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Full text of "Gabinete historico: que a Sua Magestade fidelissima o Senhor rei D. João VI. em o dia de seus ..."

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r ~^ 



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CJABINETE fflSTORICO, 

QUE -^ 

' ASUAMAGESTADE FIDELISSWA, 
O SE^iHOR REI 

». jroAO VI. 

CM O DIA BE SBUS FELICISSIMOS ANNOS^ 

13 sc MAJo nE 1818, 
Of^erece 

Fi-. CLAUDIO DA CONCEiqAO, 

Ex- Definidor , Examioador Si/Hodat do Patriar* 
chado de Lisboa , Pregador Regio , e Pa- 
dre da Provinda tie Santa Maria • 
(Tj-irrabida. 



TO MO IF. 

BESOE IO4O ATE'' I668, 



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L I S r. O A : 

Na, iMPREssAa R&gia. Anno 1819. 

Com JLtunfn. 



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V' 4 



v 



•V 



V^ ONTEM este IV* Volumie os suc- 
cesses de vinte e oito ann6s, em que 
se comprebendem osReinados dooe* 
nhot Rei:I>. JoSo IV., e seii filho o 
Senhor Rei D. AfFonso VI.y que he 
desde i64aat6 16^8. 

Novos. tributes imposto&aos Fori* 
tuguezes pelds CasteIhaiios« Tu(tiTiI« 
tos d'Evora. 'Novas Juntas de Minis- 
tFos Castelhanos. Pessoas maisprinr- 
cipaes do Reiao cbamadas a Madrid. 
Rieso/u^aa heroica destas mesinas fer- 
sonagens, oppondo*€e ao prpjecto db 
Filippe IV., queint^ntavi redusdr es- 
te Reiiio a Provincia. He: n6meado o 
Duque de Braganja Governador-Ge- 
neral das armas de redo o Reino..- Dis« 
curses que houverao sobrejsto. Vem 
o Diique i' Villa de Altnada , onde 
be visirado de todos os Grandes , e 
Senhores.. iFassa o Duqiie a Lisboa a 
ytmtar a Duqueza de (Mantua. Modo 
com que f oi ;rccebid0. Heroica, resoi 



IT: 

lugio de Thora^ de Souza , mudan- 
do-lhe a cadeira da lu^ar^ onde a ti* 
nha mandado p6r a Duqueza de Man- 
tua. Obsequies que recebeo da C6rre, 
e do Povo. Volta a Villa-Vi50sa,'''lrii 
stancias dos FidaJgos ao Duque para 
acceitar a Gor6a dc PortugaL' Rece- 
be t>rdem:d'£JRei deCastella para o 
acompanhar' a Caralunlia*ra socegar 
as rcTola96es daqueJle Estado. Re- 
solvese o Duque a accehar a Corda 
de Portugal; e liberiar a Patria do 
captiveiro. JoSo Pinto -Ribciro parte 
para .ViUa-Vijosa iajustar. com o Du- 
que odia, e a forraa dast p6r tudo 
em execu^ao. Pessoas^que entrir^o 
na grande, e glorkiza empreza da 
Restaura^So da Patria. ; 

.He acclamado oSenhor D.JoSo 
Rei de Porrugal. Mort^ de Migiiel ' 
de VasconccUos. Surprende-se a Du- 
queza de Mantua. Passa as ordens pa-, 
ra a entrega do Castello. de Lisboa , 
e ma is Torres , e Fortalczas. Sahe 
da S^ a Prdcissao de ac(ao de gragas 
com o Arcebispo D. Rodrigo daCu- 
nha , em que a Imapero de Christo 
desprega o bra^o da Cruzi' Elegem*se 



Covernadores do Reino , em qoanto 
aao xbega o novo Ret. He^^ mandada 
rctirar ar Duqueza de Mantua^ para' o 
Mbsteiro de* Santos. '^Chega a noi^icia 
a VkUa-Vigosa. Parte EIRei pacaLi8>- 
boa , onde he recebido coiii JOf nfalor 
appIaiHo* He9cdaihado 4i6dia^i5: de 
I>ezembro; ' Ceremomas ' desia "^ coroa> 
^ao >> e: acbianfa^d. Cbega-. i Rainha 
a Ljsboa. com seu^-fithos emre no* 
¥0S vivas, e -accIama^Seff. r- -, 

\ Sabendo-sei esta'- noticia^aehr .Ma* 
dridy sc manda^ao! imperadDt -d'Ate* 
manhS Ferjidndo KI. * segural-^'O^' In- 
fante IX Duarte^ irmSauA'fiiRBr D. 
Joao; Nomea El^er Mraistrcv^ira 
o^despaciio,. e/.Ga7arnadoresuyasrPro^ 
nrxdcias*^ <To'rires, e KutsreUqsi^otivo* 
ca G6rtes ; e o xiu^^elias se ^ieitermi* 
fia^' Manda Eoibaix^doredva/^mn^a^ 
Ingla terra ,-THxfiIaridQii;[, Diiianuirca^ 
Soecia, e Rmpa«T£) ^cpie com '09^Em*- 
batxadores sb passoa nestas > GAvtes* 
He conduzidk'! arMadrid a Dcrijiiezai 
de Mantua. E^^obre^e lionia con<- 
j^ra^ao coiitrgrEiBi^i : sio prezos , e. 
{xufttdososridsi Chc^to a LIsbqa va« 
rias Armadas .coal 081 Embakaidorcs 



y 



Estrangdros, a Idareni.^r EIRei os pa* 
rab^.R3>r^aL parte ;^08'/seur» Spberanos; 
Priiweiromovtincnto das armas Gas- 
telhanas; Nossas gI0rib2asacg6es.Ce- 
Zcfbta^ao das seginidas , C6rte^ : o "que 
nellas s^ d«rffrmin0o. : ... 

iTomao os Fortugui^s dois na? 
vjos da India:, quenviiihao para Et 
Kel' fde Castella^ He degolada o Ses^ 
cretario . d'Esrado Luiz de Luicena;. 
Erige-se o Tribunal doCon&elho Ul- 
tramariiaa, Passa ElE.ei 'A Prdtincia 
do, Alemtiijo ,: ficando;;arRainha;go- 
vernando em Li^boel. Institbigao.da 
Secretaria das Merc^. Manda ElRei 
a RpmaiiNicblad Motiteiro represeiv- 
tar iaor Papa os: dan^abs da Igreja de 
PocfogiaL pela faka de Prelados* . Gi^ 
lebitibataJha doMo^t^jo^ cm<ju&to^ 
dflsrasr Na$6es admirdrao o valor For- 
tuguer ^je^ t glorra^: das nossas arnaas. 
Varios 'enccmtiDS, (Sta: que sempre al^ 
can^^inos a tvictoria: dos inimigosl 
Os Hollandezes al&randb o Tratado 
noft tomao variab prWas. Vai6f de 
JoSof Fernarides : VieSa y D; An tonip 
Filippe Gbmaraavi^d Henrique Diai[i 
contta OS Hollandezes, ' 



Com a notlcia do gfande exef- 
cito do Marquez de Leganes, passa 
ElReisegunda Tez ao Aiemtiijo. Re- 
tirada do exerciro do Marquez de Ld- 
gahcs* Insultos de Roma feitos ao 
nosso MinUtro naquella Cdrte. G>n- 
vocao-se Cdrtes terceira ?ez; nellas 
Bt jurou o Misterio da Concei^So ^ e 
sedeterminoQ ser a Padroeira do Rei- 
no. Manda EIRd a Univemda^e de 
Coimbra jttrar o Misterio daConcei- 
$ao. A solemnidade com djiie i«to se , 
fez. Hedegoladcfem Bruxellas D. Fe- 
lix Pereira, Portuguetz, pelos Gast^ 
Ihanos , por Iheacharem em casa o 
retrato d'ElRei D. JoSo IV. 

Mandsi EIRei soccorrer a Bahia 
crtnfra os HoJlaridezcs por Antonio 
•Telles de Mehews, Gonde de Villa*- 
Pouca, levando* por seu Alitiirante 
Luiz daSilra Telles. Di-Ninio da 
Cunha ao Papa hum; papel il'ElRet 
D. joSo; e .b qbe eUe^continha. In- 
tenta Domingos hckc matar EfRei 
D. JoSo, quanikr/Ecompanhaii a Pro- 
t:is83x> do ChrffOf deideos: ndo eanse- 
|[Qe. o seu iorentt), TToUa^a Hospanha, 
•c de Id outra yti a Povnsgiil -com o 



mesmd fim , onHe* descoberta a tra?^ 

jSo foi punidp; » ^ - - . ;; 

Victoria de Gararapes, que al«- 

can^imos contra os^HoIJandezes.; Rer 

tirada do exerclto Castelhano . vindo 

«obre Ollven^a, em que.Ihe matginps 

a Cosmander, e ohrigamos a fugirNO 

Marquez de Leganes pjira Badajoz^ 

^m que brilhou o valor de D. JoSo 

de Menezes. Ganha Salvador Correa 

4]e S^ victorias aos HoUandezes. Es« 

tabeJece ElRei casa ao Principe D» 

Thebdozio. ContinuSo'em Roma as 

perten56cl& d'ElRei, e nada consegue. 

He dcigolado pelos Inglezes o seu 

Rei Carlos L Viildo refogiar-se epi 

Portugal OS Principes Palatinos, se 

resolve emjConselho d'Estado o re- 

ccbeflos, pelo voto do Principe !>. 

.Theodosio.tTomao os^Pariarnentarios 

quimce havi6i nossos.: Valpr de D« Ro- 

drigo de 'Castro na! ¥il!aj, « Castellp 

de Boda6,'mahdando degolar o seu 

Governador.; Mt^rre prezo no Casteir 

k> de. Lisbba o Marquez deMonteal*- 

vSo« Rcffresenta^Sov qiw a Congrega* 

9S0 dps *6ispos xie/flranfa manda ao 

Papaya lErvm /daJgr^ja; de PortygaL 

Morte do Principe D. Theodozio; 



IX 



Eiirre bs Heroes Portuguezfsteai 
iiJgar o decimo setitno Arcebispodc 
Lisboa , D. Rodrigb da Cuhha. Seu 
Pai D. Pedro da Cunha. Francisco 
Rebello, o terror dos HoUandezesy 
fflorre is suasmSos em Pernambuco. 
Joao Pinto Ribeiro. Andr^ de Albu- 
querque. D. Fi'ancisco de Castro In* 
quisidor-Geral , e Bispo da Guarda« 
Tfaom6 de Souza. Manoel de Faria 
e Souza, e Manoel Severim deFaria^ 
ambos c^Iebres Escriptores« 

Convocao^se Cdrtes quarta vez , 
em que foi jurado successor deste Rei* 
no o Principe D« AfFonso. Langamos 
fora OS Hollandezes dos Estados do 
Brazil , depois de os dominarem trin- 
tsL annos , em que muito figurirSo, 
Francisco Barreto , Pedro Jacques de 
Magalhaes , Francisco de Brito Frei- 
re, JoSo Fernandez Vieira, Andr6 Vi«^ 
dal, e Francisco de Figueiroa» Gele-^ 
bra^o desta victoria era Lisbok. Doen* 
-ga d'EIRei ; sua; morte. Titulos qiie 
creou de novo* Da-se noticia da Se^ 
fihora D. Maria, filfaa illegitima de 
ElRei a Joao. , 

Segue«se.ao Throno o Senhor 



D. Affonso VL, na idade de treze 
annos* Sua accIama^So. Movinientos 
de Casteila pela morte d'ElRei U. 
Joao. Di a Rainha Regenre as provi- 
dencias para se defender o Reino. 
P6e-8e era caropo o nosso exerciro. 
Sirio de Badajoz. Perda de Olivenja, 
e Mourao. Rerirada dos Castelhanos, 
que se julgavao vencedores. Ac^es 
de Joanne Mendes de Vasconceilos , 
Affonso Furtado de Mendon9a , D. 
Rodrigo de Castro, Conde deMisqni- 
tella, e outros. Assalto do Forte de 
S. Miguel. Sua rotnada pelos nossos 
aosGistelhanos. Rerirada de Badajor 

?ara Eivas , deixando o sito daquella 
raga. Nomea^So do Conde de Can*- 
tanhede , D. Antonio Luiz de Mene- 
zes, Governador das Arroas, para o 
fioccorrod'Elvas. Resistencia dosPor- 
tuguezes na Pra^a de MongSo, que 
por fim he rendida com honrosas ca* 
picula^tfes, depois dequatromezes de 
sitio^ Grande rictoria dos Portuguef 
zes na glorioza batalha de Linhas 
d^EIras, em que ndorreo Andr6 de 
Albuquerque; e seu elogto. Grande 
perda dos Castelhanos. Her6e&j que 



nos morrerSo. Vawtagens desta vicfo- 
ria para PortugaL O que se fez era 
Lisboa i chegada desta noticia. Audi- 
ta, o Conde de Cantanhede a Lisboa 
a receber os applauses devidos pores- 
ra victoria. Ftinda^So doCollegiodos 
Dotninicos Irlandezes. Manda a Rai* 
«Ha Regente pedir soccorro a Fran- 
ca pelo Conde de Soure; e o seu 
resultado. He excluido Portugal de 
tddo o soccorro no Tratado de Fran- 
ca com a Hespanha , celebrado nos 
Pyreneos , celebrandose o casaniento 
de Luiz XiV. torn a Infanta D. Ma- 
ria Thereza,' filba de FilippelV. Rei 
deHespanha. Vera deFran^ra Embai* 
xador o Marquez de Choup ; e n^o 
sendo aceitos os artigos, qoe propu« 
nba, se retirou a Franca sem nada con« 
cluir. Infedilidade de IX Fernand($ 
Tello de Haro/e o Duque de Avei* 
to. Seu ca^igo. Ac^o < gloricza do 
Gonde de S. JoSo rendendotto Foi'te 
de Alcanizesi 

Noticia dafunda^t<3f da Confen- 
to de Marvtlla , e do mode com'x|ue 
viet^o as Rdigiozas Inglezas do Mo« 
cambo para Portugali Resti¥ui$^b d<i 



XII 

CarlosrIL :>ao Throrio MInghtewsi 
Morte.do Cardeal Mazarini. Chega-* 
da de D*Joao d' Austria, ftlho illegi- 
timo de Filippe IV, cata hum exer-^ 
cico a Portugal* Guarn«cefli*se as'Dos* 
sas Pra^s. ReconhMiS D^Joaod'Aus* 
tria, por entre pe^s de artilharia, 
Campo'Maiorj e se iretira para Bada^^ 
joz sem d^r principio a conquisra de 
Fortufal* AcfSo raemorayel do Al* 
feres Aianoel Ferreira.na estrada .<k 
Ilibeira;. para Almeodraltjo. Morte 
do Coade de Odcraira. Prisao, e des- 
terro de Antonio Gonti.,. seu irorao, 
e oiit/oj dapartidb d^BlRei. Entregar 
A Biaibha o governo a< s^u filho* Da 
prifick)io a fiilnda^ao do Convento das 
Keligtozas; Agostinha«>Descal9a9. 
. :. Nomeia ElRei D. AfFonso Go- 
yernador da Provinqia do'AIemt^jo o 
Conde 4e Villa- FJ6r,. D.iSancho Md- 
noel. /V^itt' D, Joto i^ Austria com o 
sea exereito. a Poriugal, e toma a 
Cidade d^Evora. Sahe onosso exet? 
cito dei Extremes, e Ihe da bataiha 
no Amejxi^l : grande. pdrda dos Cast 
telha^Os. jK^ecupera-se a Cidade d'Evo.* 
ra. Inten^ando o Duque de Os^tM 



xiir 

tomar a Pra^a d* Almeida , he repel- 
lido pelo valor Portuguez, que oobri* 
ga a TCtirar'-se para a Cidade de Ro- 
drigo, «endo nesra ac^ao grande a 
gloria de Diogo Gomes. 

FundagSb da Igreja de N«sa Se- 
nhora da Piedade de Saiirarera , pela 
victoria do Ameixial. Passa o Conde 
de Villa-Fldr a Lisboa, e he nomea* 
do em seu lugarGovernador das^ Ar- 
mas daProvincia do AleratiJjo oMar- 
quez de Marialva. Recolhe-sc' a Rai- 
nha D. Luiza ao Gonvento doGrillo. 
Volta dc Antonio Ct)nti, e JoSo Con- 
ti a Lisboa, Interna o Principe de 
Parma ganhar as Prajas de YaJcnfa , 
e he repeliido. Eiege EIRei FiJippe 
o Marquez de Carraceha General do 
exercito da Extremadura: seudiscur- 
so sobre esta guerra. Vem com. o <seu 
exercito sobre V/ilia-Vigosa. Di-seno- 
ficia do nosso exercito, esua marcha. 
FaHado. Marquez de Marialva aos 
nosisos. Glorioza- victoria , que conse* 

[urmos na batalba deMontes-'CIsros; 

^erda doinimigo, esua derrota: nes- 
sa perda. Agradeciraentos do Marquez 
de Marialva aos rnxsQs Soldados.^ Fes^ 



tas^que se fizerao" por cstas victorias.* 
Agradeciipentosd'ElRei aoMarquez, 
e mais Cabbs de, guerra. Gloria de 
Portugal com esta victoria. Da o Mar- 
quez He Carracena parte a EIRei de 
Castdla^ desta acjao. O desgosto d'EI- 
Rei com a tal noticia, Volta o Mar- 
quez de Marialva a Lisboa. Toma o 
Marquez de Carracena .alguns luga- 
res nad Fronteiras, a que da o tituio 
de Cidades ; o que excita contra si a 
raira dos Castelhanos. Entra emGal* 
Jiza o Conde de Prado com hum exerr- 
cito, onde destroe, e saquea algumas 
povoajScs. Morte d'ElRei Filippe, 
e 6a Rainha de Franca, Mai deLuiz 
XI V. . 

Recebe EIRei .D. AfFonso em 
Salva terra a noticia da doen^a da Rai*- 
nfaa sua Mai por -cartas, qu^ Ihe es» 
creveo. Reposta d'ElRei, e do In- 
fante a estawS cartas.. Voltao a Lisboa 
a visiter stia Mai , que nesse dia aca- 
ba a vida. Seu enterro , e traslada^ao 
para onde hoje existe* Ajusra-se o 
casamento d'EIRei com a Princeza 
D. Maria Franctsca- kabel de Saboia. 
Parle de Pariz^ e^chega. a Bishoa^ 



Festas que se fizerSo d sua chegada^ 
PisseQ$6es entre ElP^ei , o Infante , 
c o Conde de Castello-Melhor , que 
obriga a este a retirar-se, c vivcr au- 
sence da sua Patria dezoito annos, at6 
que no fim delles he restituido d sua 
casa , e Patria. 

Novas perturbajSes do Reino* 
Betirada da Rainha para oConvento 
da Esperan^a. A carta que envia a 
ElRei. Este yai ao Convento , e in* 
tenta arrombar as portas delle. He 
suspendido pelo Infante, e a Cdrte. 
Manda a Rainha chamar q Infante 
aoConvento, para 1 he fallarna grade 
da Igreja ; e esta o encarrega .da sua 
voha a Franfa , e restitqigSo do seu 
dote. EIRei se estimula disso. Faz a 
Rainha a mesma djiigencia com os 
Gonselheiros d'Estado, e com os Ti^ 
rulos. A carta, que a Rainha escre- 
veo ao Cabido da S^ de Lisboa ^ re- 
fluerendo oseu divorcio. Reposta do 
Cabido. Depoziglo d'EJReL Toma o 
Infante posse do govemo do Reino , 
e prende a EIRei. .Antonki de Cavi* 
de> apresenta ao Infante hum .papel 
assignado por ElRei^ em que dimitte 



r 

d« si o go^erno, e o efifrega ad tii^ 
fante seu irmao. Cbnvocao-se Cdrtesr 
Estas jurao ao Infante Principe Re- 
gente de Portugal. Publica-se a par 
nas Cdrtes de Lisboa , e de Madrid* - 
Sentenga da Relagao Ecclesiasrl- 
ca, em que dao por nullo omatrirno- 
jiio d'ElRei com a Rainha D. Ma- 
ria Francisca Izabel de Saboia. Publi* 
cada a Senten^a, determina a Rainha 
voltar para Franga. Lendo-se nos Tres- 
Estados esta resolu^ao, selhe prop6e 
o casamento com o Principe D. Pe- 
dro, o que a Rainha acceita. Rece- 
be-se por procura^ao. Vai o Principe 
buscala * ao Convento da Esperan^a ^ 
e a conduz a quinta d'Alcantara, on- 
de recebeo as ben^des matrimoniaes 
pelo Bispo de Targa. Juntao-se as 
C6rtes a 9 de Junho, e jurSo ao Prin- 
cipe :D; Pedro Governador do Reino, 
onde Eile tambem*da oseu juramen- 
to. He reconhecido das outras Na'96es. 
Vai EiRei D. Affonso para a II ha 
Terceira. Volra a Portugal. Sua mbr* 
te no Palacio de Cintra. Titulos que 
creou. 






^•. 1 




O Senhr Ret D. Jooq IF*^ outav§ 
Du^ue, de Braganf^. 

<• -• « 
ft'.' 

?" . ' J. 

r • 

to podi^do OS Portuguezcs «o^ 
TOrtar i^dr isnals tempo o captiveiro 
Hespaoihol^ Se ajuntarao a 12 deOu? 1640 
tubro im casa de D. Antao de AI- 
«iada., a Miguel de Almeida , 
Monteiro-Mot Francisco de Mello, 
Jorge, de Mdlp , Pedro de Mendon- 

fa, Abtoaio de Saidauha^ e Jolo 
into Rilieiro , . agents da, Qsa 1 de 
Bragatifa.^ Gomej^rao todos a dift- 
correrisobrc o cemedio: a lantos ma- 
les, que o-'Reino padeciav e foi o 
xesultado desta Junta oaccJaaiareni 
p Seniior D« Joao Duqiie ;de BragaUfa; 
\ Na^ceo Sto Villa^Viirosa a 18, de 
Mar^ode 7604 ;( e celebrava os seuji 
annos no dia 79. Foi b^ptizado no 
dia::j5: |>dr ^^eu tio Spnhpr D. Ale: 



2 

xandre , Arcebispo d'Evora. Soube a 
I^tinidaJe'cbm perfeijab'fT foi mui- 
to applicado a Sagrada Escriptura.De- 
pois coH^e^od alseir afFeijoado^dca^a y 
e teve muito gosto pela Muzica, em 
"wt fn ixiamsiYcis progres$6^. Nal 
C6rtes deit/i^da em 1 6^^|^ alssistindo 
o Duque de Braganga, como Con- 
desravel , foi o Duque de Barcellos 
b ^rinSeifO' que jtirdu neste; a«jio. 
Pqr raorte do Dtf^ue IX TheoT 
c>f^' I ddsio sell Pai , foi outatro^ Duque de 
firaganja, e depois quinto> de GuU 
toara^s , sendo o terceiro de Bari^el^ 
i6s. Casou o&m a Setihora IX Luiaa 
Frand«ca^e Giisraao^ filha-do Dur 

?M de Medina Sidonia y^ D. Manoel 
ere* de Gusmao,. por procuvi^a^no 
frkidpio de Janeiro dtiit^^'* roi rei» 
<?et^cki em Elvas com toda^ a pDisrpa^ 
9 grSndeza all dejaneir^ t^tifigztxi 
do iKd^^4ii«a3t> dia b fiispo d'Elvas ; 
IX S^S^itiie d^ Matiod dd Noronfaa^ 
€Ste mafritAoi(fo. EniiViHa^V^igosa se 

-' yPol n^e mestn^adao 'Homeada 
Mpa ^^^sot^ii'fib de pGirrairail^l).<Mfti^ 



tua , viuva de Fcancisco GcnvAgSL j 
IV; DuquedacjueMe E&tado, a qual 
era prima 'coirrag d^ElRei FMippe 
IV, , por s«l- ^Iha da Irtfanta D* C^* 
tharina, fillia d'EJRei Filippe 11. , 
a qua! casou com Carlos Manoel\ 
Daqtie de Saboio. Esta elel^go foi 
Cdtitra o qui^ se tiiiha determinado 
nas Cdrtes de Tliomir; porSm ellii 
entrou no fim do anno de 16^4! etd 
Portugal. O Duque d6 Bhagarijft a 
tnandou vizikr a Elvas , e dar-^lhe oi 
pafabens da mi tinda por Frandscd 
d^'Sousa Courmhb, seu Aposentddof* 
M<5t. ContinuandO a Duqueza^ a jcr- 
nadaf',' entrou 6 ttt Lisboa em Janeiro 
de 1635'. 

* Seguio«se lbg6 huttta inunda- 
580 d^ novos tTibutos, e os p6vos sen* 
tirSo ftotas oppre&86es, scndo ist6htt<i 
tria publica i^Mt^o doi Twtadb* 
aSsenrados rtn C6rr^s , reprftidas Vet 
2es'\}urados, e'muitaaf rtiajs vezes- qu^ 
tirados. Isto WaSperou aos verdaaeR 

A 2 



4 

roica resblv^^o deacabaretn emhtim 
dia tao penoso jugo. f 

Come^ou-se em 1635: a dispor 
a liberdade por.meios disproporcio*^ 
nados; como -forao op lumultos .de 
Evora.j Chegarao a Villa-Vijosa estas 
vozes em' 1638, que de tal sorte al- 
Yora^ou 0$ seus moradores , que .d< 
noire come9arao alguns a acclatnar 
o Duque D. JoSo Rei de PortugaU 
O Duque , que se achava inolesto , 
xnandbu inesmo de noire ^ a seu iilho 
pPuQue de Barcellos D. Theodpsiq 
a socegar aquelle rumor ^ o que fez 
xecolhendo-se ao Paldcio^deixando ru- 
do/^ocegado, e spu . Pai. livre de cui- 
dadp, que Ihe.causou iiquelle tumul- 
to/ 

,;,:f .Soandq isro eitJ Madrid, teve 
]Hmi Porruguez Diogp Soares,^ qlie 
sexyis^ na Cdrre de J^adrid cotp 6 
ei7^;prego de Secre^^Q d'ElRei .dp 
Conselho de Portugal , q arrevimej[i» 
to de dizer a EIRej em publico, que 
n^OtS^ria Senhoi;. de Forrugal, ein 
quajpto a Pra^a ^e V ^U^'Vi^Qaa sq 



nad tornasse hum prado s&rripre ter- 

de/ • -^ > 

Os Grandes de Portugal, que 
^o principlo desprezarao o primciro 
moYiraenta popular, ja o respeitavao; 
e aquelles que em segredo onao ap* 
pfbyavSo , ja em publico o nSo con- 
tradfziao. Assustou isto os validos 
Gasrelhands, e o Cardeal de Riche- 
lieu, primdro Ministro d^ElRei de 
Franca, tao attento d gloria daquel- 
la Monarchia, domo desejoso deaba* 
ter a Hespanhola, mandou em 1638 
a^Portugal com huraa instrufrjao ao 
Senhor de Saiiit-P6, a explorar os 
ammo& dos Pdrtuguezes , e a persua- 
dir-lhes com a.sua admiravel poiitica 
ii^ opportuna occasiao para a liberda* 
cfe'da Patria, ofFerecendo-lhes tropay, 
e'Arraadas, para poderera triunfar de 
seas inimigos. E tambem • referem , 
que escrevera ao Duque , qiie recu- 
^erasse oReltio de seus Avds, que a 
dPranfa, e oufrOsPrincipes b auxilia* 
riSo. 

• • Os tumultos d^Evora forao pu- 
iifdos, seudo enforcados hUn^y e ou- 



tro9 coodfsinnadQs a ^^Us-^ ^nfprc^ti^ 
do-se em estatua o Juiz doPovo Cc- 
timn^b Rodrigues, -e se^ Escrivao 
Jp$o Barradas. O Algarve experifi^eaT 
fou o mesHK> castigo , ppr hav^r W 
guido os.tttjaultos d'EvoFa. 

Par cste iiiotivo, c com o pr^r^ 
tcxto de melhorar 08 accidentesrar 
feridos, ^e institnio huma Junta de 
varios Ministros Castelh^nos em Pa-> 
dajdfi, e outra em Ay^mpnte, com 
tao largos poderes, ique ficavjao seaK 
cxercicio os Tribunaes de Porru,gaii 
c OS Portuguezes verdadeiramente.^f sp 
cravos em lugar de vassallos. P^cr 
md^m destas Juntas., $q Jaiigavlo op- 
Tois trlbutos , e se esgot^^So 09 c^* 
bedaes !diO Reino. Fafa acabarem.de 
todo com Portugal, cbam^rao aMa^ 
drid as principaes pesseas do Reiiro ^ 
^ssim. em :sangue , cotpo em letras , 
tanto Ecclesiasticos, como Seculares, ; 
para o que- se mandar^o varias carr 
tas d'ElBLci i Duqueza de Mantua, 
que ella logo mandou entregar a Op 
Rodrigo' da Cunha, Arcebispo de 
Li^bpa ^ P; SebasciSp de Matter df 



7i 

JfoSo G)ttiini|p , Arcebbpo d'Eyora j 
O. Caspar dot llego da Foa$eca| Wy^ 
po do. Porto j D« Diogo d^ S^va^^ 
C^nde de Pipffalegre jr JDlogQ hofW 
de. Sdiisa , Cofide' de / Miran4a'4 lE^ 
Martinbo jAascaranI\^ ^ ^(CoQde dig 
Santa rGwtt;, IX Frai^qifoq Caeftello? 
UtancoiXhndc de Ss^hikgf^i iP. Ftajor. 
cifco iLms? deS^ancas^Fev. GomiB^iVT 
dador-Mdr d' Avis ; Frkt^^fiacOid^ Ap*^ 
drade Leitao , DezemWg^dor .i9% 
Aggravosj; JoSo PinhejfQ;;DcfertJbarrr 
gador do aPago; Recdbidft^ as oartas^ 
»e puzcrap:^a. cam i olio <iiodsai.QS nor^ 
meadosv Foi este suoce^so v exA l6^2* 
Apenasfdsegliiao a Madrid ^ hao tl'* 
verSo xm.cmiiitod dias. : mais ordem ^ 
qoe segmr a C^te, soiii pbd^rem 
descobrir,' ^al fojsse orxfiegdcki pam 
cjue erSoLchamadost . • < t * 

Di^ndoijijiuito cuidadJsi em Cn* 
t^h6i^vi&'4t Bragafirifa v'fic orde* 
nou z OiiA^flFoii^ de LancEstre, Mas^ 
quez deif^rfo Sesuro 4 parai que:d!^ 



8 

as Pfovinclas, e Gomarca« dc Rcim>i 
e as Ilhas ^os Apores^- mandirao di- 
versos' Fidalgos lerantar grande nu- 
xnefo d« gente com o pretexio da^ 
gnetrk de 'Franja. Tarabem se man- 
dou ciitre^ar,^ i ordem di Alrairante 
Thomai; de Cl^&ub'urum, todos os na-. 
vios de guefra , que se achassem nos 

S^rtos da Reino \ e ab vDbque de 
ragan9a^ chegou ordem para tirar 
das suas terras mil vassal Icfs arma*- 
dos. e que os entregasse^a .D. Anto-^ 
nioTello. E^ecutadas todas estas or- 
dens sem t^ntradic^ao , ^ se 'drdenou 
irem todoso^ Portugueses ^ . que ha^; 
viio sid^ chamados i C6rte,. a casa 
de varios Miniitros Castel^ianos sem 
se communicarem hunsoont: os ou-<^ 
tros, debaiscQ de griaves penas. Po-. 
sim nada, bastou ; porque. logo se 
rompeo o segreda, e :se souBe ser a 
proposta Hr-fie a cadabum.dos Mi* 
nistros Poctngtiezes hum jJapel , . fcm 
que.se .detfinnmava, que. o R'^ino de 
Portugal :8e reduzisse a 'Provincial 
5>erdQimo a regalia de Reijlor:-o que. 

£IReL d^t^i^miisica j poit^ue cstava lir 



9 

Tre^ juramento^ QW fizera nas GAf- 
tesj po^ delleio navia desobrigado 
a pevfidia Eortugueza^^ : ( como ellet 
diziao) fingindo casos, e concluin(k>; 
que este era o parecer dos seus Theo- 
logos , e Jaristas , que o liyravSo de 
todovo eterupulo, e que ainda em; 
tSo 4^ti&cada causa i^o queria El^ 
Reit executalla , sem 01 parecer de ca-^ 
da bum dos seus Ministros^ para que 
dessejB o modo, com que^rse haviti 
ifitroduzir 0. noro govemo de Porru-^ 

at / e quad seria o tx^ib para maid 
aicUnaente se promulgarem as Leisi 
adyertindo^se j que se n^o pedi4 pa-^ 
recer, se coavinha, ou nSo aquella re* 
sqIm^o y I mas. sdmen te: a ifdrma , em 
que se ha via, de executar, : 

.^: Esta escandalosa profposta basta»* 
ya s6naente para justifidar oprpccdi- 
mento dos Portugueses ; quanco mais 
tenddrseiquebrado todbs os/foros do 
Rei6o, e faitado a toda? as. promsa^ 
sas.. Para a execugao. ddi sou pl^no 
se. manjdou passar huma 'grande Ar« 
mad$ 4 inverjtar no porto deLisbo^,. 
pdrsi codl A sofflbra deste:poder ae 



i 



10 



csta Armada, {|9orile6tiridiia VfOvi^Qn-i 
oin, foi de^ti^idar no Gan^l dci I»g)a-K 
ttifra pelorHaHatide^esu'^.i ( '- .^ > 
Nao ras]ctondendo oa.iPoatugue** 
site i proposca^<qfie.seihc8^fez, esqi*^ 
^bodo-se. cGuii:^(X;preti3X|o*i:{ie nacpbcH 
Fim podercsi.para tvatair istiiia^li^fite 
materia, foi^to o raotlMeide'seDpas* 
aarem coaaca Por^gaL as ^aiiit injus* 
I9S tOrdenst;!jpoit)ire aoimesnso cefA^ 
fbrao qobbnados todos oscprivUbgiM, 
<^ augmenrtadbs itodos os moles. £l« 
Rci naraeaiL^oDttCjife d« Brag!Sri$ra , 
por GoveraadoD'eGencraLidatr AriflM 
de tado o.Bjerno.^ ciftja cam |$asSdda 
cm Vectosilhar-dcvSayojra^aSrfA Ja- 
neiro de i63i9(^!Uxe enviou oom outra 
da mesinaj^data ^ lem que Ihe {>^tici- 
pava, qiue pdaoi^i AVISOS, 'Que titihVde 
qiie os/Frangezes: aprestayio Imttia 
l^ndc Armadh contra Povtugat , ^ 
p^nrrsyifaai^a xhmno , que >se podtria 
ceguir , bfenSd se previnisse ie sorte ; 
^ft^ inScy pudesaem oa seus iniw ^gos 
(ogrirr o» aevF. design ios^ seveioH^a 



n 

Vi^cmo,^ debaixo das ordkns da Vnn^ 
ceza D. Margarida sua Prima. I5|8tu<' 
sou-sQ o iDuque;, mas nao sepdo ad^ 
miti4as 9? rai^itas jQ^^usaa, <)ue rfipre-» 
s^roU) Ihe foi percisoacceitar o/ppfiA 
tOj.e fiassar a-Almada* 

Houverao sob^e js?o variQs disK 
cursos , e entre elle^.de penrsou ^ <\\jt% 
e^a eki^lo foi:4 .para prender o Dn^r 
quevppis come tinha obriga^^o 44 
vizitar as Torres^ e os navios d|nA,tl^ 
mada » seria fi^^U prendelo y e lievarU 
Ip >a Cadis: por^^m, e^ta grande id^ 
nSo teveefFeito. OI>ikque yeio iVik 
la de Almadar ; ' asqui foi vkitado de 
todos OS Grandes , e Senhores ^^ ondf 
IJie sond^rao o. anmo y e eUe pent»» 
trou.o jRm de todos 0$ segredos, Di 
Antomp de Mascarahhas Ihe disse ^ 
Qite tinha convocado toda a Nobreta 
pare o dia , qae d Duque bomv^sse 
d^ pa^r ^ Li^a, acrescentandoo 
5PS Porqi^'e, ^^cvdia b^de ser nosso^ 
fajarrp. Yossai Extfelleneid alegre. a 
Q Diiqve rm^trbu o nao mteti-i 
dja ; de qae D.< Atitonio de Mas-( 
$:af)»ibas Scqu t^apeoetrado, qucy 



qoknclb foi o da-ttitfada, fiSoJquiz- 
vol tar a Almad^ com psmais Fidal- 
gos ,' que hiao ao acompanhaPmentb.' 
G"Duqae nio conhcccndo bem aquel^^ 
tei'/ie quern devia fiar-se^ sondahda^ 
Ihes OS animo^, se hao dedarou cottr 
atgutis dellesj-eentrerantas prdticas, 
e- pcrsuas6es , ^rfmente'^lhe deixpu^es-^ 
p^ran^as, com respotider ao Monteiro- 
M<Sr Francisco de-MdIo. =:Qqeam- 
d% nSo ha via oCcadiSb. ;=: Esta repos- 
tk nao deixou de animar os interes- 
«ad6^, d6 qu^ se poderia lografr a 
sua determindfio; ^ . . ^ 

"' Passbu DdqUe a Lisboa a' vi- 
>irar a Ekiqiie^ de Mantua ^ haveti'^ 
^ itiuitasquesrSitfsnomodo, cbntquis 
Kavia ser recebidw, £ntrou no'Pafo 
esperando-o a Gapitao da guarda ao 
p^ dk escada ,• baixando^ a "recebeilb 
com huma esqliadra da guarda Real^ 
esiando a raais em' ala por onde pas-^ 
sou. Gs G)rregedores do Crifitie da 
C6rre Andr^ Velbo-da Fonse^a,. e 
Diogo Fernandes' Saiema , o esperd-i 
rao ao pe da^'escada do Pajo, ^ahlii- 
do a i:ecebdlo ps^Officiaes da Casn 



13^ 



R<^^i:port:i 3erb*ao. Havendo oih> 
4eiiado a Duqu^^a. a hum Official dai 
Casa keal, Itie nauda^sei o lugar ^ 
c^AeijA y'qusLndo -se^entava ^ atrasan- 
dor^bs^ ^ste, hum passo, Thom^ do 
^ousa: com herpica reselugaoy e Ati^^ 
patriotico, pri^ciosa bdriaHpai, iqm 
transm.iftio ads. si^w Grandes D^cmr^ 
dentps, o nao eofx^^ntiQ^.e^atpdz no 
lifgar devido. Aiivizita.foi .dilatadai 
e ifii^s^a. mesma tajxle yoltou p. DnquQ 
pgtja.AIraada. rToda a C6rte coffcoty 
r^o 'a assistir-lhe,ie:o Povo a;fedt^|aU 
lo , [sepdo contijma^eme as^isttdo d!t 
todj^ . : a Nobrez^ ^durante o tcttarpo > 
91^ se demoroy em Alraada; o.q'ufe 
lispnjeou, ranto ao -Dttque , que. 'diesd 
da^ippr bem ertipfcegadta.a jbrt^da «6 
pelo mc>tiT6 rdo$hobfi»qmos ,: qufe' ^-i 
cha recd)id0. Naj'TOtTada do i]oy0fn6 
se recolheo a VHU-Vifosa livr^idos 
|^QS;,df. CasteUa>j v,ci dos peiigosr, 
(|Aie.D aracajaYli). .' - : .-i.r- 

../ De Cast4U .nefcftbeo o Quqn^ 
0i;deo8.^pis(ra fazefMfeuftja.Jeva de^SbU 



mkiida a e^ctisd , delD curnpr^mentd i' 
Oi^deftj mui ferttdmeftfei - 

-r Cotno o ' Ehique^ nSa "d^^fe de^ 
tfoA^ra^o algu^ia dfr duerer ser c^ 
*idttdo'^Rei dePorwgal, imerrtjitaa 
feti^r adS^nhbr D;^Diiarte seu irniSo^ 
g^e i^ava^ em Ai^mafiha ; mas ne-'' 
c;«6sitatido tao* gtaiide m^I de iiiai^ 
j)fti>mptb rMnedla, fiierao novas iiw 
>»a[ndas* ao Du<}M6^d€f Bragan^a. Entk-tf 
ds^ juieressadbsc da liberdade daPa^ 
c'mv^^^^^ OS ptiiiodros D. Miguel de 
AlrDeida, descerxknte dos antigdd 
Condes de Aferantes; D. Antao de 
Afcnada, illustre descetidente dos 
Condes de Abranche*^ ; Pedro de Men- 
donja ; Francisco dt Mel lo, Montei-* 
rd»-M45r; Atttonii^^de Saldanha ; D. 
Antonio Mascaranha^; D, JoSo Fe- 
mora, illustre 'Saderdote; c outfox, 
qiie:^todps desejavSo sacrifitar a vid^ 
pela liberdade da.'Patria : s^ndoai? 
^dpa^ de esodnd^o para toda a Na« 
9^J o Cende Da^ue-* de Olitares Di 
Gaipar d^ Guso^o^^ Diog^ Soares 



15 

em eHesfiatiba , e MigM] d9' ^vt^on^ 
celtas^em Portugal, a^ueli«s .sttggerkK 
doij^estereKefcurandd; ^'' i« ^ - > 

.^O^i Mowteircv^'Mbri Pi*attmp(> 4« 
M^lpi^^fbveoi nes^e a»iK^ 'd^e 1640 
ao Mamifez de.Fert^im , <e^ ao Cond 
dede/.ViVnfb^o , IX A#ofiSO : de Poi^ 
tu^Iv pedindo-'Ihe >f\3fpf)e^«»ita88e^' lao 
Dii^dd .E^'foSo a'ti^Ge^tdqde,^ cfiid 
havialu^^eHeiacceitk^ a* Otjrda dfe Por^^ 
tugal^ qni for Direiny ^h^\perteimn 
Bot^iivmar vias cliegdrSo r is{:a8 ra^ 
z6es ao^'Domie eneaisinbpdas peki 
Ma^quei de Ferrelra^'e^ao^Conde de 
Vii*iio»b p^ Jorge de McSIo;' irmJo 
do 'Mo»teirGMM6n ^^ rjon^T] r. f -: 

iTfimhs'p Duque de Brat^a^p em 
Li^oa oocupado com negacios da 
SIKH Ci^af riarjotio Prmo ^ibeimiV ^pe^ 
rito ncpDiftgho^Glvilv e riSraho. oarpOT'^i 
e$reo«nao conhecido' da^ C&itc fqi 
eieito poirtt^tnahejai^^ecfdraitiieme/^ii 
te^^h^goefo pt- Iia23er'' wl pamcipǤ<fat 
predsaftao Duque, if daf{ cwtpaa^ipr* 
vldewsiais' fiace88aria^:)|war^ felJ3 ^Ittl 
cujftt^T'd^/taiei^^^gtiaind'b aidomecl^ieMo;^ 



16 

OS raovifBibrtto^ ddS'Pprtiigii^aes, e 
Ffiieio a p^5l^i,4o 'Duque , ijeoebeo' 
este ordera d'EIRei FiJippe/^para o 
i^tompanferf^ a fC^ralgpha.St s6tegar 
K rcv0luf5€!9r 4fqueIle.Pc«K:ipii46; 
fr-tambeiB gonvi^ava a todos^: ds-Fi- 
daJ'go5 pata^^Jte iiin, Gs -GatalSes , 
&rtificaador$!& ejn BarceUona , ibu8- 
dfiio a p^oiejC^ao de Fran^i. OOu- 
qttr, larub.qifi^recebeo estei()rdem^ se 
retfirfveo^qlagb facceitar a CSor6a de 
Portugal y (6 liyrar a Patria da e^cra* 
vidao a-qiteesrava r^duzida* 
::. FoL. en viadp Pedro de Mendon- 
5a, AlpaifterJMWr, e Senhor dcMou- 
rao a offerecer distinctamente o Rci^ 
no ao Duque d&jBragaiifa^m iiome 
dos Grandes, certos de que o Poto 
seguiria a.jsua yoz. Fezxajminho per 
Bvpra ,odode cotntnumcou' ao Mar- 
quess de.Ferteira , a D. Rodrigo sea 
itmioi eaofCondeide ViiBio^o,- a comn 
fDiBsa<p yl^fim; Ifyava. Estea eicrc^rao 
a(OrDiiqi^-.per$U9dindo-o comiObvaa 
in^tandsusia^ac^eitar taa generosa of^ 
fertac Pa^ndo Pedro de M^ndonja 
fi Yilla^Visosa. acboU'oDiiquo: oasan^ 



17 

(to M sua Tapada, onde passados oa 
primeiros cumprimentos Ihe commu- 
nicou o negocio, recommendando Ihe 
ao meSfDo tempo guardasse delle se- 
gredo aoseu Secretario Antonio Paes 
Viegas , com raedo n^o desviasse es- 
re ao Duque de acceitar a offerta. 
O Duque respondeo , que em nego« 
do de ranta pondera^ao Ihe era pre- 
ciso tempo para meditar, e que da- 
ria a resposta depois de communicar 
o negocio com oseu Secretario, pois 
estava certo Da sua fidelidade« 

Conferio o Duque corn o seu 
Secretario; e concofdando ambod, 

f^assou ao auarto da Duqueza a dar*- 
he parte do succedido , a que ella 
generosamente respondeo: Que a in- 
da que a morte fosse a consequencia 
da Corda , tinha pof mais acertado 
morrer reinando, que acabar servin- 
do ; de' mais que todos os vaticinids 
«dgurav3o a empreza, e que assim 
s6mente a dilajao de soccofrer podia 
ser prejudicial* O Duque achando tSo 
conformes opiniScs , chamou a Pe- 
dro de Mendonjid^ agrad^cend.o o 

B 



18 

trahalho^ e o perigp a q\je se expaze- 
ra ; respondeo, queestava prompto a 
acceitar a Corda de Portugal, para a 
fazcr respeitada de seus iniraigos. 
Pedro de Mendonja quiz beijar a 
inao ao Duque., o que elle recusou, 
dizendorlhe , que nSo faltaria tempo 
para aquella cererapriia. 

Pedro de Mendonja, para dissi- 
xnular a Jornada , partio para Mou- 
r3o, e dcspedio hum correio a D* 
Miguel de Almeida, em que Ihe.di- 
zia : Que fora a Tapada ; que a ca- 
ja andava levanrada; que se fizerao 
algun^ tiros; que huns^ se acertarao., 
e,outros se errarao; e que era grai>- 
de a prudencia de Joao Pinto Ribei- 
ro. Nao percebendq D. Miguel este 
aviso, o gu^rdou ate i sua chegada ; 
o qua! dando aos da Junta conta da 
reposta do Duque , a celebrarao com 
luuitas demonstra^des de alegria , e 
resolverao,. que passasse Joao Pinto 
Ribciro a.Villa-Vifosa aajustar com 
o Duque o dia, e a forma de se p6r 
tudo em execufao. EUe o fez coco 
o pretexto de dar cgnta ao Duqu^ 



19 

de lnjma,detiiarpdayL:q6'e' tratia com. 
a casa de Odemimi Jd Besre tempo 
pb&ervava a Dtrq^eza de Mdntua to 
dos OS passds dos Fidalgos de Lis« 
boa J poncujo motiyo, sendo perigo* 
sa a dila^So do negocio , foi preciso 
mandar o Duque dizei; pelo inesmo 
Jbao Piht4)i Ribeiro aos Confederal 
dos , que principiasse a acclama^ So 
por Lisboay'e nao por Evopa, como 
estava premeditado, e isto quanto 
antes.^ - ' 

Guardou-tse hum inviolavel se* 
gredo. Os Fidalgos se ajuetaY^o em 
casa de JoSo Pinto Ribelfo , que as* 
sistla naPa§0, que o Duque de Bra- 
ganfa,tirilra nesta Cidade, com tan- 
t^ caut^la ^ que dei^avSo cs coches ^ 
e OS cavallos em diversas partes, ten- 
do anticipadamente Joao Pinto Ri- 
beiro maadado retirar os seps cria- 
dos, e ponj^o poiKa^ Itiz^^ para nao 
v^rera quem e»trava.  

Finalment^'iiaquella noite , que 
era Domingo 216 de Novembro, se 
determinou pdr-se emetecujao oque 
estava :a}ustadO) no Sabbado seguin- 

3 2 



20 

te , primeiro dc Dczembro, cominu^ 
nicando-se a todos , que , por inter-» 
ven^ao do Padre Nicolao da Maia, 
estavao promptos o Juiz do Povo , 
EscrivSo, e Misteres, com alguns 
dos da Casa dosVinte e qaatro. - 

Deo-se parte desta conferencia 
ao Arcebispo de Lisboa D. Rodrigo 
da Cunha , Varao verdadeiramente 
Fatrioti€0, que em Madrid recusou 
o Barrete de Cardeal , que Ihe offe- 
reciao , se elle desse o seu voto para 
€ste Reino WProvincia, comoadian* 
te veremos tratando deste insigne Pre- 
lado, o qual, approvando a idea dos 
Confederados, entrou nd numero del- 
les , e o segttirao seus Parentes, e to* 
dos OS Ecclesiasticos , que ihe esta* 
vSo sttjeitos. 

NSo faltando senao tres dias, 
se deo parte a D. JoSo da Costa, que 
fez se apressasse a concluslo do ne- 
gocio; pois que corria grande risco 
a demofa/ pelo medo de s^ revelar 
Q segredo. Assentado odia, se deter- 
sninou a hora, em quese deviao achar 
noPa^o^ repartldos por rarias partes^ 



21 

6 tanto que o relogio desse nove ho« 
ras, sahissem todos do coche ao mes- 
mo tempo: que huns ganhassem o 
corpo da guarda , onde estava huma 
companhia de infantaria Castelhana: 
outros, que, subindo i sala dos Tudes- 
cos, detivessem a guarda dos Archei- 
ros : outros, appellidando a liberdade 
das janellas do Pa9o, acclamassem 
ao mesmo tempo o Duque de Br^gan* 
(a Rei de Portugal ;' e que outros pas* 
sass^m a matar o Secretario de Bsta- 
do Miguel de Vasconcellos. 

Amanheceo o dia feliz de Sab« 
bado, primeiro de Dezembro, tendo-* 
se todos confessado no dia antece« 
dente , implorando o auxilio do C66. 
paraesta tiograndeempreza. HaviSa 
OS quaretrta Fidalgos confederados. 
avisado a todos aquelles , de queid. 
precisav^o : estes cohvidirlo outros^ 
dos quaes hejusto conserrar'^e ame*^ 
moria , e sSo os seguintes : 

D. Miguel de Almeida. • > 

D. AntS6 de Almada* '^ 

Jorge de Mello* '-- 



» i 



> . r 



«», 



22 

Pedro de Mendon^a, Aicadde»-M6e 

dc Mourao^* ' 
D. Antotlio Mascaranba^«: ; • 
O Doutor ' Joari. Pinto B.ibffird* 
D. Ahtoodc^ Tello. - 
D. Gascaor Coirtinfao. 
D. Luiz dc Almada. 
Tiiom6 de Sbusa. 
D. Alvaro. de Abranches. 
D. Affonso <ie Meoezes* 
D, Rodrigo de Menezes. 
D, Joao da Costa. . - . ^ 
Antonio da Costa. 
D. Antonio de Alea^oya. r- 
D, jQao..d€.Sae Menezes, Catnarei- 

' iro-M<4r, . of ^ , .. 

Jo3o Rodriguesoje Sa. 
Antonio de Saldanha*: 
Jolo de Saldartha de Soufiav. if . 
Joao de Saldailha da Qamaa o — 
^iflionio'de Sildanha^-^u 'mt^i^; 
Bartbolonaeo de Saldanha,..i$eu ir-^' 

mao. . .? • . . 

Sancho Dias de Saldanha. 
O Conde de AtougUia. J ' i. 
D. Francisco Coutiflho/$eu fir«liSo, 
D. Vasco Coutinho. , 



/*# 



23 

Martim Affonw de Mella. 
Manocl de Mello, seu filho. 
Francisco de Mello de MagalbSes* 
Antonio de Mello e Castro. 
D. ]oio Pepcita , Prior de S. Nico- 

lao. 
FemSo Telles da Silva, 
Antonio Telles da Silva^ 
D. Fernando Telles. 
D. Antonio da Cuoha; :* y • 

Tristao da Cunha de Atayde, t.*.-; 
Luiz da Cunha. de Atayd^e Mello ,' 

seu filho. . .' 

EstevSo da Cunha, Deputado^crSan-* 

to Officio. ., ' ' 

Luiz da Cunha, netp de D» AntSo 

de Almada. ; ^ ) 

Luiz Alva^s da Cunha. « tl ^ 
Duarte da Cunha , seu filho. - ' 
TrlstSo de Mendon^a. ■' »/. • ' * 

Henrique de Mendon9a , seu filho; 
Luiz de Mendd^a, filho de Fedro^ 
'*de Mendonga. 

D. Manoel Childe Rolim.  >' 
D. Francisco de- Sousa. 
Di Paulo da Gafpa. v 
O. Tbomaz de Noronha* 



24 

D. Francisco de Noronha, scu it- 

tnao* 
D. Miguel Maldonado. 
Caspar Maldonado* 
Vicente Scares Maldpnado* 
Francisco Maldonado, 
SebastiSo Maldonado ^ seus filhos« 
Gonjalo Tavares, 
Gii Vaz Lobo* 
Ruy de Figuercdo. 
Caspar de Brito Freire. 
Luiz de Brito Freire , seu filho, 
Manoel Velho. 
Francisco BrandSo, 
Francisco Freire BrandSo. 
Frandsco de Sampaio. 
O Padre Nicolio da Maia. 
O CapitSo Marco Antonio de Aze-^ 

vedo. . 
O Capit^o Vasco de Azevedo Cou- 

ttnho , seu irmao. 
Francisco de Vasconcellos. 
Luiz de Loureiro ,\ Informador de 

MazagSo* 
O CapitSo Jo^o de Barros e Sousa. 
Antonio do Kego Beliago. seu fir 

Iho. 



25 

Antonio Figueira da Maia. 

O Padre Berna^-do da Costa. 

O Alferes Manoel Lcitao de Lima. 

O Licenciado Gabrii^l da Costa^ Quar- 

tenario da S^. 
Manoel da Costa , seu irmao. 
Paulo de Si. 

O Capitao Diogo Penteado. 
Martoel de Novaes Carvalho. 
O Capitao Joao de Novaes Carva* 

Iho. 
Manoel de Azevedo. 
Joao da Silva do Valle. 
Miguel da Silva. 
Gregorio da Costa. 
O Alferes Francisco Tavares. 
Gon^ralo de Sampaio. 
O Alferes Manoel de Sampaio. 
Caspar de Tovar. 
Pedro de Abreu. 
SimSo Corr^a da Cunha* 
Luiz Alvares Baiyha. 
Bento da Motta de GusmSo. 
AfFonso Mendes. 

Luiz Godinho , Escrivio do Pescado. 
O GapitSo AntoniO' Franco de Lir 
, ma. 



26 

Alberto Raposo- V 

Paulo de Mouil-a. 
JoSb' B^ibciro. ' ; 
G ticenciado Garpar Cletjsente^' r 
outro6. 

Prompros , prevenidos , e arrna** 
dos todos OS refdHdos , se vio entao 
at6 que ponto sdbio o 'patriotismo ; 
pdfe are 'itiuitas^ seiihdras^juiz^r^o ^er 
parte na gloria deste dia. D. Filipipa 
de Vilhena armando^' com sua*? pro* 
prias maos a^seiis'.^ois fiihos, D; J&- 
ronymo de Attaide,.'6 D. Francisco 
Coutinho, cxhortando-^os a huina tSa 
heroica empreia j^'-Hies disse: ;=:Ide, 
meus fiihos, exnnguir a tyrannia, tf 
vingar-'nos dos nossos inimigos; e es"^ 
tai certos, que se osucceiso nao cor- 
responder ds nossas e$peran^as, vossa 
raai nSoha de sobrfcviver huiii s6 itn 
stante i infelicidade de taittas ptssoas 
debem. IS Omesmopraticou D. Mai- 
rianna de Lancastre , com seus dois 
fiihos, FernSo Telles da Silva, e 
Antonio Telles da.iSilva. DirigirSo- 
se ao Pa^o por diiFerentcs cammhos^ 



27 

a maioi* parte em liteiras, a fim de 
inelhor esconder o seu ntimero , e as 
arroas que leva vao. Dividirao-se em 
quatro ba.ndos , como ehtre si tinh^o 
ajustado^ Occupados todos os postos 
peios Gonfederados, esperavSo com 
impaciencia as nove horas , que era 
a hora determinada para aexecugao. 
Nu.nca o tempo Ihes tinha parecido 
tao vagaroso* O receio , ^que fosse 
descoberto o seu grande ndtnero , e 
de que aJiora extraordinaria, em que 
appareciaa no Pa^o, fizesse suspeitar 
90 Secretiario Miguel de Va8Concel«» 
los algutna cousa do seu designio, 
Jhes caufuiva desassosaego. * £m fim, 
dada$ a$ liove horas* , logo, todos sa^ 
hirao doJs.seus cocbes , e ayan^arao 
ao Pajb. Jcirge de Mello:^ .Antotiio 
de Meljo, « EstcvSoda'Cunhaj com. 
algumi tgente que os seguiSb, deti* 
ycrao i>s,$oldado6 Castelhanos, que 
estavaa deguarda. D, Miguel de Al- 
nietdai. ajnda que velho,- siibio arreba^ 
tad^iu^ntea Sala dos Tudescos, e^ 
disparou ^huffla pistola , signal que 
se lAx^.tjWUtdo, para que se repar- 



28 

tissem pelas partes, deqiiecada hum.^ 
csrava encarregado. O Porteiro-M6r 
Luiz de Mello, e Joao de Saldanha 
e Sousa, ganharao o lugar , onde es- 
tdvSo as alabardas dos Soldados. D, 
Affonso de Menezes, Caspar Brito 
Freire, e Maloel Antonio de Azc- 
vedo, as lan^drao todas em terra, iin- 
pedindo a que os Soldados as pudes- 
sem toma^r: alguns intentdrao impe- 
dir o passo da- porta , onde morava 
Miguel de Vasconcellos ; mas 6 va- 
lor de Pedro de Mendonja , e Tho- 
xn^ de Sousa os carregou de sorte, 

3ue dezampararao a porta ; e queren- 
o ganliar .huma que hia ao quarto 
da Duqueza de Mantua , ji a achi* * 
rao occupada por Luiz Godinho Be- ' 
navente, criado do Duque de Bra* 
gan^a , e por outras pessoas, que o 
acompanhavao, as quaes matar^o hum 
Tudesco , e ferirSo outros , e assim 
OS fizer^o retirar. Neste tempo o res- 
peitavel velho D. Miguel de Altnei* 
da, perto de oitenta annos, com a 
espada na mao disse gritando : =: Va- 
lorosos Portuguezcs , yiya ElUei D. 



29 

Jdab IV., ate agora Duque de Bra- 
gan^a, viva, morrao os traidores, 
que nos arrebatario a Liberdade. s 
Desta sorte chegou .^s varandas do 
ra^o, repetindo as mesmas palavras 
iDuiras vezes. Outros buscando a ca- 
sa de Miguel de Vasconcellos , en- 
trarao pelo corredor ; e encontrando 
a Francisco Soares de Albergaria, 
Corregedor do Civel da Cidade, que 
sahia daSecretaria d'Estado, Ihe dis*' 
serao todos t:: Viva ElRei D. Joao t=i 
e elle arrebatado, tirando da espada, 
respondeo z::Viva ElRei Filippe de 
Hespanha , e de Portugal :=: a que se 
seguio darera-lhe hum tiro de pisto- 
la , que em poucas horas Ihe rirou a 
vida* 

Continuando os Confederados a 
buscar Miguel de Vasconcellos, rom- 
perao facilmente a porta da casa, em 
que despachava ; e nao o acliando 
jiella , julgirao ter fugido; porem 
buma criada velha apontando para 
lium armario de papeis Ihes indicou 
cstar alii escondido. Abrio-se o ar- 
mario J e logo D. AnCQnio Tello Uie 



30 

dispardu hum tiro, a que:sc seguirSd. 
ourros, queolangarao por terra cheio 
de fcridas mortaes, e ainda vivoo 
lanf arao ao Terreiro do Pa^o • das 
janellas abaixo , dizendo : r: Viva a 
Jiberdade, eElRei D.JoaolV. ^ mor- 
rao OS traidores. :=: O Povo execotou 
aesle cadaver toda a crueldade , ar- 
rastrando-o pelas ruas, e fazendo 
mil desprezos, at6 que a Irmandade 
da Santa Casa da J^isericordia Ihe 
fez dar sepultura. Tal foi o fimde 
Miguel de Vasconcellos , Portuguez 
de nascimento, por^m inimigo da 
sua Na§:ao , que em todo o tempo , 
que exerceo o emprego de Secreta- 
rio d'Estado , fez todas as tyranniaa 
ao povo sem respeiro a parentes, 
mem amigos. Tendo ajuntado immen* 
SOS cabedaes no exercicio do sen car- 
go, foi tudo confiscado, sendo buma 
grande parte saqueada pelo pov)^, que 
quiz por suas proprias m^os pagar- 
se dos damnos delle recebidos. 

D, Miguel de Almeida^ FernSo 
Telles da Silva , D. JoSo da Costa , 
,Thome de Sousa^ Pedro d^ Mendon^ 



31 

p'^ D. Aritao de Almada , D, Lufa 
^eu Jfilho, D- Antonio Liiiz de Me- 
jp^zes, D. Rodrigo de Menezes seu 
ifinao, D. Carlos de Noronha, An* 
tomo de Saldanha^.D^ Antonio da 
Costa y D# Antonso de Alcagova^ 
Joao Rodrigues de.Sl, Martim Af» 
fon5o de Mello, Ltoiz de Mello, Mar 
noel de Mello seu filho, TnstSo de 
Mendonja^ Luizi de Mendon^a:, D» 
Franqisco de Sousa , D. Thomais de 
Noronlia, D. Francisco de Noronha, 
D. Antonio Masctranhas, D. Fer* 
hao 1 eJJes de Farp , Ruy de Figuct 
tedo, Luiz: Gomes seu irmao, Fran-» 
osGo de Sampaio/ Gomes Freire. de 
^ndrade , e sen. filho Gil Vaz Lobo^ 
forao todos procurar a Duqueza de 
Mantaa, qae a aoh^rao a huma ja.^ 
nella, pedindo ao povo que asoccor? 
resse, e livrasse de tao pcrigoso Ian«? 
ce. Par6m elles com todo o dedora 
a obrigarao a qae se retirasse; e in^ 
tentando descer.ao Ttrrciro, taaibem 
Ibo embaragdrab^ a .qlie eila disse: 
:=: Senhores , ji estaes: satisfcitos , e 
vingados com a morte do Mindstra 



32 

culpado , elle etti castigdda, vA($ 
passe adiante o furor , que nSo deve 
entrar em cora^desdo nobre^: ett 
prometto ,^que ElRei Cathblico tiit 
b6 perdoe a todos, mas vendo a obe^ 
diencia y com que respeitaes o seil 
servico , agrade^a v^r este Reint> H- 
vre dos excessos do Secretario. ^■ 

O Arcebispo deBraga, President 
te do Pa^o, sahindo do Tribunal 
cbegou a tempo « que a Duqueza 
acabava de prouunciar estas palavra^i 
e intentou seguir o mesmo estilo; 
por^m o respeito ^ que se observou 
com a Duqueza, quebrou D« Miguel 
de Almeida, mandando-ccalar; oque 
elle fez retirando-se a hum dos quar* 
tos interiores. A Duqueza continuou 
no mesmo com muira soberaoia ^ se«* 
gurando o perdSo doRei CatholiCo; 
a que Ihe responderSo , que jd nSo 
conheciSo outro Rei senSo D. Joao^ 
que haviao acclamado. A esras pala-^ 
vras se enfureceo a Duqueza , e fol 
fiecessario a D. Carlos de Noronha 
nandalla calar, e retirar com metioa 
attenjao daquella^ com que a(^ alii se 



33 

rinha traltaido; porque Ae outra sorv 
te era arrtscado perder-se-lhe o respet* 
to: a que ella replicou dizendo: 
n: Ainim ? Coino ? :=: A que D. Car* 
Jos respondeo: s::Obrigando a Vossa 
Alteza , que , quando nao queira en« 
trar por esta porta , saia por aquel^ 
la janella* rr O que ouvindo se reti^ 
rou assostada com as suas Damas ao 
seu Oratorio; e pedindo-se-lhe pas- 
sasse ordem k D. Luiz del Caiupo , 
que governava o Castello, para que 
^ao fizesse movifflento y assigncu na 
forma, que estava. Ficou de guarda 
i Duqueza D. Antao de Almada ^ 
comi algumas pessoas* Os outros Fi« 
dalgos sahirao do Terreiro do Pajo^ 
gritando em altas vozes : z: Liberda- 
de , viva ElRei D. Joao IV. t: Lo^ 
go todo o povd acclamou o novo 
Rei. Concorreo muito para este di- 
toso fim o ArcebispD de Lisboa D, 
Rodrigo da Cunha; porque, tendo 
noticia de que se executava tudo 
quanto se havia pF€meditado,> sabio 
da S^ ^ e no terreiro , que Ihe ficava 
diante, achou a D, Pedro de Mene^ 

c 



34 

zw, Cdnde fle Cantanhedcj PresldciH 
te da Camara, com todb o .Gorpo do 
Senado, D. Aharo de Abraoches, 
com a Bandcita da Cidade^, 'sergmdo 
de todos, e buscando ao Arccbispo, 
jd chegamlo defronte dalgreja de 
Sianto Antonio, pouco distante da 
S^ , quarido se ouvio gritar a poyo, 
que httitia Imagem de prata deChris*^ 
to Crucificado ^ que lev^va hum Cz^ 
f>elISo diirnte do ArcebispOjdespre-* 
gava bra^o direito: o !X}ire toAos 
fitefao per coosa iBaravilhosa^ , con* 
f^ssandc^^o asiim o povo prostrado 
pOr terra, e di2endo queDeos appro- ^^ 
vava ic6ftr es'te signal a obra , que 
acabavao de executar. 

Dw G^stSo Coutinfio dando li*. 
bendadie aos pfezos abrio as cadeas, 
e todod se acfedrSo livre«. Chegcu d 
ArcebispO'-ab Pago, c ji o achoii 
cheio de gente de todos o^ Estadosr, 
congratulajado-se todo« mutuamente 

Pela libefdadfe da Patria, Voltarao ad 
ftf ^ OS oatf-os Fidalgos j que liariao 
gtedb pel* Oidade, t <lentro em tres 
l^tai e$taya 4iido em tal ioc^go^ co-' 



35 

md $e iiuda b<5livera dccnte^ficlo; e 
em poucos dias socegou todo o Rei-i 
no, livrc de hum captiveiro de ses- 
senca annos* 

Era 'Quanto o novo Rei nSoche^ 
g^va de Villa* Vifosa j se deb b go* 
Verno ao Arcefe-fepo de Lisboa , e ao 
Afctebispo de Bfaga, que acceitou 
mais portemor, que por ventade, 
e a D* Lourenjo de Lima , Visc?ond^ 
de Villa-Nova da Cervcira, J)or st 
eScusar 6 Inquisidor-GeraJ D. Fran- 
ai^fcb de Castro* Tanto qiie os Go- 
temadores acceitdtSo, etpedii^b logo 
ordeiis para todo o Rdino, notJcjan- 
db o succedido/itiandando armar to- 
6d o Reinb coiithi a inva«lb de Cas- 
t^Wa. - Dedpactfadoa os Correiofe ao* 
meio dia , se rfefeblherao bs G6^«rhfa- 
dorfis a suas'-elajas,^ admiradbs op ve- 
i4fe a Cidade'no'mesnlo '^oce^av 
que' no dia anteJed^nte ; as IdjaS^dc 
Mercadores abertr'a's, e tudb -o rtaisi 
na?-*raaior tranquiltdade nunca vista 
erti'?taes acontecrknentos. Socegada a 
Gfilade, Joao Rodrigues de Si/E>; 

c 2 



36 

JoSo da Costa , e outros Fidalgos I 
em hutna das gal^s , que estavao bo 
rioy renderSo tres navios da Arma* 
da Castelhana, que estavSo surtos, 
e guarnecidos de Infantaria. 

Entregou-se o Castello da Ci- 
dade; e no mesroo dia as Torres de 
Bel^m , Cabeja Secca , Torre-Velba, 
Santo Antonio ^ e o Castello de Al- 
mada , sendo a Duqueza de Mantua 

3uem passava as ordens. Depois man- 
irao Qs Qovernadores sahir do P^« 
$o a Duqueza para o de Xabregas , 
onde foi acompanhada do Arcebispo 
de Braga, e daqui foi mudada para 
o Mosteiro de Santos das Com men- j 
dadeiras de S. Tiago. Os Officiaes 
de guerra, e fazenda ;CasteIhanos fb- 
rao postos em custodia. 

., ,^sta fiioriosa ^i^cyao liio tera 
iguai na Historia:' nenhuma Na^So 
ainda se restaurou. por semelhantes 
passos, e por pessoas particulares, 
e sem soccorros de outras Na^des: ] 
humReino cercado deseus inimigps^ 
aeguro com presidios, e fortalez^s. 



37 

bem se yd ser esta acgSo auxiliada 
por Decs, para «er eternaraente accla« 
mada pelas maiores do Mundo. 

Chegou a noticia a Villa- Vifo- 
sa, levada por Pedro de Mendon^a , 
e Jorge de Mello , pela posta na se- 
gunda feira 3 de Dezembro, a tem« 
po qQc EiRei entrava na Capella 
a ouvir o Serrtiao, referirSo-lne o 
successo, beijarao-lhe a m$o, e man- 
dou que se continuasse a solemnida- 
de ; por^m alvoro^o foi tal , que 
nSo deo litgar a seguir a ordera. Jd 
se achata emViUa-VifOsa o Mar- 
q«ez de Fferreira , e o Conde de Vi-^ 
miosOj que baviSo solemdemence ac« 
clamado ElRei em Evora , com avi- 
so quetiverSo deLisbpa: oMarquez 
de Ferreira, Dr Franciscorde Mello, 
que d ittiita^aO' de seus maibrer, man- 
reve sempre com amor , e rcspeiro o 
parentesco com ds Duques , foi o 
primeiro, que «e offereceo a servir 
ElRei ; 6 que agradeeeftdohlbe o Se- 
nhor D. JoSo , Ihe d«a""^aepow o fu- 
gar de Mord(Hno^M6» da €asa da 



38 

Rainha^ ^ ^ Marqaeza sita raulher; 
o cargo d^ Caraareira^M6r, 

Recoahecendo EIRei o <juanto 
con^rinha partir com. brQvidade. para 
Lisbon ,• • entrou no Coche , , acompa-^ 
iihaiido*a n^Hd o M^rq^i^z deFerrei; 
ra, o Conde d« Vimioso... iPedro de 
Mendbiifa,:^ Jorge d^M^lIo, e aca* 
valio alguns criados da s&sl Casa* Sem 
mais guarda, que o segyi.^sc, aahip 
de Villa^Vifosa entre yiiyas-, '^ accljh 
magdes^ que cominu^r^o ^fk Lisboa, 
onde chegou seis dias d^pofis- de su^ 
gloriosa acclamacSo, sarlvaodo 4^^ 
chegada o Casjtello , e FortaUsajS da 
Cidade^.Nessa mesnaa tirde beijirao 
a mao a,£lGlex os, Xribujiaes., e-o 
Auditor daLeg^cia, o.qual levantou 
p interdifato por seis.:|ne^^s.,. que p 
GjUeitorrrhavia deix4do,v.qil^ndo sa- 
hio do Reinq iesic;andMisa^a dos Mi- 
nistros de Gastelk* A' noitc se vio 
toda a Cidadfi illuminada) nafl seou- 
Tindo pelaa'ruas j fieo^a rvivas do Po*- 
vo, co«i.tSa>eJ5ce?siv^ alegi:hi, quf 
deo oaotiT(i z^Mm Fi^l^ Qlsi^ 



39 

/han6 , que observava tuc(p o que «^ 
pa^sava f di^A^r : ::;^ H? posslYiei, qu;^ 
se tire hum Reino a EilRei Filippe 
sd com luminarias, e viya^, sem mai^ 
exercito uem;podcr? Grande signal , 
e cffeito sem diivida do brafp Omm- 
potenjte. de Decs, ir . 

. EiRei logo com prud^ncia pro* 
Jiibio as pomposas festas , que o Se- 
nado da Camara de Li^boa queria 
fazer , dizendo , que nao queria mais 
prepara^es , que as da guerra para 
defender o BLeino. Todas as Villas , 
,e Cidadea^acclamarSo solemnemente 
40 novo Rei/ RenderSoi-se aos Portu* 
^uezes osCastellos, eForcalezas dent 
tro de'oicb diaS) entre eMea os de S. 
Filippe, c Torre de OutSo na Villa 
de SetubaK A Pra9a db Cascaes se 
rendeo a D. Gastio GDUtinho a ib 
de D^embro, e a la a Foftialeza dc 
S. Gii<} a ' D* Francisco de- Sousa ^ 
govemando e^a Forraleza X). Fer^- 
Tiando tfe la Cueva , a quern EIRei 
4eo huma Commendaf ,- e fe£ outras 
xnerc^s. in, - c' • 

'Y^QC^a^ todas «9 difficuldades, 



40 

sc dispoz a solemnidade da corftagiSo 
d^ElRei. Foi ella a ly de Dczembro, 
em que a Santa Igreja cel^bra o ou*- 
tavo dia da Concei^ao de ^laria San* 
tissima. Baixou ElRei do Pa^o a bum 
grande theatre, que se tinna prepa* 
rado debaixo das suas janellas , ves- 
tido de todas as insignias Reaes^ 
acompanhado da principal Nobreza 
da Corte na forma, com que os Reis 
de Portugal faziao semelhantqs actos ; 
cu?tentava-lhe a cauda o Camareiro* 
Mdr ; hia diante d'ElRei o Marquez 
de Ferreira , do Conselho de Estado, 
que fazia o officio de Condestavel^ 
e logo Fernao Telles de Menezes, 
que fazia o officio de AIferes-M6r , 
com a Bandeifa enrolada; seguia*se 
t> Marquez de Gouvea, do Conselho 
de Estado, Mordomo-M6r, com a 
sua insignia na mao, e todos os 
Grandes, e Fidalgos na forma dp 
costume y todos descobertos , e dian- 
te OS R-eis d' Armas, Arautos, e Pas- 
savantes, e os Porteiros da Cana com 
^a^as de prata. 

Tanto qM^ JBlRei chegou ao 



41 

^strado, o Repo^teiroMrfr desc^ 
brio a cadeira , e sentado ElRei de* 
baixo de hum docdl rico bordado de 
euro, e prata, no seu throno, to- 
mou o sceptro de ouro na raSo di- 
reira, que Ihe deo oCamareiro-M6r, 
a cjuem o entregou Belchior de An* 
drade, Thesoureiro do Thesouro, 

2ue o rlnha em huma rica salva. O 
londestavel ficou com oesroque nas 
maos, em pe, edescoberro, come 
vinha , no estrado pequeno da partd 
direira d^ElRei , e o Alferes-Mor no 
estrado grande da mesma parte, o 
Camareiro-M6r de tri^ da cadeira, 
e o Guarda-M6r diante do Camarei- 
ro-M(5r, rambem da parte direita. 
No mesino estrado grande da parte 
direita estavSo os Prelados seguin* 
tes: 

D. Rodrigo da Cunha, Arcebis^ 
po de Lisboa , do Conselho d'Esra- 
do; o Bispo D. Francisco de Castro, 
Inquisiddr-Geral do Conselho d'Esta- 
do ; D* SebastiSo de Mattos de No* 
ronha, Arcebispo de Braga, do Con- 
selho d'Bstadpj D* Francisco de 



42 

Soottomalbr , Bispo do Tiirgay DeSo 
da Capiella Real , todos de$C9bertQs% 
Da parte esqu^rd^t y no oic^mQ «9trar 
do grande^ cncoswdo. a parede deUe, 
o Mordomo-M.6r , e os raais . Granr 
des do Keiao , t OfficiaQ$-M4res da 
Casa d'ElRd> e Fidalgos >sern«jprer 
cedencias* No segundo degrdo do cs* 
(pado gra^de^ estavgo os Reis d'Arr 
mas, Acauros j e Pajsavaiuesi e Per*- 
teiros d^ M^^as , e logQ /se s^guizo 
Q$ Senhorel? das terras, AlcaidesrM^- 
ri?s , FidaIgo$ , e. MinisttOi? , qw^ sc 
acharaopr^ji^nteq, noslugares 43raquc 
pada hum $e podi^ m^lhor caccomn^a** 

dar. ^ .'j •/.....' •» 

PepQta rtd'JBl R.«i e«ter sentado , 
ftuhio o DtotutOfFMncisgoode Andria- 
dc::Leita0r, CtezpnjbargadQi?)do$ Ag*- 
gravos, ao estrado gra'nde, e ficando 
nQ-cenfrOtd:? parte esqueni<[,,tecitou 
Imiria I ebigaw? . X)racao , liibstfanda 
cmn bem, fuEirtaiks razocai ajtistiga 
com que tfSiiTr^tBstadoa d4 ReinO 
acdamarao:, le re|jituiraa!a'BlRei a 
Gor6a usyrpada a$ua AV^-A Sefihor 
el IX CatJ^rina* Porque ^m que 



43 

fallecera ElR^i D. Henrique no i^ 
timo 4^ Janeiro de i>8o, logo «e 
devolvera a successao dos mesmo$ 
Reinos d linha do VaraO', que era q 
loFante D. Duarte sea irmao , filho 
dfPlRei D. Manoel, de gloriosa. me.- 
moria; oa qual em beneficio da re^ 
presenta9ao'8e achava em primeiro^ 
e mais proximo grdoao ultimo pos^ 
suidor a Serenissiipa Princeza D.Ca* 
tharina sua sobrinha direita, filha do 
di(o lufante, e neta d'ElRei D.Ma-^ 
noel , da qual hav;a nascido o mui-« 
tojexcellcnte Principe D. Theodosio, 
Duque de Bragan^a , Fai d'ElR^si, 
que esiava presente , a. quern per(;en* 
cia:;o m^smo direito, e ac^Slo, »$q#i$ 
tinh^o. OS , Principes, seus Progeriifpr 
r0«l, parase desfprjarem (coiBqb.ji 
entaaprotjestirSo) . e para se itivesFr 
tir.^a tnesma successao, que se 11^ 
hayja usui'pado (como depoifes Mdff* 
trar^i^ef$ doutosb.Tratados inslign§f 
Juriscqnsiirltos ) e ultiaumente expees^ 
soU'4;'P]Rei a vonude, com rque^ai 
Vwoas fjfi oiFereciap' a def^ndello/e a 
fidelrdftde^ com q^e offereciaOjgs faf 



/ 



44 

zendas , e as vidas ; por Ihe segura- 
yt^m perpetuamente a Cor6a , e o 
t]uanto mereciSo , que Sua Magesta* 
de Ihes guardasse seug forOs, usos, 
e louvaveis costumes, privilegios, 
prerogativas , franquezas, e preemi- 
nencias, fai5endo-lhes era tudo a hon- 
ra, eraercS, para que unidos no Real 
amor, e seririjo de Sua Magestade, 
JiSo s6 traiassem de conservar , e de- 
fender a C6r6a , que acabavSo de 
Ihe restituir, mas que Ihe dilatas- 
sem , e ampliassem o seu Imperio. 

Tanto que se acabou a fatta ^ 
o Resposteiro-M6r poz diante d'El- 
Rei huma Cadeira raza^ coberta com 
hum panno de brocade ^ dom a!mo« 
fada do raesrao em cima ,^ outra 
t08 p^s d'ElRei , e logo D. Alvaro 
da Costa, CapeIlao-M6r, poz em ci- 
ma da dita cadeira, e almofada hum 
Missal aberto, e huma Cruz, e pos- 
to EIRei dejoeihos fez o juramento 
co$tumado nestes Reinos: ao qual 
forao presentes o Arcebispo Priraaz, 
c Arcebispo de Lisboa , e o Bispo 
Inqtu8idor**GeraI \ e postos dejoeihos, 



45 

Francisco dc Lucetta do seu Const* 
Iho, e seu Secretario d'Estado^ bia> 
lendo a forma do juramento, que 
ElRei repetia j tendo a mSo direita 
posta na Cruz , e Missal , e o Sce--^ 
prro na esquerda , Disse : 

" Juramos, e promettemos, com 
^ a graf a de Nosso Scnbor , vos re- 
"ger, e governar bem, e direit^men*^ 
^' te , e vos administrar inteiramente 
^jusci^a, quanto a humana fraq^tesea 
" permitte , e 4e vos guardar vossosr 
** bons costumes^ privilegios , gra^as^^ 
" merces , liberdades , e franquezas , 
*^ que pelos Reis passados nossos an"* 
** recessores forlo dados/ e outorga- 
" dos , e confirraados. '* 

Acabado o jufamento, se tor-t 
nou ElRei a as^entar na sua cadeira, 
e OS ArcebispoS) e Blspos volcarao 
para os seus Iugares« Segiiirao^se qs 
Grandesy Seculares, e Ecclesiasticq;;^ 
e Nobreza do Refno, que entao se 
achava presente, a que deo princi- 
pio o Duque de Caminba , que l^o 
o Secretario d'Estado, e a forma :do 
jwrana^nto era a segu^mc: 



46 

*^eirpcw^a1nienre por rttiflhaS' ma<>9 tt> 
•^gWas, qufe eu recebo por nosso 
^•*r<li^i e Se*ilH>r verdadeiro , e na- 
** twal', ^a ttiuito AltOj e itotiito Po- 
*^ deroso Rei D. -Joab IV* nosso Se- 
*'Tihbr; e Ifife'fa^ preito , menage , 
***"feguhdo' <>-ft)ro, e costume destes 

ii::i9iTatir6'qW?'^ acabou de jiirti'r 
^oSftf a dita Chi^/ e Miseat, foi 
Beijar a mab^a BlR'ea, e na 'raeSma 
Sotmi o fizerSb' bs: outfos Grandes,* 
Secu lares , e Preljidos , sera entre el* 
h5 htiver'precfedeft?i« , porque o Se- 
Cfetafio -d'Estadb declarou , que El- 
Rei assim o marwkva. Concluio-^se 
o'acto cotn <> Alfefres-Mor desenro- 
Irffia-BAndeii* Rj^l ^ voltadopara o 
P6tC>-tfizendo'trft vieses em Voz al- 
ni:±;TleaI, Red /Real, pelo raui- 
tft^Altb , e riiuito Pdderoso Senh^Hr 
Rti t>. Joao IV. H^sso Senhor t= ;^' o 
qtie-^b' Povp repdtia entre vivas'-,^ hb 
flares acdama^6e*s , evidentes pro- 
ta^ Sttf^eu cdi>6e^^ntMrtento. 

Acabaid¥a soldranidade do^actd. 



47 

9e levahtou ElRei, e fcp Akt a$ gra» 
^as ao Senhor , i Igreja da S^ Me« 
tropolitana. Hia dia^te. o Condesta^ 
vel com o estoque/ 4iesenibaKihadb 
levanfado, e o AIfer6d-M6r com a 
Band)^ira Real, a pe^ e descobertos •' 
e na mesftra foitna acotopanfaavao Ott 
Grandest ^e havi^o assistido ad 
actO'd'AtcIdma^lo. £lR<ci^hk a ct-* 
vallo* Na Prafa do PeteiHnJio parou 
ElR^^^Mvio hiimaOri^a^o qoDoqs 
tor Fr&tichao RebeJto Honiem , Ve*i 
readoi^ da Cama^a , t acabada ella 
Ihe enrregou as chavfes daCidade d 
Presidd^^ do Senado d^ Conde de 
Cantanhdde, que ElRei d)nlou, 4 
depois 'fts deo ao mesmo Corrde.  

A*' pbi^a da Igreja © t^oebeo o 
Arcebi^pi feve$tido d^ Pontifical* 
acornpanhado do Cabido, com a Rxs^ 
liquia do Santo LtiAo was In^os^ 
que BlRei devotameftf^ adorbu ; e 
depois 'de dkas as Or a^'i^s cosntixia^ 
daS) t^Qltod ao Pajo-, ehtfe'viva?, i 
lagrima^de alegria, -que 'fla-vcrdadi 
fa%ia c-mais agt-adavel espdctiaeulo* - 

N«>:d* • de Nawl pas^cu EIR<3 



48 

a Aldegallega a esperar a Kainha,^ 
i qual acompanhava o Marquez de 
Ferreira. que ha via partido a buscal-* 
la , D. Vasco da Gama Cotide da Vi- 
digueira, D. Francisco Coutinho 
Conde de Redondo, e outros. Vinha 
com a sua Camareira-M6r, que era 
a Marqueza de Ferreira* Entrdrao 
OS Reis em Lisboa com novos vi- 
vas , e geral Contentamento trazendo 
comsigo o Principe D. Theodosio, 
a Infanta D. Joanna, e a Infanta D. 
Catharina. Nomeou a Rainba para 
Aya do Principe, e Infantas a D* 
Marianna de Lancastre, viuva de 
Luiz da Silva , Vedor da Fazenda , 
e do Conselho d'Estado , c ornou-se 
o Pago das mais illusrres Datnas da 
C6rte, e de pessoas de igual qualida- 
de. 

Apenas se soube em Madrid a 
7 de Dezeiobro a noticia de ser ac- 
clamado o Duque de Braganga , pelo 
Corregedor de Badaj6s, se expedirSo 
logo correios para Alemanha, pedin- 
Jo ao Imperador Fernando III. a se- 
guranga do Infante D. Duarte« Cau- 



49 

lou grah4<c 'adfbira^ab fia Cdl:te de 
Madrid chegar a dla o Conde de 
Figuer6 , que partira de Liiboa not 
fins de Novembro, sem dar noticiA 
alguma da acclamacao. 

NoraeoQ ElRei loga Ministros 
para o.Gbirerbo ,. e para o Despacho 
de codos os diia o Arcebispo dt 
Lis&oa, oVisconde D. Louren$o de 
Liima, e o Mar^ez de Fcrreira. No^ 
pieou para o Cbflselho ; d^Estado^ 
alem dos ireFeridos , o Arcctfispo ,d^ 
Braga D. SebastiSo de MaiidC dfc 
NotonBa , o rtiqiiisidor-taefal IX 
Francisco de Castro' , b Majr^t^u de 
y ilia Real. DL Luii de Noronha^ 
que ja 43a. ddmha^io: de Cartel IjL;tb 
iiba este exercicio*, o.iuoade. de,Vi-? 
mioso, e D. Miguel de Portugal: seti 
irmad, DJ AntoRlo dcAtayde;, Con- 
de da Casta nheirav e Castro iDliitro ^ 
D; Jorgd de^ Mascaraioha^;) ^Mafquet 
de Monre MtibyD^ MigiisVd^Afc 
flxeida y e fienriqtie Correa da» Silva« 
r Pa rat o Conselho de Gtterrai ; ft* 
r|o noraeados Jorge de Mello ^ Gt^ 
Dcrai ilas .<i^aies y \ £). Jos6 4^ .Alene- 



m 

^p^MnionUy de- SaUinha*., Jdo Pef! 
piira'ICdrie^jReal , iPonjao Tclles, € 
imf irroJo At«aiib T?eUe» da 'SU^ai 
Mafhoascde lAibuqoor^e^oFersSo dil 
Silveira , Martifnin^msrsoidc Mtk 
i0, :i^);^Vae@flf^IMaSdafaffb8S) Conde 
d^ O^dds , Ui 4Iraroode>AliraiKhts ^ 

> ' jVra. a Tribubfll do Q^emlar* 
go ^dor/.iBafiDi , -nomeoa. Presidexii» d 
VifcWiid^denVI lb-No vm da^Gervricag 
,^ p^v-i^iNkmi^ros : ao8ebasmSo:<Cezdc 
db Mefi$jsSs,^-do Conselfcia Geralds 
S9nt(j OQicO]!, Di^ iBlodrigQ doiMi^ 

d«^noi;<iydURir joid flntbuBLibelib'^ 

f^ibT^t;^ Oi^dSkom ^'Otsmio CcDeifao de 

|iOlMfistioiiBLe^edG^r.t^>rlQ€nde db SL 
ixMiUfiM) ^dHD^1Qb^SItlra:^ 6fnrernfi 
db% ^ IRi^a^SaCdQ cfibdUb Jt^o-Gof^ 
Yll«^i-^aRbSih9(a iiPve^djmdc da M^^ 
dQll(>qfi&c^cia ^e'iiirdebs^ R. Carlos 

'""* 'Ordtartrhonii Junta jpam o |at>r. 



51 

V^co-daiGima*^ Gonde da/yidigtifii- 
191 j J®, '^oaTj'j £e Mewezee , -RodTig6 
Botelho, do seu Gonselha^a Faeeikr 
dry iydro^Vfeira da^Sili® ^i^eti Pro- 
cui-adbr ^a'^Fazenda'-i, ^eiB^nVtdvo M 
Menetwl^ Gonde- As ^vSjsl pwnhede , 

rio Affonso de Barros Caminha,iES 
cflvtid ds ^B Fal^eddauIEnta^j^depois 
dBs6llrtGf^iedT«^riik:ia£0ta Juntd d)cls 

' oSA^ix> rpaiuC&pdtSo /Gederd df 
t«l5A)fReiftb/'a-D..^A6fonA) ddPdtt 
ttig;aJ^TC«ndaf der yidiiobOty! e logo 
ddpo% ca^^Ma^iasTiixl^^'AlieitaquimfB^ 
0€imno%tiliovde Govei»QadOTodlas Ali 
t&$,hedjlqu« iucc^diso ii<x. CohdeGoo 
YWi^zdfyi 9 '^ r>Ga.pIt3orfQefei^kl dcr AH 

d^^ascs)i^ha9, ^qneifSsi sutlbddei^ 

d'^'CT^cCaph-oH^arhiri ^ A oh ly. '•:.- .-T 
-b cIfc]:5fiJvof6 ^dciigtandiei'^ftt 

tentiil detC^piSoHBvnJral , i fear a 
Ma im£lertriaj lia Viihi^ de FitihtfL -^* 

D 2 



52 

^rregou ao General ITJ Gistto 0>ia» 
tinho , due assistla na Villa dc Va* 
tei^a 5, tronteira de Tuy do Rcino 
tie Galltza.. 

Tfas o^.Montes se divldfo em 
tfois FrbnDeiros-JAores , Ruy de Fi- 
;ueredo ^ -qtie jfssistia tcA Qmt^ ^ e 
^ranckco^ jAc " (S^mpaio : '?em y Ula 

?' O Gastdda de Li$boa a6 Gonde 
de MonsanuyV^ ' :A Forraletza de S« 
Gi3o a D. Jose de Meoeziep^ A Pra- 
ck de Ca$caes:a^filaitamcA;tf06^o de 
iMI^llo. A Tofre 'de Bet^m '& cAnto- 
oip de Saldanha , e por. s^u.T^Aentje 
Jaoitto de Secpteira. A ITorre Velha 
SLiiv Lourenjo- 'de Ta:vcte.:iJ?enrch© 
^ohdcdeiArougm. Ga$rellD.4e S^ 
FHippe >deSei!ubal D.Noiitcl deCasv 
ttoi'e k Fortale^a deOaflorDajtnest 
ma. Villa ja Afitonio de Moura; No 
Reino do Algarve, e de.Sagres a 
Ff'anciscD Kibeiro. No CasteTlo de 
S. JoSo^da^ F6s, na Gd^dr do? P0rto, 
o Gonde de PmaguiSo , . seub Dona« 
tario Francisco de Si e MemzQ& 
Em Vianna MaaoeLTelles/tnASo da 



53 

Condejie Unhao. Na: Prafa de 0H-» 
Venja o Mestre de Campb Francis=j 
CO dJ« Mello, e Ihe succedeo Rodri^ 
go de Miranda Henriqfuesi. ^m Cs^^ 
tella de Vide Di Njuno de Masca-- 
ranhas^ Em Serpa Manoel de Mellc^^ 
em logar de seu Pai Luiz de Mello, 
Porteiro-M6r* Para Bija.foi mandai-^ 
do por Mestre de Campo D« r rM-» 
Cisco de Sousa-, sobruibo , e berdeira 
do Conde dePradb, c d sua obedien- 
cia OS litgares vizinbos. Para Moura 
o sen Alcaide*Mdr Luiz dja Silva. 
Em MourSo Francisco de Mendour) 
5a Fartado, filho do Gaarda-m6r da 
Pessoa Pedro de MendonjA* Na Pra- 
ja de Garapo^Maior FcrnSo de Li- 
ma , por Pedro.de Al^^ajova. As co-. 
marcas da Guarda , e Castello-^Bran^ 
eo D. Fernando de Menezes. Na Vil- 
la de- MongSo , e seus coheomos D; 
Affanso deMenezes iordem deGas!> 
tio Coutinho. Ceimbraf e sua Con 
mafca Gaspar de .Brito, a quern suc-i 
cedeo D^ Luiz de Almada tia Capj-t* 
tania^Mdo de Coinibra* Para Bqar^ 
cos^ fol matpdado Goojalo da Costa 



Mello. Aiaoiitim ¥tnS6 rPerciwv 

Iomega flcoa'iBepljbrdoGd^eft. 40 
Lacerda, eto W^rraef^ D^-ficim^ do 
MeUo, Capka^, d^ AidaiTde-JMlor da 
jaa^sma CSdii^e^' Estes fbraa Qt pri-' 
]ii«ip09 Gendraek^e Gabbs que 'COime-^ 
^ti& a contra$tar o gf ande podge doa 
€a«rel!>ahog, a quem se*8eguir|o oun 
fTo^ muJms ,' q4ae. deiidamor g!onoso 
nOtoe i pfl«fepi(iade. 
1641 T.-'^ NoMia i8 de Janeiro ii^nrQCou 
BfRei CSirces *ia Cidadc tidi-iabctty 
oiide concor^erSoi todos os Povos por 
i^as Prncupadbree:iias,Cidadtea;tr Vil*5 
He dci- Rem^v que tera voKJ »eila8^ 
Jwit^o (OS' Tres^E&tadoe^ do.^ Reinc^ 
a^EI'Hei por legitimo' Senhor de.srea 
Iteinds, e ^tt Spccewor a'Principct 
D; Theodosio. It Mznmk da :Cqnira^ 
BBspa* 'flj^Bi^as- .repfcseotottf^iirlElRei 
em hwm^i ehsqiieitte Ora^ao fO/stwot 
inisf ?&n}s^ q a imes a magnanittiidjH 
<teV' ^ resoU^aio oPEiRei on' os^.i^^iie* 
feffdcfiMideiJ:^u«.'ai!0parar« Segirio-so 
Oojuramenlta; em que S9 obmvaraa 



r 



55 

segtilnte^ eniq|tae foi a* primi^i^ prch 
posi^ao d9S<jhH^f Grou sfgui»di. ve^ 
o Bispa. D.:Ma;K>el xli jGun^ft; ^ 
qaal refinrioy*' .({Ud £l^ei hana por 
levantados f ock» f oe trihutiii.Ampo^ 
tos por EJRei de Castella : discorr§9 
a Bifipo cofn propriedade M)»re a 
vmio^ e de^insTeresse particular, i9 
qpeEiReideixtva d clei^ao^doa Tret** 
Mtados do Rieioo^ os meijos pa/a t 
Ma defensa , ofFerecendo paramo dk^ 
pendio da, gusrra todas U rendas do 
Patrhtionn]! Reali, e toda^ afr joias, 
e prata lavrada, que haria tnti TH^* 
souro da Cas^ ^de Bragan^a^ . A* e^ia. 
dt^^iio re^ondea a Dob tori iFrancisr 
eb Rebeilo Hoiuera , rVbrwdor da 
Cartiara^ per parte dos E(bTO$, /em 
tfHd rendeo as gragas a'&lK.ei,dje ak^. 
ticipar ao& Povos as idercAs fdi^.ibei 
J^vantar «s.tribut5sy os tm^iQS^^ em 
gratki^a' de> rao siticfuiar beneficiav 
Ihe offer^i&> a^ ^vidaisy -en-Fabendal 
para 4defcT*a, e-^egurawfa dp'>t^iui; 
Acabado o-atcer das C6fi]ea , mrandoci 
EiRei, <)ue os^ > Ttes-EstadorW- a j^aip 



56 

o Ecd^iaostico y a Nobresa em Sati^ 
to Elojr, eem S. Francisco os Pixh 
curadores dos Povos^ onde, depois de 
dwersaS' conferencias , conccrdirMo 
nos subsidios para a despeza da gaer- 
ra. ••• 

Despedidas as C6ites ^ ficou in- 
stituida a Junta dos Tres-Estadoa , 
nomeando^se Ministros de. cada hum 
delles , para a distribui^So dos tribur 
tos , de que resuldrSo ap Rei, e ao 
Reino grandes utilidades. 

MandoQ EIRei por Embaixado* 
res a Fr^n^a, a Francisco de Mello, 
Monreiro-M6r, e ao Doutor Anto* 
nio Coelho de Carvalho, Dezembarr 
[ador do Paf o , e por Secretario da 
^rOfibaixada r Christovao Spares de 
Abreu ,^ Dezembargador do Porto^ 
Fartir^o de Lisboaa 28 de Feverei* 
ro ; cbegarao a A^rochella a , f de 
Mar^, ' onde forao recebidps do 
GrSo^Prior de Franja, da Ordena de 
S. JoSo', Qsvernador daquella Cida^ 
de, com.especiaes denionstra96es de 
affabilidade » e grandeza. ElRei os 
ttaodon^^Qsp^r, ant^ decbegstrem.^ 



57 

Szf\% com seus coches^ vindo' emliunr, 
delles o Duque de Chevreuse , que. 
08 recebeo, e cendtizLo a S« Germaio, 
onde EIRel assistia. Em 2^ de Mar- 
90 tiverao audiencia d^ElRei Luiz 
XIII. , e do Cardeal de Richelieu , 
primeiro Minisiro daquella Monar* 
chia. Tiverao audiencia da Rainha , 
e, depois devarias conferencias,* ajus« 
tivio^ hum Tratado entre as duas Cd- 
roas de paz perpetua, em que assen* 
tirio ambos 06 Reia, de nao ajudar 
aos inimigos de qnalquer delles com. 
gente^ dinheiro, muni§6es, ou na- 
vios, deixando livre aos HoUandezes 
entrarem nesta Confedera^ao, sequ^ 
zessem. Que se faria guerra a EIr 
Kei de Castella com code o vigor .^ 
e por todos os camihhos, que ae qf- 
fevecessem* Q^e ElRei Christi^nissi- 
xno se obrigava a mandar a Poi*tu-^ 
;al vinte navies nQS.,ulrimos do met 
le Junho segttinte , para se umreitt 
a ourros tantos d'ElRei de Portugal; 
esperando^^se, que! qs Estados'Geraes 
OS auxiliassein com ij^ual ni!imepo« 
<^aquella armada mtentaria tomaic 



2rrihbta*dQ nbva'^Htspaiifia , e procui* 

rsrra hzQT rodd o'damno, que S6t%^ 
possirei fios poreoS) e navios de Ca8<* 
tclia'^ sendo igtialmente'diviciidos oa 
iritefesse^^ Que secontinuana oCom/ 
jpierbio entre^o^'dois^Reinos na meg- 
ma f<iriua.,vqae bncjicempo dos anti-» 
gos .filds derBoffogtl* C^uc ElRei 
Chrlstianissimo^peritiictiria ^ t}ifre. pu* 
d^esiem livrem&nte os navioi Porta- 
gaeKs comprar nos fi[eus pottos todar 
a sorce de monlfdes de guehra-, e bo* 
CH) que Ifabs'fossem necessarias^CdfiH 
cluido assirtt o^Tmtado , sefdespedi* 
raorbs £mbaitadore« com cartas patai 
ElRet, e voltarSo a Portugal :;naAT- 
ni^da^ q^ae reio a Lidboa, de que era 
C^i^eral o Marqaice' de- Bttz6 , sobri* 
nho do Garffcal Rechilicu.^ 
' ?vK^t Edibaixadores , que forSo a 
Iftigifi^ftrra , iabiria^ no mesmo dm ^ 
qticrroF dcfJ?rBihga2^/:€rffc)eUe» D. An- 
taoide- Almada;, e"Pranctsc0 de Aih 
df arfc ^ L^i tab, Dewtnbatgador do- Pa*i 
^o V e^^or Secrietari^ da Stobaitada, 
Antonio de iSbunode Mscedo; e a 
7 deiiMsifqo chegiirio a Blemur, «<s&^ 



59 

scuta i^(^ :de licivir«s ^ <pprt 'oq^ 
pftriiir&iiftAiinta*><io58ie' oSccretariQ g 
pneriir Ucqn^a a EIRiw Qrioi I., part 
ft wtrar D9 C6rt6; 6^e\fclle Ih^ 
C0ficedisa/tpi9d^ind9-ihe.pfi9>eifo^ Ihft 
dcciaril^se pof bum ps^p§\ o direito> 

?uciEiR^ D.J0S0 t'mUzr^tG6to9k (J0 
ortug€l;f*r..qtte Anxonjtq de Sou9|b 
f^z .cofD toda ^a elegaiici^, ^ clarez^ ^ 
4^e j^o ,»d mc$trou direito d'EK 
ILei, rfiias ia tyr;inaia de Castdjt^ 
Depoi*#i«<^i^o com a A^iownidad^ 
costu^ada,* e permitcida etQ§ piaiore4 
Soberiiioa da Eurbpa , cde- qw pouc^i 
satisfeito, e escandalisado o £tnbai4 
xador de^Castella D.:,/iffoMo Cardi- 
nas , 99Mk> 'da; Corn^;, e os^ nosaos-fi^ 
zfraojaina enftrada a 7 ;de Abril^' 
e focio*' /r^oefiidos d*EJRd,'TCMai dc^ 
raonltta^Qea de alcgrra, acbando 0. 
mesmo agrado na Kainha . D. Heivi 
riq^ta Maria, quf ei^a irma d'ElRdi 
de Ffso^a* iGonferitido poicD'cs Mi«^ 
nistros; qms se Ibes derao^ ajustirad 
cs TrltadoF de htiniar ipasL |>erp«ttti 
para si-^ et seas dcsce mien res.. Qi)cxX5» 
sattrV;iiaBaiiQi9 conaerrsriaaiiumamU 



60 

lerlSo 08 l^ormguezes cbiiipfar mu- 
ni^es em loglttterra , e d« Iriglezei 
tefrem liberdade de pdderedi ptssar 
d servif na guerra em Portugal. Con- 
cluido o Tracado, vohitii^ os Em- 
b^ixadores^*LUboa^ fk:aiidl> em Lo^« 
dres o Secretario Anromio de Sousa 
de Macedo ^cafregad^ ^snegdcioiSy 
edepois E^&akaddrd'ElRei na mes^ 
ma C6r?e,'ohde imprimio em 1645' 
a sua ejBiGetteiite obra Lu sit ana Li^ 
ierata^ em que mostron evidenre* 
nsente ci ' direuo do Seiihor Rei D, 
JbSb. - ^ 

Tinha Umbem n& mesrao dia 
parrido para Hoiianda o Embaixa- 
dor Triscao de Mendos^ , levan* 
do por Secretario da Embaixada a 
Antom0' de Sousa, Tavares y Minis- 
tfo de-Letras^ e liiuita capacidade. 
Foi oEm'baixadorrecebido com muU 
ta -satisFafilo^ por vSrem abatida a 
Hespanba, e a Serenissima Casa de 
Btagan^a oocupondo o throno de Por^ 
tugai ; e apezar de se terem os Hol- 
landezes apoderado de diveraas con- 



61 

quistas dtstte Keino^ coiisqrAa India; 
deiMalaea f e nd Ilha ck-£ei]So daa 
Fortaliz^ de Ne^unibo,oc <^H6; na 
Brazil J Pernirobuco, raraiba , Rio«» 
Granck, rCfari ^ as ilha:^. de TaimaraW 
ci , e )de Pernio de.Nor6nba) e pa*». 
n a i^rt^ do Sul PorcotCalvo^ e Sa* 
geripe; CDftii luda coaclUkx o EfbbnU 
^adorSh^ujOfin iregoa^ycmides aanosr 
entre Porttrgal >> e ^ds tEAados ,) que 
aerajirdariS6 ^mtodai asfonssas con-» 
f ra fcasreHa ^nentcfi'Semfo-se *esf e Tra-*' 
tado.noBrazii!, t n^;Iitd«i t:om oik 
tras t:f6ttdi96bsr^ 'pouconteis ao ReH 
X)&. .Q2)elX)tHolUndezG8-tnaiidaria6 
i stia ccfudtly {Juma- esquadra- die. vinid 
ntvio) f. f)af d se lintrcns adsrd'dReiy 
o: qtml |)(9dciriar urari dbsr £^ados' de{ 
Ho%nda rodos os O^Bctdes^ de gix^v^ 
»V)]4^ Jih6hfiarecdss$em>M^essi;jds.^' 
odqtiaesnelle^.mandariSQ'j&vsxia cusra 
^rsQ'jdbrigaiiiaa'a^QCCofrQr^ em qu4n 
ta estjiresQeiti! em^^r^ugaJi;: e-que 
4a it)Q$hiar^a6Vterf^ad!«^&)r inrac dai 
HoRamfaif tiddas. as mtjoiftin^ ie iixft 
^mflcnt«wnmrlitaresr para -it guerraj 
Os^.Htoiibnd4iSfs, majndaMlo/ a IkboH 



^ 



6^ 

9t Ardh:ichap(fe)C)Ue era ^ht^bnt«^ A't» 

tados deb X), jJaraliem ^) E^k^rdS 

b^ixsaioi eifei^vof Hinarid; Jsl^ . memn^ 
Armada ' ilotniiF'a Lreboa'^TrikSo di& 

MS 'dreCkvaiUifYii^^ J quamidiuie.de at?4 
ma»V' e t^riwl^of <te^gue»13l^ride'^qTO: 
hwfja gF8ftA^if£rt?a-^o iii??9tli»'r mi - 
-/: > Pa:nritttiia; a?:?;r8rde^ Mian^ipor 

eift Francnkfoiilde! Sod^fi£k)min)rav 
^ }69a4id<^ pcuiiSccitetflrriQed&^KadoiixaiH 

Beaormbci r^admpriar. R etfa 9l^tdi> rf^r-k 
p^ha^^ot^^Bdd fwaio mnitexb^ftPired 
Qdad«^3£Kl0is^lbde:cfepODfi(k wfJor« 

nal i^da:^c0mioio,opor(^^nfe$^edter'd» 
d(r||KiideiiU;e|tii'Ki!|iier:a: D^amibd i&t 
ffba 06m aL£bf|biuiha«30es{f^iftdi)-ail^ 
daqm, xroml^Mooi ^^oricldtf fsimfSoi^ 
csa ^ ^onda? aiffcoo' eoniivamfaf^dti 



,1 f 



63 
cfe Gitstavo AdMfot^ enteilanda^ que 

iicamQQte por tddosupi lugare^ :6tidf 
ptssasscL: Chiegauioa ^idacje de ^td? 
ckiioliit , CortQi daj^^^flitlba , e Idgo 
foi visitado da sm^ parrclHo^^m da 
duajemrdda . publica. im coodioidfi 
cm ihurai £oche;da» ^auoha: cota'^'htta 
Senador , e Marcfaamo |cby> Pd^3, rao 
^puBli spgbiao': tid(fa)s>biajEiitb]iixadi»fdJ 
K$idetlles^ naqnsU ai Coctk^y ! oi'do todd 
9 ! i{?rin«ifiak NobjftfeS. iDjcqta. |6rte: eife 
(roiif ia(»iPa$0 bo«|t)'>t£)(i«s uas cereifoo^ 
mas^jTda^ maior osic^is^aieii vA|)^has-Q 
£iiibai;cadQnr:appa3r€^QQ .a^^.ppcia/: ^d| 
floiDnranmaaiav 6«}i!09)2ntfni >a Rainha^ 
que n^o contando.oifi&v que qyjmcb 
fl^anbf), r idsca i^a. aconb panbafd af .'d4[!^ ci n* 

^k .doriReifMK^isd dbndoaL.^i'ft^p^sisii 
Ihe] fcfcribtiaia; peep^Qa, toctina^^rj 

bciftb^ifeo a Gj^b9rifiaHa>I£m(Latfo:s^4 
^oei teHamnukD ibtA eflDtena^a^i.^e.^ 
<fi&SD>£3ham:eUer/:do]{l£iha:respor}diSO 
ftoGEpibarix^Jdo^, ^^ss^gbsandp^li^t; Jii 

9Qaiacs;dS{hnaTaE k C6raa d^.Soficift 



64* 

cootratar huma solida alliaif^a coot 
a dip PoftugaL' Patsada a iudiencia 
pdUica , come^oa loga a negocia- 
^iOy em que se concluio hum Tra- 
cado de AIltaD|;a eai cinco artigos 
na tiagoa LatiMi que continhlo, ob<* 
fiervar^se entre as duas Na^des ig«al 
corrtepondericia , e Jivre commercia 
em todos os portoi^ de hum , e outro 
Reiiio. Cbnciujdo d Tratadp y rece- 
hto o Embakadordartas da Rainha 
da Suecia para £JRei de PbrtugaU 
onde vohou M esquadra, que a Rai- 
DFmlh^ coneedeO) em que trouxe ar^ 
rilharia v^anmas, e munig^es, sendd 
cm Lisboa -appknidido o bom'^exita 
tla'^sua negocia^o.tW'-' 
- ; . '. 'J i^ra- Romar; f oi . nom eado -o Bis« 
pcp 4^ Xa megq Dd : Miguel de For tu9 
l^l'i :?nhScijvih tetras^ vircudes, 
iDgii^/ vaior/e^^grbo; >leTaiido por 
s«Q iaddscente -Panra4eao Rodriettss 
iPati^ecb 9'i da iConaeilio de Sua &a^ 
gestade^. e do Geral do Santo Offif 
cid, e por Sect^rario da Embatxada 
Rodrigo Rodrigttes cde Lemos ) Der: 
aembargadop do Poxto. Fardnio de 



65 

porto.de Arochela , atrpye^sando 
JFranga, forSo a^Parit; e,.a 20 deOu- 
tubro se eriabarcarao em Tolont, ^ 
cm poucQs dias entrirao cm Civita- 
Vechia, porto qoe dista treze ]egoa$ 
de Roma. O.Papa UrbanoVIlL, se- 
guindo opartido deCasrelia,.nao ac- 
ceitou a Embaixada doBispo de La* 
roeigo. ^0 ; Marquez de JU>s Velles , 
Embai^doF exrraordinario de Cas- 
tella nfa. C6rte de Roma , maquinoyi 
ludo isco.,?^-intentou .prendec o Bis*^ 
po; e <rj?{inetello a Napole?, ou ma- 
tallo. O. Marquez de r oi^tcnajr, Era,^ 
baixadQf de Fran^, avisou ^. e acauy 
telou ao Bispp; ppr^m:;a|}ezar de tu* 
do isto iSahipdo ellei Jjq.dia 2C> d^ 
Agosto. as cinco Horaf da tqr4e a vU 
zUar o^E^aixador df:Fr^n§at acoiut 
panha40 A^ {^ortugu^tcs^ eFrance^ 
2es, foi aqf^mmectido pelo.Marquex 
de Los VelUs , q ojgis Castelhanoa , 
onde liQUverao brigas^ .espadas de-* 
sembajnhada^^ ataque .d^^ pistolas, tu- 
do de parte a parte, at6que, ven« 
cidos, OS Ca$teIhanos> s^.retirirao 



66 

flfeXosVefles ap^, te'ttdoses^fte mor* 
to dels >?a*aHQaf do aeU <n^che, t^ixo 
Castlelhano^ fftot-ffw , emtancfejf o Ca-^ 
}fi'tSb ;t>i Dk>g6 de^ Vargas yhocD em 
Vaiorosb^, e vmte'f^efidoss.^ Efe parte 
ifo Bispo fic^r^o moftos^kihfti Caval- 
Jefm db -.MaPta'/sobfinHo^dd' Embat^' 
3fedor dfe* !F^4rfe^, fe ddis JJa£;^ns seus, 
e Iriini trfadi de Pantale^o B^odpigoes- 
ef'q^at^ Ffrfrtde^^eg^ ferido&fc® Kfpd 
fle Lamcfgo^Wvestido *de vater^ e 
Cbmsttfncia' dft\seu$' rt!^i6r&St/>dhftldd 
rfd boche cam fc-Titna chvmai*!;^^ ftiSM, 
tfWimou'<)ff q^c^^ariSfy^^^ Au^t^en- 
T8u o dtai^He; e ae^iiindo dSpdi^ a 
jrifnada'paYr^casa 3fe Biuba4xaddr dd 
Franca , voItAu -d<*l la ifo ' ^6& ^pose^ 
m. O cofeh^'do'Embaixadbf d^ Qas^ 
x&lst desfpgaasfa^ esreve^ (¥^ diad no 
Iftesmo; laga?-d»-*pefitfek*k Si!^fii*5o 
6S RotTtirttars^y ^^ igualftl#nft(f ii^'^Papa 
este prott^Aii^hwx do6^lIb*^aft)K)es, 
insiilr^dd huffi^ Minisffe^^bllco na 
stia Cdrtc ;;^ntm tbdt) «>^^freito. 
Mas ape^drife tudo iii6 & Papa nto 
yeceBeti a EmWfJxada j que s6 sc di- 



67 

rigi'a d, reoder :ob«diencia i Sailta Si 
<3amo filjio; da Jgreja , te que nadt 
niais querts £l&ei D. Joao IV. ; e 
•o Bispo .enAaRCtodo era Liome vol- 
toti a Lisboa^ scm nada concUiir^ 
acabanda pottco <depois a vida.cheio 
de vartudes^ e ffnerecimontof. 

A Duqincza de Mantua^, recolhi- 
da no Mosteiro de Santos^ ioi con* 
du^ida a M^drSH, aoompaobadb do 
Corregedorj do. Crime* die iiisfoo^ Lui? 
Gomes de Bastp^ e>do Jiiix do Crir 
aie SimSo: de jQlinreira .da GQiSta» Era 
Elvas a recebeo/Martkoa AflPoi^so de 
McUd , Gorerrtador das ArjasJMj vin-r 
do-a tesperap daas Jegoa^ f6r^ da Ci- 
dade aim <favallaria., Ofcfeiai*, « 
peb'soas de .cHstiiT^^o da Pra^a, ob» 
s^vando todas.* aacereroonias , ^ re^ 
psitx)s devddofe a. sua passoa;. e ni 
mesma fcftda a acompanbou, quamdo 
pzTtio para.fiadajds. 

; Paseaodo ^ iCastella niglyis Se- 
nhoires PoEfiiguezes, forao decjatado^ 
pbr incursos no crime de Leda^Ma-* 
gestadey e shis bens coo&cados fii 
« a Cdroa; 



6a 

Descobeirta- por EIRel D. Jd&o 
huma cofijurajao corttra elle, fez pren- 
der no dia 28 de Julho nas Torres, 
e cadeas OS conjurados, eoutras pes- 
. soas m^iBf de quern havi^o suspeitas* 
JFeitas as prizoes, sahio EIRei com 
semblante rriste , e tnagestoso a hu- 
ma casa , onde a C6rte o esperava , 
A qual manifestou o sentimento, corti 
que havia feito aquellas priz6es ; po- 
rim qoe assim era perciso para a 
seguran^a do Reino; no que todos 
convierSo. Este mesmo sentimento 
manifestou ao seu Povo por Editaes, 
que mandou aBixar por toda a parte. 

Seiido processados os reos, for^o 
710 dia 29 de Agosto degolados na 
Praja do Rocio o Marquez de VilJa* 
Real, com cincoenra* e dois annos de 
idade, o Duque dc Caminha com 
vintee sete, o Conde dc Armamat 
com vinte e quarro, e D. Agostinho 
Manoel com cincoenta e Ofto : 'roor- 
rerSo enforcados Pedro Baeca , Bel- 
ch lor 'Cor rea da Fonscca, Diogo de 
Brito Nabo^ e Mahoel Valentcj c 
no dia 9 de Setembro forSo pcio mes^ 



69 

, WO Grime enforcados def rente do Li- 
rnoeiro Christovao Cogominho, e 
Antonio Cor'rea, gritando todo o Po- 
▼o ao tempo, que erao justijados: 
*'Viva ElRei D. JoSo." Ficando no 
thcatro os corpos dos quatro dego- 
lados ato a meia noite , forSlo leva- 
dos na Tumba da Misericordia i 
Igreja de* Nossa Senhora dos Reme- 
dios dos Carmelitas Descal^os. As- 
sim acabou a casa do Marquez de 
ViIla*,Real, huma das maiores do 
Keino, pela origem , pela grandeza, 
e pela authoridade, com que se havia 
coDservado por mais de dqis ^eculps, 
nio ficaodo successao aa Duque de 
•Caminha seu fiiho. No dia das exe*- 
cu0es se vestio EIRei de luto^e 
roostrou a toda a Nobre^a o seu sen-^ 
timento por este successo. Julgando- 
se a^lguns dosprezos sem culpa, sahi- 
rao das prizfies ^ e outros itiorrerSo 
nas Torres: entre elles foi o Arce- 
bispo de Braga D. Sebastiao de Mat*- 
tos de Nbronha , primeirx) author da 
eonspica^So, que acfabou na Torre 
4e S, Giio da Barra , tSo arrependi^ 



70 

do dos ^eud errosy i|tKir.ttmjR<kHU' or 
enterrassem no Adro : de ■qualquer 
Igreja , e the pu^essem tniinar cam pa 
raza 5 para (fu« nSo fi^aa;e m^moria 
alguma do que f6ra/ : > v . 

No dm 7 de Agosto entrou iw 
Porto de Lisboa a Armada de Fran<- 
^a, que se compunha devinte. Naos, 
de que era General o'Mar^uez da 
Berz6, sobrinho do Cafdeal Rechi-^- 
lieu, d herdeiro da sua casa :• d qual y 1- 
iiha re^Cfirklo do ouracrer . de Embai^ 
xador €Xtra<irdinario d^ElRc^i Chris- 
fi^nissimo'j'para dar os parabens dn 
$Xx^ ei:altd^oao thnono a ElRei.D. 
JoSo* Tdve logo audiencia'^ ertltranr 
do condu:^ido pelo Cohde de •Vinkk)*' 
to. Recebeo EIRel o Marquez ma- 
gfiificamenre; etendo.depois audien- 
cia da Ramlm , e do Principe D. 
Theodoslo , se recolbeo ouira vez a 
borda, recusaiKio' magnifico apo* 
^oro , quetio Pago se Ihe tmha pre- 
paiiado. 

Poiraordepois^ a jO de Setembro, 
chegou Gucra Armada oMtihAt 4a 
HoUanda^. igdal a de Fun^^ de que 



71 

era GeflDral Adri^QO Qyl^els, qui; 
irazla o titiilo de EmhufSidot <dof 
Esudo^. . Deo-Ih^ ElRei audiencia 
eondiaido pflo ^ar^o de Alyitb. , ,, 
O ,Condifc . de Ca^tellp-Melhot 
J(rfo Rodrigtteai de Vajcoflcellgs , 
^fuerendo* g^nhar os Gaiq^e^ de pra- 
fa , que ido Porto-Bello pa,ra Carta- 
gena jcondii^ia Franciscp Di^n Piraen^ 
ta^ e entrar com eUes eqi Lisboa^ 
foi prezo^ e mal.trat^p} ^ depoii 
voltando a.LUboa foi-reQpbjdo poc 
£lRet com' lodas as demonstracoes 
de honra s <? Ihe fez merc^ do TitjUr 
lo de Coftde em dua^ .vida^.tQais, e 
ps mesmos h^t% de Cdro^e Qrdens, 
e o Qomeott ^ Conseik) de Guerra^ 
e Governador das Aripa^^ d^ Provinr 
pia do: Mialio, prerni^ndo tambem 
es que tfverad parte na libefdade dp 
CZondek 

' Apewf da guerra* de Catalunha, 
para ohde 8e.a|antav^ tod«(,a tropa^ 
OS Castelhanot guaroecerao ao sua^ 
fronteiras ; e o prtmeirq tQovimf n^Q 
4ts armas Casbelhanas foijCuDQtra OH- 
kcnja, que,. dtfendetwjQfge cqw Y3loi> 



72 

bSrigou a' rctirar o' C^ondc dc Mon* 
te-Rei, Governadordasarraas deCa$- 
tella , perdendo-se dutentos homens 
mortoSjC feridos , em que entrirSo* 
Officiaes de importancia. Depois con- 
segairao as tiossas armas diversas ac- 
^Ses gloriosas , nao s6 na Provincia 
do AIemt6jo, mas na Beira. Fernao 
Telles de Menezes , que succedeo a 
D. Alvaro de Abranches , ganhou o 
Castello de Goardao , e conseguio 
no seu governo reputa^ao em diver- 
^a*s empr^zas , com que fez respeita- 
das as armas , que mandava* Ruy de 
Figueredo , na Provincia de Tras os 
Monte^, enirrando pelo Reino d^ LieSo, 
ganhou diversos lugares^ saqueou ou^ 
tros, e depois no de Galliza^ onde 
se apoderou das VilJas de Vimbra , 
e Taraaguelos ; e queimando diver- 
sas Aldeas , se recolheo rico de glo* 
ria , ^ OS Soldados de despojos. D. 
GastSo Coutinho , fazendo diversas 
entradas em Galliza, fez respeitadas 
as armas Portuguezas.* 

No Algarve em huma bataria^ 
posu 'ao 'quarter de Alcoutim, fox 



. 73 

mortalmenteferidooMestre deCam* 
po D.* Francisco de Castello-Branco^ 
iSlho de D. Joao de Castello-Branco, 
de sorte que percisou de hutnsl cura 
de rresannos; por&tn vivendo, foi , 
sendo filho segundo, o successor da 
sua casa, e depois Coode de Redon- ' 
do; e faheceo em i686. 

Sendo grandes as despezas da 
guerra , e poucos os meios , que se 
haviSo estabelecido nas priraeiras 
C6rtes, se convocir^o segundas, ce-* 
lebradas a 18 de Setembro na Sala J 64% 
dos Tudescos com asceremonias co<3« 
tumadas. Ajunt4rao*se os Tres-Esta- 
dos doReino, oda Nobre^a em San- 
to EI07, Ecclesiastico em S. Do« 
mingos , e o dos Povos em S, Fran- 
cisco. Era a proposta, que ElRei 
mandou fazer , que os vinre mil in- 
fantes, e quatro {nil cavallos, que 
erao irecessarios para defender as 
Fronteiras do Reino, se nao podijo 
susrentar commenos dedois milh6es, 
e quatrocentos mil cruzados; e qoe 
para esta quanria ' se ajuntassem os 
sueios mais suaves, para se tirarem do 



74 , 

R^idO. Sendo f4rifl«'ai5 coiwttlttS) com 
carddrSp, que as decimas ert o tti^ 
biito mais conydniente, ejguil ^ tm 
quG to4os eotrarSo ; eo/n. propor§ao; 
e depoie^ de;dispurada cm differentes 
gonf^rencias esta- materia , concor- 
d4a:£o csTr^isrEsjtados no tribute dos 
dois milhoes^: je .quairocentos roil 
i^fuzado$ paira. as despezas da guerra* 
■r. DepoU, ttest^ mesmo anno, con* 
^gqirao osSoldados da Forlalcza do 
Casrello d« S. Filippe dallha-Tcr* 
ceira a toranda de dbis inavk» d^ 
If)dia, que vinhao pgra, ElRei dc 
, CJa$tellai e .seodo retpettidos a Li$^ 
boa, interessou nelies ElRei D.JoSo 
consideravel ifaizenda. . . 
1643 . . . No dia: J. de Janeiro falleceo.o 
decimo setimo Arccbispo de Lisbea^ 
D. Rodrigo/da Cunha. Nasceo em 
Lisboa na FregUczia de Sania Maria 
Magdalena emSetembro de 1577, 
felhb de D. Pedro da Cunha^ deque 
abaixo fazertos. memoria pelo seu in^ 
carmparaYcI pamotiiroo. Foi sua^M^i 
£>/ iMaria da Silva ,. filba. de Ruj 
66r«ira da Siiuai^^ Alcaide»Mdr de 



.75 

SiWe*,; Senhor do Morgado de Moni* 
chique, Guarda-Mpr do. Principe D4 
Joao , Pai d'ElRei D. SebastiJo,. ^ 
df D. Izahel da Silva* Em Lisboa 
api*endeo D, Rodfigo a Grammatical 
e Huraanidades, Adn^ittido per Por* 
cioivista dp Real ColI^gio.de.S.Pait-^ 
lo z II de AbrU de. 1^0, $e ap- 
plicou a Jurisprudracia C#QOJiicay eta 
que se doutofoj:.,. sendot padrinho 
4esta funcao literaria seu primo 
coiriB^o p. Andr6 de AliBeida, Len* 
te de Prirda Jubilado namesma Uni*', 
versidade de CoiiQbi'a. Pas^ando^ 9r 
Lfisboa, foielmto Deputado do San*« 
to Officio a 6 de Agosto de 1608 j 
e.ddpoi^ passou a set IfK^uisidorrGcf 
rai no mesina Cidade a 9 de Fevc*^ 
jretro de 161^. Pelo seu merecimeilto 
o notoeou Frlippe IIL JBiapo de Por- 
talegre, etQcuja dlgnid^ldle foisagrar 
do a 8 deNoverabi'o de.i^iy ^ e •» 
15 de Fevereiro do aifnoseguinte fei 
a sua entrada pubKca nacjoiella Cidai- 
de y cnde exercitou obras dignas de 
etefna meiQoria 5 ja 'pe)Q <)ue redp^it^ 

io CulcQ Divinpy ji pel^ refonmt; 



7 



6 



dos costumes. Desta Cathedral fol 
transFendo para a do Porto, vaga 
pelo Bispo D* Gon9alo de Moraes, 
onde entrou a 14 de Abril de 1619. 
No raez seguinte de Maio foi cha- 
mado a C6rtes, que fez onacsraoFi- 
Jippe, e nellas fez o officio de Secre- 
tarie da Junta Ecclesiastica, eleitope- 
los Preladof , que alii se acharao, 
era qiie foi* iurado o PriiKipe D* Fi* 
lippe , que depois foi Rei , e quarto 
desre nome. Recolhido a sua Igreja, 
Ihe mandou' o mesnao Rei offerecer 
o Bispado de Viscu, que recusou; e 
cRtao imprimio o Catalog6 dos Bis- 
pos do Porto naquella Cidade em 
1623. Promovido da Mitra de Bra- 
ga em 16)6 para a de Ltsboa D« 
Affonso Furtado de Mendon^a , foi 
nomeado para aqudia Primacial Ga- 
deira por ElR^i Filippe IV. ; e pas- 
sai:ido-ihe as Bullas o Papa Urbano 
VIII. a 27 de Janeiro de 1617 , to- 
mou o Pallio no Porto das roaos de 
D. Fr. Antonio dos Santos , Bispo 
de Nicomedia ) a 13 de Maio. En* 
tvando em Bt^g^ a 10 de Junho^ foi 



77- 

recebido pelos seits^ naturaes com 
fesras.extraordinarias; 9 as inaiores 
detnonsrra^des de jubilo^ Ctiidou lo- 
go m reforma do Bre\^iario Braca^ 
r^nse, que era muito anrigo, assi^ 
lindo pessoalmenre com' Capitulares 
doutos a esre trabalho pelo espa^o 
de.doia annos. Cdmpoz hum Uyro\ 
^ue-imprimio no anno dc 1629, $0n 
bre a prira«ira par te do Deere to de 
Gracjaino;; e outro dos Comnienta- 
rio9 sobre, a segunda^ parte do Decre- 
to do raesmo Graciano. Escreveo our. 
tro livro em i6^z ^obre a Prittiazia 
iJa Igreja de Br^ga. Escreveo majs « 
Historia Ecclesiasrica de- Braga com* 
as vidas idos seus Arcebispos , e Va-^ 
rdea Santos , e emlnfcnt^s do A-rce-* 
bk|lado9 em dois volumes, impre$so8» 
emj634, e i6js*j e illustrou .^a.- 
Igreja* com as l^nas virtudes pasto^ 
raes, sehdo a principaKa da caridade^ 
c compaixSo para com os pobir^s. 
Vagando em 1635: oA'rcebispado do 
LisbOa pela morte do ArcebI$po^D• 
JoSo JMgnoel , foi provide nelle.D* 
Hodtigo da Cupha cotn os honpn&r 



TB 

c©9 lugafes d<j GftmelhciVo d^Ee^tado, 
t Ajudante d Princeza Margarida de 
Marttua, que iniio goi^ern^vje^o^Rew 
i«j; para ihe aijsisrir aoDespacho or-* 
dinario. Rei::et)6^*o<PalIio damStx do 
InqttwJdor-Geral D; Frtfndscode Cas* 
trp na I^reja de Si Bento a lO de 
Ago^to de 1636. Fez a eua crurada 
p^blica, sahindif da Igreja de :S- Luia 
pWafe portas de Santo AntSo^ aconi* 
pannado das OrdiM, e Ncjbfwra'i 
ct)m o Senado da Camara ,^ tia- for^ 
rtlsT disposta noCcrcfmonial Romano- 
A(^^dlo torn a mvii6t vigirUncia' a fo- 
fermar abiiPOg; t ^l^'mar as vircude^; 
Cfcffti J*^roica!-»lfe^t-dade se oppo'2 4 
hlipofeifao ck>s' wiHtifos 5 com oue o« 
M1ft^5tr6s d^' fiejpanha fl^geJIad?4o 
fife^Poi'tdguczes/^'di cbamado i Cjwi 
fe)i» tora OS o«tro$ Keladoi, 6'Nt>- 
bv^4*^, ^^W6 j^ 8^'dis€e, pawiiKJter-a 

jras«^d6 doS''«iai^^efS •Miirim'ror da 
€!6rte, defeffdfed^cbiri valor, €* cpn- 
sWneii osfcfosiV fe « 4ibcrdade da Pa* 
tfiaVat^ cheg^fri^9 ponro de despir^- 
nr^ BarfeW'^der*Gardeal, qtjte ibt 



7^ 

ofFereciSo, «e namdersse Ae pqrecer. Peiw 
tendendo darem-^lheoijiirftmento de 
segr^do fia>Cdrt6 de Madrid, respond 
d«i 'nev«grido de hurftizelo samo; 
« Aiti9ftrM)inguem< toe^^ pode dur }«>• 
fsimtfnrd*.)^seniio o Suwimo P^mificd; 
a qoa^iaa mined iatt); ou KiRei nas 
C6rc^sv ifii E^r^ r^p^st^d"^ Aiasrrou quafi 
ffa a- gMndeza 4^'i3Wi^tora^aov<| 
^uahfoi ietiipm irialrcmve) a rodoa 
«« «QOcessM pitosperte ^'^^ ihfelizes^ 
PedJfftdo'uKcin^ft f<»>a'Stbl?ar ' a sftwr 
IgrejiaA, nfoi p^sriniido-a^Lisboa a •ai 
^ lSi£a9>*<d6> i6^9\ £endD recebldo 

nhadiD idi i^dWiO'Cfeiio V''e Rieiigi6e5 
da C^ddcJe, -d^akor do^'EaJJto comot 
Sa»PO^ ^jpeo^j ^ viflr^Io ^a Misericortlb 
^m^'^M|ci9t2b'^at6 a^Sit^ Gausoa iaiA>^> 
beftiog»;|nde> edifica^(f i> v^ ' ao&^ipdi 
l»r6(9idaHg]U2^^cdi»( c6itiib:V0rdes7'Hai 
mio i^JawBb^at^ Mdd ^«o %u i BemhU 
M^rVin9\^eAxe foi- d^sM(Tioda ^ 
ptlitl(|icfo^^i^*t(ld«K csoti' luminans^v 

A<^i] c^vifcaQ S3r«iodo Diocissaimj) 
i)U^ 'kfft^ <^<rmtita attifor te nfio cef 



80- 

Icbrava, que fez na S^ de Lisboa s 
30 de Majo de 1640; eas Constitai- 
p&ea do Arcebispado de Liaboa, que 
se acabarao de« imprimir por. ordetn 
do D^o e Gabido Sede-vacjinie em 
l6$6 y e sao por onde preseniemente 
9e golverhi o Patrjarchado deLisboa. 
Tcve al^rntiisfe^/este Prelado gra^e 
parte na Eestaurafao deste Reiiro^ 
como acabamos de v£r. Quando em 
2:8 .de larrwQ ,d«. 1641 $e ratificoii 
ptdos Tres-;Gstado$ do Reiino oju- 
ramentOf qiie.-se Jiavia feltaa £IRei» 
e ao Principe, foi eUe O' primeira 
P-relado, que. o raiificou ; : t a^sijStiQdo 
nais C6^tes^np:d^a.seguirtJ:e| foi a pri- 
mdra) testeitiutfiha deltas. Todas as 
virtudes morae^, c political, que con- 
stituem hum; vaxSo, perfeito, possuio 
D^ Rodri^' da Cunha em gc4o su- 
blime. Desde^ z, pj^imeira idade at^ a 
uhima conservou illeza a.B^dacas- 
tidade com.^anta exac^ao, qilCi dizeo^ 
^o^se na sUa.preseo^a al|iima pala- 
vra mciiios inod^ta, a reprebendia mu- 
^amente. com os signaes de p€Jo» 
que no rotto B^ tiescobria ^ sefuindo 



81 

. settipre em«dcs^linma vida-exetttplan 
Todas as suas rendas erSaidJstribui* 
d^s pelos pdbres, nSo s6 com esmo- 
Jds piiblicas; rttafi rambem'com gran- 
de profusao as particulares , cue fa* 
zia com tal' tecaro , qoe remediaVi 

*as necessidades!, sem sercoiikecido o 
Bemfeitor. Era^ todo o sea cUidado 
o sustenco dos pobrcs, e^o cuko. DU 
vina Jejuava rtodas as sextas" feiras , 
c Sabbados do anno, a que acre- 
cetttava hum tfspero cilicio ^ ^ue or-* 
dinariamearetratsia, alem defreqtien-' 
fes disciplinas, ^ outras itiortiBca^^s. 
Passava noite^ sem dormir gastando 
muita parte era orar, ourras e^tudan- 
do, como se v^ de seu^ esrimaveis 
jcscriprbs* Soube com^perfeigao;, a pro- 
funda 'sciencia 'da Sagtada Tbeolo-* 
;ia, e Jurisprud^nda Cianoriita , a 
^istoria EcdeSiastica , e Sebular do 
ReinO) e foi hum grandfe^Ge'ii^aU- 
gito. Cortf Apo^olica HbertJ^^; de*^ 
^ndeo a-immunidade Eccl^siadtica , 
asf prerog:flfirya$Y~dt saa Igrejar, e a 
authoridadb-dt>5 6e« cararcter , cdfif« 
as viol^hta^ (^osi^deit' de €asrelk« 

f' 



tica:i^snBi$pf)s (i;6y$ixm,' imprifpiit- 

JWfl[.i^fiSf)eadier from iBa{i?l94rgtie:3a[^ 
em bsM&sio do? potbpfis.,: n^o feve 
faaixel]as^';aiefD Qri)atQ(3 no s^u Fibiat 
ciQ, Tiyi^ndd tappet re ^ que area 
^ama^^emqiie morr^Qy ma era ima , 
Hem:s&jl^achou dinheiro algam pa<> 
ya^os::ga^to8 do fuReriil,:que foi pr^ 
cissfl^rvend^r^ae DspQiiepf agioveis, t).^6 
tinbf ;jifti : Wttj Palftcio , verificandors^j 
Q I <^et^ leJile : m vitas -.ivf ^e^ repetia 1 1^ Se 
qvaiiOdQ eu iijejprer , n^ ja&harem 5e« 
vifilen^r^o *qtiero ^ue* me emerrem 

€w 'Sggr^dQ^lss- E^tft ffi^iarecido Pre^ 
l^j^i ^^a^l^aade por: »a8ci:menjioi 
«t vjfi»ide3jn»er^ceQ qf)#a acclamsi^p 
iii>ivei!$aJ p^mQcwftMlmj? de ssPai 
(k fou-ia.*: ]&lja jW0iyQ>;e tssj^a cKo- 
«»ft a'jtf* i»»rt:e a,3.4^j5fiefDo de^ 
;e: ah»Ci* C?tel)iMda5i.^BWf rande*«e* 
^uias,, Jg^i iscu cQrpQ.dep9«iiitdo n% 
Cap€^ar)4^d!«.4a Cafh^rstl^ Passtdoa 
cttaMiBA^ntve MOfiB) QnBLi7ftft>foi 



83 

trasladado, f:Ofl>% elle ppr hun\Hdade 
tipba ordeiwdpj pars ^ pc^it% trav^^ 
dgi ipesipa $^, ch^ipada^ :;^,Popt9 4? 
P^ro r= ; ^ sobre a campa $s grgvoi^ 
p scgujjnre Epifafip : 

' -.• *  

<« Dom Rorff'go d^ CMn^^8 ^ " 
^ "P^i dtPatria/^ 
: "Coli^gul dp Collegio Rc-^I/' 
** poutqr s\9s^ ^agrsdps Caqoqe^ ^ '^ 
/'^Pfcwptpr insignp,'* 
/^ Inquisidpr /' 
**Bl8pp'de Por^fiegre, e do Borjtp," 
*^ Arce(>i$po Prinu^x , e de Lifbo^ '' 
'^•CaJpdeal npmc^do,^' ; 
'' Que ti&o acc^itou por Jibcrtar a' Patiia '* , 
*f jGovtf naddr do Bjeino'' 
<< ConMtheifo d'Estadb. '' 
^^Falleceo «!tn ^ de Janeiro de 1^41 '' 
*^ de idade At 6^5 fldmot. *' 

>* 

€c TrasljadourSfe no a/xno de 1 70jt 
iff por D. Pedro Alyajres da iCp/iha , 
f4 Trinc/iantf2-M(ir de Stfa ^ages^-r 

» • •  * I ) - ; ,- - 

P 2 



84 

'^ Teiido dado noticia do esclare^ 
cido Arcebbpo de Lisboa D. Rodri- 
gb da Cunhb , he tarobefn justo fa- 
zer-se aqui' itiemdria de Sfeu grande 
Pai D. Pedro da Cunha, Senhor d^ 
Taboa 5 Commendador de S. Mar- 
tinho dc Dornies, em a'Ordem de 
Christo , General das Gal^s do Rei- 
jio, e das Costas do Algarre, Con- 
selheiro d'Estado , filho de D. Ay- 
res da Cuhha, Se^bot de Taboa , e 
de D. Mayor de Bulhao, fiJha de 
Affonso Lopes de Bulhao. Principiou 
D. Pedro daCunha a servir cm 153Z 
na Praja de Tangere, sendo CapitSo 
della seu Primo D. Alvaro de Abran- 
ches , soportando ahi o mal da pes- 
te por seis jfnezes. Achou-se em 15:34 
3io*S9CCorro deAzamor, quando os 
JMouros ' a in^entavao $iti$r, donde 
passoti a servir na Praja de Mazagao. 
Da Africa passou a- Azia em 15*38 , 
•era tbmpanhia do Vice-Rei D. Gar- 
cia de Norortha, e com~ elle se acTiou 
no soccdrrb tJe Diu,- e em todas a^ 
cmprezas do seu governo, e do Go- 
vernador do Estado D. EstevSo da 



85 

^ma^ cm que obrou a^^des dSeter: 
na memoria*'. Depois de cinco annbs 
de^ residedda: na India , vokou ao 
Keino , mais rico de gloria y que de 
fazdnda. Atdda bem nSa tinha desr 
caiT^ado da jdrnada, quando logo he 
iDeandado.acodir a Praga de A'kaccr^ 
invadidia pelo c^Iebre cosfarioBarba 
Roxa 6ni.i5'44. Nomeado def^Qis em 
i5r5ro Capjtao-Mof' dastGarf^s^fi^ Ar* 
mada. da -Costa do Algat^ve , aican« 
{Of grandest victoriasiCoatrar qsKTuf* 
cos^ nos si^eiannos:, e trest^m^z^do 
seu goveraid^^efm que oa^ivou entie 
Iritrcos, e Mxjiuros- trezentos e oitea- 
ta, tt)maaido4heR onze embarcajfies j 
no que mo- ^6 : teve i trafadJrho^ ^v mas 
tambem dbspeza xia^uafajsenda- Senr 
dofcleito em .I'jyy Cap^ad-Mdride 
biima Armnda-expedida taiFlaiAlres, 
Hie signifix:oirEiRei .D.JoatDliiH. poor 
huma carta / que sdmenri&tifiiav^a da 
9P» pessoa aquella empress ,- iqitando 
em outra pf>d)ia correr-gi9indevp€rigo# 
O^donceitov qae'de seu.fvalorii^^ ca.-. 
pi^cldade tinfta formad<jt BlBcei =D. 
Je^, $e augmentdu cm seir iteeo, EU 



86 

R'ei Bl SebndaD , hbt»epndo»-a r Ga-<» 
frit^D de Ceirta em^ ilfriyonde cste*- 
ve qua)iJi>tin90annbs, trisnfando tan* 
tis yeses, -^^coro efcfor^ack)! valor, dbs 
Al6aid<i6 de Tteto^ VbJifaftedo a lis-, 
bba , Mterirou £lRiei>" D; ^lebass^ , 
cpe-^f[^ d latoo^mpanliasb narjcabada: 
d'A^icJi'*, para qwe fossef'Q dirtetor 
da^ stnat'4c0ds ; de qiie w dtspenmii 
e'^ra^ie'^h&hem dela^ooSyrqu^ ^^1^4 
fav^i, e mdtw fefapfregadosT^no sertijo 
. ^ PaffJa. UihiniatcieiiTe'swito Caqpii' 
tto-M(ir d^iLisboayrrqaatiiio Fiiipp& 
II. emmxyiem Portugai,.Uie/mandou 
Aa^iy ^ue >0''Gsuia Manqui^ de Aitnti^ 
qo^rv'^i^^elbra^asse* o ^souo^aaitido^i , o 
qiue eJlefttacfaicanieooe'idespresou, pnsH 
ferrAd<S5?ai*^saaf dfcsgw^a^dfevacSoTcfei 
aia ffiMiHa V e segxtKidcDr ao Setthof* 
D; A^rtibhiov a tpiemctaQOiDpanhcm 
m baltUIim 'de. AI<:a^tai-aj/.:sendo 1leI^^ 
k prrsabnehiE) db D^fue ^d'Alva^ : c 
ctand^a para aTorkierde^Sbl^nov <raf 
de e^ve! no!^ :antiosr iCQiif grilk6ea 
ao9 p^sy ie'^oabando'.^cpmoellca tJeir^ 
aWu notoe^ glbrmot auwst us , d Pa- 
ttia ^;« i: poateridadic* -DtkuLnAo ^ 



87 

€Vtkft«LU\i^6n^3f '4Qiis fAh6s ; ! ev becos ^ 
<c.^ puze^sem pedra sf^t^rd'^iptdrar'mi. 
<<^i^ Morg%(A3,^'e&i ^odhco^Pdirlugal 

^nhi^l" Fori 0^|)u)ca<k> fib €Iw9tfa 
d6^ Reat M^ii^ik)^ de Bd^TJvsefii 

c«flQf|)a' de siib %6ptflturt^, :• ' 'v:^.: » 

Fi««Ssc6 de^t}flc€*» , 8«Cftrfirio . die> 




ri^ip^iif^ A^llfftaftikfe <i^i<> temped fffljtf 

-"fi^ tor DeJffi»d''^i» f* dejiriiferdss- 

^OWi^Thd^^UltParfiafinay WWtfA prt^ 
«iff!f»Pi^«*Hftf;*?j8afcfufe2?^dir'M 
tSftaH* ci^iaiMb (JdiS C68^elJiefi^-d# 
C^j^'ESpa^a ;-'e' *urrS' de lefrrf^v ^ifne 

^f^CiittlhiyJ c JWW de' Fl^H^recto' 
Delgadoi e doi^ f iWrtti^os , dizeada 



m 

tig(SffMi\ninte hi(tiA9 <^ft (trfilhaHC 

vo«'->if6rti«5. AedtfB^Jila Sei&ffUd- 

ga^V iesmrm A 'VftIaF,?eigciltihd»'J# 

b^«*ri [«^ ifiaid^*^' }K)i#i4s; ^dt'tjlp 



Sow 

rt*, , 

pW|^'^p8f'deT^!iri9 3e«'efiftf. ■- '-* 






9V 

Marqdez tie Cascaes, tibuJoy ^ <)U9 
ElE.^ ihe dep jjemi'satisfa^aciiV^f^ 
jorhaiddi- a . dafe ] xoono ) J&mbatxa^tiy 
cxtpaordinario:,tir>peaaraw:ja ftAinJin 
Regenne de Fmrfya^ iD^bADiMudAAuai 
tvizyipelz moitQ'dl&iiKm ^sm^mtiriAb 
Lhiiil^IIL:. ciieg6« a ,2G.dec;Aferil J 
odde fiai ibuito' bemirecebido.r ■..^:^>^ 
Of rMindou.Elfiadi D.Joao arRno 
ma Ki<:i3lao Mxitadiio.^ cotnrboctei^s 
d6r:Ssitdo Eccteid^ico jipaea fsepi'e*i 
aentac a© •Paparjcsi^E^amaB , -jque ' jjii^ 
decta^^'thda a^'RdligESt) ^deiPcA^to^git 
Qonafia: faka, decPifelardos ,:j«:dBstiai€d 
jaoiidlElRei paif4:?a(fiwiiiar,.(i5bi0i4 
OS hanekjdeacceitacj.'.ge slr»ihe oofl« 
ccxidMlem v cpio nEaaa i'ac6maiqd»l^^a> 
twdQ^lqitiillo v'<}iic:x>i Suimiu^ Ebi*yfi4 

privil^ios' don uEbeis od^\ d^apt tf^dyTdg 

Hh v<ta ', fiii leciixfc ra ; ligi :de Ju Htif :H i PA 

Innocencto Xjy-ipoipSm fcom^aP<\tftPt 
danpa xlo Jgoverno cEarl^re^a f\^ ,1^1^ 
Ihbdlrid os' negifcios ;de-PbtV^II. o" i 



A 



9^ 

. Sendo fellies ^ toS6s os nc^sos 
^ucce^sos do Aleart^jb, a bataiha do 
Moctfijo:, primeiradepois da acbla^^ 
ipa^ao, tnerece ssr.celebrada por hu-* 
tti^ das jtnais lAs^gnes ^ ac^des v qiie 
tecn'acontecidd -na^nndo^ atteodK 
dAs<aff*ctrcunstancidsvde sen o^nossoi 
c^&r^ita desbaratado no principioda 
batalha. JFbi eUa .a:26 de Maib ,^dia> 
em .qse a.Igreja celebrava afesta do 
Gof^»de.'Deos. O Marquez de Tor-' 
r@et(sa kavia. unitbi^das- zsjgoiktm^ 
fOies^ixju^ «rSo' f^seisonil infanteypte 
tiflfetre^cincJo rnifodawkllos* Al^JM^si 
e$ia< gente. Beltr;>iL%on, viziifho a> 
Monrjjf), situa(fi)i5obre o Gu^Uns^ 
Qnio seiobservavao^lnsfnoTimdiubs , 
adt^posi^des. dotiosso esasrcitoi' M/^m* 
di^tf 6} Qiercito: Gaateiihand o BwiStcf 
de^oLiagueii^ Genelnal de CavaUaria^^ 
Sblcjudo. vaJoroto V e pratSco , e leva*^ 
va a Didmaio deGusmao General de? 
A^iHiarta i exenciraindd o posib dcf 
jM^ifC' tie Campo.GerieraK DiVidi*' 
r4onos^.dpis a infaniUria.i?jniiOTecor- 
pot J, (tan cavaUaria cm trima •e^xjaa*' 
tro.jEaqiuiidrdeii i^iiajcendo de*toda. 



95^ 

estai gente hama $6 linba , com iv99 
pe^a^ de arrilharia no$ dois tados-di* 
reito , e esqucrda da infanrariar , le- 
vando a forma de^lmm meior circulo, 
xna:rchaTao a dar|)aialha. Em qaan* 
to o BarSo de' Molinguen se deti- 
nha ne8tasdisposic665, marcbava^Ma- 
thias de ' Albbquerque para aquella 
campanha com grande vagar ^ levnn^ 
do o exercitaein 'batalba. Havia dl- 
yidido a infan^^ria^^m doifxorpos, 
e a cavallaria em crtize batalh6es. ^A 
jnfantaria marchia^va emr duas linhas , 
»So concendo raats,N que seis mil in- 
fantes, e pouco maiB'de mil cavallos, 
Eraa'nove horas, qaandb Oi^Gascetba- 
nos chegirSo' i vista do nosso exer- 
cito; Logo Mathias^' de Albuquerdue 
mandou fazer alto aos seu^ Soldadfos, 
4e'que voltassem a^^caras aps Ca^te- 
Ibanos: proporciooou osclaros ; com- 
passou as fileiras,e perfilou As filasj 
cobri© com 08, caff OS o ladodirditb 
do exercito, e parte da retaguarda, 
guarneceo as baga'gens, fez preparar 
a artilharia , e o t&mpa, que o ini- 



94 

. ^^ PrivilegiQ umigo he da N^pSo 
^^.Pcjrtogue^jft rwbrld^petnder dc incen* 
^^jtiy^osrrpara A% >c^6j5si , grandei : po-^ 
*^ r6m he fiecesg^rifej vak)ro«o$ Soldat 
*V(S6si,Mq'u« vos. iflTnbrejs da jusci^a ^ 
♦^ coin .que <?f)r6astf«.Q Principe, a^ilc 
^^obed^wmois, feda^qrrtnnia, com que 
•^fomos trai^Of 'o;.jt^Qipo que nos 
^^ dqmbirao wijes meaiBos inimigoa^ 
" que>'>igopa : t^tnoj' . prcsentes. Pel« 
'^pririleira ratfe).ftahftwuos propi*** 
*^ aa Decs 6m e^ef dros , q.u^ , al^m 
*' d.e assist Jrsein^r<?: .a ^ptrfe justifica^ 
^^<i$ , «tupenh0» ner Campo d« rOorir 
*^:qiue;a i»ua .palavri- na vo^sii defcnaa*, 
**;^.idura5Sb d^sjte ItDperiD* A 3egun-p 
*''da vhs^ obrtga, :a qwe vaJorow* yof 
*^ satiifajaes dos^ aggravoa de 8e$seflte 
*raMQs^pftdecido9; eeorao a aliaa, 
*'ra honra igtf^lflJ^nte- $ao no^ IV^rr 
** tugueres OS doi^ poJos da vida, 
** considerada a injuria , e pfesente ^ 
^catisft della, mm ae ^<^de escttaaf* f 
*^batalka> Aem.d^viddr da vktoria^ 



cc 






95 

^^ T^fitfL Jie 9 rottwa fN^gpi.qsf riDS- 

V«m elles ,fl;.pel6j<»r em hwfp^^.ii^ 
qha ( temeridaiir. «unc^ omrida ); e 
" ^. caqfia, he ^: porqu^ mo porf^rao 

vwcido * totalha; porqu^ raO jR- 
"i#j9 M inioftigo uw^va^ , .dgtndf se 
^?9fn^ a fiwpar. 4 CQRfi}$af>^i.4esre 

/ vpsi» quf co^m :kgw\ ^wroiw ao qve 
"t?mo$ no §afl3pp.d9 MOTtijo, Vw- 
"^«9;P glwiiw«) D. JoSo I^udQiQp- 
" ulla, :qtt^ ISa^ift irinca mitfetKnens. 
'tftep^i-ai ttUinaam^nre dm qw <> 
^' l^afqqcz de Torrcwsft fi^a «r*i Bk-! 
*Vd:aj4^, nao i«ndo cauw , q.Mfi.p inj^ 
*' P«?Wl^*li*^ pwfc se ftchar nafeatallnt 
•'rew&qufe p Cftaor d^ perdfilte*; & 
j.fte.oiCeoefftliijQ exerflifo Joioligft 






95 

'*de c&iiscguir na reaUdade a victo- 
•'ria ?' No successo de hoje consiste 
" a c'dnserva^So^tie nossas ' vidas , a 
*' Kberdade d^ W)ssa Pdtria , e* a opi- 
^* niao da nossa Momrchiav Bern c6- 
" nbe^o do 'vossp valor, que antes 
"acceitarieisa morte infailiv^l^ que 
vida affrontosa* E n2o vos pejo, 
qtie obs9rveis as minhas ac96e§ ; por- 
*'que fio tanto do alenrado espirito, 
"que a.fodos vos aniina, que esperp 
^^achar'erii cada bra^o vosso bunt 
"Conselbeiro para com o Mu'ndo, 
"e parft comigo: he tempo de acre- 
"ditardes esra opini^o. A pelejar, 
**valorosos Portugueieft, que o ini- 
" mlgo vera chegando, a pelejar, que 
"he o mesmo que mandar veneer.^ 
^ Acabada a falla , descarregou a 
nossa artilharia sobre b inimigo, qu^ 
l^be fez hum enrage cortsideraveJ : 
soffrdmos tambem o f6go dos Cas- 
telbanos, e etles ju^lgdrao ganbar a 
victoria. Mathias de Atbuqua-que 
acodii^do com invericivel valor a'ro« 
das «is partes, Ibei matir^o o cavaU 
lo. MoAtado em oatro^ se unio^cotti 



97 

o GeheVal dd'Artflham D. JoSo di 
Co^ta^ e carregdrSo sobre os Caste-* 
Ihanos , que jd se dccupavao em re- 
colheil* OS 4e^pojos dos niorros^ e dos 
cfffros das bagagens^ Vendo-ie inves* 
tides dos niesmos , que julgavao se- 
pultadosj se enclierSo de pavor ; e de- 
pois de sofFrerem o^ nossos golpes , 
forao inreiralmente desbaratados . ne« 
gando OS nossos Soldados quartet a 
todos OS inimigds, que encontravSo^ 
Marchar^o <oin este furor, depois de 
seis horas de combate, e obrigarSo 
o Barao de Molinguen a passar o 
Guadiana • com a tropa., que pode 
ajuntar dos que fugiao com tantu 
precipitajSo , que muitos morrerSo 
afogados. Acabou-se a batalha is 3 
horas da tarde. Perdemos entre mot* 
tos , feridos , e prisioneiros novecen-* 
ros homens, etitre elles forao morrow 
OS Mestres de Carapo D. Nuno Mas* 
caranhas, e Ayres de Saldanha, os 
quaes pelejirao largo tempo com 
muito valor; JoSo de Saldanha da 
Gama, CapitSo de Cavailos, Bartho- 
Jom«o de Satdatiha^ Capitao de Infan^* 

G 



98 

taria , RqdrigO Strcar?h,: Opitao de 
Cavallos, Hollander jjoos S^rgQatos- 
M6rej5 Jeronytno, Ferrer:^ ^ BelcKidr 
do Cwo^ oiro Capitag^ 4e Infanta-> 
ria, eoutrosOFficiaes. Os prisioaeinos 
que levario', logo que jCi come^oa 
a baraiha, forao o Mestre deCatnpor 
Eustaquio Pique, os Capitaes de Ca-f 
vallos Fernao Pereira,jQCQode Fran- 
cisco Fiasco, Genovez^ Manoel de 
Saldanba, Jorge de MeHo, e D, 
Francisca de Almada, Capitaes de 
Infantaria , Niino da Cu;Blia , Fraa- 
dsco Correa da Silya , e D. Diogo 
de Mejje?;es, Capitao 4e Cavallos , o 
qual, aiite$ de se Come^ar a batalha^ 
recebeo huma bala em huma perna, 
qu^. encobrio aos seus Soldados , e 
xnvestip logo tao valorosatnente as 
tropas.inimigas:, que, rompendo cora 
alguns Soldados as que achou dian? 
t^, veio., ac^bar com cinco feridag 
mortar na retaguarda de todos, e 
:ficaQdQ np campo toda a noiie fntre 
08 i^ortos, foi no dia seguinte des- 
pido pelo6. paisanos dc Lobon,e re- 
cQQbec^ndo. que estavaviYO^^ o levd- 



99 

rSo em hum cafro, com grande in-* 
commodo sef, a Badajds, onde o cu* 
rarao com tao pouco cuidado j que^ 
depois de hum anno*, que esicve na 
cadea da Cidade de Carmona , veio 
a morrer em sua casa- das feridas^ 
que recebeo na batalha. Os mais pri-* 
sionelros, como diz o Conde da £ri- 
ceira , padecerao em Granada bs ex* 
cessos mais escandajosos, que em 
tempo algum se expcrimentarao en- 
tre Catholicos, • prevalecendo o odio 
contra a piedade, e comraiseraf ao, de 
que sempre forao dorados os Caste- 
Ihanos. Perderao elles nabatalha qua-* 
tro Mestres de Carapo, nove Capi- 
taes deCavallos, quarenta e cinco de 
Infantaria, eourros rauitos Officiaes/ 
e mais detres n<>l Soldados. Mathias 
de Albuquerque recolheo quatro mil 
e quinhentas armas dos Casrelhanos 
mortos , e; dos que ^s larg^rao quan« 
do fugirao. • 

Chegando esta noticia a Ltsboa^ 
ElRei a cdebrou *cora muitas fesra^ 
indo a p6'com o Principe D. Theo*- 
dosio i $6 ^ar as grapas ao Stnhor 

G 2 



100 

dos Exercitos por tao assignalada vi-< 
ctoria, acompanhadb de toda a Gran-* 
deza daCdrte. Depois amandou par^- 
ticipar aos Ailiados ; o que rodos ap- 
plaudirao, e tbdas as Na96es adml* 
ririo o valor Portuguez, e a gloria 
das nossas armas. A Mathias de Air 
buquerque fez ElRei a merce doTi- 
tulo de Conde de Alegret6 , pela vi- 
ctoria do Montijo. 

Depois o Marqu^z de Tprrecu- 
6a jun^tando mais de cinco mil infan^ 
tes, e mil e dezoito cavallos os en- 
tregou ao Barao deMolinguen, para 
qiie fosse queimar as Aldeas de San- 
to Aleixo , e CJafara, vizinhas i Pra- 
5a deMoura. Tanto que oGonde de 
Alegrete soubeestanoricia emEIvas, 
despedioJogo a D. Francisco de Sou- 
saf Conde de Prado, e a Diogo Go- 
mes de Figuefedo, com rropas, a guar* 
necer. Moura , fazendo primeiro avi^ 
so a D. Henrique, que • governava 
aquella Pra^a, do poder que o inimi- 
go.juntava, para estarenci os nossos 

frrevenidos. Chegov o Barao de Mo* 
inguen a Santo Aleixo a 22 de Agoff* 



101 

fo ao romper da manhS , mandando 
Jogo avan^ar a trincheira. Resistimos 
fortemente, matando muitos Caste- 
Ihanos, que chegirao asetecentos, 
e OS moradores de Santo Aleixo tnor- 
rerSo buasi todos. Desta Aldea pas-* 
90U o Barlo a C^afara , onde , depoia 
de rendida, se rerirou a6adaj<Ss« Re- 
cebendo o Conde de Alegrete esta 
noticia, quando roarchava paraMou* 
ra'> inandou logo ao Monteiro-M6r, 
que com a carallaria , e infantaria 
oeOlivenga fosse queimar Salvale§o, 
Jugar grande, cinco legoas distante 
desta Pra^a; oqueassim seexecutou. 
O mesmo mandou fazer por D. Jo$6 
de Sousa , irm^o do Conde de Pra- 
do, e Dfogo Gomes de Figueredo, i 
Villa de S. Vicente, a qual foi des- 
tfuida J e saqueada , apezar da resis- 
tencia , que com as armas nas mSos 
Ihes fizerao os seus moradores. O Go- 
rernador de Albuqqerque, invcstindo 
no caminho os nossos pela retaguar-* 
da , onde marchava D. Joao de Sou- 
^a, foi rebatido valoro^mente; o 
que fez retirar os Cascelhanos com 



102 

miiitos feridofe , e o$ 'nossos se rec(>- 
Jherao a Alegrete satisfeitos com a- 
gloria , e com os despojos. 

Houverao rauitos a>ais encon-, 
tros, e cheques, em que, .alcan^ando,^ 
t>s Portuguezcs a victoria ,- raataraor 
de continua <muitos Castelh^nos, sem-^: 
pre com .drsV^antagera de armas. Dch 
termiraanck). b Marqilez d^ Tortecusa) 
»itiarEtva$, vera, cotn dozCiroil infaiifi 
tes^ e dois mil e seisce6to&icavalIo8,' 
dez pe^a^ de artilhafra , Cfdoisirnqr- 
teiro<? , 'c cbega a Elvas no primeira 
de Dezembro, dta faial pam Casiel- 
la, e gl©rioso para osoPortttguczes , 
pois nelle se completavao quatro afl- 
flos da sua maior gloiria, jestaurando 
cste Reino. Ax:hava*fi^ o Conde dfe 
Alegrete: com dois mi! .infantes, n'tf 
tempo que o iairpigo cliegou a avis* 
tar. Elvars. OsCastelhaaos.tendo con" 
sideravel.perda' neste cefco, e os Por- 
tugueses: grawde gloria,. se vifaoobrif 
gados a largai? o siiio a 7 de Dezem- 
hro', valenJo-se do- escuro. da noite; 
e q^ando. amanheceo ejstava todo o 
cxoxcito fora dos Olivaes. 



103 

Fotfio itarios os sutcefesos, e etvi 
contros d*Eatre-Douro e Minho^ 
Tra$ OS Monces, e Beira neste anno, 
Pe sorre que cm todas as Provincias 
d<>Reino conseguirao glbriossos pro* . 
gitessos a$ arm^ PortugUezas j, que 
nio s6 def^ndiao suas Pra^asi^ mas 
entrando peUs fronteiras de .Oastellv 
destruirao Fracas, e ganbamp cmtrasy 
queconservarao muitos annos i de s6r« 
te que alguns successes cbntrarios, 
que experitnemdrSo, s6 servlrSo de 
Ikiatiiro de-conseguirem niuicas occa«- 
diJe^ de maior reputa^ao ,> e gloria. 
'^■' Os ]^)land«zes depois da tre- 
goa* fizerao^ hiuma/ fortaleza em Sege* 
ripe d'ElR^i^ e romdrao alguhias ca-^ 
l^vellas nos^as , al cerando . o Trata* 
dd^'nao perdoando no mar' as^ pre*. 
zas , e usaido em terra de todas as 
rndiistrias' para roubar os moradores 
de Pernarabuco. Le/antav3o-Ihes tes- 
lennunhos; e co^vencidos por teste- 
munhas fa^sas, Ibes tiravSo asmulhe* 
res, as vidas, as fiazendas. Mas e^^taa 
desgra^as vierSo a ser causa da feli« 



104 

cidade de Pernambueojia sua restau* 
ra^io. 

O priinelfo, que se anlcnou slis^ 
to, foi Joaa Fernandes Vicira, nani* 
ral da Ilha da Madeira, casado com 
a filha de Francisco Bereaguer, tamr 
bem jda mesxna Ilha. Unirao-se atn?* 
bosy eDprindpidrao algumas xnaqui- 
joagdes^ que nao tiverao resultado por 
faira dc: segredo, Depols, havendo*se. 
retirado Joao Fernandcs Vieira , e 
Francisco Berenguer para o interior 
do mato com arnias, muni^oe^, e 
bastimentos , que i lies t foi ppssivj^Iy 
collocando-as em parte segura* junta- 
rao parciaes. Escr^v^eo Joao Fcrnan^r 
des Vieira a D- AnroniQiFilippe Ca- 
marao, que esta va alojado com os seat 
Indios em Segeripe d'ElRei, e pe- 
dio-lhe que o soccorresse; a que el« 
Je se ofFereceo, approva^do'lhe a re- 
solu^ao , que tomava. A mesma di*- 
ligencia fez Joao Fernandes, cooi 
Henrique Dias , . negro de tanto va- 
lor , que y depots de haver executado 
acg^es memoravpis, cqmo diz o Coa- 
de da Ericeira^ na guerra antecedent 



•« v' 



105 

^ ^ fendo na mSb esquerda per hu-^ 
xna bala de mosquete, pedio que \hz. 
€OFia;89em logo, como fizerSo; dizen*. 
d6 qUe maia queria arriscar-se a mor- 
ret de'preisa, qu€ copra lecer de va- 
gar, bayeado taiitas toprezas a que 
acodin Era Henrique Dias Govema* 
dor de todos 08 negros , e mulatos; 
a que se permijttia assent^r pra^a. 
Ap^as Heorique Dias recebeo a 
cafia de Joao Femandes, Ihe respon- 
dt^o : que logo ma re ha va a soceorre** 
]o,.e que Ihe dava sua palavra, de 
naa pdr aos peitos'o Habito de ClH^is^. 
to, de que ElRei Ihe havia fieito 
mercf, sem . cetfaurar Pernambuco^ 
Sotao. «e lanparao osfuodameiirbs 
^s glofiosas victorias , que ^akani^a-* 
mos dos HaHindezes, como' Were* 
nios*  . . ..i t/,^^.•" •  

Tendo ElRei' D. JoSoi^ noticia iSm 
do gtande ekercito, com que oMar-* 
quez de Xcganes sahia em campanha 
coAtra Portugal y^ applicandd oa soc- 
corros do Alemt^o , e prereniado a 
defeza de Lisboa, pa$sou sefgbnda yez 
^qucUa Proviiicia , e bastou isdmento 



106 

chegar a Alde^GaHega, para t]^ea 
maior parte da Nobrcza partissa pan 
a.I^raipa. d'Elvas^ havemlo disposto o 
exercito , qu^ mandara. o Conrde^ db 
CastellorMelhcir , Gorer^ador das Ar- 
mas dajiProYincia d0j AJemtejo,/ e 
feita 'todas as prev^en^Ses, com que 
rebaei^o ^os- designios dos Castelhanos. 
O excrcito do ^Marquez de Legane* 
se reiirou a Badaj6zj.:sem que exe^ 
curasse . facf ao de impdrtanciac; e- fll^ 
Rei, pondo o seu excrcito era quar^* 
teis deiriverno; .voltou de Monte^ 
M6r a Setubal, onde detendo-se pou«^ 
cos xlias:, depois de/ordenar a^ forri- 
fka^Sa.idaquella Praoa , entrod ein 
Lisboar? ai . 1 8 • de Seteotbro , i eom^' fesi 
t^josf.AiBiversaes dd seus VassaUeb^ -' 
ji rO(B>:insultoS''de'Rbma cada resi 
cresciao mais. Sahindo da Igreja de 
1H..A. NtoisBa'Senhbra do Po^ulo Nicolio 
Monteiro , . Prior de Sodofeita , ^ que 
assijtia :em Roma aos negocios do 
Portugal, e havenda emrado em hu- 
ma carro^a Domingo da Paixao , o 
inv.^stio huma tropa de Castelhanos, 
€ NapoJitanos, que^ dando huma c^r« 



107 

^ ga de pl^tolas, Ihe matdrao hum doa 
cavallos da carro^a. Sahio della f> 
Vfiot ,6. hum page* seu ja ;^a<>- feri* 
do , qi)e cahio morto. Vendo o co* 
i^heiro o perigo do Prior , naa<s6 &t 
defendeo com a^e$pada na mlo^imglr 
spflPreo alguns goipes, ate dar tempo 
ao Prior salvar a sua vida emwhtima 
ca^ , para on4^ f^gio. Acpdirao ^ah 
guns Port uguezes, lie Jralianoa i casa» 
cm Que Nicolgo Monteiro se, h^avia* 
recolnido, levaraotno ao seu aftosen* 
tO) ealguns Ihe aconselharao/quc^ 
lahisse deRoma; oque ellenSo qym 
faaer, dizendo, que ajusti9a .doSun^ 
IBO Fontifice eira tao iguah^qoeo 
segurava do segdndo encontro« Da-» 
qui se ^^guio raandar o Ponti/ice sa^e 
nir de Ro^na dehtro de tr^ dias ao 
Conde de Siruela^^ Emhaisador rdo 
Caatetla, para conservair oseurespeH 
to* Apezar, detudo hto mandarab 6i 
Ga^elhanos vir.de Nappies gente pan 
ra o prcnderendi. efnendando . hiftii 
excepso com outro- eiccfw. Qdmmufr 
4»icou d Prior de .Sodofeita esra tna- 
teria ao Embaixador de Franca; ^ 



108 

este Ihe procurou 06 meios de segii*. 
ran^a. 

Sensivel, Jc^oFernandcs Vieira^ 
i$ calamidades pdblicas, acompanha* 
do dosf $eus, se resolve rotnpfef com 
OS HoUandezed , dia do Portuguez 
Sadto Antonio a 13 dejunho. Sendo 
avu^do disto OS do Supremo Conse- 
Iho, mandlo pf ender a Joao Fernan- 
des Vieira, e pi-oraettem mil fldrins 
k quern Ihe apf^^entasse a sua cabe- 
^a; dp que avisado Jb^o Fernandes 
^ezjuntarmais genre aoseu partido; 
e chegdrao a novecenras pessoas; e 
determinou pelejar com elles na pri* 
meira occasilo, que se Ihe offerccw* 
se. Com: mil e quinbentos HoUand^- 
MS vem do Recife Henrique deHufc 
bosear JoSo Fernandes : este embos- 
cado faz retiraf os Hollande^es des« 
baratados. Depois disto foi unir-se a 
D. Antonio Fiilppe Caroarao, eHen« 
rique Dias. Estes itacdrSo os Hoi- 
landezes, e Ibes fizerSo grande da- 
mno. Henrique Huz pedio quarrel, e 
se Ihe concedeo. Sahirao osOffitiaea 
eomarmas, os soldados eem ellas^ 



I 



109 

€ OS Indies, por haverem sido t^aido- 
res aoseu legitimo Senhor, forSo en* 
forcados. 

No$ fins de Dezembro dcste an- 
no convocoti ElRei Cdrtes ; e Bellas 
se. assentarao, que. o ntSnoero da gen^ 
te, que devia guarnecer as Aronceiras, 
fossem dezeseis mil infantes, e qua- 
tro rail cavallos; eque, para o paga- 
mento deste^ soldos' e mais despeza 
da guerra , se obrigarlo a contribuir 
com dois niilh6es, e Cento ecincocn- 
ta niil cruzados; os quaes haViSo de 
sahir, hum milhdo , e setecentos mil 
cruzados da Decima, e os quatrocen* 
tos e cincoenta mil cruzados , que 
lalravlo para a satisf^^So da dita 
quantia, se tirariao do real de agoa 
de Lisboa, seu Termo, e tbdo.p 
Reino, do Direito novo da Ch^ncella* 
ria , e Caixas de assucar, bens con- 
iiscados, e de ausentes, todas as so* 
bras do rendifnento da Casa de Bra- 
gan^a, e do que parecesse necessario 
acrescent^rTse de tributo dsllbas dos 
Azores, come$;ando a cohfribui^So 
cs(e aiino. 1^46 



110 

' E)stabeleceo'-se de novo a Junta 
do8 Tres-Esrados, para correr por e^ 
la toda a administra^ao do dinh'eiro 
dos Po^os. Para Ministros dcsta Jun- 
ta noraeou o Estado da Nobreza Se-* 
basriaoCczar deMenezes, Bispoelei- 
to do P(^r6, e a D. Alvaro de 
Abranches do Conr^lho de Guerra : 
o Esrado dos Povos a Thome de Sou- 
sa, Vedor da Casa d'ElRei, e Kuy 
Correa l/ucas, Tenente-General de 
Arrilharia do Reino: o Estado Ec- 
clcsiastico a Pantaleao Rodriguess 
Pacheco , Bispo eleito d^Elvas , e a 
D. Pedro de Meneies, Bispo eleito 
de Miranda. Ajusrdrao-sc outrascou* 
sas niais. C6roou esias boas resolu- 
f6es o devoto , e piedoso zelo , com 
que EIRei declarou, que tomava por 
Padroeira, e Dcfensora do Reino de 
Portugal a Maria Saniissima noMis* 
terio de sua Conceig^o Immaculada, 
em o dia %y de Marpo, cm que a 
Igreja celebra a Fe^a da Annuncia* 
$5o da mesma Senhora , qoe nesse 
jmna cah^ em Domingo de Ramos. 
Pelas tres horas da tarde, jurou a 



Ill 

ijongtigio Tmmaculada , e imandou 
patoar a segumte Provisao : 

"D. Joao por grapa de Decs 
*fReidc Portugal, e dos Algarves, 
*.' daqucoi. , e dalem mar em Africa 
*^Se5hor de Guin6, e da CoDquwta, 
^^ Navegajao, eCbmmerciodeEthlb- 
"piai Arabia/, .Persia, e da Indi^, 
V eta: , etc. Fa^so . Saber acsi que eita 
" mi0lia ProvijTO virem ,- qaeosendo 
"ora restitiiido pormefcS muito par- 
^' tlcular de Deos Nosso Senhpr A 
*^Gor6a ^cssts inpm Rcinos,- e Se- 
•*4»iw>fios de.Portugal, considerarrdo,* 
*' quei!0'Scnh(M! Rel D. Affonso Hen- 
*^ riqufisV meu Progenitor, e pfimeiro* 
*' Ret deste fteko , sendo acclama- 
**=dof,: e levantado por Rei, emre- 
*' conbecimento detao grande mcrc^, 
*'de conscntimcnto de seus Vassal- 
**l6s,.tomou por especial adv<igada 
*^aua a Virgeni. Mai de Deo^, Se- 
''hboranossa , e debaixo de sua sa- 
'^gcada'proteojlo, e amparo Ihe of* 
Hfcceceo. a todbs os seus Successores, 
.M^efS09', erVasisallos, com particu- 
^^l^mimto^sm signal de feudo^ e 






^Wassaliagem. 'Desejandd eu imitaV 
^^ seu santo zelo , e. a singular pieda- 
"de dos Senhores Reis meus Prede- 
*' cessores , reconhecendo ainda em 
^^mim avenrajadas, e continuas user* 
^'c^s, e beneficios da liberal , € po- 
^^derosa mao de Deos Npsso Sennor 
"por intercessab da Virgem Nossa 
*^ Senhora da Coticci^io* Estando ora 
"junto em Cdrtes com os Trcf-Esta- 
" dos do P.eino, Ihe fiz prop6r a obri- 
gafla, que tinbamos de renovar^ 
e continuar esta prometsa^ e vene- 
"rar com muito particular affecro.^ 
"e soleranidade a festa da sua Im- 
" maculada ConceifSo* E nellas com 
"o parecer de rodos assentamos de 
" tomar por Padroeira denossos Rei- 
^^nos, e Sedhorios a Santissima Vir- 
" gem Nossa Senkora da G)ncei(3os 
" na* forma dos Breves do Santo Pa- 
" dre Urbano oitavo , obrigando>mo 
"a haver confirma^So da Saota S6 
Apostolica, e Ihe^Kyffete^ de novo' 
em meu nome , e 'do Frindpe D. 
TheodosiO) meu sobre todos amado, 
^'c presado filho^ e todos meua des- 






113 

^ cetKlentes Successorcs , Reinoa , e 
*' Vassallos d sua. Santa Casa da Con- 
•^ceijao sita cm Villa*Vifosa , pbr 
**ser a priiceira^ que houve em\He$«* 
^^panba desta invoca^a^', cEHCoenta 
^'cruzados deooro em dada hum an* 
^^no, em signal de tributo, >e vassal* 
'lagem* £ da mesmamaneira pro* 
mettemos , e juramo* cmn o Prin- 
cipe, e Estados de confe^ar, e de*- 
•^ fender sem'pre (at6 dar a vida sen- 
" do necessario ) que a Virgem Ma- 
ria , Mai de Deos ; foi concebida 
^^*^m peccado original, tendorespei- 
" to a que a Santa Mad^e Igreja de 
^^ Roma , a quern somos obrigados 
^ "seguir^ e obedeccr, celebra com 
f .^^ particular bfficio, e Fettasn^ Sari- 
^^."tissima, e Immaculada Gonrci§3o; 
^ ^f salvando porera este jurartlento no 
*^caso, em-quea mesma Santa Igrei- 
^*ja resolira; o* contrario. Esperando 
"com grande cdnfianfa na infihita 
" misericordia de Deos Npsso Senhof, 
que por meib desta Senbor^ Padrdei- 
ta, e PfDtectora de nossos Reinos , 
^ ^e SenboriM^ d^ quem por boora 












114 

^' nosia d08 confessamos , e< recohhe- 

^cemds Vassallos, e tribuUrios^ nos 

^^ ampare, e defenda de nossos Immi- 

*^ gosf room grande accreficeDtamento 

•^' destes ^emos^ para gloria de Cfaris- 

'*^ to.Ndssb Decs, e exalragao de nos- 

** sa Saiita:'Fe dtholica Romana*; 

VcoarerflSof'das gentes, e reduc^lo 

Vdos Heregesf. £ se ^Iguioa pessoa 

-" intentar cousa alguma tontra.efta 

*> nossa protniessa ^ jmraioanto, e vas- 

tellflgcnivporeste inoda feito, seit- 

do: Yassallo" o .ha?emos por nao na- 

tucalv? C'^ueremos, qne^seja logo 

" langodojfdra do ^Reino ; . e se fdf 

*'Rei,. b^qnc Decs naq.pexmitta, ha- 

**ja a «tia', e nossa- inaldi^ap j e naO 

se C!Ontc:efltre nossos descbndenrcs , 

.€^pftrflnd)o ', que pelo'iuesrao Deos, 

<*^ qwe. .no«ideo o Reino, .e sobio i 

y Dlgitidide Real, sqa d^Ua ahatidOy 

/'e d^pojado, E para . qju^ em rodo 

/^ot'^J^eimpp haja certez^^ d^sta nossa 

^•^elfli^ioy proinessa.^. e juranieneo , 

.*^g!:ftwd<^> e estabelecida era C6rtcs; J 

'^In^<ta(D06 fazer ; ddla (tres Autod 

'|>|iil>li«99; lium qiiie ser4; levado i 






i' 






115 

j'C6fte >de Rdnia!^ para* ise 'expedfe 
" a confirtto^^^ da Santa' Se/ A posto-r 
* Mica r '® ' oiJf^os dois ^ r qne vjruhios ^ 
"dita^'cbrttfrrna^ao, eesta minha Pro* 
•* viisaa W g^iarde no Garropidrda Can 
'^ sa de'>I(Iodfa. SenhmsLoAz) Gonccifaflf 
^'-de Vil}»*^k bsa ^ *e: na iiiossa »TorrQ 
<ldo 'TofidMBUilDada nstxoi^CiiMtst df^ 
^f Lkbmt^Q'vinte ecirECOufdoanez dci 
"iMayTOP^B^tehaz^r ^.^0drigil)CK Goe-i 
^ Ihd ' b ikH ^i5a BOO d of jnasciminto 4e[ 
*:^Noss9oSehliODvJe^ Caaristo^fte'tnit 
^•seiflatitcfef dficjiarcntfa frf) srisii/jPeditS? 
^v^ieifasffii 5Hiia a'f5^.e0Cnas&n?^' • S 
b; u.:!t^O(}RD 9 , ^t^:::^-•:J^o)? ?C;v--r..;Li 

•6 -^li egnoM ,::r>rnofrr o3:ii.3 *;{> 
d^TX^oin^&eadliuvni^ oatt^^o^o^alipi^ 

g^o^cjifasftdmniefeiidfen^lqto^^rrTVi^ 
gem rdiiosife SeiflKlfaojfiSra?ofconcebhfei 
em gv«|fai^^ nidctiJ$Mecpei^cto:4im 
|(inal^tcAtttf4b oteew^iil MUniversiH 
da^^ cSi^asiicse^^xtoii&e I i^^al^af ide» 

H 2 



/ 



116 

f&ma do tal juramenw] qbc se im* 
prlmip'no fim dos Est£turos da mes*" 
mz UoJnrerajilafle. LSo^scja Carta eoi' 
Cla'iistrb' : a 20 de Judho. do dito an^ 
no ,) ieiirvx]tie>::se assentou • fmor^si^ o- 
jiiramentiycGfm/»demnidiid« jjossivel ;- 
e aaim >;iio'dia . 2S do ditia^ 4»i^z . ( pre***' 
(^dendO'/jiaf iiresperaSliiuidfoa^Sb.,. e* 
]%pic)iicsL 'de/JBfhos na Uaivemdade ^' 

T&> (Os^L'Ciiitesr.de todas pasLFjrtuJdade^ 
jii GrprHa;^^ Universidade^ Ojr>dc 
disse Missa de fFonrifi^k Sbilkoimr^ 
do 'deidSaiite^ AgbatiDhd> XSerat fdoi^ 
Conegos Regrantes, e Cancellario 
da Univor^ade ; pr^gou Fr. heio 
de Santo Thomaz, Monge de S« 
Bfafito^^jr^iicnJe fde Vii^ert dc ?Theo- 
]ogii£u^cafea4o^'^o Pontijfical^ ;o Gei^ 
jpaFlGai^QfiUbfid se pofeca lutin ladoitldb 
Jkh^^f^^^ow^MitfZ' obBigp^^eifei 
}4r)AwittDipl^ndbnd* emrii»^ csn 

1^d:)D6dosr/i^joe)hci»|0^ dkoM) ^i^ 

a$8embiOiiQ ph^noo^do JMtmb^^()ettr9t 
e6m> Alassal «Amiii:9;;.«fe|fl»^a> fteiCf^ 



117 

com raassas , posto de joelhos fez d 
juramento, eomesmo fizei'So os Len- 
tes de todas as Faculdades por sua 
ordem; eati aO presence se tem ob- 
servado inviolavclmente estejuramen- 

to. 

Achando-se neste anno D. Felix 1647 
Pereira Pbrtuguez em Bruxellas , foi 
degolado pelos Cascelhanos, por Ihe 
acharem em sua casa hum^ retrato de 
ElRei D. JoS^f), e persuadir aos Por- 
tuguezes, que serviSoa ElRei de 
Castella etii'Flandres, que passassem a 
Portugal. Deo a vida com tanto vw- 
lor, que, artftfts de Ihe cortarem a ca-- 
bef a , declarou , que nao morria pew: 
traidotV porqite nunca havia rido El- 
Rei de Gastella por seu Rei, pois sd 
b eta BlRei D. Joao IV. de Portu- 
gal i e que esperava na misericordia 
Divini, que na descendencia deste 
Rei havia y£r o Mundo hum dilata- 
do Imperio, 

Neste raesmo anno mamiou El- 
Kei em soccorro da Bahia, onde ri* 
fiht entrado'huraa Armada Hollan- 
deza, a Antonio Telles de Meneaes, 



118 

Gondejide VilU Pctiot , jQeneral da 
Armadar^ com doze navios^ levando 
por sqi Almirante Luiz da Silva TelT 
les, com Batcnte de AJestrc deCam-> 
^'General* Ghegou o.tjpndf? de Vil- 
la Pouca i Bahia oito dias depois dos 
HbHaifdeze^ rJiaverem desajantelado 
ia fortifiea^ao'^de Taparica.' Tomou 
o Conde, posse do Governo ; e Anto- 
Ilia Td'lesrrda Silva rjicoq assiwindo 
«a Bahia tbdo t> tempo , que. o Con- 
ide govemou. i.,. 

f ' A :8 dei Marfd mk^frfo o Mes> 
tre de Campo Francisco Rcbello, 
grande em r^lox , e. pfudencia : foi 
■x> terrondos HollandesseiJ, veBcendo* 
*6stantias vezes, quantas,pelejava« Nes<r 
te dia , icombatendo cpm elies , foi 
-morto de ,IUjraa bal^ ev^ Pernambur 
^o^ a qual Ihe eatrou pelos peitos* 

Negotfiando era . Rpma o Padre 
NutiQ daGunha as pr:«ten§6e$. d^ Por- 
tugal, e vendo tudo baldado se resol- 
-Veoitadar %J3Ufppapel nanaao do Sum* 
■mo Pontificei tjue EJRei -D-JoSo pa- 
^^a'leste effeito' Ihe .h^v^a mandado, 
S^^ <^<*ti9feaii§S!^guh»t€5,.paz6esi 



119 



• 



• 



* 



^^Qpe Deo8 IJosso Senhor havia ' * 

^^restituido ElRei a posse, do Reina ^ 

^Vde Portugal, chamandp-6 n^o s6 o . / 
*^direito :da heranja do,>lAfant€ D* ^^^ 

** Dugrtft seu Visavd , sqnap rti^mbeni 
'.'as Lei§ ^o iBleino, em que nap^en- , 
trara com violencia (come, em ou-* 
tco tem^P; sttccedeo a .Fiiippe II., 
sem atteocjer aa que .J^he escrevera •, 

oSummp Pantifice Greg$>rip XIII.), 
*5mas chamado pelos l^^s-i$?t^dos> 
^Vdo Remo^ que tirarao da po$8e Fi- 
*^Jippe IV» Rei ^c CastclU ;.pofy.este» 
"^^respeito;, e Juntamente i?or.gyc;brar:, 
^^o jiiramemp r com quei. prpmetteo 
*^gua;rdar os/Fik-os , e PriHilegios de^ 
*i Portugal. E que sem cip^argo de 
**acliar p.Reino., quando cntrara, m 
*' posse, (leUe^. desarmadd, : e pobre^ 
^^por havesem os'CastelbtWSjleyado* 
*^tudo quaiito era.^valo^i e estima- 
**>^ao, havia resjstido. a traig^es :mui- 
** tas veies intentadas contra a sua 
^- Pessoa, e aos exercito? qpe proc^i* 
-rarao '^a inyasSo* do Rein^p , .ficiwdo* 
^*tficrii(we; as^s^as^ armas victdriosas , 



120 

**algum Principe Estrangeiro. Que 
"desca erperiencia podia Sua Santi- 
^ dade cblligir a enganosa seguranja, 
" com que os Castelhanps promettiao 
** a Conquista de Portugal ^ se a paz 
** universal se celebrasse sem esteRei- 
**no entrar nella. Por^m osGastelha- 
*^ nos tinhao por mais utii , e por 
(c mais decoroso fazer a paz com os 
€€ Hoilandezes Hereges , e seus vas- 
«salIos, que com Portugal livre, e 
rcCatholico. E que, para se justificar 
€c com Sua Santidade, decWava, que 
€€ em caso que ElRei Cathclico nSo 
ccquizesse' admittir os justos meios 
€€ de actornmodamenro , (fue elle es- 
<*tava prompto para haver dc accei<« 
<« tar, que tomava a Deos por tes- 
<i temunha de que em caso , que Ihe 
*^ nao basta^em os soccorros de Fran- 
^^ca, CO mi que professava inseparavel 
**amisade, que era forfa valer-se pa* 
'^ra sua'deFensa das armas dos Sue- 
" cos, e Inglezes, com profundo sen- 
*^ Hm^nto de v^r ao mesrao tempo ar- 
^* der Hespanha era guerra, e era he- 
*' resia , quando $6 cte2ejava einprc- 



CI 



<c 



121 

'f^r o valor dese^s fassallos, edes- 
pender os seusthesouros contra He- 
rege;, e lafieis, espirito herdado 
** de seus gloriosos Antecessores. Que 
^'corao filho obediente da Jgfeja, lo- 
^^;go quef6ra acclairaado Rei dePor- 
^^tugal , mzmisLTR o Bispo de Lame- 
^^go do seu.Conselho de Est^do a 
'^dar obediencia ao' Summo Ponttfi- 
*'ce Urbano VIII., e de que, depois 
^^dehum anno deassiscencta em Ro* 
ma , nem huma audiencia pudera 
^^conseguir. Qpe mandando depois 
*^ o Estado Ecclesiastico de Portugal, 
'* com beneplacito seu, o Prior de So- 
^ dofeita , Nicolio Monteiro , Bispo 
^^eleito de Porralegre, a rratar do 
^^provimento dos Bispados, que a 
**hum^ e a outro intentdrao os Cas- 
*^ telhanos f irar dedia a vida nasruas 
*^ principaes de Roma , sera attenjao 
Va venerafSo, e respcito/ que.se de- 
'^viaguaudar napresen^a doSommtf 
^ Pantifice. Eque dererminandb raan- 
*^ dar o Marquez de Niza por Em- 
V baixador a Sua Santidade, por n^o 
'^atriscar a segunda d^sgraja, manda*^ 



1-22^ 









ra pedir' t Saa Santidadelioenja ^ 
para o poder fazer por GretnonvH- 
"JQ, fc)riibaixadordeFran§a: que Sua' 
''Santidade o nSo permittira , sendo 
''queellenao perrendia mais favor, 
^'que dar-lhe obediencia, como Prjn- 
'cipe Carholico^ ab^ Vigario de Chris- 
" to. Que sem dmbargo de todas es- 
" :ias experienci^s^Tesrituira a Autho- 
• V ridade, ^Si Apostolica y e' i ' seus 
" Ministros. a jurisdicjao , que total- 
*f mente « Ihes haviatirado por or- 
"dem d^ElRei deCasteHa, -depois 
*^ dt . prezo o ' Bfspt) Castracane Col- 
** leicor Apostolica , ;parecendo-Hie 
*' justo dar satisfajao do crimen' que 
Tiao njandir^ fazer; eordenarac^jue 
se observa^9em as censuras, que ^ti" 
^\%^ forao desprezadas ; eque m Mi- 
**nistros Reaes se'sujeitassem 'to Au- 
ditor do Vicerfiolleitor , e Ihe pe- 
dlssem absolvi^ao ; e antes . xjesta 
^ diHgeticia nao permittira - que J-he 
u fallasisern^'uemi que* exercitassem os 
«« seus officios ; 15- havia dfeliberado , 
«<que se restitjissem aa GdUeitot", 
^*6in caso'^tie itimiassei oa bens fie- 



cc 






123 

w clesiastlcos , que *08 Castelhaitos 
<i usurp^rao ds Igr^jas, e as eseriptu?* 
c^ras,,. e.papeis que toraarlo ao CpU 
<cleitor; eque raan<iara cessar as dcf* 
u mandas sobre este particular ; e qua 
a se ,pagasse a S6 Apostolica o que 
<ida.,esmQla da .5uil|i -da Gruzada 
«i esfava. applicado a fabrica de S^ 
« Pedro de Roiiiaj qlie demuitos an- 
«nos antes senao pagava- Equene^ 
«nhuma destas Hnezas era poderosa 
i^.a obrigar^ S^-Ap>?istoIica aconce* 
€c der Elispp^ is Igrejas ide Portugal^ 
<<qu@^erat s6 oqu^'com ancia, e ^ui-* 
icdad^j desejava*. Q^^ a Sua Samida^r 
f< 4e bavia Chrisf o Nqssa Senhor en^ 
<«.t;?egae a cura da6-^Imas; e que to-* 
<«do p 4efeitOy e^damno que pade-» 
f^c^Sfi^^^s do seu Rieinb pot falta* 
«<de> Pastor^ cabia sobre Ja conscien^ 
cixriaydeSua Saiiridade; .e que est© 
<<pi:ej,ui2o das^alnjas, 'por faha de 
#<Pat&tore^ s^. fjsf^adia com timcnta^ 
€€ v^l rujfla . ao I^gwsaimo donjinia 
f€ da Gc[r6a de Portu^ na Azia ^ na^ 
fc Afrka,:^ m AmcFica, deixand6^«e 
<< etQ muius part6s^e.adgiin[i$tt:4C-.Pi» 



124 

u Sacran\ento^' J)pr falta de Parrocos. 
€<Que OS Summos Pontifices cosiu*-' 
«< marlo sempre dfecidir em negocios 
fcde maior'importancia em consisto- 
4;*rio publico, ou particular; e que 
w nSo harendo materia de maior pe- 
i( 20, nem de consequencias mais re* 
ulevantes per ser utilidade'sua se 
«cnao tratava. Eque nao sabia acau- 
€i sa, a que pUdesse attribuir esta de- 
€4 monstragSo ; porque entendia , que 
unio poderia haver Cardeal algutti, 
^<que acortselhassie a Sua Sarttidade , 
wser raelhor deixar perder tantas al- 
<< mas sem Pastor, que perraettir-lho 
<« por nomea^ao sua concedida aos 
<c Rcis seus Atitecessores* Principal- 
is mente bavendoddterminado oCon- 
^ cilio Tridentrho , que, para o pro- 
«< vimento do^fiispados, preqedesise a 
crnomeajao dosReis, ou dos Possui- 
w'dores dos Reinos. Que ElKei de 
«1]}aficella y comd Catholico , se nSd 
€< poderia qui^ixaf (fc que Sua Santi- 
«rdade executasse a deterttti^a^Sfp do 
^<Concilioi Que Sua Santidade nao 
««cottui&ftVa>deriJuiz nos titigios dos 



125 

u Rei*6* i c que Hilipfte 11. f6ra:. o 
M. pru9pie^ro : que prdtic^ra , e seguing 
<ie$tariQpinlSo , qus^i^ tinnara a i]v» 
<c jtf$j^a posse de Poncugah: E que b» 
irf Suipmosr PpntiliQfis ;n Predecessoce^ 
(^ de^uac^goiidade, :»^Qri2Qstuinavaa 
ic attend^f (Oiais,- quje ^ tern das aU 
If mas ,' p^rtcendo-Ihrcjf jysfo , coibo 
^iVigim$ ^ Chrkm in^ ;erra , : je© 
<^^i9t}iomBlum ae-itodoa OS Catiu>* 
^ lkm<l Kj;qu^ Su^ Sabjddade segulo 
^^Tedfcrrfrifejs^Sp divertOaCjanu qti© 
<f Heflih^cfilBW* R*i ,i'irt*ml "<tfttaQ filb» 
^^oAr9i^vm -mtpite cipo4*5doi segwarv 
^<firop.(Dek9( fiojn; -Q'^nsa^iiiento hafcia» 
*%:diBlitquid,Q6cbnthg6ca Sir«a*S6 Apds^ 
^^.ii^cii, iiiMya: jC<]^dJej«(|ue}iaiai0SM 
¥eiiHi(ipafpmnili^?b[qo€( friiidferaf u^i^ 
¥j<$imohii(f5L£ri«fcipCfl inflel'^ cni/|[e» 
«rreg^idBbqutiI« ihtp)0HireipliarfVa)0» 
t<'6fenfa^eni<^ji .depis)(i^:t^e s4rx>nhca.Qi^^ ci» 
f^)itioii5r««i4xp«*leBcia-ff(Wii sjue-^i* 
^ S»itfidadi6n9dmiiri9«r^^ if^r}fisfii$a^ 

^:£s|ft4^ jtfmpim^ da^^Igneja tlmi^ 
^€^l(altivdtp^^bla3{do Rcijode 



u menos cbrif^iib d MoftarchJdPor- 
«rtugueza, po^'cxceder a tockm na 
ctf^elo do aogmento da f(6' Catholica^ 
^ levandd-a« ^^om grande dlspendiov 
<c € traba U«J^i d$ ^ftia Is ircrndTas- partes 
(w?ido Mufidt),0€fintf7VeneW^^o^3'd'Obe^^ 
•cdiencia ddlgrejd; Que o Papa-Gle- 
iiitnente V'lil, j^tdera 'o'-Rtfiha dfe In- 
wglaterra; par Wife parecer pfecfeo ac^ 
«jCOflimodar>ie'atf drct^«eJ:do Itn^ 
«< perador >Ca<rJ6g^ V>.;- e iiqu^ pa^sador 
cvipouco ti^tt^^efa pal^s^dni'-Uen^ 
<*.rlque VUI.^^Rei^ de- Ingbi^eita-;^ e 
VTsetti attef>0^oa;oifaV(tt- ^aweteclente 
«ido Porir!fi)oe,^^d(S^xarap^rdWfia5ftiek 
♦<<Ic Reibo^ a^iftr CaxtielkjP^iujHbigtfc*^ 
«<^tarai dai^c}«e-'tbrte*rUui»*«n tiD%ne-> 
orja Oft Hew| Ecplesiafi^tos^;5Kqu«r^ol^ 
♦^Heregei-jfite h:i^i3oiti*uff«clofrQ3ie 
H cf/Papaifi!l€tae«ife VjIIfPJ^edebAcfr^nd 
^gremiovdfeslgreja^ •:a fiiflfiapieiJV.* 

«|Jft><I?ai»ria//n^ettii att^ttdb^bjtrtflf^ 
<9gs^di^, :ebmdtffidr(;^s'Aiei.'Filipjptf 
«*Ii% e dgTscablttiiikifnM. <>««?erai 
«fcertcs <^ef>ytelwfaqteviiiW iieg* 



m 

<c.ao Summo PoDtrBcev nem conseivk 
4< tir beresia , nqn scisma nos seut 
<(ReinoS', cotno a .nSo admittiraa 
€€ OS Rds Portuguezes seus ^ntepassa^ 
icdosn pordm que se na falta dos 
<<6Upos:^ depois de consultar, coom 
#<;lhe era precisan^ente necessario , oa 
i< Mifiis^ros Ecclesiasricos , e Secular 
M res itas materia^ pertencentes i Igre« 
♦< ja ,♦ se originasse'daf lijberdade mi- 
<< litar, cammercio, e. trato com ha^ 
€<*jrcges^i e infies algum succcsso rae- 
«i.DOS 'aeoente,e mil arlgreja (o qua 
«• ;pe(aa lapo permittlsse .)4 que espera^ 
l« vayique' nao cabisse a: culpa sobre 
oa. sua>.conscienqikf'poi&^nao era eU 
«ie a causa denaohav^r Bisposy-nem 
#f defiiltar Nutaio Apostolico^ ie Mi- 
^^•mstros Ecclesiasticps^^que ptidefiR 
4c Sfeija ' hresist ir aos> males , » que sobreH 
MiTie^om. Que na ektrerpk necesSdai*. 
<f:de. Ihe segtiraySao^^lgr^ndcs Letradosi/ 
^qfyesegurameiiDt^ podia iobrar, 'cdtw6 
f « sej .ci3o"hottv:^9w acce? so, e recursd 
f<d S6 Apostdica 9£ quefaltanddi-lb© 
«.ttbte ^ como yfer>iaddir3menlefTgirfe^ 
<r4^:, tocavji hesic'^caso aos GbH* 



128 . 

H dos, per nomea^ao, sua eleger Bis*^ 
ccpos, como antigamente se fazia 
€€em Hespanha, e ainda se conser- 
€t vava em algumas partes. Qpe Sua 
ii Sanridade se nao poderia deacon^ 
<i:renrar desta resolu^ao\ quando, co* 
€€ nhecendo, que elle poderia usar de 
€i todos estes reroedios , nSo tratava 
u dc definir as suas justas pret<^ns6es* 
u E que, se por ultima resolugSo, Sua 
€i Santidade antepuzesse os interes* 
€€ ses de Gist^lla , a sua justi^a , oue 
<c determinava juscificar'^se com todos 
iros Principes CHristaos para que 
cfem oenbum tempo se Ihe puzesse 
<4a culpa de qualquer modo^ que 
ffsuccedesse*" 

- / Todas est^s ra^s venciririo 
nuito ao Papa ; porSm nao o deter- 
nHfiarSo a decidir-se a favor d'ElRei 
de Portugal ^ e da mais jusfa de to- 
das as causas. A Religiao, « a pieda* 
de^d'dElRei foi tal , que, apezar dea* 
tas raz6es, e do conselho dos Sabios, 
cdoformando*se com o parecer do 
Xrifamial da Santo Officio, que dea- 
apprchrou estas opini6e$^ a nada pror 



12$ 

ceded ,'^!b •'{)odendd Gonseguir em 
ttes Pdotificados , <}ue forlo Urbano 
VIII. ^ Innoccncio X., e Alexandre 
VII., cousa aiguma da S6 Aposro- 
lica. 

Ne«te anno se ofiereceo Domini 
gosLeite, para matar o Senhor Rei D; 
Jo§o IV. ; e para este efFeito part io dis 
Castella < acompanhado de Manod 
Roque, a quern occultoo este segre*^ 
do: ^hegando a Li^pa^ no inez dt 
Maio, alugDiu humas casas na riui 
dos Tdrneirck , is delkaifoi insensi^ 
velmente alugando todas .as que se 
continuavSo, at^ huma pequena pra* 
$;a , que iicava por deeraz^ da Igreja 
de S. Nicoi^o. Feira esrta diligencia^ 
fez na parede fresras com pontarias 
oppost^as, para seguraf o tirOy (M 
pela frente, ou jpelas espaldas d'El- 
Kei, quando no dia 20 ^de JunhQ 
aconspdnhava a ProcissSo d^ Corpo 
de Decs. NSo ^irtio ieste inalvadd 
design 10 o effeito, que elle-des^jav^a;'^ 
p6rqu« ) perdendo Domingos £^ir)e'^; 
todo perrnrBado, a pontariary contH 
ABou .{iela vsgunda / fresta:;^ e iguaJt^ 



ISO 

fRent0 nacir. t^vel effettf* iJRwsqu .EIi 
Rdi li vre da perigo ; e UomingQS Leir 
tie volcou para Hespanha com.Ma- 
noel Roque seu cotn{ianheiro ^ onde 
deo as suas desculpas , que forao ad* 
qoittldas. Segunda vez ¥em a Lisboa 
£om o mesmo inrento > e o. comVnu* 
fvicou a Manoel RoquQ, o.que oao 
tinba feito da prlmeira yez. Este 
adiantandQ*8e> com o prelexto d« alu^ 
gar casas , o participou a ElRci la* 
^ que diegou a Lisboa ^ X{ue proi3> 
{^tameotf^tnacidoU prend^ a Domin* 
gps Leit^, o qual confessou o seu 
4elicto, e,foi:sencenceado a ttiorrer 
^bfortrado , bbrtando-se*lhe prioieiro 
^ mios em yida no . Peloiriiaho , e o 
aeu corpp :,fciro em quarcos esteve 
liiuitQ9.oias exposto ao publico. 
^ MandouEIRei render as gra- 
mas a'Deos em todo o Reina por cao 
lissigbal^a beheficio ; e a. Rainba 
jnandou, qiLie.nc9tJugar,.CAde Domin^ 
gp$ 'Leibe f Jhte^tara eracutar o seu 
fl^^igQio^^eJedificassJe bum Coovento 
dedicada, AQ SantissimOt Sacra n^eotc^i 
«.0'n9Jiiid9u^Qccuparipd[o8 Bleljgioaoi 
Carmelitas Descal^os. 



131 

dxercito Portugue?, dj^ydcis mil e '^4^ 
quinbentosSoIdados, deque era Mes«. 
tre deCampo .General Francisco Bar« 
reto de^MenezeSy e Cabos principaes 

Jq3o Fernanda Vieira,. 4^^^ Yi* 
dal de ^egrelros, D. Aatonio Filip- 
pe CamarSo, ^, Henrique. Dias^ com-^ 
bateo coatra oexerQito HoUande; de 
sete mil equatrocenros, combatentes^ 
e seis pe$a$^ de anilhari^ em ^eroacD-j 
buco juncq, %i;hun$ rnqri^ies^^ a que 
chamlOf G^r^rapes •: com tf 9 d^ifiptual 
ciimera consegqimos grande <victo- 
ria , ^ .mprre^do < dos nossos , oitepta , e 
guatrai passandq os feridos de quirs 
nlTentos..em qu€.tivemos riquissimos 
dcspoib^^i catrando p Bstaqdarte da 
^epub|iiq^.,de\ fioHan e. 

nove Bandeiras. Depois de cinco ho?* 

dM^entQs.hon^enis^ em .quf^^ntrirao 

ceiitq e pitenta Offiqaes^V dpk Co^ 
ipoeis, bqip deUes H5n^;^q^\e : iHua; j 
q f eridos. f of^ r q^asi, lodps, ^ j , / , , 
1,; , jA ,?!q;/i[5f JuBhpi ;amanhecw TOr, 



'152 

mil irtfanfWV'c'tres'mil civallos, is 
drdens tie' C6?fmanderi/^^d6 jbromet- 
teo a EIRei de Hespahha a Conquis-' 
fa de Portugal, otjual rit^iJou avan-^ 
jar por qtiatro partes-, crdestindu pa-' 
fa si Ktima porta na estrada coberta, 
por onde bs Soldados sahiSo' a tra- 
balhar. AvarijirSo os Castelhanos 
^nimosamcnte , animados p^Io Mar- 
<|uez de Laganes. Antes de set em sen- 
tidos montar^o dois baluartes, e nes« 
fe- tempo tocdrSo arraa os sentinel- 
ks : acodirSd os Soldadds' dos cor- 
pds d^ guarda' viiinhos, e al^uns mo- 
/adores j que sustentarSo com "valor 
o primeiiT) itnpeto dos Castelhanos, 

?Ue derSd'Iugar 'a acddir  bs* outros. 
). Jorge dtf Menezes,, logo que ouvio 
o rumdr/s&.Ievantou da trauma, e to« 
manda a^'su^ espada , f a primeira 
foupa que eh^ontrou, Veio d rua aju- 
ddr , ^' *tiitf »r bs que jd'aChdu bata- 
Ibando; deSorte que obrigdrSd ao's 
Ostelhftafuos'a voltar Ss costas com 
tal dezacdrdb, ()ue i^Sb'^tinandp com 
o lugi[T,-ondte tiribSo^deiiadb as es- 
cada^Si-se^'precipitii«t) ^abaiiio dW 



w 1 



133 

Balaarte««>Cr^Keo p cpmhia|te:^ e D» 
Jp|o d^ JMenezes ,, cqiq; txf^ feridaf 
no peito , cpberto (desai^gue (pmba- 
tia (COfD. v^pn* Durou P.ipefigp at^ 
q)ie rooipepra :ipanh|» /N«^.}i;enipQ 
chegandp Oismander ;fol.;tnpr.io . pcnr 
hum Soldada iipsso , ; cp;Qc^}\iiqia paV 
ia,..Mor!^ ell^ ccssdr^ptpdgs onmot 
vimentos do cdrpo do exercito. O 
Mai:^uez/d^ Laggne$ seir^tircni para 
BadajQ?s , .aWiijSfi : as; j?sp.?risjfjf§f ;,d» 
CoiiqiW8ta:4e;?^t!|igaUj,4wafldo » 
Prapa cpbe^ta 4e sangue, ppf98so d? 
mortoi , e * ,a. .f^ampanha > d^rhtidf^^ 
pa def^nsoroa ;,de .. OliyenM Mfeviq 
huma gtoria- iipmortaj J q jP«JpSo de 
Menezea recj^bep d^ElKjei Jiucqa car^ 
ta de agrad^ioientps os 9iajfff,lippro^ 
aoa, cacfitg sp^ Li8bpa,ja-.^3fd€iju4 
nho do'ii^esnioafino* ^q : ^' - 7 
Depoia deste successp, intentd-^ 
rao 08 Ca8(ellmi^s outran eipprezaai 
mas todaajfom^.talJnfeli^V^^e:, ^qjiq 
^ aerviap de .augmraiar^ja^fllorja fk>a 
Portuguezea. _ .'- ^nr • •/< 
. O Condfl de S. Lpugcjjo jcpni 
mi] e ijQinhfntoa carallps^ :^jrerDar 



^k^f Di' J<Slo 'Masdirtinhas, Gtn^ 
i-ai de CiVallaria , e ^bls' kiH' infaii«» 
tes I orafenT'deAndi'd de» Aftuquef-i 
due, fthffoia ttn Cast^Ilk:' chegiilid 

auiis ' 'Kgdis' il^rti dfe "B^dajdz por 
GWadi'aH^'atltta, * ftzento grande 

Jfrgzi^ 's^-'ifettrou & iUtz ^e Bada- 
02.o:n...- ■.•• - -- ^^f- -■■-  _ 

< ^ NIo 6bfi^d6 nada' tfm^cMA <o 
P^id^fe:Niiho"da Cuifca^i nSandtiii 'Bt- 
Rei adDoarer- MahoeF'Alytires'Gar^ 
Hlho, c^* a -ihstrticc^^a* <5eftiridtiai^ 
em Rorai- o* requertfftdhttts <te P6!^ 
tugat pete 'que pe^tfendiS' '^'"ittateriai 
Ecdesikstrcaii: e qxi^ ¥i8to' -^ fiflV<^ 
Nundd," '^ddfa ao f«fiK», <J«e Sua 
Santidkde IfionSeasse a hum dbs' Pre- 
ladds d<felePRciiid, cdW o TiWilo <!« 
Visitadpr ; porque disti: ' isdrfe podlSd 
ceisaf algufls incdnvehientes .' que se 

SitdedSd jio R^^ido; pdr^ttiWte ichaii^ 
d-a m^sma impbniblKd^r, que ds 
dutrd^^i ' iictfu^ tddo Hd taS^iiid estado; 
Neste anno morreo D. 'Antonio 
Fitippe'^^C^tfai^o,' q^e a^^fbd^ 'de en- 
fermidatle> 'e neUe inim Sdtlado de 



135 

granule taltif, «8plrit<y '^rdti'cldfiiaiefl-i 
te catholicd. • -^' •*""'■ • \ 

Sabi^d>de Lisbob >Siih>a(k)r Cort 
r^a de Sd^te^fftolTittilG tkiGovcff^ 
nador do Rio de Janeiro, e Caphlci^ 
General'46)R«?no<d6 Angdlay g^nhou 
victt}fi»s ebrittz Ki»M6ti3fadtk9'i tcH^ 
duistbtf 'f'k^s , ctf^i^u' >£4R:ei d« 
Corfg^ , ^'a Raiftha 'Girtgaj 6 ^ ftz' *> 
•5dies-dert8fHilf^nieii6iria."'J ' •• *>b 

Deo Eifief • priiM Ji>^' <Ji esie a tft 1 649 
lio pondd Ga^a ^0(F^Hl:ii«e: D.Thfci^ 
dosio ,^ S«^»-Ma^<^*?4^ ^ *m' htiiil 
quarto i^ftfi'c^' ha 'f(<il$^ii*« itSi Him 
i^omciKi-'p6t 1s*0S GdtitiSi'Hottje'hs'di 
GSmif^ a llfenri<Jue' *le StMwaf, Coritft 
de Miranda, aFernSo Tfelfts da ^1- 
va, G6nJrei^^VM1aWMalbf> f^ ^uno 
de Mefla«wei;Gind<^a^'VaVdo8KeW, 
b ^'*D; ^f^/^riO 'd« tE^^Hiti'Brdncbl, 
•Cbh^e d5«'Vi^la-Nd*ai'Q'c«"co timp^ 
depois etftHVSo- >•{[ servir^o-Principe^, 
coni ies*e ffigstfeo etWcKilSi^; D. Ltfft 
dePdrt«lgili,'€bnae ileViW?b«o, JbSi 
Nuries da Cunha, D.^hWii*z»de Ni|». 
•fbriha ;:'GbHdg'^ao.rfttc#, •« D.' Joib 
LDboMi'SIIvdrav Ci8id6>it« Oriok, 



o. 



e BarSo f4^/,4Wvtia;. S^partHt ElRel 
para sustento da Casa .do. Principe 
ti^do o FdB^imefifcf 4Q»!P\iCado de 
Bragan^^i e deo'li^e oy^ras 'Cdnsigna- 

V ContlftuamJo o Marquezfde, Ni- 

f: vend<]iijas , lalf ^^esvdcf^f at^ des* 
4?0nt^rtr§ pglo ;gf)Mj?raQ 4afR>^^^ e 
da valia do.C^^^tr.MAWwim , ftz 
r^f grand^s ipflrCfrtM i.RaHfth* .da} parte 
4?EI Kdi Dw Jpgp , .9 jflures eH?,sagra- 
4ieceo,.9 deixaildo plVlvquez, assi$- 
tinda a^ft wgQCWs . de JFj-W^ Chrisi- 
IQv^o Soam de Abreo com/O titulo 
de , Presidefl<e /chegou a Li^bio^xom 
feliz viggeini. , . ,. .« ;-. 
o <jpntiiiuairdo em; Roma as per- 
ten56es d*ElR)§i com oS^03mQ'ro|lr 
jtifice^ )90liciff(4ai pelo Padre Nqtlo da 
(Cunha y^Q IDoutor Manoel Alyares 
OrrUh0i,oe^^{v M^nflpJ Pacheco, e 
.l^ada /qon^gumdo , 4cqiHe)|pavSo ^ 
JBlBLei grandfs/Letrados da Eiurapa^, 
ijue^.jia^lalfa'cl&.fccursso i-$.e^App^- 
^olica,; podia -ju^ar dost.tnejps,; que 
acima mo i?jSifi9^^4oB^ .n>«;:eUe de 



i87r 

mats nada qm^usa^vo^isr^que deigOl 
g08, Q supplica9 comqi filhp . obe4ie«7 

Neste anno motreo D. Joao de 
Menez^S) Varao siog^l^r,^ de etc)v 
na meiBona* r, .»••/ 'i 

As guerras Ci>is de Ip^Iaterr^ 
cresc^rSo com tantQ e^ceisso^ que EI^ 
Rei D« Jo^o ordeopu^ria AiitpQiodf 
Sousa .d9^;Macedo^ que se retira^ 
da C5rte-4e Londres^^' pOf nap quefr 
rer , que Minisjtro .seij: jlbs$p tesrqm ur 
nha de huma tao deshumana ac^a^ 
£1 Rei. Carlos I.y depois de experi- 
xneo^ar varios rey^fes-, da fortunafj^ 
^oi vfndi'dP.por quatTQC^nta^ n)i| lir 
bra? csterliMs aos P^Ujof^f arias 4f 
Londres^,pfIos Escqp^e^ que o h^ 
yiSo ampar,ado I e passado de Escor 
cia ao Cjlastello de Uombi/, cincpe^f 
ta legoas de Londres, com. gusu-cjai 
xia ParlamentO) a^quemdisse, quanr 
do tofB^rao enrregaT'd^i^sua pesspa^ 
fltte de ro^lhor, yoot^^ /jija com }y 
que a havi^o compr^dpyr-do que j^ 
caria conn os que o unbap, vendifjp. 

£ tirado df "Hombiyr po^ ordem df 



f 38 

_  - , 

qlie o p^rki^guia'^ o condusio a bum 
grande exercito , que governava uni- 
4b a Cromb^et;; artifiljfc^^rib^ jifrimei- 
Fbs anhos c d^ 6£f?as mec¥nicas. E^tfe 
Rei nSoachandp em hum Keirrd't^o 
Eiellicoso vassafld'algumV^J^^^^^ ^tre- 
vesse ' a defehdisr a^ sua catiiaVfoi tfa- 
tado lodignateeMii, durante- o tempo 
9a sua priis§6^Pati que- seA^enceado 
4 morte Tdi. d^goladd 6m publico 
cadafalso iiodia' lb de Fevereiro des^ 
te anno. ^ = 

' A3 deJUnho moffed W Ma- 
drid o c^Iebre Historiador ;' Mahp^l 
Tie Firia e'Soti^.' ISIasceO 'hi Ffovin- 
•eta d'EiitWiDwh-o e MftihbV Ho Val- 
fc'de Viifcte. Adqiilrlo eat'raditbs an- 
Om de est(id6$'^^ndes ebWIfeklmen- 
Ttos. Foi inif^e Historiadbt',* illus- 
%raAdo'aM^ N^^Jfd com asmembrias 
tIo que toi>^iffiro:bS PtottugUiies Aas 
Qiiati'o PifJeS'^iltfMundoj' oque dei- 
%bu eicriiptb ^%is vol't^iti^; Indi^ 
tAdo i ?6cu^'htb s6c6thp6t ihuitas 
^tis, po^6m in'ereceo tantbebi, como 
Ganji6esV e^'oo&e de PrihcipiS' dos 



15$ 

PdeiaL Mereceo'd eithnajiSd dos hK^ 
ttrei^S Sabibs do sen tbmpo , e tefil 
pelos' b'iiS ^scriptos hum grande ne^ 
me naPftsterid^de^ 

A fi de Agtysw t&orreo joio 
Finto ^beiro. Na$oeo na Villa^ di 
Aii^ara«Ke dt MaMet PInfo Ribeiroi^ 
« Hel'eM^^mes' da Siha, am bos d« 
nidbre faiiiitia^ Esrad^ndo na Univerf 
bidade de  Coimbra U JaY^i^prudencii 
Civil; ^^{6 consummado nesta Scren- 
cia. <!)^^ftti zelo pek> amor da Patri^ 
(B iAc6ltiparavei patrlotibmo moscrou -/i 
evidfehtertacnte nos .^ervicos , que iei 
na Resiaura^So deste ReiDo, comid 
fica" dlto. ' Defcikfeo os Dlreitos^'da 
Seiilibr llei D. Jo3fa IV j;^ com ais ma^k 
eiriddtites 4-az6^s contra W a nt3gairiir«- 
tas'^da CAtoz de FcMtagd. 'Depoi^ <ite 
ter sfdo Jul2 de Fora' dii Villa deJi* 
nhel; Pdtite de Limh , e outrcM Lu** 
garesV^im que manlfei^tfu a 'sua'H^ 
tcfrtftiifa^) is ^desintenesse Y foi Ddzbm^ 
b^rj^ador do Pa^o ^ Fldiitgb da Ca«4 
Rieal , <36ntador-M<Sr da JPazenda /^^ 
Guafd^-^Mdr da Torre do l^diiiba 
Foi tasado com Di Mafia da'P^di^ 



140 

4ra'^ ^ quern ntp/teve filb^. Jaz ses- 
puka4o no Clac^tra de S.Fraticisca 

da CIdade ems^pultura proiH'lav.!* , 
Depois da tragka ffiS^ed'El- 
Rei' de Inglarerra Carlos (^,iSeu fi- 
iho I Carlos 11. y andou disco^r endp^ fii- 
gjtiiwo com'^ajt^fa^IidJl^s'para 
9e livrar da tyraaiio Crpfljowcj^-que 
tomou a .^i < rg^yiernp ^, cf»mr o TTitiH 
I0 :s de PlHMiectoc 4a R^pu^lica <!c 
I^gbterra<r:::.Fugindo igualjrpiente 0$ 
F/iocipe^ B^oberto, e Maiiriri^ to? 
165^0 0i4rSo o porta 4^1 tiisboa. SegiM-ps o 
.{s^nerai Blac^; v^ipparecendo em Cas- 
«Ms qom huma Armad^; f loglez^ » 
i^dmposta dep^uifi^e ftavios, .fj^rten* 
iS^y se :lhe.. ^nU'lga^sem bis. ^riiKJpes. 
Sto$io:ElCl$i Id iQvi$adia 9 ^e > Ihe f c(^ 
f)!ondeo cortJ: ..rewJUfSo ; ^/reccaiKlo 
^tguln dtteatidp: dp General Blac^ 
•fi.jprevemo.,, faeefido naarc^ar' do 
Al^mt^joi!tfe8:ir^r9os de ipfantaria^ 
q^sduzentos (;a.ieaUoa > preveni^dQ: os 
2»gare3. m^iritinio; ^ nomclando para 
govel-nar Pfenlthe G>itde :4a Ericci- 
j»vD. FeiDaQdOj 4e JVLenf^s ; SeFu- 

1m1-q Qondet de Fmdo P« :Ff%oci8CQ 



y 



141 

cle^dtiisi;'tm= CascadiF d'Conde de 
Cantanhede D. Antonio Luiz deMe*^ 
nezes. Ghamou ElRei a Conselfao de 
Estadp, em que elle assi^tk)^ a Ran 
tihstf e o Principe. Di$putou-se sobre 
a eiitf^ga" dbs Prificipes^Palatiiidsj 
em quehduverSo varias &{>ini6es con* 
tra^ias: por^m o Princrpe D. Theo-* 
dosio fei huma elegante fdila ; que 
o Cond*-Ha Erl^eira diz^ cons^fvara^ 
tm seu ppder da propria letra defiM 
Principe ; e he a seguinte : . '^ 
' » u Persiiado-me, qae- julgariia -svt^ 
€< perfkfo "^ qtialquer v arSd pr^dettttf 
(cesra ekhprta^So a'bum>^R<ei pnldtrH 
crti^ttid, e a semeNiarhY^bi Miiti'^roii 
(< em nfiiny jiegocib^ifitfhiKfito. Oxili 

<*o Machavelisnio ,- qUt' /«6 ot mar 
<V s^uaz^k' usuri^i^o 6 liittio '^e pfw* 
<rdent«8. Ppr^rndt-hcand^ ^ti. taitt>* 
(vria, 'rrafttaios dti xUgsKio^ qtte'sse 
/f prbp($r. ^^Idrecia hd podco teiilpo o^ 
<'c^ee{^h^>Ahglieaiii6<f«btfito do I«ii» 
(Vperio (^Carlos I.>,'i^|ktHS8ifiio td^ 



142 

tf rde mudar ^ jiis{tftnic»)tQ o :gpy efno ^ 
use levaocdU/a furiosi <li«Cordia .dos 
<i^ Pari amen tBr4os.. Depois de diver-: 
icsos, e 4iiV:i4Qso$ successes foi pre* 
4f zo ElR(9i jegitimo pe]p$ ^ubditos 
fcrebeldes; ;,e np princlpior^do anno, 
u pq^ssadp, CQiu bprrivel dezat^inO) ex- 
ec iraordinarip' fu;rpr «. viperjosa jalva, 
ffnunca vjsta crueldade,: em Lon« 
c/dres, eoi b|}(p ;tiieatro piiblico^ sen- 
<fdci authdres Farfaix, e Qomx^wel. 
€tOh crueh e inaudita maldade! O 
oilHel da Gr^rBretj^oha p4gou: com a 
ffcaibe$a s^ piqmas^ que as perficUv 
<^ v^fl^ailos ^(nergGiila, ^iiS com, rado. 
<* d^. ser prppff^ra hum Rei tao gran-, 
^!de'entregdf,a.;.yid^ p^lo!! deJiros de 
^€ €f U6 sul:|di^s« Goncluidos ^sres sqc- 
^i.Cj»sp5, tpd^sirps prjinpipjMrdoMun- 
4iido .fecpob;cK:erao . a Carlpa IL per. 
w kgidpio, ^ii5j5ftfiQri,.:.e ,Rpi .de In- 
y^iaijf rra , :.P;^ qtt^l . njaodoui j logo a 
Iff ^a.X^rCf^-hum j4)Vtiadp cj^mado 
"itis^, queki^ifje^t^ipep carras.\de crjcn- 
*9» 4o ssih^i^.fias qjuaicf.Ihe.da- 
«fr>?a .autho^^jl^ p^m tiiat^ covi EI« 



/^ 



149 

f f tas eo;! Si^ii nome pelo Principe Kch 
<ib^rtoseu Sobrinho* Coflsultadosea-. 
<cte nctgocio, delitHSfpu ElRei meu 
€€ Senhor. responder a Lisia , com a 
(i sign.i^c:a$ao da amizade assentada 
<f conji ,to4os o&IpglezeS) e que ba*i 
ccvia deadmittir livneme^te nos scus 
f < portos «as Qaos daquella na^ao, €em 
cidistinfSo alguina, ^ quepoderi^o 
<f vender ; as prezas , e re|azer-se dd 
« qualq^eir dam no , coip declara^So , 
<< qi|.e a$ que eotrassepi no portq, ou 
<c fossefp d'El^ei , ou dos qije sen 
fcgui39;7fli causa do Parlamento » Ihea 
(4. olta.. fi^ria: licitb sahifem. delict 4ih 
c<.tes:dQ p^sf^rem tr^s diast Com csn 
<< te cooqertq entrirao. Dos portos d^s^ 
^tsi' Cida.de ps Priniripes R^beriQ, Go* 
(« neral jd'E'IRei dd QrSfBjfetaqhai a 
<(SQU irnaaorMauri):ic>^i{;ra^eiido em 
usua companbia tres navioa mef« 
cccanti», r^Dmados aos Parlamentav 
^^jiQs^MtmtMdQ Vi^deloakpaFf W9^ 
<c;temar.09.quietos aegpi'i^'; Occasion 
«Anott i ^ fUStc ^.pegOQiq . graq^^ (oeftH 
4«si^! ipe}f(>o receio prevMjida da Pftsi 



144 

fi ar£ ao mez de Fevererro passado. 
€€ Neste tetnpo e^tando aprestados os 
4< Prihcipes pari navegarem , appare« 
it ceo a 20 de Mer^o em Cascaes a 
4€ Armada Parlamentaria , que con« 
^cstava de qiiihze navibs , e Blac seu 
«< General declarou por cartas, que 
<«era oseu intento pelejardentro do 
«^< porto de Lisboa , com os Principes' 
^ Palatinos Roberto , e Mauricio. 
ic Vista maduramente esta pro|::i6stist 
ii nos mais ^cretos consdlhosii'ElRei 
«<mea Seiihbr; se detet-mitiou por 
<^v6tos de todos, que primviro se 
«<>imp^disse com suavidade ao^ Par^ 
<<lamentarlos tSo temerario intento: 
«^ por^m persistindo neik, coito fogo, 
<<e ferro se Ihe$ resistisse a entrada 
tt da Barra. - Este he o facio , 6 Pru- 
^f'dentds , atten^So , e perseTeran^a 
t«no del%)-adov soliciios dn irossa 
<^ propria titilidade. Ac^ oihde cbega- 
€tti a iroz da nossa maldade, se se 
M perinittir a eni^ada dsi 9afm etfi som 
•«4e gueri^ eoncra estes i^ndpes ^ 
^^fibi^qile ptii'te-ffepohi ed'JStletlcio*? 

^>Na*vcidd4e Mde diegarrai -as ac< 



145 ' 

I 

V$6<s cib^ Piafhiixientarios , ahi soard 
^a infamia dds Portuguezes. Que di* 
Hrld as Na^Ses estraogairas, quando 
^^ se Ihes propuier hum semelhante 
^^ caso ? Aonde estd , 6 Lusitahos , a 
^' Jidnra antiga , e o valor de vossos 
f^ Progenitor e$ ? Por temor quereis 
^^admitdr a injusti^a dencro de vos- 
^*sos liinites , e prezais'-vos deexce- 
— der a todos em ser raa^ndninoos ? 
^^}A perdeis a antiga generbsidade 
^'de vossos Av6s? ]i vesfalta obrio, 
^^ e ji se ausenta de v6s a fidelidade ? 
•*^ NSo vos envergonhaes'de emregar 
^ nas mSos sacrilegas dos' Rebeldes , 
^ dentro de hum muro fechado^ huris 
^^ Principes recebidos como amigos? 
*^ He possivel , que sendo os primei- 
^^ros na generosidade, e forraleza 
^^queiraes ' ser os primeircs desdc 6 
'^principio do Mundoy que di?gene- 
*^ reis com iio intoieraTel permissSo ? 
** Pergunto ; Que justas ,. e indigiias 
5f patavras Jan^arieis contra aqoelles^ 
'^que J^ssem nas historian ria^tigas , 
-^que forSo compreheftdidos^em rSo 
^ gfande m^idade ? Qonttz v6s mes- 

K 



• 14a 

^^b«j i|iie denuro : lias pfrtrt^ ^e ^o 
'-' imimt pelejar j e; pfllor Bivino. so- 
*' 1009 oihrigddtMs a defw^ter m lM»fe- 

" qtie aqwette , qM^ci a WW a ^npr 

-'Cofilwccis^ (|i^ OS Padaw<f»wJos 
**' ii<) rdbeld»v epoc hiwn;vSo te»or 
** <tofinmiiiaes. . fesibtir. ; i .««rd«de co* 

*• chte S*Dttrr , €»!}» tte que n^tr Se- 
^.^ cwilQcliiife. «lPflris petdoados, ^rfw) 
^'oBtfOi. rcctber^b; caaitigos eternos? 
** Affligwywsi com q tewor do po- 
'^ diBC ftes Padamdniaaiios;^ quft i ©a* 
*^ nlli «evjia die dp^yawccr , e gran- 
*^ Mieft Mt imiBigos ElRei da Gri*- 
^* IretaiiB* > « Rcif dcFnaaja , Di* 
^^ aamtfca,,& Sttejciai;-o p^de w que 
*! rtroiirpfliiefeioonirti :v,6aai« jwrnas »de 
*^ liollwdfti Ccfiio, ^qtte ifcw^^ djgpw 
-^ide ¥96 mput»ffkm/j|PM dottdos, se 
'Hal ^^swciiMrdos :'. pott Rao atfi^ fi9^ 



147 

*f8iv€lacharem-se ouHfoat,, que sigSo 
^Ijigual dezatino* A prava desu ver«« 
^idzde heevidemte. Gis.F^94iceze8 tem 
*^den^nciado gucrra aos^ P^Ian^enta- 
^^rios*^ JEilKsi de Diijiaouixca lue pri« 
" mo SiCgwd^ d^EIRei ^aGri-Bret^- 
^^oha: ajuda-o a Rainh^ df^Suecia 
'^com difiheiro$, e arma^, q hie yqz 
^fpubiica^ que dece;raiina ca^ar com 
** p. Principe Mauricio ^ qar Hollan« 
^' dezea river^ muho tmvp cQi sua 
^comp^nhia^^lRqide.Iii^ifrt^ e^ 
** he I|ptp^?io ,o e3tre^tp p^^ntescQ , 
** que tein coijq, o Prinqipe de Oran*^ 
*^je: clatua o povo, q\i& sCr d/^ipeod^o* 
V 9s Prinqipes,. que esica,Q d^a^ixQ d^r 
I' sotpbm do now) Re^i Ser iij)4?^inp, 
^^e qui^ ^e nSo, baistarqtp o& t^^^pt* 
%i^ave$, Sje defexidip (^n^ fWfra , O' 
*^. foga Qj^and4>ou.vi$ref, que:0$Prm«* 
%ipes 9 se. detinhao contra ^ Vifi^ta*' 
I de <io Ppvo^ qquize^ies f eg4|ir j^^^o- 
^ negocio presence nto f^^ifi .c^pd^ 
*^ seu yoto, para oiostrajdes cow ey\^ 
*^dpncif^, que obifaesrcoin p,^ix^:> 
fa^etidtO ^^st^. ppini^ bfalUyed cpm' 

K 2 



148' 

"seu Ihrkdo d^ElRei delngk terra,* 
** que veio tratiar da paz; e quefentfo' 
**adraittir contra 'a ^ua armada, reed-' 
"Ihida hos nossos portos, a dos Par-* 
** lamentarios. Quereis, que* vos diga 
^•^o que he isfo? He arrdjat-vos a 
*^ hum precipicio , por vos livrardes 
**de ^hUflti touro, que vos investe. 
'*Nao tendes' que teraer os abomi- 
**naveis Parlamentarios ; porque ve^. 
^' mos mainifestos todos os signaes ^ 
"qud amea^ao a sua ruina; sendo o 
^^ jJriraeiro o terrivel Snfluxo das es- 
"trellas, e aquelle comera infausto^ 
"que appareceb emLondres; que as- 
**sim corao prostrou a grandeza de, 
*f CaHos^l. , e o reduzio a hum fu- 
** nesto rhearro , cortada , e dividida 
^^acabcji, tamberh significou, qu^ 
•* o Parlamentb sem ella morferd bre- 
*^ vemente: ecnnstara aqualquer As: 
*^tToIogo raediociremenre douto, que 
^icom a certeza, que p6de haver nos 
" dlscursos huraanos , quasi no anno 
"'de i6'5ri , serd' diminuido d podei; 
'^dd Parlamehfo, e ati o de i65'5: 
"cntrard emlJondres triUnfantc Car- 



L .\ 



149 

./^los IIi^ifE lodo isto, que) dfRrino, 
.i^consta eoflif ^vicj^nciaf ^aosque lem 
J/ phscrvadtO' o na^cimcffttp -idnEIBiei , 
Jf^p i)a nQvs^rAe^uWicajiie)?!^ rpvolu- 
c^ .{ap dpsr^pngs dpMundoi O^egun- 
.(*,*vdx> §ign?^ foi^buip grancte t^rreoio- 
4f to , de <irte .sc>origiwi»ofe«toa ter- 
-^^i?ivel wppdtade Bono^r derHolJatl- 
.f^da cofttrfea Armada dosParJairlenr 
^f^tarios^ q«9r, l^vpil .rouito«r,nav w 'a 
■|piciue^r,e?f 'p^sre^ ^ye CQSiwjtia siui- 

J/rced^r . ap§^t^<5.feniQtoai^i J^6i\gio/ de 

J.' qu^ mQ tfM^^ coBtiinuaj^ jQb eKpQdt- 
-fAjSo ,,; QWe. , ^li t f a,ia V)av'j]|?'lttapsQte* V'a 
r * a i^:?^ndog3b^h!ieiiM septo9m*icr^ ''e 
liajOOtvAnapie.^-rtujp iqiwdifad^rf slo. 45^'> 

•■lAjiglica^jf ^i^i^b^yo!!^ -$eib 

-l*air«pdfti^,rCbflp*^r4(Jfi>fdtoWtc^ |»3b 

s*ii'4o B|wgtt^ftSMaia?!3d»steql^Jirad'<i, 
8Bii(^a;-43^ift 'lienor dflC^i^atrot/ Xjrt- 
/or«(f SOTiifti fc^W:^du?ai^! ej«^iileptf- 
!i i>l iea* * Dai«3( :a«ijites<i «*»: fcaiif a^:. dk 
D!i4uii!ruifta ^ (porMS^enci'ii todaaltRfitiJ- 
^7rias ii i9imr^hfi^Ji^fih^&hiBd^ huth 



" mwto, "^a V ibe agoi^a W^Se IngUtef- 
^^ turba^ s^a<^ >ft^r mtap€tUSb ^iR> tfib- 




memo 
.^ Suwtn^ Pbfififid^' liuifia ridWfa 

c^^led, e que ll9e eonc^erat^'iiberdfo^e 
t ' ' de (^fiK^<^6»' ' rl^Mf^d^io "^ do < Se- 



161 

<Vah^ indio^ qyiQ'<poqco /mflis dunri 
!M di& ir«f.#HKMs .« ¥idi 4eftft desord^- 

Mhos as|^«t8(0!:itgQriOiawIaia7aohofirft 
I'ldlP^ Parti>g||mfti|.iM6 ;agoea iovioi* 
t<Mlidft:M|)«r(}M(¥:, ^t^ pefjtaiisiiao pro*- 
YiliQ^i^ot aiVQfMp^iiiiiM«« Parar^ili^noa^ 

^per(i<R^n?ai,i'.>n«iia* <degj5in)aar>fetqttf 
tl fwr hqmi .rSr^p^ftdafiHf.asfiflrfMfi^s^ 
^>«tif»d^ if ofaAitfba, ^mfH|r$h ajUai^ 

-'ij«f «&<> iP ofsm<^/fAdftii ^^Mvitefi) «a 

-£fiaiiWLf|^i|^JM^t)^.f'.^OiMHi9ati)^ ^a 
Md$a9«»ilf»i:QJia)jf9i%'qM^^«>f)^dtfga4 

?!: lad^ 5 o2o>f^apw9 -ci^sidf f af ; qii^ 



Ui 

^rios: se^se fofem l^go, succdder- 
€i noshhi bem ; se c^uizere'm- pertt\ttni^ 
•fceri «u«ivos s^gitm-, ^e/o tttW, 
c< e o remo os lanceiii dbmbisos i^or* 
«i'to^ : ; pdi-que a r»flldl4k{ de pel«^dr ', 
If pelo^fie^ 66^caixl^ deltl>6radb , ^«<tei 
« eta , ^^ 'pfudMtotmiMi^^e 'ton^eri 
<crudo aquijiol, ^Ht^ c^ a [u^ri^a se 

«^ ta pelo^mpidp Mm^ Quai^* 

M do^'algueiti diz; ic^dl^ra <ii}m recti 
tc^ ra^flSo^todas as CDCRasV e lilb site- 
«cce<tem-^feotiforine :a razSo , nSo se 
«ba dd^piiMar adiatitr; itias pMV^^- 
€4 riji^kO;^ ad prhieipio sedec#4^du 
<ADki^to^'alD0e^tahum pi'^etfrM- 
s« m<$'C3^)>iif$o/ dizead0;e]ue^eiii''qil|n* 

4< soV^rif riwlfnUfav^V^^'^QaMA^^ii- 
tfs rat etH'^ds rnAmsar ttfMi&? ^ixf Qei'I^e 

«< sef<i|tfli|^t' d<l4iuMa^p^llM^'eiEbdlM|»[^ 

«<<)ue orS^i^ dtfVe <l0)ysidei«r^4biia^ 

*€^ Otff^af parte^a^to^Mf!; :e q«fdi<ao 

(«^iAc^o»'OS ^ticc^sd*V?^f^"^c*f^; 
«« jSo cerrbs osciMs6|}A>sC Com'^ses 

(«F«ii4afi90oM»klird oqtiesljitCK Cciti 



153 

<)cAfcVefm abraQdar osanitnos dosPaf- 
*«ic^Ta:f0entari<A%< ' ^af^ que 'deyiscSo do 
,<citifdrito coide^^D', propoatosy con* 
^Wfofitie o dir^iTo i:omiaiiiBi jvoS'Oorr- 
'Tc c^ftos cd^radM;; hi^ poacQ ,tein][A> 
'Vc'j^tre as dutsr^CofdaS'; iperqucy ain- 
- €^ d^^ que eti^sq se constiiida 'saoces- 
^o^t*eii do Rjihfivde Iiig^aiteriiis^^^o 
'4i^i$b9 roeadeckHr Mra materia ■^entfe 
Nit^sc Pa^kNUemarioa , e ElReL;(e ai- « 
u'%im 'fte^' '^(lurito giiardaroios os 
I "i^HMicertos f^s^ffotf dom tambosii ^ torn 
i c<ft fbdb {)eiteiKlereitt eiitya^ mk^ip^rro 
"(U»<s>tttra -  Hi^fidifcac' i»jontade , oen} .rfi- 
'^<i»irti^f|;aModev>eiiD$) deisan^AO&b)])- 
(( primir das suaV zttCA%^\'ejn\^B.<t^cfti^ 

c^;r^pi||fiar a^'i^i)^^ iSbm^^a fc^^afKf de* 
[^^ts n%]i^liiia*iKriispoMpaafcaBiN»^ 
iMiftr We}dc68i|d8^4o$€abofidaBana tbr 
9ic tifiadav' '£ ^Mdo* 4^na<raogid€in 1 de- 
QCktfelis^^ itaitfrali/i. Wpdrae io^Ui^ >a 
.^ -ii^tdi»ia;;:l8^ bea> qv^Ji^lgcAfBiaa 

•29yi<hetet» ^lj^miynbpinf^fl(tfbpiri}he 



154 

^^ beroijsujeitar. . Phqci^^ #i(e$e4M4p 
« feliainente hum tfitgQci6 owfi?ft ^P 
<^ qoe vclle Jiatia |>ci3Bu^*daj? -^Jffi^*- 

-** qiie^^ 4i»s. cm . tuma iriega^iip* .^^ »• 

*^ 5S0, qoe se aadgntft -itolitp * ) pfr^iP 

^f. que Of Ml Goteotbaj/^ ^na^rj^ew 

" fondado- ^ Cf i ioai$? prutt^l^ B Jul-* 

t^^.Mpdo cfjairtcefc «ortirtrio:p^.4uajs 

'/' mb^ avaKott 9 ^«Wj¥W# fOR i^tis 

^'sabiau^ Ab inesmas (maitoMigQ ;- pof- 

> ^^ qticy tjaaad^ ae: na<> Ofi^feflneM -to- 

'^^ dosxoai'ia iiiMiia*(:)Q^&nJaO;, .^iV^^cflr 

i ** idqnflbr proBpcrM»Bl»f-*. ieoufiPWia» , 

-^.beiBdpon4aiadoi Vi a^ :?bS li^r^.-r; >/^ 
-//2: ciiatd: plec9ua4k> $)i^^f^i|iQ dr!fi^l^ 

«a^ f€pt^gA noa< firia^^fifs^ ^alaOiapft, 
*a)dui4mKfto^>f pftnaHnrisiA Anofidd 
-fit tma^nmtAd^i^4fipq^ 
*«i Aittdqiof:^ i&qibWi :V^iitH^^ 
f€lq^4*or 90ibql4n\ii'aiitcsa D^ j!^^ 
3JAKiA]|||[iii|dayirA&d diMegui¥ki-<¥)ft- 
.'«kxcU> Ajrimerf/rque , btiriiri^^do 

'i>anP^aad|>»jR}abQrco^gef Mfttfndp 



U6 

-e«ft!i' n fftfiatitaritf, aa«'>h»?u'X?b»|!«<^ 

-rfi^'g^rnt)! df^AfttUd*^, «'eW|!«oie%i 
seu lugar a Jorge de Mello , GdM- ' 

t»v «iiA^'e.>n« «M(ii^l«6ui')«y(t«it4i, 

a ArtiRiba3d«^'fMi^niiiem«>v>^^ 
(Cotti><^^t4aotitji)) ^itorafiaifiit^, que 



145 

-'^i«bckltfs «b4)it(i>8i €6s ieai na«fe^ , 
-£«Afi' a i»fQntart«f, aae kttfia'^lf«^d^ 

•dMdfJa^' Alriiilirdfi><4k>P*Haft)«ntdi'0s 
'M§'irftf#ad9i,'r4e«Mltfit^d<>f^K^;'Ve 

•ito^l^mt)! <^ii^yti^dl>, He'^oi^ 
teu lugar a Jorge de Mello , GtfHi- ' 
Ifffl rtlQ« ®t4^(jni(tiiaM pi¥'iku Al- 
-fiftraUM iE>; l^sdfo 4«iiAI<lieidaii49eA- 
qfrouMb .jfumm id^s- «oAth¥o&« whir 

-as «i«^^K-iiid «i«$i>>^liftt«"t«yfi«mb, 

sHidbi^ta^dd Bin F«il)«iiM;<if "de * Soala 
a Arnaiii83d«''e«*tetf)iefllo, dlAe^ 
Q:oiti>^^t4a<^'>nk> ^iA&t»ammtty qae 



-A I 



nji6 

^i^epftk'. dcrmerto se-entrefptt-:. a ifae 
^vio>< MwQel ^»f?heCQ. dc Mejlpi tiwn- 

.a^A«oada,)ew0ij<rMQ 4^5 .PwlMttfeii* 
;t^rio« a fr0U^} i^u^iyioba.dc) ^f«il>, 
.S,«W: tomargQ.qwiize>ijaW3iSj}f fi sWt- 
tgaed^ ': o8 f)0«m9ritiai;Q$; , d^ypnib^fl^* 

ig«ir4« a ^^an 4f If o(a v^pfl^^ssapdo^se 

r^ir>9f.ig^qi QfJ^siQripsef P^^IJ^ilr 
-: /. uAndi?^ d«; AU»iqper<pio com teU 

ititom «ia<jYii4Iair4e?Si|l^teiTa, i«j$ui<b 
(AttiM'A^gc^^>(^ jCida4€ride\l^i!f« ^re 
effia.df} .Qliwn^iv^Mendo'.biiin graii* 

i4ft.%te^ §ol£|j^f^n(issoa, <e?I^.-btik 
uyijosaj5i:cr;B^»(a06vto(te:^«p sef4fr 



157 

v1^ JS1G«» Soldados , itiandou pedir a 
seU'^-Ptti dinbeiro para satisfazer d^ 
sdldbii, que se detiSlo ^ depois volcou: 
a Luboa. ^ -- 

IXRodrigode Castro, ganhan- 
do a Villa , e ^GasreMo de BodSo , 
mandou degolar o Governador , 6f 
quarenta Soldados, que se pu^^rSb 
em^ defi?nsa , saqueando , e qtieiitiftii- 
do a Villa, recolhendo-se osnossot; 
ilfafios com a gloria, rkos coni'ttV 
despojos. 

x^o primeiro de Janeiro roorreq X^J* 
presDO' no Gastello de Lisboa D. Jc*- 
ge de Mascaranhas I. Conde de'Cdse 
tello-Nov6 , e Marquei de Monte- 
AlvSo, filho de D. Francisco de 
Mascaranhas , e tf e D; Jeronyrtia de 
Castro. Tinha sido Governaddr da 
Praja de MazagSo, t de Tattgert. 
Sendb arguido de faccionafio de Cas- 
tfelli*, fbf ^rezo, e recliiso no Gastel- 
lo de List)ba, ondd a(idboti, dispondo 
o seii ehferrosetol pdfopa, e atdpfo-] 
fclBib ie doljras^ew t^ii'^TOS'pfOr^sfiia 
iiSoite. Jirss scpultado no Conrerito 

^ Eremitast d^^. Paolo de'Setubal- 



l*8.f 

em Earn Nma^ wpgff^g^jSa d^QSlBia? ; 

negocios £cclesiasticos , £1^4i D«. 
JqIp \he mgncjAu '^pcip > que* linha 
p4$$f!^; QQtn ai C«ria 'de RdiPi*, «, 
Fe^g^nter p«-9Jeio^, por onde fiq4«T 
^?ia §(9fl3eguir dq Sanin^o Ponti^ pa 
rs^fn^iq; pjra ^ Igr^j» dQ Pormg^l. 
Q^ Preiados gft^gr^gadps , vc^f!d(p 4, 
jwtjga d% CMsa , maBd4rao 9 ^^((1% 
a Christovao Bispo Bellemit^O ^ ^^n^ 
$«iTQg^Q 4qs se»j5 f)egQ<;i€)s ^ e da 
Ig^)*ja d? Poptpg^l, cpm hama (»r?^ 

";Sanijygde OS B^spp? ^« ?gr^ dq 
'.- Fmnj* , pBrgprMBd4)8 pcio Swe^r 
't^t^jp^ 9uei ,4e P^fugal »>bre q quo 
"4««« ftzeri para que s^tr? os, §eaf 

^'^gii?0 Qjws^S, ?cha^4pr^e^ Igt^t 
"j».^fi)do o fejf P^einp Miqva? dff 
** P^s49Cc§ , flp?)Pw4fl, flu^, «ii^ tMn 
'J^l^ fi9rre?ppij4piH:ia. qMg geippra 
VJW»Y« po, Pj^JBiq i^Gcleaifstic^ du 



cc 

cc 



C( 



m 

^f{fqi3s<B09So s^mioKfnto dc9raa-4ate 
*i particular. £&ce he , IS^atjissiqao Pa^ 
•* hfi > o Esi^do ^ Igr^ja de Porm-i 
1« 9 ^ual fij^m p6de ,a?r auiis 
fnqppQ ao .?ovo , nura mg}^ .peri* 
V g09P d R^ligi^o ,. neiD iBdia apto^ 
Vpo^ir^ para eiceuar f:oi)tra Vofsa 
^' S^ntidade a k^ejpi. 4<?s o^^qf* NSo 

*' aifiH) , i^ f«f)ierHn«ptadi»ifBP i?ipn* 
*' ««i, Wt€Mio f^t?? perigQi, f fgwm 

awfjpwro^jtlgffja de<PQrt«g»l »i* 
" ma A^ yprdadiewai P^l, p^tp^ i{|lw 
-^nwr6w 4«^ grgMecw^dnracSo^ocs^ 
'" yiitSo »t^ a§«wir ai Vpsa^ $apt|i|^ 

^' com ^ graiidea^ dAfPBOt> n ii90f n^ 
^^^ ddr d^ AM4a irff)3< caHss^ni^ ^os 
** persy«diwOT,iq«ejHf <»br;^gajSO: WP*^ 
^^ imifH^rtiiiriar segiu^a vex a» Vpa^ 
l^aibSamidtdle^ iiiita9dp 5pm mwto 

< 4s j(r4cM^. litFOs pvA.?v^i^ 






1 



m 



^l^b ehvfembs j^ ^olJf a Vossa- Sfn- 
** tidsde cartas , sehSo ao Bispo Bd-' 
•<rehirtaho, o qual por scu grafide 
"lenge^nJlo, e piedatfe, e pela estima- 
*^f2b que tein entre Nos, nio pode- 
•^w deixar de ser rauito acceito ; a 
'^'Vossa Santidade. Ou? i , Senhof^ 3! a 
" Igreja de Franja, quevosroga, que 
^^^^acodindo aos pertgos da de Poftu- 
"gal, qiieiraes tambem attcnder a 
^< Digniaade da S6 Apostolkra^ e ata- 
^'Ifiar hum scisma , que he o maior 
<^de tbdos os itialesr Apartai oa lo- 
bos; que sem castigb algum estra- 
gl(o o rebanho Pdrtuguez; emquan- 
^'to falrSo OS Pas^dres , que vigiem 
"a saude de suiis oyelhas. Aquelle 
** foi na verdade sempre o priraeiro 
"cuid^o dos Sdtniiids Pontifieesv o 
"crear novos Bispcf$ ^, q-ue preparas* 
'** seiA tt 'Poy o pal^ 'Deos ; ou dar , 
''^uanto lua'is breviementtf Ihe fosse 
'^possivel, tfspo20s as Igt*^jas viuvas^ 
*^\p2YvL t^ue a ReligiSo nio pad^dssse 
'•tt^rrftuento coife oct^^o de ^firfta 
'^deWesi Po/que^ se (et>itio>dizCrpria- 
'^jn^ywhrigtm das'HeiVailas fae ch^ 






161 

9 

wgar o Bispo, que he hutn s6, a itt 
icdesprezado de alguns.subditos, fap« 
** cilmente poderd Vossa Santidado 
**antever quam grande perigo dcHe- 
^^rezias, e Scisma amenga o ReJno- 
•*de Portugal, em oqual, de tantos,' 
**n3o ha mais que hum s6 Bispo ve* 
*Mho, e achacado* A^s razSos d'El- 
<*^P.ei de Hespanha sepodemTespon* 
<^der com huma s6 palavrar.porque, 
'^que ha de Vossa Santidade fazcr, se 
^'elle para serapre oppuzer inconve-» 
^'iiientes i nomea^ao dos Bispos, st^ 
"nao quecobre porarmas oque ava- 
*Mia por sea ye que ElRei dePortu-: 
^^ gal defenda com as mesmas oRew 
" no , que jjor bfeneficio de restitui* 
^' f ao alcanfbu. V6s que pelo Princi- 
^' pe dos Prelados sois Qonstitutdo Sum^ 
" mo Pontifice da Igreja, usai do of- 
" ficio de tal, e constitui Paslores at 
" Ovelhas Portuguezas , . para que re- 
**duzao aorebanho asque,aiidao des- 
^^ yia^as delle , e as livrem das gar-^ 
Vgantas dos Lobos, que bramindo 
**sobre cllas as:.procurao tragar. Po-^ 
^^ r^m^ para que nao sejamos-fuaismo- 



\ 



162 

<«lestos aVossa Satitid^k, reitiet-!- 
cctemos o^mais aoBispo Belleniitano^ 
tiCfue^ievn 0OS&O nome, tratara com 
<v Vbssa' Samidadc ejte ncgocio. Es- 
«r pc^anI^)s^, . <pre^eHe:alGanfari diante 
«^ de ViDsaah-%ncidBde .0 lirgar devida 
trd' GjtiMeTA lEpiscopal, i Atiihori- 
w' dade -iiacjuieireis , qi^ jo toandao , ao 
<i respeit0i c[ue, osmesmps tern i San- 
<f ta Sifr^ Apostblica. Enttretanta deze- 
«jatno8'a'Vo^Santidad^ Ibtoga vida 
•< per brenij e/utiUdadcv da Igreja. Pa- 
wris anno de 160.": - • 

. O Biip0 Bellemitario,'^ ant€s que 
pamss&'|)^a' Koma ; escreveo a El- 
kei hiinEi«ica?rta do. thcor'«eguinte : ^ 
> *^0 Ekado Eccidsiaetico.df Fran- 
«i ja , ~ achanda-se eih Gqiigresso-Ge- 
<« ral em^ Paris y e sende^perguntado 
« pelo Fnibaixador dc Vossa Mages- 
a.tade sobre o estado .&£ Igreja de 
wiPorcuMlvicpfldoendeKse'ldo seu de- 
<<zamp£t>s tratoacom ardente zelo, 
€€e procurou meios com que fudesse 
«< ajudar sua irml carissima, que llie 
*♦ pedia: soccorra Escreveo- ao Sum- 
•< moc Ponnfice , fez - nuiitos officios 



a 



I 

c^coTrt. WW; Nuncio; esenclo agora 4- 
<<; naltoe^t-e. pergUntftdo ; negupda y?^ 
<c.eitfrao>Tie de Yossa Real Magesrj^- 
4< de ^"rasalvep .wyiar hum Bifpo^^ 
.wR4>an(a»j.:0 qu^l em norae do.CIefp 
<fdeFr^9^7r^t€ pr^e^entemcnte cojp 
^c Su^(S«pji(iade ^ste, tSo grande ne- 
f^ gociQ^ ^Pip9 -aqjuella reVerencia, pr^- 
u AcnQiAii: ^ zdo que conveip , e cui- 
i8< dad.Qftaf^-^; e, ^iligenX^enpc Ihe fajg 
« as insi3W?«as iiecejsyflfi.as , at^. qw5 
V RJ'OJr.f^d 5'fl*^rtejas-.4^sti2 Reino. £ 
<iacQivdmii o Esr^darios, 3ispos el^- 

-«i'ge»-n9Qjp«ra-^$ta.fM^^qf e p6r sq- 
<r brpgmeuti' bo«ibto^,f.ppsto que fr^- 
^KCotiyr:0:)pezo. de t?o4p^-e$ta negoci^- 
rjc fatfcfi:fi^£if&)i3 , Serenissimo Rei, 
<c qi^ifiSQjtfcdquellei^ f^nSiiiito temiy> 
4€.banJih^Q.rO'd^iQ»p^r.o de tanr^s 
iicIgrrjas^Tle ©s dajBipc» jqUe deljcae 
'<rpo(ymh'ist£guir as'^raloias , acceitei 
i9CiCi>iiii:g!na^e gostp Dtqiie^; para b^gi 
jfr.d0ste23te^cio j/md) iaira mandado: 
cc^cofrio^ijiiem^ achandcose iq anno pag« 
<csado5em<>Rjdina^ sao^receou repsf* 
vic-awttaarfia^ Sua Saqti4ad«.. huxna , :>e 
<rmmt»s^'vczes «te$l pre^izos daai ai- 

L 2 



164 

'«mas. E se s6 com o iifi^fero da 

«caridade Christa fi)ij r3o*s<3licico do 

icque convinha ^sJgr^jas dePortu- 

^i€ gal^ com quanto mals esfor^fo, ago* 

<c ra 'que sou mandado a isro «^mcsmo, 

ic proseguirei eifipre^a d^^tanta im* 

:« portancia. Tenho por fcertb; cjue 

'€€ he- escusado encarecer mare esta ircr*- 

^cdade. Presente he ao Erobaixador 

^«cde Vossa Margestadc, quanio em 

>< Paris trabalhd para veneer as diffi*- 

^cculdades, que se ofFerccerSo, c 

«quam sincerainente me houve nes* 

« tes particulares, com roda «• verda- 

^cde^ Digo em poucas palavras^ que _ 

«< guardarei em tudo a inviokyd^ fd-, 

,wque dev.o a Vossa jyiagestade:; ^c 

u que nSo perdoarei a cuidado^^aigum, 

'<iOU trabalho, atd quemifibar^Emba^- 

y«<,xada obre o dczejado efFefecov!^ o^ 

.^*« faga notoriar-minha fidelidffdhd,' nao 

^^s6 com pala^^ras'j' sen^o tamftem com 

- « obras. Parti de Paris a 6 desee nie^ 

<spara que com mais brevidade po&- 

«csa executar OS mandados^dcv Vossa 

'"*€ Magestade , que em Roma^TOpero 

-i»rcceben Sou^com' tudo coastrangi^ 



165 

do^ pafa evitar os ca^baragos, com 
que OS Hespanhoes poderiao procu-^ 
rar impedir mqu caminho, a fazer 
mais larga Jornada, passando com. 
a brevidade possivel as altlssimas^ 
montanhas dos Gr7s6e8, esperando 
ser etB Roma .pelo fim da Quares« 
ma4 O Author dc todos os bens^ 
em cuja mao estd o direlto de t(y 
dos OS Reinos , seja servido de fa-* 
vorecer ^os dezejos de Vossa Ma- 
gestade, para que o fructo, que esr 
pera de minha diligencia , possa cu 
com: o favor, e virtude do mesmo 
publicar para gloria sua, consola- 
$ao de Vossa J^agestade , paz de 
todo o Reino de .i^ortu^al , e bem 
espirirual das almas* Escripta a 20 
de Fevereiro de i^yz. '^ 

Satisfeito PlReii com esta nego- 
cia^ao , se persuadio conseguir desta 
vez do Summo Pontifice o bem, que 
tanico dezejava para a Igreja de Por- 
tugal ;.por^mnaorendo nada effeito^ 
^cou tudo no mesmo estado* 

No primeiro de Janeiro morreo i6f^ 
P. Francisco ^c Castro^ filho de D« 



166 

AlvarO'de Castro, tinioe Vedor da- 
Fazenda d'EIRei D. Sebastiao^ e seu 
Embaixador adiversas Cdrre^daEu- 
ropa , e de D. Anna de Awyde, ne- 
ro dcf grande D. JoSo de Castro, IV. 
Vicc'Rei da India, Nasceo em Lisboa 
6tn 1^74. Estudando em Coimbra, 
se graduou n^ Sagrada Theologia. 
Foi Reitdr da mdsttia Universidade, 
Presidente do Tribunal da M^za d» 
Consciencia, e Ordens. Depois passou 
a Bispo da Guafda ,. em ^u^ na coh- 
ffrraafao de Paulb V. recebeo novo* 
elpgios a sua capacidade. Deste Bid^i 
p^do publicau ais Constitui96eS) parai 
reforma dos vicios-, e cultura das 
virtudes, sertdo o Pai dos pobres , e 
o exemplar de rodasas" virtudes, que 
com edificajao. de rodos praticava , 
roacerandb o sell corp6 com' jejuns, 
vigilias, e penitencias. Daquelle Bis- 
pado veio a Inquisidor-Ge#al destes 
Reinos; e nesra Dignidade jurou a 
BHRei D. Joao rv, a 1$' de Dexem- 
bro de 1640, e foi premiado torn a 
tiomeajfo de Conselheiro d'Estado. 
O mesmo acto de fidelidade pracicott 



167 

em Janeird de 164T , jurando weces- 
gor desta Monarquia o Priocipe D. 
Theodosio. Nao obstante as suas vir*- 
tudes , e a sua fidelidade , sendo sus* 
peito de mcnos fiel a Patria , sofFreo 
alguns tempos a prizio de hum car* 
cere , at6 que , conhecida a sua inno-* 
cencia, sahto soke a 5: de Feverelro 
de 1643 , e restitaido aos seus iuga« 
res* Em 1646 jurou na Capella Real 
o Misterio da Purissimai Cpncei^o 
de Maria Santissima Nossa Senfa^ynu 
Fundou a grande, e magnifica Ca*- 
pella de =: Corpus Christi rr no Con* 
vento de Bemfica da Ordem do met 
Padre S. E)omingos, e a Ca$a doNo<> 
viciado do mesmo ConrentO) depoii* 
to das cinsas de seus Grandes Ascen«> 
dentes*' Cdntando 79 arniosde idade^ 
acabou neste dia santameiite-.a vida. 
Jaz sepuhado no presbitetrio da parte 
do Evangelho da mesma Capella que 
fundou. 

A TC de Mato deste mesmo an- 
BO morreo o Princi|wr D. Theodosio. 
Nasceo este Senhor em Villa- Vijost 
a 8 de FeYereiro de 1634*. Tere por 



168 

Mestr^ D. Pedro Pueros , Cavalheira 
Irlandez, que o instruio nas Bellas Le- 
tras. Logo nos primeiros annos se 
applicou de tal sorte as sciencias , 
que*embreire sahio consutnmado ndt* 
las, fazendo os maiores progresses 
nas Matfaematicas , explicando parte 
dos seis livros de Euclides conforme 
a expoiijfSo de Clavio a JoSo Rodri- 
gues de Si^ e Joao Nunes da Ciinha, 
que com elle frequentarao o ipesmo 
estudo da Filosofia , e TJieologia. 
Era tal a sua tnemoria , que aos chi« 
CO annos repetia toda a Doutrina 
ChristS y e Misterios da F6 , as La- 
dainhas dos 'Santos , e de Nossa Se- 
lihora, o' Credo da Missa, Prefacia 
do Commum, Evangelbo de S.JoSo, 
e outras devotas ora^des da Igreja , 
sdmente de as ouvir aos Sacerdotes 
no Sacrificio da Missa, e outras pes- 
soas de\rotas em diversas occasi6es. 
Aos sete annos rezava de memoria o 
Officio de Nossa Senhora , em cujo 
/exercicio o acompanhou o Gonde da 
IBriceira D. Luiz de Menezes, codo o 
tempo que Ihe assistio, come elle 



169 

mesmo diz no seu Portugal Reitau*^ 
rado. Tinha taes conhecimentos, qu^ 
admirou os roesmos Doutores dai 
Universidades, que o praticdrao. Te;^ 
ve toda a precisa instrucSo do Direi- 
to Canonico , e Civil. Da Medicina, 
e da Chimica teve bastance luz, dis- 
putando com os maiores Medicos. 
Soube perfeitamente a Historia , . e 
della extrahio todos os documentos, 
para bcm governan Foi perico nas 
Artes de Forrifica^ao, e Pintura : em 
£fn era hum Principe Sabio , perfei^ 
to , completo , e virtuoso. Foi tio 
grande a innocencia dasua vida, que 
se aflirma morrer com a gra^a ba-* 
prisma!. T^o inclinado d virtude da 
esmolfl , que tudo quanto seus Pais 
Ihe davdo mandava distribuif pelos 
pobres , nao reservando para si cou- 
sa alguma. Principiava o dia com 
santos exercicios, gastando muitasr 
bora^ na Orapao. O seu maior gosto 
era conversar com Var6es Sabios , e 
virtuosos, aos quaes pedia frequenreu 
nsente, que Ihe e?plicassem: =:.Qpe 
cousa era Deos ;=: recreando^se de 



170 

ouTir expUcar suas infinitas perfei*^ 
{6e8 , e attributos. Continuamente o 
andava louvandoy repetindo muicas 
v$zes« =;:Q}ie Grande Oeos temos! 
Que icnmensa formosura lie a sua! ::r 
Todas as vezes, que o Relogio dava 
horas, fazia hum fervoroso acto de 
coatri^ao ; confessava-se quasi todos 
OS dias, commutigara todos os Do- 
mingos, e todas as Fescas maiores 
do anno, tanto de Cbristo, Nossa 
Senhora, como dos Santos da sua de* 
vo^Of Castigava asperamente o sea 
corpo com cilicios , disciplinas , e jd- 
jtins. ^edltava de talsorte nos Mis* 
terios da Payzao , com os bragos es- 
tendidos em cruz , que muitas vezes 
ficava transportado. Rezava o Officio 
Divino, com toda a perfei^So* Ouvia 
Missa com tanta devojao, que der- 
ramava copiosas lagrimas todo o tern- 
po, q*i^ ^I'^ dtirava. Era tal a sua 
modesria , que , se acontecia alguma 
vez ouvir algumas ^ palavras menos 
modestas^ nunca mats tornava a con- 
▼ersar voluntariamente com aquella 
p^ssoa a quem as ouWa. Diz jotf^ 



171 

Cardoso no s«u Agiologio I^uskano ^ 
e o Cond« ^a Ericeira no Portugal 
Restanrado, que o Principe D* Theo* 
dosio fizera treze cgnflssSes geraes > 
etn menos tie tre^ annos, sendo a ul- 
tima no principio da enferraidadle.) 
Foi este Senhor jurado Principe , «t 
herdeiro defete Reino, a 28 de Janei- 
ro de 164U A 2 deMaio o nomeoii 
ElRei, porhuma Carta Patente, Cp^ 
fonel da Nobreza , com quatro Ter^ 
508. Em 1645' poroutra Carta Paten* 
te feita ai27 deOutubro, o declarou 
Principe do. Brazil , e Duque de Bra* 
gan^a , fazendo-lhe doagao de todo 
o Est ado desta Casa., com todas as 
jurisdicjdes , rendas , e padroados , 
e datas que pertenci^o aos Ouques 
de Bragan^a/ na mesma forma d^ 
doa^des da Ca«a , pelas quaes el le a 
possuira at^ o tempo ,. em que f6ra 
restituido i Cor6a destes Reinos/^e 
que na mesma forma a possuiria o 
Principe , e passaria a todos os Prin*- 
cipes herdeiros doReino; ordenando^ 
que em nenhum tempo se> pudess^ . 

unir d Corda, da qua! totalqaente a 



( 



172 

separava ; e que os Successoresdos 
Reis deste Reino se cbamariSo Priti- 
cipes do Brazil^ e Duques de Bragan- 
(a ; declarando , que no teitopo , que 
faltasse Principe, os Reis govemassem 
o Estado da Casa de Bragan$:a, com 
a mesma divisSo de Ministros do seu 
Tribunal , independente de todos os 
ourros , na forma que nella se prati- 
cava. Foi este Principe ornado dos 
dons da natureza , e da gra^a. Esti- 
mava osVar6es doutos, em qualquer 
Faculdade , ou Arte liberal : admit- 
tia OS Sabios a sua presen^a, e os 
tratava com. particular distin^ao, fa^ 
vorecendo-os , e premiando-os. Tao 
amigo dos Soldados , que sentia nao 
v^ premiados todos os benemeritos ; 
e quando foi a Elvas assds mostrou 
o seu amor para com elles , como fi« 
ca dito. Parrio para esta Cidade a 2 
de Novcmbro de ifiyi , sem licenja 
de seu Pai, acompanhado s6mente de 
D. Luiz de Portugal , Conde de Vi- 
jnioso, e JoSo Nunes da Cunha seus 
Gentis-Homens da Camara. Entrando 
emElv,as, Andre de Albuquerque Ihc 



173 

offereceo as chaves da Cidade, e 
montado o Principe a cavallo, debai^ 
xo de hum Pallio, o I^vou de redea 
D. Joao da Costa , que go>rernava as 
Armas da Provincia na ausencia do 
Conde de S. Louren^o. Depois o se- 
guio com > beneplacito d'Elftei a 
iD^ior . p^rt'e da Nobreza. De Elvas 

Eassott 2L' Villa*Vi^osa, e dabi a Lis* 
oa nos fins de Dezembro do mesmo 
anno. Depois o nomeou ElKei Ge- 
neralissimo das Armas detodo oReip 
no, ficando todos os postos Milita* 
res, e Cdnsultas^ que.tocavSo i guer* 
ra, aoseu drbitrio, com a mesma ju«> 
risdiccao, e faculdade , que competia 
a Em^iv f^fssando as Patentes em 
*seu nome^^cuja Patente foi passada 
em. Lisboara 25* dej'dneiro de 165^2 : 
vc que^elietadministrou' com pruden- 
ciB y e^]\M\^^^ Amava ;de tal sorte o 
Povo',^ qiie pauiras vmas reperia: 
tu Que, iserhaso hoovesse, tempo dcvfe 
•vi seusJVassaKos livres das oppress6e^, 
«c qui padfeclao , q;ie bfii? queria ser 
«<cRei(de Ewtugal. " Bor^^cujo motir 
4V0, £bi « vuiUbi a m ado id& ^todos J Des4t 



174 

a idade Se treze anhof.assistlo no 
Conselho d'Estado; e ^eodo o seu 
«roto sempre p mais segliro, era ou- 
vido! de todos rorao oraculo. Tanio 
confiava ElRei no seu^tafenro, que 
nos maiores negocios eiil -Coriselfid 
rosiurnava diier estias pailavrasr ^'Qua:- 
«ro ouvir o TOeu Satemat)/?^ Muitos 
dos seus votos se conserv^a de sua 
propria letra , comb ja.;viait)s.^ quanr 
do tratarribs dos Princijies Pilatinos. 
Dizia muitas vezes: « QueoRei hok- 
•ivixde se»tir, c chorar, xljaeiiouAres- 
<(se .critninoisos, e desafbrados noseu 
<« Reino;^ mz^ que IheinSo ha^ia de 
wfalrar corti' o'castigo^" e pena,"* se- 
lf gundo as'Lcifi , e Onfenaj 6cfe del- 
uIq', pofqtiede outra sort^ tom^ri3o 
KOusadia (parafizerem mBit^i peior.V 
RepresQniando era htima octa$i^o 
oerra Dama' ao Principe^ i»>'saas^af- 
fligdes, eaaecessrdadier; elle se coii- 
stemou tmiDo, :^tie Ibe afyebentirSa n 
Jftgrimaa^caolque etla dtftse^ /(i Sinto 
ii^mujwpSehhor, terdadbfa Vossa 
<if^Aite2af'iTToflvo de raniS ddr;*': O 
tjual ' Ihe i^rcsspondbo : cc^Mio poderei 



175 

u ser. bom Rei , 99\ mm% olhos nto 
i( chorarem ot apertos , e ajigqstif^ 
<f de meiis Vassallos. '' Tratanuo cste 
Principe com tantas pes^oas ni»nca 
consta^ rque escandali^asse algueni* 
Qnivalecefndo d« jiDina molestia^^ ^k 
qqe eslwc gravem-ente enfef coo ^ • Iha 
pergiijDtou o sett .Cajtellio: ::;:Se'jna 
fbrja do mal sentiai.iiyorrerPt: Km^ 
pondeo; #cQue riaoi$i,nia8 quo.tmb4. 
f< grandissiind descoc^okfio , ctijdato 
iii qttc havia deappawcer iajate a Divio 
«<na. .Magestade^ s^m'lhp ter ^foiip. 
€f ne^^ vida algum $crvigo .cQPstdoi^ 
u raMal* ' • . Etifcnpaiodo. ; gravemeritesj 
cahiojdo todo na>i(tj9ma>jeiis a,Qs)iht» 
de Alcantara aos 3. de) M^io ; jQ^epn 
nhejocrjdo :$cr^ chcgado' O; t^mpoj^^in 
terminer iBciis dias.^ riccbeocbn^lfco- 
da a edj^ficaf^o ^:iSacrMn^ntoer!nt^ 
dia 9., Perftdadiiid!O^Hi6> algans ^B:ali^ 
giozos, obrigadofidas.^dgriitias^.ikkMisf 
Pais, qiie pedtfesea a. I)p|)<r vidai^pftr^ 
a empregaf no aciiosaiOto*8ervj$io^ ^cM 
tpoiideo I' iwQbeitatsi^'iima^ f;poH 
(< que estara de t6da; a.^^dra^So^ife*' 
<r3igftada nar* vios»»de l>iriaii^ fe.^d 



176 

ic^desejava vlf-se: m Gloria.*^ Voltati- 
do-8^e para seus^^Pais, Ihesdisse: ^cQue 
ccse nio entristecessem ; porque e$ta-- 
uva comgrande confian^a emDeos, 
€i entendendo , que a sua morte con«- 
(« vinha para a sua salvag^o , e que 
crihes prometria serseugr^nde inter- 
ne pressor, quando se visse na Patria 
f^ Celestial*'' Vindo nesta occasjlo o 
Juiz do Povo visicallo , e representar 
da parte delle o seu sentimento , e o 
quahto fazia para itnpetrar do C^o a 
sua saude ^ ' Ihe respondeo ; << Dizei 
H^i& ineu Povo, que, se Deos me der 
<c'vida, toda:hei degastar em sua de- 
#c f-^ftsa , se«3lo> que melhor o defen- 
crderei li no €60/' Depois mandou: 
^Que se pedrsse ao Reinq perdSo 
^^jdos defeiros do §eu governo , e pe- 
^5die a EIRei v^ que se pagasse logo 
^ibfe-sefvifosi' doS' sc^s criados, lem- 
^ibiando-.lhe juhtamcnte, que raan- 
" d^se- : Prigadofes :, . Evangel icos is 
^^ Conquisras; *ei2Commendou-lhe, que 
•*TO-/lesempettbasstde hum voto, que 
** haviia feito: acRainha Santa Iza- 
^ bel , quanido ^jiassou per Escreniw 



177 

/<de Ihe levantar Jium Teii>plo, no 
<« lugar em qAie faUeceo. ^* Diz^n4o- 
Ihe hum Religiezo, que breveraenre 
jiavia de faz^r a . infi^llivel Jornada 
dos iportaes ; respQiijdeo rindosNun- 
ca entendi , ^ que unco se dilatasse. tr 
Todo o tempo. da. tnolcftia pa.ssou es« 
te Principe nflf^^mais' pantos exerci- 
cios, ate ao dia 15* de Maio, em 
quf abrapadp ^^qm (5I Imzgeia^ de hum 
-Santo Christina .Gr,uz^ dizendo : . Pr^*- 
ins mi hi cor tuifmj^et ego dabo tibi 
cor meum. « SJcutf desiaerat cervus 
ad fontes uquairupt , ita dgsiderat 
.anima mea^ ad -te ^ylieus : ..expirou 
na dita C^inta.de.AIcantara, confa:i> 
do 19 annos 3 mezes,.e 7..dipas. dje 
idade* For ^epultftdp no Re^^^MoS^ 
teiro de Belepi. Era -^ste Princif^ dae 
estatura proporcicmada , e /jde gentil 
prelsenfa , com o rosto branco , e co- 
rado, olhos J e cabellos negros;, ^0 
.eoi'pp robusro, antes de debilitadp 
|>elas molestias. Compoz yarie^s Obras« 
Depois- da morte dp, Principe 
D- Thcodosio . chamou EIRei C6r- 
tea a 22 d^ Outubro^ P^^^ nplla$ ser 

M 



178 

fiJradd feWeifcfessb*- desltes fleinos sea ff- 
Iho 6 Pfincif>e D^ Affbftso: 6x\ue se 
'fefe -ccym as cerera^nliis tostumadas* 
•AhWs de se ^cabarefla as Cdrtes jja- 
•ifAcefa Efli^*!^ 9ft>Vtt>^l^e , na iiiortc 
•da fefehta- D. JttMiA ,^^sua fiJha ftiais 
velba a '17 de' Nov€«t>«>, qtn6 jaz 
Isepirft&da ^b ReaT Mosteiro de Be- 

 'Ae^urps-, ^;Mestre de Ompo 
-Generhl Fraricistfe iirf^to , e ^ Ge- 
neral da Armada dir Companhia do 
XDortimercio, Pedto Jaquez Maga!hSes, 
laA^Veiilfora delNerhanituco osHo!- 
^afAdeziSj de que '^ra Govefnad^r o 
•Gfettefal ' Segisiwttridb j * chamiirSo ir 
^ortsdHio ao Alffiii^aftte da Armada 
"Ffaticf&p d6 Brito PVefre, aps tree 
^estresde CamfR>', JoSo Ferna^des 
Vfeira r'Ahdr^ Vi«NI, e FNncisco de 
Figueiroa , e a fodos OS C^tiacB. 
Pfoposto por Frandsco 6a^rero 6 
esrado da Gtierra , assendrfib t^dos, 
apezaf dias nossad pbbcas forfas, de<)i5 

atacar.RecoWieo-se fiArimada Pedro 

• ••  • - 

yaquez de MagalbSes; t FrtncirtrO 
de Brlco ficbu ei^ rerra goterifaitdd 



179 

a'gente da Ar6nd(Sa. FriiDC^piiT^ 'd . 
ririo alo}ando-«e. juaato s^ JEotie de 
Satifias , a Mesri^ de Campo Andre 
Vidal , e nanjesma distanckid^a. fola- 
te Jbao Fcraandes'. Vieira ,- c^ Henri- 
^e Dias. Aoiamanhccer ^' dia ly, l6^j^ 
de Janeiro , cora^i^du a jagaruai^nc^ai 
amUharia , e mosquctaria ' contra O 
"Fwte do RegOj t foi responlBido com 
inuItipUcadb csrrondo : dej a^jiaria 
do® fortes de Bmm , do Mar 4©^A1» 
tanaii , do Pditte .Velho^ csPonasrdor 
Recife. Jugirao at -batarias de* huma, 
6 outra parte. at^'^sitres horaa dg^ar- 
de, j&m que os HoUandez^s despafifi 
rio inais de seiscemtas balasi d^ar^ 
tilharia , era que ^g&nhamosr^O'EDrfe 
dro; R egcn; o^ qmj fcustow a ^Vlda '^ cin- 
eo' Soldado3'^noisor^ e qiiinze^feridosi 
liSitiamos depots oFofbide-^lu 
(anar ^ e o rongu^manaos ,* capitulars 
dde:da tnesma sorte ^ qire o'^OcRi^^go, 
custaTido' esta conqiutsta^ a vicfa ta^qi^a^ 
tro SoMadoS v dwesds.- fei^idos , '' e 
fiiorto d Alfere^ 'Jliomef Rtidtignle^i 
noFdrre aeyrfe-^er v'iht^ 'fioUatidtt* 
Ksn niorto^ ^ ' e otftti^s ^t dn toi'iftr id^ti 

M 2 



180 

AchirSo-se heSte -Forte ftote pejas dc 
artrifaarik d« bronz^, e huma de^ei^ 
ro, e ficaYa exposta as suas batarias 
a Praja do Recife;; e depois dcste 
apertado sitio se renderao os Hollan-? 
Ui^: dezes , capitulando-»e com o General 
Segxsnsuixdo , assignando*se as cftpi- 
tula^^es no dia 26 de Janeiro. £n*. 
trou na Prafa do Recife* Francfsco 
Barrefcov^ e os Mestres de Campo ^ 
achandotnellay e nos Fortes cento e 
yints rtrespejas de^rtilharia de bron^ 
zc, cferrfo e setema dc ferro, muoi-^ 
foeSi) e manthnerftos^.para vraais de 
humrarina , e giiande quantidade ,de 
outros instrumentos y e massame pa-» 
ra- 0'iappareIho dos jiayios. 

' Na .Paraiba/:RioiGrattde, e eta 
todas as mai^ Fptrtaiozas occupetdas 
peips.HbHandezQs^MJao boy ve difficul- 
dade, nexn, foi Decessaria mais diU^ 
genci&i,^()i2e^ a de -ihes. mandar gtaar^-? 
ni^sto^'y r>p6rque t:i)fidc». osrHollandezes 
dos Pir^idlos,',S(^<<biji esta m)tic|a, so 
cmbftt^ifa^ para;H<>I}a«)dtf. Esta novra 
eofehctiodi gloria-a- /Francisco Barre*^ 



181 

tbda aquelIa\?rovincia do Estado do 
Brazil livre daS'poderosas mSos. dois 
Hollandezes, que dorainarSo^pelo^ es-r 
|)a(^0' de trinra annos , principiando 
em 1624 , era que tom^rSo a BiKia.^ 

Aqui se devem render louvores 
aO' patriotismo d^- JoSo Fernandes 
Vkira , que, pelas suas primeiras act 
^^V he tido como a pedra ^funda-f' 
mental deste edificio. Andre Vidal 
he tambera digno de grande louver, 
por sustentar val6rosamente.:a gtier* 
ra , a que Jolo Fernandes dea prin* 
clpiOj acoi'npanhado do Mestre de 
Campo Martina Scares Moreno , de* 
pois o Mestre de ' Campo Francisco 
de Figueiroa, e Henrique Dias. Ten- 
do fiuma particular gloria nesta em- 
preza Francisco Barreto, e Pedro Ja* 
quezde Magaihaes. 

Succedeo a RestaurajSo: de Per- 
narabuco oito di^s depois de haver 
tdmado pbsse iia Bahia do Governo 
do* EstadO'di^ Brazil D, Jeronjrroo 
de > Attayde^ Gonde de'Af^iguia, que 
sUWfefdeo a<) Conde de Ca«t^Ha'-Me- 
(hor^e com «8ra graa^^ fortunadeo 



182 

prineipte ao seu .feltz goverho, tSi3 
decantado ^m toda aqmella parte dc 
America.' ' •.. 

f . iir.Erancidco Barreto ioandou dar 
a El&ei esta opricia pelo M.est<§ 
de Campo Andre Vidal, a qus^l che- 
gou a Li^boa a 19 de M^t^q, dia^ 
em tqat ElRei festejava 06 seus an* 
nos^ oicpie foi muico appiaudido dia 
Cdrte, e ide todo oReinou EIRei fez 
grandes merc^^ aos qup tiverao parte 
neste successo gloriosoVeaJolo Fer- 
nandas Vieira nomeoa Con&eliieiro 
de Guecca , e Ihe deo a futiira sue- 
cessao do Governo de Angola. 
16^ S ^- A 16 de Dezecabro falleceo 
Manael 'Seyerim de JP^ria. Nasceo 
na Cidade de Lisboa , ^Uio de Gas- 
par Gil Seyerim; Escrivao da Fazen- 
da, e de D. Juliana de Fafia sua Pri« 
ma, e aegunda mulher. Educado na 
Oasa! de seU tio Balthazar de F^ar'i^ 
fieverira , Conego, e-Chantre da O- 
4bhedral d'Evora , frcqueotou a Uni- 
9r)ersi.dade'dd mesma Mietroppte^ on* 
-de fez taes progreissoa , que se douto- 
cott om /TJbiQologia. Recoltiido seu XiP 



189 : 

^ Gla.nstr<« ,4» Cartuxa , com t^^on 
me d« D. %8Ui^ 4« Faria, repuaQy^ii 
ofUe a Coqexi^., 4? <iW tpipou' pas-, 
sc a 8 dc Maio dc) l6o^y e 4o 0an* 
trado a i6. deSepembro de,^6ci9;,se^ 
guindot em.tudo os passos de^u Tio^ 
fanfO 119 as$i$teacia 4q 9f^^<3 a Pfi^A 
ai . frnfusUp <ja,8, cstn^lasjv: eiqrTqm 
^ri^umia a maior :parte da sua ren4a« 
F09 hiima ^XceUeQC^ LivFaria , peJ^ 
^ualHIade, e iraridade, ci>nstando dcr 
Llvro^ r^rissimos , eatre Qs quaes se 
distinguiSo $$ obra« do Infante IX 
P<jdrQ, glhQ d'ElRei D. Jo§p I, , im- 
pre^Qs seis annos , depols de ioveiir 
t^da a impresisSo eoiBasiiea: a Chro-' 
nka de D. Affbnso Henriques da le- 
trilroriginai do graiKle Andre de Re^ 
f^Qdis , mai$ cop^^a, que a de Duai> 
te GalvSa: as Ob^as do insigne Fr, 
Li^iz de Granada, na Lingoa Japoi^e* 
tsk : hum Volume: e^ipripto no antigo 
pap^ro do Egypto : oufro em folbas 
de palma, abertos ^em esryip d^ 
fierro os caracieres,: SQuijQis yolume^ 
R» Lingoa Qhincme , cqm preciosa^ 
eac^dtroa^&es ido Y^rks se^as^ ebxQr 



1S4 

chiifras '"3fe- admlfkvef ^artificio. Esfa 
LiVraria festava piffeht^ a todos os 
qui' della 'se queri jp ^aproveitar. Or- 
denou tarabem hum Museo, com- 
postp dfe Estatuas- Vasos, Medalhas, 
e Moedas'Gregis , e'ftibmanas, co. 
mo tambrcm Principes Godos, ellieis 
PorrugiiezeS, entire as -quaes mef€cia<S^ 
particular iestiraagSo huma de prata 
em queesrava gfavado Sertorio com 
a Cerva ; outra def)Qr<y com a effigie 
d'ElRei Waraba , e outra do mesmo 
metal do Martyr S. HermenigiMd. 
Investigou com gratide trabalho di- 
versos Archivos , e Cartorios , donde 
extrahib aquellas noticias , que o fa- 
zem o mais celebrado Antiquario do 
seu tempo. Por eleijao^do ^u Gabi- 
do foi noitieado a i8 de Dezembro 
de 1634, juritaraente com 'o DeSo 
Fernando de Mello, para cumpri* 
mentar a Duqueza de' Mantua D. 
Margarida de Austria , quando pas- 
sou por Evora para Lisboa a gover- 
nar este Reino. Opprimido com o 
pezo dos annos , e das molestias re« 
xiu«ciou as duas Prebendas^ ^ue £08« 



185 

$uia na Cathedral d*Kvof a » cm seu 
Sobrinho Manoel de Faria'Severim , 
toFnando posse da Conesia a 4 de 
Abril de 1633 , e do Chantrado a 19^ 
de Mar^o ^e 164^^ GDncorreo com 
grande liberalidade para a fundafSo 
<io Collegio^dl)s Meninos OrfSos de 
Evora , insrituido por seu Sobrinho 
Manoel de Faria Severira. Conhecen- 
do ser mortal a sua ultima enfermi- 
dade, ordenou o seu Testamento, 
que Ihe escreveo a 27 de Agosto o 
Doutor JoSo da Costa Pimenta, De- 
zembargador da ReJajao, e Reitor 
do Collegio da Madre de Deos. Re- 
cebidos os Sacramentos com summa 
devopo, espirou ria Cidade d'Evora, 
quando contava se^enta e dois annos 
de idade.no dito dia. O seu c^Asvet; 
acorn pa nhado das Communidades Re- 
ligid2as, Clero, e Confrarias da Ci- 
dade, Nobreza, e Povo, foi conduzi- 
do ao Convento da Cartuxa , onde , 
cm hum angulo doCemiterio, se Ihe 
ded scpultura. Sobre a campa estao 
abertas as Armas dos Sevcrins, e Fa- 
rias^ com a segalnte Inscrip^ao : 



186 

fiM^M^I Se^crim de Faring 
<< Chantre, e Conego da Se d'Bvora^ 
<celegeo para si eata s^puhura asaiset 
^ por SUA * derofat). , qqpho por .e^ar 
4< nella a Corpo da.F* l>« &iaU^ii (k 
<(Fana $eu cio, qua faUeceo ^enda 
#< Prior dest^ Cpayeiita a j de Aibrif 
tide i6is^'' : ' . ! 

Foi Manoel Severim de Farit 
de boa esiacura , mrnxo corpulentov 
olkos stz^esy naciirglmenta descorado, 
mas de agradavel preaenfa. O nom^ 
deste inslgne Var^q he celebradq per 
los mais famosos E^crjptores, fazen- 
do'lhe rodos os devidos elogioa ; m^i 
recendo honrosa memoria pelo zelo, 
com que procuroii as Memorias da 
$ua patria, Cprnpoz rouiias , e «cel- 
hnte$ obras, enrre ellas rem hqm 
disrinto lugar : Discursos varios po^ 

liticQs: ProfnptM«ltiQ espiriruai :. No- 
ticias de Portugal. Cont^n) oito TA^ 
cufissoe , If dos meios , com que Por- 
tugal pode cresper fm grands nu- 
mevQ. de genre, para augmenro da 
Miliaria , AgrkuIjHrft ^ e Narcgajlo* 



187 

antig^naenjte Jigvia em: Portugal, x 
d^-forj^as mUijjirfts, qiue :boj« ;J«m 
para se conservar , e ficar superior a 
9eus! contraiuo$. III. Da Nobrezd. daf 
FaoiiUas de Ppriugal, com ft noticU 
4e :$Da ^nti^uidade, orig^m dps A pi 
pteiidps, Cjrazao dos Braz^es ddi A<^^ 
mas d^ ^ad^ iimpa. IV. Sobre as moe** 
das dc Portugal. V. Sobre as Univer^ 
eidades de Hespaiiha. VI« Sobre a 
propaga^ao do Evaogelho nas Pro* 
viQci^s de Guin6« V}|. Sobre as caur 
sas de muitojs naufragios, qqe fazem 
OS navios da carreir^ da Ii^ia , peia 
grandeza delles. VIII. Sobre a pere^ 
grina9^o, onde se v^.a noricia de al«* 
guns Cardeaes Portuguezes, eelogiois 
de ajgunis Portiiguezes insignes^ Esta 
pbra, depois de Impressa era i^jij , 
sahio segunda vez addicionada . por 
p. Jose Barbosa, Clcrigo Regular, 
e Chromsta da Serenissima Casa:fde 
Bragan^a, com a vida do Author im- 
pr^ssa no prifldpio desta addi^ao em 
5740. 

Cpstum^va ElRei D. Joao IV^ 



188 

sabir bum' dia nks(imtim> i siia C^tn* 
ta :da Tapada de Alcantara a re^ 
1656 creirtiseuespiritb. No dia 2f deOu-* 
tubro ,• achando-se riesta-Qjiinta , te- 
ve de n^okar ao Pajo- antes do meio 
dia^ porcausa dehuma d6r, que sen^ 
tio^'^em huma ilharga : applicarSo-se 
logoiodos osremedlos ; por^m omal 
foi Crescendo , que era lioma supres- 
sSo de ourinas ; e passados seis dias 
de mblestia^ em que ji parecia ter 
algumas melhoras, entrando no seuf 
aposemo o Secretario d'Estado Pedro 
Vieira da Silva a ftllar-lhe em al- 
gumas coisas de importancia, Ihe dis^^ 
se EIRei , que o de que primeiro 
queria tratar era de fezcr o seu Tes- 
lamcnto; Pertendeo o Secretario ani- 
mallO', dizendo-Ihe, que nSo estava 
o m^l em estado de ser necessario 
tratar da morte, que ainda havia de 
ter Vida , que tao pfecisa era para o 
bem.de seus Reinos: ao que EIRei 
respondeo: «Que o dispdr para a 
c^mofte nao perjudicava a vida; e 
<cque Deos Ihe era testemunha, que 
^^Ue Ihe nSo pedia a vida y senao o 



189 

<^que mais c6nvi€dse para -a «ua ^al* 
ii va^ao.-* O Secretario obedeceo com 
lagriipas* Pedio EIRei huma gart^ta^ 
em que tinha.o rTestanientQ , que fi- 
zera em Salvater/a , em cwtraigual 
docnja ; e depois de communicar icoxti 
o seu ConEessbr algumas cou^as'de 
consciencia , xhamou o Secretario^ 
e llie^eclarou'b qUe jdcterrpinavia susv 
tentar^ ou alterar-do primeirorTesta?- 
mento. Nessc tne^rrio. dia^^s ^^ horag 
da tarde veio o Sagrjado LVrapcd ' da 
Freguezia de- Su >Jdliaof^ iconduiido 
pelo Bispo .:GapellaO'M:6r'^ IDliMa^ 
noel da. Giinha.i:*a«s>stido da[;&lltnba>^ 
Principe', e Infaotes* = .1 . " 
Ghegou o CapellSo-Mcir junto 
ab 'leito, e pergantairidoose qtteria: Sua 
Magesfade receberoGorpo'.de Chris* 
tCtpor Viaticb? Riespondeo qiie isim; 
Bticnmando^ a perguntdr^he^se'tinha 
alguma cousa-de. que scDeooncili^, 
d>^, quer estava. qmeto'em sttaxoii* 
acienqia. Depoi^jclatLxConfisa^ seguio^ 
te. o acto 'da.|'pPoce$i!a9So da- F6 ^i a 
qual lida pdo GapeliSo-Mbrf foi Bib- 
P^el repeiTnda lem >Vs^ claca 'todaa jis 



190' 

fjskvras della y m&strando em algun9 
potitos particular deTO^Sd, domo fot 
M expresrio do Sitrameftto da^iEil- 
charfstia, na obediencia ao Papa co« 
mo successor de, S:.' Pedro , Vigario 
de Christo^ e Cabeja da Igreja ; e 
pelo muhoy que era dev^to do Mis- 
tetio' da Conceijao , quaado cbegoa 
ao artigo , qilCifWUp do peccado orr^ 
ginal, pando os oHio? em horoa IfDa«^ 
gem' da inegroa Senbora^ que finha 
a ilbarga do Icito, chorou. Offere* 
ceiido iMBDfiin'O B|spo CapellSo-Mdr 
»• BlR>di o livro * 'para xbnfirraar com 
a ac^Sio'da mSo d.'que:tinfaa pronun- 
ciado, ElRei Ihe'toinbu o mesmo 
livra condi arfibas as mics, e com 
wmraarevereocia^^' .B^temur^ o bei- 
JDu^ danda mulras. gra^s a tDeo$>, e 

Jiedindcr a todosj Ihas dessem per el^ 
^y . nao s(^ por ser c^iado no gfemio' da 
l^jar^osjoom a^'Verdbdeira Doutriria 
do .x]ue^' devia- segtiir; ma?- itarabem 
porque nem na materia c da' F^ , nem 
erp netrhuma das propozijfles, que 
^iife^ruiestadb, nunta 'tiyera a me* 
«>r^iividii^ depois que se entendia'^ 



191 

4ieTi!i deirara tetn^re imeriortaofie i^i 
estar disposte a da? a vida por quaU 
qaecdelias. Tornindo aijeijar ©li* 
vro, e dando-o.ao CapellSo^Mdr, li- 
das outras ora^^es^, recebea co^: to«- 
<da a ternura , e devo^ao o Sagrado 
Viatico. Dep^is de hum grande w* 
^aco de devota ora^So, chamou ao 
-Capellao-M6r^ e Ihe disse q«e esta* 
va resignado na vontade de Deo$, e 
dfae n^o piedia nrais vida , que a que 
fosse necessaria para salv^gao de »ua 
-alma; eque, na cerreza de que se 
4Krhava nos ulcimos termos dajsuavi^ 
da^ Ihepediadeclarasse a todos osseus 
Vassallos: ccQueemtDdo o tenopo 
<^-do seu garernotiverta scmppetea- 
^€^0 deorar oque Ibje parecena' mais 
sfCOflveniente ab service de Deos:, t 
%€ conservE^fo dflO'seu Reino* Queiwte 
^cmaterks Ecclesiasticas procurara 
c€ sempre segair as opini6e8 das pds- 
«<^oas de kti'as de maior vlrtbde ,. v 
-ff<i(ue, para ju^tifica^aodesra. v^erdade, 
jic ijkixava entregwe ao CapeHab^Mcir 
XK todos as papeis pertencentes a estas 
<^tsmcrias.'' Depob disto. cbanncm a 



192 

Duque de Cadayalj ^ abrajando-a 
Ihe fdeo OS doc4iaieiitos, que devia 
«eguir^ repetindO'-lhe . as obrlga^^eff, 
que devia ao Marquee seu Pai , e i 
MaFquezasisa Mai, a queiii ihe re«- 
comnietidava, que asaistissecom muito 
resp^ito; ^e que a Raiaha, e Principe 
4iao tinha que o deixar reporomenda- 
do, poi? Ihe deviao asmesmas obriga- 
^6es.y nem a elle as de obediencia, 
e zelo do que fosse conveniente ao 
Reino. O Duque assegurou a ElRei 
oque iheencomroendava com asrepe- 
tidas . provas , que os da sua Casa 
sempre derao de leaes Vassailos* Pe- 
dio, que Ihe trouxessem o seu Testa- 
tnento ,. que o queria approvar* Fei- 
ta esta diligencia , toandou entrar os 
Conselheiros d'Estado , Presidentes 
dojs Xribunaes, e mais Ministros , e 
depots de pedrr. a.rodos perdao de 
algjum escandalo seu, que tivessem 
TeQebidoi-declarou: fcQue Deos Ibe 
« havia f^ito merce de Ihe dar aiu*> 
)E( mo :^para perdoar huroa ofFeo^a , 
««que havia tido de aJguns de seas 
c«« Vassallos , por Ihe constar perso*- 



193 

€i mirSby que elle por accre^eemdf •thtf'^ 
^csouros, devertira os cabedaes dft 
«Cor6a, qile isio procedefa d^ fe-» 
ccgularidade, com que sempre ajus^ 
cc tara as despezas pelas receitas ; e 
<cque a morre, que costume desc^o-* 
€€ brir os segredos da vida^ faria tnsL* 
€€ rtifestaf ^esti cefteza. Que sobre tu- 
«do Iheencocpeiidava muito auniSo, 
«eobediencia i Rainha , que eratf 
€€ OS u4i)Cos meio^ da conservacSo^ do 
€€ Reino. " Todos Ihe beijarSo a tnto 
banhados em lagrimas; e quando 
cheg^rao o Camareiro-M6r Luiz de 
Mello , e Caspar de Faria Severim ,; 
Secrerario das Mercys, agradeceo a 
cada hum em particular obeil], que 
haviao servido. Passou ElRei a ncMite 
em confinuos colloquios com hums 
Imagem da Concei^lo, que 'finha & 
cabeceira , de que era devoti^sirao , 
are que na manhS seguinte fez mais 
alguns apontamentos , e dispozi96es 
concernentes ao Culto Div^rft) na sua 
Capella ^ e fallando nella ao ^tu Cs-* 
p'eIlao«Mdr ,' Ifaedisse: icN^b quiz 
a Deos y que acabasse a Capella : . ^ 



194 

€c pai^fr-me f qw me [fen nisto nier^ 
^< c^;. ^rque se .a -^^faara., pn^era 
«te^ v^glom dQ quo. f^e^se; mas 

€f nhor .g'.YDntade , jqw tive d^ o aen- 
» vir^ sem €U. ter^>a vai^gloria de o 

: J^> manha scgxiinfe v^ndo EU 
R?>> que/creecia a f^bf e^ majidou cba** 
WM^ajR^ipha, o, Principe > e Infanrj 
^si,..e depois de ab^a^ar a todos^ 
Ihps.disfie, que^ de^f^odo seguk , e 
^Uar a vjda , elirDrte .do verdadei- 
?Q; Mesfre Jesus Cbxicto , Ihes dixw , 
Q qu^. elte na Cruz recommendara a 
^a^ MSi Maria Santisaima , e a sen 
Qiscipulo S. Joao.; e qontinnou coia 
ffi^tiadS'palavras: u A' Rainba encois-. 
^ met3do» cjie ao Priooipe conao a fi* 
%(lhb'.de .aminos, e do dell a o fari 
(,<mui^ (Conio cohvepa^ e ao Princi-> 
i^pe mandp re$peite 'setispre a: sua. 
4f Mai^ eein tudo Ihedediqite aobe-. 
</ djejocia , que Ihe deve como sen fi<t 

: / B ' pie^ndo ' ha siSo. do Priiici*^ 
pt > : e < np . da lofiditei dt9se a eife^ 



195 

«^ Pedro , nao sabes o que perdes: a 
$€ arabos encomniendo,que trareis se«i- 
u pre de ser ipuito zelosos da Reli- 
ve giSo Catholica , muito obedientes 
cca vossa Mai, muito amigos., e uni" 
icdos, e confopfties; porque este he 
€€0 unico caminho de vos ccnbervar- 
♦<des, e ao Reino em paz, uniao , e 
«<justifa.'* A Rainlia banhada em 
lagriinas retirou seus Rlhos , per [he 
nSo aggravar mais a molestia. Reco- 
ihida a Rajnha , mandou qhamar o 
Cabido da Se , e o Senado ddi Cama- 
ra. Chegou pf imeiro o Cabido , re- 
presentado nas pessoas do Deao An- 
dre Furtado, do Chanrre D. Rodru- 
go da Cunha , e dos Coiiegos Nun© 
da Cunha d'Efa , e D. Luiz da Ga- 
naa, Depois d'ElRci Ihe agradecer as 
demonstragdes , que tinhao feito por 
sua saude: <cLhes encoraraendou o 
luzelo do Cuho Divino, visitas dos 
€€ Ecclesiasticos, rcforroacax) dos cos* 
ictumes, e uniao dxDS votos: pbrque 
«* considerando , que com a, sua falta 
<^poderia ser maior a Irberdade , se- 
^cria preciso, que fo^em .duplicadas 

N 2 



196 

€€ as pre?eng8es/* Os Capitulares Ihe 
re«pdnderSo encarecendo os favores 
de Sua Magestade, a esperan^a da 
sua vida, e a satisfa^ao do que Ihes 
ordenara. 

Depqls dje fallar ao Cabido, en- 
trou o Senado da Camara , de que 
era Presideirte D* Joao de Sousa da 
Srlveira , Vereadores , Procurador ', 
Misteres, e Juiz do Povo : ElRei es- 
for^ando a voz ]i debilitada : ccSU 
^ gnificou o grande dezejo, que sera- 
«pre tivera de administrar justica, 
<«e de que o governo de Lisboa fos- 
w se , como cabe§a do Reino , o roe- 
«^ Ihor regulado, para que desteexem- 
♦< plar sahissem todos o* effeiros, que 
« seropre trabalhara correspond essem 
<« as disposi^es. Que era tempo de 
«« Ihe pagar o Povo o amor, que sem- 
*< pre Ihe tivera ; e que na certeza de 
« que havia de acabar a vida muiro 
<c de pressa, rogava a todos, que, nao 
<<faItando so agradecitnento que Ihe 
« deviao, nao diminuisseita o zelo de 
«< administrar justi^a , nem o atnor 
••daconservayao do Reino. Qye lhe« 



197 

aentregava a Rainha, Principe, e 
f€ Infantes , para que os servissem , e 
€€ guardassem da industria y e podec 
(cde seus inimigos.'* 

O Presidehte a penas p6de res.- 
ponder com poucas palavras debulha- 
do em lagrimas, certificando aElRet 
do amor, e fidelidade de todos os 
seus Vassallos. 

Nao se esqueceo EIRei de fal- 
hr ao Juiz do Povo , e ao seu Escri- 
yao , que estavao de joelhos para o6 
p^s da cama*, e dando-lhes a raao 
com grande benignidade Ihes disse : 
4c Meu Juiz do Povo , meus homen$ 
«<bons, bem conheco o muico , que 
€€me amais, e todo esce Povo, e 
99 que sois muito solicitos em meu 
«<servi^o, e zelosos do bem com-* 
€< mxHn. Eu tarabem mealegraya mui* 
M to toda« as vezes , que vos via , as- 
«isim como a vossos antecessores , e 
f^Homens do Povo, porque tenho 
«de vcSs outros grande satisfajao^ 
€i Eu estou muito conforme com a 
wyontade de, Deos i\este estado. Ahi 

<f VOS iica a Rainha ^ e meus^ £lho8 ; 



198 

^ encomrtrendo-vo-Ios muito, e fio 
i€de v(58, e do amor que me cendes^ 
i€ trafaneis muito de s4ja conserva^aoi 
f€ e servif o , e da qtiiera^So de todos 
ftfcofno fids Vas«alIo«.*' 

O Juii do Pdvo derrafflandn mni* 
tas ligrirtea^ Ihe refefio o senrimeii^ 
td, que 6 PovO tinba da sua docn^^ 
e. o inuito , que o amava, e concioio 
dizencio : =::? Rei , S^flbor, se Decs 
for serHdo levar pdra si aVossaMa* 
gestadd, n6s Hcamo^ mui desampara^ 
dos. ti Ao que EiRei Ihe replicou : 
<« Nao ficareis , nSo ficafeis: que fi- 
fe <isl^s bera encomraendados. Elevan* 
*«do-nie meu Senhof Jerjs Cbristo 4 
icgforia, corao confio rtos raereci-* 
<«niento* de seu precioso sartgae, 
€c la rogar ei per v6s, e por ^ta Mo- 
icnarquia." BeijdraoOutra vez sutitto 
a EjRd, e sahir^o t6dos trisie^, e 
magoados. 

Deotambem ElReiorderti, para 
qUe Ihe chamassem osCondes de Vi- 
mioso; de S. JoSo, S. Lour^n^o, 
CasteIlo*MeIhoj?,^e Rujr Fernandas 
de Alirtida, prcios pela infellz ^«fl* 



/ 



199 



ikocia do jogoidt fnHla^ 'em que-foi 
arorto D. Luiz.de Poctu^I ^ JCondt 
it .Vimioso ^ li. ferido o ,iGd«ide' 6t 
Si.^ Jioio'seaj coniiado; e. por^c^- as 
pbrtiek. flao 4)bf!aeL:cedhlo JE^i perd^ 
da borte 'do. G^Ude,' estaVao^ todois 
emvarias pdides; CbqgirMr d 'pnesem 
^a^'d'ElRel^^nicnos .o^i6}lHKle de'S^ 
Jbihp , que fo dila tou pdr&e^r i p^cs<i 
m' Tdrre MseUia* cLogo qoe EtfteL ot 
vio , Gsr:>cli0nieB^'ao ^en feird'y^'ecxjmi 
sembkmte secbnsi Ihes^ dissrrruc Qott 
<c ha>ta-9entido ras^uicorto ti^^ €[ue 
(c^havilisi falhiddi da &da'^rr^t\ga, >e 
ft aicawa defta aepara!§i^ai'por6m qbe 
#<n&D qaerBat' acabqr a' vrda osem o» 
^ v^, eioe &ixar amigos : que os ha^ 
«4 vii nKiodado chamarv, paraobonse» 
«giiif hiiQ], !e oUtro eiFeitOv e para 
«<?!|a& totHasfetn' nelte execapla* do 
iiquanto convtofaa perdoar^agigrayos^ 
^ pnbTe^a\ra que; mdrria sem :odk> ; 
unettk ' ^ucrer- satisfa^ao algimi^; de 
A S6US ihktiigoss qt|9 pt)r ttvUtfa^ ve- 
cc zes, como era ndtorio, o foavi^tf iti^n- 
<«dado matarV eqiieal^m desraiAlri- 
«vgii9&OiC9citol4iasi ,^ 06 deyU cdnven- 



200 

U cer^.quanto necessitavaoReinocom 
f<a fa^ra de uniSo de todos os seus 
c< Vassallos para a defensa de sens fi-> 
filhos^, e conserva^ao da Cor6a de 
€i seus Descendentes. " O Conde de 
yimioso disse a ElRei,:que perdoa- 
va a todos , que tinbSb concorrido 

finr a :morte; de seudrmad : o que 
IRci  agradecco. - Chegando depois 
o Conde de S. Jo3o, ;ElRei J he re- 
petio tqdo o qtie ficava: dito diante 
dos outros, ao que o Conde respon- 
deo:. ziQue nao eraelle hum Vas- 
ealio , qtie deixasse de obcoecer a S. 
M, para tao justo, e necessario fim, 
como o que Ihe propunha da conser- 
vagao doReino. fcs Continuou ElRei 
dizcndoTJfcDou muitas gra$:as a Deos 
fxqaie i imitajao deChristo possodi- 
w zep-To^. na ultima hora : Pacem re^ 
€$ linquQ vabis , pacem me am do ya- 
€i bis : eu vos dou paz, eu vos deixo 
•rem paz , eu vos rogo nao queiracs 
" ir contra esta minha vohtade , pois 
^^ he tao conveniente para vossa quie- 
^^lajap, e do Reino, E para que eu 

-Uwa parte yi con»Jado,.mc ha- 



201 

f^veis de prometter de serdes ami-* 
*'gos. " Todos assim o prometterao, 
estando presente a Rainha, e beijan- 
do*lhe a mao sahirao compungidos 
de tao edificante ac^ao. 

Mandou tambem chamar a D. 
Rodrigo de Menezes, Regedor das 
Justl^as: e agradecendo-Ihe o bem , 
que ezercItaYa aquella occupa9lo^ Ihe 
encommendou dissesse da sua parte 
aos Desembargadores: ^^Que Ihes 
^' lembrava quanto, em todo o tempo 
^^que reinara, tratara da subsistencia 
^^da justi^a ; e que assim Ihes encom- 
^^ mendava , que nSo faltassem i 
^^ observancia t]ella : porque sendo 
^^hum dos atributos Divinos, era 
^^hum dos principaes fundamentos da 
*^ conservajao das Monarchias. ^' . D. 
Rodrigo s6 p6de responder a esca 
pratica comassuas lagrimas. Persua* 
dido ElRei ter satisfeito a tudo o 
que convinha para o governo do Ri^i- 
no futurd , que deixava , se entregou 
de todo ao que pertencia ao eter- 
no« Mandou chamar a Fr. Domingos 
de. Santo Thomaz^ e Fr. Martinho 



202^ 

dia Foiisbct, Mestres em TheoJogia ; 
da Ordem do ineu;6adre S. Domin- 
goSj.'i 3eu8 Pr^gadoiM; e depots d« 
Ib^ .comcnunicar niaterias muito im« 
jportantes a sua consciencid', Jhes dis^ 
ge r.'^'Qac com toda a vej^dade afjfir- 
•^ mata) que, ainda que sempre ih^^ 
V trafa gratide irtcUnafSo A justiga \ 
^^ e aos Mini^tros $ que a guardav^q^ 
^^ que nio se lembrata,^que executas* 
^^se ac^^d alguma de justi^a, enten^ 
^^dendo' que a encontrava; pomSitx 
^^ que este zelo, e aUida- outran virru- 
^^des muito menoee<^ bem sabia, que 
^^ pirocediSo da Divina Mi^riCordta ^ 
^^pois em si nao podia i&r tnaia qu^ 
^^ defeiros : '' o que tado admirou a 
estes Religiozos. ErSo muitas as ro- 
gativas , que de cbntinuo se faziao i 
Deos, pela saude d'£iBLei, e nume^ 
rosas as procissods de penitencia com 
devcfti^simae Imagens. Entre ellas 
mej^^ce partiailan men^ao a dosmeua 
ReHghazos da Provincia d'Arrabida. 
Esta devota, e edificante prociosao, 
depoig de haver entrado na capelUy 
oade rezirao liuma devotisaiaia luZ* 



\ 



503 

dainha, e totaarad huma dUciplina, 
que, cotno dizc^rn.aEscriptordaqueil- 
le tempo, maisparecia ccuel^ do qu^ 
espcra, 6ntodrao na Camara d'EIRei 
(que OS raanddtt qh^itiar i sU2i;pre* 
fen^a pelo tnuito Imor, que . nos ti- 
oha) no seu tan\ capuchb nJgDfBai 
preces, que.ElRei folgou muiro de 
ouvir, advertindo , ainda.naquelle es«' 
tado, que guardavao regr^tf da Mu- 
sica J e disse .ap Camarciro-Moi^: 
" Que nao oUvira', havia nmiWs^ tern* 
^^po$,- cousa ^ que tanco o dekitasae^ 
<' Mm trouxesfc 4 memoria a ^^ harmo*^ 
f'«ia , e co!ttonat*tis , que im^ no 
i'Cib.'' Depois Ihc falldu Fn Inno- 
cencio, aquera EIRei lanyou og bra* 
50S. ao pescojo. E querendo este Re- 
ligiozo animallo com os sei^'annos^ 
e <;dm esperan^as de Deos-lhe dair 
saude, Ihe dftfee;^ ElRei : **Rogai a 
** Dfcos, que em infm se cumpra sua 
^^Divina yontade/' E beijaiido El- 
Rei d Rellquia se recolheo a procit^ 
sSd. Chegando D. Miguel deAiraew 
da , e^te venef^v^I velho coberto de 
can6 , carregado de annos , e banha- 






204 

do dclagrimas, a despedir^se d'ElRei, 
djsse: "He possivel meu Rei, e meu 
" Senhor , que ides v6s de tao pou- 
cos annos , e que fico eu de noven* 
ta ! " ElRei lanfando-Ihe os bra^os 
ao pescoso Ihe disse: "Vou com 
•*grande descan^o, porque vos deixo 
*^ para assistirdes i Rainha, e a meus 
^^filhos. " No Domingo pela nianha 
onzeno da doen^a Ihe perguntou o 
Bispo CapeiI^o-M6r , se queria rece- 
ber o Sacramento da Ua^ao, a que 
respondeo , que de muito boa vonta* 
de. Dilatando-se algum espa^o apre« 
parai^So para receber este Sacramea* 
to , disse ElRei ao Camareiro-M6r , 
que queria que o ungissem : advertio- 
Ifae elle, que ji Sua Magestade o ri« 
nfaa dito; respondeo: ^'Qiiando mo 
^^perguntdrao, satisfiz a proposta*, e 
"agora quero raostrar, que eu pe- 
"90 e dezejo este Sacramento, para 
*^bem de mlnha alma.'* Ministrou- 
Ihe o Capeliao-Mor este Sacramen- 
to , e o recebeo com profunda devo- 
5ao. Depois de Ungido , tornou-se a 
rcconciliar, disse 9 Confessor Missij 



205 

e commungou segunda vez por de« 
vo^ao com muitas lagrimas , tocjp 
abrazado no amor Divine. Repetio , 
e ouvio repetir muitas orajdes; e na 
segunda feira 6 de Noverab^'o perro 
do meio dia, no meio dassuas maio- 
res agonias disse por duas vezes em 
voz clara , e intelligivel , pondo os 
olhos em huma Imagem de Nossa 
Senhora da Concei^ao, a que cha* 
mava sua Companheira, porque sem« 
pre atinha ailharga dacaraa. =: Vir- 
gem da Conceijao, valei-me : Virgera 
da Conceijao acodi-me. ^ Logo o 
Camareiro-M6r Ihe meteo a v^la na 
mao ; e re2;ando-se o officio da ago- 
jnia espirou com huma convulsSo de 
nervos, contando cincoenta e dois 
annos, sere mezes, e dczoitodias, 
dos quaes foi vinte e seis Duque de 
Barcellos, dez de Breganga , deze- 
seis menos vinte e quatro dias Rei 
de Portugal. O Conde Camareiro- 
JVtdr Ihe cerrou os olhos ; e depois 
de o encommendarem a Deos todos 
08 que estavao presentes Ihe beijirSo 
a mao. Nessa tarde se ajunt^rSo m 



206 

Papo ot Conselfaeiros d'Estado; al-* 
gun^TituIos, e Officiaes da Otsa: 
em piTCsfenja de todos abrto o Spcre* 
tario d'Estado o Tcstamento d^EI- 
Rei, e se achou, que deixava nomca- 
da a Rainha D. Luiza por Tutora, 
e Curadora de seus filhos, Regenre, 
e Governadora do Reino: ordenava 
que se acabasse a Capella Real : que 
»e prosegui^se^ e aperfei§oasse o Mos* 
teiro de Santa Clara de Coirabra: 
que sereparnssera vinte mil cruzados 
de esmotas pelos Mosteiros pobres : 
que sepulrassem o seu corpo na Ca- 
pe]la-M6r5 no Mosreirode S. Vicen- 
te de Fora ( e foi o pritnciro que 
se enterroxi neste Mostciro) que se 
'dissessem com a brcvidade possfvel 
o niimero de Missas , que, depois dc 
cem- ipil, a Rainha achasse , que era 
conveniefttev e que «e' instituissem 
quatrb Missas quotidianas. Os Povos 
sentirSo era extreme a morte desrc 
bom Soberanc. Foi ElRet D. JoSo 
ly. 'de meaa estatura , muito gen- 
ttl anteis ^as bexigas, que Ihe mu- 
dtfrSb'o prlnaeiro scmblante, cabello 



207 

Joum, olhos^azuis, alcgrcs^ *grada- 
veis, a barha loatis, cUra, que o ca- 
bejl(^ o corpo ^0830, e robustQ- Foi 
este Monarca , como dizera oa Es- 
cfipfc>fC8 / Ycnccdor na Europe, de- 
ffi^deo-se em Africa, pclejou na 
Azia , e triuirfbu na America. Iivcli-^ 
«tadx> ^ ca^a , e a Musica , nao dei^n 
xou de ser muito zeloso do Cairo. 
I>fcviiio; Tao amantc deDeoe, e de- 
vc>ro d<> Santissimo .Sacraieento^ quo 
i3Uoca o nonu»jsra »eni grirnde rev^ 
^eptcifl- Ao Misreuio da CoiKeigao 
c$)in$agi?ou o mab: paKticuIar affdcto, 
a devQcao , comp ji viosos. 

Creou de novo diversos .Titwlo^^ 
erenovou Gift res cm pessoas daraes- 
Q%a familia. 

. Ao PrifKi'ipe D. Tbeodowo hen?-. 
deiffb do Reino ordenoju .por buma 
Carta Patented $e chama^e P^iccipe. 
do. Brazil , e Duque de Bragati^a , a 
iij de Outvbroi.de 1645!* 

Ao Infante D. Pedrd seu filho 
£ez doac^ xk GdaAa de JB^ja^ cam 
<ttituloi..dc. "Dnqjue, renotaiiaJo esca 
Dignidade, que tivpra EJRei D; Ma- 



208 

noel antes de ser Rei , por inercl de 
ElRei D. Joao II. Foipassada adoa- 
^ao em Lisboa a ii de Agosto de 
165-4. ' 

A D. Nuno Alvares Pereira de 
Mello, quarto Marquez de Ferreira, 
quintoConde deTentugal, creou Du- 
que de Cadaval. Foi passada a Carta 
a 18 de Julho de 1648. 

A D. AfFonso de Portugal, Con<» 
de de Viraioso, fez Marquez de 
Aguiar a 8 de Setembro de 1643. 

A D. Alvaro Pires de Castro , 
VI. Conde de Monsanto, creou Mar- 
quez de Cascaes a 15^ de Noyembro 
de 16415. 

A D* Ystsco Luiz da Gama, V. 
Conde da Vidigueira , fez Marquez 
de Niza a t8 de Outubrp de 1646. 

A D. Francisco deFaro fez Con- 
de deOdemira a 9 de Julho de 1646. 

A Mathias de Albuquerque creou 
Conde de Alegrete no primeirb de 
Junho de 1644, 

A D. Fernando de Mascara- 
nhas creou Conde de Serem a .18 
de Abril de 1643. 



2og 

A^D.' Ffanciscd de Sousa Con^ 
de de Prado a 17 de Mar^o de 
1644* 

A D. Fernando de Menezes con- 
firmou o titulo de Conde da Ericen 
ra a 11 de Abril de 1646. 

A Antonio Telles de Menezes 
creou Conde de Viila-Pouca de Aguiar 
a 5 de Agosto de 1647. 

A D. Miguel de Alrae/da creou 
Conde de Abranres, renovando este 
titulo, que ja tiverao seus antepas-* 
sados ^ passada a Carta a 12 de xslo- 
vembro de 1645'. 

A D. Joao da Costa creou Con- 
de de Soure a 15 de Outubro de 
1652. 

A FernaO Telles de Menezes 
creou Conde de Villar-Maior , a 29 
de Agosto de 165*2. 

A D* Vasco Mascaranhas Con- 
de de Obidos a i^ de Maio de 
1 646. 

A D* Vasco Lobo, Barao de 
Alvito, creou Conde de Oriola.a 19 
de Dezembro de 16c 2* 

A D« Antonio de Noronba 

o 



210 

creou Conde de Villt- Verde a lo rfe 
Dezembro de i65'4« 

A D. Pedro de Castello-Branco 
fez Visconde de Castello-Branco jun- 
m a Sacavem a 25' de Setembro de 
1649. 

A Thom6 de Sousa fez Vedor 
da Fazenda por Carta de iz de Ja- 
neiro de 1646. 

Este Thom^ de Sousa, quarto 
Ay6 do actual Excellentissimo Mar- 
quez de Borba , Fernando Maria de 
Sousa Coutinho , IV. Conde de Re- 
dondo , e hum dos Governadores da 
Rei»o , foi sexto filho de Fernao de 
Sousa, e de sua segunda mulher D.^ 
Maria de Castro, filha de D. Siniao 
de Castro , Senhor de Reriz , Bemvi- 
Yer , c por falta de seus irmaos suc- 
cedeo na Casa. Era hum dellea D. 
Diogo de Sousa, Arcebispo d'Evora, 
de que fallaremos no anno da sua 
morte de 1678. TeveThom^ de Sou- 
sa cordial affccto a Casa Real de Bra- 
gan^, a quern seu Pai servio ate de- 
pois da morte da Senhora D. Catha- 
^'^a , assistindo na mesma Casa que 



211 

siSrvi^] twio a tfonfidchcia dos ma lo- 
res negocios; e no Cartorio desta 
Qsa s:^; conserva cierte doa^ao, feita 
pelo Duq^e o Scnher D. Theodosio 
I. em 10 de Juaho dc 15^38; que as* 
sis prova tudo isto* No mesmo Cai> 
torio e^istein conhe^inientos legaes 
de donatives fieitos tanto per Tho^' 
m6 de Sousa , como par seus Des- 
cendentes, a Casa Real: e. he rradi- 
jao corrstante, e niuito respeitavel 
da mesma Casa, que Thom^ de Sou* 
sa, depois de ter trabalhado o mais^ 
que Ihe foi possivel, na causa da Pa-^ 
tria^sendo hum dosdemaior influcn* 
cia na restitui^ao da Real Corda so 
Senhor Rei D. Joao IV. , como te- j 
mos visto, offerecera toda a sua pra* ▼ 
(a , euro , e ricas preciosidades ad 
Hiesmo Senhor cm fauma rica Berlin-^ 
da , que ainda hoje se conserva nas 
Gocheiras Reaes; e he igualmente 
tradi^ao, que em agradecimemo, e 
niemoria deste donativo , * o Senhor 
Rei D. Joao IV. sahiaitodos os an* 
DOS em dia do Ckx-po deiDeos nesta 
JBerlindat Isto . xn^spao^ ccnbd ou?ida 

2 



212 

{mr vezes da boca do mesttro ExceP 
enfissirao Marqiiez de Borba. Sendtjf 
fhome deSousa herdeiro deiranien- 
sas riquezas dt seu Fai, pot* sua mor- 
te so restarao dividas a seu 6\bOj dc 
eujas dividas falem roen^ao os Alua*- 
rdS) passados para as Commendas de 
Santa Maria de Gondar da -Ordem 
de Christo, e de Santa Maria de 
Messejana da Ordem de S. Tiago; 
declarando , que priraeiro se pagas- 
sem a-s dividas que ficarSo ; de cujo$ 
Alvaras ha copias legaes. Fallecea 
em Elvas a 19 deNovembro de i6j\S.^ 
Foi casado com D. Firancisca de Mc- 
nezes, filha de D. Joao de Castello- 
Branco, e de D. Cecilia dc Mene- 
zes, filha de D. JoSo Coutinho V^ 
Conde de Redondo, per quern se de- 
dusir2o osdireitos da Casa de Redone 
do, a D. Cecilia de Menezes de quent 
forao filhos, D. Francisco de Castek 
lo-Branco VIII. Conde de RedonJOy 
c D. Francisca de Menezes, em quem 
recahioodireitoda Casa, decujo ma- 
trimonio nascera© ©sseguintes filhos r 
Fcrjjio d« Sousa, Vcdor dos Scnho-^ 



213 

tes Rets D. Affonso VL, D. Pedro 
II. , e D. Joao V. , que o creou I. 
Conde dq Redondo nesca familia, de 
que \he p^ssou Carta a i de Mar^o 
de 1707. D. JoSo de Soasa, Arcebis* 
po de Braga, e de Lisboa, de quem 
fallareiBOs em o anno da sua raorte 
de 1710. D. Cecilia, e D. Maria de 
Menezes Religiozas do Mosteiro de 
Santa Martha« 

Restituio as rendas ao Mosteiro 
de Alcobaga , que estavao unidas a 
Abbadia Commendataria , tornando- 
as aps Monjes na mesma forma, em 
que Ibas dera seu invicto. Av6, e Pre^ 
decedsor D. Affonso Henriques, con«- 
firmando, e ratificando a Doagao por 
Carta, de 4 de Fevefciro de 1642. 

Foi ca^ado o Senhor. Rei D. JoSo 
ly. com a Rainha D. Luiza Fran- 
cisca de Gusmao, dequem tratare- 
Hio^y qM^i^lo ckegarmos ao anno da 
sua morte. 

Nascerao desta uniio , o Princi- 
pe. D. Theodosio , de quem ji trata- 
raos: 

. A Seoiiora D. Annajc nasceo em 



214 

ViIJa-Vi^o» air dc Janeiro ^ i^^fy 
efalbceonamesiyib'dia. jai^norMos* 
titira das Chagas^ da m^sma Vifta* 
< ' A Senlroi* Iwfanta IX Joanna : 
Hasceo.em -ViJJa-^ifosa a*t8^ de Se* 
tembro de J 6^ : falleceo a ty de No- 
vembro' de 165^3., « jaz no Rc«ll Mos« 
t^iro de Bei^m^, juntamiinr^ com seua 
ii^maos* ' 

A Senhora D. Catharina : Raw 
sha da GrJ-Bremtiha , dd <joe fare- 
jDos .raenjSo flO Tomo V. 

O Senhor D. Mano^I : nasteo 
em' Villa-Vijfosa a 6 de Set^mbfo d^ 
1640^ e faileceam me$mb did. Jas 
Ao Mosteiro dbs Eremitaa de Sanro 
Agostinha» ^ . , . 

^ ElRei.D.AffonsO' VI., de que 
yai a tratar o Capltulo II. 

ElRei a Pedro III. , qtie occu- 
para o Capitulol. do Torao V. 

Teve fdra do mafriitioi^kj a Se- 
nhora D. Maria, nascida- a 31 de 
Abril do i(J44vdeh'uma Senhora h'm- 
ja desanguej que enfrando depois 
no Convento de Chellas profes<ou 
a vida Religiotia, Educad^ cm casa 



215 

do Secret ario d-Estado Antonio de 
Cavide, eiitfou a 25: de Mar^o de 
1650 no Mosteiro de Santa There- 
sa dej^sus, das CarmeUtai Descal* 
^as de Carnide, per ordem de ElRei 
^eu Pai, a receber as instrug^es dt 
Madre Michaella Margarida de San- 
ta Anna^ filbadoIiDperador Mathia^ 
e Parenta do mesmo Senhor Rei IJ. 
Joao IV.^ Fuadadofa do dito Moa^ 
teiro de Carrlide em 1642, sendo vin* 
te e dois annos 8Ucce8si?os Priora» 
Estimott ElRei inutto esta filha, o 
que ft8s&9.prova a segninte Carta, 
^ue Ihe.escreveo antes de morrer: 

«< Minha filfaa, foi.Deos servido, 
f^que a primeira yez que tender car- 
"ta miiiha , seja despe?dind6-nae de 
'^ YtSs , dando-vo8 a rainha bengSo 
".a<iompa:nbada de Dcos, que fique 
^' com vosco , e lembrai-vos sempre 
^' de teiro, coracJ eu o fio de vof . Es- 
crita era Lisboa a 4 de Noverobro 
^^de 1 6-? 6-.; Vosso Pai , que fica com 
*^ graiide sentimenio de vos nSo tfir/' 



-«c 



216 

Sen Pai no Testa mentp feito a 
a de Novembro declarando-a por fi- 
Iba Ihe faz a merce -da Comraenda 
maior de S. Tiago, e das Villas de 
.Torres^ Vedras , e Collares, e dos lu" 
gares dis Azinhaga , c Cartaxo , que 
logo fez juntamentc Villas com ju- 
risdi^ao d parte , e estas doa96es de 
juro , e herdade para sempre sujeitas 
a Lei Mental: e se no decurso do 
tempo houvesse ddvida. ordenava ao 
seu Successor , satisfizesse tudo. em 
equivalente. Ordenava mais o darem* 
se*lhe cincoenta mil cruzados para 
com por a sua Casa. OSenhor D. Af- 
fbnso VI. confirmou a doa^ao por 
hum Decreto de i8 de Novembro do 
Imesrao anno; e o Senhor D. Pedro 
11. , que muito a estimou, Ihe escre- 
veo de seu proprio punho nesta for- 
ma: 

ciHonrada D.Maria minha ir- 
$€ ma. Eu o Principe vos envio muiro 
<csaudar, como aquella que muiro 
«arao, e'prezo. A' Junta da Incon- 
<« fidencia mandei ordenar, vos man- 
Mdasse entregar todo o dinheiro, 



217 

wque da verba doTestamento d'EI- 
<cRei meu Senhor, e Pai, que Sail* 
€c ta Gloria haja , e declarag5es de 
4c Antonio de Cavide constou vos to- 
«cava, e junraroente aquelies redir, 
€€ ros, do que estava dado a juro, e 
<«de hum, e outro podeiR disp6r co- 
ccmo de cousa vossa; e porque te^ 
€€ nho entendido , vos sSo necessarian 
(cpessoas, que vos assistao assim den- 
€c tro da Glausura , como fora deJJa j 
€f me rnandareis declarar as que vos 
ccfaltao, para melhor conveniencia 
4i do vosso servijo , assim das Reli- 
^^giozas, que dentro vos hSo de as- 
*^sistir, como das seculares ca defo- 
^[ ra , as quaes vos mandarei noraear 
^'miiiro i vossa satisfaj: 3o , -e aprazi- 
^' mento. Era Lisboa a 15 de Novem* 
J^brode 1677," 

Principe. 

A Rainha D. Maria Francisca a 
foi visirar a Carrtide, e Ihe fez gran- 
des honras, mierendando no seu apo- 
sento. A C6rte Ihe dava o trataraen-^ 
to de Alteza. Viy^o sempre neste 



218 

Mosteiro era Habito de Religioxa ^^ 
ainda que era de materia mais fina. 
Propoftdoi-scrlhe para Espozo o Du« 
^ue de Cadaval c5ni approra^ao Re** 
gia, respotideo: :=; Que, naoisahiria da 
Giausura senao em posras a romar 
ocitro Espozo: que eUa< ja tinha £ 
muito tempo#!=:^ Rejcieou tambem 
ser Commendadeira de Santos, di- 
zendo : =3 Que D. Maria Josefa de 
Santa Thereza nao deixaria o Con-» 
vento de Santa Tiiereza^ ncm depois 
de morta.S' Suas rendas erao todas 
distribuidas pelos pobres. Principiou 
a Igreja de Santa Thereza das Car- 
raelitas dcscalg as de Carnrde a 15' de 
Outubro de 1662 , que se vio acaba- 
da'^a 15' de Outubro de i663. Ornou- 
a de. excelientes rerabulos^ ricas a]^ 
faias, e preciosa Custodia para ex-* 
por o Santissimo Sacramento. Fez a 
Capella do Senhor dos Passos, man- 
dou JaVrar OS dois cdros das Rdigio- 
2as, e outras obras ri^aia, ebi que 
gastou a<:in)a. de duzentos mil cruza- 
dos, e estabeleceo p*ra seu fundo os 
*^itos ajinuaes de, quarenta mil cru- 



219 

Mdos^ pov cujo itiotTvo^velo a serTa 
Fadroeira do Gonvento , por Escri*. 
tufa piiblka de 15 de Outubro de 
1685'. No ttte^nao anno deoprincipio 
A fdnda^ad d^ Convertto de S. JoSo 
da GruzdoiClartiaeUtas Descal5os do 
ifiesrao lugar de Carnide, deque se 
lan^ou a prin^eira pedra a 24 de Ju^ 
jiho, com huma inscripjao em latim, 
que dtzia: ser a Fundadorft dai^elle 
Mosteiro P. Maria filha d'ElRei D. 
Joao I\f., Rei Je Portugal'; t*inando 
seu irraao ElRei D. Pedro 11., no 
anno de 16%. Detxou no seu TestaA 
mento o Padroado destes^ dois Con- 
ventos, eoutros muitos pios lep;ados. 
Falleceo, recebendo todos o^ Sacra- 
mentos com summa edificajao , a 7 
de Pevereirb de I693 , quhndo con- 
tava quarenta'enove annos de idade, 
c quarenta e tr6s de Clausura. Sea 
corpo jaz no coro debaixo em hum 
Tavrado Mausoleo , com hum epita- 
fio era larim / que declara ser filha^ 
do Senhar Rel D. Joao IV;, que. en*-' 
trou de seis annos na Clausura , qiie 
fi>i a Fundadora daquella ^ Igreja ^ e 



220 

C6ro para a6 Religiozas ; e o dia ^ 
mez, e anno da sua morte, acinaa 
dito. Por sua morte se recolheo El- 
Rei par cinco dias , e tomou lujto de 
capa comprida por hum mez , e fez 
aviso a Cdrte para pr^ticar o mesmo. 
Ao seu enterro forao assistir alguns 
GavalJeiros d-Escado, e Titulos. 



C A P I T U L O II. 

Vida , e AcfSes do Senhor D. Af- 

fonso VI , e XXII. Ret de 

Portugal. 

^^S^ Jt ELA morte do Senhor Rei D. 
Jo5o IV, ficou seu filho o Senhor D. 
AfFonso, aa idadede trezeannos^ Suc- 
cessor da C6roa de Portugal. Nasceo 
esre Senhor a 21 de Agosto de 1645 
em Lisboa, estando seu Pai em Evo- 
ra. Foi baptisado a 13 deSetembro 
na Capella-Real pcio BIspo Capel- 
lao-Mor D.Manocl da Cunha, lew- 



221 

dd i |)ia pelo Marquez de Ferreira ^ 
Mordorao-M6r da Rainha, sendo Pa-* 
drinho o Principe D^Thebdosio. Nas 
C6rtes celebradas em Lisboa a 21 de 
Outiibro de idjj foi jorado Princi- 
pe Herdeiro deste Reino. Destinovr- 
se logo o dia 15' de Novembro pa- 
ra o Auto do Icvantamento , e jura- 
mento, que os Grandes, Secu lares , 
e Ecclesiasticos , e raais pessoas Jhe 
haviao de fazer: o que se praricou 
is tres horas da tarde. O Infante D. 
Pedro fez o officio de Condestavel 
com o cstoque dezembainhado , e le- 
vantado em ambas as maos , ajudan- 
do-o a sustentar Ruy de Moura Tel- 
les , EstrJbciro-Mdr da Rainha , por 
ser o Infante de oito annos. Antonio 
Telles de Menezes , Conde de Villa- 
Pouca deAguiar, fez o officio de AI- 
fcres-M6r do Reino, levando a Ban- 
deira. Depois d'ElRei estar sentado' 
no throno , e todos os mais nos seus 
higares, depois do mesmo' Rei ter 
jarado , e promettido guardar os fa- 
ros, costumes, privilegios, gragas, 
iiberdades / ^ franqcezas^ que peloa 



222 

{Ids seus Predecessores forao eonce- 
didog, disse o Rei d' Armas de Por- 
tugal: :=:Maflda. ClRei Nosso Se- 
nbor, que neste acto venhao jurar, 
e beijar a mao os Grandes, Tirulos, 
SecuUres, e Ecclesiaspcbs , e mais 
pessoas. da Nobreza , agslm como se 
acharem, sem precedcncias, nem pre- 
juizo do direito de algum. rr O pri- 
meiro ,v que jurou, foi D. iVJiguel de 
Almeida . Conde de Abrantes , Mor- 
dorao-M6r da Rainlia, M3i d'E/« 
Rei y em cujo nome fez o dito jura- 
menio , por virtude da carta do po- 
der, e prpcurajiao da mesma Senho- 
ra , a qual foi lida em voz alta pelo 
Secretario d^Estado. Jurou emsegun- 
do lugar o Infante D. Pedro , como 
Infante, porque cqmo Condestavel ha- 
via ser o ultimo. Seguirad*se depois 
OS Duques , e todos o$ mais Senho- 
res na forma do costume. Jurou -era 
ultimo lugar o Secretario d'Estada 
Pedro Vieira da Silva. Acabado a 
acto, -desceo ElRei do seu throno, 
com o-Sceptro Real na mao, e foi 
iCapella, ondc 3e canton oT^Deufft 



223 

Laudamus^ com geral contentamen- 
to de seus Vassallos. 

Ficando ElRei deb^ixo da Tu- 
toria de sua Mai, esra Ihe deo Q 
quarto, que havia sido de Principe 
D. Theodosio, conrinuando por Mcst 
tre d'ElRei, e de 8eu irmao o Infan-^ 
te D. Pisdro, 'Nicoldo Monteira, Prior 
de Cedofeira, depois Bispo do Porto; 
e para seu Ayo Ihe Bomeou IX 
Francisco de Faro, Conde de Ode- 
mira, 

Chegando a Madrid a noticia di 
inortc d'EIRei, foi excessive o con-^ 
tentamento do8 Castelhanos , t logo 
ElRei Filippe fez marchar para as 
fronterras do Alerat^jo as juas tro-* 
pas corn mais calor. Dcspedio cora»- 
missarios a levantar infaataria ; man- 
dou fazer nas fronteiras celJeiros pii* 
blicos de trigo ; acceitou a offer ta doa 
Grandes, qpe se obrigarao a copdu-^ 
xiT a Badajcz grande ntiraerp de ca-» 
Tallaria, e fez espalhar, que na se-^ 
guinre Primavera partia a/recuperat 
Portugal, pelos mesmc^ passos d« 
wu Ajvd p. FiJippc IL, tudo fom^n^ 



524 

tado pof D* Lui^ de Haro. Chegati- 
do estas noticias ao Goyernador da 
Provincia do Alemt^Jo , o Conde de 
Soure, este o partici|)ou a Rainha, 

gara logo se cuidar na defensa do 
.eino. Sem demora se derao as pre- 
cisas providencias , distribuindo a 
Rainha as ordens .para letas , e re- 
niontasy e mandando dinheiro para 
as fortifica§6es. O Conde de Soure , 
deixando o governo da Provincia a 
Andr^de Albuquerque, chegou a Lis- 
16^ J boa nosfins de Janeiro, onde foi bem 
recebido da Rainha, e de todos os 
mais Ministfos, honrasdevidas a sua 
capacidade. Por^m os seus adhaques, 
e a fa Ira de providencias , que Jhe 
derSo para defender o Alerat^jo, o 
obrigdfao a nab voltar, noroeando-se 
entao era seu lugar o Conde de S* 
Lourenjo. Noraeou tambem a Rai- 
nha a Manoel de Mello , Mesfre de 
Campo , e Governador da Praja de 
Moura, Governador da Provincia do 
Alemtdjd; e a Affonso Furrado de 
Mendonga, Mestre de Campo, e Go- 
vernador de Campo-Maior, Capltao* 
General da Artilharia. 



••I'^y 



225 



Nos pryKJpios de Abril p^irtky 
oConde deSvtoprenjo para oAIem^ 
t^jo , e chegou a Elvas , . ond? foi 
muito bem recebido. Andr6 de Al- 
buquerque Ihe deo aviso de todas as 
preveD^6es dosCasteIhanos/6 doxno-* 
do, com que o Duque de S« Germat]^ 
se. prevenia , tendo chegado a Bada- 
joz nos principios de Janeiro, pro- 
curando com todo o cuidado a nossa 
ririna. Com efFeito o Duque marchou 
com o seu exercito para Olivenja a 
12 de Abril, com pouco mais de seis 
mil infantes, e dois mil e quinhen- 
toscavallos. Constava aguarnigao de 
Oliven^a dequatro mil infantes^ bas- 
tantes munigSes, e mantimentos pa-. 
ra muiros mezes. Logo que o Conde 
de S. Louren^o teve a noticia deque 
OS Castelhanos estavao sobre OIiven<« 
$a , mandou a Lisboa pela posta o 
General de Artilharia, AfFonso Fur- 
tado deMendonj^a, adarparte dRai« 
])h^« Depois voltou com a reposta 
dizer ao Conde, que ella Ihe pr^nie^ 
tia todo o soccorro possivel : sahio 
o nosso exercico d'Elvas em o dja de 



226 

Sdbbado 28 de Abril, coristando rfe 
dfts mil mfanWs, dois itjil de caval- 
lo, ^Uatbrze peja^ deartHhdrhi, e 
tfs maifs nauni56e$ precisas , indo a 
infantaria dividida era rinre bata- 
Ih6es , e em vrntc c oito esquadrocs 
a cavallaria. Erao Mesrres de Cara- 
po dos Terfos' da Provincia, o Cot> 
de de S. Joao, a Conde da Torre, 
6 BarSo de Alvito, que snccedeo no 
goverho a Manoel de Mello, SitnSo 
Correa da Silva , Pedro ' de Mello , 
D. Manoel Hennqties, Agostinho 
de Andrade Frelre , JoSa Leite de 
Olifeira , Diogb Sanches del Poco: 
de Li^boa o Conde de Miranda , e 
dutro^. Elegeo o Conde por Capirao 
da sua guarda a D. Luiz de Mene* 
zes. Marchou o exercito toda a noi- 
te; eao Domingo, antes de amanhe- 
cer , se adiantou o Governador de 
cavallaria , Manoel de Mcljo , com 
doi^ mil cavallos, e mil mosquefei- 
ros , a facilitar junto a Jeruroenha a 
passargem do Guadiana , a quern se-* 
guTo todo o exercito por huma pon* 
tc de barcas, que sc formou sobrc a 



227 

rioi Tflrito que pa&sou o exctcitd , 
occupou o sifio , que o Mestre de 
Campo General Jhe destinou parase 
^lojar. Ficou o quartd«^debaixo da 
artilham de Jerumenha', com d fren- 
te em OHvenfa , c a retaguarda cm 
Guadiana. O nosso exerclfo havfe 
crescido em numefo de dofee rail in- 
fantes />0dt}is mil c dttzentos caval- 
Idsl '• ^y 

* ^ O'CJonde de Si Lontcngo se re- 
solveo afeascaf OS Castelbanos nos seus 
alojanr^ros; ciquartelando o exerci- 
to no' sifid da Aaalaya ^de-Castello- 
Velho, Cfoo dis^ava dos quarteis pou- 
CO raais' detiro de mosquete ; por^m', 
nao tendb-l&to ^ffdto, marchou com 
o exercitt? a' 4 daMaio, hpma s6 le- 
goa ; t tKf^dla feegatnte 30. amanlieoet 
marchoU^eja'^featalha , ^lef «ndo tod^d 
10 corpo (fe ^^vallaria noi^Ao direito 
da infanteHi*' Depois d^^imieiltarcm 
toraar o Fbfte d^ S. Christov^o por 
Aua$ vezes ,' e nSo o conseguirem , 
marchflfaii a ^itiar Badajd^* ' 

. Chegandb'aifr d^'Maio'd vista 
4aqueHa 'Pra^a*, m^ndou b^ Ctiide de 

p 2 



228 

S. Lourenfo conduzir d'EIvaSf toda 
a artilharia grcssa , que era necessa-- 
ria para dar prlncipio ds batarias , e 
ao sitio. Demos humassalto aPraca, 
pordra com mao successo; o que o 
Conde sentto assira pelas disposijrocf*, 
e circunstancias delle, coroo peio des- 
cngano de se impossibilitar o soc« 
corro de Olivcn^a. Passou depois o 
Guadiana, e ficou alojado sobre o 
Rio Caia ; e no dia seguinte conti- 
nuou a marcha para Jerumaaha, s6 
com o fundamento de aaimar ossi- 
tiados : a este tempo chegdrao de 
Oliven^a as capitttla96es , que Ma^ 
noel de Saldanna havia feito com o 
Duque de S. German, para a entre^a 
desta Praga : oque se fez, sahindo 7i- 
vre a guarni^o com armas, e ban*- 
deiras, os moradores com sua roupa^ 
e mantimento, recebendo Manoel de 
Saldanha -na Praga a 30 de Maio a 
guarni9S(o Castelhana , sahiodo ellc 
com idois mil e trezentos infames, e 
huma companhia de. cavallos. Esta 
perda foi bem sensivel , e tSo desa* 
gradavel ao Conde , .i Rainha , c a 



229 

tbda a C6rtc, que se ^guio ser Ma- 
noel'de Saldanha castigado com pe- 
na de degredo para a India por toda 
a vida. 

Victorioso o Duque de S. Ger- 
man com a tomada da Pra^a de Oli- 
venga, depois de a deixar em estado 
de defensa , marchou com dez mil 
infantes, e quatro mil cavaflos a si- 
tiar Mourao, que ficava cinco iegoas 
distance de Olivenga, menos de fau- 
ma de Mon9araz, intcrpondo-se a 
corrente do Guadiana encre as duas 
Fracas em igual distancia de ambas. 
Chegou o Duque dqUella Praja a ij 
de Junho, onde governava o Capitao 
de Cavalios Joao Ferreira da Cunha. 
Nao rinha Mourao raais. defensa, 
que hum antigo, e peqaeno Castel- 
lo , em que so havia mantimentos , e 
muni^des para quatro mezes. Mosrri« 
rao OS sitiados constancia , e valor 
ua defensa da Praga; porera, nSo po- 
dendo resistir por mais tempo, en- 
tregarao o Castello no ^'fim de seis 
dias de sitio, com honradas capitu* 
la^oes. 



230 

Perdidas as duas Prafa« Je 0!w 
venja, e ;MourSo, nomea a Rainha 
Tenente-General daquelle cxercito at 
Joanne Mendes de Vasconcellos^ a 
Andre de Albuquerque Mestre de 
Campo General, e ao Conde de S* 
Louren^o chama para Ihe assiscir aa 
Conselho. Chegando o Conde de S, 
Lourenyo a Lisboa, parte Joanne 
Mendes de Vasconcellos para o Aletn- 
t^jo , com o Titulo de Tenente-Rei. 

Apenas chega a por sitio a Pra- 
^a de Mourao, acha a cnvallaria ini-^ 
rniga reparrida eni varios troyos, fa* 
2endo perdas consideraveis , e os pai- 
^anos nos carapos d'Elvas, Villa- Vi- 
josa , e Monfaraz , e o Duque de S. 
German reconhecendo com grande* 
parte da cavallaria Campo-Maior, 
wm o raesmo dcstino d-Oliven^a. 
Sahindo Joanne Mendes de Vascon- 
cellos com o exercito d*Elvas a ^^ 
de Outubro , constando de nove mil 
infantes, e dois rail e duzentos caval- 
l6s, e dez pe9as de «rtilharia, fez re* 
t*rar para longe os inimigos, que se 
JuIgav5o vencedores : distinguindo-ic 



231 

jtiqito neste eficontro A'^^'^^ .d^ M" 
buquerque , Jo3g Vanlcjiellj, u, Jqap 
da Sily^^ D. Martinho Rib>eifa, Jps^ 
Pess^Rlia, Fernao de Sou8,a Coutmhq, 
e oxxttos. Movea<Jp-se Joaone Meii- 
des de Vasconcellos cam o grosso 
do exercito para o aloiamenjo ^ 
Terena , em quanto D. papcho M^- 
i)oeI com a vanguarda ganhava p& 
posros sobre Mourao, €jonfieguimo^ 
po quKUo dia degitio zS^deOxJtubro 
capitular , e a entrega no dia 30. O 
jexercito d'EIvag^ e a Praja ficbu en- 
trcgue ao Mestrc de Campo , Fran- 
cisco Pacheco Mascaranhas, m.archaft- 
do^-para Lisboa Joanne Mendes d^ 
VascoaccHqs a regular o piano d^ 
futura cappanha, tendo deixado o 
exercito em quarteis dc inverno* 

Pquco tempo se dilatou Joanne 
Mendes de Vasconcellos em Lisboa , 
depois de ajustadas as prevengoes da 
campanha ; mas antes de partir fou- 
be, que estava nprae^do para Mestre 
de Campo General D. Rodrjgo 4e 
Castro. Declarava a sua Patents, que 
^crviri^ de scgundp Mestre de Cam* 



232 

po General; Chegbu Jaanne Mendes 
de Vasconcellos a Elvas ; e, pouco de- 
pois da sua chegada , mandou ao Te- 
nente-General de CavalJaria , Diniz 
dc Mello de Castro, fazer huma en- 
trada pela parte de Alcantara, que 
daquelles campos conduzio huma 
grande preza , a qual Ihe nao pode- 
rSo tirar os Castelhanos com quatro- 
centos cavallos. 
l6y8 Sahio o exercito d*Elvas a iz 

de Junho constando de rreze mil in- 
fantes , tres mil cavallos, vinte pejras 
de artilharia , dois morteiros , e todo 
o mais necessafio. Sahindo d'Elvas 
desfilado, ficou alojado junto ao Rio 
Caya. A 13, dia do Portuguez Santo 
Antonio, passou o Caya , e marchou 
formado a alojar-se no sitio de Santa 
Engracia, vizinho ao Forte de S. 
ChristovSo. Em quanto o exercito «e 
aquartelava, esteve a cavaliaria for- 
niada na campanha, distante das rou- 
ralhas de Badajoz, o que bastava pa- 
ra nao ser offendida das balas da ar- 
tilharia. Estava o Forte de S.Chris- 
tovao situado defronte dc Badajoz , 



233 

da parte de Portugal , nSo havendo 
mais distancia entre elle , e aquelU 
Pra^a , que a largura do Guadiana.^^ 
que nao he grahde. Constava a sua 
guarni^^o de quatro mil Infantes , e 
dois mil cavallos. Apenas o nosso 
exercito marchou para esta Pra^a, 
logo appareceo aCavallaria formada 
da ponte, com as costas para o Gua- 
diana, fazendo frente i nossa, que 
esperava se aquartelasse o exercito. 
Algumas horas se passarSo sem mo- 
vimento de parte a parte. Deo prin- 
cipio ao corabate Vasco Martinz , 

firovocado por hum Castelbano a pe- 
ejar, dezafiando-o com arrogancia: 
travou-se huma escaramuja , que o 
General de Cavallaria, Andre de Al- 
buquerque, deo ordem a D. Luiz de 
Menezes , que avanjasse , pois que 
elle Ihe mandava dar calor. Investio 
D. Luiz com os batalh6es inimigos, 
que achou visinhos, eobrigou osCas- 
telhanos a voltarem as costas, procu- 
rando huns salvar-se no rio , outros 
cm a ponte ; porque os da Cidade Ihe 






234 

fecbaf^ a^ porras, nao deixando Qii« 
trar dentro ncm ao Doque de Ossu- 
na , que s^ retirou por aquella parte. 
Forac mortos rauitos Officiaes, e Sol- 
dados 'y e depois se dec priacipio as 
batarias contra o Forte de S, Chris- 
tovaqu 

Na manhaa do quintjp dia , em 
que s? caraejarao o$. ataques, sa- 
hlo de Badajoz o Duque de Ossuaa 
com dois mil cavallos ^ e passando q 
Guadiana , e Caya fez alto junto aos 
Olivacs d'EIvas: logo Andre de Al- 
buquerque unio acavallarJa, que con- 
stava dedois mil, e quinhentos cavalr- 
ies: compassou os batalhdes ; passou 
o Caya'; e observandp que a cavai- 
laria inimiga persisria no niesmo si- 
tio, aconselhado do Commissario- 
Geral Joao Vanichelli, mandou pe- 
dir a Joanne Mendes de Vasconcel- 
los rail raosqueteiros : o que elle prom- 
ptamente fez is ordens do Mestre de 
Campo , Diogo Mendes de Figuei- 
redo. Comelles bateo osCastelhanos, 
voltando o Duque de Ossuna as cos* 



\^f* 



tas^, ficartdo prUidme^iros oaais dei tre^r 
sjentos jnimigos , fofa os ,que sp afo4 
garao na passagem do Guadiana. 

Di8poJ5to7oaiv>e Mendes de Vas^ 
concellos, a passar o Guadiana^ econ* 
tjnuar o sirio de ^adajoz, o fqz a ij 
de Julho, ficando sobre o ria Xevo^ 
ra fabricado bum quartel, que foi 
entregue ao.Mestre.de Campo, Jo3o 
Leite de Oliveira. Neste quartel leve 
principio a linlia de circunvallagao, 
a qual rematava na ponte de barcas, 
que se lan(jou no Guadiana ^ na bre* 
KP distancia , que ficava por ciipa de 
Badajoz: e com estas fortificajoes 
pareceo ficava cerrado o corda.o da 
parte de Portu^l. Deo-se principio 
ao quartel daCorte, tanto que oexer- 
cito passou o rio ,- no mesmo sitio 
em que a ponte estava lanjada ; e pa- 
ra se facilitar comraodamente esta 
obra, seoccupou hum monte, chama*' 
do o Cerro do Vento, em que se 
plantou huraa bataria de artilharia. 
Pordm, como se nao podia continuar 
a linha de circunrallagao , sem se 
gatjli^r o Mosteiro de S» Gabriel ^ 



t 



236 

t 

fue ficava poaco distante da.mura-* 
l)ia , e hum grande Forte , que os 
Casrelhanos harilo levantado em h\i<* 
ma Ermida visinha ao Mosteiro da 
iiivdcagao de S. Miguel, que coa- 
stava dectncobaluarresfabricados de 
terra , e faxina , e os parapeicos a 
prova de artilharia, ordenou Joanne 
Mendes de Vasconccllos , a Andre 
de Albuquerque , e a D. Rodrigo de 
Castro, ja neste tempo Conde de M.is- 
quitella , marchassem a occupar o 
Mosteiro de S- Gabriel , para Hear 
ma is facil a empreza do Forte de S. 
Miguel. Marchou Andre de Albu- 
querque, e chegou ao Mosteiro an- 
tes de amanhecer; e depois de reco- 
nhecido o poder dos inimigos, derer- 
minou pelejar com elles. Apenas co- 
rae^ou a subir o raonte, se retirarao 
OS inimigos com muita pressa, e pou- 
ca reputagao, tendo ja dado princi- 
pio a hum Forte, no Cerro das Maias, 
que, se o conseguissem , Ihe scria 
muito vanrajoso. Retirados os inincii- 
gos, marchou Andre de Albuquerque 
para o Mosteiro de S. Gabriel , que 



237 

facilmentc foi gainhado, rendcndo-se 
alguns infantes, que o guarnectao^ 
Passanjos a reconliecer o Forte de S. 
Miguel, acabado com toda a perfei- 
jao, communicando-se por huraa li- 
nha com a Praja, e tao visinho a el- 
la, que odefendia cora'cincoenta pe- 
jas de artilharia , assestadas para es- 
te efFeito , corai a guarnigao de doi« 
mil cavallos, e seis rail infantes, gof 
vernados pelos Cabos , e Officiaesr 
Maiores do exercito de Castella. :, 
Observadas estas difficuldade? 
por^ Andre de Albuquerque, e oCpBci^ 
de Misquitella, se resolveo em.CQii^ 
selho intentar-se o assalto do Fprt^ 
a todo o risco. Para este efFeito fe% 
o General de artilharia, Affonso Fuiy 
tado deMendonja, levantarhumabar 
taria de seis melius canh6es tao. vi- 
sinha ao Forte , que o mestno Forte 
a cobria de artilharia da Pra^a-XFoi 
o Terjo do Conde de S. Joao hum 
xlos que assistirSo ao trabalbo. de se 
fabricarj este, intentando reconb^cor 
o Porte, sem o reparo. da trincheira, 
que estava levantad^^ Ibe velo Jiuma 



240; 

jhanos recuperar scus postos j e fb-' 
rao derrotados depois de quatro bo- 
ras de corabate , rendendo-se o For- 
te i discri^So dosf vencedores , sabin- 
io OS Castejhanos sem armas^ e o9 
Irlandezes com ellas , t€ndo-se antes 
retirado o exercito com o favor da 
nevoa, que se levantou do Guadiana, 
^$rando o^olclaro« Deixamos o For- 
te guarnecido com quatrocentos in- 
fantes, e entregiie ao Governador 
Fernao Martinz de Seixas, Sargento- 
JMidr do Terjo de D. Manoel Hen- 
riques. Foi este successo glorioso 
pelo valor, com que se conseguio, 
venccndo-se as roaiores difficuldades, 
e morrendo mirira gence de parte a 
parte. 

Ficdrao feridos o Ouque de Ca^ 
daval com fauma perigosa b^Ia em 
}}um hombro, e outra ferida mais 
leve. O Tenente-General Diniz de 
iVIello e Castro , com sete feridas , e 
outros muitos CapitSes. FicarSomor- 
tos OS Capitaes de Cavallos , Alvaro 
de Miranda Henriques, Francisco 
Sodri Pjercira, e o CapitSo de Infaa-^ 



J 



241 

taria Antonio da Franca/ que caMndo 
morto de huma^ balla ao arangar o 
Forte,, detendo-se os Soldados por 
€sta occasiao, os reprehendeo seu ir--' 
mao Duarte da Franca, qae era feu 
Alferes, e saltando o corpo, arrimou 
i crincheira huma escada; morrerao 
mais tres Tenentes, e trezentos Sol* 
dados Portuguezes* Os Caetelhanos 
forio em maior numero: e era hum 
objecto bem lamenta?el v^r o Mos* 
teiro de S. Gabriel convertido em 
Hospital , onde ae viao montdes de 
pernas , e bra^os cortados , e se ou« 
viao OS clamores de tantas victimas 
da guerra. PerderSo mais todos os 
Soldados do Ter^o, que derrotou P» 
l^ttfz de Menezes. 

No dia seguinte ao do rendimen* 
to do Forte , acfaando-se, em defensa 
o quartel da G6rte, teve principio o 
segundo, a que se deo o nome de'S, 
Gabriel, pela visinhanga do Mostel- 
ro , que durou quatro mezes. Entre-* 
gou-se ao Conde de Misquitella : bre^ 
vemente se poz em defensa; e pdssa* 
mos a levantar o quartel delleviihas, 



de 



e ert o ultimo, e que Joanne Men« 
^cs de VascoikeHos: entregou ao 
Conde Camareiro-M6r ; e depois de 
varias escaramuyas , vindo de Cascel^ 
la hum grande exercito, comraandado 
por D. Luiz de Haro , a soccorrer 
Badajoz, fizemos para ElvasTiuma bri- 
Ihante retirada, Tal foi o exito do 
meraoravel sitio de Badajoz. 

Logo que D. Luiz de Haro te* 
vc noticia da retirada do nosso exer» 
cito, passou a Badajoz, e a 15: de 
Gutubro. se alojou junto ao rio Caya 
da. parte de Portugal. Constava o 
exercito de quatorze mil infantes, 
cinco mil €avallos,^artilharia , mu» 
j)i56es , e mais petreclios de guerra. 
Fassando no dia seguinte o Caya^ 
rendeb com pouca. resistencia as pe- 
quenas Villas de Sama Eulalya, e 
VilJa-Boim , incapazes de se defendc*- 
rem ; em cujas operaf 6es gastou cin- 
co dias o exercito Gastelhano; e a 
12 de Outubro, antes de amanbecer, 
chegou a occupar sobre a Pra^a de 
Elvas o Mosteiro de S. Francisco, 

Kas prepara}6es dos Castelhanof) 



gf43 

patra cotitlnukrem o sitio d^EIni, <9 
nas dispozi96es dossitiados, para d^ 
fendella, sepassarSo osprimeiros did9 
do sitio* A ^14 de Novqmbro deo 
Andr6 de Albuquerque i excQu^So a 
ordem, que tinha da Rainha para sa-^ 
hir d'Elvas com AfFonso Furtado d& 
Mendon^a, e rbdos os mais Officiaes 
de guerrra, e f^zenda, ^uq forao ne« 
cessarios para «e previnir o exercito, 
que havia de;soc0orrer Elv'^s. Sahin-* 
do daqui, ds io'*horai^ da noite, pela 
porta de S, Vicente com os mais re* 
feridos, chegai^o sem peri go a Es-* 
rremds, apezar de serem sentidos doi 
inimigos^ Ficou o Governo da Pray^i 
enrregue a D, Saficho Mamoel, e Pe- 
dro Jaques de Magalhaes goverrtan- 
do a artilharia ; je Hcirao os Mestres 
deCampo com osseusTergos na Praw* 
ga, que com a genre Auxiiiar, e Or* 
denangas se conti^rao onze mil pra^ 
fas; por6m a maior parte della en* 
ferma pelorauito, que tinha pade* 
ddo na campanha de Badajoz. 

Fizerao os sitiados algumas sorv 

rida$ com f^liz successo, oade pnesio* 



244 

mkrio jilnto das liabas alguhs Sokia« 
dos. Andr^ de Albuquerque , quando 
entrou em Estremds, achou governan- 
do aquelle districto a .D. Joao For- 
jaz , Conde da Feira^ ettt quern con- 
corriao todas as virrudes, que o fa- 
ziao dignd de roaior dominio. 

Nomeando a Rainha ao Conde 
de Cantanhede , D. Antonio Luiz de 
Menezes, Governador das Arraas, pa- 
ra o tiioccorro d'Elvas , por Carta de 
ao de Novembro, elle partio logo 
para o Alemtejo, e chegou a Estre- 
mds , onde o esperava Andr^ de AI* 
buquerque,. com grande satisfa^So de 
o ter por General, 

Os Castelhanos padeciSo muito 
pelo rigor do inverno, fries, e Fal* 
tas de reparos, adoecendo immensos, 
e Fugiado grande niimero para n6s, 
cujo mdo exemplo nSo foi imirado 
do^ Portuguezes; pois passando de 
tres mil osque entrdrao em Portugal, 
durante o tempo do sitio , nao con* 
stou passar hum s6 Portuguez para 
o exercito Castelhano. 

Ja a este tempo tinha sido sitia* 



245 

tia a Pra^a de Mon^ao a 7 de Outu- 
bro , que governava o Tenente Mes*- 
tre de Campo General, Lourenfo dt 
Artiorim Pereira : aqui derao os Por* 
tuguezes evidences pFOvas de valor, 
e constancia, renovando a memoria 
do famoso cerco de Diu. EatrdrSo 
pela Provincia d'Entre-Douro e Mi- 
nho OS CasteHianos, e (jallegos com- 
niandados pelo seu General o Mar- 
quez de Vianna: poz-se neste dia o 
exercito sobre a Pra^a : combateo-se 
de parte a parte de dia, e de noite, 
no espa^o de quatro mezes , perma- 
necendo os sitiados constantes na de* 
f ensa da Pra^a' : obrirSo sempre pro- 
drgios de valor, que espantou osmes** 
fiios dstelhanos. Reauzidos os de*- 
fensores d uhiraa extrensidade, seren- 
derao com honrosas capitula^des , sa- 
hindo da Pra^a duzentos e. trinta e 
sers homens , res to de dois nail , que 
nella havia. 

Sahio d«Estrem6s o nosso exen- 
eito, commandado pelo Conde de Can^ 
tanhede, em hum Sabbado 1 1 de Ja- ^ 
iiciro. Era seu Mcstre de Campo a '^^ 



U6 

jCeneral'de Cavalkrjd, Aiiclr^ cle Af- 

huquerque j e de infantaria D. Ro* 
dHgo de Castro, Conde deMisquitel^ 
ki Capitao-General de Artilharia, 
Affbftso furtado de Mendonp : os 
Tetieftteii-Generaes de cavallaria da 
tj"Ovltteia do Aleoatejo erSo Achim 
dd Tainaficurt, e Dirviz de Mello 
de Castro t da Provincia da Beira , 
MaiiOel Preire de Andfade, e Gilvaz 
Lobp i do Rcino do Algarve , Pedro 
de Lalanda .: Commissarios*Geraes de 
cavallaria^ Joao da Silva de Souza, e 
JoSo Vanichelli* Constava a Infanta- 
ria de oitp rail Soldadod^ dois roil 
e quinlientois pagos, osmaU AuxihV 
l'es4 e Ordeilai>^aSi divididos em dez* 
eseis Esqiiadr^es, governados pelos 
Me«tfes de Campo, Pedfo de Mello^ 
D* Marioel Henriques, Antonio Gal- 
v3d J Fernando de Mesqulta Pimen* 
tel , Bartplhottoeo de Azevedo Couti- 
i)ho, Gabriel de Castro Barbosa, Lul2 
de SoMza dejVtenezei, Luiz de Mes- 
qulta Pimentcl, Alvaro de Azcvcdd 
Barreto^ Antonio de Sa Pereira^ Grc* 
i gotio de aitto de MoMct. O Tch 



247 

go de Manoel Velho , que havia faf- 
lecido em Esrreni6s ^ governava o 
Xenente Mestre de Campo General:^ 
Affonso de Barros Torvao : o de 
Mertola, o CapitSo-M6r Lucas Bar*- 
roso Sembrano: o de Moura , o Sai> 
gento-M6r Balthazar de Sa de Sou*- 
toraaior : o do Conde da Torre , o 
Sargento-M6r , Manoel Nunes Lci^ 
tSo : o de Francisco Pacheco Masca» 
ranhas, o Sargento-Mor Manoel da 
Silva Dorta. Compunha^se a cavalla^ 
ria de dois rail eqiiinhentos cavallbS) 
e quatrocentas egoas,e constava o trem 
de sete pe^as de artilharia de can^pa*- 
jiha, com todas as preven^6es con* 
venientes. Na retaguarda do exercito 
marchavao duas mil cargas de mu« 
ni^des, e mantimentos, e duas mil 
cabef as de gado , para se introdu^i- 
rem na Praga , se fosse possireL 

Apenas chegou o nosso exerci* 
to na segunda feira 13 , e divisoii as 
dilatadas linhas dos Castethanos , fbi 
excess! vo oalvoroeo emtodos osSol^ 
dados, relusindo visivelmente melles a 
•rdente de^ejo de pelejar. O G)]ide 



248 

^e Cantanhede , para dar ao$ fiitiadoir 
a certeza da sua chegada, mandou 
disparaf a artilharia, a cue a Pra^a^ 
€ o Forte de Santa Luzia responde- 
rio com repetidas salvas, que emhu^ 
ma, e.outra parte muhiplicavao o 
alvcro^o. D« Sancho Manoel acora-^ 
paohado dos Officiaes, e pessoas par^ 
tkulares, ornados^ de galas, epiumasi 
montaraoa cavallo ; e.sahindo da Pra^* 
|a com a cavallaria, carregarao fu-* 
riosamente os sentinellas, e compa* 
nhias da guarda do Quartel da Corte, 
onde nSo acharao maior resistencia } 
recolhendo-se d noite na Pra^a.. onde 
accommodou o General de artilharia^ 
Pedro Jaques de Magalh^es, no ba^ 
luarte do Principe , que dominava o 
sitioj por onde o exercito determina* 
va romper a linha, vinre pe^as dear* 
tllharia das mais grossaa., de que os 
Castelhanbs receberSo muita perda , 
jna bataiha do dia seguinte. Ordenou 
D4 Sancho ManOel, quenaquella noi* 
te estivesse exposto o Santissimo Sar 
cranfiento ; e os Soldados sc prepard- 
tio nio fid com as armaS| mas iam«^ 



249 . 

ibem cotfi supplicas ao Ente-Supretco^ 
confiss6es , e outros exercictps. 

Tomando quarrel o nosso exer- 
cito, se adiantir^o a reconhec^er 08 
alojamentos dos ininiigos Andr6 de 
Albuquerque, e o Conde de Misqui- 
tella ; e achando as suas linhas bem 
forrificadas, voltarao a dar conta ao 
Conde de Cantanhede , que ao raes^ 
mo tempo recebia o aviso de Fran- 
cisco de Bfiro Freire , de haver the- 
gado a OS Castelhanos o soccorrb de 
tres mil infantes, e quinhentos caval- 
los* Este , cada vez mais constante 
na sua resolujSo, determinou rom- 
per as linhas. Os Castelhanos Rzerid 
o ^eu conselho ; e havendo votos de 
^nosdarem batalha fdra das linhas, 
resolveo D. Luiz de Haro esperar-nos 
dentro dellas. 

Amanheceo o dia de terfa feira 
14 de Janeiro , o mais feliz, e ditoso 
para a Na^So Portugueza ; e logo o 
Conde de Cantanhede , na frente doa 
€eu& SoldadoS) Ihes fallou. nestes ter- 
mos: 

« Os mejis anoos ^ e as minha^ 



250 

r experiencias, valorosos Portuguezef , 
( roe tem dado tao verdadeiro co* 
€ nhecimento dos successes futuros , 
cque do governo politico , e do so* 
ccego dapaz passei volunrariamente 

< ao exercicio militar , e d incerreza 
(dos successes da gucrra^^^ nao s6 
f por sacrificar a vida peJa liberdade 
€ da Patria , que todos restauramos , 
csenSo por entender, que das mes* 
ctnasdiFficuldades, que se offerecerao 
«^ para juntar este exercito* haviSo 
• de sahir os instrumentos do soccor- 

< ro d'Elvas , apezar da opposi^ao 
<dos Castelhanos. G^m grande con- 

< tenramento considero lograda esta 
( esperan^a ; porque no heroico va« 
( lor , aue vejo manifesto em cada 

< qual dos vossos semblantes , reco* 
( nhe^o que acertei , como Gedelo 

< por Divina Providencia , na esco* 
<lha dos companheiros , que elegi 

< para esta generosa empreza , tendo 
por infallivel , que nio poderd nes* 
te instante haver no Mundo oppo^ 
si(3o^ que bastasse a resistir a vosf 
>08 impulsos > quanta mais i debc* 



251 

u tldaide de huma fraca trincheira de* 
u fendida por huma Na^So, tantai 
cc vezes vencida por v6s outros , e 
<c vossos a^tepassados , e agora eliga* 
«<nada, presumindo , que determina* 
«< mos romper a linha por outra par- 
«te^ o que se verifica , reconhecen* 
ci do-se quen^o temnella guarni^So; 
€i porque o exercito estd dividido em 
•c todos OS qoarteis^ raodisranres hutis 
«< dos outros, quemuito primeiro ha-^ 
«< vemos n6s chegar a romper a li* 
«nha, que elles a defendella: vanta^ 
<< gem , que desde logo nos come^a 
« a segurar a victoria. He D. Lui2 
€i de Haro o General, que tenho pof 
« opposto, a que nio reconhe^o van« 
•< tagem ; eos mais cabos deste exer« 
c< cito e^tcedem tanto aos dos inimi« 
<< gos, como tem mostrado as muitas 
<<occasi6es, que delles triunfarao, 
<< e entre Soldados , e Soldados , vos 
« mesmos conheceis a differen^a, sent 
«necessitar a minha estima^So de 
c^explicar o que nella venero, espe-* 
«« rando v^r brevemente provadas es-* 
M taa infallivels proposi^Ges ^ e libef'' 



252^ 

cfado» fT0S90s parentes, e amigos^sh^ 
ctiados na Pra^a, que temos a vista> 
€ tanto mais opprimicios do contagio^ 
cque do8 Castelhanos, que na guer* 
€ ra das sortidas , qu'e he a que s6 

< tern sustentado, por se nao atreve- 
( rem os Castethanos a caminhar com 
« aproches , sempre tem sabido glo- 
criosamente vietoriosos; por^m tao 
€ lastimosamente oflPendidos das en- 
cfermidades, que me assegura D* 
€ Saneho Manoel , que ha dias , que 
cmorrem trezentos homens;ecoma 
c he infallivel , que se logo Ihe nao 
cacodirmos, perecerSo todos, de* 
cvereos gastar o tempo mais has 
cobras, que nas palavras, seguran- 

< do-vQs, que vereis as minrhas emr 
«tudo conformes. He tempo, valo- 

H rosos Soldados , de investir aquel- 
( las linhas , de veneer aquelles ini- 
cmigos, de soccorrer aquclla Pra^a, 
<e de livrar aos nossos vfenerados, 

< e kgitimos Principes do cuidado , 
€ com que aguardSt) a noticia destc 

< successo. '* f 

Ainda bem nSo tinha acabado 



253 

it fallar, quando logo tbdo o <exer-* 
cito com hum s6 rumor manifestoa 
o ardenre dezejo , em que todos es«» 
cavSo de investir as linhas.. Dado o 
signal se come^ou ocombat'C. Os Ter- 
90s da vanguarda do exercito, asskti- 
dos de Aixdr6 de Albuquerque, e do 
Conde de Misquirella , rota a linha , 
ganhdrSo hum dos^~~cinco Fortius , 
que a guarneciao. Com tlo fdiz prin* 
cipio marchou o Conde <le Cauta- 
nhed« em bataiha , e fez retlrar oa^ 
primeiros defcnsores da linha. 

Os Duques de S. German, e de 
Ossuna vendo que o seu exercito ca- 
mirihava i ultima ruina , faziSo at 
possiveis diligencias de reduzir os 
Tergos d-e cavallaria i forma convex 
niente, e engrossar por todas as par-* 
tes OS soccorr OS* Vendo Andr6 de Al- 
buquerque , que o Terfo de D. Luiz 
de menezes perdia o terreno, que ha« 
via ganhado , nSo podendo tolerar , 
que OS seus SoMados voltassem as 
costas aos inimigos , arrojou o caval* 
lo ao centro do Esquadrao, exbortou 
aos que se retiravlo^ e persi)adindo« 



'*k- 



OS a t]oe vbltassem ascaras, os leVou 
jtinto da estacada do Forte, e tocan*- 
do nas esracas com' abengala, os 
adv^rtio como haviao de arranc^las; 
obedecerao os Soldados, emendando 
o erro antecedence. Logo huma baia 
tirada do Forte acertou ho peito de 
AndiiJ de Albuquerque, entrando por 
entre o extremo do bra^o direiro a 
lan^ou por terra morto , asKisrido da 
Vedor-Geral , Jorge da Franca, e do 
Contador-fGeral Antonio de Torres, 
que lavados em lagrimas levarao a 
seu corpo a Elvas.. 

Quasi ao raesmo tempo, que 
morreb Andr6 de Albuquerque, rece-» 
beo o Duque de S. German Jiuma 
bala de mosquete no alto da cabe^a, 
o que servio a afrouxar mais o com*' 
bate; O Conde de Cantanhede mar- 
chou a gegurar com o soccorro o 
triiinfb ^a entrada da Pra^ia, tendo-se 
exposto em todbs OS conHitos aos maro* 
res perigoa. D. Sanclio Manoel vera 
exercitar o posto de Andr6 de Al- 
buquerque, deixando a Prafa entre*' 
gue a. Eedror Jaquez . de Magalh3e«. 



255 

Dlirou a peleja muitas horas , com 1 
victoria indecisa, at6 que cortadas as 
liohas, e desbaratados inteiratnente 
OS Castelhanos , se declarou a victoi' 
ria a favor dos Portuguezes. O Con* 
de de Cantanhede, continuando a mar* 
eha, entrou em Elvas a render na S6 
as gramas devidas ao Deos das victo- 
rias , por tao assignalado bcneiicio ; 
c yoltando ao exercito, se' a quarte- 
lou , quando cerrava a noite , em o 
valle que fica entre aPra^a, e o For- 
te de Nossa Senhora da Gra^a.^ que 
nessa mesma noite se rendep ao va- 
lor do General de Artilharia, Affon* 
so Furtado de Mendon^a, queo ata^^ 
cou com OS Terf OS do Conde de S^ 
JoSo, SimSo^Coinrea da Siiva, e com- 
panhias de oqtros, com que se reform 
^irio. Os Casteihanos, valendo'^-se. do ' 
beneficio da n'^ite, se retirairSo para 
Badajoz os que escapirSo da^batalha, 
e com tanta confusSo ^ e desordem » 

?ue muitos perecerlo na correncodo 
laya, c Guadiana.Ao amanirefrer es» 
palhando-se os Soldados peios quar* 



250;w 






teis dos inimigos, recdiheraa riquis-*' 
«imos despojos. 

Foi €sta perda para Castella ha** 
ma das maiores, que tiverao em mui-^ 
COS secQlos; porque, depots de tercm 
^ntrada de soccotro naquelle exerci- 
to trinta e seis mil . homens , achou 
D. Luiz de Haro para defender as: 
Jinhas no dia da batalha quatorze 
mil infantes , e tres mil e quinhentos 
cavallos; e passando*se roostra etn 
Badajoz no dia depois da baraiha , 
se nao acharao mais, que cinco mil 
infantes ^ e mil e trezeritos cavallos ^ 
e destes perecerao muitos em pouco 
tempo. Entre xnortos, e prisioneiro^ 
passdrao de dez mil; Recolherao*se 
fro nosso trem de arttlkaria dezesere 
pefa* de varios calibrcsjtres^mbrtei** 
ros^ cinco petardos, quinze mil arma>^ 
muitasi^bandeiras, quantidade de rou« 
ni§6es.,'e.condu2ir3o*-se,para a Praca 
grande niimero de.mantiraentos. Os 
mortos' do nosso elercito forao os 
mais principaes Andre de Albuqtier- 
que^ Varlo de tSo singulares virtu* 



257 

des, (}tie do exercicio de Soldado^ 
que tcvc no principio da guerra do 
Brazil , chegou ao de General , pas« 
sando por todos os posros. Grangeou 
de todos geralmente o aindl* , e esti* 
ina^ao. Temeo a Deos, Venerou os 
seus Soberanos , e amou de cal sorte 
a Patria , que por ella deo a pfopria 
vida. Nasceo este Heroe na Villa de 
Cintra a 20 delMaio de 1620, sendo 
seus Pais G^spar de Albuquerque , e 
D. Angela de Noronha^ filha de D« 
Pedro Lobo , e D. Brites da Silveira* 
Foi Andr6 de Albuquerque Alcaide- 
M6r de Cintra , Commendador de 
S. Mamede de Sortes, na Ordem de 
Christo y tao Valoroso , qu4^ a elle se 
deveo a maior parte do trlunfo des« 
te dia. Morreo de trinta e nove an- 
noS) estando contratado a casar com 
D. Anna de Portugal , filba de D. 
Jbao de Almeida, Vedor da Casa do 
Senhor Rei.D. Joao IV., que era 
Dama do Pa^o. No dia seguinte da 
batalha deo o Conde de Cantanhede 
ordem i sepultura do corpo de An- 
idr^ de Albuquerque , com todas as 

R 



258 

funebres demonstrag6es tnilitarey^ 
que naerecla a memoria de hum Va« 
rao tSo assignaiado pelas suas excel« 
lenies virtudes. Foi sepultado no Mos* 
teiro de S. Francisco^ Todos os Es« 
criptores Ihe fazem os maiores eio* 
gioy. ^ 

Naa foi menos sensivel a morte 
de D, Fernando da Silveira , irmao 
do segundo Conde de Sarzedas, o 
Conselheiro de Guerra. O Mestre de 
Campo Luiz de Souza e Menezes* 
Os CapitSes deCavallos JoSo Ferrei- 
ra da Cunha , e Andr6 Gatino , dez 
Capitaes de infantaria, dois Ajudan^ 
tes , dez Alferes , e cento e setenta e 
sete Soldados. Ficdrao feridos os 
Mestres de Campo, o Conde de S. 
Joao, o Conde da Torre, Siraao Cor* 
rea da Silva , Bartholoraeo de Aze- 
vedo Coutinho , Antonio Galvao , o 
Tenente Mestre de Carapo General , 
Ascenfo Alvares Barreto, Luiz Fran- 
cisco Barem , quatro Sargentos-M6- 
res , hum Ajudante de Tenente, vin* 
te e tres Capitaes de infantaria , oi** 
%^ Ajudantes ^ yinte e dois Alferes^ 



259 

rrinta e dols Safgentds, e sBiscentoy 
Soldados. 

Foi esta victoria das tnaiore? 
consequencias para Portugal; dP<^on« 
trario se seguia a invasao em todo Q 
Reirio , soiFrendo os golpes das espa- 
das dehuraa Najao, enfurecida. Kesr 
pirqu Portugal , /"ecupcrarao os Po-^ 
yo8 novos alentos, so-ou em todo o 
Mundo o valor dos Portugu^zes : as 
Na§6es estrangeiras a vista desta yIt 
Ctoria contrahem novas allianfas,, 
donde se concliie ^ ser esta victoria o 
segundo fundamento da conservajSo 
desta Monarquia , e da liberdade dt 
Patria* 

Chegou esta noticia a.Lisboa; 
a tempo, queEIRei estava assistindo 
ao Sermao do primeiro dia da fcsta, 
que a Nobrez^ costumafazer aoSant- 
tissimo Sacramento da Fregu^ezia de 
Santa Engracia , para desaggravar o 
Deos Sacra mentado, pelo insulto. feir 
to naquella Igreja, no tempo do go- 
yerno de Castella. Pr^gava tO Padf^ 
D. Prospero dos . Martyres , CDneg(^ 
RegulardeSafitoAgofitinbOf Suspi^nr 

K 2 



260 

dco-sc o SermSo no espajo, em que 
se cantou o Te Deum Laudamus\ c 
depois o finalisou rendendo a Deos 
^s gramas por tSo assigdalada victo- 
ria. 

Voltoa ElRei ao Pajo entre vi* 
vas , e applausos do Povo. 

Com licen^a da Rainha passou 
o Conde de Cantanhede a Lisboa^ 
a lograr os bem merecidos applausos 
da victoria. Quando o Conde chegou 
a casa , onde EIRei o esperava , deo 
este alguns passos a recebelo , honra 
singular, porem merecida por seus 
esclarecidos feitos. 

A 4 de Maio deste anno, iito 
a Rainha principio a funda^So do Col- 
legio dos Religiozos Dominicos Ir- 
Jandezes da Cidade de Lisboa, no si- 
tio do Corpo-^Santo , lan^ando neste 
dia a primeira pedra D. Francisco de 
Sotomaior , Bispo de Targa , eleito 
de Lamego. 

Ficando o Reino depois das cam-^ 
panhas de Badajoz , e Elvas falto de 
muita gente, se resolveo a Rainha 
maQdar por Embaixador a Fran9a o 



261 

Cond€ de Soure, pedir a ElRei Chris- 
tianis^imo o soccorro d^ quatro mil 
homens de JnFantaria , e mtl cavalr 
Jos , qae seriSp pagos por Sua Ma- 
gestad^ Christianissima. Partlo o Con*^ 
de de Lisboa a 13 d^ Abril, em hu« 
ma Nio Ingleza, levando par Secre* 
tario <da Embaixada a Duarte Ribei- 
TO de Macedo, piessoa de conhecida 
estimagao. Nesta viagem recebeo a 
Aoticia da total itiudan^a do governo 
de Inglaterf<a ; porque Ricardo Cror 
muel , que ha via succedido a seu Pal 
up governo Supremo, etitulo de Pro-^ 
tector , estava deposto , e reduzido i 
vida particular , e o Parlamento oc-^ 
cupava a authoridade Soberana : que 
o Tracado de paz entre as Cdroas de 
Franga, e Castella se tinha por ajus- 
tado; porque em Flandres se havia 
publicado suspensao de armas, at6 
nova ordem. Sentio o Embaixador 
esta noticia , persuadido nSo poder 
cpncluir os negocios, de que hia en« 
carregado. Continuava o governo da 
Monarquia de Franca a Rainha Re- 
gime , D. Anna de Aiisiria } e entra* 



262 

ira ElUei seu filho LuizXIV. na ida- 
&e de tifite e hum annos, sendo pri- 
meiro Ministro d'Estado , o Cardeal 
Julio Mazarihi , que 'tihha l^vado i 
Franga a hum ahb gfao de gloria > 
pelas victorias que havia conseguido 
o Marechal de Turette, hum dositte- 
Ihores Gen^racs, que ttve a Europa, 
Cujo no me ser4 eterno nos Fasto« drf- 
i|uelk Monarquia. 

Propondo-se para Espozas d^ 
Luiz XIV. quatro Princezas , qufe 
trao : D, Cathari^a , depois Rainha 
de Inglaterra ; Hertrlqu^ra de Ingla* 
terfa; que foi' Duq^id' de Orleas; 
Mai'garida deSaboya, quecasou corA 
O Duque de Parma; e D. Maria The-^ 
teza de Qstella , foi esta proferidi 
is outras.' 

Eritrfe osPyrertebSj'ohdeacabao,* 
k comers?) a dividir Hespanha de Fran- 
ca, s^fabricou huma cspecle de Pala- 
CIO de madeira na Ilfea d6s FayzSes , 
entre Fuen'te Rabia, ultima Prafa de 
GuipuBcua 5 e Andaya , ultimo lugaf 
da Bi^caia : aqiii se celebrou o Con* 
gfesso f em cujo fratadd era Porta- 



263 

fil excluida de tddo o soecoiro dtf 
ranga taoto directe^ como indire^ 
ije. Depois $^,virfao neste PaJ^cia 09 
dois Monarchas de Franga, e C^srel* 
U, e se conclulo o casament^ da Iih 
fanra D. Maria Tfaer^za com Lui^ 

O Cardeal, depois desta ultima 
delibera^ao, reve hiima larga conSe^ 
renqia com o Cppde de Soure, em 
que o desenga.nou de nao poder cQn? 
cluir o que pertendi4 , persiiadjndo , 
para evirar os estragos da gaerra accei** 
tar o que se Ihe pfopunha , at c^ero 
Conde respondeo: que se desenganas* 
se, que Portugal sao havia admittir 
a menor subordina^ao a Castella* No 
dia seguinte da conferencia btis^ou o 
Marquez de Choup ao Conde Em«» 
baixador, e Ihe mostrou da parredo 
Cardeal a instruc^^o , que >le?i3va« 
Continha ella tres Capitulosilrno L 
com palavras plauziveis sc encai^ecia 
tudo o^ que se tinha obrado, todas at 
diligencias, que sq haviao feitopela 
inclusao de Portugal na paz, chegair* 
do^e a offerecer por ella todas ^ 



264 

Pragas , que , no decursso de vinte e 
cinco annos, tinhao occupado as Ar- 
mas Francczas com prego inextiraa- 
vel de sangue, e thezouros; por^in 
que nio dando os Mintstros de Cas« 
tella ouvidos aesta pratica, antes de- 
clarando ser effeito della , hum obs* 
taculo invencivel para 'a inclus3o da 
paz , se passara a proebrar os meios 
de algum acommodamento , que evi- 
tasse damnos de huma guerra , que 
nio podia terminar-se sem lamenta- 
vel ruina. Erao os meios, que se 
propunhSo no II. Capitulo: que 
o Reino de Portugal se reduzis- 
se ao Estado do anno de 1640, es- 
quecendo*se tudo o que se tinha pas* 
sado y sem que se pudesse intenrar 
aogao, ou castigo algum pelos da- 
mnos recebidos, antes huma intelra 
resmui^ao de todos os bens , que os 
Vassallos Portuguezes tivcssem em 
qualquer parte da Monarchia de Cas- 
tella; Dizia o III. Capitulo: que a 
Casa de Braganga seria conservada 
em todos os foros ,' prerogativas , e 
graadezas que tinha > c que seus sue* 






265 

cessores seriSo Governadores, e Vice* 
Reis perpetuos de Portugal ; e para 
seguran^a da observagSo destas con* 
di$6es, ficaria por fiador ElRei Chris- 
tianissimo, havendo-se por infracfSo 
da paz qualquer altera^ao que tive* 
sem , e protnettia defender com as 
arraas tudo o que se (irmasse no Tra-» 
tado< O Conde desprezou tudo Isro; 
e tendo novas conferencias cona o 
Cardeal , que o persuadio com fortes 
razdes a estar por estes Capitulos , 
nada se concluio. 

No tempo, em que aconteceo o 
que ilea referido, chegou o Marquez 
de Choup a Elvas, onde entrou a 7 
de Dezembro : daqui passou a Lisboa, 
onde o esperava, por ordera da Rai- 
nha , D. Lucas de Portugal , Mestrc 
Sala d'ElRei , e o conduzio is casas 
do Marquez de MontealvSo, que es- 
tavSp adere^adas por ordem da Rai« 
jiha : teve hospedagem tres dias , e 
audiencia no fim delles, acompanha- 
do de D. Lucas. Nomeou-lhe a Rai- 
nha por confcrentes, aos Condes de 
Odemira , e Cantanhede , p assisti^ 



266 

c esta corferfcncia o Secretarip d'E»^ 
tado Pedro Vicira da Silva. Juntos 

05 MinistroS) e o Marquez de Choup 
na Secretaria d'Estado , principiou o 
Marqtiez: a pratica com hum largo 
exoirdio do esrado dos negocios da 
Europa, da nqcessidade, em que se 
achava ElRei Christianissimo decon*< 
cluin a paz, edar repouso a^eus Vas« 
sallos, das diligencias, que continua* 
w sobre a inclusao de Portugal , e 
que ultimamente nao pudera conse* 
guir mais , que as condi96es aponta* 
das era hum papel, que ofFercceo, 

6 s^.:as mesmaSy que.ficao referidas* 
Logo que se lerao, respondeo oCon? 
de de Odemira , ser ifnpraticavel o 
que se propunha. O Conde de Canta- 
i3hede,-Ievantando-se5 disse: que,se 
a Nobreza, e Povo soubessem o que 
continhao as proposJjSfes , que se ha- 
viao lido I, que nenhuiti dibs que esta* 
vao presentes estavSo segurosnaquel* 
Je lugar* Acabou-se a conferencia ; 
e dando 6 Secrerario d'Estado conta 
della a Rainha, foi despedido o Mit 
oistro, que volfou pafa Frapya, sa* 



267 

hirtda daqui a ii die Dezembro-, tt6 
admirado do que ouvio, que, qoando 
ehegou a Franca , nio fez mais , qu6 
exaggerar ao Cardeal Mazarifti a re^ 
sdlugao , e consrancia dos Ponugue-» 
zes, fundada, al^m do valor natu- 
ral , no lusimento , e niiraero de tro* 
pas , e fortifica^6es das Prajas. 
'f 'Tendo.nomeado a Rainha Em- 
balxadof para Holla nda a D. Ferftan* 
do Tdlo de Faro,: este junto com a 
Duqae d'Aveiro fugirao para Cagtel^ 
la 5 por cujo motivo fbi aquelle sen- 
tcnciado i morte , € o degoldrSb^ em 
cstatua, queimartdo-o com o tti^sma 
theatro, cuja execujSo se fez em 
Agosto deste anno. Este te?e a mes- 
ma sentenja, e se executou em 1663, 
66nfiscando-se-lhes todos osseiisbens* 

Governando o Conde de S. Jo3o 1660 
a Provincia de Tras os Montes, na 
iusencia do Conde de Misquitella, 
marthou com oito mil infantes, ire-^ 
2intos cavallos, e duas pejas de ar* 
tilharia a atacar Alcanizes , povoa- 
$5o de Castella a Velha, situada seis 
legoas da raya das Cidades de Bra-*' 



268 

g^nca 9 e Miranda. Chegou ; e avati- 
^ando por muitas partes , se rendeo 
o Force , custando muitas vidas aos 
defensores. Deteve-sc na Villa quatro 
dias ; e depois de saqueada , e quew 
mada, se retirou com os Soldados^ 
ricos de despojos, e aoimados a gran-- 
des emprezas. 

No dia 19 de Mar^o deste an- 
no se disse a j)rimeira Missa solem- 
ne ) e se depositou o Santissimo Sa- 
cramento no Sacrario do Convento 
de Nossa Senhora da Conceijao de 
Marvilla , do qual julgo a proposito 
dar a noticia da sua origem. Divul* 
gad a a fama dos miiagres de Santa 
Brizjda , Princeza Sueca , teve devo- 
jao Henrique V, , Rei da Gra-Breta- 
nha, de fundar hum Convento desta 
ReligiSo; e antes decamejar asguer- 
ras com a Franja , mandou ao cele-- 
bre Mosteiro de Vasteno em Suecia 
(priraeiro daOrdem Brigitana) bus^ 
car quatro Religiozas , que em Lon* 
dres edificdrao o suraptuoso Convene 
to de r: Monte Sion rr a quem do^ 
tQu com largas rendas. No anoo se-» 



269 

guinte professdr^o doze Novigas, fi* 
Ihas dos Principaes Cavalleiros , fa- 
zendo esta' fun^So o Arcebispo de 
Cantuaria, Primaz delnglaterra, com 
assisrencia de toda a Casa Real. pe«- 
pois Henrique VIII., negando a obe* 
diencia d Igreja , e excommungado 
por huma Bulla do Papa Clemente 
VI L em 15*36 y mandou sahir estas 
Religiozas para Fora, dando*lbes huma 
pequena cotigrua. Daqui fugirao elJas 
para o Esrado de Flandres, e se re- 
colherao era hum Convento da sua 
ordero. Passando aqui alguns tempos, 
torndrSo para o Convento deLondrea 
no segundo anno, em que governa- 
vao OS Reis Catholicos, D. Filippe 
IL , e a Rainha D. Maria. Por^m 
niorrendo esra , e entrando a gover- 
nar a Rainha D.Izabel, pertinaz He-^ 
rege , torndrSo as Religiozas a pas- 
sar a FJandres. Aqui forao tao per- 
seguidas, que, para escapar d furia 
dos Hereges, sevirao obrigadas afu- 
gir para a Cidade de Anvers, onde 
estiverSo hum anno muito incommo* 
dadas* Depois passaodo a Malinas^ 



\. 



270 

ahi permanecerad algutis atinos^ em 
quanto esta Cidade esreve sujeita a 
Castella ; porem sendo tomada pdo 
Duque dc Orange, for a o Barbara men* 
te tratadas, e postas em risco: por 
cujo morivo tornarao a fugir para a 
Ndrmandia de Franca, fazendo assen* 
to na Cidade de Ruan, Aqui estive- 
rao q^jnze annos; masdepois invadi- 
da esta Cidade por Vandoraa , Prin* 
cipe Herege , navegarao fugiijdo pa- 
pa a Hespanha ; por^m, nao podendo 
chegar a algum dos seus portos, fo- 
rao itnpeliidas pelos.yenros a entrar 
a barra de Lisboa , e a 20 de Maio 
de 15' 94, se virao neste Reino, es- 
capando a duas fragatas IngJezas^ 
que vinhao em seu alcance. Obtida 
a Jicen^a dos Governadores do Reino 
para dcsembarcai-era, o 6xerao acocn^ 
panhadas da Nobreza da Corte , re-^ 
colhendo'se ao Real Convento da 
Efperanga vinte e tres Freiras In- 
glczas. Os Governadores do Reino, 
idando-lhes humas casas no sitio do 
Mocambo, que huns dias antes as 
tjnhao tornado pelo fisco, ahi fuodi^^ 



271 

tio o sea Convento, para o que mnU 
to as ajudou Filippe II. O Arcebis* 
po de Lisboa as foi visitar, C p6r 
em clausura ; e a mais Nobreza toda 
Ihes fez os maiores obsequios. 

Para este Convento fugio , por 
conselho do veneravel Padre Antonio 
da Concei^ao, chamado o Beato An- 
tonio, D« Leonor de Mendanha, nas-i^ 
cida na Cidade de Lisboa a x8 de 
Janeiro de 1576, na Freguezia de 
Santa Justa , filha , e unica herdeira 
de Jorge Vaz de Campos , e de D, 
Izdbei de Mendanha , a qual se cha* 
mou Madre Brizida de Santo Anto<>- 
nio. Aqui viveoquarentaannos occul*- 
ta a sua virtude. Depois inrentando 
fundar hum Convento da mesma Or* 
dem / por conselho do seu confessor 
o Beato Antonio, para Portugoezas ^ 
pedio ao Arcediago da S^ de Lisboa 
dFernSo Cabral , natural do Algarvct, 
Ihe quizesse vender humaqninta, que 
tinha em Marvilla, ao que elle res* 
^t)ndeo , que de ^res quintas , que ti» 
^ha naquelle sitio, todas ihe da ra* 

£lle mesmo dbamou Mestres , dellr 



272 

neou a obra, e deo logo -para ella 
doze mil cruzados, e outras coisaf 
mais; abrio pedreiras, e principiou 
o Convento com licenja do Senhor 
Rei D. Joao IV- O Arcediago fez 
iiuma Escriptura , em que dotava 
aquella quinta para a funda^So do 
Convento ) a qua! assignou a Madre 
Brizida de Santo Antonio, e nomeou 
as Fundadoras delle. Succedendo no 
dia 17 de Agosto de 165:1 arder to- 
do o Convento do Mocambo as no- 
ve horas da manha, se recolherao lo- 
go ais Religiozas acompanhadas de 
toda a Fidalguia ao Convento da Es* 
peran^a ; o que a Madre Brizida em 
Dome de todas muito agradeceo , on- 
de estiverao at6 que se Fez de nojro 
o Convento , onde hoje existem , e 
donde tornirao a sahir no tempo da 
invasao dos Francezes , como vere- 
mos no seu competente lugan Mor« 
rendo a Madre Brizida a 29 de Ju- 
nho de 165-5', ^^ levantarSo muiras 
contradic^des a respeito do Convento 
de Marvilla, as quaes vencidas, se rc- 
colherSo as Religiozas ao dito 



273 

rento no dia i8 da Maryo com'to^ 
a solemnidade, acomp^nhadas da prii^ 
cipal Nobreza , tendo primeiro beija* 
do a mSo a Rainha D. Luiza de Gus- 
mao, e a seu filho ElRei D. Affba- 
30, VL No di^ 19 se fez o que fica 
ditp» O Cabido elegeo para Prelados 
do novo. Convento o ATcediago Fun- 
dador, o fiispo eleito d'EIvas, e An- 
tao de Faria da Silva : e$res nomear 
rao por Abbadega a Madre Thereza 
de Jesus > Prioreza a Madre da. Or- 
dem Ignez de S* Sebastiao , Porteira 
a Madre Aleixa de Santa Brizida; as 
quaes governando doze annos prat^ 
cdrao tudo, o que no seu Convenro 
se gbservava, ate que governando as 
Forcuguezas ipudarao na jTorma^ qup 
hoje se v6 , nao por abuso , ou relar 
xagao, mas por sejulgar sermaiscon- 
venient^ ao espiricpj.- e por conselho 
do Arcebispo D. Antonio de Meor 

• don^a. J 

O Arcediago foi hum grande 

^BemfeitOr deste Convento , concor- 
rendo com todo onecessario para el* 

le. Renunciando a Cadeira no iilho 

v., • - • •  • 

s 



p 



274 



do Conde dc Cbiddi? , se ^eSMgOu cfa 
(bhtigti^io de as^isUr na S^: fez no 
pzieb destfe Conv^rtto huitias peque- 
Aas ca^as, onde vivia com tdda ^ de- 
-cencia. PoWos tnfezes anties d'^ fallc- 
t«r, d^t^rminbti com icu I'rmao Fn, 
Pedro de Santo Agosdnhb erigl^ 
huttHa Igrejia hk parte onde hojfe se vfe, 
t p^t'a este intento mandou tortair 
fcum arvo'redo i entrdda do pa*eo ; t 
i^uando ji tfnha aberto os ali'cerces , 
falleceo a 17 d^ Maffo de 1666 ; se* 
jpa-ltou-se no dia seguinte, em que sc 
•completavao seis annos de ftinda^ao. 
^Depdzitado *«feu corpo na Capelt**- 
•^Mor, iPoi depois trasladado para a 
'tfova Igreja t6 itiesmo lugai* , t nil 
l^dra da cadapa Ise v^ b segtjiiire cpi- 
-rafib: ' 

irS^lftira db Arcedkgb daSe 
H^t Lwbba Feri>5d Cabt^l ^ Fund*- 
cidor deste Convento. '* 

Seu itmSo'Continucu a obra,^pro- 
▼eitaiido-sfe do que tinha ddrado o 



275 

Aam h%6 de prata dourada, e cXitr^s 
cousas rnais. Este Fr. Pedro de San* 
to Agostinho , irmSo do Arccdiago , 
era Religiozo da Provincia dos AI- 
garve«: sendo sagrado Bispo de Con- 
dtan^a para, coadjutor do Bispo de 
Coirabra D. Manoel de Noronha, fbi 
depois nomeado por EiRei D. Pedro 
II. Deao da sua Capella de VilJa-Vi- 
(osa» 

Depois veio D. Izabel Henri^tieg 
reedificar o Convento de Marvilla. 
Foi esta Senhora, filha de Diogo Ro- 
driguez Lisboa, e de D. Branca Tor- 
res, casada com Diogo Lopes Tor- 
res; a qual acabando a Igreja , e fa- 
zendo os dorraitorios se recolheo no 
mesoio Convento com sua filha, D« 
Juliana^ a ay de Marpo de 1681, Deo 
Jogo duas alampadas de prata , hum 
Palijo rico com varas domesrao me- 
tal, seis castigaes para o Altar-M6r^ 
a cruz para as procissl6es, outra para 
o Santo-Lcnho, hum cofre para o 
Saiitissimo , Custodia ,x6roas para as 
imagens , e diaderaas para os Santos, 
ejoutrae cousas ma is dcgrande valort 

s 2 ' 



276 

Instituio neste Convento quatro Ca- 
pellas, com rendas sufficientcd, c a 
dois destes Capellaes avantajou a es* 
mola para serem confessores da Com- 
munidade. Viveo dezannos, e rres 
mezes nesta Clausura. Falleceo a 16 
de Julho de 1^91, passando ja deoi* 
tenta annos de idade. Estd sepuhada 
no coro' debaixo* 

Sua fiiha D. Juliana contlnuou 
a viv^r no mesmo Convento, fazendo- 
Ihe muitas obras, e muitas esmolas ; 
deixando por sua morre hum legado 
decern rail rcisannuaes para a Com- 
liiunidade, e cincoenta para varias 
fcstas particulares do Convento, aug- 
mentou a congrua aos dois Padres 
Confessores, e aos dois Capellaes. 
Falleceo D. Juliana Maria de Santo 
Antonio a 3 de Agosto de 1714, 
com setenta e quatro annos deidade. 
Esta sepultada no coro de baixo. 

Tern este Convento fl6recido em 
muitas virtudes , de sorte que scm- 
pre mereceo a estiroagao dos Sobe-^ 
i^nos, e de todos os Nobres do Rei- 
no. O primefro Marqucz dc Marialr 



277 

ya D. Antonio Luiz de Menezes, ven* 
cedor de insignes batalhas , quando 
se recolheo a sua casa , priraeiro que 
entrasse ncUa, veio a Igreja de Mar- 
villa prostrar as Bandeiras diante da 
Iinagem da Conceigao , que o valor 
Fortuguez tirou das maos dos inimi* 
^os. Ainda hoje nestc Convento se 
•az tudo com a maior perfeigao. 
Por^m estd reduzido a onze Religio- 
zas, nao tendo para sua sustenra^ao 
mais do que cento e sessenta r^is dia- 
rios na forma da Lei, para cada Iiuma, 
apezar do seu grande rendimento, 
que todo esta por adrainistra^ao , ha 
rouitos .annos, para pagamento de 
dividas antigas. Fa^o esra niemoria 
em obsequio das onze Religiozas,' 
que existem; pois se fazem dignas 
disso pela sua muita virtude. O. An« 
tonio Caetano de Souza , insigne Es* 
criptor,elogiando. esta Religioza Cora- 
munidade, dizque: ccaquellas pru« 
wdentes virgens (fallando das Ingle- 
cczas) forSo Authoras de dois tao 
irexemplares Mosteiros, que militSo 
if debaixo da Regra de Santa Brizida* 



278 

€4 Na observahcta daquellas virtuosasr/ 
u e primeiras filhas de sua Madre 
(c Santa Brizida , que aparecerao na 
€€ nossa Cidade de Lishoa , depois se 
fi erigio o Mosteiro da Conceip^o de 
tc Marvillt, que fldrece em observan- 
€€ cia , e Religiao , edificando de sor*« 
« te o seu regular roodo de vida , 
^^que he esta Casa beneraerita da 
$i universal escima^ao da Cdrte. 

O Padre Mestre Fn Estacio da 
Trindade, Ereraita Descalfode Santo 
Agostinho , frequentando muito este' 
Convento de Marvilla , e confessan-* 
do muiros annosalgumas Religiozas, 
rompe nestes elogios : «< Vi as agra- 
a daveis noticlas dos meios , por on- 
ce de dasdesgra^as delnglaterra rrou- 
i€ xe a Divina Providencia a Portugal 
^<as Venturas; pois daquellas $e ori- 
«ginou a de possuir neste Convento 
iihum mineral de virtudes, e hum 
uthezouFO de toda a Santidade." 

O Padre Manoel Monteiro, da 
Congrega9So do Oratorio , falltndo 
do^ Convento de Marvilta cm 1744, 
dis assiin : u A fundn^o de hum Cod« 



279 

if veptQj ^u^ a Provicl«cij^ do A,lti?H 
is simp ppr mfiios impen^tr^veis tr^ns^ 
c( plantou 9 este R^elao , e nelle fan 
«c voreceo corii tap ^special benigni- 
41 dade , qu^ pao s6 p^f oiittio que sq 
f(engi$$e, e estabelece&se, mas quQ 
<^ si^gulafme^ite se acredita$se, sendo^ 
uespelho d4 vida Mon^tica, raodelq^ 
^«da Regular observanpi^ , e exem- 
<f pigr da perfeifaq.R^iigiq?^ , como^ 
(c se (nostra nas admiraveis vidas da^ 
f«RcligiQ?;as, que ate agofa tern iFa- 
ic lecido ; e tambera se ^std mostf^af*. 
icdp nas daquellas, que ainda estao 
^(vivendo, que mediaJite a Divina^ 
c^Gra^a, e a sua perseveran^a, pro^ 
f< mettem a Hisforia n^o ti:ie!ios gio^ 
€4 riosa materia. " A' vista destes elo^ 
gios nada posso acrescentar mais dq 
que.dber, que sendp presentement^ 
s6 onze Religiozas de sessenta, qu^ 
geropFe teve este Convento, nellaf 
fldrece o me«mo espirito, ^ mesm^ 
virtude, e a mc^raa Religiao, sofFren- 
do com toda a paciencia , e conforr 
midad^ a dura , e pezada mao dop 
^epifN^s^ Iquv^ndo ao seii Diriiip Es^ 



280 

poso, scm faiearem aos actos dfe 
Communidade , apezar das suas mo* 
lestias, e avuhadas idades. 

A 9 de Junho deste niesmo an^ 
to entrou ElRei Carlos IL, filho de 
Carlos I., em Londres com notavei^ 
demonstra96es de alegria , e conten* 
taraento de scus Vassallos , que a 
chamdrSo aoThrono delnglaterra, o 
(l)ual casou cotn^ a nossa Infants D« 
Catharina , como vercroos. 
1661 No anno seguinte inorreo o Car- 

deal Mazarini. 

Ajusrand'o ElRel Filippe trata- 
dos de paz era S. Joao da Luz com 
ElRei de Franca Luiz . XIV. , seu 
genro, a^^lfcbu> todas as forfas da- 
sua MonaVquia contra Portugal , no^ 
meando por Capirao General seu fi- 
lho illegitimo D. JoSo d' Austria, ava-* 
liado por merecedor dosmaiores cm- 
pregos daquella C6roa ; e nao contan- 
do mais que trinta e trcs annos de 
idade, tinha todo o conhecimento 
da guerra pela experiencia das bata-^ 
Jhas, era que se tinha achado. Este, 
^hegando a C^afra a zy de MarfO > 



281 

se deteve poqcos dias; e passando i 
Badajoz , se comefdrSo por todas ^ 
partes a manifestar as prevcB56es da 
campanha , e ao rnesmo passo se au- 
gmentavao as guarni^des das noss^s 
Prafas. D. Jo3o d' Austria juntando o 
seu exercito marcha a reconhecer a 
Praga deCampo-Maior, com tresmil 
cavallos, e seiscenios infantes. Sendo 
avisado disto o Conde de Atouguia, 
manda raarchar para Campo-Maior 
a D, Luiz da Costa, com quatrocen- 
tos cavallos, e outros tantos infantes, 
seguido do Conde de Schoraberg , e 
do General da cavallaria, com quatro 
batalhoes. Entrou D. J-^uiz da Costa 
jiaquella Praja coin xteml^D conve- 
iiiente. Chegando D. Joad d'Austria 
a reconhecer Campo-Maior, por en- 
tre balas de artilharia , e aiosqueta- 
ria , e observando que para render 
aquella Praga, era necessario maior 
exercito do que aquelle , que havia 
convocado, se desenganoti de dar 
principio i conqulsta de Portugal 
por aquella empreza, e se r^firou pa- 
s'^ Badajoz. Sahindo daqui em i^ de 



28^ 

Junho sealojou comdowdias demaiv 

cha solwe Arroncbes , cuja Villa to- 

nioUy guarneceo, e fortiiicou. Depois 

rerirando-se daqui com muita pressa 

para Albuquerque , quando o Conde 

de Atougqia o buscava para o ara* 

car no seu quarrel^ nia conseguio O. 

JoSo d'Austria na empreza de Ar*' 

ranches o credito , que pertendia. 

He digno de memoria Manoel 

Ferreira, Alferes da companhia de 

cavallos do Teaente*General , Olnis 

lie'Mello de Castro, que sendo manf^ 

dadp por pratico do paiz , e s6 com 

iiove cavailos, por nSo sersentido, eih> 

controu na esrrada da Ribeira para 

Almendralejo duas companhias dein* 

fantaria, levantadus de novo, que 

xnarchavaD de Granada paraBadajoz: 

investindo-as com valor, asdesbaratou 

com cofifuzao , daixando-Ihes feridps 

OS dois C^pitaes, e muicos Soldados, 

yoltando carregado de despojos, sen** 

do 03 d§ niiaior e.stirpa9ao as dusts 

Bandeiras das companhias, que o 

Conde 4e Atouguia maudou a Elr 
Rei. 



283 

•Nao fne>horava EIReic^tnofan** 
1)0$ nem de inclina^oes, nem de exi?n« 
cicios,, tendo grande communica9ao 
com Antonio Conti, e seu irmao Joad 
Conti, que haviao facilitado a enrra-« 
da a outros faomens de bai^a condi^» 
§ao. ) 

A If de Marjo niorreo o Con^ 
de deOdemira. Not dias da sua doeni-i 
9a foi visitardp por EiRei , e pela 
Infante. Deixou elle sua filha mais 
reJha, viuv^ do Conde da Feira, Ca- 
nada com o Duque de Cadaval , por 
Ihe nio iicarem filhos do primeiro 
matrimonio. 

Nesttf anno se desposou ainfan- t66z 
ra D. Catharina com ElRei de In* 
glaterra Carlos II. 

A grande gloria, que o Marquee 
de Marialva havia conseguido na ba- 
talha de Linhas d'Elvas, fez com 
que a Rainha o nomeas^e Governa* 
dor da Provincia do Alerat^jo , para: 
ofide partio logo , e fez progrepso^ 
proprios do seu valor. 

Tendo a Rainha dado , a 4 de 
JUnbo 9 quarto 40 Infante D. Pedro ^ 



284 

e dispando-se a entregar t) governo 
a seu filho ElRei D. AfFonso VI. , 
mandou a i6 de Junho prender An- 
tonio Conti , seu irraao Joao Conti , 
e outros tambem socios do partido 
d'EIRei; e nesse mesmo dia forao 
conduzidos a hum navio , que os le- 
vou desterrados para a Bahia, sem 
que ElRei b soubesse, fazendo-se tu- 
do isto durante o tempo em que es- 
teve no despacho. 

No dIa 23 de Junho, juntos no 
Pajo todos OS Tribunaes, Nobreza, 
c principaes do Povo, entregou a Rai- 
nha OS Sellos Reaes a seu filho, e 
- dimitindo com elles de si o governo, 
ficou ElRei de posse do Reino. Foi 
este o ultimo successo do governo- 
da Rainha D. Luiza. 

Logo que a Rainha se separoa 
do governo, deoprincipio ifunaa9ao 
do Convento das Religiozas Agosti- 
nhas Descal^as em huma quinta, de 
quelhes fez offerta o Conde da Pon* 
te y situada sobre o T6jo no sitio do 

^ , Noraeou BlRci para Governador 



285 

da Provinda do Aletnt^jo o>Cohde 
de Villa-F16r D. Sancho .Manoel, 
que, partindo para o Governonos 
primeiros dias de Mar^ o, tratou com 
grande actividade das prevenjdes do 
exercito, e defensa da Provincia. 

A 6 de Maio mandou D* JoSo 
da Silva , que assistia em Elvas, avi- 
«o ao Conde de Villa-FI6r, que D. 
Joao d' Austria sahiracom oseucxer- 
cito de Badajoz , e ficava alojado so- 
bre as Barrocas de Caya. Constava o 
exercito de doze mil infantes, seis 
mil e quinhentos cavallos, dezoito 
pe^as de artilharia , em que entravao 
seis meios canh6es, ires raorteiros, 
quantidade demuni^oes, emantimen* 
tos conduzidos em tres mil carros, e 
muitas bagagens. Alpjou-se o exerr 
cito de Castella no Ameixial.distante 
Jiuma legoa de Extrem6s para a par« 
te d'Evora; e vindo sobre esta Cida«* 
de a tomarao. De Extrem6s sahio o 
nosso exercito a 22 de Maio a socr 
correr Evora , que constava de on2e 
xnil infantes pagos, e Auxiliares, di* 
irididos em yinte e hum esquadraa^ 



286 

t de trcf« mil cavallos, repartidoa em 
c^ssenta e quatro batalh6es, de quin^ 
%e pe^as de arcilharia , com todas as 
i¥iunic6efl fiecessarias ; por^mchegan** 
do a Evora achirao rendida a Praga, 
tendo D* Joao d* Austria entrado rriun* 
fante nesta Cidade- D.JoSo d* Austria 
-mandando tres mil cavallos , e dots 
<uil infantes a Alcacer do Sal, Villa 
^ituada sobre o Rio Sado, que junto 
-i Pra^a de Setubal desagua no cnar 
Oceano, consfgtiem os Castelfaaoos 
<a entrada nesta Villa. 

ResolverSotse os nossos Cabos 
dar & batalfaa no sitio do Ameixial i 
-para ahi fa«eiti marchar o excrcitot 
Era Governador das Arina^ D. San* 
tho Manoel, Conde de Villa^FIdrr 
General de cavallaria Diniz de Mel* 
Jo de Castro : da artilharia D. Luiz 
-de Menezes: GoNrernador dai irmak 
^trangeiraS) com exercicio de Me$* 
•tre de Carapo General, o Conde 
•Schotnberg. Seguio ocxercito a mar- 
cha sem «lguma oppozigSo; edepoii 
de totnar varios pontosj se alojou so* 
bfce Od^ebe> rio que nasce na Sefra 



287 

ie 0«sa, e corre huirfa legoa dist jn'<^ 
te d'Evora. Marchou ao mesmo tem-^ 
po Dk Jo^o d' Austria na volta do 
tuesmo rio^ e na passagem dtlle pa* 
dtceo tanto estrago da nossa artilha* 
ria, que ficou o campo juncado d« 
cddaveres. ' . 

No dia 8 dc Junho a tarde /-s* 
irchava D» JoSo d'Austria aquartelftr 
do com ;a maior parte do exercitjO 
«m kxtm IB ante tao emihenr-c, qiie 
^We mestnd o coinparou ao Castello 
de Milao; 6 na Carta j que «screvet> 
•a ElRei seu Pai depois dajbatalha^ 
JhiB diaia: «Qu.c nao fbrm^rar a t>aj- 
titur&iSL iBielhorc,. ncm mai« (Segura 
»4 Pra§a d'Armas dd que aquHla ^jtiir 
»incncia. '^ 'Poroutras estava dividido 
-o resto do exercito, e era todas o 
atacarao no mesmo tempo .osnossosf, 
^ubindo ( ditia tambem D. Joao de 
.Ausfria na tnesma carta) conic ga- 
,teindo. Subirao os nosios p6r e^tre 
<homr08 de b&k«, e, dpezar dia dii^fft 
TiBSistencia, chegirao a6 ako daqyel- ' 
.leg 'mJDiites: 'dombAterao o inimigo 
'4jom l(al valoi* , que 'em pouco H0^ 






288 

foi totalcoenie desbaratado vhum exer- 
cito, que poucas horas antes se con- 
siderava' incontrastavel , tanto peU 
^ capa'cidade dos Cabos, como pelo 
valor dos Soldados , e fortaleza do 
sitio. 

A perda dos Castelhanos nesta 
bataiha foi muito cdnsideravel : fic4- 
rao no campo mais de quarro mil 
tnortos detodas as Naifoes; e os pri- 
^ioneiros passirao deseismil, em que 
, entravao dois rail e quinhenros feri- 
dos. ForSo OS Officiaes de maior sup- 
posi^^o cinco Mestres deCampo Cas- 
telhanos, dois Coroheis Alemaes, 
quatro Comraissarios-Geraes de Ca* 
vallaria , hum Tenente Mestre de 
Campo General, onze Capitaes de 
cavallos, setenta e cinco de infanta- 
ria, vinte e dois reformados , trinta 
Alferes, grande numerb de Officiaes 
menores, e de pessoas de qualidade^ 
'enrrando nelias o Marquez de Licbe, 
-herdeiro de dois vaUdos, e cinco ycf 
zes grande de Hespanha; 6 Mestre 
'de Campo D. Angcio de Gusmao^ 
-fijho. do Duquc -de Midina ,de .Ia$ 



289 

S*orres; O Conde de Escaknte D# 
Joao Henriques : edas tropas Estran^ 
geiras o Conde de Fiesca; o Conde 
de But; o Conde de Locesquein^ To- 
marao-se oitope^as de Artilharia^, que 
erao todas as que tra^ar p exercito , 
hum morteiro, grande quantidade de 
armas, nail e quatrocentos cavallo^, 
que se trepolarao pelas companhias, 
f6ra outros muitos de que se n^o fez 
lista , tornados pelos paizaoos / e sol- 
dados. Mais de dous mil carros car- 
regados de alfaias preciozas , em que 
entrava quantidade de prata, ouro,e 
joias; dezoito carro^as, tres dellas 
da pessoa de D- Joao d'Austria, a 
sua Secretaria com todos os papeis, 
que continliao os segredos mais Ini- 
portantes; doze Bandeirasde infanta- 
ria, quantidade de Estandartes de Ca^* 
vallaria , e o mais importante para a 
gloria militar, que foi a de D. JoSo 
com as Armas Reaes de Castella , 
ppr huraa parte custozamente orna- 
das, e da outra huma empreza, que 
mostrava o Sol em campo <;eleste| 
dando resplendor i Lua entre Estrel« 

T 



290 

las , cbtii linraa letra cjue ^izia : StM 
es Sikl^ s^rd Dei dad. 
X)os fdrtuguexes ittorrerSo mil solda- 
dofe, ^ ficafao quinhenros fet-idos. En- 
%re OS mortcs tattsftu grafide sertti- 
iBeMb ;^ p^rda dfe Mirtoel Prrfre de 
^AndVftde, General da Cavallaria dd 
Beira/ ^elo seu grande valor, ^elo , 
e actiVidade ; biogb Scares de Al- 
♦flfeiSa ; Mestre deCampo do Tergq 
dofe Au^iliares do 'CraTo ; Fernab 
Mafrtfhs de Seixas , Tenenre de Mes- 
frq d^' Campo General; ChristovSo 
At Srt'to, CapitSo de Arcabuzeirosda 
guafda do Conde de Villa-Flor^ e qs 
CapltSes de CavalTos, Luiz Vat de 
&queita ,' Estevao Scares , Jo3oTor* 
res d^ Sequeira; os C^hae^ de 
Jrifahtaria raulo Nogweira , JoSo da 
Silvia Batboza 5 Pedro Alvares, Jo3o 
fle Motfra , Manoel Gon^alves d^ 
Carvaiho, Doming6s dc Almeida, e 
JtTohimo Moffeira^ t ficSi^o tnuitos 
officlaes feridos. D. Joao d'Austria ^ 
J>erdkfe abatalba, se f^rirdu para Ar- 
rbific'hes , e daqui park Badajoz. ' 

• ©<Conde de VillA-Fi^r ta^Aea 



291 

I6gck Jeranimo Ac Metrdcn^a, Inmr ai 
ElRei a alegre noticia da Victoriaiw 
Ch«goa a LisBoa' ! no dia . segulnte , 
cj^e* era Sabbad6 9 de Jui>h6, ^ onze 
horas cfa noite*'. i-Iaogo que . sc .di Yiil*r 
g6u/a iK)ticia,:b«ixobElRci> acompa- 
nbado. do InfaR^e, a Capella dar' ag 
gca^as ao Alrissimo. Porio muitas 
as Festas que se fizerao ; e ElRei , 
mniidou fazerj suffragios , c dizer 
quanridade de Missas pclos Officiaes; 
e soHffdos que itiorrerao na bataiha* 
Cbnseguida ^sta Victoria , mar-* 
cbouLjo exercito:.v.cncedor a recUperar 
a; Cidade d'Evora Com o soccorro.da 
wes mil e quinhentos infantes, ctre-* 
zentor .cavallos, qiue de Lisboa. con^ 
duzro o Marquez! de Marialva, aj-r 
guido de muiiros Titulos, c Gav:a.llei* 
rro* pidncipaes da 'Corte : o que, wrar 
efFeito- consegufrSo toraando por ca-? 
pitulajao a Cidade d'Evora no did 
X'4 de Junho. Fioarao nos Baluartea 
montadfis treze pcfas de Artilharia ^ 
em qae entravao seis meios canhde^i 
Sahirab da Praga tres mil e duzentofi 

T 2 



292 

infantes , e oitocentps e doze cavaf- 
los. ^ 

Em qua n to D, JoSo d' Austria 
passa de Badajoz a Madrid d trarar 
com seu Pai dos meios de se vingar 
da ofFensa recebida , vem o Conde de 
Villa-Flor com licen^a d'ElRei rece- 
ber osapplauzosdevidos ao seu mere- 
cim^nto. 

No dia 2 de Julhd vindo o Du- 
que de Ossuna tomar a Pra^a de Al- 
meida , a investio por cinco partes , 
sendo em todas ellas repellidos os 
Castelhanos peld valor dos Portugue-? 
zes. O Duque de Ossuna, refor^ando 
OS soccorros , e animando os coitiba- 
tes, se considerava senhorda empreza; 
por^m a vigilancia, com que a todas 
as partes acodia Diogo Gomes , e o 
valor, com que defenderao a brecha 
OS Capitaes de cavallos de Tras os 
Montes , obrigou o Duque a retirar- 
se para a Cidade de Rodrigo com 
perda de quatrocentos infantes. Mor-. 
rer3o na Pra^a cincoenta soldados , e 
ficdr^o outros tantos feridos^ e logrou 



^ 



293 

t)iogo Gonies universal estima« 
^ao do valor, e acerto com que pr^ 
servou na defensa della roda aquella 
Provincia. 

Nos primeiros dias de Janeiro 1^64 
passou ElRei^acompanhado do Infan- 
te a Santarem, a lan^ar a primeira 
pedra na Igreja de Nossa Senhora da 
Piedade dos Eremitas Descal^os de 
Santo Agostinho,, situada no ch^o da 
Feira, a 25* de Janeiro, orago, a que 
a devo^ao attribuio a Victoria do Ca- 
nal; affirmando'Se, que, sendo debar- 
ro a materia de que era formada, se 
virao na vespera daquelle dia na mi* 
lagroza Imagem movimentos sobre- 
naturaes i vista de todo o povo. O 
como esta Imagem escapou na inva- 
•sao dos Francezes em 18 10, nds o 
veremos , tratando dos estragos da 
Villa de Santarem, no seu competen- 
tc lugar. ^, 

O Conde dpVilla-Fldr, passando 
a Lisboa , se deo por desobrigado do 
governo das Armas da Provincia do 
:Alerot6jo, sendo logo nomeado em 
ieu lugar o Marquez de Marialva 



29^ 

CDtri ' o Tftulo de Capitao Gcnertr, 
-que ne5te mesmo anno tomou a Pra* 
jca de Valen^a aos Casteihanos. 

Resolvida a Rainha a deixar a 
1665' Cortc,^ so recoTiieo lio dia 17 dc Mar- 
" <^ts\ Saibbadode Ramos^ ao Convento 
do i^ril'lo , que ainda nio estavaraca- 
li^do* Sahio do Pa^o .^^cbnapanhada 
d'ElRier^ do Infame, e de toda a 
Nobreza, que a segairSo at^ enrrar 
nas ditas, pouras e imperfeiras, casas 
do Conveoxo. 

Logo neste annocbegarSo a Lia- 
•boa Antohio Conti , e Joao Conti 
por ordem occulta id^EIRei; poretn 
na6 podendo existir na Corte se rcti- 
ipou Anconio Conti i $ua quima de 
Oelf as ^ e depois ioy mafidado r^xAvc 
ifiZ Cidade' do Porto, JoSo G>nti se 
!Comentott com a Thesewaria , e Be- 
nefioipo de S. Miguel de Freixo : tea- 
do am bos rendas sufficientes.parapaa- 
'^fem a ^rda. 

A 10 de Mar^p) Jntentando ga- 
• iihaf Valenja o PriRcipe de Par«a , 
.l^aeral da, Cavatiaria Estrangeira d^ 
i.^^^> $901 doj^ Qiilj infs^f s I ^ 



fr^» o^t e qomhentosi cavallos , js^^qr 

o^rigado 9 retirar-se com. gr^^od^ pef^^ 

j4a para o Me?obcilho. .- [ 

Elegenda EiRei D. J^'iltifiP? 

(jea^ral do Exercitp 4? K^tvex^a^^\;i^ 

X^ ao Marqu^z de Carraceqa, est^af-*. 

firma logo dar-lhe pouco cuid^do. f^ 

coaquista de Portugal; porque todp^ 

QS infortunios, que Castella b^yia pa-* 

^ecido na guerra antecedente, 4^^^ 

file , se origioarao itiai^ da ignoraa- 

fia do$ Cabos , que commandavao 09 

fxercitos, que do valqr dos Cor^Ur 

git^zes ; porque todos sa empenbirslo 

^ti^ . conquistar Praga^ fronteirajs , 

havendo ser o principal , e uaico obi*^ 

jecto a ^mpreza de Lisboa;-:poFqi)e^' 

CO corfando*se a cabega , acabav^ 4p 

bum golpe o corpo de huma Monar-i 

chia : qpe D. Luiz de Harp fora des-^ 

baratado sobr^ a Pra^a d'EIv^s , e 

p. Joao d'Austria depois de haver 

ganhado Evora : e que se buns, e mi» 

frps se r\1io houverao dilatado nesta^ 

fimprezas de poucas consequencias j 

€ tqarchassem a.Lisboa, lograriao co&r 

IkQl 9s seMs iatenco^ ^ e n^^ ^4^0 



295 

Ittgar d uniSo das forpas Portuguezas, 
ao passo que desbaratavSo as pro- 
prias:. que ScipiSo sem Cartago nao 
triuhfaria dos Africanos, e Cezarsem 
Roma nSo conseguiria odominiodo 
imperio ; e que sendo maior perigo 
dos conquist adores perder batalhas, 

Sue ati esta fortuha dos conquista- 
ores 08 destruia ; porque, nSo poden- 
do comprar as victorias sem o prego 
de rouitas vidas , se arruinavao nas 
feiicidades ; e por conclusao consistia 
a conquista de Portugal em ganhar 
Lisboa , ou ao menos a Villa d^ Se* 
tubal, para que huma s6 ac^ao ar- 
rastrasse muitas consequem^ias , e os^ 
soccorros maritimos pudessem susten- 
tar hum dos dous lugares, que se 
cohquistassem. Tal foi odiscurso^que 
exp6s a EiRei Filippe o Marqucz 
de Carracena. Approvou ElRei a re- 
solujpao; e nomeou ao Duque dc 
Aveiro General d'Armada , e o man- 
dou passar a Cadiz apparelhar trinta 
Navios, e vinte Gal^s , em que ha* 
Tiao de embarcar oito mil soldados, 
grande Qumero de munijfies, manti- 



297 

ftietitos , e petrechos de guerra , que 
nSo teve effeito. 

No principio de Maio , chegou 
o Marquee de Carracena a Badajoz 
corn oseu poderozo exercito. OMar- 
quez de Marialva prevenio outro, ^ 

No primeiro dejunbo se pozem 
marcha o exercito Castelhano com 
intento deganhar Villa Vifosa. Con- 
stava elk de quinze mil infantes, se* 
te mil e seiscentos cavallos , quatorze 
pe^as de artilharia,' dous morteiros, 
grande numero demuni^6es, equan-* 
tidade de carruagens de manfimentos. 
Entrou o Marquez o tirretorio de Vil- 
la Vi^osa , dando no dia 13,6 14 os 
primeiros assaltos aquella Pra9a , a 
que OS valorosos defensores rezistirao 
com valor, e admira^So do Marquez 
de Carracena. A 15* intentdrao os 
Castelhanos queiraar a cstacada ; po- 
r6m, sendo rebatidos, perderSo osin- 
srrumentos desra operagao. 

De Extremds parte o Marquez 
de Marialva a soccorrer Villa Vij osa. 
Consrava p nosso exercito de quinze 
mil infantes^ divididosem vinteeoito 



, 298 

csquadlr^es: a cay^H^ria secocnpunhft 
de cinco mil e quinh^ntos cavalios} 
porapunha-se o trera da artilharia 
de vintc pe^as, e tudo o mais pre^ 
cisQ para a manobra: . era Mestre de 
Campo General oCpnde Schomberg: 
General de cavallaria Diniz de Mel- 
lo de Castro: da artiljiana D« LuU 
de Menez^s , ^ntrando t\este exerciro 
quasi toda a Nobr^za de PortugaU 

Aq romper da manh^ 17 de Ju-» 
nho, distribuidas as ord.ens, e signa^ 
]ados OS postos, se po^ o exercito em 
iDovimepto: forroados os dous cxerr 
cifTos np sitio de Montes-Claros, se 
dividirao os Generaes pelqs postos 
ynais importantes. OMarquezdeMa- 
rialva, depois de haver corrido codo$ 
OS postos com semblar)tealegreeri80<» 
iiho, proferio estas palavras. 

(c Segunda vez, valorosos soldat 
l^dos, porDivina permissao corre pov 
«mir}ha conta exhortar-vos a copse^ 
i< guirdf s, rompendo pelos perigos de 
<f huma rba^alha, as consequencias d^ 
♦<huma. victoria; e se t}x priiiieirs( ^ 

f< n4 pccasxao de Ifinha^ i^&yi$^ jVliT 



299 

^^gtHes as QQfsnbars mdes^for^osiis^ 
4fh^ agora raziio, que as ardiets if> 
«f venciveis ; pois ae muhiplicirio dc 
i^isprte as expcriencias dovosso yaloi% 
Me <la vossa felicidade, que podeis 
f* corner ejta victoria (que supporrhn 
.f< infalJivelmente alcan^ada) corab tri- 
?« buto indi^entavel , que vos-paga 
^f » fortuna. Cpmpunha-se o pcqueno 
«exefcito, com que rompcmos a« 
vJinhas d'&lyas, de poucas tropas 
/^<pagas, as mais Auxiliares, e Or- 
^ denangas : e. com este inferior par-. 
^^tido vencemofi ham exercito forti- 
"fiCaado, numeroso, e veterano : se* 
.^guirao-se a cste tao raulriplicados 
,w e gloriosos successos, qiic, ainda que 
<f o tempo fora^raaisdilatado, menSo 
^<padera dar lugar para referiHos : -va^ 
<^ha^se cada* hum -de vos da suame^- 
ifmoria, que he o melhor mappa^ 
f^em qu-9 cpstumao debuxarfje- as 
^iKf glorias ; lembrando-vos porcm- dat 
/^ c^mpanhas antecedentes ; porqu« 
Hjprto muitat as circunstancias ma* 
<cp:avilhosas da batalha do Canal' v da 
i^f$^ypefja§la!d'£yora^ da bataUiaii« 



300 

if Castello^Rodrlgo , da Tomada dis 
«< Valenga , e dos progresses das Pro- 
Mvincias de Entre Douro, e Minho, 
«6eira , e Traz os Montes, que, nao 
ccpodendo desenganar a arrogancia 
«de no^sos inimigos, esta os obriga 
«a buscar-nos na desordent, tendo-nos 
«<por invemriveis no valor; porim 
€c vencendo as nossas ^xperiencias at6 
<*a incontrastavel ligeireza do tempo, 
« temos conseguido formar o exerci- 
« to era perfeita regulkridade, com 
c^vantagem singular no sitio, queoc- 
"cupamos. Espero, que rebataroos o 
<<primeiro impulso dos Castelhanos, 
«^ na certeza de que esta priraeira ac* 
<< f ao nos segura a victoria; porque, 
«como he tao distant^ adivisao, que 
<< fica entre o corpo de cavallaria , 
«e infantaria iniraiga, e tamberaem- 
«<bara9ado oterreno, difficultosaracn- 
<< te podera toraar f6rma o exercito 
«*de Castella , desvanecido o irapeto 
<j^do primeiro combate : e corao re^ 
^'conhejo, que soi^ todos tSodestros; 
"que nao dependeis de niais ordens^ 
«cque: das voss^ expericncia^ , erectt^ 



301 

cf^tai oque vos ensinaremos accident 
uxe$ deste conflicto , valendo-vos da 
€i doutrina , que aprendesres nos sue- 
<c cessos passados, econseguireisinfal- 
^t livelmente na presente occasiSo su« 
«<perior victoria a todas as ootras, 
ctque tendes alcan^ado.^' 

Esta falla cxcirou nos cora^des 
de todos OS niais ardentes desejos do 
coinbate, e de praricar ac96es dignas 
de iro mortal niemoria. O Marquez 
de Carracena tambetn animou osseus 
soldados com outra falla ^ arguindo 
aos Cabos antecedentes, desapprovan- 
do o seu sy^tema, dizendo : ser Portu- 
gal muico grande Reino para se ga* 
nhar Pra^a a Praja ; e muito peque- 
no para resistir d perda de huma ba- 
talha , principalmente nao> podendo 
ser soccorrido dosseus alliados, senSo 
pelas incertezas da oavega^ao : con^ 
cluindo, que, se ganhassem aqueija 
batalha, se podia darsemduvida Por« 
tugal por conquistado. O Marqueas 
de Carracena subio ao alto da gran* 
de sf!rra da Vigayra , que ficava enx 

igu^l distancia de hum , e outro cor» 



302 

po» Arhx^da hum , e oufro exerctto,^ 
se dea pfincipio a bataiha is oitohb^ 
ras da inanha; e for tao violentay 
qiiej-^dcipoie de sete horas de combate,^ 
ds.tres -da tarde cederSo 08 inimigoS' 
a victoria, e obrigou o Marquez de 
Carracena a retirar-.se , seguido -do 
Duqire de Ossilna , cjue como parti- 
cular havia assistido nesta campailha/ 
t de outfos officiaes , e pessoas de» 
grande qualidade. O Marquee de Ma- 
rial va^ .vendo, que a infantaria per-* 
tistia em pelejar, marchou com os 
Tergos da segunda linha, e rexerva; 
€ investindo acabou de desbaratar 09 
Gans^hanos , e entrou victhriozo , e 
triunfiinte cora o exercitp por VilJa- 
Vifosa, rendendo-se, antes de chegar 
dqueHa Praga, hum grande corpo de 
infantacia, que sc havia retirado de 
fiorba. Com esta victoria ficou tao 
pyostrada, e abatidaja vaidade Castfc-» 
ihanay que nao s6 Portugal :, mas to» 
da a E'uropa , triunfou da sua des^ 
graja. , 

Passarao de qtiatro mil morfos^ 
^p» GcicJbo^ia caoipaJiJKi, 4oexer€ita 



50'3 

lie Cagtella^ c dt seis tnil pffizibht?!- 
roM\ era que entrirao muiteis Grander 
de Hespanba. TotttarSo^se tres mil e 
quiflhentos cavallos, que se dividirao 
pelas eompdnhw* ,- e pfrlo Reino, 
^uat^rze pei^ai- da artilhai^ia , dous 
morteiroSj •quahridade de baias, to- 
days as armas da- infafttaria ; p6rque 
toda>a que s^a^liou n^ bitalha f5cou 
em. Pot-tugftI t oitertti feseis Ba^tiras 
de infantark , de^oito de fatrsllarift, 
OS timballes do Marquee deCal-rate- 
Ti^\ e do Prirtcijbe de Parma, •e^iutras 
inuitas cousais inais perreficeiit^s^^d 
cxefcito. - 

•- ' A tio^ perda nao passou de se*- 
t^cerYtos rti'6Tro^ :*- os feridos* passdrad 
de dous mil. ' 

' Ch^gando 6" ex(»fcito a Villa- VU 
^osa , entroa b M'a^que^ de MatidivA 
tth Odadella ,^ 6deo os seus a^'iddd*- 
iftt^itos aos--v*l0rbs6s Sfeldsrdfe&j qW^ 
com tanto credito de suas pess^ttfe, 
c gldria deski^itestendenr^d, se acha- 

Logo o Marqfuez de Mi? 
xDandou dar parte, a ElRei destt 



304 

ccsso; e chegando, a noticia no dii 
seguinte as sere horas da tarde, bai- 
xou EIRei , e o Infante a Capella a 
dar asgra.^as aoSenhor por tao assl- 
gnalado beneficio. Da Capella sahio 
EIRei ate d S^, acompanhando o 
Santissimo Sacramento , que levou o 
Bispo de Targa (eleiio de Lainegoy 
e voltou ao Pago acompanhado da 
Nobreza , e seguido do Povo , que 
cora vozes dealegria applaudia huma 
tao grande Victoria. 

RecoJhido EIRei ao Pajo, des- 
pachou o Conde de Castello-Melhor 
}|um correio ao Marquez de Marlal« 
va com carta d'ElRei ; em que Ihe 
agradecja o valor ^ e acerto com que 
havia procedido, e outras para os 
Cabos, e Officiaes-Maiores, e ordem 
para continuar nosprogressos, na for- 
ma que julgasse mais conveniente 
ao credito, e ucilidade das suas Ar- 
^^raas.- - . 

Foi esta a ulti-ma das seis bata- 
Ihas, que os Portuguezes ganharao 
aos Castelhanos, depois da acclama^ao 
do Senhor.Rei D. Joaa IV., e a vi- 



y 



ge^gtifnv ffrhnemi contanda: as de ou« 
tros Sectti^s , como dizem os EscrU 
ptortSj'^ientreelles o Conde da Eri- 
ceira, al^mide tnemoraveis recontros^ 
em quo os: Portuguezes sempre sahi-* 
rSd victoriosos; Todas • as Na96es da 
Europa adminarao. a viptbrta dc Mon<* 
tes-iClascm £lla^ decidio JuititDameDtei 
da sorte de Portugal ,..e da desgra^a. 
de Gasrella. '.o 

O Marqtiez de Carracena , reti- 
rando-se a-Badajbz com as. poucas' 
tropas y-qu^. escap^rao.da hatalba , es*. 
creveo a El^ei dando-lhe parte da in^ 
felicidade: , que havia padecido , di» 
zendo: que, observando os preceitos. 
militareS) atacara a bataiha com fir* 
mes esperafi^asida iviotoria: que a. 
pleiteara com grande ardor todo o 
tempo^queJke fora possivel; por^m, 
que, depois'de passadas muitas horas 
de furiosofcombate, fora desbaratado 
com .tat>LConsid?rayeI'perda do exer* 
cito de.t^QntygaIv'.qu!e.'hi?e9emet)te de* 
term ina vz peneMnir a Pr o v incia do 
Alemt^jo , ^:f swluyao de q»e esporava 
a CQQsequenctt: -ite > felt w&. :$uccGts$os 9 

y 



306 



por^tn^ qjieyparaexecti^aT«te]id:entc>j, 
necciiita^a : de. jsoccorros -piiomptosv* 
de.gente, edinbecro. fisca-caiHa^ leva* 
da por Jram yeu< confidefate , foi cn^^ 

tregue n^ raaa d'ElAriv 'q^«^ o achou 
no Bdm^'Rertro; e quando a"Iia, che* 
gandb a]qin?Ue:pontO).iefD' qde cMarf* 
qjues dedariiva^, que a'^eroifidi.fora: 
desbaratbdo^ a^ deixou : caliif das maoiPy 
dizendo: r: Parece , que Jo cjuifre 
Dids::: e semidar: oucra .reposta ao 
Official,' que Ihe levOB^^a carta, ae 
recolheo com mostras de grande sen- 
timento. . ;^ :- s v "* 

PoucQs dias depois^de irquartela- 
do a exerdto, vokou o Marqaezde 
Marialva aiLisboa a recd>er os bem 
merecidos * loavores de scu heroi»^ 
mo.' 

O Marquet de Carracena deze** 
Java mostrar aa Mundo o dezejo, em 
que estava de ^ednendar amio succesi* 
so de MoBtesKCFaros ; por cujo m0ti<^ 
vo , naor poebAdo ' >conseguir maiores 

Erogressos ^ fazia vanras entradas em 
igarea abertosi, e TquaslidespbvMdoa, 
e coiisegitia refibhirciii-^ ^este^ racces^ 



^7 

tftolos' dd'Cids/des populosas aos Iu« 
^ares em qiteerttravSo. Por6m, conhe- 
cendo-sit>a engano» excitou contra si 
a-Taiva dos 'Castelhanos , que Ihe foi 
riiais serisivd , que a perda da bata- 

A iS'de Outubro sahio bConde 
cfePradd ,- Gdvernador das Armas de 
Entre-Dburp'e Minho, com o exer- 
cirb em camp^bha, passon oRio Mi- 
nho junto '^o ^Ftjrte deGaydo: dete* 
fii^se* dcfii -dias para aperfei^oar a 
forma da marcha; passados eH^s, a 
cdntinuoti era tfes linhas, e eritrou em 
Galiza sem'ppposij^o. Depois de sa- 
queado dfe^rJctd de Val de Rosal^ 
j)assou asperisfeimas Serras , d des- 
truio osr'Valles de Minhoz, e Frago^ 
so , havertdo .desbaratado a Villa dd 
Gondomar. I^qpois erapregou o exqr^ 
c;tb/ein'*ssquear,.a 'Villa .de Boucas. 
que 'fitV sabi^^ 6 mir . junto a Vigo* 
Luiz Poderit6|'Vi^e-Ri^ ':de Gfaliza^J 
j\intoU Hiirba njrf Infantes/ e ditocen- 
to& 'cavaflo's^j^^e becupou a Portel^ de 
S. Colmkclb\ ' sitio , por btid^ 6 exer- 

V 2 



308 

cito havia passar, querenda contmuar 
amarcha. Logo que osnossos osavls- 
tirao, marcharao para Redondela, e 
lassirSo da outra parte da ponce de 
Pampayo : occupou o nosso exerci- 
to o sitio de S, Colmado; e foi no 
dia seguinte queimada a Villa dePor* 
rinho, e nella as fabricas de farinhas, 
e biscoitos , que alimentavSo o exer- 
cito inimigo , e de todos os iugares 
destruidos foi grande o despojo. De- 
pois sitiirSo a Vilia da Guarda , cu* 
]0 Forte se entregou por capitulagao 
a 20 de Novembro. 

Neste mesmo anno a 7 de Seteni- 
bro morreo ElRei Filippe, na idade 
de sessenta ehum annos^ havendo rei« 
nado quarenta e cinco , e governado 
Portugal dezenove annos e setc me- 
266. Casou aprlmeiravez com aPrin- 
ceza D. Izabel de Borbon , filha de 
Henricjue IV, Rei de Franca, de que 
teve oito filhos, o Principe D. Bal- 
thazar, que morreo mancebo, a firin* 
ceza D. Maria Thereza, que casou 
com ElRei de Franja Luiz XIV. , og 

scis mpiTcrSo xneninos, Casou segua** 



309 

fli vet com a Princeza D. MaHlarini 
a*Austria.' filha do Imperador Fer- 
nando ill. dfe que teve tres-filhcs, e. 
iitima filha, que foi D. Mi^Ygarida de 
Austria ] ^rirtieira raulher do Impera- 
db/Lebpolddt. Jaiz sepultardo ho Mos- 
feirt) "do Esborikl. Deiiou o gpverno, 
dti RSino entregue 4 Rainha na me-, 
ftoridade de 8eu fifho Carlos II. , que 
Ihe succedeo ria Gbr6a , de cfue hou- 
verSb perigo$as dissens6es chtre ella,' 
C' D. J6ad d'Aiistria. V 1554 

' '- A 20 de- Janeiro niorreo a 'Rai- 
tikt de Franca D. Anna d' Austria', 
MSid'ElRei Luk XIV. 
- " For este fcfnpo passou EIRet IX 
Affonso -^ SaT^arerra , acompanhado 
db Infante D. . Pedro. Aqui recebferao 
a' i)6ticia da Wblestia da RainHa sua 
MSi; qtie por cartas participou ^ seus 
filhos o est?d& dar'^ua saude, e se des<^ 
pedia delleSj'deit^ndo-Ihes suas naater- 
ftalts benefits.- Dizia^a carta d'EIR.ei: 
u;i;d tfcFilhoVfico em tal estado, que 
A^dUVidSo OS Medicos da minha vidal 
^e'eu com dies entendo', que nSo 



\ » 



• 

«4 porquje ,i»P s^i,,^? apefnpa dar;^ Hog 
wgar.^a.iOUjfr? I?reven^9fj ff» apeffQ 

(.( alma , '^.^aphandp-.njKe jmpos^{3)iiUta!r 
« da p^n^o ^sscaf g9.i4pl{aj s^ ^jv.^ 
« cotpo ipeu. ^Uia, .RP??P,v fax?r ,^^ 

«« cpi\ftjinjf4n;Tijd.o ?^4^g<»> le»9W^«3 
♦« dp; vop <tqf eSpu. WKsg-^jNl^j ^, e t«d«» 
€« efvpero de. .v6s , qaa^o^ reconjiiejai^ 
((.af;, pbr^gagdcs C9ni ..q4Ki iOftscestjS^ 
«<Aqui espero a nvort^ .en(tr^;.a8 ifgri-^ 
<< n^%,d9^.u^;U€S 9'rque'ifalla,-«uido o 
(( nieu, inaior e^ntint^nrp Oi&ey djssao^ 
i'paro. Pego-»05, <|ue-v d^ppirde:.^ 
<f |ZQc4?s' o x^ue dey«jf> ^pela mlnba a}- 

44 « i^iiiuinente quej,^K>^-t^ir)haB:jfi|n^ 
(«,d«g6e8 acabeis de fazf c ,0 q«fe:|i][«3 

^*'fll^' P^lfoiittir que, . mcai^l sfmi^i^ 

**^\V>* P9nq>»e sd ,:eftaniE<»hft qoe 
«< dttx»enifw „ad»cjtig«U?-yosy , gtw ff»A 
♦tn^Q, Iw d«pPeo|», 49ifpe4ir,^oj)|a ^ 



f€ lade r^^valfllbcif , r cfne es^en) guac* 
iide, e defenda a Vossa Magestadts 
fi jafgpit^ <9^-/dizGS ? a«nx»c iiXabrega^s 
fi^6 4« FeY«!Ki«c>rderjj666;?' : 

-ns^^^ni loq it 'p •(• <Ra]fifla« • ".-i* 

• J . Diz/%1 a ^Cait a do. Ihfa me : 

i(durarcf^Ti4a!^ike tSo poa^o^ct^ttcisor 
ii^Mtknl^tmi vejo lacab^r. Sou V09. 
#isa Mai ,');i^>esrand0{iie<)cao(iinho 'p»- 
<« raf a :>9eflti]tQra ^t.i&a'os^rit^quch) ^die^ 
ff.X4r^efli^ a)(in^!ial bco^a^<>£oin ieUa 
#^:yoa>cnQOifnikffndof'Q^enH7n dcrDeoa, 
^^t a* obcxiffinct]! dovoasejvoiaa^i^im 
cC'^uej^vo^-iica toda aLfelicixfodei e 
f c ij^timafkiiem e bite depdr da!m>^ha 
M Qionte iros iemDceb'dapininha :alai»y 
4<.qUA iddaid^^ts aemea aofabr.^ Deog 
«cvp9 guarde felizes , '% diloxados aiv- 
«<:abskr^al]r^p9 26 derBenrmIro de 
4< i666i^* ' • . ' ' ' ^^ •^'  * 

{ I. . ..■-'.: - .1 V. ifiaidha. . ' '- 'i 

r * 

' ' / A^ carta paira ^iia filhtf ^a^EainM 



sin 

'assim: ' ^' iJ-rrS^ .!; -^ . '. 5 

irKilhay: o temf>b\)U« Hf^ p6de 
ccdurar a^ vida^tia obsdsi^o em- qim 
€€ roaddo fazer es.ta a Vossa Mages* 
ictadeuWf^ pouco, que por instan-r 
€€ tes me rejo acabar. O estado, em 
€€ que ttfe adio^ de pfe^efite ^^ iiSo di 
"« lugar^atnsBiores legiKiosv'ifue a mN 
-uuhwheo^io^^ jesta VQpr lango'^da ca^ 
<«iiaa efiii/^que .ficQ^" leifibrando^vm 
4iccom.:cdJajp'Jiig^F etii'que esi-ae^; e 
wir.as (sbfigagtiesf • com a:jae fostes pare 
ni^lellnrrvTOisiif^inKjda I^greja Gathoika^ 
,«cauida;j marist)iqoe(>miiiliarr«h)o vof 

«^( r& V fiando>do vosso amoi^oque vot 
Hf iembrftreda muita da : mmlia aima ^ 
ff que TQ^lo soube «u mffrecer 'em inW 
f I fiia Tidar; Xabregaa^dUei^everei^ 
4c ro d'e; f 666. • ' ': > 'w' rK!!<- -^ »•• ^> 
< . ;Ec» tflmbem. oes^dffll s&ta'^ fei^ 
ra o seu Testamento , em que ncK 
meou .a.iElKH seu filbo berdeiro, c 
Testa men teiro. 

No dia 27 Sabbado, recebeo q 
Viaiico por; lonSof 4o Vi\gama.clo€ Oli* 



813 

♦Jjifer, pof Tlio fattflrno eicempl(^'dil 
tobediengiaii Fregwezia. AVdez Ikv^ 
ras da wanhS se d^o>recarfo i Rai- 
fiha da ch^gada doM^n^n^ 6tG6uH 
V)ea/Mortdomo-M6r d^Efft^i seu fi- 
lliOi^^'Smifio de Vasoonceilos eSmn 
tta; &Qfje'rmdor da Casa^dn Infante > 
<|ue'^nnibo«i>ihe.trai$f^ ^^repcsfa 4a9 
soa^t cartas. AlandoovRue'entnas^eiD^ 
e aiQbps^^ IJie beijardo <Br<mio ; com 
gvmde.MitriroensrcbUraipeff e Ifae erv^ 
tr^r^Ti^s cairtas^i !e adei|ii^didos<^o» 
Fidtttgofft'lavntandau Itn^^-^j i^c€fti(iisi9 
cmn mnijfa uBCtea^6.'^.£]^aia a/ cai{t» 

<r esra mMt ,f que pbrociartll de Vrosit^ 
u Magertaderrecebo^ fic^^d^'camtnli^^ 
<<'ctin^<ddda>a pre8sa;'*'p^cHlbdbraDeo^> 
a cfkjt p&^ina ztenhsi ^u aconsola^ao^ 
cede beijaria naao deVossa Magea^ 
« tade, e, para que seja a Vossa Ma- 
ce gestade^presente esta minha resoiu- 
€i^iOy despacho aoMarquez deGcu- 
uva^Asn (MordomorMAti ordbmin^ 
<<do-|he que com a maior hre^idaxi^ 

«fjcI)eBiK{.ffi& p(£s de 'Testa Mag€sta* 



JL» : i Zfl''V. ^' ' ^^ ** 



M 4e todos seJ4 :de matidra r^^qu^ eu 
UP nio fafa aibmpo Aero dizer ^ 
i^Yossa Mdge3t^«, as QbWgapd^st d^ 
a ft I ho de 'Vtssa - Magestade com , que 

^<'e conforme aisBb ejtpertflieftbafia 
f € ad . pessoas r, i^^^tie i serv'iiii (ii < V ossji 
(( Mageatadfif rx^t^rrhiais,; que iseiv mim 
^tfora , csti rm> <;b os serTii^toSy que a 
ur Vossa iyEaj^s{sidejteiErifiiito,jio»qui9 
Q flsv: fandapSes 'de, Vo»a ^ag^^c 
^aj4idarep com! fiodo o calor^^. 'tcnso 
Hipm estaf.'crftka.'fa^ ; € espmb em 
<c Decs , que ha de dar a Voasa'^aMaR 
^^^igesta^ie jsto. queTefirb«<^dttatde .Deos 
<%9 ileab ^9soa*.de Vossa. Magearade 
<#i6oiTio. d^ejo^ e hei mister* SaJira* 
^f^tsttsai^G di^ Fevereiro de 1666; Ben 
«^}a:aa maos de Vlossa Magettadf o 
<<^sea muito obedUente fiiho4 : - 

;i G^ntioha^ a)icarta do Infinite or 



315; 

y tSft;4y)«da^j'efgr#s,plid*era' «pli- 

<ttW>r«if^Q.^ :dq)0{i$. der haver recebidq 
fl ?jrfW'W <) qj^« Vps^af'Magesi^de me 

4^{^nM^g^Ude o i^mo corre^poo? 
«ttIwbMfilBgr«TJ^s ^f^wre^ ^osidn* 
M'li^l^nfo,' qU9 d aliiia:psi4ece naoon-^ 
i{;$i4i?rdSaA4a fak4'^i^^initao gram 

^^4mh*p«>,^fietp4d?^^er'i q»ofllpeU 

^^)t<ttrii90< . de,yiO«5arfttig^4^^i?aQ 

<<j.§ B«i:t<)li^di^twjai. 4?EU^«a! mivt^ Sth 
f6 nh^fi'Ficrt da : MifeSf icpicfHa rDivifiarv; 

^'fffteme»rtt-q*ierJM4§idaBr.an ajVnws* 
*-lM4N^e«ft4* por,ttift**f>s§nnos:*^i<Uf 

*Jfl* M«l« JV4a^f§9«^igMi»rd€rDew7 
^^como eu mais que rodo^ dezejo^ 

"oS%]w«wr< 26 i^effcjfiiro d« 1666. 



y 



316 

*  Ottvindo a Rtikiha estias dirtn 
Cdm gr^nde ternufa, esperava aiifeto- 
sa sefus filhos ; por^m v^ndo qfre- hiei^ 
vinhSo levantou- a mao ; e kii^oit ti 
benfao para a porta ; pOr ohdfe ell^ 
d^i3o entrar. JfeVoito horas etirrotr 
ElRei, e Infants ac6mpanh^^^\'d<i^ 
Goride de G^«tcllo^Melhor, cdfe Si* 
mlo de Va$cf6tteelk)s; puzerSd^^e de 
joelhos, e pedir^'a sua MSi a beO'*- 
jao, e nSo podendo ella ji rd^pon- 
dei^lhed^ mai^' ^iie com a tefniH^ dos> 
olhos, Ihe tirou «>rtlao q«fe^ cHftfra 
Cttbefta D. Izabet dj8 Castro; scti« 
filhos Ihe beijdfao a ibSo, e fc&a c**' 
ta ceremonia , Veltfil^ao ad PafO ; e 
pouco depois kt ]K)v^ horas da noire 
expirbUy tendo reeebldo todos OS %- 
crimen tos, e pedido a todos geral- 
isrente perdto^ cotttdndo cinGoeiitft'e 
tr^saiinos, qtKiritytibeteS} equiilzidias 
deiidade. . j > - ^ ' < 

> 'Ew virmde -do iseu Testiiliieiito 
foi o seu Real corbo depositado na 
Igreja des3 Corpus Christi s=: no Hos- 
picio «dos. Carrbclitas Descalfos, era 
quanto se nSo acab^ra a Igreja dp 



lAosteiro dag R«Iigiozks Descal^ks de 
Santo Agostinho, (\ue ella havia fun«> 
dado, e dorado, Porem logo que, die 
se acabou , foi para ahi trasladado o 
seu corpor por seu neto, o Senhor Rei 
D. JoSo v., a 17 de Junho de 1717, 
onde. Jaz de traz do Altar Mdr. 

For morte da Rainha se entre* 
gou EIRei de tal sorte aos seus di-* 
vertimentos j que o governo do Reir 
no estava todo no poder do Conde 
de Castello-Melhor* Isto nSo obstan- 
te, mandou continuar as obras, que 
sua Mai' tinha principiado, e tomou 
em muita considera^So toda a fami* 
lia, que pela m^sma sua Mix Ihe 
foi recpmmendado. 

'i^cste mesmo anno se ajustou o 
casamento d'ElRei D, Affonso VL 
com a jPrinceza D. Maria Francisca 
Izabel de Sabo/a, Duqueza de Ne--^ 
xnottrs, e de AumiMle, <por Francisco 
de Mello Torres, Marquez de S^n*. 
de , e Conde da Ponte, conao Procii- 
rador , e Embaixador extra ordinar 10 
d^ElRei a AfMor-iHl C6rte de 
Franja..; : «^ .. 



5a is 

' De Pariz partio a Pf iiiceta a 29 
de -Maio, chegando a Arrochella em 
rinte e dois dias, cento e vinte le- 
go^$ de Pari?, aconipanhada do Mar- 
quez de Sande-j e outros. Vindb em 
huma Armada dfedez navid^ deguer- 
ra , em que ernbarcou a 4 d^ Julho , 
chegou a Li^a a 2 de Agbsto, dan- 
do ruhdo na Jonqueira- ao meio 6iai. 
Abordo da Capitanii chegou o Con- 
de de Castelio^M-elhof, e a Marque- 
za sua Mi\y a quern ElRei havia no- 
meado Gam^i*eira-M6r da Rainha , 
Hcando a Marqueza assistindo a sua 
Ama : voltou t) Conde* a 'buscar El- 
Rei , o qilal* sslfiio do Pa'ja & seis 
horas da tarde, rlcaraenre'Vestldo, 
acompanhado do Infante. Chegou o 
Bbrgantim d'ErlRei d CapitSoia, em 
due a Rainha vinha embarcada. A* 
porta da Camara. veto recebtr a El- 
Rei. Cheg(y6''b rlAfg^t a .b|iijar-ihe a 
mSo* e nfo coftsentro que ajocflhasse. 
N(> dia Jegoinr^ fol 6 desemBarque. 
SejijifidoB o3 Monarrfias de roda a 
Cdrre^ ^e apefirSo ja denoW lia^gre- 
ja das Religiozas Flamengas B.eca- 



319 

kta$ (3a iOfdeifi So meti Padre S. 
Ffanrfsco, Convfento que fica onidb 
i Qainiiard'EJRei, chamada da Tai 
j^adade Aicanraf^-, que eitava pre* 
venid» para sua a$sisceticia , os dias 
^ue fc^sera rtecessarios, para se prepa^ 
taK&-$ua eiitrada em Lisboa. Langou 
as bertfSes aosdesposados o Bispo de 
Tar^ 5'afe'ito de Lamego , e Capel- 
Wo-M<5r. Ac^bada a ceremonia , t'or- 
rt^rao -OS Reis a entraf nas carro^as, 
e pas^ifao o breve tranfeitd, que fica 
dft fgiNrja fi>c>fta'da Qulti^a. Acbm- 
panhau o Ihfartrie c& Refe are i por- 
ta da segunda anW^cSttiara , e se r6- 
colheo pat'a a Qtlltttlst de'Luiz Cezar 
de Menezefe. queUe^Jfet havia preve* 
nido^ poi near pouco distbftt* d*E!-^ 

Re%. ^^:^^.-5 ^- • ^ . '..... . ? 

Pducd depoM paTtio a Armadd 
paraPwnja ; e aea{)ad<W oS arcos tri* 
nnftfes; qvie- eHo ddzeveis , enffdi;3o 
OS Sieis (tffl Lisboa ti' f 9 'd6 Agostoj 
on<ft: stf'AzerSo ffiwlfis, e gratide^ 
fero^'l «Uia chegida.\Pbiifca disfttn- 
ci«id«»pritoeiro'arc!d e«avi kvantado 
hum th«atrO, qae^06cap4va Pr«ii 



320 

^ente do Scnado da C^mara^ Verpa-* 
dores, e raais Ministros daquelle Tri- 
buhaL Acabada a Oraig^o, qu>e Ihe 
fez ChristovSo Scares d'Abrea, Ve- 
reader mais antigo , e.ntregou o Pre- 
•idente da Cainara Ruy Fernandes 
de Alraada as chaves da Cidade a 
£lRei , qye ordenou as desse d Rai- 
liha, e ella^ acceitatido-as/Ihas to^- 
J10U a entregan Entrdrao os Reis na 
Sd, onde se cantou o Te Deum Lau^ 
damus ^ e depois se fecolherao ao 
Fafo. A Rainha seagradou rouito de 
tanto applaii$0, e magnificencia, com 
x]ue foi recebida nesta Gidade. 

No dia seguinte ao da entralda 
d'EIReij sahio;© Infante da Cdrte 
com a sua Casa, e foi as9istir na 
Quinra de Queluz, duas legoas dis^ 
tante de Lisboa« Por6m adoecendo a 
Rainha, vinha o Infante varias vezes 
de Queluz assistif^no Pa^p, ei noute 
se rorriava a recoUier i dira Qiiitira* 
Por evitar este incowmodo disse a Rai* 
»ha ao InfaAte ser raelhor assisrir na 
C6rte-Real dur;ante os dias. da sua 
'Mestia, o qMe^elle acceJfjOM. ; r.. 



321 

f*' Melhorando a Rainha V sc con- 
tinudrao as festas^ que tiverao prin^ 
cipio a 15^ de Oucubro. 

SeguirSo-se depois as didsensdes 
€fltre EJRei y o Infante , e o Conde 
Ae Cattello-Melhor* ; por cujo moti- 
ve sahioeste da C6rte despedtiKlo-se 1667 
d'ElRei, andando algum tempo in- 
cognito em PortugaL Passou incognn 
to por CastelJa a Fran9a , de Franca 
a Saboya, e de Saboya a Inglaterra; 
e em dezoifo annos.^ qae eateve au-* 
^rite da sua Patcia, procurou sempre 
OS interesses, e a\gloria de .Portugal^ 
principal men te na assistencia da Rai- 
nha D.Catharinadelnglaterra, qulan- 
do a furia dos hereges se conjurou 
contra a sua ionocencia , e incompa* 
raveis virtudes, como veremos, tratan«> 
do desta Rainha « e por sua media-* 
fSoalcan^oud'ElRei noannode 1686 
licenga para voltar a este Reino, e. 
assistir na Villa do Pombal com a 
8ua familia , e pouco depois Ihe fot 
Beirmittido o viver em Lisboa. -Foi 
J^uiz de Vascoaceilos e ^oaza IIL 
Gonde de CasteUoMelbor; Senhor 

X 



 .\. 



32? 

do ^itieljhM^ Almecufoary e Kouta 
S^9{a ,t Akaide^Mdr , • e tGonimenda4 

dor GO PombaJ, Seohcr doConda^o 
da C^alji^tja V Rcppsbetro-'Mcir , Escri- 
Y^Q.dli BuridadCyidiDiConselbb d'£sta<» 
do:,*'§ dfpoia 40'C<'tiscAfaorid^^thdk» 
do ^^hor Reii D- Joao V, . Nascea 
ejpi i6*^6 y' e morreora: ijide Agosto 
d^ ijlOi Foi Mimstaro theio de^ie^o, 
MJgHahcia'^^ e mutti eapaioidade. \ ' i 
^ . Auseate. o Gorifle: dc Castello-i^ 
Me]h$>r dfl as$istj^x0ia d'ElRei , in* 
t^iidw .o Iiifantq, jk todos os que Ihe 
assi^U^, Icetsadriao'OSfDGvkiieQtos 'que 
pefF^rbiavSo o Rehioci Intentou o Inn 
famse congrapr-se bom ElRei, apai^ 
tandq-rlije do animd todo o receiov 
e deacouiliajifa 5 dequer.^eUe estivessc 
perisusadido; por6in?£lRd nSo so se 
nao cangra^oo, mas c6miebeo:co3i^a 
6 Infante temor , t off to em summo* 
grdo. . '-:* 

Creskjerao as > perturha56cs na 
£Leino; e pareceo o remedio tnaim- 
sftudavel.a tantos nKrles convocarem^ 
s^ Cdrtes^'para que comtaumSo dot 
Tves^J^tadod se di&se^ forma ao ^a? 



323 

v^rno do Rehio, e se paQessem atb< 
lirar -zs novidades escdi]dal0«a&« Ap 
provou 'Olafatfite esra a^imio ; por^m, 
coitio pars o:ajuman»ento dasCdrre^ 
era perci^ar^a toniade d'EHRei^ e e^ 
ta era oppost^ a que 9e fuiies^m at 
CdrteSji t) 'Senado da G^rcFara d^ Lia^^ 
boa represencou a ElRei em huiDfl 
larga Co»iiuIta as isuitas, e grandma 
xnaterias, qae exigiSo a unilo doi 
Tres*E8r^d«)s do R^ido ^ por nSo ser 
possivel derermiwaretn-^e i^tn e€ta- 
rem Junn^s ; mas BlRei • insiatio em 
nSo consefitif' na convi:)ca^^o daa C6r- 
res, ap^kal* de o persuadirem a issd 
TDdos <»C©n9elheiros d*E«tado. Nes- 
ta perpleicidade houverfio varias opl- 
niSesj e fei d reeulrado dijllad erttre- 
gar-se <* gbt'erno a R^lnha, e ao In- 
fante ^ficftndo em BIRei a authori- 
flade se^ e*€fcicio : que b Mar- 
t\fk^ d^ &hde expoz ao Cdn$fi\ho de 
Est^do',e'n3o feve mais efFeito, que 
a ifldigna^^^ d'ElReJ* 

Divrilgando-se a ' iiftcapttcidade 
d'ElR^} para o matriftionio, enrroij 
Oilis^ftbor em tbdo o-povo^ eaRa}-^ 

X 2 



it 



324 

nha reduzida a grande afflicgSo deter^ 
mina deixar a C6rte; e no dia ^\ de 
Noveitibro pelas tres horas da tarde, 
a.ssistida da familia , que a cdstuma- 
va acompanliar 5 entrou no Convento 
da Esperan^a da Ordem de Santa 
Clara; e logo que entrou entregou 
ao seu MordoniO'M6r huma carta , 
que levava escrita paraElRei^ econ* 
tinha as seguintes raz6es : 

Deixei a Patria , a Casa , os 
Parentes , e vendi minha fazenda , 
" por vir acompanhar Vossa Mages*- 
'^ tade com desejo de o fazer i sua 
1^ satisfa^ao , e tenho sentido muito 
'^ a desgraga de o nao poder conseguir, 
^^ por inais que procure! ; e obrigada 
^^ da niinha consciencia me resoivi 
** em tornar para Franja nos Navies 
*^de guerra, queaqui chegdr^o. Pefo 
'^ a Vossa Magestade me fa^a mercS 
^' de dar-me licen^a para isso , e de 
'^ me mandar entregar o meu dote ; 
^^ pois que Vossa Magestade sabe n|uir 
^^ to bem , que nSo estou casada com 
*| elle, e espero da grandeza de Vos-. 
" sa Magestade me inande fazer aa^ 






325 

" sim entrega do meu dote , como 
^* tambem o favor oue merece huma 
'^ Princeza Estrangeira , e desampara- 
^'da nesces Reinos, e que velo bus- 
^'car a Vossa Magestade de parte 
" tio distante. '' 

Apenas EI Ret recebeoesta carta; 
partio logo para o Convento da Es- 
peran^a ; e achando as portas fecha* 
das, mandou com furh>sas vozes, que 
Ihe trouxessem machados para seque- 
brarem : ao que se oppoz o Infante 
com grande resolu^So, e juntamente 
o^Grandes, persuadindo a ElRei com 
fortes raz6c8 a desistir da empreza , 
e voltdrao todos ao Pa^o acompa- 
nhando ElRei. 

Na manhi dodia seguinte man- 
dou a Rainha pedir ao Infante, quU 
zesse ir fallar-lhe a grade da Igreja 
da Esperan^a: oque fez com licen^a 
d'ElRei, e a Rainha o encarregou 
da sua volta a Franga , e restitui^So 
do seu dote : o que elle prometteo 
fazer quanto Ihe fosse possivel. Vol- 
tando ao Pa^o, participou a ElRei o 
iiegooio da Rainha ^ de que jnuico 



326 

le edcan^aUsou. A Rainha hi com 
ps Cpof eibf iiffos d'Ettado 9 ,e com os 
Titulo9 a in^^ma diligeacia , que ha- 
via feito com o Infante, ^clarando 
% todos qu^ a- ^tia pertea^ ^ tra jus- 
tificar em Juizo , que o mat/rimoQio 
^suva nnlUa ^a impotenciad'EIRei ; 
e infprmt^ ai Rainha deqaclao Ca^ 
bido da Sp de Lisboa tocav^ ler Jul? 
4a causa do divorcio ; Ihe ^acreveo 
liuiQa carta , que contuiha as seguia* 
tes r«z6es : 

" Apa(;t-ei-me da companhia de 
fj Sua Mag^tade , qae Peos guards, 
*^por nao hav^r tide cffeito o mfltrU 
^^ moniq , • em. que nos ooncertamos , 
e por nao poder soffVef maia tem-^ 
po OS escrupgjoa de ntinka con- 
*^ scieocia, xjue me foz dissimnlar at^ 
*^ agora Q aqior que tenhoetiKrecem 
^ ^'estes R^ipo^.. Esperoque Sua Ma> 

f^gesrade^ oo^o mjclhor restemunha 
f^ da minhfiL i^z^o^ a dedare ^ para me 
fVr^colhei! In^e^emeote a: Franca, sem 
*^ embacafo i mtnha pessoa , e it>go 
r ao Cabidada _Sant|i Si.diesia Cida* 
^ ^ ia..qyeQt>ppr aeus/JViibisccoe ten 






'327 

^},^,^(^ imniM abreviar, quanto fcir 

^^ possivel , favoi^ecendo em tado'^ 6 

l^^tkC! for jttsto'^ : a . huma Estwfigeira 

^i^migPtda^a.dies^^a der.bS^ipb- 

!V,^r viverjina- terra ^ tpjeMsi^dp tab 

iVi^ogCi bqwaaf /com tant<» goteo^ e 

inpode snako. .cefnfiadameate;>ent^n- 

^'d^f'de tnim'^ociCabido, ipie^ietti to- 

"l^a a parte, eai'Hquc afeiwir*, ^be- 

*lfT^i rcconhpoet ,^ i e agfadtt:er ^^ cbr- 

rieziia, cdra/quenie trac5bVJLM»oa 

%%z de Novcsrabro de 1667.^^ ]> • 

.i'Maria Erancisca Izabd; de'Sfttk^ia. 

..r J:imiou^»e o Cabido^; e llda a 

<9rCa refecida., respondeo a e\h na 

kiraiar sdgiiiotc r • 

« " Lecjse neste Cabido com grsLti" 

t de sentimento acarta de Vo?«a Ma- 

Sg^sHacie,; eicrita em lu do' correa- 

\\<^i par. #carm<is. alfefutenditj a re- 

^ solujao, que Vossa Mag^^tade havia 

^jtomadmy de ae recoiher inesse Con- 

^H/enw^ oora detenoina^Sotdeie voh- 

^ tir. a Fran^) dsBampar^indo a Poi^ 

^OAgai^onde he tlo aititada, # v^he^ 



338 

.^^ Jttko da Igreja o Matrimonio oon- 
*^ trahido entre ElRei Nosso Scnhor, 
"e Vossa. Magestade. - 

" Os termos , ^ Senbora , ordina- 
"rios da Justija, que se permittem 
" a qualqucr. pessos^ particular , roal 
^^se podemnegara Vossa Magesta- 
^^de,.quando as materia^ cheguem 
** a este. estado •, por^ra concorrem 
"neste negocio tantas circunstancias 
"digBat de ^pondcrafSo, que pedi' 
*^ mos a Vossa Magestade licenf a, pa* 
" ra que, antes de entrar nelle, o en* 
^^ comendemos , e fagamos enconaci- 
**dar a Deos, esperando da sua m- 
^* sericordia seja servidOidc oenCami? 
^^nhar a seu sartto intento, bem uni- 
*Wersal deste Reino, e ^onscrvajac 
*^ de Vossa Magestade , a quern c 
*^rqesmo Senhor guarde por felize 
"anuos , concio todos Ibc pedimos , < 
<*de2ejaraos.'' 

ReecHihecendo os . Conselheiro 
i'Estado, a Nobreza, e o Povo di 
iisboa. o perigo manifesto da Mo 
]iarchia> que.flutuava na^ ultima des 
esp^ra^^O de falur zq BLeiao .gof«: 



S29 

no, e a ElRei Successores pek sua 
4tnpotencia , originada da l^sSo com 
que ficara' na enfermidade , que pa< 
d^cera nosseus primeiros annos, con* 
-GdrdarS0 todos ietn datem o goverito 
ao Infante. Por oujo motivo , no dia 
seguinte entrou no'Pa^o o Marquee 
de Gascaes; e eonstando-lhe que £1* 
Reiainda dormiaf, bateo a porta com 
tapta violencia, que acordou, e man- 
dou qua Iheabriss^m. Entrou oMar* 
quez com liberdade^ cbegou ^ cama 
d'ElRei, e Ihe dis«e que nao era tem- 
po de idormir com tanto descan^o , 
3uando se tratava do grande negocio 
epdr termo aos mal^s do Reino; 
e visto que a Providencia Ihe negara 
as acf 6es para o |f0verno , e da fe- 
cundidade para a gefa^ao; efa nb* 
meado o Infante- para^a Regenoia do 
Reino , hem como o tinha sido D. 
AfFonso III. pela iftcapacidade d'EI- 
Rei D« Sancho Capello , e o Infante 
D. Pedfo na menorldade d'ElRei D« 
Affbndo V. 

A esta proposta do Marquez res- 
potidto ElRei com vozes despropozi* 



; 



330 

wjo e^rondo entrarao os Cooselhn*- 
roa ct'JEstado , qu9 escarao juntos^ i 
;pr<eaen(a d'EiR^i:;: ire> porsttadtttdo^b 
lUi^Uo ^. o Qaoretokerad-y ' crescetidib- 
Jhe cftda veis toate-a^iira, e dea^spem* 
^iok Passou o Dm}UQ de Cadarai a 
dat pai;te distoaoIiiMfonfe^ que. achon 
tcoimpanliado do9 quefamiliarmen^ 
Iher-as^istiao: af«s!ie|» gonsulitoit o que 
d^vh ffaj,^ n^tQcziso ^ os quaes res* 
pond/erao , qrte o infants ewi obrig^i- 
d'Q no foro da wnscicflcia, cqoad irar 
fi>ed*aio -succ^^spr jti^ElRciyia jtomar 
po$£^e dp gov^rngf/da MofliarqutavpOT 
<}tf^Iquer caQiiiif;hf>,^que fosse fact jvel^ 
yi5to,.fer.i^p^f9doSJi!^dP$ as diligeacias 
pan Teduzir.Sy^i cseu irmao i dc^ 
coRO^f^j e vaiinigayelfjCQrrcppomdencia ^ 
QQ^Qfirrewioi pa^^resf^ £m coca zelo 
tod(^ 06 qo^^siarafi^ ^presentes > e66 
mais:qu>e ^:.aelfkaivSa .promptos adb^ 
4?fieHhe; e ^iii« .dssre parccer erSi 
ositp^inrfsiI^tra.dft^i^ 4iom qtett ft 
havia consulrado est6 grands n^ocio* 
CaQv^ncldp.<^rl!i3&a^e d^ rai^f^ tao 



351 

Com esteiol«Bto,5aMo daCfiitt* 
R^jil qu^rta feira i^ dor jNoveinbrd 
pelas tres horas da ta.rde, agompani^dt 
do d?i iiiaior parte da/.N^breia.Jdb 
Lisboa, do Senado da C^inara , QA 
sa dos vinte e quatro, e de iramonf 
60 parvjQ/ i^peop-scQlnfaivtie dfe hu- 
niairarroga do patj^o daQapella^ ir?ii- 
saraot a buscald os ConoeJheiros il'^s^ 
tado^ subio ao quarto d'El&eij-^ joiiub^ 
com OS 'GohaeUaeiroa d'^Elstado \ e £a- 
zendo-lhe wovas instanciaa,- sendo to-i 
das baldadas , o InfajnK^- ilhe fechocf 
^» poi^ta peta 'parte defbra^: e orsde- 
nou .seiizesse < o mesma a rodas aq^uel- 
Jas pori^s por onde se ^pudesse^ocn- 
tfiunicar. Os Mojos ida' Gatpara^, fe* 
patrulhas d'ElRei ainda' arronabafa6^ 
buma 'dejlas , que ftcaW'kn da ediata^ 
^ escadado corrcdor dia SaJa dosrTia- 
descos ;• porira ate«oridfl(JiS\ «e>^i- 
tUfiKS^ e ddfifampapar3<^^'^ ^ajo^qud 
todo seQccupou deseflthieltes; e rm- 
da*"dD^f eppos da gO^ftfif^d da CAri', 
fd > cflcan^ JllRd acotDpanhadd ^s' 



/ 



332 



pessoas , cpnc s6 se juigirao precisa^^ 
para assistirem aoseu service, entre 
06 qua^s forSo Antonio de Ca>vide 
(xjue servia a ElRei de Secretario 
d^Estado ) ^ o qual sahio da Camara 
d'ElR^ei com o seguinte papel , que 
fez por interven^lo sua, e propria le- 
tra: 

"EIReiNossoSenhor, tendores- 
^peico ao Bscado, em que o Reiao 
^ se acha, e ao que Ihe representou o 
' Conselho d'Estado, e ourras muiras 
^cousaS) e raz6e8, que a isso o obri- 
' garao de seu motu proprio , poder 
^Real, e.aibsoiuto, hi por bem fazer 
^ desistenciadescte seus Reinos, assim, 
^e da manetra, que os possue, de 
Mioje em dianre, para todo serapre, 
^em a pessoa do Senhor Infante D« 
^ Pedro seu irmao , e em seus legiti- 
^ mos E)escendentes , com declara^So 
^que do melhor parado das rendas 
^delles reservassem mil cruzados de 
^renda em cadahum aiino, dos quaes 
^p^dera testar por sua morce por ceoi* 
^po de dez dnaos; eoutro sim reser- 
Vva a Cam de Braganga^ com todw 



333 

^^ suas perteti5as : e em £6 , e verdade 
*'de Sua Magestade assim-o roanda: 
^^cumprir, e guardar, me mandou 
"fazcr estej e o firmou. Antonio de 
^^Cavide o fez em Lisboa a 23 de 
•*Novembro de 1667.'' 

AchdTa-^e o Infante no Gonse- 
Iho d^Esrado, quandoAntOniodeCa* 
vide entrou a entregar-lhc o referido 
papeJ) que leu Pedro Vieira da Silva, 
ji restituido i sua antiga ocCupa^ao 
de Secretario d'Estado pelo Infante. 
Mandou logo o Infante passar osdes- 
pachos, que erSo necessaries, para 
que se separas^em os effeitps , que 
ElRei mandava reservar para seusus* 
tento; e conferindo-se no Conselho 
d'Estado a parte , onde ElRei havia 
de assistir , se assentou , que fosse nq 
mesmo quarto, em que esrava , no-* 
ineando-se-lhes para o servirem as ^_ 

pessoas, de que mais se agradasse; e ^ 

mandando-Ibe o Infante perguntar^ 
quaes era aer yido escolber , apontou 



334 

• 

©fticarmerttQ JJuni:tiJd5D, qtr^tfamr^ 
(io susteDtG'^t^ c^<^s da ca^a. 
r jAqueHa noite dormio o Infante 
oo Pafo ; ^s«»rid(^ dos sea^^ triados , 
66 Duqutf^ de Cadatal y o Conde de 
Sarzedas, Mfgu^l^ Carios, e:.algumas 
outrai jJessoas. No dia seguinte se 
despacharao proprios a rodo o Reino, 
asm carPtfs^em nome d'E^Rei , assi- 
gnadas pelo IhfianTe, em qee-ordena- 
va V c\^^ ^^ jprrmeira dia 4n mez d« 
Janeiro do 341 no ^ seguiftta Htive&sem 
env Lifebiia csfi P-fbCiaradore& das C6f- 
refe das' QJdardes'/^e ViUa$,*^^l«i costu- 
Ttiao mand^ds a scmelhaiftres Congres- 

• Chegando a Lisboa Osf'Prc^ura- 

^res das Ghi*t<?s , se jtimJ^d #ra'Sa- 

i668 ia;.aos Tiridescos a ^7 de'J&rteiro 

dsf'Tres Estados do Reind, onde foi 

o Infant^ jurado Principe, e depois 

dehuroa larga Ora§So deD. Manoel 

^ de Noroftba ( poucos niez6? , de^pois 

r Bispo de eoiitibra ) fkei»ad o dcguin* 

te juraradnto: 

*-• ^^Juranibs aos Santos^ Evinge* 



5S5: 

^ihds corpor8ini«n(% cotti . nossar nidpi;' 
^ysM:xdm o 4eclarrarDo«i que rpconiic- 
'* cptBOR.por «cRss0: vetdadeiroi'tf na- 

*fca4^cii,^ cinirlta' excellente Principe' 
't Db *cd!t6 > miro kghima d'BXkei 
¥fDLji>ao.IV.,:«»d^ ftaiffha D* iiui- 
f-.ia.rste'Hiuihery/e.imiSo da mwitb' 
VSffltja^ e muiiO' fpoderozo Bygi -D.' 
VnAfioijsa VI.' N<)SSO Senbor;'^6a* 
*!^verdad!eirD, e Mfu^al Sii^Gcessorfti 
V)6oib2r'desteS' BujinOsfj' «• COffaO) stus 
^iviertiadeS-OB ,. er: niatiifacw Sul>tKt0« V 
*^ e VassalJos , '(^xre stfmos , Jhe^ faae- 
"-.mcfe pleito,. e ^homeita g^ftti , c pro- 
*^inettBim>S5 ^qoeiidepojs cTos dia^de 
*^SlKrvMagtesRidfc ,3ft?llecendo.^fiflH *fi- 
^VlRos'legkiitnos y o* reconb^aer^mo^s^; 

*iiJOfve'*Darura^Rj« , e Senhop d>e$ee« 
'iJBc^os de Pdywrga^l, (^ dos :Aig«r- 
^-vesi^d'aquem^ -^ d-aktn mar ^ eiff 
'fvAfrica, Senfrdf deGein^, e?daC©«^ 
"qirisra, N^vegisiiatr, G§miMercjfe> da? 
*i £tiii6pia , Aratea ^ Fei^ftb ^ e^^ 'Indl«j 
"etc. e Ihe obedeceraos em tudur^ -ci 



336 

^ jOiaos no: alto*; €.110 ba«o y c -fare-' 
^i.mos, por elle gotri^, e maiuere- 
*i.tnQs paz, a quern ^06 mandar, e' 
V.nio obed«ceren305, , aetn reconfaece-' 
^•^remos outro. algunv Rer,- salvo a 
^ elle:, c tudo o rfobr^dito jaramos a' 
^f Ddos , e a esta Cr^z , e aos Santos 
^* Evatigelhos , em que corporalmpn- 
^t re pomos nossas maos, de assim em' 
*• tudo , e por tudo o guardar , e em' 
*'* signal de sujci^ao, obediencia, e 
*> reconhecimento do dito Senhorio' 
*• Real beijamos a.raao a Sua Aire- 
l^za, que esta prezeute.** 

Gclebrado o juramento do Prin- 
cipe, ;tiverao principjo os congresses 
de .eada hum dos tres Estados do 
Reino t o da Nobreza na Casa Profes- 
sa de S. Roque da^pnipanhia deje* 
5USv o dos Povos im S. Frantisco <Ja 
Gidade da Observancia : o dos Eccle- 
siasticos no Gonvento de S. Domin- 
gos da Ordem.dps Pregadores. Foi 
o/reftul.tado conscfvar o Infante o ti- 
tui<> de Principe, e Gdvcrnador do 
Keino.' 
t \ .No dia 10 M Mar^o »e p«bU- 



lAEftyoa^^lfc-dd^adrid d Tratado db 
Paz^wmre ®lRii D; . AlTdn^ VI. , « 
I>»^C^|itos^>irv >assignad6 pelo Princi^ 

gRl»g»i«Cp4): i^tdlrov-i^ dijRainba 
9A9XiBr^Amn» d« Aikcnci, 'M£|^ ? 

Rbi da«^(Hdi[»ahas'fi6'^ue«'foi d^ 
gtaiu$«c^tili9f«(<b/ f atii;^ ^raoCaatet*- 
n is6tk(p p4^ Portugal , < ^e * princf* 
plda^ til^i^totr^jepoia 'de>^^ neb- 
ra de vinte e oito annos; dbiteSta^ 
ok^bid^IItMlltllio^, (^ddbderaDperda 
d^ElBoll^^diX. fiebam^i Cofitxnteno 
tFtata^^M^ at^timfSjC^ue em aui]> 
' i«a»'^y6tf>p^i(8mbelecer« f bama:^ pqs 
piettonib^ ^rmd , t e <iqt iiEilacrel «ntre 

disr dapobiiciis^o do idesfDO TrahPf- 
do; (f<issando^Ddo^Ios acu» de Jios> 
tUidadb:>^.^ terra V 8 /far- taiar enl 
todos^^ds <Mflp i Keinoa:^! Senbortos ii :e 
VassaUoQ' lie^ (qtmit][Ue3/^qiiaUdade j e 
condifii>(i^e ifoosenl^nrrotiuttr^e/iL 
Portuj^al as Pra^as, que durante ?a 

5t»^rfz'ilwfoiaitdio asafmxsd'ElRei 
la tho|icd jiBe^a^ 4^e ^uriote a iaed«- 

. ^ T 



<x>t)i ;^nii!^cto£4'SlSLeiIl(^lieiticiQ 

£ftnfosidl9 t2onnii ojio 9 sjnfy t^h si 

fipoEssada 41915 Ui'B»MisQ«>ailto^«lli ' 

<torpifi:RiOQ[isobridp .i^imwpwitf) 4« 
-S^rJSeiraiiomaiBisi <^ji>ilbo^,fii» iKbf 

Anrgadnresaip RqlafSn Eoe^e^jittidli 

-e pobidKalaipdetlli&igo /.SaUiHdft^ 

^iporz6n^nQtoi£Eabi4o;A^a])(ibiivcb^ 



039 

o «eg«$$«\^«3:Pe^eH9r^ ]e« sdirf ftito 

'/s^'anil ioaiiefitoa-:iei5«Rtiiiltti:(ft]8e4k 

lsEein9ti'4 (^ooiiQili d&ta>fienhQfit«^ib 

ctfili; <fi ^ok (SMhaqistjTtirin-db 
, brj^tfh^jjda ptJsuKJi^ aptfewi^tft^ 
" vnJoL^ atstcrr<iMi|n zniclii sfaarfeaf. 
lostra-se, que no espa^o fiditts^' Of' 
teiasdpr.fmbos;cen«faniuic:4> dito 
£^ m^tiittfliiliatv a»?«3D i|>ugici&£ f«z«b, 
u'oApiiUcapdbxiirrdiU^aUb noiral, tpi^ 
rif6«ie«t^ .dbr:<tii£iu- se. ncquer t :pdr 
-^fitiv 2da aip^teiK!«:vdla'iiii)n.:S9- 

. T 2 



-J 



340 

*» nhor V *prdcedida 4i ^sfwrnidade ' 
**<jue twtV'^fendo A^n^^^ na dita 
Vkiade iAeiMVd, « jl:«gora irremo^ 
.it vivel ' oor urte hu^ana t' t' que tu- 
-*^do^se^piWvW supei^atftindatifemente 
«* pcIoi5 meios ^pprovados pordireird^ 
^^ toni :<i^ quMS o Ait6 impedimehto 
^^Rci cffiif tefWos dd icerteza y ao me* 
<^ lies mbi^ai ; > n0$ qiibiev ^ev^taoi se 
^^nSd requk inspec^d^;;'iA^ ezpc-i^ 
t^* riendii trieifinai ; on ^de<^i6iird^ ttm- 
-^^ po 'a^Bittafii>t dque tado visto com' 
:^^o is/ail dc^^auttoa,*^' disbcmij^do 
^^ direito y jttl^o^ o~ ditti'J twf;nnK>mo 
*^ contrahido entre os^kos Serenissi* 
'/' moi^'Seohbres ; pbK^ co&tjahida de 
*• Aicio fe nlo de direito y e'o dedat-^ 
Vr^o'tpor nnllo^ 4c,qbe^bc>dit08 Se^ 
^^* nhores"^ pudeiib fatdr de ai-oque 
-^^beni :ihc6 fiarecer'^ e^xju^ Inja duri- 
fVsSoide trens na fbnma^ de setis con^ 

Pitblicada a senoen^a, e saben* 
do a- Rainha que estaya desobrigada. 
dot .la^os ' do matrimoiiib , mandoii 
ideclarar' aos tres Estados^ que em 
tirtude da iencen^a 4ada a sett faror 



\ 



341- 

vcuie nSo pddila^ f^zec ^<sem primeiro 
ifae «er retiituido a sett dote ^ que 
s«m 4eai0rA eiigia. r 

-r L6o-ne/fsm cada htfm. dOi Tres-^ 
E&rados o papel, que a Rainlia re« 
metteo^ e a f:6pia da Senten^a dad* 
a $eu favor na sepaiiafSo do tnatrb 
monia; e rodps }ulgir3o> qui o raeio 
alals coQ^enieotQ era caMr o. Princiv 
pe D. Pe<ir0 Com a Ranihfi^, rvisto a 
/diiiculdade de ajumar ^jd^ dinlieiro^ j$ 
fa$lo nas urg0ficia8 do^^^io^e ne* 
cedsitar aPrlncjpe deE8f»09a;paradar 
wctessaQ' aoaReino^ Pi;of)iaz€e este 
negocio i Rainha ^ e^ella re^ondieo, 
queobngadd ,do affeccor^ que devia 
ao^PortugHezeis » p d^s hlt:6^8;pQlriti- 
cas, que se Ihe havi^ representado' 
coniveni^nfes dconserv^S? ^Pi^eiBp) 
dava o seVi consent imemcv^QQrdeal 
de Vaodomji >» Lega4iQ ^ a>jLa«^^ dis^ 
ponsouv. Btlq8)fundat9^iit^s (Sk Sen'^ 
ifiofa .dada a^ fayoijbdf. Rainba., na 
separaglQ^o matrimoffipi, n$K^impe«r 
ditnc^eo d^jPi^Mica Hqnes^jidadQ, para' 
«e podor tfartar o .casaqMnto sncre oa 



Fri nd|(Mn D^ J 4Jr«r 4e ' IMmpHlri ' h 
B^Meuiq B1»aiici6etf:'tzj^^!}er^tib(^/ 

dispensara aos Rei» At' Botollii^ 4^ 
gaanVnde^ tf<|(ilo( 'C4s)^flfii«^ ifui: am- 
bos cdsai^ %o»ir ILuiss "ilanii iGdttf^ 

eoflftt>ibad«( !^6r hdtd* Sti})^ do'Fa^ 

licafl dlllgfeiwiss.'J - f i'  " • • 
i Tafifb qtiipcfeigoitt Ltria d«V«i« 
jti cott»^<J'Blffe#*'do Owdftll As Vftn>i 
^<M i ^tf pririitti^- Oita¥S d» 
1^!M:^ 'W ^^iSk'Abinl'i tldaieaiido^ 
k ptMr^PWtiMdbf^i'^ MK^quMT de 
Mark1^-jG^PHlKdi|»e| s V^ Ew^t de 
iG&da>^1 dtf'RBlftbv dlf'(Nfceb«0 »d 
fa^o > o Bis^^dd Tfirgli ' 'ifMtisfilido 



34S 

^betea HA '^Beriatiii d^^^Ant^emo? 
Sahindb.^iinniKKipSd ^toHmg^^Ck^^ 
m^ ,C(ii^s«feSo)h^2€S}mRaId^can« 
tara. ChegMlto^S ^efiaP^nM^^^lbOfS 
Onifiif^/<Mtf^i^ur'estiVflr'cr(Bj9po de 

^fididsrte ^^fmftdM fti'^ db Jutfbe 

dd GbvthilidOf ^b^fteiin)i^'«ij|]r^M 
larM^t^^yihfglWj; cflffe} ^traoobflfe*^ 
dof ft^oiiireil^ ie^ 8cu« '>Vassallob r b ^oe 

mite<wjmtt^ ;^ r^^'B oil ;.;^ » 

*> , oi'^hrL'^'' i- ' ,.17 r?'o^V\ .G >^ 



344 

•< dades^ e franquests ^ que pdbr Reih 
^itnewSxtdebcssores «qs foraor dado^; 
Or oatorgadb» 9 q: cM&Ff«ad0s.''it ? :« 

rSo o segmn(;er jiaramf iu;€i» • .; f 

u JiioaoKHi^ -AM Samibs, .Eirai^^ 
f c ibo94(Wp<»t^iiiQnte,^(aiiW8»9 m&M 
<c rocados, que reconbecQOioi opor 11.0$?- 
<( so Governador , e ^Bcfg^nte destes 
<!f Rtiaoay pclo impedti0t«M:.perpe- 
#«ltto d^ Sua Dd^estade aa^fonmr, 
<f qtie Qi «MM>4 j^lfadoi af>.tii)iite[ air 
:Mito, et qiuirbtteMeltei^M.PfHicipe D# 
«<PedTO, iiHKh legW9«irid?Bl^ct Th 
^f; JoSq IVii, pe.-da. Hainht -D* :Lui«* 
Msuf^ Mulhfif , irmSe,f:e Cuivdordo 
« rauiro alto , e muito podiefoso Rjei 
aD. Affonso VI. , seu verdadeiro^ e 
« natui^l .aao^sftxr .nfihiCpr^r destes 
« Reiuos , e como verdadeiros, e na« 
ii<toraesniiibdUf)»irqite nomw dt Sua 

^1 m^hfligftat asj^QD ^ lida ^Maneira que 
4<o feeinpftjfe?EIR«isD^ijQa0 liV*^ 
^^ sou Pa^ft j»';f lft.«if a :AfifiM«ft;«> 



MS 

« li^$0r^- que agoda ftor wn»ri«ip»!> 
« dim^fiitfrprivaaios ; 4d goveroo , e 
»#.<Oi|^9nme8tiii jurHldifio^.poder , « 
«< autireftUMe , oo^>^tte scintpre. ! «f 
« JMr4rSo..o9:Rels, ne 3«nhor«s destt 
«<Coi;4i»i '« obedecereoK^eQ: tvdp , 
<« e p9r tttdo i .MU8 mandados, e juji- 
« 208 no alto, e no baixo , e hrfim99 
f< pfffr^ g»eita^.^ iQAntf^^ip* paz, 
i««,a , q^eqr^Qin :nah4«f' i .« 'nSp; obecUh 

.«.a..Qep%i)efa .«sta A»?< « aos Sa<i* 
utff^(^ii^ifi^lhmy df»riq»fcCorpw»fc- 
-^f a^^ . poiQoa 00881^ i#^, e assio* 
McmrMf^o* e ! ppr, iw^o ;gtt;ir4ar,:« 
.« eojiftigp^l jdfi apjj^o., ,pMiencia> 
« jcr9fioniifletmt^^.4^4ito BenhoFqqik 
,Mc]ivHsdig|lo.lUai,ib«iJ4ni08 f MSv 
jj< ao&w Altf»:,. qoe esti pre8ente^>*? 
. . ■j.F.eitQs.pa jurainen;o8 , -se pa^ 

jrcriiadpr»:«i:R<gei»te .4qr^i|HMod«» 
■as orjleRS .^ despacjios, , fiic;ajR4o abcpli)* 
iri?, .e ,paci%a <3flv^ijadqr ;d? tpc^Qf 

6»i 1M«?* ) » S<i«M>§fi«« 4?c ?pn«g%^ 

\ 



m 

r 

llllftj » }nglM9riti^( <que ft^nftmi t>'-Md« 
flM)«i)rC«'3qW:nxiSitft9{lo Os ri»1«}<fi/6 

filaVr d; li\fFoftl^np»a'vOl«ttf|}or-dik 

V6tt6U pA^ ^ lEltirtb i -«i$a^ndi6 nd 
Pitl&ck) d« OHtri % "^idla^ddlWiiD r«i- 

tb^ kit d^Stffetlfbfd, MMKtfb ^fHK«d6 
MisSi , iiUfe «Ak«> dtf6: oVais't^Wpt^ijM 

«^pi ati"MdiJ^ei»y^d6'B<4eai/ IM 

fii)^ -ttdo»'i6li ESdi^fiS^^i^'^e te- 
€K>'Affbiiifcr^Vk^'a M»'ift:e¥Hi|fAK- 
!/4 Beijd -tt Itiiil -MSo' M^ft 15, €k 



« A 

Mm :3in^iplicftteP MetdickTos Vraba- 

e generoso cm fazer merciSs ^ libd^ 
|j»ra Tddcfty i* tio fdiz^'M jctTO^anba, 
qoe* igualdu :is Vi(^iH-ra»<^dm:4^ bai. 
ralhas, dando^se muitas no seu I^M* 
pb' : * comb ttm^s' yistg 9 > d'c ' tal sorte 

rioso. ;=: Na sua morte o Paj^a lAmJ^ 
cttftcio Xt; cdfeibitiir fidftnokle^ Exe- 
qttia& em 4l6md, ^ '^ - ' 0^ V 

■*•?••' f . • • /T r , r • 'k 

*» ^' 4 J . • . 1 * A * ■' -fit*. -^ 






Creou OS seautntes Titulo^^ ' ^ i 

k • . I •> •■ < . . / , 

. A' Dl Ahf duTb Ijiii^ di^ Meiiertti^ 
lC«!id6 "kid J0bntaiiife(te V cr^oti ' Mwl 

A Francisco de Mellov Odndil 
4a Ponrey ofez Ma^qMfll de Senile a 21 
die Abf^ft de-t<J6il' - ..\ :. ' O 

A £>. FfMCkOo'^e -Sd :>s :M«M4 

«e^ . Qiddme P^fia^Guido^ ^ez Mar- 

quel^ #^ Sbftf es'a 1 de Janeiro ' <ie i^f 9I 

AD.* Itddrigo dc) CtoirQ i^eM 

G6ikib» de Mi^smiitelia ^ cftrtb pas* 



A . -D* SdiBjdio Maifoel creMi> 
Caode de ViU^<^J6r a ^^ 4eJufibode 

\: -A J<Ao Nat>06 da Cunha cfctou 
JCdnde de S/Vkente »2:d^Abril:.deb 

j\ A NttnQc d4 Cunlia de Ataidcr 
f(M .Coode de PbM^vel a ly de Abril 

AD*. Pedro < 4e Ostcl Jo-Branca, 
Visconde de Castello Briincf) , fca 
Conde de Pombeiro a 6 de Abril de 
1662, 

A D. Manoel da Camara fez 
Conde di Ribeicd GraBde dc juro, e 
Wdade , conforioe a Let Menral.^ 
mudando iieste tirulo o de vi)}a«. 
Franca^ pOT carta deiXjrde Secembro 
de 1662. ^ ;: 

_ A D. Luiar de . Almeida creott 
G>nde d'Avintes, de i}iue rirotQ carta 
passada a J7 4e r^^epeiro .^ 1664. 
. ; A Louren^aide Souza^ da Silva 
fea^ Conde; df.iS> Tiago de Pidttido a 
t:6 de Nowmbro de 1667* 

; A AffoDso Furtado de Meodon* 
Sa fez VisCQode cde Barbapeoa « dc 



349 ^''^ 

tque se Ihe passou carta a 19 de De- 
TCcnbro die i^i, - .— -- - -^ ^: 
A Martim Corrca de Si feas 
Visconde de As^eca^^ ig de Japeiso 
4ei666, ' - '^ ^ 



V z' 



r •^' 



A Luiz de Souza de Macedo , 
filho de Aotonia^lG^^QUza de jM^^p^-^^,. 
do^ do^eu CbnselW^^^gS^rerario 
d'Esrado , fez BarSo da uha Grande 
de Joannes a 27 deSetembro de i666. 

O mais^ que se passou durante 
a deposi^ao-do S^khdr^^ltei ^D. iif-^^ ^^. .> 
fonso VI., ft6s ^\ttf^o»^* fefcrir^^^C 
Regcncia do PriBcipe -R •Pedrd'i^^r :^ ^^ 
que vai dar ^rinftei^ Tortib ^r. J: .^iD 



^^ ri?«w IF. 



350 (:%.> 

^ •*"»•■ * 



^ ofcf»osM ob CSU08 ^b sii/J A 



CAP. Tl. .Vi4§,i^T^ cAfMi\4p i.b i;jv i;;;ri 
Senh0r D. Affonso Vh , V 
XX//. iiW i/tf Portugal • . . 220 



? 






t<3^ dar!£Estoriji:iLiM^taoi»n(Kkl(e dik 

gjnr^ Ai SsS hoTi A«A ^£^>^^ 
riques. (i) Vence clU'^oMiotl a^fkri 
mpsa batalha de Catnpo de Ourique^ 
e he acclamado Rei de Portugal. (2) 
Rendeo-se ao Senhor Rei D. JoSoI. 
a Cidade de Tiiii.^jSiLDescubrio Pe- 
dro Alves Cabral a Cidade de Qui- 

Wa^itser (Sb9St $taiRfirbippiri)iitipglU&K 

(4) Foi neste iii;ft:A^f9«91|li»ifiiftfii« 
dade de Tunes, em que teve muita 

gloria o Infante D. Luiz* (5-) Obra- 
rao OS Portugueses neste dia ac^iSes 
dignas de immortal memoria no se- 
gundo cerco de Diu. (6) Nasceo a 
Serenissima Senhora D. Maria Fran- 
cisca Benedicta , Princeza do Brazil , 
Viuva. (7) Foi o nascimento da Se- 
renissima Senhora Infanta D. Maria, 
d'Assump^ao. (8) Neste dia pois, re- 
commendavel por tantos motivos, 

(0 ii'^p- (0 I1J9- CO 1^98- C4) 1500* 

Cs) 1535' C<5) 154^. (7) 1746. W^iSoj.