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Full text of "Inquérito para a expansão do comércio português no Brasil"

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in  2010  with  funding  from 

University  of  Toronto 


http://www.archive.org/details/inquritoparaexOOcm 


INQUÉRITO 


PARA  A 


EXPANSÃO  DO  COMÉRCIO  PORTUGUÊS  NO  BRASIL 


ORGANISADO  PELA 


CÂMARA  PORTUGUESA  DE  COMERCIO  E  INDUSTRIA 


DO 


RIO  DE  JANEIRO 


Çom  uma  Introdução  peh  Cônsul  Geral 
de  Tortucal  no  brasil. 


PORTO 


IMPRENSA     PORTUGUESA 
112  — Eua  Formosa  — 112 

1916 


INQUÉRITO 


PARA  A 


EXPANSÃO  DO  COMERCIO  PORTUGUÊS  NO  BRASIL 


ORQANISADO  PELA 


CAMARÁ  PORTUGUESA  DE  COMERCIO  E  INDUSTRIA 


DO 


RIO  DE  JANEIRO 


Com  tuna  Introdução  pelo  Cônsul  Geral 
de  'Portugal  no  'Brasil. 


PORTO 

IMRRENSA     PORTUGUESA 
112  — Rua  Formosa— 112 

1916 


Desta  edição  fez-se  uma  tiragem  de  5:000  exemplares,  dos  quais  4:000  serão 
distribuídos  gratuitamente  em  Portugal  e  1:000  no  Brasil 


INTRODUÇÃO 


Não  se  tem  poupado  a  esforços  a  Câmara  Por- 
tuguesa de  Comércio  e  Indústria  do  Rio  de  Janeiro 
para  alargar  e  aperfeiçoar  o  seu  serviço  de  informa- 
ções comerciais  em  proveito  dos  nossos  exportado- 
res para  o  Brasil.  O  seu  Boletim  mensal,  as  actas 
das  suas  sessões,  a  sua  correspondência  activa  e  vi- 
gilante com  as  estações  oficiais  portuguesas  e  bra- 
sileiras, e  com  as  corporações  comerciais  e  indus- 
triais do  nosso  país,  constituem  já  um  repositório 
precioso  de  factos,  dados  estatísticos,  estudos  econó- 
micos, informações  de  carácter  técnico  e  prático, 
abrangendo  todos  os  aspectos  da  questão  vital,  e 
sempre  em  dia,  do  desenvolvimento  do  intercâmbio 
entre  os  dois  países.  A  nossa  exportação  muito  deve 
já  à  actividade  da  Câmara  do  Rio,  mais  impelida 
pelo  patriotismo  que  pelo  interesse  a  tomar  iniciati- 
vas que  em  grande  parte  deviam  partir  de  Portugal 
e  encontrar  aqui  o  seu  principal  instrumento  de  pro- 
paganda. 

Declarada  a  guerra  europeia,  logo  a  Câmara  de 
Comércio  do  Rio  de  Janeiro  procurou  submeter  à 
atenção  pública  os  novos  problemas  económicos  que 
a  situação  da  Europa  suscitava  e  cuja  solução  nos 


IV 


podia  ser  de  inesperado  favor.  Muito  contribuiram 
as  suas  instâncias  para  o  estabelecimento  em  Lisboa 
da  zona  franca  destinada  aos  produtos  brasileiros, 
e  para  se  renovarem  as  tentativas  oficiais,  infeliz- 
mente mais  uma  vez  frustradas,  no  sentido  da  cons- 
tituição de  uma  empresa  nacional  de  navegação 
para  o  Brasil,  nesta  ocasião  única  em  que  o  caminho 
nos  aparece  desimpedido  de  alguns  dos  nossos  mais 
poderosos  concorrentes,  graças  à  imobilisação  for- 
çada da  marinha  mercante  austro-alemã  e  à  utili- 
zação na  guerra  de  uma  grande  parte  das  dos  outros 
países  beligerantes. 

Com  o  propósito  de  abrir  no  Brasil  mercados 
novos,  ou  de  alargar  os  antigos,  à  nossa  produção, 
tirando  todo  o  partido  possível  das  actuais  e  exce- 
pcionais circunstâncias,  deUberou  também  a  Câmara 
por  essa  ocasião  proceder  a  um  largo  inquérito  entre 
as  mais  importantes  firmas  portuguesas  do  Rio  de 
Janeiro  e  reunir  em  volume,  para  ser  distribuído 
gratuitamente,  as  respostas  dadas  aos  seus  minucio- 
sos questionários,  oferecendo  assim  aos  nossos  ex- 
portadores um  verdadeiro  dicionário  ou  vaãe-mejiim 
onde  cada  qual  encontrará,  sobre  o  produto  que  o 
interessa,  indicações,  conselhos,  e  até  repreensões 
amigáveis  que  muito  deverão  aproveitar-lhes. 

Dão  conta  desse  interessante  trabalho  as  pági- 
nas que  se  seguem.  Basta  folheá-las  para  verificar 
que  nelas  se  não  pensou  em  fazer  literatura  vaga 
ou  abstracta  sobre  assuntos  que  exigem  precisão, 
concisão  e  espírito  prático.  São  comerciantes  que 
falam  a  comerciantes  na  sua  linguagem  profissional 
e  que  pesam  as  ideias  mais  do  que  as  palavras.  Uma 
grande    parte    das    respostas    foi    obtida    oralmente. 


para  evitar  aos  consultados  o  trabalho  ou  o  esfôr^ío 
de  as  escrever,  e  por  este  excelente  método  se  con- 
seguiu colher  do  natural,  e  em  primeira  e  directa 
mào,  um  número  considerável  de  esclarecimentos  e 
de  apreciações,  que  podem  não  ser  infalíveis,  mas 
que  há  todo  o  motivo  de  supor  espontâneas  e  sin- 
ceras. 

Creio  que  o  volume,  que  nestas  linhas  apre- 
sento, ficará  sendo  de  consulta  quotidiana  para  todo 
o  nosso  comércio  que  se  dedica  aos  mercados  do 
Brasil;  e  de  desejar  é  que  a  sua  leitura  ajude  a  cor- 
rigir velhos  erros  e  desperte  novas  energias.  Penso 
também  que  este  inquérito  seria  utilmente  comple- 
tado por  uma  consulta  análoga  dirigida  aos  nossos 
exportadores,  e  na  qual,  àlêm  de  se  reunirem  indi- 
cações tão  necessárias,  e  tão  mal  conhecidas  ainda, 
sobre  as  condições  da  nossa  produção,  se  discutisse 
a  viabilidade  das  soluções  aconselhadas  pela  Câmara 
do  Rio  ou  pelos  seus  correspondentes.  Qualquer  das 
nossas  associações  comerciais,  especialmente  as  do 
norte  do  país,  onde  o  Brasil  tem  os  seus  principais 
fornecedores,  poderia  tomar  a  seu  cargo  essa  tarefa 
e  compendiar  em  um  breve  relatório  as  respostas 
obtidas. 

A.  persistência  e  laboriosidade  portuguesas,  a-pe- 
sar-de  raras  vezes  reforçadas  pelo  espírito  associa- 
tivo e  pela  acção  solidária,  conseguiram  ainda  assim 
o  milagroso  resultado  de  criar  e  manter  no  Brasil 
um  mercado  tão  importante  e  uma  situação  tão  pri- 
vilegiada para  os  nossos  produtos,  que  aquele  país 
pode  bem  ser  considerado,  do  ponto  de  vista  econó- 
mico, um  prolongamento  do  nosso  próprio  território. 
Pena  é  que  em  tempos  mais  propícios,  e  quando  nos 


VI 


encontrávamos  quási  sós  em  campo,  não  tivéssemos 
procurado  assegurar  mais  solidamente  o  futuro,  esta- 
belecendo com  o  Brasil  um  regime  de  quási  sollm- 
rein  que,  ao  mesmo  tempo  que  fizesse  de  Portugal 
o  entreposto  europeu  da  produção  brasileira,  com 
toda  a  espécie  de  facilidades  e  favores  exclusivos, 
nos  firmasse  no  país  irmão  um  mercado  amplís- 
simo, não  só,  como  o  é  ainda  hoje,  para  os  nossos 
géneros  agrícolas,  mas  também  para  as  nossas  in- 
dústrias nascentes,  a  que  o  restrito  consumo  na- 
cional nunca  permitirá  desferir  largos  voos.  Lisboa, 
à  esquina  da  Europa,  equidistante  dos  seus  portos 
do  norte  e  do  sul,  parecia  indicada  para  centro 
de  redistribuição  e  irradiação  das  mercadorias  bra- 
sileiras, boas  companheiras  das  nossas  coloniais;  e 
não  tendo  grande  precisão  de  comprar  nem  umas 
nem  outras,  senão  em  reduzidas  quantidades,  mais 
frutuosamente  saberia  vendê-las.  O  Brasil  por  seu 
lado,  sem  chegar  a  dar-nos  de  presente  as  suas  re- 
ceitas aduaneiras,  teria  sido  justo  criando  taxas  fra- 
ternais para  nosso  uso  e  habituando  as  demais  na- 
ções a  conformarem-se  com  os  legítimos  privilégios 
da  nossa  situação.  Sobre  essa  base  de  recíproco  au- 
xílio e  aliança  teríamos  criado  novos  e  estreitos  la- 
ços materiais  e  morais,  em  vez  de  irmos  desatando, 
quási  sem  darmos  por  isso,  os  que  ainda  nos  unem. 
Hoje  é  muito  tarde  para  aspirarmos  a  obter  do 
Brasil  concessões  que  nos  seriam  disputadas  por  ou- 
tros concorrentes  e  para  tentarmos  desfazer  situa- 
ções já  ali  fortemente  criadas,  a  cuja  sombra  se 
desenvolveram  consideráveis  interesses  do  Estado  e 
dos  particulares.  Entretanto,  o  que  ainda  possuímos 
é  muito  valioso  para  poder  ser  esquecido  ou  aban- 


VII 


donado.  Somos  para  o  Brasil  os  seus  primeiros  for- 
necedores em^opeus  de  géneros  destinados  à  alimen- 
tação, e  em  qiiási  todos  os  artigos  dessa  categoria 
temos  acompanhado  os  progressos  do  consumo,  con- 
tinuando sobretudo  a  dominar  o  mercado  do  Rio 
de  Janeiro.  O  que  põe  em  grave  risco  o  futuro  da 
nossa  exportação  é  o  carácter  desorganizado  da  pro- 
dução nacional,  a  que  todos  reconhecem  falta  de 
uniformidade  e  de  barateza,  e  a  feição  rudimentar 
da  nossa  propaganda,  que  não  tem  aprendido  bas- 
tante com  o  exemplo  das  nações  de  produção  aná- 
loga à  nossa.  O  factor  preço  é  hoje  essencial  na  ex- 
pansão económica,  e  por  esse  factor  a  Espanha  conse- 
gue bater-nos  quási  em  toda  a  parte,  exceptuando-se 
por  ora  o  Brasil.  Mas  aí  mesmo  o  perigo  nos  ameaça, 
a-pesar-do  patriotismo  e  número  da  nossa  colónia;  e 
o  remédio  não  está  na  adulteração  dos  produtos, 
nem  nos  artifícios  do  vasilhame,  mas  única  e  lisa- 
mente  no  estudo  dos  meios  internos  e  externos  que 
devam  permitir-nos  produzir  cada  vez  melhor  e  ven- 
der cada  vez  mais  barato. 

O  problema  dos  fretes  é  um  dos  leit-moUve  de 
todas  as  queixas  sobre  o  declínio  ou  a  estagnação  do 
nosso  comércio  exportador.  E  se  da  leitura  deste 
Inquérito  resultar  para  todos  o  convencimento  de 
que  a  navegação  portuguesa  para  o  Brasil  é  uma 
das  condições  essenciais  para  a  conservação  daquele 
mercado,  e  até  para  o  seu  alargamento  a  produtos 
nossos  ali  quási  ainda  inéditos,  por  bem  paga  se 
dará  a  Câmara  do  Rio  do  seu  esforço.  Quaisquer 
que  sejam  as  dificuldades  que  se  opõem  a  esse  em- 
preendimento, temos  de  resolvê-las  com  pequeno  ou 
com   grande  sacrifício,  para   não  irmos  ao  encontro 


VIII 


de  dificuldades  maiores  e  que  já  não  teríamos  forças 
para  resolver. 

Várias  questões  de  solução  urgente  são  versadas 
com  proficiência  nas  páginas  deste  Inquérito;  entre 
elas  as  que  dizem  respeito  à  uniformização  e  exa- 
ctidão do  vasilhame  no  comércio  de  vinhos  e  azeites, 
bem  como  à  necessidade  de  reformar  os  nossos  hábi- 
tos rotineiros  de  acondicionamento  e  empacotamento, 
que  estão  muito  abaixo  das  exigências  dum  mercado 
cosmopolita  e  bem  abastecido  como  é  já  hoje  o  bra- 
sileiro. 

Num  estudo  estatístico  que  publiquei  há  poucos 
meses  no  Boletim  Comercial  do  Ministério  dos  Negó- 
cios Estrangeiros,  cheguei  a  conclusões  que  não  se 
afastam  das  do  Inquérito  da  Câmara  do  Rio,  pelo  que 
respeita  à  nossa  exportação  de  géneros  alimentícios. 
Essas  conclusões  são  animadoras  no  presente,  mas 
poderão  deixar  de  sê-lo  num  futuro  próximo,  se  os 
nossos  produtores  e  exportadores  não  cuidarem  de 
ser  esclarecidos  e  enérgicos  paladinos  de  uma  cam- 
panha que  exige  ao  mesmo  tempo  sciência  e  arte  — 
sciência  para  produzir,  arte  para  vender. 

Fornecemos  ao  Brasil,  actualmente,  tim  quinto 
da  sua  importação  total  de  géneros  alimentícios, 
ocupando,  como  já  disse,  o  primeiro  lugar  entre  os 
seus  fornecedores  europeus  e  sendo  apenas  excedi- 
dos, no  resto  do  mundo,  pela  República  Argentina, 
que  aliás  não  nos  faz  concorrência. 

Emquanto  o  valor  da  importação  de  géneros  ali- 
mentícios no  Brasil  aumentou,  no  decénio  de  1902- 
1911,  de  50  Vo»  o  valor  da  importação  de  Portugal 
no  mesmo  período  aumentou  de  90  7o- 

Ocupamos  o  primeiro  lugar  na  importação  total 


IX 


de  frutas  e  legumes  verdes,  tendo  no  referido  decé- 
nio aumentado  as  nossas  vendas  em  cerca  de  55  "o 
na  quantidade  e  de  115  7o  i"^o  valor.  Somos  também 
os  primeiros  na  importação  de  conservas  de  frutas, 
legumes  e  peixe,  tendo  acompanhado  os  progressos 
do  consumo  e  dado  larga  expansão  aos  nossos  pro- 
dutos. Igual  primazia  disfrutamos  no  comércio  de 
batatas,  cebolas  e  feijão. 

Também  é  nosso  o  primeiro  lugar  na  importação 
de  azeite,  mas  aí  a  nossa  situação  é  perigosamente 
estacionária  e  não  acompanhou  o  aumento  de  con- 
sumo que  foi  de  50  ^o  ^^o  decénio  citado,  ao  passo 
que  as  vendas  da  Espanha  septuplicaram  e  as  da 
Itália  e  da  França  duplicaram.  É  pois  evidente  que, 
se  não  acelerarmos  a  nossa  marcha,  não  tardaremos 
a  ser  alcançados,  e  até  ultrapassados,  por  aqueles 
países,  especialmente  pela  Espanha,  à  qual  nós  pró- 
prios, com  temerária  leviandade,  ensinámos  o  ca- 
minho. 

No  importante  capítulo  dos  vinhos  verifica-se  que 
a  nossa  exportação  durante  o  decénio  de  1902-1911 
aumentou  de  20  •'o,  proporção  que  é  também  a  do 
aumento  de  consumo  no  país  durante  esse  período. 
De  34  mil  contos  fracos  que  representam  as  compras 
do  Brasil  em  1911,  24  mil  contos  (mais  de  70  ^,,q)  cou- 
beram a  Portugal.  Nos  vinhos  finos  tivemos  o  quási 
monopólio.  E  se  conseguirmos  que  desapareçam,  ou 
pelo  menos  se  atenuem,  as  falsificações  e  adultera- 
ções com  que  somos  deslialmente  guerreados,  a  nossa 
exportação  tomará  ainda  maior  incremento. 

O  Inquérito  da  Câmara  do  Rio  estuda  o  comércio 
dos  nossos  produtos  alimentícios  com  diligente  mi- 
nuciosidade,  dando,   como  já   disse,   úteis  indicações 


sobre  a  modificação  e  uniformizaçào  do  vasilhame 
para  os  vinhos  e  azeites,  sobre  a  concorrência  das 
pseudo-sardinhas  norueguesas  com  as  nossas  autên- 
ticas, sobre  a  produção  crescente  de  conservas  no 
Brasil,  sobre  a  conveniência  de  exportar  mais  cedo  as 
nossas  castanhas,  sobre  as  modificações  a  introduzir 
no  empacotamento  deplorável  das  nossas  frutas,  es- 
pecialmente das  uvas,  sobre  a  incorrecta  e  prejudi- 
cial classificação  aduaneira  das  frutas  secas,  o  pés- 
simo acondicionamento  dos  figos,  etc,  etc. 

Cada  um  destes  pontos  merece  exame  atento  e 
resposta  cabal,  quando  sobre  eles  haja  objecções  ou 
discordâncias  por  parte  dos  interessados. 


Ainda  sobre  a  importação  de  géneros  alimentí- 
cios no  Brasil  convêm  notar  que  a  sua  proporção, 
que  era  em  1902  na  razão  de  37  Vo  ^^  importação 
total,  baixou  em  1911  a  23,5  Vo,  ao  passo  que  a  im- 
portação de  artigos  manufacturados  subiu,  no  mesmo 
período,  de  43  a  56  7o-  ^  produção  agrícola  do  Bra- 
sil desenvolve-se,  como  é  natural,  tornando  o  país 
cada  dia  mais  independente  do  estrangeiro.  Mais  um 
motivo  para  procurarmos  melhorar  o  nosso  lugar, 
por  ora  bem  modesto,  na  escala  dos  fornecedores  de 
matérias  primas  e   de   artigos  manufacturados. 

Na  secção  das  matérias  primas  e  artigos  com 
aplicação  às  artes  e  indústrias  avultam  as  nossas 
vendas  de  palha  para  cigarros,  de  Penafiel,  em  que 
não  temos  competidores.  O  Inquérito  chama  a  aten- 
ção para  os  mármores  e  alabastros  portugueses,  que 
alcançariam  colocação  no  Brasil,  se  o  transporte  one- 


XI 


roso  e  difícil  do  local  de  produção  aos  j)ortos  de 
embarque  não  tornasse  tào  elevado  o  seu  prego.  O 
cimento  o  o  breu  vegetal,  cujas  condições  de  pro- 
dução em  Portugal  se  desconhecem,  teem  no  Brasil 
largo  consumo.  E  alude-se  também  ao  calcáreo  e  ba- 
salto qne  temos  fornecido  para  o  calcetamento  —  e, 
posso  acrescentar,  para  o  embelezamento  —  das  novas 
avenidas  do  Rio  de  Janeiro,  e  que  devemos  procurar 
introduzir  nas  demais  cidades  daquele  país. 

No  capítulo  dos  artigos  manufacturados  sào  muito 
interessantes  e  copiosas  as  informações  do  Inquérito 
que  estou  resumindo.  A  roupa  feita  de  algodão  — 
camisas  e  ceroulas  para  homem  — ,  de  fabricação  por- 
tuguesa, tem  no  Brasil  um  mercado  importante,  mas 
que  mostra  tendências  para  declinar.  Os  importado- 
res do  Rio  atribuem  esse  declínio,  não  só  ã  concorrên- 
cia da  indústria  brasileira  (representada  actualmente 
por  31  fábricas),  mas  também  à  carestia  do  produto 
e  à  elevação  e  irregularidade  dos  fretes.  Removidos 
estes  dois  óbices,  asseguram  que  as  nossas  vendas, 
no  género  de  melhor  qualidade,  cuja  produção  no 
Brasil  é  por  ora  deficiente,  atingiriam  excepcional 
importância. 

As  nossas  escovas,  pincéis,  brochas  e  vassouras, 
principalmente  as  primeiras,  teem  boa  aceitação  no 
Brasil,  devendo  aproveitar-se  a  oportunidade  que  a 
actual  guerra  oferece  para  as  tornar  ali  mais  conhe- 
cidas. Dão-se  úteis  conselhos  aos  fabricantes,  rv3co- 
menda-se-lhes  —  é  outro  leit-moUv  aplicável  a  todo  o 
nosso  sistema  comercial — que  se  conformem  com  os 
gostos  e  hábitos  do  país  importador,  em  vez  de  pro- 
curarem impôr-lhe  os  seus  próprios. 

Também    estamos    insuficientemente    representa- 


XII 


dos  em  ferragens,  sendo  agora  a  paralisia  da  exporta- 
ção alemã  motivo  para  procurarmos  colocar  maiores 
quantidades  de  fechaduras,  dobradiças,  puxadores, 
pregos,  foices  e  machados,  sem  esquecer  os  nossos  co- 
nhecidos cofres-fortes,  e  lembrando-se  a  conveniência 
de  enviar  aquele  mercado  catálogos  dos  nossos  produ- 
tos, como  fazem  os  fabricantes  dos  demais  países. 

As  nossas  indústrias  de  louças  e  porcelanas  são 
incitadas  a  procurar  o  mercado  brasileiro.  Pouco 
antes  de  deixar  o  Rio,  em  Setembro  último,  tive 
conhecimento  de  que  uma  casa  alemã  daquela  cidade 
recebera  uma  remessa  importante  de  louça  da  fá- 
brica de  Sacavém.  Faz  notar  o  Inquérito  que  a  louça 
portuguesa  é  de  peso  excessivo,  o  que  a  sujeita  a 
gravosas  taxas  aduaneiras.  A  propósito  direi  que  as 
páginas,  que  estou  extractando,  fornecem  para  todos 
os  artigos  de  possível  exportação  portuguesa  os  mais 
completos  dados  sobra  a  complexa  pauta  das  alfân- 
degas brasileiras,  encontrando  ali  o  nosso  comércio 
base  sólida  para  os  seus  cálculos. 

Também  os  vidros  para  vidraças,  cuja  venda  no 
Brasil  se  encontra  quási  exclusivamente  em  mãos 
portuguesas,  teem  ali  mercado  seguro,  desde  que 
sejam  convenientemente  acondicionados  e  não  che- 
guem ao  seu  destino  com  larga  percentagem  de 
quebras. 

Os  nossos  palitos  de  mesa  não  teem  competido- 
res no  Brasil,  atingindo  o  seu  consumo  valor  exce- 
dente a  500  contos  fracos. 

Sobre  as  rolhas  de  cortiça  observa  o  Inquérito 
quanto  deixam  a  desejar,  na  qualidade  e  preço,  em 
comparação  com  as  espanholas,  o  que  é  tanto  mais 
deplorável  quanto   temos   de  casa  a  melhor  das  ma- 


XIII 


térias-primas.  Indispensável  se  torna,  pois,  melhorar 
o  fabrico  para  fazer  frente  à  concorrência  vitoriosa 
da  nagào  visinlia. 

A  exportação  da  nossa  ourivesaria,  especialmente 
dos  artefactos  de  prata  de  mais  acentuado  cunho 
nacional,  tem  feito  progressos  e  é  susceptível  de 
desenvolver-se.  Convém  organizar  mostruários  per- 
manentes destes  produtos  para  serem  expostos  nos 
estabelecimentos  mais  elegantes  do  Rio. 

As  esteiras  e  capachos  do  Porto  teem  a  sua  re- 
putação feita  e  batem-se  sem  risco  com  os  artigos 
similares  estrangeiros. 

Os  azulejos,  tào  adequados  ás  construções  nos 
países  tropicais,  merecem  uma  propaganda  activa 
que  deve  ligar-se  à  apologia  de  uma  arquitectura 
mais  leve,  e  de  inspiração  mais  portuguesa,  nas  edi- 
ficações dos  bairros  novos  das  progressivas  cidades 
do  Brasil. 

As  telhas  de  barro  não  conseguem  concorrer 
com  as  de  Marselha,  pela  sua  diferença  de  peso  e 
de  preço,  produção  relativamente  pequena,  e  maior 
proporção  de  quebras. 

O  nosso  calçado,  a  não  ser  nas  qualidades  de 
luxo,  dificilmente  pode  concorrer  com  o  das  5:606 
fábricas  que  já  possui  o  Brasil. 

Mas,  a-pesar-das  534  fábricas  de  chapelaria  ali 
existentes,  iniciámos  em  1913,  com  brilhante  êxito, 
a  introdução  dos  nossos  chapéus  de  palha. 

O  Inquérito  faz  também  um  estudo  cuidadoso  da 
importante  indústria  brasileira  de  tecidos,  represen- 
tada já  hoje  por  210  fábricas,  pronunciando-se  sobre 
os  meios  de  introduzir  os  nossos  panos  de  algodão 
especialmente  nos  Estados  do  Pará  e  Amazonas. 


XIV 


Igualmente  se  ocupa  das  nossas  águas  minerais, 
de  tão  excelente  qualidade,  e  que  tão  pequena  ex- 
pansão teem  ainda  no  Brasil.  A  solução  está  em  ba- 
rateá-las e  em  evitar,  por  um  mais  cuidadoso  en- 
garrafamento, a  sua  frequente  decomposição.  Pre- 
enchidas estas  condições,  e  tentada  como  deve  ser 
uma  redução  da  pauta  aduaneira  em  seu  favor,  tudo 
leva  a  supor  que  a  sua  disseminação  pelo  vasto  ter- 
ritório brasileiro  não  será  difícil  empresa. 

Cada  questionário  do  Inquérito  é  acompanhado 
dos  nomes  das  firmas  consultadas,  o  que  facilita  aos 
interessados  o  dirigirem-se  àquelas  firmas  para  en- 
trarem em  transacções  ou  obterem  quaisquer  novos 
esclarecimentos. 

Os  correspondentes  da  Câmara  do  Rio  fazem  in- 
cessantes recriminações  sobre  a  desleixada  obstina- 
ção, por  parte  de  alguns  dos  nossos  fabricantes,  em 
não  cumprirem  exactamente,  ou  demorarem  em 
excesso,  as  encomendas  que  recebem.  Aconselham  a 
instituição  de  aulas  práticas  de  acondicionamento 
anexas  às  Escolas  industriais;  a  organização  de  mos- 
truários por  intermédio  das  nossas  Associações  Co- 
merciais; a  propaganda  dos  nossos  artigos  de  expor- 
tação por  meio  de  hábeis  e  instruídos  caixeiros-via- 
j antes;  a  visita  frequente  dos  chefes  das  casas  por- 
tuguesas ao  Brasil  para  conhecerem  a  transformação 
por  que  passou  aquele  país  e  de  que  só  quem  a  vê 
pelos  seus  olhos  faz  exacta  ideia;  emflm,  numa  frase 
fehz  e  que  merece  ser  sublinhada,  lembram  que  o 
mercado  brasileiro  é  o  único  do  mundo  em  que 
o  esforço  dos  portugueses  de  Portugal  encontra  ou- 
tros portugueses  a  secundá-lo  com  entusiasmo  e  a 
procurar  fazê-lo  triunfar. 


XV 


Com  efeito,  ^que  seria  da  economia  nacional  se 
lhe  faltasse  de  repente  a  cooperac^ào  que  por  todas 
as  formas  lhe  presta  o  Brasil,  ou  se  nos  fugisse  o  apoio 
da  nossa  colónia  ali  residente  e  que  só  no  Rio 
fornia  uma  aglomeração  porventura  superior  à  do 
Porto,  fazendo  daquela  cidade  simultaneamente  a 
capital    brasileira    e    a    segunda   cidade   portuguesa? 

Tornemos,  pois,  por  todos  os  meios  —  e  ne- 
nhum exige  de  nós  espírito  inventivo,  bastando  que 
aprendamos  com  a  experiência  alheia  — tornemos 
cada  vez  mais  intensa,  mais  inteligentemente  orga- 
nizada e  aperfeiçoada,  mais  honesta  e  séria,  a  nossa 
expansão  económica  nessa  nação  tão  distante  e  tão 
próxima,  que  do  nosso  esforço  nasceu  e  a  cujo  es- 
forço hoje  tanto  devemos. 

Procuremos  cada  vez  mais  ser  a  sua  horta,  o  seu 
pomar,  o  seu  jardim,  o  seu  celeiro,  a  sua  adega. 
E,  se  é  ainda  possível,  coloquemos  também  nela 
os  produtos  das  nossas  fábricas  e  manufacturas. 
A  Suissa  criou  a  sua  próspera  indústria  de  máqui- 
nas, quando  já  indústrias  análogas  da  Inglaterra  e 
Alemanha  dominavam  os  mercados  do  mundo.  E, 
a-pesar-de  pequenina  em  território  e  recursos,  con- 
seguiu igualar-se  àquelas  grandes  nações  e  obter 
a  pav  delas  lugar  para  os  seus  produtos.  Qual  foi  o 
seu  segredo  ?  Estudar  e  porfiar,  pôr  economia  e  per- 
feição no  fabrico,  probidade  e  tenacidade  na  propa- 
ganda. Porque  havemos  nós  de  desesperar  de  que  se 
abram  as  portas  do  Brasil  a  tudo  o  que  de  bom 
produzirmos,  se  essas  portas  nunca  para  nós  se  fe- 
charam e  encontram  lá  dentro  quem  nos  ajude  a 
abri-las  ? 

Finalmente    direi    que   uma   nação   que   exporta, 


XVI 


em  média,  anualmente,  cincoenta  mil  emigrantes  e 
sete  mil  contos  fortes  de  mercadorias  para  o  Brasil, 
e  que  ali  tem  uma  colónia  excedente  a  um  milhão 
de  almas,  e  vinte  milhões  de  filhos  ou  irmãos  de 
sangue  e  de  lingua,  não  pode  estar  sujeita  para  o 
seu  intercâmbio  às  exigências  onerosas  e  injuriosas 
da  navegação  estrangeira.  Já  não  quero  encarar  o 
aspecto  moral  da  questão,  que,  para  mim  ao  menos, 
assume  primacial  importância.  E  porisso,  utilizando 
a  frase  também  feliz  de  outro  compatriota  nosso 
que  soube  compreender  todo  o  alcance  do  grave 
problema,  repetirei  com  ele  que  uma  empresa  nacio- 
nal de  navegação  para  o  Brasil,  e  ainda  mais  no 
momento  excepcional  que  atravessamos,  vale  por 
um  tratado  de  comércio. 

E  aqui  dou  por  findas  estas  breves  considera- 
ções, cujo  único  objecto  foi  abrir  o  apetite  dos  in- 
teressados para  o  trabalho  elaborado,  não  sem  difi- 
culdades, pela  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e 
Indústria  do  Rio  de  Janeiro.  E  estou  certo  de  que 
todos  os  que  o  lerem  se  associarão  ao  sincero  agra- 
decimento e  louvor  que  daqui  dirijo  àquela  jóven, 
mas  já  tão  prestimosa  e  benemérita  associação,  por 
este  novo  testemunho  do  seu  patriotismo  e  da  sua 
dedicação  aos  interesses  económicos  do  nosso  país. 

Lisboa,  24  de  Fevereiro  de  1916. 


Alberto  d*01ivcira 

Cônsul  Geral  de  Portugal  no  Brasil. 


Inquérito  para  a  expansão  do  comércio  português 

no  Brasil 


o  Conselho  Director  da  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  In- 
diistria  do  Rio  de  Janeiro,  em  sua  sessão  de  21  de  Janeiro  do  cor- 
rente ano,  deliberou  fazer  um  grande  inquérito  para  a  expansão  do 
comércio  português  no  Brasil.  Para  esse  fim  organizou  33  questio- 
nários referentes  a  outras  tantas  especialidades  agrícolas  e  indus- 
triais susceptíveis  de  maior  consumo  ou  introdução  no  mercado. 

Esses  questionários  foram  profusamente  distribuidos  pelas  casas 
importadoras  desta  praça  acompanhados  da  seguinte  circular: 


Rio  de  Janeiro,  ...  de  Março  de  1915. 

Ex.'"°  Senhor: 

A  confiagraçâo  europeia  náo  afecta  simiente  os  países  empenha- 
dos na  mais  colossal  e  sangrenta  luta  que  a  História  regista.  As 
nações  que  ficaram  na  simples  espectativa  ressentem-se  também, 
principalmente  por  falta  de  transacções  comerciais,  dos  efeitos  dessa 
tremenda  e  titânica  peleja  e  que  fatalmente  terminará  pelo  anitjui- 
lamento  de  vencidos  e  vencedores. 

A  paralisação,  nos  países  conflagrados,  dos  variados  ramos  da 
actividade  humana,  manter-se  há  por  um  largo  período  e  haverá 
sem  dúvida  indiístrias  outrora  florescentes,  que  cessarão  por  com- 
pleto, por  falta  de  forças  vitais  e  mesmo  por  falta  do  capital  neces- 
sário ao  seu  ressurgimento. 


Existem  certas  regiões  a  quem  a  natureza  prodigalizou  carinhos 
sem  fim.  Portugal,  por  exemplo,  pela  sua  posição  geográfica,  parece 
predestinado  a  um  futuro  de  grandeza  e  prosperidade. 

Em  remotas  eras,  as  suas  caravelas  singravam  todos  os  mares, 
abrindo  novos  caminhos  à  civilização,  levando  a  Lisboa,  as  especia- 
rias e  demais  riquezas  do  Oriente,  transformando  aquela  cidade,  em 
pouco  tempo,  num  vasto  empório  comercial.  Nações  ainda  na  meia 
obscuridade  e  hoje  poderosíssimas,  iam-se  abastecer  ao  mercado  de 
Lisboa.  Hoje,  do  mesmo  vastíssimo  porto,  podem  ser  transportados 
aos  pontos  mais  recônditos  do  Universo,  os  géneros  estrangeiros 
depositados  à  consignação,  no  novo  pôrto-f ranço. 

Igualmente  se  podem  canalizar,  com  segurança,  para  novos 
mercados  os  produtos  do  ubérrimo  solo  português  e  as  manufactu- 
ras que  a  iniciativa  do  seu  povo  desenvolva  e  faça  progredir. 

Para  a  expansão  comercial  de  todas  as  nossas  riquezas,  acham-se 
empenhados  governantes  e  governados;  estes,  representados  pelos 
três  mais  importantes  ramos  da  economia  nacional:  Agricultura, 
Comércio  e  Indústria. 

A  oportunidade  nâo  pode  ser  mais  favorável  para  nós,  e  assim 
mostraremos  o  que  um  povo  nobre,  altivo,  valoroso  e  trabalhador 
pode  fazer  para  recuperar  a  preponderância  que  outrora  teve  na 
permuta  dos  géneros,  entre  as  duas  nações  irmãs  pela  raça,  língua 
e  costumes. 

No  mercado  brasileiro  escasseiam  já  certos  géneros  de  primeira 
necessidade  e  brevemente  haverá  também  falta  de  diversas  manufa- 
cturas, de  que  o  Brasil  é  tributário  da  Europa. 

Em  Portugal,  além  da  proverbial  abundância  dos  produtos  do 
solo,  a  indústria  nos  seus  variados  ramos,  está  bem  desenvolvida  e 
pode  em  igualdade  de  circunstâncias  facilmente  suprir  as  congéne- 
res de  outras  procedências. 

A  Câmara  Portuguesa  do  Comércio  e  Tndiistria  do  Pio  de  Ja- 
neiro,  trilhando  o  caminho  traçado  pelo  vasto  programa  dos  seus 
Estatutos,  deseja  secundar  por  todo  os  meios,  o  nobre  intuito  do 
(xovêrno,  a  quem  se  aliam  todos  os  esforços  dos  exportadores  do 
nosso  país.  Pela  Directoria  da  mesma  Câmara  foi  tomado  o  solene 
compromisso  de  orientar  o  comércio  exportador,  nas  mais  minucio- 
sas informações,  e  pequenos  detalhes,  que  possa  colher  no  mercado, 
para  com  segurança  chegar  a  um  resultado  prático. 

Conta  esta   Directoria  para  o  bom  desempenho  da  sua  missão. 


com  o  valioso  concurst)  de  todos  os  sons  consócios,  assim  como  do 
comércio  importador  em  geral. 

Julgando  que,  a  melhor  maneira  de  colher  os  mais  minuciosos 
detalhes,  sobre  a  forma  mais  prática  do  fomentar  a  expansão  comer- 
cial de  todos  os  produtos  portugueses,  susceptíveis  de  colocação  no 
mercado  brasileiro,  seria  de  promover  um  inquérito,  consultando 
directamente  o  importador  do  artigo  a  tentar  introduzir  no  mercado, 
ou  a  aumentar  o  seu  consumo. 

Na  absoluta  certeza  de  que,  seremos  atendidos  por  V.  Ex.*, 
tomamos  a  liberdade  de  lhe  enviar  o  incluso  questionário  referente 
á  classe  de. .  .,  especialidade  a  que  V.  Ex."  tem  dedicado  toda  a  sua 
actividade,  solicitando  ao  mesmo  tempo  do  seu  patriotismo,  a  fineza 
de  o  preencher,  acrescentando  quaisquer  ponderações  que  lhe  ocor- 
rerem. 

A  alta  competência  que  V.  Ex."  tem  no  assunto,  garante-nos  a 
possibilidade  de  ficarmos  habilitados  a  orientar  com  segurança  o 
comércio  exportador,  ao  muito  que  há  a  tentar  em  prol  do  desen- 
volvimento e  engrandecimento  da  nossa  Pátria. 

Antecipadamente  apresentamos  a  V.  Ex.*  os  nossos  agradeci- 
mentos e  servimo-nos  do  ensejo  para  testemunhar-lhe  os  protestos 
de  toda  a  nossa  estima  e  consideração. 

A  Directoria:  António  Rodrigues  Ferreira  Botelho. — José  Cons- 
tante.—  Carvalho  Rocha  &  C."  —  ^4.  ./.  Cornes  Barbosa. 


Nomenclatura  das  mercadorias  de  que  trata 
o  presente  inquérito 

CLASSE  II 

Matérias  primas  e  artigos  com  aplicação  às  artes  e  indústrias 

T  —  Algodão: 

1.     Em  fio  para  costura  (linha  para  coser). 

II  —  Matérias   ou   substâncias   para   perfumaria,   pintura,   tinturaria   e 
outros  usos: 

1.     Terebintina  e  aguarrás. 

III—  Palha,  esparto,  cairo,  pita,  piaçaba,  paina  e  outras  matérias  fila- 
mentosas: 

1.     Palha  para  cigarros. 

IV  —  Plantas,  folhas,  flores,  frutos,  grãos,  sementes,  raises,  cascas,  etc: 

1.  Folhas,  flores,  ervas,  caules,  musgos,  talos,  bulbos,  cas- 
cas, lenhos,  raises  e  outras  espécies  semelhantes  para 
usos  medicinais  e  de  tinturaria. 

A'  —  Pedras,  terras  e  outros  minerais  semelhantes: 

1.  Cal. 

2.  Cimento. 

3.  Mármore,  alabastro  e  pórfiro. 
•1.  Não  especificados. 


YI  —  Peles  e  couros: 


1.  Peles,  couros  preparados  e  curtidos. 

2.  Sola. 


VII  —  Sumos  ou  sucos  vegetais: 

1.  Breu  vegetal  ou  resina. 

2.  Gomas,  resinas  e  bálsamos  naturais. 


CLASSE  III 

Artigos  manufacturados 

I  —  Algodão  com  ou  sem  mescla: 

1.  Roupa  feita. 

2.  Tecidos. 

II  —  Cabelos,  pêlos  e  penas: 

1.     Escovas,  espanadores,  vassouras  e  pincéis. 

III  —  Cana  da  índia,  bambu,  junco,  rotim,  vime  e  outros  cipós: 

1.  Cestos  e  balaios. 

2.  Móveis. 

IV — I)  Cobre  e  suas  ligas.     II)  Ferro  e  aço  (ferragens): 

1.  Manufacturas  de  cobre  nâo  especificadas. 

2.  Anzóis,    esporas,    estribos,    fivelas,    freios,    fechaduras, 

cadeados,   trincos,   dobradiças,   puxadores,  etc,  etc, 
para  portas  e  f^avetas. 

3.  Cutelaria. 

4.  lí^erramentas. 

õ.     Grampos,  pregos  parafusos  e  rebites. 
6.     Manufacturas  de  ferro  não  especificadas. 


\  —  Lã  com  ou  sem  mescla: 

1.     Tecidos. 

VI  —  Linho  com  ou  sem  mescla: 

1.  Jvou])ci  feita. 

2.  ^recidos. 

Y\\  —  Louça,  porcelana,  vidro  e  cristal: 

1.  Maiiufiictui'as  de  porcelana  e  louça. 

2.  Manufacturas  de  vidro  e  cristíil. 

3.  Vidros  para  vidraça. 

A'  1  I  I  —Madeiras: 

1.  Palitos  para  mesa. 

2.  I^' olhas  de  cortiça. 

IX  —Ouro,  prata  e  platina: 

1.  Ourivesaria. 

2.  Prataria. 

X  —  Palha,    esparto,    cairo,   pita,    piaçaba,    paina    e    outras    matérias 
filamentosas: 

1.  Cordoalha. 

2.  Esteiras  e  capachos. 

XI  — Pedras,  terras  e  outros  minerais  semelhantes: 

1.  Manufacturas    nâo    especificadas    (cerâmica,    mármores 

em  obra). 

2.  Telhas  de  l^xrro. 

XII — Peles  e  couros: 

1.     1'alcado. 


XIII  —  Produtos  químicos,  drogas  e  especialidades  farmacêuticas: 

1.     Nâo  especificados. 

XIY  —  Vários  artigos: 

1.  Botões  de  osso. 

2.  Chapéus  para  liomem. 
8.     Poleame. 


CLASSE  IV 

Artigos  destinados  à  alimentação 

I— Bebidas: 

1.  Águas  minerais  de  mesa  (naturais  e  artificiais). 

2.  Bebidas  alcoólicas  e  fermentadas. 

3.  Vermute,  biter  e  semelhantes. 

4.  Vinhos  espumantes  (tipo  Champagne). 

5.  Vinhos  finos  (Porto  e  semelhantes). 

6.  Vinhos  comuns. 

TE  —  Cereais,  farinhas  e  grãos  alimentícios: 

1.     Feijão  e  favas. 

I  I  I  — Conservas  e  extractos: 

1.  Azeitonas, 

2.  Conservas  e  extractos  de  carne. 

3.  Conservas  e  extractos  de  frutas  nâo  especificadas. 

4.  Conservas  e  extractos  de  legumes  e  verduras  nâo  espe- 

cificadas. 

5.  Conservas  e  extractos  de  peixe  nâo  especificadas. 


\\  —  Frutas  de  mesa: 

1.  Aiuèiuloas. 

2.  Avelas.  \ 

3.  Castanhas. 

4.  Macas. 

5.  Nozes. 

6.  Uvas. 

7.  Frutas  secas  nâo  especificadas. 

8.  Frutas  verdes  não  especificadas. 

A'  —  Legumes  e  verduras: 

1.  Lei^umes  e  verduras,  seeas. 

2.  Legumes  e  verduras,  verdes. 

VI  —  Diversos: 

1.  Alhos.  -' 

2.  Azeite  tle  oliveira. 
.-^.     Batatas. 

4.  Cebolas. 

5.  Viuajíre. 


CLASSE  II 


Matérias  primas  e  artigos  com  aplicação 
às  artes  e  indústrias 

1  —  Algodão: 

1.     Ea[  fio  paka  costura  (ltnha  para  coser). 

Várias  forain  as  tentativas,  tanto  por  parte  dos  importadores 
como  dos  fabricantes,  para  a  introdução,  no  mercado  brasileiro,  do 
nos.^^o  fio  de  algodão  ou  Unha  para  coser.  Como  todas  essas  tentativas 
fracassassem,  única  e  exclusivamente  por  falta  de  execução  das  en- 
comendas, a  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria,  conside- 
rando inexequivel,  qualquer  nova  tentativa  de  expansão  da  merca- 
doria, abstém-se  de  formular  questionário  especial. 

No  entanto,  tratando-se  de  uma  manufactura  que  começa  a  ter 
uma  pequena  procura  no  mercado  e  que  iigura  em  primeiro  lugar, 
nas  mercadorias  importadas  de  Portugal,  na  classe  ii,  pareceu-nos 
conveniente  prestar  alguns  esclarecimentos  sobre  o  valor  da  sua 
importação  actual,  comparando-a  com  a  que  deveria  ser,  e  as  razões 
que  motivaram  a  sua  quási  exclusão  do  mercado. 

O  valor  da  importação  da  linha  para  coser,  de  origem  portu- 
guesa, durante  o  decénio  de  1905  a  1914,  teve  duas  fases  bem  dis- 
tintas. No  primeiro  quinquénio  de  1905  a  1909,  limitou-se  aos  se- 
guintes algarismos: 

Em  1905,  nâo  houve  importação:  em  190H,  importara ui-su 
70  quilos  no  valor  de  53l!B(X)0  réis;  em  1907,  90  quilos  no  valor  de 
Õ82S000  réis ;  e  em  19(18  e  1909  nâo  se  registou  importação  alguma. 
No  segundo  quinquénio  (1910  a  1914)  começou  a  liaver  um  movi- 
mento l->astante  incerto,  sendo  respectivamente  das  seguintes  quan- 
tidades  e   valores:    1:651   quilos,   8:920S(KH)  réis;  1:594  quilos,  réis 


12 


9:455S000;  129  quilos,  1:329S000  réis:  2:256  quilos,  13:879$000  réis; 
e  4:004  quilos  no  valor  de  24:408S000  réis. 

Considerando  a  anormalidade  do  ano  de  1914,  em  que  todas  as 
mercadorias  sofreram  uma  grande  baixa  na  importação,  devemos 
frizar  que  a  linha  para  coser,  de  origem  portuguesa,  teve  um  au- 
mento de  76  %  em  relação  ao  ano  anterior.  A  importação  geral 
desta  mercadoria  em  1914,  comparada  com  a  de  1913,  teve  uma 
diferença  para  menos,  de  cerca  de  mil  e  cem  contos.  A  Inglaterra 
é  quem  predominava  no  mercado,  exportando  anualmente  para  o 
Brasil,  em  média,  cerca  de  seis  mil  contos.  Em  1914  essa  verba  não 
foi,  sequer,  atingida  pela  importação  de  todas  as  procedências. 

A  causa  principal  que  motivou  a  exclusão  do  mercado,  da  nossa 
linha  para  coser,  foi  a  seguinte: 

Ha  já  alguns  anos,  uma  fábrica  do  Norte  de  Portugal,  enviou 
ao  Brasil  o  seu  representante.  Aqui  foi  liem  recebido,  as  amostras 
agradaram,  o  produto  era  relativamente  bem  apresentado  e  o  seu 
preço  equitativo.  Talvez  por  patriotismo,  ou  porque  realmente  a 
mercadoria  agradara,  foi  bem  aceite  no  mercado.  As  primeiras  casas 
importadoras  deram  as  suas  encomendas.  Em  S.  Paulo  houve  su- 
cesso idêntico,  e  o  representante  retirou-se  para  a  Europa  com  inú- 
meros pedidos.  Os  importadores  aguardaram  por  tempo  indetermi- 
nado as  suas  encomendas,  que  a  fábrica  não  pôde  executar  por  não 
estar  devidamente  aparelhada  para  tão  grande  produção. 

Para  alguns  importadores,  advieram  prejuízos  de  certa  gravi- 
dade, pela  falta  de  execução  nos  compromissos  tomados  pela  fábrica 
citada,  pois  que  a  firma  inglesa  Clarlcs,  actualmente  com  fábrica 
em  S.  Paulo,  funcionando  ali,  sob  o  titulo  de  Machine  Cottons  Li- 
mited, senhora  absoluta  do  mercado,  impunha  aos  seus  fregueses  as 
seguintes  condições:  completa  abstenção  de  negociar  com  outra  qual- 
quer marca  de  linha,  mediante  5  ^1^  de  comissão  e  mais  5  "/o»  ^  uma 
bonificação  semestral  de  5  "/^  sobre  a  totalidade  das  compras.  Estas 
vantagens  foram  retiradas  aos  importadores  que  fizeram  pedidos  às 
fábricas  portuguesas. 

Queixam-se  alguns  consumidores  que  o  nosso  fio  ou  linha  para 
coser,  não  é  tão  glacé  ou  envernizado  como  o  inglês. 

Os  mercados  do  Rio  de  Janeiro  e  S.  Paulo  dão  a  preferência 
aos  carreteis  ou  carrinhos  de  madeira  branca,  com  200  jardas  de  fio. 
O  Estado  da  Baía  prefere  os  carrinhos  pretos.  O  Bio  Grrand«  do  Sul 
importa  carrinhos  com  500  jardas. 


1*) 


A  einl)ala;40iu  do  produto  ó  u  soo-uinto:  maros  de  dúzia  de  car- 
rinhos, oinl)rulhados  em  pacotes  do  meia  "rosa.  Cada  caixa  deve 
conter  trinta  grosas. 

A  taxa  alfandegária  é  de  '2í}5(XX)  réis  por  kilo  (razão  de  60  "/p), 
sendo  B5  "/„  em  ouro;  acresce  mais  2  7o  I^^^ra  melhoramentos  do 
])ôrto,  capatazias,  armazenagem,  etc,  o  íjue  eleva  o  direito  a  mais 
50  "/„,  ou  sejam  )5S0<)0  róis  \)ov  ([uilograma. 


Questionário  n."  1 

IT — Matérias    ou    substâncias    para    perfumaria,    pintura,   tinturaria    e 
outros   usos : 

1.     Terebintina  e  aguarrás. 

Estes  produtos  vêem  cm  grande  quantidade  dos  Estados  Unidos 
da  América  do  Norte. 

De  Portugal  importaram-se  durante  o  decénio  de  190Õ  a  1914, 
apenas  as  seguintes  quantidades  e  respectivos  valores:  Em  1905,  95 
quilos  no  valor  de  182ÍS000  réis ;  em  1906,  70  quilos  no  valor  de 
132S0(X)  réis;  em  1907,  108  quilos  no  valor  de  177!$000  réis;  em 
1908,  55  quilos  no  valor  de  90S(X)0  réis;  em  1909,  1:050  quilos  no 
valor  de  4898000  réis ;  em  1910,  5  quilos  no  valor  de  9S000  réis : 
em  1911,  nâo  liouve  importação;  em  1912,  60  quilos  no  valor  de 
94S(X)0  réis ;  em  1913,  S(X)  quilos  no  valor  de  454S5(JOO  réis ;  e  em 
1914,  a  importação  foi  nula. 

Em  Portugal,  segundo  as  mais  recentes  estatísticas  silvícolas 
publicadas,  a  área  florestal  compreende  uma  superfície  de  1.621:589 
hectares,  ocupando  os  pinhais  778:145,  e  os  montados  de  azinho  e 
sobro,  soutos  de  castanheiros  e  carvalhais,  os  restantes  848:444 
hectares. 

Tendo  em  vista  a  enorme  área  ocupada  pelos  pinhais,  em  Por- 
tugal pareceu-nos  dever  incluir  no  nosso  inquérito,  devido  à  sua 
importância,  os  produtos  da  nossa  exploração  florestal.  Observando 
a  orientação  seguida,  na  classificação  das  mercadorias,  pela  Estatís- 
tica Comercial  Brasileira,  foi  para  estes  produtos  que  formulamos  o 
nosso  primeiro  questionário  composto  de  13  quesitos. 


14 


QUESTIONÁRIO 

1.°  Existindo  em  Portugal,  uma  tão  importante  área  de  pinhais, 
a  maior  em  relação  às  nossas  florestas,  julga  V.  Ex."'  que  as  suas  es- 
sências florestais,  tais  como  aguarrás,  terebintina,  etc,  possam  ter 
aceitação  no  Brasil? 

Sim,  a  aguarrás  portuguesa,  pócle  facilmente  competir  em  qua- 
lidade com  a  similar  americana,  dependendo  unicamente  dos  expor- 
tadores a  introdução,  no  mercado  brasileiro,  dos  (Ueos  voláteis  por- 
tugueses. 

2."  Na  afirmativa,  quais  os  meios  mais  eficazes  a  empregar  para 
conseguir  a  sua  colocarão  no  mercado  ? 

Empregar  vasilhame  novo  e  adequado ;  cingir-se  ao  processo  de 
enlatamento  seguido  pelos  outros  países,  principalmente  ao  dos 
Estados  Unidos  da  América,  e  nâo  demorar  os  embarques. 

3.**  Segundo  a  Estatística  Comercial  Brasileira,  a  aguarrás  e 
terebintina  americana,  são  as  preferidas  no  mercado.  Haverá  ainda 
outras  9 

Sim,  ha  outras,  mas  tem  preferência  o  produto  americano  pelo 
seu  bom  acondicionamento  e  qualidade  inalterável. 

4."  Conhece  V.  Ex."  as  nossas  essências  florestais  e  julga-as  em 
condições  de  competirem  com  as  das  outras  nações  ? 

Conhecemos  o  achamos  que  podem  competir  com  as  de  outros 
países,  pois  a  sua  qualidade  nada  deixa  a  desejar. 

5.°  Qual  o  motivo  da  preferência  do  importador  pelas  essências 
florestais  americanas  ? 

A  qualidade  inalterável  do  produto,  a  sua  excelente  apresenta- 
ção e  sobretudo  o  seu  módico  preço,  o  que  nâo  sucede  com  o  género 
português  que  é  mal  apresentado  e  de  preço  um  tanto  excessivo, 
em  relação  ao  de  outras  procedências ;  no  entanto  a  aguarrás  portu- 
guesa, segundo  as  mais  abalisadas  opiniões,  é  pura  essência  de  tere- 
bintina, desaparecendo  em  poucas  horas  depois  de  aplicada,  o  seu 
cheiro  penetrante,  o  que  nâo  sucede  à  americana. 

6.°  Qual  o  jjreço  de  custo  no  local  da  produção  das  essências  que 
vêem  ao  mercado? 

Muito  variável;  actualmente  26  shillings  a  caixa  de  32  quilo- 
gramas líquido  Cif  Rio,  a  90  dias  de  prazo. 

7.**     Qual  o  direito  que  incide  sobre  a  terebiyitina  e  a  aguarrás? 


15 


Segundo  a  larita.  a  taxa  é  de  cem  réis  por  (piilograma  (razáo 
do  õO  ^o),  sendo  ;3õ  "/o  <^"^  ouro,  e  adicionaudo-lhes  2  "/o  ouro  para 
melhoramentos  do  porto,  oapatazias,  armazenagem,  carretos,  despa- 
cho, etc,  teremos  uma  despesa,  só  para  entrada  no  mercado,  de  157 
réis  por  quilograma.  Para  maior  compreensão  damos,  a  seguir,  a 
f(>rmula  de  um  despacho  para  cem  caixas  com  aguarrás: 


Fórmula  de  despacho  para  aguarrás 


Cem  caixas  contendo  aguarrás,  pesando  lújuido  rial  três 
mil  e  duzentos  quilos. 


Razão  50  "/(.  —  3:2()0  quilos  a  KX)  réis 

Estatística 

Ouro  2  7o  O^-  tio  porto)  .... 


a20SOO(3 

isoa) 

12S80() 
B33S8(0O 


Ouro  35  7,, 
>        -2  % 


112^000 
12S800 


Papel 


124S8(X)' 

209SaX)       333S80!) 


Custo  de  124S8a)  ouro  ao  câmhio  de  15  d 224Sti4iJ 

Papel 2()9SlH» 

Cais  do  porto  (armazenagem  .3(J  dias) 15S84<) 

Estampilhas 2500) 

Agência 20í5()00 

Carreto 30Sa>3 


Réis .")<)2S()8() 


Despesa  ])ur  ijuilo,  157  réis. 


16 


8.°  Quaifi  as  vasilhas  empregadas  pelas  diversas  nações  na  expor- 
tação deste  artigo,  sua  forma  e  capacidade  ? 

Latas  com  a  capacidade  de  16  quilos  de  peso  líquido.  As  vasi- 
lhas deverão  ser  quadradas,  tendo  numa  extremidade  da  parte  supe- 
rior, uma  pequena  tampa  de  rosca. 

9.°  Qual  a  Jorma  de  acondicionamento  e  embalagem,  quayitidade 
de  vasilhas  por  volume  e  o  seu  peso  máximo  ? 

Caixas  adequadas  e  novas.  Cada  caixa  deverá  conter  duas  latas, 
nâo  excedendo  o  seu  peso  líquido  32  quilogramas,  observando-se 
em  tudo,  o  sistema  usado  pelos  americanos. 

10.°  Tem  V.  Ex/^  conhecimento  do  Jracasso  de  uma  tentativa  de 
introdução  destes  produtos  7io  Rio  de  Janeiro,  em  que  as  latas  chega- 
ram amolgadas,  algumas  vasias  e  dentro  de  caixas  que  anteriormente 
tinham  servido  a  petróleo  ? 

Sim,  e,  infelizmente  por  experiência  de  alguns  importadores, 
a-pesar-de  reiteradas  instrucções  sobre  a  maneira  de  executar  as 
encomendas.  Yárias  vezes,  teem  vindo  ao  mercado  pequenas  remes- 
sas de  aguarrás  em  latas  velhas  já  servidas  a  gasolina  e  outros 
óleos,  assim  como  caixas  usadas  com  outras  mercadorias. 

11.°  Qual  a  Jorma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro,  contra  conhecimento,  à  vista,  jwonto  pagaynento  (30  dias) 
ou  a  prazo  ? 

Geralmente  contra  saque  a  9U  d/v. 

12.°  Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc,  Fob 
ou  Cif? 

Varia  de  conformidade  com  o  que  se  combinar  na  ocasião. 
E^sobretudo  preferível  o  Cif  Eio. 

13.°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex."  julgue  conveniente 
acrescentar. 

O  fiel  cumprimento  dos  contractos  por  parte  dos  exportadores, 
por  se  tratar  de  um  produto,  denominado  comercialmente,  muito 
violento,  sujeito  portanto,  repentinamente  a  grandes  oscilações. 

Para  obter  as  informações  que  necessitávamos,  dirigimo-nos  às 
seguintes  firmas  importadoras  desta  praça:  -/.  F.  Santos  &  C." :  J. 
Rainho  &  C."';  Júlio  Miguel  de  Freitas  &  C."' ;  Navio  d  Enes;  e  Plá- 
cido Teixeira  <&  C."' 

Obtivemos  respostas  de  quatro  firmas,  deixando  de  o  fazer 
os  srs.  Navio  d-  Enes,  por  nâo  importarem  o  artigo  em  grande 
escala. 


17 


Questionário  n."  2 

III — Palha,  esparto,  cairo,  pita,  piaçaba,  paina  e  outras  matérias  fila- 
mentosas: 

1.     Palha  para  cigarros. 

Xa  importação  de  palha  para  cigarro!^,  o  Brasil  tem  sido  única 
«  exclusivamente  tributário  de  Portugal.  A  Alemanha  e  os  Estados 
Unidos  já  tentaram  introduzir  no  mercado  este  artigo,  mas  parece 
que  as  suas  tentativas  foram  improfícuas,  pois  que,  continua  a  ser 
insignificantíssima  a  importação  daqueles  países.  Por  informações 
colhidas  na  praça,  consta-nos  que  a  tentativa  alemã  limitou-se  a 
promover  a  colocação  do  produto  no  mercado  brasileiro,  exportado 
pelo  pôrto-franco  de  Hamburgo,  mas  de  procedência  portuguesa. 

A  importação  da  palha  de  milho  para  cigarros,  durante  o  decénio 
de  190Õ  à  1914,  cifra-se  nas  seguintes  quantidades  em  quilogra- 
mas: 28:788,  41:160,  24:469,  31:914,  26:894,  22:746,  35:523,  38:365 
e  28:078,  com  os  valores  respectivos  de  161:775S000,  182:001S000, 
165:193^000,  184:743$0(X3,  212:625S000,  176:250S0lX),  150:1858000, 
224:887S000,  264:4938000  e  204:2078000  róis. 

Nos  primeiros  cinco  anos  do  decénio,  o  aumento  na  importação 
foi  progressivo,  declinando  nos  6.°  e  7.",  registando-se  em  1910  a 
importação  mínima,  150:2858000  réis,  atingindo  no  9."  a  máxima  de 
264:4938000  réis.  Em  1914  houve,  em  relação  ao  ano  anterior,  um 
decréscimo  de  60:1868000  réis,  facto  aliás  que  se  dá  para  todos  os 
produtos,  som  distinção  de  procedência. 

Esta  mercadoria,  produto  da  nossa  agricultura,  na  região  de 
Penafiel,  e  táo  apreciada  no  Brasil,  náo  podia  de  forma  alguma  dei- 
xar de  fazer  parte  do  nosso  inquérito,  embora  na  o  tenhamos  compe- 
tidores no  mercado.  Nos  oito  quesitos  seguintes  tratamos  da  expan- 
são do  artigo. 

QUESTIONÁRIO 

1.°  Tendo-se  registado  nos  anos  de  1911  e  1912,  uma  grande 
baixa,  em  relação  aos  anos  anteriores,  na  importação  de  palha  para 
cigarros,  não  nos  reportando  à  diferença  de  1914  para  1913,  por  eon- 


18 


siderarmos  uma  época  anormal,  conhece  V.  Ex."'  as  causas  que  determi- 
naram essa  baixa,  na  importação  de  um  artigo  que  não  tem  concorrente 
no  mercado? 

Primeiro:  O  grande  desenvolvimento  que  tomou  ultimamente 
o  fabrico  aperfeiçoado  dos  cigarros  com  capa  de  papel  ou  mortalha. 
O  processo  de  fabrico  mecânico  barateou  o  produto.  Os  cigarros 
com  capa  de  palha,  fabricados  manualmente,  tornam  o  artigo  muito 
mais  caro,  devido  ao  custo  excessivo  da  mâo  de  obra  no  Brasil. 
O  consumo  do  tabaco  forte,  com  que  estes  últimos  sâo  manipulados, 
tende  também  a  diminuir  de  ano  para  ano. 

Segundo:  A  protecção  pautal  que  sobrecarrega  um  produto, 
relativamente  de  pequeno  valor,  com  um  direito  onerosíssimo,  quási 
sempre  superior  ao  custo  da  própria  mercadoria,  como  mais  adiante 
se  demonstrará,  com  a  pretensão  de  proteger  uma  indústria  nacio- 
nal, que  de  facto  nâo  existe,  por  nâo  se  prestar  o  produto  similar 
do  solo  brasileiro  a  idênticos  fins.  Além  do  exposto,  é  provável  que 
exista  ainda  grande  stocJc  da  mercadoria  importada  nos  últimos 
dois  anos. 

2.°  Na  afirmativa,  poderá  V.  Exf'  indicar  o  que  se  deve  tentar 
■para,  alem  de  mantermos  a  nossa  preponderância  no  mercado,  promover 
por  todos  os  meios  a  importação  deste  produto  em  todo  o  Brasil  ? 

Nâo  tendo  este  artigo  concorrente  no  mercado,  o  meio  mais 
eficaz  seria  a  reclame  demonstrativa  da  superioridade  da  mortalha  de 
palha  de  milho  sobre  a  de  papel,  em  virtude  de  nesta  última,  entra- 
rem na  sua  composição  matérias  nocivas  tais  como :  as  tintas,  a 
goma  e  outras,  empregadas  no  papel  combustível. 

3.°  Quais  as  modificações  a  introduzir  na  preimração  da  merca- 
doria, acondicionamento,  embalagem,  peso  dos  volumes,  etc.  ? 

Devido  à  iniciativa  particular  de  uma  conceituada  firma  impor- 
tadora desta  praça,  que  desenvolveu  o  consumo  do  artigo,  nenhuma 
modificação  é  aconselhada.  O  acondicionamento  é  o  melhor  possível 
e  satisfaz  plenamente  o  importador. 

4.°  Qual  o  direito  que  incide  sobre  o  produto  nas  alfândegas  bra- 
sileiras ? 

O  direito  é  de  4í$000  réis  por  quilograma,  sendo  35  "/o  ^^  ouro, 
armazenagem  dobrada  e  mais  2  7o  ^^^^  ouro  para  melhoramentos  do 
porto.  Para  demonstração  cabal  do  elevado  direito  que  incide  sobre 
esta  mercadoria,  obtivemos  cópia  de  um  despacho  de  20  caixas  com 
2)alha    de    míDio  para   cigarros,    que    importou   em   4-:810á5440    réis, 


19 


quando  o  valor  rial  da  mercadoria,  aliás  de  superior  qualidade,  era 
de  5:ir>0S000  róis. 


Fórmula  de  despacho  de  palha  para  cigarros 

Vinte  caixas  contendo  palhas  de  milho  para  cigarros, 
pesando  líquido  rial  oitocentos  e  cincoenta  e  cinco 
quilos: 

Razão  50  7o  — 855  quilos  a  4S000  réis 3:420S000 

Estatística 200 

Melhoramentos  do  porto  (2  7o  oui'o) 13tíS>800 

Réis 3:557$(XX) 


Ouro  35  7o 1:197$000 

.       2  7o 136S800 

1:333S800 
Papel. 2:223$200       3:55755aX) 


Custo  de  1:333S800  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.  .      .  2:4a)S84() 

Papel 2:2238200 

Cais  do  porto  (armazenagem) 146S400 

Agência  e  estampilhas 15S000 

Carretos 20S00O 

Diversas  despesas 5S000 

Réis 4:8108440 


Despesa  por  quilo,  réis 5.S<)26 


Nota  —  O    custo   desta  factura   era  de   1:720S000  réis,   que  ao 
câmbio  de  300  "/q  equivale  a  5:160S(XX)  réis. 


20 


5.°  Quais  as  praças  do  Brasil  onde  se  consome  este  produto  em 
maior  escala? 

Nas  do  Rio  de  Janeiro,  S.  Paulo,  Santos  e  todos  os  portos  do 
Sul  do  Brasil. 

6."  Quais  as  praças  do  Brasil  onde  se  poderá  tentar  a  sua  colo- 
cação ? 

Em  todo  o  Norte  do  Brasil. 

7.°  Qual  a  jórr)ia  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro  para  esta  mercadoria,  contra  conhecimento,  à  vista,  pronto 
pagamento  (80  dias),  ou  a  prazo? 

Em  geral  a  consignação ;  e  o  pagamento  ó  efectuado  na  presta- 
ção da  conta  de  venda. 

8."     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc,  Fob  ou  Cif? 

Preferível  Cif  Rio. 


Este  questionário  foi  dirigido  às  seguintes  casas  importadoras 
do  Rio  de  Janeiro:  Bernardo  Viana  &  C." ;  Carlos  Taveira  &  Cf'; 
Companhia  Souza  Cruz:  Gonçalves  Cabral  &  Cf  e  José  Francisco 
Correia  &  Cf 

Responderam  as  quatro  primeiras  firmas,  deixando  de  o  fazer  a 
casa  José  Francisco  Correia  &  Cf  por  ter  abandonado  há  muito  a 
importação  do  artigo. 


IV  —  Plantas,  folhas,  flores,  frutos,  grãos,  sementes,  raíses,  cascas,  etc: 

1.     Folhas,  flores,  ervas,  caules,  MusaoS;  talos,  bulbos, 

CASCAS,    LENHOS,    RAÍSES    E   OUTRAS  ESPÉCIES  SEMELHAN- 
TES PARA   USOS  MEDICINAIS  E  DE  TINTURARIA. 

Na  importação  de  plantas  para  usos  medicinais  e  de  tinturaria, 
Portugal  ocupa  o  primeiro  lugar,  a  Alemanha  o  segundo  e  a  Itália 
o  terceiro.  Nestes  dois  últimos  países,  geralmente  os  exportadores 
dedicam  toda  a  sua  actividade  ao  seleccionamento  das  plantas  para 


21 


usos  medicinais,  cultivando-as  em  terrenos  próprios  e  para  esse  fim 
adequados. 

A  grande  procura  do  artigo  no  mercado,  o  valor  da  importação 
de  procedência  portuguesa,  o  seu  decrescimento  de  1911  em  diante 
e  a  preponderância  que  vêem  tomando  as  nossas  duas  concorrentes, 
obriga-nos  a  uma  pequena  referência,  embora  nâo  tenhamos  formu- 
lado nenhum  questionário  especial  para  estas  mercadorias. 

Durante  o  decénio  de  1905  a  1914,  o  valor  da  importação  de 
origem  portuguesa,  comparada  com  a  alemã,  foi  a  seguinte: 


Anos 

Alemanha 

Portugal 

Quilos 

Valores 

Quilos 

Valores 

1905 

201:057 
69:343 
67:948 
52:648 
72:054 
74:643 

132:763 
67:365 
52:765 
40:745 

393:450,í!000 
74:065^000 
74:969^000 
60:544^00 
68:808|:000 
84:9961000 

104:875^000 
87:0661000 
67:193^000 
51:463|!000 

119:670 
125:611 
154:444 
115:623 
152:126 
173:377 
107:282 
100:290 
09:605 
57::342 

108:6814(000 

1 22:52-1  igOOO 

154:668ií!000 

120:164|i00;) 

137:622^000 

152:542^00;) 

94:5331000 

106:852^000 

92:2341000 

09:30í)<S()Oí) 

1906 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911 

1912 

1013 

1914 

O  excessivo  valor  que  se  nota  na  importação  alemã  em  19(>5, 
explica-se  pela  razão  de  estar  o  lúpulo  englobado  na  classificação 
das  mercadorias,  com  as  plantas  medicinais,  figurando  nos  anos 
subsequentes  em  classe  separada.  A  nossa  exportação  tem  dimi- 
nuído de  1911  em  diante,  atribuindo-se  a  causa,  em  parte,  à  utiliza- 
ção de  certas  espécies  da  flora  brasileira. 

Até  ao  rompimento  das  hostilidades  na  Europa,  a  Alemanha, 
como  já  dissemos,  ocupava  o  segundo  lugar  na  importação.  Seguia- 
se-lhe  a  Itália,  mas  com  valores  assaz  diminutos;  porém,  em  virtude 
de  se  achar  o  primeiro  país  impossibilitado  de  manter  a  sua  impor- 
tação, e  em  Portugal  haver  uma  certa  restrição  na  saída  de  certos  e 
determinados  produtos,  os  exportadores  italianos  que  já  conheciam 
as  exigências  do  mercado  brasileiro,  souberam  aproveitar  a  oportu- 
nidade e  trataram  de  alargar  as  suas  operações  comerciais. 


22 


Actualmente  importam-se  daquele  país  quantidades  avultadas  de 
plantas  para  usos  medicinais,  o  que  de  certo  afectará  de  futuro  este 
nosso  ramo  de  comércio  de  exportação,  se  nós  nâo  soubermos  de 
pronto  dar-lhe  o  competente  remédio. 

Sobretudo,  é  necessário  melhorar  a  embalagem,  assemelhando-a 
à  italiana,  que  é  muito  superior  à  alemá,  embora  esta  seja  muito 
perfeita  e  melhor  do  que  a  nossa.  Esta  é  feita  da  seguinte  maneira: 
Pacotes  comprimidos,  quadrados  ou  rectangulares,  de  500  gramas 
cada  um,  sendo  os  envoltórios  de  papel  grosso,  em  forma  de  saco. 
Os  pacotes  alemães,  alem  de  muito  bem  apresentados,  conteem  to- 
dos os  dizeres,  nome  do  expedidor,  reclames,  designação  do  cou- 
teúdo,  etc,  em  língua  portuguesa.  Os  italianos  excederam-se:  os 
dizeres  sâo  também  em  legítimo  português,  e  cada  pacote,  de  forma 
rectangular,  tem  ao  centro  um  recorte  circular,  por  onde,  através  de 
uma  placa  de  gelatina,  se  pôde  verificar  o  produto  que  contêm. 

Colocados  em  confronto  os  produtos  das  três  nações,  é  inegável 
que  a  preferência  pende  toda  para  o  artigo  italiano. 

Sáo  inúmeras  as  espécies  de  folhas,  flores,  ervas,  caules,  musgos, 
talos,  bulbos,  cascas,  lenhos,  raíses,  etc,  i)ara  usos  medicinais  e  de  tin- 
turaria, que  se  importam  no  Brasil,  e  seria  muito  fastidioso  para  os 
leitores  designá-las  todas,  tanto  mais  que  devem  ser  já  sobejamente 
conhecidas  pelos  interessados. 

Limitar-nos  hemos  a  citar  as  taxas  alfandegárias  aplicadas  às 
diversas  espécies: 

Folhas,  flores,  ervas,  caules,  musgos,  talos,  cascas  e  lenhos  (todas 
as  taxas  seguintes  teem  por  unidade,  o  quilograma): 

Açafrão:  bastardo,  açafroa  ou  cártamo.  1$300  réis  —  Razão  25  ^j^ 

Dito:  espanhol  ou  oriental    ....  20S000  »    —  »  25  » 

Alecrim:  folhas,  200  réis:  flores       .      .  700  »    —  »  25  » 

Alfazema  (aspic) 200  »    —  »  25  » 

Bravera   antelmintica,    housso  ou   husso 

(flor) 1S300  »    —  »  25  » 

Musgos:  da  Córsega 2(X)  »    —  »  25  » 

Macis  ou  flor  noz  moscada    ....  3$000  »    —  »  25  » 

Malvas :  folhas,  400  réis ;  flores  .      .      .  700  »  ■  —  »  15  » 

Urzela  ou  orcela  (lichen  orcella)       .      .  200  »    —  »  15  » 

Papoula  branca,  negra  ou  rubra:  flor    .  500  »    —  »  15  » 

Não  especificadas 500  »    —  »  25  » 


2a 


Baíses  e  bulbos  (todas  as  taxas  seguintes  teeiu  por  Ijase  o  ({ui- 
lot^raina) : 


Açafrão :  da  índia,  enreunia  ou  gengi 

bre  l)ranco  ou  amarelo 
Aharuz. 
Altea 


7(X)  réis  —  Razão  25  "/„ 
atxi    »    —      »      25  » 


3C)0 

»    — 

» 

25   » 

2(X) 

»    — 

» 

25   » 

IhSTOC) 

■>    — 

» 

25   -^ 

I3(X) 

;->     — 

» 

15   ^ 

Grama  . 
Salepo  . 
Lírio 

Para  horta,  jardim  ou  prado  e,  em  ge- 
ral, para  a  agricultura:  livres. 
Não  especificados Ad  valorem  — 


25   » 


Como  para  os  demais  artigos  acresce  a  estas  taxas  35  ^/y  ouro, 
2  7o  onvo  mellioramentos  do  porto,  capatazias,  armazenagem,  des- 
paclio,  etc. 


Estes    esclarecimentos   foram   obsequiosamente  prestados,    ver- 
balmente, pela  casa  Granado  &  C."',  desta  praça. 


Questionário  n.''  3 


V  —  Pedras,  terras  e  outros  minerais  semelhantes: 


Cal. 


Até  1914,  na  classificação  das  mercadorias  pela  Estatística 
Comercial  Brasileira,  nâo  se  descriminou  a  cal.  Encontrava-se  nos 
produtos  designados  como:  pedras,  terras  e  outros  minerais^  não  espe- 
cificados. 

Com  esta  designação,  figuram  como  importadas  do  nosso  país, 
alguns  milhares  de  toneladas  no  valor  de  centenas  de  contos  de  réis. 

Para  o  decénio  de  1905  a  1914  as  quantidades  foram  as  se- 
guintes em  quilogramas:  2.949:762,  4.300:884,  1.503:687,  1.192:944, 


24 


2.913:734,  .2.685:920,  5.368:203,  14.786:432  e  16.360:332,  com  os 
valores  respectivos  de  186:985S000,  207:992S000,  154:464S000, 
110:670$000,  192:684$000,  239:1008000,  291:563$00O,  562:37685000, 
581:831S000  e  198:696^000  réis. 

Pelas  razoes  já  expostas,  não  se  pode  descriminar  qual  a  quan- 
tidade de  cal  e  respectivo  valor,  compreendida  no  grupo  de  pedras, 
terras  e  minerais.  Consta-nos,  porem,  que  nos  Estados  do  Norte  do 
Brasil  se  importa  quantidade  razoável  de  cal  portuguesa.  O  mercada 
do  Eio  de  Janeiro  também  importa,  restringindo-se  o  seu  emprego 
a  trabalhos  delicados.  Nos  desdobramentos  e  alterações  introduzidas 
ultimamente  na  classificação  das  mercadorias  pela  Estatística  Comer- 
cial, encontra-se  já  descriminado  este  produto.  Nos  meses  de  Março, 
Abril  e  Maio  do  corrente  anO;,  a  impoí-tacáo,  de  origem  portuguesa, 
foi  de  170  toneladas,  no  valor  de  17:238^000  réis,  náo  tendo  havida 
movimento  durante  os  dois  meses  precedentes. 

O  calcáreo  ocupa  uma  larga  faixa  do  território  português,  e 
como  um  seu  derivado  industrial,  a  cal,  tem  tâo  larga  aplicação, 
julgou  a  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria,  dever  tratar 
mais  especialmente  este  produto,  nos  onze  quesitos,  enviados  era. 
consulta  aos  principais  importadores  de  materiais  de  construção. 

QUESTIONÁRIO 

1.°  Havendo  já  regular  exjjortação  de  cal  portuguesa  para  os  Es- 
tados do  Norte  do  Brasil,  além  de  Pernambuco,  julga  V.  Ex."  viável 
a  sua  expansão,  tanto  neste  mercado,  como  nos  do  Sul? 

No  Rio  de  Janeiro  será  difícil  a  sua  colocação  em  maior  escala, 
visto  existir  grande  número  de  fábricas  nacionais,  que  a  produzem 
em  larga  escala  e  a  um  preço  relativamente  módico.  Para  os  merca- 
dos  do   Sul,   desconhece-se  aqui  qual  a  procura  que  poderá  haver, 

2°  Possuindo  Portugal  enorme  extensão  de  terrenos  calcar eos, 
facilmente  se  poderá  ampliar  o  Jabrico  de  cal,  que  não  é  muito  compli- 
cado. Assim  como  se  exporta  em  larga  escala  2)ara  as  colónias  portu- 
guesas, não  julga  Y.  Ex.^''  possível  introduzir  no  .mercado  alguns  mi- 
lhares de  toneladas  deste  artigo? 

O  grande  fabrico  nacional  e  o  seu  módico  preço  de  30  réis  por 
quilograma  no  local  da  produção  (Minas  Gerais),  impossibilitam  a 
similar  estrangeira  de  concorrer  ao  mercado  em  maior  escala.  O  di- 


25 


reito  é  de  60  réis  por  quilograma.  Do  estrangeiro  só  vem  a  neces- 
sária a  trabalhos  mais  íinos  e  delicados. 

3."  Xa  afirmativa,  qual  a  forma  de  exportar  a  mercadoria:  em 
sacos,  barricas  ou  por  qualquer  outro  processo'^ 

Na  eventualidade  de  se  poder  elevar  a  pe([uena  importarão,  o 
acondicionamento  preferível  seria,  barricas  de  150  quilos,  como  já 
em  tempo  foi  recebida,  evitando  assim  quebra  de  peso.  Para  a  nacio- 
nal, o  acondicionamento  é  em  sacos  para  a  extinta  de  pedra;  a  cal  de 
marisco  e  a  de  Cabo  Frio  vêem  em  granel,  aquela  em  barcos,  esta 
em  iates.  A  cal  virgem,  a  mais  geralmente  usada  em  Portugal,  é 
conduzida  em  sacos  duplos.  Houve  já  uma  época,  em  que  o  trans- 
porte pelas,  linhas  férreas  era  exigido  em  tambores  de  ferro  ou  de 
folha  zincada. 

4."  Qual  o  processo  mais  adaptável  ao  mercado,  para  a  sua  coze- 
dura, a  lenha  ou  o  carvão? 

A  de  pedra  tem  como  combustível  a  lenha,  e  a  de  marisco,  a 
lenha  ou  o  carvão. 

õ.**  Qual  a  procedência  da  cal  que  abastece  actualmente  o  mercado 
do  Rio  de  Janeiro? 

Quási  todas  as  ilhas  disseminadas  pela  baía  de  Guanabara,  Dis- 
trito Federal,  Cabo  Frio,  no  Estado  do  Rio  de  Janeiro  e  estações  do 
Estado  de  Minas  Gerais. 

6."     Qual  o  seu  custo  no  local  de  origem? 

A  cal  portuguesa  custava  em  Junho  de  1910  (cotação  da  lUtima 
que  nos  consta  foi  aqui  recebida)  2S20()  réis  por  barrica  de  150  qui- 
logramas. 

A  nacional  tem  oscilações  nos  seus  preços,  regulando  entretanto 
para  a  do  marisco,  por  moio  de  2:100  litros,  28S000  réis;  Cabo  Frio, 
por  moio  de  2:400  litros,  40S000  réis;  e  a  de  pedra,  saco  de  25  a 
30  quilos,  OCX)  réis,  posto  nas  estações  do  Caminho  de  ferro,  no  Es- 
tado de  IVIinas  Gerais. 

7.°     Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  o  produto  ? 

A  taxa  alfandegária  é  de  60  réis  por  quilograma  (razão  de  50  "Z^,), 
mas  com  35  7o  ouro  e  outras  despesas,  o  verdadeiro  direito  é  de 
92  réis  por  quilograma.  Para  maior  compreensão  damos  uma  fór- 
mula de  despacho  para  100  barricas  de  cal,  por  onde  se  verá  qual  o 
direito  que  tributa  a  mercadoria. 


26 


Fórmula  de  despacho  para  cal  em  pedra  ou  em  pó 

Cem  barricas  contendo  cal  em  pedra  ou  em  pó,  pesando 
líquido  catorze  mil  e  duzentos  quilos: 

Eazâo  50  7o  — 14:200  quilos  a  60  réis     .....  852S000 

Estatística ISOOO 

Ouro  2  Vo  (M.  do  porto) 36$000 

Réis 889S000 

Ouro  35  "/„ 2988200 

»       2  7o 36S0O0 

3348200 
Papel 554S800  8898000 

Custo  de  3348200  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  6018560 

Papel 5548800 

Cais  do  porto  (armazenagem) 1108500 

Agência  e  selos 228600 

Carreto 208000 

Réis 1:3098460 

Despesa  por  quilo,  réis 92 

S.°  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro,  para  este  produto,  contra  conhecimento,  pronto  pago ynento 
{■')0  dias),  á  vista  ou  aprazo? 

Para  a  mercadoria  nacional  o  pagamento  é  a  dinlieiro  no  acto 
de  embarque,  com  5  7o  ^  2  *^/o  de  desconto. 

A  estrangeira  como  nao  vem  ao  mercado,  nao  existe  praxe  esta- 
belecida para  as  suas  transacções. 


27 


9."     Quaiíi  as  Gondiçõeít  de  expedição,  embarque,  etc,  Fob  ou  Cif? 

O  último  recebimento  foi  Cif  Rio,  ao  preço  de  2S9C)0  róis  por 
100  quilogramas,  embarque  por  vapor. 

10.°  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  paga- 
mento ? 

Concedendo  vantagens  idênticas,  ao  do  comércio  alemão,  paga- 
mento a  prazo  de  90  a  120  d'v  ou  150  d/data. 

11."  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex."  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Em  épocas  normais,  podem-se  facilitar  um  pouco  as  exigências 
na  forma  de  pagamento,  mas  na  situação  actual,  salvo  raras  exce- 
pções, é  necessário  toda  a  segurança  nas  transacções. 


Responderam  o  mais  cabalmente  possível,  aos  nossos  quesitos, 
as  firmas  importadoras  desta  praça:  Amarais  Pimentel  &  C",  Domin- 
gos Joaquim  da  Silva  ã-  C"  e  Machado  Bastos  &  C";  nâo  sucedendo 
outro  tanto  aos  snrs.  Artur  Bastos  &  C",  J.  A.  Costa  &  C.^  e  Mes- 
quita Bastos  &  C/%  que  se  nos  dirigiram  lamentando  nao  poderem 
orientar-nos,  por  desconhecerem  a  importação  do  artigo. 


Questionário  n."  4 

2.     Cimento. 

Até  meados  de  1914,  ora  a  Alemanha  quem  predominava  no 
mercado  brasileiro,  com  as  suas  variadas  marcas  de  cimento.  Hoje, 
com  o  bloqueio  daquele  país,  o  Brasil  forçosamente  há  de  procurar 
abastecer-se  de  outras  fontes  ainda  por  explorar.  Portugal,  a-pesar- 
de  fabricar  regularmente  este  produto,  nâo  conseguiu  por  emquanto 
torná-lo  aqui  conhecido. 

Cifra-se  nas  pequenas  quantidades  e  valores  que  seguem,  a  im- 
portação de  origem  portuguesa,  durante  os  últimos  dez  anos: 

Em    1905,    1:350  quilogramas   no   valor  de   145S000  réis;    em 


28 


1906,  2:160  quilogramas  no  valor  de  227^000  réis;  em  1907,  4:215 
quilogramas  no  valor  de  598S000  réis;  em  1908,  nâo  houve  impor- 
tação; em  1909,  6:750  quilogramas  no  valor  de  488$000  réis;  em 
1910,  3:000  quilogramas  no  valor  de  132$000  réis;  em  1911  e  1912 
também  nâo  houve  importação;  em  1913,  9:000  quilogramas  no  va- 
lor de  454$000  réis;  e  em  1914,  importaram-se  19:550  quilogramas 
no  valor  de  1:715S000  réis. 

Por  esta  pequena  estatística,  se  vê  que  no  ano  transacto  houve 
maior  procura  do  produto,  pois  que  quási  quadruplicou  o  valor  da 
sua  importação. 

Em  1913,  ano  em  que  a  importação  geral  no  Brasil  atingiu  o 
seu  valor  máximo,  deram  entrada  no  país  465:314  toneladas  de  ci- 
mento, no  valor  de  22.003:211S000  réis.  No  aiio  findo,  ou  por  falta 
da  mercadoria,  ou  pela  paralizaçâo  de  muitas  obras,  a  importação 
do  mesmo  produto  desceu  para  181:847  toneladas,  no  valor  de 
8.488:342^5000  réis. 

Como  já  dissemos,  a  Alemanha  predominou  sempre  no  mer- 
cado, como  se  pode  vêr  pela  estatística  seguinte,  do  ano  de  1912, 
última  publicada  em  relação  às  origens  das  mercadorias: 

Qaautiilades  Valores 

Alemanha 174.028:957  7.803:410$00O 

Inglaterra 79.403:031  3:516:836^000 

Bélgica 70.894:785  2. 967:01 3í$000 

Estados  Unidos 19.240:812  852:725S000 

Depois  de  declarada  a  guerra,  os  Estados  Unidos  aumentaram 
a  sua  exportação  para  aqui,  mas  o  elevado  custo  do  frete  daquele 
país  para  a  América  do  Sul,  dificulta  enormemente  as  transacções. 

Como  se  notasse  no  ano  findo  um  sensível  aumento  na  nossa 
exportação  de  cimento  para  o  Brasil,  a  Câmara  Portuguesa  de  Co- 
mércio e  Indústria,  incluiu  este  produto  no  seu  inquérito,  estu- 
dando-o  nos  quinze  quesitos  que  formulou. 

QUESTIONÁRIO 

1.°  Conhece  V.  Ejcf  o  estado  de  aperfeiçoamento  a  que  chegou  o 
fabrico  deste  produto  em  Portugal? 


29 


Nâo  se  desconheço  por  completo  o  estado  de  aperfeiçoamento  a 
que  chogon  o  produto  om  Portu<j:al.  Alguns  importadores  já  recebe- 
ram amostras  de  cimento  marca  Tejo,  mas  há  a  impressão  de  só 
satisfazer  as  necessidades  locais  e  eventualmente  as  colónias  portu- 
guesas. 


Os  embarques  procedentes  da  Alemanha  estão,  de  facto,  por 
motivo  da  guerra^  suspensos,  mas  a  Dinamarca  e  a  Holanda  suprem, 
em  parte,  essa  lacuna,  e  a  Inglaterra  e  os  Estados  Unidos  da  Amé- 
rica do  Norte,  preenchem  o  resto.  De  Portugal,  nâo  há  notícias  neste 
mercado,  de  quaisquer  ofertas,  deduzindo-se  disso,  nâo  haver  stock 
que  mereça  ser  exportado  ou  possa  rivalizar  em  preços  com  os  ci- 
mentos provenientes  dos  mercados  já  citados. 

'2°  Na  afirmativa,  quais  as  causas  por  que  se  não  cogitou  da  sua 
colocação  neste  mercado? 

Podem  ser  atribuídas:  1.",  ao  facto  da  pouca  oferta,  sinal  evi- 
dente dos  seus  produtores  nâo  necessitarem  de  expansão;  2.*',  ao 
preço  do  artigo  Cif  Rio,  nas  tentativas  que  se  fizeram,  estar  fora 
de  toda  a  concorrência,  devido  ao  seu  custo  excessivamente  elevado. 
S.°  Na  emergência  da  actual  guerra  europeia,  a  exportação 
oriunda  dos  países  nela  empenhados,  acha-se  paralizada;  por  este  facto, 
não  se  lhe  afigura  que  o  nosso  pais  possa,  com  vantagem,  abastecer  este 
mercado  com  uma  mercadoria  que  mais  cedo  ou  mais  tarde  ha  de  fatal- 
mente escassear? 

Se  o  factor  preço  fosse  acessível,  nâo  há  duvida  que  o  Brasil 
seria  para  o  cimento  um  mercado  importantíssimo,  se  bem  que,  nâo 
se  conheça  ainda  ao  certo  a  força  produtiva  do  fabrico  português. 
Em  todo  o  caso,  ao  contrário  do  que  se  pensa,  a-pesar-da  guerra,  há 
muitas  procedências  de  onde  se  pode  mandar  vir  o  artigo,  sem  ser 
da  Alemanha,  Áustria  e  principalmente  da  Bélgica,  cuja  exportação 
para  aqui  era  de  facto  enorme.  Da  Itália,  Dinamarca,  Suécia,  Ingla- 
terra e  América  do  Norte,  há  relativa  facilidade  em  se  obter  o  pro- 
duto estando  os  importadores  habilitados  a  fornecerem-se  na  pri- 
meira oportunidade,  nâo  tendo  havido  por  emquanto  falta,  nem  há 
receio  de  tal  suceder.  Neste  artigo,  os  Estados  Unidos  toem  uma 
posição  preponderante,  visto  gozarem  da  um  abatimento  de  20  ^Iq 
nos  direitos  aduaneiros,  como  compensação  à  entrada  livre  do  café 
brasileiro  naquele  país.  Infelizmente,  há  cerca  do  três  meses,  os  fre- 


30 


tes  nos  Estados  Unidos,  mais  do  que  em  qualquer  outra  parte,  subi- 
ram de  tal  forma  suas  taxas  para  o  produto,  elevando  muito  o  seu 
preço,  ressentindo-se  por  isso  e  de  uma  forma  muito  sensível,  a  im- 
portação do  artigo  daquela  procedência. 

4.°  Como  aconselha  V.  Ex.'^  proceder,  para  de  uma  forma  eficaz 
se  iniciar  uma  larga  exportação  do  produto  e  a  sua  colocarão  definitiva 
no  Brasil? 

A  apresentação  directa  dos  fabricantes  no  mercado,  evitando 
intermediários  que  encarecem  o  produto;  remessa  de  amostras,  suas 
análises  e  demonstrações  de  resultados  práticos  obtidos,  além  de  um 
bom  acondicionamento  em  barricas.  E,  sobretudo,  entabolar  nego- 
ciações para  conseguirem  uma  taxa  de  frete  que  lhes  permita  con- 
correrem com  os  similares  de  outros  países  que,  possuem  linhas  di- 
rectas de  navegação  para  aqui,  pois  é  sabido  que  o  frete  neste  ar- 
tigo é  o  ponto  mais  importante  para  o  exportador. 

5."  Alem  do  cimento  alemão,  qual  a  procedência  dos  similares 
que  vêem  ao  mercado? 

Actualmente  da  América  do  Norte  e  da  Inglaterra,  em  grande 
escala,  e  em  menor,  da  Itália,  Suécia,  Dinamarca  e  Holanda.  Ante- 
riormente, da  Inglaterra,  Bélgica,  Estados  Unidos  e  Austria-Hun- 
gria. 

6."     Qual  o  preço  da  unidade  no  local  da  produção ^ 

Este  artigo  é  sempre  negociado  na  base  Cif,  portanto  difícil 
se  torna  a  sua  resposta.  No  entanto,  os  preços  Cif  Rio  antes  da 
guerra,  regulavam,  para  as  qualidades  usuais:  artigo  austríaco  e 
belga,  7  shillings,  e  para  o  americano,  1S90;  há  três  meses  ainda  se 
obtinha  a  mercadoria  americana  por  dólares,  2$  e  2^10,  custando 
hoje,  pelos  motivos  já  expostos  no  quesito  3.°,  pouco  mais  ou  menos, 
3$  dólares  vindo  por  vapor,  e  um  pouco  menos  por  veleiro.  Os  pre- 
ços actuais  da  Holanda  e  Dinamarca,  orçam  entre  9  e  10  shillings: 
os  de  Inglaterra  entre  10  e  11  shillings.  Póde-se,  porém,  obter  o  ar- 
tigo na  Península  Scandinavia,  ao  preço  de  8  shillings  a  8/6  Cif  Rio, 
entrega  ao  costado  do  vapor,  como  é  hábito;  pagamento  contra  docu- 
mentos de  embarque.  Estes  preços  sâo  por  barricas  de  150  quilo- 
gramas de  peso  bruto. 

7.°     Qual  o  peso  máximo  da  barrica? 

As  barricas  mais  vendáveis  e  preferidas  no  Rio  de  Janeiro,  sâo 
as  de  150  quilogramas.  Em  S.  Paulo  e  Santos  sâo,  porém,  preferi- 
das barricas  de  120  e  180  quilogramas. 


31 


8."     Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  o  produto  no  Brasil? 

A  taxa  alfandegária  ó  de  lõ  réis  por  quilograma  (razão  de  30  "/„) 
e  35  7o  o^^i"0,  alem  de  várias  despesas  acessórias,  que  elevam  esse 
direito  a  21, S  j)or  quilograma,  nâo  incluindo  transporte,  despa- 
cho, etc.  Os  direitos  actuais,  propriamente  ditos,  na  base  de  14  ponce, 
ágio  do  ouro,  sâo:  2$r)30  róis  por  barrica  do  142  quilos,  peso  líquido, 
para  cimento  norte-americano,  que  goza  do  um  abatimento  de  20  *^/q, 
e  de  3S095  réis  para  igual  ])pso  de  barrica  do  cimento  de  qualquer 
outra  origem. 

Para  o  cálculo  das  despesas  que  oneram  a  mercadoria,  desde  a 
sua  chegada  ao  porto  do  destino,  até  à  entrada  nos  armazéns  ou  de- 
pósitos, há  três  processos  de  despacho.  O  primeiro,  nâo  nos  pode 
servir  de  base,  porque  se  refere  ao  cimento  norte-americano  que 
goza  da  redução  de  20  *'/q  nos  direitos;  o  segundo,  o  mais  frequente- 
mente usado  na  mercadoria  Cif  Rio,  entrega  ao  costado  do  vapor,  e 
proveniente  de  qualquer  origem,  excepto  dos  Estados  Unidos  da 
América  do  Norte,  é  o  mais  económico  e  o  que  deve  servir  de  base 
para  futuras  transacções.  A  despesa  é  a  seguinte: 

Uma  barrica  de  cimento: 

Peso  bruto,  quilogramas 150 

Tara 8 

Liquido    . 142 

Direito  15  réis  por  (juilo  (razão  30  %);  estatística  10  réis, 
35  "/o  ouro,  ao  câmbio  de  14  d.  65  7o  papel  e  mais 
2  %  oi^ii'o  (melhoramentos  do  porto),  21,8  réis. 

142  quilogramas,  peso  líquido,  a  21,8 3$095 

Transpo]'te  marítimo  de  bordo  para  o  armazém       .      .      .  400 

Armazenagem  (1  mês) 150 

Total,  réis 3S645 

Para  o  câmbio  a  15  d.  a  razão  ouro,  será  de  50  "/g. 

Importa-se  geralmente  o  cimento  em  grandes  partidas,  armaze- 
nando-se  e  despachando-se  segundo  as  necessidades,  parcoladamente 
ou  na  sua  totalidade.  Para  cada  despacho  e  selos,  acresce  22^600  réis. 
Despesa  por  quilograma,  25,7  réis. 


32 


O  terceiro  processo  consiste  na  descarga  para  a  alfândega  sobre- 
carregando a  mercadoria  com  mais  500  réis,  processo  este  que  se 
deve  evitar  o  mais  possível,  como  se  vê  pela  seguinte  demonstração: 


Direitos 
Descarga     . 
Armazenagem 
Capatazias  . 


3$095 

1^050       4$145  (por  quilograma,  29,2  réis) 


9.°  Quais  as  profriedades  características  das  diversas  marcas  que 
vêem  ao  mercado,  em  relação  ao  nosso  cimento? 

Nâo  havendo  dados  seguros  relativamente  às  propriedades  de 
resistência  do  nosso  cimento,  nâo  se  pode  fazer  o  devido  confronto. 
Pela  casa  Dias  Garcia  &  C*  foram-nos  fornecidas  duas  cópias  de 
análises  feitas  aqui,  em  cimentos,  e  que  transcrevemos  para  orientar 
os  interessados: 


E.   F.  CE/NT-RAL  DO  BRASIL 


5.'  DIVISÃO 


GABINETE   DE  ENSAIOS 


Certificado  dos  ensaios  sabre  o  cimento  URCA,  apresentado  pelos  srs.  Dias  Gar- 
cia tf-  C".  em  1913. 


Médias 


Resistências  (qg.  por  cm'^ 


7   DIAS 

Com 
pressão    Tracção 


456 
502 
504 
524 
467 
502 


492  •■ 


51 
51 
50 
53 
51 
51 


51' 


28   DIAS 

Com- 
pressão    'facção 


755 

59 

744 

61 

681 

56 

673 

57 

690 

59 

702 

58 

707' 


58'' 


Análise  química 


Perda  ao  fogo 
Silica  . 
Alumina  . 
Ox.  de  ferro  . 
Cal      .      .      . 
Magnésia . 
Anhy.  sulfúrico 
Alcalis  e  perdas 


H-^0  e  CO"^  . 
SiO-^ 
AL-^O''      \ 

CaO 
MgO 


Total 


1.550 

24.800 

7.600 

63.900 
0.720 
0.960 
0.470 


100.000 


Peso  especifico 8,130 

Resíduo  na  peneira  de  900  malhas.      .      .      .  1,2  "/o 

Exjyansão  em,  24  horas  (Le  Chatelier)  .      .      .  0",001 

Ensaio  a  água  em  ebulição Resiste 


11^0"^ 
3^,10'° 
Pasta  normal  com,  20  "/„ 
de  água. 


Gabinete  de  Ensaios,  5  de  Novembro  de  1913. —  Barboza  Senna. 


33 


E.   F.   eE/NT-RAL  "DO  BI^ASIL 

5."  DIVISÃO 


GABINETE   DE  ENSAIOS 


iV/ 


Certificado  dos  ensaios  sobre  o  cimento  DEMARLE  LONQUETY,  apresentado  pelos 
srs.  Dias  Garcia  d-  C".  em  lUlH. 


Médias 


Resistências  (qg.  por  cm-) 


2«   DIAS 
pressão    Tracção 


Õ60 
524 
530 
520 
512 
522 


528' 


51 
52 
54 
56 
53 
53 


53  k 


612 
631 
585 
610 
594 
588 


603' 


55 
56 
55 
57 
54 
55 


Análise  química 


Perda  ao  fogo 
Sílica  . 
Alumina  . 
Ox.  de  ferro  . 
Cal      .      .      . 
Magnésia . 
Anhy.  sulfúrico 
Alcalis  e  perdas 


H-^O  e  CO-^ 

SiO-í 

AL203 

CaO 
MgO 

S03 


Total 


2.400 
22.600 

9.300 

63.750 
0.720 
0.858 
0.372 


100.000 


Peso  especifico 3,125 

Resíduo  na  peneira  de  900  malhas.      .      .      .  1,7  **/o 

Expansão  em  24  horas  (Le  Chatelier)  .      .      .  1,5°"^ 

Ensaio  a  água  em  ebulição Resiste 


-r>,       (  Começo     111,15"» 
^"^S^lFim    .     3-;20- 
Pasta  normal  com  19  "/a 
de  água. 


Gabimte  de  Ensaios,  3  de  Outubro  de  1913. —  Barboza  Senna. 


10.°  Qual  a  forma  de  acondicionamento  ou  revestimento  interno 
das  barricas  para  o  completo  resguardo  do  produto,  num  clima  onde  a 
humidade  é  constante? 

Em  barricas  de  aduela  de  macho  e  fêmea,  ou  encaixe,  com 
aros  de  ferro  e  forradas  interiormente  com  papel  grosso  alcatroado 
ou  oleado. 

li.**  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  Bio  de  Janeiro, 
para  mercadorias  desta  espécie,  contra  conhecimento,  à  vista,  pronto 
pagamento  (80  dias)  ou  a  prazo  ? 

O  pagamento  era,  em  regra,  feito  nos  mercados  de  origem, 
contra  entrega  dos  documentos  de  embarque;  mas  havia  comissários 
que  facultavam  o  pagamento  no  porto  de  destino,  em  letras  a  90  d/v. 


34 


Depois  do  conflito  europeu,  porém,  tendo-se  tornado  dificultosas 
por  toda  a  parte  as  várias  manifestações  de  crédito,  mormente 
em  negócios  de  grande  vulto,  foram  as  antigas  e  habituais  condi- 
ções de  pagamento  modificadas  para  liquidação  contra  entrega  de 
documentos  de  embarque  aqui,  ao  câmbio  de  vista,  havendo  ao 
começo  da  guerra,  muitos  casos  de  ser  necessário  abrir  créditos 
no  exterior,  ao  dar-se  a  encomenda.  Nota-se  actualmente  um  certa 
movimento  para  melhoria,  nas  condições  impostas  pela  anormalidade 
da  situação. 

12.°  Quais  as  condições  de  embarque,  expedição,  etc.  Foh 
ou  Cif? 

Há  ofertas  para  Fob  e  Cif,  mas  as  preferidas  sâo  as  Cif  Rio 
entrega  ao  costado  do  vapor,  e  em  cuja  base  é  sempre  feito  o  preço, 

13.°  Não  acha  V.  Ex."'  conveniente  que  os  exportadores  portu- 
gueses, a  exemplo  dos  de  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros 
viajantes  habilitados  e  bem  remunerados? 

De  forma  alguma,  no  momento  actual:  seria  expor  os  exporta- 
dores portugueses  a  um  fracasso  certo.  Logo,  porem,  que  tenham 
removido  a  dificuldade  do  frete,  obtendo  taxas  mais  reduzidas  e 
assim  permitindo-lhes  oferecer  o  produto  em  concorrência  com  o 
de  'outras  nações,  então  tornar-se  há  aceitável  a  vinda  dos  caixeiros 
viajantes.  Ainda  assim,  evitar-se  hia  essa  vinda  com  a  remessa 
directa  de  amostras,  análises  e  respectivos  preços,  pois  trata-se  de 
um  artigo  que,  uma  vez  conhecidos  estes  requisitos,  dispensa  a 
mediação  de  qualquer  intermediário.  Geralmente  é  um  artigo 
negociado  por  telegrama,  de  forma  que  se  torna  necessário,  à  falta 
de  código  particular,  haver  a  indicação  de  algum  dos  códigos  em 
uso  e  do  qual  se  possa  lançar  mâo,  em  qualquer  oportunidade. 

14.°  Niyd  lhes  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores  a 
modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  pagamento? 

^luito  conveniente,  facilitando  por  essa  forma  muitos  negócios. 

15.°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex.'^  julgue  conve- 
niente acrescentar. 

Nada  mais  ocorreu  aos  consultados  acrescentar  às  respostas 
dos  catorze  quesitos  anteriores. 


30 


Correspondoram  do  inoUior  ayrado  ao  nosso  convite  as  respeitá- 
veis firmas  desta  praça:  Amarais  Pimentel  &  C,"',  Artur  Bastos  &  C.^, 
C.  Xeves  (£•  C/\  Dias  Garcia  d-  C",  Domingos  Joaquim  da  Silva  &  C.^ 
e  J.  A.  Costa  d-  C".  deixando  do  o  fazer  a  casa  Hime  &  C."' 


3.       3LÁRM0RE,   ALABASTRO   E  PÓRFIRO. 

Havendo  em  Portugal  abundantíssimos  jazigos  de  magníficos 
mármores,  de  tão  variadas  cores  e  qualidades,  era  para  estranhar 
que  náo  se  tivesse  ainda  cogitado  na  sua  colocação  no  mercado 
brasileiro. 

Ao  organizarmos  o  presente  inquérito,  na  verdade,  não  nos 
mereceu  a  devida  atenção  a  nossa  indústria  extractiva,  tâo  rica  e 
táo  pouco  apreciada  no  Brasil.  Tratamos  mais  detalhadamente, 
como  adiante  se  verá,  dos  mármores  em  obra,  ou  trabalhados,  do 
que  propriamente  da  mercadoria  no  estado  em  que  a  natureza  a 
produziu.  Xo  entanto,  segundo  nos  foi  assegurado  por  pessoa 
idónea,  os  nossos  mármores  podem  bater,  em  qualidade,  todos 
quantos  vêem  ao  mercado. 

A  importação  do  mármores  e  alabastros  portugueses,  no  Brasil, 
teve  durante  o  decénio  decorrido  de  1905  a  1914,  um  movimento 
muito  irregular,  cifrando-se  nas  seguintes  quantidades  e  valores: 
em  1905,  227  quilogramas,  U6S000  réis;  em  1906,  9:965  quilo- 
gramas, 1:494S000  réis;  em  1907,  nâo  houve  importação;  em  1908, 
617  quilogramas,  339S000  réis;  em  1909  e  1910  também  nâo  se  re- 
gistou importação:  em  1911,  10:214  quilogramas,  5:502S00p  réis :  em 
1912,  28:194  quilogramas,  2:6648000  réis:  em  1913,  75:923  quilogra- 
mas, 8:886S000  réis,  e  em  1914,  54:716  quilogramas,  5:157$000  réis. 

Deve-se,  porem,  notar  que  o  decréscimo  do  ano  findo,  em  re- 
lação ao  anterior,  nâo  está  em  harmonia  com  a  grande  baixa  que 
sofreram  todas  ou  quási  todas  as  mercadorias  importadas  nesse 
ano,  devido  à  anormalidade  da  situação  de  todos  os  mercados 
mundiais. 

No  citado  decénio,  o  ano  findo  figura  em  terceiro  lugar  no 
valor  da  importação,  havendo  entro  este  e  o  de  1911,  segundo  em 


36 


importância,  apenas  uma  diferença  de  345S000  réis,  levando-nos, 
portanto,  a  acreditar  na  possibilidade  de  vermos,  dentro  de  pouco 
tempo,  razoáveis  transacções  comerciais  dos  produtos  nativos  do 
solo  português. 

O  facto  da  Estatística  Comercial  Brasileira  acusar  em  alguns 
anos  diminuta  ou  nenhuma  importação,  pode  justificar-se  pela  se- 
guinte forma:  estarem  os  mármores  incluídos  no  artigo  112.^  da 
classificação  das  mercadorias  da  mesma  Estatística,  sob  a  deno- 
minação de:  pedras,  terras  e  outros  minerais  semelhantes,  não  especifi- 
caãos,  e  de  que  há  larga  importação  de  origem  portuguesa,  sem 
podermos  precisar  a  que  minerais  se  referem. 


Os  nossos  mármores,  segundo  os  informes  obtidos  na  praça  e 
a  que  já  nos  referimos,  podem  competir  em  qualidade,  com  todos 
os  similares  de  outras  origens,  que  vêem  ao  mercado.  Os  preços  no 
local  da  extracção,  podem  equiparar-se  perfeitamente  aos  de  outras 
procedências.  A  serração  na  capital  também  nada  deixa  a  desejar; 
no  entanto,. o  excessivo  custo  do  carreto  ou  transporte  das  vias 
terrestres,  até  ao  local  de  embarque,  geralmente  o  porto  de  Lisboa, 
sobrecarrega  a  mercadoria  de  uma  maneira  que  não  pode  competir 
com  a  francesa  ou  belga. 

Os  transportes  a  que  nos  referimos,  são  de  Montelavar,  Pêro 
Pinheiro  e  adjacências,  até  Lisboa. 

Há  ainda  bem  pouco  tempo,  o  chefe  da  casa  Amarais  Pi- 
mentel &  C*  tentou  introduzir  no  mercado  os  referidos  mármores; 
esteve  em  Portugal,  visitou  as  citadas  pedreiras,  escolheu  e  obteve 
os  blocos  no  tamanho  que  queria,  sem  a  menor  dificuldade;  viu-se 
seriamente  embaraçado  para  conseguir  trazê-los  a  Lisboa,  onde 
teve  de  alugar  um  terreno  na  margem  do  Tejo,  aguardando  praça 
num  vapor  com  destino  ao  Brasil.  Só  decorrido  muito  tempo  con- 
seguiu obtê-la,  para  cem  toneladas,  num  vapor  da  Lamport  &  Holt; 
triplicaram,  então,  as  dificuldades  porque  o  vapor  não  pôde  atracar 
ao  cais,  de  maneira  que  os  mármores  foram  transportados  para 
bordo  em  faluas,  aos  baldões,  e  ou  por  não  estarem  habituados  no 
vapor  a  semelhante  carga,  ou  por  negligência  dos  estivadores,  deu 
em  resultado  chegarem  inúmeras  pedras  completamente  inutilizadas, 

O  insucesso  desta  tentativa  desgostou  seriamente  aquela  firma, 
desistindo,    por  completo,   do    emprego    nas   suas   construções,   dos 


37 


mais  belos  espécimens  da  nossa  mineralo<íia.  Conclúi-so  também 
do  exposto  que  a  falta  de  nave<íaçâo  própria,  prejudica  inegavel- 
mente a  valorizaçáo  de  muitas  riquezas  do  nosso  país. 


A  importação  geral  do  mármores  e  alabastros  tomou  grande 
incremento  durante  o  período  decorrido  de  1905  a  1913,  havendo 
um  aumento  neste  último  ano,  do  227  "/o  ^^  relação  ao  primeiro.  Em 
1905  importaram-se  428:129!3aX)  réis,  e  em  1913,  1.400:3388000  réis. 
Infelizmente,  em  191-1  baixou  para  567:1348000  réis. 

A  Itália  teve  sempre  a  primazia  no  mercado,  seguindo-se-lhe  a 
França  e  a  Bélgica. 

As  taxas  alfandegárias  para  estas  mercadorias,  sâo  as  se- 
guintes : 

Mármore,  alabastro,  pórfiro,  jaspe  e  pedras  semelhantes,  em  bruto  : 
em  pedaços  debastados  ou  simplesmente  serrados:  cada  metro  ciíbico, 
15SOO0  réis  (razão  20  %). 

Idtm,  idem,  em  ladrilhos  e  tábuas  simplesmente  serradas,  metro 
quadrado,  2S300  réis  (razão  30  7o)- 

Idem,  idem,  em  ladrilhos  e  tábuas  (polidos)  de  qualquer  forma 
ou   feitio    para   qualquer  uso:   metro   quadrado,    5SG00  réis   (razão 

50%)- 

Acresce  sobre  estas  taxas,  35  7o  ^^  ouro,  2  7(i  também  em 
ouro,  para  melhoramentos  do  porto,  capatazias,  armazenagem,  des- 
pacho, etc,  o  que  eleva  o  direito  a  mais  de  50  ''  q  pelo  menos. 


O  transporte  geralmente  adoptado  para  mármores  em  bruto, 
em  placas  ou  lápides,  simplesmente  serradas,  é  feito  a  granel. 
As  placas  ou  lápides  polidas,  como  teem  um  direito  mais  elevado, 
é  muito  raro  virem  ao  mercado,  a  nâo  ser  fazendo  parte  dos  respe- 
ctivos móveis  a  que  sâo  destinadas. 


4.     Não  especificados. 

Sob  a  designação  de  pedras,  terras  e  outros  minerais  não  espe- 
cificados, encontramos  na  Estatística  Comercial  Brasileira,  uma  im- 


38 


portaçâo  de  origem  portuguesa,  durante  o  decénio  de  1905  a  1914, 
que  se  cifra  respectivamente  nas  seguintes  quantidades  e  valores: 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905 2.949:762 

186:9858000 

1906    . 

4.300:884 

287:992800) 

1907    . 

1.503:687 

154:4648000 

1908  . 

1909  . 

1.192:944 
2.913:734 

110:6718000 
192:6848000 

1910    . 

2.685:920 

239:1008000 

1911    . 

5.368:203 

291:5638(XX> 

1912    . 

14.786:432 

562:3708000 

1913    . 

16.360:332 

581:8318000 

1914    . 

2.262:665 

198:6968000 

Em  1913,  a  nossa  exportação  atingiu  o  seu  máximo,  581:8318000 
réis,  baixando  no  entanto,  no  ano  findo,  para  198:6968000  réis, 
quási  um  terço  da  anterior. 

Na  importação  geral  destas  mercadorias  a  nação  mais  favore- 
cida é  a  Inglaterra,  seguindo-se-lhe  o  nosso  país,  e  vindo  em  ter- 
ceiro lugar  a  Alemanha. 

Nâo  podemos  precisar  quais  as  pedras,  terras  ou  minerais  com- 
preendidos sob  a  designação  dos  não  especificados.  De  alguns  pode- 
remos fazer  menção,  como  por  exemplo,  a  cal,  de  que  já  tratámos 
em  questionário  especial  e  talvez  também  dos  mármores  a  que  já 
nos  referimos. 

Há  ainda  um  produto  que  tem  vindo  ao  mercado  em  grande 
quantidade  desde  1904.  Trata-se  do  calcáreo  e  basalto  para  calceta- 
mento de  passeios  nas  grandes  artérias  da  cidade  do  Rio  de  Janeiro 
e  de  ruas  em  muitos  jardins  particulares.  Esses  produtos  continuam 
ainda  hoje,  a  entrar  no  mercado,  mas  nunca  poderão  alcançar  tâo 
grande  valor  como  o  manifestado  em  1913.  Na  impossibilidade  de 
se  descriminar  os  produtos  englobados  debaixo  desta  designação,  a 
Câmara  Portuguesa  nâo  pôde  dedicar  mais  tempo  a  um  assunto  tâo 
complexo,  demais  tendo  já  feito  um  questionário  especial  para  um 
produto  incluído  na  referida  classificação. 


39 


Questionário  n.'  5 

VI  —  Peles  e  couros: 

1.  Peles  e  cuukos  preparados  e  curtidos. 

2.  Sola. 

Para  as  primeiras  manufacturas,  a  iuiportaçâo  de  origem  por- 
tuguesa, tem  sido  bem  diminuta.  Durante  o  decénio  decorrido  de 
1905  a  1914,  essa  importação  cifrou-se  nas  seguintes  quantidades  e 
valores:  em  1905,  313  quilogramas,  2:7108000  réis;  em  1906,  343 
quilogramas,  2:433S000  réis;  em  1907,  256  quilogramas,  2:648S0(X) 
réis;  em  1908,  95  quilogramas,  1:708S000  réis;  em  1909,  568  quilo- 
gramas, 3:0228000  réis;  em  1910,  316  quilogramas,  2:5388000  réis; 
em  1911,  577  quilogramas,  2:6938000  réis;  em  1912,  125  quilo- 
gramas, 1:0668000  réis;  em  1913  nâo  houve  importação,  e  em  1914, 
100  quilogramas  no  valor  de  1:5798000  réis. 

A  nossa  sola  nâo  teve  quási  movimento  algum,  pois  que,  du- 
rante os  referidos  dez  anos,  apenas  se  registaram  as  quantidades  de 
14  quilogramas  no  valor  de  358000  réis  em  1906;  32  quilogramas 
no  valor  de  928000  réis  em  1911,  e  50  quilogramas  no  valor  de 
145S000  réis  em  1913. 

A  indústria  de  curtumes,  já  tâo  adiantada  entre  nós,  náo  tem 
no  mercado  brasileiro  o  lugar  que  lhe  deveria  competir.  O  Brasil, 
na  verdade,  importa  diminuta  quantidade  de  sola,  porque  a  fabrica 
já  muito  regularmente  e  em  grande  quantidade,  havendo  mesmo 
superabundância  na  produção,  mas  para  peZev  e  couros  é  tributário 
do  estrangeiro,  anualmente,  em  milhares  de  contos. 

Tomando  por  base  o  ano  de  1913,  em  que  nâo  houve  mo- 
vimento da  mercadoria  portuguesa,  exactamente  aquele  em  que 
o  valor  da  importação  geral  atingiu  o  seu  máximo,  temos  para 
jieles  e  couros  curtMos,  o  valor  de  14.628:555S00()  réis  e  para  sola 
145:0<)08000  réis.  Nos  anos  anteriores,  os  valores  desta  última  mer- 
cadoria nâo  ultrapassarauí  60:000S0(X)  réis.  A  importação  em  1914 
foi  respectivamente  de  5.882:8(ilS000  e  40:6208000  réis. 

O  comércio  de  curtumes,  no  mercado  brasileiro,  foi  detalhada- 
mente estudado  nos  16  quesitos  que  seguem: 


40 


QUESTIONÁRIO 

l.*'  Conhece  V.  Ex."  o  grau  ãe  aperfeiçoamento  a  que  chegou  em 
Portugal,  a  indústria  de  curtumes? 

Divergem  as  respostas  a  este  quesito.  Emquanto  a  maior  parte 
dos  importadores  declaram  desconhecer  por  completo  o  aperfeiçoa- 
mento da  nossa  indústria,  outros  conhecem-na  muito  superficial- 
mente; em  geral  ignoram  o  que  se  produz  relativamente  -à  peles  e 
couros,  nâo  sucedendo  outro  tanto  à  sola,  reputada  de  superior  qua- 
lidade e  muito  resistente. 

2.°  Havendo  no  nosso  pais  cinco  centros  produtores  do  artigo 
que,  pela  sua  ordem,  são:  Lisboa,  Porto,  Guimarães,  Alcanena  e  Almo- 
dovar,  qual  a  sola  destas  cinco  ptrocedências,  que  V.  Ex/''  julga  mais 
adequada  à  introdução  no  mercado  brasileiro? 

Qualqvier  delas  satisfaria  plenamente  as  necessidades  do  mer- 
cado; os  direitos  de  importação,  porem,  tornam  impossível  a  sua 
introdução.  No  Brasil  existem,  de  há  muito,  importantes  fábricas 
de  curtimenta,  produzindo  algumas  já  o  artigo  em  condições  de 
rivalizar  com  os  similares  estrangeiros.  Os  principais  centros  pro- 
dutores são,  pela  sua  ordem  em  importância:  Pelotas  e  Porto  Ale- 
gre, no  Estado  do  Rio  Grande  do  Sul;  S.  Paulo,  Santos,  Campinas 
e  Taubaté,  no  de  S.  Paulo.  Segue-se-lhe  o  Estado  de  Pernambuco, 
onde  a  produção  é  enorme  mas  inferior.  Em  Santa  Catarina  havia 
há  dois  anos,  dez  fábricas  em  plena  actividade,  e  no  Estado  de 
Minas  Gerais,  é  rara  a  cidade  que  nâo  possua,  pelo  menos,  uma 
fábrica.  Emprega-se  na  curtimenta  no  Brasil,  a  casca  de  angico,  a 
folha  ãe  mangue  e  a  casca  de  aroeira. 

O  preço  da  sola  nacional  regula  de  3S000  a  4S000  réis  por 
quilograma,  de  meio  couro,  com  cabeça  e  barriga. 

A  protecção  pautal  de  que  gosa  esta  indústria,  tornou-a  prós- 
pera. Hoje  a  produção  de  sola  é  extraordinária  e  muito  superior  aa 
consumo.  Há  pouco  iniciou-se  a  sua  exportação  e  parece  cornada 
do  melhor  êxito.  A  taxa  alfandegária  é  de  1S800  réis  por  quilo- 
grama, 35  ^Iq  ouro.  Com  as  demais  despesas  de  armazenagem,  des- 
pacho, etc,  que  montam  a  um  total  de  2S700  réis,  teremos  só  para 
direitos,  quantia  quási  idêntica  ao  custo  de  um  quilograma  de  sola 
nacional :  a  diferença  é  apenas  de  300  réis. 

Com  semelhante  protecção,  embora  a  qualidade  do  artigo  seja 


41 


muito  superior,  devido  ao  nosso  processo  de  curtimenta,  a  luta 
torna-se  desigual  e  demais,  toda  a  matéria-prima  empregada, *é  ori- 
ginária do  próprio  país. 

Também  se  fabrica  soJa  para  correame  de  máquinas,  em  Per- 
nambuco, S.  Paulo  e  Rio  Grande  do  Sul. 

3.**  Qual  a  forma  mais  prática  para  os  industriais  poderem  con- 
correr ao  mercado,  com  a  sola,  em  peras  inteiras  ou  em  quadrados 
(croupons)  e  que  tamanho  ? 

Em  virtude,  das  respostas  ao  quesito  anterior,  nâo  há  forma 
alguma  de  alargar  as  transacções  comerciais  para  este  artigo.  A  di- 
minuta quantidade  de  sola  que  se  importa,  vem  em  croupons  de 
qualquer  tamanho,  maiores  ou  menores. 

4."  Lisboa,  Porto,  Guimarães  e  Alcanena,  produzem  já  em  quan- 
tidade, peles,  tais  como:  bezerros,  carneira-^,  borregos,  etc,  pretas,  de 
côr,  lisas  ou  envernizadas,  que  se  poderiam  com  facilidade  introduzir 
no  mercado? 

As  peles  de:  bezerro,  carneiras,  borregos  e  cabras,  podem  intro- 
duzir-se  no  mercado  do  Rio  de  Janeiro,  contanto  que  obedeçam  ao 
seguinte: 

As  de  bezerro:  tenham  o  peso  de  0^1,700  a  1  quilograma,  sejam 
curtidas  em  casca  e  preparadas  à  moda  de  Guimarães  com  e  sem 
gordura;  ou  também  curtidas  ao  crómio,  em  imitação  de  bo.r-calf  on 
Kalochrom  de  procedência  alemã,  francesa  e  norte-americana. 

As  de  carneiro:  com  aplicação  para  forros  e  palmilhas,  sejam 
leves  e  grandes,  curtidas  em  casca,  e  rivalizem  em  preço  com  as 
vendidas  em  Londres,  em  leilões,  desde  18  a  23  d.  a  libra,  regulando 
o  seu  peso  de  6/7,  7/8  e  8/9  libras  por  dúzia  de  peles,  e  sendo  estas 
sempre  grandes,  e  bem  finas,  quási  sem  furos.  Para  capas  de  selins, 
teráo  também  consumo  peles  perfeitas  e  encorpadas,  curtidas  em 
casca,  com  o  peso  de  12  a  1(3  libras,  sendo  o  preço  das  inglesas,  de 
23  a  26  d.  por  libra;  e  para  capas  de  livros,  as  mesmas  peles  com 
preparo  bem  claro  e  surradas  pelo  carnaz,  apresentando  um  pêlo 
acamurçado. 

As  de  borrego  e  cabra:  sejam  curtidas  ao  crómio  em  preparo  de 
pelica  (chevreau:c)  pretas  e  de  cores. 

5."  Para  melhor  orientação  dos  produtores,  acha  V.  Ej:."'  conve- 
niente que  se  organizem  pequenos  mostruários,  para  se  enviarem  às 
Associações  Comerciais  ou  de  classe,  indicando  qualidades,  cores,  preços, 
no  local  de  procedência,  etc.  ? 


42 


Seria  talvez  preferível  que  os  produtores  organizassem  mos- 
truários dos  artigos  mencionados,  mas  urgentemente,  a  fim  de  con- 
seguir-se  a  sua  introdução  no  mercado,  antes  de  terminar  a  guerra 
europeia. 

Preparar  mostruários  aqui,  sem  se  conhecer  de  antemão  a& 
condições  da  indústria,  se  está  em  condições  de  produzir  em  quan- 
tidades, consoante  o  consumo  do  mercado,  e  se  realmente  pode  fa- 
bricar o  artigo,  é  contraproducente,  pois  perde-se  tempo,  e  fica-se 
indeterminadamente  aguardando  resposta  que  geralmente  nunca  se 
obtêm.  A  vista  das  amostras  das  mercadorias  produzidas,  é  mais 
fácil  fornecer  os  esclarecimentos  necessários  à  sua  amoldaçâo  ao 
clima,  e  às  exigências  do  mercado.  As  condições  climatéricas  do 
Brasil  influem  muito  sobre  certas  mercadorias,  principalmente  nas 
pelicas  e  envernizados.  Nem  toda  a  manufactura  destinada  ao  con- 
sumo interno  de  um  país,  se  adapta  de  um  momento  para  o  outro, 
à  exportação. 

O  comércio  alemão  lutou  ao  princípio  para  se  apoderar  do  mer- 
cado, conseguindo  dominá-lo  até  meados  de  1914.  Teve  prejuízos, 
na  verdade,  mas  a  mercadoria  conservava-se  inalterável  durante 
anos.  O  processo  consistia  no  seguinte:  Qualquer  remessa  vinha 
acompanhada  de  uma  caixa  com  várias  manufacturas,  geralmente 
pelicas  e  envernizados,  que  se  deveria  conservar  fechada  durante 
seis  meses.  Se  no  fim  deste  prazo,  a  mercadoria  estivesse  alterada 
na  sua  côr  ou  deteriorada,  reexpedia-se  à  sua  origem,  procedendo-se 
ali  a  um  aturado  estudo,  até  completa  transformação.  Assim  pro- 
cedeu, entre  outras,  a  casa  Cornelius  Heyl. 

6.**  De  que  forma  acha  V.  Ex."'  se  poderiam  organizar  esses  mos- 
fruários?  Qual  a  maneira  de  os  obter? 

Para  complemento  da  primeira  parte  da  resposta  ao  quesito 
anterior,  cada  região,  ou  mesmo  por  fábricas,  deveriam  organizar  o 
seu  mostruário  e  consigná-lo  à  Câmara  Portuguesa  de  Comércio 
e  Indústria. 

Como  resposta  a  este  quesito,  recebemos  oferta  de  um  mos- 
truário que  o  nosso  consócio,  a  firma  F.  Jorge  de  (31iveira  &  C.**,  se 
propõe  organizar. 

7°  Quais  sao  actualmente  os  imises  que  abastecem  o  mercado 
brasileiro  ? 

Para  couros  e  peles,  até  meados  do  ano  de  1914,  em  primeiro 
lugar  a  Alemanha,  seguindo-se-lhe  a  França,  Inglaterra,  Áustria  e 


43 


Itália.  Actualmente,  os  Estados  Unidos  da  América  do  Norte. 
Noutros  tempos,  os  Estados  Unidos  tiveram  grande  preponderância 
no  mercado,  mas  devido  a  pouco  cscriipulo  dos  fabricantes,  mar- 
cando os  volumes  com  medidas  alteradas  para  mais,  as  suas  manu- 
facturas foram  excluídas  do  mercado.  Hoje  a  mercadoria  americana 
tem  a  medida  certa,  mas  difere  da  europeia  na  cj[tialidade,  mais  in- 
ferior, e  principalmente  nas  cores,  mal  aplicadas. 

8."'     Quais  as  peles,  couros  e  sola  que  o  mercado  consome? 

Pelicas:  pretas,  de  cor  e  envernizadas. 

Bezerros :  curtume  ao  crómio,  pretos,  de  cor,  graneados  e  enver- 
nizados. 

Carneiras:  em  côr  natural  e  tintas. 

As  peles  de  porco  para  selim,  fabricam-se  no  Kio  Grande  do  Sul. 

Todo  o  material  para  selins  se  fabrica  naquele  Estado,  vindo 
muito  pouco  de  Inglaterra. 

Se  a  indiistria  portuguesa  náo  estiver  bem  montada,  deve  de- 
dicar-se  exclusivamente  a  peles  de  bezerros  e  cabras,  pretas  e  de 
côr,  curtidas  ao  crómio.  A  Inglaterra  exportou  sempre  grande  quan- 
tidade de  carneiras,  e  cojno  actualmente  necessita  da  mercadoria, 
ou  tem  as  suas  fábricas  paralisadas,  a  Austrália  iniciou  a  exporta- 
ção de  carneiras  fabricadas  em  Sydney,  e  o  artigo  satisfaz.  As  solas, 
como  já  foi  dito  no  quesito  n.**  2,  sao  exclusivamente  do  país,  im- 
portando-sc  quantidade  muito  restricta. 

9."  Quais  os  processos  mais  adequados  ao  preparo  e  acondicio- 
namento do  artigo,  em  virtude  das  condirões  do  clima  e  sua  emha- 
lai/em  ? 

Envernizados:  Preparo:  sempre  de  preferência  secos  em  estufa, 
para  melhor  resistirem  ao  clima.  Acondicionamento:  verniz  com 
verniz,  tendo  de  permeio  uma  camada  de  algodão  em  rama.  Emba- 
lagem: em  pequenos  embrulhos  com  o  máximo  de  seis  peles  cada 
um.  Também  se  usam  caixas  de  zinco  para  envernizados,  mas  podem 
dispensar-se  seguindo  o  acondicionamento  acima. 

Carneiras  de  cor  natural:  em  fardos,  devendo  a  embalagem  ser 
muito   leve,   porque  os  direitos   são   aplicados  sobre  o  peso  l)ruto. 

Sola:  também  em  fardos. 

Todas  as  outras  mercadorias,  em  caixas  forradas  de  papel  en- 
cerado ou  impermeável. 

10."     Quais  os  direitos  sobre  a  sola  ? 

1S800  réis   por  quilograma   (razão   40  "/u),   sendo  3")  ♦^/„  ouro. 


44 


Mais  2  Yo  ouro,  para  melhoramentos  do  porto,  armazenagem,  des- 
pacho, etc,  etc.  Total,  2S700  réis  por  quilograma. 

11."  Quais  os  direitos  sobre  as  diversas  qualidades  de  peles  cur- 
tidas ? 

Couros  preparados,  tintos  2S200  réis  (razão  30  ^jç),  sendo  35  "/,> 
ouro,  etc,  etc.  Total,  3$300  réis  por  quilograma. 

Envernizados:  3S000  réis  (razão  30  %),  3õ  %  ouro,  etc.  Total, 
4$700  réis. 

Curtidos:  côr  natural,  1S400  réis  (razão  30  '^/q);  mais  despesas, 
2$200  réis. 

12.°  Quais  as  condições  de  venda  na  praça  do  Rio  de  Janeiro, 
contra  conhecimento,  à  vista,  pronto  pagamento  (30  dias)  ou  a  prazo? 

Para  a  mercadoria  nacional:  Pernambuco,  contra  saque  a  30  dias 
com  2  7o  d©  desconto;  a  60  dias  com  1  7o)  ©  90;  ^^m  desconto.  Os 
restantes  centros  produtores,  contra  saque  a  90  d/v. 

Para  a  estrangeira:  90  a  120  d/v,  conhecimento  ao  comprador. 
Outras  condições,  com  prévio  ajuste. 

13.°  Quais  as  condições  de  embarque,  expedição  da  mercado- 
ria,  etc,  Fob  ou  Cif  Pio? 

Geralmente  Fob.  Os  exportadores  americanos  exigem  o  paga- 
mento de  todas  as  despesas  até  ao  cais  ou  porto  de  embarque. 

14.°  Não  acha  V.  Ex."'  conveniente  que  os  exportadores  pjortugue- 
ses,  a  exemplo  dos  de  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  viajan- 
tes, habilitados  e  bem  remunerados? 

A  iniciativa  dos  caixeiros  viajantes  é  reputada  jjrematura,  vista 
os  poucos  produtos  que  por  emquanto  podem  aqui  ter  colocação. 
Entretanto,  se  pelas  amostras  obtidas,  se  verificasse  que  esses  pro- 
dutos são  semelhantes  aos  aqui  consumidos,  deveriam-se  enviar  aos 
industriais,  por  seu  turno,  outras  amostras,  a  fim  de  tentar-se  uma 
aproximação  ainda  mais  completa. 

15.°  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  suas  condições  de 
pagaynento? 

Certamente,  pelo  menos,  devem-se  subordinar  todas  as  vendas 
ao  processo  empregado  pelo  comércio  alemão.  Pagamento  contra 
saque  a  90  ou  120  d/v  ou  150  d/data.  Ao  romperem-se  as  hostilidades 
na  Europa,  os  agentes  comerciais  americanos  vieram  ao  Brasil  ofe- 
recer a  mercadoria  daquele  país ;  as  condições  de  venda  eram,  alem 
de  preços  exageradíssimos,  pagamento  contra  conhecimento.  Houve 


45 


recusa  por  parte  dos  importadores  daqui,  em  aceitar  semelhantes 
imposições.  O  representante  do  Brasil  na  América,  e  demais  autori- 
dades consulares,  aconselharam  os  industriais  daquele  país  a  conce- 
derem as  mesmas  facilidades  do  comércio  germânico,  e  hoje  a  indús- 
tria americana  domina  o  mercado,  com  muitas  mercadorias  de  que 
anteriormente  se  desconhecia  o  seu  valor  e  importância. 

1(3."  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex.""  julgue  conveniente 
acrescentar? 

Propriamente  a  peles  e  couros  nada  mais  há  a  dizer. 

ACESSÓRIOS 

Para  pequenos  artigos  empregados  na  sapataria  e  indústrias 
correlativas,  nota-se  já  alguma  falta  no  mercado.  Nâo  se  trata  pre- 
cisamente do  ramo  cabedais;  mas  como  essas  pequenas  manufacturas 
fazem  parte  integrante  do  negócio  de  curtumes,  pareceu-nos  razoável 
incluí-las  no  presente  questionário. 

Constam  de: 

Tachas  de  cobre  (amarelas),  importadas  anteriormente  da  Áus- 
tria; tachas  de  chulear  ou  ferro  estanhado;  pontas  de  Paris,  existe  já 
fabrico  nacional,  mas  insuficiente  para  o  consumo;  e  tacha  ameri- 
cana para  tamancos. 

Elásticos  imra  calçado:  Importam-se  da  Inglaterra  e  França,  e  é 
um  dos  raros  artigos  que  a  indústria  alemã  nâo  conseguiu  fabricar 
ao  agrado  do  consumidor. 

Botões:  Os  de  imitação  madre-péroJa  e  os  de  corozo  (marfim  ve- 
getal). Destes  últimos  parece  já  ter  havido  importação  no  nosso  país, 
fabricados  no  Porto. 

Ilhós  (brancas  e  amarelas):  Deste  artigo,  consta-nos  haver  entre 
nós  regular  fabrico. 


Todos  os  informes  constantes  do  presente  questionário,  foram 
prestados  da  meDior  vontade,  por  escrito  ou  verbalmente  em  longas 
conferências,  pelos  representantes  das  seguintes  firmas  da  praça: 
António  Bordalo  &  C/',  Casimiro  da  Rocha  Lima,  F.  Jorge  de  Oli- 
veira &  C",  Gil  Ribeiro  &  C",  Guimarães  Pinto  Cerqueira  &  C."', 
José  Silva  &  C."',  Robalinho  &  C."',  Rocha  Lima  &  C.^,  Rodrigues  Fer- 
reira &  C."',  Rodrigo  Viana  e  Vasconcelos  &  C." 


46 


Questionário  n."  6 

VTT  —  Sumos  ou  sucos  vegetais: 

Gomas,  resinas  e  bálsamos  naturais. 

Ao  formularmos  os  quesitos  do  presente  questionário,  incluímos 
nele  todos  os  sucos  ou  sumos  vegetais.  Como  algumas  das  respostas 
obtidas  se  referissem  exclusivamente  a  breu  (vegetal),  e  outras  tra- 
tassem mais  particularmente  a  mesma  mercadoria,  vimo-nos  obriga- 
dos a  desdobrá-lo,  fazendo  algumas  referências  especiais  em  relação 
ao  hreu  ou  resina,  empregado  no  Brasil  em  larga  escala,  no  fabrico 
de  sabão. 

1.     Resina  negea  de  pinho  (breu). 

Este  produto  silvícola,  com  designação  especial  na  Estatística 
Comercial  Brasileira,  nao  teve  até  1912  importação  alguma  do  nosso 
país,  pelo  menos  com  a  designação  de  resina  ãe  pinho  ou  hreu. 
Pode,  no  entanto,  dar-se  o  facto  de  estar  incluído  até  essa  data,  na 
diminuta  importação,  sob  a  indicação  de  outras  origens.  Em  1913, 
apenas  se  importaram  de  Portugal  740  quilogramas  no  valor  de 
254^000  réis.  Em  1914,  nâo  se  registou  também  importação  alguma; 
consta-nos,  porém,  que  durante  o  quadrimestre  do  corrente  ano, 
houve  algum  movimento  na  importação  desta  mercadoria,  de  proce- 
dência portuguesa,  e  que  poderemos  dar  também  o  nosso  contin- 
gente para  o  abastecimento  do  mercado. 

QUESTIONÁRIO 

1.**  Conhece  V.  Ex."  as  causas  que  determinaram  a  exclusão  do 
mercado  brasileiro,  das  resinas  oriundas  das  nossas  florestas? 

Diversas  são  as  causas,  e  a  principal  provém  do  excessivo  custo 
da  mercadoria  em  relação  à  similar  americana.  Há  ainda  a  demora 
na  execução  dos  pedidos;  as  encomendas  satisfeitas  parcialmente, 
acarretando  por  esse  facto  elevados  gastos,  embalagem  má  e  dife- 
rente da  exigida  pelo  mercado. 


•17 


2."  Pos-sãi  o  Brasil  nas  suas  vastíssimas  florestas  virgens,  pro- 
(hífof!  similares'^ 

Pode  ser  que,  no  sul  do  Brasil,  onde  existem  bastantes  pinliais, 
se  exploro  a  resina,  mas  talvez  só  para  consumo  local. 

3."     Qual  a  procedência  do  produto  preferido  no  mercado  f" 

Exclusivamente  a  americana. 

4."     Qual  o  seu  custo  no  local  de  origem? 

Actualmente  a  qualidade  G,  custa  dólares  5S95,  e  a  qualidade  K, 
6S36  por  280  libras  de  peso  bruto  Cif  Kio  de  Janeiro  ffa. 

õ.**     Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  o  produto  ? 

Quilo,  25  réis  (razão  25  ^/y),  sendo  35  "/'q  em  ouro,  alem  de  2  •'/„ 
ouro  para  melhoramentos  do  porto  e  outras  despesas,  perfazendo 
um  total  de  -15  réis  por  quilo,  como  se  demonstra  com  o  despacho 
que  sooiíe,  para  uma  partida  de  cem  barris  com  breu: 

Fórmula  de  um   despacho  para  breu 


Cem  barricas  contendo  breu  de  qualquer  qualidade,  pe- 
sando lúpiido  vinte  e  dois  mil  e  setecentos  quilos. 

Razão  25  7o  — '^-^-i^W^ilo^  ''^ -'^  i'éis 567S50O 

Estatística 1S750 

Ouro  2  7o  (M.  do  porto) VoSm) 

6US650 

Ouro  35  o/,j 198S630 

2  7„ 45^400       244^30 

Papel 370S620  6J4S650 

Custo  de  244S>t)3(J  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.    .      .      .  439S250 

Papel 3708620 

Cais  do  porto  (armazenagem) 112S370 

Agência  c  selos 22S600 

Carreto G0S0(X) 

Réis 1:(X)4S840 

Despesa  por  quilo,  réis  ....  45 


48 


6."  Quais  os  processos  de  maior  eficácia  para  o  desenvolvimento 
do  2)roduto  português  ? 

O  breu,  comercialmente  falando,  obedece  a  vários  tipos  ou 
cores  designados  por  letras  alfabéticas.  A  sna  cotação  deve  reger-se, 
segundo  a  nomenclatura  desses  tipos,  de  conformidade  com  o  género 
americano,  e  equiparando-se  os  preços  tanto  quanto  possível. 

7."  Qual  a  forma  de  empacotamento,  acondicionamento,  embala- 
gem, etc,  mais  adequada  para  o  produto? 

Em  barricas  sólidas,  regulando  500  libras  de  peso  bruto.  Deve-se 
adoptar  um  tipo  uniforme  de  barricas  com  aduelas  de  encaixe,  e  não 
enviar  ao  mercado  o  breu  em  caixas,  como  sucedeu  há  pouco  tempo. 

8.°,  Acha  V.  ExJ''  conveniente  organizar  pequenos  mostruários, 
imra  se  enviarem  às  Associações  Comerciais,  designando:  preço  no  local 
da  produção,  qualidades,  procedências,  direitos  e  mais  detalhes,  habili- 
tando os  exportadores  a  abastecerem  o  mercado  consoante  as  exigências 
da  2n'ocura  e  da  oferta? 

Muito  conveniente,  nâo  só  organizar  esses  mostruários,  envian- 
do-os  às  Associações  Comerciais,  como  também  aos  principais  expor- 
tadores, pois  serão  excelentes  informes  para  quem  se  propõe  ex- 
portar. 

9."  Na  afirmativa,  qual  a  forma  mais  prática  de  organizar  e  obter 
esses  mostruários? 

A  casa  Dias  Garcia  &  C.^,  desta  praça,  prontiíica-se  graciosa- 
mente a  fornecer  à  Câmara  os  mostrucírios,  incumbindo-nos  de  os 
remetermos  aos  interessados. 

10.°  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro,  para  produtos  desta  natureza,  contra  conhecimento,  à  vista, 
a  pronto  pagamento  (30  dias)  ou  a  prazo? 

A  praxe  do  mercado,  é  o  pagamento  contra  saque  a  120  ou 
90  d/v. 

11.°     Qual  a  forma  de  expedição,  embarque,  etc,  Fob  ou  Cif? 

Este  artigo  é  sempre  negociado  Cif  Rio  ffa.  Os  negócios  devem 
ser  fechados  por  telegrama,  com  eml^arques  imediatos  e  prazos  de- 
terminados para  entrega. 

12.°  Não  acha  V.  Ex."'  conveniente  que  os  exportadores  portugue- 
ses, a  exemplo  dos  das  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  bem  remunerados? 

As  respostas  seriam  todas  favoráveis  à  vinda  de  caixeiros  via- 
jantes habilitados,  se  o  vulto  dos  negócios  compensasse  as  despesas, 


49 


mas  tratando-se  unicauiento  de  uma  morcadoria  de  pequeno  valor, 
qualíjuer  casa  comissária  se  pode  eucarreíj;ar  de  uma  activa  e  bem 
orientada  representação,  mediante  amostras,  desde  que  os  preços 
sejam  equiparados  aos  do  produto  similar  americano. 

i';]."  Não  lhe  parece  que  .<!e  deveria  acon.^elhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condirões  de  paga- 
mento ? 

Sim,  de  acordo  com  a  resposta  ao  quesito  10.",  e  também  pre- 
parar o  produto  consoante  as  exigências  do  mercado.  A  maior  pro- 
cura da  resina  negra  de  pinfio  (breu),  no  Brasil,  é,  como  já  acima 
dissemos,  para  a  indústria  saboeira.  O  nosso  breu  parece  conservar 
ainda  alguns  restos  de  terebintina,  tornando  o  sabão,  por  esse  mo- 
tivo, bastante  mole,  depreciando-o,  o  que  não  sucede  com  o  género 
americano  que,  depois  de  empregado,  dá  ao  sabSo  uma  determinada 
consistência,  muito  especial  e  apreciável.  Torna-se,  por  conseguinte, 
necessário  modificar  o  processo  de  extracção  da  resina  ou  do  seu 
preparo. 

l-i."  Outras  quaisquer  ohsercações  que  V.  E.r/'  julgue  conceniente 
acrescentar. 

É  preciso  que  o  exportador  português  deste  artigo  esteja  apa- 
relhado a  dar,  em  quali^uer  momento,  por  telegrama,  o  preço  Cif. 
E  inútil,  como  já  tem  sucedido,  pretenderem  trabalhar  este  produto 
com  cotações  Fob,  pois  com  as  actuais  flutuações  dos  fretes  maríti- 
mos, ninguém  quer  estar  sujeito  às  contingências  do  imprevisto, 
mormente  com  um  género  com  pequena  margem  para  lucros. 

Na  Bolsa  de  mercadorias  de  Nova- York,  as  cotações  desta  mer- 
cadoria estão  sujeitas  a  bruscas  oscilações,  facto  aliás  bem  conhe- 
cido: o  seu  movimento  naquela  praça  é  tâo  importante  como  o  do 
café. 

Os  Estados  Unidos  abastecem  todo  o  Brasil,  podendo-se  calcu- 
lar que,  pelo  porto  do  Rio  de  Janeii*o,  entra  mais  da  quavta  parte 
da  exportação  americana.  Pelo  pequeno  mapa  que  segue  se  poderá 
verificar  a  importância  que  tem  no  mercado  brasileiro,  a  mercadoria 
americana,  em  relação  à  importação  geral: 


50 


Anos 


1905 
1906 
1907 
190S 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


Estados  Unidos  da  América 
Quilogramas  Valores 


12.327:074 
9.675:373 
11.922:540 
15.294:860 
14.926:711 
15.068:561 
17.038:392 
18.068:786 
18.427:054 
13.000:397 


1.811:< 

1.649:759|;000 

2.456:3501(000 

2.479:091(8000 

2.436:552^000 

2.950:1941000 

2.426:966^000 

2.781:256^000 

4.285:260^000 

2.443:611^000 


Importação  geral 

Quilogramas  Valores 


470:221 
801:562 
169:683 
482:927 
385:940 
221:797 
269:422 
612:573 
928:652 
308:465 


1.833:7531(000 
1.674:553|!000 
2.512:5101000 
2.526:472^000 
2.484:881^000 
2.989:549^000 
4.484:6641(000 
4.922:7!t65Í?000 
4.403:624^000 
2.509:285^000 


2."       GrOMAS,    RESINAS    E    BÁLSAMOS    NATURAIS. 

A  importação  de  gomas  e  resinas  portuguesas  foi,  noutros  tem- 
pos, de  alguma  importância,  mas  actualmente  está  muito  reduzida. 

Temos  para  o  decénio  de  1905  a  1914  o  movimento  das  seguin- 
tes quantidades  em  quilogramas:  5:116,  5:607,  5:372,  6:581,  4:786, 
5:505,  877,  892,  223  e  398,  e  dos  valores  ]-espectivos  de  4:568S000, 
4:803kK)0,  4:861$CX:)0,  5:707S000,  4:252S0a),  4:445S900,  618Sa)0, 
841S000,  252$000  e  290S000  réis. 


QUESTIONÁRIO 

l.''  Conhece  V.  Ex/'  as  causas  que  determinaram  a  qaási  exclmáo 
do  mercado  brasileiro,  das  gomas  e  residias  oriundas  das  nossas  ^ores- 
ta^,  tanto  continentais  como  coloyiiais? 

O  abandono  por  parte  dos  exportadores  portugueses,  ao  mesmo 
tempo  que  viajantes  de  outros  países,  procuravam  introduzir  no 
mercado,  produtos  congéneres,  do  mesmo  preço,  e  concedendo  ns 
maiores  facilidades  nas  transacções. 

2.°  Possui  o  Brasil  nas  suas  vastíssimas  florestas  virgens,  pro- 
dutos similares? 

Se  de  facto,   existem,    estão   ainda  por  explorar.  No  Norte  do 


51 


Brasil  só  se  cuida  da  extracção  do  látex  ou  goma  elástica,  havendo 
ainda  muitas  riquezas  florestais  no  mais  completo  abandono. 

8."     Qual  a  procedência  do  produto  prejerido  no  mercado? 

Há  resinas  que  provêem  dos  Estados  Unidos  da  América  do 
Norte,  gomas  também  da  mesma  origem,  assim  como  da  Inglaterra, 
França,  Ásia,  e  principalmente  da  Alemanha.  A  França  fornece  ao 
Brasil  a  goma  arábica,  oriunda  da  Colónia  do  Senegal,  e  a  Inglaterra 
exporta  a  goma  laca,  proveniente  das  suas  colónias  da  Índia. 

4."     Qual  o  seu  custo  no  local  de  origem? 

Para  a  goma  arábica  é  difícil  precisar  actualmente  a  sua  cotação, 
devido  ao  estado  anormal  da  Europa;  os  últimos  preços  recebidos 
das  qualidades  mais  procuradas  no  mercado,  sâo:  tipos  A  e  G, 
100  francos,  tipo  S,  57,50  francos;  preços  estes  por  100  quilos  Fob 
Bordéus,  embalagem  extra. 

A  goyna  laca  nâo  sofreu  alteração  apreciável  no  seu  preço,  regu- 
lando no  momento  actual  a  qualidade  D,  93  shillings  e  a  G,  77  shil- 
lings  por  cwt  (112  libras)  Fob  Londres  ou  Liverpool. 

5.°     Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  o  produto  ? 

A  goma  arábica  paga  por  quilograma  300  réis  (razão  20  ^/q);  a 
goma  laca,  400  réis  (razão  25  "/y) ;  a  goma  copal,  500  réis  (razão  25  "/o)  I 
as  resinas:  de  Borgonha,  400  réis;  preparada  para  instrumentos, 
1S300  réis  (razão  25  ^/„).  Há  a  acrescentar  às  citadas  taxas,  35  ^/q  ouro, 
2  ^/q  idem,  melhoramentos  do  cais  do  porto,  capatazias,  armazenagem, 
despacho,  etc,  podendo  calcular-se  um  aumento  de  45  a  50  ^/q.  Te- 
remos então  para  cada  quilograma  de  gomas :  arábica,  440  réis ;  laca, 
590  réis:  copal,  740  réis;  resinas:  de  Borgonha,  600  réis,  e  preparada 
para  instrumentos,  1^900  réis. 

6.°  Quais  os  processos  de  maior  eficácia  para  o  desenvolvimento 
comercial  do  artigo  português  ? 

Organizarem-se  em  Portugal,  por  intermédio  das  Associações 
Comerciais,  mostruários  de  gomas,  resinas  e  essências  florestais, 
tanto  da  metrópole  como  das  nossas  colónias,  para  serem  enviados 
para  o  Brasil.  Esses  mostruários  deverão  vir  acompanhados  da  maior 
soma  de  esclarecimentos,  elucidando  tanto  quanto  possível  os 
importadores,  e  terminando  de  vez  com  as  remessas  a  título  de 
experiência,  sem  orientação  alguma  na  embalagem,  condições  de 
venda,  etc. 

7."  Qual  a  jorma  de  empacotamento,  acondicionamento,  embala- 
gem,  etc,  mais  adequada  para  o  produto? 


52 


A  goma  arábica  deve  vir  acondicionada  em  caixas  de  30  quilo- 
gramas, e  engradados  de  3  caixas,  para  as  qualidades  superiores,  e 
em  caixas  de  100  quilogramas  a  terceira  qualidade. 

A  goma  laca  vem  ao  mercado  em  acondicionamento  original,  em 
caixas,  regulando  75  quilogramas  líquido. 

8.**  Acha  V.  Ex."'  conveniente  organizar em-se  pequenos  mostruá- 
rios, para  se  enviarem  às  Associações  Comerciais,  designando  preço  no 
local  da  produção,  qualidades,  procedências,  direitos  e  mais  detalhes, 
habilitando  os  exportadores  a  abastecerem  o  mercado  consoante  as  exi- 
gências da  procura  e  da  oferta  ? 

Muito  conveniente,  pois  parece  que  só  benéficos  podem  ser  esses 
informes  a  quem  se  propõe  exportar,  devendo  alargar-se  a  remessa 
de  mostruários  aos  próprios  exportadores. 

9.''  Na  afirmativa,  qual  a  jorma  mais  prática  de  obter  esses  mos- 
truários ? 

A  casa  Dias  Garcia  &  6'.",  desta  praça,  também  se  ofereceu  gra- 
ciosamente para  organizar  esses  pequenos  mostruários,  como  já  an- 
teriormente o  tinha  feito  para  resina  de  pinheiro. 

10.°  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro,  para  produtos  desta  natureza,  contra  conhecimento,  à  vista, 
a  pronto  pagamento  (30  dias)  ou  a  prazo? 

O  mais  usual,  contra  saque  a  90  d/v,  e  em  alguns  casos  a  120. 

11."     Qual  a  forma  de  expedição,  embarque,  etc,  Fob  ou  Cif? 

Estas  mercadorias  geralmente  sâo  embarcadas  Fob. 

12."  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores  por- 
tugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  pagamento? 

Limitando  o  exportador  as  suas  exigências  nas  condições  de 
pagamento,  de  conformidade  com  as  estabelecidas  pelo  comércio  de 
outras  nações,  poderia  o  importador  com  maior  facilidade  desenvol- 
ver a  venda  do  artigo,  de  que  resulta  sempre  a  possibilidade  de  to- 
marem os  negócios  maior  vulto. 

13.°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex.^  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Seria  talvez  de  grande  conveniência,  para  o  fim  que  se  tem  em 
vista,  as  Associações  Comerciais  do  Brasil  e  de  Portugal  represen- 
tarem perante  os  respectivos  Governos  no  sentido  de,  mediante  um 
convénio  comercial,  conseguirem-se  compensações  de  parte  a  parte, 
facilitando-se  por  esta  forma  o  intercâmbio  luso-brasileiro. 


5IÍ 


A  importaçáo  geral  de  gomas,  reainas  e  bálsamos  naturais,  regula 
em  média  anualmente,  quatrocentos  contos,  cabendo  à  Alemanha, 
um  terço,  seguindo-se  pela  sua  ordem  as  Possessões  Inglesas,  Ingla- 
terra. Franca  e  Itália. 


Para  obtermos  os  esclarecimentos  para  a  organização  do  pre- 
sente questionário,  consultamos  as  seguintes  firmas  comerciais  desta 
praça:  Agostinho  Ferreira  &  Irmão,  Dias  Garcia  &  C."',  Freitas  Couto 
&  C.",  Gonçalves  Campos  &  C."',  Gonçalves  Castro  &  C.'*,  J.  F.  San- 
tos &  C.^  J.  Bainho  rf-  C.""  e  Navio  &  Enes. 

Prontamente  nos  atenderam  os  srs.  Dias  Garcia  &  C",  J.  F. 
Santos  &  C.^  J.  Bainho  &  6'/'  e  Navio  &  Enes,  deixando  de  o  fazer 
os  srs.  Agostinho  Ferreira  <&  Irmão  e  Freitas  Couto  &  C",  por  nâo 
importarem  actualmente  os  artigos;  os  srs.  Gonçalves  Castro  &  C", 
por  terem  liquidado  o  seu  negócio,  e  os  srs.  Gonçalves  Campos  &  C."', 
por  nâo  terem  respondido  em  devido  tempo. 


CLASSE  III 


Artigos  manufacturados 


J — Algodão  com  e  sem  mescla: 

Questionário  n."  7 

1.     Roupa  feita. 

A  Estatística  Comerciai  Brasileira,  acusa  uma  grande  oscilação 
de  valores,  durante  o  decénio  de  1905  a  1914,  para  roupa  feita  de 
algodão,  principalmente  de  procedência  portuguesa. 

A  designação  de  roupa  feita,  abrange  todos  os  artefactos  em 
tecido  de  algodão,  excepto  o  de  malha,  para  uso  feminino  ou  mas- 
culino. 

Para  esta  mercadoria,  a  Estatística  Comercial  nâo  se  refere  a 
quantidades,  portanto  limitar-nos  hemos  a  dar  somente  os  valores 
da  importação,  no  citado  decénio,  de  origem  portuguesa,  em  con- 
fronto com  a  importação  geral,  isto  é,  de  todas  as  procedências: 


Anos 

Portugal 

Importarão  geral 

1905.      .      .      .       803:77GaX)O 

3.242:2638000 

190G. 

688:25GS000 

3.404:0188000 

1907. 

912:534S000 

4.024:55881  XX) 

1908. 

333:877í$00O 

2.175:1768000 

1909. 

r:)H4:635SaX) 

2.504:0148000 

1910. 

742:648S01X) 

3.363:(>588aX) 

1911. 

627:943S5000 

3.725:804SaX) 

1912. 

323:836S(XK) 

3.524:9118000 

19ia. 

215:946S0U) 

3.468:6458tKX) 

1914. 

1Õ9:()Õ4SOOO 

1.440:7318000 

56 


O  ano  de  1904,  nâo  compreendido  no  decénio,  teve  o  movi- 
mento de  ]  .055:293S000  réis  para  Portugal,  o  maior  que  se  registou 
desde  a  criação  da  referida  Estatística.  A  importação  geral  foi  de 
3.925:664$000  réis,  cerca  de  cem  contos  menos  que  em  1907. 

Pelo  pequeno  quadro  acima  se  verifica  o  movimento  oscilatório 
da  mercadoria  portuguesa,  durante  os  dez  anos,  e  que  acompanha 
mais  ou  menos  as  alternativas  da  importação  geral,  durante  os  pri- 
meiros cinco  anos  do  decénio,  nâo  sucedendo  outrotanto  no  segundo 
quinquénio.  Nos  dois  primeiros  anos,  a  importação  dos  nossos  arte- 
factos decresceu  367:OOOSOO(3  réis  em  relação  a  1904,  emquanto  que, 
a  importação  geral  diminuía  em  1905,  aumentava  no  ano  seguinte, 
e  atingia  o  valor  máximo  em  1907.  A  importação  de  origem  portu- 
guesa nesse  ano  também  aumentou  224  contos  atingindo  igual- 
mente o  valor  máximo  do  decénio.  Em  1908  houve  uma  diminuição 
brvisca  de  578:657S000  réis,  ou  sejam  63,4  7o  P^^^  o  artigo  portu- 
guês, em  contraste  com  uma  baixa  de  45,9  7o  ^o  movimento  geral. 
Nos  dois  anos  seguintes,  houve  um  aumento  para  n(')s  de  408  con- 
tos, notando-se  em  1910,  o  valor  de  742:648^000  réis,  o  maior  que 
se  registava  desde  1907,  ano  de  maior  entrada  do  artigo  no  mer- 
cado. Em  1911  a  nossa  exportação  de  roupa  feita  para  o  Brasil 
começou  a  declinar,  e  precisamente  nesse  ano,  registou-se  um  sen- 
sível aumento  na  importação  geral,  o  segundo  em  importância  em 
relação  ao  decénio.  Entre  este  ano  e  o  de  1907,  que,  como  já  disse- 
mos, foi  aquele  em  que  houve  maior  movimento,  a  diferença  é 
apenas  de  300  contos.  Exclusão  do  ano  de  1914,  por  náo  poder  ser- 
vir de  base,  pois  que  a  anormalidade  da  situação,  baixou  em  média 
a  50  7o  ^  importação  geral  de  todas  as  mercadorias,  e  para  esta  a 
baixa  foi  de  58,4  7o)  comparando  o  movimento  de  1910,  para  Por- 
tugal, 742:648^5000  réis,  com  o  de  1913,  215:946^000  réis,  vê-se  que 
este  movimento  foi  apenas  de  29  ^/^  em  relação  àquele,  havendo 
portanto  uma  diferença,  para  menos,  de  526:702S000  réis,  ou  se- 
jam  71  7o. 

Fazendo  também  o  confronto  do  valor  da  mercadoria  importada 
em  1904,  1.055:293^000  réis,  o  ano  de  maior  movimento  para  a 
artefacto  português,  e  o  valor  alcançado  em  1913,  215:946^000  réis, 
veremos  que  este  último  está  na  proporção  de  20,5  "/o  em  relação 
ao   primeiro,   e  teremos   uma  diferença  para    menos    em   1913,   de 


839:347S000  réis,  ou  sejam  79,5 


0/ 


o- 


Na   importação   geral,   nota-se   também   tendência  para   menor 


Ò( 


procnrii  do  artigo,  no  entanto  nao  ostú  cm  pvopoiváo  com  a  dife- 
rença de  71  °/o  que  tivemos  em  igual  período.  A  diferença  entre 
1913  e  1911,  foi  de  257:lõ9$0a)  réis,  ou  sejam  G,9  Vo-  Entre  1913 
e  1907,  houve  a  diminuição  de,  relativamente  ao  primeiro,  réis 
555:913S0C)0,  ou  sejam  13,8  %. 

Mantivemos  até  1910,  excepção  do  ano  de  1908,  uma  certa  ])re- 
ponderància  no  mercado,  ocupando  o  segundo  lugar  pela  ordem  do 
valor  da  importação,  como  se  verifica  pelo  pequeno  quadro  demons- 
trativo que  segue: 

Colocação,  segundo  importância,  das  diversas  nações 
que  disputaram  o  mercado  brasileiro 


1.**  —  Áustria 
2.0  —  Portugal 
3.°  —  França 
4."  —  Alemanha 
õ.°  —  Inglaterra 
(3.«  —  Itália 


Áustria 

Portugal 

França 

Alemanha 

Inglaterra 

Itália 


Áustria 

Portugal 

França 

Alemanha 

Inglaterra 

Itália 


Áustria 

França 

Alemanha 

Portugal 

Inglaterra 

Itália 


1  :»m!i 

Áustria 

Portugal 

França 

Alemanha 

Inglaterra 

Itália 


1.°  —  Áustria 
2.0  —  Portugal 
3.0  —  França 
4.0  —  Alemanha 
5.0  —  Inglaterra 
(1.0  _  Itália 


Áustria  França 

Alemanha  Áustria 

França  Alemanha 

Portugal  Inglaterra 

Inglaterra  Portugal 

Itália  E.  U.  América 

—  Itália 


1913 

Alemanha 

Áustria 

França 

Inglaterra 

Portugal 


França 

Inglaterra 

Alemanha 

Áustria 

Portugal 


E.  U.  América    E.  U.  América 
Itália  Itália 


A  Áustria  manteve  a  primazia  até  1912,  passando  em  1913 
para  o  2.°  lugar  e  em  1914  para  o  -1.°  A  Alemanha  só  conseguiu 
destacar-se  em  1913.  Portugal,  como  já  dissemos,  até  1910,  man- 
teve-se  em  2.^  lugar,  excepto  em  1908,  que  ocupou  o  4.°,  passando 
repentinamente  em  1911  a  ocupar  esse  mesmo  lugar,  e  no  ano 
seguinte  passou  para  o  5.",  posição  que  ainda  conservava  no  ano 
findo.  A  Itália,  que  de  ano  para  ano  aumentava  a  sua  exportação, 
conservando-se  sempre  em  6.^  lugar,  viu-se  desalojada  pelos  E.  U. 
da  América  do  Norte  a  partir  de  1912.  Nos  anos  anteriores,  a  im- 
portação  da  grande  Repiíhlica  Americana    era   insignificantíssima. 


58 


Nâo  sabemos  a  que  atribuir  a  baixa  que  se  nota  na  importação 
das  nossas  manufacturas  de  roupa  jeita.  A  Estatística  Comercial  é 
elal)orada  pelas  facturas  consulares ;  na  verdade,  estas,  muitas  vezes 
nâo  designam  detalhadamente  o  conteúdo  dos  volumes,  ou  por  con- 
veniência ou  por  inadvertência;  o  facto  dá-se  e  será  talvez  esta,  uma 
das  causas  do  suposto  declínio  da  nossa  exportação.  Mais  adiante 
trataremos  deste  assunto. 

A  diferença  de  câmbio,  não  pode  ser  atribuída,  pois  que,  o  cál- 
culo da  importação  da  moeda  brasileira-papel,  tem  sido  feito  por 
aquela  Repartição  ao  câmbio  de  16  d.,  adicionando-se-llie  o  ágio  res- 
pectivo, ao  câml)io  médio  do  mês  anterior,  para  acliar  a  equivalência 
em  ouro. 

O  desenvolvimento  da  indústria  nacional,  será  talvez  o  princi- 
pal factor  para  menor  procura  do  nosso  artefacto ;  no  entanto, 
a-pesar-de  bem  montada  para  grande  produção,  e  de  gosar  uma 
protecção  pautal,  que  taxa  as  manufacturas  similares  num  direito 
quási  proibitivo,  essa  indústria  luta  ainda  com  dificuldades  na  im- 
portação de  matéria-prima,  que  não  se  fabrica  no  país  e  que  tem 
um  direito  bastante  elevado,  principalmente  para  tecidos  finos.  Os 
dados  estatísticos  oficiais  sobre  esta  indústria  são  muito  deficientes; 
no  entanto  podemos  fazer  uma  pequena  referência  à  sua  laboração 
até  1908,  ano  a  que  se  procedeu  a  um  rigoroso  inquérito.  Existiam 
nesse  ano  em  todo  o  Brasil,  31  fábricas  de  roupas  brancas,  sendo  9 
no  Distrito  Federal,  ou  cidade  do  Rio  de  Janeiro,  6  em  (xoiaz,  5  em 
8.  Paulo,  4  na  Baía,  3  no  Rio  Gírande  do  Sul,  2  em  Santa  Cata- 
rina e  uma  para  cada  um  dos  Estados  de  Pernambuco  e  Pará. 
O  número  dos  operários  elevava-se  a  2;218  e  o  capital  empregado 
era  de  3.151:000!íSCKX)  réis,  com  uma  produção  anual  no  valor  de 
6.298:500$000  réis.  Em  1911,  essa  produção,  segundo  parece,  atin- 
gira já  10.453:a30$00()  réis. 


Há  na  Estatística  Brasileira,  um  artigo  designado  por  manufa- 
cfaras  de  algodão  não  especificadas,  que  necessita  uma  referência 
especial  devido  ao  incremento  na  importação  dos  últimos  anos. 

O  movimento  de  origem  portuguesa,  em  confronto  com  o  geral, 
foi  o  seguinte ; 


59 


Anos 


UX)5 

i;tO(i 

lUOT 
1908 
190:1 
1911) 
1911 
1912 
l!tl:J 
19U 


Portugal 


Quilogramas  Valores 


1: 

l: 
o. 

15 
43 


701 
4-2] 
4!>(i 
340 
895 
303 
213 
046 


.■í(:S,'-:.j 
11:700 


10:138^CX)0 

53:110|;000 

29:04!  ȇOOO 

12:240,5000 

23:099á!000 

16:451áí000 

128:048ií!000 

401:4041000 

304:8001:000 

1 1 7:300)5001 1 


Importação   geral 


Quilogramas  Valores 


1.363:956 
1.450:005 
1.945:805 
1.339:428 
1.394:308 
2.029:215 
2.020:443 
2.491:379 
1.770:307 
051:928 


5.194:337ií;0(X) 

5.789:554^1000 

8.907:881ÍÍ0()0 

0.305:458Í000 

0.(X)3:708ÍOOO 

9.529:027(S(X)0 

11.927:963^aiO 

11.707:009|!000 

10.150:449ií!000 

3.953:2001000 


(^  valor  das  manufactiiras  não  especipcadas,  é  deveras  impor- 
tante para  Portiiçíal,  nos  anos  de  1911  a  191.'í,  acompanhando  o  mo- 
vimento da  importação  geral.  Estão  compreendidas  nesta  rubrica, 
todas  as  mercadorias  não  mencionadas  em  especial,  na  classificação 
geral  da  respectiva  estatística,  assim  como  todas  aquelas  que  nâo 
venliam  especificadas  nas  facturas  consulares.  E  muito  frequente 
nas  facturas,  designar  simplesmente:  manufacturas  de  algodão,  que 
tanto  podem  ser  simples  tecidos,  artefactos  de  malha,  etc,  etc.  Essa 
designação  ambígua,  tanto  pode  ser  atribuída  a  negligência  no  acto 
de  preencher  os  documentos  de  embarque  como  a  conveniência  tari- 
fária. 

Analisando  o  aumento  da  importação  nos  três  anos  já  citados, 
deduzir-se  liia  que  esse  aumento  era  consequência  do  declínio  da 
nossa  exportação  de  roupa  feita,  mas  comparando-se  a  importação 
geral  em  que  se  nota  também  considerável  aumento,  não  se  acha 
facilmente  o  motivo  dessa  discordância,  tanto  mais  que  para  ro^í^Ja 
feita,  nâo  se  conhecem  as  quantidades,  e  para  manujacturas  não  es- 
pecipcadas,  menciona-se  anualmente  o  número  de  quilogramas. 

A  roupa  feita  de  algodão,  outrora  tão  procurada  no  mercado 
brasileiro,  e  hoje  de  consumo  bastante  reduzido,  foi  objecto,  por 
parte  da  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  o  Fndústia,  de  um  cuida- 
doso estudo,  para  o  ressurgimento  da  sua  preponderância  no  mer- 
cado, tratado  nos  dezoito  quesitos  seguintes: 


60 


QUESTIONÁRIO 

1°  Como  se  vê  pela  Estatística  Comercial,  a  roupa  feita  de  algo- 
dão, de  procedência  portuguesa,  teve  em  outras  épocas  gratiãe  aceitação 
no  mercado  do  Brasil;  porém,  infelizmente,  de  ano  para  ano,  vai  decli- 
nando o  valor  da  sua  importação.  Julga  V.  Ex."'  oportuno  tentar  o  res- 
surgimento do  comércio  desse  artigo  nos  mercados  hrasileiros? 

A  os.cilaçâo  nos  valores  e  o  franco  declínio  que  se  nota  na  im- 
portação, a  partir  de  1911,  na  roupa  feita,  em  contraste  com  o  sen- 
sível aumento  em  idêntico  período  para  manufacturas  de  algodão  não 
especificadas,  podem  talvez  atribuír-se  à  incompleta  designação  nas 
facturas  consulares,  por  conveniência  na  aplicação  de  taxas  alfande- 
gclrias. 

As  manufacturas  principalmente  exportadas  de  Portugal  com  a 
designação  de  roupa  Jeita,  constam  de  camisas  e  ceroulas  para 
homem.  Os  Estados  de  Pará  e  Amazonas  teem  sido  os  maiores  con- 
sumidores do  artigo,  devido  ao  grande  número  de  portugueses  ali 
residentes,  geralmente  em  boas  condições  pecuniárias.  Com  a  crise 
da  borracha,  o  consumo  naqueles  Estados  deve  ter  diminuído  enor- 
memente. De  Pernambuco  até  ao  Rio  Grande  do  Sul,  nâo  deve  ter 
havido  alteração,  pois  o  consumo  conserva-se  estacionário. 

Uma  outra  causa  do  decrescimento  na  importação  da  manu- 
factura portuguesa,  deve  ser  o  desenvolvimento  que  tem  tido,  de 
ano  para  ano,  a  indústria  nacional.  Entretanto  para  o  artigo  médio 
e  fino,  o  fabrico  português  é  superior. 

2.°  Na  afirmativa,  pode  V.  Ex."'  indicar  a  maneira  de  se  levar  a 
efeito  tão  grande  beneficio  em  favor  da  iyidústria  da  camisaria  portu- 
guesa ? 

Para  maior  expansão  da  manufactura  do  nosso  país,  seria  neces- 
sário que  o  fabricante,  tivesse  sempre  stock  que  lho  permitisse  aten- 
der com  certa  rapidez  qualquer  encomenda,  por  mais  avolumada 
que  fosse.  Hoje  já  se  satisfazem  pedidos,  relativamente  com  pouca 
demora,  mas  em  outros  tempos,  houve  encomendas  que  demoravam 
perto  de  um  ano,  emquanto  que  os  austríacos  e  alemães,  executa- 
vam-nas  dentro  do  prazo  máximo  de  cinco  meses. 

A  insistência  por  parte  dos  fabricantes,  visitando  o  mercado, 
com  mostruários  bem  organizados  e  sortidos,  acompanhando  o  pro- 
gresso da  indústria   em   outros   países,   poderia   iníiuir  muitíssimo 


61 


para   o   ressurgimento   do  comércio  desta  manufactura  no  mercado 
brasileiro. 

•  3."  E  y.  Ex"  de  parecer  que  a  nossa  indústria  se  acha  ajjare- 
Ihada  para  sortir  o  mercado  do  Brasil,  e  que  o  preço  e  qualidade  da 
mercadoria  podem  competir  com  os  similares  das  outras  nações? 

Para  o  artigo  médio  e  bom  ou  fino,  de  camisaria  propriamente 
dita,  a  nossa  fabricação  rivaliza  com  a  similar  de  outras  proce- 
dências. 

Os  nossos  colarinhos  eram  10  "/„  mais  caros  que  os  ingleses  e 
austríacos,  sendo  no  entanto  de  qualidade  perfeitamente  igual.  Cora- 
parando-os  com  o  artigo  fino  de  Berlim,  o  preço  era  igual,  mas 
inferiores  em  qualidade  e  fabrico. 

Actualmente  com  a  taxa  favorável  de  câmbio  em  Portugal,  o 
nosso  artigo  deve  sair  por  um  custo  inferior  ao  austríaco,  ou  pelo 
menos,  o  seu  preço  nao  o  deve  ultrapassar. 

Para  manufacturas  de  inferior  qualidade,  é  inútil  tentar  com- 
petir com  a  indústria  brasileira,  muito  l)em  instalada  para  produzir 
em  larga  escala,  um  artigo  barato  de  custo  igual  ao  estrangeiro  e 
beneficiada  por  uma  protecção  pautal,  em  que  o  direito  sobre  a 
mercadoria  estrangeira,  quási  iguala  o  custo  da  nacional. 

4.°  Quais  os  países  produtores  que  teem  hoje  a  preferência  nos 
mercados  brasileiros  ? 

Até  1911,  seguindo  a  ordem,  foram:  Áustria,  Portugal,  França, 
Alemanha  e  Inglaterra.  De  1912  em  diante,  França,  Áustria,  Ale- 
manha, Inglaterra  e  Portugal. 

õ."     Qual  o  custo  desses  artigos  no  local  da  produção  ? 

A  variedade  de  preços  é  enorme;  todavia,  para  os  artigos  mais 
correntes,  sâo  de  30  a  80  francos  por  dúzia  de  camisas,  nâo  com- 
preendendo encaixotamento  e  frete. 

6.°  Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  o  produto  no  mercado 
h'asileiro  ? 

Para  camisas  de  algodão,  lisas  ou  com  pregas  (dúzia),      .  15S000 

Idem,  idem,  com  peito  de  linho  (dúzia) 30S000 

Ceroulas  de  algodão  (dúzia) 13S000 

Colarinhos  (dúzia) 3S600 

Punhos  (dúzia  de  pares) 5S000 


A  razão  para  todos  os  artigos  é  de  60  "/o. 


62 


Estes  direitos  sâo  pagos  da  seguinte  forma:  35  ^/q  em  ouro  e 
65  %  em  papel.  Acresce  ainda,  2  "/q  ouro  para  melhoramentos  do 
porto,  capatazias,  armazenagem,  agência,  etc,  perfazendo  um  total 
de  208800  réis  para  as  primeiras,  43$200  réis  para  as  segundas,  e 
18S050  réis  para  as  ceroulas.  Damos  dois  modelos  de  despachos,  um 
para  camisas  e  outro  para  ceroulas: 

Fórmula  de  um   despacho  para  camisas 


Dois  volumes  contendo  quarenta  dúzias  de  camisas  de 
algodão,  lisas. 

Eazâo  60  7o  — 40  dúzias  a  lõSOOO  réis 6(X)S000 

Estatística S040 

Ouro  2  7o  (M.  do  porto) 20S000 

Réis (320âi;OJrO 

Ouro  35  7o 210S000 

»   2  7o •_  •   ■     20$000 

2308000 

Papel .           390$040  620S040 

Custo  de  230S000  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  414$(X)0 

Papel 3908040 

Armazenagem  (um  mês) 108000 

Capatazias 18500 

Agência 1282_0O 

Carreto 38000 

Réis 8308740 


Despesa  por  dúzia,  réis      .      .      .      . 


208800 


Nota  —  Camisas   com   peito   de  linho,    da  taxa  de  308000  réis, 
teem  a  despesa  de  438200  réis. 


63 


Fórmula  de  um   despacho  para  ceroulas 

Uma   caixii   contendo    ([narcnta   diízias  de  ceroulas  de 
alo;odáo. 

Razão  GO  7„— 10  dúzias  a  laSíB")  réis 520S000 

Estatística ÍO20 

Ouro  2  7;,  (M.  do  porto) 17S330 

Réis õ:'.7S;35(3 

Ouro  35  7o 182S000 

>   2  7„ 17S330 

199S330 
Papel 338S020  Õ37S3ÕO 

Custo  de  199S330  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  358S800 

Papel 338S020 

Capatazias 1S500 

Armazenagem  (um  mês) 8S670 

Agência 12$200 

Carreto Ig5500 

Kéis 7208690 

Despesa  por  dúzia,  réis     ....  18SO50 

7."  Quais  os  padrões  de  tecidos,  tipos  mais  usuais,  números,  di- 
mensões, etc,  de  maior  consumo  no  Brasil? 

A  camisa  está  sujeita  à  contingência  da  moda,  por  isso  é  muito 
difícil  fixar  tipos.  Actualmente  teem  maior  procura  camisas  de  cores 
lisas,  peito  pregueado,  punhos  voltados,  simplesmente  passados  a 
ferro,  ou  ligeiramente  engomados  e  colarinho  duplo  mole  nas  mes- 
mas condições.  Também  se  vende  a  mesma  camisa  sem  colarinho. 
A  numeração  mais  usual,  é  de  35  a  42. 


64 


S°  Acha  V.  Ex/'  conveniente  que  se  organizem  mosfruários  para 
se  enviarem  às  Associações  Comerciais  Portuguesas,  designando:  pa- 
drões, tipos,  qualidades,  dimensões,  preços,  direitos  e  demais  informações 
que  se  relacionem  com  os  artefactos,  a  fim  de  se  habilitarem  os  industriais 
portugueses  a  satisfazerem  as  exigências  do  mercado  consumidor? 

Seria  muito  preferível  estudar  os  tipos  e  qualidades  que  as 
outras  nações  enviam  ao  mercado.  O  Brasil,  devido  ao  seu  rápido 
desenvolvimento,  acompanha  a  evolução  da  moda,  e  aceita  as  novi- 
dades que  os  países  europeus  adoptam. 

Ao  mesmo  tempo  é  necessário  inquirir,  se  a  nossa  indústria  se 
acha  bem  fornecida  de  matérias-primas  e  aparelhada  para  o  fabrico 
rápido  de  qualquer  encomenda,  por  mais  avultada  que  seja.  Estuda- 
das estas  condições,  e  consideradas  viáveis,  os  fabricantes  organiza- 
riam mostruários  completos  que  confiariam  aos  seus  agentes  ou 
caixeiros  viajantes,  para  percorrerem  periodicamente  o  mercado. 

9.°     Qual  a  Jorma  mais  prática  de  se  ohtereyn  esses  mostruários? 

Como  já  foi  respondido  no  quesito  anterior,  era  muito  preferí- 
vel que  os  mostruários  fossem  feitos  pelos  fabricantes  do  nosso  país, 
de  harmonia  com  as  novidades  dos  grandes  centros  produtores.  De 
resto,  em  Portugal  já  devem  estar  suficientemente  orientados  do 
artigo  aqui  preferido:  o  essencial  é  a  execução  rápida  das  enco- 
mendas. 

10.°  Tem  V.  jEr."  conhecimento  do  grau  de  ajierfeiçoamento  a  que 
chegou  a  indústria  da  camisaria  no  Brasil? 

A  indústria  brasileira  está  muito  l)em  montada,  produzindo  em 
larga  escala  o  artigo,  nas  qualidades  baixas,  porque  a  taxa  alfande- 
gária de  15$000  réis  por  dúzia,  ou  sejam  20$800  réis  com  todas  as 
despesas  acessórias,  náo  permite  a  concorrência  estrangeira.  Esta 
elevada  taxa  representa  para  o  artigo  barato  um  ónus  enorme,  que 
diminui  na  proporção  em  que  o  custo  da  camisa  aumenta. 

No  Rio  de  Janeiro,  segundo  a  estatística  de  1908,  existiam 
9  fábricas  de  roupas  brancas,  sendo  pelo  menos  5,  de  grande  impor- 
tância. Naquele  ano,  o  número  de  fábricas  no  Brasil,  elevava-se  a  31. 

11.°  Pode  a  indústria  portuguesa  competir  emprego  com  camisa- 
ria nacional? 

Perfeitamente,  em  artigos  médios  e  finos:  por  exemplo:  o  tecido 
simples  importado  para  a  confecção  de  camisas,  paga  por  quilo- 
grama, 2$000  réis,  e  o  de  fantasia  tem  a  taxa  pela  mesma  unidade, 
de  4$000  e  5$000  réis,   ou  seja  mais  do  dobro.  Convêm,  portanto, 


65 


que  o  -nosso  fabricante  empregue  do  preferência  este  último,  oom 
cordoes  ou  listas  salientes  e  outros  enfeites.  O  direito  na  manufa- 
ctura, como  já  dissemos,  ó  de  15l$0(X)  réis  por  dúzia  (ou  20S800  réis 
com  as  despesas  acessórias)  e  tanto  faz  que  a  camisa  seja  de  tecido 
liso  ou  do  fantasia.  O  industrial  brasileiro,  tendo  de  pagar  o  dobro 
dos  direitos,  nos  36  metros  de  tecido  que  necessita  para  a  confecção 
de  uma  dúzia  de  camisas,  prefere  utilizar-se  da  matéria-prima  que 
demanda  menor  omprêgo  de  capital. 

12."  Pócle  V.  Exf'  indiear-nos  como  deve  ser  feita  a  embalagem  e 
acondicionamento  dos  variados  produtos  da  camisaria,  garantindo-os  da 
humidade  do  clima  ? 

A  embalagem  usada  para  camisas  é  a  seguinte:  em  caixas  ou 
cartões  de  meia  dúzia,  com  bonita  aparência.  Caixas  de  40  dúzias 
com  o  seguinte  sortimento : 

Tamanhos  ....  35  36  37  38  39  40  41  42 
Dúzias 488         6         6422 

As  caixas  devem  ser  sólidas,  simplesmente  forradas  de  papel 
grosso  limpo,  e  é  preferível  o  de  oleado  impermeável. 

As  fábricas  Confiança,  do  Porto,  o  Ramiro  Leão,  de  Lisboa, 
fazem  a  embalagem  muito  perfeita,  nada  deixando  a  desejar. 

13."  Quais  as  condições  de  pagamento  para  este  artigo,  obsei-vadas 
no  mercado  brasileiro,  contra  conhecimento,  à  vista,  a  pronto  pagamento 
(30  dias)  ou  a  prazo? 

As  condições  da  praxe  sâo :  saque  a  quatro  meses  de  data,  ou  c/ 
corrente  a  prazo  de  seis  meses,  juros  de  6  *^/q  ao  ano. 

14.°  Quais  as  condições  ou  vantagens  na  jorma  de  pagamento^ 
que  a  indústria  nacional  oferece  aos  seus  clientes? 

Na  maioria  dos  casos,  nenhumas.  Para  certas  e  determinadas 
fábricas,  à  vista,  com  5  *^/o  de  desconto,  ou  quando  muito  a  três 
meses. 

15."     Quais  as  condições  de  expedição  e  embarque,    etc,  Fob  ou 
Cif  Rio? 

A  expedição  pode  fazer-se  directamente,  ou  à  ordem,  com  a 
declaração  consular  do  roupa  feita  de  algodão.  Todas  as  mercadorias 
deste  género,  de  qualquer  procedência,  vêem  ao  mercado  nas  seguin- 
tes condições :  loco  Fábrica  com  todas  as  despesas  por  conta  do 
comprador. 


66 


16."  Não  acJui  V.  Ex"  conveniente  que  os  exportadores  'portugue- 
ses, a  exemplo  dos  das  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  bem  remunerados? 

Certamente;  as  duas  principais  fábricas  portuguesas  já  o  teem 
feito  por  diversas  vezes.  No  entanto,  ó  -necessário  que,  de  futuro, 
esses  caixeiros  viajantes  venham  munidos  de  mostruários  bem  sor- 
tidos, e  conhecedores  da  mercadoria  que  pretendem  lançar  no  mer- 
cado, nâo  contando  de  antemão,  com  o  tão  apregoado  patriotismo 
de  épocas  passadas. 

17.**  Não  lhe  parece  ([ue  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
jyortugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  paga- 
men  to  ? 

Muitas  vezes  as  vantagens  de  pagamento,  podem  facilitar  tran- 
sacções. Esta  mercadoria  foi  sempre  negociável  pelo  sistema  de 
entrega  na  fábrica,  com  todas  as  despesas  de  embalagem,  transporte, 
embarque  e  frete  até  ao  porto  de  destino,  por  conta  do  comprador, 
nâo  se  devendo  portanto  alterá-lo. 

18.**  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex.^''  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Quási  todos  os  importadores  consultados,  sáo  de  opinião,  com- 
petir aos  fabricantes,  principais  interessados  na  venda  de  suas  ma- 
nufacturas, estudar  a  melhor  forma  de  introduzi-las  nos  mercados 
que  pretendem  conquistar. 


A  firma  Costa  Pereira  d-  C",  sugeriu-nos  a  seguinte  ideia :  seria 
de  grande  vantagem  obter  do  Congresso  Brasileiro,  redução  da  taxa 
das  camisas  de  algodão  com  peito  de  linho,  de  30S000  réis  para 
20S000  réis  por  dúzia.  Todos  os  importadores  pedem,  çle  há  muito 
esta  redução.  Confeccionar  uma  camisa  de  algodão  com  peitilho  de 
linho,  aumenta-lhe  insignificantemente  o  custo  e  de  nenhum  modo 
■se  justifica  que,  por  esse  motivo,  o  direito  seja  elevado  ao  dobro. 

Já  foi  demonstrada  a  equidade  da  redução  da  taxa,  num  trabalho 
feito  pelos  importadores,  a  prop<3sito  do  projecto  de  revisão  da  tarifa 
^e  apresentado  por  intermédio  desta  Câmara  ao  Ex.""'  Sr.  IVIinistro 
da  Fazenda.- 


A  firma  Costa  Pacheco  c€'  C.^,  convidada  em  última  instância,  a 
elucidar-nos  mais  circunstanciadamente  no  desempenho  da  nossa 
missão,  acrescentou  as  seguintes  considerações: 

Nâo  havendo  em  Portugal,  produção  de  tecidos  pr()prios  para  a 
confecção  de  roupas  brancas,  é  necessário  importar  de  Inglaterra  a 
matéria-prima ;  os  nossos  industriais,  forçosamente  teem  de  acres- 
centar ao  custo  de  fabrico,  as  despesas  de  transporte,  carga  e  des- 
carga, naquele  país  e  em  Portugal  (os  direitos  sâo  restituidos  pelo 
clrawhacJc),  encarecendo  a  manufactura  que  expedem  para  o  Brasil  e 
que  por  conseguinte  não  pode  chegar  aqui  com  preço  inferior  ao 
das  outras  nações  concorrentes. 

Essa  despesa,  é  ainda  aumentada  com  o  elevado  custo  dos  fretes 
de  Portugal  para  aqui,  obrigando  os  nossos  fabricantes  a  diminuírem 
nos  seus  lucros,  o  excesso  que  teem  nas  despesas  actuais,  isto,  se 
quizerem  colocar  no  mercado  o  artigo  por  preço  igual  ao  dos  outros 
mercados  exportadores. 

Se  as  despesas  pudessem  ser  reduzidas  na  proporção  da  menor 
distância  recebendo-se  aqui,  a  nossa  mercadoria,  mais  barata  que  a 
sua  congénere  de  países  mais  longínquos,  seria  incalculável  o  aumento 
que  poderia  ter  o  consumo  de  roupa  branca  portuguesa  em  todo  o  Brasil. 


Responderam  ao  nosso  questionário,  os  seguintes  importadores : 
Castro  Lopes,  Brandão  &  C."' ;  Coelho  Bastos  &  C.^,  Costa  Pacheco  &  C.^, 
Costa  Pereira  &  C/%  Ferreira  Serpa  &  C",  J.  P.  de  Sousa  &  C",  João 
Reinaldo,  Coutinho  &  C."':  Júlio  Morais  &  C."',  Ramos  Sobrinho  &  C."', 
e  Vasco  Ortigão  d'  C."^,  deixando  de  o  fazer  o  srs.  Cunha  Cal- 
deira d-  C",  por  nâo  importassem  o  artigo,  e  João  Vieira  Nunes,  por 
se  achar  em  liquidação. 


68 


Questionário  n."  8 


2.     Tecidos. 


Diminuta  tem  sido  a  nossa  exportação  de  tecidos  de  algodão  para 
este  mercado.  A  Estatística  Comercial  Brasileira,  classificou  os  teci- 
dos deste  filamento  em  cinco  grupos :  brancos^  crus,  estaminados,  tintos 
e  não  especificados. 

As  quantidades  e  valores  das  manufacturas  de  origem  portu- 
guesa, compreendidas  sob  a  rubrica  acima,  e  importadas  nos  últimos 
dez  anos,  cifram-se  nos  seguintes  algarismos: 


1.**     Tecidos  brancos. 


Anos 

1905 
1906 
1912 


Quilogramas 

Valores 

3:467 

7:427S000 

40 

394S0OO 

850 

921S000 

Nos  outros  anos  nâo  houve  importação. 


2.°     Tecidos  crus: 


Anos 

1905 
1906 
1907 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 


Nâo  houve  importação  nos  outros  anos. 


Quilogramas 

Valores 

122 

298S000 

361 

778^000 

160 

3178000 

212 

5128000 

511 

1.343SO0O 

226 

3848000 

450 

8538000 

559 

1:4598000 

eí9 


3."     Tecidos  estampadoa: 

Anos  Quilogramns  Valores 

1905 4  25S(X)0 

1906 210  910í§000 

1908 878  2:152kSO0O 

1913 9  109$000 

Nos  outros  anos  não  houve  movimento. 


4.'     Tecidos  tintos: 

Anos  Quilogramas  Valores 

1905 68  1:125^000 

1909 284  1:854S000 

1910 87  667SOOO 

1913 165  2:4348000 

Nos  outros  anos  nâo  se  registou  importação. 


5."     Tecidos  não  especificados 


Anos 

Quilogramas 

V^alores 

1905 3:658 

14:787S000 

1906 

. 

394 

2:52(^SO0O 

1907 

640 

2:263S000 

1908 

1:299 

12:5018000 

1909 

3:287 

12:0918000 

1910 

3:404 

29:2628000 

1911 

416 

3:0158000 

1912 

260 

1:6968000 

1913 

1:022 

5:ail8»300 

1914 

1:340 

4:7508000 

70 


Como  já  tivemos  ocasião  de  salientar  no  questionário  de  Roupa 
feita,  sâo  incluidos  no  grupo  de  tecidos  não  especificados,  todos  aqueles 
que  vêem  ao  mercado  com  designação  pouco  explícita,  nas  facturas 
consulares,  notando-se  por  esse  facto,  maior  movimento  neste  grupo, 
do  que  nos  quatro  anteriores. 

Até  1890,  o  Brasil  foi  tributário  da  Europa  nos  tecidos  de  algo- 
dão, mas  nos  últimos  25  anos,  a  indústria  nacional  adquiriu  um 
extraordinário  desenvolvimento,  podendo-se  afirmar,  que  metade  do 
consumo  é  produzido  no  país  e  75  ^/q  da  produção  é  consumida 
pelas  classes  proletárias.  Quási  todas  as  fábricas  brasileiras  reúnem 
a  fiação,  tecelagem,  branqueamento,  tinturaria,  acabamento  e  estam- 
paria. As  mais  importantes  rivalizam  em  fabrico  com  o  similar 
estrangeiro. 

Segundo  o  cálculo  da  produção  em  1911,  baseado  na  arrecada- 
ção dos  impostos  de  consumo,  existiam  em  todo  o  território  da 
República  Brasileira  190  fábricas  de  tecidos  das  seguintes  matérias- 
primas :  Algodão,  la,  linho  e  seda.  Não  possuimos  bases  seguras 
para  fixar  o  número  das  primeiras;  no  entanto,  poder-se  liá,  pelos 
impostos  que  se  arrecadaram  nesse  ano,  fazer  um  cálculo  aproxi- 
mativo da  produção.  A  indústria  de  fiação  e  tecelagem  produziu 
190.470:763$000  réis,  e  o  respectivo  imposto  de  consumo  foi  de 
8.876:000S000  réis.  Além  desta  importantíssima  verba,  sujeita  ao 
imposto  de  consumo,  há  ainda  a  acrescentar  as  manufacturas  que 
não  estão  sujeitas  àquele  imposto,  e  que  foram  de  8.179:836S000  réis, 
perfazendo  um  total  de  198.650:599^000  réis. 


71 


Para  os^  tecidos  fie  algodão  propriamente  ditos ^  temos  a  seguinte 
produção,  baseada  nos  impostos  arrecadados: 


Fabrico   de  379.269:123  metros   de  tecidos  criis 

brancos,  tintos  o  estampados 

Branqueamento  de  573:472  metros  de  tecido  crú 
Estampagem  em  12.895:051 


Manufacturas  do   mesmo  filamento,  não  sujeitas  a 
imposto  de  consumo: 

026:338  dúzias  de  pares  de  meias  2.894:8598000 

14:000  dúzias  de  toalhas.      .      .  77:0O0SOOO 
354:675  dúzias  de  camisolas  de 

malha 2.164:7378000 

3.000:000  de  metros  de  renda   .  600:O0OS0CO 

200:000  dúzias  de  lenços     .      .  700:0008000 


Produção  total  dos  tecidos 

Produção  das  manufacturas  de  la,  seda  e  linho 


159.397:3728000 

57:3498000 

1.289:5058000 

160.744:2268000 


6.436:5968000 

167.180:8228000 
198.650:5998000 

31.469:7778000 


Percentagem  da  produção  de  tecidos  de  algodão  84  7o- 

Já  em  1913,  o  número  de  fá])ricas  se  elevou  a  210,  arreca- 
dando-se  de  imposto  de  produção  ou  consumo,  a  C|uantia  de  réis 
13.853:6388450. 

Até  meados  do  ano  findo,  a  indústria  de  tecelagem,  na  Cjual 
há  avultados  capitais  empregados,  desenvolveu-se  consideravelmente, 
montando-se  constantemente  novas  fábricas.  De  então  para  cá.  esta- 
cionou em  consequência  da  crise,  que  cada  vez  mais  se  acentua. 
A  falta  de  anilinas  que  cada  vez  mais  se  faz  sentir,  como  aliás 
sucede  em  todos  os  centros  produtores,  obrigará  ainda  a  indústria 
da  tecelagem  a  inesperados  sacrifícios. 

O  forte  da  produção  nacional  é  em  artigos  triviais,  e  de  maior 
consumo,   tais  como :   panos  crus,  patentes  (denominados  aqui,  mo- 


72 


tins)  abretanhados  (cretones),  riscados,  cotins  (brins),  zefires,  etc. 
Emprega-se  geralmente  no  fabrico  destes  artigos,  os  algodões  médios 
produzidos  nos  Estados  do  Norte,  conhecidos  vulgarmente  por  pri- 
meiros cortes  de  Mossoró,  Pernambuco,  Natal,  Parnaíba  e  Ceará, 
algodões  de  fibra  curta,  porem,  muito  regular  e  resistente,  com  a 
qual  se  consegue  facilmente,  fio  até  ao  número  30;  as  fábricas  mais 
importantes  dedicam-se  ao  fabrico  de  tecidos  finos  de  fantasia,  tin- 
tos, cores  lisas,  listados,  xadrez,  e  também  estampados,  tais  como : 
chitas,  levantines,  cassas  finas  e  ainda  tecidos  abertos  brancos,  de 
cor  e  estampados.  Para  os  mais  finos  tecidos  fabricados  com  fios 
n."''  70  e  80,  emprega-se  o  algodão  superior,  qualidade  muito  espe- 
cial, de  fibra  mais  longa  e  sedosa,  muito  limpo,  conhecido  mais  vul- 
garmente por  algodão  do  sertão  Seridó.  Tanto  este,  como  o  de  Caicó, 
ambos  originários  do  Estado  do  Rio  Grande  do  Norte,  sâo  seme- 
lhantes ao  algodão  do  Egipto,  tanto  em  fibra  como  em  óleo  essen- 
cial, prestando-se  portanto  com  vantagem,  para  o  fio  fino  e  merceri- 
zado,  estando  por  conseguinte,  os  fabricantes  habilitados  com  as 
próprias  matérias-primas  do  país  a  produzirem  qualquer  tecido  por 
mais  fino  que  seja. 


A  Grran-Bretanha  predominou  até  hoje  no  mercado  com  as 
suas  manufacturas  da  fibra  do  algodoeiro.  Das  outras  nações  muito 
pouco  se  tem  importado.  Pelo  pequeno  mapa  relativo  ao  ano 
de  1911,  o  de  maior  movimento,  se  pode  observar  a  importância 
das  mercadorias  vindas  daquele  país,  em  confronto  com  a  impor- 
tação geral. 


Tecidos 

Inglaterra 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

Brancos 

1.622:443 
290:652 
1.244:953 
2.857:982 
3.984:635 

5.308:1781000 
708:366$0a) 

5.121:785SO00 
12.445:988$0a) 
15.975:539S(X)0 

1.714:469 
311:.559 
1.323:761 
3.443:297 
7.189:494 

5.862:4õ4$aX) 
754:632$000 

5.427: 1S8$000 
14.566:294$0()0 
28.249:48'.>$oa) 

Crus 

Estampados 

Tintos 

NSo  especificados. . 

73 


Para  os  últimos,  liouvo  uni  certo  movimento  na  importação  de 
outras  oriíJ^ens,  cabendo,  pela  ordem,  uma  parte  à  Alemanha,  ítália, 
Bélgica,  França  e  outras  nações  em  muito  menor  escala;  no  entanto 
a  percentagem  da  Inglaterra  sobre  a  totalidade  da  importação  ainda 
é  de  72  "/V 

Para  á  nossa  indiistria  algodoeira,  muito  desenvolvida  nos  seus 
variados  ramos,  e  lutando  com  falta  de  consumo  na  sua  excessiva 
produção,  julgou  a  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria  do 
Rio  de  Janeiro,  dever  consultar  os  importadores  da  praça,  se  have- 
ria possibilidade  em  promover  avultadas  transacções  comerciais  para 
todas    as    manufacturas   de  algodão.   Este   assunto  foi   tratado   nos 


18  quesitos  seguintes: 


QUESTIONÁRIO 


l.''  A-pesar-de  no  Brasil,  a  indústria  algodoeira  ter  chegado  a  um 
elevado  grau  de  aperjeiçoamento,  ainda  se  faz  uma  larga  importação 
de  tecidos  de  algodão.  Portugal  compartilha  com  bem  dimiyiuta  parcela 
nessa  importação.  Julga.  V.  Ex.'^  que  se  possam  alargar  as  transacções 
comerciais  destas  manufacturas? 

Todos  os  importadores  sâo  de  opinião  ([ue,  Portugal  só  poderá 
desenvolver  a  sua  exportação  de  diversas  classes  do  tecidos  de  algo- 
dão, para  os  Estados  do  extremo  norte  do  Brasil,  Maranhão,  Pará  o 
Amazonas,  onde  a  indústria  nacional  não  está  ainda  em  plena  acti- 
vidade. Os  elevados  fretes  cobrados  pelas  empresas  de  navegação 
costeira,  entre  o  porto  do  Rio  de  Janeiro  e  aqueles  Estados,  difi- 
cultam as  transacções  comerciais  desta  praça,  com  o  norte  do  Brasil, 
o  que  certamente  nao  sucederá  a  Portugal,  devido  a  ter  mais  fáceis 
comunicações  marítimas. 

2."  Na  afirmativa,  o  que  aconselha  V.  Ex."  que  se  faça,  no  sentido 
de  se  tentar  introduzir  em  larga  escala,  nos  mercados  brasileiro-'^,  as 
manujacturas  da  nossa  indústria  algodoeira? 

Para  que  a  exportação  de  tecidos  de  algodão  se  alargue  e  des- 
envolva, torna-se  necessário  que  os  industriais  portugueses,  fugindo 
da  rotina,  mandem  ao  Brasil,  caixeiros  viajantes  de  reconhecida 
competência,  homens  modernos,  cheios  de  actividade  e  capazes  de 
ver  e  observar  com  critério,  as  normas  por  que  se  rege  este  ramo  de 


74 


comércio.  Ao  mesmo  tempo,  nâo  devem  esquecer  que  os  gostos  e 
as  tendências  do  consumidor,  constituem  outro  ponto  importante 
que  deve  merecer  a  atenção  dos  viajantes  portugueses,  pois  a  expe- 
riência tem  demonstrado  quanto  é  prejudicial  a  pretensão  de  querer 
impor  ao  consumidor  do  Brasil,  a  acquisiçâo  de  certos  artigos  que 
lhe  nâo  agradam,  embora  eles,  às  vezes,  sejam  de  bôa  qualidade. 
Em  regra  o  consumidor  brasileiro  prefere  artigos  leves,  vistosos  e 
de  pouco  custo. 

3.°  Quais  as  modificações  a  iíitroduzir  na  inãmtria  portuguesa, 
para  que  esta  possa  competir  com  as  similares  de  outros  países? 

Depende  do  confronto  que  os  fabricantes  devem  fazer  entre  o 
que  produzem  e  as  amostras  que  lhe  fornecerem  os  seus  viajantes. 
Parece,  entretanto,  ser  necessário  nâo  só  modificar  a  parte  técnica 
das  fábricas,  no  sentido  de  melhorarem  constantemente  os  seus  pro- 
dutos, mas  também  visando  aumentar  a  sua  produção,  porquanto  é 
voz  corrente,  nos  mercados  do  Brasil,  que  encomendas  confiadas  a 
representantes,  que  por  aqui  apareceram  em  tempos,  só^  chegaram 
depois  de  muitos  meses  de  espera.  Estes  factos,  além  de  terem  oca- 
sionado o  descrédito  da  indústria  portuguesa,  causaram  prejuízos 
não  pequenos  aos  exportadores,  porquanto  as  mercadorias,  chegadas 
depois  de  longos  meses  de  espera,  foram  postas  à  disposição  dos 
exportadores  e  tiveram  de  ser  revendidas  com  grande  prejuízo. 

4.°  Qual  a  proveniência  dos  tecidos  prejeridos  pelo  mercado  bra- 
sileiro ? 

Aqui  não  há  preferência  por  origens,  dependendo  unicamente  a 
encomenda,  das  qualidades  e  preços  mais  equitativos,  recebendo-se 
no  entanto,  maior  quantidade  de  manufacturas  da  Inglaterra,  como 
sejam:  chitas,  percais,  fustões,  crepes  estampados,  etc. 

5.°     Qual  o  custo  das  diversas  mercadorias  no  local  da  produção  ? 

E  tal  a  diversidade  de  tecidos  finos  que  vêem  ao  mercado,  que 
se  torna  impossível  enumerar  o  custo  dessas  mercadorias. 

6.°     Quais  as  qualidades,  padrões  e  cores  mais  usadas  ? 

Em  tecidos  para  vestidos  tintos  ou  estampados,  é  preferível  o 
peso  de  60  a  100  gramas  por  metro  quadrado.  Em  cotins  (brins),  de 
110  a  200  gramas  pela  mesma  quantidade. 

As  cores  dependem  do  gosto  do  mercado ;  não  são  uniformes. 

7.°  Quais  os  ^tamanhos,  comxjrimentos  e  larguras  que  devem  ter 
cada  peça? 

Em  'regra,   é   preferível,   peças   de  40  a  50  metros,  quando  se 


<o 


trato  do  riscados  listrados  ou  xadrez;  do  36  a  40,  quando  sejam 
tecidos  para  calças  ou  casacos,  e  20  metros  para  tecidos  criís  ou 
patentes. 

8.''     Qual  a  base  ou  número  de  fios  que  deve  conter  cada  10  '"/w^? 

Depende  da  qualidade  do  tecido,  e  o  fabricante  que  deseje  tra- 
balhar em  boa  base,  deverá  dirigir-se  às  Câmaras  Portuguesas  de 
Comércio  e  Indústria,  do  Rio  de  Janeiro,  ou  de  qualquer  dos  outros 
Estados  onde  existam,  pedindo  amostras  de  tecidos  apropriados  aos 
seus  teares  è  à  produção  que  possam  ter. 

9.°  Quais  os  pesos,  mínimo  e  máximo,  dos  tecidos  de  maior  uso 
no  mercado,  por  r^ietro  quadrado  ? 

Da  mesma  forma  que  para  o  quesito  precedente,  os  industriais 
devem  fazer  os  pedidos  de.  informações  para  as  Câmaras  Portuguesas 
de  Comércio. 

10."  Julga  V.  Ex.^  conveniente  organizar  pequenos  mostruários, 
a  fim  de  se  enviarem  às  Associações  Industriais  Portuguesas,  designando 
qualidades  dos  tecidos,  número  de  fios,  peso,  padrões,  preços,  di- 
reitos, etc.  ? 

E  muito  conveniente  organizar  pequenos  mostruários,  fazen- 
do-os  acompanhar  de  instruções  minuciosas;  porem,  só  se  poderão 
colher  resultados  favoráveis,  se  os  industriais,  por  si  ou  por  inter- 
médio de  agentes,  mandarem  ao  Brasil  ^áajantes  idóneos  que  estu- 
dem o  mercado  e  promovam  as  vendas. 

11.°     Na  afirmativa,  qual  a  melhor  forma  de  os  obter? 

Xa  falta  dos  mostruários,  sempre  morosos  na  sua  execução,  o 
mais  prático  seria  os  industriais  requisitarem  às  Câmaras  Portu- 
guesas, todos  os  detalhes  precisos  inerentes  a  cada  especialidade  de 
tecido,  como  seja:  preço  do  mercado  na  ocasião,  direitos  aduaneiros 
e  mais  gravames  fiscais,  peso  e  outras  indicações  necessárias  para 
poderem  desenvolver  o  fabrico. 

12.°  Quais  os  direitos  que  incidem  no  Brasil,  sabre  os  diversos 
tecidos  de  algodão? 

Estão  divididos,  cada  especialidade,  em  oito  classes,  e  cada  uma 
delas  tem  a  sua  taxa  segundo  o  peso  por  metro  quadrado,  como  se 
vê  do  seguinte  quadro : 


76 


Tecidos  lisos  e  entrançados,  não  especificados,  base  10x10  fios 

(Taxas  por  quilograma) 

Crus : 

Até          20  gramas 14S000 

De  20  a  25        » 9S500 

De  25  a  31        ■'> 6^000 

De  31  a  40         » 4S000 

De  40  a  49        » 2S000 

De  mais  de  49  gramas,  1S500  réis  por  metro  quadrado. 

Brancos  : 

Até          20  gramas 20$000 

De  20  a  25         » 13í$000 

De  25  a  31        »  10^000 

De  31  a  40         >  6$400 

De  40  a  49         >  3S200 

De  mais  de  49  gramas,  2^20(3  réis  por  metro  quadrado. 


Tintos  em  peça;  ou  de  fio  tinto  de  uma  ou  mais  cores: 

Até          20  gramas 15^000 

De  20  a  25        ^>  lOSOOO 

De  25  a  31        »  7$500 

De  31  a  40         > 5$000 

De  40  a  49        » 3S0O0 

De  49  a  60        »  2S400 

De  mais  de  60  gramas,  2SO0O  réis  por  metro  quadrado. 


77 


Estampados : 

Até          20  gramas 15l$000 

De  20  a  25         >  lOSOOO 

De  25  a  31         -  7$õOO 

De  31  a  40        >  5S000 

De  40  a  75         ^  3S400 

De  mais  de  7ò  gramas,  3S000  réis  por  metro  quadrado. 


Os  tecidos  lavrados  pagam  de  21S000  réis  a  3S200  réis,  também 
segundo  o  peso  do  metro  quadrado. 

Oídroí^  tecidos  não  especificados  pagam  de  6S000  réis  a  2S000  réis, 
seguindo-se  sempre  a  mesma  norma. 

Acresce  a  estas  taxas,  o  pagamento  de  35  7o  ^ni  ouro,  mais  2  7o 
ouro  para  melhoramentos  do  porto,  capatazias,  armazenagem,  etc, 
o  que  eleva  todas  as  taxas  a  mais  50  7o-  Ha  ainda  o  selo  de  con- 
sumo, que  é  o  seguinte: 

Tecidos  crus,  em  peças,  metro,  10  réis. 

Ditos  brancos  ou  tintos,  em  peças,  metro,  20  réis. 

Ditos  estampados,  em  peças,  metro,  30  réis. 

13."  Qual  a  melhor  forma  de  embalagem,  acondicionamento,  etc., 
próprio  para  um  clima  tropical,  como  o  do  Brasil  ? 

A  mais  recomendável,  é  em  caixas  de  madeira  muito  seca,  a  fim 
de  evitar  que  a  humidade  passe  para  o  tecido.  Alvitra-se  também 
para  que  o  Governo  Português  estabeleça,  anexas  às  Escolas  Indus- 
triais de  Lisboa  e  Porto  e  de  outras  cidades  de  certa  importância, 
aulas  práticas  de  acondicionamento  para  todos  os  artigos  de  expor- 
tação, porquanto  o  êxito  de  qualquer  produto  depende,  na  maior 
parte  dos  casos,  da  forma  como  é  acondicionado. 

14."  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro  pjara  esta  manufactura,  contra  conhecimento,  à  vista,  pronto 
pagamento  (30  dias)  ou  a  prazo  ? 

Depende  de  contracto  na  ocasião  de  efectuar  a  venda;  a  maior 
parte  dos  negócios  feitos  com  a  Inglaterra,  Alemanha  e  França, 
principais  mercados  exportadores,  é  em  c/c  com  juros  de  6  7o> 
cobertura  em  seis  meses. 


78 


15.°  Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  F.  O.  B.  ou 
C.LF.Rio? 

As  mais  usuais  sâo :  Free  on  hoard. 

16.°  Não  acha  V.  Ex."'  conveniente  que  os  exportadores  portu- 
gueses, a  exemplo  dos  de  outras  nações,  enviem,  ao  Brasil  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  bem  remunerados? 

É  o  meio  mais  prático  de  propaganda,  mas  o  caixeiro  viajante 
deve  ter  conhecimento  do  fabrico,  a  fim  de  atender  a  qualquer  alte- 
ração do  tecido,  e  poder  na  ocasião  resolver  o  assunto  sem  depender 
da  consulta  do  fabricante,  A  tarifa  brasileira  deve  ser  também  estu- 
dada por  esses  caixeiros  viajantes,  a  fim  de  estarem  habilitados,  a 
calcular  perante  os  compradores,  quais  os  direitos  o  demais  despe- 
sas que  sobrecarregam  os  produtos. 

17.°  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores  a 
modificarem  as-  suas  exigências  nas  suas  condições  de  pagamento  ? 

As  condições  de  prazo  para  venda,  dependem  em  grande  parte 
das  garantias  que  possa  oferecer  o  comprador,  e  se  o  Banco  Ultra- 
marino fizer  adiantamentos  sobre  saques,  estes  se  poderão  fazer  de 
4  a  6  meses. 

18.°  Outras  cpuaisquer  observações  que  V.  Fx."'  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Parece  insensato  a  alguns  importadores,  esperar  que  outras 
entidades,  nâo  directamente  interessadas,  promovam  o  desenvolvi- 
mento dos  negócios  de  exportação,  quando  aqueles  a  quem  competia 
fazê-lo,  permanecem  inactivos,  e  agarrados  a  métodos  antiquados. 
Estando  portanto  certos  que  se  os  exportadores  portugueses  forem 
mais  ^empreendedores,  e  limitarem  quanto  possível  os  seus  lucros, 
com  bons  e  dedicados  viajantes,  aos  quais  deverão  remunerar  con- 
dignamente^ os  negócios  desenvolver-se-hão  contando  com  a  boa 
vontade  dos  portugueses  aqui  residentes.  É,  porém,  necessário  agra- 
dar ao  consumidor,  e  que  as  encomendas  sejam  executadas  dentro 
do  limite  da  mais  completa  seriedade,  de  forma  que,  não  seja  expe- 
dida senão  a  manufactura  encomendada,  e  de  perfeito  acordo  com  a 
amostra. 


Prestaram-nos  a  mais  franca  cooperação  ao  nosso  trabalho,  os 
srs.  A.  Mendes  Campos  &  O.*,  Castro  Guidão  &  C",  Cunha  Cal- 
deira &  C^,  Cunha  Osório  &  C.^,  Custódio  Fernandes  á-  C."-,  Ferreira 


79 


Baltazar  (('•  C",  Jorge  Moram  &  O.'',  Oliveira  Vaz  &  Cf'',  Oliveira, 
Azevedo  Barros  d-  C."',  Qiiartin  Oaimarães  &  C/',  Sampaio  Ave- 
lino d-  C",  Santos  Moreira  d-  6'/',  Seabra  &  C.^  Sequeira  Jorge  &  C/', 
Serafim  Fernandes  Clare  &  C."',  Sousa  Marques  &  C."',  Souto 
Maior  cO  C.''  e  Vasco  Ortigão  d'  C/'. 

Algumas  destas  firmas  nâo   se  dedicam  à  importação,  mas,  no 
entanto,  não  deixaram  de  prestar  verbalmente  o  seu  concurso. 


Questionário  n."  9 

II  —  Cabelos,  pêlos  e  penas. 

1.     Escovas,  espanadores,  vassouras  e  pincéis. 


As  manufacturas  de  cabelos,  pêlos  e  penas  figuram  na  estatística 
da  importação  em  três  grupos:  1°  Cordoalha;  2."  Escovas,  espana- 
dores,  vassouras  e  pincéis ;  3.°  Manufacturas  não  especificadas. 

Do  primeiro  grupo  nunca  houve  importação  de  origem  portu- 
guesa. Do  segundo,  importam-se  escovas,  pincéis  e  brochas,  e  dimi- 
nuta quantidade  de  vassouras.  Tem  havido  alternativas  na  importa- 
ção dos  artefactos  compreendidos  neste  grupo,  registando-se  o  maior 
movimento  era  1906,  que  foi  de  13  contos. 

A  boa  aceitação  no  mercado,  do  artigo  escovas,  e  as  modificações 
a  introduzir  no  fabrico  de  pincéis  e  brochas,  aconselhadas  em  tempo 
pelos  importadores  faziam  prever  o  aumento  do  consumo  nos  anos 
subsequentes,  mas  infelizmente  as  melhores  previsões  falharam  e  a 
nossa  exportação  neste  ramo  foi  decaindo  pouco  a  pouco  e  acha-se 
hoje  muito  reduzida.  Os  industriais  não  se  cingiram  às  observações 
do  comércio  importador  e  o  resultado  manifesta -se  pela  abstenção 
quási  completa  do  produto  no  mercado. 

Do  terceiro  grupo,  cifra-se  o  movimento  apenas  em  algumas 
centenas  de  mil  réis,  e  ignoramos  as  mercadorias  nele  compreen- 
didas. 


80 


Diferindo  a  aplicação  das  taxas  alfandegárias,  nos  artefactos  do 
segundo  grupo,  pois  que,  para  escovas,  espanaúores  e  vassouras,  a 
unidade  ó  a  dúzia,  e  para  pincéis,  o  quilograma,  a  Estatística 
Comercial  nâo  se  refere  a  quantidades  importadas,  mas  somente  a 
valores  que  durante  o  decénio  de  1905  a  1914,  foram  os  seguintes : 


1905 4:875S000 

1906 13:24OS0O0 

1907 8:448S000 

1908 12:338^000 

1909 ll:263SO00 

1910 9:689â!000 

1911 4:992$000 

1912 9:285SO00 

1913 7:001SOOO 

1914 1:629$000 


Para  manufacturas  nâo  especificadas,  temos  no  mesmo  período, 
as  seguintes  quantidades  e  valores : 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905 163 

521 $000 

1906 

85 

428^000 

1907 

234 

715^000 

1908 

79 

190^000 

1909 

51 

281SOO0 

1910 

496 

2:108S000 

1911 

198 

1:120$000 

1912 

133 

401^000 

1913 

80 

328S000 

1914 

— 

23SOO0 

A  indústria  brasileira,  a-pesar-de  já  fabricar  muito  regular- 
mente os  artigos  correntes  de  que  trata  o  presente  questionário,  nâo 
pode  rivalizar  com  a  estrangeira.  Para  o  artigo  iirio,  em  escovas,  vas- 


81 


ftouras  e  pince/s,  foi  sempro  fi  Franra  (jiie  predominou  no  mercado, 
e  a  Alemanha,  para  o  artigo  inferior.  Depois  da  declaração  da 
guerra,  a  América  do  Norte  veio  ao  mercado,  e  conseguiu  efectuar 
transacções  regulares. 

Em  1912,  registou-so  o  movimento  máximo  na  importação  ge- 
ral, que  foi,  de  8G0:302S0L)0  réis,  pertencendo  412:12605000  réis  à 
França,  303:821S000  réis  a  Alemanha.  A  produção  total  das  21  fá- 
bricas existentes  no  Brasil  em  1911,  cifrou-se  em  2.045:00035000  réis, 
estando  incluídas  neste  número  as  que  manipulam  artefactos  com 
matérias-primas  vegetais,  nâo  se  podendo  do  modo  algum  calcular 
o  quantum  para  cada  especialidade. 

Produzindo  a  nossa  indústria  de  escovas  e  pincéis,  excelentes 
artefactos,  rivalizando  com  os  de  outras  nações,  a  Câmara  Portu- 
guesa de  Comércio  e  Indústria  incluiu  estas  manufacturas  no  seu 
inquérito,  julgando  de  toda  a  oportunidade  a  sua  difusão  no  mer- 
cado, por  meio  de  uma  activa  propaganda  e  observância  por  parte 
dos  industriais,  das  modificações  ou  melhoramentos  a  introduzir  no 
fabrico.  As  conclusões  do  inquérito  estão  expendidas  nas  respostas 
aos  16  quesitos  seguintes  : 


QUESTIONÁRIO 

1."  Tem  Y.  El."'  conhecimento  do  grau  de  aperjeiçoamento  a  que 
chegou  em  Portugal,  a  indústria-  de  escovas  e  pincéis? 

A  bôa  qualidade  e  o  esmerado  acabamento  do  nosso  fabrico  de 
escovas  (artigo  fino),  é  bastante  conhecido  no  mercado,  pela  pequena 
importação  que  tem  havido  principalmente  dos  artefactos  do  Porto, 
rivalizando  com  os  similares  de  outras  procedências ;  porem,  para 
pincéis  e  brochas,  nâo  sucede  outro  tanto. 

2."  Na  afirmativa,  pode  V.  Ex."'  precisar  as  causas  da  diminuta 
procura  dos  artefactos  portugueses  no  mercado  brasileiro? 

No  fabrico  de  j^iuceis  o  brochas,  empregam  em  Portugal  madeira 
demasiadamente  pesada  e  como  a  taxa  alfandegária,  é  muito  elevada, 
e  incide  sobre  o  peso  (5S000  por  quilograma),  ficam  por  conseguinte 
muito  mais  caros  que  os  de  outras  origens.  As  brochas  são  inferiores, 
em  qualidade,  às  francesas  o  de  preço  muito  mais  elevado. 

3.**  Qual  a  maneira  mais  eficaz  para  difundir  no  mercado  a  pro- 
cura  do  género  português? 


82 

Procurar  agradar  ao  consumidor,  fabricando  os  artefactos 
segundo  as  instruções  fornecidas  pelos  importadores,  de  quem 
depende  sempre  a  introdução  da  mercadoria  na  praça  e  estudar  os 
processos  a  empregar  para  que  rivalize  em  qualidade  e  preços  com 
a  das  demais  nações. 

4.''  Quais  as  modificações  a  introduzir  no  jahrico  das  manuja- 
cturas  produzidas  no  nosso  pais  ? 

Para  escovas,  o  fabrico,  qualidade  e  preço,  satisfazem  plena- 
mente; entretanto,  nâo  devem  os  fabricantes  ficar  estacionários, 
pois  do  aperfeiçoamento  e  barateamento  da  mercadoria,  depende  a 
sua  maior  expansão. 

Para  os  pincéis,  deve-se  empregar  nos  cabos,  madeira  mais  leve, 
reduzindo  o  peso.  As  brochas,  necessitam  de  um  melhoramento,  sem 
o  qual,  ficarão  banidas  para  sempre  do  mercado.  O  cabo  na  parte 
adelgaçada,  que  encaixa  na  própria  brocha,  é  de  comprimento  quási 
igual  ao  dos  pêlos ;  com  o  uso  daquela,  estes  gastam-se  e  fica  a 
ponta  do  cabo  roçando  conjuntamente  com  os  pêlos,  fazendo  traços 
na  pintura  ou  caiação,  que  se  pretende  levar  a  efeito.  A  ponta  do. 
cabo,  deve  terminar  logo  abaixo  da  anilha  que  liga  as  duas  peças, 
evitando  assim  tâo  grave  inconveniente. 

As  duas  modificações  já  foram  aconselhadas  por  importadores 
daqui,  mas  até  hoje  nâo  se  fizeram. 

5."  Qual  a  proveniência  dos  artigos  í^imilareK  preferido'^  no 
mercado  9 

A  França  fornece  o  artigo  superior.  Da  Alemanha  vem  também 
o  artigo  bom,  mas  em  menor  escala,  e  em  maior  o  artigo  ordinário. 

6.°  Qual  o  seu  preço  de  custo,  tanto  para  escovas  como  pjara 
])ince/s  ? 

Impossível  de  determinar  atenta  a  enorme  diversidade  de  qua- 
lidades e  tamanhos,  mas  os  nossos  fabricantes  devem  possuir  catá- 
logos e  tabelas  de  preços,  devendo  regular-se  por  elas,  para  estabe- 
lecerem a  equidade. 

7."     Quais  os  direitos  que  incidem  no  Brasil  sôhre  uns  e  outros'? 

As  taxas  sâo  muito  variadas ;  temos : 

Pa7'a  escovas:  com  costas  ou  cabo  de  osso,  búfalo,  chifre,  ou 
juadeira  com  ou  sem  embutidos  : 


83 


Para  fato,  cabeça  ou  semelhantes  (dúzia) 8$000 

Para  chapéu,  l)arba,  pó  de  arroz  ou  semelhantes  (dúzia).  6S()0() 
Para  bigodes,  dentes,  unhas,  limpar  pentes  e  semelhan- 
tes (dúzia) 2S0a) 

Para  limpar  metais  e  semelhantes  (dúzia) 2S000 

Para  limpar  mesas  e  semelhantes  (dúzia) 9S0OO 

Para  calçado,  arreios,  animais,  com  ou  sem  alça  (dúzia).  4$000 

Nâo  especificados  (dúzia) 4S00(3 

Para  pincéis: 

Brochas  para  pintar  ou  caiar  (quilo) 3S'20O 

Pincéis  para  pintor  ou  decorador,  inclusive  espanadores 

de  fingimento  (quilo) 12S0i.)0 

Pincéis  de   qualquer  outra  qualidade,  chatos,  redondos, 

ou  de  ponta  para  traços  ou  envernizar  (quilo)     .      .  538000 

Pincéis  para  barba  com  cabo  de  osso,  búfalo,  chifre,  ma- 
deira ou  metal  ordinário  (quilo) 6S0OO 

Ditos    com   cabo   de  marfim,  madrepérola  ou   tartaruga 

(quilo) 30S(^X> 


Estas  taxas  sâo  pagas  da  seguinte  forma:  35  Vo  ^^  ouro  e 
65  "/q  em  papel,  acrescentando-se-lhe  mais  2  %  ouro  para  as  obras 
do  porto,  armazenagem,  etc,  podendo  calcular-se  mais  45  ^^  sobre 
as  respectivas  taxas.  Damos  a  seguir,  para  maior  elucidação,  três 
fórmulas  de  despacho  para  os  artigos  mais  correntes. 


84 


Fórmula  de  um   despacho  para  pincéis 

Uma  caixa  contendo  pincéis  chatos  pesando  líquido  cin- 
coenta  quilos. 

Razão  50  7o  —  50  quilos  a  5$000  réis 250S000 

Capatazias S200 

Estatística , $010 

Ouro  2  7o  Q^-  do  porto) 10^000 

260!$210 

Ouro  35  7o 87S500 

2  7o lOSOOO 

97^500 

Papel  . 162$710  260^210 

Custo  de  97$500  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.     .      .      .  175S500 

Papel 162$700 

Cais  do  porto  (armazenagem) 5$000 

Agência  e  selos 12$300 

Eéis 355$500 

Despesa  por  quilo,  réis  ....  7$110 


85 

Fórmula  de  um  despacho  para  brochas 

Uma  caixa  contendo  brochas  para  pintar,  pesando  líquido 
cem  quilos. 

Razão  .50  7o  — 100  quQos  a  3S200  réis 320S00O 

Capatazias S200 

Estatística SOIO 

Ouro  2  Vo  Or.  do  porto) 12S400 

Réis 332S610 

Ouro  35  7o 112$000 

»       2  7o 12S400 

124S400 
Papel 208S210  332S610 

Custo  de  1248400  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  223S920 

Papel 20SS210 

Cais  do  porto  (armazenagem) 6S400 

Agência  e  selos 12S300 

Réis 4Õ0S830 

Despesa  por  quilo,  réis     ....  4S510 


86 


Fórmula  de  um  despacho  para  escovas  de  qualquer  espécie 

j 

Uma   caixa  contendo : 

Razão  50  7o 

l.''  —  Vinte  dúzias   de   escovas   de   cabelo   para   fato  a 

8$000  réis 160$000 

2.°  —  Dez  dúzias  de  escovas  de  cabelo  para  cabeça  a 

8^000  róis .'      .  SOSOOO 

Capatazias $200 

Estatística ^010 

Ouro  2  7o  (M.  do  porto) 9$600 

Réis 249^810 

Ouro  35  7o 84$000 

»   2  7o 9S600 

93$600 
Papel 156$210  249S810 

Custo  de  93S600  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d. .      .      .  168$480 

Papel 156$210 

Cais  do  porto,  armazenagem 4S800 

Agência  e  selos 12S300 

Réis 341$790 

Despesa  por  dúzia,  réis      ....  11S393 


8< 


8."  Acha  y.  Ex."  ronucnientu  organizar  i)cque}Wí<  mostruários  de 
escovas  e  pincéis  para  se  enviarem  às  Associarões  Comerciais  Poria- 
guesas,  indicando  as  qualidades  dos  produtos,  origem,  custo,  direito^-  e 
demais  esclarecimentos,  habilitando  por  esta  forma  os  industriais  por- 
tugueses a  promoverem  maior  número  de  transacções  no  Brasil? 

Um  fabricante  do  Porto,  já  aqui  mandou  caixeiros  viajantes 
com  mostruários,  e  esses  viajantes  tiveram  o^j^rtunidade  do  se 
orientarem  l)cm  das  qualidades  e  preyos,  mas  até  hoje,  parece  que 
nada  se  fez  no  sentido  de  apresentar  —  brochas  e  pincéis  —  de  maneira 
a  satisfazer  os  importadores  da  praça,  e  é  pena,  porque  a  ocasião  nâo 
pode  ser  mais  propícia  para  a  introdução  dos  artigos  no  mercado. 
Parece  a  alguns  importadores  desnecessário  organizar  mostruários 
aqui  e  remetê-los  para  Portugal,  pois  supõem  já  estarem  os  indus- 
triais suficientemente  inteirados  do  artigo  que  aqui  tem  melhor 
venda. 

Mais  acertado  seria,  ter  aqui  em  exposição  permanente,  amostras 
dos  vários  artigos  da  indústria  portuguesa. 

9."     Na  afirmativa,  como  obter  esses  mostruários? 

A  casa  J.  Bainho  &  C.^,  já  por  mais  de  uma  vez,  os  enviou 
para  Portvigal,  nâo  obtendo  resultado  nenhum  prático;  no  entanto  o 
chefe  daquela  importante  firma  prestou-se  espontaneamente,  caso 
seja  necessário,  a  fornecê-los  novamente  por  intermédio  da  Câmara. 

Vò:^  Tem  V.  Ex."'  conhecimento  do  fabrico  destes  artigos  no 
Brasil  ? 

Por  emquanto,  só  aqui  se  fabrica  o  artigo  de  qualidade  inferior. 

1].*'  Na  afirmativa,  em  que  grau  de  aperfeiçoamento  se  encontra 
a  indústria  nacional  em  relação  à portuguesa? 

No  género  de  que  trata  o  presente  questionário,  a  indústria 
nacional  encontra-se  em  plano  muito  inferior  à  nossa. 

12.**  Qual  a  forma  de  acondicionamento,  empacotamento,  e  emba- 
lagem para  este  artefacto,  e  o  competente  resguardo  interno  dos  volumes? 

Variável,  segundo  a  vontade  de  cada  importador,  notando-se 
<^ue  todos  os  fabricantes  satisfazem  as  instruções  dos  compradores, 
excepto  os  portugueses,  por  nâo  se  sujeitarem  a  isso.  O  acondicio- 
namento mais  usual  é  em  pequenas  caixas  de  papelão,  competente- 
mente rotuladas  e  estas,  dentro  de  caixotes  sólidos  e  perfeitos,  o  que 
impede  muitas  vezes  avarias  na  mercadoria  que  conduzem. 

13."  Qual  a  fornm  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro  para  este  artigo  ? 


88 


Saque  a  120  d.'  data  ou  90  d/  vista,  sendo  este  líltimo  o  mais 
usual. 

1-1.*'     Qual  a  forma  de  expedição,  emharque,  etc,  ~Foò  ou  C/J? 

Depende  de  prévio  ajuste  entre  fabricantes  e  compradores. 
O  mais  usual  é  entrega  na  jábrica  com  todas  as  despesas  de  encai- 
xotamento,  transportes  e  fretes  por  conta  do  comprador,  havendo 
no  entanto,  alguns  fabricantes  que  expedem  as  suas  mercadorias 
Free  on  board. 

15.**  Não  lhe  pa^-ece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
])ortugueses  a  modifi.carem  as  suas  exigências  nas  eondições  de  paga- 
mento ? 

Se  é  certo  que,  qualquer  concessão  pudesse  facilitar  a  realiza- 
ção de  negócios,  é  também  certo  que  o  momento  nâo  é  para  facili- 
dades e  os  exportadores  carecem  de  operar  com  alguma  segurança. 

16.**  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex."'  julgue  conveniente 
'acrescentar. 

Deverá  o  exportador,  remeter  as  encomendas  com  a  máxima 
brevidade,  pois  que,  até  hoje  tem  havido  pouco  escrvíijulo  nesse 
ponto,  o  C|ue  por  vezes  tem  descontentado  aqui,  o  comércio  impor- 
tador. 


Prestaram-nos  toda  a  sua  coadjuvação,  quer  por  escrito,  quer 
verbalmente,  informando-nos  conscienciosamente,  as  firmas  da  praça: 
Alberto  d' Almeida  d-  C.^,  Araújo  Santos  &  C",  Firmino  Fontes  &  C.^V 
Fontes  Garcia  &  C.^  Freitas  Couto  &  C."",  J.  Bainho  íf-  C."',  Leandro 
Martins  &  Cf'',  Navio  &  Fne.^  e  Rodrigo  Viana,  manifestando  todas 
a  opinião,  de  que  nâo  sendo  aproveitada  a  anormalidade  da  situação, 
os  industriais  portugueses  perderão  a  melhor  oportunidade  para 
difundir  as  suas  manufacturas  no  mercado  brasileiro. 


89 


Questionário  n.'  10 


II  [  —Cana  da  Indía,  bambu,  junco,  rotim,  vime  e  outros  cipós. 


1.  Cestos  e  balaios. 

2.  3IÓVEIS. 


A  indústria  de  artefactos  de  viyne,  muito  espalhada  por  todo  o 
continente  português  e  ilhas  adjacentes,  parece  nâo  ter  grande  acei- 
tação no  mercado  brasileiro,  se  nos  basearmos  no  diminuto  valor  da 
nossa    exportação,   consignado   na  Estatística   Comercial  Brasileira. 

A  classificação  consta  de  três  grupos:  1."  cestos  e  balaios ; 
2.°  móveis:  3."  manufacturas  não  especificadas. 

Para  os  primeiros,  houve  em  outros  tempos,  movimento  assaz 
regular,  na  importação  dos  nossos  artefactos,  atendendo  ao  seu  di- 
minuto valor  mercantil.  Actualmente  está  muito  reduzida,  e  é  a 
Alemanha  quem  fornece  o  mercado.  Durante  o  decénio  de  1905  a 
1914,  houve  a  seguinte  importação  de  origem  portuguesa: 


Anos 

QuilOj^Tiimas 

Valores 

1905 57:931 

26:2268000 

1906 

49:657 

25:8548000 

1907 

30:725 

16:7878000 

1908 

12:188 

8:4298000 

1909 

10:843 

7:O29sSO0O 

1910 

9:038 

5:0338000 

1911 

18:.365 

9:5788000 

1912 

8:958 

5:8098000 

1913 

12:491 

4:3658000 

1914 

7:859 

3:8478000 

No 'primeiro  ano  do  decénio,  houve  um  movimento  de  cerca  de 
58  toneladas,  computadas  em  26  contos,  e  em  1913  baixou  para  12, 
correspondentes  a  quatro  contos,  tendo  havido  dois  anos  de  meno- 


90 


res  quantidades,  mas  com  valores  superiores.  A  nossa  exportação 
tem  declinado,  de  ano  para  ano,  e  segundo  as  informações  colhidas 
na  praça,  ó  inútil  qualquer  tentativa  para  maior  expansão.  Como  já 
dissemos,  é  a  Alemanha  quem  abastece  o  mercado  com  artefactos 
muito  apresentáveis  e  de  custo  inferior  a  quaisquer  outros,  e  a  in- 
dústria nacional,  estabelecida  há  muitos  anos,  é  quem  supre  o  resto. 
Os  nossos  móveis  de  vime,  figuram  na  importação  com  quantidades 
e  valores  irrisórios,  havendo  anos  sem  movimento  algum;  entretanto 
em  todo  o  Brasil,  há  grande  quantidade,  introduzida  pelos  passa- 
geiros dos  transatlânticos,  em  trânsito  pela  Ilha  da  Madeira,  ou 
mesmo  adquiridos  em  Lisboa,  passando  a  bordo  por  cadeiras  de 
viagem,  e  dando  depois  entrada  livre  no  país,  sem  o  pesado  ónus  de 
um  direito  proibitivo,  três  vezes  superior  ao  custo. 

A  indústria  de  móveis  de  vime,  estabelecida  aqui  há  mais  de  20 
anos,  se  nâo  tivesse  a  protegê-la  um  direito  absurdo,  há  muito  que 
teria  terminado,  e  os  seus  actuais  fabricantes,  dedicar-se-hiam  sim- 
plesmente ao  comércio  de  importação. 

A  matéria-prima,  é  oriunda  de  Portugal  e  da  Repiiblica  Argen- 
tina, esta  última  em  maior  escala  por  apresentar  maior  consistência 
p  não  se  fracturar  tanto  nas  curvas  quando  empregada  em  forma  de 
meia  cana.  O  salário  de  um  operário  aqui,  regula  6íS000  réis  e  con- 
fecciona um  pouco  mais  de  uma  cadeira  diariamente.  O  custo  de 
uma  peça  idêntica  no  Funchal,  em  média,  é  de  1$20  escudos,  isto  é, 
3âS6(X)  réis  ao  câmbio  de  390  "/q,  e  a  féria  do  oficial  nâo  poderá 
exceder  muito  de  0$40.  8enáo  fosse  o  elevado  direito  de  5$000  réis 
para  uma  cadeira  simples,  e  de  lOSOOO  réis,  para  o  mesmo  móvel 
com  braços,  ou  sejam,  com  a  percentagem  ouro  e  adicionais,  réis 
8$000  para  a  primeira,  e  15S000  réis  para  a  segunda,  era  preferível 
importar  a  nossa  mercadoria  pagando  mesmo  os  fretes,  do  que  fa- 
bricá-la aqui,  atento  o  elevado  custo  da  máo  de  obra,  e  ser  forçoso 
importar  a  matéria-prima. 

Queixam-se  amargamente  os  fabricantes,  da  grande  concorrên- 
cia que  lhe  fazem  os  passageiros,  trazendo  bem  às  claras,  móveis 
supérfluos  de  fantasia,  que  muitas  vezes  servem  para  presentes  ou 
para  adorno  e  conforto  de  suas  residências.  As  fábricas  existentes 
no  Rio  de  Janeiro,  também  nâo  podem  alargar  as  suas  transacções 
para  os  outros  Estados,  pelo  exagero  das  tarifas  nas  vias  terrestres 
e  marítimas.  Há  pouco,  um  negociante  de  Pernambuco,  quiz  levar 
do  Rio   para  aquele  Estado,   um   avultado   mnnero  de  cadeiras,  mas 


91 


uma  empresa  de  navegação  costeira,  exi<;iu-lho  8S000  róis  do  frete, 
para  cada  uma. 

Só  uma  grande  redução  na  taxa  alfandegária,  poderá  favorecer 
a  introdu(;áo  dos  móveis  de  vime,  no  mercado.  A  Câmara  Portuguesa 
já  em  tempos  solicitou  essa  redução,  quando  se  tratou  do  projecto 
de  revisão  da  Tarifa. 

No  decénio  de  1905  a  1914,  o  valor.^os  móveis  de  vime  de  ori- 
gem portuguesa,  que  vieram  ao  mercado,  foi  o  seguinte: 


Anos 

190Õ , 
1908, 
1909. 
1911. 
1918. 


Quilogramas 

Valores 

40 

109$000 

60 

77$000 

31 

130$000 

59 

1815003 

99 

191S000 

Nos  outros  anos  nâo  houve  movimento. 

A  importação  geral  em  1913  foi  de  10  toneladas,  no  valor  de 
cerca  de  30  contos,  contribuindo  a  Alemanha  cora  três  e  meia  tone- 
ladas computadas  em  11  contos. 

As  manufacturas  não  especifícadas  em  que  se  emprega  a  mesma 
materia-prima.  tiveram  o  seguinte  movimento: 


Anos 

1905 
1906 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


Quilogramas 

Valores 

775 

584S0OO 

624 

568S0O0 

339 

366S0a3 

12 

325000 

558 

7285000 

1:159 

2:2295000 

347 

5445000 

681 

7445000 

349 

5695003 

A  importação  geral  em  1912  foi  de  28  toneladas  com  o  valor  de 
73  contos,  contribuindo  a  Alemanha  com  14  toneladas  e  39  contos. 


92 


É  muito  antiga  na  Ilha  da  Madeira,  a  indústria  de  artefactos 
de  vime.  O  arquipélago  dos  Açores  também  possui  a  sua  indústria 
característica  de  pequenas  malas  de  mâo,  cestas,  cestinhas,  chalés  e 
vários  artigos  feitos  de  palha,  pita  e  outras  filDras  vegetais.  Era  de 
toda  a  justiça  dedicar  um  pouco  de  atenção  a  estes  artefactos,  mas 
infelizmente  a  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria,  nâo 
colheu  as  respostas  satisfatórias  que  esperava  nos  14  quesitos  se- 
guintes :    . 

QUESTIONÁRIO 


l.''  Não  desconhecendo  V.  Ex.^  imr  certo,  o  fabrico  português,  dos 
artefactos  de  vime,  parece-lhe  viável  a  sua  introdução  em  larga  escala 
no  mercado  brasileiro'? 

De  forma  alguma  pode  ser  tentada  a  sua  introdução,  excepto  se 
o  Congresso  Brasileiro  decretar  uma  redução  nas  taxas  alfandegárias. 
Pelo  direito  actual,  qualquer  dos  artefactos  fica  mais  caro  que  o  na- 
cional. 

2.°  Na  afirmativa,  jjode  V.  Ex."'  indicar  as  causas  do  pequeiia 
consumo  que  estes  artefactos  teem  no  mercado? 

E  um  artigo,  aparentemente  de  pouco  consumo,  'e  a  produção 
nacional,  é  suficiente  em  móveis,  cestos  para  roupa,  garrafas,  etc, 
mas  os  artefactos  de  verga  ou  vime  das  nossas  Ilhas  estão  fartamente 
introduzidos,  nâo  precisamente  nos  mercados  do  Brasil,  mas  sim  no 
consumo,  dada  a  facilidade  da  sua  entrada,  como  bagagem. 

3."  Quais  os  processos  a  empregar  para  se  conseguir  a  sua  expan- 
são no  Brasil? 

Redução  dos  direitos  alfandegários  e  a  fixação  de  um  limite  de 
objectos,  na  bagagem  dos  passageiros. 

Independente  disso,  talvez  possam  obter  alguma  expansão,  os 
artefactos  dos  Açores,  mas  só  à  vista  de  mostruário  se  poderá 
ajuizar. 

4.°  Qual  a  procedência  dos  produtos  similares  preferidos  pielo 
mercado  ? 

Geralmente  a  alemã,  havendo  também  alguma  da  Suiça,  França 
e  Inglaterra. 


93 


5."     Qual  o  prero  do  cusifo  no  local  fia  produvão  ? 
Impossível  oiiumerá-los  devido  à  sua  quantidade  e  preços  varia- 
dos: contudo,   mais  vantajoso  do  que  o  de  procedência  portuguesa. 
6."     Quais  oíi  direitofi  que  incidem  sobre  cestos  e  balaios? 


Cestas  i)ara  costura,  i)apeis,  talheres,  etc,  simples  (quilo).  3S000 

Idem  idem  e  outras,  enfeitadas  (quilo) 9S600 

Idem  para  roupa,  garrafas  e  carga  (quilo) S700 

Idem  para  aterro  (quilo) $060 


i. 


Quais  os  direitos  sobre  os  moveis  de  verga? 


Cadeiras  simj^les  (uma) 8SO0O 

Idem  com  braços  (uma) lOSOOO 

Idem  para  criança  (uma) 35600 

Idem  com  balanço  e  outras  nao  especificadas  (uma)      .      .  14S4:00 


Todas  as  taxas  acima,  sâo  pagas  da  seguinte  forma:  35  %  em 
ouro,  65  %  em  papel.  Acresce  mais,  2  %  ouro  para  melhoramentos 
do  porto,  estatística,  capatazias,  armazenagem,  despacho  e  selos,  car- 
retos, etc,  podendo-se  calcular  todas  as  despesas,  pelo  rhenos,  50  % 
sobre  todas  aquelas  taxas. 

8.*^     Esta  indústria  estará  já  implantada  no  Brasil:  desde  quando? 

A  mais  antiga  fábrica,  conta  já  20  anos;  porem,  consta-nos  ter 
havido  outras  anteriormente. 

9.°  Na  afirmativa,  poderão  os  nossos  artefactos  concorrer  com  os 
nacionais,  em  preço,  qualidade  e  Jabrico  ? 

Em  móveis  e  artigos  grossos,  não.  Era  cestas  finas  para  diversos 
misteres,  é  muito  possível,  mas  como  esses  artigos  sâo  aqui  comple- 
tamente desconhecidos,  nada  de  positivo  se  pôde  afirmar. 

10."  Qual  a  forma  de  acondicionamento  e  embalagem  para  as 
seguintes  mercadorias :  Cestos  e  balaios;  móveis  de  verga  e  outras  ma- 
nufacturas ? 

Os  primeiros:  em  engradados  ou  simplesmente  em  amarrados, 
quando  se  trate  de  artigo  inferior. 


94 


Os  segundos:  em  caixas  para  os  artigos  superiores,  e  em  engra- 
dados para  os  comuns,  previamente  encapados  em  linhagem. 

Os  terceiros:  cestinhas  e  objectos  delicados,  em  caixas  forradas 
interiormente  com  papeis  oleados  ou  impermeáveis. 


Fomos  coadjuvados  na  nossa  missão  pelos  srs.  Artur  Cha- 
ves &  C."",  J.  R.  Camões  éc  Cf'',  Segura  Campos  &  C."  e  Simões  Pe- 
reira &  C/' 


Questionário  n."*  11 


IV — ^  Ferragens. 


1.  Cobre  e  suas  ligas. 

2.  Ferro  e  aço. 

3.  Máquinas,   aparelhos  e  acessórios,   utensílios  e  fer- 

ramentas. 

Com  a  designação  genérica  de  ferragens  elaborou  a  Câmara 
Portuguesa,  o  seu  décimo  primeiro  questionário,  abrangendo  as  se- 
guintes especialidades : 

1.°     Manufacturas  de  cobre  nâo  especificadas. 

2.**  Anzóis,  esporas,  estribos,  fivelas,  freios,  fechaduras,  cadea- 
dos, trincos,  dobradiças,  puxadores,  etc,  etc,  para  portas  e  gavetas. 

3."     Obras  de  cutelaria. 

4.°     Grrampos,  pregos,  parafusos  e  rebites. 

5."     Manufacturas  de  ferro  nâo  especificadas. 

6."     Alambiques. 

7.°     Ferramentas  e  utensílios  diversos. 

8."  Máquinas,  aparelhos  e  acessórios,  utensílios  e  ferramentas 
nâo  especificadas. 


95 


1."     Maiiu/actuniK  de  cobre  não  especificada^^ 

Sob  a  rubrica,  cobre  e  suas  ligas,  a  Estatística  Comercial  Brasi- 
leira, classifica  10  artigos.  Para  os  9  primeiros,  não  liouve  até  hoje, 
irai)ortacâo  de  origem  portuguesa.  Para  o  último,  manufacturas  nào 
especific7idns\  tem  havido  um  movimento  bastante  incerto.  Como 
sucede  ])ara  os  outros  produtos,  também  para  estes,  nâo  se  pode  esta- 
belecer a  sua  quantidade,  talvez  por  falta  do  especificação  nas  factu- 
ras consulares,  ou  então  ])orque  a  sua  diversidade  nâo  permite  clas- 
sificação especial  na  referida  Estatística. 

Cifra-se  esse  movimento  durante  o  decénio  de  1905  a  1914,  nas 
seguintes  quantidades  e  valores : 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905 3:333 

23:2015000 

1906     .      . 

2:845 

22:071SOOO 

1907     .      . 

4:845 

40:725$000 

1908     .      . 

3:478 

18:207SOOO 

1909     .      . 

2:534 

18:7255000 

1910     .      . 

5:470 

24:9925000 

1911      .      . 

3:026 

21:493$000 

1912     .      . 

2:871 

19:7585000 

1913     .      . 

1:792 

12:8675000 

19U     .      . 

1:011 

8:1365000 

A  importação  geral  do  1912,  computada  a  maior  do  decénio,  foi 
de  1.237:883  quilogramas  no  valor  de  5.586:3615000  réis,  disputando 
o  mercado,  os  seguintes  países: 


Alemanha 

Inglaterra      ..... 

França 

Estados  Unidos  da  América 


Quilogramas 

421:6S4 
400:110 
202:457 
111:016 


2:269:29OS0a) 

1.353:987500) 

959:91 750a) 

507:242SOa) 


A  rubrica  ferro  e  aço,  comporta  23  designações  especiais,  e  só 
temos  movimento  na  importação,  em  quatro. 


96 


2."  Amóis,  esporas^  estribos,  fivelas,  jreios,  fechaduras,  cadeados, 
trincos,  dobradiças,  puxadores,  etc,  etc,  jjara  portas  e  gavetas. 

A  média  da  importação  anual,  para  as  nossas  manufacturas,  é 
de  40  contos,  e  constam  principalmente  de  fechaduras,  dobradiças, 
puxadores  para.  portas  e  gavetas,  etc,  etc. 

ISÍo  decénio  acima  citado,  cifrou-se  nas  seguintes  quantidades  e 
valores : 


Anos  Quilogramas  Valores 

1905 20:205  35:7O6SO00 

1906 29:712  47:071$000 

1907 32:076  61:090$0(X) 

1908 26:790  37:069S0O0 

1909 59:522  43:993$000 

1910 42:721  45:8O9SO0O 

1911 38:502  41:470$000 

1912 38:020  40:487$a)0 

1913 36:651  36:361  $aX) 

1914 16:328  16:769$000 

Em  1913,  atingiu  a  importação  o  seu  valor  máximo,  1.713:904 
quilogramas,  computados  em  1.792:833$000  réis,  cabendo  como 
sempre  a  primazia  à  Alemanha.  Nas  manufacturas  ])recedentes,  os 
Estados  Unidos  ocupam  o  4.°  lugar;  nestas,  estão  acima  em  quanti- 
dades, à  Grran-Bretanha  e  França.  A  ordem  é  a  seguinte: 

Quilogramas  Valores 

Alemanha 636:824  789:8501000 

Inglaterra 297:716  370:7231000 

Estados  Unidos  ....  495:340  323:359$000 

Franca 157:099  220:253$000 


3.°     Obras  de  cutelaria. 

A  nossa  cutelaria  está  representada  no  Brasil,  muito  fracamente. 
Nos  dez  anos  transactos,  o  movimento  da  importação,  cifrou-se  ape- 
nas, nas  seguintes  quantidades  e  valores : 


97 


Anos 

1905 
190G 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


Quilogramas 

Valores 

.      .           163 

802S000 

111 

602$000 

135 

631 $000 

40 

437$000 

714 

514$(X)0 

860 

3:742$000 

984 

l:277SOOO 

847 

1:109$000 

242 

224$000 

1:534 

7763000 

Na  importação  geral,  se  tomarmos  o  máximo  pelas  quantidades, 
o  ano  de  1912  será  o  de  maior  movimento ;  se  nos  referirmos  a  valo- 
res, será  o  de  1913.  No  primeiro,  as  quantidades  foram  superiores 
ao  segundo:  neste  último,  os  valores  sáo  superiores  ao  primeiro, 
em  cerca  de  20  contos,  o  que  se  verifica  pelo  seguinte  confronto: 


Anos 

1912 
1913 


Quilogramas 

996:752 
905:996 


Valores 


3.737:2988000 
3.7õ7:526SOOO 


Para  obras   de  cutelaria,   as   nações   que  abastecem   em  maior 
escala  o  mercado,  sâo  as  mesmas  das  manufacturas  precedentes : 


Países 

1912 

913 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

Alemanha 

Inglaterra  

Estados  Unidos  . . . 
Prança  

403:057 

280:G43 

155:826 

53:124 

1.781:811$000 

l.O42:O72$00O 

551:4!»8$000 

268:667$000 

406:935 

259:517 

160:605 

60:504 

1.801:574$000 

1.048:546$000 

522:059$000 

315:40S$000 

98 


4."     Gramjjofi,  iwegos,  parafusos  e  rebites. 

Das  quatro  mercadorias  incluídas  neste  número,  temos  a  plena 
certeza  que  só  os  pregos  se  importam  de  Portugal.  Até  1912,  a  clas- 
sificação fez-se  com  a  referida  nomenclatura;  de  1913  em  diante,  o 
prego  figura  em  artigo  especial,  e  dos  outros  artefactos  não  tem 
liavido  importação  de  origem  portuguesa.  Em  pregos,  já  tivemos  um 
movimento  assaz  regular,  mas  o  fabrico  nacional,  a-pesar-de  ser 
muito  inferior  ao  consumo,  tem  prejudicado  bastante  a  nossa  in- 
dústria. 

Nos  dez  anos  de  1905  a  1914,  cifra-se  o  movimento,  nas  seguin- 
tes quantidades  e  valores : 


1905 
1906 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


No  Brasil  havia  em  1911,  duas  fábricas  de  grampos  e  colchetes, 
cuja  produção  foi  calculada  em  430:0008000  réis.  Dá-se  o  nome  de 
grampjos,  aos  nossos  vulgares  ganchos  para  cabelo.  De  pregos,  exis- 
tiam seis  fábricas,  com  uma  produção  de  1.435:0008000  réis,  e 
a-pesar-de  já  ser  tão  elevada,  importaram-se  ainda  em  1913, 
1.530:292  quilogramas,  computados  em  842:7268000  réis. 

As  quatro  nações  mais  favorecidas  no  mercado,  tiveram  o  se- 
miinte  movimento : 


Quibgramas 

Valores 

219:164 

64:8368000 

214:641 

61:1708000 

182:714 

63:2968000 

134:190 

37:2158000 

204:155 

53:9678000 

246:209 

66:8188000 

161:749 

47:7088000 

159:630 

50:4148000 

101:775 

30:4038000 

85:391 

29:9458000 

99 


França 
Alemanha 
Estados  Unidos 
Inglaterra 


Quilogr.imas 

Valores 

359:892 

229:695SO0O 

241:010 

180:489^000 

304:808 

168:0398000 

•205:17(3 

74:594SO(X» 

5.°     Manufacturas  não  especificadas. 

As  manufacturas  de  ferro  e  aço  não  especificadas,  tiveram  o  se- 
guinte movimento,  durante  o  decénio  de  1905  a  1914: 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

19a5 167:937 

141:535S000 

1906   . 

199:694 

149:3428000 

1907   . 

200:545 

169:1088000 

1908  . 

140:512 

125:8888000 

1909   . 

169:989 

142:7458000 

1910  . 

242:287 

196:5528000 

1911   . 

221:980 

156:0808000 

1912   . 

222:289 

171:5598000 

1913   .      . 

102:367 

94:3928000 

1914  . 

1       H   / 

-»t\    n 

27:427 

39:6928000 

Existem  no  Brasil  169  fundições,  elevando-se  já  a  sua  produção 
a  cerca  de  36.000:0008000  réis.  Há  também  duas  fundições  de  ferro 
guza,  sendo  uma  na  Estação  da  Esperança,  e  outra  em  Miguel  Bur- 
nier,  onde  se  encontram  importantes  jazidas  de  ferro  manganesífero. 
Não  se  trabalha  por  emquanto  em  ferro  maleável,  a-pesar-das  fundi- 
ções se  acharem  habilitadas  a  manipulá-lo ;  este  ramo  de  trabalho, 
devido  ao  excessivo  custo  da  mâo  de  obra  no  Brasil,  nâo  pode  com- 
petir em  preço  com  o  estrangeiro. 

Os  nossos  cojres  ou  burras,  tão  conhecidos  aqui,  o  a  que  nâo 
fizemos  ainda  referência,  estão  incluídos  nestas  manufacturas,  nâo 
se  podendo  estabelecer  com  precisão  qual  o  número,  peso  e  valores 
da  importação. 


100 


o  total  da  importação  geral  em  1913,  foi  de  21.231:722  quilo- 
gramas no  valor  de  13.902:153S000  réis,  na  maior  parte  distribuído 


pelas  quatro  nações  mais  favorecidas : 


Inglaterra 
Alemanha 
França 

Estados  Unidos 


Quilogramas 

10.148:814 
5.953:230 
1.987:072 
1.981:511 


Valores 


5.586:796S000 
4.831:716S000 
1.459:235S000 
1.267:250S000 


6.*'     Alambiques. 

Até  1912  os  alambiques  estiveram  englobados  com  as  caldeiras 
e  semelhantes.  Do  ano  seguinte  em  diante,  figuram  em  separado,  e 
parece-nos  que  a  importação  nos  últimos  dez  anos,  é  exclusivamente 
referente  ao  artigo,  pois  que,  tem  sido  nula  para  as  caldeiras  e  seme- 
lhantes. O  movimento,  bastante  incerto,  foi  o  seguinte: 


Anos 

1905 
1906 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


Quilogramas 

Valores 

1:391 

3:511S00O 

1:482 

7:488S000 

2:173 

5:576S0a) 

— 

261S000 

2:335 

4:499$000 

1:849 

10:526S0aD 

1:524 

6:811S000 

4:783 

13:649^000 

924 

3:020$000 

2:101 

10:007S000 

Em  1913  importaram-se  137:725  quilogramas  no  valor  de  réis 
204:3998000,  distribuídos  pelas  quatro  nações  seguintes : 


101 


França 
Alemanlia 
Estados  Unidos  . 
Tne:latorra 


Quilogramas 

Valores 

(53:641 

99:984S(X)0 

25:173 

89:205S000 

9:393 

25:2798000 

869 

3:9208000 

No   Rio  de  Janeiro,  lia  três  firmas  que  exploram  o  fabrico  de 
alambiques,  mas  sâo  de  pequena  importância. 


7.^     Ferramentas  e  utensílios  diversos. 

A  importação  geral  de  ferramentas  atingiu  no  Brasil  o  seu 
valor  máximo  em  1913.  Registaram-se  11.628:825  quilogramas,  no 
valor  de  12.257:8638000  réis.  Predominou  no  mercado  a  Inglaterra, 
seguindo-se-lhe  os  Estados  Unidos,  Alemanha  e  França.  Portugal 
nestes  artefactos,  tem  tido  melhoria  de  ano  para  ano,  aumentando  a 
sua  exportação  de  1906  a  1913,  em  172  7o-  Cifrou-se  o  movimento 
durante  o  decénio,  nas  seguintes  quantidades  e  valores : 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905 — 



1906 

54:386 

63:0018000 

1907 

65:517 

80:2038000 

1908 

62:282 

71:2598000 

1909 

68:918 

73:9358000 

1910 

98:767 

107:4938000 

1911 

125:585 

134:0318000 

1912 

163:378 

169:1848000 

1913 

171:015 

171:7158000 

1914 

87:931 

87:6128000 

Em  1905,  as  Jerramentas  estavam  englobadas  nas  máquinas  e 
utensílios  não  especificados,  nâo  se  registando  por  esse  facto,  movi- 
mento algum  naquele  ano. 


102 


Os  nossos  artefactos  teem  boa  aceitação  no  mercado,  pois,  como 
acima  dissemos,  no  penúltimo  ano,  o  movimento  aumentou  conside- 
ravelmente, e  segundo  é  voz  corrente  na  praça,  a  procura  das  nossas 
mercadorias,  tem  sido  muito  animadora.  Das  quatro  nações  mais 
favorecidas,  vieram  ao  mercado  em  1913,  as  quantidades  e  valores 


seguintes : 


Inglaterra 
Estados  Unidos, 
Alemanha 
Franca     . 


Quilogramas 

6.771:641 

1.791:829 

1.977:972 

666:755 


Valores 


5.714:230S000 
2.857:8808000 
2.232:031S000 
1.051:260^000 


8.°  Máquiyms,  aparelhos  e  acessórios,  utensílios  e  Jerramentas, 
não  especificados. 

Neste  grupo  a  nossa  exportação  deve-se  referir,  única  e  exclu- 
sivamente, à  segunda  parte,  utensílios  e  ferramentas  nâo  especifica- 
das. Nos  últimos  dez  anos  tivemos  o  seguinte  movimento: 


Anos  Quilogramas  Valores 

1905 68:485  93:5688000 

1906 25:080  35:0268000 

1907 22:668  34:8548000 

1908 17:013  24:0758000 

1909 21:279  37:8508000 

1910 32:516  51:7758000 

1911 39:150  73:1538000 

1912 27:883  44:7118000 

1913 25:235  27:2258000 

1914 11:542  13:5888000 


Devem-se  deduzir  ao  primeiro  ano,  pelo  menos,  60  contos  para 
ferramentas  que  até  aquela  data,  figuraram  englobadamente  com 
máquinas  e  outros  aparelhos,  etc,  e  que  nâo  estão  mencionados  no 
pequeno  mapa  da  importação  das  manufacturas  portuguesas. 


103 


O  movimento  geral  atingiu  o  máximo  do  valor  em  1912,  pois 
foi  de  34.7."37:949  quilogramas,  computados  cm  31:121S873  róis, 
A  disputa  do  mercado  foi  a  seguinte: 


Estados  Unidos 
Inglaterra    . 
Alemanha   . 
Franca  . 


Quilogramas 

8.794:379 

10.549:009 

8.'77 1:033 

2.555:091 


Valores 

10.989:713SOO(J 
7.354:1348000 
6.951  :922kSOOO 
2.744:830S000 


Com  a  designação  genérica  de  Jerragens,  distribuiu  a  Câmara 
Portuguesa,  o  seu  11."  questionário  com  os  9  quesitos  que  seguem: 


QUESTIONÁRIO 


1.°  Conhece  V.  Ex."'  as  causas  que  determinaram  o  decrescimento 
da  importarão  dos  artigos  de  procedência  portuguesa,  acima  mencio- 
nados ? 

A  importação  geral  teve  um  aumento  sensível  no  quadriénio 
de  1910  a  1913,  especialmente  nos  anos  de  1911  e  1912,  pois  já  em 
1913  começou  o  declínio,  devido  à  crise  que  desde  Junho  desse 
mesmo  ano,  se  começou  a  manifestar.  Era  do  esperar,  portanto,  e 
de  facto  assim  sucedeu,  em  consequência  dos  bons  negócios  feitos 
em  1911  e  1912,  que  as  importações  continuassem  num  crescendo 
até  meados  de  1913,  ocasião  em  que  a  crise  aludida,  aqui  irrompeu 
quási  abruptamente.  Dos  efeitos  decorrentes  dessa  crise,  a  importa- 
ção não  se  ressentiu  logo,  porque  as  mercadorias  em  viagem  e  as 
que  já  estavam  encomendadas  e  cujos  contractos  nâo  podiam  ser 
cancelados,  não  trouxeram  de  momento,  desiquilíbrio  apreciável  ao 
intercâmbio  internacional;  ao  comércio,  porem,  veio  isso  causar 
enormes  dificuldades  pelos  acréscimos  dos  stocks,  que  já  de  si  esta- 
vam aumentados,  devido  à  crise  manifestada,  e  que  só  muito  lenta- 
mente iam  tendo  saída,  à  vista  da  grande  diminuição  de  venda, 
então  constatada. 

As  condições  financeiras  e  económicas  da  praça,  já  então,  difi- 
cultosas,  mais    agravadas  ficaram   com   o   conflito   europeu,    o    quo 


104 


dará  ensejo  a  observar-se  nos  dados  estatísticos  de  1913  em  diante, 
um  decrescimento  muito  maior. 

A  falta  de  propaganda  dos  nossos  exportadores,  também  con- 
tribuiu poderosamente  para  a  diminuta  procura  da  mercadoria  por- 
tuguesa. O  comércio  alemão,  é  representado  aqui,  por  legiões  de 
caixeiros  viajantes  que  se  fazem  acompanhar  de  ricas  colecções  de 
amostras. 

2.^  Havendo  em  Portugal  uma  regular  produção  de  ferragens, 
tais  como :  ferramentas  diversas,  fechaduras  para  porias,  gavetas,  armá- 
rios, etc,  etc,  pregos,  e  outras,  como  aconselha  V.  Exf'  que  se  deva  pro- 
ceder, para  ohter  maior  expansão  do  comércio  das  manufacturas  no 
mercado  brasileiro  ? 

Importam-se  de  Portugal,  de  há  muito,  ferragens,  tais  como : 
fouces,  fechaduras,  cofres,  machados,  machadinhas  e  martelos.  Dos  três 
primeiros  artigos,  a  importação  faz-se  em  maior  escala,  por  se  tratar 
de  uma  especialidade  com  a  qual  a  clientela  já  está  habituada,  e  cujo 
preço  rivaliza  com  os  similares  de  outras  procedências,  o  mesmo  já 
nâo  sucedendo  com  os  três  últimos,  em  que  há  melhores  vantagens 
em  outras  importações,  especialmente  de  procedência  alemã.  E  bom 
frisar  que  no  nosso  mercado  a  questão  qualidade  fica  ura  tanto 
obscurecida  pelo  factor  preço,  o  que  pode  nâo  ser  uma  prova  de 
gi*ande  tino  por  parte  da  clientela,  mas  com  a  qual,  o  comerciante 
tem  de  se  conformar. 

Há  certos  artigos,  como  pregos  e  parafusos,  que  já  se  fabricam 
no  país.  Do  segundo,  ainda  se  faz  importação  assaz  elevada,  porque 
o  fabrico  ainda  em  pequena  escala,  nâo  chega  para  o  consumo; 
quanto  ao  primeiro,  existem  algumas  fábricas  no  país,  e  o  artigo 
chegou  à  perfeição,  de  nâo  temer  confronto  com  o  similar  estran- 
geiro, estando  alem  disso,  protegidos  por  alta  tarifa  alfandegária.  Os 
parafusos  importam-se  de  Inglaterra,  marca  Netlefolds,  e  também  da 
América  do  Norte,  marca  America  Screw  C.°  que  rivalizam  com 
aqueles. 

Para  a  conquista  do  mercado  brasileiro,  o  melhor  meio  a 
adoptar,  será  assimilar  o  fabrico  ao  das  outras  procedências,  equipa- 
rando ao  mesmo  tempo  o  custo  e  igualando  o  mais  possível  o  pro- 
cesso de  acondicionamento.  Todos  os  produtores  de  outros  países, 
enviam  com  profusão  catálogos  muito  elucidativos  das  suas  manu- 
facturas. De  firmas  portuguesas,  há  completa  abstenção  de  catálogos, 
no  mercado. 


105 


ii.*'  Os  produtos  da  indústria  americana  que  abastecem  o  merendo 
brasileiro  actualmente,  não  são  de  custo  mais  elevado  que  os  porfuj/Keses  .^ 

Incontestiivelmente,  o  produto  americano,  na  sua  generalidade 
sendo  bom,  é  de  custo  elevado,  em  confronto  com  o  de  outras  pro- 
cedências. Os  americanos,  ao  contrário  de  outros  povos,  como  por 
exemplo  os  alemães,  ainda  nao  se  dedicaram  ao  estudo  do  nosso 
mercado,  a  íim  de  adaptarem  os  seus  produtos  ao  gosto  do  consumi- 
dor. Na  importação  é  sabido,  nao  é  só  o  factor  preço  que  influi  nos 
negócios  no  Brasil,  e  sim  esse  factor  conjugado  com  o  factor  peso, 
devido  às  mercadorias,  na  sua  quási  generalidade,  estarem  classifica- 
das na  tarifa  aduaneira  na  base  peso.  Em  geral,  observa-se  que  o 
produto  americano,  tendo  os  característicos  de  boa  qualidade  e  bom 
acabamento,  é  no  entanto  pesado,  ficando  muito  onerado  com  os 
direitos.  As  manufacturas  são  diferentes  das  congéneres  europeias, 
em  feitio  e  em  qualidade,  podendo  as  nossas  com  vantagem,  substi- 
tuí-las;  o  caso  é  equiparar  o  custo  às  de  procedência  alemã,  por 
exemplo. 

4.°  A  cutelaria  portuguesa  teve  outrora  grande  Jama,  e  ainda 
hoje  conserva  as  suas  tradições  de  fina  têmpera,  e  sendo  de  custo  bas- 
tante módico,  antevê  V.  Ex/'  a  possibilidade  de  se  conseguir  definitiva- 
mente a  sua  colocação  no  mercado  brasileiro? 

Ha  duas  classes  de  cutelaria  no  mercado;  a  superior,  que  na 
maioria  dos  casos  vem  de  Inglaterra,  e  a  de  qualidade  barata  que 
se  recebe  de  Alemanha.  Um  meio  termo,  como  seria  o  caso  para  a 
cutelaria  portuguesa,  é  coisa  difícil  no  mercado  brasileiro.  Com  a 
cutelaria  inglesa  estão  os  importadores,  na  sua  maioria,  convictos 
que  nao  poderá  competir,  nao  por  lhe  ser  inferior  em  qualidade, 
mas  porque  o  artigo  inglês  é  aqui  muito  conhecido  e  procurado,  e 
o  mercado  brasileiro,  é,  como  todos  sabem,  de  um  conservantismo 
ferrenho  com  respeito  a  marcas.  Por  outro  lado,  estáo  os  mesmos 
importadores  convencidos  que  o  artigo  português,  nao  pôde  compe- 
tir com  o  alemão,  oferecido  por  preços  excessivamente  módicos. 
A-pesar-da  proverbial  excelência  da  fina  tempera  da  cutelaria  por- 
tuguesa, só  a  sua  assemelhaçâo  à  alemá  poderá  concorrer  para  a  sua 
introdução  no  mercado. 

5.°  Acha  Y.  Ex.^  conveniente  que  se  organizem  pequenos  mos- 
truários, com  as  Jerragens  mais  usuais  no  comércio,  indicando  a  sua 
2)rocedència,  custo  na  origem,  e  direitos  que  incidem  sobre  a  mercado- 
ria, etc,  peva  se  enviarem  às  Associações  Comerciais  Portuguesas,  a  fim 


106 


de  habilitarem  0,9  industriais  a  fabricarem  produtos  em  condições  de 
concorrer  vantajosamente  com  os  similares  de  outros  países  e  estarem 
em  perfeita  harmonia,  com  as  exigências  do  mercado? 

A  remessa  de  amostras  com.  os  precisos  esclarecimentos,  seria 
de  certo  útil,  desde  que  os  industriais  estivessem  aparelhados  para 
a  execução  de  tipos  diferentes  dos  que  usualmente  fabricam ;  porém, 
a  organização  de  mostruários  nao  se  afigura  dos  empreendimentos 
mais  fáceis,  diante  da  grande  diversidade  dos  artigos,  parecendo  en- 
tretanto que,  os  industriais  portugueses,  só  poderão  obter  resultados 
práticos,  se  houver  entendimento  directo  com  o  comércio  importador 
do  Brasil. 

6.°  Na  afirmativa,  como  devem  ser  organizados  esses  mostruários 
e  qual  a  maneira  inais  prática  de  ohtê-los? 

A  forma  mais  prática,  seria  talvez  os  industriais  portugueses, 
directamente  ou  por  intermédio  das  suas  Associações,  adquirirem 
aqui  as  amostras  dos  artigos  que  os  interessem,  solicitando  ao 
mesmo  tempo,  os  dados  necessários  com  relação  ao  custo,  despesas, 
fretes,  etc,  por  cada  artigo. 

7,°  Sendo  muito  complexa  a  variedade  destas  manufacturas, 
conhece  V.  Ex."  outra  forma  mais  prática  de  dar  informações  detalha- 
das sobre  custo,  frete,  e  direitos  dos  produtos  ? 

Emquanto  perdurar  a  situação  anormal  em  que  se  encontra  o 
comércio  mundial,  nao  há  probabilidade  de  se  poderem  prestar  in- 
formações sobre  a  primeira  parte  do  quesito ;  no  que  respeita  a 
direitos,  podem-se  mencionar  os  dos  artigos  mais  correntes : 


Para  manufacturas  de  cobre : 

Pregos,  tachas,  arestas  e  arrebites  (quilograma)      .      .      .  $100 

Esporas  (dúzia  de  pares)  lOSOOO  e 20S00O 

Estribos  (dúzia  de  pares)  10^000,  12S000,  16$000,  20í$000, 

30^000  e     40S000 

Freios  (cada) 18800 

Fechaduras  (quilograma)  2S400  e 4^000 

Fivelas  (quilograma) 18500 

Ilhós  para  calçado,  coletes,  etc.  (quilograma)     ....  18600 

Alambiques  grandes ad  valorem 

Ditos  pequenos  (quilograma) 8400 


107 


Para  cutelaria: 

Canivetes  (dúzia)  2S400,  5SC)00,  8S0(X),  12SaX~)  e   .      .      .  26S0rX) 

Facas  com  cabo  para  trinchar  (cada)  700  o 3S(X)0 

Facas  sem  cabo  (cada) S400 

Facas  para  mesa  e  sobremesa,  com  cabo  (dúzia)  lS-400  e  .  7S000 

Idem  sem  cabo  (dúzia) 1S5000 

Idem  para  oficio  de  sapateiro,  correeiro  e  cozinha  (quilo- 
grama)     S900 

Os  garfos  correspondentes,  pagam  50  7o  ^^^  direitos  das 

facas,  quer  venham  junto  a  elas,  ou  separados. 

Facas  de  mato,  ou  para  xarquear  (quilograma)  ISOOO  e    .  5S000' 

Tesouras  para  costura  e  unhas  (dúzia)  3S000  e      .      .      .  8S(XX) 

Ditas  para  jardim  (dúzia)  10S00(3  e lõ^S000 

Ditas  diversas  (dúzia)  6S000,  lOSOOO,  lõ$Oa)  e     .      .      .  20S000 


Para  manufacturas  de  ferro  e  aço: 


Cofres  ou  burras,  segundo  o  tamanho  (cada)  64S000  a     .  800S000 

Anzóis  (quilograma) 3^600 

Cadeados  simples  (quilograma) S800 

Idem  de  qualquer  outra  qualidade  (quilograma)      .      .      .  3S000 

Chaves  (quilograma) ISOOO 

Dobradiças  (quilograma) S400 

Esporas  (dúzia  de  pares)  6S000  e lOSOOO 

Estribos    (dúzia    de  pares)  3S000,   ÕSOOO,   GhSOOO,   8S000, 

lOSOOO  e     20S000 

Fechaduras  de  uma  só  volta  (quilograma) $600 

Idem  de  duas  voltas  (quilograma) ISõOO 

Fechos  (quilograma) S400 

Ferramentas  grossas  (quilograma) S150 

Fivelas  de  ferro  simples  (quilograma) S700 

Idem  polidas  (quilograma) 3$000 

Freios  e  bridões  (cada)  800,  ISõOO  e 1$800 

Pregos,  tachas,  arestas  e  arrebites  simples  (quilograma)    .  $300 

Pontas  de  Paris  (quilograma) $400 

Puxadouros  (quilograma) 2S(XX) 


108 


Todas  as  taxas  sâo  pagas  da  seguinte  forma:  35  %  em  ouro  e 
65  7o  6m  papel.  Acresce  mais:  estatística,  2  %  ©Jn  ouro  para  me- 
lhoramentos do  porto,  capatazias,  um  mês  de  armazenagem  para 
algumas  mercadorias  e  armazenagem  dobrada  para  outras,  despacho 
6  selos,  e  carretos,  o  que  eleva  todas  as  despesas  a  50  "/q  mais  sobre 
qualquer  dessas  taxas. 

Para  mais  detalhados  esclarecimentos  sobre  cada  uma  das  taxas, 
ou  de  outras  nâo  mencionadas,  a  Secretaria  da  Câmara,  prestar- 
-se  há  a  fornecê-los  da  melhor  vontade. 

8.°  Como  deve  ser  feita  a  embalagem,  acondicionamento  e  preparo 
do  artigo  para  a  exportação,  em  virtude  da  humidade  constante  do 
clima  brasileiro  ? 

Tratando-se  de  tâo  variados  artefactos,  é  um  tanto  complexa  a 
pergunta.  Em  geral,  a  embalagem  exterior  é  em  caixas  de  madeira 
simples  variando  a  interior  conforme  o  produto.  As  jouces,  por 
exemplo,  vêem  a  granel,  mas  cada  peça  embrulhada  em  papel  leve 
e  consistente.  Em  todos  os  artigos,  deve  passar-se  um  anti-óxido 
qualquer,  a  fim  de  evitar  a  ferrugem.  A  mercadoria  mais  comum, 
deve  vir  em  pacotes  elegantes,  feitos  com  papel  impermeável  e  vis- 
toso. Os  artefactos  mais  delicados  geralmente  vêem  em  caixinhas 
de  papelão  muito  leves,  e  para  melhor  os  preservar  da  oxidação,  os 
caixotes  forram-se  interiormente  com  folha  de  zinco.  Naturalmente 
esta  espécie  de  embalagem  acarreta  despesas  extra  que  incidem  sobre 
o  custo  do  artigo  e  por  isso  só  em  casos  muito  excepcionais  é 
empregada. 

9."  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex."  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Os  fabricantes  devem  prestar  a  maior  atenção  e  cuidado  à  em- 
balagem, pois  é  muito  frequente  rasgarem-se  os  envoltórios  das 
nossas  manufacturas,  feitos  de  papel  muito  ordinário,  espalhando-se 
os  artefactos  dentro  das  caixas,  o  que  nâo  sucede  a  mercadorias  de 
outras  origens.  Os  produtos  das  outras  nações  vêem  em  pacotes 
elegantíssimos,  desencaixotam-se  intactos,  colocam-se  nas  prateleiras 
dos  importadores  e  permanecem  sempre  com  boa  aparência  até  ao 
completo  esgotamento  da  mercadoria  que  resguardaram. 


109 


A  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria,  dirigiu  convite 
a  treze  das  mais  conceituadas  firmas  da  praça,  prestando-se  a  maio- 
ria obsequiosamente  a  elucidar-nos  no  desempenho  da  nossa  missão, 
principalmente  os  srs.  Agostinho  Ferreira  &  C.°',  Alberto  de  Al- 
meida &  C",  Albino  Castro  &  C",  Dia.'^  Garcia  &  C",  Delfim  Fon- 
tes d:  C."-,  Freitas  Couto  &  C",  Freitas  Danta.^  &  C.«,  Fontes  Gar- 
cia &  C."',  Gomes  de  Castro  &  Nora.  Manuel  Marques-  Leitão,  Melo 
Sampaio  d-  C."  e  Navio  d-  Enes. 


Questionário  n.°  12 
V — Lã  com  ou  sem  mescla. 

1.     Tecidos. 

A  importação  de  la  manufacturada,  de  origem  portuguesa,  tem 
sido  até  hoje,  por  assim  dizer,  nula.  Para  o  decénio  de  1905  a  1914, 
apenas  encontramos  na  Estatística  Comercial,  as  seguintes  quanti- 
dades e  valores : 


Anos- 

1906. 
1907. 
1909. 
1911. 
1913. 
1914. 


Nos  anos  nâo  citados  náo  se  registou  movimento. 


Quilogramas 

Valores 

141 

513S000 

69 

1:221$000 

5 

13S0OO 

2 

3ÕS000 

õ 

60S000 

76 

322$000 

Alem  dos  tecidos,  a  Estatística  também  se  refere  a  manufactu- 
ras não  especificadas,  mas,  para  estas,  Portugal  nâo  figura  na  impor- 
tação. 


110 


Em  1911,  o  movimento  geral  foi  inferior  em  quantidades  a 
1912,  no  entanto  os  valores  excederam  200:000S000  réis. 

Anos  Quilogramas  Valores 

1911  ....         1.317:104        9.837:137$000 

1912  ....         1.365:622        9.635:637$000 

O  fabrico  nacional  estava  representado  em  1911,  por  15  fábricas, 
algumas  muito  bem  montadas,  e  com  grandes  capitais  empatados ; 
contudo,  ainda  importam  o  fio  para  tecelagem,  do  estrangeiro.  En- 
tretanto, cogita-se  também,  e  de  há  muito,  na  montagem  de  fiação 
da  la,  e  de  todo  o  beneíiciamento  relativo,  como  seja  cardar,  jjen- 
tear,  etc.  As  fábricas  estavam  divididas  pelos  Estados :  5  no  Dis- 
trito Federal,  2  no  Estado  do  Rio,  5  no  Rio  Grrande  do  Sul  e  3  em 
S.  Paulo.  O  total  da  produção  desse  mesmo  ano,  cifrou-se  em 
12.449:922S000  réis. 

O  excessivo  direito  alfandegário,  afugenta  do  mercado  os  lani- 
fícios baixos,  importando-se  somente  os  tecidos  finos,  principalmente 
de  Inglaterra,  que  predominou  sempre  no  mercado ;  porem,  o  fio  de 
lá  para  tecelagem,  cardado  ou  penteado,  poderá  facilmente  ser  intro- 
duzido, pois  que  desapareceu  a  principal  fonte  de  abastecimento,  a 
França  (Tourcoing,  Roubaix,  etc).  É,  porem  necessário,  que  os  in- 
dustriais concedam  vantagens  aos  compradores,  nâo  só  em  preços, 
como  também  nas  condições  de  pagamento,  visto  que  o  mercado 
está  habituado  a  comprar  em  conta  corrente  a  6  meses  de  prazo,  a 
contar  da  data  da  factura. 

Alguns'  importadores,  escreveram  a  diversos  fabricantes  portu- 
gueses, pedindo  preços  e  amostras.  Que  nos  conste,  só  uma,  da 
Covilhã,  respondeu,  e  ainda  assim,  os  preços  eram  tâo  exagerados  e 
as  condições  de  pagamento  tâo  absurdas,  que  nâo  se  ofereceu  ainda 
ocasião  oportuna  para  qualquer  início  de  transacções.  O  fio,  no  en- 
tanto, era  de  bôa  qualidade. 

Esta  Câmara,  também  há  cerca  de  um  ano,  oficiou  às  Associa- 
ções Comerciais  e  Industriais  Portuguesas,  para  que  estas  colectivi- 
dades promovessem  entre  os  seus  associados,  a  remessa  de  amos- 
tras, preços,  condições  de  venda,  etc,  a  fim  de  habilitar  a  Câmara  a 
satisfazer  vários  pedidos  de  sócios.  Até  hoje,  nâo  foi  recebida  ne- 
nhuma amostra,  nem  sequer  um  único  fabricante,  se  nos  dirigiu  a 
fazer-nos  qualquer  pergunta. 


111 


A  firma  Afonso  Viseu  &  C",  solicitada,  entre  outras,  para  nos 
prestar  o  sou  valioso  concurso,  e  no  firme  desejo  de  bem  nos  orien- 
tar sobre  os  meios  precisos  ao  incremento  da  importação  de  tecidos 
de  lã  portugueses,  procurou  a  colaboração  de  um  funcionário  de 
fazenda,  que  melhor  conhecesse  as  leis  alfandegárias  do  país,  suas 
razoes,  seus  defeitos  e  que  aliasse  também  o  conhecimento  dos  inte- 
resses do  comércio  importador  aos  do  fisco.  A  colaboração  desse  dis- 
tinto funcionário  superior  da  Alfândega,  foi  tâo  magistral  que  nâo 
deixa  margem  para  mais  divagações  sobre  o  assunto,  a  náo  ser  para 
alguns  quesitos  da  quási  exclusiva  competência  dos  importadores. 
Diz  o  aludido  funcionário,  em  resposta  ao  pedido  dos  srs.  Afonso 
Viseu  &  C.'^ : 


QUESTIONÁRIO 

1.**  Não  desconhecendo  V.  Ex/'',  por  certo,  o  grau  de  aperjeiçoa- 
mento  a  que  chegou  a  indústria  dos  lanifícios  no  nosso  pais,  como  por 
exemjjlo,  o  do  grande  centro  Jahril  da  Covilhã,  e  os  de  Alemquer,  Alhan- 
dra, Arrentela,  Coimbra,  Lisboa  e  Porto,  como  julga  se  deva  proceder, 
para  colocar  vantajosamente  no  mercado  brasileiro  a  maior  quantidade 
possível  de  lanifícios? 

Envolve  este  quesito  práticas  comerciais  e  um  sistema  de  pro- 
paganda inteligente  e  confiado  a  agentes  comerciais  das  fábricas 
portuguesas,  com  amostras  e  informações  de  custo,  condições  de 
remessas,  força  produtiva,  fabricação  adequada  ao  clima  do  país, 
modelos  mais  usados  e  procurar  imitar  os  panos  de  la  ingleses,  as 
casimiras  e  cheviotes  francesas,  etc,  etc,  e  com  algum  esforço  farão 
os  tecidos  de  lãs  portugueses,  a  sua  entrada  nos  portos  do  Brasil. 
É  preciso  não  esquecer  que  o  custo  de  produção,  matéria-prima, 
máquinas,  salários,  etc,  pode  determinar  a  impossibilidade  da  con- 
corrência, se  algures  toda  essa  despesa  fôr  moderada. 

2.°  Qual  a  procedência  directa  dos  tecidos  de  lã,  a  que  no  Brasil 
se  dá  preferência  ? 

Os  tecidos  de  lã  estão  classificados  na  tarifa  alfandegária  nos 
artigos  488.»,  489.^  490.°,  508.^  517.",  518.",  523."  e  524.".   O  ar- 


112 


tigo  488."  abrange  os  seg^^intes  tecidos :  alpacas,  cassas,  lilás,  duraii- 
tes,  damascos,  merinos,  casimiras,  princetas,  gorgorões,  riscados, 
setins  da  China,  tecidos  de  ponto  de  malha,  tonquins,  risso  ou  ve- 
ludo de  la  e  tecidos  semelhantes  nâo  classificados,  lisos  ou  entran- 
çados, lavrados  ou  adamascados. 

O  artigo  489.°  abrange  as  baetas  e  baetoes. 

O  artigo  490.°  abrange  as  baetilhas  e  ílanelas  lisas,  entrançadas 
ou  lavradas. 

O  artigo  508.°  abrange  o  feltro. 

O  artigo  517.°  abrange  os  panos,  casimiras  e  cassinetas  com  ou 
sem  mescla  de  seda,  cheviotes,  ílanelas  americanas,  sarjas  e  dia- 
gonais. 

O  artigo  518.°  abrange  panos  de  mesa. 

O  artigo  523.°  abrange  sarçanetas. 

O  artigo  524.°  abrange  tecidos  abertos,  ou  transparentes,  tais 
como :  bareges,  filós,  grenadines,  gaze,  escomilha  e  outros  abertos  e 
transparentes  nâo  classificados. 

O  resumo  da  importação  dos  tecidos  de  la,  de  1909  a  1911,  ex- 
ceptuados os  transparentes,  é,  em  ordem  de  importância,  o  seguinte: 


Procedência 

Quantidade  em  quilos 

Direitos  arrecadados 

Gran-Bretanha 

789:229 

4.134:771$950 

França  . 

257:072 

1.828:810$300 

Alemanha  . 

234:706 

1.492:339S390 

Bélgica . 

42:463 

316:969$900 

Áustria. 

13:397 

97:948$580 

Itália     . 

3:503 

.     27:992$200 

Outros  países  . 

29:995 

154:177$310 

1.368:965        8.063:009$630 


Quanto  aos  tecidos  abertos,  bareges,  filós,  grenadines,  a  França 
tem  o  lugar  de  destaque;  efectivamente  nos  exercícios  de  que  nos 
ocupamos,  a  Estatística  nos  dá  os  seguintes  dados :  França,  746  qui- 
los. Outros  países,  311  quilos.  Destacamos  estes  tecidos,  mostrando 
a  preponderância  da  França,  em  tudo  quanto  diz  respeito  à  moda, 
ao  luxo,   ao  apurado  gosto,  e  é  este,  em  geral,  o  característico  das 


113 


fabricações  francesas,  que  teoiii  entretanto  a  desvantagem  de  ter 
o  seu  consumo  limitado  às  classes  mais  abastadas;  na  fabrica- 
ção inglesa,  sobresaem  os  panos  e  os  cheviotes  de  la;  a  alemã 
é  mais  popular,  isto  é,  mais  adequada  aos  consumidores  menos 
favorecidos  da  fortuna:  a  belga  o  a  italiana,  procuram  em  suas 
exportações  imitar,  ora  os  produtos  ingleses  e  franceses,  ora  os 
alemães,  conforme  o  consumo  do  país  importador  pende  para  um 
ou  outro  lado. 

A  importação  de  tecidos  de  la  portugueses,  nâo  figura  na  Esta- 
tística de  importação  da  Alfandega  do  Rio  de  Janeiro,  mas,  se  as 
fábricas  portuguesas  nao  exploram  os  mercados  brasileiros,  a  que 
causa  se  deve  atribuir  semelhante  abstinência?  Parece  que  à  negli- 
gência da  indústria  portuguesa,  afugentada,  sem  dúvida,  pela  pode- 
rosa concorrência  dos  produtores  ingleses,  franceses,  alemães,  etc, 
que,  antigos  conhecedores  do  consumo  e  das  tarifas  do  Brasil,  já 
afeiçoaram  as  suas  fabricações  àqueles  dois  elementos. 

3.°  Quais  o<f  preços  em  média,  se  possível  fõ)\  do  produto  no  local 
da  sua  origem? 

O  preço,  o  custo  das  mercadorias,  em  geral,  é  o  valor  nominal' 
dos  objectos :  nele  tudo  é  relativo,  porque  o  dinheiro  nâo  tem  um 
padrão  fixo  como  o  metro ;  o  mesmo  objecto,  pode  ter  tantos  preços, 
quantos  os  lugares  onde  é  fabricado,  alêni  de  outras  circunstâncias 
que  podem  influir  sobre  a  alta  e  baixa.  Para  responder  conveniente- 
mente a  este  "tj^uesito,  seria  necessário  que  se  conhecesse  previa- 
mente o  custo  do  produto  no  foco  de  produção. 

4.°  Quais  as  qualidades  de  tecidos  preferidas,  casimiras,  cassine- 
tas,  mesclas  de  seda,  cheviotes,  fianelas,  sarjas,  diagonais,  etc.  ? 

Parece  que  a  questão  de  preferência  está  subordinada  a  milha- 
res de  circunstâncias  que  só  a  prática  comercial  pode  determinar. 
Entretanto,  os  tecidos  leves,  quer  destinados  ao  sexo  forte,  quer  ao 
sexo  fraco,  quer  se  trate  de  panos,  casimiras  e  cassinetas  destinadas 
em  geral  a  roupas  masculinas,  quer  se  trate  de  flanelas,  sarjas,  cas- 
sas, etc,  destinadas  a  roupas  femininas,  sâo  igualmente,  senão  com 
pouca  diferença,  importados. 

õ.*'     Quais  as  cores  e  padrões  mais  usados? 

Cores  e  padrões,  variam  pelas  leis  arbitrárias  da  moda,  e  o  seu 
uso,  depende  do  gosto  individual:  sem  o  que  náo  se  poderia  expli- 
car a  preferência  de  certas  cores. 

6.°     Quais  os  tamanhos  ou  comprimentos  que  deve  ter  cada  peça? 

8 


114 


Os  comprimentos  variam  segundo  a  qualidade  do  tecido,  entre- 
tanto vâo  de  20  até  40  metros, 

7.**     Quais  as  larguras  mais  usuais  nos  diversos  tecidos? 

Um  metro  a  1™,20  para  os  tecidos  leves  destinados  a  vestuário 
de  senhora,  e  1™,40  para  os  de  homem. 

8,**  Qual  o  peso  mínimo  e  ynáximo  que  deve  ter  cada  metro  qua- 
drado de  tecido? 

O  peso  mínimo  nâo  tem  limite  na  tarifa;  os  tecidos  de  la  tari- 
fados se  dividem  em  duas  categorias :  aqueles  C|ue  teem  por  base  o 
peso  da  mercadoria,  e  aqueles  cuja  base  é  o  peso  por  metro  quadrado. 
Estes  compreendem  os  tecidos  classificados  nos  artigos  Õ17.°  e  524.** 

Para  os  primeiros,  a  taxacao  varia  segundo  a  composição  dos 
tecidos ;  se  sáo  de  la  pura,  e  se  o  peso  por  metro  quadrado  é  de 
450  gramas  ou  menos,  a  taxa  é  de  8$000  réis  por  quilo ;  se  o  peso 
da  mesma  unidade  métrica  excede  aquele  limite,  a  taxa  corres- 
ponde a  4$200;  se  sâo  fabricados  de  la  e  algodão  em  partes  iguais, 
o  limite  do  peso,  por  metro  quadrado,  é  de  400  gramas  para  a  taxa 
de  4S800  réis,  e  além  desse  limite,  a  taxa  varia  para  2S400  réis. 
A  simples  mescla  de  algodão,  nâo  desloca  a  classificação  do  tecido. 

Por  partes  iguais,  entende-se  trama  de  la  pura,  e  iirdidura  de 
algodão,  ou  vice- versa;  outra  combinação  de  elementos  que  nâo  seja 
esta,  importa  a  classificação  do  tecido  na  taxa  mais  alta.  No  ar- 
tigo 424.°  (tecidos  abertos,  etc),  o  limite  do  peso  por  metro  qua- 
drado, é  de  80  gramas  para  a  taxa  de  18$000  réis,  e  o  de  mais  de 
80  gramas  para  a  taxa  de  lOSOOO  réis.  Se  há  nestes  tecidos  mescla 
de  outra  fibra  vegetal  ou  animal,  tem  lugar  a  aplicação  do  disposto 
no  artigo  18.°  dos  Preliminares  da  Tarifa. 

9.°  Julga  V.  Ex/^  conveniente  organizar  pequenos  mostruários 
para  s-e  enviarem  às  Associações  Comerciais  Portuguesas,  designando 
qualidades  dos  tecidos,  padrões,  preços,  etc.  ? 

Como  vimos,  tem  o  Brasil  diversos  mercados  europeus  para 
abastecer-se  e  com  vantagem,  de  todos  os  tecidos  de  la.  Se  os  teci- 
dos de  origem  portuguesa,  precisam  alargar  o  seu  consumo,  e  con- 
tar como  seu  tributário  o  mercado  brasileiro,  parece  que  às  fábricas 
e  Associações  Portuguesas  compete  a  iniciativa  dessa  conquista. 
A  missão  de  tornar  conhecidos  os  seus  produtos  está  nitidamente 
indicada.  Amostras  ou  mostruários,  com  designação  de  padrões, 
preços,  qualidades,  peso  por  metro  quadrado,  da  indiístria  portu- 
guesa, é  o  que  convêm  conhecer. 


llõ 


A  remessa  tle  todos  os  esclarecimentos  de  origem  inglesa,  alemã, 
francesa,  etc,  para  ser  imitado  em  Portugal,  seria  afinal  de  contas 
uma  imitação  que,  por  mais  perfeita  que  fosse,  não  se  poderia  com- 
parar com  os  produtos  mais  aperfeiçoados  dos  outros  países  da 
Europa. 

10.°  Qiiaifi  off  direitos  que  incidem  no  Brasil,  sobre  os  tecidos 
de  lã? 

Os  tecidos  de  lã  estão  classificados  na  classe  16.''  da  Tarifa 
pelos  diversos  artigos  já  citados. 

Artigo  488."  Trata  este  artigo  de  uma  infinidade  de  tecidos  de 
la  pura,  sujeitos  à  taxa  de  7S200  réis  por  quilograma,  que  é  paga 
)3õ  7o  6m  ouro  ao  câmbio  par,  e  65  %  ^^^  papel,  mais  2  "/t»  também 
em  ouro,  calculado,  não  sobre  a  taxa,  mas  sobre  o  seu  valor  oficial 
(14SOl)0  réis  o  quilo);  armazenagem,  capatazias  e  finalmente  o  im- 
posto do  consumo  criado  pelo  Dec.  n.**'  11:511  de  4  de  Março 
de  1915. 

Os  artigos  489.^  490.°,  508.",  509.",  518."  e  594.",  cuja  transcri- 
ção seria  por  demais  longa,  estão  subordinados  às  mesmas  disposi- 
ções que  governam  os  tecidos  classificados  no  art.  517."  já  citado  no 
8."  quesito.  Os  tecidos  que  forem  classificados  nesse  mesmo  artigo, 
(panos,  casimiras,  etc.)  em  vez  de  35  %  dos  direitos  em  ouro, 
pagam  50  7o- 

É  evidente  que  as  taxas  correspondentes  aos  tecidos  de  lá  pura, 
ficam  sobrecarregadas  com  o  ágio  do  ouro,  subordinado  à  cotação  do 
câmbio,  e  tanto  mais  sobrecarregadas,  quanto  maior  fôr  a  percenta- 
gem em  ouro  a  pagar.  Assim,  as  taxas  da  tarifa  sâo  nominais  e  só 
seriam  efectivas  na  hipótese  de  termos  o  câmbio  ao  par. 

Exemplifiquemos  para  os  dois  casos  já  apontados  (35  ^j^  e  50  7o 
ouro)  e  tomemos  o  câmbio  de  12  d.  por  1^000  réis,  e  teremos: 

Taxa  do  artigo  488." 7$200 

65  7o  em  papel 48680 

35  7o  6D1  ouro  ao  câmbio  de  12  d.  ou  sejam 

2S520 5S680        10S360 

Diferença     ....  3S160 

O  aumento  de  38160  réis  corresponde  a  uma  agravação  de  43,8  7o 
sobre  a  taxa. 


116 

Xo  segundo  caso : 

Panos  de  la,  taxa. 8S000 

50  o /o  papel 4$000 

50  «/o  ouro  (4S000  réis)  ao  câmbio  de  12  .      .  9$056        13S056 


Diferença     ....  5^056 

que  corresponde  a  uma  agravação  na  taxa  fixa,  de  63,2  ^Iq. 

A  agravação,  como  se  vê,  é  inversamente  proporcional  à  cota- 
ção do  câmbio. 

Nâo  é  tudo:  o  imposto  de  2  ^1^  em  ouro,  criado  para  melhora- 
mentos dos  portos,  e  que  é  calculado  sobre  o  valor  oficial  da  merca- 
doria, vem  ainda  agravar  as  taxas. 

Efectivamente  nos  dois  exemplos  escolhidos  o  valor  oficial  no 
primeiro  caso  é,  14Í5200  réis. 

2  "/o  oiiTO  (284)  ao  câmbio  de  12,  $640  réis,  que  corresponde 
a  uma  agravação  da  taxa  (7S200  réis)  de  8,8  7o-  ^o  segundo  caso 
(8S000  réis),  valor  oficial,  13S333  réis. 

2  ^/q  ouro  (266)  ao  câmbio  de  12,  $600  réis,  ou  uma  agravação 
da  taxa  de  7,5  ^/q. 

11.°  Qual  a  forma  ãe  acondicionamento  mais  lyrópria  para  um 
clima  tropical  como  o  do  Brasil? 

Os  tecidos  de  la  devem  vir  enrolados  em  tábuas  muito  finas  e 
leves,  e  embrulhados  em  papel  muito  consistente;  as  caixas  devem 
ser  forradas  com  papel  impermeável. 

12,°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex/'^  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Fio  de  lã  para  tecelagem. 

As  fábricas  aqui,  gastam  fio  penteado  e  fio  cardado,  aquele  em 
muito  maior  quantidade,  em  bobinas  para  urdimento  e  em  espulas 
para  tramar,  sendo  as  grossuras  mais  procuradas  2/40,  2/48  e  2/52, 
bem  como  1/20,  1/24  e  1/26.  As  poucas  amostras  de  fio  tinto  que 
teem  vindo  ao  mercado,  sâo  de  bôa  qualidade,  e  prestam-se  per- 
feitamente aos  fins  em  vista;  porém,  o  seu  excessivo  custo,  assim 
como  as  condições  na  maneira  de  transaccionar,  afastam  os  com- 
pradores, que  de  preferência  se  voltam  para  quem  lhes  faz  meDio- 
res  ofertas. 


11' 


Alem  da  íirma  Afonso  Viseu  (D  C'/',  já  citada,  consultamos  os 
srs.  A.  Mendes  Campos  rf-  C.^,  Almeida  Rabelo  íO  C",  António  San- 
tos (Ç-  C",  Augusto.  Vaz  &  C.^  G.  Madeira  &  C",  J.  A.  de  Oli- 
veira d'  C",  J.  P.  de  Sousa  (&  C",  M.  A.  Ferreira,  Serafim  F. 
Clare  (f-  C."  e  Sofo  Maior  &  C."',  que  nos  prestaram  o  seu  valiosís- 
simo concurso  para  o  presente  estudo. 


YI — Linho  com  ou  sem  mescla. 


1.     Roupa  peita. 


Para  roupa  feita  de  linho,  não  se  dedicou  a  Câmara  Portuguesa 
a  um  tão  rigoroso  estudo,  por  lhe  parecer  mercadoria  de  muito  di- 
minuto consumo  no  mercado  brasileiro,  mas,  acusando  a  Estatística 
Comercial  ura  movimento  assaz  regular  para  as  nossas  manufacturas 
consultamos  verbalmente  alguns  dos  principais  negociantes. 

Como  sucede  com  outros  filamentos  e  mercadorias  semelhantes, 
não  há  referências  a  quantidades.  Os  valores  que  exportamos  du- 
rante os  últimos  dez  anos,  em  confronto  com  a  importação  geral, 
foram  os  seguintes : 


Anos 

Importação  portuguesa 

Importação  geral 

1905 13:763SOOO 

376:296S(XK) 

1906     . 

8:8228000 

423:870SO0O 

1907 

6:8118000 

481:323St300 

1908 

12:2028000 

339:471S0(X) 

1909 

8:8418000 

290:6345000 

1910 

1:9008000 

308:6765000 

1911 

9:3248000 

320:398S(X)0 

1912 

1:6388(300 

315:0445^30 

1913 

2:8788000 

266:03550X3 

1914 

8:1388000 

107:10250(3(3 

118 


Consta  a  roupa  feita,  de  camisas,  colarinhos,  punhos  e  ceroulas, 
e  é  este  último  artigo  que  vem  em  maior  quantidade  ao  mercado. 
As  taxas  alfandeo-árias  sâo  as  seguintes : 


Camisas  de  aniagem  ou  creguela  (dúzia) 13S000 

Idem  de  qualquer  outra  qualidade,  lisas  ou  com  pregas 

(dúzia) 52$000 

Ceroulas  (dúzia) •      .  24S000 

Colarinhos  (dúzia) 3^600 

Punhos  (dúzia  de  pares) 5$000 


Como  para.  os  demais  artigos,  acresce  35  %  o^^i^Oj  2  %  ouro 
para  melhoramentos  do  porto,  etc,  etc,  elevando  qualquer  das  taxas 
a  50  7o  mais. 


Questionário  n.°  13 

2.     Tecidos. 

No  agrupamento  de  linhos,  a  Estatística  Comercial  designa  oito 
artigos,  figurando  Portugal  somente  em  quatro,  sâo  eles:  Roupa 
Jeita,  de  que  já  nos  ocupamos ;  Tecidos,  de  que  vamos  tratar ;  Cor- 
doalha, ou  Cabos  de  linho  e  Manufacturas  não  especificadas,  incluídas 
também  no  presente  questionário. 

Tem  sido  bem  diminuto  e  irregular,  o  movimento  dos  nossos 
linhos  no  mercado  brasileiro.  Em  tecidos  encontramos  na  Estatística, 
durante  os  últimos  dez  anos,  apenas  as  seguintes  quantidades  e 
valores : 

Anos 

1905 

1906 

1907 

1908 


Quilogramas 

Valores 

556 

5:698$000 

428 

3:147$000 

208 

1:540$000 

303 

2:494$000 

Quilogramas 

Valore» 

119 

585S000 

355 

1:916S000 

9 

227$O0O 

59 

951 $000 

337 

2:220$000 

189 

885S0(.X) 

119 


Anos 

1909.  .  .  . 

1910.  .  .  . 

1911.  .  .  . 

1912.  .  .  . 

1913.  .  .  . 

1914.  .  .  . 

Registon-se  o  máximo  da  importação  em  1905,  e  desse  ano 
em  diante  foi  sempre  declinando.  Certamente,  nâo  figura  nela  o 
valor  de  todos  os  tecidos  de  linho  que  entram  no  consumo,  como 
bagagem  ou  por  qualquer  outro  processo. 

Em  1911,  a  importação  geral  foi  de  1.885:241  quilogramas,  no 
valor  de  6,924:O05SO00  réis,  distribuída  pelas  seguintes  nações: 
Oran-Bretanha,  França,  Bélgica,  Alemanha,  Itália,  etc. 

Lonas,  meias-lonas,  brins  e  brinzões. 

Estes  artigos,  fabricam-se  já  no  nosso  país,  na  máxima  perfei- 
ção, rivalizando  com  os  similares  franceses,  russos,  etc.  No  entanto, 
com  uns  pequenos  melhoramentos,  a  mercadoria  terá  muito  melhor 
aspecto.  Sâo  eles :  A  marcação  do  número  de  metros  e  a  aposição  de 
um  emblema  ou  marca  estampada  a  qualquer  côr,  na  face  superior 
de  cada  peça  e  designando  ao  mesmo  tempo,  o  nome  ou  marca  do 
tecido  ou  ainda  o  da  fábrica.  Nos  tecidos  de  algodão,  emprega-se  de 
há  muito,  este  sistema. 

Alem  das  pequenas  alterações  apontadas  impoe-se  o  aumento 
do  fabrico  em  condições  de  se  poderem  realizar  avultadas  trans- 
acções, satisfazendo  de  pronto  qualquer  encomenda  e  afastando 
qualquer  receio  da  sua  nâo  execução. 

Na  Estatística  Comercial,  náo  teem  tais  artigos  menção  à  parte, 
figurando  simplesmente  como  tecido.^-. 

Cabos  de  linho,  merlins,  mealhares,  etc. 

Temos  nestes  artigos,  próprios  para  navegação,  bons  fabricos, 
cujas  comparações  se  podem  fazer  sem  o  menor  receio;  no  entanto 
há  uma  modificação  muito  importante  a  realizar:  o  alcatroado 
desses  cabos  difere  muitíssimo  dos  similares  russo  e  inglês.  E  da 
Rússia  que  provêem  as  melhores  manufacturas  que  se  encontram 
no  mercado. 


120 


A  importação  dos  nossos  ccibos  ãe  Unho,  durante  o  último  decé- 
nio, cifrou-se  nas  seguintes  quantidades  e  valores : 


Anos 

1905 
1906 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


Quilogramas 

Valores 

7:910 

6:658S000 

3:295 

3:004$000 

2:880 

2:704$000 

3:590 

4:497$000 

2:888 

2:624$000 

3:164 

2:797$000 

1:317 

1:201  $000 

3:654 

3:993S000 

1:724 

1:878$000 

300 

333$000 

A  cordoalha  de  Unho,  está-  representada  em  1911,  por  85:819  qui- 
logramas computados  em  74:552$000  réis,  e  pelas  seguintes  origens : 
Alemanha,  Gran-Bretanha,  Rússia,  Bélgica,  Áustria,  etc. 

Manufacturas  não  especificadas. 

A  nossa  exportação  foi  no  mesmo  período  de: 
\ 


1905 
1906 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


Quilogramas 

Valores 

1:258 

1:963S000 

291 

2:881^000 

271 

5:305S000 

14:129 

6:166S000 

45 

l:745í$000 

504 

2:3968000 

354 

7608000 

479 

4:4978000 

59 

2288000 

4 

1148000 

Nâo  nos  passou  despercebida  a  disparidade  dos  algarismos  refe- 
rentes a  quantidades  e  respectivos  valores  por  unidade;  sâo,  porém, 
fielmente  reproduzidos  da  Estatística. 


121 


O  total  da  importação  geral  em  1912,  cifrou-se  em  121:;^71  ([iii- 
logramas  no  valor  do  445:085S0Cm;)  réis  e  teve  as  seguintes  origens : 
(íran-Hi-otanlia,  França,  Áustria,  Alemanlia,  Bélgica,  etc. 


A  indústria  no  país  está  representada  por  duas  fábricas,  sendo 
uma  delas  muito  importante,  produzindo  já  tecidos  muito  regulares, 
próprios  para  lençóis,  à  razão  do  2S200  réis  e  2S80()  réis  por  metro, 
para  as  larguras  de  1"\80  e  2'",20. 

No  entanto,  Portugal  pode  abastecer  o  mercado,  com  diversas» 
das  suas  manufacturas  já  de  há  muito  reputadas,  principalmente 
nas  praças  do  Norte  do  Brasil,  onde  nâo  há  ainda  vestígios  de  pro- 
dução. Entre  as  mercadorias  de  boa  aceitação,  encontram-se  os  atoa- 
lliados  de  padrões,  azul  e  encarnado. 

Os  nossos  linhos  tiveram,  por  parte  da  Câmara  Portuguesa,  um 
estudo  especial  nos  16  quesitos  que  seguem: 

QUESTIONÁRIO 

1.°  Ha  rendo  no  Norte  de  Portuyal,  uma  indústria  em  outros- 
tempos  muito  próspera,  a  da  curtimenta,  fiação  e  tecelagem  de  linho, 
representada  pelo  centro  produtor  de  Guimarães;  no  Sul,  a  importante 
fábrica  de  Torres  Novas,  além  de  muitas  outras  disseminadas  pelo  pais, 
não  julga  V.  Ex/''  que  essas  manufacturas  possam  ter  aceitação  nos 
mercados  do  Brasil? 

Certamente  que  sim,  se  os  produtos  pela  sua  qualidade,  pre- 
paro, preço,  etc,  puderem  competir  com  as  de  outras  procedências, 
já  com  larga  aceitação  no  mercado.  Os  Unifi"ios  sempre  tiveram 
grande  preferência  nos  climas  tropicais. 

2°  Na  afirmativa,  pode  V.  Ex."'  inteirar-nos  do  que  é  necessário 
fazer  para  que  se  torne  eficaz  o  desenvolvimento  do  comércio  do  linho 
português  no  Brasil  ? 

A  introdução  de  um  produto  no  mercado,  depende  necessa- 
riamente da  propaganda,  e  por  isso,  um  serviço  bem  montado,  de 
representações,  poderá  produzir  resultados  benéficos,  se  o  produto 
estiver  em  condições  de  competir  com  os  similares,  e  nesse  caso 
seria  mesmo  necessário,  que  o  nosso  fabricante  aqui  viesse  exami- 
nar os  tipos  de  linho  que  o  Brasil  consome,  estudasse  preços,  tari- 


122 


fas,  etc,  e  conhecesse  a  importância  do  mercado  e  o  crédito  dos 
compradores. 

3.°  Qual  a  procedência  dos  tecidos  de  Unho  a  que  até  hoje  se  dava 
preferência  nos  mercados  brasileiros? 

Belga  e  francesa  para  roupa  de  cama  e  vestuário:  inglesa  para 
'fabricação  de  colarinhos,  porem  esta  última  qualidade,  parece  que  as 
nossas  fábricas,  nâo  estão  ainda  habilitadas  a  produzir. 

4."  Quais  os  preços  em  média,  se  possível  for,  do  produto  no  local 
da,  sua  origem? 

Nos  tecidos  para  lençóis,  por  exemplo,  variam  segundo  a  lar- 
gura, ou  sejam  em  média : 

0^^,80  (para  fronhas) frs.  0,80 

l'",80 »     1,50 

2'^,30       .      .      .  • »     2,20 

porem,  a  maior  venda,  é  da  largura  de  2™. 

Para  os  demais,  a  sua  grande  variedade,  tais  como :  trançados, 
lonas,  lisos,  para  forros  e  vestuário  de  homem  e  senhora,  inibe  os 
importadores  designá-los. 

5.^     Quais  são  as  qualidades  de  tecidos  mais  j^^^fer idas? 

Para  lençóis  e  fronhas,  é  o  branco,  com  preparo  de  linho,  e  de 
linho  e  algodão  em  partes  iguais,  isto  é,  a  trama  do  algodão  e  a  ur- 
didura de  linho,  e  pesando  respectivamente  para  as  larguras  citadas 
no  anterior  quesito,  100,  250  e  300  gramas  por  metro  corrente. 

O  tipo  mais  barato  e  de  boa  venda  que  vem  ao  Rio  de  Janeiro, 
é  um  artigo  de  Unho  e  algodão  em  partes  iguais,  com  2  metros  de 
largura,  24  fios,  ao  preço  de  Fr.  1,85  desconto  de  5  7o  P^^^ 
pagamento  à  vista.  Pesa  180  gramas  por  metro  quadrado.  Paga  o 
direito  de  2S200  réis  por  quilograma  com  o  abatimento  de  10  7o> 
por  ser  metade  algodão. 

Uma  boa  qualidade  média  de  linho  puro,  custa  Fr.  3,80  com 
o  desconto  de  5  7o-  Largura  2"\30,  fios  23,  e  pesa  165  gramas  por 
metro  quadrado. 

Entre  estas  duas  qualidades,  há  uma  escala  de  preços  e  pesos 
convenientes,  havendo  também  artigos  de  preço  muito  elevado,  mas 
de  pequena  venda.  A  taxa  alfandegária  é  igualmente  de  2S200  réis 
por  quilograma,  desde  que  nâo  passe  dos  24  fios.  O  último  tipo 
também  se  faz  na  largura  de  1™,20  para  vestidos  de  senhora. 


123 


Para  íi-onhas,  eonvéem  as  larguras  do  0"\70  o  1"\10  em  pecas 
de  30  metros.  Como  tipos  de  boa  venda,  temos  as  seguintes  con- 
dições : 

Qualidade  baixa:  Preço  Fr.  1,25  cm  ()"\70  de  largo,  com  23  fios 
e  180  gramas  por  metro  quadrado.  Taxa  alfandegária  2S200  réis  por 
quilograma.  Xa  largura  de  1"\10  o  preço  é  de  Fr.  1,80  e  tudo  o  mais 
relativamente. 

Qualidade  média:  Preços  de  Frs.  1,25  a  1,50  em  G^^jTO  de  lar- 
gura, e  r\SO  a  Frs.  2,25  em  l'^,10  como  30  a  36  fios  e  140  a 
150  gramas  por  metro  quadrado. 

Todos  os  tecidos  citados  devem  ser  branqueados  podendo  o  ar- 
tigo de  linho  e  algodão  ser  um  pouco  engomado.  O  fio,  redondo  e  nâo 
esmagado,  como  no  linho  chamado  hamburguês  e  em  certos  tipos 
belgas  e  ingleses ;  precisa  ser  também  pouco  ou  nada  lustroso. 

6.°     Quais  os  tamanhos  ou  largura  que  devem  ter  as  peças? 

Para  todas  as  qualidades,  30  metros ;  as  larguras,  já  estão  des- 
criminadas no  anterior  quesito. 

7°  Qual  a  base  ou  número  de  fios  que  o  tecido  deve  conter  por 
õ  '"/m  quadrados  ? 

O  mais  frequente :  23  a  24  fios  por  5  ■"/,„  quadrados,  isto  é, 
12  fios  para  a  trama  e  12  fios  para  a  urdidura.  O  mercado,  porem, 
recebe  tecidos  mais  finos. 

S.**     Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  os  diversos  tecidos? 

Obedecem  estes  às  seguintes  taxas,  segundo  a  classe  xvii,  ar- 
tio-o  538.°  da  tarifa: 


Até  12  fios  em  5  ■"/„!  quadrados  (quilo)  . 
De  12  a  24  fios  em  5  ""/m  quadrados  (quilo). 
De  24  a  36  fios  em  5  ""/m  quadrados  (quilo) . 
De  36  a  48  fios  em  5  ""/m  quadrados  (quilo). 
De  mais  de  48  fios  em  5  ""/„,  quadrados  (quilo) 
Linhos  sarjados  ou  imitação  lona  (quilo) 
Lavrados  e  adamascados  (quilo)    .... 


S900 
2S200 
5S000 
9S3(J0 
13S000 
3SO0O 
5S400 


Sendo  35  7o  em  ouro  e  65  7o  ©i^  papel.  Razão  60  ^Iq.  Acresce: 
ouro  2  7o  melhoramentos  do  porto,  capatazias,  armazenagem,  des- 
pacho o  carreto,  o  que  eleva  aquelas  taxas,  polo  menos  a  rnais  50  7o- 
Pela  nova  lei  de  consumo  de  4  de  Março  iiltimo,  os  tecidos  de  linho, 
pagam  o  imposto  de  30  réis  por  metro. 


124 


Há  mais  as  seguintes  taxas : 

Lonas  e  meias-lonas  (quilo) 1$200 

Brins  entrançados  à  imitação  de  lona  (quilo)     ....  3S00O 

Cordoalha  em  peças  (quilo) S700 

Idem  em  obra  (quilo) S800 

Como  se  trata  de  artigos  já  aqui  bastante  conhecidos,  e  que 
poderão  ter  um  largo  consumo,  damos  uma  fórmula  de  despacho 
para  a  primeira  mercadoria. 


Fórmula  de  um  despacho  para  um  fardo  de  lona  de  linho 

Um  fardo  contendo  lona  de  linho,  medindo  setecentos  e 
cincoenta  metros  e  pesando  líquido  rial  trezentos  e 
setenta  e  seis  quilos. 

Razão  50  7o  — 376  quilos  a  1$200  réis 4Õ1S200 

Estatística S030 

Melhoramentos  do  porto 18$050 

469S280 

Ouro  35  Vo 157S920 

»   2  7o 18S050 

175S970 

Papel 293^310  469S280 

Custo  de  1758970  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.   .      .      .  3168750 

Papel 293$3]0 

Agência  e  selos 178500 

Carreto  e  armazenagem 98000 

Réis 6368560 

750  selos  de  vinte  réis  (um  por  metro) 158000 

Réis 6518560 

Despesa  por  cada  metro,  réis  .      .      .  8869 


1-25 


9.°  Julga  V.  Ex."'  conveniente  organizar  pequenos  mostruários 
a  fim  de  se  enviarein  às  Associações  Portuguesas,  designando  qualidades, 
preço,  peso,  número  de  fios,  padrões,  direitos,  etc? 

Seria  preferível  que  as  Associações  Portuguesas  organizassem 
e  remetessem  para  aqui,  mostruários  a  fim  de  dar  uma  ideia  do  que 
a  indústria  portuguesa  pode  produzir,  podendo  então  indicarem-se 
as  modificações  no  processo  do  fabrico. 

10."     Na  afirmativa,  pode  V.  Ex.^  indicar  a  forma  de  os  ohter? 

Os  fabricantes  que  se  julgarem  aptos  a  fornecerem  com  pronti- 
dão as  manufacturas  de  maior  consiTmo  no  mercado,  e  que  queiram 
obter  maior  soma  de  esclarecimentos,  poderão  dirigir-se  à  Câmara 
Portuguesa,  pedindo  amostras  e  informações  sobre  determinados 
artigos  da  sua  produção,  que  esta  colectividade  prestará  todos  os 
informes  necessários. 

11."  Qual  a  forma  de  acondicionamento  e  embalagem  mais  pró- 
pria para  um  clima  tropical  como  o  do  Brasil? 

Xos  tecidos  para  lençóis,  as  peças  devem  ter  cinco  dobras  sobre 
140  centímetros,  embrulhadas  em  papel  forte  (mais  comum  azul), 
forrado  de  papel  de  seda  e  amarradas  com  dois  cadarços  sobrepostos 
por  tiras  de  papel  e  presas  por  tiras  de  algodão.  A  embalagem 
consta  comumente  de  uma  caixa  com  mais  ou  menos  300  quilos 
de  peso  bruto,  forrada  de  papel  encerado,  contendo  trinta  peças. 

Outros  tecidos  mais  finos,  em  caixas  cujo  peso  bruto  não  exceda 
lõO  quilos,  forradas  de  papel  forte  e  limpo,  mesmo  encerado.  Todas 
as  caixas  devem  ser  adequadas  à  mercadoria,  novas  e  sólidas,  bem 
pregadas  e  cintadas  com  aros  de  ferro  nas  extremidades. 

Para  lonas,  meias-lonas.  brins  e  hrinzões,  o  enrolamento  e  enfarda- 
mento  como  é  feito  actualmente,  satisfaz ;  no  entanto,  para  dar  mais 
elegância  à  mercadoria,  era  conveniente  que  todas  as,  peças  tivessem 
na  face  superior,  marcados  a  tinta,  o  número  de  metros  por  peça  e 
um  grande  emblema,  como  por  exemplo,  duas  grandes  âncoras  entre- 
laçadas, e  quaisquer  dizeres,  o  nome  da  fábrica,  do  tecido  ou  outro 
qualquer  de  fantasia,  podendo-se  adoptar  um  para  cada  artefacto. 
Sem  dizeres  de  espécie  alguma,  como  vêem  actualmente,  nâo  são 
nada  atraentes. 

12."  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro? 

Nâo  há  um  modo  uniforme;  depende  do  crédito  do  comprador, 
dos  recursos  do  vendedor,  do  conhecimento  que  há  entre  eles,  etc. 


126 


Os  importadores  teem  geralmente  nas  capitais  dos  países  exporta- 
dores, um  comissário  que  é  ao  mesmo  tempo  o  seu  banqueiro,  pois^ 
que  paga  ao  fabricante  à  vista,  e  dá  ao  importador  o  prazo  de  seis 
meses,  cobrando  uma  comissão  pelo  seu  trabalho,  e  um  juro  razoá- 
vel pelo  crédito  que  fazem.  Há  porém,  negócios  directos  com  os  fa- 
bricantes, que  dáo  de  3  a  6  meses  de  prazo  contra  saque  que  geral- 
mente é  aceite  ou  descontado  depois  de  conferida  a  mercadoria,  o 
que  representa  entre  dois  a  três  meses  da  data  da  saída  da  en- 
comenda ou  remessa.  Seria  portanto,  este  o  prazo  mínimo. 

IS."     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc? 

Free  on  hoard. 

14."  Não  acha  V.  Ex."  que  os  exportadores  portugueses  deveriam 
mandar  ao  Brasil  caixeiros  viajantes  habilitados  e  bem  remunerados? 

Sendo  miúdo  o  negócio  que  o  fabricante  tem  feito  com  o  Brasil, 
pois  geralmente  os  compradores  dos  nossos  artigos  teem  sido  casas 
de  retalho  de  terceira  ou  quarta  ordem,  ou  particulares,  o  fabricante 
nâo  conta  com  negócio  de  importância,  e  nâo  tem  disposição  para  ar- 
riscar uma  viagem  de  três  meses  ao  Rio  de  Janeiro,  o  que  lhe  custaria, 
entre  ordenado  e  despesas  do  viajante,  uns  600  escudos;  por  isso,  o 
seu  produto  é  vendido  a  algum  negociante  que  tem  transacções  com  o 
Brasil  ou  é  confiado  a  alguém  que  conhece,  um  viajante  de  outro 
ramo  (vinho,  etc),  mas  que  nada  entende  do  artigo,  e  que,  em  todo  o 
caso,  o  sobrecarrega  com  verba  avultada,  de  modo  que  a  manufactura, 
além  de  nâo  ser  quási  nunca,  o  que  convêm  como  tipo,  ou  como  número 
de  fios  ou  de  peso,  vem  encarecida  com  o  lucro  dos  intermediários. 

Há  pouco,  esteve  no  Rio  de  Janeiro  um  desses  agentes,  com 
lindas  rendas  de  linho  do  Sul  de  Portugal,  confessando  a  vários 
importadores  que  o  seu  lucro  era  apenas  de  30  °/o  sobre  o  preço  da 
factura,  já  em  segunda  ou  terceira  máo ! 

15."  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores  a 
modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  pagamento? 

Sim;  uma  vez  conhecidos  o  conceito  e  o  valor  das  casas  com- 
pradoras, afigura-se  de  grande  proveito  aos  próprios  exportadores 
cederem  por  vezes  às  suas  exigências  em  limite  razoável. 

16."  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex."'  julgue  conveniente 
acrescentar  ? 

O  assunto  é  de  toda  a  urgência,  visto  estarem  todos  os  países 
produtores,  envolvidos  na  guerra,  e  haver  falta  das  mercadorias  no 
mercado. 


12' 


Todos  os  importadores  consultados,  sâo  unânimes  em  alirmar 
que  alguns  dos  nossos  artefactos  de  linho  podem  ter  muito  boa  acei- 
tação no  mercado,  e,  uma  vez  introduzidos,  dificilmente  serão  su- 
plantados. 

Foram  eles  os  srs :  Costa  Pacheco  &  C/',  Costa  Pereira  &  C", 
J.  P.  de  Sousa  c&  C",  J.  Ferreira  dos  Santos  cf-  C",  João  Reinaldo, 
Coutinho  &  C",  Leitão,  Irmãos  &  G."",  Rocha,  Couto  &  C."',  Serafim 
Fernandes  Clare  &  C."'  e  Vasco  Ortigão  &  C." 


Questionário  n."  14 

VII — Louça,  porcelana,  vidro  e  cristal. 

1.     Manufacturas  de  porcelana  e  louça. 

Na  Estatística  Comercial,  figuram  as  manufacturas  de  porcelana 
e  louça  com  as  seguintes  quantidades  e  valores,  representativas  da 
importação  de  origem  portuguesa,  no  decénio  de  1905  a  1914: 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905 9:045 

16:112S000 

1906 

12:136 

18:776SOOO 

1907 

11:505 

16:1088000 

1908 

9:072 

11:9388000 

1909 

10:393 

10:6288000 

1910 

7:903 

12:3518000 

1911 

19:336 

15:4a38000 

1912 

13:603 

16:2228000 

1913 

39:776 

24:2678000 

1914 

mif 

riQ 

o    tt/ 

-irne 

9:020 

nvtno     rmnr>Q     fí-ir 

15:0378000 

ct-fa  m     n-vn  n  A  o 

no   mercado,   pelo   seu  elevado  peso,  pouca  ou  nenhuma  iniciativa 
dos    fabricantes    na    criação    de   modelos,    desenhos,    padrões,    etc, 


128 


a-pesar-de  várias  tentativas  dos  importadores,  fornecendo  daqui  os 
modelos  necessários,  para  a  boa  execução  das  encomendas. 

Temos  conhecimento  de  vários  casos  sucedidos,  e  basta  um 
deles  para  demonstrar  cabalmente,  o  que  é  voz  corrente,  o  pouco 
caso  dos  nossos  industriais  em  tudo  quanto  diga  respeito  a  melho- 
ramentos, alterações  ou  modificações  dos  processos  retrógrados, 
usados  na  execução  de  qualquer  pedido.  Uma  casa  comercial  daqui, 
enviou  para  uma  fábrica  nossa,  aliás  muito  reputada,  um  aparelho 
completo  para  serviço  de  mesa,  a  fim  de  servir  em  tudo,  como  modelo, 
na  projectada  introdução  em  larga  escala,  da  referida  mercadoria. 
Só  passados  dois  anos,  foi  satisfeita  a  encomenda,  e  a  respeito  de 
alterações,  ou  simplesmente  a  execução  segundo  o  modelo,  foi  posta 
de  parte.  Nem  combinavam  as  espessuras  nem  o  número  de  peças. 
Em  Portugal,  um  serviço  igual,  tem  pratos  chamados  de  sobremesa 
e  ditos  para  doce.  Estes  últimos  sâo  aqui  desconhecidos  por  com- 
pleto ;  pois  o  fabricante,  entendeu  que  deviam  também  fazer  parte 
do  serviço.  Náo  estando  o  consumidor  acostumado  a  fazer  uso  deles, 
dificilmente  os  aceita. 

A  mercadoria,  por  falta  de  competência  dos  embaladores,  che- 
gou com  inúmeras  peças  inutilizadas,  causando  ao  fabricante  um 
avultado  prejuízo. 

Os  concorrentes  de  outros  países,  distribuem  anualmente,  ele- 
gantes catálogos  ilustrados  coloridos,  de  uma  fiel  reprodução,  apre- 
sentando sempre  novos  tipos  e  decorações.  Em  cada  biénio,  viajan- 
tes percorrem  o  Brasil,  recebendo  ordens  dos  seus  clientes.  De 
Portugal  náo  aparecem  viajantes,  nem  sequer  catálogos. 

No  Brasil  já  se  fabrica  alguma  louça,  mas  por  emquanto,  nâo 
impede  o  aumento  da  importação,  pois  que,  em  1913  se  registou  o 
maior  movimento  que  foi,  de  9.214:758  quilogramas  no  valor  de 
7.180:483^000  réis. 

Disputaram  o  mercado,  pela  ordem,  as  seguintes  nações:  Ingla- 
terra, Alemanha,  Holanda,  França,  Japão  e  Bélgica.  A  louça  japo- 
nesa é  a  mais  barata  que  vem  ao  mercado,  já  pelo  seu  custo,  já  pelo 
seu  diminutíssimo  peso,  a-pesar-de  ter  um  acréscimo  extraordinário 
nas  despesas  de  transportes,  fretes,  baldeações,  etc,  vindo  por  via 
Marselha.  O  industrial  japonês  já  imita  perfeitamente  na  decoração, 
o  artigo  francês,  inglês  e  alemão. 

As  faianças  e  porcela,nas,  tiveram  um  estudo  especial  por  parte 
da  Câmara  Portuguesa,  nos  19  quesitos  que  seguem : 


129 


QUESTIONÁRIO 


1."  Existindo  em  Portufjal  há  tmiitos  anos.  fábricas  impor  km  te ^i 
âe  porcelana  e  loura,  esta  áltima  mais  conhecida  por  loura  de  pó  de 
pedra,  chega  a  parecer  impossível  que  se  não  tenha  cogitado  até  hoje,  da 
sua  valorizarão  no  Brasil.  Não  desconhecendo  V.  Er.^''.  por  certo,  o  grau 
de  adiantamento  dessa  indúMria  no  nosso  país,  como  julga  mais  acer- 
tado proceder  jy^fci  conseguir  a  expansão  da  <!^ porcelana y>  e  da  «louças 
no  mercado  brasileiro? 

Julgam  os  importadores  que  os  fabricantes  portugueses  se  con- 
sideram incompatíveis  com  os  concorrentes  das  domais  nações,  pois 
que,  a  pouca  atenção  prestada  às  indicações  daqui  emanadas,  para 
melhoria  no  fabrico,  decoração,  peso,  embalagem,  etc,  das  nossas 
manufacturas,  deu  em  resultado  a  sua  diminuta  procura. 

Para  a  sua  completa  expansão  no  mercado  (e  o  momento  não 
pode  ser  mais  propício),  seria  muito  conveniente  que  os  fabricantes 
se  esforçassem  em  satisfazer  todas  as  exigências  dos  importadores, 
de  quem  depende  sempre  a  difusão  da  mercadoria,  procurando  ao 
mesmo  tempo  manter  a  uniformidade  dos  feitios,  tamanhos,  gros- 
sui*as.  decorações,  qualidade  da  matéria-prima  e  a  consistência  neces- 
sária para  a  sua  conservação,  principalmente  no  vidrado. 

Também  se  afigura  de  óptimos  resultados,  o  estabelecimento 
nesta  capital,  de  um  mostruário  permanente  era  conjunto,  de  todos 
os  artigos  que  as  nossas  fábricas  possam  produzir  em  quantidade, 
pois  que,  apresentar  modelos  muito  vistosos  para  agradar  ao  consu- 
midor e  quando  a  encomenda  é  de  maior  vulto,  nâo  a  executar,  e 
nem  ao  menos  justificar  os  motivos,  prejudica  seriamente  a  indús- 
tria de  uma  nação.  Junto  a  esse  mostruário,  deverá  haver  uma 
secção  de  catálogos,  preços  correntes,  e  todas  as  informações  sobre 
os  produtos  apresentados,  quer  em  fabrico,  quer  em  produção.  Na 
mesma  secção  do  mostruário  permanente,  se  prestariam  todos  os 
esclarecimentos  sobre  modificações  a  introduzir  na  nossa  indústria, 
assim  como  se  forneceriam  modelos  para  serem  fielmente  reprodu- 
zidos. 

2.'*  Quais  as  modificações  a  introduzir  em  Portugal,  no  fabrico 
da  porcelana  e  da  louça,  para  que  possam  com  vantagem  competir  com 
a^  similareff  de  outras  nações  que  vêem  ao  mercado? 


130 


Assemelhar  os  desenhos  e  padrões  aos  de  outras  procedências. 
A  indústria  japonesa  assim  procede,  pois  fabrica  porcelanas  e  louças 
com  desenlios  ou  pinturas  perfeitamente  iguais  às  inglesas  e  fran- 
cesas. Modificar  por  completo,  o  actual  processo  de  fabrico,  dando 
às  nossas  manufacturas  o  menor  peso  possível,  qualidade  essencial 
para  as  tornar  compatíveis  com  as  similares,  que  primam  pela  ele- 
gância, hno  gosto,  e  sobretudo  extremamente  leves.  As  fábricas 
inglesas,  francesas  e  alemãs  anualmente  lançam  no  mercado  padrões 
novos,  muito  artísticos  e  pelos  catálogos  ilustrados  dessas  fábricas, 
os  industriais  portugueses  poderão  facilmente  ajuizar  do  grau  de 
aperfeiçoamento  da  indústria  e  dos  gostos  preferidos  neste  mercado. 

3°  Quais  são  as  diversas  jirocedências  de  porcelana,  que  abaste- 
cem acinalménfe  os  mercados  do  Brasil  ? 

França,  Inglaterra,  Alemanha,  Austria-Hungria  e  Japão,  sendo 
para  notar  que  este  último  concorrente  vai  tendo  grande  aceitação. 
Incontestavelmente  é  a  França  quem  melhor  concorre  com  serviços 
de  toilette  e  de  mesa,  não  podendo  de  forma  alguma  a  Alemanha 
imitá-la,  pois  é  unicamente  exímia  em  pequenos  serviços  para  chá 
ou  café,  pratos  para  doces,  etc. 

4."     Quais  as  proímniências  das  louças  de  pó  de  pedra? 

A  Inglaterra  tem  preferência  exclusiva  no  mercado,  seguindo-se 
a  Alemanha,  França,  Holanda  e  Austria-Hungria. 

5.°     Quais  os  direitos  que  incidem  no  Brasil,  sabre  luna  e  outra? 

Para  as  manufacturas  de  porcelana  e  louça,  constantes  de  apare- 
lhos ou  serviços  de  mesa,  toilette  ou  quaisquer  peças  isoladas,  há 
seis  taxas,  segundo  a  materia-prima  de  que  se  compõem  e  da  orna- 
mentação. Damos  um  exemplo  de  despacho  para  cada  uma  das  seis 
taxas,  ficando  assim  bem  demonstrado  quanto  o  direito  é  excessivo 
e  sobrecarrega  a  mercadoria : 


131 


Fórmula  de  despacho  para  louça  branca  ordinária  n."  1 : 
Pó  de  pedra   branca 

Cinco    barricas,   contendo   louça   número   ura,   pesando 
lííjuido  mil  quinhentos  quarenta  e  dois  quilos. 

Kazâo  5(1  7„  —  1:542  a  200  réis 308S400 

Abatimento  de  5  7o 15S420 

292S980 

Estatística SlOO 

Ouro  2  7o  (^I-  do  porto) 12S340 

Réis 305S420 

Ouro  35  "/o ia2S550 

»       2  7„ 12S340 

114S890 

Papel 190S530  305S420 

Custo  de  114S890  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  206S81X) 

Papel 190S530 

Descarga 3S030 

Capatazias lOSlOO 

Cais  do  porto  (armazenagem) 12S340 

Selos  de  consumo  (60  réis  por  quilograma).      .      .      .  92S520 

Agência  e  selos 15S200 

Carreto 12S50O 

Réis 543S$a20 

Aumento  de  5  ^'/o  para  quebras 27S150 

Réis 570$170 

Despesa  por  quilo,  réis     ....  S370 


132 


Fórmula  de  despacho  para  louça  branca  n.'^  2 :  Granito 

Seis  gigos  contendo  louça  número  dois,  pesando  líquido 
dois  mil  trezentos  e  setenta  e  dois  quilos. 

Razão  õO  7o  — 2:372  quilos  a  250  réis 594$500 

Abatimento  de  5  % 29$720 

564$780 

Estatística $120 

Ouro  2  7o  (M.  do  porto) 23S780 

Réis 588^680 

Ouro  35  7o 197^700 

»       2  7o 23^780 

221S480 

Papel 367^200  588Sfi80 

Custo  de  2218480  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  398$670 

Papel 367$200 

Descarga 3S910 

Capatazias 13$020 

Cais  do  porto  (armazenagem) 23$780 

Selos  de  consumo  (100  réis  por  quilograma)     ...  237$800 

Agência  e  selos 17$700 

Cai-retos .  15$000 

Réis 1:077$080 

Aumento  de  5  ^/q  para  quebras 53S820 

Réis 1: 1308900 

Despesa  por  quilo,  réis      ....  $475 


133 


Fórmula   de  despacho   para   louça  ordinária  pintada 
ou   dourada,  de  pó  de  pedra,  n.''  3 

Duas  barricas  contendo  louça  mítmero  trê!?,  pesando  lí- 
quido seiscentos  e  onze  quilos. 

Razáo  50  7o  — 611  quilos  a  300  réis 1H3S300 

Abatimento  de  5  "/o 9S160 

1748140 

Estatística S040 

Ouro  2  »  o  (^'-  <lf>  porto) TS340 

Réis 181S52(^ 

Ouro  35  7o 60S950 

>   2  7o 7S340 

68S290 

Papel 113S230  181S520 

Custo  de  68S290  ouro  ao  câmbio  de  15  d 122S920 

Papel 113S230 

Capatazias 4S940 

Cais  do  porto  (armazenagem) 7S340 

Selos  de  consumo  (160  réis  por  quilograma)     .      •      .  97S760 

Agência  e  selos 7S200 

Carretos 5S000 

Réis 358S390 

Aumento  de  5  7o  P^^ra  quebras 17S920 

Heis 376S310 

Despesa  por  (juilo,  reis     ....  $616 


134 

Fórmula   de  despacho   para   louça    n.^  4:   Porcelana    branca 

Dnas  barricas,  contendo  louça  número  quatro,  pesando 
líquido  quinhentos  quarenta  e  um  quilos. 

Eazâo  60  O/o  — Õ41  quilos  a  600  réis 324$6ai 

Abatimento  de  5  %      .      . 16$230 

308$370 

Estatística $030 

Ouro  2  «/„  (M.  do  porto) 12$990 

Eéis 321S390 

Ouro  35  7o 107S930 

*  2  7o 12$990 

120$920 

Papel 20O$470  321$390 

Custo  de  120$920  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  217$650 

Papel 200S470 

Descarga 1$170 

Capatazias 3$870 

Cais  do  porto  (armazenagem) 10$820 

Selos  de  consumo  (180  réis  por  quilograma)      .      .      .  97$380 

Agência  e  selos 7$300 

Carreto 5$000 

Réis 543$660 

Aumento  de  5  ^/.j  para  quebras 27$140 

Eéis 570$800 

Despesa  por  quilo,  réis      ....  1$060 


135 


Fórmula  de  despacho  para  uma  remessa  mixta  de  Porcelana 
cor  pintada:  Louça  n."  5  e  figuras  de  Biscuit:  Louça  n.°  6 

Tivs  caixas  contendo  louça  número  cinco,  pesando  lí- 
quido trezentos  quarenta  e  seis  (juilos. 

Ra/.áo  60  O/o— 346  quilos  a  1$200  réis 415$2ai 

Duas   caixas   contendo   louça  número  se/a,  pesando  lí- 
quido setenta  quilos. 

Razáo  60  7„  — 70  quilos  a  4$CK)0  réis 280$000 

69õ$200 

Al)atiniento  de  õ  % ,       34$760 

660$440 

Estatística S080 

Ouro  -2  '•/„  (M.  do  porto) 23$190 

Kéis 683$710 

Ouro  3')  "/„ 231$150 

>   2  %, 23$190 

254$340 

Papel 429$370  683$710 

Custo  de  254$340  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.      .      .  457$8l0 

Papel 4295370 

Capatazias 5S470 

Cais  do  porto  (armazenagem) 23S180 

Selos  de  consumo  (240  réis  por  quilograma)      .      .      .  99$840 

Agência  e  selos lõ$200 

Carreto 12$50O 

Péis l:043$37O 

Aumento  de  5  "/o  pai'a  queljras 52$170 

Réis l:095$54O 


136 


6.**  Julga  V.  Ex."'  que  o  excessivo  peso  das  manufacturas  portu- 
guesas impede  a  sua  expansão  ? 

É  o  principal  motivo  que  obriga  o  importador  a  nâo  procurar 
o  artigo  português.  Já  por  várias  vezes  negociantes  desta  praça, 
forneceram  todas  as  indicações  necessárias,  para  completa  modiíica- 
çâo  nos  nossos  artefactos  de  porcelana  e  louça,  no  sentido  de  lhes 
diminuir  o  excessivo  peso,  chegando  mesmo  a  fornecer  modelos  dos 
artigos  de  maior  consumo  no  mercado.  Mas  é  muito  difícil,  trans- 
formar em  Portugal,  qualquer  processo  de  fabrico,  implantado  desde 
remotas  eras.  Já  nâo  sucede  outrotanto  com  o  comércio  alemão, 
pois  fabrica  tudo  quanto  se  lhe  pede,  basta  que  se  lhe  forneça  um 
simples  modelo. 

Como  já  foi  demonstrado  no  quesito  anterior,  a  taxa  alfande- 
gária para  estas  mercadorias,  demasiadamente  elevada,  tem  por 
base  o  quilograma,  e  todos  os  produtos  da  cerâmica  portuguesa  sáo 
pesadíssimos,  ficando  por  esse  facto  onerados,  além  de  um  custo 
superior,  com  direitos  calculados,  pelo  menos  em  50  "/,)  mais  do 
que  para  os  similares  de  outros  países. 

7."  Na  afirmativa  queira  V.  Ex!''  indicar  o  peso  dos  diversos 
artigos  da  indústria  alemã,  austriaca,  Jrancesa  ou  de  qualquer  outra 
nacionalidade,  tanto  para  <douça»  como  «porcelana»,  para  que  se  jwssa 
e>!tabelecer  o  confronto  com  a  portuguesa,  como  p)or  exemplo :  Peso  de 
serviços  para  «^toilette*,  número  de  peças;  peso  de  serviços  para  almoço, 
ditos  para  mesa  ou  jantar :  e  peso  jjara  pratos,  ete. 

Um  aparelho  ou  serviço  trivial  de  porcelana  francesa,  de  côr, 
«Limoges>,  composto  de  103  peças,  com  pratos  de  8  polegadas, 
lisos,  pesa  48  quilogramas. 

Um  aparelho  idêntico,  inglês,  meia  porcelana,  com  o  mesmo 
número  de  peças,  42  quilogramas. 

Um  serviço  para  almoço,  chá  e  café,  meia  porcelana,  inglês,  com 
34  peças,  tem  os  pesos  seguintes : 


137 


Unia  tateteira 

Um  V)i\lo 

Uma  manteigueira  com  tampa 

Um  açucareiro 

Uma  leiteira  sem  tampa 

Uma  ti<j::ela 

Quatro  pratos  rasos  para  torradas 
Doze  cliícaras  com  pires,  para  chá 
Doze  ditas  com  pires  para  café 


lactai 


Quilogr. 

(),H7() 
0,570 
»),IU() 
0,301) 
0,265 
0,32( ) 
1,U7<) 
2,690 
1,470 

7,665 


Idêntico  servira  em  porcelana  alemã,  com  o  número  de  peças, 
pesa  8,230  quilogramas. 

Idem  em  porcelana  francesa  «Limoges»,  pesa  8,500  quilogramas. 

Uma  dúzia  de  pratos,  8  e  meia  polegadas,  dos  fabricantes 
J.^ã'  G.  Meaking,  LimfcL.  de  Hanley,  Inglaterra  (seis  razos  e  seis 
covos),  pesa  4,180  quilogramas. 

Doze  ditos,  porcelana  francesa  «Limoges»,  pesa  4,750  quilo- 
gramas. 

Doze  ditos  de  louça  comum,  ingleses,  denominados  '  imitação  >, 
pesam  3,900,  4,000  e  4,200  quilogramas. 

Como  simples  confronto,  uma  dúzia  de  pratos  portugueses, 
(seis  covos  e  seis  razos),  de  idêntica  jnatéria-prima,  pesa  4,80'}  e 
5,000  quilogramas. 

Serviços  para  lavatório  ou     toílette  >. 

Ingi^^r-s,  meia  porcelana  ou  granito,  com  seis  peças : 


Um  jarro  com  32  centímetros  de  altura  . 
Uma  bacia  com  42  centímetros  de  diâmetro 

Uma  caixa  para  escovas 

Uma  saboneteira 

Um  porta-esponja . 

Um  vaso  com  tampa 


Ou'logr. 

2,160 
3,070 
0,420 
0,540 
0,210 
2,130 


Total 


S,.5.3<) 


138 


Alemão,  faiança,  com  seis  peças : 

Quilogr. 

Ujii  jaiTO  com  32  centímetros  de  altura 1,Õ00 

Uma  bacia  com  42  centímetros  de  diâmetro       ....  2,250 

Uma  caixa  para  escovas 0,4õ0 

Uma  salioneteira 0,340 

Um  porta-esponja 0,250 

Um  vaso  com  tampa 1,450 

Total     ....         6,240 
Francês,  porcelana  «Limoges^,  com  oito  peças: 

Quilogr. 

Um  jarro  com  35  centímetros  de  altura 2,430 

Uma  l)acia  com  43  centímetros  de  diâmetro       ....  2,700 

Uma  caixa  para  escovas 0,365 

Uma  saboneteira 0,355 

Um  porta-esponja 0,430 

Uma  caixa  para  pi) 0,150 

Uma  caixa  para  pasta 0,100 

Um  vaso  com  tampa 1,750 

Total     ....         8,280 

8."  Qual  o  custo  no  local  de  origem  dessas  peras  em  porcelana  ou 
em  louça  ? 

Muito  variado;  no  entanto,  é  sempre  de  preço  inferior  ao  das 
ma nuf act uras  portuguesas . 

9.**  Quais  os  processos  de  embalagem,  acondicionamento,  mais 
adequaios,  evitando  quebras,  e  que  não  inutilizem  por  completo  todo  o 
carregamento  como  já  tem  sucedido  ? 

De  preferência,  em  l^arricas  com  arcos  de  madeira  e  tendo  nas 
extremidades  cintas  de  ferro.  Cada  barrica  terá  ao  centro  uma  divi- 
são interna,  bem  pregada.  A  embalagem  deve  ser  feita  por  hábeis 
profissionais,  evitando  assim  graves  prejuízos  em  quebras,  que  se 
dão  S()  nas  nossas  manufacturas.  Temos  conhecimento  de  uma  re- 
messa há  anos,  de  148  dúzias  de  pratos  de  louça,  em  que  só  se 
aproveitaram  117  dúzias.  As  barricas  j)ara  objectos  artísticos  e  deli- 
cados, reforçam-se  nos  tampos  com  cintas  de  ferro  cruzadas. 


139 


1(J."  AU')))  dos  s('nu'ros  comuns  para  mesa,  Javatórios,  almôro,  etc, 
quais  os  objectos  de  adorno  em  que  V.  E.r."  anferc  possibilidade  de 
introduzir  no  mercado  brasileiro  '^ 

Dependo  da  utilidade,  valor  ai'tísti(!0,  qualidade  e  preços  equi- 
tativos. 

Para  manufacturas  do  género  citado,  tudo  t^uanto  tòr  novidade 
é  aceitável,  mas  só  os  profissionais  poderão  estudar  conveniente- 
mente no  local  estes  artigos.  E  verdade  f[ue  o  bom  gosto  e  o  espírito 
inventivo  sao  espontâneos:  educam-se  e  não  so  estudam. 

11."  Qual  a  procedência  dos  objectos  de  adorno  que  o  mercado 
consome  ? 

A  mesma  que  para  as  manufacturas  de  porcelana  e  louça  ante- 
riores :  de  preferência,  porem,  as  francesas  pela  sua  perfeição  e  fino 
gosto,  e  as  alemãs,  não  só  pelo  mesmo  motivo,  como  também  pela 
sua  extrema  barateza.  Daí  resultou  a  sua  rápida  divulgação  no  mer- 
cado brasileiro. 

12."     Haverá  facilidade  em  saber  o  seu  custo  no  local  de  origem  ? 

vSó  por  intermédio  de  catálogos  ilustrados  das  principais  fábri- 
cas europeias. 

13."     Quais  os  direitos  com  que  são  taxados  péla  Alfândega  ? 

Estão  também  divididas  em  seis  grupos,  e  são  os  seguintes: 

Yasos  e  jarras,  etc. : 

Quilogr. 

Para  cima  de  mesa,  louça  n."*  1,  2  e  3 2$500 

Idem  idem.  n."M,  5  e  6 4$000 

Para  jardim,  n."*^  1,  2  e  3 $5a) 

Idem,  n."»^  4,  5  e  6 2$400 

14.°     Qual  a  forma  de  embalagem  e  material  a  empregar? 

Apenas  depende  das  manufacturas:  pode  ser  feito  em  barricas 
ou  em  caixas,  observando-se  para  estas,  também  as  disposições  de 
uma  ou  duas  divisórias  interiormente. 

lõ."  Quais  as  condições  de  pagamento  mais  usums  no  mei'cad<t 
do  Rio  de  Janeiro? 

A  quatro  meses  de  data  da  factura,  ou  a  9()  d/  da  entrada  do 
navio,  ou  em  sacjues  a  90  d/v. 

16."     Quais  as  condições  de  embalagem,  expedição,  etc.  ? 

Para  o  artigo  comum,  tanto  em  porcelana  como  em  louça,  é 
hábito  a  entrega  loco  fábrica,  e  todas  as  demais  despesas  correm  por 


140 


conta  do  comprador.  Para  artigos  de  fantasia,  geralmente  é  jree  ou 
hoard. 

17,°  Não  acha  V,  Ex.^''  conveniente  que  os  exportadores  portu- 
gueses, a  exemplo  dos  de  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  hem  remunerados? 

Certamente,  conquanto  sejam  pessoas  idóneas,  perfeitamente 
educadas,  industriadas  e  habilitadas  nâo  só  a  fornecerem,  como  a 
colherem  a  maior  soma  de  informes  e  ao  mesmo  tempo  munidos  de 
mostruários,  os  mais  completos. 

Devem  também  aliar  a  todos  os  conhecimentos,  a  cortezia  e  o 
fino  trato.  Ha,  porem,  quem  julgue  insuficiente  a  vinda  desses  via- 
jantes, que  até  hoje  se  teem  mostrado  completamente  leigos  na 
tecnologia,  parecendo  muito  mais  proveitoso,  uma  exposição  ou 
mostruário  permanente  habilmente  dirigido.  Esse  mostruário  pode- 
ria ser  custeado  por  todos  os  fabricantes. 

18."  Xão  lhe  parece  que  se  deveria  acom^elhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condiçòes  de  paga- 
mento  ? 

Seguir  a  norma  do  comércio  alemão,  ó  o  mais  prático  :  para 
este  ramo  de  negócio,  geralmente  há  intermediários  que  procedem 
ao  pagamento  aos  industriais  logo  após  a  expedição  das  encomendas; 
no  entanto,  concedem  prazos  de  6  meses  em  conta  corrente,  mediante 
o  juro  do  capital,  realizando  magníficos  negócios.  Os  nossos  indus- 
triais, nâo  operando  de  acordo  com  as  casas  intermediárias,  lutarão 
sempre  com  sérias  dificuldades  j)ara  a  expansão  das  suas  manufa- 
cturas. 

19."  Outras  quaisquer  observações  que  V.  E.r."'  julgue  conveniente 
acrescentar. 

A  maioria  dos  fabricantes,  como  acima  fica  dito,  nâo  trata  dire- 
ctamente com  os  importadores,  mas  sim  com  as  casas  comissárias  de 
primeira  ordem,  mediante  uma  comissão.  Estas  sâo  responsáveis  pelas 
encomendas,  fazem  concessões  em  abatimento,  umas  vezes  em  conta- 
própria,  outras  por  ordem  especial  da  fábrica.  E  frequente  essas 
reduções,  só  beneficiarem  fregueses  mais  íntimos  do  comissário,  O 
custo  da  mercadoria  deve  ser  geral,  implantando  no  mercado  a  ver- 
dadeira confiança.  Isto,  porem,  nâo  priva  os  fabricantes  de  concede- 
rem qualquer  bónus  semestral  ou  anual,  de  uns  tantos  por  cento 
conforme  o  vulto  das  transacções  de  cada  importador,  o  qual  será  o 
único  a  aproveitar  de  tal  concessão. 


141 


Fomos  coadjuvados  no  nosso  estudo,  pelos  seguintes  importa- 
dores: .4.  Ribeiro  Alves  (C-  (■/',  António  Viana  á'-  C".  Baptista  &•  Fon- 
seca. Lauro  da  l>iiU'a  dr  O.",  Leonardns  d-  C/'  e  Oliveira  Leite  (f-  C." 


A  propósito  do  presente  questionário  e  do  que  se  lhe  segue, 
recebemos  dos  srs.  António  Viana  c(-  C."'  a  carta  que  reproduzimos: 

*  Rio  de  Janeiro,  '1^  de  Junho  de  191Õ.  —  11.'""''  Srs,  Directores 
«da  Câmara  Portuguesa  de  (^omércio  e  Indústria  do  Rio  de  Janeiro : 

« Devolvendo  o  questionário  que  essa  Câmara  nos  enviou  sobre 

*  porcelanas  e  l(fuças  e  vidros  e  cristais,  temos  primeiramente  a 
« manifestar-lhes  a  nossa  admiração  pelo  grande  trabalho  que  essa 
«  Câmara  tâo  patrioticamente  encetou  em  favor  da  indústria  portu- 
«  guesa. 

«Infelizmente  estamos  seguros  de  antemão  que  essa  digna 
« Câmara,  nao  poderá  tâo  cedo  ver  o  produto  desse  seu  valioso 
«concurso,  pois  de  parte  dos  interessados,  temos  sempre  visto  a 
'<  mais  cruel  indiferença. 

« Em  atenção  a  V.  S.^*^,  damos  nos  referidos  questionários,  as 
« explicações  mais  necessárias  sobre  os  artigos  do  nosso  comércio, 
« embora  nâo  tenhamos  esperanças  sobre  a  adoptaçâo  de  novos  pro- 
«cessos  pelos  industriais  portugueses. 

«Na  medida  de  nossas  forcas,  temos  de  há  muito  enviado  a 
«todos  os  fabricantes  dos  nossos  artigos  em  Portugal,  todas  as  in- 
« formações,  preços,  amostras,  etc,  para  que  eles  pudessem  concorrer 
« com  os  seus  colegas  da  França,  Inglaterra  e  Alemanha ;  e  ainda 
«mais,  em  1904,  1909  e  1912,  tivemos  ocasião  de  pessoalmente  visi- 
«tar  as  referidas  fábricas,  tendo  deixado  à  vista  das  amostras,  que 
«daqui  levamos,  todas  as  informações  e  esclarecimentos  para  modi- 

*  ficarem  a  fabricação  de  acordo  com  as  necessidades  do  nosso  mer- 
« cado.  Estes  nossos  esforços,  foram,  como  sempre,  nulos,  pois  até 
« este  momento,  náo  vimos  realizada  nenhuma  das  apontadas  re- 
«  formas. 


142 


« Como  portugueses,  lamentamos  profundamente,  que  os  nossos 
«industriais  (referimo-nos  aos  dos  nossos  artigos)  nâo  tenham  até 
«hoje  correspondido  às  imposições  das  necessidades  actuais,  acom- 

<  panhando  as  evoluções  de  todas  as  indústrias,  e  muito  principal- 
« mente  que  nâo  procurem  satisfazer  a  boa  protecção  que  natural- 
*  mente  os  negociantes  daqui  dispensariam  aos  seus  produtos. 

<  Diante  deste  procedimento,  parece-nos  tempo  perdido,  forne- 
«  cer  mais  esclarecimentos  em  benefício  daqueles  que,  vendo  a  nossa 
« boa  vontade  e  o  nosso  patriotismo,  mostram  a  maior  ingratidão. 

«É  nossa  opinião  que,  o  questionário  apresentado  por  essa 
«Câmara,  deve  ser  bem  recebido  por  todos  os  nossos  compatriotas; 

<  porem,  como  o  mesmo  se  destina  a  orientar  talvez  directamente 
« os  industriais  portugueses,  sem  saber  de  antemão  se  eles  aceita- 
« riam  as   suas  preciosas  indicações,   será  um  trabalho  destinado  a 

descansar  eternamente  em  alguma  gaveta,  senão  tiver    as   honras 
'^  da  Torre  do  Tombo. 

« Acreditamos  que,  se  os  fabricantes  portugueses  tivessem  von- 

<  tade  de  vêr  os  seus  produtos  espalhados  por  este  País,  teriam,  por 
"  si,   procurado  saber  todas  as   modificações  a  introduzir  nas  suas 

<  indústrias.  Se  isto  nâo  fazem,  é  porque  naturalmente  nâo  precisam 
« de  maior  expansão,  ou  nâo  a  podem  manter. 

«Estamos  certos  que  V.  S.^*  vâo  talvez  alcunhar-nos  de  pessi- 
« mistas;  porém,  podem  crer  que,  se  assim  pensamos,  foi  porque 
«diante  de  factos  nâo  se  podem  manter  ilusões. 

«Eis  porque  deixamos  de  responder  mais  longamente  aos  ques- 
« tionários  que  tivemos  a  honra  de  receber  dessa  ilustrada  Câmara. 

«Sem  mais,  e  pedindo  desculpa,  subscrevemo-nos  com  a  mais 
«alta  estima  e  consideração  —  De  V.  S."^  —  Am.*"'  Att.""  e  Obrgs. — 
<■- (assinados),  António  Viana  &  C/''^. 


Questionário  n."  15 

2.  Manufacturas  de  vidro  e  cristal. 

3.  Vidros  para  vidraça. 

Dividem-se  as  primeiras  manufacturas  em  dois  grupos 
1.**     Garrafões,  garrafas,  potes,  frascos,  cálices  e  copos. 
2."     Manufacturas  não  especificadas  de  vidro  e  cristal. 


148 


De  l^K).')  a  1^)12  as  mercadorias  do  primeiro  c>Tnpo  figuraram 
englobadas  na  classiíicaçâo  da  Estatística  Comercial.  Nos  anos 
subsequentes,  foram  desdobradas  em  seis  classes. 

Para  Portugal  o  movimento  foi  diminuto,  cifrado  apenas  em 
algumas  centenas  de  mil  réis,  excepto  em  1911  que  atingiu  o  seu 
máximo,  li:703  quilogramas  computados  em  2:027S0(X)  réis. 

A  importação  geral  em  15>12  foi  de  6.081:183  i^uilogramas  no 
valor  de  2.400:597SCK3O  réis. 

Predominou  no  mercado  a  Alemanha,  seguintlo-se-lhe  a  França, 
Holanda,  (Iran- Bretanha,  Áustria,  Bélgica,  etc. 

No  segundo  grupo,  tivemos  durante  o  decénio,  o  seguinte  mo- 
vimento : 


Anos 

1905 
1906 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


Quilogramas 

Nalores 

2:674 

1 :643!S000 

1:643 

3:576SO0O 

0:389 

4:.505S000 

619 

2:125^000 

1:649 

2:725$a)0 

3:430 

3:5O6SO0O 

2:548 

3:4328000 

2:543 

3:325!!§0(.X) 

523 

1:804SOOO 

430 

549S000 

O  total  da  importação  em  1913,  foi  de  2.058:512  quilogramas 
computados  cm  3.111:414S1XX)  réis. 

Também  a  Alemanha  predominou  no  mercado,  seguindo-se-lhe 
a  França,  Áustria,  Bélgica,  Estados  Unidos  e  ÍTran-Bretanha. 


3.       YlDR)S   PARA.   VIDEAÇ.A, 


Nestas  manufacturas,  Portugal  hgura  com  tão  diminutas  par- 
celas, e  ainda  referentes  somente  a  três  anos  do  decénio,  que  nâo  as 
mencionamos.  Consta-nos  porem,  que  já  no  corrente  ano,  teem  dado 
entrada  no  mercado  algumas  avultadas  remessas.  Era  a  Bélgica  quem 


144 


supria  o  mercado,  segniudo-se-lhe  a  Clran-Bretanha,  Alemanha, 
França  e  Estados  Unidos.  Em  1913  consumiram-se  no  Brasil 
2.058:512  quilogramas  na  importância  de  8.111:414$000  réis. 


Para  as  manufacturas  de  vicWo  e  cristal  elaborou  a  Câmara  Por- 
tuguesa 14  quesitos  que  seguem : 


QUESTIONÁRIO 


1."  Não  desconhecendo  V.  Ex."',  por  certo,  o  esmerado  Jahrico  da 
indmtria  vidreira  em  Portugal,  julga  que  essas  manufacturas  possam 
ter  aceitação  no  Brasil,  em  substituição  das  dos  outros  paifies,  qu£  em 
virtude  da  conflagração  europeia,  começam  a  escassear  no  mercado? 

Para  vidros  e  cristais,  acreditam  os  importadores  na  possibili- 
dade de  se  introduzirem:  serviços  para  mesa.  copos,  cálices,  etc, 
artigo  fino,  pois  que  este  ramo  de  indústria  já  muito  florescente  no 
Brasil,  produz  em  quantidade  o  artigo  injerior. 

Os  vidros  para  vidraça,  de  que  nâo  há  ainda  produção,  poderão 
facilmente  ter  largo  consumo  se  os  nossos  fabricantes  tomarem  em 
consideração  todas  as  modificações  que  daqui  lhes  forem  indicadas, 

2."  Quais  as  modificações  que  V.  Ex."'  aconselha,  introduzir  no 
Jahrico  português  para  que  os  a7'teJactos  de  vidro  e  cristal,  p)0ssam  com- 
petir em  igualdade  de  circunstâncias  com  os  similares  de  outros  países? 

Primeiro  que  tudo,  fazer  conhecer  aos  importadores,  os  mode- 
los, feitios,  tamanhos,  espessuras  e  pesos  de  cada  peça  (condição 
jirimordial),  de  todos  os  artigos  de  fabrico  português.  Segundo,  a 
vinda  ao  mercado  de  profissionais  habilitados  para  se  orientarem  e 
levarem  daqui  todos  os  esclarecimentos  necessários  para  remodelar 
o  antigo  processo  de  produção,  já  que  a  remessa  de  modelos,  forne- 
cidos espontaneamente  e  por  diversas  vezes  aos  nossos  fabricantes, 
até  hoje,  nâo  tem  produzido  efeito  algum. 

3.°  Qual  a  procedência  dos  vidros  e  cristais  de  que  o  mercado  se 
abasteceu  até  ao  presente? 

Alemanha,  França,  Holanda,  Gran-Bretanha,  Áustria  e  Bélgica. 


14õ 


4."     Qudia  os  direitos:  que  incidem  no  Brasil  sobre  estes  lyrodutos? 

Xa  tarifa  aduaneira,  designam-se  por  *  obras  de  vidro  n."  1  c 
íi."  'i>^  com  as  taxas  respectivas  de  TCX)  e  2$000  réis  o  quilograma, 
e  mais  50  •*/„  se  forem  de  côr. 

Consideram-se  «^ obras  de  vidro  n."  1»,  os  artefactos  apenas  mol- 
dados ou  assoprados,  e  < obras  de  vidro  n.^  2^,  os  que  teem  lavores 
e  os  lapidados.  Além  dessas,  existem  outras  taxas  para  os  diversos 
artigos  da  classe  xxi  da  tarifa,  com  a  designação  de  louça  e  vidro>^^ 
taxas  já  mencionadas  no  questionário  anterior. 

Todas  estas  taxas  sâo  acrescidas  com  o  pagamento  de  ;i5  %  ^m 
ouro  e  outras  despesas,  devendo  sempre  calcular-se,  pelo  menos, 
ÕO  V()  iiiiíis. 

5."     A  vidrara  poderá  ter  também  aceitação  no  mercado? 

A  melhor  possível,  por  estar  este  comércio  quási  que  exclusi- 
vamente em  mãos  de  portugueses.  O  sistema  primitivo  que  empre- 
gam os  nossos  industriais,  especialmente  na  embalagem,  o  pouco 
caso  que  fazem  das  observações  que  lhes  são  feitas,  e  a  má  vontade 
em  atender  aos  conseDios  que  lhes  sâo  dados  demonstram  nâo  haver 
interesse  na  exportação  para  o  Eio  de  Janeiro,  desanimando  comple- 
tamente o  importador,  que  assim  deixa  de  fazer  os  seus  pedidos  às 
fábricas  portuguesas.  Consta-nos,  que  por  todos  estes  motivos,  parte 
das  remessas  chegadas  ultimamente,  foi  posta  à  disposição  dos  ex- 
portadores. 

B,**  Qual  a  procedência  da  « vidraça »,  ou  por  outra,  vidro  para 
vidraça,  como  é  designada  na  tarifa,  que  vinha  ao  mercado,  seu  custo,  e 
direitos  que  a  tributam  ? 

Em  primeiro  liigar  a  Bélgica,  por  ser  o  artigo  mais  barato,  e 
em  segundo  a  Inglaterra  que  é  o  mais  caro.  Os  preços  variam  con- 
forme os  tamanhos,  de  30  a  40  frs.  por  caixa,  com  100  pés  quadra- 
dos, medida  inglesa,  e  com  um  desconto  de  50  ^[^  a  70  %  em  tempos 
normais. 

Xa  tarifa,  estas  manufacturas  estão  designadas  na  classe  xxr, 
artigo  654.*',  por  vidros,  pagando  200  réis  por  quilograma.  Com  as 
despesas  acessórias,  ágio  do  ouro,  descarga,  despacho,  etc,  sái  cada 
quilograma  a  290  réis,  máximo  300  réis. 

Cada  caixa  de  100  pés  quadrados,  regula  pesar  de  46  a  50  quilos 
líquido.  Quanto  a  cristais  e  vidros  para  espelhos,  julgam-se  desnecessil- 
rias  quaisquer  observações,  visto  que  em  Portugal  não  existe  fabri- 
cação desses  artigos,  e  sim  somente  a  do  vidro  de  vidraça  ordinário, 

10 


U6 


7."  A '-lia  r.  Er."  conveniente  or gemi zar  pequenos  mostrunrio.<  de 
vidros,  cristais  c  vidraças  para  se  enviarem  às  Associações  Comerciais 
Portuguesas,  indicando  qualidades  dos  produtos,  origem,  custo,  peso, 
direitos,  etc,  habilitando,  por  esta  forma,  os  industriais  portugueses  a 
iniciarem  tra^uacções  com  o  Brasil? 

Os  mostruários  sâo  sempre  convenientes,  mas  neste  caso,  é  pre- 
ferível que  provenham  dos  propícios  fabricantes,  para  se  saber  ao 
certo  o  que  podem  produzir.  A  vista  dos  artigos  facilmente  se  indi- 
cam todas  as  modificações  a  introduzir  no  fabrico. 

8."     Na  afirmativa,  como  se  devem  obter  esses  mostruários? 

Fornecidos  pelos  fabricantes  e  remetidos  à  Câmara  Portuguesa 
de  Comércio  e  Indústria  do  Rio  de  Janeiro,  e  às  congéneres  nos 
Estados. 

9."  Qual  a  Jonria  de  acondicionamento,  embalagem  e  empacota- 
mento, que  a  longa  predica  de  V.  Exf'  no  comércio  destes  artigos,  acon- 
selha de  mais  prático  loara  artefactos  de  tão  grande  fragibilidade? 

Depende  do  artigo.  Assim  é,  que,  tratando-se  de  copos  finos, 
deveriam  vir  em  caixas  de  papelão,  divididos  de  forma  que  cada 
peça,  fique  isolada. 

Tratando-se  de  artigos  mais  comuns,  como  por  exemplo:  copos 
para  água,  embrulhados  em  papel  e  encaixados  uns  nos  outros,  c 
nao  por  grupos  de  quatro,  como  já  se  tem  feito;  cálices,  também 
embrulhados  em  papel,  colocados  a  par  uns  dos  outros,  invertida- 
mente,  quer  dizer,  bocal  contra  pé.  Tanto  uns  como  outros,  em 
pacotes  de  dez,  envoltos  em  papel  de  cor,  diferente  para  cada  quali- 
dade, exemplo:  copo  n.°  1,  papel  verde;  n.°  2,  papel  azul,  etc.  Cai- 
xotes regulares  e  do  preferência  barricas  nâo  muito  grandes.  Todas 
as  poças,  quer  isoladas  ou  em  pacotes,  enleadas  com  bastante  palha, 
como  se  faz  nos  principais  centros  produtores,  para  garantir  o  seu 
l)om  acondicionamento.  Este,  deve  ser  feito  por  hábeis  profissionais, 
e  na  mais  completa  perfeição  para  elevar  os  bons  créditos  da  fábrica. 
Em  remessas  avultadas  das  fábricas  europeias,  a  quebra  é  geral- 
mente insignificantíssima. 

Para  vidros  de  vidraça,  devem  os  fabricantes  procurar  imitar  os 
sistemas  inglês  e  belga,  pois  o  nosso  é  o  pior  que  se  conhece,  tor- 
nando-se  quási  impossível  a  conquista  do  mercado,  se  náo  seguirem 
em  tudo,  o  processo  daquelas  nações. 

As  caixas  com  vidraça  belga  ou  inglesa,  regulam  (30  quilos, 
P'''so  bruto ;  ultimamente  vieram  remessas  de  Portugal,  a-pesar-de 


u: 


reiteradas  explicações,  com   o  peso  de  220  (inilogramas !  resultando 
chegar  50  "/„  da  mercadoria,  completamente  (quebrada. 

10."  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro  para  mercadorias  desta  espécie? 

A  90  d/  após  a  clicgada  da  mercadoria;  porem,  essas  vantagens 
só  são  aproveitadas  pelos  pequenos  importadores,  porque  os  mais 
importantes  pagam  dentro  dos  primeiros  trinta  dias.  E  quási  cos- 
tume destes  últimos,  liquidarem  as  facturas  de  vidros  para  vidraras, 
logo  que  a  mercadoria  seja  retirada  da  Alfândega,  que  no  geral  é 
despachada  sobre  água.  Para  a  primeira  categoria  das  manufacturas 
predominam  os  90  d''v. 

11."     Quais  «.•?  condições  de  expedição,  embarque,  etc? 
Loco  Jáhrica,  para  manufacturas  de  vidros  e  cristal,  e  F.  O.  B. 
para  vidros  ou  vidraça. 

12.°  Não  acha  V.  Ex/''  conveniente  que  os  exportadores  portugue- 
ses, a  exemplo  dos  de  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  viajan- 
tes, habilitados  e  Irem  remunerados? 

]Muito  conveniente.  Como  já  foi  dito,  devem  os  caixeiros  via- 
jantes ou  representantes,  ter  a  prática  necessária  para  poderem  aten- 
der às  modificações  que  lhes  forem  indicadas.  DejDenderá  sempre  da 
pessoa  encarregada  da  representação,  o  realizar  bons  negócios.  Deve 
ser  bem  remunerada  e  apresentável,  como  sâo  na  sua  maioria  os 
representantes  alemães,  que  a-pesar-de  nâo  conhecerem  bem  o  nosso 
idioma,  suplantam  os  franceses,  e,  nâo  tendo  a  afectação  destes,  con- 
seguem muito  mais  com  a  sua  modéstia.  Os  nossos,  terão  a  seu 
favor,  o  mesmo  idioma  e  nacionalidade,  podendo  conseguir  mais  do 
que  qualquer  estrangeiro. 

13.°  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores  a 
modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  pagamento  Y 

Concedendo  as  mesmas  facilidades  que  o  comércio  concorrente, 
ou  entregar  a  representação  a  comissários  ou  intermediários,  que  pa- 
gam a  mercadoria  logo  depois  de  manufacturada  e  expedida,  fazendo 
concessões  de  conta  própria  aos  seus  clientes. 

14.°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex/'' Julgue  murpi/icnfe 
acrescentar. 

Os  vidros  moldados  para  serviço  de  mesa  poderão  facilmente  in- 
troduzir-se  nos  Estados  do  Norte  do  Brasil,  por  nâo  haver  ainda  ali 
fabrico  local,  e  o  elevado  frete  marítimo  da  navegação  costeira  difi- 
cultar as  transacções  com  o  Sul  do  País. 


148 


Colhemos  os  informes  para  o  estudo  acima,  dos  srs.  A.  Li- 
ma d-  Cf,  Amaral  Gonçalves  &  C."',  António  Viana  &  C."',  Avelino 
Oliveira  &  C."'.  J.  Rodrigues  da  Crus  &  C."',  Manuel  Ribeiro  de 
Sousa  &  Cf'  e  Vieitas  d:  Cf,  declarando  todos,  prontificarem-se  a 
dar  outros  quaisquer  esclarecimentos  que  llies  forem  solicitados. 


Questionário  n."  16 

A' III  —  Madeiras. 

1.     Palitos  para  mesa. 


É  a  segunda  manufactura  do  presente  inquérito,  em  que  Portu- 
gal tem  preponderância  no  mercado.  O  valor  da  importação  cifra-se 
em  algumas  centenas  de  contos  de  réis,  o  que  é  importantíssimo, 
visto  tratar-se  de  uma  indústria  que  nâo  demanda  grande  empate 
de  capital,  em  instalações  e  maquinismos. 

Conhecida  debaixo  da  denominação  de  caseira,  é  o  ganha-pâo 
no  nosso  país,  de  centenares  de  pessoas  do  sexo  masculino  e  de 
menores  de  ambos  os  sexos.  Hoje,  parece  que  o  seu  fabrico  está 
muito  mais  desenvolvido,  havendo  já  pequenas  máquinas  para  pre- 
paração da  matéria-prima,  que  dâo  maior  impulso  à  sua  produção. 

A  pequena  manufactura,  tâo  útil  e  tâo  apreciada,  tem  vindo 
ultimamente  ao  mercado,  com  melhor  apresentação  no  acondiciona- 
mento, caixinhas  vistosas,  etc,  mas  infelizmente,  salvo  raras  exce- 
pções, de  um  fabrico  muito  inferior.  Os  conhecidos  e  tradicionais 
marquesinhos,  deram  lugar  a  pequenos  fragmentos  tortuosos  de  ma- 
deira, parecendo,  à  primeira  vista,  destacados  ao  acaso  de  qualquer 
tronco  de  árvore.  Muitas  vezes,  nem  sequer  aguçados  são. 

Pode-se  afirmar  que  nesta  pequena  manufactura,  por  emquanto 
Portugal    nâo    tem    competidores.    No    entanto,    nâo   devemos   ficar 


149 


inactivos;  o  valor  da  importarão  é  tentjidor,  e  os  cojicorrentos  podoni 
surgir  inesperadamente.  .lá  liouve  em  tempos,  uma  tentativa  da  in- 
thistria  nacional  para  o  fabrico  por  processo  mecânico.  Consistiam 
em  pequenas  lâminas  de  madeira,  aguçadas  em  ambas  as  extremida- 
des, muito  simétricas  e  de  confecção  esmerada.  Em  ambas  as  faces, 
tinham  impressos  os  nomes  do  faibricante  e  do  local  da  produção. 
Parece  que  esta  tentativa  fracassou  porque  tais  palitos  desaparece- 
ram do  mercado.  A  sua  proveniência  era  do  Estado  do  Paraná. 

Como  Portugal  é  o  principal  fornecedor  do  mercado,  a  diferença 
entre  a  importação  de  origem  portuguesa  e  a  de  outros  países,  é 
bem  diminuta,  como  se  pode  verificar  ])elo  mapa  abaixo,  relativo  aos 
líltimos  dez  anos : 


Anos 


Importação  portuguesa 


Quilogramas  Valores 


17O:.567(í!O00 
192:0721000 
244:997^000 
272:279;S000 
252:289í!000 
288:52.5,íiO0O 
.385:187^000 
430:9941000 
455:312é(M)0 
277:.574^000 


Importação  geral 
Quilogramas  Valores 


42:827 
46:073 
58:2.58 
().j:900 
•")9:278 
.)8:510 
89:906 
104:145 
112:551 
75:553 


171:O03í!0OO 
192:285Í000 
248:399|!00v) 
27.3:.54.3l!0O) 

252:985^000 
241:701^000 
387:217^000 
444:699í!000 
4õ7:139|!0O() 
278::348i?.'0O0 


A  Câmara  Portuguesa,  ao  elal)orar  o  presente  questionário  paiw 
os  artefactos  da  nossa  pequena  indústria  florestal,  já  de  há  muito 
consolidados  no  mercado,  teve  siunente  em  mira,  inquirir  os  impor- 
tadores, do  estado  actual  do  fabrico  no  próprio  país :  formularam-se 
19  quesitos,  muitos  deles  referentes  a  esse  fabrico,  ficando  por  con- 
sequência prejudicados  por  nao  haver  mais  produção  interna.  Elimi- 
namos, portanto,  do  nosso  estudo,  esses  (juesitos.  deixando  ficar 
apenas  os  12  seguintes : 


150 


QUESTIONÁRIO 


1."  Tem  sido  até  hoje  o  nosso  pais,  o  iwincipal  fornecedor  de  imli- 
tos  no  mercado  brasileiro;  conhece  V.  Exf''  as  causas  que  provocaram  o 
desiquilihrio  na  importação  deste  produto  no  ano  findo  ? 

Importaram-se  em  1912  e  1913,  em  consignação  e  de  conta- 
própria  quantidades  muito  superiores  ao  consumo,  incluindo  artigos 
de  péssima  qualidade,  provocando  um  certo  retraimento  na  procura 
do  produto. 

2.°  Na  afirmativa,  o  que  aconselha  V.  Ex."  fazer  para,  além  de 
2jrocurar  manter  a  nossa  preponderância,  promooer  a  maior  expansão 
do  comércio  desta  manufactura  no  mercado  brasileiro? 

Como  nâo  temos  competidores,  o  melhor  é  aguardar  o  completo 
esgotamento  do  stock,  e  que  as  futuras  encomendas  sejam  executa- 
das com  artigos  de  primeira  qualidade. 

3."  Qual  a  procedência  dos  produtos  similares  que  concorrem  ao 
mercado  ? 

Quási  todos  os  países  mandam  diminutas  quantidades,  figu- 
rando em  primeiro  lugar,  a  Alemanha,  que  em  1913,  exportou 
4:444$000  réis. 

4.°     Qual  o  direito  que  incide  sobre  o  produto  no  Brasil  ? 

ISOOO  réis  por  quilograma,  sendo  35  ^/o  em  ouro  e  65  "/o  em 
papel.  Tem  ainda  o  acréscimo  de  2  ^/q  ouro,  capatazias,  armazena- 
gem, despacho  e  selos,  etc,  podendo-se  calcular  toda  a  despesa  em 
1$500  réis  por  quilograma. 

5.°  Tem  V.  Ex/''  conhecimento  do  fabrico  nacional  desta  manu- 
factura ? 

Houve  em  tempos  uma  tentativa,  nao  chegando  a  dar  resultado. 

6.°  Havendo  em  Portugal  matéria-prima  abundante  para  um 
grande  fabrico  desta  mercadoria,  muito  apreciada  em  várias  nações,  como 
por  exemplo,  nos  Estados  Unidos,  que  modificações  indica  V.  Ex!''  para 
tornar  a  sua  expansão  mais  eficaz? 

Destinar  ao  mercado,  somente  os  artefactos  confeccionados  com 
boa  matéria-prima  e  de  fabrico  esmerado.  Cuidar  primorosamente 
do  acondicionamento,  em  envoltórios  vistosos,  tanto  para  os  maci- 
nhos,  como  para  o  artigo  em  caixinhas.  Fazer  activa  e  proveitosa 
propaganda   do    produto.   Descrever  minuciosamente  em    pequenas 


151 


publieaooos,   o  liistúrito  da  imlústria,  a(.ouipaiilui(lo  de  diulus  sõl)i-(> 
o  valor  produtivo  da  região  manufactureira,  etc. 

7."  Qual  a  forma  mais  adequada  para  o  seu  acondíciomunento, 
em  caixinhas,  macinhos,  ou  qualquer  outro  sistema,  c  quantidades  que 
(levem  conter? 

Caixas  de  GOO  caixinhas  de  400  palitos  cada  uma,  ou  caixas  com 
600  pacotes  de  10  macinhos.  Envolt('trios,  os  mais  elegantes  possí- 
veis, e  papel  vistoso. 

8."  Qual  o  peso  máximo  das  caixas  exteriores  e  como  devem  sei' 
resguardadas  interiormente  ? 

De  30  a  50  quilogramas  máxinu)  de  peso  bruto.  Hesguardadas 
interiormente  e  segundo  indicações  já  fornecidas  pelos  importadores, 
por  papel  impermeável.  Para  os  artigos  mais  finos,  sendo  possível, 
em  caixas  forradas  de  zinco. 

9."  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  U'<ual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro? 

Deveria  adoptar-se  o  sistema  usado  para  outras  mercadorias, 
120  d/  de  data  do  embarque. 

10."^     Quais  as  condições  de  expedição  e  embarque? 

«Cost,  Insurance,  Freight  >  (Cif). 

11.°  Não  acha  V.  Ex."  conveniente  que  os  exportadores  portu- 
gueses, a  exemplo  dos  de  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  bem  remunerados? 

Deveriam  mandar,  ou  pelo  menos,  encarregar  pessoa  criteriosa, 
que  soubesse  negociar  e  que  tratasse  somente  com  o  importador. 
Até  hoje,  o  mercado  tem  sido  somente  visitado  por  uma  espécie  de 
aventureiros,  transaccionando  a  torto  e  a  direito.  O  resultado  é  o 
endosso  dos  conhecimentos  e  o  abandono  de  mercadorias  na  Alfân- 
dega. Xos  leiloes,  a  maior  parte  das  vezes,  essas  mercadorias  sâo 
arrematadas  por  ordem  de  alguns  dos  próprios  consignatários,  bem 
pouco  escrupulosos,  ocasionando  assim  graves  prejuízos,  nâo  só  aos 
exportadores  como  ao  comércio  honesto. 

12."  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  quanto  a  pagamento? 

Terminar  de  vez  com  as  consignações,  que  dáo  forçosamente 
prejuízo  ao  exportador.  8e  realmente  há  prejuízos,  este  querendo 
salvaguardar  os  seus  interesses,  nâo  melhora  ou  beneficia  a  sua 
mercadoria,  pelo  contrário,  trata  unicamente  de.  em  futuras  remes- 
sas, fornecer  género  barato  e  de  péssimo  fabrico. 


152 


Foram  consultados  para  o  nosso  estudo,  os  srs.  A.  Bebiano <$•  C*. 
Almeida  Siemann  (&  C.^,  Carlos  Taveira  á.  C." ,  Ferreira  Cabral  <£•  C." 
e  Vieira  Montei)  o  &  C/' 


Questionário  n."  17 

2.     Rolhas  de  cortiça. 


Os  produtos  manufacturados  da  nossa  silvicultura,  mais  difun- 
didos no  Brasil,  sâo  os  palitos  e  as  rolhas  de  cortiça.  Para  os  primeiros 
nâo  temos,  por  emquanto,  competidores,  nâo  sucedendo  infelizmente, 
outro  tanto  com  os  segundos.  De  ano  para  ano,  vamos  perdendo  o 
lugar  que  nos  deveria  competir,  nâo  só  pela  excelente  qualidade  da 
nossa  matéria-prima,  o  espesso  tecido  suberoso  dos  nossos  <'SobreiroS'>, 
tâo  afamado,  como  pela  quantidade  ])rodutiva  da  segunda  fonte  de 
receita  do  solo  português. 

Emquanto  no  Brasil,  o  consumo  anual  das  ralhas  aumenta  con- 
sideravelmente, o  nosso  artigo  vai  tendo  aqui,  cada  vez,  menos 
aceitação.  Diminui  em  quantidade  e  principalmente  em  valores.  A 
Espanha  em  10  anos,  fez  verdadeiros  prodígios,  pois  que,  em  1905  en- 
viou ao  mercado  42:532  quilogi-amas,  computados  em  73:085$000  réis. 
Em  1913  a  sua  exportação  de  rolhas,  atingia  182:127  quilogramas 
110  valor  de  523:432$(300  réis,  ou  seja  era  9  anos,  um  aumento  de 
332  7o  para  as  quantidades  e  617  7o  P^ira  os  valores.  A  diminuição 
da  exportação  portuguesa  no  mesmo  período,  foi  de  30,3  "/o  em  quan- 
tidades e  18,5  "/,,  em  valores. 

Pelo  mapa  que  segue,  poder-se  há  confrontar  o  movimento 
decrescente  português  e  o  ascendente  espanhol  e  o  da  importação 
geral : 


158 


Anos 


190:i 
IVKKÍ 
1907 
190S 

1910 
1911 
1912 
1913 
1914 


300:023 
212:t;-10 
213:295 
207:047 
19ít:8;J8 
210::-362 
214:183 
193:63G 
190:719 
103:652 


383:435$000 
360:99(;$aX) 
380:653$0a) 
359:7õ3$(XX) 
347:792$a)0 
383:44210)0 
378:794S000 
341:989$O0O 
312:258$vXX) 
19;?:O30S0a'> 


Espanha 


Quilos 


42:532 

56:157 

92:025 

103:174 

91:849 

118:896 

152:411 

155:524 

182:527 

ia>036 


Réis 


73:085$aX) 
105:4-t6$0LX) 
21O:344$OO0 
241:6435000 
2.,)7:240$000 
244:28  iSiXK) 
a39:307$000 
453:270S000 
523:432$000 
300:04050)0 


Importação  gerai 


Quilos 

418:929  j 
341:846 
377:790  I 
375:127; 
382:470  ] 
398:858 ! 
457:926  \ 
145:987  í 
478:1831 
264:917' 


Réis 

662:8 17$0(.)0 
♦i84:0rt9|(XX> 
824:349$0(X) 
810:662$a.l0 
7^7:48 1$0C)0 
85O:42()$0C>i 
992:685$0<X) 
1.155:063$0a) 
1.316:551  KV».) 
770:720f(>tC) 


Em  1912,  exportamos  mais  38  toneladas  que  a  Espanha,  mas  o 
A^alor  das  nossas  manufacturas  foi  inferior  em  111:281$CKX^  réis.  No 
ano  seguinte,  a  diferença  das  quantidades  foi  apenas  de  8  toneladas, 
mas  a  do  valor  alcançou  211:180$0CK)  réis. 

A  Inglateri-a  exportou  para  o  Brasil  nesse  mesmo  ano.  somente 
50  toneladas  de  rolhas,  jiorêra  de  um  valor  quási  igual  ao  das  nossas 
190  toneladas. 

A  rolha  espanhola,  de  maior  consuino  no  mercado  é  de  8.^  e  4.* 
(]ualidade  18  x  10  |  linhas,  próprias  para  águas  minerais  e  cerveja. 
Provêem  da  Catalunha,  embarcam -se  em  Barcelona  com  trasbordo 
por  Lisboa  e  sâo  facturadas  ao  preço  de  Frs.  21, (X)  cif  Rio.  A  taxa 
alfandegária  para  rolhas  é  de  300  réis  por  quilograma;  com  as  de- 
mais despesas  acessórias,  ascende  no  máximo  a  450  réis.  Cada  mi- 
lheiro pesa  2^,250,  por  consequência  o  direito  é  de  ISOlX)  réis. 
A  mercadoria  obtêm  facilmente  o  preço  de  ]6S(K)0  a  18$0()0  réis  por 
milheiro. 

No  Rio  de  Janeiro  e  arredores,  há  .30  fábricas  de  cerveja.  A 
produção  anual,  é  superior  a  lOC)  milhões  de  garrafiis,  mas  a 
maioria  das  fábricas,  emi)rega  já  a  cápsula  metálica  com  discos  de 
cortiça. 

Há  oito  anos,  monto u-se  na  capital,  a  linica  íáb)-iea  de  rolhas  de 
cortiça,  existente  no  Brasil,  empregando  a  nossa  matéria-prima.  mas 
em  consequência  do  elevado  custo  da  mâo  de  obra,  e  outras  dificul- 
dades, recorre  também  à  importação  do  produto  já  manufacturado. 
Actualmente  o  seu  j)ro]irietário  está  ensaiando  o  aj)roveitamentu  <ia 


154 


raiz  da  tabebuia.  sucedâneo  da  cortiça  em  restritas  aplicações,  mas 
que  no  entanto  nâo  deixará  de  estabelecer  uma  pequena  luta, 
podendo  vir  a  prejudicar  a  indústria  rolheira. 

Nas  baixadas  e  zonas  ribeirinhas  dos  Estados  do  Rio  de  Janeiro, 
Espirito  Santo,  S.  Paulo  e  Minas,  encontra-se  em  abundância,  entre 
as  variadas  espécies  da  flora  brasileira,  a  tahehuia  ou  hignonia  idigi- 
nosa,  da  família  das  Bignoniáceas,  conhecida  vulgarmente  pelos  nomes 
de  cacheia f  pau  viola,  pau  tamanco  e  cortiça.  A  sua  madeira  branca  e 
leve  emprega-se  na  confecção  de  tamancos  e  no  fabrico  de  instru- 
mentos músicos  de  corda  (violas,  violões,  etc).  Presta-se  igualmente 
]iara  piílitos  fosfóricos.  A  tahehuia  é  uma  árvore  do  grandes  propor- 
ções e  das  suas  enormes  raízes,  que  por  vezes  atingem  um  metro  de 
circunferência,  podem-se  confeccionar  cintos  de  salvação  ou  bóias, 
batoques,  rolhas,  discos,  etc,  porem,  com  aplicação  somente  a  certos 
e  determinados  rolhamentos,  pois  que,  ao  correr  da  fibra,  a  tahehuia 
a1)sorve  os  líquidos. 

Esse  tecido  ou  raiz  extremamente  leve,  a  que  o  vulgo  dá  o  nome 
erróneo  de  cortiça,  apresenta  fibras  longitudinais  paralelas  e  distri- 
buídas regularmente,  e  uma  secção  de  textura  homogénea  desde  o 
centro  até  à  periferia  e  como  a  cortiça  deixa-se  comprimir  numa 
direcção  perpendicular  às  fibras  e  depois  de  libertada  da  compressão, 
reassume  a  sua  forma  primitiva.  Os  discos  resistem  efectivamente  à 
compressão  necessária  para  efectuar  o  rolhamento.  Eraprega-se  para 
rolhar  granulados,  brilhantina,  pomadas,  etc. 

Absorvendo  os  líquidos,  como  já  dissemos,  e  em  quantidade 
três  vezes  superior  ao  seu  peso,  emprega-se  no  entanto,  invertendo 
a  ordem  do  tecido  ou  fibra  em  discos  para  rolhamento  de  garrafas 
de  boca  larga,  próprias  para  leite,  substituindo  as  rodelas  ou 
discos  de  cartão  esterilizado  conforme  determina  um  regulamento 
sanitário. 

A  casca  da  tahehuia  nâo  ]iroduz  o  espesso  tecido  suberoso,  cara- 
cterístico do  nosso  quercus  suher,  nem  apresenta  sequer  vestígios. 
Contudo,  há  ama  certa  analogia  entre  as  duas  espécies.  O  nosso 
sobreiro»  nada  sofre  com  o  corte  ou  tirada  periódica,  e  na  tahehuia, 
o  corte  das  raízes  em  qualquer  época,  nâo  implica  a  destruição  da 
árvore,  porque  renasce  em  poucos  meses  cora  o  mesmo  vigor.  Dos 
resíduos  pode-se  fabricar  bom  ])apel  de  seda,  tendo-se  feito  já  diver- 
sas experiências  com  feliz  êxito. 

As   máquinas   que   se   empregam   na    nossa    indústria    rolheira, 


155 


trabalham  com  as  raízes  da  tahehuia,  dando-llie  as  variadas  formas 
de  comi)rimento,  calibres,  etc. 

Actualmente  há  ensaios  do  cultura  experimental  do  <  sobreiro  » 
(brasileiro)  PUhecolobium  hizorium,  de  Benth.  Encontra-se  nos  Esta- 
dos de  Minas  e  S.  Paulo.  E  uma  espécie  própria  dos  climas  doces; 
dá  madeira  de  lei  (para  construcçâo  civil,  obras  internas,  marcenaria, 
carpintaria)  o  é  muito  bôa  para  vigamentos.  O  seu  peso  específico  6 
de  0,702  a  0,871.  Do  tecido  suheroso  que  cobre  a  sua  casca,  apresen- 
tando muita  semelhança  com  a  nossa  cortiça,  não  consta  que  até 
hoje  se  tenham  feito  investigações  sérias  sobre  a  sua  utilização  in- 
dustrial, nem  em  que  condições  se  poderá  operar  o  seu  descortiça- 
mento. 


As    manufacturas   de  cortiça   tiveram   um   estudo   especial   por 
parte  da  Câmara,  nos  13  quesitos  que  seguem: 


QUESTIONÁRIO 

l.*^  Qaal  o  motivo  porque  tende  a  diminuir  a  exportação  da  rolha 
portuyue<a  para  o  Brasil? 

Há  diversos.  Um  dos  ])rincipais  é  a  má  qualidade  da  cortiça. 
A  nossa  rolha  é  inferior  na  matéria-priraa  e  superior  em  preço  a 
qualquer  outra  que  vem  ao  mercado,  mal  preparada  e  desigual  em 
calibres  e  em  comprimentos.  Quando  por  acaso  é  de  superior  quali- 
dade, o  preço  então,  é  inacessível.  Quási  sempre  a  mercadoria  difere 
das  amostras.  A  classificação  por  letras  alfabéticas  é  também  bas- 
tante complicada;  nâo  seria  mais  prático  adoptar  a  numeração? 

2."  Qual  a  razão  da  preferência  que  tem  no  mercado  a  rolha 
espjanhola? 

Geralmente,  é  lõ  a  20  '7o  mais  barata  que  a  nossa,  tendo  ainda 
a  enorme  vantagem  de  manter  a  uniformidade  dos  calibres  e  compri- 
mentos, assim  como  na  qualidade,  passando  ainda  por  um  banho 
que  a  torna  mais  clara. 

3."  Ainda  se  Jazem  para  o  Brasil,  com  o  citado  artigo,  remessas 
à  consignarão? 

Algumas.  Somente  os  nossos  exportadores  empregam  esse  meio. 


166 


para  se  livrarem  dos  produtos  das  classes  inferiores,  muitas  vezes, 
sem  aplicação  nos  próprios  países  de  origem.  Estas  consignações  nâo 
afectam  de  forma  alguma  o  grande  importador;  a  procura  para  o 
género  honh  há  de  sempre  persistir.  Actualmente  a  rolha  injerior^ 
nâo  tem  a  aplicação  de  outros  tempos;  os  sucedâneos  vâo  apare- 
cendo pouco  a  pouco. 

4."  Na  afirmativa,  qual  o  processo  a  empregar  para  que  iermíne 
de  pronto  tão  nefasto  meio  de  negociar  ? 

Aguardar  os  pedidos  e  aconselhar  os  pequenos  fabricantes  a  es- 
tudarem também  o  mercado  a  que  desejem  concorrer.  O  sistema  de 
consignações  foi  sempre  muito  prejudicial  para  o  exportador,  como 
já  tem  sido  demonstrado  por  mais  de  uma  vez.  Como  se  pode  alcan- 
çar bom  preço  para  uma  mercadoria,  se  a  quantidade  oferecida  é 
sempre  10  vezes  superior  à  procura? 

5.°  Quais  os  meios  a  jwr  em  e.recução  para  desenvolver  no  Brasil 
o  comércio  da  rolha  portuguesa  ? 

Estudar  convenientemente  os  produtos  similares  que  vêem  ao 
mercado. 

Empregar  no  fabrico,  boa  matéria-prima,  que  nâo  falta  no  nosso 
país. 

Diminuir  quanto  possível,  o  custo  da  mercadoria,  equipará-lo, 
pelo  menos,  aos  das  congéneres.  Organizar  mostruários  da  matéria- 
prima  e  dos  artefactos,  fazendo  ao  mesmo  tempo  activa  e  ])rofícua 
propaganda. 

6.°  Que  qualidade  de  cortiça  e  calibres  se  devem  empregar  no 
fabrico  das  rolhas? 

2.'\  3.",  4."  e  5.'"^  em  todos  os  tamanhos  e  calibres,  porêm-o  maior 
consumo  é  para  a  3."^  e  4.''  qualidades  cora  18x  10|  linhas,  gastan- 
do-se  mensalmente  alguns  milhões  no  rolhamento  de  cervejas.  Tem 
também  bastante  aplicação,  a  rolha  de  l."*^  e  2."  com  o  mesmo  calibre, 
assim  como  todas  as  qualidades  com   21  x  10,    21  X  10  l   e   21  x  11. 

E  também  grande  o  consumo,  para  farmácias  e  laboratórios 
homcBopáticos,  de  rolhas  de  1.*  e  2.''*  com  as  dimensões  seguintes: 
cónicas,  15  linhas  de  comprimento  em  todos  os  calibres,  e  principal- 
mente 8  I,  7  I  e  6  I . 

7."     Qual  o  direito  alfandegário  que  incide  sobre  o  produto  ? 

300  réis  por  quilograma,  sendo  35  "/q  ^^^  ouro  e  65  "/o  ^^^^  papel; 
com  as  demais  despesas  inerentes,  deve  calcular-se  em  450  réis  por 
quilograma. 


irú 


S."  Que  qaalidach'  ile  ròJluf  pode  ser  a  que  é  exportada  ijela  In- 
glaterra 'f 

Muito  su])ei-ior,  i)ró])ria  })ara  preparados  farmacêuticos,  ao  preço 
de  10  a  20  shillings  o  inillieiro  e  mais,  de  forma  que,  embora,  menor 
quantidade  de  peso,  o  seu  valor  ó  todavia  superior. 

9."  Qual  o  processo  de  embalagem  adoptado,  saco  ou  (/olpellia  e 
quantidade  que  deve  conter  cada  volume? 

Sacos  duplos  e  o  interior  forrado  do  papel  para  resguardar  a 
mercadoria  do  pó.  Conforme  os  tamanhos  das  rolhas,  cada  saco 
poderá  conter  de  10  a  40  mil. 

10."     Quais  as  condições  de  venda  no  mercado  do  Rio  de  Janeiro  f 

Para  as  de  procedência  espanhola,  até  há  bem  pouco  tempo,  as 
condições  eram  90  dias  de  vista  ou  à  vista  com  2  ''/o  de  desconto. 
Actualmente  só  se  realizam  transacções  à  vista. 

li.**     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc.Y 

C.  I.  F.  Rio. 

12."  Não  acha  V.  ExJ^  conveniente  que  os  exportadores  portu- 
gueses enviem  ao  Brasil,  a  exemplo  dos  de  outras  nações,  caixeiros 
viajantes  habilitados  e  bem  remionerados  ? 

Sem  dúvida  alguma;  raríssimas  vezes  aparece  um  viajante  que 
conheça  a  fundo  o  artigo  de  que  se  trata,  e  se  os  nossos  industriais 
nâo  quizerem  perder  de  todo  o  mercado,  deverão  promover  uma 
activa  propaganda  dos  seus  artefactos.  Consta-nos,  porêra,  que  um 
dos  principais  fabricantes  enviou  há  pouco  um  representante  que 
percorre  actualmente  todo  o  Brasil. 

13."  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  paga- 
mento? 

Concedendo  prazos  como  o  comércio  de  outros  países,  pelo 
menos  a  60  d/  de  vista. 


Prestaram  o  seu  valiosíssimo  concurso  para  o  bom  desempenho 
da  missão  que  nos  impuzemos,  os  srs.  A.  Rebelo  Valente  c€-  C", 
Coelho  Martins  d-  C",  Delfim  Coelho  &  C^,  Eduardo  Pinto  da  Fon- 
seca e  Ernesto  Pedrosa. 


158 
Questionário  n.""  18 

IX  —  Ouro,  prata  e  platina. 


1.  Ourivesaria. 

2.  Prataria. 


A  origem  da  ourivesaria  portuguesa  é  antiquíssima:  com  a  des- 
coberta de  novos  mundos,  o  ouro  e  a  prata,  levados  em  quantidade 
da  Africa,  do  Oriente  e  do  Brasil,  ao  porto  de  Lisboa,  contribuiu 
poderosamente  para  o  renascimento  no  nosso  país,  da  vellia  arte  da 
ourivesaria.  Artistas  habilíssimos  trabalharam  esses  metais,  dando- 
-Ihes  mil  formas  delicadas,  nas  suas  variadas  concepções.  Lisboa, 
Porto  e  Coimbra,  foram  noutros  tempos,  importantíssimos  centros 
produtores. 

A  ourivesaria  portuguesa  em  todas  as  épocas,  gozou  de  grande 
renome,  como  o  atestam  as  preciosidades  artísticas  espalhadas  por 
todo  o  país. 

Ainda  hoje  a  filigrana  do  Norte  tem  grande  procura.  As  bolsas 
de  malha  finíssima,  em  ouro  ou  em  prata,  causam  a  admiração  do 
estrangeiro.  O  fabrico  da  malha  por  metro  corrente,  é  uma  especia- 
lidade da  cidade  do  Porto  com  muita  aceitação  em  França,  para  onde 
há  uma  regular  exportação.  E  o  nosso  típico  grilhão  de  ouro,  nâo  ó 
(mracterístico  ?  Parece-nos  também,  que  o  seu  fabrico,  quanto  a  resis- 
tência e  solidez,  nâo  tem  rival. 

É  deveras  lamentável  que  no  Brasil,  onde  residem  milhares  de 
portugueses,  se  tenha  perdido  o  gosto  pela  nossa  ourivesaria,  e  para 
corroborar  a  nossa  afirmativa,  vejamos  o  que  diz  a  Estatística  Comer- 
cial do  Brasil,  nos  últimos  dez  anos,  sobre  a  importação  de  origem 
portuguesa : 


109 


Anos 

Ouro 
Qramas 

em  obra 
Valores 

Prata 
Gramas 

em  obra 
Valores 

1905 

0:994 

1:285 
:íl:313 

5:902 
13:279 
24:290 
13:      ( 9 

0:115 

2:884 

1:981 

11:8975000 

3:1095000 

05:8915000 

9:7(555000 

28:0875000 

49:0885000 

22:5215000 

8:4095000 

2:0085000 

5:5995000 

182:497 
02:183 
114:024 
253:044 
101:409 
321:909 
202:140 
253:349 
100:665 
97:214 

22:3825000 
7:6105')00 
17:1675000 
32:0455000 
23:5115(>IH» 
40:8235000 
1 7:53!)5000 
41:7555000 
9:5055000 
12:0775000 

190(i 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

O  movimento  foi  bastante  irregular;  no  entanto,  Portugal  ocupa 
o  terceiro  lugar  na  importação,  tanto  em  ourivesaria  como  na  prata 
em  obra.  Em  1910,  registou-so  o  máximo  da  importação  geral  para 
ourivesaria,  092:521  gramas,  computadas  em  1.040:188$000  réis. 
Disputaram  o  mercado  pela  ordem:  Alemanha,  França,  Portugal, 
Itália,  Gran-Bretanha  e  Suiça. 

A  prata  em  obra,  teve  as  seguintes  origens :  Alemanlia,  França, 
Portugal,  Itália,  Espanha  e  Estados  Unidos,  registando-se  o  maior 
movimento  em  1911,  de  8.280:072  gramas  no  valor  de  676:õ78S0(X). 


Para  oiiricesaria  e  prataria,  distribuiu  a  Câmara  Portuguesa,  o 
seu  18.**  questionário  com  os  13  quesitos  seguintes: 


QUESTIONÁRIO 


l."-  Hacetido  aimla  hoje  em  Portugal,  um Jahrico  nupoiíam i-<siiiuj 
de  ourivesaria,  cum  oficíjias  em  Lisboa  e  Porto,  e  não  desconhecendo 
y.  Ex/'  a  arfe  e  fino  gasto  dessas  manufacturas,  o  que  aconselha  de 
mais  irrático  para  que  a  indústria  portuguesa  seja  de  novo  introduzida, 
com  garantia  de  êxito  no  mercado  brasileiro? 

Nestes  dois  ramos,  o  conjunto  da  indústria  portuguesa,  é  im- 
portantíssimo, porem,  fraccionada  por  centenares  de  pequenos  fabri- 


160 


cantes,  salvo  raríssimas  excepções,  que  nâo  podem  de  forma  alguma 
negociar  a  prazos  como  os  demais  concorrentes  de  outros  países. 
Quantas  vezes  a  alguns  deles,  é  necessário  fornecer  a  matéria-prima, 
simplesmente  para  terem  trabalho.  Ser-lhes-hia  muito  vantajoso  se 
conseguissem  agrupar-se  trabalhando  de  comum  acordo  com  os 
maiores  produtores,  ou  entregarem  os  seus  artefactos  a  íntermediá- 
riu.^i.  que  lhes  pagassem  à  vista,  ou  mesmo  lhes  fizessem  adianta- 
mentos. 

Os  grandes  fabricantes  e  os  intermediários,  deveriam  proceder 
da  seguinte  forma : 

a)  Distribuir  profusamente  catálogos  ilustrados  confeccionados 
com  esmero  e  arte. 

hj  Estabelecer  no  Rio  de  Janeiro,  um  depósito  geral  ou  expo- 
sição dos  múltiplos  produtos  dos  dois  ramos  da  indústria,  especial- 
mente os  de  prata,  por  serem  de  natureza  a  conquistarem  rapida- 
mente o  mercado. 

2."  Conhece  V.  Ex."'  as  causas  que  deteryiiinarnm  a  quási  exclu- 
S(iú  do  mercado,  da  ourivesaria  portuguesa? 

Deve-se  atribuir  em  parte,  ao  êxodo  de  centenares  de  oficiais 
de  ourives  que  para  aqui  teem  vindo  iludidos,  e  que  sempre  fazem 
alguma  concorrência  aos  nossos  artefactos,  não  obstante,  não  existi- 
rem no  país  oficinas  dignas  de  menção.  Contribuiu  também  o  des- 
caso do  exportador  português,  que  náo  acompanhou  a  propaganda 
dos  competidores,  opondo-lhes  outra  mais  enérgica,  nem  facilitou 
as  transacções  por  vendas  a  prazo. 

3.°     Na  afirmativa,  como  as  debelar? 

a)  Activa  propaganda,  toque  legal  dos  metais,  modicidade  de 
preços  e  máxima  perfeição  no  acabamento  dos  estojos,  que  derem 
ser  objectos  luxuosos  e  de  gosto. 

h)  Facilidade  de  pagamento  a  prazos  iguais  aos  estabelecidos 
pelos  exportadores  de  vários  países  europeus. 

4."  Tem  V.  Ex."'  conhecimento  de  certos  boatos  propalados  sobre 
contrabandos  feitos  por  viajantes  alheios  ao  comércio  do  artigo,  e  que 
empalhando  pelas  classes  menos  abastadas,  artefactos  passados  aos  direi- 
tos e  por  consequência  de  menor  preço,  prejudica  seriamente  o  comér- 
cio importador? 

Sim.  A  indústria  do  contrabando,  é  talvez  a  mais  importante 
do  Brasil,  podendo  afirmar-se  ser  de  10  7tí  o  limite  máximo  dos 
artigos    de    ouro    e    pedras    finas    e    relógios    que    pagam    direitos. 


161 


A  Portugal  pouca  importa  a  indústria  da  relojoaria,  e  é  esta  a  ^[110 
menos  transita  pela  Alfandega.  Para  demonstrá-lo  hasta  conside- 
rar-se  que  há  relógios  no  mercado  que  se  vendem  a  28S000  réis  c 
30SOOO  réis  a  dúzia,  quando  a  taxa  alfandegária  é  de  2$000  réis  por 
cada  um,  acrescida  pela  diferença  do  pagamento  em  ouro  e  demais 
despesas  que  a  eleva  a  2S800  réis.  Também  muitos  artigos  portu- 
gueses vêem  para  aqui  por  contrabando,  parecendo  até  haver  um  sis- 
tema organizado  para  esse  fim.  Raros  sáo  os  viajantes  procedentes  do 
Portugal,  mesmo  os  de  primeira  classe  e  de  maior  respeitabilidade, 
que  náo  trazem,  a  pedido  de  interessados,  pequenos  pacotes  para 
entregar  aqui  a  A,  B  ou  C,  muitas  vezes,  sem  saber  que  iludem  o 
fisco  passando  contrabando. 

Uma  casa  da  praça,  confessou-nos  ter  comprado  em  1913,  maior 
quantidade  de  obra  do  que  a  acusada  pela  estatística  de  importação. 

5."'     Xa  afirmativa,  quais  as  providências  que  se  devem  tornar'!^ 

O  contrabando  nâo  se  restringe  somente  aos  artigos  portugue- 
ses, todos  os  países  nele  participam.  Só  a  maior  vigilância  e  a  mais 
rigorosa  fiscalização,  podem  reduzi-lo,  porque  acabar  com  êle,  é,  e 
será  sempre  em  toda  a  parte,  problema  sem  solução. 

6.°  Qual  a  proveniência  da  prataria  e  ourivesaria  preferidas  no 
mercado  brasileiro? 

Em  prataria,  a  alemã  e  austríaca  (em  contradição  com  a  Esta- 
tística Comercial  quanto  à  segunda  procedência),  mais  baratas  do 
que  a  de  origem  francesa  que  tem  também  iargo  consumo. 

Para  os  artefactos  de  ourivesaria,  é  ainda  a  Alemanha  que 
domina  o  mercado,  convindo  registar  que,  muitos  artigos  da  alta 
joalharia  alemã,  sâo  introduzidos  no  mercado  pelas  casas  intai^me- 
diárias,  como  franceses,  e  dessa  forma,  obteera  com  a  fraude  maio- 
res proventos. 

Os  artigos  mais  vendáveis  em  prata  sâo:  todos  aqueles  que 
sirvam  para  presentes,  peças  miúdas  ou  pequenos  serviços  para 
toiletfe.  escritório,  talheres,  argolas,  etc,  menos  baixelas. 

Em  ouro :  brincos,  correntes,  berloques  e  medalhas,  cordoes,  etc, 
procurando-se  sempre  dar  aos  artefactos  um  cunho  artístico  e  de 
novidade. 

7.'^     Quais  os  direitos  que  incidem  no  Brasil  sobre  uma  e  outra? 

Para  obras  de  ouro,  com  brilhantes  e  outras  pedras  finas,  lõ  ^/^ 
ad  valorem;  com  pedras  falsas  ou  simples,  400  réis  o  grama,  à  razão 
de  10  °/o. 


162 


Para  obras  de  iwata,  30  réis  o  grama  para  obras  de  ourives,  e 
40  réis  para  baixelas,  faqueiros,  etc.  Nos  faqueiros,  os  direitos  sâo 
regulados  pelo  peso  bruto,  com  o  desconto  de  30  7o  para  as  lâmi- 
nas, massa,  etc. 

A  taxa  do  despacho  acl  valorem  recai  sobre  o  preço  do  artigo  na 
origem  aumentado  de  todas  as  despesas  posteriores  à  compra,  tais 
como  os  direitos  de  saída  e  despesas  de  frete,  seguro,  comissão  e 
quaisquer  outras  até  ao  porto  de  destino. 

8.°  Q.ual  a  Jorma  de  embalagem  mais  adequada  a  tão  delicada 
mercadoria? 

Caixas  de  madeira  forradas  de  zinco  e  soldadas,  devendo  ter 
externamente  a  conservação  assegurada  por  arcos  de  ferro  lacrados 
nas  extremidades. 

9.°  Qual  a  forma  de  pagameyito  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro? 

As  casas  francesas,  alemãs  e  americanas,  facilitam  o  pagamento 
em  prazos  que  variam  de  3  a  6  meses.  E  de  presumir  que  nesta 
faculdade  de  pagamento  a  prazo,  reside  o  motivo  do  grande  desen- 
volvimento da  exportação  daqueles  países. 

10.°     Quais  as  condições  de  embarque  e  expedição,  etc? 

Fob. 

11.**  Não  acha  V.  'Ex!''  conveniente  que  os  exportadores  portu- 
gueses, a  exemplo  dos  das  outras  nações,  enviem  ao  Brasil,  caixeiros 
viajantes  habilitados  e  bem  remunerados? 

Viagens  periódicas  confiadas  a  propagandistas  habilitados  e 
conhecedores  do  mercado  brasileiro,  com  mostruários  bem  organi- 
zados e  reformados  gradativamente,  em  harmonia  com  a  preferência 
dos  modelos  que  se  tornem  mais  estimados  pelo  público,  com  con- 
firmação do  consumo. 

Deve-se  salientar  que,  existem  aqui,  vários  importadores  de 
tais  artigos,  aliás  casas  importantíssimas,  filiais  de  outras  de  Paris 
8  de  Pforzheim,  das  quais  recebem  por  todos  os  vapores,  as  últimas 
novidades.  Para  os  nossos  artigos,  não  havendo  depósito,  ou  mesmo 
existindo,  há  sempre  conveniência  na  vinda  de  viajantes,  por  ser  o 
meio  mais  prático  de  propaganda. 

12."  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  paga- 
mento ? 

Kâo  é  crível  que  o  comércio  de  jóias  aqui,  aceite  as  condições 


1»k3 


esmagadoras  ilc  iliiiculdacles  e  desconfiança  dos  nossos  fabricantes, 
só  por  patriotismo.  Julga-se  por  isfeo  imperiosa  a  necessidade  do  so 
modificar  a  condição  exigente  do  p.  p." 

1;3,°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex/''  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Do  Sr.  Acácio  Artur  dos  Santos  incite,  recebemos  a  seguinte 
comunicação:  «Em  2õ  de  Março  de  1913,  tive  a  honra  de  apresentar 
ao  Ex.™"  Sr.  Dr.  Bernardino  Machado  uma  proposta,  sugerida  pelos 
bons  desejos  que  S.  Ex.**  nutria  de  que  os  artigos  portugueses  de 
prata  e  ouro  tivessem  largo  consumo  no  Brasil.  Essa  proposta,  de 
que  conservo  cópia,  por  extensa,  deixo  de  transcrevê-la  aqui.  Visava 
especialmente  a  propaganda  e  introdução  no  mercado  brasileiro  dos 
artefactos  de  prata^  indústria  em  que  Portugal,  facilmente  poderia 
competir  com  os  demais  mercados.  O  já  referido  Embaixador  de 
Portugal,  Sr.  Dr.  Bernardino  Machado,  deu  à  minha  proposta  o 
destino  que  julgou  conveniente  e  sobre  ela  se  pronunciou  a  Asso- 
ciação Comercial  de  Lisboa,  por  parecer  dos  Ex."^*"'  Srs.  Alberto 
Macieira  e  A.  J.  Simões  d' Almeida  e  assinado  em  Lisboa,  em  28  de 
Abril  de  1913,  os  quais  se  manifestaram  em  termos  que  deixavam 
ver  o  característico  entrave  comercial  português  à  sua  execução. 
Nâo  me  cabe  aqui  discutir  aquele  parecer,  onde  os  signatários  e  a 
Associação  Comercial  de  Lisboa,  que  o  aceitou,  nâo  duvidaram  dei- 
xar as  afirmações  erradas,  como  a  da  existência  de  uma  larga  indús- 
tria de  artigos  de  prata  no  Brasil.  O  trecho  que  a  seguir  transcrevo, 
justifica  a  minha  crítica: 

«Festejando  com  o  nosso  louvor  a  intenção  patriótica,  permiti- 
« mo-nos  ponderar  que,  os  direitos  de  importação,  que  sâo  aplicados 
« no  Brasil,  às  obras  de  ouro  e  prata,  proporcionaram  ali  um  largo 
«incremento  ao  estabelecimento  de  oficinas  de  ourives,  nas  quais, 
«avultadíssimo  número  de  operários  de  Lisboa  e  Porto,  encontram 
«permanente  e  remunerador  trabalho  em  todas  as  especialidades 
« desta  indústria ;  e  nesta  situação  táo  auspiciosa  de  protecção  ao 
« trabalho  nos  estados  da  União  Brasileira,  nâo  nos  deixamos  enlevar 
«em  optimismos,  sobre  os  resultados  de  uma  exposição  permanente 
« de  artigos  de  ourivesaria  portuguesa,  a  nâo  ser  para  as  obras  clas- 
« sificadas  por  artísticas». 

« Como  se  vê,  nâo  exagero  dizendo  que  a  Associação  Comercial, 


164 


errou  adoptando  aquele  parecer  a  que  faltou  o  estudo  necessário  do 
assunto. 

« Quer  agora  a  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria  re- 
novar a  iniciativa  do  desenvolvimento  do  comércio  dos  artigos  de 
ouro  e  prata,  indústria  portuguesa,  nesta  praça,  o  que  é  digno  de 
maior  louvor,  até  pela  oportunidade  das  diligências,  uma  vez  que 
os  outros  países  exportadores  nâo  podem  cuidar,  como  dantes,  da 
conservação  do  mercado. 

«Nâo  regateio  aplausos  à  ideia,  mas  tenho  dúvidas  cj^uanto  ao 
bom  resultado  dos  esforços  da  Câmara,  tal  é  o  atrazo  manifestado 
pelo  exportador  português,  quer  pelo  que  respeita  à  iniciativa  pró- 
pria, quer  pelo  carácter  mesquinho  das  suas  transacções,  desviadas  do 
moderno  sistema  do  comércio  nos  outros  países,  seus  concorrentes. 

«Entretanto,  faço  votos  para  que  sejam  facilmente  desmentidas 
as  minhas  apreensões.  —Rio  de  Janeiro,  5  de  Maio  de  1915 — Acácio 
Artur  dos  Smitos  Leite». 


Consultamos  para  levar  a  efeito  o  nosso  ãesideratum,  os  seguin- 
tes comerciantes:  srs.  Acácio  Artur  dos  Santos  Leite,  J.  Pires,  José 
Pinto  de  Sá  Coutinho,  Pedro  dos  Santos  &  Lopes,  Torres  Carneiro  e 
Silva  &  Castro,  e  todos  manifestaram  o  mais  veemente  desejo  de  ver 
espalhadas  no  Brasil,  as  variadas  concepções  da  artística  ourivesaria 
portuguesa. 


Questionário  n.°  19 

X  — Palha,  esparto,  cairo,  pita,  piaçaba,  paina  e  outras  matérias  fila- 
mentosas. 


1,     Cordoalha. 

A  Estatística  Comercial  desdobra  a  «  cordoalha »  em  4  classes : 
1.**  Cabos  de  algodão^  que  o  Brasil  nâo  recebe  de  Portugal.  2.°  Cabos 
de  Unho,  de  que  já  nos  ocupamos  no  questionário  referente  a  tecidos 


165 


do  mesmo  filamento.  3.**  Diios  de  juta  e  cânhamo,  do  que  liú  uma 
pequena  importação,  variando  de  2005000  a  1:860S000  réis.  Final- 
mente, os  de  palha,  esparto  o  cairo,  assaz  conhecidos  no  mercado, 
principalmente  os  iiltimos,  reputados  os  de  melhor  fabrico  entre  os 
seus  similares  de  outras  origens.  E  se  rialmente  nâo  há  maior  im- 
portação, é  unicamente  devido  ao  seu  elevado  custo.  De  fabrico 
esmerado,  sem  dúvida  alguma,  é  no  entanto  o  mais  caro  que  vem 
ao  mercado. 

Equipará-los,  pelo  menos,  aos  semelhantes,  seria  de  grande 
alcance  para  a  nossa  indústria  de  «cordoaria»,  porque  afastaria  do 
mercado  todos  os  seus  concorrentes  em  cabos  de  linho  não  alca- 
troado, «manilha»,  cairo,  etc. 

As  quantidades  e  valores,  que  desta  mercadoria  nós  enviamos 
para  o  Brasil,  durante  os  últimos  dez  anos,  foram  as  seguintes : 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905 50:364 

23:067S000 

1906 

58:331 

28:1628000 

1907 

65:756 

33:559S000 

1908 

56:697 

27:915S0OO 

1909 

50:378 

25:255S000 

1910 

84:131 

40:6008000 

1911 

43:238 

21:1568000 

1912 

43:886 

24:5038000 

1913 

40:032 

17:3278000 

1914 

18:373 

9:2598000 

Depois  de  atingir  o  máximo  valor  em  1910,  teve  uma  baixa  no 
ano  seguinte  de  48  %.  O  nosso  país,  figura  no  consumo  em  3.** 
lugar.  Em  1910,  receberam-se  do  estrangeiro  1.177:036  quilogramas, 
computados  em  76:9298000  réis;  os  seis  maiores  concorrentes  fo- 
ram :  Inglaterra,  Estados  Unidos,  Alemanha,  Portugal,  Bélgica  e 
França. 

A  « cordoaria »  portuguesa  de  há  muito,  com  conceito  firmado, 
teve  por  parte  da  Câmara,  um  cuidadoso  estudo  para  a  sua  maior 
difusão  no  Brasil,  nos  14  quesitos  seguintes : 


166 


QUESTIONÁRIO 


1."  A  <'  cordoaria»  portuguesa,  vai  pouco  a  pouco  diminumão  de 
consumo  no  mercado  brasileiro,  sem  que  haja  explicação  para  esse  facto 
anormal.  Tem  V.  Ex/''  conhecimento  da  importância  desta  indústria  no 


nosso  pais 


•? 


Os  cabos  de  lÍ7iho  e  <:  manilha»,  portugueses  nunca  tiveram 
grande  consumo  no  Brasil,  por  nâo  competirem  em  preço  com  os 
russos  e  ingleses.  O  de  cairo,  perfeitamente :  é  de  excelente  qualidade 
e  belíssimo  fabrico. 

2.°  Na  afirmativa,  o  que  aconselha  Y.  Ex."  de  mais  prático  no 
sentido  de  levantar  a  procura  do  artigo  português,  e promover  ao  mesmo 
tempo  a  sua  difusão  no  mercado  ? 

O  barateamento  dos  artefactos  e  a  maior  propaganda  possível. 

3.^  Conhece  V.  Ex."  as  causas  que  determinaram  o  decrescimento 
desta  mercadoria? 

Unicamente  a  ser  mais  elevado  o  custo  do  que  o  das  suas  con- 
géneres. 

4.°  Qual  a  procedência  dos  artigos  similares  a  que  o  mercado  dá 
preferência  ? 

Para  os  cabos  de  linho,  a  Rússia  e  a  Inglaterra :  de  manilha,  a 
Alemanha  e  Inglaterra:  de  cairo,  a  Inglaterra  e  Portugal. 

õ.°     Qual  o  preço  do  custo  no  local  de  origem  ? 

A  anormalidade  do  mercado,  nâo  permite  estabelecer  os  seus 
preços  actuais. 

6.°  Qual  a  mater ia-prima,  de  preferência  usada  nos  artefactos 
que  vêem  ao  mercado? 

Linho,  cânhamo,  «manilha»,  pita  e  cairo. 

7."  Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  as  diversas  qualidades  de 
manufacturas? 

Damos  a  seguir  três  fórmulas  de  despacho  para  cabos : 


li) 


Fórmula  de  um  despacho  para  cabos  de  cairo  (vindo  de  Lisboa) 


Oito  rolos   contendo   cabos   de  cairo  'em  peças,   pesando 
bruto,  duzentos  e  quarenta  e  dois  quilos. 


Razão  50  7o— 242  quilos  a  500  réis 1218000 

Estatística .•      •      •  ^^^^ 

Ouro  2  "/o  (:M.  do  porto) 4S84() 

Réis  ....  125S920 


Ouro  35  7o 44S850 

2  7o 4S840 

49S690 
Papel 76S230       125S920 


Custo  de  44S8'50  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.     .      .      .  80S7í30 

Papel ,      .      .      .  76S230 

Despacho 17S500 

Armazenagem  (cais  do  porto) lOSOOO 

Carreto 5S000 

Réis     ....  189S460 


Despesa  por  quilograma,  réis    ....  S780 


168 

Fórmula  de  um  despacho  para  cabos  de  '^cânhamo,^ 
(vindo  de  Hamburgo) 

Sessenta  fardos  contendo  cabos  de  cânhamo,  pesando 
bruto,  mil  seiscentos  e  oitenta  quilos. 

Razão  80  7o  — 1:680  quilos  a  700  réis 1:176^000 

Estatística S600 

Ouro  2  7o  (M.  do  porto) 29^400 

Réis     ....        ]:206S000 

Ouro  50  7o 588S000 

>       2  7o 29S400 

617S400 
Papel. 588S600       1:206S000 

Custo  de  617S000  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.     .      .  1:110S600 

Papel 588^600 

Despacho 17S500 

Armazenagem  (cais  do  porto) 30$000 

CaiTeto lOSOOO 

Réis     ....        1:7568700 
Despesa  por  quilograma,  réis  ....  10S450 


ir,9 


Fórmula  de  um  despacho  de  cabos  de  "manilha,, 
(vindo  de  Londres) 


Quarenta  e  dois  rolos  contendo  cabos  de  manilha  era 
peças,  pesando  bruto,  quatro  mil  noventa  e  oito 
quilos. 


Razão  50  %— 4:098  quilos  a  500  réis 2:0495000 

Estatística S420 

Ouro  2  7o  PI.  do  porto) 81S960 

Réis     ....  2:1318380 


Ouro  35  % 717S150 

=>       2  % 81S960 

799S110 
Papel 1:332S270       2:1318380 


Custo  de  7998110  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.     .      .  1:4388400 

Papel 1:3325270 

Despacho 178500 

Armazenagem  (cais  do  porto) 30S00(Í 

Carreto 24S0(X) 

Réis     ....  2:8428170 


Despesa  por  quilograma,  réis  ....  68940 


170 


8."  Qual  o  tamanho  ou  comprimento  das  peças,  diâmetros,  pesos, 
etc,  para  as  diversas  especialidades? 

220  metros  de  comprimento ;  espessura  para  os  cabos  de  « mani- 
lha», 1/2  até  8  polegadas;  cairo  e  linho,  1/2  a  6. 

9.'^  Quais  as  modificações  que  devem  ser  introduzidas  nestes  arte- 
factos para  poderem  competir  com  os  similares  estrangeiros  ? 

O  cabo  de  cairo  satisfaz  em  fabrico  e  qualidade;  os  restantes, 
só  confrontando  as  amostras,  se  poderá  orientar  o  fabricante. 

10.''  Acha  y.  Ex!''  conveniente  organizar  pequenos  mostruários 
de  « cordoaria »  para  se  enviarem  às  Associações  Comerciais  Portugue- 
sas, indicando  qualidades  do  produto,  origem,  custo,  peso,  medidas  das 
peças,  diâmetro,  direitos,  etc,  habilitando  xmr  esta  Jorma  os  nossos  in- 
dustriais a  iniciarem  transacções  de  maior  vulto  com  o  Brasil? 

E  preferível  que  os  fabricantes  enviem  para  aqui,  mostruários 
completos  dos  seus  produtos,  indicando  preços,  pesos,  medidas,  etc. 

11.°  Qual  a  forma  de  acondicionamento  e  embalagem  que  se  deve 
observar  para  estas  mercadorias? 

Em  rolos  competentemente  enfardados. 

12."  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro? 

Actualmente  os  exportadores  vendem  a  mercadoria,  sem  saque, 
que  só  é  paga  quando  o  negociante  o  julga  dever  fazer,  isto  é,  no 
fim  de  dois  ou  três  meses;  porem,  seria  conveniente  fixar  o  prazo 
de  90  d/v. 

13."     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc.  ? 

Greralmente  facturado  F.  O.  B.,  mas  seria  preferível  C.  I.  F. 

14."  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Exf-  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Xo  Brasil  nota-se  já,  regular  fabrico  na  indústria  de  « cordoa- 
ria», calculando-se  que,  em  1911,  houve  uma  produção  de  réis 
2.562:0CX)$000. 


Auxiliaram-nos  no  nosso  trabalho,  os  Srs.  J.  Bainho  &  G."', 
Júlio  Miguel  de  Freitas  &  C",  Flácido  Teixeira  &  C."  e  Rocha 
Couto  &  C^,  sendo  todos  de  opinião  que,  à  indústria  da  « cordoaria » 
portuguesa  está  reservado  um  lugar  de  destaque,  entre  as  suas 
similares,  nos  mercados  do  Brasil. 


171 


Questionário  n."  20 


2.     Esteiras  e  capachos. 


O  nosso  país  tem  a  primazia  na  importação  de  esteiras  e  capa- 
chos pelo  mercado  brasileiro.  O  consumo  tem  aumentado  considera- 
velmente. 

Para  o  último  decénio  temos  as  quantidades  e  valores  que 
seguem  em  confronto  com  a  importação  geral : 


Anos 

Po 

rtugal 

Importação  gerai 
Quilogramas               Valores 

Quilogramas 

Valores 

1905 

6:796 
13:758 
27:039 
20:559 
15:862 
24:861 
36:952 
32:438 
41:745 
25:663 

12:0O3$O0O 
25:226S0OO 
56:7363000 
39:967$0ai 
32:õ48$000 
45:288$a30 
64:5328000 
01:4695000 
72:759$0O0 
42:129$000 

54:832 

61:294 

77:500 

53:673 

48:568 

88:039 

112:983 

105:837 

134:359 

56:031 

66:81 3$000 

80:572$000 

120:745SOOO 

81:571$000 

74:.844$000 

107:284SOOO 

152:942S00O 

153:7868000 

194:823$0(X> 

80:28 1S(X)0 

1906..- 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

1014 

Para  nós  a  importação  teve  marcha  ascendente,  embora  irre- 
gular, devendo  notar-se  que  a  diferença  entre  1905  a  1913,  é  de 
60:7568000  réis,  ou  sejam  506  %  do  que  havia  sido  naquele  pri- 
meiro ano. 

O  mercado  é  disputado  em  primeiro  lugar  pelo  nosso  país, 
seguindo-se-lhe  a  Alemanha,  Gran-Bretanha,  França  e  Bélgica,  esta 
liltima  em  muito  menor  escala. 

Para  confronto  da  nossa  superioridade  no  mercado,  damos  o 
valor  da  importação  em  1913  para  os  quatro  países  em  que  é  mais 
importante : 


172 


Portugal  Alemanha  Inglaterra  França 

72:759SO0O        43:638S000        22:369S000        20:2208000 

A  indústria  manufactureira  de  esteiras  e  capachos,  representada 
por  duas  fábricas  portuenses,  é  aqui  muito  conhecida,  sendo  os  seus 
artefactos  reputados  de  primeira  qualidade,  interessando-se  a  Câmara 
pela  expansão  das  suas  manufacturas,  dedicando-lhe  o  seu  vigésimo 
questionário,  no  inquérito  a  que  procedeu,  composto  dos  13  quesitos 
que  seguem: 


QUESTIONÁRIO 


1.°  Conhece  V.  Ex/''  o  grau  de  aperfeiçoamento  a  que  chegou  no 
nosso  país,  o  fabrico  de  capachos,  passadeiras,  etc,  reputadas  no  mer- 
cado como  de  superior  qualidade? 

Sim;  principalmente  capachos.  Podem  competir  vantajosamente 
com  os  similares  de  todas  as  nacionalidades. 

2.°  Na  afirmativa,  qual  a  melhor  forma  de  promover,  em  maior 
escala,  a  expansão  do  seu  comércio  no  Brasil  ? 

Continuar  como  até  hoje,  sem  esmorecimento  na  propaganda. 
Enviar  periodicamente,  como  já  se  tem  feito,  hábeis  caixeiros  via- 
jantes, mas  delicados,  atenciosos,  insinuantes  mesmo,  moldados  nas 
regras  da  moderna  civilização,  a  fim  de  nâo  sucederem  fracassos  que 
já  se  deram  com  estas  manufacturas.  Os  mostruários  em  tempo 
apresentados  pelos  caixeiros  viajantes  que  aqui  vieram,  estavam 
muito  bem  organizados. 

3.°  Qual  o  motivo  da  manifestada  preferência  pelos  artefactos 
portugueses  ? 

A  boa  qualidade  e  a  perfeição  da  manufactura,  aliadas  ao  preço 
mais  ou  menos  relativo. 

4.°  Chegou  ao  conhecimento  de  V.  Ex."  o  boato  propalado  em 
desábono  desta  indústria,  de  que  as  fábricas  portuguesas  exigiam  adian- 
tamentos para  poderem  satisfazer  as  encomendas  ? 

Sim,  porem,  como  simples  boato,  e  em  nada  afectará  a  conti- 
nuação da  boa  marcha  dos  negócios  entre  fabricantes  e  impor- 
tadores. 


^ 


178 


õ.**  .4  jnejerência  do  artif/o  portiic/aês.  será  por  ser  mais  leve  que 
o  similar  de  outras  narões? 

Somente  em  parte,  e  é  devida  principalmente  ao  seu  elevado 
grau  de  aperfeiçoamento. 

6.°  Qual  o  custo  do  artigo  similar  estrangeiro  no  local  da  pro- 
dução ? 

finito  variado,  pela  diversidade  de  tamanhos,  matérias-primas 
empregadas,  etc,  regulando  pouco  mais  on  monos  o  custo  das 
nossas  mercadorias. 

7."     Qual  o  direito  que  incide  sobre  o  produto  ? 

Os  capachos  estão  incluídos  no  artigo  419."  da  tarifa: 


Quilogr. 

De  esparto,  simples S200 

Idem  de  quak]^uer  outra  qualidade ISOOO 

De  palha  de  coco,  simples S800 

Idem,  orlados,  ou  guarnecidos  de  lâ,  linho,  ou  algodão     .  ISòOO 


As  taxas  para  capachos  de  palha  de  coco  eram  respectivamente 
de  500  e  ISOOO  réis  por  quilograma,  passando  em  Abril  findo,  a 
vigorar  as  actuais  por  disposição  da  lei  do  orçamento  para  o  cor- 
rente ano. 

Todas  as  taxas  acima  citadas  sâo  acrescidas  com  o  pagamento 
de  35  *^/o  em  ouro,  e  como  se  trata  de  mercadorias  em  que  houve 
alteração  nos  direitos,  damos  uma  fórmula  de  despacho : 


174 


Fórmula  de  despacho  de  capachos  de  coco  simples 


Quatro  caixas  contendo  sessenta  capachos  de  palha  de 
coco  simples,  pesando  líquido,  trezentos  e  quatro 
quilos. 


Eazâo  50  7o  — 304  quilos  a  800  réis 243S200 

Capatazias S400 

Estatística $040 

Ouro  2  'Vo  (Melhoramentos,  cais  do  porto) 9$730 

Réis     ....  253S370 


Ouro  35  o/o 85^120 

»       2  o/o. 9$730 

94S850 
Papel 158$520      253S370 


Ouro  ao  câmbio  de  15  d 1705730 

Papel 158S520 

Cais  do  porto  (armazenagem) 11S850 

Agência  e  estampilhas 12S300 

Carretos lOSOOO 

Réis     ....  363S4{X) 


Despesa  por  quilo,  réis.      .      .      .  1$195 


8°     Qual  a  matéria-prima  que  se  deve  empregar  de  preferência  ? 
Esparto   e  palha  de  coco.  Este  assunto  deve  ser  já  suficiente- 
mente conhecido  pelos  nossos  industriais. 


ÍO 


9."  Qual  (i  Jornia  de  acondicionamento  para  este  produto,  fardos-. 
caixas  ou  qualquer  outro  processo,  peso  dos  volumes,  etc.  '^ 

(xeralmente  em  fardos,  como  todos  os  nossos  fabricantes  já  de- 
vem estar  inteirados. 

10.°  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro'^ 

No  geral  é  adoptado  o  prazo  de  90  d/v.,  o  que  parece  (jue  deve 
ser  mantido,  mas  que  também  podo  depender  de  prévios  acordos. 

11.°     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc? 

Os  concorrentes  de  outros  países  expedem  as  suas  mercadorias, 
F.  O.  B.  (free  on.  hoard);  os  fabricantes  portugueses  entregam-nas 
loco  fábrica,  e  debitam  inclusive  capa  e  enfardamento,  náo  perdoando 
despesa  alguma. 

12.°  Não  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigência'^  nas  condições  de  paga- 
mento? 

Nâo  ha  dúvida  que  toda  e  qualquer  concessão  seria  l)em  rece- 
bida, mas  a  ocasião  nâo  é  das  melhores  para  certas  facilidades,  e  há 
absoluta  necessidade  de  se  fazerem  as  transacções  com  relativa 
segurança. 

13.°  Outras  quai-^^quer  observações  que  Y.  Ex/''  julgue  conveniente 
acrescentar. 

A  brevidade  na  execução  das  encomendas  deverá  ser  olhada 
com  muito  interesse. 


Consultamos  nove  das  mais  conceituadas  firmas  da  praça,  e 
todas  elas  nos  afirmaram  a  superioridade  da  manufactura  portu- 
guesa; foram  as  seguintes:  Alberto  de  Almeida  &  C."',  Araújo  San- 
tos &  C",  Firmino  Fontes  &  C",  Fontes  Garcia  &  C!\  Freitas 
Couto  &  C."',  J.  Bainho  d-  C.^^,  Leandro  Martins  &  C.^,  Navio  &  Enes 
e  Rodrigo  Viana  <&  CV 


176 
Questionário  n.°  21 

XI  —  Pedras,  terras  e  outros  materiais  semelhantes. 

1.     Manufactueas  não  especificadas. 


o  presente  questionário  abrange  duas  mercadorias : 

1.°     Ladrilhos,  azulejos  e  mosaicos. 

2.°  Manufacturas  não  especificadas,  incluindo  mármores,  cerâ- 
mica, estatuetas,  terras-cotas,  etc. 

Para  as  primeiras  tivemos  durante  os  últimos  dez  anos,  um 
movimento  muito  irregular,  não  se  podendo  mesmo  estabelecer  as 
quantidades  e  valores  até  1906,  por  estarem  os  ladrilhos  e  azulejos 
englobados  até  àquela  data  com  outros  materiais  de  construção. 

De  ladrilhos  hidráulicos,  já  aqui  existe  uma  regular  produção 
calculada  em  1911,  em  3.937:000$000  réis.  De  1907  a  1914,  vieram 
de  Portugal,  azulejos,  nas  seguintes  quantidades  e  valores : 


Anos  Quilogramas  Valores 

1907 216:517  19:876$000 

1908 24:607  7:173SO0O 

1909 7:669  2:828$000 

1910 20:450  5:736$000 

1911 13:150  4:371SO0O 

1912 9:704  3:620$000 

1913 25:650  9:224S000 

1914 10:191  3:5328000 


A  importação  geral  foi  em  1913,  de  12.963:137  quilos,  compu- 
tados em  2.3S1:246$000  réis,  predominando  no  mercado  o  artigo 
belga,  alemão,  inglês  e  francês. 

Nas  manufacturas  não  especificadas  encontramos  na  Estatística 
Comercial  as  seguintes  quantidades  e  valores  referentes  a  Portugal: 


Anos 

Quilogramas 

Valore» 

1905 7.869:9H5 

232:574$00O 

19()6. 

(i.999:703 

220:058$000 

1907. 

4.548:969 

177:682$000 

1908. 

1.191:907 

56:26935000 

1909. 

4.770:730 

265:413íjS000 

1910. 

7.957:818 

347:199$000 

1911. 

6.791:742 

231:15535000 

1912. 

54:891 

20:772í$000 

19ia. 

42:270 

10:282í$000 

1914. 

36:528 

5:871$000 

O  movimento  teve  grandes  alternativas.  Até  1911,  excepção 
feita  do  ano  de  1908,  predominamos  no  mercado.  No  referido  ano  de 
1911,  a  importação  geral  foi  de  9.245:684  quilogramas  na  importân- 
cia de  1.008:764StXX)  réis,  cabendo  a  Portugal  6.791:742  quilogramas. 
No  ano  anterior,  as  quantidades  foram  10.163:178  quilogramas, 
porém  o  valor  inferior  em  cerca  de  50  contos.  Tivemos  os  seguintes 
concorrentes :  (Iran-Bretanha,  França,  Itália,  Alemanha  e  Estados 
Unidos. 

De  1912  em  diante  a  ordem  é  a  seguinte :  Itália,  França,  Clran- 
Hretanha,  Alemanha  e  Portugal. 

Consistem  estas  manufacturas,  principalmente,  de  mármores  em 
obra,  e  cantarias  para  construções.  O  principal  mercado  consumidor 
tem  sido  o  Norte  do  Brasil,  figurando  em  primeiro  lugar  o  porto 
do  Pará,  com  a  primazia  sobre  todos  os  portos  da  República, 
Dos  restantes  portos  brasileiros,  devemos  mencionar  em  seguida, 
Bio  de  Janeiro  e  Santos.  Só  o  Pará,  recebeu  em  1910,  75  Vo  *^^ 
importação  geral,  o  que  se  explica  pelo  rápido  desenvolvimento 
daquela  capital  do  Norte,  produto  dos  seus  exuberantes  recursos- 
Nos  últimos  três  anos,  a  nossa  exportação  declinou  de  uma  forma 
incompreensível.  Poderia  ainda  atribuir-se  a  qualquer  desdobra- 
mento na  classificação  da  estatística,  mas  nem  sequer  esse  facto  so 
dá,  e  mesmo  que  passasse  para  outra  classe,  notar-se-hia  logo  qual- 
quer aumento  no  consumo  dos  produtos  incluídos  no  agrupamento 
de  pedras,  terras  e  outros  minerais. 

A  indústria  de  canteiro  ou  marmorista,  no  Brasil,  executa  belo» 


178 


e  artísticos  traballios,  empregando  na  maioria  hábeis  canteiros 
portugueses.  Contudo,  em  Portugal,  esta  indústria  está  muito  mais 
aperfeiçoada.  Há  escultores  de  renome,  assim  como  artistas  profis- 
sionais de  grande  vulto.  Aqui,  sendo  a  mâo  de  obra,  na  sua  genera- 
lidade, muito  mais  elevada  do  que  em  qualquer  país  europeu, 
a  indiistria  do  canteiro  ou  marmorista,  ressente-se  da  falta  de 
rendilhados  e  fi^ios  lavores,  característicos  das  nossas  concepções  artís- 
ticas, e  que  o  escultor  português  com  tanto  sentimento,  sabe  expri- 
mir num  simples  e  informe  bloco  de  mármore. 


A  Câmara  Portuguesa  dedicou  o  vigésimo  primeiro  questioucí- 
rio  do  seu  inquérito  aos  artigos  de  cerâmica  e  obras  em  mármore, 
formiilando  os  12  quesitos  seguintes: 


QUESTIONÁRIO 


1."  Tem  V.  E.v."  conhecimento  do  grau  de  perfeição  a  que  chega- 
ram em  Portugal  as  indústrias  de  cerâmica  e  de  canteiro? 

Os  azulejos  portugueses,  sao  aqui  sobejamente  conhecidos 
pelo  seu  regular  fabrico,  mas  infelizmente  este,  está  ainda  muito 
aquém  da  cuidadosa  e  variada  fabricação  de  outros  países  europeus. 

Conhecem-se  também  os  ladrilhos  hidráulicos  ou  mosaicos  de 
boa  execução,  mas  que  dificilmente  poderão  ter  aqvii  entrada,  pelo 
grande  número  de  fábricas  existentes  no  país,  com  produção  anual 
computada  em  alguns  milhares  de  contos. 

Os  nossos  mármores  em  obra  podem  facilmente  bater  todos  os 
similares  que  vêem  ao  mercado.  Já  fizemos  referências  a  estes  pro- 
dutos quando  tratamos  das  matérias-primas  para  as  artes  e  indús- 
trias, sob  a  rubrica  mármores. 

2.°  A  que  causas  atribui  Y.  Exf'  a  pouca  aceitação  que  a  cerâ- 
mica e  os  mármores  portugueses  teem  actualmente  no  mercado  ? 

Diversas.  Para  azulejos  há  duas  poderosíssimas : 

1."  O  seu  preço  exorbitante,  comparado  com  o  similar  de 
outras  origens;  a  pouca  prática  na  embalagem  e  os  fretes  fabulosos. 


179 


2."  A  falta  de  uni  depósito,  agente  ou  intermediário,  (^iie  tara 
propaganda  e  coloque  o  artigo  em  condi(jóes  aceitáveis. 

Os  ladrilhoít  teem  a  concorrência  do  fabrico  interno. 

Para  ynár mores  e  cantarias,  liá  a  eterna  luta  dos  fretes  exage- 
radíssimos, quando  se  consegue  « praça  ^^  em  ([ualquer  empresa  de 
navegação. 

3.**  Pode  V.  Ex.^  indicar-no^  quais  os  países  que,  em  maior 
escala,  exportam  para  o  Brasa? 

Bélgica,  Alemanlia,  Inglaterra  e  França,  para  azulejos.  Ultima- 
mente os  Estados  Unidos,  teem  fornecido  o  mercado  com  artigos  de 
bom  fabrico,  igual  ou  talvez  superior  ao  europeu. 

Para  mármores  e  cantarias,  há  três  anos  que  predomina  a  Itália, 
seguindo-se-lhe  a  França  e  a  Inglaterra. 

•i.*'  Serão  os  preços  do  local  de  origem,  inferiores  aos  dos  artigos 
portugueses  ? 

Para  azulejos,  certamente. 

Os  ladrilhos  hidráulicos  ou  os  mosaicos,  de  fabrico  nacional,  teem 
a  protegê-los  um  elevado  direito  pautal,  de  õSOOO  réis  por  metro 
quadrado. 

Nos  mármores,  os  transportes,  as  dificuldades  nos  embarques  e 
os  exagerados  fretes  marítimos,  encarecem-nos  demasiadamente. 

5."  Quais  as  modificações  que  V.  Ex."'  julgue  mais  conveniente 
introduzir  na  indústria  do  nosso  pais  para  que  a  sua  expansão  comei'- 
ciai  no  Brasil,  progrida  em  vez  de  declinar  ? 

Para  azulejos,  aperfeiçoar  o  fabrico,  estudar  a  maneira  de  equi- 
parar os  preços  dos  similares  de  outras  origens,  e  cuidar  sobretudo 
de  obter  fretes  reduzidos. 

Vários  importadores  que  visitaram  diversas  fábricas  na  Europa, 
admiram-se  de  nâo  terem  encontrado  nas  nossas  o  pilão  para  o 
refugo,  como  há  nos  outros  países,  assim  como,  a  não  existência  do 
tout-venant,  sempre  ÕO  "/o  o^  "^^  *^/o  mais  barato  que  a  escolha.  Para 
mármores  e  cantarias,  os  transportes  terrestres  em  Portugal  são  ca- 
ríssimos, as  dificuldades  de  embarque  em  Lisboa  são  incalculáveis, 
e  os  fretes,  quando  por  acaso  se  obtêm  praça,  sâo  muitas  vezes» 
mais  elevados  que  o  custo  da  mercadoria. 

Obstar  a  estes  inconvenientes,  nâo  está  na  alçada  dos  nossos  in- 
dustriais; no  entanto  os  Poderes  Públicos  devem  prestar-lhes  toda  a 
sua  desvelada  atenção,  facilitando,  por  todos  os  meios,  a  saída  dos 
produtos  de  reputação  já  firmada,  nos  mercados  externos. 


180 


6."  Quait>  os  direUos  que  incidem  sòhre  as  (livevf^as  espeeiali- 
dades  ? 

Azulejos  de  qualquer  espécie  (metro  quadrado)  .      .      .  2$000 
Ladrilhos  hidráulicos  ou  mosaicos  (metro  quadrado)      .  5$0(X) 
Pedras  de  granito  ou  cantaria,   em  bruto  ou  desbasta- 
das— Razão  30  Vii •  ad  valorem 

Idem  em  obras  para  construção  de  casas  ou  armazéns, 

calcetamentos  de  ruas  e  semelhantes  —  Razão  15  Vo  ad.  valorem 

Lousa  ou  ardósia  em  bruto  ou  em  telhas  (quilo)      .      .  í$060 

Idem  em  ladrilhos  (metro  quadrado) 1^600 

Mármore  e  alabastro  em  obra  —  Razão  50  Vo-      •      •      •  ad  valorem 

Todas  as  taxas  acima  são  acrescidas  com  o  pagamento  de  35  "/y 
ouro,  e  mais  despesas,  devendo  calcular-se  sempre  50  "/o  mais. 

O  preço  regulador  para  o  despacho  ad  valorem,  será  o  do  mer- 
cado exportador  aumentado  de  todas  as  despesas  posteriores  à  com- 
pra, tais  como  direitos  de  saída,  fretes,  seguro,  comissão,  até  ao 
porto  de  desembarque. 

T.**  Qual  a  forma  de  embalagem  dos  produtos  similares  das  indús- 
trias das  outras  nações? 

Em  engradados  ou  caixas  bastante  fortes.  Há  fábricas  que  fazem 
as  suas  expedições  de  azulejos,  em  barricas,  muito  bem  empalhados. 

8.°     Q.ual  a  forma  de  pagamento  no  mercado  do  Rio  de  Janeiro? 

Para  azulejos,  as  condições  usuais,  são  de  90  a  120  dias  da  data 
da  entrega  dos  documentos :  porem,  quási  todas  as  casas  dão  15  dias 
de  prazo  para  aceitar  o  saque,  a  fim  de  ser  conferida  a  mercadoria. 
Para  os  outros  produtos,  a  forma  de  pagamento  é  convencional. 

9.''     Quais  as  condições  de  pagamento,  embarque,  etc? 

Em  tempo  normal  os  preços  são  cotados  «  C  /.  F.  Rio*. 

10.**  Não  acha  V.  Exf''  conveniente  que  os  exportadores  portugue- 
^^es,  a  exemplo  dos  das  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  bem  remunerados? 

Muito  proveitoso  e  de  grande  alcance  para  azulejos:  demais, 
tratando-se  de  manufacturas,  por  assim  dizer,  complementares  das 
fábricas  de  louça  e  porcelana,  obrigadas  a  enviar  ao  mercado  os 
seus  propagandistas.  Estes  terão  somente  de  visitar  maior  número 
de  fregueses,  pois  que,  são  dois  ramos  de  neg(')CÍo  inteiramente  dife- 
rentes. 


181 


A  missão  dos  ropresentantes,  nao  sorá  muito  difícil,  se  os  in- 
dustriais atenderem  de  ])ronto  os  pedidos,  melhorarem  o  fabrico  o 
introduzirem  novidades  na  execução  dos  variados  desenhos  e 
padrões. 

11."  Não  Jlie  parece  que  se  devia  aconselhar  os  exportadores  por- 
tugueses a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  pagamento? 

Sem  diivida  alguma,  fazendo  concessões  próprias  em  tais  casos, 
informando-se  previamente  das  condições  em  que  se  encontra  o 
comprador,  como  procedem  os  exportadores  das  outras  nações. 

12.*'  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex/''  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Para  mercadorias  de  que  trata  o  presente  questionário,  assim 
como  para  muitas  outras,  julgam  os  importadores,  pouco  viável 
qualquer  impulso  na  expansão  do  nosso  comércio,  emquanto  nâo 
houver  uma  companhia  portuguesa  de  navegação  que  barateie  os 
fretes.  Um  simples  exemplo  é  suficiente  para  demonstrar  a  impossi- 
bilidade da  preferência  do  produto  português,  embora  haja  por  parte 
do  importador,  o  desejo  de  nâo  preterir  a  nacionalidade. 

Qualquer  mercadoria  expedida  de  um  porto  do  Norte  da  Europa 
para  Buenos-Aires,  porto  situado  a  1:135  milhas  ao  Sul  do  Rio  de 
Janeiro,  paga  um  frete  muito  inferior  ao  cobrado  de  Lisboa  ao  Rio. 
A  diferença  no  custo  de  fretes  é  tâo  frisante  que  geralmente  do 
nosso  país  a  qualquer  porto  do  Brasil,  (-obra-so  mais  50  "/„  do  que 
de  Hamburgo  a  idêntico  destino. 

Dadas  estas  circunstâncias,  acrescidas  ainda  muitas  vezes,  pelo 
custo  da  mercadoria  exceder  as  similares,  ou  o  seu  fabrico  nao  ter 
igual  perfeição  e  o  pouco  cuidado  prestado  ao  acondicionamento, 
nâo  é  para  estranhar  que  perdure  no  geral,  um  certo  retraimento 
na  procura  dos  nossos  produtos:  contudo  os  importadores  manifes- 
taram o  desejo  de  dar  todo  o  seu  apoio  incondicional  à  iniciativa 
da  Câmara  Portumiesa. 


Prestaram-nos  toda  a  sua  A'aliosissima  cooperação,  os  importa- 
dores da  praça,  srs.  Amarais  Pimentel  d-  C",  Domingos  Joaquim 
da  Silva  d-  O.".  Dias  Garcia  d  C",  J.  A.  Costa  d  O",  Martins  do 
Amaral  d  C",  Campos  Silva  d  C."'  e  J.  de  Carvalho  Neve^. 


182 


Questionário  n.°  22 


2.     Telhas  de  baero. 


Neste  artigo,  parece-iios  que  Portugal  pode  tirar  alguma  van- 
tagem, pois  durante  o  último  decénio  de  1905  a  1914,  a  Estatística 
Comercial,  fornece-nos  dados  que  denotam  uma  progressiva  impor- 
tação, a-pesar-de  duvidarmos  que  esta  manufactura  venha  ao  mer- 
cado por  encomenda  directa.  Afirmam  quási  todos  os  importadores 
do  artigo,  que,  a  praça  do  Rio  de  Janeiro  nâo  recebe  o  produto 
português,  por  várias  razoes,  e  todas  elas  muito  aceitáveis,  parecendo 
por  este  facto,  que  o  forte  da  nossa  exportação  seja  para  os  portos 
do  Norte  do  Brasil. 

Para  Portugal,  dci-nos  a  Estatística,  o  seguinte  movimento: 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905 3.231:937 

135:1 13$a)0 

1906. 

1.572:944 

119:5191000 

1907. 

1.474:526 

81:233$000 

1908. 

3.412:756 

247:1  I9$0a') 

1909. 

1.443:218 

102:321$0a) 

1910. 

1.711:160 

122:175$000 

1911. 

1.709:733 

139:623^000 

1912. 

5.740:640 

321:875$000 

1913. 

4.154:773 

226:12õ$000 

1914. 

174:840 

11:124$000 

Em  1905  e  1906,  estão  também  compreendidos  os  azulejos  e 
ladrilhos  hidráulicos,  que  até  aquela  data  figuraram  englobados.  O 
excessivo  aumento  em  1912  e  1913,  é  proveniente  da  importação  de 
telha  para  edifícios  do  Estado,  tais  como,  vilas  proletárias,  etc. 

O  valor  máximo  da  importação  geral  registou-se  em  1913,  com 
57.199:451  quilogramas  computadas  em  2.764:925$000  réis. 

Para  os  produtos  cerâmicos,  elaborou  a  Câmara  Portuguesa  di- 
versos quesitos,  obtendo  resposta  aos  dez  seguintes : 


133 


QUESTIONÁRIO 


1."  Sendo  a  telha  portuguesa  fabru-add  com  excelente  mater in- 
prima  e  pelo  mais  aperfeiçoado  tipo  Marselha,  qual  a  causa  da  prejc- 
rência  no  Brasil,  pelo  produto  similar  de  origem  francesa? 

A  telha  portuguesa  iiáo  tem  preferência  no  mercado  do  Rio, 
por  varias  causas: 

1."  Dificuldades  nos  fretamentos,  motivadas  por  escassez  de 
veleiros  próprios  e  fretes  convenientes. 

2.°     Diferença  de  preço. 

H.°     Diferença  de  peso,   o  que  torna  o  frete  muito  mais  caro. 

4."     Produção  relativamente  pequena. 

5."     Cirande  percentagem  de  quebras. 

Estas  cinco  causas  teem  a  explicação  seguinte : 

Os  embarques  em  Marselha,  teem  grande  facilidade  porque 
àquele  porto,  acorrem  prontamente  veleiros  italianos  que  se 
encontram  constantemente  a  frete  em  (iénova  e  em  outros  portos 
de  Itália.  Ora  o  mesmo  nâo  sucede  em  Portugal,  onde  a  maior  parte 
dos  veleiros  sc)  aportam  carregados  e  nâo  em  procura  de  fretes ; 
daí  o  natural  encarecimento  destes,  nos  portos  portugueses,  quando 
se  olítèm  praça,  e  que  nunca  é  inferior  a  seis  escudos  por  tonelada. 
Em  épocas  normais  o  frete  de  Marselha  para  o  Rio,  regula  Frs.  20  a 
25  por  tonelada  de  1:000  quilos.  Ocasião  houve,  em  época  de  escas- 
sez, em  que  foram  pagos  fretes  a  Frs.  36,00,  mas  este  preço  nâo 
deve  servir  de  regra. 

A  telha  de  Marselha  regula  custar  F.  O.  B.  também  em  épo- 
cas normais,  Frs.  120  a  130  o  milheiro,  ao  passo  que  nas  duas  fábri- 
cas de  Lisboa  e  na  da  Pampilhosa  e  mesmo  no  Porto,  nâo  se  obtêm 
o  mesmo  artigo,  escolha,  a  menos  de  Esc.  30SOO  F.  O.  B.,  a 
mesma  unidade. 

A  dificuldade  já  apontada  para  se  oljter  veleiros,  a  par  do 
nâo  existir  faliricada  grande  quantidade  de  telha  que  possa  de  pronto 
atender  (j^ualquer  encomenda,  como  sucede  em  Marselha,  onde  há 
invariavelmente  um  grande  stock  disponível,  fazendo-se  carregamen- 
tos de  500:000  telhas  (carga  usual  de  um  veleiro),  em  menos  de 
trinta  dias,  resulta  a  falta  de  preferência  para  o  produto  da  nossa 
indústria  cerâmica. 


184 


S."  Conhece  V.  Ex."'  o  grau  de  aperfeiçoamento  a  que  chegou  esta 
indústria  em  Portugal? 

O  fabrico  é  bom.  Convêm,  porem,  notar  que  o  peso  da  telha 
portuguesa,  é  muito  superior  ao  da  similar  de  Marselha,  con- 
dição muito  importante  a  atender  em  matéria  de  construção.  Na 
francesa,  em  dois  tipos,  obtivemos  o  peso  de  2:500  e  2:700  gra- 
mas; este  último  nâo  é  corrente  no  mercado,  por  ser  de  custo- 
mais  elevado.  Na  nossa,  tivemos  ocasião  de  verificar,  também  em 
dois  tipos  (Pampilhosa),  respectivamente  3:250  e  3:500  gramas. 
Calculando  o  frete  por  tonelada  de  1:000  quilos,  à  razão  de  es- 
cudos 4$50,  preço  normal  do  frete  de  Marselha  ao  Rio,  teremos  para 
a  francesa,  por  cada  milheiro,  escudos  11$25,  e  para  a  nossa,  pela 
mesma  unidade,  escudos  15$75  ou  seja  uma  diferença  de  4  escudos 
e  meio. 

Além  destas  desvantagens  há  ainda  a  das  quebras;  enquanto 
na  francesa  é  de  2  ^q,  para  a  nossa  é  de  5  e  8  o/^. 

3.°  Havendo  no  nosso  país,  jjrivilégio  de  invenção  e  construção 
de  mãquinas-moldes,  para  fabrico  de  telhas,  sistema  português  e  marse- 
Ihês.  porque  motivo  não  alcança  esta  no  mercado  brasileiro,  preço  idên- 
tico ao  da  francesa? 

Conquanto  mais  pesada,  como  já  se  disse,  e  desde  que  haja  boa 
escolha,  obterá  preço  igual  à  de  Marselha.  O  seu  custo  é,  porém, 
superior  ao  daquela ;  exemplo : 

Escudos 

1.*  quahdade 27$00  a  30$00 

2.*         »  24$00  a  27$00 

3.*         » 18$00  a  20$00 

Est«s  preços  são  loco  fábrica,  por  cada  milheiro ;  em  Marselha  o 
preço  é  de  Frs.  120  a  130,  a  mesma  unidade,  F.  O.  B.,  ou  sejam 
Esc.  24$00  e  26$00  ao  câmbio  de  $60  por  3  francos. 

4."  Em  que  condições  vem  ao  mercado  brasileiro  o  referido 
artigo  ? 

Em  navios  de  vela,  fretados  expressamente  para  esse  fim  e  es- 
tivada a  granel.  A  encomenda  é  dada  directamente  aos  fabricantes 
ou  aos  intermediários 

5.**     Haverá  ainda  a  chamada  consignação  para  este  artigo  ? 


185 


Náo  i-onsta  na  ])raí,'a  o  uso  de  tal  jn-ocesso,  a  iiâo  ser  al^uin 
caso  excepcional  que  não  tivesse  transpirado. 

6."  Qual  o  preço  no  local  de  orií/em.  pOso  da  anidiule,  qiKitiddde, 
etc,  da  teUui  francesa  'f' 

O  preço  normal  em  Marselha,  regula  de  Frs.  120  a  130  por  mi- 
lheiro ;  o  peso  2:600  gramas  cada  uma,  e  a  qualidade,  de  primeira. 

7.*^  Qual  a  forma  de  fazer  a  expedirão,  a  granel,  em  gigos  ou  por 
qualquer  outro  processo? 

Em  navio  de  veia  com  a  lotação  de  HU)  a  TífXJ  mil  o  a  granel, 
estivada  com  ripas  de  madeira. 

8."  Quais  os  direitos  que  sobrecarregam  este  produto  nos  }nercad<}s 
brasileiros,  e  por  quanto  sài  cada  milheiro  de  telha  posto  no  armazfm 
do  importador? 

Com  a  taxa  ouro  e  demais  despesas,  112$000  réis  por  milheiro, 
ficando  nos  armazéns  do  importador,  em  tempos  normais,  entre 
210$000  a  230$0a^  réis. 

9."  Quais  as  condições  de  venda  no  mercado  do  Rio  de  Janeiro, 
para  este  artigo? 

Como  são  cncomemlas  directas  feitas  aos  faljricantes  de  Marse- 
lha, o  pagamento  realiza-se  após  o  embarque,  contra  entrega  de 
documentos;  o  frete,  porém,  é  pago  ao  capitão  depois  de  terminada 
a  descarga  no  porto  de  destino.  Algumas  vezes,  paga-se  metade  do 
frete  em  Marselha. 

10.°     Quais  as  condirò.^s  de  embarque,  expedirão,  etc.  ? 

Para  o  artigo  marselliés,  F.  O.  B. 


Eliminamos  cinco  quesitos  que  estavam  em  perfeito  desacordo 
e  só  teriam  razão  de  ser,  no  caso  de  a  indústria  cerâmica  portu- 
guesa se  achar  habilitada  a  produzir  quantidades  suficientes  }>ara 
poder  ter  stock  em  escolha,  aprontando  encomendas  no  prazo  má- 
ximo de  30  dias,  como  em  Marselha,  e  expedi-las  pelos  meios  de 
transporte  mais  económicos ;  isto,  aliado  ao  preço  equitativo,  é 
o  meio  mais  prático  para  entrar  em  franca  concorrência  com  o 
artigo  francês.  A  falta  de  mostruários  em  cerâmica,  também  se  faz 
sentir. 


186 


-  Deve-se,  porém,  notar  que  no  país,  o  fabrico  de  produtos  cerâ- 
micos toma  de  ano  para  ano  grande  incremento.  Nos  arredores  do 
Rio  de  Janeiro,  estação  de  Jerónimo  de  Mesquita,  temos  a  fábrica 
de  telha  pelo  processo^  mais  aperfeiçoado  de  Marselha,  da  firma 
Ludolf  cSc  Ludolf,  com  grande  produção  diária  e  nos  arredores  de 
S.  Paulo,  em  Jundiahy,  existe  em  construção  (actualmente  parali- 
sada), uma  importantíssima  fábrica,  na  qual  já  estão  empregados 
mais  de  800  contos.  Está  aparelhada  com  os  mais  aperfeiçoados 
niaquinismos  que  poderão  produzir  diariamente  õO:000  tijolos  e 
lõ:()00  telhas.  Nos  confins  do  Norte  do  Brasil,  uma  hora  antes  do 
transantlântico  entrar  na  Capital  do  Estado  do  Amazonas,  encontra 
o  viajante  à  sua  direita,  nas  Lages,  a  importantíssima  fábrica  de 
produtos  cerâmicos  moldados  pelos  mais  aperfeiçoados  processos, 
pertencente  à  S.  A.  dos  Armazéns  Andresen. 


Fomos  coadjuvados  no  nosso  tral^alho  pelos  srs.  Amarais  Pi- 
mentel &  C/\,  Artur  Bastos  &  C.^  Doyningos  Joaquim  da  Silva  &  0!% 
.7.  A.  Gosta  &  C:\  Marhado  Ba>^tos  &  c/ e  Mesquita  Bastos  d-  C/' 


Questionário  n."  23 


XII  —  Peles  e  couros. 


1.     Calçado  (excluindo  o  de  borracha). 


A-pesar-de  ocuparmos  o  sexto  lugar,  na  importação  geral  de 
calçado  no  Brasil,  pertence-nos  uma  bem  diminuta  parcela,  conforme 
se  depreende  pelo  mapa  demonstrativo  que  elal)oramos,  relativo  ao 
último  decénio. 


18; 


Para  mercadorias,  oui  <|ue  a  unidade  é  o  par  ou  a  dúzia,  a  Es- 
tatística não  se  refere  a  quantidades;  ])or  esse  facto,  damos  só  os 
valores  da  importação  de  origem  portuguesa  em  confronto  com  o 
movimento  "eral : 


Anos 

Importação  portuguesa 

Importação  (jeral 

1905 14:193í$000 

606:õ61$(X)O 

1906     . 

23:246$00() 

841:534$(X)0 

19(^7 

14:265Sa)0 

968:768$(XJO 

1908 

12:279S00() 

858:189SaX) 

1909 

17:054^000 

787:7825000 

1910 

14:097SO00 

1.010:592S00O 

1911 

12:38535000 

1.249:914S(XK) 

1912 

17:536$00() 

1.642:889Sa)0 

1913 

14:979$000 

2.424:640$0(3<3 

1914 

6:491SO0O 

507:685$000 

A   ordem  em  importância,  por  origens,  6  a  seguinte:  Estados 
Unidos,  Áustria,  França,  (Iran-Bretanha,  Alemanha  e  Portugal. 


O  fabrico  no  Brasil,  é  importantíssimo,  e  está  actvialmente  re- 
presentado por  5:606  fábricas.  O  forte  da  produção  é  nos  Estados 
de  S.  Paulo,  Rio  de  Janeiro  e  Rio  Grrande  do  Sul.  As  últimas  esta- 
tísticas de  produção  publicadas,  alcançam  somente  a  1911,  em  que  as 
fábricas  eram  apenas  em  número  de  4:524  e  a  sua  produção,  baseada 
no  imposto  de  consumo  arrecadado,  foi  de  57.132:587$000  réis,  e 
constou  das  seííuintes  obras : 


188 


Produção  de  calçado  no  Brasil  durante  o  ano  de  1911 


N.o  de  pares 


Qualidades 


Preço  médio 
por  par 


Valor  da  produção 


38:760 
1.195:081 

2.127:708 

1:297 

159 

1:205:433 

1.164:439 

078 

6.842:021 
1:052 


Botas  de  montai* 

Idem  de  couro  ou  pano  até  0,22  de 
comprimento      .      .      .      . 

Idem,  idem  do  mais  de  0,22  de  com 
primento 

Idem  de  couro  ou  seda  até  0,22  de 
comprimento 

Idem,  idem  de  mais  de  0,22  de  com 
primento 

Sapatos  de  couro  ou  pano  até  0,22 
de  comprimento      .... 

Idem.  idem  do  mais  de  0,22  do  com- 
primento  

vSapatos  de  seda  de  qualquer  quali- 
dade    

Chinelos  comuns 

Chinelas  de  seda  bordadas 

Total,  réis 


23$0a) 

5$(X)0 

lOSOOO 

15$000 

24$O0O 

o$000 

10$000 

18$00j 
2$000 
8$000 


891:4a^00 

5.f)75:4O5$O0O 

21.277:0SO$O;)0 

19:455*000 

3:816$O0O 

3.61t;:2í»9$(VH» 

11.644:39Ul(XX) 

12:204$;O3O 

1B.OS4:042$00;) 

8:416$0r)0 


57.132:587$aX) 


No  mesmo  ano,  e  a-pesar-dos  57:132  contos,  valor  da  produção 
nacional,  importaram-se  1.24:9:914SO0O  réis  e  dois  anos  depois,  essa 
importação  atingia  quási  o  dobro,  pois  foi  de  2.424:640$000  réis. 

O  material  empregado,  é  a  sola  nacional  na  sua  quási  totalidade, 
pois  que,  a  importação  é  diminutíssima,  cerca  de  50  contos  por  ano. 
As  peles  e  couros  nacionais,  só  se  empregam  no  calçado  baixo. 
Para  o  fino,  recorre-se  à  importação,  assunto  já  tratado  no  questio- 
nário n.°  5. 

O  rendimento  do  imposto  do  consumo  para  o  calçado  nacional, 
foi  de  1.876:951$000  réis.  Esse  imposto  é  aplicado  da  seguinte 
forma:  Todos  os  fabricantes  devem  munir-se  em  qualquer  ocasião 
dos  selos  necessários  ao  seu  fabrico,  adquirindo-os  no  Tesouro  ou 
suas  Delegacias,  por  meio  de  guias  ou  requisições.  8ó  sâo  aplicados 


1^;^ 


na  inonadoriíi  (][iian(lo  esta  entra  no  cousuino,  isto  é,  ao  sair  da 
fábrica,  porque  einquanto  armazenada  está  isenta  do  imposto.  Cíe- 
ralmente  o  selo  é  calculado  sobre  a  produção  mensal.  Se  no  fim  do 
mês,  o  fabricante  tiver  saldo  em  selos,  será  este  levado  em  conta  do 
mês  seguinte,  havendo  livros  especiais  onde  se  debita  a  entrada  dos 
selos  e  a  saída  da  respectiva  mercadoria.  A  fiscalização  é  rigorosís- 
sima e  a  qualquer  contravenção,  é  aplicada  a  multa  de  200S$0(X)  réis 
a  primeira  vez,  50l)$0(X)  róis  a  segunda,  etc. 

O  imposto  de  consumo  também  recai  sobre  o  caJrado  estran- 
geiro e  obedece  à  seguinte  formalidade :  pagam-se  na  Alfandega,  os 
direitos  e  demais  despesas  inerentes  (para  calçado  há  diversas  taxas 
segundo  qualidades  e  comprimentos)  e  em  face  dos  documentos 
comprovativos,  requisita-se  no  Tesouro,  por  meio  de  guias,  os 
respectivos  selos,  de  uma  ou  mais  taxas  que  variam  também  se- 
gundo a  qualidade  da  mercadoria.  Adquiridos  estes,  apresenta-so  na 
Alfândega  o  duplicado  da  guia  ou  da  requisição  ao  Tesouro,  devi- 
damente legalizada,  e  só  então  se  considera  a  mercadoria  completa- 
mente desembaraçada  de  todos  os  tributos  que  constituem  a  princi- 
pal renda  do  Estado. 

No  intuito  de  orientar  os  nossos  fabricantes  de  calçado,  na 
melhor  forma  de  difundirem  as  suas  manufacturas  no  mercado  bra- 
sileiro, elaborou  a  Câmara  Portuguesa  o  seu  vigésimo  terceiro 
questionário  com  os  dez  quesitos  seguintes : 

QUESTIONÁRIO 

1.**  O  que  julga  V.  Ex."  mais  prático  fazer-se  para  dar  maior 
exyansão  7io  Brasil  ao  comércio  de  calçado  português,  tão  apreciado  por 
todos  os  que  visitam  o  nosso  Pais  ? 

Actualmente  não  será  muito  fácil,  visto  que  o  calçado  comum 
americano,  predomina  no  mercado.  O  seu  diminuto  custo  na  origem 
comporta  facilmente,  o  elevado  direito  aduaneiro  que  tributa  esta 
manufactura.  O  artigo  português,  aliás  muito  reputado,  mas  de 
custo  mais  elevado,  só  poderia  ter  grande  extracção  desde  que  fosse 
alterada  a  tarifa  aduaneira,  reduzindo-se  o  respectivo  direito.  Mas 
essa  redução,  por  certo  afectaria  e  muito,  a  indústria  do  país,  que 
progride  assombrosamente  protegida  por  um  direito  igual  ou  supe- 
rior muitas  vezes  ao  custo  do  fabrico. 


190 


No  entanto,  o  nosso  calçado  feito  à  mão,  artigo  fino  e  do  mais 
perfeito,  de  luxo  emfim,  para  adultos  de  ambos  os  sexos,  comporta- 
ria facilmente  a  elevadíssima  taxa,  e  se  existisse  aqui  um  mostruá- 
rio completo  de  manufacturas  portuguesas,  liaveria  toda  a  possibili- 
dade, na  sua  colocação,  desde  que,  bem  entendido,  os  preços  fossem 
moderados. 

2.°  Qual  o  modelo  de  preferência  usado  no  mercado  ?  Francês  ou 
americano  ? 

Americano  para  o  fabricado  mecanicamente,  e  o  francês  para  o 
manufacturado  manualmente. 

3.°  O  calçado  destinado  ao  Brasil,  deverá  ser  de  esmerado  fabrico, 
mediano,  ou  de  inferior  qualidade? 

Manufacturado  à  mâo,  muito  perfeito  e  o  mais  leve  possível. 

4.°  Deve  ser  para  adultos  ou  menores,  e  qual  o  sexo  de  prefe- 
rência ? 

Para  adultos  e  especialmente  para  o  sexo  masculino. 

5.®  Quais  as  qualidades  de  material  a  empregar  no  seu  fabrico  ? 
Espessura  do  mesmo,  cores,  ete.  ? 

Pelicas,  verniz,  box-calf  em  côr  e  também  pelica- verniz ;  o 
material  deve  ser  sempre  de  primeira  qualidade,  e  do  artigo 
mais  fino. 

6.°  Qual  o  custo,  se  Jôr  possível,  do  modelo  preferido  no  local  de 
origem  ? 

Muito  variado ;  do  estrangeiro,  o  americano  é  o  mais  barato. 
Os  preços  no  mercado  para  o  calçado  nacional,  regulam :  obra  feita 
à  mão,  para  liomem,  de  30$000  a  40$000  réis  o  par;  para  senhora, 
vai  até  õõSOOO  réis.  Trabalho  mecânico,  sem  distinção  de  sexo,  de 
10$000  a  25^000  réis.  Calçado  estrangeiro,  americano,  de  15S0OO  a 
30$000  réis  o  par.  O  nosso,  antigamente  quando  vinha  ao  mercado, 
regulava  3ÕS000  a  50S000  réis. 

O  artigo  português  nâo  deverá  exceder  o  custo  de  5S00  escudos 
para  botas  e  3$50  centavos  para  sapatos. 

1.^     Quais  os  direitos  totais  que  incidem  sobre  o  produto  ? 

Segundo  o  artigo  30."  da  Tarifa  sáo  os  seguintes: 


Par 

Botas  compridas,  de  montar 2OSO0O 

Idem,  nâo  especificadas 15$00(3 


191 

Calçado  de  couro  ou  pele.  ou  tecido  de  algodão,  lã  ou  h')iko: 
Até  '22  lentímetros  de  coiiiprimento: 

Par 

Botinas  o  coturnos íiSO')^) 

Sapatos  e  borzeguins 1S"2()<3 

De  mais  do  22  centímetros  de  comprimento: 

Botinas  e  coturnos 7Si»J 

Sapatos  e  borzegiiins .■3S2<)() 

Calçado  de  qualquer  tecido  de  seda  ou  de  qualquer  outro 
tecido  com  mescla  de  seda: 

Até  22  centímetros  de  comprimento : 

Botinas  e  coturnos 6St300 

Sapatos  e  borzeguins 3S<X)() 

De  mais  de  22  centímetros  de  comprimento : 

Botinas  e  coturnos 14S0(>J 

Sapatos  e  borzeguins TSO» 

Chinelas  e  sandálias  de  couro,  pele,  eic.  : 

Até  22  centímetros  de  comprimento 65700 

De  mais  de  22  centímetros 1S1(3<3 

Idem  de  qualquer  tecido  de  seda,  etc. : 

Até  22  centímetros  de  comprimento 3S000 

De  mais  de  22  centímetros 7$O0(3 


Todas  as  taxas  acrescidas  com  o  pagamento  de  35  ''/o  em  ouro 
além  de  mais  2  %  ouro,  capatazias,  armazenagem,  despacho,  etc,  o 
que  as  eleva  a  mais  50  ^/q. 


192 


(>  imposto  de  consumo  que  recai  sobre  estas  manufacturas  é  o 
seguinte : 

Par 

Botas  de  montar 1$000 

Botas  para  homem  ou  senhora $400 

Sapatos,  idein $200 

Idem  de  setim $300 

Calçado  para  criança,  até  n.°  31 $100 

Sandálias  ou  chinelas $050 


8."  Qual  o  modo  cie  acondicionamento,  einhalagem.  número  de 
}>areí<  por  caixa,  etc.  ? 

Bem  acondicionado  em  caixas  de  cartão,  muito  consistente,  vis- 
tosas na  aparência  e  o  seu  interior  também  muito  cuidado.  Um  par 
por  caixa,  ou  uma  única  peça,  quando  se  tratar  de  calçado  muito 
iino.  de  canos  altos,  para  senhora.  A  ohra  em  verniz,  separada  por 
lima  pasta  de  algodão,  para  evitar  que  se  agregue  ou  cole.  As  caixas 
exteriores,  de  madeira  leve,  forradas  de  zinco,  ou  bom  papel,  ou 
mesmo  tecido  muito  impermeável  e  feitas  à  medida  do  conteiído. 
A  capacidade  pode  ser  para  200  a  300  pares. 

9,**     Quais  as-  condições  de  venda  na  prara  do  Rio  de  Janeiro? 

A  prazo  de  90  dias. 

10."     Quais  as  condições  de  embarque,  expedição,  etc.  '^ 

(xeralmente  F.  O.  E. 


Eliminamos  4  quesitos,  ([ue  tratavam  de  mostruários,  caixeiros 
riajantes  e  condições  de  pagamento.  Para  os  primeiros,  dizem  os 
importadores  que  os  fabricantes  já  conhecem  bem  o  mercado,  e  qual 
o  artigo  mais  adaptável  ao  clima.  Quanto  a  caixeiros  viajantes,  as 
transacções  nunca  poderão  tomar  tal  incremento  que  comportem  tâo 
avultada  despesa.  Nas  condições  de  pagamento,  os  industriais  se 
quizerem  colocar  no  mercado  os  seus  produtos,  terão  fatalmente  de 
se  cingir  às  condições  da  praxe  estabelecidas  de  há  muito  nesta 
praça,  prazos  nunca  inferiores  a  90  d/v. 


im 


ACESSÓRIOS 


Formas :  F;ibricam-se  no  país,  por  processo  mecânico,  artigo  de 
perfeito  acabamento  e  óptima  matéria-prima. 

Saltos  de  madeira:  Até  há  pouco,  importa vani-so  da  França. 
No  país,  por  emq^nanto  náo  liá  produção.  Tentou-so  aíjui  introduzir 
o  nosso  artigo,  aliás  muito  bem  fabricado,  trabalho  manual,  lixado 
e  l)runido,  um  verdadeiro  primor,  comparado  com  o  francês.  Como 
sempre,  foi  uma  mera  tentativa  que  parece  ter  fracassado  devido 
unicamente  ao  seu  fabuloso  custo.  O  francês,  incluindo  direitos, 
custava  25366  réis  por  dúzia ;  o  nosso,  saiu  por  6$000  réis  a  mesma 
unidade.  E  verdade  que,  o  francês  é  fabricado  mecanicamente,  e  nâo 
é  táo  perfeito  quanto  ao  acabamento :  tivemos  ocasião  de  fazer  o 
confronto  e  achamos  efectivamente  o  nosso  muito  superior,  mas  a 
enorme  diferença  entre  um  e  outro  é  de  157  ^/,). 

Os  direitos  alfandegários  sâo  contados  ad  valorem,  razão  50  "/o^ 
e  a  mercadoria  está  isenta  de  selo  de  consumo. 


Obtivemos  os  informes  para  a  conclusão  do  presente  estudo,  de 
vários  importadores  e  fabricantes,  entre  eles,  os  srs.  Cadete  &  C.^^ 
César  Augusto  Bordalo,  Costa  Bastos  d-  Fernandes,  J.  M.  da  Costa  dCf^ 
Pereira  Bastos  &  C/'  e  RohaUnho  &  C." 


XIII  —  Produtos  químicos,  drogas  e  especialidades  farmacêuticas. 


1.     Xão  especificados. 

Na  estatística  de  importação,  figuram  os  produtos  químicos  e 
farmacêuticos,  como  provenientes  de  trinta  e  duas  origens,  cabendo 
a  Portugal  o  6."  lugar. 

Registou-se  o  máximo  do  movimento  em  1912,  com  19.457:447 
quilogramas   computados   em   15.168:217SCX)0  réis.   Os  países   mais 


194 


favorecidos  teem  sido  pela  sua  ordem,  Alemanha,  França,  Inglaterra, 
Estados  Unidos,  Itália,  Portugal  e  Suissa. 

O  nosso  país,  figura  no  último  decénio  com  os  seguintes  alga- 
rismos : 


Anos 

Quilogramas 

Valores 

1905  .....    234:3-19 

199:276S000 

1906  .   . 

178:223 

219:439SO0O 

1907  .   . 

268:882 

264:564^000 

1908  .   . 

151:545 

200:193SOOO 

1909  .   . 

222:810 

229:236S000 

1910  .   . 

•  394:700 

353:313SO0O 

1911  .   .   . 

425:200 

433:249SOO0 

1912  .   . 

593:552 

552:617^000 

1913  .   .   . 

275:613 

342:536^000 

1914  .   . 

354:102 

422:663S000 

O  movimento  no  ano  de  1914,  foi  superior  ao  de  1913,  em 
78:489  quilogramas  calculados  em  8(3:127S000  réis,  facto  digno  de 
se  registar  e  que  se  dá  ainda  para  nós  nas  seguintes  mercadorias : 
algodão  em  tio  ou  linha  para  coser,  plantas  não  especificadas,  especia- 
rias e  frutas  verdes. 

Como  já  tivemos  ocasião  de  nos  referirmos  em  questionários 
anteriores,  a  anormalidade  da  situação  durante  o  ano  findo,  fez  bai- 
xar a  50  %,  na  sua  generalidade,  a  importação  no  Brasil.  Para 
alguns  artigos,  a  baixa  foi  muito  alem ;  para  outros  limitou-se  a 
menor  percentagem.  Assim,  para  <' produtos  químicos  e  farmacêuti- 
cos», foi  apenas  de  Vsj  ^^  entanto,  para  nós  houve  um  aumento 
muito  sensível. 


As  <  especialidades  farmacêuticas » ,  estão  agrupadas  com  as 
drogas  e  os  produtos  químicos.  Em  preparados  farmacêuticos,  indús- 
tria muito  variada  e  de  grande  complexidade,  nâo  se  julgou  a  Câ- 
mara Portuguesa  com  a  necessária  competência  para  dedicar-lhe  um 
aturado  e  profundo  estudo.  Simplesmente  por  este  facto,  deixou  de 


lí)5 


fazer  parte  do  inquérito  por  incio  cie  questionário  especial;  mas, 
dada  a  circunstância  do  seu  importante  movimento  no  mercado  e 
no  intuito  de  orientar  o  melhor  possível  os  nossos  industriais,  e  ao 
mesmo  tempo  conliecer  cpiais  os  artigos  de  maior  consumo,  consul- 
t<\ram-se  verbalmente  alguns  dos  principais  importadores  e  directo- 
res de  laboratórios  farmacêuticos. 

Do  resultado  dessas  consultas,  esperamos  que  sempre  advirá 
qualquer  esclarecimento  útil  e  aproveitável.  Os  artigos  de  maior 
consumo,  e  os  respectivos  direitos  sâo  os  seguintes : 

Taxas 

Agua  inglesa  (quilo)  . 3SO0O 

Cloreto  de  mercúrio  (mercúrio  doce  e  sublimado)  (quilo)  ISSOO 

Emplastros:  em  massa  ou  magdaleoes  (quilo).      .      .      .  3S000 

Idem  estendidos  ou  esparadrapos  (quilo)  2S000,  4$000  e  8S000 
Extractos  moles  ou  secos,  12  especialidades,  variando  as 

taxas  de  ISõa")  a 70S000 

Fermento  de  uvas  (Formosinho) ad  valorem 

Hidrolatos  (seiva  de  pinheiro)  (quilo) §300 

Óleos  medicinais : 

De  amêndoas  (quilo) S800 

De  fígado  de  bacalhau 1$000 

De  beladona,  baga  de  louro,  camomila,  etc.  (quilo)     .      .  2^000 

Pilulas  da  Família  (Lemos,  Porto)  (quilo) 45$000 

Sais  medicinais  (Aguas  de  Moura)  (quilo) 48000 

Sucos  de  frutas  (amora,  cereja,  marmelo,  sabugueiro,  etc.) 

(quilo) $300 

Terebintina  de  Veneza  (quilo) S800 

Unguentos  (quilo) 45000 

Xaropes  medicinais  (James,  Lisboa)  (quilo)     ....  3S200 

Vinhos  medicinais  (Franco,  Lisboa)  (quilo)     ....  3S000 


Estas  taxas  sâo  acrescidas  com  o  pagamento  de  35  %  em  ouro 
6  outras  despesas  que  as  eleva,  pelo  menos,  a  50  %  niais. 

Há  ainda  outros  produtos  que  vêem  em  quantidade,  do  nosso 


196 


país,  tais  como,  incenso,  noz  de  cola,  ossos  de  siba,  pevides  de  mar- 
melo e  sarro  de  vinho. 

Para  «especialidades  farmacêuticas»,  há  o  imposto  de  consumo, 
cobrado  por  meio  de  selos,  e  calculado  nas  nacionais,  sobre  o  preço 
de  venda  e  mais  10  ^/q,  e  nas  estrangeiras,  sobre  o  custo  e  mais 
10  "/o-  -^s  taxas  sâo  as  seguintes : 


Até  5$000  réis,  preço  de  dúzia,  o  selo  para  cada  uni- 
dade, é  de S020 

De  5^000  réis  até  10$000  réis,  preço  de   dúzia,  o  selo 

para  cada  unidade,  é  de $040 

De  lOSOOO  réis  até  15S000  réis,  preço  de  dúzia,  o  selo 

para  cada  unidade,  é  de . $060 

De  15$000  réis  até  25$000  réis,  preço  de  dúzia,  o  selo 

para  cada  unidade,  é  de ;  $080 

De  25$000  réis  até  4õ$000  réis,  preço  de  dúzia,  o  selo 

para  cada  unidade,  é  de $100 

De  4ÕS000  réis  até  60^000  réis,  preço  de  dúzia,  o  selo 

para  cada  unidade,  é  de $200 

De  60$000  réis  até  120$000  réis,  preço  de  dúzia,  o  selo 

para  cada  unidade,  é  de.      .      . $500 

De  120$000  réis  em  diante,  preço  de  dúzia,  o  selo  para 

cada  unidade,  é  de 1$000 


As  águas  minerais  purgativas,  para  o  efeito  da  cobrança  do  im- 
posto, sâo  consideradas  como  produtos  farmacêuticos,  pagando  por 
conseguinte  na  mesma  proporção. 

Vigora  também  a  mesma  tabela,  para  a  cobrança  do  imposto 
sobre  perfumarias. 

Funcionaram  no  Brasil,  em  1911,  623  laboratórios  de  especiali- 
dades farynacêuticas,  com  a  produção  de  11.177:762$000  réis,  baseada 
na  arrecadação  do  imposto  de  consumo,  que  rendeu  602:255$000  réis. 

Para  iierfumarias,  o  número  de  fábricas  ou  laboratórios,  era  de 
272,  e  produziram  6.309:225$000  réis,  que  renderam  de  imposto 
414:018$000  réis. 

Citaremos  os  laboratórios  mais  importantes  do  Rio  de  Janeiro : 
Granado  &  C.'',  Silva  Araújo  &  C",  Orlando  Rangel  &  C.^  F.  Wer- 


197 


nech  cO  C."',  Francisco  Giffoni  et  C",  Alfredo  Carvalho  d-  C"  c  A,  P. 
Cortei  íG-  CJ\  etc. 

Manipulam-sc  neles,  com  a  máxima  períeic-âo,  todos  os  prepara- 
dos de  fórmulas  conhecidas.  O  rolhamento  dos  diversos  recipientes, 
obedece  a  cuidados  muito  especiais,  condição  essencial  para  a  con- 
servação dos  produtos  num  clima  tropical,  onde,  devido  à  constante 
humidade,  em  pouco  tempo  qualquer  preparado  se  decompõe  com  a 
maior  facilidade,  se  não  houver  o  maior  cuidado  em  preservá-lo  da 
acção  do  ar. 

As  rolhas  de  cortiça,  importavam-se  da  Alemanha.  Actualmente 
vêem  de  S.  Félix  de  Guixol,  Espanha.  A  preferência  pela  rôllia  es- 
panhola, é  devida  nâo  só  à  sua  boa  qualidade  como  também  ao  pre- 
paro que  evita  o  ennegrecimento  pela  acção  do  ar.  Depois  de  aplicada, 
é  coberta  ainda  por  uma  camada  de  parafina  para  o  completo  veda- 
mento  dos  recipientes. 

Os  materiais  para  envoltórios,  tais  como,  caixas  de  cartão,  cin- 
tas, papel,  rótulos,  prospectos  e  até  o  próprio  fio,  requintam  em  dar 
ao  preparado  uma  forma  atraente  e  pouco  vulgar.  Todavia,  impor- 
tam-se  também  preparados  autênticos,  e  se  nâo  se  recorre  às  nossas 
imitações,  é  unicamente  devido  a  serem  tâo  caras,  ou  ainda  mais,  do 
que  as  verdadeiras,  e  quanto  ao  acondicionamento  é  atrasadíssimo. 

Tivemos  ocasião  de  ver  umas  Ccipsulas  portuguesas,  em  caixas 
de  cartão  mal  feitas,  papel  ordinaríssimo,  rótulos  sem  gosto  e  bas- 
tante inferiores.  As  cápsulas  espalhadas  ao  acaso  no  centro  da  caixa 
e  em  volta,  um  prospecto  mal  impresso  em  papel  comum,  bastante 
espesso,  que  mais  parecia  um  fragmento  de  jornal  velho,  servindo 
de  chumaço.  Ora  pagando  as  cápsula?,  ãrageas,  pérolas,  glóbulos  e  coii" 
feitos  medicinais,  o  direito  de  208000  réis  por  quilograma,  incluindo 
invólucros  ou  sejam  30SOOO  réis  com  todas  as  desjiesas  inerentes, 
numa  remessa  avultada,  os  prospectos  e  envoltórios  pagam  relativa- 
mente mais  que  o  próprio  medicamento. 

Todos  os  preparados  estrangeiros  que  véera  ao  mercado,  trazem 
prospectos  e  envoltórios ;  os  primeiros,  de  papel  muito  fino  e  leve, 
algumas  vezes,  transparentes  ou  de  seda;  os  segundos,  também 
muito  leves,  e  quanto  a  acondicionamento,  verdadeiras  maravilhas 
em  simplicidade,  asseio  e  disposição:  o  isolamento  dos  frascos  ou 
vasilhas,  nas  caixas,  é  feito  com  divisórias  por  meio  de  cartão  cane- 
lado. As  caixas  exteriores,  de  madeira  especial  e  emalhetadas. 

Outro  produto  em  que  os  envoltórios  precisara  também  de  ser 


198 


leves,  sâo  as  pastilhas  comprimidas  ou  fundidas,  que  pagam  réis 
40^000  por  cada  quilograma,  ou  sejam  60^000  réis  com  o  ouro  e 
mais  despesas ;  estão  nas  mesmas  condições  as  pílulas,  bolos,  grânu- 
los e  grãos  medicinais,  cuja  taxa  é  de  45$000  réis  por  quilograma, 
nâo  incluindo  os  50  ^/,)  das  outras  despesas. 

A  introdução  de  um  novo  preparado  nos  mercados  brasileiros, 
demanda  ainda  o  emprego  de  um  capital  bastante  avultado.  E  con- 
veniente uma  propaganda  tenaz,  sistematicamente  feita,  enviando 
às  principais  sumidades  médicas,  hospitais,  casas  de  saúde,  etc, 
pequenas  amostras  do  medicamento,  acompanhadas  de  prospectos, 
reclames,  o  que  aqui  denominam  literatura,  enaltecendo  suas  pro- 
priedades, seus  efeitos,  atestados  médicos,  análises,  etc. ;  isto  por 
várias  vezes,  terminando  somente,  depois  de  o  produto  ter  firme 
aceitação  no  mercado. 

Todos  os  preparados  devem  ser  aprovados  pela  Inspectoria  de 
Saúde  Pública.  Para  obter  o  registo,  requere-se  à  Inspectoria,  o  que 
só  pode  ser  feito  por  um  farmacêutico,  mencionando  a  fórmula, 
dosagem  e  uso,  acompanhando  cada  requerimento,  três  amostras  do 
preparado.  Cada  registo  custa  41S200  réis,  além  da  despesa  de 
lOOSOCX)  a  200$000  réis  que  é  preciso  fazer  com  os  agentes. 

Nas  nossas  perfumarias  há  algum  movimento,  principalmente 
para  o  Norte,  mas  é  tão  insignificante  que  não  merece  referência 
especial. 

Do  exposto,  conclúi-se  que,  os  nossos  produtos  farmacêuticos, 
muito  aceitáveis,  quanto  a  manipulação,  sâo  de  preço  mais  elevado 
que  os  similares.  Salvo  raras  excepções,  a  apresentação  externa  ó 
tudo  quanto  há  de  mais  rudimentar,  e  o  acondicionamento  o  mais 
sumário  que  se  pode  imaginar,  o  que  os  coloca  fora  de  concurso. 

A  propósito,  citaremos  um  facto  passado  há  bem  pouco,  entre 
um  industrial  português  e  uma  casa  importadora  da  praça,  e  que 
põe  bem  em  evidência  a  pouca  prática  comercial  dos  nossos  fabri- 
cantes. 

A  insistentes  ofertas  de  pensos  de  cambraia,  e  havendo  uma 
certa  necessidade  do  artigo,  fez  a  casa  importadora,  uma  encomenda 
como  experiência,  de  500  caixas  de  dúzia  de  pensos:  mas  em  lugar 
de  cambraia,  pretendia-se  gase.  O  fabricante,  porém,  respondeu  que 
a  oferta  tinha  sido  para  cambraia  e  não  gaze  e  que  as  suas  caixas  só 
comportavam  10  e  não  12  pensos,  motivo  porque  não  deu  execução 
ao  pedido.  O  resultado  foi  a  anulação  imediata  da  encomenda.  Com 


r.»!-> 


semelhante   orientarão,   é   muito   difícil  concorrer  ao   mercailo   bra- 
sileiro, 

A  Câmara  Portuguesa,  no  entanto,  liça  à  disposição  dos  fal)ri- 
oantes  para  quaisquer  esclarecimentos  mais  detalhados. 


Vários  artigos. 

1.     Botões  de  osso. 

A  Estatística  Comercial  Brasileira  classifica  os  hotões  de  Osso,  no 
artigo  2"23.°,  com  a  denominação  genérica  de  hotões  de  qualquer  qua- 
lidade sem  designação  de  matéria-prima  de  que  são  feitos,  motivo 
por  que  não  se  pode  calcular  a  quantidade  de  hotões  de  osso  que  o 
Brasil  actualmente  consome. 

Durante  o  decénio  de  19l)õ  a  1914,  a  Estatística  acusa  uma  im- 
portação de  botões  de  qualquer  qualidade,  no  valor  total  respectivo 
de  1.015:815S0(X),  1.068:;}9(;S000,  1.5-3 1:097500),  1.093:055S0lX>  réis, 
1.056:088SCH30,  1.522:403SaX),  1.881:31()S00l>,  1.925:640S0a)  réis, 
1.965:4:42S000  e  751:G40SU)0  réis. 

Até  1911,  a  França  predominou  no  mercado  brasileiro,  distan- 
ciando-se  a  Itália  em  1912.  em  cerca  de  cem  contos,  O  terceiro  lugar 
pertence  à  Alemanha  e  o  quarto  à  Austria-Hungria.  Dos  outros 
países  é  diminuta  a  importação. 

Portugal  íigura  nos  valores  acima  indicados  com  GõSOOO  réis 
em  190G  e  1:0825000  réis  em  1912,  não  se  registando  importação  de 
origem  portuguesa  em  outros  anos. 

Para  este  produto,  que  se  fabrica  em  larga  escala,  no  Norte  de 
Portugal,  liavendo  até,  segundo  nos  consta,  no  Porto  uma  fábrica 
bem  aparelhada  e  seguindo  os  mais  modernos  processos  de  fabrico 
denominada  Fabrica  Portuguesa  de  Botões  Limitada  Pinheiro  Maiíso, 
a  Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria  do  Rio  de  Janeiro, 
não  formulou  questionário  especial;  porém,  o  nosso  consócio  e  colega 
do  Conselho  Director,  sr.  A.  Dias  Leite,  da  firma  Costa  Pacheco  cí'C."' 
desta  praça,  espontaneamente  se  prestou  a  fornecer-nos  os  seguintes 
esclarecimentos,  enviando-nos  ao  mesmo  tempo,  amostras  do  artigo 
que  ficam  à  disposição  dos  interessados : 


200 


<  Os  botões  de  osso  que  sempre  se  importaram  da  Franca,  estão 
« tendo  agora  a  concorrência  espanhola.  Em  Portugal  parece  que  se 
«  fabrica  este  botão  e  até  já  aqui  apareceram  amostras,  mas  alem  de 
«nâo  serem  dos  tipos  de  consumo  usual,  chegaram  em  terceira  ou 
«quarta  mâo. 

« Os  tamanhos  de  maior  venda  sâo  os  de  6  linhas  e  7  linhas  em 
«branco  (V?)  e  preto  (Ys)- 

«O  botão  francês,  amostra  n.°  1,  custa:  6'  linhas,  Frs.  6,00:  7  li- 
*:nhas,  Frs.  7,00;  desconto  de  7  V^  por  maço  de  12  grozas  franco 
«  embalagem  fábrica. 

«O  botão  espanhol,  amostra  n.°  2,  custa:  O  Unhas,  pts.  4,20; 
«  7  linhas,  pts.  6,00 ;  desconto  de  2  7o  poi'  maço  de  12  grozas  franco 
«embalagem  C.  I.  F.  Rio. 

«Estas  condições  sao  para  pagamentos  à  vista,  pagamento  que 
«é  efectuado  na  Europa  pelo  comissário,  ao  qual  o  importador  bra- 
«  sileiro  paga  dentro  do  prazo  que  aquele  llie  dá,  e  que  varia  de  3  a 
«  6  meses.  A  comissão  regula  4  a  5  %  e  os  juros  pelo  prazo,  sâo 
«habitualmente  de  5  a  6  %. 

«A  mercadoria  vem  em  caixões  sólidos,  arqueados  de  ferro  e 
« com  o  peso  bruto  nâo  excedendo  200  quilos.  Cada  groza  vem  em 
«uma  caixinha  leve  (os  botões  a  granel  dentro  da  caixinha);  12  cai- 
«xinhas  embrulhadas  em  papel,  formam  um  maço». 

A  taxa  alfandegária  para  botões  de  osso  é  de  1$000  réis  por 
quilo  (razão  de  50  "^/q),  sendo  35  %  ^m  ouro.  Acresce  mais  um  mês 
de  armazenagem,  2  ''/o  ouro  para  melhoramentos  do  cais  do  porto, 
capatazias,  etc,  podendo-se  calcular  que  todas  as  despesas  reunidas, 
aumentam  o  direito  em  50  %,  ou  seja  1$5(X>  réis  ]3or  quilograma. 


Questionário  n.*'  24 

2.     Chapéus  para  homem. 

A  nossa  indústria  da  chapelaria,  bem  pouco  tem  exportado  para 
o  Brasil.  Anos  houve  em  que  a  importação  se  limitou  sem  dúvida 
alguma,  a  simples  amostras,  pois  encontramos  em  1906,  a  irrisória 
quantia  de  13$000  réis,  e  em  1909,  85S000  réis. 


•201 


Como  sucede  para  lodos  os  artigos,  oin  ^[\\o  o  direito  alfandegá- 
rio tem  por  base  a  unidade  ou  a  dúzia,  a  estatística  também  nâo  se 
refere  a  quantidades.  Limitar-nos-liemos,  portanto,  a  dar  os  valores 
das  nossas  manufacturas,  vindas  ao  mercado  no  decorrer  do  último 
decénio : 


1905 7:226SOOO 

1906 .      •      •  13S()()0 

1907 176S000 

1908 :-333SOOO 

1909 85S0OO 

1910 43ÕS000 

1911  . 4r)9S000 

1912 1:6365000 

1913 37:94(kSOO0 

19  U 8:687SO00 


O  extraordinário  aumento  que  se  nota  em  1913  e  mesmo  o  mo- 
vimento assaz  elevado  no  ano  seguinte,  comparado  com  os  anterio- 
res, explica-se  pela  grande  importação  de  chapéus  de  palha,  iniciada 
naquele  ano,  e  que  nos  precedentes  tinha  sido  por  assim  dizer  nula ; 
tanto  que,  nesse  mesmo  ano  de  1913,  o  valor  dos  chapéus  de  feltro 
e  semelhantes,  fora  de  1:517S000  réis,  o  que  está  de  acordo  com  a 
importação  do  ano  anterior,  e  para  os  chapéus  de  palha  cifrou-se  em 
36:4295000  réis,  o  que  perfaz  na  sua  totalidade,  o  acusado  pela  es- 
tatística. Em  1914,  dá-se  o  mesmíssimo  facto,  mas  em  muito  menor 
escala. 

Esse  aumento,  demonstra  que  houve  procura  para  a  nossa  ma- 
nufactura, nos  Estados  do  Norte  do  Brasil  principalmente,  e  segundo 
nos  asseveraram,  a  qualidade  e  o  fabrico  sâo  perfeitos,  havendo  no 
entanto,  umas  pequenas  reformas  a  introduzir  no  acabamento  in- 
terno ou  forraçâo,  que,  na  nossa  indiistria,  nâo  apresenta  um  certo 
luxo,  muito  comum  aqui,  a  que  o  consumidor  está  habituado,  e 
pelo  qual  tem  grande  predilecção. 

O  nosso  acondicionamento,  já  muito  melhorado,  nâo  é  ainda  tâo 
perfeito  como  o  italiano  ou  o  francês. 

A  importação  geral  cifrou-se  em  1913,  para  os  chapéus  de  feltro 


202 


e  não  especificados,  em  1.04:6:Õ33S0C)0  réis  ;  e  para  os  de  palha,  em 
1.430:873$000  réis,  nâo  figurando  nestes  últimos,  certamente,  a 
grande  quantidade  de  Panamás  ou  Chiles,  que,  sem  cessar,  entram 
clandestinamente  no  consumo. 

Tem  a  primazia  no  mercado,  a  Itália  com  o  seu  Borsalino  de 
feltro.  Seguem-se-llie  a  França,  Inglaterra,  Alemanha  Áustria  e 
Peni. 


A  indvistria  de  chapelaria,  está  bastante  desenvolvida  no  Brasil. 
A  maior  produção  é  no  Estado  de  S.  Paulo.  Sobre  todos  os  chapéus 
quer  importados,  (juer  de  fabrico  nacional,  para  senhora,  homem, 
criança,  e  também  nos  de  sol  ou  chuva,  recai  um  imposto  de  con- 
sumo, que  varia  segundo  qualidades  e  preços.  A  arrecadação  do 
imposto,  é  feita  da  mesma  forma  que  para  o  calçado,  mas  a  estatís- 
tica dessa  arrecadação,  engloba  todas  as  fáljricas,  sem  as  designar 
por  especialidades,  formando  um  total  de  534.  Do  mapa  geral  do 
cálculo  da  produção  nacional  em  1911,  em  que  vêem  descriminadas 
todas  as  manufacturas,  extraímos  a  parte  que  se  refere  somente  a 
chapéus  para  homem : 


QuuntiJiides 

Qualidades 

Valores 

Médio  (unidade) 

Da  produção 

:>0S:0.')2 

l.(>;}4:T;5i 

974:939 

o  22 

85 

l.S31:H10 

Chapéus  de  crina  ou  palha  de  arroz 
ou  trigo,  para  homem  .... 

Ditos  feitos  de  feltro  ou  castor,  le- 
bre, otc 

Ditos  feitos  do  palha  do  Chile,  Peru, 
Manilha,  até  ao  preço  do  10$000 

Ditos  de  palha  do  Chile,  o  de  pre(,'0 
acima  de  lOSOOO 

Ditos  feitos  do  pêlo  de  seda,  de  mola 
e  claques 

Ditos  de  lã 

,3$0»)0 
0$000 

6$00l) 

20$00l) 

2,)$000 
2S50L) 

1.524:276$000 

9.313:029$000 
õ.849:634$000 

4:44U$U00 

2:125$0L)O 
4.5T0:525$OOU 

21.273:(>29$(X)0  ' 

203 


( >  valor  clíi  produção  de  cliapéus  de  cabeça  para  senhoras,  e  das 
soml)rinlias<,  guarda-sóis  e  chuva,  iucluidos  no  niesnu^  mapa  para 
o  cálculo  da  arrecadação  do  imposto,  foi  de  8.402 :512SiX>)  réis, 
perfazendo  a  totalidade  para  as  034  fábricas  já  mencionadas,  do 
29.675:541$a\^  réis. 


Para  a  expansão  da  nossa  indústria  da  chapelaria,  consultou  a 
Câmara  Portuguesa  de  Comércio,  vários  importadores,  submetendo- 
Iho  os  quesitos  que  seguem : 


QUESTIONÁRIO 


1.*'  Conhece  V.  Ex.'^  o  gr  ande  aperfeiçoamento  a  que  chegou  a 
indihfria  de  chapelaria  em  Portugal  f' 

Todos  os  importadores  da  praça  declaram  não  a  conhecer,  em 
absoluto.  Todavia,  por  alguns  chapéus  que  aqui  se  teem  examinado, 
trazidos  por  pessoas  que  os  adquiriram  em  Portugal,  julgam-na 
adiantada  e  capaz  de  competir  com  as  congéneres  de  outras  nacio- 
nalidades. Demais,  segundo  relatam  pequenos  fabricantes  aqui  esta- 
belecidos e  que  fizeram  a  sua  aprendizagem  em  Portugal,  de  onde 
são  naturais,  a  mão  de  obra  no  nosso  país,  deve  ser  menor  do  que 
aqui.  pois  (j^ue  o  nosso  acabamento  não  é  tão  compli*cado:  uma 
simples  operária,  debrua,  coloca  a  fita,  cordão,  forra  e  cose  a  carneira 
interna,  emquanto  que  aqui,  são  necessárias  tantas  operárias  quantas 
as  operações  que  o  chapéu  sofre  antes  da  sua  definitiva  entrada  no 
mercado. 

2.'*  Na  afirmatica,  queira  V.  Ex."'  indicar  a  forma  mais  prática 
de  os  fabricantes  portugueses  poderem  concorrer  com  os  seus  produtos 
ao  mercado  brasileiro  ? 

Enviando  mostruários  dos  melhores  artigos  que  fabricam,  para 
que  se  possam  com  facilidade  confrontar  com  os  de  outras  proce- 
dências. O  consumidor  no  Brasil,  habituou-se  a  pagar  por  um  cha- 
péu de  feltro  Borsalino  2õS00(>  réis:  um  Cristg\'^-  de  26$t0)  réis  a 
SOSOiH.»  réis,  e  por  um  de  palha  de  aveia  ou  trigo  simples.  lOSOOO  réis; 


204 


estes  sâo  os  preços  dos  artigos  mais  triviais.  Um  chapéu  mole  Bor- 
salino  ou  mesmo  inglês,  regula  25$000  réis. 

3.*^  Qual  a  procedência  dos  diversos  chapéuf:  de  feltro,  de  prefe- 
rência vendidos  no  mercado? 

Ingleses,  franceses  e  italianos. 

Para  os  primeiros,  as  marcas  mais  acreditadas,  sâo:  Christys, 
Melton  e  Pitt.  Nos  franceses,  temos  os  Gellot  e  nos  italianos  o  Borsa- 
lino,  inegavelmente  o  de  maior  procura  e  que  deve  ser  tomado  como 
modelo  pelos  nossos  industriais. 

4."  Qual  a  procedência  dos  chapéus  de  palha  preferidos  no  mer- 
cado ? 

Italianos,  franceses  e  ingleses. 

Melan,  é  um  fabricante  italiano  também  muito  acreditado ; 
porém,  o  consumidor  aqui  e  em  S.  Paulo,  prefere  o  Borsalino  de 
que  nâo  há  fabrico  em  palha,  mas  que  no  entanto  aqui  é  vendido 
com  aquele  nome,  proveniente  de  diversas  fábricas  italianas.  Para 
os  franceses,  temos  o  Delion. 

ò°  Qual  o  peso  máximo,  que  devem  ter  os  fíhapéus-alto<-,  coco 
e  mole  ? 

Nâo  se  pode  determinar  peso.  Convêm  de  preferência  os  mais 
leves. 

6.**  Sendo  a  chapelaria  portuguesa  esmerada  no  seu  fabrico,  como 
julga  V.  Ex."'  que  deve  ser  a  forraçào  interna,  tanto  dos  chapéus  de 
feltro,  como  dos  de  palha  ? 

Dando-se  aqui  uma  grande  importância  à  forraçào,  é  necessário 
que  esta  obedeça  a  diversas  combinações,  carneiras  vistosas  de  boa 
qualidade,  que  nós  nâo  empregamos,  senão  no  artigo  muito  fno, 
forros  de  primeira  qualidade^  podendo  nos  chapéus  de  palha,  ter 
cores  iguais  ou  que  combinem  com  a  carneira.  A  fita  consoante  a 
moda,  estreita  ou  larga,  mesmo  muito  larga,  com  fartos  laços,  tor- 
nando o  artigo  elegante. 

Neste  particular  reside  todo  o  artifício  para  a  boa  aceitação  dos 
artefactos,  e  os  industriais  italianos  estão  obtendo  vantagens  sobre 
todos  os  seus  concorrentes.  Pode  o  chapéu  ser  da  maior  simplici- 
dade; o  forro,  porem,  deve  encerrar  muita  fantasia,  aprimorando-o, 
e  muito  particularmente  do  de  palha,  pela  razão,  que  ao  tirar-se  da 
cabeça,  ou  ao  colocá-lo  sobre  qualquer  móvel,  é  muito  usual,  íicar  o 
interior  mais  exposto.  Os  chapéus  moles,  extremamente  leves,  nâo 
trazem  forros,  simplesmente  dísticos  com  letras  douradas,  colados 


21)5 


no  fundo.  As  carneiras  muito  vistosas  c  artigo  do  supcrioi-  (|^ua- 
lidado. 

7."  QuaLs-  os  prcros,  em  média,  se  i)0ssicel  jCn\  no  local  de  origem, 
dos  diversos  tipos  de  chapéus  de  feltro  f' 

Variam  conforme  as  qualidades,  podendo  calcular-so  de  (50  a 
120  frs.  por  dúzia. 

8."     Quais  os  iireços  no  local  de  origem,  jmra  os  de  palha  .^ 

Da  mesma  inaneira  i\\\o  para  os  anteriores,  reoulam,  de  Frs.  40 
a  80  por  cada  dúzia. 

9."     Quais  os  direitos  que  incidem  no  Brasil,  para  uns  e  outros? 

Há  diversos  artigos  na  Tarifa,  segundo  a  matéria-prima  de  que 
são  feitos.  Para  os  que  trata  o  presente  questionário,  temos  no 
artigo  9.°,  os  de  pele  de  lebre,  de  lontra  ou  de  castor,  e  de  crina, 
lisos,  cada  6S4(X)  réis.  Ditos,  enfeitados  ad  valorem. 

Os  chapéus  de  palha  pelo  artigo  21.°,  pagam,  sendo: 


Unidade 

Do  Chile,  do  Peru  OU  de  Manilha    .......  6$300 

De  palha  da  Itália  e  semelhantes,  sem  enfeites     .      .      .  2$600 

Idem  de  arroz,  ou  de  aveia,  trigo,  palmeira  e  semelhantes  1S600 

De  qualquer  qualidade  com  enfeites ad  valorem 


Estas  taxas  sáo  acrescidas  com  o  pagamento  de  35  **/q  em  ouro, 
e  outras  despesas,  conforme  se  pode  ver  pelas  duas  fórmulas  de 
despachos  que  se  seguem,  uma  da  taxa  mais  elevada  e  outra  da 
taxa  inferior.  O  imposto  de  consumo  é  o  seguinte: 


Cada 

Chapéus  de  feltro,  castor,  etc S500 

De  palha  de  qualquer  qualidade,  até  ao  preço  de  20S000.  $300 

De  preço  superior  a  20S000  réis 2S0OO 

De  pêlo  de  seda  de  qualquer  qualidade,  de  mola  e  claques  2$000 


2(36 


Fórmula   de  despacho  para  chapéus  de  feltro,  etc. 


Uma  caixa  pesando,  bruto,  duzentos  quilos,  contendo 
cento  e  vinte  chapéus  de  pêlo  de  lebre,  lontra  ou  de 
castor,  e  de  crina,  lisos. 


Razão  60  7^  —  120  chapéus  a  6$400  réis 76S$00O 

Estatística $a20 

Ouro  2  %  Pí-  do  porto) 25$600 

Réis     ....  793S620 


Ouro  3õ  7o 268^800 

^>       2  7o 25$600 

294$400 
Papel .        499S220       79.3S620 


Custo  de  294S400  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.   .      .      .  529$920 

Papel 499S220 

Capatazias  .      .      .      .' 1S300 

Armazenagem 12$80O 

Imposto  de  consumo  (120  selos  a  500  réis)     ....  60$000 

Despacho,  selos  e  carreto 12^300 

Réis     ....  1:115S540 


Despesa  por  unidade,  réis   ....  9S300 


20; 


Fórmula  de  despacho  para  chapéus  de  palha 


Uma  caixa  contendo  conto  e  vinte  chapéus  do  jiallia  de 
aveia  simples. 


Razão  50  "V„  —  l--^0  chapéus  a  ISea)  réis 192S()0O 

Estatística SOIO 

Melhoramentos  do  porto 7S680 


Réis 


199S690 


Ouro  35  o/o 67kS200 

7S680 


2  'Vo. 


Papel 


74S880 
124S810      199SH90 


Custo  de  74S880  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d 

Papel 

Capatazias 


Armazenagem 


Imposto  de  consumo  (120  selos  a  300  réis) 
Despacho,  selos  e- carreto 

Réis 


13IS790 

124S810 

1S3(30 

3S840 

36$(>3() 

12S3(10 

3135040 


Despesa  por  unidade,  réis, 


2S<^in 


10.°     Qual  a  forma  de  acondicionamento,  embalagem,  etc.  '^ 
Para  os  de  feltro,  em  caixas  de  cartão  consistente ;  cada  caixa, 
com   seis;   e  para   os  de  palha,  em  caixas  de  doze.  O  acondiciona- 
mento, o  mais  perfeito  possível,  igual  aos  sistemas  francês  e  italiano. 


208 


Uma  remessa,  vinda  ultimamente  do  nosso  país,  apresentava  ainda 
umas  pequenas  falhas  que  precisam  desaparecer,  a  fim  de  se  evitar 
prejuízos. 

11.°     Qual  a  forma  de  j^agamento  no  mercado  do  Rio  de  Janeiro? 

Contra  saque  a  90  ou  120  d/v.  Outras  condições,  de  acordo  com 
as  vantagens  oferecidas  em  descontos. 

12.°     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  efe.  ? 

Loco  fábrica,  algumas  vezes  porém,  F.  O.  B.  (free  on  hoard). 

13.°  Não  acha' Y.  Ex."  conveniente  que  os  exportadores  portugue- 
ses, a  exemplo  das  outras  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  viajantes 
habilitados  e  bem  remunerados? 

Quási  todos  os  fabricantes  que  concorrem  ao  mercado  tem  re- 
presentantes idóneos,  nas  principais  praças  do  Brasil,  e  a-pesar-de 
terem  os  seus  créditos  firmados  de  longa  data,  enviam  periodica- 
mente caixeiros  viajantes  percorrer  todas  as  principais  cidades  da 
Repúl)lica.  A  própria  fábrica  Borsalino  assim  procede;  tem  mesmo 
representantes  que  fazem,  toda  a  América  do  Sul.  em  viagens  que 
duram  muitos  meses.  Estando  a  nossa  indústria  de  chapelaria  habi- 
litada a  produzir  em  quantidade,  artigo  bom,  e  a  preços  razoáveis, 
ou  em  equidade  com  outros  concorrentes,  poder-se-hia  tentar  a 
experiência,  mas  com  caixeiros  viajantes,  conhecedores  da  missão 
de  que  sâo  incumbidos,  porque  não  se  trata  somente  de  representar 
in  nom.ine  esta  ou  aquela  fábrica,  necessita-se  tambêin  aliar  os 
conhecimentos  técnicos  da  indústria,  e  poder  facilmente  discutir  com 
o  importador  as  vantagens  na  acquisiçao  das  manufacturas,  etc. 


Foram  consultados  os  importadores  da  praça,  srs.  A.  J.  Gar- 
cia d-  C",  Alberto  Rodrigues  &  C.'',  J.  M.  da  Costa  &  C",  José  Maria 
da  Mota  e  L.  de  Almeida  Rabelo  &  C." 


209 


Questionário  n."  25 


;{.        FoLEVMK. 


Por  este  termo,  se  designa  a  indústria,  aliás  importante  em 
Portugal,  do  poleelro  ou  fabricante  de  polés\  ou  aparellios  próprios 
das  construções  navais  c  destinados  a  levantar  pequenos  pesos,  fazer 
correr  adricas,  etc. 

No  Brasil,  estes  aparelhos  sâo  conhecidos  por  moitfjes,  cader- 
nais, rodízios,  roldanas,  polés,  etc,  e  náo  teem  designação  especial 
na  estatística  de  importação,  figurando  nas  diversas  mercadorias 
correspondentes  à  matéria-prima  empregada  no  seu  fabrico,  madeira, 
ferro  ou  qualquer  outro  metal. 

A  Câmara  Portuguesa,  tratou  a  indústria  de  poleeiro  em  13 
quesitos,  mas  dada  a  pouca  importância  do  artigo,  obteve  respostas 
satisfatórias  nos  sete  que  seguem : 

QUESTIONÁRIO 

l.*^  Conhece  V.  Ex!^'  o  estado  de  adiantamento,  da  indústria  do 
*  poleeiro  ■  em  Portagal,  que  emprega  no  seu  fabrico  as  melhores  e  mais 
resistentes  madeiras  das  nossas  florestas  africanas? 

Até  uma  certa  época,  o  nosso  poleame  foi  preterido  no  mercado 
pela  inferioridade  da  matéria-prima.  A  madeira  que  os  nossos  fabri- 
cantes empregavam,  nâo  era  tâo  resistente  como  a  nacional.  Há, 
porem,  importadores  que  conhecem  perfeitamente  o  nosso  artigo. 
Um  deles  afirmou-nos  que,  na  sua  casa,  negoceia  somente  com  o 
proveniente  da  Figueira  da  Foz,  mas  infelizmente  a  procura  actual, 
é  toda  para  o  de  ferro. 

2.*  Na  afirmativa,  vê  V.  Ex."'  possibilidade  de  introduzir  no 
mercado  brasileiro,  os  artigos  designados  por  moitões,  cadernais,  rodí- 
zios, roldanas,  polés,  etc.  ? 

E  muito  possível  com  um  pouco  de  força  de  vontade.  Garece- 
se,  porem  de  um  mostruário  completo  e  respectivos  preços,  condi- 
ções de  venda,  etc. 


210 


3."  Qual  a  proceãência  dos  artigos  similares  preferidos  pelo 
mercado  '^ 

Nacionais,  devido  em  parte  às  magníficas  madeiras  do  país. 

■i.*'  Fará  estes  artigos,  geralmente  comerciáveis  por  uma  numera- 
ção correspondente  ao  seu  tamanho,  e  em  escala  ascendente,  poder-se  há 
obter  o  seu  preço  de  custo  no  local  da  produção  ? 

De  uma  roda,  500  réis  por  cada  polegada.  De  duas  ou  mais, 
1$000  e  1$500  réis  por  cada  polegada. 

5.*'  Quais  os  direitos  alfandegários  aplicados  no  Brasil  aos  arti- 
gos desta  natureza? 

Madeira:  Pelo  artigo  373.*'  da  Tarifa,  pagam  os  moitões,  cader- 
7iais,  e  outras  obras  semelhantes  de  poleeiro,  50*0  réis  -pov  quilo- 
grama, razão  50  "/q. 

Ferro:  Pelo  artigo  753.°,  estão  classificados  os  rodízios,  roldanas, 
polés,  e  outros  objectos  semelhantes,  com  a  taxa  de  100  réis  por 
quilograma,  razão  50  "/j^. 

Acrescidas  estas  taxas  com  o  pagamento  de  ;35  " ',,  em  ouro  e 
mais  despesas,  o  que  as  eleva  a  50  "/o- 

6."  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro? 

O  mais  comum  é  o  saque  a  90  d/  vista. 

7.**     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc? 

O  mais  prático  é  C.  I.  F.  Rio. 


O  poleame,  nâo  é  mais  que  um  acessório  do  comércio  de  artigos 
para  navegação,  e  que  se  liga  com  a  cordoaria.  Um  importador  de 
cabos  tem  fatalmente  de  negociar  em  artigos  de  poleeiro,  em  madeira 
e  em  ferro. 

Para  tais  artigos  nâo  se  necessita  de  uma  representação  espe- 
cial, pois  que  nâo  comporta  despesas  extraordinárias,  podendo  entre- 
tanto a  sua  representação  juntar-se  à  de  cabos  e  outros  artigos  da 
indiistria  da  cordoaria. 

Poleame  de  ferro  preto,  galvanizado  e  o  de  madeira  ferrado,, 
julgam  os  importadores,  nâo  haver  ainda  em  Portugal  fabrico  sufi- 
ciente para  se  poder  iniciar  uma  exportação  consoante  as  necessida- 


•211 


des  desta  praça.  Para  os  de  madeira  simples,  depende  do  agrado  da 
matória-prima  empregada  nas  nossas  manufacturas,  insistindo  os 
mesmos  importadores,  pela  existência  aqui,  de  um  mostruário  com- 
pleto dos  nossos  artigos. 


Prestaram-nos  o  seu  auxílio  no  presente  estudo,  os  srs.  Alberto 
ã' Almeida  <C  C:',  Dias  Garcia  &  C",  Júlio  Miguel  de  Freitas  &  C,"", 
Plácido  Teixeira  &  C.^  é  Rocha,  Couto  &  C.^ 


y 


CLASSE  IV 

Artigos  destinados  à  alimentação 

I  —  Bebidas: 

Questionário  n."  26 

1.     Aguas  minerais  de  mesa,  naturais  e  artificiais. 

Até  1912,  as  águas  minerais  de  qualquer  natureza,  foram  clas- 
sificadas na  estatística  de  importação  pelo  artigo  846,^,  do  grupo 
Produtos  químicos,  drogas  e  especialidades  farmacêuticas.  Em  1913,  se- 
pararam-se  as  medicinais  das  de  mesa,  ficando  as  primeiras,  consi- 
deradas propriamente  medicinais  ou  purgativas  no  mesmo  agrupa- 
mento e  as  denominadas  de  mesa,  começaram  a  fazer  parte  do 
artigo  426.°  da  classe  iv.  Alimentarão. 

Segundo  a  tarifa,  sobre  todas  as  águas  minerais,  recai  o  direito 
de  350  réis  por  quilograma,  com  a  diferença  que,  n^s  medicinais  ou 
purgativas  a  percentagem  ouro,  era  de  35  %,  e  nas  de  mesa,  50  %. 
A  de  Vichy,  por  concessão  especial,  fazia  parte  das  primeiras. 

Emquanto  o  câmbio  se  manteve  a  16  d.,  regularam  aquelas 
percentagens,  mas  desde  que  caiu  a  14  d.,  foram  equiparadas  todas 
as  taxas,  na  razão  de  35  ^{q.  As  nossas  águas,  consideradas  de  mesa, 
obtiveram  por  esse  facto  uma  pequena  compensação,  lutando  em 
igualdade  de  circunstâncias,  principalmente  com  a  maior  rival,  a  de 
Vichy.  infelizmente,  esse  pequeno  benefício  foi  pouco  duradouro, 
pois  que,  por  força  de  lei.  Decreto  n.**  11:511  de  4  de  Março  do  cor- 
rente ano,  foi  criado  o  imposto  de  consumo  sobre  águas  minerais 
estabelecendo-se  duas  taxas ;  as  calinas  ou  laxativas  únicas  conside- 
radas medicinais,  foram  equiparadas  às  especialidades  farmacêuticas 
para  o  efeito  de  cobrança  do  referido  imposto :  e  para  as  de  mesa 


214 


estabeleceu-se   uma  tabela   de  taxas   inferiores   de  que  resulta   um 
aumento  para  as  salinas  de  1S500  réis  por  caixa. 

Portugal  exportou  para  o  Brasil,  durante  o  último  decénio,  as 
seguintes  quantidades  e  valores : 


Medicinais  e  de  mesa  em  conjunto: 


Anos 

1905 
1906 
1907 
1908 
1909 
1910 
1911 
1912 


Quilogramas 

Valores 

113:385 

100:112$aX) 

95:478 

95:455^000 

89:478 

95:101S0OO 

61:257 

55:8578000 

94:504 

88:934SO0O 

109:630 

100:51 7SO00 

85:705 

75:8768000 

91:664 

84:8648000 

Anos 

Aguas 

Quilogramas 

medicinais 
Valores 

Aguas 
Quilogramas 

de  mesa 
Valores 

ir»i3 

30:801 
15:350 

28:742$000 
12:800$000 

58:715 

78:443 

54:521$000 

41:650$000 

1014 

As  águas  portuguesas  mais  conhecidas  no  Brasil  sâo,  de  mesa: 
a  Castelo  de  Moura,  muito  vulgarizada  nos  Estados  do  Norte  do 
Brasil,  e  de  um  consumo  extraordinário;  Monte  Bansão  e  Lombadas. 
As  de  uso  terapêutico,  sâo :  em  primeiro  lugar  a  de  Vidago  (Empresa), 
da  fonte  Vidago;  segue-se-lhe  pela  ordem,  Pedras  Salgadas;  Entre 
Bios:  Melgaço;  Bem  Saúde;  Guria  e  outras  em  muito  menor  escala 
e  que  muitas  vezes  se  importam  somente  com  o  único  fim  de  satis- 
fazer o  desejo  de  tomar  as  águas  da  região  que  nos  deu  o  berço. 

A  importação  geral  de  águas  minerais,  naturais  e  artificiais, 
atingiu  o  máximo  de  movimento  em  1912,  com  1.592:809  quilogra- 
mas, computados  em  1.234:2938000  réis.  Predominou  no  mercado  a 
França,  seguindo-se-lhe  pela  ordem  a  Alemanha,  Espanha,  Portugal, 
Inglaterra,  Austria-Hugria,  Itália,  etc. 

Ainda  assim,  temos  mantido  o  quarto  lugar  na  importação,  e 
se  a  Espanha  tem  maior  movimento,  é  devido  às  suas  águas  medi- 


215 


Cl  na  is  purgativas',  que  umas  vezes  vêem  directamente  daquele  país, 
t)utras  procedem  do  Fi'ança,  das  sedes  ou  depósitos  das  respectivas 
empresas.  Devemos  aqui  salientar  que  mas  águas  minerais,  estão 
tamljêm  compreendidas  as  artificiais,  que  dão  um  forte  contingente 
aos  algarismos  já  citados,  figurando  entre  elas :  a  Ai)oUinaris,  a 
Pcrrier  e  a  Seltz. 

As   estrangeiras  mais  conhecidas  no  Brasil,  sâo  as  seguintes: 

Salinas  ou  purgativas 

Francesas:  La  Bourhoule ;  com  diminuta  importação. 

Espanholas :  Carahaha,  La  Margarita  de  Loeches,  Ruhinat-Llorach, 
Buhinat  Serre  e  Vila  Cahra>i,  todas  muito  reputadas  e  de  colocação 
firme  no  mercado. 

Inglesas :  Apenta. 

Austro-Hungaras :  Carisbad  Hunyadi  Janas,  com  consumo  su- 
perior a  todas  as  suas  concorrentes;  Fram  Joseph  BitterqueUe; 
PuUma  e  Seãlitz.  esta  também  com  regular  consumo. 

Alcalinas 

Francesas:  Chaiel-ÍTuyon,  Contreoceville,  Evian,  Pougues  (fonte 
x\lice),  Vais,  Vichy  (Estado),  a  soberana  entre  todas.  Obteve  em  tem- 
pos por  concessão  especial  do  .(lovêrno  Brasileiro,  ser  classificada 
como  cigua  medicinal,  pagando  a  percentagem  de  35  %  em  ouro.  A 
preferência  é  para  as  fontes  Celesfins,  Hõpital  e  Grande-Grille.  Tam- 
bém vem  ao  mercado,  "a  Dubois,  mas  em  muito  menor  quantidade. 
Finalmente  há  a  de  Vittel  que  actualmente  tem  grande  procura. 

Alemãs :  Eniy. 

Sulfurosas 

Francesas :  Eau.i-  Bonnes  e  (Jriage. 

Acidulas  gasosas 

Francesas:  St.  Galmier  e  Vais  (Fonte  St.  Jean). 
Alemãs:  Apollinaris,  Seltz  e  outras  de  restrito  consumo. 
Inglesas:  Apollinaris,  Perrier,  Seltz  e  outras. 
Italianas:  S.  Pelligrini  e  Acqua  di  Xoeera  (Umbria). 


216 


Americanas :  Depois  da  declaração  da  guerra  eurbpeia,  houve 
nova  tentativa  por  parte  da  América  do  Norte  na  introdução  aqui, 
da  água  White  Rock,  ^^ankesha,  no  Estado  de  Wisconsin.  Esta 
tentativa,  parece  ter  vingado,  na  falta  das  águas  europeias,  pois  que, 
está  definitivamente  introduzida  no  mercado.  Em  lugar  competente 
nos  ocuparemos  do  excelente  acondicionamento  dessas  águas. 


A  situação  tropical  do  Brasil,  favoreceu  a  natureza  esplêndida 
da  sua  flora,  a  uberdade  prodigiosa  do  seu  solo  e  a  pujança  opu- 
lenta das  suas  minas.  Foi  entretanto  avara  na  dádiva  das  fontes  das 
águas  minerais,  onde  de  alguma  forma  fosse  possível  mitigar  a 
rudeza  do  clima. 

Bem  poucas  existem,  e  ainda  em  menor  niímero  se  exploram,  e 
estas  mesmo  teem  uma  carência  absoluta  de  sais,  e  se  realmente  há 
consumo  avultado  de  águas  nacionais,  é  porque  uma  caixa  com  48 
garrafas  de  meio  litro,  regula  entre  22SO0O  a  26S000  réis  e  o  reta- 
lhista, vendendo-as  à  razão  de  ISOOO  réis  cada  uma,  aufere  bons 
lucros  que  nâo  pode  obter,  por  exemplo,  com  uma  caixa  de  Vichy, 
com  50  meios  litros,  e  que  só  de  direitos  paga  cerca  de  25$000  réis, 
náo  encontrando  a  devida  compensação  no  preço  de  retalho. 

Todas  as  fontes  até  agora  exploradas,  resumem-se  nas  seguin- 
tes:  Caa^amô^i,  a  que  tem  maior  extracção;  Gamhuquira:  Lambari  e 
8.  Lourenço,  todas  no  Estado  de  Minas  Clerais ;  Salutaris,  da  A^ila  da 
Paraíba  do  Sul,  no  Estado  do  Rio  de  Janeiro ;  Cofcovaão.  nesta  capi- 
tal; Poços  de  CaJãas  (fonte  Samaritana),  no  Estado  de  S.  Paulo  e 
0/cro  Fino  no  Estado  do  Paraná. 

Houve  em  tempos  a  artificial  Vitalis,  mas  a-jjesar-de  grande 
reclame  nâo  logrou  a  aceitação  do  público.  Segundo  uma  estatística 
elaborada  no  ano  findo,  e  referente  a  1913,  a  produção  total  das 
águas  brasileiras  naturais  foi  de  150:000  caixas  com  48  garrafas  de 
meio  litro,  computada  em  3.250:000^000  réis,  se  tomarmos  por  base 
o  preço  médio  de  25$000  réis  por  caixa,  incluindo  vasilhame.  Com 
o  encarecimento  dos  artefactos  de  vidro,  uma  caixa  de  Caramba  está 
regulando  actualmente  29S000  réis.  A  produção  foi  calculada  da 
seguinte  forma: 


217 


Cnixas 

(^axaml)ú 5():0(3() 

SaluUris 25:000 

Lambari 20:0(X) 

Uambuquira 16:0<>3 

S.  Lourenço  (actualmente  paralisada) 15:(XJ(3 

Corcovado  (idem) KVOOi^ 

Poços  de  Caldas «:(.KX  1 

Ouro  Fino íi:00() 


Total     .      .      .  150:(X)U 


A  propaganda  é  um  poderoso  veículo  para  a  difusão  de  (jual- 
(]uer  produto,  e  para  águas  minerais  nâo  há  outro  processo  a  seguir. 
As  empresas  nacionais,  esgotam  todos  os  seus  recursos  numa  luta 
tenaz  para  dominar  exclusivamente  no  mercado,  asseverando  (jue  o 
Brasil  náo  necessita  ser  tributilrio  do  estrangeiro,  porque  das  suas 
abundantíssimas  nascentes,  brotam  (]Uotidianamente,  magnílicas 
águas  tão  mineralizadas  como  as  estrangeiras  e  em  ([uantidado  muito 
superior  ao  consumo  do  país ;  mera  fantasia,  pois  que,  todas  as 
águas  brasileiras  até  hoje  exploradas,  apresentam  a  carência  absoluta 
dos  sais  característicos  das  miíltiplas  nascentes  da  velha  I^uropa. 
Se  as  nossas  náo  teem  a  vulgarização  desejada,  deve-se  atribuir 
unicamente  à  falta  de  iniciativa  das  empresas  que  nao  ([uerem  de 
modo  algum  arriscar  capitais  embora  haja  toda  a  probabilidade  de 
sucesso  e  de  auferi  mento  de  lucros  compensadores. 


Ás  nossas  ágaas  minerais,  táo  ricas  em  mineralização,  o  de  re- 
conhecidos efeitos  terapêuticos,  dedicou  a  Câmara  Portuguesa  o 
vigésimo  sexto  questionário  do  seu  inquérito,  formulando  os  nove 
quesitos  que  seguem : 


218 


QUESTIONÁRIO 


1."  As  águas  minerais  portuguesas  que  mais  aceitarão  feem  no 
Brasil,  são  as  de  mesa.  principalmente  as  de  <  Vidago >,  «^Castelo  de 
Moura",  '>•  Pedras  Salgadas*,  «Curía^,  e  muitas  outras ;  possuindo  Por- 
tugal, excelentes  estações  termais,  algumas  de  reputarão  mundial  para 
diversas  curas,  o  que  acha  V.  Ex.^''  mais  conveyiiente  fazer  para  a  divul- 
gação e  emprego  dessas  preciosidades  naturais  do  solo  português  ? 

Propaganda  sistemática  e  baseada  na  mais  sólida  argumenta- 
ção. Mais  actividade  comercial  por  parte  dos  exportadores,  que  se 
limitam  apenas  a  querer  vender,  sem  previamente  estudarem  a  forma 
por  que  se  introduziram  e  se  manteem  no  mercado  águas  de  outras 
procedências. 

E  preciso  também  considerar  a  existência  das  empresas  explo- 
radoras das  águas  do  próprio  país,  que  guerreiam  por  todas  as  for- 
mas as  estrangeiras,  e  teem  a  seu  favor,  o  patriotismo  do  consumi- 
dor brasileiro,  que  só  vê  nos  produtos  do  solo  pátrio,  verdadeiras 
maravilhas.  Distribuem  essas  empresas,  custosos  brindes,  organi- 
zam lotarias  e  tômbolas  particulares,  com  prémios  pecuniários  ou 
oljjectos  de  valor,  chegando  até  a  gratificar  os  empregados  de  cafés, 
bars  e  botequins,  estimulando-os  por  esta  forma  a  oferecerem  aos 
fregueses,  esta  ou  aquela  água.  Há  ainda  um  perigoso  concorrente 
interno,  o  fabrico  das  artificiais  ou  imitações  das  mais  afamadas  ter- 
mas europeias ;  a  própria  Caxambu,  Fonte  de  D.  Pedro  (nacional), 
já  em  tempo  teve  fabrico  clandestino  nesta  capital. 

As  águas  portuguesas,  ao  cabo  de  pouca  estadia  no  país,  dete- 
rioram-se  com  a  maior  facilidade.  Exceptua-se  a  Castelo  de  Moura: 
conserva,  esta,  por  tempo  indeterminado,  uma  limpidez  impecável  e 
nao  sofre  alteração  alguma  na  sua  gasificaçâo,  podendo-se  talvez 
atrilniir  ao  seu  excelente  sistema  de  rolhamento  por  meio  de  coroas 
metálicas  a  sua  conservação.  Na  de  Yichj^,  sucede  outro  tanto,  e  a 
rolha  também  é  metálica :  é  ainda  este  o  processo  que  nos  parece 
mais  prático,  pois  que  a  broca  ou  cujnm,  muito  comum  nos  climas 
quentes,  náo  encontra  campo  para  devastação.  No  antigo  sistema  de 
rolhamento,  sucede  aquele  insecto,  entrar  por  qualquer  interstício 
da  cápsula  de  estanho,  furar  a  cortiça,  fazendo  derramar  o  líquido, 
e,  ajudado  pela  humidade,  propaga-se  assombrosamente,  causando 
sérios  prejuízos. 


■2VJ 


1  >adas  as  couditóes  cliiuatérieiís  do  Brasil,  a  base  essencial 
para  a  conservac,'áo  de  qualquer  produto,  consiste  na  maneira  de 
evitar  o  seu  contacto  com  os  agentes  atmosféricos.  A  rolhagem 
requer  preceitos  excepcionais,  mesmo  nos  géneros  produzidos  no 
país,  quanto  mais  nos  provenientes  de  climas  muito  mais  frios 
ou  mesmo  mais  suaves.  As  próprias  empresas  nacionais  muito 
escrupulosas  nesse  sentido,  prestam  o  maior  cuidado  a  essa  opera- 
ção, da  qual  dependo  o  consorvarem-se  as  águas  inalteráveis  du- 
rante tempo  indeterminado.  A  rolha,  de  qualidade  superior,  pre- 
parada com  banho,  provêm  de  Espanha,  e  é  cotada  a  Frs.  21,  cada 
milheiro,  C.  I.  F.  Rio. 

Nâo  é  frequente  nas  águas  de  outras  procedências,  a  rápida 
decomposição  que  se  nota  nas  nossas.  Nâo  apresentam  também  as 
impurezas  de  fonte  ou  efeitos  de  mineralização  que  se  observam  nas 
de  Vidago,  Pedras  Salgada^,  Bem-Saáde  e  outras.  O  consumidor  das 
primeiras,  habituado  a  ver  água  muito  cristalina  como  Vichy,  Apol- 
linaris  e  tantas  outras,  regeita  as  nossas  por  conter  depósito  e  nâo 
há  meios  convincentes  que  o  façam  mudar  de  opinião. 
A  deterioração  provirá  da  deficiência  do  rolhamento? 
Um  aturado  e  profundo  estudo  dos  profissionais  sobre  tão  grave 
inconveniente,  talvez  trouxesse  resultado  prático  para  a  difusão  das 
nossas  águas  medicinais  no  vasto  território  brasileiro,  onde  há 
regiões  em  que  a  água  cristalina  é  desconhecida.  Estudadas  as  cau- 
sas e  removidas,  é  indispensável  ainda,  não  descurar  a  propaganda. 
Esta,  naturalmente  no  começo,  provocará  um  pesado  encargo,  mas 
terá  a  devida  compensação.  Os  nossos  exportadores  teem  por  hábito, 
mostrarem-se  sempre  contrários  a  despesas  prematuras,  não  as 
admitindo  mesmo,  mas  no  caso  j)resente,  é  o  único  caminho  por 
onde  se  deve  enveredar. 

2."  Quai.^i  as  modificações  a  introduzir  em  Portugal,  na  exporta- 
ção das  aguas  minerais:  medicinais  ou  de  mesa? 

As  medicinais,  vendem-se  em  caixas  de  48  meios  litros.  As  de 
Vichy,  importam-se  com  50  garrafas  também  de  meio  litro.  A  nossa 
Castelo  de  Moura,  como  tem  o  forte  da  sua  exportação  para  os  Esta- 
dos do  Norte  do  Brasil,  onde  é  mais  comum  a  garrafa  de  menores 
dimensões,  adoptou  dois  tipos  de  caixas,  um  para  48  meias  garrafas 
e  outro  para  96/4.  A  Apollinaris  tem  os  mesmos  tipos  e  igual  nú- 
mero de  vasilhas.  As  de  Whife  Rock  seguem  o  sistema  da  de  Vichy 
para  a  quantidade:  50  meias  garrafas  e  100  quartos.  As  duas  garra- 


220 


fas  de  sobrecelentes  nas  primeiras  e  quatro  nas  segnndas,  conside- 
ram-se  como  para  fazer  face  às  quebras. 

Todos  os  povos  onde  há  a  verdadeira  orientação  comercial, 
adaptam  os  produtos  ou  mercadorias  às  exigências  do  mercado  con- 
sumidor; nós,  temos  por  hábito  impor  o  mesmíssimo  fabrico,  acon- 
dicionamento, maneira  de  transaccionar,  etc,  usados  no  mercado 
interno. 

No  acondicionamento  das  nossas  águas,  empregam-se  caixas  ou 
meios  engradados  de  madeira  bastante  espessa,  pesadíssimas :  essas 
caixas  ou  grades,  depois  de  trajectarem  inúmeras  vezes  entre  a  fonte 
e  o  depósito,  e  quando  o  seu  estado  náo  permite  já  uma  longa  du- 
ração, destinam-nas  ao  Brasil,  de  onde  náo  há  retorno:  chegam  meio 
desconjuntadas,  e  pelos  orifícios  vêem-se  palhões  com  bastante  uso 
6  fundos  de  garrafa  bem  pouco  simetricamente  dispostos.  As  caixas, 
desiguais,  nunca  dâo  o  acondicionamento  que  se  observa  nas  águas 
concorrentes,  e  o  conjunto  nada  atraente,  faz  supor  que  é  uma 
mercadoria  já  retardada.  Da  economia  do  aproveitamento  das  caixas 
velhas,  resulta  que  as  nossas  águas  dificilmente  poderão  ter  maior 
consumo ;  a  aparência  exterior  do  produto  afasta  muitos  possíveis 
compradores,  e  a  percentagem  em  quebras  é  muito  elevada,  chegando 
por  vezes  a  10  Vo- 

Há  pouco  foi  aqui  introduzida  com  sucesso,  a  água  americana 
White  Roch.  Fez  grandes  reclames.  As  caixas  muito  iguais,  novas, 
de  bom  aspecto  externo  trazem  um  primoroso  acondicionamento,  de 
grande  novidade  e  que  consiste  para  cada  garrafa,  em  vez  do  tradi- 
cional palháo,  no  seguinte  envoltório :  Envolve-se  a  garrafa  na  parte 
mais  grossa,  numa  tira  de  papel  bastante  espesso  colada  na  extre- 
midade. Por  cima  dessa  tira  ou  capa,  espalham-se  fibras  de  madeira, 
muito  finas ;  envolve-se  novamente  numa  outra  tira  de  papel  mais 
fino,  também  colado  na  extremidade,  formando  o  conjunto,  uma 
espécie  de  almofada  cilíndrica  em  torno  da  garrafa.  O  gargalo  fica 
completamente  descoberto ;  as  garrafas  sâo  dispostas  invortidamente, 
como  é  costume,  assentando  os  gargalos  entre  as  almofadas  das  que 
estáo  em  sentido  contrário.  As  caixas  feitas  na  medida  exacta  das 
50  garrafas  náo  necessitam  de  nenhum  auxílio  de  palha  ou  fibra. 
Na  parte  externa,  sâo  reforçadas  nas  extremidades  das  faces  laterais 
por  quatro  travessas  dispostas  verticalmente  e  horizontalmente  for- 
mando quadrado,  dando-lhe  um  bonito  aspecto.  Nestas  águas  a  per- 
centagem em  quebras  náo  vai  alem  de  2  'V'o- 


■2-21 


i)."  Qual  a  preferencia  no  hrasíl  pela.i  ágiia-t  minerais :  metlici- 
)iais  ou  de  mesa? 

Não  havendo  em  Portugal  águas  salinas  e  em  virtude  da  nova 
ola3SÍficrt(,'áo  da  Tarifa  Alfandegária,  só  podemos  concorrer  com  as 
de  mesa,  embora  estas  tenham  gramle  aplicação  em  usos  terapêu- 
ticos. O  preço  também  é  um  factor  poderosíssimo  para  a  sua  expan- 
são. A  água  de  Vichy,  por  exemplo,  empregada  nos  dois  usos,  custa 
Frs.  23,50  C.  I.  F.  Eio  cada  caixa  de  50  meios  litros  e  ó  nesta  base 
ou  ainda  em  nielliores  condições  que  as  nossas  águas  devem  con- 
correr ao  mercado ;  de  outra  forma,  é  inútil  pensar  introduzi-las  em 
maior  escala,  embora  tenham  grande  reputação. 

O  preço  da  Vichy  tom  regulado  48$00()  réis  por  caixa,  a  Castelo 
de  Moura  40$0(X)  réis  por  caixa  de  48  meias  garrafas.  A  Apollinarvi 
no  actual  momento  está  caríssima,  pois  atinge  65$00O  réis  para  a 
de  48  meios  litros  e  75$(X)0  róis  a  de  96  quartos.  A  Withe  Rock 
veude-se  à  razáo  de  50$000  por  caixa  de  50  meias  garrafas.  As 
outras,  teem  uma  grande  variedade  de  preços. 

4.*     Quais  os  direitos  sobre  umas  e  outras? 

A  taxa  é  uma  única,  350  réis  por  quilograma,  sendo  35  *^/y  em 
ouro,  e  65  "/(,  em  papel,  alem  de  outras  despesas  conforme  se  pode 
vêr  pela  fórmula  de  despacho  para  uma  remessa  de,  40  caixas  de 
Vichy,  que  damos  a  seguir: 


222 


Fórmula  de  despacho  para  águas  minerais 


Quarenta  caixas  contendo  água  mineral  natural  pesando 
líquido  mil  e  oitocentos  quilos. 


Razão  60  %  — 1:800  quilos  a  350  réis 

Estatística 

Ouro  2  7o  (M.  do  porto) 

Réis     .... 

Ouro  35  7o 220S500 

»       2  7o 21$0(X) 

241S500 
Papel 409S900 

Custo  de  241  $000  réis  ouro  ao  câmbio  de  14  d. 

Papel 

Selos  (2:000  de  20  réis) 

Capatazias 

Análise 

Despacho  e  estampilhas 

Carreto 

Réis   .... 


6305000 

$400 

21 $000 

651 $400 


651 $400 


465$610 
409$000 
40$000 
15$000 
20$000 
17$300 
20$000 

986$910 


Despesa  por  caixa,  réis 


24$650 


O  imposto  de  consumo  para  águas  minerais  é  de  criação  recente, 
Decreto  n."  11:511,  de  4  de  Março  de  1915,  e  é  o  seguinte  para  as 
nâo  consideradas  salinas  ou  purgativas :  Cada  litro  40  réis ;  Garrafa 
30  réis ;  3íeio  litro  20  réis :  Meia  garrafa  15  réis. 


223 


5/^     Qiud  a  J  o  nua  de  paí/amenfo  na  inara  fio  luu  de  Jancnd  f 

Sa(|iio  directo  a  \'20  dias  da  data  da  factura,  em  esterlino  «ui 
escudos. 

6.^     Quais  as'  condirdes  de  ex'])edi<;ào,  embarque,  etc.  9 

C.  I.  F.  é  a  forma  preferida;  no  entanto,  visto  a  impossibili- 
dade de  uniformizar  o  frete,  por  falta  de  navegação  portuguesa  para 
o  Brasil,  está  todo  o  comércio  de  exportação  em  Portugal,  sujeito  a 
vender  os  seus  produtos  F.  O.  B.,  ao  passo  que  os  concorrentes  de 
outros  países,  obteem  reais  vantagens  transaccionando  com  a  clau- 
sula C.  1.  F. 

1.°  Xão  acha  V.  Er/''  conveniente  que  os  exportadores  portufjue- 
seSy  a  exemplo  dos  de  outras  nações,  enviem  ao  Brasil,  caixeiros  vi a- 
iantes  habilitados  e  bem  remunerados  ? 

No  presente  caso,  não  é  bem  a  um  caixeiro  viajante,  que  deve 
ser  cometida  a  representação,  mas  sim  a  um  hábil  propagandista. 
As  empresas  que  se  abalançarem  à  conquista  do  mercado,  devem 
previamente  nomear  os  seus  agentes  com  residência  fixa,  e  depois 
enviar  o  ])ropagandista  com  conhecimentos  especiais  que  o  habili- 
tem a  realçar  as  propriedades  das  águas  que  representa.  Tratando-se 
de  águas  puramente  medicinais,  e  com  reputação  mundial  já  firmada, 
só  profissionais  se  poderão  desempenhar  cabalmente  dessa  missão. 

As  empresas  brasileiras,  teem  os  seus  propagandistas  constan- 
temente em  viagem,  mas  como  se  trata  simplesmente  de  águas  de 
mesa,  estes  nâo  sáo  nenhumas  sumidades,  simplesmente  homens 
práticos,  activos,  bem  remunerados,  e  autorizados  a  fazerem  despe- 
sas extraordinárias  para  o  aumento  do  consumo  das  águas  que  re- 
presentam. 

A  escolha  de  bons  agentes  locais  tornará  a  missão  do  propa- 
gandista, muito  mais  suave. 

8."  Não  lhe  pwece  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadores  por- 
tugueses a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  pagamento? 

E  indispensável  que  acompanhem  a  forma  de  pagamento  habi- 
tualmente esta])elecida.  Demais,  para  este  produto,  é  fácil  obter  essa 
condição,  pois  que  todas  as  empresas  são  poderosas. 

9."  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex"  julgue  conveniente 
acrescentar. 

«Consultamos  também  o  sr.  Artur  Brandão,  ex-representante 
da  Empresa  das  Aguas  de  Vidago,  e  pela  sua  competência  no  assunto,- 
extremamos  a  sua  opinião  »  : 


224 


Os  direitos  aduaneiros  excessivos  sobre  águas  minerais,  anulam 
todos  os  esforços  que  liâo  obedeçam  a  um  plauo  sólido,  organizado 
sobre  uma  forte  verba  de  propaganda.  A  única  água  mineral  portu- 
guesa que  pode  ol^ter  estabilidade  na  sua  colocação,  é  a  de  Vidago, 
por  ser  aquela  que  maior  nome  tem,  e  pela  sua  aplicação  ou  uso  se 
adaptar  a  um  maior  número  de  casos. 

Precisa,  porem,  concorrer  no  tipo  de  vasilhame  aplicado  nas 
águas  de  Vichy,  Caxambu,  Camhuquira,  Lambari,  etc,  e  o  seu  custo 
ao  importador,  não  deve  exceder  a  mais  de  8(X)  réis  por  garrafa,  de 
maneira  a  sor  vendida  ao  retalhista  a  900  réis.  Este  preço  é  superior 
ao  das  outras  águas,  mas  é  o  único  que  pode  permitir  a  colocação, 
pois  vendida  ao  público  a  mais  de  1$200  réis.  não  obterá  consumo 
compensador. 

()  revendedor  é  o  elemento  principal  no  lançamento  de  qualquer 
produto,  e  muito  principalmente  nos  artigos  denominadas  molhados. 
Estabelecidos  agentes  em  todos  os  Estados  e  com  uma  despesa  de 
propaganda  calculada  em  20  e  10  contos  anuais,  alternadamente,  a 
Vidajo  deverá  colocar  anualmente  no  Brasil  no  primeiro  período  de 
cinco  anos,  uma  média  de  10  a  12  mil  caixajj  de  -18  garrafas  do  alu- 
dido tipo. 

Nâo  tendo  outra  qualquer  água  portuguesa  a  mineralização  e  o 
nome  da  Vidago,  só  esta  poderá  vencer  entre  as  suas  concorrentes 
brasileiras. 

Poderá  a  Vidago  ser  fornecida  pela  respectiva  empresa  pelo 
preço  a  que  se  alude V 

Na  prática  e  segundo  a  maneira  de  ver  do  mesmo  representante 
o  mercado  do  Brasil  para  as  águas  minerais  portuguesas,  ó  de- 
masiado difícil  para  que  se  possa  conquistar,  principalmente  porque 
o  espírito  exportador  português,  com  raras  excepções,  nâo  com- 
preende a  despesa  de  propaganda  reclame,  que  no  Brasil  se  torna 
absolu tamente  indispensável. 


Coadjuvaram-nos  no  nosso  estudo,  além  do  sr.  Artur  Brandão, 
já  citado,  os  srs.  Álvaro  de  Carvalho  Cordeiro,  Carvalho  Rocha  &  Cf\ 
J.  de  Carvalho  Neves,  J.  Ferreira  &  C."',  José  Constante  <&  C",  Gra- 
nado (ic  C.'^,  Lebrão  d-  C^^  e  Lourenço  da  Costa  d'  C." 


225 


Questionário  n. "  27 


2.  Bebidas  alcoólicas  e  fermentadas. 

3.  Vermute,  Biteb  e  semelhantes. 

4.  Vinhos  espumantes  (tipo  Champagne). 

5.  Vinhos  pinos  (Pôbto  e  semelhantes). 

6.  Vinhos  comuns. 


No  agrupamento  hébidcift  da  classe  iv,  produtos  destinados  ã  ali- 
mentação, Portugal  tem  um  lugar  proeminente.  Só  pelo  artigo 
n."  434,  da  classificação  das  mercadorias  da  Estatística,  vinhos 
cohtuns,  ou  de  pasto,  figuramos  com  43,50  %  ^^^  valor  total  da  nossa 
exportação  para  o  Brasil. 

No  artigo  433.°,  vinhos  finos  (Porto  e  semelhantes),  a  importa- 
çílo  de  todas  as  origens,  atingiu  em  1912,  7.407:777S(JOO  réis,  caben- 
do-nos  7.023:538800(3  réis,  ou  sejam  384:2398(^X30  réis,  para  os  res- 
tantes países. 

Ao  extraordinário  consumo  dos  nossos  vinhos,  nos  mercados 
do  Brasil,  nao  corresponde,  a-pesar-de  muito  importante,  o  movi- 
mento das  entradas,  acusado  pela  Estatística  Comercial.  Os  nossos 
vinhos  de  mesa,  estão  sujeitos  no  Brasil,  a  vários  processos  de  des- 
dobramentos e  lotações  com  os  nacionais  e  mesmo  estrangeiros  de 
maior  graduação  alcoólica.  Empregam-se  ainda  outros  sistemas  de 
adulterações.  Depois  de  lotados  ou  preparados  passam  por  genuínos 
portugueses.  Os  vinhos  que  entram  na  composição  sâo,  em  proporção, 
mais  baratos  que  os  nossos  40  %.  Daí  advêm  um  excesso  do  con- 
sumo sobre  a  quantidade  importada,  estabelecendo-se  uma  concor- 
rência desleal  com  os  legitim,os  e  proporcionando  aos  Jahricantes 
magníficos  lucros.  Há  ainda  as  falsificações  dos  generosos  ou  licoro- 
sos, engarrafados  e  encascados,  casos  do  domínio  público  e  que 
quási  diariamento  se  repetem. 

I^odos  estes  factores  contribuem  poderosamente  para  impedir 
maior  expansão  aos  nossos  vinhos,  apreciados  em  todo  o  Brasil,  e 
de  tâo  fácil  colocação  no  mercado,  se  houvesse  por  parte  dos  expor- 
tadores um  pouco  mais  de  iniciativa  comercial. 


226 


Incontestavelmente  a  nossa  exportação  para  o  Bi-asil,  tem  au- 
mentado de  ano  para  ano,  como  adiante  se  pode  verificar,  mas  ainda 
está  muito  aquém  do  consumo  que  os  vinhos  com  o  nome  de  porta- 
fjueseSf  teem  no  mercado.  Se  houvesse  uma  rigorosa  fiscalização  por 
parte  das  autoridades  brasileiras,  de  acordo  com  os  respectivos 
Governos  dos  dois  países,  aliada  a  uma  acção  conjunta  dos  nossos 
exportadores,  a  fim  de  garantirem  suas  marcas,  a  nossa  exportação, 
por  certo,  atingiria  som  esforço  algum,  mais  50  Vo-  ^  próprio  (lo- 
vêrno  Brasileiro,  lucraria  imenso  com  as  medidas  repressivas  que 
estabelecesse,  pois  embora  tivesse  despesa  com  a  fiscalização,  as  re- 
ceitas provenientes  dos  direitos  alfandegários,  e  impostos  de  con- 
sumo, cobririam  fartamente  essa  despesa. 

Para  todo  o  vinho  falsificado  ou  adulterado,  o  Estado,  como  é 
notório,  nâo  cobra  imposto  de  espécie  alguma.  Os  selos  adquiridos 
no  Tesouro,  para  pagamento  do  imposto  de  consumo,  sobre  bebidas 
importadas,  e  nâo  utilisados,  por  qualquer  circunstância,  como  seja, 
quelíras,  faltas,  consumo  particular  em  que  o  selo  nâo  é  aplicado  na 
vasilha,  e  ainda  o  aproveitamento  dos  que  já  foram  empregados,  sâo 
vendidos  a  agentes  dos  falsificadores  que  os  pagam  até  com  ágio 
para  algumas  taxas,  e  vâo  servir  em  produtos  fabricados  clandesti- 
namente, em  laboratórios  cuja  existência  é  sempre  desconhecida,  pois 
geralmente  nem  o  simples  imposto  industrial  pagam.  Ultimamente, 
segundo  a  imprensa  tem  relatado,  tem-se  feito  algumas  apreensões  e 
descoberto  alguns  laboratórios,  onde  até  o  precioso  CJiampagne  se 
falsificava !  Os  nossos  vinhos  do  Porto  também  ali  figuravam  com  as 
mais  acreditadas  marcas. 

A  importação  de  bebidas  de  origem  portuguesa,  nos  mercados 
bi*asileiros,  durante  os  últimos  dez  anos,  em  confronto  com  a  impor- 
tação geral,  e  segundo  as  suas  diversas  categorias,  exceptuando, 
porém,  as  cervejas,  licores  e  xaropes,  sucos  de  maça  e  uva,  teve  o 
seíiuinte  movimento : 


227 


Bebidas  alcoólicas  e  fermentadas 


Anos 

Po 

rtugal 

Valores 

Importação  geral 
Quilogramas      Valores 

Quilogramas 

1905 

117:434 
109:887 
136:474 
109:835 
133:740 
187:054 
133:455 
162:311 
209:576 
86:656 

148:512$000 

138:512$000 

182:643$000 

129:386$0a) 

184:94õ$0O0 

285:935$000. 

210:166$000 

235:251$000 

433:368$000 

117:2021000 

875:636 

843:659 

922:896 

741:627 

964:741 

1.371:334 

1.268:061 

1.550:053 

1.546:055 

833:527 

1.112:519$000 
l.]93:024$000 
1.149:320S000 
1.170:346$000 
1.547:706$000 
2.042:372$000 
2.079:232$000 
2.597:3451000 
2.568:353$000 
1.419:776$000 

1906 

1907 

1903 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

O  nosso  movimento,  teve  marcha  ascendente,  acompanhando  o 
de  todos  os  outros  países.  Neste  artigo  da  classificação  das  merca- 
dorias pela  Estatística,  estão  compreendidas  as  aguardentes,  de 
vinho  tipo  Cognac,  as  de  cereais,  tipos  Oenehra,  Wishy,  etc,  e  todas 
as  bebidas  semelhantes. 

Até  1913,  os  seis  países  que  disputaram  o  mercado  em  maior 
escala,  conservando  a  ordem,  foram:  França,  Grran-Bretanha,  Portu- 
gal, Holanda,  Alemanha  e  Uruguai. 


Vermute,  Biter  e  semelhantes 


Os  vinhos  amargos  de  preparação  recente  no  nosso  país,  tive- 
ram larga  aceitação  no  mercado,  como  se  depreende  pela  sua  grande 
marcha  ascendente  na  importação  do  Brasil.  No  primeiro  ano  do 
decénio,  limitou-se  a  entrada  a  1:851$000  réis  e  nove  anos  depois,  o 
movimento  atingia  591:2618000  róis.  Também  se  devo  registar  o 
facto  da  pequena  baixa  acusada  na  importação  do  ano  findo,  réis 
64:701S000,  quando  para  quási  todas  as  mercadorias  a  média  foi  de 


228 


50 


'/q.  Compreende  este  artigo,  os  vermutes,  os  amargos,  os  vinhos 


do  Porto,  aperitivos,  tónicos,  etc,  e  o  movimento  foi  o  seguinte 


Anos 

Po 

Quilogramas 

rtugal 

Valores 

Impori 

ação  geral 
Valores 

Quilogramas 

1905 

1:675 

1:478 

10:561 

8:748 

10:896 

12:846 

24:046 

99:449 

290:317 

213:980 

1:851^000 

2:686)^000 

23:791^000 

15:978^000 

18:890^000 

26:03611000 

48:9261000 

200:49  liSOOO 

Õ9]:261íg000 

426:5601000 

939:520 
1.018:383 
1.223:362 
1.120:673 
1.124:638 
1.562:765 
1.784:439 
2.387:393 
2.543:827 
1.487:372 

978:441^000 
1.108:705,^000 
2.459:349^1000 
1.317:4081000 
1.378:850^000 
1.776:715^000 
]  .991:485^000 
2.872:857^000 
3.195:851iíl000 
2.002:9851000 

1906 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911   

1912 

1913 

1914 

Desde  1912,  que  ocupamos  o  terceiro  lugar  na  importação  em 
concorrência  com  a  Itália  que  teve  em  1913  um  terço  do  movimento 
geral,  seguindo-se-lhe  pela  ordem,  França,  Portugal,  Alemanha, 
Espanha  e  Uruguai. 


Vinhos  espumantes,  tipo  Champagne 


Os  nossos  espumantes  tiveram  outrora  uma  certa  aceitação  no 
mercado  brasileiro,  podendo  afirmar-se  que  o  seu  declínio  se  acen- 
tua. Nos  últimos  dez  anos,  a  importação  geral,  sempre  com  marcha 
ascendente  até  1913,  aumentou  194  7o'  emquanto  que,  para  nós, 
houve  depois  de  várias  alternativas,  uma  baixa  de  61,50  '^/q  durante 
o  mesmíssimo  período.  Em  1906,  houve  um  pequeno  aumento  de 
24:563$000  réis,  mas  no  ano  seguinte  começou  a  decair,  chegando 
em  1912,  a  nao  atingir  20  contos  de  réis.  O  movimento  foi  o 
seguinte : 


229 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1905 

1906 

15:939 

22:680 

13:745 

12:488 

11:611 

14:133 

11:135 

4:138 

7:494 

2:293 

82:6625000 
107:225|!000 
71:5015000 
61:1015000 
58:0775000 
71:9565000 
30:9665000 
19:2925000 
31:8465000 
10:0725000 

101:368 
146:492 
112:154 
103:967 
135:182 
180:318 
193:859 
213:202 
223:744 
76:287 

408:8295000 
552:4215000 
468:8525000 
438:9055000 
550:6715000 
762:2835000 
807:5455000 
1.047:1945000 
1.197:3615000 
398:0295000 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

O  mercado  foi  disputado  pelas  quatro  nações  seguintes :  França, 
com  cerca  de  900  contos  nos  anos  de  1912  e  1913;  Portugal,  Itália 
e  Uruguai. 


Vinhos  finos  (Porto  e  semelhantes)  e  vinhos  comuns 

Até  1908,  os  vinhos  generosos  e  os  de  mesa,  figuraram  engloba- 
dos na  Estatística,  sob  a  rubrica  de  nâo  especificaãos.  De  1909  em 
diante  desdobraram-se  em  dois  artigos :  Vinhos  finos  (Porto  e  semelhan- 
tes) e  vinhos  comuns.  De  qualquer  das  formas,  mantivemos  sempre  a 
primazia  no  mercado,  e  mui  principalmente  nos  finos  ou  generosos. 
Nos  quatro  primeiros  anos  do  decénio  de  1905  a  1914,  tivemos  para 
08  não  especificaâos  o  seguinte  movimento: 


Anos 

Po 

rtugal 

Valores 

Importação  geral 

Quilogramas 

Quilogramas 

Valores 

1905 

43.443:516 
42.933:944 
45.520:766 

38.958:828 

19.667:980S000 
18.943:381$000 
21.300:130$000 
1 6.951 :57lS0(» 

60.180:715 
57.227:501 
64.461:648 
55.979:295 

26.0a>465SO0O 
24.719:3981000 
29.86 1:240$000 
23.91 5:753$000 

1906 

1907 

190s 

230 


Vinhos  finos  (Porto  e  semelhantes). 

A  importação  dos  vinhos  do  Porto,  teve  uma  marcha  ascendente 
até  1912,  caindo  no  ano  seguinte,  em  que  houve  uma  baixa  de 
633:234$000  réis.  Cifra-se  o  movimento  dos  seis  anos  nos  algarismos 
que  seguem: 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1909 

3.523:737 
4.339:680 
4.050:690 
4.287:404 
3.779:199 
2.068:811 

5.185:729$000 
6.õ48:682$0a~» 
6.529:5231000 
7.023:538$000 
6.390:3041000 
3.668:449$00O 

3.777:788 
4.689:598 
4.314:750 
4.554:787 
4.112.397 
2:302:920 

5.420:Õ71$000 
6.888:824$000 
6.816:206$000 
7.407:7771000 
6.742:447$0(X) 
3.919:2561000 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

A  diferença  anual,  em  média  cerca  de  trezentos  contos,  que  se 
nota  entre  a  importação  geral  e  a  nossa,  foi  distribuida  pela  França, 
Espanha,  Itália,  etc. 

Vinhos  comuns 

Os  vinhos  de  mesa  tiveram  também  uma  marcha  ascendente  du- 
rante os  últimos  seis  anos,  cifrando-se  em  seis  mil  contos,  a  dife- 
rença para  mais  que  obtiveram. 

O  movimento  computa-se  nos  seguintes  algarismos : 


Anos 

Po 

rtugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1909 

39.290:718 
48.332:200 
43.400:039 
43.861:784 
45.020:759 
29.311:866 

13.033:Õ69$000 
14.720:607$000 
18.048:293SOOO 
18.642:51 9S000 
19.259:9861000 
12.353:7221000 

56.234:410 
60.980:067 
62.173:663 
64.911:091 
69.015:663 
44:945:368 

19.963:805$000 
21:996:6081000 
27.519:983$000 
30.212:4741000 
31.763:511$000 
19.975:274$000 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

231 


A  origem  tios  vinhos  conmns,  foi,  oiii  priiiieii\)  lugar,  o  nosso 
país,  seguindo-se-lho  a  Itália,  França  o  Espanlia. 

Somando  os  totais  dos  valores  dos  vinhos  finos  o  dos  do  mesa, 
importados  em  1913,  o  confrontando-os  com  os  valores  de  1905, 
nola-so  um  aumento  de  30,4  '7o  para  Portugal,  omquanto  que  o 
aumento  da  importação  geral,  foi  de  48,09  7o- 

Este  movimento,  como  já  dissemos,  ó  inferior  ao  extraordinário 
consumo  que  toem  os  vinhos  portugueses  no  Brasil. 

Alem  dos  desdobramentos  já  apontados,  para  os  vinhos  ãe  mesa 
e  as  preparações  clandestinas  dos  generosos,  há  ainda  o  fabrico  legal 
de  todas  as  imitações  de  bebidas  espirituosas,  cuja  produção  em  1911, 
l>aseada  na  arrecadação  do  imposto  de  consumo,  foi  a  seguinte: 


Litros 


553:507 

1.305:486 
033:598 


■■>.0^5:T47 


7.078:388 


l'rodutos 


Bitor,  amer  picon,  íernet-branca, 
verranto  o  bebidas  .semelhantes. 

Licores  de  qualquer  qualidade   . 

Líquidos  alcoólicos,  como  coguacs, 
aguardente  do  cana,  rum,  gene- 
bra, absinto,  brandi,  eucalipsin- 
to,  otc 

Bel)idas  denominadas,  vinho  do  ca- 
na, do  fi"uta  o  semelhantes     . 

Total     .      .      .      . 


Valor  médio 
por  litro 


l$t)GH 
1$(JGG 


2$5CX) 
1$(X)0 


Produção 


922:22()$0)J 
2.175:aK)$;K)0 


1.584:aX')$i»00 
5.085:747$aX) 


9.766:967$O00 


Ao  valor  médio  do  cálculo  da  unidade,  nâo  corresponde  o  custo 
real  da  mercadoria  (^ue  é  muito  mais  elevado.  Na  estatística  acima, 
náo  está  incluída  a  produção  de  aguardente  de  cana,  de  grande  con- 
sumo no  país.  Quási  todos  os  portos  da  República  participaram 
mais  ou  menos,  na  importação  dos  vinhos  finos  ou  licorosos,  e  em 
f[ue  estão  compreendidos  os  do  Porto,  Madeira,  etc.  Segundo  a  esta- 
tística de  1912,  temos  as  seguintes  entradas: 

Rio  de  Janeiro:  1.766:660  quilogramas  na  importância  de  réis 
2.734:643^000,  ou  sejam,  37  %  sobre  a  importação  total;  Santos: 
1.296:718  quilogramas  no  valor  de  2.553:907$00O  réis:  para  estas 


232 


duas  praças  tem  havido  aumento  de  cerca  de  40  "/q  em  relação  aos 
anos  anteriores.  Segue-se  Porto  Alegre,  Pernambuco,  Pará  e  Manaus, 
estes  líltimos,  com  uma  diminuição  em  dois  anos  para  cada  um,  de 
cerca  de  70  ^/y ;  Baía,  Rio  Grande,  Ceará,  Pelotas  e  outros  com  quan- 
tidades inferiores  a  cem  contos. 

Nos  de  mesa,  participaram  todos  os  portos,  e  reportando-nos  ao 
já  citado  ano,  os  43.861:784  quilogramas  computados  em  réis 
30.212:474$000,  tiveram  o  seguinte  destino: 

Santos,  figura  em  primeiro  lugar  com  27.193:167  quilogramas 
computados  em  12.950:434$000  réis  ou  sejam  43  %  sobre  o  valor 
total.  Segue-se-lhe  a  praça  do  Rio  de  Janeiro  com  19.032:814  quilo- 
gramas, calculados  em  9.117:001$000  róis  ou  30  ^1^  da  mesma  tota- 
lidade. O  Pará  figura  em  terceiro  lugar,  com  2.102:783$000  réis, 
Manaus  em  quarto,  com  1.927:702$000  réis.  Yéem  depois  em  escala 
descendente,  os  portos  de  Baía,  Pernambuco,  Porto  Alegre,  Vitória, 
Rio  (frande  do  Sul  e  Corumbá.  Deixamos  de  mencionar  os  restan- 
tes, onde  o  consumo  foi  inferior  a  200  contos. 


Os  exportadores  portugueses  com  reputação  firme  no  mercado, 
são  pela  ordem  alfabética,  para  vinkos  licorosos,  do  Porto : 

A.  A.  Calem  &  Filho,  Limitada ;  A.  Nicolau  de  Almeida  &  C.'"^, 
Limitada;  A.  Pinto  dos  Santos  Júnior;  A.  Romariz  Filhos;  Adriano 
Ramos  Pinto  &  Irmão;  António  Ferreira  Meneres,  Sucessor;  Antó- 
nio da  Rocha  Leão;  Bento,  Cunha  &  C.^;  Companhia  Agrícola  e 
Comercial  dos  Vinhos  do  Porto ;  Companhia  Vinícola  do  Norte  de 
Portugal ;  Companhia  Vinícola  Portuguesa ;  Constantino  de  Almei- 
da; Cotelo  &  C.*;  Cunha,  Osórios  &  Pacheco;  Diedrich  Mathias 
Feuerheerd  Júnior  &  C" ;  J.  H.  Andresen ;  João  de  Carvalho  Ma- 
cedo Júnior,  Limitada;  José  Pereira  da  Costa  Júnior,  Irmão  &  C* 
e  Valente  Costa  &  C.*^ 

Para  os  moscatéis  entre  outros,  J.  M.  da  Fonseca,  Sucessor,  e 
para  os  da  Madeira,  A.  Isidro  Gonçalves  e  F.  F.  Ferraz. 

Para  os  vinhos  de  mesa,  temos:  A.  Pinto  dos  Santos  Júnior; 
Adriano  Ramos  Pinto  &  Irmão;  A.  Nicolau  de  Almeida  8c  C",  Li- 
mitada;  Bento,   Cunha  &   C.^;   J.   Devése;   J.   Vasconcelos   &    C.**; 


233 


Josó  l*ei-cirii  da  Costa  Jimior,  Jrmâo  &  C";  Manuel  Costa  c*<:  C"; 
(loiíies  (la  Silva  ik  U.'\  Fillios,  e  Valente  Gosta  &  ('." 

A  variada  capacidade  actual  do  vasilhame  i)ara  os  vinhos  encis- 
cadus  o  a  diversidade  de  marcas  que  se  limitam  a])enas  a  ligurar  nos 
barris,  pois  que,  o  conteúdo  c  geralmente  tirado  da  mesma  dorna  ou 
tonel,  contribui  muitíssimo,  nâo  só  para  tentar  a  falsilicaçâo,  como 
também  para  favorecer  a  concorrência  desleal  entre  alguns  impor- 
tadores de  somenos  importância.  Há,  por  exemplo,  quintos  com  ca- 
pacidade variável  entre  80  e  105  litros ;  já  chegaram  a  vir  ao  mer- 
cado barris  com  76  (!),  quando  deveriam  conter  entre  86  e  96,  re- 
sulbmdo  nunca  poder  haver  cotações  regulares  ])ara  os  nossos 
vinhos,  e  nâo  é  para  estranhar,  pois  a  diferença  por  pipa  alcança 
muitas  vezes  109  litros.  A  nossa  principal  concorrente  em  vinhos  de 
mesa  encaseados^  a  França,  conserva  inalterável  o  seu  tipo  de  borda- 
lesas  com  o  peso  bruto  de  270  quilogramas,  e  daí  nâo  se  afasta. 
O  preço  varia  segundo  a  qualidade  do  conteúdo,  tipo  ou  região  de 
onde  procede,  o  que  taml)êm  é  muito  razoável.  Os  nossos  vinhos 
conservam  sempre  o  mesmo  custo  quer  procedam  do  Norte,  quer  do 
Sul  do  país:  a  diferença  está  simplesmente  na  quantidade:  exce- 
ptuam-se  no  entanto  os  Colares. 

A  propósito  de  tipos  diremos  que  os  nossos  vinhos  designam-se 
somente  por  verdes,  virgens  e  Colares.  As  nossas  afamadas  regiões 
vinhateiras,  sâo  iDem  pouco  conhecidas.  Antigamente  no  Norte,  Pará 
e  Manaus,  todo  o  vinho  português  provinha  de  Colares,  assim  como 
no  Rio  (írande  do  Norte,  Paraíba,  Pernambuco,  Alagoas  e  Baía,  era 
da  Fv^iieira.  No  Rio  de  Janeiro  e  portos  do  Sul  da  República,  foram 
sempre,  o  virgem,  o  verde  e  o  Colares  (\\\o  predominaram.  O  da  Fi- 
gueira teve  em  outros  tempos  largo  consumo,  porem  hoje  está 
muito  resumido,  devido  à  sua  graduação  alcoólica  exceder  os  14 
graus  determinados  pela  Tarifa  Aduaneira  para  os  vinhos  de  mesa; 
excedendo-os,  ficam  equiparados  aos  licorosos  e  o  seu  direito  é  mais 
elevado. 

Os  verdes  mais  reputados  na  praça,  sâo  os  de  Gafão,  que  nâo 
designam  região  alguma,  e  os  de  Santo  Tirso.  As  melhores  qualida- 
des, Monção,  Basto  e  Aniaraute,  quási  que  nâo  aparecem.  Os  virgens, 
sâo  da  região  do  Douro,  como  por  exemplo,  o  da  Quinta  da  Barca, 
de  maior  consumo  e  que  melhor  se  presta  a  adulterações  por  ser  en- 
corporado,  de  belíssima  côr  e  taninoso.  O  Alvaralhào,  também  muito 
reputado  c  de  largo  consumo,   pi)de  designar  quando   muito,   uma 


234 


casta,  mas  nunca  uma  região.  Os  nossos  vinhos  do  Dão,  tâo  ricos 
em  tanino,  e  os  melhores  para  lote  que  o  país  produz,  nunca  aqui 
vieram;  nesta  região,  existem  os  famosos  Nelas  e  Santar.  Da  Bairra- 
da, conhecem-se  apenas  os  espumosos;  os  do  Sul,  Óbidos,  Torres 
Vedras,  Alpiarça,  Cartaxo  e  o  próprio  Termo,  etc,  sâo  vinhos  comple- 
tamente desconhecidos  no  mercado.  O  Bucella^,  Salvaterra  e  Serra- 
daires,  já  aqui  tiveram  saída;  actualmente,  só  este  último  é  encon- 
trado. De  todos  os  vinhos  da  Estremadura,  temos  unicamente  o  de 
Colares  com  os  seus  créditos  firmados.  O  Brasil  poderia  ser  ainda 
um  'vasto  mercado  para  muitos  destes  tipos  de  vinhos  portu- 
gueses. 

A  propósito  de  vasilhames  diremos  que  liá  exportadores  que 
manteem  sempre  a  mesma  capacidade;  outros,  porem,  reduzem-na  de 
tal  forma,  à  vontade  do  importador,  que  a  nossa  pipa  de  500  litros, 
nâo  atingirá,  dentro  em  pouco,  mais  de  380.  Contudo,  nâo  ignora- 
mos que  a  indústria  da  tanoaria  não  chegou  ainda  ao  grau  de  aper- 
feiçoamento necessário  para  produzir  décimos  ou  quintos  com  medi- 
ção exacta:  mas  daí  a  fabricá-los  com  capacidades  que  oscilam  entre 
10  e  2õ  litros,  a  antiga  medida  do  ahniide  do  Xorte,  liá  uma  grande 
diferença  que  deve  ser  corrigida  e  certamente  redundará  em  benefi- 
cio do  exportador. 

Ultimamente  no  Congresso  das  Associações  Comerciais,  Indus- 
triais e  Câmaras  de  Comércio,  realizado  em  Paris  em  Junho  do  1914, 
ventilou-se  a  questão  das  sabsistências  e  na  parte  referente  a  pesos 
e  medidas,  discuiiu-se  seriamente  qual  a  forma  mais  prática  de 
levar  a  efeito  a  coibiçâo  dos  frequentes  abusos  na  apresentação  de 
muitos  produtos  com  peso  ou  capacidade  menor  do  que  a  acusada 
nos  envoltórios  ou  recipientes.  Alguns  dos  relatórios,  discutidos  e 
votados  na  sua  generalidade,  apresentavam  a  fjuestão  com  uma  fei- 
ção muito  diversa  daquela  por  que  até  aquela  data  tinlia  sido  en- 
carada. 

Os  termos  falsificação  ou  fraude,  não  sâo  só  aplicáveis  aos  pro- 
dutos imitados,  preparados  clandestinamente  com  outras  substâncias 
nocivas  ou  Jião  e  expostos  à  venda  com  rótulos  semelhantes,  ou 
mesmo  que  estabeleçam  confusão  com  os  verdadeiros:  estendem-se 
também  a  todos  os  produtos  que  forem  expostos  à  venda  com  peso 
ou  capacidade  menor  do  que  aquela  designada  nos  envoltórios  ou 
no  vasilliame  e  que  só  tende  a  lesar  directamente  o  verdadeiro  con- 
.sumidor. 


235 


Em  todos  os  países  existem  leis,  mais  ou  menos  repressivas,  e 
c|UO  podem  ter  fácil  aplicação  no  presente  caso. 


Os  nossos  vinhos  engarrafados,  principalmente  os  licorosos,  alem 
de  sofrerem  do  mesmo  mal  comum,  a  f ais ip' cação,  teem  ainda  contra 
si  a  maneira  como  são  oferecidos  no  mercado.  Há  marcas  consagra- 
das de  longa  data,  e  o  processo  usado  para  a  sua  apresentação,  está 
acima  de  toda  e  qualquer  crítica,  mas  quando  um  exportador  so 
propõe  iniciar  transacções  com  o  Brasil,  lançando  novas  marcas  no 
consumo,  o  caso  é  verdadeiramente  assombroso  e  carece  de  ser  ana- 
lisado. O  nosso  caixeiro  viajante,  ao  contrário  dos  seus  concorrentes 
franceses,  italianos  e  espanhóis,  não  necessita  apresentar  amostras 
dos  vinhos,  bastam-lhe  volumosos  álbuns  com  rótulos  de  fantasia  e 
malas  com  variados  objectos  próprios  para  brindes.  Percorre  as 
casas  importadoras  e  folheia  os  álbuns  onde  se  ostentam  verdadei- 
ros mimos  tipo-litográíicos.  Escolhidos  os  rótulos  de  entre  os  mais 
vistosos,  e  muitas  vezes,  representando  imagens  sacras,  debate-se 
então  o  preço  que  nunca  deverá  exceder  para  o  nosso  Porto,  escu- 
dos 2S50  cif.  Rio.  Alguns  anos  atraz,  era  de  2$00  escudos  o  máximo 
por  caixa ;  da  qualidade  do  vinho  não  se  faz  questão.  Toda  a  aceita- 
ção dependerá  do  rótulo  e  do  seu  módico  preço.  Designam-se  comer- 
cialmente como  vinhos  de  combate. 

Ora,  deduzindo-se  de  2$50  escudos,  o  custo  do  frete  que  regu- 
la, actualmente,  entre  70  e  80  centavos  por  caixa,  para  o  Rio  de 
Janeiro  (para  o  Rio  Cirande  do  Sul,  já  é  de  ISCO  escudo),  temos 
que  acrescentar-lhe  o  custo  da  caixa,  das  garrafas,  palhoes,  ro- 
lhas, cápsulas,  rótulos,  pregos,  percintos,  etc,  e  ainda  todo  o  tra- 
balho de  engarrafamento,  rolhagem  e  demais  operações  inerentes, 
calculado  muito  por  baixo,  em  ISIO  por  caixa,  o  que  perfaz  ÍS80, 
juntando-lhe  ainda  o  transporte  terrestre  e  íiuvial  até  ao  va- 
por, despacho,  factura  consular  e  seguro,  não  estamos  longe  de 
2$00  escudos.  Quanto  resta  para  os  8  litros  que  deve  conter 
cada  caixa?  Apenas  50  centavos,  ou  sejam  seis  centavos  e  meio  por 
litro!  Nestas  condições,  o  vinho  da  nossa  região  duriense,  se  por- 
ventura provêm  daquela  região,  a  um  preço  tão  reduzido,  não  pode 


236 


ter  nem  a  velhice  nem  o  preparo  característico  do  nosso  precioso 
vinho  do  Porto;  apresenta-se,  na  verdade,  muito  límpido  à  chegada, 
conservando  essa  limpidez  por  algum  tempo,  devido  sem  dúvida, 
aos  processos  de  clarificação  a  que  é  submetido. 

Consta  nesta  praça,  que  os  exportadores  do  Porto,  efectuaram 
em  Junho  do  corrente  ano,  uma  reunião  em  que  acordaram  unani- 
memente, em  nâo  realizar  de  futuro,  embarques  de  vinhos  a  preços 
inferiores  a  3S00  escudos.  A  opinião  geral,  porem,  estava  toda  incli- 
nada para  que  se  estabelecesse  o  de  3$50.  Pouco  tempo  durou 
esse  acordo,  pois  que,  as  remessas  a  preço  reduzido,  continuam  a 
aparecer  no  mercado. 

O  jjrocesso  dos  brindes,  a  nosso  vêr,  também  nâo  é  dos  mais 
adequados  a  uma  boa  e  inteligente  propaganda,  porque  nâo  vai  be- 
neficiar o  consumidor  directo  do  vinho  que  nâo  tem  posses  para 
comprar  uma  caixa  completa;  aproveita  somente  ao  importador  e  ao 
seu  pessoal,  e  nâo  é  raro  encontrar  pessoas  na  posse  de  um  ou  mais 
Ijrindes  que  nem  sequer  provaram  o  referido  vinho.  Nâo  seria  mais 
conveniente  estabelecer  bónus  ou  descontos,  ou  mesmo  prémios  pe- 
cuniários aos  maiores  importadores,  consoante  a  importância  das 
suas  transacções?  Esta  opinião  vai  ganhando  terreno  e  é  um  caso 
que  merece  um  sério  estudo  por  parte  dos  exportadores. 

E  nâo  seria  também  já  tempo  de  moralizar  a  nossa  exporta- 
ção de  vinhos  para  o  Brasil?  Para  isso  o  Governo  pode  concorrer  po- 
derosamente, desde  que  nâo  consinta  que  se  exporte  vinho  do  Porto, 
que  o  nâo  seja,  e  vinho  verde  novo  embarcado  em  Outubro.  Isto 
compete  aos  Poderes  Públicos,  mas  a  iniciativa  particular,  muito 
tem  que  fazer,  também,  por  sua  parte. 

A  viti-vinicultura  portuguesa,  tem  lugar  de  destaque,  como 
ficou  demonstrado,  na  nossa  exportação  para  o  Brasil,  contribuindo 
anualmente  com  um  poderoso  contingente  para  o  equilíbrio  da  nossa 
Ijalança  comercial.  A-pesar-de  ocuparmos  uma  posição  invejável, 
necessitamos  melhorar  comercialmente  e  assim  obteremos  maior 
amplitude.  Com  esse  intuito,  e  dada  a  complexidade  do  assunto, 
fomos  forçados  a  alongarmo-nos  nos  preliminares  do  26.°  questio- 
nário do  nosso  inquérito,  que  trata  de  bebidas  alcoólicas  em  geral  e 
que  compreende  os  15  quesitos  que  seguem : 


2B7 


QUESTIONÁRIO 

1."  De  que  forma  V.  Ex."'  jidga  se  poderia  dar  maior  incremento 
á  exportação  dos  vinhos  portiujueses  para  o  Brasil  ? 

Externamos  as  seguintes  opiniões  divergentes  : 

1."  Solicitar  do  Governo  Brasileiro,  redução  nas  taxas  alfan- 
degárias, para  vinhos  de  mesa  e  licorosos,  utilizados  nâo  só  como 
bebida,  mas  tam])êm  em  diversos  preparados  farmacêuticos  o  trata- 
mentos médicos. 

Esta  redução,  nâo  afectaria  a  renda  aduaneira,  pois  que  aumen- 
taria o  consumo,  por  conseguinte,  a  importação;  e  esse  aumento 
compensaria  aquela  redução.  Os  vinhos  nacionais  também  nâo  fica- 
riam prejudicados  por  serem  de  composição  mui  diversa  dos  nossos, 
devido  às  condições  climatéricas  e  geológicas  do  País. 

2.°  Estudar  previamente  todo  o  mercado  brasileiro;  adoptar  e 
fixar  tipos,  consoante  o  gosto  do  consumidor,  e  manter  esses  tipos 
conforme  já  o  fazem  alguns  exportadores,  náo  impondo  a  todas  as 
praças  a  mesma  qualidade.  Cada  Estado  tem  uma  certa  ou  determi- 
nada preferência  por  este  ou  aquele  tipo. 

3.°  Regularizar,  por  forma  que  nâo  afecte  interesses,  a  capaci- 
dade do  vasilhame,  tanto  do  madeira  como  de  vidro. 

4.**  Estabelecer  em  Portugal,  nos  portos  de  embarque,  uma 
rigorosa  fiscalização  oficial,  nâo  permitindo  a  saída  de  produtos  de 
que  nâo  se  possa  garantir  a  procedência  e  genuinidade,  evitando 
assim  a  exportação  de  vinhos  licorosos  de  preço  inferior  aos  de  mesa. 
Essa  fiscalização  estender-se-hia  também,  à  observância  da  capaci- 
dade do  vasilhame. 

Para  a  consecução  deste  alvitre,  lembram  alguns  importadores 
a  criação  de  uma  Repartição  Oficial,  com  plenos  poderes  para  fixar 
os  tipos  de  exportação  e  onde  os  exportadores  fossem  obrigados  a 
depositar  amostras  cingindo-se  a  esses  tipos  nos  seus  embarques. 
A  fiscalização  abrangeria  também  os  armazéns  ou  depósitos  e,  para 
garantia  dos  produtos,  criar-se-hiam  selos  segundo  as  qualidades  om 
tipos.  A  receita  cobriria  a  despesa  de  fiscalização  e  seria  ainda  uma 
garantia  para  os  mercados  consumidores,  atenuando  um  pouco  a 
falsificação  de  todos  os  nossos  vinhos. 

5."  Finalmente,  a  propaganda  inteligentemente  orientada  de 
maneira  que,  se  fizesse  salientar  que  os  vinhos  portugueses  sâo  in- 


238 


comparáveis  com  os  de  qualquer  outra  procedência;  já  duas  com- 
panhias o  tentaram  fazer,  porém  atribuiu-se  ao  propagandista  um 
carácter  político,  que  desvirtuou  por  completo  os  seus  fins.  Demais, 
uma  tentativa  desta  ordem,  para  ter  elementos  de  êxito,  deveria 
contar  com  o  auxílio  do  Governo  Português  e  de  toda  a  colónia, — 
despertado  nesta,  o  sentimento  sagradamente  patriótico,  e  fulmi-' 
nado,  o  politico.  A  propaganda  deveria  começar  por  fazer  conhe- 
cer os  maravilhosos  e  ricos  vinhos  de  pasto,  que  se  cultivam  na 
privilegiada  região  duriense,  pois,  é  sabido,  que  táo  famoso  pro- 
duto, náo  logrou  ainda  ser  conhecido,  nâo  diremos  já  pelos  portu- 
gueses, mas,  o  que  é  ainda  mais  frisante,  pelos  próprios  filhos  da 
região  aqui  domiciliados  desde  a  infância. 

Actualmente  julgam-se  improfícuos  quaisquer  esforços  que, 
para  os  fins  indicados  se  empreguem,  em  virtude  da  situação  eco- 
nómica do  país.  Deve,  entretanto,  predominar  de  momento  a  má- 
xima preocupação  para  que  nâo  percamos  a  posição  que  temos  con- 
quistado e  para  tal  se  conseguir,  deverá  haver  por  parte  dos  nossos 
exportadores  um  carinho  muito  mais  acentuado  pelos  mercados  bra- 
sileiros, que  eles  na  sua  maioria,  desconhecem,  como  o  provam  con- 
tinuamente pelo  sistema  que  sempre  seguiram  e  ainda  seguem. 

2.^  Será  conveniente  adoptar  medidas  enérgicas  no  sentido  de 
coibir  a  falsificação  dos  vinhos,  e  quais  as  providências  que  se  devem 
tomar? 

Todas  as  respostas  obtidas,  na  sua  essência,  condenam  aspera- 
mente a  falsificação;  porém,  como  sucede  no  quesito  anterior,  diver- 
gem as  opiniões  sobre  a  forma  de  a  coibir. 

Primeiro,  é  necessário  distinguir  as  imitações  das  falsificações 
e  ainda  analisar  as  que  se  fazem  no  país  de  origem  e  as  que  se  'pre- 
param aqui. 

Para  as  imitações  de  vinhos,  sobretudo  licorosos  ou  finos,  que 
se  fazem  em  Portugal,  a  ponto  de  se  exportarem  actualmente  vinhos 
do  Porto  a  Esc.  2^50  cif  Rio,  por  caixa  de  12  garrafas,  deve  exigir-se 
a  mais  enérgica  repressão  por  parte  do  Governo  Português.  Náo  se 
encontra  outra  solução. 

Por  obstar  a  venda  de  vinhos  do  Porto  de  falsas  origens  (espa- 
nhóis por  exemplo),  há  ainda  a  influência  diplomática  entre  os  dois 
países,  e  a  fiscalização  aqui  por  parte  das  nossas  autoridades,  que 
pelo  menos  terão  o  direito  de  denunciar  a  fraude  às  autoridades 
brasileiras. 


•2;w 


Com  respeito  às  iuiit,a(;ôes,  falsificações,  desdobramentos  e  adul- 
terações executadas  aqui,  o  assunto  é  tâo  complexo,  que  mesmo 
muito  sucintamente  caberá,  nos  naturais  limites  de  um  (luestiona- 
rio.  As  falsificações  de  vinhos  engarrafados  náo  devem  ser  de  grande 
prejuízo,  porque,  embora  se  façam,  sâo  em  pequena  escala,  aprovei- 
tando-se  as  garrafas  originais  com  os  competentes  rótulos,  o  enca- 
rando-se  bem  a  questão,  é  quási  uma  glorificação  das  marcas  que  se 
pretende  imitar. 

O  facto  mais  grave  é  a  falsificação,  o  desdobramento  e  a  adul- 
teração dos  vinhos  de  mesa,  verde  e  virgem.  Todos  o  conhecem,  todos 
sabem  onde  essas  operações  se  executam,  mas  ningUêm  se  abalança 
a  apontá-las:  e  quem  ousaria  dar  publicidade  a  tal  procedimento? 
Todos  fazem  acusações,  criticam  asperamente  o  próximo,  é  verdade, 
mas  como  existem  outros  interesses  comerciais  muito  ligados  e  uma 
certa  camaradagem,  muito  natural,  entre  o  comércio  importador,  o 
facto  não  passa  de  simples  comentário.  Outro  tanto  sucede  no  país 
de  origem;  os  exportadores  guerreiam-se  no  mesmo  sentido,  mas 
como  os  interesses  comerciais  também  se  acham  ligados,  a  conclu- 
são é  a  mesma.  O  desdobramento  e  desabusado  emprego  da  vinoline 
e  outras  drogas,  tais  como  sâo  feitos,  livremente  de  porta  aberta  e 
na  parte  mais  central  da  Capital,  alêm  de  atentatórios  às  leis  que 
regulamentam  as  sul)sistências  alimentares,  por  conseguinte  preju- 
diciais à  Saúde  Pública,  afectam  também  gravissimamente  os  inte- 
resses dos  nossos  exportadores  e  provocam  o  descrédito  da  nossa 
vinicultura. 

Torna-se  portanto,  indispensável  que,  os  Covernos  dos  países 
produtores,  estudem  de  acordo  com  o  do  Brasil  (que  também  é  pro- 
dutor e  está  sujeito  à  mesma  fraude),  leis  repressivas  contra  a  falsi- 
ficação em  geral,  e  que  possam  facilmente  ser  postas  em  prática, 
garantindo  ao  consumidor,  o  produto  tal  qual  é  importado.  No  en- 
garrafamento c  venda  a  retalho,  que  é  impossível  impedir,  e  onde 
também  campeia  a  fraude,  só  uma  fiscalização  permanente,  como  se 
faz,  por  exemplo  para  o  leite,  colhendo  amostras  nos  retalhistas  e 
mesmo  em  casa  do  próprio  consumidor,  a  fim  de  serem  submetidas 
à  análise.  Certamente  que  a  importância  das  multas  cobriria  a  des- 
pesa da  fiscalização.  O  momento  não  pode  ser  mais  favorável,  pois 
que,  a  provei tar-se-hia  a  excelente  disposição  do  Ex.'"**  Sr.  Director 
de  Laboratório  Nacional  de  Análises,  todo  inclinado  em  nosso  favor. 

Ainda  nos   foi  alvitrada  outra  forma  de  terminar  com  os  des- 


240 


dobramentos :  a  importação  única  e  exclusiva  de  vinlios  engarrafa- 
dos. Este  alvitre  tem  sido  já  largamente  debatido.  Consiste  em  pedir 
ao  Governo  Brasileiro,  sem  rodeios  e  persistentemente,  que  o  Con- 
gresso decrete  um  aumento  de  direitos  aduaneiros,  três  ou  quatro 
vezes  superiores,  para  todos  os  vinhos  eneascados  e  a  redução  de  50 
a  60  "/o  para  os  engarrafados.  Assim,  dizem  os  apologistas  desta 
ideia,  feriamos  os  vinlios  muito  mais  puros  do  que  em  barris,  e  da- 
ríamos maior  desenvolvimento  à  nossa  indústria  vidreira  e  aprovei- 
tar-se-hia  também  na  caixo faria,  a  madeira  de  produção  nacional, 
nâo  havendo  necessidade  de  importá-la. 

Demais,  segundo  recentes  informações,  e  a  prolongar-se  por 
mais  alguns  meses  a  conflagração  europeia,' nâo  liaverá  dentro  em 
pouco  em  Portugal,  mais  aduelas  para  cascaria. 

Convêm  frisar  que  muito  vinho,  já  vem  preparado  da  origem, 
a  pedido  do  importador,  para  poder  ser  desdobrado.  S(>  o  engarrafa- 
mento e  o  selo  de  garantia,  já  apontado  no  anterior  quesito,  poderão 
terminar  de  vez  com  a  falsicaçâo. 

3."  Ainda  existe  no  B7'asiJ,  a  consignação  ou  a  venda  à  comis- 
são dos  vinhos  portugueses? 

Ainda,  mas  está  muito  reduzida,  e  é  somente  adoptada  por  um 
ou  outro  exportador  que  nâo  tem  agente  ou  correspondente  na 
praça.  Geralmente  sâo  exportadores  inexperientes  c  que  procuram 
unicamente  vender  por  qualquer  preço  e  sem  conhecimento  prévio 
das  exigências  do  mercado. 

4.°  Na  afirmativa,  qual  o  processo  a  empregar,  para  que  cesse 
de  pronto  tão  pernicioso  meio  de  negociar? 

Há  três  modos  de  encarar  a  consignação: 

1.°  A  desordenada,  que  se  fazia  antigamente  para  todos  os 
produtos  portugueses,  abarrotando  o  mercado  e  provocando  contí- 
nuos leilões  de  mercadorias  abandonadas  na  Alfândega,  em  que 
predominavam  os  nossos  vinhos.  Todos  os  exportadores  sofreram 
bem  graves  prejuízos. 

2.°  A  consignação  como  ainda  se  faz  para  vários  géneros,  por 
caixeiros  viajantes  inexperientes  que  só  querem  vender^  colocando 
produtos  por  todas  as  maneiras,  impondo-os  mesmo  por  meio  de 
recomendações,  de  que  resulta  muitas  vezes,  o  abandono  ou  endosso 
dos  conhecimentos  por  parte  do  consignatário. 

S.**  A  consignação,  ou  vendas  à  comissão,  que  lioje  se  fazem 
licitamente   por  intermédio  de  agentes  ou  comissários,  que  se  limi- 


241 


tain  a  rocebor  uma  pequena  comissão  sobre  as  vendas,  estipulada 
pelo  exportador.  É  este  até  um  excelente  meio  para  a  expansão  dos 
nossos  produtos. 

5.°  A  variada  capacidade  do  vasilhame  português,  afecta  a  «-./;- 
pansào  comercial  do  produto? 

Afecta,  e  muito.  Principalmente,  porque,  nao  havendo  unifor- 
midade na  capacidade  dos  barris,  também  a  nao  pode  haver  nas 
cotaçóes ;  e  daí,  uma  tangente,  onde  nao  raro  sossobra  a  boa  fé  do 
comprador:  ]mra  os  despachos  aduaneiros  também  sucede  haver 
sempre  diferenças,  contestações,  etc,  etc. 

6.°  Qual  deveria  ser  a  capacidade  única  dos  barris,  conhecidos 
no  mercado  por  quintos,  décimos  e  vigésimos? 

A  capacidade  única,  devenl  ser  a  pipa  de  500  litros  com  as 
fracções  de  100  litros  para  quintos,  50  para  décimos  o  25  para  os 
vigésimos. 

7.°  Qual  a  capacidade  uniforme  para  as  garrafas,  meias  garra- 
fas, botijas,  garrafões  e  outras  vasilhas? 

Para  vinhos  de  qualquer  qualidade,  O', 66  (sessenta  e  seis  centi- 
litros),  ou  sejam  8  litros  por  dúzia  de  garrafas.  Esta  medida  tem 
a  sua  razão  de  ser;  o  imposto  de  consumo  que  vigora  desde  4  de 
Março  último,  fixa  o  limite  máximo  da  capacidade  das  garrafas. 
Até  666  gramas  de  líquido,  o  imposto  é  de  120  réis  para  vinlios  fi- 
nos, e  60  réis  para  os  de  mesa.  Excedendo  aquele  peso,  180  réis  para 
os  primeiros  e  90  para  os  segundos. 

Para  aguardente  tipo  Cognac,  Vermute,  amargos,  tónicos  e 
aperitivos,  garrafas  de  1  litro. 

Botijas,  de  meio  e  um  litro.  Os  garrafões  estão  em  desuso. 

8."  E  V.  Ex."'  de  parecer  que  por  intermédio  das  Associações 
Coynerciais  Portuguesas  se  solicite  do  Governo  um  decreto  com  jorra  de 
lei  que  obrigue  o  exportador  a  utilizar  nas  suas  transacções,  um  tipo 
único  de  vasilhame  com  a  medida  exacta  que  se  determinar? 

Todos  os  importadores  consultados,  estão  no  mais  perfeito 
acordo,  para  que  se  promulguem  leis  obrigando  os  exportadores  a 
garantirem  a  capacidade  legal  do  vasilhame.  Nota-se  porem,  já  em 
alguns,  uma  certa  descrença  na  solução  de  tâo  capital  mellioria  que 
só  poderia  firmar  os  bons  créditos  dos  géneros  portugueses.  Aos 
reiterados  pedidos  do  comércio,  pouco  ou  nada  se  tem  adiantado. 
Por  ocasião  da  visita  de  estudo  ao  Brasil,  do  Ex.'""  Sr.  Mário  de 
Carvalho,  Delegado  da  Associação  Comercial  de  Lisboa,  foi-lhe  ca- 
ie 


242 


balmente  demonstrado  quanto  era  prejudicial  para  o  nosso  país,  o 
processo  de  transaccionar  dos  exportadores  portugueses.  S.  Ex.** 
prometeu  estudar  o  assunto  e  submetê-lo  mesmo  à  apreciação  da 
Direcção  daquela  prestimosa  colectividade;  assim  o  fez,  apresen- 
tando um  conciso  relatório,  mas  infelizmente,  tudo  quanto  foi  acon- 
selhado naquele  magnífico  trabalho,  ainda  está  por  fazer.  Já  se  diri- 
giu, há  pouco,  um  apelo  directo  ao  Governo.  Conseguirá  o  comércio 
importador,  ver  resolvida  uma  das  suas  aspirações?  A  dúvida  per- 
dura. 

9.''  Qual  o  prazo  que  se  deveria  estabelecer  nesse  decreto,  para  os 
exportadores  darem  escoamento  ao  «stock»  de  vasilhame? 

Seis  meses ;  quando  muito  e  segundo  o  siock  existente,  um  ano^ 
mas  nâo  é  provável  que  haja  assim  tanto  vasilhame  armazenado; 
esse  prazo  também  permitiria  o  esgotamento  da  mercadoria  exis- 
tente na  praça. 

10.*'  Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  os  vinhos,  por  litro  ou 
garrafa,  calculadas  todas  as  despesas  até  à  entrada  do  produto  no  arma- 
zém do  importador? 

Vinhos : 

Biter,  Amer-picon,  fernets,  vermute  e  bebidas  semelhantes : 

Por  quilogr. 

Em  cascos $500 

Em  quaisquer  outras  vasilhas $300 

Champagne  e  outros  espumosos 1$600 

Nâo  especificados :  até  14  graus : 

Em  cascos $240 

Em  quaisquer  outras  vasilhas $220 

De  mais  de  14  graus  até  24: 

Em  cascos $500 

Em  quaisquer  outras  vasilhas $300 

De  mais  de  24  graus : 

Em  cascos $600 

Em  quaisquer  outras  vasilhas $400 


•243 


Bebidas  espirituosa)^ : 
(fcnebra: 

Por  quilOgf. 

Em  cascos $800 

Edi  (i[naisiiuor  outras  vasilhas $400 

Aguardentes — Tipo  Cognac  e  semelhantes: 

Em  cascos 1S500 

Em  quaisquer  outras  vasilhas 1^300 

O  pagamento  destas  taxas  efectua-se  da  seguinte  forma :  35  **/q 
em  ouro  e  65  Vo  <^Da  papel.  Incide  mais  2  7o  ouro  para  melhora- 
mentos ,do  porto,  e  para  todas  as  bebidas,  há  a  acrescentar  as  verbas 
destinadas  à  Assistência  Pública,  Intendência  e  Santa  Casa  da  Mise- 
ricórdia, além  dos  impostos  do  consumo,  aumentados  pelo  Dec. 
n.**  11:511  de  4  de  Março  de  1915,  e  que  sâo  os  seguintes: 

Bebidas  alcoólicas  em  geral :  litro,  300  réis ;  garrafa,  200  róis ; 
meio  litro  150  réis  e  meia  garrafa,  100  réis. 

Vinhos  estrangeiros : 

Até  14  graus  :  por  litro,  90  réis;  por  garrafa,  60  réis;  meio  li- 
tro, 45  réis  e  meia  garrafa,  30  réis. 

De  mais  de  14  graus  até  24:  por  litro,  180  réis;  garrafa, 
120  réis ;  meio  litro,  90  réis  e  meia  garrafa,  60  réis. 

De  mais  de  24  graus :  por  litro,  300  réis ;  por  garrafa,  200  réis ; 
por  meio  litro,  150  réis ;  meia  garrafa,  100  réis. 

Champagne  e  outros  espumosos :  litro,  600  réis ;  garrafa,  400 
réis ;  meio  litro,  300  réis  e  meia  garrafa,  200  réis. 

Damos  a  seguir  diversas  fórmulas  de  despacho  para  bebidas, 
demonstrando  quanto,  de  facto,  a  mercadoria  paga  de  direitos  por 
unidade : 


244 


Fórmula  de  um  despacho  para  vinhos  de  mesa,  encascados 

Cincoenta  barris  de  quinto,  contendo  vinho  até  ca- 
torze graus,  pesando  líquido  quatro  mil  cento  e 
vinte  nove  quilos. 

Eazâo  50  7o  — 4:129  quilos  a  240  réis 990S960 

Estatística S500 

Melhoramentos  do  porto 39$630 

Santa  Casa 61  $930 

Intendência 23S220 

Assistência 6$960  92$110 

Réis     ....        1:123S200 

Ouro  2  7o     ...      .  39$630 

35  7o  ouro   ....  346$830 

386S460  =  745$300  (taxa  14  d.  actual) 
Papel 736$740 

1.482S040 

Selos  (90  réis) 371$580 

Capatazias 34$120  (sobre  o  peso  bruto) 

Análise 20S000 

Despacho  e  estampilhas   ....  17$300 

Carreto 30$000 

Réis 1:955$040 

Despesa  por  cada  quinto 39S100 

Despesa  por  cada  litro  ou  quilograma S475 

Este  despacho  é  realizado  sobre  água  e  não  paga  armazenagem. 


245 


Fórmula  de  um  despacho  para  vinhos  de  mesa,  engarrafados 

Cem    caixas  de  vinlio   até   catorze  graus  de  força  al- 
coólica, pesando  bruto  mi]  seiscentos  quilos.' 

Eazâo  50  7o  — 1:600  quilos  a  220  réis 35-?S000 

Estatística *  ^ 

Ouro.  2  0/^  (M.  do  porto) [      \      ]      \  ,'^Z 

^"f"^^-     ' 20S000 

^^^^^  ^^^^^ 12S000 

Intendência ^^^qq 

Assistência  Pública IC535O  j^gg-Q 

^éis     ....  404S930 

^''^0  2% j^g^gQ 

*     '^^  ^/o 122S200 

137S280 
^^ 267S650  404S930 

Ouro:137S280réisalS800 247S100 

Papel ... 

aj      ,                 '' 267S650 

belos  de  consumo  (60  réis)      .      .  79S000 

Despacho  e  agência '.      ]      [      ]  msOO 

v^arreto     . 

20S000 

Réis     ....  619S050 

Despesa  por  cada  caixa     ....  6S190 

Despesa  por  garrafa g5][g 

Um  despacho  de  cem  caixas  de  vinho  até  24  graus  (direitos 
ÕUU  reis  por  quilograma,  as  mesmas  percentagens  de  ouro  e  mais 
despesas)  860SOIO  ou  sejam  8S650  réis  por  cada  caixa  ou  720  r  s 
por  garrafa. 


246 


Um  despacho  de  vinho  espumoso  (direitos  de  1$600  por  quilo, 
as  mesmas  percentagens  ouro  e  mais  despesas)  5,414S320  Ou  sejam 
54$143  réis  por  caixa  e  4^510  por  garrafa. 

O  Vermute,  quinados  e  aperitivos,  pagam  o  mesmo  direito  que 
o  vinho  licoroso,  apenas  a  diferença  consiste  na  garrafa  ser  maior 
(um  litro)  e  o  selo  de  consumo,  de  300  réis. 

11.''     Quais  as  condições  de  venda  na  praça  do  Rio  de  Janeiro? 
O  geral  é  a  120  d/d,  da  factura.  Há,  porém,  excepções;  fazem-se 
pagamentos  a  30  dias  com  descontos  que  variam. 

12."  Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  efe.  ? 
CIF,  é  a  forma  preferida,  e  a  que  deve  prevalecer  de  futuro. 
Por  emquanto,  dada  a  anormalidade  da  situação,  os  nossos  exporta- 
dores vêem-se  na  contingência  de  fornecerem  cotações  FOB  por 
nao  poderem  contar  com  as  empresas  de  navegação  que  quási  men- 
salmente aum.entam  o  preço  dos  fretes,  concorrendo,  e  muito,  para 
a  paralizaçâo  momentânea  que  se  nota  nas  transacções. 

13.°  Não  lhe  parece  conveniente  que,  a  exemplo  do  que  jazem 
outras  nações,  os  exportadores  portugueses,  enviem  ao  Brasil  caixeiros 
viajantes  habilitados  e  bem  remunerados? 

Existem  duas  correntes  completamente  contraditórias :  em- 
quanto alguns  importadores  sâo  de  opinião  que  o  caixeiro  viajante, 
representante,  propagandista  ou  mesmo  o  próprio  exportador,  devem 
fazer  periódicas  visitas  aos  seus  fregueses,  outros,  sao  absoluta- 
mente contra  a  vinda  de  caixeiros  viajantes  que,  na  prática,  teem 
dado  os  mais  nefastos  resultados.  A  razão  é  a  seguinte:  «Os  via- 
« jantes  que  aqui  teem  vindo,  longe  de  trabalharem  por  forma  a  pre- 
« pararem  um  futuro  de  prosperidades  para  os  vinhos  portugueses, 
« teem  pelo  contrário,  inutilizado  todo  o  esforço  empregado  nesse  sen- 
«tido  pelas  casas  do  género  aqui  estabelecidas.  No  afan  de  vender, 
« olhando  apenas  para  o  presente  e  desprezando  por  completo  o  fu- 
«turo,  fazem  negócios  a  torto  e  a  direito;  vendem  qualquer  quanti- 
«dade  e  a  qualquer  casa,  como  é  fácil  de  verificar  pelos  manifestos, 
«  onde  aparecem  partidas,  até  de  cinco  quintos  de  vinho !  Pelas  mar- 
«cas  se  verifica,  que  os  compradores  sâo  casas  inteiramente  estra- 
«nhas  ao  negócio  de  vinhos,  tais  como:  alfaiatarias,  casas  de  cal- 
*çado,  etc,  quando  nao  sâo  mesmo,  simples  particulares.  Ora,  é 
«facilmente  compreensível  que,  dadas  estas  condições,  os  negocian- 
« tes  de  vinhos  <?  com  as  suas  searas  tão  deslealmente  invadidas » , 
«impossibilitados  de  negociarem  em  vinhos  portugueses,  procurara 


247 


<  substitui-los  do  outras  procedências,  onde  os  processos  de  negociar 
«sejam  mais  criteriosos.» 

Postas  de  parte,  considerações  que  visam  simplesmente  a  cai- 
xeiros viajantes,  muitas  vezes  sem  a  devida  prática  comercial  das 
praças  brasileiras,  a  vinda  de  representantes  idóneos,  ou  dos  pró- 
prios exj)ortadores,  negociantes  ou  directores  das  nossas  companhias 
vinícolas,  impóc-so,  embora  tenham  aqui  já  representantes  ou  co- 
missários especiais.  Alguns  dos  nossos  exportadores,  em  maior  es- 
cala, já  assim  procedem,  e  parece  que  teem  colhido  magnííicos  re- 
sultados. Orientam-se  do  forma  a  melhorarem  os  seus  produtos,  e 
estudam  no  local,  a  maneira  mais  prática  de  satisfazerem  as  exigên- 
cias, sempre  crescentes,  dos  mercados  consumidores  em  face  da 
grande  concorrência  dos  outros  países. 

14:.°  Não  acha  V.  Ex."'  que  se  deveria  aconselhar  os  exportadoi-es 
portugueses  a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  paga- 
mento? 

E  indispensável  que  acompanhem  a  forma  de  pagamento  habi- 
tualmente estabelecida  para  a  maioria  dos  produtos,  mas  muitos  ex- 
portadores nao  poderão  realmente  adoptá-la,  pela  dificuldade  de  rea- 
lizai-em  o  desconto  dos  saques  emitidos  a  120  dias.  A  solução  desta 
diíiculdade,  que  será  afinal  uma  das  mais  importantes,  depende  de 
factores  muito  complexos,  e  repousa  sobre  o  problema  do  nosso  re- 
gime iDancário. 

lõ.°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex/'  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Que  haja  o  maior  escrúpulo  por  parte  dos  exportadores  na  es- 
coUia  das  casas  depositárias  da  praça. 

Terminar  de  vez  com  embarques  simulados,  o  que  também  ó 
da  competência  do  nosso  Governo  zelar,  náo  permitindo  o  vicia- 
mento  das  facturas.  Desacreditam  o  importador,  e  o  negociante  que 
nâo  se  utiliza  de  semelhante  processo  está  da  mesma  forma  sujeito 
aos  vexames  de  toda  a  espécie,  nas  Repartições  Aduaneiras  onde  o 
funcionalismo,  aliás  muito  competente,  tem  uma  única  preocupação, 
—  descolorir  a  fraude.  Há  ainda  um  outro  grave  inconveniente,  que 
é  necessário  tomar  em  devida  consideração :  desmoraliza  por  com- 
pleto o  nosso  comércio  de  exportação. 


248 


Para  levarmos  a  efeito  o  presente  estudo,  tivemos  de  consultar 
os  principais  importadores  e  representantes  ou  comissários  da  praça, 
os  srs. :  ^4.  X.  Alhadas:  Almeida,  Siemann  &  C."",  Álvaro  de  Barros 
&  C";  Artur  Galião  &  Seixas;  Augusto  Constante  &  C."';  Camilo 
Mourão  &  C.-^ ;  Carlos  Taveira  <&  C."",  Carvalho  Rocha  &  C."' :  Coelho 
Marfins  &  Cf'';  Correia  Pinto  &  C.*;  Correia  Ribeiro  &  C."-;  Delfim 
Coelho  &  C."' ;  Ferraz  Irmão  &  O.";  Q.  Afonso  &  C";  Guimarães,  Ir- 
mão d'  C."' ;  Gonçalves  Zenha  &  C."";  Henrique  Santos  &  C."';  J.  F. 
Santos  &  C."';  Joaquim  Fernandes  &  C."';  José  Constante  &  C."";  Júlio 
Barbosa  &  Cf'';  Macedo  Júnior  &  Cf^ ;  Mourão  &  C."';  Oliveira  Lopes, 
Silva  &  Cf^;  Souza  Fernandes  &  Cf';  Teixeira  Borges  &  Cf  e  Zenha 
Ramos  &  Cf. 

Nem  todas  estas  firmas  poderam  fornecer-nos  elementos,  umas 
por  motivo  de  seus  chefes  estarem  ausentes  e  outras  por  falta  de 
tempo. 


Questionário  n."  28 

II  —  Cercais,  farinhas  e  grãos  alimentícios. 

1.     Feijão  e  favas. 


No  agrupamento  subordinado  a  cereais,  farinhas  e  grãos  altmen- 
ticios,  tem  Portugal  também  lugar  em  evidência,  particularmente  no 
artigo  443.**  da  classificação  referente  aos  produtos  da  família  das 
leguminosas :  o  feijão  e  a  fava.  O  forte  da  nossa  exportação,  é  para 
os  dois  portos  extremo  norte  do  Brasil:  Pará  e  Manaus. 

Pelo  porto  do  Rio  de  Janeiro  a  importação  limita-se  apenas  a 
feijão  branco  em  pequena  quantidade,  e  em  maior  escala,  ao  frade, 
reputado  o  nosso,  um  dos  melhores  que  vêem  ao  mercado,  pois  que, 
sendo  de  custo  superior  ao  francês,  italiano  e  chileno,  tem  a  prefe- 
rência sobre  todos. 


249 


Todas  as  legiimhiofías,  excepto  a  fava,  teem  produção  abundan- 
tíssima nos  Estados  sul  do  Brasil,  liavendo  daas  colheitas  anuais; 
ainda  assim,  o  consumo  é  muito  superior,  como  se  verifica  pelo  se- 
guinte quadro,  referente  à  importação  nos  lUtimos  dez  anos,  e  em 
que  Portugal  tom  um  lugar  muito  saliente: 


Anos 


1905. 
1906. 
1907. 
1908. 
190S). 
1910. 
1911. 
19J2. 
Iín3. 
1914. 


Portugal 


Quilogramas  Valores 


4.595:580 

5.090:770 
5.081:974 
3.7(-)5:õ68 
4.025:338 
õ.4G4:648 
5.072:742 
6.144:(369 
3.981:505 
•2.489:108 


1:308:150^000 
1.633:738^000 
1.570:21  UOOO 
1.163:902^000 
1.403:042^000 
1.724: 199IÍ00O 
1.794:529^000 
1.800:982^000 
1.267:282^000 
870:727^000 


Importação  geral 


Quilogramas 


7.323:643 

8.885:352 
7.540:337 
6.895:270 
7.279:128 
7.565:314 
8.114:261 
9.407:080 
8.544:594 
5.314:937 


Valores 


1.886:361áí()i)0 
2.352:486^()()() 
2.153:75-iS(i()0 
1.855:017^000 
2.139:327^000 
2.377:622^000 
2.5:36:8501000 
2.613:9251000 
2.424:1631(000 
1.736:0381000 


Registou-se   o   máximo   da  importação   em  1912,  o  teve  os  se- 
guintes destinos: 


Portos 

Pará    .      .      . 
^Manaus    , 
J\io  de  Janeiro 
Santos 

Porto  Yellio  . 
Maranhão 
Diversos  . 

Total    .      . 


Quilogramas 

3.981:243 

2.675:141 

1.717:399 

819:582 

64:700 

83:011 

66:004 


9.407:080 


Valores 

1.179:059SOOO 

765:585S0a) 

396:618$O0O 

212:0658000 

24:1818000 

16:464í5000 

19:9538000 

2.613:9258000 


Os  países  que  concorreram  ao  mercado  em  maior  escala,  além 
do  nosso,  foram  o  Chile,  Argentina,  Estados  Unidos  e  Austria-Hun- 
gria.  O  Japão  nesse  mesmo  ano,  iniciou  a  sua  exportação,  com 
200:980  quilogramas,   computados   em    56:7178000.   Nos  anos   sub- 


'2Ò0 


sequentes,  manteve-se  essa  exportação.  Nos  anteriores,  o  movimento 
tinlia  sido  completamente  nulo. 

Dada  a  impossibilidade  de  maior  expansão  às  nossas  legumi- 
nosas, na  praça  do  Rio  de  Janeiro,  a  Câmara  Portuguesa,  limi- 
tou-se  simplesmente  a  informações  ou  dados  estatísticos. 

Os  principais  centros  produtores  do  Brasil,  sâo:  os  Estados  do 
Rio  Gfrande  do  Sul,  S.  Paulo,  Minas  Cxerais,  Santa  Catarina,  Paraná 
©  Pernambuco. 

Os  do  norte  quási  que  nâo  produzem,  excepto  no  Acre,  onde 
a  produção  é  toda  absorvida  pelo  consumo. 

No  presente  ano,  e  devido  à  seca  que  assola  todo  o  país,  o  gé- 
nero tem  atingido  preços  muito  elevados,  notando-se  até  uma  certa 
escasssez  no  mercado.  O  artigo  é  reputado  superior  e  de  longa  du- 
ração, o  que  se  deve  atribuir  à  mesma  seca,  mas  a  produção  tem 
sido  muito  reduzida.  Nos  anos  excessivamente  chuvosos,  as  colhei- 
tas sâo  muito  abundantes,  mas  os  géneros  deterioram-se  muito  mais 
facilmente. 

As  nossas  leguminosas  importam-se  no  Brasil,  em  sacos  de 
trinta  quilogramas.  O  feijão  branco  estrangeiro  teva  regulado,  na 
praça  do  Rio  de  Janeiro,  lOOSOOO  por  100  kilogramas;  o  amen- 
doim nâo  tem  actualmente  cotação  por  não  liaver  no  mercado,  e  o 
frade,  ou  fradinho,  como  geralmente  é  mais  conhecido,  entre  ()5$000 
a  lOOS^OOO  os  100  quilogramas.  Os  direitos  alfandegários  sâo  de 
60  réis  por  quilo,  razão  de  10  %;  pagamento  de  35  Vo  em  ouro  e 
65  ^'/o  papel,  etc. 

A  fava  portuguesa  é  completamente  desconhecida  nesta  praça. 


261 


Questionário  n."  29 


111 — Conservas  e  extractos. 

1.  Azeitonas. 

2.  Conservas  e  extractos  dk  carne  não  especificadas. 

3.  Conservas  e  extractos  de  frutas  não  especificadas. 

4.  Conservas    e  extractos  de  legumes  e  verduras  não 

especificadas. 
õ.°     Conservas    e  extractos  de  peixe  não  especificadas. 

O  agrupamento  das  conservas  abrange  actualmente  dez  artigos. 
Os  cinco  mais  importantes  para  nós,  foram  tratados  muito  em  especial 
e  sei'vem  de  rubrica  ao  presente  questionário.  Os  restantes,  baca- 
Ihau.  banha,  presuntos,  toucinho  e  xarque  sepâo  abordados'  em  se- 
gundo lugar. 

1.     Azeitonas. 

Até  1909  inclusive,  estiveram  englobadas  com  as  frutas  e  le- 
gumes verdes.  De  1910  em  diante,  começaram  a  fazer  parte  de  um 
grupo  especial.  Xâo  se  pode  de  forma  alguma  estabelecer  o  movi- 
mento dos  primeiros  cinco  anos  do  decénio  de  1905  a  1914.  Para 
o  segundo  quinquénio,  e  guiando-nos  pela  Estatística  Comercial, 
a  nossa  exportação  comparada  com  a  importação  geral  foi  a  se- 
guinte : 


Anos 

Portugal 

Import 

ação   geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

IftlO 

1.424:393 

1.481:506 
1.732:083 

732:255$000 
778:120$O0O 

2.007:679 
1 .924:467 

1.008:517$000 
1.056: 741  $000 
1.6^6:186*000 

1011 

1912 

9.=i9.rl'2(í>000     I     2.861.14.^ 

li)l:j 

1  361-019          69^'735$000         '">  100- 115       1  l.w28G$000 

U)14   

036-961           .M4.!4.Ç>0>;("KX^          1398:486           79l!aR.S3s0()() 

1 

252 


Mantivemos  sempre  a  primazia  no  mercado,  acompanhando  a 
marcha  ascendente  dos  três  primeiros  anos  e  a  grande  baixa  em 
1918,  de  259:391$000.  Em  1914  acentiiou-se  a  nossa  preponderân- 
cia, pois  o  nosso  movimento  foi  de  65  7o  sobre  a  totalidade  da  im- 
portação, quando  no  ano  anterior  fora  de  60  Vo- 

A  nossa  concorrente  mais  para  temer  é  a  Espanha,  seguindo- 
se-lhe  a  Itália,  Estados-Unidos,  Grrécia  e  Turquia  Asiática.  A  im- 
portação por  destinos  em  1912,  foi  para  o  porto  de  Santos,  de 
43,5  ^Iq  sobre  a  totalidade,  seguindo-se-lhe  Rio  de  Janeiro,  Pará, 
Manaus,  e  os  outros  portos  da  Kepública  em  muito  diminuta  quan- 
tidade. 

Há  uma  discordância  entre  a  nossa  estatística  de  exportação  e 
a  brasileira,  no  que  respeita  à  importação;  emquanto  esta  acusa  a 
entrada  de  procedência  portuguesa,  em  1912,  de  1.732:083  quilo- 
gramas, computados  em  952:126$000  réis,  a  nossa  recentemente 
publicada,  dá  apenas  como  saídos  para  o  Brasil,  1.425:677  quilo- 
gramas no  valor  de  Escudos  42:998^00. 

Em  1912  uma  empresa  italiana,  pediu  ao  Governo  Brasileiro  o 
subsídio  de  cem  contos  para  poder  importar  50:000  pés  do  oliveira 
e  proceder  ao  seu  plantio  em  diversos  municípios  do  Estado  do  Eio 
Gfrande  do  Sul,  onde  predominasse  a  colónia  italiana;  anteriormente 
já  se  tinha  procedido  a  experiências  com  oliveiras  pertencentes  a 
colonos,  e  importadas,  mais  como  arbustos  de  adorno  do  que  pro- 
priamente com  fins  agrícolas  ou  industriais.  Um  colono  mais  auda- 
cioso plantou  cem  pés  de  oliveiras  italianas  e  ao  fim  de  doze  anos 
conseguiu  obter  uma  colheita  de  45  litros  de  fruto  por  árvore. 
A  azeitona  do  Rio  Cirande,  segundo  afirmam,  náo  tem  o  sabor  nem 
as  propriedades  da  europeia;  em  todo  o  caso,  consome-se  naquele 
Estado  e  nos  limítrofes.  No  entanto  ainda  há  uma  importação  de 
azeitona  estrangeira,  pelos  portos  do  Rio  Grande,  computada  em 
150  contos  anuais. 


2.*'     Conservas  e  extractos  de  carne  não  espegifioadas. 

Em  conservas  de  carne,  temos  também  a  preferência  no  mer- 
cado. Nâo  podemos  cabalmente  estabelecer  o  confronto  entre  a  saída 
do  nosso  país  e  a  entrada  no  Brasil,  devido  na  nossa  estatística  fi- 


253 


gurareni  as  carnes  om  conserva,  englobadas  com  outros  produtos, 
tais  como  toucinho,  presunto,  etc,  e  na  brasileira,  haver  artigos  espe- 
ciais para  cada  uan  destes  produtos. 

Durante  o  decénio  de  1905  a  1914,  tivemos  o  seguinte  movi- 
mento comparado  com  o  de  outros  países: 


Anos 

Po 

rtugal 

Valores 

Imporiação  geral 

Quilogramas 

Quilogramas 

Valores 

1905 

1906 

220:424 
207:701 
220:010 
174:150 
186:490 
190:038 
174:744 
184:495 
145:130 
63:665 

482:9791000 
460:720^(100 
534:871^000 
383:140^000 
382:786l!000 
420:721i?000 
404:564^000 
378:4151000 
327:665í;000 
181:054^:000 

375:506 
380:358 
385:526 
336:529 
334:006 
439:630 
424:038 
474:373 
353:264 
228:314 

7B9:765í:000 
723:734,8000 
849:232^000 
703:035^000 
679:760^000 
874:337,8000 
892:684^000 
^  953:103á:000 
851:309^000 
540:0191:000 

ino7 

190S 

lf)09 

l!)10 

1911 

1912 

1913 

1914 

Na  importação  geral,  nota-se  anualmente  um  aumento  progres- 
sivo, embora  com  alternativas,  emquanto  que  para  nós,  nas  quanti- 
dades principalmente,  acentua-se  um  movimento  decrescente  e  será 
talvez  devido  em  parte,  à  quási  estabilidade  na  importação  da 
azeitona. 

Os  nossos  concorrentes  foram  a  Itália,  Estados-Unidos,  França, 
Gran-Bretanha  e  Urusuaí. 


3.     Conservas  e  exteactos  de  frutas  não  especificadas. 


Até  1908,  as  frutas  estiveram  englobadas  com  as  conservas  de 
legumes  e  a  nossa  exportação  em  confronto  com  a  importação  geral 
nos  quatro  primeiros  anos  do  decénio,  cifra-se  nos  seguintes  alga- 
rismos : 


254 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1905 

416:987 
1.462:506 
1.657:101 
1.233:724 

332:764$O0O 

852:2221000 

1.064:456$000 

682:113$000 

1.177:265 
2.617:544 
2.863:106 
2.518:134 

926:755$O0O 
1.709:853$000 
2.039: 193$000 
1.7O8:792$O0O 

1906 

1907 

1908 

Nesses  quatro  anos  também  estavam  incluídas  as  conservas  de 
azeitonas,  que  só  em  1910  passaram  a  ser  descriminadas  em  artigo 
separado.  A  importação,  de  procedência  portuguesa,  tem  caído  de 
uma  maneira  sensível,  conforme  se  depreende  do  seguinte  mapa, 
relativo  aos  últimos  seis  anos : 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1909 

85.115 

13.835 

10.403 

8.560 

5.780 

1.216 

50:245$000 
14:769$000 
11:760$000 
ll:O17$0(30 
.7:259$0O0 
l:626$0OO 

308.355 
163.818 
153.907 
179.542 
127.098 
57.111 

171:375$(X)0 
162:465$000 
158:8401000 
198:029$0O0 
146:3451000 
65:O84$0OO 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

Predominam  no  mercado  as  frutas  em  conserva  dos  Estados  Uni- 
dos da  América  do  Norte;  segue-se-lhe  a  França,  Portugal,  Gran- 
Bretanha  e  Alemanha.  Os  principais  mercados  consumidores  sâo 
Rio  de  Janeiro,  Santos,  Pará  e  Manaus. 


4.       OONSEEVAS    E    EXTEACTOS    DE    LEGUMES    E    VEBDUEAS    NÃO 
ESPECIFICADAS. 


Até  1909,  como  já  dissemos,  as  azeitonas  figuraram  englobadas 
com  os  legumes.  Em  1910  e  1911,  tínhamos  a  primazia  no  mercado 
para  legumes  e  verduras,  com  cerca  de  160  contos  anuais  mais  que 


255 


L[ual([UL'r  uulro  eniR-oriviite;  inícliziiioiito  cin  191 2,  passamos  para  o 
3."  plano,  onde  ainda  nos  conservamos. 

O  nosso  movimento  comparado  coin  a  iinportaçâo  gorai,  cifra-se 
nos  soíiuiiites  aluarismos  : 


Anos 

Po 

rtugal 

Valores 

Importação  geral 

Quilogramas 

Quilogramas 

Valores 

19(^9 

1.341:652 
593:380 
793:937 
488:596 
303:812 
105:452 

73õ:82O$0O0 
4O7:758$O0O 
541:333$000 
341:889$000 
304:8481000 
124:242$000 

2.432:475 
1.646:650 
2.058:738 
2.205:781 
1.750:900 
927:618 

1.607:952$0i'K) 
1.272:489$000 
1.617:128$000 
1.888:267$000 
1.671:827$aX) 
831:661$000 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914   

Nas  conservas  de  legumes,  estão  incluidas  as  ervilhas  ou  petit- 
pois;  pode  muito  bem  ser  que  o  decrescimento  q^^e  se  nota  nos 
últimos  anos,  provenha  da  importação  que  se  faz  proi30sitalmente 
com  designação  mui  diversa.  Concorreram  ao  mercado,  pela  ordem : 
a  Itália,  França,  Portugal,  Alemanha,  Bélgica  e  Gran-Bretanha. 
O  destino  da  mercadoria,  em  maior  vulto,  foi  para  os  portos  do  Rio 
de  Janeiro,  Santos,  Pará  e  Manaus. 


Õ.       Coíf SERVAS  E  EXTRACTOS  DE  PEIXE  NÃO  ESPECIFICADAS. 


Ao  contrário  do  que  sucedeu  para  os  produtos  já  acima  cit^idos, 
as  conservas  de  peixe  atingiram  o  máximo  do  movimento  na  impor- 
tação geral  em  1913.  Para  nós,  embora  se  registasse  iiosse  ano, 
também  movimento  superior  aos  dois  anteriores,  em  1910  impor- 
taram-se  de  Portugal  mais  191  contos  do  que  em  1913;  porem,  a 
(j^uantidade  neste  último  ano  foi  superior  à  daquele  em  51  toneladas. 
A  importação  de  origem  portuguesa,  em  confronto  com  a  geral, 
durante  o  último  decénio,  foi  a  seguinte: 


256 


Anos 

Portugal 

Import 

ação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1905 

1.993:579 
1.697:794 
1.810:e;39 
]  .444:677 
1.568:737 
2.254:421 
2.233:983 
1.936:963 
2.305:672 
1.425:246 

1.744:296$000 
1.527:962$000 
1.907:93q|000 
1.584:56(3oOO 
1.767:448$000 
2.691:6911000 
2.317:5101000 
2.271:100$000 
2.501 :37O$0O0 
1.417:906$000 

2.673:981 
2.454:530 
2.756:853 
2.310:207 
2.479:336 
3.496:700 
3  617-913 

2.Õ25:159$000 
2.333:511*000 
2.952:301^000 
2.578:5001000 
2.831:545$000 
4.217:766$0O0 

1906 

1907 

1903 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

3.376:173         3.907: 106$000 
3.891:889         4.249:622$OÚ0 
2.319:466         2.464:7 1 1  $000 

1914 

1 

O  nosso  movimento  em  1913  representa  58,5  7o  ^^  importação 
geral.  Temos  a  primazia  no  mercado,  concorrendo  em  seguida  pela 
ordem,  os  Estados  Unidos,  a  Itália,  França,  Gran-Bretanha  e  Espa- 
nha. O  maior  consumidor,  é  o  mercado  de  Santos  com  1.790:290$000 
em  1912,  ou  sejam  4õ,8  ^o  sobre  a  importação  geral ;  seguem-se-llie 
os  portos  do  Rio  de  Janeiro,  Pará,  Manaus,  Pernambuco,  etc. 


Temos  ainda  no  agrupamento  de  conservas,  vários  produtos  de 
que  o  presente  questionário  nao  cogitou,  e  são  eles:  o  bacalhau,  ba- 
nha, presuntos,  toucinho  e  xarque ;  este  último  nâo  tem  importação 
alguma  de  origem  portuguesa.  No  bacalhau,  nâo  sendo  nós  um  país 
produtor  como  os  que  concorrem  ao  mercado,  ainda  assim  em  1905, 
a  nossa  parte  foi  de  réis  24:399$000,  e  depois  de  várias  alternativas 
atingimos  em  1913,  réis  59:305$000.  O  consumo  total  no  Brasil  em 
1912,  foi  de  cerca  de  37  milhões  de  quilogramas  computados  em 
20  mil  contos. 

Para  banha,  de  que  actualmente  há  grande  produção  nos  Esta- 
dos do  Rio  Grande  do  Sul,  Santa  Catarina  e  Minas  Gerais,  tivemos 
em  1905,  um  movimento  de  50:866^000;  declinamos  com  alternati- 
vas até  1912,  em  que  obtivemos  25:387$000,  e  em  1913  atingimos 
44:441  SOCO,  descendo  no  ano  findo  para  35:033$000. 


257 


Em  pre.^íuntos,  o  movinioiito  é,  por  assim  dizor,  iiisi<^niíicante, 
pois  cm  1905  foi  de  8:G22sS00O,  e  em  19i;3,  do  3:711$CXX). 

Para  toucinho,  cifra-se  em  algumas  dezenas  do  mil  réis  anuais. 

A  nossa  indústria  do  conservas  alimentícias,  ocupa  ainda  um 
lugar  proeminente  nos  mercados  brasileiros,  o  se  somarmos  as  quan- 
tidades e  os  valores  dos  cinco  artigos  importados  em  191)3,  em  con- 
fronto rom  os  totais  do  movimento  geral,  teremos  o  seguinte  resul- 
tado, muito  lisongeiro  para  nós: 


Produtos 

Portugal 

Imports 

nela   geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

Azeitonas 

1.361:019 

145:130 

5:780 

363:812 

2.305:672 

692:735$000 

327:(!65$O00 

7:259$OOJ 

304:848$00J 

2.501:370$000 

2.100:115 

353:264 

127:098 

1.750:960 

3.891:889 

1.155:286$a\> 

851:309$000 

146:345$000 

1.67l:827$000 

4.249:622$O0O 

Carnes 

Frutas 

Legiimeá 

Peixe 

Totais 

4.181:413 

3.833:877$000 

8.223:326 

8.074:339$000 

Pelo  pequeno  resumo  acima,  observa-se  que  figuramos  na  im- 
portação geral  de  conservas  com  50,8  7o  para  quantidades  e  47,5  ^o 
nos  valores. 

Poderíamos  ter  maior  supremacia,  se  observássemos  todo  o  escrú- 
pulo na  maneira  de  transaccionar  e  se  todos  os  fabricantes  adoptas- 
sem os  mais  recentes  processos  de  preparo,  fabrico  e  enlatamento, 
que  se  observam  nas  mercadorias  similares  de  outras  procedências, 
e  que  aliás  caracterizam  algumas  das  nossas  marcas  mais  acredita- 
das e  bem  conhecidas. 

Se  todos  os  nossos  industriais  seguissem  esses  bons  exemplos, 
de  há  muito,  todas  as  conservas  portuguesas  teriam  grande  procura 
nos  mercados  brasileiros, 

Cabe-nos  aqui  registar  a  iniciativa  de  uma  firma  de  Lisboa  que 
há  pouco  enviou  para  aqui,  frutas  era  calda,  muito  bem  acondicio- 
nadas em  vistosos  frascos.  O  sistema  de  apresentação,  é  o  usado 
pelos  americanos  ©  que  em  tempos  já  aqui  teve  consumo.  As  pri- 
meiras remessas  desta  firma,  esgotaram-se  como  por  encanto. 

17 


258 


Pelo  contmrio,  há  produtos  que  cliegam  sem  o  devido  preparo 
próprio  a  um  clima  tropical,  deteriorando-se  com  a  maior  facilidade. 
Outros,  para  o  efeito  de  seu  barateamento,  como  por  exemplo,  as 
azeitonas,  nâo  teem  o  peso  legal.  Latas  chamadas  de  quilo,  pesam 
apenas  900  gramas,  e  depois  de  abertas  verifica-se  que  o  seu  con- 
teúdo é  o  seguinte: 

Quilogr. 

Peso  da  lata 0,150 

Água  um  pouco  turva  sem  tempero  de  espécie  alguma      .  0,400 

Fruto  o  a  azeitona 0,350 


Total     ....         0,900 

A  azeitona,  nestes  casos,  é  tâo  minúscula  que  se  chega  a  du- 
vidar da  sua  existência  em  nosso  país,  que  produz  esplêndidos 
frutos. 

Xas  carnes  de  i)orco  preparadas  à  alentejana,  e  aqui  muito  apre- 
ciadas, o  preparo  antigamente  era  péssimo.  O  conteúdo  das  latas, 
fermentava,  estas  tornavam-se  opadas.  ou  estujadas,  como  vulgar- 
mente se  diz  no  Eio  de  .Janeiro,  sendo  total  o  prejuízo  para  os 
importadores. 

A  nossa  sardinha  em  conserva  de  azeite,  também  perde  terreno. 
Existem  dois  factores  poderosíssimos  para  a  sua  extinção  no  mer- 
cado. Primeiro,  a  constante  redução  dos  V4  feduzidos.  Temos  pre- 
sente uma  dessas  pequenas  latas  de  procedência  portuguesa,  con- 
tendo seis  espécimes  de  petinga.  A  altura  exterior  da  lata,  até  à 
extremidade  do  cravamento,  é  de  15  milímetros  e  a  parte  reservada 
ao  minúsculo  peixe,  tem  apenas  10  milímetros,  incluindo  a  espessura 
da  lata! 

O  segundo  factor  provêm  da  concorrência  das  conservas  norue- 
guesas, de  sprat,  hristling  e  outras  espécies,  apresentadas  no  mercado 
como  genuina  sardinha  em  conserva  de  azeite.  Mais  baratas  que  a 
legítima,  latas  de  maiores  dimensões,  peixe  miúdo  mas  em  maior 
quantidade  e  melhores  vantagens  oferecidas  ao  comércio  importador, 
aliando  ainda  a  falsa  denominação  comercial,  fácil  se  torna  a  sua 
aceitação  pelo  consumidor.  A-pesar-de  reiteradas  representações  diri- 
gidas por  esta  Câmara  e  por  intermédio  das  vias  diplomáticas,  aos 
Altos  Poderes  da  Pepilblica,  até  hoje  não  se  conseguiu  ainda  impe- 


259 


dir,  como  sucede  noutros  países,  a  venda  de  tais  peixes  com  a  falsa 
designação  comercial  de  sardinha. 

No  acondicionamento  das  nossas  conservas,  principalmente  na 
ervilha  e  azeitona,  dá-se  um  facto  que  nâo  acontece  na  ervilha  fran- 
cesa e  azeitona  espanhola,  o  para  o  qual  chamamos  a  atenção  dos 
fabricantes  ou  exportadores.  A  ervilha,  ou  petit-pois,  de  Philippe  & 
Cauaud  e  outros,  vem  ao  mercado  em  latas  de  folha  branca,  com 
uma  pequena  chapa  ou  lâmina  amarela  ao  centro  com  o  nome  do 
fabricante.  Nâo  vêem  ombrulliadas,  simplesmente  acondicionadas  em 
serradura.  Ao  desencaixotarem-se,  não  apresentam  nódoa  alguma 
do  ferrugem  e  assim  se  conservam  por  muito  tempo  nos  armazéns 
dos  importadores.  Outrotanto  não  sucede  às  nossas;  vêem  embru- 
lhadas em  papel  e  apresentam  sempre  manchas  de  ferrugem,  tanto 
no  papel  como  na  folha  e  aumentam  constantemente  de  volume. 
Será  proveniente  do  papel?  E  um  caso  digno  de  estudo,  e  que  re- 
comendamos aos  nossos  industriais;  qualquer  modificação  a  fazer, 
só  os  poderá  beneficiar.  A  mercadoria  com  as  tais  manchas  tem  um 
aspecto  de  retardada,  e  da  supressão  do  papel  ou  envoltório,  só 
poderá  resultar  economia. 


A  indústria  brasileira,  no  ramo  das  conservas  alimentícias,  de- 
senvolve-se  com  manifesta  superioridade  de  ano  para  ano.  A  pro- 
dução de  todas  as  especialidades  orça  por  10:000  contos  anuais.  De- 
pois da  guerra  tem  tomado  um  incremento  extraordinário  saindo  da 
velha  rotina  de  fabricar  somente  o  artigo  nacional.  Ultimamente 
apareceram  no  consumo  imitações  das  geleias  de  frutas,  sistemas 
inglês  e  outros,  que  o  mercado  nâo  recebe  actualmente;  são,  porém, 
muito  mais  doces  que  as  europeias. 

Subordinado  ao  título  genérico  de  conservas,  apresentou  a  Câ- 
mara Portuguesa,  em  consulta  aos  principais  importadores  da  praça, 
os  dez  quesitos  que  seguem: 

QUESTIONÁRIO 

l.*^  Sendo  as  conservas  portuguesas  susceptíveis  de  uma  maior  eoo- 
pansão  comercial  no  Brasil,  o  que  julga  V.  Ex.°-  mais  útil  e  racional 
tentar,  no  sentido  de  Jomentar  o  seu  consumo? 


260 


Predomina  a  opinião  de  que  o  comércio  de  conservas  estrangei- 
ras no  Brasil,  tende  a  diminuir,  em  virtude  da  existência,  em  es- 
tado de  manifesta  prosperidade,  de  inúmeras  fábricas,  cerca  de  tre- 
zentas, que  já  conseguiram  introduzir  no  consumo,  carnes,  peixes, 
frutas  em  calda  e  doces  de  toda  a  espécie,  embora  o  tempero  e  pre- 
paro divirjam  do  europeu.  O  número  de  fábricas  tende  a  aumentar, 
pois  a  anormalidade  da  situação  criada  pelo  conflito  europeu,  im- 
pulsiona o  fabrico  de  produtos  de  que  até  ao  presente,  o  Brasil  era 
tributário  da  Europa. 

A  alimentação  corrente  por  meio  de  conservas,  tem  diminuido 
muito  nas  grandes  aglomerações  do  interior,  devido  ao  grande  des- 
envolvimento local  e  à  facilidade  das  vias  de  comunicação,  que  con- 
correm poderosamente  para  o  abastecimento  quotidiano  desses  cen- 
tros com  comestíveis  frescos.  As  conservas  nâo  só  pelo  motivo 
apontado,  como  ainda  pelo  seu  elevado  custo,  vao  pouco  a  pouco 
cedendo  terreno. 

No  entanto,  o  consumo  das  nossas,  pode  facilmente  aumentar 
em  concorrência  com  as  congéneres  de  outras  procedências.  Para 
o  conseguir,  necessita-se  melhorar  o  fabrico,  aperfeiçoar  o  enlata- 
tamento,  estabelecer  uma  certa  equidade  nos  preços  e  conceder  as 
maiores  vantagens  aos  importadores  que  tomarem  a  seu  cargo  a  di- 
fusão dos  nossos  produtos.  As  transacções  devem-se  moldar  nas 
mais  correctas  convenções  comerciais  existentes,  nâo  dando  origem 
a  discussões  absurdas  nem  aos  frequentes  vexames  a  que  estão  su- 
jeitos os  importadores,  por  parte  das  Autoridades  Brasileiras. 

O  nosso  Governo  deveria,  neste  caso,  exercer  a  mais  rigorosa 
fiscalização  na  saída  dos  nossos  géneros  alimentícios,  observando 
a  boa  qualidade  do  produto,  reprimindo  a  fraude  quando  ela  se 
apresentasse  e  nâo  permitindo  o  sofisma  nas  facturas  consulares 
e  documentos  de  embarque,  que  tanto  nos  desacredita  perante  o  es- 
trangeiro. 

Alvitra-se  ainda,  solicitar  do  Clovêrno  Brasileiro,  uma  redução 
na  Tarifa  Aduaneira,  para  conservas  alimentícias,  de  forma  que,  ba- 
rateando-as,  o  seu  consumo  possa  facilmente  irradiar-se  pelas  classes 
menos  favorecidas. 

Seria  ainda  este  o  meio  mais  prático  de  aumentar  o  consumo,  mas 
nâo  há  oportunidade  para  o  solicitar,  pois  que,  no  momento  actual, 
só  se  pensa  em  obter  maior  receita  aduaneira,  elevando  as  respecti- 
vas taxas,  a  fim  de  se  fazer  face  às  excessivas  despesas  orçamentais. 


2tSl 


Resta  ainda  um  recurso  de  (|ue  os  nossos  fabricantes  devem 
lançar  mão:  a  propaganda  inteligentemente  organizada  e  a  exclusão 
de  todos  os  artifícios  das  imitações  de  marcas  estrangeiras,  apresen- 
tando os  produtos  na  sua  genuinidade  e  com  o  cunho  caracterís- 
tico de  portugueses. 

2.**  .4.  conserva  de  sardinha  portuguesa,  que  os  mercados  europeus 
consomem  em  larga  escala,  jyrecisa  de  uma  séria  propaganda  no  Brasil, 
em  virtude  do  incremento  do  consumo  da  conserva  norueguesa  de  um 
peixe  inferior  e  de  menor  preço  que  è  vendido  como  sardinha.  Quais  os 
meios  mais  eficazes  a  pôr  em  prática  para  o  des^envolvimento  da  con- 
serva portuguesa? 

Há  poucos  anos,  debateu-se  em  Hamburgo  e  mais  tarde  em 
Londres,  uma  questão  muito  interessante,  debaixo  do  ponto  de  vista, 
do  direito  comercial  —  o  uso  ou  emprego  de  falsas  designações  nos 
produtos  destinados  à  alimentação.  A  questão  visava  os  fabricantes 
noruegueses  de  conservas,  que  enlatam  todo  o  peixe  miúdo  expor- 
tando-o  como  sardinha.  E  do-  domínio  público,  que  os  respecti- 
vos tribunais  proibiram  semelhante  infracção,  condenando  além 
disso  os  demandados  em  várias  multas.  A  questão  em  Inglaterra, 
tomou  tão  grande  vulto   que  foi  apelidada  de  batalha  da  sardinha. 

Ora,  sendo  Portugal  um  dos  paises  mais  interessados  no  des- 
envolvimento de  tão  importante  ramo  de  comércio,  deveria  ter  pro- 
curado fazer  tratados  que  garantissem  o  mencionado  princípio,  obri- 
gando os  exportadores  noruegueses  a  rotularem  as  suas  conservas 
com  o  nome  do  verdadeiro  peixe  de  que  são  feitas.  A  crise  aguda, 
ainda  não  chegou  para  a  indústria  portuguesa.  Os  noruegueses, 
mandando  estudar  nos  países  sul-americauos  a  importância  destes 
mercados,  bem  assim  quais  os  peixes  enlatados  preferidos,  preços, 
etc,  trataram  de  instalar  grandes  fábricas  em  Stavauger,  com  ma- 
quinismos  muito  aperfeiçoados,  possuindo  tudo  quanto  é  necessário, 
até  a  própria  estamparia.  Emhm,  conseguiram  de  tal  forma  baratear 
a  mercadoria,  para  poderem  com  vantagem  desalojar  todos  os  seus 
concorrentes. 

Alguns  importadores,  chamam  a  atenção  da  Câmara  Portuguesa 
para  o  seguinte  facto  que  muito  pode  contribuir  para  o  incremento 
da  conserva  portuguesa  no  mercado.  Possuindo  os  noruegueses  os 
mais  modernos  aparelhos  de  pesca,  magníficas  e  importantes  fábri- 
cas, onde  a  energia  eléctrica  é  largamente  aproveitada,  pessoal  té- 
cnico   habilitadíssimo,    operários    práticos    e  salários   relativamente 


262 


módicos,  realizaram  o  que  na  indústria  é  o  ponto  culminante:  j)ro- 
du2:Í7'  muito  e  a  baixo  preço.  E  bem  evidente  que  no  preparo  da  con- 
serva reside  o  segredo  ou  a  causa  do  seu  módico  preço  para  que 
possa  vir  ao  mercado  em  melhores  condições  do  que  a  nossa. 
Actualmente  na  Noruega  parece  haver  também  escassez  de  pescaria, 
pois  segundo  consta  nesta  praça,  os  noruegueses  teem  feito  para 
Portugal,  diversos  pedidos  de  sardinha  enlatada  querendo  mesmo 
estabelecer  uma  agência  numa  das  cidades  do  nosso  país.  Nâo  resta 
a  menor  dúvida  que  se  alguns  dos  nossos  antigos  exportadores  ti- 
vessem adoptado  outro  critério,  a  sardinha  portuguesa  dominaria 
em  todo  o  Brasil.  Para  o  conseguir  deveriam  ter  preparado  bem  o 
artigo,  assimilando  esse  preparo  ao  sabor  e  gosto  das  diversas  pra- 
ças do  Brasil. 

A  exportação  deveria  ser  feita  como  de  exclusiva  produção 
portuguesa.  Entretanto,  doloroso  é  confessá-lo,  alguns  só  procuraram 
plagiar  ou  imitar  os  fabricantes  franceses  em  tudo,  até  nas  próprias 
marcas;  haja  em  vista  a  imitação  recente  da  conserva  Philippe  & 
Canaud,  aqui  espalhada  com  o  nome  de  Felini  &  Cannot  estabele- 
cendo a  confusão,  e  que  deu  causa  a  uma  apreensão  e  a  um  pro- 
cesso que  ainda  não  terminou.  Com  essas  imitações,  os  nossos  ex- 
portadores só  poderiam  provar  que  a  nossa  conserva  nâo  é  tâo 
procurada  como  a  francesa.  Xo  entanto,  a  maior  parte  da  sardinha 
em  conserva,  hoje  vendida  em  todos  os  mercados  como  francesa, 
é  pescada,  preparada  e  enlatada  no  nosso  país.  Quantas  fábricas 
francesas  existem  disseminadas  por  todo  o  Portugal?  Inúmeras. 

Terminada  que  seja  a  crise  europeia,  podem  os  fabricantes  por- 
tugueses contar  com  a  enorme  concorrência  dos  noruegueses,  pelo 
que  urge  tomarem-se   enérgicas   providências   quanto   ao   seguinte: 

1."  Conseguir  adoptar  o  princípio  firmado  em  Hamburgo  e 
Londres  obrigando  os  fabricantes  a  rotular  as  conservas  de  peixe 
com  o  seu  verdadeiro  nome. 

2.°  O  Governo  Português  deverá  exercer  rigorosa  fiscalização 
sobre  todas  as  conservas  exportadas,  condenando  as  que  julgar  em 
más  condições  e  que  possam  por  qualquer  circunstância  lançar  o 
descrédito  sobre  a  nossa  indústria. 

3.°  Obrigar  os  fabricantes  a  estabelecer  pesos  iguais  para  os 
diferentes  formatos,  porquanto  a  balbúrdia  dos  vários  tamanhos  e 
pesos,  prejudicam  enormemente  não  só  o  fabricante  como  o  impor- 
tador.   Basta  citar  o  seguinte   exemplo:  No   mercado  encontram-se 


263 


(|uartos  ainoricíinos   desdo  2.'ir)  até  'M\0  gramas  o  assim  respecti vã- 
mente para  os  demais  formatos. 

4.**  Examinar  rigorosamente  o  preparo  dos  peixes  destinados 
à  exportação  e  que  nâo  enlatem  carapau,  bique/vão  e  espadilha  por 
.sar((/)iha.  como  já  se  tem  feito  no  sul  do  país. 

Até  ao  presente,  a  vinda  da  conserva  norueguesa  ao  mercado, 
com  a  falsa  designação  de  sardinha,  consistia  uma  grave  fraudo  para 
a  Fazenda  Nacional,  pois  o  direito  sobre  a  sardinha  em  conserva  é 
de  õt)  %  menos,  GOO  réis  para  sardinha,  e  1$200  para  todo  e  qual- 
quer outro  peixe.  Porém,  pelo  novo  projecto  de  Tarifa,  ainda  nao  dis- 
cutido pelo  Congresso,  a  conserva  de  sardinha  ficará  equiparada  à  de 
chicharro,  arenque,  etc,  o  virá  a  pagar  apenas  500  réis  por  quilograma. 

H."  Com  excepção  da  sardinha,  quais  são  as  outra.s  conserva.'^  pre- 
feridas nos  mercados  brasileiros? 

Para  frutas  e  legumas  temos:  azeitona,  j^refrt  e  verde,  aqui  co- 
nliecidas  por  Douro  e  Elvas.  A  azeitona  espanhola,  verde,  vem  ao 
mercado  em  latas  e  em  vistosos  frascos,  com  uma  apresentação 
muito  cuidada  e  eml:tora  de  preço  mais  elevado  que  a  nossa,  tem 
grande  procura. 

Ervilhas  de  diversos  tamanhos  (^ue  se  designam  por  números. 
A  n."  1,  é  mais  conhecida  aqui  por  petit-pois  por  se  parecer  em  ta- 
manho com  a  francesa.  O  retalhista  assim  a  distingue;  a  fina  é  petit- 
pois,  e  a  grossa,  simplesmente  ervilha.  C^ueixam-se  muitos  consumi- 
dores, da  nossa  conserva  de  ervilha,  conter  caldo  em  demasia,  e 
pouco  fruto  ou  bago,  o  que  nâo  sucede  na  francesa. 

Consomem-se  também,  grelos,  Ijrócolos,  cogumelos,  espargos 
franceses  e  alemães,  tendo  estes  últimos  a  preferência,  e  vários  ou- 
tros legumes. 

Frutas  em  calda,  geleias  e  doces  diversos,  tendo  a  América 
a  preferência  para  as  primeiras. 

Carnes :  Ijinguiça,  chouriço,  paios,  presuiltos,  caças  do  toda  a  es- 
pécie, etc. 

Peixes:  Sardinhas  em  azeite  e  diversos  molhos  ou  condimentos, 
salmão  e  outros  peixes,  assim  como  moluscos,  crustáceos,  etc.  A  la- 
gosta, por  exemplo,  tem  um  grande  consumo,  e  devemos  observar 
que  a  conserva  desse  nome,  é  simplesmente  o  nosso  lavagante. 
Havendo  em  Portugal  importante  pesca  de  lagosta  nâo  se  poderia 
tentar  o  seu  preparo,  conservação  e  enlatam ento?  O  consumo  é 
grande,   e   parece-nos  talvez  conveniente  estudar  o  assunto. 


264 


4."  Q.ucd  deve  í^er  o  formato  e  capacidade  das  latas  de  conserva 
ãe  sardinha,  em  harmonia  com  a  preferência  do  consumidor? 

Alvitra-se  o  estabelecimento  de  uma  convenção  entre  os  fabri- 
cantes, para  que  a  lataria,  em  cada  tipo  seja  uniforme  em  relação 
ao  peso,  evitando  assim  a  confusão  de  tamanhos  e  respectivos  peso& 
que  reina  nas  conservas  de  sardinha. 

5."     Quais  as  condições  de  venda  na  praça  do  Rio  de  Janeiro? 

Sem  excepção,  deverá  ser  de  120  d/v  sem  desconto  ou  à  vista 
com  3  o/o- 

6."     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc? 

Em  tempo  normal  é  preferível  CIF. 

7.**  Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  as  diversas  especialidades 
eonhecidas  genericamente  por  «conse^-vas»? 


Presuntos,  conservas  de  carne,  paios,  linguiças  ou 
chouriços,  caldos  ou  geleias  e  quaisquer  prepara- 
ções     

Peixes  não  classificados,  mariscos,  ostras  ou  outros 
moluscos  e  ovas:  Bacalhau 

Quaisquer  outros,  secos  salgados  ou  em  salmoura 

Frescos  por  frigorificação  ou  outro  processo 

Em  conserva,  sardinhas 

Idem,  quaisquer  outros 

Quaisquer  frutas  em  conserva  de  espírito,  de  calda, 
em  massa  ou  em  geleia 

Quaisquer  legumes,  farináceos  e  hortaliça  de  qualquer 
qualidade  não  classificados: 

Secos  ou  frescos,  salgados  ou  em  salmoura 

Em  conserva  de  qualquer  qualidade 

Azeitonas  de  qualquer  qualidade 


Quilogr. 


iS2oa 

$060 
$080 
$080 
8600 
l$20O 

1$200 


S200 
S800 
$100 


Todas  estas  taxas  são  agravadas  pelo  pagamento  de  3õ  "/y  em 
ouro,  armazenagem,  melhoramentos  do  cais  do  porto,  capatazias, 
etc,  o  qu.e  as  eleva  pelo  menos,  a  mais  õO  %.  Acresce  ainda  o  im- 
posto de  consumo,  que  é  de  25  réis  por  cada  fracção  de  250  gramas. 

Para  maior  clareza  damos  a  seguir,  em  resumo,  alguns  exem- 
plos de  despachos  de  géneros  de  estiva,  despachados  sobre  água: 


265 


Carnes  em  conserva  ou  defumadas: 

10  taixas  pesando  líquido  G.'W  kilogramas  a  1^200,  acrescidas 
as  despesas  das  psrcenta^ons  ouro,  capatazias.  armazenagem,  análise, 
selos  de  consumo,  desj)acho  o  carreto,  l:172S3(iO  réis,  ou  sejam 
1S8()0  réis  por  quilograma. 

Peixe  em  conserva,  excepto  sardinha: 

ISorve  este  mesmo  exemplo. 

Frutas  em  calda: 

Pagam  a  mesma  taxa  de  1S200  ])or  (quilograma,  estando  piu* 
conseguinte  sujeitas  a  despesa  idêntica. 

Legumes  em  conserva,  ervilha,  etc: 

89  caixas  do  diversos  tamanhos  pesando  lí(jiddo  na  totalidade, 
quatro  mil  quilogramas  a  80')  réis,  pagaram  de  direitos,  4:98789(30 
réis  ou  sejam  por  (juilograma,  1S250. 

Azeitona: 

50  caixas  de  azeitona  com  o  peso  líquido  de  3:130  quilogramas 
a  100  réis,  o  mais  despesas  incluindo  o  imposto  de  100  réis  por 
quilograma,  importaram  em  8408520  réis,  sendo  a  despesa  por 
(juilo,  de  270  réis. 

Sardinha  em  conserva  de  azeite: 

82  caixas  de  sardinha  em  conserva  de  azeite  pesando  líquido 
3:100  quilos  a  tíU)  réis.  e  demais  despesas,  incluindo  selo  propor- 
cional por  fracção  de  250  gramas,  3:096S960  réis,  ou  8998  réis  por 
cada  quilo. 

Sardinha  em  salmoura  (despachada  com  armazenagem) : 

200  barris  contendo  sardinha  em  salmoura,  taxa  de  80  réis  por 
quilo,  pagaram  8168840  réis,  despesa  por  cada  quilo,  324  réis. 

8.°  iVào  acha  Y.  E.c.^  conveniente  que  os  exportadores  portugue- 
ses, a  exemplo  dot  das  outras  nações,  enviem  ao  Brasil,  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  bem  remunerados':' 

Considera-se  mesmo  a  forma  mais  prática  de  encaminhar  o  des- 
envolvimento da  exportação  portuguesa  para  o  Brasil.  3Ias  será 
contraproducente  entregar  qualquer  representação  a  pessoal  inábil, 
pois  é  preciso  aprofundar  bem  as  necessidades  e  os  hábitos  do  mer- 


266 


cado  e  colher  elementos  para  corrigir  e  orientar  mellior,  tanto  as 
qualidades  dos  produtos,  como  as  condições  de  venda.  Seria  mesmo 
preferível  que  os  industriais  pessoalmente,  ou  melhor  ainda,  dele- 
gações das  Associações  Comerciais  e  Industriais,  formadas  por  ver- 
dadeiras autoridades  em  cada  ramo  de  negócio,  viessem  estudar 
directamente  os  diversos  problemas  e  verificar  o  que  alguns  comer- 
ciantes daqui,  estão  já  cansados  de  lhes  aconselhar.  E  como  em  to- 
dos os  ramos  de  actividade  comercial  do  Brasil,  se  encontram  à 
testa  das  melhores  firmas,  elementos  portugueses,  o  acolhimento 
será  de  molde  a  tornar  essa  tarefa  rápida  e  eficiente.  Ousamos  tam- 
bém lembrar  que  as  Câmaras  de  Comércio  os  recelieriam  de  melhor 
grado  e  ficariam  incondicionalmente  à  sua  disposição. 

Lembra-se  também  a  organização  de  sindicatos  nos  principais 
centros  produtores,  Setúbal,  Algarve,  etc,  a  exemplo  do  que  se 
pratica  em  outros  países,  enviando  periodicamente  ao  Brasil,  repre- 
sentantes experimentados  e  do  reconhecida  competência.  Desta  forma, 
todos  teriam  o  seu  quinhão  no  consumo  dos  mercados  brasileiros. 

9.°  Não  lhe  jicirece  que  se  deveria  acoJiselhar  os  exportadores  por- 
tugueses a  modificarem  as  suas  exigências  nas  coiidirões  do  pagamento? 

As  facilidades  nas  concessões  de  pagamento  sâo  poderosos  ele- 
mentos no  Brasil  para  o  desenvolvimento  das  transacções  comer- 
ciais. Os  alemães  assim  o  compreenderam,  pois  concederam  prazos 
até  seis  meses.  Vj  verdade  que  eram  secundados  pelas  suas  casas 
bancárias  com  sucursais  neste  pais,  o  que  nós  infelizmente  ainda 
náo  logramos  obter  das  nossas. 

É  essencial  também  o  integral  cumprimento  dos  contractos  de 
parte  a  parte,  para  que  o  comércio  português  mantenha  o  bom 
nome  e  a  confiança  de  outras  épocas. 

10.''  Outras  quaisquer  obt^ervaçâes  que  V.  Ex."'  julgue  conveniente 
acrescentar. 

A  fim  de  confirmarmos  tudo  quanto  fica  exposto,  externamos  na 
íntegra,  um  dos  muitos  pareceres  que  nos  foram  enviados: 

«Rio  de  Janeiro,  30  de  j\[arço  de  191Õ  — 111.™''  Directoria  da 
Câmara  Portuguesa  de  Comércio  e  Indústria  —  Rio  de  Janeiro. 

«Junto  remetemos  a  Y.  S.^^  as  respostas  aos  questionários 
n.''''  1.°,  3.",  9."  e  23.°,  referentes  ao  «Inquérito  para  a  expansão  do 
comércio  português » ,  cumprindo-nos  antes  de  mais  nada,  felicitar  a 
Câmara  pelo  seu  belo  empreendimento,  sobre  tudo  pela  forma  essen- 


261 


oiahuonte  prática  quo  adoptou.  Fazomos  os  mais  sinceros  votos  para 
que  resulte  do  tâo  interessante  traballio  quab^uor  cousa  de  provei- 
toso ao  desenvolvimento  da  exportação  de  Portugal,  quo  será  aíinal 
a  iinica  t\n'ma  da  expansão  do  comércio  português. 

«As  respostas,  que  o  nosso  conliecimento,  arduamente  adijui- 
rido,  do  assunto,  nos  permite  dar,  com  a  maior  sinceridade,  julga- 
mos bem  cabido  juntar  algumas  considerações  que,  estando  certa- 
mente no  espírito  de  V.  S.'*'*,  não  deixará  de  ser  útil  repisar,  visto 
que  se  pretende  dar  a  maior  ])ublicidade  aos  esclarecimentos  obtidos 
por  esta  forma. 

<:0  desenvolvimento  do  comércio  de  exportação  de  Portugal 
para  o  Brasil,  a  nosso  ver,  não  dependo  só  do  melhor  conliecimento 
das  condições  dos  mercados  brasileiros,  da  natureza  da  concorrência 
e  da  forma  conveniente  do  negociar,  que  os  seus  questionários,  mais 
directamente,  pretendem  atingir.  INlostram  as  estatísticas  que  essa 
importação  tende  a  decrescer  e,  quanto  a  nós,  esse  declínio  deve 
basear-se  em  causas  mais  remotas,  que  é  necessário  estudar  com 
cuidado. 

«As  razoes  principais  da  diminuição  da  vinda  de  produtos 
portugueses  para  o  Brasil,  são  naturalmente :  primeiro,  concorrên- 
cia dos  países  produtores,  melhor  aparelliados,  industrial  e  financei- 
ramente do  que  o  nosso ;  segundo,  para  alguns  produtos  a  concor- 
rência de  géneros  de  fabricação  nacional:  terceiro,  a  falta  de  diligên- 
cia dos  exportadores  portugueses,  condição  a  que  escapa  um  peque- 
níssimo número. 

« Devemos  analisar  cada  uma  das  razoes  de  per  si. 

« Sendo  a  exportação  portuguesa  essencialmente  de  produtos 
agrícolas,  é  necessário  conhecer  a  produção  agrícola  em  Portugal, 
para  compreender  a  dificuldade  que  o  agricultor  tem  em  fazer  a 
exportação  dos  seus  produtos,  quando  mesmo  a  sua  colocação  no 
próprio  país  é  para  êle  cheia  de  embaraços.  A  propriedade  muito 
dividida,  sem  recursos  financeiros,  sem  crédito,  debate-se  numa  luta 
improfícua  e,  se  por  algumas  iniciativas — já  ousadas  —  consegue 
realizar  a  exportação,  exerce-a  defeituosamente,  sem  espírito  de 
continuidade,  sem  uniformidade  de  tipos  o  de  medições,  sem  poder 
oferecer  as  necessárias  vantagens  na  forma  de  pagamento  e  linii- 
^tando-se  a  ir  vivendo  sem  condições  próprias  de  resistência  e  —  infe- 
lizmente—  sem  o  auxílio  forte  e  eficaz  que,  para  alguns  dos  seus 
males,  só  lhe  pode  vir  dos  Poderes  Constituidos. 


•268 


<  Como  remediar  este  estado  de  cousas  ?  Só  há  um  remédio :  a 
criação  de  cooperativas  ou  sindicatos  agrícolas  regionais,  que  estu- 
dem e  mantenham  as  suas  qualidades,  que  regularizem  e  autenti- 
quem as  medições  e  as  procedências  e  que  possam  oferecer  a  con- 
fiança necessária  para  o  estabelecimento  de  um  outro  regime  bancá- 
rio, que  permita  então  realizar  a  lavoura  em  condições  normais  e 
fazer  o  comércio  e  a  exportação  com  a  certeza  de  concorrer. 

<;  A  segunda  razáo  apresentada,  nâo  pode  evitar-se  pelo  esforço 
directo  ou  tenacidade  dos  interessados  e,  embora  a  concorrência  dos 
produtos  nacionais  do  Brasil,  nâo  afecte  grandemente  os  principais 
géneros  j)ortugueses,  cumpre  ao  serviço  consular  e  diplomático  dos 
dois  países,  secundar  os  esforços  dos  exportadores  e  negociantes^ 
tanto  portugueses  como  brasileiros.  E  desta  intervenção  muito  há 
a  esperar,  se  fôr  possível  distrair  as  relações  platónicas  dos  sala- 
maleques para  o  campo  prático  dos  interesses  recíprocos. 

«A  terceira  razáo  que  apresentamos  —  a  falta  de  diligência  dos- 
exportadores  portugueses  —  ó  um  facto  quási  incompreensível.  O  ne- 
gociante português  no  seu  país  (salvo  honrosíssimas,  mas  raras  ex- 
cepções) desconhece  completamente  o  Brasil.  Para  êle  é  uma  terra 
longínqua,  donde  se  volta  com  o  fígado  doente  e  onde  outrora  existia 
uma  árvore  que  dava  patacas  e  que  actualmente  secou.  Desconhece 
que  todo  o  mundo  negoceia  e  deseja  continuar  a  negociar  com 
o  Brasil,  esquecendo-se  criminosamente  de  que  este  é  o  único  mer- 
cado onde  o  esforço  inteligente  de  portugueses  pode  encontrar  — 
e  encontrará  sempre  —  a  secundá-lo  o  acolhimento  e  auxílio  de  ou- 
tros portugueses. 

«Venham  vêr!  Venham  vêr  e  compreenderão  a  incúria  e  des- 
leixo com  que  se  está  perdendo  o  terreno  adquirido  nos  mercados 
do  Brasil.  Háo  de  ver  azeites  espanhóis  com  rótulos  em  bom  por- 
tuguês: provarão  azeite  italiano  de  bela  apresentação  e  peso  cons- 
tante garantido  e  quási  só  por  essas  qualidades  é  preferido;  verifi- 
carão a  vergonha  dos  vinhos  portugueses,  que  aqui  se  vendem  e 
bebem;  apreciarão  a  escolha  e  a  qualidade  das  batatas  francesas  e 
americanas;  ficarão  sabendo  como  se  trata  a  fruta  (as  nossas  mes- 
mas frutas)  que  a  Califórnia  nos  envia;  veráo  como  os  negociantes 
alemães  vendem  os  seus  produtos  de  toda  a  espécie,  como  conhecem^ 
muitas  vezes  mellior  que  os  nacionais,  as  leis  e  as  pautas  alfande-  ^ 
gárias. 

«Venham  vêr!  E  veráo  também  como  os  negociantes  portugue- 


261» 


ses  aqui  estabelecidos,  sâo  forçados  a  dar  a  preferência  ao  comércio 
de  outros  países  o  aprenderão  com  os  exemplos,  que  podem  contar 
aos   milhares,   como   se  luta,  como  se  trabalha  o   conu")   se  triunfa. 

«Náo  há  espírito  de  azedume  nem  de  censura  nas  nossas  pala- 
vras :  elas  sáo  a  expressão  da  nossa  maneira  de  vêr  e,  longe  de  criar 
susceptibilidades,  que  sejam  recebidas  pelos  nossos  patrícios,  a  quem 
atingem,  se  Y.  S.""*  considerarem  conveniente  torná-las  conhecidas. 

«Mantemos  relações  comerciais  com  firmas  exportadoras  portu- 
guesas, cujo  trabalho,  encarado  tanto  industrial  como  comercial- 
mente, pode  servir  de  modelo  ao  melhor  negociante  de  qualquer 
país  e  náo  é  portanto  com  despeito  que  nos  referimos  —  com  rudeza, 
mas  com  sinceridade  —  às  qualidades  dos  exportadores  portugueses 
em  geral. 

«Com  subida  consideração,  subscrevemo-nos  —  De  V.  S.**""",  muito 
atentos  veneradores  e  obrigados,  José  Constante  d:  C'." 


Foram  as  seguintes,  as  firmas  que  gentilmente  corresponderam 
xio  nosso  apelo,  orientando-nos  para  a  confecção  do  presente  ques- 
tionário: srs.  Carvalho  Rocha  &  C";  Coelho,  Martins  &  C";  Correia 
Pinto  &  C.^;  Correia  Ribeiro  &  C."" :  Delfim  Coelho  &  C.^;  Guimarães 
Irmão  &  C." :  J.  F.  Santos  &  C":  José  Constante  &  C."' ;  Lehrão 
&  C":  Machado  Carvalho  (O  C." :  Oliveira  Lopes,  Silva  &  C."  e  Tei- 
xeira Borges  d'-  C." 


Questionário  n."  30 


IV  —  Frutas  de  mesa. 

1.     Amêkdoas. 


Até  1909  toda  a  fruta  verde  figurou  num  só  artigo  da  classifi- 
cação da  Estatística  Brasileira  sob  a  rubrica  de  « não  especificadas  » . 
A  partir  de  1910  desdobraram-se  aquelas  que,  nas  facturas  consula- 


270 


res,  vinliain  mais  ou  menos  especificadas,  abrindo-se  artigos  espe- 
ciais para  amêndoas^  avelas,  castanhas,  maças,  nozes,  pêras  e  uvas. 
Para  algumas,  tais  como,  maças,  pêras  e  uvas  verdes,  é  ainda  bas- 
tante difícil,  estabelecer  com  exactidão  quantidades  e  valores,  de- 
vido, muitas  vezes,  às  facturas  consulares  só  designarem  a  merca- 
doria com  o  nome  genérico  de  frutas  verdes,  e  como  nâo  há 
diferença  de  taxas  alfandegárias,  a  Estatística  continua  a  classificá- 
las  pelo  antigo  artigo  das  não  especificadas. 

Como  se  pode  verificar  pelo  pequeno  mapa  que  segue,  relativo 
aos  últimos  cinco  anos,  a  nossa  amêndoa  atingiu  o  máximo  do  mo- 
vimento em  1911,  decaindo  nos  anos  subsequentes,  como  por  exem- 
plo em  1913  que  nâo  chegou  a  metade  do  daquele  ano,  aumentando 
no  entanto,  contra  toda  a  espectativa  em  1914,  cerca  de  18  contos 
de  réis.  Cifrou-se  nos  algarismos  abaixo,  a  importação  de  origem 
portuguesa,  comparada  com  a  de  todos  os  outros  países: 


Anos 


1910, 
1911. 
1912. 
1918. 
1914. 


Portugal 
Quilogramas     {  Valores 


108:159 

109:262 

101:812 

47:930 

.55:886 


94:945$000 
llP:116$0cX) 
114:496*000 

54:176$000 

72:324$000 


Importação  geral 
Quilogramas  Valores 


366:313 
345:825 
429:235 
258:030 
148:625 


343:6011000 
396:161$000 
462:732$0a) 
319:0871000 
213:229$000 


Em  1911  conseguimos  ocupar  o  2°  lugar  na  importação  com 
30  %  ^^  totalidade;  passamos  porém,  nos  anos  seguintes,  para 
3."  plano.  A  ordem  tem-se  mantido  da  forma  seguinte:  Itália,  Es- 
panha, Portugal,  França  e  Alemanha.  Os  principais  mercados  con- 
sumidores são:  Rio  de  Janeiro,  Santos,  Porto  Alegre,  Pará  e  Manaus. 

As  melhores  amêndoas  descascadas  que  vêem  ao  mercado,  são  as 
italianas  e  francesas,  principalmente  estas  últimas,  procedentes  de 
Marselha,  género  muito  superior,  bem  escolhido  e  classificado. 

O  fruto  português,  também  descascado,  contêm  uma  grande 
parte  de  amargas  e  é  mal  cuidado,  tanto  na  limpeza  como  no  acon- 
dicionamento. Além  destes  inconvenientes,  vem  geralmente  à  con- 
signação, havendo  umas  vezes,  grande  falta  do  artigo  no  mercado. 


271 


outras,  grando  abundância  quo  dotcrniina  baixas  bruscas  nos  pre(,'.os, 
doniora  da  inorí^addvin  nos  depósitos  e  a  sua  consoíiuonte  dotorio- 
ração. 

É  pena  que  tal  suceda,  pois  a  nossa  amêndoa,  apesar  de  menor 
que  as  similares  de  outras  procedências,  é  muito  mais  cheia,  ou  por 
outra,  contêm  mais  miolo,  prostando-se  com  vantagem  a  certos  o 
determinados  íins.  A  espanhola,  inferior  à  nossa  e  por  esse  facto  do 
menor  preço,  tom  sempre  consumo  certo  no  mercado.  A  descascada, 
vem  era  latas  de  5,  10,  15  e  20  quilogramas,  liermeticaraento  fecha- 
das o  o  fruto  com  casca  em  sacos  de  60  quilogramas. 

As  italianas  e  francesas  vêem  acondicionadas  em  barricas  de  100 
quilogramas  e  chegam  geralmente  bem;  taml)êm  se  importam  em 
sacos  de  40  e  60  quilogramas.  As  portuguesas  igualmente  se  impor- 
tam cm  sacos  de  40  e  60  quilos,  mas  o  mais  comum  é  a  tradicional 
golpelha  de  esteira  de  esparto,  variando  o  peso  do  100  a  120  quilo- 
gramas. Como  se  pode  bem  calcular,  essas  golpelhas  sâo  enormes, 
difíceis  do  movimentar,  e  estão  de  há  muito  condenadas  pelos  im- 
portadores, pois  reputam  péssimo  este  sistema  de  embalagem. 
A  taxa  ou  direito  alfandegário  ó  de  100  réis  por  quilograma,  po- 
dendo calcular-se  em  145  réis  com  as  despesas  acessórias.  Daremos 
uma  fórmula  de  despacho  para  frutas  verdes  em  geral  quando  tra- 
tarmos mais  adiante  do  respectivo  questionário. 

•2."     Avelãs. 

E  bem  diminuta  a  importação  de  avelas  de  origem  portuguesa. 
Este  produto  também  foi  desdobrado  a  partir  de  1910,  e  cifra-se  o 
nosso  movimento  em  confronto  com  o  geral,  nos  últimos  cinco  anos, 
nos  seo-uintes  alo-arismos: 


Anos 

Portugal 

importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1910 

3:091 
•5:904 
7:720 
1:875 
315 

2:634S000 
õ:14G$000 
6:G2õS000 
l:71GS(¥Xl 
324S(J<  H ) 

160:194 
169:293 
184:880 
1(52:570 
•'ti*391 

113:156$000 
r28:145$000 
137:290$000 
134:()4GS0ai 
23-Gt4SõO(» 

1911 

1912 

1913 

1914 

272 


Até  1911  a  Itália  manteve  a  primazia  no  mercado;  porem 
de  1912  em  diante  a  Espanha  passou  para  o  primeiro  plano.  A  luta 
restringe-se  a  estas  duas  nações,  pois  que  Portugal  com  a  sua  dimi- 
nuta exportação  ocupa  o  3.**  lugar,  seguindo-se-lhe  o  Chile.  O  forte 
da  importação  é  pelo  porto  de  Santos  que  consome  cerca  de  metade 
do  movimento  geral.  A  avelã  geralmente  vem  em  sacos  de  50  a  60 
quilogramas,  e  o  direito  alfandegário  é  também  como  no  precedente 
artigo,  de  100  réis  por  quilograma.  A  nossa  avela  é  considerada 
€omo  de  primeira  qualidade. 


3.**     Castaxhas. 

Estas  poderiam  aqui  alcançar  muito  maior  consumo  se  em 
Portugal  houvesse  o  cuidado  de  exportá-las  com  mais  antecedência. 
Habitualmente  a  nossa  castanha  chega  aqui  muito  depois  da  espa- 
nhola. Esta  vem  em  canastras  de  ÕO  quilogramas,  passa  em  trânsito 
pelo  nosso  país :  é  mesmo  encanastrada  na  capital  o  aqui  vendida 
como  de  legítima  procedência  da  cidade  de  Lisboa.  Quando  a  nossa 
aparece  em  caixas  de  vários  tamanhos  e  pesos,  grosseiramente  fei- 
tas, sem  método  nenhum  na  expedição,  já  a  espanhola  está  predo- 
minando no  mercado.  Nos  últimos  cinco  anos  o  movimento  portu- 
guês comparado  com  o  geral,  foi  o  seguinte: 


Anos 

Portugal 

importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1910 

595:716 
508:338 
655:889 
519:613 
428:264 

2O8:797S0O0 
173:179$000 
216:380$000 
16S:349$000 
167:441$0OO 

2.265:347 
1.861:648 
2.320:385 
2.273:218 
1.168:193 

786:758$000 
tíl9:753$000 
787:273$000 
758:650$000 
444:481$000 

1911 

1912 

1913 

1914.... 

Em  1912  registou-se  o  máximo  movimento,  tanto  para  nós 
como  no  geral;  no  ano  seguinte  tivemos  uma  baixa  de  cerca  de  50 
contos  e  ficamos  estacionários  em  1914  quando  a  baixa  na  importa- 
ção geral  entre  1912  e  1914  foi  de  343  contos. 


273 


A  nossa  caKtanha,  principalinonte  a  da  rogiâo  de  ( "arrazoda, 
<3  superior  a  (jualquer  outra.  A  importaçrio  ostá  dividida  pola  Es- 
panha, aproximadamente  dois  terços  do  movimento  total,  Portugal 
e  Itália.  O  Rio  de  Janeiro  consumiu  em  1915,  554:ir)()S0()0  réis  ou 
seja  cerca  de  70  %  ^^^^^  importação  geral:  Santos,  142:0(K)$000  róis, 
seguindo-se  Pará,  Manaus,  ete. 

O  acondicionamento  varia;  nas  espanholas,  como  já  dissemos, 
é  em  cestas  de  50  quilos  e  sacos  de  60  quilogramas.  As  italianas 
véom  em  cestas  tamljêm  de  50  quilogramas  e  caixas  de  30  o  60  qui- 
los, peso  líquido. 

As  portuguesas  teem  três  maneiras  de  acondici  onamento :  bar- 
ricas de  60  quilos,  líquidos,  cestas  de  50,  e  caixas  muito  toscas  de 
tamanhos  diversos,  variando  na  mesma  remessa  entre  50  a  70  qui- 
logramas do  peso  líquido. 

As  meias  caixas  variam  também  entre  2õ  a  35  quilogramas. 
A  sua  péssima  aparência  nâo  recomenda  de  forma  alguma  o  produto. 
O  direito  na  castanha  também,  é  de  100  réis  por  quilograma. 


^.-^     iMaçãs. 

A  nossa  pomologia  está  muito  escassamente  representada  nos 
mercados  brasileiros.  Possuimos  belos  frutos,  na  verdade,  muito 
aromáticos  e  saborosos,  mas  infelizmente,  devido  sem  diivida  a  falta 
do  um  preparo  adequado  à  sua  conservação,  facilmente  apodrecem. 

Toda  a  maça  procedente  dos  Estados  Unidos,  Canadá,  Inglaterra, 
Tasmânia  e  Austrália  tem  uma  ténue  camada  de  parafina  quási  im- 
perceptível, que  a  conserva  por  bastante  tempo  qu  ando  retirada  dos 
frigoríficos  e  exposta  à  venda.  Nâo  tem  o  aroma  próprio  ao  fruto 
nem  mesmo  o  sabor  que  o  caracteriza;  no  entanto,  está  perfeita,  com 
uma  aparência  admirável  de  frescura,  parecendo  colhida  de  pouco 
tempo.  A  de  origem  francesa,  espanhola,  italiana  e  a  nossa,  logo 
após  a  saída  dos  frigoríficos,  deterioram-se  com  a  maior  facilidade; 
conservam  no  entanto,  o  aroma  agradabilíssimo  do  fruto,  e,  como 
este,  é  muito  desigual;  o  menor  chega  sempre  mais  ou  menos  com- 
primido ou  tocado  e  é  por  aí  que  começa  a  sua  rápida  decomposi- 
ção, tornando-se  invendável.  Tivemos  ocasião  de  ver,  no  decorrer 
do  ano  findo,  algumas  remessas  vindas  da  Ilha  da  Madeira,  em  la- 


274 


mentável  estado;  o  aroma  mantinha-se  persistente,  mas  o  fruto  teve 
de  se  inutilizar. 

A  importação  de  origem  portuguesa,  durante  os  últimos  cinco 
anos,  comparada  com  a  geral,  foi  a  seguinte: 


Anos 

Portugal 

importação  gerai 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1910 

103:488 
115:729 

97:212 
116:064 

12:045 

39:358$000 
37:245$000 
85:071$000 
36:773Sa^0 
6:679$0OU 

1.342:876 
1.541:374 
1.869:097 
1.888:610 
1.698:814 

43õ:070$000 
576:646$000 
901:24õS000 
785:728S00O 
759:081$000 

1911 

1912 

1913     

1914 

O  aumento  da  importação  geral  em  quatro  anos  traduz-se  por 
350  contos  nos  valores  e  500  toneladas  nas  quantidades.  Os  valores 
de  1913,  em  relação  ao  ano  precedente,  foram  inferiores  em  116  con- 
tos, a-pesar-da  quantidade  superior  de  19  toneladas,  neste  último 
ano.  Em  1914,  tivemos  uma  baixa  que  não  se  explica^  pois  no  mo- 
vimento geral  registaram-se  menos  190  toneladas  que  em  1913,  com- 
putadas em  26  contos,  e  para  nós  a  diferença  é  de  104  toneladas  no 
valor  de  30  contos. 

Os  Estados  Unidos  da  América  do  Norte,  manteem  a  primazia 
no  mercado.  Em  1912  importaram-se  daquele  país  1.182:196  quilo- 
gramas, computados  em  625:161S000  réis  e  das  possessões  britânicas^, 
incluindo  o  Canadá,  485:044  quilogramas,  valendo  181:247$000  réis. 
Só  estas  duas  importações  absorvem  89, ÕO  "/q  dos  valores  da  im- 
portação total.  O  restante  foi  dividido  pela  Inglaterra,  Portugal,. 
França,  Argentina,  Itália  e  Espanha. 

A  praça  do  Rio  de  Janeiro,  no  mesmo  ano,  consumiu  réis- 
808:0608000  ou  seja  cerca  de  89  "/o  ^^  importação  total.  Seguem- 
se-lhe  os  portos  de  Pará,  Baía,  etc. 

O  acondicionamento  americano,  canadense,  inglês  e  das  colónias- 
obedece  a  um  método  rigorosíssimo  e  deveras  interessante.  Todas 
as  caixas  sâo  de  igual  formato,  e  teem  exteriormente  marcado  o 
número  de  frutos  que  cada  uma  contêm,  náo  diferindo  o  conteúdo 
de  um  só  sequer. 


275 


As  tábuas  que  formam  os  lados  das  caixas,  estão  dispostas  de 
maneira  que,  em  todo  o  seu  comprimento  há  um  ou  dois  espaços 
ou  intervalos  para  a  necessária  ventilarão  interna. 

Ainda  para  estabelecer  o  arejamento  dos  volumes,  quando  em- 
pilhados, o  para  que  os  fundos  náo  forcem  as  tampas,  quando  um 
pouito  abauladas  pelo  excesso  do  conteúdo,  estas  teem  nas  extremi- 
dades, que  pregam  nas  testeiras,  fasquias  ou  travessas  em  que  a 
caixa  sobreposta  assenta,  náo  comprimindo  portanto  os  frutos  con- 
tidos no  volume  que  lhe  fica  por  baixo. 

Em  cada  caixa  o  fruto  obedece  a  um  só  tamanho,  o  que  facilita 
a  sua  boa  disposição  em  camadas  simétricas.  Cada  um,  além  da  li- 
geira camada  de  parafina  a  ([ue  já  nos  referimos,  vem  envolvido  em 
papel  branco  de  pouca  consistência. 

Os  Estados  Unidos  e  o  Canadá  empregam  dois  sistemas  de 
acondicionamento:  caixas  com  18  quilos  de  peso  líquido  e  bar- 
ricas de  60  quilogramas  líquidos.  O  número  de  frutos  para  estas 
últimas  varia  entre  300  e  400. 

A  Escóssia,  Tasmânia  e  outras  possessões  inglesas,  usam  idên- 
tico sistema  de  caixas  com  o  mesmo  peso  de  18  quilogramas  líquido 
para  cada  volume,  com  80  a  120  frutos,  trazendo  a  caixa,  igual- 
mente marcado  na  extremidade,  o  número  exacto  que  contêm. 

Da  Argentina  importa-se  a  maça  em  cestos. 

De  Portugal  vêem  caixas  variando  entre  20  a  60  quilogramas 
de  peso  líquido,  fruto  desigual,  nâo  tendo  conta  certa  e  embrulhado 
muitas  vezes,  em  papel  de  côr  que  o  tinge  facilmente. 


õ.°     Nozes. 


As  de  procedência  portuguesa  teem  aqui  pouca  aceitação  por 
nâo  poderem  concorrer  em  qualidade  e  preço  com  as  chilenas. 

Este  fruto  também  passou  a  descriminar-se  em  artigo  especial 
a  partir  de  1910;  tivemos  uma  certa  preponderância  no  mercado 
até  1911,  figurando  na  importação  no  segundo  lugar;  porém  em  1912 
passamos  para  o  quarto,  onde  ainda  permanecemos. 

Tivemos  no  último  qúinqiiénio  o  seguinte  movimento  em  con- 
fronto com  a  importação  total: 


276 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1910 

97:769 
136:381 
86:391 
41:282 
33:472 

53:035í!000 

75:066|!000 
47:666|!000 
23:778^000 
19:426^000 

751:546 
572:977 
1.047:070 
539:321 
240:509 

437:964^000 
379:098,í!000 
685:446|!000 
340:7861000 
188:377^000 

1911 

1912 

1913 

1914 

Em  1912,  deu-se  um  decresoimento  para  nós  de  cerca  de  28  con- 
tos, quando  na  importação  geral  houve  um  aumento  de  306  contos. 
Este  aumento  nâo  se  manteve  no  ano  seguinte,  em  que  se  deu  uma 
baixa  de  50  "/e  tanto  no  movimento  geral  como  para  nós. 

O  Chile  vendeu  ao  Brasil  em  1912,  659:997  quilogramas  no  va- 
lor de  439:2258000  róis  ou  seja  64  7o  ^^  importação  total.  O  res- 
tante foi  distribuído  pela  Espanha,  Itália,  Portugal  e  Uruguai. 

O  porto  do  Rio  de  Janeiro  comprou  no  mesmo  ano,  622:734$ 
'róis  ou  seja  90  ^o  cia  importação  geral;  Santos  ó  o  único  porto  qne 
se  pode  mencionar  com  consumo  regular  a  seguir  à  praça  do  Rio 
de  Janeiro. 

O  acondicionamento  mais  comum  para  nozes  é  o  saco  de 
60  quilogramas. 


6.     Uvas  verdes. 


A  nossa  viticultura  poderia  estar  mais  bem  representada  no 
Brasil  se  houvesse  maior  cuidado  no  acondicionamento  e  mais  cri- 
tério por  parte  do  exportador.  Já  por  várias  vezes  tem  sido  de- 
monstrado o  quanto  ó  prejudicial  ao  fruto,  o  emprego  da  serradura 
de  pinheiro.  Será  talvez  o  processo  mais  económico  de  embalagem ; 
tem,  porém,  o  contra  de  impregnar  toda  a  uva  com  o  detestável 
gosto  a  resina.  Nestas  condições  e  estando  o  mercado  do  Rio  de  Ja- 
neiro fartamente  abastecido  com  o  produto  nacional  e  argentino, 
embora  nâo  haja  comparação  possível  em  qualidade  entre  estes  e  o 
da  nossa  videira,  a  preferência  do  consumidor  inclina-se  mais  para 
eles,  do  que  para  o  nosso,  visto  não  terem  o  sabor  acre,  proveniente 


277 


única  o  oxeliisi vãmente  da  serradura;  e  não  é  o  factor  proço  que 
contribui  para  essa  preferência,  pois  a  nossa  uva  nâo  o  alcança  su- 
perior. 

A  espanhola,  acondicionada  com  serradura  de  cortiça  em  bar- 
ricas de  25  quilos  de  peso  líquido,  consorva-se  inalterável  de  gosto 
por  tempo  indeterminado,  encontrando-se  à  venda  durante  todo  o 
ano,  quando  a  nossa  só  aparece  na  época  própria  da  vindima,  nâo 
guardando  os  frigoríficos  provisões,  como  sucede  com  a  espanhola 
que  atinge  muitas  vezes  elevadas  cotações. 

A  importação  de  uvas  frescas  só  começou  a  descriminar-se  em 
1910.  Infelizmente  nâo  acompanhamos  na  proporção  a  marcha  as- 
cendente que  se  nota  até  1912.  No  ano  seguinte  houve  um  decres- 
cimento  de  cerca  de  17  "/q  no  movimento  geral  e  que  para  n(')S  se 
elevou  a  50  7o- 

O  nosso  movimento  durante  o  quinquénio^  comparado  com  o 
geral,  foi  o  seguinte : 


Anos 

Porti 

igal 

Import, 

jção  geral 
Valores 

Quilogramas     • 

Valores 

Quilogramas 

1910 

528:475 
534:159 
668:341 
378:188 
26.5:1.50 

244:6175000 
244:8535000 
280:8715000 
191:1295000 
147:1665000 

1.166:040 
1.443:146 
2.492:698 
2.015:697 
799:988 

756:4315000 

965:1 71 WOO 

1.894:1065000 

1.572:8095900 

688:5885000 

1911 

1912 

1913 

1914 

Predomina  no  mercado  a  Espanha,  que  em  1912  vendeu  ao 
Brasil  1.686:864  quilogramas  computados  em  1.485:J:23S0OO  réis  ou 
seja  78  "/„  da  importação  total. 

Nós  ocupamos  o  segundo  lugar,  vindo  em  seguida  a  República 
Argentina  que  no  mesmo  ano  forneceu  107:967$000  réis.  Há  ainda 
uma  diminuta  importação  da  Gran-Bretanha  e  Estados  Unidos. 
Destinou-se  a  maior  quota  da  importação  a  esta  praça  que  absor- 
veu em  1912,  1.469:2335000  réis,  cerca  de  77  %  do  movimento  to- 
tal. O  Eio  (jrande  do  Sul  também  abastece  o  mercado  do  Rio  de 
Janeiro,  mas  só  em  determinada  época  do  ano,  e  como  existem  aqui 
grandes  câmaras  frigoríficas,  a  uva  espanhola  é  ali  armazenada  em- 


278 


quanto  dura  a  nacional,  conseguindo-se  por  esta  forma  a  venda  da 
uva  fresca  em  qualquer  estação  do  ano. 

O  sistema  de  barricas  de  20  quilogramas  de  peso  líquido  usado 
pelos  espanhóis,  parece  o  meio  mais  prático  de  conservar  o  produto. 
Nós  usamos  a  caixa  de  25  quilogramas,  mas  na  serradura  de  pi- 
nheiro é  que  está  o  defeito  do  acondicionamento.  A  Argentina,  como 
a  distância  é  curta,  envia  ao  mercado  cestas  de  um  formato  espe- 
cial também  com  25  quilos.  O  Eío  Grande  do  Sul  adoptou  o  mesmo 
sistema,  que  nâo  pode  de  forma  alguma  servir  para  nós. 

Carece  de  um  estudo  especial  por  parte  dos  nossos  exportado- 
res, o  acondicionamento  do  fruto  das  videiras  portuguesas,  a  fim  de 
obtermos  vantagens  que  nos  são  devidas,  nâo  só  pela  excelência  do 
produto  como  ainda  pela  numerosa  colónia  que  aqui  temos. 


Questionário  n.''  31 

7.     Frutas  secas  não  especificadas. 

(Jcupamos  o  terceiro  lugar  na  importação  de  frutas  secas  ou 
passadas,  em  que  também  estáo  compreendidas  as  de  Elvas,  a-pesar- 
de  erroneamente  classificadas,  muitas  vezes  pela  Alfândega,  como 
frutas  cristalizadas  ou  em  doce,  pagando  por  esse  facto,  na  razão  de 
2S000  réis  por  quilograma,  em  vez  de  400  réis,  taxa  aplicada  a  to- 
das as  frutas  secas  sem  preparo. 

Com  tao  pesado  encargo  as  nossas  saborosas  frutas,  género  El- 
vas, muito  bem  preparadas  e  aqui  muito  apreciadas,  nâo  podem 
competir  em  preço  com  as  similares  de  outras  procedências  que 
habitualmente  vêem  ao  mercado,  como  por  exemplo  a  francesa, 
acondicionada  em  elegantes  bocetas  de  cartão  muito  leve,  e  embora 
pague  a  mais  alta  taxa  alfandegária,  porque  realmente  é  preparada 
ou  cristalizada;  no  entanto  o  seu  preço  é  muito  mais  equitativo. 
Incidindo  o  direito  sobre  o  peso  bruto  da  mercadoria,  isto  é,  in- 
cluindo o  da  boceta  de  pesadíssimo  cartão  ou  madeira,  em  que  a 
nossa  fruta  de  Elvas  vem  acondicionada,  a  elevada  taxa  de  2$000 
réis  por  quilograma,  acrescida  das  demais  despesas  acessórias  que 
perfazem  o  total  de  3$000  réis,  muito  difícil  se  torna  generalizar  a 


279 


tjiia  venda,  e  tiáo  havemli)  margem  para  lucros  compensadores,  a 
iínportaeáo  ressente-se.  A  nossa  fruta  tom  ainda  um  contra,  sondo 
do  preparo  diferente  da  francesa,  deteriora-se  mais  rapidamente, 
Tem-sc  notado  no  presente  ano  a  completa  ausência  das  nossas  fru- 
tas de  Eivas:  no  entanto  as  francesas  continuara  a  vir  ao  mercado 
em  pequenas  liocetas  bem  artísticas. 

Como  fica  demonstrado,  depende  só  de  arranjo  o  bom  gosto, 
o  consumo  de  ameixas,  damascos  e  alperclies  de  Ehas  em  caixinhas 
©levantes  e  extromamente  leves.  Devemos  notar  que  já  de  si  a  nossa 
fruta  é  mais  pesada  que  as  de  outras  origens. 

As  frutas  e  Itijunies  figuraram  englobadas  até  1908,  cifrando-so 
nos  algarismos  seguintes,  as  quantidades  e  valores  da  importat-áo 
de  origem  portuguesa  em  confronto  com  a  geral : 

Frutas  e  legumes 


Anos 

Po 
Quilogramas 

rtugal 

Valores 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

lítOõ 

1906 

205:344 
237:019 
277:907 
253:764 

106:650$01K) 
147:241  SOOO 
172:292$000 
152:860$0a) 

1.240:089 
1.410:7:-30 
1.583:854 
1.282:382 

872:197$000 
1.160:8õ5$000 
1.446:201  $000 
1.09õ:633$000 

1 907 

X^MM 

Dos  legumes  nos  ocuparemos  em  devido  tempo. 

Frutas 


Anos 

Po 

rtugal 

Valores 

Importi 
Quilogramas 

jção  geral 
Valores 

Quilogramas 

i;)09 

1910 

260:613 
385:133 
364:4!.)0 
396:701) 
301:315 
81:952 

170:396$000 
260:163$a30 
266:421  SOOO 
274:O.5OSW0 
207:677$000 
75:920S0(X) 

1.235:330 
1.692:928 
1.915:579 
2.173:948 
1.879:055 
753:014 

1.095: 165$0OO 
1.552:039$aX) 
1.868:302$0l)0 
2.175:070$0lX) 
1.978:163$0()0 
S89:181$000 

li)ll 

1912 

1913 

U)U 

280 


O  movimento  ascendente  que  se  nota  na  importação  geral  até 
1912,  pois  em  quatro  anos  quási  duplicou,  não  foi  acompanhado 
pelo  nosso  país  que  apenas  se  limitou  a  um  aumento  de  61  °/o-  -^^^ 
1913  houve  uma  sensível  baixa  que  em  1914  ainda  mais  se  acen- 
tuou. 

Até  1911,  a  Espanha  predominou  no  mercado  com  o  movi- 
menta anual  de  cerca  de  700  contos;  porem  em  1912,  a  França,  que 
até  ali  se  limitara  a  vender  ÕOO  contos,  passou  para  750:4:54$000 
réis,  ou  seja  34  ^/g  sobre  a  totalidade,  ficando  a  Espanha  no  segundo 
plano  com  717:743^000  réis.  Segue-se-lhes  em  terceiro  lugar  p  nosso 
país,  vindo  em  seguida  a  Itália,  Alemanha,  Estados  Unidos  da  Amé- 
rica do  Norte,  Grécia,  Turquia  Europeia  e  Asiática,  etc. 

Os  principais  mercados  consumidores  foram,  obedecendo  à  or- 
dem, Rio  de  Janeiro,  Santos,  Pernambuco,  Portalegre^,  Baía,  Pará,^ 
Rio  Grande,  Paranaguá,  Manaus,  etc. 

O  forte  da  nossa  exportação,  é  o  figo,  que  só  tenderá  a  dimi- 
nuir, se  continuarem  a  exportá-lo  de  baixa  qualidade  e  sem  a  me- 
nor selecção.  O  acondicionamento  no  geral,  também  é  arcaico,  como 
por  exemplo,  as  ceiras  ou  cabazes  bordados,  de  péssimo  gosto.  Neste 
particular  pode-se  afirmar  que  esta  indústria  nâo  evoluiu;  salvo 
raríssima  excepção,  não  se  sái  das  mal  acabadas  ceiras  e  caixinhas 
de  madeira  tosca  forradas  nas  juntas  com  tiras  de  papel  de  cor 
muito  ordincirio,  em  cuja  confecção  parece  presidir  sempre  a  falta 
de  iniciativa.  Devemos  aqui  fazer  salientar  a  tentativa  de  uma  casa 
de  Lisboa,  enviando  figos  em  caixas  de  folha  litografadas,  o  que 
torna  o  artigo  muito  mais  atraente. 

Também  apareceram  umas  excelentes  passas  de  Alpiarça;  pena 
é  que  nâo  fossem  tão  bem  apresentadas  no  conjunto  como  as  me- 
lhores de  Málaga;  o  seu  sucesso  seria  completo. 

Para  frutas  secas,  formulou  a  Câmara  vários  quesitos  que  fica- 
ram prejudicados,  prevalecendo  somente  aqueles  aos  quais  obtive- 
mos respostas. 

QUESTIONÁRIO 

1.°  Conhece  V.  Ex."'  as  causas  que  determinaram  o  decrescimento 
da  importarão  das  frutas  secas  de  origem  portuguesa  durante  o  ano 
de  1913? 

A   grande  concorrência  dos  diversos  países  que  anteriormente 


281 


nâo  vinhaiu  ao  mercado  om  tâo  larga  escala.  Em  ligos  secos  ou  j)as- 
sados,  tomos  por  concorrentes  a  Espanha,  (í rocia  e  Turquia.  Nas 
frutas  cobertas  ou  de  Elvas,  temos  a  Franca  o  os  Estados  Unidos, 
de  onde  véom  maças,  peras,  damascos,  ameixas  e  pêssegos  da  Cali- 
fórnia, (]ue  so  despacham  pela  taxa  de  4(X)  róis  por  quilograma,  eni- 
quanto  que  as  nossas  pagam,  pela  mesma  unidade,  2S(X)0  réis. 

2°  Na  afirmativa,  o  que  aconselha  V.  Ex."-  se  deva  fazer  para 
maior  expansão  no  Bra-^il,  do  comércio  das  frutas  sêcax  de  Portugal, 
nomeadaynente  o  figo? 

Primeiro:  Melhorar  o  preparo,  que  até  à  actualidade,  obedece  a 
})rocessos  muito  rudimentares,  resultando  a  sua  deterioração  muito 
rápida.  Nos  nossos  figos  dá  o  bicho  com  nuiis  frequência  que  nos 
espanhóis.  As  frutas  de  Elvas  humedecem  com  a  maior  facilidade, 
o  que  não  sucede  com  as  francesas. 

Segundo:  Obter  do  Congresso  Brasileiro,  por  intermédio  do 
Governo  Português,  que  as  nossas  frutas,  género  Elvas,  passem  a 
ser  classificadas  como  secas,  e  que  os  nossos  industriais  evitem  men- 
cionar nos  cartazes,  bocetas,  rótulos,  etc,  os  títulos  de  fábricas  de 
frutas  doces  ou  frutas  em  açúcar,  etc. 

Terceiro:  A  redução  dos  actuais  fretes  marítimos,  estabele- 
cendo-se  a  tâo  desejada  carreira  de  iiavegaçâo  portuguesa  para  o 
Brasil. 

3."  Qual  a  procedência  das  frutas  secas  que  teem  a  preferência 
no  mercado  brasileiro? 

A  ameixa  simplesmente  seca  ou  passada,  da  Erança  em  avul- 
tada quantidade,  e  da  Alemanha  e  Itália.  O  figo,  de  Espanha,  Por- 
tugal e  Turquia.  As  passas,  de  Espanha,  também  em  grande  quan- 
tidade, e  da  Grécia.  As  restantes  frutas,  da  xA.mérica  do  Norte, 
França,  Alemanha,  etc.  Deve-se  salientar  que  as  nossas  de  Elvas 
bateriam  facilmente  as  americanas  se  o  seu  preço  nâo  fosse  excessivo. 

4.°  Qual  o  direito  que  incide  no  Brasil  para  a-<  diversas  frutas 
secas? 

Segundo  a  classe  6."  da  Tarifa,  temos  pelo  artigo  90."  para 
frutas:  Secas  ou  passadas,  de  qualquer  qualidade,  quilo  400  róis. 

Pelo  artigo  91.",  quaisquer  frutas,  cocos  ou  nozes,  classificados 
ou  nâo: 

Em  doces  secos  ou  sem  calda,  cristalizados,  ou  de  qualquer 
outro  modo  preparados  ou  confeitados,  quilo  2S000  réis. 

Com  o   pagamento   de  35  "/o   f''ii'o  ©  mais  despesas  acessiirias, 


282 


teremos  estas  taxas  elevadas  a  mais  50  7o-  Acresce  ainda  o  imposto 
de  consumo  de  100  réis  por  quilograma  pn  25  réis  por  fracção  de 
250  gramas.  Por  exemplo,  num  amarrado  de  doze  pequenas  ceiras 
de  figos  do  Algarve,  o  selo  é  de  300  réis,  porque  incide  sobre  cada 
uma  das  fracções  que  formam  o  todo. 

5.^  O  que  aconselha  V.  Ex/''  para  a  embalagem  das  Jrutas  por- 
tuguesas e  o  peso  que  deve  ter  cada  volume  ? 

Nâo  devem  ser  demasiado  grandes,  e  o  peso  em  média  mais 
aconselhado,  deve  regular  de  50  a  60  quilos;  porém,  a  classe  da 
mercadoria  é  que  o  deve  aconselhar.  Ao  acondicionamento  desta, 
deve  presidir  sempre  o  bom  gosto.  Os  figos,  por  exemplo,  em  vez 
das  tradicionais  caixinhas  de  madeira  muito  tosca,  poderiam  vir  em 
bocetas  de  fantasia.  As  ceiras  também  poderiam  ser  melhoradas, 
nâo  deixando  no  entanto  de  aparecerem,  pois  são  típicas  da  região 
produtora. 

Como  se  trata  de  artigos  de  largo  consumo  na  época  do  Xatal, 
por  conseguinte  mais  próprios  para  brindes,  os  espanhóis  que  já 
vâo  adquirindo  uma  certa  prática  comercial,  melhoram  de  ano  para 
ano.  a  embalagem  de  seus  produtos,  liavendo  actualmente  no  mer- 
cado, passas  e  figos  em  pequenas  caixinhas  de  fantasia,  umas  vezes, 
simples  brinquedos,  outras,  com  uma  certa  e  determinada  aplicação. 
E  um  pouco  o  nosso  género  empregado  pela  Semana  Santa  com  as 
amêndoas.  Alguns  meses  antes  de  se  iniciar  a  importação,  os  agen- 
tes ou  caixeiros  viajantes,  percorrem  as  casas  importadoras  com  um 
mostruário  vazio  de  estojos  ou  caixinhas,  tomando  as  encomendas 
que  sáo  executadas  pela  mesma  forma  que  para  o  artigo  corrente 
das  ceiras  ou  caixas  de  madeira:  tantos  volumes  com  o  modelo  1, 
outros  tantos  com  o  número  2,  etc,  havendo  uma  infinidade  de  mo- 
delos. Os  franceses  usam  o  mesmo  sistema  de  caixinhas  de  fantasia, 
estojos,  etc,  porem,  muito  leves,  reunindo  sempre  o  lítil  ao  agra- 
dável. 

6.°  Tem  ]'.  Ex."  conhecimento  de  que,  para  esta  mercadoria,  os 
exportadores  portugueses  se  servem  ainda  da  consignação  ou  das  vendas 
à  comissão? 

Está  muito  reduzido  o  movimento ;  todavia,  ainda  alguns  ne- 
gócios se  fazem. 

7."  Na  afirmativa,  quais  os  meios  a  empregar  para  cftie  cesse  de 
pironto  tão  pernicioso  meio  de  transacção  ? 

Da  maneira  por  que  é  feita,  torna-se  perniciosa.  O  negociante 


383 


si)  loiu  coiilirciuKMiio  div  nierccidoria  4110  lhe  é  consignada,  pelo  ma- 
nifesto do  vapor  que  a  transporta.  Muitas  vezos  não  está  habilitado 
ou  nâo  pode  formular  o  despacho  imediato  sobre  água  e  depois  da 
mercadoria  descarregada  para  a  Alfândega,  acresce  a  despesa  de  una 
m^-s  de  armazenagem. 

Se  ao  menos  recebesse  aviso  com  certa  antecedência,  a  merca- 
doria à  sua  chegada  já  estaria  meio  colocada  na  praça. 

8.°     Qual  a  forma  de  pagamento  mais  mual  no  mercado  ? 

As  condições  variam ;  porem,  as  mais  correntes,  e  que  devem 
prevalecer,  sâo  as  de  90  e  120  dias  de  vista. 

9."     Qual  a  forma  de  e.qiedirão  e  embarque,  efe.  '■■ 

A  mais  prática  é  a  condirão  CIF. 


Xa  parte  referente  a  caixeiros  \iajantes,  os  vários  produtos  de 
que  trata  o  presente  questionário  nâo  são  de  molde  a  comportar 
despesas  de  tal  monta,  podendo  a  falta  de  viajantes  ser  suprida  por 
bons  agentes  ou  representantes  autorizados  a  fazerem  a  necessária 
propaganda  e  que  orientem  com  todo  o  critério  os  seus  representa- 
dos, esforçando-se  estes  por  seguirem  à  risca  todas  as  alterações 
que  lhes  forem  indicadas,  no  sentido  de  desenvolverem  as  suas 
transacções. 

As  Câmaras  de  Comércio  também  poderão  prestar  relevantes 
serviços  com  estudos  especiais  sobre  cada  artigo  para  futura  orien- 
tação dos  interessados. 


Questionário  n.''  32 

8.     Frutas  verdes  xão  especificadas. 

Portugal  tem  a  primazia  no  mercado  para  frutas  cerdes  não 
especificadas,  excepção  feita  das  seis  qualidades  já  mencionadas, 
amêndoas,  avelãs,  castanhas,  maçãs,  nozes  e  uvas:  110  entanto,  pode 
muito  bem  ser  que  entre  as  não  especificadas,  se  encontrem  também 
aquelas,  pois  como  já  foi  dito.  muitas  vezes  as  facturas  consulares, 


284 


únicos  elementos  compilatórios  da  Estatística,  sâo  muito  deficientes 
na  especificação  da  mercadoria. 

Até  1908,  as  frutas  estiveram  englobadas  com  legumes,  verduras 
e  azeitonas.  Em  1908  deu-se  a  passagem  dos  legumes  e  verduras,  para 
artigo  separado  e  no  ano  seguinte  as  azeitonas,  passaram  a  figurar 
no  agrupamento  das  conservas,  e  as  seis  qualidades  de  frutas  que 
já  tratamos  em  detalhe,  descriminarem-se  também,  cada  uma  em' 
artigo  separado.  Isto  emquanto  à  Estatística,  porque  pela  Tarifa,  a 
azeitona  continua  a  considerar-se  como  fruta  verde,  pagando  a  taxa 
de  100  réis  por  quilograma,  e  se  fosse  realmente  classificada  como 
©onserva,  passaria  a  pagar  1$200  réis  pela  mesma  unidade. 

A  importação  de  origem  portuguesa  nos  últimos  dez  anos,  em 
confronto  com  o  geral,  foi  o  seguinte : 


Frutas,  legumes  e  azeitonas 


Anos 

Po 

Quilogramas 

rtugal 

Valores 

Import 

Quilogramas 

ação  geral 
Valores 

1905           . .      .  . 

3.107:799 
2.080:043 
2.600:324 
2.536:744 

1.395:035$000 

96õ:733$000 

1.321:000$000 

1.239:02õ$000 

7.763:095 
G..51 1:927 
6.758:920 
7.120:812 

3.438: 1961000 
3.116:lõ9$000 
3.643:8221000 
3.õ83:662$000 

1906 

1907 

1908 

Frutas  e  azeitonas 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1909. 

2.425:755 

1.228:O5O$O0O 

6.499:914 

3.510:.549$000 

285 


Frutas  não  especificadas 


Anos 

Portugal 

Import 

3<;ão  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1910 

1911 

1.257:570 
1.125:808 
1.409:523 
1.309:243 
1.402:751 

942:()79á;000 
901:12:}$000 

1.444:077$000 
Í)43:246S000 

1.15(:'.:030$000 

2.842:922 
3.452:387 
4.385:518 
4.375:402 

2.880:91(5 

1.801:988$CXX) 
2.327:577$000 
2.972:179«000 
2.697:842$000 
2.205:50r)á;0L)0 

1912 

191o 

IDU ; .  . 

Poderíamos  predominar  em  absoluto  no  mercado,  se  os  expor- 
tadores seguissem  os  modernos  processos  de  acondicionamento  dos 
outros  países.  Pelo  pequeno  mapa  acima,  vê-se  que,  depois  do  um 
sensível  aumento  em  1912,  tivemos  uma  baixa  no  ano  seguinte,  de 
100  toneladas,  computadas  em  500  contos,  quando  na  importação 
geral,  o  decréscimo  foi  apenas  de  10  toneladas  no  valor  de  280 
contos. 

Acidentalmente,  e  devido  à  anormalidade  da  situação,  que  im- 
pediu a  saída  de  produtos  de  diversos  países  na  época  própria  da 
sua  maturação,  nós  obtivemos  em  1914,  um  aumento  importante. 
As  quantidades  ficaram  equiparadas  às  de  1912,  o  melhor  ano  do 
quinquénio ;  porém  os  valores  foram  menores,  talvez  pelo  motivo 
das  facturas  consulares  divergirem  nos  mesmos  valores,  facto  que 
se  dá  frequentemente  com  artigos  de  procedência  portuguesa.  Por 
exemplo:  uma  factura  refere-se  a  100  caixas  de  uva,  valendo  um 
conto  do  réis ;  outra,  do  mesmo  número  de  volumes,  vale  quatro 
contos  ou  mais. 

A  procedência  dos  produtos,  pela  ordem,  foi :  de  Portugal  50  % 
da  importação  total,  seguindo-se  Espanha,  Estados  Unidos,  Argen- 
tina, Uruguai,  França,  etc. 

Em  1912,  o  porto  do  Rio  de  Janeiro,  consumiu  3.572:127  qui- 
logramas no  valor  de  2.354:1 60?$000  róis,  ou  seja  79  *•/(,  da  importa- 
ção total,  seguindo-se-lhe  vSantos,  Pará,  Baía,  Pernambuco,  Porto 
Alegre,  etc. 

No  inquérito  a  que  a  Câmara  procedeu  formulando  19  quesitos, 
foram  obtidas  respostas  aos  seguintes: 


286 


QUESTIONÁRIO 


1."  Conhece  V.  Ex."'  as  causas  que  determinaram  o  ãecrescimento 
da  importação  de  Jrutas  imrtuyuesas  710  ano  de  1913? 

A  qualidade  das  nossas  frutas  é  superior:  porem,  o  péssimo 
acondicionamento  seguido  há  longos  anos  pelos  nossos  exportadores, 
a  má  selecção  dos  tipos,  e  o  elevado  custo  dos  fretes,  prejudicam 
seriamente  a  sua  expansão. 

2.°  Na  afirmativa,  que  aconselha  se  deva  fazer  jyara  maior  difu- 
são no  Brasil,  do  comércio  das  magnificas  frutas  portuguesas? 

Estando  este  comércio  nas  máos  de  negociantes  americanos, 
muito  práticos,  dificilmente  nós  poderemos  concorrer  com  real  van- 
tagem. A  cultura  dos  pomares  na  América  do  Norte,  é  tâo  cuidada, 
como  é  do  domínio  geral,  que  nos  frutos  daquele  país,  náo  se  en- 
contra o  'bicho.  No  início  da  exportação,  quando  por  acaso  tal  suce- 
dia, o  fruto  era  logo  reexpedido  à  sua  origem  para  a  causa  ser  cui- 
dadosamente estudada,  e  o  mal  remediado.  Neste  sentido,  o  nosso 
atrazo  é  manifesto;  o  fruto  português  geralmente  é  desigual,  bi- 
chado muitas  vezes,  do  que  nâo  se  faz  o  devido  caso,  e  sobretudo  o 
que  o  torna  inferior  é  o  seu  acondicionamento  mais  adequado  ao 
mercado  interno,  como  se  fosse  destinado  a  um  simples  trajecto  de 
alguns  quilómetros  e  nâo  a  uma  longa  travessia  marítima  e  perma- 
nência de  meses  em  câmaras  frigoríficas. 

A  fruticultura  portuguesa  em  geral,  e  a  pomicultura  em  parti- 
cular, devem  merecer  mais  desvelados  carinhos  dos  nossos  gover- 
nantes. O  Departamento  da  Agricultura  dos  Estados  Unidos,  bem 
poderia  servir  de  modelo. 

O  acondicionamento  deve  ser  moldado  no  americano,  o  mais 
perfeito  que  vem  ao  mercado. 

A  propaganda  também  é  um  poderoso  veículo  para  expansão 
de  todos  os  produtos.  Os  nossos  exportadores  nunca  se  lembraram 
de  distribuir  catálogos  ilustrados  para  frutas,  como  o  teem  feito  os 
americanos;  a  viveza  e  correcção  das  cores,  designando  as  qualida- 
des, assim  como  as  linhas  de  contorno,  dão  a  mais  perfeita  ilusão 
do  fruto. 

3.°  Qual  a  procedência  das  frutas  mais  preferidas  no  mercado 
brasileiro  ? 


2S( 


O  coineiviaiito  i)refcre  a  amoricana  quando  se  Irata  de  inai,.its, 
pêras,  pêssegos,  otc.  A  uva  considerada  mais  resistente  ó  a  espa- 
nhola, de  Almeria.  A  razão  da  preferência  explica-se:  chega  em  boas 
condições,  conserva-se  por  mais  tempo,  e  ó  mais  barata  do  qno  a 
nossa;  por  conseguinte,  dá  )nelhores  lucros. 

No  entanto,  segundo  a  estatística  do  importação,  a  portuguesa 
predomina  no  mercado,  e  de  facto  assim  ó,  se  levarmos  em  linha 
de  conta  a  que  vem  om  consignação  o  chega  muito  avariada  ou  po- 
dre à  Alfandega,  como  está  sucedendo  actualmente,  em  que  foi  ne- 
cessário fazer  a  redução  de  õO  •*/(,  nos  direitos  para  o  seu  desemba- 
raço daquela  casa  fiscal. 

4."  Qual  a  média  de  custo  no  local  de  origem,  por  cai.ra,  quali- 
dade e  categoria? 

Pêras  americanas,  3  a  4  dólares  por  caixa.  Maça  es])ecial  do» 
Estados  Unidos,  Canadá  e  Tasmânia,  2  a  2  |  dólares.  As  outras, 
pela  sua  diversidade  de  espécies  e  qualidades,  variam  muito  nos 
preços,  dependendo  estes  também  das  colheitas. 

5."  Qual  o  peso  dos  volumes  para  as  diversas  qualidades  de  fru- 
tas dãs  outras  nações  que  abastecem  o  mercado  ? 

A  pêra  americana  em  caixas  de  15  quilogramas  de  peso  líquido, 
em  tudo  idênticas  às  da  maça  já  descritas  em  artigo  anterior.  Fruto 
sempre  uniforme  e  bem  classificado  em  cada  caixa. 

A  argentina,  em  caixas  de  30  quilos,  líquido,  e  fruto  também 
muito  uniforme,  porém,  mais  pequeno. 

A  espanhola  em  caixas  e  cestas  de  diversos  tamanhos  com  fru- 
tos desiguais,  peso  20  e  40  quilogramas. 

A  portuguesa,  em  caixas  de  diversos  tamanhos,  frutos  sem  uni- 
formidade; pesos  15,  30  e  40  quilogramas. 

A  francesa  já  nâo  aparece  no  mercado,  devido  ao  seu  preço 
elevado. 

Cereja,  espanhola  e  portugiiresa,  caixas  de  10  o  15  quilogramas; 
a  espanhola  de  Hervas,  aqui  reputada  como  superior,  vem  om  ces- 
tas, com  o  mesmo  peso. 

Bainhas  claudias,  damascos,  pêssegos,  etc,  em  caixas  baixas  da. 
altura  do  fruto  que  comportam,  disposto  numa  camada  no  máximo 
duas,  podendo  ser  quadradas  ou  sobre  o  comprido.  Geralmente  esta 
última  fruta  de  procedência  americana  vem  em  caixas  forradas  in- 
ternamente com  cartão  canelado. 

Segundo  informações  colhidas  directamente  de  alguns  importa- 


288 


dores,  já  vieram  ao  mercado,  pêssegos  portugueses,  embrulhados 
©m  papel  de  cor,  e  em  caixas  de  60  quilos! 

Toda  a  fruta  de  procedência  americana  vem  embrulhada  em  pa- 
pel branco  fino,  mas  consistente,  e  encamada  simetricamente, 
tornando-se  até  agradável  proceder  ao  seu  desencaixotamento. 

6."     Qual  o  número  de  frutos  em  média  por  cada  volume? 

Depende  do  tamanho:  a  yêra  americana,  varia  entre  80  a  110, 
A  argentina,  como  vem  em  caixas  com  o  dobro  do  peso,  de  200  a 
250.  A  espanhola  e  a  portuguesa,  nâo  teem  número  determinado,  é 
a  quantidade  que  a  caixa  poder  comportar.  Todas  as  caixas  ameri- 
canas, argentinas  e  das  colónias  inglesas,  teem  exteriormente  mar- 
cado o  número  exacto  dos  frutos  que  conteem.  Nas  espanholas  e 
portuguesas  nunca  houve  esse  cuidado. 

Rainhas  elauãias,  damascos  e  pêssegos,  cada  caixa  contêm  24  a 
30  frutos. 

7."  Quais  as  condições  de  acondicionamento,  e  embalagem  das 
nossas  fruta>i,  em  relação  às  das  outras  nações  exportadoras  9 

Infelizmente  a  nossa  rotina,  conservou  o  antigo  processo  de 
embalagem  usado  no  tempo  em  que  o  Brasil  era  ainda  desconhe- 
cido das  nações  produtoras.  Nâo  se  procurou  imitar  os  outros  paí- 
ses, muito  mais  práticos  do  que  nós,  e  que  de  ano  para  ano  váo  in- 
troduzindo novos  processos,  quer  na  embalagem  quer  na  maneira  de 
transaccionar.  O  nosso  acondicionamente  é  o  pior  que  vem  ao  mer- 
cado; nota-se  na  sua  confecção,  um  único  fim:  encaixotar  depressa 
e  remeter  ao  destino,  nada  mais. 

8.''  Porque  razão  se  conservam  por  tempo  indeterminado  as  fru- 
tas de  outras  procedências,  havendo  durante  todo  o  ano  abundância 
delas  710  mercado,  emquanio  as  portuguesas  se  limitam  somente  a  apa- 
recer durante  a  estação  própria? 

Devido  ao  bom  acondicionamento  e  à  perfeita  selecção  que  fa- 
zem os  americanos  dos  frutos  destinados  à  exportação,  que  sâo  ti- 
pos resistentes,  e  bem  tratados  nos  pomares;  é  uma  exportação  co- 
mercial e  ao  mesmo  tempo  scientífica,  em  que  os  exportadores  teem 
em  vista:  preço  módico,  embalagem  perfeita,  frutos  resistentes,  de 
bôa  aparência,  aromáticos  e  tamanho  ao  desejo  do  cliente;  com  estes 
predicados  garantem  uma  larga  estadia  do  fruto  em  câmaras  frigo- 
ríficas sem  que  ele  se  estrague. 

9.°  Com  relação  a  uvas,  a  espanhola  alcança  um  preço  remune- 
rador, emquanto  que  a  portugueesa  apodrece  com  fãeilidaie,  e  adquire 


289 


ton  .<ahor  desagradável  que  a  deprecia;  qual  o  meio  de  evitar  õ.sse 
mal? 

Os  ospanlu)is  teeiíi  a  prudência  do  embarcar  apenas  um  tipo, 
aquele  precisamente  entro  todos,  que  oferece  maior  resistência. 
A  sua  embalagem  é  sem  dúvida  melhor  que  a  nossa  e  já  foi  devi- 
damente tratada  em  artigo  especial;  o  sabor  desagradável,  ovita-so 
com  a  substituição  da  serradura  do  pinheiro.  Nós,  temos  por  hábito 
encaixotar  todas  as  castas  numa  completa  mistura,  de  maneira  que 
as  menos  resistentes,  avariam  aquelas  que  poderiam  facilmente  su- 
portar a  viagem  e  é  uma  verdadeira  felicidade  que  o  género  se 
possa  vender  logo   à   chegada,  porque  qualquer  demora  é  funesta. 

10.''  Tem  V.  Exf''  conhecimento  de  que  jiara  esta  mercadoria,  os 
exportadores  portagiieses,  se  sirvam  ainda  da  consignação  ou  das  ven- 
das à  comissão? 

Xo  geral  todos  os  negócios  se  fazem  à  comissão,  o  que  é  tudo 
quanto  há  de  mais  prejudicial,  tratando-so  de  produtos  mal  acondi- 
cionados, susceptíveis  de  rápida  deterioração.  Todavia,  a  continuar 
o  processo  rotineiro  dos  nossos  exportadores,  nunca  chegarão  a  ven- 
der de  conta  própria. 

11."  Na  afirmativa,  quais  os  meios  de  que  lançar  mão  para  que 
■cesse  de  pronto  tão  pernicioso  meio  de  transaccionar? 

Modificar  por  completo  o  acondicionamento,  a  escolha  do  fruto, 
estudar  a  exportação  em  seus  detalhes,  que  fazem  os  Estados-Uni- 
dos;  aperfeiçoá-la  ainda  mais,  se  for  possível,  suplantando-a,  ou  en- 
tão, na  impossibilidade  de  pôr  em  prática  tâo  vasto  plano,  simples- 
mente imitá-la. 

12.**  Para  se  oferecerem  às  Associações  Comerciais,  e  a  fim  ãe 
bem  orientar  os  exportadares  e  encaixotadores  de  frutas  de  nosso  país, 
acha  y.  Ex.^''  conveniente  que  se  organizem  mostruários  com  modelos 
das  caixas,  cestas,  etc,  usados  pelas  outras  nações  na  exportaç/io  das 
suas  f-utas,  ou  com  as  próprias  caixas  já  servidas,  indicando  ao  mesmo 
tempo,  a  forma  do  seu  acondicionamento,  peso,  qualidades  e  quantida- 
des do  seu  conteúdo,  custo,  direitos,  etc.  ? 

Julgam  alguns  importadores  desnecessária  tal  medida,  porque 
já  o  tentaram  fazer  sem  que  até  hoje  se  vissem  os  resultados.  De- 
mais, alguns  dos  nossos  exportadores  já  conhecem  de  sobejo  o  pro- 
cesso norte-americano. 

O  Ex."'°  Sr.  Mário  de  Carvalho,  Delegado  da  Associação  Co- 
mercial de  Lisboa,  ao  regressar  da  sua  missão  de  estudo  ao  BrasiJ, 


290 


levou  elementos  para  orientar  os  interessados,  e  no  seii  eliTcidativo» 
relatório  fez  referências  ao  comércio  de  frutas. 

O  mais  prático  seria  contractar  naquele  país,  pessoal  devida- 
mente habilitado  que  ao  menos  dirigisse  o  encaixotamento  e,  aban- 
donar por  completo  o  processo  antiquado  da  entrega,  em  mãos- 
inexperientes  sem  conhecimentos  teóricos  e  sem  a  menor  responsa- 
bilidade, dos  primores  da  fruticultura  portuguesa. 

13.^     Quais  os  direitos  que  incidem  sõhre  a  fruta  verde  ? 

A  taxa  de  100  réis  por  quilograma,  acrescida  com  as  demais- 
despesas  conforme  o  exemplo  que  segue: 

Fórmula  de  um  despacho  especial  sobre  água 
para  frutas  verdes,  incluindo  amêndoas,  avelãs,  castanhas 

e  nozes 

Duzentas  e  vinte  caixas  contendo  fruta  verde  nâo  cspe- 
ciíicada,  pesando  líquido  cinco  mil  duzentos  e 
oitenta  quilos. 

Razão  50  o/o  — 5:280  quilos  a  100  réis 5288000 

Estatística 2S20a 

Ouro  2  'Vo  (M.  do  porto) 21S120 

Réis     ....  5518320 

Ouro  35  7o 1848800 

.2% 218120 

2058920 
Papel 345$400  5518320- 

Custo  de  2058920  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d.     .      .  370S80O 

Papel 345S40a 

Cais  do  porto  (sobre  água) 448000 

Despacho  e  selos 128300 

Descarga  ao  costado  do  vapor 888000 

Carreto 448000 

Réis     ....  9048500 


Despesa  por  quilo,  réis, 


S171 


291 


14.°  Qual  a  forma  de  paijamento  mais  nBual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro? 

O  comércio  americano  concede  umas  vezes,  o  prazo  de  90  dias 
de  vista,  outras  é  realizado  à  vista,  dependendo  de  prévios  acordos 
entre  comerciantes  e  importadores. 

lõ.°     Qual  a  forma  de  expedição,  embarque,  etc? 

CIF,  é  a  cláusula  mais  conveniente;  no  entanto  fazem-se  expe- 
dições com  a  condição  FOB,  devendo  prevalecer  a  primeira  depois 
de  restabelecida  a  normalidade  da  situação. 


Com  excepção  das  frutas  secas,  as  restantes  não  necessitam  da 
vinda  de  caixeiros  viajantes,  facilmente  substituíveis,  neste  caso, 
por  catálogos  coloridos  como  fazem  os  americanos.  A  representação 
poderá  ser  entregue  a  agentes  idóneos,  de  reconhecida  competência, 
estimulados  por  rem.unerações  compensadoras  do  seu  trabalho,  que 
no  início  será  ingrato,  e  aos  quais  competirá  velar  pela  manutenção 
do  predomínio  das  nossas  frutas  no  mercado  brasileiro,  se  os  expor- 
tadores se  submeterem  de  bom  grado  a  todas  as  ideias  que  a  pró- 
pria experiência  sugerir. 

Para  a  conclusão  do  presente  estudo,  que  abrange  dois  questio- 
nários, fomos  coadjuvados  pelos  seguintes  senhores:  A.  G.  Martins 
Abelheira;  A.  Rebelo  Valente  &  C.^;  Angelino  Simões  &  C.^;  Coelho 
Martins  &  C.^ ;  Correia  Ribeiro  &  C";  Couto  &  C."':  Ferreira  Irmão 
&  C.«;  Guilherme  Carreira  d  C";  H.  Alves  &  C." ;  Lebrão  &  C.""; 
Machado  Carvalho  &  C."'  e  Teixeira  Borges  &  C." 


Y — Legumes  e  verduras.  "^ 

1.     Legumes  e  veedukas  secos. 

Para  estes  produtos,  de  que  está  excluído  o  feijão,  e  que  figura 
em  classe  especial  da  Estatística,  somente  a  partir  de  1909,  tivemos 
até  1913  um  movimento  assaz  prometedor,  acompanhando  a  marcha 
ascendente  da  importação  geral,  passando  de  uma  tonelada,  no  pri- 


292 


meiro  ano,  para  vinte  em  1912  e  1913.  Infelizmente  no  ano  findo 
a  importação  geral  decresceu  44  7o  ©  nós  ficamos  reduzidos  a  325 
quilogramas  no  valor  de  148S000  réis. 

Nos    últimos    seis    anos,    o   nosso   movimento   comparado   com 
o  geral  cifra-se  nos  seguintes  algarismos : 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1909 

1910 

1:171 
4:643 
2:664 

20:488 

20:282 

325 

536$000 
1.535$000 
1:031$000 

14:782$00a 

13:598$000 

148$000 

50:542 
105:069 
132:330 
155:885 
203:723 

81:119 

27:391$000 
65:585$000 
92:21  iSOOO 
109:405S000 
136:806SOOO 
59:821$000 

1911 

1912 

1913 

1914 

Para  legumes  secos,  predominou  no  mercado  a  Espanha,  seguin- 
do-se-lhe  a  Alemanha,  Itália,  Portugal,  França,  Estados-Unidos,  etc. 

A  distribuição  em  maior  escala  foi  pelos  portos  do  Rio  de  Ja- 
neiro, Santos,  Pará,  etc. 

A  taxa  alfandegária  é  de  200  réis  por  quilograma. 


2.     Legumes  e  verduras  verdes. 


Como  sucede  para  os  anteriores,  os  legumes  verdes,  também  co- 
meçaram a  descriminar-se  pela  Estatística,  em  artigo  especial  a  par- 
tir de  1909.  A  importação  é  quási  toda  de  origem  portuguesa,  re- 
gulando a  média  dos  seis  anos,  96  7o  sobre  a  total.  Esta  é  por  seu 
turno  também  absorvida  na  sua  quási  totalidade^  pelos  portos  do 
Pará  e  Manaus  que  em  1912  consumiram  85:781$000  réis,  ou  sejam 
98,5  7o  sobre  o  total. 

Durante  os  últimos  seis  anos  o  nosso  movimento  comparado 
com  o  geral,  cifra-se  nos  algarismos  seguintes: 


291] 


Anos 

Po 

rtugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1909 

1910 

92:579 

130:028 

134:814 

108:581 

96:780 

43:53!) 

55:428$000 
87:560SOO0 
91:635S0í)0 
82:618SlX)L) 
73:599SlXX) 
32:277$000 

100:042 
141:647 
151:824 
115:930 
99:081 
60:224 

64:380$000 
95:897$000 
97:G34$000 
86:930$000 
70:O33$O0O 
47:10()$000 

1911 

1912 

1913 

1914 

O  excesso  entre  o  nosso  movimento  e  o  geral,  é  suprido  pelos 
Estados-Unidos  da  América  do  Norte. 

O  principal  elemento  da  exportação,  é  o  repolho  da  illia  da  Ma- 
deira muito  apreciado  no  Norte  do  Brasil. 

Como  para  legumes  secos,  a  taxa  alfandegária  é  de  200  réis  por 
quilograma. 


Questionário  n."  33 


YI  —  Diversos. 


1.     Alhos. 
•i.     Cebolas. 


Para  bolbos,  elaborou  a  Câmara  o  seu  trigésimo  terceiro  ques- 
tionário por  serem  produtos  negociáveis  em  conjunto. 

A  Estatística  na  sua  classificação,  até  1909,  conservou  os  alhos 
englobados  com  as  cebolas;  porem  em  1910,  começou  a  descriminar 
os  dois  artigos  separadamente. 

Portugal  tem  a  supremacia  na  importação  dos  bolbos  alimentí- 
cios, principalmente  para  cebolas.  A  importação  em  conjunto  nos 
I)rimeiros  cinco  anos  do  decénio,  comparada  com  a  geral,  foi  a 
seofuinte : 


294 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1905 

4.155:048    ' 

4.316:987 

3.040:091 

3.301:865 

2.941:958 

822:123$000 
1.028:0021000 
782:31 1$000 
722:344$000 
724:222$000 

4.761:956 
4.888:048 
3.711:180 
3.936:658 
3.406:322 

984:793$000 

1.192:338$000 

1.032:824$000 

965:6871000 

923:336$000 

1906 

1907 

1908 

1909 

Nestes  algarismos  nota-se  um  decréscimio  bastante  sensível, 
principalmente  no  que  respeita  a  quantidades.  Em  cinco  anos  houve 
uma  diminuição  de  l:13õ  toneladas  no  movimento  geral  e  1:214 
para  nós.  O  valor  da  mercadoria,  porem,  parece  que  aumentou,  pois 
a  diminuição  foi  respectivamente  de  61  contos  e  98  contos. 

Os  alhos,  durante  o  segundo  período  do  decénio,  tiveram  o 
seguinte  movimento : 


Anos 

Portugal 

Import. 

ição  geral 
Valores 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

1910 

515:300 
495:311 
647:349 
576:299 
434:354 

330:585^000 
404:7441000 
482:398^000 
371:6431000 
242:2391(000 

1.129:891 
1.046:893 
1.396:289 
1.374:888 
1.161:811 

599:970;«000 
631:4051000 
769:834:^000 
687:063^000 
604:6161000 

1911 

1912 

1913 

1914 

Na  importação  geral,  liouve  no  ano  findo,  um  regular  movi- 
mento, um  pouco  superior  ao  de  1910,  nâo  se  dando  outro  tanto 
para  nós.  A  diferença  para  menos,  entre  1913  e  1914,  foi  apenas  de 
83  contos  e  para  nós,  de  129. 

Suprem  o  mercado,  Portugal,  Espanha,  Uruguai  e  Itália. 

Importa-se  muito  alho  espanhol,  como  de  procedência  portu- 
guesa. Os  principais  centros  consumidores  sâo :  Rio  de  Janeiro, 
Santos,  Vitória,  Pará,  Pernambuco,  Manaus,  etc. 

Estuda-se  a  cultura  deste  bolbo  no  Estado  de  Paraná,  calculan- 
do-se  que  a  sua  produção  possa  atingir  200  contos  anuais. 


295 


Para  cebolas,  cifra-se  nos  algarismos  que  seguem,  o  nosso  mo- 
A'imento,  em  confronto  com  o  geral: 


Anos 

Portugal 

Importação  geral 

Quilogramas 

Valores 

Quilogramas 

Valores 

1910 

3.581:912 
3.221:188 
3.469:795 
5.419:889 
1.170:541 

735:473$0()0 
669:646$000 
817:131$a')0 
1.372:372$000 
795:7301000 

3.633:425 

3.282:060 
3.568:618 
5.951:92  S 
2  911:286 

746:8 17$0Ú0 
68õ:870$000 
859:883$000 
1.483:764$,)00 
830:982$000 

1911 

1912 

1913                .      ... 

1914 

A  cebola  importa-se  de  Portugal,  Itália  e  Espanha,  e  é  consu- 
mida em  maior  escala  nos  seguintes  portos:  Rio  de  Janeiro,  Pará, 
Santos,  Manaus,  Baía,  Pernambuco,  Maranhão,  etc. 

Foram  as  seguintes  as  respostas  obtidas  aos  quesitos  formula- 
dos pela  Câmara : 


QUESTIONÁRIO 


l.*^  Vindo  os  alhos  e  as  cebolas  de  procedêneia  portuguem,  já  em 
ref/idnr  quantidade  ao  mercado  brasileiro,  vê  V.  Ex!^  itossibilidade  em 
dar  maior  expansão  ao  seu  consumo? 

Alhos:  Pode  Portugal  exportar  as  quantidades  que  tiver  de  so- 
bra, porque  o  mercado  sempre  lhe  dará  a  preferência.  Os  espanhóis 
conhecem  demasiadamente  esta  preferência,  pois  remetem  em  trân- 
sito por  Lisboa,  grandes  quantidades  desta  mercadoria  fazendo-a 
passar  por  portuguesa. 

Cebola:  Seria  talvez  possível  dar  maior  expansão  a  ostíi  bul- 
bosa,  se  houvesse  meio  de  obter  uma  redução  na  taxa  alfandegária, 
ou  se  por  qualquer  outra  circunstância,  o  seu  preço  baixasse  e  fosse 
pelo  menos  igual  ao  da  nacional. 


296 


A  cultura  deste  bolbo,  no  Rio  do  Grande  do  Sul,  S.  Paulo 
e  JNÍinas,  está  sendo  aperfeiçoada.  De  ano  para  ano  melhora  conside- 
ravelmente e  certo  é,  que  numa  época  bem  próxima,  poderá  haver 
cebola  nacional  durante  todo  o  ano.  Actualmente  a  colheita  prolon- 
ga-se  de  Dezembro  a  Agosto  e  nos  restantes  meses  o  consumo  ó  su- 
primido pela  portuguesa,  náo  obstante  ter  também  extracção  naque- 
les meses. 

2.°  Tejn  V.  Ex."'  conhecimento  de  que  para  êsie  artigo,  ainda  se 
faça  a  chamada  ^^ consignação»  ou  «vendas  à  comissão»? 

Há,  porem  em  diminuta  percentagem;  ainda  assim  prejudica 
muito  a  importação  directa. 

3."  Na  afirmativa,  queira  V.  Exf^  orientar-nos  sobre  a  melhor 
forma  de  terminar  com  tão  pernicioso  j^^ocesso  de  negociar  que  preju- 
dica tanto  o  importador  como  o  exportador,  e  desacredita  o  produto 
asBÍm  como  o  país  que  o  exporta. 

Afastando  de  Lisboa  os  exportadores  estrangeiros  que,  sem  es- 
crúpulo, consignam  o  artigo  na  febre  de  o  exportarem  por  qualquer 
forma. 

4.^  Como  se  devem  exportar  os  alhos,  isto  é,  qual  a  melhor  forma 
de  embalagem,  peso,  acondicionamento,  etc? 

Em  caixas  de  60  quilos,  peso  líquido,  embalagem  adoptada 
pelos  embarcadores  portugueses  e  que  para  este  artigo  é  boa  e  sa- 
tisfaz. O  acondicionamento,  é  em  réstias. 

b.°     Qual  o  pfioceiso  que  se  deve  aplicar  às  cebolas? 

O  mesmo  usado  para  os  alhos;  caixas  com  60  quilos  de  peso 
líquido,  e  a  bulbosa  em  molhos  ou  mesmo  réstias. 

6.**  Será  verdade,  como  se  afirma,  que  há  exportadores  portugue- 
ses que  enviam  caixas  com  certo  e  determinado  peso  declarado,  quando 
o  real  é  muito  inferior? 

Sim,  há  de  facto  exportadores  que  fazem  falsas  declarações  de 
peso,  mas  muitas  vezes  é  em  obediência  a  ordens  emanadas  daqui. 

7.**  Qual  a  procedência  dos  produtos  similares  aos  nossos  alhos 
que  se  consomem  no  mercado? 

Espanhóis  e  uruguaios,  notando-se  que  estes  últimos  pouca  con- 
corrência fazem  aos  nossos.  A  colheita  no  Uruguai,  termina  quando 
começa  a  nossa.  Os  espanhóis  teem-nos  feito  alguma  concorrência. 

8.*^     Qual  o  seio  custo  no  local  de  origem? 

Varia  de  ano  para  ano,  segundo  a  colheita;  o  preço  dos  espa- 
nhóis, regula  pesetas  0,90  a  1,70  cada  réstia. 


297 


V)/'     Qual  o  direito  que  incide  sobre  o  produto:' 

"200  réis  por  quilograma,  acrescida  esta  taxa  com  35  '^/„  ouro  e 
mais  2  ^'/o»  alem  do  várias  outras  desposas  conformo  o  modelo  do 
despacho  que  segue : 


Fórmula  de  um  despacho  de  mercadoria  com  estadia 
de  um  mês  nos  armazéns  da  Alfandega 


Cincoenta  e  nove  caixas  contendo  alhos  pesando  líquido 
três  mil  quinhentos  e  quarenta  quilos. 

Razão  50  *'/y  —  3:5-10  quilos  a  200  réis 

Estatística 

Ouro  2  ''/o  ÇSL  do  porto) 

Réis     .... 

Ouro  35  *Vo 247S800 

>       2  «/o 285310 

276S110 
Papel -1608790 

Custo  de  276S110  réis  ouro  ao  câmbio  de  15  d. 

Papel 

Cais  do  porto,  armazenagem,  30  dias 

Despacho  e  selos 

Carreto 

Réis     .... 


708S(X)O 

S590 

28S310 


r36S900 


73GS900 


-197SOOO 

■1605790 

()6S330 

12S300 

29S5(30 

1:065S920 


Despesa  por  quilo,  réis 


:S30i 


298 


Sendo  a  mercadoria  despachada  como  género  de  estiva,  isto  é, 
sobre  água,  a  despesa  do  Cais  do  porto  será  de  41S430  réis,  em 
lugar  de  66$330  réis,  havendo  por  conseguinte  uma  diferença  para 
menos,  de  24$900  réis,  ou  seja  um  total  para  o  despacho  de:  réis 
1:041  S020,  ou  294  réis  por  cada  quilo. 

10.°  Qual  a  procedência  da  cebola  consumida  no  mercado,  sem 
ser  aportuguesa? 

Nenhuma  estrangeira  lhe  faz  séria  concorrência,  pois  a  impor- 
tação de  origem  espanhola  e  italiana  é  bem  diminuta.  Presentemente 
só  a  nacional  é  que  se  deve  temer  pela  sua  extraordinária  produção. 

11.°     Qual  o  seu  custo  no  local  de  origem? 

Sendo  a  colheita  normal,  o  preço  varia  de  2S000  a  3S000  réis 
por  cada  cento  com  o  peso  aproximado  de  8  quilogramas. 

12.°     Qual  o  direito  que  incide  sobre  o  produto? 

300  réis  por  quilograma,  acrescidos  com  as  demais  despesas 
•conforme  o  exemplo  que  damos  para  alhos, 

A   nacional   tem  um  pequeno  imposto  estadoal  da  exportação, 

13.°  Qual  a  forma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro? 

Para  a  nacional  45  dias  de  vista.  Os  exportadores  portugueses 
-concedem  90  e  120  dias  da  data. 

14.°     Quais  as  condições  de  expedição,  embarque,  etc? 

Greralmente  CIF,  cláusula  que  deve  sempre  prevalecer. 

lõ.°  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex."^  julgue  conve- 
niente acrescentar. 

A  escolha  dos  representantes  deve  recair  sempre  sobre  as  casas 
importadoras  mais  conceituadas,  evitando  quanto  possível  a  remessa 
de  gmndes  partidas  à  comissão  a  pequenos  negociantes. 


Para  bolbos  alimentícios  consultamos  os  principais  importado- 
res da  praça  que  se  prontificaram  do  mellior  grado  a  fornecerem-nos 
todos  os  esclarecimentos  de  que  tivemos  necessidade,  e  foram  eles 
os  srs.  Angelino  Simões  &  C";  Couto  &  C";  Ferreira  &  Irmão 
<&  C."".  Guilherme  Carreira  &  C."",  Guimarães  Irmão  &  C." ;  Pring 
Torres  &  O.";  Ramalho  lorres  &  C."'  e  Zenha,  Ramos  &  C" 


299 


Questionário  n."  34 


2.     Azeite  de  oliveira. 

O  nosso  óleo  concUincntar  mais  conhecido  no  Brasil  por  azeite 
doce,  náo  resta  a  menor  dúvida,  evoluiu  sensivelmente  no  seu  fa- 
brico durante  os  últimos  vinte  anos.  Alguns  oleicultores,  mas  infe- 
lizmente em  número  muito  restrito,  compenetraram-se  da  grande 
missão  humanitária  que  tinham  a  desempenhar  em  benefício  da  so- 
ciedade e  pouco  a  pouco  foram  introduzindo  na  indústria  oleícola 
os  mais  modernos  aperfeiçoamentos  no  processo  de  fabricação,  quer 
debaixo  do  ponto  de  vista  higiénico,  quer  no  preparo  esmerado  do 
produto. 

Dadas  tais  circunstâncias,  desvaneceram-se  em  parte  as  preven- 
ções que  havia  contra  o  azeite  português.  Nem  todos  os  produtores, 
porém,  seguiram  tâo  salutar  exemplo.  A  par  de  azeites  de  primeira 
qualidade,  finos,  dourados  e  brilhantes,  quási  isentos  de  acidez  que 
exportamos  para  o  Brasil,  vêem  ainda  inúmeras  marcas  apresen- 
tando uma  cor  verde-escura,  cheiro  pronunciado  a  tulha,  umas  ve- 
zes com  depósito  ou  turvos,  outras  com  excessiva  acidez,  parecendo 
por  este  facto,  mais  óleos  lubrificantes  do  que  propriamente  o  con- 
dimento produzido  pelo  fruto  da  oliveira  e  destinado  a  uma  alimen- 
tação sâ. 

Alguns  anos  atrás,  houve  aqui  quem  procedesse  a  diversos  es- 
tudos analíticos  em  azeites  que  se  encontravam  à  venda,  revelando 
a  análise,  em  alguns,  6  e  8  graus  de  acidez,  quando  a  tolerância 
máxima  do  próprio  para  consumo,  nâo  vai  àlôm  de  õ.  Chega  a  ser 
mesmo  inconcebível  como  a  nossa  fiscalização  sobre  produtos  agrí- 
colas, ao  tempo  considerada  rigorosíssima,  permitia  a  saída  por  ex- 
portação, e  ainda  hoje  parece  continuar  a  fazê-lo,  de  produto  de  táo 
inferior  qualidade,  colocando-nos  em  plano  muito  inferior  aos  nos- 
sos concorrentes,  que  neste  caso  sáo  a  França,  Espanha  o  a  Itália. 

Nâo  bastava  já  em  certos  casos  a  má  qualidade  de  algumas 
marcas  do  género  para  lançar  de  novo  o  descrédito  no  segundo  pro- 
duto da  lavoura  portuguesa.  Os  próprios  exportadores  encarrega- 
ram-se  também  de  contri1)uir  com  a  sua  quota,  para  que  esse  des- 


300 


crédito  tomasse  vulto  e  pouco  a  pouco  fôssemos  perdendo  o  terreno 
que  nos  pertencia  pelo  direito  de  conquista  e  antiguidade. 

A  luta  que  se  estabeleceu  entre  os  exportadores,  parece  que 
em  parte  devida  a  imposições  de  vários  negociantes  daqui,  redu- 
zindo sistematicamente  a  capacidade  do  vasilhame,  deu  em  resultado 
o  consumidor  ainda  hoje  ignorar  quanto  pesa  um  litro  de  azeite 
português!  A  diversidade  de  marcas  e  respectivas  formas  de  reci- 
pientes encontrados  no  mercado,  variam  de  550  a  900  gramas  de 
peso  bruto.  Chega  mesmo  a  haver  marcas  privativas  de  um  expor- 
tador com  divergência  no  peso,  estando  este  em  harmonia  com  o 
pedido  da  casa  que  o  importa.  Um  importador  deseja  o  artigo  com 
600  gramas,  outro  prefere  com  650  e  assim'  por  diante. 

O  descalabro  da  nossa  exportação  oleícola,  deu  em  resultado 
que,  como  se  vê  pelo  mapa  referente  aos  últimos  dez  anos,  o  nossO' 
movimento  a-pesar-de  acusar  uma  marcha  ascendente  muito  sensí- 
vel até  1912,  com  diversas  alternativas,  nâo  acompanhou  gradual- 
mente o  grande  incremento  da  importação  geral  dura^ite  o  mesmo 
período,  e  que  foi  a  seguinte: 


Anos 

Po 

rtugal 

Valores 

Import 

Quilogramas 

ação  geral 

Quilogramas 

Valores 

1905 

1.840:888 
1.142:706 
1.807:153 
1.287:953 
1.952:667 
1.920:210 
1.534:070 
1.854:829 
1.251:264 
1.093:357 

1.923:088|!000 
1.402:0191(000 
2.556:296,g000 
1.694:8461(000 
2.553:815^000 
2.578:336^000 
2.499:6961000 
2.847:9541(000 
1.9Ol:8O5;^'O0O 
1.714:2751000 

2.729:306 
2.399:092 
.3.399:245 
2.754:503 
2.971:960 
3.789:065 
3.429:379 
4.921:984 
3.938:037 
3.623:100 

2.845:40y000 

2.620:0851000 
4.338:2991000 
3.407:31311000 
4.047:6781000 
5.020:1681000 
5.218:419K00O 
6.754:785(^000 
5.514:048;Í000 
5.259:1771(000 

1906 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

O  aumento  para  nós  entre  1905  e  1912  foi  de  48,1  "/o  e  na 
totalidade  atingiu  137,5  7o- 

Até  1912,  ano  em  que  o  movimento  se  elevou  ao  máximo,  con- 
seguimos predominar  no  mercado,  porem  em  1913,  a  Itália  vendeu 
mais   124  toneladas   computadas   em   67:269S000  róis,   dò  que  nós^ 


301 


o  no  ano  findo  anula  mais  se  accentuou  o  excesso  que  se  cifrou  em 
468  toneladas  valendo  582:8158000  róis.  A  posição  dos  qviatro  con- 
correntes, referente  ao  mesmo  decénio,  foi  a  seguinte:  em  1905  tive- 
mos 67,6  "o  tio  movimento  total;  a  Itália,  20,2  7o;  ^  Espanha, 
3,6  7o  e  a  França  7,7  7o-  Em  1912,  descemos  para  42,1  7o;  a  Itália 
passou  para  33,8  ^/q;  a  Espanha  15,3  "/q  o  a  França  manteve-se  com 
7,õ  7(,.  Em  1914,  nós  ficamos  reduzidos  a  32,6  7o;  a  I^^lia  evoluiu 
acentuando  o  seu  predomínio  com  43,7  ''/o;  a  Espanha  teve  uma 
pequena  oscilação  para  14,3  7o  conservando-se  a  França  quási  na 
mesma  posição  com  7,2  ^/q. 

Resumindo,  temos  o  seguinte  resultado:  Para  n(')S  houve  um 
decréscimo  de  25,5  7o ;  ^  Itália  teve  um  aumento  de  23,5  79 ;  a  Es- 
panha 10,7  7o  €5  a  França  uma  pequena  oscilação  para  menos 
de  0,5  "/o- 

Em  1914  a-pesar-da  anormalidade  da  situação,  os  algarismos  da 
importação  geral  sâo  superiores  aos  de  qualquer  ano  anterior  a 
1912,  e  a  diferença  para  menos,  entre  um  e  outro,  é  de  22,1  7o  ^^ 
totalidade  e  de  40,0  7i)  para  nós. 

Tem-se  efectuado  o  consumo  em  maior  escala  pelos  portos  de 
de  Santos,  Rio  de  Janeiro,  Pará,  Manaus,  Baía,  Pernambuco,  Pôrto- 
Alegre,  Pelotas,  Rio  Grande,  etc. 

A  Câmara  Portuguesa  tem  já,  por  várias  vezes,  chamado  a  aten- 
ção dos  exportadores.  Associações  Comerciais  e  Industriais,  e  ulti- 
mamente até  se  dirigiu  aos  Poderes  Públicos,  para  que  modifiquem 
com  a  máxima  urgência  a  nossa  actual  exportação  de  óleos  alimen- 
tares, dando-lhe  a  forma  mais  prática  que  a  experiênaia  demons- 
trar, mas  terminando  de  vez  com  o  prejudicial  sistema  de  vasi- 
lhame de  diversos  tipos,  tamanhos,  formatos  e  capacidades. 

O  consumidor  prefere,  em  muitos  casos,  os  azeites  franceses 
e  italianos,  porque  tem  a  certeza  de  adquirir  a  medida  exacta  do 
género,  de  peso  invariável. 

Os  espanhóis  aproveitam-se  do  nosso  processo  de  recipientes 
de  diversos  tipos  e  capacidades  fazendo  transitar  pelo  nosso  país, 
grandes  partidas  do  produto  em  vasillias  com  dizeres  em  português, 
sem  designarem  a  procedência;  outras  vezes  a  procedência  está 
bem  patenteada  como  portuguesa,  mas  tem  o  selo  de  trânsito  por 
Lisboa. 

E  tão  frequente  aparecerem  aqui  azeites  espanhóis  com  mar- 
cas  portuguesas,  que  viajantes  daquele  país  já  ofereceram  na  praça, 


302 


efectuar  embarques  em  Espanha,  garantindo  a  pureza  do  produto, 
sua  assimilação  ao  nosso,  e  propondo  até  a  imitação  das  vasilhas 
e  marcas  privativas  do  importador  que  ao  mesmo  tempo  é  proprie- 
tário e  linico  exportador  do  artigo  em  Portugal. 

O  óleo  alimentar  também  está  sujeito  no  Brasil,  à  falsificação, 
Importa-se  dos  Estados-Unidos,  ení»-  barris,  grande  quantidade  de 
óleo  de  caroço  de  algodão  marca  «Águia»,  purificado,  artigo  muito 
fino  e  que  paga  o  direito  de  200  réis  por  quilograma,  metade  da 
taxa  do  azeite.  O  seu  preço  regula  de  1$350  a  1S400  o  litro:  há,, 
porém,  outros  mais  baratos. 

Este  óleo  é  transformado  em  comestível,  da  seguinte  forma: 
passa  dos  barris  para  latas  de  folha  branca,  das  conhecidas  por 
«16  litros»  (as  que  se  importam  actualmente,  não  conteem  mais  de 
13,  no  máximo  14),  adiciona-se-lhe  uma  pequena  quantidade  de 
legítimo  azeite  de  oliveira,  e  fica  pronto  a  ser  distribuído  por  casas 
de  pasto  e  pequenas  mercearias,  onde  é  vendido  a  retalho,  isto  é^ 
em  pequenas  doses,  como  azeite  espanhol  ou  português.  O  seu  mó- 
dico preço  garante-lhe  um  largo  consumo  nas  classes  proletárias. 
Este  alto  negócio  é  feito,  ao  que  parece,  por  firmas  portuguesas  que 
gosam  de  certo  conceito  na  praça,  o  que  é  ainda  mais  para  lamen- 
tar, por  sermos  os  próprios  a  deprimir  os  nossos  produtos.  Algu- 
^mas  destas  casas,  não  dedicam  a  sua  actividade  à  importação  de 
géneros  alimentícios;  outras,  porém,  transaccionam  com  óleos  co- 
mestíveis e  não  comestíveis. 

Expor  à  venda  vasilhame  que  não  comporta  a  quantidade  do 
género  que  o  invólucro  ou  recipiente  diz  ou  deve  conter,  assim 
como  transformar  óleo  de  caroço  de  algodão  ou  qualquer  outro  em 
puro  azeite  de  oliveira  ou  óleo  extraído  do  seu  fruto,  de  que  lhe 
provêm  o  nome,  são  duas  maneiras  distintas  de  iludir  e  prejvi- 
dicar  o  consumidor;  no  entanto,  consideradas,  debaixo  do  ponto 
de  vista  de  corrução  comercial,  aplica-se-lhes  o  mesmo  signifi- 
cado, fraude  ou  falsificação. 

Assim  o  entenderam  distintos  economistas  e  as  mais  altas  su- 
midades em  matéria  comercial,  baseando-se  nas  diversas  leis  exis- 
tentes em  todas  as  nações  sobre  propriedade  industrial.  Foi  mesmo 
a  7.'"^  tese  da  ordem  do  dia  no  último  Congresso  das  Câmaras  de 
Comércio  e  Associações  Comerciais  e  Industriais  realizado  em  Paris 
a  8  de  Junho  de  1914:  A  utilidade  de  uma  acção  internacional  contra 
a  concorrência  desleal  e  a  contrajacção. 


l]03 


Existoni  oin  diversos  países,  ligas  ou  sociedades  expressamente 
constituidas  para  combaterem  tenazmente  essa  concorrência  ou  con- 
trafacção o  que  no  referido  Congresso  se  fizeram  largamente  repre- 
sentar. Tanto  estas  como  as  Câmaras  de  Comércio  de  várias  Capi- 
tais, como  Paris,  Bruxelas,  etc,  apresentaram  bem  fundamentados 
relatórios,  todos  tendentes  ao  estabelecimento  de  leis  internacionais 
que  coíbam  energicamente  qualquer  tentativa  de  Jalsificaçào  ou 
Jraiide. 

Para  a  reduzir  aqui,  e  ao  mesmo  tempo  garantir  a  genuinidade 
do  nosso  produto,  alvitram  alguns  negociantes  a  substituição  das 
latas  grandes  quadradas  com  10  e  16  litros,  de  folha  de  Flandres 
branca,  por  outras  de  igual  formato  e  matéria-prima,  mas  estam- 
padas nos  quatro  lados  e  tendo  ao  centro,  em  diagonal  e  em  cara- 
cteres bem  visíveis  a  palavra  português;  assim  diferenciar-se  liiam 
dos  azeites  de  outras  procedências  e  seria  mais  difícil  imitá-las, 

A  palavra  português  poderia  ser  extensiva  a  todas  as  vasilhas 
de  menores  dimensões. 

Urgem  providências  governativas  para  que  o  segundo  produto 
de  lavoura  portuguesa,  reconquiste  a  boa  fama  a  que  tem  direito  e 
o  lugar  que  lhe  compete  no  mercado  brasileiro. 

Para  azeite  foram  presentes  aos  principais  importadores  os 
quesitos  que  seguem: 

QUESTIONÁRIO 

1.°  Tem  V.  Ex.""  conhecimento  do  estado  de  aperjeiçoamento  do 
fabrico  do  azeite  em  Portugal? 

A  boa  apresentação  e  diminuta  acidez  de  algumas  marcas  que 
vêem  ao  mercado,  em  que  o  produto  é  bem  clarificado  o  se  conserva 
inalterável,  convencem  plenamente  o  importador  da  sua  superiori- 
dade, Nâo  há  a  menor  dúvida  que  o  seu  fabrico  rivaliza  com  o  de 
outros  países  produtores  e  tudo  fás  prever  que  pode  ser  extensivo 
a  uma  grande  parte  da  produção.  Tal,  porém,  nâo  sucede.  Na  maioria 
dos  casos  o  azeite  chega  turvo  ou  com  de])ósito  ou  então  com  exces- 
siva acidez. 

Há  exportadores  que  vâo  mais  longe:  designam  nas  suas  vasi- 
lhas, duas  residências:  Lisboa  e  Marselha  ou  Lisboa  e  Sevilha.  Se- 
gue-se  que  o  produto  importado  da  França  ou  mesmo  da  Espanha, 


304 


com  rótulos  de  azeite  português,  é,  na  maioria  dos  casos,  um  óleo 
qualquer,  muito  mais  barato  que  o  azeite  e  nos  faz  uma  séria  con- 
corrência. Outrotanto  sucede  com  o  espanhol  em  trânsito  por  Lis- 
boa e  que  aqui  o  consumidor  prefere  pelo  seu  diminutíssimo  preço, 
julgando-o,  no  entanto,  legítimo  português.  Em  muitos  casos  a  lata 
nâo  designa  procedência;  somente  os  dizeres  sâo  no  nosso  idioma. 
A  embalagem,  salvo  raras  excepções,  nâo  recomenda  o  artigo;  é  a 
mesma  de  há  vinte  anos. 

2."  Na  afirmativa^  acha  V.  Ex/''  que  o  seu  jahrico,  assim  como  o 
seu  custo  no  local  cia  ijvodur.ão,  estejam  em  condições  de  concorrer  van- 
tajosamente  com  o  dos  jmises  produtores? 

O  fabrico  no  geral,  deve  ser  mais  escrupuloso,  pelo  menos,  ten- 
tar aproximá-lo  do  melhor  que  já  temos.  Certos  produtores  gosam 
de  excelente  fama.  Ao  Governo,  compete  também  providenciar  para 
que  esse  fabrico  seja  aperfeiçoado,  e  ao  mesmo  tempo  fiscalizar  a 
exportação,  não  permitindo  a  saída  do  produto  que  nâo  esteja  em 
condições  de  pureza,  ou  que  o  seu  acondicionamento  possa  de  fu- 
turo prejudicar  a  procura. 

Os  preços  dos  similares  na  origem,  estão  sujeitos  a  várias  osci- 
lações, nâo  se  podendo  portanto  estabelecer  comparações.  O  espa- 
nhol é  mais  barato  que  o  nosso,  e  ultimamente  os  produtores  teem 
evoluído  no  seu  fabrico,  apresentando  género  de  primeira  qualidade. 

3.°  Q.ual  a  razão  do  declínio  da  importação  do  azeite  português 
no  Brasil? 

A  falta  de  boa  vontade,  ou  simples  critério  da  maioria  dos  nossos 
exportadores  nâo  estudando  previamente  os  mercados  brasileiros  e 
baseando-se  simplesmente  em  informações  erróneas  emanadas  de  um 
diminuto  número  de  importadores,  tendo  em  mira  a  concorrência 
desleal.  O  exportador  espanhol,  mais  meticuloso  e  observador,  apro- 
veita-se  de  todas  as  circunstâncias  e  vai  ganhando  terreno.  Nós  con- 
tinuamos a  diminuir  o  conteúdo  do  vasilhame,  esperando  com  essa 
redução  baratear  o  produto,  o  que  nâo  conseguimos,  pois  contendo 
algumas  vezes  a  nossa  vasilha  apenas  meio  litro,  e  vendendo-se  à 
razão  de  1S600  réis,  duas  custam  o  dobro,  ou  sejam  3S2C)0;  no  en- 
tanto, um  litro  de  azeite,  medida  exacta  pesando  1:050  gramas, 
custa  em  média  2S600  réis. 

Há  ainda  o  elevado  custo  do  frete,  õO  7o  P^lo  menos,  superior 
ao  das  outras  procedências;  entretanto,  esta  razão  nâo  é  plausível 
para  a  redução  do  vasilhame,  pois  antigamente  tanto  pagava  a  caixa 


305 


com  latas  do  1  quilograma,  como  a  que  contivesse  o  mesmo  número 
de  vasilhas  com  menor  peso.  Dove-so  também  levar  em  linha  de 
^"onta,  a  quantidade  de  óleo  de  caroço  de  algodão  de  fabrico  na- 
cional e  o  que  se  importa  da  América  do  Norte,  muito  refinado,  que 
é  utilizado  como  comestível,  e  se  vende  como  Icc/ífimo  azeite  por- 
tuguês. 

4/'  Qual  o  motivo  da  manifestada  prejerência  pelo  azeite  ita- 
liano? 

Esta  preferência  acentua-so  mais  no  Estado  de  S-  Paulo,  onde 
predomina  a  colónia  italiana.  Nâo  entrando  em  detalhes  analíticos 
■da  sua  composição,  os  azeites  italianos  impóem-se  pela  sua  bela  apa- 
rência, bem  refinados  e  sobretudo  pela  homogeneidade  do  seu  peso. 
<^uom  se  der  ao  trabalho  de  pesar  todas  as  vasilhas  contidas  numa 
ou  mais  caixas,  fatalmente  encontra  o  peso  invariável  de  1:050  gra- 
mas. Nas  latas  francesas  sucede  outro  tanto. 

Os  exportadores  franceses  e  italianos  receberam  propostas  idên- 
ticas às  que  os  nossos  alegam  lhes  terem  sido  dirigidas  com  ameaça 
ou  imposição  de  ficarem  excluídos  do  mercado.  Para  os  nossos  con- 
correntes, as  ameaças  foram  de  nenhum  efeito,  pois  como  se  vê,  os 
italianos  aumentaram  o  seu  movimento,  conservando  a  capacidade 
legal  do  vasilhame. 

5.**  A  importação  do  produto  similar  espanhol  triplieoii  nos  últi- 
mos quatro  anos;  qual  a  razão  desse  enorme  aumento? 

A  causa  provêm  dos  nossos  exportadores.  Em  1914  houve  es- 
cassez de  colheita  ou  produção,  e  procurou-se  atenuar  a  grande 
falta  do  produto  com  a  aquisição  no  país  visinho  da  quantidade 
necessária  para  suprir  o  mercado  brasileiro.  Como  era  destinado 
à  exportação,  a  sua  entrada  em  Portugal,  regia-se  pelo  draivhacJc. 
Muitas  partidas  vinham  de  Espanha  já  em  vasilhame  próprio;  em 
outras,  porém,  era  o  azeite  enlatado  em  Lisboa,  em  vasillias  com 
marcas  de  regiões  portuguesas,  em  que  eram  apostos  selos  com  ca- 
racteres em  relevo,  para  demonstrar  que  nâo  eram  portugueses, 
mas  sim  espanhóis  em  trânsito  por  Lisboa. 

Parece  que  hoje  ainda  continua  o  mesmo  sistema  para  azeites 
espanhóis  de  baixo  preço,  por  isso  que  as  latas,  sendo  a  maior  parte 
das  vezes  marcadas  no  fundo,  essa  operação  nâo  pode  ser  feita 
depois  de  cheias. 

A  colocação  do  produto  foi  relativamente  fácil,  contribuindo 
muito    a    boa    qualidade    do    género   e  o  seu  acondicionamexito^  e, 

20 


306 


como  o  preço  era  assaz  convidativo,  os  importadores  começarairt 
a  fazer  os  pedidos  directos  para  Espnnha,  obtendo  melhores  vanta- 
gens do  que  comprando  a  mercadoria  por  intermédio  dos  nossos 
exportadores.  Assim,  evitavam  despesas  de  transportes  terrestres, 
comissões,  etc. 

Os  espanliois,  à  vista  do  sucesso,  enviaram  aqui  representantes 
idóneos  que,  bem  Orientados,  disputam  com  êxito,  o  mercado.  Ado- 
ptaram primeiro  que  nós,  o  cravamento  da  lata;  hoje,  a  solda  é  con- 
siderada anti-higiénica.  Acentúa-se  a  preferência  por  ser  de  preço 
convidativo,  límpido,  muito  bem  refinado,  de  côr  dourada  e  em  geral 
de  pouca  acidez.  O  acondicionamento,  é  também  muito  superior  ao 
nosso,  salvo  muito  raras  excepções. 

Acresce  ainda  a  circunstância  do  exportador  português  ter  a 
convicção  arreigada  de  que  a  grande  colónia  portuguesa  domiciliada 
no  Brazil,  é  base  segura  para  o  consumo  do  nosso  artigo,  venha  êle 
de  qualquer  maneira.  Puro  engano;  o  tempo  modifica,  e  eis  a  razão 
porque  o  azeite  espanhol  vai  ganhando  terreno  diariamente. 

6."  Em  virtude  da  diversidade  do  vasilhame,  para  este  produto, 
eomo  jidga  V.  Ex."  que  devem  ser  as  vasilhas  destinadas  à  exportação 
para  o  mercado  hrasileiro :  em  barris,  latas  ou  garrajas?  E  deve-se 
adoidar  um  x>êso  uniforme  piara  cada.  tipo  de  vasilha? 

Para  azeites  finos  e  comuns,  o  vasilhame  mais  adequado  é  a 
lata  ou  o  recipiente  de  folha  de  Flandres,  estampada.  Este  deve  ser 
cravado,  de  peso  uniforme,  medida  exacta  derivada  da  unidade  litro, 
designando  exteriormeiite,  em  caracteres  bem  legíveis,  a  capaci- 
dade. 

As  latas  grandes  quadradas,  deverão  ser  também  estampadas 
nos  quatro  lados  e  tampos,  trazendo  em  diagonal  a  inscrição  Portu- 
guês, que  poderá  aplicar-se  igualmente  nas  vasilhas  de  menores  di- 
mensões se  assim  fôr  conveniente  para  garantia  da  sua  genuinidade. 
Teráo  ainda  em  qualquer  dos  lados,  bem  em  evidência,  a  sua  li- 
tragem . 

Para  azeites  superfinos,  usam-se  as  garrafas  do  tipo  francês, 
empregado  pela  casa  James  Playniol,  de  vistosa  aparência  e  já  ado- 
ptado também  entre  nós  por  algumas  casas. 

Em  cascos  ou  barris  nâo  há  consumo,  e  seria  contraproducente- 
adoptar  tal  sistema.  Serviria  para  a  fatal  lotação  com  óleos  neutros 
e  fomentaria  nesse  caso  em  larga  escala  a  lucrativa  indiistria  da. 
adulteração. 


307 


7."  Quantos'  tipos  de  vasilha,  devem  ser  adoptados:  de  meio  quilo, 
1  quilo,  2,  o  ou  mais? 

Os  que  a  experiência  aconselhar  e  as  exigências  dos  próprios 
mercados  consumidores  estabelecerem,  de  acordo  com  a  uniformidade 
para  todos  os  exportadores. 

A  maioria  do  comércio  desta  praça,  opina  por  latas  com  a  se- 
guinte litragem:  Ya»  1>^>  4,  6,  8  e  16. 

Garrafas:  da  capacidade  de  meio  litro  iguais  às  de  James  Pla- 
gniol  que  teem  de  peso  bruto  850  gramas ;  o  tipo  adoptado  por  Bran- 
dão Gomes  é  mais  vistoso  que  o  francês,  porém  o  formato  é  pequeno, 
pois  contêm  apenas  300  gramas  de  azeite  e  pesa  bruto  650  gramas. 

Garrafas  com  o  dobro  da  capacidade,  teem  pouca  procura; 
a  avaliaar  pelo  consumo  do  azeite  francês  engarrafado,  a  preferên- 
cia pelas  garrafas  de  meio  litro,  é  de  90  7o  sobre  o  total. 

8.**  Julga  V.  Ex."'  conveniente  que,  por  intermédio  das  Associa- 
ções Comerciais  se  solicite  do  Governo  Português,  um  decreto  com  força 
de  lei,  obrigando  todos  os  exportadores  a  uniformizareyn  o  seu  vasi- 
lhame com  medida  ou  peso  certo? 

A  iniciativa  deveria  partir  dos  Poderes  Públicos,  a  quem  com- 
pete, em  primeiro  lugar,  fomentar  o  intercâmbio  comercial,  por 
conseguinte  a  economia  ou  riqueza  pública.  Essa  medida  de  grande 
alcance  para  a  expansão  do  produto,  de  há  muito  se  faz  esperar, 
e  seria  também  um  meio  prático  de  diminuir  a  concorrência  desleal 
ou  a  corruçâo  abusiva.  A  própria  adulteração,  aqui,  diminuiria. 

A  extraordinária  morosidade  dos  estudos  a  que  se  está  proce- 
dendo no  nosso  país,  levanta  uma  certa  descrença  entre  o  comércio 
daqui,  e  com  justa  razáo,  fazendo  acreditar  que  há  grandes  correntes 
contrárias  para  a  sua  execução.  Há  mesmo  quem  a  ponha  em  dúvida. 

Quando  em  Janeiro  de  1913  o  Ex.™"  Sr.  Mário  de  Carvalho,  por 
parte  da  Associação  Comercial  de  Lisboa,  veiu  ao  Brasil  em  missão 
de  estudo,  foi  precisamente  este,  um  dos  assuntos  mais  bem  estu- 
dados por  S.  Ex.*^,  mas  até  hoje,  ao  que  consta,  ninguém  cogitou  de 
seguir  as  indicações  prescritas  no  seu  relatório. 

9."  Qual  o  prazo  que  se  deveria  estabelecer  nesse  decreto  para  os 
exportadores  darem  escoamento  ao  actual  «stock»  de  vasilhame? 

Depende  do  acordo  que  se  estabelecer  entre  o  Governo  e  os  ex- 
portadores, principais  interessados.  O  stock  existente,  deve  ser  to- 
mado em  consideração.  No  entanto,  esse  prazo  não  deve  ser  inferior 
a  seis  meses  nem  superior  a  doze. 


308 


10.**  Q.ual  a  forma  a  empregar  para  maior  expansão  da  expor- 
tação portuguesa  para  o  Brasil? 

Bom  fabrico,  reduzindo  a  acidez  e  tornando-o  inodoro,  aproxi- 
mando-o  dos  azeites  melhor  apresentados, .  sem  prejuízo  das  suas 
boas  qualidades  primitivas. 

Deve-se  tomar  por  base  o  que  já  foi  referido  no  quesito  5.**  a 
propósito  do  azeite  espanhol. 

11.°  Qual  a  região  ou  tipo  de  azeite  português  -preferido  no  Rio 
de  Janeiro,  e,  se  possível,  no  interior  do  Brasil? 

Qualquer  agrada;  o  consumidor  em  geral  nâo  as  conhece.  Exige 
unicamente  qualidade  superior,  bom  preparo  e  embalagem  conve- 
niente. Divulgar  no  Brasil,  por  meio  de  publicações  o  conhecimento 
das  nossas  regiões  produtoras,  seria  um  bom  meio  de  propaganda 
para  a  oleícultura  portuguesa. 

As  que  se  citam  no  vasilhame  com  mais  frequência  sâo  Douro, 
Beiras,  e  algumas  localidades  da  Extremadura.  Os  azeites  alentejanos, 
especialmente  da  margem  esquerda  do  Gruadiana,  no  distrito  de 
Beja,  tais  como:  Moura,  Serpa,  Ficalho,  Sobral  da  Adiça,  etc,  onde  há 
os  mais  finos  do  país,  sáo  aqui  desconhecidos.  Da  maior  área  exis- 
tente em  Portugal,  com  plantio  de  oliveira,  por  conseguinte,  a  de 
maior  produção,  o  distrito  de  Santarém,  só  o  de  Tomar  figura  no 
vasilhame.  O  fabricado  em  Alferrarede  e  que  certamente  .é  consu- 
mido no  Brasil  em  quantidades  avultadas  como  de  outras  procedên- 
cias, nunca  teve  a  sua  origem  mencionada  na  lataria.  No  entanto  o 
seu  esmerado  fabrico  deve  servir  de  modelo  aos  nossos  produtores. 
O  que  fica  dito,  demonstra  que  o  consumidor  nao  se  preocupa  com 
a  menção  da  localidade  originária  do  produto. 

12.**  Quais  as  condições  de  venda  adoptadas  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro  ? 

Saque  directo  contra  o  comprador  a  120  dias  de  data  da  factura, 
no  geral.  Com  raras  excepções,  pagamento  à  vista. 

13."  Quais  as  condições  preferíveis  para  expedição,  embarque,  eie., 
FOB  ou  CIF? 

Deve  prevalecer  de  futuro,  restabelecida  que  seja  a  normalidade 
da  situação,  a  de  CIF.  Os  espanhóis  embarcam  com  a  mesma  cláu- 
sula; os  franceses  FOB. 

14,°  Quais  os  direitos  de  importação  que  incidem  sobre  o  produto 
até  à  entrada  no  armazém  do  importador? 

A  taxa  actual   é  de  400  réis  por  quilograma  (dos  quais  35  •'/q 


309 


em  ouro)  por  quilo,  enlatado  ou  engarrafado.  Existo,  porem,  um  pro- 
jecto de  reforma  da  Tarifa  Alfandegária  que  reduz  essa  taxa  para/ 
300  réis,  com  a  mesma  percentagem  ouro.  Segue  uma  fórmula  de 
despacho  de  100  caixas,  contendo  cada  uma  sessenta  latas  com  o 
peso  bruto  do  700  gramas  cada. 

Fórmula  de  um  despacho  para  azeite  de  oliveira 

Cem  caixas  contendo  latas  com  azeite  de  oliveira,  pe- 
sando bruto,  quatro  mil  e  duzentos  quilos. 

Razão  50  7o  — 4:200  a  400  réis 1:680$000 

Estatística ISOOO 

Melhoramentos  do  cais  do  porto 67S200 

Análise 2OS0O0 


Réis 1:768S200 


Ouro  3õ  7o 588S0OO 

2  O/o 67S200  655S200 


Papel 1:113^000        1:768S200 


Custo  de  655$200  ao  câmbio  de  1$800  réis.      .      .      .  1:179$400 

Papel 1:1138000 

Cais  do  porto  (armazenagem  de  um  mês)     ....  67$2O0 

Despacho  c  selos 12$300 

Carreto 40$0a') 


Réis 2:411  $900 


Sendo  despachado  sobre  água,  o  cais  do  porto  será  328500  réis 
em  vez  de  678200  réis. 

Despesa  por  caixa  de  60  latas  com  42  quilos     .      .      .  248119 

Despesa  por  quilograma 8575 

15.^*     Qual  o  preço,  cusfo  e  jrete,  sem  mais  encargos,  dos  azeites 
italianos,  espanhóis  e  franceses? 


310 


Divergem,  muito  conforme  marcas,  exportadores  e  capacidade 
do  vasilhame.  No  momento  actual  é  difícil  mesmo  estabelecer  uma 
média,  pela  falta  de  estabilidade.  Antigamente,  regulavam: 

Italiano,  72  liras  por  caixa  de  40  latas  de  1  litro  CIF. 

Francês,  96  frs.  por  caixa  de  40  latas  de  1  litro  FOB. 

Idem,  16  frs.  por  caixa  de  12  garrafas  de  ^/g  litro  FOB. 

Espanhol,  77  pst.  por  caixa  de  4  latas  de  13  |  litros  CIF. 

Idem,  66/69  pst.  por  caixa  de  4  latas  de  12  litros  CIF. 

16.**  Qual  a  forma  maiff  prática  para  emòalagem ;  quantas  vasi- 
lhas por  caixa,  etc.  ? 

Discordam  as  opiniões;  emquanto  uns- se  inclinam  pelas  caixas 
de  50  a  60  latas  de  1  litro,  outros  aconselham  que  se  adopte  o  pro- 
cesso francês  de  James  Plagniol,  que  é  o  seguinte: 

Garrafas  de  Ya  litro,  caixas  de  12;  idem  de  1  litro,  caixas  de  12. 

Latas  de  Va  litro,  caixas  de  60;  idem  de  1  litro,  caixas  de  40; 
idem  de  5  litros,  caixas  de  8 ;  idem  de  10  litros,  caixas  de  4. 

Nâo  tendo  sido  propostas  as  duas  últimas  litragens  na  resposta 
ao  quesito  6,  mas  sim  as  de  2,  4,  6,  8  e  16,  deve,  no  caso  de  se 
adoptarem,  proceder-se  a  um  estudo  da  embalagem  que  mais  con- 
vêm. Os  italianos  embarcam  as  latas  de  litro  em  caixas  de  40  e  as 
maiores  em  caixas  de  4. 

O  azeite  português  já  reformado,  isto  é,  com  a  capacidade  ou 
peso  relativo  a  1  litro,  vem  em  caixas  com  sessenta  latas  em  duas 
camadas  de  30,  com  uma  divisória  para  cada  lata.  Tem  dado  resul- 
tado esta  embalagem.  As  caixas  exteriormente,  também  devem  ter 
boa  aparência  aplicando-se  o  letreiro  português  ou  azeite  português 
em  grandes  caracteres. 

17.°  Não  acha  V.  Ex."'  conveniente  que  os  exportadores  portu- 
gueses, a  exemplo  dos  de  outros  nações,  enviem  ao  Brasil  caixeiros  via- 
jantes habilitados  e  hem  remunerados? 

E  considerada  mesmo  a  forma  mais  prática  de  encaminhar  o 
desenvolvimento  da  exportação  portuguesa  para  o  Brasil,  mas  será 
contraproducente  se  essas  visitas  foram  feitas  por  pessoal  estranho 
ao  ramo  de  negócio,  como  geralmente  tem  sucedido.  O  nosso  cai- 
xeiro viajante  nunca  sabe  o  peso  da  mercadoria  nem  o  artigo  da  Ta- 
rifa, nem.  o  próprio  direito  ou  taxa  alfandegária  que  lhe  é  aplicável. 
Ignora  também  as  quotas  ouro  e  mais  despesas  que  muitas  vezes 
fazem  com  que  o  direito  seja  superior  ao  custo  da  mercadoria,  e  ao 
tomar  disso   conhecimento,  fica  estarrecido.  Os  viajantes  de  outras 


nii 


naçóes  trazem  a  parte  da  Tarifa  brasileira  que  se  refere  aos  pro- 
dutos de  sua  propaganda,  tao  bera  estudada  que  estão  aptos  a  res- 
ponder a  qualquer  pregunta  do  importador  ([ue  em  muitos  casos 
ignora  a  quanto  montam  os  direitos  de  um  determinado  artigo,  ser- 
viço esse  que  costuma  estar  a  cargo  do  escrit(')rio. 

18.**  Nào  lhe  parece  que  se  deveria  aconselhar  os-  exportculores 
a  modificarem  as  suas  exigências  nas  condições  de  pagamento  ? 

E  essencial  que  acompanhem  a  forma  de  pagamento  habitual- 
mente estabelecido  para  a  maioria  dos  produtos,  bem  como  escolhe- 
rem com  o  máximo  escrúpulo  as  casas  da  praça  com  quem  transac- 
cionam. 

19,"  Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex.^''  julgue  conve- 
niente acrescentar. 

Como  observação  ocorre-nos  lembrar  que  o  ponto  capital  a  tra- 
tar-se  para  o  desenvolvimento  da  exportação  portuguesa  para  os 
mercados  do  Brasil,  e  notadamente  o  do  Rio  de  Janeiro,  é  scienti- 
ficar  os  exportadores  do  grau  de  adiantamento  do  comércio  das  praças 
nacionais. 

Este  assunto  que  tem  sido  superiormente  observado  por  outros 
países  europeus,  é  ainda  hoje  lastimavelmente  descuidado  em  Por- 
tugal, e  disto  resultou  o  ingresso  progressivo  e  futuroso  daqueles, 
em  detrimento  dos  negócios  portugueses  cujos  exportadores,  sobre 
esquecerem  a  inteligente  concorrência  estrangeira,  parecem  preten- 
der o  patriotismo  como  valioso  agente  comercial. 

E  este  o  maior  erro  dos  exportadores  portugueses ;  e,  a  nosso 
ver,  necessário  se  torna  recomendar- lhes  o  estudo  da  posição  e  pro- 
gresso actuais  dos  mercados  brasileiros,  para  que  com  os  mesmos 
se  transija  de  acordo  com  a  sua  moderna  civilização,  pondo-se  uma 
vez  de  parte  processos  antiquados  e  em  uso  ainda  hoje. 


O  presente  questionário  foi  profusamente  distribuído  pelas 
principais  firmas  importadoras  e  representantes  dos  exportadores, 
do  produto  da  nossa  indústria  oleícola  e  olitivemos  respostas  dos 
srs.  Almeida  Siemann  d-  C":  C.  Neves  cC-  C";  Carlos  Taveira 
d'-  6'.^;  Carvalho  Rocha  d:  C";  Coelho  Marfins  &  C." :  Correia  Pinto 
&  C";  Guimarães  Irmão  &  C*;  Henrique  Santos  &  C.^ ;  J.  H.  San- 
tos d'  C.^:  José  Constante  &  C";  Teixeira  Borges  &  C."  e  Vieira 
Monteiro  d  CJ" 


312 


Questionário  n.°  35 

3.^     Batatas. 

Durante  os  líltimos  anos  a  importação  deste  tubérculo  esteve 
dividida  entre  a  França  e  Portugal.  Predominaram  no  mercado  as 
duas  procedências.  Segundo  a  estatística,  a  França  exportava  quan- 
tidades superiores  às  nossas,  porem  de  menor  valor.  Só  em  1912,^ 
aquele  país  obteve  superioridade  em  valores,  mas  nesse  mesmo  ano, 
as  quantidades  ultrapassaram  as  nossas  em  5:000  toneladas. 

Pelo  mapa  que  segue  poder-se  liá  vêr,  em  confronto,  o  nosso- 
movimento,  o  da  França  e  o  da  importação  geral,  durante  o  último 
decénio: 


O 
c 
< 

Portugal 

F 
Quilogrs. 

rança 

Valores 

Importação  geral 

OUiilogrs. 

Valores 

Quilogrs. 

Valores 

1905 

8.355:442 

1.248:797$000 

9.563:442 

l.O57:429$O0O 

21.291:945 

2.670:4;88$000 

1906 

7.282:875 

1.223:004$000 

10.573:891 

1.213:554$a)0 

22..520:557 

2.879:397$000 

1907 

7.249:007 

l.;379:683S000 

7.742:537 

935:240$0(X» 

18.354:342 

2.729: 18  iSOOO 

iv)0.s 

6.160:892 

1.038:055$OOU 

10.953:695 

1.304:433$C00 

21.260:608 

2.830: 199$000 

1909 

6.696:864 

1.113:141$000 

9.204:591 

1.0s5:542SG0O 

19.299:694 

2.634:772$0G0 

1910 

8.26S:í)66 

1.337:686|;000 

10.488:541 

1.369:415$000 

22.449:904 

3.174:710S000 

1911 

6.-3]  8:563 

1.2e6:l07$000 

7.310:495 

1.008:734$000 

17.852:188 

2.898:330$OW 

1912 

6.590:738 

1.2í)8:340$000 

11.761:745 

1.517:6441000 

28.971:932 

4.084: 165SOO0 

1913 

8.370:732 

1.675:006$()00 

12.873:260 

1.711:81  ISOOO 

29.800:338 

4.409:552ii;000 

1914 

7.905:442 

1.59S:72:?$000 

4.529:7.50 

647:320$000 

18.973:114 

3.281:55(.S000 

O  movimento  foi  todo  de  alternativas,  tanto  para  nós  como 
para  a  concorrente.  O  máximo  desse  movimento  foi  atingido  em 
1913.  Tivemos  nesse  ano,  em  relação  ao  primeiro  do  decénio,  isto  é,. 
1905,  apenas  um  aumento  de  15  toneladas  e  a  França  3:310;  porém, 
os  valores  foram  superiores  para  nós  em  426  contos,  e  para  a  nossa 
concorrente,  ascenderam  a  654. 

Como  a  batata  portuguesa  vem  ao  mercado  nos  meses  de  Abril 
a  Agosto,  a  nossa  exportação  em  1914,  nâo  foi  atingida  pelos  efeitos- 
da  declaração  de  gvierra,  e  pela  crise  que  impera  no  Brasil,  que  fez 


31  li 


baixara  imj)ortaç'S.o,  nas  quantidades  10:827  toneladas  e  1:128  conto» 
para  os  valores.  Para  nós,  essa  baixa  liniitou-se  a  4G5  toneladas  o 
7G  contos  nos  valores.  A  França,  como  exporta  o  género  do  Agosto 
a  Dezembro,  viu-se  seriamente  atingida  pelo  flagelo,  baixando  a 
sua  exportação  nas  quantidades,  8:343  toneladas  o  nos  valores  1:064 
contos. 

A  Alemanha  até  1911,  conseguira  apenas  vender  quantidades 
insignificantes  do  tubérculo,  mas  no  ano  seguinte  a  sua  exportação 
atingiu  3:649  toneladas,  valendo  cerca  do  506  contos.  Em  1913,  foi 
do  3:415  toneladas,  computadas  em  442  contos,  e  finalmente  em 
1914,  1:843,  avaliadas  em  241  contos. 

A  Kepiiblica  Argentina  que  contriliuia  anualmente  para  o  con- 
sumo do  Brasil  com  250  toneladas,  no  citado  ano  de  1912,  vendeu 
6:445  computadas  em  648  contos.  No  ano  seguinte,  4:073  valendo- 
425  contos,  e  em  1914,  2:787  com  o  valor  de  375. 

Os  Estados-Unidos,  que  em  1912  e  1913,  venderam  respectiva- 
mente 5:459$000  e  l:094íB000,  em  1914  conseguiram  introduzir  no 
mercado  1.399  toneladas  com  o  valor  de  314  contos. 

As  Possessões  Britânicas  teem  também  contribuído  com  o  seu 
contincrente;  em  1912  enviaram  cerca  de  200  toneladas.  No  ano  se- 
guinte  150,  e  em  1914  apenas  45. 

Com  respeito  a  1915,  temos  presente  por  deferência  da  Repar- 
tição da  Estatística  Comercial  um  quadro  relativo  à  importação  do 
tubérculo,  que  abrange  10  meses  (Janeiro  a  Outubro).  Esse  quadro 
é  deveras  desolador  para  nós,  assim  como  para  a  França.  O  resumo 
é  o  seguinte: 

Da  República  Argentina  importaram-se  145:460  quilogramas  no 
valor  de  42:882$000  réis. 

Dos  Estados-Unidos  3.448:734  quilogramas  valendo  762:4248000. 

Da  França,  245:215  quilos,  computados  em  53:4618000  réis. 

Da  Gran-Bretanha,  282:738  quilos,  no  valor  de  80:092S0(X)  réis. 

Da  Espanha,  2.687:116  quilogramas,  avaliados  em  700:221B(XK) 
réis.  Anteriormente  a  importação  deste  país,  nunca  foi  superior,  no& 
melhores  anos,  a  60  contos. 

De  Portugal,  apenas  472:694  quilogramas,  no  valor  de  réis 
145:835kS0OO. 

A  importação  geral  nos  dez  meses,  ascende  a  7.717:774  quilo- 
gramas com  o  correspondente  valor  de  1.898:7008000  réis. 

Depreende-se   do   exposto  que  o  tubérculo  português  vai  tendo 


514 


sérios  concorrentes  nos  mercados  brasileiros  e  que  o  seu  consumo 
em  vez  de  acompanhar  o  progressivo  aumento  da  importação  geral, 
ficou  estacionário  e  com  tendência  para  um  futuro  declínio. 

Nâo  se  pode  atribuir  esse  estacionamento  ou  quási  declínio, 
ao  extraordinário  incremento  da  produção  nacional  nos  Estados  do 
Rio  Grande  do  Sul,  S.  Paulo,  Minas  Gerais  e  outros,  porque  a-pesar- 
dessa  grande  produção,  o  consumo  do  género  estrangeiro  aumentou 
também  e  em  grandes  proporções. 

Excluindo  o  ano  de  1914,  o  movimento  geral  nas  quantidades, 
embora  apresente  alternativas,  aumentou  em  nove  anos,  39,9  ^o? 
a  França  34,6  Ve  e  nós,  0,18  o/o !! 

O  consumo  em  relação  a  1912,  distribuiu-se  da  seguinte  forma: 

O  Rio  de  Janeiro,  absorveu  mais  de  metade  da  importação, 
15.831:045  quilogramas,  valendo  2.223:784^000  réis,  seguindo-se-lhe 
pela  ordem,  Santos,  Pará,  Manaus,  Pernambuco,  Baía,  etc. 


Ao  mais  precioso  tubérculo  alimentício,  dedicou  a  Câmara  o  seu 
35."  questionário,  dirigindo  aos  importadores  os  12  quesitos  que  se- 
guem : 

OUESTÍONÂRIO 

1.°  Tendo  Portugal  j^erdido  a  supremacia  que  lhe  competia  no 
mercado  brasileiro,  pois  o  movimento  desse  tubérculo  com-ervou-se  es- 
tacionário, conhece  V.  Ex."'  «?  causas  que  determinaram  o  aumento  do 
consumo  não  só  do  produto  similar  francês  como  também  o  de  outras 
procedências,  que  anteriormente  tinham  diminuta  procura  no  mercado? 

Nâo  deveria  haver  concorrência  entre  a  batata  francesa  e  a  por- 
tuguesa, porque  ambas  teem  a  sua  época  diferente  de  procura  no 
mercado. 

Portugal  fornece-a  nos  meses  de  Abril  a  Agosto  e  a  França,  de 
Agosto  a  Dezembro.  Quando  esta  última  aparece  nova  e  escolhida, 
já  a  nossa  é  velha,  desigual  e  facturada  a  um  preço  muito  mais  ele- 
vado, contribuindo  bastante  para  isso,  o  excessivo  custo  dos  fretes 
marítimos.  Talvez  seja  esse  o  motivo  da  Estatística  consignar  para 
nós,  valores  superiores  aos  da  mercadoria  francesa. 

Deve-se  também  atribuir  uma  das  causas  do  nosso  estaciona- 
mento, ao  grande  cultivo  nacional  nos  Estados  do  Centro  o  Sul  do 


1315 


País,  aperfeiçoado  do  ano  paia  ano,  com  produtos  seleccionados  e 
muito  mais  baratos  que  os  estrangeiros,  pois  não  sao  onerados  por 
fretes  marítimos,  nem  por  excessivos  direitos  alfandegários. 

Os  concorrentes  mais  para  temer  sâo :  a  República  Argentina,  as 
Colónias  Inglesas,  Nova-Zelândia  por  exemplo,  e  a  Alemanha  que 
desenvolveu  muito  a  sua  exportação  fazendo-nos  competência.  De 
futuro  teremos  a  lutar  sem  dúvida  alguma,  com  a  Espanha  e  os 
Estados-Unidos  da  América  do  Norte.  Ultimamente  das  Ilhas  Ca- 
nárias também  tem  vindo  bastante  tubérculo. 

2."  Poderá  V.  Ex."  aponiar-nos  os  Jactos  que  determinaram  apre- 
Jerência  pela  batata  de  outras  procedências? 

Por  ser  caprichosamente  escolhida  pam  exportação,  o  que  náo 
se  dá  com  a  nossa. 

3."     De  que  forma  julga  Y.  Ex!'-  ynais  acertado  proceder  para  que 
de  novo  Portugal  retome  o  lugar  que  lhe  compete  na   exportarão  do 
produto  para  o  Brasil? 
Será  necessário : 

1.°  Estudar  convenientemente  a  causa  da  nossa  batata  bichar 
dois  ou  três  meses  depois  dos  primeiros  embarques.  Outras  vezes,  se- 
gundo parece,  é  encaixotada  com  o  mal.  Este  defeito,  que  sem  dúvida 
provêm  do  solo  ou  do  processo  de  cultura,  já  tem  causado  sérios  pre- 
juízos e  os  nossos  produtores  teem  sentido  os  seus  terríveis  efeitos. 
E  um  mal  que  urge  remediar. 

2.°  Seleccionar  o  produto  estudando  as  condições  climatéricas 
do  país  para  onde  se  faz  a  exportação  e  enviar  fiara  o  mercado  so- 
mente o  produto  bem  escolhido  e  em  que  haja  absoluta  certeza  da 
sua  longa  duração. 

3.**  Procurar  competir  em  preços  com  a  francesa,  o  que  por 
emquanto  é  difícil  conseguir;  só  depois  de  realizada  a  aspiração  de 
todos  os  portugueses :  a  carreira  de  navegação  para  o  Brasil. 

-1."  Prolongar,  sendo  possível,  a  colheita  ou  somente  a  expor- 
tação. 

5.°     Abolir  por  completo  o  sistema  da  consignação. 


Os  exportadores  portugueses  no  afan  de  obterem  melhor  preço, 
começam  cedo  demais  a  exportação  do  tubérculo,  quando  êle  está 
ainda  no  início  do  seu  desenvolvimento,  nâo  o  deixando,  portanto, 
chegar  à  sua  completa  formação.  As  primeiras  remessas,  em  dimi- 


316 


nuta  quantidade,  vêem  facturadas  ao  preço  de  escudos  2^60  a  2í 
a  caixa  de  30  quilogramas.  A  seguir  fazem-se  embarques  semanais 
com  progressivo  aumento  de  caixas  e  diminuindo  em  cada  uma, 
20  centavos. 

No  fim  de  algumas  semanas,  quando  o  tubérculo  atingiu  o  seu 
tamanho  natural,  e  quando  deveria  então  começar  a  exportação,  o 
seu  preço  nao  alcança  quantia  superior  a  escudos  IS-iO  ou  1S50.  Nas 
primeiras  remessas  o  produto  é  tão  minúsculo  que  mais  parece  pílur- 
las  do  que  batatas. 

■  Os  franceses  só  começam  a  sua  exportação  quando  o  tubérculo 
chegou  ao  seu  completo  grau  de  formação,  abrindo  com  o  preço  de 
6,õO  a  7,00  frs.  por  caixa  de  30  quilos,  líquido,  cif  (peso  exactíssimo 
com  que  chega  aqui),  preço  este  que  se  conserva  inalterável  durante 
toda  a  época  da  exportação,  resultando  estar  o  importador  mais  se- 
guro do  preço  por  que  pode  vender  o  género,  o  que  nao  sucede 
com  o  nosso. 

Recebendo   o   negociante  A,  na  primeira  semana,  o  género  ao 
preço  de  escudos  2$80,  tem  de  o  sacrificar  porque  o  importador  B 
o   receberá  na  segunda  semana  a  2$60,  ou  mesmo  a  2S50,  e  ainda' 
na  seguinte  haverá  outro  colega  que  o  terá  por  menor  preço. 

É  esta,  talvez  a  razáo  que  assiste  aos  importadores,  quando  ale- 
gam perder  nos  géneros  portugueses,  ao  passo  que  com  os  franceses- 
auferem  lucros. 

4.°  Haverá  ainda  a  chamada  consignação  ou  venda  à  comissão 
para  este  produto,  quando  de  procedência  portuguesa  ? 

Há,  ainda  algumas,  mas  em  escala  muito  menor.  Estas  remessas 
prejudicam  seriamente  o  comércio  lícito.  O  lançamento  da  merca- 
doria no  mercado  a  qualquer  preço,  faz  baixar  a  cotação  e  todo 
o  prejuízo  reverte  para  o  próprio  exportador. 

5.°  Na  afirmativa,  como  julga  V.  Ex."  que  se  poderá  pôr  termo 
a  tão  nefasta  forma  de  negociar  que  geralmente  termina  por  desacre- 
ditar o  pais  e  o  produto  que  exporta? 

Fazendo  vêr  aos  exportadores,  por  intermédio  das  Associações 
de   Classe,   os  grandes   inconvenientes   que  esse  uso   lhes  acarreta. 

6.®  Será  verdade,  que,  como  se  afirma,  há  exportadores  portugue- 
ses que  etiviam  caixas  com  certo  e  determinado  peso  declarado,  quando 
o  peso  real  é  muito  inferior? 

Nao  há  exportadores  que  marquem  pesos;  porém,  estes  diferem 
de  um   emloarcador  para   outro,  o  que  aliás  é  bastante  prejudicial,. 


31' 


e  se   o   fazem  propositalmonte,  ó  devido  a  ordens  emanadas  daqui, 
que  ncão  devem  ser  satisfeitas. 

7."     Qual  o  cuslo  da  batata  francesa  no  local  de  origem? 

Difere,  conforme  a  marca  e  também  de  ano  para  ano,  consoante 
o  valor  da  colheita,  podendo  no  entanto,  tomar-so  a  média  de  6,50 
frs.  por  caixa  do  30  quilogramas  líquido,  CIF. 

8."     Quais  os  direitos  que  incidem  sobre  o  produto? 

80  réis  por  quilograma  acrescidos  com  3õ  ^o  ouro,  mais  2  Vo 
e  outras  despesas,  podendo-se  calcular  que  esses  direitos  e  respe- 
ctiva armazenagem  no  cais  do  porto  regulam  de  3$900  a  -iSlOO  réis 
por  caixa  de  30  quilos  de  peso  líquido. 

9."  Qual  a  Jorma  de  expedição  do  j)roduto:  em  caixa,  saco,  ou 
qualquer  outra  Jorma.  e  o  peso  que  deve  ter  cada  volume? 

Só  convêm  para  este  mercado,  caixas  de  30  quilos,  peso  líquido. 

Os  americanos  adoptaram  um  acondicionamento  muito  interes- 
sante, e  que,  se  agrada  na  maioria  dos  casos,  tem  também  alguns 
adverscirios.  Consiste  no  seguinte :  caixas  de  30  quilogramas  de  peso 
líquido,  em  forma  de  prisma  de  base  octogonal,  ou  seja  um  caixote 
que,  além  dos  dois  topos,  tem  8  faces  em  vez  de  4,  sendo  4  mais 
largas  e  4  mais  estreitas,  estas  formando  os  cantos.  O  comprimento 
da  caixa  é  de  0,^^63,  por  0,™37  de  largura  e  0,"'26  de  altura.  Os 
topos  sâo  de  madeira  bastante  grossa  (2  centímetros)  e  as  8  faces 
que  os  ligam,  sâo  formadas  por  travessas  delgadas  (meia  espessura) 
pregadas  nos  topos  com  intervallos  a  fim  de  promoverem  o  areja- 
mento do  produto;  é  um  encaixotamento  muito  elegante  e  prático. 

10.°  Qual  a  jorma  de  pagamento  mais  usual  no  mercado  do  Rio 
de  Janeiro,  para  este  produto:  contra  conhecimento,  à  vista,  a  pronto 
pagamento  ou  a  prazo  ? 

Há  diversas.  Para  a  França  a  maioria  é  a  60  dias  de  data.  Para 
Portugal,  geralmente  é  à  vontade  dos  importadores,  que  tomam  por 
base  o  prazo  de  60  a  90  dias  de  data.  Outros  sacam  de  90  a  120  dias, 
também  de  data. 

11."     Quais  as  condições  de  embarque  CIF  ou  FOB? 
CIF  é  a  cláusula  que  deve  predominar,  e  já  em  uso. 
12."     Outras  quaisquer  observações  que  V.  Ex."  julgue  conveniente 
acrescentar. 

Este  produto  não  necessita  de  caixeiros  viajantes  para  a  sua 
maior  divulgação;  basta-lhe  simplesmente  o  maior  capricho  por 
parte  dos  exportadores  na  escolha  do  artigo  a  remeter,  e  uniformi- 


318 


zarem  o  peso  dos  volumes.  Devem  também  negociar  somente  com 
atacadistas  e  não  com  pequenos  compradores  que  desmoralizam 
quási  sempre  o  mercado.  Para  um  bom  resultado  neste  sentido, 
muito  conveniente  seria  que  tivessem  aqui  agentes  encarregados  de 
efectuar  as  vendas,  responsabilizando-se  pelas  remessas  a  fim  de 
evitar  despesas  e  dúvidas. 

Responderam  à  nossa  consulta,  entre  outras,  as  seguintes  casas 
importadoras  da  praça:  Angelino  Simões  (&  C."';  Couto  <&  C.^;  Ferreira^ 
Irmão  &  C."';  Guilherme  Carreira  &  C";  Guimarães,  Irmão  &  C." ; 
Pring  Torres  &  C.""  e  Ramalho  Torres  &  C!^ 


Õ.       VlNAGEE. 

Neste  artigo  conservamos  a  primazia  no  mercado  e  temos  acom- 
panhado nos  liltimos  dez  anos  a  pequena  marcha  progressiva,  em- 
bora com  alternativas,  da  importação  geral. 

Cifrou-se  o  nosso  movimento,  comparado  com  o  geral,  nos 
seguintes  ale-arismos: 


Anos 

Po 

Quilogramas 

rtugal 

Valores 

Impori 
Quilogramas 

ação  geral 

Valores 

1905 

327:647 
342:968 
385:541 
249:766 
375:946 
.382:577 
393:252 
364:771 
402:612 
299:648 

111:328$000 
116:7655000 
136:196$000 
83:238$000 
115:340SOO0 
125:756$O0O 
137:624$000 
12õ:447$000 
132:961$000 
107:274$000 

356:537 

382:240 
428:308 
290:929 
416:766 
439:336 
459:160 
483:413 
497:440 
344:403 

122:331  $000 
131:822$O0O 
1Õ3:797SOOO 
102:112$000 
135:458$000 
150:5028000 
166:347S0OO 
183:981  $000 
180:684$000 
131:695$000 

1906 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

O  nosso  aumento  em  nove  anos,  foi  de  22,9  Vo  ®  ^^  importação 
geral,  de  39,5  7o- 

Por  concorrentes,  tivemos  a  França  com  80  *'/(,  do  excedente 
entre  o  nosso  movimento  e  o  total,  seguindo-se  a  Alemanha,  Gran- 


;u'.» 


Bretanha  e  outros  países,  cifrando-se  para  estes,  o  movimento  ape- 
nas em  centenas  de  mil  róis. 

O  «íónero  francês  inij)orta-se  eníj^arrafado,  litros  na  sua  ([uási 
totalidade;    há    poròm,    também  importação   em   garrafas  de  conta. 

O  nosso  vem  em  vigésimos,  décimos  e  quintos,  muito  pouco, 
ou  quási  nenhum  engarrafado.  Procede-se  aqui  ao  engarrafamento, 
e  em  muitos  casos  é  lotado  com  o  nacional,  ou  este  é  vendido  como 
português.  O  vinar/re  de  Lisbja,  como  aqui  é  mais  conhecido,  é 
muito  procurado  e  teria  maior  consumo,  so  fosse  possível  garantir 
a  sua  genuinidade. 

Alvitram  vários  importadores  a  abolição  completa  da  cascaria, 
substituindo-a  por  garrafas;  assim  feriamos  no  Brasil,  o  nosso  pro- 
duto garantido,  e  nâo  se  venderia  o  nacional  por  português. 

O  maior  consumo  tem  sido  pelos  portos  de  Santos,  Rio  de  .Ja- 
neiro, Pernambuco,  Manaus,  Pará,  Maranhão  e  outros  em  muito 
menor  escala. 

A  produção  nacional  em  1911,  foi  de  6.838:676  litros  e  no 
valor,  baseado  na  arrecadação  dos  impostos,  de  1.299:3488000  réis. 
O  número  do  fábricas  existentes  era  de  319.  O  preço  médio  por 
litro  foi  calculado  em  190  réis  e  o  respectivo  imposto  rendeu 
20õ:302SOOO  réis. 

O  direito  para  vinagre  comum  ou  de  cosinha,  é  de  100  réis  por 
quilograma,  sendo  o  pagamento  feito  como  para  os  demais  artigos, 
35  "/„  ouro  o  65  "/q  papel. 

Para  o  vinagre  composto  ou  para  conserva,  como  o  aromatizado 
à  Vestragon  ou  semelhantes,  a  taxa  é  de  800  réis  o  quilograma, 
acrescidas  das  demais  despesas  como  para  os  outros  artigos. 

O  imposto  de  consumo  é  de  30  réis  para  litros  e  20  réis  para 
garrafas. 

A  cláusula  ou  condição  de  embarque  mais  frequentemente  ado- 
ptada e  que  deve  prevalecer  é  a  CIF. 


320 

ANEXOS 

l.'*     Penas  de  aço  paea  esckever. 

Tem-se  importado,  nos  últimos  anos,  l^astantes  penas  de  aço  de 
procedência  portuguesa.  Não  se  pode  estabelecer  o  quantum  do  nosso 
movimento,  nem  do  geral,  por  se  achar  a  mercadoria  englobada 
pela  Estatística  Comercial,  sob  a  rubrica  artigos  para  escritório. 

A  Fábrica  de  penas  de  aço  das  ■  Pedras  Rubras,  de  propriedade 
dos  srs.  Álvaro  de  Carvalho  &  C.^  que  já  foram  estabelecidos  no 
Rio  de  Janeiro,  com  outro  ramo  de  negócio,  mas  conhecedores  a 
fundo  das  transacções  comerciais  da  praça,  tem  um  vasto  mercado 
para  explorar  na  América  do  Sul. 

O  artigo  agrada,  pois  aqueles  senhores  dedicaram  ao  fabrico, 
um  aturado  estudo,  e  conseguiram  assemelhar  o  acondicionamento 
ao  de  outros  países.  No  entanto  é  lastimável  que  não  produzissem 
artigos  propriamente  nacionais,  e  procurassem  somente  imitar  os 
estrangeiros,  como  títulos,  marcas  sofismadas,  etc. 

As  condições  de  venda  das  casas  alemãs,  inglesas  c  francesas, 
sáo  geralmente  loco  fábrica. 

O  direito  é  de  7^000  por  quilograma,  sendo  o  pagamento  feito 
35  7o  6m  ouro  e  o  resto  em  papel. 

A  representação  das  nossas  penas  de  escrever,  a  partir  de  1  de 
Janeiro  próximo  futuro,  ficará  a  cargo  de  uma  firma  muito  concei- 
tuada da  praça,  augurando-se  da  sua  perspicácia  e  inteligência,  alia- 
das a  um  grande  patriotismo,  o  desenvolvimento  do  consumo  da 
mercadoria. 

2.°     Lápis. 

Assim  como  no  artigo  precedente,  para  este,  também  a  Estatís- 
tica Comercial  nâo  cogita  da  sua  classificação. 

Artigos  para  escritório,  é  a  sua  classificação  genérica.  Os  lápis 
portugueses,  aqui  conhecidos,  sâo  os  da  Fábrica  PORTUGrALIA  de 
Vila  do  Conde,  propriedade  de  F.  Faria  &  C.** 

O   género,   no   seu   eonjunto   é  reputado  bom,  havendo  mesmo 


321 


qualidades,  em  que  o  francês  ou  alemão  é  inferior.  Náo  rivalizando 
com  o  Faber  W,  no  entanto  a  mercadoria  agrada  e  pode  facilmente 
aumentar  no  consumo  aqui.  As  condições  de  venda  das  outras  pro- 
cedências, no  geral,  sao  loco  fábrica. 

As  taxas  alfandegárias  sâo  as  seguintes: 

Quílogr. 

Lápis  grossos  para  carpinteiro ISOOO 

Idem  para  desenho  ou  para  escrever 3$000 

Idem  para  lapiseiras SSOOO 


A  representação  dos  lápis  está  também  entregue,  de  futuro,  à 
mesma  firma  que  tomou  a  seu  cargo  a  difusão  das  nossas  penas  de 
escrever,  o  que  é  uma  garantia  para  o  seu  sucesso. 


3°     Pedras  de  lousa  ou  ardósias  para  colégio. 

Nota-se  já  no  mercado,  uma  certa  falta  de  ardósias  ou  pedras 
para  colégio.  Importavam-se  anteriormente  da  Alemanha,  nas  con- 
dições FOB  Hamburgo.  Actualmente  vêem  dos  Estados  Unidos 
da  América  do  Norte. 

O  acondicionamento  deve  ser  feito  em  caixas,  contendo  cada 
uma,  um  só  tipo  de  ardósias.  Tem  dado  muito  mau  resultado,  o  em- 
pacotamento americano   em  caixas  com  variados  lotes  ou  tamanhos. 

A  taxa  alfandegária  tanto  para  lousas  como  para  lápis  da  mesma 
matéria  prima,  é  de  200  réis  por  quilograma. 

Nâo  consta  que  até  hoje  fosse  iniciada  em  Portugal,  a  exporta- 
ção deste  pequeno  artigo  que  tem  aqui  largo  consumo. 


A    TEMPO:  Já  depois  de  concluído  este  relatório,  o  Congresso 
Brasileiro,    aprovou   ser  o  pagamento   da  taxa  ouro  dos  despachos 


B22 


alfandegários,  uniforme  para  todos  os  produtos,  de  40  Vo  ®°^  lugar 
de  35  "/q  como  era  antigamente,  e  como  vai  mencionado  nas  fór- 
mulas de  despachos  que  damos  no  decorrer  deste  trabalho.  Esta 
disposição  da  lei,  só  será  posta  em  vigor  a  partir  de  1  de  Abril 
de  1916. 


Ao  terminar  a  nossa  missão,  seja-nos  permitido  acrescentar 
duas  palavras. 

Dedicando  o  presente  inquérito  aos  produtores  portugueses, 
nâo  foi  intuito  da  Câmara  produzir  nem  um  estudo  scientílico  nem 
uma  peça  literária  ornada  das  mais  sublimes  figuras  de  retórica. 
Limitou-se  apenas  em  linguagem  simples  a  coordenar  as  ol)serva- 
ções  colhidas  directamente  na  praça  e  pelo  conjunto  das  respostas 
obtidas  aos  questionários,  pondo  bem  em  relevo  o  quanto  era  pre- 
judicial à  economia  portuguesa,  a  maneira  da  transaccionar  da  maioria 
dos  nossos  exportadores. 

Demonstramos  com  estatísticas  que  o  nosso  predomínio  comercial 
no  vasto  empório  do  Brasil,  tende  a  diminuir  num  futuro  mais  ou  me- 
nos próximo,  em  benefício  de  outras  nações  que  evoluem  de  ano  para 
ano,  amoldando  as  suas  transacções  comerciais,  às  exigências  sempre 
crescentes  do  mercado.  O  aturado  estudo  dedicado  por  estas  nações  às 
praças  brasileiras,  a  aplicação  dos  mais  recentes  processos  que  o  espírito 
inventivo  de  certos  povos,  introduziu  inteligentemente  debaixo  de  to- 
dos os  aspectos,  contribui  poderosamente  para  a  conquista,  palmo 
a  palmo,  do  terreno  que  pelo  idioma,  raça,  costumes  e  tradições  nos 
era  fácil  manter  e  cuja  posse  se  impõe  em  prol  da  nossa  riqueza 
pública. 

Nâo  devemos  ser  alcunhados  de  pessimistas,  porém  os  factos 
evidenceiam-se  e  no  nosso  cérebro  germina  a  crença  de  que  o  nosso 
prestígio  comercial  periga  e,  com  bem  fundados  receios,  essa  crença 
predomina  e  avoluma-se. 

Apontamos  com  factos  concretos,  certos  defeitos  da  nossa  ex- 
portação, corrigindo  erros   que  de  há  muito  se  vialiam  praticando, 


32;í 


aconselhando  modificaí^-oes,  alvitrando  reformas  e  indicando  a  ma- 
neira de  os  nossos  produtores  poderem  com  vantagem  lutar  com  a 
concorrência. 

Fomos  por  vezos  forçados  a  usar  de  uma  franqueza  mais  rude 
em  face  dos  constantes  clamores  e  das  respostas  obtidas ;  mas  que 
essa  franqueza  nos  seja  relevada.  A  nossa  consciência  revoltava-se 
ao  verificar  o  pouco  cuidado  prestado  a  produtos  nossos,  alguns  de 
reconhecida  fama  mundial. 

O  contrasto  é  tâo  frisante  entre  a  apresentação  dos  nossos  pro- 
dutos e  a  dos  outros  países,  que  nos  sentimos  humilhados  fazendo  o 
confronto.  Procuramos  sempre  ser  imparciais  no  decorrer  do  nosso 
inquérito;  apontamos  os  defeitos  na  origem,  assim  como  os  daqui, 
que,  a  nosso  vêr,  os  há  e  graves. 

Xem  todas  as  firmas  portuguesas  são  atingidas  pelos  erros  in- 
dicados ;  devemos  abrir  excepção :  há-as  muito  respeitáveis  e 
conceituadas,  e  que  toem  por  norma  a  lisura  nas  suas  transacções, 
vindo  de  há  muito,  acompanhando  de  perto  a  evolução  do  pro- 
gresso. 

Verificamos  mesmo  com  certo  desvanecimento  que,  no  decorrer 
do  presente  ano,  muitos  dos  nossos  produtos  passaram  já  por  sérias 
transformações;  no  entanto,  não  é  ainda  o  suficiente;  precisamos 
ir  tneJhorando  seynpre  e  muito  para  nos  colocarmos  a  par  dos  con- 
correntes. 

Devemos  em  tudos  seguir,  ou  adoptar,  o  sistema  de  outros 
países;  haja  em  vista  as  missões  comerciais  francesas  e  americanas, 
que  teem  ultimamente  visitado  o  Brasil,  entre  elas,  a  do  ex-Ministro 
Caillaux  e  Senador  Pierre  Baudin. 

Portugal  na  actual  emergência,  desprezando  a  magnífica  opor- 
tunidade que  se  llie  oferecia  para  difundir  o  seu  comércio  com  o 
Brasil,  deixou-se  ficar  na  mais  lamentável  espectativa. 

Concluindo,  cumpre-nos  agradecer  a  colaboração  prestada  pelos 
comerciantes  da  praça  a  que  tivemos  de  recorrer  incessantes  vezes 
para  o  cabal  desempenho  da  nossa  missão;  não  devemos  deixar  no 
olvido  a  Eepartição  de  Estatística  Brasileira,  sempre  solícita  e  de- 
dicada em  231'estar-nos  o  seu  indispensável  concurso  na  elaboração 
dos  inúmeros  mapas  intercalados  no  nosso  relatório,  nos  quais  as 
quotas  relativas  aos  anos  de  1913  e  1914,  são  inéditas.  Por  tâo  rele- 
vantes serviços,  seja-nos  lícito  também,  consignar  o  nosso  agrade- 
cimento. 


324 


Aos  nossos  produtores,  endereçamos  veementes  votos  para  que 
do  nosso  modesto  trabalho,  alguma  coisa  de  útil  e  prático  se  apro- 
veite. 

E  àqueles  que  necessitarem  ainda  de  mais  detalhadas  informa- 
ções ou  esclarecimentos  sobre  artigos  incluídos  ou  nâo,  no  presente 
inquérito,  a  Câmara  se  impõe  o  dever  de  os  fornecer,  ficando  incon- 
dicionalmente ao  dispor  do  comércio  exportador  português  para  a 
expansão  do  intercâmbio  luso-brasileiro. 


CAMflRR  PORTOGOESfl  DE  COMÉRCIO  E  ÍNDÓSTRlfl  DO  RIO  DE  JftNElRO 

Principais  mercadorias  portuguesas  importadas  pelo  Brasil  durante  o  decénio  de  1905  a  1914 


CLAÍSE  I- 
Direreos.      . 


i'lhaliU's 


Algortiio  eni  fio  pm-a  costnra  (lirlia  para  cdíiT)  . 

Linljo  em  bruto  e  preparado 

Cortiça  oo  cascas  de  sobreiro 

Palha  para  cigiirro» i     'i    iV    *     " 

Folhas,  flores,  ervas,  caules,  musgos,  talos,  bulbos,  cftÉ 
leuhos,  i-aises  e  outras  espécies  semelhante»  para 
iDedícinais  e  de  tinturaria 

Plantas  Dão  especificadas 

Arçilas  ou  areia  de  moldar  e  bai-ro  em  bruto     .      . 

Giz,  gesso  em  bruto  ou  preparado. 

Pedras,  terras  e  outros  minerais  sei 

Biversas  mercadorias  cuja  iniportaçài 

CLASSE  III— AuTlGOS  masdp 

Boapa  feita  de  algodão 

Manufacturas  de  algodão  não  especificada»  .... 
Escovas,  espanadores,  vassouras  e  pincéis  .     .     . 

Cestos  e  balaios      : 

.automóveis _    ■ 

Manufacturas  Ac  cobre  não  especificada».     .... 
AnzSis,  esporas,  estribos,  fiveUs,  freios,  fechaJura»,  cadc 
dos,  trincos,  dobradiças,  puxadores,  ctc.  etc,  ile  ror 

Grampos  oii  pregos,  paralnsos  e  rebites  ile  Icrru  e  aço  . 

Pregos  (ai •      ■ 

ílanufiicturas  de  ferro  não  especificadas 

Instrumentos  músicos  não  especificados 

Pioupa  feita  de  linbo 

Manufacturas  de  porcelanas  louça     ...... 


Ferramentas  e  utensílios  divcr 
Akmbiques,  caldeiras  c  seinelbantes  .      . 
Máqninas  e  aparellios  não  especificados    . 

Moveis  e  mobílias 

Palitos  para  mesa 

Bolhas  de  cortiça ■    ,' 

Manufacturas  de  madeira  não  especificadas 
Joalharia  e  bijoutarift  de  nnro  «^om  ou  sem 


jdras  prei 


ird.j;, 


Este 


Obras  iuil.ri-sa«  ou  «(..(íViítica».  cu" 
cimentos,  cartazes,  cartões  postiii» 
Ladrilhos,  aaulojos  e  inosaicos.     . 
Ladrilhos  de  barro  (aíulejos)  c  de  in. 
Telhas  de  barro  (W       ••.-.■ 
Pedras,  terras  o  outros  mmerais  .■ 

Calçado 


((iiilo 

liuilo 
Um 
Quilo 


íicadoriaa  cuja  iiiipurl.ição  é  inferior  a  5:000í()lH 
Á   AUUBMT^tÇÃO  . 


CLASSE  IV— AltTioo» 

Aguas  minerais  de  mesa    .     .     . 

.Mhos  (dl 

.\lhos  e  cebohw 

,\mêndoa8  (r) 

Avelãs  (')    ■ 

Azeite  de  oliveira 

Azeitonas  (rj 

Bacalhau 

Banha    

Batatas  .      .      ■      ■     •     ■     ■     ■ 

Bebidas  alcoólicas  e  fermentada»  . 

Castanhas  (e) 

Cebolas  (d;  .     •     -     •  .  •     • 

(Vreaise  grãos  alimentícios    .     . 

riiooolate    ■,•;;■• 

C..ii«ervas  c  oitractos  de  canic 
I  ■«iiservas  de  frutas  c  legumes 
I  '..nservas  e  extractas  de  frutas 
,!',,  .  r\.is  i  extractos  de  legume 
,  .,,,.  i.  extractos  de  peiíc 


119.670 
15.820 

190.949 
30.17S 


.57.931  I 


16.1)10 

:khi  «m 


12.136 
.í  1.3811 

1.182 
2.5.01)0 
13.2D3 
«.978 
212. BW 
23.220 

1.28.5 
112.183 
5«.331 
13.75R 

9.5.3riK 


- 

1.1197,794 

OU. 227 

5. 090. 770 

237.019 

— 

16.000 
1.284 
24.4(!9 


154.444 
10.939 

260.170 
39.2.5S 


24.000 

3G.84i; 

'.249.007 

13(1.474 


23.290 
4,221 
31.486 


115.623 
18.4«1 
202.967 


1.846 

12.188 


62.282 

17.018 
13.767 
60.226 

307.647 
11.320 
5.902 

253.644 
.56.697 
20.559 

121.052 


24.607 
3.112.7.56 
1.191. 907 


20.370 

18.825 

.160.892 

109.83.5 


103.927 

4.223 

174.1.50 

1.233.724 


54.69.5 
I. 765. 578 
253.704 


1909 

1910 

- 

19.012 

1.651 
10.710 

4.983 

6.330 

31.914 

26.894 

152.126 

173.377 

20.532 

24.163 

252.495 

288.937 

39.934 

41.361 

■3.913.734 

2.685.920 

1.895 

2.363 

10.843 

9.038 

2.. 534 

5.470 

59.522 

■12 .  751 

204.155 

246.209 

169.989 

242.287 

2.072 

2.2.85 

10.393 

7.903 

68.918 

98.767 

2. 335 

1.849 

21.279 

32.5111 

Õ.IUO 

9.082 

.58.981 

57.811 

199.838 

210.862 

9.822 

26.760 

13.279 

24.296 

161.469 

321.969 

.50.378 

64.131 

15.862 

21,3111 

146.314 

119.730 

3.857 

5.0S5 

7.669 

20.451) 

1.443.218 

1.711.160 

1.776.730 

7.9.57.818 

_ 

9.800 

94.504 

109.030 

222.810 

391.701) 

12.237 

19.172 

466 

181 

- 

515..3U<1 

2.941.958 



— 

108.159 

— 

3.091 

1.952.667 

1.920.210 

— 

1.424.393 

27.040 

35.203 

25.194 

23.181 

6.096.864 

8.268.306 

133.740 

187.054 

— 

•595.710 

— 

3. .581. 912 

73.617 

80.389 

2.008 

2.0.53 

180.490 

193.038 

85.115 

13. .835 

1.341.052 

593.380 

1.. 568. 737 

2.2.54.421 

67.144 

63.702 

4.6-25.388 

5.464.048 

260.613 

15.213 
18.365 
3.020 


39.1.50 
2S.0II7 
89.310 

214.183 
10.492 
13.109 

202.140 
43.288 
30.952 

239.537 


1.709.733 

6.791.742 

12.696 
.85.705 
125.200 


29.249 

20. 760 

1.8I8..503 

133.455 

508.338 

1.221.188 

1.52  001 

1.377 

174.741 

10.403 
793.937 
.233.983 

80.455 
.072.742 


8.9.58 
2.871 


13.603 

163.37S 

4.783 

27.883 

39.36i| 
102. 19á 
193.68? 

11.849 

6.115 

253.319 

•43.886 

32.43IÍ 

151.717 

7.495 
9.7111 

.740. IMO 

54.891 

83.973 
91..ÍCI 


49.413 

10.S:!5 

C. 590. 738 

102.311 


19.824 
229.584 
51.190 


100.005 
40.032 
41.745 


25.0ÕO 
4.154.773 


47.980 

1.875 

1.251.264 

1.301.019 

50.825 

34.611 

3.370.732 

209. .576 

519.013 

5.119.889 


1.931 
97.214 
18.373 


174.810 
36.. 528 


15.350 

354.102 

9.320 


.55.030 

315 

1.093.357 

930.. 961 

14.642 

18.157 

7.905.442 

86.650 

128.201 


1.17 


.541 


1.425.246 

84.1.53 

2.489.108 


Valor  C.  I.  F.  Brasil  em  mil  réis 


108:031 
7:643 
12:101 
5:605 

l.sii:l)85 
111:066 

3.136:159 


11:011 
l:i5:113 


11:193 
100:112 


1.17:191 
29.633.885 


47:86 1 
3.129:247 


1.028:11 
1.402:0 


40:401 

10:101 


05:891 
17:167 
33:5.59 


124:4:i0 
33.363:728 


59:985 

1.379:0.88 

182:043 


12:246 
12:38.8 
8:429 


47:065 

47:065 


3:200 

0:124 

212:625 


10:585 
13:518 
4::J61 


504:635 
23:099 
11:203 
7:029 
22:681 
18:725 


27:915 

: .    11 

■J5:Í55 

39:967 

32:548 

433:818 

527:828. 

18:7.51) 

11:730 

7:173 

2:828 

247:119 

102:321 

56:269 

265:413 

12:279 

17:054 

55:867 

8S:!)34 

200:193 

229:330 

1 1 :003 

S:731 

4:950 

5:493 

52:121 

15:180 

111:8112 

101:267 

26.111:420 

29.035.038 

722:344 

721;í.'2 

1.094:846 

2.55:l:M5 

17:277 
27:849 

27:622 
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1.038:055 

1.113:111 

129:380 

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1.767:148 

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110:818 

196:552 

20:078 

1:900 

12:351 

107:193 

10:520 

51:875 

18:942 

238:525 

383:443 

14:361 


122:175 

347:199 
14:097 
1:749 
100:517 
353:313 
30:003 
5:823 
41:850 
131:068 


330:585 

94:945 

2:034 

2.578:336 

732:255 

34:617 

35:028 

1.337:086 

28.5:935 

200:797 

735:473 

28:198 

0:748 

430:721 

14:769 

407:758 

2.091:691 


94:533 
9349 
18:091 


15:400 

134:031 

6:811 


385:137 
378:794 
15:287 
22:521 


139:023 

231:155 
12:385 
3:588 

433:249 
18:1.53 
3:738 
20:851 
:18:31I0 

38.171:496 


069:646 

44:901 

3:148 

404:,564 


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29:380 

3.964:341 

323:830 

401:404 

9:285 


1:038 

10:222 

169:184 

13:619 

44:711 

38:557 

136:994 

341.989 

15:108 

8:409 

41:775 

24:603 

01:469 

532:146 


11:455 
22:436 
101:383 


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817:181 
23:162 
4:S29 
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3.271:100 

28:761 

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12:486 
12:620 


4:365 
14:854 
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36:361 

30:103 
94:392 
15:800 

2:878 
24:267 
171:715 

3:020 
27:225 
41:318 
455SÍ12 
312:268 
22:419 

0:308 

9:.505 
17327 
73:759 

700:121 

30:670 


10:282 

5:809 

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38:742 

342:536 

8:337 

10.-455 

36:505 

2.58:927 


51:170 

1:716 

1.901:805 

692:735 

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44.-441 

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433:368 

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337:665 


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1.267:282 


69:300 
23:472 
7:85(1 
2:435 


34341 

2.325:838 

1.59:6.54 
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514:430 

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5:570 
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11:723 
244:997 
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171.015 

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2.101 
11.. 112 

JI..183 

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93:508 
20:431 
170:507 
383:435 
15:052 
11:897 

6:í:001 
7:448 
.  35:020 
31:033 
192:072 
aiiOiímii 

24:835 
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37:810 
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252:289 

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18:942 
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978:794 

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Manufecluraí;  At  initilt^irft  ti&o  esjtecilícftflaâ 

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1         1.-..07:i 
7.     -íia.iiío 

•2:1.229 

213Í29.5 
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207! 847 
11.320 
5.902 

253.044 
56.097 
20.559 

121.0.12 

0.128 
24.007 

199.888 

9.822 
13.279 

210.362 
26.760 
21.290 

214.183 

10.492 
13.109 

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1.981 

13:006 
9:705 
32:035 

10ÍI53 
28^)87 
23:511 

14:361 

49:088 

40:82:) 

15:287 
22-JÍ2I 
17:5.19 

15:108 
8:40!) 
41:775 

22-.41» 

9Mh 

10322 

.5ii99 
I2;i!77 

Juiilli&m  «  bijoutaria  do  onro  com  on  sem  peilras  jircciosaá 
Joalharia  e  bijoiuaria  de  prata  com  ousem  pedro» |irecio»as 
l%>i^oaUia  de  palha,  esparto,  cairo  e  pita 

Oram» 
Quilo 

C.9IH 
182.4»; 
•iO.aiH 

I.2.I."' 

«2.i!i;i 

5H..131 

:{1.311 
114.024 
«5.750 

161.469 
50.378 

:)21.969 
84.131 
24.361 

202.140 
43.233 
:)6.952 

■l:).5^" 
32.4:1* 

41Í74.Í 

97.21 1 
18.373 
25.063 

Í2Í003 

28!l02 
25:220 

33-JÍ59 
50:7:10 

27:915 
30:907 

25-255 
32»48 

■411:600 
45:288 

21:150 
04:532 

24-Í03 
«1:469 

17^27 
72:759 

42.-12» 

Ksteiras  e  capachos  de  palha,  esparto,  cairo  c  pita    .      .      . 
l.ivKts  inipv.-ssop.  jornais,  revistas,  músicas,  mapas  ou  car- 

C.TOii 

13.75S 

27.039 
97.49H 

i;.3:)0 

210. .-.17 

146.314 

149.730 

239.537 

151.717 

219.034 

106.019 

300:980 

313:983 

360:5 10 

133:878 

■527:828 

512:01 1 

504:0-2O 

532:146 

700:121 

mMe 

.»)..,.  ,:(.iii.--i-  ..n  litogrAfícas.  circulares,  facturas,  conhe- 
il,KH^  -     iiiiues,  cartões  postais,  rotules, foUiiuhaít.etc. 

^ 

7!i.rií 

11.  lo' 

9.-i.:)!W 
4.110 

3.857 
7.609 

5.0S5 
20.450 

4.498 
13.1.10 

7.195 
9.701 

19.726 
25.650 

3.219 
10.1:11 

11:011 
131:113 

9:853 
119:519 

16:9.17 
19:s70 

18:750 
7:173 

14:780 
2:828 

10:176 
6:730 

10:187 
4:.371 

20a7S 
3:620 

30:670 
9:224 

9>'»2» 
3--.532 

81:2:13 

247:119 

102;:;21 

122:175 

1:19:623 

321:875 

']26:125 

11:124 

» 

3.2.11. !■« 

1., 172.944 

-~  -.ií: 

3.  112.750 

1.413.218 

1.711.160 

1.709.733 

5.740.010 

4.1.14.773 

171.8  10 

— 

Tellias  de  barre  (b) 

~~ 

1. 1*4.-'- 

.,-10. --4 

2'20:058 
23:246 

177:0.82 

50:209 

265:413 

847:190 

231:1.55 

20:772 

10:282 

6«71 

Pedras,  tírras  c  outros  minerais  semelhant-s  iuVj  i--ii.ci- 

C.!i:p!i.7ii:í 

1.. 'lis. 909 

1.191.907 

1.770.7.30 

7.957.818 

0.791.742 

54. «1 

42.200 

30 .  .t28 

'll!l93 

14:205 

12:279 

17:054 

14:097 

12-.38.'r 

17:536 

.1ai69 

6:491 

ticados 

1.749 

3:688 

«:298 

9>484 

11*55 

Calçado 

l'i,r 

— 

_ 

9.800 

12.590 

33.:i7:J 

57.34.1 

00.559 
15.3.10 
3.14.102 

100:112 

95:455 

96:101 

55:807 

88:934 

100:517 

75:870 

84:8l!4 

38:742 

12:800 

Adubos  químicos • 

Clnili, 

~ 

ÕS.47S 

171.223 

1112 

«9.47.** 

61.257 

94.504 

109.630 

.85.705 

91.0l'il 

30.801 

21 91439 
285 

204:501 

200:193 

229:236 

.353:313 

433:249 

.522:617 

342>536 

422:663 

Aguas  minerais  naturais  e  artificiais  icí 

Produtos  químicos  não  especificados 

II:!  o^ 

208.882 

1.11.545 

222.810 

394.700 

125.200 

593.;i.VJ 

275.613 
27.318 

'  ÍÍ357 
10:023 

970 

11:063 

8:731 

20:603 

18:433 

3:209 

8ii37 

3.-794 

-*■'!, 

1.890 

4.240 

12.237 

19.172 

14.6.58 

.>;il 

.1-0 

2:915 

5:332 

4:950 

,5:498 

5:823 

3:7.38 

11:455 

10:455 

4:125 

Artigos  para  escritório       .      .      •,    •      •      ■      •      ■      ■      ■ 

:l(i:l 

.124 

400 

481 

329 

751 

13:480 
100:6:;2 

20:077 

.12:121 

15:180 

41:8.50 

■20:854 

■22:430 

36»a6 

30A40 

t:anotilhos,  vidrilhos  e  obras  de  pa»sam.iiiarui  douriíd^i  .     . 
Vários  objectos  não  eBjiecificados  ,     .     .     .     ■     ■     ■     ■ 

L 

- 

- 

2 

z 

z 

137!'l91 

121:4:10 

111:.8(I2 

101:207 

131:008 

:1S::!00 

101:8.83 

•2.58:927 

164:251 

DiTersas  mercadorias  cuja  importaçfio  é  inferior  a  ,5:UW«0l)( 

~ 

- 

~ 

29.633:885 

28.852:840 

33.363:728 

26.111:420 

29.035:038 

35.105:087 

38.171:496 

40.066:731 

39.513:359 

26.233:925 

CLASSE  IV— Artioos  iiEBTlKAniiii  Á  AUmuT.içio  . 

- 

— 

~ 

~ 

S3.715 
576.299 

47.9:30 

78.443 
-434.354 

55.o:)6 

315 

1.093.357 

9:16.901 

14.642 

18.157 

7.905.442 

80.050 

128.264 

1.170..511 

15.700 

796 

03.005 

1.21i: 

_ 

_ 

_ 

.54:521 

41:650 

Aguas  minerais  de  mesa 

Alhos  (dl    

Quilo 

4.3!(i.!lR7 

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Amêndoas  (c) 

Aíclãs  (e) 

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Azeite  de  ulivciv.^  .... 

.\zeitonas  ((),.■ 

■Bacalhau 

Banha    

Batatas • 

Bebidas  alcoMicas  e  fermentada» 

Castanhas  (c) 

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1.341.0.52 
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2.2.14.421 

63.702 
5.464.048 

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6.318.503 

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3.221.188 

152  001 

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148:512 

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8:279 

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735:473 
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1  1  709 

1.266:107 
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173:179 
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44:904 
3:148 
104:.564 

11:760 
•  541:333 

1.298:340 
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216:380 
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■23:162 
1:829 
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341:889 

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Conservas  c  extractos  de  Icííiimes 

Conservas  e  extractos  de  peixe 

Especiarias 

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100:0511 

147:211 

172:292 

152:860 

170:396 

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200:421 

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Frutas  aCicaa     .     ,     ■     •     ■     ■     *  ,  "     ; 
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Legumes  verdes      ... 

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238.355 

35:473 

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2.. 500 

5.000 

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3.200 

2..Í00 

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5:714 

1:823 

2:026 

1:457 

3:000 

4.-O30 

1:785 

1:425 

lai     Mi-    l!'l"^, 
eiigloljnda»  atè  litiJO. 


•  oDglobndo  com  Rrs 


<hi  Englobatlas  até  1906  com  laib-illios  de  barro  (azulejos)  o  de  mármore,  telhas  e  tijolos,      (c)  As  águas  minei-ais  de  mosa,  passavam 
ivai  eatiTOi-am  englobadas  até  1909,  sob  a  vubrica  €  frutas  e  legumes  verdes».       (f)  Englobados  no  «vinho  nflo  especificado  •  até  1908. 


i  fazer  parto  da  classe  IV,  <artigo>  destinados  à  alimentação  ».       (d)  Os  alhos  e  as  cebolas  estiveram 


RESUMO   POR   CLASSES 


1905 

1906 

1907 

1908 

1909 

1910 

1911 

1912 

1913 

1914 

Uasse 

I- 
11- 

MU 

n 

Animais  vivos  .      .      . 
Mfttírias  jiriuias  c  iirtigi} 

cora  aiilicaçàii  iis 

97:182 

528:445 
3.130:159 
29.033:885 

58:238 

585:446 
8.129347 
■28.852:840 

10:101 

579:985 
3.492:334 
38.303:7-28 

;J0:348 

188^70 
2.721:316 
•26.111:420 

47:065 

653:098 
3.217:700 
29.035:038 

30:792 

692:275 
3:874:510 
3-5.105:087 

32:800 

647:514 
3.840:7*24 
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921 

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ria."»» 

-Artigos  manufacturados 

Artigos  dfFstiiiudos  it  alimeutnçSo      .     .     . 

Total  daH  mercadorias 

-  Eti|iécics  metálicas  c  notas  de  banco  .      .      . 

Total  Raral 

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29.851:954 
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32.9.52:901 
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33.980.565 

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37.780:949 

29.586:225 

33.595:750 

40.104:485 

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índice 


Pau. 

Introdução v 

Aguas  minerais  do  mesa  (Naturais  e  artificiais)      ....  213 

Aguarrás JB 

Algodão  cm  fio  para  costura  (Linlia  para  cozer)      ....  11 

Alhos 293 

Amêndoas 269 

Ardósias 321 

Avelas 271 

Azeite  de  oliveira 299 

Azeitonas 251 

Batata 312 

Bebidas  alcoólicas  e  fermentadas 225 

Botões  de  osso 199 

Cal      .... 23 

Calçado 186 

Castanhas 272 

Cebolas 293 

Cestos  e  balaios 89 

Cliapeus  para  homem 200 

Cimento 27 

Cobre  e  suas  ligas 9-i 

Conservas  e  extractos 251 

Cordoalha 164 

Escovas,  espanadores,  vassouras  e  pincéis 79 

Esteiras  e  capachos 171 

Feijão  e  favas 248 

Ferro  e  aço 94 

Frutas  secas  náo  especificadas 278 

Frutas  verdes  nâo  especificadas 283 

Oomas,  resinas  e  bálsamos  naturais 46 


326 


Ladrilhos,  azulejos  e  mosaicos 176 

Lápis 320 

Legumes  e  verduras  secas 291 

Legumes  e  verduras  verdes 292 

Linha  para  cozer 11 

Lousas 321 

Maças 273 

Manufacturas  de  porcelana  e  louça 127 

Manufacturas  de  vidro  e  cristal 142 

Máquinas,  aparelhos  e  acessórios,  utensílios  e  ferramentas      .  94 

Mármore,  alabastro  e  pórfiro 35 

Móveis  de  vime 89 

Nozes 275 

Ourivesaria 158 

Palha  para  cigarros 17 

Palitos  para  mesa 148 

Pedras,  terras  e  outros  materiais  semelhantes  23  e      .      .      .  176 

Peles,  couros  preparados  e  curtidos 39 

Penas  de  escrever    . 320 

Plantas  medicinais 20 

Poleame 209 

Prataria 158 

Produtos  químicos,  drogas  e  especialidades  farmacêuticas      .  193 

Rolhas  de  cortiça 152 

Roupa  feita  de  algodão 55 

Roupa  feita  de  linho 117 

Sola 39 

Tecidos  de  algodão 68 

Tecidos  de  la 109 

Tecidos  de  linho 118 

Telhas  de  barro 182 

Terebintina  e  aguarrás 13 

Uvas  verdes 276 

Vermute,  biter  e  semelhantes 227 

Vidros  para  vidraça 143 

Vinagre 318 

Vinhos  comuns 230 

Vinhos  espumantes  (Tipo  Ohampagne) 228 

Alinhos  finos  (Porto  e  semelhantes) 22í> 


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