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Full text of "Jogo dos dotes, para recreio das sociedades : em que se tirão lindas sortes em verso : e outro jogo de 40 perguntas, e 40 respostas, que se daõ separadas com o livro, para se usar delle cortado, e pregado com massa nas costas de cartas de jogar, ou em cartão ..."

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I  Será [im  Gonçalves  das  Nei es  í5 
,  Com  loja  de  papel  .  e  olíicina  de  í? 
encadernação;aondc  SC  encontra-  o 
rão  sempre  todos  os  objectos  per-  Í5 
tencentes  aescrilorio,assí,n  como  É 
livros  impressos  e  em  l)rauco  por  « 
preços  muito  commodos.  « 

Rua  da  Quitanda   X."  174 


Presented  to  the 

U^RARYofthe 

UNIVERSITY  OF  TORONTO 

by 

Professor 

Ralph  G.  Stanton 


j!( 


JOGO   DOS    DOTES 

PARA  RECREIO 

DAS 

SOCIEDADES, 

pm  que  se  tirão  lindas  Sortes  cm  verso  •,  e 
outro  Jogo  de  40  pergunta<J,  e  40  respostas, 
que  se  daó  separadas  com  o  livro,  pari  se  usar 
delle  cortado,  e  pregado  com  mass-a  nas  costaí 
de  Cartas  de  Jogar  ,  ou  em  cartão.  As  con- 
dições das  Senhor-às  tiradas  dos  seus  nomes  : 
e  huma  invenção  de  fazer  Sonetos  toda  a 
qualidade  de  pessoa  com  hum  dado  so  inda 
que  nwnca  fizess»  verços ,  d-irigindo-se  para 
este  fim  peia  explicação  que  vai  neste  Livro 
no'  lugar  próprio. 

CO  Al  POSTO 

POR 

JOSÉ  DANIEL  RODRIGUES 
DA  COSTA. 

Terceira  EdicçaÕ. 

LISBOA, 

Na  Typogr/^fi^  Rollandtana.* 

1818. 

C&vt  Licença  da  Meza  do  Desemhafgo 

do  I  a^o. 


Digitized  by  the  Intern^Archive 

in  2009  with  funding  from 

University  of  Toronto 


http://www.archive.org/details/jogodosdotesparaOOcost 


lU 


BENIGNO   LEITORo 


J_Lu  me  lembrei  de  cofDpôr  este 
novo  Jogo  dos  Dotes ,  para  vosso 
divertimento,  e  vendo  que  em  al- 
gumas Sociedades,  armando- se  hu- 
ma  banca  de  Voltarete,  fica  o  res- 
to da  companhia,  ou  murmurando 
das  vidas  alheias  ,  ou  dando  vol- 
ta á  colleccaõ  das  modas  ,  á  ex- 
cepçaõ  de  apparecer  hum  Senhor^ 
que  faça  verços,  porque  hade  com 
toda  â  paciência  glosar  aré  á  meia 
noite  ;  nao  achei  desacertado  e^te 
Joguinho,  que  pode  entreter  oito 
Parceiros  interessando  no  Jogo,  e 
rindo  nas  Sortes  ,  as  quaes  estaó 
alegres,  e  decentes,  mas  tsõ  lon- 
ge de  ?e  verificarem,  quanto  o  Au- 
thor  está  de  o  saber ;  porém  como 
o  mundo  he  grande,  e  a  gente,  que 


o  povoa,  immensa ,  poderá  acer- 
tar-se  alguma  ,  meramente  pelo  a- 
caso  j  pois  como  poderei  com  ver- 
dade saber  dos  destinos  dos  ou- 
tros, se  eu  naõ  sei  ainda  qual  vi- 
ra a  ser  o  meu  !  Naô  será  me- 
nos interessante  para  o  divertimen- 
to 5  o  saberem  as  Senhoras  as  suas 
condições  ,  tiradas  dos  seus  no- 
mes ,  que  a  este  Livro  se  ajun- 
taõ  :  e  huma  invenção  ,  taõ  bem 
divertida,  para  com  facilidade  po- 
der qualquer  Pessoa  fazer  Sonetos 
com  hum  d^do  ^  auxiliada  pela  ex- 
plicísçaõ  ^  que  ao  diante  se  deve 
ler ,  inda  que  nunca  fizesse  ver- 
ços. 

Com  esta  Obra  se  dao  qua- 
renta perguntas,  e  quarenta  respos- 
tas ,  e  inda  que  algumas  jocosas , 
todas  Honestas,  que  se  podem  cortar 
á  tisoira,  para  se  pegarem  com  mas-^ 
sa  nas  costas  de  cartas  de  jogar  ^ 


ou  em  qiiadrozinhos  de  cartaõ,  a-  fim 
de  se  baralharem  as  perguntas  se- 
paradas das  respostas ;  porqae  en- 
tão se  ha  de  ver,  que  todas  as 
respostas  servem  a  todas  as  pergun- 
tas. Sei  que  ha  vários  Joguinhos 
destes,  feitos  á  penna*;  porém  naõ 
dignos  de  se  poder  usar  delles  por 
indí^centes :  isto  nasce  de  alguns 
génios  incapazes  de  toda  a  Socie- 
dade,  pensarem  que  a  belleza  da 
graça  está  na  desenvoltura  do  pen- 
samento. Nâó  encareço  as  minhas 
composições  por>boas  ;  mas  tenho 
a  satisfação  de  nao  ter  escandali- 
zado com  ellas  os  ouvidos  do  Pú- 
blico, 

Ora  ha  certeza  de  que  tudo 
isto  he  a  fim  de  se  passar  o  tempo 
em  divertimento,  nao  desmerece* 
rei  o  vosso  obsequio  na  extracção 
desta  Obra;  que  he  o >  meio  mais 
seguro  de  eu   me  animar ,   e  nao 


VI 

largar  a  penna  da  mao,  em  quan» 
to  me  Daó  largar  a  vida.  Eu  vo-la 
desejo  dilatada  ;  e  que  desfrute- 
mos ambos  ,  vós  quatrocentos  e 
oitenta  annos  de  felicidades  ,  e 
eu  quatrocentos  e  oitenta  réis  de 
cada  volume  pela  vossa  interces- 
são. 


Assim  seja. 


MARCHA 

D   O 

JOGO   DOS   DOTES. 

Jtliste  jogo  se  deve  jogar  sem- 
pre a  pares,  de  4,  de  6 ,  ou  de  8 
pessoas  ;  e  se  pode  jogar  a  real  ^ 
a  cinco  réis,  ou  mais  caro;  e  ain- 
da a  confeitos  ,  ou   rebuçados. 

Joga-se  com  hum  baralho  de 
cartas  menos  trcs  azes ,  ncando  só 
no  baralho  o  az   de  oiros, 

Advirra-s*,  qací  o  valor  das  car- 
tas ,  p^ia  em  todo  o  jogo  se  pa- 
gar,  e  receber  por  elle  ,  he  o  se- 
guinte ;=:  Paga-se  pv^r  hum  Rei 
cinco  tentos  :  por  hum  Valete  qíía- 
tro  tenc-^^ :  por  hiáma  Soca  três 
tentos:  e  pelas  cartas  brancas,  tan- 
tos tentOy^  quantos  forem  os  seus  pontos. 

Também  se  deve  já  saber,  que 


VIU 


as  vazas  ?e  fazem  ,  pegandp  as 
cartas  pequen.i^í  nas  maiores  ;  por 
exemplo  :  o^^Dois  pegaô  no  Rei  rr , 
os  Tves  no  Valete  :=  :  os  Qiiatro  na 
Sota  n :  os  Cincos  nos  D^z  :=: :  os 
Seis  nos  Nove  ;=: :  e  os  Setes  nos 
Oitos     :r. 

Sabido  isto  baralhadas  as  car- 
tas, e  cortadas,  se  daô  a  duas,  e 
dua-s^  e  a  ultima,  que  fi:a  na  mao 
depois  de  todo  o  baralho  reparti- 
do, quem  dá  cartas,  a  lança,  e  des- 
cobre na  meza  :  logo.  todos  os  Par- 
ceiros devem  ver  as  cartas,  que  teni 
do  naipe  daquella  ultima  carta  dcs- 
cuberta  ,  e  metteráo  para  o  bóio, 
que  he  o  dote,  os  tentos  pelo  va- 
lor das  cartas  ;  que  acimn  6:a  dito  , 
menos  o  dotado  ,  nu  dotada ,  que 
tudo  que  for  tentos  para  o  ^^ôlo,  naõ 
paga. 

0^1  em  se  acbsr  com  R,ei ,  So- 
ta, e  Valete  de  Oitos ,  o  que  ra- 


IX 


r3S  vezes  succederá ,  rçceberá  para 
si  de  todos ,  sem  excepção  de  pes- 
soa,  doze  tentos  de  cada   hum. 

Feito  o  Dote,  quem  tiver  o  Áz 
de  Oiros  ,  o  lançará  na  meza  y  ao 
pó  de  si,  dizendo  :=:  Dote  :=:  ;  e 
pegará  na  ultima  carta,  que  ficou 
na  meza  ,  para  lhe  supprir  pelo 
dito  Áz ,  que  esse  naõ  joga  ,  e 
só  serve  alh  de  estar  mostrando, 
quem  fui   o  dotado,  ou  dotada. 

Q^jem  tiver  a  S oti  de  Oiros  , 
já  sahe ,  que  ha  de  ser  Madrinha  ^ 
cu  Padrinho^  e  deve  metter  para  o 
Dote  do7e  tCiUos. 

Depois  prin:ipia-se  a  jogar  pe- 
lo modo  seguinte  :  Joga  a  maõ 
dois  rr  ,  que  he  por  donde  deve 
•principiar  sempre,  e  o  immediato 
lhe  deve  botar  o  Rei,  e  vai  a  maõ 
continuando  a  botar  três  :z:  ,  e  o 
immediato  a  botar  Valete,  &c.  se^ 
guindo  a  mesma  ordem  de  cartas , 


que  fica  explicada  no  4.  §.  desta 
narraçáôi 

Se  a  mao  aaó  póJe  seguir  a  or- 
dem, porque  oàô  tem  huns  dois^  he 
tnaõ  o  imaiediato,  e  outro  imme- 
diato  lhe  vai  botando  as  cartas  cc>r- 
respondenres  ,  como  já  se  disse  ; 
porém  tanto  a  maõ,  como  os  imme- 
diatos,  aquém  faltar  a  carta  5  que 
devem  botar  ,  irão  pagando  huns 
aos  outros  o  valor  já  regulado, 
da  carta,  que  nzô  tem,  até  se  achar 
querii  a  íenha^  que  recebe  os  ten- 
tos da  paga  ,  e  bota   a   carta. 

x\dv!rta-sc  ,  que  a  paga  de 
quem  nao  tem  figura  ,  he  para  o 
dote,  e  nari  para  os  outros;  mas 
a  dotc-Ja  j  GU  dctado  por  íigura  que 
lhe  falte  ,  naõ  p^ga  nada  ,  como 
já  se  explicou,  e  só  vai  pagando, 
como  os  mais  ,  pi»'a  o  seu  Parcei- 
ro immediato  da  direita  a  carta 
branca ,   que   naõ  tiver. 


XI 

Muitas  vezes  pôde  succeder 
a  carta  ,  que  se  procura,  achar-se 
em  quem  he  mao  ^  na5  importe; 
depois  de  correr  a  roda  ,  e  paga- 
rem huns  aos  outros  o  valor  da 
carta,  que  nao  tiveraõ,  serve  a  mao 
de  mao,  e  de  pé  naquella  vasa  ,  e 
continua  a  botar  para  o  immediato. 

Assim  se  vai  fazendo  o  gyro  , 
até  quem  jogar  de  maó  ,  ficar  na 
ultima  carta  ;  porque  então  a  de- 
ve lançar  na  meza  ,  d-:/pois  de  fei- 
ta,  e  recolhida  a  sua  uitima  vasa, 
dizendo:  r=^  Cobro  x=^.  Logo  todos 
os  Parceiros,  sem  excepção  de  pes- 
soa, lhe  devem  dar  tantos  tentos, 
quantas  forem  as  cartas,  com  que 
ficarão  na  maõ  ;  e  pagão  para  o 
Dote  tantos  tentos ,  quantos  fo- 
rem os  pontos  das  cartas,  que  ti- 
verem só  do  naipe  daquello  ultima, 
com  que  a  mao  acabou,  como  se  fez 
no  principio  do  J()go,  menos  o  Do- 


xu 


tado^  ou  Dotada  que  nada  devem 
dar  para  o  > Dote. 

Acabado  assim  o  Jogo ,  pega- 
rá z.  Madrinha^  ou  Padrinho  em  hum 
baralho  com  todos  os  azes  ,  e  fa- 
rá que  o  Dotado ,  ou  Dotada  tire 
huma  carta  ao  acaso ,  e  a  metta 
neste  Livro  ,  onde  succeder  ,  e 
abrindo-se  o  Livro  ,  naquella  mes- 
ma pagina  em  cima  achará  hu- 
ma letra  do  Abecedario  entre  qua- 
tro estrellasA,  e  esia  he  a  dominan- 
te, por  exemplo:  ::=  A  carta,  que 
se  tirou  ,  foi  huns  quatro,  e  a  le- 
tra da-  pagina  foi  hum  *  *  N  *  % 
e  o  Dote  cahio  a  homem ;  deve-se 
buscar  no  Livro  a  Sorte  que  tem 
por  cima   !=:    Quatro  —  N. 

e  na  repartição  dos  homens,  achar* 
se-ha  a  seguinte  : 


xin 

Quatro  -n  N. 

Era  passando  seis  Janeiros, 
Nos  quaes  rompas  três  capoteSj 
Huma  Dama  com  dois  dores 
Cahirá  em  teu  poder; 
Se  o  contrato  se  fizer  ^ 
Tu  viverás  sem  desgostos  5 
Porém  perderás  a  vida  , 
Em  passando  seis  Agostos, 

De  igual  modo  se  tirão  a^s  Sor- 
tes ás  Senhoras  ^  pois  que  neste 
Livro  estaõ  separadas,  e  depois  de 
ser  lida  a  Sorte  por  huma  pííi>soâ  ex- 
pedita, o  Padrinho^  cu  Madrinha  t^ 
tregará  o  dote  ao  Botado  ou  Dotada. 

E  por  esta  formalidade  se  pó* 
de  ir  jogando  outra  vez  5  para  se 
entreter  a   companhi'a.    . 

Adverte-se  ,  que  neste  Livro 
se  podem  também  tirar  Sortes  des- 
ta forma,  sem  ser  preciso  jogar-se 
o  Jogo. 


XIV 


Dúvidas  que  se  prídem  offerecer  neste 
Jogo ,  e  forma  de  se  desembara- 
farem. 

I^uando  siicceda  ficar  o  J'z  dè 
oiros  por  ultima  carta  na  tnaõ  de 
quem  as  der,  deve  esta  mesma  pes^ 
soa,  em  castigo,  dar  três  tentos  a  ca- 
da Parceiro,  e  tornar  a  dar  as  cartas. 

Quando  succeda  ser  a  Sota  de  oi- 
ros  a  ultima  carta,  que  se  descobrir, 
será  Padrinho ,  ou  Madrinha  quem 
der  cartas. 

Quando  succeda  cahir  a  Sota  de 
9Íros  ao  Dotado^  ou  á  Dotada^  fica  a 
ar^DJtrio  destes  escolher  para  Padri^ 
rM  ,  ozi  Madrinha  quem  quizer  da 
roda. 

Quando  succeda  a  algum  Par- 
ceiro deixar  de  botar  carta,  occul- 
tando  a ,  <iu  no  principio,  ou  no 
fim  occultar  alguma  carta  do  nai- 
pe 5  por  naÕ  pagar,  cxhibirá  para 


XV 

o  Dote  tantos  tentos ,  quantas  car- 
tas tiver  na  maó ,  no  instante  em 
que  se  lhe  der  com  o  engano,  que 
fez. 

Advirta-se  também,  que  a  maõ 
he  quem  jogou  o  primeiro  dois  , 
e  o  continua  a  ser  em  quanto  nao 
vier  cartada,  em  que  devendo  jo- 
gar outro  dois,  diga:  Nao  tenho 
dois  y  porque  entaõ  fica  sendo  maõ 
aquelle,  que  segundo  a  ordem  de 
jogar  tiver  o  segundo  dois;  e  o 
mesmo  se  observará  a  respeito  do 
terceiro,  e  do  quarto  dois  :  de  sor- 
te que,  quem  tiver  ultimamente  o 
quarto  dois,  he  que  hà  de  dar  as 
cartas  na  seguinte  roda.  E  por  con- 
seguinte '  se  devendo  a  maõ  jogar 
hum  quatro  ou  rutra  carta  naõ  a  ti- 
ver, nem  por  isso  perde  o  sermão.^ 
ainda  que  pague  os  tentos  ,  para 
aquelle  ,  que  no  circulo  do  Jogo 
mais  proximamente  tiver  a  caria  Que 
se  deve  jon;an 


SORTES 

PERTENCENTES 

A    SENHORAS, 


A 


As  =  A. 

Tens  hum  noivo  de  invejar ; 
Nas  palmas  te  ha  de   trazer , 
E  n'um  filho,  que  ha  de  ter, 
Amparo  te  ha  de  deixar: 
Mas  talvez  haja  huma  filha , 
Com  quem  tu  naõ  faças  vasa  , 
E  que  seja  pela  sonsa , 
  destruição  da  casa. 

As  =z  B. 

Será  figura  acanhada 
Aquelle,  com  quem  casares  ; 
Terá  negocio  nos  mares, 
Livre  sempre  de  tormenta : 
Ha  de  ser  teu  com  sessenta} 
Em  nada  te  fará  falta, 
A   pezar  de  Ser  forreta : 
Tanto  terá  de  jarreta  , 
Quanto  tu  tens  de  peralta. 

A 


(O 


Js  z=:  C. 

Senhora,  hum  amável  homem 
Vos  auguraÕ   por  Marido  ; 
De  talento,  e  comedido, 
Muito  grave  ,  e  verdadeiro. 
Apenas  mostra  o  desar, 
De  naó  ter  muito  dinheiro. 

As  =2  D. 

Oum  jogador,  toda  a  vida. 

Casareis,  n^as   naó  sei  quando, 

A  casa  infeliz  fazendo  , 

Será  hum  brinco,  em  ganhando, 

Mas  hum  leaõ,  em  perdendo; 

E  se  o  souberes  levar 

Com  amor  humildemente  , 

Melhor  será  para  ti ; 

Que  pode   huma  vez  prudente , 

Ainda  cahir  em  si. 


f  3) 

B 


Ás  ■=.  E. 

Pobremente  vivirás; 

Porque  o  teu  Noivo  he  mui  pobres 

Tanto  terá  de  tracista. 

Quanto  tem  de  grave  ,  e  nobre  j 

Porém  na  boa  Madrinha  ^ 

He  que  deves  confiar  , 

Que  tanto  engraçou  comtigo  , 

Que  sempre  te  ha  de  amparar. 

As  =  F. 

O  dote,  que  te  sahio , 
Naõ  foi   para  casamento; 
Que  tu  tens  inclinação  , 
Antes  ,  de  entrar  n'um  Convento  i 
Naõ  mudes  de  pensamento  , 
Prosegue  no  santo  fim  , 
Se  naõ  cuidas  no  enxoval  ^ 
Olha  que  ficas  assim  ! 

A  % 


(4) 


As  :=z  G. 

• 

Guarda  o  dote",  e  vai  vivendo  j 
Que  em  solteira  vives  bem, 
Por  naõ  dares  c'um  vadio, 
Que  estrague  o  que  teu  Pai  tem 
Para  casares  he  cedo , 
Naõ  perdes  inda  por  tarde ; 
E  deves  de  homens  ter  medo. 

As  =  H. 

Para  que  queres  casar, 
Sem  o  marido  temer  ? 
Se  o  génio  forte  ,  que  tens , 
Vai  botar  tudo  a  perder! 
Ora  pois,  haja  cautela; 
Que  com  génio  taõ  danado, 
Em  o  Noivo  o  presentindo, 
Ficou  o  caldo  entornado. 


Xs  ) 

C 


As  '=z  L 

Ninguém  o  teu  Noivo  entende, 
Anda  c'o  a  proa  no  ar; 
Ora  diz ,  que  te  quer  muito  , 
Ora  5  que  naó  quer  casar : 
Elle  naõ  mata  ,  nem  furta , 
Mas  tem  lá  hum  certo  que.  . . 
Que  lhe  põe  a  fama  á  curta. 

As  -  L. 

Sois,  Senhora,  tao  medrosa 
Nisto  de  escolher  marido  , 
Que  creio  será  por  vós , 
Somente  o  dote  comido. 


(6) 


Js  ~  M. 

Andarás  noites,  e  dias, 
Gemerás  mezes  ,  e  annos  , 
Muito  cheia  de  promessas , 
Illudida  por  maganos : 
Mas  o  que  te  valerá  , 
He  teu  bom  comportamento, 
Que  em  grave  procedimento , 
Gostosa  te  deixará. 

Js  zn  N. 

Coitado!  Nao  tem  hum  olho 
O  Noivo,  que  ros  pcrtende; 
Mas  suppre  taô  grande    falta, 
O  quanto  de  tudo  entende. 


(7) 

D 


^j  =  O. 

Elle  quer,  evos  tombem, 
Mas  naõ  sei,  que  ha  entre  os  dois, 
Que  inda  casar  naô  convém  : 
Dai-lhe  tempo  a  botar  linhas, 
E  vós  vede  o  que  fazeis, 
Bom  acerto  he  cousa  rara  : 
E  he  melhor  pensar  agora  , 
Do  que  dizer,  se  eu  pensara  \ 

As  =  P. 

Sem  Pai  ,  sem  Mai  ficareis  , 
Sósinha  desamparada  ; 
Mas  como  sois  pobre  honrada  , 
Feliz  vos  conservareis. 


(8) 


As  =1  Q. 

Pôde  estar  desenganada , 
Que  ha  de  acertar  muito  bem, 
E  que  assim  zomba  zombando, 
Taô  bom  Noivo  ninguém  tem: 
O  ponto  está  se  conserve 
Com  o  mesmo  comportar ; 
Porque  em  se  vendo  de  posse  , 
Em  homens  naõ  ha  fiar. 

As  =  R. 

Guardai  o  dote ;  porém. 
O  Noivo  mui  pouco  atura  j 
Pois  nas  vésperas  do  dia 
Ha  de  haver  tal  diabrura, 
Que  por  causa  de  huma  Tia, 
Se  bote  agua  na  fervura. 


(9) 

E 


Js  =^  S. 

Tendes  bom  dote,  e  Madrinha, 
Mas  receio  o  máo  acerto  ! 
Pois  tanto  tendes  de  boa, 
Tanto  o  Noivo  tem  de  esperto: 
E  nao  sei,  se  huma  visinHa, 
Invejando  a  vossa  sorte. 
Vos  encherá  de  desgostos  , 
Dando  nos  ciúmes  morte. 

Js  zz  T. 

Casar,  naõ  casa,  descance, 
E  livra-se  assim  de  boa  ; 
Porque  inda  que  Noivo  alcance, 
E  queira  casar  á  toa , 
Ha  de  soheira  ver  ir 
O  rapaz  parar  a  Goa* 


(    IO) 


Todos  vos  dem  parabéns  , 
Ninguém  tem  fortuna  igual  ? 
Tendes  hum  Noivo  Taful , 
Tanto  peza  ,  tanto  vai ; 
E  como  ha  de  ser  herdeiro, 
E  ficar  mui  bem  da  herança : 
Fica  ouro  fio  a  balança , 
Por  discreto^  e  por  chineiro. 

Js  =z  X. 

Nao  digo,  que  nao  caseis, 
Se  isso   vos  pede  a  vontade  ; 
Mas  olhai  ,  que  isto  annuncia 
Ruina ,  e  necessidade. 


(>' ) 

F 

As  =  Z. 

Dizem  ahi ,  que  he  José 
O  vosso  Noivo,  Senhora; 
Outros,  que  ha  de  ser  António; 
Porém  em  chegando  a  hora  ^ 
(  Nisto  bastante  me  arrisco  ) 
Talvez  que  a  sorte  vos  dê 
Hum,  que  se  chame  Francisco: 
Que  nem  he  bom  ,  nem  he  máo  , 
Que  ha  de  ser  assim  ,  assim  ; 
E  será  fortuna  vossa  , 
Conservallo  até  ao  fim. 

Dons  =:  A. 

Aqui  naõ  casas  por  certo  , 
Longe  vai  teu  bom  agoiro  ; 
Com  jornada  de  oito  dias 
Acharás  Marido ,  e  oiro. 


(") 


I>ous  =  S. 

Nesta  boa  companhia 
Já  ninguém  vive  enganado  ,• 
Porque  vós  tendes  hum  Noivo.^ 
Ha  muito  tempo  engendrado: 
Elle  he  grave  ^  he  abastado ; 
E  casais  perfeitamente  ,    - 
Ha  de  ser  a  vossa  vida 
Inveja  de  muita  gente. 

Dous  :=.  C. 

Nas  Amigas  achareis 

Algum  Noivo,  irmão  de  alguma  ; 

E  contente  ficareis  , 

Vendo  o   quanto  vos  obriga 

A  escolha  da  boa  Amiga, 


(13) 

Dous  :=z  D. 

O'  filha!  nojenta  cousa 

He  o  Noivo,  que  vos  quer! 

Muito  aíFerrado  ao  que  tem , 

E  cioso  da  Mulher : 

Em  quanto  ao  meu  parecer, 

Era  melhor  naõ  casar ; 

Se  tendes  huns  Pais  taõ  bons 

Comer ,  beber  ,  conservar. 

Dons  zn  E. 

Ide  fazêlo  depressa, 
Tendes  dote,  tendes  tudo; 
Mas  haveis  de  ter  hum  Filho 
Coixo ,  cego ,  tolo  ,  e  mudo. 


(  H) 


DotlS  :=z  F. 

Esses  olhos  naõ  enganao! 
Já  o  tendes  escolhido, 
E  até  muita  gente  sabe, 
Quem  ha  de  ser  o  Marido  : 
O  que   todos  achaõ  máo, 
He  que  sendo  elle  hum  feitiço , 
Andeis  vós  entre  as  Amigas 
Com  escondefêlos  nisso. 

Bons  -=.  G. 

Como  gostais  de  mandar  ; 
Hum  Marido  haveis  de  ter, 
Que  a  tudo  se  ha  de  humilhar, 
Para  vos  obedecer. 


H 


Dons  -  H. 

He  ditado  muito  antigo, 
Dizer  5  que  m  Ceo  se  talha 
O  Marido y  ou  a  mortalha^ 
E  como  isto  he  verdadeiro  , 
Nos  dous  lances,  que  te  aponto, 
Olha,  naõ  chegue  o  segundo. 
Antes  que  venha  o  primeiro. 

Dous  -zz  I. 

A  Senhora  he  mui  ladina  ! 
Quiz  o  seu   dote  chupar , 
E  sabia  muito  bem  , 
Que  naõ  podia  casar: 
Ora  tome  o  meu  conselho , 
Se  nos  naô  quer  desgostar , 
Deixe  o  dote  a  alguma  Órfã, 
Que  se  pertenda  amparar. 


(i6) 


Dous  zz  L, 

Vossos  bens ,  e  vossos  males , 
Com  homens  naõ  sei  que  tem  ! 
Que  na  escolha  do  Marido 
Tendes  males ,  e  hum  só  bem: 
A  ser  assim  ,  mais  convém 
Jogar  a  vasa  de  fora  ; 
Que  inda  que  ficais  solteira  : 
Ficais  formosa  ,  e  Senhora. 

Dous  =.  M. 

Vivirás  em  santa  paz, 
Com   huma  doce  uniaó; 
E  teus  filhos  teraô  todos 
Huni  benigno  coração. 


(17) 

*  *  X  *  * 

Dous  =  N.   - 

Foi  mal  empregado  o  dote^ 
Porque  a  vossa  condição  , 
Já  naõ  admitte  no  peito 
L)e  Amor  a  doce  paixão. 
Gostais  muito  de  zombar  ^ 
Naô  gostais  de  casamento, 
Porque  o  voss«   pensamento 
He  com  todos  chalrear. 

Dons  z=L  O, 

Huma  Enteadla^  que  tens^ 
Ha  de  ser  o  teu  flagello, 
E  a  ruina  dos  teus  bens  : 
Em  quanto  esta  naõ  casar  ^ 
Naõ  deves  de  forma  alguma 
Segundo  estado  tomar. 


B 


(i8) 


Dous  =:  P. 

Ha  de  enterrar  o  primeiro, 
Ha  de  casar  com  segundo, 
E  também,  se  naõ  me  engano, 
Encher  de  filhos  o  Mundo : 
O  sabêllos  crear  bem  , 
Será  sua  redetnpçaõ ; 
E  ter  o  segundo  Noivo 
A  mais  bella  condição. 

Dons  zz:  Q. 

Pode  ser  bom,  e  naõ  ser, 
O  casares  tao  menina : 
Antes  velho  que  rapaz ; 
Que  hum  Taful  tudo  arruina, 
E  hum  velho  sabe  o  que  faz. 


( I?) 

Dous  =  R. 

Velhinho  sim ,  mas  honrado , 
He  só  quem  te  ha  de  buscar , 
E  te  pode  acautelar 
De  algum  successo  malvado  j 
Será  tanto  do  teu  gosto 
Este  velho,  grave,  e  bom. 
Que  naõ  só  te  fará  rica, 
Mas  aié  te  dará  Dom, 

Bous  =  S. 

Que  importa,  que  hum  Noivo  aches, 
Por  quem  sejas  amparada, 
Se  por  hum  desquite  ficas  , 
Nem  solteira,  nem  casada. 


B 


(xo) 


Dous  z=i  T. 

Oh  que  bem  acertareis! 
Se  derdes  de  mao  a  tudoj 
Descançada  ficareis  , 
Dando  de  boa  sinaes 
Na^estimavel  companhia 
De  vossos  amantes  Pais. 

jDous  ==  V. 

Sempre  a  servir  costumada, 
Pobremente  vivireis; 
Em  casada  ,  ou  em  viuva, 
Nunca  vos  augmentareis : 
E  dera-vos  hum  conselho. 
Pois  que  nao  sois  a  primeira 
Vos  conservásseis  assim, 
Alegre ,  pobrs ,  e  solteira. 


(21    ) 

M 


Bons  -=-  X. 

Andarás  n'huma  incerteza, 
Ora  caso  ,  nao  caso ; 
Mas  depois  que  o  terno  Noivo. 
Te  der  desse  dia  o  praso  , 
Na6  te  poderá  cumprir , 
O  quanto  entaõ  te  disser , 
Pois  tal  doença  ha   de  ter. 
Que  podes  pezar-te  a  cera , 
Se  elle  delia  naó  morrer. 

Dous  =:  Z, 

Formidável  comilão 
Será  teu  novo  Marido ; 
Em  banquetes  ,  e  funções 
Tudo  ha  de  ser  destruido. 


(22) 


Tres  ==  A 

O  Marido  naõ  he  bom ; 
A  sorte  naõ  ta  cobiço  : 
Faze  lá  o  que  quizeres, 
Que  he  melhor  naõ  fallar  nisso. 

Tres  =  B. 

A  ísorte  te  dá  Marido, 
Bonito,  airoso,  e   bem   feito; 
Mas  vê,  que  hum  temível  pleito 
O  põe  no  mar  submergido  ; 
Pois  indo  a  fazer  viagem  , 
Taõ  máo  tempo  ha  de  encontrar , 
Que  verá  nas  crespas  ondas 
A  triste  vida  acabar. 


(  ^3  ) 

N 


Tres  zz  C 

Terás  Marido  discreto , 
E  de  boa  condição ; 
Valente  no  ultimo  ponto  , 
Em  tendo,  a  espada  na  mac  ; 
Mas   a  pezar  da  prudência  , 
De  que  dotado  ha  de  ser , 
Hum  atraiçoado  golpe 
Fará  seus  dias  perder. 

Tres  =  D. 

Aos  tres  annos  de  casada 
Ta6  louca  função  farás, 
Que  a  ruina  a  teu  marido 
Na  tal  festa  forjarás. 


(m) 


Trer  n:  E. 

Tens  Marido,  rico,  e  nobre, 
Mas  taõ  cheio  de  demandas  , 
Que  has  de  vir  a  ficar  pobre : 
E  de  hum  bisneto  os  respeitos 
Faraõ  que  venha  a  cobrar 
Algum  vintém  desses  pleitos , 
Que  o  Bisavô  começar. 

Três  =  F. 

Inda  ha  de  ser  mui   rapaz 
Esse  Noivo  ,  que  escolheres ; 
E  até  te  dará  má  vida, 
Por  causa  d'outras  mulhereSo 


( ^? ) 

*  *  V->/  *  ^ 

Três  =  G. 

casar ,  e  ter 

Haveis  de 

Tanto  dos  bens  da  fortuna. 
Que  da  vossa  grande  casa 
Sereis  a  firme  columna : 
Haveis  entrar  na  doidice 
De  casar  segunda  vez  , 
E  os  filhos  vos  deixaráo  , 
Vendo  o  Padrasto  má  rez. 

Três  z=i  H. 

No  casamento,  que  fazes, 
Vas  ,  coitadinha  ,  enganada  ; 
A  casa  naõ  terá  paz , 
Andará  sempre  arrastada. 


(26) 


Três  —  I. 

Nao  SOIS  formosa ,  nem  feia  ^ 
E  por  isso  casareis , 
Mas  com  a  vossa  soberba 
Doudo  o  Marido  fareis  ; 
De  sorte  que  em  poucos  mezcs 
Viuvinha  ficareis. 

Três  ~  L. 

Com  ciúmes  mal  fundados 
O  Noivo  te  fará  tonta: 
Arrufinhos,  trombas,  nicas, 
Cousinhas  de  pouca  monta. 


(«7) 
P 

J 

Três  =  M. 

O  Marido  ha  de  ser  bom  , 
Mas  o  Cunhado  hum  demónio  ; 
Mudará  tudo  de  tom  , 
Enredando  o  Matrimonio, 
Dar-vos-ha  tantos  desgostos 
Este  Irmaó ,  que  elle  trouxer , 
Que  ha  de  expor  vosso  Marido 
A  fugir  5  ou  a  morrer. 

Três  ~  N. 

Vens  achar  por  grande  mina 
Hum  Marido  em  tudo  igual , 
Querendo-te  tratar  bem , 
Fugindo  de  tratar  mal. 


(28) 


Três  =:  O. 

Tens  hum  homem  por  Marido, 
Qae  ha  de  ser  impertinente , 
Sem  querer  de  forma  alguma , 
Qae  sejas  vista  da  gente: 
Andará  sempre  a   teu  lado  , 
Cuidando  que  alguém  te  perde , 
Em  fim  naõ  serás  Senhora 
De  pôr  pé  em  ramo  verde. 

Três  r=  P. 

Nao   sei  que  te  hei  de  dizer , 
De  tomares  novo  Estado, 
Póje   ser  vivas  ditosa  , 
Se  emendares  o  passado. 


Três  =  Q. 

O  Marido  naõ  he  máo  , 

Mas  huma  negra  fiança 
O  ha  de  pôr  em  mudança; 
E  por  esta  currióla  , 
Toda  a  casa  ficará 
Por  portas,  pedindo  esmola. 

Três  zz:  i?. 

Huma  Senhora  tao  bella  , 
E  de  Juízo  tao  forte  , 
Bem  sabe  o  que  lhe  convêm 
Casar  de  nenhuma  sorte  ^ 
Solteira  passará  bem. 


(  3o) 


^  Três  =  S. 

Escrevco  a  dura  morte 
Com  longos  dedos  mirrados, 
No  livro  das  infelices 
Os  teus  dias  desgraçados: 
Tornar-se-hao  aíForcunados , 
Se  te  souberes  vencer , 
Naó  maltratando  o  Marido 
Com  génio  taõ  desabrido. 

Três  =z  T. 

Que  importa  ,  que  vós  ,  Senhora  , 
O  trateis  taõ  fielmente  , 
Se  elle  ha  de  estragar-vos  tudo, 
Mettido  com  outra  gente. 


(31  ) 

T> 

Três  =z  F. 

Coitíídinha  !  E's  condemnada  , 
Por  casares  com  dinheiro , 
A  tratar  sempre  d'hum  homem 
Doente,  velho,  e  chineiro! 
E  ainda  de  mais  a  mais, 
Ha  de  enterrar-te  primeiro  ! 

7res  =z  X. 

Modera  os  teus  appetites; 
Naõ  vás  as  modas  seguindo; 
Vive  como  tua  Mana  ; 
Porque   senaõ  ,  em  casando 
Darás  c'o  a  casa  em  pantana. 


(30 


Três  rz  Z. 

Valha-me  Deos  ,  com  teus  Pais  ! 
Que  por  serem  taõ  forretas , 
Te  causao  tormentos  taes! 
Que  inda  que  queirais  casar, 
Só  por  morte  d'algum  delles 
O  poderás  alcançar ; 
Mas  isso  virá  taõ  tarde  ,    ' 
Que  depois  te  ha  de  pezar. 

Três  =  J. 

Pelo  muito ,  que  tiveste  , 
E  que  despendeste  mal , 
He  que  has  de  padecer  fome  , 
Na  velhice  ,  tal ,  ou  qual. 


(35  ) 

s 

Quatro  n:  B. 

Conserva  o  templo  de  Araor^ 
Escrito  com  letras  de  oiro 
O  nome  dos  teus  Amores 
Guardado  como  thesoiro: 
Pois  o  rapaz,  que  namoras, 
Tem  tanto  merecimento , 
Que  por  inveja  haô  de  muitas 
Estorvar-te  o  casamento. 

Quatro  nz  C. 

Vós  he  que  tendes  a  culpa 
De  viverdes  desprezada ; 
Melhor   he   querer  hum  só  ^ 
Que  ser  de  mil  namorada. 


(34) 


Quatro  =:  D. 

Serdes  muito  janelleira , 
He  qUe  vos  faz  todo  o  mal ; 
Pois  vos  juigaõ  bandoleira: 
Se  quereis  ser  a  primeira 
Nos  créditos  de  Senhora, 
Com  todo  o  merecimento, 
Mudai  esse  vicio  agora  , 
E  tereis  bom  casamento. 

Quatro  -n  E, 

No  novo  Estado,  que  queres, 
Na6  te  posso  dar  conselhos ; 
Para  fugires  dos  males, 
O  Mundo  tem  mil  espelhoí?. 


(  35  ) 

T 

Quatro  zz  K 

A  vossa  herança  ,  Senhora  , 
Que  tendes  de  hum  bom  parente  ^ 
Ha  de  fazer,  que  comvosco 
Queira  casar  muita  gente: 
Mas  por  serdes  de  juizo, 
Deveis   calcular  primeiro  , 
Que  os  Noivos  naõ  vem  por  vós^ 
Mas  sim,  atraz  do  dinheiro. 

Quatro  ~  G. 

Em  quanto  hum  Mano,  que  itnSy 
Viver  comtigo  por  gosto  , 
Vive  também j  que  se  casas, 
Has  de  lhe  causar  desgosto. 


C    2 


CsO 


Quatro  =  H. 

Com  hum  homem  casareis , 
Que  vos  fará  sua  escrava, 
Tratando-vos  muito  mal, 
Cousa  que  ninguém  julgava: 
Porém  se  fordes  prudente  , 
Mostrareis  a  toda  a  gente. 
Que  homem  de  má  condiqao 
Com  geito  vem  á  razaõ. 

Quatro  =  /. 

Nao  vivirás  muito  bera, 
Se  acaso  fores  cazada, 
Porque  has  de  ter  huma  Sogra , 
Que  ha  de  parecer  damnada. 


(37) 

V 


•    *       T        *    * 

Quatro  =^  L. 

Vosso  Marido  ,  Senhora  , 
He  hum  pouco  atoleimado; 
Vós  he  que  o  deveis  reger , 
E  trazello  refreado  : 
EUe  por  ser  abastado  ^ 
Foi  porque  vos  agradou; 
Segurança  vos   naô  dou 
De  terdes  feliz  estado. 

'     Quatro  ^=^^M, 

Casaste  a  primeira  vez  y 
E  bem  naô  te  succedeo  ; 
E  naõ  deve  outro   querer, 
Quem  tal  Marido  perdeo. 


(38  ) 


Quatro  -=•  N\ 

Duas  Damas  de  igual  nome , 
Sendo  tu  huma  das  duas  , 
Mostraô  de  casar  ter  fome  : 
Sem  hufTia  saber  da  outra  , 
Ambas  o  mesmo  namorao  ; 
Elle  ambas  traz  enganadas  , 
Porque  ambas  distantes  morao* 

Quatro  =:  O. 

Se  o  desejo  te  naõ  pede 
O  laço  do  Matrimonio, 
Foge  s^empre  dessa  rede ; 
E  vivirás  sem   tormento  , 
Escolhendo  algum  Convento. 


(  39) 

X 


Quatro  =  P. 

Forte  casamento  fazes, 

Se  o  Noivo  insistir  no  empenho  l 

He  justo  depressa  cascs. 

Porém  se  elle  naô  qiiizer, 

E  retractar  a  palavra , 

Vai  hum  Convento  escolher. 

Quatro  =z  Q^ 

Porque  conheceis  muT  bem 
O  pezo,  que  o  estado  tem  , 
Senhora,  vós  naÕ  casais, - 
Pois  alcanqa  sempre  menos  , 
Toda  a  que  merece  maivS. 


(4o) 


Quatro  zz  R, 

He  hum  velho  rabugento,* 
Cioso,  e  muito  achacado, 
Que  naó  podendo  comsigo  , 
Comvosco  quer  ser  casado: 
Bom  casamento  naõ  he ; 
Porque  de  noite,  e  de  dia, 
A  casa  ha  de  ser  galé. 

Qiiatro  =  S, 

Vivei  com  vossas  Irmãas, 
Que  mais  contente   viveis; 
E   se  desejais  casar, 
Vede  bem  o  que  fazeis. 
Porque  bom  iGm  nao  tereis. 


(4-  ) 

7 

Quatro  =  T. 

Se  tu  dos  trinta  escapares, 
Por  certa  moléstia  occulta  , 
Terás  os  Noivos  aos  pares  ; 
Mas  por  melhor  acertares , 
Olha  naõ  te  cances  mais, 
Deixa  vir  o  que  vier , 
A'vontade  de  teus  Pais. . 

Quatro  =z  V. 

Tens  hum  Noivo  ta6  mudável, 
Que  até  no  modo  de  vida, 
Ha  de  ser  intolerável; 
E  do  seu  génio  a  incerteza 
O  p6e  na  maior  pobreza. 


(4^  ) 


Quatro  n  X 

Ter  amor  hc  mui  bonito ; 

Mas  ha  pouco ,  a  quem  se  tenha ; 

E  aquella ,  que  mais  se  empenha 

Em  ter  escolha  acertada, 

Vem  a  ser  a  mais  lograda : 

Para  ti ,  o  que  conrem^  - 

He  homem,  que  ganhe   bem. 

Quatro  =  Z, 

N'huma  funçaô  ,  onde  has  de  ir. 
Do  Noivo  zelos  terá§, 
E  os  ajustes  desfarás : 
Mas  por  caprixo  do  lance. 
Sem  casares  ficarás. 


(43  ) 

A 

Cinco  ^=^  A. 

Andarás  immenso  tempo 
Sem  achares  quem  te  queira  \ 
Porém  hum  lance  terás , 
Em  que  a  tantos  mostrarás, 
Que  tens  brio,  e  tensjuizo; 
E  hum  homem ,  que  o  lance  vir , 
Para  casares  com  elle , 
A  teu  Pai  te  ha  de  pedir. 

Cinco  =:  5. 

Nao  caseis  com  tanta  pressa, 
Tirai   delle  informação  ; 
Porque  tanto   tem  de  rico. 
Tanto  de  má  condição. 


(44) 


Cinco  =:  C 

O  Marido  será  bom  , 

Muito  prompto  em  te  querer ; 

E  tu  vivirás  em  paz  , 

Mas  sempre  tens ,  que  temer. 

Porque  te  diz  esta  sorte  ^ 

Que  lá  no  segundo  filho 

Podes  ter  na  vida  corte. 

Cinco  r:  Do 

Casarás  com  o  sentido 
De  teres  muito  de  teu ; 
Porém  a  sorte  te  explica  , 
Que  só  de  filhos  ,  e  filhas , 
He  que  serás   muito  rica. 


(4?) 

R 

Cifíco  rz  E, 

Homem  cheio  de  demandas, 
De  mil  trabalhos  curtido, 
Qs^er  ser  o  vosso  Marido : 
Outro  muito  rapaz  quer 
Na  posse  prevalecer. 
Tendes  tempo,  considerai; 
Bom  he  sondar  bem  o  váo ; 
Que  a  fortuna  deste  estado 
Consiste  em  ter  bem  cacáo. 

Cinco  zz:  p. 

Porque  aíFectais  de  solteira , 
Se  vemos ,  que  sois  casada  ? 
Deixai  metade  do  dote 
A  alguma  desamparada. 


(40 


Cinco  ■=:  G. 

Com  semblante  carrancudo, 
Mui   porco,  e  mal  encarado, 
Sempre  aíFectando  de  mudo , 
He  de  vosso  Noivo  o  estado; 
E  cioso  a  vosso  lado , 
Sem   que  a  deixar-vos  se  atreva , 
Cuidará  que  o  ar  vos  leva. 

Cinco  zr  H, 

Terás  hum  marido  irado, 
Será  máoy  e  será  bom, 
Como  por  ti  for  levado; 
Mas  no  soíFrer  ,  e  abster, 
He  que  está  todo  o  vencer. 


(47  ) 

c 

Amar  e  saber  amar , 
Saõ  pontinhos  delicados , 
Os  que  amaõ  naô  tem  conto , 
Os  que  Sabem  saó  contados : 
Razaõ,   porque  desprezados 
Devem  por  vós  ser  os  homens ; 
E  se  teimais  no  projecto, 
Seraõ  rigores,  e  injúrias, 
O  premio  do  vosso  affecto. 

Chico  =:=  L. 

Elle  por  si  naõ  he  máo  ; 
Mas  hum  Tio,  que  elle  tem, 
Se  teimar  em  que  naõ  case , 
Nao  vos  ha  de  fazer  bem. 


(48) 


Cinco  =L  M. 

Que  casas  he  com  certeza  ; 
Mas  casas 5  sem  tom,  nem  som 
Sem  juizo ,  e  sem  escolha, 
Por  julgares   tudo  bom. 
C'o  sentido  de  ter  Dom , 
O  buscas  afidalgado  ; 
Porém  mudando  de  estado, 
Verás  o  quanto  padece  , 
Quem  transtorna  os  seus  limites, 
E  quer  mais  do  que  merece. 

Cinco  =:  N. 

O  teu  gosto  he  viajar; 
E   na  tua   sorte  vejo  , 
Que  só  assim  has  de  achar 
Hum  marido  ao  teu  desejo. 


(49) 

D 


^    *   Jk — ^    ^    ^ 

Cmco  —  O* 

Has  de  ser  bastante  rica, 
Vivirás  muito  gostosa; 
Porque  o  braço  do  teu  Noivo 
Te  fará  sempre  ditosa  : 
Principiando  por  pouco. 
Mostrará  que  geito  tem, 
Para  grangear  a  vida, 
Sem  depender  de  ninguém, 

Cwco  =  P. 

Tendes  hum  Marido  guapo  , 
Que  exceda,  naõ  ha  nenhum, 
E  para  casar  comvosco, 
;  .  Deixa  dezoito  em  jejum. 


D 


(50) 


Cinco  ==  2: 

Casaras  ,  amansarás , 
Ditado  que   todos  sabem, 
E  que  depois  exprimentaõ , 
Os  que  com  o  bem  naõ  cabem : 
Assim  tu  virás  a. ser , 
Mudando  o  génio  que  tens  ; 
Mas  da  escolha  ,  que  fizeres , 
Ninguém  dará  parabéns. 

Cinco  ■=:  R. 

Tendes  hum  íNoivo  flexível , 

Que  por  vós  ha  de  morrer. 

Mas  a  bondade,  que  tem,  || 

Ha  de  botallo  a  perder. 


E 

Cinco  =  S. 

Será  o  teu  lindo  Noivo 
Destes  ,  que  a  fortuna  dá. 
Sempre  a  comprar,  e  a  vender 
O  seu  negocio  fará; 
Mas  com  taõ  bom  coração 
Para  toda  a  sua  casa, 
f^e  para  o  pores  á  rasa  , 
Naõ  terás  leve  razaõ. 

Cinco  ~  T, 

Hum  Primo  será  teu  Noivo, 
Porém   tao  embrulhador  , 
Que  interesseiro  te  busca  , 
Mostrando  ser  tudo  amor. 


D    2, 


(?o 


Cinco  rz  V. 

Nao  he  cá  dos  nossos  lares , 
He  d'hiim  Paiz  caloroso , 
,  O  que  te  destina  a  sorte 
Para  teu  amante  Esposo; 
E  voltando  á  sua  Pátria  , 
Para  governos  de  herança , 
Na  carreira  ficará  , 
Dcixando-te  huma  criança. 

Cinco  -=:  X 

Casarás  com  hum  Viuvo , 
Que  se  ha  de  enganar  comtigo  J 
Julgará  mundos  5  e  fundos , 
Naõ  verá  hum  graõ  de  trigo. 


(S3  ) 

F 


Cinco  =  Z.   7" 

Tens  hum  Noivo ,    que  te  acuda 

Em  qualquer  enfermidade  , 

Mui  procurado  de  todos 

Pela  sua  faculdade  , 

Mas   sabendo  curar  tudo, 

Na6  ha   de  saber  curar 

O  génio  ,   que  te  acompanha  , 

Incapaz  de  se  aturar. 

Seis  zr  A 

Venha  embora  o  Senhor  Noivo ; 
Que  inda  está  em  boa  idade; 
E  irá  por  accesso  a   hum  cargo 
Muito  grande  da  Cidade. 


(H) 


Seis  n:  B. 

A  formosura  que  tens  , 
E  o  muito   que  és   desejada. 
Faz  com  que  peça  a  razão 
O  seres  breve  casada  ; 
Mas  em  ti  observarás 
Tao  repentinas  mudanças  ^ 
Que  ficarás  c'huma  cara 
Para  desmamar  crianças. 

Seis  —  C 

Vosso  primeirQ  Marido 
Muito  rica  vos  deixou; 
Mas  houve  hum  mesmo  de  casa , 
Que  tudo  isto  aproveitou. 


(  ^5-  ) 

G 


Seis  =  D. 

He  Mestre   do  seu  olKcio 
O  Noivo  que  te  bufcar ; 
Alesmo  sentado  na  loja  , 
Hade  dinheiro  ajuntar: 
Boa  vida   te  ha  de  dar  , 
Porém  com  hum  modo  sêcco, 
Mas  nunca  se  te   dê  disso  ; 
Nao  ha  homem  sem  seu  peco. 

Seis  zz  E, 

Casa,  que  ninguém  to  impede, 
E  serás  feliz  no  estado, 
Sera's  rica,  e  muito  rica, 
E  o  Marido  aíFortúnado. 


(^O 


Seis  —  R 

Tu  logras  pouca  saúde  ^ 

E  se  pc^^rtenies  casar  , 

O  pouco  vigor  ,  que  tens. 

De  todo  vai  acabar  ; 

Olha,  toma  o  meu  conselho  ^ 


ni 


Se  queres  ter  hum   bom    fi 
Vai   rezar  nas   tuas  contas  , 
Deixa-íe  ficar  assim. 


Seis  —  G. 

Senhora ,  de  parecer 
Sou,  que  o  estado  nao  acceite. 
Que  ha  de  rer  nelle  a  união 
Do  vinagre  com  o  azeite. 


(?7  ) 


Seis  =z  H. 

Dez  annos   terás  d^espera  , 
Confian.lo  no  tal  Noivo 
Antes  te  naô  conhecera  !    , 
Fois  de  esperanças   nutrida , 
Taó  velha  te  irás  fazendo, 
Que  o  Matrimonio  perdendo, 
Terás  de   solteira  a   vida. 

Seis  ziz  I, 

Has  de   c:is.ir,  e  o  Marido 
Ha  de  ser  como  a  formiaa  ; 
Ajuntando  a  prao,  e  «;ra6  ^ 
Té  que  venha  hurr  fiílio    reu 
Pôr  os  teus  bens  em  dcilao. 


(?8  ) 


Seis  =^  L. 

O  vosso  Noivo  será 

Hum  que  já  fora  noviço  ; 

Mas  depois'  que  o  Pai  morreo  , 

Depressa  se   tirou  disso  : 

E  quer,  por  gostar  do  estado, 

Comvosco  ser  bem   casado. 

Seis  =:  M. 

Seguro   que  haveis  casar , 
Inda  que  na  idade  dura  ; 
E  será  vossa  ventara 
Filhas  ,  ou  Filhos  nao  ter  , 
Porque  se  assim   succeder , 
Será  vossa  formosura 
Constante  no  mesmo  ser. 


(59  ) 

^  ^  A  *  * 

Seis  —  N. 

Sereis  tao  aírortanada , 
Casada,  como  «solteira  j 
Mas  guardar  da  golilhsira 
Amiga,  que  haveis  de  ter, 
Qiie  botar  ha  de   a   perder , 
Com  animo  desabrido  , 
O  vosso  mesmo  Marido. 

^        Séis  =:  O. 

Ha  de  ser  embarcadiço 
O  Noivo  que  vós   buscais  ; 
A  vida  lhe  nao  cobiço ! 
Nem  nelle  paixão  se  encerra ; 
Seis  annos  anda   por   fora  , 
E  está  seis  mezes  em  terra. 


(6o) 


Seis  =  P.  ^ 

O  vosso  Noivo  ,  Senhora  , 
Feliz  ,  e  pobre  na^ceo  ; 
Porque  hoj^  tem  mi!  cruzados, 
Naó  rinha  nada  de  seu : 
Hum  Compadre  o  ajudou 
No  negocio ,  em  que  o  metteo : 
Que  para   casar  comvosco 
Grande  interesse  lhe  deo. 

Seis  =3  2- 

Casar 5  e  casDr  depressa, 
Q^je  se  isso  se  nao  consegue  , 
O  Noivo,  que  perrendeis  , 
Já  nao  falta   quem  lhe  pegue* 


( ^I ) 

Seis  =  R. 

Has  de  viver  pobremente, 
Se  teimares  em   casar; 
Vivirás  mui  descontente  : 
Hoje  ficas  sem  jantar , 
A'  manha  ficas  sem  cêa  , 
Pouco  5  e  pouco  deste  rriodo 
Cortas  os  fios  á  têa. 

Seis  —  S. 

Hum  grande  Commerciante 
Vos  dá  por  Marido  a  sorte , 
JMas  nisto  de  Amor  tratante: 
Porém  sede  vós  constante. 
Se  quereis  fortuna  ter, 
E  de  zelos  nao  morrer. 


(62) 


Seis  =  T. 

Acabem  vossos  Amores, 
Que  já  ha  seis  annos  durão  ; 
E  todos  que  vos  conhecem  , 
Com  razão  deiles  niurmuraõ  : 
Desenganai-vos  com  elle. 
Que  isto  naõ  he  brincadeira, 
Dizei-lhe  com  desengano 
Que,  ou  casar,  ou  metter  Freira. 

Seis  :=!  F. 

Vosso  Noivo  he  Militar, 
Ninguém  a  Vida  lhe  inveja  , 
Mas  casado  quer  mostrar , 
O  quanto  amar-vos  deseja. 


(<3  ) 

M.. 


Seis  =  X.      - 

Melhor  he  ficar  assim  , 
Inda  que  pobre  viveis  , 
Porque  se  mudais  de  estado, 
Mais  pobre  inda   ficareis; 
Porque  o  Noivo ,  que  vos  quer , 
He  homem  taô   sem  sabor, 
Que  até  naõ  sabe  escolher, 
O  que  lhe  ha  de  ser  melhor. 

Seis  =  K 

O  tempo  te  mostrará , 
Que  tu    casar  naõ  devias, 
Pois  talvez  que  seja  a  causa 
De  encurtares  oi  teus  dias. 


(  ^4) 


Sete  rz  A, 

He  Militar,  e  Cadete, 
Quem  a  sorte  vos  destina  , 
Mas  tem  lá  certa  amizade  ^ 
Que  he  toda  a  sua  ruina  : 
Se   naô  a  deixar  de  todo, 
Tal  Noivo  vos  naõ  convém  ; 
Porque  vos  ha  de  tratar 
Mil  vezes  mal,  huma  bem. 

Sete  —  B. 

Tens  hum  Anão  por  Marido, 
Mas   taõ  esperto  ha  de  ser, 
Que  na  sua  companhia 
Sempre  has  de  ter  que  comer. 


(<!  ) 

N 

Sete  -=.  C. 


Pelo  génio  de  ciosa 

Convulções  padecerás; 

E  tal  estrago  farás  , 

Que  indo  o  Noivo  a  soccorrer-te  ^ 

Lhe  darás  murro  taõ  forte, 

Que  do  peito  a  botar  sangue^ 

Lhe  originarás  a  morte. 

Sete  ■=.  D. 

Terás  hum  Noivo  imprudente ^^  ^ 
Porém  serás  bem  casada; 
Porque  o  teu  grande  juizo 
Desfará  este  tormento. 
Como  tempestuoso  vento 
Desfaz  grossa  trovoada. 


(66) 


SetQ  =  E. 

Casareis  com  hum  rapaz 
Gentil ,  e  bem  figuradu  ; 
Amigo  de  namorar , 
Inda  depois  de  casado: 
E  hytna  criada  de  casa , 
Namorada,  e  intrigante, 
Fará  que  elle  acabe  a  vida. 
Mas  de  vós  muito  distante. 

Sete  =  F. 

Casamento,  apartamento, 
Parentes  ,  nem  teus  ,  nem  delle : 
Senaõ  has  de  ter  tormento , 
Que  te  fará  mal  de  pelle. 


(  67) 

Sete  =:  G. 

Coitadinha,  casa  bem; 
Alas  que  importa  esta  fortuna! 
Se  o  casar  lhe  naó  convém; 
Que  pouco  se  ha  de  lograr 
Dos  bens  ,  que  a  sorte  lhe  der  í 
Pois  logo  ao  primeiro  filho, 
Talvez  que  venha  a  morrer. 

Sete  r=  H. 

Hum  rapaz  de  bons  costumes^ 
Exemplo  da  Christandade , 
Valedor  ,  e   serviçal , 
Amante  da  caridade, 
Para  ser  o  teu  Marido, 
A  sorte    tem  promettido. 


(68) 


-     Sete  =  1. 

He  Lavrador,  e  Morgado 
O  Marido ,  que  te  cabe  ; 
Mas  se  tem  bom,  ou  máo  genic^ 
Por  agora  naõ  se  sabe: 
Tem  huma  condição  boa, 
A  qual  a  muitos  contenta, 
Que  he  naõ  ser  rapaz  da  moda , 
E  passar  já  dos  cincoenta 

sete  z=i  L, 

Homem  de  bem  ha  de  ser, 
O  que  convosco  casar , 
Tomáraó  muitas,  e  muitas, 
Marido  assim  desfrutar! 


( 


p 

Stte  z=i  M. 

Fazes  tao  grande  salsada 
Com  os  Amantes,  que  tens, 
Que  nunca  serás  casada  : 
Trata  de  escolheres  hum, 
Que  entaô  fortuna  terás  , 
E  de  três  ,  que  á  rossa  trazes', 
Agarra-tç  ao  mais  rapaz. 

Sete  =z  K 

Esse  teu  Noi''o  ,  Senhora , 
Enfronhado  em  fidalguia  , 
Porque  he  d'aquem ,  e  d'aleni , 
Com  génio  de  bizarria , 
Ha  de  estragar  o  que  tem  j 
E  depois  a  pedir  vem. 


(7o) 


Sete  ==  O, 

Gotn  sua  Iraiã,  e  Cunhado, 
Viva,  que  vive  mui  bem  , 
Naõ  queira  mudar  òe  estado, 
E  se  anda  algum  nam.orado 
A'  rossa  para  casar, 
Fuja  da  rede,  que  lhe  arma, 
Mande-o  logo  bugiar. 

Sete  :=z  P. 

Se  donzella   te  conservas  , 
Vais  melhor ,  do  que  casada , 
Que  em  tu  entrando  a  ter  filhos  , 
Has  de   ser  desmazelada  ; 
E  o  pobre   de  teu    Marido 
Também  por  tolo  hum  perdido. 


(71   ) 

Q 

Sete  =  Q. 

De  que  vos  serve  o  casar, 
Se  por  certa  falcatrua 
Ambos  se  hao  de  separar  ? 
Léguas,  e  léguas  distantes, 
Haõ  de  sem  gosto   viver, 
Praguejando  a  toda  a  hora , 
Quem  tal  liga  quiz  fazer. 

Sete  =  R. 

Coitadinha!  tens  hum  Noivo , 
Que  para  ti  nao  convém  ; 
Nem  por  Armas,  nem  por  Letras, 
Ha  de  ter  nunca  vintém: 
Se  te  parecer,  naô  cases, 
Fica  assim ,  que  ficas  bem. 


(70 


Seu  =:  S, 

Já  em  annos  adiantada 
Casareis  com  outro  tal  j 
Mas  eleição  acertada  ; 
Ambos  muito  se  haõ  de  amar  j 
Sem  haver  desconfianças  ; 
Haõ  de  ser  duas   crianças , 
Levando  a  vid4  a  brincar. 

Sete.  —  r. 

Menina  naõ  sei  que  diga  , 
A  quem  tal  Noivo  inculcou  ! 
Naõ  he  muito  boa  a  liga, 
Por  elle  hum  vintém  naó  dou  ; 
M-lhor  he  que  nao  caseis, 
Que  mais  ditosa  sereis? 


(73  ) 


^   ^   ã^^  ^   ^ 


Sete  zn  V. 


Se  o  gosto  a  teus  Pais  fizeres  , 
Has  de  ter  quanto  quizeres ; 
Terás  casamento  rico , 
Que  isto  faças  te  supplico ; 
Agora  com   tempo  escolhe  , 
Que  quem  abrcjhos  semeia  , 
Depois  só  espinhos  colhe. 

Sete  —  X 

Casara's  c'hum  Estudante, 
Que  nas  Letras  tem   lugar ; 
E   quando   se  despachar  , 
(  Por  força  do  teu  amor  ) 
Os  mares  has  de  cortar, 
E  de  lá  virás  melhor. 


(74  ) 


Sete  ~  Z. 

Nao  tardara  muito  tempo  , 
Qtie  com  fortunas  iguaes, 
Alcances  hum  bo^i  Marido 
Espelho  de  homens  leaes  : 
Ambos  em  viver  fataes , 
Andarão  como  de  aposta, 
A  qual  ha  de  viver  mais. 

Oito  rz  A. 

Terás  huma  sorte  igual 
A'  que  teve  tua  Avó  ; 
Qjc  por  toda  a  sua  vida 
Namorou  hum  homem  só  : 
Se  tu   seguires  o  mesmo  , 
Ninguém  de  ti  tenha  dó. 


(7?  ) 


'^         ^       ^fc— ^^       ^^       T^ 


Oito  =  B. 

He  homem  de  boa  vida , 
E  de  génio  socegado , 
O  Marido  que  vos  cabe; 
Mas  ainda  ningue.n  sabe  , 
Se  pobre,  ou  rico, ha  de  ser; 
Porém  dou-vos  de  conselho  , 
Que  naó  o  deveis  perder. 

Oito  z=z  C 

Ora  quem  ha  que  se  creia 
No  tal  Noivo ,  que  vos  daõ  ! 
Se  he  hum  fero  maganão, 
Qiae  a  todos  anda  dizendo  , 
Q_ie  ha  de  ter  o  desafogo 
De  vos  tocar  muito  a  fogo. 


(76) 


Oho  =  D. 

Muitas  cousas  te  dissera 
li      Do  projecto  em  que  te  vejo  ; 
Se   tens  de  câsar  desejo  , 
Tua  idade  nâò  espera  : 
Naõ  te  elevem  homens  loucos 
Pois  vai  a  cahir-te  em  sorte 
Hum  Marido  como  ha  poucos. 

Oito  ■=.  E. 

A'  janella  vás  de  noite , 
Por  fallares  ao  rapaz , 
Julgando-o  homem  sisudo  , 
Mas  tao  enganada  vás ! 
Que  te  ha  de  faltar  a  tudo 
Na  promessa,  que  te  faz. 


-      (  77  ) 

T 

De  que  te  pode  servir 

Hoje  hum  dia  de  banquete, 

Com  mil  parabéns  a  rir , 

Se  em  menos  tempo  de  hum  anno, 

O  Marido  por  magano  , 

Querendo-se  separar , 

Tc  ha  de  cm  tormentos  deixar  ? 

Oito  ~  G. 

Deixarás  hum  teu  parente 
Por  outro  rapaz  de  fora ; 
Mas  naõ  vivirás  contente : 
E  nessa  infeliz  mudanqa, 
O  mal ,  que  te  succeder , 
Se  tomará  por  vingança. 


(78) 


Oito  =  H. 

Tem  mui   pouca  duração 
O  Marido  5  que   escolheres; 
Esta   será  a  razão,, 
Porque  se  filhos  tiveres, 
Como  mulher  desgraçada  , 
Só  para  cuidares  nelles  , 
Andarás  sempre  arrastada. 

Oito  zz  /. 

Haveis,  Senhora,  casar; 
Mas  abrandai  a  paixnô 
De   muito  contradançar ; 
Qae  no  peito  huma  afflicçaô 
Vos  ha  de  sempre  ficar. 
Que  he  quem  vos  ha  de  acaban 


(79) 

y 

Oito  =  L. 

Inda  que  hoje  te  parece 

O  teu  Noivo  hum  pouco  máo. 

Por  isto  naô  se  esmorece  ; 

Deixemos  tempo  passar, 

Que  elle  ha  de  mudar  de  tom, 

Ha  de  trazer-te  nas  pahnas, 

E  dar  mostras  dê  homem  bom. 

Oito  m  M. 

De  esperanças  vivirás, 
Sem  que  possas  resolver-te ; 
E  taô  confusa  andarás , 
Que  para  mais  ninguém  ver-te, 
Já  nos  fins  da  tua  vida 
Hum  Convento  escolherás, 


(8o) 


Oito  =:  N. 

De  ^farda  o  Noivo  ha  de  ser  , 

Porém  sem  que  vá  á  guerra  y 
Mesmo  na  flor  de  seus  annos 
Dará  o  seu**  corpo  á  terra  ; 
Porque  ha  de  ter  hum  tal  vicio  , 
Em  que  desordens  fará. 
Que  de  ferro  morrerá. 

Oito  m  O. 

Nisto  de  tomar  Estado , 
Porás  tudo  em  confusão ; 
Sem  que  se  possa  atinar , 
Qual  he  tua  inclinação  : 
E  ninguém  desta  incerteza 
Nos  sabe  dar  a  razão. 


f  8i  ) 


Oito  =  P. 

Receio  na6  acheis  Noivo, 
Tendes  idade  avultada , 
Mas  se  inda  houver  quem  vos  queira, 
Sereis  mal  afortunada  j 
Porque  naõ  levais  vintém, 
Que  as  velhas  no  tempo  d'hoje 
Valem  menos  quanto  tem. 

Oito        Q. 

Casarás ,  porém  o  Noivo 
Já   hum  filho  ha  de  trazer, 
Que  a  titulo  de  Afilhado, 
Dentro  em  casa  ha  de  mctter: 
E  depois  por  mal  creado, 
Botará  tudo  a  perder. 


:  ( S2 ) 


Oito  -=  JR. 

Hum  Noivo  muito  poupado. 
De  bello  comportamento, 
Neste  vosso  casamento 
Vos  fará  feliz  estado ; 
Porém  andar  com  cuidado, 
Em  lhe  nao  desmerecer; 
Que  assim  faz  quem  quer  yiver* 

Oito  =  4$: 

Hum  Noivo  'parente  vosso 
Vós  mesmo  de  casa  tendes  j  1 
Porém  dizer-vos  nao  posso 
O  mais  5  que  quereis  saber; 
Se  elle  coarctar  o  seu  génio  j 
Bem  vos  ha  de  succeder. 


(83) 

7 

Oito  =  T. 

A  'tua  maior  Amiga 
A  mais  falsa  te  ha  de  ser; 
Como  encuberta  inimiga  , 
Hum  furto  te  ha  de  fazer  j 
Quando  menos  se  pensar , 
Te  rouba  o  Noivo  y  que  tensj 
E  assim  ficas  sem  casar. 

Oiío  =  K 

Deixa  de  ser  ta6  ciosa, 
Quebra  esse  génio ,  que  tens. 
Se  quizeres  ser  ditosa: 
E  se  nisto  naõ  convéns, 
Nao  te  queixes  ao  depois 
De  ser  pouco  venturosa. 


(84)    . 


Oito  =r  X 

Casarás  c'hum   mocetão, 
De  officio  de  Tribunal , 
De  invejada  condição  ; 
E  hum  parente  do  Brazil 
Nas  remessas  ,  que  mandar , 
O  ajudjará  de  tal  forma , 
Que  possa  de  sege  andar. 

Oito  =  Z. 

Se  tu  te  enfeitas  tao  pouco, 
Se  és  tao  mettida  comtigo  , 
Virás  a  cahir  no  prigo 
Do  mal  da  melancolia; 
E  os  annos  por  ti  correndo 
Te  deixaráó  para  Tia. 


(80 

A 

Nove  =  A 

Quatro  vezes  casareis , 
Alas  os  três  de  génio  máo, 
Só  hum  prudente  achareis , 
Será   o  quarto  Marido, 
Que  vos  dê  estimaqao  , 
Com  dinheiro,  com  fartura, 
E  com  boa  condição. 

Nove  ==  B. 

Se  a  servir  principiou 

Honrado  modo  de  vida; 

Na  mesma  vida  acabou  : 

Porque  inda  que  he  mui  prendada, 

Como  nada  tem  de  seu, 

Se  casar,  he  desgraçada. 


(8Ó) 


.     Nove  —  C. 

Em  quanto  fores  vaidosa  , 
Já  mais  acharás  Marido  , 
Muda  esse  génio ,  que  tens , 
Que  se  faz  aborrecido  : 
Entaô  lograrás  hum  Noivo, 
Como  poucas  tem   achado  j 
E  terás  huma  fortuna, 
Corao  poucas  tem  contado. 

Nõve  =  D. 

Com  Letrado  casareis : 
E  será  hum  homem  bom  : 
Quanto  ditosa  sereis  ! 
Esta  fortuna  requinta  , 
.  Em  ter  casas,  sege,  e  quinta. 


(87) 

R 

Nove  =  £• 

Como  és  pobre,  e  de  mio  geniOj 
Taõ  soberba ,  velha  ,  e  feia 
Ganha  os  bocados  da  boca  "^ 
Por  costura,  e  pela  meia  j 
Sorte  boa  naô  a  esperes, 
Por  força  de  casamento, 
Que  vais  buscar  nesse  estado 
Hum  insoíFrivel  tormento. 

Nove  n  F, 

Naó  he  da  mesma  Nação 

O  vosso  Noivo,  Senhora; 

Mas  tende  a  consolaç;^6, 

Que  inda  que  noivo  Estrangeiro , 

Tem  negocio,  e  tem  dinheiro. 


(88) 


Hum  rapaz  que  tu  criares 
Com  perfeita  educação  , 
Será  da  tua  velhice 
A  maior  consolação  : 
Quanto  tens ,  qaanto  has  de  ter  , 
Lhe  deixas  em  Testamento , 
Cujos  bens  seraõ  a  causa 
Delle  ter  bom  casamento. 

Nove  n  H. 

O  teu  Noivo  he  hum   rapaz , 
Que  naõ  he  peixe  ,  nem  carne, 
Por  bondade  tudo  faz  ; 
E  para  viver  comtigo, 
He  homem  muito   capaz. 


(8?  ) 


r 


Se  escapares  da  doença  , 
De  que  ficas  com  defeito , 
Terás  hum  grande  Marido  , 
Homem  de  iTiuito  respeito  : 
Terás  mais  de  nove  filhos  ; 
Porém  hum,  pouco  sisudo. 
Depois  que  te  vir  viuva  , 
Ha  de  dar  cabo  de  tudo. 

Noi:e  zn  L. 

Recolhida,  recolhida,  • 

E  deixa-te  do  consorcio, 
Se  nao  queres  ser  perdida  ; 
Que  se  casas,  hum  divorcio 
Te  porá  em  triste  vida. 


(9°) 


Nove  =  M. 

Serás  rica  aos  vinte  e  cinco , 
Porém  mi)i  pobre  aos  quarenta; 
Porque  cabe   na  tua  casa 
Huina  horrorosa  tormenta  : 
Queira  o  Ceo  ,  que   naõ  succeda  , 
Quanto  aqui  he  promettido! 
Mas  se  o  for;  tudo  se  deve 
A's  desordens  do  Marido. 

Nave  zn  N. 

Do  Brazil  te  ha   de  chegar 
Hum  Marido  a  teu  contento , 
Rapaz  de  merecimento; 
Que   para   te  nao  deixar  , 
Comsigo  te  ha  de  levar.  * 


(91) 

D 

A^í?"j^  ~  O, 

A  tua  9orte  ,  Senhora , 
He  toda  feita  hum  .enigma  : 
Pois  o  Noivo,  que  em  ti  pensa, 
Quer-te  bem,  e  nao  te  estima, 
Deseja-te,  e  de  ti  foge: 
Kl!e   onde  tu  vais,  naô  vni ; 
Talvez  seja  is:o  hum  disfarce, 
Por  naõ  incitar  teu  Pai  I 

Nove  =:  P. 

Se  agora  desgostos  tens, 
Também  conserva  a  esperança  , 
De  que  has  de  achar  hú  bom  Noiv'o , 
Que  ponha  a  teus  longos  maies 
Huma  ditosa  mudança. 


(90 


Nove  TZ  O. 

A  sorte  te  dá  hum  Noivo  , 
Que  inda  antes  de  casar, 
Quanto  tiveres  de  teu  , 
Te  ha  de  a  terreiro  sacar ; 
E  o  mais  he,  que  inda  depois 
De  ver ,  que  nao  ha   mais  nada , 
Vai  volcar-se  para  outra  , 
Deixando-te  desprezada. 

Nove  zz  R. 

Conheço  nos  vossos  olhos  , 
Que  naó  perrendeis  casar, 
Pois  tendes  desembaraço 
Para  a  vida  governar  , 
Sem  dependerdes  do  laçOe 


F 

Nove  zz  S. 

O  Noivo,  que  vos  procura/ 
Tem  traças,  que  isso  he  pasmar! 
Vive  de  pedir  dinheiros, 
Sem  hum  só  vintém  pagar : 
Pôr-vos-ha  logo  de  sege, 
Tomará  seu  escudeiro  , 
Sem  soldada  ,  e  máo  sustento  , 
Finíssimo  caloteiro. 

Nove  =z  r» 

Está  nesta  companhia 
O  marmanjo,  que  vos  quer. 
Se  assim  he  ,  podeis  dizer 
A  todos  ,  que  sois  feliz  , 
Que  elle  o  mesmo  também  diz. 


(94) 


Nove  •=!  V. 

Os  bens  ,  de  que  estais  de  posse, 

Como  pertendeis   casar , 

O  vosso  querido  Noivo 

Os  ha  de  bem  estimar; 

Porque  depois  de  viuvo, 

Talvez  que  venhaô  a  ser 

A  felicidade  toda 

De  huma  segunda  Mulher. 

"Nove  =  X. 

Sois  menina  ,  tenra  ,  e  bella  , 
E  tereis  hum  lindo  Noivo, 
He  feliz  a  vossa  estrella; 
Porém  aqui  para  nós, 
Elle  vai  melhor,  que  vós. 


F 

Receio-te  huma  má  vida, 
Com  o  Noivo ,  que  te  busca ; 
Passarás  sempre  affligida  ; 
Porém  vais  ser  castigada  , 
De  quanto  fizeste  á  outra. 
Que  por  ti  se  vio  lograda ; 
Que  lhe  roubaste  o  Amante, 
Invejosa  da  fortuna  ; 
EUa  ficou  sem  casar, 
Mas  elle  mandou-te  á  tuna» 

Dez  =:  A. 

Tendes  hum  Noivo  basofio, 
Todo  cheio  de  brazoes  , 
Mostra  com  toda  a  Nobreza 
Infinitas  precisões. 


(9^) 


Dez  =  B. 

Tens  hum  homem  de  juizo, 
Tens  hum  homem  de  respeito, 
Porém  he  muito  preciso 
O  saber-lhe  andar  ao  gcito ; 
He  Poeta  ,  e  he  dos  bons , 
Hum  mocetão  bem  talhado  , 
Homem  de  bem  ^  bem  nascido , 
E  por  muitas  desejado. 

Dez  =  C. 

Depois  que  teu  Pai  morrer  , 

E  a  casa  se  repartir, 

Então  fortuna  has  de  ter: 

Por  agora  naõ  se  nota, 

Que  os  Noivos  temem,  que  o  Pai 

Venha  a  fazer  banca  rota. 


(97) 

G 


Dez  =:  D- 

O  teu  Noivo  he  homerti  máo, 
E  de  péssimos  costumes, 
Cuida  em   sondar  bem  o  váo ; 
E.  dar-te-ha  tantos  desgostos, 
Que  tu  de  ti  te  aborreças  ; 
Porém  por  mais  que  padeças, 
Elle  hum  certo  sinal  tem , 
Que  aos  dez  annos  de  casada  ^ 
Passarás  a  vida  bem. 

Dez  =  E. 

Filho  de  excellentes  Pais 
He  esse  Noivo,  que  tens, 
Trabalhando  por  ser  gente, 
Mas  sempre  falto  de  bens. 


(98) 


Vez  =  F. 

N^umas'  casas  vivirás , 
Aonde  do  andar  primeiro 
Te  namore  hum  bom  rapaz: 
Haverá  certa  visinha,  ^ 

Qae  tendo-te  inclinação  j 
Se  convide  por  Madrinha ; 
E  pela  faxa  ,  que  tens , 
Ornada  de  taõ   bom  génio. 
Te  fará  cessão  de  bens* 

Dez  =  G. 

Terás  hum  bom  Noivo  honrado  , 
De  excellentc  coração  , 
Mas  homecn  mui  afferrado 
Sempre  á  sua  opinião. 


(99) 

H 

Dez  =1  H. 

Hum  Noivo  terás,  Senhora ^ 

De  muitos  merecimentos, 

Deí«ejando  adivinhar 

Todos  os   teus  pensamentos  j 

Mas  será  recompensado 

Com  hum  desapego  vosso, 

O  que  lhe  fará  tristeza, 

E  Q  mais,  que  dizer  naó  posso, 

Dez  =  L 

Noivo  com  pouco  dinheiro 
Te  cabe  no  teu  estado  , 
Mas  has  de  viver  alegre, 
Porque  elle  ha  de  ser  prendaáo. 


(    100   ) 


Dez  =z  L. 

Casas  com  hum  innocente , 
Creado  mui  recolhido , 
Sahio  dos  braços  da  Mai, 
Para  vir  ser  teu  Marido ; 
Naõ  sabe  nada  do  Mundo, 
Mas  he  rapaz  bem  chineiro , 
Com  pouco  desembaraço  ; 
Porque  todo  elle  he  dinbeiro» 

Dez  =z  M. 

Mude  já  de  pensamento  , 
Naõ  queira  casar ,  naõ  queira  , 
Que  se  tal  faz,  vai  cahir. 
Qual*  rato  na  ratoeira. 


(    lOI 

) 

*  *  JL  í 

it  * 

Dez  = 

N. 

Morreo  o  pinto  na  casca  , 
Que  o  rapaz  5  que   pertendias, 
Nas  aguas  do  largo  mar 
Acabou  seus  tristes  dias : 
Vai  depressa  cuidar  n'outro , 
E  depois  de  o  teres  certo , 
A  sorte  te  annunciará 
Se  he  pacovio  ,  ou  se  he  esperto. 

Dez  =  O. 

Homem  que  aprendeo  officio. 
Vosso  Marido  ha  de  ser; 
Sem  vicios,  prudente,  sério, 
E  de  seu  muito  ha  de  ter. 


(  10^  ) 


Dez  =z  P, 

Denota-me  a  vossa  estfella  , 
Que  vivireis  sem  casar  , 
Farta  dos  bens  da  fortuna, 
Sem  nada  bom  vos  faltar; 
Porém  huma  cerra   inveja, 
De  que  sereis  perseguida  ; 
Vos  ha  de  pôr  aos  quarenta 
Em  hum  grande  prigo  a  vida. 

Dez  zr  ^ 

Andarás  a  escolher  tanto, 
Tudo  em  tom  de  brincadeira, 
Que  por  fins  has  de  cahir 
De  escabrosa  ribanceira. 


(X03) 

D^i3  =  R. 

Adeos ,  Senhora,  que  eu  parto, 

Descançada  ficarás, 

Se  algum  dia  te  lembrares, 

Compaixão  de  mim  terás  j 

E  atropelando-se  a  paz , 

Que  deve  haver  n'hum  casado, 

Será  esta  a  despedida  , 

Que  te  faça  hum  degradado. 

Dez  —  S. 

Nao  digo,  que  te  naõ  cases, 
Mas  se  tens  tanto  de  teu  ? 
Come,  bebe,  dorme,  e  canta, 
Que  o  mesmo  fizera  eu. 


(  ^04) 


Dez  =  T. 

Tu  a  todos  fazes  praça  , 
E  he  tal  esta  confusão  ; 
Que  de  tantos  arrojados  , 
Podes  fazer  hum   leilão  : 
Se  nao  mudas  de  sistema, 
Ficarás  sem  ter  passagem , 
Que  ninguém  quer  para  si 
Hum  coração  de  estalagem. 

Dez  =  V. 

Es  mais  subtil ,  que  hum  alambre 
Sabes  viver  bem  no  mundo ; 
Por  ti  nao  virá  tormenta  , 
Nem  â  náo  ha  de  ir  ao  funda 


(    IO?    ) 

..M.. 

Dez  -  X. 

Pode  ser,  que  seja  bom, 
Mas  nao  por  escolha    tua  : 
Aquelle,  a   quem  tu  te  inclinas , 
Deves  mandallo  á  tábua  : 
Se  pertendes   ter   hum  Noivo  , 
Honrado,  e  farto  de  bens, 
Naõ  precisas  ir   mui  longe , 
Tu  mesmo  de  casa  o  tens. 

Dez  =z  Z. 

Casas,  e  has  de  ser  viuva; 
Porém  taô  bem  governada , 
Que  até  nos  cangados  annos 
Serás  por  mil  desejada. 


(lOÓ) 


Sota  ~  A. 

Oo  sentiJo  nas  fazendas 
Vem  o  Noivo  procurar-vos  , 
E  depois  que  as  possuir, 
Ffotí^sta  de  mal  tratar-vos: 
Se  quereis  por  hum   bom  modo  5 
Pi  egar-ihe  tambcm  a  peça  ? 
A  tempo  com  desengano, 
Tirai-lhe  isso  da  cabeça. 

Sota  ==  B. 

Terás  por  vezes  seis  Noivos, 
De  nenhum  lançarás  mao , 
Que  para  ti  casamentos 
Scrao  minas  de  carvaõ. 


(  Í07  ) 

N 

Svtã  =  C. 

Se  queres  hum  bom  acerto  , 
Naõ  entres  em  desafio,  ' 
Deixa-te  regendo  em   tudo, 
Pela  escolha  de  teu  Tio. 
O  bem  que  te  elle  deseja, 
Tu  bem  o  tens  alcançado  , 
Faze-lhe  a  vontade  em  tudo. 
Que  elle  te  dará  estado. 

Sota  =:  A 

Por  conta  de  certo  escrito, 
Que  em  certa  caixa  se  achou  , 
Toda  a  fortuna,  que   tinhas* 
Vosso  Parente  estorvou. 


(  io8  ) 


Sota  =  E. 

Senhora ,  deixe-se  disto  , 
Faqa  meia   ao  candieiro  ; 
He  já  taluda  de  idade, 
E  mui  pobre  de  dinheiro: 
Veja  que  os  homens  de  agora 
Querem  formosura,  e  china, 
Bem  vê,  que  naõ  tem  hum  chavo 
He  feia,  e  nada  menina. 

Sota  =:  F. 

Tanto  te  prezas  de  honesta , 
Quanto  clle  de   desenvolto; 
E  de  péssimos  costumes. 
Sempre  ora  preso,  ora  solto. 


(  I09  ) 

Sota  =  G. 

Era  hum  perfeito  rapaz , 
E  sabia  guardar  fé ! 
Mas  vós  destes  na  fortuna 
Com  a  pontinha  do  pé  : 
Com  falcatruas  de  Amor 
Attendestes  outro  Amante  y 
E  agora  ficais  assim  , 
De  casar  muito  distante. 

Sota  =  R 

Casarás  ninguém  duvida , 
Mas  cortas  da  sorte  os  meios  5 
Que  passarás  toda  a  vida 
A  aturar  génios  alheios. 


(lio) 


Sota  m  1. 

Nao  creias  em  palanfrorios, 
Que  vais  de  todo  enganada, 
Deixa  o  raparz,  busca  hum  velho, 
Que  te  traga  bem  tratada  ; 
Olha   que   isto  de  crianças  , 
Tarde  ,  ou  cedo  moitraõ  bem , 
Que  quem  com  ellas  se  metce , 
Multo  pouco  avanço  tem. 

Sota  =:  L. 

Nao  he  bom  desdenhar  tanto  , 
Nem  ter  tamanha  ambição, 
Só  quem  he  doida  despreza 
Noivo  de  tal  perfeição. 


( III  ) 

p 

*   *  A.      *   ate 

Sota  =L  M, 

Nao  ,  Senhora ,  casamento 
Naó  pilha  vossa  mercê  ; 
Pois  nem  sabe   ter  escolha, 
Nem  taõ   pouco  guardar  fé : 
Deixe-se  estar  como  está , 
E  ao  serão  co'  as  visinhas , 
Ou  vá  pegar  n'uma  roca  , 
Ou  ponha-se  a  torcer  linhas. 

Sota  =z  N^ 

Casarás  por  duas  vezes , 
Da  segunda  ficarás 
Tao   rica,  que  duas  filhas 
Com  muitos  bens  deixarás. 


(112) 


Sota  =:  O. 

He   homem  de  estratagemas  , 
Enganador,  e  subtil  , 
Diz  qae  quer  casar  comtigo , 
Depois  de  enganar  dez  mil: 
Figir  delle  ,  porque  estorva 
A  tua   felicidade  , 
E  ficarás  como  as  outras, 
Perdida  de  tenra  idade. 

Sota  =  P. 

Dos  quarenta  por  diante  , 
He  que  lias  de  ser  pertendida  ; 
Acharás  Marido  amante  , 
Que  dará  por  ti  a  vida. 


(  "3  ) 

Sota  ■=!  a 

Tens  para  Noivo,  Senhora, 
Homem,  que  ninguém  o  entende^ 
Ora  figura  de  bom  , 
Ora   por  máo  se  comprehende , 
E  SC  neste  casamento 
Pode  a  sorte  dar  de  rosto, 
Naõ  faças  muitos  excessos , 
Despreza-o,  muda  de  gosto. 

Sota  =  -R, 

Se  quereis  no  novo  estado 
Ser  bastante   aíFortunada , 
Sede  com  todos  os  homens 
Hum  pouco  mais  recatada. 


H 


(114) 


Sota  =:  S. 

O  Noivo ,  que  pertendeis , 
Tem  hum  geitinho  n'hum   pé, 
Porém  o  pé ,  que  lhe  faz , 
Se  souber  guardar-vos  fé  ? 
Tem  dinheiro  ,  e  tem  juizo  ; 
Tem  credito  em  toda  a  parte,* 
E  para  ganhar  a  vida , 
Tem  vigilância,  e  tem  arte. 

Sota  =z  r. 

O  vosso  bom  coração, 
E  o  vosso  merecimento, 
Saõ  causa  de  ser  feliz 
  escolha  do  casamento. 


('■!■) 

R 

Sota  =:  Vo 

Tendes  hum  Marido  bota  , 
E  nada  mal  parecido  ; 
Alas  com  muitos  inimigoss 
E  delfes  mui  perseguido  j 
Vós  haveis  participar 
Das  suas  perseguições  ; 
Mas  em  breve  haó  de  acabai 
As  grandes  cavilações. 

Sota  =  Xe 

Nao  deveis  levar  a  mal 
O  mal ,  que  vos  suceder ; 
Porque  Noivo  dessa   casta 
Só  doidas  vaõ  escolher. 


H 


(ii6) 


Sota  =  Z, 

Eu  nao  sei  o  que  vós  tendes 
Com  a  vossa  visinhança! 
Que  nenhuma  leva  a  bem 
Do  vosso  estado  a  mudança  ! 
Razaó  porque  qualquer  Noivo , 
Que  quer  ser  vosso  Marido , 
Pelas  más  lingoas  da  rua 
Vai  logo  despersuadido. 

Valete  —  A. 

Pela  pressa  de  casares, 
Naõ  casarás  com  dinheiros  j 
Ficarás  farta  de  filhas, 
E  sempre  a  lavar  coeiros» 


(117) 

Valete  =  5. 

Nao  tendes,  que  perguntar^ 
Que  o  vosso  Marido   he 
Destes ,  que  fórmaõ  processo  j 
E  pórt^Õ  tudo  por  fé  : 
Só  hum  filho  haveis  de  ter, 
Que  succeda  neste  officio; 
O  qual  nâõ  sahindo  ao  Pai , 
Perderá  por  certo  vicio. 

Valete  =:  C 

Tendes  hum  bisarro  Noivo  , 
He  mocetão  como  hum  freixo, 
Golotaõ  e  regalado  , 
Amigo  de  dar  ao  queixo. 


(.118) 


Valete  zz  D.     ■ 

He  homem  de  loja  aberta  , 
Mas  em  tudo  negoceia, 
E  des  de  que  vos  tallou  , 
Só  para  vós  se  penteia  : 
He  de  bastante  respeito 
Na  sua  corporação  , 
Mas  homem  mui  avarento  , 
E  de  fera  condição. 

'  VuleU  ■=.  £. 

Tens  hnm  doido  por  Marido 
Mudarei  em   quanto  faz, 
E  com  génio  desta  sorte  , 
Nem  tens  dinheiro,  nem  paz, 


(  ■■!)) 

T 

Valete  =  F. 

Na  ordem  da  vossa  vida 
Haverá  hum  lance  tal  , 
Em  que  vós  por  chocalheira'^ 
Vireis  a  pagar  o  mal ; 
Por  huma  palavra  só , 
Publicareis  hum  segredo, 
Que  mettereis  o  Marido, 
E  a  casa  n'um  grande  earcdo. 

Valete  =  G. 

Do  passeio  de  huma  quinta 
A   fortuna  re  ha  de  vir, 
E  teu  Pai  no  casamento, 
Por  gosto  deve  convir. 


(  I^o  ) 


Valete  =  H. 

Tendes  hum  Noivo,  Menina, 
De  hum  gosto  mui  depravado , 
E  por  isso  naõ  auguro 
Venturas  no  vosso  estado  : 
EUe  mesmo  ha  de  fazer 
A  sua ,  e  vossa  desgraça ; 
Empregando  quanto  tem, 
Em  sustentar  cães  de  caça. 

Valete  =:  7. 

Deo  baixa  de  Militar, 
Para  hum  officio  servir; 
Ha  de  te  vir  procurar, 
Tu  com  elle  deves  ir. 


( >'-■ ) 

V 

Valete  =:  L. 

He  casado,  e  tem  já  filhos  ^ 
O  que  te  quer  enganar  ; 
Tira-lhe  huma  informação , 
Se  te  queres  bem  lograr ; 
Deixa  pois  passar  os  trinca  , 
Entaó  com  grande    alvoroqo.  _ 
Te  virá  buscar  segundo  , 
Nobre ,  honra3o  ^  rico  ,  e  moço. 

Valete  =^  M. 

Naô  queiras  casar,  nao   queiras, 
Vai  vivendo  descansada , 
Solteira   por  toda  a  vida , 
Vale  mais  ,  que  mal  câsada. 


(  I^^ ) 


^  Valete  =:  N. 

Ea  vi  disposta  a  fortuna. 
Para  te  fazer   feliz  , 
Mas  a  desgraça  invejosa, 
Que  á  vante  fosses  ,  nao  quiz 
Naó  queirais  saber  o   mais; 
Supp5e  com  animo   forte, 
Que  se  entornou  hum  tinteiro 
No  lugar  da  tua   sorte. 

Valete  =  O. 

Se  escapastes  do  primeiro , 
Nao  te  mettas  com  segundo, 
Que  farás  segunda  vez 
Triste  figura  no  mundo. 


(  123  ) 

Valete  =:  P. 

He  homem  de  grandes  letras 
O  Noivo  ,  que  vos  cobiça  , 
Maneja  de  Amor  as  fl^xas, 
Como  a  vara  da  Justiça  : 
Sabe-se  bem  comportar , 
Com  brandura,  e  coirs   rigor, 
Sentencea  ea^usas  crimes, 
E  alguns  Processos  àz  Amor. 

VaUte  —  2: 

O  Noivo  5  que  vos   procura  , 
Tem  comsigo  eterno  mal  ; 
Nem  he  pobre,  nem  he  rico, 
E  parece  hum  paô  sem  sal. 


(  iM  ) 


Valete  =  R. 

Faz  versos  o  maganão , 
Que  por  Noivo  vos  procura; 
Mas  por  mais  versos  que  faça, 
Vive  com  pouca  ventura  : 
He  de  boa  condição , 
Teve  criação  mimosa  ; 
Porém  nisto  de  dinheiro, 
Qaasi  sempre  vive  em  prosa. 

Valete  -=z  S. 

Como  a  Aranha  prende  a  Mosca, 
'  Deixando-a  secca  ,  e  mirrada  , 
Vos  prenderá   vosso  Noivo  , 
Deixando-vos  desgraçada. 


z 

Fakte  =  T. 

Bom  homem  será  o  Noiro , 
De  excellente  condiqao  , 
Amigo  da  sua  casa  , 
Sempre  com  bom  coração  : 
Mas  que  importa  seja  bom  ! 
Prendado,  discreto  e  nobre! 
Se  demandas,  e  doenças  , 
He  que  o  haõ  de  fazer  pobre. 

Valete  =  V. 

Casa  5  mas  casa  em  segredo; 
Que  se  teus  Pais  nisso  daõ, 
Toda  a  mina ,  que  esperavas  ^ 
Verás  tornada  em  carvão. 


(laó) 


í^akte  =z  X. 

Tens  hum  Noivo  atoleimado  , 
Homem  sem  modo  de  vida; 
Cheio  de  vícios  perversos , 
E  com  balda  conhecida: 
Ha  de  te  metter  em  casa 
Mãi  ,  irmãs,  e  algum  parente; 
De.  sorte  ,  que  vem  com  elle 
Huma  caterva  de  gente. 

Valete  =  X  ^ 

Senhora  ,  nao  casa  aqui ; 
Mude  de  terra,  se  quer; 
Que  fóra  da  sua  Pátria , 
Melhor  lhe  ha  de  succeder. 


(  1^7) 

Rei  z=  A. 

Se  quereis  ter  bom  Marido  , 
Andai  com   sentido  nelle  ; 
Que  nisto  de  namorar , 
Naô  ponho  nada  por  elle  : 
He  o  único  defeito , 
Que  este  miserável  tem ; 
Em  vendo  Madamas  juntas, 
Já  julga  lhe  querem  bem. 

Rei  =z  B. 

Nao  lhe  dê  de  mao  ,  agarre-oj 
Que  se  perde  este  momento. 
Para  toda  a  sua  vida  , 
Naõ  torna  a  ter  casamento. 


(  i^s  ) 


Rei  =.  a 

Na  mesma  casa  comvosco , 
De  pequeno  se  creou 
O  Noivo  ,  que  vos  pertende  y 
E   que  por  sorte  vos  dou  : 
Mas  o  defeito,   que  tem, 
Naõ  he   muito  de  estimar ; 
Todo  o  vintém  5  que  grangea , 
He  para  se  embebedar. 

Rei  =  jD. 

Haverá  por  ti  taes  bulhas , 
Dissensões  entre  os  Amantes  ! 
Que  ficarás  sem  casar  , 
Linda,  e  pobre  como  dantes. 


(  1^9  ) 

R 

Tendes  Noivo  fallador; 
Porém  fallador  de  mais , 
Que  ha  de  ser  rui'na  vossa , 
E  ruina  de  seus  Pais. 
Os  miseráveis  pequenos, 
Que  vós  delle  haveis  de  ter, 
Faraó   a  vossa  fortuna. 
Se  elle  primeiro  morrer. 

Rei  =z  F. 

Antes  de  jerdes  cincoenta. 
Vos  haveis  de  ver  casada  , 
Naõ  tereis  nem  hum  só  filho  ^ 
E  acabareis  entrevada. 


(  I30  ) 


Rei  —  G. 


Se  solteira  te  conservas , 
Deixa-te  estar  como  estás, 
Repara  ,  que  naõ  tem  preço 
Huma  vida  em  boa  paz. 
Mas  se  o  contrario  fizeres, 
Terás  Noivo  pobre  ,  e  tolo , 
Andarás  de  capa ,  e  lenço 
Com  os  filhinhos   ao  colo. 

Rei  =  H. 

Sirva-se,  minha  Senhora, 
De  ficar  assim  solteira  ; 
Quem  lhe  der  este  conselho, 
Naô  lhe  diz  nenhuma  asneira» 


(>3i  ) 

r 

i?«  =  7. 

Passa  os  trinta  com  descanço , 
Livre  das  pensões  do  estado  ; 
Que  depois  acharás  Noivo  , 
Que  he  de  todos  invejado. 
Porém  se   antes  te  entalares  , 
Em  ser  de  muitos  querida, 
Casando  antes  deste  tempo, 
Desfrutarás  triste  vida. 

Rei  =z  L. 

Menina,  se  quer  casar, 
Viva   nessa  confiança  ; 
Porém  naõ  procure  a  sorte 
Porque  inda  he  muito  criança» 


I  ^ 


(isO 


Rei  ^  M. 

Curvada ,  feita  hum  novello , 
De  bordaõsinho  na  maõ, 
Andarás  5  em  sendo  velha, 
Porém  com  boa  feiçaõ , 
Dando  de  asseio  sinaes  , 
Viuva  de  hum  mocetão, 
Que  naõ  deixou  cabedaes. 

Rei  —  N. 

Tens  hum  perfeito  rapaz  , 
Bem  creado  ,  e  bem  nascido  ; 
Faz  versos  com  muito  engenho, 
Bem  posto,  e  bem  comedido; 
Queira .  Deos  ,  que  se  conserve  , 
Em  chegando  a  ser  Marido  ! 


(  133  ) 

D 

JR^i  =  O. 

O  génio  de  invencionelra 

Te  retira  o  casamento ; 

Se  casas,  e  se  o  naõ  mudas, 

Terás  eterno  tormento: 

Porque  o  Noivo  ha  de  ser  pobre, 

E  dos  teus  desdéns  levado , 

Mil  vezes  (  repara  bem  ) , 

Que  se  ha  de  ver  obrigado 

A  gastar  mais  do  que  tem. 

Rei  n  P. 

E's  rica,  e  casas  mais  rica, 
Ambos  vivíráo  contentes  ; 
Mas  sem  filhos,  nem    trabalhos,    ' 
Fortuna  para  os  parentes. 


(  ^34  ) 


Rei  =:  Q, 

Como  sois  muito  doente, 
Sem  instante  de  saúde  , 
Vivireis  pouco  contente. 
Inda  hum  Noivo  haveis  achar, 
Que  vos  estime  com  dó; 
Mas  aos  sessenta  de  idade, 
Ficareis  sem  elle ,  e  só. 

Rei  ^  R. 

Haveis  ficar  enganada 
Até  huma  certa  altura ; 
Depois   c'hum  bom   casamento 
Tereis  descanço  ,  e  ventura: 
Tal  Noivo  mysterio  tem  , 
Porque  taõ  bom  matrimonio 
Fará  feliz  mais  alguém. 


Rei  =  S. 

Huma  tarde  de  verão , 
N'uma  varanda  espaçosa, 
Mil  finezas  te  dirão; 
Depois  ciúmes,  e  teimas, 
Te  haô  de  muito  desgostar ; 
E  no  fim  destes  arrufos, 
Virás  com  elle  a  casar. 
O  que  te  disser  mal  delle  , 
He  por  inveja  ,  que  tem  , 
De  ser  hum  homem  de  bem. 

Rei  —  T. 

Pela  graduação  do  Irmão 
He  que  deves  bem  casar; 
Nao  te  deixes  fazer  velha, 
Porque  te  pode  falhar. 


(136) 


Rd  =z  F. 

Em  passando  huns  sete  annos  ^ 
No  cestinho  da  costura 
Huma  cartinha  porá 
Mao  subtil,  que  bem  figura: 
Depois  de  lida  por  ti, 
Te  verás  em  lance  forte  ; 
E  então  louvarás  a  Deos, 
O  dar-te  taõ  boa  sorte ; 
Qae  de  teus  Pais  a  contento 
Fazes  este  casamento.      <* 

Rei  zz  X 

Forte  fortuna  te  espera  ! 
Force  cousa !  Eu  nunca  vi  ! 
Tens  Marido  5  tens  dinheiro, 
E  tudo  bom  tens  por  ti. 


(>37  ) 

F 

Rei  =  Z. 

Qaererás  achar  hum  Noivo 
Em  todas  as  companhias  ; 
Mas  certo   sinal  ,  que  tens  , 
Faz  infelices  teus  dias. 
Depois  de  seis  desprezados  , 
Virás  inda  a  aceitar  hum  , 
Que   te  traga   todo  o  anno 
Em  rigoroso  jejum. 


SORTES 

PERTENCENTES 

A 

HOMENS. 


(  139  ) 

A 

^  ^  X  jL  ^  ^ 
As  =  A. 

Tens   huma  linda  Senhora, 
De  quem  deves  ser  Marido  ; 
Naô   lhe  dês  causa  a  ciúmes  , 
Vive  como  tens  vivido ; 
Os  olhos  sa6  matadores  , 
A  figura  em  tudo  he   bella  , 
Se  queres  saber  quem  he ! 
Vai  dormir,  sonha  com  ella. 

As  z=z  B. 

Quem  níío  presta  para  amar , 
Como  vós,  que  naõ  prestais, 
Naó  pergunteis  de  Amor  mais , 
Que  a  vossa  sorte  he  azar. 


(  ^4o  ) 


Aí  -  C. 

Se  tu  te  alistas  com  Marte, 
Porque  vais  servir  a  Amor  ? 
Sempre  quem  tem  dous  Senhores  ^ 
He  de  ambos  máo   servidor : 
Porque  nas  duas  milícias 
He  muito.  diíFrente  o  jogo  , 
Marte  serve-se  com  ferro; 
Amor  serve-se  com  fogo: 
Se  andas  procurando   Noiva , 
Nâo  tomes  duas  emprezas; 
Quem   vai  conquistar  guerreiros, 
Naõ  vem  conquistar  bellezas. 

Js  =  D. 

Nunca   Frade,  nem  casado, 
Has  de  ser,  por  só~  prestares 
Para  beber,  e  jogares, 
C^om  gcnio  de  levantado. 


(  141  ) 

R 

As  =•  E. 

Nao  andes  tanto  de  noite , 
Pela  Dama ,  que  namoras ; 
Porque  seus  Irmãos  te  esperaô , 
Bem  armados  ,  fora  d'horas. 
Vai  fazer  outra  eleição  , 
Se  queres  sem  algum  susto 
Achar  firme  coraqaõ. 

As  -  F. 

A  velha  ,  que  namorais, 
Já  com    cara  de  defunta  ^ 
Para  vós  dinheiro  ajunta  ; 
He  taõ  firme,  que  naõ  quer, 
Senaõ  de  vós  ser  mulher. 


(  M^ ) 


As  z=z  G. 

N'uma  terceira  jornada  ; 
Que  a  certa  Villa  fizeres. 
Acharás  huma  dotada  ; 
Aconselho-te ,  que  esperes 
Por  esta  grande  fortuna ; 
Porque  se  antes  te  entalares , 
A  sorte  manda-te  á  tuna. 

Js  -  H. 

Nannorado  ,  abri  os  olhos  , 
Que  convém  tellos  abertos  j 
Porque  se  quereis  casar , 
Mil  cuidados  tendes  certos  ; 
E  muitas  occasiões  , 
De  desgostos  5  e  paixões. 


(  MJ  ) 

c 


Js   =z   I. 

Quem  te  manda  ser  pacovio? 
Tu  namorastes  escrevendo , 
K  pela  nota  da  carta, 
Foi-sc  a  fortuna  perdendo  : 
Agora  tem  a  certeza  , 
Que  campas  pela  figura  ; 
Que  em  tu  fazendo  cartinhas  ^ 
A  amizade  naô  te  dura. 

Js  =z  L. 

Naõ  sabes  ser  namorado , 
He  taô  má  a  tua  fama  , 
Que  se  benze  toda  a  Dama^ 
De  seres  apapalvado. 


(  144  ) 


As  -  M 

Se  hum  amigo  ,  de  quem  vós 
Coníiasteis  o  segredo  , 
Com  honra  o  souber  guardar, 
Vireis  a  casar  mui  cedo  ; 
Mas  se  elle  for  fallador, 
Cortou-se  a  vossa  ventura , 
Pois  logo  que  os  Pais  o  saibao, 
Botaô  agua  na  fervura. 

Js  =  N. 

Traz  a  carta  hum  sobrescrito ; 
Que  negpa  fortuna  encerra ; 
Passareis  por  vosso  génio, 
Mal  no  mar,  peor  na  terra. 


C  145-  ) 

As  =2  O. 

Se  emendares  o  passado  ^ 
Servindo  o  teu  bom  ofKcio  ^ 
Mostrando  a  quem  te  conhece  ^ 
Que  já  és  homem  sem  vicio; 
Ha  de  haver  huma  Senhora  , 
Inda  que   temendo  o  estado , 
Obrigada  por  seus  Pais  , 
Com  quem  te  vejas  casado* 

As  -=  P. 

Haveis  de  casar,  e  bem. 
Mas  como  sois  gastador,    , 
Infeliz  da  vossa  casa; 
Se  naõ  hourer  hum  Tutor; 


K 


(  h6  ) 


Menino,  se  vestio  farda 
Para  ser  mais  desejado , 
Olhe  que  huiti  homem  inteiro 
Vale  mais  do  que  hum  soldado 
Se  em  paizano  passeava , 
Armadirtho  por  arames; 
Militar  cheio  de  filhos; 
Ha  de  soffrer  mil  vexames, 

Js  —  R. 

Has  de  achar  huma  Senhora , 
Muito  honesta,  c  de  juizo, 
Pohrezinha  como  Job, 
Mas  vives  n'hum  Paraizo. 


i 


(  "47) 

F 

As  =  S. 

Has  de  casar  muito  bem, 
Com  Senhora  rica ,  e  bclla  ^ 
Porém  muito  ha  de  custar 
Ajuntares-te  com  ella  : 
Seraó  firmes  seus  afFectos, 
Ninguém  mais  que  ella  te  querj 
Porém  tens  no  meio  disto 
Trcs  barreiras  ,  que  vencer. 

As  =  % 

Nao  faças  mais  diligencias ; 
Como  naõ  casaste  em  moço  J 
Agora  depois  de  velho , 
Naô  dês  a  roer  o  osso- 


K 


(  148) 


Jls 


Muda  esse  génio ,  que  tens  , 
Porque  assim  perdes  o  rumo, 
Qualquer  limaõ,  que  espremeres, 
Já  mais  te    botará  sumo  : 
Com   taó  fera  condição. 
Toda  a  Dama   se   receia  , 
Se  naõ  abrandas  o  fogo  ,. 
Andas  a  escrever  na  areia» 

As  =  X 

Sim,  Senhor,  ha  de  casar. 
Mas  com  mulher  de  tal  sorte, 
Que  poucos  seraõ  os  dias  , 
Que  naõ  brigue  com  a  morte. 


(  149  ) 

As  =  Z. 

Desengana  essa,  que  tens, 
Que  anda  por  ti  como  doida  , 
Naõ  lhe  chupes  os  vinténs; 
Tu  bem  sabes,  que  naõ  podes 
Fazer-lhe  conveniência ; 
Ella  perde,  e  tu  também. 
Com  manchas  na  Consciência. 

Dous  ~  A. 

A  que  buscas  por  espoza , 
Que  he  formosa,  bem  se  vê, 
Existe  neste  ranchinho, 
Adevinha  lá  quem  he  ? 
Levas  huma  linda  Dama , 
Faze-lhe ,  o  que  faz  quem  ama. 


(  i?o) 


Bons  3:  B, 

Amigo,  a  tua  fortuna 
AiKrnio,  que  ha  de  ser  cuca, 
Acharás  huma  mulher 
Pobre,  Lia,  torta,  e  louca: 
E  em  tudo  quanto  intentares  , 
Acharás  tamanho  azar; 
Que  até  bebendo  na  fonte , 
A  fonte  se  ha  de  seccar. 

Dgus  -  a 

RazaÓ  he  ,  que  te  accommodes 
Com  o  que  o  tempo  te  dá , 
Se  és  firme,  tens  Dama  boa, 
Se  és  falso 5  será  bem  má! 


(^51  ) 

No  prazer  do  teu  estado 
Cuida  bem  em  conservar-te  ; 
Porque  he  tolo  todo  o  homçm. 
Que  de  viver  naõ  tem  arte  j 
Podes  ser  muito  feliz, 
Se  te  souberes  reger ; 
E  fazes  hum  casamento , 
Que  poucos  o  haõ  de  fazer, 

Dous  =  E. 

Por  esmola  se  te  dá 
Objecto  vesgo,  e  mal  visto; 
Porque  tu  és  velho ,  e   feio , 
Naõ  mereces  senaõ  isto. 


(íp) 


Dous  -=•  F. 

Casas  com  certa   Senhora  , 
Qae  tem  immenso  de  seu  , 
Qije  hum  Tio  velho ,  e  sisudo, 
Tudo  que  tinha  lhe  deu: 
Mas  que  importa  esta  riqueza , 
Se  o  vicio y  que  tens  do  jogo, 
Ha  de  fazer  os  eíFeitos, 
Que  faz  n'huma  casa  hum  fogo, 

Doíu  =z  G, 

Derao-te  agora  na   balda , 
Pela  sorte  se  descobre , 
Que  ha  de  ser  a  tua   esposa 
Velha  ^  feia,  surda,  e  pobre* 


H 

Dotis  =1  H* 

Terás  lance  de  ladroes  , 
Huns  com  sentido  nos  bens  , 
Mas  outros   ladroes  de   Amor  , 
De  olho  na  Noiva  ,  que  tens  : 
Serás  tao  accommettido , 
Que  tirando-ta  a  terreiro  , 
Te   deixarão  em  jejum  , 
Sem  ter  Noiva,  nem  dinheiro. 

Dous  zz  L 

Saõ  cousas,  que  vem  da  sorte. 
Ficas  com  frio  ,  e  sem  roupa  , 
Vai  ao  caldo  á  portaria  ; 
Talvez  que  inda  molhes  sopa. 


(  IJ4  ) 


Dotts  zz  L. 

Acharás  huma  Senhora  , 
Coxinha  sim  de  huma  perna  , 
Mas  nao  he  defeituosa 
Mulher  ,  que  taô  .bem  governa  : 
E  tu  hum  tombo  darás  , 
Pelas  muitas  zombarias, 
Que  ficarás  também  coixo 
Todo  o  resto  dos  teus  dias* 

Deus  z=.  M. 

Nao  digo,  que  acertcrás ; 
A  Noiva  he  ciosa,  e  bella, 
Toma  tento,  anda-Ihe  ao  geito^ 
Nao  te  esgatanfies  com  ella. 


(  "S!  ) 

T 

Dous  —  N. 

Co  sentido  na  riqueza 
Certa   Dama  e.scolherás  , 
E  depois  do  Matrimonio 
Farto,  e  cheio  «Içarás: 
Mas  por  seres  bom  de  mais, 
E  em  negócios  pouco  agudo, 
Nos  contractos  ,   que   tiveres  , 
Irás  dar  cabo  de   tudo. 

Dons  =  O. 

Tens  hum  sinal   no  nariz  , 
Qiie  nos  faz  bastante  susto; 
Denota  achares  Espoza  , 
Mui  pobre,  e  com  muito  custo, 


(  ^S6  ) 


Dons  zn  P. 

Nao  casarás  por  amores ; 
E  por  isso  a  tua  Espoza, 
Todo  o  tempo  de  casada  , 
Ha  de  viver  desgostosa  ; 
VenJo  que  tu  sem  razaõ , 
Por  outras  muito   mais  feias , 
Desprezarás  a  de  casa, 
Só  por  cuidar  nas  alheias. 

Doíis  =  2i 

Nao  enganes  a  Madama  ; 
Porque  tens  moléstia  occultaj 
Pela  qual  a    ti ,  e  a  ella, 
Eterno  damno  resulta. 


.       (  15-7  ) 

OhuTia  pobre  rapariga 

Ca-arás  mui  brevemente, 

Ella  será  tua   amiga ; 

E  também  hum  seu  parente  j 

Este  bem  te  ajudará  , 

Que  ainda  que  pobre  sejas, 

Elle   rico  te  fará; 

E  depois  hum  filho  teu, 

Muit^  honrado  5  e  com  dinheiro, 

Ha  de  ser  hum  cavâlleiro. 

Passadas  trezentas  Luas, 
Por  teu  gosto  casasás; 
De  ciúmes,  e  dinheiro. 
Bastante  te  fartarás. 


(  158  ) 


Dom  zz:  Tl 

Depois  de  hum  caõ  te  morder, 
E  teres  hum   desafio; 
Quando  cahires  n'um  rio, 
De   que  has  de  estar  a  morrer ; 
Depois  d'alguem  te  prender, 
Por  vingança  d'hum  visinho; 
Huma  Consorte   acharás, 
Com  descanço  ,  e  com  fortuna. 
De  que  pouco  gozarás. 

Dous  —  F. 


No  rosto  tendes  a  sorte  , 
Sois  estúrdio  ,  e   maganão ; 
E  quem  assim  he,  naô  acha 
Com  firmeza  hum  coração. 


(  'S9  ) 

M 

JDous  =  X 

Sem  oíBcio  ,  ou   beneficio  , 
Inrçntas  tornar  estado  ; 
Porém  depois  de  casado , 
O  que  he  que  intentas  fazer? 
O   que  has  de  dar  a  comer  , 
Á  pobre  mulher ,  e  filhos  ? 
Ora  toma  o  meu  conselho, 
Muda  de   idéa  e  de  trato , 
Vai-te  metter  Sacristão  , 
Irmaõ  d'Almas  ,  ou  Donato. 

Deus  zz  Z, 

Tal  firmeza  tem  comtigo , 
Desde  a  hora ,  que  te  amou , 
Que  já  por  amor  de  ti 
Outro  mais  rico  enjeitou  ! 


(  léo) 


três  z=z  A 

Pelo  tempo  das  cerejas , 
N'uíTi  anno  de  grande  inverno  ^ 
Terás  tudo  o  que  despejas  j 
Casarás  c'huma   Senhora  , 
E  n'uma  quinta  do  dote  , 
No  fundo  d'bum  grande  poço, 
Ceando  este  se  consertar, 
Dentro  delle  se  ha  de  achar, 
Huma  mina  de   caroço. 

Três  =z  B.        . 

Descançai  de  namorar. 
Que  maldito  seja  o  geito, 
Que  tendes  de  em  lances  taes  ^ 
Abranger  algum  proveito ! 


N 

Tres  zz  C 

Has  de  ter  muitos  desgostos 
Logo  que  fores  casado  ; 
Por  huma  Sogra  arrastado ; 
Verás   acabar  teus  gostos; 
Prezo,  e  solto  a  cada  passo j 
Perseguido  a  toda  a  hora  , 
Expulso  da  tua  Pátria, 
Irás  acabar  lá  fora. 

Tres  zz  D. 

A  tua  sorte  he  das  boas, 
De  riqueza  dá  sinaes  ! 
Tem  hum  casamento  bom  , 
Naô  pertendas  saber  mais. 


(i6i) 


Tres  —  E. 

Nao  duvido  da  ventura  , 
Que  na  terra  haveis  de  ter, 
Porém  qué  importa,  se  o  mar 
Tudo  vos  ha  de  lamber  j 
E  até  deixará  viuva 
A  vossa  triste   Mulher  j 
Porém  disto  escapará 
Quem  ambição  naõ  tiver. 

Tm  ==  F. 

Quem  he  torto,  como  vós, 
Taõ  feio,  e  de  má  figura, 
Naõ  deve  estar  esperando 
Ter  no  casar  a  ventura. 


(  i63  ) 

Xres  =  G. 

Guardai-vos  da  quarta  feira  ^ 

Porque  ha  de  ser  neste  dia, 

Que  haveis  por  certo  motivo 

Cahir  em  melancolia; 

Porém  depois  de  dous  annos , 

A  hum  Sabbado  será, 

Que  huma  Mulher  rica  ^  e  nobre 

A  vossa  sorte  fará. 

Três  zz  H. 

Em   tudo  quanto  emprenderes  y 
Terá  fim  tua  esperança; 
Andarás  com  vento  em  popa, 
.  E  com  mar  sempre  em  bonança. 


(  1^4  ) 


Três  =:  7. 

Sete  mil  vezes  verás , 
Nascer  a  brilhante  Aurora; 
Na  ultima  vez  entaõ  , 
Acharás  certa  Senhora, 
Que  te  entregue  o  coração ; 
Por  fruto  do  Matrimonio, 
Has  de  ter  dous  innocentes, 
Porém  com  taõ  curta  vida , 
Que  lhe  naõ  verás  os  díentes* 

Três  ■==  L. 

Vos  amais  com  muito  excesso, 
Mas  a  Dama,  por  magana, 
Cada  vez,  que   vos  avista, 
Tanto  zomba,  como  engana. 


( líí ) 

p 

Tres  =•  M. 

Em  certa  casa  entrarás, 
Co  sentido  de  casares; 
Mas  a  sorte  ,  que  procuras , 
Se  tornará  em  azares  : 
Serás  pilhado  de  dentro  , 
E  pela  primeira  vez, 
Contra  a  raiva  de  hum  irmão  , 
Naõ  te  hao  de  valer  os  pés. 

Tres  ~  N. 

Segue  o  primeiro  destino  , 
Já  que  és  taô  bom  estudante  ; 
Toma  as  Ordens,  abre  croa, 
Que  he  melhor,  que  ser  amante. 


(i66) 


Três  =  O. 

Ninguém  duvida  que  cases, 
Mas  terás  huma  galé  ; 
Pois  sempre  martyrio   he 
Ver  a  Mulher  mui  soberba, 
Dizendo,  a  tola  fui  eu\ 
Lavando-te  sempre  o  rosto 
Com  quanto  trouxe  de  seu. 

Três  —  P. 

Apenas  fores  casado, 
Então  serás  venturoso  , 
E  por  letras  despachado ; 
Terás  no  teu  cargo   honroso 
Credito  de  homem  honrado. 


(  1^7  ) 

Três  ==  ^ 

Botem  daqui  para  fora 
Este  maganão  de  lote ; 
Porque  naõ  pode  casar  , 
E  vem  cá  chupar  o  dote: 
Já  tem  escolhido  estado, 
Com  devoto  pensamento; 
E  vem  buscar  neste  livro 
A  sorte  de  casamento. 

Três  =  R. 

Ha  de  ser  Anna  de  tal 
A  tua  esposa  futura ; 
He  formosa  ,  e  tem  juizo., 
Naó  se  dá  melhor  ventura. 


(i68) 


Tres  —  *r. 

Quatro  mezes  de  cadeia  ; 
Vinte  dias  de  malina; 
Tudo  será  compensado , 
Chuma  perfeita  Menina  ; 
Porém  depois  de  casado , 
Teus  damnos  acabarão; 
Metrido  no  teu   casal, 
Que  todos  te  invejarão. 

Tres  =3  r. 

He  secular  de  hum  Convento, 
Com  quem   pertendes  casar, 
Que  te  quebrantou  o  génio, 
E  fez-te  ao  seu  paladar. 


( "íí? ) 


R 


^      Tres  =  F, 

No  fim  de  cançada  vida. 

Quererás  entaó  casar ; 

E  inda  has  de  huma  Noiva  achar , 

Que  seja  bem  parecida  j 

Em  tudo  será  perfeita , 

Sítri  rica  ;  e  sem  parentes  , 

Alas  ha5    de   chegar-te  as   nozes , 

Quando  naô  tiveres  dentes. 

'   Tres  ~  X 

Nao   te  fies  nas  mclheres  , 
Poacâs  guardaõ  lealdride  ; 
E  naõ  te  falia  a  verdade, 
Aquella  a  quem  tanto   queres. 


(  I70  ) 


Três  —  Z, 

Sim,  Senhor,  todos   sabemos 
Das  novas  inclinações; 
Quer  cativar  corações  ; 
E  que  todos  nos  calemos  ? 
Pois,  Senhor,  se  quer  casar, 
E  fazer   boa  farinha,  ^ 

Trate  já  de  pôr  com  dono 
Hama  certa  mulatinha. 

Qtiíitro  ■=.  A. 

Amigo,  he  melhor  que  a  deixes, 
Ar.tes    que  eila  a   ti  te  deixe, 
(^e  mais  vale,  que  se  queixe, 
Du  Quc  tu  delia  te  queixes. 


(  '71  ) 

s 

Quatro  =  i5. 

Tu  tens  tantas  valentias  , 

E  tanto  esta  fama  queres  , 

Qae  em   te  vendo  com  mulheres, 

Todo  o  Mundo  desafias  : 

Mas  por  fim  haverá  huma  , 

Com  quem  intentes  câsar, 

Qae  ha    de  Ia  ter  hum  geitinlu)  , 

Para  o  fogo  te  abrandar. 

Quatro  =r  C 

Casareis  com  huma  doida, 
Prozumida,  e   bezuntada  , 
E  o  vosso  génio  por  frouxo 
A  fará  cnais  altânada. 


(  172   ) 


Quatro  ~  D. 

Huma  Senhora  ,  te  espera  , 
Como  o  So!  ,  bella  ,  e  formosa , 
Bem  dotada  ,  muito  honesta  , 
E  bastante  habilidosa:- 
Faz  cousas  taó  delicadas , 
Ern  se  pondo   ao  bastidor  ; 
Que  he  capaz  té  de  bordar , 
Os  laços  que  tece  Amor, 

Qiiatro  =  £. 

Meu,  Senhor,  se  !ie  pobre,  e  feio? 
Do  seu  descanço  nao  tire  , 
Quem  vive  com  tanto  aceio; 
Porque   a   Senhora   he   morgada, 
E  naò  quer  quem   nao   tem  nada. 


(  173  ) 

T 

Quatro  =  F, 

Nao  oiça  ler  esta  sorte , 
Porque  pena  lhe  hade  dar ; 
E  o   que  lhe  fizer  aíFronta  , 
He  melhor  nao  se  fallar : 
Olhe  ca  faça   de  conta , 
(Para  naô  ouvir  mais  nada,) 
Que  estava   neste  lugar, 
A  lauda  toda  rasgada. 

Quatro  ==  G, 

Qiiem  de  mais  alto  nadar , 
Mais  presto  se  ha  de  aítogar  ; 
Se  tens  hunia  pobre   honrada, 
Naõ  .vaz   a  outra  inquietar, 
Por  ser  mais  afidalgada. 


(174) 


Quatro  =:  íZ. 

Se  ella  nada  tem  de  seu, 

E   tu    também  naó  tens   nada  ,  ' 

Vais  fazella  desgraçada  ; 

Casar  pobre,  he  grande  magoa, 

Muda,  muda  de  projecto, 

He  tal  qual  horta  sem  agoa  , 

E  que  humas   casas  sem  tecto. 

Quatro  =::  I. 

Certo  velho,  Pai  da   Dama, 
Hum  logro  te  quer  pregar  , 
AfFectando  de  que  he  rico, 
Para  a  filha  bem  casar: 
Alas  do  dinheiro,  e  verdade^, 
Ametade  da  ametade. 


(  17?  ) 


*     *  ▼  *     * 

Quatro  —  L. 

O  vicio   de  namorar 

Causa»  a  tua  perdição; 

Mas  foge  da  occasiaô  , 

Que  se  a  vida  se  emendar, 

Então  serás   bem  casado; 

Que  de  mulher,  que  foi  d'outrem, 

E  de  caldo  requentado, 

Nunca  verás  bom  bocado. 

Quatro  =:  M, 

Na6  queiras  casar,  naô  queiras^ 
Que  ella  he  de  génio  subtil^ 
Agora  dá  paõ ,  e  mel ; 
Porém  depois  de  casada  , 
Ha  de  te  dar  paô ,  e  fel. 


(176) 


Quatro  =  N. 

Ern  passando  seis  Janeiros, 
Nos  quaes  rompas  três  capotes, 
Kuma  Dama  com  dous  dotes 
Cahirá  em  teu  poder. 
Se  o  contrato  se  fizer , 
Tu  viviras  sem  desgostos  , 
Porém    perderás  a  vida  , 
Em  passando  seis  Agoi^tos, 

Quatro  ==  O. 

Has  de  ter  huma  ruina, 
Por  causa  d'hum   máo  amigo 
Que  quer  comer  só  o  seu  , 
E  comer  o  teu  comtigo  , 
Até  te  deixar  de  todo, 
Sem  teres  hum  graó  de  trigo. 


i  ^77  ) 

Qíiatrõ  =:  Pt 

Eu  nao  sei  se  casarás  ^ 
Porém  se  tens  tal  intento, 
Nao   te  apresses  no  contrato  j 
Consulta  o  teu  pensamento  j 
E  para  da  tua  causa 
Seres  perfeito  Juiz  , 
Nas  pensões  do  Matrimonio 
Olha  o  que  cada  hum  diz. 

Quatro  =:  Q^ 

Pela  tua  má  escolha 
Casarás  c'huma  mulher  ^ 
Que  nao  he  mui  boa   folha  ; 
E   deves-te  recordar, 
Que  quem  veste  ruim  panno^ 
Faz  seis  vestidos  no  ânno. 


M 


(X78) 


Quatro  =:  i?* 

Casarás,  e   o  Matrimonio 
Hum  filiu)  ha  de  produzir  ; 
Cuida  em  o  pôr  em  Coimbra, 
Para   de  amparo  servir  ; 
Faze  que  Medico  seja  , 
Que  quando  o  enfermo  diz  aij 
Seja  bom ,  ou  seja  máo  , 
Sempre  o  Medico  diz  dau 

Quatro  z=i  S. 

Nao  vos  fieis  de  contratos  , 
Que  na  primeira  desgraça 
Por  penhora  os  vossos  bens 
Se  hao  de  ver  todos  na   praça : 
Chorarão  mulher,  e  filhos , 
Sem  nenhuma  saber,  que  faça. 


(  179  ) 

z 

Quatro  =:  T. 

Casareis  c'huma  Donzella  ^ 
Mui  formosa  ,  e  bem  dotada  ^ 
Poucas  háv€raõ  como  ^l!a  ; 
Porém  tem  certo  defeito  , 
Que  naó  mostra  ser  mui  douta ^ 
Eila  morrerá  da  pinga, 
E  vós  morrereis  de  gota. 

Quatro  ~  F. 

A  demanda  5  em  que  lidais  ^ 
Naõ  vos  dou  nada  por  ella  j 
Casareis  com  Dama  bella, 
Mas  de   infelices  sinais; 
E  nos  mesmos  se  descobre. 
Que  haveis  viver  muito  pobre» 


M 


(i8o) 


Quatro  =:  X. 

Hum  ranchinho  de  Comadre 
A  fama   te  põe  á  curta , 
E  huma  quanto  póJe  furta  ; 
Isto  hé  bem  que  te  succeda, 
Para  depois  conheceres, 
Qje  já  mais  terás  fortuna, 
Que  te  venha  por  mulheres. 

Quatro  zn  Z. 

Amigo,  animo  largo; 

Os  trabalhos  saõ  dos  homens, 

Naó  vos  mettais  em  lethargoj 

A   vossa  triste  ventura 

Diz  só,  que  hum  anno  casado,, 

MdS  os  mais  Bâ  sepultura. 


(  ^8i  ) 

A 

Chico  =:  A 

Trata  de  casares  cedo  , 
Para  amparares  a   casa  , 
Porque  farás  boa  vasa 
Com  huma  Senhora. linda; 
Muito  mais  trazendo  ainda 
Olivaes,  quinta,  e  dinheiro, 
Terás  enxames  de  abelhas, 
Terás   rendosos  moinhos , 
Terás  rebanhos  de  ovelhas. 

Cinco  z^  B, 

Vais  atraz  da  descendência, 
Busc-ar  Dama  pobre,  e  feia, 
E   que  cega  dependência  ! 
De   que  te   servem  taes  ossos  ? 
Os  mortos  já  naõ  saõ  nossos. 


(  i82  ) 


Cinco  ■=.  Q 

Has  de  ter  huma  viuva 
Por  tua  amante  consorte  ; 
Muito  amiga  de  dinheiro  , 
E  de  génio   muito  forte  ; 
Quando  estiveres  dormindo, 
A  bolça  te  irá  abrir, 
Tirando-te  alguns  conquibus 
Para  ajuntar ,  e  sumir, 

'  Cíuco  z=  D. 

Todo  o  que  semeia  abrolhos  , 
JS  spinhos  deve  colher , 
1^'to  te  ha  de  succeder; 
Í5e  tu  desdenhas  de  todas , 
Como  queres  achar   huma, 
Para  celebrar  as  yodas  ? 


(  i83  ) 

R 

*  *  -1—/  *  * 

C/;;rí?  =  E, 

Tens  com  criada  da  casa 
Prommessa  de  casamento; 
Naó  disputo  a  distinção, 
Trata  de  dar  cumprimento  : 
O  ser  esta  ,  ou   ser   aquella  , 
Nada  no  contrato  tem  , 
jNías  dar  valia  á  palavra 
He  do  homem,  que  he  de  bem. 

Cinco  =  F, 

Nao  repares  nos   ciúmes,. 
Humilde  com  ella  anda  ; 
Aí^ua  mole   em  pedra  dura 
Tanto  lhe   bate,  que  a  abranda  j 
Vê  que  com    fúria,   e  rigor, 
Esfria  qualquer  amor; 


(,i84) 


Cinco  zz  G, 

Gabarás  c'huma  Senhora  , 
Qye  doido  te  ha  de  fazer, 
E  naõ  haverá  remédio 
Senaõ  calar ,  e  soiFrer : 
He  honesta ,  e  mui   formosa  , 
Mas  com  génio  desabrido^ 
De  dentro  tu  saberás 
Quanto  custa   ser  Marido. 

Cinco  m  H, 

Naõ  morde  a  abelha  senno 
A  quem   vai  tratar  com  ella, 
Julgastes  a  Dama  por   bella  , 
Porém  nem  só  te  enganou. 
Mas  até  com  artificio 
*Sem  saúde  te  deixou. 


(  iB5r  ) 


c 


Cinco  z=L  1. 

Se  esta  sorte  nao  te  quadra  , 
Vai   outra  carta  tirar , 
Que  tu  nao  podes  casar; 
Has  de  ter  duas  doenças, 
Ambas  de  dores  immensas , 
Mas  grangeadas  por  ti , 
Pois  tiveste  a  mocidade  , 
Como  ainda  a  ninguém  vi. 

CmcQ  z=z  L, 

Nno  sabem  todos  mui  bem  , 
Qiie  tomar  naô  pode  estado! 
He  ser  nfuito  descarado: 
Porque  o  impossível  nega  ? 
Quer  em  toda  a   sociedade 
Fazer  a  mais  gente  cega. 


(  i8ó  ) 


Cinco  =:  M. 

Nao  estimes  por  ventura 
De  casar  o  pensamento, 
Porque  ás  vezes  de  castigo 
Também  serve  o  casamento  ; 
Olha  bem,  que  o  Ceo  naô  dorme, 
E  deves-!he  ter  respeito, 
Qye  podes  pagar  no  estado , 
O  que  tens  ás  outras  feito. 

Cinco  -z  N, 

Na   primeira  occasiao 
Embarque  para  Macáo  , 
Em  leques,  sedas,  cacáo. 
Traga  de  lá  o  seu  dote  ; 
E  verá  que  logo  alcança 
Dama  do  primeiro  lote. 


(  iS?  ) 

D 

C/>;rí?  zn  O. 

Amigo,  deixa-te  disto, 
Casar  para  ti  naô   he  ; 
Andas  muito  arruinado, 
Pareces  a  morte  em  pé. 
Manda  que  se   feche  o  livro  , 
Tens  hum  profeta  mais  forte  , 
Hum  espelho  te  dirá 
Qua!  será  a  tua  sorte. 

Cinco  :=:  P. 

Se   tens  hum   amigo  hom, 
Qiie  te  deseja  ajudar , 
Cant3-!he   sempre  nò  tom  ; 
Depois  de  estabelecido, 
E  com  negocio  seguro  , 
Cuidarás  em  ser  Marido. 


(  i88  ) 


Cinco  zn  2: 

Menino,  he  muito  criança 
Para  buscar  casamento  : 
Diga  á   Mãi ,  que  lhe  dê  papa  , 
Deixe-se  de  ser  choquento  ;■ 
Acabe  o  tempo' do  estudo, 
Faça  a  vontade  a  seus  Pais  , 
E  se  escapar  das  bexigas  , 
Nós  fallaremos  no  mais. 

CÍ71C0  —  R. 

Tem  mao  ,  que  te   precipitas, 
Faetonte  dos  nossos  dias  ; 
Que  se   em  namorar  profias  , 
Contra  ti  o  mal  excitas: 
Deixa  a  que  tens  abalada  , 
Senão  levarás  maçada. 


('«9) 

F 

Sao   cinco,  que  á  roça  trazes, 
Com  promessa  de  ganchinho; 
Olhem   todos   para^elle , 
Como  se  faz  vermelhinho; 
Meu  amigo  ,  paciência  , 
Isco'  mostra  o  mal,  e  o  bem. 
Balda  aqui   naõ  se  perdoa  , 
He  pensaô  de  quem  as  tem. 

Cinco  =1  T. 

Pois  que  nno  queres  cumprir 
Os  conselhos,  que  te  daô. 
Ficarás  sempre  solteiro  , 
Com  fama  de   mandrião: 
Té  de  crédito  perdido  , 
Sem  achares  compaixão. 


(  ^9o  ) 


Cinco  rz  Fl 

Lerarás  na    companhia 
Hum  Amigo,  a  certa   casa  , 
Que  no  jogo  dos  Amores 
tile  he  que  ha  de  fazer  vasa', 
Antes  que  o  caso  succeda , 
Recorda-te  do  ditado, 
Que  diz  y  que  mais  vale  só, 
Do  que  mal  acompanhado. 

Cinco  =  X. 

He  Senhora  ,  e  nao  he  peca  , 
A  que  hâs  de  ter  por  mulher, 
Naó  namores   mais  nenhuma. 
Nem  andes   a  escolher; 
Dorme,  bebe,  come,  e  canta, 
Deixa  vir  o   que  vier. 


('9'  ) 

F 

Cinco  =3  Z. 

Andas  como  hum  parvoinho , 
Huma  Dama  requestando  , 
Que  já  anda  c'hum   parente 
O  casamento  ajustando: 
Nao  desprezes  este  aviso  , 
Porque  mai^?,  que   a   nós^  te  toca, 
Se  nao   queres  neste   lance 
Ficar  com  agua  na  boca. 

Seis  :=z  A. 

Parentescos   tomarás 
Nestes  ranchinhos  da  moda, 
Com  hum   delles  casarás  ; 
Porém  nao   queiras  saber 
A  fortuna  ,  que  teias.     . 


( i?^  y 


Seis  n:  J5. 


No  que  dizes,  no  que  fazes, 
Tens  génio  muiro  adoidado  , 
Se  naô  mudas  de  systema  , 
Nunca  podes  ser  casado ; 
Moíítra  liais   moderação  , 
Trata  de  teres  assento  , 
Se  queres,  que  te  appareça 
Hufu  bonito  casamento. 

Seis  =  C. 

Excellente  casamento 
He  guardado  para  ti , 
Podes  ter  contentamento; 
De  mais  a  mais  a   esposada 
Naõ  traz  sogra,  nem  cunhada. 


(  m) 


Seis  =2  D. 

E's  a  mollêza  do  Mundo, 
Cheio  de  immensa  preguiqa  9 
E  por  essa  frouxidão  , 
Quem  te  vê  ^  naô  te  cobiça: 
Quando  quizeres  casar , 
Andarás  nisso  taô  lento  , 
Qtíe  por  naõ  dares  hum  passo  ^ 
Perderás  o  casamento. 

Seis  =  E, 

Abalança-te  á  empreza 
Da  primeira  que  estimaste, 
Que  sabe  guardar  firmeza ; 
Pois  de  sopas,  c  de  amores^ 
As  primeiras  saõ  melhores. 


K 


(  194  ) 


'Seis  —  F. 

Terás  amável  Consorte , 
Em  se  passando  seis  annos  j 
E  diz  mais  a  tua  sorte, 
Que  será   bastante  rica, 
De  governo  ,  e  honestidade, 
Capaz  de  reger  hum  Reino 
Com  muita  capacidade. 

Seis  =:  G. 

De  huma  casa  de  Negocio 
Serás  hum  fiel  caixeiro, 
Depois^  que  a  dona  da  casa 
For  viuva  do  primeiro  : 
Virás  a  casar  com  ella , 
Com  posse  no  seu  dinheiro. 


(  i9S  ) 

TT 

^  ^  J_  X  *  # 
Seis  =z  H. 

Levantaste  hum  testemunho 
Em  certa  ca?;a  ,  onde  entraste  ^ 
E  cahiste  n'um  tal  erro , 
Porque  casar  intentaste  ; . 
Mas  ha  de  te  sahir  cara 
A  idéa  ,  que  nisso  tinhas , 
Se  de  tunda  escapar  queres  ^ 
Recolhe-te  c'o  as  gallinhas- 

Seis  zn  /. 

Terás  vida  de  Letrado^ 
Com  dinheiro  j  e   boa  fama^ 
E   acertarás  muito   bem 
Ohuma  formosa  Madama. 


N 


{196) 


Seis  =:  L. 

Naá  estás  desenganado 

Que  és  feio,  torpe,  e  sem  gosto , 

Qye  naõ  achas  outro  tempo, 

Para  ti  senaõ  Sol  posto  ? 

Ora  pois   naõ  cuides  mais 

Em  procurar  casamento  , 

Que  em  quanto  fores  assim  ^ 

He  baldado  o  teu  intento. 

Seis  =  ikf. 

Por  huma  rica  Senhora 
Serás  hum  anno  entretido  ; 
E  quando  menos  cuidares , 
Outro  será  seu  Marido. 


(  197  )    ; 

Seis  =  N. 

E's  hum  rapaz  bem  perfeito , 
Digno  de  ser  estimado , 
E  por  isso  em  breve   tempo 
Te   verão  todos  casado: 
Sabes  dar   hum  tal  geitinho 
Aos  olhos,  quando ' namoras  , 
Que  andaõ  de  amores  perdidas 
Por  ti  immensas  Senhoras. 

Seis  =.  O. 

Bem  longe  da  tua  Pátria 
Terás  esposa  ,  e  dinheiro  , 
Embarca  para  o  Brazil, 
Olha  que  he  o  verdadeiro. 


f  198 ) 


Daqui  a  dezoito  annos 
Acharás  huma  Senhora, 
Cheia  de  bastantes  prendas, 
Porém  nascida  lá  fora  ; 
E  depois  do  casamento , 
Tudo  te  dará  de  rosto  ; 
Porqup  hao  de  ser  os  teus  filhos 
A  causa  do  teu  desgosto. 

Seis  =:  2i 

Tens  hum  génio  galhofeiro ; 
A  tua  sorte    te  diz , 
Que  se  assim  continuares, 
He  que  podes  ser  feliz. 


(  ^99  ) 

Seis  =  R. 

•  Nenhuma  Senhora   gosta 
De  ver  a  tua   figura , 
A  toda  a  parte  onde  fores, 
Terás  a  mesma  ventura : 
Só  se  alguma  preta  velha , 
Destas  de  nariz  de  fonte , 
Te  fizer  muitas  fes|inhas  , 
Por  esturro  5  ou  por  simonte. 

Seis  =:  S. 

Se  dos  vinte  até  aos  trinta 
Fpres  escolher   esposa , 
Perdes  huma  boa   sorte  , 
,Que  aos  quarenta  era  ditosa. 


(  :íOO  ) 


Seis  —  T, 

0  génio  de  impertinente  , 
De  muita  proluxidade, 
Nenhuma  deixa  contente  : 
Naó  terás  felicidade^ 

Se  o  génio,  que  tenvS,  nao  mudas, 
Vê  que  nas  cousas   miúdas  , 
Seres  grande  sarrazina  , 

1  ira-te  o  merecmiento  ; 
Que  aborrece  ,  e  que  amofina 
A  quem  de  casar  comrigo. 
T*ver  algum  pensamento. 

Seis  —  K 

A  presumpçao  de  valente, 
Q^ic  tens  sempre  conservado, 
Te  fará   perder  a  vida 
Hum  anno  antes  do  noivado. 


(   JO.    ) 

M 

Seis  =  X 

O  vício  que  tens  na  boca  , 
Será  a  tua  ruina  , 
A  pezar  de  te  casares 
Chuma  perfeita  Menina: 
Darás  cabo  do  seu  dote, 
Com  mil  jantares;  e  ceias  , 
Até  que  esgotes  de  todo  , 
Da  barra  as  doiradas  veias. 

Seis  =:  ^. 

Será  o  teu  casamento 
Do  gosto  dos  teus  parentes. 
Farás  a  tua  fortuna  , 
Deixarás  todos  contentes. 


(    I02    ) 


Sete  =  A 

Tomarás  huma  paixão 
Em  huma  noite  de  inverno , 
Muito  do  teu  coração  : 
No  fim  de  noventa    dias 
Irás    pedir  a  Senhora  ; 
Mas  o  Pai   embizoirado 
Te  poe    pela    porta  fora : 
A  paijcãô  conservarás , 
E  depois  delle  morrer  , 
Com  descanqo  casarás. 

Sete  rz  JS. 

Sois  de  língua  tao  comprida  , 
E  taõ  íalto  de   segredo, 
Que  cortais  a  vossa  sorte  , 
Por^  descobrir  certo   enredo. 


(  ^o3  ) 

N 

Sete  —  a 

Coitadinho  ,  has   de  cssar 
Chuma  mulher  janeleira  , 
Sempre  ha  de  estar  ao  postigo 
Vigiando  a  rua  inteira: 
O  dar-Ihe  hum  murro,  outro  murro, 
Naõ  fará  senaô  su surro  ; 
Porque  todo  o  anno  a   fio  , 
Ou  comerás  jantar    frio  , 
Mal  cozido  5  ou  com   esturro. 

Sete  ■=.  D. 

Casarás  c'huma  Menina  , 
Que   naô  faz  senaô  cantar  ,     • 
Canta  modinhas  bonitas, 
Que  he  porque  sabe  campar. 


(  2.04  ) 


Sete  z=  E. 

A  muita   graça  que  tens , 
Te  faz  muito  joviaF ; 
Mas  nao  sei  se  a  demasia 
Te  virá  a   fazer  mal : 
De  sorte,  que  huma  Senhora, 
Que  muito  te   pertender, 
Vendo-re  graça,  a  milhares, 
Ha  de  vir  a  esmorecer, 
Julgando  também  ser  graça 
O  affecto ,  que  lhe  mostrares. 

Sete  n:  F. 

A  cinco  desprezarás ; 
Porca]   destas  mesmas  huma 
Fará,  tramando-te  o  laço  , 
Que  nao  busques  mais  alguma- 


(  »=r  ) 

O 

<SV/^  =  G, 

Pelo  tempo  da  castanha 
Huma  jornada   farás  , 
E   pelo  rigor  da.  chuva, 
Em   casa  d'huma  viuva , 
Huma  noite  passarás ; 
Obrigado  ficarás 
Do  piedoso  tratamento, 
E  vendo  o  comportamento 
Honesto  da  bemfeitora , 
Por  inclinação 5  e  gosto, 
Será  a  tua  Senhora. 

Sete  =  H. 

E's  gentil,  descreto,  e  bom 
Acharás  Esposa  igual, 
Mas  foge  de  tua  Sogra  , 
Que  te  ha  de  tratar  mal. 


(ao5) 


Sete  m  J. 

Martyrios  mil  passará 

A  que  for  casar  comtigo  , 

E's  apertado  dos  tiós  , 

E  da  fartura  inimigo: 

Ao  pao,  azeite  ,  e  presunto 

Porás   rijo  cadeado; 

Tudo  andará  taõ  fechado, 

Em  tao  mofina  carreira  , 

Que  a  família  ás  mãos  da  fonie 

Vivirá  sempre  em  laseira. 

Sete  :=z  L. 

Mesmo  na  escada,  em  que  moras, 
Tens  com  quem  has  de  casar, 
Nao  tomes  outros   amores , 
Que  he  bem  acertado  o  par. 


(  =^07  ) 

P 

Sete  =z  Aí. 

Hum  teu  muito  grande  Amigo 
Te  fará  hum  casamento  ; 
Nao  receis  algum   perigo  : 
Deves  com   todo  o  cuidado, 
Aceitar  essa  eleição, 
Que  te  faz  feliz  o  estado. 

Sete  -  K 

Se  escapares  da  primeira, 
Naó  vás  cahir  em  segunda  ; 
Porque  he  maior  ratoeira : 
Deixa-te  ficar  viuvo  , 
Se  queres  fortuna  ter; 
Porque  tu  nunca  has  de  achar 
Com  bom  génio  huma  mulher. 


(    2,08    ) 


Sete  =  O. 

Casareis  com  muito  gosto  ; 
Aos  dous  annos  de  uniaó, 
Pela  vossa  condiqaõ  , 
EUa  se  ha  de  desquitar  ^ 
E  vós  haveis  de  ficar 
Arruinado  de  paixão. 

Sete  =:  P. 

Ficareis  muito  enganado , 
Qiiando  quizerdes  casar; 
Porque  em  serviço  do  Estado 
Á   America  ireis  parar 
Com  muita  felicidade , 
Mas  nao  podereis  voltai 


(    -0?    ) 

*  V-C  *  * 

Sete  =r  Q. 

Fugirás  c'huma  Menina  , 
Mas  fugirás  para  perto, 
Té  que  sejas  apanhado 
Por  hum  Pai  bastante  esperto  ; 
Entaó   sem   mais  dilação 
Se  fará  o  casamento; 
Rogando'te  muitas  pragas 
A  secular  de  hum  Convento. 

Sete  =z  i?. 

Haveis  de  casar,  e  bêm^ 
Viuvo  depois  sereis, 
E  por  grande    fortunao 
Com  três  filhas  ficareis : 
Estas  seraõ   tao   honestas  ^ 
De   taõ  bom  comportamento^ 
Que  todas  haõ  de  fazer 
Excellente  casamento. 

O 


( ^10 } 


Sete  =  S. 

Meu  Amigo,  esse  seu  gemo 
He  muito  falto  de  assento  ,j 
E  até  a  certa  Senhora 
Estorva  hurn  bom  casamento: 
No  espaço  d'alguns  doas  annos 
Tem  enganado  humas  poucas  , 
Que  hoje  chorão  todo  o  tempo  ^ 
Em  que  andavaõ  como  loucas. 

Sae  =  T. 

Herdarás  seis  mil  cruzados, 
Pensaras  depois  casar, 
Mas  primeiro  que  aches  Noiva , 
Has  de  o  dinheiro  estragar. 


(211) 

He   muito  desaninhada 
  Senhora  ,  que  te  aponto , 
Nem  sabe    meia  fazer , 
Nem  sabe  dar  hum   só  ponto.: 
Nao  vais   bem  no  casamento, 
Só  de  lingua   he  huma  grulha. 
Fato  seu  ^  que  se  lhe  rompa  ^ 
Nunca  torna  a  ver  agulha. 

Sete  =  X. 

Duas  vezes  casarás, 
Ambas  mal  ,  e   porcamente  j 
E  por  fim  n'um  Hospital 
Irás   acabar  demente. 


C  ^12  ) 


Sete  =  Z, 

Tu  intentaste  o  ser  Frade , 
Mas  perdeste  a   vocação  ; 
Depois  foste  vestir  farda  , 
Ficaste  sem  promoção  ; 
Veio-te  á  idéa  casar , 
E  naô   achaste  com  quem ; 
Eu  naõ  sei,  que  exquisitisse 
A  tua  condição  tem. 

Oito  =  A. 

Aos  trinta  e  nove  de  idade 
Tratareis   de  vos  casar; 
Porém  aos  cincoenta  e  sete 
Deste  acerto  aíFortunado 
Naõ  vos  podereis  gozar. 


('■5) 

ç 

*  *  ij  *  * 

Oito  ==  5. 

Para  teres  boa  sorte  , 
Basta  a  mulier  qae  has  de  ter , 
Senhora  de  muito  porte , 
Amiga  de  bem  fazer: 
Muito  amante  da  pobreza  , 
Governada,  e  naô  mesquinha^ 
Grave,  nobre,  rica,  e  séria 
Com  vida  d^huma  Santinha. 

Oito  =  C 

Casarás  ,  ficarás   pobre  ; 
Como  naõ  és  muito  agudo, 
Por  máos  conselhos  de  amigos 
Has  de  dar  cabo  de   tudo. 


(  ^H  ) 


Oito  —  D. 

Tens  huma  i^nna  por  mulher, 
E  presada  de  discreta  ; 
Mas  o  mesmo  de  que  aíFecta  , 
He  o  que  nao  sabe   ser: 
Apenas  he  governada 
Nos  cantos  da  sua   casa  ; 
E  se  com  ella   casares  , 
Nao  farás  mui  boa  vasa. 

Oito  —  £. 

Andas  muito  escaqueirado  , 
Já  nao  vales  hum  vintém  , 
Faze  exame  de  peccados , 
Que  a  morte  cedo  te  vem. 


("O 

T 

Oito  —  F. 

E's  o  maior  trapuleiro, 
Que  a  nossa  idade  tem  visto  ; 
Porém  he  nisto  de  amor, 
Que  no  mais  nao  és  mal  quisto; 
E  por  hum  defeito  tal , 
QuQ  se  deixa  conhecer , 
Andarás  ,  até  que  morras , 
Sem  achar,  sempre  a  escolher. 

Oito  =  G. 

Casara's  c'huma  Senhora  , 
Que  te  estima  até  ao  fim  : 
Tomarão  muitos  ,  e  muitos 
Achar  huma  esposa  assim. 


( ^^o 


Oho  =  H. 

VJs  perdido  por  mulheres  ; 
Porém   de  huma  o  pensamento 
Será  deixar-te  de  noite  , 
No  quintal  posto  ao  relento; 
Enteriçado  de  frio  , 
Com   a  saúde  perdida  , 
Ficarás  com  dous  achaques, 
Para  toda  a  tua  vida. 

Oho  =  L 

Já  que  a  tem  desinquietado  ^ 
Ande,  vá  casar  com  ella  , 
Que  he  muita  feira  de  brio 
O  deixar  de  recehella. 


(^17  ) 

*  ^    V    *  * 
Oito  1=  L. 

Has  de  ser  mui  malcasado  , 
Mas  seri  por  culpa   tua , 
Porque  andarás  amigado 
Mesmo  ao  pé  da  tua  rua  : 
E  Esposi  desprezarás 
Por  huma  tosca  mulher, 
No  fim  o  erro  acharas  , 
Sem  que  possa  emenda  ter. 

Oito  =  M. 

Andarás  quatorze  legoas , 
N'huma  fresca  Primavera  , 
E  nesta  mesma  jornada 
A  tua  fortuna  espera. 


(  2ie  ) 


Oito  -  N. 

Menino  ,  Noiva  nao  bii:^que  , 
Em  quanto  Mãi  tiver  viva  , 
Qje  nenhuma  eni  seu  poder 
Quer  ir  ser  mulher  cativa; 
O  génio  de   sua  Mai 
De  todos  pode  dar  cabo, 
Para  Mãi  he  rabugenta, 
Para  Sogra  he  o  diabo. 

Oiío  z=  O. 

Ninguém  te  pode  entender , 
Andas  sempre  em  muito  prigo, 
Coitadinha,  ha  de  ser  martyr 
A  que  for  casar  cooitigo. 


(  -19  ) 

Oito  z=z  P. 

Todos  sabemos ,  Senhor  , 
Que  rica  parenta  vossa 
Vos  tem  arríizade  ,  e  amor: 
He  escusado  escolher  , 
Naõ  andeis  a  salpicar; 
Se  quereis  bem  acertar  , 
Toinai  o  meu   parecer. 

Oito  =  a   . 

Leva  em  ti  hum  jogador 
Aquella  triste   muiher^ 
Que  te  dedicar  aííior  : 
Sem  que  re  possas  vencer, 
Has  de  estragar  sem  acordo  ^ 
Quanto  tens,  e  possas  ter. 


( I^o  ) 


Oho  =:  R, 

Tu  poáias  ca.sar  bem, 
Mas  hjs   de  morrer  assado  ! 
Qae  he  o  que   succede  a  quem 
AnJa  em  licor   enfrascado  , 
E  como  o  vicio  naõ  mudas, 
Nao  ha  quem  assim  te  queira  , 
C^jc  nenhuma  quer  Marido 
Dw  líquida  cabelleira. 

Oito  =  S. 

Perderás  huma  mulher. 
Como  poucos  tem  achado  ; 
Casarás  segunda   vez  , 
Ficarás  arruinado. 


( ^^I ) 

7 

Oito  —  T, 

A  Senhora  ,  que  escolheres  , 
Ha  de  ser  em  tudo  boa  , 
Porém  ha   de  ter  hum  fiiho  , 
Que  mandarás  para  Goa  ; 
E  em  quanto  nao   for  mandado  ^ 
Mil  trabalhos   te  ha  de  dar; 
Por  três  vícios  vergonhosos, 
Unha,  pinga,  e  namorar. 

Oito  =  V. 

Tereis  innocente  Esposa , 
Filha  d'hum  Mestre  albardeJroj 
E  naõ  vos  desconsoleis  , 
Que  vós  naõ  sois  o  primeiro. 


(222    ) 


Oho  =  X. 

Tendes  huma  casa  boa  , 

E   fareis   bom  casamento  ^ 

Mas  que  importa ,  se  hum  Irmão, 

Ha  de  ser  vosso  tormento! 

Comvosco  armará  demanda, 

Com    c]ue  vos  queira  arrastar, 

Ivias  vós   sempre   haveis  triunfar. 

Oito  =z  Z. 

De  dividas  és  cravado , 
Nem  por  isso  luzes  mais, 
Ficarás  sem  ser  casado  : 
Sê  tu  nao  póJes   comtigo, 
Como   poderás  supprir 
Todas  as  pensões  do  Estado. 


(  "3  ) 

A 

# 

Nove  ==  A. 


TT         'F      "^^       ■    *•      ^^       ^^ 


Nens  sorumbático  rosto, 
E's  mui  metíído  comtigo  , 
Por  isso  nao  casarás  , 
Nem  terás  leal  Amigo ; 
Se   naõ  mudas  de  projecto , 
Naô  te  invejo  esse  systema  , 
Nem  a  vida  ha  de  ser  larga, 
Que  has  de  morrer  de  postema. 

Nove  —  B^ 

Irás  casar  c'o  sentido 
De  teres  hum  rico  Sogro, 
E  aos  três  mezes  de  consorcio, 
Acharás  que  foi  hum  logro. 


<  224  ) 


Nove  rz:  C 

Noifím  de  dezeseis  anno?^ 

Orfa  ,  pobre  ,  e   recolhida 

Será  por  ri   escolhida : 

Nao  terá  nada  de  seu, 

Mais  que  bom  comportamento^ 

Mas  todos   confessarão 

Seu  grande  merecimento. 

No-oe  -^z  D. 

E's  bom  homem ,  casarás 
Cliuma  decente  mulher  j 
Mas  tua  muita  bondade 
Te   ha  de  botar  a  perden 


f  ^^5-  ) 

R 

Nove  =:  £. 

Como  és  hum  homem  bizarro, 
Sério  ,  modesto  ,  e   brioso  ^ 
Na  escolha  do  casamento 
Has  de  ser  muito  ditoso  : 
Tens  huma  graça ,  hum  geitinho 
Nisto  de  tratar  Senhoras  , 
Que  morrem  todas   por  ti. 
Como   gato  por  amoras. 

Nove  ==:  F, 

Haveis  de  casar  mui  rico 
C'hum3  Senhora  formosa , 
Sem  vaidade^  com  juizo, 
E  figura  magestosa. 


(    220    ) 


Nove  =:  G. 

Huma  excellente  Senhora, 
Bem  dotada,  e  de  juizo, 
Virá  para  teu  poder, 
Com   tudo  quanto  he  preciso: 
EUa  he  filha  de  bons  Pais ; 
Ella  he  formosa,  que  encanta; 
Tu  tens  honra,  e  tens  juizo  ; 
Teraó  huma  vida  Santa. 

E's  tao  molle  como  papas  ^ 
Preguiçoso,  e  desmanchado, 
E  como  o  génio  nao  mudas, 
Nao  mudes  também  de  estado. 


(  2^7  ) 

c 

Levâs  para  casa  hum  mono  f 
Quando  quizeres  casar; 
Huma  mulher  sem   aceio, 
E  sem  saber  governar: 
Destruidora   de   tudo , 
Muito  amiga  da  pinguinha^ 
Mettida   de  noite,  e  dia 
^Pela  casa  da  visinha. 

Nâve  -zn  L* 

Casarás  c^huma  Estrangeira^ 
Que  de  jogar  se  naõ  farte  ^ 
E  que  por  causa  do  jogo 
Tudo  o  mais  ponha  de  parte* 


P    2 


(    228    ) 


Neve  =  M, 

Muita  gente  sabe  já , 
Qae  andas  com  huma  ajustado, 
E  que  n'outra   casa  tens , 
Casamento  contratado: 
Teme  o  fim  desta  galhofa , 
Porque  o  Pai  dessa  segunda 
Niõ  he  soíFredor  de  graças, 
E  se  o  sabe ,  levas  tunda. 

Nove  =  N. 

Contra  vontade  do  Sogro 
Farás  o  teu  casamento; 
Sem  o   seu  consentimento 
Lhe  pregarás  essa  peça; 
Mas  em  quanto  elle  for  vivo, 
Naõ  levantarás  cabeça. 


(    22?    ) 

D 


Nove  —  O. 

Huma  velha  muito  rica, 
De  moléstias  rechea Ja  , 
He  a  Noiva,  que  te  dá 
Esta   sorte  aíFortunads  : 
Nunca    poderás    dormir, 
Que  ella  de  noite  a   gritar, 
Com  a   queixa  dos  seus  floros 
O   somno  te  ha  de  espalhar. 

,  Nove  =  P. 

Tens  rendas   suíKcientes 

Para  casares  ,,  e  bem ; 

Mas  o  génio  gastador, 

De  que  usas  ,  naõ  te  convém. 


(^3o) 


Nove—  a 

Acharás  huma  Senhora  , 
Cheia  de  muita   vaidade^ 
Muito  amiga  de   funções  , 
Com  pouca  capacidw^de  : 
A  casa  te  empenhara 
Com  fuíiiòs  de  fidalguias  , 
Dando  em  casa  mi!  jantares, 
Fazendo  mil  romarias. 

Nove  =  R. 

E's  mui  cheio  de  apperites  ^ 
Sc  nao  p5es  limite  em  ti  , 
Qiiando  tomares  estado  ; 
Regalaó  sem  mnis  pensar  , 
Nada  te  pôde  chegar. 


■        (  =!■  ) 

F 

Nove  =::  S. 

Sim,  Senhor,  pode  casar, 
Porém  por  agora  nao  ; 
Bem  vê  ,  que  tem  cada  dia    - 
?>Iui  pouco  mais  de  hum  tostão  j 
Deixe  ver  se  muda  o  tempo, 
R  se  alcança  maior  renda  , 
Somente  com  o  que   tem 
Ser  casado  naõ  emprehtnda. 

Nove  =  T. 

Casarás  c'huma  Senhora 
Gaga,  surda,  torra,  e  coixa, 
Que   na  tua  rua  mora; 
Na5  te  deve  isto  enojar, 
Qiie  outra  sorte  naõ  merece 
Quem  casa  por  interesse. 


(^3 


Nove  z=.  K 

Nao  farás  máo  casamento  , 
Mas  tem  a  Noiva  haai   senão , 
Que  he  gastar  todos  os  dias 
Em  doces  alta    porção: 
Ha  de  vender  por  golosa 
Quanto  tem  ,  ou  bom  ,  ou  máo  , 
E  para  a  familia  toda 
Sempre  á  noite  bacalháo. 

Nove  =  A. 

Huma  Noiva  mui  o[rosseira 
Te  dará  muitos  pe/ares , 
Ohuma  cara  de  Saloia  , 
E  hum  génio  por  esses  ares. 


(  -'35  ) 

F. 


^        Nove  zz  Z. 

N'huma   noite  de  luar 
Farás  hum  certo   passeio  , 
Onde  encontrarás  hum   rancho, 
Q^e   seguirás  sem   receio  : 
Então  nas  Damas,  que  vires, 
De  huriia  farás  eleição  , 
E  nella  ach.arás  Esposa, 
Como  muito  poucas  saõ. 

Dez  =  J, 

Hama  inconstante  Menina 
Buscar  para  Esposa  vais  , 
Far>te-ha  tantas  fine/as  , 
Quantos  saõ  os  teus  rivaes. 


(  ^34  ) 


Andas  morto  por  casar, 
Mas  quando  tal  conguires  , 
Triste  vida  hâs  de  passar  ; 
Porque  taõ  má  condição      ^ 
Na  Senhora  has  de  encontrar , 
QiJe  só  em  quanto  dormirem , 
Dcixaráõ  de  guerrear. 

Dez  =  C. 

A  Menina,  que  namoras, 
Fa/,  bem  qae  te  nao   entende, 
Porém   fa!Ja-lhe  tu   claro  , 
Que  ella  a  outro  naõ   pertende. 


( n^ ) 

G 

2)í2  =  D. 

Menino  ,  veja  o   que   faz  , 
Veja,  que   génio  nao    tem 
De  ter  casamento    em  paz  : 
Se  liberto   vive  agora  , 
Se  faz  tudo  quanto  quer, 
Se  fica    noites   por  fora  , 
Em  casando   tem  desgosto  , 
Que  ha  de  obrigallo  a   mulher 
A  recolher-se  20  Sol  posto. 

De::.  =  E. 

Serás  sempre  para  todos, 
Nunca  serás  para  ti  ; 
Ouem   he  taõ  extravagante , 
Fortuna  nao  tem   por  si. 


(^30 


Bez  ==  F. 

Vistos  os  trages  ,  de  que  usa, 
Quanto  he  na  moda  affectado, 
Nunca  tomará    estado  ; 
Que  huma   figurinha  assim, 
l^grece  que  lhe  he  mais  próprio 
Ser  estatua  de  jardim. 

Dez  =2  G. 

Deixa  essa  vida  ,  que  tens  ,^ 
Vai   negocear  em  vinhos  , 
Accrescentarás  os  bens; 
Trata  de  casar  mui    breve  , 
Porque   o  que  ha  de  ser  teu  Sogro, 
O  mesmo   negocio  teve. 


(  m  ) 

%  ^  A  JL  *  % 
Dez  =  H. 

Duas  toucas  ,  hum    barrete  , 
Hum  citoien   com   peluça  , 
Três  vestidos  de   Paquete  , 
Saia  de  seda  já  ruça  , 
De  fitinha   debruada  ; 
He  o  dote ,  que  ha  de  ter 
A  tua   bem  estreada. 

Dez  —  L 

A  Noiva,  que  pertenderes^ 
He  de  muito  poucos  teres; 
Mas  tu  assim  a  procuras, 
Porque  em  cativar  teus  dias 
Vais  pagar  quanto  devias. 


(238) 


Dez  =  L. 

Ora  toma  o   meu  conselho  ^ 
Metre  a   carta  no   baralho  , 
Nâo  se  te  dê  do  trabalho  ; 
Que  a   sorte,  que  te  sahia, 
Era  5  Amigo  ^  taó  má  rez  ^ 
Qiie  era  capaz  de  fazer-te 
Niõ  pregar  olho  este   n:ieZé 

Dez  ^  M. 

Andas  de  esquina  em  esquina  , 
Namorando  quantas  vês, 
Alas  todas  as  que  namoras  , 
Nao  aturao   mais  de  hum  mez ; 
Porque  logo  todas  sabem  , 
Que  naõ  és  a  melhor  rez. 


(-39) 

*  *  A  *  * 

Dez  =  N. 

Menino  ^  se  quer  casar , 
Deve  já  mudar  de  tom, 
Fazer-se  velho  jarrcta  , 
Terá  casamento    bom  ; 
Que  o  Pai  da  futura  Noiva 
Tafues   de  agora  naõ    quer  ; 
He  outra  a  estrada  ,  que  trilha, 
Quer  hum  Genro  do   seu  pano, 
Qie  lhe  estime  muito  a  fiiha. 

Dez  ~  O. 

Nao  sei  por  onde  te  pegão 
As  Meninas,  que  te  querem! 
Porque  tu   nada  conservas  , 
Por  onde  fortuna  esperem. 


(    MO    ) 


Dez  -  P. 

Em  quanto  fores  taõ  pobre, 
Todas  de  ti  fugirão , 
Mas  depois  que  fores  rico  , 
Atraz  de  ti  andarão  : 
Seraõ  tantas   a  querer-te  , 
Que  entre  tanta  confusão 
Nao   saberás  resolver-te. 

Dez  —   a 

Casarás   desigualmente 
Contra   vontade   dos   teus , 
E  vivirás  descontente  : 
Sempre  arrastado,  e  fugindo 
Da  sociedade  da  gente. 


T 

*   *    B    ,/  *   ^ 

Dez  ~  R. 

A  Senhora  D.  Fufia  , 
Que  comtigo  quer  casar, 
Co  sentido  no  que  tens, 
Julga  de  bem  acertar; 
Mas  em  sendo  sabedora 
Ua  tua  grande  mazella , 
Coitadinha  ,  ha   de  chorar  j 
Ir  cahir  n'huma  esparrella. 

Dez  =:  S. 

A  filha  de  hum  Militar 
Ha  de  ser  a  tua  Esposa , 
Na6  terá  dotes  ,  nem  rendas  j 
Porém  muito  habilidosa, 
E  pelas  perfeitas  mãos 
Será  muito  venturosa. 

a 


(  ^4^  ) 


Dez  -  T. 

Desprezaste  os  teus  estudos , 
A  que  teu  Pai  te  mandou  j 
Tua  grande  ociosidade 
Aos  parentes  desgostou  : 
E's  já  homem  ,  sem  remédio 
Teu  desconcerto  fará  , 
Que  sem  tença,  nem  mantença, 
Andes  sempre  ao  Deos  dará. 

Bez  -  r. 

Hum^  mulher  de  máo  génio  , 
Que  nada  bom  tem  por  si , 
Por  causa  de  humas  filhozes 
Ha  de  dar  cabo  de  ti. 


(  243  3 

M 

Dez  =  X. 

DcvSprezaste  os  teas  parentes 
Pozeste  a  teu  Pai  de  parte  ; 
Agora  queres  casar 
Com  quem  possa  sustentar-te  : 
Basta  este  mal ,  que  fizeste , 
Sem  que  mais  nada  te  aponte , 
Para   viveres  no  Mundo, 
Como  hum  espargo  •no  monte. 


—   ^ 


Dez  — 

Hum  tiro  te  ha  de  custar 
A    Menina  que  tu  queres , 
Darás  ao  demo  a  cardada^ 
Abominando  mulheres. 


(  2^44  ) 


Sota  =  A. 

Goza  os  bens,  que  o  Ceo  te  deo, 
Solteiro,  e  em  paz;  nao  te  cases, 
Que  se  fazes  essa  asneira , 
Transtornar  a  sorte  fazes : 
Nos  altos  montes  agrestes 
Vive  alegre  o  Lavrador  , 
Zombando  de  quem  arrasta 
Os  duros  grilhões  de  Amon 

Sota  =:=  J?. 

Nao  te  eleves  na  riqueza , 
Que  a  primeira  te  mostrou , 
Na  segunda  pobre,  e  orfa 
Melhor  fortuna  te  dou. 


(  M!  ) 

N 

Sota  =1:  C 

Irás  a  huma   função  c!'annos , 

Conviver  n^huma  assembléa, 

Namorarás  á  vontade  , 

Como  quem  nada  receia: 

A'  noite  a  horas  de  ceia , 

Qiie  he  quando  a  funçaô  mais  brilha, 

Pizarás  o  pé  ao  Pai  , 

Cuidando  ser  o  da  filha; 

Mas  com  ella  casarás , 

E  boa  sorte  terás. 

Sota  zz  D. 

Por  mais  que  muito  namores  ^ 
Esta  sorte  só  te  dá 
Huma  Noiva  que  nos  nomes 
Tem  hum  I.  hum  R.  e  hum  A. 


f  MÓ  ) 


Sota  =:  E. 

Qaem  tiver  animo  fraco  , 
Naô  deve  ter  guerra  forte  ; 
Porque  quando  amor  peleja  , 
Naó  se  ha  de  temer  a  morte  : 
Por  isso  muda   de  norte  , 
Que  tu  és  tímido  5  e  frouxo, 
E  nliuma  guerra  amorosa 
Naô  he  para  ti  o  pezo , 
Que  faz  mulher ,  que  hc  ciosa, 

Sota  ==  F. 

Tens  a  vontade  cativa 
E  a  quem  muito  te  deseja: 
Nao  desmaies,  continua, 
Até  que  possível  seja. 


(  ^47  ) 

Has  de  achar  huma  Senhora 
De  bello  comportamento , 
Muito  rica,  muito  honesta, 
Conforme   ao  teu  pensamento  : 
Porém  o  negro  ciúme  , 
Mal ,  entre  os  males  peores , 
Ha  de  nos  dous  corações 
Semear  mil  dissabores. 

Sota  =  íf. 

Poderias  ter  fortuna. 
Se  naõ  fosses  de  má  boca  , 
Mas  tens  tal  fastio  a  tudo  , 
Que  has  de  casar  c'huma  louca. 


(  hs  ) 


Sota  =:  L 

Qaem  quizer  viver  contente , 
Em  paz  ,  e  satisfação  , 
Fuja  de  Amor,  viva  isento, 
Nao   lhe  entregue  o  coração : 
He  pois  por  esta  razaô  , 
Para  mais  fortunas  teres  , 
Que  deves  por  toda  a  parte 
Naõ  pôr  olhos  em  mulheres. 

Sota  =:  í/. 

Cheio  de  settas  Cupido, 
Intenta  teu  rival  ser , 
Contrasta  o  teu  coração  , 
Mas  nunca  te  ha  de  vencer. 


C  249  ) 

..p.. 

Sota  =:  M. 

Nao  sei  que  infeliciJade 

Se  (  ppôe  á  rua  firmeza  ! 

Que  nao  podem   teus  excessos 

Convencer  tanta  dureza : 

A  que  estimas,  te  despreza; 

Mas  segundo  eu  já   ouvi , 

He  porque  anda  hum  teu  amigo 

A  dizer  mui  mal  de  ti. 

Sota  ~  N, 

Em  pontos  de  amante  firme 
Ninguém  te  pode  exceder, 
Continua  a  amar   quem  amas, 
Succeda  o  que  succeder. 


(2SO    ) 


S'ota  ^  O. 

Queres  dar  valor  a  ti , 

Pelo  dinheiro   que   tens  , 

Mas  a  oialher,  que  he  piudente  , 

Quer  homem  bom  ,  naõ  quer  bens: 

Km  quanto  pelas  acções 

Te  naô  fiares  valer  , 

Naõ   has  de  tomar  estado  , 

Has  de  solteiro  morrer. 

Sota  zz  P. 

Como  és   lao  bem  regulado, 
Homem  de  tanto  juizo, 
Has  de  achar  bom  casamento  , 
E  ter  tudo,  que  he  preciso. 


*   *   ^^-4L  *    * 


( ^>I ) 

Q 

Sota  ~  Q. 

E's  acérrimo  sequioso 
Em  procurara  riqueza, 
Quanto  mais  dinheiíos  tens, 
Alais  se  vê  tua  fraqueza  : 
E's  como  a  aiampada  acceza  , 
A  quem  a  abundância  estraga; 
Que  ás  vezes  o  mano  azeite 
He  qucii)  as  luzes  lhe  apa^a. 

Sota  =2  R.     . 

Podes  buscar  tua  vida  , 
Sem  pensamentos  de  amar  , 
Que  para  paixões  de  Amor 
Ninguém  te  quer  aturar. 


(  ^5^  ) 


Sota  =  S. 

NaS  te  eleves  em  Senhora 
De  apparente  formosura  , 
Porque  passados  dez  annos , 
Has  de  rer  grande  ventura  : 
Naó  he  feia ,  nem  bonita 
A  que  esta  sorte  te  diz  , 
Mas  tem  tudo  quanto  baste 
Para  te  fazer  feliz. 

Sota  ■=.  T. 

A  Noiva  tem  hum  máo  génio , 
Porém  se  queres  pescalla  , 
Quando  se  enfadar  comtigo, 
Choía  5  soíFre  ,  sente  ,  e  cala. 


( ^^n ) 

Sota  =  F. 

Todas  tenhao  dó  de  ti  , 
Que  sendo  hum  moço  perfeito  ^ 
Has  de  ter  huma   paixão , 
Que  tomarás  tanto  a  peito  , 
Qje  por  maior  desventura 
Este  mal  te  ha  de  levar 
Os  ossos  á  sepultura. 

Sota  —  X 

Se  pensares  bem  no  Mundo  , 
E  na  sua  consequência  y 
Nada  tem  ,  que  fazer  possa 
Feliz  a  tua  existência. 


(  ^54  ) 


Sota  =  Z. 

Nao  tenhas  inclinação 
A  cousas  de  casamentos , 
Que  has  de  padecer  tormentos, 
Se  entrares  a  ter  paixão  ; 
Vê  que  os  génios  das  mulheres 
Ao  teu  génio  nao  se  dobrão, 
E  has  de  receber  finezas  , 
Como  os  dizirnos  se  cobrao. 

Valete  zz  A, 

Seis  vezes  serás  viuvo  , 
Mas  só  com  huma  feliz  , 
E  a  ultima,  que  tiveres, 
Te  ha  chegar  ao  nariz. 


( >;;  ) 

ç 

Valete  =  B. 

Sempre  desde  que  nasceste  , 
Foste  montão  de  desgraças  j 
Por  isso  naõ  esmoreças , 
Nem  maior  ruido  faças; 
Porque  has  de  ter  hum  acaso , 
No  meio  da  tua  idade , 
Que  te  fará  casar  bem. 
Com  muita  felicidade. 

Valete  —  C 

Andas  de  cores  perdidas , 
E  mui  cheio  de  cuidados, 
Serás  sempre  hum   infeliz  , 
Para  o  rol  dos  desgraçados. 


.(    2^6    ) 


Falete  z=  D. 

Fazes  bem  em   tirar  sorte  , 
Que  tens  fortunas  immensas  , 
Passarás  sempre  em   descanço, 
Sem  trabalhos  ,  nem  doenças  : 
Farás  hum  bom  casaniento  , 
Que   a  tua  estrella  naõ   falha  j 
Porque  já  desde  pequeno  , 
O  vento  te  ajunta  a  palha. 

Valete  =  £. 

Nao  tens  génio  de  casar : 
E's  estúrdio  no   viver; 
Has  de  solteiro  acabar, 
E  muito  pobre  morrer* 


T 

Valete  =:  K 

Tens  huma  lingua  tao  má , 
Que  por  ella  has  de  perder, 
Nem*casas,  nem  tens  fortuna, 
E  has  de  assignalado  ser  : 
Espera-te  huma  ruina, 
Jesus  5  nome  de  Jesus  ! 
Senaõ  vais  pôr  cobro  em  ti, 
Levas  hum  tombo  de  truz. 

Fãkte  =  a 

A  qualquer  faz  bem  ser  rico. 
Mas  a  ti  damno  ameaça  , 
Que  em  casando  has  de  comprar 
Por  teu  dinheiro  a  desgraça. 


R 


(^5S) 


Valete  =  H. 

Em  tudo  que  pertenderes , 

Terás  fortunas  aos  montes  j 

Mas  desta  felicidade 

Nem  te  gabes ,  nem  a  contes  : 

Porque  os  mesmos  teus  amigos , 

Invejosos  desta  sorte, 

Haõ  de  procurar-te  a  morte, 

Conspirados  inimigos. 

Toalete  1=  /. 

Nao  engane  a  pobrezinha, 
Que  isso  deixa-o  deslustrado, 
Cumpra  a  promessa,  que  fez, 
Se  quer  ser  homem  honrado. 


(=59) 

V 

Valete  =  L. 

Menino,  pôz  alta  a  mira; 
A  Senhora  ,  que  procura  , 
Traz  ha  muito  o  pensamento 
N'outra  mais  digna  figura  : 
Desista  da  sua  empreza-; 
Nao  seja  taõ  elevado; 
Olhe  que  no  fim  da  festa 
Fica  perdido  5  e  logrado. 

Fakte  =  M. 

Só  na  ausência  se  conhece, 
Quem   firme   sabe  adorar, 
Tu  ,  em  te  pilhando  longe  , 
Vais  logo  mil  namorar : 
Por  isso  nao  tens  nenhuma  , 
Que  se  queira  sugeitar. 

R  ^ 


(    2^0    } 


Valete  =  N. 

Todo  o  Mundo  anda  dizendo  , 
Que  sabe  com  quem  tu  falias, 
Que  és  hum  trapiilhao  de  lingua 
Que  namoras,  e  naõ  calas: 
Ora  muda  de  systema, 
Senaó  olha,  que  em  ti  dás  , 
Pela  boca  morre  o  peixe, 
E  tu  também  morrerás. 

Valete  =  O. 

Huma  herança  ,  que  has  de  ter  , 
Te  tprá  Noiva  buscar ; 
Porém  com  génio  ta 5  forte ,     '-* 
Que  te  deseje  matar. 


C  ^ár  ) 

Fakte  —  P. 

Por  causa  de  certa  Dama , 
Destas  da  moderna   escola, 
Venderas  tudo  o  que  tens: 
E  em  te   vendo  sem  vinténs , 
Te  armará  tal  carambola  , 
Que  a  bom  concertb  estarás 
Anno  e  meio  de  gaiola. 

Valete  =:   O. 

Tratarás  de  dependências 

De  huma  casa  farta  ,  e  cheia  ; 

E  alli  urdirás  a  teia, 

Ta^  segura  no  tear, 

Qoe  com  a  dona    da  casa 

Ele  que  has  de  vir  a  casar. 


26a  Y 


?"alete  =z  i?. 

Casarás  c'huma  Menina  , 
Com  figura  de  esqueleto  , 
De  cor  baça  ,  e  secea  tosse  ; 
Mais  magra  5  do  que  hum  espeto  : 
E  por  esta  macacôa 
Te  verás  em  taes  lençóes , 
Que  quanto  tens  será  pouco 
Para  quina,  e  caracóes. 

Valete  i=:  S. 

As  prendas,  que  em  ti  seencerraõ, 
Dignas  de  muito  louvor, 
Te  fazem  ser  venturoso 
Com  a  vida ,  e  com  amor. 


(ííj ) 

z 

Valete  =  T, 

Irás  tirar  da  miséria 
Huma  rapariga  honrada, 
Que  em  companhia  da  Avó 
Vive  pobre  ,  e   recatada  j 
Porém  depois  de  casar, 
Será  sécia  em  demazia  , 
Gastando   quanto  ajuntares 
Em  louca  tafularia, 

Fakte  =:  ^. 

Por  seres  muito  afferrado 
A    huma  cega  opinião  , 
Andarás   sempre   em   pobreza; 
Sem  vintém  calcando  o  chaó. 


(  -^á4  ) 


FaJete  -  X 

Com  o  campo ,  e  com  a  flor 
Compara  a  tua  ventura  ; 
O  campo  ,  que  reverdece , 
A  flor,  que  mui  pouco  dura  : 
E  nesta  triste  figura 
Acabarás  té  á  morte  , 
Nasceste  para   infeliz  , 
Naô  se  muda   a  tua  sorte. 

Valete  -  Z. 

Huma  velha  muito  velha, 
Para  ti  anda  a  ajuntar; 
Mas  taõ  mal  lhe  has  de  pagar  ! 
Que  depois  de  a  receberes, 
Lhe  has  de  a  morte  fomentar. 


( .ir  ) 

A 

Rei  z=z  A 

Menino,  ninguém   duvida  , 
C^se  he  muito  btm   figurado  ; 
Mas  tem  na  boca  hum  defeito, 
De  que    ninguém    tem  gostado  : 
Quando   houver   de   namorar, 
Ponha  bem   de  ionge  a  tromba  j 
Porque   boca   hum  certo  bafo , 
Q^ie  a*  quem  o  recebe ,  tomba. 

Rei  -  B, 

Has  de  achar  huma   mulher  , 
Olhos  grandes,  .cor   murcna; 
Tem  -cuidado ,  naõ   te  Hes  , 
Que  ella  hc  outra  iinna  Bulena. 


(    2ÓÓ    ) 


Rei  —  C. 

Tens  quatro  dúzias  de  livros , 
Algum  fato  domingueiro, 
Seis  cadeiras,  huma  banca, 
E  muito   pouco  dinheiro  : 
Este  he  o  teu  enxoval , 
Com  que  queres  ser  Marido  j 
Ora  muda  de  systema  , 
Serás  mais  bem  succedido. 

Rei  =  D. 

A  Senhora  ,  que  elegeres  , 
He  taó  vaidosa,  e  ^elevada  , 
Que  nem  de  ti  fará  caso, 
Inda  depois  de  casada ! 


(  ^('7   ) 


Rei  zz  E. 

Se  esta  sorte  aqui  nao  falha  , 
He  tirada  a  hum  Cadete  , 
Jorial ,  muito  engraçado, 
E  que  tudo  a  bulha  mette  , 
Tem  este  hum  rol  n'algibeira 
Das  meninas,  que  naa^ora  , 
Andando  sempre  ao  fjdario, 
De  noite.,  e  dia  por  fora. 

Rei  =  F. 

A  Senhora  ,  que  te   cabe  , 
Tem  huma  proza  discreta  ^ 
Tem  juizo  tem  dinheiro 
Mas  he  ciosa  e  fone  ta. 


(  ^^23 


Pei  ^  G. 

Que  menina  c'elicada 
Lhe  ha  de  vir  a  querer  hem , 
Se  na  pinga  ,  e  na  picada  , 
ConsoiDe  tudo  o  que  tem  ? 
Se  quer  achar  Noiva   bella  , 
Nao  mosíre  nisro  o  seu  fraco; 
Reprima  o  vicio  ,  que  todos 
Lhe  chamaõ  papa   tabaco. 

Rei  ■=  11 

He  filha  de'hum  Lavrador, 
A    que  ha  de  ca^ar  comti^o ; 
Tern  casaes  ,  terras,  dinheiro, 

McS  casarás  por  castigo. 


(zí,  ) 

c 

Rei  —  L 

Que  tal  he  o  mandrião  ? 
Posto  enrre  nós  a  jogar; 
E   a  Senhora  ,  a  quem  adora  , 
Sentada  a  hum  canto  a  chcar  ! 
Elle  cá  mui  divertido, 
Nutrindo  immensas  paixôcí?, 
E   a   pobre  na  sua   ausência 
Em   anciãs  5  e  convulsões. 

Rei  =  L. 

Vai  pôr  os  banhos  na  Igreja  , 
Naõ  te  demores^  avia  : 
Vê   que  ella  tem   pela  prosa 
Que  lhe  faça  montaria. 


(  ^7o  ) 


Rei  =  M. 

E's  incansável  nos  livros  , 
E's  sábio,  prudente,  e  honesto; 
Passarás  da   vida   o  resto 
Com  descanço  ,  em   união 
De   hum  perfeito  coração ; 
Senhora  de   tal   candura  , 
Qi]Q   todos  lhe  haô  de  invejar 
O  juízo,  e  formosura. 

Rei  =:  N. 

Casas  com  huma   mulher, 
Que  he   esponja  das  Boticas  ; 
Ha  de  estar  sempre  no  choco  y 
Cheia  de  flatos  ,  e  nicas. 


(  271  ) 

D 

ií^i   =:   O. 

DcDois  de  veres  dous   Reinos  , 
E  quarenta  e  sete  Villas  j 
Acharás  n'huma  Cidade 
Huma  formosa  Deidade  : 
Trabalhos  te  ha  de  custar  ; 
Porém  fugirás  com  ella  , 
E  cá  te  virás  casar. 

Rei  =  P. 

O  melhor  he  nao  quereres 
Ouvir  ler  a  tua  sorte ; 
Vai  vivendo,  como  vives, 
Se  casas  ,  erras  o  norte. 


(  ^73  ) 


Rei  ~   O. 

Cassrás  c'huma  engeitada , 
Que  de  seu  nao  rem  nem  pada; 
Mas   a    tua   incliní-çao 
He  que  fará  dar-ihe  a  maõ  ; 
E  naô    ternas  infórtunios  , 
Como  casas  por  honrado, 
Sempre,  ou  mais  tarde  ou  mais  cedo, 
Has  de  ser  aíFortunado. 

Rei  =3  R, 

Acharás  huma  Senhora  , 
Bem  digna  de  se  invejar 
Nos  trabalhos  ,  que   tiveres  : 
EUa  pela  sua  agencia 
He  que  te  ha  de  sustentar. 


(  '73  ) 

F 

Rei  =  (y. 

Entre  trabalhos  ^  e  choros  j 
Casarás  c'huma  menina , 
Mas  a  sorte  te  destina 
Achares  hum  bom  Compadre  , 
Que  emende  a  tua  desgraça  ; 
Que  por  bondade,  e  por  dó^ 
Feliz  tua  sorte  faqa. 

Rei  =:  T. 

Certa  moqa  de  servir 
Te  faz  andar  como  louco , 
Tu  a  chorar,  ella  a  rir^ 
E  a  pezar  do  seu  descôco, 
Como  tu  lhe  tens  paixaô, 
Temos  mais  hum  casamento  p 
Temos  mais  huma  função. 


(^74  ) 


Rei  zz  K 

Huma  mulher  valerosa 

Cahirá  em  teu  poder  ; 

E's  hum  fona  á  sua  vista , 

Ella  he  que  ha  de  o  homem  ser, 

Porque  tu,  por  acanhado, 

Deverias  ser  mulher. 

Rei  z=  X. 

Três  filhos  de  bastardia. 

Com  mais  seis  de  Matrimonio, 

Te  faraõ   tal  agonia, 

E  taõ  doido  te  has  de  ver, 

Que  has  de  fugir  para  Londres , 

Deixando  casa ,  c  mulher. 


j 


F 

Rei  =:  X      ^ 

Acharás  huma  Senhora  ^ 
Que  te  saberá  lograr, 
Fazendo-se  muito  humilde, 
Isto  em  quanto  naô   casar: 
Mas  depois  de  te  pilhar, 
Deixará  de  ser  sonsinha ; 
Olha  que   ha  de  ir  o  Diabo 
Em  casa  do  Alfacinha. 


S    2 


Prõprleííades  attrihuidas  aos  Nomes  êõ  Sexo  Fe* 
meninOf  descobertas  pelo  Pretinho  àojapac, 
homem  de  muHo  boa  fé  ;  e  achadas  por  hum 
herbolario  nhuma  e içava çaÕ  ,  ^ue  fez  aos 
Arcos  das  À'^oas-llvres  ,  andando  em  busca 
de    minhocas  para    hum    remédio^ 


Os    Poetas  ,  quando   escrevem  » 
Dizem   das   mulheres   mal  ; 
Mas   fazer   regra   geral 
De    alguns   defeitos   naõ   devem  : 
Os   que   assim    fallar   se   attrevetn  , 
Tem    hum   costume   incapaz , 
Nem   sabe   o   que   diz  ,  ou    faz 
Quem   segue    tal   desatino  j 
Ha   uo   Sexo   Fwnenino 
Condições   boas  j  e  más« 


V 


Aqui    prognosticarei 
O   que   muitos  tem    de   ver: 
Naô    me   falta    que   dizer  , 
E   julgo    qne    acertarei  : 
De   mullieres    fallarei  , 
Dizendo  mil   coizas   delias  ; 
Mas    Deos   me   livre   de  vé-la» 
Contra    o    Pretinho    queixosas  ; 
Porque    mulheres    raivosas 
lS'aó   pára   íiada  eom   ellas. 


(  ^77  ) 


Nesta   grande   variedade 

Das    formosas  ,  e   das    fêas 

Pude   combinar   idcas  , 

Buscando-lhes    propriedade  j 

Por   minha   curiosidade 

Nisto   fiz   algum   estudo  ; 

£   se   acaso   naõ    ailudo 

Bem    ao  que   digo  ,  e    supponho  , 

Lêaõ    quanto   aqui    Jhes   ponho  , 

E  naõ   me   crêaó   eín   tudo. 

As   Antonias   sao   sentidas  , 
Ma^   em   acções    acanhadas  , 
Esbravejaõ  ,   ralhaó    muito 
Em   se  vendo  desprezadas. 

As    Agostinhas   tem    graça  , 
Saõ    crédulas  em    promessas  , 
Porém   ninguém    as   persiga , 
Porque   naõ   saõ   para    pressas, 

Anicetas    saõ    mui  vivas  , 
Firme   caracter   naõ    tem  , 
Pela    gyria  ,   que    conservaõ  , 
Daõ    fundo   onde    lhes    vai    bem. 

Anseias    daõ    que    fazer  , 
Com   intrigas   armaõ   téas  , 
E   gostaó    muito   de   ouvir 
Tudo   o  que  he   vidas   alhcas. 


(  ^78  ) 

JpolíonUs  ,  coitadinhas  ! 
Saô   de  boca    padecentes  , 
Se   a   Santa   lhes  naõ    acode  , 
Tetn  as  nozes  ,  naõ   tem    dentes  ! 

Amhro%ias   saõ   azou^adas  , 
A    fallar    nunca    se    callaõ  ; 
Jindrex.as    tem    ferpezins  , 
Pelo   seu    génio   se    ralaô. 

As   Annas   saõ   excessivas  , 

E   em    bem    querer   verdadeiras  , 
Ciosas   no  ultimo    ponto  , 
Na   velhice    tem    manqueiras. 

Auroras    sabem    fallar  , 
Em    nada    saõ  retrahidas  ; 
Aurelianas   saõ   bravas  , 
Se  estaó    de   alguém    offendidas. 

Anastacias    saõ    damnadas  , 
E   saõ    de   génio    volante  , 
Parecem    humas   doninhas 
Em  tendo    paixaõ    amante. 

Adriauas    de    preguiça  , 
Gordas   quasi    todas    saõ  ; 
As    Agtícdas   saõ    manhosas  , 
Tem    muito    má   condição, 

Anocletas    saõ    garridas  , 
ArcangcUs   marralheiras  , 
Agapitas    mal    gcitosas  , 
As   Autas   saõ    siiocalheiras. 


(  ^79  ) 


Angélicas   tem  candura 
Por   condição    nacural  , 
Âlbertas    inda    que    pobres  , 
O   seu    amor  be   leal. 

Al   Afras   saõ   muito   insulsas , 
As   Amaacias    saô    esquivas 
As    Athanazlas    mordazes  , 
As  Au'^usta$    muito  altivas. 

Apelinarias    saõ    loucas 
Pí)r    pilharem   goloiina  , 
Nunca   em    banquetes   se   fartao  j 
De    tudo    o  que   he    papa   íina. 

Aurelias    saõ    achacadas  , 

Assim    mesmo   muito   espertas. 
Alexandrinas  ,    cuidado  I 
Porque   naõ    saõ    muito  certas. 

"Balbinas    saõ    muito    graves  , 

Guardaó    muito    o    seu   respeito ; 
Porém    nisto    de    ambição 
He    que    tem    algum    defeito. 

As  Brites  saõ  mui  sagazes  , 
As  boas  saõ  de  estimar  ; 
JVlas  as  de  má  condição 
Ninguém    as    pôde  aturar. 

Bernardas    saõ    mui    previstas  , 
E   podem  ,    sem    fazer   bulha  , 
Enfiar   pais  ,   e    maridos 
Pelo   fundo   de  huma  agulha« 


(    2S0    ) 

As  Brtfxitfí   saô   diligentes. 

Mas   guardaó    muito   o  que   tem  ? 
JBaíilias   por    terem    génio  , 
Oífendé-las   naõ   convém. ' 

As   Barbaras   saó  mui    sonsas  , 
Trabalhão   com    perfeição  , 
E  namoraõ.  com    desfarce 
Que   he    huma    consolação  ! 

Srancas  saô    compadecidas  , 
E   muito   promptas   em  dar , 
Esquivas    nisto   de    amor  , 
E   sabem-se   conservar. 

l^ernardinas  !    isto    he    gente  , 
Que    se    naó    pode   soffrer  ! 
E   se   acaso  saõ    ciosas  , 
Disp5em-se  logo  a    morrer. 

Bibtanas   comem    muito  , 
Fazem   com   o   vinho   liga ; 
'Benedictas    saõ  passeiras  , 
Fogem   da  agulha  ,  e   da   estriga^ 

Bri^idas   sa5    governadas  , 
Naô    sei   se   diga    de   mais  , 
He    gente ,   que    naó   conhece 
Nem    Entrudos,  nem    Natais. 

'Bonifaeias    dormem    muito, 
Saõ   moles,   e    pachorentas  , 
Quando    moças    perguiçosas  ^ 
Quando  veihas   rabugentas, 


(280 

♦ 

As   Brunas   tem   muita    proa. 
Para    tudo    achau  razaõ  , 
JE  se  alguém    as    contradiz  , 
Por    páos  ,    e    por    pedras    daõ. 

Crispiíias   tem    bom    caracter  ; 
Porem  saó    muito   sentidas  , 
A   qualquer    mal  ,  que    lhes    fazem 
Encrespaõ-se   embravecidas. 

Custodias,  tem    máo   olhar  , 
Saó    soberbas    refinadas  : 
Disto    ás   vezes    se  cxceptúao 
As    que    foraô   bem    criadas. 

Cattonas   saõ   presumidas  , 
Mas    tem    boa   condição  , 
E   mosíraõ    dentro   em    seu    peito 
Generoso    coração. 

Cj/priaiias    saó    doences  , 

Sempre   estarão    a    gemer  , 
Em    tendo  somno    caó  fundo 
Que    ninguim    as    faz    erguer. 

Camilas    cantaó    b<jnito  , 
Gente    muito    habilidosa  , 
Propensas   a    namorar  , 
Mas   tem    olhar    de    raposa. 

Çlaudinas  saó    pouco  firmes  , 
Naó  sabem    guardar    segredos  : 
Ciizimirus  ,    poV   subtis  , 
Nucrem-Sô   iiiuito   de    enredos. 


(    282    ) 


.Catharinns    saõ    mui    doutas  , 
E   tem    paixaõ    verdadeira  , 
Saõ    no  valor    invencíveis  , 
E    póiem   ler    de    cadeira. 

As    Claras    tem    pouco    sal  , 
Na5   animaõ    a    expressão  ; 
Mas    a    fazer-se    justiça  , 
Todas    tem   bom   coração. 

As    Carlotas    tem    juizo  . 

Caíaõ    mais    do   que    se   queixaô  9 
Nao    sabem    desabafar  , 
Tudo   no   seu    peito    feixaô. 

Crhpinianas     iradas  , 

Lf>go   se    quarem   vingar  : 
As    CezarhiS    saõ    fingidas  , 
E    sabem-se    disfarçar. 

As    Ciuidifias    saô    mesquinhas  , 
E   tem    hum    génio  damnado; 
As    mais    delias    sáô    formosas  > 
Porém    com    fingido   agrado. 

As    Coriitançns    saõ    altivas 
De    elevada    fantazia  , 
Muito    faltas    de    fortuna  , 
Mas  naõ    il)es    falta    alegria, 

Cecília?    tem    seu    talento  > 

Qu3si   todas    saõ    prendadas  , 
Saõ    ternas    de    coração  • 
Por    muzica    apaixonadas. 


(^83) 


As   Cristlnas    tem   systema 
Na   sua  conservação  , 
Sua  amizade    he   sincera  , 
Se    cliegaõ   a   ter    paixão. 

As   Calisias  saó   meninas 
De    fortuna  muito  escassa  ; 
Quem   junto   a    seu    Jado   joga  , 
Sopra-lhe   sempre  a  desgraça 

As    Clemências    laó    beatas 
Destas    de    concas    na    ma6  ; 
Finj^etT)    que   tudo    desprezao  , 
Ferve-lhes    n'aima    a    paixão» 

As    Comhas   saõ    arranjadas  , 
Porem   no    amor   bandoleiras  ; 
As    Veljiiias   na   amizade 
Saõ   fieis  ,   sac)    verdadeiras. 

As    Dioriíziíis    sao    borraclías  , 
Fazem   sacrifício    a    Baccí";©  , 
As    que   escapaõ    deste  ramo 
Sao   Iiumas    papa-tabaco, 

T>omiugús  saõ    muito,  alecrres  , 
E    gostai)  da   ociosidade  ; 
Naõ    deixaõ   de    ser    devotas 
Inclinadas    á    piedade. 

Dorothéas  tem    caprichos  , 
Tem    muita    soberania  • 
Tc   contra    a    verdade  teimaô 
Sc  alguém  com  eHas 


(284) 


Damatias    saô    avarentas  , 
E  bastante   timoratas  ; 
As    féas    saõ    entendidas  , 
As    formosas    insensatas. 

Euge/iias   saó    descançadas  , 
Padecem    melancolia  , 
Saó    milito    amantes   da    cama  , 
Dormem   de    noite  ,   e  de   dia. 

As    Egidiíis  ,  tem   amoras  ! 

Qualquer    coizinha    as   enjoa  ! 
As  que    saó    pobres  ,  saõ   falsas  , 
As    que   saó    ricas  ,   tem    proa. 

Eu/razias    saó    esquecidas  , 
No   comer   saó    desdenhosas  , 
Muito   amigas    de    janeila  , 
Em    failar     fastidiosis. 

Epifanias   saó    garridas  » 
E    com    muita   opinião  ; 
Mas   firmes,  como    huma    rocba , 
Se   chegaó   a   ter  peixaó. 

As    Eugrncins    saó    por   genio 
Descontiadas    de    tudo  ♦ 
E   quasi    sempre    as    mais    féas 
Naó   teuf  o  juizo    agudo, 

Eier.iarias    saó    doidas  , 
Alui,   sagazes  ,   e   fingidas 
As    Eustfiíjiiias  ,   por   formosas  ^ 
Saó    muito    desvanecidas.  • 


(^^  ) 


Evaristas  ,  coitadinhas  f 

Nem   saõ  ,  nem    deixaõ   de    ser  , 
Fáceis    para    prejuízos  , 
Naõ   sabem   senaõ   comer. 

Euzebins   saó   muito  ternas  , 
E    de  aguda  comprehensaõ  , 
Muito   tímidas    de    tudo  , 
Muito   amantes    da    razaõ. 

'Ecílclias   saõ   maviosas , 

Porén)   muito    interesseiras  ; 
Eleceterias    para  o  luxo 
Sempre    fôraõ   as    primeiras. 

Escolásticos    saõ   boas  , 
E    sabem-se    aproveitar  , 
Desejando-se  instruir  , 
O  seu   forte    he    estudar. 

As    Eufemias    nos   amores 
Nada   tem    de   venturosas  , 
As    fêas    saõ    muito    firmes  , 
Inconstantes   as    formosas, 

Franciscas    saõ    namoradas  , 
A    todos   os   olhos    piscaõ  ; 
E    em    pontos    de  condição  , 
Quando    naõ  mordem  ,    beliscão. 

Elorencios    saõ    inconstantes  , 
E    muito    trabalho  daó  ; 
Quem    as  goza  ,  qusi    sempre 
Kaõ    Iher  aciía   duração. 


(  a8^  ) 

Felizardas   saõ  pacatas 
J^lulheres   de    boa  vida  , 
Com    devoções  ,   e   jejuns 
Andaó   sempre  em   grande   lida. 

Ffíitstinas    saõ    odientas  , 
P».aras   saó   de    génio    bom  , 
Para    governo    de    casa 
Todas    tem    falta    de    tom. 

Firminas    saõ   valorosas  , 
Os    perijros    desconhecem  , 
As'  cjue    mais    gostaõ    de    ler  , 
Humas   doutoras    parecem. 

Fcitcias    saõ    taciturnas  , 
E    bastante    abeatadas  « 
Sizudas  ,  e    vergonhosa»  , 
Compassivas  ,    e    arranjadas. 

Faustas    saó  encantadoras  , 
Sabem    attrahir    agrados; 
Porém  todas   na   velhice 
Morrem   cheias    de   cuidados. 

Ffiftaiiatas   naõ  condizem 

Com   este    nome  ,  que  tem  ; 
Acabaõ    riesgraçádinhas  , 
Se    naõ    Ihts    acode  alguém. 

Fclictanas    saõ    fracas » 

Algumas  ha  muito  vivas  ; 
E    nas    amantes  paixões 
*Daõ-se  logo   por   captivas. 


r  287 ) 

As    Tilippas    sa6    hum    raio 

Coiura   quem  lhes    dá  pezares  y 
Vingativas  ,  e    raivosas  , 
Vai    tudo  por   esses   ares! 

Genovevãs   naõ   saõ   certas  , 
Inda    que  muito   polidas  , 
Excessivas   na    presença  , 
Porém   na    ausência  esquecidas. 

As   Gertrudes    tem   mil   dons 
Da  benigna   natureza  ; 
E  tem   mais  hum   naõ  sei   que  , 
Que  lhes    augmenta    a  belleza. 

As    Gulêtnares    saõ    Doutoras  , 
Ou    as    Ricas-preciosas  ; 
Gostaó    muito  de    Entremezes  , 
E    Novellas    curiosas. 

Guilherminas    saõ    alegres  , 
Da    Musica   muito    amantes  ; 
Nem    saõ    fèas  ,   nem    bonitas  , 
E   saõ    muito   traficantes. 

Gabrielas   saõ    formosas  , 

Tem    subidos  pensamentos  , 
Já    hum   Rei    sentio    por  ellas 
Amorosos    pensamentos. 

As    Gerva^z.ias    em    calotes 
Saõ    famozissimas    mestras  ; 
E   no   officio   de   intrigantes 
Naõ  ha  .  nenhumas  taó  destras. 


(  288  ) 


As   Gregorlas    saõ    volúveis , 
Dançaò    Gavotas  ,  e    Walça*;  : 
E   tudo   quanto  conseguem 
He    sempre    com    bulas    falsas. 

As    Germanas    saô    gaiaaces  , 
E  algumas   muito  mimosas  : 
Gaudencias    todas    saõ    fèas  , 
Como    sa6    habilidosas. 

As    Geminianas    go'5ta6 

De   bailar  ,  e   beber   vinho  : 
Se   lhes   apparece    amante  , 
Naõ  lhe   torcem  o   focinho. 

As    Girardas   se    se    casaõ  » 
Tem   de   filhos   abundância  , 
Saõ    fèas  ,   e   carinhosas  ♦ 
Sem    soberba ,   nem   jactância* 

As  Herculanas  saõ  altas  , 
Desairosas  ,  desarcadas  ; 
E  de  casa  no^  governo 
Saõ    muito  desmaseladas. 

As    Hilárias    saõ   macacas  , 
Amigas    de    fazer    festa ; 
E    tem    hum   fartum    na  boca « 
Que   os    puro8    ares   empesta. 

As   Higinas    saõ   bulhentas  , 
E    nas    lutas    valentonas  ; 
Quando   naõ    daõ    nos    marhdos  s 
Pregão    nos   outros   taponas. 


f  2?9  ) 

As   líeànvi^cs    saõ   mansas  , 
Descançadas  ,  muito    gordas  ; 
Mas   gostaó    do    seu     namoro  , 
A    pezar   de    papa    assordas. 

HippoUtas   saó    soberbas  ; 
Honorias    domaõ-se    mais  , 
Para  amar  saõ    coisa    boa  , 
Porque    saó   muito    leais. 

Henriquetas    saÔ    fogosas   , 

Mas    o    seu  fogo    he   de    palha 
E    quasi    sempre    a    fortuna 
Lhes    escapa    pela    malha. 

As    Honorctas    saó    ternas  ; 
Mas    nas    paixões    moderadas  : 
A    pezar    de    folgazonas  , 
Capriv.aô    de   ser    honradas. 

As    Ucmitarias    saõ    féas  , 

Tem    pelo   corpo    borbulhas; 
Kermeacgildas    saõ    gagaê, 
E    Humilianas    saõ    grulhas. 

As    Helenas   saõ    tracistas  , 
Quanto    ha   tudo    conhecem  ; 
Curiosas    até    alli  « 
Mesmo   em    moças    adoecemt 

As  Januarias    agradaô 

Por    ^eu    juizo  ,  e    bell«za  ; 
De   seus   dons    para    ctm   eilas 
Foi   profúza    a    ísatureza. 


(  ^90  ) 

As  Joaqulnãs  naõ    se    excedem 
Isías   teimas  com    seus   amantes  ; 
Saô  aguçosas    em    tudo  , 
Mas   no    jogo   mui  tratantes. 

Jozefinas   saõ    mui    varias  , 

Para   firmes    naó   se  ageitaõ  ; 

£    por   isso   os    que    as    procurao  , 

Em    pouco   tempo    as    enjeítaõ* 

Juninas    daõ-se    a   querer  , 
Por  serem    mui    comedidas  ; 
Saô    formosas   sem    vaidade  , 
Saó    por    sérias   conhecidas. 

As    Jgnezes   saó    sinceras  , 
Tem    hum   bello    coração  : 
Se   mostraó    algum    defeito , 
He  somente  o   da   ambição. 

Xtabeis   saô   bonitolas  , 

Tem   bom    modo   de    pensar , 
Ariscas   alguma   coisa  , 
Mas  sabem-se   respeitar, 

Xxidoras   dcsagradaô  , 

Por   serem  talvez   casmurras  ; 
Mas    assim    mesmo   namoraô 
Pregando  aos   amantes   surras. 

As  Julias  no   amor   saô   ternas  » 
No    ciúme    insupportaveis. 
Em   variando   huma   vej , 
Ficaõ   sempre   variáveis. 


f  291 ) 

Ifigenlas   saõ    trigueiras , 

Olhos  grandes  ,  boca  larga  j 
Mettem  os  pés  para  dentro  , 
E  andaõ   sempre  para  ã  ilharga. 

J^naelas   devem   louvar-se 
Por    sua    boa  conducta  ; 
E  em    tendo   amantes   ciosos  9 
Safaô-se    bem    dessa    luta. 

As   Innocencias    no    nome 
Parecem    ser  innocentes  , 
Mas    no    génio    desabridas  p 
Saô    huns    demónios    viventes. 

As  Jerónimos    se    prezaô 
De    serem    muito    sizudas  , 
Económicas    na    casa  , 
£   nos    enfados  trombudas. 

Saõ    fêas ,  e    mai    creadas 
Algumas  Jintinianas  ; 
Pelo    contrario    polidas  ,        • 
E    bellas   as  Julianas, 

As  Joanas   saõ    huns    linces  « 
As  Jozcfas    liberais  ; 
As  Jacinthas  tem   de  menos 
O  que   as    outras   tem   de   mais. 

Jrías  ,  e  Jozuinas 

iVIostraõ-se  em    tudo  conformes , 
Se    tem    garbo   na    figura  , 
Saõ    de   car»  muito  enormes. 


( 2?^ ) 


Lcareânas   saõ   formosas  , 

Mas  soffrem    no  amor    pezarcs  f 
Que    muitas   vezes    remataó  , 
Nos   mais    trágicos   azares. 

íiuctaons    naõ    se    entendem  , 
Confundem    chorar  ,  e    rir  ; 
Quando    querem    alcançar  , 
Sabem-se    humildes    fingir, 

Jjuáovinos    quasi   todas 

Saó    bastante   invencioneiras  ; 
De    condiqaó    myito    fortes  , 
Sentidas  ,   e    vtrdadeiras. 

As    Lucias    saõ    mui    vistosas  , 
Formosas,  como  as    Estrellas, 
J^Ias    pela    altivez    do    gemo  , 
Anda   o   deiTo   sempre   nellas. 

As    Luízos    gostaô    muito 

De   enthezcurar   o   dinheiro  , 
Saõ    de  génio   afrancezado  , 
E    amor    pouco  verdadeiro» 

As    Leticias    saõ   alegres 
Amigas    de    brincadeiras  ; 
Todas    gostafi   de    casar  , 
Por    naõ    morrerem    solteiras, 

Xtiiiíit  daõ-se    a   querer  , 

Porque    tem    huns    certos   dons  ; 
Mas    inda   as    que    naÕ    saõ    f:as 
Nunca  tem  huns  olhos  bons. 


(  =53  ) 


Af    Leonardas    saõ    ferozes  , 
Mas    para   tudo    tejn    geito  ; 
De    tudo    tirão    partido  , 
Naó    querem    senaõ    proveito. 

A$    Lcoeadias    todas    saõ 

Muito  fáceis  ,  muito  dadas  ; 
Mas  en^anaó-se  com  todos  , 
Que    naó    saó    bem    compensadas. 

Xicaiidras  saõ    manirionas. 
As    Lourenças   muito  alvares. 
Liba/lias   appetitosas  , 
Mas   em   tu^o    tem    azares. 

liconares    saó    muito    frouxas  , 
Inda  que   algumas    discretas  , 
Saó    terna?    por    natureza  , 
Muíto    amantes    dos    Poetas. 

Micoelas    tu  ^o    invejaó  , 

Que   se   naó    póiem    conter  * 
E   he  o    único    defeito  , 
Que  as  faz  .bem    desmerecer. 

As    Máximas    saó    sagazes  , 
Naó    cahem    em    lo^raçóeS  ; 
Saó   dotaòas    de    leirih'inças  , 
Com   graça    nas   expressões. 

As    Marian:i:is  ,    quando    moças  , 
Precisão    sor)dar-se    bsm  , 
Firme2a  ,   amor  ,    e    verdade  , 
Saó   coisas  ,  ^ue   ellas    naó   tem. 


(  ^94  ) 


Modestas  saõ   comedidas  , 

Mui  chegadas   á    razaó  ; 

Nisto   de  amar    naõ    saô    frouxas  , 

O  seu   amor   naõ    he    vaó. 
lãeclas  saô   recatadas  ; 

Pelo   que  delias   alcanço, 

Sao  de   pacifico    génio  , 

E  amigas   do  seu  descanço, 
Jáarcelinas    poucas    ha  , 

Que  de   juizo  naõ   sejao  ; 

Por  inclinação    ao    mundo 

Viajar    por  mar  desejaô. 
As    Marthas    saô    governadas  , 

Em   despezas    poupadinhas  , 

Por   penitentes    propensas 

A   serem    humas    santinhas. 
Margaridas    saô    rizonhas  , 

Excessivas    nos    amores  , 

Gostaô   de  ser   jardineiras , 

Porque   estimsô   muito    as    flores. 
Marias    tem   génio    forte  , 

Muitas    saõ    impertinentes  ; 

Naõ  des^ostaõ    de    qne    as    gabem  , 

E  tem   felizes    repentes. 
Maurícias    saô    mui   confusas  , 

Bem    naõ    se    sabem    haver  ; 

As   moças  saõ    desastradas  , 

As   velhas  daô  que   soiírer. 


(  i9?  ) 


As   Maçarias    saõ    devotas  , 
Saõ    loucas   as    Mercianas  ; 
Martinhas   compadecidas  , 
Lindas    as  Maximinianas, 

Mathildes   tem    condição  , 
Que  se   naô   pôde   dobrar. 
Com   amores  ,  ou    sem   elles  , 
Daõ-se    muito    a    respeitar. 

As    Monlcas    saõ    sizudas  , 

Com  seu  disfarce  namoraõ  , 
Muitas  vezes  por  matreiras  , 
Tanto   riem  t   cmno  choraõ. 

Magdaleiías    sa5    estúrdias  , 
E    poucas    pódcm    cooter»se  « 
Porém    dos    males  ,  que  fazem  » 
Sabem    bem    arrepender-se. 

As    Norbertéts    tem    fortuna  , 
Mas    agudeza    naõ    tem  ; 
Comem    desmarcadamente  , 
E  sabem   cozinhar  bem. 

Narcix.as   presumem    muito 
De    discretas  ,  e   formosas  , 
Nao    se    iembraÕ    que    a    belíeza 
Tem    a    duração   das    rozas. 

Olitnpias   saô  metidiças  , 
Muito    amisfas    de    saber  ; 
S^õ    mesquinhas    para   dar , 
E  prompias   eii)   receber. 


(  ^9^  ) 


As  Pnseofls   saõ  mui    rizonhas  , 
Muito    attreitas    a    brincar  , 
Alegres   por   natureia  , 
Daó-se   muito   a    desejar. 

Perpetuas   sac)    duradouras  , 
Em    amar   tem    segurança  , 
Na    modéstia  ,  e    na    decência 
Põem    toda    a    sua   esperança. 

As    Paulinns   SÓ   caprichaô 
Em    sendo   mui    rigorosaít  , 
Andaó    sempre   em   pondonores. 
Tristes  ,  bravas  ,  e    ciosas. 

Sâô    infelizes    as    Pmtlos  , 

Desgraçadas   coos    maridos  • 
Porque   ou    saõ   pobres  ,"*ou    tolos  « 
Ou   de   génio    desabridos. 

As    Peironiíhas    saõ    boas  , 
Sabein-se   compadecer  ; 
Se    podem  ,  se    tem    valia, 
O   seu    forte    he   proteger, 

Trudencias  'saó    acanhadas  , 
Mas   vistosas  ,  e   sizudas  ; 
Vrudcnclanas    saõ    firmes  , 
Porem   muito    carrancudas, 

"Procopias    saõ    logrativas  , 
Policarpins    mal    geitosas  , 
Patrícias   indagadoras  , 
Pffrjiriça-  muita  teiiiiosas^ 


(  ?97  ) 

Saõ    raivosas   as  Q^uitsrlas  , 
E   saó    por    fallar    damiiadas  « 
Naõ    se   podem   supporcar  , 
Quanrjo    estaó    agoniadas. 

As    Rcifinas   saó    mudáveis  , 

Inda    que    muito    se    enfeitaó  ; 
Se   pretendem    de    niajihá  , 
Já    pela    tarde    rejeitaõ. 

As   Ritús   saô    íT.uito    espertas 
Saô   de    muita   habilidade  , 
Fm    tudo   çuanto  se    metlem  , 
Naó   achaó   diificujdade. 

"Robertas    saó    melindrosas  , 
E   algumas   trabalhos    áàõ  ; 
Amoíir.aõ    cuem    as    trata  , 
E   andaõ    sempre  em    arflicçao. 

Roznuras    saó    animadas 

Nen^   saõ    bonitas  ,   nem    feias  , 
Bacharellas  ,  curiosas 
Nisto    de    vidas   alheias. 

B-icarêas    saõ    muito    vi^a?  , 
Por  arsjnmentar  estalão  , 
Estimulaõ-se   de  tudo  , 
Por   condição    naô    se    calaõ, 

Semanas    saó    descançadas  , 

Nem   ga«taõ  ,   nem    da<5    vintém  i 
Inda   i^ue    fomes   padeçao  , 
Afferrolaaó    quanto    tem  , 


(zpS  ) 


'R.omtiaUas   sao    vaidosas  , 

E   te'n    muita    presumpçaó  , 

Saõ    capazes    de   morder-se 

Por   qualquer   embirraçaó.    ' 
Kai/mufidaí    saõ   vigilantes  ; 

Mas   tem    muitos   pondonores  , 

Que   as    fazem    andar   accezas 

No    trato    dos    seus    amores. 
Rosalincis    saõ    valentes  ; 

Rogcrias    enredadeiras  ; 

Razas   saô   de    recear  ; 

Que  em  piques   saõ    as    primeiras. 
As    Simplicias    saõ    madraças  , 

Na    cabeça    tem    defeito  ; 

E   só    para    namorarem 

Se   llies   descobre   algum    geito. 
As    Sabinas    saõ    baiofias  , 

E  gostaõ    muito    de    impor  ; 

As    Sazonas   muito    honestas  * 

E  sabem    fugir   a    amor. 
Saõ    muito    dissimuladas  , 

E    espertas    as     Saturninas  ; 

Mas  em    acções    virtuosas  , 

Sempre    fôraõ    heroínas, 
Silverias    tem    aspereza  , 

Sagazes  ,  e    dtivas    saõ  ; 

He  fmalhar  em   ferro    frio 

Mudar-lhcs    a   condição. 


(  299  ) 


As  Senhorinhas  saõ  grulhas  , 
Fallaó  té  abrir  do  peito  ; 
Sejaó  formosas  ,  ou  feias  , 
Todas   tem   este   defeito. 

Serafinas    quasi   todas 

Passaõ    trabalhosa    vida  , 
Saõ   prestadías  ,  saõ   fortes  , 
Vivem    com    muita    medida. 

Sanchas    tem    bom    portamento 
E    saõ    mui    bem    inclinadas  , 
Esmoleres  ,   muito    humildes  , 
Perseguidas  ,    e    invejadas. 

Saõ   fixas    nos  seus    projectos 
Todas    as    Sebastionas  ; 
Enxovalhadas  ,  e    rudes 
As    que    saõ    Scverianas, 

Therczns    tem    boa   vida  , 

Sempre    á  mística    inclinadas  ; 
Mas  com    toda  a   devoção 
Procuraó   ver-se    casadas. 

As    Theodcras    todas    saõ 
Delicadas    costureiras  ; 
Tem    arranjo  ,  tem    «overno  , 
Mas    peccaõ    por    gulhilheiras. 

Thimotheas    saõ    timoratas  , 
Prendadas  ,   habilidosas  ; 
Torquatas  tem    frenezins  , 
Saõ   rudes  ,  e  saõ    teimosas. 


(  300  ) 

Thomazidi  saõ   diligentes  , 
E   sabem-se    conservar  ;- 
Ni:i2:ue:n    delUs    vé    hum    f^o  , 
Sempre    promptas    a    aceitar. 

Violãiites    saó    eiiganhívsas  , 
E  boas    para    enfermeira?  , 
Que    para    aíalhar    tnotestiis 
Seiripre    fòraõ    as    jlrimeiras. 

Daó   f Ttiria  ,   e   tem   fortuna 
Todas    as    Volerianiias  ; 
E    «iaõ    faitas    tle    juizo  ^ 

Alíjumas    Virtdianiías. 

Vitorias    5:aõ    muito    ale£;res  , 
Na  ia  tem   de    medorosas  ; 
Amaó    por    extremo   a    paz  9 
E    sempre    saõ    nenerosas. 

Urstilas    todas    saó    fcilis  , 
E    tem    duro    o    coração  t 
Muito   amigas    de    bailar 
Por    natural    condição. 

Tem   animo  ,  e    sa6    robustas 
Para   tudo    as    Valentinas  ; 
Saõ    descuidadas  ,  saõ    frouxas  , 
E  parvas    as    Umhe/inns. 

As    Venancias    saõ    .doentes  , 
E    pouc-i    podem    consigo ; 
Nece<ísitaõ    bem  ,   coitadas  ! 
De  quem  lhes  lifva  de   abrigo. 


(  3^1   ) 


Viccncics    saõ    boas   alma55  , 
JVluito    amantes   da   pobreza  ; 
Decs   me    faça  Cvomo   ajgumas » 
Aili   só   ha   sinoeleza  ! 


■&^ 


Findou    o   Quadro   vistoso 
Dos   defeitos  ,   e    louvores  , 
Estaó   inettidas  as   cores 
Com    hum    uíatii  engenhoso  ; 
Se    aiííuiTí   génio   melindroso 
Naõ   se   achar    bem    retratado  , 
Naô    Ibe    deva  isso    cuidado , 
A    penna    póe    o   que   sai  ; 
E    em   tais   coifas  sempre    vai 
Muito   de   vivo  ao    pintado. 


(  30i  ) 

Invenção  para  qualquer  pessoa  Jazer  sonetos , 
ainda  que  nunca  jizesie  Versos  ;  e  ist»  com 
hum    "Dado    só, 

"Explicação   dê   modo ,   de   que    se   deve    usar  nê 
seguinte  Mappa, 

Neste  Moppa  de  nutneros  se  achaô  qua^ 
iro  eolumnas  ao  comprido,  para  a  primeira  qua- 
dra dê  Soneto  ;  e  de  igual  modo  outras  qua- 
tro para  a  segunda  ;  e  mais  três  eolumnas 
para  a  primeiro  terceto  ,  com  outras  três  pa- 
ra  o  segundo,   como   aponta  o    mesmo  Wappa. 

Agora  bota-se  o  Dado  ,  e  sahio  por 
exemplo,  huns  -  í  -  ;  vai*se  primeira,  colttmna 
da  primeira  quadra  ,  e  defronte  do  numero 
do  Dado  se  acha  o  numero  -  44  -  :  entaõ  se 
deve  ir  buscar  na  Pauta  dos  Versos  o  ver» 
so  ,   que    tem    -  44  -   que    he 

Ver  finezas  ,  e    amor  tudo   baldado, 

Torna-se  a  botar  o  Dado,  e  sahio  por 
exemplo  huns  -  5  -  •  vai- se  á  secunda  columna 
do  Mappa,  e  defronte  do  numero  do  Dado 
se  acha  o  numero  -  4  -  :  procura-se  na  Pau- 
ta dos  versos  o  verso  ,  que  tem  huns  -  4  - 
que   he 

Fax,    dar    suspiros  y  faz   andar   queixoso. 


(  303  ) 


Torna-se  a    botar   o   Dado,  sahio   huns 

-  6  -  ;  vai-se  á  terceira  columna  do  Mappa  , 
e  defronte  do  numero  do  Dado  se  acha  o 
numero  -  I  -  :  procure-se  na  Pauta  dos  ver- 
sos  o  verso  ,  que    tem  -  i  -    que   hs 

Nem  0   dia    ralar   verá    gostoso, 

Torna-se   a  botar  o  Dado,  e  sahio  huns 

-  3  -  vai-se  á  cjuarta  columna  do  Mappa  ,  e 
defronte  do  numero  do  Dado  se  acha  o  nu- 
mero -65  -  procure-se  na  PauSa  dos  versos 
o   verso  ,   que   tem    -  6i  '   que   he 

Ç^uem  for   íao    infeliz  ,   taõ    desgraçado. 

Está  completa  a  primeira  Quadra  do  So-* 
neto:  e  assim  mesmo.se  tira  a  segunda  Qua-- 
(Ira  ,  e  o  primeiro  ,  e  segunde  Terceto  '.  Pois 
que  estudado  o  iVIappa  dos  números  com 
as  declarações  ,  que  tem  ,  he  preciso  que  o 
Leitor  seja  de  hum  jnizo  muito  rombo,  pa- 
ra   deixar   de   atinar   cam  este   diveitimento. 


M  A  P  P  A 


Nufnero    do  Kwnero    d» 

Dado,  7.    Qna^rn,        'D.,do,        2,    Quadra, 


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to. 


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5  5 


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56 


Numero    do 
Dado. 


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(  3o6  ) 

Pauta   dos  Versos   com   os   seus   números,   fará 
se    buscarem» 

I  Nem  o    dia    raiar   verá   gostoso. 

a  Dos    passados    prazeres    recordado. 

3  E    ás  vozes   da    prudência    surdos    saõ. 

4  Faz   dar   suspiros  ,   faz    andar   queixoso. 

5  Quem   naõ  quizer  entre  afRicçóes  morrer. 

6  E   a   naô   valer-lhe    hum    braço    poderoso. 

7  E   a    naõ  o    soccorrer    o    Ceo   piedoso. 

8  Ou    seja    com    razaó  ,  ou  sem    razaõ. 

9  Quem    sua    vida   alegre    quÍ2er    ver. 

IO    Tr«zer   hum    bem    perdido  no   cuidado, 

3  I    Nem   quando  se   lhe    ofíereça,   terá   go^o, 

12   Cançar-se  o  sofírimento   he    mal    forçoso, 

Ij    Quem   quizer   evitar    o   desprazer. 

14  Quem   ser    ledo    no    mundo   pertender. 

3  $    Em    fúnebres    idcas    engolfado. 

tú   Que  dignos   sois,   mortaes,  de  compaixão. 

27    E   a    faltar-ihe    hum  auxilio    milagroso. 

iS   Viver  dos  seus  amores    desprezado. 

19   Fuja    aos   laços,  que   tem    huma  mulher. 

âO   Desmaia   o    coração    cançado  ,   ancioso. 

51 1    Fuja   aos   laços    d'amor    quanto    puder. 

22  Cahirá    de    suicida    no   altentado. 

23  Ah  I   desgraçada,    humana    geração. 

24  Mísera    raça    do   culpado    Adaõ. 

25  Todo^   querem   seus   gostos  promover, 
3(5  fuja   de    dar  cuvic^  â  paixão. 


(307) 


11    O   ver-«e    de    luima    falsa    maltratado, 
iS    Aquelle  ,  a  quem    tai    pena    der  seu    fadoí 

29  Quem    para    tai    snfirer   foi    destinada. 

30  Todos    querem    fortuna  ,   c    gloria    ter, 

51  h'e   flagelio    de    huir.    peito   gejieroso. 
32   Quem    socego    na   vida,   e    paz    quizer. 

5  i  Ke  martyrio  cruel  ,  e  o  mais  penoso. 
34  Ser  amante  ,  e  naó  ser  recoriipensado. 
3)  Q  que  para  esta  dor  creou  seu  fado. 
3Ó   Porque   a    dita    vein    tarde  ,   e    se    vier. 

37  Nem    verá    do    prazer    o    rosto    airoso. 

38  Dos  homens   quanto    he  triste   a  condição. 

39  Arranca   amargo    pranto   lastimoso, 

40  Stw    peito    rasgará    de    aiiucinado. 

4f  Qite  assim'  rjzaõ  o  manda,  o  Ceo  o  qufr, 
42  Nem  pôde  hum  só  momento  ser  ditoso. 
45    O    seu    pezar   se  torna   mais    furioso. 

44  Ver    finezas  ,   e    amor   tudo    baldado  , 

45  A    si   se   matará   desesperado. 

45    Andar    seirpre   em    ciúmes    abrazado 

47  Mas   acercados    passos    poucos   daô. 

48  Faz   andar   noite  ,   e    dia    pezaroso. 

49  Fuja  'sempre    cia  amante    inclinação. 

50  Kr:m    pode    ter    hum    dia    venturoso. 

5  I    Quem  se  vir,   por  desgraça,  em  tal  estado. 

52  Quem  para  afiiicçaõ  tal  yi  foi  creado 
5  ^  E  se  o  mal  naó  atalha  o  Ceo  piedoso* 
54   Transtorna    o    coração    mais    valeroso. 

5 )    Todos    correm   apòz  do   seu  querer. 

U  z 


(  3o8  ) 

ç6  Fntre  as   dirás   de  amor   querem  , viver. 

|f7  Negue    sempre    os  seus    braços   á    prizaô. 

f8  Da   ventura,  que   teve,   entaõ   lembrado. 

5  9  Cresce    o    seu    mal  passando    a    pavoroso. 

60  Lembra-lhe   entan   a  gloria    do   passado. 

61  A    idéas    tristes    taõ    somente   dado. 

62  Nem    ter   pode    soce^o    bem    precioso. 
6}  Qu9m   for  taõ    infeliz,  taÔ    desgraçado. 
64  E    a    naõ   ser    hum    soçcnrro    portcotoso, 
6$  E    se    o   fado    prosegue   por   teimoso. 
^9  De    t  istes    pensamentos    rodeado. 

67    Querem    todos    lograr    dita  ,  €    prazçr. 

63  Por   terra    çahirá    desanimado, 

6()  Que   no   fugir    de   amor    esta    vencer, 

70  PoréíTi    por   meios    rectos    isso    naõ. 

71  Morrerá    triste  ,  aíBicto  ,    an^uistiado, 

72  Fuja    de   hir   arrastar,    duro    grilhão. 
7  j  Aos  ítmantcs  encantos    dè    de   maó, 

74  Que    só    fugindo    evita    o    padecer. 

75  Que   tristes    homens    neita   situação. 

76  ^    vida    exhalará    envenenado. 

77  E  cegamente    despenhar-se  vaõ. 

78  O    que    tais    males    naó    quizer   soffrçr. 

79  Oh  !  dos    homens  misérrima  illusaõ. 
So  A    prudência    calcando  ,  e    a    rertexaõ. 
?i  Naõ    dt;    nunca    a    mulheres    attençaó. 
?2  O    seu   rtamno   se    faz   mais    amargoso. 
%^  Todos   desejaõ   venturosos    ser. 

S4  Seu   tormento    se   faz  mais   doloroso. 


CATALOGO 

Dos  Livros  qiíe  se  veiíãem  na  Loja 
de  João  Henriq^Lies ,  na  rua  Au- 
gusta^ N,  I. 

/\llej^aça5  Jurídica  por  Pascoal 
José  de  Mello  Freire,  feita  em 
o  anno  de  1722,  em  que  se  pro- 
va,  I.  que  os  melancólicos  por 
doenqa  nao  podem  fazer  Tesra- 
íTiento.  2.  Que  as  Leis  da  amor- 
tisaqaõ  comprehendem  as  I^íise- 
ricordias  do  Reino.  3.  Q^ie  o 
Juízo  dos  Residuos  nao  pode 
ser  Herdeiro,  Illustrao-se  outros 
pontos  pertencentes  á  Jurispra- 
dencia  Pátria.  Tirada  d  luz  por 
seu  sobrinho  Francisco  Freire  de 
Mello  ,  e  por  elle  correcta  ,  e 
annotada.  Kum  folheto,  Lisboa 
iBió. 

Assim  vai  o  Mundo.  Nov^lla  de 
Mr.  de  Voltaire,  i   foih.  4. 


Accasos  da  Fortuna  ^  ou  Livro  de 
Sortes  Divertidas,  i.  vol.  em  12. 
Lisboa  1813. 

Allegaçao  Juridica  a  favor  dos  Prio- 
res Mores  da  Ordem  de  Aviz. 
I   vol.  4. 

Atr3Í3Ía  contra  os  Pedreiros-Livres. 
Discurso  •  sobre  a  sua  origem, 
Instituto,  segredo  ,  e  juramen- 
t:?,  e  os  gráos  da  Maçonaria  das 
Mulheres.  3.  Ediqao.    i  vo!.  8. 

Conhecimentos  para  embarque  Por- 
tuguezes  ,  Francezes ,  e  Ingle- 
zes. 

Collecçao  de  Entremezes  escolhi- 
dos.  I   vol.  B.    18 17, 

Conselho  de  Guerra  mandado  fazer 
por  Bonaparte  aos  Gcneraes  Mas- 
sena,  e  Souít,  obra  galante,  i 
folh,  4. 

Descrição  de  Portugal  ,  aponta- 
mentos ,  e  notas  da  sua  Histo- 
ria antiga,  e  moderna  Ecclesias- 
tica,  Civil,  c  Militar,    i.  vol.  8. 

Elegias  d  morte  de  M.  M.  B.  du 


Bucage,  por  tresdifierentes  Au- 
thores.  3   folhetos  de  8. 

Escola  Fundaniental  5  i.  vol.  8. 
18 17.  . 

Elogio  da  Vaidade,  pelo  P.  Wan- 
seler. 

Geografia  Moderna.   10  vol.  8. 

Historia  íCerta  da  Seitn  dos  Franc- 
Massoes  ,  sua  Origem  ,  Doutri- 
na ,  c  Máximas  ,  oíFerecida  .aos 
Amigos  do  Altar,  e  do  Throno. 
I   foíh.  8. 

Jacobinismo  vencido  pelas  razoes 
de  hum  Patriota,    i   folh.  4. 

Luiza,  ou  a  Cabana  na  Alogôa.  2. 
vol.  , 

Manual  meditativo  ás  Chagas  de 
Christo. 

Metusko,  ou  os  Polacos.  Novelia 
de  Pigaul  Lebrun.    j.    folh.  8. 

Oração  Recitada  pelo  P.  Wanseler 
na  Abertura  do  Collegio  do  Der 
senho   i.  foi.  4. 

Obras  Poéticas  de  Nicoláo  Tolen- 
tino  de  Almeida.  2.  vol.  8.  1801, 


Obras  Poéticas  de  J.  R.  P, ,  e  Maia  t 
offerecidas  á  hum  seu  amigo.  2 
folh.   8. 

Producções  Poéticas  deJozinoTa- 
gidio.   I  folho  8. 

Poética  de  Horácio ,  traduvjda  j  e 
explica  jâ  methodicamente  por 
Jeronymojoares  Barbosa.  2.  edi- 
ção,  í   vol.   8.   18 15-, 

Pobre  Jorge,  ou  o  Militar  de  For- 
niria.  I.  foi.  8. 

Roteiro  terresce  de  Portugal  ^  i 
vol.  8. 

Sexíinas  Elegicas  ao  sempre  me- 
n^orave!  estra^^o  da  Cidade  do 
Funchal,  da  Madeirg  na  calami- 
tosa Aluvião  do  dia  9  de  Outu- 
bro de   181 3.    I  folh.  8. 

Setenario  de  N.  Senhora  das  Do- 
res.  I.  folh.  em  ló. 

Taboada  de  Livro. 

Tragedia,  Virginia,  por  M.  C.  Pi- 
menta e  Aguiar.    18  16. 

Viagem  de  Silvério  Diniz  a  varias 

terras  da  America,  i  vol.  8. 


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