^9^m^'i
'■■^2
m
I Será [im Gonçalves das Nei es í5
, Com loja de papel . e olíicina de í?
encadernação;aondc SC encontra- o
rão sempre todos os objectos per- Í5
tencentes aescrilorio,assí,n como É
livros impressos e em l)rauco por «
preços muito commodos. «
Rua da Quitanda X." 174
Presented to the
U^RARYofthe
UNIVERSITY OF TORONTO
by
Professor
Ralph G. Stanton
j!(
JOGO DOS DOTES
PARA RECREIO
DAS
SOCIEDADES,
pm que se tirão lindas Sortes cm verso •, e
outro Jogo de 40 pergunta<J, e 40 respostas,
que se daó separadas com o livro, pari se usar
delle cortado, e pregado com mass-a nas costaí
de Cartas de Jogar , ou em cartão. As con-
dições das Senhor-às tiradas dos seus nomes :
e huma invenção de fazer Sonetos toda a
qualidade de pessoa com hum dado so inda
que nwnca fizess» verços , d-irigindo-se para
este fim peia explicação que vai neste Livro
no' lugar próprio.
CO Al POSTO
POR
JOSÉ DANIEL RODRIGUES
DA COSTA.
Terceira EdicçaÕ.
LISBOA,
Na Typogr/^fi^ Rollandtana.*
1818.
C&vt Licença da Meza do Desemhafgo
do I a^o.
Digitized by the Intern^Archive
in 2009 with funding from
University of Toronto
http://www.archive.org/details/jogodosdotesparaOOcost
lU
BENIGNO LEITORo
J_Lu me lembrei de cofDpôr este
novo Jogo dos Dotes , para vosso
divertimento, e vendo que em al-
gumas Sociedades, armando- se hu-
ma banca de Voltarete, fica o res-
to da companhia, ou murmurando
das vidas alheias , ou dando vol-
ta á colleccaõ das modas , á ex-
cepçaõ de apparecer hum Senhor^
que faça verços, porque hade com
toda â paciência glosar aré á meia
noite ; nao achei desacertado e^te
Joguinho, que pode entreter oito
Parceiros interessando no Jogo, e
rindo nas Sortes , as quaes estaó
alegres, e decentes, mas tsõ lon-
ge de ?e verificarem, quanto o Au-
thor está de o saber ; porém como
o mundo he grande, e a gente, que
o povoa, immensa , poderá acer-
tar-se alguma , meramente pelo a-
caso j pois como poderei com ver-
dade saber dos destinos dos ou-
tros, se eu naõ sei ainda qual vi-
ra a ser o meu ! Naô será me-
nos interessante para o divertimen-
to 5 o saberem as Senhoras as suas
condições , tiradas dos seus no-
mes , que a este Livro se ajun-
taõ : e huma invenção , taõ bem
divertida, para com facilidade po-
der qualquer Pessoa fazer Sonetos
com hum d^do ^ auxiliada pela ex-
plicísçaõ ^ que ao diante se deve
ler , inda que nunca fizesse ver-
ços.
Com esta Obra se dao qua-
renta perguntas, e quarenta respos-
tas , e inda que algumas jocosas ,
todas Honestas, que se podem cortar
á tisoira, para se pegarem com mas-^
sa nas costas de cartas de jogar ^
ou em qiiadrozinhos de cartaõ, a- fim
de se baralharem as perguntas se-
paradas das respostas ; porqae en-
tão se ha de ver, que todas as
respostas servem a todas as pergun-
tas. Sei que ha vários Joguinhos
destes, feitos á penna*; porém naõ
dignos de se poder usar delles por
indí^centes : isto nasce de alguns
génios incapazes de toda a Socie-
dade, pensarem que a belleza da
graça está na desenvoltura do pen-
samento. Nâó encareço as minhas
composições por>boas ; mas tenho
a satisfação de nao ter escandali-
zado com ellas os ouvidos do Pú-
blico,
Ora ha certeza de que tudo
isto he a fim de se passar o tempo
em divertimento, nao desmerece*
rei o vosso obsequio na extracção
desta Obra; que he o > meio mais
seguro de eu me animar , e nao
VI
largar a penna da mao, em quan»
to me Daó largar a vida. Eu vo-la
desejo dilatada ; e que desfrute-
mos ambos , vós quatrocentos e
oitenta annos de felicidades , e
eu quatrocentos e oitenta réis de
cada volume pela vossa interces-
são.
Assim seja.
MARCHA
D O
JOGO DOS DOTES.
Jtliste jogo se deve jogar sem-
pre a pares, de 4, de 6 , ou de 8
pessoas ; e se pode jogar a real ^
a cinco réis, ou mais caro; e ain-
da a confeitos , ou rebuçados.
Joga-se com hum baralho de
cartas menos trcs azes , ncando só
no baralho o az de oiros,
Advirra-s*, qací o valor das car-
tas , p^ia em todo o jogo se pa-
gar, e receber por elle , he o se-
guinte ;=: Paga-se pv^r hum Rei
cinco tentos : por hum Valete qíía-
tro tenc-^^ : por hiáma Soca três
tentos: e pelas cartas brancas, tan-
tos tentOy^ quantos forem os seus pontos.
Também se deve já saber, que
VIU
as vazas ?e fazem , pegandp as
cartas pequen.i^í nas maiores ; por
exemplo : o^^Dois pegaô no Rei rr ,
os Tves no Valete := : os Qiiatro na
Sota n : os Cincos nos D^z :=: : os
Seis nos Nove ;=: : e os Setes nos
Oitos :r.
Sabido isto baralhadas as car-
tas, e cortadas, se daô a duas, e
dua-s^ e a ultima, que fi:a na mao
depois de todo o baralho reparti-
do, quem dá cartas, a lança, e des-
cobre na meza : logo. todos os Par-
ceiros devem ver as cartas, que teni
do naipe daquella ultima carta dcs-
cuberta , e metteráo para o bóio,
que he o dote, os tentos pelo va-
lor das cartas ; que acimn 6:a dito ,
menos o dotado , nu dotada , que
tudo que for tentos para o ^^ôlo, naõ
paga.
0^1 em se acbsr com R,ei , So-
ta, e Valete de Oitos , o que ra-
IX
r3S vezes succederá , rçceberá para
si de todos , sem excepção de pes-
soa, doze tentos de cada hum.
Feito o Dote, quem tiver o Áz
de Oiros , o lançará na meza y ao
pó de si, dizendo :=: Dote :=: ; e
pegará na ultima carta, que ficou
na meza , para lhe supprir pelo
dito Áz , que esse naõ joga , e
só serve alh de estar mostrando,
quem fui o dotado, ou dotada.
Q^jem tiver a S oti de Oiros ,
já sahe , que ha de ser Madrinha ^
cu Padrinho^ e deve metter para o
Dote do7e tCiUos.
Depois prin:ipia-se a jogar pe-
lo modo seguinte : Joga a maõ
dois rr , que he por donde deve
•principiar sempre, e o immediato
lhe deve botar o Rei, e vai a maõ
continuando a botar três :z: , e o
immediato a botar Valete, &c. se^
guindo a mesma ordem de cartas ,
que fica explicada no 4. §. desta
narraçáôi
Se a mao aaó póJe seguir a or-
dem, porque oàô tem huns dois^ he
tnaõ o imaiediato, e outro imme-
diato lhe vai botando as cartas cc>r-
respondenres , como já se disse ;
porém tanto a maõ, como os imme-
diatos, aquém faltar a carta 5 que
devem botar , irão pagando huns
aos outros o valor já regulado,
da carta, que nzô tem, até se achar
querii a íenha^ que recebe os ten-
tos da paga , e bota a carta.
x\dv!rta-sc , que a paga de
quem nao tem figura , he para o
dote, e nari para os outros; mas
a dotc-Ja j GU dctado por íigura que
lhe falte , naõ p^ga nada , como
já se explicou, e só vai pagando,
como os mais , pi»'a o seu Parcei-
ro immediato da direita a carta
branca , que naõ tiver.
XI
Muitas vezes pôde succeder
a carta , que se procura, achar-se
em quem he mao ^ na5 importe;
depois de correr a roda , e paga-
rem huns aos outros o valor da
carta, que nao tiveraõ, serve a mao
de mao, e de pé naquella vasa , e
continua a botar para o immediato.
Assim se vai fazendo o gyro ,
até quem jogar de maó , ficar na
ultima carta ; porque então a de-
ve lançar na meza , d-:/pois de fei-
ta, e recolhida a sua uitima vasa,
dizendo: r=^ Cobro x=^. Logo todos
os Parceiros, sem excepção de pes-
soa, lhe devem dar tantos tentos,
quantas forem as cartas, com que
ficarão na maõ ; e pagão para o
Dote tantos tentos , quantos fo-
rem os pontos das cartas, que ti-
verem só do naipe daquello ultima,
com que a mao acabou, como se fez
no principio do J()go, menos o Do-
xu
tado^ ou Dotada que nada devem
dar para o > Dote.
Acabado assim o Jogo , pega-
rá z. Madrinha^ ou Padrinho em hum
baralho com todos os azes , e fa-
rá que o Dotado , ou Dotada tire
huma carta ao acaso , e a metta
neste Livro , onde succeder , e
abrindo-se o Livro , naquella mes-
ma pagina em cima achará hu-
ma letra do Abecedario entre qua-
tro estrellasA, e esia he a dominan-
te, por exemplo: ::= A carta, que
se tirou , foi huns quatro, e a le-
tra da- pagina foi hum * * N * %
e o Dote cahio a homem ; deve-se
buscar no Livro a Sorte que tem
por cima !=: Quatro — N.
e na repartição dos homens, achar*
se-ha a seguinte :
xin
Quatro -n N.
Era passando seis Janeiros,
Nos quaes rompas três capoteSj
Huma Dama com dois dores
Cahirá em teu poder;
Se o contrato se fizer ^
Tu viverás sem desgostos 5
Porém perderás a vida ,
Em passando seis Agostos,
De igual modo se tirão a^s Sor-
tes ás Senhoras ^ pois que neste
Livro estaõ separadas, e depois de
ser lida a Sorte por huma pííi>soâ ex-
pedita, o Padrinho^ cu Madrinha t^
tregará o dote ao Botado ou Dotada.
E por esta formalidade se pó*
de ir jogando outra vez 5 para se
entreter a companhi'a. .
Adverte-se , que neste Livro
se podem também tirar Sortes des-
ta forma, sem ser preciso jogar-se
o Jogo.
XIV
Dúvidas que se prídem offerecer neste
Jogo , e forma de se desembara-
farem.
I^uando siicceda ficar o J'z dè
oiros por ultima carta na tnaõ de
quem as der, deve esta mesma pes^
soa, em castigo, dar três tentos a ca-
da Parceiro, e tornar a dar as cartas.
Quando succeda ser a Sota de oi-
ros a ultima carta, que se descobrir,
será Padrinho , ou Madrinha quem
der cartas.
Quando succeda cahir a Sota de
9Íros ao Dotado^ ou á Dotada^ fica a
ar^DJtrio destes escolher para Padri^
rM , ozi Madrinha quem quizer da
roda.
Quando succeda a algum Par-
ceiro deixar de botar carta, occul-
tando a , <iu no principio, ou no
fim occultar alguma carta do nai-
pe 5 por naÕ pagar, cxhibirá para
XV
o Dote tantos tentos , quantas car-
tas tiver na maó , no instante em
que se lhe der com o engano, que
fez.
Advirta-se também, que a maõ
he quem jogou o primeiro dois ,
e o continua a ser em quanto nao
vier cartada, em que devendo jo-
gar outro dois, diga: Nao tenho
dois y porque entaõ fica sendo maõ
aquelle, que segundo a ordem de
jogar tiver o segundo dois; e o
mesmo se observará a respeito do
terceiro, e do quarto dois : de sor-
te que, quem tiver ultimamente o
quarto dois, he que hà de dar as
cartas na seguinte roda. E por con-
seguinte ' se devendo a maõ jogar
hum quatro ou rutra carta naõ a ti-
ver, nem por isso perde o sermão.^
ainda que pague os tentos , para
aquelle , que no circulo do Jogo
mais proximamente tiver a caria Que
se deve jon;an
SORTES
PERTENCENTES
A SENHORAS,
A
As = A.
Tens hum noivo de invejar ;
Nas palmas te ha de trazer ,
E n'um filho, que ha de ter,
Amparo te ha de deixar:
Mas talvez haja huma filha ,
Com quem tu naõ faças vasa ,
E que seja pela sonsa ,
 destruição da casa.
As =z B.
Será figura acanhada
Aquelle, com quem casares ;
Terá negocio nos mares,
Livre sempre de tormenta :
Ha de ser teu com sessenta}
Em nada te fará falta,
A pezar de Ser forreta :
Tanto terá de jarreta ,
Quanto tu tens de peralta.
A
(O
Js z=: C.
Senhora, hum amável homem
Vos auguraÕ por Marido ;
De talento, e comedido,
Muito grave , e verdadeiro.
Apenas mostra o desar,
De naó ter muito dinheiro.
As =2 D.
Oum jogador, toda a vida.
Casareis, n^as naó sei quando,
A casa infeliz fazendo ,
Será hum brinco, em ganhando,
Mas hum leaõ, em perdendo;
E se o souberes levar
Com amor humildemente ,
Melhor será para ti ;
Que pode huma vez prudente ,
Ainda cahir em si.
f 3)
B
Ás ■=. E.
Pobremente vivirás;
Porque o teu Noivo he mui pobres
Tanto terá de tracista.
Quanto tem de grave , e nobre j
Porém na boa Madrinha ^
He que deves confiar ,
Que tanto engraçou comtigo ,
Que sempre te ha de amparar.
As = F.
O dote, que te sahio ,
Naõ foi para casamento;
Que tu tens inclinação ,
Antes , de entrar n'um Convento i
Naõ mudes de pensamento ,
Prosegue no santo fim ,
Se naõ cuidas no enxoval ^
Olha que ficas assim !
A %
(4)
As :=z G.
•
Guarda o dote", e vai vivendo j
Que em solteira vives bem,
Por naõ dares c'um vadio,
Que estrague o que teu Pai tem
Para casares he cedo ,
Naõ perdes inda por tarde ;
E deves de homens ter medo.
As = H.
Para que queres casar,
Sem o marido temer ?
Se o génio forte , que tens ,
Vai botar tudo a perder!
Ora pois, haja cautela;
Que com génio taõ danado,
Em o Noivo o presentindo,
Ficou o caldo entornado.
Xs )
C
As '=z L
Ninguém o teu Noivo entende,
Anda c'o a proa no ar;
Ora diz , que te quer muito ,
Ora 5 que naó quer casar :
Elle naõ mata , nem furta ,
Mas tem lá hum certo que. . .
Que lhe põe a fama á curta.
As - L.
Sois, Senhora, tao medrosa
Nisto de escolher marido ,
Que creio será por vós ,
Somente o dote comido.
(6)
Js ~ M.
Andarás noites, e dias,
Gemerás mezes , e annos ,
Muito cheia de promessas ,
Illudida por maganos :
Mas o que te valerá ,
He teu bom comportamento,
Que em grave procedimento ,
Gostosa te deixará.
Js zn N.
Coitado! Nao tem hum olho
O Noivo, que ros pcrtende;
Mas suppre taô grande falta,
O quanto de tudo entende.
(7)
D
^j = O.
Elle quer, evos tombem,
Mas naõ sei, que ha entre os dois,
Que inda casar naô convém :
Dai-lhe tempo a botar linhas,
E vós vede o que fazeis,
Bom acerto he cousa rara :
E he melhor pensar agora ,
Do que dizer, se eu pensara \
As = P.
Sem Pai , sem Mai ficareis ,
Sósinha desamparada ;
Mas como sois pobre honrada ,
Feliz vos conservareis.
(8)
As =1 Q.
Pôde estar desenganada ,
Que ha de acertar muito bem,
E que assim zomba zombando,
Taô bom Noivo ninguém tem:
O ponto está se conserve
Com o mesmo comportar ;
Porque em se vendo de posse ,
Em homens naõ ha fiar.
As = R.
Guardai o dote ; porém.
O Noivo mui pouco atura j
Pois nas vésperas do dia
Ha de haver tal diabrura,
Que por causa de huma Tia,
Se bote agua na fervura.
(9)
E
Js =^ S.
Tendes bom dote, e Madrinha,
Mas receio o máo acerto !
Pois tanto tendes de boa,
Tanto o Noivo tem de esperto:
E nao sei, se huma visinHa,
Invejando a vossa sorte.
Vos encherá de desgostos ,
Dando nos ciúmes morte.
Js zz T.
Casar, naõ casa, descance,
E livra-se assim de boa ;
Porque inda que Noivo alcance,
E queira casar á toa ,
Ha de soheira ver ir
O rapaz parar a Goa*
( IO)
Todos vos dem parabéns ,
Ninguém tem fortuna igual ?
Tendes hum Noivo Taful ,
Tanto peza , tanto vai ;
E como ha de ser herdeiro,
E ficar mui bem da herança :
Fica ouro fio a balança ,
Por discreto^ e por chineiro.
Js =z X.
Nao digo, que nao caseis,
Se isso vos pede a vontade ;
Mas olhai , que isto annuncia
Ruina , e necessidade.
(>' )
F
As = Z.
Dizem ahi , que he José
O vosso Noivo, Senhora;
Outros, que ha de ser António;
Porém em chegando a hora ^
( Nisto bastante me arrisco )
Talvez que a sorte vos dê
Hum, que se chame Francisco:
Que nem he bom , nem he máo ,
Que ha de ser assim , assim ;
E será fortuna vossa ,
Conservallo até ao fim.
Dons =: A.
Aqui naõ casas por certo ,
Longe vai teu bom agoiro ;
Com jornada de oito dias
Acharás Marido , e oiro.
(")
I>ous = S.
Nesta boa companhia
Já ninguém vive enganado ,•
Porque vós tendes hum Noivo.^
Ha muito tempo engendrado:
Elle he grave ^ he abastado ;
E casais perfeitamente , -
Ha de ser a vossa vida
Inveja de muita gente.
Dous :=. C.
Nas Amigas achareis
Algum Noivo, irmão de alguma ;
E contente ficareis ,
Vendo o quanto vos obriga
A escolha da boa Amiga,
(13)
Dous :=z D.
O' filha! nojenta cousa
He o Noivo, que vos quer!
Muito aíFerrado ao que tem ,
E cioso da Mulher :
Em quanto ao meu parecer,
Era melhor naõ casar ;
Se tendes huns Pais taõ bons
Comer , beber , conservar.
Dons zn E.
Ide fazêlo depressa,
Tendes dote, tendes tudo;
Mas haveis de ter hum Filho
Coixo , cego , tolo , e mudo.
( H)
DotlS :=z F.
Esses olhos naõ enganao!
Já o tendes escolhido,
E até muita gente sabe,
Quem ha de ser o Marido :
O que todos achaõ máo,
He que sendo elle hum feitiço ,
Andeis vós entre as Amigas
Com escondefêlos nisso.
Bons -=. G.
Como gostais de mandar ;
Hum Marido haveis de ter,
Que a tudo se ha de humilhar,
Para vos obedecer.
H
Dons - H.
He ditado muito antigo,
Dizer 5 que m Ceo se talha
O Marido y ou a mortalha^
E como isto he verdadeiro ,
Nos dous lances, que te aponto,
Olha, naõ chegue o segundo.
Antes que venha o primeiro.
Dous -zz I.
A Senhora he mui ladina !
Quiz o seu dote chupar ,
E sabia muito bem ,
Que naõ podia casar:
Ora tome o meu conselho ,
Se nos naô quer desgostar ,
Deixe o dote a alguma Órfã,
Que se pertenda amparar.
(i6)
Dous zz L,
Vossos bens , e vossos males ,
Com homens naõ sei que tem !
Que na escolha do Marido
Tendes males , e hum só bem:
A ser assim , mais convém
Jogar a vasa de fora ;
Que inda que ficais solteira :
Ficais formosa , e Senhora.
Dous =. M.
Vivirás em santa paz,
Com huma doce uniaó;
E teus filhos teraô todos
Huni benigno coração.
(17)
* * X * *
Dous = N. -
Foi mal empregado o dote^
Porque a vossa condição ,
Já naõ admitte no peito
L)e Amor a doce paixão.
Gostais muito de zombar ^
Naô gostais de casamento,
Porque o voss« pensamento
He com todos chalrear.
Dons z=L O,
Huma Enteadla^ que tens^
Ha de ser o teu flagello,
E a ruina dos teus bens :
Em quanto esta naõ casar ^
Naõ deves de forma alguma
Segundo estado tomar.
B
(i8)
Dous =: P.
Ha de enterrar o primeiro,
Ha de casar com segundo,
E também, se naõ me engano,
Encher de filhos o Mundo :
O sabêllos crear bem ,
Será sua redetnpçaõ ;
E ter o segundo Noivo
A mais bella condição.
Dons zz: Q.
Pode ser bom, e naõ ser,
O casares tao menina :
Antes velho que rapaz ;
Que hum Taful tudo arruina,
E hum velho sabe o que faz.
( I?)
Dous = R.
Velhinho sim , mas honrado ,
He só quem te ha de buscar ,
E te pode acautelar
De algum successo malvado j
Será tanto do teu gosto
Este velho, grave, e bom.
Que naõ só te fará rica,
Mas aié te dará Dom,
Bous = S.
Que importa, que hum Noivo aches,
Por quem sejas amparada,
Se por hum desquite ficas ,
Nem solteira, nem casada.
B
(xo)
Dous z=i T.
Oh que bem acertareis!
Se derdes de mao a tudoj
Descançada ficareis ,
Dando de boa sinaes
Na^estimavel companhia
De vossos amantes Pais.
jDous == V.
Sempre a servir costumada,
Pobremente vivireis;
Em casada , ou em viuva,
Nunca vos augmentareis :
E dera-vos hum conselho.
Pois que nao sois a primeira
Vos conservásseis assim,
Alegre , pobrs , e solteira.
(21 )
M
Bons -=- X.
Andarás n'huma incerteza,
Ora caso , nao caso ;
Mas depois que o terno Noivo.
Te der desse dia o praso ,
Na6 te poderá cumprir ,
O quanto entaõ te disser ,
Pois tal doença ha de ter.
Que podes pezar-te a cera ,
Se elle delia naó morrer.
Dous =: Z,
Formidável comilão
Será teu novo Marido ;
Em banquetes , e funções
Tudo ha de ser destruido.
(22)
Tres == A
O Marido naõ he bom ;
A sorte naõ ta cobiço :
Faze lá o que quizeres,
Que he melhor naõ fallar nisso.
Tres = B.
A ísorte te dá Marido,
Bonito, airoso, e bem feito;
Mas vê, que hum temível pleito
O põe no mar submergido ;
Pois indo a fazer viagem ,
Taõ máo tempo ha de encontrar ,
Que verá nas crespas ondas
A triste vida acabar.
( ^3 )
N
Tres zz C
Terás Marido discreto ,
E de boa condição ;
Valente no ultimo ponto ,
Em tendo, a espada na mac ;
Mas a pezar da prudência ,
De que dotado ha de ser ,
Hum atraiçoado golpe
Fará seus dias perder.
Tres = D.
Aos tres annos de casada
Ta6 louca função farás,
Que a ruina a teu marido
Na tal festa forjarás.
(m)
Trer n: E.
Tens Marido, rico, e nobre,
Mas taõ cheio de demandas ,
Que has de vir a ficar pobre :
E de hum bisneto os respeitos
Faraõ que venha a cobrar
Algum vintém desses pleitos ,
Que o Bisavô começar.
Três = F.
Inda ha de ser mui rapaz
Esse Noivo , que escolheres ;
E até te dará má vida,
Por causa d'outras mulhereSo
( ^? )
* * V->/ * ^
Três = G.
casar , e ter
Haveis de
Tanto dos bens da fortuna.
Que da vossa grande casa
Sereis a firme columna :
Haveis entrar na doidice
De casar segunda vez ,
E os filhos vos deixaráo ,
Vendo o Padrasto má rez.
Três z=i H.
No casamento, que fazes,
Vas , coitadinha , enganada ;
A casa naõ terá paz ,
Andará sempre arrastada.
(26)
Três — I.
Nao SOIS formosa , nem feia ^
E por isso casareis ,
Mas com a vossa soberba
Doudo o Marido fareis ;
De sorte que em poucos mezcs
Viuvinha ficareis.
Três ~ L.
Com ciúmes mal fundados
O Noivo te fará tonta:
Arrufinhos, trombas, nicas,
Cousinhas de pouca monta.
(«7)
P
J
Três = M.
O Marido ha de ser bom ,
Mas o Cunhado hum demónio ;
Mudará tudo de tom ,
Enredando o Matrimonio,
Dar-vos-ha tantos desgostos
Este Irmaó , que elle trouxer ,
Que ha de expor vosso Marido
A fugir 5 ou a morrer.
Três ~ N.
Vens achar por grande mina
Hum Marido em tudo igual ,
Querendo-te tratar bem ,
Fugindo de tratar mal.
(28)
Três =: O.
Tens hum homem por Marido,
Qae ha de ser impertinente ,
Sem querer de forma alguma ,
Qae sejas vista da gente:
Andará sempre a teu lado ,
Cuidando que alguém te perde ,
Em fim naõ serás Senhora
De pôr pé em ramo verde.
Três r= P.
Nao sei que te hei de dizer ,
De tomares novo Estado,
Póje ser vivas ditosa ,
Se emendares o passado.
Três = Q.
O Marido naõ he máo ,
Mas huma negra fiança
O ha de pôr em mudança;
E por esta currióla ,
Toda a casa ficará
Por portas, pedindo esmola.
Três zz: i?.
Huma Senhora tao bella ,
E de Juízo tao forte ,
Bem sabe o que lhe convêm
Casar de nenhuma sorte ^
Solteira passará bem.
( 3o)
^ Três = S.
Escrevco a dura morte
Com longos dedos mirrados,
No livro das infelices
Os teus dias desgraçados:
Tornar-se-hao aíForcunados ,
Se te souberes vencer ,
Naó maltratando o Marido
Com génio taõ desabrido.
Três =z T.
Que importa , que vós , Senhora ,
O trateis taõ fielmente ,
Se elle ha de estragar-vos tudo,
Mettido com outra gente.
(31 )
T>
Três =z F.
Coitíídinha ! E's condemnada ,
Por casares com dinheiro ,
A tratar sempre d'hum homem
Doente, velho, e chineiro!
E ainda de mais a mais,
Ha de enterrar-te primeiro !
7res =z X.
Modera os teus appetites;
Naõ vás as modas seguindo;
Vive como tua Mana ;
Porque senaõ , em casando
Darás c'o a casa em pantana.
(30
Três rz Z.
Valha-me Deos , com teus Pais !
Que por serem taõ forretas ,
Te causao tormentos taes!
Que inda que queirais casar,
Só por morte d'algum delles
O poderás alcançar ;
Mas isso virá taõ tarde , '
Que depois te ha de pezar.
Três = J.
Pelo muito , que tiveste ,
E que despendeste mal ,
He que has de padecer fome ,
Na velhice , tal , ou qual.
(35 )
s
Quatro n: B.
Conserva o templo de Araor^
Escrito com letras de oiro
O nome dos teus Amores
Guardado como thesoiro:
Pois o rapaz, que namoras,
Tem tanto merecimento ,
Que por inveja haô de muitas
Estorvar-te o casamento.
Quatro nz C.
Vós he que tendes a culpa
De viverdes desprezada ;
Melhor he querer hum só ^
Que ser de mil namorada.
(34)
Quatro =: D.
Serdes muito janelleira ,
He qUe vos faz todo o mal ;
Pois vos juigaõ bandoleira:
Se quereis ser a primeira
Nos créditos de Senhora,
Com todo o merecimento,
Mudai esse vicio agora ,
E tereis bom casamento.
Quatro -n E,
No novo Estado, que queres,
Na6 te posso dar conselhos ;
Para fugires dos males,
O Mundo tem mil espelhoí?.
( 35 )
T
Quatro zz K
A vossa herança , Senhora ,
Que tendes de hum bom parente ^
Ha de fazer, que comvosco
Queira casar muita gente:
Mas por serdes de juizo,
Deveis calcular primeiro ,
Que os Noivos naõ vem por vós^
Mas sim, atraz do dinheiro.
Quatro ~ G.
Em quanto hum Mano, que itnSy
Viver comtigo por gosto ,
Vive também j que se casas,
Has de lhe causar desgosto.
C 2
CsO
Quatro = H.
Com hum homem casareis ,
Que vos fará sua escrava,
Tratando-vos muito mal,
Cousa que ninguém julgava:
Porém se fordes prudente ,
Mostrareis a toda a gente.
Que homem de má condiqao
Com geito vem á razaõ.
Quatro = /.
Nao vivirás muito bera,
Se acaso fores cazada,
Porque has de ter huma Sogra ,
Que ha de parecer damnada.
(37)
V
• * T * *
Quatro =^ L.
Vosso Marido , Senhora ,
He hum pouco atoleimado;
Vós he que o deveis reger ,
E trazello refreado :
EUe por ser abastado ^
Foi porque vos agradou;
Segurança vos naô dou
De terdes feliz estado.
' Quatro ^=^^M,
Casaste a primeira vez y
E bem naô te succedeo ;
E naõ deve outro querer,
Quem tal Marido perdeo.
(38 )
Quatro -=• N\
Duas Damas de igual nome ,
Sendo tu huma das duas ,
Mostraô de casar ter fome :
Sem hufTia saber da outra ,
Ambas o mesmo namorao ;
Elle ambas traz enganadas ,
Porque ambas distantes morao*
Quatro =: O.
Se o desejo te naõ pede
O laço do Matrimonio,
Foge s^empre dessa rede ;
E vivirás sem tormento ,
Escolhendo algum Convento.
( 39)
X
Quatro = P.
Forte casamento fazes,
Se o Noivo insistir no empenho l
He justo depressa cascs.
Porém se elle naô qiiizer,
E retractar a palavra ,
Vai hum Convento escolher.
Quatro =z Q^
Porque conheceis muT bem
O pezo, que o estado tem ,
Senhora, vós naÕ casais, -
Pois alcanqa sempre menos ,
Toda a que merece maivS.
(4o)
Quatro zz R,
He hum velho rabugento,*
Cioso, e muito achacado,
Que naó podendo comsigo ,
Comvosco quer ser casado:
Bom casamento naõ he ;
Porque de noite, e de dia,
A casa ha de ser galé.
Qiiatro = S,
Vivei com vossas Irmãas,
Que mais contente viveis;
E se desejais casar,
Vede bem o que fazeis.
Porque bom iGm nao tereis.
(4- )
7
Quatro = T.
Se tu dos trinta escapares,
Por certa moléstia occulta ,
Terás os Noivos aos pares ;
Mas por melhor acertares ,
Olha naõ te cances mais,
Deixa vir o que vier ,
A'vontade de teus Pais. .
Quatro =z V.
Tens hum Noivo ta6 mudável,
Que até no modo de vida,
Ha de ser intolerável;
E do seu génio a incerteza
O p6e na maior pobreza.
(4^ )
Quatro n X
Ter amor hc mui bonito ;
Mas ha pouco , a quem se tenha ;
E aquella , que mais se empenha
Em ter escolha acertada,
Vem a ser a mais lograda :
Para ti , o que conrem^ -
He homem, que ganhe bem.
Quatro = Z,
N'huma funçaô , onde has de ir.
Do Noivo zelos terá§,
E os ajustes desfarás :
Mas por caprixo do lance.
Sem casares ficarás.
(43 )
A
Cinco ^=^ A.
Andarás immenso tempo
Sem achares quem te queira \
Porém hum lance terás ,
Em que a tantos mostrarás,
Que tens brio, e tensjuizo;
E hum homem , que o lance vir ,
Para casares com elle ,
A teu Pai te ha de pedir.
Cinco =: 5.
Nao caseis com tanta pressa,
Tirai delle informação ;
Porque tanto tem de rico.
Tanto de má condição.
(44)
Cinco =: C
O Marido será bom ,
Muito prompto em te querer ;
E tu vivirás em paz ,
Mas sempre tens , que temer.
Porque te diz esta sorte ^
Que lá no segundo filho
Podes ter na vida corte.
Cinco r: Do
Casarás com o sentido
De teres muito de teu ;
Porém a sorte te explica ,
Que só de filhos , e filhas ,
He que serás muito rica.
(4?)
R
Cifíco rz E,
Homem cheio de demandas,
De mil trabalhos curtido,
Qs^er ser o vosso Marido :
Outro muito rapaz quer
Na posse prevalecer.
Tendes tempo, considerai;
Bom he sondar bem o váo ;
Que a fortuna deste estado
Consiste em ter bem cacáo.
Cinco zz: p.
Porque aíFectais de solteira ,
Se vemos , que sois casada ?
Deixai metade do dote
A alguma desamparada.
(40
Cinco ■=: G.
Com semblante carrancudo,
Mui porco, e mal encarado,
Sempre aíFectando de mudo ,
He de vosso Noivo o estado;
E cioso a vosso lado ,
Sem que a deixar-vos se atreva ,
Cuidará que o ar vos leva.
Cinco zr H,
Terás hum marido irado,
Será máoy e será bom,
Como por ti for levado;
Mas no soíFrer , e abster,
He que está todo o vencer.
(47 )
c
Amar e saber amar ,
Saõ pontinhos delicados ,
Os que amaõ naô tem conto ,
Os que Sabem saó contados :
Razaõ, porque desprezados
Devem por vós ser os homens ;
E se teimais no projecto,
Seraõ rigores, e injúrias,
O premio do vosso affecto.
Chico =:= L.
Elle por si naõ he máo ;
Mas hum Tio, que elle tem,
Se teimar em que naõ case ,
Nao vos ha de fazer bem.
(48)
Cinco =L M.
Que casas he com certeza ;
Mas casas 5 sem tom, nem som
Sem juizo , e sem escolha,
Por julgares tudo bom.
C'o sentido de ter Dom ,
O buscas afidalgado ;
Porém mudando de estado,
Verás o quanto padece ,
Quem transtorna os seus limites,
E quer mais do que merece.
Cinco =: N.
O teu gosto he viajar;
E na tua sorte vejo ,
Que só assim has de achar
Hum marido ao teu desejo.
(49)
D
^ * Jk — ^ ^ ^
Cmco — O*
Has de ser bastante rica,
Vivirás muito gostosa;
Porque o braço do teu Noivo
Te fará sempre ditosa :
Principiando por pouco.
Mostrará que geito tem,
Para grangear a vida,
Sem depender de ninguém,
Cwco = P.
Tendes hum Marido guapo ,
Que exceda, naõ ha nenhum,
E para casar comvosco,
; . Deixa dezoito em jejum.
D
(50)
Cinco == 2:
Casaras , amansarás ,
Ditado que todos sabem,
E que depois exprimentaõ ,
Os que com o bem naõ cabem :
Assim tu virás a. ser ,
Mudando o génio que tens ;
Mas da escolha , que fizeres ,
Ninguém dará parabéns.
Cinco ■=: R.
Tendes hum íNoivo flexível ,
Que por vós ha de morrer.
Mas a bondade, que tem, ||
Ha de botallo a perder.
E
Cinco = S.
Será o teu lindo Noivo
Destes , que a fortuna dá.
Sempre a comprar, e a vender
O seu negocio fará;
Mas com taõ bom coração
Para toda a sua casa,
f^e para o pores á rasa ,
Naõ terás leve razaõ.
Cinco ~ T,
Hum Primo será teu Noivo,
Porém tao embrulhador ,
Que interesseiro te busca ,
Mostrando ser tudo amor.
D 2,
(?o
Cinco rz V.
Nao he cá dos nossos lares ,
He d'hiim Paiz caloroso ,
, O que te destina a sorte
Para teu amante Esposo;
E voltando á sua Pátria ,
Para governos de herança ,
Na carreira ficará ,
Dcixando-te huma criança.
Cinco -=: X
Casarás com hum Viuvo ,
Que se ha de enganar comtigo J
Julgará mundos 5 e fundos ,
Naõ verá hum graõ de trigo.
(S3 )
F
Cinco = Z. 7"
Tens hum Noivo , que te acuda
Em qualquer enfermidade ,
Mui procurado de todos
Pela sua faculdade ,
Mas sabendo curar tudo,
Na6 ha de saber curar
O génio , que te acompanha ,
Incapaz de se aturar.
Seis zr A
Venha embora o Senhor Noivo ;
Que inda está em boa idade;
E irá por accesso a hum cargo
Muito grande da Cidade.
(H)
Seis n: B.
A formosura que tens ,
E o muito que és desejada.
Faz com que peça a razão
O seres breve casada ;
Mas em ti observarás
Tao repentinas mudanças ^
Que ficarás c'huma cara
Para desmamar crianças.
Seis — C
Vosso primeirQ Marido
Muito rica vos deixou;
Mas houve hum mesmo de casa ,
Que tudo isto aproveitou.
( ^5- )
G
Seis = D.
He Mestre do seu olKcio
O Noivo que te bufcar ;
Alesmo sentado na loja ,
Hade dinheiro ajuntar:
Boa vida te ha de dar ,
Porém com hum modo sêcco,
Mas nunca se te dê disso ;
Nao ha homem sem seu peco.
Seis zz E,
Casa, que ninguém to impede,
E serás feliz no estado,
Sera's rica, e muito rica,
E o Marido aíFortúnado.
(^O
Seis — R
Tu logras pouca saúde ^
E se pc^^rtenies casar ,
O pouco vigor , que tens.
De todo vai acabar ;
Olha, toma o meu conselho ^
ni
Se queres ter hum bom fi
Vai rezar nas tuas contas ,
Deixa-íe ficar assim.
Seis — G.
Senhora , de parecer
Sou, que o estado nao acceite.
Que ha de rer nelle a união
Do vinagre com o azeite.
(?7 )
Seis =z H.
Dez annos terás d^espera ,
Confian.lo no tal Noivo
Antes te naô conhecera ! ,
Fois de esperanças nutrida ,
Taó velha te irás fazendo,
Que o Matrimonio perdendo,
Terás de solteira a vida.
Seis ziz I,
Has de c:is.ir, e o Marido
Ha de ser como a formiaa ;
Ajuntando a prao, e «;ra6 ^
Té que venha hurr fiílio reu
Pôr os teus bens em dcilao.
(?8 )
Seis =^ L.
O vosso Noivo será
Hum que já fora noviço ;
Mas depois' que o Pai morreo ,
Depressa se tirou disso :
E quer, por gostar do estado,
Comvosco ser bem casado.
Seis =: M.
Seguro que haveis casar ,
Inda que na idade dura ;
E será vossa ventara
Filhas , ou Filhos nao ter ,
Porque se assim succeder ,
Será vossa formosura
Constante no mesmo ser.
(59 )
^ ^ A * *
Seis — N.
Sereis tao aírortanada ,
Casada, como «solteira j
Mas guardar da golilhsira
Amiga, que haveis de ter,
Qiie botar ha de a perder ,
Com animo desabrido ,
O vosso mesmo Marido.
^ Séis =: O.
Ha de ser embarcadiço
O Noivo que vós buscais ;
A vida lhe nao cobiço !
Nem nelle paixão se encerra ;
Seis annos anda por fora ,
E está seis mezes em terra.
(6o)
Seis = P. ^
O vosso Noivo , Senhora ,
Feliz , e pobre na^ceo ;
Porque hoj^ tem mi! cruzados,
Naó rinha nada de seu :
Hum Compadre o ajudou
No negocio , em que o metteo :
Que para casar comvosco
Grande interesse lhe deo.
Seis =3 2-
Casar 5 e casDr depressa,
Q^je se isso se nao consegue ,
O Noivo, que perrendeis ,
Já nao falta quem lhe pegue*
( ^I )
Seis = R.
Has de viver pobremente,
Se teimares em casar;
Vivirás mui descontente :
Hoje ficas sem jantar ,
A' manha ficas sem cêa ,
Pouco 5 e pouco deste rriodo
Cortas os fios á têa.
Seis — S.
Hum grande Commerciante
Vos dá por Marido a sorte ,
JMas nisto de Amor tratante:
Porém sede vós constante.
Se quereis fortuna ter,
E de zelos nao morrer.
(62)
Seis = T.
Acabem vossos Amores,
Que já ha seis annos durão ;
E todos que vos conhecem ,
Com razão deiles niurmuraõ :
Desenganai-vos com elle.
Que isto naõ he brincadeira,
Dizei-lhe com desengano
Que, ou casar, ou metter Freira.
Seis :=! F.
Vosso Noivo he Militar,
Ninguém a Vida lhe inveja ,
Mas casado quer mostrar ,
O quanto amar-vos deseja.
(<3 )
M..
Seis = X. -
Melhor he ficar assim ,
Inda que pobre viveis ,
Porque se mudais de estado,
Mais pobre inda ficareis;
Porque o Noivo , que vos quer ,
He homem taô sem sabor,
Que até naõ sabe escolher,
O que lhe ha de ser melhor.
Seis = K
O tempo te mostrará ,
Que tu casar naõ devias,
Pois talvez que seja a causa
De encurtares oi teus dias.
( ^4)
Sete rz A,
He Militar, e Cadete,
Quem a sorte vos destina ,
Mas tem lá certa amizade ^
Que he toda a sua ruina :
Se naô a deixar de todo,
Tal Noivo vos naõ convém ;
Porque vos ha de tratar
Mil vezes mal, huma bem.
Sete — B.
Tens hum Anão por Marido,
Mas taõ esperto ha de ser,
Que na sua companhia
Sempre has de ter que comer.
(<! )
N
Sete -=. C.
Pelo génio de ciosa
Convulções padecerás;
E tal estrago farás ,
Que indo o Noivo a soccorrer-te ^
Lhe darás murro taõ forte,
Que do peito a botar sangue^
Lhe originarás a morte.
Sete ■=. D.
Terás hum Noivo imprudente ^^ ^
Porém serás bem casada;
Porque o teu grande juizo
Desfará este tormento.
Como tempestuoso vento
Desfaz grossa trovoada.
(66)
SetQ = E.
Casareis com hum rapaz
Gentil , e bem figuradu ;
Amigo de namorar ,
Inda depois de casado:
E hytna criada de casa ,
Namorada, e intrigante,
Fará que elle acabe a vida.
Mas de vós muito distante.
Sete = F.
Casamento, apartamento,
Parentes , nem teus , nem delle :
Senaõ has de ter tormento ,
Que te fará mal de pelle.
( 67)
Sete =: G.
Coitadinha, casa bem;
Alas que importa esta fortuna!
Se o casar lhe naó convém;
Que pouco se ha de lograr
Dos bens , que a sorte lhe der í
Pois logo ao primeiro filho,
Talvez que venha a morrer.
Sete r= H.
Hum rapaz de bons costumes^
Exemplo da Christandade ,
Valedor , e serviçal ,
Amante da caridade,
Para ser o teu Marido,
A sorte tem promettido.
(68)
- Sete = 1.
He Lavrador, e Morgado
O Marido , que te cabe ;
Mas se tem bom, ou máo genic^
Por agora naõ se sabe:
Tem huma condição boa,
A qual a muitos contenta,
Que he naõ ser rapaz da moda ,
E passar já dos cincoenta
sete z=i L,
Homem de bem ha de ser,
O que convosco casar ,
Tomáraó muitas, e muitas,
Marido assim desfrutar!
(
p
Stte z=i M.
Fazes tao grande salsada
Com os Amantes, que tens,
Que nunca serás casada :
Trata de escolheres hum,
Que entaô fortuna terás ,
E de três , que á rossa trazes',
Agarra-tç ao mais rapaz.
Sete =z K
Esse teu Noi''o , Senhora ,
Enfronhado em fidalguia ,
Porque he d'aquem , e d'aleni ,
Com génio de bizarria ,
Ha de estragar o que tem j
E depois a pedir vem.
(7o)
Sete == O,
Gotn sua Iraiã, e Cunhado,
Viva, que vive mui bem ,
Naõ queira mudar òe estado,
E se anda algum nam.orado
A' rossa para casar,
Fuja da rede, que lhe arma,
Mande-o logo bugiar.
Sete :=z P.
Se donzella te conservas ,
Vais melhor , do que casada ,
Que em tu entrando a ter filhos ,
Has de ser desmazelada ;
E o pobre de teu Marido
Também por tolo hum perdido.
(71 )
Q
Sete = Q.
De que vos serve o casar,
Se por certa falcatrua
Ambos se hao de separar ?
Léguas, e léguas distantes,
Haõ de sem gosto viver,
Praguejando a toda a hora ,
Quem tal liga quiz fazer.
Sete = R.
Coitadinha! tens hum Noivo ,
Que para ti nao convém ;
Nem por Armas, nem por Letras,
Ha de ter nunca vintém:
Se te parecer, naô cases,
Fica assim , que ficas bem.
(70
Seu =: S,
Já em annos adiantada
Casareis com outro tal j
Mas eleição acertada ;
Ambos muito se haõ de amar j
Sem haver desconfianças ;
Haõ de ser duas crianças ,
Levando a vid4 a brincar.
Sete. — r.
Menina naõ sei que diga ,
A quem tal Noivo inculcou !
Naõ he muito boa a liga,
Por elle hum vintém naó dou ;
M-lhor he que nao caseis,
Que mais ditosa sereis?
(73 )
^ ^ ã^^ ^ ^
Sete zn V.
Se o gosto a teus Pais fizeres ,
Has de ter quanto quizeres ;
Terás casamento rico ,
Que isto faças te supplico ;
Agora com tempo escolhe ,
Que quem abrcjhos semeia ,
Depois só espinhos colhe.
Sete — X
Casara's c'hum Estudante,
Que nas Letras tem lugar ;
E quando se despachar ,
( Por força do teu amor )
Os mares has de cortar,
E de lá virás melhor.
(74 )
Sete ~ Z.
Nao tardara muito tempo ,
Qtie com fortunas iguaes,
Alcances hum bo^i Marido
Espelho de homens leaes :
Ambos em viver fataes ,
Andarão como de aposta,
A qual ha de viver mais.
Oito rz A.
Terás huma sorte igual
A' que teve tua Avó ;
Qjc por toda a sua vida
Namorou hum homem só :
Se tu seguires o mesmo ,
Ninguém de ti tenha dó.
(7? )
'^ ^ ^fc— ^^ ^^ T^
Oito = B.
He homem de boa vida ,
E de génio socegado ,
O Marido que vos cabe;
Mas ainda ningue.n sabe ,
Se pobre, ou rico, ha de ser;
Porém dou-vos de conselho ,
Que naó o deveis perder.
Oito z=z C
Ora quem ha que se creia
No tal Noivo , que vos daõ !
Se he hum fero maganão,
Qiae a todos anda dizendo ,
Q_ie ha de ter o desafogo
De vos tocar muito a fogo.
(76)
Oho = D.
Muitas cousas te dissera
li Do projecto em que te vejo ;
Se tens de câsar desejo ,
Tua idade nâò espera :
Naõ te elevem homens loucos
Pois vai a cahir-te em sorte
Hum Marido como ha poucos.
Oito ■=. E.
A' janella vás de noite ,
Por fallares ao rapaz ,
Julgando-o homem sisudo ,
Mas tao enganada vás !
Que te ha de faltar a tudo
Na promessa, que te faz.
- ( 77 )
T
De que te pode servir
Hoje hum dia de banquete,
Com mil parabéns a rir ,
Se em menos tempo de hum anno,
O Marido por magano ,
Querendo-se separar ,
Tc ha de cm tormentos deixar ?
Oito ~ G.
Deixarás hum teu parente
Por outro rapaz de fora ;
Mas naõ vivirás contente :
E nessa infeliz mudanqa,
O mal , que te succeder ,
Se tomará por vingança.
(78)
Oito = H.
Tem mui pouca duração
O Marido 5 que escolheres;
Esta será a razão,,
Porque se filhos tiveres,
Como mulher desgraçada ,
Só para cuidares nelles ,
Andarás sempre arrastada.
Oito zz /.
Haveis, Senhora, casar;
Mas abrandai a paixnô
De muito contradançar ;
Qae no peito huma afflicçaô
Vos ha de sempre ficar.
Que he quem vos ha de acaban
(79)
y
Oito = L.
Inda que hoje te parece
O teu Noivo hum pouco máo.
Por isto naô se esmorece ;
Deixemos tempo passar,
Que elle ha de mudar de tom,
Ha de trazer-te nas pahnas,
E dar mostras dê homem bom.
Oito m M.
De esperanças vivirás,
Sem que possas resolver-te ;
E taô confusa andarás ,
Que para mais ninguém ver-te,
Já nos fins da tua vida
Hum Convento escolherás,
(8o)
Oito =: N.
De ^farda o Noivo ha de ser ,
Porém sem que vá á guerra y
Mesmo na flor de seus annos
Dará o seu** corpo á terra ;
Porque ha de ter hum tal vicio ,
Em que desordens fará.
Que de ferro morrerá.
Oito m O.
Nisto de tomar Estado ,
Porás tudo em confusão ;
Sem que se possa atinar ,
Qual he tua inclinação :
E ninguém desta incerteza
Nos sabe dar a razão.
f 8i )
Oito = P.
Receio na6 acheis Noivo,
Tendes idade avultada ,
Mas se inda houver quem vos queira,
Sereis mal afortunada j
Porque naõ levais vintém,
Que as velhas no tempo d'hoje
Valem menos quanto tem.
Oito Q.
Casarás , porém o Noivo
Já hum filho ha de trazer,
Que a titulo de Afilhado,
Dentro em casa ha de mctter:
E depois por mal creado,
Botará tudo a perder.
: ( S2 )
Oito -= JR.
Hum Noivo muito poupado.
De bello comportamento,
Neste vosso casamento
Vos fará feliz estado ;
Porém andar com cuidado,
Em lhe nao desmerecer;
Que assim faz quem quer yiver*
Oito = 4$:
Hum Noivo 'parente vosso
Vós mesmo de casa tendes j 1
Porém dizer-vos nao posso
O mais 5 que quereis saber;
Se elle coarctar o seu génio j
Bem vos ha de succeder.
(83)
7
Oito = T.
A 'tua maior Amiga
A mais falsa te ha de ser;
Como encuberta inimiga ,
Hum furto te ha de fazer j
Quando menos se pensar ,
Te rouba o Noivo y que tensj
E assim ficas sem casar.
Oiío = K
Deixa de ser ta6 ciosa,
Quebra esse génio , que tens.
Se quizeres ser ditosa:
E se nisto naõ convéns,
Nao te queixes ao depois
De ser pouco venturosa.
(84) .
Oito =r X
Casarás c'hum mocetão,
De officio de Tribunal ,
De invejada condição ;
E hum parente do Brazil
Nas remessas , que mandar ,
O ajudjará de tal forma ,
Que possa de sege andar.
Oito = Z.
Se tu te enfeitas tao pouco,
Se és tao mettida comtigo ,
Virás a cahir no prigo
Do mal da melancolia;
E os annos por ti correndo
Te deixaráó para Tia.
(80
A
Nove = A
Quatro vezes casareis ,
Alas os três de génio máo,
Só hum prudente achareis ,
Será o quarto Marido,
Que vos dê estimaqao ,
Com dinheiro, com fartura,
E com boa condição.
Nove == B.
Se a servir principiou
Honrado modo de vida;
Na mesma vida acabou :
Porque inda que he mui prendada,
Como nada tem de seu,
Se casar, he desgraçada.
(8Ó)
. Nove — C.
Em quanto fores vaidosa ,
Já mais acharás Marido ,
Muda esse génio , que tens ,
Que se faz aborrecido :
Entaô lograrás hum Noivo,
Como poucas tem achado j
E terás huma fortuna,
Corao poucas tem contado.
Nõve = D.
Com Letrado casareis :
E será hum homem bom :
Quanto ditosa sereis !
Esta fortuna requinta ,
. Em ter casas, sege, e quinta.
(87)
R
Nove = £•
Como és pobre, e de mio geniOj
Taõ soberba , velha , e feia
Ganha os bocados da boca "^
Por costura, e pela meia j
Sorte boa naô a esperes,
Por força de casamento,
Que vais buscar nesse estado
Hum insoíFrivel tormento.
Nove n F,
Naó he da mesma Nação
O vosso Noivo, Senhora;
Mas tende a consolaç;^6,
Que inda que noivo Estrangeiro ,
Tem negocio, e tem dinheiro.
(88)
Hum rapaz que tu criares
Com perfeita educação ,
Será da tua velhice
A maior consolação :
Quanto tens , qaanto has de ter ,
Lhe deixas em Testamento ,
Cujos bens seraõ a causa
Delle ter bom casamento.
Nove n H.
O teu Noivo he hum rapaz ,
Que naõ he peixe , nem carne,
Por bondade tudo faz ;
E para viver comtigo,
He homem muito capaz.
(8? )
r
Se escapares da doença ,
De que ficas com defeito ,
Terás hum grande Marido ,
Homem de iTiuito respeito :
Terás mais de nove filhos ;
Porém hum, pouco sisudo.
Depois que te vir viuva ,
Ha de dar cabo de tudo.
Noi:e zn L.
Recolhida, recolhida, •
E deixa-te do consorcio,
Se nao queres ser perdida ;
Que se casas, hum divorcio
Te porá em triste vida.
(9°)
Nove = M.
Serás rica aos vinte e cinco ,
Porém mi)i pobre aos quarenta;
Porque cabe na tua casa
Huina horrorosa tormenta :
Queira o Ceo , que naõ succeda ,
Quanto aqui he promettido!
Mas se o for; tudo se deve
A's desordens do Marido.
Nave zn N.
Do Brazil te ha de chegar
Hum Marido a teu contento ,
Rapaz de merecimento;
Que para te nao deixar ,
Comsigo te ha de levar. *
(91)
D
A^í?"j^ ~ O,
A tua 9orte , Senhora ,
He toda feita hum .enigma :
Pois o Noivo, que em ti pensa,
Quer-te bem, e nao te estima,
Deseja-te, e de ti foge:
Kl!e onde tu vais, naô vni ;
Talvez seja is:o hum disfarce,
Por naõ incitar teu Pai I
Nove =: P.
Se agora desgostos tens,
Também conserva a esperança ,
De que has de achar hú bom Noiv'o ,
Que ponha a teus longos maies
Huma ditosa mudança.
(90
Nove TZ O.
A sorte te dá hum Noivo ,
Que inda antes de casar,
Quanto tiveres de teu ,
Te ha de a terreiro sacar ;
E o mais he, que inda depois
De ver , que nao ha mais nada ,
Vai volcar-se para outra ,
Deixando-te desprezada.
Nove zz R.
Conheço nos vossos olhos ,
Que naó perrendeis casar,
Pois tendes desembaraço
Para a vida governar ,
Sem dependerdes do laçOe
F
Nove zz S.
O Noivo, que vos procura/
Tem traças, que isso he pasmar!
Vive de pedir dinheiros,
Sem hum só vintém pagar :
Pôr-vos-ha logo de sege,
Tomará seu escudeiro ,
Sem soldada , e máo sustento ,
Finíssimo caloteiro.
Nove =z r»
Está nesta companhia
O marmanjo, que vos quer.
Se assim he , podeis dizer
A todos , que sois feliz ,
Que elle o mesmo também diz.
(94)
Nove •=! V.
Os bens , de que estais de posse,
Como pertendeis casar ,
O vosso querido Noivo
Os ha de bem estimar;
Porque depois de viuvo,
Talvez que venhaô a ser
A felicidade toda
De huma segunda Mulher.
"Nove = X.
Sois menina , tenra , e bella ,
E tereis hum lindo Noivo,
He feliz a vossa estrella;
Porém aqui para nós,
Elle vai melhor, que vós.
F
Receio-te huma má vida,
Com o Noivo , que te busca ;
Passarás sempre affligida ;
Porém vais ser castigada ,
De quanto fizeste á outra.
Que por ti se vio lograda ;
Que lhe roubaste o Amante,
Invejosa da fortuna ;
EUa ficou sem casar,
Mas elle mandou-te á tuna»
Dez =: A.
Tendes hum Noivo basofio,
Todo cheio de brazoes ,
Mostra com toda a Nobreza
Infinitas precisões.
(9^)
Dez = B.
Tens hum homem de juizo,
Tens hum homem de respeito,
Porém he muito preciso
O saber-lhe andar ao gcito ;
He Poeta , e he dos bons ,
Hum mocetão bem talhado ,
Homem de bem ^ bem nascido ,
E por muitas desejado.
Dez = C.
Depois que teu Pai morrer ,
E a casa se repartir,
Então fortuna has de ter:
Por agora naõ se nota,
Que os Noivos temem, que o Pai
Venha a fazer banca rota.
(97)
G
Dez =: D-
O teu Noivo he homerti máo,
E de péssimos costumes,
Cuida em sondar bem o váo ;
E. dar-te-ha tantos desgostos,
Que tu de ti te aborreças ;
Porém por mais que padeças,
Elle hum certo sinal tem ,
Que aos dez annos de casada ^
Passarás a vida bem.
Dez = E.
Filho de excellentes Pais
He esse Noivo, que tens,
Trabalhando por ser gente,
Mas sempre falto de bens.
(98)
Vez = F.
N^umas' casas vivirás ,
Aonde do andar primeiro
Te namore hum bom rapaz:
Haverá certa visinha, ^
Qae tendo-te inclinação j
Se convide por Madrinha ;
E pela faxa , que tens ,
Ornada de taõ bom génio.
Te fará cessão de bens*
Dez = G.
Terás hum bom Noivo honrado ,
De excellentc coração ,
Mas homecn mui afferrado
Sempre á sua opinião.
(99)
H
Dez =1 H.
Hum Noivo terás, Senhora ^
De muitos merecimentos,
Deí«ejando adivinhar
Todos os teus pensamentos j
Mas será recompensado
Com hum desapego vosso,
O que lhe fará tristeza,
E Q mais, que dizer naó posso,
Dez = L
Noivo com pouco dinheiro
Te cabe no teu estado ,
Mas has de viver alegre,
Porque elle ha de ser prendaáo.
( 100 )
Dez =z L.
Casas com hum innocente ,
Creado mui recolhido ,
Sahio dos braços da Mai,
Para vir ser teu Marido ;
Naõ sabe nada do Mundo,
Mas he rapaz bem chineiro ,
Com pouco desembaraço ;
Porque todo elle he dinbeiro»
Dez =z M.
Mude já de pensamento ,
Naõ queira casar , naõ queira ,
Que se tal faz, vai cahir.
Qual* rato na ratoeira.
( lOI
)
* * JL í
it *
Dez =
N.
Morreo o pinto na casca ,
Que o rapaz 5 que pertendias,
Nas aguas do largo mar
Acabou seus tristes dias :
Vai depressa cuidar n'outro ,
E depois de o teres certo ,
A sorte te annunciará
Se he pacovio , ou se he esperto.
Dez = O.
Homem que aprendeo officio.
Vosso Marido ha de ser;
Sem vicios, prudente, sério,
E de seu muito ha de ter.
( 10^ )
Dez =z P,
Denota-me a vossa estfella ,
Que vivireis sem casar ,
Farta dos bens da fortuna,
Sem nada bom vos faltar;
Porém huma cerra inveja,
De que sereis perseguida ;
Vos ha de pôr aos quarenta
Em hum grande prigo a vida.
Dez zr ^
Andarás a escolher tanto,
Tudo em tom de brincadeira,
Que por fins has de cahir
De escabrosa ribanceira.
(X03)
D^i3 = R.
Adeos , Senhora, que eu parto,
Descançada ficarás,
Se algum dia te lembrares,
Compaixão de mim terás j
E atropelando-se a paz ,
Que deve haver n'hum casado,
Será esta a despedida ,
Que te faça hum degradado.
Dez — S.
Nao digo, que te naõ cases,
Mas se tens tanto de teu ?
Come, bebe, dorme, e canta,
Que o mesmo fizera eu.
( ^04)
Dez = T.
Tu a todos fazes praça ,
E he tal esta confusão ;
Que de tantos arrojados ,
Podes fazer hum leilão :
Se nao mudas de sistema,
Ficarás sem ter passagem ,
Que ninguém quer para si
Hum coração de estalagem.
Dez = V.
Es mais subtil , que hum alambre
Sabes viver bem no mundo ;
Por ti nao virá tormenta ,
Nem â náo ha de ir ao funda
( IO? )
..M..
Dez - X.
Pode ser, que seja bom,
Mas nao por escolha tua :
Aquelle, a quem tu te inclinas ,
Deves mandallo á tábua :
Se pertendes ter hum Noivo ,
Honrado, e farto de bens,
Naõ precisas ir mui longe ,
Tu mesmo de casa o tens.
Dez =z Z.
Casas, e has de ser viuva;
Porém taô bem governada ,
Que até nos cangados annos
Serás por mil desejada.
(lOÓ)
Sota ~ A.
Oo sentiJo nas fazendas
Vem o Noivo procurar-vos ,
E depois que as possuir,
Ffotí^sta de mal tratar-vos:
Se quereis por hum bom modo 5
Pi egar-ihe tambcm a peça ?
A tempo com desengano,
Tirai-lhe isso da cabeça.
Sota == B.
Terás por vezes seis Noivos,
De nenhum lançarás mao ,
Que para ti casamentos
Scrao minas de carvaõ.
( Í07 )
N
Svtã = C.
Se queres hum bom acerto ,
Naõ entres em desafio, '
Deixa-te regendo em tudo,
Pela escolha de teu Tio.
O bem que te elle deseja,
Tu bem o tens alcançado ,
Faze-lhe a vontade em tudo.
Que elle te dará estado.
Sota =: A
Por conta de certo escrito,
Que em certa caixa se achou ,
Toda a fortuna, que tinhas*
Vosso Parente estorvou.
( io8 )
Sota = E.
Senhora , deixe-se disto ,
Faqa meia ao candieiro ;
He já taluda de idade,
E mui pobre de dinheiro:
Veja que os homens de agora
Querem formosura, e china,
Bem vê, que naõ tem hum chavo
He feia, e nada menina.
Sota =: F.
Tanto te prezas de honesta ,
Quanto clle de desenvolto;
E de péssimos costumes.
Sempre ora preso, ora solto.
( I09 )
Sota = G.
Era hum perfeito rapaz ,
E sabia guardar fé !
Mas vós destes na fortuna
Com a pontinha do pé :
Com falcatruas de Amor
Attendestes outro Amante y
E agora ficais assim ,
De casar muito distante.
Sota = R
Casarás ninguém duvida ,
Mas cortas da sorte os meios 5
Que passarás toda a vida
A aturar génios alheios.
(lio)
Sota m 1.
Nao creias em palanfrorios,
Que vais de todo enganada,
Deixa o raparz, busca hum velho,
Que te traga bem tratada ;
Olha que isto de crianças ,
Tarde , ou cedo moitraõ bem ,
Que quem com ellas se metce ,
Multo pouco avanço tem.
Sota =: L.
Nao he bom desdenhar tanto ,
Nem ter tamanha ambição,
Só quem he doida despreza
Noivo de tal perfeição.
( III )
p
* * A. * ate
Sota =L M,
Nao , Senhora , casamento
Naó pilha vossa mercê ;
Pois nem sabe ter escolha,
Nem taõ pouco guardar fé :
Deixe-se estar como está ,
E ao serão co' as visinhas ,
Ou vá pegar n'uma roca ,
Ou ponha-se a torcer linhas.
Sota =z N^
Casarás por duas vezes ,
Da segunda ficarás
Tao rica, que duas filhas
Com muitos bens deixarás.
(112)
Sota =: O.
He homem de estratagemas ,
Enganador, e subtil ,
Diz qae quer casar comtigo ,
Depois de enganar dez mil:
Figir delle , porque estorva
A tua felicidade ,
E ficarás como as outras,
Perdida de tenra idade.
Sota = P.
Dos quarenta por diante ,
He que lias de ser pertendida ;
Acharás Marido amante ,
Que dará por ti a vida.
( "3 )
Sota ■=! a
Tens para Noivo, Senhora,
Homem, que ninguém o entende^
Ora figura de bom ,
Ora por máo se comprehende ,
E SC neste casamento
Pode a sorte dar de rosto,
Naõ faças muitos excessos ,
Despreza-o, muda de gosto.
Sota = -R,
Se quereis no novo estado
Ser bastante aíFortunada ,
Sede com todos os homens
Hum pouco mais recatada.
H
(114)
Sota =: S.
O Noivo , que pertendeis ,
Tem hum geitinho n'hum pé,
Porém o pé , que lhe faz ,
Se souber guardar-vos fé ?
Tem dinheiro , e tem juizo ;
Tem credito em toda a parte,*
E para ganhar a vida ,
Tem vigilância, e tem arte.
Sota =z r.
O vosso bom coração,
E o vosso merecimento,
Saõ causa de ser feliz
 escolha do casamento.
('■!■)
R
Sota =: Vo
Tendes hum Marido bota ,
E nada mal parecido ;
Alas com muitos inimigoss
E delfes mui perseguido j
Vós haveis participar
Das suas perseguições ;
Mas em breve haó de acabai
As grandes cavilações.
Sota = Xe
Nao deveis levar a mal
O mal , que vos suceder ;
Porque Noivo dessa casta
Só doidas vaõ escolher.
H
(ii6)
Sota = Z,
Eu nao sei o que vós tendes
Com a vossa visinhança!
Que nenhuma leva a bem
Do vosso estado a mudança !
Razaó porque qualquer Noivo ,
Que quer ser vosso Marido ,
Pelas más lingoas da rua
Vai logo despersuadido.
Valete — A.
Pela pressa de casares,
Naõ casarás com dinheiros j
Ficarás farta de filhas,
E sempre a lavar coeiros»
(117)
Valete = 5.
Nao tendes, que perguntar^
Que o vosso Marido he
Destes , que fórmaõ processo j
E pórt^Õ tudo por fé :
Só hum filho haveis de ter,
Que succeda neste officio;
O qual nâõ sahindo ao Pai ,
Perderá por certo vicio.
Valete =: C
Tendes hum bisarro Noivo ,
He mocetão como hum freixo,
Golotaõ e regalado ,
Amigo de dar ao queixo.
(.118)
Valete zz D. ■
He homem de loja aberta ,
Mas em tudo negoceia,
E des de que vos tallou ,
Só para vós se penteia :
He de bastante respeito
Na sua corporação ,
Mas homem mui avarento ,
E de fera condição.
' VuleU ■=. £.
Tens hnm doido por Marido
Mudarei em quanto faz,
E com génio desta sorte ,
Nem tens dinheiro, nem paz,
( ■■!))
T
Valete = F.
Na ordem da vossa vida
Haverá hum lance tal ,
Em que vós por chocalheira'^
Vireis a pagar o mal ;
Por huma palavra só ,
Publicareis hum segredo,
Que mettereis o Marido,
E a casa n'um grande earcdo.
Valete = G.
Do passeio de huma quinta
A fortuna re ha de vir,
E teu Pai no casamento,
Por gosto deve convir.
( I^o )
Valete = H.
Tendes hum Noivo, Menina,
De hum gosto mui depravado ,
E por isso naõ auguro
Venturas no vosso estado :
EUe mesmo ha de fazer
A sua , e vossa desgraça ;
Empregando quanto tem,
Em sustentar cães de caça.
Valete =: 7.
Deo baixa de Militar,
Para hum officio servir;
Ha de te vir procurar,
Tu com elle deves ir.
( >'-■ )
V
Valete =: L.
He casado, e tem já filhos ^
O que te quer enganar ;
Tira-lhe huma informação ,
Se te queres bem lograr ;
Deixa pois passar os trinca ,
Entaó com grande alvoroqo. _
Te virá buscar segundo ,
Nobre , honra3o ^ rico , e moço.
Valete =^ M.
Naô queiras casar, nao queiras,
Vai vivendo descansada ,
Solteira por toda a vida ,
Vale mais , que mal câsada.
( I^^ )
^ Valete =: N.
Ea vi disposta a fortuna.
Para te fazer feliz ,
Mas a desgraça invejosa,
Que á vante fosses , nao quiz
Naó queirais saber o mais;
Supp5e com animo forte,
Que se entornou hum tinteiro
No lugar da tua sorte.
Valete = O.
Se escapastes do primeiro ,
Nao te mettas com segundo,
Que farás segunda vez
Triste figura no mundo.
( 123 )
Valete =: P.
He homem de grandes letras
O Noivo , que vos cobiça ,
Maneja de Amor as fl^xas,
Como a vara da Justiça :
Sabe-se bem comportar ,
Com brandura, e coirs rigor,
Sentencea ea^usas crimes,
E alguns Processos àz Amor.
VaUte — 2:
O Noivo 5 que vos procura ,
Tem comsigo eterno mal ;
Nem he pobre, nem he rico,
E parece hum paô sem sal.
( iM )
Valete = R.
Faz versos o maganão ,
Que por Noivo vos procura;
Mas por mais versos que faça,
Vive com pouca ventura :
He de boa condição ,
Teve criação mimosa ;
Porém nisto de dinheiro,
Qaasi sempre vive em prosa.
Valete -=z S.
Como a Aranha prende a Mosca,
' Deixando-a secca , e mirrada ,
Vos prenderá vosso Noivo ,
Deixando-vos desgraçada.
z
Fakte = T.
Bom homem será o Noiro ,
De excellente condiqao ,
Amigo da sua casa ,
Sempre com bom coração :
Mas que importa seja bom !
Prendado, discreto e nobre!
Se demandas, e doenças ,
He que o haõ de fazer pobre.
Valete = V.
Casa 5 mas casa em segredo;
Que se teus Pais nisso daõ,
Toda a mina , que esperavas ^
Verás tornada em carvão.
(laó)
í^akte =z X.
Tens hum Noivo atoleimado ,
Homem sem modo de vida;
Cheio de vícios perversos ,
E com balda conhecida:
Ha de te metter em casa
Mãi , irmãs, e algum parente;
De. sorte , que vem com elle
Huma caterva de gente.
Valete = X ^
Senhora , nao casa aqui ;
Mude de terra, se quer;
Que fóra da sua Pátria ,
Melhor lhe ha de succeder.
( 1^7)
Rei z= A.
Se quereis ter bom Marido ,
Andai com sentido nelle ;
Que nisto de namorar ,
Naô ponho nada por elle :
He o único defeito ,
Que este miserável tem ;
Em vendo Madamas juntas,
Já julga lhe querem bem.
Rei =z B.
Nao lhe dê de mao , agarre-oj
Que se perde este momento.
Para toda a sua vida ,
Naõ torna a ter casamento.
( i^s )
Rei =. a
Na mesma casa comvosco ,
De pequeno se creou
O Noivo , que vos pertende y
E que por sorte vos dou :
Mas o defeito, que tem,
Naõ he muito de estimar ;
Todo o vintém 5 que grangea ,
He para se embebedar.
Rei = jD.
Haverá por ti taes bulhas ,
Dissensões entre os Amantes !
Que ficarás sem casar ,
Linda, e pobre como dantes.
( 1^9 )
R
Tendes Noivo fallador;
Porém fallador de mais ,
Que ha de ser rui'na vossa ,
E ruina de seus Pais.
Os miseráveis pequenos,
Que vós delle haveis de ter,
Faraó a vossa fortuna.
Se elle primeiro morrer.
Rei =z F.
Antes de jerdes cincoenta.
Vos haveis de ver casada ,
Naõ tereis nem hum só filho ^
E acabareis entrevada.
( I30 )
Rei — G.
Se solteira te conservas ,
Deixa-te estar como estás,
Repara , que naõ tem preço
Huma vida em boa paz.
Mas se o contrario fizeres,
Terás Noivo pobre , e tolo ,
Andarás de capa , e lenço
Com os filhinhos ao colo.
Rei = H.
Sirva-se, minha Senhora,
De ficar assim solteira ;
Quem lhe der este conselho,
Naô lhe diz nenhuma asneira»
(>3i )
r
i?« = 7.
Passa os trinta com descanço ,
Livre das pensões do estado ;
Que depois acharás Noivo ,
Que he de todos invejado.
Porém se antes te entalares ,
Em ser de muitos querida,
Casando antes deste tempo,
Desfrutarás triste vida.
Rei =z L.
Menina, se quer casar,
Viva nessa confiança ;
Porém naõ procure a sorte
Porque inda he muito criança»
I ^
(isO
Rei ^ M.
Curvada , feita hum novello ,
De bordaõsinho na maõ,
Andarás 5 em sendo velha,
Porém com boa feiçaõ ,
Dando de asseio sinaes ,
Viuva de hum mocetão,
Que naõ deixou cabedaes.
Rei — N.
Tens hum perfeito rapaz ,
Bem creado , e bem nascido ;
Faz versos com muito engenho,
Bem posto, e bem comedido;
Queira . Deos , que se conserve ,
Em chegando a ser Marido !
( 133 )
D
JR^i = O.
O génio de invencionelra
Te retira o casamento ;
Se casas, e se o naõ mudas,
Terás eterno tormento:
Porque o Noivo ha de ser pobre,
E dos teus desdéns levado ,
Mil vezes ( repara bem ) ,
Que se ha de ver obrigado
A gastar mais do que tem.
Rei n P.
E's rica, e casas mais rica,
Ambos vivíráo contentes ;
Mas sem filhos, nem trabalhos, '
Fortuna para os parentes.
( ^34 )
Rei =: Q,
Como sois muito doente,
Sem instante de saúde ,
Vivireis pouco contente.
Inda hum Noivo haveis achar,
Que vos estime com dó;
Mas aos sessenta de idade,
Ficareis sem elle , e só.
Rei ^ R.
Haveis ficar enganada
Até huma certa altura ;
Depois c'hum bom casamento
Tereis descanço , e ventura:
Tal Noivo mysterio tem ,
Porque taõ bom matrimonio
Fará feliz mais alguém.
Rei = S.
Huma tarde de verão ,
N'uma varanda espaçosa,
Mil finezas te dirão;
Depois ciúmes, e teimas,
Te haô de muito desgostar ;
E no fim destes arrufos,
Virás com elle a casar.
O que te disser mal delle ,
He por inveja , que tem ,
De ser hum homem de bem.
Rei — T.
Pela graduação do Irmão
He que deves bem casar;
Nao te deixes fazer velha,
Porque te pode falhar.
(136)
Rd =z F.
Em passando huns sete annos ^
No cestinho da costura
Huma cartinha porá
Mao subtil, que bem figura:
Depois de lida por ti,
Te verás em lance forte ;
E então louvarás a Deos,
O dar-te taõ boa sorte ;
Qae de teus Pais a contento
Fazes este casamento. <*
Rei zz X
Forte fortuna te espera !
Force cousa ! Eu nunca vi !
Tens Marido 5 tens dinheiro,
E tudo bom tens por ti.
(>37 )
F
Rei = Z.
Qaererás achar hum Noivo
Em todas as companhias ;
Mas certo sinal , que tens ,
Faz infelices teus dias.
Depois de seis desprezados ,
Virás inda a aceitar hum ,
Que te traga todo o anno
Em rigoroso jejum.
SORTES
PERTENCENTES
A
HOMENS.
( 139 )
A
^ ^ X jL ^ ^
As = A.
Tens huma linda Senhora,
De quem deves ser Marido ;
Naô lhe dês causa a ciúmes ,
Vive como tens vivido ;
Os olhos sa6 matadores ,
A figura em tudo he bella ,
Se queres saber quem he !
Vai dormir, sonha com ella.
As z=z B.
Quem níío presta para amar ,
Como vós, que naõ prestais,
Naó pergunteis de Amor mais ,
Que a vossa sorte he azar.
( ^4o )
Aí - C.
Se tu te alistas com Marte,
Porque vais servir a Amor ?
Sempre quem tem dous Senhores ^
He de ambos máo servidor :
Porque nas duas milícias
He muito. diíFrente o jogo ,
Marte serve-se com ferro;
Amor serve-se com fogo:
Se andas procurando Noiva ,
Nâo tomes duas emprezas;
Quem vai conquistar guerreiros,
Naõ vem conquistar bellezas.
Js = D.
Nunca Frade, nem casado,
Has de ser, por só~ prestares
Para beber, e jogares,
C^om gcnio de levantado.
( 141 )
R
As =• E.
Nao andes tanto de noite ,
Pela Dama , que namoras ;
Porque seus Irmãos te esperaô ,
Bem armados , fora d'horas.
Vai fazer outra eleição ,
Se queres sem algum susto
Achar firme coraqaõ.
As - F.
A velha , que namorais,
Já com cara de defunta ^
Para vós dinheiro ajunta ;
He taõ firme, que naõ quer,
Senaõ de vós ser mulher.
( M^ )
As z=z G.
N'uma terceira jornada ;
Que a certa Villa fizeres.
Acharás huma dotada ;
Aconselho-te , que esperes
Por esta grande fortuna ;
Porque se antes te entalares ,
A sorte manda-te á tuna.
Js - H.
Nannorado , abri os olhos ,
Que convém tellos abertos j
Porque se quereis casar ,
Mil cuidados tendes certos ;
E muitas occasiões ,
De desgostos 5 e paixões.
( MJ )
c
Js =z I.
Quem te manda ser pacovio?
Tu namorastes escrevendo ,
K pela nota da carta,
Foi-sc a fortuna perdendo :
Agora tem a certeza ,
Que campas pela figura ;
Que em tu fazendo cartinhas ^
A amizade naô te dura.
Js =z L.
Naõ sabes ser namorado ,
He taô má a tua fama ,
Que se benze toda a Dama^
De seres apapalvado.
( 144 )
As - M
Se hum amigo , de quem vós
Coníiasteis o segredo ,
Com honra o souber guardar,
Vireis a casar mui cedo ;
Mas se elle for fallador,
Cortou-se a vossa ventura ,
Pois logo que os Pais o saibao,
Botaô agua na fervura.
Js = N.
Traz a carta hum sobrescrito ;
Que negpa fortuna encerra ;
Passareis por vosso génio,
Mal no mar, peor na terra.
C 145- )
As =2 O.
Se emendares o passado ^
Servindo o teu bom ofKcio ^
Mostrando a quem te conhece ^
Que já és homem sem vicio;
Ha de haver huma Senhora ,
Inda que temendo o estado ,
Obrigada por seus Pais ,
Com quem te vejas casado*
As -= P.
Haveis de casar, e bem.
Mas como sois gastador, ,
Infeliz da vossa casa;
Se naõ hourer hum Tutor;
K
( h6 )
Menino, se vestio farda
Para ser mais desejado ,
Olhe que huiti homem inteiro
Vale mais do que hum soldado
Se em paizano passeava ,
Armadirtho por arames;
Militar cheio de filhos;
Ha de soffrer mil vexames,
Js — R.
Has de achar huma Senhora ,
Muito honesta, c de juizo,
Pohrezinha como Job,
Mas vives n'hum Paraizo.
i
( "47)
F
As = S.
Has de casar muito bem,
Com Senhora rica , e bclla ^
Porém muito ha de custar
Ajuntares-te com ella :
Seraó firmes seus afFectos,
Ninguém mais que ella te querj
Porém tens no meio disto
Trcs barreiras , que vencer.
As = %
Nao faças mais diligencias ;
Como naõ casaste em moço J
Agora depois de velho ,
Naô dês a roer o osso-
K
( 148)
Jls
Muda esse génio , que tens ,
Porque assim perdes o rumo,
Qualquer limaõ, que espremeres,
Já mais te botará sumo :
Com taó fera condição.
Toda a Dama se receia ,
Se naõ abrandas o fogo ,.
Andas a escrever na areia»
As = X
Sim, Senhor, ha de casar.
Mas com mulher de tal sorte,
Que poucos seraõ os dias ,
Que naõ brigue com a morte.
( 149 )
As = Z.
Desengana essa, que tens,
Que anda por ti como doida ,
Naõ lhe chupes os vinténs;
Tu bem sabes, que naõ podes
Fazer-lhe conveniência ;
Ella perde, e tu também.
Com manchas na Consciência.
Dous ~ A.
A que buscas por espoza ,
Que he formosa, bem se vê,
Existe neste ranchinho,
Adevinha lá quem he ?
Levas huma linda Dama ,
Faze-lhe , o que faz quem ama.
( i?o)
Bons 3: B,
Amigo, a tua fortuna
AiKrnio, que ha de ser cuca,
Acharás huma mulher
Pobre, Lia, torta, e louca:
E em tudo quanto intentares ,
Acharás tamanho azar;
Que até bebendo na fonte ,
A fonte se ha de seccar.
Dgus - a
RazaÓ he , que te accommodes
Com o que o tempo te dá ,
Se és firme, tens Dama boa,
Se és falso 5 será bem má!
(^51 )
No prazer do teu estado
Cuida bem em conservar-te ;
Porque he tolo todo o homçm.
Que de viver naõ tem arte j
Podes ser muito feliz,
Se te souberes reger ;
E fazes hum casamento ,
Que poucos o haõ de fazer,
Dous = E.
Por esmola se te dá
Objecto vesgo, e mal visto;
Porque tu és velho , e feio ,
Naõ mereces senaõ isto.
(íp)
Dous -=• F.
Casas com certa Senhora ,
Qae tem immenso de seu ,
Qije hum Tio velho , e sisudo,
Tudo que tinha lhe deu:
Mas que importa esta riqueza ,
Se o vicio y que tens do jogo,
Ha de fazer os eíFeitos,
Que faz n'huma casa hum fogo,
Doíu =z G,
Derao-te agora na balda ,
Pela sorte se descobre ,
Que ha de ser a tua esposa
Velha ^ feia, surda, e pobre*
H
Dotis =1 H*
Terás lance de ladroes ,
Huns com sentido nos bens ,
Mas outros ladroes de Amor ,
De olho na Noiva , que tens :
Serás tao accommettido ,
Que tirando-ta a terreiro ,
Te deixarão em jejum ,
Sem ter Noiva, nem dinheiro.
Dous zz L
Saõ cousas, que vem da sorte.
Ficas com frio , e sem roupa ,
Vai ao caldo á portaria ;
Talvez que inda molhes sopa.
( IJ4 )
Dotts zz L.
Acharás huma Senhora ,
Coxinha sim de huma perna ,
Mas nao he defeituosa
Mulher , que taô .bem governa :
E tu hum tombo darás ,
Pelas muitas zombarias,
Que ficarás também coixo
Todo o resto dos teus dias*
Deus z=. M.
Nao digo, que acertcrás ;
A Noiva he ciosa, e bella,
Toma tento, anda-Ihe ao geito^
Nao te esgatanfies com ella.
( "S! )
T
Dous — N.
Co sentido na riqueza
Certa Dama e.scolherás ,
E depois do Matrimonio
Farto, e cheio «Içarás:
Mas por seres bom de mais,
E em negócios pouco agudo,
Nos contractos , que tiveres ,
Irás dar cabo de tudo.
Dons = O.
Tens hum sinal no nariz ,
Qiie nos faz bastante susto;
Denota achares Espoza ,
Mui pobre, e com muito custo,
( ^S6 )
Dons zn P.
Nao casarás por amores ;
E por isso a tua Espoza,
Todo o tempo de casada ,
Ha de viver desgostosa ;
VenJo que tu sem razaõ ,
Por outras muito mais feias ,
Desprezarás a de casa,
Só por cuidar nas alheias.
Doíis = 2i
Nao enganes a Madama ;
Porque tens moléstia occultaj
Pela qual a ti , e a ella,
Eterno damno resulta.
. ( 15-7 )
OhuTia pobre rapariga
Ca-arás mui brevemente,
Ella será tua amiga ;
E também hum seu parente j
Este bem te ajudará ,
Que ainda que pobre sejas,
Elle rico te fará;
E depois hum filho teu,
Muit^ honrado 5 e com dinheiro,
Ha de ser hum cavâlleiro.
Passadas trezentas Luas,
Por teu gosto casasás;
De ciúmes, e dinheiro.
Bastante te fartarás.
( 158 )
Dom zz: Tl
Depois de hum caõ te morder,
E teres hum desafio;
Quando cahires n'um rio,
De que has de estar a morrer ;
Depois d'alguem te prender,
Por vingança d'hum visinho;
Huma Consorte acharás,
Com descanço , e com fortuna.
De que pouco gozarás.
Dous — F.
No rosto tendes a sorte ,
Sois estúrdio , e maganão ;
E quem assim he, naô acha
Com firmeza hum coração.
( 'S9 )
M
JDous = X
Sem oíBcio , ou beneficio ,
Inrçntas tornar estado ;
Porém depois de casado ,
O que he que intentas fazer?
O que has de dar a comer ,
Á pobre mulher , e filhos ?
Ora toma o meu conselho,
Muda de idéa e de trato ,
Vai-te metter Sacristão ,
Irmaõ d'Almas , ou Donato.
Deus zz Z,
Tal firmeza tem comtigo ,
Desde a hora , que te amou ,
Que já por amor de ti
Outro mais rico enjeitou !
( léo)
três z=z A
Pelo tempo das cerejas ,
N'uíTi anno de grande inverno ^
Terás tudo o que despejas j
Casarás c'huma Senhora ,
E n'uma quinta do dote ,
No fundo d'bum grande poço,
Ceando este se consertar,
Dentro delle se ha de achar,
Huma mina de caroço.
Três =z B. .
Descançai de namorar.
Que maldito seja o geito,
Que tendes de em lances taes ^
Abranger algum proveito !
N
Tres zz C
Has de ter muitos desgostos
Logo que fores casado ;
Por huma Sogra arrastado ;
Verás acabar teus gostos;
Prezo, e solto a cada passo j
Perseguido a toda a hora ,
Expulso da tua Pátria,
Irás acabar lá fora.
Tres zz D.
A tua sorte he das boas,
De riqueza dá sinaes !
Tem hum casamento bom ,
Naô pertendas saber mais.
(i6i)
Tres — E.
Nao duvido da ventura ,
Que na terra haveis de ter,
Porém qué importa, se o mar
Tudo vos ha de lamber j
E até deixará viuva
A vossa triste Mulher j
Porém disto escapará
Quem ambição naõ tiver.
Tm == F.
Quem he torto, como vós,
Taõ feio, e de má figura,
Naõ deve estar esperando
Ter no casar a ventura.
( i63 )
Xres = G.
Guardai-vos da quarta feira ^
Porque ha de ser neste dia,
Que haveis por certo motivo
Cahir em melancolia;
Porém depois de dous annos ,
A hum Sabbado será,
Que huma Mulher rica ^ e nobre
A vossa sorte fará.
Três zz H.
Em tudo quanto emprenderes y
Terá fim tua esperança;
Andarás com vento em popa,
. E com mar sempre em bonança.
( 1^4 )
Três =: 7.
Sete mil vezes verás ,
Nascer a brilhante Aurora;
Na ultima vez entaõ ,
Acharás certa Senhora,
Que te entregue o coração ;
Por fruto do Matrimonio,
Has de ter dous innocentes,
Porém com taõ curta vida ,
Que lhe naõ verás os díentes*
Três ■== L.
Vos amais com muito excesso,
Mas a Dama, por magana,
Cada vez, que vos avista,
Tanto zomba, como engana.
( líí )
p
Tres =• M.
Em certa casa entrarás,
Co sentido de casares;
Mas a sorte , que procuras ,
Se tornará em azares :
Serás pilhado de dentro ,
E pela primeira vez,
Contra a raiva de hum irmão ,
Naõ te hao de valer os pés.
Tres ~ N.
Segue o primeiro destino ,
Já que és taô bom estudante ;
Toma as Ordens, abre croa,
Que he melhor, que ser amante.
(i66)
Três = O.
Ninguém duvida que cases,
Mas terás huma galé ;
Pois sempre martyrio he
Ver a Mulher mui soberba,
Dizendo, a tola fui eu\
Lavando-te sempre o rosto
Com quanto trouxe de seu.
Três — P.
Apenas fores casado,
Então serás venturoso ,
E por letras despachado ;
Terás no teu cargo honroso
Credito de homem honrado.
( 1^7 )
Três == ^
Botem daqui para fora
Este maganão de lote ;
Porque naõ pode casar ,
E vem cá chupar o dote:
Já tem escolhido estado,
Com devoto pensamento;
E vem buscar neste livro
A sorte de casamento.
Três = R.
Ha de ser Anna de tal
A tua esposa futura ;
He formosa , e tem juizo.,
Naó se dá melhor ventura.
(i68)
Tres — *r.
Quatro mezes de cadeia ;
Vinte dias de malina;
Tudo será compensado ,
Chuma perfeita Menina ;
Porém depois de casado ,
Teus damnos acabarão;
Metrido no teu casal,
Que todos te invejarão.
Tres =3 r.
He secular de hum Convento,
Com quem pertendes casar,
Que te quebrantou o génio,
E fez-te ao seu paladar.
( "íí? )
R
^ Tres = F,
No fim de cançada vida.
Quererás entaó casar ;
E inda has de huma Noiva achar ,
Que seja bem parecida j
Em tudo será perfeita ,
Sítri rica ; e sem parentes ,
Alas ha5 de chegar-te as nozes ,
Quando naô tiveres dentes.
' Tres ~ X
Nao te fies nas mclheres ,
Poacâs guardaõ lealdride ;
E naõ te falia a verdade,
Aquella a quem tanto queres.
( I70 )
Três — Z,
Sim, Senhor, todos sabemos
Das novas inclinações;
Quer cativar corações ;
E que todos nos calemos ?
Pois, Senhor, se quer casar,
E fazer boa farinha, ^
Trate já de pôr com dono
Hama certa mulatinha.
Qtiíitro ■=. A.
Amigo, he melhor que a deixes,
Ar.tes que eila a ti te deixe,
(^e mais vale, que se queixe,
Du Quc tu delia te queixes.
( '71 )
s
Quatro = i5.
Tu tens tantas valentias ,
E tanto esta fama queres ,
Qae em te vendo com mulheres,
Todo o Mundo desafias :
Mas por fim haverá huma ,
Com quem intentes câsar,
Qae ha de Ia ter hum geitinlu) ,
Para o fogo te abrandar.
Quatro =r C
Casareis com huma doida,
Prozumida, e bezuntada ,
E o vosso génio por frouxo
A fará cnais altânada.
( 172 )
Quatro ~ D.
Huma Senhora , te espera ,
Como o So! , bella , e formosa ,
Bem dotada , muito honesta ,
E bastante habilidosa:-
Faz cousas taó delicadas ,
Ern se pondo ao bastidor ;
Que he capaz té de bordar ,
Os laços que tece Amor,
Qiiatro = £.
Meu, Senhor, se !ie pobre, e feio?
Do seu descanço nao tire ,
Quem vive com tanto aceio;
Porque a Senhora he morgada,
E naò quer quem nao tem nada.
( 173 )
T
Quatro = F,
Nao oiça ler esta sorte ,
Porque pena lhe hade dar ;
E o que lhe fizer aíFronta ,
He melhor nao se fallar :
Olhe ca faça de conta ,
(Para naô ouvir mais nada,)
Que estava neste lugar,
A lauda toda rasgada.
Quatro == G,
Qiiem de mais alto nadar ,
Mais presto se ha de aítogar ;
Se tens hunia pobre honrada,
Naõ .vaz a outra inquietar,
Por ser mais afidalgada.
(174)
Quatro =: íZ.
Se ella nada tem de seu,
E tu também naó tens nada , '
Vais fazella desgraçada ;
Casar pobre, he grande magoa,
Muda, muda de projecto,
He tal qual horta sem agoa ,
E que humas casas sem tecto.
Quatro =:: I.
Certo velho, Pai da Dama,
Hum logro te quer pregar ,
AfFectando de que he rico,
Para a filha bem casar:
Alas do dinheiro, e verdade^,
Ametade da ametade.
( 17? )
* * ▼ * *
Quatro — L.
O vicio de namorar
Causa» a tua perdição;
Mas foge da occasiaô ,
Que se a vida se emendar,
Então serás bem casado;
Que de mulher, que foi d'outrem,
E de caldo requentado,
Nunca verás bom bocado.
Quatro =: M,
Na6 queiras casar, naô queiras^
Que ella he de génio subtil^
Agora dá paõ , e mel ;
Porém depois de casada ,
Ha de te dar paô , e fel.
(176)
Quatro = N.
Ern passando seis Janeiros,
Nos quaes rompas três capotes,
Kuma Dama com dous dotes
Cahirá em teu poder.
Se o contrato se fizer ,
Tu viviras sem desgostos ,
Porém perderás a vida ,
Em passando seis Agoi^tos,
Quatro == O.
Has de ter huma ruina,
Por causa d'hum máo amigo
Que quer comer só o seu ,
E comer o teu comtigo ,
Até te deixar de todo,
Sem teres hum graó de trigo.
i ^77 )
Qíiatrõ =: Pt
Eu nao sei se casarás ^
Porém se tens tal intento,
Nao te apresses no contrato j
Consulta o teu pensamento j
E para da tua causa
Seres perfeito Juiz ,
Nas pensões do Matrimonio
Olha o que cada hum diz.
Quatro =: Q^
Pela tua má escolha
Casarás c'huma mulher ^
Que nao he mui boa folha ;
E deves-te recordar,
Que quem veste ruim panno^
Faz seis vestidos no ânno.
M
(X78)
Quatro =: i?*
Casarás, e o Matrimonio
Hum filiu) ha de produzir ;
Cuida em o pôr em Coimbra,
Para de amparo servir ;
Faze que Medico seja ,
Que quando o enfermo diz aij
Seja bom , ou seja máo ,
Sempre o Medico diz dau
Quatro z=i S.
Nao vos fieis de contratos ,
Que na primeira desgraça
Por penhora os vossos bens
Se hao de ver todos na praça :
Chorarão mulher, e filhos ,
Sem nenhuma saber, que faça.
( 179 )
z
Quatro =: T.
Casareis c'huma Donzella ^
Mui formosa , e bem dotada ^
Poucas háv€raõ como ^l!a ;
Porém tem certo defeito ,
Que naó mostra ser mui douta ^
Eila morrerá da pinga,
E vós morrereis de gota.
Quatro ~ F.
A demanda 5 em que lidais ^
Naõ vos dou nada por ella j
Casareis com Dama bella,
Mas de infelices sinais;
E nos mesmos se descobre.
Que haveis viver muito pobre»
M
(i8o)
Quatro =: X.
Hum ranchinho de Comadre
A fama te põe á curta ,
E huma quanto póJe furta ;
Isto hé bem que te succeda,
Para depois conheceres,
Qje já mais terás fortuna,
Que te venha por mulheres.
Quatro zn Z.
Amigo, animo largo;
Os trabalhos saõ dos homens,
Naó vos mettais em lethargoj
A vossa triste ventura
Diz só, que hum anno casado,,
MdS os mais Bâ sepultura.
( ^8i )
A
Chico =: A
Trata de casares cedo ,
Para amparares a casa ,
Porque farás boa vasa
Com huma Senhora. linda;
Muito mais trazendo ainda
Olivaes, quinta, e dinheiro,
Terás enxames de abelhas,
Terás rendosos moinhos ,
Terás rebanhos de ovelhas.
Cinco z^ B,
Vais atraz da descendência,
Busc-ar Dama pobre, e feia,
E que cega dependência !
De que te servem taes ossos ?
Os mortos já naõ saõ nossos.
( i82 )
Cinco ■=. Q
Has de ter huma viuva
Por tua amante consorte ;
Muito amiga de dinheiro ,
E de génio muito forte ;
Quando estiveres dormindo,
A bolça te irá abrir,
Tirando-te alguns conquibus
Para ajuntar , e sumir,
' Cíuco z= D.
Todo o que semeia abrolhos ,
JS spinhos deve colher ,
1^'to te ha de succeder;
Í5e tu desdenhas de todas ,
Como queres achar huma,
Para celebrar as yodas ?
( i83 )
R
* * -1—/ * *
C/;;rí? = E,
Tens com criada da casa
Prommessa de casamento;
Naó disputo a distinção,
Trata de dar cumprimento :
O ser esta , ou ser aquella ,
Nada no contrato tem ,
jNías dar valia á palavra
He do homem, que he de bem.
Cinco = F,
Nao repares nos ciúmes,.
Humilde com ella anda ;
Aí^ua mole em pedra dura
Tanto lhe bate, que a abranda j
Vê que com fúria, e rigor,
Esfria qualquer amor;
(,i84)
Cinco zz G,
Gabarás c'huma Senhora ,
Qye doido te ha de fazer,
E naõ haverá remédio
Senaõ calar , e soiFrer :
He honesta , e mui formosa ,
Mas com génio desabrido^
De dentro tu saberás
Quanto custa ser Marido.
Cinco m H,
Naõ morde a abelha senno
A quem vai tratar com ella,
Julgastes a Dama por bella ,
Porém nem só te enganou.
Mas até com artificio
*Sem saúde te deixou.
( iB5r )
c
Cinco z=L 1.
Se esta sorte nao te quadra ,
Vai outra carta tirar ,
Que tu nao podes casar;
Has de ter duas doenças,
Ambas de dores immensas ,
Mas grangeadas por ti ,
Pois tiveste a mocidade ,
Como ainda a ninguém vi.
CmcQ z=z L,
Nno sabem todos mui bem ,
Qiie tomar naô pode estado!
He ser nfuito descarado:
Porque o impossível nega ?
Quer em toda a sociedade
Fazer a mais gente cega.
( i8ó )
Cinco =: M.
Nao estimes por ventura
De casar o pensamento,
Porque ás vezes de castigo
Também serve o casamento ;
Olha bem, que o Ceo naô dorme,
E deves-!he ter respeito,
Qye podes pagar no estado ,
O que tens ás outras feito.
Cinco -z N,
Na primeira occasiao
Embarque para Macáo ,
Em leques, sedas, cacáo.
Traga de lá o seu dote ;
E verá que logo alcança
Dama do primeiro lote.
( iS? )
D
C/>;rí? zn O.
Amigo, deixa-te disto,
Casar para ti naô he ;
Andas muito arruinado,
Pareces a morte em pé.
Manda que se feche o livro ,
Tens hum profeta mais forte ,
Hum espelho te dirá
Qua! será a tua sorte.
Cinco :=: P.
Se tens hum amigo hom,
Qiie te deseja ajudar ,
Cant3-!he sempre nò tom ;
Depois de estabelecido,
E com negocio seguro ,
Cuidarás em ser Marido.
( i88 )
Cinco zn 2:
Menino, he muito criança
Para buscar casamento :
Diga á Mãi , que lhe dê papa ,
Deixe-se de ser choquento ;■
Acabe o tempo' do estudo,
Faça a vontade a seus Pais ,
E se escapar das bexigas ,
Nós fallaremos no mais.
CÍ71C0 — R.
Tem mao , que te precipitas,
Faetonte dos nossos dias ;
Que se em namorar profias ,
Contra ti o mal excitas:
Deixa a que tens abalada ,
Senão levarás maçada.
('«9)
F
Sao cinco, que á roça trazes,
Com promessa de ganchinho;
Olhem todos para^elle ,
Como se faz vermelhinho;
Meu amigo , paciência ,
Isco' mostra o mal, e o bem.
Balda aqui naõ se perdoa ,
He pensaô de quem as tem.
Cinco =1 T.
Pois que nno queres cumprir
Os conselhos, que te daô.
Ficarás sempre solteiro ,
Com fama de mandrião:
Té de crédito perdido ,
Sem achares compaixão.
( ^9o )
Cinco rz Fl
Lerarás na companhia
Hum Amigo, a certa casa ,
Que no jogo dos Amores
tile he que ha de fazer vasa',
Antes que o caso succeda ,
Recorda-te do ditado,
Que diz y que mais vale só,
Do que mal acompanhado.
Cinco = X.
He Senhora , e nao he peca ,
A que hâs de ter por mulher,
Naó namores mais nenhuma.
Nem andes a escolher;
Dorme, bebe, come, e canta,
Deixa vir o que vier.
('9' )
F
Cinco =3 Z.
Andas como hum parvoinho ,
Huma Dama requestando ,
Que já anda c'hum parente
O casamento ajustando:
Nao desprezes este aviso ,
Porque mai^?, que a nós^ te toca,
Se nao queres neste lance
Ficar com agua na boca.
Seis :=z A.
Parentescos tomarás
Nestes ranchinhos da moda,
Com hum delles casarás ;
Porém nao queiras saber
A fortuna , que teias. .
( i?^ y
Seis n: J5.
No que dizes, no que fazes,
Tens génio muiro adoidado ,
Se naô mudas de systema ,
Nunca podes ser casado ;
Moíítra liais moderação ,
Trata de teres assento ,
Se queres, que te appareça
Hufu bonito casamento.
Seis = C.
Excellente casamento
He guardado para ti ,
Podes ter contentamento;
De mais a mais a esposada
Naõ traz sogra, nem cunhada.
( m)
Seis =2 D.
E's a mollêza do Mundo,
Cheio de immensa preguiqa 9
E por essa frouxidão ,
Quem te vê ^ naô te cobiça:
Quando quizeres casar ,
Andarás nisso taô lento ,
Qtíe por naõ dares hum passo ^
Perderás o casamento.
Seis = E,
Abalança-te á empreza
Da primeira que estimaste,
Que sabe guardar firmeza ;
Pois de sopas, c de amores^
As primeiras saõ melhores.
K
( 194 )
'Seis — F.
Terás amável Consorte ,
Em se passando seis annos j
E diz mais a tua sorte,
Que será bastante rica,
De governo , e honestidade,
Capaz de reger hum Reino
Com muita capacidade.
Seis =: G.
De huma casa de Negocio
Serás hum fiel caixeiro,
Depois^ que a dona da casa
For viuva do primeiro :
Virás a casar com ella ,
Com posse no seu dinheiro.
( i9S )
TT
^ ^ J_ X * #
Seis =z H.
Levantaste hum testemunho
Em certa ca?;a , onde entraste ^
E cahiste n'um tal erro ,
Porque casar intentaste ; .
Mas ha de te sahir cara
A idéa , que nisso tinhas ,
Se de tunda escapar queres ^
Recolhe-te c'o as gallinhas-
Seis zn /.
Terás vida de Letrado^
Com dinheiro j e boa fama^
E acertarás muito bem
Ohuma formosa Madama.
N
{196)
Seis =: L.
Naá estás desenganado
Que és feio, torpe, e sem gosto ,
Qye naõ achas outro tempo,
Para ti senaõ Sol posto ?
Ora pois naõ cuides mais
Em procurar casamento ,
Que em quanto fores assim ^
He baldado o teu intento.
Seis = ikf.
Por huma rica Senhora
Serás hum anno entretido ;
E quando menos cuidares ,
Outro será seu Marido.
( 197 ) ;
Seis = N.
E's hum rapaz bem perfeito ,
Digno de ser estimado ,
E por isso em breve tempo
Te verão todos casado:
Sabes dar hum tal geitinho
Aos olhos, quando ' namoras ,
Que andaõ de amores perdidas
Por ti immensas Senhoras.
Seis =. O.
Bem longe da tua Pátria
Terás esposa , e dinheiro ,
Embarca para o Brazil,
Olha que he o verdadeiro.
f 198 )
Daqui a dezoito annos
Acharás huma Senhora,
Cheia de bastantes prendas,
Porém nascida lá fora ;
E depois do casamento ,
Tudo te dará de rosto ;
Porqup hao de ser os teus filhos
A causa do teu desgosto.
Seis =: 2i
Tens hum génio galhofeiro ;
A tua sorte te diz ,
Que se assim continuares,
He que podes ser feliz.
( ^99 )
Seis = R.
• Nenhuma Senhora gosta
De ver a tua figura ,
A toda a parte onde fores,
Terás a mesma ventura :
Só se alguma preta velha ,
Destas de nariz de fonte ,
Te fizer muitas fes|inhas ,
Por esturro 5 ou por simonte.
Seis =: S.
Se dos vinte até aos trinta
Fpres escolher esposa ,
Perdes huma boa sorte ,
,Que aos quarenta era ditosa.
( :íOO )
Seis — T,
0 génio de impertinente ,
De muita proluxidade,
Nenhuma deixa contente :
Naó terás felicidade^
Se o génio, que tenvS, nao mudas,
Vê que nas cousas miúdas ,
Seres grande sarrazina ,
1 ira-te o merecmiento ;
Que aborrece , e que amofina
A quem de casar comrigo.
T*ver algum pensamento.
Seis — K
A presumpçao de valente,
Q^ic tens sempre conservado,
Te fará perder a vida
Hum anno antes do noivado.
( JO. )
M
Seis = X
O vício que tens na boca ,
Será a tua ruina ,
A pezar de te casares
Chuma perfeita Menina:
Darás cabo do seu dote,
Com mil jantares; e ceias ,
Até que esgotes de todo ,
Da barra as doiradas veias.
Seis =: ^.
Será o teu casamento
Do gosto dos teus parentes.
Farás a tua fortuna ,
Deixarás todos contentes.
( I02 )
Sete = A
Tomarás huma paixão
Em huma noite de inverno ,
Muito do teu coração :
No fim de noventa dias
Irás pedir a Senhora ;
Mas o Pai embizoirado
Te poe pela porta fora :
A paijcãô conservarás ,
E depois delle morrer ,
Com descanqo casarás.
Sete rz JS.
Sois de língua tao comprida ,
E taõ íalto de segredo,
Que cortais a vossa sorte ,
Por^ descobrir certo enredo.
( ^o3 )
N
Sete — a
Coitadinho , has de cssar
Chuma mulher janeleira ,
Sempre ha de estar ao postigo
Vigiando a rua inteira:
O dar-Ihe hum murro, outro murro,
Naõ fará senaô su surro ;
Porque todo o anno a fio ,
Ou comerás jantar frio ,
Mal cozido 5 ou com esturro.
Sete ■=. D.
Casarás c'huma Menina ,
Que naô faz senaô cantar , •
Canta modinhas bonitas,
Que he porque sabe campar.
( 2.04 )
Sete z= E.
A muita graça que tens ,
Te faz muito joviaF ;
Mas nao sei se a demasia
Te virá a fazer mal :
De sorte, que huma Senhora,
Que muito te pertender,
Vendo-re graça, a milhares,
Ha de vir a esmorecer,
Julgando também ser graça
O affecto , que lhe mostrares.
Sete n: F.
A cinco desprezarás ;
Porca] destas mesmas huma
Fará, tramando-te o laço ,
Que nao busques mais alguma-
( »=r )
O
<SV/^ = G,
Pelo tempo da castanha
Huma jornada farás ,
E pelo rigor da. chuva,
Em casa d'huma viuva ,
Huma noite passarás ;
Obrigado ficarás
Do piedoso tratamento,
E vendo o comportamento
Honesto da bemfeitora ,
Por inclinação 5 e gosto,
Será a tua Senhora.
Sete = H.
E's gentil, descreto, e bom
Acharás Esposa igual,
Mas foge de tua Sogra ,
Que te ha de tratar mal.
(ao5)
Sete m J.
Martyrios mil passará
A que for casar comtigo ,
E's apertado dos tiós ,
E da fartura inimigo:
Ao pao, azeite , e presunto
Porás rijo cadeado;
Tudo andará taõ fechado,
Em tao mofina carreira ,
Que a família ás mãos da fonie
Vivirá sempre em laseira.
Sete :=z L.
Mesmo na escada, em que moras,
Tens com quem has de casar,
Nao tomes outros amores ,
Que he bem acertado o par.
( =^07 )
P
Sete =z Aí.
Hum teu muito grande Amigo
Te fará hum casamento ;
Nao receis algum perigo :
Deves com todo o cuidado,
Aceitar essa eleição,
Que te faz feliz o estado.
Sete - K
Se escapares da primeira,
Naó vás cahir em segunda ;
Porque he maior ratoeira :
Deixa-te ficar viuvo ,
Se queres fortuna ter;
Porque tu nunca has de achar
Com bom génio huma mulher.
( 2,08 )
Sete = O.
Casareis com muito gosto ;
Aos dous annos de uniaó,
Pela vossa condiqaõ ,
EUa se ha de desquitar ^
E vós haveis de ficar
Arruinado de paixão.
Sete =: P.
Ficareis muito enganado ,
Qiiando quizerdes casar;
Porque em serviço do Estado
Á America ireis parar
Com muita felicidade ,
Mas nao podereis voltai
( -0? )
* V-C * *
Sete =r Q.
Fugirás c'huma Menina ,
Mas fugirás para perto,
Té que sejas apanhado
Por hum Pai bastante esperto ;
Entaó sem mais dilação
Se fará o casamento;
Rogando'te muitas pragas
A secular de hum Convento.
Sete =z i?.
Haveis de casar, e bêm^
Viuvo depois sereis,
E por grande fortunao
Com três filhas ficareis :
Estas seraõ tao honestas ^
De taõ bom comportamento^
Que todas haõ de fazer
Excellente casamento.
O
( ^10 }
Sete = S.
Meu Amigo, esse seu gemo
He muito falto de assento ,j
E até a certa Senhora
Estorva hurn bom casamento:
No espaço d'alguns doas annos
Tem enganado humas poucas ,
Que hoje chorão todo o tempo ^
Em que andavaõ como loucas.
Sae = T.
Herdarás seis mil cruzados,
Pensaras depois casar,
Mas primeiro que aches Noiva ,
Has de o dinheiro estragar.
(211)
He muito desaninhada
 Senhora , que te aponto ,
Nem sabe meia fazer ,
Nem sabe dar hum só ponto.:
Nao vais bem no casamento,
Só de lingua he huma grulha.
Fato seu ^ que se lhe rompa ^
Nunca torna a ver agulha.
Sete = X.
Duas vezes casarás,
Ambas mal , e porcamente j
E por fim n'um Hospital
Irás acabar demente.
C ^12 )
Sete = Z,
Tu intentaste o ser Frade ,
Mas perdeste a vocação ;
Depois foste vestir farda ,
Ficaste sem promoção ;
Veio-te á idéa casar ,
E naô achaste com quem ;
Eu naõ sei, que exquisitisse
A tua condição tem.
Oito = A.
Aos trinta e nove de idade
Tratareis de vos casar;
Porém aos cincoenta e sete
Deste acerto aíFortunado
Naõ vos podereis gozar.
('■5)
ç
* * ij * *
Oito == 5.
Para teres boa sorte ,
Basta a mulier qae has de ter ,
Senhora de muito porte ,
Amiga de bem fazer:
Muito amante da pobreza ,
Governada, e naô mesquinha^
Grave, nobre, rica, e séria
Com vida d^huma Santinha.
Oito = C
Casarás , ficarás pobre ;
Como naõ és muito agudo,
Por máos conselhos de amigos
Has de dar cabo de tudo.
( ^H )
Oito — D.
Tens huma i^nna por mulher,
E presada de discreta ;
Mas o mesmo de que aíFecta ,
He o que nao sabe ser:
Apenas he governada
Nos cantos da sua casa ;
E se com ella casares ,
Nao farás mui boa vasa.
Oito — £.
Andas muito escaqueirado ,
Já nao vales hum vintém ,
Faze exame de peccados ,
Que a morte cedo te vem.
("O
T
Oito — F.
E's o maior trapuleiro,
Que a nossa idade tem visto ;
Porém he nisto de amor,
Que no mais nao és mal quisto;
E por hum defeito tal ,
QuQ se deixa conhecer ,
Andarás , até que morras ,
Sem achar, sempre a escolher.
Oito = G.
Casara's c'huma Senhora ,
Que te estima até ao fim :
Tomarão muitos , e muitos
Achar huma esposa assim.
( ^^o
Oho = H.
VJs perdido por mulheres ;
Porém de huma o pensamento
Será deixar-te de noite ,
No quintal posto ao relento;
Enteriçado de frio ,
Com a saúde perdida ,
Ficarás com dous achaques,
Para toda a tua vida.
Oho = L
Já que a tem desinquietado ^
Ande, vá casar com ella ,
Que he muita feira de brio
O deixar de recehella.
(^17 )
* ^ V * *
Oito 1= L.
Has de ser mui malcasado ,
Mas seri por culpa tua ,
Porque andarás amigado
Mesmo ao pé da tua rua :
E Esposi desprezarás
Por huma tosca mulher,
No fim o erro acharas ,
Sem que possa emenda ter.
Oito = M.
Andarás quatorze legoas ,
N'huma fresca Primavera ,
E nesta mesma jornada
A tua fortuna espera.
( 2ie )
Oito - N.
Menino , Noiva nao bii:^que ,
Em quanto Mãi tiver viva ,
Qje nenhuma eni seu poder
Quer ir ser mulher cativa;
O génio de sua Mai
De todos pode dar cabo,
Para Mãi he rabugenta,
Para Sogra he o diabo.
Oiío z= O.
Ninguém te pode entender ,
Andas sempre em muito prigo,
Coitadinha, ha de ser martyr
A que for casar cooitigo.
( -19 )
Oito z=z P.
Todos sabemos , Senhor ,
Que rica parenta vossa
Vos tem arríizade , e amor:
He escusado escolher ,
Naõ andeis a salpicar;
Se quereis bem acertar ,
Toinai o meu parecer.
Oito = a .
Leva em ti hum jogador
Aquella triste muiher^
Que te dedicar aííior :
Sem que re possas vencer,
Has de estragar sem acordo ^
Quanto tens, e possas ter.
( I^o )
Oho =: R,
Tu poáias ca.sar bem,
Mas hjs de morrer assado !
Qae he o que succede a quem
AnJa em licor enfrascado ,
E como o vicio naõ mudas,
Nao ha quem assim te queira ,
C^jc nenhuma quer Marido
Dw líquida cabelleira.
Oito = S.
Perderás huma mulher.
Como poucos tem achado ;
Casarás segunda vez ,
Ficarás arruinado.
( ^^I )
7
Oito — T,
A Senhora , que escolheres ,
Ha de ser em tudo boa ,
Porém ha de ter hum fiiho ,
Que mandarás para Goa ;
E em quanto nao for mandado ^
Mil trabalhos te ha de dar;
Por três vícios vergonhosos,
Unha, pinga, e namorar.
Oito = V.
Tereis innocente Esposa ,
Filha d'hum Mestre albardeJroj
E naõ vos desconsoleis ,
Que vós naõ sois o primeiro.
(222 )
Oho = X.
Tendes huma casa boa ,
E fareis bom casamento ^
Mas que importa , se hum Irmão,
Ha de ser vosso tormento!
Comvosco armará demanda,
Com c]ue vos queira arrastar,
Ivias vós sempre haveis triunfar.
Oito =z Z.
De dividas és cravado ,
Nem por isso luzes mais,
Ficarás sem ser casado :
Sê tu nao póJes comtigo,
Como poderás supprir
Todas as pensões do Estado.
( "3 )
A
#
Nove == A.
TT 'F "^^ ■ *• ^^ ^^
Nens sorumbático rosto,
E's mui metíído comtigo ,
Por isso nao casarás ,
Nem terás leal Amigo ;
Se naõ mudas de projecto ,
Naô te invejo esse systema ,
Nem a vida ha de ser larga,
Que has de morrer de postema.
Nove — B^
Irás casar c'o sentido
De teres hum rico Sogro,
E aos três mezes de consorcio,
Acharás que foi hum logro.
< 224 )
Nove rz: C
Noifím de dezeseis anno?^
Orfa , pobre , e recolhida
Será por ri escolhida :
Nao terá nada de seu,
Mais que bom comportamento^
Mas todos confessarão
Seu grande merecimento.
No-oe -^z D.
E's bom homem , casarás
Cliuma decente mulher j
Mas tua muita bondade
Te ha de botar a perden
f ^^5- )
R
Nove =: £.
Como és hum homem bizarro,
Sério , modesto , e brioso ^
Na escolha do casamento
Has de ser muito ditoso :
Tens huma graça , hum geitinho
Nisto de tratar Senhoras ,
Que morrem todas por ti.
Como gato por amoras.
Nove ==: F,
Haveis de casar mui rico
C'hum3 Senhora formosa ,
Sem vaidade^ com juizo,
E figura magestosa.
( 220 )
Nove =: G.
Huma excellente Senhora,
Bem dotada, e de juizo,
Virá para teu poder,
Com tudo quanto he preciso:
EUa he filha de bons Pais ;
Ella he formosa, que encanta;
Tu tens honra, e tens juizo ;
Teraó huma vida Santa.
E's tao molle como papas ^
Preguiçoso, e desmanchado,
E como o génio nao mudas,
Nao mudes também de estado.
( 2^7 )
c
Levâs para casa hum mono f
Quando quizeres casar;
Huma mulher sem aceio,
E sem saber governar:
Destruidora de tudo ,
Muito amiga da pinguinha^
Mettida de noite, e dia
^Pela casa da visinha.
Nâve -zn L*
Casarás c^huma Estrangeira^
Que de jogar se naõ farte ^
E que por causa do jogo
Tudo o mais ponha de parte*
P 2
( 228 )
Neve = M,
Muita gente sabe já ,
Qae andas com huma ajustado,
E que n'outra casa tens ,
Casamento contratado:
Teme o fim desta galhofa ,
Porque o Pai dessa segunda
Niõ he soíFredor de graças,
E se o sabe , levas tunda.
Nove = N.
Contra vontade do Sogro
Farás o teu casamento;
Sem o seu consentimento
Lhe pregarás essa peça;
Mas em quanto elle for vivo,
Naõ levantarás cabeça.
( 22? )
D
Nove — O.
Huma velha muito rica,
De moléstias rechea Ja ,
He a Noiva, que te dá
Esta sorte aíFortunads :
Nunca poderás dormir,
Que ella de noite a gritar,
Com a queixa dos seus floros
O somno te ha de espalhar.
, Nove = P.
Tens rendas suíKcientes
Para casares ,, e bem ;
Mas o génio gastador,
De que usas , naõ te convém.
(^3o)
Nove— a
Acharás huma Senhora ,
Cheia de muita vaidade^
Muito amiga de funções ,
Com pouca capacidw^de :
A casa te empenhara
Com fuíiiòs de fidalguias ,
Dando em casa mi! jantares,
Fazendo mil romarias.
Nove = R.
E's mui cheio de apperites ^
Sc nao p5es limite em ti ,
Qiiando tomares estado ;
Regalaó sem mnis pensar ,
Nada te pôde chegar.
■ ( =!■ )
F
Nove =:: S.
Sim, Senhor, pode casar,
Porém por agora nao ;
Bem vê , que tem cada dia -
?>Iui pouco mais de hum tostão j
Deixe ver se muda o tempo,
R se alcança maior renda ,
Somente com o que tem
Ser casado naõ emprehtnda.
Nove = T.
Casarás c'huma Senhora
Gaga, surda, torra, e coixa,
Que na tua rua mora;
Na5 te deve isto enojar,
Qiie outra sorte naõ merece
Quem casa por interesse.
(^3
Nove z=. K
Nao farás máo casamento ,
Mas tem a Noiva haai senão ,
Que he gastar todos os dias
Em doces alta porção:
Ha de vender por golosa
Quanto tem , ou bom , ou máo ,
E para a familia toda
Sempre á noite bacalháo.
Nove = A.
Huma Noiva mui o[rosseira
Te dará muitos pe/ares ,
Ohuma cara de Saloia ,
E hum génio por esses ares.
( -'35 )
F.
^ Nove zz Z.
N'huma noite de luar
Farás hum certo passeio ,
Onde encontrarás hum rancho,
Q^e seguirás sem receio :
Então nas Damas, que vires,
De huriia farás eleição ,
E nella ach.arás Esposa,
Como muito poucas saõ.
Dez = J,
Hama inconstante Menina
Buscar para Esposa vais ,
Far>te-ha tantas fine/as ,
Quantos saõ os teus rivaes.
( ^34 )
Andas morto por casar,
Mas quando tal conguires ,
Triste vida hâs de passar ;
Porque taõ má condição ^
Na Senhora has de encontrar ,
QiJe só em quanto dormirem ,
Dcixaráõ de guerrear.
Dez = C.
A Menina, que namoras,
Fa/, bem qae te nao entende,
Porém fa!Ja-lhe tu claro ,
Que ella a outro naõ pertende.
( n^ )
G
2)í2 = D.
Menino , veja o que faz ,
Veja, que génio nao tem
De ter casamento em paz :
Se liberto vive agora ,
Se faz tudo quanto quer,
Se fica noites por fora ,
Em casando tem desgosto ,
Que ha de obrigallo a mulher
A recolher-se 20 Sol posto.
De::. = E.
Serás sempre para todos,
Nunca serás para ti ;
Ouem he taõ extravagante ,
Fortuna nao tem por si.
(^30
Bez == F.
Vistos os trages , de que usa,
Quanto he na moda affectado,
Nunca tomará estado ;
Que huma figurinha assim,
l^grece que lhe he mais próprio
Ser estatua de jardim.
Dez =2 G.
Deixa essa vida , que tens ,^
Vai negocear em vinhos ,
Accrescentarás os bens;
Trata de casar mui breve ,
Porque o que ha de ser teu Sogro,
O mesmo negocio teve.
( m )
% ^ A JL * %
Dez = H.
Duas toucas , hum barrete ,
Hum citoien com peluça ,
Três vestidos de Paquete ,
Saia de seda já ruça ,
De fitinha debruada ;
He o dote , que ha de ter
A tua bem estreada.
Dez — L
A Noiva, que pertenderes^
He de muito poucos teres;
Mas tu assim a procuras,
Porque em cativar teus dias
Vais pagar quanto devias.
(238)
Dez = L.
Ora toma o meu conselho ^
Metre a carta no baralho ,
Nâo se te dê do trabalho ;
Que a sorte, que te sahia,
Era 5 Amigo ^ taó má rez ^
Qiie era capaz de fazer-te
Niõ pregar olho este n:ieZé
Dez ^ M.
Andas de esquina em esquina ,
Namorando quantas vês,
Alas todas as que namoras ,
Nao aturao mais de hum mez ;
Porque logo todas sabem ,
Que naõ és a melhor rez.
(-39)
* * A * *
Dez = N.
Menino ^ se quer casar ,
Deve já mudar de tom,
Fazer-se velho jarrcta ,
Terá casamento bom ;
Que o Pai da futura Noiva
Tafues de agora naõ quer ;
He outra a estrada , que trilha,
Quer hum Genro do seu pano,
Qie lhe estime muito a fiiha.
Dez ~ O.
Nao sei por onde te pegão
As Meninas, que te querem!
Porque tu nada conservas ,
Por onde fortuna esperem.
( MO )
Dez - P.
Em quanto fores taõ pobre,
Todas de ti fugirão ,
Mas depois que fores rico ,
Atraz de ti andarão :
Seraõ tantas a querer-te ,
Que entre tanta confusão
Nao saberás resolver-te.
Dez — a
Casarás desigualmente
Contra vontade dos teus ,
E vivirás descontente :
Sempre arrastado, e fugindo
Da sociedade da gente.
T
* * B ,/ * ^
Dez ~ R.
A Senhora D. Fufia ,
Que comtigo quer casar,
Co sentido no que tens,
Julga de bem acertar;
Mas em sendo sabedora
Ua tua grande mazella ,
Coitadinha , ha de chorar j
Ir cahir n'huma esparrella.
Dez =: S.
A filha de hum Militar
Ha de ser a tua Esposa ,
Na6 terá dotes , nem rendas j
Porém muito habilidosa,
E pelas perfeitas mãos
Será muito venturosa.
a
( ^4^ )
Dez - T.
Desprezaste os teus estudos ,
A que teu Pai te mandou j
Tua grande ociosidade
Aos parentes desgostou :
E's já homem , sem remédio
Teu desconcerto fará ,
Que sem tença, nem mantença,
Andes sempre ao Deos dará.
Bez - r.
Hum^ mulher de máo génio ,
Que nada bom tem por si ,
Por causa de humas filhozes
Ha de dar cabo de ti.
( 243 3
M
Dez = X.
DcvSprezaste os teas parentes
Pozeste a teu Pai de parte ;
Agora queres casar
Com quem possa sustentar-te :
Basta este mal , que fizeste ,
Sem que mais nada te aponte ,
Para viveres no Mundo,
Como hum espargo •no monte.
— ^
Dez —
Hum tiro te ha de custar
A Menina que tu queres ,
Darás ao demo a cardada^
Abominando mulheres.
( 2^44 )
Sota = A.
Goza os bens, que o Ceo te deo,
Solteiro, e em paz; nao te cases,
Que se fazes essa asneira ,
Transtornar a sorte fazes :
Nos altos montes agrestes
Vive alegre o Lavrador ,
Zombando de quem arrasta
Os duros grilhões de Amon
Sota =:= J?.
Nao te eleves na riqueza ,
Que a primeira te mostrou ,
Na segunda pobre, e orfa
Melhor fortuna te dou.
( M! )
N
Sota =1: C
Irás a huma função c!'annos ,
Conviver n^huma assembléa,
Namorarás á vontade ,
Como quem nada receia:
A' noite a horas de ceia ,
Qiie he quando a funçaô mais brilha,
Pizarás o pé ao Pai ,
Cuidando ser o da filha;
Mas com ella casarás ,
E boa sorte terás.
Sota zz D.
Por mais que muito namores ^
Esta sorte só te dá
Huma Noiva que nos nomes
Tem hum I. hum R. e hum A.
f MÓ )
Sota =: E.
Qaem tiver animo fraco ,
Naô deve ter guerra forte ;
Porque quando amor peleja ,
Naó se ha de temer a morte :
Por isso muda de norte ,
Que tu és tímido 5 e frouxo,
E nliuma guerra amorosa
Naô he para ti o pezo ,
Que faz mulher , que hc ciosa,
Sota == F.
Tens a vontade cativa
E a quem muito te deseja:
Nao desmaies, continua,
Até que possível seja.
( ^47 )
Has de achar huma Senhora
De bello comportamento ,
Muito rica, muito honesta,
Conforme ao teu pensamento :
Porém o negro ciúme ,
Mal , entre os males peores ,
Ha de nos dous corações
Semear mil dissabores.
Sota = íf.
Poderias ter fortuna.
Se naõ fosses de má boca ,
Mas tens tal fastio a tudo ,
Que has de casar c'huma louca.
( hs )
Sota =: L
Qaem quizer viver contente ,
Em paz , e satisfação ,
Fuja de Amor, viva isento,
Nao lhe entregue o coração :
He pois por esta razaô ,
Para mais fortunas teres ,
Que deves por toda a parte
Naõ pôr olhos em mulheres.
Sota =: í/.
Cheio de settas Cupido,
Intenta teu rival ser ,
Contrasta o teu coração ,
Mas nunca te ha de vencer.
C 249 )
..p..
Sota =: M.
Nao sei que infeliciJade
Se ( ppôe á rua firmeza !
Que nao podem teus excessos
Convencer tanta dureza :
A que estimas, te despreza;
Mas segundo eu já ouvi ,
He porque anda hum teu amigo
A dizer mui mal de ti.
Sota ~ N,
Em pontos de amante firme
Ninguém te pode exceder,
Continua a amar quem amas,
Succeda o que succeder.
(2SO )
S'ota ^ O.
Queres dar valor a ti ,
Pelo dinheiro que tens ,
Mas a oialher, que he piudente ,
Quer homem bom , naõ quer bens:
Km quanto pelas acções
Te naô fiares valer ,
Naõ has de tomar estado ,
Has de solteiro morrer.
Sota zz P.
Como és lao bem regulado,
Homem de tanto juizo,
Has de achar bom casamento ,
E ter tudo, que he preciso.
* * ^^-4L * *
( ^>I )
Q
Sota ~ Q.
E's acérrimo sequioso
Em procurara riqueza,
Quanto mais dinheiíos tens,
Alais se vê tua fraqueza :
E's como a aiampada acceza ,
A quem a abundância estraga;
Que ás vezes o mano azeite
He qucii) as luzes lhe apa^a.
Sota =2 R. .
Podes buscar tua vida ,
Sem pensamentos de amar ,
Que para paixões de Amor
Ninguém te quer aturar.
( ^5^ )
Sota = S.
NaS te eleves em Senhora
De apparente formosura ,
Porque passados dez annos ,
Has de rer grande ventura :
Naó he feia , nem bonita
A que esta sorte te diz ,
Mas tem tudo quanto baste
Para te fazer feliz.
Sota ■=. T.
A Noiva tem hum máo génio ,
Porém se queres pescalla ,
Quando se enfadar comtigo,
Choía 5 soíFre , sente , e cala.
( ^^n )
Sota = F.
Todas tenhao dó de ti ,
Que sendo hum moço perfeito ^
Has de ter huma paixão ,
Que tomarás tanto a peito ,
Qje por maior desventura
Este mal te ha de levar
Os ossos á sepultura.
Sota — X
Se pensares bem no Mundo ,
E na sua consequência y
Nada tem , que fazer possa
Feliz a tua existência.
( ^54 )
Sota = Z.
Nao tenhas inclinação
A cousas de casamentos ,
Que has de padecer tormentos,
Se entrares a ter paixão ;
Vê que os génios das mulheres
Ao teu génio nao se dobrão,
E has de receber finezas ,
Como os dizirnos se cobrao.
Valete zz A,
Seis vezes serás viuvo ,
Mas só com huma feliz ,
E a ultima, que tiveres,
Te ha chegar ao nariz.
( >;; )
ç
Valete = B.
Sempre desde que nasceste ,
Foste montão de desgraças j
Por isso naõ esmoreças ,
Nem maior ruido faças;
Porque has de ter hum acaso ,
No meio da tua idade ,
Que te fará casar bem.
Com muita felicidade.
Valete — C
Andas de cores perdidas ,
E mui cheio de cuidados,
Serás sempre hum infeliz ,
Para o rol dos desgraçados.
.( 2^6 )
Falete z= D.
Fazes bem em tirar sorte ,
Que tens fortunas immensas ,
Passarás sempre em descanço,
Sem trabalhos , nem doenças :
Farás hum bom casaniento ,
Que a tua estrella naõ falha j
Porque já desde pequeno ,
O vento te ajunta a palha.
Valete = £.
Nao tens génio de casar :
E's estúrdio no viver;
Has de solteiro acabar,
E muito pobre morrer*
T
Valete =: K
Tens huma lingua tao má ,
Que por ella has de perder,
Nem*casas, nem tens fortuna,
E has de assignalado ser :
Espera-te huma ruina,
Jesus 5 nome de Jesus !
Senaõ vais pôr cobro em ti,
Levas hum tombo de truz.
Fãkte = a
A qualquer faz bem ser rico.
Mas a ti damno ameaça ,
Que em casando has de comprar
Por teu dinheiro a desgraça.
R
(^5S)
Valete = H.
Em tudo que pertenderes ,
Terás fortunas aos montes j
Mas desta felicidade
Nem te gabes , nem a contes :
Porque os mesmos teus amigos ,
Invejosos desta sorte,
Haõ de procurar-te a morte,
Conspirados inimigos.
Toalete 1= /.
Nao engane a pobrezinha,
Que isso deixa-o deslustrado,
Cumpra a promessa, que fez,
Se quer ser homem honrado.
(=59)
V
Valete = L.
Menino, pôz alta a mira;
A Senhora , que procura ,
Traz ha muito o pensamento
N'outra mais digna figura :
Desista da sua empreza-;
Nao seja taõ elevado;
Olhe que no fim da festa
Fica perdido 5 e logrado.
Fakte = M.
Só na ausência se conhece,
Quem firme sabe adorar,
Tu , em te pilhando longe ,
Vais logo mil namorar :
Por isso nao tens nenhuma ,
Que se queira sugeitar.
R ^
( 2^0 }
Valete = N.
Todo o Mundo anda dizendo ,
Que sabe com quem tu falias,
Que és hum trapiilhao de lingua
Que namoras, e naõ calas:
Ora muda de systema,
Senaó olha, que em ti dás ,
Pela boca morre o peixe,
E tu também morrerás.
Valete = O.
Huma herança , que has de ter ,
Te tprá Noiva buscar ;
Porém com génio ta 5 forte , '-*
Que te deseje matar.
C ^ár )
Fakte — P.
Por causa de certa Dama ,
Destas da moderna escola,
Venderas tudo o que tens:
E em te vendo sem vinténs ,
Te armará tal carambola ,
Que a bom concertb estarás
Anno e meio de gaiola.
Valete =: O.
Tratarás de dependências
De huma casa farta , e cheia ;
E alli urdirás a teia,
Ta^ segura no tear,
Qoe com a dona da casa
Ele que has de vir a casar.
26a Y
?"alete =z i?.
Casarás c'huma Menina ,
Com figura de esqueleto ,
De cor baça , e secea tosse ;
Mais magra 5 do que hum espeto :
E por esta macacôa
Te verás em taes lençóes ,
Que quanto tens será pouco
Para quina, e caracóes.
Valete i=: S.
As prendas, que em ti seencerraõ,
Dignas de muito louvor,
Te fazem ser venturoso
Com a vida , e com amor.
(ííj )
z
Valete = T,
Irás tirar da miséria
Huma rapariga honrada,
Que em companhia da Avó
Vive pobre , e recatada j
Porém depois de casar,
Será sécia em demazia ,
Gastando quanto ajuntares
Em louca tafularia,
Fakte =: ^.
Por seres muito afferrado
A huma cega opinião ,
Andarás sempre em pobreza;
Sem vintém calcando o chaó.
( -^á4 )
FaJete - X
Com o campo , e com a flor
Compara a tua ventura ;
O campo , que reverdece ,
A flor, que mui pouco dura :
E nesta triste figura
Acabarás té á morte ,
Nasceste para infeliz ,
Naô se muda a tua sorte.
Valete - Z.
Huma velha muito velha,
Para ti anda a ajuntar;
Mas taõ mal lhe has de pagar !
Que depois de a receberes,
Lhe has de a morte fomentar.
( .ir )
A
Rei z=z A
Menino, ninguém duvida ,
C^se he muito btm figurado ;
Mas tem na boca hum defeito,
De que ninguém tem gostado :
Quando houver de namorar,
Ponha bem de ionge a tromba j
Porque boca hum certo bafo ,
Q^ie a* quem o recebe , tomba.
Rei - B,
Has de achar huma mulher ,
Olhos grandes, .cor murcna;
Tem -cuidado , naõ te Hes ,
Que ella hc outra iinna Bulena.
( 2ÓÓ )
Rei — C.
Tens quatro dúzias de livros ,
Algum fato domingueiro,
Seis cadeiras, huma banca,
E muito pouco dinheiro :
Este he o teu enxoval ,
Com que queres ser Marido j
Ora muda de systema ,
Serás mais bem succedido.
Rei = D.
A Senhora , que elegeres ,
He taó vaidosa, e ^elevada ,
Que nem de ti fará caso,
Inda depois de casada !
( ^('7 )
Rei zz E.
Se esta sorte aqui nao falha ,
He tirada a hum Cadete ,
Jorial , muito engraçado,
E que tudo a bulha mette ,
Tem este hum rol n'algibeira
Das meninas, que naa^ora ,
Andando sempre ao fjdario,
De noite., e dia por fora.
Rei = F.
A Senhora , que te cabe ,
Tem huma proza discreta ^
Tem juizo tem dinheiro
Mas he ciosa e fone ta.
( ^^23
Pei ^ G.
Que menina c'elicada
Lhe ha de vir a querer hem ,
Se na pinga , e na picada ,
ConsoiDe tudo o que tem ?
Se quer achar Noiva bella ,
Nao mosíre nisro o seu fraco;
Reprima o vicio , que todos
Lhe chamaõ papa tabaco.
Rei ■= 11
He filha de'hum Lavrador,
A que ha de ca^ar comti^o ;
Tern casaes , terras, dinheiro,
McS casarás por castigo.
(zí, )
c
Rei — L
Que tal he o mandrião ?
Posto enrre nós a jogar;
E a Senhora , a quem adora ,
Sentada a hum canto a chcar !
Elle cá mui divertido,
Nutrindo immensas paixôcí?,
E a pobre na sua ausência
Em anciãs 5 e convulsões.
Rei = L.
Vai pôr os banhos na Igreja ,
Naõ te demores^ avia :
Vê que ella tem pela prosa
Que lhe faça montaria.
( ^7o )
Rei = M.
E's incansável nos livros ,
E's sábio, prudente, e honesto;
Passarás da vida o resto
Com descanço , em união
De hum perfeito coração ;
Senhora de tal candura ,
Qi]Q todos lhe haô de invejar
O juízo, e formosura.
Rei =: N.
Casas com huma mulher,
Que he esponja das Boticas ;
Ha de estar sempre no choco y
Cheia de flatos , e nicas.
( 271 )
D
ií^i =: O.
DcDois de veres dous Reinos ,
E quarenta e sete Villas j
Acharás n'huma Cidade
Huma formosa Deidade :
Trabalhos te ha de custar ;
Porém fugirás com ella ,
E cá te virás casar.
Rei = P.
O melhor he nao quereres
Ouvir ler a tua sorte ;
Vai vivendo, como vives,
Se casas , erras o norte.
( ^73 )
Rei ~ O.
Cassrás c'huma engeitada ,
Que de seu nao rem nem pada;
Mas a tua incliní-çao
He que fará dar-ihe a maõ ;
E naô ternas infórtunios ,
Como casas por honrado,
Sempre, ou mais tarde ou mais cedo,
Has de ser aíFortunado.
Rei =3 R,
Acharás huma Senhora ,
Bem digna de se invejar
Nos trabalhos , que tiveres :
EUa pela sua agencia
He que te ha de sustentar.
( '73 )
F
Rei = (y.
Entre trabalhos ^ e choros j
Casarás c'huma menina ,
Mas a sorte te destina
Achares hum bom Compadre ,
Que emende a tua desgraça ;
Que por bondade, e por dó^
Feliz tua sorte faqa.
Rei =: T.
Certa moqa de servir
Te faz andar como louco ,
Tu a chorar, ella a rir^
E a pezar do seu descôco,
Como tu lhe tens paixaô,
Temos mais hum casamento p
Temos mais huma função.
(^74 )
Rei zz K
Huma mulher valerosa
Cahirá em teu poder ;
E's hum fona á sua vista ,
Ella he que ha de o homem ser,
Porque tu, por acanhado,
Deverias ser mulher.
Rei z= X.
Três filhos de bastardia.
Com mais seis de Matrimonio,
Te faraõ tal agonia,
E taõ doido te has de ver,
Que has de fugir para Londres ,
Deixando casa , c mulher.
j
F
Rei =: X ^
Acharás huma Senhora ^
Que te saberá lograr,
Fazendo-se muito humilde,
Isto em quanto naô casar:
Mas depois de te pilhar,
Deixará de ser sonsinha ;
Olha que ha de ir o Diabo
Em casa do Alfacinha.
S 2
Prõprleííades attrihuidas aos Nomes êõ Sexo Fe*
meninOf descobertas pelo Pretinho àojapac,
homem de muHo boa fé ; e achadas por hum
herbolario nhuma e içava çaÕ , ^ue fez aos
Arcos das À'^oas-llvres , andando em busca
de minhocas para hum remédio^
Os Poetas , quando escrevem »
Dizem das mulheres mal ;
Mas fazer regra geral
De alguns defeitos naõ devem :
Os que assim fallar se attrevetn ,
Tem hum costume incapaz ,
Nem sabe o que diz , ou faz
Quem segue tal desatino j
Ha uo Sexo Fwnenino
Condições boas j e más«
V
Aqui prognosticarei
O que muitos tem de ver:
Naô me falta que dizer ,
E julgo qne acertarei :
De mullieres fallarei ,
Dizendo mil coizas delias ;
Mas Deos me livre de vé-la»
Contra o Pretinho queixosas ;
Porque mulheres raivosas
lS'aó pára íiada eom ellas.
( ^77 )
Nesta grande variedade
Das formosas , e das fêas
Pude combinar idcas ,
Buscando-lhes propriedade j
Por minha curiosidade
Nisto fiz algum estudo ;
£ se acaso naõ ailudo
Bem ao que digo , e supponho ,
Lêaõ quanto aqui Jhes ponho ,
E naõ me crêaó eín tudo.
As Antonias sao sentidas ,
Ma^ em acções acanhadas ,
Esbravejaõ , ralhaó muito
Em se vendo desprezadas.
As Agostinhas tem graça ,
Saõ crédulas em promessas ,
Porém ninguém as persiga ,
Porque naõ saõ para pressas,
Anicetas saõ mui vivas ,
Firme caracter naõ tem ,
Pela gyria , que conservaõ ,
Daõ fundo onde lhes vai bem.
Anseias daõ que fazer ,
Com intrigas armaõ téas ,
E gostaó muito de ouvir
Tudo o que he vidas alhcas.
( ^78 )
JpolíonUs , coitadinhas !
Saô de boca padecentes ,
Se a Santa lhes naõ acode ,
Tetn as nozes , naõ tem dentes !
Amhro%ias saõ azou^adas ,
A fallar nunca se callaõ ;
Jindrex.as tem ferpezins ,
Pelo seu génio se ralaô.
As Annas saõ excessivas ,
E em bem querer verdadeiras ,
Ciosas no ultimo ponto ,
Na velhice tem manqueiras.
Auroras sabem fallar ,
Em nada saõ retrahidas ;
Aurelianas saõ bravas ,
Se estaó de alguém offendidas.
Anastacias saõ damnadas ,
E saõ de génio volante ,
Parecem humas doninhas
Em tendo paixaõ amante.
Adriauas de preguiça ,
Gordas quasi todas saõ ;
As Agtícdas saõ manhosas ,
Tem muito má condição,
Anocletas saõ garridas ,
ArcangcUs marralheiras ,
Agapitas mal gcitosas ,
As Autas saõ siiocalheiras.
( ^79 )
Angélicas tem candura
Por condição nacural ,
Âlbertas inda que pobres ,
O seu amor be leal.
Al Afras saõ muito insulsas ,
As Amaacias saô esquivas
As Athanazlas mordazes ,
As Au'^usta$ muito altivas.
Apelinarias saõ loucas
Pí)r pilharem goloiina ,
Nunca em banquetes se fartao j
De tudo o que he papa íina.
Aurelias saõ achacadas ,
Assim mesmo muito espertas.
Alexandrinas , cuidado I
Porque naõ saõ muito certas.
"Balbinas saõ muito graves ,
Guardaó muito o seu respeito ;
Porém nisto de ambição
He que tem algum defeito.
As Brites saõ mui sagazes ,
As boas saõ de estimar ;
JVlas as de má condição
Ninguém as pôde aturar.
Bernardas saõ mui previstas ,
E podem , sem fazer bulha ,
Enfiar pais , e maridos
Pelo fundo de huma agulha«
( 2S0 )
As Brtfxitfí saô diligentes.
Mas guardaó muito o que tem ?
JBaíilias por terem génio ,
Oífendé-las naõ convém. '
As Barbaras saó mui sonsas ,
Trabalhão com perfeição ,
E namoraõ. com desfarce
Que he huma consolação !
Srancas saô compadecidas ,
E muito promptas em dar ,
Esquivas nisto de amor ,
E sabem-se conservar.
l^ernardinas ! isto he gente ,
Que se naó pode soffrer !
E se acaso saõ ciosas ,
Disp5em-se logo a morrer.
Bibtanas comem muito ,
Fazem com o vinho liga ;
'Benedictas saõ passeiras ,
Fogem da agulha , e da estriga^
Bri^idas sa5 governadas ,
Naô sei se diga de mais ,
He gente , que naó conhece
Nem Entrudos, nem Natais.
'Bonifaeias dormem muito,
Saõ moles, e pachorentas ,
Quando moças perguiçosas ^
Quando veihas rabugentas,
(280
♦
As Brunas tem muita proa.
Para tudo achau razaõ ,
JE se alguém as contradiz ,
Por páos , e por pedras daõ.
Crispiíias tem bom caracter ;
Porem saó muito sentidas ,
A qualquer mal , que lhes fazem
Encrespaõ-se embravecidas.
Custodias, tem máo olhar ,
Saó soberbas refinadas :
Disto ás vezes se cxceptúao
As que foraô bem criadas.
Cattonas saõ presumidas ,
Mas tem boa condição ,
E mosíraõ dentro em seu peito
Generoso coração.
Cj/priaiias saó doences ,
Sempre estarão a gemer ,
Em tendo somno caó fundo
Que ninguim as faz erguer.
Camilas cantaó b<jnito ,
Gente muito habilidosa ,
Propensas a namorar ,
Mas tem olhar de raposa.
Çlaudinas saó pouco firmes ,
Naó sabem guardar segredos :
Ciizimirus , poV subtis ,
Nucrem-Sô iiiuito de enredos.
( 282 )
.Catharinns saõ mui doutas ,
E tem paixaõ verdadeira ,
Saõ no valor invencíveis ,
E póiem ler de cadeira.
As Claras tem pouco sal ,
Na5 animaõ a expressão ;
Mas a fazer-se justiça ,
Todas tem bom coração.
As Carlotas tem juizo .
Caíaõ mais do que se queixaô 9
Nao sabem desabafar ,
Tudo no seu peito feixaô.
Crhpinianas iradas ,
Lf>go se quarem vingar :
As CezarhiS saõ fingidas ,
E sabem-se disfarçar.
As Ciuidifias saô mesquinhas ,
E tem hum génio damnado;
As mais delias sáô formosas >
Porém com fingido agrado.
As Coriitançns saõ altivas
De elevada fantazia ,
Muito faltas de fortuna ,
Mas naõ il)es falta alegria,
Cecília? tem seu talento >
Qu3si todas saõ prendadas ,
Saõ ternas de coração •
Por muzica apaixonadas.
(^83)
As Cristlnas tem systema
Na sua conservação ,
Sua amizade he sincera ,
Se cliegaõ a ter paixão.
As Calisias saó meninas
De fortuna muito escassa ;
Quem junto a seu Jado joga ,
Sopra-lhe sempre a desgraça
As Clemências laó beatas
Destas de concas na ma6 ;
Finj^etT) que tudo desprezao ,
Ferve-lhes n'aima a paixão»
As Comhas saõ arranjadas ,
Porem no amor bandoleiras ;
As Veljiiias na amizade
Saõ fieis , sac) verdadeiras.
As Dioriíziíis sao borraclías ,
Fazem sacrifício a Baccí";© ,
As que escapaõ deste ramo
Sao Iiumas papa-tabaco,
T>omiugús saõ muito, alecrres ,
E gostai) da ociosidade ;
Naõ deixaõ de ser devotas
Inclinadas á piedade.
Dorothéas tem caprichos ,
Tem muita soberania •
Tc contra a verdade teimaô
Sc alguém com eHas
(284)
Damatias saô avarentas ,
E bastante timoratas ;
As féas saõ entendidas ,
As formosas insensatas.
Euge/iias saó descançadas ,
Padecem melancolia ,
Saó milito amantes da cama ,
Dormem de noite , e de dia.
As Egidiíis , tem amoras !
Qualquer coizinha as enjoa !
As que saó pobres , saõ falsas ,
As que saó ricas , tem proa.
Eu/razias saó esquecidas ,
No comer saó desdenhosas ,
Muito amigas de janeila ,
Em failar fastidiosis.
Epifanias saó garridas »
E com muita opinião ;
Mas firmes, como huma rocba ,
Se chegaó a ter peixaó.
As Eugrncins saó por genio
Descontiadas de tudo ♦
E quasi sempre as mais féas
Naó teuf o juizo agudo,
Eier.iarias saó doidas ,
Alui, sagazes , e fingidas
As Eustfiíjiiias , por formosas ^
Saó muito desvanecidas. •
(^^ )
Evaristas , coitadinhas f
Nem saõ , nem deixaõ de ser ,
Fáceis para prejuízos ,
Naõ sabem senaõ comer.
Euzebins saó muito ternas ,
E de aguda comprehensaõ ,
Muito tímidas de tudo ,
Muito amantes da razaõ.
'Ecílclias saõ maviosas ,
Porén) muito interesseiras ;
Eleceterias para o luxo
Sempre fôraõ as primeiras.
Escolásticos saõ boas ,
E sabem-se aproveitar ,
Desejando-se instruir ,
O seu forte he estudar.
As Eufemias nos amores
Nada tem de venturosas ,
As fêas saõ muito firmes ,
Inconstantes as formosas,
Franciscas saõ namoradas ,
A todos os olhos piscaõ ;
E em pontos de condição ,
Quando naõ mordem , beliscão.
Elorencios saõ inconstantes ,
E muito trabalho daó ;
Quem as goza , qusi sempre
Kaõ Iher aciía duração.
( a8^ )
Felizardas saõ pacatas
J^lulheres de boa vida ,
Com devoções , e jejuns
Andaó sempre em grande lida.
Ffíitstinas saõ odientas ,
P».aras saó de génio bom ,
Para governo de casa
Todas tem falta de tom.
Firminas saõ valorosas ,
Os perijros desconhecem ,
As' cjue mais gostaõ de ler ,
Humas doutoras parecem.
Fcitcias saõ taciturnas ,
E bastante abeatadas «
Sizudas , e vergonhosa» ,
Compassivas , e arranjadas.
Faustas saó encantadoras ,
Sabem attrahir agrados;
Porém todas na velhice
Morrem cheias de cuidados.
Ffiftaiiatas naõ condizem
Com este nome , que tem ;
Acabaõ riesgraçádinhas ,
Se naõ Ihts acode alguém.
Fclictanas saõ fracas »
Algumas ha muito vivas ;
E nas amantes paixões
*Daõ-se logo por captivas.
r 287 )
As Tilippas sa6 hum raio
Coiura quem lhes dá pezares y
Vingativas , e raivosas ,
Vai tudo por esses ares!
Genovevãs naõ saõ certas ,
Inda que muito polidas ,
Excessivas na presença ,
Porém na ausência esquecidas.
As Gertrudes tem mil dons
Da benigna natureza ;
E tem mais hum naõ sei que ,
Que lhes augmenta a belleza.
As Gulêtnares saõ Doutoras ,
Ou as Ricas-preciosas ;
Gostaó muito de Entremezes ,
E Novellas curiosas.
Guilherminas saõ alegres ,
Da Musica muito amantes ;
Nem saõ fèas , nem bonitas ,
E saõ muito traficantes.
Gabrielas saõ formosas ,
Tem subidos pensamentos ,
Já hum Rei sentio por ellas
Amorosos pensamentos.
As Gerva^z.ias em calotes
Saõ famozissimas mestras ;
E no officio de intrigantes
Naõ ha . nenhumas taó destras.
( 288 )
As Gregorlas saõ volúveis ,
Dançaò Gavotas , e Walça*; :
E tudo quanto conseguem
He sempre com bulas falsas.
As Germanas saô gaiaaces ,
E algumas muito mimosas :
Gaudencias todas saõ fèas ,
Como sa6 habilidosas.
As Geminianas go'5ta6
De bailar , e beber vinho :
Se lhes apparece amante ,
Naõ lhe torcem o focinho.
As Girardas se se casaõ »
Tem de filhos abundância ,
Saõ fèas , e carinhosas ♦
Sem soberba , nem jactância*
As Herculanas saõ altas ,
Desairosas , desarcadas ;
E de casa no^ governo
Saõ muito desmaseladas.
As Hilárias saõ macacas ,
Amigas de fazer festa ;
E tem hum fartum na boca «
Que os puro8 ares empesta.
As Higinas saõ bulhentas ,
E nas lutas valentonas ;
Quando naõ daõ nos marhdos s
Pregão nos outros taponas.
f 2?9 )
As líeànvi^cs saõ mansas ,
Descançadas , muito gordas ;
Mas gostaó do seu namoro ,
A pezar de papa assordas.
HippoUtas saó soberbas ;
Honorias domaõ-se mais ,
Para amar saõ coisa boa ,
Porque saó muito leais.
Henriquetas saÔ fogosas ,
Mas o seu fogo he de palha
E quasi sempre a fortuna
Lhes escapa pela malha.
As Honorctas saó ternas ;
Mas nas paixões moderadas :
A pezar de folgazonas ,
Capriv.aô de ser honradas.
As Ucmitarias saõ féas ,
Tem pelo corpo borbulhas;
Kermeacgildas saõ gagaê,
E Humilianas saõ grulhas.
As Helenas saõ tracistas ,
Quanto ha tudo conhecem ;
Curiosas até alli «
Mesmo em moças adoecemt
As Januarias agradaô
Por ^eu juizo , e bell«za ;
De seus dons para ctm eilas
Foi profúza a ísatureza.
( ^90 )
As Joaqulnãs naõ se excedem
Isías teimas com seus amantes ;
Saô aguçosas em tudo ,
Mas no jogo mui tratantes.
Jozefinas saõ mui varias ,
Para firmes naó se ageitaõ ;
£ por isso os que as procurao ,
Em pouco tempo as enjeítaõ*
Juninas daõ-se a querer ,
Por serem mui comedidas ;
Saô formosas sem vaidade ,
Saó por sérias conhecidas.
As Jgnezes saó sinceras ,
Tem hum bello coração :
Se mostraó algum defeito ,
He somente o da ambição.
Xtabeis saô bonitolas ,
Tem bom modo de pensar ,
Ariscas alguma coisa ,
Mas sabem-se respeitar,
Xxidoras dcsagradaô ,
Por serem talvez casmurras ;
Mas assim mesmo namoraô
Pregando aos amantes surras.
As Julias no amor saô ternas »
No ciúme insupportaveis.
Em variando huma vej ,
Ficaõ sempre variáveis.
f 291 )
Ifigenlas saõ trigueiras ,
Olhos grandes , boca larga j
Mettem os pés para dentro ,
E andaõ sempre para ã ilharga.
J^naelas devem louvar-se
Por sua boa conducta ;
E em tendo amantes ciosos 9
Safaô-se bem dessa luta.
As Innocencias no nome
Parecem ser innocentes ,
Mas no génio desabridas p
Saô huns demónios viventes.
As Jerónimos se prezaô
De serem muito sizudas ,
Económicas na casa ,
£ nos enfados trombudas.
Saõ fêas , e mai creadas
Algumas Jintinianas ;
Pelo contrario polidas , •
E bellas as Julianas,
As Joanas saõ huns linces «
As Jozcfas liberais ;
As Jacinthas tem de menos
O que as outras tem de mais.
Jrías , e Jozuinas
iVIostraõ-se em tudo conformes ,
Se tem garbo na figura ,
Saõ de car» muito enormes.
( 2?^ )
Lcareânas saõ formosas ,
Mas soffrem no amor pezarcs f
Que muitas vezes remataó ,
Nos mais trágicos azares.
íiuctaons naõ se entendem ,
Confundem chorar , e rir ;
Quando querem alcançar ,
Sabem-se humildes fingir,
Jjuáovinos quasi todas
Saó bastante invencioneiras ;
De condiqaó myito fortes ,
Sentidas , e vtrdadeiras.
As Lucias saõ mui vistosas ,
Formosas, como as Estrellas,
J^Ias pela altivez do gemo ,
Anda o deiTo sempre nellas.
As Luízos gostaô muito
De enthezcurar o dinheiro ,
Saõ de génio afrancezado ,
E amor pouco verdadeiro»
As Leticias saõ alegres
Amigas de brincadeiras ;
Todas gostafi de casar ,
Por naõ morrerem solteiras,
Xtiiiíit daõ-se a querer ,
Porque tem huns certos dons ;
Mas inda as que naÕ saõ f:as
Nunca tem huns olhos bons.
( =53 )
Af Leonardas saõ ferozes ,
Mas para tudo tejn geito ;
De tudo tirão partido ,
Naó querem senaõ proveito.
A$ Lcoeadias todas saõ
Muito fáceis , muito dadas ;
Mas en^anaó-se com todos ,
Que naó saó bem compensadas.
Xicaiidras saõ manirionas.
As Lourenças muito alvares.
Liba/lias appetitosas ,
Mas em tu^o tem azares.
liconares saó muito frouxas ,
Inda que algumas discretas ,
Saó terna? por natureza ,
Muíto amantes dos Poetas.
Micoelas tu ^o invejaó ,
Que se naó póiem conter *
E he o único defeito ,
Que as faz .bem desmerecer.
As Máximas saó sagazes ,
Naó cahem em lo^raçóeS ;
Saó dotaòas de leirih'inças ,
Com graça nas expressões.
As Marian:i:is , quando moças ,
Precisão sor)dar-se bsm ,
Firme2a , amor , e verdade ,
Saó coisas , ^ue ellas naó tem.
( ^94 )
Modestas saõ comedidas ,
Mui chegadas á razaó ;
Nisto de amar naõ saô frouxas ,
O seu amor naõ he vaó.
lãeclas saô recatadas ;
Pelo que delias alcanço,
Sao de pacifico génio ,
E amigas do seu descanço,
Jáarcelinas poucas ha ,
Que de juizo naõ sejao ;
Por inclinação ao mundo
Viajar por mar desejaô.
As Marthas saô governadas ,
Em despezas poupadinhas ,
Por penitentes propensas
A serem humas santinhas.
Margaridas saô rizonhas ,
Excessivas nos amores ,
Gostaô de ser jardineiras ,
Porque estimsô muito as flores.
Marias tem génio forte ,
Muitas saõ impertinentes ;
Naõ des^ostaõ de qne as gabem ,
E tem felizes repentes.
Maurícias saô mui confusas ,
Bem naõ se sabem haver ;
As moças saõ desastradas ,
As velhas daô que soiírer.
( i9? )
As Maçarias saõ devotas ,
Saõ loucas as Mercianas ;
Martinhas compadecidas ,
Lindas as Maximinianas,
Mathildes tem condição ,
Que se naô pôde dobrar.
Com amores , ou sem elles ,
Daõ-se muito a respeitar.
As Monlcas saõ sizudas ,
Com seu disfarce namoraõ ,
Muitas vezes por matreiras ,
Tanto riem t cmno choraõ.
Magdaleiías sa5 estúrdias ,
E poucas pódcm cooter»se «
Porém dos males , que fazem »
Sabem bem arrepender-se.
As Norbertéts tem fortuna ,
Mas agudeza naõ tem ;
Comem desmarcadamente ,
E sabem cozinhar bem.
Narcix.as presumem muito
De discretas , e formosas ,
Nao se iembraÕ que a belíeza
Tem a duração das rozas.
Olitnpias saô metidiças ,
Muito amisfas de saber ;
S^õ mesquinhas para dar ,
E prompias eii) receber.
( ^9^ )
As Pnseofls saõ mui rizonhas ,
Muito attreitas a brincar ,
Alegres por natureia ,
Daó-se muito a desejar.
Perpetuas sac) duradouras ,
Em amar tem segurança ,
Na modéstia , e na decência
Põem toda a sua esperança.
As Paulinns SÓ caprichaô
Em sendo mui rigorosaít ,
Andaó sempre em pondonores.
Tristes , bravas , e ciosas.
Sâô infelizes as Pmtlos ,
Desgraçadas coos maridos •
Porque ou saõ pobres ,"*ou tolos «
Ou de génio desabridos.
As Peironiíhas saõ boas ,
Sabein-se compadecer ;
Se podem , se tem valia,
O seu forte he proteger,
Trudencias 'saó acanhadas ,
Mas vistosas , e sizudas ;
Vrudcnclanas saõ firmes ,
Porem muito carrancudas,
"Procopias saõ logrativas ,
Policarpins mal geitosas ,
Patrícias indagadoras ,
Pffrjiriça- muita teiiiiosas^
( ?97 )
Saõ raivosas as Q^uitsrlas ,
E saó por fallar damiiadas «
Naõ se podem supporcar ,
Quanrjo estaó agoniadas.
As Rcifinas saó mudáveis ,
Inda que muito se enfeitaó ;
Se pretendem de niajihá ,
Já pela tarde rejeitaõ.
As Ritús saô íT.uito espertas
Saô de muita habilidade ,
Fm tudo çuanto se metlem ,
Naó achaó diificujdade.
"Robertas saó melindrosas ,
E algumas trabalhos áàõ ;
Amoíir.aõ cuem as trata ,
E andaõ sempre em arflicçao.
Roznuras saó animadas
Nen^ saõ bonitas , nem feias ,
Bacharellas , curiosas
Nisto de vidas alheias.
B-icarêas saõ muito vi^a? ,
Por arsjnmentar estalão ,
Estimulaõ-se de tudo ,
Por condição naô se calaõ,
Semanas saó descançadas ,
Nem ga«taõ , nem da<5 vintém i
Inda i^ue fomes padeçao ,
Afferrolaaó quanto tem ,
(zpS )
'R.omtiaUas sao vaidosas ,
E te'n muita presumpçaó ,
Saõ capazes de morder-se
Por qualquer embirraçaó. '
Kai/mufidaí saõ vigilantes ;
Mas tem muitos pondonores ,
Que as fazem andar accezas
No trato dos seus amores.
Rosalincis saõ valentes ;
Rogcrias enredadeiras ;
Razas saô de recear ;
Que em piques saõ as primeiras.
As Simplicias saõ madraças ,
Na cabeça tem defeito ;
E só para namorarem
Se llies descobre algum geito.
As Sabinas saõ baiofias ,
E gostaõ muito de impor ;
As Sazonas muito honestas *
E sabem fugir a amor.
Saõ muito dissimuladas ,
E espertas as Saturninas ;
Mas em acções virtuosas ,
Sempre fôraõ heroínas,
Silverias tem aspereza ,
Sagazes , e dtivas saõ ;
He fmalhar em ferro frio
Mudar-lhcs a condição.
( 299 )
As Senhorinhas saõ grulhas ,
Fallaó té abrir do peito ;
Sejaó formosas , ou feias ,
Todas tem este defeito.
Serafinas quasi todas
Passaõ trabalhosa vida ,
Saõ prestadías , saõ fortes ,
Vivem com muita medida.
Sanchas tem bom portamento
E saõ mui bem inclinadas ,
Esmoleres , muito humildes ,
Perseguidas , e invejadas.
Saõ fixas nos seus projectos
Todas as Sebastionas ;
Enxovalhadas , e rudes
As que saõ Scverianas,
Therczns tem boa vida ,
Sempre á mística inclinadas ;
Mas com toda a devoção
Procuraó ver-se casadas.
As Theodcras todas saõ
Delicadas costureiras ;
Tem arranjo , tem «overno ,
Mas peccaõ por gulhilheiras.
Thimotheas saõ timoratas ,
Prendadas , habilidosas ;
Torquatas tem frenezins ,
Saõ rudes , e saõ teimosas.
( 300 )
Thomazidi saõ diligentes ,
E sabem-se conservar ;-
Ni:i2:ue:n delUs vé hum f^o ,
Sempre promptas a aceitar.
Violãiites saó eiiganhívsas ,
E boas para enfermeira? ,
Que para aíalhar tnotestiis
Seiripre fòraõ as jlrimeiras.
Daó f Ttiria , e tem fortuna
Todas as Volerianiias ;
E «iaõ faitas tle juizo ^
Alíjumas Virtdianiías.
Vitorias 5:aõ muito ale£;res ,
Na ia tem de medorosas ;
Amaó por extremo a paz 9
E sempre saõ nenerosas.
Urstilas todas saó fcilis ,
E tem duro o coração t
Muito amigas de bailar
Por natural condição.
Tem animo , e sa6 robustas
Para tudo as Valentinas ;
Saõ descuidadas , saõ frouxas ,
E parvas as Umhe/inns.
As Venancias saõ .doentes ,
E pouc-i podem consigo ;
Nece<ísitaõ bem , coitadas !
De quem lhes lifva de abrigo.
( 3^1 )
Viccncics saõ boas alma55 ,
JVluito amantes da pobreza ;
Decs me faça Cvomo ajgumas »
Aili só ha sinoeleza !
■&^
Findou o Quadro vistoso
Dos defeitos , e louvores ,
Estaó inettidas as cores
Com hum uíatii engenhoso ;
Se aiííuiTí génio melindroso
Naõ se achar bem retratado ,
Naô Ibe deva isso cuidado ,
A penna póe o que sai ;
E em tais coifas sempre vai
Muito de vivo ao pintado.
( 30i )
Invenção para qualquer pessoa Jazer sonetos ,
ainda que nunca jizesie Versos ; e ist» com
hum "Dado só,
"Explicação dê modo , de que se deve usar nê
seguinte Mappa,
Neste Moppa de nutneros se achaô qua^
iro eolumnas ao comprido, para a primeira qua-
dra dê Soneto ; e de igual modo outras qua-
tro para a segunda ; e mais três eolumnas
para a primeiro terceto , com outras três pa-
ra o segundo, como aponta o mesmo Wappa.
Agora bota-se o Dado , e sahio por
exemplo, huns - í - ; vai*se primeira, colttmna
da primeira quadra , e defronte do numero
do Dado se acha o numero - 44 - : entaõ se
deve ir buscar na Pauta dos Versos o ver»
so , que tem - 44 - que he
Ver finezas , e amor tudo baldado,
Torna-se a botar o Dado, e sahio por
exemplo huns - 5 - • vai- se á secunda columna
do Mappa, e defronte do numero do Dado
se acha o numero - 4 - : procura-se na Pau-
ta dos versos o verso , que tem huns - 4 -
que he
Fax, dar suspiros y faz andar queixoso.
( 303 )
Torna-se a botar o Dado, sahio huns
- 6 - ; vai-se á terceira columna do Mappa ,
e defronte do numero do Dado se acha o
numero - I - : procure-se na Pauta dos ver-
sos o verso , que tem - i - que hs
Nem 0 dia ralar verá gostoso,
Torna-se a botar o Dado, e sahio huns
- 3 - vai-se á cjuarta columna do Mappa , e
defronte do numero do Dado se acha o nu-
mero -65 - procure-se na PauSa dos versos
o verso , que tem - 6i ' que he
Ç^uem for íao infeliz , taõ desgraçado.
Está completa a primeira Quadra do So-*
neto: e assim mesmo.se tira a segunda Qua--
(Ira , e o primeiro , e segunde Terceto '. Pois
que estudado o iVIappa dos números com
as declarações , que tem , he preciso que o
Leitor seja de hum jnizo muito rombo, pa-
ra deixar de atinar cam este diveitimento.
M A P P A
Nufnero do Kwnero d»
Dado, 7. Qna^rn, 'D.,do, 2, Quadra,
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( 3o6 )
Pauta dos Versos com os seus números, fará
se buscarem»
I Nem o dia raiar verá gostoso.
a Dos passados prazeres recordado.
3 E ás vozes da prudência surdos saõ.
4 Faz dar suspiros , faz andar queixoso.
5 Quem naõ quizer entre afRicçóes morrer.
6 E a naô valer-lhe hum braço poderoso.
7 E a naõ o soccorrer o Ceo piedoso.
8 Ou seja com razaó , ou sem razaõ.
9 Quem sua vida alegre quÍ2er ver.
IO Tr«zer hum bem perdido no cuidado,
3 I Nem quando se lhe ofíereça, terá go^o,
12 Cançar-se o sofírimento he mal forçoso,
Ij Quem quizer evitar o desprazer.
14 Quem ser ledo no mundo pertender.
3 $ Em fúnebres idcas engolfado.
tú Que dignos sois, mortaes, de compaixão.
27 E a faltar-ihe hum auxilio milagroso.
iS Viver dos seus amores desprezado.
19 Fuja aos laços, que tem huma mulher.
âO Desmaia o coração cançado , ancioso.
51 1 Fuja aos laços d'amor quanto puder.
22 Cahirá de suicida no altentado.
23 Ah I desgraçada, humana geração.
24 Mísera raça do culpado Adaõ.
25 Todo^ querem seus gostos promover,
3(5 fuja de dar cuvic^ â paixão.
(307)
11 O ver-«e de luima falsa maltratado,
iS Aquelle , a quem tai pena der seu fadoí
29 Quem para tai snfirer foi destinada.
30 Todos querem fortuna , c gloria ter,
51 h'e flagelio de huir. peito gejieroso.
32 Quem socego na vida, e paz quizer.
5 i Ke martyrio cruel , e o mais penoso.
34 Ser amante , e naó ser recoriipensado.
3) Q que para esta dor creou seu fado.
3Ó Porque a dita vein tarde , e se vier.
37 Nem verá do prazer o rosto airoso.
38 Dos homens quanto he triste a condição.
39 Arranca amargo pranto lastimoso,
40 Stw peito rasgará de aiiucinado.
4f Qite assim' rjzaõ o manda, o Ceo o qufr,
42 Nem pôde hum só momento ser ditoso.
45 O seu pezar se torna mais furioso.
44 Ver finezas , e amor tudo baldado ,
45 A si se matará desesperado.
45 Andar seirpre em ciúmes abrazado
47 Mas acercados passos poucos daô.
48 Faz andar noite , e dia pezaroso.
49 Fuja 'sempre cia amante inclinação.
50 Kr:m pode ter hum dia venturoso.
5 I Quem se vir, por desgraça, em tal estado.
52 Quem para afiiicçaõ tal yi foi creado
5 ^ E se o mal naó atalha o Ceo piedoso*
54 Transtorna o coração mais valeroso.
5 ) Todos correm apòz do seu querer.
U z
( 3o8 )
ç6 Fntre as dirás de amor querem , viver.
|f7 Negue sempre os seus braços á prizaô.
f8 Da ventura, que teve, entaõ lembrado.
5 9 Cresce o seu mal passando a pavoroso.
60 Lembra-lhe entan a gloria do passado.
61 A idéas tristes taõ somente dado.
62 Nem ter pode soce^o bem precioso.
6} Qu9m for taõ infeliz, taÔ desgraçado.
64 E a naõ ser hum soçcnrro portcotoso,
6$ E se o fado prosegue por teimoso.
^9 De t istes pensamentos rodeado.
67 Querem todos lograr dita , € prazçr.
63 Por terra çahirá desanimado,
6() Que no fugir de amor esta vencer,
70 PoréíTi por meios rectos isso naõ.
71 Morrerá triste , aíBicto , an^uistiado,
72 Fuja de hir arrastar, duro grilhão.
7 j Aos ítmantcs encantos dè de maó,
74 Que só fugindo evita o padecer.
75 Que tristes homens neita situação.
76 ^ vida exhalará envenenado.
77 E cegamente despenhar-se vaõ.
78 O que tais males naó quizer soffrçr.
79 Oh ! dos homens misérrima illusaõ.
So A prudência calcando , e a rertexaõ.
?i Naõ dt; nunca a mulheres attençaó.
?2 O seu rtamno se faz mais amargoso.
%^ Todos desejaõ venturosos ser.
S4 Seu tormento se faz mais doloroso.
CATALOGO
Dos Livros qiíe se veiíãem na Loja
de João Henriq^Lies , na rua Au-
gusta^ N, I.
/\llej^aça5 Jurídica por Pascoal
José de Mello Freire, feita em
o anno de 1722, em que se pro-
va, I. que os melancólicos por
doenqa nao podem fazer Tesra-
íTiento. 2. Que as Leis da amor-
tisaqaõ comprehendem as I^íise-
ricordias do Reino. 3. Q^ie o
Juízo dos Residuos nao pode
ser Herdeiro, Illustrao-se outros
pontos pertencentes á Jurispra-
dencia Pátria. Tirada d luz por
seu sobrinho Francisco Freire de
Mello , e por elle correcta , e
annotada. Kum folheto, Lisboa
iBió.
Assim vai o Mundo. Nov^lla de
Mr. de Voltaire, i foih. 4.
Accasos da Fortuna ^ ou Livro de
Sortes Divertidas, i. vol. em 12.
Lisboa 1813.
Allegaçao Juridica a favor dos Prio-
res Mores da Ordem de Aviz.
I vol. 4.
Atr3Í3Ía contra os Pedreiros-Livres.
Discurso • sobre a sua origem,
Instituto, segredo , e juramen-
t:?, e os gráos da Maçonaria das
Mulheres. 3. Ediqao. i vo!. 8.
Conhecimentos para embarque Por-
tuguezes , Francezes , e Ingle-
zes.
Collecçao de Entremezes escolhi-
dos. I vol. B. 18 17,
Conselho de Guerra mandado fazer
por Bonaparte aos Gcneraes Mas-
sena, e Souít, obra galante, i
folh, 4.
Descrição de Portugal , aponta-
mentos , e notas da sua Histo-
ria antiga, e moderna Ecclesias-
tica, Civil, c Militar, i. vol. 8.
Elegias d morte de M. M. B. du
Bucage, por tresdifierentes Au-
thores. 3 folhetos de 8.
Escola Fundaniental 5 i. vol. 8.
18 17. .
Elogio da Vaidade, pelo P. Wan-
seler.
Geografia Moderna. 10 vol. 8.
Historia íCerta da Seitn dos Franc-
Massoes , sua Origem , Doutri-
na , c Máximas , oíFerecida .aos
Amigos do Altar, e do Throno.
I foíh. 8.
Jacobinismo vencido pelas razoes
de hum Patriota, i folh. 4.
Luiza, ou a Cabana na Alogôa. 2.
vol. ,
Manual meditativo ás Chagas de
Christo.
Metusko, ou os Polacos. Novelia
de Pigaul Lebrun. j. folh. 8.
Oração Recitada pelo P. Wanseler
na Abertura do Collegio do Der
senho i. foi. 4.
Obras Poéticas de Nicoláo Tolen-
tino de Almeida. 2. vol. 8. 1801,
Obras Poéticas de J. R. P, , e Maia t
offerecidas á hum seu amigo. 2
folh. 8.
Producções Poéticas deJozinoTa-
gidio. I folho 8.
Poética de Horácio , traduvjda j e
explica jâ methodicamente por
Jeronymojoares Barbosa. 2. edi-
ção, í vol. 8. 18 15-,
Pobre Jorge, ou o Militar de For-
niria. I. foi. 8.
Roteiro terresce de Portugal ^ i
vol. 8.
Sexíinas Elegicas ao sempre me-
n^orave! estra^^o da Cidade do
Funchal, da Madeirg na calami-
tosa Aluvião do dia 9 de Outu-
bro de 181 3. I folh. 8.
Setenario de N. Senhora das Do-
res. I. folh. em ló.
Taboada de Livro.
Tragedia, Virginia, por M. C. Pi-
menta e Aguiar. 18 16.
Viagem de Silvério Diniz a varias
terras da America, i vol. 8.
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