduzirem  a  Tratado  os  Prelimi- 
nares  dos  Calamentos  dosPriaeipes  do  BraZil ,  1.  \.  ^.24-  pag.  17,   Qutra  ao  Mar. 

quez 


'     Ir^  dex  do  mais  notdvel  defte  Lwro'.  4  6 1 

que2  de  h  P.iz ,  '.  i.  n,  24.  §.  XVII,  p.ig.  51.  Outra  ao  Marquez  de  los  Balbazes, 
e  C''peceiatio  ,  1.  i.n.z^-.  ^  XVJI.  pag.49.  Adel-Rey  de  Portusral  .^o  Marquez 
de  Ab-ar.te.s,  1. 1.  n.  24.  pag.  17.  e§.  XVlII.  pag.  33.  Outra  ao  Secretario  de  Ef- 
tado  Diogo  de  Mendonqa  Corte-Real  ,  1. 1.  n.  ^).  pag.  37.  e  n.  XVIII.  p.^g.  5:2. 

Poemas  em  applaufo  dos  Reaes  Defpoforios,  fua  noticia,  I.  4.  n.  63.  pag.327. 
en.  67.  p.ig.  329. 

Politica  com  que  fe  affinaraS  as  capitulacoens  dos  Cafamentos  no  Caia , 
1.  3.  n.  II   pag.  240. 

Pombeiru  (  Conde  de  )  ,  como  cumprimenta  o  Marquez  de  los  Balbazes 
'rio  dia  da  fua  entrada  ,  1.  i.  n.  ^z.pag.  74.  Conduiftor  do  Patriarca  na  audiencia 
que  tem  del-Rey ,  e  ^i  Princeza  das  Aiturias ,  1.  i.  n.  66.  pag.  90. 

Pomoeo  ,   hum  leu  apophtheg;ma  ,  1.  i.  n.  67.  §.  V.   pag  94. 

Ponte  de  Belem  para  o  defembarque.Real,  fu3  delcripqan,1. 4.  n. 43.^3^.31^. 

Pontiticat  na  Se  de  Elvas,  1,3.  n.  24.  pag  276.  Na  Igreja  da  Conceicao  da 
Senhora  de  Villa-vir^ofa,  I.  4.  n.  1 1.  p;ig.  294,^3  S(^  de  Evora,  1.  4.n.  19.  pag.  299, 

Porto  de  Santa  MARIA,  divertem  fe  nefta  Ilha  Suas  Mageftades  ,  e  Alte- 
zas  Catholicas,  1.4.^.3.^3^.288. 

Portugal,  tem  por  Padroeira  a  Virgem  Senhora,  venerada  no  M5  fterio  da  fua 
Conceicao  Immaculada,  1.  i.  n.  2.7.^3^,5:7. .Sa6  notorias  em  todo  o  mundo  as  pro 
fecias  da  fua  exaltaqao  almperio,  1.  i.n.67.§.  IX.  pag.  96.  He  Coroa  de  Hefpanhc» 
1.  i.n.  68,§.  II.  pag.  109, 

Portuguezes ,  Id  podem  fer  providos  nos  Oflicios ,  e  lugares  de  Juftiqa  da  )U» 
rifdiqao  da  Princeza  do  Brazil  ,  I .  i .  n.  24.  art.  VI.  §.  X.  pag.  25". 

Prata  ,  minas  defte  nuetal  em  Vina-viq<;ira  ,  1.  4.  n.  9.  pag.  Z92. 

Prelados  das  Religioens,  carta  que  recebem  para  concorrer  a  funqao  de  acqao 
de  graqas  pela  publicaqao  dos  ajuftes  dos  Calamentos  )  1. 1.  n.  10.  pag.  10. 

Preliminares  dos  Cafamentos  ,  reduzidos  aTratado  ,  I.  i.  n.24.  pag.17. 

Prefente  doSenado  de  Evoraa  Princeza  do  Brazil  ,  I.  4.  n.20.  pag.  300. 

Principes  das  Afturias ,  quando  fe  velarao,  I,  3.  n.  17.  pag.  243.  Vide  D.  I'ec 
nando,  e  D.  Maria  Barbara. 

Principes  doBrazil,  ceremonia  com  que  forao  deitados  na  noite  das  fuas 
Nupcias  ,  1.3.  n.i6.  pag.  243.  Vide  D. Jofeph  ,  e  D.  Maria  Anna  Vitoria. 

Prior  da  Igreja  de  Villaboim  ,  fua  Oracao ,  J.  3.  n.  28.  pag.  280. 

ProcilToens  (  Ca(a  das  )  ,  celebrale  nella  a  outorga  do  Calamento  dos  Princi- 
pes  das  Afturias_,  fua  defcripqao  ,  1.  i.n.^^.  pag.  76. 

Profecias  do  Imperio  de  Portugal,  notoiias  cm  todo  omundo  ,  I.  i.  n.6-j. 
§.  IX.  pag.  96. 

Provimento  dejufticas  ,  e  OfHcios  da  jurifdiqao  da  Princeza  do  Brazil,  J.r. 
n.  24.  art.  VI.  §.  X.  pag.  25".  Outro  femelhant.i  da  Princeza  das  Afturias,  1. 1.  ^.25-. 
art.  VI.§.  X.  pag.  ^^. 

Purificaqao  de  MARIA  Santiffima ,  Pontifical  nefte  dianaSe  deEvora,  1,  4. 
n.  19.  pag.  299. 


R 


"P   Atificncn6  dos  PreliminaresdosCafamentos,  I.  i.xi>  it.  pag.i  2.  DoTrata- 
JTV  do  dos  Defpoforios  dosPrincipesdoBrazil,  1. 1.  n.24.  §.XIX.  pag.  36.  Dos 
Cafamentos  dos  Principes  das  Aftuiias  ,  1. 1.  n.  25-.  <5.  XIX.  pag.  36' 

Refrefco 


4o6  Inclex  do  mais  notavel  defie  Livro,     . 

Refrefco  do  Marquez  de  los  Balbazes  a  Nobreza  da  Corte,  pelos  D^jfpofo- 
rios  dos  Principes  das  Afturias,  1.  i.  n.  70.  pag.  1 18.  Outrj  Real  cm  Belem  no 
dia  daentradaem  Lisboa,!.  4.  n.  ^^.  pag.  317. 

Regalias  da  Princeza  do  Brazil ,  1. 1.  n.24.  art.  V.  §.  IX.  pag.  25'.  Da  Frinceza 
das  Afturias ,  1.  i.  n.  af.  art.  V.  §.  IX.  pag.  44. 

Rey  de  Portugal ,  Proteftor  da  Gonfraria  da  Conceiqao  Immaculada  da  Se- 
nhora  ,  na  fua  Igreja  de  Villa*viqofa ,  I.  2.  n.  40.  pag.218. 

Reysdehuma,  eoutraCorte,  fuagrandeza,  1.^.  n.  ^i.pag.  283. 

Reys  de  Portugal,  afnftem  aos  feftejos  das  noites  pela  outorga  dos  Cafa- 
mcntos  dos  Principes  das  Afturias  ,  1.  i.n.  j^,  pag.  78.  C6mem  publicamente 
com  os Principes  do  Brazil,!.  3.^.15".  pag.242.  en.17.  pag.244.  en,  19.  pag-  243^. 
en.  21.  pag.  247.en.  24.  pag.  276.  on.  26.  pag.  278. 

Relaqao  nova  do  Fogo  do  Caftello ,  por  Thomas  Pinto  Brandao ,  1.  4.  n;  ^j, 
pag.  380. 

Remedios,  (Nofla  Senhora  dos)  :  Vide  Maria  Santiffima. 

Retrato  feu ,  que  o  Principe  das  Afturias  manda  i  Princeza  fua  Efpola ,  1.  r.' 

n-59-  pag-78.  '  ' 

Rodrigo,  &c.  (  Dom  ),  Marquez  de  Abrantes  ,  noraeado  Embaixador  Ex- 
traordinario  a  Caftella,  1.  i.n.14,  pag.  13.  Partepara  Madrid,  I.  i.n.  i6,pag.i4, 
Chega  aquella  Corte;  ibidem.  Sua  entrada  publica ,  1. 1.  n.  29.pag.  ^S.  Tem 
audienciadel-Rey  Catholico,  1,  i.  n.^y.  pag.62.  Da  Rainha  Catholica ,  l.i.  n.36; 
pag.  62.  Da  Princezado  Brazil,!.  i.n.  ^y.pag.  63.  DoPrincipe  das  Afturias, e  dos 
Infantes  D.  Carlos.  D.  Maria  Anna  Vitoria ,  D.  Filippe  ,  D.  Luiz ,  e  D.  Thereza, 
!.  i.n.  39.  pag.  64.  Seu  exprello  a El-Rey ,  i.a.  n.  34.  pag.2,11.  Vem  encontrar-fe 
com  o  mefmo  Senhor  ao  caminho,  I.  2.  n.  4^ .  pag.  224.  Agente  do  ceremonial 
das  viftas  dehumas  ,  eoutras  Mageftades,  1.  3.  n.  2.  pag.  229.  Inliniia  aEl-Rey 
Catholico  na  funqao  do  Cdia,  quem  erao  osFidaigosPoituguezes,  que  o  cum- 
primentavao,  1.  3'.  n.  ii.pag.  241.  Deixa  a  fua  Embaixada,  I.  3.  n.  30.  pag.  281, 
Prefente  que  faz  a  Princeza  do  Brazil  ■■,  ibidem. 

Romance  Hendecafylabo  aos  Reaes  Defpoforios  dos  Principes  do  Brazil , 
1, 4.  n.  67.  pag.  346. 

Ruas  de Lisboa ,  feu ornato no dia da  entrada Real,  1. 4.n.  $6, pag. 524» 


SAgui,  prefente  quefaz  dehum  oMarquez  de  Abrantes  a  Princeza  doBra- 
zil,  I.  3.n.  30.  pag.  281. 
Santilfimo  Sacramento  levado  porViatico,  encontra-fe  com  Elle  El-Rey 
D.  Joao  ao  fair  de  Elvas ,  ea  companha-o  ,  1.  4,  n.  j.  pag.  290.  Efraola  que  faz  a 
doente,  a  quem  fe  levava ;  ibidem. 

Serado  de  Lisboa  ,  aonde  lecebe  ,E1-Rey  no  diadafuaentrada  em  Li.sboa, 
1. 4.n.  ^T.pag.  321.  Suas ordens , para  fe  fazer  efta funqaS  com  maior  plaulibili- 
dade ,  1. 4.  n.  56.  pag.  324.  : 

Senhoras  da  Cafa  da  Princeza  do  Brazil,  prezentes  q  Ihes  faz  El-Rey  Catho- 
lico,  1.  3.n.  18.  pag.244.  Senhoras  Caftelhanas,  que  entrirao  rebuqadas  no 
Paqo  Real  em  Elvas  a  fazer  algumas  galant^ias ,  I.  3. n.  21. pag.  247, 
Senhoies  que  paftarao  ao  Caia,  1. 2.  n,  4.  pag.  186. 

Sevilha, 


Iiidex  do  mais  notavel  defie  Livro.  407 

Sevilha  ,  chegao  a  efla  Cidade  Suas  Mageftade? ,  e  Altezas  Catholicas  , 
1. 4.  n;  2.  pag.  2S7.  Como  fa;")  ;iqui  recebidos  ;  ibidem.  Sao  convidados  para  o  de- 
vertimento  de  huma   batida  de  Lobos  ,  1. 4.  n.  4.pag  289. 

Sylva  d  jornada  Real ,  de  Thomas  Pinto  Brandao  ,  1.  4.  n.  67.  pag.  36  r ,  Ou- 
tra  do  mefmo  as  boas  vindi,s,  1.  4.  n.  6~i  pag.  371.  Outra  do  raelmo  ao  fogo  do 
Cafiello,  I.  4. n.  67.  pag'.  380.  Outra  domelmo,  Obranova,  1.4.^.67,^3^.387. 

Soneto  de  Eugenio  Gerardo  Lobo  ao  Principe  das  Ailurias,  por  huma  iua 
acqao  heroica  ,  \.  4.  n.4.  pag.  290. 


TApada  de  Villa-vJqofa ,  fua  defcripqao ,  1.  4.  n,  9.  pag.  192. 
Teftemunhas  por  parte  del-Rey  Catholico  na  funqao  da  Outorga  dos  Cafa- 
famentosi  dos  Principes  do  Bra:'-il,  1. 1.  n  39.  pag.  64.  Edos  das  Afturias ,  I.i.  n.  56. 
pag.  77.  Por  parte  del-Rey  de  Portugal  no  Cafamento  dos  Principes  do  Brazil,  1. 1. 
n*  39.  pag.  64.  E  no  dos  das  Afturias  ,  1.  i.  n.  5- 5"  pag.  76. 

Theodolio  If.  (  Dom),  Duque  de  Braggn^a ,  fuffragio  que  Ihe  faz  El-Rey 
1.  2.n,  42.  pag,  219, 

Theotonio  ( Dom  )  Arcebifpo  de  Evora  ,  fuffragio  que  Ihe  manda  fazer  El- 
Rey,l.  2.  n.  38,  pag.  217. 

Thomaz  de  Almeida  (  Dom  )  ,  Patriarca  de  Lisboa,  celdbra  mifTa  de  Pontifi- 
cal  na  Santa  Igreja  Patriarcal ,  na funqao  de  ac<;a6  de  graqas  pelo  aiufte  dos  Reaes 
Cafaraentos,  l.i.  n.  10.  pag.ii.  Eouti-o  na  mefma  BaTilica  ,  I.  r.  n.  27.  pag.  5-7.  Ad- 
miniftra  o  Sacramento  da  Gonfirmai^ao  ao  Principe ,  e  aos  Infantes  D,  Carlos  , 
1.  i.n.28.  pag.  58.  Celebiaos  Defpoforios  dos  Principes  das  Afturias,  1,  i,  n.  61. 
pag.  80.  Tem  audieneiada  Princeza  das  Afturias ,  1. 1.  n.  66.  pag.  90.  Honras  que 
El-Rey  Ihe  facultou  logoqueellefoipromovido  d  fua  dignidade,  I.i,  n.66,pag.90. 
Comohe  recebido  em  Elvas  ,  1.  3  n.  2.  pag.  228.  Deita  as  benqaos  aos  Principes 
do  Brazil ,  1.  3.  n.  14.  pag.  242.  Pontifical  que  celebra  na  S6  de  Elvas ,  1.  3.  n.  24. 
pag,  276.  Outronade  Evora,  1. 4.  n.  19.  pag.  299. 

Thomas  de  Araga6(Dom),  Tenente  Coronel ,  ordem  querecebe,  I,  r. 
n.  84.  pag.  147.  Parte  para  Muntijoa  difpor  o  embarque  das  PelToas  para  Belem, 
L4.  n.  38.  pag.  313.  Sua  incumbencia  no  dia  daentiada  em  Li^boa  ,  1.  4.  n.  46. 

pag.  317. 

TIioraasPintoBrandao,  fuasObras,!.  4.  n.  67. pag.  361.  &  feq,^ 

Titulos  ,  carta  que  recebeni  para  concorrerconi  El-Reya  funqao  da  ac<^a5 
de  graqas,  pelo  ojufte  dos  Cafamentos  Reaes  ,  I,  i.  n.  10.  pag.  10.  Avifo  que  tem 
para  paffaraoCdia,  1.  i.  n.S^.pag.  149.  Como  acompanharao  a  Sua  Mageftade 
em  humabatida  decaga  grofta  naTapada  de  ViIlavic.ofa  ,  I.  4.  n.  12.  pag.  295-. 
Avifo  que  fc  Ihes  faz  em  hvora  ,  1.  4.  n.  26,  pag.  304. 

Toledo  (  Arcebifpo  de  )  ,  grandezii  com  que  recebe  o  Marquez  de  Abrantcs, 
1. 1.  n.  i6.pag.  14, 

Touro  ,  mata  heroicamente  hum,o  Principcdas  Afturias ,  1. 4.  n.^.pag.  289, 
Como  foi  celebrada  efta  acc^aS  ^  ibidem. 

Tragicomedia  reprefent:.daaspeftoas  Reaes  em  Evora,  1. 4.  n.  2i.pag.  301. 
EaRainha  D.Mariannade  Auftria  ,  ed  Princcza  do  Brazil,  1.  4.  n.  24.  pag.  303. 
Suceffo  defta  reprelentaqao  i  ibidem.  Outra  em  applaufo  dos  Dclpoforios  dos, 

Princip^ 


4o8  Index  do  mais  notavel  defie  Lhro. 

Pdncipes  do  Brazil.l.^.  ^..63.  pag.  328. 

Tratado  Dotal ,  e  Matrimonial  da  InfantaD.  Maria  Anna  Vitoria,].  r.  n.24. 
pag.  17.  Da  Infanta  D.  Maria  Barbara,!.  i.  n.  25.  pag.  36.  Dos  Cafamentos  dos 
Principes  do  Brazil ,  1.  r.  n.  24.  §.  I.  &  leq.  pag.  i8.  Dos  dos  Principes  das  Aftu- 
rias  ,  1.  I.  n.  25  §.  I.  &  feq.  pag.  37. 

Ti6rn  do  Marquez  de  los  Balbazes  na  fua  entrada  publica,  1.  i.n.  48.  pag.70. 
Do  Conde  de  Airumar  nefla  occafiao  ;  ibidcm. 

Tribunacs,  Decreto  q  fe  Ihes  expdde  pelo  ajufte  dos  Cafamentos ,  1.  i.n.  g. 
pag.  9.  Ordem  para  concorrerem  ao  beiiamao  ,  pelos  Defpozorios  dos  Principcs 
do  Brazil,  l.i.n.46.  pag.69.  E  pelos  dosPrincipesdas  Afturias.  I.  j.  n.  65.  pag.  89, 

Tropas  Calielhanhas  que  concorrerao  ao  Caia  ,  1. 3.  n.  5.  pag.  235".  Portugue- 
zas,I.  3.n.6.  pag.  ^-36. 

Turquezas,  mineraes dellas  em  Villa-vi<iofa,I.  4.  n. ^.pag.  19 ^. 

V 

VAlenqa(  Marquezde),  fuaOraqaoAcademicaaosDefpoforios  dos  Cafa- 
mentos  dosPrincipes  doBrazil,  l.i.  n.  67.  pag.  91, 

Veado  de  Summa  grandeza,  morto  pelo  Infante  D.,Antonio,  I.  4.  n:  13. 
pag.  '^y.  celebrado  Poeticamente  pelo  Conde  da  Ericeira  iibidem . 

Vendis-novas  ,  quando  fe  comeqou  efte  Palacio  ,  1.  i.  n.ya.  pag.  134.  Sua 
grandeza,  1. 1. .  n.  i  a.  &  feq.  pag.  1 97?  O  que  faz  de  defpeza,  1-  z.  n.  16.  pag.  199»  Sua 
delcrioqao  ,  1. 1.  n.  17.  pag.  200. 

Venus ,  obfequio  a  humafuaeftatuadosmoradores  de  Egnido ,  1.  1.  n.  6y. 
§.  XXV.  pag.  104. 

Vcftido  do  Marquez  de  los  Balbazes  no  dia  da  fua  entrada  publica,  1. 1.  n.4.9; 

pag.  72. 

Vilhafranca  (  Conde  de  ) ,  Condudor  do  Marqupz  de  Abrantes  na  fua  entra- 
da  publia,!.  1.^.29.^3^.58. 

Villa-viqofa  ,  como  recebe  aEl-Rey  na  volta  a  Lisboa  ,  I.4.  n.6.  pag.  ^90. 
Defcripqao  defta  Villa,  1. 4.  n.  9.  pag.292.  Suas  minas,  e  mineraes;  ibidcm. 
Delcripqao  da  fua  Tapada  ,  1.4.  n.  10.  pag.  292. 

Vifita  do  Marquez  de  los  Balbazes  na  noite  do  diadafua  entrada  publica 
ao  Secretario  de  Eftado  ,  1.  i.n.^i.pag.  74. 

Viftas  primeiras  de  humas  ,  e  outras  Mageftades  no  Caia ,  I.  3.  n.  9.  pag.239. 
Segundas,  1.  3.  n.^^.pag. 276.  ultimas  ,  1. 3, n  32  pag.  184. 

Univerlidade  de  Evora,  graqa  que  Ihe  taz  El-Rey  D.  Joao,  1.4.^.11.  pag.soi- 


F  I  N  I  S. 


Erratas. 


EmfjicJiJa. 


s. 


livros 

pode 

efta 

femper 

ex/edn 

Cavalleiros, 

Senhores,  &;c, 
V  y  hallandolos 
alca^ada 
a  unque 
a  fegurar 
confentirdir 
le  pa-parecere 
y  Tierras 
infraefcripto 
em  tao 
diftrlbuio 
fo 

elevavao-fe 
dia  31. 
exellencias 
horoico 
adesluzillos 
vendor 
efpeqo 
panegyrica 
apontas 


]ivro  110  Prdlogo,  pag.  ro.  §.  3.  Ihw^l 

f  6d2  110  Prclogo ,  pag.  1 2.  §.  2.  lin.  penulihna, 

tfte  naprhueim  Cenft-.ra  da  Ordeiii  ,  lin.  2  . 

fempre  va  Cei.ptra  do'daiito  Ofjicio,  liii.  j. 

expedir  va^.  cota  da  pag.  6. 

Cav^alleiros, 

e  Senhores,&c.«<?j?;«  do  §.  lo.  pag.  16. 
y  hallandolos    no^.IKlin.  penultima ,  pag.  zl. 

no  art.  I.  §.  /'.//>/.  2.  p<:g.  21. 

m  art.  7X.  §.  XUI.  lin.  ^.pag.  vj, 

pag.  i^i.lin.  \Q). 

pag.li .  lin. pemiltrma para a  tiltiifiA 

pag.  46.  art.  IX.  lin.  r  o.fara  i  r. 

pag.  49.  §.  XFII.  lin.  9.  para  10. 

pag.  ^i.\lin.  6. 

pag  ^6.n.  i6.  Un.  pcniilti ma. 

pag.  ^S.n.^oi  Un.   11. 

pag,6i.n.  -^i.lin.^- 

pag.  90.  n.  65.  !in.  6. 

pag.^i.n.  6^.  lin.  i. 

pag.  1  o  1.  §.  XFIII.  lin.  2. 

pag.  1 02  ■  §.  XIX.  lin.  6. 

pag.  1 03 .  §.  XXIII I.  iin.  1  o. 


alcanzada 

aun  que 

afegiirar 

confentire  ir 

le  parecere 

y  Tierra 

infrafcripto 

entao 

diftribuio 

fo 

e  levavao-fe 

dia  13. 

excellencias 

heroico 

a  desluzillos 


vencedor  P^^S'  ^°3'  §•  XXII  lin.i^. 

efpaqo  pag.  1 3  1.  §.1 .  im.  15".  • 

Panegyrica  pag.  1 66.  no  Titulo. 

apontaJas  pag.  ijo.n.^z.lin.i,. 

erdein  P^g-^JS-  na  interliiiha  ^o r Presbitefoh 


Companheiro;  pag. 

Secretario         pag. 

fingeleiras         pag.  1  99.  §.  1 5-.  lin.  1  z.para  1  3 

Pancgyrica       pag.  208.  no  Tttiilo 


1  9  1.  n.  8.  lin.  8. 

192.  noTitulo  do  Avifo: 


(n'dens 

Companheiro 

Secertario 

fmgelereiras 

panpgyrica 

No  Uia  pois  ja  referido 

de  oito  dejaneiro,  &c*  No  dia  oito  de  Janeiro  fahio  SuaMageiiade ,  &c. 

pag.  1 89. 71  7,  /;;/.  1. 

No  dia  doze 
deile  Mez,&c.^rt^.  11 1.  ;/.3 3,  //';/. 7* 

o  Senado  pag.iz^.n-^^.lin.-^.para/^. 

pratos  pag.  215".  n.  46.  lin.  17, 

Livro  III.  pag.17,1.  noTitulo. 

D.  Francifco      pag.  133.  lin.  10.  para  1 1, 

Soberanos 

enxuval 

Panegyrica 

enxuval 


Kefte  mefmo  dia  dez 

partio,  &c. 
oSedo 
pratros  , 
Liiro  II. 
D.  cifco 
«yeberanos 
enchuval 
pauegyrica 
enchuval 
ra  veftirfe 
bordadas 
de  bajo 


pag.  140.  n.  1 1.  lin.  ultima. 

pag.  -148.  n.  ^3.  //;/,  13, 

pag.  148,  no  Titiilo 

pag.%^^.  n.  13.  lin.  4. 
para  veftir-fe    pag.z^o.  Numer.lF.lin.  6. 
vordadas  pag.  257.  Niimcr,  XFII.  liii.  4. 

debajo  p^g-^^S^-  Numer.Xfll.  Itn.  4. 


cachara 


Erram, 


Emmendas., 


cachara 

flaquitto 

Dna  orza 

un  palancana 

foma 

i^anegryica 

portes 

Panegryica 

Uejcrt^ao 

Lisboa.  Forao-na,  &c. 

Invoqao 

ouvir  MifTa.  Continua- 

ra5 ,  &c. 
fe  mandou 
yoces 


cuchara  pag.  7.60.  Ntimcr.  11.  Un,  if; 

flaCquitto         pag.  260.  Namer.  II.  lin.  i6.' 

Una  orza  pag.  261.  Niiiner.  VI.  lin.  9. 

una  palancana  pag.  zGt.Numer.  VII.  liv.i. 

f 0  r  m  a  pag.  263.  Nii  mer.  IX.  no  Titulo ,  lin.  3 . 

Panegyrica     pag.zjo.  no  Ttciilo. 

portos  pag,  282.  Un.  antepentikima. 

Pane^yrica      pag-  .286.  no  Titiilo. 

Dejcripfao      pag.  i<)i.  fia  cdta. 

Lisboai  forao-aa,  &c.  pag.  300.  n.  19.  lin.  6* 

Invocaqao      p^g-S^j.  «.30.  /iii.  tiltima. 

ouvir  MifTa-, 

continuarao,  Scc.pag.  308.  «.  31.  liii.-^. 
fe  mudou    pag.  309.  na  lin.  i.depois-  do  Avijo, 
vQzes  pag.  3  25. 71.  ^S.lin.  16, 


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