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INQUÉRITO
PARA A
EXPANSÃO DO COMÉRCIO PORTUGUÊS NO BRASIL
ORGANISADO PELA
CÂMARA PORTUGUESA DE COMERCIO E INDUSTRIA
DO
RIO DE JANEIRO
Çom uma Introdução peh Cônsul Geral
de Tortucal no brasil.
PORTO
IMPRENSA PORTUGUESA
112 — Eua Formosa — 112
1916
INQUÉRITO
PARA A
EXPANSÃO DO COMERCIO PORTUGUÊS NO BRASIL
ORQANISADO PELA
CAMARÁ PORTUGUESA DE COMERCIO E INDUSTRIA
DO
RIO DE JANEIRO
Com tuna Introdução pelo Cônsul Geral
de 'Portugal no 'Brasil.
PORTO
IMRRENSA PORTUGUESA
112 — Rua Formosa— 112
1916
Desta edição fez-se uma tiragem de 5:000 exemplares, dos quais 4:000 serão
distribuídos gratuitamente em Portugal e 1:000 no Brasil
INTRODUÇÃO
Não se tem poupado a esforços a Câmara Por-
tuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro
para alargar e aperfeiçoar o seu serviço de informa-
ções comerciais em proveito dos nossos exportado-
res para o Brasil. O seu Boletim mensal, as actas
das suas sessões, a sua correspondência activa e vi-
gilante com as estações oficiais portuguesas e bra-
sileiras, e com as corporações comerciais e indus-
triais do nosso país, constituem já um repositório
precioso de factos, dados estatísticos, estudos econó-
micos, informações de carácter técnico e prático,
abrangendo todos os aspectos da questão vital, e
sempre em dia, do desenvolvimento do intercâmbio
entre os dois países. A nossa exportação muito deve
já à actividade da Câmara do Rio, mais impelida
pelo patriotismo que pelo interesse a tomar iniciati-
vas que em grande parte deviam partir de Portugal
e encontrar aqui o seu principal instrumento de pro-
paganda.
Declarada a guerra europeia, logo a Câmara de
Comércio do Rio de Janeiro procurou submeter à
atenção pública os novos problemas económicos que
a situação da Europa suscitava e cuja solução nos
IV
podia ser de inesperado favor. Muito contribuiram
as suas instâncias para o estabelecimento em Lisboa
da zona franca destinada aos produtos brasileiros,
e para se renovarem as tentativas oficiais, infeliz-
mente mais uma vez frustradas, no sentido da cons-
tituição de uma empresa nacional de navegação
para o Brasil, nesta ocasião única em que o caminho
nos aparece desimpedido de alguns dos nossos mais
poderosos concorrentes, graças à imobilisação for-
çada da marinha mercante austro-alemã e à utili-
zação na guerra de uma grande parte das dos outros
países beligerantes.
Com o propósito de abrir no Brasil mercados
novos, ou de alargar os antigos, à nossa produção,
tirando todo o partido possível das actuais e exce-
pcionais circunstâncias, deUberou também a Câmara
por essa ocasião proceder a um largo inquérito entre
as mais importantes firmas portuguesas do Rio de
Janeiro e reunir em volume, para ser distribuído
gratuitamente, as respostas dadas aos seus minucio-
sos questionários, oferecendo assim aos nossos ex-
portadores um verdadeiro dicionário ou vaãe-mejiim
onde cada qual encontrará, sobre o produto que o
interessa, indicações, conselhos, e até repreensões
amigáveis que muito deverão aproveitar-lhes.
Dão conta desse interessante trabalho as pági-
nas que se seguem. Basta folheá-las para verificar
que nelas se não pensou em fazer literatura vaga
ou abstracta sobre assuntos que exigem precisão,
concisão e espírito prático. São comerciantes que
falam a comerciantes na sua linguagem profissional
e que pesam as ideias mais do que as palavras. Uma
grande parte das respostas foi obtida oralmente.
para evitar aos consultados o trabalho ou o esfôr^ío
de as escrever, e por este excelente método se con-
seguiu colher do natural, e em primeira e directa
mào, um número considerável de esclarecimentos e
de apreciações, que podem não ser infalíveis, mas
que há todo o motivo de supor espontâneas e sin-
ceras.
Creio que o volume, que nestas linhas apre-
sento, ficará sendo de consulta quotidiana para todo
o nosso comércio que se dedica aos mercados do
Brasil; e de desejar é que a sua leitura ajude a cor-
rigir velhos erros e desperte novas energias. Penso
também que este inquérito seria utilmente comple-
tado por uma consulta análoga dirigida aos nossos
exportadores, e na qual, àlêm de se reunirem indi-
cações tão necessárias, e tão mal conhecidas ainda,
sobre as condições da nossa produção, se discutisse
a viabilidade das soluções aconselhadas pela Câmara
do Rio ou pelos seus correspondentes. Qualquer das
nossas associações comerciais, especialmente as do
norte do país, onde o Brasil tem os seus principais
fornecedores, poderia tomar a seu cargo essa tarefa
e compendiar em um breve relatório as respostas
obtidas.
A. persistência e laboriosidade portuguesas, a-pe-
sar-de raras vezes reforçadas pelo espírito associa-
tivo e pela acção solidária, conseguiram ainda assim
o milagroso resultado de criar e manter no Brasil
um mercado tão importante e uma situação tão pri-
vilegiada para os nossos produtos, que aquele país
pode bem ser considerado, do ponto de vista econó-
mico, um prolongamento do nosso próprio território.
Pena é que em tempos mais propícios, e quando nos
VI
encontrávamos quási sós em campo, não tivéssemos
procurado assegurar mais solidamente o futuro, esta-
belecendo com o Brasil um regime de quási sollm-
rein que, ao mesmo tempo que fizesse de Portugal
o entreposto europeu da produção brasileira, com
toda a espécie de facilidades e favores exclusivos,
nos firmasse no país irmão um mercado amplís-
simo, não só, como o é ainda hoje, para os nossos
géneros agrícolas, mas também para as nossas in-
dústrias nascentes, a que o restrito consumo na-
cional nunca permitirá desferir largos voos. Lisboa,
à esquina da Europa, equidistante dos seus portos
do norte e do sul, parecia indicada para centro
de redistribuição e irradiação das mercadorias bra-
sileiras, boas companheiras das nossas coloniais; e
não tendo grande precisão de comprar nem umas
nem outras, senão em reduzidas quantidades, mais
frutuosamente saberia vendê-las. O Brasil por seu
lado, sem chegar a dar-nos de presente as suas re-
ceitas aduaneiras, teria sido justo criando taxas fra-
ternais para nosso uso e habituando as demais na-
ções a conformarem-se com os legítimos privilégios
da nossa situação. Sobre essa base de recíproco au-
xílio e aliança teríamos criado novos e estreitos la-
ços materiais e morais, em vez de irmos desatando,
quási sem darmos por isso, os que ainda nos unem.
Hoje é muito tarde para aspirarmos a obter do
Brasil concessões que nos seriam disputadas por ou-
tros concorrentes e para tentarmos desfazer situa-
ções já ali fortemente criadas, a cuja sombra se
desenvolveram consideráveis interesses do Estado e
dos particulares. Entretanto, o que ainda possuímos
é muito valioso para poder ser esquecido ou aban-
VII
donado. Somos para o Brasil os seus primeiros for-
necedores em^opeus de géneros destinados à alimen-
tação, e em qiiási todos os artigos dessa categoria
temos acompanhado os progressos do consumo, con-
tinuando sobretudo a dominar o mercado do Rio
de Janeiro. O que põe em grave risco o futuro da
nossa exportação é o carácter desorganizado da pro-
dução nacional, a que todos reconhecem falta de
uniformidade e de barateza, e a feição rudimentar
da nossa propaganda, que não tem aprendido bas-
tante com o exemplo das nações de produção aná-
loga à nossa. O factor preço é hoje essencial na ex-
pansão económica, e por esse factor a Espanha conse-
gue bater-nos quási em toda a parte, exceptuando-se
por ora o Brasil. Mas aí mesmo o perigo nos ameaça,
a-pesar-do patriotismo e número da nossa colónia; e
o remédio não está na adulteração dos produtos,
nem nos artifícios do vasilhame, mas única e lisa-
mente no estudo dos meios internos e externos que
devam permitir-nos produzir cada vez melhor e ven-
der cada vez mais barato.
O problema dos fretes é um dos leit-moUve de
todas as queixas sobre o declínio ou a estagnação do
nosso comércio exportador. E se da leitura deste
Inquérito resultar para todos o convencimento de
que a navegação portuguesa para o Brasil é uma
das condições essenciais para a conservação daquele
mercado, e até para o seu alargamento a produtos
nossos ali quási ainda inéditos, por bem paga se
dará a Câmara do Rio do seu esforço. Quaisquer
que sejam as dificuldades que se opõem a esse em-
preendimento, temos de resolvê-las com pequeno ou
com grande sacrifício, para não irmos ao encontro
VIII
de dificuldades maiores e que já não teríamos forças
para resolver.
Várias questões de solução urgente são versadas
com proficiência nas páginas deste Inquérito; entre
elas as que dizem respeito à uniformização e exa-
ctidão do vasilhame no comércio de vinhos e azeites,
bem como à necessidade de reformar os nossos hábi-
tos rotineiros de acondicionamento e empacotamento,
que estão muito abaixo das exigências dum mercado
cosmopolita e bem abastecido como é já hoje o bra-
sileiro.
Num estudo estatístico que publiquei há poucos
meses no Boletim Comercial do Ministério dos Negó-
cios Estrangeiros, cheguei a conclusões que não se
afastam das do Inquérito da Câmara do Rio, pelo que
respeita à nossa exportação de géneros alimentícios.
Essas conclusões são animadoras no presente, mas
poderão deixar de sê-lo num futuro próximo, se os
nossos produtores e exportadores não cuidarem de
ser esclarecidos e enérgicos paladinos de uma cam-
panha que exige ao mesmo tempo sciência e arte —
sciência para produzir, arte para vender.
Fornecemos ao Brasil, actualmente, tim quinto
da sua importação total de géneros alimentícios,
ocupando, como já disse, o primeiro lugar entre os
seus fornecedores europeus e sendo apenas excedi-
dos, no resto do mundo, pela República Argentina,
que aliás não nos faz concorrência.
Emquanto o valor da importação de géneros ali-
mentícios no Brasil aumentou, no decénio de 1902-
1911, de 50 Vo» o valor da importação de Portugal
no mesmo período aumentou de 90 7o-
Ocupamos o primeiro lugar na importação total
IX
de frutas e legumes verdes, tendo no referido decé-
nio aumentado as nossas vendas em cerca de 55 "o
na quantidade e de 115 7o i"^o valor. Somos também
os primeiros na importação de conservas de frutas,
legumes e peixe, tendo acompanhado os progressos
do consumo e dado larga expansão aos nossos pro-
dutos. Igual primazia disfrutamos no comércio de
batatas, cebolas e feijão.
Também é nosso o primeiro lugar na importação
de azeite, mas aí a nossa situação é perigosamente
estacionária e não acompanhou o aumento de con-
sumo que foi de 50 ^o ^^o decénio citado, ao passo
que as vendas da Espanha septuplicaram e as da
Itália e da França duplicaram. É pois evidente que,
se não acelerarmos a nossa marcha, não tardaremos
a ser alcançados, e até ultrapassados, por aqueles
países, especialmente pela Espanha, à qual nós pró-
prios, com temerária leviandade, ensinámos o ca-
minho.
No importante capítulo dos vinhos verifica-se que
a nossa exportação durante o decénio de 1902-1911
aumentou de 20 •'o, proporção que é também a do
aumento de consumo no país durante esse período.
De 34 mil contos fracos que representam as compras
do Brasil em 1911, 24 mil contos (mais de 70 ^,,q) cou-
beram a Portugal. Nos vinhos finos tivemos o quási
monopólio. E se conseguirmos que desapareçam, ou
pelo menos se atenuem, as falsificações e adultera-
ções com que somos deslialmente guerreados, a nossa
exportação tomará ainda maior incremento.
O Inquérito da Câmara do Rio estuda o comércio
dos nossos produtos alimentícios com diligente mi-
nuciosidade, dando, como já disse, úteis indicações
sobre a modificação e uniformizaçào do vasilhame
para os vinhos e azeites, sobre a concorrência das
pseudo-sardinhas norueguesas com as nossas autên-
ticas, sobre a produção crescente de conservas no
Brasil, sobre a conveniência de exportar mais cedo as
nossas castanhas, sobre as modificações a introduzir
no empacotamento deplorável das nossas frutas, es-
pecialmente das uvas, sobre a incorrecta e prejudi-
cial classificação aduaneira das frutas secas, o pés-
simo acondicionamento dos figos, etc, etc.
Cada um destes pontos merece exame atento e
resposta cabal, quando sobre eles haja objecções ou
discordâncias por parte dos interessados.
Ainda sobre a importação de géneros alimentí-
cios no Brasil convêm notar que a sua proporção,
que era em 1902 na razão de 37 Vo ^^ importação
total, baixou em 1911 a 23,5 Vo, ao passo que a im-
portação de artigos manufacturados subiu, no mesmo
período, de 43 a 56 7o- ^ produção agrícola do Bra-
sil desenvolve-se, como é natural, tornando o país
cada dia mais independente do estrangeiro. Mais um
motivo para procurarmos melhorar o nosso lugar,
por ora bem modesto, na escala dos fornecedores de
matérias primas e de artigos manufacturados.
Na secção das matérias primas e artigos com
aplicação às artes e indústrias avultam as nossas
vendas de palha para cigarros, de Penafiel, em que
não temos competidores. O Inquérito chama a aten-
ção para os mármores e alabastros portugueses, que
alcançariam colocação no Brasil, se o transporte one-
XI
roso e difícil do local de produção aos j)ortos de
embarque não tornasse tào elevado o seu prego. O
cimento o o breu vegetal, cujas condições de pro-
dução em Portugal se desconhecem, teem no Brasil
largo consumo. E alude-se também ao calcáreo e ba-
salto qne temos fornecido para o calcetamento — e,
posso acrescentar, para o embelezamento — das novas
avenidas do Rio de Janeiro, e que devemos procurar
introduzir nas demais cidades daquele país.
No capítulo dos artigos manufacturados sào muito
interessantes e copiosas as informações do Inquérito
que estou resumindo. A roupa feita de algodão —
camisas e ceroulas para homem — , de fabricação por-
tuguesa, tem no Brasil um mercado importante, mas
que mostra tendências para declinar. Os importado-
res do Rio atribuem esse declínio, não só ã concorrên-
cia da indústria brasileira (representada actualmente
por 31 fábricas), mas também à carestia do produto
e à elevação e irregularidade dos fretes. Removidos
estes dois óbices, asseguram que as nossas vendas,
no género de melhor qualidade, cuja produção no
Brasil é por ora deficiente, atingiriam excepcional
importância.
As nossas escovas, pincéis, brochas e vassouras,
principalmente as primeiras, teem boa aceitação no
Brasil, devendo aproveitar-se a oportunidade que a
actual guerra oferece para as tornar ali mais conhe-
cidas. Dão-se úteis conselhos aos fabricantes, rv3co-
menda-se-lhes — é outro leit-moUv aplicável a todo o
nosso sistema comercial — que se conformem com os
gostos e hábitos do país importador, em vez de pro-
curarem impôr-lhe os seus próprios.
Também estamos insuficientemente representa-
XII
dos em ferragens, sendo agora a paralisia da exporta-
ção alemã motivo para procurarmos colocar maiores
quantidades de fechaduras, dobradiças, puxadores,
pregos, foices e machados, sem esquecer os nossos co-
nhecidos cofres-fortes, e lembrando-se a conveniência
de enviar aquele mercado catálogos dos nossos produ-
tos, como fazem os fabricantes dos demais países.
As nossas indústrias de louças e porcelanas são
incitadas a procurar o mercado brasileiro. Pouco
antes de deixar o Rio, em Setembro último, tive
conhecimento de que uma casa alemã daquela cidade
recebera uma remessa importante de louça da fá-
brica de Sacavém. Faz notar o Inquérito que a louça
portuguesa é de peso excessivo, o que a sujeita a
gravosas taxas aduaneiras. A propósito direi que as
páginas, que estou extractando, fornecem para todos
os artigos de possível exportação portuguesa os mais
completos dados sobra a complexa pauta das alfân-
degas brasileiras, encontrando ali o nosso comércio
base sólida para os seus cálculos.
Também os vidros para vidraças, cuja venda no
Brasil se encontra quási exclusivamente em mãos
portuguesas, teem ali mercado seguro, desde que
sejam convenientemente acondicionados e não che-
guem ao seu destino com larga percentagem de
quebras.
Os nossos palitos de mesa não teem competido-
res no Brasil, atingindo o seu consumo valor exce-
dente a 500 contos fracos.
Sobre as rolhas de cortiça observa o Inquérito
quanto deixam a desejar, na qualidade e preço, em
comparação com as espanholas, o que é tanto mais
deplorável quanto temos de casa a melhor das ma-
XIII
térias-primas. Indispensável se torna, pois, melhorar
o fabrico para fazer frente à concorrência vitoriosa
da nagào visinlia.
A exportação da nossa ourivesaria, especialmente
dos artefactos de prata de mais acentuado cunho
nacional, tem feito progressos e é susceptível de
desenvolver-se. Convém organizar mostruários per-
manentes destes produtos para serem expostos nos
estabelecimentos mais elegantes do Rio.
As esteiras e capachos do Porto teem a sua re-
putação feita e batem-se sem risco com os artigos
similares estrangeiros.
Os azulejos, tào adequados ás construções nos
países tropicais, merecem uma propaganda activa
que deve ligar-se à apologia de uma arquitectura
mais leve, e de inspiração mais portuguesa, nas edi-
ficações dos bairros novos das progressivas cidades
do Brasil.
As telhas de barro não conseguem concorrer
com as de Marselha, pela sua diferença de peso e
de preço, produção relativamente pequena, e maior
proporção de quebras.
O nosso calçado, a não ser nas qualidades de
luxo, dificilmente pode concorrer com o das 5:606
fábricas que já possui o Brasil.
Mas, a-pesar-das 534 fábricas de chapelaria ali
existentes, iniciámos em 1913, com brilhante êxito,
a introdução dos nossos chapéus de palha.
O Inquérito faz também um estudo cuidadoso da
importante indústria brasileira de tecidos, represen-
tada já hoje por 210 fábricas, pronunciando-se sobre
os meios de introduzir os nossos panos de algodão
especialmente nos Estados do Pará e Amazonas.
XIV
Igualmente se ocupa das nossas águas minerais,
de tão excelente qualidade, e que tão pequena ex-
pansão teem ainda no Brasil. A solução está em ba-
rateá-las e em evitar, por um mais cuidadoso en-
garrafamento, a sua frequente decomposição. Pre-
enchidas estas condições, e tentada como deve ser
uma redução da pauta aduaneira em seu favor, tudo
leva a supor que a sua disseminação pelo vasto ter-
ritório brasileiro não será difícil empresa.
Cada questionário do Inquérito é acompanhado
dos nomes das firmas consultadas, o que facilita aos
interessados o dirigirem-se àquelas firmas para en-
trarem em transacções ou obterem quaisquer novos
esclarecimentos.
Os correspondentes da Câmara do Rio fazem in-
cessantes recriminações sobre a desleixada obstina-
ção, por parte de alguns dos nossos fabricantes, em
não cumprirem exactamente, ou demorarem em
excesso, as encomendas que recebem. Aconselham a
instituição de aulas práticas de acondicionamento
anexas às Escolas industriais; a organização de mos-
truários por intermédio das nossas Associações Co-
merciais; a propaganda dos nossos artigos de expor-
tação por meio de hábeis e instruídos caixeiros-via-
j antes; a visita frequente dos chefes das casas por-
tuguesas ao Brasil para conhecerem a transformação
por que passou aquele país e de que só quem a vê
pelos seus olhos faz exacta ideia; emflm, numa frase
fehz e que merece ser sublinhada, lembram que o
mercado brasileiro é o único do mundo em que
o esforço dos portugueses de Portugal encontra ou-
tros portugueses a secundá-lo com entusiasmo e a
procurar fazê-lo triunfar.
XV
Com efeito, ^que seria da economia nacional se
lhe faltasse de repente a cooperac^ào que por todas
as formas lhe presta o Brasil, ou se nos fugisse o apoio
da nossa colónia ali residente e que só no Rio
fornia uma aglomeração porventura superior à do
Porto, fazendo daquela cidade simultaneamente a
capital brasileira e a segunda cidade portuguesa?
Tornemos, pois, por todos os meios — e ne-
nhum exige de nós espírito inventivo, bastando que
aprendamos com a experiência alheia — tornemos
cada vez mais intensa, mais inteligentemente orga-
nizada e aperfeiçoada, mais honesta e séria, a nossa
expansão económica nessa nação tão distante e tão
próxima, que do nosso esforço nasceu e a cujo es-
forço hoje tanto devemos.
Procuremos cada vez mais ser a sua horta, o seu
pomar, o seu jardim, o seu celeiro, a sua adega.
E, se é ainda possível, coloquemos também nela
os produtos das nossas fábricas e manufacturas.
A Suissa criou a sua próspera indústria de máqui-
nas, quando já indústrias análogas da Inglaterra e
Alemanha dominavam os mercados do mundo. E,
a-pesar-de pequenina em território e recursos, con-
seguiu igualar-se àquelas grandes nações e obter
a pav delas lugar para os seus produtos. Qual foi o
seu segredo ? Estudar e porfiar, pôr economia e per-
feição no fabrico, probidade e tenacidade na propa-
ganda. Porque havemos nós de desesperar de que se
abram as portas do Brasil a tudo o que de bom
produzirmos, se essas portas nunca para nós se fe-
charam e encontram lá dentro quem nos ajude a
abri-las ?
Finalmente direi que uma nação que exporta,
XVI
em média, anualmente, cincoenta mil emigrantes e
sete mil contos fortes de mercadorias para o Brasil,
e que ali tem uma colónia excedente a um milhão
de almas, e vinte milhões de filhos ou irmãos de
sangue e de lingua, não pode estar sujeita para o
seu intercâmbio às exigências onerosas e injuriosas
da navegação estrangeira. Já não quero encarar o
aspecto moral da questão, que, para mim ao menos,
assume primacial importância. E porisso, utilizando
a frase também feliz de outro compatriota nosso
que soube compreender todo o alcance do grave
problema, repetirei com ele que uma empresa nacio-
nal de navegação para o Brasil, e ainda mais no
momento excepcional que atravessamos, vale por
um tratado de comércio.
E aqui dou por findas estas breves considera-
ções, cujo único objecto foi abrir o apetite dos in-
teressados para o trabalho elaborado, não sem difi-
culdades, pela Câmara Portuguesa de Comércio e
Indústria do Rio de Janeiro. E estou certo de que
todos os que o lerem se associarão ao sincero agra-
decimento e louvor que daqui dirijo àquela jóven,
mas já tão prestimosa e benemérita associação, por
este novo testemunho do seu patriotismo e da sua
dedicação aos interesses económicos do nosso país.
Lisboa, 24 de Fevereiro de 1916.
Alberto d*01ivcira
Cônsul Geral de Portugal no Brasil.
Inquérito para a expansão do comércio português
no Brasil
o Conselho Director da Câmara Portuguesa de Comércio e In-
diistria do Rio de Janeiro, em sua sessão de 21 de Janeiro do cor-
rente ano, deliberou fazer um grande inquérito para a expansão do
comércio português no Brasil. Para esse fim organizou 33 questio-
nários referentes a outras tantas especialidades agrícolas e indus-
triais susceptíveis de maior consumo ou introdução no mercado.
Esses questionários foram profusamente distribuidos pelas casas
importadoras desta praça acompanhados da seguinte circular:
Rio de Janeiro, ... de Março de 1915.
Ex.'"° Senhor:
A confiagraçâo europeia náo afecta simiente os países empenha-
dos na mais colossal e sangrenta luta que a História regista. As
nações que ficaram na simples espectativa ressentem-se também,
principalmente por falta de transacções comerciais, dos efeitos dessa
tremenda e titânica peleja e que fatalmente terminará pelo anitjui-
lamento de vencidos e vencedores.
A paralisação, nos países conflagrados, dos variados ramos da
actividade humana, manter-se há por um largo período e haverá
sem dúvida indiístrias outrora florescentes, que cessarão por com-
pleto, por falta de forças vitais e mesmo por falta do capital neces-
sário ao seu ressurgimento.
Existem certas regiões a quem a natureza prodigalizou carinhos
sem fim. Portugal, por exemplo, pela sua posição geográfica, parece
predestinado a um futuro de grandeza e prosperidade.
Em remotas eras, as suas caravelas singravam todos os mares,
abrindo novos caminhos à civilização, levando a Lisboa, as especia-
rias e demais riquezas do Oriente, transformando aquela cidade, em
pouco tempo, num vasto empório comercial. Nações ainda na meia
obscuridade e hoje poderosíssimas, iam-se abastecer ao mercado de
Lisboa. Hoje, do mesmo vastíssimo porto, podem ser transportados
aos pontos mais recônditos do Universo, os géneros estrangeiros
depositados à consignação, no novo pôrto-f ranço.
Igualmente se podem canalizar, com segurança, para novos
mercados os produtos do ubérrimo solo português e as manufactu-
ras que a iniciativa do seu povo desenvolva e faça progredir.
Para a expansão comercial de todas as nossas riquezas, acham-se
empenhados governantes e governados; estes, representados pelos
três mais importantes ramos da economia nacional: Agricultura,
Comércio e Indústria.
A oportunidade nâo pode ser mais favorável para nós, e assim
mostraremos o que um povo nobre, altivo, valoroso e trabalhador
pode fazer para recuperar a preponderância que outrora teve na
permuta dos géneros, entre as duas nações irmãs pela raça, língua
e costumes.
No mercado brasileiro escasseiam já certos géneros de primeira
necessidade e brevemente haverá também falta de diversas manufa-
cturas, de que o Brasil é tributário da Europa.
Em Portugal, além da proverbial abundância dos produtos do
solo, a indústria nos seus variados ramos, está bem desenvolvida e
pode em igualdade de circunstâncias facilmente suprir as congéne-
res de outras procedências.
A Câmara Portuguesa do Comércio e Tndiistria do Pio de Ja-
neiro, trilhando o caminho traçado pelo vasto programa dos seus
Estatutos, deseja secundar por todo os meios, o nobre intuito do
(xovêrno, a quem se aliam todos os esforços dos exportadores do
nosso país. Pela Directoria da mesma Câmara foi tomado o solene
compromisso de orientar o comércio exportador, nas mais minucio-
sas informações, e pequenos detalhes, que possa colher no mercado,
para com segurança chegar a um resultado prático.
Conta esta Directoria para o bom desempenho da sua missão.
com o valioso concurst) de todos os sons consócios, assim como do
comércio importador em geral.
Julgando que, a melhor maneira de colher os mais minuciosos
detalhes, sobre a forma mais prática do fomentar a expansão comer-
cial de todos os produtos portugueses, susceptíveis de colocação no
mercado brasileiro, seria de promover um inquérito, consultando
directamente o importador do artigo a tentar introduzir no mercado,
ou a aumentar o seu consumo.
Na absoluta certeza de que, seremos atendidos por V. Ex.*,
tomamos a liberdade de lhe enviar o incluso questionário referente
á classe de. . ., especialidade a que V. Ex." tem dedicado toda a sua
actividade, solicitando ao mesmo tempo do seu patriotismo, a fineza
de o preencher, acrescentando quaisquer ponderações que lhe ocor-
rerem.
A alta competência que V. Ex." tem no assunto, garante-nos a
possibilidade de ficarmos habilitados a orientar com segurança o
comércio exportador, ao muito que há a tentar em prol do desen-
volvimento e engrandecimento da nossa Pátria.
Antecipadamente apresentamos a V. Ex.* os nossos agradeci-
mentos e servimo-nos do ensejo para testemunhar-lhe os protestos
de toda a nossa estima e consideração.
A Directoria: António Rodrigues Ferreira Botelho. — José Cons-
tante.— Carvalho Rocha & C." — ^4. ./. Cornes Barbosa.
Nomenclatura das mercadorias de que trata
o presente inquérito
CLASSE II
Matérias primas e artigos com aplicação às artes e indústrias
T — Algodão:
1. Em fio para costura (linha para coser).
II — Matérias ou substâncias para perfumaria, pintura, tinturaria e
outros usos:
1. Terebintina e aguarrás.
III— Palha, esparto, cairo, pita, piaçaba, paina e outras matérias fila-
mentosas:
1. Palha para cigarros.
IV — Plantas, folhas, flores, frutos, grãos, sementes, raises, cascas, etc:
1. Folhas, flores, ervas, caules, musgos, talos, bulbos, cas-
cas, lenhos, raises e outras espécies semelhantes para
usos medicinais e de tinturaria.
A' — Pedras, terras e outros minerais semelhantes:
1. Cal.
2. Cimento.
3. Mármore, alabastro e pórfiro.
•1. Não especificados.
YI — Peles e couros:
1. Peles, couros preparados e curtidos.
2. Sola.
VII — Sumos ou sucos vegetais:
1. Breu vegetal ou resina.
2. Gomas, resinas e bálsamos naturais.
CLASSE III
Artigos manufacturados
I — Algodão com ou sem mescla:
1. Roupa feita.
2. Tecidos.
II — Cabelos, pêlos e penas:
1. Escovas, espanadores, vassouras e pincéis.
III — Cana da índia, bambu, junco, rotim, vime e outros cipós:
1. Cestos e balaios.
2. Móveis.
IV — I) Cobre e suas ligas. II) Ferro e aço (ferragens):
1. Manufacturas de cobre nâo especificadas.
2. Anzóis, esporas, estribos, fivelas, freios, fechaduras,
cadeados, trincos, dobradiças, puxadores, etc, etc,
para portas e f^avetas.
3. Cutelaria.
4. lí^erramentas.
õ. Grampos, pregos parafusos e rebites.
6. Manufacturas de ferro não especificadas.
\ — Lã com ou sem mescla:
1. Tecidos.
VI — Linho com ou sem mescla:
1. Jvou])ci feita.
2. ^recidos.
Y\\ — Louça, porcelana, vidro e cristal:
1. Maiiufiictui'as de porcelana e louça.
2. Manufacturas de vidro e cristíil.
3. Vidros para vidraça.
A' 1 I I —Madeiras:
1. Palitos para mesa.
2. I^' olhas de cortiça.
IX —Ouro, prata e platina:
1. Ourivesaria.
2. Prataria.
X — Palha, esparto, cairo, pita, piaçaba, paina e outras matérias
filamentosas:
1. Cordoalha.
2. Esteiras e capachos.
XI — Pedras, terras e outros minerais semelhantes:
1. Manufacturas nâo especificadas (cerâmica, mármores
em obra).
2. Telhas de l^xrro.
XII — Peles e couros:
1. 1'alcado.
XIII — Produtos químicos, drogas e especialidades farmacêuticas:
1. Nâo especificados.
XIY — Vários artigos:
1. Botões de osso.
2. Chapéus para liomem.
8. Poleame.
CLASSE IV
Artigos destinados à alimentação
I— Bebidas:
1. Águas minerais de mesa (naturais e artificiais).
2. Bebidas alcoólicas e fermentadas.
3. Vermute, biter e semelhantes.
4. Vinhos espumantes (tipo Champagne).
5. Vinhos finos (Porto e semelhantes).
6. Vinhos comuns.
TE — Cereais, farinhas e grãos alimentícios:
1. Feijão e favas.
I I I — Conservas e extractos:
1. Azeitonas,
2. Conservas e extractos de carne.
3. Conservas e extractos de frutas nâo especificadas.
4. Conservas e extractos de legumes e verduras nâo espe-
cificadas.
5. Conservas e extractos de peixe nâo especificadas.
\\ — Frutas de mesa:
1. Aiuèiuloas.
2. Avelas. \
3. Castanhas.
4. Macas.
5. Nozes.
6. Uvas.
7. Frutas secas nâo especificadas.
8. Frutas verdes não especificadas.
A' — Legumes e verduras:
1. Lei^umes e verduras, seeas.
2. Legumes e verduras, verdes.
VI — Diversos:
1. Alhos. -'
2. Azeite tle oliveira.
.-^. Batatas.
4. Cebolas.
5. Viuajíre.
CLASSE II
Matérias primas e artigos com aplicação
às artes e indústrias
1 — Algodão:
1. Ea[ fio paka costura (ltnha para coser).
Várias forain as tentativas, tanto por parte dos importadores
como dos fabricantes, para a introdução, no mercado brasileiro, do
nos.^^o fio de algodão ou Unha para coser. Como todas essas tentativas
fracassassem, única e exclusivamente por falta de execução das en-
comendas, a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria, conside-
rando inexequivel, qualquer nova tentativa de expansão da merca-
doria, abstém-se de formular questionário especial.
No entanto, tratando-se de uma manufactura que começa a ter
uma pequena procura no mercado e que iigura em primeiro lugar,
nas mercadorias importadas de Portugal, na classe ii, pareceu-nos
conveniente prestar alguns esclarecimentos sobre o valor da sua
importação actual, comparando-a com a que deveria ser, e as razões
que motivaram a sua quási exclusão do mercado.
O valor da importação da linha para coser, de origem portu-
guesa, durante o decénio de 1905 a 1914, teve duas fases bem dis-
tintas. No primeiro quinquénio de 1905 a 1909, limitou-se aos se-
guintes algarismos:
Em 1905, nâo houve importação: em 190H, importara ui-su
70 quilos no valor de 53l!B(X)0 réis; em 1907, 90 quilos no valor de
Õ82S000 réis ; e em 19(18 e 1909 nâo se registou importação alguma.
No segundo quinquénio (1910 a 1914) começou a liaver um movi-
mento l->astante incerto, sendo respectivamente das seguintes quan-
tidades e valores: 1:651 quilos, 8:920S(KH) réis; 1:594 quilos, réis
12
9:455S000; 129 quilos, 1:329S000 réis: 2:256 quilos, 13:879$000 réis;
e 4:004 quilos no valor de 24:408S000 réis.
Considerando a anormalidade do ano de 1914, em que todas as
mercadorias sofreram uma grande baixa na importação, devemos
frizar que a linha para coser, de origem portuguesa, teve um au-
mento de 76 % em relação ao ano anterior. A importação geral
desta mercadoria em 1914, comparada com a de 1913, teve uma
diferença para menos, de cerca de mil e cem contos. A Inglaterra
é quem predominava no mercado, exportando anualmente para o
Brasil, em média, cerca de seis mil contos. Em 1914 essa verba não
foi, sequer, atingida pela importação de todas as procedências.
A causa principal que motivou a exclusão do mercado, da nossa
linha para coser, foi a seguinte:
Ha já alguns anos, uma fábrica do Norte de Portugal, enviou
ao Brasil o seu representante. Aqui foi liem recebido, as amostras
agradaram, o produto era relativamente bem apresentado e o seu
preço equitativo. Talvez por patriotismo, ou porque realmente a
mercadoria agradara, foi bem aceite no mercado. As primeiras casas
importadoras deram as suas encomendas. Em S. Paulo houve su-
cesso idêntico, e o representante retirou-se para a Europa com inú-
meros pedidos. Os importadores aguardaram por tempo indetermi-
nado as suas encomendas, que a fábrica não pôde executar por não
estar devidamente aparelhada para tão grande produção.
Para alguns importadores, advieram prejuízos de certa gravi-
dade, pela falta de execução nos compromissos tomados pela fábrica
citada, pois que a firma inglesa Clarlcs, actualmente com fábrica
em S. Paulo, funcionando ali, sob o titulo de Machine Cottons Li-
mited, senhora absoluta do mercado, impunha aos seus fregueses as
seguintes condições: completa abstenção de negociar com outra qual-
quer marca de linha, mediante 5 ^1^ de comissão e mais 5 "/o» ^ uma
bonificação semestral de 5 "/^ sobre a totalidade das compras. Estas
vantagens foram retiradas aos importadores que fizeram pedidos às
fábricas portuguesas.
Queixam-se alguns consumidores que o nosso fio ou linha para
coser, não é tão glacé ou envernizado como o inglês.
Os mercados do Rio de Janeiro e S. Paulo dão a preferência
aos carreteis ou carrinhos de madeira branca, com 200 jardas de fio.
O Estado da Baía prefere os carrinhos pretos. O Bio Grrand« do Sul
importa carrinhos com 500 jardas.
1*)
A einl)ala;40iu do produto ó u soo-uinto: maros de dúzia de car-
rinhos, oinl)rulhados em pacotes do meia "rosa. Cada caixa deve
conter trinta grosas.
A taxa alfandegária é de '2í}5(XX) réis por kilo (razão de 60 "/p),
sendo B5 "/„ em ouro; acresce mais 2 7o I^^^ra melhoramentos do
])ôrto, capatazias, armazenagem, etc, o íjue eleva o direito a mais
50 "/„, ou sejam )5S0<)0 róis \)ov ([uilograma.
Questionário n." 1
IT — Matérias ou substâncias para perfumaria, pintura, tinturaria e
outros usos :
1. Terebintina e aguarrás.
Estes produtos vêem cm grande quantidade dos Estados Unidos
da América do Norte.
De Portugal importaram-se durante o decénio de 190Õ a 1914,
apenas as seguintes quantidades e respectivos valores: Em 1905, 95
quilos no valor de 182ÍS000 réis ; em 1906, 70 quilos no valor de
132S0(X) réis; em 1907, 108 quilos no valor de 177!$000 réis; em
1908, 55 quilos no valor de 90S(X)0 réis; em 1909, 1:050 quilos no
valor de 4898000 réis ; em 1910, 5 quilos no valor de 9S000 réis :
em 1911, nâo liouve importação; em 1912, 60 quilos no valor de
94S(X)0 réis ; em 1913, S(X) quilos no valor de 454S5(JOO réis ; e em
1914, a importação foi nula.
Em Portugal, segundo as mais recentes estatísticas silvícolas
publicadas, a área florestal compreende uma superfície de 1.621:589
hectares, ocupando os pinhais 778:145, e os montados de azinho e
sobro, soutos de castanheiros e carvalhais, os restantes 848:444
hectares.
Tendo em vista a enorme área ocupada pelos pinhais, em Por-
tugal pareceu-nos dever incluir no nosso inquérito, devido à sua
importância, os produtos da nossa exploração florestal. Observando
a orientação seguida, na classificação das mercadorias, pela Estatís-
tica Comercial Brasileira, foi para estes produtos que formulamos o
nosso primeiro questionário composto de 13 quesitos.
14
QUESTIONÁRIO
1.° Existindo em Portugal, uma tão importante área de pinhais,
a maior em relação às nossas florestas, julga V. Ex."' que as suas es-
sências florestais, tais como aguarrás, terebintina, etc, possam ter
aceitação no Brasil?
Sim, a aguarrás portuguesa, pócle facilmente competir em qua-
lidade com a similar americana, dependendo unicamente dos expor-
tadores a introdução, no mercado brasileiro, dos (Ueos voláteis por-
tugueses.
2." Na afirmativa, quais os meios mais eficazes a empregar para
conseguir a sua colocarão no mercado ?
Empregar vasilhame novo e adequado ; cingir-se ao processo de
enlatamento seguido pelos outros países, principalmente ao dos
Estados Unidos da América, e nâo demorar os embarques.
3.** Segundo a Estatística Comercial Brasileira, a aguarrás e
terebintina americana, são as preferidas no mercado. Haverá ainda
outras 9
Sim, ha outras, mas tem preferência o produto americano pelo
seu bom acondicionamento e qualidade inalterável.
4." Conhece V. Ex." as nossas essências florestais e julga-as em
condições de competirem com as das outras nações ?
Conhecemos o achamos que podem competir com as de outros
países, pois a sua qualidade nada deixa a desejar.
5.° Qual o motivo da preferência do importador pelas essências
florestais americanas ?
A qualidade inalterável do produto, a sua excelente apresenta-
ção e sobretudo o seu módico preço, o que nâo sucede com o género
português que é mal apresentado e de preço um tanto excessivo,
em relação ao de outras procedências ; no entanto a aguarrás portu-
guesa, segundo as mais abalisadas opiniões, é pura essência de tere-
bintina, desaparecendo em poucas horas depois de aplicada, o seu
cheiro penetrante, o que nâo sucede à americana.
6.° Qual o jjreço de custo no local da produção das essências que
vêem ao mercado?
Muito variável; actualmente 26 shillings a caixa de 32 quilo-
gramas líquido Cif Rio, a 90 dias de prazo.
7.** Qual o direito que incide sobre a terebiyitina e a aguarrás?
15
Segundo a larita. a taxa é de cem réis por (piilograma (razáo
do õO ^o), sendo ;3õ "/o <^"^ ouro, e adicionaudo-lhes 2 "/o ouro para
melhoramentos do porto, oapatazias, armazenagem, carretos, despa-
cho, etc, teremos uma despesa, só para entrada no mercado, de 157
réis por quilograma. Para maior compreensão damos, a seguir, a
f(>rmula de um despacho para cem caixas com aguarrás:
Fórmula de despacho para aguarrás
Cem caixas contendo aguarrás, pesando lújuido rial três
mil e duzentos quilos.
Razão 50 "/(. — 3:2()0 quilos a KX) réis
Estatística
Ouro 2 7o O^- tio porto) ....
a20SOO(3
isoa)
12S80()
B33S8(0O
Ouro 35 7,,
> -2 %
112^000
12S800
Papel
124S8(X)'
209SaX) 333S80!)
Custo de 124S8a) ouro ao câmhio de 15 d 224Sti4iJ
Papel 2()9SlH»
Cais do porto (armazenagem .3(J dias) 15S84<)
Estampilhas 2500)
Agência 20í5()00
Carreto 30Sa>3
Réis .")<)2S()8()
Despesa ])ur ijuilo, 157 réis.
16
8.° Quaifi as vasilhas empregadas pelas diversas nações na expor-
tação deste artigo, sua forma e capacidade ?
Latas com a capacidade de 16 quilos de peso líquido. As vasi-
lhas deverão ser quadradas, tendo numa extremidade da parte supe-
rior, uma pequena tampa de rosca.
9.° Qual a Jorma de acondicionamento e embalagem, quayitidade
de vasilhas por volume e o seu peso máximo ?
Caixas adequadas e novas. Cada caixa deverá conter duas latas,
nâo excedendo o seu peso líquido 32 quilogramas, observando-se
em tudo, o sistema usado pelos americanos.
10.° Tem V. Ex/^ conhecimento do Jracasso de uma tentativa de
introdução destes produtos 7io Rio de Janeiro, em que as latas chega-
ram amolgadas, algumas vasias e dentro de caixas que anteriormente
tinham servido a petróleo ?
Sim, e, infelizmente por experiência de alguns importadores,
a-pesar-de reiteradas instrucções sobre a maneira de executar as
encomendas. Yárias vezes, teem vindo ao mercado pequenas remes-
sas de aguarrás em latas velhas já servidas a gasolina e outros
óleos, assim como caixas usadas com outras mercadorias.
11.° Qual a Jorma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro, contra conhecimento, à vista, jwonto pagaynento (30 dias)
ou a prazo ?
Geralmente contra saque a 9U d/v.
12.° Quais as condições de expedição, embarque, etc, Fob
ou Cif?
Varia de conformidade com o que se combinar na ocasião.
E^sobretudo preferível o Cif Eio.
13.° Outras quaisquer observações que V. Ex." julgue conveniente
acrescentar.
O fiel cumprimento dos contractos por parte dos exportadores,
por se tratar de um produto, denominado comercialmente, muito
violento, sujeito portanto, repentinamente a grandes oscilações.
Para obter as informações que necessitávamos, dirigimo-nos às
seguintes firmas importadoras desta praça: -/. F. Santos & C." : J.
Rainho & C."'; Júlio Miguel de Freitas & C."' ; Navio d Enes; e Plá-
cido Teixeira <& C."'
Obtivemos respostas de quatro firmas, deixando de o fazer
os srs. Navio d- Enes, por nâo importarem o artigo em grande
escala.
17
Questionário n." 2
III — Palha, esparto, cairo, pita, piaçaba, paina e outras matérias fila-
mentosas:
1. Palha para cigarros.
Xa importação de palha para cigarro!^, o Brasil tem sido única
« exclusivamente tributário de Portugal. A Alemanha e os Estados
Unidos já tentaram introduzir no mercado este artigo, mas parece
que as suas tentativas foram improfícuas, pois que, continua a ser
insignificantíssima a importação daqueles países. Por informações
colhidas na praça, consta-nos que a tentativa alemã limitou-se a
promover a colocação do produto no mercado brasileiro, exportado
pelo pôrto-franco de Hamburgo, mas de procedência portuguesa.
A importação da palha de milho para cigarros, durante o decénio
de 190Õ à 1914, cifra-se nas seguintes quantidades em quilogra-
mas: 28:788, 41:160, 24:469, 31:914, 26:894, 22:746, 35:523, 38:365
e 28:078, com os valores respectivos de 161:775S000, 182:001S000,
165:193^000, 184:743$0(X3, 212:625S000, 176:250S0lX), 150:1858000,
224:887S000, 264:4938000 e 204:2078000 róis.
Nos primeiros cinco anos do decénio, o aumento na importação
foi progressivo, declinando nos 6.° e 7.", registando-se em 1910 a
importação mínima, 150:2858000 réis, atingindo no 9." a máxima de
264:4938000 réis. Em 1914 houve, em relação ao ano anterior, um
decréscimo de 60:1868000 réis, facto aliás que se dá para todos os
produtos, som distinção de procedência.
Esta mercadoria, produto da nossa agricultura, na região de
Penafiel, e táo apreciada no Brasil, náo podia de forma alguma dei-
xar de fazer parte do nosso inquérito, embora na o tenhamos compe-
tidores no mercado. Nos oito quesitos seguintes tratamos da expan-
são do artigo.
QUESTIONÁRIO
1.° Tendo-se registado nos anos de 1911 e 1912, uma grande
baixa, em relação aos anos anteriores, na importação de palha para
cigarros, não nos reportando à diferença de 1914 para 1913, por eon-
18
siderarmos uma época anormal, conhece V. Ex."' as causas que determi-
naram essa baixa, na importação de um artigo que não tem concorrente
no mercado?
Primeiro: O grande desenvolvimento que tomou ultimamente
o fabrico aperfeiçoado dos cigarros com capa de papel ou mortalha.
O processo de fabrico mecânico barateou o produto. Os cigarros
com capa de palha, fabricados manualmente, tornam o artigo muito
mais caro, devido ao custo excessivo da mâo de obra no Brasil.
O consumo do tabaco forte, com que estes últimos sâo manipulados,
tende também a diminuir de ano para ano.
Segundo: A protecção pautal que sobrecarrega um produto,
relativamente de pequeno valor, com um direito onerosíssimo, quási
sempre superior ao custo da própria mercadoria, como mais adiante
se demonstrará, com a pretensão de proteger uma indústria nacio-
nal, que de facto nâo existe, por nâo se prestar o produto similar
do solo brasileiro a idênticos fins. Além do exposto, é provável que
exista ainda grande stocJc da mercadoria importada nos últimos
dois anos.
2.° Na afirmativa, poderá V. Exf' indicar o que se deve tentar
■para, alem de mantermos a nossa preponderância no mercado, promover
por todos os meios a importação deste produto em todo o Brasil ?
Nâo tendo este artigo concorrente no mercado, o meio mais
eficaz seria a reclame demonstrativa da superioridade da mortalha de
palha de milho sobre a de papel, em virtude de nesta última, entra-
rem na sua composição matérias nocivas tais como : as tintas, a
goma e outras, empregadas no papel combustível.
3.° Quais as modificações a introduzir na preimração da merca-
doria, acondicionamento, embalagem, peso dos volumes, etc. ?
Devido à iniciativa particular de uma conceituada firma impor-
tadora desta praça, que desenvolveu o consumo do artigo, nenhuma
modificação é aconselhada. O acondicionamento é o melhor possível
e satisfaz plenamente o importador.
4.° Qual o direito que incide sobre o produto nas alfândegas bra-
sileiras ?
O direito é de 4í$000 réis por quilograma, sendo 35 "/o ^^ ouro,
armazenagem dobrada e mais 2 7o ^^^^ ouro para melhoramentos do
porto. Para demonstração cabal do elevado direito que incide sobre
esta mercadoria, obtivemos cópia de um despacho de 20 caixas com
2)alha de míDio para cigarros, que importou em 4-:810á5440 réis,
19
quando o valor rial da mercadoria, aliás de superior qualidade, era
de 5:ir>0S000 róis.
Fórmula de despacho de palha para cigarros
Vinte caixas contendo palhas de milho para cigarros,
pesando líquido rial oitocentos e cincoenta e cinco
quilos:
Razão 50 7o — 855 quilos a 4S000 réis 3:420S000
Estatística 200
Melhoramentos do porto (2 7o oui'o) 13tíS>800
Réis 3:557$(XX)
Ouro 35 7o 1:197$000
. 2 7o 136S800
1:333S800
Papel. 2:223$200 3:55755aX)
Custo de 1:333S800 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 2:4a)S84()
Papel 2:2238200
Cais do porto (armazenagem) 146S400
Agência e estampilhas 15S000
Carretos 20S00O
Diversas despesas 5S000
Réis 4:8108440
Despesa por quilo, réis 5.S<)26
Nota — O custo desta factura era de 1:720S000 réis, que ao
câmbio de 300 "/q equivale a 5:160S(XX) réis.
20
5.° Quais as praças do Brasil onde se consome este produto em
maior escala?
Nas do Rio de Janeiro, S. Paulo, Santos e todos os portos do
Sul do Brasil.
6." Quais as praças do Brasil onde se poderá tentar a sua colo-
cação ?
Em todo o Norte do Brasil.
7.° Qual a jórr)ia de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro para esta mercadoria, contra conhecimento, à vista, pronto
pagamento (80 dias), ou a prazo?
Em geral a consignação ; e o pagamento ó efectuado na presta-
ção da conta de venda.
8." Quais as condições de expedição, embarque, etc, Fob ou Cif?
Preferível Cif Rio.
Este questionário foi dirigido às seguintes casas importadoras
do Rio de Janeiro: Bernardo Viana & C." ; Carlos Taveira & Cf';
Companhia Souza Cruz: Gonçalves Cabral & Cf e José Francisco
Correia & Cf
Responderam as quatro primeiras firmas, deixando de o fazer a
casa José Francisco Correia & Cf por ter abandonado há muito a
importação do artigo.
IV — Plantas, folhas, flores, frutos, grãos, sementes, raíses, cascas, etc:
1. Folhas, flores, ervas, caules, MusaoS; talos, bulbos,
CASCAS, LENHOS, RAÍSES E OUTRAS ESPÉCIES SEMELHAN-
TES PARA USOS MEDICINAIS E DE TINTURARIA.
Na importação de plantas para usos medicinais e de tinturaria,
Portugal ocupa o primeiro lugar, a Alemanha o segundo e a Itália
o terceiro. Nestes dois últimos países, geralmente os exportadores
dedicam toda a sua actividade ao seleccionamento das plantas para
21
usos medicinais, cultivando-as em terrenos próprios e para esse fim
adequados.
A grande procura do artigo no mercado, o valor da importação
de procedência portuguesa, o seu decrescimento de 1911 em diante
e a preponderância que vêem tomando as nossas duas concorrentes,
obriga-nos a uma pequena referência, embora nâo tenhamos formu-
lado nenhum questionário especial para estas mercadorias.
Durante o decénio de 1905 a 1914, o valor da importação de
origem portuguesa, comparada com a alemã, foi a seguinte:
Anos
Alemanha
Portugal
Quilos
Valores
Quilos
Valores
1905
201:057
69:343
67:948
52:648
72:054
74:643
132:763
67:365
52:765
40:745
393:450,í!000
74:065^000
74:969^000
60:544^00
68:808|:000
84:9961000
104:875^000
87:0661000
67:193^000
51:463|!000
119:670
125:611
154:444
115:623
152:126
173:377
107:282
100:290
09:605
57::342
108:6814(000
1 22:52-1 igOOO
154:668ií!000
120:164|i00;)
137:622^000
152:542^00;)
94:5331000
106:852^000
92:2341000
09:30í)<S()Oí)
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1013
1914
O excessivo valor que se nota na importação alemã em 19(>5,
explica-se pela razão de estar o lúpulo englobado na classificação
das mercadorias, com as plantas medicinais, figurando nos anos
subsequentes em classe separada. A nossa exportação tem dimi-
nuído de 1911 em diante, atribuindo-se a causa, em parte, à utiliza-
ção de certas espécies da flora brasileira.
Até ao rompimento das hostilidades na Europa, a Alemanha,
como já dissemos, ocupava o segundo lugar na importação. Seguia-
se-lhe a Itália, mas com valores assaz diminutos; porém, em virtude
de se achar o primeiro país impossibilitado de manter a sua impor-
tação, e em Portugal haver uma certa restrição na saída de certos e
determinados produtos, os exportadores italianos que já conheciam
as exigências do mercado brasileiro, souberam aproveitar a oportu-
nidade e trataram de alargar as suas operações comerciais.
22
Actualmente importam-se daquele país quantidades avultadas de
plantas para usos medicinais, o que de certo afectará de futuro este
nosso ramo de comércio de exportação, se nós nâo soubermos de
pronto dar-lhe o competente remédio.
Sobretudo, é necessário melhorar a embalagem, assemelhando-a
à italiana, que é muito superior à alemá, embora esta seja muito
perfeita e melhor do que a nossa. Esta é feita da seguinte maneira:
Pacotes comprimidos, quadrados ou rectangulares, de 500 gramas
cada um, sendo os envoltórios de papel grosso, em forma de saco.
Os pacotes alemães, alem de muito bem apresentados, conteem to-
dos os dizeres, nome do expedidor, reclames, designação do cou-
teúdo, etc, em língua portuguesa. Os italianos excederam-se: os
dizeres sâo também em legítimo português, e cada pacote, de forma
rectangular, tem ao centro um recorte circular, por onde, através de
uma placa de gelatina, se pôde verificar o produto que contêm.
Colocados em confronto os produtos das três nações, é inegável
que a preferência pende toda para o artigo italiano.
Sáo inúmeras as espécies de folhas, flores, ervas, caules, musgos,
talos, bulbos, cascas, lenhos, raíses, etc, i)ara usos medicinais e de tin-
turaria, que se importam no Brasil, e seria muito fastidioso para os
leitores designá-las todas, tanto mais que devem ser já sobejamente
conhecidas pelos interessados.
Limitar-nos hemos a citar as taxas alfandegárias aplicadas às
diversas espécies:
Folhas, flores, ervas, caules, musgos, talos, cascas e lenhos (todas
as taxas seguintes teem por unidade, o quilograma):
Açafrão: bastardo, açafroa ou cártamo. 1$300 réis — Razão 25 ^j^
Dito: espanhol ou oriental .... 20S000 » — » 25 »
Alecrim: folhas, 200 réis: flores . . 700 » — » 25 »
Alfazema (aspic) 200 » — » 25 »
Bravera antelmintica, housso ou husso
(flor) 1S300 » — » 25 »
Musgos: da Córsega 2(X) » — » 25 »
Macis ou flor noz moscada .... 3$000 » — » 25 »
Malvas : folhas, 400 réis ; flores . . . 700 » ■ — » 15 »
Urzela ou orcela (lichen orcella) . . 200 » — » 15 »
Papoula branca, negra ou rubra: flor . 500 » — » 15 »
Não especificadas 500 » — » 25 »
2a
Baíses e bulbos (todas as taxas seguintes teeiu por Ijase o ({ui-
lot^raina) :
Açafrão : da índia, enreunia ou gengi
bre l)ranco ou amarelo
Aharuz.
Altea
7(X) réis — Razão 25 "/„
atxi » — » 25 »
3C)0
» —
»
25 »
2(X)
» —
»
25 »
IhSTOC)
■> —
»
25 -^
I3(X)
;-> —
»
15 ^
Grama .
Salepo .
Lírio
Para horta, jardim ou prado e, em ge-
ral, para a agricultura: livres.
Não especificados Ad valorem —
25 »
Como para os demais artigos acresce a estas taxas 35 ^/y ouro,
2 7o onvo mellioramentos do porto, capatazias, armazenagem, des-
paclio, etc.
Estes esclarecimentos foram obsequiosamente prestados, ver-
balmente, pela casa Granado & C."', desta praça.
Questionário n.'' 3
V — Pedras, terras e outros minerais semelhantes:
Cal.
Até 1914, na classificação das mercadorias pela Estatística
Comercial Brasileira, nâo se descriminou a cal. Encontrava-se nos
produtos designados como: pedras, terras e outros minerais^ não espe-
cificados.
Com esta designação, figuram como importadas do nosso país,
alguns milhares de toneladas no valor de centenas de contos de réis.
Para o decénio de 1905 a 1914 as quantidades foram as se-
guintes em quilogramas: 2.949:762, 4.300:884, 1.503:687, 1.192:944,
24
2.913:734, .2.685:920, 5.368:203, 14.786:432 e 16.360:332, com os
valores respectivos de 186:985S000, 207:992S000, 154:464S000,
110:670$000, 192:684$000, 239:1008000, 291:563$00O, 562:37685000,
581:831S000 e 198:696^000 réis.
Pelas razoes já expostas, não se pode descriminar qual a quan-
tidade de cal e respectivo valor, compreendida no grupo de pedras,
terras e minerais. Consta-nos, porem, que nos Estados do Norte do
Brasil se importa quantidade razoável de cal portuguesa. O mercada
do Eio de Janeiro também importa, restringindo-se o seu emprego
a trabalhos delicados. Nos desdobramentos e alterações introduzidas
ultimamente na classificação das mercadorias pela Estatística Comer-
cial, encontra-se já descriminado este produto. Nos meses de Março,
Abril e Maio do corrente anO;, a impoí-tacáo, de origem portuguesa,
foi de 170 toneladas, no valor de 17:238^000 réis, náo tendo havida
movimento durante os dois meses precedentes.
O calcáreo ocupa uma larga faixa do território português, e
como um seu derivado industrial, a cal, tem tâo larga aplicação,
julgou a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria, dever tratar
mais especialmente este produto, nos onze quesitos, enviados era.
consulta aos principais importadores de materiais de construção.
QUESTIONÁRIO
1.° Havendo já regular exjjortação de cal portuguesa para os Es-
tados do Norte do Brasil, além de Pernambuco, julga V. Ex." viável
a sua expansão, tanto neste mercado, como nos do Sul?
No Rio de Janeiro será difícil a sua colocação em maior escala,
visto existir grande número de fábricas nacionais, que a produzem
em larga escala e a um preço relativamente módico. Para os merca-
dos do Sul, desconhece-se aqui qual a procura que poderá haver,
2° Possuindo Portugal enorme extensão de terrenos calcar eos,
facilmente se poderá ampliar o Jabrico de cal, que não é muito compli-
cado. Assim como se exporta em larga escala 2)ara as colónias portu-
guesas, não julga Y. Ex.^'' possível introduzir no .mercado alguns mi-
lhares de toneladas deste artigo?
O grande fabrico nacional e o seu módico preço de 30 réis por
quilograma no local da produção (Minas Gerais), impossibilitam a
similar estrangeira de concorrer ao mercado em maior escala. O di-
25
reito é de 60 réis por quilograma. Do estrangeiro só vem a neces-
sária a trabalhos mais íinos e delicados.
3." Xa afirmativa, qual a forma de exportar a mercadoria: em
sacos, barricas ou por qualquer outro processo'^
Na eventualidade de se poder elevar a pe([uena importarão, o
acondicionamento preferível seria, barricas de 150 quilos, como já
em tempo foi recebida, evitando assim quebra de peso. Para a nacio-
nal, o acondicionamento é em sacos para a extinta de pedra; a cal de
marisco e a de Cabo Frio vêem em granel, aquela em barcos, esta
em iates. A cal virgem, a mais geralmente usada em Portugal, é
conduzida em sacos duplos. Houve já uma época, em que o trans-
porte pelas, linhas férreas era exigido em tambores de ferro ou de
folha zincada.
4." Qual o processo mais adaptável ao mercado, para a sua coze-
dura, a lenha ou o carvão?
A de pedra tem como combustível a lenha, e a de marisco, a
lenha ou o carvão.
õ.** Qual a procedência da cal que abastece actualmente o mercado
do Rio de Janeiro?
Quási todas as ilhas disseminadas pela baía de Guanabara, Dis-
trito Federal, Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro e estações do
Estado de Minas Gerais.
6." Qual o seu custo no local de origem?
A cal portuguesa custava em Junho de 1910 (cotação da lUtima
que nos consta foi aqui recebida) 2S20() réis por barrica de 150 qui-
logramas.
A nacional tem oscilações nos seus preços, regulando entretanto
para a do marisco, por moio de 2:100 litros, 28S000 réis; Cabo Frio,
por moio de 2:400 litros, 40S000 réis; e a de pedra, saco de 25 a
30 quilos, OCX) réis, posto nas estações do Caminho de ferro, no Es-
tado de IVIinas Gerais.
7.° Quais os direitos que incidem sobre o produto ?
A taxa alfandegária é de 60 réis por quilograma (razão de 50 "Z^,),
mas com 35 7o ouro e outras despesas, o verdadeiro direito é de
92 réis por quilograma. Para maior compreensão damos uma fór-
mula de despacho para 100 barricas de cal, por onde se verá qual o
direito que tributa a mercadoria.
26
Fórmula de despacho para cal em pedra ou em pó
Cem barricas contendo cal em pedra ou em pó, pesando
líquido catorze mil e duzentos quilos:
Eazâo 50 7o — 14:200 quilos a 60 réis ..... 852S000
Estatística ISOOO
Ouro 2 Vo (M. do porto) 36$000
Réis 889S000
Ouro 35 "/„ 2988200
» 2 7o 36S0O0
3348200
Papel 554S800 8898000
Custo de 3348200 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 6018560
Papel 5548800
Cais do porto (armazenagem) 1108500
Agência e selos 228600
Carreto 208000
Réis 1:3098460
Despesa por quilo, réis 92
S.° Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro, para este produto, contra conhecimento, pronto pago ynento
{■')0 dias), á vista ou aprazo?
Para a mercadoria nacional o pagamento é a dinlieiro no acto
de embarque, com 5 7o ^ 2 *^/o de desconto.
A estrangeira como nao vem ao mercado, nao existe praxe esta-
belecida para as suas transacções.
27
9." Quaiíi as Gondiçõeít de expedição, embarque, etc, Fob ou Cif?
O último recebimento foi Cif Rio, ao preço de 2S9C)0 róis por
100 quilogramas, embarque por vapor.
10.° Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigências nas condições de paga-
mento ?
Concedendo vantagens idênticas, ao do comércio alemão, paga-
mento a prazo de 90 a 120 d'v ou 150 d/data.
11." Outras quaisquer observações que V. Ex." julgue conveniente
acrescentar.
Em épocas normais, podem-se facilitar um pouco as exigências
na forma de pagamento, mas na situação actual, salvo raras exce-
pções, é necessário toda a segurança nas transacções.
Responderam o mais cabalmente possível, aos nossos quesitos,
as firmas importadoras desta praça: Amarais Pimentel & C", Domin-
gos Joaquim da Silva ã- C" e Machado Bastos & C"; nâo sucedendo
outro tanto aos snrs. Artur Bastos & C", J. A. Costa & C.^ e Mes-
quita Bastos & C/% que se nos dirigiram lamentando nao poderem
orientar-nos, por desconhecerem a importação do artigo.
Questionário n." 4
2. Cimento.
Até meados de 1914, ora a Alemanha quem predominava no
mercado brasileiro, com as suas variadas marcas de cimento. Hoje,
com o bloqueio daquele país, o Brasil forçosamente há de procurar
abastecer-se de outras fontes ainda por explorar. Portugal, a-pesar-
de fabricar regularmente este produto, nâo conseguiu por emquanto
torná-lo aqui conhecido.
Cifra-se nas pequenas quantidades e valores que seguem, a im-
portação de origem portuguesa, durante os últimos dez anos:
Em 1905, 1:350 quilogramas no valor de 145S000 réis; em
28
1906, 2:160 quilogramas no valor de 227^000 réis; em 1907, 4:215
quilogramas no valor de 598S000 réis; em 1908, nâo houve impor-
tação; em 1909, 6:750 quilogramas no valor de 488$000 réis; em
1910, 3:000 quilogramas no valor de 132$000 réis; em 1911 e 1912
também nâo houve importação; em 1913, 9:000 quilogramas no va-
lor de 454$000 réis; e em 1914, importaram-se 19:550 quilogramas
no valor de 1:715S000 réis.
Por esta pequena estatística, se vê que no ano transacto houve
maior procura do produto, pois que quási quadruplicou o valor da
sua importação.
Em 1913, ano em que a importação geral no Brasil atingiu o
seu valor máximo, deram entrada no país 465:314 toneladas de ci-
mento, no valor de 22.003:211S000 réis. No aiio findo, ou por falta
da mercadoria, ou pela paralizaçâo de muitas obras, a importação
do mesmo produto desceu para 181:847 toneladas, no valor de
8.488:342^5000 réis.
Como já dissemos, a Alemanha predominou sempre no mer-
cado, como se pode vêr pela estatística seguinte, do ano de 1912,
última publicada em relação às origens das mercadorias:
Qaautiilades Valores
Alemanha 174.028:957 7.803:410$00O
Inglaterra 79.403:031 3:516:836^000
Bélgica 70.894:785 2. 967:01 3í$000
Estados Unidos 19.240:812 852:725S000
Depois de declarada a guerra, os Estados Unidos aumentaram
a sua exportação para aqui, mas o elevado custo do frete daquele
país para a América do Sul, dificulta enormemente as transacções.
Como se notasse no ano findo um sensível aumento na nossa
exportação de cimento para o Brasil, a Câmara Portuguesa de Co-
mércio e Indústria, incluiu este produto no seu inquérito, estu-
dando-o nos quinze quesitos que formulou.
QUESTIONÁRIO
1.° Conhece V. Ejcf o estado de aperfeiçoamento a que chegou o
fabrico deste produto em Portugal?
29
Nâo se desconheço por completo o estado de aperfeiçoamento a
que chogon o produto om Portu<j:al. Alguns importadores já recebe-
ram amostras de cimento marca Tejo, mas há a impressão de só
satisfazer as necessidades locais e eventualmente as colónias portu-
guesas.
Os embarques procedentes da Alemanha estão, de facto, por
motivo da guerra^ suspensos, mas a Dinamarca e a Holanda suprem,
em parte, essa lacuna, e a Inglaterra e os Estados Unidos da Amé-
rica do Norte, preenchem o resto. De Portugal, nâo há notícias neste
mercado, de quaisquer ofertas, deduzindo-se disso, nâo haver stock
que mereça ser exportado ou possa rivalizar em preços com os ci-
mentos provenientes dos mercados já citados.
'2° Na afirmativa, quais as causas por que se não cogitou da sua
colocação neste mercado?
Podem ser atribuídas: 1.", ao facto da pouca oferta, sinal evi-
dente dos seus produtores nâo necessitarem de expansão; 2.*', ao
preço do artigo Cif Rio, nas tentativas que se fizeram, estar fora
de toda a concorrência, devido ao seu custo excessivamente elevado.
S.° Na emergência da actual guerra europeia, a exportação
oriunda dos países nela empenhados, acha-se paralizada; por este facto,
não se lhe afigura que o nosso pais possa, com vantagem, abastecer este
mercado com uma mercadoria que mais cedo ou mais tarde ha de fatal-
mente escassear?
Se o factor preço fosse acessível, nâo há duvida que o Brasil
seria para o cimento um mercado importantíssimo, se bem que, nâo
se conheça ainda ao certo a força produtiva do fabrico português.
Em todo o caso, ao contrário do que se pensa, a-pesar-da guerra, há
muitas procedências de onde se pode mandar vir o artigo, sem ser
da Alemanha, Áustria e principalmente da Bélgica, cuja exportação
para aqui era de facto enorme. Da Itália, Dinamarca, Suécia, Ingla-
terra e América do Norte, há relativa facilidade em se obter o pro-
duto estando os importadores habilitados a fornecerem-se na pri-
meira oportunidade, nâo tendo havido por emquanto falta, nem há
receio de tal suceder. Neste artigo, os Estados Unidos toem uma
posição preponderante, visto gozarem da um abatimento de 20 ^Iq
nos direitos aduaneiros, como compensação à entrada livre do café
brasileiro naquele país. Infelizmente, há cerca do três meses, os fre-
30
tes nos Estados Unidos, mais do que em qualquer outra parte, subi-
ram de tal forma suas taxas para o produto, elevando muito o seu
preço, ressentindo-se por isso e de uma forma muito sensível, a im-
portação do artigo daquela procedência.
4.° Como aconselha V. Ex.'^ proceder, para de uma forma eficaz
se iniciar uma larga exportação do produto e a sua colocarão definitiva
no Brasil?
A apresentação directa dos fabricantes no mercado, evitando
intermediários que encarecem o produto; remessa de amostras, suas
análises e demonstrações de resultados práticos obtidos, além de um
bom acondicionamento em barricas. E, sobretudo, entabolar nego-
ciações para conseguirem uma taxa de frete que lhes permita con-
correrem com os similares de outros países que, possuem linhas di-
rectas de navegação para aqui, pois é sabido que o frete neste ar-
tigo é o ponto mais importante para o exportador.
5." Alem do cimento alemão, qual a procedência dos similares
que vêem ao mercado?
Actualmente da América do Norte e da Inglaterra, em grande
escala, e em menor, da Itália, Suécia, Dinamarca e Holanda. Ante-
riormente, da Inglaterra, Bélgica, Estados Unidos e Austria-Hun-
gria.
6." Qual o preço da unidade no local da produção ^
Este artigo é sempre negociado na base Cif, portanto difícil
se torna a sua resposta. No entanto, os preços Cif Rio antes da
guerra, regulavam, para as qualidades usuais: artigo austríaco e
belga, 7 shillings, e para o americano, 1S90; há três meses ainda se
obtinha a mercadoria americana por dólares, 2$ e 2^10, custando
hoje, pelos motivos já expostos no quesito 3.°, pouco mais ou menos,
3$ dólares vindo por vapor, e um pouco menos por veleiro. Os pre-
ços actuais da Holanda e Dinamarca, orçam entre 9 e 10 shillings:
os de Inglaterra entre 10 e 11 shillings. Póde-se, porém, obter o ar-
tigo na Península Scandinavia, ao preço de 8 shillings a 8/6 Cif Rio,
entrega ao costado do vapor, como é hábito; pagamento contra docu-
mentos de embarque. Estes preços sâo por barricas de 150 quilo-
gramas de peso bruto.
7.° Qual o peso máximo da barrica?
As barricas mais vendáveis e preferidas no Rio de Janeiro, sâo
as de 150 quilogramas. Em S. Paulo e Santos sâo, porém, preferi-
das barricas de 120 e 180 quilogramas.
31
8." Quais os direitos que incidem sobre o produto no Brasil?
A taxa alfandegária ó de lõ réis por quilograma (razão de 30 "/„)
e 35 7o o^^i"0, alem de várias despesas acessórias, que elevam esse
direito a 21, S j)or quilograma, nâo incluindo transporte, despa-
cho, etc. Os direitos actuais, propriamente ditos, na base de 14 ponce,
ágio do ouro, sâo: 2$r)30 róis por barrica do 142 quilos, peso líquido,
para cimento norte-americano, que goza do um abatimento de 20 *^/q,
e de 3S095 réis para igual ])pso de barrica do cimento de qualquer
outra origem.
Para o cálculo das despesas que oneram a mercadoria, desde a
sua chegada ao porto do destino, até à entrada nos armazéns ou de-
pósitos, há três processos de despacho. O primeiro, nâo nos pode
servir de base, porque se refere ao cimento norte-americano que
goza da redução de 20 *'/q nos direitos; o segundo, o mais frequente-
mente usado na mercadoria Cif Rio, entrega ao costado do vapor, e
proveniente de qualquer origem, excepto dos Estados Unidos da
América do Norte, é o mais económico e o que deve servir de base
para futuras transacções. A despesa é a seguinte:
Uma barrica de cimento:
Peso bruto, quilogramas 150
Tara 8
Liquido . 142
Direito 15 réis por (juilo (razão 30 %); estatística 10 réis,
35 "/o ouro, ao câmbio de 14 d. 65 7o papel e mais
2 % oi^ii'o (melhoramentos do porto), 21,8 réis.
142 quilogramas, peso líquido, a 21,8 3$095
Transpo]'te marítimo de bordo para o armazém . . . 400
Armazenagem (1 mês) 150
Total, réis 3S645
Para o câmbio a 15 d. a razão ouro, será de 50 "/g.
Importa-se geralmente o cimento em grandes partidas, armaze-
nando-se e despachando-se segundo as necessidades, parcoladamente
ou na sua totalidade. Para cada despacho e selos, acresce 22^600 réis.
Despesa por quilograma, 25,7 réis.
32
O terceiro processo consiste na descarga para a alfândega sobre-
carregando a mercadoria com mais 500 réis, processo este que se
deve evitar o mais possível, como se vê pela seguinte demonstração:
Direitos
Descarga .
Armazenagem
Capatazias .
3$095
1^050 4$145 (por quilograma, 29,2 réis)
9.° Quais as profriedades características das diversas marcas que
vêem ao mercado, em relação ao nosso cimento?
Nâo havendo dados seguros relativamente às propriedades de
resistência do nosso cimento, nâo se pode fazer o devido confronto.
Pela casa Dias Garcia & C* foram-nos fornecidas duas cópias de
análises feitas aqui, em cimentos, e que transcrevemos para orientar
os interessados:
E. F. CE/NT-RAL DO BRASIL
5.' DIVISÃO
GABINETE DE ENSAIOS
Certificado dos ensaios sabre o cimento URCA, apresentado pelos srs. Dias Gar-
cia tf- C". em 1913.
Médias
Resistências (qg. por cm'^
7 DIAS
Com
pressão Tracção
456
502
504
524
467
502
492 •■
51
51
50
53
51
51
51'
28 DIAS
Com-
pressão 'facção
755
59
744
61
681
56
673
57
690
59
702
58
707'
58''
Análise química
Perda ao fogo
Silica .
Alumina .
Ox. de ferro .
Cal . . .
Magnésia .
Anhy. sulfúrico
Alcalis e perdas
H-^0 e CO"^ .
SiO-^
AL-^O'' \
CaO
MgO
Total
1.550
24.800
7.600
63.900
0.720
0.960
0.470
100.000
Peso especifico 8,130
Resíduo na peneira de 900 malhas. . . . 1,2 "/o
Exjyansão em, 24 horas (Le Chatelier) . . . 0",001
Ensaio a água em ebulição Resiste
11^0"^
3^,10'°
Pasta normal com, 20 "/„
de água.
Gabinete de Ensaios, 5 de Novembro de 1913. — Barboza Senna.
33
E. F. eE/NT-RAL "DO BI^ASIL
5." DIVISÃO
GABINETE DE ENSAIOS
iV/
Certificado dos ensaios sobre o cimento DEMARLE LONQUETY, apresentado pelos
srs. Dias Garcia d- C". em lUlH.
Médias
Resistências (qg. por cm-)
2« DIAS
pressão Tracção
Õ60
524
530
520
512
522
528'
51
52
54
56
53
53
53 k
612
631
585
610
594
588
603'
55
56
55
57
54
55
Análise química
Perda ao fogo
Sílica .
Alumina .
Ox. de ferro .
Cal . . .
Magnésia .
Anhy. sulfúrico
Alcalis e perdas
H-^O e CO-^
SiO-í
AL203
CaO
MgO
S03
Total
2.400
22.600
9.300
63.750
0.720
0.858
0.372
100.000
Peso especifico 3,125
Resíduo na peneira de 900 malhas. . . . 1,7 **/o
Expansão em 24 horas (Le Chatelier) . . . 1,5°"^
Ensaio a água em ebulição Resiste
-r>, ( Começo 111,15"»
^"^S^lFim . 3-;20-
Pasta normal com 19 "/a
de água.
Gabimte de Ensaios, 3 de Outubro de 1913. — Barboza Senna.
10.° Qual a forma de acondicionamento ou revestimento interno
das barricas para o completo resguardo do produto, num clima onde a
humidade é constante?
Em barricas de aduela de macho e fêmea, ou encaixe, com
aros de ferro e forradas interiormente com papel grosso alcatroado
ou oleado.
li.** Qual a forma de pagamento mais usual no Bio de Janeiro,
para mercadorias desta espécie, contra conhecimento, à vista, pronto
pagamento (80 dias) ou a prazo ?
O pagamento era, em regra, feito nos mercados de origem,
contra entrega dos documentos de embarque; mas havia comissários
que facultavam o pagamento no porto de destino, em letras a 90 d/v.
34
Depois do conflito europeu, porém, tendo-se tornado dificultosas
por toda a parte as várias manifestações de crédito, mormente
em negócios de grande vulto, foram as antigas e habituais condi-
ções de pagamento modificadas para liquidação contra entrega de
documentos de embarque aqui, ao câmbio de vista, havendo ao
começo da guerra, muitos casos de ser necessário abrir créditos
no exterior, ao dar-se a encomenda. Nota-se actualmente um certa
movimento para melhoria, nas condições impostas pela anormalidade
da situação.
12.° Quais as condições de embarque, expedição, etc. Foh
ou Cif?
Há ofertas para Fob e Cif, mas as preferidas sâo as Cif Rio
entrega ao costado do vapor, e em cuja base é sempre feito o preço,
13.° Não acha V. Ex."' conveniente que os exportadores portu-
gueses, a exemplo dos de outras nações, enviem ao Brasil caixeiros
viajantes habilitados e bem remunerados?
De forma alguma, no momento actual: seria expor os exporta-
dores portugueses a um fracasso certo. Logo, porem, que tenham
removido a dificuldade do frete, obtendo taxas mais reduzidas e
assim permitindo-lhes oferecer o produto em concorrência com o
de 'outras nações, então tornar-se há aceitável a vinda dos caixeiros
viajantes. Ainda assim, evitar-se hia essa vinda com a remessa
directa de amostras, análises e respectivos preços, pois trata-se de
um artigo que, uma vez conhecidos estes requisitos, dispensa a
mediação de qualquer intermediário. Geralmente é um artigo
negociado por telegrama, de forma que se torna necessário, à falta
de código particular, haver a indicação de algum dos códigos em
uso e do qual se possa lançar mâo, em qualquer oportunidade.
14.° Niyd lhes parece que se deveria aconselhar os exportadores a
modificarem as suas exigências nas condições de pagamento?
^luito conveniente, facilitando por essa forma muitos negócios.
15.° Outras quaisquer observações que V. Ex.'^ julgue conve-
niente acrescentar.
Nada mais ocorreu aos consultados acrescentar às respostas
dos catorze quesitos anteriores.
30
Correspondoram do inoUior ayrado ao nosso convite as respeitá-
veis firmas desta praça: Amarais Pimentel & C,"', Artur Bastos & C.^,
C. Xeves (£• C/\ Dias Garcia d- C", Domingos Joaquim da Silva & C.^
e J. A. Costa d- C". deixando do o fazer a casa Hime & C."'
3. 3LÁRM0RE, ALABASTRO E PÓRFIRO.
Havendo em Portugal abundantíssimos jazigos de magníficos
mármores, de tão variadas cores e qualidades, era para estranhar
que náo se tivesse ainda cogitado na sua colocação no mercado
brasileiro.
Ao organizarmos o presente inquérito, na verdade, não nos
mereceu a devida atenção a nossa indústria extractiva, tâo rica e
táo pouco apreciada no Brasil. Tratamos mais detalhadamente,
como adiante se verá, dos mármores em obra, ou trabalhados, do
que propriamente da mercadoria no estado em que a natureza a
produziu. Xo entanto, segundo nos foi assegurado por pessoa
idónea, os nossos mármores podem bater, em qualidade, todos
quantos vêem ao mercado.
A importação do mármores e alabastros portugueses, no Brasil,
teve durante o decénio decorrido de 1905 a 1914, um movimento
muito irregular, cifrando-se nas seguintes quantidades e valores:
em 1905, 227 quilogramas, U6S000 réis; em 1906, 9:965 quilo-
gramas, 1:494S000 réis; em 1907, nâo houve importação; em 1908,
617 quilogramas, 339S000 réis; em 1909 e 1910 também nâo se re-
gistou importação: em 1911, 10:214 quilogramas, 5:502S00p réis : em
1912, 28:194 quilogramas, 2:6648000 réis: em 1913, 75:923 quilogra-
mas, 8:886S000 réis, e em 1914, 54:716 quilogramas, 5:157$000 réis.
Deve-se, porem, notar que o decréscimo do ano findo, em re-
lação ao anterior, nâo está em harmonia com a grande baixa que
sofreram todas ou quási todas as mercadorias importadas nesse
ano, devido à anormalidade da situação de todos os mercados
mundiais.
No citado decénio, o ano findo figura em terceiro lugar no
valor da importação, havendo entro este e o de 1911, segundo em
36
importância, apenas uma diferença de 345S000 réis, levando-nos,
portanto, a acreditar na possibilidade de vermos, dentro de pouco
tempo, razoáveis transacções comerciais dos produtos nativos do
solo português.
O facto da Estatística Comercial Brasileira acusar em alguns
anos diminuta ou nenhuma importação, pode justificar-se pela se-
guinte forma: estarem os mármores incluídos no artigo 112.^ da
classificação das mercadorias da mesma Estatística, sob a deno-
minação de: pedras, terras e outros minerais semelhantes, não especifi-
caãos, e de que há larga importação de origem portuguesa, sem
podermos precisar a que minerais se referem.
Os nossos mármores, segundo os informes obtidos na praça e
a que já nos referimos, podem competir em qualidade, com todos
os similares de outras origens, que vêem ao mercado. Os preços no
local da extracção, podem equiparar-se perfeitamente aos de outras
procedências. A serração na capital também nada deixa a desejar;
no entanto,. o excessivo custo do carreto ou transporte das vias
terrestres, até ao local de embarque, geralmente o porto de Lisboa,
sobrecarrega a mercadoria de uma maneira que não pode competir
com a francesa ou belga.
Os transportes a que nos referimos, são de Montelavar, Pêro
Pinheiro e adjacências, até Lisboa.
Há ainda bem pouco tempo, o chefe da casa Amarais Pi-
mentel & C* tentou introduzir no mercado os referidos mármores;
esteve em Portugal, visitou as citadas pedreiras, escolheu e obteve
os blocos no tamanho que queria, sem a menor dificuldade; viu-se
seriamente embaraçado para conseguir trazê-los a Lisboa, onde
teve de alugar um terreno na margem do Tejo, aguardando praça
num vapor com destino ao Brasil. Só decorrido muito tempo con-
seguiu obtê-la, para cem toneladas, num vapor da Lamport & Holt;
triplicaram, então, as dificuldades porque o vapor não pôde atracar
ao cais, de maneira que os mármores foram transportados para
bordo em faluas, aos baldões, e ou por não estarem habituados no
vapor a semelhante carga, ou por negligência dos estivadores, deu
em resultado chegarem inúmeras pedras completamente inutilizadas,
O insucesso desta tentativa desgostou seriamente aquela firma,
desistindo, por completo, do emprego nas suas construções, dos
37
mais belos espécimens da nossa mineralo<íia. Conclúi-so também
do exposto que a falta de nave<íaçâo própria, prejudica inegavel-
mente a valorizaçáo de muitas riquezas do nosso país.
A importação geral do mármores e alabastros tomou grande
incremento durante o período decorrido de 1905 a 1913, havendo
um aumento neste último ano, do 227 "/o ^^ relação ao primeiro. Em
1905 importaram-se 428:129!3aX) réis, e em 1913, 1.400:3388000 réis.
Infelizmente, em 191-1 baixou para 567:1348000 réis.
A Itália teve sempre a primazia no mercado, seguindo-se-lhe a
França e a Bélgica.
As taxas alfandegárias para estas mercadorias, sâo as se-
guintes :
Mármore, alabastro, pórfiro, jaspe e pedras semelhantes, em bruto :
em pedaços debastados ou simplesmente serrados: cada metro ciíbico,
15SOO0 réis (razão 20 %).
Idtm, idem, em ladrilhos e tábuas simplesmente serradas, metro
quadrado, 2S300 réis (razão 30 7o)-
Idem, idem, em ladrilhos e tábuas (polidos) de qualquer forma
ou feitio para qualquer uso: metro quadrado, 5SG00 réis (razão
50%)-
Acresce sobre estas taxas, 35 7o ^^ ouro, 2 7(i também em
ouro, para melhoramentos do porto, capatazias, armazenagem, des-
pacho, etc, o que eleva o direito a mais de 50 '' q pelo menos.
O transporte geralmente adoptado para mármores em bruto,
em placas ou lápides, simplesmente serradas, é feito a granel.
As placas ou lápides polidas, como teem um direito mais elevado,
é muito raro virem ao mercado, a nâo ser fazendo parte dos respe-
ctivos móveis a que sâo destinadas.
4. Não especificados.
Sob a designação de pedras, terras e outros minerais não espe-
cificados, encontramos na Estatística Comercial Brasileira, uma im-
38
portaçâo de origem portuguesa, durante o decénio de 1905 a 1914,
que se cifra respectivamente nas seguintes quantidades e valores:
Anos
Quilogramas
Valores
1905 2.949:762
186:9858000
1906 .
4.300:884
287:992800)
1907 .
1.503:687
154:4648000
1908 .
1909 .
1.192:944
2.913:734
110:6718000
192:6848000
1910 .
2.685:920
239:1008000
1911 .
5.368:203
291:5638(XX>
1912 .
14.786:432
562:3708000
1913 .
16.360:332
581:8318000
1914 .
2.262:665
198:6968000
Em 1913, a nossa exportação atingiu o seu máximo, 581:8318000
réis, baixando no entanto, no ano findo, para 198:6968000 réis,
quási um terço da anterior.
Na importação geral destas mercadorias a nação mais favore-
cida é a Inglaterra, seguindo-se-lhe o nosso país, e vindo em ter-
ceiro lugar a Alemanha.
Nâo podemos precisar quais as pedras, terras ou minerais com-
preendidos sob a designação dos não especificados. De alguns pode-
remos fazer menção, como por exemplo, a cal, de que já tratámos
em questionário especial e talvez também dos mármores a que já
nos referimos.
Há ainda um produto que tem vindo ao mercado em grande
quantidade desde 1904. Trata-se do calcáreo e basalto para calceta-
mento de passeios nas grandes artérias da cidade do Rio de Janeiro
e de ruas em muitos jardins particulares. Esses produtos continuam
ainda hoje, a entrar no mercado, mas nunca poderão alcançar tâo
grande valor como o manifestado em 1913. Na impossibilidade de
se descriminar os produtos englobados debaixo desta designação, a
Câmara Portuguesa nâo pôde dedicar mais tempo a um assunto tâo
complexo, demais tendo já feito um questionário especial para um
produto incluído na referida classificação.
39
Questionário n.' 5
VI — Peles e couros:
1. Peles e cuukos preparados e curtidos.
2. Sola.
Para as primeiras manufacturas, a iuiportaçâo de origem por-
tuguesa, tem sido bem diminuta. Durante o decénio decorrido de
1905 a 1914, essa importação cifrou-se nas seguintes quantidades e
valores: em 1905, 313 quilogramas, 2:7108000 réis; em 1906, 343
quilogramas, 2:433S000 réis; em 1907, 256 quilogramas, 2:648S0(X)
réis; em 1908, 95 quilogramas, 1:708S000 réis; em 1909, 568 quilo-
gramas, 3:0228000 réis; em 1910, 316 quilogramas, 2:5388000 réis;
em 1911, 577 quilogramas, 2:6938000 réis; em 1912, 125 quilo-
gramas, 1:0668000 réis; em 1913 nâo houve importação, e em 1914,
100 quilogramas no valor de 1:5798000 réis.
A nossa sola nâo teve quási movimento algum, pois que, du-
rante os referidos dez anos, apenas se registaram as quantidades de
14 quilogramas no valor de 358000 réis em 1906; 32 quilogramas
no valor de 928000 réis em 1911, e 50 quilogramas no valor de
145S000 réis em 1913.
A indústria de curtumes, já tâo adiantada entre nós, náo tem
no mercado brasileiro o lugar que lhe deveria competir. O Brasil,
na verdade, importa diminuta quantidade de sola, porque a fabrica
já muito regularmente e em grande quantidade, havendo mesmo
superabundância na produção, mas para peZev e couros é tributário
do estrangeiro, anualmente, em milhares de contos.
Tomando por base o ano de 1913, em que nâo houve mo-
vimento da mercadoria portuguesa, exactamente aquele em que
o valor da importação geral atingiu o seu máximo, temos para
jieles e couros curtMos, o valor de 14.628:555S00() réis e para sola
145:0<)08000 réis. Nos anos anteriores, os valores desta última mer-
cadoria nâo ultrapassarauí 60:000S0(X) réis. A importação em 1914
foi respectivamente de 5.882:8(ilS000 e 40:6208000 réis.
O comércio de curtumes, no mercado brasileiro, foi detalhada-
mente estudado nos 16 quesitos que seguem:
40
QUESTIONÁRIO
l.*' Conhece V. Ex." o grau ãe aperfeiçoamento a que chegou em
Portugal, a indústria de curtumes?
Divergem as respostas a este quesito. Emquanto a maior parte
dos importadores declaram desconhecer por completo o aperfeiçoa-
mento da nossa indústria, outros conhecem-na muito superficial-
mente; em geral ignoram o que se produz relativamente -à peles e
couros, nâo sucedendo outro tanto à sola, reputada de superior qua-
lidade e muito resistente.
2.° Havendo no nosso pais cinco centros produtores do artigo
que, pela sua ordem, são: Lisboa, Porto, Guimarães, Alcanena e Almo-
dovar, qual a sola destas cinco ptrocedências, que V. Ex/'' julga mais
adequada à introdução no mercado brasileiro?
Qualqvier delas satisfaria plenamente as necessidades do mer-
cado; os direitos de importação, porem, tornam impossível a sua
introdução. No Brasil existem, de há muito, importantes fábricas
de curtimenta, produzindo algumas já o artigo em condições de
rivalizar com os similares estrangeiros. Os principais centros pro-
dutores são, pela sua ordem em importância: Pelotas e Porto Ale-
gre, no Estado do Rio Grande do Sul; S. Paulo, Santos, Campinas
e Taubaté, no de S. Paulo. Segue-se-lhe o Estado de Pernambuco,
onde a produção é enorme mas inferior. Em Santa Catarina havia
há dois anos, dez fábricas em plena actividade, e no Estado de
Minas Gerais, é rara a cidade que nâo possua, pelo menos, uma
fábrica. Emprega-se na curtimenta no Brasil, a casca de angico, a
folha ãe mangue e a casca de aroeira.
O preço da sola nacional regula de 3S000 a 4S000 réis por
quilograma, de meio couro, com cabeça e barriga.
A protecção pautal de que gosa esta indústria, tornou-a prós-
pera. Hoje a produção de sola é extraordinária e muito superior aa
consumo. Há pouco iniciou-se a sua exportação e parece cornada
do melhor êxito. A taxa alfandegária é de 1S800 réis por quilo-
grama, 35 ^Iq ouro. Com as demais despesas de armazenagem, des-
pacho, etc, que montam a um total de 2S700 réis, teremos só para
direitos, quantia quási idêntica ao custo de um quilograma de sola
nacional : a diferença é apenas de 300 réis.
Com semelhante protecção, embora a qualidade do artigo seja
41
muito superior, devido ao nosso processo de curtimenta, a luta
torna-se desigual e demais, toda a matéria-prima empregada, *é ori-
ginária do próprio país.
Também se fabrica soJa para correame de máquinas, em Per-
nambuco, S. Paulo e Rio Grande do Sul.
3.** Qual a forma mais prática para os industriais poderem con-
correr ao mercado, com a sola, em peras inteiras ou em quadrados
(croupons) e que tamanho ?
Em virtude, das respostas ao quesito anterior, nâo há forma
alguma de alargar as transacções comerciais para este artigo. A di-
minuta quantidade de sola que se importa, vem em croupons de
qualquer tamanho, maiores ou menores.
4." Lisboa, Porto, Guimarães e Alcanena, produzem já em quan-
tidade, peles, tais como: bezerros, carneira-^, borregos, etc, pretas, de
côr, lisas ou envernizadas, que se poderiam com facilidade introduzir
no mercado?
As peles de: bezerro, carneiras, borregos e cabras, podem intro-
duzir-se no mercado do Rio de Janeiro, contanto que obedeçam ao
seguinte:
As de bezerro: tenham o peso de 0^1,700 a 1 quilograma, sejam
curtidas em casca e preparadas à moda de Guimarães com e sem
gordura; ou também curtidas ao crómio, em imitação de bo.r-calf on
Kalochrom de procedência alemã, francesa e norte-americana.
As de carneiro: com aplicação para forros e palmilhas, sejam
leves e grandes, curtidas em casca, e rivalizem em preço com as
vendidas em Londres, em leilões, desde 18 a 23 d. a libra, regulando
o seu peso de 6/7, 7/8 e 8/9 libras por dúzia de peles, e sendo estas
sempre grandes, e bem finas, quási sem furos. Para capas de selins,
teráo também consumo peles perfeitas e encorpadas, curtidas em
casca, com o peso de 12 a 1(3 libras, sendo o preço das inglesas, de
23 a 26 d. por libra; e para capas de livros, as mesmas peles com
preparo bem claro e surradas pelo carnaz, apresentando um pêlo
acamurçado.
As de borrego e cabra: sejam curtidas ao crómio em preparo de
pelica (chevreau:c) pretas e de cores.
5." Para melhor orientação dos produtores, acha V. Ej:."' conve-
niente que se organizem pequenos mostruários, para se enviarem às
Associações Comerciais ou de classe, indicando qualidades, cores, preços,
no local de procedência, etc. ?
42
Seria talvez preferível que os produtores organizassem mos-
truários dos artigos mencionados, mas urgentemente, a fim de con-
seguir-se a sua introdução no mercado, antes de terminar a guerra
europeia.
Preparar mostruários aqui, sem se conhecer de antemão a&
condições da indústria, se está em condições de produzir em quan-
tidades, consoante o consumo do mercado, e se realmente pode fa-
bricar o artigo, é contraproducente, pois perde-se tempo, e fica-se
indeterminadamente aguardando resposta que geralmente nunca se
obtêm. A vista das amostras das mercadorias produzidas, é mais
fácil fornecer os esclarecimentos necessários à sua amoldaçâo ao
clima, e às exigências do mercado. As condições climatéricas do
Brasil influem muito sobre certas mercadorias, principalmente nas
pelicas e envernizados. Nem toda a manufactura destinada ao con-
sumo interno de um país, se adapta de um momento para o outro,
à exportação.
O comércio alemão lutou ao princípio para se apoderar do mer-
cado, conseguindo dominá-lo até meados de 1914. Teve prejuízos,
na verdade, mas a mercadoria conservava-se inalterável durante
anos. O processo consistia no seguinte: Qualquer remessa vinha
acompanhada de uma caixa com várias manufacturas, geralmente
pelicas e envernizados, que se deveria conservar fechada durante
seis meses. Se no fim deste prazo, a mercadoria estivesse alterada
na sua côr ou deteriorada, reexpedia-se à sua origem, procedendo-se
ali a um aturado estudo, até completa transformação. Assim pro-
cedeu, entre outras, a casa Cornelius Heyl.
6.** De que forma acha V. Ex."' se poderiam organizar esses mos-
fruários? Qual a maneira de os obter?
Para complemento da primeira parte da resposta ao quesito
anterior, cada região, ou mesmo por fábricas, deveriam organizar o
seu mostruário e consigná-lo à Câmara Portuguesa de Comércio
e Indústria.
Como resposta a este quesito, recebemos oferta de um mos-
truário que o nosso consócio, a firma F. Jorge de (31iveira & C.**, se
propõe organizar.
7° Quais sao actualmente os imises que abastecem o mercado
brasileiro ?
Para couros e peles, até meados do ano de 1914, em primeiro
lugar a Alemanha, seguindo-se-lhe a França, Inglaterra, Áustria e
43
Itália. Actualmente, os Estados Unidos da América do Norte.
Noutros tempos, os Estados Unidos tiveram grande preponderância
no mercado, mas devido a pouco cscriipulo dos fabricantes, mar-
cando os volumes com medidas alteradas para mais, as suas manu-
facturas foram excluídas do mercado. Hoje a mercadoria americana
tem a medida certa, mas difere da europeia na cj[tialidade, mais in-
ferior, e principalmente nas cores, mal aplicadas.
8."' Quais as peles, couros e sola que o mercado consome?
Pelicas: pretas, de cor e envernizadas.
Bezerros : curtume ao crómio, pretos, de cor, graneados e enver-
nizados.
Carneiras: em côr natural e tintas.
As peles de porco para selim, fabricam-se no Kio Grande do Sul.
Todo o material para selins se fabrica naquele Estado, vindo
muito pouco de Inglaterra.
Se a indiistria portuguesa náo estiver bem montada, deve de-
dicar-se exclusivamente a peles de bezerros e cabras, pretas e de
côr, curtidas ao crómio. A Inglaterra exportou sempre grande quan-
tidade de carneiras, e cojno actualmente necessita da mercadoria,
ou tem as suas fábricas paralisadas, a Austrália iniciou a exporta-
ção de carneiras fabricadas em Sydney, e o artigo satisfaz. As solas,
como já foi dito no quesito n.** 2, sao exclusivamente do país, im-
portando-sc quantidade muito restricta.
9." Quais os processos mais adequados ao preparo e acondicio-
namento do artigo, em virtude das condirões do clima e sua emha-
lai/em ?
Envernizados: Preparo: sempre de preferência secos em estufa,
para melhor resistirem ao clima. Acondicionamento: verniz com
verniz, tendo de permeio uma camada de algodão em rama. Emba-
lagem: em pequenos embrulhos com o máximo de seis peles cada
um. Também se usam caixas de zinco para envernizados, mas podem
dispensar-se seguindo o acondicionamento acima.
Carneiras de cor natural: em fardos, devendo a embalagem ser
muito leve, porque os direitos são aplicados sobre o peso l)ruto.
Sola: também em fardos.
Todas as outras mercadorias, em caixas forradas de papel en-
cerado ou impermeável.
10." Quais os direitos sobre a sola ?
1S800 réis por quilograma (razão 40 "/u), sendo 3") ♦^/„ ouro.
44
Mais 2 Yo ouro, para melhoramentos do porto, armazenagem, des-
pacho, etc, etc. Total, 2S700 réis por quilograma.
11." Quais os direitos sobre as diversas qualidades de peles cur-
tidas ?
Couros preparados, tintos 2S200 réis (razão 30 ^jç), sendo 35 "/,>
ouro, etc, etc. Total, 3$300 réis por quilograma.
Envernizados: 3S000 réis (razão 30 %), 3õ % ouro, etc. Total,
4$700 réis.
Curtidos: côr natural, 1S400 réis (razão 30 '^/q); mais despesas,
2$200 réis.
12.° Quais as condições de venda na praça do Rio de Janeiro,
contra conhecimento, à vista, pronto pagamento (30 dias) ou a prazo?
Para a mercadoria nacional: Pernambuco, contra saque a 30 dias
com 2 7o d© desconto; a 60 dias com 1 7o) © 90; ^^m desconto. Os
restantes centros produtores, contra saque a 90 d/v.
Para a estrangeira: 90 a 120 d/v, conhecimento ao comprador.
Outras condições, com prévio ajuste.
13.° Quais as condições de embarque, expedição da mercado-
ria, etc, Fob ou Cif Pio?
Geralmente Fob. Os exportadores americanos exigem o paga-
mento de todas as despesas até ao cais ou porto de embarque.
14.° Não acha V. Ex."' conveniente que os exportadores pjortugue-
ses, a exemplo dos de outras nações, enviem ao Brasil caixeiros viajan-
tes, habilitados e bem remunerados?
A iniciativa dos caixeiros viajantes é reputada jjrematura, vista
os poucos produtos que por emquanto podem aqui ter colocação.
Entretanto, se pelas amostras obtidas, se verificasse que esses pro-
dutos são semelhantes aos aqui consumidos, deveriam-se enviar aos
industriais, por seu turno, outras amostras, a fim de tentar-se uma
aproximação ainda mais completa.
15.° Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigências nas suas condições de
pagaynento?
Certamente, pelo menos, devem-se subordinar todas as vendas
ao processo empregado pelo comércio alemão. Pagamento contra
saque a 90 ou 120 d/v ou 150 d/data. Ao romperem-se as hostilidades
na Europa, os agentes comerciais americanos vieram ao Brasil ofe-
recer a mercadoria daquele país ; as condições de venda eram, alem
de preços exageradíssimos, pagamento contra conhecimento. Houve
45
recusa por parte dos importadores daqui, em aceitar semelhantes
imposições. O representante do Brasil na América, e demais autori-
dades consulares, aconselharam os industriais daquele país a conce-
derem as mesmas facilidades do comércio germânico, e hoje a indús-
tria americana domina o mercado, com muitas mercadorias de que
anteriormente se desconhecia o seu valor e importância.
1(3." Outras quaisquer observações que V. Ex."" julgue conveniente
acrescentar?
Propriamente a peles e couros nada mais há a dizer.
ACESSÓRIOS
Para pequenos artigos empregados na sapataria e indústrias
correlativas, nota-se já alguma falta no mercado. Nâo se trata pre-
cisamente do ramo cabedais; mas como essas pequenas manufacturas
fazem parte integrante do negócio de curtumes, pareceu-nos razoável
incluí-las no presente questionário.
Constam de:
Tachas de cobre (amarelas), importadas anteriormente da Áus-
tria; tachas de chulear ou ferro estanhado; pontas de Paris, existe já
fabrico nacional, mas insuficiente para o consumo; e tacha ameri-
cana para tamancos.
Elásticos imra calçado: Importam-se da Inglaterra e França, e é
um dos raros artigos que a indústria alemã nâo conseguiu fabricar
ao agrado do consumidor.
Botões: Os de imitação madre-péroJa e os de corozo (marfim ve-
getal). Destes últimos parece já ter havido importação no nosso país,
fabricados no Porto.
Ilhós (brancas e amarelas): Deste artigo, consta-nos haver entre
nós regular fabrico.
Todos os informes constantes do presente questionário, foram
prestados da meDior vontade, por escrito ou verbalmente em longas
conferências, pelos representantes das seguintes firmas da praça:
António Bordalo & C/', Casimiro da Rocha Lima, F. Jorge de Oli-
veira & C", Gil Ribeiro & C", Guimarães Pinto Cerqueira & C."',
José Silva & C."', Robalinho & C."', Rocha Lima & C.^, Rodrigues Fer-
reira & C."', Rodrigo Viana e Vasconcelos & C."
46
Questionário n." 6
VTT — Sumos ou sucos vegetais:
Gomas, resinas e bálsamos naturais.
Ao formularmos os quesitos do presente questionário, incluímos
nele todos os sucos ou sumos vegetais. Como algumas das respostas
obtidas se referissem exclusivamente a breu (vegetal), e outras tra-
tassem mais particularmente a mesma mercadoria, vimo-nos obriga-
dos a desdobrá-lo, fazendo algumas referências especiais em relação
ao hreu ou resina, empregado no Brasil em larga escala, no fabrico
de sabão.
1. Resina negea de pinho (breu).
Este produto silvícola, com designação especial na Estatística
Comercial Brasileira, nao teve até 1912 importação alguma do nosso
país, pelo menos com a designação de resina ãe pinho ou hreu.
Pode, no entanto, dar-se o facto de estar incluído até essa data, na
diminuta importação, sob a indicação de outras origens. Em 1913,
apenas se importaram de Portugal 740 quilogramas no valor de
254^000 réis. Em 1914, nâo se registou também importação alguma;
consta-nos, porém, que durante o quadrimestre do corrente ano,
houve algum movimento na importação desta mercadoria, de proce-
dência portuguesa, e que poderemos dar também o nosso contin-
gente para o abastecimento do mercado.
QUESTIONÁRIO
1.** Conhece V. Ex." as causas que determinaram a exclusão do
mercado brasileiro, das resinas oriundas das nossas florestas?
Diversas são as causas, e a principal provém do excessivo custo
da mercadoria em relação à similar americana. Há ainda a demora
na execução dos pedidos; as encomendas satisfeitas parcialmente,
acarretando por esse facto elevados gastos, embalagem má e dife-
rente da exigida pelo mercado.
•17
2." Pos-sãi o Brasil nas suas vastíssimas florestas virgens, pro-
(hífof! similares'^
Pode ser que, no sul do Brasil, onde existem bastantes pinliais,
se exploro a resina, mas talvez só para consumo local.
3." Qual a procedência do produto preferido no mercado f"
Exclusivamente a americana.
4." Qual o seu custo no local de origem?
Actualmente a qualidade G, custa dólares 5S95, e a qualidade K,
6S36 por 280 libras de peso bruto Cif Kio de Janeiro ffa.
õ.** Quais os direitos que incidem sobre o produto ?
Quilo, 25 réis (razão 25 ^/y), sendo 35 "/'q em ouro, alem de 2 •'/„
ouro para melhoramentos do porto e outras despesas, perfazendo
um total de -15 réis por quilo, como se demonstra com o despacho
que sooiíe, para uma partida de cem barris com breu:
Fórmula de um despacho para breu
Cem barricas contendo breu de qualquer qualidade, pe-
sando lúpiido vinte e dois mil e setecentos quilos.
Razão 25 7o — '^-^-i^W^ilo^ ''^ -'^ i'éis 567S50O
Estatística 1S750
Ouro 2 7o (M. do porto) VoSm)
6US650
Ouro 35 o/,j 198S630
2 7„ 45^400 244^30
Papel 370S620 6J4S650
Custo de 244S>t)3(J réis ouro ao câmbio de 15 d. . . . 439S250
Papel 3708620
Cais do porto (armazenagem) 112S370
Agência c selos 22S600
Carreto G0S0(X)
Réis 1:(X)4S840
Despesa por quilo, réis .... 45
48
6." Quais os processos de maior eficácia para o desenvolvimento
do 2)roduto português ?
O breu, comercialmente falando, obedece a vários tipos ou
cores designados por letras alfabéticas. A sna cotação deve reger-se,
segundo a nomenclatura desses tipos, de conformidade com o género
americano, e equiparando-se os preços tanto quanto possível.
7." Qual a forma de empacotamento, acondicionamento, embala-
gem, etc, mais adequada para o produto?
Em barricas sólidas, regulando 500 libras de peso bruto. Deve-se
adoptar um tipo uniforme de barricas com aduelas de encaixe, e não
enviar ao mercado o breu em caixas, como sucedeu há pouco tempo.
8.°, Acha V. ExJ'' conveniente organizar pequenos mostruários,
imra se enviarem às Associações Comerciais, designando: preço no local
da produção, qualidades, procedências, direitos e mais detalhes, habili-
tando os exportadores a abastecerem o mercado consoante as exigências
da 2n'ocura e da oferta?
Muito conveniente, nâo só organizar esses mostruários, envian-
do-os às Associações Comerciais, como também aos principais expor-
tadores, pois serão excelentes informes para quem se propõe ex-
portar.
9." Na afirmativa, qual a forma mais prática de organizar e obter
esses mostruários?
A casa Dias Garcia & C.^, desta praça, prontiíica-se graciosa-
mente a fornecer à Câmara os mostrucírios, incumbindo-nos de os
remetermos aos interessados.
10.° Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro, para produtos desta natureza, contra conhecimento, à vista,
a pronto pagamento (30 dias) ou a prazo?
A praxe do mercado, é o pagamento contra saque a 120 ou
90 d/v.
11.° Qual a forma de expedição, embarque, etc, Fob ou Cif?
Este artigo é sempre negociado Cif Rio ffa. Os negócios devem
ser fechados por telegrama, com eml^arques imediatos e prazos de-
terminados para entrega.
12.° Não acha V. Ex."' conveniente que os exportadores portugue-
ses, a exemplo dos das outras nações, enviem ao Brasil caixeiros via-
jantes habilitados e bem remunerados?
As respostas seriam todas favoráveis à vinda de caixeiros via-
jantes habilitados, se o vulto dos negócios compensasse as despesas,
49
mas tratando-se unicauiento de uma morcadoria de pequeno valor,
qualíjuer casa comissária se pode eucarreíj;ar de uma activa e bem
orientada representação, mediante amostras, desde que os preços
sejam equiparados aos do produto similar americano.
i';]." Não lhe parece que .<!e deveria acon.^elhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigências nas condirões de paga-
mento ?
Sim, de acordo com a resposta ao quesito 10.", e também pre-
parar o produto consoante as exigências do mercado. A maior pro-
cura da resina negra de pinfio (breu), no Brasil, é, como já acima
dissemos, para a indústria saboeira. O nosso breu parece conservar
ainda alguns restos de terebintina, tornando o sabão, por esse mo-
tivo, bastante mole, depreciando-o, o que não sucede com o género
americano que, depois de empregado, dá ao sabSo uma determinada
consistência, muito especial e apreciável. Torna-se, por conseguinte,
necessário modificar o processo de extracção da resina ou do seu
preparo.
l-i." Outras quaisquer ohsercações que V. E.r/' julgue conceniente
acrescentar.
É preciso que o exportador português deste artigo esteja apa-
relhado a dar, em quali^uer momento, por telegrama, o preço Cif.
E inútil, como já tem sucedido, pretenderem trabalhar este produto
com cotações Fob, pois com as actuais flutuações dos fretes maríti-
mos, ninguém quer estar sujeito às contingências do imprevisto,
mormente com um género com pequena margem para lucros.
Na Bolsa de mercadorias de Nova- York, as cotações desta mer-
cadoria estão sujeitas a bruscas oscilações, facto aliás bem conhe-
cido: o seu movimento naquela praça é tâo importante como o do
café.
Os Estados Unidos abastecem todo o Brasil, podendo-se calcu-
lar que, pelo porto do Rio de Janeii*o, entra mais da quavta parte
da exportação americana. Pelo pequeno mapa que segue se poderá
verificar a importância que tem no mercado brasileiro, a mercadoria
americana, em relação à importação geral:
50
Anos
1905
1906
1907
190S
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Estados Unidos da América
Quilogramas Valores
12.327:074
9.675:373
11.922:540
15.294:860
14.926:711
15.068:561
17.038:392
18.068:786
18.427:054
13.000:397
1.811:<
1.649:759|;000
2.456:3501(000
2.479:091(8000
2.436:552^000
2.950:1941000
2.426:966^000
2.781:256^000
4.285:260^000
2.443:611^000
Importação geral
Quilogramas Valores
470:221
801:562
169:683
482:927
385:940
221:797
269:422
612:573
928:652
308:465
1.833:7531(000
1.674:553|!000
2.512:5101000
2.526:472^000
2.484:881^000
2.989:549^000
4.484:6641(000
4.922:7!t65Í?000
4.403:624^000
2.509:285^000
2." GrOMAS, RESINAS E BÁLSAMOS NATURAIS.
A importação de gomas e resinas portuguesas foi, noutros tem-
pos, de alguma importância, mas actualmente está muito reduzida.
Temos para o decénio de 1905 a 1914 o movimento das seguin-
tes quantidades em quilogramas: 5:116, 5:607, 5:372, 6:581, 4:786,
5:505, 877, 892, 223 e 398, e dos valores ]-espectivos de 4:568S000,
4:803kK)0, 4:861$CX:)0, 5:707S000, 4:252S0a), 4:445S900, 618Sa)0,
841S000, 252$000 e 290S000 réis.
QUESTIONÁRIO
l.'' Conhece V. Ex/' as causas que determinaram a qaási exclmáo
do mercado brasileiro, das gomas e residias oriundas das nossas ^ores-
ta^, tanto continentais como coloyiiais?
O abandono por parte dos exportadores portugueses, ao mesmo
tempo que viajantes de outros países, procuravam introduzir no
mercado, produtos congéneres, do mesmo preço, e concedendo ns
maiores facilidades nas transacções.
2.° Possui o Brasil nas suas vastíssimas florestas virgens, pro-
dutos similares?
Se de facto, existem, estão ainda por explorar. No Norte do
51
Brasil só se cuida da extracção do látex ou goma elástica, havendo
ainda muitas riquezas florestais no mais completo abandono.
8." Qual a procedência do produto prejerido no mercado?
Há resinas que provêem dos Estados Unidos da América do
Norte, gomas também da mesma origem, assim como da Inglaterra,
França, Ásia, e principalmente da Alemanha. A França fornece ao
Brasil a goma arábica, oriunda da Colónia do Senegal, e a Inglaterra
exporta a goma laca, proveniente das suas colónias da Índia.
4." Qual o seu custo no local de origem?
Para a goma arábica é difícil precisar actualmente a sua cotação,
devido ao estado anormal da Europa; os últimos preços recebidos
das qualidades mais procuradas no mercado, sâo: tipos A e G,
100 francos, tipo S, 57,50 francos; preços estes por 100 quilos Fob
Bordéus, embalagem extra.
A goyna laca nâo sofreu alteração apreciável no seu preço, regu-
lando no momento actual a qualidade D, 93 shillings e a G, 77 shil-
lings por cwt (112 libras) Fob Londres ou Liverpool.
5.° Quais os direitos que incidem sobre o produto ?
A goma arábica paga por quilograma 300 réis (razão 20 ^/q); a
goma laca, 400 réis (razão 25 "/y) ; a goma copal, 500 réis (razão 25 "/o) I
as resinas: de Borgonha, 400 réis; preparada para instrumentos,
1S300 réis (razão 25 ^/„). Há a acrescentar às citadas taxas, 35 ^/q ouro,
2 ^/q idem, melhoramentos do cais do porto, capatazias, armazenagem,
despacho, etc, podendo calcular-se um aumento de 45 a 50 ^/q. Te-
remos então para cada quilograma de gomas : arábica, 440 réis ; laca,
590 réis: copal, 740 réis; resinas: de Borgonha, 600 réis, e preparada
para instrumentos, 1^900 réis.
6.° Quais os processos de maior eficácia para o desenvolvimento
comercial do artigo português ?
Organizarem-se em Portugal, por intermédio das Associações
Comerciais, mostruários de gomas, resinas e essências florestais,
tanto da metrópole como das nossas colónias, para serem enviados
para o Brasil. Esses mostruários deverão vir acompanhados da maior
soma de esclarecimentos, elucidando tanto quanto possível os
importadores, e terminando de vez com as remessas a título de
experiência, sem orientação alguma na embalagem, condições de
venda, etc.
7." Qual a jorma de empacotamento, acondicionamento, embala-
gem, etc, mais adequada para o produto?
52
A goma arábica deve vir acondicionada em caixas de 30 quilo-
gramas, e engradados de 3 caixas, para as qualidades superiores, e
em caixas de 100 quilogramas a terceira qualidade.
A goma laca vem ao mercado em acondicionamento original, em
caixas, regulando 75 quilogramas líquido.
8.** Acha V. Ex."' conveniente organizar em-se pequenos mostruá-
rios, para se enviarem às Associações Comerciais, designando preço no
local da produção, qualidades, procedências, direitos e mais detalhes,
habilitando os exportadores a abastecerem o mercado consoante as exi-
gências da procura e da oferta ?
Muito conveniente, pois parece que só benéficos podem ser esses
informes a quem se propõe exportar, devendo alargar-se a remessa
de mostruários aos próprios exportadores.
9.'' Na afirmativa, qual a jorma mais prática de obter esses mos-
truários ?
A casa Dias Garcia & 6'.", desta praça, também se ofereceu gra-
ciosamente para organizar esses pequenos mostruários, como já an-
teriormente o tinha feito para resina de pinheiro.
10.° Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro, para produtos desta natureza, contra conhecimento, à vista,
a pronto pagamento (30 dias) ou a prazo?
O mais usual, contra saque a 90 d/v, e em alguns casos a 120.
11." Qual a forma de expedição, embarque, etc, Fob ou Cif?
Estas mercadorias geralmente sâo embarcadas Fob.
12." Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores por-
tugueses a modificarem as suas exigências nas condições de pagamento?
Limitando o exportador as suas exigências nas condições de
pagamento, de conformidade com as estabelecidas pelo comércio de
outras nações, poderia o importador com maior facilidade desenvol-
ver a venda do artigo, de que resulta sempre a possibilidade de to-
marem os negócios maior vulto.
13.° Outras quaisquer observações que V. Ex.^ julgue conveniente
acrescentar.
Seria talvez de grande conveniência, para o fim que se tem em
vista, as Associações Comerciais do Brasil e de Portugal represen-
tarem perante os respectivos Governos no sentido de, mediante um
convénio comercial, conseguirem-se compensações de parte a parte,
facilitando-se por esta forma o intercâmbio luso-brasileiro.
5IÍ
A importaçáo geral de gomas, reainas e bálsamos naturais, regula
em média anualmente, quatrocentos contos, cabendo à Alemanha,
um terço, seguindo-se pela sua ordem as Possessões Inglesas, Ingla-
terra. Franca e Itália.
Para obtermos os esclarecimentos para a organização do pre-
sente questionário, consultamos as seguintes firmas comerciais desta
praça: Agostinho Ferreira & Irmão, Dias Garcia & C."', Freitas Couto
& C.", Gonçalves Campos & C."', Gonçalves Castro & C.'*, J. F. San-
tos & C.^ J. Bainho rf- C."" e Navio & Enes.
Prontamente nos atenderam os srs. Dias Garcia & C", J. F.
Santos & C.^ J. Bainho & 6'/' e Navio & Enes, deixando de o fazer
os srs. Agostinho Ferreira <& Irmão e Freitas Couto & C", por nâo
importarem actualmente os artigos; os srs. Gonçalves Castro & C",
por terem liquidado o seu negócio, e os srs. Gonçalves Campos & C."',
por nâo terem respondido em devido tempo.
CLASSE III
Artigos manufacturados
J — Algodão com e sem mescla:
Questionário n." 7
1. Roupa feita.
A Estatística Comerciai Brasileira, acusa uma grande oscilação
de valores, durante o decénio de 1905 a 1914, para roupa feita de
algodão, principalmente de procedência portuguesa.
A designação de roupa feita, abrange todos os artefactos em
tecido de algodão, excepto o de malha, para uso feminino ou mas-
culino.
Para esta mercadoria, a Estatística Comercial nâo se refere a
quantidades, portanto limitar-nos hemos a dar somente os valores
da importação, no citado decénio, de origem portuguesa, em con-
fronto com a importação geral, isto é, de todas as procedências:
Anos
Portugal
Importarão geral
1905. . . . 803:77GaX)O
3.242:2638000
190G.
688:25GS000
3.404:0188000
1907.
912:534S000
4.024:55881 XX)
1908.
333:877í$00O
2.175:1768000
1909.
r:)H4:635SaX)
2.504:0148000
1910.
742:648S01X)
3.363:(>588aX)
1911.
627:943S5000
3.725:804SaX)
1912.
323:836S(XK)
3.524:9118000
19ia.
215:946S0U)
3.468:6458tKX)
1914.
1Õ9:()Õ4SOOO
1.440:7318000
56
O ano de 1904, nâo compreendido no decénio, teve o movi-
mento de ] .055:293S000 réis para Portugal, o maior que se registou
desde a criação da referida Estatística. A importação geral foi de
3.925:664$000 réis, cerca de cem contos menos que em 1907.
Pelo pequeno quadro acima se verifica o movimento oscilatório
da mercadoria portuguesa, durante os dez anos, e que acompanha
mais ou menos as alternativas da importação geral, durante os pri-
meiros cinco anos do decénio, nâo sucedendo outrotanto no segundo
quinquénio. Nos dois primeiros anos, a importação dos nossos arte-
factos decresceu 367:OOOSOO(3 réis em relação a 1904, emquanto que,
a importação geral diminuía em 1905, aumentava no ano seguinte,
e atingia o valor máximo em 1907. A importação de origem portu-
guesa nesse ano também aumentou 224 contos atingindo igual-
mente o valor máximo do decénio. Em 1908 houve uma diminuição
brvisca de 578:657S000 réis, ou sejam 63,4 7o P^^^ o artigo portu-
guês, em contraste com uma baixa de 45,9 7o ^o movimento geral.
Nos dois anos seguintes, houve um aumento para n(')s de 408 con-
tos, notando-se em 1910, o valor de 742:648^000 réis, o maior que
se registava desde 1907, ano de maior entrada do artigo no mer-
cado. Em 1911 a nossa exportação de roupa feita para o Brasil
começou a declinar, e precisamente nesse ano, registou-se um sen-
sível aumento na importação geral, o segundo em importância em
relação ao decénio. Entre este ano e o de 1907, que, como já disse-
mos, foi aquele em que houve maior movimento, a diferença é
apenas de 300 contos. Exclusão do ano de 1914, por náo poder ser-
vir de base, pois que a anormalidade da situação, baixou em média
a 50 7o ^ importação geral de todas as mercadorias, e para esta a
baixa foi de 58,4 7o) comparando o movimento de 1910, para Por-
tugal, 742:648^5000 réis, com o de 1913, 215:946^000 réis, vê-se que
este movimento foi apenas de 29 ^/^ em relação àquele, havendo
portanto uma diferença, para menos, de 526:702S000 réis, ou se-
jam 71 7o.
Fazendo também o confronto do valor da mercadoria importada
em 1904, 1.055:293^000 réis, o ano de maior movimento para a
artefacto português, e o valor alcançado em 1913, 215:946^000 réis,
veremos que este último está na proporção de 20,5 "/o em relação
ao primeiro, e teremos uma diferença para menos em 1913, de
839:347S000 réis, ou sejam 79,5
0/
o-
Na importação geral, nota-se também tendência para menor
Ò(
procnrii do artigo, no entanto nao ostú cm pvopoiváo com a dife-
rença de 71 °/o que tivemos em igual período. A diferença entre
1913 e 1911, foi de 257:lõ9$0a) réis, ou sejam G,9 Vo- Entre 1913
e 1907, houve a diminuição de, relativamente ao primeiro, réis
555:913S0C)0, ou sejam 13,8 %.
Mantivemos até 1910, excepção do ano de 1908, uma certa ])re-
ponderància no mercado, ocupando o segundo lugar pela ordem do
valor da importação, como se verifica pelo pequeno quadro demons-
trativo que segue:
Colocação, segundo importância, das diversas nações
que disputaram o mercado brasileiro
1.** — Áustria
2.0 — Portugal
3.° — França
4." — Alemanha
õ.° — Inglaterra
(3.« — Itália
Áustria
Portugal
França
Alemanha
Inglaterra
Itália
Áustria
Portugal
França
Alemanha
Inglaterra
Itália
Áustria
França
Alemanha
Portugal
Inglaterra
Itália
1 :»m!i
Áustria
Portugal
França
Alemanha
Inglaterra
Itália
1.° — Áustria
2.0 — Portugal
3.0 — França
4.0 — Alemanha
5.0 — Inglaterra
(1.0 _ Itália
Áustria França
Alemanha Áustria
França Alemanha
Portugal Inglaterra
Inglaterra Portugal
Itália E. U. América
— Itália
1913
Alemanha
Áustria
França
Inglaterra
Portugal
França
Inglaterra
Alemanha
Áustria
Portugal
E. U. América E. U. América
Itália Itália
A Áustria manteve a primazia até 1912, passando em 1913
para o 2.° lugar e em 1914 para o -1.° A Alemanha só conseguiu
destacar-se em 1913. Portugal, como já dissemos, até 1910, man-
teve-se em 2.^ lugar, excepto em 1908, que ocupou o 4.°, passando
repentinamente em 1911 a ocupar esse mesmo lugar, e no ano
seguinte passou para o 5.", posição que ainda conservava no ano
findo. A Itália, que de ano para ano aumentava a sua exportação,
conservando-se sempre em 6.^ lugar, viu-se desalojada pelos E. U.
da América do Norte a partir de 1912. Nos anos anteriores, a im-
portação da grande Repiíhlica Americana era insignificantíssima.
58
Nâo sabemos a que atribuir a baixa que se nota na importação
das nossas manufacturas de roupa jeita. A Estatística Comercial é
elal)orada pelas facturas consulares ; na verdade, estas, muitas vezes
nâo designam detalhadamente o conteúdo dos volumes, ou por con-
veniência ou por inadvertência; o facto dá-se e será talvez esta, uma
das causas do suposto declínio da nossa exportação. Mais adiante
trataremos deste assunto.
A diferença de câmbio, não pode ser atribuída, pois que, o cál-
culo da importação da moeda brasileira-papel, tem sido feito por
aquela Repartição ao câmbio de 16 d., adicionando-se-llie o ágio res-
pectivo, ao câml)io médio do mês anterior, para acliar a equivalência
em ouro.
O desenvolvimento da indústria nacional, será talvez o princi-
pal factor para menor procura do nosso artefacto ; no entanto,
a-pesar-de bem montada para grande produção, e de gosar uma
protecção pautal, que taxa as manufacturas similares num direito
quási proibitivo, essa indústria luta ainda com dificuldades na im-
portação de matéria-prima, que não se fabrica no país e que tem
um direito bastante elevado, principalmente para tecidos finos. Os
dados estatísticos oficiais sobre esta indústria são muito deficientes;
no entanto podemos fazer uma pequena referência à sua laboração
até 1908, ano a que se procedeu a um rigoroso inquérito. Existiam
nesse ano em todo o Brasil, 31 fábricas de roupas brancas, sendo 9
no Distrito Federal, ou cidade do Rio de Janeiro, 6 em (xoiaz, 5 em
8. Paulo, 4 na Baía, 3 no Rio Gírande do Sul, 2 em Santa Cata-
rina e uma para cada um dos Estados de Pernambuco e Pará.
O número dos operários elevava-se a 2;218 e o capital empregado
era de 3.151:000!íSCKX) réis, com uma produção anual no valor de
6.298:500$000 réis. Em 1911, essa produção, segundo parece, atin-
gira já 10.453:a30$00() réis.
Há na Estatística Brasileira, um artigo designado por manufa-
cfaras de algodão não especificadas, que necessita uma referência
especial devido ao incremento na importação dos últimos anos.
O movimento de origem portuguesa, em confronto com o geral,
foi o seguinte ;
59
Anos
UX)5
i;tO(i
lUOT
1908
190:1
1911)
1911
1912
l!tl:J
19U
Portugal
Quilogramas Valores
1:
l:
o.
15
43
701
4-2]
4!>(i
340
895
303
213
046
.■í(:S,'-:.j
11:700
10:138^CX)0
53:110|;000
29:04! ȇOOO
12:240,5000
23:099á!000
16:451áí000
128:048ií!000
401:4041000
304:8001:000
1 1 7:300)5001 1
Importação geral
Quilogramas Valores
1.363:956
1.450:005
1.945:805
1.339:428
1.394:308
2.029:215
2.020:443
2.491:379
1.770:307
051:928
5.194:337ií;0(X)
5.789:554^1000
8.907:881ÍÍ0()0
0.305:458Í000
0.(X)3:708ÍOOO
9.529:027(S(X)0
11.927:963^aiO
11.707:009|!000
10.150:449ií!000
3.953:2001000
(^ valor das manufactiiras não especipcadas, é deveras impor-
tante para Portiiçíal, nos anos de 1911 a 191.'í, acompanhando o mo-
vimento da importação geral. Estão compreendidas nesta rubrica,
todas as mercadorias não mencionadas em especial, na classificação
geral da respectiva estatística, assim como todas aquelas que nâo
venliam especificadas nas facturas consulares. E muito frequente
nas facturas, designar simplesmente: manufacturas de algodão, que
tanto podem ser simples tecidos, artefactos de malha, etc, etc. Essa
designação ambígua, tanto pode ser atribuída a negligência no acto
de preencher os documentos de embarque como a conveniência tari-
fária.
Analisando o aumento da importação nos três anos já citados,
deduzir-se liia que esse aumento era consequência do declínio da
nossa exportação de roupa feita, mas comparando-se a importação
geral em que se nota também considerável aumento, não se acha
facilmente o motivo dessa discordância, tanto mais que para ro^í^Ja
feita, nâo se conhecem as quantidades, e para manujacturas não es-
pecipcadas, menciona-se anualmente o número de quilogramas.
A roupa feita de algodão, outrora tão procurada no mercado
brasileiro, e hoje de consumo bastante reduzido, foi objecto, por
parte da Câmara Portuguesa de Comércio o Fndústia, de um cuida-
doso estudo, para o ressurgimento da sua preponderância no mer-
cado, tratado nos dezoito quesitos seguintes:
60
QUESTIONÁRIO
1° Como se vê pela Estatística Comercial, a roupa feita de algo-
dão, de procedência portuguesa, teve em outras épocas gratiãe aceitação
no mercado do Brasil; porém, infelizmente, de ano para ano, vai decli-
nando o valor da sua importação. Julga V. Ex."' oportuno tentar o res-
surgimento do comércio desse artigo nos mercados hrasileiros?
A os.cilaçâo nos valores e o franco declínio que se nota na im-
portação, a partir de 1911, na roupa feita, em contraste com o sen-
sível aumento em idêntico período para manufacturas de algodão não
especificadas, podem talvez atribuír-se à incompleta designação nas
facturas consulares, por conveniência na aplicação de taxas alfande-
gclrias.
As manufacturas principalmente exportadas de Portugal com a
designação de roupa Jeita, constam de camisas e ceroulas para
homem. Os Estados de Pará e Amazonas teem sido os maiores con-
sumidores do artigo, devido ao grande número de portugueses ali
residentes, geralmente em boas condições pecuniárias. Com a crise
da borracha, o consumo naqueles Estados deve ter diminuído enor-
memente. De Pernambuco até ao Rio Grande do Sul, nâo deve ter
havido alteração, pois o consumo conserva-se estacionário.
Uma outra causa do decrescimento na importação da manu-
factura portuguesa, deve ser o desenvolvimento que tem tido, de
ano para ano, a indústria nacional. Entretanto para o artigo médio
e fino, o fabrico português é superior.
2.° Na afirmativa, pode V. Ex."' indicar a maneira de se levar a
efeito tão grande beneficio em favor da iyidústria da camisaria portu-
guesa ?
Para maior expansão da manufactura do nosso país, seria neces-
sário que o fabricante, tivesse sempre stock que lho permitisse aten-
der com certa rapidez qualquer encomenda, por mais avolumada
que fosse. Hoje já se satisfazem pedidos, relativamente com pouca
demora, mas em outros tempos, houve encomendas que demoravam
perto de um ano, emquanto que os austríacos e alemães, executa-
vam-nas dentro do prazo máximo de cinco meses.
A insistência por parte dos fabricantes, visitando o mercado,
com mostruários bem organizados e sortidos, acompanhando o pro-
gresso da indústria em outros países, poderia iníiuir muitíssimo
61
para o ressurgimento do comércio desta manufactura no mercado
brasileiro.
• 3." E y. Ex" de parecer que a nossa indústria se acha ajjare-
Ihada para sortir o mercado do Brasil, e que o preço e qualidade da
mercadoria podem competir com os similares das outras nações?
Para o artigo médio e bom ou fino, de camisaria propriamente
dita, a nossa fabricação rivaliza com a similar de outras proce-
dências.
Os nossos colarinhos eram 10 "/„ mais caros que os ingleses e
austríacos, sendo no entanto de qualidade perfeitamente igual. Cora-
parando-os com o artigo fino de Berlim, o preço era igual, mas
inferiores em qualidade e fabrico.
Actualmente com a taxa favorável de câmbio em Portugal, o
nosso artigo deve sair por um custo inferior ao austríaco, ou pelo
menos, o seu preço nao o deve ultrapassar.
Para manufacturas de inferior qualidade, é inútil tentar com-
petir com a indústria brasileira, muito l)em instalada para produzir
em larga escala, um artigo barato de custo igual ao estrangeiro e
beneficiada por uma protecção pautal, em que o direito sobre a
mercadoria estrangeira, quási iguala o custo da nacional.
4.° Quais os países produtores que teem hoje a preferência nos
mercados brasileiros ?
Até 1911, seguindo a ordem, foram: Áustria, Portugal, França,
Alemanha e Inglaterra. De 1912 em diante, França, Áustria, Ale-
manha, Inglaterra e Portugal.
õ." Qual o custo desses artigos no local da produção ?
A variedade de preços é enorme; todavia, para os artigos mais
correntes, sâo de 30 a 80 francos por dúzia de camisas, nâo com-
preendendo encaixotamento e frete.
6.° Quais os direitos que incidem sobre o produto no mercado
h'asileiro ?
Para camisas de algodão, lisas ou com pregas (dúzia), . 15S000
Idem, idem, com peito de linho (dúzia) 30S000
Ceroulas de algodão (dúzia) 13S000
Colarinhos (dúzia) 3S600
Punhos (dúzia de pares) 5S000
A razão para todos os artigos é de 60 "/o.
62
Estes direitos sâo pagos da seguinte forma: 35 ^/q em ouro e
65 % em papel. Acresce ainda, 2 "/q ouro para melhoramentos do
porto, capatazias, armazenagem, agência, etc, perfazendo um total
de 208800 réis para as primeiras, 43$200 réis para as segundas, e
18S050 réis para as ceroulas. Damos dois modelos de despachos, um
para camisas e outro para ceroulas:
Fórmula de um despacho para camisas
Dois volumes contendo quarenta dúzias de camisas de
algodão, lisas.
Eazâo 60 7o — 40 dúzias a lõSOOO réis 6(X)S000
Estatística S040
Ouro 2 7o (M. do porto) 20S000
Réis (320âi;OJrO
Ouro 35 7o 210S000
» 2 7o •_ • ■ 20$000
2308000
Papel . 390$040 620S040
Custo de 230S000 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 414$(X)0
Papel 3908040
Armazenagem (um mês) 108000
Capatazias 18500
Agência 1282_0O
Carreto 38000
Réis 8308740
Despesa por dúzia, réis . . . .
208800
Nota — Camisas com peito de linho, da taxa de 308000 réis,
teem a despesa de 438200 réis.
63
Fórmula de um despacho para ceroulas
Uma caixii contendo ([narcnta diízias de ceroulas de
alo;odáo.
Razão GO 7„— 10 dúzias a laSíB") réis 520S000
Estatística ÍO20
Ouro 2 7;, (M. do porto) 17S330
Réis õ:'.7S;35(3
Ouro 35 7o 182S000
> 2 7„ 17S330
199S330
Papel 338S020 Õ37S3ÕO
Custo de 199S330 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 358S800
Papel 338S020
Capatazias 1S500
Armazenagem (um mês) 8S670
Agência 12$200
Carreto Ig5500
Kéis 7208690
Despesa por dúzia, réis .... 18SO50
7." Quais os padrões de tecidos, tipos mais usuais, números, di-
mensões, etc, de maior consumo no Brasil?
A camisa está sujeita à contingência da moda, por isso é muito
difícil fixar tipos. Actualmente teem maior procura camisas de cores
lisas, peito pregueado, punhos voltados, simplesmente passados a
ferro, ou ligeiramente engomados e colarinho duplo mole nas mes-
mas condições. Também se vende a mesma camisa sem colarinho.
A numeração mais usual, é de 35 a 42.
64
S° Acha V. Ex/' conveniente que se organizem mosfruários para
se enviarem às Associações Comerciais Portuguesas, designando: pa-
drões, tipos, qualidades, dimensões, preços, direitos e demais informações
que se relacionem com os artefactos, a fim de se habilitarem os industriais
portugueses a satisfazerem as exigências do mercado consumidor?
Seria muito preferível estudar os tipos e qualidades que as
outras nações enviam ao mercado. O Brasil, devido ao seu rápido
desenvolvimento, acompanha a evolução da moda, e aceita as novi-
dades que os países europeus adoptam.
Ao mesmo tempo é necessário inquirir, se a nossa indústria se
acha bem fornecida de matérias-primas e aparelhada para o fabrico
rápido de qualquer encomenda, por mais avultada que seja. Estuda-
das estas condições, e consideradas viáveis, os fabricantes organiza-
riam mostruários completos que confiariam aos seus agentes ou
caixeiros viajantes, para percorrerem periodicamente o mercado.
9.° Qual a Jorma mais prática de se ohtereyn esses mostruários?
Como já foi respondido no quesito anterior, era muito preferí-
vel que os mostruários fossem feitos pelos fabricantes do nosso país,
de harmonia com as novidades dos grandes centros produtores. De
resto, em Portugal já devem estar suficientemente orientados do
artigo aqui preferido: o essencial é a execução rápida das enco-
mendas.
10.° Tem V. jEr." conhecimento do grau de ajierfeiçoamento a que
chegou a indústria da camisaria no Brasil?
A indústria brasileira está muito l)em montada, produzindo em
larga escala o artigo, nas qualidades baixas, porque a taxa alfande-
gária de 15$000 réis por dúzia, ou sejam 20$800 réis com todas as
despesas acessórias, náo permite a concorrência estrangeira. Esta
elevada taxa representa para o artigo barato um ónus enorme, que
diminui na proporção em que o custo da camisa aumenta.
No Rio de Janeiro, segundo a estatística de 1908, existiam
9 fábricas de roupas brancas, sendo pelo menos 5, de grande impor-
tância. Naquele ano, o número de fábricas no Brasil, elevava-se a 31.
11.° Pode a indústria portuguesa competir emprego com camisa-
ria nacional?
Perfeitamente, em artigos médios e finos: por exemplo: o tecido
simples importado para a confecção de camisas, paga por quilo-
grama, 2$000 réis, e o de fantasia tem a taxa pela mesma unidade,
de 4$000 e 5$000 réis, ou seja mais do dobro. Convêm, portanto,
65
que o -nosso fabricante empregue do preferência este último, oom
cordoes ou listas salientes e outros enfeites. O direito na manufa-
ctura, como já dissemos, ó de 15l$0(X) réis por dúzia (ou 20S800 réis
com as despesas acessórias) e tanto faz que a camisa seja de tecido
liso ou do fantasia. O industrial brasileiro, tendo de pagar o dobro
dos direitos, nos 36 metros de tecido que necessita para a confecção
de uma dúzia de camisas, prefere utilizar-se da matéria-prima que
demanda menor omprêgo de capital.
12." Pócle V. Exf' indiear-nos como deve ser feita a embalagem e
acondicionamento dos variados produtos da camisaria, garantindo-os da
humidade do clima ?
A embalagem usada para camisas é a seguinte: em caixas ou
cartões de meia dúzia, com bonita aparência. Caixas de 40 dúzias
com o seguinte sortimento :
Tamanhos .... 35 36 37 38 39 40 41 42
Dúzias 488 6 6422
As caixas devem ser sólidas, simplesmente forradas de papel
grosso limpo, e é preferível o de oleado impermeável.
As fábricas Confiança, do Porto, o Ramiro Leão, de Lisboa,
fazem a embalagem muito perfeita, nada deixando a desejar.
13." Quais as condições de pagamento para este artigo, obsei-vadas
no mercado brasileiro, contra conhecimento, à vista, a pronto pagamento
(30 dias) ou a prazo?
As condições da praxe sâo : saque a quatro meses de data, ou c/
corrente a prazo de seis meses, juros de 6 *^/q ao ano.
14.° Quais as condições ou vantagens na jorma de pagamento^
que a indústria nacional oferece aos seus clientes?
Na maioria dos casos, nenhumas. Para certas e determinadas
fábricas, à vista, com 5 *^/o de desconto, ou quando muito a três
meses.
15." Quais as condições de expedição e embarque, etc, Fob ou
Cif Rio?
A expedição pode fazer-se directamente, ou à ordem, com a
declaração consular do roupa feita de algodão. Todas as mercadorias
deste género, de qualquer procedência, vêem ao mercado nas seguin-
tes condições : loco Fábrica com todas as despesas por conta do
comprador.
66
16." Não acJui V. Ex" conveniente que os exportadores 'portugue-
ses, a exemplo dos das outras nações, enviem ao Brasil caixeiros via-
jantes habilitados e bem remunerados?
Certamente; as duas principais fábricas portuguesas já o teem
feito por diversas vezes. No entanto, ó -necessário que, de futuro,
esses caixeiros viajantes venham munidos de mostruários bem sor-
tidos, e conhecedores da mercadoria que pretendem lançar no mer-
cado, nâo contando de antemão, com o tão apregoado patriotismo
de épocas passadas.
17.** Não lhe parece ([ue se deveria aconselhar os exportadores
jyortugueses a modificarem as suas exigências nas condições de paga-
men to ?
Muitas vezes as vantagens de pagamento, podem facilitar tran-
sacções. Esta mercadoria foi sempre negociável pelo sistema de
entrega na fábrica, com todas as despesas de embalagem, transporte,
embarque e frete até ao porto de destino, por conta do comprador,
nâo se devendo portanto alterá-lo.
18.** Outras quaisquer observações que V. Ex.^'' julgue conveniente
acrescentar.
Quási todos os importadores consultados, sáo de opinião, com-
petir aos fabricantes, principais interessados na venda de suas ma-
nufacturas, estudar a melhor forma de introduzi-las nos mercados
que pretendem conquistar.
A firma Costa Pereira d- C", sugeriu-nos a seguinte ideia : seria
de grande vantagem obter do Congresso Brasileiro, redução da taxa
das camisas de algodão com peito de linho, de 30S000 réis para
20S000 réis por dúzia. Todos os importadores pedem, çle há muito
esta redução. Confeccionar uma camisa de algodão com peitilho de
linho, aumenta-lhe insignificantemente o custo e de nenhum modo
■se justifica que, por esse motivo, o direito seja elevado ao dobro.
Já foi demonstrada a equidade da redução da taxa, num trabalho
feito pelos importadores, a prop<3sito do projecto de revisão da tarifa
^e apresentado por intermédio desta Câmara ao Ex.""' Sr. IVIinistro
da Fazenda.-
A firma Costa Pacheco c€' C.^, convidada em última instância, a
elucidar-nos mais circunstanciadamente no desempenho da nossa
missão, acrescentou as seguintes considerações:
Nâo havendo em Portugal, produção de tecidos pr()prios para a
confecção de roupas brancas, é necessário importar de Inglaterra a
matéria-prima ; os nossos industriais, forçosamente teem de acres-
centar ao custo de fabrico, as despesas de transporte, carga e des-
carga, naquele país e em Portugal (os direitos sâo restituidos pelo
clrawhacJc), encarecendo a manufactura que expedem para o Brasil e
que por conseguinte não pode chegar aqui com preço inferior ao
das outras nações concorrentes.
Essa despesa, é ainda aumentada com o elevado custo dos fretes
de Portugal para aqui, obrigando os nossos fabricantes a diminuírem
nos seus lucros, o excesso que teem nas despesas actuais, isto, se
quizerem colocar no mercado o artigo por preço igual ao dos outros
mercados exportadores.
Se as despesas pudessem ser reduzidas na proporção da menor
distância recebendo-se aqui, a nossa mercadoria, mais barata que a
sua congénere de países mais longínquos, seria incalculável o aumento
que poderia ter o consumo de roupa branca portuguesa em todo o Brasil.
Responderam ao nosso questionário, os seguintes importadores :
Castro Lopes, Brandão & C."' ; Coelho Bastos & C.^, Costa Pacheco & C.^,
Costa Pereira & C/% Ferreira Serpa & C", J. P. de Sousa & C", João
Reinaldo, Coutinho & C."': Júlio Morais & C."', Ramos Sobrinho & C."',
e Vasco Ortigão d' C."^, deixando de o fazer o srs. Cunha Cal-
deira d- C", por nâo importassem o artigo, e João Vieira Nunes, por
se achar em liquidação.
68
Questionário n." 8
2. Tecidos.
Diminuta tem sido a nossa exportação de tecidos de algodão para
este mercado. A Estatística Comercial Brasileira, classificou os teci-
dos deste filamento em cinco grupos : brancos^ crus, estaminados, tintos
e não especificados.
As quantidades e valores das manufacturas de origem portu-
guesa, compreendidas sob a rubrica acima, e importadas nos últimos
dez anos, cifram-se nos seguintes algarismos:
1.** Tecidos brancos.
Anos
1905
1906
1912
Quilogramas
Valores
3:467
7:427S000
40
394S0OO
850
921S000
Nos outros anos nâo houve importação.
2.° Tecidos crus:
Anos
1905
1906
1907
1909
1910
1911
1912
1913
Nâo houve importação nos outros anos.
Quilogramas
Valores
122
298S000
361
778^000
160
3178000
212
5128000
511
1.343SO0O
226
3848000
450
8538000
559
1:4598000
eí9
3." Tecidos estampadoa:
Anos Quilogramns Valores
1905 4 25S(X)0
1906 210 910í§000
1908 878 2:152kSO0O
1913 9 109$000
Nos outros anos não houve movimento.
4.' Tecidos tintos:
Anos Quilogramas Valores
1905 68 1:125^000
1909 284 1:854S000
1910 87 667SOOO
1913 165 2:4348000
Nos outros anos nâo se registou importação.
5." Tecidos não especificados
Anos
Quilogramas
V^alores
1905 3:658
14:787S000
1906
.
394
2:52(^SO0O
1907
640
2:263S000
1908
1:299
12:5018000
1909
3:287
12:0918000
1910
3:404
29:2628000
1911
416
3:0158000
1912
260
1:6968000
1913
1:022
5:ail8»300
1914
1:340
4:7508000
70
Como já tivemos ocasião de salientar no questionário de Roupa
feita, sâo incluidos no grupo de tecidos não especificados, todos aqueles
que vêem ao mercado com designação pouco explícita, nas facturas
consulares, notando-se por esse facto, maior movimento neste grupo,
do que nos quatro anteriores.
Até 1890, o Brasil foi tributário da Europa nos tecidos de algo-
dão, mas nos últimos 25 anos, a indústria nacional adquiriu um
extraordinário desenvolvimento, podendo-se afirmar, que metade do
consumo é produzido no país e 75 ^/q da produção é consumida
pelas classes proletárias. Quási todas as fábricas brasileiras reúnem
a fiação, tecelagem, branqueamento, tinturaria, acabamento e estam-
paria. As mais importantes rivalizam em fabrico com o similar
estrangeiro.
Segundo o cálculo da produção em 1911, baseado na arrecada-
ção dos impostos de consumo, existiam em todo o território da
República Brasileira 190 fábricas de tecidos das seguintes matérias-
primas : Algodão, la, linho e seda. Não possuimos bases seguras
para fixar o número das primeiras; no entanto, poder-se liá, pelos
impostos que se arrecadaram nesse ano, fazer um cálculo aproxi-
mativo da produção. A indústria de fiação e tecelagem produziu
190.470:763$000 réis, e o respectivo imposto de consumo foi de
8.876:000S000 réis. Além desta importantíssima verba, sujeita ao
imposto de consumo, há ainda a acrescentar as manufacturas que
não estão sujeitas àquele imposto, e que foram de 8.179:836S000 réis,
perfazendo um total de 198.650:599^000 réis.
71
Para os^ tecidos fie algodão propriamente ditos ^ temos a seguinte
produção, baseada nos impostos arrecadados:
Fabrico de 379.269:123 metros de tecidos criis
brancos, tintos o estampados
Branqueamento de 573:472 metros de tecido crú
Estampagem em 12.895:051
Manufacturas do mesmo filamento, não sujeitas a
imposto de consumo:
026:338 dúzias de pares de meias 2.894:8598000
14:000 dúzias de toalhas. . . 77:0O0SOOO
354:675 dúzias de camisolas de
malha 2.164:7378000
3.000:000 de metros de renda . 600:O0OS0CO
200:000 dúzias de lenços . . 700:0008000
Produção total dos tecidos
Produção das manufacturas de la, seda e linho
159.397:3728000
57:3498000
1.289:5058000
160.744:2268000
6.436:5968000
167.180:8228000
198.650:5998000
31.469:7778000
Percentagem da produção de tecidos de algodão 84 7o-
Já em 1913, o número de fá])ricas se elevou a 210, arreca-
dando-se de imposto de produção ou consumo, a C|uantia de réis
13.853:6388450.
Até meados do ano findo, a indústria de tecelagem, na Cjual
há avultados capitais empregados, desenvolveu-se consideravelmente,
montando-se constantemente novas fábricas. De então para cá. esta-
cionou em consequência da crise, que cada vez mais se acentua.
A falta de anilinas que cada vez mais se faz sentir, como aliás
sucede em todos os centros produtores, obrigará ainda a indústria
da tecelagem a inesperados sacrifícios.
O forte da produção nacional é em artigos triviais, e de maior
consumo, tais como : panos crus, patentes (denominados aqui, mo-
72
tins) abretanhados (cretones), riscados, cotins (brins), zefires, etc.
Emprega-se geralmente no fabrico destes artigos, os algodões médios
produzidos nos Estados do Norte, conhecidos vulgarmente por pri-
meiros cortes de Mossoró, Pernambuco, Natal, Parnaíba e Ceará,
algodões de fibra curta, porem, muito regular e resistente, com a
qual se consegue facilmente, fio até ao número 30; as fábricas mais
importantes dedicam-se ao fabrico de tecidos finos de fantasia, tin-
tos, cores lisas, listados, xadrez, e também estampados, tais como :
chitas, levantines, cassas finas e ainda tecidos abertos brancos, de
cor e estampados. Para os mais finos tecidos fabricados com fios
n."'' 70 e 80, emprega-se o algodão superior, qualidade muito espe-
cial, de fibra mais longa e sedosa, muito limpo, conhecido mais vul-
garmente por algodão do sertão Seridó. Tanto este, como o de Caicó,
ambos originários do Estado do Rio Grande do Norte, sâo seme-
lhantes ao algodão do Egipto, tanto em fibra como em óleo essen-
cial, prestando-se portanto com vantagem, para o fio fino e merceri-
zado, estando por conseguinte, os fabricantes habilitados com as
próprias matérias-primas do país a produzirem qualquer tecido por
mais fino que seja.
A Grran-Bretanha predominou até hoje no mercado com as
suas manufacturas da fibra do algodoeiro. Das outras nações muito
pouco se tem importado. Pelo pequeno mapa relativo ao ano
de 1911, o de maior movimento, se pode observar a importância
das mercadorias vindas daquele país, em confronto com a impor-
tação geral.
Tecidos
Inglaterra
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
Brancos
1.622:443
290:652
1.244:953
2.857:982
3.984:635
5.308:1781000
708:366$0a)
5.121:785SO00
12.445:988$0a)
15.975:539S(X)0
1.714:469
311:.559
1.323:761
3.443:297
7.189:494
5.862:4õ4$aX)
754:632$000
5.427: 1S8$000
14.566:294$0()0
28.249:48'.>$oa)
Crus
Estampados
Tintos
NSo especificados. .
73
Para os últimos, liouvo uni certo movimento na importação de
outras oriíJ^ens, cabendo, pela ordem, uma parte à Alemanha, ítália,
Bélgica, França e outras nações em muito menor escala; no entanto
a percentagem da Inglaterra sobre a totalidade da importação ainda
é de 72 "/V
Para á nossa indiistria algodoeira, muito desenvolvida nos seus
variados ramos, e lutando com falta de consumo na sua excessiva
produção, julgou a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do
Rio de Janeiro, dever consultar os importadores da praça, se have-
ria possibilidade em promover avultadas transacções comerciais para
todas as manufacturas de algodão. Este assunto foi tratado nos
18 quesitos seguintes:
QUESTIONÁRIO
l.'' A-pesar-de no Brasil, a indústria algodoeira ter chegado a um
elevado grau de aperjeiçoamento, ainda se faz uma larga importação
de tecidos de algodão. Portugal compartilha com bem dimiyiuta parcela
nessa importação. Julga. V. Ex.'^ que se possam alargar as transacções
comerciais destas manufacturas?
Todos os importadores sâo de opinião ([ue, Portugal só poderá
desenvolver a sua exportação de diversas classes do tecidos de algo-
dão, para os Estados do extremo norte do Brasil, Maranhão, Pará o
Amazonas, onde a indústria nacional não está ainda em plena acti-
vidade. Os elevados fretes cobrados pelas empresas de navegação
costeira, entre o porto do Rio de Janeiro e aqueles Estados, difi-
cultam as transacções comerciais desta praça, com o norte do Brasil,
o que certamente nao sucederá a Portugal, devido a ter mais fáceis
comunicações marítimas.
2." Na afirmativa, o que aconselha V. Ex." que se faça, no sentido
de se tentar introduzir em larga escala, nos mercados brasileiro-'^, as
manujacturas da nossa indústria algodoeira?
Para que a exportação de tecidos de algodão se alargue e des-
envolva, torna-se necessário que os industriais portugueses, fugindo
da rotina, mandem ao Brasil, caixeiros viajantes de reconhecida
competência, homens modernos, cheios de actividade e capazes de
ver e observar com critério, as normas por que se rege este ramo de
74
comércio. Ao mesmo tempo, nâo devem esquecer que os gostos e
as tendências do consumidor, constituem outro ponto importante
que deve merecer a atenção dos viajantes portugueses, pois a expe-
riência tem demonstrado quanto é prejudicial a pretensão de querer
impor ao consumidor do Brasil, a acquisiçâo de certos artigos que
lhe nâo agradam, embora eles, às vezes, sejam de bôa qualidade.
Em regra o consumidor brasileiro prefere artigos leves, vistosos e
de pouco custo.
3.° Quais as modificações a iíitroduzir na inãmtria portuguesa,
para que esta possa competir com as similares de outros países?
Depende do confronto que os fabricantes devem fazer entre o
que produzem e as amostras que lhe fornecerem os seus viajantes.
Parece, entretanto, ser necessário nâo só modificar a parte técnica
das fábricas, no sentido de melhorarem constantemente os seus pro-
dutos, mas também visando aumentar a sua produção, porquanto é
voz corrente, nos mercados do Brasil, que encomendas confiadas a
representantes, que por aqui apareceram em tempos, só^ chegaram
depois de muitos meses de espera. Estes factos, além de terem oca-
sionado o descrédito da indústria portuguesa, causaram prejuízos
não pequenos aos exportadores, porquanto as mercadorias, chegadas
depois de longos meses de espera, foram postas à disposição dos
exportadores e tiveram de ser revendidas com grande prejuízo.
4.° Qual a proveniência dos tecidos prejeridos pelo mercado bra-
sileiro ?
Aqui não há preferência por origens, dependendo unicamente a
encomenda, das qualidades e preços mais equitativos, recebendo-se
no entanto, maior quantidade de manufacturas da Inglaterra, como
sejam: chitas, percais, fustões, crepes estampados, etc.
5.° Qual o custo das diversas mercadorias no local da produção ?
E tal a diversidade de tecidos finos que vêem ao mercado, que
se torna impossível enumerar o custo dessas mercadorias.
6.° Quais as qualidades, padrões e cores mais usadas ?
Em tecidos para vestidos tintos ou estampados, é preferível o
peso de 60 a 100 gramas por metro quadrado. Em cotins (brins), de
110 a 200 gramas pela mesma quantidade.
As cores dependem do gosto do mercado ; não são uniformes.
7.° Quais os ^tamanhos, comxjrimentos e larguras que devem ter
cada peça?
Em 'regra, é preferível, peças de 40 a 50 metros, quando se
<o
trato do riscados listrados ou xadrez; do 36 a 40, quando sejam
tecidos para calças ou casacos, e 20 metros para tecidos criís ou
patentes.
8.'' Qual a base ou número de fios que deve conter cada 10 '"/w^?
Depende da qualidade do tecido, e o fabricante que deseje tra-
balhar em boa base, deverá dirigir-se às Câmaras Portuguesas de
Comércio e Indústria, do Rio de Janeiro, ou de qualquer dos outros
Estados onde existam, pedindo amostras de tecidos apropriados aos
seus teares è à produção que possam ter.
9.° Quais os pesos, mínimo e máximo, dos tecidos de maior uso
no mercado, por r^ietro quadrado ?
Da mesma forma que para o quesito precedente, os industriais
devem fazer os pedidos de. informações para as Câmaras Portuguesas
de Comércio.
10." Julga V. Ex.^ conveniente organizar pequenos mostruários,
a fim de se enviarem às Associações Industriais Portuguesas, designando
qualidades dos tecidos, número de fios, peso, padrões, preços, di-
reitos, etc. ?
E muito conveniente organizar pequenos mostruários, fazen-
do-os acompanhar de instruções minuciosas; porem, só se poderão
colher resultados favoráveis, se os industriais, por si ou por inter-
médio de agentes, mandarem ao Brasil ^áajantes idóneos que estu-
dem o mercado e promovam as vendas.
11.° Na afirmativa, qual a melhor forma de os obter?
Xa falta dos mostruários, sempre morosos na sua execução, o
mais prático seria os industriais requisitarem às Câmaras Portu-
guesas, todos os detalhes precisos inerentes a cada especialidade de
tecido, como seja: preço do mercado na ocasião, direitos aduaneiros
e mais gravames fiscais, peso e outras indicações necessárias para
poderem desenvolver o fabrico.
12.° Quais os direitos que incidem no Brasil, sabre os diversos
tecidos de algodão?
Estão divididos, cada especialidade, em oito classes, e cada uma
delas tem a sua taxa segundo o peso por metro quadrado, como se
vê do seguinte quadro :
76
Tecidos lisos e entrançados, não especificados, base 10x10 fios
(Taxas por quilograma)
Crus :
Até 20 gramas 14S000
De 20 a 25 » 9S500
De 25 a 31 ■'> 6^000
De 31 a 40 » 4S000
De 40 a 49 » 2S000
De mais de 49 gramas, 1S500 réis por metro quadrado.
Brancos :
Até 20 gramas 20$000
De 20 a 25 » 13í$000
De 25 a 31 » 10^000
De 31 a 40 > 6$400
De 40 a 49 > 3S200
De mais de 49 gramas, 2^20(3 réis por metro quadrado.
Tintos em peça; ou de fio tinto de uma ou mais cores:
Até 20 gramas 15^000
De 20 a 25 ^> lOSOOO
De 25 a 31 » 7$500
De 31 a 40 > 5$000
De 40 a 49 » 3S0O0
De 49 a 60 » 2S400
De mais de 60 gramas, 2SO0O réis por metro quadrado.
77
Estampados :
Até 20 gramas 15l$000
De 20 a 25 > lOSOOO
De 25 a 31 - 7$õOO
De 31 a 40 > 5S000
De 40 a 75 ^ 3S400
De mais de 7ò gramas, 3S000 réis por metro quadrado.
Os tecidos lavrados pagam de 21S000 réis a 3S200 réis, também
segundo o peso do metro quadrado.
Oídroí^ tecidos não especificados pagam de 6S000 réis a 2S000 réis,
seguindo-se sempre a mesma norma.
Acresce a estas taxas, o pagamento de 35 7o ^ni ouro, mais 2 7o
ouro para melhoramentos do porto, capatazias, armazenagem, etc,
o que eleva todas as taxas a mais 50 7o- Ha ainda o selo de con-
sumo, que é o seguinte:
Tecidos crus, em peças, metro, 10 réis.
Ditos brancos ou tintos, em peças, metro, 20 réis.
Ditos estampados, em peças, metro, 30 réis.
13." Qual a melhor forma de embalagem, acondicionamento, etc.,
próprio para um clima tropical, como o do Brasil ?
A mais recomendável, é em caixas de madeira muito seca, a fim
de evitar que a humidade passe para o tecido. Alvitra-se também
para que o Governo Português estabeleça, anexas às Escolas Indus-
triais de Lisboa e Porto e de outras cidades de certa importância,
aulas práticas de acondicionamento para todos os artigos de expor-
tação, porquanto o êxito de qualquer produto depende, na maior
parte dos casos, da forma como é acondicionado.
14." Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro pjara esta manufactura, contra conhecimento, à vista, pronto
pagamento (30 dias) ou a prazo ?
Depende de contracto na ocasião de efectuar a venda; a maior
parte dos negócios feitos com a Inglaterra, Alemanha e França,
principais mercados exportadores, é em c/c com juros de 6 7o>
cobertura em seis meses.
78
15.° Quais as condições de expedição, embarque, F. O. B. ou
C.LF.Rio?
As mais usuais sâo : Free on hoard.
16.° Não acha V. Ex."' conveniente que os exportadores portu-
gueses, a exemplo dos de outras nações, enviem, ao Brasil caixeiros via-
jantes habilitados e bem remunerados?
É o meio mais prático de propaganda, mas o caixeiro viajante
deve ter conhecimento do fabrico, a fim de atender a qualquer alte-
ração do tecido, e poder na ocasião resolver o assunto sem depender
da consulta do fabricante, A tarifa brasileira deve ser também estu-
dada por esses caixeiros viajantes, a fim de estarem habilitados, a
calcular perante os compradores, quais os direitos o demais despe-
sas que sobrecarregam os produtos.
17.° Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores a
modificarem as- suas exigências nas suas condições de pagamento ?
As condições de prazo para venda, dependem em grande parte
das garantias que possa oferecer o comprador, e se o Banco Ultra-
marino fizer adiantamentos sobre saques, estes se poderão fazer de
4 a 6 meses.
18.° Outras cpuaisquer observações que V. Fx."' julgue conveniente
acrescentar.
Parece insensato a alguns importadores, esperar que outras
entidades, nâo directamente interessadas, promovam o desenvolvi-
mento dos negócios de exportação, quando aqueles a quem competia
fazê-lo, permanecem inactivos, e agarrados a métodos antiquados.
Estando portanto certos que se os exportadores portugueses forem
mais ^empreendedores, e limitarem quanto possível os seus lucros,
com bons e dedicados viajantes, aos quais deverão remunerar con-
dignamente^ os negócios desenvolver-se-hão contando com a boa
vontade dos portugueses aqui residentes. É, porém, necessário agra-
dar ao consumidor, e que as encomendas sejam executadas dentro
do limite da mais completa seriedade, de forma que, não seja expe-
dida senão a manufactura encomendada, e de perfeito acordo com a
amostra.
Prestaram-nos a mais franca cooperação ao nosso trabalho, os
srs. A. Mendes Campos & O.*, Castro Guidão & C", Cunha Cal-
deira & C^, Cunha Osório & C.^, Custódio Fernandes á- C."-, Ferreira
79
Baltazar (('• C", Jorge Moram & O.'', Oliveira Vaz & Cf'', Oliveira,
Azevedo Barros d- C."', Qiiartin Oaimarães & C/', Sampaio Ave-
lino d- C", Santos Moreira d- 6'/', Seabra & C.^ Sequeira Jorge & C/',
Serafim Fernandes Clare & C."', Sousa Marques & C."', Souto
Maior cO C.'' e Vasco Ortigão d' C/'.
Algumas destas firmas nâo se dedicam à importação, mas, no
entanto, não deixaram de prestar verbalmente o seu concurso.
Questionário n." 9
II — Cabelos, pêlos e penas.
1. Escovas, espanadores, vassouras e pincéis.
As manufacturas de cabelos, pêlos e penas figuram na estatística
da importação em três grupos: 1° Cordoalha; 2." Escovas, espana-
dores, vassouras e pincéis ; 3.° Manufacturas não especificadas.
Do primeiro grupo nunca houve importação de origem portu-
guesa. Do segundo, importam-se escovas, pincéis e brochas, e dimi-
nuta quantidade de vassouras. Tem havido alternativas na importa-
ção dos artefactos compreendidos neste grupo, registando-se o maior
movimento era 1906, que foi de 13 contos.
A boa aceitação no mercado, do artigo escovas, e as modificações
a introduzir no fabrico de pincéis e brochas, aconselhadas em tempo
pelos importadores faziam prever o aumento do consumo nos anos
subsequentes, mas infelizmente as melhores previsões falharam e a
nossa exportação neste ramo foi decaindo pouco a pouco e acha-se
hoje muito reduzida. Os industriais não se cingiram às observações
do comércio importador e o resultado manifesta -se pela abstenção
quási completa do produto no mercado.
Do terceiro grupo, cifra-se o movimento apenas em algumas
centenas de mil réis, e ignoramos as mercadorias nele compreen-
didas.
80
Diferindo a aplicação das taxas alfandegárias, nos artefactos do
segundo grupo, pois que, para escovas, espanaúores e vassouras, a
unidade ó a dúzia, e para pincéis, o quilograma, a Estatística
Comercial nâo se refere a quantidades importadas, mas somente a
valores que durante o decénio de 1905 a 1914, foram os seguintes :
1905 4:875S000
1906 13:24OS0O0
1907 8:448S000
1908 12:338^000
1909 ll:263SO00
1910 9:689â!000
1911 4:992$000
1912 9:285SO00
1913 7:001SOOO
1914 1:629$000
Para manufacturas nâo especificadas, temos no mesmo período,
as seguintes quantidades e valores :
Anos
Quilogramas
Valores
1905 163
521 $000
1906
85
428^000
1907
234
715^000
1908
79
190^000
1909
51
281SOO0
1910
496
2:108S000
1911
198
1:120$000
1912
133
401^000
1913
80
328S000
1914
—
23SOO0
A indústria brasileira, a-pesar-de já fabricar muito regular-
mente os artigos correntes de que trata o presente questionário, nâo
pode rivalizar com a estrangeira. Para o artigo iirio, em escovas, vas-
81
ftouras e pince/s, foi sempro fi Franra (jiie predominou no mercado,
e a Alemanha, para o artigo inferior. Depois da declaração da
guerra, a América do Norte veio ao mercado, e conseguiu efectuar
transacções regulares.
Em 1912, registou-so o movimento máximo na importação ge-
ral, que foi, de 8G0:302S0L)0 réis, pertencendo 412:12605000 réis à
França, 303:821S000 réis a Alemanha. A produção total das 21 fá-
bricas existentes no Brasil em 1911, cifrou-se em 2.045:00035000 réis,
estando incluídas neste número as que manipulam artefactos com
matérias-primas vegetais, nâo se podendo do modo algum calcular
o quantum para cada especialidade.
Produzindo a nossa indústria de escovas e pincéis, excelentes
artefactos, rivalizando com os de outras nações, a Câmara Portu-
guesa de Comércio e Indústria incluiu estas manufacturas no seu
inquérito, julgando de toda a oportunidade a sua difusão no mer-
cado, por meio de uma activa propaganda e observância por parte
dos industriais, das modificações ou melhoramentos a introduzir no
fabrico. As conclusões do inquérito estão expendidas nas respostas
aos 16 quesitos seguintes :
QUESTIONÁRIO
1." Tem Y. El."' conhecimento do grau de aperjeiçoamento a que
chegou em Portugal, a indústria- de escovas e pincéis?
A bôa qualidade e o esmerado acabamento do nosso fabrico de
escovas (artigo fino), é bastante conhecido no mercado, pela pequena
importação que tem havido principalmente dos artefactos do Porto,
rivalizando com os similares de outras procedências ; porem, para
pincéis e brochas, nâo sucede outro tanto.
2." Na afirmativa, pode V. Ex."' precisar as causas da diminuta
procura dos artefactos portugueses no mercado brasileiro?
No fabrico de j^iuceis o brochas, empregam em Portugal madeira
demasiadamente pesada e como a taxa alfandegária, é muito elevada,
e incide sobre o peso (5S000 por quilograma), ficam por conseguinte
muito mais caros que os de outras origens. As brochas são inferiores,
em qualidade, às francesas o de preço muito mais elevado.
3.** Qual a maneira mais eficaz para difundir no mercado a pro-
cura do género português?
82
Procurar agradar ao consumidor, fabricando os artefactos
segundo as instruções fornecidas pelos importadores, de quem
depende sempre a introdução da mercadoria na praça e estudar os
processos a empregar para que rivalize em qualidade e preços com
a das demais nações.
4.'' Quais as modificações a introduzir no jahrico das manuja-
cturas produzidas no nosso pais ?
Para escovas, o fabrico, qualidade e preço, satisfazem plena-
mente; entretanto, nâo devem os fabricantes ficar estacionários,
pois do aperfeiçoamento e barateamento da mercadoria, depende a
sua maior expansão.
Para os pincéis, deve-se empregar nos cabos, madeira mais leve,
reduzindo o peso. As brochas, necessitam de um melhoramento, sem
o qual, ficarão banidas para sempre do mercado. O cabo na parte
adelgaçada, que encaixa na própria brocha, é de comprimento quási
igual ao dos pêlos ; com o uso daquela, estes gastam-se e fica a
ponta do cabo roçando conjuntamente com os pêlos, fazendo traços
na pintura ou caiação, que se pretende levar a efeito. A ponta do.
cabo, deve terminar logo abaixo da anilha que liga as duas peças,
evitando assim tâo grave inconveniente.
As duas modificações já foram aconselhadas por importadores
daqui, mas até hoje nâo se fizeram.
5." Qual a proveniência dos artigos í^imilareK preferido'^ no
mercado 9
A França fornece o artigo superior. Da Alemanha vem também
o artigo bom, mas em menor escala, e em maior o artigo ordinário.
6.° Qual o seu preço de custo, tanto para escovas como pjara
])ince/s ?
Impossível de determinar atenta a enorme diversidade de qua-
lidades e tamanhos, mas os nossos fabricantes devem possuir catá-
logos e tabelas de preços, devendo regular-se por elas, para estabe-
lecerem a equidade.
7." Quais os direitos que incidem no Brasil sôhre uns e outros'?
As taxas sâo muito variadas ; temos :
Pa7'a escovas: com costas ou cabo de osso, búfalo, chifre, ou
juadeira com ou sem embutidos :
83
Para fato, cabeça ou semelhantes (dúzia) 8$000
Para chapéu, l)arba, pó de arroz ou semelhantes (dúzia). 6S()0()
Para bigodes, dentes, unhas, limpar pentes e semelhan-
tes (dúzia) 2S0a)
Para limpar metais e semelhantes (dúzia) 2S000
Para limpar mesas e semelhantes (dúzia) 9S0OO
Para calçado, arreios, animais, com ou sem alça (dúzia). 4$000
Nâo especificados (dúzia) 4S00(3
Para pincéis:
Brochas para pintar ou caiar (quilo) 3S'20O
Pincéis para pintor ou decorador, inclusive espanadores
de fingimento (quilo) 12S0i.)0
Pincéis de qualquer outra qualidade, chatos, redondos,
ou de ponta para traços ou envernizar (quilo) . . 538000
Pincéis para barba com cabo de osso, búfalo, chifre, ma-
deira ou metal ordinário (quilo) 6S0OO
Ditos com cabo de marfim, madrepérola ou tartaruga
(quilo) 30S(^X>
Estas taxas sâo pagas da seguinte forma: 35 Vo ^^ ouro e
65 "/q em papel, acrescentando-se-lhe mais 2 % ouro para as obras
do porto, armazenagem, etc, podendo calcular-se mais 45 ^^ sobre
as respectivas taxas. Damos a seguir, para maior elucidação, três
fórmulas de despacho para os artigos mais correntes.
84
Fórmula de um despacho para pincéis
Uma caixa contendo pincéis chatos pesando líquido cin-
coenta quilos.
Razão 50 7o — 50 quilos a 5$000 réis 250S000
Capatazias S200
Estatística , $010
Ouro 2 7o Q^- do porto) 10^000
260!$210
Ouro 35 7o 87S500
2 7o lOSOOO
97^500
Papel . 162$710 260^210
Custo de 97$500 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . . 175S500
Papel 162$700
Cais do porto (armazenagem) 5$000
Agência e selos 12$300
Eéis 355$500
Despesa por quilo, réis .... 7$110
85
Fórmula de um despacho para brochas
Uma caixa contendo brochas para pintar, pesando líquido
cem quilos.
Razão .50 7o — 100 quQos a 3S200 réis 320S00O
Capatazias S200
Estatística SOIO
Ouro 2 Vo Or. do porto) 12S400
Réis 332S610
Ouro 35 7o 112$000
» 2 7o 12S400
124S400
Papel 208S210 332S610
Custo de 1248400 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 223S920
Papel 20SS210
Cais do porto (armazenagem) 6S400
Agência e selos 12S300
Réis 4Õ0S830
Despesa por quilo, réis .... 4S510
86
Fórmula de um despacho para escovas de qualquer espécie
j
Uma caixa contendo :
Razão 50 7o
l.'' — Vinte dúzias de escovas de cabelo para fato a
8$000 réis 160$000
2.° — Dez dúzias de escovas de cabelo para cabeça a
8^000 róis .' . SOSOOO
Capatazias $200
Estatística ^010
Ouro 2 7o (M. do porto) 9$600
Réis 249^810
Ouro 35 7o 84$000
» 2 7o 9S600
93$600
Papel 156$210 249S810
Custo de 93S600 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . . 168$480
Papel 156$210
Cais do porto, armazenagem 4S800
Agência e selos 12S300
Réis 341$790
Despesa por dúzia, réis .... 11S393
8<
8." Acha y. Ex." ronucnientu organizar i)cque}Wí< mostruários de
escovas e pincéis para se enviarem às Associarões Comerciais Poria-
guesas, indicando as qualidades dos produtos, origem, custo, direito^- e
demais esclarecimentos, habilitando por esta forma os industriais por-
tugueses a promoverem maior número de transacções no Brasil?
Um fabricante do Porto, já aqui mandou caixeiros viajantes
com mostruários, e esses viajantes tiveram o^j^rtunidade do se
orientarem l)cm das qualidades e preyos, mas até hoje, parece que
nada se fez no sentido de apresentar — brochas e pincéis — de maneira
a satisfazer os importadores da praça, e é pena, porque a ocasião nâo
pode ser mais propícia para a introdução dos artigos no mercado.
Parece a alguns importadores desnecessário organizar mostruários
aqui e remetê-los para Portugal, pois supõem já estarem os indus-
triais suficientemente inteirados do artigo que aqui tem melhor
venda.
Mais acertado seria, ter aqui em exposição permanente, amostras
dos vários artigos da indústria portuguesa.
9." Na afirmativa, como obter esses mostruários?
A casa J. Bainho & C.^, já por mais de uma vez, os enviou
para Portvigal, nâo obtendo resultado nenhum prático; no entanto o
chefe daquela importante firma prestou-se espontaneamente, caso
seja necessário, a fornecê-los novamente por intermédio da Câmara.
Vò:^ Tem V. Ex."' conhecimento do fabrico destes artigos no
Brasil ?
Por emquanto, só aqui se fabrica o artigo de qualidade inferior.
1].*' Na afirmativa, em que grau de aperfeiçoamento se encontra
a indústria nacional em relação à portuguesa?
No género de que trata o presente questionário, a indústria
nacional encontra-se em plano muito inferior à nossa.
12.** Qual a forma de acondicionamento, empacotamento, e emba-
lagem para este artefacto, e o competente resguardo interno dos volumes?
Variável, segundo a vontade de cada importador, notando-se
<^ue todos os fabricantes satisfazem as instruções dos compradores,
excepto os portugueses, por nâo se sujeitarem a isso. O acondicio-
namento mais usual é em pequenas caixas de papelão, competente-
mente rotuladas e estas, dentro de caixotes sólidos e perfeitos, o que
impede muitas vezes avarias na mercadoria que conduzem.
13." Qual a fornm de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro para este artigo ?
88
Saque a 120 d.' data ou 90 d/ vista, sendo este líltimo o mais
usual.
1-1.*' Qual a forma de expedição, emharque, etc, ~Foò ou C/J?
Depende de prévio ajuste entre fabricantes e compradores.
O mais usual é entrega na jábrica com todas as despesas de encai-
xotamento, transportes e fretes por conta do comprador, havendo
no entanto, alguns fabricantes que expedem as suas mercadorias
Free on board.
15.** Não lhe pa^-ece que se deveria aconselhar os exportadores
])ortugueses a modifi.carem as suas exigências nas eondições de paga-
mento ?
Se é certo que, qualquer concessão pudesse facilitar a realiza-
ção de negócios, é também certo que o momento nâo é para facili-
dades e os exportadores carecem de operar com alguma segurança.
16.** Outras quaisquer observações que V. Ex."' julgue conveniente
'acrescentar.
Deverá o exportador, remeter as encomendas com a máxima
brevidade, pois que, até hoje tem havido pouco escrvíijulo nesse
ponto, o C|ue por vezes tem descontentado aqui, o comércio impor-
tador.
Prestaram-nos toda a sua coadjuvação, quer por escrito, quer
verbalmente, informando-nos conscienciosamente, as firmas da praça:
Alberto d' Almeida d- C.^, Araújo Santos & C", Firmino Fontes & C.^V
Fontes Garcia & C.^ Freitas Couto & C."", J. Bainho íf- C."', Leandro
Martins & Cf'', Navio & Fne.^ e Rodrigo Viana, manifestando todas
a opinião, de que nâo sendo aproveitada a anormalidade da situação,
os industriais portugueses perderão a melhor oportunidade para
difundir as suas manufacturas no mercado brasileiro.
89
Questionário n.' 10
II [ —Cana da Indía, bambu, junco, rotim, vime e outros cipós.
1. Cestos e balaios.
2. 3IÓVEIS.
A indústria de artefactos de viyne, muito espalhada por todo o
continente português e ilhas adjacentes, parece nâo ter grande acei-
tação no mercado brasileiro, se nos basearmos no diminuto valor da
nossa exportação, consignado na Estatística Comercial Brasileira.
A classificação consta de três grupos: 1." cestos e balaios ;
2.° móveis: 3." manufacturas não especificadas.
Para os primeiros, houve em outros tempos, movimento assaz
regular, na importação dos nossos artefactos, atendendo ao seu di-
minuto valor mercantil. Actualmente está muito reduzida, e é a
Alemanha quem fornece o mercado. Durante o decénio de 1905 a
1914, houve a seguinte importação de origem portuguesa:
Anos
QuilOj^Tiimas
Valores
1905 57:931
26:2268000
1906
49:657
25:8548000
1907
30:725
16:7878000
1908
12:188
8:4298000
1909
10:843
7:O29sSO0O
1910
9:038
5:0338000
1911
18:.365
9:5788000
1912
8:958
5:8098000
1913
12:491
4:3658000
1914
7:859
3:8478000
No 'primeiro ano do decénio, houve um movimento de cerca de
58 toneladas, computadas em 26 contos, e em 1913 baixou para 12,
correspondentes a quatro contos, tendo havido dois anos de meno-
90
res quantidades, mas com valores superiores. A nossa exportação
tem declinado, de ano para ano, e segundo as informações colhidas
na praça, ó inútil qualquer tentativa para maior expansão. Como já
dissemos, é a Alemanha quem abastece o mercado com artefactos
muito apresentáveis e de custo inferior a quaisquer outros, e a in-
dústria nacional, estabelecida há muitos anos, é quem supre o resto.
Os nossos móveis de vime, figuram na importação com quantidades
e valores irrisórios, havendo anos sem movimento algum; entretanto
em todo o Brasil, há grande quantidade, introduzida pelos passa-
geiros dos transatlânticos, em trânsito pela Ilha da Madeira, ou
mesmo adquiridos em Lisboa, passando a bordo por cadeiras de
viagem, e dando depois entrada livre no país, sem o pesado ónus de
um direito proibitivo, três vezes superior ao custo.
A indústria de móveis de vime, estabelecida aqui há mais de 20
anos, se nâo tivesse a protegê-la um direito absurdo, há muito que
teria terminado, e os seus actuais fabricantes, dedicar-se-hiam sim-
plesmente ao comércio de importação.
A matéria-prima, é oriunda de Portugal e da Repiiblica Argen-
tina, esta última em maior escala por apresentar maior consistência
p não se fracturar tanto nas curvas quando empregada em forma de
meia cana. O salário de um operário aqui, regula 6íS000 réis e con-
fecciona um pouco mais de uma cadeira diariamente. O custo de
uma peça idêntica no Funchal, em média, é de 1$20 escudos, isto é,
3âS6(X) réis ao câmbio de 390 "/q, e a féria do oficial nâo poderá
exceder muito de 0$40. 8enáo fosse o elevado direito de 5$000 réis
para uma cadeira simples, e de lOSOOO réis, para o mesmo móvel
com braços, ou sejam, com a percentagem ouro e adicionais, réis
8$000 para a primeira, e 15S000 réis para a segunda, era preferível
importar a nossa mercadoria pagando mesmo os fretes, do que fa-
bricá-la aqui, atento o elevado custo da máo de obra, e ser forçoso
importar a matéria-prima.
Queixam-se amargamente os fabricantes, da grande concorrên-
cia que lhe fazem os passageiros, trazendo bem às claras, móveis
supérfluos de fantasia, que muitas vezes servem para presentes ou
para adorno e conforto de suas residências. As fábricas existentes
no Rio de Janeiro, também nâo podem alargar as suas transacções
para os outros Estados, pelo exagero das tarifas nas vias terrestres
e marítimas. Há pouco, um negociante de Pernambuco, quiz levar
do Rio para aquele Estado, um avultado mnnero de cadeiras, mas
91
uma empresa de navegação costeira, exi<;iu-lho 8S000 róis do frete,
para cada uma.
Só uma grande redução na taxa alfandegária, poderá favorecer
a introdu(;áo dos móveis de vime, no mercado. A Câmara Portuguesa
já em tempos solicitou essa redução, quando se tratou do projecto
de revisão da Tarifa.
No decénio de 1905 a 1914, o valor.^os móveis de vime de ori-
gem portuguesa, que vieram ao mercado, foi o seguinte:
Anos
190Õ ,
1908,
1909.
1911.
1918.
Quilogramas
Valores
40
109$000
60
77$000
31
130$000
59
1815003
99
191S000
Nos outros anos nâo houve movimento.
A importação geral em 1913 foi de 10 toneladas, no valor de
cerca de 30 contos, contribuindo a Alemanha cora três e meia tone-
ladas computadas em 11 contos.
As manufacturas não especifícadas em que se emprega a mesma
materia-prima. tiveram o seguinte movimento:
Anos
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Quilogramas
Valores
775
584S0OO
624
568S0O0
339
366S0a3
12
325000
558
7285000
1:159
2:2295000
347
5445000
681
7445000
349
5695003
A importação geral em 1912 foi de 28 toneladas com o valor de
73 contos, contribuindo a Alemanha com 14 toneladas e 39 contos.
92
É muito antiga na Ilha da Madeira, a indústria de artefactos
de vime. O arquipélago dos Açores também possui a sua indústria
característica de pequenas malas de mâo, cestas, cestinhas, chalés e
vários artigos feitos de palha, pita e outras filDras vegetais. Era de
toda a justiça dedicar um pouco de atenção a estes artefactos, mas
infelizmente a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria, nâo
colheu as respostas satisfatórias que esperava nos 14 quesitos se-
guintes : .
QUESTIONÁRIO
l.'' Não desconhecendo V. Ex.^ imr certo, o fabrico português, dos
artefactos de vime, parece-lhe viável a sua introdução em larga escala
no mercado brasileiro'?
De forma alguma pode ser tentada a sua introdução, excepto se
o Congresso Brasileiro decretar uma redução nas taxas alfandegárias.
Pelo direito actual, qualquer dos artefactos fica mais caro que o na-
cional.
2.° Na afirmativa, jjode V. Ex."' indicar as causas do pequeiia
consumo que estes artefactos teem no mercado?
E um artigo, aparentemente de pouco consumo, 'e a produção
nacional, é suficiente em móveis, cestos para roupa, garrafas, etc,
mas os artefactos de verga ou vime das nossas Ilhas estão fartamente
introduzidos, nâo precisamente nos mercados do Brasil, mas sim no
consumo, dada a facilidade da sua entrada, como bagagem.
3." Quais os processos a empregar para se conseguir a sua expan-
são no Brasil?
Redução dos direitos alfandegários e a fixação de um limite de
objectos, na bagagem dos passageiros.
Independente disso, talvez possam obter alguma expansão, os
artefactos dos Açores, mas só à vista de mostruário se poderá
ajuizar.
4.° Qual a procedência dos produtos similares preferidos pielo
mercado ?
Geralmente a alemã, havendo também alguma da Suiça, França
e Inglaterra.
93
5." Qual o prero do cusifo no local fia produvão ?
Impossível oiiumerá-los devido à sua quantidade e preços varia-
dos: contudo, mais vantajoso do que o de procedência portuguesa.
6." Quais oíi direitofi que incidem sobre cestos e balaios?
Cestas i)ara costura, i)apeis, talheres, etc, simples (quilo). 3S000
Idem idem e outras, enfeitadas (quilo) 9S600
Idem para roupa, garrafas e carga (quilo) S700
Idem para aterro (quilo) $060
i.
Quais os direitos sobre os moveis de verga?
Cadeiras simj^les (uma) 8SO0O
Idem com braços (uma) lOSOOO
Idem para criança (uma) 35600
Idem com balanço e outras nao especificadas (uma) . . 14S4:00
Todas as taxas acima, sâo pagas da seguinte forma: 35 % em
ouro, 65 % em papel. Acresce mais, 2 % ouro para melhoramentos
do porto, estatística, capatazias, armazenagem, despacho e selos, car-
retos, etc, podendo-se calcular todas as despesas, pelo rhenos, 50 %
sobre todas aquelas taxas.
8.*^ Esta indústria estará já implantada no Brasil: desde quando?
A mais antiga fábrica, conta já 20 anos; porem, consta-nos ter
havido outras anteriormente.
9.° Na afirmativa, poderão os nossos artefactos concorrer com os
nacionais, em preço, qualidade e Jabrico ?
Em móveis e artigos grossos, não. Era cestas finas para diversos
misteres, é muito possível, mas como esses artigos sâo aqui comple-
tamente desconhecidos, nada de positivo se pôde afirmar.
10." Qual a forma de acondicionamento e embalagem para as
seguintes mercadorias : Cestos e balaios; móveis de verga e outras ma-
nufacturas ?
Os primeiros: em engradados ou simplesmente em amarrados,
quando se trate de artigo inferior.
94
Os segundos: em caixas para os artigos superiores, e em engra-
dados para os comuns, previamente encapados em linhagem.
Os terceiros: cestinhas e objectos delicados, em caixas forradas
interiormente com papeis oleados ou impermeáveis.
Fomos coadjuvados na nossa missão pelos srs. Artur Cha-
ves & C."", J. R. Camões éc Cf'', Segura Campos & C." e Simões Pe-
reira & C/'
Questionário n."* 11
IV — ^ Ferragens.
1. Cobre e suas ligas.
2. Ferro e aço.
3. Máquinas, aparelhos e acessórios, utensílios e fer-
ramentas.
Com a designação genérica de ferragens elaborou a Câmara
Portuguesa, o seu décimo primeiro questionário, abrangendo as se-
guintes especialidades :
1.° Manufacturas de cobre nâo especificadas.
2.** Anzóis, esporas, estribos, fivelas, freios, fechaduras, cadea-
dos, trincos, dobradiças, puxadores, etc, etc, para portas e gavetas.
3." Obras de cutelaria.
4.° Grrampos, pregos, parafusos e rebites.
5." Manufacturas de ferro nâo especificadas.
6." Alambiques.
7.° Ferramentas e utensílios diversos.
8." Máquinas, aparelhos e acessórios, utensílios e ferramentas
nâo especificadas.
95
1." Maiiu/actuniK de cobre não especificada^^
Sob a rubrica, cobre e suas ligas, a Estatística Comercial Brasi-
leira, classifica 10 artigos. Para os 9 primeiros, não liouve até hoje,
irai)ortacâo de origem portuguesa. Para o último, manufacturas nào
especific7idns\ tem havido um movimento bastante incerto. Como
sucede ])ara os outros produtos, também para estes, nâo se pode esta-
belecer a sua quantidade, talvez por falta do especificação nas factu-
ras consulares, ou então ])orque a sua diversidade nâo permite clas-
sificação especial na referida Estatística.
Cifra-se esse movimento durante o decénio de 1905 a 1914, nas
seguintes quantidades e valores :
Anos
Quilogramas
Valores
1905 3:333
23:2015000
1906 . .
2:845
22:071SOOO
1907 . .
4:845
40:725$000
1908 . .
3:478
18:207SOOO
1909 . .
2:534
18:7255000
1910 . .
5:470
24:9925000
1911 . .
3:026
21:493$000
1912 . .
2:871
19:7585000
1913 . .
1:792
12:8675000
19U . .
1:011
8:1365000
A importação geral do 1912, computada a maior do decénio, foi
de 1.237:883 quilogramas no valor de 5.586:3615000 réis, disputando
o mercado, os seguintes países:
Alemanha
Inglaterra .....
França
Estados Unidos da América
Quilogramas
421:6S4
400:110
202:457
111:016
2:269:29OS0a)
1.353:987500)
959:91 750a)
507:242SOa)
A rubrica ferro e aço, comporta 23 designações especiais, e só
temos movimento na importação, em quatro.
96
2." Amóis, esporas^ estribos, fivelas, jreios, fechaduras, cadeados,
trincos, dobradiças, puxadores, etc, etc, jjara portas e gavetas.
A média da importação anual, para as nossas manufacturas, é
de 40 contos, e constam principalmente de fechaduras, dobradiças,
puxadores para. portas e gavetas, etc, etc.
ISÍo decénio acima citado, cifrou-se nas seguintes quantidades e
valores :
Anos Quilogramas Valores
1905 20:205 35:7O6SO00
1906 29:712 47:071$000
1907 32:076 61:090$0(X)
1908 26:790 37:069S0O0
1909 59:522 43:993$000
1910 42:721 45:8O9SO0O
1911 38:502 41:470$000
1912 38:020 40:487$a)0
1913 36:651 36:361 $aX)
1914 16:328 16:769$000
Em 1913, atingiu a importação o seu valor máximo, 1.713:904
quilogramas, computados em 1.792:833$000 réis, cabendo como
sempre a primazia à Alemanha. Nas manufacturas ])recedentes, os
Estados Unidos ocupam o 4.° lugar; nestas, estão acima em quanti-
dades, à Grran-Bretanha e França. A ordem é a seguinte:
Quilogramas Valores
Alemanha 636:824 789:8501000
Inglaterra 297:716 370:7231000
Estados Unidos .... 495:340 323:359$000
Franca 157:099 220:253$000
3.° Obras de cutelaria.
A nossa cutelaria está representada no Brasil, muito fracamente.
Nos dez anos transactos, o movimento da importação, cifrou-se ape-
nas, nas seguintes quantidades e valores :
97
Anos
1905
190G
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Quilogramas
Valores
. . 163
802S000
111
602$000
135
631 $000
40
437$000
714
514$(X)0
860
3:742$000
984
l:277SOOO
847
1:109$000
242
224$000
1:534
7763000
Na importação geral, se tomarmos o máximo pelas quantidades,
o ano de 1912 será o de maior movimento ; se nos referirmos a valo-
res, será o de 1913. No primeiro, as quantidades foram superiores
ao segundo: neste último, os valores sáo superiores ao primeiro,
em cerca de 20 contos, o que se verifica pelo seguinte confronto:
Anos
1912
1913
Quilogramas
996:752
905:996
Valores
3.737:2988000
3.7õ7:526SOOO
Para obras de cutelaria, as nações que abastecem em maior
escala o mercado, sâo as mesmas das manufacturas precedentes :
Países
1912
913
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
Alemanha
Inglaterra
Estados Unidos . . .
Prança
403:057
280:G43
155:826
53:124
1.781:811$000
l.O42:O72$00O
551:4!»8$000
268:667$000
406:935
259:517
160:605
60:504
1.801:574$000
1.048:546$000
522:059$000
315:40S$000
98
4." Gramjjofi, iwegos, parafusos e rebites.
Das quatro mercadorias incluídas neste número, temos a plena
certeza que só os pregos se importam de Portugal. Até 1912, a clas-
sificação fez-se com a referida nomenclatura; de 1913 em diante, o
prego figura em artigo especial, e dos outros artefactos não tem
liavido importação de origem portuguesa. Em pregos, já tivemos um
movimento assaz regular, mas o fabrico nacional, a-pesar-de ser
muito inferior ao consumo, tem prejudicado bastante a nossa in-
dústria.
Nos dez anos de 1905 a 1914, cifra-se o movimento, nas seguin-
tes quantidades e valores :
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
No Brasil havia em 1911, duas fábricas de grampos e colchetes,
cuja produção foi calculada em 430:0008000 réis. Dá-se o nome de
grampjos, aos nossos vulgares ganchos para cabelo. De pregos, exis-
tiam seis fábricas, com uma produção de 1.435:0008000 réis, e
a-pesar-de já ser tão elevada, importaram-se ainda em 1913,
1.530:292 quilogramas, computados em 842:7268000 réis.
As quatro nações mais favorecidas no mercado, tiveram o se-
miinte movimento :
Quibgramas
Valores
219:164
64:8368000
214:641
61:1708000
182:714
63:2968000
134:190
37:2158000
204:155
53:9678000
246:209
66:8188000
161:749
47:7088000
159:630
50:4148000
101:775
30:4038000
85:391
29:9458000
99
França
Alemanha
Estados Unidos
Inglaterra
Quilogr.imas
Valores
359:892
229:695SO0O
241:010
180:489^000
304:808
168:0398000
•205:17(3
74:594SO(X»
5.° Manufacturas não especificadas.
As manufacturas de ferro e aço não especificadas, tiveram o se-
guinte movimento, durante o decénio de 1905 a 1914:
Anos
Quilogramas
Valores
19a5 167:937
141:535S000
1906 .
199:694
149:3428000
1907 .
200:545
169:1088000
1908 .
140:512
125:8888000
1909 .
169:989
142:7458000
1910 .
242:287
196:5528000
1911 .
221:980
156:0808000
1912 .
222:289
171:5598000
1913 . .
102:367
94:3928000
1914 .
1 H /
-»t\ n
27:427
39:6928000
Existem no Brasil 169 fundições, elevando-se já a sua produção
a cerca de 36.000:0008000 réis. Há também duas fundições de ferro
guza, sendo uma na Estação da Esperança, e outra em Miguel Bur-
nier, onde se encontram importantes jazidas de ferro manganesífero.
Não se trabalha por emquanto em ferro maleável, a-pesar-das fundi-
ções se acharem habilitadas a manipulá-lo ; este ramo de trabalho,
devido ao excessivo custo da mâo de obra no Brasil, nâo pode com-
petir em preço com o estrangeiro.
Os nossos cojres ou burras, tão conhecidos aqui, o a que nâo
fizemos ainda referência, estão incluídos nestas manufacturas, nâo
se podendo estabelecer com precisão qual o número, peso e valores
da importação.
100
o total da importação geral em 1913, foi de 21.231:722 quilo-
gramas no valor de 13.902:153S000 réis, na maior parte distribuído
pelas quatro nações mais favorecidas :
Inglaterra
Alemanha
França
Estados Unidos
Quilogramas
10.148:814
5.953:230
1.987:072
1.981:511
Valores
5.586:796S000
4.831:716S000
1.459:235S000
1.267:250S000
6.*' Alambiques.
Até 1912 os alambiques estiveram englobados com as caldeiras
e semelhantes. Do ano seguinte em diante, figuram em separado, e
parece-nos que a importação nos últimos dez anos, é exclusivamente
referente ao artigo, pois que, tem sido nula para as caldeiras e seme-
lhantes. O movimento, bastante incerto, foi o seguinte:
Anos
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Quilogramas
Valores
1:391
3:511S00O
1:482
7:488S000
2:173
5:576S0a)
—
261S000
2:335
4:499$000
1:849
10:526S0aD
1:524
6:811S000
4:783
13:649^000
924
3:020$000
2:101
10:007S000
Em 1913 importaram-se 137:725 quilogramas no valor de réis
204:3998000, distribuídos pelas quatro nações seguintes :
101
França
Alemanlia
Estados Unidos .
Tne:latorra
Quilogramas
Valores
(53:641
99:984S(X)0
25:173
89:205S000
9:393
25:2798000
869
3:9208000
No Rio de Janeiro, lia três firmas que exploram o fabrico de
alambiques, mas sâo de pequena importância.
7.^ Ferramentas e utensílios diversos.
A importação geral de ferramentas atingiu no Brasil o seu
valor máximo em 1913. Registaram-se 11.628:825 quilogramas, no
valor de 12.257:8638000 réis. Predominou no mercado a Inglaterra,
seguindo-se-lhe os Estados Unidos, Alemanha e França. Portugal
nestes artefactos, tem tido melhoria de ano para ano, aumentando a
sua exportação de 1906 a 1913, em 172 7o- Cifrou-se o movimento
durante o decénio, nas seguintes quantidades e valores :
Anos
Quilogramas
Valores
1905 —
1906
54:386
63:0018000
1907
65:517
80:2038000
1908
62:282
71:2598000
1909
68:918
73:9358000
1910
98:767
107:4938000
1911
125:585
134:0318000
1912
163:378
169:1848000
1913
171:015
171:7158000
1914
87:931
87:6128000
Em 1905, as Jerramentas estavam englobadas nas máquinas e
utensílios não especificados, nâo se registando por esse facto, movi-
mento algum naquele ano.
102
Os nossos artefactos teem boa aceitação no mercado, pois, como
acima dissemos, no penúltimo ano, o movimento aumentou conside-
ravelmente, e segundo é voz corrente na praça, a procura das nossas
mercadorias, tem sido muito animadora. Das quatro nações mais
favorecidas, vieram ao mercado em 1913, as quantidades e valores
seguintes :
Inglaterra
Estados Unidos,
Alemanha
Franca .
Quilogramas
6.771:641
1.791:829
1.977:972
666:755
Valores
5.714:230S000
2.857:8808000
2.232:031S000
1.051:260^000
8.° Máquiyms, aparelhos e acessórios, utensílios e Jerramentas,
não especificados.
Neste grupo a nossa exportação deve-se referir, única e exclu-
sivamente, à segunda parte, utensílios e ferramentas nâo especifica-
das. Nos últimos dez anos tivemos o seguinte movimento:
Anos Quilogramas Valores
1905 68:485 93:5688000
1906 25:080 35:0268000
1907 22:668 34:8548000
1908 17:013 24:0758000
1909 21:279 37:8508000
1910 32:516 51:7758000
1911 39:150 73:1538000
1912 27:883 44:7118000
1913 25:235 27:2258000
1914 11:542 13:5888000
Devem-se deduzir ao primeiro ano, pelo menos, 60 contos para
ferramentas que até aquela data, figuraram englobadamente com
máquinas e outros aparelhos, etc, e que nâo estão mencionados no
pequeno mapa da importação das manufacturas portuguesas.
103
O movimento geral atingiu o máximo do valor em 1912, pois
foi de 34.7."37:949 quilogramas, computados cm 31:121S873 róis,
A disputa do mercado foi a seguinte:
Estados Unidos
Inglaterra .
Alemanha .
Franca .
Quilogramas
8.794:379
10.549:009
8.'77 1:033
2.555:091
Valores
10.989:713SOO(J
7.354:1348000
6.951 :922kSOOO
2.744:830S000
Com a designação genérica de Jerragens, distribuiu a Câmara
Portuguesa, o seu 11." questionário com os 9 quesitos que seguem:
QUESTIONÁRIO
1.° Conhece V. Ex."' as causas que determinaram o decrescimento
da importarão dos artigos de procedência portuguesa, acima mencio-
nados ?
A importação geral teve um aumento sensível no quadriénio
de 1910 a 1913, especialmente nos anos de 1911 e 1912, pois já em
1913 começou o declínio, devido à crise que desde Junho desse
mesmo ano, se começou a manifestar. Era do esperar, portanto, e
de facto assim sucedeu, em consequência dos bons negócios feitos
em 1911 e 1912, que as importações continuassem num crescendo
até meados de 1913, ocasião em que a crise aludida, aqui irrompeu
quási abruptamente. Dos efeitos decorrentes dessa crise, a importa-
ção não se ressentiu logo, porque as mercadorias em viagem e as
que já estavam encomendadas e cujos contractos nâo podiam ser
cancelados, não trouxeram de momento, desiquilíbrio apreciável ao
intercâmbio internacional; ao comércio, porem, veio isso causar
enormes dificuldades pelos acréscimos dos stocks, que já de si esta-
vam aumentados, devido à crise manifestada, e que só muito lenta-
mente iam tendo saída, à vista da grande diminuição de venda,
então constatada.
As condições financeiras e económicas da praça, já então, difi-
cultosas, mais agravadas ficaram com o conflito europeu, o quo
104
dará ensejo a observar-se nos dados estatísticos de 1913 em diante,
um decrescimento muito maior.
A falta de propaganda dos nossos exportadores, também con-
tribuiu poderosamente para a diminuta procura da mercadoria por-
tuguesa. O comércio alemão, é representado aqui, por legiões de
caixeiros viajantes que se fazem acompanhar de ricas colecções de
amostras.
2.^ Havendo em Portugal uma regular produção de ferragens,
tais como : ferramentas diversas, fechaduras para porias, gavetas, armá-
rios, etc, etc, pregos, e outras, como aconselha V. Exf' que se deva pro-
ceder, para ohter maior expansão do comércio das manufacturas no
mercado brasileiro ?
Importam-se de Portugal, de há muito, ferragens, tais como :
fouces, fechaduras, cofres, machados, machadinhas e martelos. Dos três
primeiros artigos, a importação faz-se em maior escala, por se tratar
de uma especialidade com a qual a clientela já está habituada, e cujo
preço rivaliza com os similares de outras procedências, o mesmo já
nâo sucedendo com os três últimos, em que há melhores vantagens
em outras importações, especialmente de procedência alemã. E bom
frisar que no nosso mercado a questão qualidade fica ura tanto
obscurecida pelo factor preço, o que pode nâo ser uma prova de
gi*ande tino por parte da clientela, mas com a qual, o comerciante
tem de se conformar.
Há certos artigos, como pregos e parafusos, que já se fabricam
no país. Do segundo, ainda se faz importação assaz elevada, porque
o fabrico ainda em pequena escala, nâo chega para o consumo;
quanto ao primeiro, existem algumas fábricas no país, e o artigo
chegou à perfeição, de nâo temer confronto com o similar estran-
geiro, estando alem disso, protegidos por alta tarifa alfandegária. Os
parafusos importam-se de Inglaterra, marca Netlefolds, e também da
América do Norte, marca America Screw C.° que rivalizam com
aqueles.
Para a conquista do mercado brasileiro, o melhor meio a
adoptar, será assimilar o fabrico ao das outras procedências, equipa-
rando ao mesmo tempo o custo e igualando o mais possível o pro-
cesso de acondicionamento. Todos os produtores de outros países,
enviam com profusão catálogos muito elucidativos das suas manu-
facturas. De firmas portuguesas, há completa abstenção de catálogos,
no mercado.
105
ii.*' Os produtos da indústria americana que abastecem o merendo
brasileiro actualmente, não são de custo mais elevado que os porfuj/Keses .^
Incontestiivelmente, o produto americano, na sua generalidade
sendo bom, é de custo elevado, em confronto com o de outras pro-
cedências. Os americanos, ao contrário de outros povos, como por
exemplo os alemães, ainda nao se dedicaram ao estudo do nosso
mercado, a íim de adaptarem os seus produtos ao gosto do consumi-
dor. Na importação é sabido, nao é só o factor preço que influi nos
negócios no Brasil, e sim esse factor conjugado com o factor peso,
devido às mercadorias, na sua quási generalidade, estarem classifica-
das na tarifa aduaneira na base peso. Em geral, observa-se que o
produto americano, tendo os característicos de boa qualidade e bom
acabamento, é no entanto pesado, ficando muito onerado com os
direitos. As manufacturas são diferentes das congéneres europeias,
em feitio e em qualidade, podendo as nossas com vantagem, substi-
tuí-las; o caso é equiparar o custo às de procedência alemã, por
exemplo.
4.° A cutelaria portuguesa teve outrora grande Jama, e ainda
hoje conserva as suas tradições de fina têmpera, e sendo de custo bas-
tante módico, antevê V. Ex/' a possibilidade de se conseguir definitiva-
mente a sua colocação no mercado brasileiro?
Ha duas classes de cutelaria no mercado; a superior, que na
maioria dos casos vem de Inglaterra, e a de qualidade barata que
se recebe de Alemanha. Um meio termo, como seria o caso para a
cutelaria portuguesa, é coisa difícil no mercado brasileiro. Com a
cutelaria inglesa estão os importadores, na sua maioria, convictos
que nao poderá competir, nao por lhe ser inferior em qualidade,
mas porque o artigo inglês é aqui muito conhecido e procurado, e
o mercado brasileiro, é, como todos sabem, de um conservantismo
ferrenho com respeito a marcas. Por outro lado, estáo os mesmos
importadores convencidos que o artigo português, nao pôde compe-
tir com o alemão, oferecido por preços excessivamente módicos.
A-pesar-da proverbial excelência da fina tempera da cutelaria por-
tuguesa, só a sua assemelhaçâo à alemá poderá concorrer para a sua
introdução no mercado.
5.° Acha Y. Ex.^ conveniente que se organizem pequenos mos-
truários, com as Jerragens mais usuais no comércio, indicando a sua
2)rocedència, custo na origem, e direitos que incidem sobre a mercado-
ria, etc, peva se enviarem às Associações Comerciais Portuguesas, a fim
106
de habilitarem 0,9 industriais a fabricarem produtos em condições de
concorrer vantajosamente com os similares de outros países e estarem
em perfeita harmonia, com as exigências do mercado?
A remessa de amostras com. os precisos esclarecimentos, seria
de certo útil, desde que os industriais estivessem aparelhados para
a execução de tipos diferentes dos que usualmente fabricam ; porém,
a organização de mostruários nao se afigura dos empreendimentos
mais fáceis, diante da grande diversidade dos artigos, parecendo en-
tretanto que, os industriais portugueses, só poderão obter resultados
práticos, se houver entendimento directo com o comércio importador
do Brasil.
6.° Na afirmativa, como devem ser organizados esses mostruários
e qual a maneira inais prática de ohtê-los?
A forma mais prática, seria talvez os industriais portugueses,
directamente ou por intermédio das suas Associações, adquirirem
aqui as amostras dos artigos que os interessem, solicitando ao
mesmo tempo, os dados necessários com relação ao custo, despesas,
fretes, etc, por cada artigo.
7,° Sendo muito complexa a variedade destas manufacturas,
conhece V. Ex." outra forma mais prática de dar informações detalha-
das sobre custo, frete, e direitos dos produtos ?
Emquanto perdurar a situação anormal em que se encontra o
comércio mundial, nao há probabilidade de se poderem prestar in-
formações sobre a primeira parte do quesito ; no que respeita a
direitos, podem-se mencionar os dos artigos mais correntes :
Para manufacturas de cobre :
Pregos, tachas, arestas e arrebites (quilograma) . . . $100
Esporas (dúzia de pares) lOSOOO e 20S00O
Estribos (dúzia de pares) 10^000, 12S000, 16$000, 20í$000,
30^000 e 40S000
Freios (cada) 18800
Fechaduras (quilograma) 2S400 e 4^000
Fivelas (quilograma) 18500
Ilhós para calçado, coletes, etc. (quilograma) .... 18600
Alambiques grandes ad valorem
Ditos pequenos (quilograma) 8400
107
Para cutelaria:
Canivetes (dúzia) 2S400, 5SC)00, 8S0(X), 12SaX~) e . . . 26S0rX)
Facas com cabo para trinchar (cada) 700 o 3S(X)0
Facas sem cabo (cada) S400
Facas para mesa e sobremesa, com cabo (dúzia) lS-400 e . 7S000
Idem sem cabo (dúzia) 1S5000
Idem para oficio de sapateiro, correeiro e cozinha (quilo-
grama) S900
Os garfos correspondentes, pagam 50 7o ^^^ direitos das
facas, quer venham junto a elas, ou separados.
Facas de mato, ou para xarquear (quilograma) ISOOO e . 5S000'
Tesouras para costura e unhas (dúzia) 3S000 e . . . 8S(XX)
Ditas para jardim (dúzia) 10S00(3 e lõ^S000
Ditas diversas (dúzia) 6S000, lOSOOO, lõ$Oa) e . . . 20S000
Para manufacturas de ferro e aço:
Cofres ou burras, segundo o tamanho (cada) 64S000 a . 800S000
Anzóis (quilograma) 3^600
Cadeados simples (quilograma) S800
Idem de qualquer outra qualidade (quilograma) . . . 3S000
Chaves (quilograma) ISOOO
Dobradiças (quilograma) S400
Esporas (dúzia de pares) 6S000 e lOSOOO
Estribos (dúzia de pares) 3S000, ÕSOOO, GhSOOO, 8S000,
lOSOOO e 20S000
Fechaduras de uma só volta (quilograma) $600
Idem de duas voltas (quilograma) ISõOO
Fechos (quilograma) S400
Ferramentas grossas (quilograma) S150
Fivelas de ferro simples (quilograma) S700
Idem polidas (quilograma) 3$000
Freios e bridões (cada) 800, ISõOO e 1$800
Pregos, tachas, arestas e arrebites simples (quilograma) . $300
Pontas de Paris (quilograma) $400
Puxadouros (quilograma) 2S(XX)
108
Todas as taxas sâo pagas da seguinte forma: 35 % em ouro e
65 7o 6m papel. Acresce mais: estatística, 2 % ©Jn ouro para me-
lhoramentos do porto, capatazias, um mês de armazenagem para
algumas mercadorias e armazenagem dobrada para outras, despacho
6 selos, e carretos, o que eleva todas as despesas a 50 "/q mais sobre
qualquer dessas taxas.
Para mais detalhados esclarecimentos sobre cada uma das taxas,
ou de outras nâo mencionadas, a Secretaria da Câmara, prestar-
-se há a fornecê-los da melhor vontade.
8.° Como deve ser feita a embalagem, acondicionamento e preparo
do artigo para a exportação, em virtude da humidade constante do
clima brasileiro ?
Tratando-se de tâo variados artefactos, é um tanto complexa a
pergunta. Em geral, a embalagem exterior é em caixas de madeira
simples variando a interior conforme o produto. As jouces, por
exemplo, vêem a granel, mas cada peça embrulhada em papel leve
e consistente. Em todos os artigos, deve passar-se um anti-óxido
qualquer, a fim de evitar a ferrugem. A mercadoria mais comum,
deve vir em pacotes elegantes, feitos com papel impermeável e vis-
toso. Os artefactos mais delicados geralmente vêem em caixinhas
de papelão muito leves, e para melhor os preservar da oxidação, os
caixotes forram-se interiormente com folha de zinco. Naturalmente
esta espécie de embalagem acarreta despesas extra que incidem sobre
o custo do artigo e por isso só em casos muito excepcionais é
empregada.
9." Outras quaisquer observações que V. Ex." julgue conveniente
acrescentar.
Os fabricantes devem prestar a maior atenção e cuidado à em-
balagem, pois é muito frequente rasgarem-se os envoltórios das
nossas manufacturas, feitos de papel muito ordinário, espalhando-se
os artefactos dentro das caixas, o que nâo sucede a mercadorias de
outras origens. Os produtos das outras nações vêem em pacotes
elegantíssimos, desencaixotam-se intactos, colocam-se nas prateleiras
dos importadores e permanecem sempre com boa aparência até ao
completo esgotamento da mercadoria que resguardaram.
109
A Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria, dirigiu convite
a treze das mais conceituadas firmas da praça, prestando-se a maio-
ria obsequiosamente a elucidar-nos no desempenho da nossa missão,
principalmente os srs. Agostinho Ferreira & C.°', Alberto de Al-
meida & C", Albino Castro & C", Dia.'^ Garcia & C", Delfim Fon-
tes d: C."-, Freitas Couto & C", Freitas Danta.^ & C.«, Fontes Gar-
cia & C."', Gomes de Castro & Nora. Manuel Marques- Leitão, Melo
Sampaio d- C." e Navio d- Enes.
Questionário n.° 12
V — Lã com ou sem mescla.
1. Tecidos.
A importação de la manufacturada, de origem portuguesa, tem
sido até hoje, por assim dizer, nula. Para o decénio de 1905 a 1914,
apenas encontramos na Estatística Comercial, as seguintes quanti-
dades e valores :
Anos-
1906.
1907.
1909.
1911.
1913.
1914.
Nos anos nâo citados náo se registou movimento.
Quilogramas
Valores
141
513S000
69
1:221$000
5
13S0OO
2
3ÕS000
õ
60S000
76
322$000
Alem dos tecidos, a Estatística também se refere a manufactu-
ras não especificadas, mas, para estas, Portugal nâo figura na impor-
tação.
110
Em 1911, o movimento geral foi inferior em quantidades a
1912, no entanto os valores excederam 200:000S000 réis.
Anos Quilogramas Valores
1911 .... 1.317:104 9.837:137$000
1912 .... 1.365:622 9.635:637$000
O fabrico nacional estava representado em 1911, por 15 fábricas,
algumas muito bem montadas, e com grandes capitais empatados ;
contudo, ainda importam o fio para tecelagem, do estrangeiro. En-
tretanto, cogita-se também, e de há muito, na montagem de fiação
da la, e de todo o beneíiciamento relativo, como seja cardar, jjen-
tear, etc. As fábricas estavam divididas pelos Estados : 5 no Dis-
trito Federal, 2 no Estado do Rio, 5 no Rio Grrande do Sul e 3 em
S. Paulo. O total da produção desse mesmo ano, cifrou-se em
12.449:922S000 réis.
O excessivo direito alfandegário, afugenta do mercado os lani-
fícios baixos, importando-se somente os tecidos finos, principalmente
de Inglaterra, que predominou sempre no mercado ; porem, o fio de
lá para tecelagem, cardado ou penteado, poderá facilmente ser intro-
duzido, pois que desapareceu a principal fonte de abastecimento, a
França (Tourcoing, Roubaix, etc). É, porem necessário, que os in-
dustriais concedam vantagens aos compradores, nâo só em preços,
como também nas condições de pagamento, visto que o mercado
está habituado a comprar em conta corrente a 6 meses de prazo, a
contar da data da factura.
Alguns' importadores, escreveram a diversos fabricantes portu-
gueses, pedindo preços e amostras. Que nos conste, só uma, da
Covilhã, respondeu, e ainda assim, os preços eram tâo exagerados e
as condições de pagamento tâo absurdas, que nâo se ofereceu ainda
ocasião oportuna para qualquer início de transacções. O fio, no en-
tanto, era de bôa qualidade.
Esta Câmara, também há cerca de um ano, oficiou às Associa-
ções Comerciais e Industriais Portuguesas, para que estas colectivi-
dades promovessem entre os seus associados, a remessa de amos-
tras, preços, condições de venda, etc, a fim de habilitar a Câmara a
satisfazer vários pedidos de sócios. Até hoje, nâo foi recebida ne-
nhuma amostra, nem sequer um único fabricante, se nos dirigiu a
fazer-nos qualquer pergunta.
111
A firma Afonso Viseu & C", solicitada, entre outras, para nos
prestar o sou valioso concurso, e no firme desejo de bem nos orien-
tar sobre os meios precisos ao incremento da importação de tecidos
de lã portugueses, procurou a colaboração de um funcionário de
fazenda, que melhor conhecesse as leis alfandegárias do país, suas
razoes, seus defeitos e que aliasse também o conhecimento dos inte-
resses do comércio importador aos do fisco. A colaboração desse dis-
tinto funcionário superior da Alfândega, foi tâo magistral que nâo
deixa margem para mais divagações sobre o assunto, a náo ser para
alguns quesitos da quási exclusiva competência dos importadores.
Diz o aludido funcionário, em resposta ao pedido dos srs. Afonso
Viseu & C.'^ :
QUESTIONÁRIO
1.** Não desconhecendo V. Ex/'', por certo, o grau de aperjeiçoa-
mento a que chegou a indústria dos lanifícios no nosso pais, como por
exemjjlo, o do grande centro Jahril da Covilhã, e os de Alemquer, Alhan-
dra, Arrentela, Coimbra, Lisboa e Porto, como julga se deva proceder,
para colocar vantajosamente no mercado brasileiro a maior quantidade
possível de lanifícios?
Envolve este quesito práticas comerciais e um sistema de pro-
paganda inteligente e confiado a agentes comerciais das fábricas
portuguesas, com amostras e informações de custo, condições de
remessas, força produtiva, fabricação adequada ao clima do país,
modelos mais usados e procurar imitar os panos de la ingleses, as
casimiras e cheviotes francesas, etc, etc, e com algum esforço farão
os tecidos de lãs portugueses, a sua entrada nos portos do Brasil.
É preciso não esquecer que o custo de produção, matéria-prima,
máquinas, salários, etc, pode determinar a impossibilidade da con-
corrência, se algures toda essa despesa fôr moderada.
2.° Qual a procedência directa dos tecidos de lã, a que no Brasil
se dá preferência ?
Os tecidos de lã estão classificados na tarifa alfandegária nos
artigos 488.», 489.^ 490.°, 508.^ 517.", 518.", 523." e 524.". O ar-
112
tigo 488." abrange os seg^^intes tecidos : alpacas, cassas, lilás, duraii-
tes, damascos, merinos, casimiras, princetas, gorgorões, riscados,
setins da China, tecidos de ponto de malha, tonquins, risso ou ve-
ludo de la e tecidos semelhantes nâo classificados, lisos ou entran-
çados, lavrados ou adamascados.
O artigo 489.° abrange as baetas e baetoes.
O artigo 490.° abrange as baetilhas e ílanelas lisas, entrançadas
ou lavradas.
O artigo 508.° abrange o feltro.
O artigo 517.° abrange os panos, casimiras e cassinetas com ou
sem mescla de seda, cheviotes, ílanelas americanas, sarjas e dia-
gonais.
O artigo 518.° abrange panos de mesa.
O artigo 523.° abrange sarçanetas.
O artigo 524.° abrange tecidos abertos, ou transparentes, tais
como : bareges, filós, grenadines, gaze, escomilha e outros abertos e
transparentes nâo classificados.
O resumo da importação dos tecidos de la, de 1909 a 1911, ex-
ceptuados os transparentes, é, em ordem de importância, o seguinte:
Procedência
Quantidade em quilos
Direitos arrecadados
Gran-Bretanha
789:229
4.134:771$950
França .
257:072
1.828:810$300
Alemanha .
234:706
1.492:339S390
Bélgica .
42:463
316:969$900
Áustria.
13:397
97:948$580
Itália .
3:503
. 27:992$200
Outros países .
29:995
154:177$310
1.368:965 8.063:009$630
Quanto aos tecidos abertos, bareges, filós, grenadines, a França
tem o lugar de destaque; efectivamente nos exercícios de que nos
ocupamos, a Estatística nos dá os seguintes dados : França, 746 qui-
los. Outros países, 311 quilos. Destacamos estes tecidos, mostrando
a preponderância da França, em tudo quanto diz respeito à moda,
ao luxo, ao apurado gosto, e é este, em geral, o característico das
113
fabricações francesas, que teoiii entretanto a desvantagem de ter
o seu consumo limitado às classes mais abastadas; na fabrica-
ção inglesa, sobresaem os panos e os cheviotes de la; a alemã
é mais popular, isto é, mais adequada aos consumidores menos
favorecidos da fortuna: a belga o a italiana, procuram em suas
exportações imitar, ora os produtos ingleses e franceses, ora os
alemães, conforme o consumo do país importador pende para um
ou outro lado.
A importação de tecidos de la portugueses, nâo figura na Esta-
tística de importação da Alfandega do Rio de Janeiro, mas, se as
fábricas portuguesas nao exploram os mercados brasileiros, a que
causa se deve atribuir semelhante abstinência? Parece que à negli-
gência da indústria portuguesa, afugentada, sem dúvida, pela pode-
rosa concorrência dos produtores ingleses, franceses, alemães, etc,
que, antigos conhecedores do consumo e das tarifas do Brasil, já
afeiçoaram as suas fabricações àqueles dois elementos.
3.° Quais o<f preços em média, se possível fõ)\ do produto no local
da sua origem?
O preço, o custo das mercadorias, em geral, é o valor nominal'
dos objectos : nele tudo é relativo, porque o dinheiro nâo tem um
padrão fixo como o metro ; o mesmo objecto, pode ter tantos preços,
quantos os lugares onde é fabricado, alêni de outras circunstâncias
que podem influir sobre a alta e baixa. Para responder conveniente-
mente a este "tj^uesito, seria necessário que se conhecesse previa-
mente o custo do produto no foco de produção.
4.° Quais as qualidades de tecidos preferidas, casimiras, cassine-
tas, mesclas de seda, cheviotes, fianelas, sarjas, diagonais, etc. ?
Parece que a questão de preferência está subordinada a milha-
res de circunstâncias que só a prática comercial pode determinar.
Entretanto, os tecidos leves, quer destinados ao sexo forte, quer ao
sexo fraco, quer se trate de panos, casimiras e cassinetas destinadas
em geral a roupas masculinas, quer se trate de flanelas, sarjas, cas-
sas, etc, destinadas a roupas femininas, sâo igualmente, senão com
pouca diferença, importados.
õ.*' Quais as cores e padrões mais usados?
Cores e padrões, variam pelas leis arbitrárias da moda, e o seu
uso, depende do gosto individual: sem o que náo se poderia expli-
car a preferência de certas cores.
6.° Quais os tamanhos ou comprimentos que deve ter cada peça?
8
114
Os comprimentos variam segundo a qualidade do tecido, entre-
tanto vâo de 20 até 40 metros,
7.** Quais as larguras mais usuais nos diversos tecidos?
Um metro a 1™,20 para os tecidos leves destinados a vestuário
de senhora, e 1™,40 para os de homem.
8,** Qual o peso mínimo e ynáximo que deve ter cada metro qua-
drado de tecido?
O peso mínimo nâo tem limite na tarifa; os tecidos de la tari-
fados se dividem em duas categorias : aqueles C|ue teem por base o
peso da mercadoria, e aqueles cuja base é o peso por metro quadrado.
Estes compreendem os tecidos classificados nos artigos Õ17.° e 524.**
Para os primeiros, a taxacao varia segundo a composição dos
tecidos ; se sáo de la pura, e se o peso por metro quadrado é de
450 gramas ou menos, a taxa é de 8$000 réis por quilo ; se o peso
da mesma unidade métrica excede aquele limite, a taxa corres-
ponde a 4$200; se sâo fabricados de la e algodão em partes iguais,
o limite do peso, por metro quadrado, é de 400 gramas para a taxa
de 4S800 réis, e além desse limite, a taxa varia para 2S400 réis.
A simples mescla de algodão, nâo desloca a classificação do tecido.
Por partes iguais, entende-se trama de la pura, e iirdidura de
algodão, ou vice- versa; outra combinação de elementos que nâo seja
esta, importa a classificação do tecido na taxa mais alta. No ar-
tigo 424.° (tecidos abertos, etc), o limite do peso por metro qua-
drado, é de 80 gramas para a taxa de 18$000 réis, e o de mais de
80 gramas para a taxa de lOSOOO réis. Se há nestes tecidos mescla
de outra fibra vegetal ou animal, tem lugar a aplicação do disposto
no artigo 18.° dos Preliminares da Tarifa.
9.° Julga V. Ex/^ conveniente organizar pequenos mostruários
para s-e enviarem às Associações Comerciais Portuguesas, designando
qualidades dos tecidos, padrões, preços, etc. ?
Como vimos, tem o Brasil diversos mercados europeus para
abastecer-se e com vantagem, de todos os tecidos de la. Se os teci-
dos de origem portuguesa, precisam alargar o seu consumo, e con-
tar como seu tributário o mercado brasileiro, parece que às fábricas
e Associações Portuguesas compete a iniciativa dessa conquista.
A missão de tornar conhecidos os seus produtos está nitidamente
indicada. Amostras ou mostruários, com designação de padrões,
preços, qualidades, peso por metro quadrado, da indiístria portu-
guesa, é o que convêm conhecer.
llõ
A remessa tle todos os esclarecimentos de origem inglesa, alemã,
francesa, etc, para ser imitado em Portugal, seria afinal de contas
uma imitação que, por mais perfeita que fosse, não se poderia com-
parar com os produtos mais aperfeiçoados dos outros países da
Europa.
10.° Qiiaifi off direitos que incidem no Brasil, sobre os tecidos
de lã?
Os tecidos de lã estão classificados na classe 16.'' da Tarifa
pelos diversos artigos já citados.
Artigo 488." Trata este artigo de uma infinidade de tecidos de
la pura, sujeitos à taxa de 7S200 réis por quilograma, que é paga
)3õ 7o 6m ouro ao câmbio par, e 65 % ^^^ papel, mais 2 "/t» também
em ouro, calculado, não sobre a taxa, mas sobre o seu valor oficial
(14SOl)0 réis o quilo); armazenagem, capatazias e finalmente o im-
posto do consumo criado pelo Dec. n.**' 11:511 de 4 de Março
de 1915.
Os artigos 489.^ 490.°, 508.", 509.", 518." e 594.", cuja transcri-
ção seria por demais longa, estão subordinados às mesmas disposi-
ções que governam os tecidos classificados no art. 517." já citado no
8." quesito. Os tecidos que forem classificados nesse mesmo artigo,
(panos, casimiras, etc.) em vez de 35 % dos direitos em ouro,
pagam 50 7o-
É evidente que as taxas correspondentes aos tecidos de lá pura,
ficam sobrecarregadas com o ágio do ouro, subordinado à cotação do
câmbio, e tanto mais sobrecarregadas, quanto maior fôr a percenta-
gem em ouro a pagar. Assim, as taxas da tarifa sâo nominais e só
seriam efectivas na hipótese de termos o câmbio ao par.
Exemplifiquemos para os dois casos já apontados (35 ^j^ e 50 7o
ouro) e tomemos o câmbio de 12 d. por 1^000 réis, e teremos:
Taxa do artigo 488." 7$200
65 7o em papel 48680
35 7o 6D1 ouro ao câmbio de 12 d. ou sejam
2S520 5S680 10S360
Diferença .... 3S160
O aumento de 38160 réis corresponde a uma agravação de 43,8 7o
sobre a taxa.
116
Xo segundo caso :
Panos de la, taxa. 8S000
50 o /o papel 4$000
50 «/o ouro (4S000 réis) ao câmbio de 12 . . 9$056 13S056
Diferença .... 5^056
que corresponde a uma agravação na taxa fixa, de 63,2 ^Iq.
A agravação, como se vê, é inversamente proporcional à cota-
ção do câmbio.
Nâo é tudo: o imposto de 2 ^1^ em ouro, criado para melhora-
mentos dos portos, e que é calculado sobre o valor oficial da merca-
doria, vem ainda agravar as taxas.
Efectivamente nos dois exemplos escolhidos o valor oficial no
primeiro caso é, 14Í5200 réis.
2 "/o oiiTO (284) ao câmbio de 12, $640 réis, que corresponde
a uma agravação da taxa (7S200 réis) de 8,8 7o- ^o segundo caso
(8S000 réis), valor oficial, 13S333 réis.
2 ^/q ouro (266) ao câmbio de 12, $600 réis, ou uma agravação
da taxa de 7,5 ^/q.
11.° Qual a forma ãe acondicionamento mais lyrópria para um
clima tropical como o do Brasil?
Os tecidos de la devem vir enrolados em tábuas muito finas e
leves, e embrulhados em papel muito consistente; as caixas devem
ser forradas com papel impermeável.
12,° Outras quaisquer observações que V. Ex/'^ julgue conveniente
acrescentar.
Fio de lã para tecelagem.
As fábricas aqui, gastam fio penteado e fio cardado, aquele em
muito maior quantidade, em bobinas para urdimento e em espulas
para tramar, sendo as grossuras mais procuradas 2/40, 2/48 e 2/52,
bem como 1/20, 1/24 e 1/26. As poucas amostras de fio tinto que
teem vindo ao mercado, sâo de bôa qualidade, e prestam-se per-
feitamente aos fins em vista; porém, o seu excessivo custo, assim
como as condições na maneira de transaccionar, afastam os com-
pradores, que de preferência se voltam para quem lhes faz meDio-
res ofertas.
11'
Alem da íirma Afonso Viseu (D C'/', já citada, consultamos os
srs. A. Mendes Campos rf- C.^, Almeida Rabelo íO C", António San-
tos (Ç- C", Augusto. Vaz & C.^ G. Madeira & C", J. A. de Oli-
veira d' C", J. P. de Sousa (& C", M. A. Ferreira, Serafim F.
Clare (f- C." e Sofo Maior & C."', que nos prestaram o seu valiosís-
simo concurso para o presente estudo.
YI — Linho com ou sem mescla.
1. Roupa peita.
Para roupa feita de linho, não se dedicou a Câmara Portuguesa
a um tão rigoroso estudo, por lhe parecer mercadoria de muito di-
minuto consumo no mercado brasileiro, mas, acusando a Estatística
Comercial ura movimento assaz regular para as nossas manufacturas
consultamos verbalmente alguns dos principais negociantes.
Como sucede com outros filamentos e mercadorias semelhantes,
não há referências a quantidades. Os valores que exportamos du-
rante os últimos dez anos, em confronto com a importação geral,
foram os seguintes :
Anos
Importação portuguesa
Importação geral
1905 13:763SOOO
376:296S(XK)
1906 .
8:8228000
423:870SO0O
1907
6:8118000
481:323St300
1908
12:2028000
339:471S0(X)
1909
8:8418000
290:6345000
1910
1:9008000
308:6765000
1911
9:3248000
320:398S(X)0
1912
1:6388(300
315:0445^30
1913
2:8788000
266:03550X3
1914
8:1388000
107:10250(3(3
118
Consta a roupa feita, de camisas, colarinhos, punhos e ceroulas,
e é este último artigo que vem em maior quantidade ao mercado.
As taxas alfandeo-árias sâo as seguintes :
Camisas de aniagem ou creguela (dúzia) 13S000
Idem de qualquer outra qualidade, lisas ou com pregas
(dúzia) 52$000
Ceroulas (dúzia) • . 24S000
Colarinhos (dúzia) 3^600
Punhos (dúzia de pares) 5$000
Como para. os demais artigos, acresce 35 % o^^i^Oj 2 % ouro
para melhoramentos do porto, etc, etc, elevando qualquer das taxas
a 50 7o mais.
Questionário n.° 13
2. Tecidos.
No agrupamento de linhos, a Estatística Comercial designa oito
artigos, figurando Portugal somente em quatro, sâo eles: Roupa
Jeita, de que já nos ocupamos ; Tecidos, de que vamos tratar ; Cor-
doalha, ou Cabos de linho e Manufacturas não especificadas, incluídas
também no presente questionário.
Tem sido bem diminuto e irregular, o movimento dos nossos
linhos no mercado brasileiro. Em tecidos encontramos na Estatística,
durante os últimos dez anos, apenas as seguintes quantidades e
valores :
Anos
1905
1906
1907
1908
Quilogramas
Valores
556
5:698$000
428
3:147$000
208
1:540$000
303
2:494$000
Quilogramas
Valore»
119
585S000
355
1:916S000
9
227$O0O
59
951 $000
337
2:220$000
189
885S0(.X)
119
Anos
1909. . . .
1910. . . .
1911. . . .
1912. . . .
1913. . . .
1914. . . .
Registon-se o máximo da importação em 1905, e desse ano
em diante foi sempre declinando. Certamente, nâo figura nela o
valor de todos os tecidos de linho que entram no consumo, como
bagagem ou por qualquer outro processo.
Em 1911, a importação geral foi de 1.885:241 quilogramas, no
valor de 6,924:O05SO00 réis, distribuída pelas seguintes nações:
Oran-Bretanha, França, Bélgica, Alemanha, Itália, etc.
Lonas, meias-lonas, brins e brinzões.
Estes artigos, fabricam-se já no nosso país, na máxima perfei-
ção, rivalizando com os similares franceses, russos, etc. No entanto,
com uns pequenos melhoramentos, a mercadoria terá muito melhor
aspecto. Sâo eles : A marcação do número de metros e a aposição de
um emblema ou marca estampada a qualquer côr, na face superior
de cada peça e designando ao mesmo tempo, o nome ou marca do
tecido ou ainda o da fábrica. Nos tecidos de algodão, emprega-se de
há muito, este sistema.
Alem das pequenas alterações apontadas impoe-se o aumento
do fabrico em condições de se poderem realizar avultadas trans-
acções, satisfazendo de pronto qualquer encomenda e afastando
qualquer receio da sua nâo execução.
Na Estatística Comercial, náo teem tais artigos menção à parte,
figurando simplesmente como tecido.^-.
Cabos de linho, merlins, mealhares, etc.
Temos nestes artigos, próprios para navegação, bons fabricos,
cujas comparações se podem fazer sem o menor receio; no entanto
há uma modificação muito importante a realizar: o alcatroado
desses cabos difere muitíssimo dos similares russo e inglês. E da
Rússia que provêem as melhores manufacturas que se encontram
no mercado.
120
A importação dos nossos ccibos ãe Unho, durante o último decé-
nio, cifrou-se nas seguintes quantidades e valores :
Anos
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Quilogramas
Valores
7:910
6:658S000
3:295
3:004$000
2:880
2:704$000
3:590
4:497$000
2:888
2:624$000
3:164
2:797$000
1:317
1:201 $000
3:654
3:993S000
1:724
1:878$000
300
333$000
A cordoalha de Unho, está- representada em 1911, por 85:819 qui-
logramas computados em 74:552$000 réis, e pelas seguintes origens :
Alemanha, Gran-Bretanha, Rússia, Bélgica, Áustria, etc.
Manufacturas não especificadas.
A nossa exportação foi no mesmo período de:
\
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Quilogramas
Valores
1:258
1:963S000
291
2:881^000
271
5:305S000
14:129
6:166S000
45
l:745í$000
504
2:3968000
354
7608000
479
4:4978000
59
2288000
4
1148000
Nâo nos passou despercebida a disparidade dos algarismos refe-
rentes a quantidades e respectivos valores por unidade; sâo, porém,
fielmente reproduzidos da Estatística.
121
O total da importação geral em 1912, cifrou-se em 121:;^71 ([iii-
logramas no valor do 445:085S0Cm;) réis e teve as seguintes origens :
(íran-Hi-otanlia, França, Áustria, Alemanlia, Bélgica, etc.
A indústria no país está representada por duas fábricas, sendo
uma delas muito importante, produzindo já tecidos muito regulares,
próprios para lençóis, à razão do 2S200 réis e 2S80() réis por metro,
para as larguras de 1"\80 e 2'",20.
No entanto, Portugal pode abastecer o mercado, com diversas»
das suas manufacturas já de há muito reputadas, principalmente
nas praças do Norte do Brasil, onde nâo há ainda vestígios de pro-
dução. Entre as mercadorias de boa aceitação, encontram-se os atoa-
lliados de padrões, azul e encarnado.
Os nossos linhos tiveram, por parte da Câmara Portuguesa, um
estudo especial nos 16 quesitos que seguem:
QUESTIONÁRIO
1.° Ha rendo no Norte de Portuyal, uma indústria em outros-
tempos muito próspera, a da curtimenta, fiação e tecelagem de linho,
representada pelo centro produtor de Guimarães; no Sul, a importante
fábrica de Torres Novas, além de muitas outras disseminadas pelo pais,
não julga V. Ex/'' que essas manufacturas possam ter aceitação nos
mercados do Brasil?
Certamente que sim, se os produtos pela sua qualidade, pre-
paro, preço, etc, puderem competir com as de outras procedências,
já com larga aceitação no mercado. Os Unifi"ios sempre tiveram
grande preferência nos climas tropicais.
2° Na afirmativa, pode V. Ex."' inteirar-nos do que é necessário
fazer para que se torne eficaz o desenvolvimento do comércio do linho
português no Brasil ?
A introdução de um produto no mercado, depende necessa-
riamente da propaganda, e por isso, um serviço bem montado, de
representações, poderá produzir resultados benéficos, se o produto
estiver em condições de competir com os similares, e nesse caso
seria mesmo necessário, que o nosso fabricante aqui viesse exami-
nar os tipos de linho que o Brasil consome, estudasse preços, tari-
122
fas, etc, e conhecesse a importância do mercado e o crédito dos
compradores.
3.° Qual a procedência dos tecidos de Unho a que até hoje se dava
preferência nos mercados brasileiros?
Belga e francesa para roupa de cama e vestuário: inglesa para
'fabricação de colarinhos, porem esta última qualidade, parece que as
nossas fábricas, nâo estão ainda habilitadas a produzir.
4." Quais os preços em média, se possível for, do produto no local
da, sua origem?
Nos tecidos para lençóis, por exemplo, variam segundo a lar-
gura, ou sejam em média :
0^^,80 (para fronhas) frs. 0,80
l'",80 » 1,50
2'^,30 . . . • » 2,20
porem, a maior venda, é da largura de 2™.
Para os demais, a sua grande variedade, tais como : trançados,
lonas, lisos, para forros e vestuário de homem e senhora, inibe os
importadores designá-los.
5.^ Quais são as qualidades de tecidos mais j^^^fer idas?
Para lençóis e fronhas, é o branco, com preparo de linho, e de
linho e algodão em partes iguais, isto é, a trama do algodão e a ur-
didura de linho, e pesando respectivamente para as larguras citadas
no anterior quesito, 100, 250 e 300 gramas por metro corrente.
O tipo mais barato e de boa venda que vem ao Rio de Janeiro,
é um artigo de Unho e algodão em partes iguais, com 2 metros de
largura, 24 fios, ao preço de Fr. 1,85 desconto de 5 7o P^^^
pagamento à vista. Pesa 180 gramas por metro quadrado. Paga o
direito de 2S200 réis por quilograma com o abatimento de 10 7o>
por ser metade algodão.
Uma boa qualidade média de linho puro, custa Fr. 3,80 com
o desconto de 5 7o- Largura 2"\30, fios 23, e pesa 165 gramas por
metro quadrado.
Entre estas duas qualidades, há uma escala de preços e pesos
convenientes, havendo também artigos de preço muito elevado, mas
de pequena venda. A taxa alfandegária é igualmente de 2S200 réis
por quilograma, desde que nâo passe dos 24 fios. O último tipo
também se faz na largura de 1™,20 para vestidos de senhora.
123
Para íi-onhas, eonvéem as larguras do 0"\70 o 1"\10 em pecas
de 30 metros. Como tipos de boa venda, temos as seguintes con-
dições :
Qualidade baixa: Preço Fr. 1,25 cm ()"\70 de largo, com 23 fios
e 180 gramas por metro quadrado. Taxa alfandegária 2S200 réis por
quilograma. Xa largura de 1"\10 o preço é de Fr. 1,80 e tudo o mais
relativamente.
Qualidade média: Preços de Frs. 1,25 a 1,50 em G^^jTO de lar-
gura, e r\SO a Frs. 2,25 em l'^,10 como 30 a 36 fios e 140 a
150 gramas por metro quadrado.
Todos os tecidos citados devem ser branqueados podendo o ar-
tigo de linho e algodão ser um pouco engomado. O fio, redondo e nâo
esmagado, como no linho chamado hamburguês e em certos tipos
belgas e ingleses ; precisa ser também pouco ou nada lustroso.
6.° Quais os tamanhos ou largura que devem ter as peças?
Para todas as qualidades, 30 metros ; as larguras, já estão des-
criminadas no anterior quesito.
7° Qual a base ou número de fios que o tecido deve conter por
õ '"/m quadrados ?
O mais frequente : 23 a 24 fios por 5 ■"/,„ quadrados, isto é,
12 fios para a trama e 12 fios para a urdidura. O mercado, porem,
recebe tecidos mais finos.
S.** Quais os direitos que incidem sobre os diversos tecidos?
Obedecem estes às seguintes taxas, segundo a classe xvii, ar-
tio-o 538.° da tarifa:
Até 12 fios em 5 ■"/„! quadrados (quilo) .
De 12 a 24 fios em 5 ""/m quadrados (quilo).
De 24 a 36 fios em 5 ""/m quadrados (quilo) .
De 36 a 48 fios em 5 ""/m quadrados (quilo).
De mais de 48 fios em 5 ""/„, quadrados (quilo)
Linhos sarjados ou imitação lona (quilo)
Lavrados e adamascados (quilo) ....
S900
2S200
5S000
9S3(J0
13S000
3SO0O
5S400
Sendo 35 7o em ouro e 65 7o ©i^ papel. Razão 60 ^Iq. Acresce:
ouro 2 7o melhoramentos do porto, capatazias, armazenagem, des-
pacho o carreto, o que eleva aquelas taxas, polo menos a rnais 50 7o-
Pela nova lei de consumo de 4 de Março iiltimo, os tecidos de linho,
pagam o imposto de 30 réis por metro.
124
Há mais as seguintes taxas :
Lonas e meias-lonas (quilo) 1$200
Brins entrançados à imitação de lona (quilo) .... 3S00O
Cordoalha em peças (quilo) S700
Idem em obra (quilo) S800
Como se trata de artigos já aqui bastante conhecidos, e que
poderão ter um largo consumo, damos uma fórmula de despacho
para a primeira mercadoria.
Fórmula de um despacho para um fardo de lona de linho
Um fardo contendo lona de linho, medindo setecentos e
cincoenta metros e pesando líquido rial trezentos e
setenta e seis quilos.
Razão 50 7o — 376 quilos a 1$200 réis 4Õ1S200
Estatística S030
Melhoramentos do porto 18$050
469S280
Ouro 35 Vo 157S920
» 2 7o 18S050
175S970
Papel 293^310 469S280
Custo de 1758970 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . . 3168750
Papel 293$3]0
Agência e selos 178500
Carreto e armazenagem 98000
Réis 6368560
750 selos de vinte réis (um por metro) 158000
Réis 6518560
Despesa por cada metro, réis . . . 8869
1-25
9.° Julga V. Ex."' conveniente organizar pequenos mostruários
a fim de se enviarein às Associações Portuguesas, designando qualidades,
preço, peso, número de fios, padrões, direitos, etc?
Seria preferível que as Associações Portuguesas organizassem
e remetessem para aqui, mostruários a fim de dar uma ideia do que
a indústria portuguesa pode produzir, podendo então indicarem-se
as modificações no processo do fabrico.
10." Na afirmativa, pode V. Ex.^ indicar a forma de os ohter?
Os fabricantes que se julgarem aptos a fornecerem com pronti-
dão as manufacturas de maior consiTmo no mercado, e que queiram
obter maior soma de esclarecimentos, poderão dirigir-se à Câmara
Portuguesa, pedindo amostras e informações sobre determinados
artigos da sua produção, que esta colectividade prestará todos os
informes necessários.
11." Qual a forma de acondicionamento e embalagem mais pró-
pria para um clima tropical como o do Brasil?
Xos tecidos para lençóis, as peças devem ter cinco dobras sobre
140 centímetros, embrulhadas em papel forte (mais comum azul),
forrado de papel de seda e amarradas com dois cadarços sobrepostos
por tiras de papel e presas por tiras de algodão. A embalagem
consta comumente de uma caixa com mais ou menos 300 quilos
de peso bruto, forrada de papel encerado, contendo trinta peças.
Outros tecidos mais finos, em caixas cujo peso bruto não exceda
lõO quilos, forradas de papel forte e limpo, mesmo encerado. Todas
as caixas devem ser adequadas à mercadoria, novas e sólidas, bem
pregadas e cintadas com aros de ferro nas extremidades.
Para lonas, meias-lonas. brins e hrinzões, o enrolamento e enfarda-
mento como é feito actualmente, satisfaz ; no entanto, para dar mais
elegância à mercadoria, era conveniente que todas as, peças tivessem
na face superior, marcados a tinta, o número de metros por peça e
um grande emblema, como por exemplo, duas grandes âncoras entre-
laçadas, e quaisquer dizeres, o nome da fábrica, do tecido ou outro
qualquer de fantasia, podendo-se adoptar um para cada artefacto.
Sem dizeres de espécie alguma, como vêem actualmente, nâo são
nada atraentes.
12." Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro?
Nâo há um modo uniforme; depende do crédito do comprador,
dos recursos do vendedor, do conhecimento que há entre eles, etc.
126
Os importadores teem geralmente nas capitais dos países exporta-
dores, um comissário que é ao mesmo tempo o seu banqueiro, pois^
que paga ao fabricante à vista, e dá ao importador o prazo de seis
meses, cobrando uma comissão pelo seu trabalho, e um juro razoá-
vel pelo crédito que fazem. Há porém, negócios directos com os fa-
bricantes, que dáo de 3 a 6 meses de prazo contra saque que geral-
mente é aceite ou descontado depois de conferida a mercadoria, o
que representa entre dois a três meses da data da saída da en-
comenda ou remessa. Seria portanto, este o prazo mínimo.
IS." Quais as condições de expedição, embarque, etc?
Free on hoard.
14." Não acha V. Ex." que os exportadores portugueses deveriam
mandar ao Brasil caixeiros viajantes habilitados e bem remunerados?
Sendo miúdo o negócio que o fabricante tem feito com o Brasil,
pois geralmente os compradores dos nossos artigos teem sido casas
de retalho de terceira ou quarta ordem, ou particulares, o fabricante
nâo conta com negócio de importância, e nâo tem disposição para ar-
riscar uma viagem de três meses ao Rio de Janeiro, o que lhe custaria,
entre ordenado e despesas do viajante, uns 600 escudos; por isso, o
seu produto é vendido a algum negociante que tem transacções com o
Brasil ou é confiado a alguém que conhece, um viajante de outro
ramo (vinho, etc), mas que nada entende do artigo, e que, em todo o
caso, o sobrecarrega com verba avultada, de modo que a manufactura,
além de nâo ser quási nunca, o que convêm como tipo, ou como número
de fios ou de peso, vem encarecida com o lucro dos intermediários.
Há pouco, esteve no Rio de Janeiro um desses agentes, com
lindas rendas de linho do Sul de Portugal, confessando a vários
importadores que o seu lucro era apenas de 30 °/o sobre o preço da
factura, já em segunda ou terceira máo !
15." Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores a
modificarem as suas exigências nas condições de pagamento?
Sim; uma vez conhecidos o conceito e o valor das casas com-
pradoras, afigura-se de grande proveito aos próprios exportadores
cederem por vezes às suas exigências em limite razoável.
16." Outras quaisquer observações que V. Ex."' julgue conveniente
acrescentar ?
O assunto é de toda a urgência, visto estarem todos os países
produtores, envolvidos na guerra, e haver falta das mercadorias no
mercado.
12'
Todos os importadores consultados, sâo unânimes em alirmar
que alguns dos nossos artefactos de linho podem ter muito boa acei-
tação no mercado, e, uma vez introduzidos, dificilmente serão su-
plantados.
Foram eles os srs : Costa Pacheco & C/', Costa Pereira & C",
J. P. de Sousa c& C", J. Ferreira dos Santos cf- C", João Reinaldo,
Coutinho & C", Leitão, Irmãos & G."", Rocha, Couto & C."', Serafim
Fernandes Clare & C."' e Vasco Ortigão & C."
Questionário n." 14
VII — Louça, porcelana, vidro e cristal.
1. Manufacturas de porcelana e louça.
Na Estatística Comercial, figuram as manufacturas de porcelana
e louça com as seguintes quantidades e valores, representativas da
importação de origem portuguesa, no decénio de 1905 a 1914:
Anos
Quilogramas
Valores
1905 9:045
16:112S000
1906
12:136
18:776SOOO
1907
11:505
16:1088000
1908
9:072
11:9388000
1909
10:393
10:6288000
1910
7:903
12:3518000
1911
19:336
15:4a38000
1912
13:603
16:2228000
1913
39:776
24:2678000
1914
mif
riQ
o tt/
-irne
9:020
nvtno rmnr>Q fí-ir
15:0378000
ct-fa m n-vn n A o
no mercado, pelo seu elevado peso, pouca ou nenhuma iniciativa
dos fabricantes na criação de modelos, desenhos, padrões, etc,
128
a-pesar-de várias tentativas dos importadores, fornecendo daqui os
modelos necessários, para a boa execução das encomendas.
Temos conhecimento de vários casos sucedidos, e basta um
deles para demonstrar cabalmente, o que é voz corrente, o pouco
caso dos nossos industriais em tudo quanto diga respeito a melho-
ramentos, alterações ou modificações dos processos retrógrados,
usados na execução de qualquer pedido. Uma casa comercial daqui,
enviou para uma fábrica nossa, aliás muito reputada, um aparelho
completo para serviço de mesa, a fim de servir em tudo, como modelo,
na projectada introdução em larga escala, da referida mercadoria.
Só passados dois anos, foi satisfeita a encomenda, e a respeito de
alterações, ou simplesmente a execução segundo o modelo, foi posta
de parte. Nem combinavam as espessuras nem o número de peças.
Em Portugal, um serviço igual, tem pratos chamados de sobremesa
e ditos para doce. Estes últimos sâo aqui desconhecidos por com-
pleto ; pois o fabricante, entendeu que deviam também fazer parte
do serviço. Náo estando o consumidor acostumado a fazer uso deles,
dificilmente os aceita.
A mercadoria, por falta de competência dos embaladores, che-
gou com inúmeras peças inutilizadas, causando ao fabricante um
avultado prejuízo.
Os concorrentes de outros países, distribuem anualmente, ele-
gantes catálogos ilustrados coloridos, de uma fiel reprodução, apre-
sentando sempre novos tipos e decorações. Em cada biénio, viajan-
tes percorrem o Brasil, recebendo ordens dos seus clientes. De
Portugal náo aparecem viajantes, nem sequer catálogos.
No Brasil já se fabrica alguma louça, mas por emquanto, nâo
impede o aumento da importação, pois que, em 1913 se registou o
maior movimento que foi, de 9.214:758 quilogramas no valor de
7.180:483^000 réis.
Disputaram o mercado, pela ordem, as seguintes nações: Ingla-
terra, Alemanha, Holanda, França, Japão e Bélgica. A louça japo-
nesa é a mais barata que vem ao mercado, já pelo seu custo, já pelo
seu diminutíssimo peso, a-pesar-de ter um acréscimo extraordinário
nas despesas de transportes, fretes, baldeações, etc, vindo por via
Marselha. O industrial japonês já imita perfeitamente na decoração,
o artigo francês, inglês e alemão.
As faianças e porcela,nas, tiveram um estudo especial por parte
da Câmara Portuguesa, nos 19 quesitos que seguem :
129
QUESTIONÁRIO
1." Existindo em Portufjal há tmiitos anos. fábricas impor km te ^i
âe porcelana e loura, esta áltima mais conhecida por loura de pó de
pedra, chega a parecer impossível que se não tenha cogitado até hoje, da
sua valorizarão no Brasil. Não desconhecendo V. Er.^''. por certo, o grau
de adiantamento dessa indúMria no nosso país, como julga mais acer-
tado proceder jy^fci conseguir a expansão da <!^ porcelana y> e da «louças
no mercado brasileiro?
Julgam os importadores que os fabricantes portugueses se con-
sideram incompatíveis com os concorrentes das domais nações, pois
que, a pouca atenção prestada às indicações daqui emanadas, para
melhoria no fabrico, decoração, peso, embalagem, etc, das nossas
manufacturas, deu em resultado a sua diminuta procura.
Para a sua completa expansão no mercado (e o momento não
pode ser mais propício), seria muito conveniente que os fabricantes
se esforçassem em satisfazer todas as exigências dos importadores,
de quem depende sempre a difusão da mercadoria, procurando ao
mesmo tempo manter a uniformidade dos feitios, tamanhos, gros-
sui*as. decorações, qualidade da matéria-prima e a consistência neces-
sária para a sua conservação, principalmente no vidrado.
Também se afigura de óptimos resultados, o estabelecimento
nesta capital, de um mostruário permanente era conjunto, de todos
os artigos que as nossas fábricas possam produzir em quantidade,
pois que, apresentar modelos muito vistosos para agradar ao consu-
midor e quando a encomenda é de maior vulto, nâo a executar, e
nem ao menos justificar os motivos, prejudica seriamente a indús-
tria de uma nação. Junto a esse mostruário, deverá haver uma
secção de catálogos, preços correntes, e todas as informações sobre
os produtos apresentados, quer em fabrico, quer em produção. Na
mesma secção do mostruário permanente, se prestariam todos os
esclarecimentos sobre modificações a introduzir na nossa indústria,
assim como se forneceriam modelos para serem fielmente reprodu-
zidos.
2.'* Quais as modificações a introduzir em Portugal, no fabrico
da porcelana e da louça, para que possam com vantagem competir com
a^ similareff de outras nações que vêem ao mercado?
130
Assemelhar os desenhos e padrões aos de outras procedências.
A indústria japonesa assim procede, pois fabrica porcelanas e louças
com desenlios ou pinturas perfeitamente iguais às inglesas e fran-
cesas. Modificar por completo, o actual processo de fabrico, dando
às nossas manufacturas o menor peso possível, qualidade essencial
para as tornar compatíveis com as similares, que primam pela ele-
gância, hno gosto, e sobretudo extremamente leves. As fábricas
inglesas, francesas e alemãs anualmente lançam no mercado padrões
novos, muito artísticos e pelos catálogos ilustrados dessas fábricas,
os industriais portugueses poderão facilmente ajuizar do grau de
aperfeiçoamento da indústria e dos gostos preferidos neste mercado.
3° Quais são as diversas jirocedências de porcelana, que abaste-
cem acinalménfe os mercados do Brasil ?
França, Inglaterra, Alemanha, Austria-Hungria e Japão, sendo
para notar que este último concorrente vai tendo grande aceitação.
Incontestavelmente é a França quem melhor concorre com serviços
de toilette e de mesa, não podendo de forma alguma a Alemanha
imitá-la, pois é unicamente exímia em pequenos serviços para chá
ou café, pratos para doces, etc.
4." Quais as proímniências das louças de pó de pedra?
A Inglaterra tem preferência exclusiva no mercado, seguindo-se
a Alemanha, França, Holanda e Austria-Hungria.
5.° Quais os direitos que incidem no Brasil, sabre luna e outra?
Para as manufacturas de porcelana e louça, constantes de apare-
lhos ou serviços de mesa, toilette ou quaisquer peças isoladas, há
seis taxas, segundo a materia-prima de que se compõem e da orna-
mentação. Damos um exemplo de despacho para cada uma das seis
taxas, ficando assim bem demonstrado quanto o direito é excessivo
e sobrecarrega a mercadoria :
131
Fórmula de despacho para louça branca ordinária n." 1 :
Pó de pedra branca
Cinco barricas, contendo louça número ura, pesando
lííjuido mil quinhentos quarenta e dois quilos.
Kazâo 5(1 7„ — 1:542 a 200 réis 308S400
Abatimento de 5 7o 15S420
292S980
Estatística SlOO
Ouro 2 7o (^I- do porto) 12S340
Réis 305S420
Ouro 35 "/o ia2S550
» 2 7„ 12S340
114S890
Papel 190S530 305S420
Custo de 114S890 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 206S81X)
Papel 190S530
Descarga 3S030
Capatazias lOSlOO
Cais do porto (armazenagem) 12S340
Selos de consumo (60 réis por quilograma). . . . 92S520
Agência e selos 15S200
Carreto 12S50O
Réis 543S$a20
Aumento de 5 ^'/o para quebras 27S150
Réis 570$170
Despesa por quilo, réis .... S370
132
Fórmula de despacho para louça branca n.'^ 2 : Granito
Seis gigos contendo louça número dois, pesando líquido
dois mil trezentos e setenta e dois quilos.
Razão õO 7o — 2:372 quilos a 250 réis 594$500
Abatimento de 5 % 29$720
564$780
Estatística $120
Ouro 2 7o (M. do porto) 23S780
Réis 588^680
Ouro 35 7o 197^700
» 2 7o 23^780
221S480
Papel 367^200 588Sfi80
Custo de 2218480 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 398$670
Papel 367$200
Descarga 3S910
Capatazias 13$020
Cais do porto (armazenagem) 23$780
Selos de consumo (100 réis por quilograma) ... 237$800
Agência e selos 17$700
Cai-retos . 15$000
Réis 1:077$080
Aumento de 5 ^/q para quebras 53S820
Réis 1: 1308900
Despesa por quilo, réis .... $475
133
Fórmula de despacho para louça ordinária pintada
ou dourada, de pó de pedra, n.'' 3
Duas barricas contendo louça mítmero trê!?, pesando lí-
quido seiscentos e onze quilos.
Razáo 50 7o — 611 quilos a 300 réis 1H3S300
Abatimento de 5 "/o 9S160
1748140
Estatística S040
Ouro 2 » o (^'- <lf> porto) TS340
Réis 181S52(^
Ouro 35 7o 60S950
> 2 7o 7S340
68S290
Papel 113S230 181S520
Custo de 68S290 ouro ao câmbio de 15 d 122S920
Papel 113S230
Capatazias 4S940
Cais do porto (armazenagem) 7S340
Selos de consumo (160 réis por quilograma) . • . 97S760
Agência e selos 7S200
Carretos 5S000
Réis 358S390
Aumento de 5 7o P^^ra quebras 17S920
Heis 376S310
Despesa por (juilo, reis .... $616
134
Fórmula de despacho para louça n.^ 4: Porcelana branca
Dnas barricas, contendo louça número quatro, pesando
líquido quinhentos quarenta e um quilos.
Eazâo 60 O/o — Õ41 quilos a 600 réis 324$6ai
Abatimento de 5 % . . 16$230
308$370
Estatística $030
Ouro 2 «/„ (M. do porto) 12$990
Eéis 321S390
Ouro 35 7o 107S930
* 2 7o 12$990
120$920
Papel 20O$470 321$390
Custo de 120$920 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 217$650
Papel 200S470
Descarga 1$170
Capatazias 3$870
Cais do porto (armazenagem) 10$820
Selos de consumo (180 réis por quilograma) . . . 97$380
Agência e selos 7$300
Carreto 5$000
Réis 543$660
Aumento de 5 ^/.j para quebras 27$140
Eéis 570$800
Despesa por quilo, réis .... 1$060
135
Fórmula de despacho para uma remessa mixta de Porcelana
cor pintada: Louça n." 5 e figuras de Biscuit: Louça n.° 6
Tivs caixas contendo louça número cinco, pesando lí-
quido trezentos quarenta e seis (juilos.
Ra/.áo 60 O/o— 346 quilos a 1$200 réis 415$2ai
Duas caixas contendo louça número se/a, pesando lí-
quido setenta quilos.
Razáo 60 7„ — 70 quilos a 4$CK)0 réis 280$000
69õ$200
Al)atiniento de õ % , 34$760
660$440
Estatística S080
Ouro -2 '•/„ (M. do porto) 23$190
Kéis 683$710
Ouro 3') "/„ 231$150
> 2 %, 23$190
254$340
Papel 429$370 683$710
Custo de 254$340 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 457$8l0
Papel 4295370
Capatazias 5S470
Cais do porto (armazenagem) 23S180
Selos de consumo (240 réis por quilograma) . . . 99$840
Agência e selos lõ$200
Carreto 12$50O
Péis l:043$37O
Aumento de 5 "/o pai'a queljras 52$170
Réis l:095$54O
136
6.** Julga V. Ex."' que o excessivo peso das manufacturas portu-
guesas impede a sua expansão ?
É o principal motivo que obriga o importador a nâo procurar
o artigo português. Já por várias vezes negociantes desta praça,
forneceram todas as indicações necessárias, para completa modiíica-
çâo nos nossos artefactos de porcelana e louça, no sentido de lhes
diminuir o excessivo peso, chegando mesmo a fornecer modelos dos
artigos de maior consumo no mercado. Mas é muito difícil, trans-
formar em Portugal, qualquer processo de fabrico, implantado desde
remotas eras. Já nâo sucede outrotanto com o comércio alemão,
pois fabrica tudo quanto se lhe pede, basta que se lhe forneça um
simples modelo.
Como já foi demonstrado no quesito anterior, a taxa alfande-
gária para estas mercadorias, demasiadamente elevada, tem por
base o quilograma, e todos os produtos da cerâmica portuguesa sáo
pesadíssimos, ficando por esse facto onerados, além de um custo
superior, com direitos calculados, pelo menos em 50 "/,) mais do
que para os similares de outros países.
7." Na afirmativa queira V. Ex!'' indicar o peso dos diversos
artigos da indústria alemã, austriaca, Jrancesa ou de qualquer outra
nacionalidade, tanto para <douça» como «porcelana», para que se jwssa
e>!tabelecer o confronto com a portuguesa, como p)or exemplo : Peso de
serviços para «^toilette*, número de peças; peso de serviços para almoço,
ditos para mesa ou jantar : e peso jjara pratos, ete.
Um aparelho ou serviço trivial de porcelana francesa, de côr,
«Limoges>, composto de 103 peças, com pratos de 8 polegadas,
lisos, pesa 48 quilogramas.
Um aparelho idêntico, inglês, meia porcelana, com o mesmo
número de peças, 42 quilogramas.
Um serviço para almoço, chá e café, meia porcelana, inglês, com
34 peças, tem os pesos seguintes :
137
Unia tateteira
Um V)i\lo
Uma manteigueira com tampa
Um açucareiro
Uma leiteira sem tampa
Uma ti<j::ela
Quatro pratos rasos para torradas
Doze cliícaras com pires, para chá
Doze ditas com pires para café
lactai
Quilogr.
(),H7()
0,570
»),IU()
0,301)
0,265
0,32( )
1,U7<)
2,690
1,470
7,665
Idêntico servira em porcelana alemã, com o número de peças,
pesa 8,230 quilogramas.
Idem em porcelana francesa «Limoges», pesa 8,500 quilogramas.
Uma dúzia de pratos, 8 e meia polegadas, dos fabricantes
J.^ã' G. Meaking, LimfcL. de Hanley, Inglaterra (seis razos e seis
covos), pesa 4,180 quilogramas.
Doze ditos, porcelana francesa «Limoges», pesa 4,750 quilo-
gramas.
Doze ditos de louça comum, ingleses, denominados ' imitação >,
pesam 3,900, 4,000 e 4,200 quilogramas.
Como simples confronto, uma dúzia de pratos portugueses,
(seis covos e seis razos), de idêntica jnatéria-prima, pesa 4,80'} e
5,000 quilogramas.
Serviços para lavatório ou toílette >.
Ingi^^r-s, meia porcelana ou granito, com seis peças :
Um jarro com 32 centímetros de altura .
Uma bacia com 42 centímetros de diâmetro
Uma caixa para escovas
Uma saboneteira
Um porta-esponja .
Um vaso com tampa
Ou'logr.
2,160
3,070
0,420
0,540
0,210
2,130
Total
S,.5.3<)
138
Alemão, faiança, com seis peças :
Quilogr.
Ujii jaiTO com 32 centímetros de altura 1,Õ00
Uma bacia com 42 centímetros de diâmetro .... 2,250
Uma caixa para escovas 0,4õ0
Uma salioneteira 0,340
Um porta-esponja 0,250
Um vaso com tampa 1,450
Total .... 6,240
Francês, porcelana «Limoges^, com oito peças:
Quilogr.
Um jarro com 35 centímetros de altura 2,430
Uma l)acia com 43 centímetros de diâmetro .... 2,700
Uma caixa para escovas 0,365
Uma saboneteira 0,355
Um porta-esponja 0,430
Uma caixa para pi) 0,150
Uma caixa para pasta 0,100
Um vaso com tampa 1,750
Total .... 8,280
8." Qual o custo no local de origem dessas peras em porcelana ou
em louça ?
Muito variado; no entanto, é sempre de preço inferior ao das
ma nuf act uras portuguesas .
9.** Quais os processos de embalagem, acondicionamento, mais
adequaios, evitando quebras, e que não inutilizem por completo todo o
carregamento como já tem sucedido ?
De preferência, em l^arricas com arcos de madeira e tendo nas
extremidades cintas de ferro. Cada barrica terá ao centro uma divi-
são interna, bem pregada. A embalagem deve ser feita por hábeis
profissionais, evitando assim graves prejuízos em quebras, que se
dão S() nas nossas manufacturas. Temos conhecimento de uma re-
messa há anos, de 148 dúzias de pratos de louça, em que só se
aproveitaram 117 dúzias. As barricas j)ara objectos artísticos e deli-
cados, reforçam-se nos tampos com cintas de ferro cruzadas.
139
1(J." AU'))) dos s('nu'ros comuns para mesa, Javatórios, almôro, etc,
quais os objectos de adorno em que V. E.r." anferc possibilidade de
introduzir no mercado brasileiro '^
Dependo da utilidade, valor ai'tísti(!0, qualidade e preços equi-
tativos.
Para manufacturas do género citado, tudo t^uanto tòr novidade
é aceitável, mas só os profissionais poderão estudar conveniente-
mente no local estes artigos. E verdade f[ue o bom gosto e o espírito
inventivo sao espontâneos: educam-se e não so estudam.
11." Qual a procedência dos objectos de adorno que o mercado
consome ?
A mesma que para as manufacturas de porcelana e louça ante-
riores : de preferência, porem, as francesas pela sua perfeição e fino
gosto, e as alemãs, não só pelo mesmo motivo, como também pela
sua extrema barateza. Daí resultou a sua rápida divulgação no mer-
cado brasileiro.
12." Haverá facilidade em saber o seu custo no local de origem ?
vSó por intermédio de catálogos ilustrados das principais fábri-
cas europeias.
13." Quais os direitos com que são taxados péla Alfândega ?
Estão também divididas em seis grupos, e são os seguintes:
Yasos e jarras, etc. :
Quilogr.
Para cima de mesa, louça n."* 1, 2 e 3 2$500
Idem idem. n."M, 5 e 6 4$000
Para jardim, n."*^ 1, 2 e 3 $5a)
Idem, n."»^ 4, 5 e 6 2$400
14.° Qual a forma de embalagem e material a empregar?
Apenas depende das manufacturas: pode ser feito em barricas
ou em caixas, observando-se para estas, também as disposições de
uma ou duas divisórias interiormente.
lõ." Quais as condições de pagamento mais usums no mei'cad<t
do Rio de Janeiro?
A quatro meses de data da factura, ou a 9() d/ da entrada do
navio, ou em sacjues a 90 d/v.
16." Quais as condições de embalagem, expedição, etc. ?
Para o artigo comum, tanto em porcelana como em louça, é
hábito a entrega loco fábrica, e todas as demais despesas correm por
140
conta do comprador. Para artigos de fantasia, geralmente é jree ou
hoard.
17,° Não acha V, Ex.^'' conveniente que os exportadores portu-
gueses, a exemplo dos de outras nações, enviem ao Brasil caixeiros via-
jantes habilitados e hem remunerados?
Certamente, conquanto sejam pessoas idóneas, perfeitamente
educadas, industriadas e habilitadas nâo só a fornecerem, como a
colherem a maior soma de informes e ao mesmo tempo munidos de
mostruários, os mais completos.
Devem também aliar a todos os conhecimentos, a cortezia e o
fino trato. Ha, porem, quem julgue insuficiente a vinda desses via-
jantes, que até hoje se teem mostrado completamente leigos na
tecnologia, parecendo muito mais proveitoso, uma exposição ou
mostruário permanente habilmente dirigido. Esse mostruário pode-
ria ser custeado por todos os fabricantes.
18." Xão lhe parece que se deveria acom^elhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigências nas condiçòes de paga-
mento ?
Seguir a norma do comércio alemão, ó o mais prático : para
este ramo de negócio, geralmente há intermediários que procedem
ao pagamento aos industriais logo após a expedição das encomendas;
no entanto, concedem prazos de 6 meses em conta corrente, mediante
o juro do capital, realizando magníficos negócios. Os nossos indus-
triais, nâo operando de acordo com as casas intermediárias, lutarão
sempre com sérias dificuldades j)ara a expansão das suas manufa-
cturas.
19." Outras quaisquer observações que V. E.r."' julgue conveniente
acrescentar.
A maioria dos fabricantes, como acima fica dito, nâo trata dire-
ctamente com os importadores, mas sim com as casas comissárias de
primeira ordem, mediante uma comissão. Estas sâo responsáveis pelas
encomendas, fazem concessões em abatimento, umas vezes em conta-
própria, outras por ordem especial da fábrica. E frequente essas
reduções, só beneficiarem fregueses mais íntimos do comissário, O
custo da mercadoria deve ser geral, implantando no mercado a ver-
dadeira confiança. Isto, porem, nâo priva os fabricantes de concede-
rem qualquer bónus semestral ou anual, de uns tantos por cento
conforme o vulto das transacções de cada importador, o qual será o
único a aproveitar de tal concessão.
141
Fomos coadjuvados no nosso estudo, pelos seguintes importa-
dores: .4. Ribeiro Alves (C- (■/', António Viana á'- C". Baptista &• Fon-
seca. Lauro da l>iiU'a dr O.", Leonardns d- C/' e Oliveira Leite (f- C."
A propósito do presente questionário e do que se lhe segue,
recebemos dos srs. António Viana c(- C."' a carta que reproduzimos:
* Rio de Janeiro, '1^ de Junho de 191Õ. — 11.'""'' Srs, Directores
«da Câmara Portuguesa de (^omércio e Indústria do Rio de Janeiro :
« Devolvendo o questionário que essa Câmara nos enviou sobre
* porcelanas e l(fuças e vidros e cristais, temos primeiramente a
« manifestar-lhes a nossa admiração pelo grande trabalho que essa
« Câmara tâo patrioticamente encetou em favor da indústria portu-
« guesa.
«Infelizmente estamos seguros de antemão que essa digna
« Câmara, nao poderá tâo cedo ver o produto desse seu valioso
«concurso, pois de parte dos interessados, temos sempre visto a
'< mais cruel indiferença.
« Em atenção a V. S.^*^, damos nos referidos questionários, as
« explicações mais necessárias sobre os artigos do nosso comércio,
« embora nâo tenhamos esperanças sobre a adoptaçâo de novos pro-
«cessos pelos industriais portugueses.
«Na medida de nossas forcas, temos de há muito enviado a
«todos os fabricantes dos nossos artigos em Portugal, todas as in-
« formações, preços, amostras, etc, para que eles pudessem concorrer
« com os seus colegas da França, Inglaterra e Alemanha ; e ainda
«mais, em 1904, 1909 e 1912, tivemos ocasião de pessoalmente visi-
«tar as referidas fábricas, tendo deixado à vista das amostras, que
«daqui levamos, todas as informações e esclarecimentos para modi-
* ficarem a fabricação de acordo com as necessidades do nosso mer-
« cado. Estes nossos esforços, foram, como sempre, nulos, pois até
« este momento, náo vimos realizada nenhuma das apontadas re-
« formas.
142
« Como portugueses, lamentamos profundamente, que os nossos
«industriais (referimo-nos aos dos nossos artigos) nâo tenham até
«hoje correspondido às imposições das necessidades actuais, acom-
< panhando as evoluções de todas as indústrias, e muito principal-
« mente que nâo procurem satisfazer a boa protecção que natural-
* mente os negociantes daqui dispensariam aos seus produtos.
< Diante deste procedimento, parece-nos tempo perdido, forne-
« cer mais esclarecimentos em benefício daqueles que, vendo a nossa
« boa vontade e o nosso patriotismo, mostram a maior ingratidão.
«É nossa opinião que, o questionário apresentado por essa
«Câmara, deve ser bem recebido por todos os nossos compatriotas;
< porem, como o mesmo se destina a orientar talvez directamente
« os industriais portugueses, sem saber de antemão se eles aceita-
« riam as suas preciosas indicações, será um trabalho destinado a
descansar eternamente em alguma gaveta, senão tiver as honras
'^ da Torre do Tombo.
« Acreditamos que, se os fabricantes portugueses tivessem von-
< tade de vêr os seus produtos espalhados por este País, teriam, por
" si, procurado saber todas as modificações a introduzir nas suas
< indústrias. Se isto nâo fazem, é porque naturalmente nâo precisam
« de maior expansão, ou nâo a podem manter.
«Estamos certos que V. S.^* vâo talvez alcunhar-nos de pessi-
« mistas; porém, podem crer que, se assim pensamos, foi porque
«diante de factos nâo se podem manter ilusões.
«Eis porque deixamos de responder mais longamente aos ques-
« tionários que tivemos a honra de receber dessa ilustrada Câmara.
«Sem mais, e pedindo desculpa, subscrevemo-nos com a mais
«alta estima e consideração — De V. S."^ — Am.*"' Att."" e Obrgs. —
<■- (assinados), António Viana & C/''^.
Questionário n." 15
2. Manufacturas de vidro e cristal.
3. Vidros para vidraça.
Dividem-se as primeiras manufacturas em dois grupos
1.** Garrafões, garrafas, potes, frascos, cálices e copos.
2." Manufacturas não especificadas de vidro e cristal.
148
De l^K).') a 1^)12 as mercadorias do primeiro c>Tnpo figuraram
englobadas na classiíicaçâo da Estatística Comercial. Nos anos
subsequentes, foram desdobradas em seis classes.
Para Portugal o movimento foi diminuto, cifrado apenas em
algumas centenas de mil réis, excepto em 1911 que atingiu o seu
máximo, li:703 quilogramas computados em 2:027S0(X) réis.
A importação geral em 15>12 foi de 6.081:183 i^uilogramas no
valor de 2.400:597SCK3O réis.
Predominou no mercado a Alemanha, seguintlo-se-lhe a França,
Holanda, (Iran- Bretanha, Áustria, Bélgica, etc.
No segundo grupo, tivemos durante o decénio, o seguinte mo-
vimento :
Anos
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Quilogramas
Nalores
2:674
1 :643!S000
1:643
3:576SO0O
0:389
4:.505S000
619
2:125^000
1:649
2:725$a)0
3:430
3:5O6SO0O
2:548
3:4328000
2:543
3:325!!§0(.X)
523
1:804SOOO
430
549S000
O total da importação em 1913, foi de 2.058:512 quilogramas
computados cm 3.111:414S1XX) réis.
Também a Alemanha predominou no mercado, seguindo-se-lhe
a França, Áustria, Bélgica, Estados Unidos e ÍTran-Bretanha.
3. YlDR)S PARA. VIDEAÇ.A,
Nestas manufacturas, Portugal hgura com tão diminutas par-
celas, e ainda referentes somente a três anos do decénio, que nâo as
mencionamos. Consta-nos porem, que já no corrente ano, teem dado
entrada no mercado algumas avultadas remessas. Era a Bélgica quem
144
supria o mercado, segniudo-se-lhe a Clran-Bretanha, Alemanha,
França e Estados Unidos. Em 1913 consumiram-se no Brasil
2.058:512 quilogramas na importância de 8.111:414$000 réis.
Para as manufacturas de vicWo e cristal elaborou a Câmara Por-
tuguesa 14 quesitos que seguem :
QUESTIONÁRIO
1." Não desconhecendo V. Ex."', por certo, o esmerado Jahrico da
indmtria vidreira em Portugal, julga que essas manufacturas possam
ter aceitação no Brasil, em substituição das dos outros paifies, qu£ em
virtude da conflagração europeia, começam a escassear no mercado?
Para vidros e cristais, acreditam os importadores na possibili-
dade de se introduzirem: serviços para mesa. copos, cálices, etc,
artigo fino, pois que este ramo de indústria já muito florescente no
Brasil, produz em quantidade o artigo injerior.
Os vidros para vidraça, de que nâo há ainda produção, poderão
facilmente ter largo consumo se os nossos fabricantes tomarem em
consideração todas as modificações que daqui lhes forem indicadas,
2." Quais as modificações que V. Ex."' aconselha, introduzir no
Jahrico português para que os a7'teJactos de vidro e cristal, p)0ssam com-
petir em igualdade de circunstâncias com os similares de outros países?
Primeiro que tudo, fazer conhecer aos importadores, os mode-
los, feitios, tamanhos, espessuras e pesos de cada peça (condição
jirimordial), de todos os artigos de fabrico português. Segundo, a
vinda ao mercado de profissionais habilitados para se orientarem e
levarem daqui todos os esclarecimentos necessários para remodelar
o antigo processo de produção, já que a remessa de modelos, forne-
cidos espontaneamente e por diversas vezes aos nossos fabricantes,
até hoje, nâo tem produzido efeito algum.
3.° Qual a procedência dos vidros e cristais de que o mercado se
abasteceu até ao presente?
Alemanha, França, Holanda, Gran-Bretanha, Áustria e Bélgica.
14õ
4." Qudia os direitos: que incidem no Brasil sobre estes lyrodutos?
Xa tarifa aduaneira, designam-se por * obras de vidro n." 1 c
íi." 'i>^ com as taxas respectivas de TCX) e 2$000 réis o quilograma,
e mais 50 •*/„ se forem de côr.
Consideram-se «^ obras de vidro n." 1», os artefactos apenas mol-
dados ou assoprados, e < obras de vidro n.^ 2^, os que teem lavores
e os lapidados. Além dessas, existem outras taxas para os diversos
artigos da classe xxi da tarifa, com a designação de louça e vidro>^^
taxas já mencionadas no questionário anterior.
Todas estas taxas sâo acrescidas com o pagamento de ;i5 % ^m
ouro e outras despesas, devendo sempre calcular-se, pelo menos,
ÕO V() iiiiíis.
5." A vidrara poderá ter também aceitação no mercado?
A melhor possível, por estar este comércio quási que exclusi-
vamente em mãos de portugueses. O sistema primitivo que empre-
gam os nossos industriais, especialmente na embalagem, o pouco
caso que fazem das observações que lhes são feitas, e a má vontade
em atender aos conseDios que lhes sâo dados demonstram nâo haver
interesse na exportação para o Eio de Janeiro, desanimando comple-
tamente o importador, que assim deixa de fazer os seus pedidos às
fábricas portuguesas. Consta-nos, que por todos estes motivos, parte
das remessas chegadas ultimamente, foi posta à disposição dos ex-
portadores.
B,** Qual a procedência da « vidraça », ou por outra, vidro para
vidraça, como é designada na tarifa, que vinha ao mercado, seu custo, e
direitos que a tributam ?
Em primeiro liigar a Bélgica, por ser o artigo mais barato, e
em segundo a Inglaterra que é o mais caro. Os preços variam con-
forme os tamanhos, de 30 a 40 frs. por caixa, com 100 pés quadra-
dos, medida inglesa, e com um desconto de 50 ^[^ a 70 % em tempos
normais.
Xa tarifa, estas manufacturas estão designadas na classe xxr,
artigo 654.*', por vidros, pagando 200 réis por quilograma. Com as
despesas acessórias, ágio do ouro, descarga, despacho, etc, sái cada
quilograma a 290 réis, máximo 300 réis.
Cada caixa de 100 pés quadrados, regula pesar de 46 a 50 quilos
líquido. Quanto a cristais e vidros para espelhos, julgam-se desnecessil-
rias quaisquer observações, visto que em Portugal não existe fabri-
cação desses artigos, e sim somente a do vidro de vidraça ordinário,
10
U6
7." A '-lia r. Er." conveniente or gemi zar pequenos mostrunrio.< de
vidros, cristais c vidraças para se enviarem às Associações Comerciais
Portuguesas, indicando qualidades dos produtos, origem, custo, peso,
direitos, etc, habilitando, por esta forma, os industriais portugueses a
iniciarem tra^uacções com o Brasil?
Os mostruários sâo sempre convenientes, mas neste caso, é pre-
ferível que provenham dos propícios fabricantes, para se saber ao
certo o que podem produzir. A vista dos artigos facilmente se indi-
cam todas as modificações a introduzir no fabrico.
8." Na afirmativa, como se devem obter esses mostruários?
Fornecidos pelos fabricantes e remetidos à Câmara Portuguesa
de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, e às congéneres nos
Estados.
9." Qual a Jonria de acondicionamento, embalagem e empacota-
mento, que a longa predica de V. Exf' no comércio destes artigos, acon-
selha de mais prático loara artefactos de tão grande fragibilidade?
Depende do artigo. Assim é, que, tratando-se de copos finos,
deveriam vir em caixas de papelão, divididos de forma que cada
peça, fique isolada.
Tratando-se de artigos mais comuns, como por exemplo: copos
para água, embrulhados em papel e encaixados uns nos outros, c
nao por grupos de quatro, como já se tem feito; cálices, também
embrulhados em papel, colocados a par uns dos outros, invertida-
mente, quer dizer, bocal contra pé. Tanto uns como outros, em
pacotes de dez, envoltos em papel de cor, diferente para cada quali-
dade, exemplo: copo n.° 1, papel verde; n.° 2, papel azul, etc. Cai-
xotes regulares e do preferência barricas nâo muito grandes. Todas
as poças, quer isoladas ou em pacotes, enleadas com bastante palha,
como se faz nos principais centros produtores, para garantir o seu
l)om acondicionamento. Este, deve ser feito por hábeis profissionais,
e na mais completa perfeição para elevar os bons créditos da fábrica.
Em remessas avultadas das fábricas europeias, a quebra é geral-
mente insignificantíssima.
Para vidros de vidraça, devem os fabricantes procurar imitar os
sistemas inglês e belga, pois o nosso é o pior que se conhece, tor-
nando-se quási impossível a conquista do mercado, se náo seguirem
em tudo, o processo daquelas nações.
As caixas com vidraça belga ou inglesa, regulam (30 quilos,
P'''so bruto ; ultimamente vieram remessas de Portugal, a-pesar-de
u:
reiteradas explicações, com o peso de 220 (inilogramas ! resultando
chegar 50 "/„ da mercadoria, completamente (quebrada.
10." Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro para mercadorias desta espécie?
A 90 d/ após a clicgada da mercadoria; porem, essas vantagens
só são aproveitadas pelos pequenos importadores, porque os mais
importantes pagam dentro dos primeiros trinta dias. E quási cos-
tume destes últimos, liquidarem as facturas de vidros para vidraras,
logo que a mercadoria seja retirada da Alfândega, que no geral é
despachada sobre água. Para a primeira categoria das manufacturas
predominam os 90 d''v.
11." Quais «.•? condições de expedição, embarque, etc?
Loco Jáhrica, para manufacturas de vidros e cristal, e F. O. B.
para vidros ou vidraça.
12.° Não acha V. Ex/'' conveniente que os exportadores portugue-
ses, a exemplo dos de outras nações, enviem ao Brasil caixeiros viajan-
tes, habilitados e Irem remunerados?
]Muito conveniente. Como já foi dito, devem os caixeiros via-
jantes ou representantes, ter a prática necessária para poderem aten-
der às modificações que lhes forem indicadas. DejDenderá sempre da
pessoa encarregada da representação, o realizar bons negócios. Deve
ser bem remunerada e apresentável, como sâo na sua maioria os
representantes alemães, que a-pesar-de nâo conhecerem bem o nosso
idioma, suplantam os franceses, e, nâo tendo a afectação destes, con-
seguem muito mais com a sua modéstia. Os nossos, terão a seu
favor, o mesmo idioma e nacionalidade, podendo conseguir mais do
que qualquer estrangeiro.
13.° Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores a
modificarem as suas exigências nas condições de pagamento Y
Concedendo as mesmas facilidades que o comércio concorrente,
ou entregar a representação a comissários ou intermediários, que pa-
gam a mercadoria logo depois de manufacturada e expedida, fazendo
concessões de conta própria aos seus clientes.
14.° Outras quaisquer observações que V. Ex/'' Julgue murpi/icnfe
acrescentar.
Os vidros moldados para serviço de mesa poderão facilmente in-
troduzir-se nos Estados do Norte do Brasil, por nâo haver ainda ali
fabrico local, e o elevado frete marítimo da navegação costeira difi-
cultar as transacções com o Sul do País.
148
Colhemos os informes para o estudo acima, dos srs. A. Li-
ma d- Cf, Amaral Gonçalves & C."', António Viana & C."', Avelino
Oliveira & C."'. J. Rodrigues da Crus & C."', Manuel Ribeiro de
Sousa & Cf' e Vieitas d: Cf, declarando todos, prontificarem-se a
dar outros quaisquer esclarecimentos que llies forem solicitados.
Questionário n." 16
A' III — Madeiras.
1. Palitos para mesa.
É a segunda manufactura do presente inquérito, em que Portu-
gal tem preponderância no mercado. O valor da importação cifra-se
em algumas centenas de contos de réis, o que é importantíssimo,
visto tratar-se de uma indústria que nâo demanda grande empate
de capital, em instalações e maquinismos.
Conhecida debaixo da denominação de caseira, é o ganha-pâo
no nosso país, de centenares de pessoas do sexo masculino e de
menores de ambos os sexos. Hoje, parece que o seu fabrico está
muito mais desenvolvido, havendo já pequenas máquinas para pre-
paração da matéria-prima, que dâo maior impulso à sua produção.
A pequena manufactura, tâo útil e tâo apreciada, tem vindo
ultimamente ao mercado, com melhor apresentação no acondiciona-
mento, caixinhas vistosas, etc, mas infelizmente, salvo raras exce-
pções, de um fabrico muito inferior. Os conhecidos e tradicionais
marquesinhos, deram lugar a pequenos fragmentos tortuosos de ma-
deira, parecendo, à primeira vista, destacados ao acaso de qualquer
tronco de árvore. Muitas vezes, nem sequer aguçados são.
Pode-se afirmar que nesta pequena manufactura, por emquanto
Portugal nâo tem competidores. No entanto, nâo devemos ficar
149
inactivos; o valor da importarão é tentjidor, e os cojicorrentos podoni
surgir inesperadamente. .lá liouve em tempos, uma tentativa da in-
thistria nacional para o fabrico por processo mecânico. Consistiam
em pequenas lâminas de madeira, aguçadas em ambas as extremida-
des, muito simétricas e de confecção esmerada. Em ambas as faces,
tinham impressos os nomes do faibricante e do local da produção.
Parece que esta tentativa fracassou porque tais palitos desaparece-
ram do mercado. A sua proveniência era do Estado do Paraná.
Como Portugal é o principal fornecedor do mercado, a diferença
entre a importação de origem portuguesa e a de outros países, é
bem diminuta, como se pode verificar ])elo mapa abaixo, relativo aos
líltimos dez anos :
Anos
Importação portuguesa
Quilogramas Valores
17O:.567(í!O00
192:0721000
244:997^000
272:279;S000
252:289í!000
288:52.5,íiO0O
.385:187^000
430:9941000
455:312é(M)0
277:.574^000
Importação geral
Quilogramas Valores
42:827
46:073
58:2.58
().j:900
•")9:278
.)8:510
89:906
104:145
112:551
75:553
171:O03í!0OO
192:285Í000
248:399|!00v)
27.3:.54.3l!0O)
252:985^000
241:701^000
387:217^000
444:699í!000
4õ7:139|!0O()
278::348i?.'0O0
A Câmara Portuguesa, ao elal)orar o presente questionário paiw
os artefactos da nossa pequena indústria florestal, já de há muito
consolidados no mercado, teve siunente em mira, inquirir os impor-
tadores, do estado actual do fabrico no próprio país : formularam-se
19 quesitos, muitos deles referentes a esse fabrico, ficando por con-
sequência prejudicados por nao haver mais produção interna. Elimi-
namos, portanto, do nosso estudo, esses (juesitos. deixando ficar
apenas os 12 seguintes :
150
QUESTIONÁRIO
1." Tem sido até hoje o nosso pais, o iwincipal fornecedor de imli-
tos no mercado brasileiro; conhece V. Exf'' as causas que provocaram o
desiquilihrio na importação deste produto no ano findo ?
Importaram-se em 1912 e 1913, em consignação e de conta-
própria quantidades muito superiores ao consumo, incluindo artigos
de péssima qualidade, provocando um certo retraimento na procura
do produto.
2.° Na afirmativa, o que aconselha V. Ex." fazer para, além de
2jrocurar manter a nossa preponderância, promooer a maior expansão
do comércio desta manufactura no mercado brasileiro?
Como nâo temos competidores, o melhor é aguardar o completo
esgotamento do stock, e que as futuras encomendas sejam executa-
das com artigos de primeira qualidade.
3." Qual a procedência dos produtos similares que concorrem ao
mercado ?
Quási todos os países mandam diminutas quantidades, figu-
rando em primeiro lugar, a Alemanha, que em 1913, exportou
4:444$000 réis.
4.° Qual o direito que incide sobre o produto no Brasil ?
ISOOO réis por quilograma, sendo 35 ^/o em ouro e 65 "/o em
papel. Tem ainda o acréscimo de 2 ^/q ouro, capatazias, armazena-
gem, despacho e selos, etc, podendo-se calcular toda a despesa em
1$500 réis por quilograma.
5.° Tem V. Ex/'' conhecimento do fabrico nacional desta manu-
factura ?
Houve em tempos uma tentativa, nao chegando a dar resultado.
6.° Havendo em Portugal matéria-prima abundante para um
grande fabrico desta mercadoria, muito apreciada em várias nações, como
por exemplo, nos Estados Unidos, que modificações indica V. Ex!'' para
tornar a sua expansão mais eficaz?
Destinar ao mercado, somente os artefactos confeccionados com
boa matéria-prima e de fabrico esmerado. Cuidar primorosamente
do acondicionamento, em envoltórios vistosos, tanto para os maci-
nhos, como para o artigo em caixinhas. Fazer activa e proveitosa
propaganda do produto. Descrever minuciosamente em pequenas
151
publieaooos, o liistúrito da imlústria, a(.ouipaiilui(lo de diulus sõl)i-(>
o valor produtivo da região manufactureira, etc.
7." Qual a forma mais adequada para o seu acondíciomunento,
em caixinhas, macinhos, ou qualquer outro sistema, c quantidades que
(levem conter?
Caixas de GOO caixinhas de 400 palitos cada uma, ou caixas com
600 pacotes de 10 macinhos. Envolt('trios, os mais elegantes possí-
veis, e papel vistoso.
8." Qual o peso máximo das caixas exteriores e como devem sei'
resguardadas interiormente ?
De 30 a 50 quilogramas máxinu) de peso bruto. Hesguardadas
interiormente e segundo indicações já fornecidas pelos importadores,
por papel impermeável. Para os artigos mais finos, sendo possível,
em caixas forradas de zinco.
9." Qual a forma de pagamento mais U'<ual no mercado do Rio
de Janeiro?
Deveria adoptar-se o sistema usado para outras mercadorias,
120 d/ de data do embarque.
10."^ Quais as condições de expedição e embarque?
«Cost, Insurance, Freight > (Cif).
11.° Não acha V. Ex." conveniente que os exportadores portu-
gueses, a exemplo dos de outras nações, enviem ao Brasil caixeiros via-
jantes habilitados e bem remunerados?
Deveriam mandar, ou pelo menos, encarregar pessoa criteriosa,
que soubesse negociar e que tratasse somente com o importador.
Até hoje, o mercado tem sido somente visitado por uma espécie de
aventureiros, transaccionando a torto e a direito. O resultado é o
endosso dos conhecimentos e o abandono de mercadorias na Alfân-
dega. Xos leiloes, a maior parte das vezes, essas mercadorias sâo
arrematadas por ordem de alguns dos próprios consignatários, bem
pouco escrupulosos, ocasionando assim graves prejuízos, nâo só aos
exportadores como ao comércio honesto.
12." Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigências quanto a pagamento?
Terminar de vez com as consignações, que dáo forçosamente
prejuízo ao exportador. 8e realmente há prejuízos, este querendo
salvaguardar os seus interesses, nâo melhora ou beneficia a sua
mercadoria, pelo contrário, trata unicamente de. em futuras remes-
sas, fornecer género barato e de péssimo fabrico.
152
Foram consultados para o nosso estudo, os srs. A. Bebiano <$• C*.
Almeida Siemann (& C.^, Carlos Taveira á. C." , Ferreira Cabral <£• C."
e Vieira Montei) o & C/'
Questionário n." 17
2. Rolhas de cortiça.
Os produtos manufacturados da nossa silvicultura, mais difun-
didos no Brasil, sâo os palitos e as rolhas de cortiça. Para os primeiros
nâo temos, por emquanto, competidores, nâo sucedendo infelizmente,
outro tanto com os segundos. De ano para ano, vamos perdendo o
lugar que nos deveria competir, nâo só pela excelente qualidade da
nossa matéria-prima, o espesso tecido suberoso dos nossos <'SobreiroS'>,
tâo afamado, como pela quantidade ])rodutiva da segunda fonte de
receita do solo português.
Emquanto no Brasil, o consumo anual das ralhas aumenta con-
sideravelmente, o nosso artigo vai tendo aqui, cada vez, menos
aceitação. Diminui em quantidade e principalmente em valores. A
Espanha em 10 anos, fez verdadeiros prodígios, pois que, em 1905 en-
viou ao mercado 42:532 quilogi-amas, computados em 73:085$000 réis.
Em 1913 a sua exportação de rolhas, atingia 182:127 quilogramas
110 valor de 523:432$(300 réis, ou seja era 9 anos, um aumento de
332 7o para as quantidades e 617 7o P^ira os valores. A diminuição
da exportação portuguesa no mesmo período, foi de 30,3 "/o em quan-
tidades e 18,5 "/,, em valores.
Pelo mapa que segue, poder-se há confrontar o movimento
decrescente português e o ascendente espanhol e o da importação
geral :
158
Anos
190:i
IVKKÍ
1907
190S
1910
1911
1912
1913
1914
300:023
212:t;-10
213:295
207:047
19ít:8;J8
210::-362
214:183
193:63G
190:719
103:652
383:435$000
360:99(;$aX)
380:653$0a)
359:7õ3$(XX)
347:792$a)0
383:44210)0
378:794S000
341:989$O0O
312:258$vXX)
19;?:O30S0a'>
Espanha
Quilos
42:532
56:157
92:025
103:174
91:849
118:896
152:411
155:524
182:527
ia>036
Réis
73:085$aX)
105:4-t6$0LX)
21O:344$OO0
241:6435000
2.,)7:240$000
244:28 iSiXK)
a39:307$000
453:270S000
523:432$000
300:04050)0
Importação gerai
Quilos
418:929 j
341:846
377:790 I
375:127;
382:470 ]
398:858 !
457:926 \
145:987 í
478:1831
264:917'
Réis
662:8 17$0(.)0
♦i84:0rt9|(XX>
824:349$0(X)
810:662$a.l0
7^7:48 1$0C)0
85O:42()$0C>i
992:685$0<X)
1.155:063$0a)
1.316:551 KV».)
770:720f(>tC)
Em 1912, exportamos mais 38 toneladas que a Espanha, mas o
A^alor das nossas manufacturas foi inferior em 111:281$CKX^ réis. No
ano seguinte, a diferença das quantidades foi apenas de 8 toneladas,
mas a do valor alcançou 211:180$0CK) réis.
A Inglateri-a exportou para o Brasil nesse mesmo ano. somente
50 toneladas de rolhas, jiorêra de um valor quási igual ao das nossas
190 toneladas.
A rolha espanhola, de maior consuino no mercado é de 8.^ e 4.*
(]ualidade 18 x 10 | linhas, próprias para águas minerais e cerveja.
Provêem da Catalunha, embarcam -se em Barcelona com trasbordo
por Lisboa e sâo facturadas ao preço de Frs. 21, (X) cif Rio. A taxa
alfandegária para rolhas é de 300 réis por quilograma; com as de-
mais despesas acessórias, ascende no máximo a 450 réis. Cada mi-
lheiro pesa 2^,250, por consequência o direito é de ISOlX) réis.
A mercadoria obtêm facilmente o preço de ]6S(K)0 a 18$0()0 réis por
milheiro.
No Rio de Janeiro e arredores, há .30 fábricas de cerveja. A
produção anual, é superior a lOC) milhões de garrafiis, mas a
maioria das fábricas, emi)rega já a cápsula metálica com discos de
cortiça.
Há oito anos, monto u-se na capital, a linica íáb)-iea de rolhas de
cortiça, existente no Brasil, empregando a nossa matéria-prima. mas
em consequência do elevado custo da mâo de obra, e outras dificul-
dades, recorre também à importação do produto já manufacturado.
Actualmente o seu j)ro]irietário está ensaiando o aj)roveitamentu <ia
154
raiz da tabebuia. sucedâneo da cortiça em restritas aplicações, mas
que no entanto nâo deixará de estabelecer uma pequena luta,
podendo vir a prejudicar a indústria rolheira.
Nas baixadas e zonas ribeirinhas dos Estados do Rio de Janeiro,
Espirito Santo, S. Paulo e Minas, encontra-se em abundância, entre
as variadas espécies da flora brasileira, a tahehuia ou hignonia idigi-
nosa, da família das Bignoniáceas, conhecida vulgarmente pelos nomes
de cacheia f pau viola, pau tamanco e cortiça. A sua madeira branca e
leve emprega-se na confecção de tamancos e no fabrico de instru-
mentos músicos de corda (violas, violões, etc). Presta-se igualmente
]iara piílitos fosfóricos. A tahehuia é uma árvore do grandes propor-
ções e das suas enormes raízes, que por vezes atingem um metro de
circunferência, podem-se confeccionar cintos de salvação ou bóias,
batoques, rolhas, discos, etc, porem, com aplicação somente a certos
e determinados rolhamentos, pois que, ao correr da fibra, a tahehuia
a1)sorve os líquidos.
Esse tecido ou raiz extremamente leve, a que o vulgo dá o nome
erróneo de cortiça, apresenta fibras longitudinais paralelas e distri-
buídas regularmente, e uma secção de textura homogénea desde o
centro até à periferia e como a cortiça deixa-se comprimir numa
direcção perpendicular às fibras e depois de libertada da compressão,
reassume a sua forma primitiva. Os discos resistem efectivamente à
compressão necessária para efectuar o rolhamento. Eraprega-se para
rolhar granulados, brilhantina, pomadas, etc.
Absorvendo os líquidos, como já dissemos, e em quantidade
três vezes superior ao seu peso, emprega-se no entanto, invertendo
a ordem do tecido ou fibra em discos para rolhamento de garrafas
de boca larga, próprias para leite, substituindo as rodelas ou
discos de cartão esterilizado conforme determina um regulamento
sanitário.
A casca da tahehuia nâo ]iroduz o espesso tecido suberoso, cara-
cterístico do nosso quercus suher, nem apresenta sequer vestígios.
Contudo, há ama certa analogia entre as duas espécies. O nosso
sobreiro» nada sofre com o corte ou tirada periódica, e na tahehuia,
o corte das raízes em qualquer época, nâo implica a destruição da
árvore, porque renasce em poucos meses cora o mesmo vigor. Dos
resíduos pode-se fabricar bom ])apel de seda, tendo-se feito já diver-
sas experiências com feliz êxito.
As máquinas que se empregam na nossa indústria rolheira,
155
trabalham com as raízes da tahehuia, dando-llie as variadas formas
de comi)rimento, calibres, etc.
Actualmente há ensaios do cultura experimental do < sobreiro »
(brasileiro) PUhecolobium hizorium, de Benth. Encontra-se nos Esta-
dos de Minas e S. Paulo. E uma espécie própria dos climas doces;
dá madeira de lei (para construcçâo civil, obras internas, marcenaria,
carpintaria) o é muito bôa para vigamentos. O seu peso específico 6
de 0,702 a 0,871. Do tecido suheroso que cobre a sua casca, apresen-
tando muita semelhança com a nossa cortiça, não consta que até
hoje se tenham feito investigações sérias sobre a sua utilização in-
dustrial, nem em que condições se poderá operar o seu descortiça-
mento.
As manufacturas de cortiça tiveram um estudo especial por
parte da Câmara, nos 13 quesitos que seguem:
QUESTIONÁRIO
l.*^ Qaal o motivo porque tende a diminuir a exportação da rolha
portuyue<a para o Brasil?
Há diversos. Um dos ])rincipais é a má qualidade da cortiça.
A nossa rolha é inferior na matéria-priraa e superior em preço a
qualquer outra que vem ao mercado, mal preparada e desigual em
calibres e em comprimentos. Quando por acaso é de superior quali-
dade, o preço então, é inacessível. Quási sempre a mercadoria difere
das amostras. A classificação por letras alfabéticas é também bas-
tante complicada; nâo seria mais prático adoptar a numeração?
2." Qual a razão da preferência que tem no mercado a rolha
espjanhola?
Geralmente, é lõ a 20 '7o mais barata que a nossa, tendo ainda
a enorme vantagem de manter a uniformidade dos calibres e compri-
mentos, assim como na qualidade, passando ainda por um banho
que a torna mais clara.
3." Ainda se Jazem para o Brasil, com o citado artigo, remessas
à consignarão?
Algumas. Somente os nossos exportadores empregam esse meio.
166
para se livrarem dos produtos das classes inferiores, muitas vezes,
sem aplicação nos próprios países de origem. Estas consignações nâo
afectam de forma alguma o grande importador; a procura para o
género honh há de sempre persistir. Actualmente a rolha injerior^
nâo tem a aplicação de outros tempos; os sucedâneos vâo apare-
cendo pouco a pouco.
4." Na afirmativa, qual o processo a empregar para que iermíne
de pronto tão nefasto meio de negociar ?
Aguardar os pedidos e aconselhar os pequenos fabricantes a es-
tudarem também o mercado a que desejem concorrer. O sistema de
consignações foi sempre muito prejudicial para o exportador, como
já tem sido demonstrado por mais de uma vez. Como se pode alcan-
çar bom preço para uma mercadoria, se a quantidade oferecida é
sempre 10 vezes superior à procura?
5.° Quais os meios a jwr em e.recução para desenvolver no Brasil
o comércio da rolha portuguesa ?
Estudar convenientemente os produtos similares que vêem ao
mercado.
Empregar no fabrico, boa matéria-prima, que nâo falta no nosso
país.
Diminuir quanto possível, o custo da mercadoria, equipará-lo,
pelo menos, aos das congéneres. Organizar mostruários da matéria-
prima e dos artefactos, fazendo ao mesmo tempo activa e ])rofícua
propaganda.
6.° Que qualidade de cortiça e calibres se devem empregar no
fabrico das rolhas?
2.'\ 3.", 4." e 5.'"^ em todos os tamanhos e calibres, porêm-o maior
consumo é para a 3."^ e 4.'' qualidades cora 18x 10| linhas, gastan-
do-se mensalmente alguns milhões no rolhamento de cervejas. Tem
também bastante aplicação, a rolha de l."*^ e 2." com o mesmo calibre,
assim como todas as qualidades com 21 x 10, 21 X 10 l e 21 x 11.
E também grande o consumo, para farmácias e laboratórios
homcBopáticos, de rolhas de 1.* e 2.''* com as dimensões seguintes:
cónicas, 15 linhas de comprimento em todos os calibres, e principal-
mente 8 I, 7 I e 6 I .
7." Qual o direito alfandegário que incide sobre o produto ?
300 réis por quilograma, sendo 35 "/q ^^^ ouro e 65 "/o ^^^^ papel;
com as demais despesas inerentes, deve calcular-se em 450 réis por
quilograma.
irú
S." Que qaalidach' ile ròJluf pode ser a que é exportada ijela In-
glaterra 'f
Muito su])ei-ior, i)ró])ria })ara preparados farmacêuticos, ao preço
de 10 a 20 shillings o inillieiro e mais, de forma que, embora, menor
quantidade de peso, o seu valor ó todavia superior.
9." Qual o processo de embalagem adoptado, saco ou (/olpellia e
quantidade que deve conter cada volume?
Sacos duplos e o interior forrado do papel para resguardar a
mercadoria do pó. Conforme os tamanhos das rolhas, cada saco
poderá conter de 10 a 40 mil.
10." Quais as condições de venda no mercado do Rio de Janeiro f
Para as de procedência espanhola, até há bem pouco tempo, as
condições eram 90 dias de vista ou à vista com 2 ''/o de desconto.
Actualmente só se realizam transacções à vista.
li.** Quais as condições de expedição, embarque, etc.Y
C. I. F. Rio.
12." Não acha V. ExJ^ conveniente que os exportadores portu-
gueses enviem ao Brasil, a exemplo dos de outras nações, caixeiros
viajantes habilitados e bem remionerados ?
Sem dúvida alguma; raríssimas vezes aparece um viajante que
conheça a fundo o artigo de que se trata, e se os nossos industriais
nâo quizerem perder de todo o mercado, deverão promover uma
activa propaganda dos seus artefactos. Consta-nos, porêra, que um
dos principais fabricantes enviou há pouco um representante que
percorre actualmente todo o Brasil.
13." Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigências nas condições de paga-
mento?
Concedendo prazos como o comércio de outros países, pelo
menos a 60 d/ de vista.
Prestaram o seu valiosíssimo concurso para o bom desempenho
da missão que nos impuzemos, os srs. A. Rebelo Valente c€- C",
Coelho Martins d- C", Delfim Coelho & C^, Eduardo Pinto da Fon-
seca e Ernesto Pedrosa.
158
Questionário n."" 18
IX — Ouro, prata e platina.
1. Ourivesaria.
2. Prataria.
A origem da ourivesaria portuguesa é antiquíssima: com a des-
coberta de novos mundos, o ouro e a prata, levados em quantidade
da Africa, do Oriente e do Brasil, ao porto de Lisboa, contribuiu
poderosamente para o renascimento no nosso país, da vellia arte da
ourivesaria. Artistas habilíssimos trabalharam esses metais, dando-
-Ihes mil formas delicadas, nas suas variadas concepções. Lisboa,
Porto e Coimbra, foram noutros tempos, importantíssimos centros
produtores.
A ourivesaria portuguesa em todas as épocas, gozou de grande
renome, como o atestam as preciosidades artísticas espalhadas por
todo o país.
Ainda hoje a filigrana do Norte tem grande procura. As bolsas
de malha finíssima, em ouro ou em prata, causam a admiração do
estrangeiro. O fabrico da malha por metro corrente, é uma especia-
lidade da cidade do Porto com muita aceitação em França, para onde
há uma regular exportação. E o nosso típico grilhão de ouro, nâo ó
(mracterístico ? Parece-nos também, que o seu fabrico, quanto a resis-
tência e solidez, nâo tem rival.
É deveras lamentável que no Brasil, onde residem milhares de
portugueses, se tenha perdido o gosto pela nossa ourivesaria, e para
corroborar a nossa afirmativa, vejamos o que diz a Estatística Comer-
cial do Brasil, nos últimos dez anos, sobre a importação de origem
portuguesa :
109
Anos
Ouro
Qramas
em obra
Valores
Prata
Gramas
em obra
Valores
1905
0:994
1:285
:íl:313
5:902
13:279
24:290
13: ( 9
0:115
2:884
1:981
11:8975000
3:1095000
05:8915000
9:7(555000
28:0875000
49:0885000
22:5215000
8:4095000
2:0085000
5:5995000
182:497
02:183
114:024
253:044
101:409
321:909
202:140
253:349
100:665
97:214
22:3825000
7:6105')00
17:1675000
32:0455000
23:5115(>IH»
40:8235000
1 7:53!)5000
41:7555000
9:5055000
12:0775000
190(i
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
O movimento foi bastante irregular; no entanto, Portugal ocupa
o terceiro lugar na importação, tanto em ourivesaria como na prata
em obra. Em 1910, registou-so o máximo da importação geral para
ourivesaria, 092:521 gramas, computadas em 1.040:188$000 réis.
Disputaram o mercado pela ordem: Alemanha, França, Portugal,
Itália, Gran-Bretanha e Suiça.
A prata em obra, teve as seguintes origens : Alemanlia, França,
Portugal, Itália, Espanha e Estados Unidos, registando-se o maior
movimento em 1911, de 8.280:072 gramas no valor de 676:õ78S0(X).
Para oiiricesaria e prataria, distribuiu a Câmara Portuguesa, o
seu 18.** questionário com os 13 quesitos seguintes:
QUESTIONÁRIO
l."- Hacetido aimla hoje em Portugal, um Jahrico nupoiíam i-<siiiuj
de ourivesaria, cum oficíjias em Lisboa e Porto, e não desconhecendo
y. Ex/' a arfe e fino gasto dessas manufacturas, o que aconselha de
mais irrático para que a indústria portuguesa seja de novo introduzida,
com garantia de êxito no mercado brasileiro?
Nestes dois ramos, o conjunto da indústria portuguesa, é im-
portantíssimo, porem, fraccionada por centenares de pequenos fabri-
160
cantes, salvo raríssimas excepções, que nâo podem de forma alguma
negociar a prazos como os demais concorrentes de outros países.
Quantas vezes a alguns deles, é necessário fornecer a matéria-prima,
simplesmente para terem trabalho. Ser-lhes-hia muito vantajoso se
conseguissem agrupar-se trabalhando de comum acordo com os
maiores produtores, ou entregarem os seus artefactos a íntermediá-
riu.^i. que lhes pagassem à vista, ou mesmo lhes fizessem adianta-
mentos.
Os grandes fabricantes e os intermediários, deveriam proceder
da seguinte forma :
a) Distribuir profusamente catálogos ilustrados confeccionados
com esmero e arte.
hj Estabelecer no Rio de Janeiro, um depósito geral ou expo-
sição dos múltiplos produtos dos dois ramos da indústria, especial-
mente os de prata, por serem de natureza a conquistarem rapida-
mente o mercado.
2." Conhece V. Ex."' as causas que deteryiiinarnm a quási exclu-
S(iú do mercado, da ourivesaria portuguesa?
Deve-se atribuir em parte, ao êxodo de centenares de oficiais
de ourives que para aqui teem vindo iludidos, e que sempre fazem
alguma concorrência aos nossos artefactos, não obstante, não existi-
rem no país oficinas dignas de menção. Contribuiu também o des-
caso do exportador português, que náo acompanhou a propaganda
dos competidores, opondo-lhes outra mais enérgica, nem facilitou
as transacções por vendas a prazo.
3.° Na afirmativa, como as debelar?
a) Activa propaganda, toque legal dos metais, modicidade de
preços e máxima perfeição no acabamento dos estojos, que derem
ser objectos luxuosos e de gosto.
h) Facilidade de pagamento a prazos iguais aos estabelecidos
pelos exportadores de vários países europeus.
4." Tem V. Ex."' conhecimento de certos boatos propalados sobre
contrabandos feitos por viajantes alheios ao comércio do artigo, e que
empalhando pelas classes menos abastadas, artefactos passados aos direi-
tos e por consequência de menor preço, prejudica seriamente o comér-
cio importador?
Sim. A indústria do contrabando, é talvez a mais importante
do Brasil, podendo afirmar-se ser de 10 7tí o limite máximo dos
artigos de ouro e pedras finas e relógios que pagam direitos.
161
A Portugal pouca importa a indústria da relojoaria, e é esta a ^[110
menos transita pela Alfandega. Para demonstrá-lo hasta conside-
rar-se que há relógios no mercado que se vendem a 28S000 réis c
30SOOO réis a dúzia, quando a taxa alfandegária é de 2$000 réis por
cada um, acrescida pela diferença do pagamento em ouro e demais
despesas que a eleva a 2S800 réis. Também muitos artigos portu-
gueses vêem para aqui por contrabando, parecendo até haver um sis-
tema organizado para esse fim. Raros sáo os viajantes procedentes do
Portugal, mesmo os de primeira classe e de maior respeitabilidade,
que náo trazem, a pedido de interessados, pequenos pacotes para
entregar aqui a A, B ou C, muitas vezes, sem saber que iludem o
fisco passando contrabando.
Uma casa da praça, confessou-nos ter comprado em 1913, maior
quantidade de obra do que a acusada pela estatística de importação.
5."' Xa afirmativa, quais as providências que se devem tornar'!^
O contrabando nâo se restringe somente aos artigos portugue-
ses, todos os países nele participam. Só a maior vigilância e a mais
rigorosa fiscalização, podem reduzi-lo, porque acabar com êle, é, e
será sempre em toda a parte, problema sem solução.
6.° Qual a proveniência da prataria e ourivesaria preferidas no
mercado brasileiro?
Em prataria, a alemã e austríaca (em contradição com a Esta-
tística Comercial quanto à segunda procedência), mais baratas do
que a de origem francesa que tem também iargo consumo.
Para os artefactos de ourivesaria, é ainda a Alemanha que
domina o mercado, convindo registar que, muitos artigos da alta
joalharia alemã, sâo introduzidos no mercado pelas casas intai^me-
diárias, como franceses, e dessa forma, obteera com a fraude maio-
res proventos.
Os artigos mais vendáveis em prata sâo: todos aqueles que
sirvam para presentes, peças miúdas ou pequenos serviços para
toiletfe. escritório, talheres, argolas, etc, menos baixelas.
Em ouro : brincos, correntes, berloques e medalhas, cordoes, etc,
procurando-se sempre dar aos artefactos um cunho artístico e de
novidade.
7.'^ Quais os direitos que incidem no Brasil sobre uma e outra?
Para obras de ouro, com brilhantes e outras pedras finas, lõ ^/^
ad valorem; com pedras falsas ou simples, 400 réis o grama, à razão
de 10 °/o.
162
Para obras de iwata, 30 réis o grama para obras de ourives, e
40 réis para baixelas, faqueiros, etc. Nos faqueiros, os direitos sâo
regulados pelo peso bruto, com o desconto de 30 7o para as lâmi-
nas, massa, etc.
A taxa do despacho acl valorem recai sobre o preço do artigo na
origem aumentado de todas as despesas posteriores à compra, tais
como os direitos de saída e despesas de frete, seguro, comissão e
quaisquer outras até ao porto de destino.
8.° Q.ual a Jorma de embalagem mais adequada a tão delicada
mercadoria?
Caixas de madeira forradas de zinco e soldadas, devendo ter
externamente a conservação assegurada por arcos de ferro lacrados
nas extremidades.
9.° Qual a forma de pagameyito mais usual no mercado do Rio
de Janeiro?
As casas francesas, alemãs e americanas, facilitam o pagamento
em prazos que variam de 3 a 6 meses. E de presumir que nesta
faculdade de pagamento a prazo, reside o motivo do grande desen-
volvimento da exportação daqueles países.
10.° Quais as condições de embarque e expedição, etc?
Fob.
11.** Não acha V. 'Ex!'' conveniente que os exportadores portu-
gueses, a exemplo dos das outras nações, enviem ao Brasil, caixeiros
viajantes habilitados e bem remunerados?
Viagens periódicas confiadas a propagandistas habilitados e
conhecedores do mercado brasileiro, com mostruários bem organi-
zados e reformados gradativamente, em harmonia com a preferência
dos modelos que se tornem mais estimados pelo público, com con-
firmação do consumo.
Deve-se salientar que, existem aqui, vários importadores de
tais artigos, aliás casas importantíssimas, filiais de outras de Paris
8 de Pforzheim, das quais recebem por todos os vapores, as últimas
novidades. Para os nossos artigos, não havendo depósito, ou mesmo
existindo, há sempre conveniência na vinda de viajantes, por ser o
meio mais prático de propaganda.
12." Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigências nas condições de paga-
mento ?
Kâo é crível que o comércio de jóias aqui, aceite as condições
1»k3
esmagadoras ilc iliiiculdacles e desconfiança dos nossos fabricantes,
só por patriotismo. Julga-se por isfeo imperiosa a necessidade do so
modificar a condição exigente do p. p."
1;3,° Outras quaisquer observações que V. Ex/'' julgue conveniente
acrescentar.
Do Sr. Acácio Artur dos Santos incite, recebemos a seguinte
comunicação: «Em 2õ de Março de 1913, tive a honra de apresentar
ao Ex.™" Sr. Dr. Bernardino Machado uma proposta, sugerida pelos
bons desejos que S. Ex.** nutria de que os artigos portugueses de
prata e ouro tivessem largo consumo no Brasil. Essa proposta, de
que conservo cópia, por extensa, deixo de transcrevê-la aqui. Visava
especialmente a propaganda e introdução no mercado brasileiro dos
artefactos de prata^ indústria em que Portugal, facilmente poderia
competir com os demais mercados. O já referido Embaixador de
Portugal, Sr. Dr. Bernardino Machado, deu à minha proposta o
destino que julgou conveniente e sobre ela se pronunciou a Asso-
ciação Comercial de Lisboa, por parecer dos Ex."^*"' Srs. Alberto
Macieira e A. J. Simões d' Almeida e assinado em Lisboa, em 28 de
Abril de 1913, os quais se manifestaram em termos que deixavam
ver o característico entrave comercial português à sua execução.
Nâo me cabe aqui discutir aquele parecer, onde os signatários e a
Associação Comercial de Lisboa, que o aceitou, nâo duvidaram dei-
xar as afirmações erradas, como a da existência de uma larga indús-
tria de artigos de prata no Brasil. O trecho que a seguir transcrevo,
justifica a minha crítica:
«Festejando com o nosso louvor a intenção patriótica, permiti-
« mo-nos ponderar que, os direitos de importação, que sâo aplicados
« no Brasil, às obras de ouro e prata, proporcionaram ali um largo
«incremento ao estabelecimento de oficinas de ourives, nas quais,
«avultadíssimo número de operários de Lisboa e Porto, encontram
«permanente e remunerador trabalho em todas as especialidades
« desta indústria ; e nesta situação táo auspiciosa de protecção ao
« trabalho nos estados da União Brasileira, nâo nos deixamos enlevar
«em optimismos, sobre os resultados de uma exposição permanente
« de artigos de ourivesaria portuguesa, a nâo ser para as obras clas-
« sificadas por artísticas».
« Como se vê, nâo exagero dizendo que a Associação Comercial,
164
errou adoptando aquele parecer a que faltou o estudo necessário do
assunto.
« Quer agora a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria re-
novar a iniciativa do desenvolvimento do comércio dos artigos de
ouro e prata, indústria portuguesa, nesta praça, o que é digno de
maior louvor, até pela oportunidade das diligências, uma vez que
os outros países exportadores nâo podem cuidar, como dantes, da
conservação do mercado.
«Nâo regateio aplausos à ideia, mas tenho dúvidas cj^uanto ao
bom resultado dos esforços da Câmara, tal é o atrazo manifestado
pelo exportador português, quer pelo que respeita à iniciativa pró-
pria, quer pelo carácter mesquinho das suas transacções, desviadas do
moderno sistema do comércio nos outros países, seus concorrentes.
«Entretanto, faço votos para que sejam facilmente desmentidas
as minhas apreensões. —Rio de Janeiro, 5 de Maio de 1915 — Acácio
Artur dos Smitos Leite».
Consultamos para levar a efeito o nosso ãesideratum, os seguin-
tes comerciantes: srs. Acácio Artur dos Santos Leite, J. Pires, José
Pinto de Sá Coutinho, Pedro dos Santos & Lopes, Torres Carneiro e
Silva & Castro, e todos manifestaram o mais veemente desejo de ver
espalhadas no Brasil, as variadas concepções da artística ourivesaria
portuguesa.
Questionário n.° 19
X — Palha, esparto, cairo, pita, piaçaba, paina e outras matérias fila-
mentosas.
1, Cordoalha.
A Estatística Comercial desdobra a « cordoalha » em 4 classes :
1.** Cabos de algodão^ que o Brasil nâo recebe de Portugal. 2.° Cabos
de Unho, de que já nos ocupamos no questionário referente a tecidos
165
do mesmo filamento. 3.** Diios de juta e cânhamo, do que liú uma
pequena importação, variando de 2005000 a 1:860S000 réis. Final-
mente, os de palha, esparto o cairo, assaz conhecidos no mercado,
principalmente os iiltimos, reputados os de melhor fabrico entre os
seus similares de outras origens. E se rialmente nâo há maior im-
portação, é unicamente devido ao seu elevado custo. De fabrico
esmerado, sem dúvida alguma, é no entanto o mais caro que vem
ao mercado.
Equipará-los, pelo menos, aos semelhantes, seria de grande
alcance para a nossa indústria de «cordoaria», porque afastaria do
mercado todos os seus concorrentes em cabos de linho não alca-
troado, «manilha», cairo, etc.
As quantidades e valores, que desta mercadoria nós enviamos
para o Brasil, durante os últimos dez anos, foram as seguintes :
Anos
Quilogramas
Valores
1905 50:364
23:067S000
1906
58:331
28:1628000
1907
65:756
33:559S000
1908
56:697
27:915S0OO
1909
50:378
25:255S000
1910
84:131
40:6008000
1911
43:238
21:1568000
1912
43:886
24:5038000
1913
40:032
17:3278000
1914
18:373
9:2598000
Depois de atingir o máximo valor em 1910, teve uma baixa no
ano seguinte de 48 %. O nosso país, figura no consumo em 3.**
lugar. Em 1910, receberam-se do estrangeiro 1.177:036 quilogramas,
computados em 76:9298000 réis; os seis maiores concorrentes fo-
ram : Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Bélgica e
França.
A « cordoaria » portuguesa de há muito, com conceito firmado,
teve por parte da Câmara, um cuidadoso estudo para a sua maior
difusão no Brasil, nos 14 quesitos seguintes :
166
QUESTIONÁRIO
1." A <' cordoaria» portuguesa, vai pouco a pouco diminumão de
consumo no mercado brasileiro, sem que haja explicação para esse facto
anormal. Tem V. Ex/'' conhecimento da importância desta indústria no
nosso pais
•?
Os cabos de lÍ7iho e <: manilha», portugueses nunca tiveram
grande consumo no Brasil, por nâo competirem em preço com os
russos e ingleses. O de cairo, perfeitamente : é de excelente qualidade
e belíssimo fabrico.
2.° Na afirmativa, o que aconselha Y. Ex." de mais prático no
sentido de levantar a procura do artigo português, e promover ao mesmo
tempo a sua difusão no mercado ?
O barateamento dos artefactos e a maior propaganda possível.
3.^ Conhece V. Ex." as causas que determinaram o decrescimento
desta mercadoria?
Unicamente a ser mais elevado o custo do que o das suas con-
géneres.
4.° Qual a procedência dos artigos similares a que o mercado dá
preferência ?
Para os cabos de linho, a Rússia e a Inglaterra : de manilha, a
Alemanha e Inglaterra: de cairo, a Inglaterra e Portugal.
õ.° Qual o preço do custo no local de origem ?
A anormalidade do mercado, nâo permite estabelecer os seus
preços actuais.
6.° Qual a mater ia-prima, de preferência usada nos artefactos
que vêem ao mercado?
Linho, cânhamo, «manilha», pita e cairo.
7." Quais os direitos que incidem sobre as diversas qualidades de
manufacturas?
Damos a seguir três fórmulas de despacho para cabos :
li)
Fórmula de um despacho para cabos de cairo (vindo de Lisboa)
Oito rolos contendo cabos de cairo 'em peças, pesando
bruto, duzentos e quarenta e dois quilos.
Razão 50 7o— 242 quilos a 500 réis 1218000
Estatística .• • • ^^^^
Ouro 2 "/o (:M. do porto) 4S84()
Réis .... 125S920
Ouro 35 7o 44S850
2 7o 4S840
49S690
Papel 76S230 125S920
Custo de 44S8'50 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . . 80S7í30
Papel , . . . 76S230
Despacho 17S500
Armazenagem (cais do porto) lOSOOO
Carreto 5S000
Réis .... 189S460
Despesa por quilograma, réis .... S780
168
Fórmula de um despacho para cabos de '^cânhamo,^
(vindo de Hamburgo)
Sessenta fardos contendo cabos de cânhamo, pesando
bruto, mil seiscentos e oitenta quilos.
Razão 80 7o — 1:680 quilos a 700 réis 1:176^000
Estatística S600
Ouro 2 7o (M. do porto) 29^400
Réis .... ]:206S000
Ouro 50 7o 588S000
> 2 7o 29S400
617S400
Papel. 588S600 1:206S000
Custo de 617S000 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 1:110S600
Papel 588^600
Despacho 17S500
Armazenagem (cais do porto) 30$000
CaiTeto lOSOOO
Réis .... 1:7568700
Despesa por quilograma, réis .... 10S450
ir,9
Fórmula de um despacho de cabos de "manilha,,
(vindo de Londres)
Quarenta e dois rolos contendo cabos de manilha era
peças, pesando bruto, quatro mil noventa e oito
quilos.
Razão 50 %— 4:098 quilos a 500 réis 2:0495000
Estatística S420
Ouro 2 7o PI. do porto) 81S960
Réis .... 2:1318380
Ouro 35 % 717S150
=> 2 % 81S960
799S110
Papel 1:332S270 2:1318380
Custo de 7998110 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 1:4388400
Papel 1:3325270
Despacho 178500
Armazenagem (cais do porto) 30S00(Í
Carreto 24S0(X)
Réis .... 2:8428170
Despesa por quilograma, réis .... 68940
170
8." Qual o tamanho ou comprimento das peças, diâmetros, pesos,
etc, para as diversas especialidades?
220 metros de comprimento ; espessura para os cabos de « mani-
lha», 1/2 até 8 polegadas; cairo e linho, 1/2 a 6.
9.'^ Quais as modificações que devem ser introduzidas nestes arte-
factos para poderem competir com os similares estrangeiros ?
O cabo de cairo satisfaz em fabrico e qualidade; os restantes,
só confrontando as amostras, se poderá orientar o fabricante.
10.'' Acha y. Ex!'' conveniente organizar pequenos mostruários
de « cordoaria » para se enviarem às Associações Comerciais Portugue-
sas, indicando qualidades do produto, origem, custo, peso, medidas das
peças, diâmetro, direitos, etc, habilitando xmr esta Jorma os nossos in-
dustriais a iniciarem transacções de maior vulto com o Brasil?
E preferível que os fabricantes enviem para aqui, mostruários
completos dos seus produtos, indicando preços, pesos, medidas, etc.
11.° Qual a forma de acondicionamento e embalagem que se deve
observar para estas mercadorias?
Em rolos competentemente enfardados.
12." Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro?
Actualmente os exportadores vendem a mercadoria, sem saque,
que só é paga quando o negociante o julga dever fazer, isto é, no
fim de dois ou três meses; porem, seria conveniente fixar o prazo
de 90 d/v.
13." Quais as condições de expedição, embarque, etc. ?
Greralmente facturado F. O. B., mas seria preferível C. I. F.
14." Outras quaisquer observações que V. Exf- julgue conveniente
acrescentar.
Xo Brasil nota-se já, regular fabrico na indústria de « cordoa-
ria», calculando-se que, em 1911, houve uma produção de réis
2.562:0CX)$000.
Auxiliaram-nos no nosso trabalho, os Srs. J. Bainho & G."',
Júlio Miguel de Freitas & C", Flácido Teixeira & C." e Rocha
Couto & C^, sendo todos de opinião que, à indústria da « cordoaria »
portuguesa está reservado um lugar de destaque, entre as suas
similares, nos mercados do Brasil.
171
Questionário n." 20
2. Esteiras e capachos.
O nosso país tem a primazia na importação de esteiras e capa-
chos pelo mercado brasileiro. O consumo tem aumentado considera-
velmente.
Para o último decénio temos as quantidades e valores que
seguem em confronto com a importação geral :
Anos
Po
rtugal
Importação gerai
Quilogramas Valores
Quilogramas
Valores
1905
6:796
13:758
27:039
20:559
15:862
24:861
36:952
32:438
41:745
25:663
12:0O3$O0O
25:226S0OO
56:7363000
39:967$0ai
32:õ48$000
45:288$a30
64:5328000
01:4695000
72:759$0O0
42:129$000
54:832
61:294
77:500
53:673
48:568
88:039
112:983
105:837
134:359
56:031
66:81 3$000
80:572$000
120:745SOOO
81:571$000
74:.844$000
107:284SOOO
152:942S00O
153:7868000
194:823$0(X>
80:28 1S(X)0
1906..-
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1014
Para nós a importação teve marcha ascendente, embora irre-
gular, devendo notar-se que a diferença entre 1905 a 1913, é de
60:7568000 réis, ou sejam 506 % do que havia sido naquele pri-
meiro ano.
O mercado é disputado em primeiro lugar pelo nosso país,
seguindo-se-lhe a Alemanha, Gran-Bretanha, França e Bélgica, esta
liltima em muito menor escala.
Para confronto da nossa superioridade no mercado, damos o
valor da importação em 1913 para os quatro países em que é mais
importante :
172
Portugal Alemanha Inglaterra França
72:759SO0O 43:638S000 22:369S000 20:2208000
A indústria manufactureira de esteiras e capachos, representada
por duas fábricas portuenses, é aqui muito conhecida, sendo os seus
artefactos reputados de primeira qualidade, interessando-se a Câmara
pela expansão das suas manufacturas, dedicando-lhe o seu vigésimo
questionário, no inquérito a que procedeu, composto dos 13 quesitos
que seguem:
QUESTIONÁRIO
1.° Conhece V. Ex/'' o grau de aperfeiçoamento a que chegou no
nosso país, o fabrico de capachos, passadeiras, etc, reputadas no mer-
cado como de superior qualidade?
Sim; principalmente capachos. Podem competir vantajosamente
com os similares de todas as nacionalidades.
2.° Na afirmativa, qual a melhor forma de promover, em maior
escala, a expansão do seu comércio no Brasil ?
Continuar como até hoje, sem esmorecimento na propaganda.
Enviar periodicamente, como já se tem feito, hábeis caixeiros via-
jantes, mas delicados, atenciosos, insinuantes mesmo, moldados nas
regras da moderna civilização, a fim de nâo sucederem fracassos que
já se deram com estas manufacturas. Os mostruários em tempo
apresentados pelos caixeiros viajantes que aqui vieram, estavam
muito bem organizados.
3.° Qual o motivo da manifestada preferência pelos artefactos
portugueses ?
A boa qualidade e a perfeição da manufactura, aliadas ao preço
mais ou menos relativo.
4.° Chegou ao conhecimento de V. Ex." o boato propalado em
desábono desta indústria, de que as fábricas portuguesas exigiam adian-
tamentos para poderem satisfazer as encomendas ?
Sim, porem, como simples boato, e em nada afectará a conti-
nuação da boa marcha dos negócios entre fabricantes e impor-
tadores.
^
178
õ.** .4 jnejerência do artif/o portiic/aês. será por ser mais leve que
o similar de outras narões?
Somente em parte, e é devida principalmente ao seu elevado
grau de aperfeiçoamento.
6.° Qual o custo do artigo similar estrangeiro no local da pro-
dução ?
finito variado, pela diversidade de tamanhos, matérias-primas
empregadas, etc, regulando pouco mais on monos o custo das
nossas mercadorias.
7." Qual o direito que incide sobre o produto ?
Os capachos estão incluídos no artigo 419." da tarifa:
Quilogr.
De esparto, simples S200
Idem de quak]^uer outra qualidade ISOOO
De palha de coco, simples S800
Idem, orlados, ou guarnecidos de lâ, linho, ou algodão . ISòOO
As taxas para capachos de palha de coco eram respectivamente
de 500 e ISOOO réis por quilograma, passando em Abril findo, a
vigorar as actuais por disposição da lei do orçamento para o cor-
rente ano.
Todas as taxas acima citadas sâo acrescidas com o pagamento
de 35 *^/o em ouro, e como se trata de mercadorias em que houve
alteração nos direitos, damos uma fórmula de despacho :
174
Fórmula de despacho de capachos de coco simples
Quatro caixas contendo sessenta capachos de palha de
coco simples, pesando líquido, trezentos e quatro
quilos.
Eazâo 50 7o — 304 quilos a 800 réis 243S200
Capatazias S400
Estatística $040
Ouro 2 'Vo (Melhoramentos, cais do porto) 9$730
Réis .... 253S370
Ouro 35 o/o 85^120
» 2 o/o. 9$730
94S850
Papel 158$520 253S370
Ouro ao câmbio de 15 d 1705730
Papel 158S520
Cais do porto (armazenagem) 11S850
Agência e estampilhas 12S300
Carretos lOSOOO
Réis .... 363S4{X)
Despesa por quilo, réis. . . . 1$195
8° Qual a matéria-prima que se deve empregar de preferência ?
Esparto e palha de coco. Este assunto deve ser já suficiente-
mente conhecido pelos nossos industriais.
ÍO
9." Qual (i Jornia de acondicionamento para este produto, fardos-.
caixas ou qualquer outro processo, peso dos volumes, etc. '^
(xeralmente em fardos, como todos os nossos fabricantes já de-
vem estar inteirados.
10.° Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro'^
No geral é adoptado o prazo de 90 d/v., o que parece (jue deve
ser mantido, mas que também podo depender de prévios acordos.
11.° Quais as condições de expedição, embarque, etc?
Os concorrentes de outros países expedem as suas mercadorias,
F. O. B. (free on. hoard); os fabricantes portugueses entregam-nas
loco fábrica, e debitam inclusive capa e enfardamento, náo perdoando
despesa alguma.
12.° Não lhe parece que se deveria aconselhar os exportadores
portugueses a modificarem as suas exigência'^ nas condições de paga-
mento?
Nâo ha dúvida que toda e qualquer concessão seria l)em rece-
bida, mas a ocasião nâo é das melhores para certas facilidades, e há
absoluta necessidade de se fazerem as transacções com relativa
segurança.
13.° Outras quai-^^quer observações que Y. Ex/'' julgue conveniente
acrescentar.
A brevidade na execução das encomendas deverá ser olhada
com muito interesse.
Consultamos nove das mais conceituadas firmas da praça, e
todas elas nos afirmaram a superioridade da manufactura portu-
guesa; foram as seguintes: Alberto de Almeida & C."', Araújo San-
tos & C", Firmino Fontes & C", Fontes Garcia & C!\ Freitas
Couto & C."', J. Bainho d- C.^^, Leandro Martins & C.^, Navio & Enes
e Rodrigo Viana <& CV
176
Questionário n.° 21
XI — Pedras, terras e outros materiais semelhantes.
1. Manufactueas não especificadas.
o presente questionário abrange duas mercadorias :
1.° Ladrilhos, azulejos e mosaicos.
2.° Manufacturas não especificadas, incluindo mármores, cerâ-
mica, estatuetas, terras-cotas, etc.
Para as primeiras tivemos durante os últimos dez anos, um
movimento muito irregular, não se podendo mesmo estabelecer as
quantidades e valores até 1906, por estarem os ladrilhos e azulejos
englobados até àquela data com outros materiais de construção.
De ladrilhos hidráulicos, já aqui existe uma regular produção
calculada em 1911, em 3.937:000$000 réis. De 1907 a 1914, vieram
de Portugal, azulejos, nas seguintes quantidades e valores :
Anos Quilogramas Valores
1907 216:517 19:876$000
1908 24:607 7:173SO0O
1909 7:669 2:828$000
1910 20:450 5:736$000
1911 13:150 4:371SO0O
1912 9:704 3:620$000
1913 25:650 9:224S000
1914 10:191 3:5328000
A importação geral foi em 1913, de 12.963:137 quilos, compu-
tados em 2.3S1:246$000 réis, predominando no mercado o artigo
belga, alemão, inglês e francês.
Nas manufacturas não especificadas encontramos na Estatística
Comercial as seguintes quantidades e valores referentes a Portugal:
Anos
Quilogramas
Valore»
1905 7.869:9H5
232:574$00O
19()6.
(i.999:703
220:058$000
1907.
4.548:969
177:682$000
1908.
1.191:907
56:26935000
1909.
4.770:730
265:413íjS000
1910.
7.957:818
347:199$000
1911.
6.791:742
231:15535000
1912.
54:891
20:772í$000
19ia.
42:270
10:282í$000
1914.
36:528
5:871$000
O movimento teve grandes alternativas. Até 1911, excepção
feita do ano de 1908, predominamos no mercado. No referido ano de
1911, a importação geral foi de 9.245:684 quilogramas na importân-
cia de 1.008:764StXX) réis, cabendo a Portugal 6.791:742 quilogramas.
No ano anterior, as quantidades foram 10.163:178 quilogramas,
porém o valor inferior em cerca de 50 contos. Tivemos os seguintes
concorrentes : (Iran-Bretanha, França, Itália, Alemanha e Estados
Unidos.
De 1912 em diante a ordem é a seguinte : Itália, França, Clran-
Hretanha, Alemanha e Portugal.
Consistem estas manufacturas, principalmente, de mármores em
obra, e cantarias para construções. O principal mercado consumidor
tem sido o Norte do Brasil, figurando em primeiro lugar o porto
do Pará, com a primazia sobre todos os portos da República,
Dos restantes portos brasileiros, devemos mencionar em seguida,
Bio de Janeiro e Santos. Só o Pará, recebeu em 1910, 75 Vo *^^
importação geral, o que se explica pelo rápido desenvolvimento
daquela capital do Norte, produto dos seus exuberantes recursos-
Nos últimos três anos, a nossa exportação declinou de uma forma
incompreensível. Poderia ainda atribuir-se a qualquer desdobra-
mento na classificação da estatística, mas nem sequer esse facto so
dá, e mesmo que passasse para outra classe, notar-se-hia logo qual-
quer aumento no consumo dos produtos incluídos no agrupamento
de pedras, terras e outros minerais.
A indústria de canteiro ou marmorista, no Brasil, executa belo»
178
e artísticos traballios, empregando na maioria hábeis canteiros
portugueses. Contudo, em Portugal, esta indústria está muito mais
aperfeiçoada. Há escultores de renome, assim como artistas profis-
sionais de grande vulto. Aqui, sendo a mâo de obra, na sua genera-
lidade, muito mais elevada do que em qualquer país europeu,
a indiistria do canteiro ou marmorista, ressente-se da falta de
rendilhados e fi^ios lavores, característicos das nossas concepções artís-
ticas, e que o escultor português com tanto sentimento, sabe expri-
mir num simples e informe bloco de mármore.
A Câmara Portuguesa dedicou o vigésimo primeiro questioucí-
rio do seu inquérito aos artigos de cerâmica e obras em mármore,
formiilando os 12 quesitos seguintes:
QUESTIONÁRIO
1." Tem V. E.v." conhecimento do grau de perfeição a que chega-
ram em Portugal as indústrias de cerâmica e de canteiro?
Os azulejos portugueses, sao aqui sobejamente conhecidos
pelo seu regular fabrico, mas infelizmente este, está ainda muito
aquém da cuidadosa e variada fabricação de outros países europeus.
Conhecem-se também os ladrilhos hidráulicos ou mosaicos de
boa execução, mas que dificilmente poderão ter aqvii entrada, pelo
grande número de fábricas existentes no país, com produção anual
computada em alguns milhares de contos.
Os nossos mármores em obra podem facilmente bater todos os
similares que vêem ao mercado. Já fizemos referências a estes pro-
dutos quando tratamos das matérias-primas para as artes e indús-
trias, sob a rubrica mármores.
2.° A que causas atribui Y. Exf' a pouca aceitação que a cerâ-
mica e os mármores portugueses teem actualmente no mercado ?
Diversas. Para azulejos há duas poderosíssimas :
1." O seu preço exorbitante, comparado com o similar de
outras origens; a pouca prática na embalagem e os fretes fabulosos.
179
2." A falta de uni depósito, agente ou intermediário, (^iie tara
propaganda e coloque o artigo em condi(jóes aceitáveis.
Os ladrilhoít teem a concorrência do fabrico interno.
Para ynár mores e cantarias, liá a eterna luta dos fretes exage-
radíssimos, quando se consegue « praça ^^ em ([ualquer empresa de
navegação.
3.** Pode V. Ex.^ indicar-no^ quais os países que, em maior
escala, exportam para o Brasa?
Bélgica, Alemanlia, Inglaterra e França, para azulejos. Ultima-
mente os Estados Unidos, teem fornecido o mercado com artigos de
bom fabrico, igual ou talvez superior ao europeu.
Para mármores e cantarias, há três anos que predomina a Itália,
seguindo-se-lhe a França e a Inglaterra.
•i.*' Serão os preços do local de origem, inferiores aos dos artigos
portugueses ?
Para azulejos, certamente.
Os ladrilhos hidráulicos ou os mosaicos, de fabrico nacional, teem
a protegê-los um elevado direito pautal, de õSOOO réis por metro
quadrado.
Nos mármores, os transportes, as dificuldades nos embarques e
os exagerados fretes marítimos, encarecem-nos demasiadamente.
5." Quais as modificações que V. Ex."' julgue mais conveniente
introduzir na indústria do nosso pais para que a sua expansão comei'-
ciai no Brasil, progrida em vez de declinar ?
Para azulejos, aperfeiçoar o fabrico, estudar a maneira de equi-
parar os preços dos similares de outras origens, e cuidar sobretudo
de obter fretes reduzidos.
Vários importadores que visitaram diversas fábricas na Europa,
admiram-se de nâo terem encontrado nas nossas o pilão para o
refugo, como há nos outros países, assim como, a não existência do
tout-venant, sempre ÕO "/o o^ "^^ *^/o mais barato que a escolha. Para
mármores e cantarias, os transportes terrestres em Portugal são ca-
ríssimos, as dificuldades de embarque em Lisboa são incalculáveis,
e os fretes, quando por acaso se obtêm praça, sâo muitas vezes»
mais elevados que o custo da mercadoria.
Obstar a estes inconvenientes, nâo está na alçada dos nossos in-
dustriais; no entanto os Poderes Públicos devem prestar-lhes toda a
sua desvelada atenção, facilitando, por todos os meios, a saída dos
produtos de reputação já firmada, nos mercados externos.
180
6." Quait> os direUos que incidem sòhre as (livevf^as espeeiali-
dades ?
Azulejos de qualquer espécie (metro quadrado) . . . 2$000
Ladrilhos hidráulicos ou mosaicos (metro quadrado) . 5$0(X)
Pedras de granito ou cantaria, em bruto ou desbasta-
das— Razão 30 Vii • ad valorem
Idem em obras para construção de casas ou armazéns,
calcetamentos de ruas e semelhantes — Razão 15 Vo ad. valorem
Lousa ou ardósia em bruto ou em telhas (quilo) . . í$060
Idem em ladrilhos (metro quadrado) 1^600
Mármore e alabastro em obra — Razão 50 Vo- • • • ad valorem
Todas as taxas acima são acrescidas com o pagamento de 35 "/y
ouro, e mais despesas, devendo calcular-se sempre 50 "/o mais.
O preço regulador para o despacho ad valorem, será o do mer-
cado exportador aumentado de todas as despesas posteriores à com-
pra, tais como direitos de saída, fretes, seguro, comissão, até ao
porto de desembarque.
T.** Qual a forma de embalagem dos produtos similares das indús-
trias das outras nações?
Em engradados ou caixas bastante fortes. Há fábricas que fazem
as suas expedições de azulejos, em barricas, muito bem empalhados.
8.° Q.ual a forma de pagamento no mercado do Rio de Janeiro?
Para azulejos, as condições usuais, são de 90 a 120 dias da data
da entrega dos documentos : porem, quási todas as casas dão 15 dias
de prazo para aceitar o saque, a fim de ser conferida a mercadoria.
Para os outros produtos, a forma de pagamento é convencional.
9.'' Quais as condições de pagamento, embarque, etc?
Em tempo normal os preços são cotados « C /. F. Rio*.
10.** Não acha V. Exf'' conveniente que os exportadores portugue-
^^es, a exemplo dos das outras nações, enviem ao Brasil caixeiros via-
jantes habilitados e bem remunerados?
Muito proveitoso e de grande alcance para azulejos: demais,
tratando-se de manufacturas, por assim dizer, complementares das
fábricas de louça e porcelana, obrigadas a enviar ao mercado os
seus propagandistas. Estes terão somente de visitar maior número
de fregueses, pois que, são dois ramos de neg(')CÍo inteiramente dife-
rentes.
181
A missão dos ropresentantes, nao sorá muito difícil, se os in-
dustriais atenderem de ])ronto os pedidos, melhorarem o fabrico o
introduzirem novidades na execução dos variados desenhos e
padrões.
11." Não Jlie parece que se devia aconselhar os exportadores por-
tugueses a modificarem as suas exigências nas condições de pagamento?
Sem diivida alguma, fazendo concessões próprias em tais casos,
informando-se previamente das condições em que se encontra o
comprador, como procedem os exportadores das outras nações.
12.*' Outras quaisquer observações que V. Ex/'' julgue conveniente
acrescentar.
Para mercadorias de que trata o presente questionário, assim
como para muitas outras, julgam os importadores, pouco viável
qualquer impulso na expansão do nosso comércio, emquanto nâo
houver uma companhia portuguesa de navegação que barateie os
fretes. Um simples exemplo é suficiente para demonstrar a impossi-
bilidade da preferência do produto português, embora haja por parte
do importador, o desejo de nâo preterir a nacionalidade.
Qualquer mercadoria expedida de um porto do Norte da Europa
para Buenos-Aires, porto situado a 1:135 milhas ao Sul do Rio de
Janeiro, paga um frete muito inferior ao cobrado de Lisboa ao Rio.
A diferença no custo de fretes é tâo frisante que geralmente do
nosso país a qualquer porto do Brasil, (-obra-so mais 50 "/„ do que
de Hamburgo a idêntico destino.
Dadas estas circunstâncias, acrescidas ainda muitas vezes, pelo
custo da mercadoria exceder as similares, ou o seu fabrico nao ter
igual perfeição e o pouco cuidado prestado ao acondicionamento,
nâo é para estranhar que perdure no geral, um certo retraimento
na procura dos nossos produtos: contudo os importadores manifes-
taram o desejo de dar todo o seu apoio incondicional à iniciativa
da Câmara Portumiesa.
Prestaram-nos toda a sua A'aliosissima cooperação, os importa-
dores da praça, srs. Amarais Pimentel d- C", Domingos Joaquim
da Silva d- O.". Dias Garcia d C", J. A. Costa d O", Martins do
Amaral d C", Campos Silva d C."' e J. de Carvalho Neve^.
182
Questionário n.° 22
2. Telhas de baero.
Neste artigo, parece-iios que Portugal pode tirar alguma van-
tagem, pois durante o último decénio de 1905 a 1914, a Estatística
Comercial, fornece-nos dados que denotam uma progressiva impor-
tação, a-pesar-de duvidarmos que esta manufactura venha ao mer-
cado por encomenda directa. Afirmam quási todos os importadores
do artigo, que, a praça do Rio de Janeiro nâo recebe o produto
português, por várias razoes, e todas elas muito aceitáveis, parecendo
por este facto, que o forte da nossa exportação seja para os portos
do Norte do Brasil.
Para Portugal, dci-nos a Estatística, o seguinte movimento:
Anos
Quilogramas
Valores
1905 3.231:937
135:1 13$a)0
1906.
1.572:944
119:5191000
1907.
1.474:526
81:233$000
1908.
3.412:756
247:1 I9$0a')
1909.
1.443:218
102:321$0a)
1910.
1.711:160
122:175$000
1911.
1.709:733
139:623^000
1912.
5.740:640
321:875$000
1913.
4.154:773
226:12õ$000
1914.
174:840
11:124$000
Em 1905 e 1906, estão também compreendidos os azulejos e
ladrilhos hidráulicos, que até aquela data figuraram englobados. O
excessivo aumento em 1912 e 1913, é proveniente da importação de
telha para edifícios do Estado, tais como, vilas proletárias, etc.
O valor máximo da importação geral registou-se em 1913, com
57.199:451 quilogramas computadas em 2.764:925$000 réis.
Para os produtos cerâmicos, elaborou a Câmara Portuguesa di-
versos quesitos, obtendo resposta aos dez seguintes :
133
QUESTIONÁRIO
1." Sendo a telha portuguesa fabru-add com excelente mater in-
prima e pelo mais aperfeiçoado tipo Marselha, qual a causa da prejc-
rência no Brasil, pelo produto similar de origem francesa?
A telha portuguesa iiáo tem preferência no mercado do Rio,
por varias causas:
1." Dificuldades nos fretamentos, motivadas por escassez de
veleiros próprios e fretes convenientes.
2.° Diferença de preço.
H.° Diferença de peso, o que torna o frete muito mais caro.
4." Produção relativamente pequena.
5." Cirande percentagem de quebras.
Estas cinco causas teem a explicação seguinte :
Os embarques em Marselha, teem grande facilidade porque
àquele porto, acorrem prontamente veleiros italianos que se
encontram constantemente a frete em (iénova e em outros portos
de Itália. Ora o mesmo nâo sucede em Portugal, onde a maior parte
dos veleiros sc) aportam carregados e nâo em procura de fretes ;
daí o natural encarecimento destes, nos portos portugueses, quando
se olítèm praça, e que nunca é inferior a seis escudos por tonelada.
Em épocas normais o frete de Marselha para o Rio, regula Frs. 20 a
25 por tonelada de 1:000 quilos. Ocasião houve, em época de escas-
sez, em que foram pagos fretes a Frs. 36,00, mas este preço nâo
deve servir de regra.
A telha de Marselha regula custar F. O. B. também em épo-
cas normais, Frs. 120 a 130 o milheiro, ao passo que nas duas fábri-
cas de Lisboa e na da Pampilhosa e mesmo no Porto, nâo se obtêm
o mesmo artigo, escolha, a menos de Esc. 30SOO F. O. B., a
mesma unidade.
A dificuldade já apontada para se oljter veleiros, a par do
nâo existir faliricada grande quantidade de telha que possa de pronto
atender (j^ualquer encomenda, como sucede em Marselha, onde há
invariavelmente um grande stock disponível, fazendo-se carregamen-
tos de 500:000 telhas (carga usual de um veleiro), em menos de
trinta dias, resulta a falta de preferência para o produto da nossa
indústria cerâmica.
184
S." Conhece V. Ex."' o grau de aperfeiçoamento a que chegou esta
indústria em Portugal?
O fabrico é bom. Convêm, porem, notar que o peso da telha
portuguesa, é muito superior ao da similar de Marselha, con-
dição muito importante a atender em matéria de construção. Na
francesa, em dois tipos, obtivemos o peso de 2:500 e 2:700 gra-
mas; este último nâo é corrente no mercado, por ser de custo-
mais elevado. Na nossa, tivemos ocasião de verificar, também em
dois tipos (Pampilhosa), respectivamente 3:250 e 3:500 gramas.
Calculando o frete por tonelada de 1:000 quilos, à razão de es-
cudos 4$50, preço normal do frete de Marselha ao Rio, teremos para
a francesa, por cada milheiro, escudos 11$25, e para a nossa, pela
mesma unidade, escudos 15$75 ou seja uma diferença de 4 escudos
e meio.
Além destas desvantagens há ainda a das quebras; enquanto
na francesa é de 2 ^q, para a nossa é de 5 e 8 o/^.
3.° Havendo no nosso país, jjrivilégio de invenção e construção
de mãquinas-moldes, para fabrico de telhas, sistema português e marse-
Ihês. porque motivo não alcança esta no mercado brasileiro, preço idên-
tico ao da francesa?
Conquanto mais pesada, como já se disse, e desde que haja boa
escolha, obterá preço igual à de Marselha. O seu custo é, porém,
superior ao daquela ; exemplo :
Escudos
1.* quahdade 27$00 a 30$00
2.* » 24$00 a 27$00
3.* » 18$00 a 20$00
Est«s preços são loco fábrica, por cada milheiro ; em Marselha o
preço é de Frs. 120 a 130, a mesma unidade, F. O. B., ou sejam
Esc. 24$00 e 26$00 ao câmbio de $60 por 3 francos.
4." Em que condições vem ao mercado brasileiro o referido
artigo ?
Em navios de vela, fretados expressamente para esse fim e es-
tivada a granel. A encomenda é dada directamente aos fabricantes
ou aos intermediários
5.** Haverá ainda a chamada consignação para este artigo ?
185
Náo i-onsta na ])raí,'a o uso de tal jn-ocesso, a iiâo ser al^uin
caso excepcional que não tivesse transpirado.
6." Qual o preço no local de orií/em. pOso da anidiule, qiKitiddde,
etc, da teUui francesa 'f'
O preço normal em Marselha, regula de Frs. 120 a 130 por mi-
lheiro ; o peso 2:600 gramas cada uma, e a qualidade, de primeira.
7.*^ Qual a forma de fazer a expedirão, a granel, em gigos ou por
qualquer outro processo?
Em navio de veia com a lotação de HU) a TífXJ mil o a granel,
estivada com ripas de madeira.
8." Quais os direitos que sobrecarregam este produto nos }nercad<}s
brasileiros, e por quanto sài cada milheiro de telha posto no armazfm
do importador?
Com a taxa ouro e demais despesas, 112$000 réis por milheiro,
ficando nos armazéns do importador, em tempos normais, entre
210$000 a 230$0a^ réis.
9." Quais as condições de venda no mercado do Rio de Janeiro,
para este artigo?
Como são cncomemlas directas feitas aos faljricantes de Marse-
lha, o pagamento realiza-se após o embarque, contra entrega de
documentos; o frete, porém, é pago ao capitão depois de terminada
a descarga no porto de destino. Algumas vezes, paga-se metade do
frete em Marselha.
10.° Quais as condirò.^s de embarque, expedirão, etc. ?
Para o artigo marselliés, F. O. B.
Eliminamos cinco quesitos que estavam em perfeito desacordo
e só teriam razão de ser, no caso de a indústria cerâmica portu-
guesa se achar habilitada a produzir quantidades suficientes }>ara
poder ter stock em escolha, aprontando encomendas no prazo má-
ximo de 30 dias, como em Marselha, e expedi-las pelos meios de
transporte mais económicos ; isto, aliado ao preço equitativo, é
o meio mais prático para entrar em franca concorrência com o
artigo francês. A falta de mostruários em cerâmica, também se faz
sentir.
186
- Deve-se, porém, notar que no país, o fabrico de produtos cerâ-
micos toma de ano para ano grande incremento. Nos arredores do
Rio de Janeiro, estação de Jerónimo de Mesquita, temos a fábrica
de telha pelo processo^ mais aperfeiçoado de Marselha, da firma
Ludolf cSc Ludolf, com grande produção diária e nos arredores de
S. Paulo, em Jundiahy, existe em construção (actualmente parali-
sada), uma importantíssima fábrica, na qual já estão empregados
mais de 800 contos. Está aparelhada com os mais aperfeiçoados
niaquinismos que poderão produzir diariamente õO:000 tijolos e
lõ:()00 telhas. Nos confins do Norte do Brasil, uma hora antes do
transantlântico entrar na Capital do Estado do Amazonas, encontra
o viajante à sua direita, nas Lages, a importantíssima fábrica de
produtos cerâmicos moldados pelos mais aperfeiçoados processos,
pertencente à S. A. dos Armazéns Andresen.
Fomos coadjuvados no nosso tral^alho pelos srs. Amarais Pi-
mentel & C/\, Artur Bastos & C.^ Doyningos Joaquim da Silva & 0!%
.7. A. Gosta & C:\ Marhado Ba>^tos & c/ e Mesquita Bastos d- C/'
Questionário n." 23
XII — Peles e couros.
1. Calçado (excluindo o de borracha).
A-pesar-de ocuparmos o sexto lugar, na importação geral de
calçado no Brasil, pertence-nos uma bem diminuta parcela, conforme
se depreende pelo mapa demonstrativo que elal)oramos, relativo ao
último decénio.
18;
Para mercadorias, oui <|ue a unidade é o par ou a dúzia, a Es-
tatística não se refere a quantidades; ])or esse facto, damos só os
valores da importação de origem portuguesa em confronto com o
movimento "eral :
Anos
Importação portuguesa
Importação (jeral
1905 14:193í$000
606:õ61$(X)O
1906 .
23:246$00()
841:534$(X)0
19(^7
14:265Sa)0
968:768$(XJO
1908
12:279S00()
858:189SaX)
1909
17:054^000
787:7825000
1910
14:097SO00
1.010:592S00O
1911
12:38535000
1.249:914S(XK)
1912
17:536$00()
1.642:889Sa)0
1913
14:979$000
2.424:640$0(3<3
1914
6:491SO0O
507:685$000
A ordem em importância, por origens, 6 a seguinte: Estados
Unidos, Áustria, França, (Iran-Bretanha, Alemanha e Portugal.
O fabrico no Brasil, é importantíssimo, e está actvialmente re-
presentado por 5:606 fábricas. O forte da produção é nos Estados
de S. Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grrande do Sul. As últimas esta-
tísticas de produção publicadas, alcançam somente a 1911, em que as
fábricas eram apenas em número de 4:524 e a sua produção, baseada
no imposto de consumo arrecadado, foi de 57.132:587$000 réis, e
constou das seííuintes obras :
188
Produção de calçado no Brasil durante o ano de 1911
N.o de pares
Qualidades
Preço médio
por par
Valor da produção
38:760
1.195:081
2.127:708
1:297
159
1:205:433
1.164:439
078
6.842:021
1:052
Botas de montai*
Idem de couro ou pano até 0,22 de
comprimento . . . .
Idem, idem do mais de 0,22 de com
primento
Idem de couro ou seda até 0,22 de
comprimento
Idem, idem de mais de 0,22 de com
primento
Sapatos de couro ou pano até 0,22
de comprimento ....
Idem. idem do mais de 0,22 do com-
primento
vSapatos de seda de qualquer quali-
dade
Chinelos comuns
Chinelas de seda bordadas
Total, réis
23$0a)
5$(X)0
lOSOOO
15$000
24$O0O
o$000
10$000
18$00j
2$000
8$000
891:4a^00
5.f)75:4O5$O0O
21.277:0SO$O;)0
19:455*000
3:816$O0O
3.61t;:2í»9$(VH»
11.644:39Ul(XX)
12:204$;O3O
1B.OS4:042$00;)
8:416$0r)0
57.132:587$aX)
No mesmo ano, e a-pesar-dos 57:132 contos, valor da produção
nacional, importaram-se 1.24:9:914SO0O réis e dois anos depois, essa
importação atingia quási o dobro, pois foi de 2.424:640$000 réis.
O material empregado, é a sola nacional na sua quási totalidade,
pois que, a importação é diminutíssima, cerca de 50 contos por ano.
As peles e couros nacionais, só se empregam no calçado baixo.
Para o fino, recorre-se à importação, assunto já tratado no questio-
nário n.° 5.
O rendimento do imposto do consumo para o calçado nacional,
foi de 1.876:951$000 réis. Esse imposto é aplicado da seguinte
forma: Todos os fabricantes devem munir-se em qualquer ocasião
dos selos necessários ao seu fabrico, adquirindo-os no Tesouro ou
suas Delegacias, por meio de guias ou requisições. 8ó sâo aplicados
1^;^
na inonadoriíi (][iian(lo esta entra no cousuino, isto é, ao sair da
fábrica, porque einquanto armazenada está isenta do imposto. Cíe-
ralmente o selo é calculado sobre a produção mensal. Se no fim do
mês, o fabricante tiver saldo em selos, será este levado em conta do
mês seguinte, havendo livros especiais onde se debita a entrada dos
selos e a saída da respectiva mercadoria. A fiscalização é rigorosís-
sima e a qualquer contravenção, é aplicada a multa de 200S$0(X) réis
a primeira vez, 50l)$0(X) róis a segunda, etc.
O imposto de consumo também recai sobre o caJrado estran-
geiro e obedece à seguinte formalidade : pagam-se na Alfandega, os
direitos e demais despesas inerentes (para calçado há diversas taxas
segundo qualidades e comprimentos) e em face dos documentos
comprovativos, requisita-se no Tesouro, por meio de guias, os
respectivos selos, de uma ou mais taxas que variam também se-
gundo a qualidade da mercadoria. Adquiridos estes, apresenta-so na
Alfândega o duplicado da guia ou da requisição ao Tesouro, devi-
damente legalizada, e só então se considera a mercadoria completa-
mente desembaraçada de todos os tributos que constituem a princi-
pal renda do Estado.
No intuito de orientar os nossos fabricantes de calçado, na
melhor forma de difundirem as suas manufacturas no mercado bra-
sileiro, elaborou a Câmara Portuguesa o seu vigésimo terceiro
questionário com os dez quesitos seguintes :
QUESTIONÁRIO
1.** O que julga V. Ex." mais prático fazer-se para dar maior
exyansão 7io Brasil ao comércio de calçado português, tão apreciado por
todos os que visitam o nosso Pais ?
Actualmente não será muito fácil, visto que o calçado comum
americano, predomina no mercado. O seu diminuto custo na origem
comporta facilmente, o elevado direito aduaneiro que tributa esta
manufactura. O artigo português, aliás muito reputado, mas de
custo mais elevado, só poderia ter grande extracção desde que fosse
alterada a tarifa aduaneira, reduzindo-se o respectivo direito. Mas
essa redução, por certo afectaria e muito, a indústria do país, que
progride assombrosamente protegida por um direito igual ou supe-
rior muitas vezes ao custo do fabrico.
190
No entanto, o nosso calçado feito à mão, artigo fino e do mais
perfeito, de luxo emfim, para adultos de ambos os sexos, comporta-
ria facilmente a elevadíssima taxa, e se existisse aqui um mostruá-
rio completo de manufacturas portuguesas, liaveria toda a possibili-
dade, na sua colocação, desde que, bem entendido, os preços fossem
moderados.
2.° Qual o modelo de preferência usado no mercado ? Francês ou
americano ?
Americano para o fabricado mecanicamente, e o francês para o
manufacturado manualmente.
3.° O calçado destinado ao Brasil, deverá ser de esmerado fabrico,
mediano, ou de inferior qualidade?
Manufacturado à mâo, muito perfeito e o mais leve possível.
4.° Deve ser para adultos ou menores, e qual o sexo de prefe-
rência ?
Para adultos e especialmente para o sexo masculino.
5.® Quais as qualidades de material a empregar no seu fabrico ?
Espessura do mesmo, cores, ete. ?
Pelicas, verniz, box-calf em côr e também pelica- verniz ; o
material deve ser sempre de primeira qualidade, e do artigo
mais fino.
6.° Qual o custo, se Jôr possível, do modelo preferido no local de
origem ?
Muito variado ; do estrangeiro, o americano é o mais barato.
Os preços no mercado para o calçado nacional, regulam : obra feita
à mão, para liomem, de 30$000 a 40$000 réis o par; para senhora,
vai até õõSOOO réis. Trabalho mecânico, sem distinção de sexo, de
10$000 a 25^000 réis. Calçado estrangeiro, americano, de 15S0OO a
30$000 réis o par. O nosso, antigamente quando vinha ao mercado,
regulava 3ÕS000 a 50S000 réis.
O artigo português nâo deverá exceder o custo de 5S00 escudos
para botas e 3$50 centavos para sapatos.
1.^ Quais os direitos totais que incidem sobre o produto ?
Segundo o artigo 30." da Tarifa sáo os seguintes:
Par
Botas compridas, de montar 2OSO0O
Idem, nâo especificadas 15$00(3
191
Calçado de couro ou pele. ou tecido de algodão, lã ou h')iko:
Até '22 lentímetros de coiiiprimento:
Par
Botinas o coturnos íiSO')^)
Sapatos e borzeguins 1S"2()<3
De mais do 22 centímetros de comprimento:
Botinas e coturnos 7Si»J
Sapatos e borzegiiins .■3S2<)()
Calçado de qualquer tecido de seda ou de qualquer outro
tecido com mescla de seda:
Até 22 centímetros de comprimento :
Botinas e coturnos 6St300
Sapatos e borzeguins 3S<X)()
De mais de 22 centímetros de comprimento :
Botinas e coturnos 14S0(>J
Sapatos e borzeguins TSO»
Chinelas e sandálias de couro, pele, eic. :
Até 22 centímetros de comprimento 65700
De mais de 22 centímetros 1S1(3<3
Idem de qualquer tecido de seda, etc. :
Até 22 centímetros de comprimento 3S000
De mais de 22 centímetros 7$O0(3
Todas as taxas acrescidas com o pagamento de 35 ''/o em ouro
além de mais 2 % ouro, capatazias, armazenagem, despacho, etc, o
que as eleva a mais 50 ^/q.
192
(> imposto de consumo que recai sobre estas manufacturas é o
seguinte :
Par
Botas de montar 1$000
Botas para homem ou senhora $400
Sapatos, idein $200
Idem de setim $300
Calçado para criança, até n.° 31 $100
Sandálias ou chinelas $050
8." Qual o modo cie acondicionamento, einhalagem. número de
}>areí< por caixa, etc. ?
Bem acondicionado em caixas de cartão, muito consistente, vis-
tosas na aparência e o seu interior também muito cuidado. Um par
por caixa, ou uma única peça, quando se tratar de calçado muito
iino. de canos altos, para senhora. A ohra em verniz, separada por
lima pasta de algodão, para evitar que se agregue ou cole. As caixas
exteriores, de madeira leve, forradas de zinco, ou bom papel, ou
mesmo tecido muito impermeável e feitas à medida do conteiído.
A capacidade pode ser para 200 a 300 pares.
9,** Quais as- condições de venda na prara do Rio de Janeiro?
A prazo de 90 dias.
10." Quais as condições de embarque, expedição, etc. '^
(xeralmente F. O. E.
Eliminamos 4 quesitos, ([ue tratavam de mostruários, caixeiros
riajantes e condições de pagamento. Para os primeiros, dizem os
importadores que os fabricantes já conhecem bem o mercado, e qual
o artigo mais adaptável ao clima. Quanto a caixeiros viajantes, as
transacções nunca poderão tomar tal incremento que comportem tâo
avultada despesa. Nas condições de pagamento, os industriais se
quizerem colocar no mercado os seus produtos, terão fatalmente de
se cingir às condições da praxe estabelecidas de há muito nesta
praça, prazos nunca inferiores a 90 d/v.
im
ACESSÓRIOS
Formas : F;ibricam-se no país, por processo mecânico, artigo de
perfeito acabamento e óptima matéria-prima.
Saltos de madeira: Até há pouco, importa vani-so da França.
No país, por emq^nanto náo liá produção. Tentou-so aíjui introduzir
o nosso artigo, aliás muito bem fabricado, trabalho manual, lixado
e l)runido, um verdadeiro primor, comparado com o francês. Como
sempre, foi uma mera tentativa que parece ter fracassado devido
unicamente ao seu fabuloso custo. O francês, incluindo direitos,
custava 25366 réis por dúzia ; o nosso, saiu por 6$000 réis a mesma
unidade. E verdade que, o francês é fabricado mecanicamente, e nâo
é táo perfeito quanto ao acabamento : tivemos ocasião de fazer o
confronto e achamos efectivamente o nosso muito superior, mas a
enorme diferença entre um e outro é de 157 ^/,).
Os direitos alfandegários sâo contados ad valorem, razão 50 "/o^
e a mercadoria está isenta de selo de consumo.
Obtivemos os informes para a conclusão do presente estudo, de
vários importadores e fabricantes, entre eles, os srs. Cadete & C.^^
César Augusto Bordalo, Costa Bastos d- Fernandes, J. M. da Costa dCf^
Pereira Bastos & C/' e RohaUnho & C."
XIII — Produtos químicos, drogas e especialidades farmacêuticas.
1. Xão especificados.
Na estatística de importação, figuram os produtos químicos e
farmacêuticos, como provenientes de trinta e duas origens, cabendo
a Portugal o 6." lugar.
Registou-se o máximo do movimento em 1912, com 19.457:447
quilogramas computados em 15.168:217SCX)0 réis. Os países mais
194
favorecidos teem sido pela sua ordem, Alemanha, França, Inglaterra,
Estados Unidos, Itália, Portugal e Suissa.
O nosso país, figura no último decénio com os seguintes alga-
rismos :
Anos
Quilogramas
Valores
1905 ..... 234:3-19
199:276S000
1906 . .
178:223
219:439SO0O
1907 . .
268:882
264:564^000
1908 . .
151:545
200:193SOOO
1909 . .
222:810
229:236S000
1910 . .
• 394:700
353:313SO0O
1911 . . .
425:200
433:249SOO0
1912 . .
593:552
552:617^000
1913 . . .
275:613
342:536^000
1914 . .
354:102
422:663S000
O movimento no ano de 1914, foi superior ao de 1913, em
78:489 quilogramas calculados em 8(3:127S000 réis, facto digno de
se registar e que se dá ainda para nós nas seguintes mercadorias :
algodão em tio ou linha para coser, plantas não especificadas, especia-
rias e frutas verdes.
Como já tivemos ocasião de nos referirmos em questionários
anteriores, a anormalidade da situação durante o ano findo, fez bai-
xar a 50 %, na sua generalidade, a importação no Brasil. Para
alguns artigos, a baixa foi muito alem ; para outros limitou-se a
menor percentagem. Assim, para <' produtos químicos e farmacêuti-
cos», foi apenas de Vsj ^^ entanto, para nós houve um aumento
muito sensível.
As < especialidades farmacêuticas » , estão agrupadas com as
drogas e os produtos químicos. Em preparados farmacêuticos, indús-
tria muito variada e de grande complexidade, nâo se julgou a Câ-
mara Portuguesa com a necessária competência para dedicar-lhe um
aturado e profundo estudo. Simplesmente por este facto, deixou de
lí)5
fazer parte do inquérito por incio cie questionário especial; mas,
dada a circunstância do seu importante movimento no mercado e
no intuito de orientar o melhor possível os nossos industriais, e ao
mesmo tempo conliecer cpiais os artigos de maior consumo, consul-
t<\ram-se verbalmente alguns dos principais importadores e directo-
res de laboratórios farmacêuticos.
Do resultado dessas consultas, esperamos que sempre advirá
qualquer esclarecimento útil e aproveitável. Os artigos de maior
consumo, e os respectivos direitos sâo os seguintes :
Taxas
Agua inglesa (quilo) . 3SO0O
Cloreto de mercúrio (mercúrio doce e sublimado) (quilo) ISSOO
Emplastros: em massa ou magdaleoes (quilo). . . . 3S000
Idem estendidos ou esparadrapos (quilo) 2S000, 4$000 e 8S000
Extractos moles ou secos, 12 especialidades, variando as
taxas de ISõa") a 70S000
Fermento de uvas (Formosinho) ad valorem
Hidrolatos (seiva de pinheiro) (quilo) §300
Óleos medicinais :
De amêndoas (quilo) S800
De fígado de bacalhau 1$000
De beladona, baga de louro, camomila, etc. (quilo) . . 2^000
Pilulas da Família (Lemos, Porto) (quilo) 45$000
Sais medicinais (Aguas de Moura) (quilo) 48000
Sucos de frutas (amora, cereja, marmelo, sabugueiro, etc.)
(quilo) $300
Terebintina de Veneza (quilo) S800
Unguentos (quilo) 45000
Xaropes medicinais (James, Lisboa) (quilo) .... 3S200
Vinhos medicinais (Franco, Lisboa) (quilo) .... 3S000
Estas taxas sâo acrescidas com o pagamento de 35 % em ouro
6 outras despesas que as eleva, pelo menos, a 50 % niais.
Há ainda outros produtos que vêem em quantidade, do nosso
196
país, tais como, incenso, noz de cola, ossos de siba, pevides de mar-
melo e sarro de vinho.
Para «especialidades farmacêuticas», há o imposto de consumo,
cobrado por meio de selos, e calculado nas nacionais, sobre o preço
de venda e mais 10 ^/q, e nas estrangeiras, sobre o custo e mais
10 "/o- -^s taxas sâo as seguintes :
Até 5$000 réis, preço de dúzia, o selo para cada uni-
dade, é de S020
De 5^000 réis até 10$000 réis, preço de dúzia, o selo
para cada unidade, é de $040
De lOSOOO réis até 15S000 réis, preço de dúzia, o selo
para cada unidade, é de . $060
De 15$000 réis até 25$000 réis, preço de dúzia, o selo
para cada unidade, é de ; $080
De 25$000 réis até 4õ$000 réis, preço de dúzia, o selo
para cada unidade, é de $100
De 4ÕS000 réis até 60^000 réis, preço de dúzia, o selo
para cada unidade, é de $200
De 60$000 réis até 120$000 réis, preço de dúzia, o selo
para cada unidade, é de. . . $500
De 120$000 réis em diante, preço de dúzia, o selo para
cada unidade, é de 1$000
As águas minerais purgativas, para o efeito da cobrança do im-
posto, sâo consideradas como produtos farmacêuticos, pagando por
conseguinte na mesma proporção.
Vigora também a mesma tabela, para a cobrança do imposto
sobre perfumarias.
Funcionaram no Brasil, em 1911, 623 laboratórios de especiali-
dades farynacêuticas, com a produção de 11.177:762$000 réis, baseada
na arrecadação do imposto de consumo, que rendeu 602:255$000 réis.
Para iierfumarias, o número de fábricas ou laboratórios, era de
272, e produziram 6.309:225$000 réis, que renderam de imposto
414:018$000 réis.
Citaremos os laboratórios mais importantes do Rio de Janeiro :
Granado & C.'', Silva Araújo & C", Orlando Rangel & C.^ F. Wer-
197
nech cO C."', Francisco Giffoni et C", Alfredo Carvalho d- C" c A, P.
Cortei íG- CJ\ etc.
Manipulam-sc neles, com a máxima períeic-âo, todos os prepara-
dos de fórmulas conhecidas. O rolhamento dos diversos recipientes,
obedece a cuidados muito especiais, condição essencial para a con-
servação dos produtos num clima tropical, onde, devido à constante
humidade, em pouco tempo qualquer preparado se decompõe com a
maior facilidade, se não houver o maior cuidado em preservá-lo da
acção do ar.
As rolhas de cortiça, importavam-se da Alemanha. Actualmente
vêem de S. Félix de Guixol, Espanha. A preferência pela rôllia es-
panhola, é devida nâo só à sua boa qualidade como também ao pre-
paro que evita o ennegrecimento pela acção do ar. Depois de aplicada,
é coberta ainda por uma camada de parafina para o completo veda-
mento dos recipientes.
Os materiais para envoltórios, tais como, caixas de cartão, cin-
tas, papel, rótulos, prospectos e até o próprio fio, requintam em dar
ao preparado uma forma atraente e pouco vulgar. Todavia, impor-
tam-se também preparados autênticos, e se nâo se recorre às nossas
imitações, é unicamente devido a serem tâo caras, ou ainda mais, do
que as verdadeiras, e quanto ao acondicionamento é atrasadíssimo.
Tivemos ocasião de ver umas Ccipsulas portuguesas, em caixas
de cartão mal feitas, papel ordinaríssimo, rótulos sem gosto e bas-
tante inferiores. As cápsulas espalhadas ao acaso no centro da caixa
e em volta, um prospecto mal impresso em papel comum, bastante
espesso, que mais parecia um fragmento de jornal velho, servindo
de chumaço. Ora pagando as cápsula?, ãrageas, pérolas, glóbulos e coii"
feitos medicinais, o direito de 208000 réis por quilograma, incluindo
invólucros ou sejam 30SOOO réis com todas as desjiesas inerentes,
numa remessa avultada, os prospectos e envoltórios pagam relativa-
mente mais que o próprio medicamento.
Todos os preparados estrangeiros que véera ao mercado, trazem
prospectos e envoltórios ; os primeiros, de papel muito fino e leve,
algumas vezes, transparentes ou de seda; os segundos, também
muito leves, e quanto a acondicionamento, verdadeiras maravilhas
em simplicidade, asseio e disposição: o isolamento dos frascos ou
vasilhas, nas caixas, é feito com divisórias por meio de cartão cane-
lado. As caixas exteriores, de madeira especial e emalhetadas.
Outro produto em que os envoltórios precisara também de ser
198
leves, sâo as pastilhas comprimidas ou fundidas, que pagam réis
40^000 por cada quilograma, ou sejam 60^000 réis com o ouro e
mais despesas ; estão nas mesmas condições as pílulas, bolos, grânu-
los e grãos medicinais, cuja taxa é de 45$000 réis por quilograma,
nâo incluindo os 50 ^/,) das outras despesas.
A introdução de um novo preparado nos mercados brasileiros,
demanda ainda o emprego de um capital bastante avultado. E con-
veniente uma propaganda tenaz, sistematicamente feita, enviando
às principais sumidades médicas, hospitais, casas de saúde, etc,
pequenas amostras do medicamento, acompanhadas de prospectos,
reclames, o que aqui denominam literatura, enaltecendo suas pro-
priedades, seus efeitos, atestados médicos, análises, etc. ; isto por
várias vezes, terminando somente, depois de o produto ter firme
aceitação no mercado.
Todos os preparados devem ser aprovados pela Inspectoria de
Saúde Pública. Para obter o registo, requere-se à Inspectoria, o que
só pode ser feito por um farmacêutico, mencionando a fórmula,
dosagem e uso, acompanhando cada requerimento, três amostras do
preparado. Cada registo custa 41S200 réis, além da despesa de
lOOSOCX) a 200$000 réis que é preciso fazer com os agentes.
Nas nossas perfumarias há algum movimento, principalmente
para o Norte, mas é tão insignificante que não merece referência
especial.
Do exposto, conclúi-se que, os nossos produtos farmacêuticos,
muito aceitáveis, quanto a manipulação, sâo de preço mais elevado
que os similares. Salvo raras excepções, a apresentação externa ó
tudo quanto há de mais rudimentar, e o acondicionamento o mais
sumário que se pode imaginar, o que os coloca fora de concurso.
A propósito, citaremos um facto passado há bem pouco, entre
um industrial português e uma casa importadora da praça, e que
põe bem em evidência a pouca prática comercial dos nossos fabri-
cantes.
A insistentes ofertas de pensos de cambraia, e havendo uma
certa necessidade do artigo, fez a casa importadora, uma encomenda
como experiência, de 500 caixas de dúzia de pensos: mas em lugar
de cambraia, pretendia-se gase. O fabricante, porém, respondeu que
a oferta tinha sido para cambraia e não gaze e que as suas caixas só
comportavam 10 e não 12 pensos, motivo porque não deu execução
ao pedido. O resultado foi a anulação imediata da encomenda. Com
r.»!->
semelhante orientarão, é muito difícil concorrer ao mercailo bra-
sileiro,
A Câmara Portuguesa, no entanto, liça à disposição dos fal)ri-
oantes para quaisquer esclarecimentos mais detalhados.
Vários artigos.
1. Botões de osso.
A Estatística Comercial Brasileira classifica os hotões de Osso, no
artigo 2"23.°, com a denominação genérica de hotões de qualquer qua-
lidade sem designação de matéria-prima de que são feitos, motivo
por que não se pode calcular a quantidade de hotões de osso que o
Brasil actualmente consome.
Durante o decénio de 19l)õ a 1914, a Estatística acusa uma im-
portação de botões de qualquer qualidade, no valor total respectivo
de 1.015:815S0(X), 1.068:;}9(;S000, 1.5-3 1:097500), 1.093:055S0lX> réis,
1.056:088SCH30, 1.522:403SaX), 1.881:31()S00l>, 1.925:640S0a) réis,
1.965:4:42S000 e 751:G40SU)0 réis.
Até 1911, a França predominou no mercado brasileiro, distan-
ciando-se a Itália em 1912. em cerca de cem contos, O terceiro lugar
pertence à Alemanha e o quarto à Austria-Hungria. Dos outros
países é diminuta a importação.
Portugal íigura nos valores acima indicados com GõSOOO réis
em 190G e 1:0825000 réis em 1912, não se registando importação de
origem portuguesa em outros anos.
Para este produto, que se fabrica em larga escala, no Norte de
Portugal, liavendo até, segundo nos consta, no Porto uma fábrica
bem aparelhada e seguindo os mais modernos processos de fabrico
denominada Fabrica Portuguesa de Botões Limitada Pinheiro Maiíso,
a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro,
não formulou questionário especial; porém, o nosso consócio e colega
do Conselho Director, sr. A. Dias Leite, da firma Costa Pacheco cí'C."'
desta praça, espontaneamente se prestou a fornecer-nos os seguintes
esclarecimentos, enviando-nos ao mesmo tempo, amostras do artigo
que ficam à disposição dos interessados :
200
< Os botões de osso que sempre se importaram da Franca, estão
« tendo agora a concorrência espanhola. Em Portugal parece que se
« fabrica este botão e até já aqui apareceram amostras, mas alem de
«nâo serem dos tipos de consumo usual, chegaram em terceira ou
«quarta mâo.
« Os tamanhos de maior venda sâo os de 6 linhas e 7 linhas em
«branco (V?) e preto (Ys)-
«O botão francês, amostra n.° 1, custa: 6' linhas, Frs. 6,00: 7 li-
*:nhas, Frs. 7,00; desconto de 7 V^ por maço de 12 grozas franco
« embalagem fábrica.
«O botão espanhol, amostra n.° 2, custa: O Unhas, pts. 4,20;
« 7 linhas, pts. 6,00 ; desconto de 2 7o poi' maço de 12 grozas franco
«embalagem C. I. F. Rio.
«Estas condições sao para pagamentos à vista, pagamento que
«é efectuado na Europa pelo comissário, ao qual o importador bra-
« sileiro paga dentro do prazo que aquele llie dá, e que varia de 3 a
« 6 meses. A comissão regula 4 a 5 % e os juros pelo prazo, sâo
«habitualmente de 5 a 6 %.
«A mercadoria vem em caixões sólidos, arqueados de ferro e
« com o peso bruto nâo excedendo 200 quilos. Cada groza vem em
«uma caixinha leve (os botões a granel dentro da caixinha); 12 cai-
«xinhas embrulhadas em papel, formam um maço».
A taxa alfandegária para botões de osso é de 1$000 réis por
quilo (razão de 50 "^/q), sendo 35 % ^m ouro. Acresce mais um mês
de armazenagem, 2 ''/o ouro para melhoramentos do cais do porto,
capatazias, etc, podendo-se calcular que todas as despesas reunidas,
aumentam o direito em 50 %, ou seja 1$5(X> réis ]3or quilograma.
Questionário n.*' 24
2. Chapéus para homem.
A nossa indústria da chapelaria, bem pouco tem exportado para
o Brasil. Anos houve em que a importação se limitou sem dúvida
alguma, a simples amostras, pois encontramos em 1906, a irrisória
quantia de 13$000 réis, e em 1909, 85S000 réis.
•201
Como sucede para lodos os artigos, oin ^[\\o o direito alfandegá-
rio tem por base a unidade ou a dúzia, a estatística também nâo se
refere a quantidades. Limitar-nos-liemos, portanto, a dar os valores
das nossas manufacturas, vindas ao mercado no decorrer do último
decénio :
1905 7:226SOOO
1906 . • • 13S()()0
1907 176S000
1908 :-333SOOO
1909 85S0OO
1910 43ÕS000
1911 . 4r)9S000
1912 1:6365000
1913 37:94(kSOO0
19 U 8:687SO00
O extraordinário aumento que se nota em 1913 e mesmo o mo-
vimento assaz elevado no ano seguinte, comparado com os anterio-
res, explica-se pela grande importação de chapéus de palha, iniciada
naquele ano, e que nos precedentes tinha sido por assim dizer nula ;
tanto que, nesse mesmo ano de 1913, o valor dos chapéus de feltro
e semelhantes, fora de 1:517S000 réis, o que está de acordo com a
importação do ano anterior, e para os chapéus de palha cifrou-se em
36:4295000 réis, o que perfaz na sua totalidade, o acusado pela es-
tatística. Em 1914, dá-se o mesmíssimo facto, mas em muito menor
escala.
Esse aumento, demonstra que houve procura para a nossa ma-
nufactura, nos Estados do Norte do Brasil principalmente, e segundo
nos asseveraram, a qualidade e o fabrico sâo perfeitos, havendo no
entanto, umas pequenas reformas a introduzir no acabamento in-
terno ou forraçâo, que, na nossa indiistria, nâo apresenta um certo
luxo, muito comum aqui, a que o consumidor está habituado, e
pelo qual tem grande predilecção.
O nosso acondicionamento, já muito melhorado, nâo é ainda tâo
perfeito como o italiano ou o francês.
A importação geral cifrou-se em 1913, para os chapéus de feltro
202
e não especificados, em 1.04:6:Õ33S0C)0 réis ; e para os de palha, em
1.430:873$000 réis, nâo figurando nestes últimos, certamente, a
grande quantidade de Panamás ou Chiles, que, sem cessar, entram
clandestinamente no consumo.
Tem a primazia no mercado, a Itália com o seu Borsalino de
feltro. Seguem-se-llie a França, Inglaterra, Alemanha Áustria e
Peni.
A indvistria de chapelaria, está bastante desenvolvida no Brasil.
A maior produção é no Estado de S. Paulo. Sobre todos os chapéus
quer importados, (juer de fabrico nacional, para senhora, homem,
criança, e também nos de sol ou chuva, recai um imposto de con-
sumo, que varia segundo qualidades e preços. A arrecadação do
imposto, é feita da mesma forma que para o calçado, mas a estatís-
tica dessa arrecadação, engloba todas as fáljricas, sem as designar
por especialidades, formando um total de 534. Do mapa geral do
cálculo da produção nacional em 1911, em que vêem descriminadas
todas as manufacturas, extraímos a parte que se refere somente a
chapéus para homem :
QuuntiJiides
Qualidades
Valores
Médio (unidade)
Da produção
:>0S:0.')2
l.(>;}4:T;5i
974:939
o 22
85
l.S31:H10
Chapéus de crina ou palha de arroz
ou trigo, para homem ....
Ditos feitos de feltro ou castor, le-
bre, otc
Ditos feitos do palha do Chile, Peru,
Manilha, até ao preço do 10$000
Ditos de palha do Chile, o de pre(,'0
acima de lOSOOO
Ditos feitos do pêlo de seda, de mola
e claques
Ditos de lã
,3$0»)0
0$000
6$00l)
20$00l)
2,)$000
2S50L)
1.524:276$000
9.313:029$000
õ.849:634$000
4:44U$U00
2:125$0L)O
4.5T0:525$OOU
21.273:(>29$(X)0 '
203
( > valor clíi produção de cliapéus de cabeça para senhoras, e das
soml)rinlias<, guarda-sóis e chuva, iucluidos no niesnu^ mapa para
o cálculo da arrecadação do imposto, foi de 8.402 :512SiX>) réis,
perfazendo a totalidade para as 034 fábricas já mencionadas, do
29.675:541$a\^ réis.
Para a expansão da nossa indústria da chapelaria, consultou a
Câmara Portuguesa de Comércio, vários importadores, submetendo-
Iho os quesitos que seguem :
QUESTIONÁRIO
1.*' Conhece V. Ex.'^ o gr ande aperfeiçoamento a que chegou a
indihfria de chapelaria em Portugal f'
Todos os importadores da praça declaram não a conhecer, em
absoluto. Todavia, por alguns chapéus que aqui se teem examinado,
trazidos por pessoas que os adquiriram em Portugal, julgam-na
adiantada e capaz de competir com as congéneres de outras nacio-
nalidades. Demais, segundo relatam pequenos fabricantes aqui esta-
belecidos e que fizeram a sua aprendizagem em Portugal, de onde
são naturais, a mão de obra no nosso país, deve ser menor do que
aqui. pois (j^ue o nosso acabamento não é tão compli*cado: uma
simples operária, debrua, coloca a fita, cordão, forra e cose a carneira
interna, emquanto que aqui, são necessárias tantas operárias quantas
as operações que o chapéu sofre antes da sua definitiva entrada no
mercado.
2.'* Na afirmatica, queira V. Ex."' indicar a forma mais prática
de os fabricantes portugueses poderem concorrer com os seus produtos
ao mercado brasileiro ?
Enviando mostruários dos melhores artigos que fabricam, para
que se possam com facilidade confrontar com os de outras proce-
dências. O consumidor no Brasil, habituou-se a pagar por um cha-
péu de feltro Borsalino 2õS00(> réis: um Cristg\'^- de 26$t0) réis a
SOSOiH.» réis, e por um de palha de aveia ou trigo simples. lOSOOO réis;
204
estes sâo os preços dos artigos mais triviais. Um chapéu mole Bor-
salino ou mesmo inglês, regula 25$000 réis.
3.*^ Qual a procedência dos diversos chapéuf: de feltro, de prefe-
rência vendidos no mercado?
Ingleses, franceses e italianos.
Para os primeiros, as marcas mais acreditadas, sâo: Christys,
Melton e Pitt. Nos franceses, temos os Gellot e nos italianos o Borsa-
lino, inegavelmente o de maior procura e que deve ser tomado como
modelo pelos nossos industriais.
4." Qual a procedência dos chapéus de palha preferidos no mer-
cado ?
Italianos, franceses e ingleses.
Melan, é um fabricante italiano também muito acreditado ;
porém, o consumidor aqui e em S. Paulo, prefere o Borsalino de
que nâo há fabrico em palha, mas que no entanto aqui é vendido
com aquele nome, proveniente de diversas fábricas italianas. Para
os franceses, temos o Delion.
ò° Qual o peso máximo, que devem ter os fíhapéus-alto<-, coco
e mole ?
Nâo se pode determinar peso. Convêm de preferência os mais
leves.
6.** Sendo a chapelaria portuguesa esmerada no seu fabrico, como
julga V. Ex."' que deve ser a forraçào interna, tanto dos chapéus de
feltro, como dos de palha ?
Dando-se aqui uma grande importância à forraçào, é necessário
que esta obedeça a diversas combinações, carneiras vistosas de boa
qualidade, que nós nâo empregamos, senão no artigo muito fno,
forros de primeira qualidade^ podendo nos chapéus de palha, ter
cores iguais ou que combinem com a carneira. A fita consoante a
moda, estreita ou larga, mesmo muito larga, com fartos laços, tor-
nando o artigo elegante.
Neste particular reside todo o artifício para a boa aceitação dos
artefactos, e os industriais italianos estão obtendo vantagens sobre
todos os seus concorrentes. Pode o chapéu ser da maior simplici-
dade; o forro, porem, deve encerrar muita fantasia, aprimorando-o,
e muito particularmente do de palha, pela razão, que ao tirar-se da
cabeça, ou ao colocá-lo sobre qualquer móvel, é muito usual, íicar o
interior mais exposto. Os chapéus moles, extremamente leves, nâo
trazem forros, simplesmente dísticos com letras douradas, colados
21)5
no fundo. As carneiras muito vistosas c artigo do supcrioi- (|^ua-
lidado.
7." QuaLs- os prcros, em média, se i)0ssicel jCn\ no local de origem,
dos diversos tipos de chapéus de feltro f'
Variam conforme as qualidades, podendo calcular-so de (50 a
120 frs. por dúzia.
8." Quais os iireços no local de origem, jmra os de palha .^
Da mesma inaneira i\\\o para os anteriores, reoulam, de Frs. 40
a 80 por cada dúzia.
9." Quais os direitos que incidem no Brasil, para uns e outros?
Há diversos artigos na Tarifa, segundo a matéria-prima de que
são feitos. Para os que trata o presente questionário, temos no
artigo 9.°, os de pele de lebre, de lontra ou de castor, e de crina,
lisos, cada 6S4(X) réis. Ditos, enfeitados ad valorem.
Os chapéus de palha pelo artigo 21.°, pagam, sendo:
Unidade
Do Chile, do Peru OU de Manilha ....... 6$300
De palha da Itália e semelhantes, sem enfeites . . . 2$600
Idem de arroz, ou de aveia, trigo, palmeira e semelhantes 1S600
De qualquer qualidade com enfeites ad valorem
Estas taxas sáo acrescidas com o pagamento de 35 **/q em ouro,
e outras despesas, conforme se pode ver pelas duas fórmulas de
despachos que se seguem, uma da taxa mais elevada e outra da
taxa inferior. O imposto de consumo é o seguinte:
Cada
Chapéus de feltro, castor, etc S500
De palha de qualquer qualidade, até ao preço de 20S000. $300
De preço superior a 20S000 réis 2S0OO
De pêlo de seda de qualquer qualidade, de mola e claques 2$000
2(36
Fórmula de despacho para chapéus de feltro, etc.
Uma caixa pesando, bruto, duzentos quilos, contendo
cento e vinte chapéus de pêlo de lebre, lontra ou de
castor, e de crina, lisos.
Razão 60 7^ — 120 chapéus a 6$400 réis 76S$00O
Estatística $a20
Ouro 2 % Pí- do porto) 25$600
Réis .... 793S620
Ouro 3õ 7o 268^800
^> 2 7o 25$600
294$400
Papel . 499S220 79.3S620
Custo de 294S400 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . . 529$920
Papel 499S220
Capatazias . . . .' 1S300
Armazenagem 12$80O
Imposto de consumo (120 selos a 500 réis) .... 60$000
Despacho, selos e carreto 12^300
Réis .... 1:115S540
Despesa por unidade, réis .... 9S300
20;
Fórmula de despacho para chapéus de palha
Uma caixa contendo conto e vinte chapéus do jiallia de
aveia simples.
Razão 50 "V„ — l--^0 chapéus a ISea) réis 192S()0O
Estatística SOIO
Melhoramentos do porto 7S680
Réis
199S690
Ouro 35 o/o 67kS200
7S680
2 'Vo.
Papel
74S880
124S810 199SH90
Custo de 74S880 réis ouro ao câmbio de 15 d
Papel
Capatazias
Armazenagem
Imposto de consumo (120 selos a 300 réis)
Despacho, selos e- carreto
Réis
13IS790
124S810
1S3(30
3S840
36$(>3()
12S3(10
3135040
Despesa por unidade, réis,
2S<^in
10.° Qual a forma de acondicionamento, embalagem, etc. '^
Para os de feltro, em caixas de cartão consistente ; cada caixa,
com seis; e para os de palha, em caixas de doze. O acondiciona-
mento, o mais perfeito possível, igual aos sistemas francês e italiano.
208
Uma remessa, vinda ultimamente do nosso país, apresentava ainda
umas pequenas falhas que precisam desaparecer, a fim de se evitar
prejuízos.
11.° Qual a forma de j^agamento no mercado do Rio de Janeiro?
Contra saque a 90 ou 120 d/v. Outras condições, de acordo com
as vantagens oferecidas em descontos.
12.° Quais as condições de expedição, embarque, efe. ?
Loco fábrica, algumas vezes porém, F. O. B. (free on hoard).
13.° Não acha' Y. Ex." conveniente que os exportadores portugue-
ses, a exemplo das outras nações, enviem ao Brasil caixeiros viajantes
habilitados e bem remunerados?
Quási todos os fabricantes que concorrem ao mercado tem re-
presentantes idóneos, nas principais praças do Brasil, e a-pesar-de
terem os seus créditos firmados de longa data, enviam periodica-
mente caixeiros viajantes percorrer todas as principais cidades da
Repúl)lica. A própria fábrica Borsalino assim procede; tem mesmo
representantes que fazem, toda a América do Sul. em viagens que
duram muitos meses. Estando a nossa indústria de chapelaria habi-
litada a produzir em quantidade, artigo bom, e a preços razoáveis,
ou em equidade com outros concorrentes, poder-se-hia tentar a
experiência, mas com caixeiros viajantes, conhecedores da missão
de que sâo incumbidos, porque não se trata somente de representar
in nom.ine esta ou aquela fábrica, necessita-se tambêin aliar os
conhecimentos técnicos da indústria, e poder facilmente discutir com
o importador as vantagens na acquisiçao das manufacturas, etc.
Foram consultados os importadores da praça, srs. A. J. Gar-
cia d- C", Alberto Rodrigues & C.'', J. M. da Costa & C", José Maria
da Mota e L. de Almeida Rabelo & C."
209
Questionário n." 25
;{. FoLEVMK.
Por este termo, se designa a indústria, aliás importante em
Portugal, do poleelro ou fabricante de polés\ ou aparellios próprios
das construções navais c destinados a levantar pequenos pesos, fazer
correr adricas, etc.
No Brasil, estes aparelhos sâo conhecidos por moitfjes, cader-
nais, rodízios, roldanas, polés, etc, e náo teem designação especial
na estatística de importação, figurando nas diversas mercadorias
correspondentes à matéria-prima empregada no seu fabrico, madeira,
ferro ou qualquer outro metal.
A Câmara Portuguesa, tratou a indústria de poleeiro em 13
quesitos, mas dada a pouca importância do artigo, obteve respostas
satisfatórias nos sete que seguem :
QUESTIONÁRIO
l.*^ Conhece V. Ex!^' o estado de adiantamento, da indústria do
* poleeiro ■ em Portagal, que emprega no seu fabrico as melhores e mais
resistentes madeiras das nossas florestas africanas?
Até uma certa época, o nosso poleame foi preterido no mercado
pela inferioridade da matéria-prima. A madeira que os nossos fabri-
cantes empregavam, nâo era tâo resistente como a nacional. Há,
porem, importadores que conhecem perfeitamente o nosso artigo.
Um deles afirmou-nos que, na sua casa, negoceia somente com o
proveniente da Figueira da Foz, mas infelizmente a procura actual,
é toda para o de ferro.
2.* Na afirmativa, vê V. Ex."' possibilidade de introduzir no
mercado brasileiro, os artigos designados por moitões, cadernais, rodí-
zios, roldanas, polés, etc. ?
E muito possível com um pouco de força de vontade. Garece-
se, porem de um mostruário completo e respectivos preços, condi-
ções de venda, etc.
210
3." Qual a proceãência dos artigos similares preferidos pelo
mercado '^
Nacionais, devido em parte às magníficas madeiras do país.
■i.*' Fará estes artigos, geralmente comerciáveis por uma numera-
ção correspondente ao seu tamanho, e em escala ascendente, poder-se há
obter o seu preço de custo no local da produção ?
De uma roda, 500 réis por cada polegada. De duas ou mais,
1$000 e 1$500 réis por cada polegada.
5.*' Quais os direitos alfandegários aplicados no Brasil aos arti-
gos desta natureza?
Madeira: Pelo artigo 373.*' da Tarifa, pagam os moitões, cader-
7iais, e outras obras semelhantes de poleeiro, 50*0 réis -pov quilo-
grama, razão 50 "/q.
Ferro: Pelo artigo 753.°, estão classificados os rodízios, roldanas,
polés, e outros objectos semelhantes, com a taxa de 100 réis por
quilograma, razão 50 "/j^.
Acrescidas estas taxas com o pagamento de ;35 " ',, em ouro e
mais despesas, o que as eleva a 50 "/o-
6." Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro?
O mais comum é o saque a 90 d/ vista.
7.** Quais as condições de expedição, embarque, etc?
O mais prático é C. I. F. Rio.
O poleame, nâo é mais que um acessório do comércio de artigos
para navegação, e que se liga com a cordoaria. Um importador de
cabos tem fatalmente de negociar em artigos de poleeiro, em madeira
e em ferro.
Para tais artigos nâo se necessita de uma representação espe-
cial, pois que nâo comporta despesas extraordinárias, podendo entre-
tanto a sua representação juntar-se à de cabos e outros artigos da
indiistria da cordoaria.
Poleame de ferro preto, galvanizado e o de madeira ferrado,,
julgam os importadores, nâo haver ainda em Portugal fabrico sufi-
ciente para se poder iniciar uma exportação consoante as necessida-
•211
des desta praça. Para os de madeira simples, depende do agrado da
matória-prima empregada nas nossas manufacturas, insistindo os
mesmos importadores, pela existência aqui, de um mostruário com-
pleto dos nossos artigos.
Prestaram-nos o seu auxílio no presente estudo, os srs. Alberto
ã' Almeida <C C:', Dias Garcia & C", Júlio Miguel de Freitas & C,"",
Plácido Teixeira & C.^ é Rocha, Couto & C.^
y
CLASSE IV
Artigos destinados à alimentação
I — Bebidas:
Questionário n." 26
1. Aguas minerais de mesa, naturais e artificiais.
Até 1912, as águas minerais de qualquer natureza, foram clas-
sificadas na estatística de importação pelo artigo 846,^, do grupo
Produtos químicos, drogas e especialidades farmacêuticas. Em 1913, se-
pararam-se as medicinais das de mesa, ficando as primeiras, consi-
deradas propriamente medicinais ou purgativas no mesmo agrupa-
mento e as denominadas de mesa, começaram a fazer parte do
artigo 426.° da classe iv. Alimentarão.
Segundo a tarifa, sobre todas as águas minerais, recai o direito
de 350 réis por quilograma, com a diferença que, n^s medicinais ou
purgativas a percentagem ouro, era de 35 %, e nas de mesa, 50 %.
A de Vichy, por concessão especial, fazia parte das primeiras.
Emquanto o câmbio se manteve a 16 d., regularam aquelas
percentagens, mas desde que caiu a 14 d., foram equiparadas todas
as taxas, na razão de 35 ^{q. As nossas águas, consideradas de mesa,
obtiveram por esse facto uma pequena compensação, lutando em
igualdade de circunstâncias, principalmente com a maior rival, a de
Vichy. infelizmente, esse pequeno benefício foi pouco duradouro,
pois que, por força de lei. Decreto n.** 11:511 de 4 de Março do cor-
rente ano, foi criado o imposto de consumo sobre águas minerais
estabelecendo-se duas taxas ; as calinas ou laxativas únicas conside-
radas medicinais, foram equiparadas às especialidades farmacêuticas
para o efeito de cobrança do referido imposto : e para as de mesa
214
estabeleceu-se uma tabela de taxas inferiores de que resulta um
aumento para as salinas de 1S500 réis por caixa.
Portugal exportou para o Brasil, durante o último decénio, as
seguintes quantidades e valores :
Medicinais e de mesa em conjunto:
Anos
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
Quilogramas
Valores
113:385
100:112$aX)
95:478
95:455^000
89:478
95:101S0OO
61:257
55:8578000
94:504
88:934SO0O
109:630
100:51 7SO00
85:705
75:8768000
91:664
84:8648000
Anos
Aguas
Quilogramas
medicinais
Valores
Aguas
Quilogramas
de mesa
Valores
ir»i3
30:801
15:350
28:742$000
12:800$000
58:715
78:443
54:521$000
41:650$000
1014
As águas portuguesas mais conhecidas no Brasil sâo, de mesa:
a Castelo de Moura, muito vulgarizada nos Estados do Norte do
Brasil, e de um consumo extraordinário; Monte Bansão e Lombadas.
As de uso terapêutico, sâo : em primeiro lugar a de Vidago (Empresa),
da fonte Vidago; segue-se-lhe pela ordem, Pedras Salgadas; Entre
Bios: Melgaço; Bem Saúde; Guria e outras em muito menor escala
e que muitas vezes se importam somente com o único fim de satis-
fazer o desejo de tomar as águas da região que nos deu o berço.
A importação geral de águas minerais, naturais e artificiais,
atingiu o máximo de movimento em 1912, com 1.592:809 quilogra-
mas, computados em 1.234:2938000 réis. Predominou no mercado a
França, seguindo-se-lhe pela ordem a Alemanha, Espanha, Portugal,
Inglaterra, Austria-Hugria, Itália, etc.
Ainda assim, temos mantido o quarto lugar na importação, e
se a Espanha tem maior movimento, é devido às suas águas medi-
215
Cl na is purgativas', que umas vezes vêem directamente daquele país,
t)utras procedem do Fi'ança, das sedes ou depósitos das respectivas
empresas. Devemos aqui salientar que mas águas minerais, estão
tamljêm compreendidas as artificiais, que dão um forte contingente
aos algarismos já citados, figurando entre elas : a Ai)oUinaris, a
Pcrrier e a Seltz.
As estrangeiras mais conhecidas no Brasil, sâo as seguintes:
Salinas ou purgativas
Francesas: La Bourhoule ; com diminuta importação.
Espanholas : Carahaha, La Margarita de Loeches, Ruhinat-Llorach,
Buhinat Serre e Vila Cahra>i, todas muito reputadas e de colocação
firme no mercado.
Inglesas : Apenta.
Austro-Hungaras : Carisbad Hunyadi Janas, com consumo su-
perior a todas as suas concorrentes; Fram Joseph BitterqueUe;
PuUma e Seãlitz. esta também com regular consumo.
Alcalinas
Francesas: Chaiel-ÍTuyon, Contreoceville, Evian, Pougues (fonte
x\lice), Vais, Vichy (Estado), a soberana entre todas. Obteve em tem-
pos por concessão especial do .(lovêrno Brasileiro, ser classificada
como cigua medicinal, pagando a percentagem de 35 % em ouro. A
preferência é para as fontes Celesfins, Hõpital e Grande-Grille. Tam-
bém vem ao mercado, "a Dubois, mas em muito menor quantidade.
Finalmente há a de Vittel que actualmente tem grande procura.
Alemãs : Eniy.
Sulfurosas
Francesas : Eau.i- Bonnes e (Jriage.
Acidulas gasosas
Francesas: St. Galmier e Vais (Fonte St. Jean).
Alemãs: Apollinaris, Seltz e outras de restrito consumo.
Inglesas: Apollinaris, Perrier, Seltz e outras.
Italianas: S. Pelligrini e Acqua di Xoeera (Umbria).
216
Americanas : Depois da declaração da guerra eurbpeia, houve
nova tentativa por parte da América do Norte na introdução aqui,
da água White Rock, ^^ankesha, no Estado de Wisconsin. Esta
tentativa, parece ter vingado, na falta das águas europeias, pois que,
está definitivamente introduzida no mercado. Em lugar competente
nos ocuparemos do excelente acondicionamento dessas águas.
A situação tropical do Brasil, favoreceu a natureza esplêndida
da sua flora, a uberdade prodigiosa do seu solo e a pujança opu-
lenta das suas minas. Foi entretanto avara na dádiva das fontes das
águas minerais, onde de alguma forma fosse possível mitigar a
rudeza do clima.
Bem poucas existem, e ainda em menor niímero se exploram, e
estas mesmo teem uma carência absoluta de sais, e se realmente há
consumo avultado de águas nacionais, é porque uma caixa com 48
garrafas de meio litro, regula entre 22SO0O a 26S000 réis e o reta-
lhista, vendendo-as à razão de ISOOO réis cada uma, aufere bons
lucros que nâo pode obter, por exemplo, com uma caixa de Vichy,
com 50 meios litros, e que só de direitos paga cerca de 25$000 réis,
náo encontrando a devida compensação no preço de retalho.
Todas as fontes até agora exploradas, resumem-se nas seguin-
tes: Caa^amô^i, a que tem maior extracção; Gamhuquira: Lambari e
8. Lourenço, todas no Estado de Minas Clerais ; Salutaris, da A^ila da
Paraíba do Sul, no Estado do Rio de Janeiro ; Cofcovaão. nesta capi-
tal; Poços de CaJãas (fonte Samaritana), no Estado de S. Paulo e
0/cro Fino no Estado do Paraná.
Houve em tempos a artificial Vitalis, mas a-jjesar-de grande
reclame nâo logrou a aceitação do público. Segundo uma estatística
elaborada no ano findo, e referente a 1913, a produção total das
águas brasileiras naturais foi de 150:000 caixas com 48 garrafas de
meio litro, computada em 3.250:000^000 réis, se tomarmos por base
o preço médio de 25$000 réis por caixa, incluindo vasilhame. Com
o encarecimento dos artefactos de vidro, uma caixa de Caramba está
regulando actualmente 29S000 réis. A produção foi calculada da
seguinte forma:
217
Cnixas
(^axaml)ú 5():0(3()
SaluUris 25:000
Lambari 20:0(X)
Uambuquira 16:0<>3
S. Lourenço (actualmente paralisada) 15:(XJ(3
Corcovado (idem) KVOOi^
Poços de Caldas «:(.KX 1
Ouro Fino íi:00()
Total . . . 150:(X)U
A propaganda é um poderoso veículo para a difusão de (jual-
(]uer produto, e para águas minerais nâo há outro processo a seguir.
As empresas nacionais, esgotam todos os seus recursos numa luta
tenaz para dominar exclusivamente no mercado, asseverando (jue o
Brasil náo necessita ser tributilrio do estrangeiro, porque das suas
abundantíssimas nascentes, brotam (]Uotidianamente, magnílicas
águas tão mineralizadas como as estrangeiras e em ([uantidado muito
superior ao consumo do país ; mera fantasia, pois que, todas as
águas brasileiras até hoje exploradas, apresentam a carência absoluta
dos sais característicos das miíltiplas nascentes da velha I^uropa.
Se as nossas náo teem a vulgarização desejada, deve-se atribuir
unicamente à falta de iniciativa das empresas que nao ([uerem de
modo algum arriscar capitais embora haja toda a probabilidade de
sucesso e de auferi mento de lucros compensadores.
Ás nossas ágaas minerais, táo ricas em mineralização, o de re-
conhecidos efeitos terapêuticos, dedicou a Câmara Portuguesa o
vigésimo sexto questionário do seu inquérito, formulando os nove
quesitos que seguem :
218
QUESTIONÁRIO
1." As águas minerais portuguesas que mais aceitarão feem no
Brasil, são as de mesa. principalmente as de < Vidago >, «^Castelo de
Moura", '>• Pedras Salgadas*, «Curía^, e muitas outras ; possuindo Por-
tugal, excelentes estações termais, algumas de reputarão mundial para
diversas curas, o que acha V. Ex.^'' mais conveyiiente fazer para a divul-
gação e emprego dessas preciosidades naturais do solo português ?
Propaganda sistemática e baseada na mais sólida argumenta-
ção. Mais actividade comercial por parte dos exportadores, que se
limitam apenas a querer vender, sem previamente estudarem a forma
por que se introduziram e se manteem no mercado águas de outras
procedências.
E preciso também considerar a existência das empresas explo-
radoras das águas do próprio país, que guerreiam por todas as for-
mas as estrangeiras, e teem a seu favor, o patriotismo do consumi-
dor brasileiro, que só vê nos produtos do solo pátrio, verdadeiras
maravilhas. Distribuem essas empresas, custosos brindes, organi-
zam lotarias e tômbolas particulares, com prémios pecuniários ou
oljjectos de valor, chegando até a gratificar os empregados de cafés,
bars e botequins, estimulando-os por esta forma a oferecerem aos
fregueses, esta ou aquela água. Há ainda um perigoso concorrente
interno, o fabrico das artificiais ou imitações das mais afamadas ter-
mas europeias ; a própria Caxambu, Fonte de D. Pedro (nacional),
já em tempo teve fabrico clandestino nesta capital.
As águas portuguesas, ao cabo de pouca estadia no país, dete-
rioram-se com a maior facilidade. Exceptua-se a Castelo de Moura:
conserva, esta, por tempo indeterminado, uma limpidez impecável e
nao sofre alteração alguma na sua gasificaçâo, podendo-se talvez
atrilniir ao seu excelente sistema de rolhamento por meio de coroas
metálicas a sua conservação. Na de Yichj^, sucede outro tanto, e a
rolha também é metálica : é ainda este o processo que nos parece
mais prático, pois que a broca ou cujnm, muito comum nos climas
quentes, náo encontra campo para devastação. No antigo sistema de
rolhamento, sucede aquele insecto, entrar por qualquer interstício
da cápsula de estanho, furar a cortiça, fazendo derramar o líquido,
e, ajudado pela humidade, propaga-se assombrosamente, causando
sérios prejuízos.
■2VJ
1 >adas as couditóes cliiuatérieiís do Brasil, a base essencial
para a conservac,'áo de qualquer produto, consiste na maneira de
evitar o seu contacto com os agentes atmosféricos. A rolhagem
requer preceitos excepcionais, mesmo nos géneros produzidos no
país, quanto mais nos provenientes de climas muito mais frios
ou mesmo mais suaves. As próprias empresas nacionais muito
escrupulosas nesse sentido, prestam o maior cuidado a essa opera-
ção, da qual dependo o consorvarem-se as águas inalteráveis du-
rante tempo indeterminado. A rolha, de qualidade superior, pre-
parada com banho, provêm de Espanha, e é cotada a Frs. 21, cada
milheiro, C. I. F. Rio.
Nâo é frequente nas águas de outras procedências, a rápida
decomposição que se nota nas nossas. Nâo apresentam também as
impurezas de fonte ou efeitos de mineralização que se observam nas
de Vidago, Pedras Salgada^, Bem-Saáde e outras. O consumidor das
primeiras, habituado a ver água muito cristalina como Vichy, Apol-
linaris e tantas outras, regeita as nossas por conter depósito e nâo
há meios convincentes que o façam mudar de opinião.
A deterioração provirá da deficiência do rolhamento?
Um aturado e profundo estudo dos profissionais sobre tão grave
inconveniente, talvez trouxesse resultado prático para a difusão das
nossas águas medicinais no vasto território brasileiro, onde há
regiões em que a água cristalina é desconhecida. Estudadas as cau-
sas e removidas, é indispensável ainda, não descurar a propaganda.
Esta, naturalmente no começo, provocará um pesado encargo, mas
terá a devida compensação. Os nossos exportadores teem por hábito,
mostrarem-se sempre contrários a despesas prematuras, não as
admitindo mesmo, mas no caso j)resente, é o único caminho por
onde se deve enveredar.
2." Quai.^i as modificações a introduzir em Portugal, na exporta-
ção das aguas minerais: medicinais ou de mesa?
As medicinais, vendem-se em caixas de 48 meios litros. As de
Vichy, importam-se com 50 garrafas também de meio litro. A nossa
Castelo de Moura, como tem o forte da sua exportação para os Esta-
dos do Norte do Brasil, onde é mais comum a garrafa de menores
dimensões, adoptou dois tipos de caixas, um para 48 meias garrafas
e outro para 96/4. A Apollinaris tem os mesmos tipos e igual nú-
mero de vasilhas. As de Whife Rock seguem o sistema da de Vichy
para a quantidade: 50 meias garrafas e 100 quartos. As duas garra-
220
fas de sobrecelentes nas primeiras e quatro nas segnndas, conside-
ram-se como para fazer face às quebras.
Todos os povos onde há a verdadeira orientação comercial,
adaptam os produtos ou mercadorias às exigências do mercado con-
sumidor; nós, temos por hábito impor o mesmíssimo fabrico, acon-
dicionamento, maneira de transaccionar, etc, usados no mercado
interno.
No acondicionamento das nossas águas, empregam-se caixas ou
meios engradados de madeira bastante espessa, pesadíssimas : essas
caixas ou grades, depois de trajectarem inúmeras vezes entre a fonte
e o depósito, e quando o seu estado náo permite já uma longa du-
ração, destinam-nas ao Brasil, de onde náo há retorno: chegam meio
desconjuntadas, e pelos orifícios vêem-se palhões com bastante uso
6 fundos de garrafa bem pouco simetricamente dispostos. As caixas,
desiguais, nunca dâo o acondicionamento que se observa nas águas
concorrentes, e o conjunto nada atraente, faz supor que é uma
mercadoria já retardada. Da economia do aproveitamento das caixas
velhas, resulta que as nossas águas dificilmente poderão ter maior
consumo ; a aparência exterior do produto afasta muitos possíveis
compradores, e a percentagem em quebras é muito elevada, chegando
por vezes a 10 Vo-
Há pouco foi aqui introduzida com sucesso, a água americana
White Roch. Fez grandes reclames. As caixas muito iguais, novas,
de bom aspecto externo trazem um primoroso acondicionamento, de
grande novidade e que consiste para cada garrafa, em vez do tradi-
cional palháo, no seguinte envoltório : Envolve-se a garrafa na parte
mais grossa, numa tira de papel bastante espesso colada na extre-
midade. Por cima dessa tira ou capa, espalham-se fibras de madeira,
muito finas ; envolve-se novamente numa outra tira de papel mais
fino, também colado na extremidade, formando o conjunto, uma
espécie de almofada cilíndrica em torno da garrafa. O gargalo fica
completamente descoberto ; as garrafas sâo dispostas invortidamente,
como é costume, assentando os gargalos entre as almofadas das que
estáo em sentido contrário. As caixas feitas na medida exacta das
50 garrafas náo necessitam de nenhum auxílio de palha ou fibra.
Na parte externa, sâo reforçadas nas extremidades das faces laterais
por quatro travessas dispostas verticalmente e horizontalmente for-
mando quadrado, dando-lhe um bonito aspecto. Nestas águas a per-
centagem em quebras náo vai alem de 2 'V'o-
■2-21
i)." Qual a preferencia no hrasíl pela.i ágiia-t minerais : metlici-
)iais ou de mesa?
Não havendo em Portugal águas salinas e em virtude da nova
ola3SÍficrt(,'áo da Tarifa Alfandegária, só podemos concorrer com as
de mesa, embora estas tenham gramle aplicação em usos terapêu-
ticos. O preço também é um factor poderosíssimo para a sua expan-
são. A água de Vichy, por exemplo, empregada nos dois usos, custa
Frs. 23,50 C. I. F. Eio cada caixa de 50 meios litros e ó nesta base
ou ainda em nielliores condições que as nossas águas devem con-
correr ao mercado ; de outra forma, é inútil pensar introduzi-las em
maior escala, embora tenham grande reputação.
O preço da Vichy tom regulado 48$00() réis por caixa, a Castelo
de Moura 40$0(X) réis por caixa de 48 meias garrafas. A Apollinarvi
no actual momento está caríssima, pois atinge 65$00O réis para a
de 48 meios litros e 75$(X)0 róis a de 96 quartos. A Withe Rock
veude-se à razáo de 50$000 por caixa de 50 meias garrafas. As
outras, teem uma grande variedade de preços.
4.* Quais os direitos sobre umas e outras?
A taxa é uma única, 350 réis por quilograma, sendo 35 *^/y em
ouro, e 65 "/(, em papel, alem de outras despesas conforme se pode
vêr pela fórmula de despacho para uma remessa de, 40 caixas de
Vichy, que damos a seguir:
222
Fórmula de despacho para águas minerais
Quarenta caixas contendo água mineral natural pesando
líquido mil e oitocentos quilos.
Razão 60 % — 1:800 quilos a 350 réis
Estatística
Ouro 2 7o (M. do porto)
Réis ....
Ouro 35 7o 220S500
» 2 7o 21$0(X)
241S500
Papel 409S900
Custo de 241 $000 réis ouro ao câmbio de 14 d.
Papel
Selos (2:000 de 20 réis)
Capatazias
Análise
Despacho e estampilhas
Carreto
Réis ....
6305000
$400
21 $000
651 $400
651 $400
465$610
409$000
40$000
15$000
20$000
17$300
20$000
986$910
Despesa por caixa, réis
24$650
O imposto de consumo para águas minerais é de criação recente,
Decreto n." 11:511, de 4 de Março de 1915, e é o seguinte para as
nâo consideradas salinas ou purgativas : Cada litro 40 réis ; Garrafa
30 réis ; 3íeio litro 20 réis : Meia garrafa 15 réis.
223
5/^ Qiud a J o nua de paí/amenfo na inara fio luu de Jancnd f
Sa(|iio directo a \'20 dias da data da factura, em esterlino «ui
escudos.
6.^ Quais as' condirdes de ex'])edi<;ào, embarque, etc. 9
C. I. F. é a forma preferida; no entanto, visto a impossibili-
dade de uniformizar o frete, por falta de navegação portuguesa para
o Brasil, está todo o comércio de exportação em Portugal, sujeito a
vender os seus produtos F. O. B., ao passo que os concorrentes de
outros países, obteem reais vantagens transaccionando com a clau-
sula C. 1. F.
1.° Xão acha V. Er/'' conveniente que os exportadores portufjue-
seSy a exemplo dos de outras nações, enviem ao Brasil, caixeiros vi a-
iantes habilitados e bem remunerados ?
No presente caso, não é bem a um caixeiro viajante, que deve
ser cometida a representação, mas sim a um hábil propagandista.
As empresas que se abalançarem à conquista do mercado, devem
previamente nomear os seus agentes com residência fixa, e depois
enviar o ])ropagandista com conhecimentos especiais que o habili-
tem a realçar as propriedades das águas que representa. Tratando-se
de águas puramente medicinais, e com reputação mundial já firmada,
só profissionais se poderão desempenhar cabalmente dessa missão.
As empresas brasileiras, teem os seus propagandistas constan-
temente em viagem, mas como se trata simplesmente de águas de
mesa, estes nâo sáo nenhumas sumidades, simplesmente homens
práticos, activos, bem remunerados, e autorizados a fazerem despe-
sas extraordinárias para o aumento do consumo das águas que re-
presentam.
A escolha de bons agentes locais tornará a missão do propa-
gandista, muito mais suave.
8." Não lhe pwece que se deveria aconselhar os exportadores por-
tugueses a modificarem as suas exigências nas condições de pagamento?
E indispensável que acompanhem a forma de pagamento habi-
tualmente esta])elecida. Demais, para este produto, é fácil obter essa
condição, pois que todas as empresas são poderosas.
9." Outras quaisquer observações que V. Ex" julgue conveniente
acrescentar.
«Consultamos também o sr. Artur Brandão, ex-representante
da Empresa das Aguas de Vidago, e pela sua competência no assunto,-
extremamos a sua opinião » :
224
Os direitos aduaneiros excessivos sobre águas minerais, anulam
todos os esforços que liâo obedeçam a um plauo sólido, organizado
sobre uma forte verba de propaganda. A única água mineral portu-
guesa que pode ol^ter estabilidade na sua colocação, é a de Vidago,
por ser aquela que maior nome tem, e pela sua aplicação ou uso se
adaptar a um maior número de casos.
Precisa, porem, concorrer no tipo de vasilhame aplicado nas
águas de Vichy, Caxambu, Camhuquira, Lambari, etc, e o seu custo
ao importador, não deve exceder a mais de 8(X) réis por garrafa, de
maneira a sor vendida ao retalhista a 900 réis. Este preço é superior
ao das outras águas, mas é o único que pode permitir a colocação,
pois vendida ao público a mais de 1$200 réis. não obterá consumo
compensador.
() revendedor é o elemento principal no lançamento de qualquer
produto, e muito principalmente nos artigos denominadas molhados.
Estabelecidos agentes em todos os Estados e com uma despesa de
propaganda calculada em 20 e 10 contos anuais, alternadamente, a
Vidajo deverá colocar anualmente no Brasil no primeiro período de
cinco anos, uma média de 10 a 12 mil caixajj de -18 garrafas do alu-
dido tipo.
Nâo tendo outra qualquer água portuguesa a mineralização e o
nome da Vidago, só esta poderá vencer entre as suas concorrentes
brasileiras.
Poderá a Vidago ser fornecida pela respectiva empresa pelo
preço a que se alude V
Na prática e segundo a maneira de ver do mesmo representante
o mercado do Brasil para as águas minerais portuguesas, ó de-
masiado difícil para que se possa conquistar, principalmente porque
o espírito exportador português, com raras excepções, nâo com-
preende a despesa de propaganda reclame, que no Brasil se torna
absolu tamente indispensável.
Coadjuvaram-nos no nosso estudo, além do sr. Artur Brandão,
já citado, os srs. Álvaro de Carvalho Cordeiro, Carvalho Rocha & Cf\
J. de Carvalho Neves, J. Ferreira & C."', José Constante <& C", Gra-
nado (ic C.'^, Lebrão d- C^^ e Lourenço da Costa d' C."
225
Questionário n. " 27
2. Bebidas alcoólicas e fermentadas.
3. Vermute, Biteb e semelhantes.
4. Vinhos espumantes (tipo Champagne).
5. Vinhos pinos (Pôbto e semelhantes).
6. Vinhos comuns.
No agrupamento hébidcift da classe iv, produtos destinados ã ali-
mentação, Portugal tem um lugar proeminente. Só pelo artigo
n." 434, da classificação das mercadorias da Estatística, vinhos
cohtuns, ou de pasto, figuramos com 43,50 % ^^^ valor total da nossa
exportação para o Brasil.
No artigo 433.°, vinhos finos (Porto e semelhantes), a importa-
çílo de todas as origens, atingiu em 1912, 7.407:777S(JOO réis, caben-
do-nos 7.023:538800(3 réis, ou sejam 384:2398(^X30 réis, para os res-
tantes países.
Ao extraordinário consumo dos nossos vinhos, nos mercados
do Brasil, nao corresponde, a-pesar-de muito importante, o movi-
mento das entradas, acusado pela Estatística Comercial. Os nossos
vinhos de mesa, estão sujeitos no Brasil, a vários processos de des-
dobramentos e lotações com os nacionais e mesmo estrangeiros de
maior graduação alcoólica. Empregam-se ainda outros sistemas de
adulterações. Depois de lotados ou preparados passam por genuínos
portugueses. Os vinhos que entram na composição sâo, em proporção,
mais baratos que os nossos 40 %. Daí advêm um excesso do con-
sumo sobre a quantidade importada, estabelecendo-se uma concor-
rência desleal com os legitim,os e proporcionando aos Jahricantes
magníficos lucros. Há ainda as falsificações dos generosos ou licoro-
sos, engarrafados e encascados, casos do domínio público e que
quási diariamento se repetem.
I^odos estes factores contribuem poderosamente para impedir
maior expansão aos nossos vinhos, apreciados em todo o Brasil, e
de tâo fácil colocação no mercado, se houvesse por parte dos expor-
tadores um pouco mais de iniciativa comercial.
226
Incontestavelmente a nossa exportação para o Bi-asil, tem au-
mentado de ano para ano, como adiante se pode verificar, mas ainda
está muito aquém do consumo que os vinhos com o nome de porta-
fjueseSf teem no mercado. Se houvesse uma rigorosa fiscalização por
parte das autoridades brasileiras, de acordo com os respectivos
Governos dos dois países, aliada a uma acção conjunta dos nossos
exportadores, a fim de garantirem suas marcas, a nossa exportação,
por certo, atingiria som esforço algum, mais 50 Vo- ^ próprio (lo-
vêrno Brasileiro, lucraria imenso com as medidas repressivas que
estabelecesse, pois embora tivesse despesa com a fiscalização, as re-
ceitas provenientes dos direitos alfandegários, e impostos de con-
sumo, cobririam fartamente essa despesa.
Para todo o vinho falsificado ou adulterado, o Estado, como é
notório, nâo cobra imposto de espécie alguma. Os selos adquiridos
no Tesouro, para pagamento do imposto de consumo, sobre bebidas
importadas, e nâo utilisados, por qualquer circunstância, como seja,
quelíras, faltas, consumo particular em que o selo nâo é aplicado na
vasilha, e ainda o aproveitamento dos que já foram empregados, sâo
vendidos a agentes dos falsificadores que os pagam até com ágio
para algumas taxas, e vâo servir em produtos fabricados clandesti-
namente, em laboratórios cuja existência é sempre desconhecida, pois
geralmente nem o simples imposto industrial pagam. Ultimamente,
segundo a imprensa tem relatado, tem-se feito algumas apreensões e
descoberto alguns laboratórios, onde até o precioso CJiampagne se
falsificava ! Os nossos vinhos do Porto também ali figuravam com as
mais acreditadas marcas.
A importação de bebidas de origem portuguesa, nos mercados
bi*asileiros, durante os últimos dez anos, em confronto com a impor-
tação geral, e segundo as suas diversas categorias, exceptuando,
porém, as cervejas, licores e xaropes, sucos de maça e uva, teve o
seíiuinte movimento :
227
Bebidas alcoólicas e fermentadas
Anos
Po
rtugal
Valores
Importação geral
Quilogramas Valores
Quilogramas
1905
117:434
109:887
136:474
109:835
133:740
187:054
133:455
162:311
209:576
86:656
148:512$000
138:512$000
182:643$000
129:386$0a)
184:94õ$0O0
285:935$000.
210:166$000
235:251$000
433:368$000
117:2021000
875:636
843:659
922:896
741:627
964:741
1.371:334
1.268:061
1.550:053
1.546:055
833:527
1.112:519$000
l.]93:024$000
1.149:320S000
1.170:346$000
1.547:706$000
2.042:372$000
2.079:232$000
2.597:3451000
2.568:353$000
1.419:776$000
1906
1907
1903
1909
1910
1911
1912
1913
1914
O nosso movimento, teve marcha ascendente, acompanhando o
de todos os outros países. Neste artigo da classificação das merca-
dorias pela Estatística, estão compreendidas as aguardentes, de
vinho tipo Cognac, as de cereais, tipos Oenehra, Wishy, etc, e todas
as bebidas semelhantes.
Até 1913, os seis países que disputaram o mercado em maior
escala, conservando a ordem, foram: França, Grran-Bretanha, Portu-
gal, Holanda, Alemanha e Uruguai.
Vermute, Biter e semelhantes
Os vinhos amargos de preparação recente no nosso país, tive-
ram larga aceitação no mercado, como se depreende pela sua grande
marcha ascendente na importação do Brasil. No primeiro ano do
decénio, limitou-se a entrada a 1:851$000 réis e nove anos depois, o
movimento atingia 591:2618000 róis. Também se devo registar o
facto da pequena baixa acusada na importação do ano findo, réis
64:701S000, quando para quási todas as mercadorias a média foi de
228
50
'/q. Compreende este artigo, os vermutes, os amargos, os vinhos
do Porto, aperitivos, tónicos, etc, e o movimento foi o seguinte
Anos
Po
Quilogramas
rtugal
Valores
Impori
ação geral
Valores
Quilogramas
1905
1:675
1:478
10:561
8:748
10:896
12:846
24:046
99:449
290:317
213:980
1:851^000
2:686)^000
23:791^000
15:978^000
18:890^000
26:03611000
48:9261000
200:49 liSOOO
Õ9]:261íg000
426:5601000
939:520
1.018:383
1.223:362
1.120:673
1.124:638
1.562:765
1.784:439
2.387:393
2.543:827
1.487:372
978:441^000
1.108:705,^000
2.459:349^1000
1.317:4081000
1.378:850^000
1.776:715^000
] .991:485^000
2.872:857^000
3.195:851iíl000
2.002:9851000
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
Desde 1912, que ocupamos o terceiro lugar na importação em
concorrência com a Itália que teve em 1913 um terço do movimento
geral, seguindo-se-lhe pela ordem, França, Portugal, Alemanha,
Espanha e Uruguai.
Vinhos espumantes, tipo Champagne
Os nossos espumantes tiveram outrora uma certa aceitação no
mercado brasileiro, podendo afirmar-se que o seu declínio se acen-
tua. Nos últimos dez anos, a importação geral, sempre com marcha
ascendente até 1913, aumentou 194 7o' emquanto que, para nós,
houve depois de várias alternativas, uma baixa de 61,50 '^/q durante
o mesmíssimo período. Em 1906, houve um pequeno aumento de
24:563$000 réis, mas no ano seguinte começou a decair, chegando
em 1912, a nao atingir 20 contos de réis. O movimento foi o
seguinte :
229
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1905
1906
15:939
22:680
13:745
12:488
11:611
14:133
11:135
4:138
7:494
2:293
82:6625000
107:225|!000
71:5015000
61:1015000
58:0775000
71:9565000
30:9665000
19:2925000
31:8465000
10:0725000
101:368
146:492
112:154
103:967
135:182
180:318
193:859
213:202
223:744
76:287
408:8295000
552:4215000
468:8525000
438:9055000
550:6715000
762:2835000
807:5455000
1.047:1945000
1.197:3615000
398:0295000
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
O mercado foi disputado pelas quatro nações seguintes : França,
com cerca de 900 contos nos anos de 1912 e 1913; Portugal, Itália
e Uruguai.
Vinhos finos (Porto e semelhantes) e vinhos comuns
Até 1908, os vinhos generosos e os de mesa, figuraram engloba-
dos na Estatística, sob a rubrica de nâo especificaãos. De 1909 em
diante desdobraram-se em dois artigos : Vinhos finos (Porto e semelhan-
tes) e vinhos comuns. De qualquer das formas, mantivemos sempre a
primazia no mercado, e mui principalmente nos finos ou generosos.
Nos quatro primeiros anos do decénio de 1905 a 1914, tivemos para
08 não especificaâos o seguinte movimento:
Anos
Po
rtugal
Valores
Importação geral
Quilogramas
Quilogramas
Valores
1905
43.443:516
42.933:944
45.520:766
38.958:828
19.667:980S000
18.943:381$000
21.300:130$000
1 6.951 :57lS0(»
60.180:715
57.227:501
64.461:648
55.979:295
26.0a>465SO0O
24.719:3981000
29.86 1:240$000
23.91 5:753$000
1906
1907
190s
230
Vinhos finos (Porto e semelhantes).
A importação dos vinhos do Porto, teve uma marcha ascendente
até 1912, caindo no ano seguinte, em que houve uma baixa de
633:234$000 réis. Cifra-se o movimento dos seis anos nos algarismos
que seguem:
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1909
3.523:737
4.339:680
4.050:690
4.287:404
3.779:199
2.068:811
5.185:729$000
6.õ48:682$0a~»
6.529:5231000
7.023:538$000
6.390:3041000
3.668:449$00O
3.777:788
4.689:598
4.314:750
4.554:787
4.112.397
2:302:920
5.420:Õ71$000
6.888:824$000
6.816:206$000
7.407:7771000
6.742:447$0(X)
3.919:2561000
1910
1911
1912
1913
1914
A diferença anual, em média cerca de trezentos contos, que se
nota entre a importação geral e a nossa, foi distribuida pela França,
Espanha, Itália, etc.
Vinhos comuns
Os vinhos de mesa tiveram também uma marcha ascendente du-
rante os últimos seis anos, cifrando-se em seis mil contos, a dife-
rença para mais que obtiveram.
O movimento computa-se nos seguintes algarismos :
Anos
Po
rtugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1909
39.290:718
48.332:200
43.400:039
43.861:784
45.020:759
29.311:866
13.033:Õ69$000
14.720:607$000
18.048:293SOOO
18.642:51 9S000
19.259:9861000
12.353:7221000
56.234:410
60.980:067
62.173:663
64.911:091
69.015:663
44:945:368
19.963:805$000
21:996:6081000
27.519:983$000
30.212:4741000
31.763:511$000
19.975:274$000
1910
1911
1912
1913
1914
231
A origem tios vinhos conmns, foi, oiii priiiieii\) lugar, o nosso
país, seguindo-se-lho a Itália, França o Espanlia.
Somando os totais dos valores dos vinhos finos o dos do mesa,
importados em 1913, o confrontando-os com os valores de 1905,
nola-so um aumento de 30,4 '7o para Portugal, omquanto que o
aumento da importação geral, foi de 48,09 7o-
Este movimento, como já dissemos, ó inferior ao extraordinário
consumo que toem os vinhos portugueses no Brasil.
Alem dos desdobramentos já apontados, para os vinhos ãe mesa
e as preparações clandestinas dos generosos, há ainda o fabrico legal
de todas as imitações de bebidas espirituosas, cuja produção em 1911,
l>aseada na arrecadação do imposto de consumo, foi a seguinte:
Litros
553:507
1.305:486
033:598
■■>.0^5:T47
7.078:388
l'rodutos
Bitor, amer picon, íernet-branca,
verranto o bebidas .semelhantes.
Licores de qualquer qualidade .
Líquidos alcoólicos, como coguacs,
aguardente do cana, rum, gene-
bra, absinto, brandi, eucalipsin-
to, otc
Bel)idas denominadas, vinho do ca-
na, do fi"uta o semelhantes .
Total . . . .
Valor médio
por litro
l$t)GH
1$(JGG
2$5CX)
1$(X)0
Produção
922:22()$0)J
2.175:aK)$;K)0
1.584:aX')$i»00
5.085:747$aX)
9.766:967$O00
Ao valor médio do cálculo da unidade, nâo corresponde o custo
real da mercadoria (^ue é muito mais elevado. Na estatística acima,
náo está incluída a produção de aguardente de cana, de grande con-
sumo no país. Quási todos os portos da República participaram
mais ou menos, na importação dos vinhos finos ou licorosos, e em
f[ue estão compreendidos os do Porto, Madeira, etc. Segundo a esta-
tística de 1912, temos as seguintes entradas:
Rio de Janeiro: 1.766:660 quilogramas na importância de réis
2.734:643^000, ou sejam, 37 % sobre a importação total; Santos:
1.296:718 quilogramas no valor de 2.553:907$00O réis: para estas
232
duas praças tem havido aumento de cerca de 40 "/q em relação aos
anos anteriores. Segue-se Porto Alegre, Pernambuco, Pará e Manaus,
estes líltimos, com uma diminuição em dois anos para cada um, de
cerca de 70 ^/y ; Baía, Rio Grande, Ceará, Pelotas e outros com quan-
tidades inferiores a cem contos.
Nos de mesa, participaram todos os portos, e reportando-nos ao
já citado ano, os 43.861:784 quilogramas computados em réis
30.212:474$000, tiveram o seguinte destino:
Santos, figura em primeiro lugar com 27.193:167 quilogramas
computados em 12.950:434$000 réis ou sejam 43 % sobre o valor
total. Segue-se-lhe a praça do Rio de Janeiro com 19.032:814 quilo-
gramas, calculados em 9.117:001$000 róis ou 30 ^1^ da mesma tota-
lidade. O Pará figura em terceiro lugar, com 2.102:783$000 réis,
Manaus em quarto, com 1.927:702$000 réis. Yéem depois em escala
descendente, os portos de Baía, Pernambuco, Porto Alegre, Vitória,
Rio (frande do Sul e Corumbá. Deixamos de mencionar os restan-
tes, onde o consumo foi inferior a 200 contos.
Os exportadores portugueses com reputação firme no mercado,
são pela ordem alfabética, para vinkos licorosos, do Porto :
A. A. Calem & Filho, Limitada ; A. Nicolau de Almeida & C.'"^,
Limitada; A. Pinto dos Santos Júnior; A. Romariz Filhos; Adriano
Ramos Pinto & Irmão; António Ferreira Meneres, Sucessor; Antó-
nio da Rocha Leão; Bento, Cunha & C.^; Companhia Agrícola e
Comercial dos Vinhos do Porto ; Companhia Vinícola do Norte de
Portugal ; Companhia Vinícola Portuguesa ; Constantino de Almei-
da; Cotelo & C.*; Cunha, Osórios & Pacheco; Diedrich Mathias
Feuerheerd Júnior & C" ; J. H. Andresen ; João de Carvalho Ma-
cedo Júnior, Limitada; José Pereira da Costa Júnior, Irmão & C*
e Valente Costa & C.*^
Para os moscatéis entre outros, J. M. da Fonseca, Sucessor, e
para os da Madeira, A. Isidro Gonçalves e F. F. Ferraz.
Para os vinhos de mesa, temos: A. Pinto dos Santos Júnior;
Adriano Ramos Pinto & Irmão; A. Nicolau de Almeida 8c C", Li-
mitada; Bento, Cunha & C.^; J. Devése; J. Vasconcelos & C.**;
233
Josó l*ei-cirii da Costa Jimior, Jrmâo & C"; Manuel Costa c*<: C";
(loiíies (la Silva ik U.'\ Fillios, e Valente Gosta & ('."
A variada capacidade actual do vasilhame i)ara os vinhos encis-
cadus o a diversidade de marcas que se limitam a])enas a ligurar nos
barris, pois que, o conteúdo c geralmente tirado da mesma dorna ou
tonel, contribui muitíssimo, nâo só para tentar a falsilicaçâo, como
também para favorecer a concorrência desleal entre alguns impor-
tadores de somenos importância. Há, por exemplo, quintos com ca-
pacidade variável entre 80 e 105 litros ; já chegaram a vir ao mer-
cado barris com 76 (!), quando deveriam conter entre 86 e 96, re-
sulbmdo nunca poder haver cotações regulares ])ara os nossos
vinhos, e nâo é para estranhar, pois a diferença por pipa alcança
muitas vezes 109 litros. A nossa principal concorrente em vinhos de
mesa encaseados^ a França, conserva inalterável o seu tipo de borda-
lesas com o peso bruto de 270 quilogramas, e daí nâo se afasta.
O preço varia segundo a qualidade do conteúdo, tipo ou região de
onde procede, o que taml)êm é muito razoável. Os nossos vinhos
conservam sempre o mesmo custo quer procedam do Norte, quer do
Sul do país: a diferença está simplesmente na quantidade: exce-
ptuam-se no entanto os Colares.
A propósito de tipos diremos que os nossos vinhos designam-se
somente por verdes, virgens e Colares. As nossas afamadas regiões
vinhateiras, sâo iDem pouco conhecidas. Antigamente no Norte, Pará
e Manaus, todo o vinho português provinha de Colares, assim como
no Rio (írande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Baía, era
da Fv^iieira. No Rio de Janeiro e portos do Sul da República, foram
sempre, o virgem, o verde e o Colares (\\\o predominaram. O da Fi-
gueira teve em outros tempos largo consumo, porem hoje está
muito resumido, devido à sua graduação alcoólica exceder os 14
graus determinados pela Tarifa Aduaneira para os vinhos de mesa;
excedendo-os, ficam equiparados aos licorosos e o seu direito é mais
elevado.
Os verdes mais reputados na praça, sâo os de Gafão, que nâo
designam região alguma, e os de Santo Tirso. As melhores qualida-
des, Monção, Basto e Aniaraute, quási que nâo aparecem. Os virgens,
sâo da região do Douro, como por exemplo, o da Quinta da Barca,
de maior consumo e que melhor se presta a adulterações por ser en-
corporado, de belíssima côr e taninoso. O Alvaralhào, também muito
reputado c de largo consumo, pi)de designar quando muito, uma
234
casta, mas nunca uma região. Os nossos vinhos do Dão, tâo ricos
em tanino, e os melhores para lote que o país produz, nunca aqui
vieram; nesta região, existem os famosos Nelas e Santar. Da Bairra-
da, conhecem-se apenas os espumosos; os do Sul, Óbidos, Torres
Vedras, Alpiarça, Cartaxo e o próprio Termo, etc, sâo vinhos comple-
tamente desconhecidos no mercado. O Bucella^, Salvaterra e Serra-
daires, já aqui tiveram saída; actualmente, só este último é encon-
trado. De todos os vinhos da Estremadura, temos unicamente o de
Colares com os seus créditos firmados. O Brasil poderia ser ainda
um 'vasto mercado para muitos destes tipos de vinhos portu-
gueses.
A propósito de vasilhames diremos que liá exportadores que
manteem sempre a mesma capacidade; outros, porem, reduzem-na de
tal forma, à vontade do importador, que a nossa pipa de 500 litros,
nâo atingirá, dentro em pouco, mais de 380. Contudo, nâo ignora-
mos que a indústria da tanoaria não chegou ainda ao grau de aper-
feiçoamento necessário para produzir décimos ou quintos com medi-
ção exacta: mas daí a fabricá-los com capacidades que oscilam entre
10 e 2õ litros, a antiga medida do ahniide do Xorte, liá uma grande
diferença que deve ser corrigida e certamente redundará em benefi-
cio do exportador.
Ultimamente no Congresso das Associações Comerciais, Indus-
triais e Câmaras de Comércio, realizado em Paris em Junho do 1914,
ventilou-se a questão das sabsistências e na parte referente a pesos
e medidas, discuiiu-se seriamente qual a forma mais prática de
levar a efeito a coibiçâo dos frequentes abusos na apresentação de
muitos produtos com peso ou capacidade menor do que a acusada
nos envoltórios ou recipientes. Alguns dos relatórios, discutidos e
votados na sua generalidade, apresentavam a fjuestão com uma fei-
ção muito diversa daquela por que até aquela data tinlia sido en-
carada.
Os termos falsificação ou fraude, não sâo só aplicáveis aos pro-
dutos imitados, preparados clandestinamente com outras substâncias
nocivas ou Jião e expostos à venda com rótulos semelhantes, ou
mesmo que estabeleçam confusão com os verdadeiros: estendem-se
também a todos os produtos que forem expostos à venda com peso
ou capacidade menor do que aquela designada nos envoltórios ou
no vasilliame e que só tende a lesar directamente o verdadeiro con-
.sumidor.
235
Em todos os países existem leis, mais ou menos repressivas, e
c|UO podem ter fácil aplicação no presente caso.
Os nossos vinhos engarrafados, principalmente os licorosos, alem
de sofrerem do mesmo mal comum, a f ais ip' cação, teem ainda contra
si a maneira como são oferecidos no mercado. Há marcas consagra-
das de longa data, e o processo usado para a sua apresentação, está
acima de toda e qualquer crítica, mas quando um exportador so
propõe iniciar transacções com o Brasil, lançando novas marcas no
consumo, o caso é verdadeiramente assombroso e carece de ser ana-
lisado. O nosso caixeiro viajante, ao contrário dos seus concorrentes
franceses, italianos e espanhóis, não necessita apresentar amostras
dos vinhos, bastam-lhe volumosos álbuns com rótulos de fantasia e
malas com variados objectos próprios para brindes. Percorre as
casas importadoras e folheia os álbuns onde se ostentam verdadei-
ros mimos tipo-litográíicos. Escolhidos os rótulos de entre os mais
vistosos, e muitas vezes, representando imagens sacras, debate-se
então o preço que nunca deverá exceder para o nosso Porto, escu-
dos 2S50 cif. Rio. Alguns anos atraz, era de 2$00 escudos o máximo
por caixa ; da qualidade do vinho não se faz questão. Toda a aceita-
ção dependerá do rótulo e do seu módico preço. Designam-se comer-
cialmente como vinhos de combate.
Ora, deduzindo-se de 2$50 escudos, o custo do frete que regu-
la, actualmente, entre 70 e 80 centavos por caixa, para o Rio de
Janeiro (para o Rio Cirande do Sul, já é de ISCO escudo), temos
que acrescentar-lhe o custo da caixa, das garrafas, palhoes, ro-
lhas, cápsulas, rótulos, pregos, percintos, etc, e ainda todo o tra-
balho de engarrafamento, rolhagem e demais operações inerentes,
calculado muito por baixo, em ISIO por caixa, o que perfaz ÍS80,
juntando-lhe ainda o transporte terrestre e íiuvial até ao va-
por, despacho, factura consular e seguro, não estamos longe de
2$00 escudos. Quanto resta para os 8 litros que deve conter
cada caixa? Apenas 50 centavos, ou sejam seis centavos e meio por
litro! Nestas condições, o vinho da nossa região duriense, se por-
ventura provêm daquela região, a um preço tão reduzido, não pode
236
ter nem a velhice nem o preparo característico do nosso precioso
vinho do Porto; apresenta-se, na verdade, muito límpido à chegada,
conservando essa limpidez por algum tempo, devido sem dúvida,
aos processos de clarificação a que é submetido.
Consta nesta praça, que os exportadores do Porto, efectuaram
em Junho do corrente ano, uma reunião em que acordaram unani-
memente, em nâo realizar de futuro, embarques de vinhos a preços
inferiores a 3S00 escudos. A opinião geral, porem, estava toda incli-
nada para que se estabelecesse o de 3$50. Pouco tempo durou
esse acordo, pois que, as remessas a preço reduzido, continuam a
aparecer no mercado.
O jjrocesso dos brindes, a nosso vêr, também nâo é dos mais
adequados a uma boa e inteligente propaganda, porque nâo vai be-
neficiar o consumidor directo do vinho que nâo tem posses para
comprar uma caixa completa; aproveita somente ao importador e ao
seu pessoal, e nâo é raro encontrar pessoas na posse de um ou mais
Ijrindes que nem sequer provaram o referido vinho. Nâo seria mais
conveniente estabelecer bónus ou descontos, ou mesmo prémios pe-
cuniários aos maiores importadores, consoante a importância das
suas transacções? Esta opinião vai ganhando terreno e é um caso
que merece um sério estudo por parte dos exportadores.
E nâo seria também já tempo de moralizar a nossa exporta-
ção de vinhos para o Brasil? Para isso o Governo pode concorrer po-
derosamente, desde que nâo consinta que se exporte vinho do Porto,
que o nâo seja, e vinho verde novo embarcado em Outubro. Isto
compete aos Poderes Públicos, mas a iniciativa particular, muito
tem que fazer, também, por sua parte.
A viti-vinicultura portuguesa, tem lugar de destaque, como
ficou demonstrado, na nossa exportação para o Brasil, contribuindo
anualmente com um poderoso contingente para o equilíbrio da nossa
Ijalança comercial. A-pesar-de ocuparmos uma posição invejável,
necessitamos melhorar comercialmente e assim obteremos maior
amplitude. Com esse intuito, e dada a complexidade do assunto,
fomos forçados a alongarmo-nos nos preliminares do 26.° questio-
nário do nosso inquérito, que trata de bebidas alcoólicas em geral e
que compreende os 15 quesitos que seguem :
2B7
QUESTIONÁRIO
1." De que forma V. Ex."' jidga se poderia dar maior incremento
á exportação dos vinhos portiujueses para o Brasil ?
Externamos as seguintes opiniões divergentes :
1." Solicitar do Governo Brasileiro, redução nas taxas alfan-
degárias, para vinhos de mesa e licorosos, utilizados nâo só como
bebida, mas tam])êm em diversos preparados farmacêuticos o trata-
mentos médicos.
Esta redução, nâo afectaria a renda aduaneira, pois que aumen-
taria o consumo, por conseguinte, a importação; e esse aumento
compensaria aquela redução. Os vinhos nacionais também nâo fica-
riam prejudicados por serem de composição mui diversa dos nossos,
devido às condições climatéricas e geológicas do País.
2.° Estudar previamente todo o mercado brasileiro; adoptar e
fixar tipos, consoante o gosto do consumidor, e manter esses tipos
conforme já o fazem alguns exportadores, náo impondo a todas as
praças a mesma qualidade. Cada Estado tem uma certa ou determi-
nada preferência por este ou aquele tipo.
3.° Regularizar, por forma que nâo afecte interesses, a capaci-
dade do vasilhame, tanto do madeira como de vidro.
4.** Estabelecer em Portugal, nos portos de embarque, uma
rigorosa fiscalização oficial, nâo permitindo a saída de produtos de
que nâo se possa garantir a procedência e genuinidade, evitando
assim a exportação de vinhos licorosos de preço inferior aos de mesa.
Essa fiscalização estender-se-hia também, à observância da capaci-
dade do vasilhame.
Para a consecução deste alvitre, lembram alguns importadores
a criação de uma Repartição Oficial, com plenos poderes para fixar
os tipos de exportação e onde os exportadores fossem obrigados a
depositar amostras cingindo-se a esses tipos nos seus embarques.
A fiscalização abrangeria também os armazéns ou depósitos e, para
garantia dos produtos, criar-se-hiam selos segundo as qualidades om
tipos. A receita cobriria a despesa de fiscalização e seria ainda uma
garantia para os mercados consumidores, atenuando um pouco a
falsificação de todos os nossos vinhos.
5." Finalmente, a propaganda inteligentemente orientada de
maneira que, se fizesse salientar que os vinhos portugueses sâo in-
238
comparáveis com os de qualquer outra procedência; já duas com-
panhias o tentaram fazer, porém atribuiu-se ao propagandista um
carácter político, que desvirtuou por completo os seus fins. Demais,
uma tentativa desta ordem, para ter elementos de êxito, deveria
contar com o auxílio do Governo Português e de toda a colónia, —
despertado nesta, o sentimento sagradamente patriótico, e fulmi-'
nado, o politico. A propaganda deveria começar por fazer conhe-
cer os maravilhosos e ricos vinhos de pasto, que se cultivam na
privilegiada região duriense, pois, é sabido, que táo famoso pro-
duto, náo logrou ainda ser conhecido, nâo diremos já pelos portu-
gueses, mas, o que é ainda mais frisante, pelos próprios filhos da
região aqui domiciliados desde a infância.
Actualmente julgam-se improfícuos quaisquer esforços que,
para os fins indicados se empreguem, em virtude da situação eco-
nómica do país. Deve, entretanto, predominar de momento a má-
xima preocupação para que nâo percamos a posição que temos con-
quistado e para tal se conseguir, deverá haver por parte dos nossos
exportadores um carinho muito mais acentuado pelos mercados bra-
sileiros, que eles na sua maioria, desconhecem, como o provam con-
tinuamente pelo sistema que sempre seguiram e ainda seguem.
2.^ Será conveniente adoptar medidas enérgicas no sentido de
coibir a falsificação dos vinhos, e quais as providências que se devem
tomar?
Todas as respostas obtidas, na sua essência, condenam aspera-
mente a falsificação; porém, como sucede no quesito anterior, diver-
gem as opiniões sobre a forma de a coibir.
Primeiro, é necessário distinguir as imitações das falsificações
e ainda analisar as que se fazem no país de origem e as que se 'pre-
param aqui.
Para as imitações de vinhos, sobretudo licorosos ou finos, que
se fazem em Portugal, a ponto de se exportarem actualmente vinhos
do Porto a Esc. 2^50 cif Rio, por caixa de 12 garrafas, deve exigir-se
a mais enérgica repressão por parte do Governo Português. Náo se
encontra outra solução.
Por obstar a venda de vinhos do Porto de falsas origens (espa-
nhóis por exemplo), há ainda a influência diplomática entre os dois
países, e a fiscalização aqui por parte das nossas autoridades, que
pelo menos terão o direito de denunciar a fraude às autoridades
brasileiras.
•2;w
Com respeito às iuiit,a(;ôes, falsificações, desdobramentos e adul-
terações executadas aqui, o assunto é tâo complexo, que mesmo
muito sucintamente caberá, nos naturais limites de um (luestiona-
rio. As falsificações de vinhos engarrafados náo devem ser de grande
prejuízo, porque, embora se façam, sâo em pequena escala, aprovei-
tando-se as garrafas originais com os competentes rótulos, o enca-
rando-se bem a questão, é quási uma glorificação das marcas que se
pretende imitar.
O facto mais grave é a falsificação, o desdobramento e a adul-
teração dos vinhos de mesa, verde e virgem. Todos o conhecem, todos
sabem onde essas operações se executam, mas ningUêm se abalança
a apontá-las: e quem ousaria dar publicidade a tal procedimento?
Todos fazem acusações, criticam asperamente o próximo, é verdade,
mas como existem outros interesses comerciais muito ligados e uma
certa camaradagem, muito natural, entre o comércio importador, o
facto não passa de simples comentário. Outro tanto sucede no país
de origem; os exportadores guerreiam-se no mesmo sentido, mas
como os interesses comerciais também se acham ligados, a conclu-
são é a mesma. O desdobramento e desabusado emprego da vinoline
e outras drogas, tais como sâo feitos, livremente de porta aberta e
na parte mais central da Capital, alêm de atentatórios às leis que
regulamentam as sul)sistências alimentares, por conseguinte preju-
diciais à Saúde Pública, afectam também gravissimamente os inte-
resses dos nossos exportadores e provocam o descrédito da nossa
vinicultura.
Torna-se portanto, indispensável que, os Covernos dos países
produtores, estudem de acordo com o do Brasil (que também é pro-
dutor e está sujeito à mesma fraude), leis repressivas contra a falsi-
ficação em geral, e que possam facilmente ser postas em prática,
garantindo ao consumidor, o produto tal qual é importado. No en-
garrafamento c venda a retalho, que é impossível impedir, e onde
também campeia a fraude, só uma fiscalização permanente, como se
faz, por exemplo para o leite, colhendo amostras nos retalhistas e
mesmo em casa do próprio consumidor, a fim de serem submetidas
à análise. Certamente que a importância das multas cobriria a des-
pesa da fiscalização. O momento não pode ser mais favorável, pois
que, a provei tar-se-hia a excelente disposição do Ex.'"** Sr. Director
de Laboratório Nacional de Análises, todo inclinado em nosso favor.
Ainda nos foi alvitrada outra forma de terminar com os des-
240
dobramentos : a importação única e exclusiva de vinlios engarrafa-
dos. Este alvitre tem sido já largamente debatido. Consiste em pedir
ao Governo Brasileiro, sem rodeios e persistentemente, que o Con-
gresso decrete um aumento de direitos aduaneiros, três ou quatro
vezes superiores, para todos os vinhos eneascados e a redução de 50
a 60 "/o para os engarrafados. Assim, dizem os apologistas desta
ideia, feriamos os vinlios muito mais puros do que em barris, e da-
ríamos maior desenvolvimento à nossa indústria vidreira e aprovei-
tar-se-hia também na caixo faria, a madeira de produção nacional,
nâo havendo necessidade de importá-la.
Demais, segundo recentes informações, e a prolongar-se por
mais alguns meses a conflagração europeia,' nâo liaverá dentro em
pouco em Portugal, mais aduelas para cascaria.
Convêm frisar que muito vinho, já vem preparado da origem,
a pedido do importador, para poder ser desdobrado. S(> o engarrafa-
mento e o selo de garantia, já apontado no anterior quesito, poderão
terminar de vez com a falsicaçâo.
3." Ainda existe no B7'asiJ, a consignação ou a venda à comis-
são dos vinhos portugueses?
Ainda, mas está muito reduzida, e é somente adoptada por um
ou outro exportador que nâo tem agente ou correspondente na
praça. Geralmente sâo exportadores inexperientes c que procuram
unicamente vender por qualquer preço e sem conhecimento prévio
das exigências do mercado.
4.° Na afirmativa, qual o processo a empregar, para que cesse
de pronto tão pernicioso meio de negociar?
Há três modos de encarar a consignação:
1.° A desordenada, que se fazia antigamente para todos os
produtos portugueses, abarrotando o mercado e provocando contí-
nuos leilões de mercadorias abandonadas na Alfândega, em que
predominavam os nossos vinhos. Todos os exportadores sofreram
bem graves prejuízos.
2.° A consignação como ainda se faz para vários géneros, por
caixeiros viajantes inexperientes que só querem vender^ colocando
produtos por todas as maneiras, impondo-os mesmo por meio de
recomendações, de que resulta muitas vezes, o abandono ou endosso
dos conhecimentos por parte do consignatário.
S.** A consignação, ou vendas à comissão, que lioje se fazem
licitamente por intermédio de agentes ou comissários, que se limi-
241
tain a rocebor uma pequena comissão sobre as vendas, estipulada
pelo exportador. É este até um excelente meio para a expansão dos
nossos produtos.
5.° A variada capacidade do vasilhame português, afecta a «-./;-
pansào comercial do produto?
Afecta, e muito. Principalmente, porque, nao havendo unifor-
midade na capacidade dos barris, também a nao pode haver nas
cotaçóes ; e daí, uma tangente, onde nao raro sossobra a boa fé do
comprador: ]mra os despachos aduaneiros também sucede haver
sempre diferenças, contestações, etc, etc.
6.° Qual deveria ser a capacidade única dos barris, conhecidos
no mercado por quintos, décimos e vigésimos?
A capacidade única, devenl ser a pipa de 500 litros com as
fracções de 100 litros para quintos, 50 para décimos o 25 para os
vigésimos.
7.° Qual a capacidade uniforme para as garrafas, meias garra-
fas, botijas, garrafões e outras vasilhas?
Para vinhos de qualquer qualidade, O', 66 (sessenta e seis centi-
litros), ou sejam 8 litros por dúzia de garrafas. Esta medida tem
a sua razão de ser; o imposto de consumo que vigora desde 4 de
Março último, fixa o limite máximo da capacidade das garrafas.
Até 666 gramas de líquido, o imposto é de 120 réis para vinlios fi-
nos, e 60 réis para os de mesa. Excedendo aquele peso, 180 réis para
os primeiros e 90 para os segundos.
Para aguardente tipo Cognac, Vermute, amargos, tónicos e
aperitivos, garrafas de 1 litro.
Botijas, de meio e um litro. Os garrafões estão em desuso.
8." E V. Ex."' de parecer que por intermédio das Associações
Coynerciais Portuguesas se solicite do Governo um decreto com jorra de
lei que obrigue o exportador a utilizar nas suas transacções, um tipo
único de vasilhame com a medida exacta que se determinar?
Todos os importadores consultados, estão no mais perfeito
acordo, para que se promulguem leis obrigando os exportadores a
garantirem a capacidade legal do vasilhame. Nota-se porem, já em
alguns, uma certa descrença na solução de tâo capital mellioria que
só poderia firmar os bons créditos dos géneros portugueses. Aos
reiterados pedidos do comércio, pouco ou nada se tem adiantado.
Por ocasião da visita de estudo ao Brasil, do Ex.'"" Sr. Mário de
Carvalho, Delegado da Associação Comercial de Lisboa, foi-lhe ca-
ie
242
balmente demonstrado quanto era prejudicial para o nosso país, o
processo de transaccionar dos exportadores portugueses. S. Ex.**
prometeu estudar o assunto e submetê-lo mesmo à apreciação da
Direcção daquela prestimosa colectividade; assim o fez, apresen-
tando um conciso relatório, mas infelizmente, tudo quanto foi acon-
selhado naquele magnífico trabalho, ainda está por fazer. Já se diri-
giu, há pouco, um apelo directo ao Governo. Conseguirá o comércio
importador, ver resolvida uma das suas aspirações? A dúvida per-
dura.
9.'' Qual o prazo que se deveria estabelecer nesse decreto, para os
exportadores darem escoamento ao «stock» de vasilhame?
Seis meses ; quando muito e segundo o siock existente, um ano^
mas nâo é provável que haja assim tanto vasilhame armazenado;
esse prazo também permitiria o esgotamento da mercadoria exis-
tente na praça.
10.*' Quais os direitos que incidem sobre os vinhos, por litro ou
garrafa, calculadas todas as despesas até à entrada do produto no arma-
zém do importador?
Vinhos :
Biter, Amer-picon, fernets, vermute e bebidas semelhantes :
Por quilogr.
Em cascos $500
Em quaisquer outras vasilhas $300
Champagne e outros espumosos 1$600
Nâo especificados : até 14 graus :
Em cascos $240
Em quaisquer outras vasilhas $220
De mais de 14 graus até 24:
Em cascos $500
Em quaisquer outras vasilhas $300
De mais de 24 graus :
Em cascos $600
Em quaisquer outras vasilhas $400
•243
Bebidas espirituosa)^ :
(fcnebra:
Por quilOgf.
Em cascos $800
Edi (i[naisiiuor outras vasilhas $400
Aguardentes — Tipo Cognac e semelhantes:
Em cascos 1S500
Em quaisquer outras vasilhas 1^300
O pagamento destas taxas efectua-se da seguinte forma : 35 **/q
em ouro e 65 Vo <^Da papel. Incide mais 2 7o ouro para melhora-
mentos ,do porto, e para todas as bebidas, há a acrescentar as verbas
destinadas à Assistência Pública, Intendência e Santa Casa da Mise-
ricórdia, além dos impostos do consumo, aumentados pelo Dec.
n.** 11:511 de 4 de Março de 1915, e que sâo os seguintes:
Bebidas alcoólicas em geral : litro, 300 réis ; garrafa, 200 róis ;
meio litro 150 réis e meia garrafa, 100 réis.
Vinhos estrangeiros :
Até 14 graus : por litro, 90 réis; por garrafa, 60 réis; meio li-
tro, 45 réis e meia garrafa, 30 réis.
De mais de 14 graus até 24: por litro, 180 réis; garrafa,
120 réis ; meio litro, 90 réis e meia garrafa, 60 réis.
De mais de 24 graus : por litro, 300 réis ; por garrafa, 200 réis ;
por meio litro, 150 réis ; meia garrafa, 100 réis.
Champagne e outros espumosos : litro, 600 réis ; garrafa, 400
réis ; meio litro, 300 réis e meia garrafa, 200 réis.
Damos a seguir diversas fórmulas de despacho para bebidas,
demonstrando quanto, de facto, a mercadoria paga de direitos por
unidade :
244
Fórmula de um despacho para vinhos de mesa, encascados
Cincoenta barris de quinto, contendo vinho até ca-
torze graus, pesando líquido quatro mil cento e
vinte nove quilos.
Eazâo 50 7o — 4:129 quilos a 240 réis 990S960
Estatística S500
Melhoramentos do porto 39$630
Santa Casa 61 $930
Intendência 23S220
Assistência 6$960 92$110
Réis .... 1:123S200
Ouro 2 7o ... . 39$630
35 7o ouro .... 346$830
386S460 = 745$300 (taxa 14 d. actual)
Papel 736$740
1.482S040
Selos (90 réis) 371$580
Capatazias 34$120 (sobre o peso bruto)
Análise 20S000
Despacho e estampilhas .... 17$300
Carreto 30$000
Réis 1:955$040
Despesa por cada quinto 39S100
Despesa por cada litro ou quilograma S475
Este despacho é realizado sobre água e não paga armazenagem.
245
Fórmula de um despacho para vinhos de mesa, engarrafados
Cem caixas de vinlio até catorze graus de força al-
coólica, pesando bruto mi] seiscentos quilos.'
Eazâo 50 7o — 1:600 quilos a 220 réis 35-?S000
Estatística * ^
Ouro. 2 0/^ (M. do porto) [ \ ] \ ,'^Z
^"f"^^- ' 20S000
^^^^^ ^^^^^ 12S000
Intendência ^^^qq
Assistência Pública IC535O j^gg-Q
^éis .... 404S930
^''^0 2% j^g^gQ
* '^^ ^/o 122S200
137S280
^^ 267S650 404S930
Ouro:137S280réisalS800 247S100
Papel ...
aj , '' 267S650
belos de consumo (60 réis) . . 79S000
Despacho e agência '. ] [ ] msOO
v^arreto .
20S000
Réis .... 619S050
Despesa por cada caixa .... 6S190
Despesa por garrafa g5][g
Um despacho de cem caixas de vinho até 24 graus (direitos
ÕUU reis por quilograma, as mesmas percentagens de ouro e mais
despesas) 860SOIO ou sejam 8S650 réis por cada caixa ou 720 r s
por garrafa.
246
Um despacho de vinho espumoso (direitos de 1$600 por quilo,
as mesmas percentagens ouro e mais despesas) 5,414S320 Ou sejam
54$143 réis por caixa e 4^510 por garrafa.
O Vermute, quinados e aperitivos, pagam o mesmo direito que
o vinho licoroso, apenas a diferença consiste na garrafa ser maior
(um litro) e o selo de consumo, de 300 réis.
11.'' Quais as condições de venda na praça do Rio de Janeiro?
O geral é a 120 d/d, da factura. Há, porém, excepções; fazem-se
pagamentos a 30 dias com descontos que variam.
12." Quais as condições de expedição, embarque, efe. ?
CIF, é a forma preferida, e a que deve prevalecer de futuro.
Por emquanto, dada a anormalidade da situação, os nossos exporta-
dores vêem-se na contingência de fornecerem cotações FOB por
nao poderem contar com as empresas de navegação que quási men-
salmente aum.entam o preço dos fretes, concorrendo, e muito, para
a paralizaçâo momentânea que se nota nas transacções.
13.° Não lhe parece conveniente que, a exemplo do que jazem
outras nações, os exportadores portugueses, enviem ao Brasil caixeiros
viajantes habilitados e bem remunerados?
Existem duas correntes completamente contraditórias : em-
quanto alguns importadores sâo de opinião que o caixeiro viajante,
representante, propagandista ou mesmo o próprio exportador, devem
fazer periódicas visitas aos seus fregueses, outros, sao absoluta-
mente contra a vinda de caixeiros viajantes que, na prática, teem
dado os mais nefastos resultados. A razão é a seguinte: «Os via-
« jantes que aqui teem vindo, longe de trabalharem por forma a pre-
« pararem um futuro de prosperidades para os vinhos portugueses,
« teem pelo contrário, inutilizado todo o esforço empregado nesse sen-
«tido pelas casas do género aqui estabelecidas. No afan de vender,
« olhando apenas para o presente e desprezando por completo o fu-
«turo, fazem negócios a torto e a direito; vendem qualquer quanti-
«dade e a qualquer casa, como é fácil de verificar pelos manifestos,
« onde aparecem partidas, até de cinco quintos de vinho ! Pelas mar-
«cas se verifica, que os compradores sâo casas inteiramente estra-
«nhas ao negócio de vinhos, tais como: alfaiatarias, casas de cal-
*çado, etc, quando nao sâo mesmo, simples particulares. Ora, é
«facilmente compreensível que, dadas estas condições, os negocian-
« tes de vinhos <? com as suas searas tão deslealmente invadidas » ,
«impossibilitados de negociarem em vinhos portugueses, procurara
247
< substitui-los do outras procedências, onde os processos de negociar
«sejam mais criteriosos.»
Postas de parte, considerações que visam simplesmente a cai-
xeiros viajantes, muitas vezes sem a devida prática comercial das
praças brasileiras, a vinda de representantes idóneos, ou dos pró-
prios exj)ortadores, negociantes ou directores das nossas companhias
vinícolas, impóc-so, embora tenham aqui já representantes ou co-
missários especiais. Alguns dos nossos exportadores, em maior es-
cala, já assim procedem, e parece que teem colhido magnííicos re-
sultados. Orientam-se do forma a melhorarem os seus produtos, e
estudam no local, a maneira mais prática de satisfazerem as exigên-
cias, sempre crescentes, dos mercados consumidores em face da
grande concorrência dos outros países.
14:.° Não acha V. Ex."' que se deveria aconselhar os exportadoi-es
portugueses a modificarem as suas exigências nas condições de paga-
mento?
E indispensável que acompanhem a forma de pagamento habi-
tualmente estabelecida para a maioria dos produtos, mas muitos ex-
portadores nao poderão realmente adoptá-la, pela dificuldade de rea-
lizai-em o desconto dos saques emitidos a 120 dias. A solução desta
diíiculdade, que será afinal uma das mais importantes, depende de
factores muito complexos, e repousa sobre o problema do nosso re-
gime iDancário.
lõ.° Outras quaisquer observações que V. Ex/' julgue conveniente
acrescentar.
Que haja o maior escrúpulo por parte dos exportadores na es-
coUia das casas depositárias da praça.
Terminar de vez com embarques simulados, o que também ó
da competência do nosso Governo zelar, náo permitindo o vicia-
mento das facturas. Desacreditam o importador, e o negociante que
nâo se utiliza de semelhante processo está da mesma forma sujeito
aos vexames de toda a espécie, nas Repartições Aduaneiras onde o
funcionalismo, aliás muito competente, tem uma única preocupação,
— descolorir a fraude. Há ainda um outro grave inconveniente, que
é necessário tomar em devida consideração : desmoraliza por com-
pleto o nosso comércio de exportação.
248
Para levarmos a efeito o presente estudo, tivemos de consultar
os principais importadores e representantes ou comissários da praça,
os srs. : ^4. X. Alhadas: Almeida, Siemann & C."", Álvaro de Barros
& C"; Artur Galião & Seixas; Augusto Constante & C."'; Camilo
Mourão & C.-^ ; Carlos Taveira <& C."", Carvalho Rocha & C."' : Coelho
Marfins & Cf''; Correia Pinto & C.*; Correia Ribeiro & C."-; Delfim
Coelho & C."' ; Ferraz Irmão & O."; Q. Afonso & C"; Guimarães, Ir-
mão d' C."' ; Gonçalves Zenha & C.""; Henrique Santos & C."'; J. F.
Santos & C."'; Joaquim Fernandes & C."'; José Constante & C.""; Júlio
Barbosa & Cf''; Macedo Júnior & Cf^ ; Mourão & C."'; Oliveira Lopes,
Silva & Cf^; Souza Fernandes & Cf'; Teixeira Borges & Cf e Zenha
Ramos & Cf.
Nem todas estas firmas poderam fornecer-nos elementos, umas
por motivo de seus chefes estarem ausentes e outras por falta de
tempo.
Questionário n." 28
II — Cercais, farinhas e grãos alimentícios.
1. Feijão e favas.
No agrupamento subordinado a cereais, farinhas e grãos altmen-
ticios, tem Portugal também lugar em evidência, particularmente no
artigo 443.** da classificação referente aos produtos da família das
leguminosas : o feijão e a fava. O forte da nossa exportação, é para
os dois portos extremo norte do Brasil: Pará e Manaus.
Pelo porto do Rio de Janeiro a importação limita-se apenas a
feijão branco em pequena quantidade, e em maior escala, ao frade,
reputado o nosso, um dos melhores que vêem ao mercado, pois que,
sendo de custo superior ao francês, italiano e chileno, tem a prefe-
rência sobre todos.
249
Todas as legiimhiofías, excepto a fava, teem produção abundan-
tíssima nos Estados sul do Brasil, liavendo daas colheitas anuais;
ainda assim, o consumo é muito superior, como se verifica pelo se-
guinte quadro, referente à importação nos lUtimos dez anos, e em
que Portugal tom um lugar muito saliente:
Anos
1905.
1906.
1907.
1908.
190S).
1910.
1911.
19J2.
Iín3.
1914.
Portugal
Quilogramas Valores
4.595:580
5.090:770
5.081:974
3.7(-)5:õ68
4.025:338
õ.4G4:648
5.072:742
6.144:(369
3.981:505
•2.489:108
1:308:150^000
1.633:738^000
1.570:21 UOOO
1.163:902^000
1.403:042^000
1.724: 199IÍ00O
1.794:529^000
1.800:982^000
1.267:282^000
870:727^000
Importação geral
Quilogramas
7.323:643
8.885:352
7.540:337
6.895:270
7.279:128
7.565:314
8.114:261
9.407:080
8.544:594
5.314:937
Valores
1.886:361áí()i)0
2.352:486^()()()
2.153:75-iS(i()0
1.855:017^000
2.139:327^000
2.377:622^000
2.5:36:8501000
2.613:9251000
2.424:1631(000
1.736:0381000
Registou-se o máximo da importação em 1912, o teve os se-
guintes destinos:
Portos
Pará . . .
^Manaus ,
J\io de Janeiro
Santos
Porto Yellio .
Maranhão
Diversos .
Total . .
Quilogramas
3.981:243
2.675:141
1.717:399
819:582
64:700
83:011
66:004
9.407:080
Valores
1.179:059SOOO
765:585S0a)
396:618$O0O
212:0658000
24:1818000
16:464í5000
19:9538000
2.613:9258000
Os países que concorreram ao mercado em maior escala, além
do nosso, foram o Chile, Argentina, Estados Unidos e Austria-Hun-
gria. O Japão nesse mesmo ano, iniciou a sua exportação, com
200:980 quilogramas, computados em 56:7178000. Nos anos sub-
'2Ò0
sequentes, manteve-se essa exportação. Nos anteriores, o movimento
tinlia sido completamente nulo.
Dada a impossibilidade de maior expansão às nossas legumi-
nosas, na praça do Rio de Janeiro, a Câmara Portuguesa, limi-
tou-se simplesmente a informações ou dados estatísticos.
Os principais centros produtores do Brasil, sâo: os Estados do
Rio Gfrande do Sul, S. Paulo, Minas Cxerais, Santa Catarina, Paraná
© Pernambuco.
Os do norte quási que nâo produzem, excepto no Acre, onde
a produção é toda absorvida pelo consumo.
No presente ano, e devido à seca que assola todo o país, o gé-
nero tem atingido preços muito elevados, notando-se até uma certa
escasssez no mercado. O artigo é reputado superior e de longa du-
ração, o que se deve atribuir à mesma seca, mas a produção tem
sido muito reduzida. Nos anos excessivamente chuvosos, as colhei-
tas sâo muito abundantes, mas os géneros deterioram-se muito mais
facilmente.
As nossas leguminosas importam-se no Brasil, em sacos de
trinta quilogramas. O feijão branco estrangeiro teva regulado, na
praça do Rio de Janeiro, lOOSOOO por 100 kilogramas; o amen-
doim nâo tem actualmente cotação por não liaver no mercado, e o
frade, ou fradinho, como geralmente é mais conhecido, entre ()5$000
a lOOS^OOO os 100 quilogramas. Os direitos alfandegários sâo de
60 réis por quilo, razão de 10 %; pagamento de 35 Vo em ouro e
65 ^'/o papel, etc.
A fava portuguesa é completamente desconhecida nesta praça.
261
Questionário n." 29
111 — Conservas e extractos.
1. Azeitonas.
2. Conservas e extractos dk carne não especificadas.
3. Conservas e extractos de frutas não especificadas.
4. Conservas e extractos de legumes e verduras não
especificadas.
õ.° Conservas e extractos de peixe não especificadas.
O agrupamento das conservas abrange actualmente dez artigos.
Os cinco mais importantes para nós, foram tratados muito em especial
e sei'vem de rubrica ao presente questionário. Os restantes, baca-
Ihau. banha, presuntos, toucinho e xarque sepâo abordados' em se-
gundo lugar.
1. Azeitonas.
Até 1909 inclusive, estiveram englobadas com as frutas e le-
gumes verdes. De 1910 em diante, começaram a fazer parte de um
grupo especial. Xâo se pode de forma alguma estabelecer o movi-
mento dos primeiros cinco anos do decénio de 1905 a 1914. Para
o segundo quinquénio, e guiando-nos pela Estatística Comercial,
a nossa exportação comparada com a importação geral foi a se-
guinte :
Anos
Portugal
Import
ação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
IftlO
1.424:393
1.481:506
1.732:083
732:255$000
778:120$O0O
2.007:679
1 .924:467
1.008:517$000
1.056: 741 $000
1.6^6:186*000
1011
1912
9.=i9.rl'2(í>000 I 2.861.14.^
li)l:j
1 361-019 69^'735$000 '"> 100- 115 1 l.w28G$000
U)14
036-961 .M4.!4.Ç>0>;("KX^ 1398:486 79l!aR.S3s0()()
1
252
Mantivemos sempre a primazia no mercado, acompanhando a
marcha ascendente dos três primeiros anos e a grande baixa em
1918, de 259:391$000. Em 1914 acentiiou-se a nossa preponderân-
cia, pois o nosso movimento foi de 65 7o sobre a totalidade da im-
portação, quando no ano anterior fora de 60 Vo-
A nossa concorrente mais para temer é a Espanha, seguindo-
se-lhe a Itália, Estados-Unidos, Grrécia e Turquia Asiática. A im-
portação por destinos em 1912, foi para o porto de Santos, de
43,5 ^Iq sobre a totalidade, seguindo-se-lhe Rio de Janeiro, Pará,
Manaus, e os outros portos da Kepública em muito diminuta quan-
tidade.
Há uma discordância entre a nossa estatística de exportação e
a brasileira, no que respeita à importação; emquanto esta acusa a
entrada de procedência portuguesa, em 1912, de 1.732:083 quilo-
gramas, computados em 952:126$000 réis, a nossa recentemente
publicada, dá apenas como saídos para o Brasil, 1.425:677 quilo-
gramas no valor de Escudos 42:998^00.
Em 1912 uma empresa italiana, pediu ao Governo Brasileiro o
subsídio de cem contos para poder importar 50:000 pés do oliveira
e proceder ao seu plantio em diversos municípios do Estado do Eio
Gfrande do Sul, onde predominasse a colónia italiana; anteriormente
já se tinha procedido a experiências com oliveiras pertencentes a
colonos, e importadas, mais como arbustos de adorno do que pro-
priamente com fins agrícolas ou industriais. Um colono mais auda-
cioso plantou cem pés de oliveiras italianas e ao fim de doze anos
conseguiu obter uma colheita de 45 litros de fruto por árvore.
A azeitona do Rio Cirande, segundo afirmam, náo tem o sabor nem
as propriedades da europeia; em todo o caso, consome-se naquele
Estado e nos limítrofes. No entanto ainda há uma importação de
azeitona estrangeira, pelos portos do Rio Grande, computada em
150 contos anuais.
2.*' Conservas e extractos de carne não espegifioadas.
Em conservas de carne, temos também a preferência no mer-
cado. Nâo podemos cabalmente estabelecer o confronto entre a saída
do nosso país e a entrada no Brasil, devido na nossa estatística fi-
253
gurareni as carnes om conserva, englobadas com outros produtos,
tais como toucinho, presunto, etc, e na brasileira, haver artigos espe-
ciais para cada uan destes produtos.
Durante o decénio de 1905 a 1914, tivemos o seguinte movi-
mento comparado com o de outros países:
Anos
Po
rtugal
Valores
Imporiação geral
Quilogramas
Quilogramas
Valores
1905
1906
220:424
207:701
220:010
174:150
186:490
190:038
174:744
184:495
145:130
63:665
482:9791000
460:720^(100
534:871^000
383:140^000
382:786l!000
420:721i?000
404:564^000
378:4151000
327:665í;000
181:054^:000
375:506
380:358
385:526
336:529
334:006
439:630
424:038
474:373
353:264
228:314
7B9:765í:000
723:734,8000
849:232^000
703:035^000
679:760^000
874:337,8000
892:684^000
^ 953:103á:000
851:309^000
540:0191:000
ino7
190S
lf)09
l!)10
1911
1912
1913
1914
Na importação geral, nota-se anualmente um aumento progres-
sivo, embora com alternativas, emquanto que para nós, nas quanti-
dades principalmente, acentua-se um movimento decrescente e será
talvez devido em parte, à quási estabilidade na importação da
azeitona.
Os nossos concorrentes foram a Itália, Estados-Unidos, França,
Gran-Bretanha e Urusuaí.
3. Conservas e exteactos de frutas não especificadas.
Até 1908, as frutas estiveram englobadas com as conservas de
legumes e a nossa exportação em confronto com a importação geral
nos quatro primeiros anos do decénio, cifra-se nos seguintes alga-
rismos :
254
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1905
416:987
1.462:506
1.657:101
1.233:724
332:764$O0O
852:2221000
1.064:456$000
682:113$000
1.177:265
2.617:544
2.863:106
2.518:134
926:755$O0O
1.709:853$000
2.039: 193$000
1.7O8:792$O0O
1906
1907
1908
Nesses quatro anos também estavam incluídas as conservas de
azeitonas, que só em 1910 passaram a ser descriminadas em artigo
separado. A importação, de procedência portuguesa, tem caído de
uma maneira sensível, conforme se depreende do seguinte mapa,
relativo aos últimos seis anos :
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1909
85.115
13.835
10.403
8.560
5.780
1.216
50:245$000
14:769$000
11:760$000
ll:O17$0(30
.7:259$0O0
l:626$0OO
308.355
163.818
153.907
179.542
127.098
57.111
171:375$(X)0
162:465$000
158:8401000
198:029$0O0
146:3451000
65:O84$0OO
1910
1911
1912
1913
1914
Predominam no mercado as frutas em conserva dos Estados Uni-
dos da América do Norte; segue-se-lhe a França, Portugal, Gran-
Bretanha e Alemanha. Os principais mercados consumidores sâo
Rio de Janeiro, Santos, Pará e Manaus.
4. OONSEEVAS E EXTEACTOS DE LEGUMES E VEBDUEAS NÃO
ESPECIFICADAS.
Até 1909, como já dissemos, as azeitonas figuraram englobadas
com os legumes. Em 1910 e 1911, tínhamos a primazia no mercado
para legumes e verduras, com cerca de 160 contos anuais mais que
255
L[ual([UL'r uulro eniR-oriviite; inícliziiioiito cin 191 2, passamos para o
3." plano, onde ainda nos conservamos.
O nosso movimento comparado coin a iinportaçâo gorai, cifra-se
nos soíiuiiites aluarismos :
Anos
Po
rtugal
Valores
Importação geral
Quilogramas
Quilogramas
Valores
19(^9
1.341:652
593:380
793:937
488:596
303:812
105:452
73õ:82O$0O0
4O7:758$O0O
541:333$000
341:889$000
304:8481000
124:242$000
2.432:475
1.646:650
2.058:738
2.205:781
1.750:900
927:618
1.607:952$0i'K)
1.272:489$000
1.617:128$000
1.888:267$000
1.671:827$aX)
831:661$000
1910
1911
1912
1913
1914
Nas conservas de legumes, estão incluidas as ervilhas ou petit-
pois; pode muito bem ser que o decrescimento q^^e se nota nos
últimos anos, provenha da importação que se faz proi30sitalmente
com designação mui diversa. Concorreram ao mercado, pela ordem :
a Itália, França, Portugal, Alemanha, Bélgica e Gran-Bretanha.
O destino da mercadoria, em maior vulto, foi para os portos do Rio
de Janeiro, Santos, Pará e Manaus.
Õ. Coíf SERVAS E EXTRACTOS DE PEIXE NÃO ESPECIFICADAS.
Ao contrário do que sucedeu para os produtos já acima cit^idos,
as conservas de peixe atingiram o máximo do movimento na impor-
tação geral em 1913. Para nós, embora se registasse iiosse ano,
também movimento superior aos dois anteriores, em 1910 impor-
taram-se de Portugal mais 191 contos do que em 1913; porem, a
(j^uantidade neste último ano foi superior à daquele em 51 toneladas.
A importação de origem portuguesa, em confronto com a geral,
durante o último decénio, foi a seguinte:
256
Anos
Portugal
Import
ação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1905
1.993:579
1.697:794
1.810:e;39
] .444:677
1.568:737
2.254:421
2.233:983
1.936:963
2.305:672
1.425:246
1.744:296$000
1.527:962$000
1.907:93q|000
1.584:56(3oOO
1.767:448$000
2.691:6911000
2.317:5101000
2.271:100$000
2.501 :37O$0O0
1.417:906$000
2.673:981
2.454:530
2.756:853
2.310:207
2.479:336
3.496:700
3 617-913
2.Õ25:159$000
2.333:511*000
2.952:301^000
2.578:5001000
2.831:545$000
4.217:766$0O0
1906
1907
1903
1909
1910
1911
1912
1913
3.376:173 3.907: 106$000
3.891:889 4.249:622$OÚ0
2.319:466 2.464:7 1 1 $000
1914
1
O nosso movimento em 1913 representa 58,5 7o ^^ importação
geral. Temos a primazia no mercado, concorrendo em seguida pela
ordem, os Estados Unidos, a Itália, França, Gran-Bretanha e Espa-
nha. O maior consumidor, é o mercado de Santos com 1.790:290$000
em 1912, ou sejam 4õ,8 ^o sobre a importação geral ; seguem-se-llie
os portos do Rio de Janeiro, Pará, Manaus, Pernambuco, etc.
Temos ainda no agrupamento de conservas, vários produtos de
que o presente questionário nao cogitou, e são eles: o bacalhau, ba-
nha, presuntos, toucinho e xarque ; este último nâo tem importação
alguma de origem portuguesa. No bacalhau, nâo sendo nós um país
produtor como os que concorrem ao mercado, ainda assim em 1905,
a nossa parte foi de réis 24:399$000, e depois de várias alternativas
atingimos em 1913, réis 59:305$000. O consumo total no Brasil em
1912, foi de cerca de 37 milhões de quilogramas computados em
20 mil contos.
Para banha, de que actualmente há grande produção nos Esta-
dos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais, tivemos
em 1905, um movimento de 50:866^000; declinamos com alternati-
vas até 1912, em que obtivemos 25:387$000, e em 1913 atingimos
44:441 SOCO, descendo no ano findo para 35:033$000.
257
Em pre.^íuntos, o movinioiito é, por assim dizor, iiisi<^niíicante,
pois cm 1905 foi de 8:G22sS00O, e em 19i;3, do 3:711$CXX).
Para toucinho, cifra-se em algumas dezenas do mil réis anuais.
A nossa indústria do conservas alimentícias, ocupa ainda um
lugar proeminente nos mercados brasileiros, o se somarmos as quan-
tidades e os valores dos cinco artigos importados em 191)3, em con-
fronto rom os totais do movimento geral, teremos o seguinte resul-
tado, muito lisongeiro para nós:
Produtos
Portugal
Imports
nela geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
Azeitonas
1.361:019
145:130
5:780
363:812
2.305:672
692:735$000
327:(!65$O00
7:259$OOJ
304:848$00J
2.501:370$000
2.100:115
353:264
127:098
1.750:960
3.891:889
1.155:286$a\>
851:309$000
146:345$000
1.67l:827$000
4.249:622$O0O
Carnes
Frutas
Legiimeá
Peixe
Totais
4.181:413
3.833:877$000
8.223:326
8.074:339$000
Pelo pequeno resumo acima, observa-se que figuramos na im-
portação geral de conservas com 50,8 7o para quantidades e 47,5 ^o
nos valores.
Poderíamos ter maior supremacia, se observássemos todo o escrú-
pulo na maneira de transaccionar e se todos os fabricantes adoptas-
sem os mais recentes processos de preparo, fabrico e enlatamento,
que se observam nas mercadorias similares de outras procedências,
e que aliás caracterizam algumas das nossas marcas mais acredita-
das e bem conhecidas.
Se todos os nossos industriais seguissem esses bons exemplos,
de há muito, todas as conservas portuguesas teriam grande procura
nos mercados brasileiros,
Cabe-nos aqui registar a iniciativa de uma firma de Lisboa que
há pouco enviou para aqui, frutas era calda, muito bem acondicio-
nadas em vistosos frascos. O sistema de apresentação, é o usado
pelos americanos © que em tempos já aqui teve consumo. As pri-
meiras remessas desta firma, esgotaram-se como por encanto.
17
258
Pelo contmrio, há produtos que cliegam sem o devido preparo
próprio a um clima tropical, deteriorando-se com a maior facilidade.
Outros, para o efeito de seu barateamento, como por exemplo, as
azeitonas, nâo teem o peso legal. Latas chamadas de quilo, pesam
apenas 900 gramas, e depois de abertas verifica-se que o seu con-
teúdo é o seguinte:
Quilogr.
Peso da lata 0,150
Água um pouco turva sem tempero de espécie alguma . 0,400
Fruto o a azeitona 0,350
Total .... 0,900
A azeitona, nestes casos, é tâo minúscula que se chega a du-
vidar da sua existência em nosso país, que produz esplêndidos
frutos.
Xas carnes de i)orco preparadas à alentejana, e aqui muito apre-
ciadas, o preparo antigamente era péssimo. O conteúdo das latas,
fermentava, estas tornavam-se opadas. ou estujadas, como vulgar-
mente se diz no Eio de .Janeiro, sendo total o prejuízo para os
importadores.
A nossa sardinha em conserva de azeite, também perde terreno.
Existem dois factores poderosíssimos para a sua extinção no mer-
cado. Primeiro, a constante redução dos V4 feduzidos. Temos pre-
sente uma dessas pequenas latas de procedência portuguesa, con-
tendo seis espécimes de petinga. A altura exterior da lata, até à
extremidade do cravamento, é de 15 milímetros e a parte reservada
ao minúsculo peixe, tem apenas 10 milímetros, incluindo a espessura
da lata!
O segundo factor provêm da concorrência das conservas norue-
guesas, de sprat, hristling e outras espécies, apresentadas no mercado
como genuina sardinha em conserva de azeite. Mais baratas que a
legítima, latas de maiores dimensões, peixe miúdo mas em maior
quantidade e melhores vantagens oferecidas ao comércio importador,
aliando ainda a falsa denominação comercial, fácil se torna a sua
aceitação pelo consumidor. A-pesar-de reiteradas representações diri-
gidas por esta Câmara e por intermédio das vias diplomáticas, aos
Altos Poderes da Pepilblica, até hoje não se conseguiu ainda impe-
259
dir, como sucede noutros países, a venda de tais peixes com a falsa
designação comercial de sardinha.
No acondicionamento das nossas conservas, principalmente na
ervilha e azeitona, dá-se um facto que nâo acontece na ervilha fran-
cesa e azeitona espanhola, o para o qual chamamos a atenção dos
fabricantes ou exportadores. A ervilha, ou petit-pois, de Philippe &
Cauaud e outros, vem ao mercado em latas de folha branca, com
uma pequena chapa ou lâmina amarela ao centro com o nome do
fabricante. Nâo vêem ombrulliadas, simplesmente acondicionadas em
serradura. Ao desencaixotarem-se, não apresentam nódoa alguma
do ferrugem e assim se conservam por muito tempo nos armazéns
dos importadores. Outrotanto não sucede às nossas; vêem embru-
lhadas em papel e apresentam sempre manchas de ferrugem, tanto
no papel como na folha e aumentam constantemente de volume.
Será proveniente do papel? E um caso digno de estudo, e que re-
comendamos aos nossos industriais; qualquer modificação a fazer,
só os poderá beneficiar. A mercadoria com as tais manchas tem um
aspecto de retardada, e da supressão do papel ou envoltório, só
poderá resultar economia.
A indústria brasileira, no ramo das conservas alimentícias, de-
senvolve-se com manifesta superioridade de ano para ano. A pro-
dução de todas as especialidades orça por 10:000 contos anuais. De-
pois da guerra tem tomado um incremento extraordinário saindo da
velha rotina de fabricar somente o artigo nacional. Ultimamente
apareceram no consumo imitações das geleias de frutas, sistemas
inglês e outros, que o mercado nâo recebe actualmente; são, porém,
muito mais doces que as europeias.
Subordinado ao título genérico de conservas, apresentou a Câ-
mara Portuguesa, em consulta aos principais importadores da praça,
os dez quesitos que seguem:
QUESTIONÁRIO
l.*^ Sendo as conservas portuguesas susceptíveis de uma maior eoo-
pansão comercial no Brasil, o que julga V. Ex.°- mais útil e racional
tentar, no sentido de Jomentar o seu consumo?
260
Predomina a opinião de que o comércio de conservas estrangei-
ras no Brasil, tende a diminuir, em virtude da existência, em es-
tado de manifesta prosperidade, de inúmeras fábricas, cerca de tre-
zentas, que já conseguiram introduzir no consumo, carnes, peixes,
frutas em calda e doces de toda a espécie, embora o tempero e pre-
paro divirjam do europeu. O número de fábricas tende a aumentar,
pois a anormalidade da situação criada pelo conflito europeu, im-
pulsiona o fabrico de produtos de que até ao presente, o Brasil era
tributário da Europa.
A alimentação corrente por meio de conservas, tem diminuido
muito nas grandes aglomerações do interior, devido ao grande des-
envolvimento local e à facilidade das vias de comunicação, que con-
correm poderosamente para o abastecimento quotidiano desses cen-
tros com comestíveis frescos. As conservas nâo só pelo motivo
apontado, como ainda pelo seu elevado custo, vao pouco a pouco
cedendo terreno.
No entanto, o consumo das nossas, pode facilmente aumentar
em concorrência com as congéneres de outras procedências. Para
o conseguir, necessita-se melhorar o fabrico, aperfeiçoar o enlata-
tamento, estabelecer uma certa equidade nos preços e conceder as
maiores vantagens aos importadores que tomarem a seu cargo a di-
fusão dos nossos produtos. As transacções devem-se moldar nas
mais correctas convenções comerciais existentes, nâo dando origem
a discussões absurdas nem aos frequentes vexames a que estão su-
jeitos os importadores, por parte das Autoridades Brasileiras.
O nosso Governo deveria, neste caso, exercer a mais rigorosa
fiscalização na saída dos nossos géneros alimentícios, observando
a boa qualidade do produto, reprimindo a fraude quando ela se
apresentasse e nâo permitindo o sofisma nas facturas consulares
e documentos de embarque, que tanto nos desacredita perante o es-
trangeiro.
Alvitra-se ainda, solicitar do Clovêrno Brasileiro, uma redução
na Tarifa Aduaneira, para conservas alimentícias, de forma que, ba-
rateando-as, o seu consumo possa facilmente irradiar-se pelas classes
menos favorecidas.
Seria ainda este o meio mais prático de aumentar o consumo, mas
nâo há oportunidade para o solicitar, pois que, no momento actual,
só se pensa em obter maior receita aduaneira, elevando as respecti-
vas taxas, a fim de se fazer face às excessivas despesas orçamentais.
2tSl
Resta ainda um recurso de (|ue os nossos fabricantes devem
lançar mão: a propaganda inteligentemente organizada e a exclusão
de todos os artifícios das imitações de marcas estrangeiras, apresen-
tando os produtos na sua genuinidade e com o cunho caracterís-
tico de portugueses.
2.** .4. conserva de sardinha portuguesa, que os mercados europeus
consomem em larga escala, jyrecisa de uma séria propaganda no Brasil,
em virtude do incremento do consumo da conserva norueguesa de um
peixe inferior e de menor preço que è vendido como sardinha. Quais os
meios mais eficazes a pôr em prática para o des^envolvimento da con-
serva portuguesa?
Há poucos anos, debateu-se em Hamburgo e mais tarde em
Londres, uma questão muito interessante, debaixo do ponto de vista,
do direito comercial — o uso ou emprego de falsas designações nos
produtos destinados à alimentação. A questão visava os fabricantes
noruegueses de conservas, que enlatam todo o peixe miúdo expor-
tando-o como sardinha. E do- domínio público, que os respecti-
vos tribunais proibiram semelhante infracção, condenando além
disso os demandados em várias multas. A questão em Inglaterra,
tomou tão grande vulto que foi apelidada de batalha da sardinha.
Ora, sendo Portugal um dos paises mais interessados no des-
envolvimento de tão importante ramo de comércio, deveria ter pro-
curado fazer tratados que garantissem o mencionado princípio, obri-
gando os exportadores noruegueses a rotularem as suas conservas
com o nome do verdadeiro peixe de que são feitas. A crise aguda,
ainda não chegou para a indústria portuguesa. Os noruegueses,
mandando estudar nos países sul-americauos a importância destes
mercados, bem assim quais os peixes enlatados preferidos, preços,
etc, trataram de instalar grandes fábricas em Stavauger, com ma-
quinismos muito aperfeiçoados, possuindo tudo quanto é necessário,
até a própria estamparia. Emhm, conseguiram de tal forma baratear
a mercadoria, para poderem com vantagem desalojar todos os seus
concorrentes.
Alguns importadores, chamam a atenção da Câmara Portuguesa
para o seguinte facto que muito pode contribuir para o incremento
da conserva portuguesa no mercado. Possuindo os noruegueses os
mais modernos aparelhos de pesca, magníficas e importantes fábri-
cas, onde a energia eléctrica é largamente aproveitada, pessoal té-
cnico habilitadíssimo, operários práticos e salários relativamente
262
módicos, realizaram o que na indústria é o ponto culminante: j)ro-
du2:Í7' muito e a baixo preço. E bem evidente que no preparo da con-
serva reside o segredo ou a causa do seu módico preço para que
possa vir ao mercado em melhores condições do que a nossa.
Actualmente na Noruega parece haver também escassez de pescaria,
pois segundo consta nesta praça, os noruegueses teem feito para
Portugal, diversos pedidos de sardinha enlatada querendo mesmo
estabelecer uma agência numa das cidades do nosso país. Nâo resta
a menor dúvida que se alguns dos nossos antigos exportadores ti-
vessem adoptado outro critério, a sardinha portuguesa dominaria
em todo o Brasil. Para o conseguir deveriam ter preparado bem o
artigo, assimilando esse preparo ao sabor e gosto das diversas pra-
ças do Brasil.
A exportação deveria ser feita como de exclusiva produção
portuguesa. Entretanto, doloroso é confessá-lo, alguns só procuraram
plagiar ou imitar os fabricantes franceses em tudo, até nas próprias
marcas; haja em vista a imitação recente da conserva Philippe &
Canaud, aqui espalhada com o nome de Felini & Cannot estabele-
cendo a confusão, e que deu causa a uma apreensão e a um pro-
cesso que ainda não terminou. Com essas imitações, os nossos ex-
portadores só poderiam provar que a nossa conserva nâo é tâo
procurada como a francesa. Xo entanto, a maior parte da sardinha
em conserva, hoje vendida em todos os mercados como francesa,
é pescada, preparada e enlatada no nosso país. Quantas fábricas
francesas existem disseminadas por todo o Portugal? Inúmeras.
Terminada que seja a crise europeia, podem os fabricantes por-
tugueses contar com a enorme concorrência dos noruegueses, pelo
que urge tomarem-se enérgicas providências quanto ao seguinte:
1." Conseguir adoptar o princípio firmado em Hamburgo e
Londres obrigando os fabricantes a rotular as conservas de peixe
com o seu verdadeiro nome.
2.° O Governo Português deverá exercer rigorosa fiscalização
sobre todas as conservas exportadas, condenando as que julgar em
más condições e que possam por qualquer circunstância lançar o
descrédito sobre a nossa indústria.
3.° Obrigar os fabricantes a estabelecer pesos iguais para os
diferentes formatos, porquanto a balbúrdia dos vários tamanhos e
pesos, prejudicam enormemente não só o fabricante como o impor-
tador. Basta citar o seguinte exemplo: No mercado encontram-se
263
(|uartos ainoricíinos desdo 2.'ir) até 'M\0 gramas o assim respecti vã-
mente para os demais formatos.
4.** Examinar rigorosamente o preparo dos peixes destinados
à exportação e que nâo enlatem carapau, bique/vão e espadilha por
.sar((/)iha. como já se tem feito no sul do país.
Até ao presente, a vinda da conserva norueguesa ao mercado,
com a falsa designação de sardinha, consistia uma grave fraudo para
a Fazenda Nacional, pois o direito sobre a sardinha em conserva é
de õt) % menos, GOO réis para sardinha, e 1$200 para todo e qual-
quer outro peixe. Porém, pelo novo projecto de Tarifa, ainda nao dis-
cutido pelo Congresso, a conserva de sardinha ficará equiparada à de
chicharro, arenque, etc, o virá a pagar apenas 500 réis por quilograma.
H." Com excepção da sardinha, quais são as outra.s conserva.'^ pre-
feridas nos mercados brasileiros?
Para frutas e legumas temos: azeitona, j^refrt e verde, aqui co-
nliecidas por Douro e Elvas. A azeitona espanhola, verde, vem ao
mercado em latas e em vistosos frascos, com uma apresentação
muito cuidada e eml:tora de preço mais elevado que a nossa, tem
grande procura.
Ervilhas de diversos tamanhos (^ue se designam por números.
A n." 1, é mais conhecida aqui por petit-pois por se parecer em ta-
manho com a francesa. O retalhista assim a distingue; a fina é petit-
pois, e a grossa, simplesmente ervilha. C^ueixam-se muitos consumi-
dores, da nossa conserva de ervilha, conter caldo em demasia, e
pouco fruto ou bago, o que nâo sucede na francesa.
Consomem-se também, grelos, Ijrócolos, cogumelos, espargos
franceses e alemães, tendo estes últimos a preferência, e vários ou-
tros legumes.
Frutas em calda, geleias e doces diversos, tendo a América
a preferência para as primeiras.
Carnes : Ijinguiça, chouriço, paios, presuiltos, caças do toda a es-
pécie, etc.
Peixes: Sardinhas em azeite e diversos molhos ou condimentos,
salmão e outros peixes, assim como moluscos, crustáceos, etc. A la-
gosta, por exemplo, tem um grande consumo, e devemos observar
que a conserva desse nome, é simplesmente o nosso lavagante.
Havendo em Portugal importante pesca de lagosta nâo se poderia
tentar o seu preparo, conservação e enlatam ento? O consumo é
grande, e parece-nos talvez conveniente estudar o assunto.
264
4." Q.ucd deve í^er o formato e capacidade das latas de conserva
ãe sardinha, em harmonia com a preferência do consumidor?
Alvitra-se o estabelecimento de uma convenção entre os fabri-
cantes, para que a lataria, em cada tipo seja uniforme em relação
ao peso, evitando assim a confusão de tamanhos e respectivos peso&
que reina nas conservas de sardinha.
5." Quais as condições de venda na praça do Rio de Janeiro?
Sem excepção, deverá ser de 120 d/v sem desconto ou à vista
com 3 o/o-
6." Quais as condições de expedição, embarque, etc?
Em tempo normal é preferível CIF.
7.** Quais os direitos que incidem sobre as diversas especialidades
eonhecidas genericamente por «conse^-vas»?
Presuntos, conservas de carne, paios, linguiças ou
chouriços, caldos ou geleias e quaisquer prepara-
ções
Peixes não classificados, mariscos, ostras ou outros
moluscos e ovas: Bacalhau
Quaisquer outros, secos salgados ou em salmoura
Frescos por frigorificação ou outro processo
Em conserva, sardinhas
Idem, quaisquer outros
Quaisquer frutas em conserva de espírito, de calda,
em massa ou em geleia
Quaisquer legumes, farináceos e hortaliça de qualquer
qualidade não classificados:
Secos ou frescos, salgados ou em salmoura
Em conserva de qualquer qualidade
Azeitonas de qualquer qualidade
Quilogr.
iS2oa
$060
$080
$080
8600
l$20O
1$200
S200
S800
$100
Todas estas taxas são agravadas pelo pagamento de 3õ "/y em
ouro, armazenagem, melhoramentos do cais do porto, capatazias,
etc, o qu.e as eleva pelo menos, a mais õO %. Acresce ainda o im-
posto de consumo, que é de 25 réis por cada fracção de 250 gramas.
Para maior clareza damos a seguir, em resumo, alguns exem-
plos de despachos de géneros de estiva, despachados sobre água:
265
Carnes em conserva ou defumadas:
10 taixas pesando líquido G.'W kilogramas a 1^200, acrescidas
as despesas das psrcenta^ons ouro, capatazias. armazenagem, análise,
selos de consumo, desj)acho o carreto, l:172S3(iO réis, ou sejam
1S8()0 réis por quilograma.
Peixe em conserva, excepto sardinha:
ISorve este mesmo exemplo.
Frutas em calda:
Pagam a mesma taxa de 1S200 ])or (quilograma, estando piu*
conseguinte sujeitas a despesa idêntica.
Legumes em conserva, ervilha, etc:
89 caixas do diversos tamanhos pesando lí(jiddo na totalidade,
quatro mil quilogramas a 80') réis, pagaram de direitos, 4:98789(30
réis ou sejam por (juilograma, 1S250.
Azeitona:
50 caixas de azeitona com o peso líquido de 3:130 quilogramas
a 100 réis, o mais despesas incluindo o imposto de 100 réis por
quilograma, importaram em 8408520 réis, sendo a despesa por
(juilo, de 270 réis.
Sardinha em conserva de azeite:
82 caixas de sardinha em conserva de azeite pesando líquido
3:100 quilos a tíU) réis. e demais despesas, incluindo selo propor-
cional por fracção de 250 gramas, 3:096S960 réis, ou 8998 réis por
cada quilo.
Sardinha em salmoura (despachada com armazenagem) :
200 barris contendo sardinha em salmoura, taxa de 80 réis por
quilo, pagaram 8168840 réis, despesa por cada quilo, 324 réis.
8.° iVào acha Y. E.c.^ conveniente que os exportadores portugue-
ses, a exemplo dot das outras nações, enviem ao Brasil, caixeiros via-
jantes habilitados e bem remunerados':'
Considera-se mesmo a forma mais prática de encaminhar o des-
envolvimento da exportação portuguesa para o Brasil. 3Ias será
contraproducente entregar qualquer representação a pessoal inábil,
pois é preciso aprofundar bem as necessidades e os hábitos do mer-
266
cado e colher elementos para corrigir e orientar mellior, tanto as
qualidades dos produtos, como as condições de venda. Seria mesmo
preferível que os industriais pessoalmente, ou melhor ainda, dele-
gações das Associações Comerciais e Industriais, formadas por ver-
dadeiras autoridades em cada ramo de negócio, viessem estudar
directamente os diversos problemas e verificar o que alguns comer-
ciantes daqui, estão já cansados de lhes aconselhar. E como em to-
dos os ramos de actividade comercial do Brasil, se encontram à
testa das melhores firmas, elementos portugueses, o acolhimento
será de molde a tornar essa tarefa rápida e eficiente. Ousamos tam-
bém lembrar que as Câmaras de Comércio os recelieriam de melhor
grado e ficariam incondicionalmente à sua disposição.
Lembra-se também a organização de sindicatos nos principais
centros produtores, Setúbal, Algarve, etc, a exemplo do que se
pratica em outros países, enviando periodicamente ao Brasil, repre-
sentantes experimentados e do reconhecida competência. Desta forma,
todos teriam o seu quinhão no consumo dos mercados brasileiros.
9.° Não lhe jicirece que se deveria acoJiselhar os exportadores por-
tugueses a modificarem as suas exigências nas coiidirões do pagamento?
As facilidades nas concessões de pagamento sâo poderosos ele-
mentos no Brasil para o desenvolvimento das transacções comer-
ciais. Os alemães assim o compreenderam, pois concederam prazos
até seis meses. Vj verdade que eram secundados pelas suas casas
bancárias com sucursais neste pais, o que nós infelizmente ainda
náo logramos obter das nossas.
É essencial também o integral cumprimento dos contractos de
parte a parte, para que o comércio português mantenha o bom
nome e a confiança de outras épocas.
10.'' Outras quaisquer obt^ervaçâes que V. Ex."' julgue conveniente
acrescentar.
A fim de confirmarmos tudo quanto fica exposto, externamos na
íntegra, um dos muitos pareceres que nos foram enviados:
«Rio de Janeiro, 30 de j\[arço de 191Õ — 111.™'' Directoria da
Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria — Rio de Janeiro.
«Junto remetemos a Y. S.^^ as respostas aos questionários
n.'''' 1.°, 3.", 9." e 23.°, referentes ao «Inquérito para a expansão do
comércio português » , cumprindo-nos antes de mais nada, felicitar a
Câmara pelo seu belo empreendimento, sobre tudo pela forma essen-
261
oiahuonte prática quo adoptou. Fazomos os mais sinceros votos para
que resulte do tâo interessante traballio quab^uor cousa de provei-
toso ao desenvolvimento da exportação de Portugal, quo será aíinal
a iinica t\n'ma da expansão do comércio português.
«As respostas, que o nosso conliecimento, arduamente adijui-
rido, do assunto, nos permite dar, com a maior sinceridade, julga-
mos bem cabido juntar algumas considerações que, estando certa-
mente no espírito de V. S.'*'*, não deixará de ser útil repisar, visto
que se pretende dar a maior ])ublicidade aos esclarecimentos obtidos
por esta forma.
<:0 desenvolvimento do comércio de exportação de Portugal
para o Brasil, a nosso ver, não dependo só do melhor conliecimento
das condições dos mercados brasileiros, da natureza da concorrência
e da forma conveniente do negociar, que os seus questionários, mais
directamente, pretendem atingir. INlostram as estatísticas que essa
importação tende a decrescer e, quanto a nós, esse declínio deve
basear-se em causas mais remotas, que é necessário estudar com
cuidado.
«As razoes principais da diminuição da vinda de produtos
portugueses para o Brasil, são naturalmente : primeiro, concorrên-
cia dos países produtores, melhor aparelliados, industrial e financei-
ramente do que o nosso ; segundo, para alguns produtos a concor-
rência de géneros de fabricação nacional: terceiro, a falta de diligên-
cia dos exportadores portugueses, condição a que escapa um peque-
níssimo número.
« Devemos analisar cada uma das razoes de per si.
« Sendo a exportação portuguesa essencialmente de produtos
agrícolas, é necessário conhecer a produção agrícola em Portugal,
para compreender a dificuldade que o agricultor tem em fazer a
exportação dos seus produtos, quando mesmo a sua colocação no
próprio país é para êle cheia de embaraços. A propriedade muito
dividida, sem recursos financeiros, sem crédito, debate-se numa luta
improfícua e, se por algumas iniciativas — já ousadas — consegue
realizar a exportação, exerce-a defeituosamente, sem espírito de
continuidade, sem uniformidade de tipos o de medições, sem poder
oferecer as necessárias vantagens na forma de pagamento e linii-
^tando-se a ir vivendo sem condições próprias de resistência e — infe-
lizmente— sem o auxílio forte e eficaz que, para alguns dos seus
males, só lhe pode vir dos Poderes Constituidos.
•268
< Como remediar este estado de cousas ? Só há um remédio : a
criação de cooperativas ou sindicatos agrícolas regionais, que estu-
dem e mantenham as suas qualidades, que regularizem e autenti-
quem as medições e as procedências e que possam oferecer a con-
fiança necessária para o estabelecimento de um outro regime bancá-
rio, que permita então realizar a lavoura em condições normais e
fazer o comércio e a exportação com a certeza de concorrer.
<; A segunda razáo apresentada, nâo pode evitar-se pelo esforço
directo ou tenacidade dos interessados e, embora a concorrência dos
produtos nacionais do Brasil, nâo afecte grandemente os principais
géneros j)ortugueses, cumpre ao serviço consular e diplomático dos
dois países, secundar os esforços dos exportadores e negociantes^
tanto portugueses como brasileiros. E desta intervenção muito há
a esperar, se fôr possível distrair as relações platónicas dos sala-
maleques para o campo prático dos interesses recíprocos.
«A terceira razáo que apresentamos — a falta de diligência dos-
exportadores portugueses — ó um facto quási incompreensível. O ne-
gociante português no seu país (salvo honrosíssimas, mas raras ex-
cepções) desconhece completamente o Brasil. Para êle é uma terra
longínqua, donde se volta com o fígado doente e onde outrora existia
uma árvore que dava patacas e que actualmente secou. Desconhece
que todo o mundo negoceia e deseja continuar a negociar com
o Brasil, esquecendo-se criminosamente de que este é o único mer-
cado onde o esforço inteligente de portugueses pode encontrar —
e encontrará sempre — a secundá-lo o acolhimento e auxílio de ou-
tros portugueses.
«Venham vêr! Venham vêr e compreenderão a incúria e des-
leixo com que se está perdendo o terreno adquirido nos mercados
do Brasil. Háo de ver azeites espanhóis com rótulos em bom por-
tuguês: provarão azeite italiano de bela apresentação e peso cons-
tante garantido e quási só por essas qualidades é preferido; verifi-
carão a vergonha dos vinhos portugueses, que aqui se vendem e
bebem; apreciarão a escolha e a qualidade das batatas francesas e
americanas; ficarão sabendo como se trata a fruta (as nossas mes-
mas frutas) que a Califórnia nos envia; veráo como os negociantes
alemães vendem os seus produtos de toda a espécie, como conhecem^
muitas vezes mellior que os nacionais, as leis e as pautas alfande- ^
gárias.
«Venham vêr! E veráo também como os negociantes portugue-
261»
ses aqui estabelecidos, sâo forçados a dar a preferência ao comércio
de outros países o aprenderão com os exemplos, que podem contar
aos milhares, como se luta, como se trabalha o conu") se triunfa.
«Náo há espírito de azedume nem de censura nas nossas pala-
vras : elas sáo a expressão da nossa maneira de vêr e, longe de criar
susceptibilidades, que sejam recebidas pelos nossos patrícios, a quem
atingem, se Y. S.""* considerarem conveniente torná-las conhecidas.
«Mantemos relações comerciais com firmas exportadoras portu-
guesas, cujo trabalho, encarado tanto industrial como comercial-
mente, pode servir de modelo ao melhor negociante de qualquer
país e náo é portanto com despeito que nos referimos — com rudeza,
mas com sinceridade — às qualidades dos exportadores portugueses
em geral.
«Com subida consideração, subscrevemo-nos — De V. S.**""", muito
atentos veneradores e obrigados, José Constante d: C'."
Foram as seguintes, as firmas que gentilmente corresponderam
xio nosso apelo, orientando-nos para a confecção do presente ques-
tionário: srs. Carvalho Rocha & C"; Coelho, Martins & C"; Correia
Pinto & C.^; Correia Ribeiro & C."" : Delfim Coelho & C.^; Guimarães
Irmão & C." : J. F. Santos & C": José Constante & C."' ; Lehrão
& C": Machado Carvalho (O C." : Oliveira Lopes, Silva & C." e Tei-
xeira Borges d'- C."
Questionário n." 30
IV — Frutas de mesa.
1. Amêkdoas.
Até 1909 toda a fruta verde figurou num só artigo da classifi-
cação da Estatística Brasileira sob a rubrica de « não especificadas » .
A partir de 1910 desdobraram-se aquelas que, nas facturas consula-
270
res, vinliain mais ou menos especificadas, abrindo-se artigos espe-
ciais para amêndoas^ avelas, castanhas, maças, nozes, pêras e uvas.
Para algumas, tais como, maças, pêras e uvas verdes, é ainda bas-
tante difícil, estabelecer com exactidão quantidades e valores, de-
vido, muitas vezes, às facturas consulares só designarem a merca-
doria com o nome genérico de frutas verdes, e como nâo há
diferença de taxas alfandegárias, a Estatística continua a classificá-
las pelo antigo artigo das não especificadas.
Como se pode verificar pelo pequeno mapa que segue, relativo
aos últimos cinco anos, a nossa amêndoa atingiu o máximo do mo-
vimento em 1911, decaindo nos anos subsequentes, como por exem-
plo em 1913 que nâo chegou a metade do daquele ano, aumentando
no entanto, contra toda a espectativa em 1914, cerca de 18 contos
de réis. Cifrou-se nos algarismos abaixo, a importação de origem
portuguesa, comparada com a de todos os outros países:
Anos
1910,
1911.
1912.
1918.
1914.
Portugal
Quilogramas { Valores
108:159
109:262
101:812
47:930
.55:886
94:945$000
llP:116$0cX)
114:496*000
54:176$000
72:324$000
Importação geral
Quilogramas Valores
366:313
345:825
429:235
258:030
148:625
343:6011000
396:161$000
462:732$0a)
319:0871000
213:229$000
Em 1911 conseguimos ocupar o 2° lugar na importação com
30 % ^^ totalidade; passamos porém, nos anos seguintes, para
3." plano. A ordem tem-se mantido da forma seguinte: Itália, Es-
panha, Portugal, França e Alemanha. Os principais mercados con-
sumidores são: Rio de Janeiro, Santos, Porto Alegre, Pará e Manaus.
As melhores amêndoas descascadas que vêem ao mercado, são as
italianas e francesas, principalmente estas últimas, procedentes de
Marselha, género muito superior, bem escolhido e classificado.
O fruto português, também descascado, contêm uma grande
parte de amargas e é mal cuidado, tanto na limpeza como no acon-
dicionamento. Além destes inconvenientes, vem geralmente à con-
signação, havendo umas vezes, grande falta do artigo no mercado.
271
outras, grando abundância quo dotcrniina baixas bruscas nos pre(,'.os,
doniora da inorí^addvin nos depósitos e a sua consoíiuonte dotorio-
ração.
É pena que tal suceda, pois a nossa amêndoa, apesar de menor
que as similares de outras procedências, é muito mais cheia, ou por
outra, contêm mais miolo, prostando-se com vantagem a certos o
determinados íins. A espanhola, inferior à nossa e por esse facto do
menor preço, tom sempre consumo certo no mercado. A descascada,
vem era latas de 5, 10, 15 e 20 quilogramas, liermeticaraento fecha-
das o o fruto com casca em sacos de 60 quilogramas.
As italianas e francesas vêem acondicionadas em barricas de 100
quilogramas e chegam geralmente bem; taml)êm se importam em
sacos de 40 e 60 quilogramas. As portuguesas igualmente se impor-
tam cm sacos de 40 e 60 quilos, mas o mais comum é a tradicional
golpelha de esteira de esparto, variando o peso do 100 a 120 quilo-
gramas. Como se pode bem calcular, essas golpelhas sâo enormes,
difíceis do movimentar, e estão de há muito condenadas pelos im-
portadores, pois reputam péssimo este sistema de embalagem.
A taxa ou direito alfandegário ó de 100 réis por quilograma, po-
dendo calcular-se em 145 réis com as despesas acessórias. Daremos
uma fórmula de despacho para frutas verdes em geral quando tra-
tarmos mais adiante do respectivo questionário.
•2." Avelãs.
E bem diminuta a importação de avelas de origem portuguesa.
Este produto também foi desdobrado a partir de 1910, e cifra-se o
nosso movimento em confronto com o geral, nos últimos cinco anos,
nos seo-uintes alo-arismos:
Anos
Portugal
importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1910
3:091
•5:904
7:720
1:875
315
2:634S000
õ:14G$000
6:G2õS000
l:71GS(¥Xl
324S(J< H )
160:194
169:293
184:880
1(52:570
•'ti*391
113:156$000
r28:145$000
137:290$000
134:()4GS0ai
23-Gt4SõO(»
1911
1912
1913
1914
272
Até 1911 a Itália manteve a primazia no mercado; porem
de 1912 em diante a Espanha passou para o primeiro plano. A luta
restringe-se a estas duas nações, pois que Portugal com a sua dimi-
nuta exportação ocupa o 3.** lugar, seguindo-se-lhe o Chile. O forte
da importação é pelo porto de Santos que consome cerca de metade
do movimento geral. A avelã geralmente vem em sacos de 50 a 60
quilogramas, e o direito alfandegário é também como no precedente
artigo, de 100 réis por quilograma. A nossa avela é considerada
€omo de primeira qualidade.
3.** Castaxhas.
Estas poderiam aqui alcançar muito maior consumo se em
Portugal houvesse o cuidado de exportá-las com mais antecedência.
Habitualmente a nossa castanha chega aqui muito depois da espa-
nhola. Esta vem em canastras de ÕO quilogramas, passa em trânsito
pelo nosso país : é mesmo encanastrada na capital o aqui vendida
como de legítima procedência da cidade de Lisboa. Quando a nossa
aparece em caixas de vários tamanhos e pesos, grosseiramente fei-
tas, sem método nenhum na expedição, já a espanhola está predo-
minando no mercado. Nos últimos cinco anos o movimento portu-
guês comparado com o geral, foi o seguinte:
Anos
Portugal
importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1910
595:716
508:338
655:889
519:613
428:264
2O8:797S0O0
173:179$000
216:380$000
16S:349$000
167:441$0OO
2.265:347
1.861:648
2.320:385
2.273:218
1.168:193
786:758$000
tíl9:753$000
787:273$000
758:650$000
444:481$000
1911
1912
1913
1914....
Em 1912 registou-se o máximo movimento, tanto para nós
como no geral; no ano seguinte tivemos uma baixa de cerca de 50
contos e ficamos estacionários em 1914 quando a baixa na importa-
ção geral entre 1912 e 1914 foi de 343 contos.
273
A nossa caKtanha, principalinonte a da rogiâo de ( "arrazoda,
<3 superior a (jualquer outra. A importaçrio ostá dividida pola Es-
panha, aproximadamente dois terços do movimento total, Portugal
e Itália. O Rio de Janeiro consumiu em 1915, 554:ir)()S0()0 réis ou
seja cerca de 70 % ^^^^^ importação geral: Santos, 142:0(K)$000 róis,
seguindo-se Pará, Manaus, ete.
O acondicionamento varia; nas espanholas, como já dissemos,
é em cestas de 50 quilos e sacos de 60 quilogramas. As italianas
véom em cestas tamljêm de 50 quilogramas e caixas de 30 o 60 qui-
los, peso líquido.
As portuguesas teem três maneiras de acondici onamento : bar-
ricas de 60 quilos, líquidos, cestas de 50, e caixas muito toscas de
tamanhos diversos, variando na mesma remessa entre 50 a 70 qui-
logramas do peso líquido.
As meias caixas variam também entre 2õ a 35 quilogramas.
A sua péssima aparência nâo recomenda de forma alguma o produto.
O direito na castanha também, é de 100 réis por quilograma.
^.-^ iMaçãs.
A nossa pomologia está muito escassamente representada nos
mercados brasileiros. Possuimos belos frutos, na verdade, muito
aromáticos e saborosos, mas infelizmente, devido sem diivida a falta
do um preparo adequado à sua conservação, facilmente apodrecem.
Toda a maça procedente dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra,
Tasmânia e Austrália tem uma ténue camada de parafina quási im-
perceptível, que a conserva por bastante tempo qu ando retirada dos
frigoríficos e exposta à venda. Nâo tem o aroma próprio ao fruto
nem mesmo o sabor que o caracteriza; no entanto, está perfeita, com
uma aparência admirável de frescura, parecendo colhida de pouco
tempo. A de origem francesa, espanhola, italiana e a nossa, logo
após a saída dos frigoríficos, deterioram-se com a maior facilidade;
conservam no entanto, o aroma agradabilíssimo do fruto, e, como
este, é muito desigual; o menor chega sempre mais ou menos com-
primido ou tocado e é por aí que começa a sua rápida decomposi-
ção, tornando-se invendável. Tivemos ocasião de ver, no decorrer
do ano findo, algumas remessas vindas da Ilha da Madeira, em la-
274
mentável estado; o aroma mantinha-se persistente, mas o fruto teve
de se inutilizar.
A importação de origem portuguesa, durante os últimos cinco
anos, comparada com a geral, foi a seguinte:
Anos
Portugal
importação gerai
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1910
103:488
115:729
97:212
116:064
12:045
39:358$000
37:245$000
85:071$000
36:773Sa^0
6:679$0OU
1.342:876
1.541:374
1.869:097
1.888:610
1.698:814
43õ:070$000
576:646$000
901:24õS000
785:728S00O
759:081$000
1911
1912
1913
1914
O aumento da importação geral em quatro anos traduz-se por
350 contos nos valores e 500 toneladas nas quantidades. Os valores
de 1913, em relação ao ano precedente, foram inferiores em 116 con-
tos, a-pesar-da quantidade superior de 19 toneladas, neste último
ano. Em 1914, tivemos uma baixa que não se explica^ pois no mo-
vimento geral registaram-se menos 190 toneladas que em 1913, com-
putadas em 26 contos, e para nós a diferença é de 104 toneladas no
valor de 30 contos.
Os Estados Unidos da América do Norte, manteem a primazia
no mercado. Em 1912 importaram-se daquele país 1.182:196 quilo-
gramas, computados em 625:161S000 réis e das possessões britânicas^,
incluindo o Canadá, 485:044 quilogramas, valendo 181:247$000 réis.
Só estas duas importações absorvem 89, ÕO "/q dos valores da im-
portação total. O restante foi dividido pela Inglaterra, Portugal,.
França, Argentina, Itália e Espanha.
A praça do Rio de Janeiro, no mesmo ano, consumiu réis-
808:0608000 ou seja cerca de 89 "/o ^^ importação total. Seguem-
se-lhe os portos de Pará, Baía, etc.
O acondicionamento americano, canadense, inglês e das colónias-
obedece a um método rigorosíssimo e deveras interessante. Todas
as caixas sâo de igual formato, e teem exteriormente marcado o
número de frutos que cada uma contêm, náo diferindo o conteúdo
de um só sequer.
275
As tábuas que formam os lados das caixas, estão dispostas de
maneira que, em todo o seu comprimento há um ou dois espaços
ou intervalos para a necessária ventilarão interna.
Ainda para estabelecer o arejamento dos volumes, quando em-
pilhados, o para que os fundos náo forcem as tampas, quando um
pouito abauladas pelo excesso do conteúdo, estas teem nas extremi-
dades, que pregam nas testeiras, fasquias ou travessas em que a
caixa sobreposta assenta, náo comprimindo portanto os frutos con-
tidos no volume que lhe fica por baixo.
Em cada caixa o fruto obedece a um só tamanho, o que facilita
a sua boa disposição em camadas simétricas. Cada um, além da li-
geira camada de parafina a ([ue já nos referimos, vem envolvido em
papel branco de pouca consistência.
Os Estados Unidos e o Canadá empregam dois sistemas de
acondicionamento: caixas com 18 quilos de peso líquido e bar-
ricas de 60 quilogramas líquidos. O número de frutos para estas
últimas varia entre 300 e 400.
A Escóssia, Tasmânia e outras possessões inglesas, usam idên-
tico sistema de caixas com o mesmo peso de 18 quilogramas líquido
para cada volume, com 80 a 120 frutos, trazendo a caixa, igual-
mente marcado na extremidade, o número exacto que contêm.
Da Argentina importa-se a maça em cestos.
De Portugal vêem caixas variando entre 20 a 60 quilogramas
de peso líquido, fruto desigual, nâo tendo conta certa e embrulhado
muitas vezes, em papel de côr que o tinge facilmente.
õ.° Nozes.
As de procedência portuguesa teem aqui pouca aceitação por
nâo poderem concorrer em qualidade e preço com as chilenas.
Este fruto também passou a descriminar-se em artigo especial
a partir de 1910; tivemos uma certa preponderância no mercado
até 1911, figurando na importação no segundo lugar; porém em 1912
passamos para o quarto, onde ainda permanecemos.
Tivemos no último qúinqiiénio o seguinte movimento em con-
fronto com a importação total:
276
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1910
97:769
136:381
86:391
41:282
33:472
53:035í!000
75:066|!000
47:666|!000
23:778^000
19:426^000
751:546
572:977
1.047:070
539:321
240:509
437:964^000
379:098,í!000
685:446|!000
340:7861000
188:377^000
1911
1912
1913
1914
Em 1912, deu-se um decresoimento para nós de cerca de 28 con-
tos, quando na importação geral houve um aumento de 306 contos.
Este aumento nâo se manteve no ano seguinte, em que se deu uma
baixa de 50 "/e tanto no movimento geral como para nós.
O Chile vendeu ao Brasil em 1912, 659:997 quilogramas no va-
lor de 439:2258000 róis ou seja 64 7o ^^ importação total. O res-
tante foi distribuído pela Espanha, Itália, Portugal e Uruguai.
O porto do Rio de Janeiro comprou no mesmo ano, 622:734$
'róis ou seja 90 ^o cia importação geral; Santos ó o único porto qne
se pode mencionar com consumo regular a seguir à praça do Rio
de Janeiro.
O acondicionamento mais comum para nozes é o saco de
60 quilogramas.
6. Uvas verdes.
A nossa viticultura poderia estar mais bem representada no
Brasil se houvesse maior cuidado no acondicionamento e mais cri-
tério por parte do exportador. Já por várias vezes tem sido de-
monstrado o quanto ó prejudicial ao fruto, o emprego da serradura
de pinheiro. Será talvez o processo mais económico de embalagem ;
tem, porém, o contra de impregnar toda a uva com o detestável
gosto a resina. Nestas condições e estando o mercado do Rio de Ja-
neiro fartamente abastecido com o produto nacional e argentino,
embora nâo haja comparação possível em qualidade entre estes e o
da nossa videira, a preferência do consumidor inclina-se mais para
eles, do que para o nosso, visto não terem o sabor acre, proveniente
277
única o oxeliisi vãmente da serradura; e não é o factor proço que
contribui para essa preferência, pois a nossa uva nâo o alcança su-
perior.
A espanhola, acondicionada com serradura de cortiça em bar-
ricas de 25 quilos de peso líquido, consorva-se inalterável de gosto
por tempo indeterminado, encontrando-se à venda durante todo o
ano, quando a nossa só aparece na época própria da vindima, nâo
guardando os frigoríficos provisões, como sucede com a espanhola
que atinge muitas vezes elevadas cotações.
A importação de uvas frescas só começou a descriminar-se em
1910. Infelizmente nâo acompanhamos na proporção a marcha as-
cendente que se nota até 1912. No ano seguinte houve um decres-
cimento de cerca de 17 "/q no movimento geral e que para n(')S se
elevou a 50 7o-
O nosso movimento durante o quinquénio^ comparado com o
geral, foi o seguinte :
Anos
Porti
igal
Import,
jção geral
Valores
Quilogramas •
Valores
Quilogramas
1910
528:475
534:159
668:341
378:188
26.5:1.50
244:6175000
244:8535000
280:8715000
191:1295000
147:1665000
1.166:040
1.443:146
2.492:698
2.015:697
799:988
756:4315000
965:1 71 WOO
1.894:1065000
1.572:8095900
688:5885000
1911
1912
1913
1914
Predomina no mercado a Espanha, que em 1912 vendeu ao
Brasil 1.686:864 quilogramas computados em 1.485:J:23S0OO réis ou
seja 78 "/„ da importação total.
Nós ocupamos o segundo lugar, vindo em seguida a República
Argentina que no mesmo ano forneceu 107:967$000 réis. Há ainda
uma diminuta importação da Gran-Bretanha e Estados Unidos.
Destinou-se a maior quota da importação a esta praça que absor-
veu em 1912, 1.469:2335000 réis, cerca de 77 % do movimento to-
tal. O Eio (jrande do Sul também abastece o mercado do Rio de
Janeiro, mas só em determinada época do ano, e como existem aqui
grandes câmaras frigoríficas, a uva espanhola é ali armazenada em-
278
quanto dura a nacional, conseguindo-se por esta forma a venda da
uva fresca em qualquer estação do ano.
O sistema de barricas de 20 quilogramas de peso líquido usado
pelos espanhóis, parece o meio mais prático de conservar o produto.
Nós usamos a caixa de 25 quilogramas, mas na serradura de pi-
nheiro é que está o defeito do acondicionamento. A Argentina, como
a distância é curta, envia ao mercado cestas de um formato espe-
cial também com 25 quilos. O Eío Grande do Sul adoptou o mesmo
sistema, que nâo pode de forma alguma servir para nós.
Carece de um estudo especial por parte dos nossos exportado-
res, o acondicionamento do fruto das videiras portuguesas, a fim de
obtermos vantagens que nos são devidas, nâo só pela excelência do
produto como ainda pela numerosa colónia que aqui temos.
Questionário n.'' 31
7. Frutas secas não especificadas.
(Jcupamos o terceiro lugar na importação de frutas secas ou
passadas, em que também estáo compreendidas as de Elvas, a-pesar-
de erroneamente classificadas, muitas vezes pela Alfândega, como
frutas cristalizadas ou em doce, pagando por esse facto, na razão de
2S000 réis por quilograma, em vez de 400 réis, taxa aplicada a to-
das as frutas secas sem preparo.
Com tao pesado encargo as nossas saborosas frutas, género El-
vas, muito bem preparadas e aqui muito apreciadas, nâo podem
competir em preço com as similares de outras procedências que
habitualmente vêem ao mercado, como por exemplo a francesa,
acondicionada em elegantes bocetas de cartão muito leve, e embora
pague a mais alta taxa alfandegária, porque realmente é preparada
ou cristalizada; no entanto o seu preço é muito mais equitativo.
Incidindo o direito sobre o peso bruto da mercadoria, isto é, in-
cluindo o da boceta de pesadíssimo cartão ou madeira, em que a
nossa fruta de Elvas vem acondicionada, a elevada taxa de 2$000
réis por quilograma, acrescida das demais despesas acessórias que
perfazem o total de 3$000 réis, muito difícil se torna generalizar a
279
tjiia venda, e tiáo havemli) margem para lucros compensadores, a
iínportaeáo ressente-se. A nossa fruta tom ainda um contra, sondo
do preparo diferente da francesa, deteriora-se mais rapidamente,
Tem-sc notado no presente ano a completa ausência das nossas fru-
tas de Eivas: no entanto as francesas continuara a vir ao mercado
em pequenas liocetas bem artísticas.
Como fica demonstrado, depende só de arranjo o bom gosto,
o consumo de ameixas, damascos e alperclies de Ehas em caixinhas
©levantes e extromamente leves. Devemos notar que já de si a nossa
fruta é mais pesada que as de outras origens.
As frutas e Itijunies figuraram englobadas até 1908, cifrando-so
nos algarismos seguintes, as quantidades e valores da importat-áo
de origem portuguesa em confronto com a geral :
Frutas e legumes
Anos
Po
Quilogramas
rtugal
Valores
Importação geral
Quilogramas
Valores
lítOõ
1906
205:344
237:019
277:907
253:764
106:650$01K)
147:241 SOOO
172:292$000
152:860$0a)
1.240:089
1.410:7:-30
1.583:854
1.282:382
872:197$000
1.160:8õ5$000
1.446:201 $000
1.09õ:633$000
1 907
X^MM
Dos legumes nos ocuparemos em devido tempo.
Frutas
Anos
Po
rtugal
Valores
Importi
Quilogramas
jção geral
Valores
Quilogramas
i;)09
1910
260:613
385:133
364:4!.)0
396:701)
301:315
81:952
170:396$000
260:163$a30
266:421 SOOO
274:O.5OSW0
207:677$000
75:920S0(X)
1.235:330
1.692:928
1.915:579
2.173:948
1.879:055
753:014
1.095: 165$0OO
1.552:039$aX)
1.868:302$0l)0
2.175:070$0lX)
1.978:163$0()0
S89:181$000
li)ll
1912
1913
U)U
280
O movimento ascendente que se nota na importação geral até
1912, pois em quatro anos quási duplicou, não foi acompanhado
pelo nosso país que apenas se limitou a um aumento de 61 °/o- -^^^
1913 houve uma sensível baixa que em 1914 ainda mais se acen-
tuou.
Até 1911, a Espanha predominou no mercado com o movi-
menta anual de cerca de 700 contos; porem em 1912, a França, que
até ali se limitara a vender ÕOO contos, passou para 750:4:54$000
réis, ou seja 34 ^/g sobre a totalidade, ficando a Espanha no segundo
plano com 717:743^000 réis. Segue-se-lhes em terceiro lugar p nosso
país, vindo em seguida a Itália, Alemanha, Estados Unidos da Amé-
rica do Norte, Grécia, Turquia Europeia e Asiática, etc.
Os principais mercados consumidores foram, obedecendo à or-
dem, Rio de Janeiro, Santos, Pernambuco, Portalegre^, Baía, Pará,^
Rio Grande, Paranaguá, Manaus, etc.
O forte da nossa exportação, é o figo, que só tenderá a dimi-
nuir, se continuarem a exportá-lo de baixa qualidade e sem a me-
nor selecção. O acondicionamento no geral, também é arcaico, como
por exemplo, as ceiras ou cabazes bordados, de péssimo gosto. Neste
particular pode-se afirmar que esta indústria nâo evoluiu; salvo
raríssima excepção, não se sái das mal acabadas ceiras e caixinhas
de madeira tosca forradas nas juntas com tiras de papel de cor
muito ordincirio, em cuja confecção parece presidir sempre a falta
de iniciativa. Devemos aqui fazer salientar a tentativa de uma casa
de Lisboa, enviando figos em caixas de folha litografadas, o que
torna o artigo muito mais atraente.
Também apareceram umas excelentes passas de Alpiarça; pena
é que nâo fossem tão bem apresentadas no conjunto como as me-
lhores de Málaga; o seu sucesso seria completo.
Para frutas secas, formulou a Câmara vários quesitos que fica-
ram prejudicados, prevalecendo somente aqueles aos quais obtive-
mos respostas.
QUESTIONÁRIO
1.° Conhece V. Ex."' as causas que determinaram o decrescimento
da importarão das frutas secas de origem portuguesa durante o ano
de 1913?
A grande concorrência dos diversos países que anteriormente
281
nâo vinhaiu ao mercado om tâo larga escala. Em ligos secos ou j)as-
sados, tomos por concorrentes a Espanha, (í rocia e Turquia. Nas
frutas cobertas ou de Elvas, temos a Franca o os Estados Unidos,
de onde véom maças, peras, damascos, ameixas e pêssegos da Cali-
fórnia, (]ue so despacham pela taxa de 4(X) róis por quilograma, eni-
quanto que as nossas pagam, pela mesma unidade, 2S(X)0 réis.
2° Na afirmativa, o que aconselha V. Ex."- se deva fazer para
maior expansão no Bra-^il, do comércio das frutas sêcax de Portugal,
nomeadaynente o figo?
Primeiro: Melhorar o preparo, que até à actualidade, obedece a
})rocessos muito rudimentares, resultando a sua deterioração muito
rápida. Nos nossos figos dá o bicho com nuiis frequência que nos
espanhóis. As frutas de Elvas humedecem com a maior facilidade,
o que não sucede com as francesas.
Segundo: Obter do Congresso Brasileiro, por intermédio do
Governo Português, que as nossas frutas, género Elvas, passem a
ser classificadas como secas, e que os nossos industriais evitem men-
cionar nos cartazes, bocetas, rótulos, etc, os títulos de fábricas de
frutas doces ou frutas em açúcar, etc.
Terceiro: A redução dos actuais fretes marítimos, estabele-
cendo-se a tâo desejada carreira de iiavegaçâo portuguesa para o
Brasil.
3." Qual a procedência das frutas secas que teem a preferência
no mercado brasileiro?
A ameixa simplesmente seca ou passada, da Erança em avul-
tada quantidade, e da Alemanha e Itália. O figo, de Espanha, Por-
tugal e Turquia. As passas, de Espanha, também em grande quan-
tidade, e da Grécia. As restantes frutas, da xA.mérica do Norte,
França, Alemanha, etc. Deve-se salientar que as nossas de Elvas
bateriam facilmente as americanas se o seu preço nâo fosse excessivo.
4.° Qual o direito que incide no Brasil para a-< diversas frutas
secas?
Segundo a classe 6." da Tarifa, temos pelo artigo 90." para
frutas: Secas ou passadas, de qualquer qualidade, quilo 400 róis.
Pelo artigo 91.", quaisquer frutas, cocos ou nozes, classificados
ou nâo:
Em doces secos ou sem calda, cristalizados, ou de qualquer
outro modo preparados ou confeitados, quilo 2S000 réis.
Com o pagamento de 35 "/o f''ii'o © mais despesas acessiirias,
282
teremos estas taxas elevadas a mais 50 7o- Acresce ainda o imposto
de consumo de 100 réis por quilograma pn 25 réis por fracção de
250 gramas. Por exemplo, num amarrado de doze pequenas ceiras
de figos do Algarve, o selo é de 300 réis, porque incide sobre cada
uma das fracções que formam o todo.
5.^ O que aconselha V. Ex/'' para a embalagem das Jrutas por-
tuguesas e o peso que deve ter cada volume ?
Nâo devem ser demasiado grandes, e o peso em média mais
aconselhado, deve regular de 50 a 60 quilos; porém, a classe da
mercadoria é que o deve aconselhar. Ao acondicionamento desta,
deve presidir sempre o bom gosto. Os figos, por exemplo, em vez
das tradicionais caixinhas de madeira muito tosca, poderiam vir em
bocetas de fantasia. As ceiras também poderiam ser melhoradas,
nâo deixando no entanto de aparecerem, pois são típicas da região
produtora.
Como se trata de artigos de largo consumo na época do Xatal,
por conseguinte mais próprios para brindes, os espanhóis que já
vâo adquirindo uma certa prática comercial, melhoram de ano para
ano. a embalagem de seus produtos, liavendo actualmente no mer-
cado, passas e figos em pequenas caixinhas de fantasia, umas vezes,
simples brinquedos, outras, com uma certa e determinada aplicação.
E um pouco o nosso género empregado pela Semana Santa com as
amêndoas. Alguns meses antes de se iniciar a importação, os agen-
tes ou caixeiros viajantes, percorrem as casas importadoras com um
mostruário vazio de estojos ou caixinhas, tomando as encomendas
que sáo executadas pela mesma forma que para o artigo corrente
das ceiras ou caixas de madeira: tantos volumes com o modelo 1,
outros tantos com o número 2, etc, havendo uma infinidade de mo-
delos. Os franceses usam o mesmo sistema de caixinhas de fantasia,
estojos, etc, porem, muito leves, reunindo sempre o lítil ao agra-
dável.
6.° Tem ]'. Ex." conhecimento de que, para esta mercadoria, os
exportadores portugueses se servem ainda da consignação ou das vendas
à comissão?
Está muito reduzido o movimento ; todavia, ainda alguns ne-
gócios se fazem.
7." Na afirmativa, quais os meios a empregar para cftie cesse de
pironto tão pernicioso meio de transacção ?
Da maneira por que é feita, torna-se perniciosa. O negociante
383
si) loiu coiilirciuKMiio div nierccidoria 4110 lhe é consignada, pelo ma-
nifesto do vapor que a transporta. Muitas vezos não está habilitado
ou nâo pode formular o despacho imediato sobre água e depois da
mercadoria descarregada para a Alfândega, acresce a despesa de una
m^-s de armazenagem.
Se ao menos recebesse aviso com certa antecedência, a merca-
doria à sua chegada já estaria meio colocada na praça.
8.° Qual a forma de pagamento mais mual no mercado ?
As condições variam ; porem, as mais correntes, e que devem
prevalecer, sâo as de 90 e 120 dias de vista.
9." Qual a forma de e.qiedirão e embarque, efe. '■■
A mais prática é a condirão CIF.
Xa parte referente a caixeiros \iajantes, os vários produtos de
que trata o presente questionário nâo são de molde a comportar
despesas de tal monta, podendo a falta de viajantes ser suprida por
bons agentes ou representantes autorizados a fazerem a necessária
propaganda e que orientem com todo o critério os seus representa-
dos, esforçando-se estes por seguirem à risca todas as alterações
que lhes forem indicadas, no sentido de desenvolverem as suas
transacções.
As Câmaras de Comércio também poderão prestar relevantes
serviços com estudos especiais sobre cada artigo para futura orien-
tação dos interessados.
Questionário n.'' 32
8. Frutas verdes xão especificadas.
Portugal tem a primazia no mercado para frutas cerdes não
especificadas, excepção feita das seis qualidades já mencionadas,
amêndoas, avelãs, castanhas, maçãs, nozes e uvas: 110 entanto, pode
muito bem ser que entre as não especificadas, se encontrem também
aquelas, pois como já foi dito. muitas vezes as facturas consulares,
284
únicos elementos compilatórios da Estatística, sâo muito deficientes
na especificação da mercadoria.
Até 1908, as frutas estiveram englobadas com legumes, verduras
e azeitonas. Em 1908 deu-se a passagem dos legumes e verduras, para
artigo separado e no ano seguinte as azeitonas, passaram a figurar
no agrupamento das conservas, e as seis qualidades de frutas que
já tratamos em detalhe, descriminarem-se também, cada uma em'
artigo separado. Isto emquanto à Estatística, porque pela Tarifa, a
azeitona continua a considerar-se como fruta verde, pagando a taxa
de 100 réis por quilograma, e se fosse realmente classificada como
©onserva, passaria a pagar 1$200 réis pela mesma unidade.
A importação de origem portuguesa nos últimos dez anos, em
confronto com o geral, foi o seguinte :
Frutas, legumes e azeitonas
Anos
Po
Quilogramas
rtugal
Valores
Import
Quilogramas
ação geral
Valores
1905 . . . .
3.107:799
2.080:043
2.600:324
2.536:744
1.395:035$000
96õ:733$000
1.321:000$000
1.239:02õ$000
7.763:095
G..51 1:927
6.758:920
7.120:812
3.438: 1961000
3.116:lõ9$000
3.643:8221000
3.õ83:662$000
1906
1907
1908
Frutas e azeitonas
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1909.
2.425:755
1.228:O5O$O0O
6.499:914
3.510:.549$000
285
Frutas não especificadas
Anos
Portugal
Import
3<;ão geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1910
1911
1.257:570
1.125:808
1.409:523
1.309:243
1.402:751
942:()79á;000
901:12:}$000
1.444:077$000
Í)43:246S000
1.15(:'.:030$000
2.842:922
3.452:387
4.385:518
4.375:402
2.880:91(5
1.801:988$CXX)
2.327:577$000
2.972:179«000
2.697:842$000
2.205:50r)á;0L)0
1912
191o
IDU ; . .
Poderíamos predominar em absoluto no mercado, se os expor-
tadores seguissem os modernos processos de acondicionamento dos
outros países. Pelo pequeno mapa acima, vê-se que, depois do um
sensível aumento em 1912, tivemos uma baixa no ano seguinte, de
100 toneladas, computadas em 500 contos, quando na importação
geral, o decréscimo foi apenas de 10 toneladas no valor de 280
contos.
Acidentalmente, e devido à anormalidade da situação, que im-
pediu a saída de produtos de diversos países na época própria da
sua maturação, nós obtivemos em 1914, um aumento importante.
As quantidades ficaram equiparadas às de 1912, o melhor ano do
quinquénio ; porém os valores foram menores, talvez pelo motivo
das facturas consulares divergirem nos mesmos valores, facto que
se dá frequentemente com artigos de procedência portuguesa. Por
exemplo: uma factura refere-se a 100 caixas de uva, valendo um
conto do réis ; outra, do mesmo número de volumes, vale quatro
contos ou mais.
A procedência dos produtos, pela ordem, foi : de Portugal 50 %
da importação total, seguindo-se Espanha, Estados Unidos, Argen-
tina, Uruguai, França, etc.
Em 1912, o porto do Rio de Janeiro, consumiu 3.572:127 qui-
logramas no valor de 2.354:1 60?$000 róis, ou seja 79 *•/(, da importa-
ção total, seguindo-se-lhe vSantos, Pará, Baía, Pernambuco, Porto
Alegre, etc.
No inquérito a que a Câmara procedeu formulando 19 quesitos,
foram obtidas respostas aos seguintes:
286
QUESTIONÁRIO
1." Conhece V. Ex."' as causas que determinaram o ãecrescimento
da importação de Jrutas imrtuyuesas 710 ano de 1913?
A qualidade das nossas frutas é superior: porem, o péssimo
acondicionamento seguido há longos anos pelos nossos exportadores,
a má selecção dos tipos, e o elevado custo dos fretes, prejudicam
seriamente a sua expansão.
2.° Na afirmativa, que aconselha se deva fazer jyara maior difu-
são no Brasil, do comércio das magnificas frutas portuguesas?
Estando este comércio nas máos de negociantes americanos,
muito práticos, dificilmente nós poderemos concorrer com real van-
tagem. A cultura dos pomares na América do Norte, é tâo cuidada,
como é do domínio geral, que nos frutos daquele país, náo se en-
contra o 'bicho. No início da exportação, quando por acaso tal suce-
dia, o fruto era logo reexpedido à sua origem para a causa ser cui-
dadosamente estudada, e o mal remediado. Neste sentido, o nosso
atrazo é manifesto; o fruto português geralmente é desigual, bi-
chado muitas vezes, do que nâo se faz o devido caso, e sobretudo o
que o torna inferior é o seu acondicionamento mais adequado ao
mercado interno, como se fosse destinado a um simples trajecto de
alguns quilómetros e nâo a uma longa travessia marítima e perma-
nência de meses em câmaras frigoríficas.
A fruticultura portuguesa em geral, e a pomicultura em parti-
cular, devem merecer mais desvelados carinhos dos nossos gover-
nantes. O Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, bem
poderia servir de modelo.
O acondicionamento deve ser moldado no americano, o mais
perfeito que vem ao mercado.
A propaganda também é um poderoso veículo para expansão
de todos os produtos. Os nossos exportadores nunca se lembraram
de distribuir catálogos ilustrados para frutas, como o teem feito os
americanos; a viveza e correcção das cores, designando as qualida-
des, assim como as linhas de contorno, dão a mais perfeita ilusão
do fruto.
3.° Qual a procedência das frutas mais preferidas no mercado
brasileiro ?
2S(
O coineiviaiito i)refcre a amoricana quando se Irata de inai,.its,
pêras, pêssegos, otc. A uva considerada mais resistente ó a espa-
nhola, de Almeria. A razão da preferência explica-se: chega em boas
condições, conserva-se por mais tempo, e ó mais barata do qno a
nossa; por conseguinte, dá )nelhores lucros.
No entanto, segundo a estatística do importação, a portuguesa
predomina no mercado, e de facto assim ó, se levarmos em linha
de conta a que vem om consignação o chega muito avariada ou po-
dre à Alfandega, como está sucedendo actualmente, em que foi ne-
cessário fazer a redução de õO •*/(, nos direitos para o seu desemba-
raço daquela casa fiscal.
4." Qual a média de custo no local de origem, por cai.ra, quali-
dade e categoria?
Pêras americanas, 3 a 4 dólares por caixa. Maça es])ecial do»
Estados Unidos, Canadá e Tasmânia, 2 a 2 | dólares. As outras,
pela sua diversidade de espécies e qualidades, variam muito nos
preços, dependendo estes também das colheitas.
5." Qual o peso dos volumes para as diversas qualidades de fru-
tas dãs outras nações que abastecem o mercado ?
A pêra americana em caixas de 15 quilogramas de peso líquido,
em tudo idênticas às da maça já descritas em artigo anterior. Fruto
sempre uniforme e bem classificado em cada caixa.
A argentina, em caixas de 30 quilos, líquido, e fruto também
muito uniforme, porém, mais pequeno.
A espanhola em caixas e cestas de diversos tamanhos com fru-
tos desiguais, peso 20 e 40 quilogramas.
A portuguesa, em caixas de diversos tamanhos, frutos sem uni-
formidade; pesos 15, 30 e 40 quilogramas.
A francesa já nâo aparece no mercado, devido ao seu preço
elevado.
Cereja, espanhola e portugiiresa, caixas de 10 o 15 quilogramas;
a espanhola de Hervas, aqui reputada como superior, vem om ces-
tas, com o mesmo peso.
Bainhas claudias, damascos, pêssegos, etc, em caixas baixas da.
altura do fruto que comportam, disposto numa camada no máximo
duas, podendo ser quadradas ou sobre o comprido. Geralmente esta
última fruta de procedência americana vem em caixas forradas in-
ternamente com cartão canelado.
Segundo informações colhidas directamente de alguns importa-
288
dores, já vieram ao mercado, pêssegos portugueses, embrulhados
©m papel de cor, e em caixas de 60 quilos!
Toda a fruta de procedência americana vem embrulhada em pa-
pel branco fino, mas consistente, e encamada simetricamente,
tornando-se até agradável proceder ao seu desencaixotamento.
6." Qual o número de frutos em média por cada volume?
Depende do tamanho: a yêra americana, varia entre 80 a 110,
A argentina, como vem em caixas com o dobro do peso, de 200 a
250. A espanhola e a portuguesa, nâo teem número determinado, é
a quantidade que a caixa poder comportar. Todas as caixas ameri-
canas, argentinas e das colónias inglesas, teem exteriormente mar-
cado o número exacto dos frutos que conteem. Nas espanholas e
portuguesas nunca houve esse cuidado.
Rainhas elauãias, damascos e pêssegos, cada caixa contêm 24 a
30 frutos.
7." Quais as condições de acondicionamento, e embalagem das
nossas fruta>i, em relação às das outras nações exportadoras 9
Infelizmente a nossa rotina, conservou o antigo processo de
embalagem usado no tempo em que o Brasil era ainda desconhe-
cido das nações produtoras. Nâo se procurou imitar os outros paí-
ses, muito mais práticos do que nós, e que de ano para ano váo in-
troduzindo novos processos, quer na embalagem quer na maneira de
transaccionar. O nosso acondicionamente é o pior que vem ao mer-
cado; nota-se na sua confecção, um único fim: encaixotar depressa
e remeter ao destino, nada mais.
8.'' Porque razão se conservam por tempo indeterminado as fru-
tas de outras procedências, havendo durante todo o ano abundância
delas 710 mercado, emquanio as portuguesas se limitam somente a apa-
recer durante a estação própria?
Devido ao bom acondicionamento e à perfeita selecção que fa-
zem os americanos dos frutos destinados à exportação, que sâo ti-
pos resistentes, e bem tratados nos pomares; é uma exportação co-
mercial e ao mesmo tempo scientífica, em que os exportadores teem
em vista: preço módico, embalagem perfeita, frutos resistentes, de
bôa aparência, aromáticos e tamanho ao desejo do cliente; com estes
predicados garantem uma larga estadia do fruto em câmaras frigo-
ríficas sem que ele se estrague.
9.° Com relação a uvas, a espanhola alcança um preço remune-
rador, emquanto que a portugueesa apodrece com fãeilidaie, e adquire
289
ton .<ahor desagradável que a deprecia; qual o meio de evitar õ.sse
mal?
Os ospanlu)is teeiíi a prudência do embarcar apenas um tipo,
aquele precisamente entro todos, que oferece maior resistência.
A sua embalagem é sem dúvida melhor que a nossa e já foi devi-
damente tratada em artigo especial; o sabor desagradável, ovita-so
com a substituição da serradura do pinheiro. Nós, temos por hábito
encaixotar todas as castas numa completa mistura, de maneira que
as menos resistentes, avariam aquelas que poderiam facilmente su-
portar a viagem e é uma verdadeira felicidade que o género se
possa vender logo à chegada, porque qualquer demora é funesta.
10.'' Tem V. Exf'' conhecimento de que jiara esta mercadoria, os
exportadores portagiieses, se sirvam ainda da consignação ou das ven-
das à comissão?
Xo geral todos os negócios se fazem à comissão, o que é tudo
quanto há de mais prejudicial, tratando-so de produtos mal acondi-
cionados, susceptíveis de rápida deterioração. Todavia, a continuar
o processo rotineiro dos nossos exportadores, nunca chegarão a ven-
der de conta própria.
11." Na afirmativa, quais os meios de que lançar mão para que
■cesse de pronto tão pernicioso meio de transaccionar?
Modificar por completo o acondicionamento, a escolha do fruto,
estudar a exportação em seus detalhes, que fazem os Estados-Uni-
dos; aperfeiçoá-la ainda mais, se for possível, suplantando-a, ou en-
tão, na impossibilidade de pôr em prática tâo vasto plano, simples-
mente imitá-la.
12.** Para se oferecerem às Associações Comerciais, e a fim ãe
bem orientar os exportadares e encaixotadores de frutas de nosso país,
acha y. Ex.^'' conveniente que se organizem mostruários com modelos
das caixas, cestas, etc, usados pelas outras nações na exportaç/io das
suas f-utas, ou com as próprias caixas já servidas, indicando ao mesmo
tempo, a forma do seu acondicionamento, peso, qualidades e quantida-
des do seu conteúdo, custo, direitos, etc. ?
Julgam alguns importadores desnecessária tal medida, porque
já o tentaram fazer sem que até hoje se vissem os resultados. De-
mais, alguns dos nossos exportadores já conhecem de sobejo o pro-
cesso norte-americano.
O Ex."'° Sr. Mário de Carvalho, Delegado da Associação Co-
mercial de Lisboa, ao regressar da sua missão de estudo ao BrasiJ,
290
levou elementos para orientar os interessados, e no seii eliTcidativo»
relatório fez referências ao comércio de frutas.
O mais prático seria contractar naquele país, pessoal devida-
mente habilitado que ao menos dirigisse o encaixotamento e, aban-
donar por completo o processo antiquado da entrega, em mãos-
inexperientes sem conhecimentos teóricos e sem a menor responsa-
bilidade, dos primores da fruticultura portuguesa.
13.^ Quais os direitos que incidem sõhre a fruta verde ?
A taxa de 100 réis por quilograma, acrescida com as demais-
despesas conforme o exemplo que segue:
Fórmula de um despacho especial sobre água
para frutas verdes, incluindo amêndoas, avelãs, castanhas
e nozes
Duzentas e vinte caixas contendo fruta verde nâo cspe-
ciíicada, pesando líquido cinco mil duzentos e
oitenta quilos.
Razão 50 o/o — 5:280 quilos a 100 réis 5288000
Estatística 2S20a
Ouro 2 'Vo (M. do porto) 21S120
Réis .... 5518320
Ouro 35 7o 1848800
.2% 218120
2058920
Papel 345$400 5518320-
Custo de 2058920 réis ouro ao câmbio de 15 d. . . 370S80O
Papel 345S40a
Cais do porto (sobre água) 448000
Despacho e selos 128300
Descarga ao costado do vapor 888000
Carreto 448000
Réis .... 9048500
Despesa por quilo, réis,
S171
291
14.° Qual a forma de paijamento mais nBual no mercado do Rio
de Janeiro?
O comércio americano concede umas vezes, o prazo de 90 dias
de vista, outras é realizado à vista, dependendo de prévios acordos
entre comerciantes e importadores.
lõ.° Qual a forma de expedição, embarque, etc?
CIF, é a cláusula mais conveniente; no entanto fazem-se expe-
dições com a condição FOB, devendo prevalecer a primeira depois
de restabelecida a normalidade da situação.
Com excepção das frutas secas, as restantes não necessitam da
vinda de caixeiros viajantes, facilmente substituíveis, neste caso,
por catálogos coloridos como fazem os americanos. A representação
poderá ser entregue a agentes idóneos, de reconhecida competência,
estimulados por rem.unerações compensadoras do seu trabalho, que
no início será ingrato, e aos quais competirá velar pela manutenção
do predomínio das nossas frutas no mercado brasileiro, se os expor-
tadores se submeterem de bom grado a todas as ideias que a pró-
pria experiência sugerir.
Para a conclusão do presente estudo, que abrange dois questio-
nários, fomos coadjuvados pelos seguintes senhores: A. G. Martins
Abelheira; A. Rebelo Valente & C.^; Angelino Simões & C.^; Coelho
Martins & C.^ ; Correia Ribeiro & C"; Couto & C."': Ferreira Irmão
& C.«; Guilherme Carreira d C"; H. Alves & C." ; Lebrão & C."";
Machado Carvalho & C."' e Teixeira Borges & C."
Y — Legumes e verduras. "^
1. Legumes e veedukas secos.
Para estes produtos, de que está excluído o feijão, e que figura
em classe especial da Estatística, somente a partir de 1909, tivemos
até 1913 um movimento assaz prometedor, acompanhando a marcha
ascendente da importação geral, passando de uma tonelada, no pri-
292
meiro ano, para vinte em 1912 e 1913. Infelizmente no ano findo
a importação geral decresceu 44 7o © nós ficamos reduzidos a 325
quilogramas no valor de 148S000 réis.
Nos últimos seis anos, o nosso movimento comparado com
o geral cifra-se nos seguintes algarismos :
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1909
1910
1:171
4:643
2:664
20:488
20:282
325
536$000
1.535$000
1:031$000
14:782$00a
13:598$000
148$000
50:542
105:069
132:330
155:885
203:723
81:119
27:391$000
65:585$000
92:21 iSOOO
109:405S000
136:806SOOO
59:821$000
1911
1912
1913
1914
Para legumes secos, predominou no mercado a Espanha, seguin-
do-se-lhe a Alemanha, Itália, Portugal, França, Estados-Unidos, etc.
A distribuição em maior escala foi pelos portos do Rio de Ja-
neiro, Santos, Pará, etc.
A taxa alfandegária é de 200 réis por quilograma.
2. Legumes e verduras verdes.
Como sucede para os anteriores, os legumes verdes, também co-
meçaram a descriminar-se pela Estatística, em artigo especial a par-
tir de 1909. A importação é quási toda de origem portuguesa, re-
gulando a média dos seis anos, 96 7o sobre a total. Esta é por seu
turno também absorvida na sua quási totalidade^ pelos portos do
Pará e Manaus que em 1912 consumiram 85:781$000 réis, ou sejam
98,5 7o sobre o total.
Durante os últimos seis anos o nosso movimento comparado
com o geral, cifra-se nos algarismos seguintes:
291]
Anos
Po
rtugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1909
1910
92:579
130:028
134:814
108:581
96:780
43:53!)
55:428$000
87:560SOO0
91:635S0í)0
82:618SlX)L)
73:599SlXX)
32:277$000
100:042
141:647
151:824
115:930
99:081
60:224
64:380$000
95:897$000
97:G34$000
86:930$000
70:O33$O0O
47:10()$000
1911
1912
1913
1914
O excesso entre o nosso movimento e o geral, é suprido pelos
Estados-Unidos da América do Norte.
O principal elemento da exportação, é o repolho da illia da Ma-
deira muito apreciado no Norte do Brasil.
Como para legumes secos, a taxa alfandegária é de 200 réis por
quilograma.
Questionário n." 33
YI — Diversos.
1. Alhos.
•i. Cebolas.
Para bolbos, elaborou a Câmara o seu trigésimo terceiro ques-
tionário por serem produtos negociáveis em conjunto.
A Estatística na sua classificação, até 1909, conservou os alhos
englobados com as cebolas; porem em 1910, começou a descriminar
os dois artigos separadamente.
Portugal tem a supremacia na importação dos bolbos alimentí-
cios, principalmente para cebolas. A importação em conjunto nos
I)rimeiros cinco anos do decénio, comparada com a geral, foi a
seofuinte :
294
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1905
4.155:048 '
4.316:987
3.040:091
3.301:865
2.941:958
822:123$000
1.028:0021000
782:31 1$000
722:344$000
724:222$000
4.761:956
4.888:048
3.711:180
3.936:658
3.406:322
984:793$000
1.192:338$000
1.032:824$000
965:6871000
923:336$000
1906
1907
1908
1909
Nestes algarismos nota-se um decréscimio bastante sensível,
principalmente no que respeita a quantidades. Em cinco anos houve
uma diminuição de l:13õ toneladas no movimento geral e 1:214
para nós. O valor da mercadoria, porem, parece que aumentou, pois
a diminuição foi respectivamente de 61 contos e 98 contos.
Os alhos, durante o segundo período do decénio, tiveram o
seguinte movimento :
Anos
Portugal
Import.
ição geral
Valores
Quilogramas
Valores
Quilogramas
1910
515:300
495:311
647:349
576:299
434:354
330:585^000
404:7441000
482:398^000
371:6431000
242:2391(000
1.129:891
1.046:893
1.396:289
1.374:888
1.161:811
599:970;«000
631:4051000
769:834:^000
687:063^000
604:6161000
1911
1912
1913
1914
Na importação geral, liouve no ano findo, um regular movi-
mento, um pouco superior ao de 1910, nâo se dando outro tanto
para nós. A diferença para menos, entre 1913 e 1914, foi apenas de
83 contos e para nós, de 129.
Suprem o mercado, Portugal, Espanha, Uruguai e Itália.
Importa-se muito alho espanhol, como de procedência portu-
guesa. Os principais centros consumidores sâo : Rio de Janeiro,
Santos, Vitória, Pará, Pernambuco, Manaus, etc.
Estuda-se a cultura deste bolbo no Estado de Paraná, calculan-
do-se que a sua produção possa atingir 200 contos anuais.
295
Para cebolas, cifra-se nos algarismos que seguem, o nosso mo-
A'imento, em confronto com o geral:
Anos
Portugal
Importação geral
Quilogramas
Valores
Quilogramas
Valores
1910
3.581:912
3.221:188
3.469:795
5.419:889
1.170:541
735:473$0()0
669:646$000
817:131$a')0
1.372:372$000
795:7301000
3.633:425
3.282:060
3.568:618
5.951:92 S
2 911:286
746:8 17$0Ú0
68õ:870$000
859:883$000
1.483:764$,)00
830:982$000
1911
1912
1913 . ...
1914
A cebola importa-se de Portugal, Itália e Espanha, e é consu-
mida em maior escala nos seguintes portos: Rio de Janeiro, Pará,
Santos, Manaus, Baía, Pernambuco, Maranhão, etc.
Foram as seguintes as respostas obtidas aos quesitos formula-
dos pela Câmara :
QUESTIONÁRIO
l.*^ Vindo os alhos e as cebolas de procedêneia portuguem, já em
ref/idnr quantidade ao mercado brasileiro, vê V. Ex!^ itossibilidade em
dar maior expansão ao seu consumo?
Alhos: Pode Portugal exportar as quantidades que tiver de so-
bra, porque o mercado sempre lhe dará a preferência. Os espanhóis
conhecem demasiadamente esta preferência, pois remetem em trân-
sito por Lisboa, grandes quantidades desta mercadoria fazendo-a
passar por portuguesa.
Cebola: Seria talvez possível dar maior expansão a ostíi bul-
bosa, se houvesse meio de obter uma redução na taxa alfandegária,
ou se por qualquer outra circunstância, o seu preço baixasse e fosse
pelo menos igual ao da nacional.
296
A cultura deste bolbo, no Rio do Grande do Sul, S. Paulo
e JNÍinas, está sendo aperfeiçoada. De ano para ano melhora conside-
ravelmente e certo é, que numa época bem próxima, poderá haver
cebola nacional durante todo o ano. Actualmente a colheita prolon-
ga-se de Dezembro a Agosto e nos restantes meses o consumo ó su-
primido pela portuguesa, náo obstante ter também extracção naque-
les meses.
2.° Tejn V. Ex."' conhecimento de que para êsie artigo, ainda se
faça a chamada ^^ consignação» ou «vendas à comissão»?
Há, porem em diminuta percentagem; ainda assim prejudica
muito a importação directa.
3." Na afirmativa, queira V. Exf^ orientar-nos sobre a melhor
forma de terminar com tão pernicioso j^^ocesso de negociar que preju-
dica tanto o importador como o exportador, e desacredita o produto
asBÍm como o país que o exporta.
Afastando de Lisboa os exportadores estrangeiros que, sem es-
crúpulo, consignam o artigo na febre de o exportarem por qualquer
forma.
4.^ Como se devem exportar os alhos, isto é, qual a melhor forma
de embalagem, peso, acondicionamento, etc?
Em caixas de 60 quilos, peso líquido, embalagem adoptada
pelos embarcadores portugueses e que para este artigo é boa e sa-
tisfaz. O acondicionamento, é em réstias.
b.° Qual o pfioceiso que se deve aplicar às cebolas?
O mesmo usado para os alhos; caixas com 60 quilos de peso
líquido, e a bulbosa em molhos ou mesmo réstias.
6.** Será verdade, como se afirma, que há exportadores portugue-
ses que enviam caixas com certo e determinado peso declarado, quando
o real é muito inferior?
Sim, há de facto exportadores que fazem falsas declarações de
peso, mas muitas vezes é em obediência a ordens emanadas daqui.
7.** Qual a procedência dos produtos similares aos nossos alhos
que se consomem no mercado?
Espanhóis e uruguaios, notando-se que estes últimos pouca con-
corrência fazem aos nossos. A colheita no Uruguai, termina quando
começa a nossa. Os espanhóis teem-nos feito alguma concorrência.
8.*^ Qual o seio custo no local de origem?
Varia de ano para ano, segundo a colheita; o preço dos espa-
nhóis, regula pesetas 0,90 a 1,70 cada réstia.
297
V)/' Qual o direito que incide sobre o produto:'
"200 réis por quilograma, acrescida esta taxa com 35 '^/„ ouro e
mais 2 ^'/o» alem do várias outras desposas conformo o modelo do
despacho que segue :
Fórmula de um despacho de mercadoria com estadia
de um mês nos armazéns da Alfandega
Cincoenta e nove caixas contendo alhos pesando líquido
três mil quinhentos e quarenta quilos.
Razão 50 *'/y — 3:5-10 quilos a 200 réis
Estatística
Ouro 2 ''/o ÇSL do porto)
Réis ....
Ouro 35 *Vo 247S800
> 2 «/o 285310
276S110
Papel -1608790
Custo de 276S110 réis ouro ao câmbio de 15 d.
Papel
Cais do porto, armazenagem, 30 dias
Despacho e selos
Carreto
Réis ....
708S(X)O
S590
28S310
r36S900
73GS900
-197SOOO
■1605790
()6S330
12S300
29S5(30
1:065S920
Despesa por quilo, réis
:S30i
298
Sendo a mercadoria despachada como género de estiva, isto é,
sobre água, a despesa do Cais do porto será de 41S430 réis, em
lugar de 66$330 réis, havendo por conseguinte uma diferença para
menos, de 24$900 réis, ou seja um total para o despacho de: réis
1:041 S020, ou 294 réis por cada quilo.
10.° Qual a procedência da cebola consumida no mercado, sem
ser aportuguesa?
Nenhuma estrangeira lhe faz séria concorrência, pois a impor-
tação de origem espanhola e italiana é bem diminuta. Presentemente
só a nacional é que se deve temer pela sua extraordinária produção.
11.° Qual o seu custo no local de origem?
Sendo a colheita normal, o preço varia de 2S000 a 3S000 réis
por cada cento com o peso aproximado de 8 quilogramas.
12.° Qual o direito que incide sobre o produto?
300 réis por quilograma, acrescidos com as demais despesas
•conforme o exemplo que damos para alhos,
A nacional tem um pequeno imposto estadoal da exportação,
13.° Qual a forma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro?
Para a nacional 45 dias de vista. Os exportadores portugueses
-concedem 90 e 120 dias da data.
14.° Quais as condições de expedição, embarque, etc?
Greralmente CIF, cláusula que deve sempre prevalecer.
lõ.° Outras quaisquer observações que V. Ex."^ julgue conve-
niente acrescentar.
A escolha dos representantes deve recair sempre sobre as casas
importadoras mais conceituadas, evitando quanto possível a remessa
de gmndes partidas à comissão a pequenos negociantes.
Para bolbos alimentícios consultamos os principais importado-
res da praça que se prontificaram do mellior grado a fornecerem-nos
todos os esclarecimentos de que tivemos necessidade, e foram eles
os srs. Angelino Simões & C"; Couto & C"; Ferreira & Irmão
<& C."". Guilherme Carreira & C."", Guimarães Irmão & C." ; Pring
Torres & O."; Ramalho lorres & C."' e Zenha, Ramos & C"
299
Questionário n." 34
2. Azeite de oliveira.
O nosso óleo concUincntar mais conhecido no Brasil por azeite
doce, náo resta a menor dúvida, evoluiu sensivelmente no seu fa-
brico durante os últimos vinte anos. Alguns oleicultores, mas infe-
lizmente em número muito restrito, compenetraram-se da grande
missão humanitária que tinham a desempenhar em benefício da so-
ciedade e pouco a pouco foram introduzindo na indústria oleícola
os mais modernos aperfeiçoamentos no processo de fabricação, quer
debaixo do ponto de vista higiénico, quer no preparo esmerado do
produto.
Dadas tais circunstâncias, desvaneceram-se em parte as preven-
ções que havia contra o azeite português. Nem todos os produtores,
porém, seguiram tâo salutar exemplo. A par de azeites de primeira
qualidade, finos, dourados e brilhantes, quási isentos de acidez que
exportamos para o Brasil, vêem ainda inúmeras marcas apresen-
tando uma cor verde-escura, cheiro pronunciado a tulha, umas ve-
zes com depósito ou turvos, outras com excessiva acidez, parecendo
por este facto, mais óleos lubrificantes do que propriamente o con-
dimento produzido pelo fruto da oliveira e destinado a uma alimen-
tação sâ.
Alguns anos atrás, houve aqui quem procedesse a diversos es-
tudos analíticos em azeites que se encontravam à venda, revelando
a análise, em alguns, 6 e 8 graus de acidez, quando a tolerância
máxima do próprio para consumo, nâo vai àlôm de õ. Chega a ser
mesmo inconcebível como a nossa fiscalização sobre produtos agrí-
colas, ao tempo considerada rigorosíssima, permitia a saída por ex-
portação, e ainda hoje parece continuar a fazê-lo, de produto de táo
inferior qualidade, colocando-nos em plano muito inferior aos nos-
sos concorrentes, que neste caso sáo a França, Espanha o a Itália.
Nâo bastava já em certos casos a má qualidade de algumas
marcas do género para lançar de novo o descrédito no segundo pro-
duto da lavoura portuguesa. Os próprios exportadores encarrega-
ram-se também de contri1)uir com a sua quota, para que esse des-
300
crédito tomasse vulto e pouco a pouco fôssemos perdendo o terreno
que nos pertencia pelo direito de conquista e antiguidade.
A luta que se estabeleceu entre os exportadores, parece que
em parte devida a imposições de vários negociantes daqui, redu-
zindo sistematicamente a capacidade do vasilhame, deu em resultado
o consumidor ainda hoje ignorar quanto pesa um litro de azeite
português! A diversidade de marcas e respectivas formas de reci-
pientes encontrados no mercado, variam de 550 a 900 gramas de
peso bruto. Chega mesmo a haver marcas privativas de um expor-
tador com divergência no peso, estando este em harmonia com o
pedido da casa que o importa. Um importador deseja o artigo com
600 gramas, outro prefere com 650 e assim' por diante.
O descalabro da nossa exportação oleícola, deu em resultado
que, como se vê pelo mapa referente aos últimos dez anos, o nossO'
movimento a-pesar-de acusar uma marcha ascendente muito sensí-
vel até 1912, com diversas alternativas, nâo acompanhou gradual-
mente o grande incremento da importação geral dura^ite o mesmo
período, e que foi a seguinte:
Anos
Po
rtugal
Valores
Import
Quilogramas
ação geral
Quilogramas
Valores
1905
1.840:888
1.142:706
1.807:153
1.287:953
1.952:667
1.920:210
1.534:070
1.854:829
1.251:264
1.093:357
1.923:088|!000
1.402:0191(000
2.556:296,g000
1.694:8461(000
2.553:815^000
2.578:336^000
2.499:6961000
2.847:9541(000
1.9Ol:8O5;^'O0O
1.714:2751000
2.729:306
2.399:092
.3.399:245
2.754:503
2.971:960
3.789:065
3.429:379
4.921:984
3.938:037
3.623:100
2.845:40y000
2.620:0851000
4.338:2991000
3.407:31311000
4.047:6781000
5.020:1681000
5.218:419K00O
6.754:785(^000
5.514:048;Í000
5.259:1771(000
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
O aumento para nós entre 1905 e 1912 foi de 48,1 "/o e na
totalidade atingiu 137,5 7o-
Até 1912, ano em que o movimento se elevou ao máximo, con-
seguimos predominar no mercado, porem em 1913, a Itália vendeu
mais 124 toneladas computadas em 67:269S000 róis, dò que nós^
301
o no ano findo anula mais se accentuou o excesso que se cifrou em
468 toneladas valendo 582:8158000 róis. A posição dos qviatro con-
correntes, referente ao mesmo decénio, foi a seguinte: em 1905 tive-
mos 67,6 "o tio movimento total; a Itália, 20,2 7o; ^ Espanha,
3,6 7o e a França 7,7 7o- Em 1912, descemos para 42,1 7o; a Itália
passou para 33,8 ^/q; a Espanha 15,3 "/q o a França manteve-se com
7,õ 7(,. Em 1914, nós ficamos reduzidos a 32,6 7o; a I^^lia evoluiu
acentuando o seu predomínio com 43,7 ''/o; a Espanha teve uma
pequena oscilação para 14,3 7o conservando-se a França quási na
mesma posição com 7,2 ^/q.
Resumindo, temos o seguinte resultado: Para n(')S houve um
decréscimo de 25,5 7o ; ^ Itália teve um aumento de 23,5 79 ; a Es-
panha 10,7 7o €5 a França uma pequena oscilação para menos
de 0,5 "/o-
Em 1914 a-pesar-da anormalidade da situação, os algarismos da
importação geral sâo superiores aos de qualquer ano anterior a
1912, e a diferença para menos, entre um e outro, é de 22,1 7o ^^
totalidade e de 40,0 7i) para nós.
Tem-se efectuado o consumo em maior escala pelos portos de
de Santos, Rio de Janeiro, Pará, Manaus, Baía, Pernambuco, Pôrto-
Alegre, Pelotas, Rio Grande, etc.
A Câmara Portuguesa tem já, por várias vezes, chamado a aten-
ção dos exportadores. Associações Comerciais e Industriais, e ulti-
mamente até se dirigiu aos Poderes Públicos, para que modifiquem
com a máxima urgência a nossa actual exportação de óleos alimen-
tares, dando-lhe a forma mais prática que a experiênaia demons-
trar, mas terminando de vez com o prejudicial sistema de vasi-
lhame de diversos tipos, tamanhos, formatos e capacidades.
O consumidor prefere, em muitos casos, os azeites franceses
e italianos, porque tem a certeza de adquirir a medida exacta do
género, de peso invariável.
Os espanhóis aproveitam-se do nosso processo de recipientes
de diversos tipos e capacidades fazendo transitar pelo nosso país,
grandes partidas do produto em vasillias com dizeres em português,
sem designarem a procedência; outras vezes a procedência está
bem patenteada como portuguesa, mas tem o selo de trânsito por
Lisboa.
E tão frequente aparecerem aqui azeites espanhóis com mar-
cas portuguesas, que viajantes daquele país já ofereceram na praça,
302
efectuar embarques em Espanha, garantindo a pureza do produto,
sua assimilação ao nosso, e propondo até a imitação das vasilhas
e marcas privativas do importador que ao mesmo tempo é proprie-
tário e linico exportador do artigo em Portugal.
O óleo alimentar também está sujeito no Brasil, à falsificação,
Importa-se dos Estados-Unidos, ení»- barris, grande quantidade de
óleo de caroço de algodão marca «Águia», purificado, artigo muito
fino e que paga o direito de 200 réis por quilograma, metade da
taxa do azeite. O seu preço regula de 1$350 a 1S400 o litro: há,,
porém, outros mais baratos.
Este óleo é transformado em comestível, da seguinte forma:
passa dos barris para latas de folha branca, das conhecidas por
«16 litros» (as que se importam actualmente, não conteem mais de
13, no máximo 14), adiciona-se-lhe uma pequena quantidade de
legítimo azeite de oliveira, e fica pronto a ser distribuído por casas
de pasto e pequenas mercearias, onde é vendido a retalho, isto é^
em pequenas doses, como azeite espanhol ou português. O seu mó-
dico preço garante-lhe um largo consumo nas classes proletárias.
Este alto negócio é feito, ao que parece, por firmas portuguesas que
gosam de certo conceito na praça, o que é ainda mais para lamen-
tar, por sermos os próprios a deprimir os nossos produtos. Algu-
^mas destas casas, não dedicam a sua actividade à importação de
géneros alimentícios; outras, porém, transaccionam com óleos co-
mestíveis e não comestíveis.
Expor à venda vasilhame que não comporta a quantidade do
género que o invólucro ou recipiente diz ou deve conter, assim
como transformar óleo de caroço de algodão ou qualquer outro em
puro azeite de oliveira ou óleo extraído do seu fruto, de que lhe
provêm o nome, são duas maneiras distintas de iludir e prejvi-
dicar o consumidor; no entanto, consideradas, debaixo do ponto
de vista de corrução comercial, aplica-se-lhes o mesmo signifi-
cado, fraude ou falsificação.
Assim o entenderam distintos economistas e as mais altas su-
midades em matéria comercial, baseando-se nas diversas leis exis-
tentes em todas as nações sobre propriedade industrial. Foi mesmo
a 7.'"^ tese da ordem do dia no último Congresso das Câmaras de
Comércio e Associações Comerciais e Industriais realizado em Paris
a 8 de Junho de 1914: A utilidade de uma acção internacional contra
a concorrência desleal e a contrajacção.
l]03
Existoni oin diversos países, ligas ou sociedades expressamente
constituidas para combaterem tenazmente essa concorrência ou con-
trafacção o que no referido Congresso se fizeram largamente repre-
sentar. Tanto estas como as Câmaras de Comércio de várias Capi-
tais, como Paris, Bruxelas, etc, apresentaram bem fundamentados
relatórios, todos tendentes ao estabelecimento de leis internacionais
que coíbam energicamente qualquer tentativa de Jalsificaçào ou
Jraiide.
Para a reduzir aqui, e ao mesmo tempo garantir a genuinidade
do nosso produto, alvitram alguns negociantes a substituição das
latas grandes quadradas com 10 e 16 litros, de folha de Flandres
branca, por outras de igual formato e matéria-prima, mas estam-
padas nos quatro lados e tendo ao centro, em diagonal e em cara-
cteres bem visíveis a palavra português; assim diferenciar-se liiam
dos azeites de outras procedências e seria mais difícil imitá-las,
A palavra português poderia ser extensiva a todas as vasilhas
de menores dimensões.
Urgem providências governativas para que o segundo produto
de lavoura portuguesa, reconquiste a boa fama a que tem direito e
o lugar que lhe compete no mercado brasileiro.
Para azeite foram presentes aos principais importadores os
quesitos que seguem:
QUESTIONÁRIO
1.° Tem V. Ex."" conhecimento do estado de aperjeiçoamento do
fabrico do azeite em Portugal?
A boa apresentação e diminuta acidez de algumas marcas que
vêem ao mercado, em que o produto é bem clarificado o se conserva
inalterável, convencem plenamente o importador da sua superiori-
dade, Nâo há a menor dúvida que o seu fabrico rivaliza com o de
outros países produtores e tudo fás prever que pode ser extensivo
a uma grande parte da produção. Tal, porém, nâo sucede. Na maioria
dos casos o azeite chega turvo ou com de])ósito ou então com exces-
siva acidez.
Há exportadores que vâo mais longe: designam nas suas vasi-
lhas, duas residências: Lisboa e Marselha ou Lisboa e Sevilha. Se-
gue-se que o produto importado da França ou mesmo da Espanha,
304
com rótulos de azeite português, é, na maioria dos casos, um óleo
qualquer, muito mais barato que o azeite e nos faz uma séria con-
corrência. Outrotanto sucede com o espanhol em trânsito por Lis-
boa e que aqui o consumidor prefere pelo seu diminutíssimo preço,
julgando-o, no entanto, legítimo português. Em muitos casos a lata
nâo designa procedência; somente os dizeres sâo no nosso idioma.
A embalagem, salvo raras excepções, nâo recomenda o artigo; é a
mesma de há vinte anos.
2." Na afirmativa^ acha V. Ex/'' que o seu jahrico, assim como o
seu custo no local cia ijvodur.ão, estejam em condições de concorrer van-
tajosamente com o dos jmises produtores?
O fabrico no geral, deve ser mais escrupuloso, pelo menos, ten-
tar aproximá-lo do melhor que já temos. Certos produtores gosam
de excelente fama. Ao Governo, compete também providenciar para
que esse fabrico seja aperfeiçoado, e ao mesmo tempo fiscalizar a
exportação, não permitindo a saída do produto que nâo esteja em
condições de pureza, ou que o seu acondicionamento possa de fu-
turo prejudicar a procura.
Os preços dos similares na origem, estão sujeitos a várias osci-
lações, nâo se podendo portanto estabelecer comparações. O espa-
nhol é mais barato que o nosso, e ultimamente os produtores teem
evoluído no seu fabrico, apresentando género de primeira qualidade.
3.° Q.ual a razão do declínio da importação do azeite português
no Brasil?
A falta de boa vontade, ou simples critério da maioria dos nossos
exportadores nâo estudando previamente os mercados brasileiros e
baseando-se simplesmente em informações erróneas emanadas de um
diminuto número de importadores, tendo em mira a concorrência
desleal. O exportador espanhol, mais meticuloso e observador, apro-
veita-se de todas as circunstâncias e vai ganhando terreno. Nós con-
tinuamos a diminuir o conteúdo do vasilhame, esperando com essa
redução baratear o produto, o que nâo conseguimos, pois contendo
algumas vezes a nossa vasilha apenas meio litro, e vendendo-se à
razão de 1S600 réis, duas custam o dobro, ou sejam 3S2C)0; no en-
tanto, um litro de azeite, medida exacta pesando 1:050 gramas,
custa em média 2S600 réis.
Há ainda o elevado custo do frete, õO 7o P^lo menos, superior
ao das outras procedências; entretanto, esta razão nâo é plausível
para a redução do vasilhame, pois antigamente tanto pagava a caixa
305
com latas do 1 quilograma, como a que contivesse o mesmo número
de vasilhas com menor peso. Dove-so também levar em linha de
^"onta, a quantidade de óleo de caroço de algodão de fabrico na-
cional e o que se importa da América do Norte, muito refinado, que
é utilizado como comestível, e se vende como Icc/ífimo azeite por-
tuguês.
4/' Qual o motivo da manifestada prejerência pelo azeite ita-
liano?
Esta preferência acentua-so mais no Estado de S- Paulo, onde
predomina a colónia italiana. Nâo entrando em detalhes analíticos
■da sua composição, os azeites italianos impóem-se pela sua bela apa-
rência, bem refinados e sobretudo pela homogeneidade do seu peso.
<^uom se der ao trabalho de pesar todas as vasilhas contidas numa
ou mais caixas, fatalmente encontra o peso invariável de 1:050 gra-
mas. Nas latas francesas sucede outro tanto.
Os exportadores franceses e italianos receberam propostas idên-
ticas às que os nossos alegam lhes terem sido dirigidas com ameaça
ou imposição de ficarem excluídos do mercado. Para os nossos con-
correntes, as ameaças foram de nenhum efeito, pois como se vê, os
italianos aumentaram o seu movimento, conservando a capacidade
legal do vasilhame.
5.** A importação do produto similar espanhol triplieoii nos últi-
mos quatro anos; qual a razão desse enorme aumento?
A causa provêm dos nossos exportadores. Em 1914 houve es-
cassez de colheita ou produção, e procurou-se atenuar a grande
falta do produto com a aquisição no país visinho da quantidade
necessária para suprir o mercado brasileiro. Como era destinado
à exportação, a sua entrada em Portugal, regia-se pelo draivhacJc.
Muitas partidas vinham de Espanha já em vasilhame próprio; em
outras, porém, era o azeite enlatado em Lisboa, em vasillias com
marcas de regiões portuguesas, em que eram apostos selos com ca-
racteres em relevo, para demonstrar que nâo eram portugueses,
mas sim espanhóis em trânsito por Lisboa.
Parece que hoje ainda continua o mesmo sistema para azeites
espanhóis de baixo preço, por isso que as latas, sendo a maior parte
das vezes marcadas no fundo, essa operação nâo pode ser feita
depois de cheias.
A colocação do produto foi relativamente fácil, contribuindo
muito a boa qualidade do género e o seu acondicionamexito^ e,
20
306
como o preço era assaz convidativo, os importadores começarairt
a fazer os pedidos directos para Espnnha, obtendo melhores vanta-
gens do que comprando a mercadoria por intermédio dos nossos
exportadores. Assim, evitavam despesas de transportes terrestres,
comissões, etc.
Os espanliois, à vista do sucesso, enviaram aqui representantes
idóneos que, bem Orientados, disputam com êxito, o mercado. Ado-
ptaram primeiro que nós, o cravamento da lata; hoje, a solda é con-
siderada anti-higiénica. Acentúa-se a preferência por ser de preço
convidativo, límpido, muito bem refinado, de côr dourada e em geral
de pouca acidez. O acondicionamento, é também muito superior ao
nosso, salvo muito raras excepções.
Acresce ainda a circunstância do exportador português ter a
convicção arreigada de que a grande colónia portuguesa domiciliada
no Brazil, é base segura para o consumo do nosso artigo, venha êle
de qualquer maneira. Puro engano; o tempo modifica, e eis a razão
porque o azeite espanhol vai ganhando terreno diariamente.
6." Em virtude da diversidade do vasilhame, para este produto,
eomo jidga V. Ex." que devem ser as vasilhas destinadas à exportação
para o mercado hrasileiro : em barris, latas ou garrajas? E deve-se
adoidar um x>êso uniforme piara cada. tipo de vasilha?
Para azeites finos e comuns, o vasilhame mais adequado é a
lata ou o recipiente de folha de Flandres, estampada. Este deve ser
cravado, de peso uniforme, medida exacta derivada da unidade litro,
designando exteriormeiite, em caracteres bem legíveis, a capaci-
dade.
As latas grandes quadradas, deverão ser também estampadas
nos quatro lados e tampos, trazendo em diagonal a inscrição Portu-
guês, que poderá aplicar-se igualmente nas vasilhas de menores di-
mensões se assim fôr conveniente para garantia da sua genuinidade.
Teráo ainda em qualquer dos lados, bem em evidência, a sua li-
tragem .
Para azeites superfinos, usam-se as garrafas do tipo francês,
empregado pela casa James Playniol, de vistosa aparência e já ado-
ptado também entre nós por algumas casas.
Em cascos ou barris nâo há consumo, e seria contraproducente-
adoptar tal sistema. Serviria para a fatal lotação com óleos neutros
e fomentaria nesse caso em larga escala a lucrativa indiistria da.
adulteração.
307
7." Quantos' tipos de vasilha, devem ser adoptados: de meio quilo,
1 quilo, 2, o ou mais?
Os que a experiência aconselhar e as exigências dos próprios
mercados consumidores estabelecerem, de acordo com a uniformidade
para todos os exportadores.
A maioria do comércio desta praça, opina por latas com a se-
guinte litragem: Ya» 1>^> 4, 6, 8 e 16.
Garrafas: da capacidade de meio litro iguais às de James Pla-
gniol que teem de peso bruto 850 gramas ; o tipo adoptado por Bran-
dão Gomes é mais vistoso que o francês, porém o formato é pequeno,
pois contêm apenas 300 gramas de azeite e pesa bruto 650 gramas.
Garrafas com o dobro da capacidade, teem pouca procura;
a avaliaar pelo consumo do azeite francês engarrafado, a preferên-
cia pelas garrafas de meio litro, é de 90 7o sobre o total.
8.** Julga V. Ex."' conveniente que, por intermédio das Associa-
ções Comerciais se solicite do Governo Português, um decreto com força
de lei, obrigando todos os exportadores a uniformizareyn o seu vasi-
lhame com medida ou peso certo?
A iniciativa deveria partir dos Poderes Públicos, a quem com-
pete, em primeiro lugar, fomentar o intercâmbio comercial, por
conseguinte a economia ou riqueza pública. Essa medida de grande
alcance para a expansão do produto, de há muito se faz esperar,
e seria também um meio prático de diminuir a concorrência desleal
ou a corruçâo abusiva. A própria adulteração, aqui, diminuiria.
A extraordinária morosidade dos estudos a que se está proce-
dendo no nosso país, levanta uma certa descrença entre o comércio
daqui, e com justa razáo, fazendo acreditar que há grandes correntes
contrárias para a sua execução. Há mesmo quem a ponha em dúvida.
Quando em Janeiro de 1913 o Ex.™" Sr. Mário de Carvalho, por
parte da Associação Comercial de Lisboa, veiu ao Brasil em missão
de estudo, foi precisamente este, um dos assuntos mais bem estu-
dados por S. Ex.*^, mas até hoje, ao que consta, ninguém cogitou de
seguir as indicações prescritas no seu relatório.
9." Qual o prazo que se deveria estabelecer nesse decreto para os
exportadores darem escoamento ao actual «stock» de vasilhame?
Depende do acordo que se estabelecer entre o Governo e os ex-
portadores, principais interessados. O stock existente, deve ser to-
mado em consideração. No entanto, esse prazo não deve ser inferior
a seis meses nem superior a doze.
308
10.** Q.ual a forma a empregar para maior expansão da expor-
tação portuguesa para o Brasil?
Bom fabrico, reduzindo a acidez e tornando-o inodoro, aproxi-
mando-o dos azeites melhor apresentados, . sem prejuízo das suas
boas qualidades primitivas.
Deve-se tomar por base o que já foi referido no quesito 5.** a
propósito do azeite espanhol.
11.° Qual a região ou tipo de azeite português -preferido no Rio
de Janeiro, e, se possível, no interior do Brasil?
Qualquer agrada; o consumidor em geral nâo as conhece. Exige
unicamente qualidade superior, bom preparo e embalagem conve-
niente. Divulgar no Brasil, por meio de publicações o conhecimento
das nossas regiões produtoras, seria um bom meio de propaganda
para a oleícultura portuguesa.
As que se citam no vasilhame com mais frequência sâo Douro,
Beiras, e algumas localidades da Extremadura. Os azeites alentejanos,
especialmente da margem esquerda do Gruadiana, no distrito de
Beja, tais como: Moura, Serpa, Ficalho, Sobral da Adiça, etc, onde há
os mais finos do país, sáo aqui desconhecidos. Da maior área exis-
tente em Portugal, com plantio de oliveira, por conseguinte, a de
maior produção, o distrito de Santarém, só o de Tomar figura no
vasilhame. O fabricado em Alferrarede e que certamente .é consu-
mido no Brasil em quantidades avultadas como de outras procedên-
cias, nunca teve a sua origem mencionada na lataria. No entanto o
seu esmerado fabrico deve servir de modelo aos nossos produtores.
O que fica dito, demonstra que o consumidor nao se preocupa com
a menção da localidade originária do produto.
12.** Quais as condições de venda adoptadas no mercado do Rio
de Janeiro ?
Saque directo contra o comprador a 120 dias de data da factura,
no geral. Com raras excepções, pagamento à vista.
13." Quais as condições preferíveis para expedição, embarque, eie.,
FOB ou CIF?
Deve prevalecer de futuro, restabelecida que seja a normalidade
da situação, a de CIF. Os espanhóis embarcam com a mesma cláu-
sula; os franceses FOB.
14,° Quais os direitos de importação que incidem sobre o produto
até à entrada no armazém do importador?
A taxa actual é de 400 réis por quilograma (dos quais 35 •'/q
309
em ouro) por quilo, enlatado ou engarrafado. Existo, porem, um pro-
jecto de reforma da Tarifa Alfandegária que reduz essa taxa para/
300 réis, com a mesma percentagem ouro. Segue uma fórmula de
despacho de 100 caixas, contendo cada uma sessenta latas com o
peso bruto do 700 gramas cada.
Fórmula de um despacho para azeite de oliveira
Cem caixas contendo latas com azeite de oliveira, pe-
sando bruto, quatro mil e duzentos quilos.
Razão 50 7o — 4:200 a 400 réis 1:680$000
Estatística ISOOO
Melhoramentos do cais do porto 67S200
Análise 2OS0O0
Réis 1:768S200
Ouro 3õ 7o 588S0OO
2 O/o 67S200 655S200
Papel 1:113^000 1:768S200
Custo de 655$200 ao câmbio de 1$800 réis. . . . 1:179$400
Papel 1:1138000
Cais do porto (armazenagem de um mês) .... 67$2O0
Despacho c selos 12$300
Carreto 40$0a')
Réis 2:411 $900
Sendo despachado sobre água, o cais do porto será 328500 réis
em vez de 678200 réis.
Despesa por caixa de 60 latas com 42 quilos . . . 248119
Despesa por quilograma 8575
15.^* Qual o preço, cusfo e jrete, sem mais encargos, dos azeites
italianos, espanhóis e franceses?
310
Divergem, muito conforme marcas, exportadores e capacidade
do vasilhame. No momento actual é difícil mesmo estabelecer uma
média, pela falta de estabilidade. Antigamente, regulavam:
Italiano, 72 liras por caixa de 40 latas de 1 litro CIF.
Francês, 96 frs. por caixa de 40 latas de 1 litro FOB.
Idem, 16 frs. por caixa de 12 garrafas de ^/g litro FOB.
Espanhol, 77 pst. por caixa de 4 latas de 13 | litros CIF.
Idem, 66/69 pst. por caixa de 4 latas de 12 litros CIF.
16.** Qual a forma maiff prática para emòalagem ; quantas vasi-
lhas por caixa, etc. ?
Discordam as opiniões; emquanto uns- se inclinam pelas caixas
de 50 a 60 latas de 1 litro, outros aconselham que se adopte o pro-
cesso francês de James Plagniol, que é o seguinte:
Garrafas de Ya litro, caixas de 12; idem de 1 litro, caixas de 12.
Latas de Va litro, caixas de 60; idem de 1 litro, caixas de 40;
idem de 5 litros, caixas de 8 ; idem de 10 litros, caixas de 4.
Nâo tendo sido propostas as duas últimas litragens na resposta
ao quesito 6, mas sim as de 2, 4, 6, 8 e 16, deve, no caso de se
adoptarem, proceder-se a um estudo da embalagem que mais con-
vêm. Os italianos embarcam as latas de litro em caixas de 40 e as
maiores em caixas de 4.
O azeite português já reformado, isto é, com a capacidade ou
peso relativo a 1 litro, vem em caixas com sessenta latas em duas
camadas de 30, com uma divisória para cada lata. Tem dado resul-
tado esta embalagem. As caixas exteriormente, também devem ter
boa aparência aplicando-se o letreiro português ou azeite português
em grandes caracteres.
17.° Não acha V. Ex."' conveniente que os exportadores portu-
gueses, a exemplo dos de outros nações, enviem ao Brasil caixeiros via-
jantes habilitados e hem remunerados?
E considerada mesmo a forma mais prática de encaminhar o
desenvolvimento da exportação portuguesa para o Brasil, mas será
contraproducente se essas visitas foram feitas por pessoal estranho
ao ramo de negócio, como geralmente tem sucedido. O nosso cai-
xeiro viajante nunca sabe o peso da mercadoria nem o artigo da Ta-
rifa, nem. o próprio direito ou taxa alfandegária que lhe é aplicável.
Ignora também as quotas ouro e mais despesas que muitas vezes
fazem com que o direito seja superior ao custo da mercadoria, e ao
tomar disso conhecimento, fica estarrecido. Os viajantes de outras
nii
naçóes trazem a parte da Tarifa brasileira que se refere aos pro-
dutos de sua propaganda, tao bera estudada que estão aptos a res-
ponder a qualquer pregunta do importador ([ue em muitos casos
ignora a quanto montam os direitos de um determinado artigo, ser-
viço esse que costuma estar a cargo do escrit(')rio.
18.** Nào lhe parece que se deveria aconselhar os- exportculores
a modificarem as suas exigências nas condições de pagamento ?
E essencial que acompanhem a forma de pagamento habitual-
mente estabelecido para a maioria dos produtos, bem como escolhe-
rem com o máximo escrúpulo as casas da praça com quem transac-
cionam.
19," Outras quaisquer observações que V. Ex.^'' julgue conve-
niente acrescentar.
Como observação ocorre-nos lembrar que o ponto capital a tra-
tar-se para o desenvolvimento da exportação portuguesa para os
mercados do Brasil, e notadamente o do Rio de Janeiro, é scienti-
ficar os exportadores do grau de adiantamento do comércio das praças
nacionais.
Este assunto que tem sido superiormente observado por outros
países europeus, é ainda hoje lastimavelmente descuidado em Por-
tugal, e disto resultou o ingresso progressivo e futuroso daqueles,
em detrimento dos negócios portugueses cujos exportadores, sobre
esquecerem a inteligente concorrência estrangeira, parecem preten-
der o patriotismo como valioso agente comercial.
E este o maior erro dos exportadores portugueses ; e, a nosso
ver, necessário se torna recomendar- lhes o estudo da posição e pro-
gresso actuais dos mercados brasileiros, para que com os mesmos
se transija de acordo com a sua moderna civilização, pondo-se uma
vez de parte processos antiquados e em uso ainda hoje.
O presente questionário foi profusamente distribuído pelas
principais firmas importadoras e representantes dos exportadores,
do produto da nossa indústria oleícola e olitivemos respostas dos
srs. Almeida Siemann d- C": C. Neves cC- C"; Carlos Taveira
d'- 6'.^; Carvalho Rocha d: C"; Coelho Marfins & C." : Correia Pinto
& C"; Guimarães Irmão & C*; Henrique Santos & C.^ ; J. H. San-
tos d' C.^: José Constante & C"; Teixeira Borges & C." e Vieira
Monteiro d CJ"
312
Questionário n.° 35
3.^ Batatas.
Durante os líltimos anos a importação deste tubérculo esteve
dividida entre a França e Portugal. Predominaram no mercado as
duas procedências. Segundo a estatística, a França exportava quan-
tidades superiores às nossas, porem de menor valor. Só em 1912,^
aquele país obteve superioridade em valores, mas nesse mesmo ano,
as quantidades ultrapassaram as nossas em 5:000 toneladas.
Pelo mapa que segue poder-se liá vêr, em confronto, o nosso-
movimento, o da França e o da importação geral, durante o último
decénio:
O
c
<
Portugal
F
Quilogrs.
rança
Valores
Importação geral
OUiilogrs.
Valores
Quilogrs.
Valores
1905
8.355:442
1.248:797$000
9.563:442
l.O57:429$O0O
21.291:945
2.670:4;88$000
1906
7.282:875
1.223:004$000
10.573:891
1.213:554$a)0
22..520:557
2.879:397$000
1907
7.249:007
l.;379:683S000
7.742:537
935:240$0(X»
18.354:342
2.729: 18 iSOOO
iv)0.s
6.160:892
1.038:055$OOU
10.953:695
1.304:433$C00
21.260:608
2.830: 199$000
1909
6.696:864
1.113:141$000
9.204:591
1.0s5:542SG0O
19.299:694
2.634:772$0G0
1910
8.26S:í)66
1.337:686|;000
10.488:541
1.369:415$000
22.449:904
3.174:710S000
1911
6.-3] 8:563
1.2e6:l07$000
7.310:495
1.008:734$000
17.852:188
2.898:330$OW
1912
6.590:738
1.2í)8:340$000
11.761:745
1.517:6441000
28.971:932
4.084: 165SOO0
1913
8.370:732
1.675:006$()00
12.873:260
1.711:81 ISOOO
29.800:338
4.409:552ii;000
1914
7.905:442
1.59S:72:?$000
4.529:7.50
647:320$000
18.973:114
3.281:55(.S000
O movimento foi todo de alternativas, tanto para nós como
para a concorrente. O máximo desse movimento foi atingido em
1913. Tivemos nesse ano, em relação ao primeiro do decénio, isto é,.
1905, apenas um aumento de 15 toneladas e a França 3:310; porém,
os valores foram superiores para nós em 426 contos, e para a nossa
concorrente, ascenderam a 654.
Como a batata portuguesa vem ao mercado nos meses de Abril
a Agosto, a nossa exportação em 1914, nâo foi atingida pelos efeitos-
da declaração de gvierra, e pela crise que impera no Brasil, que fez
31 li
baixara imj)ortaç'S.o, nas quantidades 10:827 toneladas e 1:128 conto»
para os valores. Para nós, essa baixa liniitou-se a 4G5 toneladas o
7G contos nos valores. A França, como exporta o género do Agosto
a Dezembro, viu-se seriamente atingida pelo flagelo, baixando a
sua exportação nas quantidades, 8:343 toneladas o nos valores 1:064
contos.
A Alemanha até 1911, conseguira apenas vender quantidades
insignificantes do tubérculo, mas no ano seguinte a sua exportação
atingiu 3:649 toneladas, valendo cerca do 506 contos. Em 1913, foi
do 3:415 toneladas, computadas em 442 contos, e finalmente em
1914, 1:843, avaliadas em 241 contos.
A Kepiiblica Argentina que contriliuia anualmente para o con-
sumo do Brasil com 250 toneladas, no citado ano de 1912, vendeu
6:445 computadas em 648 contos. No ano seguinte, 4:073 valendo-
425 contos, e em 1914, 2:787 com o valor de 375.
Os Estados-Unidos, que em 1912 e 1913, venderam respectiva-
mente 5:459$000 e l:094íB000, em 1914 conseguiram introduzir no
mercado 1.399 toneladas com o valor de 314 contos.
As Possessões Britânicas teem também contribuído com o seu
contincrente; em 1912 enviaram cerca de 200 toneladas. No ano se-
guinte 150, e em 1914 apenas 45.
Com respeito a 1915, temos presente por deferência da Repar-
tição da Estatística Comercial um quadro relativo à importação do
tubérculo, que abrange 10 meses (Janeiro a Outubro). Esse quadro
é deveras desolador para nós, assim como para a França. O resumo
é o seguinte:
Da República Argentina importaram-se 145:460 quilogramas no
valor de 42:882$000 réis.
Dos Estados-Unidos 3.448:734 quilogramas valendo 762:4248000.
Da França, 245:215 quilos, computados em 53:4618000 réis.
Da Gran-Bretanha, 282:738 quilos, no valor de 80:092S0(X) réis.
Da Espanha, 2.687:116 quilogramas, avaliados em 700:221B(XK)
réis. Anteriormente a importação deste país, nunca foi superior, no&
melhores anos, a 60 contos.
De Portugal, apenas 472:694 quilogramas, no valor de réis
145:835kS0OO.
A importação geral nos dez meses, ascende a 7.717:774 quilo-
gramas com o correspondente valor de 1.898:7008000 réis.
Depreende-se do exposto que o tubérculo português vai tendo
514
sérios concorrentes nos mercados brasileiros e que o seu consumo
em vez de acompanhar o progressivo aumento da importação geral,
ficou estacionário e com tendência para um futuro declínio.
Nâo se pode atribuir esse estacionamento ou quási declínio,
ao extraordinário incremento da produção nacional nos Estados do
Rio Grande do Sul, S. Paulo, Minas Gerais e outros, porque a-pesar-
dessa grande produção, o consumo do género estrangeiro aumentou
também e em grandes proporções.
Excluindo o ano de 1914, o movimento geral nas quantidades,
embora apresente alternativas, aumentou em nove anos, 39,9 ^o?
a França 34,6 Ve e nós, 0,18 o/o !!
O consumo em relação a 1912, distribuiu-se da seguinte forma:
O Rio de Janeiro, absorveu mais de metade da importação,
15.831:045 quilogramas, valendo 2.223:784^000 réis, seguindo-se-lhe
pela ordem, Santos, Pará, Manaus, Pernambuco, Baía, etc.
Ao mais precioso tubérculo alimentício, dedicou a Câmara o seu
35." questionário, dirigindo aos importadores os 12 quesitos que se-
guem :
OUESTÍONÂRIO
1.° Tendo Portugal j^erdido a supremacia que lhe competia no
mercado brasileiro, pois o movimento desse tubérculo com-ervou-se es-
tacionário, conhece V. Ex."' «? causas que determinaram o aumento do
consumo não só do produto similar francês como também o de outras
procedências, que anteriormente tinham diminuta procura no mercado?
Nâo deveria haver concorrência entre a batata francesa e a por-
tuguesa, porque ambas teem a sua época diferente de procura no
mercado.
Portugal fornece-a nos meses de Abril a Agosto e a França, de
Agosto a Dezembro. Quando esta última aparece nova e escolhida,
já a nossa é velha, desigual e facturada a um preço muito mais ele-
vado, contribuindo bastante para isso, o excessivo custo dos fretes
marítimos. Talvez seja esse o motivo da Estatística consignar para
nós, valores superiores aos da mercadoria francesa.
Deve-se também atribuir uma das causas do nosso estaciona-
mento, ao grande cultivo nacional nos Estados do Centro o Sul do
1315
País, aperfeiçoado do ano paia ano, com produtos seleccionados e
muito mais baratos que os estrangeiros, pois não sao onerados por
fretes marítimos, nem por excessivos direitos alfandegários.
Os concorrentes mais para temer sâo : a República Argentina, as
Colónias Inglesas, Nova-Zelândia por exemplo, e a Alemanha que
desenvolveu muito a sua exportação fazendo-nos competência. De
futuro teremos a lutar sem dúvida alguma, com a Espanha e os
Estados-Unidos da América do Norte. Ultimamente das Ilhas Ca-
nárias também tem vindo bastante tubérculo.
2." Poderá V. Ex." aponiar-nos os Jactos que determinaram apre-
Jerência pela batata de outras procedências?
Por ser caprichosamente escolhida pam exportação, o que náo
se dá com a nossa.
3." De que forma julga Y. Ex!'- ynais acertado proceder para que
de novo Portugal retome o lugar que lhe compete na exportarão do
produto para o Brasil?
Será necessário :
1.° Estudar convenientemente a causa da nossa batata bichar
dois ou três meses depois dos primeiros embarques. Outras vezes, se-
gundo parece, é encaixotada com o mal. Este defeito, que sem dúvida
provêm do solo ou do processo de cultura, já tem causado sérios pre-
juízos e os nossos produtores teem sentido os seus terríveis efeitos.
E um mal que urge remediar.
2.° Seleccionar o produto estudando as condições climatéricas
do país para onde se faz a exportação e enviar fiara o mercado so-
mente o produto bem escolhido e em que haja absoluta certeza da
sua longa duração.
3.** Procurar competir em preços com a francesa, o que por
emquanto é difícil conseguir; só depois de realizada a aspiração de
todos os portugueses : a carreira de navegação para o Brasil.
-1." Prolongar, sendo possível, a colheita ou somente a expor-
tação.
5.° Abolir por completo o sistema da consignação.
Os exportadores portugueses no afan de obterem melhor preço,
começam cedo demais a exportação do tubérculo, quando êle está
ainda no início do seu desenvolvimento, nâo o deixando, portanto,
chegar à sua completa formação. As primeiras remessas, em dimi-
316
nuta quantidade, vêem facturadas ao preço de escudos 2^60 a 2í
a caixa de 30 quilogramas. A seguir fazem-se embarques semanais
com progressivo aumento de caixas e diminuindo em cada uma,
20 centavos.
No fim de algumas semanas, quando o tubérculo atingiu o seu
tamanho natural, e quando deveria então começar a exportação, o
seu preço nao alcança quantia superior a escudos IS-iO ou 1S50. Nas
primeiras remessas o produto é tão minúsculo que mais parece pílur-
las do que batatas.
■ Os franceses só começam a sua exportação quando o tubérculo
chegou ao seu completo grau de formação, abrindo com o preço de
6,õO a 7,00 frs. por caixa de 30 quilos, líquido, cif (peso exactíssimo
com que chega aqui), preço este que se conserva inalterável durante
toda a época da exportação, resultando estar o importador mais se-
guro do preço por que pode vender o género, o que nao sucede
com o nosso.
Recebendo o negociante A, na primeira semana, o género ao
preço de escudos 2$80, tem de o sacrificar porque o importador B
o receberá na segunda semana a 2$60, ou mesmo a 2S50, e ainda'
na seguinte haverá outro colega que o terá por menor preço.
É esta, talvez a razáo que assiste aos importadores, quando ale-
gam perder nos géneros portugueses, ao passo que com os franceses-
auferem lucros.
4.° Haverá ainda a chamada consignação ou venda à comissão
para este produto, quando de procedência portuguesa ?
Há, ainda algumas, mas em escala muito menor. Estas remessas
prejudicam seriamente o comércio lícito. O lançamento da merca-
doria no mercado a qualquer preço, faz baixar a cotação e todo
o prejuízo reverte para o próprio exportador.
5.° Na afirmativa, como julga V. Ex." que se poderá pôr termo
a tão nefasta forma de negociar que geralmente termina por desacre-
ditar o pais e o produto que exporta?
Fazendo vêr aos exportadores, por intermédio das Associações
de Classe, os grandes inconvenientes que esse uso lhes acarreta.
6.® Será verdade, que, como se afirma, há exportadores portugue-
ses que etiviam caixas com certo e determinado peso declarado, quando
o peso real é muito inferior?
Nao há exportadores que marquem pesos; porém, estes diferem
de um emloarcador para outro, o que aliás é bastante prejudicial,.
31'
e se o fazem propositalmonte, ó devido a ordens emanadas daqui,
que ncão devem ser satisfeitas.
7." Qual o cuslo da batata francesa no local de origem?
Difere, conforme a marca e também de ano para ano, consoante
o valor da colheita, podendo no entanto, tomar-so a média de 6,50
frs. por caixa do 30 quilogramas líquido, CIF.
8." Quais os direitos que incidem sobre o produto?
80 réis por quilograma acrescidos com 3õ ^o ouro, mais 2 Vo
e outras despesas, podendo-se calcular que esses direitos e respe-
ctiva armazenagem no cais do porto regulam de 3$900 a -iSlOO réis
por caixa de 30 quilos de peso líquido.
9." Qual a Jorma de expedição do j)roduto: em caixa, saco, ou
qualquer outra Jorma. e o peso que deve ter cada volume?
Só convêm para este mercado, caixas de 30 quilos, peso líquido.
Os americanos adoptaram um acondicionamento muito interes-
sante, e que, se agrada na maioria dos casos, tem também alguns
adverscirios. Consiste no seguinte : caixas de 30 quilogramas de peso
líquido, em forma de prisma de base octogonal, ou seja um caixote
que, além dos dois topos, tem 8 faces em vez de 4, sendo 4 mais
largas e 4 mais estreitas, estas formando os cantos. O comprimento
da caixa é de 0,^^63, por 0,™37 de largura e 0,"'26 de altura. Os
topos sâo de madeira bastante grossa (2 centímetros) e as 8 faces
que os ligam, sâo formadas por travessas delgadas (meia espessura)
pregadas nos topos com intervallos a fim de promoverem o areja-
mento do produto; é um encaixotamento muito elegante e prático.
10.° Qual a jorma de pagamento mais usual no mercado do Rio
de Janeiro, para este produto: contra conhecimento, à vista, a pronto
pagamento ou a prazo ?
Há diversas. Para a França a maioria é a 60 dias de data. Para
Portugal, geralmente é à vontade dos importadores, que tomam por
base o prazo de 60 a 90 dias de data. Outros sacam de 90 a 120 dias,
também de data.
11." Quais as condições de embarque CIF ou FOB?
CIF é a cláusula que deve predominar, e já em uso.
12." Outras quaisquer observações que V. Ex." julgue conveniente
acrescentar.
Este produto não necessita de caixeiros viajantes para a sua
maior divulgação; basta-lhe simplesmente o maior capricho por
parte dos exportadores na escolha do artigo a remeter, e uniformi-
318
zarem o peso dos volumes. Devem também negociar somente com
atacadistas e não com pequenos compradores que desmoralizam
quási sempre o mercado. Para um bom resultado neste sentido,
muito conveniente seria que tivessem aqui agentes encarregados de
efectuar as vendas, responsabilizando-se pelas remessas a fim de
evitar despesas e dúvidas.
Responderam à nossa consulta, entre outras, as seguintes casas
importadoras da praça: Angelino Simões (& C."'; Couto <& C.^; Ferreira^
Irmão & C."'; Guilherme Carreira & C"; Guimarães, Irmão & C." ;
Pring Torres & C."" e Ramalho Torres & C!^
Õ. VlNAGEE.
Neste artigo conservamos a primazia no mercado e temos acom-
panhado nos liltimos dez anos a pequena marcha progressiva, em-
bora com alternativas, da importação geral.
Cifrou-se o nosso movimento, comparado com o geral, nos
seguintes ale-arismos:
Anos
Po
Quilogramas
rtugal
Valores
Impori
Quilogramas
ação geral
Valores
1905
327:647
342:968
385:541
249:766
375:946
.382:577
393:252
364:771
402:612
299:648
111:328$000
116:7655000
136:196$000
83:238$000
115:340SOO0
125:756$O0O
137:624$000
12õ:447$000
132:961$000
107:274$000
356:537
382:240
428:308
290:929
416:766
439:336
459:160
483:413
497:440
344:403
122:331 $000
131:822$O0O
1Õ3:797SOOO
102:112$000
135:458$000
150:5028000
166:347S0OO
183:981 $000
180:684$000
131:695$000
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
O nosso aumento em nove anos, foi de 22,9 Vo ® ^^ importação
geral, de 39,5 7o-
Por concorrentes, tivemos a França com 80 *'/(, do excedente
entre o nosso movimento e o total, seguindo-se a Alemanha, Gran-
;u'.»
Bretanha e outros países, cifrando-se para estes, o movimento ape-
nas em centenas de mil róis.
O «íónero francês inij)orta-se eníj^arrafado, litros na sua ([uási
totalidade; há poròm, também importação em garrafas de conta.
O nosso vem em vigésimos, décimos e quintos, muito pouco,
ou quási nenhum engarrafado. Procede-se aqui ao engarrafamento,
e em muitos casos é lotado com o nacional, ou este é vendido como
português. O vinar/re de Lisbja, como aqui é mais conhecido, é
muito procurado e teria maior consumo, so fosse possível garantir
a sua genuinidade.
Alvitram vários importadores a abolição completa da cascaria,
substituindo-a por garrafas; assim feriamos no Brasil, o nosso pro-
duto garantido, e nâo se venderia o nacional por português.
O maior consumo tem sido pelos portos de Santos, Rio de .Ja-
neiro, Pernambuco, Manaus, Pará, Maranhão e outros em muito
menor escala.
A produção nacional em 1911, foi de 6.838:676 litros e no
valor, baseado na arrecadação dos impostos, de 1.299:3488000 réis.
O número do fábricas existentes era de 319. O preço médio por
litro foi calculado em 190 réis e o respectivo imposto rendeu
20õ:302SOOO réis.
O direito para vinagre comum ou de cosinha, é de 100 réis por
quilograma, sendo o pagamento feito como para os demais artigos,
35 "/„ ouro o 65 "/q papel.
Para o vinagre composto ou para conserva, como o aromatizado
à Vestragon ou semelhantes, a taxa é de 800 réis o quilograma,
acrescidas das demais despesas como para os outros artigos.
O imposto de consumo é de 30 réis para litros e 20 réis para
garrafas.
A cláusula ou condição de embarque mais frequentemente ado-
ptada e que deve prevalecer é a CIF.
320
ANEXOS
l.'* Penas de aço paea esckever.
Tem-se importado, nos últimos anos, l^astantes penas de aço de
procedência portuguesa. Não se pode estabelecer o quantum do nosso
movimento, nem do geral, por se achar a mercadoria englobada
pela Estatística Comercial, sob a rubrica artigos para escritório.
A Fábrica de penas de aço das ■ Pedras Rubras, de propriedade
dos srs. Álvaro de Carvalho & C.^ que já foram estabelecidos no
Rio de Janeiro, com outro ramo de negócio, mas conhecedores a
fundo das transacções comerciais da praça, tem um vasto mercado
para explorar na América do Sul.
O artigo agrada, pois aqueles senhores dedicaram ao fabrico,
um aturado estudo, e conseguiram assemelhar o acondicionamento
ao de outros países. No entanto é lastimável que não produzissem
artigos propriamente nacionais, e procurassem somente imitar os
estrangeiros, como títulos, marcas sofismadas, etc.
As condições de venda das casas alemãs, inglesas c francesas,
sáo geralmente loco fábrica.
O direito é de 7^000 por quilograma, sendo o pagamento feito
35 7o 6m ouro e o resto em papel.
A representação das nossas penas de escrever, a partir de 1 de
Janeiro próximo futuro, ficará a cargo de uma firma muito concei-
tuada da praça, augurando-se da sua perspicácia e inteligência, alia-
das a um grande patriotismo, o desenvolvimento do consumo da
mercadoria.
2.° Lápis.
Assim como no artigo precedente, para este, também a Estatís-
tica Comercial nâo cogita da sua classificação.
Artigos para escritório, é a sua classificação genérica. Os lápis
portugueses, aqui conhecidos, sâo os da Fábrica PORTUGrALIA de
Vila do Conde, propriedade de F. Faria & C.**
O género, no seu eonjunto é reputado bom, havendo mesmo
321
qualidades, em que o francês ou alemão é inferior. Náo rivalizando
com o Faber W, no entanto a mercadoria agrada e pode facilmente
aumentar no consumo aqui. As condições de venda das outras pro-
cedências, no geral, sao loco fábrica.
As taxas alfandegárias sâo as seguintes:
Quílogr.
Lápis grossos para carpinteiro ISOOO
Idem para desenho ou para escrever 3$000
Idem para lapiseiras SSOOO
A representação dos lápis está também entregue, de futuro, à
mesma firma que tomou a seu cargo a difusão das nossas penas de
escrever, o que é uma garantia para o seu sucesso.
3° Pedras de lousa ou ardósias para colégio.
Nota-se já no mercado, uma certa falta de ardósias ou pedras
para colégio. Importavam-se anteriormente da Alemanha, nas con-
dições FOB Hamburgo. Actualmente vêem dos Estados Unidos
da América do Norte.
O acondicionamento deve ser feito em caixas, contendo cada
uma, um só tipo de ardósias. Tem dado muito mau resultado, o em-
pacotamento americano em caixas com variados lotes ou tamanhos.
A taxa alfandegária tanto para lousas como para lápis da mesma
matéria prima, é de 200 réis por quilograma.
Nâo consta que até hoje fosse iniciada em Portugal, a exporta-
ção deste pequeno artigo que tem aqui largo consumo.
A TEMPO: Já depois de concluído este relatório, o Congresso
Brasileiro, aprovou ser o pagamento da taxa ouro dos despachos
B22
alfandegários, uniforme para todos os produtos, de 40 Vo ®°^ lugar
de 35 "/q como era antigamente, e como vai mencionado nas fór-
mulas de despachos que damos no decorrer deste trabalho. Esta
disposição da lei, só será posta em vigor a partir de 1 de Abril
de 1916.
Ao terminar a nossa missão, seja-nos permitido acrescentar
duas palavras.
Dedicando o presente inquérito aos produtores portugueses,
nâo foi intuito da Câmara produzir nem um estudo scientílico nem
uma peça literária ornada das mais sublimes figuras de retórica.
Limitou-se apenas em linguagem simples a coordenar as ol)serva-
ções colhidas directamente na praça e pelo conjunto das respostas
obtidas aos questionários, pondo bem em relevo o quanto era pre-
judicial à economia portuguesa, a maneira da transaccionar da maioria
dos nossos exportadores.
Demonstramos com estatísticas que o nosso predomínio comercial
no vasto empório do Brasil, tende a diminuir num futuro mais ou me-
nos próximo, em benefício de outras nações que evoluem de ano para
ano, amoldando as suas transacções comerciais, às exigências sempre
crescentes do mercado. O aturado estudo dedicado por estas nações às
praças brasileiras, a aplicação dos mais recentes processos que o espírito
inventivo de certos povos, introduziu inteligentemente debaixo de to-
dos os aspectos, contribui poderosamente para a conquista, palmo
a palmo, do terreno que pelo idioma, raça, costumes e tradições nos
era fácil manter e cuja posse se impõe em prol da nossa riqueza
pública.
Nâo devemos ser alcunhados de pessimistas, porém os factos
evidenceiam-se e no nosso cérebro germina a crença de que o nosso
prestígio comercial periga e, com bem fundados receios, essa crença
predomina e avoluma-se.
Apontamos com factos concretos, certos defeitos da nossa ex-
portação, corrigindo erros que de há muito se vialiam praticando,
32;í
aconselhando modificaí^-oes, alvitrando reformas e indicando a ma-
neira de os nossos produtores poderem com vantagem lutar com a
concorrência.
Fomos por vezos forçados a usar de uma franqueza mais rude
em face dos constantes clamores e das respostas obtidas ; mas que
essa franqueza nos seja relevada. A nossa consciência revoltava-se
ao verificar o pouco cuidado prestado a produtos nossos, alguns de
reconhecida fama mundial.
O contrasto é tâo frisante entre a apresentação dos nossos pro-
dutos e a dos outros países, que nos sentimos humilhados fazendo o
confronto. Procuramos sempre ser imparciais no decorrer do nosso
inquérito; apontamos os defeitos na origem, assim como os daqui,
que, a nosso vêr, os há e graves.
Xem todas as firmas portuguesas são atingidas pelos erros in-
dicados ; devemos abrir excepção : há-as muito respeitáveis e
conceituadas, e que toem por norma a lisura nas suas transacções,
vindo de há muito, acompanhando de perto a evolução do pro-
gresso.
Verificamos mesmo com certo desvanecimento que, no decorrer
do presente ano, muitos dos nossos produtos passaram já por sérias
transformações; no entanto, não é ainda o suficiente; precisamos
ir tneJhorando seynpre e muito para nos colocarmos a par dos con-
correntes.
Devemos em tudos seguir, ou adoptar, o sistema de outros
países; haja em vista as missões comerciais francesas e americanas,
que teem ultimamente visitado o Brasil, entre elas, a do ex-Ministro
Caillaux e Senador Pierre Baudin.
Portugal na actual emergência, desprezando a magnífica opor-
tunidade que se llie oferecia para difundir o seu comércio com o
Brasil, deixou-se ficar na mais lamentável espectativa.
Concluindo, cumpre-nos agradecer a colaboração prestada pelos
comerciantes da praça a que tivemos de recorrer incessantes vezes
para o cabal desempenho da nossa missão; não devemos deixar no
olvido a Eepartição de Estatística Brasileira, sempre solícita e de-
dicada em 231'estar-nos o seu indispensável concurso na elaboração
dos inúmeros mapas intercalados no nosso relatório, nos quais as
quotas relativas aos anos de 1913 e 1914, são inéditas. Por tâo rele-
vantes serviços, seja-nos lícito também, consignar o nosso agrade-
cimento.
324
Aos nossos produtores, endereçamos veementes votos para que
do nosso modesto trabalho, alguma coisa de útil e prático se apro-
veite.
E àqueles que necessitarem ainda de mais detalhadas informa-
ções ou esclarecimentos sobre artigos incluídos ou nâo, no presente
inquérito, a Câmara se impõe o dever de os fornecer, ficando incon-
dicionalmente ao dispor do comércio exportador português para a
expansão do intercâmbio luso-brasileiro.
CAMflRR PORTOGOESfl DE COMÉRCIO E ÍNDÓSTRlfl DO RIO DE JftNElRO
Principais mercadorias portuguesas importadas pelo Brasil durante o decénio de 1905 a 1914
CLAÍSE I-
Direreos. .
i'lhaliU's
Algortiio eni fio pm-a costnra (lirlia para cdíiT) .
Linljo em bruto e preparado
Cortiça oo cascas de sobreiro
Palha para cigiirro» i 'i iV * "
Folhas, flores, ervas, caules, musgos, talos, bulbos, cftÉ
leuhos, i-aises e outras espécies semelhante» para
iDedícinais e de tinturaria
Plantas Dão especificadas
Arçilas ou areia de moldar e bai-ro em bruto . .
Giz, gesso em bruto ou preparado.
Pedras, terras e outros minerais sei
Biversas mercadorias cuja iniportaçài
CLASSE III— AuTlGOS masdp
Boapa feita de algodão
Manufacturas de algodão não especificada» ....
Escovas, espanadores, vassouras e pincéis . . .
Cestos e balaios :
.automóveis _ ■
Manufacturas Ac cobre não especificada». ....
AnzSis, esporas, estribos, fiveUs, freios, fechaJura», cadc
dos, trincos, dobradiças, puxadores, ctc. etc, ile ror
Grampos oii pregos, paralnsos e rebites ile Icrru e aço .
Pregos (ai • ■
ílanufiicturas de ferro não especificadas
Instrumentos músicos não especificados
Pioupa feita de linbo
Manufacturas de porcelanas louça ......
Ferramentas e utensílios divcr
Akmbiques, caldeiras c seinelbantes . .
Máqninas e aparellios não especificados .
Moveis e mobílias
Palitos para mesa
Bolhas de cortiça ■ ,'
Manufacturas de madeira não especificadas
Joalharia e bijoutarift de nnro «^om ou sem
jdras prei
ird.j;,
Este
Obras iuil.ri-sa« ou «(..(íViítica». cu"
cimentos, cartazes, cartões postiii»
Ladrilhos, aaulojos e inosaicos. .
Ladrilhos de barro (aíulejos) c de in.
Telhas de barro (W ••.-.■
Pedras, terras o outros mmerais .■
Calçado
((iiilo
liuilo
Um
Quilo
íicadoriaa cuja iiiipurl.ição é inferior a 5:000í()lH
Á AUUBMT^tÇÃO .
CLASSE IV— AltTioo»
Aguas minerais de mesa . . .
.Mhos (dl
.\lhos e cebohw
,\mêndoa8 (r)
Avelãs (') ■
Azeite de oliveira
Azeitonas (rj
Bacalhau
Banha
Batatas . . ■ ■ • ■ ■ ■
Bebidas alcoólicas e fermentada» .
Castanhas (e)
Cebolas (d; . • - • . • •
(Vreaise grãos alimentícios . .
riiooolate ■,•;;■•
C..ii«ervas c oitractos de canic
I ■«iiservas de frutas c legumes
I '..nservas e extractas de frutas
,!',, . r\.is i extractos de legume
, .,,,. i. extractos de peiíc
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Joalharia e bijoiuaria de prata com ousem pedro» |irecio»as
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Ksteiras e capachos de palha, esparto, cairo c pita . . .
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Aguas minerais naturais e artificiais icí
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Artigos para escritório . . •, • • ■ • ■ ■ ■
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33.363:728
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35.105:087
38.171:496
40.066:731
39.513:359
26.233:925
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<hi Englobatlas até 1906 com laib-illios de barro (azulejos) o de mármore, telhas e tijolos, (c) As águas minei-ais de mosa, passavam
ivai eatiTOi-am englobadas até 1909, sob a vubrica € frutas e legumes verdes». (f) Englobados no «vinho nflo especificado • até 1908.
i fazer parto da classe IV, <artigo> destinados à alimentação ». (d) Os alhos e as cebolas estiveram
RESUMO POR CLASSES
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
1913
1914
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3.964:341
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3.040:506
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26.233:925
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-Artigos manufacturados
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39.708:604
395:821
12.692:594
221:399
45.028:301
804:020
44.220:884
211:380
29.139:320
319:600
33.980.565
33.241:119
37.780:949
29.586:225
33.595:750
40.104:485
42.916:993
45.331:321
44.432:264
29.488:920
índice
Pau.
Introdução v
Aguas minerais do mesa (Naturais e artificiais) .... 213
Aguarrás JB
Algodão cm fio para costura (Linlia para cozer) .... 11
Alhos 293
Amêndoas 269
Ardósias 321
Avelas 271
Azeite de oliveira 299
Azeitonas 251
Batata 312
Bebidas alcoólicas e fermentadas 225
Botões de osso 199
Cal .... 23
Calçado 186
Castanhas 272
Cebolas 293
Cestos e balaios 89
Cliapeus para homem 200
Cimento 27
Cobre e suas ligas 9-i
Conservas e extractos 251
Cordoalha 164
Escovas, espanadores, vassouras e pincéis 79
Esteiras e capachos 171
Feijão e favas 248
Ferro e aço 94
Frutas secas náo especificadas 278
Frutas verdes nâo especificadas 283
Oomas, resinas e bálsamos naturais 46
326
Ladrilhos, azulejos e mosaicos 176
Lápis 320
Legumes e verduras secas 291
Legumes e verduras verdes 292
Linha para cozer 11
Lousas 321
Maças 273
Manufacturas de porcelana e louça 127
Manufacturas de vidro e cristal 142
Máquinas, aparelhos e acessórios, utensílios e ferramentas . 94
Mármore, alabastro e pórfiro 35
Móveis de vime 89
Nozes 275
Ourivesaria 158
Palha para cigarros 17
Palitos para mesa 148
Pedras, terras e outros materiais semelhantes 23 e . . . 176
Peles, couros preparados e curtidos 39
Penas de escrever . 320
Plantas medicinais 20
Poleame 209
Prataria 158
Produtos químicos, drogas e especialidades farmacêuticas . 193
Rolhas de cortiça 152
Roupa feita de algodão 55
Roupa feita de linho 117
Sola 39
Tecidos de algodão 68
Tecidos de la 109
Tecidos de linho 118
Telhas de barro 182
Terebintina e aguarrás 13
Uvas verdes 276
Vermute, biter e semelhantes 227
Vidros para vidraça 143
Vinagre 318
Vinhos comuns 230
Vinhos espumantes (Tipo Ohampagne) 228
Alinhos finos (Porto e semelhantes) 22í>
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